1 O ILUMINISMO 1. O que é o Iluminismo? Segundo Ricardo/Adhemar/Flávio (História vol., 1) costuma-se designar por Iluminismo, ou Ilustração, além de Filosofia das Luzes, o movimento de renovação filosófica e intelectual que atingiu sua maturidade e maior expressão na França do século XVIII. 2. Não podemos perder de vista que o período conhecido como Renascimento (1300-1550), traria conseqüências mais profundas no Século XVIII. Nesse século, a burguesia conquistaria o poder político na França, e consequentemente aconteceria uma verdadeira revolução intelectual a seria dado o nome de Iluminismo. Os valores de até então, como, mercantilismo, absolutismo (principalmente a Teoria do Direito Divino dos Reis) e o poder da Igreja seriam totalmente negados. No lugar desses valores tradicionais, surgiria uma nova concepção de valores, tendo como fundamento o liberalismo político e econômico. 3. Os lideres dessa nova cultura passaram a ser conhecidos como filósofos (philosophes), eram encontrados nas principais cidades européias; Paris na década de 1770, tornou-se o centro do Iluminismo. O objetivo dos iluministas era tornar a filosofia compreensível a todas as camadas e até mesmo simples, quando não um entretenimento. 4. Os filósofos iluministas consideravam os ensinamentos da Igreja como obsoletos e até mesmo supersticiosos. Condenavam a cultura medieval em todos os seus aspectos. O moderno pensamento liberal, tal como iniciado pelo Iluminismo, foi hostil ao conhecimento escolástico, aos padres e até mesmo, em certos meios, ao próprio cristianismo. 4.1. A descrença na fé pelos iluministas ( considerada até então como fonte de conhecimento) e o seu racionalismo, abriu brechas para que se fizesse a crítica à Igreja ( e às religiões organizadas de uma maneira geral). Descrença em Deus tal como ele era explicado pelas religiões tradicionais, sem no entanto, chegar ao ateísmo. Tais idéias dão origem ao Deísmo (filosofia religiosa do Iluminismo). Para o deísta, o clero organizado representava a ignorância, a superstição, a tirania e a corrupção, sendo a fé um obstáculo ao livre conhecimento. Dentre os princípios deístas podemos destacar:* a existência de um Deus único, essência do Universo que estabelecera as leis naturais que regem o mundo; * inexistência da intervenção divina (assim caem por terra os milagres, a vingança divina, etc.) – segundo Newton, Deus era incapaz de fazer parar o sol; * não existe predestinação (Deus não reservou parte da humanidade à salvação e outra à danação) – dessa forma não há necessidade de orações, sacramentos, etc.
5. A tradução da Cyclopedia, inglesa por Diderot, foi o marco inicial para a produção da Enciclopédia , que era uma obra nova que sintetizava o pensamento do chamado Século das Luzes. Diderot contou com a colaboração do matemático D’Alembert, os três primeiros volumes foram publicados em 1753, com um estrondoso sucesso. 5.1. Além da insignificante quantia recebida por Diderot pelo seu trabalho, teve que contar ainda com as pressões exercidas pela igreja que, chegou o proibir a circulação da Enciclopédia em 1759. Mas a persistência de Diderot fez com que em 1772 os 36 volumes da obra estivessem publicados. Da Enciclopédia faziam parte contribuições dos grandes pensadores da época como: Montesquieu, Rousseau, Voltaire, Turgot, Holbach, e outros. Dessa maneira tornaram mais conhecidos e públicos os ensinamentos dos filósofos, e mais evidentes seus confrontos com o passado. Apesar da Enciclopédia ter sido divulgada numa época em poucos sabiam ler, a sua publicação revela que os intelectuais estavam dedicando todo seu trabalho e conhecimento na construção de novos
