Veja outros protestos realizados em Vitória

Page 1

Protesto de estudantes hoje Jussara Baptista Os estudantes da Grande Vitória e passageiros do Sistema Transcol vão às ruas hoje para protestar contra o aumento de 11,94 % da tarifa, que entrou em vigor no dia 22 de julho. Eles pedem, além disso, a exoneração do secretário dos Transportes e Obras Públicas, Jorge Hélio Leal. Estão sendo esperados para a passeata cerca de 2,5 mil alunos, além de usuários dos coletivos, que prometeram ocupar as ruas da Capital. Os estudantes estão convocando ainda os cidadãos capixabas que estão indignados com as denúncias de corrupção para participar do evento, que sairá da pracinha de Jucutuquara, às 14 horas, e seguirá em direção ao Palácio Anchieta. Conivência “O aumento da passagem foi um golpe, decidido durante as férias dos estudantes e tramado na surdina. Por isso, o decreto deve ser revogado pelo governador. Caso contrário, saberemos que ele é conivente com as atitudes ditatoriais do secretário Jorge Hélio”, disse o presidente da União dos Estudantes Secundaristas de Vitória (Umes), Fábio Lúcio Barros. “Esta é atualmente uma das passagens mais cara do País”, completou. Muitas surpresas estão sendo preparadas para o protesto. Os estudantes seguirão de luto pelas ruas, carregando um caixão para enterro simbólico do secretário dos Transportes. Um dos diretores da Federação dos Movimentos Populares Organizados do Estado (Famopes), David Lopes, que representa mais de 200 movimentos comunitários da Grande Vitória, mobilizou os usuários dos ônibus para participar do protesto. Outra crítica dos estudantes é quanto a instalação dos sistema de bilhetagem eletrônica, prevista para entrar em funcionamento até dezembro deste ano. Enquanto a Companhia de Transportes Urbanos da Grande Vitória (Ceturb/GV) garante que não haverá demissões de cobradores, os estudantes acreditam que essa afirmação também não é verdadeira. Está tramitando na 1ª Vara da Fazenda Estadual um




OAB estuda denúncia contra Brindeiro no STF Gildo Loyola Crítica Gladys diz que Brindeiro foi incoerente e sua posição pode fragilizar o MP Representação da seção capixaba da ordem contesta arquivamento da intervenção Andréia Lopes e Lúcia Garcia A seção capixaba da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o conselho federal da entidade devem protocolar no Supremo Tribunal Federal (STF) uma representação contra o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro. A OAB alega





NOTÍCIA AGORA / Vitória (ES), quarta-feira, 20 de julho de 2005

CIDADE / 5

Fotos: Edson Chagas

Os estudantes impediam a circulação dos ônibus. Para coibir o protesto, o Batalhão de Missões Especiais atiraram bombas e balas de borracha. Policiais chegaram a atirar para cima

Protesto acaba com tiros e bomba [ DITADURA? ] POLÍCIA REAGIU COM FORÇA CONTRA MANIFESTAÇÃO DE ESTUDANTES Assim como na época da ditadura, policiais do Batalhão de Missões Especiais (BME) e cerca de 500 estudantes da Ufes travaram uma guerra na Avenida Fernando Ferrari, em Vitória, no fim da tarde de ontem. Os universitários fizeram uma manifestação contra o aumento da passagem, impedindo os ônibus do Transcol de circular em frente à Ufes. O choque conseguiu, com muitas bombas e balas de borracha, liberar o trânsito, que ficou engarrafado na região. A manifestação estudantil começou por volta de 17h30. Cerca de 20 ônibus, cheios de passageiros, ficaram parados na avenida por

volta de 40 minutos. O trânsito no local foi deslocado para a Rua Comissário Otávio Queiroz, para dentro do bairro Jardim da Penha. Por volta das 18 horas, policiais do BME avançaram em direção aos manifestantes, que fizeram corrente humana na via. À medida que a polícia se aproximava, os estudantes recuavam, mesmo sobre gritos de “abaixo a repressão.” No entanto, o choque começou a atirar e jogou várias bombas de efeito moral. Os estudantes correram para dentro da Ufes para se proteger. Os militares chegaram bem próximo à grade do campus e continuaram a atirar. Alguns foram atingidos quando passavam no Cemuni, a 30 metros do portão central. Os uni-

versitários revidaram com pedras, que acertaram um ônibus de Vitória, MQH 4264. Oito estudantes ficaram feridos, sendo que seis foram levados ao Hospital das Clínicas. Depois, os policiais do BME recuaram e ficaram de prontidão no posto de gasolina que fica em frente à Ufes. Quando os ânimos estavam se acalmando, a radiopatrulha 1014–4 tentou entrar na Ufes. Porém, os universitários, sob gritos de “fora”, cercaram o veículo. Um policial desceu do carro e atirou para cima. Depois que os estudantes se afastaram, ele entrou na viatura, que tentou retornar. Durante a manobra, a viatura atingiu um vigilante da Ufes, que não se machucou.

