All em revista volume 2, numero 4 outubro dezembro 2015

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ALL EM REVISTA REVISTA (ELETRÔNICA) DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS

NÚMERO ATUAL - V. 2, N. 4, 2015 SÃO LUIS – MARANHÃO – OUTUBRO-DEZEMBRO


A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.

EXPEDIENTE ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS COMISSÃO DE BIBLIOGRAFIA Álvaro Urubatan Melo Presidente Ana Luiza Almeida Ferro André Gonzalez Cruz COMISSÃO DE PUBLICAÇÃO E EVENTOS Dilercy Aragão Adler Presidente Aldy Mello de Araújo Antonio José Noberto da Silva Sanatiel de Jesus Pereira CONSELHO EDITORIAL Sanatiel de Jesus Pereira Presidente Aldy Mello de Araújo Dilercy Aragão Adler EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076 # (98) 8119 1322 ENDEREÇO ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS Palácio Cristo Rei – UFMA / Sala do Memorial Gonçalves Dias Praça. Gonçalves Dias, 351 - Centro: São Luís - MA. CEP: 65042-240. TELEFONES: (98)3272-9651/9659 Ou Centro de Criatividade Odylo Costa, filho Sala de Multimeios Praça do Projeto Reviver

ALL EM REVISTA Revista (eletrônica) da Academia Ludovicense de Letras A Academia Ludovicense de Letras – ALL –, fundada em 10 de agosto de 2013, “tem por finalidade o desenvolvimento e a difusão da cultura e da literatura ludovicense, a defesa das tradições literárias do Maranhão e, particularmente, de São Luís, a perpétua renovação e revitalização do legado da Atenas Brasileira, o culto às origens da cidade e à sua formação pelas letras, a valorização do vernáculo e o intercâmbio com os centros de atividades culturais do Maranhão, do Brasil e do exterior” (Art. 2º, do Estatuto Social). Em seu artigo 58, “Além de outras que venham a ser criadas, constituem o rol permanente das publicações oficiais da Academia a Revista, os Perfis Acadêmicos e a Antologia.”. Esta Revista, apresentada em formato eletrônico, destina-se à divulgação do fazer literário dos membros da Academia Ludovicense de Letras – ALL . Está dividida em sessões, que conterão os: DISCURSOS E PRONUNCIAMENTOS dos sócios da Instituição, e de literatos convidados, não pertencentes ao seu quadro social; ALL NA MÍDIA resgata as colaborações nas diversas mídias, quando identificados como membros da ALL; ARTIGOS, CRÔNICAS, OPINIÕES manifestas pelos membros da Academia; POESIAS de autoria de seus membros. Haverá uma sessão DE ICNOGRAFIA, registrandose as atividades da ALL, e aquelas em que seus membros tenham participado, assim como a divulgação de nosso CALENDÁRIO DE EVENTOS. Poderá, ainda, conter ASSUNTOS ADMINISTRATIVOS, referentes a questões estatutárias, regulamento, e avisos. As colaborações não poderão ultrapassar 30 laudas – formato A4, Times New Roman, em Word, espaço único, com ilustrações. Normas de publicação ABNT. Os contatos são feitos através de seu Editor, pelo endereço eletrônico vazleopoldo@hotmail.com

NOSSA CAPA: Escudo da ALL Capa dos livros em comemoração aos 190 anos de nascimento de Maria Firmina dos Reis, concepção de Dilercy Aragão Adler


ALL EM REVISTA Revista (eletrônica) da Academia Ludovicense de Letras ENDEREÇO PARA CORRESPONDENCIA: EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076 # (98) 8119 1322

NUMEROS PUBLICADOS – ENDEREÇO ELETRONICO V.1, n. 1, 2014 (janeiro/março) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma V.1, n. 2, 2014 (abril/junho) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_ V.1, n. 3, 2014 (julho/setembro) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18 V. 1, n. 4, 2014 (outubro a dezembro). http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981 V. 2, n. 1, 2015 (janeiro a março) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no V. 2, n. 2, 2015 (abril a junho). http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no_ad17bb277a03b8 V. 2, n. 3, 2015 (julho a setembro) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2_numero_3_ V. 2, n. 4, 2015 (outubro a dezembro).


RETRATO FALADO DE MARIA FIRMINA DOS REIS1 TONY ALVES 1

Para o livro de Emmanuel de Jesus Saraiva “História da Cultura Africana/A influencia da Cultura Africana na Cultura Brasileira, São Luis: Interativa, 2012


ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS Fundada em 10 de agosto de 2013 Registrada sob no. 48.091, de 09 de janeiro de 2014 – Cartório Cantuária de Azevedo CNPJ 20.598.877/0001-33 DIRETORIA PRESIDENTE VICE PRESIDENTE SECRETARIO GERAL 1º SECRETARIO 2º SECRETARIO 1º TESOUREIRO 2º TESOUREIRO

ROQUE PIRES MACATRÃO DILERCY ARAGÃO ADLER ÁLVARO URUBATAN MELO ARQUIMEDES VALE ANA LUIZA ALMEIDA FERRO RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO CLORES HOLANDA SILVA

CONSELHO FISCAL MEMBRO MEMBRO MEMBRO

ALDY MELLO DE ARAUJO AYMORÉ DE CASTRO ALVIM JOSÉ DE RIBAMAR FERNANDES CONSELHO DOS DECANOS

DECANO CONSELHEIRA CONSELHEIRO CONSELHEIRO CONSELHEIRO

ARTHUR ALMADA LIMA FILHO - 17.10.1929 MARIA THEREZA DE AZEVEDO NEVES – 12.11.1932 ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO - 08.11.1934 ROQUE PIRES MACATRÃO - 13.11.1935 JOSÉ DE RIBAMAR FERNANDES - 30.01.1938

CONSELHO EDITORIAL

SANATIEL DE JESUS PEREIRA PRESIDENTE ALDY MELLO DE ARAÚJO DILERCY ARAGÃO ADLER

EDITOR DA ALL EM REVISTA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ CADEIRA 21


SUMÁRIO EXPEDIENTE

2 6

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO Leopoldo Gil Dulcio Vaz (Editor) 9ª. FELIS

10 14

EFEMÉRIDES

58

190 ANOS DE MARIA FIRMINA DOS REIS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

59 SOBRE MARIA FIRMINA DOS REIS – ALGUMAS NOTAS

61

WEBERSON GRÏZOSTE - 151º ano do naufrágio que levou a vida de Gonçalves Dias "NON OMNIS MORIAR!" "OS AMORES DE GONÇALVES DIAS"

JOSÉ PEDRO MACHADO ROSSINI CORRÊA

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JOÃO BATISTA ERICEIRA? PRESENTE! CELSO BORGES SOBRE CENTENÁRIO DE MARANHÃO SOBRINHO

ARTIGOS, & CRONICAS, & CONTOS, & OPINIÕES EDMILSON SANCHES MORREU NAURO MACHADO FERNANDO BRAGA NAURO MACHADO, IN MEMORIAM LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ ATLETAS OLÍMPICOS MARANHENSES LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ O DIREITO AO LAZER (e aos demais direitos sociais) DOS MENINOS E MENINAS DE RUA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ O COLÉGIO MÁXIMO DO MARANHÃO MHARIO LINCOLN A PSIQUE DO POETA ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO UMA EXPERIÊNCIA DEMOCRÁTICO-POPULAR LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ LITERATURA AFRO-BRASILEIRA NO/DO MARANHÃO. EXISTE? MHARIO LINCOLN NAURO MACHADO: A POESIA DO INSTINTO AYMORÉ ALVIM A VIRTUOSA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ AS TRÊS FUNDAÇÕES DO IHGM... LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ FRANCESA, PORTUGUESA... ou FENÍCIA?? LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ A FUNDAÇÃO DO MARANHÃO AYMORÉ ALVIM PRESENTE DE NATAL JAIME VICTOR NICOL'S DE COMO DOIS PAÍSES COM PASSADO COLONIAL CHEGARAM EM TEMPOS E POR CAMINHOS DISTINTOS A SER ESTADOS NACIONAIS

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ALL NA MÍDIA

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REVISTA POÉTICA BRASILEIRA – Editor: Mhário Lincoln ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS – 2º ANIVERSÁRIO A poesia de ANA LUIZA ALMEIDA FERRO VANDA SALLES É HOMENAGEADA REVISTA POÉTICA BRASILEIRA – Editor: Mhário Lincoln - Nova edição do ACERVO 02/10/2015: ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS HOMENAGEIA MARIA FIRMINA MARIA FIRMINA DOS REIS E GONÇALVES DIAS, por DILERCY ARAGÃO ADLER ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO A FELICIDADE BLOG DO HÉLCIO SILVA – 06 DE OUTUBRO DE 2015 COLUNA PRESTES EM PARAIBANO-MA - Por LEOPOLDO VAZ COLUNA DO PH – CADERNO ALTERNATIVO - O ESTADO – EDITOR: PERGENTINO HOLANDA CAFÉ LITERÁRIO – SOBRE ANA LUIZA ALMEIDA FERRO EM CENA – NEDILSON MACHADO – O ESTADO LANÇAMENTO – SOBRE ANA LUIZA ALMEIDA FERRO CADERNO IMPAR – O IMPARCIAL – EDITOR SAMARTONY MARTINS 9ª FELIS – O OUTRO LADO DA HISTÓRIA DO MARANHÃO - SOBRE ANA LUIZA ALMEIDA FERRO CADERNO ALTERNATIVO – O ESTADO SEXTA LITERÁRIA – SOBRE ANA LUIZA ALMEIDA FERRO ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO-EAESP, DA FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS-FGV Lançamento do livro “DESAFIOS À TEORIA ECONÔMICA/CHALLENGES TO THE ECONOMIC THEORY” De ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO TESE DO LIVRO, APÓS PROVOCAÇÃO NO CONGRESSO, AVANÇA PARA REFORMA AO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL "A NULIDADE ABSOLUTA DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO CRIMINAL REALIZADA SEM A PRESENÇA DO MINISTÉRIO PÚBLICO" DE ANDRÉ GONZALEZ COORDENADOR DO CECGP LANÇA LIVRO EM SÃO PAULO JOÃO BATISTA ERICEIRA, lançamento do livro "Evocações" O ESTADO – CADERNO ALTERNATIVO – COLUNA DO PH Sobre MARIO MEIRELES O ESTADO – CADERNO ALTERNATIVO – COLUNA DO PH SOBRE ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO TEORIA ECONÔMICA ANDRÉ GONZALEZ - LANÇAMENTO DO LIVRO “DIREITO CRIMINAL CONTEMPORANEO” - Crimes de Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes no Brasil RAIMUNDO VIANA O PROFESSOR E A SALA DE AULA... ENTREVISTA PARA A TV BRASIL – ANA LUIZA ALMEIDA FERRO

ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO MOTIVAÇÕES DA ESCRITA E REALIDADE ECONÔMICA GLADYS ALVES – “TURISMO NO CEMITÉRIO – CEMITUR COMEMORA 10 ANOS DE EXISTENCIA COM PASSEIO” – O IMPARCIAL 13/11/2015 – 1ª PAGINA / CADERNO URBANO SOBRE ANTONIO NOBERTO E ALINE VASCONCELOS RAIMUNDO VIANA MONSENHOR HÉLIO MARANHÃO – “REQUIESCAT IN PACE” ALDY MELLO A CRISE HUMANITÁRIA DOS REFUGIADOS ALDY MELLO MORAL POLÍTICA

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O ESTADO – PH REVISTA – COLUNA DO PH – EM CENA SOBRE A POESIA DE DANIEL BLUME ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO COISAS QUE A GENTE NÃO ESQUECE

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JORNAL PEQUENO – CONEXÃO – VINI BOGÉA SOBRE A POESIA DE DANIEL BLUME O ESTADO – PH REVISTA – ALTERNATIVO SOBRE A POESIA DE DANIEL BLUME

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O IMPARCIAL - IMPAR SOBRE A POESIA DE DANIEL BLUME O ESTADO – PH – ALTERNATIVO – 05/12/205 A POESIA DE MARIA LUIZA PRÊMIO LITERÁRIO NACIONAL PEN CLUBE DO BRASIL, NA CATEGORIA ENSAIO

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ANA LUIZA ALMEIDA FERRO O ESTADO, 11 DE DEZEMBRO DE 2015 O IMPARCIAL, 111 de dezembro de 2015 JORNALPEQUENO, 11 de dezembro de 2015

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JOSÉ FERNANDES LANÇA LIVRO SOBRE A MAÇONARIA POSSE DE NOVOS MEMBROS DA SOBRAMES-MA E LANÇAMENTO DA IV ANTOLOGIA O IMPARCIAL – OPINIÃO – COQUETEL DE LANÇAMENTO DO LIVRO PENAL – Sobre DANIEL BLUME ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO MENSAGEM DE FESTAS ACERVUM.COM.BR – Mhario Lincoln do Brasil (Editor) – 23/12/2015 HISTORIADORA MARANHENSE RECEBE IMPORTANTE PRÊMIO LITERÁRIO NACIONAL

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Sobre ANA LUIZA ALMEIDA FERRO O ESTADO – REVISTA PH – 25 DE DEZEMBRO DE 2015 MARANHENSE GANHA PREMIO DO PEN CLUB, SOBRE ANA LUIZA ALMEIDA FERRO COMENDA SIMÃO ESTÁDIO DA SILVEIRA, DO LEGISLATIVO MUNICIPAL DE SÃO LUÍS OUTORGADA A MARIO LUNA FILHO

POESIAS & POETAS

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FERNANDO BRAGA SONETÁRIO DO QUIXOTE VENCEDOR

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AYMORÉ ALVIM SAUDADES DE TI O JURAMENTO UM ANO SEM DONA MÓ NATAL EM PINHEIRO UM ANO NA AML - JOSÉ NERES JOSÉ NERES

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313 NOVOS TALENTOS LITERÁRIOS

ANA LUIZA ALMEIDA FERRO LE PORTIER

ROSSINI CORRÊA A TORRE DE VIGIA E O CÉU AZUL DOS ALBATROZES FERNANDO BRAGA BALADA DE ADEUS AO MEU IRMÃO EM CRISTO HÉLIO MARANHÃO

HENRIQUE BORRALHO TEORIAS CONSPIRATÓRIAS OU O DESPERTAR DA MATRIX? FERNANDO BRAGA “GRUPO ILHA”: MOVIMENTO LITERÁRIO, EM SÃO LUIS DO MARANHÃO, NA DÉCADA DE 50 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ ALGUMAS NOTAS SOBRE O GRUPO ILHA

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FERNANDO BRAGA GOLPE DE VISTA - [POETAS DE UM MESMO TEMPO] FERNANDO BRAGA TRINDADE VELHA DE GUERRA ELIZA BRITO NEVES O INVERNO É BOM DILERCY ADLER EU SEI!

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APRESENTAÇÃO Este último trimestre do ano de 2015 foi um mês atípico. Tivemos a realização da Feira de Livros de São Luís, em sua nona edição – FELIS – em que a Academia Ludovicense de Letras assumiu papel relevante, com a responsabilidade do ultimo Café Literário, contando com a presença da pesquisadora Luísa Lobo, do Rio de Janeiro. A parceria com Guimarães – sua Academia de Letras e o Instituto Histórico, a Prefeitura Municipal e diversas escolas daquele município está consolidada. Nas comemorações dos 190 anos do nascimento de Maria Firmina dos Reis foi grande a participação das pessoas daquela cidade maranhenses... e ainda, a presença de diversos pesquisadores, como a já referida Luisa Lobo, o Grizoste, lá do amazonas e um professor da UFMA agitaram os meios literários com suas palestras e lançamentos e, sobretudo, o debate de encerramento do Projeto Maria Firmina – com o lançamento dos dois livros que a ALL publicou: “190 poemas para Maria Firmina” e “Sobre Maria Firmina”. Sobre esse fato, temos um artigo e uma explicação nestas páginas, dentro das “efemérides”; assim como artigo sobre nosso confrade João Batista Ericeira, aniversariante do período... artigo sobre o genro de Fran Paxeco, marido de Elza (maranhense) e pai de Rosa... Grizoste lembra também o aniversário de morte de Gonçalves Dias com dois belos poemas... Brandão, comemora com o lançamento de novo livro (aparece em ‘na mída’...) Continuamos com os pedidos de cada ocupante de cadeira escreva nessas datas, sobre seus patronos – sobre nascimento ou morte... mas nada acontece! Esse, o sentido de manter essa sessão na Revista. Em ‘Artigos, Cronicas, Contos e Opiniões’ destinada a material inédito temos algumas poucas contribuições, geralmente vamos buscá-las nas mídias sociais; muitas – como as do Brandão – depois vêm aparecendo na mídia impressa... preferimos mantê-la aqui, pois recebemos primeiro... “ALL NA MÍDIA”, como já tantas vezes afirmado, destina-se às publicações de nossos membros que apareceram nas mídias – jornais, revistas, comunicados, lançamentos – e optamos por replicar aqui, pois aparecendo em jornal – a sua maioria – ou em boletins de vários entes – UFMA, FUNC, SECULTURA... – têm vida efêmera; aqui registrados ficam com nossa contribuição para o desenvolvimento da cultura e das ciências maranhense. É um retrato do trabalho acadêmico... Por fim “Poesias e Poetas” procura o registro do trabalho de poetar dos nossos membros, além de artigos que traçam a arte de poetar... servimo-nos de colaboradores, de artigos publicados na imprensa, e que gentilmente seus autores nos enviam e autorização a publicação... Nesse trimestre, a Plenária de Outubro não foi realizada; a explicação, de que a tivemos como publica e solene no dia 11/10... mas esta já estava nom calendário da FELIS; a Plenária seria a reunião da Diretoria, e a Plenária propriamente dita, o que ultimamente têm sido realizadas em conjunto, sempre com os mesmos ‘gatos pingados’ em numero de 10-12, raramente ultrapassando esse numero e quase sempre nem mesmo atingindo-o. Considerando que uma Academia vive da participação de seus membros, vimos que os poucos ativos fazem um barulho muito grande!!! Mas sentimos a falta dos demais, afinal, somos quantos, hoje? 27... Fica ainda a questão das vagas em aberto. Muitos consideram levar “à bacia das almas” a abertura das vagas remanescente, optando por uma abertura lenta e gradual... mas nem mesmo essa acontece! Já temos algumas desistências de indicação, vaga aberta por falecimento, logo no inicio, e que já deveria ter sido preenchida, vagas por renuncias tácitas, e outras mais... Deveríamos ter, em outubro, esboçado a próxima eleição de diretoria, pois em dezembro encerrase o mandato da atual; e os prazos, serão cumpridos? Minha opinião – vencida – de uma renuncia em


maio, para proporcionar a eleição em julho e posse em agosto, coincidindo o mandato e posse da nova direção, no aniversário da Academia... Não houve renuncia de tempo de mandato... E assim não teremos essa coincidência... Vejamos a conseqüência de não realização da Plenária no dia 29 de outubro: Art. 66. As eleições serão convocadas com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, mediante edital divulgado por via eletrônica ou postal, dirigido a todos os Acadêmicos, acompanhado de: I – informações precisas sobre data e horário de início do sufrágio; II – documentos e formulários referentes à votação. § 1º O edital poderá também ser divulgado em jornal, procedimento esse obrigatório no caso das eleições dos membros efetivos. § 2º Salvo em circunstâncias excepcionais, assim reconhecidas pela Diretoria, as eleições dar-se-ão no curso de sessões ordinárias. Art. 68. Os prazos relativos às eleições da Academia não fluirão durante o período de recesso. Art. 69. A Diretoria e o Conselho Fiscal serão eleitos, preferencialmente, na penúltima sessão ordinária do ano imediatamente anterior ao do término dos mandatos em curso. Parágrafo único. Os membros da Diretoria e do Conselho Fiscal poderão ser reeleitos individual ou coletivamente. Art. 70. A convocação de que cuida o art. 66 mencionará todos os candidatos à Diretoria e ao Conselho Fiscal que se houverem apresentado, opportuno tempore, coletiva ou isoladamente, mediante comunicação escrita, lida em sessão ordinária e devidamente consignada em ata. § 1º Cabe aos candidatos que se apresentarem posteriormente à convocação das eleições para a Diretoria e o Conselho Fiscal dar conhecimento desse fato aos Acadêmicos, depois da devida comunicação à Diretoria. § 2º Até antes de formalmente iniciadas as eleições, será admitida a apresentação de candidaturas isoladas ou coletivas. Art. 74. A eleição para as comissões permanentes deverá coincidir com as eleições para a Diretoria e o Conselho Fiscal.

O recesso de fim de ano, conforme calendário aprovado iniciará em 20 de dezembro!!! A penúltima Plenária Ordinária é a de Novembro!!! Quando escrevo estas linhas, ainda estávamos em 13 de novembro... E nenhuma comunicação da Diretoria ou manifestação da Presidência... Então provoquei mandando correspondência à Diretoria pedindo uma manifestação... Silencio total; uma pesgunta, da vice, sobre os prazos e as formas de (re)agir... até o edital – minuta – enviei, mas não recebi nada, além de um telefonema do presidente, perguntando sobre as mesmas coisas... mas já depois de 20 de novembro... Já 29 de novembro. Não recebo comunicação se haverá ou não reunião Plenária deste mês. Pergunto, enviando correspondência a todos os sócios e recebo duas respostas: uma que ouviu dizer que haveria, mas não recebera qualquer comunicado até o momento (sábado, 7:30 da manhã do dia 29/11) e outra, que circulara a convocação via whatsup – zapzap – e pergunto: quem não recebe? Quem não assina? Essa não é a forma de comunicação definida em regimento... Não houve pauta divulgada e ainda por cima, morre Nauro Machado. Com quem consegui falar, disseram-me ir ao velório... e a Plenária? Vamos aguardar a ata e/ou relatório. Haverá eleição? Mistério!!! Em meio à esse turbilhão – e à dúvidas se a ALL ainda existe – chega-nos a notícia de falecimento de Nauro Machado... Recorri ao Fernando Braga e ao Edmilson Sanches para prestar-lhe nossas homenagens... E soube que houve a reunião, que teria sido publicado em jornal o edital, e que foram marcadas as eleições para o dia 28 de dezembro... como? Não sei, não estava presente... Pedi que me enviassem as fotos, e até o momento, não apareceram. Deixamos de fazer o registro, pois, assim como o que foi discutido e as decisões tomadas. É assim... às escondidas? Será?


Tivemos os 90 anos do IHGM. Deveria ser publicada revista comemorativa, com edital saído e artigos recebidos. Dizem, falta de patrocínio para a publicação, impediram a mesma de sair. Havia escrito alguns artigos, aprovados pela Comissão, para serem publicados na edição em questão. Como não saiu, e resultado de pesquisa exaustiva ao longo do ano, passo a disponibilizar aqui, neste espaço... Da mesma forma, lanço questão: existe uma literatura afrodescendente no Maranhão? Provocado pela leitura de Luiza Lobo. Mandei o artigo para vários membros da comunidade literária, da ALL e fora dela, e não mrecebi resposta, ainda... mas fica a provocação... Alguns lançamentos de livros de nossos membros ocorreram no período, da Ana Luiza (relançamentos...), do José Fernandes, do Daniel Blume, do André Gonzalez (dois!!), do João Batista Ericeira, da Ceres Costa Fernandes (dois!!), e do Brandão... Sem contar os 10 (dez) livros lançados durante a Feira do Livro, alguns dentro de nosso espaço, outros em outros espaços... Assim como a Ana Luiza, novamente, premiada pelo seu magnífico 1612, desta vez pelo Pen Clube do Brasil, e nossa correspondente Vanda Salles recebeu o Premio Clarice Lispector... Os habituais colaboradores: Aymoré (crônicas e poesias), Antonio Brandão, com suas crônicas semanais, Aldy, sempre magnífico e didático, Dilercy... inclui algumas poesias de outros poetas, de fora da ALL, mas que merecem divulgação, assim como alguns escritos de outros habituais, como Fernando Braga e José Neres... Vespera de Natal, a magnífica cronica do Brandão, lembrando-nos da data... Espero a do Aymoré... E logo após as festas do nascimento – lembram do que se comemora nesta data??? A eleição!!! Ainda sem comunicação de se há, ou não, chapa inscrita, se há, ou não, candidatos manifestos... Aguardemos o dia!!! Finalmente, temos papa... ops, presidente novo... Cumprindo o edital anunciado, chegado na semana anterior – na forma de lembrete!!! Das eleições, eleitos: Presidente - DILERCY ARAGÃO ADLER Vice Presidente – SANATIEL DE JESUS PEREIRA Secretário Geral – CLORES HOLANDA SILVA 1º Secretário – MÁRIO LUNA 2º Secretário – DANIEL BLUME 1º Tesoureiro – RAIMUNDO CAMPOS FILHO 2º Tesoureiro – RAIMUNDO MEIRELES Conselho Fiscal: ROQUE PIRES MACATRÃO (Presidente) ÁLVARO URUBATAM MELO MICHEL HERBERT FLORENCIO Boa sorte à nova equipe!!! E Oremos... Creio que esta publicação tenha alcançado algum prestígio, pois recebo do Prof. Dr. Rossini Corrêa um pedido inusitado: a publicação na ALL EM REVISTA, de um artigo de Diplomata moçambicano radicado em Brasília... tratando das relações Brasil-Moçambique, apontando as diferenças profundas entre os dois países e a formação dos seus Estados Nacionais, os quais têm em comum, contudo, apesar dos seus estágios materiais peculiares, o desafio de vencer o


subdesenvolvimento, a desigualdade social, a pobreza e a miséria. Atendamos, pois o pedido do ilustre Mestre... Creio que este seja o ultimo numero da ALL EM REVISTA a ser publicadom sob minha responsabilidade. Agradeço ao Dr. Roque Pires Macatrão a as palavras elogiosas (imerecidas...) de minha atuação enquanto Secretário geral da ALL. E sobretudo, após minha saída, a confiança em me manter como Editor desta Revista Eletrônica. Sob nova direção, não saberei dizer se continuo ou não, dependendo de qual será a composição do novo Conselho Editorial, e a orientação que será dada à publicação.

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Membro fundador – Cadeira 21 EDITOR DA ALL EM REVISTA PLENÁRIA DE DEZEMBRO – ELEIÇÃO DA NOVA DIRETORIA

CAMPOS, ARQUIMEDES, CLORES, DANIEL, MARIA THEREZA, DILERCY, MACATRÃO, BRANDÃO, ANA LUIZA, CERES, LEOPOLDO, PAULO VAVÁ já havia saído; Meireles, Almada Lima e Luna ainda não haviam chegado... 27 membros ativos – 16 compareceram – nenhum voto por correspondência. Eleição por Aclamação, pois havendo uma chapa inscrita e ninguém se manifestou a concorrer a algum dos cargos, individualmente.


PLENÁRIA DE SETEMBRO

Realizada na Sala do Poeta – Centro da Memória Republicana 26/09/2015 – 9 as 11 hs Leopoldo, Ceres, Clores, Macatrão, Dilercy, Ana Luiza, Aldy, Campos, Sanatiel, Luna, Álvaro



18:00

Dilercy Adler

Circulo de Fuego

Casa do Escritor

R$ 10,00

18:00

Dilercy Adler

DOSES HOMEOPÁTICAS DE POESIA: lua e poesia num ato de amor libidinosamente sensual!

Casa do Escritor

R$ 20,00

20:00

Alvaro Urubatan (Vavá Melo)

DOM LUÍS DE BRITO - O POLITICO, REVOLUCIONÁRIO, EDUCADOR E ORADOR

Casa do Escritor

17:00

Ana Luiza Almeida Ferro

MÁRIO MEIRELES: historiador e poeta

18:00

Eliane Morais Araújo

COMENSAIS.

ALL

18:00 18:00

Carlos Brunno Silva Barbosa Carlos Brunno Silva Barbosa Dilercy Adler Dilercy Adler

Bebendo Beatles e Silêncios Foda! E outras palavras poéticas

ALL ALL

R$ 15,00 R$ 25,00

Circulo de Fuego DOSES HOMEOPÁTICAS DE POESIA: lua e poesia num ato de amor libidinosamente sensual!

ALL ALL

R$ 10,00 R$ 20,00

Luiza Leite Bruno Lobo

Crítica Sem Juízo.

Café Literário

Weberson Fernandes Grizoste Carlos Brunno Silva Barbosa

A Arte de Ficção de Walter Besant.

Café Literário

Bebendo Beatles e Silêncios

Café Literário

Dilercy Aragão Adler e Leopoldo Gil Dulcio Vaz (Organizadores) Leopoldo Gil Dulcio Vaz e Dilercy Aragão Adler (Organizadores)

Cento e Noventa Poemas Para Maria Firmina dos Reis

Café Literário

Sobre Maria Firmina dos Reis.

Café Literário

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10 19:00

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17:20 às 18h 17:20 às 18h 17:20 às 18h 17:20 às 18h 17:20 às 18h

Café literário


PROGRAMAÇÃO COMEMORATIVA DOS 190 ANOS DE MARIA FIRMINA DOS REIS DIA: 11/10/2015 HORÁRIO: das 15 às 18horas. LOCAL: Espaço do Café Literário da FELIS 15 Horas: Abertura da Solenidade Composição da mesa Entrega do título de “Presidente de Honra” da Academia Ludovicense de Letras ao Exmo. Sr. Prefeito Municipal Edvaldo Holanda Junior Entrega dos diplomas de Membros Correspondentes à Profa. Dra. Luiza Leite Bruno Lobo e ao Prof. Dr.Weberson Fernandes Grizoste 15:40 Mesa Redonda Tema: Luz e Sombra na Obra de Maria Firmina dos Reis Conferencista: Profa. Dra. Luiza Leite Bruno Lobo 16:20 1º Debatedor: Prof. Dr.Weberson Fernandes Grizoste 16:35 2º Debatedor: Prof. Dr. Acildo Leite da Silva - UFMA Coordenador: Aldy Mello de Araujo 16:50 Recital de Poesia e Apresentação Musical pela Brigada “Poeta Sousândrade"de Guimarães Poesias de Maria Firmina do Reis e poesias em sua homengem Interpretação da Canção Valsa, letra e música de Maria Firmina dos Reis, por Isabel Cristina Teixeira de Sousa. 17:20 às 18h Lançamentos de Livros: Luiza Leite Bruno Lobo: Crítica Sem Juízo. Weberson Fernandes Grizoste: A Arte de Ficção de Walter Besant. Carlos Brunno Silva Barbosa: Bebendo Beatles e Silêncios Dilercy Aragão Adler e Leopoldo Gil Dulcio Vaz (Organizadores): Cento e Noventa Poemas Para Maria Firmina dos Reis. Leopoldo Gil Dulcio Vaz e Dilercy Aragão Adler (Organizadores): Sobre Maria Firmina dos Reis.


LANÇAMENTOS: - DIA 07 – casa do escritor – 18 horas Dilercy Adler Circulo de Fuego

R$ 10,00

Dilercy Adler DOSES HOMEOPÁTICAS DE POESIA: lua e poesia num ato de amor libidinosamente sensual! R$ 20,00


DIA 8 – 20:00 Alvaro Urubatan (Vavá Melo) DOM LUÍS DE BRITO - O POLITICO, REVOLUCIONÁRIO, EDUCADOR E ORADOR Casa do Escritor


DIA 9 17:00 Ana Luiza Almeida Ferro

MÁRIO MEIRELES: historiador e poeta

18:00 Eliane Morais Araújo

COMENSAIS

ALL

Convite-Lançamento do livro Mário Meireles IHGM - ANA LUIZA FERRO

Café literário


Caros Confrades: Segue convite para palestra e LANÇAMENTO DE LIVROS Seria uma honra a sua presença. Espaço: Café Literário - Feira de São Luís (Centro de Criatividade Odylo Costa Filho) Horário: a partir das 17h, sexta-feira (dia 09.10.15) O livro Mário Meireles: historiador e poeta (Curitiba: Juruá, 2015, 134 p.) está à disposição nos estandes da Casa do Autor Maranhense/Livraria Vozes e do IHGM. Depois da feira estará à disposição na mesma Livraria Vozes e na Livraria do Advogado (Tropical Shopping e Fórum). Também pode ser obtido mediante contato direto com a Editora Juruá, pela internet ou por telefone. O livro tem como tema central a vida e a obra do Prof. Mário Martins Meireles, renomado historiador maranhense, autor de mais de 30 livros, e poeta de produção ainda pouco conhecida, a propósito da celebração do centenário de seu nascimento (1915-2015), pela ótica do discurso de elogio ao patrono da Cadeira nº 31 da Academia Ludovicense de Letras (ALL), proferido em solenidade da entidade referida, ocorrida em 2014, e de dois artigos, também em homenagem ao historiador mencionado, publicados na imprensa maranhense, de autoria da Acadêmica Ana Luiza Almeida Ferro, ocupante da mesma Cadeira nº 31, apresentando, ainda, na parte dos anexos, textos inéditos ou atualmente pouco acessíveis ao grande público, alguns em fac-símile, da lavra do homenageado – um ensaio sobre o soneto, um discurs o referente a uma aula da saudade (1981), três sonetos petrarquianos e o poema “O Imortal Marabá” (1948) –, o discurso pronunciado pelo Prof. José Maria Ramos Martins por ocasião de sua posse na Cadeira nº 9 da Academia Maranhense de Letras (2004), como sucessor do Prof. Mário Meireles, e o alvará judicial que autorizou a retificação da grafia do sobrenome Meireles, em acolhimento ao pleito do historiador. Trata-se de obra ilustrada. Um abraço, Ana Luiza Almeida Ferro

Antônio Augusto Ribeiro Brandão

Comunico aos amigos do Facebook que os meus livros "Fortes Laços" e "Crônicas de 400 anos/Chroniques de 400 ans", já lançados e relançados anteriormente, encontram-se à venda na 9ª Feira do Livro de São Luís, nos stands da Academia Ludovicense de Letras e da Livraria Vozes.


DIA 10 18:00 Carlos Brunno Silva Barbosa 19:00 Carlos Brunno Silva Barbosa Dilercy Adler Dilercy Adler

Bebendo Beatles e Silêncios ALL Foda! E outras palavras poéticas ALL Circulo de Fuego DOSES HOMEOPÁTICAS DE POESIA: lua e poesia num ato de amor libidinosamente sensual! ALL

As duas tardes de autógrafos dos meus livros "Foda-se! E Outras Palavras Poéticas..." e "Bebendo Beatles e Silêncios" na 9.ª Feira do Livro de São Luís/MA (FELIS) nos dias 10/10, às 18h, e 11/10, de 17:20 às 18h, já estão sendo divulgados no meu site. O site também traz alguns poemas, críticas, etc. sobre mim.

Carlos Brunno S. Barbosa, O Poeta da Derrota Gloriosa | NOVIDADES E EVENTOS

SÓCIO CORRESPONDENTE DA ALL


DIA 11 – CAFÉ LITERÁRIO – 17:00 HORAS Luiza Leite Bruno Lobo - Crítica Sem Juízo Weberson Fernandes Grizoste - A Arte de Ficção de Walter Besant Carlos Brunno Silva Barbosa - Bebendo Beatles e Silêncios Dilercy Aragão Adler - Cento e Noventa Poemas Para Maria Firmina dos Reis Leopoldo Gil Dulcio Vaz (Organizadores) - Sobre Maria Firmina dos Reis.





PALESTRA DE LUIZA LOBO NA FELIS:

A PIONEIRA MARIA FIRMINA CENÁRIO DO ROMANTISMO

SÓCIA CORRESPONDENTE DA ALL


FELIS NAS ESCOLAS: A Profa. Luiza Lobo na Unidade Integrada "Maria Firmina dos Reis" para um "bate-papo" com alunos. Muito enriquecedor!!!



LANÇAMENTO DA REVISTA "CÍRCULO DE FUEGO" (POEMAS DE DILERCY ADLER) e do Livro "Doses Homeopáticas de Poesia; Lua e Poesia..." de Dilercy Adler, ontem, dia 07, às 18h na casa do Escritor Alberico Carneiro na FELIS.

(09/10), PROGRAMA DA RADIO TIMBIRA DE MARCUS SALDANHA, DEDICADO À FELIS

Profa. Luiza Lobo (UFRJ, convidada da ALL e da FELIS), Frederick Brandão (Pesquisador) Dilercy Adler (Vice presidente da ALLe Poeta) e Marcus Saldanha Barbalho (Rádio Timbira)





VISITA DO BRANDÃO AO STAND DA ALL

TARDE DE AUTÓGRAFO NO STAND DA ALL DO SÓCIO CORRESPONDENTE BRUNNO





"CENTO E NOVENTA POEMAS PARA MARIA FIRMINA DOS REIS". Obrigada Dilercy Aragão Adler por despertar em nós ainda mais a paixão pelo poema. De fato o dia virá em que os homens reconheçam que são todos irmãos"(Maria Firmina dos Reis)









A ESCRITORA REGIANA TAVARES AUTOGRAFANDO SEU LIVRO: DESVELO DO UNIVERSO DE UMA ESPECIAL- NO ESTANDER DA ALL- NA 9. FELIS-MA


DILERCY ARAGÃO ADLER E SEU LIVRO DOSES POÉTICAS HOMEOPÁTICAS E A REVISTA PERUANA CIRCULO DEL FUEGO, DE FELICIANO MEJIA





Alunas do CE Nossa Senhora da Assunção – Anexo Cumã, declamaram poesias de Maria Firmina dos Reis no Café Literário da 9ª Feira do Livro de São Luís.


EM GUIMARテウS




A Profa. Luiza Lobo, o Prof. Grizoste, o Prof. Carlos Bruni, os nossos ilutres visitantes do Rio de Janeiro e Amazonas e a confreira Ceres Fernandes, a confreira Clores Holanda e eu (Dilercy Adler) fomos à Guimarães participara da Comemoração do aniversário dos 190 anos de nascimento de Maria Firminas dos Reis. A Profa. Luiza Lobo fez brilhante palestra, os demais professores visitantes lançaram livros juntamente comigo que, além de lançar uma revista e um livro, lancei os dois livros, em homenagem à Maria firmina: "Cento e noventa poemas para Maria Firmina dos Reis" e "Sobre Maria Firmina dos Reis" organizados por mim (Dilercy Adler) e o Prof. LeopoldoVaz.



LANÇAMENTO DE LIVROS DE CONFRADES 05 NOVEMBRO 2015 AML


CALENDÁRIO 2015 – efemérides – outubro a dezembro 01 08 11 13 14 17 22 25 27 29 31 02 03 09 08 11 13 14 19 28 29 05 09 14 20 25 26

OUTUBRO 1884 – NASCIMENTO DE LAURA ROSA – PATRONA DA CADEIRA 25 1863 – NASCIMENTO DE CATULO DA PAIXÃO CEARENSE – PATRONO DA CADEIRA 17 1825 – NASCIMENTO DE MARIA FIRMINA DOS REIS – PATRONA DA CADEIRA 8 2005 - FALECIMENTO DE MARIA DA CONCEIÇÃO NEVES ABOUD – PATRONA DA CADEIRA 37 1818 – NASCIMENTO DE CANDIDO MENDES DE ALMEIDA – PATRONO DA CADEIRA 6 1929 – NASCIMENTO DE ARTHUR ALMADA LIMA FILHO – FUNDADOR DA CADEIRA 18 1908 – FALECIMENTO DE ARTUR NABANTINO GONÇALVES DE AZEVEDO – PATRONHO DA CADEIRA 13 1886 – NASCIMENTO DE HUMBERTO DE CAMPOS VERAS – PATRONO DA CADEIRA 27 1913 – NASCIMENTO DE MARIA DE LOURDES ARGOLLO OLIVER – DILÚ MELO – PATRONA DA CADEIRA 29 1977 – NASCIMENTO DE DANIEL BLUME DE ALMEIDA – 1º OCUPANTE DA CADEIRA 15 1951 – NASCIMENTO DE RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO – FUNDADOR DA CADEIRA 5 1962 – NASCIMENTO DE RAIMUNDO GOMES MEIRELRES – FUNDADOR DA CADEIRA 17 NOVEMBRO 1946 – NASCIMENTO DE JOÃO BATISTA ERICEIRA – FUNDADOR DA CADEIRA 2 1864 – FALECIMENTO DE ANTONIO GONÇALVES DIAS – PATRONO DA CADEIRA 7 1939 – NASCIMENTO DE RAIMUNDO DA COSTA VIANA – FUNDADOR DA CADEIRA 36 1934 – NASCIMENTO DE ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO – FUNDADOR DA CADEIRA 4 1917 – FALECIMENTO DE MARIA FIRMINA DOS REIS – PATRONA DA CADEIRA 8 1849 – NASCIMENTO DE CELSO T. DA C. MAGALHAES – CELSO MAGALHAES – PATRONO DA CADEIRA 11 1935 – NASCIMENTO DE ROQUE PIRES MACATRÃO – FUNDADOR DA CADEIRA 6 1976 – FALECIMENTO DE LAURA ROSA – PATRONA DA CADEIRA 25 186 - NASCIMENTO DE ANTONIO BATISTA BARBOSA DE GODOIS – PATRONO DA CADEIRA 16 1880 – NASCIMENTO DE DOMINGOS QUADROS BARBOSA ÁLVARES – PATRONO DA CADEIRA 23 1934 – FALECIMENTO DE HENRIQUE MAXIMINIANO COELHO NETO – PATRONO DA CADEIRA 18 1880 – NASCIMENTO DE DOMINGOS QUADROS BERBOSA ALVARES – PATRONO DA CADEIRA 23 DEZEMBRO 1934 – FALECIMENTO DE HUMBERTO DE CAMPOS VERAS – PATRONO DA CADEIRA 27 2010 – FALECIMENTO DE JOSÉ RIBAMAR SOUSA DOS REIS – PATRONO DA CADEIRA 40 1914 – NASCIMENTO DE ODYLO COSTA, FILHO – PATRONO DA CADEIRA 30 1879 – NASCIMENTO DE JOSÉ AMERICO C. DOS A. MARANHÃO SOBRINHO – PATRONO DA CADEIRA 22 1915 – FALECIMENTO DE JOSÉ AMERICO C. DOS A. MARANHÃO SOBRINHO – PATRONO DA CADEIRA 22 1946 – FALECIMENTO DE DOMINGOS QUADROS BERBOSA ALVARES – PATRONO DA CADEIRA 23




SOBRE MARIA FIRMINA DOS REIS VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; ADLER, Dilercy Aragão (Organizadores). SOBRE MARIA FIRMINA DOS REIS. São Luis: ALL, 2015. Em meu artigo ALGUMAS NOTAS SOBRE MARIA FIRMINA DOS REIS, p. 97-107, refirome aos ANEXOS, em que apareceriam recortes de jornais da época em que foram publicadas as contribuições de Maria Firmina na imprensa local, assim como trajetória de sua vida, em artigos e intervenções que tratavam dessa professora. O anexo II traria uma levantamento de vasta bibliografia sobre a vida e obra de Maria Firmina, disponível na nuvem, e, onde foi possível, com o resumo dos artigos e trabalhos publicados. Não sei qual a explicação, mas esses anexos não aparecem na obra... Daí, após a conferencia da ilustre professora da UFRJ e das colocações dos dois debatedores – da UEAM e da UFMA – da falta de maiores informações sobre a vida e obra dessa maranhense, resolvi que esses anexos deveriam ser levados ao publico – em especial, os pesquisadores; os que escreveram sobre ela – resgate, como referencia sobre a informação já existente, bem como àqueles que se dedicam à critica literária e começam a ‘(re)descobrir” Maria Firmina dos Reis:

ALGUMAS NOTAS SOBRE MARIA FIRMINA... 2

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

O ano é 1861 – 25 de setembro, no. 21 -, o jornal “O Jardim das Maranhenses”, periódico semanário, literário, moral crítico e recreativo traz reportagem sobre Maria Firmina dos Reis informando que breve publicaria romance daquela professora pública de Guimarães. Logo a seguir, em 13 de outubro começam a aparecer os primeiros capítulos de Gupeva. (Anexo I). Nos números disponíveis na Hemeroteca Digital, da Biblioteca Nacional, se obteve mais referencias, desse periódico (Anexo I), recomendando a poesia de Maria Firmina, ainda no Jardim das Maranhenses, daquele ano de 1861 – os poemas que são publicados em diversas edições – Logogrifo; Ao amanhecer e o por do sol; A vida; Não me acreditas. (Anexo I), Além de poesias, Maria Firmina dos Reis colaborava com Charadas, como publicada também no Jardim das Margaridas, de 1861 (Anexo I). No ‘SEMANÁRIO MARANHENSE’, ano de 1868, setembro, aparece o poema A lua brasileira (Anexo I). Assim como no Jornal O Domingo aparece um artigo sobre suas impressões de viagem, de 1972 – página íntima (Anexo I). Mas nem tudo são flores. Maria Firmina, por ser mulata, sofreu discriminação – e por parte da autoridade policial da Vila de Guimarães, como em nota, publicada em 1868:

2

Leopoldo Gil Dulcio Vaz é membro fundador da Academia Ludovicense de Letras, Cadeira 21; sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, Cadeira 40. Professor de Educação Física, com Mestrado em Ciência da Informação. Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil.


[...] Quando disse que os soldados sob o comando do branco Bruce tinhão um comportamento irregular, não o fiz sem causa. Em noites de junho e julho últimos, os cidadãos Olmpio, Florencio e Pedro forão atacados por esses soldados. D. Maria Firmina dos Reis, professora aposentada e outra senhora que com ela vinha do sitio Capitua, ouviram boas chufas delles. A familia do Sr. Joaquim de Souza passou por igual decepção com um ouro. Eu como já noticiei fui victima dos soldados como do seu comandante alferes Bruce. Maria Firmina dos Reis era funcionária pública, professora régia, desde 1847 na vila de Guimarães. Lançou seu livro Úrsula aos 34 anos de idade, em 18593. Para Silva4, provavelmente a escrita de Úrsula tenha se dado pelos anos de 1853 e 1854, período em que pede licença várias vezes, por meses seguidos, alegando problemas de saúde. Mesmo após o lançamento do livro, novos pedidos de licença, como em 1859, conforme o Publicador Maranhense (Anexo I). Em diversas ocasiões requereu novas licenças. No ano de 1867, a Inspetoria de Ensino registrava a freqüência dos alunos das diversas aulas régias, incluindo as da Vila de Guimarães, com 8 aluna na aula (Anexo I). Em 1868, segundo despacho em o Publicador Maranhense, Maria Firmina requerera algo, não se sabe o que, sendo solicitado que provasse o que alegava (Anexo I). Em 1880, na Assembléia Provincial discutiu-se novo pedido de licença, com intenso debate entre os Deputados, como se vê da transcrição dos Anais, publicados em O Publicador Maranhense (Anexo I). Em 1881, a 18 de fevereiro, é publicada sua aposentadoria. Em 1911 recebe a visita do Governador do Estado...

Úrsula, quando de seu lançamento, recebera uma relativa acolhida pelos jornais da cidade. Ao final da vida, Maria Firmina representava o mundo de mulheres5 da segunda metade do século XIX, como mulher escritora numa sociedade na qual a literatura era além de exercício de distinção, também espaço para se pensar sobre o mundo e o meio que a cercava (SILVA, 2014) 6. Para essa autora, utilizando-se de Sevcenko7: “o século XIX foi o século da literatura”; onde a literatura – moderna – ganhou espaço, pois ocupava lugar de destaque e servia como distinção social: [...] Era preciso publicar versos para ser considerado como um individuo pensante e que se diferenciava dos demais. Na ‘Ilha de letrados em um oceano de analfabetos’8, fazer versos e publicá-los em jornais era sinal de distinção. 9. 3

MORAIS FILHO, José Nascimento. MARIA FIRMINA: fragmentos de uma vida. São Luís: COCSN, 1975. SILVA, Régia Agostinho da Silva. REPRESENTAÇÕES DE MULHES EM MARIA FIRMINA DOS REIS. In PACHECO FILHO, Alan Kardec Gomes; CORRÊA, Helidacy Maria Muniz; PEREIRA, Josenildo Jesus. SÃO LUÍS 400 ANOS - (con)tradições de uma cidade histórica. São Luis: Café & Lápis; EDUEMA, 2014. 5 Acompanhamos Silva (2014), que utiliza ‘mulheres’, no plural, por entender que, ao abordar uma história das mulheres, só podemos compreendê-la a partir de um ponto de vista diversificado, de raça, cor, classe. Conforme SAMARA, Eni de Mesquita. FAMILIA, MULHERES E PENSAMENTO: São Paulo, Século XVII. Bauru: EDUSC, 2003. SILVA, Régia Agostinho da Silva. Obra citada, 2014. 6 SILVA, Régia Agostinho da Silva. Obra citada, 2014. 7 SEVCENKO, Nicolau. LITERATURA COMO MISSÃO: tensões sociais e criação cultural na Primeira República. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1989. In SILVA, Régia Agostinho da Silva. Obra citada, 2014. 4


Após Maria Firmina, a literatura feita por mulheres não seria mais a mesma. Até então se tratava de uma literatura de ‘bicos e bordados’, falando de amores açucarados, de borboletas azuis, de amores galantes: [...] Pouquíssimas foram as mulheres escritoras que ousaram criar coisa diferente, falar de outras temáticas, e falar sobre e ser contra a escravidão; foi raríssimos, na segunda metade do século XIX, só conhecemos, até agora, os textos de Maria Firmina dos Reis. 10. Ser mulher, e escritora, na província do Maranhão em pleno Oitocentos, não deve ter sido fácil... Nota explicativa – como identificado, sou Cientista da Informação – com área de concentração em Informação em Ciência e Tecnologia, e de pesquisa na produção do conhecimento (no caso, na área Tecnológica); por anos trabalhei com a disseminação da informação (na área das Ciências dos Esportes), criando um centro de referencia. O objetivo era o de facilitar o processo de construção do conhecimento por parte de cientistas, tecnólogos - e escritores - fornecendo-lhes informação sobre a informação. O que segue são informações sobre Maria Firmina dos Reis. Buscando essas informações na “nuvem”, encontramos na Wikipédia o que segue:

Maria Firmina dos Reis - Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Maria Firmina dos Reis (São Luís, 11 de outubro de 1825 — Guimarães, 11 novembro 1917)1 foi uma escritora brasileira, considerada a primeira romancista brasileira.

de

Maria Firmina dos Reis nasceu na Ilha de São Luís, MA, em 11 de outubro de 1825. Foi registrada como filha de João Pedro Esteves e Leonor Felipe dos Reis. Mulata, bastarda, é prima do escritor maranhense Sotero dos Reis por parte da mãe. Em 1830, mudou-se com a família para a Guimarães Maranhão, no continente, município de Viana. Viveu parte de sua vida na casa de uma tia materna ‘melhor situada economicamente’”. Em 1847, concorreu à cadeira de Instrução Primária nessa localidade e, sendo aprovada, ali mesmo exerceu a profissão, como professora de primeiras letras de 1847 a 1881.2 Pioneirismo A maranhense Maria Firmina dos Reis, nascida em São Luís em 1825, mulata e bastarda, viveu e escreveu em condições opostas às que sonhava Virginia Woolf. Enfrentou todas as barreiras do preconceito e publicou, em 1859, o romance "Úrsula", considerado nosso primeiro romance abolicionista e um dos primeiros escritos por mulher brasileira. Em 1887, Firmina escreveu também um conto sobre o mesmo tema, "A Escrava" e, em 1871, publicou a obra de poesias Cantos à beira-mar. . Foi professora de primeiras letras, colaboradora de jornais literários e fundadora de uma escola gratuita e mista, para meninos e meninas, que causou escândalo no povoado de Maçaricó, em 1880, e teve que ser fechada. "Meteram-me a mim e a mais trezentos companheiros de infortúnio e de cativeiro no estreito e infecto porão de um navio. Trinta dias de cruéis tormentos, e de falta absoluta de tudo quanto é mais necessário à vida passamos nessa sepultura até que abordamos as praias brasileiras. Para caber a mercadoria humana no porão fomos amarrados em pé e para que não houvesse receio de revolta, acorrentados como animais ferozes das nossas matas, que se levam para recreio dos potentados da Europa." ("Úrsula", de Maria Firmina dos Reis). 8

CARVALHO, José Murilo de. A CONSTRUÇÃO DA ORDEM: a elite política imperial, Teatro das sombras: a política imperial. 3 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. In SILVA, Régia Agostinho da Silva. Obra citada, 2014. 9 In SILVA, Régia Agostinho da Silva. Obra citada, 2014. 10 SILVA, Régia Agostinho da Silva. Obra citada, 2014.


Maria Firmina desconstrói igualmente uma história literária etnocêntrica e masculina até mesmo em suas ramificações afro-descendentes. Úrsula não é apenas o primeiro romance abolicionista da literatura brasileira, fato que, inclusive, nem todos os historiadores admitem. É também o primeiro romance da literatura afro-brasileira, entendida esta como produção de autoria afrodescendente, que tematiza o assunto "negro" a partir de uma perspectiva interna e comprometida politicamente em recuperar e narrar a condição do ser negro no Brasil. Acresça-se a isto o gesto (civilizatório) representado pela inscrição em língua portuguesa dos elementos da memória ancestral e das tradições africanas. Texto fundador, Úrsula polemiza com a tese segundo a qual nos falta um “romance negro”, pois apesar de centrado nas vicissitudes da heroína branca, pela primeira vez em nossa literatura, tem-se uma narrativa da escravidão conduzida por um ponto de vista interno e por uma perspectiva afro-descendente. No prólogo da obra, a autora afirma saber que “pouco vale este romance, porque escrito por uma mulher, e mulher brasileira, de educação acanhada e sem o trato e conversação dos homens ilustrados.” Por trás dessa declaração de modéstia, a escritora revelou sua condição social: o fato de não ter estudado na Europa, nem dominar outros idiomas, como era comum entre os homens educados de sua época, por si só indicava o lugar que ocupava na sociedade em que nasceu. É desse lugar intermediário, mais próximo da pobreza que da riqueza, que Maria Firmina corajosamente levantou sua voz através do que chamou “mesquinho e humilde livro”. E, mesmo sabendo do “indiferentismo glacial de uns” e do “riso mofador de outros”, desafiou: “ainda assim o dou a lume”. O romance trata de uma trágica história de amor entre dois jovens: a pura e simples Úrsula e o nobre bacharel Tancredo, e, aparentemente, é uma clássica história de amor impossível, como muitas de seu tempo. Porém, logo se nota, pelo tratamento dado aos personagens negros, às mulheres e à escravidão, que as preocupações presentes no romance são outras, pois, apesar de ter sido escrito num período de nacionalismo exacerbado, destoa da literatura produzida em sua época em muitos aspectos, já que não parece estar comprometido com o projeto romântico que era fundar a idéia de nação, construindo através de suas narrativas um ser nacional. O prólogo estabelece o território cultural que embasa o projeto do romance. Era 1859, momento em que a prosa de ficção dava seus primeiros passos na literatura brasileira. Com seu gesto, sob muitos aspectos inaugural, Maria Firmina apontou o caminho do romance romântico como atitude política de denúncia de injustiças, há séculos arraigadas na sociedade patriarcal brasileira e que tinham no escravo e na mulher suas principais vítimas. Foi, portanto, como mulher e como afro-brasileira que a autora pôs-se a narrar o drama da jovem Úrsula e de sua desafortunada mãe, ao qual se acrescentaram os infortúnios de Tancredo, traído pelo próprio pai, e a tragédia dos escravos Túlio, Susana e Antero, que receberam no texto um tratamento marcado pelo ponto de vista interno, pautado por uma profunda fidelidade à história oculta da diáspora africana no Brasil. Essa solidariedade para com o oprimido é absolutamente inovadora se comparada àquela existente em outros romances abolicionistas do século XIX, pois nasceu de uma outra perspectiva, pela qual a escritora, irmanada aos cativos e a seus descendentes, expressou, pela via da ficção, seu pertencimento a este universo de cultura. A narrativa se articula a partir de um triângulo amoroso formado por Adelaide, Tancredo e seu pai. Esse triângulo é desfeito com a derrota de Tancredo. Cria-se, então, um segundo triângulo formado por Tancredo, Úrsula e seu tio. Mas há, também, uma tríade, formada por três personagens negros, que vão aparecendo ao longo da narrativa, cuja importância vai tomando proporções cada vez maiores: Túlio, Mãe Susana e Antero que, juntamente com o jovem Tancredo, dão o tom diferente à narrativa. Um leitor desavisado pode entender seus papéis como mero acessório para o drama dos demais personagens, porém, ao ler com o cuidado que o


romance merece, percebe-se que o drama dos escravos vai tomando proporções cada vez maiores, a ponto de prender a atenção do leitor. Do ponto de vista formal, o texto marca-se pela linearidade narrativa e por personagens desprovidos de maior complexidade psicológica. Tais figuras vivem quase sempre situações extremas, marcadas pelo acaso e por mudanças bruscas do destino. Situando Úrsula no contexto da narrativa folhetinesca, pode-se aquilatar o quanto a escritora se apropria das técnicas do romance de fácil aceitação popular, a fim de utilizá-las como instrumento a favor da dignificação dos oprimidos, em especial a mulher e o escravo. O triângulo amoroso formado pela jovem Úrsula, seu amado Tancredo e pelo tio Comendador, que surge como encarnação de todo o mal sobre a terra, ocupa o plano principal das ações. Além de assassinar o pai e abandonar a mãe da protagonista anos e anos entrevada numa cama, o Comendador compõe a figura sádica do senhor cruel que explora a mão de obra cativa até o limite de suas forças. Ao final, enlouquecido de ciúmes, o vilão mata Tancredo na própria noite do casamento deste com Úrsula, o que provoca a loucura, o posterior falecimento da heroína e o inconsolável remorso que também leva o tio à morte, não sem antes passar pela libertação de seus escravos e pela reclusão num convento. O texto descarta o final feliz e opta pelos esquemas consagrados no romance gótico a fim de estabelecer a empatia com o público. Todavia, o livro cresce na medida em que emergem os dramas dos escravos. A narrativa se inicia com o jovem Túlio – único cativo da decadente propriedade da mãe de Úrsula – salvando a vida de Tancredo num acidente. Não por acaso, o primeiro capítulo, destinado à apresentação do cenário e dos dois personagens, se intitula “Duas Almas Generosas” e logo sabe-se porquê. De imediato, destaca-se a humanidade condoída do sujeito afro-descendente, cujo perfil dramático e existencial vai além da mera força de trabalho ou do papel de porta-voz do ódio rancoroso dos quilombolas. Na construção dos personagens nota-se uma valorização das características próprias dos afrodescendentes, rompendo-se, assim, com o estereótipo racial que sempre deu ao negro uma conotação negativa – o que podemos perceber na seguinte descrição de Túlio que é uma verdadeira exaltação à raça negra: O homem que assim falava era um pobre rapaz, que ao muito parecia contar 25 anos, e que na franca expressão de sua fisionomia deixava adivinhar toda a nobreza de um coração bem formado. O sangue africano refervia-lhe nas veias; o mísero ligava-se à odiosa cadeia da escravidão; e embalde o sangue ardente que herdara de seus pais, e que o nosso clima e a escravidão não puderam resfriar, embalde – dissemos – se revoltava; porque se lhe erguia como barreira – o poder do forte contra o fraco (Reis, 2004: 22). A composição do personagem já indica a perspectiva que orienta a representação do choque entre as etnias no texto de Maria Firmina dos Reis. A escravidão é “odiosa”, mas nem por isto endureceu a sensibilidade do jovem negro. Eis a chave para compreender a estratégia da autora de combate ao regime sem agredir em demasia as convicções dos leitores brancos. Túlio era vítima, não algoz. Sua revolta se fazia em silêncio, pois não tinha meios para confrontar o poder dos senhores. Não os sabotava nem os roubava, todavia, como os escravos presentes em As Vítimas-algozes, de Joaquim Manoel de Macedo (1869). Seu comportamento pautava-se pelos valores cristãos, apropriados pela autora a fim de melhor propagar seu ideário: Obras3  

Úrsula. Romance, 1859. Gupeva. Romance, 1861/1862 (O jardim dos Maranhenses) e 1863 (Porto Livre e Eco da Juventude).  Poemas em: Parnaso maranhense, 1861.


  

A escrava. Conto, 1887 (A Revista Maranhense no. 3) Cantos à beira-mar. Poesias, 1871. Hino da libertação dos escravos. 1888.

Poemas em: A Imprensa, Publicador Maranhense; A Verdadeira Marmota; Almanaque de Lembranças Brasileiras; Eco da Juventude; Semanário Maranhense; O Jardim dos Maranhenses; Porto Livre; O Domingo; O País; A Revista Maranhense; Diário do Maranhão; Pacotilha (jornal); e Federalista. Composições musicais: Auto de bumba-meu-boi (letra e música); Valsa (letra de Gonçalves Dias e música de Maria Firmina dos Reis); Hino à Mocidade (letra e música); Hino à liberdade dos escravos (letra e música); Rosinha, valsa (letra e música); Pastor estrela do oriente (letra e música); Canto de recordação (“à Praia de Cumã”; letra e música). Literatura secundária 

BLAKE, AUGUSTO VICTORINO SACRAMENTO. «Maria Bibliographico Brazileiro. Vol. 6, p. 232.

Firmina

dos

Reis» Em:

_______. Diccionario

Referências 1.

SOUZA DOREA, ALFREDO. Maria Firmina dos Reis, negra memória do Maranhão. Em: Cadernos do Ceas. Salvador da Bahia, 1995. ISSN 0102-9711

2.

MUZART, Zahidé Lupinacci (org.). Escritoras brasileiras do século XIX: Antologia. Florianópolis/Santa Cruz so Sul: Editora Mulheres/EDUNISC, 1999, p. 271-272. ISBN 85-86501-09-3

3.

Seleção tida de: MUZART, Zahidé Lupinacci (org.). Escritoras brasileiras do século XIX: Antologia. Florianópolis/Santa Cruz so Sul: Editora Mulheres/EDUNISC, 1999, p. 271-272. ISBN 8586501-09-3


As buscas na nuvem nos trazem inúmeros estudos já realizados sobre a vida e obra dessa – ao que parece não tão esquecida - escritora ludovicense. Soube, inclusive, de um Grupo de Estudos constituído na UNICAMP: [...] na verdade, é algo bem simples e pequeno ainda. Talvez tome maiores proporções no futuro, mas é algo incerto. A pesquisa é devido a uma disciplina de Teoria Literária que estamos cursando na faculdade. O grupo é constituído por três pessoas apenas; duas meninas, além de mim. Ainda estamos no segundo período de nossa graduação. A pesquisa tem o objetivo de coletarmos dados acerca de um determinado autor e sua obra, para construirmos ao final do semestre um dossiê que reúna todos esses dados coletados. Escolhemos Maria Firmina como a autora a ser pesquisada por ela constar na lista de autores disponibilizada pela professora. Eu e as meninas do grupo não conhecíamos Maria Firmina, porém nos interessamos bastante (eu, pelo menos) por ela após começarmos a pesquisa, de modo que, quem sabe numa pós, mestrado, etc., uma de nós possa ainda investir na pesquisa sobre a autora. Creio que os dados que coletamos não apresentam nada de excepcional, mas pretendemos montar um dossiê bem bonito e, de qualquer forma, o enviaremos a você depois de finalizado (Carvalho, Júlia, 13 de novembro de 2014, Correspondência pessoal) 11.

11

CARVALHO, Julia. Correspondência eletrônica pessoal, em novembro de 2014, várias trocas de mensagens sobre Maria Firmina dos Reis.


ANEXO I Compilado por Leopoldo Gil Dulcio Vaz TEXTOS DE/SOBRE MARIA FIRMINA DOS REIS PUBLICADOS NA IMPRENSA

“O Jardim das Maranhenses”, 25 de setembro de 1861, no. 21



“O Jardim das Maranhenses�, 1861




“O Jardim das Maranhenses�, 1861


“O Jardim das Maranhenses�, 1861


“O Jardim das Maranhenses�, 1861


“O Jardim das Maranhenses�, 1861






O Domingo, 1872


LICENÇAS DADAS A MARIA FIRMINA

O Publicador,1863


O Publicador, 1866

Publicador, 1871


O Publicador, 1874

REGISTRO DE AULAS

REQUERIMENTO, DESPACHADO QUE PROVASSE AS ALEGAÇÕES


DEBATE NA ASSEMBLÉIA PROVINCIAL SOBRE AS LICENÇAS DE MARIA FIRMINA






PUBLICAÇÃO DA APOSENTADORIA COMO PROFESSORA

MARIA FIRMINA RECEBE A VISITA DO GOVERNADOR


ANEXO II BIBLIOGRAFIA SOBRE MARIA FIRMINA DO REIS Compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz

ALMEIDA, Horácio. “Prólogo”. In: ÚRSULA: ROMANCE ORIGINAL BRASILEIRO. ed. fac-similar. Rio de Janeiro: Gráfica Olímpica Editora LTDA, 1975. BARBOSA, Adriana de Oliveira. GÊNERO E ETNICIDADE NO ROMANCE ÚRSULA, DE MARIA DOS REIS. Dissertação de Mestrado. Belo Horizonte: UFMG, 2007. BARBOSA, Elizângela Fernandes. REPRESENT(AÇÕES) LITERÁRIAS EM A ESCRAVA, DE MARIA FIRMINA DOS REIS. Anais do XIV Seminário Nacional Mulher e Literatura / V Seminário Internacional Mulher e Literatura. http://www.telunb.com.br/mulhereliteratura/anais/wp-content/uploads/2012/01/elizangela_fernandes.pdf BARROS, Maria Aparecida de. VOZES FEMININAS E ÉTNICAS: A NARRATIVA ENQUANTO EXPRESSÃO DA VIDA. Terra roxa e outras terras – Revista de Estudos Literários. Volume 17-B (dez. 2009) ISSN 1678-2054 http://www.uel.br/pos/letras/terraroxa http://www.uel.br/pos/letras/terraroxa/g_pdf/vol17B/TRvol17Bc.pdf CAMPOS SANTOS, Luisa Caroline (bolsista/orientanda) e CORRÊA, Dinacy Mendonça (orientadora). PROJETO TEARES DA LITERATURA MARANHENSE – A TESSITURA FEMININA. PibicUema/Fapema, 2006/07 – relatório final. CANDIDO, Antonio. FORMAÇÃO DA LITERATURA BRASILEIRA: MOMENTOS DECISIVOS. São Paulo: Livraria Martins Editora v. 2, 1964. CANDIDO, Antonio. “Literatura de dois gumes.” In: A EDUCAÇÃO PELA NOITE E OUTROS ENSAIOS. São Paulo: Ática, 2003. CANDIDO, Antonio. O ROMANTISMO NO BRASIL. São Paulo: Humanitas, FFLCH/USP, 2004. CAPUANO, Mariângela. A LITERATURA AFRO-BRASILEIRA NA SALA DE AULA. XI congresso internacional da ABRALIC: tessituras, interações, convergências, USP – São Paulo, julho. 2008. Disponível em: http://www.abralic.org.br/anais/cong2008/anaisonline/simposios/pdf/009/mariangela_capuano.pdf Acesso em: 09 fev.2013. CARVALHO, Claunísio. IMAGENS DO NEGRO NA LITERATURA BRASILEIRA DO SÉCULO XIX: UMA ANÁLISE DO ROMANCE ÚRSULA, DE MARIA FIRMINA DOS REIS. Ciências Humanas em Revista São Luís, v. 4, n.2, dezembro, 2006. Disponível em: http://www.nucleohumanidades.ufma.br/pastas/chr/2006_2/claunisio_carvalho_v4_n2.pdf Acesso em: 09 fev.2013. CHALHOUB, Sidney. Diálogos político em Machado de Assis. In: HISTÓRIA CONTADA: CAPÍTULOS DE HISTÓRIA SOCIAL DA LITERATURA NO BRASIl. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1998. CORRÊA, Dinacy Mendonça (orientadora) e VIEGAS, Priscila da Conceição (bolsista orientanda). Projeto TEARES DA LITERATURA MARANHENSE: ROMANCISTAS CONTEMPORÂNEAS. Pibic-Uema, 2006/07 – relatório final.


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MARIA

FIRMINA

DOS

REIS.

EUFRÁZIO, Ana. MARIA FIRMINA DOS REIS: ORGULHO DE SER NORDESTINA. A gota D'água - Do antigo "Amélia é a mãe". http://anaeufrazio.blogspot.com.br/2013/09/maria-firmina-dos-reis-orgulho-deser.html. Fonte: http://www.editoramulheres.com.br/ursulaposfacio.htm FARIA, Antônio Augusto Moreira de; PINTO, Rosalvo Gonçalves (Orgs.). POEMAS BRASILEIROS SOBRE TRABALHADORES: UMA ANTOLOGIA DE DOMÍNIO PÚBLICO. Belo Horizonte: FALE/UFMG, 2011. p. 53. FREITAS, Marcílio. PRIMEIRA CRÍTICA: ÚRSULA. LUX JORNAL, Jornal de Brasília, Distrito Federal: 25/12/1975.


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METADE DO SÉCULO XIX. Tese de Doutorado Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas São Paulo, 2013 SILVA, Régia Agostinho da Silva. MARIA FIRMINA DOS REIS E SEU CONTO GUPEVA. III SIMPÓSIO DE HISTÓRIA DO MARANHÃO OITOCENTISTA. http://www.outrostempos.uema.br/oitocentista/cd/ARQ/53.pdf SUPLEMENTO CULTURAL E LITERÁRIO JP-GUESA ERRANTE. Ano III, ed. 100 – 28.11.2008. TAVARES, Eleusa Diana Almeida. Literatura e história no romance feminino do Brasil no século XIX: Úrsula. In: XII SEMINÁRIO NACIONAL MULHER E LITERATURA E III SEMINÁRIO INTERNACIONAL MULHER E LITERATURA, 2007. Ilhéus, BA. Anais... Ilhéus, BA: Universidade Estadual de Santa Cruz, 2007. [online] Disponível em: http://www.uesc.br/seminariomulher/anais/PDF/ELEUZA%20DIANA%20ALMEIDA%20TAVARES.pdf TELLES, Norma. ESCRITORAS, ESCRITAS, ESCRITURAS. In: PRIORE, Mary (Org). História das Mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2002. p. 401-442. TELLES, Norma. REBELDES ESCRITORAS, ABOLICIONISTAS. Revista História. [online]. São Paulo, jan/jul. 1989. Disponível em: http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/rh/n120/a05n120.pdf

Publicação em artigos de jornal sobre o romance Úrsula: Jornal do Comércio, Rio de Janeiro, seção Noticiário: 04/08/1860. A Marmota, São Luiz do Maranhão: 11/08/1860. A verdadeira marmota, São Luiz do Maranhão: 13/05/1861.

Jornais Jornal do Comércio, A Moderação, A Verdadeira Marmota, Jardim dos Maranhenses, A Imprensa, Eco da Juventude, Publicador Maranhense, Porto Livre, O Domingo, O País, A Revista Maranhense, Diário do Maranhão, A Pacotilha, Federalista – exemplares do período de 1860 a 1917 consultados na Biblioteca Estadual do Maranhão Benedito Leite.



DE SAテ好A A GUIMARテウS


WEBERSON GRÏZOSTE

Nesse 3 de Novembro foi o 151º ano do naufrágio que levou a vida de Gonçalves Dias, e gostava de encerrá-lo com um poema de minha autoria publicado na antologia dos 1000 poemas durante os 190 anos do poeta:

"NON OMNIS MORIAR!" É mentira! É mentira que Gonçalves Dias morreu! Um índio de arco bipartido bradava gritando assim! Narrava um grande feito de arrepiar quem o pode ouvir: Voltando de Tapuitapera já nas proximidades de Itacolomi, um fenômeno extraordinário na hora que Tupã içava o manto negro pétalas de rosas vermelhas esparzia sob as águas encrespadas do mar, lá vagava e se ouvia o bardo dos timbiras melancolicamente sob o sopro d’uma lira Engrinaldada de verde rama e agrestes flores, Lá cantava o poeta assim: "América infeliz! – que bem sabia quem te criou tão bela e tão sozinha, dos teus destinos maus!" (Coimbra, 30 de Janeiro de 2013)


"OS AMORES DE GONÇALVES DIAS" Numa noite pernambucana A poesia atravessou-lhe a garganta Entristecido concluiu o poeta Que não se morre de amor! Não se morre de amor! Que o amor não matou D. Olímpia Nem morreu de amor o poeta Quando benquis a moça Ana Amélia. Quem mais estimou o poeta? Amélia Rodrigues ou Céline, Natalie, Josephine ou Nannete, A mulher secreta de Patkull, Engrácia ou a moça de Formoselha, Ou alguma carioca anônima? Quiçá nenhuma! Quiçá uma índia Que encontrou no rio Amazonas.


JOSÉ PEDRO MACHADO - 8.11.1914 - Nasce em Faro Genro de Fran Paxeco, Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. José Pedro Machado

8 de novembro de 1914 Faro, Portugal + 26 de julho de 2005 (90 anos) Lisboa, Portugal Professor, filólogo, escritor e historiador. José Pedro Machado (Faro, 8 de Novembro de 1914 — Lisboa, 26 de Julho de 2005) foi um professor, filólogo, historiador, dicionarista, camonista, bibliógrafo e arabista português. Era viúvo de Elza Paxeco, primeira senhora doutorada pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Formou-se em Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1938, e em Ciências Pedagógicas nas Universidades de Lisboa e de Coimbra. Foi professor do Ensino Técnico Profissional, leccionando nas Escolas: Escola Industrial Fonseca Benevides, 1939/1940.


Escola Comercial Veiga Beirão,1940/1941, 1946/1947 e 1947/1948. Escola Comercial Patrício Prazeres, 1941/1942, 1943/1944 e 1944/1945. Escola Industrial e Comercial Gabriel Pereira, Évora,1948;1948/1949. Escola Industrial Afonso Domingues, desde 1949 até à aposentação, em 1979. Discípulo de David Lopes na Universidade de Lisboa, é tido como um dos maiores dicionaristas da língua portuguesa. José Pedro Machado publicou dois dos mais relevantes dicionários do idioma, o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa e o Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa. Fez parte de vários júris de admissão a estágios do Ensino Técnico Profissional aos Institutos Comerciais e Industriais. Membro da Comissão do Vocabulário, Dicionário e Gramática da Academia das Ciências de Lisboa (19381940). Publicou com sua esposa, Elza Paxeco, o Cancioneiro da Biblioteca Nacional, 1949-1964. Tomou parte em vários congressos, em Coimbra, em Lisboa, em Saragoça, em Sevilha. Secretário-geral do I Congresso Nacional do Ensino Técnico Profissional, realizado em Portugal em 1958[1] . Fez parte da Missão Portuguesa ao IV Colóquio Internacional de Estudos Luso-Brasileiros: São Salvador da Baía, Universidade Federal da Baía, Agosto de 1959. Tomou parte do Congresso Histórico de Portugal Medievo, realizado de 6 a 10 de Novembro de 1959, em Braga. Teve a seu cargo o Inventário e Unificação da Terminologia Técnica Portuguesa,1961. Também fez parte do XXVI Congresso Luso-Espanhol para o Progresso das Ciências, realizado no Porto em Junho de 1962. Colaborou no Dicionário de História de Portugal, dirigido por Joel Serrão[2] . Com uma bibliografia que ultrapassa a centena, o investigador publicou ainda trabalhos como a transcrição do Cancioneiro de Évora (1951), a Biobibliografia de David Lopes (1967), os Dispersos de D. Carolina Michaëlis de Vasconcelos, 3 vols. (1969-1972). Colaborou com o Dr. Raul Machado na RTP no programa "Charlas Linguísticas". Durante toda sua vida académica manteve diálogo com o filólogo brasileiro Antenor Nascentes. O seu nome encontra-se presente nas toponímias de Faro, Lisboa e de Loulé (a única já inaugurada).


Centro de Estudos Filológicos (1938/39). Aos domingos à tarde, José Pedro Machado (segundo à direita) ia apresentar as suas palestras a que assistiam professores do Ensino Secundário, licenciados em Letras, e, muitas, vezes, o mestre José Leite de Vasconcelos (ao centro, sentado). Instituições a que pertenceu       

Academia Brasileira de Filologia Academia de Marinha,Lisboa. Membro Efectivo desde 25.10.1972. Academia Nacional de la Historia (Venezuela). Sócio Correspondente, eleito em 03.04.1992. Academia Portuguesa da História (Académico de Mérito) Centro Cultural "Euclides da Cunha", Paraná. Eleito em 23.10.1972. Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo: Sócio Correspondente estrangeiro, eleito em sessão de 16.02.1963  Real Academia de la Historia (Espanha). Académico Correspondente eleito em 1991.  Real Academia Sueca de Letras, História e Antiguidades (3º português - único no séc.XX): Sócio Correspondente estrangeiro, eleito em sessão de 03.06.1969.  Sociedade de Geografia de Lisboa: Sócio Efectivo, eleito em sessão de 23.05.1960.  Sociedade de Língua Portuguesa: Sócio de Honra, eleito em 12 de Junho de 1980. Principais condecorações recebidas    

Grande-Oficial da Ordem da Instrução Pública. Alvará de 1995.11.14. Medalha de Ouro da Cidade de Faro. Atribuída a 1997.09.07. Medalha de Mérito Cultural. Despacho do Ministro da Cultura de 1999.10.11. Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. Alvará de 2007.06.08 - a título póstumo.

