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Cap 13: As mulheres sempre trabalharam

Na época em que Irene nasceu, os farmacêuticos tinham uma atuação mais ampla no atendimento de doenças e acidentes, sendo muitas vezes o único suporte de saúde em uma região. Ainda criança, Irene começou a sonhar em ser uma médica, mas isto nunca foi realizado. Entretanto, atuando em diversos setores da clínica, não especificamente atendendo pacientes, ela pode vivenciar um pouco dos avanços que a medicina havia adquirido naqueles anos. Esta experiência se somou ao sonho, e foi extremamente relevante anos depois, no ministério desenvolvido no estado do Espírito Santo.

Tanto nas igrejas de Recife quanto em Belo Horizonte, por onde passaram, Irene teve um comportamento bastante atuante como esposa de pastor; sempre foi envolvida em atividades ligadas ao departamento jovem e, principalmente, as Dorcas - departamento que antigamente coordenava as ações sociais dos adventistas e que, atualmente, se chama Ação Solidária Adventista. Sempre bastante criativa e animada, Irene desenvolvia gincanas e outras atividades que pudessem mobilizar os membros em grupos. Em Belo Horizonte, Irene voltou à sala de aula e se tornou Técnica em Nutrição.

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Chegando a Vila Velha, ES, Irene notou que havia uma sala da igreja que não estava sendo utilizada. Inicialmente projetada para atender as crianças do Rol do Berço, estava vazia porque as mães utilizavam outro espaço no templo que, por ser cercado por vidros, permitia a elas que assistissem aos cultos enquanto cuidavam das crianças.

Irene teve a ideia de iniciar um trabalho médico-missionário, com apoio das dorcas, e desta forma, por algum tempo as pessoas da comunidade puderam ter atendimento com clínico geral, pediatra e ginecologista. Pouco tempo depois, Irene trabalhou como nutricionista no Hospital Adventista de Vitória.

Quando foram transferidos de distrito, Irene assumiu a Secretaria de Ação Social a convite da prefeitura, quando iniciou um relevante trabalho na área de combate à desnutrição infantil. Entre 1976 e 1993 a LBA (Legião Brasileira de Assistência) coordenava um trabalho nacional, realizado nas sedes municipais, para redução dos índices de mortalidade infantil, ocasionados pela pobreza e desnutrição, e era Irene quem implantava as iniciativas na cidade.

Não demorou muito para que a oficialização iminente do Ministério da Mulher se tornasse notícia no Brasil. A sede mundial da Igreja havia definido diretrizes orientando a todas as associações e uniões para terem uma líder dedicada em tempo integral ao trabalho feminino. Era, enfim, a formalização da iniciativa que, por volta de 1900, havia sido interrompida com a morte da idealizadora, Sarepta Henry.

Irene foi convidada a assumir a liderança do MM na Associação Espírito Santense, inicialmente atuando como voluntária, durante nove meses. Havia uma dificuldade de entendimento e certa oposição por parte de alguns líderes no início do trabalho, mas não havia como negar que as mulheres sempre trabalharam para Deus.

Porém, por parte das mulheres, Irene recebia entusiasmo e interesse em aprender em cada lugar que passava. A cada programa realizado era maior o número de participantes, e as mulheres passaram a coordenar programas também nas igrejas locais. Irene percorria o Estado realizando congressos, seminários e palestras, levando especialistas convidados, e entregando materiais de apoio para as mulheres.

Da mesma maneira que demorou para que Irene fosse assalariada pelo trabalho, custou também para ter um orçamento para as ações, e, muitas vezes ela precisou recorrer a caronas para estar em eventos previamente agendados. A criatividade inata e aprimorada nos anos de ministério era a principal ferramenta para os grandes encontros, sempre com encenações, cores e movimento.

Perto da aposentadoria, quando deixou de ser líder do Ministério da Mulher, Irene assumiu a Secretaria Executiva da Ouvidoria Parlamentar da Câmara dos Deputados no Espírito Santo. Mesmo assim, nunca deixou de participar de eventos ligados ao Ministério da Mulher, inclusive no exterior.

Em 2005, após a jubilação (aposentadoria) do esposo, o casal passou a se dedicar integralmente à família.

Nada me impedirá de cumprir o que Deus quer

Aos 25 anos de idade, ter a honra de ver seu primeiro livro de 64 páginas sendo lido por centenas de pessoas era um sonho que parecia distante, especialmente porque, oito anos antes, mais precisamente em 24 de outubro de 1844, a jovem Ellen Gold Harmon havia participado de um evento traumatizante para muitas pessoas: Eles pensaram terem descoberto a data do retorno de Jesus e foram personagens do episódio conhecido como o Grande Desapontamento.

Mas, não! O livro era real e as pessoas gostaram muito!

Para editar seu primeiro livro, intitulado A Sketch of the Christian Experience and Views of Ellen G White, Ellen teve o apoio irrestrito do marido, Tiago White. Era a primeira experiência literária em uma jornada que resultou em 49 livros originais em Inglês, e mais de cinco mil artigos, e um reconhecimento mundial como autora.

Tudo começou com um grave incidente, vivenciado aos nove anos de idade, ao voltar da escola com a irmã gêmea, Elisabete. Anos antes, nascidas em uma família de oito filhos, as meninas assistiriam os primeiros movimentos para a abolição da escravatura americana, que submetia negros a trabalhos pesados desde o início da colonização do país, ocorrido em 1619.

No ano do seu nascimento, 1827, a escravidão foi oficialmente abolida no estado de Nova Iorque, mas havia ainda um caminho longo até que todo o país tomasse as mesmas medidas; naquele ano foi lançado o primeiro jornal afro-americano, Freedom’s Journal, que publicava as lutas pela liberdade dos negros escravizados. A imprensa se tornava uma poderosa ferramenta para divulgação de filosofias e enfrentamentos.

Não fazia muito tempo que toda a família havia se mudado da fazenda onde as gêmeas nasceram para a cidade de Portland, no Maine, ao norte dos Estados Unidos. O pai, Robert Harmon, se aventurava no mundo dos negócios produzindo chapéus, com a ajuda dos filhos nas horas livres. A escola ficava a cerca de três quadras da casa onde moravam.

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