A primeira guerra mundial

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A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL – ( ESQUEMA PARA PRE-VESTIBULAR ) 1. ANTECEDENTES: 1.1. O Imperialismo: • •

em 1914 : 85% das terras do planeta eram colônias; potências novas exigiam redivisão das áreas coloniais;

1.2. NACIONALISMO RADICAL: • • •

Revanchismo francês: a França não esquecia a derrota para a Alemanha na Guerra FrancoPrussiana em 1870. Que lhe custara as ricas reservas carboníferas das regiões da Alsácia e da Lorena . O Pangermanismo : a Liga Pangermânica, fundada em 1893, uma pequena mas atuante e barulhenta organização que advogava a expansão da Alemanha não só nas áreas coloniais, mas também no próprio continente europeu. O Pan-Eslavismo : movimento político-cultural através do qual os povos de língua eslava da Europa (russos, poloneses, tchecos, búlgaros, ucranianos) afirmavam a unidade de sua cultura e de sua política. (Obs. O pangermanismo e o pan-eslavismo, são no fundo meros disfarces às pretensões expansionistas alemãs e russas na Península Balcânica). Itália Irredenta : também a Itália passava pelo ardor nacionalista. Sua unificação política (1870) não fora completa. As províncias da Ístria, Trentino e Trieste ainda se encontravam em poder da monarquia austro-húngara, provocando ressentimentos e contribuindo para o fortalecimento e propagação do irredentismo, expressão utilizada para designar as províncias irredentas, isto é, que ainda não haviam sido incorporadas à Itália. Projeto Grande Sérvia : desde 1389, a Sérvia (reino) estava em poder dos turcos. A Sérvia conseguiu sua libertação em 1878. A partir daí surgiu o projeto da grande Sérvia que pretendia unir os territórios como os da Bósnia e Herzegovinia e com isso conseguiria uma saída para o mar. As pretensões da Sérvia tinha apoio da Rússia e a oposição do Império austro-húngaro. Questões Nacionais dentro do Império Austro-Húngaro : os problemas referentes às minorias nacionais submetidas ao domínio da Áustria-Hungria, monarquia dual formada por etnias e nacionalidades as mais diversas (Tchecos, eslovacos, eslovenos, croatas, bosníacos, rumenos e, até mesmo, italianos das “províncias irredentas”). Apesar de não se entenderem, essas minorias nacionais detestavam o domínio austríaco e em suas manifestações nacionalistas contavam com a “simpatia desinteressada” das potências rivais da Áustria-Hungria, em especial, a Rússia. Fragmentação do Império Otomano : A Rússia não escondia a suas ambições imperialistas no Cáucaso e na Criméia; a Áustria-Hungria, por seu lado tinha os olhos voltados para as regiões balcânicas; os alemães, embora apregoando o seu apoio aos turcos e auxiliando econômica e financeiramente o Império otomano, tinha interesses na região petrolífera do Golfo Pérsico. Outra não era a causa do grandioso projeto germânico de construção da estrada de ferro Berlim-Bagdá. A construção da estrada de ferro Berlim-Bagdá contribuiu para agravar ainda mais a rivalidade anglo-germânica, pois uma vez concluída, colocaria à disposição da Alemanha os lençóis petrolíferos do Golfo Pérsico, os mercados orientais e ameaçaria as rotas de comunicação entre a Inglaterra e seu império.

