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RENATA SCOVINO
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Cada átomo possui um orbital, que é a região do espaço em volta do núcleo onde a probabilidade de se encontrar um elétron é máxima. Com a combinação dos orbitais atômicos dos três átomos, há a formação de orbitais moleculares, que, assim como nos átomos, são regiões das moléculas onde é mais provável encontrar um elétron. Tais orbitais moleculares podem ser dos tipos ligantes, antiligantes e não ligantes. Os orbitais moleculares ligantes possuem uma energia menor que os orbitais atômicos dos quais se originaram, apresentam maior probabilidade de encontrar um elétron ao redor do núcleo e interage com todos os núcleos, o que resulta numa maior aproximação desses núcleos atômicos. Os orbitais antiligantes têm uma energia maior do que os orbitais que lhe deram origem e contribuem para um afastamento dos núcleos dos átomos que participam da ligação química. Já os orbitais moleculares não ligantes não produzem uma interação efetiva, uma vez que os orbitais atômicos que os formam não se combinam por não apresentarem uma simetria adequada para tanto.
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FÁBIO TREMONTE
Em breve conversa com Bruno ou Léo ou ambos, não me lembro, pois o dia estava quente, os amigos goianos estavam por perto e a cerveja já começa a fazer certo efeito; lembro terem dito que a madeira que crescia da parede em direção à janela e por ela se projetava era uma prancha, dessas parecidas com de navios piratas, na qual o inimigo, feito prisioneiro, era obrigado a andar para jogar-se ao mar a fim de ser devorado pelos tubarões e, assim, dar cabo de sua vida de marujo. Entretanto, se a prancha te leva a um destino certo e, para muitos, não agradável, essa plataforma construída para a exposição, para mim, dava muito mais a sensação de um trampolim, acesso para mergulhos de alturas variadas para dentro de uma piscina que permite a uma criança brincar e se divertir por horas a fio num simples ato de dar impulso e cair na água ou, ao atleta, dar saltos irreais, como uma dança no ar, com rodopios, cambalhotas e piruetas (peço desculpas aos profissionais do salto por não estar apropriado dos termos técnicos) e mergulhar na piscina espirrando o mínimo possível de água, com graça e leveza. Aliás, leveza parece ser a palavra mais próxima que consigo pensar para definir esse encontro entre artista e crítico, um encontro de muitos encontros, conversas e churrascos, um encontro de realidade, um encontro de mesa de bar, um encontro onde as coisas parecem representar o conhecimento do mundo da forma como expressou Ítalo Calvino: “o conhecimento do mundo se
transforma em dissolução da compacidade do mundo, na percepção do que é infinitamente minúsculo, móvel e leve.” Por isso, a figura do trampolim parece mais viável em relação a grande plataforma de madeira, pois, ao contrário da prancha que te manda para baixo, como um martelo sem cabo para dentro d’água, o trampolim te projeta para cima, para vislumbrar o mundo e suas coisas do alto, dando tempo de fazer, novamente, rodopios, cambalhotas e piruetas antes de mergulhar levemente na água.
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PEDRO ANDRADA
Estrutura como síntese: disposição e ordem de elementos. A pintura branca sobre fundo branco retoma sinteticamente o formato do prédio, assim como a proporção de seus elementos constitutivos, as janelas e a porta. É o esquema, o tipo ideal, abstração de uma relação da realidade: generaliza para compreender. O agente econômico como ser racional, valor como utilidade marginal. O puro.
Estrutura como fundação . A cruz, o início, a fundação. Unidade elementar, básica O ponto Enfatizar a estrutura é ocultar o centro; estrutura é repetição, é ordem sistemática de elementos, independente de seu conteúdo e contexto; sua base é tão mais forte quanto mais nos aproximamos da reprodução universal. O centro, por outro lado, pressupõe a disposição de elementos em equilíbrio, podendo eles se arranjarem de maneira unívoca. A narrativa estrutural impossibilitaria o autor como centro semântico, transfere a construção de sentido do domínio particular para o público. O significado não diz respeito à experiência idiossincrática do artista, tampouco à sua expressão criativa peculiar. Como compensação pela ausência dessa gramática individual, subjetiva, marcamos a sola de calçados no acúmulo de cimento ao entrar e sair do espaço -- resquício de autoria-branding, quase involuntária. O significado visto como originário de um espaço público, em desarranjo e pegajoso. Primeiro suporte artístico da urbe tropical: as calçadas frescas, o cimento mole.
