Ano 1 – Edição 11 – Fevereiro 2015
CASA DE VIDRO: destaque arquitetônico no Morumbi
Lago localizado ao lado da Praça Ayrton Senna, formado pelas nascentes do bosque.
NASCENTES DO PANAMBY: mobilização pela preservação 1
3
sumário
Foto: Juliana Amorim
06
CAPA
ANO 1 | Nº 11 | Fevereiro 2015
Nossas preciosas nascentes
FOTO DA CAPA: Juliana Amorim
16 ARQUITETURA
21 LEITURA
Casa de Vidro
Recicle sua biblioteca. Doe livros!
Fotos: Divulgação
22 SAÚDE
Foto: Juliana Amorim
Pilates: o equilíbrio do corpo e da mente para uma melhor qualidade de vida
23 PARQUE
Lazer e esporte no Burle Marx
DIRETORES: Luiza Oliva (luiza@leituraprima.com.br) e Marcelo Santos (marcelo@leituraprima.com.br) FOTOGRAFIA: Juliana Amorim CRIAÇÃO E ARTE: Adalton Martins e Vanessa Thomaz ATENDIMENTO AO LEITOR: Catia Gomes IMPRESSÃO: Laser Press PERIODICIDADE: Mensal CIRCULAÇÃO: Condomínios de alto padrão e comércio do Panamby JORNALISTA RESPONSÁVEL: Luiza Oliva MTB 16.935 PANAMBY MAGAZINE é uma publicação mensal da Editora Leitura Prima. PANAMBY MAGAZINE não se responsabiliza pelos serviços, informes publicitários e produtos de empresas que anunciam neste veículo. M Tecnologia e Comunicação Ltda.
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REDAÇÃO, PUBLICIDADE E ADMINISTRAÇÃO: Al. dos Jurupis, 1005, conj. 94 – Moema – São Paulo – SP Tel. (11) 2157-4825, 2157-4826 e 98486-3000 – contato@leituraprima.com.br – www.leituraprima.com.br
EDITOrIAL
Caro morador do
PANAMBY
A
hora é agora. A crise hídrica expôs a urgente ne-
gião do Morumbi continua polêmica e apenas no papel.
cessidade de repensarmos o desenvolvimento
O trecho 2, entre a Marginal Pinheiros e a linha 4 do Me-
da cidade e o uso que fazemos dos recursos na-
trô, atravessaria quatro áreas de Proteção Permanente
turais. Para Marcia Vairoletti, da Frente de moradores e
além de áreas contaminadas, construções irregulares e
entidades que atuam em defesa da região do Morumbi,
o Cemitério Morumby, informa Márcia: “Está claro que foi
Panamby e Vila Andrade, o poder público está atrasado,
um equívoco de planejamento. Não foram feitos os le-
por exemplo, sobre a questão da água. “O Plano Diretor
vantamentos adequados quando se realizou o estudo de
da cidade não contempla nada que se refere à preser-
impacto ambiental. Ou seja, não houve um real levanta-
vação de nascentes, cursos d´água e regiões de fundo
mento da área.” Hoje há quatro liminares barrando tanto
de vale. Ele fala em drenagens, mas não podemos tratar
a construção do condomínio Parque Global como a do
nascentes como drenagens. Não adianta pensarmos em
monotrilho.
preservar Zonas Estritamente residenciais, as ZErs, se
Nesta edição, saiba como a defesa do verde está in-
não temos infraestrutura necessária para receber pesso-
timamente ligada a das nascentes e córregos da cidade.
as que irão morar em megaempreendimentos aprovados
E como defender o verde do Panamby é mais do que um
justamente nessas áreas”, diz. A cidade peca, acredita,
movimento dos moradores desse bairro em pleno desen-
por não ter um planejamento em relação ao fornecimen-
volvimento – mas uma ação em defesa de mais qualida-
to de água e energia. “O Plano Diretor poderia atuar de
de de vida para os moradores de São Paulo.
forma mais rigorosa em relação a grandes empreendimentos em áreas de Proteção Permanente. No caso do
Boa leitura.
Panamby, são terrenos importantes não só para o bairro mas para a cidade. Como pensar em compactar a cidade
Luiza Oliva
se não temos infraestrutura básica?”, questiona Márcia.
