ALL EM REVISTA REVISTA (ELETRÔNICA) DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS
2016 – ANO DE COELHO NETO
NÚMERO ATUAL - V. 3, N. 3, 2016 – julho - setembro SÃO LUIS – MARANHÃO
2014 – ano de MARIA FIRMINA DOS REIS
2015 – ano de MÁRIO MARTINS MEIRELES
2016 – ANO DE COELHO NETO
A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.
EXPEDIENTE ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS COMISSÃO DE BIBLIOGRAFIA ANA LUIZA ALMEIDA FERRO ANDRÉ GONZALEZ CRUZ CLORES HOLANDA DA SILVA
COMISSÃO DE PUBLICAÇÃO E EVENTOS ALDY MELO DE ARAUJO ANTONIO JOSÉ NOBERTO DA SILVA DILERCY ARAGÃO ADLER SANATIEL DE JESUS PEREIRA CONSELHO EDITORIAL ALDY MELLO ARAUJO DILERCY ARAGÃO ADLER SANATIEL DE JESUS PEREIRA EDITOR LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076 # (98) 8119 1322 ENDEREÇO ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS Palácio Cristo Rei – UFMA / Sala do Memorial Gonçalves Dias Praça. Gonçalves Dias, 351 - Centro: São Luís - MA. CEP: 65042-240. TELEFONES: (98)3272-9651/9659
ALL EM REVISTA Revista (eletrônica) da Academia Ludovicense de Letras A Academia Ludovicense de Letras – ALL –, fundada em 10 de agosto de 2013, “tem por finalidade o desenvolvimento e a difusão da cultura e da literatura ludovicense, a defesa das tradições literárias do Maranhão e, particularmente, de São Luís, a perpétua renovação e revitalização do legado da Atenas Brasileira, o culto às origens da cidade e à sua formação pelas letras, a valorização do vernáculo e o intercâmbio com os centros de atividades culturais do Maranhão, do Brasil e do exterior” (Art. 2º, do Estatuto Social). Em seu artigo 58, “Além de outras que venham a ser criadas, constituem o rol permanente das publicações oficiais da Academia a Revista, os Perfis Acadêmicos e a Antologia.”. Esta Revista, apresentada em formato eletrônico, destina-se à divulgação do fazer literário dos membros da Academia Ludovicense de Letras – ALL . Está dividida em sessões, que conterão os: DISCURSOS E PRONUNCIAMENTOS dos sócios da Instituição, e de literatos convidados, não pertencentes ao seu quadro social; AGENDA; EFEMÉRIDES; ALL NA MÍDIA resgata as colaborações nas diversas mídias, quando identificados como membros da ALL; ARTIGOS, CRÔNICAS, OPINIÕES manifestas pelos membros da Academia; POESIAS de autoria de seus membros. Haverá uma sessão DE ICONOGRAFIA, registrandose as atividades da ALL, e aquelas em que seus membros tenham participado, assim como a divulgação de nosso CALENDÁRIO DE EVENTOS. Poderá, ainda, conter ASSUNTOS ADMINISTRATIVOS, referentes a questões estatutárias, regulamento, e avisos. As colaborações não poderão ultrapassar 30 laudas – formato A4, Times New Roman, em Word, espaço único, com ilustrações. Normas de publicação ABNT. Os contatos são feitos através de seu Editor, pelo endereço eletrônico vazleopoldo@hotmail.com
NOSSA CAPA: Escudo da ALL
Retrato de Coelho Neto
ALL EM REVISTA Revista (eletrônica) da Academia Ludovicense de Letras ENDEREÇO PARA CORRESPONDENCIA: EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076 # (98)
NUMEROS PUBLICADOS – ENDEREÇO ELETRONICO V.1, n. 1, 2014 (janeiro/março) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma V.1, n. 2, 2014 (abril/junho) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2 V.1, n. 3, 2014 (julho/setembro) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18 V. 1, n. 4, 2014 (outubro a dezembro). http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981 V. 2, n. 1, 2015 (janeiro a março) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no V. 2, n. 2, 2015 (abril a junho). http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no_ad17bb277a03b8 V. 2, n. 3, 2015 (julho a setembro) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2_numero_3_ V. 2, n. 4, 2015 (outubro a dezembro). http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2__numero_4 V.3, n.1, 2016 (janeiro a março) https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email V.3, n.2, 2016 (abril a junho) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195118.compute-1.amazonaws.com V.3, n.3, 2016 (julho a setembro)
ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS Fundada em 10 de agosto de 2013 Registrada sob no. 48.091, de 09 de janeiro de 2014 – Cartório Cantuária de Azevedo CNPJ 20.598.877/0001-33 DIRETORIA 2016-2017
Presidente -
DILERCY ARAGÃO ADLER