“A repressão contra manifestações pacíficas é a mesma da época da ditadura militar”, disse o estudante de História Adriano, que levou três tiros nas costas

“A polícia é safada e bandida. Não houve respeito ao protesto”, opinou a universitária Leize da Cruz, de 23 anos, que levou dois tiros (ombro e costas)

“O choque não quis negociar e nos deu dez minutos para sair. Foi muita covardia sair atirando contra os universitários”, falou Reuel de Oliveira (tiro no ombro), 25 anos

‘PM cumpriu seu papel’ “O Batalhão de Missões Especiais (BME) da Polícia Militar teve de cumprir seu papel e garantir o direito de ir e vir do trabalhador. Se houve feridos do lado dos estudantes, também houve um policial ferido no confronto.” Assim reagiu o comandante do Policiamento Ostensivo Metropolitano, Antônio Carlos Coutinho, que garantiu que vai apurar se houve excesso na ação da polícia durante confronto com estudantes da Ufes. Ele explicou que a ação dos policiais do BME foi necessária para o momento. De acordo com a assessoria de imprensa, o governador Paulo Hartung – que durante a ditadura militar foi líder estudantil – não se pronunciou sobre o caso ontem à noite por ter apenas informações super-

ficiais sobre o assunto. Relatório Já os vigilantes da Ufes farão hoje um relatório do ocorrido ontem ao reitor Rubens Rasseli, que, junto à procuradoria da universidade, analisará o caso e tomará as medidas necessárias, de acordo com a assessoria de imprensa da Ufes. O órgão informou ainda que as Polícias Militar e Civil só podem entrar na área da universidade quando forem chamadas, o que não aconteceu ontem. No entanto, a assessoria de imprensa da Polícia Federal disse que não há impedimento à ação dessas polícias no campus. Porém, se houver crime federal a ser investigado naquela área, as autuações e prisões só acontecem na sede da Polícia Federal.

Nova manifestação hoje O trânsito da Avenida Fernando Ferrari poderá ser novamente interditado no final da tarde de hoje. Os estudantes que participaram da manifestação ontem aprovaram a realização de mais um protesto, a partir das 17 horas, com concentração no portão central da Ufes. A manifestação também poderá ser uma passeata até o centro da cidade, rumo ao Palácio Anchieta, ou pela Avenida Beira-Mar, rumo à sede da Companhia de Transporte Urbano da Grande Vitória (Ceturb-GV). A proposta foi aprovada por cerca de 150 estudantes reunidos em assembléia após a manifestação de ontem. Também foi aprovada a formação de uma comissão que, além de organizar a nova manifestação, deverá percorrer faculdades privadas e outras escolas

para convocar mais estudantes, além de articular a adesão de movimentos sociais e sindicais. “A mobilização será intensificada. Só decidiremos amanhã se será passeata ou parada”, disse o aluno de Jornalismo Danilo Bicalho, um dos participantes da comissão.

Edson Chagas

Os estudantes mostraram a munição utilizada contra eles


4 / CIDADE

NOTÍCIA AGORA / Vitória (ES), quinta-feira, 21 de julho de 2005

Fábio Vicentini

A passeata os estudantes começou na Avenida Fernando Ferrari e seguiu pela Reta da Penha. A Praça do Pedágio foi interditada às 19h30, por 40 minutos, e motoristas não pagaram

Os caras-pintadas invadem as ruas [ MAIS PROTESTOS ] CERCA DE 1.500 ESTUDANTES VOLTARAM ÀS RUAS PARA MANIFESTAR CONTRA O AUMENTO DAS PASSAGENS DE ÔNIBUS voltando do trabalho e não imaginava que fosse ter novos protestos hoje. Desci do ônibus e fui andando a pé para casa.” Depois de duas horas de caminhada pela Avenida Reta da Penha, os estudantes interditaram as 16 cabines da Praça do

PICHAÇÃO E QUEBRADEIRA Os vidros e o painel de publicidade foram quebrados pelos manifestantes, na Avenida Fernando Ferrari. Além disso, duas cancelas e um indicador de tarifas foram danificados na praça de pedágio. Cabines e câmeras foram pichadas pelos estudantes e 10 cones sumiram, de acordo com a assessora de imprensa da Rodosol, Maria do Carmo Calmom.

