Colecione junho

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Além de artista plástico, fotógrafo, designer e poeta, Fernando Lemos exerceu também papel de gestor cultural, um dos principais nomes no elenco de pesquisadores que atuaram no Departamento de Informação e Documentação Artísticas – IDART, contribuiu na elaboração do plano de trabalho e na supervisão da área de pesquisas em Artes Gráficas, entre 1975 e 1977, assinando também o projeto gráfico das primeiras pesquisas publicadas. E em 1983, assumiu a direção do Centro Cultural São Paulo.

Cruzamento de desenho com poesia, Serie Caligráfica I compõe suas primeiras exposições de desenhos, em 1954, quando a crítica sublinha a novidade de sua “caligrafia filiforme” devido a essa tônica em sua criação poética. Segundo Margarida Acciaiuoli1, para o crítico Sérgio Milliet, uma vez verificada a poesia em seu desenho, a criação plástica e o modo como ela se expressava deviam anotar-se agora ao lado das bandeiras do abstracionismo e do concretismo, um ataque claro ao formalismo então comum nos desenhistas brasileiros. Além de “uma tendência acentuada para encarar o desenho mais como uma escrita do que uma composição formal geométrica”. Milliet não via nem abandono da composição nem desprezo da linha em seus desenhos, mas “uma combinação de ambas à maneira de hieróglifos, de caracteres de tipo chinês, ou de sinais caligráficos de outras ordens com que ele ‘escrevia’ de modo abstrato ou vagamente figurativo toda uma mensagem de riqueza psicológica”. 1

Acciaiuoli, Margarida. Fernando Lemos. Editorial Caminho, Lisboa, 2005.

coleção em cartaz artistas em ação

COleção de arte da cidade A aquisição de obras de arte pela municipalidade teve seu início durante a gestão do prefeito Antonio da Silva Prado (1899-1910), quando foram obtidas com o propósito de decorar gabinetes de administradores, dentro da temática paulista e de motivos históricos. Na década de 1920, marcada pela ruptura nos padrões estéticos vingentes na época, doações e aquisições de obras foram realizadas, incluindo as premiadas nos Salões Paulistas de Belas Artes, cuja primeira mostra foi em 1934, formando um eclético acervo de arte. Com a criação do Departamento de Cultura, em 1935, projeto de Mário de Andrade, Paulo Duarte e Paulo Barbosa de Campos, a Divisão de Bibliotecas, por meio da Seção de Estampas e Mapas, passou também a adquirir obras de arte, iniciando com a compra da biblioteca brasiliana de Félix Pacheco com importantes gravuras.

legenda Série Caligráfica I, 1956 Desenho Nanquim e grafite sobre papel 66,7x49,4cm

Várias propostas foram pensadas pelos administradores municipais no sentido de se construir um local apropriado para a armazenagem e a apresentação dessa coleção, que se avolumava e foi se intensificando com a força de Sérgio Milliet na direção da Biblioteca até 1959. Em 1975, com a criação da Secretaria de Cultura, desvinculada da Educação, criou-se o Departamento de Informação e Documentação Artística (IDART), tendo Maria Eugênia Franco como diretora. Foi então que a coleção começou a fazer parte da Divisão de Artes Plásticas daquele organismo, chamada de Pinacoteca Municipal. Em 1982, o Centro Cultural São Paulo foi inaugurado e passou a abrigar a Pinacoteca Municipal, que, a partir de maio de 2008, recebeu o nome de Coleção de Arte da Cidade de São Paulo, adequando-se à variedade de suportes e técnicas da arte contemporânea.

Prefeitura de São Paulo Fernando Haddad Secretaria de Cultura Juca Ferreira Centro Cultural São Paulo | Direção Geral Ricardo Resende Divisão Administrativa Gilberto Labor e equipe Divisão de Curadoria e Programação Giuliano Tierno de Siqueira e equipe Divisão de Acervo, Documentação e Conservação Heloisa M. P. de Abreu Meirelles e equipe Divisão de Bibliotecas Waltemir Jango Belli Nalles e equipe Divisão de Produção e Apoio a Eventos Luciana Mantovani e equipe Divisão de Informação e Comunicação Gustavo Wanderley e equipe Divisão de Ação Cultural e Educativa Giuliano Tierno de Siqueira e equipe Coordenação Técnica de Projetos Priscilla Maranhão e equipe