Estrutura-ponte / estrutura-ponto A estrutura do encontro entre os autores -- o incômodo do desencontro -- não convida ao embate, me joga para longe do centro. Não me faz pensar em imagens, senão uma, a ponte --imagem da associação por excelência: é preciso primeiro que as coisas estejam umas fora das outras para estar em seguida umas com as outra A ponte como encontro de pontos. O texto como estrutura de ação, texto-ponte. Mas o que seria naturalmente dado, a cisão ou a união? Por que as margens do rio são “separadas” e não exteriores uma à outra? Incessantemente separamos o que unido estava e juntamos o que se encontra separado. A trilha, a rota cartográfica, a ponte operam o milagre do caminho: a saber, coagulam o movimento por uma estrutura sólida.
Ave crux spes unica O mais primitivo signo de um objeto no espaço, a cruz. O encontro de uma linha vertical, pontual, com a linha do horizonte, ampla e dominante. Catequese como fundação. A prancha subverte a operação primária, contrapõe sua horizontalidade limitada ao prédio vertical, reordena o dentro e fora, o que contem e o que está contido. A linha dominante, aqui, é a vertical no desejo cruciforme pelo referencial. Ao mesmo tempo, é este horizonte que invade, atravessa meu muro. Falamos então de outro horizonte, incapaz de conter a verticalidade desse espaço, o horizonte subjugado pelo vertical imperioso. Não posso fechar a janela com esse horizonte no meio.
Estrutura- moldura Múltiplos pontos, múltiplas cruzes, a repetição e a ordem. Tudo se equivale na grade. A grade dos fios de eletricidade emoldura a cidade. A moldura se assemelha em, ao menos, uma coisa à estrutura: permite-nos focar sobre algo, se dispostos à experiência da cegueira: esconde para mostrar. Só há centro fora do ponto, fora do encontro. Como então escolher uma moldura a partir da grade? De que vaga de estacionamento eu preferirei contemplar o shopping center? A mais perto da entrada
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veis 1
BRUNO BAPTISTELLI E LEONARDO ARAUJO
apresentação Estruturas Possíveis é um projeto de diálogo entre um artista e um crítico, que se iniciou em junho de 2012. Com encontros constantes, os dois se propuseram a discutir a produção artística de Bruno Baptistelli e a crítica de Leonardo Araujo, ocasionando a criação do presente projeto. O trabalho desenvolvido vem ao encontro do interesse em experimentar as diversas possibilidades expositivas de objetos oriundos do diálogo entre a obra e a produção crítica, a fim de alcançar uma reflexão sobre a experimentação do exercício curatorial. É desse modo que artista e crítico deste projeto se unem para pensarem uma curadoria de si mesmos, refletindo sobre o conjunto de imagens e objetos que vieram à tona a partir da conversa destes agentes.
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veis 2
BRUNO BAPTISTELLI E LEONARDO ARAUJO
objetivo Estruturas Possíveis intenciona criar uma demanda própria, a qual é relativa à sua idealização: justapor os objetos criativos que tiveram origem na reflexão de ambos os processos de trabalho dos proponentes, pensando-os num conjunto único de significado. Para isso acredita-se em dispor de diferentes classificações do processo criativo de Bruno Baptistelli, para gerar uma curadoria que se utilize do próprio procedimento de criação do artista referido. Neste mesmo horizonte, o projeto vem evidenciar também os processos de construção desta curadoria, direcionando o material crítico de Leonardo Araujo - referido as obras de arte envolvidas na exposição - mais como um processo criativo do que a manipulação de um texto tradicional de crítica de arte. O interesse, portanto, é realizar uma exposição conjunta em que tanto o artista quanto o crítico acolhem o exercício curatorial para repensar as próprias atuações. Pretende-se trazer, para além da reflexão dos trabalhos apresentados, um campo de discussão sobre a atual prática curatorial desenvolvida no circuito da arte contemporânea.