Pedágio da Terceira Ponte, por volta das 19h30. Dez minutos depois de formado um engarrafamento nos dois sentidos da via, eles liberaram a passagem dos carros sem o pagamento do pedágio. Aproximadamente R$ 2.250,00 deixaram de ser arrecadados. Depois do fim do protesto, às 20h15, os estudantes pularam a roleta ou entraram pela porta de trás, sem pagar passagem, nos ônibus que estavam em fila parados no engarrafamento da Terceira Ponte. Alguns chegaram até a subir em cima das cabines da empresa, durante a manifestação. E os manifestantes voltam às ruas para fazer mais protestos hoje. Por volta das 9 horas, os estudantes da Ufes passarão pelo Cefet e seguirão até o Palácio Anchieta. Eles prometem não parar as manifestações até que o governador Paulo Hartung volte com a tarifa antiga do Transcol.

Comércio fechado e engarrafamentos Por onde os manifestantes passavam, o comércio fechava as portas. O trânsito na Praia do Canto, Santa Lúcia, Jardim da Penha e Enseada do Suá ficou engarrafado. Em muitas lojas, os trabalhadores ficaram nas portas, observando o protesto. Dentro dos prédios comerciais da Avenida Reta da Penha ou dentro dos ônibus, não faltaram ace-

nos de aprovação à manifestação dos estudantes. Muitos motoristas fizeram buzinaço em apoio ao protesto. Na Avenida Fernando Ferrari, onde o protesto começou, todas as lojas fecharam quase uma hora antes do fim do expediente. “Fechamos só por medo de invasão dos estudantes. Mas eles estão certíssimos de

manifestar contra o aumento, que é absurdo. Estamos com eles”, ressaltou o comerciante Fabrício Santana Pimentel. Foi o medo de vandalismo que fez com que o comerciante Jadir Reis dispensasse os funcionários e fechasse os portões da loja. “A reivindicação é justa, mas sempre há vândalos no meio”.

ELES NÃO SE CALAM

Nestor Müller

Um dia inteiro de protestos, ontem, pela Capital, por causa do aumento da tarifa do Transcol para R$ 1,90 acabou com o fechamento até da Terceira Ponte, por volta das 19h30 de ontem. Durante 40 minutos, 1,5 mil motoristas passaram no pedágio sem pagar. Nenhum policial militar acompanhou a manifestação. O protesto à tarde começou por volta das 17h15, em frente à Ufes. Cerca de 1,5 mil estudantes fecharam a Fernando Ferrari e seguiram pela Reta da Penha, até a Terceira Ponte. O trânsito ficou engarrafado e muitos comerciantes fecharam as portas com medo de vandalismos. As opiniões da população estavam divididam com relação à manifestação. Muitos apoiaram o protesto. Outros foram prejudicados, como a crediarista Marinéia Nascimento. “Estava

O estudante Missam Peçanha fez o seu desabafo: “Brasil, país dos contrastes. Quanto mais os trabalhadores lutam para conquistar seu espaço na sociedade, mais o Governo trabalha par levá-lo ao prejuízo.“

As estudantes Thayane Barcelos, Samira Sanches e Samira Bolonha escreveram na testa seu desabafo: “Não ao aumento. Não estamos aqui para pagarmos quase R$ 2 de passagem e ter o serviço precário.”

Protesto começou cedo Pela manhã e à tarde, os estudantes também ocuparam as ruas da Capital para protestar. Por volta das 12h30, um grupo de 300 estudantes fechou duas faixas da Avenida Vitória, em frente ao Cefet-ES e caminhou até o Centro. Já à tarde, munidos de apitos e muitos de rosto pintado, cerca de 150 estudantes fizeram plantão na frente do palácio da Fonte Grande, sede provisória do Governo do Estado, até que uma comissão fosse recebida pelo presidente da Ceturb-GV, Marcelo Ferraz. Mas a reunião não trouxe boas notícias. “O Governo disse que não vai recuar da decisão e que a reunião do Cotar foi legítima. Pedimos que eles se des-

culpassem publicamente pelo ocorrido ontem (terça), mas também se negaram”, anunciou o vice-presidente da União Estadual de Estudantes Secundaristas, André Luis Carvalho. Anunciada a decisão do Governo de manter o aumento nas passagens, eles saíram com gritos de “Estudantes na rua, Paulo Hartung a culpa é sua“. Eles também pararam dois ônibus do Transcol, entrando pela porta traseira. Com a promessa de só parar as manifestações assim que o valor da passagem diminuir, André Luís ressaltou a indignação com o aumento “Estamos lutando por um direito de todos.”