Vice Presidente – SANATIEL DE JESUS PEREIRA Secretário Geral – CLORES HOLANDA SILVA 1º Secretário –
MÁRIO LUNA FILHO
2º Secretário –
DANIEL BLUME DE ALMEIDA
1º Tesoureiro –
RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO
2º Tesoureiro –
RAIMUNDO GOMES MEIRELES
CONSELHO FISCAL
ROQUE PIRES MACATRÃO (Presidente) ÁLVARO URUBATAM MELO MICHEL HERBERT FLORENCIO
CONSELHO DOS DECANOS DECANO CONSELHEIRA CONSELHEIRO CONSELHEIRO CONSELHEIRO
ARTHUR ALMADA LIMA FILHO - 17.10.1929 MARIA THEREZA DE AZEVEDO NEVES – 12.11.1932 ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO - 08.11.1934 ROQUE PIRES MACATRÃO - 13.11.1935 JOSÉ DE RIBAMAR FERNANDES - 30.01.1938
CONSELHO EDITORIAL ALDY MELLO DE ARAÚJO DILERCY ARAGÃO ADLER SANATIEL DE JESUS PEREIRA - PRESIDENTE
EDITOR DA ALL EM REVISTA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ CADEIRA 21
SUMÁRIO EXPEDIENTE SUMÁRIO A VISTA DO MEU PONTO Leopoldo Gil Dulcio Vaz (Editor)
3 5 12
AGENDA 2016 – ANO DE COELHO NETO BILHETE DE COELHO NETO AO ZÉ – COLEÇÃO JOÃO MARANHÃO NETO ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA 18 – COELHO NETO ARTHUR ALMADA LIMA FILHO PROPOSTA REDIGIDA POR COELHO NETO E ASSINADA POR VARIOS ACADEMICOS DIRIGIDA À MESA DA ABL PARA INTERVIR JUNTO AO ITAMARATY EM VISTA DA TRASLADAÇAO DOS RESTOS MORTAIS DE ALUISIO AZEVEDO PARA O BRASIL. EFEMÉRIDES DOM LUÍS DE BRITO: O POLÍTICO, O ORADOR, O REVOLUCIONÁRIO, O PEDAGOGO ÁLVARO URUBATAN MELO MARIO DA SILVA LUNA DOS SANTOS FILHO – FUNDADOR ARQUIMEDES VIERGAS VALE ANTONIO JOSÉ NOBERTO DA SILVA- FUNDADOR WILSON PIRES FERRO - FUNDADOR DILERCY ARAGÃO ADLER - FUNDADOR MICHEL HERBERT ALVES FLORÊNCIO - FUNDADOR JOÃO FRANCISCO BATALHA - FUNDADOR ARQUIMEDES VIEGAS VALE - FUNDADOR LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - FUNDADOR ALDY MELLO DE ARAÚJO - FUNDADOR JOSÉ CLÁUDIO PAVÃO SANTANA - FUNDADOR ARTUR NABANTINO GONÇALVES DE AZEVEDO - PATRONO JOÃO DUNSHEE DE ABRANCHES MOURA JOSUÉ DE SOUZA MONTELLO - PATRONO DOMINGOS VIEIRA FILHO - PATRONO SOUSÂNDRADE, O PRÓPRIO GUESA FERNANDO BRAGA ASSEMBLEIA GERAL DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS (25 DE JUNHO) REUNIÃO DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS - 30 DE JULHO DE 2016 ANIVERSÁRIO DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS-ALL CONVITE 24 BIL – MENSAGEM DE ANIVERSÁRIO ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO ACADEMIA EM DIA DE FESTA EDITAL ELEITORAL 10/2016 – JP ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS COMEMORA ANIVERSÁRIO CELEBRAÇÃO NA CASA DE MARIA FIRMINA DOS REIS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ A FOTO DE MARIA FIRMINA DILERCY ARAGÃO ADLER MENSAGEM DA PRESIDENTE - ANIVERSÁRIO DE TRÊS ANOS DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS ANA LUIZA ALMEIDA FERRO REVISTA CULTURAL LUDOVICENSE - SÃO LUÍS 400/2012 SONHO DE ANA LUIZA – SER RAINHA! – CONSEGUIU... COMENDADORA EM SP 1612 LANÇADA EDIÇÃO PORTUGUESA/EUROPÉIA REVISTA LETRILHA #CLIPPEDONISSUU - VOL. 1 "A ARTE DE VIVER" PH REVISTA – PERSONALIDADE SEM FRONTEITAS 1, 2 – O ESTADO PH REVISTA – PREMIO PARA ANA LUIZA PRÊMIO EXCELÊNCIA E QUALIDADE BRASIL 2016
14
16 17 18 28 26 26 31 38 40 48 61 63 64 66 82 86 89 97 102 115 121 126 127 129 130 131 138 139
143 145
148
DIÁRIO OFICIAL/SP – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA E QUALIDADE CÍRCULO MILITAR, EM SÃO PAULO - "SOCIAL - RIBA UM" JORNAL PEQUENO, 23 DE AGOSTO NA BIENAL DE SP EXPOSIÇÃO LETRA & IMAGEM, EM SÃO PAULO A ‘RAINHA’ EM SEU TRONO A DAMA QUATROCENTONA MEU LOGOTIPO PESSOAL JORNAL SEM FRONTEIRAS SANGUE NOVO NA AML ELEITA PARA OCUPAR A CADEIRA 12 DA ACADEMIA MARANHENSE DE LETRAS DILERCY ARAGÃO ADLER ACADEMIA NORTEAMERICANA DE LITERATURA MODERNA REUNIÃO LITERÁRIA NA CASA DE NATINHO COSTA FENIX REUNIÃO DE DIRETORIA DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS-ALL, DIA 12/07 ANIVERSÁRIO DA CIDADE DE ITAPECURU MIRIM - E O ENCONTRO DE ACADEMIAS IV FEIRA DE LIVRO DE SANTA INÊS ENTREVISTA DA POETA MARANHENSE DILERCY ADLER AOS ALUNOS DO CIEP 121- PROFESSOR JOADÉLIO CODEÇO- MARAMBAIA-SÃO GONÇALO-RJ SELMO VASCONCELLOS E SEUS ENTREVISTADOS BRASIL FELIZ DÍA DE LA INDEPENDENCIA. DOAÇÃO DA BIBLIOTECA DO PROFESSOR CALDEIRA AO IHGM É FORMALIZADA EDMILSON SANCHES GONÇALVES DIAS E EU (Registros públicos de lembranças particulares) NOTA SOBRE O FALECIMENTO DE JOMAR MORAES EDMILSON SANCHES JOMAR MORAES: UM MARANHÃO DE LETRAS CHEGA AO FIM. JOSÉ NERES JOMAR MORAES: MESTRE DE GERAÇÕES CERES COSTA