Obras                        

Lista incompleta Notas Etimológicas. [3] «Saga» não «zaga». [4] Miona. [5] A fala da moura das «Cortes de Júpiter». [6] Alguns Vocábulos de Origem Árabe. [7] Contemplação de São Bernardo, segundo as seis horas canónicas do dia (ed. do ms. do séc. XV). [8] Comentários a alguns arabismos do «Dicionário» de Nascentes. [9] Curiosidades Filológicas. [10] As línguas do mundo. Lisboa: Empresa Contemporânea de Edições, Lda. Gonçalves Viana (diversos textos). [11] Acrescentos de Gonçalves Viana às suas Apostilas. Outras notas a propósito.Fasc. I. Lisboa: Separata do Boletim de Filologia, T. VII, 1940. Sintra Muçulmana. [12] Porque foi escrita a «Origem da Língua Portuguesa» de Duarte Nunes de Leão? [13] Acrescentos de Gonçalves Viana às suas Apostilas. Outras notas a propósito. Fasc. II. Lisboa: Centro de Estudos Filológicos, 1941. O Português do Brasil. [14] Breve História da Linguística. [15] Le professeur David Lopes (1867-1942). Bulletin Hispanique, Tome XLV, Nº 1, Janvier 1943. Elementos Hispânicos do Vocabulário Latino. [16] Arte Poética - Boileau, na tradução do Conde da Ericeira. Prefácio e notas de J. P. M. [17] O problema da transcrição portuguesa do alfabeto arábico. [18] A Língua Arábica do Andaluz, segundo os «Prolegómenos» de Iben Caldune. [19] Colaboração nos Descobrimentos Portugueses, do Dr. João Martins da Silva Marques, seu Professor na Universidade. [20] Verdes Anos de Bernard Shaw - Tradução. Lisboa: Editorial Minerva, 1944. As Origens do Português. [21]


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Os Estudos Arábicos em Portugal. [22] Origem da Língua Portuguesa - Duarte Nunes de Leão. Quarta edição da obra, com estudo preliminar e anotações de J. P. M. [23] Aventuras de um Guerreiro Mongol (A Bandeira Azul), de David-Léon Cahun. Tradução, prefácio e notas de J. P. M. [24] Bases da Nova Ortografia. [25] Grande Dicionário da Língua Portuguesa de António de Morais Silva. Décima edição. [26] Cancioneiro da Biblioteca Nacional: antigo Colocci-Brancuti. Leitura, Comentários e Glossário de Elza Paxeco e J. P. Machado. [27] Évora Muçulmana. [28] Adolfo Coelho e o Romanço Moçarábico. [29] Cancioneiro de Évora. [30] Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. [31] Questões Etimológicas.Revista de Portugal, Série A-Língua Portuguesa, Vol.XVII, 1952. Dicionário do Estudante. [32] Os Estudos Arábicos em Portugal. Lisboa. O Testamento de Afonso II(1214). Lisboa: Revista de Portugal, Série A-Língua Portuguesa, Vols XX e XXI, 1956. O Testamento de D. Mafalda (1256). Lisboa: Revista de Portugal, Série A- Língua Portuguesa, Vol. XXI, 1956. Gramática da Língua Portuguesa de João de Barros. Organizada por J. P. M. [33] Influência Arábica no Vocabulário Português. [34] Dicionário da Língua Portuguesa, SLP. Coordenação de J. P. M. [35] Em Louvor da Língua Portuguesa. Compilação e notas de J. P. M. [36] A Carta-Proémio do Marquês de Santilhana. [37] Vocabulário da língua portuguesa: onomástico e de nomes comuns com esquema de conjugação dos verbos irregulares. [38] Dicionário da Língua Portuguesa. [39] À Margem dos Livros. [40] Aspectos do Português Primitivo e sua adaptação em formas toponímicas colhidas em textos arábicos. [41] António de Morais Silva - Novo Dicionário Compacto da Língua Portuguesa. [42] Os mais antigos Arabismos da Língua Portuguesa (Séculos IX-XII). [43] A Transcrição Portuguesa do Alfabeto Arábico. [44] Notas de Toponímia Portuguesa. [45] Lexicologia científica de origem oriental nos «Colóquios dos Simples e Drogas». [46] Os prováveis primeiros arabismos recebidos pela língua portuguesa no Oriente. Comunicação apresentada ao XXVI Congresso Luso Espanhol para o Progresso das Ciências, realizado no Porto em Junho de 1962. Lisboa: Separata da Revista de Portugal, Vol. XXVII, 1962. Um trabalho desconhecido(?) da Academia Ortográfica Portuguesa. Lisboa: Separata da Revista de Portugal, Série A- Língua Portuguesa, Vol. XXVII, 1962. Contribuição para o estudo do elemento arábico na terminologia naval portuguesa. Lisboa: Separata da Revista de Portugal, Série A - Língua Portuguesa, Vol. XXVIII, 1963. Elementos arábicos no vocabulário técnico dos «Colóquios» de Garcia d'Orta. [47] Terminologia linguística. Lisboa: Separata do Boletim Escolas Técnicas, nº 27, 1963. Sobre a palavraEstau(Texto anónimo publicado em 1788). Lisboa: Separata da Revista de PortugalSérie A-Língua Portuguesa, Vol.XXVIII, 1963. Notas soltas sobre a influência arábica na Língua Portuguesa. [48] A Península Hispânica segundo um geógrafo arábico do século XII. Prefácio e tradução de J. P. M. [49]

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A doação de Açafa(1198). Lisboa. O Elogio de Francisco Adolfo Varnhagen por Oliveira Lima. Lisboa: Separata da Revista de Portugal-Série A-Língua Portuguesa, Vol.XXIX, 1964. Os Estudos arábicos em Portugal. Lisboa: Separata da Sociedade de Língua Portuguesa, 1964.


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Versão desconhecida de uma carta de João de Barros (1531). Lisboa: Separata da Revista de Portugal-Série A, Língua Portuguesa, Vol. XXIX, 1964, À Margem do meu «Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa». [50] Carta ao Dr. Martim Lopes (1500). Lisboa. O Nome Brasil. Lisboa: Separata da Revista de Portugal- Série A, Língua Portuguesa, Vol. XXX 1965. Notas de Toponímia:Aix-la-Chapelle. Lisboa: Separata da Revista de Portugal - Série A, Língua Portuguesa, Vol. XXX, 1965. Nótulas de Sintaxe Portuguesa. [51] O Nome Brasil. Braga: Separata da revista Scientia Ivridica, tomo XIV, nºs 73-74, Maio-Agosto, 1965. Ainda o nome Brasil. Lisboa: Separata da Revista de Portugal- Série A, Língua Portuguesa, Vol. XXXI, 1966. Mo(n)sse Beltram de Claquim. Lisboa: Separata da Revista de Portugal- Série A, Língua Portuguesa, Vol. XXXI, 1966. Taprobana, Ceilão e Samatra, em colaboração com o Eng. Viriato Campos. Lisboa:Separata da Revista de Portugal- Série A, Língua Portuguesa, Vol. XXXI, 1966 Uma carta de Gonçalves Dias sobre a língua portuguesa. Lisboa:Separata da Revista de PortugalSérie A, Língua Portuguesa, Vol. XXXI, 1966. Uma proposta para a impressão do Cancioneiro do Colégio dos Nobres. Lisboa:Separata da Revista de Portugal- Série A, Língua Portuguesa, Vol. XXXI, 1966. A propósito do Taprobânico Achém (A ode de Camões ao Conde do Redondo). Lisboa: Separata da Revista de Portugal- Série A, Língua Portuguesa, Vol. XXXII, 1967. Biobibliografia de David Lopes. [52] Origens do Português do Sul. [53] David Lopes, o homem e a obra. [54] Mo(n)sse Beltram de Claquim. Rio de Janeiro: Separata de Estudos Filológicos, em homenagem a Serafim da Silva Neto, 1967. Origens do Português (ensaio).2ªed.revista. Lisboa: Sociedade de Língua Portuguesa, 1967. Topónimos Estrangeiros em Fernão Lopes. [55] Nomes árabes de terras de Portugal - David Lopes. Colectânea organizada por J. P. M. [56] A propósito do antigo nome arábico de Lisboa. Em colaboração com Elza Pacheco. [57] Da importância do Roteiro da Viagem de Vasco da Gama (Aos Heróis de 1497).Em colaboração com o Eng. Viriato Campos. Lisboa: Artigos saídos no Diário de Lisboa. Em Junho de 1967. 1968. Nótulas sobre línguas francas. Lisboa: Revista de Portugal, Série A-Língua Portuguesa, Vol. XXXIII, 1968. Vasco da Gama e sua viagem de descobrimento. Em co-autoria com Viriato Campos. [58] Notas sobre o Ensino da Língua Portuguesa. Lisboa. Esta he a Linguagem de Calecut. Lisboa: Separata da Revista de Portugal-Série A, Língua Portuguesa, Vol. XXXV, 1970. Notícia deÇertos rregnos que estam de Calecut pera a banda do sull. Lisboa: Separata dos Anais do Clube Militar Naval, 1 a 3, Janeiro-Março, 1970. Ensaio sobre Faro no Tempo dos Mouros. [59] Dicionários – alguns dos seus problemas. [60] Arabismos em Diplomas(real ou supostamente)do Século IX. Lisboa: Separata da Revista de Portugal, Série A, Língua Portuguesa,Núm. Especial, 1971. Notas soltas sobre a Reforma do Ensino (com algumas considerações sobre o Ensino Técnico). Lisboa: Separata da Revista Ocidente, Vol. LXXX, 1971. Luís de Camões - Momentos Literários: colectânea das obras atribuídas ao épico. Lisboa: Sociedade de Língua Portuguesa, 1971. Factos,Pessoas e Livros: comentários através dos tempos - I vol. Lisboa: Livraria Portugal, 1971. Factos,Pessoas e Livros: comentários através dos tempos - II vol. Lisboa: Livraria Portugal, 1971. Proémio e carta do Marquês de Santilhana. Lisboa: Separata da Sociedade de Língua Portuguesa, 1972.


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O Dicionário da Academia Brasileira de Letras. Lisboa: Separata da Revista Ocidente. Vol. LXXXIII, 1972. Léxico Oriental n'Os Lusíadas. Lisboa: Separata da Revista de Portugal, Série A, Língua Portuguesa, Núm. Especial, 1972. António Gonçalves, o impressor d'Os Lusíadas. Lisboa: Revista Prelo, Nº2, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1972. Dispersos-originais portugueses de Carolina Michaelis de Vasconcelos. Organização e publicação em 3vols. Lisboa: Separata da Revista Ocidente, 1969-1972. A propósito da Sura CV do Alcorão. [61] Cartas dirigidas a David Lopes. Coordenação e notas de J. P. M. [62] Topónimos estrangeiros e alguns derivados. Lisboa: Separata da Revista de Portugal, 1973. Moçambique : contributos para a língua portuguesa. Lisboa: Boletim da Sociedade de Língua Portuguesa, 1973.[63] A propósito da Aliança Luso-Britânica. Lisboa: Livraria Portugal, 1973. Fim dos medos antigos no Atlântico. Centro de Estudos de Marinha, 1974. Posturas do Concelho de Lisboa (Século XIV).Apresentação de Francisco José Veloso. Leitura paleográfica, nótula e vocabulário de JPM. Lisboa: Sociedade de Língua Portuguesa, 1974. Santa Bárbara de Nexe. Faro: Separata dos Anais do Município de Faro, 1974. O meu Mestre e Amigo Antenor Nascentes. Rio de Janeiro: Separata de Romanitas, Vol. 12 e 13, 1975. Toponímia Arábica do Algarve. Faro: Correio do Sul, 1975. Ensaio sobre a Toponímia do Concelho de Faro. Faro: Separata dos Anais do Município de Faro, 1976. Camões foi Renovador da Língua Portuguesa?. Lisboa: Separata do Boletim Bibliográfico da Livraria Portugal, 1977. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa 3ª ed. Em 5 vols. Lisboa: Livros Horizonte, 1977. Os Árabes e a nomenclatura naval portuguesa. Matosinhos: Separata do Boletim da Biblioteca Municipal de Matosinhos, nº 22, 1978. Educação popular e processo de consciencialização. Tradução. Lisboa: Livros Horizonte, 1978. Dicionário de Dúvidas e Dificuldades da Língua Portuguesa Vol I. Lisboa: Sociedade de Língua Portuguesa, 1978. Alcorão. Tradução directa do árabe e anotações de J. P. M. [64] Vide Lista de traduções do Corão. Crónica da Conquista do Algarve (Texto de 1792) - Comentários e Notas. Faro: Separata dp Nº VIII dos Anais do Município, 1979. Ensaio sobre a Toponímia do Concelho de Oeiras. Oeiras: Câmara Municipal de Oeiras; 1980. Notas Camonianas. Lisboa: Edições Horizonte, 1981. Grande Dicionário da Língua Portuguesa. 2ª ed. em 12 vols. Lisboa: Sociedade de Língua Portuguesa, Amigos do Livro,1981. Factos, Pessoas e Livros: comentários através dos tempos - III. Lisboa: Livraria Portugal, 1981. Nomes de Navios Portugueses nos séculos XIII, XIV e XV. Lisboa: Separata da Sociedade de Língua Portuguesa, Série "Estudos e Conferências"nº2, 1982. Adeus às aulas.... Lisboa: Separata da Sociedade de Língua Portuguesa, Junho 1982. Algumas notas sobre o Algarve no século XIII. Faro: Separata dos Anais do Município de Faro, nº XII, 1983. Nomes de terras achadas pelos portugueses no século XV. Lisboa: Separata da Sociedade de Língua Portuguesa, Série "Estudos e Conferências" nº 4, 1983. Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa. 1ª ed. em 3 vols. Lisboa: Editorial Confluência,1984. De Ossónoba à sua Ria Formosa. Lisboa: Separata da Sociedade de Língua Portuguesa, Série "Estudos e Conferências", nº5, 1985. Alguns dos anglicismos usados em Portugal. Lisboa: Separata da Sociedade de Língua Portuguesa, Série "Estudos e Conferências", nº6, 1985. A propósito da ortografia portuguesa. Fundão: Colectânea de artigos publicados no Jornal do Fundão, 1986.


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Ensaio sobre a Toponímia do Concelho de Loulé. Lisboa: Separata da Sociedade de Língua Portuguesa, Série "Estudos e Conferências" nº7, 1987. Dicionário etimológico da língua portuguesa: com a mais antiga documentação escrita e conhecida de muitos dos vocábulos estudados. 4ª ed. Lisboa: Livros Horizonte, 1987. Afonso X, o Sábio, Poeta e Tradutor. Lisboa: Academia Portuguesa da História, Separata do 7º Centenário da Morte de Afonso X, o Sábio, 1987. Primeiro centenário da morte de Dozy. Lisboa: Academia Portuguesa da História, Separata dos Anais, II Série, Vol.32, Tomo I, 1989. Elogio do Padre António Brásio. Lisboa: Academia Portuguesa da História, 1989. Evolución del portugués en América. Lengua culta y lengua popular. Presencia e influencias de las lenguas indígenas. Separata de"Iberoamérica, una comunidad", Tomo I. Madrid: Ediciones de Cultura Hispánica, 1989. Dicionário etimológico da língua portuguesa: com a mais antiga documentação escrita e conhecida de muitos dos vocábulos estudados. 5ª ed. Lisboa:1989. Notas soltas sobre Língua Portuguesa. Separata da Sociedade de Língua Portuguesa, Série "Estudos e Conferências", nº12, 1990. Dicionário etimológico da língua portuguesa: com a mais antiga documentação escrita e conhecida de muitos dos vocábulos estudados. 6ª ed. Lisboa: Livros Horizonte, 1990. Vocabulário Português de Origem Árabe. Lisboa: Editorial Notícias,1991. Grande Dicionário da Língua Portuguesa. Em 6 vols. Lisboa: Círculo de leitores.1991. Factos, Pessoas e Livros: comentários através dos tempos - IV. Lisboa: Livraria Portugal, 1991. Palavras a Propósito de Palavras – notas Lexicais. Lisboa: Editorial Notícias,1992. Arabismos na Toponímia Lisboeta. Lisboa: Separata da Sociedade de Língua Portuguesa, Série "Estudos e Conferências, nº13, 1992. Dicionário Enciclopédico Alfa.Em 2 vols. Lisboa: Alfa, 1992. Terras de Além no Relato da Viagem de Vasco da Gama. Coimbra: Revista da Universidade de Coimbra, nº 37, 1992. Estudos Universitários de Língua e Literatura - Homenagem ao Prof. Leodegário A. de Azevedo Filho. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1993. Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa. 2ª ed. em 3 vols. Lisboa:Livros Horizonte, Ed. Confluência,1993. Estrangeirismos na Língua Portuguesa. Lisboa: Editorial Notícias,1994. D.Pedro e a Cidade de Faro. Faro:Separata dos Anais do Município de Faro, nº XXIV, 1994. Ensaios Literários e Linguísticos. Lisboa: Editorial Notícias,1995. Ensaios Histórico-Linguísticos. Lisboa: Editorial Notícias,1996. O Grande Livro dos Provérbios 1ª ed. Lisboa: Editorial Notícias,1996. Ensaios Arábico-Portugueses. Lisboa: Editorial Notícias,1997. Vasco da Gama: o homem, a viagem, a época. (versão modernizada). Lisboa: 1997. Toponímia Alcantarense. Lisboa: Olisipo, II Série, nº 5, Dezembro de 1997. O Grande Livro dos Provérbios 2ª ed. Lisboa: Editorial Notícias,1998. Algarve Mouro, Algarve Português. Faro: Stilus, nº1, 1999. Dicionário da Língua Portuguesa: revisto e actualizado: 45000 vocábulos 1ª ed. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1999. Breve Dicionário Enciclopédico da Língua Portuguesa. Lisboa: Publicações Dom Quixote,1999. O Topónimo Almada. Almada: Separata dos Anais de Almada, nº 3, 2000. Recordando José Leite de Vasconcelos: um testemunho pessoal. Oeiras: Câmara Municipal de Oeiras, in Estudos Arqueológicos de Oeiras, vol. 8, 1999/2000. Tentativa de introdução ao estudo da influência arábica no vocabulário português. Faro: Stilus, nº 2, Jan-Jun.2000. Toponímia pré-árabe no Algarve. Faro: Stilus, nº4-5, Janeiro-Dezembro, 2001. Grande Vocabulário da Língua Portuguesa. 1ª ed. Em 2 vols. Lisboa: Âncora Editora,2001. Dicionário etimológico da língua portuguesa: com a mais antiga documentação escrita e conhecida de muitos dos vocábulos estudados. 8ª ed. Lisboa: Livros Horizonte, 2003. Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa. 3ª ed. em 3 vols. Lisboa:Livros Horizonte,2003.


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Breve história da Língua Portuguesa. Santarém: Página Editora, 2003. Badalhouce, Badajoz, suas origens. Lisboa: Academia Portuguesa da História, 2004. O Grande Livro dos Provérbios 3ª ed. Lisboa: Editorial Notícias,2005. A obra de Frei José de Santo António Moura. Lisboa: Academia Portuguesa da História, 2005. Factos, Pessoas e Livros: comentários através dos tempos - V Vol.. Lisboa: Edição Comemorativa do 60º Aniversário da Livraria Portugal, 2006. (Póstumo)  O Grande Livro dos Provérbios 4ª ed. Lisboa: Casa das Letras,2011. (Póstumo) Jornais e revistas onde manteve colaboração no domínio da filologia                        

Brotéria Jornal do Fundão Correio do Sul (Faro) O Algarve (Faro) Stilus (Faro) Democracia do Sul (Évora) Jornal de Sintra Bulletin Hispanique (Bordéus) Revista Filológica (Rio de Janeiro) Romanitas (Rio de Janeiro) Boletim de Filologia (Lisboa) Anais da Câmara Municipal de Faro Revista de Portugal Ocidente O Islão Olisipo Boletim Mensal da Sociedade de Língua Portuguesa Língua e Cultura (Sociedade de Língua Portuguesa) A Folha do Norte (Belém do Pará) Diário Popular Diário de Lisboa A Capital Memórias do Centro de Estudos da Marinha (hoje Academia de Marinha) Serviços Bibliográficos da Livraria Portugal. Durante 50 anos, publicação no Boletim de artigos sobre temas variados. Diário de Notícias Desde 1996, pequenas nótulas sobre problemas de Língua Portuguesa nas edições de domingo.


JOÃO BATISTA ERICEIRA? PRESENTE! ROSSINI CORRÊA12 Publicado em O ESTADO É de espírito iluminista a expectativa de que a opinião pública governará o mundo. Já Hegel considerava que o posicionamento manifesto da sociedade, em todas as épocas, tinha pesado de maneira ponderável na definição do sentido da Constituição e da Justiça, funcionando como seu conteúdo e seu resultado, em termos de vida coletiva. Ninguém poderá esquecer da Revolução de Gutemberg, cuja galáxia explodiu como um trevo de quatro folhas, em busca de todos os pontos cardeais, levando consigo um decisivo potencial de interferência na libertação da razão, que Calvino e Lutero reivindicavam para a teologia reformada, que tinha por destino desacorrentá-la. O livro, como objeto portátil, e o jornal, como diário pão do espírito, já nasceram carregados de virtualidades, segundo a antevisão de que funcionariam como flâmulas pedagógicas da criação da paidéia moderna, formando cidadãos para um mundo transfigurado. Imaginava-se que, com a democrática distribuição das rendas educacional e cultural, as sociedades caminhassem na direção da mudança, expressa na consciente participação social de indivíduos, de grupos e de nações reveladores de que a razão, por ser comum a toda a condição humana, só poderia ser uma força de libertação da humanidade. Considerava-se ali, nas auroras da modernidade, que o mundo dos direitos avançaria de maneira substantiva, tangido pelo posicionamento horizontal da razão educada e lapidada, necessária e suficiente para verticalizar uma atitude diferenciada, na qual a Sociedade Civil, lúcida e consciente, colocaria a Sociedade Política a seu serviço, no cumprimento clausular e democrático do Contrato Social. Tinha-se como previsível a ideia de que a pedagogia, difundida pelo livro, pelo jornal, pela escola e pelas conferências, entre outras avenidas da razão, iluminaria as consciências, formando a cidadania para a reivindicação de uma ordem jurídica e política comprometida com os valores magnos da liberdade, igualdade e da fraternidade. A sequência e as conexões pareciam lógicas: da ampliação pedagógica da cultura, resultaria a difusão transfiguradora da reivindicação por uma nova ordem jurídica e política, visceralmente vinculada aos valores da liberdade, da igualdade e da fraternidade, a serem vivenciadas pela sociedade arquitetada pela simetria da razão. Tratava-se da sedutora ascensão do pensamento liberal, que legitimou a centralidade do individuo na história e colocou, no âmbito da teoria geral do direito, o Estado a seu serviço econômico, social, jurídico, político e ideológico, a todos relacionando com a poderosa instituição do Mercado. As sucessivas revoluções – a começar pela Revolução Gloriosa, seguida pela Revolução da Independência dos Estados Unidos e, sobretudo, pela Revolução Francesa – patrocinaram o advento de uma nova agenda para a humanidade, cercada de expectativas universais, sujeitas, entretanto, aos percalços da história. A presença do barro humano no tecido da realidade concreta, com a sua gramática de interesses e de ideologias, conformou segundo a precariedade os ideais do advento da sociedade moderna. De restrição em restrição, a liberdade fez morada no mercado, a igualdade no reino da abstração e a 12

Conselheiro Federal da OAB, Professor e Advogado em Brasília. Filósofo do Direito, Rossini Corrêa é autor, entre outros títulos, de Saber Direito-Tratado de Filosofia Jurídica; Jusfilosofia de Deus; Crítica da Razão Legal; Bacharel, Bacharéis: Graça Aranha, discípulo de Tobias e companheiro de Nabuco; Teoria da Justiça no Antigo Testamento; e Brasil Essencial: como conhecer o país em cinco minutos. Pertence à Academia Brasiliense de Letras.


solidariedade na terra do lugar nenhum, e, irrealizadas, não deixaram de estar presentes nos sonhos intemporais da construção de uma vida digna, conforme o enunciado dos direitos humanos, para todo homem e o homem todo. A positiva utopia, no mais esperançoso sentido da expressão, de que a sociedade seja transfigurada, como desejava Jacques Maritain, inspirado em São Thomas de Aquino, em um todo de todos, na evidenciação do que tenho qualificado de um bem mais comum. Esta, a matéria de que se alimenta a reflexão missionária de João Batista Ericeira, que já foi, é, ou sempre será, Diretor da Escola Superior de Advocacia da Ordem dos Advogados do Brasil, na Seccional do Maranhão e Diretor da Escola de Formação de Governantes do Maranhão, bem como Secretário Geral da Escola Nacional de Advocacia e Vice-Presidente da Academia Maranhense de Letras Jurídicas. De sua torre de vigia, o referido e participante jurista tem construído um painel invulgar da contemporaneidade, que constitui a transmutação do jornal, vinculado ao instante, em um batente comprometido com a eternidade. João Batista Ericeira, no caudal de uma tradição que encontrou no extraordinário maranhense João Francisco Lisboa o seu pontífice máximo, tem promovido a publicação de sucessivas coletâneas de seus artigos de jornal. Já vieram a lume O Olhar da Justiça (pela EFG/MA, em 2004) e A Reinvenção do Judiciário (pela OAB/MA, em 2006). E agora, como se fosse um presente de Natal, dá-se o advento de Crise da Crise da Advocacia (pela Editora Fiúza, em 2008), deixando o mundo inteligente com gosto de quero mais. Professor João Batista Ericeira, em Crise da Crise da Advocacia, trabalha como se cultuasse a milonga argentina, sendo, por espírito e por definição, brasileiro. A começar pela epígrafe enganosa do livro, tirada de Raymundo Faoro: “Sou apenas um simples advogado...” Bem acompanhado, o volume registra ainda apresentação de Jhonatan Almada, prefácio de Fábio Konder Comparato, orelha de Arleth Santos Borges e posfácio e quarta capa de Efigênia Magda de Oliveira Moura. De página em página, o leitor que percorre Crise da Crise da Advocacia encontra um misto de sensibilidade moral, consciência crítica e pensamento complexo. João Batista Ericeira, fundamentado em sua formação jurídica, discute temáticas locais, nacionais e internacionais, revelando como tem construído o testemunho de uma era de mudanças para a humanidade. Um halo de poesia perpassa e unifica as temáticas versadas no livro, cuja metodologia de construção supera o fragmentário e edifica a permanência. Corre-se risco em destacar este ou aquele artigo, pois o interessante é a percepção de que, de pedra em pedra, Professor João Batista Ericeira está construindo uma catedral, a exemplo do painel deixado por Alceu de Amoroso Lima e em edificação por Cândido Antônio Mendes de Almeida, para consignar dois referenciais do pensamento jurídico e político brasileiro. Com efeito, constitui até mesmo um pleonasmo pedir ao jurista que prossiga, organizando novas coletâneas do seu frutuoso jornalismo opinativo. É urgente e necessário que assim seja. Com a publicação de Crise da Crise da Advocacia, antecedida de O Olhar da Justiça e de A Reinvenção do Judiciário, livros anunciadores de novos títulos, com certeza, João Batista Ericeira está selando um pacto com a eternidade. E quem, de pedra em pedra, sonha a construção de uma catedral, como ensinou Bandeira Tribuzi - ele mesmo autor de uma numerosa obra jornalística nunca reunida em livro - jamais se chamará saudade. João Batista Ericeira sempre estará presente.


MARANHÃO SOBRINHO CELSO BORGES Maranhão Sobrinho, poeta simbolista maranhense do mesmo nível de Cruz e Sousa, morreu há 100 anos e sua obra não pode cair no esquecimento. O escritor Kissyan de Castro, conterrâneo do artista está dando sua valiosa contribuição ao lançar um livro com mais de 100 inéditos do bardo. Lançamento dia 4 de dezembro na livraria Poeme-se, Praia Grande, a partir das 7 da noite com recital e noite de autógrafos.



ARTIGOS, & CRÔNICAS, &CONTOS & OPINIÕES!


MORREU NAURO MACHADO EDMILSON SANCHES A Poesia maranhense e universal perde um Poeta maranhense e universal. Na madrugada deste sábado, 28/11/2015, Nauro Diniz Machado morreu.

Por mais que digam que poetas não morrem, isso é só... uma liberdade poética. Poetas morrem, sim, embora não morra a poesia de cada um, poesia que, contrariamente, pode até se tornar mais vívida. Nauro Machado completara em 2015 seus exatos 80 anos de nascimento (em São Luís, dia 02 de agosto de 1935). Se sua poesia era universal, o poeta era provinciano, isto é, gostava de ficar, de permanecer em sua cidade natal, dela só se afastando para raras incursões fora do estado. Desde a década de 1970 que conheço Nauro. Conheci-o por intermédio do jornalista e escritor teresinense-caxiense Vítor Gonçalves Neto. Depois, em Caxias, Imperatriz e São Luís encontrei-o em momentos fortuitos. Apenas uma vez combinamos um encontro, um almoço. Tenho e mantenho dele boa imagem como pessoa, agradável e sem "intelectualismos" nas conversas que (man)tivemos, bem humorado, apesar da gravidade do roso nas fotos. Chego a dizer que, pelo menos nos momentos comuns que dividimos, Nauro Machado era um sujeito muito simples. Claro que, aqui e acolá, se a conversa descambava para algo mais, digamos, sofisticado em termos de Literatura, ali estava o literato à altura. Sua obra, então, nem se fala -- pois mentes mais competentes dela já falaram e vêm falando, analisando, avaliando... com as melhores notas. Se Nauro era ou parecia ser um sujeito comum, sua obra, não. Nauro, filho de "seu" Torquato e dona Maria de Lourdes, marido de Arlete (escritora de ótimas obras), homem versado nas Artes e na Filosofia, partiu agora para o desvelamento do mistério pósmorte. Em verso não metrificado, Nauro media-se a si mesmo, ao dizer que estava ocupando "o espaço que não é meu, mas do universo", "espaço do tamanho do meu corpo aqui, enchendo inúteis


quilos de um metro e setenta e dois centímetros [...]". Nesse poema "do ofício" Nauro menciona aqueles que o "mandam pro inferno, se inferno houvesse pior que este inumano existir burocrático". Também ouve ou identifica "o escárnio da minha província" e vaticina (pois que é um vate...) que "o mundo restará o mesmo sem minha quota de angústia e sem minha parcela de nada". Liberdades poéticas e sensibilidades literárias à parte, claro que Nauro Machado era, com Ferreira Gullar e José Salgado Maranhão, a grande referência maranhense na difícil arte da grande "ars poetica". Claro que seu espaço ia além, muito além, dos autocentimetrados 172 centímetros. Claro que o inferno não é uma escolha nem lugar para onde se mande, se ele existir -- como o verso nauriano se permitiu duvidar. Claro que não há escárnio -- só ex-carne. E claro que o mundo e a Vida continuarão sem Nauro -- pois é do mundo e da Vida continuarem, ainda que sem um ser que sabia observá-los, absorvê-los e (re)pintá-los com originais pinceladas de letras.


NAURO MACHADO, IN MEMORIAM FERNANDO BRAGA Perdeu o Brasil e, principalmente o Maranhão, um dos seus maiores poetas e ensaístas... Um homem de cultura feita. Um estróina de talento, um perdulário de sensibilidade... “O Esôfago Terminal”, fora o seu último canto publicado, e o que, infelizmente, o matou... Nauro deixa, além de muitos livros publicados, uma bagagem muito grande de inéditos... Deixa viúva a escritora Arlete Nogueira da Cruz, um único filho, Frederico, e duas netinhas... Este dedo de prosa abaixo foi o último que escrevi para e sobre ele... Perdi um dos meus maiores e queridos amigos de ofício e de coração. A nossa São Luis está a partir de hoje mais vazia e muito mais triste... Morreu Nauro, e o que dizer agora? Vai, meu poeta, vai Naurito fazer versos no Céu... Adeus! Percurso de sombras13 É bem difícil ficar-se sem dizer nada diante da beleza estético-formal contida na poemática de Nauro Machado. Acabo de receber “Percurso de Sombras”, que só pelo oferecimento a mim dirigido pela generosidade do poeta, já quebraria por si, qualquer resistência de silêncio... Irresistível provocação sentimental de um irmão de estrada, de sombrios sonhos e de terríveis sombras, a chagar minha saudade de tantas lonjuras... Apressei-me de logo e registrar a nascença de seu livro em minha página no facebook, sem a surpresa de continuar a ver o poeta ainda em seu barro cru, como se recém saído de uma olaria de pesadelos... E uterino como sempre em seu estar-se divino, o satânico sobrepõe-se e faz-me publicar “Réquiem para uma Mãe”: “Tudo já entrado em ti, tudo, / enfim estás em ti, / como os pés nos seus sapatos, / dizendo ser a tua morte. / Viúva da eternidade / a se fazer como um sonho / da carne imune ao real. / Dor: arranca a tampa da água / a um náufrago marinheiro, / e o telegrama do fêmur /à volúpia do ovário, / morto ventre de onde eu vim / com meus calos e naufrágios. / Dor: inverte os lábios da água / dando de beber à mãe / pela boca de um cadáver”. A lavoura do léxico nauromachadiano a todos nos atordoa pela sua precisão e pelo seu fôlego a resistir seu canto-lógico e a dispor-se cartesiano, quando, assim, tira a prova dos “Noves fora”: Não necessariamente / é igual uma cama / a outra cama, como / uma noite é de outra / feita a mesma noite [...] E até mesmo à soma / que nos subtrai, / nós, humanamente, / somos desiguais.” E o poeta segue pelos becos e ladeiras de São Luis a soltar balões de eternas infâncias, pelas sombras das noites, balões que se soltam de suas mãos carregadas de trevas e furadas pelos pregos do tempo, até chegar a um dezembro festivo a renascer no peito ferido do poeta, onde se aninham flores no seu esôfago, como se fossem miolos de um pão sagrado que Nauro tivera de engolir um dia, para arrebentar-lhe e arrematar-lhe o grito: “Minhas netas da luz, / do meu filho o retrato, / iluminando os olhos / da minha mãe sem pálpebras.” E sereno continua a ouvir as “Vozes do Natal” que lhe chegam assim: “Cristo do anverso, / em minha costa, / durante séculos / dizendo a Lázaro: / --Vem para fora! / --Vem para fora!...”

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Publicado no jornal “O Estado do Maranhão”, 4 de janeiro de 2014


E ainda no percurso do Advento, clama aos “Milagres Natalinos”: “Porque só tu não me apartas, / boneca da minha mãe, / da infância do meu pai / imputrescível nos anos [...] “Todo Natal, como mar, / volta sempre à mesma praia, / enchendo as eternas águas / com o choro dos meus pais...” Assim o “Pássaro de Deus” alça vôo para o percurso das sombras, como se bebesse o nepente benfazejo para esquecer, não a imagem de Lenora, mas “as cáries da carne na boca dos vocábulos” e ainda com o mesmo ritornelo canto igual ao daquele corvo agourento, pousa nos umbrais do poeta Nauro Machado para ouvi-lo dizer que “há coisas que assustam / sem palavra alguma, / assim como as há, / como nossos cúmplices, / pela indiferença / na boca de um morto” [...] “quebrei-as nas mãos / desse estéril poema / de cisne nenhum, / entre o pão e o vocábulo / as virtudes dos pássaros / de nossa inocência”. E diante da “Praça de um poeta” onde se materializa sua memória de carne e verbo, há tempos, périplo indesejável entre esse espaço e a “Casa das Tulhas”, solene no seu comum de “Feira da Praia Grande”, Nauro revive o cancro de dolorosos dias a ressuscitar quase apodrecido pelos muitos açoites que o fazem agora justificar-se diante de um vazio que lhe deflora: “Sabendo olhar / na escuridão, / o povo vê / que não sou nada, / e nem serei / até morrer. / E embora diga / o inverso disso, / o povo sabe / que sou igual / ao mais comum / de todos eles... [...] “Alguma coisa, / depois de eu morto, / me habitará / vivendo ainda”. Naurito velho de guerra, enfim chegamos naquele estágio em que não mais reconhecemos nossas visões, porque nosso passado não é mais nosso companheiro, parafraseando Mário de Andrade... Aqui estão alguns traços sobre o belo miolo do teu livro, muito bem apanhado graficamente pelas ilustrações do artista Pedro Meyer... Dize-me que Deus haverá de salvar-te, ainda que andes pelo vale das trevas... É belo o salmodear de David quando se tem coragem, principalmente embalado pela fé que tens... Agradeço-te o alimento espiritual que tanto agradaria a Verlaine ou a Paul Valéry, tenho certeza, porque mesmo na brenha de um “percurso de sombras”, os teus cantos “são enredos de aranhas costurando os verbos...”


ATLETAS OLÍMPICOS MARANHENSES14 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ15 Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Academia Ludovicense de Letras Lançado à cerca de 30 dias (setembro de 20150, ATLETAS OLIMPICOS BRASILEIROS, de Kátia Rubio (São Paulo, SESI-SP, 2015, 648 p.). Meu exemplar chegou ontem (25/09/205), pela tarde, ao custo de R$ 130,00, mais frete, através da Livraria Cultura (compra pelo sitio da Internet...); como a edição é por demanda – você pede e a editor imprime e remete ao distribuidor -, levou 20 dias para chegar... se pedido diretamente à Editora (SESC-SENAI/SP Editora), sai pelo mesmo valor, mas demora mais... É obra que traz o reconhecimento e exalta o esforço daqueles que dedicaram toda uma vida ao esporte e conseguiram participar de uma Olimpíada. O que faz um indivíduo desejar tanto o êxito olímpico? Abrir mão dos melhores anos da juventude? Para Kátia, psicóloga, esse desejo nasce, freqüentemente, a partir da inspiração das conquistas alcançadas por outros atletas que configuram um modelo de identidade e consagração a ser atingido. Trata-se de um querer muito forte.

Kátia Rubio é professora associada da Escola de Educação Física e Esportes da USP. Bacharel em jornalismo e psicóloga. Mestre em Educação Física (USP) e Doutora em Educação (também USP). Pós-doutorado em Psicologia Social (Universidade Autônoma de Barcelona). Tem 22 livros publicados16 na área da psicologia do esporte e estudo olímpicos. Membro da Academia Olímpica Brasileira. Publicado no BLOG DO LEOPOLDO VAZ ATLETAS OLÍMPICOS MARANHENSES Por Leopoldo Vaz • domingo, 27 de setembro de 2015 às 10:22 http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2015/09/27/atletas-olimpicos-maranhenses/ Publicado no CEV. ATLETAS OLÍMPICOS MARANHENSES. Por Leopoldo Vaz • domingo, 27 de setembro de 2015 às 10:22. http://cev.org.br/comunidade/maranhao/debate/atletas-olaimpicos-maranhenses/ 15 Professor de Educação Física. Mestre em Ciência da Informação. Pesquisador-associado do Atlas do Esporte no Brasil – WWW.atlasesportebrasil.org.br, e autor do ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO. São Luis: SEDEL, IHGM, 2013. 16 Livros publicados/organizados ou edições (https://uspdigital.usp.br/tycho/CurriculoLattesMostrar?codpub=27A15C76B592) RUBIO, K. . Atletas Olímpicos Brasileiros. 1. ed. São Paulo: SESI-SP Editora, 2015. v. 1. 648 p. RUBIO, K. (Org.) . Preservação da memória: a responsabilidade social dos Jogos Olímpicos.. 1. ed. São Paulo: Laços, 2014. v. 1.


Seu livro apresenta-nos o desenrolar dos Jogos Olímpicos da Era Moderna (primeira parte); e na segunda, apresenta-nos a figura do atleta e o estudo da história de vida e trajetória dos atletas olímpicos brasileiros, reportadas 1.796 histórias, apresentadas na forma de verbetes biográficos. Cita Jung, para quem: A história de uma vida começa num dado lugar, num ponto qualquer de que se guardou a lembrança e já, então, tudo era extremamente complicado. O que se tornará essa vida, ninguém sabe. Por isso a história é sem começo e o fim é apenas aproximadamente indicado.

E serve-se de Hanna Arendt para explicar que: É isso a imortalidade: mover-se ao longo de uma linha reta num universo em que tudo o que se move o faz em sentido cíclico. Optei por transcrever o verbete de cada atleta maranhense, com algumas informações que já havia publicado – indicadas no local – e informações colhidas na nuvem, para comparação:

Do Maranhão, dentre esses 1.796 heróis nacionais, tivemos: ATLETISMO

ARY FAÇANHA Ary Façanha de Sá nasceu no dia 1º de abril de 1928, em Guimarães (MA). Filho de um Juiz de Direito. Descobriu o que era o atletismo em 1949, no Colégio São Luis, onde estudou; depois muda para o Rio de Janeiro. Corria, saltava, mas gostava mesmo era de futebol, chegado a jogar pelo Moto Clube, porém a atividade era proibida pela sua mãe, receosa que ele se machucasse. Começou a treinar atletismo no Fluminense, com o técnico Frederico. Logo no primeiro treino saltou 6 metros e passou a se dedicar a essa prova. Em seu primeiro campeonato, RUBIO, K. (Org.) . Preservation of memory: the social responsability of Olympic Games.. 1. ed. São Paulo: Laços, 2014. v. 1. 232 p. RUBIO, K. . Atletas do Brasil Olímpico. 1. ed. São Paulo: Kazuá, 2013. v. 1. 297 p. RUBIO, K. (Org.) . Destreinamento e transição de carreira no esporte. 1. ed. São Paulo: Casa do Psicologo, 2012. v. 1. 287 p. RUBIO, K. . Psicologia, Esporte e Valores olímpicos. 1. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2012. v. 1. 250 p. RUBIO, K. (Org.) . As mulheres e o esporte olímpico brasileiro. 1. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011. v. 1. 284 p. RUBIO, K. ; MESQUITA, R. M. . Os Estudos Olímpicos e o olimpismo nos cenários brasileiro e internacional. 1. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2011. v. 1. 249 p. RUBIO, K. . Esporte, educação e valores olímpicos. 1. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2009. v. 1. 98 p. RUBIO, K. . Joaquim Cruz - Estratégias de preparação psicológica: da prática à teoria. 1. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2008. v. 1. 158 p. RUBIO, K. (Org.); REPPOLD FILHO, A. (Org.) ; MALUF, R. M. (Org.) ; TODT, N. S. (Org.) . Ética e compromisso social nos Estudos Olímpicos. 1. ed. Porto Alegre: Editora PUC-RS, 2007. v. 1. 270 p. RUBIO, K. (Org.) . Educação Olímpica e responsabilidade social. 1. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007. v. 1. 206 p. RUBIO, K. (Org.) ; ANGELO, L. F. (Org.) . Instrumentos de avaliação em Psicologia do Esporte. 1. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007. v. 1. 270 p. RUBIO, K. (Org.) . Megaeventos esportivos, legado e responsabilidade social. 1. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007. v. 1. 265 p. RUBIO, K. . Medalhistas olímpicos brasileiros: memórias, histórias e imaginário. 1. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006. v. 1. 364 RUBIO, K. . Heróis Olímpicos Brasileiros. 1. ed. São Paulo: Zouk, 2004. v. 01. 320 p. RUBIO, K. (Org.) . Psicologia do Esporte: teoria e prática. 1. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. v. 1. 268 p. RUBIO, K. (Org.) . Psicologia do Esporte aplicada. 01. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. v. 01. 246 p. RUBIO, K. (Org.) ; CARVALHO, Y. M. (Org.) . Educação Física e Ciências Humanas. 1. ed. São Paulo: Hucitec, 2001. v. 1. 169 p. RUBIO, K. . O atleta e o mito do herói: o imaginário esportivo contemporâneo.. 1. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001. v. 01. . RUBIO, K. (Org.) . Psicologia do Esporte: interfaces, pesquisa e intervenção. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000. v. 1. 170 p. RUBIO, K. (Org.) . Encontros e desencontros: descobrindo a Psicologia do Esporte. 1. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000. v. 1. Possui, ainda, 70 artigos completos publicados em periódicos; 44 capítulos de livros; 9 textos publicados em jornais e revistas; 15 trabalhos completos publicados em anais de congressos; 3 resumos expandidos; 123 trabalhos publicados m anais de congressos; 40 trabalhos apresentados; 103 outras publicações; 9 trabalhos técnicos; 13 outros tipos de trabalhos técnicos; 53 outros trabalhos...


obteve o 2º lugar. No ano seguinte, venceu o campeonato de juniores e também o campeonato brasileiro. Foi preterido na primeira edição dos Jogos Pan-Americanos realizados em Buenos Aires, em 1951, mesmo tendo o melhor índice. Isso o fez se dedicar ainda mais aos treinos, para não mais ser esquecido ou superado. Foi, então, ao Jogo Olímpicos de Helsinque, em 1952. Estava em 3º lugar na prova de salto, quando uma chuva torrencial interrompeu a competição. Ao saltar, seu sapato de couro encharcou, impedido-o de fazer um salto melhor. Terminou a prova em 4º lugar. Foi recordista brasileiro de salto em distancia. Em 1955, foi campeão universitário na Espanha. Foi também aos Jogos Olímpicos de Melbourne, na Austrália, em 1956. Desiludido com a prova de salto, passou a correr os 110 e os 400 metros com barreiras. Formado em Educação Física, atuou como técnico no Vasco da Gama. Em 1965, mudou-se para Brasília, onde passou a trabalhar como Professor de Educação Física e, depois, Diretor de Escola. Em 1968, foi para a Secretaria de Esporte do Ministério de Educação e Cultura (MEC), e, nessa Secretaria, criou os Jogos Estudantis Brasileiros (JEB’s) e os Jogos Universitários Brasileiros (JUB’s). (RUBIO, 2015, p. 64)17. In https://en.wikipedia.org/wiki/Ary_de_S%C3%A1 - Ary Façanha de Sá (born April 1, 1928) is a former Brazilian long [1]

jumper. At the 1952 Summer Olympics he finished fourth in the long jump. He also competed at the 1956 Summer Olympics. He [2] became South American long jump champion in 1952, won silver medals in 1956 and 1958 and a bronze medal in 1954. He also [3] won a bronze medal at the 1955 Pan American Games and a gold medal at the 1955 World Student Games

O que já publiquei: In Atletismo no Maranhão: biografias de líderes e atletas pioneiros, por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ [30/09/2005] in DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). A T L A S D O E S P O R T E N O B R A S I L. RIO DE JANEIRO: CONFEF, 2006, p 3-2.14: Ary Façanha de Sá Atleta e dirigente de atletismo nasceu em 1º de abril de 1928, no município de Guimarães - MA. Em São Luís, cursou o ginasial no Colégio de São Luiz, do prof. Luiz Rego - criador dos Jogos Intercolegias – pelo qual disputou as provas de 100 e 200 metros. Além do salto em distância, conseguiu a destacada marca de 5,00 metros. Em 1949, foi para o Rio de Janeiro - RJ estudar - levado pelo irmão, ingressou no Fluminense Futebol Clube como atleta. Em 1950, ingressou na Escola Nacional de Educação Física e Desporto - ENEFD (hoje parte da UFRJ como Escola de Educação Física e Desporto). Em 1952, foi recordista sul-americano de salto em distância, com 7,57 m, o que lhe valeu a convocação para a Olimpíada de Helsinque daquele ano, tendo conquistado o 4º lugar no salto em distância. Em 1955, bateu o recorde pan-americano, com a marca de 7,84 metros, a quarta marca do mundo. Foi atleta da Seleção Brasileira de Atletismo - e do Fluminense-RJ - e recordista sul-americano do salto em distância, participou de duas Olimpíadas, de 1952 e 1956. Professor de Educação Física, formado pela Escola Nacional, foi um dos introdutores do Intervaltraining no Brasil, assim como um dos idealizadores dos Jogos Escolares Brasileiros - JEBs.

In Os Esportistas – ARY FAÇANHA DE SÁ – Atletismo, dirigente esportivo. BLOG DO LEOPOLDO VAZ, 17

RUBIO, Kátia. ATLETAS OLIMPICOS BRASILEIROS. São Paulo: SESC-SP, 2015.


Por Leopoldo Vaz • terça-feira, 01 de dezembro de 2009 às 10:11, disponível http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2009/12/01/os-esportistas-ary-facanha-de-sa-atletismo-dirigenteesportivo/:

em

1928 – Nasceu em 1º de abril, no município de Guimarães, Em São Luís, cursou o ginasial no Colégio de São Luiz, do prof. Luiz Rego – criador dos Jogos Intercolegias -, por onde disputava as provas de 100 e 200 metros, além do salto em distância; consegue a espantosa marca de 5,00 metros. 1949 – foi para o Rio de Janeiro estudar – levado pelo irmão ingressa no Fluminense Futebol Clube, como atleta. 1950 – ingressou na Escola Nacional de Educação Física. 1952 – recordista sul-americano de salto em distância, com 7,57 m, o que lhe valeu a convocação para a Olimpíada de Helsinque, tendo conquistado o 4º lugar no salto em distância. 1955 bateu o recorde pan-americano, com a marca de 7,84 metros, a quarta marca do mundo. – atleta da Seleção Brasileira de Atletismo – e do Fluminense, do Rio de Janeiro; – recordista sul-americano do salto em distância, participou de duas Olimpíadas, de 1952 e 1956. – Professor de Educação Física, formado pela Escola Nacional, foi o introdutor do Intervaltraining no Brasil, assim como um dos idealizadores dos Jogos Escolares Brasileiros. Fonte: VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; ARAÚJO, Denise Martins; VAZ, Delzuite Dantas Brito. QUERIDO PROFESSOR DIMAS (Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araújo) e a Educação Física maranhense – uma biografia (autorizada). São Luís: (s.e.), 2003. (Inédito) – (in ENTREVISTAS). Categoria Atlas do

Esporte no Maranhão • Onde anda você? • Recordar é Viver

In Querido professor Dimas (Antônio Maria Zacharias Bezerra de Araújo) e a educação física maranhense: uma biografia Leopoldo Gil Dulcio Vaz, Denise Martins de Araujo y Delzuite Dantas Brito Vaz, disponível em http://www.efdeportes.com/efd48/dimas1.htm : Os III Jogos Estudantis Brasileiros, em Belo Horizonte Em 1971, estavam acontecendo os III JEB's, em Belo Horizonte; Dimas toma a iniciativa de ir a para Belo Horizonte, por sua conta, para assistir os III JEB's, para poder trazer alguma experiência. Saber o que eram os JEB's. Chegando a Belo Horizonte com pouco dinheiro no bolso, foi para o Comitê Central e procurou por Ary Façanha de Sá, e relatou a situação - sua e do Maranhão - que passara dez anos fora, voltando a trabalhar com Educação Física, e a professora Mary Santos vivia o desafiando para trazer a equipe e estava desatualizado; que fora a Belo Horizonte para ganhar experiência, ver e se atualizar; Ary o recebeu muito bem, não só com maranhense, mas como a necessidade do Maranhão entrar no esquema; deu-lhe uma credencial de delegado do Maranhão, colocou em Hotel, e acesso a tudo, passando a assistir tudo; foi quando voltou a ter contato com a Ginástica Olímpica e com o Handebol...

CODÓ José Carlos Gomes Moreira nasceu em Codó (MA), em 28 de setembro de 1983, daí seu apelido. Jogava futebol no colégio e em uma competição escolar seu time foi desclassificado. Inscreveu-se na prova de atletismo e venceu a competição dos 100 metros e dos 200 metros. A partir desse campeonato, começou a treinar num projeto da Prefeitura de Codó. Em 2002, durante uma competição em Belém, foi convidado a treinar na equipe BM&F com o técnico Katsuhico Nakaya. Mudou-se para São Paulo em 2003, mas não apresentou resultados expressivos. No ano seguinte, passou a treinar em Londrina (PR), onde se destacou. Em 2006, foi campeão do Troféu Brasil nos 100 metros rasos. Passou a treinar em Presidente Prudente (SP), com o técnico Jaime Neto, momento em que conquistou a medalha de ouro nos Jogos PanAmericanos do Rio de Janeiro, em 2007, no revezamento 4x100 metros. Participou dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, competindo nos 100 metros rasos e no revezamento 4 x 100 metros, prova em que alcançou a 4ª colocação. Embora não estivesse envolvido, a ocorrência dos casos de doping na equipe o fez perder a motivação para treinar. Voltou a competir em 2012, quando


novamente ganhou o Troféu Brasil e fez parte d equipe de revezamento que foi aos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, mas não competiu. Depois de sofrer duas lesões, passou a se dedicar aos treinamentos visando à preparação para os Jogos Olimpicos do Rio de Janeiro em 2016. (RUBIO, 2015, p. 67-68)18. In http://www.cob.org.br/pt/Atletas/jose-carlos-gomes-moreira PRINCIPAIS CONQUISTAS NA CARREIRA:  Ouro (4x100m) nos Jogos Pan-americanos Rio 2007  Ouro (4x100m) nos Jogos Sul-americanos Santiago 2014  Bicampeão (100m e 4x100m) sul-americano (05 e 06)  Tetracampeão (100m) do Troféu Brasil (06, 09, 12 e 13). In https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Carlos_Moreira_%28atleta%29 José Carlos Moreira (Codó, Maranhão, 28 de setembro de 1983) é um velocista brasileiro especialista nos 100 metros rasos. Moreira mede 1,68 m e correu as semifinais do revezamento 4x100 metros dos Jogos Pan-americanos de 2007, ajudando o Brasil a chegar à decisão e conquistar a medalha de ouro. Participou dos Jogos Olímpicos de 2008, em Pequim, na mesma prova e obteve o quarto lugar na final ao lado de Bruno de Barros, Sandro Viana e Vicente de Lima.

O que já publiquei: Codó é o da esquerda; o outro é o Bolt... QUAL CODÓ? BLOG DO LEOPOLDO VAZ, Por Leopoldo Vaz • sexta-feira, 26 de junho de 2009 às 11:38, DISPONÍVEL EM http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2009/06/26/qual-codo/ JOSÉ CARLOS MOREIRA, o Codó (Rede Atletismo), confirmou o favoritismo e foi o atleta mais rápido do Troféu Brasil de Atletismo 2009. O maranhense venceu a prova de 100 m e ainda confirmou o índice para o Mundial de Berlim, que será realizado em agosto. Codó comprovou estar em grande fase ao cruzar a linha de chegada com o tempo de 10.22. “Esta vitória é fruto de um trabalho que estou fazendo para correr abaixo do 10 segundos até o Mundial. A marca, porém, não foi a que eu esperava, pois o objetivo era quebrar o recorde do Troféu Brasil que é do Róbson (Robson Caetano, de 1991)” Quando pessoas de gerações diferentes conversam sobre determinados astros do esporte, e se referem a eles pelo nome em que ficaram conhecidos, está-se falando de quem, afinal? Quantos ‘Ronaldos”, “Ronaldinhos”, “Romários”, “Romarinhos” temos por esse mundão afora? Lembro-me quando Ronaldo (ucho) apareceu. Eu estava em Minas Gerais, fazendo o Mestrado e ele, muito comentado na cidade, ainda uma esperança. Logo depois, despontou no futebol nacional e, quando da convocação para a seleção nacional, havia dois Ronaldo! Um deles, mais velho e famoso, ficou Ronaldão – zagueiro, se não me engano, depois transferido, acho, que para o Japão – e o adolescente recém-chegado, e logo tachado “Ronaldinho”… Depois virou Ronaldo, o Fenômeno; quando apareceu outro Ronaldo, logo chamado de Ronaldinho, o Gaúcho. Quando ouço que Codó conquistou mais uma vitória, no Atletismo, logo penso: Qual Codó? Não seria, então que devesse “esse Codó” ser chamado de “Codózinho’? Pois tivemos outro grande velocista, originário daquela cidade, que era conhecido no meio esportivo nacional como Codó: trata-se de FRANCISCO RONALDO MACIEL OLIVEIRA – o CODÓ! Nascido em Codó – daí seus apelidos – em 11 de abril de 1962, Ronaldo Codó, para diferenciar de quem estamos falando, vem de família pobre – o pai, Francisco Carvalho Oliveira era funcionário de uma usina de

18

RUBIO, Kátia. ATLETAS OLIMPICOS BRASILEIROS. São Paulo : SESC-SP, 2015.


pilar arroz e a mãe era funcionária da Prefeitura Municipal; moravam, todos, na casa dos avós, pois não tinham condições de ter casa própria. Em Codó, fez o primário na Escola Raimundo Muniz Bayma e o secundário no Complexo Escolar Renê Bayma, ambas as escolas públicas. Com muito sacrifício, mandaram o filho mais velho estudar na Capital, sendo aprovado – em 1977 – no Curso Técnico em Administração, do Liceu Maranhense. Morava em um pensionato, num beco existente entre o Seminário Santo Antonio e a Escola Modelo Benedito Leite. No Liceu, começou a praticar Atletismo e Futsal, destacando-se mais naquele, conquistando a medalha de ouro nos 100 e 200 metros rasos dos JEM’s de 78 e 79. Nesse mesmo período, competindo pelo MAC, foi campeão do Troféu Norte e Nordeste de Atletismo, defendendo as cores do Maranhão; conseguiu, ainda, um título de vice-campeão brasileiro juvenil, no Campeonato Brasileiro disputado em São Paulo (o campeão foi Robson Caetano, também começando a se destacar naqueles anos de 79/80). Destacando-se como atleta do Liceu, ganhou uma bolsa de estudos do Colégio Batista – por onde disputou seu último Jogos Escolares. Essa bolsa possibilitou sua permanência em São Luís, pois recebia, além de ensino gratuito, reforço alimentar (lanche), material didático e o passe para freqüentar as aulas e treinar. Seu técnico era o Sargento Lopes. Ronaldo foi treinado também pelo Autor; em 1980/81; quando passou para o Batista, os horários de aulas – pela tarde – não permitiam que treinasse no 24º BC com Lopes, pela manhã; então passou a treinar na pista da Escola Técnica, as 3as. e 5as. e aos sábados, com Lopes, no 24º BC e, depois, na Pista do Castelinho. A pista do 24º BC consistia em uma reta ladeira abaixo, uma curva cheia de areia e uma reta oposta ladeira acima, e uma segunda curva inclinada… Nessa pista, correndo ladeira abaixo, Codó fazia 11,0 s, sendo sua melhor marca 10,8; no Castelinho, conseguia fazer 10,8; e em São Paulo, naquele Campeonato Brasileiro Juvenil, fez 10,6, ficando atrás apenas de Robson Caetano, com 10,5; em Brasília, nos JEB’s, fez um 5º lugar, repetindo a marca de 10,6… Isso, em 1979/80! Naqueles JEB’s disputou os 200 metros; como estava acostumado a correr na pista do 24º BC em que os 200 metros começavam na reta oposta, ladeira acima, saindo no meio da reta, não sabia como colocar o bloco de partida, saindo em curva… Desafiado pelo técnico – o Autor – para uma saída como estava acostumado e por uma saída correta, colocando o bloco em curva, correndo os primeiros metros em linha reta, na curva, saíram ambos – cada um colocando o seu bloco da maneira que julgava correto (Ronaldo, em linha reta, apesar da curva, como fora ensinado por Lopes…) e perdeu… Então passou a aceitar as instruções do Autor, quanto à melhor maneira de saída dos 200 metros, conseguindo sua melhor performance. A partir daí, passou a ser objeto de gozação de toda a delegação, pois o melhor velocista do Estado perdera para o seu técnico, numa saída de bloco; mais tarde, confessaria que fora uma grande lição, aprendendo a não menosprezar qualquer adversário e ouvir àqueles que tinham mais experiência… Uma lição para toda a vida. Em 1981, foi aprovado no vestibular, para o Curso de Direito da UFMA. Durante seu período como universitário, dedicou-se ao Futsal, abandonando o Atletismo, que tantas glórias lhe deram, e ao Maranhão. Hoje, é Juiz de Direito e dedica-se ao futebol society e ainda joga futebol, no time dos juízes – segundo ele, o melhor do Brasil. Continua sendo um campeão… Em depoimento prestado em 2003 a O ESTADO, declarou que: “Eu sempre gostei de estudar, me esforçava bastante, tanto que passei no vestibular. Mas atribuo ao esporte grande parte de minha ascensão. Se não fosse o esporte, teria que voltar para Codó, pois não tinha condições financeiras de estudar em uma escola do porte do Batista, muito menos me manter na capital, que foi o que ocorreu com meu irmão”. (in PESTANA, Ironara. Ronaldo Maciel – “a vida deve ser levada como um jogo de xadrez”. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 21 de setembro de 2003, Domingo. p. 8. Perfil). SGT. LOPES – José Egvan Lopes da Silva, terceiro sargento, lotado no 24º BC, localizado no João Paulo; hoje, reformado como subtenente, tendo retornado à Juiz de Fora. No Maranhão, nos anos em que ficou aqui estacionado, dedicou-se ao ensino do Atletismo, formando vários atletas com destaque regional e nacional, como Nildes, Graça, Codó, Dentinho (da marcha atlética), Fumaça, dentre outros…

JOELMA DAS NEVES SOUSA nasceu em Timon (MA), em 13 de julho de 1984. Não gostava d sulas de educação física, porque não tinha habilidade com bola e as aulas eram sempre jogos. Começou a praticar atletismo aos 12 anos, em um projeto social da Prefeitura de sua cidade natal, motivada pela irmã Joseline, que também corria e tinha como técnico Antonio Nilson. No princípio, corria descalça, porque não tinha tênis. Em 2007, bateu o recorde da


região Norte-Nordeste, resultado que lhe rendeu o convite par correr pela equipe BM&F Bovespa. Porém, antes da mudança, descobriu um tumor maligno no ovário que exigiu cirurgia e quimioterapia, dificultando sua preparação para as competições daquele ano. Em 2008, mudou-se para São Caetano. Nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, em 2011, fez parte da equipe de revezamento 4 x 400 metros que conquistou a medalha de ouro. No ano seguinte, foi aos Jogos Olímpicos de Londres. Atualmente, prepara-se para participar dos Jogos Olímpicos do Rio d Janeiro, em 2016. (RUBIO, 2015, p. 105) 19. In http://www.clubedeatletismo.org.br/bmf-bovespa/feminino/artigo208337-1.asp Perfil - Joelma das Neves - 200 m e 400 m Campeã brasileira dos 400 m, recordista sul-americana no revezamento 4x400 m Joelma das Neves Sousa Nascida em 13/7/1984, Timon (MA) 51 kg e 1,74 m Provas: 200 m e 400 m Técnico: Sanderlei Parrela Como começou: Aos 12 anos, em uma escolinha de atletismo da Prefeitura de Timon, que funcionava em um campo de futebol da cidade, corria os 100 metros. Saiu da cidade em busca de melhores condições para competir e treinar. CARREIRA Joelma: recordista sul-americana do 4x400 m Melhor marca pessoal: 400 m - 51s54 (Troféu Brasil/2012) Joelma das Neves Sousa Resultados importantes: 400 metros Campeã do Troféu Brasil/2013 (52s32) Medalha de prata no GP de Belém/2013 (51s62) Medalha de prata no Troféu Brasil/2012 (51s54) Medalha de prata no Troféu Brasil/2010 Medalha de bronze no Ibero-Americano de Barquisimeto/2012 Medalha de bronze no Troféu Brasil/2011 Revezamento 4x400 m Campeã do Troféu Brasil/2013 (3min34s01, com Bárbara de Oliveira, Jailma Sales de Lima e Liliane Fernandes) Campeã no Troféu Brasil/2012 (3min36s08) Campeã no Ibero-Americano de Barquisimeto/2012 Recordista sul-americana e campeã no Troféu Brasil/2011 (3min26s68) Medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara/2011

In https://en.wikipedia.org/wiki/Joelma_Sousa

[1]

Joelma das Neves Sousa (born 13 July 1984 in Timon, Brazil) is a Brazilian sprinter who specializes in the 400 metres. She [2][3] represented Brazil at the 2012 Summer Olympics. Personal bests

 

200 m: 23.64 (wind: +0.7 m/s) –

400 m: 51.54 – Achievements Ye ar

São Paulo, 7 August 2011

São Paulo, 29 June 2012

Competition

Venue Representing

20 11

South American Championships

Buenos Aires, Argentina

World Championships

Daegu, South Korea

Pan American Games

19

Guadalajara, México

Position

Event

Notes

Brazil 4th

400 m

53.42

1st

4x400 m relay

3:31.66

18th (h)

4x100 m relay

3:32.43

6th

400 m

52.34 A

2nd

4x400 m relay

3:29.59 A

RUBIO, Kátia. ATLETAS OLIMPICOS BRASILEIROS. São Paulo: SESC-SP, 2015.


Ye ar

Competition

Venue Representing

Ibero-American Championships

Barquisimeto, Venezuela

Olympic Games

London, United Kingdom

20 12

20 13

South American Championships

Cartagena, Colombia

World Championships

Moscow, Russia

South American Games

Santiago, Chile

Ibero-American Championships

São Paulo, Brazil

20 14

Position

Event

Notes

Brazil 3rd

400 m

52.72

1st

4x400 m relay

3:28.56

4th (h)

400 m

52.69

7th (h)

4x400 m relay

3:32.95

1st

400 m

52.25

1st

4×400 m relay

3:35.37

29th (h)

400 m

53.01

3rd

400 m

52.75

1st

4x400 m relay

3:35.07

3rd

400 m

53.04

1st

4x400 m relay

3:29.66

BASQUETEBOL

ISIANE CASTRO MARQUES nasceu em São Luis (MA), em 13 de março de 1982. Começou a jogar em 1994, no Colégio Batista, quando um Professor de Educação Física a identificou como talentosa. Conheceu o técnico de basquete Betinho, que iniciou efetivamente seu treinamento. Jogava pela seleção maranhense, quando foi convidada a se transferir para o BCN/Osasco, com a técnica Maria Helena. Lá ficou até os 19 anos. Foi, então, convocada para as seleções brasileiras de base. Participou do Campeonato Mundial da China, em 2002 e recebeu convite para atuar n Europa, pelas equipes: Yaya Maria Broegán, Perfumarias Avenidas, Hondarribia-Irun, Extragasa Vilagarcia, da Espanha; Pays d’ Aix Basket 13, da França; B. C. Euras Ekaterinburg spartk Moscow, da Rússia; USK, da Sérvia; Wisla Can-Pack, da Polonia; TTT Riga, da Letonia; Besiktas JK, da Turquia, e na sequencia, foi para os EUA onde jogou pelas equipes do Miami Sol, Phoeix Mercury, Seatle Storm, Atlanta Dream, Connecticut Sun, e Washington Mystics, todos da WNBA. Foi aos Jogos Olimpicos de Atenas, em 2004. Participou dos Mundiais: do Brasil, em 2006, terminando na 4ª colocação; e da Republica Tcheca, em 2010. No ano seguinte foi aos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara e conquistou a medalha de bronze. Atualmente joga no Maranhão Basquete. (RUBI, 2015, p. 151) 20 In https://pt.wikipedia.org/wiki/Iziane_Castro_Marques Iziane Castro Marques (São Luís, 13 de março de 1982) é uma jogadora de basquetebol brasileira. Em 1997 atuava pelo BCN/Osasco nas categorias de base e foi jogar pelo Miami Sol da Flórida em 2002, transformando-se a jogadora mais nova da WNBA (21 anos, 1 mês, 12 dias). No ano seguinte foi para o Phoenix Mercury e em 2005, jogou pelo Seattle Storm. Com a Seleção Brasileira, foi campeã da Copa América em 2001 e terminou em quarto em duas competições internacionais consecutivas, nas Olimpiadas de 2004 e no Campeonato Mundial de 2006, sediado no Brasil. Pela seleção anotou 870 pontos em 71 jogos, média de 12,3 pontos por jogo. No final de 2011 retornou a sua cidade natal para defender o récem-criado Maranhão Basquete na Liga de Basquete Feminino (LBF). O seu grande ídolo no basquete é a jogadora Hortência Marcari. 20

RUBIO, Kátia. ATLETAS OLIMPICOS BRASILEIROS. São Paulo: SESC-SP, 2015.


Clubes País

Time

Campeonato

Ano

Beto Sport´s

Juvenil

BCN Osasco

Paulista

2001

Yaya Maria Breogán

Liga Espanhola

2001/2002

Miami Sol

WNBA

2002

Aix Basket

EuroCopa

2003

Phoenix Mercury

WNBA

2003

Perfumerias Avenidas

Liga Espanhola

2003/2004

B.C. Euras Ekaterinburg

Liga Russa

2004/2005

Seattle Storm

WNBA

2005

USK Praha

Euroliga

2006

Seattle Storm

WNBA

2006

TTT Riga

Euroliga

2007

Hondarribia-Irun

Euroliga/ Liga Espanhola 2007

Seattle Storm

WNBA

2007

Ourinhos

LBF

2007

Spartak Moscow

Euroliga

2008

Atlanta Dream

WNBA

2008

Villeneuve Lille Metropole Euroliga

2008

Extrugasa Vilagarcia

Liga Espanhola

2008/2009

Atlanta Dream

WNBA

2009

Wisla Can-Pack

Euroliga

2009/2010

Atlanta Dream

WNBA

2010

Besiktas JK

EuroCopa

2011

Atlanta Dream

WNBA

2011

Maranhão Basquete

LBF

2011

Washigton Mystics

WNBA

2012

Maranhão Basquete

LBF

2012

Connecticut Sun

WNBA

2013

Maranhão Basquete

LBF

2013

In http://www.lancenet.com.br/minuto/Nadia-Colhado-Iziane-Castro-America_0_1414058678.html Nadia Colhado e Iziane são os destaques do Brasil na Copa América de basquete Jogadoras lideraram a seleção em pontos e rebotes durante o torneio continental RADAR/LANCEPRESS! - 17/08/2015 - 15:59 Canadá (CAN)

Iziane foi a cestinha do Brasil na Copa América (Foto: José Jiménez Tirado/FIBA Americas)


A seleção brasileira de basquete feminino terminou a Copa América em quarto lugar, após a disputa da medalha de bronze contra o Canadá na noite do domingo. Nadia Colhado e Iziane Castro foram os destaques do selecionado nacional no campeonato. A pivô teve as impressionantes médias de 12,7 pontos e 11,3 rebotes, sendo a única jogadora a ter dígitos duplos em dois fundamentos no encerramento do campeonato. - Estou muito feliz por poder ter contribuído para a seleção. Me sinto muito orgulhosa em fazer parte desse time e sempre vou procurar dar o meu melhor - afirma Nadia, que chegou a pegar 22 rebotes em uma partida. Iziane, que voltou para a seleção com a missão de levar sua experiência e forte capacidade de pontuar, cumpriu bem o seu papel e foi a cestinha do time verde e amarelo. A ala teve média de 14,8 pontos por jogo, a segunda maior do campeonato. - Fico feliz com minha volta à seleção. O objetivo era trazer toda a minha experiência adquirida nesse muitos anos de carreira e ajudar o grupo. O destaque que tive até agora é consequência de um trabalho bem feito e minha vontade de sempre dar o melhor de mim para conseguirmos a vitória a cada jogo - disse Iziane. Tanto Nadia Colhado quanto Iziane Castro têm uma longa carreira no basquete feminino. As duas fizeram parte de importantes equipes no cenário nacional e internacional. A pivô acaba de voltar de um período com o Atlanta Dream (EUA), da WNBA, e a ala foi a cestinha da LBF 2014/2015 com o Maranhão Basquete. Agora, as duas vão juntar suas experiências e serão companheiras de equipe no Sampaio Corrêa. Leia mais no LANCENET! http://www.lancenet.com.br/minuto/Nadia-Colhado-Iziane-Castro-America_0_1414058678.html#ixzz3msg5mF00 © 1997-2015 Todos os direitos reservados a Areté Editorial S.A Diário LANCE!

NATAÇÃO

PHILLIP CAMERON MORRISON nasceu em São Luís (MA), em 29 de dezembro de 1984. Filho de pai norte-americano e mãe brasileira, Phillip tem dupla cidadania. Começou a nadar no Maranhão, onde conquistou dois títulos estaduais. Em 2001, foi estudar na Luisiânia, nos EUA, onde também nadava e venceu as principais competições de high school. Esses resultados lhe renderam uma bolsa para estudar n Universidade Stanford. Foi aos Jogos Olimpicos de Pequim, em 2008, como reserva, no revezamento 4 x 200 metros nado livre. È formado em Earth Systems e, atualmente, trabalha em uma empresa de tecnologia em San Francisco, Califórnia. (RUBIO, 205, p. 231) 21. In https://pt.wikipedia.org/wiki/Phillip_Morrison [1]

Phillip Cameron Morrison é um nadador brasileiro. [2] Estudou em Stanford, EUA. Integrou a delegação nacional nos Jogos Olímpicos de Verão de 2008, em Pequim, na China, onde ficou [1] [2] em 16º lugar nos 4x200m livres.

In https://en.wikipedia.org/wiki/Phillip_Morrison Phillip Morrison From Wikipedia, the free encyclopedia For persons named Philip Morrison, see Phil Morrison (disambiguation). Phillip Morrison

21

RUBIO, Kátia. ATLETAS OLIMPICOS BRASILEIROS. São Paulo: SESC-SP, 2015.


Personal information Full name Nationality Born

Phillip Cameron Morrison Brazil 29 December 1984 (age 30) São Paulo, Brazil 1

Height

1.89 m (6 ft 2 ⁄2 in)

Weight

84 kg (185 lb) Sport

Sport

Swimming

Event(s)

Freestyle

Team

Stanford Cardinal (USA)

Phillip Cameron Morrison (born December 29, 1984 in São Paulo) is a Brazilian swimmer of American descent, who specialized in [1] freestyle events. Morrison represented Brazil at the 2008 Summer Olympics in Beijing, where he competed for the men's 4×200[2] metre freestyle relay, along with his fellow swimmers Rodrigo Castro, Nicolas Oliveira, and Lucas Salatta. He swam on the third leg, [3] with an individual-split time of 1:49.35, finishing last in the first heat and sixteenth overall to his team, for a total time of 7:19.54. Morrison is an earth systems graduate, with a major degree in human biology, at Stanford University in Stanford, California.

Phillip Morrison Full name: Phillip Cameron Morrison Gender: Male Height: 6-2 (189 cm) Weight: 185 lbs (84 kg) Born: December 29, 1984 (Age 30.271, YY.DDD) in São Paulo, São Paulo, Brazil Affiliations: Stanford Cardinal, Stanford (USA) Country: Brazil Sport: Swim

IN NATAÇÃO ATUALIZADA - Por Leopoldo Vaz • quarta-feira, 09 de janeiro de 2013 às 07:53 http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2013/01/09/natacao-atualizada/ NATAÇÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ 2002 – Viva Água e terceira colocada no Kako Caminha em Fortaleza/CE – Phillip Cameron Morrison vai para os Estados Unidos.

FUTEBOL

TANIA MARANHÃO Tânia Maria Pereira Ribeiro nasceu em São Luis (MA), em 3 de outubro de 1974. Iniciou sua carreira jogando futsal em sua cidade natal. Em 1993, transferiu-e para a Bahia para jogar futebol no Eurosport. Atuou, também, pelas equipes: Saad, São Paulo, e Rayo Vallecano, da Espanha. Foi aos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, em 2003, e do Rio de Janeiro, em 2007, tornando-se bi-campeã pan-americana. Disputou os Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1966. De Sidney, e 2000, de Atenas, em 2004, quando conquistou a medalha de prata; e de Pequim, em 2008, conquistando novamente a medalha de prata. Participou, ainda, das Copas do Mundo de 1999 e 2003 e sagrou-se vice-campeã na Copa da China, em 2007.


Jogou pelo Vasco e, atualmente, joga pelo Botafogo e na equipe da Marinha, pela qual disputou os Jogos Mundiais Militares. In https://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%A2nia_Maranh%C3%A3o Tânia Maria Pereira Ribeiro (São Luís, 3 de outubro de 1974) é uma futebolista 1 Carreira brasileira. Atua como zagueira. Carreira Iniciou sua carreira como jogadora de futsal, porém, em 1993, atuando pelo Eurosport da Bahia, começou a participar do futebol de campo. Atuou também pelo Saad, São Paulo, Grêmio Rayo Vallecano, e atualmente defende o Vasco. Seleção Brasileira Pela Seleção Brasileira de Futebol Feminino disputou os Jogos Pan-americanos de 2003 e de 2007, sendo campeã em 2007 ao vencer [1] os Estados Unidos da América. Participou dos Jogos Olímpicos de 1996, 2000, 2004 e 2008 . Conquistou a medalha de prata nas [2] duas últimas ocasiões, perdendo as finais para os Estados Unidos . Disputou também as Copas do Mundo de 1999, 2003 e 2007, sendo que desta última foi vice-campeã, a melhor colocação da seleção brasileira feminina em mundiais. Na partida final o Brasil perdeu para a Alemanha.