NOTÍCIA AGORA / Vitória (ES), sábado, 23 de julho de 2005

CIDADE / 5

PM precisa de mais preparo e investimento Diante das críticas dos estudantes e do próprio governador Paulo Hartung com relação à atuação da Polícia Militar nas manifestações contra o aumento da passagem e dos perueiros, a pergunta é: a PM está preparada para atuar em situação de conflitos? Um dos manifestantes, o diretor do grêmio do Centro Federal de Educação Tecnológica do espírito Santo (Cefet-ES), Felipe Moura, contestou a atuação dos militares nos dois episódios. “Ela não está preparada e, por isso, nem deve interferir no movimento.” O diretor-jurídico da Associação de Cabos e Soldados, Flávio Gava, argumentou que isso comprova a falta de investimento por parte do Governo. “A responsabilidade é toda dele, que precisa investir na categoria.” Gava explicou que muitos policiais trabalham com farda velha, alguns sem coturno e outros com colete à prova de bala com validade vencida. “Existem policiais que, se levarem um tiro, a bala atravessa. Como exigir segurança se nem nós a temos?” questiona. Além da precariedade dos equipamentos, o salário também é

um outro agravante. O Diário Oficial do Estado trouxe que um soldado que está começando a carreira militar ganha R$ 187,21 e um coronel R$ 1.404,66. “O salário é muito baixo. Nós já ganhamos uma ação para aumentar o salário do soldado classe A, mas isso ainda não aconteceu”, destaca. Déficit O déficit de policiais também é um outro problema. De acordo com o assessor de comunicação social da Polícia Militar, Andrey Carlos Rodrigues, o número previsto de efetivos é 8,2 mil, mas o quadro atual é de 7.250 policiais. Rodrigues explica que essa defasagem vem acontecendo nos últimos dez anos. “Há seis anos não havia concurso público. O último foi iniciado em 1998, e somente em 2004/2005 tivemos outro.” O Comando-Geral da Polícia Militar explicou que o novo comandante assumiu dia 19 está sensível a todas as demandas e necessidades da corporação. Também esclareceu que vai resolver as questões o mais rápido possível.

Corregedoria investiga atitude de policiais A atuação dos policiais militares durante as manifestações dos perueiros está sendo investigado pela Corregedoria da Polícia Militar. De acordo com os manifestantes, eles teriam detidos um menor e o levado para o Departamento de Polícia Judiciária, além de um dos soldados ter sacado uma arma. O corregedor-adjunto da Polícia Militar, coronel Valdir Leopoldino, explicou que o caso já está sendo apurado. “A informação que temos até agora é que o menor foi apreendido por

desacato à autoridade.” Mas adiantou que vai ser feito um levantamento para depois decidir se vai ser aberto um inquérito ou uma sindicância. “Se for o caso, vamos analisar se ele vai responder penalmente, administrativamente ou como um cidadão comum.” O coronel destacou que é importante que os envolvidos entrem em contato com a Corregedoria para depor. “Elas estarão contribuindo para a investigação.” Corregedoria: 3380-2878/79

Participaram desta cobertura: Deborah Hemerly, Bárbara Zaganelli, Paula Stange, Elisangela Bello e Manuella Siqueira

Ricardo Medeiros

Os estudantes fizeram passeata pelas ruas da Capital pelo quarto dia, contra o aumento do Transcol

Estudantes tomam conta da 3ª Ponte [ VOZ DO POVO ] EM MAIS UM DIA DE PROTESTO, MANIFESTANTES OCUPARAM PONTE Se a semana foi de protesto, o dia de ontem foi o ápice das manifestações em Vitória, com trânsito lento em alguns pontos e até paralisado em outros. Os estudantes mais uma vez ganharam as ruas, e transformaram a Praça do Pedágio da Terceira Ponte em ponto de encontro para os manifestantes e de surpresa para os motoristas, que atravessaram de graça. Ao contrário do dia anterior, quando eles invadiram prédios e danificaram o patrimônio público, ontem, o movimento ressaltou o seu lado pacífico, com cartazes, gritos de guerra e o já conhecido nariz de palhaço. Sem deixar, claro, de fazer muito barulho: mais de 10 mil carros passaram pela ponte até as 20h30 de ontem e o pedágio, segundo um dos manifestantes, seria pago com o som das buzinas. Nos cartazes, mostrados para os motoristas que de início estranharam o fato, os recados: “Hoje é por conta do Hartung” e “Apoiamos os motoristas e cobradores, mas, vamos pagar por isso?” Com o azul e o rosa da bandeira do Estado pintados no rosto, eles saíram do Cefet-ES em passeata e chegaram quase duas horas depois à praça do pedágio, de onde só sairiam por volta de 21 horas. O