FERNANDES QUANDO UM AMIGO PARTE... LANÇAMENTO DA OBRA "DIREITO ARTE E LITERATURA: PARCERIA OU CUMPLICIDADE" DO ESCRITOR E POETA DR. FERNANDO BASTO FERRAZ LITERATURA MARANHENSE ANALISADA – O ESTADO O SÉCULO XX E A LITERATURA MARANHENSE, DE JOSÉ NERES HERBERT DE JESUS SANTOS PADRÃO EDUFMA "1984", DE GEORGE ORWELL, SOB O OLHAR DO PROFESSOR AGOSTINHO RAMALHO MARQUES NETO REUNIÃO NA BIBLIOTECA PÚBLICA"BENEDITO LEITE ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO Membro da Associação Internacional de Escritores - USA FUNDAÇÃO DA AMEI - Associação Maranhense de Escritores Independentes REUNIÃO DA ALL – 27/08/2016 DIA DE LER TODO DIA. POR UM MARANHÃO DE LEITORES Mesa Redonda – SÃO LUIS: 400 OU 404 ANOS? OS CÉLEBRES MORTOS DA IGREJA DE SANTO ANTÔNIO NO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO ESTADO DO MARANHÃO LICEO POÉTICO DE BENIDORM VA A CELEBRAR EN LA CIUDAD DE SÃO LUIS DO MARANHÃO A HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO DE SÃO LUIS, PARTE 02. ESTUDOS ATUAIS DE DIREITO CONSTITUCIONAL JOÃO FRANCISCO BATALHA BATALHA ANIVERSÁRIO DE 404 ANOS DE FUNDAÇÃO DA CIDADE DE SÃO LUÍS DILERCY ARAGÃO ADLER ANTONIO NOBERTO SÃO LUÍS ANTES DA FUNDAÇÃO "REVISTA SÍNTESE DE DIREITO ADMINISTRATIVO N. 128/2016 ALEXANDRE MAIA LAGO - LETRAS DE SEMPRE SENTIMENTOS CRIMINAIS - ANDRÉ GONZALEZ
164
194 196 199 202 204 205 206 207 209 210 211 212 213 214 217 218 219 219 220 222 222 223 224 233 237 238
239 240 241
XXVI CONGRESSO SOBRAMES em São Paulo LANÇAMENTO DO LIVRO: “O LUGAR DO PINHEIRO- RECONTANDO A HISTÓRIA”
ARTIGOS, & CRONICAS, & CONTOS, & OPINIÕES AYMORÉ ALVIM PINHEIRO, SÃO JOÃO E O BOI DO PORTINHO. ALDY MELLO O MARANHÃO DE ANTÔNIO VIEIRA AYMORÉ ALVIM SERÁ QUE VALE A PENA? FERNANDO BRAGA ODORICO MENDES, O HERÓI DA ENEIDA ANTONIO NOBERTO UM PARAÍSO SOB O OLHAR E A INSPIRAÇÃO DO POETA ROSEMARY RÊGO MEMÓRIAS DO BAIRRO DIAMANTE HAMILTON RAPOSO OLIMPIADAS? EU PREFIRO OS JOGOS ESCOLARES MARANHENSES. CELSO BORGES DEMASIADO HUMANO CERES COSTA FERNANDES MEU AMIGO NAURO MACHADO AYMORÉ AVIM À MEMÓRIA DO MEU PAI ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO HOMENAGEM AOS ECONOMISTAS ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO TIRO DE GUERRA 194 SANATIEL PEREIRA O ADMIRÁVEL MUNDO LOUCO SANATIEL PEREIRA QUANDO A NUVEM PASSAR SANATIEL PEREIRA QUANDO A LUA FOR EMBORA DILERCY (ARAGÃO) ADLER A ODE TRISTE PARA AMORES INACABADOS, DE FERNANDO ATALLAIA FERNANDO BRAGA A ÚLTIMA REFERÊNCIA DE ODORICO MENDES JOÃO FRANCISCO BATALHA LOCAL DOS BATALHAS AYMORÉ ALVIM FOI ASSIM... ELIZABETH RODRIGUES O HOMEM QUE AMOU PARA SEMPRE NONATO REIS PONTE DO CUTIM, O PRIMEIRO VIADUTO DE SÃO LUÍS ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO O LIVRO VISTO PELO AUTOR ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO O LIVRO VISTO PELO AUTOR – II
242 244 245 246 248 250 252 253 255 256 258 259 261 262 263 264 266 268 270 272 273 274 275
HERBERT DE JESUS SANTOS NA ACADEMIA, HAROLDO TAVARES 2016 (2) (NO INCÊNDIO DO GOIABAL, 85 CASEBRES EM CINZAS E UM ÓBITO. OS ANJOS DA GUARDA DOS FLAGELADOS, ANTES DA BARRAGEM) NONATO REIS RUY MESQUITA, O ENGENHEIRO QUE MUDOU SÃO LUÍS ALL NA MÍDIA ALDY MELLO POLÍTICA E ÉTICA CERES COSTA FERNANDES TEMPOS DE MIGRAÇÃO
277 279 281 282 283
PAULO OLIVEIRA REALIDADE DOS ATINS ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO O BRASIL NO SÉCULO XX ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO CUSTO DO CAPITAL ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO SEMPRE AOS DOMINGOS ALDY MELLO A ÉTICA COMO PRÁTICA HUMANA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ ACADEMIA DE LETRAS FUNDADA EM 1865? ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO O TREM DA ESPERANÇA RAIMUNDO VIANA A PERDA ALDY MELLO DIALÉTICA DOS SENTIMENTOS CERES COSTA FERNANDES DE URNAS, BEBÊS e JUÍZES ALDY MELO PREFREITURA DE SÃO LUIS: SANATIEL PEREIRA AS ENCRUZILHADAS DO CAMINHO CERES COSTA FERNANDES DODÔ E AS ELEIÇÕES
284 287 288 289 290 291 293 295 297 298 299 300 301 302
POESIAS & POETAS PEDRA DE TOQUE DANIEL BLUME DE ALMEIDA PENAL NÁUSEAS SEM ASAS POSSIBILIDADES DÍVIDA INVEJA DIGO PASSADO VISÃO TOLO BOLHA REFLUXO PARQUE PÔR-DO-SOM BIPOLAR FATAL PRESSÃO DERROTA PLURAL FÉ VERDADE CALMA MAR DE CUBA PÊRA ALDEIA CARMÉ DE OLHOS PRO AR LONGEVIDADE VÔO ESSÊNCIA FACE
303
MEIA NOITE HORIZONTE DIA TUMOR ÁGUA E CAFÉ VALE A PENA FERNANDO BRAGA DO SAPATO AO PÉ DESCALÇO TERESINKA PEREIRA
324
DIA D@ AMIG@ CONTÁGIO
325