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veis 3
BRUNO BAPTISTELLI E LEONARDO ARAUJO
justificativa 1 A produção artística de Bruno Baptistelli como um todo apresenta uma diversidade de atuação, no que tangencia a variedade de interesse do artista, que tanto percorre os aspectos pictóricos com suportes tradicionais (pintura e fotografia), quanto nos demonstra seu olhar atento através de instalações com materiais achados na cidade ou com intervenções na mesma. Sempre pensando as estruturas que compõe a transição entre experiência e proposição, Baptistelli credita à imagem que produz não uma aura nem uma sensorialidade, mas uma experiência que remeta o participador ao contexto de origem dos objetos que compõe a obra.
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veis 4
BRUNO BAPTISTELLI E LEONARDO ARAUJO
justificativa 1.1 A crítica de Leonardo Araujo vem a ser pensada para as causalidades da fricção criada entre o discurso do artista, sua obra e o acontecimento dela para com o público. Partindo do entendimento de que a reflexão crítica pode atuar também como um processo criativo, Araujo não só propõe textos como tentativas de alargamento da linguagem e forma experimentais para acompanhar outras obras de arte, como também almeja que este material alcance o mesmo horizonte da obra de arte a qual se destina, o que faz com que sua produção se expanda para além do suporte tradicional da crítica. Estruturas Possíveis vem da vontade de abrir um campo de experimentação intencionado por um olhar contemporâneo que mescla a vontade de discutir uma produção artística diversificada (que retoma o próprio olhar do artista para com seu próprio contexto) com uma critica mutável (realocável as intenções de cada objeto que se debruça).
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BRUNO BAPTISTELLI E LEONARDO ARAUJO
justificativa 1.2 O projeto Estruturas Possíveis nasceu de uma tentativa de organização da produção do artista Bruno Baptistelli, intencionando perceber as etapas de acontecimento de cada trabalho desenvolvido por ele até a atualidade. No decorrer do levantamento de nomeações de possíveis classificações para cada instancia da criação do artista, paralelo a discussões e entendimentos realizados conjuntamente com Leonardo Araujo, o projeto se definiu entre proposições sem um caráter explícito. As quais foram largamente discutidas e pensadas para serem profundamente abertas, pois se percebeu que a própria produção do artista se desencontra à uma classificação taxativa, já que tanto a diversidade de produção quanto a multiplicidade de seu olhar se desmembra na realização desta exposição. Por isso, Estruturas Possíveis, busca sugestionar possibilidades expositivas do pensamento artístico de Baptistelli e crítico de Araujo.
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BRUNO BAPTISTELLI E LEONARDO ARAUJO
justificativa 1.3 Para que essa proposta fosse alcançada, criou-se uma maneira de apresentar a flexibilidade refletida, que aqui se demonstra a partir de uma clara discussão entre o artista e o crítico. Com valores de juízo postos e um norte anteriormente pensado, optou-se por deixar disposto não somente os trabalhos de Bruno Baptistelli escolhidos conjuntamente, mas também os objetos (textos e imagens) que surgiram a partir da reflexão de Leonardo Araujo sobre o conjunto de obras de Baptistelli e na discussão do mesmo com o artista. Comentários críticos entrecruzados no espaço expositivo juntamente com os trabalhos que também se tornam críticos no contexto da curadoria proposta, evidenciando o tom das conversas entre os agentes, que procuram se utilizar desse exercício para tornar pública a possibilidade de ativação de algo particular em uma plataforma discursiva.
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ASSOCIAÇÃO MASSA FALIDA
Fala rapaze, tranquilidade? Seguinte, a expo do projeto Estruturas Possíveis abre no dia 23 agora. Houve da nossa parte, minha e do Leo, um convite para participação de vcs. O Leo chegou a conversar pessoalmente com a AMF e me passou que vcs teriam vontade de apresentar o trabalho Quebra Demanda. Ao me contar, confesso que não vejo sentido para esse trabalho dentro do projeto. Primeiramente porque, pelo que sei, foi feito um convite aberto para participação na abertura. Estou enganado? Vejo portanto como convite e não demanda. Também pensei, hoje principalmente e talvez me falte clareza aqui do celular, que um trabalho que se difere formalmente “serve”,”interessa”, muito mais para um circuito artístico do que para um publico não especializado. No sentido que o Quebra é um trabalho mais conceitual... Em minha produção tento estar nos dois lados, ou talvez no meio...ambíguo. Nessa troca com o Leo o signo e suas variáveis são de extrema importância. Portanto, as formas se assemelham, mas seus “conteúdos” se diferem. A operação é inversa.