Mais de 10 mil carros passaram pela ponte sem pagar o pedágio ontem ponto alto do protesto foi o encontro, na Praça do Pedágio, dos estudantes do Cefet com os alunos da Ufes. Aos poucos eles foram se dispersando, parando os ônibus do Transcol e mais uma vez,voltaram protestando: pularando a roleta, mesma atitude que tomaram na manifestação da parte da manhã. Os movimentos sociais organizados envolvidos devem se reunir hoje, às 9 horas, na Ufes, para fazer uma avaliação do movimento desde a última terça-feira, além de prepararem as estratégias das manifestações na semana que vem. Eles prometem não fazer protesto no final de semana.

GOVERNADOR PEDIU PARA LIBERAR PONTE O governador Paulo Hartung solicitou à Rodosol, que administra a Terceira Ponte, para que não criasse nenhum empecilho à manifestação dos estudantes, segundo informou a assessoria de comunicação do Governo. Quando eles chegaram à praça do pedágio, as cancelas foram levantadas por determinação da Rodosol, e os motoristas puderam atravessar a ponte sem pagar o pedágio.


AGazeta - - 16/08/07 1a. Quinta [15/08/07 23:28:34] Por: chboninsenha Pág: 4 - Cor:

PÁGINA 4 - QUINTA-FEIRA - 16/AGOSTO/2007 - 23:28

04

Vitória (ES), quinta-feira 16 de agosto de 2007 Editora: Cintia B. Alves calves@redegazeta.com.br Tel.: 3321-8446

Cidades PRAZO AS REGRAS PARA A RESERVA DE VAGAS SERÃO AVALIADAS A CADA DOIS ANOS PELO CEPE

Ufes terá sistema de cotas até 2014 Universidade descartou revisão do modelo de reserva nos próximos meses --------------------------------------------------------------------------CARLA NASCIMENTO cnascimento@redegazeta.com.br ELAINE VIEIRA evieira@redegazeta.com.br MAURÍLIO MENDONÇA mgomes@redegazeta.com.br

Apesar da polêmica, agora é oficial: o sistema de cotas será implantado este ano e não sofrerá alterações antes do VestUfes 2008. A Ufes divulgou que a reserva de vagas existi-

rá, pelo menos, até 2014. O vice-reitor da Ufes, Reinaldo Centoducatte, garante que o sistema não será revisto nos próximos meses. “Não consideramos nosso projeto ideal. Mas é uma tentativa de resgate de uma dívida social. Ele será avaliado permanentemente, mas não há tempo para modificações antes do próximo vestibular”, afirma.

Aumento das cotas depende da abertura de novas vagas No VestUfes 2009 alguns cursos podem ter cotas de 40% e outros podem ter cotas de 45% A partir do próximo ano, alguns cursos podem ter 45% das vagas destinadas a estudantes de origem popular, enquanto outros terão apenas 40%. Tudo vai depender do número de novas vagas que serão geradas em cada curso.

Segundo a Resolução 33/2007, para as cotas passarem de 40% para 45%, em 2009, é preciso que cada curso tenha um aumento de 30% de novas vagas sobre o total de vagas ofertadas. Já a expansão de 50%, prevista para 2010, dependerá de um aumento de 50% nas novas vagas. O vice-reitor da Ufes, Reinaldo Centoducatte, ressalta que a proposta segue a tendência de um projeto do governo federal, que incentiva a expansão da oferta de vagas nas universidades.