In http://olimpiadas.uol.com.br/2008/atletas-brasileiros/futebol/tania-maranhao.jhtm Tânia Maranhão Quando esteve jogando na Espanha, Tânia foi companheira de clube de Milene Domingues, ex-mulher do atacante Ronaldo Data de nascimento 03/10/1974 Local de nascimento São Luiz (MA) Residência Campo Grande (MS) Peso e altura 56 kg / 1,70 m Posição Zagueira Participação em Olimpíadas Atlanta-1996, Sydney-2000 e Atenas-2004 Com três Olimpíadas no currículo, Tânia Maranhão chegou a Pequim como uma das atletas mais experientes do elenco brasileiro. Ela foi uma das zagueiras titulares da equipe brasileira que levou o ouro no Pan do Rio e que não tomou nenhum gol no torneio. Tânia está na seleção desde 1991, quando foi chamada para a Copa do Mundo na China. Além das três participações em Jogos Olímpicos, a atleta também disputou mais quatro mundiais pela seleção: 1995, 1999, 2003 e 2007. Em Pequim, a experiência de Tânia com a camisa da seleção rendeu à defensora a faixa de capitã. Ao lado de Ranata Costa, a atleta comandou a zaga do Brasil em todos as partidas. Depois de golear a Alemanha, atuais campeãs mundiais, na semifinal, as meninas do Brasil voltaram a enfrentar os EUA, algozes brasileiros em Atenas-2004, Mais uma vez as norte-americanas levaram a melhor, batendo o Brasil na prorrogação por 1 a 0. Na Olimpíada de Atenas-2004, Tânia participou de um lance crucial. Era ela quem estava na marcação da norte-americana Wambach no momento do segundo gol dos Estados Unidos na final, gol que decretou a derrota brasileira e a inédita medalha de prata para o país. Tânia viveu um momento delicado na Olimpíada de Sydney-2000. Sofreu uma entorse no tornozelo direito logo na primeira partida, contra a Suécia. Ela desfalcou o time contra Alemanha, mas insistiu em atuar no jogo seguinte. "Contra a Austrália, tínhamos que ganhar de qualquer jeito, então eu falei 'seja o que Deus quiser, vou jogar'", lembra. Tânia ajudou o time a conquistar a vitória e avançar às semifinais. "No fim da partida minha chuteira até abriu de tão inchado que o pé estava", conta a zagueira. Em 2003, a jogadora defendeu o Rayo Vallecano, na Espanha, mesmo time de Milene Domingues, ex-mulher do atacante Ronaldo. Antes, passou pelo Eurosport, da Bahia, em 1993, quando trocou o futsal pelo futebol de campo. Depois atuou no Saad (SP), no São Paulo - com colegas de seleção como Formiga e Grazielle -, no Santa Isabel (MG) e no Grêmio. Atualmente, Tânia está no Saad, um dos times mais tradicionais do futebol feminino. A zagueira atua ao lado de velhas conhecidas da seleção, como Maycon. No Pan do Rio de Janeiro, seu segundo na carreira, Tânia formou a sólida defesa brasileira, ao lado de Renata Costa e da capitã Aline. Tânia levou o ouro pela segunda vez consecutiva no Pan de 2007, depois de ter ganhado em Santo Domingo (2003).

HANDEBOL CHINA Winglitton Rocha Barros nasceu em 22 de junho de 1974, em São Luis (MA). Começou a jogar handebol aos 10 anos, sob a orientação do técnico Zé Pinheiro Silva. Seu desempenho lhe valeu uma bolsa de estudos na Escola Santa Tereza. Em 1991, mudou-se pra Chapecó (SC), a convite do técnico Luis Celso Giacomini. Passou ainda pelas equipes: Caçador, Concórdia, Metodista/São Bernardo, são Caetano, e Vasco da Gama. Chegou à seleção brasileira adulta em 1995, ano em que conquistou a medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de Mar-del-Plata. No ano seguinte,


participou dos Jogo Olimpicos e Atlanta. Atuou na Itália por duas temporadas e, no retorno, ao Brasil, jogou pelo Pinheiros. Encerrou a carreira de atleta em 2008. Em 2009, formou-se me Jornalismo e fez pós-graduação em Gestão Pública. Foi secretário-adjunto de projetos especiais da Secretaria de Estado do esporte e Lazer do Maranhão. (RUBIO, 2015, p. 362-363) 22.

IN HTTPS://PT.WIKIPEDIA.ORG/WIKI/WINGLITTON_ROCHA_BARROS Winglitton Rocha Barros Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. [1]. Winglitton Rocha Barros, conhecido como China, (São Luís, 22 de junho de 1974) é um jogador de handebol brasileiro. A origem do apelido é devido a seus traços orientais. Começou a jogar handebol com 11 anos na Escola Santa Teresa, na cidade de São Luís. Em 1991, transferiu-se para o Chapecó, de Santa Catarina. Chega ao São Caetano em 1998 e a partir de 1999 defendeu o Vasco da Gama. Jogou pelo Moto Clube de São Luís, sendo campeão brasileiro da primeira divisão em 1998. Atuou também pela Metodista, do estado de São Paulo. Transferiu-se para o handebol italiano por duas temporadas, ajudou a equipe de GAETA, a cerca de 140 de Roma, a subir da 2ª para a 1ª divisão sendo um dos artilheiros da competição. Em 2006 retornou ao Brasil para atuar pelo Esporte Clube Pinheiros, clube da capital paulista, conquistando todos os títulos dos campeonatos disputados. Aposentou-se da seleção brasileira em 2004, às vésperas de disputar sua segunda olimpíada, a de Atenas, por lesão no ombro direito. Em 2007 aposentou-se das quadras. Formou-se em jornalismo pela Universidade Paulista em 2009. É MBA em Gestão Pública pela FGV de São Paulo. Desde 2001 foi nomeado pela governadora do Maranhão para ser sercretário adjunto de projetos especiais da SEDEL (Secretaria de Estado [1] do Esporte e Lazer). Idealizou e coordenou o Evento Verão Litorânea, a Estação dos Esportes, evento realizado pela SEDEL em 2001, realizado aos finais de semana do mês de julho na orla de São Luís, capital do Estado maranhense. Coordenou junto com a Federação Maranhense de Handebol o Campeonato Brasileiro de Handebol da primeira divisão realizado em São Luís no mês de setembro de 2011. Formou-se em jornalismo pela Universidade Paulista em 2009. MBA em Gestão Pública pela FGV de São Paulo. Em 2011 foi nomeado pela governadora do Maranhão para ser secretário adjunto de projetos especiais da SEDEL(Secretaria de Estado do Esporte e Lazer). Idealizou e coordenou o Evento Verão Litorânea, a Estação dos Esportes, o maior e melhor evento realizado pela SEDEL em 2011, realizado aos finais de semana do mês de julho na orla de São Luís, capital do Estado maranhense. Coordenou a campanha do deputado estadual mais votado do Maranhão em 2010 e em 2012 auxiliou, exercendo a função de coordenador geral, a eleger a prefeita de Coroatá. Foi convidado em dezembro de 2012 para ser o Secretário Chefe da Casa Civil da cidade de Coroatá. Artilharia

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Artilheiro da Seleção brasileira no Pan de 2003 Artilheiro da seleção brasileira no Sul-Americano de 2000 Artilheiro e melhor jogador da Liga Nacional em 1999, 2000 e 2001 Artilheiro e melhor jogador do Campeonato Brasileiro em 1997 e 1998 Artilheiro do Campeonato Carioca em 2000 e 2001

Titulos

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Campeão dos Jogos Pan-Americanos, 2003 Vice-campeão dos Jogos Pan-Americanos, 1995 Vice-campeão Pan-Americano junior,1993, pela seleção. Vice-campeão Pan-Americano, 1994, pela seleção.

RUBIO, Kátia. ATLETAS OLIMPICOS BRASILEIROS. São Paulo: SESC-SP, 2015.


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Campeão Sul-Americano, 2000 Bicampeão brasileiro, 1992, 1993, por Chapecó. Bicampeão da Copa do Brasil1992, 1993, por Chapecó. Campeão brasileiro,2005, por Metodista. Campeão da Copa do Brasil, 2005, por Metodista. Campeão da Liga Nacional,2003, por São Caetano. Campeão da Copa do Brasil, 2006, por Esporte Clube Pinheiros. Campeão da Liga Nacional, 2007, por Esporte Clube Pinheiros. Pentacampeão Maranhense, jogando pelo Moto Clube. Bicampeão Carioca, jogando pelo Vasco. Bicampeão Catarinense. Campeão Gaúcho.

In http://cev.org.br/qq/chinadnae/ Winglitton Rocha Barros – Jornalista - Brasil, São Luís - MA. perfil Winglitton Rocha Barros, conhecido como China, (São Luís, 22 de junho de 1974) é um jogador de handebol brasileiro.1 A origem do apelido é devido a seus traços orientais. Começou a jogar handebol com 11 anos na Escola Santa Tereza, na cidade de São Luís. Em 1991, transferiu-se para o Chapecó, de Santa Catarina. Chega ao São Caetano em 1998 e a partir de 2000 defendeu o Vasco da Gama. Jogou pelo Moto Clube de São Luís, atuou também pelo Metodista, do estado de São Paulo. Transferiu-se para o handebol italiano por duas temporadas e em 2006 retornou ao Brasil para atuar pelo Esporte Clube Pinheiros, clube da capital paulista. Formou-se em jornalismo pela Universidade Paulista em 2009. É pós-graduando em Gestão Pública pela FGV de São Paulo. Desde 2001 foi nomeado pela governadora do Maranhão para ser secretário adjunto de projetos especiais da SEDEL (Secretaria de Estado do Esporte e Lazer).1Idealizou e coordenou o Evento Verão Litorânea, a Estação dos Esportes, evento realizado pela SEDEL em 2001, realizado aos finais de semana do mês de julho na orla de São Luís, capital do Estado maranhense. Coordenou junto com a Federação Maranhense de Handebol o Campeonato Brasileiro de Handebol da primeira divisão realizado em São Luís no mês de setembro de 2011. Formou-se em jornalismo pela Universidade Paulista em 2009. É pós-graduando em Gestão Pública pela FGV de São Paulo. Desde 2011 foi nomeado pela governadora do Maranhão para ser secretário adjunto de projetos especiais da SEDEL(Secretaria de Estado do Esporte e Lazer). Idealizou e coordenou o Evento Verão Litorânea, a Estação dos Esportes, o maior e melhor evento realizado pela SEDEL em 2011, realizado aos finais de semana do mês de julho na orla de São Luís, capital do Estado maranhense. Coordenou a campanha do deputado estadual mais votado do Maranhão em 2010 e em 2012 auxiliou, exercendo a função de coordenador geral, a eleger a prefeita de Coroatá. Está Secretário Chefe da Casa Civil do Município de Coroatá desde 01 de janeiro de 2013.

ANA PAULA RODRIGUES nasceu em São Luis (MA) em 18 de outubro de 1987. Começou a jogar Handebol na escola, em 2001, até se transferir para Guarulhos, em 2006. No ano seguinte foi para a Espanha, onde atuou pelo IBM Puertodulce e pelo Elda Prestigio. Em 2011, mudou-se para a Áustria, para defender o Hypo Niederöstreich. Foi aos Jogos Olímpicos Pequim, em 2008, e de Londres, em 2012. Participou dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, em 2011, quando a Seleção conquistou a medalha de ouro. Foi campeã mundial em 2013, na Sérvia. Em janeiro de 2014, anunciou sua transferência para o Bucareste, da Romênia.


IN https://pt.wikipedia.org/wiki/Ana_Paula_Rodrigues_%28handebolista%29 Ana Paula Rodrigues (handebolista) Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Ana Paula Handebol Nome completo

Ana Paula Rodrigues Belo

Categoria

Adulta

Representante Nascimento

18 de outubro de 1987 (27 anos) São Luís, MA

Nacionalidade

brasileira

Compleição

Peso: 67 kg Altura: 1,72 m

Posição

Central

Clube

BM Puertodulce Roquetas (2007-2008) BM Elche Mustang (2008-2009) Elda Prestigio (2009-2011) Hypo Niederösterreich (2011-) CSM Bucuresti (2014)

Período em atividade

2005Medalhas Campeonato Mundial

Ouro

Sérvia 2013

Equipe

Jogos Pan-Americanos Ouro Ouro

Guadalajara 2011

Equipe

Toronto 2015

Equipe

Campeonato Pan-Americano Prata

Santiago 2009

Equipe

Ouro

São Bernardo do Campo 2011

Equipe

Ouro

Santo Domingo 2013

Equipe

Ana Paula Rodrigues Belo ou simplesmente Ana Paula (São Luís, 18 de outubro de 1987) é uma jogadora brasileira de handebol que [1] joga como central. Atualmente defende o Hypo Niederösterreich. Integrou a seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de 2008 e 2012. Foi campeã mundial com a seleção em 2013 na Sérvia. Carreira - Clubes Ana Paula começou a jogar handebol em 2001, na escola . Em 2006 foi morar em Guarulhos, onde permaneceu até 2007 quando [2] assinou contrato com o clube espanhol BM Puertodulce Roquetas. Jogou apenas uma temporada pelo clube, depois acertou com o [3] também espanhol BM Elche Mustang. Ana Paula fez uma boa temporada, marcando 246 gols, sendo o principal nome da equipe na Liga dos Campeões da Europa - EHF. No ano seguinte se transferiu para o rival Elda Prestigio, onde chegou a final da Liga dos [4] Campeões da Europa - EFH, mas o time dinamarquês Randers HK acabou se sagrando campeão. Em 2011 acertou com o Hypo [5] Niederösterreich da Áustria, em um acordo com a Confederação Brasileira de Handebol. No Hypo ganhou duas vezes o campeonato austríaco e a Copa OHB da Áustria. Na temporada 2012/13 o time foi eliminado na primeira fase da Liga dos Campeões de Handebol Feminino - EHF, mas se classificou para a Recopa da Europa. O Hypo chegou à final e venceu a última partida contra o clube francês Paris Issy. Em janeiro de 2014, Ana Paula anunciou sua saída do Hypo após o fim da temporada para jogar no Bucareste [6] da Romênia. Seleção Participou das Olimpíadas de Pequim em 2008 e de Londres em 2012. Foi campeã do Campeonato Panamericano em 2011 no Brasil [7] e 2013 na República Dominicana, sendo a melhor central do torneio. Esteve com a seleção nos Jogos Pan-Americanos de 2011 em [8] Guadalajara. Lá ganhou a medalha de ouro e contribuiu marcando seis gols na final contra a Argentina. No ano de 2013, foi campeã [9] [10] da Provident Cup na Hungria e campeã do Sul-Americano na Argentina, garantindo uma vaga para o mundial. Disputou Campeonato Mundial em 2009, 2011 e 2013. No Campeonato Mundial de 2013 na Sérvia, ela comemorou a conquista invicta do seu


primeiro título mundial, marcando quatro gols na decisão contra a Sérvia, 39 no total na competição ficando em nono lugar na [11] [12] artilharia. Em 2014 foi campeã dos Jogos Sul-Americanos em Santiago. Principais Conquistas Títulos Hypo Niederösterreich  Bicampeã da Liga Nacional: 2012 e 2013  Bicampeã da Copa da Áustria: 2012 e 2013  Campeã da Recopa da Europa: 2012/13 Seleção Brasileira  Campeã Mundial: 2013  Bicampeã do Campeonato Pan-Americano: 2011 e 2013  Campeã dos Jogos Pan-Americanos: 2011  Campeã dos Jogos Sul-Americanos: 2014  Campeã Sul-Americana: 2013  Campeã da Provident Cup: 2013 Prêmios Seleção Brasileira  Melhor central do Campeonato Pan-Americano de 2013

SILVIA PINHEIRO Silvia Helena Araujo Pinheiro Pitombeira nasceu em São Luis (MA), no dia 1º de novembro de 1981. Começou a jogar Handebol aos 12 anos, na escola, em Blumenau. Depois, passou pelas equipes Osasco e Metodista. Desde 2003, atua no exterior. Em 2004, jogou pelo Gil Eanes, de Portugal, posteriormente no Itxako, da Espanha, e também, na Hungria. Foi bicampeã pan-americano em Santo Domingo, em 2003, e em Guadalajara, em 2011. Participou dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. Atualmente, está no Hypo Niederöstreich, da Áustria. (RUBIO, 2015, p. 377)23 IN HTTPS://PT.WIKIPEDIA.ORG/WIKI/SILVIA_HELENA_PITOMBEIRA Silvia Helena Pitombeira Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Nome completo

Silvia Helena Araújo Pinheiro Pitombeira

Apelido

Silvia

Categoria

Adulto

Representante Nascimento Nacionalidade

18 de janeiro de 1981 (34 anos) São Luís, Maranhão) brasileira

Compleição

Peso: 65kg Altura: 1,79

Posição

Armadora-direita

23

RUBIO, Kátia. ATLETAS OLIMPICOS BRASILEIROS. São Paulo: SESC-SP, 2015.


Clube

Toulon St-Cyr Medalhas Jogos Pan-Americanos

Ouro

Guadalajara 2011

Equipe

Campeonato Pan-Americano Ouro

Brasil 2011

Equipe

Silvia Helena Araújo Pitombeira (São Luís, 18 de janeiro de 1981) é uma handebolista brasileira que joga como armadora-direita. [1] Integrou a delegação nacional que disputou os Jogos Pan-Americanos de 2011, em Guadalajara, no México, conquistando a medalha de ouro, e a que conseguiu a sexta colocação nos Jogos Olímpicos de Verão de 2012, em Londres, na Grã-Bretanha.

Site Oficial da Confederação Brasileira de Handebol IN HTTP://BRASILHANDEBOL.COM.BR/NOTICIAS_DETALHES.ASP?ID=27738&MODA=&AREA=&IP= ATLETAS MARANHENSES DA SELEÇÃO FEMININA SE EMOCIONAM EM VISITA A ESCOLAS DE SÃO LUÍS Equipe está na capital maranhense para dois jogos amistosos contra Cuba

Alunos toraram fotos e pediram autógrafos à Seleção São Luís (MA) - A passagem da Seleção Feminina Olímpica de Handebol por São Luís (MA) deixará muito mais do que momentos de alegria para a torcida, mas também um aprendizado diferente para alunos de duas escolas da capital maranhense. A equipe, que enfrenta Cuba em dois jogos amistosos nesta quarta-feira (27), às 20h, e na sexta (29), às 16h, no ginásio Castelinho, visitou esta manhã o Liceu Maranhense e o colégio Alberto Pinheiro. Lá, as jogadoras passaram um pouco de sua experiência como atletas e receberam o carinho das crianças. O momento foi ainda mais especial para duas integrantes da seleção que se prepara para os jogos Olímpicos de Londres. As armadoras Ana Paula e Silvia Helena nasceram em São Luis e tiveram ali a oportunidade de reviver o momento em que começaram a praticar a modalidade. Muitos dos alunos também jogam handebol e ouviram atentos os conselhos daquelas que consideram seus ídolos. A equipe foi dividida em duas para as visitas. O colégio Alberto Pinheiro foi onde Ana Paula estudou quando criança. Silvia Helena visitou o Liceu Maranhense e junto com o grupo falou principalmente sobre a persistência que um atleta precisa ter para alcançar seus objetivos. "A melhor parte de voltar para o Brasil é receber essas manifestações de carinho, principalmente das crianças", destacou a jogadora que vive há dez anos fora do País. "Hoje pude reviver parte da minha história. As dificuldades que um atleta tem para chegar onde sonha são muito grandes. Hoje não existem muitos clubes profissionais no Maranhão, então, é muito difícil seguir carreira no esporte. Às vezes tem muito atleta com talento que deixa de jogar por falta de oportunidade", disse a jogadora que com 14 anos foi contratada para jogar em Blumenau (SC), depois de ser vista no Campeonato Brasileiro de Seleções, representando o Estado. Para a comunidade que recebeu as jogadoras, a oportunidade também será única, segundo a professora Rosana Motta, do Liceu Maranhense. "Foi muito importante. Nós precisamos de ídolos e elas são ídolos no Brasil. Temos muito orgulho de ter duas maranhenses na Seleção. A Silvia Helena e a Ana Paula são duas representantes muito boas do nosso Estado", comentou. Além de alunos e professores, alguns pais também estiveram presentes no encontro no Liceu Maranhense. "Foi muito emocionante também pelo fato dos pais estarem lá e as jogadoras falarem sobre a questão do esporte que deve ser aliado ao estudo e também contar com o suporte da família. O Liceu é uma escola pública de tradição. Essa visita foi muito importante para o meu trabalho como professora


de educação física e de handebol, ajudando na formação dessas crianças. Vai ficar na memória deles para o resto da vida, marcado na história do Liceu."

VOLEI DE PRAIA

ROBERTO LOPES Roberto Lopes da Costa nasceu em Bacabal (MA), em 6 de outubro de 1966. Depois de se mudar para Fortaleza (CE), começou a freqüentar a AABB, em 1979, onde fez a escolinha de voleibol, modalidade que praticou até 1986. Migrou para o vôlei de praia, em 1988, formando dupla com Franco Neto. Foi bicampeão do Circuito Mundial em 1995 e, no ano seguinte, participou dos Jogos Olímpicos de Atlanta, onde obteve o 9º lugar. Em seu regresso, foi morar e jogar nos Estados Unidos. Nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg , em 1999, conquistou a medalha de bronze. Encerrou carreira de atleta em 2008. Fez Faculdade de Educação Física, especializou-se em treinamento esportivo e fez mestrado. É professor universitário e trabalhou na Secretaria de Estado. Montou, em Fortaleza, um centro de treinamento de vôlei de praia. Foi manager da FIFA, em Fortaleza,mpara a Copa do Mundo do Brasil, em 2014. (RUBIO, 205, p. 348) 24. In https://pt.wikipedia.org/wiki/Roberto_Lopes_da_Costa Roberto Lopes da Costa Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Nome completo

Roberto Lopes da Costa

Apelido

Roberto Lopes

Modalidade

Voleibol

Nascimento

6 de outubro de 1966 (48 anos) Bacabal, Maranhão

Nacionalidade

Brasil

Compleição

Peso: 87 Kg Altura: 1,85 m

Nível

Profissional

Período em atividade

Voleibolista Medalhas Jogos Pan-Americanos

Bronze

Winnipeg 1999

Dupla

Roberto Lopes da Costa ( Bacabal, 6 de outubro de 1966 é ex-voleibolista brasileiro que se destacou no vôlei de praia e entre suas conquistas importantes está a medalha de bronze obtida no Pan de Winnipeg 1999, alem disso disputou uma edição dos Jogos [1] Olímpicos de Verão , entrou para história ao conquistar o título do Circuito Mundial de 1993, interrompendo a hegemonia norteamericana que durava há quatro temporadas e foi bicampeão do Circuito Mundial em 1995.Em 1998 pela AVP foi eleito o Melhor [2] Jogador Defensivo do ano . Carreira Saiu de sua cidade natal para morar em Fortaleza com sua a família quando tinha apenas aos 12 anos de idade, apaixonado por, não demorou muito a trocar o salão pelas quadras de vôlei a convite do irmão e em torno de 15 a 17 anos de idade já integrava o time

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RUBIO, Kátia. ATLETAS OLIMPICOS BRASILEIROS. São Paulo: SESC-SP, 2015.


infanto-juvenil (15 a 17 anos) da AABB, ainda defendeu cinco times , entre eles o Náutico, até trocar o voleibol indoor pelas areias e [3] não dmeorou muito já disputava o Circuito Mundial em 1990 Formando dupla com Franco Neto, Roberto conquistou três bronzes nos Abertos de Sydney, Sète e Rio de Janeiro, respectivamente e [4] a quinta colocação nos Abertos de Lignano, Enoshima e Rio de janeiro, resultados obtidos no Circuito Mundial 1987-91 Na temporada 1991-92, com mesmo parceiro, subiu ao pódio apenas nos Abertos de Sydney terminando na terceira colocação e ainda [4] ficou em sétimo lugar no Aberto do Rio de Janeiro.Na temporada 1992-93 terminou em quarto no Aberto do Rio de Janeiro . A temporada 1993-94 é repleta de pódio, dois ouros nos Abertos de Enoshima e Rio de Janeiro, respectivamente, uma prata nos [4] Aberto de Miami, temporada que ainda fez dupla com Franco . Conquistaram o título do Circuito Mundial de 1993 desbancando os norte-americanos Sinjin Smith e Randy Stoklos, tetracampeões do Circuito Mundial, quebrando uma supremacia entrando assim [3] para história . Nas competições pelo Circuito Mundial de 1994-95 formou dupla com Paulão, com o qual obteve dois ouros nos Abertos de Enoshima e Carolina, respectivamente e voltando com seu parceiro Franco, conquistou a etapa do Aberto de Fortaleza e o bronze no [4] Aberto do Rio de Janeiro . No Circuito Mundial de 1995-96 conquistou ouro em oito etapas, nos Abertos de: Marbella, Clearwater, Pusan, Enoshima, Espinho, La Baule, Fortaleza e Rio de Janeiro; enquanto as etapas prateadas ocorreu nos Abertos de Berlim e Bali;bronze deu-se nos Abertos de Lignano e Tenerife e ainda ficou em quinto lugar nos Abertos de Marseille, Hermosa e Ostende, complementando um sétimo [4] lugar no Aberto da Carolina . Na temporada 1996 ao lado de Franco, Roberto Lopes conquista apenas dois ouros na Etapa Mundial de Marseille e Jacarta; duas pratas nas etapas de Marbella e Hermosa; quarto lugar na etapa de Alanya e também em Carolina; sétimo lugar com Franco na etapa de João Pessoa e ao lado de Garrido na etapa de Tenerife.Ainda somou pontos com o nono lugar, no Grand Slam de Pornichet e Espinho, além das etapas de Lignano e Fortaleza. Neste ano disputou sua primeira edição de Olimpíada de Atlanta de 1996, como [4] favoritos a conquista da medalha olímpica, decepcionaram terminando apenas na nona colocação geral . Em 1997 não foi uma boa temporada para dupla Franco e Roberto, conquistaram apenas um pódio com a prata do Grand Slam de Espinho; quarto lugar nos Abertos de Lignano e Alanya, respectivamente; quinto lugar nos Abertos de Marseille e Fortaleza, respectivamente.Ficaram ainda na nona colocação no Grand Slam do Rio de Janeiro, décimo sétimo lugar no Aberto de Berlim e o trigésimo terceiro lugar no Aberto de Tenerife, não pointuando no Abertos de Klagenfurt e Ostende. No Campeonato Mundial de [4] Vôlei de Praia de 1997, ocorrido em Los Angeles, este jogando ao lado de Franco, terminou na nona posição . Jogando ao lado de Franco, conquistaram uma prata no Aberto de Vitória e um bronze no Aberto do Rio de Janeiro, ambas na temporada de 1998 pela FIVB-Federação Internacional de Volebol. Neste mesmo ano dedicou-se mais as competições pela AVP Pro Beach Tour, ou seja, circuito da AVP (Associação de Vôlei Profissional Americana), quando ao lado de Franco foram medalha de prata Na etapa de Daytona Beach, Cleveland, Minneapolis, bronze Cincinnati, Milwaukee, Atlanta e Hermosa beach; demais resultados [5] foram: quinto lugar, sétimo lugar e nono lugar, e os resultados mais negativos foram três vezes o décimo sétimo lugar . Já na temporada 1999 teve como melhores resultado no Circuito Mundial: o bronze no Aberto de Vitória e o obtido na etapa Challenger de Winnipeg, ainda somaram pontos com o décimo sétimo lugar no Aberto de Toronto, mas não somaram com o trigésimo terceiro lugar nos Aberto s de Mar del Plata, Lignano.No Campeonato Mundial de Vôlei de Praia de 1999 sediado em Marseille, não tiveram um bom desempenho terminando apenas na trigésima terceira posição, sem pontuar no Circuito Mundial de [4] [5] 1999 .Jogando pelo Circuito da AVP Foi prata na etapa de Chicago e nono lugar em Belmar, Hermosa Beach e Clearwater . Na jornada de 2000, Roberto só conseguiu apenas um pódio ao lado de Franco, foi com o bronze no Aberto de Macau. Com Franco foi quarto lugar no Aberto de Mar del Plata, décimo terceiro colocados no Aberto do Guarujá e no Grand Slam de Chicago, ainda obtiveram a trigésima terceira colocação nos Abertos de Rosarito e Vitória, sem somar pontos nestas ocasiões. Formou dupla com Pará somando pontos com o sétimo lugar nos Abertos de Stavanger e Lignano, com o vigésimo quinto lugar no Aberto de Marseille e [4] com a décima terceira posição do Aberto de Espinho . Na temporada 2001 continuo a parceria com Franco, subindo ao pódio apenas na conquista do bronze do Aberto de Mallorca, ficou na quinta colocação no Aberto de Vitória, na sétima posição no Aberto de Ostende e Lignano, não pontuaram no Aberto de Espinho, quando ocuparam a trigésima terceira posição, terminaram na décima sétima posição no Grand Slam de Marseille e Aberto de [4] Stavanger . No Circuito Mundial de 2002, não subiu ao pódio em nenhuma etapa, terminaram em quarto lugar no Aberto de Gstaad e quinto lugar no Grand Slam de Klagenfurt. Também nesta temporada terminou em nono lugar nos Abertos de Fortaleza, Cadiz e Berlim, assim como o décimo sétimo lugar no Aberto de Espinho, e a vigésima quinta colocação nos Abertos de Montreal e Stavanger, [4] mesma colocação no Grand Slam de Marseille . Em 2004 jogou ao lado de Luizão no Aberto de Salvador não pontuando e nem classificando.Em 2006 voltou ao Circuito Mundial [4] jogando ao lado de Pedro Solberg, não classificados no Grand Slam de Stavanger e nos Abertos de Espinho e Roseto degli Abruzzi . E teve melhor resultado a quarta colocação no Aberto de Zagreb. Alem destes resultados obteve o décimo terceiro lugar no Aberto [4] de Xangai e o décimo sétimo no Grand Slam de Gstaad .Em 2007 Jogou ao lado de Fábio Guerra quando no Aberto de Fortaleza, [4] não ficaram classificados, e conquistaram a prata na etapa Satélite de Lausanne . Formado em Educação Física, se aposentou em 2008, após disputar 106 competições internacionais e formar dupla durante 15 anos com Franco amigos do tempo de escola e se tornaram amigos do esporte. Casado com Luciana, pai dos gêmeos Ricardo e Roberto Filho. Após aposentadoria das areais, Roberto mantve contato ainda com ao modalidade bater bola eventualmente com seus filhos e trabalhou auxiliar técnico da seleção brasileira sub-19 e sub-21 em 2010 . Montou em Fortaleza um centro de treinamento em


parceria com uma instituição de ensino e a Federação Cearense de vôlei, tendo que se afastar por ser um manager da Fifa para as [3] obras do Castelão e as competições antes da Copa do Mundo . Títulos e Resultados

              

[2] [6]

1993- Campeão do Circuito Mundial de Vôlei de Praia . [2] [6] 1994- 3º Lugar do Circuito Mundial de Vôlei de Praia [2] 1995- Campeão do Circuito Mundial de Vôlei de Praia [4] [1] 1996- 9º Lugar da Olimpíada (Atlanta, Estados Unidos) [6] 1996- 12º Lugar do Circuito Mundial de Vôlei de Praia 1997- 9º Lugar do Campeonato Mundial de Vôlei de Praia (Los Angeles, [6] 1997- 11º Lugar do Circuito Mundial de Vôlei de Praia [5] 1998- 57º Lugar do Circuito Mundial de Vôlei de Praia . [5] 1999- 71º Lugar do Circuito Mundial de Vôlei de Praia . 1999- 33º Lugar do Campeonato Mundial de Vôlei de Praia (Marseille, [5] 2000- 33º Lugar do Circuito Mundial de Vôlei de Praia . [5] 2001- 30º Lugar do Circuito Mundial de Vôlei de Praia . [5] 2002- 31º Lugar do Circuito Mundial de Vôlei de Praia . [5] 2006- 83º Lugar do Circuito Mundial de Vôlei de Praia . [5] 2007- 74º Lugar do Circuito Mundial de Vôlei de Praia . Premiações Individuais

Estados Unidos)

França)

[4]

[4]

 1998- Melhor Jogador Defensivo (AVP)[2]  In http://www.blogdosergiomatias.com.br/2015/07/roberto-lopes-bacabalense-bicampeao.htmlterça-feira, 7 de julho de 2015 ROBERTO LOPES, BACABALENSE BICAMPEÃO MUNDIAL DE VÔLEI DE PRAIA, EXPLICA A "FÓRMULA PARA SER UM GRANDE CAMPEÃO" A garotada de Poranga-CE recebeu com festa o ex-atleta Roberto Lopes, bicampeão mundial de vôlei de praia. No centro cultural da cidade, ele contou às crianças um pouco de sua trajetória e do que é necessário para se tornar um vencedor no esporte. Participante de edições anteriores do Esporte na Minha Cidade, o eleito melhor do mundo por três vezes comentou que em cada cidade a recepção é diferente, mas a troca de experiência com os moradores, especialmente com as crianças, é sempre positiva. Roberto fez questão de afirmar várias vezes que “qualquer um presente pode ser um campeão”, mas que era necessário aprender a traçar objetivos em busca de sonhos. Numa apresentação da “fórmula para ser um grande campeão”, apontou nove pontos-chave a serem seguidos: sonho, paixão, compromisso, perseverança, determinação, obstinação, sacrifício, renúncia e disciplina. Com fotos da época de criança, em Bacabal, sua terra natal, mostrou aos pequenos que não era diferente deles e que, por isso, todos podiam também chegar lá. O parceiro de Franco, na dupla formada em 1978, ainda enfatizou que a paciência é aliada a quem busca perfeição. “Esperamos oito anos pra ganhar dos americanos, mas quando ganhamos foi indescritível”, lembrou. Ao final da palestra, Roberto Lopes distribuiu autógrafo e ajudou a entregar cinco kits esportivos e mais 400 livros com temática esportiva ao prefeito da cidade, Carlisson Assunção, 38. “Além do benefício material, um evento como esse é importante para a autoestima de nossas crianças, que muitas vezes pensam que não vão realizar seus sonhos porque são oriundas de um município carente”, avaliou o prefeito. Duas bolas de vôlei, autografadas por Roberto Lopes foram sorteadas entre as crianças e ganharam o garoto Marlon, 13, e a pequena Rebeca, 3. O menino, que joga futsal, imediatamente convidou os amigos para estrear o prêmio e cogitou, inclusive, trocar de esporte. A garotinha recebeu a bola com um sorriso no rosto, em meio a euforia das crianças ao redor. O mais emocionado, porém, foi o pai de Rebeca, vereador conhecido como Tica do Zezê, 50. “Vi o Roberto jogar e hoje ele está aqui. Mais tarde, vou poder contar pra minha filha quem foi o cara que assinou essa bola e sobre esse dia”. Roberto Lopes da Costa nasceu em Bacabal no dia 06 de outubro de 1966, é ex-jogador de vôlei de praia, entre suas conquistas importantes está a medalha de bronze obtida no Pan de Winnipeg 1999, além disso, disputou uma edição dos Jogos Olímpicos de Verão , entrou para história ao conquistar o título do Circuito Mundial de 1993, interrompendo a hegemonia norte-americana que durava há quatro temporadas e foi bicampeão do Circuito Mundial em 1995.Em 1998 pela AVP foi eleito o Melhor Jogador Defensivo do ano. Saiu de Bacabal para morar em Fortaleza com sua família quando tinha apenas 12 anos de idade. (Com informações do Jornal O Povo e Wikipédia).


O DIREITO AO LAZER (E AOS DEMAIS DIREITOS SOCIAIS)

DOS MENINOS E MENINAS DE RUA 25 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Mestre em Ciência da Informação "É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à alimentação, à educação, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão." (Art. 227, da Constituição da República Federativa do Brasil). Introdução: Ao se ler nossa Constituição pode-se até acreditar não haver necessidade de criação de qualquer outro dispositivo que assegure aqueles direitos à criança e ao adolescente. É norma jurídica que uma lei maior tenha preponderância sobre uma menor. A Constituição é a maior das leis de um país. Um dispositivo constitucional não assegura seu cumprimento se outros mecanismos não forem criados. O maior problema dos Meninos e Meninas de Rua é justamente o não-cumprimento dos deveres da família, da sociedade e mesmo do Estado, constitucionais ou não, para com os mesmos. Uma sociedade justa não se cria por leis. Banir a violência da face da terra, conseguir igualdade e fraternidade entre os homens são princípios sobre os quais se fundamentam uma Sociedade Justa. Uma Teoria do Direito Justa (JUS JUSTUM) - seria meramente especulativa se não se apoiasse nesses princípios. Ensina MARINHO (1979) que a "Justiça Social caracteriza-se por tender a corrigir as grandes distorções ocorridas em uma sociedade, diminuindo as distâncias e diferenças entre as diversas classes que a constituem ... A Sociedade Justa caracteriza-se por estar estruturada para assegurar a cada membro o mínimo de que ele carece, individual e socialmente, não apenas para sobreviver, mas para viver condignamente ...".(p.20) O direito ao lazer: Assegura a Constituição da República, o Direito ao Lazer: "São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição." (Art. 6:). MAHEU (apud JORDÃO RAMOS, 1978, p. 21) afirma que

25

Documento apresentado à Comissão Estadual dos Meninos e Meninas de Rua, como subsídio para a elaboração na Nova Constituição Estadual, São Luís, 1990.


"desde a velha Grécia sente-se afinidade entre a cultura e o desporto, duas fontes do mesmo humanismo, pois ambas procedem da mesma origem, o lazer". Lazer é um termo impregnado de sentido sociológico, devido ao papel preponderante que o mesmo desempenha na sociedade. Da mesma forma que o homem tem o direito ao trabalho, faz juz ao lazer. O Direito ao Lazer era reconhecido mesmo aos escravos romanos, consagrado pelos hábitos e costumes, sob sua forma consuetudinária (2). Lazer deriva do latim "licere", que significa ser lícito, ser permitido. MARINHO (1979) analisa as origens jurídicas do lazer quando propõe uma codificação do Direito ao Lazer: "Na escravidão primitiva, entre os povos orientais e mesmo entre os gregos, os escravos no tinha horas de folga, trabalhando incessantemente. Os romanos, sobretudo, com a influência do estoicismo grego, ao fim da República, e do Cristianismo, durante o Império, adotaram várias medidas protecionistas, dentre as quais, a mais importante foi a Lei Petôtnica, que proibiu aos senhores destinar seus escravos para as lutas com as feras, nos circos, salvo quando o fizessem como penalidades e com autorização do magistrado. Antônio Pio estabeleceu que o senhor que tirasse a vida do próprio escravo seria considerado homicida; Cláudio retirou ao senhor o direito de propriedade sobre o escravo, que abandonasse velho ou doente; Justiniano conferiu a cidadania ao escravo doente, abandonado por seu senhor. O instituto da manumisco (manumissio) regulamentou o processo de obtenção de liberdade dos escravos. Os romanos racionalizaram o trabalho dos escravos, procurando preservá-los e valorizá-los, facultando-lhes o desenvolvimento das habilidades de que, por ventura, fossem dotados. Para isso, permitiram-lhes que, após suas tarefas habituais ou trabalhos específicos, dispusessem de um tempo livre, para cuidarem de si próprios, para zelarem por suas coisas, para cultivarem suas artes e dons. Estas eram as horas de lazer (de licere), isto é, as horas disponíveis para atividades voluntárias, que nada tinham a ver com a jornada de trabalho a que o escravo estava obrigado ou a atividades que lhe era própria. Este direito ao lazer tornou-se consuetudinário (...)".(p. 17-18). O Lazer tomou a dimensão atual após a Revolução Industrial, quando então a jornada de trabalho começou a diminuir paulatinamente, muito embora os fundamentos históricos do lazer sejam anteriores à sociedade industrial, porque sempre existiu o trabalho e o não-trabalho em qualquer sociedade (4, 5). A conquista de oito horas de trabalho, oito horas de descanso e oito horas de lazer marcou o início da humanização do trabalho e transformou a recreação e o lazer como um fato social (2, 4, 5). Para DUMAZEDIER (1979), Lazer "é um conjunto de ocupações as quais os indivíduos podem entregar-se de livre vontade seja para repousar, divertir-se, recrear-se, entreter-se, ou ainda, desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária, ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais." Conclusão: "A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da


pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho". (art. 205). "O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional (...)". (Art. 215). É dever do estado fomentar a prática desportiva formais e de cada um (...)." (art. 217).

não-formais, como direito

A Constituição da República Federativa do Brasil assegura o direito à Educação (art. 6, 205 e 227), o direito à Cultura (art. 215 e 227), o direito ao Desporto (art. 217) e o direito ao Lazer (art. 6, 215, 217, 227). Lembremo-nos das palavras de Renê MAHEU quando afirma que tanto a cultura quanto o desporto procedem da mesma origem, o lazer (3). Lembremo-nos da origem da palavra escola: "Scholé, traduz o dicionário, significa tempo livre, parada, descanso, ócio, falta de trabalho, pausa, ocupação das horas que se tornam livres do trabalho e dos negócios, estudo, conversação e acaba por significar 'o lugar onde se utiliza o tempo livre' a scholé precisamente, a escola, que hoje se interpreta somente como o lugar na qual o tempo livre é utilizado para ensinar e aprender". (TOTI, 1975, p.9). Busca-se, pois, para os Meninos e Meninas de Rua o respeito aos direitos já assegurados na Constituição da República. Propostas: Que seja assegurado, aos Meninos e Meninas de Rua:  o ensino fundamental, e a formação de professores para atendê-los;  escolas alternativas e professores que possam atuar nas mesmas;  recursos suficientes que garanta a instalação de escolas especializadas, equipadas adequadamente para o seu funcionamento a fim de atingir os objetivos específicos a nível de profissionalização, junto à realidade social;  recursos que assegurem o funcionamento de entidades que garantam os direitos de alimentação, de educação, de saúde, de profissionalização e sobretudo de dignidade, respeito e liberdade aos Meninos e Meninas de Rua;  respeito aos direitos assegurados nos artigos 6, 205, 215, 217 e 227 da Constituição da República Federativa do Brasil. Referências Bibliográficas 1. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília : Congresso Nacional, 1988 2. MARINHO, Inezil Penna. O direito ao lazer. Brasília : (s.e.), 1989. 3. DUMAZEDIER, Jofre.


O COLÉGIO MÁXIMO DO MARANHÃO Leopoldo Gil Dulcio Vaz

A presença de ordens religiosas na colônia prendia-se, teoricamente, aos interesses pela conversão e educação dos nativos, instrumento de dominação da política colonial européia 26. Em 1618, os jesuítas instalam-se em Maranhão, na antiga Aldeia da Doutrina (hoje, Vila do Vinhais Velho)27. Além dessa primeira, duas outras missões situavam-se na Ilha: a aldeia de São Gonçalo ou Tuaiaçu Coarati – que se destacou pela produção de sal; e a de São José, onde os padres da Companhia mais exercitaram suas funções, e foi aldeia de serviço de El-Rei . De acordo com o Pe. José Coelho de Souza, em “Os jesuítas no Maranhão” 28, os jesuítas fundaram diversas estabelecimentos de ensino em São Luís, Alcântara, Parnaíba, Guanaré e Aldeias Altas, Vigia e Belém: colégios, seminários, escolas. Em 1622, fundam o Colégio 29 e a Igreja Nossa Senhora da Luz (atual Igreja da Sé). Os primeiros estabelecimentos, fundados pelas ordens religiosas, que abriram escolas para meninos, foram denominados de colégio; os outros conservaram o nome de conventos. O “Colégio de Nossa Senhora da Luz” era a "cabeça" da missão jesuítica no Maranhão 1, 30: “Nesses estabelecimentos existiram escolas rudimentares de aprendizagem mecânica, o que hoje chamaríamos Escolas de Artes e Ofícios. Houve aí também as primeiras oficinas de pinturas e escultura, sendo essas oficinas postulado e conseqüência da construção dos colégios. No Colégio Nossa Senhora da Luz notava-se a Pinturia, vocábulo que não anda nos dicionários, mas é admiravelmente bem formado: era uma sala grande no corredor de cima, quase junto à portaria. Nela se ataviavam e pintavam as imagens que se esculpiam noutra oficina, a de escultor e entalhador, anexa à carpintaria. Era freqüente o pedido a Portugal de se mandarem irmãos peritos em diversas artes, entre as quais a de pintor, para serem mestres”. (SOUSA, 1977, p. 27). O que é confirmado por Pelegrini (2000), que localizava naquele Colégio a Biblioteca, as escolas para os filhos dos colonos e as oficinas de carpintaria, serralharia, pintura e estatuaria, "[...] onde eram formados os mestres-de-obras, carpinteiros, entalhadores, e douradores responsáveis pela edificação de igrejas, confecção de altares e das imagens utilizadas 26

CAVALCANTI FILHO, Sebastião Barbosa. A QUESTÃO JESUÍTICA NO MARANHÃO COLONIAL – 1622 – 1759. São Luís : SIOGE, 1990, p. 20. 27 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; e VAZ, Delzuite Dantas Brito. Vila do Vinhais: terceira ou Segunda povoação do Maranhão ?. in jornal "O ESTADO DO MARANHÃO", São Luís, 31 de julho de 1994, Domingo, Caderno Alternativo, p. 28. 28 SOUSA, José Coelho de. OS JESUÍTAS NO MARANHÃO. São Luís : Fundação Cultural do Maranhão, 1977. 29 ALMEIDA, José Ricardo Pires de. HISTÓRIA DA INSTRUÇÃO PÚBLICA NO BRASIL (1500 - 1889). São Paulo : EDUC; Brasília : INEP/MEC, 1989, p. 25 - nota de pé-de-página). 30 PELLEGRINI, Paulo. A descoberta da Arte Sacra. IN O IMPARCIAL, São Luís, Domingo, 23 de julho de 2000, Caderno Impar, p. 4-5, VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; e VAZ, Delzuite Dantas Brito. Vila do Vinhais: terceira ou Segunda povoação do Maranhão ?. in jornal "O ESTADO DO MARANHÃO", São Luís, 31 de julho de 1994, Domingo, Caderno Alternativo, p. 28. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão: esboço histórico. In REVISTA “NOVA ATENAS DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA” v. 2, n. 1 – jul.-dez. 1998 – “, disponível em www.cefet-ma.br/revista VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. “Educação Tecnológica em Maranhão: um esboço histórico para alunos e professores do CEFET-MA. In REVISTA “NOVA ATENAS DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA”, v. 3, n. 2, jul.-dez. 2000, disponível em www.cefet-ma.br/revista.


pelos jesuítas no trabalho de evangelização. [...] Aqui, encontra-se a base da mentalidade da arte sacra barroca desenvolvida no Maranhão. Foram as oficinas da Companhia de Jesus que instauraram uma 'escola maranhense' de arte. Trabalhando lado a lado com entalhadores europeus, aprendizes locais desenvolveram-se como artistas[...]". (p. 4) São Luís foi a primeira cidade do Estado onde os jesuítas exerceram o ensino. O Colégio de Nossa Senhora da Luz, em curto espaço de tempo, tornou-se excepcional centro de estudos filosóficos e teológicos da ordem no Estado (universitate de artes liberais). Era o que melhores condições de estudos oferecia. Já em 1709, o Colégio do Maranhão era Colégio Máximo, nomenclatura usada pelos discípulos de Loyola para seus estabelecimentos normais de estudos superiores. Nesse colégio funcionavam as faculdades próprias dos antigos colégios da Companhia: Humanidades, Filosofia e Teologia, e, mais tarde, com graus acadêmicos, no chamado curso de Artes. Os estudos filosóficos compreendiam: no 1º ano, Lógica; no 2º, Física; no 3º, Matemática. O Colégio Máximo do Maranhão outorgava graus de Bacharel, Licenciado, Mestre e Doutor, como se praticava em Portugal e na Sicília, segundo os privilégios de Pio IV e Gregório XIII. Dentre os estabelecimentos de ensino dos jesuítas, as Escolas Gerais ocuparam um lugar de destaque, pelo fato de terem tornado o ensino popular ao alcance de todos. (CAVALCANTI FILHO, 1990, p. 36). Ao se estudar a origem das Corporações de Ofícios 31 – Guilda, Grêmio – verifica-se que antes do século XII, tem-se notícia de uma “scholae” de pescadores e açougueiros em Ravena. O uso do termo “scholae” (associação de ofício) indica, provavelmente, que já não havia somente a preocupação coletiva com a formação de seus continuadores, mas ostentavam também um patrimônio cultural e pedagógico dotado de técnicas particulares de transmissão. Artesãos de vários gêneros formavam-se nas oficinas dos mosteiros que faziam às vezes de escolas de Arte no sentido lato, e cuidavam especialmente do treinamento de jovens, em laboratórios artesanais destinados a instruir a mão-de-obra necessária. Essas “oficinas” deram origem às “universitates”. As universitates (associações) de artesãos são progressivamente institucionalizadas e conquistam proteção dos poderes públicos. Tal ascensão se iniciou no século XII e culminou no século XIV. É acompanhada da difusão das “universitates magistrorum” ou “universitates scholorum”, isto é, aquelas que hoje chamamos universidades, associações particulares dedicadas à produção de bens intelectuais típicos das Artes Liberais (trívio e quadrívio e depois também Teologia e Direito, e mais tarde ainda, Medicina), não ainda, porém, no vértice do prestígio cultural e social. Inicialmente, de fato, a distinção entre universitates de Artes “mecânicas” e universitates de Artes liberais eram pouco marcadas. As Artes Mecânicas compreendiam todas as atividades artesanais, inclusive aquelas dos médicos, desvalorizados pelo próprio nome de “mecânica” – derivado de mecor, aris (mechor, aris, no latim clássico = rebaixar, adulterar, depreciar). As Artes Liberais correspondiam a todas as atividades aplicadas no Trívio (gramática, retórica, lógica) e no Quadrívio (matemática, geometria, astronomia, música). (RUGIU, 1998, p. 25-26; 30).

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RUGIU, Antonio Santoni. NOSTALGIA DO MESTRE ARTESÃO. Campinas: Autores Associados, 1998


A PSIQUE DO POETA MHARIO LINCOLN Editor-sênior do ACERVO.

Estive estudando calorosamente um novo tema: A influência do ‘eu’ na Poesia. Bem que a psicanálise moderna poderia se aprofundar muito mais na descoberta da psique humana. Pelo menos a base para isso foi amplamente divulgada por Sigmund Freud, quando defendeu a noção que a psique humana está dividida em três partes: id (parte inconsciente), ego (parte consciente) e superego. Ora, o poeta é esse ser multifacetado com Ego, Superego e Id – (essa parte inconsciente tão consciente quanto exposta de forma contundente). E esse poeta puro, inato, já nasce com seus neurônios devidamente preparados para exercer, ao longo da vida, traços indeléveis de sua alma, escrevendo poesia. Traços de sua carne e de seu âmago. Não acredito em poeta que aprende poesia para escrever. Pode até aprender e se aperfeiçoar em métrica. Mas em talento e lampejos poéticos, nunca. Talvez, aí, o elo perdido entre a psicanálise e a poesia. Basta ler, por exemplo, Fernando Pessoa. Há mais facilidade em conhecê-lo, (a seu ‘eu’, a seu âmago), lendo sua obra, do que alguém que tentasse traduzi-lo de forma científica. Porque quando o poeta escreve, exerce-se sobre ele, inconsciente (olha o Id) toda força emocional ou toda força da essência de uma vivência. Sentir esse resultado em uma poesia é mais fácil e mais real do que através de um discurso científico. Fica muito claro nestes versos de Fernando Pessoa: Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que a minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo...

E para aqueles que ainda não acreditam que o poeta é uma fonte viva de experiências psicossomáticas em larga escala, fica o exemplo de Pessoa. Tem uma poesia de Mario Quintana que também é genial e mostra o caminho: - Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver! - Você é louco? - Não, sou poeta.

Para quem lê com insistência poetas de várias latitudes, de várias origens, de vários calados, de várias formações, vai aprender os ditames da vida de forma mais vigorosa, até mesmo, do que essa quantidade assustadora de livros de autoajuda que se esparramam pelas principais prateleiras de uma


livraria, sempre, deixando os livros de poesia em lugares inacessíveis para o grande público. Isso é uma maldade e uma ignorância sem tamanho. Li na internet, inclusive, ser a poesia um bálsamo para a saúde mental. Para o poeta inato, a poesia funciona na construção direta de uma identidade própria, “uma das aquisições mais importantes do processo psicoterapêutico”, como dizem especialistas na área. A construção poética é tão importante quanto uma superdosagem de calmante. Não só para quem escreve, mas, principalmente, para quem lê, pois acaba aumentando as capacidades (de quem escreve e de quem lê) para a tolerância da frustração e do sofrimento, pessoais. Mas é bom que fique bem claro: “Não significa ficarmos tolerantes com o sofrimento, mas sermos capazes de lidar com ele transformando-o em algo que aumente a nossa resistência e a nossa capacidade para sermos felizes”, como diz Fernando Pessoa.


UMA EXPERIÊNCIA DEMOCRÁTICO-POPULAR ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO32

“É impossível não levar à desonra os honestos quando se honra os desonestos.” Caio Graco (154-121 a.C), tribuno romano.

Crises na vida política brasileira têm sido uma constante: suicídios, renúncias, impedimentos e revoluções marcaram a nossa história republicana. Foram poucos os presidentes que concluíram seus mandatos. E agora, quem poderia imaginar, um espetáculo de investigações constrangedoras está acontecendo. Quando me formei em economia, em 1959, o Brasil vivia um clima de euforia e de esperanças. Como era desfrutável o Rio daqueles anos dourados! Naqueles tempos havia trabalho para todos e era permitido tomássemos o nosso chope gelado, no Amarelinho; fôssemos aos cinemas da Cinelândia; andássemos nos bondes desprotegidos e bafejados pelo clima ameno das madrugadas. Àquela altura tudo levava a crer que não tardaríamos a ser um país desenvolvido onde a riqueza gerada seria justamente distribuída; onde os jovens que se formassem nas universidades encontrariam oportunidades de trabalho e poderiam ter uma visão de futuro. A realidade dos dias atuais contraria as expectativas da juventude e frustra os jovens há mais tempo. Apesar dos esforços dos últimos tempos, o Brasil ainda não é bem colocado em termos de igualdade social, pois grande parte da renda nacional continua em poder dos mais ricos; o bolo, quando cresce, as fatias são cada vez menores. As desigualdades limitam o avanço de metas e seus objetivos em médio prazo e acabam atingindo a legitimidade política de quem governa. Uma revelação: bastaria a transferência de pequeno percentual da renda dos mais ricos aos mais pobres, para que milhões de pessoas saíssem da linha de pobreza; todavia, a tabela do imposto de renda das pessoas físicas continua regressiva, os juros são altos e o governo acumula superávits primários negativos. O capitalismo globalizado continua mais selvagem do que nunca e não ajuda suficientemente o Terceiro Mundo; a desvalorização cambial é favorável ao comércio internacional do Brasil, mas falta produtividade à competição de quem exporta. Que diferença do que está acontecendo com a China, transitando da miséria para a riqueza num espaço de menos de 25 anos! Cresceu a media de perto de 10% nas décadas de 80 e 90, e tem projetado perto de 9% a partir de 2000; é doze vezes mais rica do que há 25 anos; sua economia equivale à soma das do Brasil, Rússia e México; sua participação no PIB mundial passará de 4%, em 2004, para 15%, em 2025, e 28%, em 2050.

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Antônio Augusto Ribeiro Brandão é Economista. Membro das Academias Ludovicense e Caxiense de Letras.


Dirão que o Brasil só tem 500 anos e que a China é uma civilização milenar, que passou por grandes choques culturais e, agora, aproveita em velocidade virtual os benefícios do capitalismo globalizado. É verdade, são os novos capitalistas, contudo o Brasil teve oportunidade de agregar valores, de aprender com os mais antigos. Instituições fortes e em pleno funcionamento; Poderes independentes e harmônicos entre si; Partidos programáticos e fidelidade dos seus filiados; eleições gerais e coincidência de mandatos; financiamento público das campanhas. Uma ampla, geral e irrestrita reforma política: é disto que o Brasil precisa.


LITERATURA AFRO-BRASILEIRA NO/DO MARANHÃO. EXISTE? Leopoldo Gil Dulcio Vaz ALL – IHGM Cheguei à Feira do Livro deste ano. Explico-me: tenho o hábito de colocar os livros adquiridos – seja a forma que o foram – em uma ‘pilha’ e os vou lendo na medida do possível, na ordem de entrada. Só depois de lidos vão para seu lugar na estante, com a data em que foi terminado... Ganhei da Dilercy CRÍTICA SEM JUÍZO, de Luiza Lobo (Rio de Janeiro: Garamond, 2007, 2 ed. Revista). Ao tratar da “literatura afro-brasileira” (p.. 242-394) traz - literatura contemporânea -, Estevão Maya-Maya33, autor maranhense34, que [...] emprega na sua poesia os ritmos e a tradição popular do bumba-meu-boi, tem quatro peças, das quais três são inéditas: Ongira: grito africano; Ópera afro-brasileira, em parceria com Antonio de Pádua (encenada em 1980); Do pais do saque tudo à terra onde os mortos falam (com versão em espanhol, 1981); e Terra nossa ou dama-valete-rei de espadas (musical de 1981). Na verdade, seu livro de poesia Regresso triunfal de Cruz e Sousa e os segredos de’seu Bita dá nó em pingo d´água’ (MAYA-MAYA, 1982) poderia ser encenado como teatro musicado, pois sua técnica se aproxima da composição oral (p. 255-256).

Luíza Lobo ao se referir aos grupos formados no Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul35, trata, também, de autores que não se inserem em algum grupo – os independentes; caso de MayaMaya. A Autora também se ocupa da questão de definição de que seja literatura afro-brasileira. Afirma que ela, a literatura afro-brasileira, se impõe com um profundo traço de logocentrismo, com ênfase na palavra oral (phoné) em oposição à graphé. Traz, ainda, que a literatura brasileira é branca, isto é, escrita maciçamente por autores brancos. Há que se destacar que estudos sobre a literatura afro-brasileira misturam-se à obra de autor negro com a obra sobre a negritude. Até recentemente havia poucos autores afro-brasileiros.

http://150.164.100.248/literafro/ 33 MAYA-MAYA, Estevão. Regresso triunfal de Cruz e Souza e os Secredos de “seu Bira dá nó em pingo d´água”. São Paulo: Kikulakaji, 1982. 34 José Estêvão Maia, filho de Raimundo Maia e Maria da Conceição Silva Maia, nasceu no dia 21 de setembro de 1943, no povoado do Pano Grosso. Dono de uma voz rara e potente (classificada como baixo profundo e que alcança uma extensão de aproximadamente três oitavas), José Estêvão Maia – que adotaria o nome artístico de Estêvão MayaMaya – já recebeu aplausos de platéias do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Sua experiência como cantor lírico, hoje, inclui recitais e concertos como solista, acompanhado de renomados pianistas e de grandes orquestras como a Sinfônica do Estado de São Paulo. Em Buenos Aires teve a glória de cantar no famoso Teatro Colón. No campo da literatura, em parceria com o poeta maranhense Vilmar Ribeiro, publicou uma coletânea de poesias com o título de “Cantiga para gente de casa chegada em cima da hora”. O livro, vendido de mão em mão, alcançou a extraordinária tiragem de 4.900 exemplares. Em 1982 veio a segunda obra, intitulada “Regresso Triunfal de Cruz e Souza e os Segredos de Seu Bita Dá-Nó-em-Pingo-d’Água” que reúne dois trabalhos distintos: a primeira parte tem o propósito de combater informações distorcidas sobre o poeta simbolista, e a segunda, de divulgar um longo poema sobre as mazelas infantis vividas em Viana. O titular da Cadeira nº 23 da AVL reside em São Paulo, onde se dedica às artes cênicas, seja atuando ou dirigindo peças. No cinema participou como ator dos filmes “Sonhos Tropicais” de André Sturm (2000) e “De Passagem” de Ricardo Elias (2002), tendo este último obtido cinco prêmios no penúltimo Festival de Gramado. 35 No Rio, grupo Negrícia (1979); no Rio Grande do Sul, o grupo Palmares (1971); São Paulo, Quilombhoje (1978)


Ocupa-se de uma definição para literatura afro-brasileira – posterior à existência de uma consciência negra, segundo Barbosa (1985) 36, conforme citação da Autora. Literatura negra: [...] é aquela que trata, no seu conteúdo, de contextos onde os personagens (ou fatos) se desenvolvem segundo princípios e fins históricos, relacionados no tempo e no espaço com aspectos de indivíduo, da família e dos povos negros, em função de relações especiais conhecidas ou codificáveis. 37

Ironildes Rodrigues diz ser literatura negra: [...] aquela desenvolvida por autor negro ou mulato que escreva sobre sua raça dentro do significado do que é ser negro, da cor negra, de forma assumida, discutindo os problemas que lhe concernem: religião, sociedade, racismo38

Opta pela definição de Lilyan Kestcloot (1973), quando esta firma que o neologismo ‘negritude’ indica (p. 267): 1) 2) 3) 4) 5) 6)

Pertencer à raça negra; Pertencer à própria raça enquanto coletividade; Ter consciência e reivindicação de homem (sic) negro civilizado; Ter um estilo artístico ou literário; Ser-no-mundo negro (Sarte); Conjunto de valores de civilizações africanas (Léopold Senghor).

Para Bernd (1988) 39 Literatura Negra: [...] à primeira vista a expressão pode remeter a um conceito etnocêntrico e reacionário, pois é evidente que sensibilidade artística não constitui fator inerente a uma dada etnia. Assim parecernos-ia totalmente descabido afirmar, por exemplo, que Carlos Drummond de Andrade é um grande escritor branco (p. 21)

Lobo apresenta a definição de literatura agro-brasileira como a produção literária de afrodescendentes que se assumem ideologicamente como tal, utilizando um sujeito de enunciação própria (p. 315), periodizando-a em dois momentos: 1) o tempo da utopia – abolicionismo; 2) a abolição como realidade, vista pela militância política, com o quilombismo e o mito de Zumbi dos Palmares e o dia da consciência negra (20 de novembro). Em correspondência pessoal40 Luiza Lobo (2015) coloca que:

36

BARBOSA, Márcio. “Questões sobre literatura negra”. In: Reflexões sobre a literatura afro-brasileira. São Paulo: Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado de São Paulo, 1985, p. 50-5. 37 Perfil da Literatura Negra, São Paulo, Centro Cultural, 1984. Mostra Internacional de Literatura Negra, organizada pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo (mimeo.), citado por LOBO, Luíza, 2007, p. 268. 38 RODRIGUES, Ironildes. Em entrevista à Luiza Lobo, obra citada, p. 266 em nota de roda-pé. 39 BERND, Zilá. Introdução à literatura negra. São Paulo: Brasiliense, 1988; citada por Lobo, 2007, p. 325. 40 LOBO, Luiza. Correspondência pessoal, através de correio eletrônico, em resposta a questionamento, em 22/11/2015.


Creio que a minha definição - uma afirmação ideológica de negritude, por escritores afrodescendentes, e a de Zilá Bernd, definindo a negritude do ponto de vista do sujeito da enunciação esgotam a questão teórica. É preciso escapar a coisas como "do homem negro", Lylian Kestklok ou complicar com essas coisas que afirma "ser no mundo negro" (Sartre), 1) porque a mulher e outros gêneros hoje também existem - melhor dizer reivindicações "dos afrodescendentes" - isso inclui mulheres, gays, crianças e até homens; 2) ser no mundo dá ideia de algo existencialista. E a literatura política? Depois, por que falar em estilo, propriamente - quem define o que é estilo? E a literatura manifesto, a literatura documental?

Ou como coloca Brose (2008; 2011) 41, para definir a produção poética de escritores afrodescendentes brasileiros o investigador precisa de critérios referentes a esse autor adjetivado. Retomando o pensamento de Moema Parente Augel (1997; 2008) 42, escritores afro-brasileiros seriam os: 1.

escritores brasileiros que se nomeiam escritores negros, e que proclamam a literatura negra, isto é, afro-brasileira, ressaltando sua africanidade.

2.

são intérpretes e porta-vozes dos anseios, dos sentimentos e ressentimentos da maioria anônima dos brasileiros de origem africana.

Três outras definições aparecem quando se trata de literatura afro-brasileira: “Negritude”, “Negridade” , “Negrícia”. Para Ferreira (2006) 43 “negritude” aparece com certa freqüência na obra de escritores brasileiros contemporâneos, bem como em trabalhos acadêmicos sobre história, cultura ou literatura negra no Brasil: Em artigo ainda não traduzido para o português, Roger Bastide procurou mostrar as diferentes realidades abrangidas por palavras aparentemente idênticas. Compara, então, a negritude2 antilhana à negritude tal como foi interpretada por intelectuais negros brasileiros nos anos 1950, levando em conta as condições particulares de ordem geográfica, econômica, social, política e cultural das Antilhas francesas e do Brasil. Referindo-se aos movimentos sociais promovidos na cidade de São Paulo por entidades negras nas primeiras décadas do século XX, Bastide constata que “sentimento da negritude já existia ali antes da palavra. [Quando surge], o termo Negritude iria apenas cristalizá-lo” (BASTIDE, 1961: 11; trad. nossa).

Duas outras palavras – “negridade” e “negrícia” –, que mostrariam visíveis afinidades semânticas com “negritude”, figuram, embora com menor freqüência do que esta última, em textos e momentos diversos: 41 BROSE, Elizabeth R. Z. “A literatura afro-brasileira e seu autor maior: Machado de Assis”. In Seminário Nacional de

Literatura e História, ocorrido na FAPA, nos dias 29, 30 e 31 de maio de 2008. Disponível em Páginas Clandestinas http://paginasclandestinas.blogspot.com.br/2011/10/literatura-afro-brasileira-e-seu-autor.html , publicado em segunda-feira, 31 de outubro de 2011 42

AUGEL, Moema Parente. Geografias imaginárias: África na poesia afro-brasileira contemporânea. (no prelo). Cedido pela autora via e-mail em 04/05/2008. AUGEL, Moema. A imagem da África na poesia afro-brasileira contemporânea. Afro-Ásia. Salvador: Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO), Universidade Federal da Bahia (UFBa), 1997, nº 19/20, p. 183-199.) 43 FERREIRA, Lígia F. “Negritude”, “Negridade” , “Negrícia”: história e sentidos de três conceitos viajantes. VIA ATLÂNTICA Nº 9 JUN/2006


A palavra [negridade] se forma a partir de negro + -idade, sufixo latino que significa “qualidade”, “maneira de ser”, “estado”, “propriedade”. Com exceção do Dicionário Aurélio (2004), não se encontra em outros dicionários consultados . Segundo nosso levantamento, a palavra aparece pela primeira vez no “Manifesto à Gente Negra Brasileira”, lido por Arlindo Veiga dos Santos, fundador e presidente da Frente Negra Brasileira (FNB), em 2 de dezembro de 1931, dois meses após sua criação em São Paulo, diante de uma considerável platéia de sócios e simpatizantes da associação, que, depois de se transformar em partido em 1936, estende-se a vários estados.

Ainda recorrendo à Ferreira (2006), ‘negrícia” [...] não consta dos dicionários consultados. O Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa assinala a seguinte derivação: de negro + -ícia, sufixo latino, feminino de -ício = “qualidade”, “propriedade”, “maneira de ser”. Em nosso corpus, observamos a primeira ocorrência em “O novo Cruz e Sousa”, prefácio de Tristão de Athayde à obra Gestas Líricas da Negritude, de Eduardo de Oliveira.

Outro termo a ser discutido “negrismo”. Pergunta Oliveira (2014) 44 “A quem coube, portanto, escrever os negros, já que eles sempre estiveram presentes enquanto tema em nossa literatura?” E continua os questionamentos: Seria possível falar em uma formulação brasileira de negrismo? Como se definiria este negrismo? Como chegamos até aqui? Segundo a fortuna crítica disponível, no Brasil, o termo negrismo foi primeiramente utilizado por Lima Barreto, mesmo não tendo ele detalhado o que entendia por tal termo. Em seu Diário íntimo, publicado somente em 1956, o autor apenas confessa o desejo de escrever um “Germinal negro” e “fundar o negrismo na literatura brasileira” (Barreto, 1956, p.84). [...] O primeiro mapeamento sobre o negrismo realizado por um brasileiro foi o de Jorge Schwartz (1995), referindo-se primeiramente a uma linhagem poética caribenha da primeira metade do século XX. Na visão do crítico, esta linhagem estava preocupada, sobretudo, com a valorização da identidade cultural afrodescendente. Propunha rediscutir a formação multicultural, a natureza do processo histórico, as relações entre dominantes e dominados naquele espaço. Cultivou a poesia social e a lírica tradicional, ou seja, associou o ritmo tradicional desta ao caráter empenhado daquela, o que resultou num profundo conteúdo humano e em uma excepcional musicalidade, “retirados” do povo e dirigidos ao povo. Ainda segundo Schwartz, além do negrismo na lírica antilhana, o negrismo também se manifestou na poesia brasileira. Para o crítico, o negrismo, enquanto manifestação estritamente literária, pouquíssimo dialoga com a négritude, entendida como os movimentos surgidos nos anos de 1930, em Paris, que reivindicaram direitos dos negros, em diversas ordens.( OLIVEIRA, 2014)

Conforme Oliveira (2014), o negrismo não é um movimento articulado através de manifestos ou qualquer meio de arregimentação. Trata-se de uma linhagem de romances (e outros objetos artísticos) que utilizam o tema negro enquanto procedimento constitutivo. A Autora reconhece que, ao longo de nossa história literária, ocorreram outras produções romanescas com autoria, temática, ponto de vista, linguagem e temas negros. E apresenta como exemplos: fragmentos de Machado de Assis (Duarte, 2007); Vencidos e degenerados (1915), de Nascimento Moraes; Água Funda (1945), de Ruth Guimarães; Clara dos anjos (1948), de Lima 44

OLIVEIRA, Luiz Henrique Silva de. “Das máscaras africanas ao romance brasileiro do século XX trajetórias, usos e sentidos do negrismo”. In Revista Sankofa (Sankofa. Revista de História da África e de Estudos da Diáspora Africana, Ano VII, n. XIII, Julho/2014). Disponível em LITERAFRO - www.letras.ufmg.br/literafro


Barreto; A maldição de Canaã (1951), de Romeu Crusoé; Negra Ifigênia, paixão do senhor branco (1961), de Anajá Caetano; Ifigênia está no fim do corredor (1969), de Nataniel Dantas; O bicho que chegou à feira (1991) e Bola da vez (1994), de Muniz Sodré; O justiceiro (1992), de Ramatis Jacino; Breves estórias de Vera Cruz das Almas (1991), Estórias da mitologia – o cotidiano dos deuses (1995), Capitu: memórias póstumas (1998), de Domício Proença Filho; Crônica de indomáveis delírios (1991), de Joel Rufino dos Santos; Cidade de Deus (1997), de Paulo Lins; Ópera negra (1998), Joana e Joanes (1999), de Martinho da Vila

Oliveira (2014) 45 afirma que desde o início da formação de nossa literatura até o terceiro quartel do século XX, a produção de autoria negra não conseguiu se desenvolver enquanto tradição romanesca. Muito embora, como registra: Não quero com isso dizer que não houve em nossa história literária romances escritos por afrodescendentes. De acordo com Eduardo de Assis Duarte (2007)46 e Florentina Silva Souza, Úrsula (1859), de Maria Firmina dos Reis, é o primeiro romance de autoria afro-brasileira.

Para Octavio Ianni (1988) 47: A literatura negra é um imaginário que se forma, articula e transforma no curso do tempo. Não surge de um momento para outro, nem é autônoma desde o primeiro instante. Sua história está assinalada por autores, obras, temas, invenções literárias. É um imaginário que se articula aqui e ali, conforme o diálogo de autores, obras, temas e invenções literárias. É um movimento, um devir, no sentido de que se forma e transforma. Aos poucos, por dentro e por fora da literatura brasileira, surge a literatura negra, como um todo com perfil próprio, um sistema significativo.

Já Elizabeth R. Z. Brose (2008; 2011) 48 coloca que as noções de literatura afro-brasileira e de literatura negra são discutidas no Brasil há décadas, mas atualmente ainda são consideradas noções em construção no país: [...] os critérios para as seleções de textos literários afro-brasileiros também são variados. Um deles seria o da representação do negro no texto, seja na poesia, em peças teatrais e em narrativas, desde os relatos acerca do Novo Mundo até a literatura contemporânea. Outro critério seria o da cor da pele do escritor que poderia provocar a expressão de uma perspectiva negra e brasileira, caso o escritor assumisse publicamente a sua negritude.

Serve-se de Duarte (2007)49 para explicar o por que: 45

OLIVEIRA, Luiz Henrique Silva de. “Das máscaras africanas ao romance brasileiro do século XX trajetórias, usos e sentidos do negrismo”. In Revista Sankofa (Sankofa. Revista de História da África e de Estudos da Diáspora Africana, Ano VII, n. XIII, Julho/2014). Disponível em LITERAFRO - www.letras.ufmg.br/literafro 46 DUARTE, Eduardo de Assis. Literatura afro-brasileira: um conceito em construção 47 IANNI, Octavio. “Literatura e consciência”, em Revista do Instituto de Estudos 22 Lobo, Crítica sem juízo. Literatura afro-brasileira 23 Brasileiros. Edição Comemorativa do Centenário da Abolição da Escravatura, nº. 28. São Paulo: USP, 1988. 48 BROSE, Elizabeth R. Z. “A literatura afro-brasileira e seu autor maior: Machado de Assis”. In Seminário Nacional de Literatura e História, ocorrido na FAPA, nos dias 29, 30 e 31 de maio de 2008. Disponível em Páginas Clandestinas http://paginasclandestinas.blogspot.com.br/2011/10/literatura-afro-brasileira-e-seu-autor.html , publicado em segunda-feira, 31 de outubro de 2011


Pesquisas de Eduardo Assis Duarte e sua equipe assinalam, no portal da UFMG LITERAFRO, que a literatura afro-brasileira é um processo e devir. Além de segmento ou linhagem, é componente de amplo encadeamento discursivo. Ao mesmo tempo dentro e fora da Literatura Brasileira. Constitui-se a partir de textos que apresentam temas, autores, linguagens, mas, sobretudo, um ponto de vista culturalmente identificado à afro-descendência, como fim e começo. Sua presença implica redirecionamentos recepcionais e suplementos de sentido à história literária canônica. (LITEAFRO:2008)

Brose (208; 2011) 50 coloca que desde os anos 1980 a historiografia literária tem discutido o corpus, os métodos e os pressupostos a partir das reflexões advindas do feminismo, do movimento negro e de grupos como o Quilombhoje. Serve-se de uma vez mais de Duarte (2007) 51 para identificar os principais nomes desse grupo de pesquisadores: Moema Parente Augel, Zilá Bernd, Domício Proença Filho, Oliveira Silveira, Oswaldo de Camargo, Luiza Lobo, Leda Martins, David Brookshaw. Para ela, um dos empecilhos para a constituição de uma literatura afro-brasileira seria: [...] nossa constituição híbrida de povo miscigenado, em que linhas e fronteiras de cor perdem muitas vezes qualquer eficácia. As relações inter-raciais e interétnicas constituem fenômeno concernente à própria formação do Brasil como país. Ao longo de nossa história, o fenômeno da mistura de raças e culturas recebeu distintos tratamentos, indo da idealização romântica de uma terra sem conflitos ao mito da democracia racial, por um lado; e da condenação racialista típica do século XIX ao fundamentalismo de muitos segmentos contemporâneos, que rejeitam a mestiçagem e defendem a existência de uma possível essência racial negra, por outro. (idem). (BROSE, 2008; 2011) 52.

Lobo coloca que a literatura afro surgiu na década de 1970, como uma possibilidade de releitura cultural, não importando sua qualidade, mas sim sua oportunidade, um marco divisório na visão ideológica que o negro nutria sobre sua própria representação social. Pergunta-se: poderia o Brasil continuar vivendo do mito do samba e do carnaval, da tradição folclórica e da mulata-objeto sexual? À página 312 – o negro de objeto a sujeito – Lobo traz que, no remoto ano de 1859, publicava-se, em São Luis do Maranhão, o romance Úrsula, que trazia na capa o pseudônimo “Uma Maranhense” 53 : Era o primeiro romance escrito por uma mulher brasileira e o primeiro romance no Brasil a mencionar a causa abolicionista. Sua autora, Maria Firmina dos Reis, era mulata bastarda, professora primária e sobrinha, por parte de mãe, do jornalista e gramático Sotero dos Reis.

