O neoliberalismo e a globalização

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1 O NEOLIBERALISMO E A GLOBALIZAÇÃO O NEOLIBERALISMO: 1. A INGLATERRA: 1.1. Para a crise que o mundo capitalista conheceu em fins dos anos 70, os conservadores acharam uma única saída: a aplicação de medidas monetaristas e recessivas. Essa foi a política adotada por Margareth Thatcher, líder do Partido Conservador inglês, indicada para o cargo de primeiraministra da Inglaterra em maio de 1979. 1.2. Thatcher começou seu governo desfazendo as conquistas dos governos trabalhistas anteriores. Isso significava uma menor intervenção do Estado na economia e no atendimento social. Com um forte programa de privatização e diminuição de investimentos nos serviços públicos (saúde, educação e pensões para desempregados), o governo esperava cortar gastos e diminuir o déficit público. O resultado foi desastroso em termos sociais. Em pouco mais de um ano, a Inglaterra estava mergulhada numa recessão de grandes proporções: inflação de 20%, uma onda de greves se alastrando pelo país e quase 3 milhões de trabalhadores desempregados. 1.3. Em 1990, Thatcher deixou o cargo, mas os conservadores continuaram no poder com John Major no cargo de primeiro-ministro. 2. OS ESTADOS UNIDOS: 2.1. Em 1981, o republicano Ronald Reagan assumiu a presidência dos Estados Unidos. O seu programa de governo era semelhante ao dos conservadores ingleses. Todavia, dada a importância econômica e política do país, teve maior repercussão mundial. Reagan cortou os gastos públicos, afetando drasticamente os programas sociais. Além disso, diminuiu os impostos sobre a renda e a propriedade. 2.2. No seu primeiro mandato, Reagan intensificou a Guerra Fria. Aumentou os gastos militares, idealizou um polêmico programa militar, denominado de Guerra nas Estrelas, e passou a se referir à União Soviética como o “império do mal”. 2.3. Esse clima mudaria com as propostas de distensão político-militar de Gorbatchov, das quais o principal ponto era a diminuição gradativa das armas atômicas. Em quatro reuniões de cúpula acertaram-se vários acordos, que puseram fim a décadas de terror atômico. 2.4. A política econômica de Reagan deixou 11 milhões de trabalhadores desempregados nos EUA, a maior cifra desde 1940. O cenário nas grandes cidades chegava a lembrar os anos da crise iniciada em 1929. As ruas e estações de metrô ficaram cheias de homeless (sem-teto), pessoas que não têm onde morar. 2.5. Mesmo assim, os republicanos conseguiram vencer as eleições em outubro de 1988, com George Bush. Ex-diretor da CIA, a agência de espionagem americana, e vice-presidente de Reagan, Bush deu continuidade à sua política, Enfrentou o déficit do orçamento cortando gastos militares, o que só se tornou possível depois dos acordos com a União Soviética.


2 2.6. A crise interna da União Soviética diminuiu a sua capacidade de intervir na política internacional. Com isso, através da ONU, os Estados Unidos começaram a assumir o papel de árbitro supremo nas questões internacionais. 2.7. Em janeiro de 1991, liderando uma força multinacional, os EUA atacaram o Iraque. Foi a Guerra do Golfo, operação denominada Tempestade no Deserto. O Iraque não pôde resistir à superioridade técnica das forças norte-americanas e, em poucos dias, foi batido . 2.8. O sucesso na política externa não impediu a derrota de George Bush, que tentou a reeleição em 1992. Foi derrotado pelo democrata Bill Clinton. Os problemas econômicos e sociais internos foram decisivos na vitória dos democratas. A economia americana só entrou em uma fase de recuperação no final de 1992. 3. O BRASIL: 3.1. No Brasil, o governo de Fernando Henrique Cardoso segue o chamado projeto neoliberal. O neoliberalismo como já vimos anteriormente é, um linhas gerais, uma atualização do liberalismo econômico – cuja ênfase é a não-intervensão do Estado na economia, que deve ser baseada no livre jogo das forças do mercado. O neoliberalismo ganhou ampla aceitação nas décadas de 1980 e 1990, principalmente após o fim do socialismo no Leste europeu. 3.2. Os pontos básicos do projeto neoliberal para os países americanos foram sistematizados no chamado Consenso de Washington, em 1989. Nessa ocasião, integrantes de várias organizações, como o Banco Mundial e o FMI, além de representantes do governo dos Estados Unidos e de países latino-americanos, reuniram-se para analisar as economias do continente. Da reunião resultou um conjunto de medidas para controlar a inflação e modernizar o Estado: • • • • • • • • •