DIVAGANDO... NO VERDOR DOS ANOS
326
AYMORÉ ALVIM
CARVALHO JUNIOR IMPERADOR DO VERSO ELIZA BRITO NEVES RETRATO DE MEU PAI CLORES HOLANDA ANJO COR DE ROSA EM FESTA MOISÉS ABÍLIO PERMISSIVO GRUPO UNOH FERNANDO ABREU DOIS DEDOS DE PROSA POÉTICA HERBERT DE JESUS SANTOS ERASMO DIAS NASCEU EM CURURUPU! JANDIRA ZANCHI 5 POEMAS DE ANTONIO AÍLTON KLEBER LAGO ESPERANÇA WELTH LUKA BITTENCOURT ROLIM RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO
328 329 330 331 333 335 337 340 341
“POEMAGRÁRIO” PAULO OLIVEIRA (PAULÍVER) INTERNET CAFÉ COM POESIA CLORES HOLANDA DILERCY ADLER JOSÉ NERES A GEOMETRIA DO LÚDICO ROSEMARY RÊGO ENTRE O AZUL E O TEMPO HERBERT DE JESUS SANTOS HORA DE PUBLICAR LIVROS DE JORGE NASCIMENTO: COLEGAS JORNALISTAS E ESCRITORES NA CAMPANHA FERNANDO BRAGA ALGUNS SIGNOS E SÍMBOLOS NA POÉTICA DE ANA NERES PARA UMA ANTOLOGIA LUDOVICENSE NASCIDOS ENTRE JULHO E SETEMBRO JOAQUIM MARIA SERRA SOBRINHO – JOSÉ AUGUSTO CORREIA MANUEL ÁLVARO DE SOUSA SÁ VIANA AUGUSTO TASSO FRAGOSO NOBERTO DA SILVA, Antonio ANTÔNIO FRANCISCO LEAL LÔBO I. XAVIER DE CARVALHO Muricy, Andrade JERONIMO JOSÉ DE VIVEIROS BITTENCOURT, Joana
350 351 352 353 355 356 358 359 360 363 364 365 367 370 375
377 378
ARMANDO VIEIRA DA SILVA RAIMUNDO CLARINDO SANTIAGO JOSÉ DE RIBAMAR SANTOS PEREIRA VAZ, Leopoldo Gil Dulcio
380 382 384
FRANCISCO DE ASSIS GARRIDO JOSÉ CARLOS LAGO BURNETT WALDEMIRO ANTONIO BACELAR VIANA MORAES, Jomar
385 389 393
JOSÉ DE JESUS LOUZEIRO RONALDO COSTA FERNANDES JOSÉ JOAQUIM FERREIRA DO VALE RAMOS, Clovis
398 399 380 404 410 418 422 423 429 430 437 439
HUGO VIEIRA LEAL ANTONIO LISBOA CARVALHO DE MIRANDA JOSÉ NASCIMENTO MORAIS FILHO FERREIRA GULLAR NAURO MACHADO FERNANDO OCTÁVIO MOREIRA DA CRUZ JOSÉ MARIA NASCIMENTO ORLANDEX PEREIRA VIANA ROSSINI CORRÊA HERBERT DE JESUS SANTOS DYL PIRES HAGAMENON DE JESUS CARVALHO SOUSA LEÃO, Ricardo JOSÉ DE RIBAMAR SILVA FILHO ANTONIO CARLOS ALVIM CLARINDO SANTIAGO DIONNATAN PEREIRA SOUSA GABRIEL RUBIM DA SILVA RENATO LIMA DE SOUZA WESLLEY SOUSA SILVA COSTA DIREITO & LITERATURA ANGÉLICA TELLES DE SOUZA PESSOA JEOVÁ DOS SANTOS SILVA LETÍCIA CRISTINA RIBEIRO RODRIGUES RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO VICTOR SANTOS JACINTO PIANCO
442 443 448 450 451 452 453 455 456
457 DEVIDO PROCESSO LEGAL NO DIREITO ADMINISTRATIVO
ANGÉLICA TELLES DE SOUZA PESSOA JEOVÁ DOS SANTOS SILVA LETÍCIA CRISTINA RIBEIRO RODRIGUES RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO VICTOR SANTOS JACINTO PIANCO RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA DO SERVIDOR PÚBLICO ANGÉLICA TELLES DE SOUZA PESSOA JEOVÁ DOS SANTOS SILVA LETÍCIA CRISTINA RIBEIRO RODRIGUES RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO VICTOR SANTOS JACINTO PIANCO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
464
468
A VISTA DO MEU PONTO Neste inicio do terceiro trimestre do ano da Graça de Nosso Senhor de dois mil e dezesseis, atingimos mais de 621 MIL ‘baixadas’ das publicações no ISSUU... Ao termino dos primeiros trinta dias do lançamento da revista 3.2 já mais de 4.500 pessoas ‘baixaram’ o referido número... Em média, segundo o sistema de controle estatístico, alguns números atingem mais de 20.000 revistas baixadas... Até o momento... Em média, 500/600 de cada um dos 10 numeros já colocados à disposição, ao mês!!! E isso, sem que ainda tenhamos conseguido o registro junto ao IBICT, para obtenção do ISBN, de revista eletrônica... O que tem caracterizado as edições é a constante participação de alguns poucos membros de nossa Academia; sempre os mesmos: Brandão, Aldy, Aymoré, Dilercy, Ana Luiza, e mesmo eu, não falham... Noberto, de vez em quando, Ceres, sempre presente... e esporadicamente, Michel, Mário Luna, Arquimedes, Daniel, Campos, Osmar... Damos continuidade à nossa proposta de biobibliografias dos escrevinhadores ludovicenses, em busca de estabelecer uma antologia dos nascidos nesta Atenas brasileira... Aos poucos, e na medida em que os números da revista se sucedem, no mês do aniversário desses autores, lhe apresentamos os perfis. Onde não consta a autoria, das apresentações, é deste Editor... Lá estão em “efemérides”, quando se trata de membros da ALL, sejam patronos, sejam, ocupantes de cadeira; no caso de não serem do quadro, está em “Poesias e Poetas”, na proposta “Para uma Antologia Ludovicense”. Desde o numero anterior, nova sessão, onde está a Agenda cumprida pelos membros da Diretoria, em suas