2 projetos para a sociedade. Dentre esses projetos estava não só o conhecimento do mundo, mas, também a sua transformação. 6. O IDEÁRIO ILUMINISTA: 6.1. Os filósofos iluministas viam a se mesmos como militantes da luta da razão, a “luz”, contra a tradição cultural e institucional, as “trevas”. ( A razão, dizia-se, é a luz natural do homem.) 6.2. Para os iluministas, somente com o uso da razão os homens poderiam atingir o progresso, em todos os sentidos. A razão permitiria instaurar no mundo uma nova ordem, caracterizada pela felicidade ao alcance de todos. 6.3. Evidentemente, não podemos nos referir ao iluminismo como movimento homogêneo, pois foi acima de tudo uma mentalidade, uma atitude cultural e espiritual de filósofos, de burgueses, de intelectuais e até mesmo de alguns reis e rainhas. 7. A BURGUESIA E O ILUMINISMO: 7.1. Durante o absolutismo, podemos constatar, que a sociedade era formada de um modo geral por diversos segmentos, mas, sem nenhuma dúvida, as duas forças principais e dominantes eram: a nobreza e a burguesia. Suas relações eram conflituosas, complexas e contraditórias. O rei administrava este conflito e influía sobre ele, procurando desta forma tirar o maior proveito o que garantia o poder absoluto da monarquia. Desta maneira podemos explicar porque o governo concedia monopólios de comércio à burguesia ao mesmo tempo em que mantinha uma atividade de corte oferecendo pensões para sustento da nobreza cortesã, parasitária e improdutiva. 7.2. Entre os séculos XVII e XVIII, constatamos o desenvolvimento de forma rápida do capitalismo em alguns países da Europa Ocidental, como França e Inglaterra e, consequentemente o grande progresso nas técnicas de produção, na sociedade e na política. Consciente do sua importância, a burguesia passa a criticar a sociedade do Antigo Regime. A burguesia em ascensão tanto no campo social como no econômico, faz surgir uma ideologia, uma nova visão do mundo, que correspondia aos seus ideais. Movimento social que ficou conhecido por Iluminismo. 7.3. Podemos sintetizar sua ideologia em três aspectos: Igualdade, Liberdade e Propriedade. • Igualdade: de direitos e de oportunidades e não igualdade econômica, isto é, quando da compra e venda, caso houvesse desigualdades de riqueza entre as partes esta desigualdade não deveria ser levada em conta. O que importava era a igualdade jurídica dos contratantes. Por isso os iluministas eram grandes defensores da igualdade jurídica de todos perante a lei. • Liberdade: liberdade de critica e expressão. O comércio só teria seu desenvolvimento se a sociedade fosse composta de homens juridicamente livres para vender e comprar. Por isso eram contrários à escravidão humana, pois sem homens livres não poderia existir mercado comercial. • Propriedade: A propriedade privada era tida como um bem sagrado, e o comércio só seria possível entre as pessoas que detivessem propriedade de bens ou de capitais. Desta forma, a burguesia passou a defender o direito de o homem conquistar propriedades materiais, pois somente o proprietários tem o direito de usar e dispor livremente de seus bens.
3 8. OS PRECURSORES DO ILUMINISMO: 8.1. As bases do pensamento iluminista no século XVIII assentavam-se nas idéias geradas no século anterior. Sendo os seus precursores: René Descartes, John Locke e Isaac Newton. 8.2. René Descartes: é considerado o fundador da filosofia moderna (o pai do nova racionalismo). Em seu livro Discurso sobre o método, publicado em 1637, lançou os fundamentos do moderno racionalismo. A razão seria o único caminho para o conhecimento, excluindo todo o conhecimento baseado na autoridade e na tradição. Matemático e físico francês, Descartes afirmava que, na filosofia, era necessário partir de alguns axiomas (verdades indiscutíveis, que não precisam ser demonstradas) para depois, usando o método matemático da dedução, atingir verdades mais amplas. Para chegar a um axioma, Descartes utilizava-se antes do princípio da dúvida sistemática. Afirmou: “Enquanto queria pensar que tudo era falso, era preciso, necessariamente, que eu, que tinha tal pensamento, fosse alguma coisa; e, observando que essa verdade (axioma) ‘ penso, logo existo’ era tão sólida e tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não eram capazes de derrubá-la, considerei que podia recebê-la sem escrúpulo como primeiro princípio da filosofia que eu procurava”. 