Renda familiar é alvo de críticas

Disputa será maior Professores apóiam negros na segunda etapa

Critério mais usado em todos os programas do governo é a renda per capita e não a familiar

As regras do sistema de cotas divulgadas pelo Cepe deixam claro que a concorrência para a segunda etapa do vestibular pode ser maior em alguns cursos a partir do próximo vestibular. Na 1ª etapa todos farão a prova respeitando os mesmos critérios. A classificação para a 2ª etapa também continuará igual: um cálculo baseado na relação candidato/vaga de cada curso definirá o número de aprovados para a 2ª etapa. A partir daí, as regras mu-

------------------------------------

-----------------------------------O estabelecimento da renda familiar máxima em sete salários mínimos para concorrer às cotas tem sido um dos principais pontos de crítica de alunos, professores e diretores de cursinhos ao sistema adotado pela Ufes. “Muitos alunos de escolas particulares têm renda semelhante a essa”, atestou a coordenadora do Darwin Heloísa Mannato, durante a manifestação de ontem. Segundo o economista Orlando Caliman, uma família com renda de R$ 2.660 é considerada da classe B2 ou classe média. Ele destaca que a comprovação de renda não é uma questão tão simples, pois há muitas fontes que podem não ser declaradas. “Levantar e comprovar essas informações é bem mais difícil do que está sendo colocado. Não sabemos que situações isso pode gerar, mas com certeza pode haver omissão de renda”, adverte Caliman.

Segundo ele, o projeto prevê um repasse 20% maior de verbas para as universidades, que pode ser usado para pagamento de pessoal e investimentos diversos. O Ministério da Educação calcula que cada universidade terá um aumento entre 50% e 60% no número de vagas em cinco anos, se participar desde a primeira fase do projeto, que tem início neste ano. “Infelizmente o prazo é curto e acredito que não conseguiremos participar este ano”, lamenta.

Seg undo a Resolução 33/2007 da universidade, divulgada ontem, as regras para a reserva de vagas serão avaliadas a cada dois anos pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) e passará por uma grande avaliação em 2014, que definirá se as cotas serão mantidas ou não. O prazo foi definido pelo tempo necessário para a formação da primeira turma no curso mais longo, Medicina. Mas antes disso podem surgir alterações no texto. Um dos pontos mais polêmicos é a exigência de renda familiar de até sete salários mínimos para cada candidato e não de renda per capita (por pessoa), determinação mais comum em programas sociais. Outro requisito questionado é a necessidade do candidato ter estudado em escola pública todos o ensino médio. Centoducatte ressalta que a resolução foi baseada em medidas adotadas em outras universidades e foi apresentada a um procurador antes de ser publicada. “Foi uma consulta informal, mas ele disse que as decisões são polêmicas, mas, geralmente, isso não impede que a instituição implante o modelo”.

dam. Primeiro serão classificados 60% dos candidatos, de acordo com as notas, independente da escolaridade e da renda. Se o restante dos selecionados não se enquadrar no perfil exigido pelo sistema de cotas, serão convocados mais candidatos até que a reserva de 40% das vagas sejam ocupadas por estudantes de origem popular. É preciso acertar 30% das discursivas e não zerar nenhuma disciplina ou a redação.

Representantes do sindicato da categoria estarão hoje na manifestação

-----------------------------------Quando o assunto é cotas, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública (Sindiupes) abraça a causa do Movimento Negro. A diretora da Secretaria de Combate ao Racismo do sindicato, Cirléia Regina Tavares, conta que o tema foi debatido em novembro do ano passado no XXIII Congresso de Professores, em Vitória.

REAÇÃO. A adoção de cotas na Ufes foi motivo de uma grande manifestação de estudantes ontem. FOTO: RICARDO MEDEIROS

“A categoria deu apoio ao sistema de cotas com recorte étnico-racial. O sistema proposto pela Ufes resolve em parte a questão da exclusão social, mas a discriminação racial continua”, opina. Cirléia estará representando o Sindiupes numa manifestação do Movimento Negro hoje, às 9h, na Ufes. Já o diretor da Escola Estadual Professora Maria Penedo, Tarcísio Gustavo Hoffmamm,

acredita que o sistema será burlado. “O brasileiro sempre dá um jeitinho”, prevê. Segundo ele, os alunos da rede pública contam com infra-estrutura de ensino tão boa quanto os da rede particular. “O maior problema é que os professores ficam desmotivados, devido à baixa remuneração e ao excesso de trabalho que são obrigados a se submeter para complementar a renda”, comenta.

I N S C R I Ç Õ E S PA R A O V E S T U F E S No próximo dia 29 serão abertas as inscrições para o processo seletivo 2008 da Universidade Federal do Espírito Santo (VestUfes 2008). Os candidatos poderão se inscrever na Internet, no site www.ufes.br, até o dia 17 de setembro. A taxa de inscrição, de R$ 90,00, deve ser paga entre os dias 3 e 17 de setembro, com a entrega de todos os documentos nas agências bancárias credenciadas (ainda a serem divulgadas), no mesmo período. A prova objetiva está marcada para o dia 25 de novembro, com o resultado para o dia 7 de dezembro. A segunda etapa está marcada para acontecer entre os dias 16 e 18 de dezembro. O resultado final só será divulgado em 1º de fevereiro do ano que vem.