De qualquer forma não me nego à justaposição, mas acho que, assim como eu e o Leo tivemos discordância durante 2 anos de desenvolvimento, nos prestássemos a chegar sim em um consenso. Visando p mim essa oportunidade expositiva em uma instituição publica. Sei que o Silvio não volta tão cedo, assim proponho um skype o quanto antes caso haja interesse. Bjs e abraços Beba Baptistelli
Oi Beba, blz? Eu entendo sua posição e particularmente acho uma pena, porem entendo que como uma construção de dois anos, vocês tenham expectativas maiores com a integridade do projeto do que simplesmente adicionar mais um trabalho e adaptar o conceito expografico (alias essa também não era nossa vontade quando apresentamos nossa contraproposta). Apenas acho que deveríamos esclarecer algumas questões que me parecem um pouco fora de contexto: - Faz algum tempo que eu e o Silvio vemos com certa reserva as propostas de apresentar algum trabalho durante abertura de exposição, isso pq não é raro que esses convites sejam feitos para suprir uma necessidade de serviço de bar ou buffet e não propriamente para estabelecer pontos de contato com as questões que nos achamos caras aos nossos trabalhos. Assim, é comum para nos tentar alargar essas possibilidades a fim de criar camadas que vão alem do operacional dos nossos trabalhos com comida e bebida. - O trabalho Quebra Demanda não se refere literalmente a situação descrita aqui, muito menos ao convite feito por vocês, já que o próprio conceito de “demanda” não esta associado a obrigação ou necessidade (e muito menos nos encaramos o convite feito como tal), é por outro lado uma metáfora para os diversos âmbitos da vida cotidiana e esta ligado a ideia de
“resistência” e “resiliência”. - É impossível para mim ver esse trabalho no conjunto da exposição como sendo “de maior interesse” do circuito artisco do que do publico em geral já que ele não esta amparado na discussão do meio de arte e sim na possibilidade de ser no mundo (dai nossa contraproposta de atravessamento dentro da exposição). Por fim, como o Silvio disse, não faz sentido participarmos do projeto se todas as partes não ficarão plenamente felizes com o resultado final, a despeito da participação ou não do nosso trabalho na exposição, queria que vocês colassem aqui no atelie pragente tomaruma breja e continuar conversando sobre o trabalho. Bj Pablo Vieira
Oi Pablo, que pena que acha uma pena. Quanto aos esclarecimentos: - Já conversei com o Silvio sobre essa expectativa para trabalhos no dia de abertura relacionados a comida e bebida. E afirmo novamente que não vejo que aqui havia essa expectativa (acho que isso é um ponto comum, ok?). Não estava “presencialmente” na verbalização do convite, mas pelo que havia conversado com o Leo o único ponto era a proposta/trabalho/etc se realizar na abertura. (Até mesmo porque já tinha conversado com o Silvio como disse acima). E assim, a intenção era mesmo a possibilidade de alargar... o que não me neguei, me nego. - bem, demanda eu entendo que é algo próximo a isso: http:// pt.wikipedia.org/wiki/Demanda. Logo, para mim, quebra demanda seria a quebra disso. Talvez você pudesse me esclarecer como você pensa essa palavra: demanda ou, o que é esse trabalho para você(s). - Quanto ele ser um trabalho amparado”na possibilidade de ser no mundo”, tenho discordâncias se ele é apresentado numa exposição. Dentro de uma exposição ele cria uma narrativa com os trabalhos ali presentes e é disso que eu falo. Ali naquele lugar, para mim, ele requer uma operação conceitual
para fruição como disse. Isso porque visualmente ele se difere. vejo que essa tentativa de “entendimento” do trabalho seria portanto realizado mais por quem é parte do circuito. Por hora tenho as noites livres, menos terça. Bj Beba Baptistelli
Oi Beba, Léo e Pablo. Estou em meio aos trabalhos aqui do Rio e hoje consegui uma folga... vamos lá. Faço das palavras do Pablo meu entendimento sobre as instâncias em que pensamos o trabalho quebra demanda. Ainda que com considerações a mais: Existe o lugar da permanência enraizado neste trabalho, uma permanência autônoma possibilitada por uma estrutura. Construída a estrutura, o “trabalho” passa a seguir sozinho. confuso? Em outras palavras, o que quero dizer é que não há sujeito que cuide da manutenção das plantas ali presentes, esse não pertencimento ou esta anulação de um servir a vida, quebra com a possibilidade da manutenção do desejo do sujeito em praticar sua vocação; nesta estância o trabalho passa o operar em um campo mais poético e não tão capital... literal, entendem? Talvez a cama para esta ambiguidade (a literalidade do título e as camadas poéticas do fazer chover e resistir) seja a própria planta: a quebra demanda. Uma análise mais rápida e mediada pela descrição de uma ação e não pela sua vivência (presencialmente tomar chuva é diferente de saber que chove), provavelmente, incorre numa compreensão analítica.