8.3. John Locke: filósofo inglês e teórico da Revolução Gloriosa, é considerado o Pai do liberalismo político. Propunha, em substituição ao absolutismo, uma relação “contratual” entre governantes e governados, devendo as bases desse relacionamento ser estabelecidas por um conjunto de leis escritas, a constituição. Todo homem, afirmava Locke, possui alguns direitos naturais: liberdade, propriedade privada e resistência contra governos tirânicos. Sua teoria política influenciou a Revolução Gloriosa, que pôs fim ao absolutismo na Inglaterra, a independência dos Estados unidos e os teóricos que pregaram a Revolução Francesa. A maior contribuição de Locke para a revolução intelectual foi sal Teoria do Conhecimento, em que rejeitou a doutrina das idéias inatas, defendida por Descartes. Ao contrário do filósofo francês, não acreditava que os homens nascessem com algumas idéias já formadas, mas considerava a percepção sensorial elemento básico para aquisição do conhecimento. Nesse sentido afirmava : “suponhamos que a mente é, por assim dizer, um papel em branco, sem nada escrito, sem nenhuma idéia; de que forma então ela se enche?... De onde vêm todos os materiais da razão e do conhecimento? A isto responderei com uma palavra: da experiência...” 8.3.1. O impirismo (doutrina cuja base é a experimentação) de Locke baseava-se no princípio de que as idéias derivam de duas fontes: a sensação e a percepção da operação na própria mente. Ora, como só se pode pensar através de idéias e como estas procedem da experiência, conclui-se que nada no conhecimento pode ser anterior à experiência. Essa teoria de que o homem vem ao mundo com a mente sem nenhuma idéia preconcebida é conhecida como tábula rasa. 8.4. Isaac Newton: embora não sendo um filósofo na acepção da palavra, mas sim um físico, contribuiu decisivamente para uma mudança radical na visão do mundo. Aprofundando as teses desenvolvidas por Copérnico, Kepler e Galileu no Renascimento e por Descartes na primeira metade do Século XVII, rejeitou a concepção medieval de um universo imóvel e estático. Com ele surge uma nova perspectiva de universo, onde o movimento é considerado absoluto e o repouso, relativo. E esse movimento não ocorre de forma anárquica, mas sim regido por leis físicas invariáveis, que podem ser conhecidas pelo
4 homem através da ciência. O universo é, portanto, mecanicista (fenômenos ou mesmo a natureza , se reduz a um sistema de determinações mecânicas). 8.4.1. Seu princípio da gravidade, “ matéria atrai matéria na razão direta das massas e na razão inversa do quadrado das distâncias”, revolucionou as concepções e idéias da época. A filosofia de Newton não excluía a idéia de Deus, mas negava sua intervenção no cotidiano do universo, o qual funcionaria por leis próprias sem necessidade de uma força divina que zelasse por seu movimento. 9. OS GRANDES PENSADORES ILUMINISTAS: 9.1. HELVETIUS e HOLBACH: ambos, materialistas e mecanicistas, afirmavam que nada existe a não ser substâncias físicas e que o homem difere dos animais simplesmente pelo fato de seu organismo ser mais complexo. Holbach, influenciado por pensadores clássicos gregos, ensinava que o universo não teve início e não terá fim, nada mais sendo que matéria em perpétuo movimento. Os objetos e organismos nele contidos adquirem conteúdo e forma devido ao contínuo movimento e à transformação da matéria. 9.2. VOLTAIRE: foi o mais importante vulto do Iluminismo francês e inspirador da nova forma política do século XVIII na Europa. Com seu estilo irônico e vibrante, destacou-se pelas críticas que fazia ao clero católico, à intolerância religiosa e à prepotência dos poderosos. Isso lhe valeu prisão e deportação para a Inglaterra, onde viveu três anos. 9.2.1. Em suas obras mostrou-se um incansável lutador pelas liberdades individuais: “Posso não concordar com uma só palavra do que disseres, mas me baterei a vida toda pelo direito que tens de dizê-las”: sentenciava Voltaire. Voltava-se contra a tirania dos monarcas absolutos e, ao mesmo tempo, atacava a Igreja e seus membros. ´´E sua a afirmação: “Se Deus criou o homem, o homem pagou-lhe na mesma moeda”. 