tarefas, e de alguns dos membros, quando de participação em eventos, literários ou não... Mas que dão conta das atividades realizadas em prol da difusão das coisas e lides literárias, que exigem a presença dos acadêmicos... Em “Artigos, & Crônicas, & Contos, & Opiniões” apresentamos os mesmos, quando inéditos, escritos para a Revista... Mesmo que depois venham a ser publicados em outros veículos... E estes, que aparecem em outros veículos, aqui são replicados em “ALL na Mídia”. Abrimos, então, uma sessão especial, para as “Poesias & Poetas”, e nossa proposta daqueles que encaixam, seus perfis, numa Antologia Ludovicense, conforme acima explicitado... A ALL em Revista, apresentada ao publiuco leitor como eletrônica, é dedicada à divulgar os escritos e atos e fatos dos membros da Academia Ludovicense de Letras, prioritáriamente. Outros escritos, quando pertinentes, em especial critica literária, e crônicas que relatam as cenas de nossa São Luis, de outros autores out-siders e que aparecem na mídia ou mesmo especialmente para a Revista, são aqui divulgadas... É o caso de Hamilton, Fernando, Oliveira Ramos, Celso Borges, Rosemary Rego, Antonio Ailton, Reis, dentre outros, alguns já habituais, sócios-atletas... aguardamos a abertura das vagas de membro não preenchidas para que possam, quem sabe?, um dia virem a se juntar a nós outros... Oremos... Neste trimestre, no mês de agosto, comemora-se a fundação da ALL, no dia de nascimento de Gonçalves Dias. Três anos, já; sob nova direção – a segunda eleita – tivemos a presença de membros de outras academias de letras de nosso Estado, como os da de São Bento, Paço de Lumiar, Itapecuru, e da Associação Maranhenses dos Escritores Independentes, SOBRAMES/MA, IHG de Guimarães, e claro, da diretoria da FALMA – Federação das Academias de Letras do Maranhão; contamos com a representação do Cmte. Do 24 BIL, e da Secretaria de Turismo do Municipio de São Luis. Nosso anfitrião foi o Diretor Geral do Forum Desembargador Sarney Costa, que nos cedeu, uma vez mais, seu auditório e toda a logística necessária para a realização do evento. Neste ano, em homenagem a Coelho Neto, nosso membro fundador Artur Almada Lima foi o palestrante, pronunciando seu Elogio ao Patrono, que por problemas de saúde foi lido por sua filha Cláudia Costa Almada Lima. A sessão foi abrilhantada pela Camerata Chorística (Renato Pinheiro (violoncelo), Magno Junior (Violão sete cordas), Bruno Serra (percussão), e André Santos (flauta). Como tem acontecido sistemáticamente, contamos cm a partipação da Escola Inrtegrada “Maria Firmina dos Reis”, com a presença de sua Diretoria e diversos mprofessores; a aluna Rayslla Lorena Santos Carvalho – 5º ano B – apresentou uma Poesia Performática. O colecionador João Maranhão Neto levou ao evento um
bilhete de Coelho Neto, do próprio punho, endereceçado ao Zé – quem é o Zé, no-lo sabemos... – iniciativa de nosso poeta Mário Luna Filho... Tivemos um pequeno contratempo: a AML comemora seu aniversário nesta mesma data, e teve uma sessão solene no mesmo horário, em sua sede, em que homenageou vários intelectuais não pertencetes ao quadro da mesma; assim, alguns de nossos membros foram foram referenciados por aquela coirmã – Raimundo Meireles, Paulo Sousa, Pavão Santana, além de Ceres Fernandes, membro das duas casas, palestrante na dita sessão; Ana Luiza Almeida Ferro também compareceu àquela solenidade, hava jista serem lançadas várias reedições da obra de Mário Meirelres, seu patrono em nosso sodalício. E uma coisa que venho constantemente chamando a atenção – a ausência de vários de nossos membros em nossas solenidades e sessoes, e eventos... está chagada a hora de revermos essa situação, pois o estatuto e o regimento prevê essas situações, em que os membros se ausentam das atividades por mais de 12 meses... assim como ao pagamento das anuidades, como parte das obrigações socieais, por pertencerem ao quadro associativo. Daí que perguntei: para que serve uma Academia? Para que servem seus aventops e reuniões? Estas, apenas para discutir-se a parte burocrática-administrativa? E as questões da literatura? Quando serão discutidas? A entrada de novos membros? A presença nesses eventos têm sido acompanhadas por crca de 10 a 15 membros, e sempre os mesmos... Neste mês de agosto, perdemos Jomar Moares... Vamos iniciar nova sessão: Direito & Literatura, destinado à nossos juristas, com seus artigos