ajuste fiscal – limitação dos gastos do Estado de acordo com a arrecadação, eliminando o déficit público; redução do tamanho do Estado – limitação da intervenção do Estado na economia e redefinição do seu papel, com enxugamento da máquina pública; privatização – venda das empresas estatais que não se relacionam à atividade específica do Estado (regulamentar as normas sociais e econômicas e implementar políticas sociais; abertura comercial – redução das alíquotas de importação e estímulo ao intercâmbio comercial, de forma a ampliar as exportações e impulsionar o processo de globalização da economia; abertura financeira – fim das restrições à entrada de capital externo e permissão para que instituições financeiras internacionais possam atuar em igualdade de condições com as do país; desregulamentação – redução das regras do governo para o funcionamento da economia; reestruturação do sistema previdenciário; investimentos em infra-estrutura básica; fiscalização dos gastos públicos e fim das obras faraônicas.

3.3. Essas medidas estão sendo adotadas por países como Chile, Argentina, Peru, Venezuela, México e Brasil. Aqui, encontram o apoio de partidos como o PFL, o PPR o PTB e o PSDB. 3.4. Uma das críticas às medidas neoliberais é que, apesar de estabilizarem a economia, não resolvem os graves problemas sociais do país; pelo contrário, contribuem para aumentar o desemprego e os males dele resultantes. Isso coloca em risco a própria estabilização. 3.5. Diante da onda neoliberal, amplos setores da sociedade, incluindo os partidos de esquerda, passaram a atuar em defesa de mudanças profundas na economia e na sociedade brasileira.


3 Apesar das diferentes propostas, é possível reuni-las e denominá-las como projeto democrático e popular. A finalidade principal dessas idéias é criar um poderoso mercado interno de consumo de massas. Para tanto, é preciso adotar medidas de redistribuição de renda, aumento real dos salários, retomada dos investimentos do Estado, reforma tributária que distribua melhor os impostos e reforma agrária. Defende-se ainda a revisão do pagamento da dívida externa, a renegociação do dívida interna, a valorização e democratização das empresas estatais. A economia deve ser reorientada para a produção de bens de serviços, em prejuízo da especulação financeira. A GLOBALIZAÇÃO E OS BLOCOS ECONÔMICOS: 1. O fim da União Soviética reforçou, política e ideologicamente, os princípio do liberalismo: defesa radical da economia de mercado e forte condenação de qualquer intervenção do Estado. 1.1. Isso acirrou a competição econômica entre países e empresas, ao mesmo tempo que incentivou a consolidação e a formação de blocos econômicos. A tendência atual é a de unificação de mercados, através da remoção das barreiras alfandegárias e do fim das diversas formas de protecionismo. Seria nocivo tudo o que impedisse a livre circulação de produtos e capitais. 2. OS MAIS RICOS DO MUNDO: 2.1. Os antigos inimigos dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, isto é, o Japão e a Alemanha, transformaram-se, em áreas de influência norte-americana. No entanto, depois de um longo período de reconstrução, esses países começaram a ameaçar a hegemonia econômica dos EUA. A Alemanha e o Japão conquistaram fatias importantes do próprio mercado interno americano. 2.2. Se fizermos um balanço da produção e do consumo mundial da atualidade, chegaremos a resultados surpreendentes. Os Estados Unidos, a Europa Ocidental e o Japão são responsáveis pela produção de cerca de 90% dos computadores, dos aviões, de aparelhos eletrônicos de alta tecnologia, das fibras de náilon e de produtos importantes. Além disso, essas três potências econômicas detêm cerca de 80% da produção mundial de veículos e consomem cerca de 70% dessa produção. 2.3. O JAPÃO : sob intervenção americana, o Japão passou por reformas políticas e iniciou a recuperação de sua economia. Criar uma forte economia capitalista na Ásia era fundamental para os interesses ianques. Representaria uma barreira à expansão comunista, principalmente depois da Revolução Comunista Chinesa, em 1949. 2.4. Na Guerra da Coréia, o Japão foi um dos mais importantes fornecedores de materiais para as tropas americanas envolvidas no conflito. Esse foi um fator importante na arrancada da economia japonesa. 2.5. Os japoneses contaram com a ajuda de técnicos americanos para melhorar a eficiência e a qualidade da sua produção industrial. De 1945 até o final de 1951, a produção japonesa cresceu 70%, e as exportações quase triplicaram. Em 1972, o Produto Nacional Bruto do Japão era o segundo no ranking das economias capitalistas mundiais. 2.6. Em 1986, 116 mi robôs eram usados nas suas indústrias, enquanto os Estados Unidos tinham somente 25 mil, e a então Alemanha ocidental pouco mais de 12 mil. Em dezembro de 1991, o Japão comemorou mais de 60 meses de crescimento ininterrupto. Foi o boom japonês .