VestUfes 2008

Começam na Internet, no próximo dia 29, e vão até o dia 17 de setembro, no site www.ufes.br

Inscrições.

A taxa, no valor de R$ 90,00, deve ser paga entre os dias 3 e 17 de setembro. Mesmo período para aquisição do manual do candidato, entrega do formulário de inscrição e documentação exigida nas agências bancárias credenciadas (a serem divulgados no edital que será lançado no próximo dia 18)

Pagamento.

RENDA PER CAPITA.Outro fato que chama a atenção é a escolha da renda familiar e não da renda per capita como critério para a seleção, já que a última é utilizada em todos os programas de assistência social do governo, como o Bolsa Família. “Em todo caso, ao estabelecer duas variáveis, o sistema de cotas da Ufes abre mais margens a equívocos e problemas”, analisa o economista. Segundo a Ufes, a comprovação da renda declarada na inscrição só vai ser exigida na matrícula e deverá ser feita por meio da Declaração de Isento e Declaração de Rendimentos, informados à Receita Federal.

Irregularidades. Os protocolos irregulares serão divulgados no dia 22 de outubro, com prazo final para acertar os documentos de inscrição no dia 29 do mesmo mês Cartão

de inscrição. Se r á

disponibilizado, na Internet, no dia 5 de novem-

Página: 4

CYAN

MAGENTA

bro, com a retirada desse cartão nas agências entre os dias 9 e 16 de n o ve m b ro de prova. Serão divulgados, os da primeira etapa do vestibular, em edital a ser publicado no dia 10 de novembro

Locais

objetiva. Marcada para o dia 25 de novembro

Prova

resultado. Sai no dia 7 de dezembro, com lista de aprovados para segunda etapa

Primeiro

de prova. Serão divulgados os da segunda etapa do vestibular, em edital a ser publicado no dia 8 de dezembro

Locais

discursiva. Serão realizadas entre os dias 16 e 18 de dezembro

Prova

Resultado final. A lista dos aprovados do VestUfes 2008 será divulgado no dia 1º de fevereiro de 2008

YELLOW

BLACK


16

Vitória (ES), quinta-feira 1º de setembro de 2005 Editor: Rubens Gomes rgomes@redegazeta.com.br Tel.: 3321-8566

ÚltimasNotícias MANIFESTAÇÃO FOI CONTRA AS ALTERAÇÕES PROMOVIDAS PELA CETURB EM QUATRO DAS 208 LINHAS DO TRANSCOL

L

Protesto de estudantes volta a tumultuar trânsito Grupo de 50 jovens impediu o tráfego na avenida nos dois sentidos no início da noite

LOTERIAS Lotomania Concurso 549

Mega-Sena Concurso 695

11

14

20

30

06

11

31

40

44

46

40

52

49

50

52

54

58

63

73

74

80

87

92

93

13

21

-----------------------------------MARCUS MONTEIRO mmonteiro@redegazeta.com.br

Um grupo de 50 estudantes voltou a fechar a Avenida Fernando Ferrari, no início da noite de ontem, em protesto contra alterações promovidas pela Companhia de Transporte Urbano da Grande Vitória (Ceturb -GV) em quatro das 208 linha do sistema Transcol. Uma nova interrupção está marcada às 17 horas de hoje. Das 18h30 às 19h30 os estudantes fecharam por 15 minutos cada um dos sentidos de tráfego da Fernando Ferrari, provocando um grande congestionamento nos dois sentidos da avenida. Quando o trânsito era liberado em um dos sentidos os motoristas de ônibus passavam apitando em apoio à manifestação. Já os motoristas de carro manifestavam-se contrários ao protesto, xingando os estudantes. Alunos da rede pública estadual e da Ufes presentes na manifestação formaram o Comitê Permanente de Luta Unificada e garantiram que os protestos vão continuar. O diretor-presidente da Ceturb -GV, Marcelo Ferraz, garantiu que nas linhas onde aconteceram mudanças não houve redução da frota. “Essa é uma boa oportunidade para repormos a verdade. Das 208 linhas do Transcol, em apenas quatro fizemos algumas mudanças, mas não houve redução da frota”, explicou.