49 DUARTE, Eduardo de Assis. Machado de Assis: afro-descendente. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2007. 50 Obra citada 51 Obra ciatada 52 Obra citada 53 VER VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; ADLER, Dilercy Aragão (Organizadores). Sobre Maria Firmina dos Reis. São Luis: ALL Editora, 2015. ADLER, Dilercy Aragão; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. 190 poemas para Maria Firmina dos Reis. São Luis: ALL Editora, 2015


Para Algemira de Macedo Mendes (2008) 54, excetuando a participação de Vieira, nos primeiros séculos do Brasil, apareceram somente manifestações irrelevantes em favor da liberdade e dos negros: Somente no segundo quartel do século XIX, a temática da escravidão ocupa relativo espaço na literatura brasileira, sendo o responsável direto o poeta maranhense Gonçalves Dias. Ao negro, dedicou ele especial atenção em Meditação e A escrava. No Maranhão, nesse período, também constam os escritores Trajano Galvão de Carvalho, autor de Calhambola, a criola, Celso Magalhães, O escravo, e Sousândrade, de O guesa, e Odorico Mendes, autor de Hino da tarde. A primeira voz feminina no Brasil que registraria a temática do negro é a da maranhense Maria Firmina dos Reis, com a publicação do romance Úrsula, em 1859. Essa autora se refere à obra de Maria Firmina nos seguintes termos: Maria Firmina dos Reis ousou escrever dentro das possibilidades que a sociedade machista, preconceituosa, conservadora e provinciana do Maranhão no século XIX oferecia à mulher, negra, bastarda, pobre, solteira e interiorana. Seus escritos, às vezes ultra-românticos, característica do estilo da época em que ela viveu, considerados, à primeira vista, tolos e açucarados, mencionam assuntos negados por seus contemporâneos e revela a veia abolicionista articulada com o contexto das relações econômicas, sociais e culturais da época. Ela ousou denunciar a arbitrariedade, violência e problemas que envolviam a servidão negra em uma sociedade, por excelência, escravista. Úrsula (1859) e A escrava (1887) são obras em que a escritora adota sua postura abolicionista e defende o escravo. Talvez Maria Firmina dos Reis o faça mais enfaticamente na segunda. Separadas por quase três décadas, ela torna-se mais enérgica e adota uma postura política em relação ao posicionamento passivo da sociedade ante a escravidão. Sem dúvida, o fato de o Brasil já estar tentando abolir a escravatura, através de medidas morosas e de existir uma parcela da sociedade que apoiava e ansiava por tal acontecimento, faz com que Maria Firmina dos Reis 55 demonstre mais claramente suas idéias abolicionistas. (MENDES, 2008) .

Luiza Lobo reporta-se a Joaquim de Sousa Andrade (1832-1902) 56 - Sousândrade, como gostava de ser chamado – que faz poucas referências ao negro em sua obra poética, embora o traga como 54

MENDES, Algemira de Macedo. “Maria Firmina dos Reis: um marco na literatura afro-brasileira do século XIX” In XI Congresso Internacional da ABRALIC Tessituras, Interações, Convergências, 13 a 17 de julho de 2008 USP – São Paulo, Brasil. 55 MENDES, 2008, OBRA CITADA 56 Joaquim de Sousa Andrade, mais conhecido por Sousândrade (Guimarães, 9 de julho de 1833 — São Luís, 21 de abril de 1902) foi um escritor e poeta brasileiro. Formou-se em Letras pela Sorbonne, em Paris, onde fez também o curso de engenharia de minas. Republicano convicto e militante, transfere-se, em 1870, para os Estados Unidos. Publicou seu primeiro livro de poesia, Harpas Selvagens, em 1857. Viajou por vários países até fixar-se nos Estados Unidos em 1871, onde publicou a obra poética O Guesa, em que utiliza recursos expressivos, como a criação de neologismos e de metáforas vertiginosas, que só foram valorizados muito depois de sua morte, sucessivamente ampliada e corrigida nos anos seguintes. No período de 1871 a 1879 foi secretário e colaborador do periódico O Novo Mundo, dirigido por José Carlos Rodrigues em Nova York (EUA). De volta ao Maranhão, aderiu com entusiasmo ao em 1889. Em 1890 foi presidente da Intendência Municipal de São Luís. Realizou a reforma do ensino, fundou escolas mistas e idealizou a bandeira do Estado, garantindo que suas cores representassem todas as raças ou etnias que construíram sua história. Foi candidato a senador, em 1890, mas desistiu antes da eleição. No mesmo ano foi presidente da Comissão de preparação do projeto da Constituição Maranhense. Morreu em São Luís, abandonado, na miséria e considerado louco. Sua obra foi esquecida durante décadas. Resgatada no início da década de 1960, pelos poetas Augusto e Haroldo de Campos, revelou-se uma das mais originais e instigantes de todo o nosso Romantismo, precursora das vanguardas históricas[2] . Ver edição atualizada de O Guesa, seu mais importante poema, introd., org.,


possivelmente indígena mestiço antes que mulato, e tenha tido várias filhas com suas escravas. O teor de seus poemas evidencia ter sido abolicionista e republicano 57. Traz também Trajano Galvão58 (1830-1864) 59 como o primeiro autor a mencionar um personagem negro nos poemas A crioula (1853) e o Calhambola (1854); este, mais critico que o primeiro. (p. 316). Ambos publicados em 1898, no livro Sertaneja: A Crioula Sou cativa... que importa? folgando Hei de o vil cativeiro levar! ... Hei de sim, que o feitor tem mui brando Coração, que se pode amansar!... Como é terno o feitor, quando chama, À noitinha, escondido com a rama No caminho — ó crioula, vem cá! — Há nada que pague o gostinho De poder-se ao feitor no caminho, Faceirando, dizer — não vou lá — ? Tenho um pente coberto de lhamas De ouro fino, que tal brilho tem, Que raladas de inveja as mucamas Me sobre-olham com ar de desdém. Sou da roça; mas, sou tarefeira. Roça nova ou feraz capoeira, Corte arroz ou apanhe algodão, Cá comigo o feitor não se cansa; Que o meu cofo não mente à balança, Cinco arrobas e a concha no chão! Ao tambor, quando saio da pinha Das cativas, e danço gentil, Sou senhora, sou alta rainha, Não cativa, de escravos a mil! Com requebros a todos assombro Voam lenços, ocultam-me o ombro Entre palmas, aplausos, furor!... Mas, se alguém ousa dar-me uma punga, O feitor de ciúmes resmunga, Pega a taça, desmancha o tambor! notas, glossário, fixação e atuallização do texto da ed. londrina (1884?), por Luiza Lobo, rev. técnica Jomar Moraes, São Luís do Maranhão, Academia Maranhense de Letras; Rio de Janeiro, Ponteio, 2012. 2012. Em 1877, escreveu: "Ouvi dizer já por duas vezes que o Guesa Errante será lido 50 anos depois; entristeci - decepção de quem escreve 50 anos antes". https://pt.wikipedia.org/wiki/Sous%C3%A2ndrade. 57 http://www.portugues.com.br/literatura/sousandrade.html 58 Trajano Galvão - Nasceu na Vila de Nossa Senhora de Nazaré, Maranhão, em 19 de janeiro de 1830. Formou-se em Direito no Recife, em 1855. Sua escassa produção encontra-se reunida em Três liras (1862), juntamente com poemas de Marques Rodrigues e de Gentil de Almeida Braga. Postumamente, teve publicadas as Sertanejas (1898), com prefácio do conterrâneo Raimundo Correia. Morreu em São Luís, Maranhão, em 14 de julho de 1864. http://limacoelho.jor.br/index.php/Calhambola/ 59 MONTELLO, Josué. “A primeira romancista brasileira”. Jornal do Brasil, 11 de maio de 1975, p. 5, citado por Lobo, 2007, p. 341, nota de rodapé


Na quaresma meu seio é só rendas Quando vou-me a fazer confissão; E o vigário vê cousas nas fendas, Que quisera antes vê-las nas mãos. Senhor padre, o feitor me inquieta; É pecado ... ? não, filha, antes peta. Goza a vida... esses mimos dos céus És formosa... e nos olhos do padre Eu vi cousa que temo não quadre Com 'o sagrado ministro de Deus... Sou formosa... e meus olhos estrelas Que transpassam negrumes do céu Atrativos e formas tão belas Pra que foi que a natura mais me deu? E este fogo, que me arde nas veias Como o sol nas ferventes areias, Por que arde? Quem foi que o ateou? Apagá-lo vou já — não sou tola... E o feitor lá me chama — ó crioula E eu respondo-lhe branda "já vou".

Calhambola 60 Aqui, só, no silêncio das selvas Quem me pode o descanso vedar? Durmo à noite num leito de relvas, Só a aurora me vem despertar. Ante a onça, que afoita anda a corso, Mas afoito meus passos não torço, Nem é dúbia uma luta entre nós. O bodoque a vez supre de bala, Toda a mata medrosa se cala, Quando rujo medonho na voz. Tenho fome? A palmeira se verga, Seus coquilhos alastram o chão. E debaixo a cutia se enxerga Assentada comendo na mão: Se as entranhas se abrasam sedentas, Tu, ó terra, mil fontes rebentas, Como as fontes do leite à mulher! Num terreno tão farto e maduro Quem lá pode cuidar no futuro, Quem de fome ou de sede morrer? Nasci livre, fizeram-me escravo, Fui escravo, mas livre me fiz. Negro, sim; mas o pulso de bravo 60

http://limacoelho.jor.br/index.php/Calhambola/


Não se amolda às algemas servis! Negra pel, mas o sangue no peito, Como o mar em tormentas desfeito, Ferve, estua, referve em cachões! Negro, sim; mas é forte o espaço, Negros pés, mas é forte o espaço, Assolando, quais negros tufões! Negro o corpo, afinou-se minh’alma No sofrer, como ao fogo o tambor; Mas altiva reegue-se a palma Com o peso, assim eu com a dor! Como a língua recolhe, pascendo Tamanduá, de formigas fervendo, Tal de açoites cingiram-me os rins: E eu bramia, qual onça enraivada, Que esbraveja, que brame acuada Em um circo de leves mastins. Eu bramia, porém não chorava, Porque a onça bramiu, não chorou: Membro a membro meu corpo quebrava, A vontade ninguém m’a quebrou! Como reina a mudez na tapera, No meu peito a vontade é que impera, Aqui dentro só ela dá leis: Se cometo uma empresa gigante Co’o bodoque ou co’a flecha talhante, A vontade me brada – podeis. Oh! que sim! estes ombros possantes Digno assento da fronte de um rei Não m’os hão de sulcar vis tagantes Nunca mais… nunca mais que o jurei! “Guerra, guerra, ou quebrai-me estes jugos”. Tem um eco, tem voz lá no céu. O que a morte não teme, eis o forte, E mal basta o temer-se da morte, Quem na vida tormenta correu. Outros há, cujo peito abebera O temor, como ao peixe o tingui: Oh! meu Deus! Oh! poder que eu pudera Acendê-los num raio de mi! Este sangue, em que bolha o insulto De um covarde nas veias inulto Não correra, ou vazara-o no chão! Mas eu só… maldição sobre a escrava Que o filhinho pro jugo aleitava, Sobre ti, minha mãe, maldição! Vivo só… pouco fundem meus brios Contra o número e a força brutal, Ínvios matos, ocultos desvios Não me of’recem guarida cabal!


De que vale do pau d’arco a rijeza De seu tronco, que o ferro despreza, Quando o céu vibra raios a mil? Oh! se cai… toda a mata retumba! Pouco importa que o bravo sucumba Quando a morte é briosa, é viril. Olinda, 1854. In “ Três Liras” p. 4 a 7.

Na poesia de Antônio Gonçalves Dias (1823-1864), o tratamento do tema do negro se dilui em sua poesia, principalmente quando a imagem heroicizada do índio é erguida como símbolo do nacionalismo brasileiro. Dentre as obras de Gonçalves Dias podemos citar: Primeiros cantos (1846), Segundos cantos e Sextilhas de Frei Antão (1849), Os Timbiras (1857) 61. Duarte (2013) 62 ao estudar o negro e sua negrura/negrícia, tal como inscritos em nossa literatura, o vê passar de objeto a sujeito, ora pelo olhar do branco, ora construído por suas próprias mãos. O trabalho realiza um percurso crítico pelos momentos principais de presença do negro na literatura feita no Brasil, com ênfase em duas vertentes – a canônica e a afro descendente. Vê a parelha coadjuvante/vilão no romance naturalista de Aluísio Azevedo: Em O cortiço (1890), Bertoleza – suicida e duas vezes escravizada – e Firmo – capoeira assassinado pelo português –, percorrem o roteiro ditado pelo estereótipo e terminam desaparecendo na trama para que o discurso naturalista/cientificista represente a vitória do mais forte.

Ao chegar do século XX, aparece o protagonismo afro descendente no romance brasileiro: Rei negro (1914), de Coelho Neto, que “entroniza” em plena escravidão Macambira, um “escravo de sangue azul”, que atua como feitor moralista cooptado pelo senhor. Duarte (2013) 63 destaca ainda Damião, o protagonista de Josué Montello em Os tambores de São Luís (1975). Escravo torturado no tronco e salvo por um triz da castração, o personagem, anos depois, se rejubila com a mestiçagem praticada por seus descendentes, a ponto do romancista encerrar o livro com o velho Damião se emocionando diante da morenice embranquecida do trineto que acabara de nascer. A cena deixa visível a perspectiva que fundamenta o romance, pela qual “só na cama” e “com o rolar do tempo” necessário ao amálgama inter-racial “se resolveria o conflito de brancos e negros no Brasil.” Conclui o narrador: Sua neta mais velha casara com um mulato; sua bisneta com um branco, e ali estava seu trineto, moreninho claro, bem brasileiro. Apagara-se nele, é certo, a cor negra, de que ele, seu trisavô, tanto se orgulhara. Mas também viera se diluindo, de uma geração para outra, o ressentimento do cativeiro. Daí a mais algum tempo, ninguém lembraria, com um travo de rancor, que, em sua pátria, durante três séculos, tinham existido senhores e escravos, brancos e pretos. (MONTELLO: 1976, p. 479)64

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http://www.ebc.com.br/cultura/2013/11/conheca-os-principais-autores-da-literatura-afro-brasileira DUARTE, Eduardo de Assis. “O negro na literatura brasileira”. Navegações, Porto Alegre, v. 6, n. 2, p. 146-153, jul./dez. 2013 63 DUARTE, 2013, obra citada 64 MONTELLO, Josué. Os tambores de São Luís. 2. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1976 62


Duarte (2013) 65 nos traz outro maranhense, igualmente relegado pela historiografia literária: José do Nascimento Moraes. Em 1915, ele publica Vencidos e degenerados, quase como crônica histórica, as reações provocadas pela nova situação na subjetividade e no comportamento de antigos senhores e dos novos homens e mulheres livres. Há cenas de crueldade e violência que nada ficam a dever a narrativas contemporâneas: ex-escravos que devolvem no rosto dos antigos senhores as bofetadas que sofriam diariamente; outros que apedrejam as mansões; outros que deixam o jantar queimando no fogão... E há brancos revoltados que se articulam para dar o troco, ou que, em desespero, investem contra os próprios filhos. Nascimento Moraes traça um panorama realista do regime servil e de sua continuidade sob novas formas de exploração, respaldadas pelo racismo, tal como previsto por Machado de Assis. Pereira e Moraes 66 ao estudarem a obra de Salgado Maranhão67 no circuito literário brasileiro68, verificam que aparece nos anos iniciais da década de 1970, através do movimento da poesia marginal69 que se articulou nos grandes centros urbanos da época. O cotidiano citadino e as questões sociais então vigentes eram o foco de interesse de tal movimento poético, formado em sua maioria por jovens que se insurgiam contra o clima de hostilidade e desencanto que pairava na sociedade brasileira, pressionada pelas medidas restritivas da ditadura militar instaurada em 1964. Marcada por um tom de insubordinação e revolta, a poesia começa a ser utilizada como instrumento de crítica social. Contrapondo-se à inexorabilidade política daquele tempo, os jovens poetas trabalham os seus textos de maneira irônica e irreverente, e “o sentimento de asfixia experimentado no dia-a-dia é trabalhado com amor e humor”. (HOLLANDA e PEREIRA, 1982, p.54)70.

Esses autores apresentam como objetivo analisar a maneira como o poeta Salgado Maranhão apropria-se de aspectos variados das tradições africanas, ao mesmo tempo em que as mescla a outros elementos culturais oriundos das mais diversas procedências construindo, assim, um mosaico no qual coexistem, em relações de diálogo e tensão, diferentes elementos socioculturais: Para Pereira e Moraes (2013), na poética de Salgado Maranhão é interessante ressaltar a associação entre erotismo e etnia (“Delírica IX”), uma vez que, através desse diálogo, o poeta se reapropria de heranças vinculadas às matrizes culturais africanas: Te aferro ao sangue minhas relíquias étnicas de um tempo tão remoto – e mítico – como eu e minha África.

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DUARTE, 2013, obra citada PEREIRA, Edimilson de Almeida; MORAES, Fabrício Tavares de. “O dionisíaco e o apolíneo na poética de Salgado Maranhão: o êxtase e o estático”. Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 7 - Novembro. 2009 - ISSN 1983-2354 Especial - Afro-Brasileiros: Construindo e Reconstruindo os Rumos da História www.africaeafricanidades.com 67 http://150.164.100.248/literafro/verAutor.asp?id=125 68 Salgado Maranhão tem como marco em sua carreira literária sua participação na antologia intitulada Ebulição da escrivatura: treze poetas impossíveis, publicada em 1978. A referida antologia reuniu treze poetas que eram, em sua maioria, jovens dos grandes centros urbanos, oriundos do movimento da poesia marginal. 69 Para maior aprofundamento sobre a questão da poesia marginal, consultar: PEREIRA, Carlos Alberto Messeder. Retrato de época: poesia marginal anos 70. Rio de Janeiro: Funarte, 1981 e ainda CAMPEDELLI, Samira Youssef. Apoesia marginal dos anos 70. Rio de Janeiro: Scipione, 1995. 70 HOLLANDA, Heloísa Buarque & PEREIRA, Carlos Alberto Messeder. Literatura comentada: Poesia jovem anos 70. São Paulo: Abril Educação, 1982, citados por PEREIRA e MORAES, 2013. 66


E mais adiante, “O eu-lírico se apresenta como um portador das tradições africanas (“minhas relíquias étnicas”), que conserva dentro de si suas origens, colocando-se intimamente em sintonia com uma reelaboração das imagens do continente africano. A síntese dessa trajetória,é celebrada em passagens, como a citada abaixo, na qual a construção da identidade pessoal se vincula à reconstrução dos vínculos com o passado: eu sou um negro orgulhosamente bem nascido à sombra dos palmares da gran democracia racial ocidental tropical

A análise desse veio na poética de Salgado Maranhão é de vital importância, uma vez que “essa coincidência do eu-lírico com o eu-que-se-quer-negro marca o trânsito de uma consciência ingênua para uma consciência crítica da realidade”. 71

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DUARTE, 2013, obra citada


NAURO MACHADO: A POESIA DO INSTINTO MHARIO LINCOLN Foto: Google (Publicado na www.revistapoeticabrasileira.com.br) Não me fugiria em afirmar que o poeta maranhense Nauro Machado, dono de uma lírica moderna, poderosa e provocante - em linguagem às vezes profundamente hermética - como se um espelho de sua própria alma meio andarilha, meio boêmia, mas completamente fecunda, refletisse - é um dos maiores nomes, dos últimos 100 anos, da poética brasileira. Configura-se, a meu ver, numa poesia-instinto, como em "Mentira é a rosa aos lábios de outro fruto,/ a negra rosa se dos lábios nasce,/ que a verdadeira rosa é um só minuto,/ que a verdadeira rosa em pós desfaz-se(...)". Ou configura-se, sua obra, numa baliza de beleza estética, gradual e realista, bem ao estilo da poesia feita como arte, não só uma poesia feita para agradar ao lápis que escreve: "Tu, inimigo da escória, estrangula/ sobre o peito da Górgona, essa gala/ subindo, lance a lance, para a gula/nascida eterna fonte, sem secá-la (...)". Nauro Machado é assim. Mesmo após sua morte aos 80 anos, neste triste sábado de novembro/15, fica sua imagem revitalizada entre imagens grotescas, entre o belo e o feio, o diabo e Deus, o ódio e o amor, versos seus, fluindo da mesma forma, com a mesma linha ou sóbria ou provocante, bem ao estilo Augusto dos Anjos - mas em determinados insights - bem melhor. Talvez por assombrar-se, Nauro, com suas próprias sombras. E isso o deixou forte, com a caneta forte e insofismável. Ainda bem que toda a sua obra está bem guardada e catalogada, como estes versos que se unem em fio, gosto e pena consigo mesmo: "Quando escrevo, algo se apercebe/ que há um mundo por curar em mim:/ uma dor enferma e subterrânea/ desde o início que me fez do orgasmo/ e das cicatrizes da linguagem (...)". Nauro é autor de inúmeras obras discutidas e analisadas ao redor do Mundo. A Revista Poética Brasileira - pelo conjunto da obra, inesquecível e exequível, presta esta singela homenagem a um monstro da literatura universal, oferecendo um de seus poemas que sobre ele, fiz dissertação, quando seu aniversário, na década de 80. Eis Nauro, vivo! Mesmo quando completava nova idade, Nauro Machado insistia em seu niilismo. Em sua ideia, tudo acabava em nada. Portanto, nada que forçar ou desforçar na vida. Nem mesmo sua existência, nesses versos, fazia sentido real para o poeta-instinto. O que mais me chamou a atenção ao ler parte de sua obra, em determinados momentos poéticos, é que ele nem mesmo fez questão de consolar sua angústia existencial. Leia. (ML)


No Aniversário do Poeta NAURO MACHADO É tudo imaginário, meu poeta. Nenhuma coisa existe, se palpável. Consumir trinta dias de jejum, ou quarenta e quatro anos, pouco importa: é a mesma coisa, meu poeta. A mesma! Côdeas de pão abalroam aéreas bocas. No azul Maria mostra sem chaga as nádegas batidas nuas no tímpano dos cães. Pai-nosso que no céu estás, rufião da vida avara e da intérmina morte: olha o refém, o cisne do intestino, olha o massacre, o naufrágio do azul. É tudo imaginário, meu poeta. Nenhuma coisa existe, se real. É tudo sonho até o final dos tempos.


A VIRTUOSA AYMORÉ ALVIM APLAC, ALL. Mais uma pérola do baú de memórias de dona Inês. O período era o final do século XIX e a localidade, um povoado que ficava lá pras bandas do Encantado, no município de Pinheiro. Lá, vivia uma viúva, dona Neide, costureira muito prendada cuja freguesia se estendia por quase toda a circunvizinhança. Era considerada uma mulher muito virtuosa, possuidora de grande religiosidade, mas tinha fama de muito faladeira. Com ela vivia seu único filho, Raimundinho, rapaz jeitoso, muito educado que era o professor local de primeiras letras. Além dos seus predicados, dona Neide era a encarregada da igrejinha da povoação consagrada a São Benedito, padroeiro do lugar. Duas vezes por semana, na sexta e no domingo, à noitinha, dona Neide reunia o povo para rezar o terço e depois cantar a Ladainha de Nossa Senhora. Em latim. Mas, diariamente, pela manhã e à noite, não deixava de ir à capela rezar o terço. A festa de São Benedito era realizada sempre na segunda quinzena do mês de outubro e o dia da festa era precedido de uma novena. À noite, reza do terço e Ladainha, depois, no largo da Igrejinha, distribuição de chocolate de castanha e bolos variados. Em um desses anos, quem veio oficiar a missa da festa foi o padre Hipólito. Chegou na véspera e se acomodou no quartinho que ficava atrás da capela, onde sempre se hospedavam os padres que vinham em desobriga. As refeições eram feitas, na casa de dona Neide. No dia da festa pela manhã, após a missa, foram realizados os batizados. Ao sair da capela, dona Neide se encontrou com dona Izaltina. - Comadre, a senhora viu? - Viu o que, Neide? - Virge! Não é possível. A Ritinha do Apolônio não tirava os olhos de cima do padre Hipólito durante toda a missa. Imagine se ele fosse mais novinho. - Neide, Neide, nem num dia de festa tu não dás sossego a essa tua língua, mulher? Tu devias prestar atenção é pro que andam comentando por aí sobre Raimundinho. - Isso tudo é só aleive e muita inveja. A senhora conhece meu filho. Desde que a Tonica da Virgínia, por quem ele era muito apaixonado, terminou o namoro, nunca mais quis saber de outra mulher. A senhora não sabe como Raimundinho é genioso. - Neide, tu já viste homem ser genioso pra mulher? Hummmm, cala-te boca.... - Ah! Comadre, a senhora também...Eu não posso mais ficar. Tenho que ir pra casa terminar de preparar o almoço do padre Hipólito. Me dê uma licencinha. À tarde, houve a procissão e, a seguir, benção do Santíssimo. Depois começou a festa de Largo com muita bebida e muito doce. Alguns recalcitrantes que permaneceram bebendo viram quando de madrugada o padre Hipólito, à sorrelfa, saiu da casa de dona Neide para ir embora.


Pela manhã, um pequeno grupo de populares se encontrava defronte da casa de dona Neide e, no muro da frente, estava escrito com carvão essa quadrinha: “A mulher que mora nesta casa E que só vive rezando na Igreja Pode ser que ela seja uma santa, Mas também pode ser que não seja”. Sentindo-se ofendida na sua reputação de mulher virtuosa, dona Neide e Raimundinho foram, nesse mesmo dia, embora do lugarejo e nunca mais ninguém teve notícia dos dois. Moral da história: Nem tudo que reluz é ouro. Nem tudo que parece é


AS TRÊS FUNDAÇÕES DO IHGM...72 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Professor de Educação Física; Mestre em Ciência da Informação Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão - Cadeira 40 Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras – Cadeira 21

Se esta comemorando os 90 anos de fundação do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM. Essa a data que se tem comemorado, ao longo de quase um século... Diz Antonio Lopes da Cunhai: Em 1925, tomei a iniciativa de reunir alguns homens de boa vontade na livraria de Wilson Soares, expondo-lhes a minha ideia de se comemorar o centenário do nascimento de D. Pedro II com a inauguração, nesta capital, de um Instituto de História e Geografia. Os que prestaram apoio à ideia foram: Justo Jansen, Ribeiro do Amaral, José Domingues, Barros e Vasconcelos, Domingos Perdigão, José Pedro Ribeiro, José Abranches de Moura, Arias Cruz, Wilson Soares e José Ferreira Gomes. Mais tarde incorporou-se a esse grupo João Braulino de Carvalho. Ausentes de S. Luís apoiaram calorosamente a ideia Raimundo Lopes, Fran Pacheco, Carlota Carvalho e Antonio Dias, que também foram considerados sócios fundadores do Instituto. (p. 110) A 20 de novembro realizou-se a sessão inicial, sendo apresentado, discutido e votado os estatutos e eleita a diretoria, cujo presidente foi Justo Jansen. José Ribeiro do Amaral foi eleito presidente da assembleia geral. (p. 111) 73. Denominava-se “Instituto de História e Geografia do Maranhão” 74, e tinha como objetivos: (a)O estudo e difusão do conhecimento da história, da geografia, da etnografia, etnologia; e arqueologia, especialmente do Maranhão; (b)O incremento à comemoração dos vultos e fatos notáveis de seu passado; e (c) A conservação de seus monumentos 75. Em agosto de 1926 surgia a “HISTÓRIA E GEOGRAFIA - Revista trimestral do Instituto de História e Geographia do Maranhão”, anno I - 1926 – num. 1, julho a setembro, com 97 páginas, VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ELITISMO NO IHGM. REVISTA IHGM N. 30, agosto 2009 ed. Eletrônica 123- 185 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ÍNDICE DA REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO. REVISTA IHGM N. 30, agosto 2009 ed. Eletrônica 186-205 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. IHGM FUNDADO EM 1864? REVISTA IHGM No. 38, setembro de 2011 – Edição Eletrônica, p 61 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_38_-_setembro_2011 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. QUANTOS ANOS, MESMO, DO IHGM? REVISTA IHGM n. 39, dezembro 2011, p. 81 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_39_-_dezembro_2011 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. OS SÓCIOS DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO. REVISTA IHGM, No. 43, DEZEMBRO de 2012, p. 59. http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_43_-_dezembro_2012 73 LOPES DA CUNHA, Antônio. Instituto histórico. In ESTUDOS DIVERSOS. São Luís: SIOGE, 1973. 74 Art. II do Regimento Interno, publicado na REVISTA DO INSTITUTO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO MARANHÃO, ano I, no. 1, julho a setembro, 1926, p. 61; 75 Art. I do Regimento Interno, publicado na REVISTA DO INSTITUTO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO MARANHÃO, ano I, no. 1, julho a setembro, 1926, p. 61; 72


contendo ilustrações, e impressa na Typ. Teixeira - São Luiz76. Era seu Diretor Antonio Lopes (da Cunha): Diretoria 1926-1927: Dr. Justo Jansen Ferreira – presidente; Dr. José Domingues da Silva – vice-presidente; Dr. Antonio Lopes da Cunha – secretário-geral; Wilson da Silva Soares – tesoureiro; Ainda foram criadas as seguintes Comissões: de Geografia – José Domingues, Abranches de Moura, Justo Jansen; de História: Ribeiro do Amaral, B. Vasconcelos, Ferreira Gomes; de Bibliografia: Domingos Perdigão, Arias Cruz, José Pedro. Não foram preenchidas 13 vagas de sócio e de 13 de correspondentes. Como se observa, foram criadas 30 cadeiras de sócios efetivos e 30 de correspondentes. Após a nominação de cada sócio efetivo, há uma pequena biografia de cada um com sua produção científico-literária. Dos sócios correspondentes, a indicação do estado onde residem e indicação daqueles que são maranhenses. 77 OU TERIA SIDO FUNDADO JÁ EM 1918?78 Em dezembro de 2011 recebo informação - telefonema de antigo colega professor da Escola Técnica Federal do Maranhão, hoje IF-MA – de que achara uma raridade que se referia ao IHGM e à sua Fundação79: O INSTITUTO HISTÓRICO Um carteiro dos telégrafos andava ontem com um telegrama na mão, a procura do Instituto Histórico do Maranhão que se fundou aqui por iniciativa do Sr. Simões Silva. Ora, por mais que o estafeta batesse as ruas da cidade, a cata do cujo, não conseguiu notícias do seu paradeiro, chegando a conclusão de que se de fato existe, foi como as rosas de Moliere, ou se de fato nasceu, nasceu já defunto. Afinal depois de muito andar e muito escarafunchar, o homem teve uma idéia, foi depor o telegrama nas mãos do ilustre prof. Amaral, que o abriu e teve a gentileza de no-lo mostrar, a fim de que publicássemos o seu texto. É o seguinte: Cuiabá, 17 Instituto Histórico – Maranhão

HISTÓRIA E GEOGRAFIA- REVISTA TRIMESTRAL DO INSTITUTO DE HISTÓRIA E GEOGRAPHIA DO MARANHÃO, São Luís, ano I, n. 1, julho/setembro, 1926 77 (in HISTÓRIA E GEOGRAFIA- REVISTA TRIMESTRAL DO INSTITUTO DE HISTÓRIA E GEOGRAPHIA DO MARANHÃO, São Luís, ano I, n. 1, julho/setembro, 1926, p. 55 a 59; Ver. Geo. E Hist., ano 2, n. 1, novembro de 1948, p. 148) 78 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. QUANTOS ANOS, MESMO, DO IHGM? REVISTA IHGM n. 39, dezembro 2011, p. 81 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_39_-_dezembro_2011 79 in Jornal PACOTILHA, edição de 21 de dezembro de 1920. 76


Tenho a satisfação de comunicar a esse Instituto que acaba de ser reconhecido por sentença proferida pelo tribunal arbitral, constituído pelos ministros Pires de Albuquerque, deputado Prudente de Moraes e o conde de Afonso Celso, o direito de Mato Grosso a toda região contestada pelo visinho estado de Goiás, terminando uma questão secular de limites entre os dos estados. Bispo de Aquino – Presidente

Chamo atenção para a data de publicação: 21 de dezembro de 1920. Vamos ao outro texto,


publicado no dia seguinte – 21 de dezembro de 1920 – no mesmo A PACOTILHA80: INSTITUTO HISTÓRICO Meus caros amigos: É tão fácil fazer espírito a propósito de qualquer coisa, como falar mal, do próximo, sem propósito nenhum. Desculpem-me esta barata filosofia de algibeira, trasida por uma vossa noticia de ontem. Retrata-se nela um artefato boletineiro, naquele passo rápido que lhe conhecemos, a cata do Instituto Histórico do Maranhão. Economizaria canseiras, se chegasse ao visinho correio e perguntasse lá a quem devia dirigir-se. Responder-lhe-iam logo. Se a memória não nos falha, o Instituto (chasquea?) do fundou-o cá, em julho de 1918, o dr. Simõens da Silva, que testemunhou aos presentes o seu “grande espanto” por não haver ainda aqui uma corporação dessa natureza. Sob o consenso dos mesmos presentes, leu-se e aclamou-se a lista da diretoria, em que figuravam os nomes dos senhores Dr. Viana Vaz, prof. José Ribeiro de Amaral, dr. Augusto Jansen, prof. Raimundo Lopes, Domingos Perdigão, etc. A nossa modesta pessoa foi escolhida para secretário geral. Mas assoberbadissimo por mil e uma ocupações e não nos tendo os eleitos expressos nenhum desejo de corresponder a gentil iniciativa do ilustre etnógrafo, houvemos por bem remeter-nos a uma presente silencio. Abracem o vosso – Fran Pacheco” (grifamos) O Sr. Simões da Silva – conforma noticia A PACOTILHA edição de 4 de abril de 1917, fora designado pelo IHGB a percorrer diversos estados para preparar o congresso americanista, providenciando a organização de comissões locais:

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in Jornal PACOTILHA, edição de 21 de dezembro de 1920)


A ideia de fundar-se um Instituto Histórico parte de Fran Paxeco, em reunião da Academia Maranhense de Letras, conforme consta de nota publicada em 12 de agosto de 1918, em O Jornal:

Também em “A Pacotilha”, edição de 13 de agosto daquele ano de 1918 refere-e a pronunciamentos na Academia Maranhense de Letras sobre a necessidade de ter-se instalado um Instituto Histórico:


Em 1919, o Instituto indicou seus representantes para o Congresso de Geografia:

O Jornal, 23 de agosto de 1919 Em “O Diário de São Luis”, edição de 23 de dezembro de 1920, há o seguinte comentário: [...] Fran Paxeco, secretário geral do Instituto Histórico aqui fundado pelo dr. Simões da Silva [...]:


Em 1921, o Instituto estava em pleno funcionamento, com o Sr. Viana Vaz na sua Presidência, conforme consta de nota de 6 de julho de 1921, em “O Jornal”:

A posse da nova diretoria, com o Dr. Viana Vaz à frente, se dera em 25 de janeiro de 1921, conforme noticia o “Diário de São Luiz”:


Logo a seguir, reuniram-se os seus membros para tratar da conferencia americanista (O Diรกrio, 21 de fevereiro de 1921):


Nos jornais da época, como no caso do Jornal do Povo, edição de 17 de dezembro de 1926 há uma referencia às descobertas de galerias subterrâneas, encontradas nas escavações que se faziam nos terrenos da Prefeitura. Encontradas várias galerias, que apontavam a várias direções, e algumas ossadas e objetos feitos de osso. Pede-se a manifestação do Instituto Histórico... 1926, Antonio Lopes já havia fundado um novo IHGM... O Instituto fundado pelo Dr. Simões em 1918 ainda funcionava em 1921; quatro anos após, ocorre uma nova fundação, do Instituto de História e Geografia... o que aconteceu?

O POVO, 30 de novembro de 1925

Novos sócios são admitidos:


Em “A Pacotilha” - de 20 de dezembro de 1929 -, José Domingues da Silva pede seu desligamento do IHGM. Anuncia-se a crise que viria se abater ao mesmo, imobilizando-o até 1938?


Em “A Pacotilha”, abril de 1938, em crônica de Raul de Oliveira, coluna Reverbero, inicia com ‘é costume dizer-se que nesta terra já se teve...” e logo mais adiante:


O mesmo articulista, na sua coluna Reverbero de junho de 1938, pergunta: onde fica o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão? Começa seu artigo do dia comentando artigo de O Imparcial, ‘um ponto de vista’, de que a mocidade maranhense não sabe História do Maranhão. Ao que replica, ‘nem história, nem geografia’:



OU FUNDADO EM 1864?81 Quando ainda morava em São Luis [o Visconde de Vieira da Silva] 82 foi um dos fundadores do Partido Constitucional em 1863 (...) Foi nessa época que, juntamente com João da Matta de Moares Rego, César Augusto Marques83ii, João Vito Vieira da Silvaiii e Torquato Rego, fundou o primeiro Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e, em 1865, dessa vez ao lado de Sotero dos Reis, Francisco Vilhena, Heráclito Graça, Antonio Henriques Leal, Antonio Rego, reunidos no colégio de Humanidades, dirigido por Pedro Nunes Leal, discutiam a formação de agremiações literárias e o futuro da vida cultural da província (...). (BORRALHO, 2010, p. 49; grifamos) 84. Perguntando sobre essa informação ao Prof. Dr. Borralho: de onde a tirara? Se a fonte era confiável? Ao que me respondeu sim, a ambas as perguntas: a fonte seria Antonio Henriques Leal, na

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. IHGM FUNDADO EM 1864? REVISTA IHGM No. 38, setembro de 2011 – Edição Eletrônica, p 61 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_38_-_setembro_2011 82 LUÍS ANTÔNIO VIEIRA DA SILVA, o Visconde de Vieira da Silva, (Fortaleza, 2 de outubro de 1828 — 3 de novembro de 1889) foi um advogado, banqueiro e político brasileiro. Era filho do ex-ministro do STJ Joaquim Vieira da Silva e Sousa. Foi deputado provincial, deputado geral, presidente de província, ministro e conselheiro de Estado e senador do Império do Brasil de 1871 a 1889. Foi presidente da província do Piauí, de 6 de dezembro de 1869 a 9 de abril de 1870 e de 22 de abril a 7 de maio de 1870. http://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_Ant%C3%B4nio_Vieira_da_Silva Períodos Legislativos do Império - 1886-1889 - Luiz Antônio Vieira da Silva - Título: Visconde de Vieira da Silva- nascimento: 2/10/1828 Natural de: Fortaleza - CE; filiação: Joaquim Vieira da Silva e Souza e Columba Sant'antonio de Souza Gayoso falecimento: 3/11/1889. Histórico Acadêmico: Direito Heidelberg. Cargos Públicos: Presidente de Província; Secretário de Governo; Conselheiro de Estado; Ministro de Estado Marinha; Profissões: Banqueiro, Advogado. Mandatos; Deputado Provincial - 1860 a 1861; Deputado Geral - 1861 a 1863; 1867 a 1868; 1869 a 1871; Presidente de Província 1869 a 1870; Senador - 1871 a 889. Trabalhos Publicados: História interna do direito romano. RJ. 1854; História da independência da província do Maranhão. Maranhão, 1862; Questão religiosa (discurso). RJ, 08/03/1873; Voto de graças (discurso). RJ, 1847; Força naval (discurso). RJ, 0806-1888; A ciganinha do norte (poesias). RJ, 1854. http://www.senado.gov.br/senadores/senadores_biografia.asp?codparl=2035&li=20&lcab=1886-1889&lf=20; http://nobiliarquia.blogspot.com/2008/11/luiz-antonio-vieira-da-silva.html 83 CÉSAR AUGUSTO MARQUES (Caxias, 12 de dezembro de 1826 — Rio de Janeiro, 5 de dezembro de 1900) foi um médico, professor, escritor, tradutor e historiador brasileiro. Filho do Dr. Augusto José Marques, um farmacêutico português estabelecido na cidade de Caxias no início do século XIX, César Marques fez os seus estudos secundários em São Luís do Maranhão. Concluiu o curso de Medicina em Salvador, na então Província da Bahia, em 1854. O Dr. César Augusto Marques ainda moço e estudante passou a integrar os grêmios literários de sua época, pois logo em 1854 era membro correspondente da Sociedade Auxiliadora da Industria Nacional do Rio de Janeiro; membro da Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa, em 1857; membro do Ateneu Maranhense, em 1860; do Ateneu Paraense, 1861; da Sociedade de Beneficência Luso-Maranhense, 1861; do Instituto Histórico e Geográfico Rio-Grandense, 1863; do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, 1863; da Imperial Academia de Medicina do Rio de Janeiro, 1864;do Instituto Histórico e Etnográfico do Brasil, 1865; do Instituto Literário Maranhense, 1865; do Conservatório Dramático da Bahia, 1866; da Manumissora 28 de Julho, 1869; do Instituto Arqueológico e Geográfico Alagoano e da União Católica do Rio de Janeiro, 1870. Foi sócio ainda, da Real Sociedade Humanitária do Porto, 1858; do Instituto Arqueológico e Geográfico Pernambucano, 1863. Traduziu a importante obra sobre o Maranhão colonial do capuchinho Yves d'Evreux. César Marques é patrono da cadeira n-35 da Academia Maranhense de Letras, da de n-07 da Academia Caxiense de Letras e de no. 22 do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Foi agraciado com as comendas da Ordem Militar de N.S. Jesus Cristo,d e Portugal; Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa do Brasil e Oficial da Academia da França. Obra: Diccionario Historico, Geographico e Estatistico da Província do Espírito Santo. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1878. 248p. Dicionário Histórico Geográfico da Província do Maranhão (3ª ed.). Rio de Janeiro: Cia. Editora Fon-Fon e Seleta, 1970. 683 p. História da Missão dos padres capuchinhos na ilha do Maranhão e suas circunvizinhanças pelo padre Cláudio d'Abbeville. Maranhão: Typ. do Frias. 1874. http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9sar_Augusto_Marques ; http://www.ape.es.gov.br/bib_Cesar_Marques.htm 84 BORRALHO, José Henrique de Paula. UMA ATHENAS EQUINOCIAL – a literatura e a fundação de um Maranhão no Império Brasileiro. São Luis: Edfunc, 2010. 81


introdução do livro de Vieira da Silva sobre a Independência do Maranhão... Nada encontrei na edição que tenho85.

Em resposta a novas inquietações, Dr. Henrique informa que em “Fidalgos e Barões” 86, de Milson Coutinho, também aparecia a afirmação: “Vieira da Silva, ao regressar da Europa, encontro na terra natal a efervescência política e jornalística costumeira (...) parece ter dado conta de que a poesia não era seu forte, de modo que mergulhou no jornalismo (...). Em 1863 abriu cisão com seus antigos companheiros de credo político e fundou o Partido Constitucional, que tinha no jornal A Situação o órgão que defendia o programa desse novo grêmio político, integrado por Vieira da Silva, Silva Maia, José Barreto, Colares Moreira e outros mais. Foi por esse tempo que fundou o Instituto Histórico e Geográfico, instituição provincial que pretendia arregimentar a chamada classe literária, a exemplo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, cenáculo-maior das letras imperiais. Revela Dino (1974, p. 55) que o Instituto abrigou, inicialmente, nomes que futuramente ganhariam peso literário, dentre os quais João da Mata Moraes Rego, Cesar Marques, João Vito Vieira da Silva e Torquato Rego. “Sem maior futuro, o primeiro IHGM naufragou. Em seu lugar nasceu a Academia de Letras do Maranhão, iniciativa de Vieira da Silva, que funcionava numa das salas do Instituto de Humanidades, de Pedro Nunes Leal. Também não foi à frente. (...)” (p. 429430). (grifamos). Encontramos, mais uma vez em Milson Coutinho (1986; 2007) essa fundação, desta vez dando a data em que ocorreu:

87

mais informações sobre

VIERA DA SILVA, Luis Antonio. HISTÓRIA DA INDEPENDENCIA DA PROVÍNCIA DO MARANHÃO – 1822/1828. 2 Ed. Rio de Janeiro: Cia Editora Americana, 1972. Coleção São Luis – 4. Edição comemorativa ao Sesquicentenário da Independência do Brasil patrocinada pela SUDEMA. 86 COUTINHO, Milson. FIDALGOS E BARÕES – uma história da nobiliarquia luso-maranhense. São Luis: GEIA, 2005 87 COUTINHO, Milson. O MARANHÃO NO SENADO (notas bibliográficas). São Luis: SEFAZ/SECMAS/SIOGE, 1986 COUTINHO, Milson. MEMÓRIA DA ADVOCACIA NO MARANHÃO. São Luis: Clara, 2007. Edição comemorativa dos 75 anos da OAB-MA, contendo elementos biográficos de notáveis advogados entre os anos 1650 a 1950 85


Com amigos literatos da época, Vieira da Silva fundou, em 28.7.1864, o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, do qual fizeram parte, como sócios, entre outros luminares de nossas letras, João da Mata de Moraes Rego, Dr. César Marques, Dr. João Vito Vieira da Silva e Dr. Torquato Rego. Pertenceu, igualmente, à primeira Academia de Letras do Maranhão, fundada em 1865, em uma das salas do Instituto de Humanidades, colégio dirigido pelo Dr. Pedro Nunes Leal. Daquele silogeu foram sócios homens da estirpe cultural de Sotero dos Reis, Francisco Vilhena, Herácito Graça, Henriques Leal, Antonio Rego e outros. (COUTINHO, 1986: 52; 2007: 277). Em “Fidalgos e Barões”, Milson Coutinho faz referencia a Nicolau Dino, em biografia do Visconde de Vieira da Silva88 de onde teria obtido as informações sobre a fundação do IHGM naqueles idos de 1863: IX - NO SEIO DOS PRIMEIROS IMORTAID DA PROVINCIA PRESIDENTE DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO [...] em 28 de julho de 1864, Luiz Antonio Vieira da Silva era aclamado presidente do Instituto Histórico e Geográfico que se fundava naquele dia, em casa de Augusto Marques e com a colaboração deste, do Tenente Coronel Ferreira, Padre Dr. Cunha, João da Mata, Dr. Cesar Marques, Dr. Tolentino Machado, Tenente Coronel João Vito, Dr. Torquato Rego, Pedro Guimarães e Frei Caetano. O Dr. Cesar Marques leu um discurso relativo ao ato e o Padre Dr. Cunha apresentou o projeto dos estatutos da nova associação. (p 55-56). (grifamos). E em Nota de pé-de-página: (30) Augusto Cesar Marques - farmacêutico, irmão de Cesar Marques. Tenente Coronel de engenheiros - Fernando Luis Ferreiraiv. Padre Dr. João Pedro da Cunha. João da Mata de Moraes Rego - escrivão, autor de crônicas sobre a imprensa do Maranhão muito apreciadas. Dr. João Vito Vieira da Silva, engenheiro militar. Frei Caetano de Santa Rita Serejov, maranhense, Superior do Convento dos Carmelitas (p. 56). No Blog “Família Vieira” 89 consta postagem em 1º de agosto de 2010 dados sobre os “VIEIRA DA SILVA E SOUSA – Maranhão” consta os VIEIRA DA SILVA, importante família do Maranhão, com ramificações no Ceará, à qual pertence o Brigadeiro Luiz Antônio Vieira da Silva, com carta de Brasão de Armas passada em 30 de Julho de 1804 (Visconde de Sanches de Baena - Arquivo Heráldico Genealógico. Páginas 445, 446. No. 1761 - Lisboa. Typographia Universal, 1872), que deixou numerosa descendência do seu casamento em 1775, com Maria Clara de Souza. Entre os descendentes deste último casal:

88 89

DINO, Nicolau. O VISCONDE DE VIEIRA DA SILVA. São Luis: (IHGM?), 1974 http://vieirasdeguimaraes.blogspot.com/2010/08/vieira-da-silva-e-sousa-maranhao.html


I - O filho, Joaquim Vieira da Silva e Souza, nascido em 12 de Janeiro de 1800, no Maranhão e falecido em 23 de Junho de 1864, São Luiz, Maranhãovi; II - O filho, João Victor Vieira da Silvavii, Tenente-Coronel Graduado, em 1856. Engenheiro-Militar. Em 1857, servia na Província do Maranhão. Cavaleiro da Imperial Ordem de S. Bento de Aviz. Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa. III - O neto, Dr. Luiz Antônio Vieira da Silva, nascido em 2 de Outubro de 1828, em Fortaleza, Ceará e falecido em 3 de Novembro de 1889, no Rio de Janeiro, Doutor em Leis e Cânones pela Universidade de Heidelberg, no Grão-Ducado de Baden, Alemanha. Literato, dedicado aos estudos da História. Secretário do Governo do Maranhão de 1854 a 1858. Diretor da Repartição de Terras de 1859 a 1860. Procurador Fiscal da Tesouraria da Fazenda em 1859. Deputado Provincial pelo Maranhão de 1860 a 1861. Deputado à Assembléia Geral Legislativa, pelo Maranhão, em 3 Legislaturas, de 1861 a 1863, de 1867 a 1868 e de 1869 a 1871, Senador do Império, pelo Maranhão de 1871 a 1889. 1.º Vice-Presidente da Província do Maranhão em 1875, tendo exercido a Presidência de 17 de Janeiro a 02 de Fevereiro de 1876. Ministro da Marinha de 1888 a 1889 e Presidente da Província do Piauí de 1869 a 1870. Conselheiro de Estado. Conselheiro de Sua Majestade. Moço Fidalgo da Casa Imperial. Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa. Foi agraciado com o Título de Visconde com Honra de Grandeza de Vieira da Silva por Decreto de 05 de Janeiro de 1889. (...) Com geração do seu casamento com Maria Gertrudes da Mota de Azevedo Correia, nascida em 1836 e falecida em 6 de Novembro de 1911, no Rio de Janeiro, Viscondessa de Vieira da Silva, filha do Conselheiro Joaquim da Mota de Azevedo Correia e de Maria Getrudes de Azevedo Correia. Destacamos do texto acima o que segue: Grão Mestre da Maçonaria. Membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em 1863. Membro da Sociedade de Geografia de Lisboa. Membro da Academia Real de Ciências de Lisboa. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e do Instituto Arqueológico e Geográfico de Pernambuco. (grifamos) Consta no jornal “A Situação”, edição de 04 de agosto de 1864 a seguinte notícia:


Em “O Paiz”, edição de 18 de agosto de 1864, p. 2, o seguinte aviso:


Em “A Situação”, edição de 20 de outubro de 1864, apresentado o projeto do Estatuto:




Novo anúncio, convocando reunião, aparece em 27 de outubro de 1864:

E em 29 de outubro é lembrado aos sócios de que haveria a reunião já marcada:


FRANCESA, PORTUGUESA... ou FENÍCIA???

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Academia Ludovicense de Letras

Arqueologia (do grego, « arqué », antigo ou poder, e « logos », discurso depois estudo, ciência) é a disciplina científica que estuda as culturas e os modos de vida do passado a partir da análise de vestígios materiais, relacionada fundamentalmente à pré-história e às civilizações da antiguidade, embora mais recentemente a metodologia arqueológica vem se aplicando a etapas mais recentes, como a Idade Média ou o período industrial. Na atualidade, os arqueólogos dedicam-se cada vez mais a fases tardias da evolução humana, como a arqueologia industrial 90. D. Pedro II foi um dos grandes incentivadores da ciência no Brasil, custeando expedições ao interior e ao litoral brasileiro, utilizando o então Museu Imperial – agora Museu Nacional – como ponto de partida para as expedições e visando encontrar potenciais de inúmeras áreas: Botânica, Zoologia, Arqueologia, Geologia entre outras Devido a essa fase de incentivos a pesquisa arqueológica que no momento tinha uma grande ação de amadores em busca de cidades perdidas, chamada de período “Dos primeiros arqueólogos brasileiros à busca das cidades perdidas”. A criação do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro (IHGB) também é desse período e enfatiza a consolidação nacional e criação de uma identidade nacional. Em 1863 tivemos a fundação de um Instituto Histórico e Geográfico, aqui no Maranhão, mas que não foi adiante; no ano de 1918, por influencia do IHGB tivemos uma (re)fundação do IHGM, pelo dr. Simões da Silva; e em 1925 é fundado o atual Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM –, por Antonio Lopes da Cunha 91. Borralho (2011) 92 considera haver uma relação dos fundadores do IHG e a geração fundadora da Oficina dos Novos, tais como Antonio Lopes da Cunha, Arias Cruz, José Eduardo de Abranches Moura, Barros e Vasconcelos, Domingos de Castro Perdigão, José Domingues da Silva, José Ferreira Gomes, José Pedro Ribeiro, Justo Jansen Ferreira, José Ribeiro do Amaral, Wilson Soares. Muito mais presentificada e personificada na relação dos sócios efetivos, como em Antonio Lopes Dias, Carlota Carvalho, Manuel Francisco Fran Paxeco, Raimundo Lopes da Cunha, Virgilio Domingues, Domingos Américo de Carvalho. Todos eles eram signatários da idéia de perpetuação das tradições do Estado, proclamada primeiro pela Oficina dos Novos, depois Academia Maranhense de Letras, Faculdade de Direito, Sociedade Musical Maranhense e finalmente, Instituto de História e Geografia que na sua renovada formação, em 1951, passaria a se chamar Instituto Histórico e Geográfico Maranhense.

90

http://pt.wikipedia.org/wiki/Arqueologia LOPES DA CUNHA, Antônio. Instituto histórico. In ESTUDOS DIVERSOS. São Luís: SIOGE, 1973. 92 BORRALHO, José Henrique de Paula. Instituto De História E Geografia Do Maranhão (IHGM): Patrimônio, Memória E História Como Princípios De Perpetuação Da Imagem De Um Maranhão Grandioso. IN PATRIMÔNIO E MEMÓRIA, UNESP – FCLAs – CEDAP, v.7, n.1, p. 19-37, jun. 2011 91


ARQUEOLOGIA MARANHENSE 93 Embora haja quem coloque que no Maranhão os estudos arqueológicos ainda não despertaram interesse (BANDEIRA, 2002) 94, a criação do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, naquele ano de 1925 demonstra que havia, sim, interesse no desenvolvimento dessa ciência: Artigo 1 – Fica fundada nesta cidade de São Luiz uma associação scientifica para o estudo e diffusão do conhecimento da história, geografia, ethnographia, ethnologia, archeologia, especialmente do Maranhão, e incremento à commemoração dos vultos e factos notáveis do seu passado e a conservação dos seus monumentos. Estatuto do Instituto, in Revista do IHGM, no. 1, 1926, julho-setembro, p. 61. Bandeira (2002) 95 coloca ainda Tal constatação é atribuída à falta de instituições que promovam estudos e pesquisas sobre a história das populações que aqui habitaram o período anterior à chegada dos colonizadores, casada com a omissão dos órgãos competentes em todas as esferas governamentais [...] A constituição em 2002 do “Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia do Maranhão” 96 é outra resposta a essas afirmações, já no período das pesquisas universitárias, ressaltando-se que esta instituição colocou à disposição do grande público uma cartilha "Arqueologia do Maranhão" -, com textos explicativos sobre o período pré-colonial maranhense (arte rupestre nos abrigos sob rocha, os sambaquis, as estearias, as populações de horticultores e ceramistas, as nações indígenas encontradas pelos colonizadores) e o metódico trabalho do arqueólogo. 93

LOPES, R. O TORRÃO MARANHENSE. Rio de Janeiro: Typ. Do Jornal do Commercio, 1916 LOPES, R. CONFERÊNCIA - CIVILIZAÇÃO LACUSTRE DO BRASIL, 1923 LOPES, R. BOLETIM DO MUSEU NACIONAL (Vol. 1 N.º 2. Janeiro de 1924 LOPES, R. O JORNAL DE 27 DE NOVEMBRO DE 1927 LOPES, R UMA REGIÃO TROPICAL. Rio de Janeiro: Fon-Fon e Seleta, 1970 LOPES, R. ANTROPOGEOGRAFIA. Rio de Janeiro: Museu Nacional, 1956. LOPES, A. UM ACHADO ARCHEOLOGICO - Revista do IHGM, n. 1, 1926 LOPES, A. AS COLLEÇÕES DO INSTITUTO - Revista do IHGM, n. 1, 1926 LOPES, A. MUSEU DO INSTITUTO – 1939; Revista do IHGM, n. 2, 1948; 1952 CARVALHO, J. B. de. NOTA SOBRE A ARQUEOLOGIA DA ILHA DE SÃO LUÍS, publicado em 1956 FIALHO, O. A CASA DA PEDRA. Revista IHGM, 1956. CORREIA LIMA, O. Província Espeleológica do Maranhão. Revista Ano LIX, n 10, São Luís, 1985, p. 62-70. CORREIA LIMA, O.; AROSO, O. C. L. Ameríndios maranhenses. Ano LIX, n. 08, março de 1985 38-54 CORREIA LIMA, O. Homo Sapiens stearensis – Antropologia Maranhense Ano LIX, n. 9, junho de 1985 33-43 CORREIA LIMA, Olavo. Cultura Rupestre Maranhense. Revista Ano LX, n. 11-São Luís, 1986, p. 7-12. CORREIA LIMA, O. Parque Nacional de Guaxenduba ano LX, n. 12, 1986 ? 21-36 CORREIA LIMA, O. No país dos Timbiras Ano LXI, n. 13, dezembro de 1987 82-91 CORREIA LIMA, Olavo; AROSO, Olair Correia Lima (1989). Pré-História Maranhense. SIOGE São Luís-MA. CORREIA LIMA, O. Mário Simões e a arqueologia maranhense Ano LXII, n. 14, março de 1991 23-31 COELHO NETO, E. “Antropologia e Sociologia” em 1987 94 BANDEIRA, Arkley Marques. Os registros rupestres no Estado do Maranhão, Brasil, uma abordagem bibliográfica. In http://www.naya.org.ar/congreso2002/ponencias/arkley_marques_bandeira.htm ver também: http://www.naya.org.ar/ - NAYA.ORG.AR - Noticias de Antropología y Arqueología 95 http://www.naya.org.ar/congreso2002/ponencias/arkley_marques_bandeira.htm 96 Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia do Maranhão fica na Rua do Giz, 59 - Praia Grande. Centro Histórico de São Luís-MA; as visitas podem ser feitas de 2a a 6a das 8 às 12e das 14 às 18 hs; agendamento pelo tel: 98 3218-9906 http://marcushistorico.blogspot.com/2009/03/cartilha-de-arqueologia-do-maranhao.html http://www.overmundo.com.br/guia/centro-de-pesquisa-de-historia-natural-e-arqueologia


Bandeira (2006) 97 refere-se às primeiras produções de conhecimento sobre a pré-história maranhense praticada por pessoas interessadas, pertencentes a profissões diversas, mas sem formação científica especializada, destacam-se nesse momento as publicações de Raimundo Lopes: Civilização lacustre do Brasil (1924) e O Torrão Maranhense (1970); de José Silvestre Fernandes (1950), Os Sambaquis do Nordeste98 e Olavo Correia Lima (1970), Pré-História Maranhense99. Coincidem com o período em que Prous (1992) classifica como intermediário (1910-1950) 100. “UM ACHADO ARCHEOLOGICO”

101

Encontramos na Revista do IHGM em seu numero 1, de 1926 uma nota da redação, atribuída a Antonio Lopes 102: O Sr. Dr. Franklin Ribeiro Viegas, um investigador paciente da flora maranhense,comunicava, há pouco, ao Diretor desta revista haver o Sr. Euclydes Gomes da Silva, morador do sítio da Sra. Luiz Soares Ferreira, que fica ao lado esquerdo da estrada carroçável para o Anil, a alguns metros para além da ponte sobre o Riacho Cutim achado umas antigalhas curiosas quando realizava ali escavações para plantar um bananal. O Dr. Antonio Lopes dirigiu-se ao lugar indicado com o Dr. Viegas e lá, em companhia ainda do agricultor já referido e dos Snrs. José A. da Silva Guimarães e Luiz Aranha, achou alguns vasos de barro, dos quaes o maior tem uns 50 centímetros de diâmetro médio, machados de pedra, collares de contas, extrahidos pelos trabalhadores da plantação, declarando-lhe o proprietário desta que os vasos estavam cheios de ossos tão decompostos que os trabalhadores, na anciedade de encontrar dinheiro sob a camada de terra que recobria, esfarelaram na sua ausência. Alguns fragmentos desses ossos foram recolhidos. Em pesquisa realizada na occasião da visita do Dr. Antonio Lopes ao local foram encontrados a alguns metros da superfície do solo, outros machados de pedra, cascas de conchas (o terreno é todo capeado de uma onde ellas são abundantes), contas esparsas, restos de carvão.

97 BANDEIRA, Arkley Marques. POVOAMENTO PRÉ-HISTÓRICO DA ILHA DE SÃO LUÍS-MARANHÃO: SÍNTESE DOS DADOS ARQUEOLÓGICOS E HIPÓTESES PARA COMPREENSÃO DESSA PROBLEMÁTICA. Anais do V encontro do Núcleo Regional Sul da Sociedade de Arqueologia Brasileira – SAB/Sul. De 20 a 23 de novembro de 2006, na cidade de Rio Grande, RS. http://www.anchietano.unisinos.br/sabsul/V%20-%20SABSul/comunicacoes/59.pdf 98 Consultor Técnico do Diretório Regional de Geografia, José Silvestre Fernandes, que em 1950 publicou no artigo Os Sambaquis do Nordeste a descrição de três sítios nas localidades de Areia Branca, Ilha das Moças e Mocambo, no município de Cururupu, litoral ocidental do Maranhão, cujo material arqueológico coletado foi enviando ao Museu Nacional, no Rio de Janeiro. In BANDEIRA, Arkley Marques. A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO EM ARQUEOLOGIA: hipóteses sobre o povoamento pré-colonial na Ilha de São Luís a partir das campanhas arqueológicas de Mário Ferreira Simões. Outros Tempos, www.outrostempos.uema.br, ISSN 18088031, volume 03, p. 18-36 25 99 Interessante síntese sobre os sambaquis do Maranhão foi elaborada pelo médico e antropólogo Olavo Correia Lima, que em meados de 1970, iniciou atividades arqueológicas em diversos pontos do Estado. Suas pesquisas acerca dos registros arqueológicos da região resultaram na publicação em 1989 do primeiro livro do gênero no Estado, Pré-História Maranhense. Lima trabalhou em colaboração com Mário Simões e outros pesquisadores do Museu Emílio Goeldi do Pará, no projeto São Luís (LIMA, 1991), realizado em 1971. In BANDEIRA, Arkley Marques. A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO EM ARQUEOLOGIA: hipóteses sobre o povoamento pré-colonial na Ilha de São Luís a partir das campanhas arqueológicas de Mário Ferreira Simões. Outros Tempos, www.outrostempos.uema.br, ISSN 1808-8031, volume 03, p. 18-36 25 100 PROUS, André (1992). Arqueologia Brasileira.UNB, Brasília-DF. 101 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ““UM ACHADO ARCHEOLOGICO” – O IHGM E A PESQUISA ARQUEOLÓGICA NO MARANHÃO. In SEMINÁRIO “ARQUEOLOGIA E SOCIEDADE: CONSTRUINDO DIÁLOGOS E PARCERIAS PARA A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO DO MARANHÃO”, São Luis - 17 e 20 de agosto de 2011. 102 Revista do IHGM, no. 1, 1926, julho-setembro http://issuu.com/leovaz/docs/revista_01_-_1926b


Do material recolhido remetteu-se uma parte ao Professor Raymundo Lopes, no Rio de Janeiro, afim de o estudar. O Snr. Dr. Abranches Moura levantará um croquis do lugar, de modo a precisar a situação topographica. Não é incrível se trate de maus um sambaqui, mas devemos aguardar que se pronuncie sobre o material que lhe foi remettido o nosso ilustre conterrâneo Raymundo Lopes. A hypotese, mais simples, de um cemitério de índios não é inviável e mesmo nesta o material deve ser reputado muito antigo, porquanto desde o século XVII não há índios em estado selvagem usando armas de pedra, na Ilha do Maranhão. O mais curioso do achado é constituído, porém, pelos collares e contas esparsas, pelo feitio e qualidade do vidro em que são fabricados. No próximo numero da Revista o Dr. Antonio Lopes publicará um estudo minucioso e descriptivo do achado, acompanhado croquis do lugar e algumas photographias do material (Machados, vasos, etc.). Logo que venha ao Instituto, o parecer do Professor Raymundo Lopes será estampado nesta revista. O material será recolhido ao Instituto”.

Logo a seguir, outra nota sob o titulo “As Colleções do Instituto” relata as reclamações, pela imprensa, da falta de um museu histórico. Informa, então, que o IHGM estava organizando não um museu, mas uma coleção de material arqueológico, histórico, etnográfico, e geográfico do Maranhão; para esse fim, já se havia posto em campo, nomeando em alguns pontos do estado agentes incumbidos de angariar esse material, pessoas cultas e dedicadas. Aos seus agentes baixou algumas instruções para recolha de objetos destinados à coleção: Material archeologico - Instrumentos, armas e outros objetos de pedra lascada ou polida, (machados, etc.) encontrados no solo ou subsolo, em cavernas, no fundo de lagos, lagoas ou rios. Ossadas ou fragmentos de ossadas humanas ou de animais, encontrados em escavações, desbarreiramentos e cavernas, ou no fundo de lagos ou rios. Fragmentos ou peças de louças de barro, (cerâmicas)encontradas em escavações, ou desbarreiramentos, ou nos lagos ou rios. Desenhos ou photographias de inscripções, entalhes curiosos ou esculpturas em serras, morros e rochas. Fosseis.” (p. 79-80 Prossegue, dando instruções para a coleta de material etnográfico, geográfico, histórico. Em ‘observações’ (p. 81) informa que os objetos devem ser remetidos sem sofrerem limpeza, reparação, ou reconstituição; o frete seria pago pelo Instituto.


Em seu número 2, de 1948, fala do Museu do Instituto, que reunia diversas peças, todas já perdidas com o tempo103, em função dos acontecimentos decorrentes da revolução de 30, dentre outras conseqüências, foi responsável pela total desorganização do Museu do IHGM: Não poucos revezes saltearam o Instituto na vigência do regimem político instaurado em fins daquele ano. Uma administração do município de S. Luis retirou o parco auxilio com que eram custeadas as despesas com a revista. Desalojaram a associação, reconhecida de utilidade pública por lei estadual... do próprio Estado do qual a instalara o governo de um maranhense e os seus livros e as coleções do seu interessante museu foram atiradas para escuros e humidos porões de edifícios públicos, onde ficaram expostos a inevitáveis estragos. (p. 3) Ao apresentar relatório dos fatos acontecidos no período de publicação da primeira revista (1926) e de seu numero 2 (1948), há uma nota referente a 1939 -14ª. sessão, 20 de julho, se refere à desorganização do museu devido ao seu despejo ocorrido em conseqüência da revolução de 30, com o corte de subsídios. Logo mais abaixo, em Notas Finais, referindo-se ao funcionamento do Museu do Instituto: São do conhecimento do público maranhense os prejuízos que sofreu o Museu do Instituto em conseqüência de fatos que se alude no principio desta revista e nas sumulas das atas de assembléia geral publicadas nas páginas atrás. Pretendendo reabrir em 1949 esse museu, o Instituto pede aos maranhenses de boa vontade lhe mandem material para as coleções geográficas, históricas, etnográficas, arqueológicas. Abaixo apresentamos sugestões de material a ser colhido e enviado. Material arqueológico – instrumentos, armas e outros objetos de pedra lascada ou polida, machados, etc. encontrados no solo ou subsolo, em cavernas, no fundo de lagos, lagoas, alagadiços ou rios [...] (p. 159). O que se verifica, com essas notas, que a Coleção, depois Museu, chegou a ser instalado, provavelmente com aquelas peças recolhidas no sitio do Anil, seu acervo inicial, e dado continuidade a coleta e pesquisas. Em 1939 já estava perdida parte do acervo, havendo o propósito de reabrir o Museu e reiniciarem as pesquisas. Não se tem noticia do relatório de Raimundo Lopes... Outra nota referente ao Museu do IHGM aparece na revista de 1952 104, onde é informado que estava sendo (re)organizado pelo Dr. Domingos Vieira Filho, por incumbência da diretoria. Organizado em duas sessões: folclórica e etnográfica; sendo que esta reunia vasto material etnográfico referente ao negro, ao índio e ao luso. Registra que havia um vasto material, cedido pelo Serviço de Proteção ao Índio, constituído de objetos dos índios Canelas do Maranhão. Havia uma seção histórica, sob a responsabilidade de consorciado Osvaldo Soares, que estava organizando as fichas e, quanto ao material – louças antigas – não poderia ser exposta devido ao prédio estar em péssimas condições e não apresentar segurança.

103 Revista do IHGM No. 2, 1948, novembro, p. 160 104 Revista do IHGM - NOTICIÁRIO – Ano IV, n. 4, junho de 1952 127, O Museu do Instituto.