técnicos... é o jeito... Pedido de Campos. Então sirvo-me de Dimas Macedo, titular da UFC no prefácio de “Direito, Arte e Literatura – parceria ou cumpriciddde?, de Fernando Basto Ferraz – ali de Paranaíba e hoje da UFC, também: o Direito é liguagem [...] (é) equilíbrio entre o reino absoluto do desejo e os limites jurídicos ligados ao interesse público [...] (é) conhecer as coisas políticas pelo coração [...] (é) a afirmação da paixão pela realidade por [...] insights de apreensão da realidade [....] provocando pelas perguntas sobre o ser, o existir e a cumplicidade com que estas formas de pensamento se articulam almejando a parceria. [...] O que é o Direito? O que é a musica como expressão do sentimento? Quais as repercussões da musica e da literatura diante dos quadros do poder? E qual a influencia do cinema e da literatura na construção soberana da cidadania e no desdobramento do cotidiano? [...] são perguntas e não respostas [...] mergulhe [...] no espelho harmoniosos da palavra que (se) reinventa, enquanto liberdade e significado do Direito, fenômeno social que já não é o mesmo, diante da arte e da literatura. O livro do Prof. Ferraz se contitui uma reflexão sobre a importância do ensino jurídico na formação dos alunos dos Cursos de Direito, e a contribuição que a literatura poderá lhes proporcionar, e assim, repercutir favoravelmente no tratamento e no compromisso profissional em favor de seus futuros clientes... Nos Congressos Nacionais do Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Direito – CONPEDI, há um grupo de trabalho (GT) “Direito, Arte e Literatura”... Ao lembrar que a ALL é uma academia de abrangência municipal, do de São Luis, e de que neste setembro se deu sua fundação, da cidade, resolveu-se comemorar a data, com um evento realizado em conjunto com a Casa de Cultura Huguenote “Daniel de La Touche”, ali no Beco da Catarina Mina e em sua (antiga) residência... evento que contou com a colaboração da SOBRAMES e da Embaixada do Liceo de Benedorm – comemorando a paz, e uma homenagem aos pracinhas da FEB - e voluntários da casa na proclamação de poesias; antes, uma palestra de nosso confrade Antonio Noberto, sobre a contribuição protestante na fundação da cidade; muita música em louvação á São Luis, seguida de visitação à exposição “França Equinocial para sempre”, curadoria de Noberto... e um coffebrack... Casa cheia, enfim!!! Como disse, muita movimentação, este trimestre, de nossos afiliados... Ana Luiza e Dilercy mereceram um destaque, com uma subsessão só para elas, dentro de nossa Agenda... LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EDITOR
AGENDA
CALENDÁRIO DE ATIVIDADES 2016 MÊS JULHO
DIA
30 ? 10
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
NOVEMBRO
DEZEMBRO
ATIVIDADE Reunião da Diretoria Assembleia Geral Ordinária/PEDRA DE TOQUE Mostra de Literatura Aniversário da ALL Reunião da Diretoria Assembleia Geral Ordinária/PEDRA DE TOQUE Reunião da Diretoria Assembleia Festiva FELIS Reunião da Diretoria Assembleia Geral Ordinária/PEDRA DE TOQUE Reunião da Diretoria Assembleia Geral Ordinária/PEDRA DE TOQUE FELIS Reunião da Diretoria Assembleia Festiva
TEMÁTICA
OBS
CANCELADA
TRANSF. NOVEMBRO
EFEMÉRIDES 08 13 19 10 34 31 37 34 02 20 21 09
JULHO Dilercy Aragão Adler Artur Nabantino Gonçalves de Azevedo João Francisco Batalha Joaquim de Sousa Andrade – Sousândrade Lucy Teixeira Mario Martins Meireles Maria da Conceição Neves Aboud Lucy de Jesus Teixeira Antonio Vieira
12 07 36 30 32 26 32 01 19 39 16 38 35 15 21 03 35 09 39
09/07/2007 10/07/2003 10/07/1925 11/07/1922 18/07/1692 Arquimedes Viegas Vale Leopoldo Gil Dúlcio Vaz
Antonio Henriques Leal Mário da Silva Luna dos Santos Filho Wilson Pires Ferro AGOSTO Michel Herberth Alves Florencio
07
07/07/1950 07/07/1955 08/07/1944 09/07/1832
Antonio Gonçalves Dias 10 DE AGOSTO DE 2013 – FUNDAÇÃO DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS João Miguel Mohana Odylo Costa, filho Josué de Souza Montello Raimundo Corrêa de Araújo Aldy Mello de Araújo Antonio José Noberto da Silva SETEMBRO João Dunshee de Abranchews de Moura José Tribuzzi Pinheiro Gomes Antonio Batista Barbosa de Godois 08 DE SETEMBRO DE 1612 – FUNDAÇÃO DE SÃO LUÍS DO MARANHÃO Dagmar Desterro e Silva Domingos Vieira Filho Raimundo da Mota de Azevedo Correia Manuel Fran Paxeco (em Lisboa) Manuel Odorico Mendes Domingos Vieira Filho Antonio Henriques Leal José Cláudio Pavão Santana