Editora
Além de água e energia, o transporte completa as necessidades que não têm se mostrado suficientes para a
www.facebook.com/panambymagazine Foto: Panamby Magazine
população. A opção pelo monotrilho para atender a re-
www.panambymagazine.com.br
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CAPA
Lago formado pelas águas das nascentes próximo à Praça Ayrton Senna.
Nossas preciosas
NASCENTES
Desconhecidas, quase incógnitas. Assim são as nascentes do Panamby e do Morumbi, escondidas em praças e áreas verdes, verdadeiras preciosidades em tempos de seca e economia de água. Fotos: Juliana Amorim
S 6
e você é morador do Panamby, certamente já
esteja do outro lado da rua Clipperton. Ali começa uma
caminhou na Praça Ayrton Senna. A área foi re-
área verde de 13.500 metros quadrados, com três nas-
vitalizada em 2001 pela Associação Cultural e
centes. Não é à toa que aquele pedaço do bairro se cha-
de Cidadania do Panamby. Antes, o local se assemelha-
ma originalmente Jardim Fonte do Morumbi. Também re-
va mais a um depósito de lixo e entulho. Hoje, a área é
cuperada pela Associação Panamby através de um con-
cuidada diariamente por um jardineiro da Associação e é
vênio com a Prefeitura, a área foi reurbanizada e recebeu
possível caminhar pela praça, sentar nos bancos ou pas-
árvores como pau-brasil, ipês de diversas variedades e
sear com os cães. Mais do que uma área de lazer para os
ingá (vegetação própria para beira d´água). Na época, a
moradores, talvez o maior tesouro da Praça Ayrton Senna
Associação Panamby consultou o ornitólogo Dalgas Fris-
ch sobre quais espécies de árvores ornamentais seriam
recuperar o que for recuperável. É urgente pararmos de
mais adequadas para atrair pássaros para a região.
assorear nascentes e canalizar córregos”, sustenta o ve-
Bem próximo à calçada, o local ganhou um pequeno lago, que recebe água vinda das nascentes e deságua em
reador Gilberto Natalini, presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal.
um bueiro de drenagem. A água também é aproveitada
No dia em que conversou com a reportagem de Pa-
no sistema de irrigação da Praça Ayrton Senna. O lago
namby Magazine, Natalini havia visitado uma nascente
chegou a receber carpas, doadas por um morador, que
existente no Parque Santo Dias, no Capão redondo. “Ain-
foram roubadas tempos depois.
da existem muitas nascentes e as do Panamby e Morumbi
Nascentes como as vizinhas à Ayrton Senna não são
são apenas um exemplo do que há na cidade”, diz, comple-
raridade na cidade – apesar de muitas serem pratica-
tando que a presença da água é fundamental para man-
mente desconhecidas dos moradores. Só no Morumbi e
ter o equilíbrio ambiental e atrair a fauna. “Em São Paulo
no Panamby, há mapeadas nascentes em locais como o
temos uma grande contaminação do solo, causada pelo
Parque Burle Marx, o Parque Sergio Vieira de Mello (pró-
lixo urbano e por resíduos industriais, que muitas vezes
ximo ao Cemitério Gethsêmani), o Parque Paraisópolis,
poluem as águas. Mas isso não significa que as nascentes
a Praça Cidade de Leiria e a Praça Cidade de Chaves (as
não devem ser preservadas. O que a população não deve
duas próximas ao Portal do Morumbi). “São Paulo assas-
fazer é beber essas águas. Mas a preservação do verde e
sinou a maioria de suas nascentes. A cidade
do que resta de nossas nascentes deve ser
águas que brotam do chão. Felizmente uma
Associação Panamby entendida como a luta pela preservação da recuperou Praça própria vida nas cidades”, constata. Natalini
parte da população tomou consciência de
Ayrton Senna e criou
comemora as recentes vitórias judiciais de
que acabar com as nascentes é um risco
lago que recebe água
ações em defesa do verde, e contra a cons-
ambiental. Há um movimento, do qual eu
das nascentes do
trução de grandes empreendimentos no
faço parte, de se preservar o que resta e
bosque.
Panamby e Morumbi. “Travamos uma luta
foi construída sem nenhum respeito pelas
áreas permeáveis, como a da Praça Ayrton Senna, ajudam na manutenção das águas subterrâneas da cidade.