Borralho (2011, p. 13) 105 também faz referencias ao acervo arqueológico do IHGM, e aos estudos empreendidos por seus associados: Dessa forma, o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, logo no seu nascedouro, se coadunou com o seu objetivo de ser um guardião, um tutor da memória e da história do Maranhão, preceitos estabelecidos nos seus regimentos. Isto se comprova e está evidente no esforço que seus membros fizeram para levar ao Maranhão a Coleção Artística Artur Azevêdo, “prometida ao Instituto pelo presidente Magalhães de Almeida”, conforme está registrado nas súmulas das Atas da Assembléia Geral do Instituto, contidas no Livro I, página 148, ou ainda, nas várias exposições montadas por este órgão, reunindo livros, desenhos, autógrafos, retratos e escavações arqueológicas operadas por Raimundo Lopes em várias tribos indígenas do Maranhão, nas festas realizadas no Teatro Artur Azevedo em homenagem ao poeta Gonçalves Dias, na confecção de História do Maranhão feita por Antonio Lopes contendo uma minuciosa cronologia da região, no dever de ofício de pesquisa quando descobriram o acervo encontrado por John Wilson da Costa contendo a história da genealogia dos maranhenses, mais precisamente de sua família, de origem irlandesa, biografias de maranhenses considerados ilustres, como o senador Candido Mendes de Almeida, uma comparação entre a cidade dos séculos anteriores com a atual. (grifado) Encontramos, ainda, artigo de J. B. de Carvalho: “Nota sobre a arqueologia da Ilha de São Luís”; e Olimpio Fialho com “A Casa da Pedra”, publicados em 1956 106; e Eloi Coelho Neto publica “Antropologia e Sociologia” em 1987107. Mas quando se fala em arqueologia no Maranhão, um nome se destaca: Raimundo Lopes da Cunha - ex-professor do História e de Geografia do Liceu Maranhense – onde curso o secundário -, trabalhou com Roquete Pinto no Museu Nacional, onde realizou importantes trabalhos como etnólogo e naturalista. Sua bibliografia é extensa, pois geógrafo, naturalista, antropólogo e polígrafo. Correa (s.d.) 108 ao ‘retratar’ os “os antropólogos no Brasil dos anos 30 aos anos 60” lembra origem regional dos brasileiros fotografados: ladeando dona Heloísa e Castro Faria, ela carioca, ele fluminense, estão o baiano Édison Carneiro (1912-1972), principal guia de Ruth Landes nas suas pesquisas em Salvador e o ‘maranhense’ Raimundo Lopes (1894-1941). Ambos evocam, com sua presença, a de outros maranhenses e baianos sempre lembrados quando se fala nas origens da disciplina no país. Chamo atenção para o fato de, ao referir-se a Raimundo Lopes, coloca entre aspas o fato de ser ‘maranhense’... Raimundo Lopes da Cunha nasceu em Viana em 1894 e foi um dos pioneiros na construção do conhecimento sobre o Maranhão, sua territorialidade, geografia, arqueologia, etnografia e outras áreas afins no âmbito natural e cultural. Bacharel em Letras produziu seu primeiro trabalho científico, O Torrão Maranhense109, aos 17 anos, logo depois, Uma Região Tropical 110, através do 105

BORRALHO, José Henrique de Paula. Instituto De História E Geografia Do Maranhão (IHGM): Patrimônio, Memória E História Como Princípios De Perpetuação Da Imagem De Um Maranhão Grandioso. IN PATRIMÔNIO E MEMÓRIA, UNESP – FCLAs – CEDAP, v.7, n.1, p. 19-37, jun. 2011 106 CARVALHO, J. B. de. Nota sobre a arqueologia da Ilha de São Luís. Revista do IHGM, Ano VII, n. 6, dezembro de 1956 FIALHO, Olimpio. A Casa da Pedra. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Ano VII n. 06, São Luís-MA, 1956, p.4751. 107 COELHO NETO. E. “Antropologia e Sociologia”. Revista do IHGM, Ano LXI, n. 13, dezembro de 1987, p. 79-81 108 CORREA, Mariza. TRAFICANTES DO EXCÊNTRICO - os antropólogos no Brasil dos anos 30 aos anos 60. Disponível em http://www.anpocs.org.br/portal/publicacoes/rbcs_00_06/rbcs06_05.htm 109 LOPES, Raimundo. O TORRÃO MARANHENSE. Rio de Janeiro: Typ. Do Jornal do Commercio, 1916


qual delineou um panorama abrangente sobre aspectos geográficos, econômicos, etnológicos, recursos arqueológicos e particularidades culturais regionais. Lopes localizou os primeiros sítios arqueológicos maranhenses, sambaquis e estearias, servindo sua obra de orientação a todas as pesquisas posteriormente realizadas no Estado. Sua produção científica como pesquisador efetivo do Museu Nacional do Rio de Janeiro foi significativa e seus estudos voltados ao desenvolvimento de ações na defesa e salvaguarda de bens patrimoniais inovadores em sua época. Morreu no Rio de Janeiro, em 1941, pouco após o término do seu último trabalho acadêmico, Antropogeografia111.

http://www.anpocs.org.br/portal/publicacoes/rbcs_00_06/rbcs06_05.htm Alexandre Fernandes Corrêa (2003, 2009) reproduz texto de Paulo Avelino: ”Resenha de livro raro: Uma Região Tropical, de Raimundo Lopes” 112, em Teatro de Memória113, sobre a obra etnogeológica de Raimundo Lopes:

110

LOPES, Raimundo. UMA REGIÃO TROPICAL. Rio de Janeiro: Fon-Fon e Seleta, 1970 LOPES, Raimundo. ANTROPOGEOGRAFIA. Rio de Janeiro: Museu Nacional, 1956. (Edição fac-similar comemorativa ao centenário de fundação da Academia Maranhense de Letras, São Luis: AML, 2007). http://www.cultura.ma.gov.br/portal/sede/index.php?page=cphna_noticia_extend&loc=arqueologia&id=10 112 AVELINO, Paulo. ”Resenha de livro raro: Uma Região Tropical, de Raimundo Lopes”, disponível em http://www.fla.matrix.com.br/pavelino/lopes.htmlfala - LOPES, Raimundo. Uma região tropical. Rio de Janeiro: Cia. Editora Fon-fon e Seleta, 1970. 197p. Coleção São Luís, volume 2. 113 CORREA, Alexandre Fernandes. A ANTROPOGEOGRAFIA DE RAIMUNDO LOPES SOB INFLUÊNCIA DE EUCLIDES DA CUNHA in http://teatrodasmemorias.blogspot.com/2009/12/antropogeografia-de-raimundo-lopes-sob.html ver também: CORREA, Alexandre Fernandes. AS RELAÇÕES ENTRE A ETNOLOGIA E A GEOGRAFIA HUMANA EM RAIMUNDO LOPES. Cad. Pesq .. São Luís. v. 14. n. 1. p.88-1 03. jan.!jun. 2003disponivel em http://www.pppg.ufma.br/cadernosdepesquisa/uploads/files/Artigo%206(16).pdf 111


Escreveu seu primeiro livro, “O Torrão Maranhense”, considerado pelos especialistas o primeiro bom livro de geografia sobre a região. Só que o escreveu quando a maioria das pessoas está pensando em outras coisas que em teorias geográficas – ele o escreveu aos dezesseis anos. E o publicou no ano seguinte, 1916 (nascera em 1899). [...] Nos anos vinte Raimundo Lopes fez escavações pelo interior do estado, e disso resultaram descobertas responsáveis por duas das três menções ao seu nome que existem na Internet 114. Uma é a estearia do lago Cajari, no município de Penalva, no vale do grande rio Pindaré. Estearias ou cacarias eram os nomes que o povo da região dava ao que o quase menino (tinha pouco mais de vinte) professor de geografia descobriu que eram na verdade vestígios de uma aldeia de palafitas de pessoas que habitavam aquele mesmo lugar, sobre a superfície daquele mesmo lago, cerca de dois mil antes de Cristo. Foi uma descoberta importante. Eram as primeiras habitações lacustres encontradas em todo o mundo fora da Suíça. As primeiras no continente americano. Pesquisadores do Museu Nacional e do exterior louvaram esse feito. Depois ele realizou outra descoberta, o sítio cadastrado como MA-SL-4, também chamado de Sambaqui da Maiobinha. Sambaquis são pilhas de conchas, peixes e outros vestígios de povos que viviam á beiramar. Esse é bem próximo da capital, na estrada entre São Luís e a cidade-dormitório de São José de Ribamar, sítio que o próprio IPHAN classificou como relevância Alta. Ainda seguindo Avelino (2003) e Corrêa (2009), na década de trinta começaram a sair no Boletim do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio os capítulos sucessivos do livro de “Uma Região Tropical”, reeditado nos anos sessenta pela Superintendência do Desenvolvimento do Maranhão; é uma ampliação d´”O Torrão Maranhense” ou, “o alargamento, o aprimoramento ou o fortalecimento das idéias e das análises do seu primeiro livro”. Nesse período dava radioaulas na Rádio MEC sobre geografia, que depois foram coletados por um seu irmão e publicados sob o nome “Antropogeografia – suas origens, seu objeto, seu campo de estudo e tendências”. Morreu em 1941, com apenas quarenta e dois anos de idade, quando trabalhava no Museu Nacional. Foi nessa década, por influência das pesquisas desse pesquisador maranhense, ligado ao Museu Nacional-RJ, que o Sambaqui do Pindaí localizado em Passo Lumiar na Ilha de São Luís, foi tombado pelo Governo Federal por preservar relíquias de antigos povos indígenas. O patrimônio arqueológico foi protegido anteriormente ao decreto lei n° 3.924/61 que salvaguarda todo sítio arqueológico como Patrimônio da União. Atualmente esse sambaqui encontra-se totalmente destruído por ações antrópicas (construção de estradas, residências, extração de terra preta, etc.) 115. Julio Cesar Melatti (1983, 1984,1990, 2007) 116 ao escrever uma história da antropologia no Brasil, traz diversos estudos realizados até os anos 50, considerando os mais importantes: As áreas pesquisadas nesse período se reduziam a alguns tesos da ilha de Marajó (Ferreira Penna, Steere, Derby, Ladislau Netto, Heloisa Alberto Torres), à cerâmica de 114

Raimundo Lopes na Internet: http://www.iphan.gov.br/bancodados/arqueologico/mostrasitiosarqueologicos.asp?CodSitio=5431 http://www.iphan.gov.br/bancodados/arqueologico/mostrasitiosarqueologicos.asp?CodSitio=5434 http://acd.ufrj.br/museu/bibliote/revimn96.txt 115 Canalverde.tv/arqueologia, Pedro Gaspar –ArqPi, Pesquisa de Sambaquis revela Pré-história do Maranhão in http://www.arqueologiapiaui.com.br/noticias/brasil/133-pesquisa-de-sambaquis-revela-pre-historia-do-maranhao 116 MELATTI, Julio Cesar. A Antropologia no Brasil: Um Roteiro. Boletim Informativo e Bibliográfico de Ciências Sociais (BIB), nº 17, pp. 192,Rio de Janeiro, ANPOCS, 1984; in O que se Deve Ler em Ciências Sociais no Brasil , vol. 3, pp. 123-211,São Paulo: Cortez e ANPOCS, 1990. (Fascículo escrito originalmente para integrar a coleção Curso de Introdução à Antropologia, pelo Convênio Fundação Universidade de Brasília/OpenUniversity, que não chegou a ser publicada.Republicado no Boletim Informativo e Bibliográfico de Ciências Sociais (BIB), nº 17, pp. 1-92,Rio de Janeiro, ANPOCS, 1984, com poucas modificações.Novamente republicado em O que se Deve Ler em Ciências Sociais no Brasil, vol. 3, pp. 123-211,São Paulo: Cortez e ANPOCS, 1990.Esta nova digitação da Série Antropologia, feita em 2007, inclui as modificações do BIB e umas poucas correções.) disponível em http://pt.scribd.com/doc/51130216/20/Ate-os-anos-50


Santarém, descoberta depois de um temporal que lavou as ruas dessa cidade, em 1922(Helen Palmatary, Frederico Barata) e outros sítios do baixo Amazonas e do Amapá (Lima Guedes, Nimuendajú); às estearias (habitações lacustres, sobre pilotis) do Maranhão (Raimundo Lopes); alguns sambaquis (concheiros) do litoral (Rath, Wiener);a vestígios dos índios do tronco Tupí do litoral; às cavernas de Lagoa Santa, em Minas Gerais (Mattos, Walter).(grifado). Para Carvalho e Funari (2009) 117, a preocupação com a divulgação dos trabalhos arqueológicos no Brasil mereceu atenção de Raimundo Lopes, haja vista que “As tentativas de defesa do patrimônio arqueológico brasileiro começaram na década de 1920. Naquele momento, o presidente da Sociedade Brasileira de Belas Artes e chefe do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Alberto Childe, propunha a nacionalização das “fontes culturais”. A iniciativa não foi aprovada pelo Congresso, isto porque, a ação poderia significar a necessidade da nacionalização de propriedades privadas. Atitude nada interessante para os políticos do período. A proposta de 1920 não assinalava a necessidade de uma divulgação ou de um programa educacional acerca dos patrimônios. Essa preocupação surgiu apenas em 1935, período anterior à fundação do SPHAN (Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional): Naquele ano, Raimundo Lopes, arqueólogo maranhense, publicou um estudo sobre as fontes culturais nacionais e sobre a necessidade da elaboração de programas educacionais e da divulgação de informações sobre sítios arqueológicos (Bastos e Funari, 2008: 1128) 118. Mesmo com a publicação de Lopes, o grande passo para a preservação do patrimônio arqueológico nacional só seria dado na década de 1960. Uma comissão formada por arqueólogos, pesquisadores da Pré-História, conquistou a elaboração da lei n. 3924/61, aprovada pelo congresso em 1961. O maior objetivo da lei era definir o patrimônio arqueológico, regularizar sua propriedade e seus usos (Bastos e Funari, 2008: 1128). (GRIFADO). Nos anos 1970, outro pesquisador deu visibilidade à ocupação humana pré-histórica da Ilha de São Luís - Mário Ferreira Simões, ligado ao Museu Paraense Emílio Goeldi que realizou o Projeto São Luís. A pesquisa inspecionou oito sambaquis com o objetivo de comparar os sítios residuais de São Luís com os do litoral leste e litoral paraense. Essas pesquisas resultaram nas primeiras datações para os assentamentos humanos pré-históricos do Estado do Maranhão, em torno de 2.686 anos antes do presente119. 117 CARVALHO, Aline Vieira de e FUNARI, Pedro Paulo A. As possibilidades da Arqueologia Pública. IN HISTÓRIA @ HISTORIA ISSN 1807-1783 IN http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=arqueologia&id=31 118 Bastos, R. L.; Funari, P. P. A. “Public Archaeology and Management of the Brazilian Archaeological-Cultural Heritage”. Handbook of South American Archaeology. Silverman, Helaine e Isbell, William H. (orgs). New York: Springer, 2008. 1127-1133. 119 Canalverde.tv/arqueologia, Pedro Gaspar –ArqPi, Pesquisa de Sambaquis revela Pré-história do Maranhão in http://www.arqueologiapiaui.com.br/noticias/brasil/133-pesquisa-de-sambaquis-revela-pre-historia-do-maranhao http://arqueologiadigital.com/profiles/blogs/pesquisa-arqueologica-de


Encontrei outro associado do IHGM que se destaca - Olavo Correia Lima, que atuou nas áreas da Medicina, Antropologia, Arqueologia, Etnologia, entre outros interesses: - CORREIA LIMA, O.; AROSO, O. C. L. Ameríndios maranhenses Ano LIX, n. 08, março de 1985 38-54 - CORREIA LIMA, O. Homo Sapiens stearensis – Antropologia Maranhense Ano LIX, n. 9, junho de 1985 33-43 - CORREIA LIMA, O. Província espeleológica do Maranhão Ano LIX, n. 10, outubro de 1985 62-70 - CORRIA LIMA, O.; AROSO, O. C. L. Cultura rupestre maranhense – arqueologia, antropologia Ano LX, n. 11, março de 1986 07-12 - CORREIA LIMA, O. Parque Nacional de Guaxenduba ano LX, n. 12, 1986 ? 21-36 - CORRÊA LIMA, O. No país dos Timbiras Ano LXI, n. 13, dezembro de 1987 82-91 - CORREIA LIMA, O. Mário Simões e a arqueologia maranhense Ano LXII, n. 14, março de 1991 23-31 Em sua homenagem foi criada a “BIBLIOTECA OLAVO CORREIA LIMA” em 2002, como setor integrante do Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia do Maranhão. Iniciada a partir da doação de aproximadamente 3000 volumes pela sua família. Após a sua morte,em 1997, a família doou o acervo a Secretaria de Estado da Cultura que o armazenou no almoxarifado de sua propriedade até a fundação do CPHNAMA onde atualmente tais volumes compõem o referido espaço cultural.120 “Se dependesse do Instituto, a memória, o patrimônio e a história do Maranhão estariam preservados. Cumpria aos demais fazerem sua parte”, afirma Borralho (2011, p. 32). FENÍCIOS NO MARANHÃO? [...] Subindo o rio Mearim, no Estado do Maranhão, na confluência dos rios Pindaré e Grajaú, encontramos o lago Pensiva, que outrora foi chamado Maracu. Neste lago, em ambas as margens, existem estaleiros de madeira petrificada, com grossos pregos e cavilhas de bronze. O pesquisador maranhense Raimundo Lopes escavou ali, no fim da década de 1920, e encontrou utensílios tipicamente fenícios. [...] (grifado) 121.

ver também A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO EM ARQUEOLOGIA: hipóteses sobre o povoamento pré-colonial na Ilha de São Luís a partir das campanhas arqueológicas de Mário Ferreira Simões. Arkley Marques Bandeira in http://www.outrostempos.uema.br/volume03/vol03art02.pdf 120 BAIMA, Carlucio de Brito. REFORMA DA BIBLIOTECA OLAVO CORREIA LIMA. IN Http://www.cultura.ma.gov.br/portal/sede/index.php?page=cphna_noticia_extend&loc=arqueologia&id=11 121

Portal São Francisco (http://www.portalsaofrancisco.com.br/

)


Pablo Villarrubia Mauso (2010), em “As Cidades Perdidas do Maranhão” pesquisas de Raimundo Lopes sobre as estearias maranhenses:

122

, refere-se às

Em 1919, o explorador e arqueólogo Raimundo Lopes iniciou escavações num terreno cheio de lama, no centro do Lago Cajari, durante uma seca jamais vista na região. Isso facilitou suas escavações, já que em alguns trechos a profundidade não ultrapassava 50 centímetros. Contudo, em condições normais, o nível de água é de dois ou três metros, e oculta uma cidade extinta. Algumas centenas de anos antes, o nível do lago e de suas margens devia ser mais baixo que o de hoje. Do barro mole, Raimundo Lopes via surgir grande número de troncos negros de árvores, como um imenso bosque morto. Pouco a pouco, ele foi encontrando restos de cerâmica e objetos de pedra, atribuídos a um povo relativamente numeroso e bem organizado. Mas quem teriam sido seus habitantes? Os poucos vestígios encontrados – as condições de preservação do lago não são as mais propícias –, não dão muitas pistas. No entanto, foram encontrados muitos troncos grandes e fortes, que apóiam a teoria de que ali foram construídas casas que se elevavam acima do nível da água na época das chuvas. No mesmo ano, Raimundo Lopes encontrou outra cidade construída em palafitas no Lago Encantado e, em 1922, no Lago Maiobinha. Em 1923, expôs os resultados de suas escavações durante uma conferência no Museu Nacional do Rio de Janeiro, quando disse que as construções eram palafitas assentadas sobre uma região pantanosa. Embora fragmentada, a cerâmica encontrada na região de Cajari parece ter sido bastante elaborada, pintada em vermelho e preto, com relevos zoomorfos, e seria mais antiga do que a cerâmica da Ilha de Marajó, na foz do Rio Amazonas, uma das mais bonitas do mundo. Contudo, Lopes acreditava que a cerâmica de Cajari não tinha qualquer relação com outras culturas da região amazônica. O arqueólogo não pôde encontrar qualquer figura humana representada nos restos de cerâmica, e tampouco restos de ossos humanos, impossibilitando assim a identificação da raça de seus antigos ocupantes. A descoberta mais importante no lago foi o dos muiraquitãs, amuletos com forma estilizada de rã, como os que foram encontrados na região amazônica de Santarém, e que são atribuídos às míticas mulheres amazonas. Lopes dizia que "... os amuletos do Cajari são semelhantes aos do baixo Amazonas, México e Costa Rica, feitos com uma técnica bastante avançada". Mas, ao contrário da América Central, os muiraquitãs do Maranhão foram feitos de ágata e não de jadeíta. Apenas para relembrar, “estearia” é termo que corresponde ao vocábulo italiano palafitti, designativo das habitações lacustres pré-históricas da Europa. No Maranhão, os ribeirinhos do lago Cajari, perto da vila Penalva1, chamam estearia a uns vestígios de moradias lacustres dos caboclos aborígenes. Estudou-os Raymundo Lopes, em 1919, publicando a respeito um trabalho A Civilização lacustre no Brasil no Boletim do Museu Nacional (Vol. 1 N.º 2. Janeiro de 1924), no qual afirma ter visto os referidos vestígios, graças a uma seca que fez baixar consideravelmente as águas do lago. Apresentou-se-lhe a antiga habitação “com seus milhares de esteios, numa perspectiva belíssima, impressionante, esponteando com os seus troncos negros, como se fosse imensa floresta 122

MAUSO, Pablo Villarrubia. As Cidades Perdidas do Maranhão. IN Revista Sexto Sentido, postado em 2010-06-11 13:25, no sitio http://www.revistasextosentido.net/, disponível em http://www.revistasextosentido.net/news/%20as%20cidades%20perdidas%20do%20maranh%C3%A3o/


morta, à face argentada das águas”. Volta o ilustrado cientista a tratar do assunto em O Jornal de 27 de novembro de 1927, no qual diz que o termo estearia está consagrado nos círculos científicos brasileiros, falando de novas ‘estearias’, ou ‘esteames’ como também designa, em outros sítios do Maranhão e escreve: “A aldeia — jazida palafítica ou lacustre como a estearia do Cajari, a primeira que observei em 1919, fica em pleno rio e, com o canal deste de permeio, defronta a ponta da ‘Estrela’ oposta à bocaina do Parauá; está coberta de água, mesmo no dezembro adusto em que a visitamos. Mas num fundo de cerca de metro, embora a escassez do tempo, às apalpadelas, na lama cheia de estrepes, sempre em tais pontos se colhe uma massa de fragmentos de cerâmica e pedra que, se nem sempre enfeitam coleções, identificam suficientemente as jazidas”. Informa-nos Jorge Hurley que, no Pará, especialmente no litoral atlântico, há as ‘meruadas’ dos currais de pesca e das feitorias dos pescadores, abandonados, idênticos à estearia do lago Cajari, no Maranhão. (SOUZA, 1939123, MELO, 2011) 124·. (grifamos). Raimundo Lopes, que já realizara estudos arqueológicos no lago Cajarí, "pertencente ao rosário de lagoas do Pindaré e do seu afluente o Maracú", sobre os quais fez em 1923 uma conferência descrevendo essa Civilização lacustre do Brasil, foi enviado pelo Museu Nacional, em 1930, ao Gurupi, onde se demorou três meses, estudando os Índios Urubú, entre os quais encontrou o arco de secção quadrangular (peruano) junto com a flecha de emplumação costurada do Xingu. (Cândido de Melo Leitão. História das explorações científicas no Brasil, 1941) 125. Buscando maiores informações, encontrei na Wikipédia uma “Teoria da presença de fenícios no Brasil” - Fenícios no Brasil 126. Segundo aquele sitio, é uma teoria levantada por diversos autores, sendo um dos principais proponentes desta teoria Ludwig Schwennhagen127; outro seria Bernardo de Azevedo da Silva Ramos. Schwennhagen128, em sua obra sobre a história antiga do Brasil, em que expõe uma teoria da presença de fenícios no território do atual, cita o trabalho de Onfroy de Thoron (Gênova, 1869), que trata de viagens das frotas do rei Hirão de Tiro, da Fenícia, e do rei Salomão, da Judeia, no rio Amazonas, nos anos de 993 a.C. a 960 a.C.. Em apoio a essas ideias, Schwennhagen apresenta letreiros e inscrições como evidências, afirmando serem em maior parte escritos com letras do alfabeto fenício e da escrita demótica do Egito, observando encontrarem-se também inscrições com letras da escrita sumérica, antiga escrita babilônica, e letras gregas e mesmo latinas.

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Bernardino José de Souza, in dicionário da terra e da gente do brasil, 1939. Correspondência eletrônica de Luis Melo a Leopoldo Gil Dulcio Vaz From: luis-mello-neves@hotmail.com To: vazleopoldo@hotmail.comSubject: RE:Date: Mon, 22 Aug 2011 03:37:20 +0000. disponível em http://www.brasiliana.com.br/brasiliana/colecao/obras/116/dicionario-da-terra-e-da-gente-do-brasil 125 http://www.brasiliana.com.br/obras/historia-das-exploracoes-cientificas-no-brasil/pagina/342 (grifamos) e Mel 126 http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_da_presen%C3%A7a_de_fen%C3%ADcios_no_Brasil 127 Ludwig Schwennhagen (n. Áustria, fl. 1900-1928) foi um professor de História e Filologia no Nordeste do Brasil, escritor e proponente da Teoria da presença de fenícios no Brasil. Era membro da Sociedade de Geografia Comercial de Viena. Em Teresina se diz que era um alemão calmo e de grande porte, que ensinava História, que bebia cachaça nas horas de folga, que esteve estudando ruínas no Estado do Piauí e outros do Nordeste, e chegou a Teresina no primeiro quartel do século XX. Ludwig Schwennhagen publicou artigos na imprensa norte-rio-grandense. Schwennhagen foi sócio do jornal anti-semita de Berlim na Alemanha Staatsbürgerzeitung, pelo qual entrou em conflito com Hirsch Hildesheimer, da comunidade judaica. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ludwig_Schwennhagen 128 Schwennhagen, Ludwig. Antiga História do Brasil. De 1100 a.C. a 1500 d.C.. Quarta edição. Apresentação e notas de Moacir C. Lopes. Livraria Editora Cátedra, Rio de Janeiro 1986. http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_da_presen%C3%A7a_de_fen%C3%ADcios_no_Brasil 124


De acordo com Schwennhagen129 o continente americano é a lendária ilha das Sete Cidades. Diz o autor que tupi significa "filho ou crente de Tupã". A religião tupi teria aparecido no Norte do Brasil cerca de 1050 a 1000 a.C., juntamente com os fenícios, propagada por sacerdotes cários, da ordem dos piagas. Os piagas (de onde deriva pajés) fundaram no Norte do Brasil um centro nacional dos povos tupis, denominando Piaguia a esse lugar, de onde se formou o nome Piauí. Esse lugar era as Sete Cidades (hoje Parque Nacional de Sete Cidades). A Gruta de Ubajara teria sido fruto de escavações para retirada de salitre, produto comercializado pelos fenícios. A cidade de Tutóia no Maranhão teria sido fundada por navegadores fenícios e por emigrantes da Ásia Menor que chegavam em navios fenícios, que escolheram o local para construir uma praça forte, de onde dominariam a foz do rio Parnaíba. A teoria apresentada pelo ilustre professor austríaco Ludwig Schwennhagen fora publicada, inicialmente em 'A União’, de João Pessoa-PB, edição de 12 de janeiro de 1926 e transcritos posteriormente pela ‘Pacotilha’, de São Luís-MA (26-01-1926) e por último, pela ‘A República’, de Natal-RN (31-01-1926): Em seu trabalho, o professor Schwennhagen apresenta uma tradução do livro do historiador grego Tiodoro da Sicília, o divulgador dos périplos fenícios, afirmando que foram os fenícios os primeiros habitantes do Velho Mundo a descobrirem a América. Para ele, ‘1.100 anos antes de Cristo os fenícios partiram de Cartago via Cabo Verde para Dacar e daí atravessaram o Oceano Atlântico e chegaram ao Brasil ‘[...](SANTOS, 2015)130 Segundo Pablo Villarrubia Mauso (2010) 131, a teoria da “origem das cidades perdidas do Maranhão” foi levantada pelo explorador austríaco Ludwig Schwennhagen, que esteve no Brasil no princípio do século 20. Teriam sido sacerdotes cários, povo da Ásia Menor, que mil anos antes de Cristo viajavam em embarcações fenícias que chegaram às costas brasileiras. Para Ludwig, as pegadas nas pedras existentes na região da Chapada das Mesas eram representação do grão-sacerdote Sumer, cujo nome teria sido modificado para Sumé. Ludwig Schwennhagen fala em seu livro Antiga História do Brasil, de 1100 a.C. a 1500 d.C. (1928) que os fenícios tinham escolhido a ilha de São Luís como ponto de entrada para uma segunda onda de imigrantes. Chamaram-na de Tuapon, que significava “cidade de Tupã” – uma das divindades dos índios tupi –, onde fundaram várias aldeias, das quais 27 ainda existiam na época da chegada dos primeiros europeus. De lá, atravessando pequenos rios, foram navegando até onde hoje está a cidade de Belém do Pará. O nome Maranhão derivaria de Mara-Ion, dado pelos fenícios. Tudo isso teria acontecido por volta de 1100 a.C., ou seja, muito antes do descobrimento do Brasil pelos portugueses132. Durante o curto período de ocupação francesa da costa do Maranhão, o frei e cronista Claude d’Abbeville escreveu um diário de viagem no qual falava sobre os avançados conhecimentos astronômicos dos índios tupinambás do Maranhão. Ludwig atribuiu esse conhecimento às influências

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_da_presen%C3%A7a_de_fen%C3%ADcios_no_Brasil SANTOS, José Ozildo dos. AS INSCRIÇÕES RUPESTRES DE PEDRA LAVRADA. IN ARQUEOLOGIA DA PARAÍBA, disponível em http://www.construindoahistoria.com.br/2010/08/arqueologia-da-paraiba.html, acessado em 06/05/2015, Artigo publicado na ‘Revista Tudo’, suplemento especial do ‘Diário da Borborema’, Campina Grande-PB, edição de domingo, 16 de dezembro de 1990. 131 MAUSO, Pablo Villarrubia. As Cidades Perdidas do Maranhão. Posted by luxcuritiba em dezembro 28, 2010, DISPONÍVEL EM http://piramidal.net/2010/12/28/as-cidades-perdidas-do-maranhao/, acessado em 06/05/2015. 132 MAUSO, Pablo Villarrubia. As Cidades Perdidas do Maranhão. Posted by luxcuritiba em dezembro 28, 2010, DISPONÍVEL EM http://piramidal.net/2010/12/28/as-cidades-perdidas-do-maranhao/, acessado em 06/05/2015. 130


trazidas pelos sábios da antiga Caldéia, situada na Mesopotâmia, que vinham a bordo das embarcações fenícias133. Os restos mais palpáveis dos fenícios no Maranhão estariam no Rio Pinaré, onde o Lago Maracu mostra restos petrificados que pertenceriam aos estaleiros daquele povo, além de outros portos fluviais situados em três lagos que existem na confluência dos rios Mearim, Pinaré e Grajaú. Nas margens dos rios Gurupi e Ireiti, os fenícios exploraram minas de ouro e tinham como base a aldeia de Carutapera (segundo Ludwig, “taba dos carus”, sendo carus o nome que os indígenas davam aos fenícios). À chegada dos portugueses, o local ainda existia como uma aldeia dos tupis, que conheciam bem a existência das minas de ouro134. Schwennhagen ainda dizia que na península situada em frente à cidade de São Luís, possivelmente em Alcântara, foram encontrados restos de antigas muralhas cuja origem não pôde ser comprovada no tempo dos europeus. Na ilha de Troína, também no Maranhão, os navegantes ainda hoje avistam grandes blocos de pedras provenientes de muralhas de uma praça forte e alta135. Em A Pacotilha (30 de maio de 1925), de autoria de Ludovico Schwennhagen é publicado artigo com o seguinte título:

133 MAUSO, Pablo Villarrubia. As Cidades Perdidas do Maranhão. Posted by luxcuritiba em dezembro 28, 2010, DISPONÍVEL EM http://piramidal.net/2010/12/28/as-cidades-perdidas-do-maranhao/, acessado em 06/05/2015. 134 MAUSO, Pablo Villarrubia. As Cidades Perdidas do Maranhão. Posted by luxcuritiba em dezembro 28, 2010, DISPONÍVEL EM http://piramidal.net/2010/12/28/as-cidades-perdidas-do-maranhao/, acessado em 06/05/2015. 135 MAUSO, Pablo Villarrubia. As Cidades Perdidas do Maranhão. Posted by luxcuritiba em dezembro 28, 2010, DISPONÍVEL EM http://piramidal.net/2010/12/28/as-cidades-perdidas-do-maranhao/, acessado em 06/05/2015.


Realizando pesquisas em vários estados do Brasil, deteve-se no Piauí e no Maranhão. Sobre o Maranhão, em seu relato, sustenta a tese de que a cidade de São Luís – como Tutóia - foi fundada por navegadores fenícios:


Chegados por estas terras por volta do ano 1.000 a.C - relacionaram-se com os habitantes da terra – tupis – fundando Tu-Troia – Tutóia – e Tupaón –Upau-açú:

Ludovico Schwennhagen traz como indícios da presença dos fenícios em Tupaón – Upaon-Açú – os subterrâneos e labirintos existentes; embora a crença popular diga que foram os jesuítas os responsáveis pela construção:


A ocultação desses labirintos parte de Roma; saberiam os jesuítas de algo, que ocultaram?





Ana Luíza Almeida Ferro (2015), autora de “1612 – os papagaios amarelos na Ilha do Maranhão e a fundação de São Luís” 136 me escreve137 não negando a existência dos artigos, e informando que foram descartados quanto a esta tese de fundação fenícia [de São Luis] pelos historiadores subsequentes, pelo simples motivo de que não é possível falar em fundação fenícia [de São Luis], quando não houve continuidade dessa suposta e duvidosa urbe, ainda mais se sabendo que os índios mudavam de lugar de quando em quando para estabelecer suas aldeias. E que os tupinambás eram relativamente recentes na ilha quando da chegada dos franceses (antes eram os tapuias): Também o lugar onde foi assentado o forte não apresentava qualquer sinal de ruína prévia, o que descarta não só a fundação fenícia quanto sinais de existência de uma hipotética Nazaré naquele ponto, a qual, como tese de origem da cidade, é, reconheçamos, um pouco menos absurda que a dos fenícios como fundadores. Ainda que eles tenham estado por aqui, jamais se poderia chamar de origem de São Luís algo que nada teve a ver com a constituição da cidade que hoje conhecemos. Se for para admitir uma tese, só poderia considerar plausível a possibilidade de que os fenícios tenham estado na ilha num passado remoto, mas sem qualquer implicação na fundação da cidade, por absoluta falta de evidência nesse sentido. (FERRO, 2015). É que originalmente, ao discutir-se a contribuição do IHGM para a arqueologia maranhense – e brasileira -, através dos trabalhos de Raimundo – e seu irmão Antonio – Lopes, havia dado o título de “nem francesa, nem portuguesa... fenícia!!!”, apenas como provocação. Igual incomodo manifestou Antonio Noberto138: ” Falar em fundação é complicado. Falar em presença de fenícios em um tempo remoto eu concordo. Fundação de um lugar subtende continuação. ..”.

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FERRO, Ana Luíza Almeida. os papagaios amarelos na Ilha do Maranhão e a fundação de São Luís. Curitiba: Juruá, 2014. FERRO, Ana Luiza Almeida. Correspondência eletrônica. De : Ana Luiza Ferro < Data:06/05/2015 12:27 (GMT-03:00) Para: Leopoldo Gil Dulcio Vaz . Assunto: RE: São Luis fundada por fenícios... 138 ANTONIO NOBERTO. Correspondência eletrônica. De: Antonio Noberto - quinta-feira, 7 de maio de 2015 Para:Ana Luiza Ferro; Leopoldo Gil Dulcio Vaz. 137


A FUNDAÇÃO DO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Academia Ludovicense de Letras A partir do meado dos anos 1500, o Tratado de Tordesilhas, assinado por Portugal e Espanha, não era respeitado pela França, que contestara de maneira mais veemente a divisão do mundo. Em termos de expansão marítima, os franceses, mesmo perdendo a corrida, buscaram terras sem colonização para poder explorar. Corsários recebiam apoio do governo francês, com financiamento, para explorar as riquezas das Américas, fazendo contrabando, principalmente de pau-brasil e muitas outras madeiras, além de pássaros silvestres, macacos, e de até mesmo de tabaco. A presença de traficantes de pau-brasil no litoral brasileiro, remonta ao ano de 1503 e é aceito como o do início das incursões francesas na costa norte-rio-grandense e 1516 como o momento em que traficantes e corsários vindos da França agiam na Costa dos Potiguares, como era então conhecido o território habitado por aqueles silvícolas, dele fazendo parte o atual Rio Grande do Norte. Portugal reagia como podia às investidas francesas, financiando “varreduras costeiras” entre Pernambuco e o rio da Prata, de 1516 a 1519 e de 1526 a 1528, ambas realizadas por Cristóvão Jacques, pois os franceses costumavam visitar a costa brasileira entre o cabo de São Roque e a Angra dos Reis, mais fácil e acessível. Em 1524 vamos encontrar Guérard e Roussel, corsários de Dieppe, visitando o Maranhão139.

Carte nautique de l'océan Atlantique - Portugal, 1550. Avec double échelle des latitudes. Une carte, mss enlum. sur vélin, 63 x 88 cm bord ouest, 73 x 88 cm bord est- CPL GE B-1148 (RES) http://expositions.bnf.fr/marine/gallica/atlantique.htm 139

MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982; LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006, p. 172-173


Num mapa francês datado de 1579 se identifica as terras do hoje Rio Grande do Norte, com os acidentes geográficos, das tribos e de produtos econômicos, ficando evidenciado que os franceses tinham maiores conhecimentos dessa terra que os próprios portugueses140.

Carte de la côte du Brésil - Dieppe, 1579, par Jacques de Vau de Claye. En français. Une carte, manuscrit enluminé sur vélin. http://expositions.bnf.fr/marine/gallica/atlantique.htm

Em 1583, dois capitães franceses disseram a sir Walter Ralegh conhecer o Maranhão, mas nunca se saberá se se tratava do Maranhão ilha ou do Maranhão rio. Sir Walter Ralegh, em 1595, e Sir Robert Dudley, em 1594-1595 visitam o Orinoco, mas não chegam ao futuro Amapá. Em 1596, Lawrence Keymis, enviado por Ralegh, explora o estuário do Amazonas, e do Araguari ao Cabo do Norte, depois a costa da Guiana até o Orinoco. É Keymis quem faz conhecer o rio de Vicente Pinzón como Oiapoque, seu nome indígena. Ao futuro cabo Orange dá o nome de cap Cecyll. Ainda por conta de Ralegh, Leonard Berrie explora em 1597 do Cabo Norte ao Orinoco. Charles Leigh chega em 22 de maio de 1604 à margem esquerda do Oiapoque, toma posse em nome do rei da Inglaterra, James I. Funda então a colônia de Principium no monte Caribote (Lucas) que existe até 1606. Como Nazaré, ela desaparece. Diferenciando ocupação de incursão, as primeiras tentativas de ocupação de sítios na área tenham ocorrido depois do fracasso da França Antártica - empurrados do sul os franceses se fixaram no litoral norte-rio-grandense, especialmente no estuário do Potengi. Quando os franceses foram lançados do Rio de Janeiro (1567) passou-se para Cabo Frio e daí para o Rio Real, entre Bahia e Sergipe. Escorraçados dessas paragens, procuraram estabelecer-se nas costas da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Foi identificada numa área rural, distante cerca de 2 km da foz do rio Pirangi, os restos de uma casa-forte que fora utilizada pelos franceses, como sugere Jerônimo de Barros em documento enviado ao rei de Portugal, e semelhante a uma por eles deixadas em Cabo Frio depois da malfadada experiência da França Antártica

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Alderico Leandro Jacques Riffault - Refoles, disponível em http://nataldeontem.blogspot.com.br/2009_02_01_archive.html http://historiarn.blogspot.com.br/2011/05/os-franceses-no-litoral-sul-do-rn.html https://it.wikipedia.org/wiki/Scuola_cartografica_di_Dieppe


Corsários franceses firmavam acordos com os índios, recebendo em troca presentes como: espelhos, tintas além de outros objetos sem valor. Para os indígenas, aqueles "presentes" eram coisa de suma importância. Para os franceses, não valia nada. De acordo com Frei Vicente do Salvador141, no Rio Grande os "[...]franceses iam comerciar com os potiguares, e dali saíam também a roubar os navios que iam e vinham de Portugal, tomandolhes não só as fazendas mas as pessoas, e vendendo-as aos gentios para que as comessem [...]". A Capitania do Rio Grande constituiu o segundo lote doado a João de Barros e a Aires da Cunha, da foz do rio Jaguaribe a norte, até à Baía da Traição, a sul. Tendo o empreendimento de ambos sido direcionado ao primeiro lote (a Capitania do Maranhão), devido às dificuldades ali encontradas em 1535, este segundo lote permaneceu abandonado142. O principal porto frequentado pelos franceses na Capitania do Rio Grande era o rio Potengi, onde também se detinham navios ingleses. Naquele ancoradouro se procediam aos reparos necessários nas embarcações e obtinham-se provisões frescas ("refrescos")143. Dentre os corsários que estiveram por esses lados, estava Jacques Riffault que, com o passar do tempo, o local onde ancorava a sua nau, no Potengi, passou a ser chamado de Refoles ou mesmo Rifoles144. Jacques Riffault negociou madeiras, como o pau brasil, que existia em abundância na margem esquerda do rio Potengi e, principalmente pelo lado direito onde havia a chamada Mata Atlântica. Levaram madeiras do Rio Grande do Norte e até do Rio de Janeiro. Na hoje Natal, a boa amizade com que Riffault tratava os índios, dava-se à falta de colonização efetiva do território. Só no final do século XVI os portugueses se armaram e expulsaram os franceses de Natal - que nem tinha ainda esse nome. A conquista do Norte foi uma operação de limpeza contra franceses que queriam fixar-se nestas partes da América. Entre Pernambuco e a Amazônia estendia-se uma área que ainda não se encontrava, propriamente, integrada na unidade da Colônia. A presença dos povoadores não se fazia, então, nessa parte do litoral. Era preciso partir para a conquista, batendo-se com invasores e índios, seus aliados. Gabriel Soares de Sousa reforça que a conquista da Paraíba (a qual acrescento a do Rio Grande) deveria ser um posto avançado que desse proteção à lavoura canavieira de Itamaracá e Pernambuco, freqüentemente atacada pelo índios potiguares. A expulsão dos franceses do litoral do Rio Grande, logo depois de sua expulsão da Paraíba, tornou-se a pedra-angular da colonização, pois só assim estaria confirmada a conquista da região pelos portugueses, porque era o Rio Grande que eles procuravam de preferência, pela sua proximidade dos estabelecimentos e portos paraibanos e pela cordialidade de relações com os potiguares, cujo apoio e auxílio lhes eram valiosos. Aliás, essa cordialidade de relações dava-se com quase todas as tribos, não porque os franceses fossem mais hábeis do que os portugueses, mas porque, sem outro intuito que não fosse encontrar facilidade no contrabando, se abstinham de empregar a violência, de usar a força. Da Paraíba – reconquistada em 1575 – os portugueses passaram para o Rio Grande do Norte, onde os franceses se haviam alojado sempre apoiados nos potiguares. Em 1596, dez anos decorridos da sua expulsão da Paraíba, Manuel Mascarenhas Homem foi nomeado capitão das forças que deviam expulsar os intrusos do Rio Grande e submeter os potiguares. 141

SALVADOR, Frei Vicente do. HISTÓRIA DO BRASIL. Edição revista por Capistrano de Abreu. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2010. 142 http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitania_do_Rio_Grande 143 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CONTRIBUIÇÕES PARA A HISTÓRIA DE CAMOCIM – CEARÁ. 144 http://pt.wikipedia.org/wiki/Invas%C3%B5es_francesas_do_Brasil


O Governador Geral Francisco de Sousa (1591-1602) pôs em marcha os planos para expulsar os franceses e apaziguar os índios. Para consolidar a conquista, deveria ser construída uma fortaleza. Para cumprir a missão foram escolhidos, por Carta Régia de 15 de março de 1597, o fidalgo português Manuel de Mascarenhas Homem, Capitão-mor de Pernambuco, e Feliciano Coelho, Capitão-mor da Paraíba, auxiliados pelos irmãos João e Jerônimo de Albuquerque, sobrinhos de Duarte Coelho, primeiro donatário da capitania de Pernambuco. No mês de agosto de 1597, uma esquadra francesa composta por treze naus zarpou do rio Potengi para atacar a fortaleza de Cabedelo, em Filipéia de Nossa Senhora das Neves, atual João Pessoa. Outras sete embarcações (ou vinte, dependendo da fonte) ficaram estacionadas, “esperando ordens” para reforçar a investida. Trezentos e cinqüenta arcabuzeiros desembarcaram. Entre os dias 15 e 18, ocorreu, por terra e mar, o ataque, prontamente rechaçado pelos colonos da Paraíba, o que obrigou os atacantes a retrocederem para o Rio Grande. O comandante de um dos navios foi feito prisioneiro. Segundo o seu depoimento, uma numerosa esquadra francesa estava sendo equipada e, no ano seguinte, estaria pronta para assaltar o litoral brasileiro. O capitão mor da Paraíba, Feliciano Coelho, responsável por conduzir o interrogatório ficou extremamente agitado e informou às autoridades superiores. O Governador-Geral do Brasil, Francisco de Souza, apressou as providências necessárias e cumpriu as determinações da Carta Régia de Felipe I, Rei da Espanha e de Portugal, que exigia a ocupação da capitania do Rio Grande. Mascarenhas Homem organizou uma expedição marítima, formada por 12 navios (sete navios e cinco caravelões), comandada por Francisco de Barros Rego, e uma terrestre, composta por companhias de infantaria e cavalaria, sob o comando de Feliciano Coelho. O encontro das forças portuguesas aconteceu na foz do rio Potengi. Participando da expedição terrestre estavam jesuítas e franciscanos – dentre os quais havia aqueles que conheciam a língua tupi – e centenas de indígenas, originários da Paraíba e Pernambuco, pertencentes a tribos Tupi já controladas pelos colonizadores. Vários negros da Guiné acompanhavam a expedição como burros de carga, conduzindo mantimentos e petrechos de guerra. Organizada a primeira expedição, com o apoio dos capitães de Itamaracá e Paraíba, a ação não foi rápida - como queriam os portugueses -, pois a guarnição mais poderosa, sob o comando de Feliciano Coelho foi acometida de bexigas, tendo que regressar à Paraíba. Manuel Mascarenhas Homem entrou na barra do Rio Grande e ali se fortificou, superado o mal que impedira o prosseguimento da viagem de Feliciano Coelho; este, passado meses, se apresta e vai juntar-se com sua gente a Manuel Mascarenhas, que passa a dar combate aos silvícolas, derrotandoos e acabando com a esperança gaulesa de ali ficar. Era o dia de Natal. O nome de Natal só veio com a sua "descoberta", naquele 25 de dezembro de 1599. Dai por diante, os portugueses iniciaram a construção do Forte que levou o nome dos Três Reis Magos. Com a retomada do Rio Grande, que já se fazia até no interior do Estado, Portugal passou a também perseguir os franceses do território do Maranhão145. Os franceses demoraram a serem expulsos do Rio Grande do Norte por três motivos: porque Portugal tinha uma população diminuta e grande parte dela estava envolvida “em manter conquistas ultramarinas desde o Marrocos à China”, pela importância do comércio de especiarias orientais e pela tibieza do Estado português em se fazer respeitar pela coroa francesa. Outro fator era que aliança com os índios potiguares garantia uma boa retaguarda para os franceses. O escambo praticado entre franceses e índios foi uma solução economicamente viável para ambos, pois permitiam aos franceses explorar o pau-brasil com total apoio e trabalho dos Potiguara, e estes conseguiam utensílios, armas e prestígio social por estarem aliados aos estrangeiros. Ademais, 145

Alderico Leandro, in http://nataldeontem.blogspot.com.br/2009/02/jacques-riffault-refoles.html, acessado em 25]/07/2015


ambos viam-se como aliados na guerra que moviam contra os portugueses, e o apoio recíproco era imprescindível, seja pelo conhecimento da terra e número de guerreiros disponíveis dos Potiguara, seja no municiamento e conhecimento das táticas européias dos franceses. De todos os franceses que estiveram por essas bandas, Charles de Vaux - Charles D’Estenou Senhor de Des-Vaux, cavalheiro do Condado de Tomaine-, e Jacques Riffault foram os mais constantes, sendo que este último, traficante, aventureiro comerciante de Diepe, fundeava suas naus um pouco mais ao sul da curva do Rio Potengi, resguardando-as de possíveis eventualidades.146 Os índios potiguares viviam em contato próximo e intenso com a natureza bonita e hostil. Não tinham uma agricultura desenvolvida, e plantavam ruas roças de mandioca, batata-doce, jerimum e outras, após derrubarem e queimarem os troncos e galhos de árvores. Grande parte de seus mantimentos vinham da caça e pesca. Os franceses utilizavam a mão-de-obra indígena na extração do pau-brasil. A aliança era tão próxima que alguns franceses chegaram a casar com índias, estabelecendo a primeira miscigenação na capitania, atestam historiadores como Rocha Pombo, Frei Vicente Salvador, Sérgio Buarque de Holanda e outros. As relações amistosas e comerciais vêm desde os tempos em que os filhos de João de Barros 147 empreenderam as suas tentativas de colonização. E a empatia entre franceses e potiguares ultrapassava as relações comerciais. Frei Vicente do Salvador diz que os franceses andavam em chamego com as cunhãs potiguares, e Capistrano de Abreu sugere que a miscigenação proveniente das relações entre franceses e índias (fora) bem maior que a dos flamengos. Diz ainda Capistrano de Abreu: Muitos franceses mestiçaram com as mulheres indígenas no Rio Grande do Norte, muitos filhos de cunhãs se encontravam já de cabelo louro: ainda hoje resta um vestígio da ascendência e da persistência dos antigos rivais dos portugueses na cabeleira da gente encontrada naquela e nos vizinhos sertões de Paraíba e do Ceará. As relações eram ainda mais facilitadas porque os franceses não tinham nenhuma exigência moral para o indígena nem pretendiam fundar cidade, impor costumes, obrigar disciplina, enquanto os portugueses, ao se depararem com os nativos tentavam logo moldá-los, tentando catequizá-los e ensinar-lhes algumas normas de conduta. Os franceses só queriam fazer comércio e, talvez por isso, respeitavam a vida selvagem, protegendo-a, tornando-se familiar, amigo, indispensável, obtendo mais baixo preço nos rolos de ibirapitanga, o pau-brasil vendido em ducados de ouro na Europa, ávida de cores vibrantes para os tecidos em voga. O português vinha para ficar, criando ambiente, à sua imagem e semelhança, construindo fortes, plantando cidade, falando em leis, dogmas, ordenações e alvarás. Os deuses vagos e sonoros de teogonia tupi estariam ameaçados de morte pelo avanço dos missionários, os “abaúnas”, vestidos de negro, ascéticos, frugais, armados de pequeninas cruzes, entrando pelas matas, cantando ladainhas. Os corsários franceses deste período não descansavam. Jacques Riffault, Charles des Vaux, David Migan - natural de Vienne, no Delfinado, e Adolphe de Montville, na companhia de centenas de outros navegadores e selvagens de diferentes tribos, se faziam presentes nos mais diversos recantos do Norte e Nordeste brasileiro, entre o Potengi e o Amazonas.

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Um topônimo gravou o local e fixou o fato inconteste: diz-se Nau dos Refoles, ou simplesmente Refoles, até hoje, a parte do bairro do Alecrim (Natal) onde se ergue a Base Naval. 147 A descoberta do território hoje conhecido por Maranhão é devida ao espanhol Vicente Pinzon. Em 1534, deu o governo português a João de Barros e Fernando Alvares e Andrade toda a costa e as regiões do interior, que hoje compreendem os estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão, para serem administradas como duas capitanias. http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0300g49.htm


Era tão forte a presença francesa que muitos recantos de nossa costa foram batizados com nomes como porto Velho dos Franceses e porto Novo dos Franceses (ambos no Rio Grande do Norte), rio dos Franceses (na Paraíba), baía dos Franceses (em Pernambuco), boqueirão dos Franceses (em Porto Seguro), ou praia do Francês (próximo à atual Maceió, em Alagoas). Outro ponto no qual os navios normandos ancoravam com muita freqüência era a praia de Búzios, no Rio Grande do Norte, a cerca de 25 km ao sul de Natal. Ao porto localizado na praia de Búzios podiam “surgir navios de 200 toneladas”. Os franceses usavam o porto da desembocadura do rio Pirangi (aproximadamente 25 km de Natal) para o “resgate do pau” como os portugueses se referiam aos locais de corte e estocagem de pau- brasil. Todo o Brasil setentrional estava completamente abandonado pelo colonizador luso e, portanto, nas mãos de comerciantes de outras nações, aí também incluídos ingleses, holandeses, espanhóis, escoceses, dentre outros. Vale lembrar que, nesta época, o último reduto português era a fortaleza do Natal, edificada em 1599 por Mascarenhas Homem com a participação de Jerônimo de Albuquerque. Este abandono fez o historiador maranhense João Lisboa declarar no livro Jornal do Tímon que os franceses não invadiram o Maranhão. Eles ocuparam uma terra vaga, desabitada, e que os donatários régios de Portugal e Espanha estavam sujeitos às penas de comisso, pois já se passara mais de um século sem as terras terem sido ocupadas. Conquistado o Rio Grande, os franceses perderam magnífico ponto de apoio na costa brasílica. O comércio corsário atingia, porém, o seu ponto máximo. Não podiam voltar atrás. Expulsos da Paraíba e do Rio Grande foram mais para o Norte148. Antes mesmo da fundação da França Equinocial os colonos luso-brasileiros se haviam lançado à conquista do Ceará, etapa da conquista do Maranhão, quartel-general dos franceses. Os portugueses (e espanhóis) resolveram atacá-los. De passagem, porém, deveriam conquistar o Ceará. Caso contrário, ficariam dominados, de Sul a Norte, até Rio Grande. Um vazio depois, em que os selvagens poderiam armar-se e lutar. O Maranhão ficaria isolado. A unidade estaria quebrada. Principiou-se a conquista do Ceará em 1603, com Pêro Coelho de Sousa, cunhado de Frutuoso Barbosa, que ali realizou duas investidas infrutíferas. Entre os seus companheiros sobressai Martim Soares Moreno, uma das figuras mais extraordinárias da época. Era Governador-Geral do Brasil, por essa ocasião, Diogo Botelho, enérgico disciplinador.

Mapa do costa do Ceará em 1629 148

http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgDqMAG/historia-rio-grande-norte?part=6


A missão jesuítica, em 1607, chefiada pelos padres Luís Figueira e Francisco Pinto foi aniquilada pelos índios. Francisco Pinto foi assassinado e Luís Figueira conseguiu fugir ao trucidamento. Sua missão era de paz, em campo de guerra. O Padre Luis Figueira, em sua Relação do Maranhão (de 1608) confirma a presença de franceses: "Mandamos recado a outra aldea para sabermos se nos quirião la e q' viessem alguns a falar cõ nosco, e tãbem nos queriamos emformar dos q' tinhão vindo do maranhão q' la estavão principalmente acequa dos frãcesez que tinhamos por novas que estavão la de assento com duas fortalezas feitas em duas ilhas na boca do rio maranhão". A conquista do Ceará se deu efetivamente com a fundação, ali, da primeira feitoria e de um forte, por Martim Soares Moreno, que também ergueu ermida sob a invocação de Nossa Senhora do Amparo, hoje a capital cearense, Fortaleza. Já em 1594, Jacques Riffault, depois de Natal, veio para São Luis, no Maranhão. Junto com Charles des Vaux aporta na Ilha Grande, atual Ilha de São Luis, no Maranhão149. O navio de Jacques Riffault naufraga nos baixios da ilha, mais tarde denominada Sant´Ana. Riffault e Des Vaux, naufragados no Maranhão, aqui desembarcados, fundam um estabelecimento que se tornou o "refúgio dos piratas". Mas para os seus planos, um simples estabelecimento não significava grande obra; pensaram em aí fundar uma colônia: a França Equinocial. Quando a esquadra de Daniel de La Touche, Francisco de Rasilly e o Barão de Sancy a 6 de agosto de 1612 vêem fundear frente a Jeviré (ponta de São Francisco), ali encontraram as feitorias de Du Manoir e do Capitão Guérard. Du Manoir, Riffault, Des-Vaux e os piratas de Dieppe, encontravam-se fundeados no porto, confirmam a presença continuada dos exploradores de todas as procedências nas costas do Maranhão, e do Norte em geral: uma companhia holandesa presidida pelo burgomestre de Flessingue, ingleses, holandeses e espanhóis negociando com os índios o pau-brasil; armadores de Honfleur e Dieppe; o Duque de Buckigham e o conde de Pembroke e mais 52 associados fundaram uma empresa para explorar o Brasil; espanhóis de Palos. Tanto comércio fez com bretões e normandos se estabelecessem com feitorias na Ilha Grande, e um desses lugares era a aldeia de Uçaguaba/Miganville (atual Vinhais Velho), misto de aldeia e povoação européia. O porto usado nessas atividades era o de Jeviré (Ponta d'Areia). É quase inimaginável que todo esse aparato comercial existisse sem uma forte proteção das armas. Some-se que o chefe maior de tudo isso era David Mingan, o Minguão, o "chefe dos negros" (daí o nome de Miganville), que tinha a seu dispor cerca de 20 mil índios e era "parente do governador de Dieppe". Por fim, a localização da fortaleza está exatamente no lugar certo de proteção do Porto de Jeviré e da entrada do rio Maiove (Anil), que protegeria Miganville. Pianzola, em sua obra “OS PAPAGAIOS AMERELOS – os franceses na conquista do Brasil (1968, p. 34) apresenta decalque de mapa datado de 1627, cujo original desapareceu, feito em torno de 1615 pelo português João Teixeira Albernaz, cosmógrafo de sua Majestade, certamente feito a partir daquele que LaRavardiére deu ao Sargento- Mor Diogo de Campos Moreno durante a trégua de 1614. O autor chama atenção para os nomes constantes dos mapas, entre os quais muitos de origem francesa, ‘traduzidos’ para o português. Vê-se, na Grande Ilha dentre outros, Migao-Ville, propriedade do intérprete de Dieppe, David Migan, seguramente um psudônimo, no entender de Pianzola: “[...] No último quartel daquele século, o que era apenas um posto de comércio, sem maior raiz, tornou-se morada definitiva dos corsários gauleses, vindos de Dieppe, Saint-Malo, Havre de 149

http://pinheiroempauta.blogspot.com.br/2012/09/distribuicao-das-sesmarias-em-cuma.html


Grace e Rouen, que aqui deixavam seus trouchements (tradutores) que viviam simbioticamente com os tupinambá (escreve-se sem “s” mesmo). Entre estes estava David Migan, o principal líder francês desta época. Ele era o “chefe dos negros” (índios) e “parente do governador de Dieppe”. Tinha a seu dispor cerca de vinte mil guerreiros silvícolas e residia na poderosa aldeia de Uçaguaba (atual Vinhais Velho), apelidada de Miganville[...].(NOBERTO SILVA, 2011).

Fonte: PIANZOLA, 1968, p. 34


Continuemos com Noberto Silva (2011): [...] Na virada do século, segundo o padre e cronista Luis Figueira, que escreveu sua penosa saga na Serra de Ibiapaba, os franceses no Maranhão contavam, inclusive, com “duas fortalezas na boca de duas grandes ilhas”. Uma destas fortificações, por certo, era o Forte do Sardinha, localizado no atual bairro Ilhinha, nos fundos do bairro Basa em São Luís. Esta, em mãos portuguesas, foi nomeada de Quartel de São Francisco, que deu nome ao bairro. Servia de proteção ao lugar, em especial, a Uçaguaba, reduto de Migan.

Quando da implantação da França Equinocial esse complexo passou para mãos oficiais. Uçaguaba/Miganville passou a ser chamada pelos cronistas Claude Abbeville e Yves d'Evreux de "o sítio Pineau" em razão de Louis de Pèzieux, primo do Rei, ter adotado o local como moradia. Data de 1596 a visita de um Capitão Guérard, que armou dois navios, sendo um deles para o Maranhão – Poste (atual Camocim) 150 -, – estabelecendo com regularidade as visitas à terra de corsários de Dieppe, de La Rochelle e de Saint Malo. É nesse ano que o Ministro Signeley toma como ponto de partida dos direitos da França nesta região, funcionando como uma linha regular de navegação entre Dieppe e a costa leste do Amazonas. Datado de 26 de julho de 1603 há um arresto do tenente do Almirantado em Dieppe relativo a mercadorias trazidas do Maranhão, ilha do Brasil, 150

Não seria POTE -


pelo Capitão Gérard. Meireles (1982, p. 34) traz também Du Manoir em Jeviré; Millard e Moisset, também encontrados na Ilha Grande. Os comandados de Du Manoir e Gérard chegam a quatrocentos; há esse tempo já dois religiosos da Companhia de Jesus haviam estado no Norte do Brasil 151. O interior do Maranhão era bem conhecido por eles. O Mearim, Itapecuru, Munim, Grajaú, Tocantins e tantos outros eram vias utilizadas que ligavam o interior maranhense com o litoral e a Europa. Nos outros recantos, a história faz menção a eles no constante comércio com os potiguaras, no porto do Rifoles – na margem direita do Rio Potengi; nos dois ataques à Fortaleza do Cabedelo, na Paraíba, realizadas em 1591 e 1597. Nesta última, Migan foi gravemente ferido, mas sobreviveu. Foram eles que fundaram o núcleo urbano de Viçosa do Ceará, sendo que a cidade ainda hoje conserva os topônimos do legado francês. O Pará e o Rio Amazonas eram lugares bem conhecidos destes navegadores. Quando Francisco Caldeira Castelo Branco partiu do Maranhão para fundar Belém (1615) levou consigo Des Vaux e Rabeau para auxiliarem na navegação e nos primeiros contatos com os índios de lá.

FORTE DO SARDINHA

Na virada do século, segundo o padre e cronista Luis Figueira, que escreveu sua penosa saga na Serra de Ibiapaba, os franceses no Maranhão contavam, inclusive, com “duas fortalezas na boca de duas grandes ilhas”. Uma destas fortificações, por certo, era o Forte do Sardinha, localizado no atual bairro Ilhinha, nos fundos do bairro Basa em São Luís. Esta, em mãos portuguesas, foi nomeada de Quartel de São Francisco, que deu nome ao bairro. Servia de proteção ao lugar, em especial, a Uçaguaba, reduto de Migan. Riffault fora buscar recursos e permissão na Europa, partindo para a França, divulgando as grandes riquezas da terra e facilidades de conquista. Charles Des Vaux ficara em terra conquistando a confiança dos tupinambás, para aprender a sua língua. Entre 1603-1604 Jacques Riffault percorre o litoral do Ceará, quando o Capitão-mor Pero Coelho de Souza152 recebeu Regimento, passado pela Coroa ibérica, que lhe determinava: "[...] descobrir por terra o porto do Jaguaribe, tolher o comércio dos estrangeiros, descobrir minas e oferecer paz aos gentios" e "fundar povoações e Fortes nos lugares ou portos que melhores lhe parecerem".

151

MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982 152 Pero Coelho de Sousa foi um explorador português, oriundo dos Açores, primeiro representante da Coroa a desbravar os territórios da capitania do Ceará no início do século XVII. Em 1603, requereu e obteve da Corte Portuguesa por intermédio de Diogo Botelho, oitavo Governador-geral do Brasil, o título de Capitão-mor para desbravar, colonizar e impedir o comércio dos nativos com os estrangeiros que a anos atuavam na capitania do "Siará Grande". Após uma série de lutas, conquistou a região da Ibiapaba vencendo os franceses e indígenas. Depois dessa vitória ele tentou entrar mais na região na direção do Maranhão, mas devido à rebelião de seus homens, retornou à barra do rio Ceará onde ergueu o Fortim de São Tiago da Nova Lisboa. http://pt.wikipedia.org/wiki/Pero_Coelho_de_Souza


Integravam a expedição Martim Soares Moreno, Simão Nunes e Manoel de Miranda, à frente de oitenta e seis europeus e duzentos indígenas. Em obediência ao Regimento, iniciou, na foz do rio Jaguaripe, uma fortificação em 10 de agosto de 1603, antes de prosseguir para combater os franceses de Jacques Riffault na Ibiapaba (BARRETTO, 1958, p.82-83). 153 Em 1604, Pero Coelho de Souza, passou rumo a Ibiapaba e as batalhas contra os nativos que apoiaram os franceses e contas o franceses estabelecidos na região entre o Camocim e o Maranhão. As Fortificações do Camocim localizavam-se na margem esquerda da foz do rio Coreaú154, atual Barreiras (município de Camocim)155. Barreto (1958)156 informa que uma fortificação neste ancoradouro já havia sido cogitada em 1613 por Jerônimo de Albuquerque Maranhão (1548-1618), no contexto da conquista da Capitania do Maranhão aos franceses, optando por se estabelecer, entretanto, em Jericoacoara (p. 92). A falta de notícias de Riffault fez com que Charles fosse ter com Henrique IV, que então reinava na França, e lhe expusesse o desejo que tinham, não de manter um estabelecimento, mas de fundar uma verdadeira colônia francesa no Brasil. A exposição interessou ao Rei que determinou a Daniel de La Touche, senhor de Ravardière, oficial da Marinha, viesse para constatar as possibilidades da realização dos planos que acabavam de lhe ser expostos. La Touche, aqui chegando, entusiasmou-se com a empresa e com ele Des Vaux, retornou à França para obter o apoio oficial e decisivo. Henrique IV havia falecido e, como seu sucessor Luís XIII era menor, governava, como Regente, Maria de Médici, que logo apoiou a idéia e sob sua proteção determinou que se tomassem as iniciativas para concretizar os planos de uma posse definitiva e sólida no Maranhão. Daniel de La Touche, senhor de Ravardière, associa-se a outros comerciantes abastados, como Nicolas de Harlay e François de Razily. A concessão dada pela Rainha-mãe o fora pela promessa de catequizarem o gentio, trazendo em, 1612, quatro frades capuchinhos (Yves DÈvreux, Claude dÀbbeville, Arsênio de Paris e Ambrósio de Amiens) e de anexarem à França o território conquistado, com a ajuda dos tupinambás, sob a denominação de França Equinocial. Em 1614, na célebre batalha de Guaxenduba, os franceses comandados por De Pizieuz foram fragorosamente derrotados, apesar da superioridade numérica (quase 500 homens) e bélica, sendo mortos 115 franceses e aprisionados nove. Após a trégua foram enviados emissários às duas Cortes, a fim de tratarem da paz definitiva. Foi no documento que determinou esse armistício que Jerônimo assinou pela primeira vez - Jerônimo de Albuquerque Maranhão. Seguindo projeto feito pelo engenheiro Francisco Frias de Mesquita iniciou-se a construção de um povoado, próximo ao forte deixado pelos franceses, sendo a primeira povoação no Brasil a ter a sua planta previamente traçada em uma malha urbana octogonal, posicionada no sentido dos quatro pontos cardeais. Com a construção da igreja de N. Sra. da Vitória em pagamento à promessa feita por Diogo da Costa Machado durante uma epidemia de varíola que matou parte da população, o então povoado foi elevado à Vila em 1620 e finalmente à cidade em 1667, por força da Bula Papal Super Universas Orbis Ecclesias de Inocêncio XI que criou a Diocese de São Luís em 30 de Agosto daquele ano. 153

BARRETO, Aníbal (Cel.). Fortificações no Brasil (Resumo Histórico). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1958. O Rio Coreaú é um rio brasileiro que banha o estado do Ceará. Primitivamente Curuayú, de curiá (ave aquática de pequeno porte) + iú (do verbo beber), donde se forma bebedouro dos curiás. Fica situado no Vale Coreaú nos municípios de Ibiapina, onde fica sua nascente, Frecheirinha, Mucambo, Ubajara, Coreaú, Moraújo, Uruoca, Granja e Camocim, onde deságua no Oceano Atlântico. http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Corea%C3%BA 155 http://pt.wikipedia.org/wiki/Fortifica%C3%A7%C3%B5es_do_Camocim 156 BARRETO, Aníbal (Cel.). Fortificações no Brasil (Resumo Histórico). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1958 154


A partir da França Equinocial o Maranhão passou compreender parte do Ceará (desde o Buraco das Tartarugas – Jericoacoara), o que foi referendado pelo governador geral do Brasil e, poucos anos depois, quando da divisão do Brasil, em 1621, estendendo o território até o Mucuripe, serviu de marco para a criação do Estado do Maranhão, com capital em São Luís compreendendo ainda o Ceará e o Grão-Pará. Tal divisão era praticamente igual aos limites extra-oficiais do empreendimento capitaneado por La Ravardière, conquistado por Riffault, Des Vaux, e Davi Migan...


PRESENTE DE NATAL. AYMORÉ ALVIM. APLAC, All, IHGM, AMM. Dona Inês, sempre aos domingos, vinha almoçar comigo e aproveita a oportunidade para me contar histórias de Pinheiro para que as transforme em crônicas. Em um desses domingos, ela me contou a que segue, dizendo-me para fazer uma crônica para o Natal. Ordens dadas por mãe são ordens cumpridas. No bairro do Sete, morava Jovino com a mulher Isaltina e a filha Lurdinha. Ele era pedreiro e ela lavadeira. Eram pessoas benquistas pelo modo de tratar e pela retidão nos seus serviços. Lucinda, comadre e vizinha, era largada do marido. Vivia com um caboclo do Bom Viver que era seu amante. Era uma mulher ardilosa, futriqueira, invejosa, falava mal de todo mundo. Era um perigo, o cão em forma de gente, como diziam. Certa vez, espalhou pelo bairro que lhe haviam roubado uma medalhinha de ouro e que desconfiava de seu compadre Jovino, pois o vira, há duas noites, saindo escondido da sua casa. Claro que a estupefação foi geral. Não era possível acreditar que Jovino pudesse ter feito aquilo. Denunciado e preso e sem o manto protetor dos Direitos Humanos, àquela época, Jovino confessou a autoria do furto. A mulher e a filha, sempre aos domingos, iam visitá-lo, na cadeia. Com lágrima nos olhos, Jovino ouvia a garota: - Papai, não fique triste. Nós acreditamos que o senhor não fez essa coisa feia que dona Lucinda disse. Tenho conversado todas as noites com Jesus e Ele me diz que o senhor vai sair daqui porque o senhor é inocente. Tenha fé, papai. Cumprida a pena, Jovino foi solto. Envergonhado e sem emprego, resolveu ir trabalhar em outra cidade e prometeu que um dia viria buscá-las. Lurdinha, numa manhã, ao ser acordada para ir à escola, disse à mãe: - Mamãe, eu tenho lembrado tanto de papai. Ontem à noite, sonhei com Jesus que me dizia que ia mandar papai de presente de Natal para nós por Papai Noel. - Ah! Minha filha, seria uma grande graça. Mas é só um sonho. Nunca mais tivemos notícias dele. - Tenha fé, mamãe, Jesus me disse e Ele não vai me enganar. Este ano, pelo Natal, Papai Noel vai trazer papai. - Minha filha, estás ainda muito criança. Não fiques alimentando esperanças para não sofreres mais. Ele pode nem vir mais. - Mamãe, quem não tem esperança é porque não tem fé. Ele vem sim, Jesus me disse e papai nos ama. Alguns dias depois, após acalorada discussão, Lucinda recebeu do amante duas facadas. Entre a vida e a morte devido a grande quantidade de sangue perdida foi levada para o Posto Médico local. Pra São Luís, nem pensar. O único meio de transporte era o barco à vela que passava de três a sete dias para fazer a viagem. Dependia dos ventos e das marés. No dia seguinte, pediu para chamar o delegado, a comadre Isaltina e Dr. Hélio Costa que havia funcionado como advogado de defesa de Jovino na causa. Todos reunidos e já bastante ofegante disse-lhes que havia mentido. Declarou que foi ela quem pôs a medalhinha, na gaveta da mesa que


estava na sala da casa deles, porque estava com muita raiva de Jovino por haver se recusado a se deitar com ela, alegando ser casado e pai de família. Pediu perdão à comadre que entre lágrimas a perdoou enquanto dava os últimos suspiros. A notícia se espalhou pela cidade. As pessoas não sabiam se ficavam contentes ou com raiva da defunta. O delegado e Dr. Hélio começaram a providenciar tudo o que fosse necessário para limpar o nome de Jovino. A grande surpresa ocorreu ao cair da noite de 24 de dezembro desse mesmo ano. Jovino, muito sorridente, apareceu na porta da casa dele. Ouviu falar do acontecido e resolveu ir buscar as duas. Estava bem de vida. Isaltina não se continha de alegria e Lurdinha saiu espalhando pela vizinhança que Jesus havia mandado o pai dela de presente por Papai Noel. No outro dia, a cidade lhe prestou uma grande homenagem em desagravo. A pedido da filha e da mulher, Jovino decidiu permanecer na cidade. Dona Inês me disse que ainda vive em Pinheiro uma neta deles. Este é um grande exemplo do poder da fé em Deus manifestado por aquela criança. As decisões de Deus podem ate tardar, mas sempre chegam. Isto fortalece a Esperança. E, assim, o Natal continua sendo a festa amor, do perdão, da reconciliação e da paz. É sempre um momento de alegria, reflexão e confraternização. UM FELIZ NATAL E UM ANO NOVO DE PAZ, AMOR, SEGURANÇA E DE GRANDES REALIZAÇÕES A TODOS VOCÊS, MEUS AMIGOS. VAMOS COSTRUIR CADA UM DE NÓS UM 2016 DE PAZ E AMOR.


DE COMO DOIS PAÍSES COM PASSADO COLONIAL CHEGARAM EM TEMPOS E POR CAMINHOS DISTINTOS A SER ESTADOS NACIONAIS157 JAIME VICTOR NICOL'S Diplomata Moçambicano radicado em Brasília

O objetivo do presente momento da narrativa ora em construção é o de refletir sobre a formação do Estado Nacional no Brasil e em Moçambique, destacando o processo de construção de políticas publicas em ambas as ordens jurídicas e políticas, para refinar o procedimento e contemplar àquelas de natureza social, que passaram a eleger a fome como expressão de uma sensível preocupação institucional e burocrática, com a qual as elites políticas, quer contra quer a favor, definitivamente se envolveram. No cumprimento do referido propósito, buscar-se-á estabelecer os lineamentos fundamentais da elaboração da Esfera Pública tanto no Brasil quanto em Moçambique, de maneira a permitir, ao final, o estabelecimento de um quadro comparativo que reflita. Minimamente, as diferenças e as semelhanças entre as duas realidades, no suposto de que, assim, melhor se compreenderá como construíram ou deixaram de construir políticas públicas e como promoveram ou deixaram de promover a fome como preocupação efetiva ou retórica das elites no poder ou das intervenções de Estado. O Brasil emergiu para a história escrita da humanidade por meio da expansão colonial da Europa, no período do Renascimento, capitaneada por Portugal. O centro reivindicou para si as descobertas de periferias na Ásia, na África e nas Américas, as quais na verdade já existiam como realidades autônomas e isoladas, que eram centros de si mesmas, mas que passaram a integrar um sistema mundial que conduziu os referidos povos autóctones à condição subalterna de satélites, em um universo econômico, político e administrativo tipicamente europeu. Era a formação do chamado Pacto Colonial, com a divisão integrada ou a unidade assimétrica, entre colonizadores europeus e colonizados periféricos, vinculados desigualmente no processo de formação do modo de produção capitalista, a exigir a construção de uma divisão internacional de trabalho e a ativação de um portentoso comércio mundial1(CARDOSO et FALETTO,1981,p.10 e ss). 2.1. CRONICA DA DESCOBERTA DO BRASIL: NA AMÉRICA PORTUGUESA O Brasil foi oficialmente ‘descoberto’ no dia 21 de Abril de 1500, por Pedro Álvares Cabral, que estava a realizar a fundação da América Portuguesa, ao sul do continente, desde que as Américas são três: do Norte, Central e do Sul. Neste, a única possessão portuguesa foi exatamente o Brasil, posto que os demais espaços sul-americanos – Vice- Reinado do Prata, Vice- Reinado do Peru, GrãColômbia etc.- foram submetidos ao domínio da Espanha. O Brasil, ainda no século XVI, depois de dúvidas preliminares a respeito de como a sua colonização, começou efetivamente a ser construído, mas no espírito da feitoria colonial, com o assentamento de vilas e cidades, especialmente marítimas e portuárias, por onde a riqueza pudesse ser escoada2(HOLLANDA, 2000, p. 1002 e ss). Este capítulo significou a penetração preliminar na terra, para a retirada de pau-brasil, também chamado de pau de tinta, transportado para a Europa, onde revolucionou o ciclo dos tecidos, permitindo a sua coloração. Foi o extrativismo, realizado dentro do violento processo de 157

Recebi a seguinte correspondência eletrônica do Confrade Rossini Corrêa: “Meu Caro Leopoldo, Saúde e Paz! Peçolhe a graça de publicar este artigo de Jaime Victor Nicol's na Revista da ALL. Trata-se de capítulo de Dissertação de Mestrado em Ciência Política no Centro Universitário Unieuro, na qual ela já passou pela pré-qualificação. A publicação é condição para a defesa. Rogo-lhe enviar-me por via eletrônica uma declaração de que o artigo foi recebido, aceito pelo Conselho Editorial e que será publicado no próximo número da Revista. Jaime Victor Nicol's é Diplomata Moçambicano radicado em Brasília. Agradeço-lhe antecipadamente pela gentileza. Abraço fraterno do, Rossini Corrêa.


enfrentamento e de resistência por parte dos indígenas, os senhores naturais da terra, cuja luta de sobrevivência os impulsionou a pretender não perdê-la, para que não se desfigurassem como escravos, quando eram livres e coletadores, e não se perdessem enquanto identidade de uma gente vinculada a uma forma de organização social que desconhecia as noções de riqueza e de pobreza. O embate foi desigual e significou a derrota do arco e da flecha dos indígenas pela capacidade de produzir violência dos europeus, que eram homens a cavalo e portando armas de fogo. Os europeus desalojaram os indígenas e tornaram-se senhores da terra3(HOLLANDA, 2000, p. 1002 e ss). Já a empresa de expansão marítima, por sua vez, era exatamente movida pelo domínio das noções de riqueza e de pobreza, pretendendo expandir para si, a primeira e conviver como legado para outrem, a segunda. O espírito do capitalismo avançava no Além-Mar e buscava retirar para si as riquezas do Novo Mundo, acelerando e ampliando o processo de acumulação de capital na Europa, chamada de Velho Mundo. Esta circunstância configurou o espírito da empresa colonial, fosse qual fosse o colonizador, regra geral, marcado pela condição de saqueador, porém, dotada de uma justificativa para a sua ação, que permitia, simbolicamente, fazer-se sentir como o elemento que impulsionava para frente a história da humanidade, especialmente na Europa, onde uma ordem econômica com vocação mundializada nascia, sob o capitalismo, para integrar terras e gentes primitivas, na ótica ideológica do colonizador, nas eras, hipoteticamente, avançadas da modernidade em construção. Mas tarde, os discursos em que o suposto civilizado justificava a sua dominação sobre aqueles a quem tinha com bárbaros, com a ideologia científica positivista, chegou à anticiência da formulação ideológica da retórica das raças superiores e das raças inferiores, isto é, europeias e colonizadoras, aquelas; do Novo Mundo e colonizadas, estas4(CORRÊA, 2014, p. 30). A grande variante à regra geral, que tornou mais ou menos indiferentes os colonizadores portugueses, espanhóis, franceses, italianos, ingleses, belgas etc, aconteceu nos Estados Unidos, onde aqueles que fugiram da perseguição religiosa, sem espírito de saque, se estabeleceram em 13 colônias de povoamento, para nelas fundar, como terra da liberdade inexistente na Inglaterra, a sua livre Nova Inglaterra, em que a experiência da fé fosse possível, sem constrangimentos, imposições e banhos de sangue consentidos ou a promovidos pelo Poder Público. Era o homem deslocado para ficar, criar raízes e colher os frutos da árvore da liberdade, enquanto o colonizador português, com um espírito improvisado de quem estava de passagem, tinha pressa em angariar e em transportar o mais rápido possível, o máximo de riqueza para a Europa5(MOOG, 2014, p.50). Desta maneira, à experiência extrativista do pau-brasil, logo mais a empresa colonial passou à produção de cana de açúcar, provavelmente vinda de Cabo Verde, organizando os primeiros engenhos de açúcar no Brasil6(FREYRE,2000, p.397). As tentativas de tornar o indígena escravo e produtor fracassaram, pois o seu estágio social era de livre coletador dos frutos da natureza, determinando o recurso à transposição de massas humanas vindas de África, em comércio negreiro permitido pelas guerras tribais e dominado pelos capitais de ingleses e de judeus. Os africanos desembarcados no Brasil eram o testemunho de sociedades que já haviam dominado o fogo e o ferro e dispunham de uma tradição de produção agrícola e pecuária, sem sombras, portanto, de qualquer império sobre si do puro ato de coleta dos frutos da natureza. Foi possível, em consequência, lançar mão, por meio deste movimento de transposição humana, da força de trabalho efetivamente construtora da civilização material brasileira: o africano. Deve o Brasil ao elemento humano vindo de África os fundamentos e a construção de sua sociedade agrícola e pastoril, para a qual concorreu com a sua força de trabalho, usos e costumes e capacidades artesanais testadas e consolidadas. Ao acréscimo do açúcar e do gado à tradição do pau-brasil, aconteceu a emergência da exploração de pedras e de metais preciosos, obrigando o colonizador a enfrentar uma interiorização maior no território da América Portuguesa, sem que deixasse, jamais, a perspectiva de que tudo estava vinculado, por meio das cidades portuárias e mercantis – São Luis, Belém, Olinda, Recife, Salvador, Rio de Janeiro, São Vicente etc – à transposição da riqueza para a Europa. Sucede que a


formação deste complexo de interesses nascido com o pau-brasil e tornado, seguidamente, mais complexo no tempo, com a cultura da cana de açúcar, a construção de engenhos, a extração de pedras e metais preciosos, o fabrico de peles e couros, a exploração de drogas do sertão e o estabelecimento, entre outros aspectos, dos cultivos de algodão e do arroz, não podia caminhar sozinho, estando totalmente articulado com uma ordem jurídica e política de onde derivasse a autoridade e a autorização para a exploração da terra e suas riquezas7(CORRÊA, 2014, p. 110). 2.2.

NECESSIDADE DO ADVENTO DO ESTADO COLONIAL-METROPOLITANO

Trata-se da construção de um Estado Colonial que foi resultado da transposição do Estado Metropolitano, o qual, ao desembarcar no Brasil, entregou a seus agentes Cartas de Forais que instituíram Capitanias Hereditárias e Sistemas Sesmarias, por meio do que na terra foi constituída privilégio, de maneira a permitir a seus detentores a condição de fiéis representantes do Rei. Estes, os sesmeiros e capitães hereditários, representando o Estado Metropolitano, logo projetaram o seu poder nas Câmaras Municipais, nos processo eleitorais, na gestão do quotidiano, no controle de pessoas e grupos, na força do compadrio, nas culturas da proteção e da dominação e nos órgãos judicantes, onde as Ordenações do Reino eram aplicadas. O senhor de terras, enquanto personificação do Estado Metropolitano reinava sobre padres, delegados e juízes, tratando-os como instrumentos de sua dominação desorganizadora das comunidades, pois preferia tratar individualmente as questões, distribuindo, segundo a sua vontade, tudo para os amigos e os rigores da lei para os desafetos. Ora, a tradição portuguesa se reconstruía no Brasil, com a formação colonial de um Estado Patrimonialista8(FAORO, 2002, p.400) no qual a burocracia em expansão, de natureza fiscal, militar, judicante etc, embora fosse parte necessária da ordem pública, terminava por cumprir um papel, de imediato, eminentemente privado, ao se submeter aos poderes dos senhores de terra. Entretanto, estes grandes proprietários rurais detinham possessões territoriais fundadas por atos administrativos do Reino, fonte, portanto, de toda propriedade, o que lhes levava a responderem positivamente, como portugueses nos trópicos, ao papel de delegados ou procuradores do Estado Metropolitano, que chegou a ser dividido em dois no Brasil – Brasil e Estado do Maranhão – para depois se reunificar e prosseguir a sua caminhada, definida por caracteres como a prepotência, mandonismo, a corrupção, o jeitinho, o familismo etc9(CORRÊA, 1993, p.200). Os espíritos domésticos e familistas projetaram a sua sombra sobre a máquina do Estado, tornando-a sua, desde os momentos nascentes do Brasil, com a extração de pau de tinta, até as décadas quase finais do Brasil Colônia, na era de Marquês do Pombal. Este foi o reformista autoritário de uma época singular, quando foram organizadas as grandes Companhias de Comércio, beneficiárias de monopólios, nas suas relações com o resto do mundo. Talvez a maior das peculiaridades do Brasil Colônia tenha residido na vinda da Família Real para a América Portuguesa, em 1808, fugida de Napoleão Bonaparte, sob a proteção da Inglaterra, que subordinara Portugal a seus interesses econômicos e políticos. O desembarque de Dom João VI e de sua Corte no Brasil determinou a sua elevação a ViceReino de Portugal, com profundas repercussões econômicas, jurídicas e administrativas, que conduziram à expansão burocrática do Estado, com a fundação de empresas e instituições, do que foram exemplos o Banco do Brasil, o Jardim Botânico e a Imprensa Nacional. A singularidade maior residiu no fato de que se estava a criar um Estado Nacional sem que houvesse Nação, quando a tradição europeia em desenvolvimento sempre consistiu na afirmação de espírito nacional prévio, de onde nasceu a reivindicação da afirmação de um Estado que a organizasse e exprimisse jurídica e politicamente. No Brasil houve o movimento inverso: primeiro adveio o Estado Nacional; depois emergiu o sentimento de Nação Autônoma.