1.3. “A paz armada”, a corrida armamentista e o militarismo : no início do século XX, a situação internacional é caracterizada pelo que se convencionou denominar “paz aramada”, reflexo da corrida armamentista e do espírito militarista que impregnavam os governos da época. Essa situação atendia, em especial, ao complexo militar-industrial que desenvolvera-se com o


aparecimento do capitalismo monopolista. Acreditava-se que, se todos os países estivessem “prontos” para a guerra, esta poderia ser evitada, através de um equilíbrio que tornava-se cada vez mais precário. 1.4. As Alianças : às vésperas da I Guerra Mundial a Europa encontrava-se dividida em dois blocos antagônicos: de um lado a Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália, sendo que fidelidade da Itália era duvidosa em função de suas rivalidades com a Áustria-Hungria), de outro, a Tríplice Entente (Inglaterra, França e Rússia). Logicamente, o sistema de alianças múltiplas foi, em grande parte, o responsável pela dimensão que o conflito assumiu. Inicialmente restrito a um confronto entre a Áustria e a Sérvia, em função dos blocos de alianças a onda belicista propagouse rapidamente. 1.5. As Crises Internacionais : •

A Crise do Marrocos de 1905 : o sultanato do Marrocos, além de ser um ponto estratégico importante nas rotas marítimas, possuía ricas matérias-primas, em especial o ferro e o manganês. Por isso era cobiçado pelos países industrializados, sobretudo a França, interessada em anexá-lo à sua colônia argelina. Para tanto o governo francês em 1904 fez um pacto com a Inglaterra (Entente Cordial), buscando superar as divergências que havia entre os dois países. Esse acordo definiu as esferas de influência na África. O Egito ficaria exclusivamente sob o domínio britânico. O Marrocos seria desmembrado e liberado para a colonização francesa, exceto na zona de Gibraltar, que seria entregue à Espanha. Quando o pacto foi publicado, em 1905, a Alemanha protestou por entender corretamente que a pacificação anglo-francesa constituía uma ameaça às suas incursões na África. O Kaiser Guilherme II fez uma visita a Tânger, no Marrocos, com o objetivo de assegurar direitos iguais de comércio para todos os países. A questão foi resolvida diplomaticamente na Conferência de Algeciras, na Espanha, em 1906. Esse congresso estipulou a soberania política do sultão em seus territórios, ficando resguardados os interesses comercias e os investimentos da França no Marrocos. A Crise do Marrocos de 1911 : A permanência da França como nação privilegiada no Marrocos provocou uma rebelião nativa contra os estrangeiros e o ataque às suas tropas na cidade marroquina de FEZ, em 1911. Os franceses reagiram prontamente, enviando reforços militares para defender suas posições. A Alemanha, sob pretexto de proteger a autonomia marroquina, deslocou o cruzador Panther para o porto de Agadir, na região sul, numa evidente provocação à França. A Grã-Bretanha, temendo perder suas rotas atlânticas, apoiou os franceses, mediando a paz. A Alemanha abandonou o Marrocos, recebendo em troca parte do Congo Francês. Ficava assim selado o compromisso entre a França e a Inglaterra, através da Entente. A Alemanha, que diminuíra suas chances de concretizar um entendimento diplomático com os britânicos, viu-se cada vez mais isolada dentro da Europa. A Crise dos Balcãs : Aproveitando-se do adiantado processo de desintegração do Império TurcoOtomano, os pequenos reinos balcânicos quiseram apropriar-se das províncias macedônicas, procurando com isso se fortalecer contra seus vizinhos rivais. Assim, no último quartel do século XIX, a Península Balcânica foi agitada por várias disputas territoriais, que implicaram em sucessivas intervenções das potências para pacificar essa importante área estratégica no comércio com o oriente. Reunidos em coligações (Ligas Balcânicas), os pequenos reinos procuraram livrarse do domínio estrangeiro, proclamando sua independência entre 1911 e 1913. Todavia, os diversos grupos étnicos, centrados em seus movimentos nacionalistas, não conseguiram chegar a um acordo quanto à fixação de suas fronteiras. Isso acontecia, principalmente, com a Sérvia, que não escondia seus planos para retomar a região vizinha da Bósnia e da Herzegovina, dominada pelo Império Austro-Húngaro, desde 1908.