Beba, qual o interesse do projeto Estruturas Possíveis em uma ação do a.m.f no dia da abertura? em que lugar dentro do projeto pensou esta ação? Perceba que não estou tocando no assunto comida e bebida... você pensou em algo? pensando aqui, talvez as diretrizes no convite tenham sido rarefeitas... Do que Estruturas Possíveis fala? Tenho dificuldade na escrita, topo uma conversa pessoal, num clima de domingo a tarde... No mais, não poderei ir à abertura, chego em SP dia 24. Eu me confundi nas datas e comprei a passagem para o dia 24 achando que a parada era no dia 26... trabalho até dia 23 numa desmontagem. Daria tudo certo se não fosse a confusão de agosto por julho. hahahaha :( Bj Silvio de Camillis Borges
Oi Meninos, (vou responder o e-mail de vocês por aqui, face). Tomara que esteja tudo bem com cada um de vocês. Olha, primeiro queria pedir desculpas por não ter respondi rapidamente o e-mail de vocês todos, porém para mim as coisas não tem sido muito fáceis, entre muitas idas e vindas com a juliana, ganhando e perdendo trampos e a bienal que muda a agenda o tempo todo, não tenho conseguido dar conta das comunicações no momento que elas precisam. Pois bem, vi toda a conversa e tenho algumas coisas a dizer, sem muitas reflexões conceituais. Primeiro, acho que por e-mail as coisas sempre geram conflitos, pois sem o encontro elas são e podem ser interpretadas da maneira primeira que lidamos com ela. Acho que talvez o Beba tenha sido muito incisivo em algumas coisa que disse por lá, assim como percebe-se isso pela resposta do Pablo e por aí vai. Não concordo em muitas coisas com o Beba, como eu mesmo já disse para ele sobre o posicionamento frente ao convite direcionado ao AMS. Por isso gostaria de dizer que acho de extrema importância o trabalho que AMS propôs, por não responder formalmente o mesmo enviesamento do projeto, por ser de algum modo uma crítica construtiva e negativa ao mesmo tempo para o projeto e para o todo do sistema das artes visuais que nos circundam e que o estruturas possíveis pode estar replicando “sem perceber”, por
levantar uma conversa muito próxima ao problema que temos na atualidade com relação a falta de água, por apenas indiciar uma demanda a ser quebrada, destituída, sem denominar qual, por causar, ao meu ver, uma fricção dentro da exposição, por essa fricção entendo o conflito conceitual e também formal com o estruturas possíveis. Hoje estive lá montando com o zang e com o zagatti, fiquei muito entusiasmado em pensar o Quebra-demanda do lado de fora do espaço expositivo, do lado de uma grande arvore podada que tem lá. acho que seria muito instigante que o projeto pudesse abarcar uma discussão que não somente se desse por narrativas formais e de possíbilidades infinitas de reconstituições de si mesmo. o que quero dizer é que só a presença do quebra demanda lá neste lugar que disse, já faria com que outras narrativas, menos ambíguas e mais dirigidas, pudessem ser construídas junto ao estruturas possíveis e, principalmente, para além dele. O que estou dizendo aqui é que é de meu interesse o trabalho no projeto, porém, nós, os quatro, temos que saber os porquês e também os reais interesses de cada parte para isso. aqui já apresento os meus. Um convite é sempre aberto e nunca há, em minha opinião, um ato de desconvidar, pois o que nos falta sempre é o encontro, para que o que ocorra seja justamente um acordar juntos sobre as propostas e suas recepções. gostaria muito que nós quatro
pudĂŠssemos trabalhar juntos neste projeto, pois acredito que depois poderĂamos pensar juntos sobre essa arriscada atitude que tomamos juntos e conseguir discernir os saberes dessa experiĂŞncia. Um beijo em todos vcs, Leo Araujo
demanda
quebrada
turas possĂveis das prepo
osiçþes e das imagens
GUSTAVO COLOMBINI
legenda do texto: porque transformar um código de ligação em imagem é o mesmo que oferecer o salto de um segundo andar que não existe primeiro disparador narrativo: ele sai do metrô, atravessa uma praça, caminha alguns metros, atravessa algumas ruas e sente suas preposições acidentais coçarem sua língua como uma doença cutânea.