22/07/1949 23/07/1952 24/07/1828 27/07/1950 30/07/1936 1º./08/ 10/08/1823 12/08/1995 19/08/1979 21/08/1917 24/08/1951 28/08/1940 30/08/1970 03/09/1867 08/09/1977 04/09/1923 09/09/1925 11/09/1981 13/09/1911 17/09/1952 17/09/1864 25/09/1924 29/09/1885 30/09/1956
2016 ANO DE COELHO NETO
BILHETE DE COELHO AO ZÉ – COLEÇÃO JOÃO MARANHÃO NETO
ELOGIO A COELHO NETTO PATRONO DA CADEIRA 18
HENRIQUE MAXIMIANO COELHO NETO MEMBRO FUNDADOR
ARTHUR ALMADA LIMA FILHO
Caxias – MA, 17 de outubro de 1929 Desembargador aposentado POSSE: 14 DE DEZEMBRO DE 2013 RLOGIO: 10 DE AGOSTO DE 2016
Não houve melhor brasileiro do que Coelho Netto (João Neves da Fontoura)
Os primeiros seis anos de vida passou-os Henrique Maximiano em sua terra natal - Caxias. Nascido no ano de 1864, no dia 21 de fevereiro. Em 1870, a família mudou-se para a capital do Império, em consequência do insucesso comercial do pai, o português Antônio da Fonseca Coelho. Os biógrafos de Coelho Netto passam em branco sobre esses dias da infância do insigne caxiense. Ele próprio, porém, estima esse período de vida, que, como ressaltam os psicólogos, é o cadinho em que se forja a personalidade humana. No capítulo de suas influências ele relata: “até hoje sofro influência do primeiro período de minha vida. Foram as histórias, as lendas, os contos ouvidos em criança, histórias de negros cheias de pavores, lenda de caboclos palpitando encantamentos, contos de homens brancos, a fantasia do Sol, o perfume das flores, os sonhos dos civilizados...” João Neves da Fontoura, diplomata, escritor, em discurso de posse na cadeira que fora de Coelho Netto, na Academia Brasileira de Letras, ressalta : “Na vida de Coelho Netto, Caxias tem o sentido das raízes, que a terra dissimula. Ocultas, nem por isso deixam de ter o seu papel no destino da planta, porque são elas que extraem do húmus as substâncias que alimentam o caule.” Muitos eram os contadores de histórias, as negras e os caboclos do sítio em Caxias, em destaque para uma mãe preta, por assim dizer, a babá de criação, uma preta velha que acompanhou a família ao Rio de Janeiro. Ressalte-se ter sido essa a mulher que, a par de D. Gabi, Maria Gabriela Brandão, esposa do escritor, mais influência exerceu em sua vida. Nem menor foi a inflência de sua mãe, D. Ana Silvestre Coelho, uma índia civilizada, mulher admirável. Nesses seis anos de magia e encantamento, o menino Henrique, na suspeita de poliomielite, fez uma promessa, a pedido da mãe, à Virgem Maria, a qual consistia em, vestido de azul, pés descalços, esmolar pelas ruas da cidade. Com o óbulo arrecadado, D.. Ana comprou uma perna de cera. Um dia, em companhia da mãe, o menino Henrique depositou o ex-voto no altar dos milagres da Igreja Matriz. A conselho médico para melhor convalescência do menino, a família partiu para o pequeno povoado Trapicheiro, onde os moradores, gente simples, viviam como se todos pertencessem a uma só família. Nesses dias, “perto da mata, junto das águas sonoras, vendo nascer e morrer o dia, iniciou-se Coelho Netto no mistério de seu destino...” Já consagrado escritor, no Canteiro da Saudade, relembra esses belos dias: “Não fosse a minha doença, eu não teria tido a ventura de viver os dias que vivi, tão longe do tumulto, tão dentro do silêncio, às vezes tão perto céu, no monte, que eu via a meus pés nuvens pairando acima da floresta e, muito em baixo, como um presépio todo pequenino, as casas, a gente, os animais e as fitas brancas dos caminhos estendidas no campo aveludado”. E, com muita convicção: “Foi em tal sítio que aprendi a amar a terra e o céu e, entre eles, pressenti o mistério. A minha escola primária foi aquela paisagem.” Ao omitir-se essa fase da vida do escritor, os seus biógrafos privam os leitores da mais completa compreensão da vida e da obra do biografado. Apressam-se em mostrar Coelho Netto na Capital do Império, “cenário onde iria desenvolver a segunda etapa de sua infância, grande parte de sua mocidade, e depois toda sua luta de escritor e de homem”. O Rio de Janeiro daquele tempo era uma cidade quase provinciana, com seu casario colonial, ruas cobertas de mato, por onde passavam bondes puxados por pachorrenta alimária, ao lado de bovinos, caprinos e outros animais que, vez por outra, retardavam a circulação dos poucos veículos. O senhor Antônio da Fonseca Coelho, de início, no Rio, montou um hotel, que veio a falir. Estabeleceu uma pequena loja de móveis, na famosa rua da Alfândega. Não tardou a fracassar. Mergulhou,