1.6. O Rompimento do Equilíbrio Europeu : a instável situação da Península Balcânica favoreceu a formação, dentro da Sérvia, de sociedades secretas para agir contra a Áustria-Hungria. A mais atuante foi a Mão Negra, fundada em 1911. Esta sociedade acabou se ramificando na região vizinha, com a fundação da Jovem Bósnia, também de caráter nacionalista. Através de propaganda e atentados terroristas, estes grupos pretendiam instituir o governo da Grande Sérvia para todos os povos eslavos dos Bálcãs. O maior obstáculo a esse projeto era o herdeiro do trono austríaco, o Arquiduque Francisco Ferdinando, que planejava anexar todos os territórios eslavos sob uma única Coroa a ser incorporada ao Império Habsburgo. Por isso suas idéias eram consideradas como uma séria ameaça à independência da Sérvia. Em 28 de junho de 1914, apesar do clima pouco favorável, o arquiduque resolveu ir à Bósnia (uma província da Sérvia) para acompanhar os exercícios militares austríacos nessa província. Desfilou em carro aberto, ao lado de sua esposa, pelas ruas de Sarajevo (capital da Bósnia), dispensando qualquer esquema especial de proteção. Aproveitando a oportunidade, militantes da Jovem Bósnia assassinaram a tiros Francisco Ferdinando e sua esposa Sofia, colocando imediatamente o governo da Sérvia como suspeito de ter sido o articulador do atentado. O atentado de Sarajevo acabou se tornando o estopim da guerra, devido à série de acordos e alianças que comprometiam vários países. 2. AS FASES DO CONFLITO : 2.1. Após o atentado contra o arquiduque, a Áustria apoiada pela Alemanha, ameaçou a Sérvia de guerra caso não cumprisse uma série de exigências, enviou um ultimato dando um prazo de 48 horas para a Sérvia responder: “o documento, que acusava o governo de Belgrado de cumplicidade no atentado de Sarajevo, exigi à Sérvia que ela fechasse as publicações antiaustríacas, liquidasse as sociedades secretas, excluísse do governo e das forças armadas todos que fossem simpáticos ao nacionalismo eslavo e aceitasse a participação de oficiais da polícia austríaca no inquérito para apurar os responsáveis pela morte do arquiduque”. 2.2. A Rússia não podia permitir a inferiorização do elo mais importante da política pan-eslava, a Sérvia. Aconselhada pela Rússia, das onze exigências feita pela Áustria, a Sérvia acatou cinco. Entretanto o governo de Viena não se mostrou satisfeito. Em 28 de julho de 1914, a Áustria declarou guerra a Sérvia. A Rússia mobilizou suas tropas. Contando com a neutralidade inglesa, os alemães apoiaram a Áustria e declararam guerra aos russos em 1º de agosto e, dois dias depois, aos franceses. 2.3. A Itália, alegando o caráter defensivo de seu tratado com os alemães, manteve-se neutra (iria juntar-se à Entente em 1915). A Inglaterra inclinava-se para uma mediação. Mas em 4 de agosto decidiu-se pela guerra contra a Alemanha, pois esta violara a neutralidade da Bélgica, ao invadila para atacar a França. 2.4. O sistema de alianças havia transformado um problema local em guerra generalizada. De um lado, as Potências Centrais – inicialmente Alemanha e Áustria-Hungria (depois aderiram Turquia e Bulgária). Do outro, a Entente – Sérvia, Rússia, França, Bélgica e Grã-Bretanha. Com o desenrolar do conflito, outras nações iriam se envolver nele. 3. AS FASES DO CONFLITO : 3.1. Guerra de Movimentos (agosto-novembro de 1914): a guerra de movimentos foi um período caracterizado por rápidas investidas. Os alemães invadiram a Bélgica, cuja resistência heróica, notadamente em Liége, possibilitara a plena mobilização dos franceses e russos. Apesar dos esforços franceses 78 divisões germânicas, armadas com artilharia pesada, passaram pela Bélgica, venceram os franceses na fronteira e chegaram às vizinhanças de Paris. O governo francês transferiu-se para Bordeaux . Os alemães foram contidos na batalha de Marne.