9.2.2. Contrário ao absolutismo, Voltaire, entretanto, era favorável ao regime monárquico, desde que ele se mostrasse sensível aos interesses e direitos da burguesia. Inspirou com suas obras os chamados déspotas esclarecidos, tendo trocado correspondência com alguns deles, e chegou a viver na corte de Frederico II, da Prússia. 9.2.3. O filósofo adotava uma posição de extremo desprezo para com as camadas mais pobres da população. Julgava-as merecedoras de sua sorte devido à sua “ignorância” e “grosseria”, defendendo de forma completa os interesses da rica burguesia da França. Com exceção de D’Alembert e Rousseau, todos os grandes filósofos de sua época tinham por características a manifestação de desprezo pelas camadas mais humildes. 9.3. MONTESQUIEU: nobre de origem, escreveu sua principal obra, O espírito das Leis, no correr de 30 anos. Quando de sua publicação, obteve um êxito fulminante. Nela, Montesquieu desenvolvia a teoria da separação dos poderes em executivo, legislativo e judiciário. Cada um dos poderes deveria agir de forma a limitar a força dos outros dois, estabelecendo-se um relacionamento equilibrado e harmônico. Enquanto o executivo poderia vetar as decisões do legislativo, este, por sua vez, teria o poder de declarar o impeachment (impedimento) do executivo. Ao judiciário caberia averiguar se as decisões
5 dos outros poderes encontravam-se de acordo com as leis vigentes, julgando os delitos e salvaguardando as liberdades individuais. 9.3.1. Na França do século XVIII, a teoria da separação dos poderes significava a restrição dos poderes do rei, mas Montesquieu, da mesma forma que Voltaire, possuía uma atitude de desprezo pelo povo, que ele classificava de “ralé”. Assim, defendeu o liberalismo político, mas estava muito longe de ser um democrata na acepção plena do termo. 9.3.2. As palavras liberalismo e democracia não eram, pelo menos originariamente, sinônimas. A democracia e os democratas possuíam uma conotação popular que o liberalismo não tinha. Democracia significava “ soberania popular”, enquanto o liberalismo se preocupava, exclusivamente, com um aspecto da soberania popular, as liberdades individuais. 9.4. JEAN-JACQUES ROUSSEAU: é, em certo sentido, difícil de ser enquadrado entre os filósofos iluministas. Naturalista, criticava aqueles que elevavam a razão à categoria de uma verdadeira deusa. 9.4.1. Enquanto Voltaire e Montesquieu expressavam os ideais da burguesia francesa, Rousseau representou o pensamento das camadas populares da época. Exigia uma República e afirmava que a fonte de poder era o próprio povo. Em seu livro Da origem da desigualdade entre os homens, Rousseau afirmava: “ O primeiro que concebeu a idéia de cercar uma parcela de terra e de dizer ‘isto é meu’, e que encontrou gente suficientemente ingênua que lhe desse crédito, este foi o autêntico fundador da sociedade civil. De quantos delitos, guerras, assassínios, desgraças e horrores teria livrado o gênero humano aquele que, arrancando as estacas e enchendo os sulcos divisórios, gritasse: ‘cuidado, não daí crédito a esse trapaceiro, perecereis se esqueceres que a terra pertence a todos”. 9.4.2. Rousseau, entretanto, apesar de considerar a aparição da propriedade privada um mal, reconhecia-a como inevitável. A solução que propunha era a limitação da propriedade. “Para melhorar o estado social, é preciso que todos tenham o suficiente e que ninguém tenha demasiado”. Suas teorias teriam larga aceitação entre a pequena burguesia (artesãos e camponeses) e as camadas de trabalhadores mais miseráveis que sonhavam com um mundo onde todos fossem pequenos proprietários. 9.4.3. A principal obra de Rousseau foi O contrato Social, onde advogava que a sociedade e o Estado nascem segundo convênio entre as diversas pessoas, em benefício de seus interesses comuns. O poder, ou o soberano, é o próprio povo. Rousseau assumia, dessa forma, o papel de crítico da ordem burguesa, antes mesmo que ela se estruturasse definitivamente na França. 10. ECONOMISTAS DOS SÉCULO XVIII: 10.1.O absolutismo, a velha ordem social, os agonizantes resquícios do feudalismo e a Igreja eram o alvo dos ataques deflagrados pelo Iluminismo. Ao mesmo tempo, o mercantilismo, doutrina econômica do absolutismo, recebia seus golpes finais.