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CAPA diária contra a indústria imobiliária e contra medidas da
namby, realizado pelo geólogo e doutor em geociências
atual administração da cidade de São Paulo, que são ex-
Sergio Kleinfelder rodriguez. Segundo o especialista, a ci-
tremamente nocivas ao verde”, completa.
dade de São Paulo tem mais de 4 mil drenagens naturais. “São Paulo e sua população parecem sentir vergonha de
DESASTRE AMBIENTAL
seus córregos, enterrando-os em canalizações fechadas
A ambientalista Helena Caldeira, da Associação Morumbi
e impedindo que a água da chuva escoe naturalmente. A
Melhor (AMM), acrescenta que em diversas decisões judi-
cidade retificou seus rios meandrantes transformando-
ciais a favor da preservação de áreas verdes no bairro, os
-os em longos trechos retilíneos, com o objetivo de esco-
juízes têm feito um paralelo entre a proteção de nascentes
ar mais rapidamente toda a água de chuva. Ocupou-se
e de áreas vegetadas. “A cidade está toda adensada, qua-
toda a várzea sem critério técnico que pudesse justificar
se não existe mais solo permeável. Em uma situação de
essa invasão do espaço natural. Com a impermeabiliza-
seca como a atual, não podemos descartar a importância
ção de áreas com ruas asfaltadas, calçadas contínuas,
de áreas com características de solo permeável como o
quintais cimentados e construções nos limites máximos
Morumbi e o Panamby. Nosso remanescente verde é de extrema importância para a manutenção das águas do lençol freático”, avalia Helena. Em uma ação conjunta com várias
Área de bosque entre as ruas Clipperton, Clinton, Diego de Castilho e Deputado Laércio Corte guarda nascentes de
de ocupação dos terrenos a água não mais infiltra escoando livremente e os córregos enterrados e canalizados não dão conta de dar vazão a esse excesso de água, provocando constantes inun-
entidades de moradores da região e de
água. Novas construções nas
defesa do meio ambiente, Helena tem
proximidades contribuem
coordenado um grande mapeamento
para o assoreamento e o
vive um cenário de desastre ambien-
das nascentes do Morumbi e do Pa-
enfraquecimento do solo.
tal: áreas verdes são substituídas por
dações”, explica. Na opinião de Sergio, São Paulo
Foto: Panamby Magazine
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construções, a retenção da água pela vege-
nificado de nossos rios escondidos e polu-
tação mostra-se insuficiente, há desperdício no uso da água e ela retorna ao ciclo na forma de esgotos, despejados nos córregos e principais drenagens. “A cidade foi totalmente construída para eliminar toda água que cai sobre ela. Um erro grotesco de engenharia que infelizmente não ocorre somente
ídos e sobre como colaboramos na im-
“A preservação das nascentes da cidade é importantíssima. Elas colaboram para a formação dos grandes rios. Matando as nascentes, diminuímos a quantidade de água que chega aos rios.”
em São Paulo ou na metrópole. Elimina-se rapidamente a água da vida
Osvaldo Barbosa, engenheiro da Deca
urbana, impede-se sua retenção pela vegetação e pela infiltração nos solos e faz-se o lançamento dos esgotos com tratamentos
permeabilização dos solos. “A crise que ainda está no início será longa e com tempo suficiente para todo tipo de reflexão. Até lá, cada um deverá encontrar uma saída através da economia de água, seu reuso ou obter o recurso em outras fontes de captação. Todas as ações, no entanto, não são confortáveis e significam custos adicionais para se sobreviver a essa ca-
tástrofe ambiental. Um bom planejamento familiar ou por condomínios pode gerar algumas
mínimos para os córregos, misturando água de boa qua-
alternativas para o enfrentamento da crise de distribui-
lidade com água contaminada. Não se pode esperar ou-
ção que se tornará maior entre maio e agosto, quando as
tro resultado que não o desastre total de não podermos
chuvas são normalmente raras em São Paulo.”
dispor do recurso natural essencial para a vida, que é a água em quantidade necessária e em qualidade admis-
FALTA DE ÁGUA. E EU COM ISSO?
sível”, sustenta.
Bosques e nascentes como as da Praça Ayrton Senna
Para Sergio, é mais do que hora de refletir sobre o sig-
trazem agradáveis lembranças aos moradores mais an-
CAPA tigos do Morumbi. É o caso de Vital Battaglia, criado no Butantã, que morou no Morumbi e chegou ao Panamby em 1996. Vital se lembra de, na infância, tomar água da nascente que hoje fica dentro do Parque Burle Marx. “Ela Hoje, mesmo com a seca que vivemos, temos água lá, inclusive no brejo próximo à Marginal”, comenta Vital, referindo-se ao terreno para onde a construtora
Foto: Juliana Amorim
formava um verdadeiro riacho.