3.2. A Guerra de Trincheiras : (novembro de 1914 a março de 1918): numa extensão de 640 Km, dos Alpes ao mar do Norte da França, os lados em confronto construíram uma vasta rede de trincheiras. Essas trincheiras tinham abrigos subterrâneos e cercas de arame farpado esticadas por vários metros diante da frente de trincheiras, como uma barreira ao ataque. Protegidos por arame farpado, os exércitos se enterravam em trincheiras, onde a lama, o frio, os ratos e o tifo matavam tanto quanto as metralhadoras e canhões. Atrás da frente de trincheiras havia outras linhas para as quais os soldados podiam retirar-se e das quais um apoio podia ser remetido. Entre os exércitos oponentes jazia “ a terra de ninguém”, uma vasta superfície de lama árvores despedaçadas, terra revolvida e troncos partidos. 3.3. A guerra de trincheiras era uma batalha de nervos, resistência e coragem, travada ao som estrondoso da artilharia pesada. Era também uma carnificina. Apesar de assustadora perda de vida acarretada pela guerra de trincheiras, pouco terreno mudava de mãos. Assim grande parte do heroísmo, sacrifício e mortes redundavam em nada. Os generais ordenavam ataques ainda maiores para terminar com o impasse, isso apenas aumentava a ação ceifeira da morte, pois a vantagem estava sempre com a defesa, que possuía “ninhos” de metralhadoras, rifles de repetição e arame farpado. A tecnologia das metralhadoras fora aperfeiçoada, mas os tanques motorizados freqüentemente apresentavam defeitos. Ganhos ou perdas de terra eram medidos em metros, mas as vidas da mocidade européia era aferidas em centenas de milhares. 4. AS BATALHAS : 4.1. VERDUM : constituiu na mais sangrenta batalha da guerra, os alemães atacaram a cidade de Verdum, que era protegida por um anel de fortes. Escolheram Verdum porque sabiam que os franceses nunca permitiriam uma retirada dessa antiga fortaleza. Forçada a colocar mais e mais soldados na batalha, a França sofreria uma tal perda de material humano que seria incapaz de prosseguir na guerra. A França e a Alemanha sofreram mais de um milhão de baixas em Verdum, o que um historiador militar chama de “ a maior batalha da história mundial”. 4.2. SOMME : em 1916 foi travada a batalha de Somme, possivelmente a mais ilustrativa do tipo de combate ocorrido na Primeira Guerra Mundial. Franceses e ingleses concentraram dois mil canhões pesados estendidos em uma faixa de 15 quilômetros. Bombardearam sistematicamente a trincheira inimiga durante uma semana. No primeiro dia de ataque os ingleses perderam 60 mil homens; após um mês haviam conseguido avançar apenas quatro quilômetros. Durante toda a batalha os alemães perderam 500 mil homens, os ingleses e franceses, 600 mil. 4.3. NIVELLE : em dezembro de 1916, Robert Nivelle foi nomeado comandante-em-chefe das forças francesas. Tendo aprendido pouco a respeito das passados malogros franceses em consumar uma ruptura das defesas inimigas, Nivelle ordenou um novo ataque em abril de 1917. Os alemães descobriram os planos de batalha no cadáver de um oficial francês e retiraram-se para uma linha mais curta sobre o terreno elevado, construindo ali uma rede de defesa mais forte de combate. Sabendo que tinha perdido o elemento surpresa e descartando as advertências de estadistas e militares de destaque, Nivelle foi em frente com o ataque. “Somente a ofensiva concede a Vitória; a defensiva somente outorga a derrota e a vergonha”, disse ao presidente e ao ministro da guerra. A batalha que começou no dia 16 de abril, foi um novo banho de sangue. Em muitos lugares a artilharia francesa não tinham cortado o arame farpado das defesas alemãs. Quando os soldados tentavam abrir caminho, eram fustigados pelo fogo das metralhadoras alemãs. Às vezes o fogo era tão intenso que os franceses não podiam sair de sua própria trincheira. Após dez dias, as baixas francesas atingiram a 187.000 homens.