segundo disparador narrativo: ele para sobre uma rampa retilínea e se posiciona atento às suas próprias possibilidades de estruturação subtexto: já que estamos falando de preposições acidentais
texto: as preposições acidentais regem a forma reta de um pronome nesse caso, a imagem passa a ser proveniente de outras classes gramaticais todos, exceto eu, não cabem em mim nesse caso, a imagem de uma reta é a compactação perfeita de milhões de pontos que abdicaram de sua individualidade por uma causa maior nesse caso, a causa maior se chama reta não há, matematicamente, outro nome para o que chamamos de reta os sinônimos “traço” ou “risco” estão eliminados como alternativa “traço” por empregar sentido duplo ao seu discurso “risco” pelo mesmo motivo nesse caso, o interior de uma reta é essencialmente completo e seguro não podemos falar o mesmo de suas extremidades
nesse caso, uma reta é essencialmente a média gramatical entre seu interior e suas extremidades isso porque ela abriga em suas extremidades a casa do eterno o eterno, nesse caso, passa a ser proveniente de outras classes gramaticais, já que até mesmo as reticências tem regras linguísticas específicas as reticências não são retas, embora possam vir a ser por um descuido artístico um descuido artístico está sempre entre uma reta e uma reticência uma reta está para a cidade, assim como muitas reticências estão para o infinito tudo o que pode acontecer entre uma reta e uma cidade, está passível de abrigar um descuido artístico mesmo assim, cabe explicar que uma reta e uma cidade não são extremos opostos de nenhuma geografia achar que uma reta e uma cidade sejam extremos opostos de uma geografia pode ser considerado um descuido artístico o artista está para um acidente geográfico, assim como uma
cidade está para uma reta acidentes geográficos não são descuidos artísticos embora a combinação foneticamente perfeita entre “acidente” e “geografia” possa ser um descuido artístico dependendo do ângulo, um conjunto de reticências pode ser uma reta dependendo do ângulo, o infinito pode ser uma cidade nesse caso, as duas extremidades de uma reta pode abrigar duas cidades infinitas não há acidentes geográficos dentro de uma reta não podemos dizer o mesmo das reticências nesse caso, uma estrutura possível para duas cidades é uma preposição acidental as preposições acidentais regem a forma reta de um pronome todos, exceto eu, não cabem em mim nesse caso, a imagem de uma reta é a compactação perfeita de milhões de cidades que abdicaram de sua geografia por
uma causa maior nesse caso, a causa maior se chama estrutura foneticamente, a palavra estrutura soa como o ruído que faz um bloco de concreto quando é jogado sobre outro bloco de concreto nesse caso, dois blocos de concreto podem ser chamados de cidade uma cidade é o ruído do choque entre a palavra estrutura e um bloco de concreto ruído é uma palavra acidental sem referências concretas a um bloco de concreto um bloco de concreto existe tanto quanto uma reta nesse caso, concreto é mais substantivo do que adjetivação própria de um bloco dependendo do ângulo, uma reta pode ser uma cidade entre dois blocos de concreto dependendo do ângulo, uma cidade pode ser uma estrutura possível entre uma reta e um descuido artístico
um descuido artístico está no extremo oposto das funções de uma parede uma parede, apesar de se fundamentar como estrutura, perde sua função na casa do infinito dependendo do ângulo, todas as paredes são rampas retilíneas dependendo do ângulo, o infinito pode ser o espaço entre uma rampa retilínea e um acidente geográfico todos os acidentes geográficos são estruturas possíveis entre o infinito e uma parede apesar da não-obrigatoriedade, todas as paredes são blocos de concreto apesar da não-obrigatoriedade, todas as reticências são infinitas não há, matematicamente, outro nome para o que chamamos de infinito os sinônimos “eterno” e “ilimitado” estão eliminados como alternativas “eterno” está para o tempo, assim como “ilimitado” está para o espaço