Cyrela tem o projeto de um empreendimento.
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área identificada como de proteção ambiental, em frente à Praça Ayrton Senna.
sível. A preservação das nascentes da cidade é impor-
Para Osvaldo Barbosa, engenheiro de aplicação da
tantíssima. Elas colaboram para a formação dos grandes
Deca, o momento é de refletir sobre o desenfreado cres-
rios. Matando as nascentes, diminuímos a quantidade
cimento urbano. Segundo Osvaldo, durante muito tempo
de água que chega aos rios”, pontua Osvaldo, que sem-
foi usual canalizar córregos e rios, jogando suas águas
pre atuou com foco na economia de água. Seu mestrado
para as tubulações de água de chuva. “Hoje, a população
foi voltado para novas tecnologias em bacias sanitárias
começa a ter mais sensibilidade para o tema. Sabemos
e deu origem à norma ABNT que orienta para a fabrica-
que é preciso alterar o meio ambiente da maneira mais
ção de modelos econômicos, que consomem seis litros
racional e menos degradante para o meio ambiente pos-
de água por acionamento, contra os antigos que gastam
de 12 a 15 litros de água. Já nos es-
“A chuva que cai na cidade de São
tudos que faz para seu doutora-
Paulo não é aproveitada para o
Muitos moradores já despertaram
do, Osvaldo busca respostas para
abastecimento, exceto aquela que
para a necessidade da preserva-
o imenso desperdício de água
infiltra e alimenta o manancial de
ção – e tomam iniciativas com
ocorrido em vazamentos. “70%
águas subterrâneas.”
esse objetivo. Eliana Chumer mora
da água das cidades chegam a ser perdidas em vazamentos. Isso
Sergio Kleinfelder Rodriguez, geólogo
é uma realidade em cidades do
População em ação
no Panamby desde 1992. “Via pelo bairro muitas placas indicando Áreas de Preservação Permanen-
Norte e Nordeste, que têm grandes vazamentos enterra-
te. Hoje, vejo essas áreas sumindo.” Diretora do colégio
dos. Estamos jogando fora energia e insumos gerados no
CPV, ela buscou autorização na Prefeitura para cuidar
tratamento da água”, explica.
da manutenção da Praça Cidade de Leiria, onde há uma
O engenheiro orienta que o primeiro passo na pre-
nascente. O longo processo burocrático não fez Eliana
servação das nascentes das cidades é o cuidado com
desanimar. Hoje, o CPV cuida do jardim da praça e retira
as matas ciliares. “A presença da flora garante que não
o lixo da área. “É uma questão de cidadania”, acredita.
haverá assoreamento. A mata funciona como um supor-
Também há uma grande mobilização pela cidade vi-
te garantindo que o formato do relevo se mantenha para
sando a defesa da água escondida em nossos subsolos
que a água aflore. O ponto crucial é a preservação das
e dos rios e córregos poluídos. O projeto Rios (In)visíveis,
matas”, avalia. Helena Caldeira, ambientalista e morado-
das jornalistas Stephanie Kim Abe e Iana Chan e da de-
ra do Morumbi, concorda: “O assoreamento em volta de
signer Pamela Bassi é um deles. “O nosso projeto busca
áreas de nascentes provoca deslizamentos, deixando o
dar visibilidade aos rios de São Paulo, por meio de uma
solo mais frágil. Protegendo praças e áreas verdes prote-
plataforma colaborativa de mapeamento desses cursos
gemos as nascentes.”
d´água. A ideia é chamar atenção para a paisagem da ci-
11
CAPA dade, para a forma como ela se desenvolveu e continua
son Marques desde o começo, além do Luiz de Campos,
se desenvolvendo – e as consequências que esse cresci-
do Rios e Ruas. Ainda que de uma maneira bem rascu-
mento urbano gerou em nosso estilo de vida e no relacio-
nhada, levamos ao ar esse nosso mapa criado no Ecoha-
namento com os elementos naturais com que convive-
ck e acabamos compartilhando com amigos. O retorno
mos”, conta Stephanie.
foi enorme. Pessoas de diversas áreas vieram comentar
O pontapé inicial para esse trabalho foi a participação no Ecohack World, em maio do ano passado em São
que tinham achado incrível e que era uma iniciativa importante”, lembram.