4.4. JUTLÂNDIA : considerada então a mais importante batalha naval, a Batalha de Jutlândia, foi o encontro naval entre as frotas inglesas e alemãs a 31 de maio e 01 de junho de 1916. As unidades inglesas estavam sob o comando de Jellicoe, e os alemães sob o comando de Scheer. Apesar de as baixas britânicas terem sido mais pesadas que as alemãs, essa batalha deu aos ingleses o domínio dos mares. 5. Os Estados Unidos Entram Na Guerra : em 1917 a Rússia estava praticamente derrotada e somente a Inglaterra e a França resistiam. O grande temor da Entente tornou-se um ataque maciço alemão contra a França, mas esse perigo foi contrabalançado pela entrada dos Estados Unidos na guerra. Os EUA haviam realizado, desde o início da guerra, grandes negócios com a Entente, que absorvia, em 1916, três quintos das exportações americanas. Nesse mesmo ano, Inglaterra e França deviam aos norteamericanos quase dois bilhões de dólares. Dessa forma, uma vitória das “potências centrais” teria como efeito a derrota dos maiores clientes e devedores dos EUA na Europa. Sob essa perspectiva, as grandes empresas americanas passaram a exercer fortes pressões sobre a Alemanha, incentivando a entrada de seu país na guerra. Além disso, o governo norte-americano considerava fundamental para sua segurança a manutenção do equilíbrio entre as potências européias e, caso a Entente fosse derrotada, o Império alemão assumiria completa hegemonia sobre o território europeu. 5.1. Inúmeros fatores levaram os EUA declararem a guerra: • •

em primeiro lugar, a campanha submarina alemã, que claramente ameaçava as exportações americanas; em seguida, a revelação de que o Segundo Reich procurava estabelecer uma aliança com o México visando a desequilibrar as relações de forças no continente norte-americano ( o México receberia o Texas, o Novo México e o Arizona) Mas, o fato marcante que justificou a entrada dos EUA na guerra, foi, o torpedeamento do navio americano Vigilentia. (navio de passageiros que fazia turismo na região). A partir deste fato foi mais fácil convencer a opinião pública e o congresso americanos de que era chegada a hora do envio de suas tropas para o Velho Mundo. Sob o comando do General Pershing, um milhão e meio de americanos atravessariam o Atlântico em direção aos ensangüentados campos franceses.

6. GUERRA DE MOVIMENTOS : (1917-1918) 6.1. Vários elementos modificaram as condições de combate: o uso de tanques, a partir de 1916, que possibilitou ultrapassara as trincheiras; a maior eficiência dos aviões de caça, bombardeiro e observação; e a chegada dos norte-americanos, com 1,2 milhões de soldados, em 1917. 6.2. A entrada dos EUA beneficiou os aliados da Entente. Mas a Alemanha foi favorecida pela saída da Rússia, devido à Revolução de 1917. A Rússia assinou a paz com a Alemanha em BrestLitovsk, em 3 de março de 1918. Aliviado na frente oriental, o chefe do estado-maior alemão, Hindenburg, estabeleceu uma linha fortificada. Com as forças vindas da frente russa, os alemães puderam romper os Alpes e invadir Veneza, no norte da Itália. Iniciaram a batalha da França: aviões e canhões Bertha de longo alcance bombardearam Paris. 6.3. Sob o comando do general Foch, os aliados contra-atacaram e venceram os alemães de novo sobre o rio Marne, perto de Paris. As forças reunidas em torno dos alemães entraram em colapso. Na Macedônia, a Bulgária depôs as armas. Na Síria, os ingleses obrigaram os turcos a capitular. Os austríacos, vencidos pelos italianos, abandonaram a luta.