6 10.2.Os fisiocratas foram os primeiros contestadores da doutrina mercantilista, expressandose nas teorias de Quesnay e Turgot. A Palavra fisiocracia deriva do grego: physio, natureza, kratos, governo, e foi adotada pelos teóricos para quem a natureza é a produtora fundamental de riquezas. Ao contrário dos mercantilistas, consideravam o comércio uma atividade econômica estéril, que não produz riquezas, mas simplesmente as troca. Condenavam também a intervenção do Estado na economia, afirmando que a economia funciona por si mesma, impulsionada por leis naturais. Seu lema era: “Laissez faire, laissez passer, le monde va de lui même” (Deixai fazer, deixai passar, que o mundo anda por si mesmo). 10.3.ADAM SMITH: economista inglês, é considerado o pai do liberalismo econômico. Em seu livro A riqueza das nações, também defendeu a teoria de que a economia funciona por si mesma, como se houvesse uma “mão invisível” a dirigi-la. Criticava o monopólio comercial e o sistema colonial, pois, para ele, os únicos que ganhavam com o mercantilismo eram os mercadores, pensamento coincidente com o dos fisiocratas. No entanto, diferentemente destes, concluía que o trabalho em geral, não apenas o agrícola, constitui a verdadeira fonte de riqueza da sociedade. Essa teoria ficou conhecida como a Teoria do Capital e do Trabalho. 10.3.1. Outra teoria que também foi desenvolvida pelo clássico Adam Smith foi a Teoria da Divisão Internacional do Trabalho: esta teoria mostrava que a partir do momento em que houvesse especialização do trabalho em todas as profissões e principalmente a todas as nações, haveria a possibilidade da produção de cada coisa no lugar onde maiores facilidades existissem para a sua criação. No plano internacional esta teoria transforma o mundo em uma vasta oficina, executando-se o trabalho de onde se exige menor disponibilidade de tempo e de esforço, graças à colaboração da natureza e ao aproveitamento das aptidões humanas. 10.3.2. O liberalismo econômico, em especial o pensamento de Adam Smith, exerceu significativa influência sobre a Revolução Industrial e as doutrinas econômicas do século XIX. 10.4.THOMAS MALTHUS; publicou em 1798 sua obra Ensaio sobre o princípio da população, na qual afirmou serem a fome e a miséria uma decorrência natural do fato de que, enquanto a população aumentava em progressão geométrica, o crescimento da produção dos meios de subsistência se dava em progressão aritmética. Para Malthus as guerras, as doenças e as epidemias funcionavam com paliativos que diminuíam temporariamente o crescente desequilíbrio entre as necessidades crescentes de consumo e o aumento relativo da produção. 10.5.DAVID RICARDO: escreveu o livro Princípios de economia política e taxação foi publicado em 1817. David Ricardo é considerado o principal discípulo de Adam Smith. As duas contribuições mais importantes de Ricardo para a economia clássica são a “lei férrea dos salários” e a “lei da renda diferencial da terra”. Na primeira, afirmava que o nível dos salários dos trabalhadores correspondia sempre ao mínimo imprescindível para mantê-los vivos e a suas famílias, permitindo-lhes perpetuar a espécie, sem aumentá-la ou diminuí-la. Na segunda, afirmava que o preço dos alimentos era determinado pelo volume da produção das terras mais pobres cultivadas no país. 10.6.NASSAU SENIOR: professor de economia política da Universidade de Oxford, desenvolveu uma doutrina em que se opunha à redução da duração da duração da jornada
7 de trabalho, alegando que o lucro obtido pelos industriais vinha exatamente da última hora da jornada. Segundo ele, a redução das horas trabalhadas eliminaria o lucro líquido dos empresários, trazendo em conseqüência o fechamento das fábricas e a ruína econômica do país. Naquela época trabalhava-se doze horas diárias. 11. DESPOTISMO ESCLARECIDO 11.1. Em relação às grandes potências européias do século XVIII, França, Inglaterra e Holanda, certos países europeus promoveram, através de seus governantes, uma série de reformas nos campos econômico e social, era uma reforma do Estado pelo próprio Estado, que procurava assim conciliar Absolutismo com Liberalismo. Essa nações tinham uma economia tipicamente agrária, com pequeno desenvolvimento comercial e baixo índice de urbanização. 