Coleção em cartaz: artistas em circulação é um projeto criado em parceria entre as divisões de Informação e Comunicação e de Acervo, Documentação e Conservação e a Curadoria de Artes Visuais do CCSP Adriane Bertini, Camila Bortolo Romano, Camile Rodrigues Aragão Costa, Eduardo Navarro Niero Filho, Emi Sakai, Gustavo Wanderley, Heloisa M. P. de Abreu Meirelles, Márcio Harum, Maria Adelaide Pontes e Solange de Azevedo Revisão Paulo Vinício de Brito Projeto Gráfico Solange de Azevedo Impressão Gráfica do CCSP Assessoria de Imprensa do Centro Cultural São Paulo Juliana Lazarim, Nelson de Souza Lima, Zaira Hayek e Alvaro Olyntho (estagiário) (imprensaccsp@prefeitura.sp.gov.br) junho/2013

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Hoje a Coleção de Arte é composta de 3144 obras com as mais diversas técnicas e artistas. Possui ainda uma importante Coleção de Arte Postal, que, no momento, encontra-se em processo de catalogação e tombamento. Com a instituição do Prêmio Aquisição do Programa de Exposições pelo Centro Cultural São Paulo, em 2004, a Coleção passou a ser atualizada, aliada ao incentivo à produção de jovens artistas. COLEÇÃO EM CARTAZ O projeto Coleção em cartaz é uma proposta curatorial cujo formato expositivo traz uma série de cartazes com reproduções de obras do acervo do CCSP para serem colecionados pelo público ao longo de 12 meses, de maio/2013 a abril/2014. O projeto visa a extroverter o acervo e discutir o espaço da arte, numa alusão ao museu imaginário de André Malraux. Esta primeira edição do projeto Coleção em cartaz: artistas em circulação privilegia a Coleção de Arte da Cidade, destacando obras de artistas que trabalharam no CCSP e no IDART. Esta será a sequência das reproduções de obras dos artistas: Sérgio Milliet, Fernando Lemos, Julio Plaza, Lenora de Barros, Gabriel Borba, Fabio Miguez, Paulo Monteiro, Célia Euvaldo, Mario Ramiro, Carla Zaccagnini, Débora Bolsoni e Decio Pignatari.

fernando lemos

Artista português radicado no Brasil, chegou ao País em 1953 em razão da sua oposição ao regime salazarista e naturalizou-se brasileiro na década de 1960. Como fotógrafo fez parte do movimento surrealista português no final dos anos 1940. No Brasil, dedicou-se ao desenho e à pintura participando de cinco edições da Bienal de São Paulo (1953, 1955, 1957, 1965 e 1967) e da IV Bienal de Tóquio, em 1957. Em 1962, recebeu uma bolsa de estudos para o Japão, patrocinada pela Fundação Calouste Gulbenkian. Como escritor e ilustrador, integrou, entre 1955 e 1975, a redação do jornal Portugal Democrático – publicação dos exilados políticos portugueses no Brasil. Também ilustrou artigos, contos e poesias para o Suplemento Literário de O Estado de S.Paulo. Em 1977, expôs na coletiva A fotografia na arte moderna portuguesa, realizada na cidade do Porto. No começo da década de 1990, sua produção fotográfica é redescoberta em Portugal e alcança status internacional. Por iniciativa do fotógrafo português Jorge Molder, a Fundação Calouste Gulbenkian respondeu pelas duas individuais de maior porte: em 1992, na cidade de Paris, com texto de Régis Durand, reunindo 30 imagens durante o Mois de la Photo, e a grande retrospectiva À sombra da luz, em 1994, em Lisboa, e em 2004 na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Em 2005, foi realizada a exposição Fernando Lemos e os Surrealistas, Coleção Berardo, Museu de Arte Moderna de Sintra, Portugal. Em 2008, o Centro Cultural São Paulo realizou a mostra Fernando Lemos Preto e Branco, na Galeria Olido. Em 2011, a Pinacoteca do Estado de São Paulo reuniu o conjunto de sua obra na retrospectiva Lá & Cá, com cerca de 200 trabalhos. Nos últimos anos o artista tem-se dedicado ao desenho e a uma série de interferências em fotografias rejeitadas.

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Fernando Lemos (José Fernandes de Lemos – Lisboa/Portugal, 1926)

sobre a obra

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sobre o artista



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