6.4. A Alemanha não tinha mais possibilidade de vencer a guerra. Diante da derrota militar e de uma revolta popular que se espalhava pelo país, Guilherme II abdicou. Em 09 de novembro de 1918, a República foi proclamada em Berlim. No dia 11, representado por um conselho socialdemocrata, o governo alemão assinou o armistício, aceitando todas as condições impostas pelos aliados. 7. OS TRATADOS APÓS A PRIMEIRA GUERRA. 7.1. Os vencedores da Primeira Guerra se reuniram em Paris para estabelecer as regras de rendição da Alemanha. Os tratados impostos eram pesadíssimos e humilhantes. Retiravam do país uma grande parte de seu território, as minas de carvão e todas as colônias; os alemães eram obrigados ainda a pagar altas reparações de guerra. Os tratados de paz, na verdade, lançaram a semente de uma nova guerra. 7.2. Em janeiro de 1919, iniciou-se a Conferência de Paris, no Palácio de Versalhes, onde seriam tomadas as decisões diplomáticas do pós-guerra. Participavam 27 países vencedores e nela não tiveram assento as nações vencidas. A conferência foi, na prática, presidida por Wilson, dos Estados Unidos, Lloyd George, primeiro-ministro inglês, e Clemenceau, primeiro-ministro francês. 7.3. Apesar das discordâncias de Wilson, o Tratado de Versalhes colocou de lado o Programa dos 14 pontos e estabeleceu a Paz dos Vencedores, pela qual a Alemanha foi despojada de um sétimo do seu território, um décimo de sua população, perdeu suas colônias, viu-se privada do território do Sarre (rico em carvão), foi obrigada a desmilitarizar a região da Renânia (fronteira com a França), teve seus exércitos diminuídos para 100 mil homens, seu território separado em duas partes por um “corredor” de terras que dava acesso para o mar à Polônia, a cidade alemã de Dantzig foi transformada em porto livre e arcou com o pagamento de uma indenização de 33 bilhões de dólares. Essa quantia era o triplo do montante sugerido pelos peritos economistas da própria conferência de Versalhes. A Alemanha foi considerada a única responsável pela guerra. Ainda pelo Tratado, criou-se oficialmente a Liga das Nações, encarregada de preservar a paz mundial, mas excluindo a Alemanha e a União Soviética de sua composição. 7.4. Tratado de Saint-Germain : feito com a Áustria: determinou a independência da Hungria, da Polônia, da Tchecoslováquia. A Itália Irredenta foi anexada pela Itália. A Áustria ficava proibida de aproximar-se da Alemanha. 7.5. Tratado de Neully : feito com a Bulgária : embora tratada com relativa brandura por não ter participado ativamente da guerra a Bulgária foi obrigada a ceder quase todas as regiões que adquirira desde a Primeira Guerra Balcânica: a Trácia, que passou para a Grécia, a Macedônia Ocidental, que ficou com a Iugoslávia, e Dobrudja que retornou à tutela do governo de Bucareste. Seu exército ficou limitado a um total de 20 mil homens. 7.6. Tratado de Trianon : feito com a Hungria: o acordo assinado em junho de 1919 tirou da Hungria, agora transformada numa república, os territórios da Croácia, da Eslováquia e da Transilvânia, transferidos, respectivamente, para a Iugoslávia, Tchecoslováquia e Romênia. O território húngaro, que superava a extensão de 300 mil Km², ficou reduzido a pouco mais de 95 mil Km². O exército húngaro foi reduzido a 35 mil homens. 7.7. Tratado de Sèvres e Lausanne, : feitos com a Turquia: a Armênia tornou-se independente, a Grécia ficou com a maior parte da Turquia européia; ingleses e franceses passaram a controlar a Síria, Mesopotâmia e Palestina;