Paulo. “Foi lá que realizamos o mapa dos rios de São Pau-
O trio acredita que é essencial a participação da po-
lo, por meio da visualização dos dados do Plano Diretor
pulação no mapeamento, daí o projeto ser colaborati-
de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais do Município
vo. Segundo Stephanie, ainda que por registros oficiais
de São Paulo na plataforma Mapas Coletivos. Contamos
pode-se ter a dimensão da quantidade de rios que exis-
com a ajuda de Victor George, Gustavo Faleiros e Emer-
tem em São Paulo, é possível encontrar muito mais com
Bacia do córrego Panamby Veja como a preservação do verde e das áreas de drenagem do nosso bairro podem ajudar o meio ambiente e a população de toda a cidade. Por Sergio Kleinfelder Rodriguez Cemitério Morumbi
A região de Vila Andrade e parte do Panamby estão inseridas na microbacia hidrográfica do córrego Panamby (veja ilustração). Esta
área da operação urbana água espraiada
área tem aproximadamente 65 hectares, ou seja, 650.000 m².
drenagens e faixas de áreas de preservação permanente
Uma chuva de 10 mm significa que em 1 metro quadrado de área choveu o equivalente a 10 li-
área com alta declividade
tros de água. Assim, em uma área
nascentes
de 650.000 m² com uma chuva de 10 mm são recebidos na ba-
lagoas da várzea do rio pinheiros
cia 6.500.000 litros de água, capazes de atender 26 mil pessoas
escoam superficialmente e produ-
ximadamente 1375 mm. Assim,
em um dia consumindo 250 litros
zem alagamentos na cidade.
em uma bacia como a região do
por pessoa.
12
Com a impermeabilização de
Panamby e Vila Andrade, em um
Em uma área preservada e não
toda a bacia hidrográfica, essa
ano chove o equivalente a 893,75
impermeabilizada o volume de
água vai direto para o rio Pinhei-
milhões de litros; água suficien-
chuvas fica 80% retido na própria
ros juntando-se com os esgotos e
te para atender uma população
área pela vegetação e por infiltra-
seguindo para o Tietê, produzindo
de pouco mais de 22 mil pessoas
ção nos solos. Ao contrário, em
inundações pelo caminho.
durante todo o ano atendendo o
uma área intensamente urbani-
A precipitação média anual na
zada 80% do volume das chuvas
cidade de São Paulo é de apro-
consumo recomendado pela Organização Mundial de Saúde.
CAPA “São Paulo assassinou a maioria de suas nascentes. A cidade foi construída sem nenhum respeito pelas águas que brotam do chão. Felizmente uma parte da população tomou consciência de que acabar com as nascentes é um risco ambiental.” Gilberto Natalini, vereador. a ajuda da população. “Dentro das casas podem estar
na cidade e ainda não canalizados, em praças, parques e
escondidas muitas nascentes. E são as lembranças dos
até em propriedades privadas. Nossa meta hoje é pres-
moradores que viviam na região antes que estas fos-
sionar o poder público e conscientizar a população. É
sem tamponadas que ajudarão a fazer esse mapea-
hora de agir, juntar os amigos e buscar ações positivas
mento ainda mais eficiente. É uma via de duas mãos: ao
no próprio bairro”, acredita Adriano. “É muito importante
mesmo tempo em que os órgãos responsáveis podem
envolver as crianças e escolas. São microações pela ci-
proteger de forma legal, demarcando áreas de preser-
dade que podem contaminar o todo para mudanças de
vação, a população pode ajudar a preservar informan-
atitudes”, completa.
do os vizinhos sobre a nascente, cuidando do espaço e
Na Kinder Kampus, escola bilíngue localizada no Pa-
principalmente fazendo pressão junto aos órgãos pú-
namby, as ações já começaram. No ano passado, a esco-
blicos para que mantenham o local preservado.”
la passou a envolver funcionários, pais e alunos em um
Adriano Sampaio e ramon Bonzi são outros pau-
grande projeto de sustentabilidade. “Temos o foco de ob-
listanos que trilham o caminho das águas. Depois de
jetivos a médio e longo prazos. Não adianta só focarmos a
descobrirem sete olhos d´água do rio água Preta
crise. Trabalhamos com um conceito de sustentabilidade
na Praça Homero Silva, no bairro da Pompeia, eles se
mais amplo, atuando com toda a comunidade escolar”,
lançaram a mapear as nascentes da cidade e nasceu
explica Lívia de Campos ribeiro, engenheira ambiental e
o projeto Existe água em São Paulo. “Tudo começou
consultora de sustentabilidade da Kinder Kampus. Os re-
informalmente. Já encontramos muitos rios limpos
sultados chegaram rápido: o colégio reduziu o consumo de água em 20%, comparando o segundo semestre de 2014 com o mesmo período de 2013. “As crianças comemoram o resultado porque se sentem parte do processo. Temos que repensar nossa relação com os recursos naturais, preservá-los, e não apenas economizar água quando ela falta”, finaliza Lívia.