11.2.Baseados no Iluminismo, particularmente no pensamento de Voltaire, os soberanos da Prússia, Rússia, Áustria, Espanha e Portugal lançaram-se à realização de uma série de reformas. Procuram adequar as estruturas econômicas de seus países ao capitalismo que começava a se impor com nitidez. 11.3.Os déspotas esclarecidos não perceberam, porém, a grande contradição que impediria a realização de seus intentos: admitiam as idéias da Ilustração, emanadas da burguesia, mas tentavam concretizá-las sem a sua participação. Tentavam reformar o Estado pelo próprio Estado, através de uma política autoritária e paternalista, tomando medidas de caráter liberal, mas impedindo qualquer participação popular. “ Tudo pelo povo, sem o povo” era o lema dos déspotas esclarecidos. Não obtiveram sucesso: pressionados pela nobreza e sem apoio da burguesia, foram derrubados do trono ou obrigados a voltar atrás em sua reformas. 12. Medidas adotadas : Plano Econômico, esses países adotaram medidas preconizadas pelo mercantilismo: incentivo à produção de manufaturas; fundação de companhias privilegiadas de comércio; protecionismo alfandegário em relação à concorrência estrangeira; aperfeiçoamento do sistema de arrecadação tributária, procurando torná-lo menos opressivo em relação às classes populares etc. Assim, quando o mercantilismo já começava a ser duramente criticado pelas burguesia dos países mais desenvolvidos (como Inglaterra e França), esses países, com grande histórico, se dispuseram a adotar plenamente algumas práticas da política mercantilista. No plano social, os governantes desses países mostraram-se receptivos a certas idéias do Iluminismo, como, por exemplo, o combate à influência da Igreja e o estímulo ao racionalismo, isto é, às idéias que não fossem diretamente contrárias ao poder da monarquia absolutista. Foram chamados, então, de déspotas esclarecidos. 12.1.PRINCIPAIS DESPOSTAS ESCLARECIDOS: • Frederico II, da Prússia: Governou de 1740 a 1786. Aboliu a tortura aos criminosos, construiu diversa escolas destinadas ao ensino elementar e estimulou o desenvolvimento da indústria e da agricultura. Demonstrava ser amigo de influentes pensadores iluministas, como, por exemplo, Voltaire. • Catarina II, da Rússia : Governou de 1762 a 1796. Construiu escolas e hospitais, modernizou a cidade de Petersburgo, aprimorou a administração pública do Estado e submeteu a Igreja ortodoxa atuante em seu país. Manteve intensa correspondência com Diderot, Voltaire e D’Alembert.
8 • José II, da Áustria: Governou de 1780 a 1790. Diminuiu o poder da Igreja católica, confiscando suas terras, promoveu a libertação de numerosos servos, abolindo suas obrigações feudais, e aperfeiçoou o exército introduzindo o serviço militar obrigatório. • Marquês de Pombal, de Portugal: Governou de 1750 a 1777. O rei de Portugal D. José I teve entre seus mais importantes ministros o marquês de Pombal, cujo nome era Sebastião José de Carvalho e Melo. Pombal, embora não fosse rei, exerceu a administração de Portugal como se fosse um autêntico monarca absolutista. Durante sua longa administração, procurou modernizar a vida econômica portuguesa, criando as Companhias de Comércio e desenvolvendo as manufaturas, expulsou os jesuítas do reino português, determinou uma reforma do ensino e reorganizou o exército. 9. O SIGINIFICADO DO ILUMINISMO: 9.1. Além de fornecer o respaldo ideológico para a atuação dos déspotas esclarecidos, o Iluminismo influenciou ainda, no decorrer do século XVIII, a independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa. Estas, por sua vez, impulsionaram a Revolução Industrial, que, iniciada no século XVIII, na Inglaterra, ganharia o continente europeu e os Estados Unidos no século XIX. A população das colônias inglesas na América do Norte fundamentou-se nos pressupostos teóricos do Iluminismo para justificar seu rompimento com a metrópole. Fundou-se assim, a primeira República federativa do continente americano, os Estados Unidos da América. 9.2. A burguesia francesa, por seu lado, obteve na Ilustração a base doutrinária que sustentou as lutas pela derrubada do absolutismo e tomada do poder político na França, em 1789. 9.3. O liberalismo, emanado do Iluminismo, surgiu, portanto, como uma nova concepção das relações sociais ajustadas às necessidade de um novo mundo. Os limites do pensamento iluminista e das modificações na vida européia implantadas por eles seriam fornecidos pela burguesia, classe que naquele momento apresentava-se madura para assumir a hegemonia sobre os demais segmentos sociais.