As ideias iluministas estavam em ascensão no mundo, sobretudo depois da Revolução Francesa, chegando a inspirar movimentos de descolonização, muito embora muitos pensadores desta escola defendessem o colonialismo, funcionado a sua filosofia como a consciência legitimadora da projeção oceânica da Europa. Na América do Sul fervilhavam guerras nativistas, em que se destacaram personagens como Simon Bolivar, General Abreu e Lima e San Martin, as quais foram fundando, por meio de embates diretos, Estados Nacionais. As condições políticas de Portugal terminaram por exigir o retorno de Dom João VI, acelerando, sem guerra, a Independência do Brasil em 1822, logo transformado em Império, aqui reinando o Príncipe Herdeiro Dom Pedro I, da dinastia dos Orleans e Bragança. Tratou-se de uma mudança de poder, ou seja, a passagem do Estatuto Colonial para o Estado Nacional, para que tudo continuasse o mesmo, isto é, permanecesse a dominação portuguesa, que atravessou do Primeiro Reinado ao Segundo Reinado, já com Dom Pedro II, o largo período de 1822 a 1889 10(HOLLANDA,1972, p 152). 2.3.

A DESCOLONIZAÇÃO SEM MUDANÇA SOB O ESTADO IMPERIAL

O Estado Imperial prosseguiu em sua expansão burocrática, sem que fugisse do espírito do centralismo, também chamado de Poder Pessoal do Imperante, que dispunha do controle direto do Poder Executivo, do Poder Moderador e do Conselho de Estado e do controle indireto do Poder Judiciário, com a nomeação de juízes, promotores e desembargadores e do Poder Legislativo, com a dissolução das Câmaras, a nomeação de senadores vitalícios, a convocação de eleições e o chamamento, por meio dos partidos liberal ou conservador, de um novo Governo de Gabinete. As províncias dependiam em tudo e por tudo do Poder Central, podendo-se dizer que, de sua perspectiva, governar nada mais era do que ter êxito, de pires na mão, em conseguir os favores da Corte, cujo símbolo maior estava no Poder Pessoal do Imperante. O Segundo Reinado foi o período em que o Estado Nacional em expansão, herdeiro do espírito de abertura dos portos às nações amigas, logo começou a política pública de melhoramentos, com a contratação de empréstimos junto à Banca da Inglaterra, para depois financiar empresas inglesas privadas, sobretudo, para que assumissem no Brasil a concessão de serviços públicos de água, luz, esgotos, telefones, bondes, trens etc. Era a chamada modernização conservadora, erguida sobre o poder latifundiário da terra, alimentado pela sobrevivência da escravidão e resguardado por instituições como a Igreja e a Armada, ambas igualmente integrantes do Estado. Quando os ventos da expansão capitalista comandada pela Inglaterra passaram a exigir a formação de um mercado consumidor nas periferias do mundo, os ingleses se transformaram logo em forças de repressão ao tráfico negreiro, desejosos de que o braço escravo se transformasse em trabalho assalariado e integrasse novos e crescentes mercados consumidores de seus produtos. Quando em 13 de Maio de 1888 a Princesa Isabel assinou a Lei da Libertação dos Escravos, mais que tardia no Brasil, o último país a assim agir, o Trono perdeu o apoio da Terra, que queria ser indenizada, e não foi, e terminou por encontrar a sua queda, em 15 de Novembro de 1889, com a proclamação da República11(RANGEL, 2005, vol. I, p. 300). O Segundo Reinado, que já havia perdido apoio da Igreja e da Armada, com a questão religiosa e a questão militar, acabou e levou consigo a experiência parlamentarista. A República foi fundada por um golpe militar e seus primeiros Presidentes foram provenientes não do consentimento popular, mas da vontade dos quartéis: foi a era dos marechais. As instituições jurídicas e políticas dos Estados Unidos foram copiadas e transplantadas para o Brasil, sem que jamais funcionassem a contento, do federalismo ao presidencialismo. O que efetivamente funcionava no País era o poder militar e o poder da terra, mais do que todas as formas jurídicas e políticas escritas na Constituição. As eleições continuaram falsas, os partidos artificiais e fato novo aconteceu com a reorganização do poder sob a economia do café (agricultura) com leite (pecuária), quando o governo civil de Campos Salles, instituiu a política dos governadores, consentindo que as oligarquias mandassem e desmandassem


nas províncias, desde que fossem totalmente fiéis ao Poder Central na política nacional, respaldandoo em qualquer circunstância. 2.4.

MILITARES E OLIGARQUIAS: A REPÚBLICA NADA REPUBLICANA

É de se registrar também que a força econômica nova que impulsionou o Brasil na direção da renovação da economia e do espírito capitalista, sem dúvida, foi a dos imigrantes europeus que, a partir do oeste paulista, com a nova economia do café, criou a conexão entre terra, comércio, indústria e finanças, acelerando a passagem da paisagem rural para a o cenário urbano no País, que se evidenciaria na década de 30 do século XX12(FERNANDES, 2005, p. 1507 e ss). A chamada República Velha apresentou uma aparente contradição dentro de si, pois foi fundada por militares, que reservaram para a força castrense o poder de intervenção, garantindo a ordem oligárquica. Quando começou a haver mais densa contestação da política dos governadores e pacto café com leite, pela corrupção endêmica que reinava, o discurso moralista, associado ao advento da classe média, foi personificado pelos jovens militares, que entre a revolta do Forte de Copacabana e a emergente Aliança Liberal, lutaram por um Brasil livre do domínio oligárquico13(CORRÊA, 2004, p. 383). Chegou à chamada Revolução de 30, com à ascensão de Getúlio Vargas ao poder. Nada se tornou mais livre, ao contrário, o Governo Provisório (1930-1934) e o Estado Novo (1937-1945) conferiram contornos totalitários à tradição autoritária brasileira: reinavam no mundo o nazismo e o fascismo. A economia foi renovada, com a formação de uma burguesia de Estado, resultado da intervenção deste no mercado, multiplicando organismos burocráticos e buscando a afirmação de políticas nacionais. Acentuava-se a ideia de planejamento de Estado e passava-se a aspirar à constância de seu papel indutor de novos tempos. Em busca de um Estado burocrático foi criado o Departamento de Administração do Serviço Público – DASP, para organizar uma tradição reafirmada no passado recente com a criação de organismos como o Serviço de Proteção ao Índio – SPI e o Instituto Federal de Obras contra as Secas – IFOCS14 (RANGEL,2005, p.200). O poder da terra permaneceu intocado, apesar das mudanças do Brasil urbano, criando uma questão social no campo e na cidade. O Estado preservou o latifúndio e fomentou a indústria e tornou, mais uma vez, o seu poder o grande árbitro da construção nacional sem maior inclusão social das classes populares. O resumo deste processo de modernização conservadora foi a confirmação do País de contrastes, no qual o espírito da concorrência perdeu sempre para a tradição patrimonial, apesar da crescente complexidade da sociedade e do estabelecimento de políticas nacionais de águas, estradas, portos, energia, aeroportos e petróleo, que invadiram as décadas de 30 e de 50 do século XX. O espírito oligárquico sobreviveu a tudo e todos e se reinventou em organismos modernos e ultramodernos, a exemplo da Petróleo Brasileiro SA – PETROBRAS e do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES15 (RANGEL,1985, p.60). 2.5.

DAS SEMENTES DE 1930 AOS FRUTOS DE 1964

O Golpe Militar de 1964 foi uma contrarrevolução preventiva, com a qual os fundadores da República em 1889 voltaram diretamente ao poder, do qual nunca saíram até então, para preservar o latifúndio, promover a indústria, expandir as classes médias, domesticar as classes populares do campo e da cidade e realizar a política do capital multinacional, por meio da expansão tecnoburocrática do Estado. O planejamento público voltou a ser super valorizado, até mesmo como mecanismo de desautorização dos políticos, levando o poder civil a se dividir em dois: o campo majoritário, formado por servidores disciplinados da ditadura militar; e a frente da resistência democrática, constituída por minorias comprometidas com as liberdades públicas. O centralismo reinou soberano e os governadores dos Estados eram, em última instância, delegados do Sistema,


autorizados a agir pelo General-Presidente. Foram cinco: Marechal Castelo Branco, Marechal Costa e Silva, General Garrastazu Médici, General Ernesto Geisel e General João Figueiredo, os quais duraram 21 anos16 (COSTA COUTO, 1998, p. 15 e ss) . A redemocratização de 1985, que representou a passagem dos Governos Militares para o Poder Civil foi um parto difícil, resultado de décadas de resistência democrática, conservadorismo político nos Estados Unidos, com Ronald Reagan , crise das ditaduras no mundo e desgaste deslegitimador do exercício castrense do poder. Os militares não tinham mais os argumentos do passado para se manterem no comando do País: corruptos para prender, guerrilhas para desmantelar, Brasil Potência para construir e milagre brasileiro para garantir o crescimento econômico. Ficou o saldo positivo ou negativo de investimento nas estruturas básicas do País, a exemplo de estradas, portos, hidroelétricas, energia, aeroportos etc, e o amplo passivo de um crescimento econômico instável, que não se transformou em desenvolvimento social constante. Multiplicaram-se as empresas estatais com os militares no poder. 2.6.

PODER CIVIL E NOVO PACTO CONSTITUCIONAL

O Poder Civil está associado à Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de Outubro de 1988, comprometida com a organização de um Estado Democrático de Direito segundo os valores dos direitos sociais e individuais, da liberdade, segurança, bem-estar, desenvolvimento, igualdade e justiça, para o estabelecimento de uma sociedade fraterna, pluralista, sem preconceitos e fundada na harmonia social17(BONAVIDES e PAES DE ANDRADE, 1988, p. 20 e ss). Os fundamentos constitucionais da cidadania e da dignidade da pessoa humana, os objetivos da promoção do bem de todos e os princípios da prevalência dos direitos humanos, nunca fixados com tamanha clareza, por expressarem ambições sociais legítima dos brasileiros, mudaram o norte das políticas públicas no Brasil, entre blocos de poder e políticas de Estado, sob o desafio da ampliação da agenda social nas políticas públicas, para que o País, ainda faminto, tentasse esquecer que em 1930 havia certo consenso político conservador, a declarar que a questão social era um caso polícia. 2.7.

BREVE BALANÇO COMPARATIVO: BRASIL E MOÇAMBIQUE

Em termos históricos, o território atualmente designado como Republica de Moçambique, com apenas quatro décadas como Pais independente, iniciou os seus primeiros contatos com povos não africanos provenientes de outros continentes, nos primórdios do século XI, com a forte penetração dos árabes ao norte de Moçambique. Os árabes vinham negociar com Moçambique desde a península arábica e tinham entrepostos comerciais ao longo da costa Oriental africana: Mombassa, Melinde, Quiloa, Ilha de Moçambique, Quelimane e Sofala. Eles não negociavam apenas minérios, marfim e madeiras preciosas, como também transacionavam escravos com chefes tribais, vitoriosos na guerra, que vendiam os vencidos, os quais eram enviados para a península arábica e para a Índia 18 (NEWITT, 1995, p. 23 e ss). Convém ressaltar que não se tem por propósito exaurir a complexa formação histórica moçambicana, com as suas determinações geográficas e circunstâncias econômicas e políticas, devendo-se, entretanto, considerar necessário, senão indispensável, destacar os condicionamentos estruturais e conjunturais que conduziram ao processo de formação do Estado em Moçambique. Trata-se, portanto, de uma narrativa que venha a elucidar qual o fio condutor que permitiu o advento do Poder Público autônomo, com suas características peculiares, que diferem da realidade brasileira, acima discutida. Neste sentido, antes do desembarque e da penetração dos portugueses, o período pré-colonial foi marcado, essencialmente, pela migração dos povos bantu e o desenvolvimento de relações


comerciais entre os árabes e os mais diferentes povos africanos. Pode-se afirmar que, provavelmente, o evento mais relevante dessa pré-história terá sido a fixação, nesta região que inclui Moçambique, dos povos bantu, que não só eram agricultores, mas introduziram ali a metalurgia do ferro, que já dominavam, entre os séculos I a IV da Cristandade19(SERRA e outros, 2000, v.I, p.11 e ss). A penetração portuguesa em Moçambique, iniciada nos primórdios do século XVI, só em 1885, com a partilha de África pelas potências europeias durante a Conferencia de Berlim, se transformou numa ocupação militar, ou seja, na submissão total dos Estados tribais ali existentes, que terminou por ser configurada, nos começos do século XX, como uma verdadeira e sistemática administração colonial20(SERRA e outros, 2000, v.I, p.129 e ss). A chegada dos portugueses na região, em 1498, destruiu as relações comerciais que os africanos tinham com os árabes e, na sequência, a partir do século XVII, Moçambique passou a ser o fornecedor de escravos para as colônias europeias na America, principalmente para o Brasil. Embora a chegada dos portugueses se tenha verificado com a passagem de Vasco da Gama na procura do Caminho Marítimo para as Índias, apenas no século XIX, quando o continente africano foi dividido e apoderado pelas grandes potências estrangeiras, foi que Portugal chamou para si, como uma presença administrativa orgânica, o domínio do território, que até então funcionava como um espaço do colonialismo de saque, em favor dos lusitanos21(NEWITT, 1995, p. 91 e ss). Com duas características marcantes- a debilidade econômica e a fraca capacidade administrativa- Portugal enfrentou uma forte resistência por parte dos donos da terra, os quais terminaram dominados mediante permanentes campanhas militares levadas a cabo, em nome da pacificação, que nada mais era do que uma estratégia de dominação. Foi assim que até finais do século XIX, do ponto de vista político, a presença portuguesa em Moçambique se resumiu numa condução fraca e fragmentada, porém proveitosa, que tinha como principal características a baixa ocupação do território e como fator econômico de base o sistema de prazos, o tráfico de escravos e o trabalho missionário. Ressaltar que os prazos, que muitos estudiosos tomam como a primeira forma de colonização portuguesa em Moçambique, principalmente no Vale do Zambeze, ao norte do país, não eram nada mais que bolsas de escoamento de mercadorias (ouro e marfim, no primeiro momento e escravos, no segundo estágio), usando o rio Zambeze. Era o aproveitamento de uma estrada natural, sem nenhum esforço de construção e de desenvolvimento, para o escoamento exploratório dos interesses lusitanos22(NEWITT, 1995, p. 122 e ss). Os prazeiros nas suas terras eram senhores absolutos, à semelhança dos senhores feudais europeus. Estes recebiam dos seus súditos em produtos como marfim, gêneros agrícolas e escravos. Nas suas terras, a sua vontade e capricho eram a lei, sem nenhum traço de direito e cidadania para as comunidades sobre as quais reinavam. Eles tinham um exército formado por escravos, o que lhes permitia alargar a seu belo prazer os limites das terras que lhes tinham sido concedidas pelos chefes nativos 23(NEWITT, 1995, p. 203 e ss). Com o objetivo de ter um maior controle sobre o país, o Governo Português, no principio do século XIX, decide arrendar enormes porções de terra a companhias majestáticas que, na região do vale do Zambeze, implantaram o cultivo de chá, copra, girassol e sisal, entre outros produtos, que tinham como mercado consumidor as necessidades da Europa24(NEWITT, 1995, p. 247 e ss). Descobertas as minas de ouro e diamante em Transvaal, província sul- africana, e movidos os colonizadores pela necessidade do seu escoamento pelo porto de Lourenço Marques, construiu-se a primeira linha férrea para ligar os dos pólos: África do Sul e Moçambique. Confrontado com a falta de divisas, Portugal assinou um Acordo de Cooperação com o governo sul-africano para o uso da mão de obra do sul de Moçambique nas minas sul-africanas. Mas, com o processo de desapropriação de terras aráveis ao norte de Moçambique, e consequente imposição do trabalho forçado nas


plantações, associado à migração compulsória para as minas sul-africanas, a resistência à colonização se intensificou, com a implantação do repressivo Estado Novo em Portugal 25(NEWITT, 1995, p. 347 e ss). 2.8.

DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL À DESCOLONIZAÇÃO DO MUNDO

É de se registrar que, no decurso da Segunda Guerra Mundial, não se encontram evidências de intenções declaradas das potências europeias estabilizadas, detentoras de colônias, de perder o seu domínio metropolitano. Porém, depois do término da guerra, a Inglaterra, até então a força económica hegemônica, foi forçada a se dar conta da evolução da situação mundial, refreando o seu ânimo de continuidade do Pacto Colonial e procurando uma retirada gradual das colônias, em busca do neo-colonialismo. outros países, mais renitentes, a exemplo da França, da Itália, da Holanda e da Bélgica, também tiveram que ceder às evidencias, depois de longos e tardios enfrentamentos, ferozes e sanguinários, como os registrados na Argélia e denunciados ao mundo. Fato que veio a consolidar-se, isto é, o da descolonização do mundo, quando a Organização da Nações Unidas decidiu por uma retirada dos mandatos coloniais, o que deu lugar à Declaração de 1960, como o ano de África. É de se destacar que fortes lideranças e movimentos anti-coloniais surgiram, já década de 50, do a figura do general egípcio Nasser se tornou um símbolo colonial26(HEDGES e outros, 2000, v.II, p.197 e ss). O que significou, neste particular, a Declaração de 1960, que levou aquele a ser conhecido como o ano de África na História contemporânea? Basta recordar que, entre 1 de Janeiro e 28 de Novembro desse ano, 17 territórios africanos proclamaram a sua Soberania Política. Considera-se este o maior processo de independências da História em um só ano. Atualmente, a população dos 17 novos Estados Soberanos ultrapassa os 400 milhões de habitantes, ou seja, cerca de 39 por cento da população total do continente africano. Dos países que proclamaram as suas independências, 13 eram colônias francesas (Togo, Senegal, Madagascar, Benin, Níger, Burquina Faso, Costa do Marfim, Chade, Congo, Gabão, Mali e Mauritânia, entre outras), uma belga (República Democrática do Congo), uma inglesa (Nigéria), uma anglo-italiana (Somália) e outra anglo-francesa (Camarões)27(FAGE, 2002.p.509 e ss). Antes de se produzir o “boom” autonomista a 31 de Dezembro de 1959, havia em África apenas dez países soberanos, quatro dos quais na África Subsaariana: Libéria (desde 1847), África do Sul (desde 1910, com o nome de União Sul-Africana), Gana (desde 1957) e Guiné (desde 1958). Em 31 de Dezembro de 1960, havia já 27 países soberanos. Entre 1961 e 1970, proclamaram a sua soberania outros 15 países, mais nove, entre 1971 e 1980, incluindo Moçambique, um entre 1981 e 1990 (Namíbia) e outro entre 1991 e 2003 (Eritréia), em nítida demonstração de que a marcha estabelecida ampliou o seu espaço, tornando irreversível o caminho para formação dos Estados Nacionais. Não pode ser esquecido o contexto internacional em que esses acontecimentos tiveram lugar, determinando o seu envolvimento com a geopolítica mundial: no período se estava em plena Guerra Fria, com dois blocos- o capitalista e o socioalista- se enfrentando à escala planetária: a União Soviética, liderando o Leste Europeu e outros espaços e um Ocidente conduzido pelos Estados Unidos. A aproximação de alguns chefes africanos com a União Soviética obedecia mais a estratégias de poder do que a afinidades ideológicas reais. Como os Estados Unidos liderava o sistema de poder euro-americano e as potências europeias perdiam espaço em África, não foram eles os mais hábeis na condução de sua presença política no continente. Na realidade, os países colonizadores que concederam as 17 soberanias em 1960, levaram a cabo uma política de continuidade e de intensificação dos laços econômicos e políticos , em busca da reconstrução de sua autoridade em África. Efetivamente, não houve em nenhum destes países lutas anti-coloniais


extremas, semelhantes às acontecidas entre a Argélia e a França. Os processos de autonomia, primeiro, e de independência, depois foram razoavelmente negociados e administrados, ainda que em alguns casos, como no Congo Belga, tivessem levado a semente da desagregação: faltando 11 dias para a Proclamação da Independência, surgiu a divisão de Katanga, dirigida por Moïse Tshombé, impulsionada, contudo, pela companhia belga União Mineira do Alto Katanga28(FAGE, 2002.p.609 e ss). 2.9.

PECULIARIDADE DO COLONIAL-FASCISMO PORTUGUÊS

Acontece que, como Portugal não participou ativamente da Segunda Guerra Mundial, esteve à margem do processo impositivo de descolonização sofrido pelas potências europeias que combateram a Alemanha em nome da liberdade e não tinham como resistir ao cerceamento do direito à autonomia dos povos. Portugal, particularmente, estava na periferia da Europa, não era potência econômica ou política e mantivera simpatia ideológia com o nazismo e com o fascismo, por meio do ditador António de Oliveira Salazar (RIBEIRO, 2013,p.10 e ss). Havia Portugal, por via disso, se distanciado do desafio de revisar e reformar as suas políticas africanas, de que dependia grandemente para sobreviver. Na aparência, a situação interna de Portugal parecia estável no período pós-guerra, pois não tinham acontecido manifestações autonomistas de vulto nas suas colônias, aliado ao fato de que, muitas delas, por sorte para os lusitanos faziam fronteira com territórios que haviam pertencido a países aliados, como a Inglaterra a França e a Bélgica. Com o inicio da descolonização em África, Portugal decidiu manter as suas colônias com o pretexto de estava a oferecer á população uma vida idêntica à dos europeus, o que constituía a própria a própria essência do discurso de Antonio Salazar, a argumentar em nome tradição e da civilização, pela hipotética unidade D´Aquém e D ´Além Mar. Tratava-se, evidentemente, de um discurso enganoso e ideológico, cujo único propósito era a manutenção do colonial- fascismo português em África, vantajoso exclusivamente para Portugal e suas antigas elites colonial-fascistas. Em razão da resistência do regime colonial em conceder a Independência pela via pacifica, a guerra de libertação nacional iniciou-se em 25 de Setembro de 1964 e interiorizou uma ruptura violenta, de natureza econômica, política e cultural com o Sistema Colonial. Entre 1960-1961, formaram-se três movimentos formais de resistência à dominação portuguesa em Moçambique, nomeadamente: UDENAMO - União Democrática Nacional de Moçambique (1960); MANU-União Nacional Africana de Moçambique (1961) e UNAMI-União Nacional Africana para Moçambique Independente (1961).29 (HEDGES e outros, 1999, v.2, p.246 e ss). 2.9.1.

UNIFICAÇÃO DOS MOVIMENTOS DE RESISTÊNCIA: FRELIMO

Estes três movimentos tinham as sedes em diferentes países, quais sejam, Tanzânia, Rodésia do Sul, Quênia e Malawi e uma base social e étnica também diferentes mas, em 1962, sob liderança de Eduardo Mondlane os três movimentos se uniram para darem origem à FRELIMO - Frente de Libertação de Moçambique , oficialmente fundada em 25 de Junho de 1962. Após o fracasso de várias tentativas de se conseguir um entendimento pela via pacífica, ainda que sem recursos para um maior desenvolvimento da luta armada a luta visando alcance da soberania nacional, A FRELIMO decidiu enveredar pela guerrilha como forma de conduzir o Governar Português a não mais poder resistir à Independência das Colônias D`Além Mar. A luta armada teve seu início a 25 de Setembro de 1964, com um ataque ao Posto Administrativo de Chai, Distrito de Macomia, Província de Cabo Delgado. 30(CORRÊA e HOMEM, 1977, p.242 e ss). A Guerra de Libertação durou cerca de 10 anos. Ao longo desse período, foram organizadas várias áreas livres, onde a Administração Colonial já não tinha controlo, as chamadas Zonas


Libertadas, nas quais a FRELIMO sabiamente estabeleceu um sistema de governo movido pela necessidade de ter bases seguras de convívio com as comunidades, logística de alimentos e vias de comunicação com as várias frentes de combate e retaguardas na diáspora. Após muito sofrimento e sangue derramado, finalmente, a guerra terminou com a assinatura dos Acordos de Lusaka, a 7 de Setembro de 1974, entre o Governo Português e a FRELIMO, na sequência da Revolução dos Cravos. Ao abrigo desse Acordo, foi formado um Governo de Transição, chefiado por Alberto Joaquim Chissano, que incluía ministros nomeados pelo Governo Português e outros nomeados pela FRELIMO. A Soberania Portuguesa era representada por um Alto Comissário, Victor Crespo . 31 (CORRÊA e HOMEM, 1977, p.246). 2.9.2.

DA REVOLUÇÃO DOS CRAVOS Á LIBERTAÇÃO DE MOÇAMBIQUE

Chegara o ponto de inflexão: depois de uma década de guerra de guerrilha e com o retorno de Portugal à democracia, isto é, por mudança política na Metrópole, com um golpe militar de esquerda em Lisboa, conduzido pelo jovem oficialidade, que substituiu o regime do Estado Novo em Portugal por uma Junta Militar, consumou-se a Revolução dos Cravos, de abril de 1974. Tudo o mais mudaria e na sequência dos Acordos de Lusaka, a FRELIMO assumiu o controle do território moçambicano. Afinal, Moçambique tornou-se independente de Portugal em 25 de junho de 1975 e, após a conquista da Soberania Nacional, cerca da maioria dos 250 mil portugueses que viviam em Moçambique partiu do país autônomo: alguns, expulsos pelo governo, outros, fugindo com medo, sem o esquecimento daqueles que saíram por fidelidade ao regime colonial-fascista deposto. 32 (CORRÊA e HOMEM, 1977, p.249). Está configurado o novo Moçambique, oficialmente República de Moçambique, que é um país localizado no sudeste da África, banhado pelo Oceano Índico a leste e que faz fronteira com a Tanzânia ao norte; Malawi e Zâmbia a noroeste; Zimbabwe a oeste e Suazilândia e África do Sul a sudoeste. A capital e a maior cidade do país é Maputo (chamada de Lourenço Marques durante o domínio português). Recorde-se que, entre o primeiro e o quinto século d.C., povos bantus migraram de regiões do norte e oeste para essa região. Fortalezas e portos comerciais suaílis e, mais tarde, árabes, existiram no litoral moçambicano até a chegada dos europeus, que estabeleceram uma nova hegemonia militar e comercial na região, integrando-a aos seus interesses mercantis. Enfim, a área foi reconhecida por Vasco da Gama em 1498 e em 1505 foi anexada pelo Império Português, para garantir a sua política oriental. Agora tudo mudara: após apenas dois anos de Independência, o país mergulhou em uma Guerra Civil intensa e prolongada, que durou de 1977 a 1992. Em 1994, o país realizou as suas primeiras eleições multipartidárias e manteve-se como uma República Presidencial relativamente estável desde então, podendo ensaiar caminhos de estabelecimento de políticas públicas visando à construção nacional. 2.9.3. SAMORA AUTÓNOMO

MACHEL:

PRIMEIRO

PRESIDENTE

DE

MOÇAMBIQUE

Com a Independência Nacional plena, o primeiro Governo Autônomo, dirigido por Samora Moises Machel foi formado pela FRELIMO, aquela organização política de síntese, que dirigiu a luta armada para libertar a terra e os homens e que negociou o processo de libertação do pais com Portugal, ele mesmo objeto de uma revolução. O primeiro Governo Independente de Moçambique tinha como missão fundamental a restituição ao povo moçambicano dos direitos que lhes tinham sido recusados pelas Autoridades Coloniais. Com esse propósito, em 24 de Julho de 1975 decretou as nacionalizações dos setores da Saúde, Educação e da Justiça. No ano seguinte, foram nacionalizados


casas e prédios de rendimentos e o Estado assumiu a gestão do parque imobiliário, criando para o efeito, uma empresa denominada APIE -Administração do Parque Imobiliário do Estado. O processo de nacionalizações não foi pacífico e levou a que muitos proprietários destituídos de sua massa patrimonial abandonassem o país, praticando várias ações de sabotagens, pois estavam habituados a uma situação de tratamento exclusivo e privilegiado. Como esses indivíduos, majoritariamente portugueses, eram igualmente proprietários de fábricas, empresas navais, complexos agro-industriais e outros meios de produção, o Governo Autônomo, ainda muito jovem e sem pessoal qualificado, viu-se obrigado a assumir a gestão dessas unidades de produção, com todos os riscos daí decorrentes, pois o sucesso passou a ser integrante da contabilidade governamental e o fracasso não deixou de ser tributado ao modelo vigente de desenvolvimento, de natureza socialista. No período seguinte, movido pela limitada capacidade técnica herança dos 500 anos de colonização e das dificuldades de natureza financeira, o Governo Autônomo decidiu, numa primeira fase, aglomerar pequenas unidades de produção do mesmo ramo, em Unidades de Direção e, mais tarde, em Empresas Estatais. 33 (NEWITT, 1995, p. 472 ). As primeiras EEs- Empresas Estatais foram criadas ainda dentro do mesmo espírito de que o Estado deveria assegurar ao Povo os bens de primeira necessidade a preços justos, isto é, livre de qualquer exploração de natureza mercantil. Foram criadas as Lojas do Povo, que eram grandes cadeias de supermercados com esse objetivo. No ramo comercial foram criadas outras empresas como a PESCOM-Empresa Nacional de Comercializacão de Produtos Pesqueiros, que assegurava a sua importação e exportação; ENACOMO -Empresa Nacional de Comércio SA, que era uma importadora e exportadora de produtos, principalmente do ramo agrícola; e a MEDIMOC- Empresa Estatal de Importação e Exportação de Medicamentos, ainda hoje existente, que assegurava, assim como continua a fazer, a importação de medicamentos e material hospitalar. 33 (NEWITT, 1995, p. 474). Na estratégia de desenvolvimento desenhada pela FRELIMO, nos primeiros anos a seguir à Independência Nacional, um dos pilares foi a socialização do campo, porque reconhecia, com base na experiência das Zonas Libertadas, que mais de 80% da população vivia nas zonas rurais e tinha na agricultura a sua fonte de sustento. Com essa política, o objetivo era promover o aumento agrícola, melhoria das condições de vida das populações e, por via disso, a sua fixação no campo. No entanto, o Governo Colonial tinha aproveitado as excelentes condições naturais de Moçambique, em termos de clima, solos e água, para fomentar culturas de rendimento, como o algodão, o caju, o chá, o sisal e outras, com recursos entregues às empresas privadas, baseadas em sistemas de concessão de vastas áreas, onde exerciam o monopólio da venda de insumos e da compra dos produtos, ou de instituições estatais, a exemplo do Instituto do Algodão, que apoiavam os agricultores nesses serviços, mas dando prioridade aos colonos portugueses agregados nos colonatos. Mas o Governo Autônomo de Moçambique decidiu que o desenvolvimento agrícola deveria ter como base as cooperativas agrícolas, às quais o Estado deveria assegurar o aprovisionamento em sementes e outros insumos e a compra dos excedentes, com os camponeses organizados em aldeias comunais, que eram aglomerados populacionais, onde o Poder Público tinha por propósito apoiar a implantação de infraestruturas sociais, como escolas, centros de saúde e rede viária, água e energia. 34 (CORRÊA e HOMEM, 1977, p.465). O processo de organização das cooperativas, e mesmo das aldeias comunais, não enfrentou qualquer dificuldade, dado o clima de euforia e de organização que se vivia naqueles primeiros anos da Independência, mas, infelizmente, a ação do Estado, em termos de resposta no aprovisionamento e compra dos excedentes da produção, e mesmo da organização das infraestruturas sociais, não conseguiu acompanhar o esforço dos camponeses.


2.9.4. SAMORA MACHEL: INSURGÊNCIA DA RENAMO

O PROJETO DA MUDANÇA NA MUDANÇA E A

Como forma de resposta a este resultado não satisfatório, o então Presidente Samora Moises Machel decretou a década de 1980-1990 como a "década da vitória contra o subdesenvolvimento “. O Estado havia mudado a sua estratégia para a organização de grandes empresas estatais no campo, mudando agora para o modelo das Machambas Estatais. Era objetivo dessa nova estratégia que os camponeses continuassem a produzir a sua base alimentar, enquanto as terras dos antigos colonatos passavam a ser geridas centralmente e a sua produção assegurada com base na mão de obra local. Estava-se em presença de um embrião reforma agrária, marcado por uma democratização da propriedade da terra e por uma estatização dos meios de produção, sem que o homem do campo dispusesse de ciência, tecnologia e assistência técnica suficientes ao desafio de produzir em um País Autônomo em formação, cercado de desafios nacionais e dificuldades internacionais.35(CORRÊA e HOMEM, 1977, p.491). Apesar da transição para a Independência Nacional ter sido pacífica, Moçambique, infelizmente, não viveu a Paz que tanto almejou durante muitos anos. Logo a seguir à Independência, iniciou-se a Guerra de Desestabilização liderada pela RENAMO-Resistência Nacional de Moçambique, movimento apoiado pelo regime de Ian Smith, da Rodésia e, mais tarde, pelo regime do Apartheid, da África do Sul e seus aliados. Até a data da independência do Zimbabwe, em 1980, a RENAMO continuou os seus ataques às aldeias e infraestruturas sociais em Moçambique, plantando minas terrestres em várias estradas estratégicas para o desenvolvimento do país. Estas ações desestabilizadoras tiveram um forte impacto na economia, uma vez que não só obrigaram o Governo Autônomo a concentrar importantes recursos para à área militar em defesa da Soberania e dos seus cidadãos, mas, principalmente, porque levaram ao êxodo de muitos milhares de pessoas do campo para as cidades e para os países vizinhos, diminuindo assim a produção agrícola, e todo esforço de socialização do campo, que estava a ser construído.36 (NEWITT, 1995, p. 482 ). Com a Independência do Zimbabwe, a RENAMO foi obrigada a mudar a sua base de apoio para a África do Sul, tendo tido forte sustentação das forças armadas sul-africanas. No entanto, o Governo de Moçambique, entrou em negociações com o Governo Sul-Africano e, em 1983, assinou um Acordo de Não Agressão e Boa Vizinhança, que foi batizado pelo nome de Acordo de Nkomati, segundo o qual o então regime racista da Africa do Sul se comprometia a abandonar o apoio militar à RENAMO, enquanto que o Governo Moçambicano se dispunha a deixar de apoiar os militantes do ANC-Congresso Nacional Africano, que se encontravam baseadas em Moçambique. Em 1986, a RENAMO estabeleceu a sua base central em Gorongosa, na região central de Moçambique e, a partir de lá, expandiu as suas ações de desestabilização para as restantes regiões do país contando, com apoio do Malaui, cujo Governo tinha relações estreitas com o regime do apartheid. Essa guerra de desestabilização movida pela RENAMO impossibilitou o Governo Autônomo de Moçambique em continuar com a sua política de socialização do campo que, por via de aldeias comunais e machambas estatais, procurava desenvolver. De qualquer maneira, é conveniente registrar que a RENAMO reivindica para si o mérito de haver lutado pela democracia, obrigando a FRELIMO a se realinhar, transitando do modelo socialista de Estado para capitalismo de mercado. A ponderação necessária é de que a RENAMO era aliada dos regimes opressores da Rodésia e da África do Sul, esta, presa ao apartheid, bem como dos Estados Unidos da era Reagan, com sua geopolítica belicista. 37(NEWITT, 1995, p. 486 ). 2.9.5. DO ESTADO PARA O MERCADO: DO MODELO SOCIALISTA AO MODELO CAPITALISTA


Com o realinhamento de Moçambique, na essência, devido ao processo de crise do modelo socialista de Estado, em meio ao crescimento da onda neoliberal no mundo, novas políticas públicas passaram a ser formuladas e implementadas. Se a RENAMO tivesse força para realizar o que reivindicou para si, ela simplesmente seria a FRELIMO. Entre as novas políticas públicas em questão, um destaque especial é cabível para o PRE-Programa de Reabilitação Económica, cujo objetivo era o de proteger o poder de compra da maioria da população, pois o Estado tinha fixado os preços dos produtos da primeira necessidade e as taxas de câmbio. Como os termos de troca se foram deteriorando com o peso da guerra de desestabilização, o país viu-se sem divisas para importar os bens de consumo e as matérias primas essenciais para o funcionamento da economia, e o mercado negro foi-se instalando como alternativa socialmente danosa.38 (NEWITT, 1995, p. 484 ). Confrontado com esses problemas, o Governo Constitucional viu-se obrigado a negociar e assinar Acordos com o Banco Mundial e FMI-Fundo Monetário Internacional, promovendo uma guinada, com o lançamento, em 1987 do PRE- Programa de Reabilitação Económica, que deveria, portanto, modificar a política económica de Moçambique e relançar a direção da sua economia, adiando-se o sonho da socialização do campo, erradamente entendido como política de orientação estatal, em que os pesos da comunidade e do mercado não foram ponderados com a adequada suficiência, inclusive porque, retórica à parte, países capitalistas a desenvolvem com simples forma de integração social. Houve a desvalorização da moeda nacional -o metical- seguida da desindexação dos preços dos bens de consumo e um programa de privatização da empresas estatais e economia de economia mista. Houve a transformação de bancos e empresas estatais em sociedades anônimas, como forma de garantia social dos moçambicanos contra a pobreza, com atribuição de atribuição como quotistas a gestores e funcionários. Esta ressalva foi politicamente conquistada junto as regras do Banco Mundial, que concebeu e acompanhou o modelo de privatização em Moçambique, cujas linhas eram nitidamente neoliberais, com baixo índice de preocupação social.39 (NEWITT, 1995, p. 491 ). 2.9.6. JOAQUIM DESENVOLVIMENTO

CHISSANO:

CONQUISTA

DA

PAZ

E

BUSCA

DO

A pacificação do país foi difícil e demorada, chegando a se tornar realidade somente em 1992, com a assinatura do Acordo Geral de Paz, em Roma, em 4 de Outubro, pelo então Presidente da República, Joaquim Alberto Chissano e pelo Lider da RENAMO, Afonso M. Dhlakama, depois de cerca de dois anos de conversações mediadas pela Comunidade de Santo Egídio, uma organização da Igreja Católica, com apoio e participação do Governo da Itália. A ONU- Organização das Nações Unidas participou no processo de pacificação, demandada pelo Governo de Moçambique, para que se envolvesse com o desarmamento das tropas beligerantes. A ONUMOZ-ONU-Moçambique foi a força internacional que respaldou este esforço que demorou cerca de dois anos e que culminou com a formação de um Exército Unificado e com a organização das primeiras eleições gerais multipartidárias, em 1994. De toda sorte, a RENAMO não entregou todas as armas e sobreviveu como força bélica ainda hoje existente, que tem ameaçado a paz e a ordem constitucional no país. A FRELIMO, desde então, foi o partido mais votado, passando a ter maioria no Parlamento e a constituir os cinco Governos de Joaquim Chissano (2), Armando Guebuza (2) Filipe Jacinto Nhussi (1). O desafio da construção do Estado Pós-Colonial, tanto em Moçambique quanto na África em geral, continua a ser de alta complexidade, no qual dois fatores se conjugam de maneira tensa: a reafirmação do ânimo de construção de uma africanidade política, combinada com a convivência quanto aos apelos das ondas cosmopolitas, de que o socialismo de Estado e as tendências neo-liberais


foram exemplos acabados. De qualquer maneira, os elos entre Sociedade e Estado contemplam relações singulares com a ordem política, que nunca deixou de estar sitiada por vontades neopatrimonialistas: 40(CHABAL, 2002,p.39). Três são as tendências reconhecidas com predominantes nos modelos de Estados Pós-Coloniais em África: a desenvolvimentista (Estado e Governo tendem a ser coincidentes e possuem um lugar central no sistema político); a marxista (o Estado é o ator principal em meio à luta de classes, condicionada pelo sistema capitalista unipolar); e a do Estado forte (herdeiro central do espaço de autoridade única advinda do passado colonial), nos termos presentes na reflexão sobre discursos e práticas políticas. 41( CHABAL, 2002, 68 e ss). A rigor, a peculiaridade do Estado Nacional em Moçambique reside no fato de que, em quatro décadas de existência e em pouco mais de duas décadas de paz, ter passado pelas três vertentes que configuram os modelos de autoridade pós-colonial em África: a desenvolvimentista, a marxista e a do Estado forte. Trata-se de um riquíssimo processo, em si mesmo, capacitado a evidenciar atores políticos como Samora Moises Machel, que unificou as três características, em busca de uma perspectiva singular de desenvolvimento, dentro de uma visão marxista do mundo, em que o paradigma da autoridade central era vigente. Em um balanço histórico preliminar, pode-se dizer que a realidade moçambicana é singular, quando contraposta a outras autoridades estabelecidas nos demais países, por permitir a identificação de uma autoridade não-marxista e menos forte, com um traço nitidamente desenvolvimentista. Neste desenvolvimentismo dentro da paz (OLIVEIRA, apud FAGE, 2012, p.613 e ss), com um funcionamento constitucional regular, saído da guerra, Moçambique realizou cinco eleições gerais sucessivas, permitindo que o país trilhasse caminhos permissivos do estabelecimento estável de políticas públicas, de são exemplos aquelas vinculadas à educação, que é obrigatória e gratuita até a 8ª série; à saúde, que é gratuita para todos;à ruralização, objeto de um fundo de fomento; à realidade agrária, vinculada ao principio do direito a terra para todos; e, entre outras, à eletrificação rural, que busca a fixação do homem e o desenvolvimento no campo, e à política de abastecimento de água potável e gratuita no meio rural, Em resumo: Moçambique é um país em marcha, repleto de desafios, mas definido por uma expressa vontade perseguir caminhos que o conduzam a uma realidade melhor na esfera econômica e na dimensão social, diante de si mesmo, da África e do mundo. 2.9.7. BALANÇO MOÇAMBICANO

CONCLUSIVO:

ESTADO

BRASILEIRO

E

ESTADO

Em um esforço comparativo, que permita evidenciar as características distintivas entre os dois Estados - Brasil e Moçambique- é mais que razoável considerar que ambos passaram a integrar a história europeia escrita dentro do mesmo processo de expansão marítima portuguesa, que os colocou na periferia colonial do mundo moderno. O Brasil pré-Pedro Álvares Cabral não tinha conexão com o comércio mundial; Moçambique pré-Vasco da Gama, tinha conexão com o comércio árabe, podendo-se dizer que este se encontrava em um estágio mais avançado do que aquele, em termos de complexidade econômica. Entretanto, a forma de vivência do colonialismo foi diferente no Brasil e em Moçambique. No Brasil, perdurou, em números redondos, três séculos e em Moçambique, em números fechados, cinco séculos. A descolonização do Brasil se integrou ao ciclo iluminista, decorrente da vontade nacional oriunda da Revolução Francesa, que desembarcou na América do Sul, para desconstituir os impérios coloniais da Espanha e de Portugal, sobretudo. Já a Independência de Moçambique foi um produto hiper tardio da década de setenta do século XX, mas conectado ao processo anti-colonial a que o


colonial-fascismo de Portugal não pode resistir, com conexão maior com o segundo pós-guerra mundial, referenciado ideologicamente pela Revolução Russa, origem do Estado Soviético. Uma diferença a considerar quanto à descolonização dos dois países é a de que a solução brasileira foi conservadora, conciliatória e com indenização, ficando a reinar no Brasil a família Orleans e Bragança, com Dom Pedro I e Dom Pedro II, que nada mais eram do que descendentes diretos do colonialismo ancestral, transformado em Estado Nacional Independente, a partir de 7 de Setembro de 1822. Já Moçambique chegou tardiamente à Independência Nacional, em 25 de Junho de 1975, mas chegou com uma vontade de mudança, adequada ou inadequada, pode-se discutir, jamais vista no Brasil, posto que ambicionou, depois da Guerra de Libertação e durante a Guerra de Desestabilização, realizar um salto do tribalismo para o socialismo. Estes fatos demarcam, sem dúvida, diferenças profundas entre os dois países e a formação dos seus Estados Nacionais, os quais têm em comum, contudo, apesar dos seus estágios materiais peculiares, o desafio de vencer o subdesenvolvimento, a desigualdade social, a pobreza e a miséria, cujo retrato mais perverso atende pelo nome hediondo de fome, que não é um fato natural, mas uma realidade política a ser vencida, como o maior sinal de que não existe um determinismo que condene os povos brasileiro e moçambicano a viverem na periferia da história, a experimentar fragilidades econômicas e dívidas sociais eternas. REFERÊNCIAS 1. Consultar a respeito CARDOSO, Fernando Henrique; FALETTO, Enzo. Dependência e desenvolvimento na América Latina: ensaio de interpretação sociológica. 6 edição. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981, 120 p. 2. HOLLANDA, Sérgio Buarque de. “Raízes do Brasil”. In: Intérpretes do Brasil. Rio de Janeiro, Editora Nova Aguilar, 2000, v.III, p. 1002 e ss. 3. HOLLANDA, Sérgio Buarque de. “Raízes do Brasil”. In: Intérpretes do Brasil. Rio de Janeiro, Editora Nova Aguilar, 2000, v.III, p. 1002 e ss. 4. Consultar a respeito CORRÊA, Rossini. Formação social do Maranhão: o presente de uma arqueologia. São Luis, Sioge 1993, 391 p. 5. Consultar a respeito VIANA MOOG, Clodomir. Bandeirantes e pioneiros. Rio de Janeiro, Editora José Olympio, 2014, 448 p. 6. Consultar a respeito FREYRE, Gilberto. “Casa-grande & senzala”. In: Intérpretes do Brasil. Rio de Janeiro, Editora Nova Aguilar, 2000, v.II, p.187 a 727. 7. Consultar a respeito CORRÊA, Rossini. Brasil essencial: como conhecer o país em cinco minutos. Brasília, Inédito, 2014, 170 p. 8. FAORO, Raymundo. Os donos do poder. Rio de Janeiro. Editora Globo, 2002, v. I, p.400. 9. Consultar a respeito CORRÊA, Rossini. Formação social do Maranhão: o presente de uma arqueologia. São Luis, Sioge 1993, 391 p. 10. HOLANDA, Sérgio Buarque de. “Do Império à República”. In: O Brasil Monárquico. São Paulo, Editora Difusão Europeia do Livro, 1972. p.264 e ss. 11. RANGEL, Ignácio. “Dualidade básica da economia brasileira”. In Obras reunidas. Rio de Janeiro, Contraponto: BNDES, v. I , 2005, ps.285 a 353. 12. Consultar a respeito FERNANDES, Florestan. “A revolução burguesa no Brasil”. In: Intérpretes do Brasil. Rio de Janeiro, Editora Nova Aguilar, 2000, v.III, ps. 1488 a 1866 . 13. Consultar a respeito CORRÊA, Rossini. O liberalismo no Brasil: José Américo em perspectiva. Brasília, Senado Federal, 2004, 710 p. 14. RANGEL, Ignácio. “Dualidade básica da economia brasileira”. In Obras reunidas. Rio de Janeiro, Contraponto: BNDES, v. I , 2005, ps.285 a 353.


15. RANGEL, Ignácio. “Economia: milagre e anti-milagre”. In Obras reunidas. Rio de Janeiro, Contraponto: BNDES, v. I , 2005, ps. 681 a 742. 16. Consultar a respeito COSTA COUTO, Ronaldo. História indiscreta da ditadura e da abertura -Brasil: 1964-1985. Rio de Janeiro: São Paulo, Record, 1998, 518 p. 17. Consultar a respeito BONAVIDES, Paulo; PAES de Andrade. História constitucional do Brasil Brasília, Câmara dos Deputados: Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1991, 955p. 18. Consultar a respeito NEWITT, Malyn. História de Moçambique. Portugal, Mem-Martins: Publicações Europa-América, 2012, 509 p. 19. Consultar a respeito SERRA, Carlos (Coordenação). História de Moçambique: parte I primeiras sociedades sedentárias e impacto dos mercadores, 200/300- 1885; Parte II - agressão imperialista, 1886-1930. 2.ª edição, Maputo, Livraria Universitária, Universidade Eduardo Mondlane, 2000, v I . 508 p. 20. Consultar a respeito SERRA, Carlos (Coordenação). História de Moçambique: parte I primeiras sociedades sedentárias e impacto dos mercadores, 200/300- 1885; Parte II - agressão imperialista, 1886-1930. 2.ª edição, Maputo, Livraria Universitária, Universidade Eduardo Mondlane, 2000, v I . 508 p. 21. Consultar a respeito NEWITT, Malyn. História de Moçambique. Portugal, Mem-Martins: Publicações Europa-América, 2012, 509 p. 22. Consultar a respeito NEWITT, Malyn. História de Moçambique. Portugal, Mem-Martins: Publicações Europa-América, 2012, 509 p. 23. Consultar a respeito NEWITT, Malyn. História de Moçambique. Portugal, Mem-Martins: Publicações Europa-América, 2012, 509 p. 24. Consultar a respeito NEWITT, Malyn. História de Moçambique. Portugal, Mem-Martins: Publicações Europa-América, 2012, 509 p. 25. NEWITT, Malyn. História de Moçambique. Portugal, Mem-Martins: Publicações EuropaAmérica, 2012, 509 p. 26. Consultar a respeito HEDGES, David (Coordenação). História de Moçambique: Moçambique no auge do colonialismo 1930-1961. 2.ª edição, Maputo, Livraria Universitária, Universidade Eduardo Mondlane, 1999. v. II, 295 p. 27. Consultar a respeito FAGE, J.D com TORDOFF, William, História da África. Portugal. Edições 70, LDA. 2010, 694 p. 28. Consultar a respeito FAGE, J.D com TORDOFF, William, História da África. Potugal. Edições 70, LDA. 2010, 694 p. 29. Consultar a respeito HEDGES, David (Coordenação). História de Moçambique: Moçambique no auge do colonialismo 1930-1961. 2.ª edição, Maputo, Livraria Universitária, Universidade Eduardo Mondlane, 1999. v. II, 295 p. 30. Consultar a respeito CORRÊA, SÔNIA e HOMEM, Eduardo. Moçambique: primeiras machambas. Rio de Janeiro, Margem Editoria, 1977. 619 p. 31. Consultar a respeito CORRÊA, SÔNIA e HOMEM, Eduardo. Moçambique: primeiras machambas. Rio de Janeiro, Margem Editoria, 1977. 619 p. 32. Consultar a respeito CORRÊA, SÔNIA e HOMEM, Eduardo. Moçambique: primeiras machambas. Rio de Janeiro, Margem Editoria, 1977. 619 p. 33. Consultar a respeito NEWITT, Malyn. História de Moçambique. Portugal, Mem-Martins: Publicações Europa-América, 2012, 509 p.


34. Consultar a respeito CORRÊA, SÔNIA e HOMEM, Eduardo. Moçambique: primeiras machambas. Rio de Janeiro, Margem Editoria, 1977. 619 p. 35. Consultar a respeito CORRÊA, SÔNIA e HOMEM, Eduardo. Moçambique: primeiras machambas. Rio de Janeiro, Margem Editoria, 1977. 619 p. 36. Consultar a respeito NEWITT, Malyn. História de Moçambique. Portugal, Mem-Martins: Publicações Europa-América, 2012, 509 p. 37. NEWITT, Malyn. História de Moçambique. Portugal, Mem-Martins: Publicações EuropaAmérica, 2012, 509 p. 38. Consultar a respeito NEWITT, Malyn. História de Moçambique. Portugal, Mem-Martins: Publicações Europa-América, 2012, 509 p. 39. Consultar a respeito NEWITT, Malyn. História de Moçambique. Portugal, Mem-Martins: Publicações Europa-América, 2012, 509 p. 40. Consultar a respeito CHABAL, P. et al. A history of postcolonial lusophone Africa. London: Hust and Company, 2002. 339 p. 41. Consultar a respeito CHABAL, P. et al. A history of postcolonial lusophone Africa. London: Hust and Company, 2002. 339 p.


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REVISTA POÉTICA BRASILEIRA – Editor: Mhário Lincoln 29/09/2015 Revista Poética Brasileira (com publicação semanal in www.revistapoeticabrasileira.com.br) suplemento literário ACERVO, (publicado semanalmente in www.mhariolincolndobrasil.com).

Acad. Ludovicense de Letras Pelas mãos do ilustre confrade LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ recebemos a foto oficial dos honrados membros da Academia Ludovicense de Letras, a mais nova academia em terras do Maranhão, que completou seu segundo ano de atividades em 08 de agosto deste 2015. Durante o evento, realizou-se homenagem ao professor e historiador Mário Martins Meireles, Patrono da Cadeira No 31, da Academia, em razão da celebração do seu centenário de seu nascimento (1915-2015).


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Editor Sênior: Jornalista Mhario Lincoln (mtb-Ma1015) Suplemento literário da revista Lk: www.acervopoético.com.br

ANA LUIZA FERRO

exclusivo: Formada em Letras e em Direito, poeta, escritora premiada, autora do consagrado TRIBUNAL DE NUREMBERG, eis que surge com O NÁUFRAGO E A LINHA DO HORIZONTE, vertente poética de

extraordinária concepção filo-sensorial, analisando cada momento, cada lampejo, cada insigth que acontece ao seu derredor. Escolhi um poema visceral da Doutora e Mestra, Ana Luiza Ferro. Somos confrades na Academia Maranhense de Letras Jurídicas. Seja bem-vinda! (Mhario Lincoln)

"A amizade é como o mar..."


Felicidade é um quando sem ter porquê é um onde sem ter como é um estar com aquele quê é um sentir sem qualquer assomo é um fazer muito do pouco é um sorrir iluminante do rosto é um agir com algo de louco é um manjar provado com gosto é um contentar-se e ainda querer mais é um amar sem carecer de um amor é um guerrear ao abrigo da paz é um pintar a vida de forma e cor é um sol que não se cansa de brilhar é uma frase que recusa ponto final é um rio que não quer ser mar é um bem que não pode ser mau é um barco que não teme tempestade é uma chama que não se extingue é uma alegria que não tem idade é uma pugna sem vencido ou ringue é um conquistar sem prévio dividir é um rir sem aparente motivo é um eterno explorar e descobrir é um viver instigante e nativo. Felicidade é um paraiso divino no coração humano um paraiso que não foi que não pode ser que jamais será irremediavelmente perdido inequivocadamente atingido (São Luís-Ma, 2009).


Vanda Salles ĂŠ membro correspondente da Academia Ludovicense de Letras.


Nova edição do suplemento literário ACERVO já está no ar: www.mhariolincolndobrasil.com 02 de outubro de 2015


Maria Firmina dos Reis e Gonçalves Dias Dilercy Aragão Adler São Luís, 11 de novembro de 2014. Em 11 de novembro do ano passado, a imortal Dilercy Adler escreveu o texto abaixo, já se referindo ao projeto 190 poemas para Maria Firmina. Como se viu, 1 ano depois, o projeto está nas ruas e será lançado, próximo 11 de outubro de 2015. Parabéns aos idealizadores. Esse projeto nasceu forte. (ML) (Dilercy Adler) Hoje, dia 11 de novembro, é o aniversário de morte/encantamento de Maria Firmina dos Reis e, no dia 03, também deste novembro, foi o aniversário de 190 anos de morte/encantamento de Antônio Gonçalves Dias. O curioso, talvez por intenção predestinada, é que ambos se foram (embora tenham deixado grande legado científico-cultural) no mesmo mês – novembro. Gonçalves Dias, dia 03 do ano de 1864, e Maria Firmina dos Reis, no dia 11 do ano de 1917. Ambos foram seres humanos extraordinários, com projeções em alguns aspectos distintos e em outros, semelhantes. Semelhantes também no que diz respeito a se materializarem como “arautos da humanidade necessária” em cada mulher, cada homem e nos seus coletivos. (...) Faz-se necessário lembrar que esses dois ilustres maranhenses têm o reconhecimento dos seus valores como seres humanos e intelectuais por parte de muitos admiradores, entre estes, dos membros da “Associação dos poetas dos Mil poemas para Gonçalves Dias ” e dos membros da “Academia Ludovicense de Letras-ALL”. Isso porque a Academia de Letras da cidade São Luís foi fundada no aniversário de 190 anos de vida de Gonçalves Dias, em 2013, e escolhemos o nome de Maria Firmina dos Reis para batizarmos este nosso sodalício - Casa de Maria Firmina. E mais uma vez quis o destino que os dois se encontrassem em lugares que os eternizassem: o primeiro, [...] uma praia do município de Guimarães, chamada Cumã, no local onde o navio Ville de Boulogne afundou, fazendo como única vítima o poeta caxiense. Quem sabe o amor à vida, à luta pela humanização do ser humano levou Gonçalves Dias a dar os seus últimos suspiros nas águas da baía de Cumã: Nesta praia de límpidas areias./ Prateada de noite pela lua./ Passo horas cismando em meus amores./ me perdia olhando a imagem sua. [...] Ainda na última estrofe dessa canção, assim diz o primeiro verso: Meu recinto não passa desta praia./.


Então lá ficou Gonçalves Dias, se encantou como dizem os vimarenses, no abraço das ondas da praia da qual Maria Firmina dizia: Meu recinto não passa desta praia. Nesse recinto estão os dois, com certeza! - Canto de Recordação - Composição (letra e música) de Maria Firmina (ADLER, 2014, pp.17-18) O segundo, na Casa de Maria Firmina dos Reis, pois nela, a ALL, como já referimos, passou a existir no aniversário de 190 anos de vida de Gonçalves Dias. Essas nossas homenagens, portanto, estão eternizadas, marcadas a “ferro e fogo do amor, da poesia, da compaixão, da humanidade necessária” disseminadas por esses dois iluminados seres. No entanto, sabemos que estas não nos isentam de outras tantas homenagens devidas, as quais devemos honrar. (...) Então, reafirmamos que esses dois ilustres maranhenses, que marcaram seus espaços na historiografia cultural maranhense e brasileira, serão sempre por nós cultuados, e as suas memórias louvadas.


A FELICIDADE ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO Publicado em O ESTADO, 05 de outubro de 2015

Você se considera uma pessoa feliz? A pergunta foi feita no início de um programa de televisão mostrando cenas do cotidiano de ricos e pobres; empresários e operários; estudantes e profissionais liberais; e outras pessoas instruídas e de poucas letras. Todos se diziam felizes de alguma forma. Ao final, um questionário pretendeu medir o grau de felicidade de cada um desses mortais. Tenho a sensação de que estou, sempre, recomeçando, começando de novo. Isto é uma forma de estar feliz. Há algum tempo, tenho visto e feito coisas de outrora, chegando de mansinho, com a experiência que Deus tem me proporcionado; tento compartilhar, trabalhar com as pessoas, acreditar nelas, incentivá-las, fazê-las progredir. As pessoas é que são importantes; as instituições e os cargos, passageiros. Todo amanhecer valeria a pena, porém costumamos comemorar apenas o nosso dia de aniversário, somente o dia em que nascemos para o mundo. E há também aquelas comemorações conjuntas, de grande euforia, em que todo mundo se confraterniza e faz votos de amizade eterna. Existiriam pessoas infelizes no meio de tanta felicidade? Há uma frase que diz: “eu sou eu e minhas circunstâncias”; quer dizer procedemos e reagimos, com paciência ou impaciência, dependendo das circunstâncias. Será isto uma verdade inexorável? Há aqueles que conseguem conter a reação do momento, portando-se como cavalheiros e donos de si, independente do signo que carregam; todavia, ressentidos, explodem depois da forma mais inusitada possível. Ninguém é perfeito na busca da felicidade. Penso que a felicidade está contida em momentos independentes da unidade de tempo e de espaço. A felicidade pode durar anos, meses, dias, horas, minutos e segundos; o mesmo espaço pode proporcionar uma grande felicidade e, logo após, uma enorme decepção. Daí a relação que estabeleço com o nosso dia de aniversário: comemoramos esse dia, o dia em que nascemos. E os outros dias que também são nossos, das nossas circunstâncias, por que não comemoramos, não somos cumprimentados nem cumprimentamos? Todos nós temos quatro grandes sofrimentos na vida, ouvi um monge budista dizer: quando nascemos, porque choramos; quando adoecemos, porque sofremos; quando envelhecemos, porque vergamos ao peso da idade; quando morremos, porque não pudemos evitar. O monge afirmava que esses quatro sofrimentos são causa e não efeito, como se pudéssemos administrá-los da melhor forma possível, talvez os retardando. Seria uma forma de alcançar a felicidade? A respeito dos meus momentos de felicidade lhes revelo: a infância e a adolescência nas casas onde morei com meus pais e irmãos; as professoras que me ensinaram do primário ao superior; a amizade, exemplo e convivência dos meus pais; minhas tias e tias da minha mãe; meus avós materno e paterno; meu casamento com Conceição; o nascimento dos meus filhos e netos; minha formatura em economia; minha docência na Universidade; meus alunos; meu ingresso na Academia. Alguns desses momentos duram até hoje; outros ficaram apenas na lembrança. E você, o que diz: sente-se uma pessoa feliz? Se sua resposta for afirmativa, “vai valer a pena ter amanhecido”.


BLOG DO HÉLCIO SILVA Blog do Hélcio Silva blogdohelciosilva.blogspot.com

terça-feira, 6 de outubro de 2015 COLUNA PRESTES EM PARAIBANO-MA Por Leopoldo Vaz (Publicado anteriormente em 20 de março de 2011 no Jornal Estado do Maranhão)

Leio nos jornais de hoje que o IPHAN está realizando a terceira etapa de inventário, buscando registrar os locais por onde passaram os rebeldes da Primeira Divisão Revolucionária. Deixarei minha contribuição, transcrevendo trecho de livro que estou escrevendo, em parceria com minha mulher – a Profa. Delzuite Dantas Brito Vaz, professora de História do Liceu Maranhense; e nossa sobrinha Elisa Brito Neves dos Santos (Promotora de Justiça no período de 1972 a 1992, Procuradora de Justiça do Estado do Maranhão de 1992, até a aposentadoria, em 2009). A base, é a monografia de Graduação em História, orientada pelo Prof. Dr. João Renôr, da qual fui co-orientador.

PASSAGEM DA COLUNA PRESTES POR PARAIBANO IN HISTÓRIA(S) DO/DE PARAIBANO (MEMÓRIA ORAL) por DELZUITE DANTAS BRITO VAZ, ELIZA BRITO NEVES DOS SANTOS, LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ (Inédito)


O ESTADO, 08 de outubro de 2015 – Caderno Alternativo, p. 2






ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO-EAESP, DA FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS-FGV, onde estudei nos anos de 1970/75/76, ouve por bem acatar solicitação da Universidade Federal do Maranhão-UFMA, da qual sou professor aposentado, ao lançamento do meu novo livro “Desafios à teoria econômica/Challenges to the economic theory”. O Evento será realizado no dia 12 de novembro de 2015, das 16 às 18 horas, no espaço “Clube dos Professores” (rua Itapeva, 432 – 4º andar), constando de Palestra do autor do Livro seguida de uma sessão de autógrafos. Sinto-me feliz pela oportunidade de fazer este Convite e desde já agradeço a presença do (a) nobre amigo (a). Atenciosamente, Antônio Augusto Ribeiro Brandão Economista e Escritor. Membro da Academia Ludovicense de Letras e da Academia Caxiense de Letras.


A TESE DO MEU 1º LIVRO, APÓS PROVOCAÇÃO NO CONGRESSO, AVANÇA PARA REFORMA AO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL (JÁ APROVADO NA CÂMARA DOS DEPUTADOS)

No final do ano de 2009, publiquei um livro intitulado "A nulidade absoluta da audiência de instrução criminal realizada sem a presença do Ministério Público", em que defendia (e defendo até hoje) a obrigatoriedade do Parquet na audiência de instrução criminal, sob pena de nulidade absoluta, tendo em vista violação a princípio de envergadura constitucional; o qual foi distribuído, gratuitamente, aos Promotores de Justiça maranhenses e a diversos advogados que atuam nessa seara. O "maior" argumento utilizado por quem defendia o contrário era, e continua sendo, o fato de que o Código de Processo Penal em nenhum momento assinala explicitamente tal obrigatoriedade, muito embora seja evidente que as legislações infraconstitucionais devem respeitar a Constituição Federal de 1988, sob pena de declaração de sua inconstitucionalidade ou, se for o caso, de sua não recepção. Assim, e com o objetivo de, a meu ver, clarificar tal questão, no início do ano de 2010, entrei em contato com a assessoria do então Deputado Federal Flávio Dino, hoje Governador do Estado do Maranhão, enviando a minuta de um Projeto de Lei de reforma do Código de Processo Penal para tornar explícita a obrigatoriedade da presença do Ministério Público na audiência de instrução criminal, o qual foi posteriormente apresentado, com poucas alterações, e somente na parte da justificativa, sendo protocolado sob o nº 7.107/2010. Ocorre que, em face das contingências de um ano eleitoral, o aludido Projeto de Lei não foi votado a tempo, sendo arquivado no dia 31/01/2011, nos termos do art. 105 do Regimento Interno daquela Casa Legislativa, o qual estabelece que "finda a legislatura, arquivam-se todas as proposições que no seu decurso tenham sido submetidas à deliberação da Câmara e ainda se encontrem em tramitação [...]". Não obstante, o Deputado Federal Sandes Junior (PP-GO) apresentou, no ano de 2011, um novo Projeto de Lei, protocolado sob o nº 203/2011, com redação absolutamente idêntica ao Projeto de Lei


nº 7.107/2010, e, após o fim do respectivo mandato, com novo arquivamento, nos termos daquele dispositivo regimental, pleiteou, no início deste ano de 2015, o seu desarquivamento. Assim, para minha satisfação, comunico que o Projeto de Lei em comento foi finalmente aprovado na Câmara dos Deputados, e já encaminhado, agora no dia 13 de outubro de 2015, para apreciação do Senado Federal. Seguem abaixo os links para consulta aos ditos Projetos de Lei, ressaltando que já encaminhei outras minutas de Projeto de Lei para alterações do Código Penal, do Código de Processo Penal e da Lei de Crimes Hediondos, para outros congressistas. http://www2.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao… http://www2.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao… Redação do Projeto de Lei Aprovado na Câmara dos Deputados http://www2.camara.leg.br/proposicoesW…/prop_mostrarintegra… Remessa do Projeto de Lei ao Senado Federal http://www2.camara.leg.br/proposicoesW…/prop_mostrarintegra… Abraços, André Gonzalez (Analista Ministerial e Assessor de Procurador de Justiça no MP/MA)

O ESTADO – CADERNO ALTERNATIVO – COLUNA PH


COORDENADOR DO CECGP LANÇA LIVRO EM SÃO PAULO João Batista Ericeira, participou em São Paulo do lançamento do livro "Evocações"

"O Coordenador do Núcleo de Ciências Políticas do CECGP e presidente da AMAd - Associação Maranhense de Advogados, João Batista Ericeira, participou, em São Paulo, juntamente com outros autores, do lançamento do livro "Evocações" em homenagem ao centenário do professor Goffredo da Silva Telles. O livro traz textos de expoentes da literatura jurídica nacional, como Celso Lafer, Tercio Sampaio Ferraz, Maria Helena Diniz, Walter Ceneviva e, do Maranhão, do advogado e professor João Batista Ericeira com o texto "O Eterno Subversivo". João Ericeira, na foto, aparece ao lado da viúva de Goffredo Telles, a advogada Maria Eugenia e de sua filha, a também advogada Olívia Telles. Representando a Diretoria da AMAd – Associação Maranhense dos Advogados testemunharam o evento a Dra. Olívia e o advogado Roberto Gomes."

O ESTADO DO MARANHÃO – CADERNO ALTERNATIVO – COLUNA DO PH


TEORIA ECONÔMICA Antônio Augusto Ribeiro Brandão Economista. Membro das Academias Ludovicense e Caxiense de Letras.

Publicado em O ESTADO

A Real Academia Sueca de Ciências acaba de anunciar o vencedor do Prêmio Nobel de Economia: é o britânico Angus Deaton, “por seu trabalho pioneiro sobre o que determina a pobreza e como as pessoas tomam decisões de consumo”. Na sua intensa pesquisa o economista premiado empregou “técnicas estatísticas inovadoras para a compreensão do que motiva as pessoas em seus hábitos de consumo e como os governos podem melhorar o estímulo ao desenvolvimento econômico”. Quando se estuda Microeconomia sabe-se que o consumidor deve ser racional nas decisões de gastar sua renda: primeiro as necessidades básicas e depois o supérfluo. Em Macroeconomia essa renda deve ser suficiente para o consumo e sobrar à poupança, que deve ser investida; mas a teoria não se confirma na prática. Fazer “crescer o bolo”, promover o crescimento econômico, tem sido um objetivo permanente de vários governos brasileiros civis ou militares, democráticos ou autoritários, apoiados em partidos da esquerda, do centro ou da direita, ou social-democratas como se intitula, agora, o governo do PT. A ciência econômica tem fornecido o instrumental teórico a esses governos mais e menos competentes, para a tarefa de tornar os brasileiros partícipes do esforço de crescimento e beneficiários desse processo, mas o que se vê são as desigualdades agravadas. A Renda gerada continua sendo mal distribuída, um problema mais desses governos do que dos instrumentais em economia de que dispõem. Enquanto milhões de brasileiros estão desempregados, profissionais de nível superior submetendo-se a concursos para funções diversas da sua formação, subsistem estímulos ao consumo. Se existem compradores esta é a prova de que a renda gerada pela economia está mal distribuída, vergonhosamente concentrada. Em todo esse processo a “nova” classe média acabou por render-se aos apelos do mercado e, se não pode comprar um apartamento de alto luxo, contentou-se em abandonar o princípio da racionalidade econômica e endividou-se: prefere comprar um automóvel em detrimento das suas necessidades básicas. Está na verdade destruindo um pilar básico da microeconomia. Dizem que o dinheiro sumiu, mas as casas lotéricas estão cheias de apostadores. Faz parte da desilusão que tomou conta de muitos brasileiros: à falta de um emprego permanente não custa nada tentar a sorte. “... o governo embolsa na forma de impostos pouco mais de 1 em cada 3 reais da riqueza produzida pela economia e fica com 8 de cada 10 reais do crédito bancário disponível...” Quer dizer: o brasileiro destina 1/3 da sua renda para o próprio governo e ainda fica sem crédito porque não sobra dinheiro no mercado e, mesmo que sobrasse, não poderia pagar os juros que o governo paga aos bancos.


É por isso que um ex-presidente do Banco Central (Veja, edição 1812) disse textualmente: “é preciso que as pessoas assumam dívidas para que a economia cresça; eis um segredo do sucesso americano. O total de dívidas não precisa baixar”. Na melhor das hipóteses está na contramão da teoria econômica que aconselha um crescimento autossustentável, na base da poupança ensejada por uma renda justa, suficiente e que seja bem distribuída.

O ESTADO DO MARANHÃO – PH REVISTA – 1º DE NOVEMBRO DE 2015


ANDRÉ GONZALEZ Livro de Direito Penal - Escrevi sobre os “Crimes de Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes no Brasil”!


O PROFESSOR E A SALA DE AULA... RAIMUNDO VIANA Professor Universitário; Vice-Presidente da Academia Brejense de Letras; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras – ALL rcv@elo.com.br Publicado em O Imparcial, edição de 2 de novembro de 2015 Cheguei à sala de aula, em 1964; e de lá sai, empurrado pela Aposentadoria, em 2001 (37 anos). O Magistério foi meu primeiro e último emprego. Nada a reclamar; e muito a agradecer, sobretudo, a sorte de ter estudado e concluído o Curso de Filosofia, no Seminário de Santo Antônio – à época, de todos reconhecido como Casa de Ensino por excelência – o que muito me iluminou na escolha de meu OUTRO CAMINHO, o do Magistério. De hábito, reflito sobre a missão do Professor, suas motivações e circunstâncias. Cá de fora da sala de aula, faço-o até com mais assiduidade, na convicção de que a Aposentadoria nos empurra para o esquecimento; e não para a inatividade. Com esse entendimento é que escrevo esta crônica. De origem latina, a palavra PROFESSOR nos remete para aquele que parte à frente...; dirime dúvidas...; aponta rumos...; ilumina caminhos...; defende princípios...; protagoniza um mundo novo, o do conhecimento. O trabalho do professor não há que limitar-se ao mero cumprimento de um Programa de Ensino. Vai mais além!... Ultrapassa os limites físicos da sala de aula formal; e se desenvolve, em encontros ocasionais com seus alunos, via comunicação difusa de Corredor; de Rua... Assim pensado e vivido, o Magistério de obrigação vira Missão, cujo exercício muito se assemelha à do Ministério. Um e Outro requer vocação, o que, de princípio, implica em desprendimento; espírito de renúncia!... Magistério e Ministério têm objetivo comum, o de ensinar. Seguem a mesma determinação evangélica: “ide e ensinai a todos os povos”(“ite et docete omnes gentes”). A comunicação professor-aluno não há de restringir-se a mera veiculação de informações teóricas. É muito pouco!... A oportunidade é propícia e única para buscar incutir-lhe (no aluno) princípios saudáveis, formadores de uma consciência cidadã a incorporar-se ao seu modo de SER e de VIVER. O que requer, necessariamente, que essa Relação professor-aluno seja presencial; interativa; quente; transformadora; e enriquecedora, por conseqüência. Vira e mexe, comenta-se a crescente importância dos avanços tecnológicos de hoje para o exercício de diferentes profissões, a do Magistério inclusa. A tecnologia é, induvidosamente, bemvinda à sala de aula, mas, sempre dentro de seus limites: de natureza instrumental; facilitadora; de presença periférica. Ao Professor jamais poderá substituir. A ele, e somente a ele compete a função de protagonista do Processo Ensino-Aprendizagem. O que garante ao aluno uma formação tecnológica humanizada, plena em todos os sentidos. Não raro, alude-se ao inexpressivo ganho salarial do Professor; quase sempre, o estrito necessário para a própria sobrevivência. A recompensa de maior valia do exercício do Magistério advém da relação solidária construída na convivência com o aluno, o que só é percebido, e, plenamente, usufruído, lá na frente, quando já no “otium” da aposentadoria, o Professor, nas encruzilhadas da vida, se reencontra com seu ex-aluno. De logo, o passado vem à tona; vira presente; e o reencontro uma festa. Esse é o salário extra do Professor. Uma recompensa e tanto! Éramos bem pagos não sabíamos! Tudo depende do que ocorreu, lá atrás – na SALA DE AULA...


ENTREVISTA PARA A TV BRASIL – ANA LUIZA ALMEIDA FERRO sobre os 400 anos da expulsão dos franceses do Maranhão. Salve a França Equinocial e os nossos fundadores La Touche e Razilly.


Deu no caderno Alternativo de "O Estado", hoje, 05 de novembro de 2015




CINCO LIVROS FORAM LANÇADOS PELA EDUFMA NA AML http://portais.ufma.br/PortalUfma/paginas/noticias/noticia.jsf?id=46740

Os livros foram lançados no Dia Nacional da Língua Portuguesa, na Academia Maranhense de Letras

SÃO LUÍS – A literatura maranhense se enriquece pelo aumento de publicações de obras literárias e científicas a cada período. No dia em que foi comemorado o Dia Nacional de Língua Portuguesa, a Editora da Universidade Federal do Maranhão (Edufma) lançou, na Academia Maranhense de Letras (AML), cinco livros produzidos por intelectuais maranhenses. Os cinco livros lançados foram "O Narrador Plural na Obra de José Saramago", "A Questionável Amoralidade de Apolônio Proeza"; "A vez da Caça"; "Cenas de Rua" e "Desafios à Teoria Econômica". De acordo com reitor da UFMA, Natalino Salgado, essas produções enriquecem a cultura maranhense e instigam os jovens a lerem mais. “Essas produções científicas e literárias, feitas pelos professores da nossa universidade e colocadas à disposição da comunidade, estimulam os jovens a mais leitura e contribui para o crescimento do conhecimento e da capital cultural da sociedade maranhense”, frisou. Para o autor de “Cenas de Rua”, Sebastião Jorge, sua obra foi feita exatamente para distrair o leitor. “Os temas são bem populares e leves, porque a crônica tem que ter leveza, simplicidade e humor, que é para agradar o leitor. O cronista tem que escrever não para si, mas para o leitor”, contou. Segundo o presidente da Academia Maranhense de Letras (AML), Benedito Buzar, o evento faz parte de uma parceria entre a Universidade Federal do Maranhão e a Academia Maranhense de Letras para fortalecer a produção cientifica e literária. “Nessa parceria a gente se comprometeu a trazer uma série de eventos, e este é um desses eventos, que é o lançamento de cinco livros de autores maranhenses já consagrados, onde nós estamos demonstrando ao Maranhão que nós continuamos a ser uma terra que continua produzindo bons escritores”, enfatizou. Sobre as obras O jornalista e professor Sebastião Jorge brindará os seus leitores com sua peculiar linguagem de cronista no lançamento de “Cenas de Rua”. Trata-se de uma obra escrita com a singularidade de


quem privilegia o rigoroso tratamento do texto. O autor mescla simplicidade, agilidade e leveza e passeia com desenvoltura por temas do cotidiano que ganham uma visão universal. É o tipo de leitura que prende o leitor de início. A obra de Waldemiro Viana, A Vez da Caça, é daquelas histórias em que o escritor, por meio de uma envolvente narrativa, leva o leitor a mergulhar em um mundo mágico e a fazer parte de sua retórica. Traço característico do autor. A Vez da Caça comprova, novamente, o talento de Waldemiro Viana em produzir contrapontos. A sua herança literária em O Mau Samaritano e A Questionável Amoralidade de Apolônio Proeza já revelava a sua maestria em fazer esses caminhos acidentados. O livro de Ceres Costa Fernandes, “O Narrador Plural na Obra de José Saramago”, é o resultado de uma dissertação de mestrado defendida na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, no fim da década de 1980, que virou livro em 1990, com uma segunda edição em 2003. A receptividade da obra e sua importância seminal para a compreensão do estilo e do conjunto da obra de um dos maiores escritores da literatura de língua portuguesa de todos os tempos motivaram essa terceira edição. A acadêmica da AML e ex pró-reitora de Ensino da UFMA, Ceres Costa Fernandes, foi uma das primeiras pessoas no Brasil a publicar um trabalho acadêmico respeitável sobre o homem que anos depois conquistaria o primeiro - e até agora único - Prêmio Nobel para a literatura de língua portuguesa. O economista Antonio Augusto Ribeiro Brandão autografa na AML o seu postulado “Desafios à Teoria Econômica”. Na obra, o autor confronta as correntes que nortearam os princípios adotados por diversas teóricos da economia ao longo da história. É um livro para quem tem intimidade com o tema, mas está sempre disposto a experimentar uma abordagem diferente.