SERVIÇO CPV www.cpv.com.br www.colegiocpv.com.br Deca proagua@deca.com.br Existe água em SP Facebook: Existe água em SP Gilberto Natalini natalini@natalini.com.br Kinder Kampus secretaria.infantil@kampus.com.br pachamama@kampus.com.br Rios (In) visíveis www.riosdesaopaulo.org Facebook: rios Invisíveis 14
Qual a idade certa para iniciar um tratamento ortodôntico?
A
partir dos 7 anos de idade é recomendado que a criança faça uma avaliação ortodôntica. Alguns tratamentos podem começar até antes, mas isto depende de cada caso. Algumas crianças sofrem por ter dentes tortos, grandes ou por faltar algum dente. Os pais podem
procurar um ortodontista para uma avaliação inicial de seu filho e o especialista irá diagnosticar se existe alguma má oclusão e qual o melhor tratamento para aquele caso. Isto traz segurança e confiança para os pais e para o paciente. Na faixa etária entre 5 e 7 anos, normalmente a criança não tem paciência para escovar os dentes e passar o fio dental com o cuidado necessário para manter a saúde da boca. Pensando nisso, realizamos o programa de prevenção Crescendo sem Cáries, para que as crianças treinem a escovação, supervisionadas por um profissional e logo em seguida passam por uma profilaxia. Esta avaliação inicial é necessária para se estabelecer o tratamento ideal para cada um.
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ArQuITETurA
Casa de
VIDrO
Vizinha ao Panamby, a Casa de Vidro, projetada pela arquiteta Lina Bo Bardi, é um endereço imperdível para os amantes da arquitetura, do design e da preservação ambiental. Fotos: Juliana Amorim
O
Morumbi guarda endereços importantes, que
Bardi, a casa foi tombada pelo Conpresp (Conselho Mu-
ajudam a contar a história do bairro e da ci-
nicipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural
dade de São Paulo. A Casa de Vidro, projetada
e Ambiental da Cidade de São Paulo) e pelo Condephaat
pela arquiteta italiana Lina Bo Bardi, é um deles. Formada
(Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueoló-
na Faculdade de Arquitetura de roma, Lina se casou com
gico, Artístico e Turístico) como patrimônio histórico, e
o jornalista e crítico de arte Pietro Maria Bardi em 1946,
está com o tombamento pelo Iphan (Instituto do Patri-
ano em que o casal se mudou para o Brasil.
mônio Histórico e Artístico Nacional) aguardando a fina-
Construída em 1951 para ser a residência de Lina e 16
lização. Na época da construção, o Morumbi começava
a nascer em uma fazenda de chá desativada e loteada, com alguns remanescentes de mata. No terreno de cerca de 7500 metros quadrados, a casa se integra à paisagem. A construção e seu amplo bosque são visitados frequentemente por arquitetos e designers, muitos estrangeiros. Na casa é possível também conhecer móveis projetados por Lina, como as cadeiras Bowl e Tripé. “Lina planejou a casa e o bosque. Nos desenhos da concepção do projeto a mata já aparece desenvolvida. Lina aguardou a vegetação crescer”, conta o arquiteto renato Anelli, professor do Instituto de Arquitetura e urbanismo da
Divulgação © Instituto Lina Bo e P. M. Bardi
uSP em São Carlos e diretor do Instituto Lina Bo e P. M. Bardi, que
Casa de Vidro, São Paulo, SP, 1951. Perspectiva interna. Lápis de cor, nanquim, sobre papel offset.
Cadeira Bowl.
Cadeira Tripé de madeira com acento de couro.