nesse caso, o infinito está tanto para o tempo quanto para o espaço tempo e espaço são funções físicas recorrentes à geografia qualquer geografia pode ser explicada a partir de um conceito de reta a palavra “reta” está presente nos conceitos gramaticais, assim como a palavra “gramática” pode se relacionar à geografia das palavras nessa caso, a geografia das palavras está mais próxima aos acidentes e aos descuidos artísticos acidentes e descuidos artísticos são formas geográficas de pensar sobre um pronome um pronome rege a forma concreta de uma preposição as preposições acidentais regem a forma reta de um pronome nesse caso, a imagem passa a ser proveniente de outras classes gramaticais
todos, exceto eu, são menos do que nós todos, exceto eu, são partes de mim todos, exceto eu, não cabem em nós todos, exceto eu, não cabem em mim
Imagem final:
pixa
ação
cultura vers
sus natureza
BARNA BELCSAK
A janela e a porta do quarto deram para o páteo. O vento carregava folhas caídas das árvores para dentro do quarto. Do ponto de vista da nossa cultura isto podia parecer sujeira. De fato foi assim tomado, pois de repente alguém do lugar apareceu e pês a natureza fora do contexto com sua bassoura. Ao passar diante a janela eu tomei o cuidado de não bater minha cabeça na prancha de madeira que emergia lá de dentro, para invadir o pátio. De fato, dava a impressão de uma escultura à busca de um diálogo entre fora e dentro. Talvez um quebra cabeça. À direita da porta, já no quarto, no chão uma grade. Ao lado palavras silábicas expostas de forma que poderiam preencher a grade. O motivo da grade aparecia na parede rente a janela, meio que escondida de baixo da prancha, uma rampa horizontal, que tocava à parede oposta à janela. Visto daqui, a invasão era de fora para dentro e não ao contrário, como parecia à primeira vista. E a questão da grade, o motivo que se repetiu? Um ser inteligente querendo comunicar-se no meio da natureza representada pelo pátio repleto de pegadas da passagem da nossa cultura, feito pegada de animais na areia da praia. A nossa praia é, óbvio, a cultura. Nossa cultura invasiva, predadora de formas de ser, de porte menor. Fim de parágrafo, novo parágrafo. A prancha imperava no local, vazando o olho do quarto, sua janela. Essa passarela em que se transitava entre fora e dentro: por que não nasceu uma rampa inclinada de fora para dentro com um aparelho de TV encostado à parede. Sim, pois inclinada a prancha na sua parte de fora ofereceria menos perigo à cabeça de baixinhos como eu, representante típico da média brasileira.
Estruturas possíveis expostas na forma de diálogo entre o crítico e o artista iniciado há algum tempo indo ao encontro do público na Oficina Cultural a começar pelo pátio, quarto a dentro do âmago do ser.. A obra exposta é de Bruno Baptistelli, na Oficina Cultural Oswald de Andrade na Rua Três rios, 363. Vai lá conferir, e se tiver a sorte como eu, quando fui pela primeira vez sozinho, você vai ter dificuldade de encontrar, pois o lugar tem seus momentos herméticos. Boa sorte, vale a viagem. Pois é Bruno, eu conseguiria fazer algo nessa linha, só que preciso que você me refresque a memória, pois sei que tinha muito mais que isto. Abraço, Barna
enco
ontro
desenc
contro
-Oficina Oswald de Andrade 20
participações de Fábio Tremo Colombini, Pedro Andrada, Zagatti, Associação Massa Fa Camillis
e Poiesis - S達o Paulo - SPl 014
onte, Barna Belcsak, Gustavo , Renata Scovino, Zangui & alida (Pablo Vieira e Silvio de Borges)
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