Acertos Ganhadores 20 0 19 6 18 118 17 1.071 16 7.019

REVOLTA. O grupo saiu da Ufes e bloqueou o tráfego de veículos na avenida. FOTO: GABRIEL LORDÊLLO As linhas 902, 903 e 904, desde o dia 20 de agosto, deixaram de integrar no Itacibá e passaram a integrar no Terminal de Campo Grande, sem redução de nenhum ônibus. Comunidades. O quadro de horários da linha 903 foi reprogramado, no dia 29 de agosto, a pedido das comunidades de Piapitangui e Formate, em acordo com a Ceturb. Já as linhas 800 e 850, desde o dia 21 de agosto, foram transformadas em circular 800 - Terminal de Laranjeiras/Jardim Camburi, com dois percursos, um via BR 101 e outro pela Rodovia NorteSul. Essa mudança, solicitada pela comunidade de Jardim Camburi, pela administração do Shopping Norte-Sul e pelos rodoviários, criou alternativas de acesso ao interior do bairro. “Todas as alterações estão sendo monitoradas e atendem a pedidos das comunidades”, disse Ferraz.

Nenhum apostador acertou as seis dezenas sorteadas e o prêmio de R$ 34.880.737,54 ficou acumulado. A quina pagará R$ 22.217,91 a 76 apostadores e a quadra R$ 265,62 a 6.333 ganhadores.

Federal Extração 3965

Prêmio R$ 0 R$ 43.499,95 R$ 2.211,86 R$ 121,39 R$ 18,53

1º prêmio

74.450

2º prêmio

46.953

3º prêmio

52.940

4º prêmio

49.548

5º prêmio

32.561

Passeatas em julho As manifestações dos estudantes contra as mudanças no Transcol tiveram início em 19 de julho quando foi votado o aumento das passagens para R$ 1,90. Pela manhã, manifestantes invadiram a reunião do Conselho Tarifário e jogaram ovos nos conselheiros. À tarde ficou decidido o reajuste de 5%. Na mesma noite, alunos da Ufes fecharam a Fernando Ferrari e o protesto acabou em confusão. O Batalhão de Missões Especiais (BME) foi chamado para desobstruir a avenida e atirou com balas de borracha e bombas nos estudantes. Pelo menos 12 pessoas ficaram feridas. Uma radiopatrulha tentou invadir o campus da universidade e um dos policiais chegou a sacar a arma e atirar. Mesmo após a manifestação, as tarifas foram reajusta-

das, passando para R$ 1,90 (troncais), R$ 1,60 (alimentadoras) e R$ 3,00 (seletivo). Pedágio liberado. Em 20 de julho, os estudantes foram para as ruas e cerca de 2 mil alunos bloquearam a 3ª Ponte, liberando o pedágio por cerca de 40 minutos. Em 21 de julho, mais passeata e trânsito fechado. Os estudantes ocuparam a sede do Governo estadual (Fonte Grande) e a Ceturb-GV. Durante as manifestações, passageiros e manifestantes andaram de graça nos ônibus. No dia 22 de julho, 3 mil estudantes foram, em passeata, até a 3ª Ponte, onde, mais uma vez, liberaram mais de 13 mil motoristas do pedágio. As passagens voltaram ao preço antigo por ordem do governador Paulo Hartung.

Página: 16

CYAN

RÁPIDAS STF Policiais têm direito

a transporte gratuito

VITÓRIA Médicos elegem Antonio Carlos Resende

Os policiais civis do Espírito Santo têm direito à gratuidade no transporte coletivo urbano, mas não no transporte coletivo rodoviário intermunicipal. A decisão foi adotada ontem pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) impetrada pela Confederação Brasileira dos Trabalhadores Policiais Civis. O relator, ministro Eros Grau, considerou parcialmente procedente a Adin e determinou a supressão da expressão "urbano e" do artigo 220 da Constituição estadual.

O médico Antonio Carlos Resende vai presidir a Associação Médica do Espírito Santo (Ames) nos próximos dois anos. A votação ocorreu ontem das 8h às 18h e a chapa única foi referendada pelos associados. Resende anunciou que terá como prioridade a criação da Ordem dos Médicos. O atual presidente da Ames, Hélio Barroso, vai assumir a vicepresidente da Associação Médica Brasileira (AMB). A votação foi feita em urnas instaladas nos hospitais Infantil e das Clínicas, e na sede da entidade, onde ocorreu a apuração dos votos.

MAGENTA

YELLOW

BLACK


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.