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ArQuITETurA
Casa Valéria Cirell, São Paulo, SP, 1958 Lina Bo Bardi Elevação frontal Grafite, nanquim, sobre papel vegetal
Divulgação © Instituto Lina Bo e P. M. Bardi
O Instituto foi criado em 1990. O acervo pessoal, reunido por Lina e Bardi ao longo de sua vida, foi doado para o Instituto com o objetivo de promover, pesquisar e divulgar os campos da arte e da arquitetura no Brasil. É constituído de obras de arte, móveis, documentos e objetos que pertenceram ao casal – são cerca de 7.800 desenhos de Lina, 17 mil fotografias, 114 áudio-vídeos digitais, 160 livros e revistas, além de 240 obras de arte. Em 2014, ano do centenário de Lina Bo Bardi, peças do acervo do
Casa Valéria Cirell, 1958
Divulgação © Instituto Lina Bo e P. M. Bardi
Instituto estiveram em diversas exposições, entre elas a
Museu de Belas Artes, São Paulo, SP, 1956 Lina Bo Bardi Elevação frontal / Perspectiva Grafite, lápis de cor, nanquim, sobre papel manteiga
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Projeto Barroquinha, Salvador, BA, 1986 "Lina Bo Bardi / Marcelo Ferraz / Marcelo Suzuki" Lina Bo Bardi Perspectiva de cadeira aberta Aquarela, esferográfica, sobre papel manteiga
Casa do Benin na Bahia, Salvador, BA, 1987 "Lina Bo Bardi / Marcelo Ferraz / Marcelo Suzuki" Lina Bo Bardi Estudo para cadeira girafinha Esferográfica sobre papel offset
Foto: Divulgação © Instituto Lina Bo e P. M. Bardi
funciona na Casa de Vidro.
ArQuITETurA Divulgação © Instituto Lina Bo e P. M. Bardi
Lina Bo e Pietro Maria Bardi na Casa de Vidro, s/d
ser acompanhada pelo site www.institutobardi.com.br. “Cumprimos uma função de preservação do Morumbi como um bairro jardim. Como a Casa de Vidro há outras casas modernas na região que podem ajudar na preservação do bairro, tanto a preservação cultural como das próprias construções históricas”, explica. Entre as casas abertas para a paisagem do Morumbi estão outro projeto de Lina, próximo à Casa de Vidro, construído também no final dos anos 1950 para Valéria Piacentini Cirell (um dos destaques da casa é o terraço de madeira elevado sobre a piscina e suportado por pilares dentro da água). Outra casa moderna do Morumbi é a construída pelo arquiteto
realizada pelo Museu de Arquitetura de Munique, na Ale-
austríaco Hans Broos, falecido em 2011, com jardins pro-
manha. “Há muitas exposições e seminários pelo mundo
jetados por Burle Marx. O arquiteto é considerado um dos
pensando a atualidade da obra de Lina”, diz Anelli.
representantes da arquitetura brutalista, que privilegiava
A Casa de Vidro também tem uma programação
a estrutura das edificações, sem escondê-las. Ele morou
que inclui exposições e atividades culturais de arte, ar-
e trabalhou na casa, que é uma importante referência
quitetura, urbanismo e design. A programação pode
para o estudo da arquitetura na cidade de São Paulo.
SERVIÇO CASA DE VIDRO – INSTITUTO LINA BO E P.M.BARDI – rua General Almério de Moura, 200 – Morumbi Visitas devem ser agendadas pelo e-mail visita@institutobardi.com.br – www.institutobardi.com.br
20
LEITurA
Recicle sua biblioteca.
DOE LIVrOS!
Projetos de incentivo à leitura retiram doações de livros no Panamby. mas placas em postes solicitando doação de livros. O pedido é de robinson Padial, o Binho,
morador do Campo Limpo e criador de várias iniciativas visando a difusão e o incentivo à leitura.
Fotos: Divulgação
T
alvez você já tenha notado pelo Panamby algu-
Os livros arrecadados ajudam a aumentar o acervo da Biblioteca Comunitária do Campo Limpo, que hoje conta
Binho ainda desenvolve o projeto Bicicloteca, circulando
com cerca de quatro mil títulos, e também são doados
pela cidade em uma bicicleta equipada com uma caixa
em ações organizadas por Binho no Terminal do Campo
de livros para doação. Binho também é poeta e organiza
Limpo. Binho conta que as doações no Terminal são um
o Sarau do Binho, toda a segunda segunda-feira do mês
sucesso: “Forramos o chão e distribuímos tudo muito
no Espaço de Teatro Clariô, em Taboão da Serra.
rápido, aquilo vira um formigueiro de gente querendo os livros, principalmente infantis, que têm muita procura.”