MOTIVAÇÕES DA ESCRITA E REALIDADE ECONÔMICA “O amor não tem idade, está sempre a nascer”. Blaise Pascal (1623-1662), matemático e filósofo francês. ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO Economista. Membro da Academia Caxiense de Letras e da Academia Ludovicense de Letras

Publicado em O Estado, 08 de novembro de 2015 A escritora norte-americana Jennifer Egan, ganhadora do prêmio Pulitzer de ficção em 2011, revelou: “Meu processo de escrita é guiado por isto: tento acessar algo em meu inconsciente, pois é onde as coisas mais divertidas estão”. Já o escritor brasileiro João Almino, diplomata de carreira, disse: “O trabalho do escritor é de resistência, de proposição de novas maneiras de ver o mundo e de organizar seu caos”. Falam que um escritor escreve para si mesmo! Uma prova de imenso egoísmo? Pode ser verdade em parte, pois talvez seja uma forma de proteção, de satisfação íntima. De outro modo a gente quer mesmo é extravasar, quer compartilhar o que nos vai no íntimo do Ser, coisas boas e coisas ruins, reflexos de uma vida em sociedade, que vai ficando cada vez mais complicada e em crise avassaladora de moral e de bons costumes. Desejamos fazer jus ao que aprendemos na família e na escola; multiplicar conhecimentos na certeza de que a cultura não é propriedade de ninguém, porém um processo de acumulação através dos tempos. Mas também é verdade que o escritor escreve para os outros, deseja dar efeito multiplicador às suas palavras esperando resultados, apesar das dificuldades que enfrenta. Quando submetemos nossos textos aos amigos leitores esperamos um retorno qualquer que seja o teor, senão vira monólogo, ação sem reação. Quando alguém publica seus escritos espera algum comentário, um sinal de vida. Por que será afinal que grafa o nome, menciona profissão e procedência cultural? Voltemos então à dura realidade do nosso cotidiano, da nossa economia da qual somos mais espectadores do que atores. O dólar subiu em relação ao real, bom para as empresas brasileiras que exportam com eficiência. Por causa dos juros enquanto mantidos baixos e do crédito fácil e dos apelos da mídia, e ainda sem os ajustes na oferta, as famílias brasileiras estão endividadas e com contas em atraso. Por enquanto afastam-se perigos de “bolhas”, todavia os países emergentes que tiveram rápido crescimento do crédito devem acelerar a capitalização dos seus bancos. O governo insiste em estimular o consumo interno, daqui em diante menos via expansão do crédito e concessão de incentivos fiscais; deve estar pensando na imperiosa necessidade de mais investimentos principalmente na formação de capital fixo. Sem que tal aconteça haverá – como já está havendo - desequilíbrios entre demanda e oferta e pressão sobre o sistema de preços, inflação, e aumento das importações. Mas também há boas notícias. A valorização do dólar deve desestimular a saída de recursos; os gastos com viagens internacionais devem diminuir; estão diminuindo as remessas de lucros e


dividendos. Um balanço nas contas externas acabou resultando “numa diminuição do déficit em conta corrente”. Em algum momento vamos entender, tanto na escrita quanto na economia, que é preciso refletir, dialogar, compartilhar, assumir posturas proativas.


O IMPARCIAL 13 DE NOVEMBRO DE 2015 – PRIMEIRA PÁGINA



Marina Gentile que participou da Antologia de Maria Firmina dos Reis, lançada recentemente na FELIZ, no dia do aniversário de 190 anos de nascimento escreveu a mensagem abaixo. "Acabei de chegar da Biblioteca Patativa de Assaré, dentro da escola CEU (CENTRO EDUCACIONAL UNIFICADO). Os dois livros foram entregues. Lá também funciona UMA das quatro bibliotecas de Direitos Humanos do estado de SP. (VER FOTOGRAFIA). O CEU, na pessoa do sr. Luiz Fernando Martins ficou muito feliz com a oportunidade de receber os dois livros. Ele não conhecia esta autora, mas depois que falei um pouco dela ele ficou encantado. [...] ele ficou interessado em organizar algo na biblioteca, com o tema MARIA FIRMINA DOS REIS. Novembro é um período interessante, oportuno para divulgar esta autora. Se você puder mandar algo (via e.mail) ele poderá imprimir aqui em SP. Ele se propõe a fazer cartaz, algo similar, para expor no espaço da biblioteca. Como MARIA FIRMINA DOS REIS é a patrona da Academia, quem sabe possam mandar um texto apresentando-a, justamente em nome da Academia. Espero que possamos fazer algo aqui, e assim ampliar a visibilidade dela, merecidamente. Muito mais pessoas necessitam conhecer a história desta autora." Desse modo externamos a nossa imensa alegria em ver que, em dois anos de existência, com todas as dificuldades que permeiam uma recém fundada instituição, a ALL já está prestando um grande trabalho em prol da cultura ludovicense e maranhense.


Também ontem, dia 12, foi o dia escolhido pelo Professor e membro da ALL, nosso querido confrade Antônio Augusto Brandão, para o lançamento na nublada SAMPA, mas na calorosa acolhida da FGV, do seu livro "Desafios/Challenges”. PARABÉNS CONFRADE!!!


Ainda ontem, 12 de novembro, deu-se o concorrido lançamento do livro do nosso querido confrade na SOBRAMES, também membro da Academia Maranhense de Letras e apesar de não integrar a Academia Ludovicense de Letras ele teve participação especial na sua fundação, considerando que esta deu-se no bojo do Projeto Mil poemas para Gonçalves Dias e a UFMA juntamente com a UEMA deram apoio substancial. O livro que trata da vida e obra de Tarquinio Lopes foi muito bem recebido pelos intelectuais da sociedade maranhense.


MONSENHOR HÉLIO MARANHÃO – “REQUIESCAT IN PACE” RAIMUNDO VIANA Publicado em O ESTADO, 16 de novembro de 2015 Em 1955, quando ingressei no Seminário de Santo Antônio, já encontrei, nos anais daquela saudosa Instituição, referências enaltecedoras às privilegiada inteligência do então jovem seminarista, Hélio Maranhão, quer como orador nas sessões dominicais da Academia D. Francisco de Paula e Silva; quer pelos debates acirrados que, em sala de aula, sustentava com seus companheiros de turma, de regra, versando sobre temas de cunho filosófico e teológico de maior interesse da época. Seus Formadores, os padres Lazaristas, em reconhecimento às suas qualidades de excelente aluno, distinguiram-no, encaminhando-o para concluir os estudos teológicos no Pontifício Colégio Pio Brasileiro, em Roma, onde se ordenara sacerdote, deixando também, nos Anais daquela Instituição. as marcas de seu talento. Em 1960, reencontrei o então jovem sacerdote Hélio Maranhão, já de volta de Roma, na condição de meu professor de Filosofia, no Seminário de Santo Antônio. De logo, os alunos habituamo-nos a admirar-lhe o estilo arrojado, seguro, no exercício do Magistério e do Ministério Sacerdotal. Suas Aulas, ministradas com aquela didática que lhe era peculiar, inovadora, sempre ancoradas no dia-a-dia da vida, sob uma visão evangélica, eram de todos admiradas, e ansiosamente aguardadas. Jamais o vi envaidecido! A humildade reputo ter sido sua virtude maior. Em aula, sempre nos repetia: “sic transit gloria mundi” (assim passa a glória do mundo). Inobstante o seu temperamento impulsivo, sempre em linha de frente, criativo, operador de mudanças, jamais fora indócil ás determinações de seus superiores eclesiásticos. Dotado de um espírito de disponibilidade sem fronteiras, servira a um sem número de paróquias, e em diferentes dioceses. Na década de sessenta, na humilde paróquia de Tutóia, nasceram sob a inspiração e o zelo pastoral do então vigário Padre Hélio Maranhão, as Comunidades Eclesiais de Base (CEBS), na época, o maior acontecimento de renovação pastoral da Igreja Católica do Maranhão, quiçá do Brasil. Posteriormente, com zelo de Pastor, e entusiasmo de jovem, concentrara seu Ministério Sacerdotal na formação religiosa da Polícia Militar do Maranhão, onde na condição de Capelão permaneceu, pelo resto de sua vida. De batina e Farda, o Seminarista talentoso de outrora; o experiente Monsenhor Capelão chegara com o mesmo arrojo da juventude para o convívio com os Imortais da Casa Antônio Lobo, onde, naquela oportunidade, fora recebido pelo seu colega de turma no Seminário, o inteligente e brilhante orador, o Acadêmico Manoel Lopes. Monsenhor Hélio Maranhão, induvidosamente, exerceu com dedicação exemplar seu Ministério Sacerdotal. Foi não há negar, um Operário extremamente dedicado ao Serviço Pastoral de nossa Arquidiocese. Entretanto – no-lo dizem as Sagradas Escrituras: “ tudo tem seu tempo; tempo para nascer; e tempo para morrer”. O de Monsenhor Hélio havia chegado... Ele o reconheceu!... E, com a tranqüilidade e serenidade de quem “combateu o bom combate” permitiu que a morte chegasse, quando a vida já desejava ir!... Era extremamente desapegado a bens materiais. Nada possuía, que o


vinculasse a este mundo material. Consigo levou, a tiracolo, só um passaporte: o mérito sua dedicação ao seu Ministério Sacerdotal, e de sua convivência solidária com as demais pessoas!... Foi o bastante para garantir-lhe o ingresso – no-lo diz a Fé- na Comunidade dos Ressuscitados. “Requiescat in pace”!


A CRISE HUMANITÁRIA DOS REFUGIADOS ALDY MELLO158 PUBLICADO EM O ESTADO, 10 DE NOVEMBRO DE 2015

Ao contrário da comoção social que presenciamos pela mídia, quando o Charlie Hebdo foi atacado, em janeiro de 2015, em Paris, matando jornalistas e chargistas, a Europa não reagiu da mesma forma, no caso dos refugiados da Síria e do Iraque. O mundo esperava que os europeus dissessem Je suis réfugié, como uma prova de solidariedade, criando no continente uma forma de comoção coletiva. A crise humanitária, que se tornou manchete em todo o planeta, barrou diante à incompreensão dos homens e às dificuldades dos Estados do continente europeu. Para alguns, a fronteira foi fechada pelas reais condições de receber os imigrantes, para outros, foi mesmo a incompreensão dos governantes, chegando-se a construir cercas farpadas (casos só visto nos campos de concentração) e até mesmo, como se fez em Berlin no tempo do nazismo, a construção de muros. A crise dos refugiados, talvez, seja a maior tragédia depois das guerras mundiais. As pessoas, inclusive velhos e crianças, são todas europeias e buscam asilo e refúgio em outros países, fugindo da pobreza, da falta de esperanças e, sobretudo, da perseguição de guerra. Ninguém se torna refugiado porque quer. Chega-nos a imagem de uma Europa onde os governantes atuais parecem incapazes de lidar com um fato que sempre foi previsível de acontecer. Segundo o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR), só em 2014 a Europa recebeu mais de 700 mil refugiados e, só no primeiro semestre deste ano, os pedidos de asilo já chegaram a 184 mil, vindos de sírios e afegãos, diz a União Europeia. A solidariedade é um sentimento presente nos tempos atuais, ultrapassando até as fronteiras nacionais. É um terreno que em Sociologia já assumiu forma e presença na vida moderna, como é o caso da solidariedade social tão comum. Ainda no mês de janeiro de 2015, assistimos a uma prova de solidariedade sob a forma de comoção coletiva, diante dos atos terroristas em Paris, quando do ataque ao jornal Charlie Hebdo e da morte trágica de jornalistas e chargistas. Comportamento como esse tem sido comum em nossos dias, principalmente na ocorrência de tragédias coletivas. Toda solidariedade é um ato de bondade que se dirige a uma pessoa ou grupo social, em situação difícil e delicada, com o intuito de ajudar. A solidariedade vem sempre carregada de padecimento com o sofrimento dos outros, seja moralmente falando, através da assistência moral, ou materialmente, como ocorre nas grandes tragédias. Numa ação solidária existe mutualidade de interesses e objetivos e ligações recíprocas. Nesse tipo de ação, instalam-se compromissos e uma rede de relações fica estabelecida, garantindo e assegurando a coesão social. A solidariedade humana promove os direitos humanos e ajuda a vencer a pobreza daqueles que não têm ou tudo que tinham perderam. Ela é uma resposta às necessidades humanas, aos sonhos perdidos, enfim, ela refaz a aventura do ser humano em buscar incessantemente a felicidade.

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Ex-Reitor da UFMA e do CEUMA, membro do IHGMA e da ALL.


MORAL POLÍTICA ALDY MELLO Ex-Reitor da UFMA e do CEUMA, membro do IHGMA e da ALL PUBLICADO EM O ESTADO, 15 DE NOVEMBRO DE 2015

Política é, sobretudo, a arte de exercer o poder em cada época, mesmo que com estilo próprio sem desprezar a ética. O político pode ser um cidadão justo e correto, mesmo que forças externas venham interferir em suas ações. E quando falo de forças externas, refiro-me à ideologia que sustenta o sistema ao qual se vincula o político, à fisiologia, onde predomina a troca de favores, e a postura idealística quando o político a põe em prática, mesmo que para muitos seja chamado de ingenuidade. Ser um político ético é, antes de tudo, ser um cidadão correto e justo, sem fazer apologia ao perfeccionismo do sistema político, nem tão pouco penalizar a função pública. Na sua República, Platão diz que política é não apenas um jogo de ações movido nos interesses e não deve pressupor a investigação sistemática dos fundamentos da conduta humana. A prática legislativa, hoje, acarreta muito mais o que eles chamam de produção legislativa, do que uma experiência ética que expresse a prosperidade do caráter de cada político. Dentre os famosos autores que tratam da moral política, inclui-se Machiavel. Para ele, o homem político não deve se basear numa moralidade e sim praticar uma política autonormativa de modo a justificar os meios que levam ao bem comum. O que deve valer para o Príncipe é a estabilidade do Estado e a sua. O Príncipe deve ser indiferente ao bem e ao mal, à mentira e a verdade, ao vício ou à virtude. Foi a partir de 469 a.C. com Sócrates, que começaram realmente a distinguir os primeiros debates sobre moral na Grécia antiga, aplicando-se o rigor da lógica e buscando-se a compreensão do mundo e das coisas. Na cultura helênica, há de se lembrar, a moral política também foi imposta por Alexandre, o Grande, no século IV a.C. quando invadiu o Império Persa, tornando-se, mais tarde, imperador na Macedônia. Alexandre teve como precursor Aristóteles que o influenciou muito nas práticas da cultura helenística em todos os territórios por ele conquistados. Moral e eticamente o mundo tem mudado. Diz–se até que vivemos um tipo de relativismo moral, quando se juntam as pessoas sem antes ter havido o casamento. O século XXI é chamado a era da inteligência social porque mudaram os métodos de relacionamento e a capacidade para entender melhor as pessoas e seus sentimentos, segundo afirmativa dos cientistas. É o século dos desafios, como a produção de alimentos para 9 bilhões de pessoas, que habitarão o planeta até 2050. Para isso a ciência vem lançando mão dos transgênicos e dos alimentos produzidos nos laboratórios. A História nos mostra as diversas transformações pelas quais passou a sociedade, através do tempo, ocorrendo inúmeras transfigurações que afetaram o relacionamento dos homens entre si, deles com a sociedade e as coisas. Por esse processo, passou a moral política. As mudanças que a História nos narra são baseadas nos fatos ocorridos, onde foram fundamentais o comportamento e as atitudes de homens que à época viveram e exerceram o poder a sua maneira. A política, assim, torna-se arte ou ciência de organizar a coisa pública, de onde deverão ser banidos os corruptos e incompetentes. Tudo parece mais próximo da pólis dos antigos gregos.


PH O ESTADO 29/11/2015




JORNAL PEQUENO, São Luis, 02 ede dezembro de 2015

O IMPARCIAL – CADERNO IMPAR, 02 DE DEZEMBRO DE 2015


O ESTADO – EM CENA – NEDILSON ALMEIDA, São Luis, 02 de dezembro de 2015





COISAS QUE A GENTE NÃO ESQUECE ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO Economista. Membro das Academias Caxiense e Ludovicense de Letras. Se bem me lembro, a primeira vez que ouvi falar de forma concreta da cidade de São Paulo foi ao início dos anos 50. Morávamos em Caxias e meu pai era comerciante e proprietário da “Casa Brandão”, que vendia fazendas, ferragens, estivas e miudezas em geral. Naqueles tempos ele havia retornado muito animado de uma de suas primeiras viagens à capital daquele Estado. Tinha sido convidado por autoridade do grupo Ermírio de Morais, para gerenciar uma das suas fábricas localizada no interior; minha mãe não gostou da ideia de mudança e ele desistiu. Em outra viagem ele me trouxe um folheto sobre curso de Economia ministrado pela tradicional Fundação Álvares Penteado. Fiquei logo interessado embora estivesse pensando em cursar Direito cujo vestibular cheguei a tentar, mas acabei indo para o Rio de Janeiro onde me formei economista e fiquei por quase doze anos. Retornando ao Maranhão, a São Luís, as circunstâncias fizeram-me professor de uma das suas primeiras escolas de nível superior mantidas pelo Estado, a Escola de Administração Pública depois integrante da Federação de Escolas e, finalmente, Universidade. E mais uma vez São Paulo voltou a figurar na minha vida, para onde fui cursar pós-graduação em nível de mestrado, na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, em 1970/75/76. Finquei raízes e fiz amigos que cultivei por todo esse tempo. Meu filho caçula Brandão Neto só não fez nascer lá, mas é paulista de formação. Pois bem. Depois da noite festiva do dia 5 do corrente promovida pelo então reitor da UFMA, Natalino Salgado Filho, apoiada pelo presidente da AML, Benedito Buzar, os “fortes laços” mantidos com São Paulo foram definitivamente consolidados na tarde do dia 12: meu terceiro livro “Desafios à teoria econômica/Challenges to the economic theory” foi lançado e autografado aos diretores, professores e alunos da FGV, no “Espaço Prime” daquela instituição. Antes do Evento, acompanhado por Antônio Brandão Neto, meu filho, e Fabio Lucio Santos, meu genro, fui recebido pelo diretor da EAESP, professor Luiz Artur Ledur Brito, que se disse “feliz em acolher um ex-aluno e constatar a importância de havermos preservado os laços há tempos construídos”. Fiquei feliz! Compareceram ao lançamento, entre outros inúmeros ilustres, os professores Maria Tereza Leme Fleury (ex- diretora da Escola), Renato Guimarães Ferreira (Associate Dean), Celina Martins Ramalho, Julia Von Maltzan Pacheco (Associate Dean for International Relations) e Chander Carvalho (International Relations Manager), coordenados por Cristina Marselha (Executive Assistant Dean’s Office). Os aspectos sentimentais da viagem, além do prazer e emoção de retornar ao ambiente da minha definitiva formação profissional, ficaram por conta dos passeios pela Cidade (Shoppings, Mercado Municipal, Restaurantes, Igrejas), locais onde moramos e as crianças estudaram, como o Colégio Benjamin Constant, na Vila Mariana, uma “escola allemã” de saudosa lembrança e responsável pelas bases educacionais que meus dois primeiros filhos tiveram. Valeu a pena!


O ESTADO, S達o Luis, 05 de dezembro de 2015


PRÊMIO LITERÁRIO NACIONAL PEN CLUBE DO BRASIL, NA CATEGORIA ENSAIO ANA LUIZA ALMEIDA FERRO

É com imenso prazer que informo que o livro 1612: os papagaios amarelos na Ilha do Maranhão e a fundação de São Luís (Curitiba: Juruá, 2014, 776 p.), de minha autoria, é o vencedor da edição 2015 do Prêmio Literário Nacional PEN Clube do Brasil, na categoria Ensaio. Este meu livro, que tem uma versão europeia (Lisboa: Juruá Editorial), sob o título 1612: os franceses na Ilha do Maranhão e a fundação de São Luís, já recebera este ano a Menção Honrosa do Prêmio Pedro Calmon – 2014, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). Receberei a distinção na cerimônia de premiação do PEN Clube, presidido pelo escritor Cláudio Aguiar (um dos agraciados com o Prêmio Jabuti deste ano), a qual se realizará no dia 14 de dezembro deste ano (próxima segunda-feira), a partir das 19 horas, no Terraço Panorâmico do mesmo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, localizado na Av. Augusto Severo, 8 – 12º andar, Glória, no Rio de Janeiro-RJ. Meu amor eterno ao maior inspirador da obra 1612 e autor da apresentação, antes de partir para a eternidade: meu pai Wilson Pires Ferro, grande defensor da França Equinocial em seus escritos. E meus renovados agradecimentos ao IHGM e aos historiadores Vasco Mariz (Rio de Janeiro), Lucien Provençal (França) e Antonio Noberto (São Luís), prefaciadores do livro. RESUMO: O livro, prefaciado pelos historiadores Lucien Provençal e Vasco Mariz, tem como tema central a fundação da França Equinocial no Maranhão em 1612, focalizando desde os seus antecedentes até os primeiros anos que se seguiram à expulsão dos franceses do norte do Brasil. É uma viagem exploratória e crítica que acompanha a Era dos Descobrimentos e a partição do Mar-Oceano, as primeiras tentativas portuguesas de povoamento e colonização do Brasil e do Maranhão, a definição nebulosa da origem do nome “Maranhão”, as investidas dos gauleses pelo Novo Mundo, as guerras de religião que ensanguentaram a França na segunda metade do século XVI e cujos efeitos ainda assombrariam o país e seus empreendimentos no século seguinte, a chegada de cerca de 500 franceses (os “papagaios amarelos”, como eram chamados pelos índios) à Ilha do Maranhão em 1612, o reconhecimento da terra, a fundação da cidade de São Luís, a decretação das leis institucionais da colônia, a convivência dos padres capuchinhos Claude d’Abbeville e Yves d’Évreux com os tupinambás da ilha e das circunvizinhanças, o regresso de François de Razilly à França, os antecedentes, a deflagração e os desdobramentos da Batalha de Guaxenduba, a subsequente trégua firmada entre os gauleses e os lusos, a rendição do Forte São Luís, o destino das principais figuras da disputa franco-ibérica pelo Maranhão e os sucessivos governos de São Luís até a invasão holandesa. Nesse estudo é reafirmada inequivocamente, em primeiro plano, a atribuição da honra da fundação de São Luís aos gauleses; ademais, são analisadas as fases e características do mito da “origem” lusitana de São Luís e é destacado o fato de que Razilly, diferentemente de La Ravardière, por muito tempo teve o seu papel na implantação da França Equinocial e na fundação da cidade subestimado.



O ESTADO, S達o Luis, 11 de dezembro de 2015

JORNAL PEQUENO, S達o Luis, 11 de outubro de 2015


O IMPARCIAL, S達o Luis, 11 de dezembro de 2015


POSSE DE NOVOS MEMBROS DA SOBRAMES-MA E LANÇAMENTO DA IV ANTOLOGIA




23/12/2015

MENSAGEM DE FESTAS ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO Economista e membro das Academias Caxiense e Ludovicense de Letras

Mais uma vez vamos festejar o nascimento de Cristo e a chegada de um Ano Novo. É uma dádiva e um privilégio que Ele vem nos concedendo ao longo do tempo; nossas famílias permaneceram unidas demonstrando capacidade de enfrentar e vencer os desafios que a vida exige. Uma crise na economia, agravada pela política, gera insegurança e efeitos indesejáveis; paira no ar uma onda de pessimismo, valores e crenças tradicionais correm perigos ante aqueles que advogam a modernidade de usos, costumes e querem inverter tudo à maneira liberal de ver as coisas. A quem aproveita esse estranho procedimento em fazer apologia de práticas até então consideradas marginais? E por qual razão as pessoas, de forma passiva, aceitam isso? O que se pode esperar de uma sociedade sem limites e sem regras sobre o que é certo ou errado? Tenho feito muitas reflexões. Lembro-me principalmente das vitórias e também das derrotas. Comemorei 66 anos da minha formatura no Ginásio Caxiense, em 1949, e 56, na Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro, em 1959; em 2015, lancei meu terceiro livro “Desafios/Challenges”, na FGV-SP, “eleita cinco vezes uma das melhores instituições de ensino superior do mundo”. Vocês bem podem imaginar o que esse tempo representou em termos de realização e esperanças renovadas. Depois, outros anos são dignos de lembrar: anos do meu casamento e dos filhos, do nascimento deles e dos netos. Sou reservado e modesto em falar da minha vida familiar, mas orgulhoso. Sou uma pessoa normal, um pecador, somatório de virtudes e de defeitos. Jesus Cristo, através de João, disse: “arrepende-te e terás vida nova”. Vou continuar tentando corrigir-me, aplacar o meu gênio, perdoar as pessoas e compreender os seus defeitos. É um conselho que dou a todos. Ensinei desde 1968 até 1997, na Uema (desde as Escolas isoladas) e na UFMA, praticamente longos 30 anos. Durante todo esse período procurei, além de transmitir conhecimentos, educar; penso ter ajudado a formar bons profissionais e feito muitos amigos. Faço votos para que as universidades brasileiras continuem mantendo vínculo permanente com os seus professores, mesmo depois de aposentados, como fazem instituições congêneres dos Estados Unidos e Europa. E com os estudantes que se formam, também; afinal deve interessar saber como eles estão posicionados no mercado de trabalho e como podem retribuir os benefícios recebidos.


Como economista, contribuindo com vários governos desde 1965, ainda estou na ativa. Tenho gratas recordações de muitas pessoas que me ajudaram a servir, foram e continuam meus amigos. Como dizia Fernando Pessoa: “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. Tenho orgulho da minha família, dos seus membros originais e daqueles que vieram aumentála. É louvável a capacidade que temos tido de mantê-la unida, solidária, perseverante; nestas vivências de aflições e dificuldades essa organização apresenta-se como a última trincheira avançada da sociedade, a ser mantida a qualquer custo. Desejo que todos tenham um Feliz Natal e estejam preparados para o Ano Novo, com saúde e paz; fé, esperança e caridade.


O ACERVUM.COM.BR deste 23 de dezembro está no ar. Divirtam-se! Obrigado de coração a todos os que colaboraram para esta edição. www.acervum.com.br


Historiadora maranhense recebe importante Prêmio Literário Nacional

A Promotora de Justiça, poeta e escritora Ana Luiza Almeida Ferro, professora da Universidade Ceuma e sócia do IHGM, é a vencedora da edição 2015 do Prêmio Literário Nacional PEN Clube do Brasil, na Categoria Ensaio, com sua obra 1612: os papagaios amarelos na Ilha do Maranhão e a fundação de São Luís (Curitiba: Juruá, 2014, 776 p.), que trata da França Equinocial, da fundação da cidade de São Luís e dos primórdios da colonização do Maranhão. A badalada cerimônia de premiação do PEN Clube, prestigiada por representantes de várias importantes associações culturais, a exemplo do Presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL) e do Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), ocorreu por ocasião do jantar de confraternização natalina da entidade, realizada no Terraço Panorâmico do IHGB, na Glória, Rio de Janeiro-RJ, no dia 14 de dezembro deste ano, com início às 19 horas. Na oportunidade, o PEN Clube do Brasil, presidido pelo escritor Cláudio Aguiar, fez a entrega aos vencedores dos prêmios literários concedidos anualmente por este Clube Literário. Criado em 1938, o tradicional Prêm io Literário Nacional PEN Clube do Brasil é um dos mais antigos e prestigiosos certames brasileiros. O Prêmio, em sua fase atual, é oferecido a todos os escritores brasileiros que tenham publicado obra nas categorias Poesia, Ensaio ou Narrativa nos últimos dois anos, ou seja, entre 1º de janeiro de 2013 e 31 de dezembro de 2014. A Comissão Julgadora, após examinar todas as obras inscritas, premiou os seguintes autores: Categoria Poesia: Izacyl Guimarães Ferreira, com "Altamira e Alexandria" (Scortecci Editora, São Paulo, 2014); Categoria Ensaio: Ana Luiza Almeida Ferro, com "1612 - Os Papagaios Amarelos na Ilha do Maranhão e a Fundação de São Luís" (Editora Juruá, Curitiba, 2014); e Categoria Narrativa: Cyro de Mattos, com "Os Ventos Gemedores" (LetraSelvagem, Taubaté / SP, 2014). Eis alguns escritores que, ao longo das décadas passadas, conquistaram o Prêmio Pen Clube do Brasil, nas categorias de Ensaio, Poesia e Narrativa: Antonio Calado, Jorge Amado, Antonio Cândido, Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, José Condé, Fernando Sabino, Marques Rebelo, Álvaro Lins, Cyro dos Anjos, Cassiano Ricardo, Dalton Trevisan, Josué Montelo, Nelson Werneck Sodré, Rubem Fonseca, Homero Homem, Otávio de Faria, Oto Maria Carpeaux, Adonias Filho, João Cabral de Melo Neto, Alceu Amoroso Lima, Orígenes Lessa, Érico Veríssimo, Odylo Costa Filho, Pedro Nava, Ledo Ivo, Afonso Arinos de Melo Franco, Alphonsus de Guimarães Filho, Stella Leonardos, Antonio Carlos Villaça, Pedro Calmon, José Guilherme Merquior , Mário Quintana, Dinah Silveira de Queiroz, Lygia Fagundes Telles, Gilberto Freire, Marcus Accioly, Barbosa Lima Sobrinho, Moacir Scliar, João Cabral de Melo Neto, Ivan Junqueira, Luíza Lobo, Salgado Maranhão, Ferreira Gular, dentre outros.


O livro 1612, de Ana Luiza, que tem uma versão europeia (Lisboa: Juruá Editorial), sob o título 1612: os franceses na Ilha do Maranhão e a fundação de São Luís, já recebera a Menção Honrosa do Prêmio Pedro Calmon – 2014, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), em 18 de março deste ano. Com mais de uma dezena de livros publicados, Ana Luiza ocupa a Cadeira nº 31 da Academia Ludovicense de Letras (ALL), patroneada pelo historiador Mário Meireles. Ela é Doutora e Mestre em Ci&eci rc;ncias Penais (UFMG), Membro de Honra da Sociedade Brasileira de Psicologia Jurídica, sócia efetiva do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e membro de várias academias de letras (AMLJ, ALL, ACL, APLJ).

Maiores detalhes no site do PEN: http://www.penclubedobrasil.org.br/

RESUMO DO LIVRO 1612: O livro, prefaciado pelos historiadores Lucien Provençal e Vasco Mariz, tem como tema central a fundação da França Equinocial no Maranhão em 1612, focalizando desde os seus antecedentes até os primeiros anos que se seguiram à expulsão dos franceses do norte do Brasil. É uma viagem exploratória e crítica que acompanha a Era dos Descobrimentos e a partição do Mar-Oceano, as primeiras tentativas portuguesas de povoamento e colonização do Brasil e do Maranhão, a definição nebulosa da origem do nome “Maranhão”, as investidas dos gauleses pelo Novo Mundo, as guerras de religião que ensanguentaram a França na segunda met ade do século XVI e cujos efeitos ainda assombrariam o país e seus empreendimentos no século seguinte, a chegada de cerca de 500 franceses (os “papagaios amarelos”, como eram chamados pelos índios) à Ilha do Maranhão em 1612, o reconhecimento da terra, a fundação da cidade de São Luís, a decretação das leis institucionais da colônia, a convivência dos padres


capuchinhos Claude d’Abbeville e Yves d’Évreux com os tupinambás da ilha e das circunvizinhanças, o regresso de François de Razilly à França, os antecedentes, a deflagração e os desdobramentos da Batalha de Guaxenduba, a subsequente trégua firmada entre os gauleses e os lusos, a rendição do Forte São Luís, o destino das principais figuras da disputa franco-ibérica pelo Maranhão e os sucessivos govern os de São Luís até a invasão holandesa. Nesse estudo é reafirmada inequivocamente, em primeiro plano, a atribuição da honra da fundação de São Luís aos gauleses; ademais, são analisadas as fases e características do mito da “origem” lusitana de São Luís e é destacado o fato de que Razilly, diferentemente de La Ravardière, por muito tempo teve o seu papel na implantação da França Equinocial e na fundação da cidad

SOBRE A AUTORA: Ana Luiza Almeida Ferro é Promotora de Justiça, professora da Universidade Ceuma, conferencista e palestrante nacional, escritora, historiadora e poeta, nascida em São Luís-MA. Doutora e Mestre em Ciências Penais (UFMG), formada em Letras e Direito (UFMA), Membro de Honra da Sociedade Brasileira de Psicologia Jurídica, membro titular do PEN Clube do Brasil, sócia efetiva do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e membro de várias academias de letras (AMLJ, ALL, ACL, APLJ). Portadora do First Certificate in English e do Certificate of Proficiency in English, pela University of Cambridge, Inglaterra, e do Certificat pratique de langue française, do Diplôme d’études françaises e do Diplôme supérieur d’études françaises, pela Université de Nancy II. Integra a Comissão Gestora do Programa Memória Institucional do MPMA. Autora dos livros: O Tribunal de Nuremberg (2002), Versos e anversos (2002, em coautoria), Escusas absolutórias no Direito Penal (2003),Robert Merton e o Funcionalismo (2004), O crime de falso testemunho ou falsa perícia (2004), Quando: poesias (2008), pelo qual logrou o 2º lugar no Prêmio “Poesia, Prosa ed Arti figurative”, Sezione Stranieri, Libro edito in portughese, da Accademia Internazionale Il Convivio (Itália, 2014), A odisséia ministerial timbira: poema (2008), Interpretação constitucional (2008), Crime organizado e organizações criminosas mundiais (2009), pelo qual foi entrevistada no Programa do Jô (Rede Globo),O náufrago e a linha do horizonte: poesias (2012), Criminalidade organizada (2014, em coautoria), 1612 (edições brasileira e europeia, 2014), pelo qual recebeu a Menção Honrosa do Prêmio Pedro Calmon – 2014, do IHGB, e Mário Meireles: historiador e poeta (2015). Possui diversos artigos publicados em livros, jornais e revistas especializadas, a exemplo da Revista dos Tribunais. Recebeu a Medalha “Souzândrade” do Mérito Universitário (UFMA, 1987), a Comenda Gonçalves Dias (IHGM, 2013) e a Comenda Comemorativa Leonardo da Vinci (Literarte – Associação Internacional de Escritores e Artistas, 2015). É um dos verbetes da Enciclopedia di Grandi Artisti: Portoghese/Italiano (p. 16), publicada, em edição bilíngue de luxo, pela Literarte (2015).

O ex-presidente da ABL Geraldo Holanda Cavalcanti, a homenageada e o Presidente do PEN Clube do Brasil, escritor Cláudio Aguiar.


Com troféu do Prêmio e a tia da homenageada, Maria de Lourdes Chaves Ferro, viúva do irmão (José Ribamar Pires Ferro) de seu pai.

A homenageada recebendo o Diploma e a Comenda das mãos do Presidente do PEN Clube do Brasil, escritor Cláudio Aguiar.


MARIO LUNA FILHO Recebendo comenda Simão Estádio da Silveira, maior comenda do legislativo municipal de São Luís


O ESTADO, 25 DE DEZEMBRO DE 2015


POESIAS & POETAS


SONETÁRIO DO QUIXOTE VENCEDOR FERNANDO BRAGA159

Disse certa vez Dom Quixote a Sancho que contasse algum conto para o entreter, como teria prometido, ao que Sancho correspondeu que de boa vontade o fizera, se o modo do que estava ouvindo lho consentisse: - Mas enfim – disse ele – seja como for farei diligências para contar uma história. Dê-me Vossa Mercê toda atenção que já principio, a contar uma aventura sobre o próprio Cavaleiro andante, mas como se fora ele, o leal escudeiro, Sancho Pança, que assim o via através de seus olhos de fiel servidor e acompanhante...

Era uma vez... O que era; como atrás de tempos, tempos vêm... Era uma vez um cavaleiro poeta apaixonado não por Dulcinéia Del Toboso. Mas por Nirciene Rosa, o que, não muito desigual ao da Triste Figura, assim começou, enamorado, um canto, a dizer ter perdido o destino: Vede: Sou um louco sonhador cretino, / a quer o mundo sem dor, mal e peste / - pobre Quixote que perdeu o destino...

E depois do caminho, distraído, perdeu Rocinante: E desenganado, sofre a dor angustiante / e vai trotando no vazio seco de um graveto / - pobre Quixote que perdeu Rocinant”.

Adiante, o poeta cavaleiro, perdeu o próprio caminho: Cruéis para mim foram os fados: / [tudo em mim foi dor ou desvario, / olhos postos na luz, e já vazados] / sempre morrer de calor dentro do frio. E desditoso, o cavaleiro poeta perdeu a fantasia: Sem uma gota de verdadeira poesia, /naufrago no pantanoso areal da Vida / - pobre Quixote que perdeu a fantasia...

E tempo há, dentro do tempo, que o cavaleiro poeta perde a amizade: Se querem saber: sou eu mesmo Sancho. / Ele é o outro de mim mesmo dispersado. / E, pela metade, eu agora me desmancho, / que um não pode ser o ser dilacerado.

Lá pelas páginas tantas, Sancho diz que o amigo perdeu o projeto / e sem planta baixa edificou a casa. / Mas, mesmo assim, arquitetou o teto / escondeu na alma um pedaço de asa.

Pobre Quixote – o herói de La Mancha, desta vez perde o melhor de seu, a vergonha: 159

Fernando Braga, in “Toda Prosa”, Tomo III, do livro “Travessia” [Memórias de um aprendiz de poeta e outras mentiras], em fase de organização.


Mesmo que contra o homem tudo deponha, / inclusive, por ser este animal que bate, / tudo logo corrompe em que a mão ponha: / e infamando seu cão, cruel, ainda late...

Depois, agora, para melhor, Nobre Quixote perdeu a tristeza / e recuperou o horizonte da alegria. / Tirou o pombo da cartola da beleza / e na fileira do bem inventou o dia.

Neste momento, ele, Quixote, que também não é o andante da triste figura, ma o Cavaleiro poeta, da bela postura, apruma-se e canta uma Elegia dos Visionários: E Quixote, todo ancho, / colherá um verde lírio / e responderá: bom Sancho, / somos filhos do delírio.

E Nirciene Rosa, que não é Dulcineia e tampouco Aldonza, mas o grande amor dest’outro Quixote, o poeta da bela figura, passa pelos moinhos de vento com o nome disfarçado de “Mona Lisa... Infinita das minhas emoções”, e a caminho, “Infinita Mona Lisa das minhas quimeras...”, e em serenata “Infinita Mona Lisa da minha guitarra” [...] E os dois, cansados de tantas andanças, chegam à Santa Helena, onde Bonaparte amargou a sorte de grande soldado, para dizer, ele, o Quixote poeta e da bela alegria, não de La Mancha, mas de uma Ilha com o epíteto de ser “dos amores”, não aquela cantada por Camões e pintada por Malhoa, mas a de São Luis do Maranhão... Descobrimo-lo pelo coloquial do termo, que só naquela doce ilha é usado, e brada feliz: Como Bonaparte vão sonhando no caminho, / lambendo-se no cio à sombra de um vinho, / noivos chamando-se pequeno e pequena.

Depois, o nosso herói que já se misturou com as histórias minha e de Sancho, chega à Ibéria, e canta sob o belo azul peninsular: “Colorido dia de Espanha, / de Espanha e Portugal: / [este ouro que o azul apanha e transforma em mel e sal]”. Este ouro não será o reflexo das areias do Tejo, visto pelos olhos de Sancho? Finalmente, o Quixote poeta e brilhante chega ao Quinto Encontro, ao lembrar-se talvez do Quinto Império, predito pelo Bandarra, sapateiro de tanto espanto: Nunca jamais se turvam/ mesmo a Lisboa do alto... Com uma vontade de salto, / Lisboa meu chão de nuvem.

Por fim, lança esta sentença ao seu escudeiro: “Hás de saber, Sancho amigo, que eu nasci por determinação do Céu nesta Idade de Ouro para ressuscitar bela a de ouro ou dourada. Eu sou aquele para os que estão dados os perigos, as grandes façanhas, os valorosos feitos...” E assim tem sido este cavaleiro, poeta e da brilhante figura, a transmitir bênçãos alegrias... E esperanças! Este livro, ‘Sonetário do Quixote Vencedor’, “fora escrito entre o Cairo, no Egito e Valletta, em Malta. em nítida demonstração de que o verbo, o princípio, a energia, o espírito e a substância são universais, legando ao barro humano e ao bicho da terra destinos estrelares. Nascer é renascer a cada dia, sob o norte, a bússola e o signo prognóstico da reinvenção do humano a melhor, com um par de asas suplantando os pés de ferro, chumbo e concreto.

E quem será este Cavaleiro da fidalga e culta figura? É o escritor, poeta, jornalista, Doutor em Direito professora, Doutor em Filosofia, em Teologia e em Sociologia, além de ser um dos maiores


advogados em exercício atualmente em Brasília, um pensador e um jusnaturalista por convicção e ciência, membro da Academia Brasiliense de Letras, a quem simplesmente o clássico Claude LéviStrauss o qualificou “como um sol, nos tristes nevoeiros dos trópicos, reconhecendo-o enquanto mestre na arte de pensar, na sua incontrastável vocação brasileira para a reflexão superior...” De José Rossini Campos do Couto Corrêa, ou simplesmente Rossini Corrêa, dissera Josué Montello, nos momentos de sua derradeira estada na Europa, como Embaixador do Brasil junto a UNESCO, através do saudoso erudito Sérgio Corrêa da Costa... “Em Paris, Rossini Corrêa é considerado um dos dez mais expressivos pensadores do segundo milênio da Cristandade.” Em tempo, digo eu, Rossini Corrêa é um dos homens mais cultos que tive a felicidade de conhecer, meu queridíssimo amigo, a quem tanto respeito e muito amo, o irmão que nunca tive, e, para loas do meu espírito, é ele, ainda, meu compadre de alma.


SAUDADES DE TI AYMORÉ ALVIM. APLAC, ALL. Ah! Não sei por que te amo tanto? Juro! É um amor ardente Que arde por inteiro. Para aonde quer que eu vá As lembranças me acompanham Daqueles dias tão felizes Que eu brincava em teu seio. Quando eu te procurava, Como eu sentia, Que tu me recebias Com desejo. Mas hoje só lembranças Me restaram, Quando delas me recordo Nuns lampejos. Hoje, quando eu te procuro Já não me conheces. Não vejo mais ninguém Nas tuas ruas. São sensações estranhas Que eu sinto Que são somente minhas Não são tuas. Tudo passou. Tudo mudou. E nós também mudamos. Agora, dize tu: O que nos resta? Pedir que não me esqueças Porque jamais te esqueço. E tu serás sempre, Pinheiro, A minha terra.


O JURAMENTO. AYMORÉ ALVIM. AMM, ALL. Caso um dia me perguntem, Juro. Nada eu direi. E, assim, eu calarei Tudo o que tu me contares. Não revelarei jamais Sequer um dos teus segredos. Isso tudo para mim É um compromisso sagrado. Ao entrar em tua casa Afirmo-te: nada eu verei. Se me confias teus males Paciente, escutarei. E comigo hei de guardar Por juramento de honra, Nem que custe a minha vida Afirmo-te: Não temerei. Se, então, não acreditas, Os deuses hei de invocar Por Apolo e Esculápio Panacea, hei de jurar; Ate mesmo a deusa Higea Se necessário chamar. Porém nunca esquecerei Do Juramento que fiz. E se necessário for, Novamente, eu o farei. Eu não favorecerei O crime de jeito algum. Prejuízos não darei A paciente nenhum. E jamais hei de aceitar Qualquer morte para alívio, E tampouco os abortivos. Que vidas venham ceifar. Estes são os compromissos Que com meu Deus eu assumo Pra servir a sociedade Com dignidade e honra. Para que a minha vida Ganhe a glória merecida E a desfrute entre os homens. Mas se deles me afastar O contrário a mim virá Infligindo-me a desonra.


UM ANO SEM DONA MÓ. Aymoré Alvim. APLAC, ALL. Quantas saudades sinto Inda de ti, querida! Dos nossos dias Que se vão já tão distantes. Das nossas travessuras De crianças Ate nossos encontros aos domingos. Quando eu me deixo divagar Pelos limites Que me permitem As dimensões do coração, Eu vejo nossos encontros Com os amigos, Lá em Pinheiro, Nas belas noites de verão, Chamavas a Niedja, a Edméa, Flory, Maria Alice e a Delfina. Vinham Helena, Luíza e a Socorro Que consigo traziam as outras primas. Pois a rapaziada a mim cabia Para formar os pares com as meninas. E desta forma a festa estava armada Aos suaves sons de “Boleros em surdina”. Mas o tempo passou E tu partiste. Ficamos tristes, sim. Pois tu levastes Toda alegria que magnetizava Qualquer pessoa Que de ti Se aproximava. Hoje, Só Tate e Zé, Sempre aos domingos, Estão comigo. Conversa vai, conversa vem Sempre apareces. É impossível te esquecer, Irmã querida. Por isso estás todos os dias, Em minhas preces.


NATAL EM PINHEIRO No alto do campanário, Da matriz da minha terra, Os sinos cantavam alegres Lindos cantos de louvor Chamando a comunidade De toda a minha cidade Para juntos aguardarem A chegada do Senhor. Por volta da meia noite, Cheia de luz e esplendor, Na santa “missa do galo”, O Glória o coro cantava Anunciando a chegada De Jesus, o Salvador. Os sinos repinicavam Foguetes mil pipocavam Enchendo a minha cidade De muita paz e amor. Em casa, a gente dormia Com o pensamento no céu, Aguardando a visita Do bom velhinho Noel. De manhã: - O que ganhaste? - Uma bola de seringa. - Que ganhaste tu, menina? - Eu ganhei esta boneca. Para mim tudo era festa, No Natal da minha terra. No almoço, ao meio dia, Com toda a família à mesa Peru ao forno e arroz, Colorido de urucum. Tinha, também, capão cheio. Torta, farofa e depois. Uma boa sobremesa De goiabada com queijo. Quão gostoso era o Natal, Ao longo da minha infância. Mas o tempo foi passando, Só restaram as lembranças. Quantas saudades, meu Deus, Dos Natais da minha terra, Quão feliz a gente era, Nos meus tempos de criança.


JOSÉ NERES

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Cadeira 36 Data da Eleição 30/10/2014 Data da Posse 19/03/2015 Recepcionado por Ceres Costa Fernandes

Filho de José Furtado da Costa e de Maria Raimunda Neres Silva, José Neres nasceu em São José de Ribamar em 17 de fevereiro de 1970 fez estudos iniciais em Brasília e Goiás (Luziânia), locais onde passou a infância. De volta ao Maranhão, cursou Letras Português e Espanhol (UFMA), especializou-se em Literatura Brasileira (PUC-MG) e depois fez mestrado em Educação (UCB). Trabalha ou já trabalhou como professor de língua (portuguesa e espanhola) e literatura (brasileira, espanhola, hispano-americana e maranhense) nas seguintes instituições de ensino: Colégio Brasil, Centro de Ensino Universitário José Maria do Amaral, Faculdade Atenas Maranhense, Faculdade Pitágoras, Faculdade Santa Fé e Universidade Federal do Maranhão, além de haver prestado serviços para a Universidade Estadual do Maranhão, Instituto Superior Franciscano e Centro Sul Brasileiro de Pesquisa e Pós-Graduação. José Neres é detentor dos seguintes prêmios e honrarias: Menção Honrosa e Honra ao Mérito, ambos concedidos pelo Instituto da Poesia Internacional; Prêmio Odylo Costa, filho, concedido pela Prefeitura de São Luís pelo livro Resto de Vidas Perdidas; Prêmio A Importância do Livro no Brasil do Século XX. Concedido pela Academia Brasileira de Letras em parceria com o jornal Folha Dirigida e Medalha do Bicentenário de João Lisboa, concedida pela Academia Maranhense de Letras, além de ser patrono e paraninfo de diversas turmas de formandos em cursos superiores. Como pesquisador, José Neres sempre teve interesse por assuntos ligados à literatura, principalmente a maranhense, à Educação e aos estudos linguísticos. No mestrado, orientado pelo professor Afonso Celso Tanus Galvão, desenvolveu pesquisa sobre os processos metacognitivos e autorregulativos na aprendizagem de estudantes de pré-vestibulares e sobre estudo deliberado. Em 2014, foi eleito para a Academia Maranhense de Letras, ocupando a cadeira 36, deixada vaga pelo falecimento do grande intelectual Ubiratan Teixeira, e será recebido pela professora e acadêmica Ceres Costa Fernandes em 20 de março de 2015. Além de colaborar em jornais e revistas, como O Estado do Maranhão, Jornal Pequeno, De Repente, Literatura Conhecimento Prático e Língua Portuguesa Conhecimento Prático, publicou também os seguintes livros: Negra Rosa & Outros Poemas (1999), Poemas de Desamor (2000), A Mulher de Potifar (2002), Restos de Vidas Perdidas (2006), Montello: O Benjamim da Academia (2008), Estratégias para Matar um Leitor em Formação (2005), O Último Desejo de Catirina (2010),


Sombras na Escuridão (2010) e Lousa Rabiscada (2013). É coautor de Os Epigramas de Artur (2000) e O Discurso e as Ideias (2010) (ambos com Dino Cavalcante), O Verso e o Silêncio de Adelino Fontoura (2011), (Com Jheysse Lima Coelho e Viviane Ferreira) e Maranhão na Ponta da Língua (2011) (com Lindalva Barros), além de organizar o livro de ensaios Tábua de Papel (2010). José Neres é também autor de diversos artigos científicos sobre Literatura, Educação e Língua Portuguesa, além de ser criador e editor do informativo Ilhavirtualpontocom, que tem como objetivo divulgar as letras maranhenses. Além dos livros individuais e em parceria, o escritor também escreveu prefácios para diversas obras e participa dos como colaborador dos seguintes livros: 15 Contos+ (I e II), organizado por Helena Frenzel (2012 e 2013); A Importância do Livro no Brasil do Século XXI, organizado por Maria de Lourdes de Aguiar Freire (2006); Poesia de Amor para Sempre (2004); O Beijo (2000); Antologia Del’Secchi X e XI (2000) e Mil Poetas Brasileiros, organizado por Tony Carré (1995). Canto VI: OURO E PRATA Linda negra Rosa, A religião Mudar não posso Não posso ter teu Belo corpo não, Mas posso viver No teu coração Libertar escravo É matar patrão, Não posso viver Sem meu coração. Toma ouro e prata, Salva teu irmão, Sei o que é viver em escravidão. Adeus, vou embora, Não volto mais não, Leva prata e ouro E meu coração Quem já foi escravo Do teu olhar não Pode ter patrão


NOVOS TALENTOS LITERÁRIOS JOSÉ NERES (Professor, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras) Publicado em O ESTADO, 10 novembro 2015.

Um dos elementos essenciais para perpetuação das artes é a sua constante renovação. De modo recorrente, ao longo da História, nomes consagrados nos diversos ramos do saber, dividem espaço com jovens que começam a produzir e divulgar seus trabalhos. Isso é bom. Sinal de que há mais uma geração de talentos despontando. Claro que nem todos os jovens que sonham em alcançar o sucesso atingirão tal êxito. Mas a quantidade pode ser também uma condição necessária para encontrar a qualidade. Neste mesmo espaço de O Estado do Maranhão, já comentamos a produção de jovens escritores como Samira Diorama da Fonseca, Lorena Silva, Bruno Tomé Fonseca, Laura Barros e Carvalho Júnior, por exemplo. E agora, no intuito de continuar divulgando esses novos autores, que hoje são praticamente estreantes, mas que amanhã possivelmente serão os astros que iluminarão nossa vida literária, falaremos de dois deles. O Primeiro é Mauro Cézar Vieira, que recentemente lançou seu livro de estreia intitulado “Manuscritos de Jericó”, contendo breves contos, que se completam formando um todo e que estão ambientados no fictício reino de Jericó, um lugar isolado em que começam a acontecer alguns fatos estranhos. Buscando dar verossimilhança ao texto, o autor diz que os originais do texto foram encontrados nos espólios de um certo senhor Chant, chefe da polícia da localidade. Em uma mescla de humor, suspense e erotismo velado, Mauro Cézar Vieira, construiu seu enredo a partir de anotações a respeito de misteriosas ocorrências policiais anotadas por Chant em seus registros particulares. Mesmo com algumas vacilações com relação ao hipotético narrador dos episódios, os textos são encadeados de forma que podem ser lidos isoladamente ou na sequência do livro, sendo que o desfecho serve para “amarrar” todas as narrativas anteriores. De modo geral, o conjunto de narrativas não dá ênfase a um protagonista em particular, pois o ambiente acaba suplantando tantos as personagens quanto os responsáveis pela narração. Vencedora do 35º Concurso Cidade de São Luís, na categoria romance, Sabryna Mendes estreou em grande estilo com a publicação de “Cafés Amargos”, que traz a história de Tomás Pacheco, um angustiado escritor que tem que conviver com uma profusão de conflitos internos e externos, que vão desde as relações familiares e amorosas, passando pelas vertigens de um sucesso repentino e pelo drama das ausências momentâneas de criatividade. Partindo de uma estrutura de fragmentação temporal, com avanços e recuos na linha do tempo, a autora não se contentou apenas em fazer seu protagonista narrar fatos de sua vida e a mostrar para os leitores um pouco de sua complexa personalidade, mas sim imprimiu ao texto relações sinestésicas em que cores, cheiros, imagens, sabores e sensações táteis deixam de ser meras passagens factuais para se tornarem parte integrante da própria construção da personagem principal. Mauro Cezar Viera e Sabryna Mendes são apenas dois entre tantas pessoas que fizeram da literatura uma escolha e uma forma de transformar pensamentos em novas realidades que se multiplicam em imagens e perpetuam a arte nossa de cada dia. Em breve falaremos de outros deles.


ANA LUIZA ALMEIDA FERRO LE PORTIER Sous une ténue et douteuse lumière, parmi immeubles, bâtons et pierres, papiers pressés et triste aboyer, marche solitaire le portier — portier du soir. Pas inquiet, attendre éternel, regard fuyard et instinct entraîné, serre sa croix et va silencieux sous un coupant et ivre fouet; poursuit acculé le portier — portier du froid. Le silence errant perd sa fascination: voix et formes émergent distantes; tendu supposer de péril latent en répandant une tremblante torpeur; horreur de l’attente, conflit imminent; tôt attend quiet le portier — portier de la peur. Le siège se fait dans la rue dénudée; descend la violence insensée et vaine: sœur de la drogue; cousine de l’alcool; coups et blessures, animaux en lutte, criant et gémissant en sourde agonie; la mort guettant au coin de la vie: cédent le vent, la violence, le portier — portier de la mort. Il point. Au commissariat, l’occurrence; au journal, la nouvelle; et pour la rue marquée un nouveau portier: héritier du soir du froid de la peur de la mort. Publicada no livro Quando (São Paulo: Scortecci, 2008). No dia 04 de novembro, completamos 400 anos da expulsão dos franceses. Em homenagem aos fundadores da nossa cidade, e em atenção ao sério problema da criminalidade que enfrentamos, ofereço este poema aos amigos.


A TORRE DE VIGIA E O CÉU AZUL DOS ALBATROZES

ROSSINI CORRÊA160 Fernando Atallaia é um artista multimídia – poeta, compositor, jornalista, blogueiro, produtor cultural– com vocação para projetar uma singular presença nas letras e nas artes maranhenses, cujo melhor destino sempre foi o de refinar, em espírito, a civilização nacional. Assim foi e assim será. Desde o Grupo Maranhense que a Tribo Timbira concorre, de maneira decisiva, para a afirmação do humanismo brasileiro, trilhando os caminhos descerrados pela poesia universal de Gonçalves Dias, pela tradução recriadora de Odorico Mendes, pelo cânone linguístico de Sotero dos Reis, pelo universo matemático de Gomes de Souza e, no mínimo, pela filosofia moral de João Lisboa e pela multibiografia plutarqueana de Antônio Henriques Leal. A fertilidade do Grupo Maranhense perpassou a historiografia, com César Marques, o direito, com Candido Mendes e a política, com Luís Antônio Vieira da Silva, antecedidos, todos, pela fulgurante presença de José Cândido de Morais e Silva, o Farol, entusiasta das causas cívicas mais relevantes da vida pública brasileira, em seu processo sinuoso de conquista e de afirmação da autonomia nacional. Há traços constantes na tessitura da trajetória do Grupo Maranhense, dentre os quais podem ser destacados a poesia e o jornalismo. O sopro poético perpassou os interesses intelectuais da totalidade maranhense dos fundadores do humanismo brasileiro, do que não existe testemunho mais conclusivo do que a presença criadora de Gonçalves Dias, artífice incontrastável do verso na literatura brasileira, que conviveu com Odorico Mendes, o qual prestigiou o vernáculo, vertendo para a língua portuguesa a poesia épica universal de Homero e de Virgilio, advinda dos universos gregos e romanos. E mais: interesse poético eloqüente, que alcançou e envolveu o matemático astrônomo e pensador Gomes de Souza, o da Anthlogie Universelle, reunião do que lhe pareceu existir de melhor na lírica internacional, publicada em Leipzig, nos idos de 1859, por F.A.Brockhaus, a demonstrar que o zero da matemática e o infinito da poesia são irmãos, conforme reivindicava o poeta e calculista Joaquim Cardozo. Com o jornalismo não foi diferente. A mais alta linhagem da inteligência maranhense se vinculou à tradição das folhas, a começar por José Cândido de Morais e Silva, o Farol, logo desdobrado nas consulares presenças de João Lisboa, Sotero dos Reis e Joaquim Serra, no evolver de gerações que ganhariam os tempos e reclamariam para si, já no século XX, o concurso de Nascimento Moraes, Neiva Moreira, Franklin de Oliveira, Odylo Costa, filho, Bandeira Tibuzzi, Francisco do Couto Corrêa, José Sarney, Lago Burnett, Ferreira Gullar e Pires de Sabóia. Fundadores de jornais, renovadores do jornalismo, dirigentes de cadernos especiais, editores e editorialistas, bem como historiadores do jornalismo, os maranhenses transformaram as folhas em veículos de idéias, conferindo uma consistência única às causas democráticas brasileiras e internacionais, como aconteceu com Joaquim Serra e o abolicionismo e com Neiva Moreira e a emancipação dos povos. A carruagem da história cultural transitou a favor do Maranhão, fiel a si mesmo, na confirmação renovada de sua presença na cultura brasileira. Reiterar multiplicado de possibilidades, por meio da prosa de ficção de Aluizio de Azevedo, da etnografia e do folclore de Celso de Magalhães, do conto 160

Conselheiro Federal da OAB, Professor-Doutor e Advogado em Brasília. Filósofo do Direito, Corrêa é autor, entre outros títulos, de Saber Direito-Tratado de Filosofia Jurídica; Jusfilosofia de Deus; Crítica da Razão Legal; Bacharel, Bacharéis: Graça Aranha, discípulo de Tobias e companheiro de Nabuco; Canto Urbano da Silva; Formação Social do Maranhão; Baladas do Polidor de Estrelas; Teoria da Justiça no Antigo Testamento; e Brasil Essencial: como conhecer o país em cinco minutos. Pertence à Academia Brasiliense de Letras. http://blogdofernandoatallaia.blogspot.com.br/


e do teatro de Arthur Azevedo, da ourivesaria em versos de Raimundo Corrêa, do romance de Coelho Netto, da poligrafia de Graça Aranha, da doutrina de Teixeira Mendes e do cancioneiro de Catulo da Paixão Cearense, selando um casamento de amor com a cultura espiritual. Escola das artes e das letras, a paisagem cultural maranhense permaneceu fértil século XX afora, na contratura de gerações a encontrarem mestres como Antônio e Raimundo Lopes, que fomentaram e inspiraram talentos como os de Nunes Pereira, nos estudos antropológicos; Josué Montello, na prosa de ficção; Ignácio Rangel, na teoria econômica; Franklin de Oliveira, na filosofia da cultura; Odylo Costa, filho, no verso, na prosa e no jornalismo; Neiva Moreira, no jornalismo político e libertário; Antônio de Oliveira, na crítica literária; Oswaldino Marques, no pensamente estético; e Manoel Caetano Bandeira de Mello, na linhagem poética de Gonçalves Dias e de Raimundo Corrêa. Mais recentemente, a floração intelectual revigorada do Maranhão, por diferentes caminhos, encontrou na reiterada fonte da cultura revigorante destino, expresso nas vozes e nas presenças mais do que expressivas de Ferreira Gullar, Bandeira Tribuzzi, José Sarney, João Mohana, José Chagas, Bernardo Almeida, Nascimento Morais Filho, Nauro Machado, José Louzeiro e Arlete Nogueira da Cruz Machado. A polimorfa contribuição maranhense à cultura nacional, no verso, na prosa, no ensaio, na oratória, nas artes cênicas, enfim, em todas as manifestações do espírito, em si mesma, constitui um título de confirmação de que essa subjetividade comunicante é o quê de melhor distingue a Tribo Timbira na civilização brasileira, demarcando a sua inestimável e construtiva presença criadora. Fernando Atallaia, autor deste poemário intitulado Ode Triste para Amores Inacabados é, por excelência, herdeiro de uma tradição de cultura, que projeta no verso, na prosa, bem como na música, autor que é de mais de trezentas canções. Como ninguém floresce sozinho, Fernando Atallaia, integrante do Grupo Carranca de Poesia, irrigou a sua presença em todos os movimentos culturais que fertilizaram o Maranhão na viragem do século XX para o século XXI. Mauro Ciro, Bioque Mesito, Hagamenon de Jesus, Antônio Aílton, Dyl Pires, Ana Teixeira, Ciro Falcão, Ricardo Leão, Paulo Melo Sousa e Samarone Marinho são seus companheiros de viagem, na aventura cultural vivenciada com sentido universalista, na rua de nossa comum aldeia, como recomendava Leon Tolstoi. O canto sutil entoado por Fernando Atallaia, nesta Ode Triste para Amores Inacabados, com certeza, configura um artefato literário construído na emoção de tijolo sobreposto a tijolo, em busca da ambicionada simetria, com a qual a vida vivida possa ser redimensionada enquanto sentido, quando confrontada com tudo quanto é fraturado, inconcluso, dispare, bipolar, contrastante e melancólico. Trata-se de uma aguda manifestação refletida de sentimentos, que entre a reta e a curva procura o fio condutor dos labirintos de Creta da existência, com uma ambição de unidade frente à vida do mundo em estilhaços, ora recompostos na harmonia do canto poético. Desde Mônica Matos, “que não merece este poema”, mas a quem o cantor suplica: “Casa-te comigo e me calo”, até a sua mais intima confissão: “Tenho de pedras as mãos”, porém, “tenho os ossos na poeira”, os versos de Fernando Atallaia caminham na direção das liquefeitas consistências, pois “A casa é fortaleza para pele”. No arcabouço das eternas brevidades, a narrativa poética prossegue como testemunho de que “os poetas vagabundeados de aurora” são seres que podem dizer aos tempos: “Dores à parte eu também amei”, sob a dinâmica da fatal pergunta: “Quem sabe do amor mais que eu que amei de muletas?”. Fernando Atallaia entretece o seu contrastante canto entre o verso e a prosa, mas sempre com a poesia, em razão do timbre, da dicção e do ritmo subjacentes ao jogo de imagens com o qual trabalha sem descanso – “Minha alma disposta ainda pula muros” – até reencontrar no devenido os improváveis amanhãs resgatados entre sóis morrentes e redivivos, que galos nenhuns anunciaram ou renegaram três vezes:


Quem ensaiava o hino nacional apanhando na palmatória da consciência nem entendia o que era dor Continuava a cantar mais alto gritando a liberdade que perfurava os olhos e os pulmões Era uma morada de sonhos em desalinho alinhados para o amanhã de toda hora Sem contemplar o sol morrendo nos dias indo para os braços da lua ninguém sentia que a luz criava Sombras no arco-íris Por isso eles eram felizes muito felizes Conseguiam queimar fogueiras sem temer os sóis que eram irmãos e nasciam.

Existe uma memorável tradição de poesia em prosa, de prosa com poesia, de prosipoemas na literatura universal, que se encontra, em perspectiva próxima, entre Charles Baudelaire e Kalil Gibran, para ser econômico. Se se quiser recorrer a um horizonte distante, os Cantares de Salomão, na Bíblia Sagrada, dela configuram um testemunho mais do que valioso, pela glorificação espiritual do amor físico, de que a poesia de Fernando Atallaia se encontra perpassada, na fugaz tentativa de transformação do tempo em eternidade: Vem o meu e o teu dedo Alforriados da dor que nos afligia E vem o tempo que nos irradia Vem o meu e o teu dedo E de velho um novo dia Num arco-íris feito de anéis alianças E sóis que desvendamos Até o dia em que o ouro perde o brilho E nossas mãos se desvencilham Num arrancar de dedos.

Esta pulsão de encontro espiritual por meio das faíscas dos girassóis acesos nas brasas do mundo físico é um fio condutor na poética de Fernando Atallaia: “Demorei anos para construir este serralho / Demorei séculos para gozar neste latifúndio”, sob a fatalidade de desencontros marcados por inconclusos amores que inspiram tristes odes: “Nada de concreto guarda a vagina que alimenta o sonho de um orgasmo”. Qualquer coisa de divino a ser buscada entre o gelo e o fogo, na transitória salvação dos que desvelam no precário as ilhas afortunadas de alguma esvaída eternidade, entre o sal e o mel: O padrinho das ninfas em auroras sedentas –extintas O entregador de rosas à motocicleta veloz O algoz da tristeza apática das damas lançadas à ausência O empalador das fêmeas entredentes O ardor ao léu Meu nome? Meu nome é Jean Yves Lecastel Nasci entre brechas nas frestas escuras do afeto A ver a pele sangrar no dorso de mamilos rejeitados


Quais nascimentos sem odores Ao gosto do fel o nome necessário Do zelo no romper dos himens ao pesadelo Dos senhores frios congelados Frios patriarcas de castelos A nudez da princesa era o que clamava Debruçada entre cavalos ela no crepúsculo adormecia E o tempo lhe trazia até as mãos que já tocavam Ali no despertar de suas saias a me sugar todo mel A me sugar todo mel Meu nome? Meu nome é Jean Yves Lecastel”.

Este talvez seja o fio condutor de Ode Triste para Amores Inacabados: o da busca da alegria nas odes do absoluto, a esbarrar no contingente, a tropeçar no circunstancial e a conhecer as quedas do condicionado, quando a íntima ambição é a do infinito e a da eternidade. O agora e a finitude constituem aporias para a fome e a sede de metafísica, presentes na descomunal vontade de, pelo prazer e pela beleza, vencer a morte. Eis o substrato do alfa e do ômega da poesia de Fernando Atallaia, que floresce “de um quarto escuro para olhar a claridade” e encontra a solidez líquida da breve redenção no corpo do amor: Despertai das entranhas do desejo olho meu corpo meu Falo meu Falo de amor nessa hora Estátua em movimento desbunde em rotação Minha mão inspira seios de lolitas e ninfetas E que seja errante esse ser que busca Ao encontro de Vivi Fernandes e Lara Stevens levo um poema que baba Chupo o verso da vulva insaciável e Hilda dorme para me sugar enquanto gozo Chupo e caio Devo ir agora antes que o mundo se acabe.

Enfim, Ode Triste para Amores Inacabados, do poeta Fernando Atallaia possui dialogias que rememoram ora Mário Quintana, ora Manoel de Barros, na sua magia de retirar da quase prosa a sempre poesia. É quando Fernando, em cumprimento da promessa, vem se tornando Atallaia, palavra que, no árabe – "at-talai'a" –, significa torre de vigia, posto elevado, desde onde é possível vislumbrar as paragens adjacentes e longínquas, para a defesa do castelo e dos territórios como quê sagrados, de onde nasce, na hipótese, a asa da esperança. Que esta Ode Triste para Amores Inacabados seja, portanto, a certeza de novos e vindouros cometimentos, com os quais Fernando Atallaia conduza os cantares maranhenses ao céu azul em que passeiam os albatrozes.


BALADA DE ADEUS AO MEU IRMÃO EM CRISTO HÉLIO MARANHÃO

FERNANDO BRAGA O seminarista Helio Maranhão foi aluno de História Sagrada e Retórica, no Seminário de Santo Antônio, do Padre Odorico Braga, meu tio, ao tempo diocesano e depois transferido para a Companhia de Jesus, que lhe dizia sempre: “Hélio, tu tens de pronunciar corretamente as conjunções para que Jesus Cristo possa ouvir e atender tuas orações... Era apenas um reforço de lembrete do velho mestre, porque aquele jovem aluno as pronunciava correntemente dentro dos cânones exigidos pelo linguajar culto... Essa particularidade no seu aprendizado de Levita, ele sempre me dizia para ilustrar nossa conversa, como também, pedia minha atenção para que ele recitasse o belo soneto “O Crucifixo”, de seu colega, também seminarista e grande poeta Almeida Galhardo que escreveu essa peça irretocável quando se deparou com a imagem do nosso Cristo, trabalhada a ouro, e afixada em um belo cordão, a realçar no busto feminil de uma jovem em plena vesperal do velho Cine Édem... Hélio Maranhão foi meu querido amigo, confessor e conselheiro, que de mim tudo ouvia, sempre com uma resposta filosófica e paternal a transmitir-me, saída de sua voz mansa e apaziguadora. Participei, juntamente com o jornalista Nonato Cruz, o Professor Alberto Tavares Vieira da Silva [Professor de Direito e Juiz Federal] e todo o oficialato da Policia Militar do Maranhão, no Clube Social da Incorporação, em São Luis, na Praia do Araçagy, das Bodas de Ouro de sua Ordenação Sacerdotal, e vi e senti, como não poderia ser diferente, o quanto o Monsenhor era querido pelos seus colegas de farda, já que para o povo cá de fora, sabíamos ele sê-lo... Foi uma festa ilustre, onde fora relembrado aquele jovem de cinqüenta anos passados, recém saído da Universidade Gregoriana de Roma, onde concluiu seus estudos, a mando de D. José de Medeiros Delgado, Arcebispo do Mranhão, para ser ordenado Padre na Basílica de São João de Latrão, pelo Bispo de Roma, à época, o Papa Pio XII. Ele pertencia com seu brilho à Academia Barra-Cordense de Letras, onde era meu confrade, como também a Maranhense de Letras, ambas em Cadeiras patroneadas pelo seu tio, um dos nossos mais brilhantes poetas, um SOS mais inspirados poetas maranhenses de todos os tempos, José Américo Olímpio dos Albuquerques Maranhão Sobrinho... Essas duas cadeiras estão silenciosamente


de luto a chorarem a perda do seu humilde e brilhante ocupante, um dos mais ilustres maranhenses, agora chamado por Deus para a grande travessia... Fazia alguns meses que não nos falávamos ao telefone, mas os dois últimos livros que lhe mandei foram o meu “Magma” e “A Casa de Cunhaú”, do escritor potiguar Luís da Câmara Cascudo [História e Genealogia] sobre os Albuquerques Maranhão, obra editada pelas Edições Técnicas do Senado Federal, nº 45, de 2008, com prefácio, notas, quadro genealógico e glossário de Paulo Fernando de Albuquerque Maranhão, primo do nosso Monsenhor Hélio... Esse livro nos remete ao parentesco dos Albuquerques Maranhão com os Holanda, de onde descendo por parte materna... Ao enviar-lhe o livro, mandei-lhe dentro essa observação, a qual, naturalmente, ele já conhecia... “Monsenhor Hélio, meu irmão em Cristo, suas bênçãos, se já eu era ligado por laços intelectuais e de admiração ao poeta José Américo Olímpio dos Albuquerques Maranhão Sobrinho, e pelo senhor, seu sobrinho-neto, mais unido fico, aos que são bons de espírito, e aos de berço, bem nascidos”.Ele, por telefone, agradeceu-me a rir e a dizer chalaças a seu modo... Muito ainda teria a dizer sobre esse filho ilustre de Barra do Corda, onde nasceu a 27 de maio de 1930. Em todos os momentos que falávamos dessa encantadora cidade, vinham-lhe lágrimas aos olhos... A “Canção do abandono” de Olimpio Cruz, “Papéis Velhos” do poeta seu tio-avô, o rio, os doces da Mãe Arsênia, o nosso poeta Nicanor Azevedo, Éder Salomão, Zezé Arruda, o Sempiterno Duque do Giz, a Maria de Paula e tantas lembranças que justificavam plenamente aquela emoção de quem foi Pároco em diversas cidades do Maranhão, Capelão da Policia Militar do Maranhão por mais de trinta anos, cargo em que ele fazia questão de dizer ser o Capelão Militar mais velho do mundo, no posto de Coronel; Vice Capelão da Capelania Militar do Brasil, situada em Brasília, e Vigário Forâneo do Maranhão, Piauí, Pará e Amapá... Sua biobibliografia é extensa, como extensa é a alma para Fernando Pessoa... E o que dizer agora diante do corpo inerte e frio, de Hélio Maranhão, morto nessa última terça feira, dia 10 de novembro de 2015, aos 85 anos, em um dos leitos do Centro Médico Maranhense, em São Luis, onde estava internado... Tenho a impressão de que seus agônicos olhos, como os de Sóror Teresa [soneto clássico de Maranhão Sobrinho], boiaram também dentro dos olhos do Senhor da Penha... . Era Monsenhor Hélio Nava dos Albuquerques Maranhão, um autêntico Levita de Deus, um homem de Fé, um soldado cumpridor dos seus deveres, um intelectual de fina estirpe, um orador Sacro que comovia porque tinha uma bagagem cultural bem construída nos alicerces humanísticos e nos moldes clássicos, como também tinha a certeza de que até Cristo estava a ouvir-lhe, porque ele sabia, recordado pelo Jesuíta Odorico Braga, colocar nos seus devidos lugares, aquelas benditas conjunções... “Goes aetas mi frater tuus... tempore per Dominum nostrum Iesum Christum consistere dicitur perpetua lux rubet... Vale!”