8. REFLEXOS DA I GUERRA : • • • • • • • • •

± 10 milhões de mortos ± 20 milhões de feridos; violenta destruição dos países europeus; progressivo declínio da Europa; ascensão dos Estados unidos à condição de primeira potência; progressiva degradação dos ideais liberais e democráticos; desaparecimento do “equilíbrio europeu” (Alemanha e Rússia eliminadas do círculo das grandes potências; Áustria desaparece como Estado de primeira grandeza.) origens da descolonização, com o despertar do nacionalismo asiático; organização da Liga das Nações (pretendia ser um organismo que reunisse todos os países independentes do mundo com objetivo de manter a paz); alterações político-territoriais (novos Estados: Iugoslávia, Tchecoslováquia, Polônia, Lituânia, Letônia, Finlândia, Estônia, Hungria) (Estados que desapareceram: Sérvia, Montenegro, BósniaHerzegovina), (Estados que perderam territórios: Rússia, Alemanha, Império Austríaco, Império Otomano).

9. O BRASIL NA I GUERRA : 9.1. A declaração brasileira de guerra à Alemanha foi mais um gesto político, pois a fragilidade de nossa marinha de guerra (até 1910, considerada a terceira do mundo, mas não reequipada) não permitia a participação efetiva no conflito. Apesar disso, o governo enviou uma força-tarefa à África, que não pôde combater, devido a um surto de gripe espanhola que atingiu 90% da tripulação e provocou dezenas de mortes. Uma missão médica comandada pelo Dr. Nabuco de Gouvea prestou trabalhos na França e diversos navios alemães foram aprisionados em águas brasileira. 9.2. Várias razões levaram o Brasil a suspender a neutralidade decretada pelo governo do marechal Hermes da Fonseca. A mais divulgada delas foi a série afundamentos de navios mercantes brasileiros pelos submarinos alemães, que começou com o torpedeamento do Paraná em 5 de abril de 1917. A admiração dos intelectuais brasileiros pela França, a entrada dos Estados Unidos na guerra e a necessidade de união interna também influenciaram na decisão do presidente Venceslau Brás. 9.3. A declaração brasileira de guerra foi sancionada no dia 27 de outubro de 1917 e serviu para que o governo desviasse a atenção popular dos problemas econômicos e sociais internos. Dentro desse espírito, foi decretado o estado de sítio no dia 17 de novembro, medida que agitou a política nacional, pois, utilizando o pretexto da guerra, tinha o objetivo de proibir os comícios de organizações operárias, prender líderes populares e acabar com as constantes greves. 9.4. Epitácio Pessoa, que seria eleito presidente em 1919, foi o representante brasileiro na conferência do armistício, Se a participação do país nos combates foi modestíssima, a comitiva que negociou a paz foi um exagero: eram dez membros com suas respectivas famílias, que quase lotaram um navio. 9.5. Tornou-se lugar-comum dizer que a Primeira Guerra Mundial, ao reduzir a capacidade de importação brasileira, contribuiu para o desenvolvimento industrial do país. Isso não é verdade. A falta de produtos estrangeiros não pôde ser compensada pela produção industrial interna, que não estava preparada para suprir o mercado. Com a guerra, cessou a entrada de capital estrangeiro e máquinas no Brasil. Mesmo combustíveis começaram a faltar e se tornaram mais caros. A inflação muito alta desestimulou o consumo.


9.6. Na verdade, o que ocorreu foi que algumas indústrias – refinação de açúcar, frigoríficos e tecelagem – puderam vender seus produtos no mercado mundial e tiveram bom crescimento. Mas o setor industrial, como um todo, cresceu menos depois de 1914. Entre as duas guerras mundiais, o capital aplicado, a produtividade industrial e o uso de energia elétrica não aumentaram . O número de trabalhadores por empresa diminuiu de 22 para 16. A produção artesanal se manteve estável. 9.7. O lento desenvolvimento das exportações e importações brasileiras, entre as dias guerras, acarretou um demorado crescimento industrial. Faltavam capitais nacionais ou estrangeiros para as indústrias. A redução da renda e dos salários não permitia o crescimento do mercado consumidor.


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