4 2.7. O surto de Crescimento econômico japonês foi interrompido em 1992. Em julho desse ano, a cotação dos títulos negociados na Bolsa de valores de Tóquio caiu mis de 50%. O Japão conheceu sua primeira grande recessão. A economia só mostraria sinais de recuperação em 1995. 2.8. OS TIGRES ASIÁTICOS: 2.9. Nas duas últimas décadas, formou-se um pólo de desenvolvimento industrial importe. Trata-se dos chamados Tigres Asiáticos. Grupo formado por HONG-KONG, TAIWAN (Formosa), CINGAPURA e CORÉIA DO SUL. Produzindo calçados, confecções e aparelhos eletrônicos que não exigem tecnologia muito sofisticada, eles conquistaram mercados deixados pela indústria japonesa quando esta se voltou para os mercados ocidentais. Ultimamente, a produção industrial dos Tigres Asiáticos adquiriu maior qualidade e se diversificou. Eles passaram a produzir computadores, câmaras fotográficas e automóveis, conquistando uma fatia importante dos mercados ocidentais. 2.10.Com forte subsídio de seu governos e liderados pelo Japão, os Tigres Asiáticos formaram a Associação de Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico. 2.11.A COMUNIDADE ECONÔMICA EUROPÉIA: 2.12.A Comunidade Econômica Européia nasceu depois da Segunda Guerra com o objetivo de unificar economicamente o continente. Isso se daria através da paulatina eliminação das barreiras alfandegárias e com a instituição de normas comuns, no que se refere à qualidade dos produtos, legislação social e trabalhista, além da adoção de uma moeda transnacional 2.13.A maior potência industrial da Comunidade é a Alemanha, que, sozinha, produz mais do que a Inglaterra e a França juntas. 2.14.No dia 1º de maio de 1993, foi ratificado o tratado assinado anteriormente na cidade holandesa de Maastricht. Pela ata de formação da união européia, a partir de 1993, passaria a existir um “... espaço sem fronteiras internas, no qual haverá trânsito livre de mercadoria, pessoas, serviços e capitais”. 2.15.A Comunidade Européia passou a contar, depois de 1º de janeiro de 1995, com 370 milhões de habitantes, um mercado maior do que o dos Estados Unidos. 3. ACORDO DE LIVRE COMÉRCIO DA AMÉRICA NO NORTE : NAFTA: 3.1. Em 1994, o presidente Bill Clinton conseguiu que o Congresso americano aprovasse a criação de um “mercado comum” (NAFTA), agrupando os países da América do Norte. Com isso, englobando Estados Unidos, Canadá e México, formou-se um mercado de mais de 350 milhões de pessoas. Nos EUA, algumas forças políticas e sociais se opões ao NAFT. É o caso da AFLCIO, a poderosa central sindical americana, que teme que a mão-de-obra barata mexicana provoque o desemprego de trabalhadores americanos. 4. O MERCOSUL 4.1. Na América do Sul também se processa a formação de um bloco econômico com vistas à integração econômica entre países: O MERCOSUL. Ele pretende eliminar os empecilhos à circulação de produtos, pessoas e capitais entre o Brasil, a Argentina, o Uruguai e o Paraguai. Há também a possibilidade de o Chile e outros países da região se incorporarem ao grupo.


5 5. OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E A ALDEIA GLOBAL 5.1. Na segunda metade do século XIX, foram desenvolvidos novos e revolucionários meios de comunicação em virtude dos avanços tecnológicos. No século XX, ocorreram outras mudanças igualmente radicais. Já na primeira metade do século, o rádio, o aperfeiçoamento do telefone, o cinema e, principalmente, a televisão mudaram completamente a vida da população na maioria dos países. 5.2. Nas décadas de aldeia global, desenvolvida por Marshall Mcluhan, se concretizava. No começo do século, uma notícia demorava vários dias para chegar do Brasil ao Japão. Hoje, ela chega em qualquer parte do globo em fração de segundos.


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