TEORIAS CONSPIRATÓRIAS OU O DESPERTAR DA MATRIX? HENRIQUE BORRALHO HTTP://VERSURA.BLOGSPOT.COM.BR/2015/11/TEORIAS-CONSPIRATORIAS-OU-O-DESPERTAR_15.HTML PUBLICDO EM 15 DE NOVEMBRO DE 2015

Já imaginaram acordarmos de um sono letárgico numa manhã calma e não reconhecermos o mundo em que vivemos, como se tudo não passasse de uma miríade, uma quimera, e, ao abrirmos os jornais, depararmo-nos com notícias reveladoras contrariando qualquer lógica? O que fazer com os livros de história e todo conteúdo da ciência que terá que ser ressignificado? Seria uma verdadeira hecatombe se descobríssemos que todo esse tempo fomos manipulados; e o pior é que, de fato, fomos. A literatura, desde o seu nascimento, independentemente da forma ou escola, tem pincelado nuances de uma abertura, um furo na perspectiva de como encaramos a cognominada realidade. Ela foi alçada à condição própria, específica, nem ciência, nem artes e, sim, literatura, por ter a capacidade de transgredir as barreiras da percepção usando uma linguagem não usual, nem na ciência nem na arte. A grande questão é se a literatura foi “inventada” porque seus inventores, escritores, leitores, enfim, “sabiam”, de alguma forma ou de algum jeito, que faltava algo, como se o jogo de quebracabeças não se encaixasse. A sensibilidade, tantas vezes incompreendida, foi uma forma atávica de descrição de um mundo, ou aspiração de um desejo de um lugar qual o mundo real não compreendia e não comportava. Então, recorrendo à verossimilhança ou à inverossimilhança, as pessoas, leitoras de poesia, contos, crônicas, novelas, romances e congêneres, não suportando a realidade, se transportam para o universo criado pelo autor. E, se os autores no fundo estavam e estão captando informações que nem eles mesmo compreendiam e compreendem? E se a literatura, como apregoa Josefina Ludmer, em seus conceitos de “narratário” e “imaginação pública”, de fato seja uma antena plugada no mundo paralelo, em que somente a capacidade criativa pode conectar pessoas pelo impulsionamento da invenção, que no fundo é relegere, quer no sentido de religare quer no sentido de releitura? Quem nunca se deliciou com Homero? Quantas histórias das Mil e Uma Noites não embalaram a criatividade dos muçulmanos, morros, sarracenos, árabes? É possível dimensionar o quanto os contos e lendas africanas cocriaram um mundo inteligível e superior à realidade? “O gênero mais difundido e duradouro na cultura árabe foi o romance. Grandes ciclos de histórias sobre heróis surgiram com o passar dos séculos. Suas origens se perdem nas névoas do tempo, e podem encontrar diferentes versões em várias tradições culturais. Podem ter existido na tradição oral antes de escritos. Entre eles, havia a história de Antar ibn Shaddad, filho de uma escrava, que se tornou um herói tribal árabe; Iskandar, ou Alexandre, o Grande; Baybars, o vencedor de mongóis e fundador da dinastia mameluca no Egito; e o Banu Hilal, a tribo árabe que migrou para os países do Magreb. Os temas dos ciclos são variados. Algumas são histórias de aventura ou viagem contados pelo simples prazer da história; outros evocam o universo de forças sobrenaturais que cercam a vida humana, espíritos, espadas com poderes mágicos, cidades de sonho; no centro delas está a ideia do herói ou grupo heroico, um homem ou grupo de homens lutando contra as forças do mal – homens ou demônios, ou suas próprias paixões – e vencendo-as, conforme HOURANT, Albert (“Uma história dos povos árabes”, 1994, pp 203204).


“O costume de contar histórias existe em toda parte, enquanto a arte propriamente dita ocorre, sobretudo, na África Ocidental e na região do Congo, onde o povo leva uma vida mais sedentária e agrícola favorável à acumulação de posses, incluindo esculturas… Costuma-se contar as histórias ao anoitecer, quando o trabalho do dia já foi feito. As histórias que se seguem tem a desvantagem de ser impressas e de não contar com o acompanhamento da mímica, da entonação de voz e mesmo da música, recursos invariavelmente usados pelo contador de histórias africano. As histórias não são usadas como veículo para expressar o desejo de autorrealização, a injustiça da vida é aceita, o herói nem sempre triunfa e os crimes podem passar sem castigo, segundo CAREY, Margret (Contos e lendas da África, 1981, p. 06).

Até onde o inferno de Dante não é uma diretividade da loucura humana sob a forma de representação de um mundo físico cáustico, mas que na verdade se reproduzia o tempo todo nos imaginários sociais da época medieva? E o elogio da loucura, de Erasmo de Roterdã? Era de quem não conseguia enxergar o mundo para além de sua plausibilidade? Os moinhos de vento de Dom Quixote são uma farsa quixotesca para denunciar a ausência de ventilação da tíbia percepção humana? De onde vieram as inspirações dos autores russos: Gogol, Pushkin, Dostoiévski, Maiakovski? Freud, de uma certa forma, aponta alguns caminhos explicativos sobre a literança e os formalistas russos iniciaram um processo de explicação formal da explicação literária, mas, ainda assim, as condições objetivas, a infância, as marcas pessoais são suficientes para explicar a capacidade de desenhar mundos que não são tangíveis? Lewis Carroll queria nos indicar alguma coisa, ao escrever Alice no País das Maravilhas? E Julio Verne? E as dores de Fernando Pessoa? Quantas pessoas havia nele? Não seria uma forma de dizer que a realidade, tal como se apresenta, não passa de uma miríade e ele, compungido, também por não a entender, criou os vários “eus”, várias pessoas, cada uma falando de um lugar porque todos eram ele em lugares distintos? A relação das obras literárias “criando” mundos e sensações é quase infinda e nos retirou de um lugar comum, nos mostrando a nossa grande capacidade de reinvenção. O que eu irei discorrer não elimina o ato criador, muito pelo contrário, reforça a tese da teoria literária de que a literatura fala de um lugar diferente da escrita burocrática, científica, ou outras linguagens exatamente pela abertura, pelo furo que se permite ser distintamente de outras linguagens. Sempre me quedei por que destruíram, queimaram a Biblioteca de Alexandria no Egito antigo. Quem a queimou? Por quê? O que havia naquelas obras? Quais os perigos? Por que não podemos desfrutar de tais conteúdos? O que a Igreja católica reteve e por que ainda guarda um volume imenso de informações sobre a antiguidade e idade média sem permitir o livre acesso a tais obras? É bem verdade que cumpriu um papel importante, ao transcrever as obras que restaram, chegando até nos dias atuais num trabalho duro dos monges copistas, mas, e se informou apenas o que interessou a ela? Neste caso e até hoje, a literatura, no dizer de Gabriel Garcia Marques, é uma espécie de vingança do autor, um ato de revolta contra injustiças, ações que retiraram do mundo a beleza, ou até mesmo a capacidade de se revelarem novos mundos. Ao queimarem a Biblioteca de Alexandria, coube à literatura a difícil tarefa de reinventar e recontar o mundo. Até 555, a igreja católica aceitava livremente a teoria da reencarnação, quando Justiniano, sob o pretexto da influência de sua mulher, ex-prostituta, que não aceitava a teoria do Karma, publicou no capítulo 11 as proibições às teses de Orígenes, que versavam sobre o tema, distanciando o cristianismo das outras religiões orientais. Além de um processo até hoje não revelado de mudança dos textos da bíblia ao longo da idade média, supressão de livros que supostamente ameaçavam seu poder, tais como o de Enoque, Tobias, Macabeus, Judith. E, sobre reencarnação, todo mundo


deveria ler a obra de um dos maiores e mais respeitados e renomados psiquiatras estadunidenses, o best seller: Muitas vidas, muitos mestres, de autoria do Drº Brian Weiss. Por que as mulheres, intituladas de bruxas, e bruxa significa “mulher sábia”, foram queimadas? Apenas pelo caráter misógino de serem culpadas pela entrada do pecado inicial com Eva? Isso foi apenas pretexto para esconder o que elas de fato sabiam, portanto, não se tratou de preconceito, mas de conceito e ação política para silenciar e esconder o que a humanidade não deveria jamais saber? E os hereges? Por que foram queimados? Por que iam contra os princípios cristãos católicos, ameaçando o poder da igreja, exatamente por serem portadores de informação que alteraria radicalmente a forma como enxergávamos a história, a criação divina e todo repertório que permitiu a manipulação das informações? A relação dos hereges inclui Copérnico, Galileu, Newton, dentre tantos outros, exatamente aqueles que ameaçavam um saber institucionalizado. Imaginem o que Colombo enfrentou, ao se basear nas teorias de Ptolomeu para provar que a terra era redonda e poder enfim fazer a circunavegação? E o Index Prohibitorum, relação de livros proibidos pela igreja católica? Não obstante, ao tentar se livrar do período de dominação das informações pela igreja católica e construção do saber, a modernidade viu, segundo Hannah Arendt, o desencantamento do mundo, da magia e o início do que Foucault cognominou de nova reengenharia social, ou seja, uma economia política encetada pelo estado, atrelada a uma nova ética, sociabilidade, racionalidade, em que os velhos paradigmas não serviam mais e a construção de uma nova sociedade pautada no capitalismo, na produção e na verificação científica, consubstanciada pelo iluminismo. Era a substituição do mito da religião pelo mito da ciência; a questão, isto também vale para a religião, era: qual ciência? Começou então um processo de estigmatização da intuição, do sentimento, contra o qual se levantou o romantismo, absorvendo parte dos valores iluministas, mas não abrindo mão do sensitismo. A especialização, que coloca tudo em gavetas e foi propugnada como símbolo do conhecimento aprimorado, aprofundado, verdadeiro e crível, separou tudo, fragmentou o mundo, dividiu o conhecimento, abastardou ciência e religião e, presunçosamente, considerou que descobriria toda a “verdade” sobre o universo, prometendo inclusive a paz, o progresso indefinido e a felicidade. Sabemos o resultado. A dúvida, “princípio do saber”, não é originária de Descartes, mas da Filosofia; levou Max Planck e Heinseberg a colocarem Newton na berlinda e mexerem nos princípios da Física, abrindo espaço para a Física Quântica, que mostrou, dentre outras coisas, que existe um mundo subatômico, que o átomo é divisível e que tudo é energia. Não tardou para os princípios iluministas entrarem em crise já no século XX, após a eclosão de duas Guerras, da ascensão do nazifascismo, da explosão de riqueza e miséria oriunda do capitalismo. Depois, surgiram as teorias críticas e pós-criticas (pós-estruturalismo, pós-modernidade, multiculturalismo e pós-colonialismo), criticando as metanarrativas e o caráter eurocêntrico do pensamento, abrindo caminho para o retorno do pensamento holístico e para o surgimento de novas perspectivas, inclusive da ciência, de uma nova ciência, mais humanizada, crítica e reflexiva, mais plural. Tudo isso contribui para a abertura de novas zonas de percepção e para a escalada de teorias, a princípio conspiratórias, mas que aos poucos têm se revelado verdadeiras, ainda que não se possa abrir mão do caráter da dúvida e da contraprova.


A primeira teoria conspiratória data de 08 de julho de 1947, em um incidente que ficou conhecido como a queda de um OVNI em Roswell, Novo México. Depois, num outro caso famoso, a área 51, Nevada, Estados Unidos, Boyd Bushman, cientista que trabalhou nesse local, antes de morrer divulgou as fotos do projeto em que aparecem alienígenas e um conjunto de informações sobre o tal segredo de Estado. Como era o início da Guerra Fria, os Estados Unidos trataram de desmentir, mas aos poucos novas evidências, provas e depoimentos surgiram, colocando o governo deste país cada vez mais em xeque, sobretudo depois das declarações do ex-astronauta, primeiro homem a pisar na Lua, Neil Armstrong sobre o que viu na Lua (naves alienígenas), as ameaças do presidente Russo, Vladimir Putin, acerca da existência de alienígenas trabalhando para o governo daquele país, do ex-secretário de Defesa do Canadá, Paul Hellyer, afirmando que alienígenas trabalham para o governo deste mesmo país, de Karen Hudes, ex-executiva do Banco Mundial, afirmando que alienígenas controlam a economia mundial, do governo mexicano, divulgando artefatos alienígenas do sítio arqueológico de Calakmul, no México, sob a propriedade do Instituto Nacional de Antropologia e História, INAH, e até do Ministério da Aeronáutica do Brasil, abrindo o acervo documental sobre a existência de objetos voadores não identificados. Sobre estas questões, cabem análises a partir do método lógico-dedutivo: Todas as afirmações acima são falsas; Todas as afirmações acima são verdadeiras; Algumas afirmações são verdadeiras e outras falsas; As afirmações são verdadeiras, mas as fontes de notícias falsearam, ampliaram, distorceram as afirmações, logo, as afirmações não possuem critérios de veracidade; As afirmações são verdadeiras, mas as fontes de notícias falsearam, ampliaram, distorceram as afirmações, logo, as afirmações são verdadeiras, mas não podem passar pelo critério de veracidade a partir do nosso postulado de verificação e verdade. O problema é que a quantidade de livros, artigos, links, notícias, reportagens, documentos oficias, informações de figuras públicas, oficiais das forças armadas, cientistas, é cada vez maior e se avolumam a tal ponto que uma dúvida passou a inquietar. Ora, dois ex-presidentes dos Estados Unidos, em cadeia nacional, fizeram exatamente a mesma afirmação: “ o povo dos Estados Unidos não está preparado para saber a verdade sobre os extraterrestres”. É possível que estivessem blefando? Ou desviando a atenção para os problemas internos do país? Sim, é possível, sobretudo no caso de Ronald Reagan, criador do programa Star Wars (Guerra nas Estrelas), carreando bilhões de dólares do orçamento da União sob o pretexto de proteção contra possíveis mísseis russos, rivais no processo da guerra fria. O outro ex-presidente em questão é George Herbert Walker Bush, expresidente da Cia. Falarei dele mais à frente, bem como sobre o tema do Programa Guerra nas Estrelas. Sobre isso, cabe, novamente, uma análise dedutiva: As pessoas envolvidas e fornecedoras de tais informações são esquizofrênicas; As pessoas envolvidas e fornecedoras de tais informações não são esquizofrênicas, mas necessitam da criação de um mito, de algo que lhes dê sublimação ante um mundo caótico; As pessoas envolvidas e fornecedoras de tais informações não são esquizofrênicas, mas partindo do mesmo princípio salvacionista, religioso, creem numa ascese, no plano transcendente, tentando se salvar, resguardando-se de uma culpa cristã;


As pessoas envolvidas e fornecedoras de tais informações não são esquizofrênicas, mas, num princípio psicanalítico, a partir do conceito de arquétipo, querem se colocar nas condições de heróis, tendo notoriedade por revelarem ao mundo informações completamente desconhecidas; As pessoas envolvidas e fornecedoras de tais informações não são esquizofrênicas e, não tendo mais nada a temer, resolveram se rebelar contra a ordem instituída, o que não deixa de constituir um ato de heroísmo, mas, fugindo do princípio de notoriedade, querem tão somente, até por serem pessoas envolvidas em questões de tamanha gravidade, revelar ao mundo o que ele precisa saber. Um dos problemas da verificabilidade das informações que se seguirão a partir de agora deve-se ao fato de que, ainda que exista um farto material e em larga escala fácil de ser consultado, todos estão disponíveis na internet. Sendo assim, serve o princípio do método dedutivo usado acima. Voltemos ao caso Roswell. Curiosamente, dez anos depois deste episódio, o governo dos Estados Unidos fundou a NASA, agência espacial, em 29 de julho de 1958. Onze anos depois, o homem pisaria na Lua, 20 de julho de 1969. Em 2015, astronautas que participaram das várias missões (Apollo) começam a fazer declarações, posto que na época foram impedidos. Parece-nos que a questão da vida extraterrena é cada vez mais plausível, a própria NASA já declarou que em 2020 fará o primeiro contato extraterrestre, afora o fato de até o presente momento 100 milhões de galáxias já terem sidos catalogadas. Factível a hipótese da existência de vida fora da terra, afinal, por que o Universo privilegiaria a nossa espécie? O problema é que aceitar a existência de vida fora da terra é consequentemente aceitar, ou pelo menos refletir sobre, as inferências a partir de tal pressuposto. Se existe vida fora da terra, já fizeram contato conosco? Já interferiram na nossa evolução? O que querem? Por que nunca fizeram contato? Tudo o que será exposto foi extraído da internet, lugar onde cada temática possui uma variedade enorme de informações, produzidas por pessoas diferentes, em lugares diferentes, em tempos diferentes, embora, em alguns casos, as informações sejam discordantes em alguns aspectos. Seres extraterrenos sempre fizeram contato conosco e as evidências estão por todos os lugares, desde as pirâmides existentes em vários lugares da terra (Europa, África, Oriente Médio, na Ásia Setentrional, no Pacífico Sul e nas Américas). [A pirâmide zigurate, reconstruída, em Ur, antiga Suméria; a pirâmide de degraus de Saqqara; as pirâmides lisas de Gisé, Hancock e Bauval; as pirâmides de degraus extremamente decoradas em Chichen-Itza, Monte Alban; pirâmide elíptica de Uxmal; pirâmide de Cholula, na sombra do vulcão Popocatepetl; Três Zapotes, um sítio olmeca; pirâmide-tumba moche, perto da cidade de Sipan; a Pirâmide Branca, perto de Xi’na; as 100 pirâmides na China, perto de Xi’na, em Tongatabu; uma pirâmide-templo no Taiti; antigas em Samoa e em Java; pirâmide de Hellinikon, perto de Argos; as pirâmides de Guimar; pirâmide-monte do Monge, em Cahokia, Illinois; Yonaguni-Jima, situada entre o Mar da China Oriental e o Mar Filipino, dentre tantas outras], mesmo sem provas de contatos entre tais povos, passando pela arqueologia que encontrou vestígios alienígenas, cujos artefatos, no caso das pirâmides egípcias, foram comprados pelos Rockefeller, segundo alguns sítios publicados na internet. Todas as informações existentes na internet são verdadeiras? Não, usando o dispositivo – no sentido agambeniano (Giorgio Agamben) do termo -, o upload, qualquer pessoa pode facilmente publicar uma informação sem que necessariamente passe pelo crivo da verificação. A questão é quando a quantidade de dados obtidos é volumosa, variada, e o pior, sem que haja uma contrapartida das partes apressadas e interessadas em desmentir certas notícias. Além do mais, cada vez mais, quando uma notícia é falaciosa, tem ocorrido de se publicar a informação verdadeira.


Como se não bastassem os uploads da internet, sítios de notícias em textos, há uma variegada diversificação de vídeos feitos por pessoas anônimas, cujo caráter de verdade foi comprovado por especialistas em imagens, bem como também uma quantidade de outros que já foram desmentidos. As pessoas montaram tais vídeos? Todos? Inclusive os que passaram e foram discutidos em canais de televisão ao redor do mundo, especialistas em imagens? Qual a relação dos extraterrenos com as teorias conspiratórias? Se existe vida além-terra, todos os humanoides, mais avançados tecnologicamente, caso contrário não teriam naves interestelares, não fizeram contatos com governos e têm se mantido em segredo todo este tempo? Resposta, não. Como citado acima, o ex-ministro da defesa do Canadá, Paul Hellyer, a ex-executiva do Banco Mundial, Karen Hudes, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, declararam enfaticamente que alienígenas trabalham para o governo dos Estados Unidos. Eles, os alienígenas que trabalham para o governo dos Estados Unidos, são os Reptilianos e estão conosco há muito tempo, inclusive colaboraram com os Nazistas, sobretudo no desenvolvimento da ÁGUA FLUORETADA, e posteriormente com outros países, tais como os Estados Unidos no que tange ao HAARP, INSETICIDAS E AGROTÓXICOS CARREGADOS DE ALUMÍNIO, ARSÊNIO, BÁRIO, BORO E FLÚOR; ALIMENTOS GENETICAMENTE MODIFICADOS; 440 Hz (determinado pela organização internacional de normalização (IS0) como padrão geral de ajuste para o campo musical. Sobre o HAARP, ou programa de alta frequência da Ionosfera, é um programa militar até então secreto, desenvolvido pela marinha e exército estadunidense. A alegação é de que desenvolviam transmissão de longa distância entre submarinos e aviões, já que na ionosfera não existem interferências. Mas a Rússia alega que na verdade se trata de uma arma militar responsável por terremotos e tsunamis. O que as ondas sonoras fazem é mexer nas placas tectônicas. As declarações do ex-Vice-Secretário da Força Aérea dos E.U.A, David Walker, colocam um ponto final da teoria da conspiração quanto a este aparelho, pois ele afirmou que, de fato, interfere no clima da terra. 2) SOBRE O FLÚOR. O flúor calcifica a glândula pineal, epífise neural, responsável pela melatonina, hormônio responsável pela regulação dos ritmos do corpo (ciclos circadiano), relógio biológico e o sono. Existem pesquisas que alegam o Alzheimer está associado à calcificação desta glândula. 3) SOBRE O CHEMTRAIL. Ou a pulverização de nossas lavouras, a quantidade de metais pesados está associada à aparição de várias doenças. 4) Alimentos geneticamente modificados. Existe um longo debate sobre isso, alguns países já proibiram, enquanto no Brasil estamos retirando os rótulos de tais produtos. 5) 440 Hz. Mozart e Beethoven sabiam disso. Essa frequência promove dispersão, irritação, agitação. O sentido é nos tornar irreflexivos, ávidos por mais agitação, mais frenesi. O conjunto destes elementos, associado às outras questões, chama-se Matrix. Tudo feito para nos matar e dispersar. Qual o objetivo? Não questionarmos, não refletirmos sobre o modelo de vida que escolhemos e vivemos, aceitando informações mentirosas da mídia, controlada pelo capital, impondo um padrão de vida, regimes políticos, padrões econômicos, tal como o consumo desenfreado esgotando os recursos naturais da Terra, forçando guerras e destruindo questões interétnicas, tais como as tribos indígenas ou outros povos, alimentando a indústria do agrobusiness que irresponsavelmente destrói áreas de preservação ambiental.


Existe uma metáfora dos reptilianos na Bíblia (a serpente que “enganou” Eva, uma alegoria do início da raça humana, Eva como um símbolo de nossa criação). Os reptilianos são acusados de interferirem diretamente no nosso processo evolutivo, com o fito de nos aprisionar. Quando a Bíblia usa a expressão: “ e a partir deste momento” – referindo-se ao ato de comer a maçã -, sereis como um de nós, conhecedores do bem e do mal” (Gênesis 3; 5), ou seja, em troca de informações importantes, inclusive de mutações genéticas, hibridização de raças, têm nos enganado, influenciando na nossa forma de compreensão do mundo, além de terem estimulado guerras, divisões como forma de nos manter na matrix. Isso nos redime ou exime nossa responsabilidade sobre quem somos e nossas escolhas? De forma alguma, sobretudo porque tudo foi feito com o consentimento de nossas lideranças políticas, além do fato de que a imensa maioria não sabia de nada, reforçando o caráter cultural de segregação, distanciamento, arrogância e superioridade em relação a outros povos da terra. Que trágico!!! Nós nos sentindo superiores em relação a outras culturas, quando na verdade estamos bem abaixo tecnologicamente de outras raças humanoides. Dentre as raças mais evoluídas que os terráqueos, estão os lemurianos, vivendo bem abaixo de nós, mais aproximadamente a 2000 km de profundidade do solo da terra. O poço mais profundo cavado pelo homem fica na Rússia, em Kola, e mede apenas 12.262 metros, ou seja, pouco mais de 12 km. Não existe tecnologia nem material suficiente para cavar tal profundidade. No entanto, é possível chegar a tal lugar por dois lugares: os centros dos polos norte e sul. Quer dizer então que a terra é oca? Exatamente. Existem vídeos produzidos pela NASA que atestam tal fato, além do que, se não fosse proibido internacionalmente sobrevoar tais regiões sob a alegação de pane e defeitos nos equipamentos dos aviões, qualquer um poderia facilmente avistar tais entradas. Boa parte dos OVNIS que avistamos sai de dentro da terra. Eles têm nos observado há milênios e contribuído para o equilíbrio de Gaia, Terra, Tiamat, alguns nomes que algumas civilizações deram ao nosso planeta, visitado desde sua tenra criação. Uma das raças que atribuíram o nome da terra de Tiamat foram os Annunakis, autointituladores de criadores da raça humana, por terem antes dos reptilianos exercido a capacidade de hibridização entre várias raças, dentre eles próprios e nós. Existe algum vestígio desta civilização na terra? Sim, os gigantes que, vez por outra, são encontrados em sítios arqueológicos, seriamente criticados por outros arqueólogos. Os Annunakis foram os primeiros a serem cultuados pela raça humana como deuses, pela incapacidade de compreensão sobre a existência de vida além-terra. Sinais da existência de tal raça existem em construções sumérias-acadianas, babilônicas, além das pesquisas que atestam a existência de fósseis de humanoides gigantes espalhados pela terra, tais como os da Ilha de Páscoa, descoberta em 1722 pelo navegador holandês Jacob Roggeveen, que “descobriu a ilha e relatou sobre os gigantes em seu diário, em várias partes dos Estados Unidos e também Europa e Ásia.” E a questão dos dinossauros, desapareceram com a queda do meteoro? Não, foram levados para outros lugares, bem como os gigantes da ilha de Páscoa e os Maias, que desapareceram antes da chegada dos espanhóis. Os vestígios de dinossauros que são encontrados foram aqueles que morreram antes de serem retirados da terra. Ora, se povoaram a terra aos milhões, não seria razoável encontrar milhões de fósseis? Quanto aos Maias, ainda prevalecem as teorias de escassez alimentar, fruto da crise agrícola, da guerra civil e dos sacrifícios matando a todos. Pois bem, onde estão esses ossos? O Universo é bem maior do que nossa vã filosofia possa presumir. Todos pertencemos ao Cosmos, vimos de outros lugares e para outros lugares iremos. Ninguém é indefinidamente e infinitamente de um único lugar. Assim como outras civilizações já passaram por aqui e foram para


outros orbes, o mesmo acontecerá conosco, civilização chegada à Terra provavelmente há 10.000 anos atrás. A Terra está passando por um brutal processo de transformação e muita gente não quer que tais informações cheguem à tona. Dentre esses grupos políticos, estão os Illuminati (as 28 famílias mais ricas da terra, donas de bancos, indústria do entretenimento, empreiteiras e vários negócios), aliados da Cabala Escura, grupo conspiracionista, dos nazionistas, que controlam governos como o de Israel, máfias, tais como a sociedade dos Dragões Brancos, e, claro, os reptilianos. A questão é que a verdade não pode ser escondida durante muito tempo. Já existe farto material sobre a fraude do 11 de setembro, a queda das torres gêmeas do World Trade Center – basta ler a denúncia de Michael Moore em Stupid White Man ou assistir seu documentário Fahrenheit 11/09 ou ainda aos documentários dos bombeiros sobreviventes que afirmam enfaticamente que ouviram as explosões de baixo, subsolo dos prédios para cima após o choque dos aviões -, a comprovação de que os Estados Unidos criaram, patrocinaram o Estado Islâmico, assim como havia se aliado ao Talebã em 1979, durante a ocupação soviética no Afeganistão. O curioso é que todo esse riquíssimo material pode ser acessado pela internet, instrumento inventado pelas forças armadas dos Estados Unidos como instrumento de comunicação. Acontece que não é possível controlar a circulação das informações e a internet tem sido usada, inclusive, para se contrapor à grande mídia, controlada pelo capital. Para se ter uma ideia de como o feitiço virou contra o feiticeiro, basta ver o “perigo da Deep web”, submundo da internet onde os IP’s (identificação dos computadores) são apagados e são completamente controlados por hackers, transmutando um mundo subversivo de informações sem controle dos governos. Existem pelo menos 8 camadas de acesso à Deep Web e os últimos somente especialistas em TI podem acessar. É de lá que o Wikileaks, através de Julian Assange, publiciza os documentos até então mantidos em segredos por governos, e de lá também que Edward Snowden faz suas revelações, tais como a existência de ET’S, a vigilância de cidadãos estadunidenses e de chefes de Estado por parte da CIA. Cientistas estão assustados com o que estão chamando de “a chegada de Universos paralelos à terra”. O mundo tal como conhecemos e concebemos irá mudar radicalmente, a partir das revelações que por hora começam a aparecer. Mas não só com a descoberta de mundos paralelos, como também com a chegada do Planeta Nibiru, “o segundo sol”, cujo movimento elíptico de passagem pela terra está previsto entre 2016 e 2019, causando grandes catástrofes naturais. Por conta da descoberta do movimento deste planeta, 14 trilhões de dólares sumiram do orçamento dos Estados Unidos em 2008, período do governo Bush, o filho, causando a crise econômica mundial naquele ano, além da crise imobiliária. Este dinheiro foi usado para quê? Construção de abrigos, de um plano de emergência, em caso de uma hecatombe mundial. Dentre outras revelações que vão chocar o mundo, está a de que durante este tempo todo Annunakis, reptilianos e greys (estes últimos responsáveis por abduções, sequestros e experimentos genéticos em seres humanos) não querem que saibamos da verdade e estão por detrás da mídia e de uma parte da indústria cinematográfica, cuja temática sempre foi a de que alienígenas são inimigos e querem dominar a terra espalhando medo, paúra e terror, uma estratégia metanarrativa de usar a própria imagem de dominação, como se não fossem eles os responsáveis por isso, atribuindo a outros alienígenas, adversários desses citados e nossos aliados no processo de nossa evolução ética, cultural e espiritual, tais como os: lemurianos, arcturianos, pleiadianos, andromedanos e uma infinidade de humanoides esperando a hora para se revelarem. E não falta muito. Foram estes últimos que impediram guerras nucleares, fazem constantemente um processo de restauração da terra e monitoram nossas atividades nucleares. Como é possível entrar em contato com eles? Desdobramento astral, telepatia. É dessa forma que centenas de milhares de pessoas ao


redor do mundo têm transmitido seus recados à humanidade e nos alertado sobre as ações dos illuminati, da Cabala Escura, dos Nazionistas e das falsas informações circulantes pela rede. Bob Dean é um ufólogo e ex-militar aposentado dos Estados Unidos que participou de várias operações, como na Guerra da Coreia. Bob conseguiu provas de OVNIs pairando pelos céus há muito tempo omitidas pela NASA, dentre tais provas estão fotos da missão Apolo 13 sobre uma espaçonave de 3.200 km de comprimento e 800 km de largura estacionado perto da órbita de Saturno. Essas fotos estão disponíveis da internet. A glândula pineal, calcificada durante centenas de anos pela água fluoretada, pela nossa alimentação contaminada, pela frequência em 440 hz, é também o órgão responsável pela abertura do terceiro olho, responsável pelas sensações, percepções, tais como a telepatia. Ainda falta falar de George H W Bush, o pai. Ex-chefe da CIA, proibiu o então presidente Jimmy Carter de ter acesso aos documentos secretos sobre alienígenas. Pergunta: a quem então o presidente da CIA respondia? Por que negou informações ao Presidente da República? Não é curioso que o pai e o filho se envolveram em duas Guerras: a do Golfo e a do Iraque? Sendo esta última uma completa farsa, sob a alegação de armas de destruição em massa destruindo o Iraque, que até hoje nunca se recuperou? A terra passará à 5ª dimensão, outra forma de conceber a existência, longe da dualidade conteúdo-forma, bem-mal, verificação-intuição, dedução-sensibilidade. A forma como compreendemos a história irá mudar radicalmente e também nossa posição no universo. Os terríveis atentados de 13 de novembro de 2015 em Paris, que mataram mais de 100 pessoas, assumidos pelo Estado Islâmico, fazem parte de uma longa estratégia de dominação: dividir para conquistar. O nosso modelo civilizacional entrou em colapso pelo fato de ainda nos vermos como inimigos, cujos interesses do capital escravizam, empobrecem, matam, torturam bilhões de pessoas ao redor do mundo. Existem forças que controlam o planeta que não querem nossa libertação. Não é momento, nem há mais tempo de nos enxergarmos como adversários, ou superamos esse paradigma ou a matrix irá vencer. Precisamos de heróis, de ações ulteriores, de salvadores além-Terra para nos libertar? Não, mas o aparato tecnológico em poder dos reptilianos é muito grande e forte, podendo inclusive desencadear uma guerra nuclear, cujos efeitos afetariam o cosmos e não apenas a Terra. Por isso, nossos aliados estão estacionados na Lua e passam constantemente pelo buraco de minhoca existente na órbita de Saturno, esperando o momento certo para se comunicarem, estão esperando a Matrix ser desmascarada e, sobretudo, se houver ameaça de uma terceira guerra mundial, sobretudo porque recentemente um ataque a tais naves existentes na Lua foi orquestrado pelos Estados Unidos, Canadá, França, Inglaterra e Alemanha, sem sucesso. Iremos passar à 5ª dimensão, alguns afirmam que são 32 os níveis de consciência. A literatura irá desaparecer? Ela, a literatura, também mudará de estágio… começará a digerir sobre o tempo que estávamos hibernando na matrix e idealizar como serão as próximas etapas. Até lá, compete a cada um duvidar e questionar tudo, investigar, perscrutar, estudar e, sobretudo, consultar o seu “eu” superior, este está acima de qualquer suspeita, de qualquer teoria conspiratória ou pseudociência. “Estabelecerei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o descendente dela; porquanto, este te ferirá a cabeça, e tu lhe picarás o calcanhar” (Gênesis 3: 15). A única chance de cambiarmos a história da humanidade é mudarmos nossa vibração energética, nossa forma de concebermos o “outro”, como se o outro não fosse eu, não verdade todos


somos Um, só existe Um, não existe fragmentação, a divisão é uma ilusão, isso sim, uma verdadeira quimera, pesadelo, alimentando durante milênios o ódio, a disputa, a morte. Enquanto não vibrarmos no Amor, a maior de todas as energias e fonte de tudo, não conseguiremos nos desvencilhar da Matrix. O que vai acontecer com os reptilianos, Greys e todos aqueles humanos que quiserem permanecer na 3ª dimensão ou a prisão ao poder, dinheiro, engano, consumismo, degradação ambiental, ódio, guerras? Não poderão permanecer aqui, irão para orbes cujo padrão energético é compatível com o seu grau de desenvolvimento ético, espiritual, cultural. A opção de tomar a pílula azul ou vermelha é de cada um. Escatológico? Mítico? Religioso? Messiânicas tais afirmações? Repetição de um padrão cultural existente há milênios numa atitude desesperada ante um mundo caótico? Pode ser, não sou dono da verdade e os milhares que corroboram com tais afirmações, já que isso é sustentado por milhões ao redor do mundo, talvez não passem de um sentimento de esperança, ilusão, utopia como uma grande capacidade de sublimar suas frustrações, de imaginar um paraíso fora daqui, mesmo padrão religioso. Acontece que existe uma diferença entre o enfoque que a mídia dá às catástrofes, se alimenta de desgraça, da audiência, além de ser uma estratégia política de divisão e alimentação de desesperança. Ademais, não é verdade que o mundo está pior, está cada vez melhor, basta olharmos os avanços em vários lugares, apesar dos recuos e ações isoladas, além da sabotagem dos que não querem a descoberta da verdade. Por que acredito que tudo será descoberto e vamos ultrapassar o paradigma da Matrix? Porque a vida não é aleatória, ela tem seus mistérios e propósitos e ela não legisla contra si. Até a Academia e o pensamento científico, últimas fronteiras de resistência ao padrão de produção de saber pela lógica acumulativo-capitalista, gerando alienação, desumanização e hiperespecialização, começaram a rever seus postulados e ampliar as percepções sobre o cosmo, sobre os mistérios do mundo, porque como afirmei: tudo é UM.


“GRUPO ILHA”: MOVIMENTO LITERÁRIO, EM SÃO LUIS DO MARANHÃO, NA DÉCADA DE 50 [*] FERNANDO BRAGA161

Por falar em Grupo Ilha, lembra-s logo da Movelaria Guanabara, do pintor Pedro Paiva e de sua família, onde se reuniam uma das maiores forças de talentos surgidas até hoje no Maranhão. Era a chamada geração de 45. Floriano Teixeira [tio de Ubiratan Teixeira que um dia foi para o Rio de Janeiro, de navio e desembarcou em Salvador para conhecer a cidade e por lá ficou sem seguir a viagem programada até a ex-Capital Federal... Em Salvador continuou sua arte, a pintura, e acabou sendo o capista preferido de Jorge Amado]; Carlos Alberto Madeira, [depois Ministro do STF], José Sarney [depois Presidente da República e membro da Academia Brasileira de Letras], Bandeira Tribuzi [recém chegado de Portugal], Luis Antônio Oliveira, Yêdo Saldanha, Cadmo Silva, Luis Carlos Bello Parga e outros tantos jovens de talentos... O Grupo Ilha tinha uma revista com esse nome editada por eles que, como as de outros movimentos, não passou da segunda edição. José Carlos Lago Burnett jornalista do dia-a-dia do Jornal do Brasil e um dos melhores poetas brasileiros da sua geração; “Apesar do aspecto quase precioso de sua linguagem, às vezes de extremo requinte - um requinte que lembra, pelo sabor, o de Sá-Carneiro – a poesia de Lago Burnett tem qualquer coisa de bárbaro, sobretudo na construção rítmica, feitas por cortes violentos que nos lembram os golpes que facetam as esculturas negras. E assim colocamos entre esses dois pólos o núcleo da sua poesia. Vejamo-la: “Toninho era tão do céu, tão pouco viveu conosco... / Um dia, Deus lhe disse: - Abra a mão, Toninho: / leva esses tantos anos de vida / e vá para o mundo gozar! / Turno disse “bi gado”, saiu pelo espaço afora. / Estava quase chegando, quando ouviu choro / - Quem chora? Era um anjinho da Terra, que a mãe estava a morrer: / - Papai do Céu, por favor, não deixe mamãe morrer! / E Toninho vendo aquilo, tirou dez anos dos seus, / e deu para a mãe do menino. / Foi-se embora, foi tranqüilo / com o riso frágil de um forte. / Adiante, às portas da morte. / um poeta desesperado clamava contra o destino; / - Meus dias gastei sonhando / da glória com o alto emblema. / Deus! Dá que eu possa compor meu derradeiro poema... / Toninho ficou com pena, deu cinco anos pro poeta. / E foi voando, voando, veloz que uma seta. / No caminho percorrido, Toninho / viu muita coisa: / tanta dor, tanto gemido, de homem desiludido / temendo baixar à lousa. / Viu virgens, crianças louras, já cheias de desenganos, / viu órfãos, santos, mendigos, viu pobres, viu soberanos. / E a cada um ia dando / dois, três, quatro, cinco anos, / até quando enfim, chegou ao nosso lar, pobre tosco. / - Foi por isso que Toninho viveu tão pouco conosco”. Ferreira Gullar: Da mesma geração, mas meio arredio de grupos; seus companheiros preferidos eram Osmarino [jogador de futebol], cujo apelido era “Esmagado” que jogou no Moto Clube e no Ferroviário e “Espírito”, um outro seu companheiro de molecagens que se encontravam numa velha garagem no “Beco da Bosta”, para irem jogar bola em campinhos improvisados e comer melancias na Beira-Mar, numas barracas de frutas, ao tempo, que ficavam à espreita desses carregamentos vindos de barcos da Baixada Maranhense... Embarcou para o Rio de Janeiro onde trabalhou em vários jornais, surgindo, na fase do concretismo, á na época como um dos nomes mais comentados da literatura brasileira de vanguarda, e hoje é um dos mais brilhantes poetas brasileiros, com assento na Academia Brasileira de Letras para onde entrou por pressão de amigos e insistentes conselhos de sua mulher, para a Cadeira deixada com a morte de um outro grande poeta e crítico, Ivan Junqueira... 161

Alguma coisa fora atualizada, principalmente sobre o poeta Ferreira Gullar, mas todo o texto encontra-se como o original, publicado no Jornal “O Estado do Maranhão”, de 25 de agosto de 1973. o qual será enfeixado em “Toda Prosa”, tomo II, de “Travessia [Memórias de uma aprendiz de poeta e outras mentiras], em fase de organização.


Pois bem, Gullar é co-autor com Oduvaldo Viana Filho da peça “Se fuçar o bicho pega, se correr o bicho come.” Pertenceu ao “Grupo Opinião! do Rio de Janeiro e foi exilado no consulado da Revolução. Seu grande sucesso poético é “Poema sujo”, além de uma esmerada obra em prosa. Mas ouçamos o poeta, “Por você por mi no Vietnã”: Próximo à base de Da Nang, / esgueira-se entre árvores, / um homem, próximo à base cheia de soldados, / metralhadoras, bombas, aviões, / cheia de ouvidos e de olhos eletrônicos, /um homem chamado Tram, / entre as folhas e os troncos que cheiram à noite, / Tram-Van-Dam, cauteloso se move entre as flores da morte...” Manoel Lopes:- Poeta de privilegiada sensibilidade, autor de vários trabalhos poéticos, e premiado por várias vezes. Jornalista e homem de atividades técnicas foi executivo da antiga SUDENE e fez cursos de valia àquela Instituição em Israel. Vejamos Manoel Lopes neste soneto de afeto: “Teu nome é como as altas madrugadas, /sofrido de silêncio e esperas. / É música descendo das vertentes,/ para todos os homens, para o mundo. /Como a alma das fontes: intocável e sublime. /Como as tardes de suaves encantos e ternura./ É feito de infinitos dolorosos./ Com palavras de fogo te descreves, / luar resplandecente, em lagos mansos,/ paisagem pousada na minh’alma. /Dormem abismos de paz pelo teu corpo/ e pomas de amor e crenças. / Mãe dói um pouco de Deus onde te chamo”. Além de uma bibliografia extensa, Ofício no Escuro é um dos grandes livros do poeta Manoel Lopes, um dos maiores nomes da poesia maranhense... “Finalizo com esta assertiva de Maritain! A fonte da poesia encontra-se separada do intelecto humano, fora dele, na pátria transcendente e eterna das idéias iniciais e imorredouras”.


ALGUMAS NOTAS SOBRE O GRUPO ILHA162 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Silva (2011; 2013?) 163, ao investigar as diferentes estratégias, espaços e modalidades de atuação em que se insere um conjunto de agentes que ingressaram na carreira literária entre os anos de 1945 e 1964 no Maranhão, identificou sete movimentos culturais, citando – em quadro – os seguintes: Centro Cultural Gonçalves Dias, Grupo Movelaria, Grupo Ilha, Afluente, Opinião, Apolônia Pinto, e dentre os intelectuais analisados em seu trabalho, alguns não participaram de qualquer movimento (seria o sétimo, de seu quadro): [...] superado o chamado Estado Novo, que no Maranhão transcorre sob a interventoria de Paulo Ramos, destacam-se entre os “intelectuais” expoentes e os “movimentos” em que se engajavam, nomes como os de José do Nascimento Morais Filho, José Sarney e Bandeira Tribuzi (todos contidos entre os casos aqui analisados), reconhecidamente lideranças do Centro Cultural Gonçalves Dias, Grupo Ilha e Grupo Movelaria Guanabara, respectivamente. No interior destes “movimentos” destacam-se, vinculados ao Centro, Bernardo Coelho de Almeida, Nascimento Moraes Filho, Vera-Cruz Santana, Manuel Sobrinho, Tobias Pinheiro, Dagmar Desterro, Ferreira Gullar, Lago Burnett, Bandeira Tribuzi – deslocando-se logo depois para o Grupo Ilha. Em torno deste último transitavam José Sarney, Bello Parga, Carlos Madeira e Lucy Teixeira. Quanto ao Movelaria Guanabara, uniram-se Antonio Almeida e Lago Burnett, que até então compunha o Centro Cultural Gonçalves Dias.

Moraes (1993) 164, ao analisar a obra de Bello Parga, poeta modernista, fala da existência do Grupo Ilha, de São Luis, liderado por José Sarney e Bandeiras Tribuzzi, e da qual o biografado fazia parte, chegando a integrar o conselho editorial da revista Ilha - no começo da década de 1950165 porta-voz do grupo, que pregava as ideias pós-modernistas da geração de 1945. O Grupo Ilha é uma dissidência do CCGD, formalizado com a presença e influencia de Bandeira Tribuzzi que fora afastado do Centro por faltas – faltara três sessões seguidas, contrariando o seu regulamento, que previa a participação obrigatória em todas as sessões; todos são úteis, ninguém é necessário... Trouxe consigo José Sarney, Erasmo Dias, Luis Carlos Belo Parga, Lago Burnett... Publicam, em 1948, o mensário de cultura “Malasarte”, dirigido por José Brasil (teatrólogo), J. Figueiredo (pintor), e pelos poetas Corrêa da Silva e Bandeira Tribuzi. Em seu editorial – aos leitores – é informado que era formado por um pequeno grupo de alguns dos modernos artistas e escritores do Maranhão atual (1948...). Seus colaboradores foram: Corrêa da Silva, Erasmo Dias, Franklin de Oliveira e Oswaldino Marques, contrapostos a Bandeira Tribuzi e seu circulo, integrado por José Sarney, Lucy Teixeira, Belo Parga, Carlos Madeira, e Domingos Vieira Filho, e temperados por figuras atomizadas, àquela altura, como José Brasil e Lago Burnett (CORRÊA, 1989) 166:

162

In VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. BREVE OLHAR SOBRE A LITERATURA LUDOVICENSE. Introdução. (Inédito) SILVA, Franklin L. A LITERATURA COMO CONDIÇÃO: APONTAMENTOS PARA A ANÁLISE DAS ENTRADAS NA CARREIRA LITERÁRIA NO MARANHÃO CONTEMPORÂNEO (1945-1964). REVISTA OUTROS TEMPOS, V. 8, número 11, 2011 – Dossiê História e Literatura. SILVA, Franklin Lopes. LITERATURA, POLÍCIA E PESSOALIDADE: LÓGICAS CRUZADAS DE ATUAÇÃO NO ESPAÇO INTELECTUAL MARANHENSE (19451964). Síntese da monografia de graduação em Ciências Sociais na Universidade Federal do Maranhão. 2013?, disponível em http://www.seer.ufs.br/index.php/tomo/article/viewFile/1598/1453 , acessado em 08/05/2014 164 MORAES, Jomar. PERFIS ACADEMICOS. 3 ed. São Luis: AML, 1993 165 https://br.noticias.yahoo.com/interior-maranh-o-para-bras-lia-154800961.html 166 CORRÊA, Rossini. O MODERNISMO NO MARANHÃO. Brasília: Corrêa & Corrêa, 1989. 163


De onde transparece a conclusão de que muito embora aqueles rapazes tenham ficado rotulados como o Grupo Ilha ou Grupo da Movelaria, o pioneirismo do Modernismo maranhense está radicado no mensário de cultura Malazarte, cujos responsáveis diretos e compósitos foram Corrêa da Silva e J. Figueiredo / José Brasil e Bandeira Tribuzi. A experiência de A Ilha, revista mensal de arte dirigida por José Sarney e Bandeira Tribuzi, representou, portanto, um desdobramento das atividades do poeta luso-maranhense enquanto organizador da cultura. A publicação contava com um conselho de redação integrado por Lucy Teixeira, Erasmo Dias, Murilo Ferreira, Domingos Vieira Filho e Luis Carlos Bello Parga. A Ilha nasceu só E sempre será Mas não hermética E inacessível Pode-se chegar a ela Por qualquer ponta Da Estrela Cardeal Não é preciso bussola Basta atravessar a água Mas não vão se afogar Com o peso da roupa Para alcançar a Ilha É Preciso que dispam As roupas que ainda vestem.

Rossini Corrêa (1993) 167 considera que a “Geração de 45” foi um momento de maior embate literário e resistência política. Ferreira Gullar, jovem intelectual, travou um embate literário com Corrêa de Araújo, que resultou em grande polêmica. A relação dos jovens intelectuais com os escritores de contexto literário diferente foi marcada por discordâncias e contendas. Foi na verdade o maior período de irreverência literária vivido no Maranhão, como se pode observar na afirmação de Lago Burnett: “De modo geral, havia de parte dos velhos simpatia por nós, mas nós éramos realmente insubmissos, atacávamos, atacávamos, atacávamos”: Voltando-se à Movelaria Guanabara, as discussões ali travadas não se limitavam apenas às discussões literárias, mas passando pelas artes plásticas, entre outros assuntos. O Centro Cultural Gonçalves Dias tinha como meio de divulgação de seu pensamento crítico, um suplemento cultural publicado no jornal Diário de São Luiz, de propriedade do senador Vitorino Freire. Devido o posicionamento questionante dos jovens intelectuais, este teve a sua concessão cancelada. Era o momento de repressão política vivida pelos intelectuais da Geração de 45 e o Maranhão dominado pela oligarquia vitorinista. (REGO, 2010) 168

Como já mostrou Gonçalves (2000) 169, analisando processos de (re) invenção do Maranhão, a partir do estudo da trajetória (fabricada, deliberadamente construída, que se apresenta como natural) de Sarney no campo político e no campo intelectual, a “geração de 50” (geração de 45) idealizou o Maranhão propondo um projeto coletivo para o mesmo, tal projeto foi convertido em projeto pessoal pelo próprio Sarney. Longe de romper com o “estado dinástico”, com o velho e o 167 168 169

CORRÊA, Rossini. FORMAÇÃO SOCIAL DO MARANHÃO: O PRESENTE DE UMA ARQUEOLOGIA. São Luis, SECMA, 1993, p.226. REGO, 2010, obra citada, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2010/10/13/Pagina1235.htm GONÇALVES, Fátima. A INVENÇÃO DO MARANHÃO DINÁSTICO. São Luís: EDUFMA-PROIN-CS. 2000


retrógrado (do vitorinismo) viii, Sarney, com seu projeto “Maranhão Novo”, reinstala e reabilita aquele estado de dinastia. Longe de ser natural, “o Maranhão foi inventado e reinventado, tantas vezes quanto puderam ser construídas estratégias para tal”. Para Silva (2013) 170, a historiografia e crítica literária local passou a denominar de “modernismo literário” no Maranhão o período de 1945 e 1950 - período etiquetado por “oligarquia vitorinista”. Tais epígrafes consagradas pela historiografia local às diversas fases da política maranhense não têm por fortuitas suas origens e podem nos fornecer importantes elementos para compreendermos os usos estratégicos da memória e das referências ao passado como forma de coesão dos grupos em torno de um passado comum reivindicado: Envoltos pela atmosfera de disputas faccionais entre “vitorinistas” e “oposicionistas” que (de)marcaria a historiografia maranhense, os “intelectuais” da segunda metade do século XX não hesitaram em se posicionar fazendo uso de suas “vocações literárias”, dando prosseguimento à tarefa herdada dos protagonistas políticos de outrora nas lutas pela libertação do Maranhão, em direção à retomada do seu mítico passado glorioso, de exuberância econômica, política e cultural, cujo significado é constantemente reinventado conforme se rearranjam os grupos em disputa. Esta observação ganha relevância para este estudo ao percebermos que, no universo analisado, as principais posições dentre os cargos eletivos e da administração pública são ocupados por figuras proeminentes nas disputas faccionais, aliadas ao grupo dos oposicionistas, que se impôs na posição de dominante no espaço do poder político maranhense.

Menezes (2010) 171 ao traçar o perfil literário e político de dois maranhenses – de nome Ribamar: Gullar e Sarney, afirma:

Antes de receber a alcunha de intelectual, vanguardista, crítico e memorialista, Ribamar já era conhecido no meio acadêmico ludovicense antes mesmo de escrever o seu primeiro livro de poesia, pois era apadrinhado por Manuel Sobrinho (na foto, ao lado do jovem Ribamar e do jornalista Lago Burnett) que fora um dos organizadores do Centro Cultural Gonçalves Dias, uma sociedade cultural que agremiava experientes e jovens escritores de São Luís e que fora presidida por Nascimento Moraes (pai). Em 1946/7, outro Ribamar (então estudante de direito) também tentou entrar para esse clube de intelectuais, não conseguiu. Segundo Nascimento Moraes, sua produção textual foi considerada medíocre pelos mestres literários, entretanto, no 170

SILVA, 2013?, Disponível em http://www.seer.ufs.br/index.php/tomo/article/viewFile/1598/1453 , acessado em 08/05/2014 MENEZES, Flaviano. Os dois filhos do Mará - Primeira Parte. In Encontrando as Pedras XLI, Blog MARANHARTE, sábado, 10 de abril de 2010, disponível em http://maranharte.blogspot.com.br/2010/04/encontrando-as-pedras-xli-os-filhos-do.html, acessado em 08/05/2014

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mesmo ano o jovem Bandeira Tribuzi (recém-chegado de Portugal) conseguiu entrar e torna-se amigo tanto dos gonçalvinianos (que incluía também Nascimento Moraes Filhos e Lago Burnett e o primeiro Ribamar), quantos daqueles que frequentavam a Movelaria Guanabara (Belo Parga, Murilo Ferreira, Lucy Teixeira e o segundo Ribamar).

E assim partem Ferreira Gullar, Lago Burnett, Lucy Teixeira, entre outros. Ferreira Gullar quando se despede dos seus familiares, dos amigos e dos mestres, afirmando para os novos companheiros de ofício que no Maranhão não havia artes plásticas e que vivera uma fase pré-poética. Ou, como ainda confessou para a Folha de São Paulo em 2005172: “Nasci em São Luís. Era uma cidade à qual as coisas chegavam cem anos depois. Para mim, os poetas estavam todos mortos. Essa era uma profissão de defuntos. Então, comecei como poeta parnasiano, com decassílabos e dodecassílabos. Só mais tarde tomei conhecimento de que havia outra poesia que não era rimada e metrificada: nenhum princípio a priori, nenhuma norma.”

Mais tarde, em outra entrevista, agora para a revista E (nº 77, SESC) 173, ao ser lembrado sobre uma afirmativa de Mário Faustino na qual dizia que o maranhense havia saído de São Luís e chegado ao Rio sabendo tudo de poesia e de artes plásticas, Ribamar/Gullar arrisca ser mais humilde: [...] A cidade de São Luís continua a ser uma terra de poetas, de pessoas estudiosas e apaixonadas pela literatura, especificamente pela poesia. Quando saí de lá, eu não tinha o conhecimento sobre arte que adquiri um tempo depois. Um dos motivos de ter saído de lá foi exatamente esse. Eu era apaixonado pelas artes plásticas, e lá não havia praticamente nada de artes plásticas. Não tinha museu, salão, galeria de arte, não havia nada. Sequer havia livro sobre arte nas livrarias. O primeiro livro de arte que li era do pai de um amigo meu. [...]

Ao que confirma o outro Ribamar/Sarney, em comentário de Menezes (2010) 174, quando fala de sua mágoa com os escritores do CCGD, em sua Coluna no jornal O Estado do Maranhão de 24/06/2007: “Mas me angustiava o atraso do Maranhão, sua mentalidade romântica e desalentada. Já, então, lera tudo sobre nosso estado, tinha a cabeça feita sobre as origens dos seus problemas. Mas não tinha com quem conversar sobre isso. Minha geração era só, como sempre acontece no Maranhão, prisioneira do brilho literário. E era para isso e por isso que nos reuníamos todas as tardes na Movelaria Guanabara, de Pedro Paiva, local também dos pintores modernos. O CCGD, cultor do beletrismo, o outro grupo de jovens literatos, não nos aceitava."

Aqui permanecendo Bandeira Tribuzi no seu labor literário e no desempenho de suas atividades como economista e Nascimento Morais Filho. Para Rego (2010): A Geração de 45 foi a mais dinâmica e determinada de todas as gerações pós-anos quarenta, como se pode observar na afirmação de Lago Burnett: “Até hoje, no Maranhão, têm surgido, depois de nós, apenas tentativas isoladas de valores autônomos. Desapareceu o espírito de equipe que, embora tenha mérito apenas episódio, facilita a deflagração de movimentos, sobretudo quando se quer mudar alguma coisa”.

172

MENEZES, 2010, disponível em http://maranharte.blogspot.com.br/2010/04/encontrando-as-pedras-xli-os-filhos-do.html, acessado em 08/05/2014 173 MENEZES, 2010, disponível em http://maranharte.blogspot.com.br/2010/04/encontrando-as-pedras-xli-os-filhos-do.html, acessado em 08/05/2014 174 MENEZES, 2010, disponível em http://maranharte.blogspot.com.br/2010/04/encontrando-as-pedras-xli-os-filhos-do.html, acessado em 08/05/2014


GOLPE DE VISTA - [POETAS DE UM MESMO TEMPO] FERNANDO BRAGA175 É preciso que se diga de que na arte só tem importância os que criam almas, como preconizava a genialidade literária de Eça de Queiroz, é conveniente dizer-se que não existe uma medida de espaço entre os artistas a impor-lhes uma medida desfavorável de geração em termos de um desafio de tempo. A arte é uma marca que ficará para todo sempre caracterizada com o registro de sua interpretação. Inácio Xavier de Carvalho, de soslaio pelo parnasianismo, pela sua impassibilidade no que tange ser a poesia a expressão objetiva das coisas, pelo esmero da linguagem – que pelo verso bem feito – que supre quase sempre a poesia, e as palavras suprem à idéia, daí dizerem que os simbolistas se radicaram, em definitivo, no subjetivismo pinchado de vulgar e repisado, que caracterizam os românticos, conquistando, dessa forma, a magia dos símbolos como arte de sugerir e evocar os sentimentos inexprimíveis por meio de seus correspondentes – sons e objetos – retirados de um mundo exterior, pelo misticismo que torna a poesia simbolista toda ela moldada, dizem alguns, de religiosidade, dos golpes provindos do destino, dos sofrimentos e dos mistérios. Inácio Xavier de Carvalho ao lado de Maranhão Sobrinho são dois dos maiores simbolistas brasileiros que, por coincidência publicaram livros em Manaus, no Amazonas. Maranhão Sobrinho (Vitórias Régias, 1911) e Inácio Xavier de Carvalho (Missas Negras, 1902). Creio, e não tenho como pensar diferente que se ambos tivessem migrado para o Rio de Janeiro, na época o grande centro intelectual do País, e não para Manaus, com todo respeito à Hiléia de Rangel, não teria deixado Cruz e Sousa e Aflhonsus de Guimarães hastearem, só os dois, o galardão simbolista brasileiro. Mas como o homem é ele e suas circunstâncias, era lá no Amazonas que se encontrava a obra-prima da sobrevivência, a seringa, o sonhado ouro branco, que também atraiu o nosso Vespasiano Ramos, que lá escreveu “Coisa alguma” e morreu doente e esquecido. Inácio Xavier de Carvalho, na opinião de Reis de Carvalho, em seu estudo sobre “Literatura Maranhense” (Biblioteca Internacional de Obras Célebres, tomo XX) “foi quem marcou com o livro de estréia “Frutos Selvagens”, 1893, o início do ciclo decadentista nas letras maranhenses, nas quais avulta como uma das expressões mis fortes”. Dominando com segurança a arte e sabendo trabalhá-la com mestria e expressão estética, no entendimento purista de Antônio Lobo. Assis Garrido e Corrêa de Araújo foram dois parnasianos na mais verdadeira concepção literária, embora também tivessem trilhado por diversos caminhos poéticos, não fugindo por isso às origens, (a poesia tem vários aminhos) nem mesmo na elaboração do verso branco ou livre, o que Sousândrade há muito tempo já construía com a elaboração de sua metalinguagem. Tanto Araújo como Garrido, são da família parental e formal de Afonso Celso e Luís Guimarães, fincados em todos os moldes rítmicos e métricos rigorosamente observados, com predileção pelo verso alexandrino, num apuro inconteste de manifestação e estilo. Assis Garrido foi jornalista, teatrólogo e poeta; poeta, sobretudo, dono de uma lira de fácil inspiração e suave lirismo. Autor imortal de “Vênus”. Tive a honra de conhecê-lo e de privar de sua amizade, quando por vezes ia visitá-lo, em sua casa, na Rua dos Afogados, em companhia do meu querido amigo e irmão em espírito Nauro Machado. Lá ouvíamos suas histórias e ungíamo-nos com suas bênçãos.

175

in “Jornal de Brasília” [Seção Literatura], 25 d julho de 1976. Enfeixado em “Toda Prosa”, tomo II, de “Travessia” [Memórias de um aprendiz de poeta], em fase de organização.


Corrêa de Araújo foi também jornalista e grande poeta, um versejador admirável que enriqueceu a poética brasileira de vozes imorredouras, de música eterna. O poeta se correspondia, por carta, com Alexandre Herculano, imortal português de “Lendas e Narrativas”, historiador e pesquisador na Torre do Tombo, em Lisboa. Sobre Corrêa de Araújo escreveu Luso Torres (crítico, na época, do gênero das “Mortalhas”, de Emílio de Meneses e dos “Retratos a giz”, de Euclides Faria): “Corrêa de Araújo foi inegavelmente um sonhador, e o seu ideal supremo era celebrar nos seus cantos a perfeição do gênero humano”. Antônio Lobo em “Os Novos Atenienses” (subsídios para a História da Literatura do Maranhão, 1909), assim comenta: “A sua visão estética, sempre espontânea e raramente intencional, é larga e ampla, abrangendo de um golpe único, nos seus grandes relevos típicos, a paisagem que descreve, a cena que evoca, e os temas emotivos que se destina a utilizar. O seu verso, que ora se distende, numa ampliação majestosa e empolgante, ora se circunscreve e constrói como se o assaltasse o receio de deixar fugir, pelas malhas largas de suas metáforas, a idéia precisa que vise transmitir, moldaram-se, adaptar-se, aconchegar-se, por assim dizer, numa elasticidade plástica extraordinária, a todas as variadíssimas exigências da tradução escrita do pensamento. E por via desses dois recursos excepcionais, que naturalmente se valorizam e completam, de idealização emotiva e de expressão estética, logra Corrêa de Araújo evocar no espírito do leitor, sensações e idéias análogas às que inspiraram e presidiram à fartura de seus versos”. Em companhia de meu pai, no Moto Bar, em São Luís, tive a felicidade de conhecer o poeta Corrêa de Araújo, um homem alegre, brincalhão, generoso e visceralmente poeta, que depois de saborear a famosa “bomba” [um aperitivo feito com bagaceira, gim, genebra, e vinho do Porto], saiuse com esta: “Quando entro neste bar,/ e vejo um serviço sem par,/ digo de mim para mim,/ este bar do Serafim,/ será fim de todo o bar.” Escrevi nestes apontamentos, esses três grandes poetas maranhenses de um mesmo tempo, de uma mesma época, cada um dentro de uma moldura parecida, mas diferentes, porque ninguém se assemelha, como todo gênero humano, intelectualmente na forma e no conteúdo; e como espécie, pelo menos no espírito, porque “se pudéssemos contemplar muitos rostos de uma só vez, seria uma aberração visual”, como entendia Santo Thirson, escritor e mártir português.


TRINDADE VELHA DE GUERRA FERNANDO BRAGA Jornal ”O Estado do Maranhão, de 30 de agosto de 1973. Na introdução da “História da Literatura Brasileira”, lemos que, literatura é a arte literária. Somente o escrito com o propósito ou a intuição dessa arte, isto é, com os artifícios de invenção e de composição que a constituem é, a meu ver literatura.” Esta assertiva vai encontrar-se neste momento a esta trindade, ou melhor, a esta ‘trois unités’ que faz, faz e continua a fazer literatura honesta e séria”. Alfredo de Assis: Desembargador aposentado, crítico de arte, jornalista, professor e um dos maiores filólogos dos países de Língua Portuguesa. Como poeta, escreveu “Coisas da Vida” e “Pó e Sombra”. Reinaldo era seu filho único, estudante do Liceu Maranhense e atleta, mais dado as práticas esportivas do que as regras de gramática, motivo pelo qual era assediado pelo pai que era catedrático do Liceu... Dizem que de tantas cobranças nesse sentido, Reinaldo preferiu, abandonar o que realmente gostava de fazer, para entregar, precocemente, sua alma a Deus. E esse acontecimento fez nascer uma das mais belas elegias em Língua Portuguesa: “Ó doce e meigo espírito de minha Mãe!/De minha Mãe que sempre foi nesta vida exemplo de pureza,/de bondade e de amor!/ que ao sofrimento sempre viveu intimamente,/ suportava pobreza e desventura, /cheio de Deus o coração, /bem como d luz e aroma o coração das flores!/ Aqui fico, no ergástulo da vida,/ a chorar o infortúnio que me anoita, /a saudade indizível de meu filho,/a dor atroz de não haver podido/ conservá-lo comigo venturoso!” Astolfo Serra: Jornalista, orador fluente e poeta dos mais respeitados, advogado e Padre Secular, dispensado das Ordens por se considerar um homem cheio de curvas e veredas ao cumprimento de Sacro Ofício... Foi Interventor do Maranhão e Ministro do Superior Tribunal do Trabalho. Astolfo Serra foi o maior humanista do Maranhão do seu tempo. Homem sofrido pela política e pelo sucedâneo de acontecimentos em sua vida, mas com isso tudo tem aproveitado para escrever, como diz, pequenas canções “... “Dizem que alta noite, quando tudo dorme / e a lua desmaiada e enorme/uma vitória-régia nas cerulas plagas,/ dizem que nas vagas do lago/há algo de mistério. /Dentre a opalina cerração das brumas,/num halo ofuscante e etéreo/ surgem fantasmas... /Brancas visões lindíssimas de fadas,/ com vestes de lactescentes espumas/ e longas cabeleiras pratadas caindo/ em desalinho sobre o colo ebúrneo/cantam epitalâmios sedutores da núpcia embriagadora do luar.../ Sonatas de Kreutzer... Sonatas vibradas em segredo,/ quase a medo, serenatas...” Fernando Viana: Médico, crítico, professor, Deputado à Assembléia Legislativa do Estado e poeta, tanto lírico com apurada sensibilidade, como satírico dos mais inteligentes que temos notícias. É uma figura necessária e indispensável na paisagem da Ilha. Publicou em belo ensaio sobre Bocage, como uma vítima de seu tempo e um único livro de poesias “Folhas Soltas” é dele que extraímos essa beleza de soneto “Confete”, prova de que Fernando Viana também chora, não sendo apenas um irreverente cultor do humorismo: “Eu guardei este confete. / é uma lembrança do meu, do teu, do nosso carnaval/ - três dias de ilusões que a gente lança/ na conta do Recalque Universal!/ Lembro o pierrot e a Colombina/mansa enlaçados no síncope irreal do beijo que, /trocado após a dança, sublimou instante emocional./Só restou da fogueira desses dias,/ sobre as cinzas das doidas alegorias,/ este flavo confete cor-de-mel; restou este confete ínfimo e triste... / - Mas, ah! Quanta saudade não existe/ em tão pequeno disco de papel!...” Schakspare (sic) no “Sonho de uma Noite de Verão”, se refere às fantasias do lunático, do amante e do poeta... Creio que o dramaturgo inglês tinha toda razão!


ELIZA BRITO NEVES

O INVERNO É BOM A primavera é a estação da infância: Flores colorem e perfumam a natureza, Dias claros, sol dourado e brilhante, Noites de luar, é só alegria e pureza. O verão é adolescência e juventude: Tempo de dúvidas e também de ousar, A vida quer pressa, não espera o amanhã, No calor da estação, é fácil se apaixonar. O outono é a maturação dos frutos: Estação de quem pensa para realizar, Adulto experiente, após jornada longa, Nem jovem, nem velho, ainda quer sonhar. O inverno é a estação da plenitude: Tempo de sabedoria, se cultivou o dom, Lembrar o lúdico e a paixão da juventude, Amar a chuva fria, porque O INVERNO É BOM


EU SEI! Dilercy Adler Eu sei. ... Eu sei dos dias incontáveis com sois e luas brilhantes como anéis de diamantes! ... Eu sei dos ninhos - filhotes de passarinhos nas árvores enfileiradas à sombra dos infindáveis caminhos ... Eu sei de uma visita/encontro pra lá de esperada e prazerosa que talvez não tenha acontecido... mas que está gravada na memória envelhecida! Eu sei de 365 dias vividos com dor e felicidade felicidade e dor trazendo mais uma idade para quem sobreviveu... Eu sei que tem aniversariante na família quase todos os dias... e gente que chega -trazendo alegria e gente que vai -deixando conhecido vazio!- ... Eu sei de um papai Noel que chega para alguns e outros não e tem gente que ainda o espera mesmo sabendo que nunca vem... mas conservam a ilusão! Eu sei de flores que exalam perfumes inebriantes que dão cores à vida... - a este fim de ano-... Eu sei... Eu sei... que é Final de Ano... que é Natal... que o Ano Novo está chegando...


Eu sei de tudo de bom que se diz Eu sei QUE É TEMPO DE SER FELIZ!!


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ANTÔNIO LOPES DA CUNHA nasceu na cidade de Viana – Maranhão -, em dia 25 de maio de 1889 e faleceu em São Luís a 29 de novembro de 1950. Filho do desembargador (e futuro governador do Estado) Manuel Lopes da Cunha e D. Maria de Jesus Sousa Lopes da Cunha. Foi o fundador e secretário perpétuo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão.

ii

CÉSAR AUGUSTO MARQUES (Caxias, 12 de dezembro de 1826 — Rio de Janeiro, 5 de dezembro de 1900) foi um médico, professor, escritor, tradutor e historiador brasileiro. Filho do Dr. Augusto José Marques, um farmacêutico português estabelecido na cidade de Caxias no início do século XIX, César Marques fez os seus estudos secundários em São Luís do Maranhão. Concluiu o curso de Medicina em Salvador, na então Província da Bahia, em 1854. O Dr. César Augusto Marques ainda moço e estudante passou a integrar os grêmios literários de sua época, pois logo em 1854 era membro correspondente da Sociedade Auxiliadora da Industria Nacional do Rio de Janeiro; membro da Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa, em 1857; membro do Ateneu Maranhense, em 1860; do Ateneu Paraense, 1861; da Sociedade de Beneficência Luso-Maranhense, 1861; do Instituto Histórico e Geográfico Rio-Grandense, 1863; do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, 1863; da Imperial Academia de Medicina do Rio de Janeiro, 1864;do Instituto Histórico e Etnográfico do Brasil, 1865; do Instituto Literário Maranhense, 1865; do Conservatório Dramático da Bahia, 1866; da Manumissora 28 de Julho, 1869; do Instituto Arqueológico e Geográfico Alagoano e da União Católica do Rio de Janeiro, 1870. Foi sócio ainda, da Real Sociedade Humanitária do Porto, 1858; do Instituto Arqueológico e Geográfico Pernambucano, 1863. Traduziu a importante obra sobre o Maranhão colonial do capuchinho Yves d'Evreux. César Marques é patrono da cadeira n-35 da Academia Maranhense de Letras, da de n-07 da Academia Caxiense de Letras e de no. 22 do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Foi agraciado com as comendas da Ordem Militar de N.S. Jesus Cristo,d e Portugal; Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa do Brasil e Oficial da Academia da França. Obra: Diccionario Historico, Geographico e Estatistico da Província do Espírito Santo. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1878. 248p. Dicionário Histórico Geográfico da Província do Maranhão (3ª ed.). Rio de Janeiro: Cia. Editora Fon-Fon e Seleta, 1970. 683 p. História da Missão dos padres capuchinhos na ilha do Maranhão e suas circunvizinhanças pelo padre Cláudio d'Abbeville. Maranhão: Typ. do Frias. 1874. http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9sar_Augusto_Marques ; http://www.ape.es.gov.br/bib_Cesar_Marques.htm

iii

JOÃO VICTOR VIEIRA DA SILVA, Tenente-Coronel Graduado, em 1856. Engenheiro-Militar. Em 1857, servia na Província do Maranhão. Cavaleiro da Imperial Ordem de S. Bento de Aviz. Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa. http://vieirasdeguimaraes.blogspot.com/2010/08/vieira-da-silva-e-sousa-maranhao.html.

iv

Verbete do César Marques - FERNANDO LUÍS FERREIRA. Tenente coronel do Corpo de Engenheiros. Ainda vive êste estudioso, trabalhador e metódico engenheiro, filho legítimo do Tenente-Coronel Miguel Inácio Ferreira (maranhense) e sua mulher D. Catarina de Sene Freire de Mendonça (pernambucana). Nasceu a 1 de agôsto de 1803, na cidade de São Luís, capital da Província do Maranhão. Assentou praça em 29 de setembro de 1820 e foi reconhecido cadete de 1a classe. Foi promovido a 2o Tenente de Artilharia em 26 de março de 1821, a 1o Tenente e a Capitão até 22 de março de 1824; estêve destacado em Caxias, como 2o Tenente, comandando a fôrça de artilharia às ordens do comandante das Armas do Piauí, o Major J. J. da Cunha Fidié, que se achava então fortificado no Morro da Taboca, e aí foi prêso à ordem do General, Governador das Armas do Maranhão, Agostinho Faria. Matriculou-se no 1º ano da Academia Militar no ano de 1825. O pôsto de capitão foi-lhe confirmado a 22 de novembro de 1831, com antiguidade de 22 de março de 1824. Veio para esta Província em 1833, como oficial avulso. Passou a comandar o Corpo de Artilharia da Província, e depois em 1835 fêz passagem para o Imperial Corpo de Engenheiros no mesmo pôsto de capitão, que ainda tinha, sendo Ministro da Guerra o dito José Félix de Burgos, que anteriormente levara prêso para a côrte. Pediu e obteve sua reforma no pôsto de tenente-coronel a 9 de agôsto de 1848. Foi quem fêz as fortificações passageiras no Icatu no tempo da Balaiada e a do Alto das Carneiras, tendo nesta como ajudantes os Oficiais de Engenheiros José Joaquim Rodrigues Lopes e João Vito Vieira da Silva. Em 1840 foi encarregado de fundar a Colônia Indígena de São Pedro do Pindaré. A 16 de outubro de 1857 foi nomeado presidente do Conselho Administrativo onde serviu, por 10 anos, e cujo lugar só deixou quando foram extintos êsses Conselhos no Império. Foi nomeado lente de geometria e mecânica aplicadas às artes, lugar de que pediu e obteve demissão. Foi nomeado


diretor da Escola Agrícola desta Província em 27 de agôsto de 1864, lugar que serviu por pouco tempo, e no qual não foi substituído por ter sido então estinta essa Escola. Foi nomeado diretor das Obras Públicas a 28 de março de 1865, depois da extinção dos Conselhos Administrativos. http://wwwfamiliavieiraferreira2.blogspot.com/ ; http://ferreirasdeviseu.blogspot.com/2010/07/ferreira-maranhao.html

v

Um dos maiores protetores da Igreja do Carmo foi o FREI CAETANO DE SANTA RITA SEREJO. Durante 30 anos viveu sozinho no convento, onde manteve sob sua direção o Liceu Maranhense. Entre 1865/1866 empreendeu a restauração completa da igreja, inclusive sua fachada, cujo frontispício mandou revestir de azulejos portugueses. Com a sua morte em maio de 1891, o governo tomou posse do convento e da igreja do Carmo. http://www.revistamuseu.com.br/noticias/not.asp?id=13540&MES=/7/2007&max_por=10&max_ing=5

vi

JOAQUIM VIEIRA DA SILVA E SOUZA, nascido em 12 de Janeiro de 1800, no Maranhão e falecido em 23 de Junho de 1864, São Luiz, Maranhão. Matriculado no curso de Direito da Universidade de Coimbra, em 31 de Outubro de 1817, recebendo o grau de bacharel a 21 de Junho de 1822. Juiz de Fora de Fortaleza em 29 de Novembro de 1825. Provedor da fazenda dos Defuntos e Ausentes, resíduos e Capelas em 3 de Agosto de 1825. Ouvidor da Província do Ceará em 18 de Outubro de 1829. Desembargador da Relação do Maranhão em 02 de Dezembro de 1839. Presidente da Relação do Maranhão, nomeado em 28 de Outubro de 1853, em 11 de Setembro de 1856, em 20 de Setembro de 1859 e em 13 de Março de 1863. Deputado da Junta do Comércio do Maranhão em 30 de Novembro de 1850. Ministro do Supremo Tribunal de Justiça em 1 de Março de 1864. Deputado à Assembléia Geral Legislativa, pelo Maranhão de 1834 a 1837 e de 1838 a 1841. Senador do Império, pelo Maranhão nomeado em 27 de Setembro de 1859: com mandato de 1860 a 1864. Presidente da Província do Rio Grande do Norte, nomeado em 24 de Setembro de 1831 e da Província do Maranhão em 13 de Agosto de 1832. Ministro de Estado do Império em 1835. Ministro de Estado da Marinha em 1835. Ministro de Estado da Guerra em 1835. Comendador da Ordem de Cristo em 2 de Outubro de 1840. Conselheiro do Império em 26 de Julho de 1841. Sócio honorário da Academia Imperial de Medicina. Fidalgo Cavaleiro em 19 de Março de 1855. Comendador da Ordem de Cristo. Deixou geração do seu casamento em 16 de Julho de 1827, com Colomba de Santo Antônio Gaioso, falecida em Agosto de 1888, filha do Tenente-Coronel Raimundo José de Souza Gaioso e de Ana de Souza Gaioso.

vii

JOÃO VICTO VIEIRA DA SILVA E SOUSA. Tenente Coronel do Imperial Corpo de Engenheiros. Nascido em 15 de Junho de 1809, no Maranhão. Falecido em 20 de Dezembro de 1869, Alto Maranhão, Minas Gerais. Cavaleiro da Imperial Ordem de São Bento de Aviz. Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa. Lutou na Guerra do Paraguai tendo falecido em Santa Catarina, na viagem de volta ao Brasil. Bacharel em Matemática pela Academia Militar. Graduado pela Escola de Engenheiros, em 1856.

viii

O vitorinismo (1945-1966) caracteriza-se pelo domínio, da cena política estadual, de Victorino Freire, da Ocupação, contestado pelas Oposições Coligadas, que ascenderiam ao poder em meados dos anos 60, tendo início o sarneísmo; a Ocupação era acusada pelas Oposições de consolidar um projeto contrário às verdadeiras tradições maranhenses; trata-se do período de invenção da mística “Ilha Rebelde” na Greve de 1951 e de forte reatualização do mito da Atenas Brasileira. In COSTA, Wagner Cabral da. SOB O SIGNO DA MORTE: DECADÊNCIA, VIOLÊNCIA E TRADIÇÃO EM TERRAS DO MARANHÃO. 2000. 200f. Dissertação (Mestrado em História Social) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2000.


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