Mais informações sobre as doações de livros pelo telefone 5844-4532 ou na página do Facebook Sarau do Binho.
SAÚDE
Fotos: Fotolia
PILATES: o equilíbrio do corpo e da
mente para uma melhor qualidade de vida A prática do Pilates mistura exercício físico com alongamento. Melhora a tonificação dos músculos, a postura e alivia estresse e tensões. Por Artur Ribeiro de Souza
E
m plena ascensão no Brasil, Pilates é uma ativida-
STOTT, baseada nos conceitos de Joseph Pilates, funda-
de física que envolve tanto o corpo quanto a men-
dor do método original.
te, focado não na quantidade de movimentos mas
Trata se de um estilo canadense, moderno e reco-
na qualidade. Na hora de praticar o exercício, poucos mo-
nhecido em todo o mundo, com um diferencial muito im-
vimentos equivalem a muitas horas de academia.
portante: a capacitação do professor. Para dar aulas de
O Pilates mistura força com alongamentos, que melhoram a postura e tonificam os músculos. Durante a ati-
STOTT Pilates o profissional deve ser formado em Educação Física ou Fisioterapia.
vidade trabalham vários grupos musculares ao mesmo
Graças ao grande êxito do método, médicos reco-
tempo, por meio de movimentos suaves e contínuos. São
mendam a prática do Pilates, que serve também para
285 exercícios que podem ser feitos no solo ou em equi-
prevenir e recuperar lesões, fortalecer a coluna, melhorar
pamentos e as primeiras mudanças no corpo começam
a mobilidade e a circulação sanguínea.
a se perceber a partir da décima aula.
um dos mitos do Pilates é que se trata de uma ativi-
A técnica prioriza o equilíbrio e a respiração, essen-
dade cara, porém deve ser levado em consideração que
cial na prática do Pilates, porque ajuda a controlar os
o aluno recebe um atendimento personalizado. O profes-
movimentos, relaxar os músculos e aliviar tensões. Além
sor está sempre perto para corrigir a postura, respiração
disso, permite a estabilização da coluna e enviar energia
e movimentos. As aulas têm no máximo quatro alunos e
para o grupo muscular que se encontra trabalhando.
uma duração média de 60 minutos.
O Pilates é indicado para homens, mulheres, gestan-
Portanto, a prática do Pilates oferece uma melhor
tes e pessoas da terceira idade. Os exercícios são feitos
qualidade de vida com benefícios físicos e mentais – mais
de acordo com o ritmo de cada um, respeitando as par-
alongamento, tonificação e equilíbrio –, como também
ticularidades para obter os melhores resultados. O mé-
melhoras na postura e alívio do estresse e tensões.
todo serve também para preparar o corpo para realizar outras atividades, como ciclismo ou atletismo. Com a difusão da atividade proliferaram diversos estúdios e técnicas, porém a mais destacada é a técnica 22
PILATES FOR LIFE rua Jandiatuba, 550 – Morumbi – Tel: 4327-5333 Higienópolis 3564-3303 – Vila Leopoldina 2366-4706
PARQUE
Lazer e esporte
NO BURLE MARX
Confira a programação das atividades gratuitas do Parque Burle Marx. Não há necessidade de cadastro. Em caso de chuva, as atividades são canceladas.
Foto: Márcia Morihara
CONTOURS - AULAS DE ZUMBA Todo sábado, das 9h às 10h, no Jardim Burle Marx Profa Bruna PILATES NO PARQUE - EQUILÍBRIO Todo 1º sábado do mês, das 10:30h às 11:30h, no Gramado das Palmeiras Equilíbrio Phisio Studio Pilates e Spa TAI CHI CHUAN Todas as quartas-feiras, das 10h às 11h, no Gramado das Palmeiras Estúdio Caminho Morumbi – Prof. Paulo Meirelles UNIVERSO AQUARELA Todo domingo, das 8h30 às 11h, no Gramado Central Profa Regina Komatsu
ALTA PERFORMANCE - MÉTODO DeROSE Todo 4º domingo do mês, das 9h às 10h, no Gramado Central Profº William Câmara – Espaço Cultural Morumbi CORRIDA E SLACKLINE NO PARQUE Todo 2º e 4º domingo do mês, pela manhã, no Gramado das Palmeiras Equipe Fit Five
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