Então, numa profunda depressão moral; abateu-se totalmente. D. Ana Silvestre torna-se o braço direito da casa, não deixando soçobrar o lar. Assume a responsabilidade dos negócios, mantém o menino na escola. Henrique iniciou os estudos fundamentais com o guarda-livros Rezende, seu tio, voltado à leitura dos clássicos portugueses e latinos, circunstância que induziu a inteligência do discípulo ao trato das letras. Inteligência aguda e precoce revelada desde cedo. Aos onze anos de idade, lia Cícero no original. Mereceu dos mestres consagradores elogios. Deixou marca no Colégio Jordão, no Mosteiro São Bento e no Colégio Pedro II, onde concluiu o Curso de Humanidades. Aos dezenove anos, segue para São Paulo e matricula-se na Faculdade de Direito da qual teve de afastar-se, incompatibilizado com o meio por envolvimento na defesa dos colegas ofendidos pelo jornal A Gazeta do Povo. Muda-se para Pernambuco e, na Faculdade de Direito de Recife, cursa o primeiro ano. Encerra, por fim, os estudos jurídicos no terceiro ano. Antes, tentara estudar medicina, porém, não se afeiçoou à Anatomia. Então dedica-se por inteiro ao jornalismo, seduzido pela forte personalidade de José do Patrocínio. Chega a confessar: “Fui ouvir pela primeira vez o Patrocínio. Fiquei doido, doido, completamente doido. Resolvi deixar os estudos, deixar os sonhos de doutor, para acompanhar o grade vulto. E fui com ele para a Gazeta da Tarde. Mas a vida era dura, a Gazeta da Tarde esteve em sérias dificuldades. Andei saltando de jornal em jornal para ganhar o pão.” Foi secretário da Gazeta do Rio, de José do Patrocínio, e redator do Diário de Notícias de Rui Barbosa. Não tinha o jornalista uma morada certa, ora recolhia-se a uma pousada de razoável comodidade, ora num cubículo imundo de reles cortiço. Escrevia nas mesas dos bares da rua do Ouvidor, quase sempre subalimentado. Sua paixão pela literatura, levou-o a estudá-la, com denodo, um ano inteiro. Viu correr a mocidade numa pobreza deplorável. O filho, Paulo Coelho Netto, dá-nos um flagrante desses dias trágicos em que o escritor teve Olavo Bilac como companheiro de casa: “Quando um deles saia à rua, o outro ficava no quarto, porque só havia um par de sapatos.” Vagava pelas redações dos jornais, irrequieto a escrever, de contínuo, artigos primorosos, fazendo-se conhecido por seu invulgar talento. Por esse tempo envolveu-se, com paixão, na campanha abolicionista, produzindo uma torrente de discursos com tal eloquência e apurada linguagem a emparelhá-lo aos grandes tribunos de seu tempo. É João Neves da Fontoura, já mencionado, quem o diz: “Dispondo de uma riqueza vocabular assombrosa e de uma imaginação incomparável, Coelho Netto teria de ser, como foi, um dos maiores oradorers de seu tempo.” Era um rapaz simpático, embora de pouca estatura, media um metro e sessenta e três centímetros, e peso mosca, cinquenta quilos, cabelos hirsutos, cortados rente, nariz amplo, olhos luminosos, boca enérgica, de lábios grossos. Com esse perfil e a fama de boêmio e voltívolo, apresentou-se à casa de Dr. Alberto Brandão, ilustre educador, aonde o levara o amigo Luís Murat. Foi conhecer Gabi, Maria Gabriela Brandão, filha daquele famoso educador, para reconhecer naquela graciosa menina-moça, a sua alma gêmea. Enamorou-se num átimo. Um mês depois, pediu-lhe a mão ao pai em casamento. Aquele senhor de apreciável cultura, homem compreensível, cônscio da vida airada do postulante, não passou despercebida, contudo, “uma repentina transfiguração do moço.” Aquiesceu ao romance. No dia 24 de julho, era o ano de 1870, celebrou-se o casamento, na Igreja da Glória. Foi seu padrinho o Presidente da República, o Marechal Deodoro da Fonseca. Com o casamento, inicia-se uma fase de luz, a mais importante da vida de Coelho Netto. Deu-se profunda mudança em seu comportamento. O moço boêmio, dispersivo, transforma-se em um dinâmico escritor que alcança inigualável projeção na literatura nacional. Ele próprio, entrevistado por um jornalista, atribuiu a seu casamento o triunfo que obteve na vida.
Com efeito, logo depois de nomeado Secretário do Governo do Estado do Rio, assume a Diretoria dos Negócios do Estado, da Justiça e da Legislação do mesmo ente federativo. Classificado em concurso para Secretário de Legação, promovido pelo Ministério do Exterior, desistiu da carreira diplomática, vindo a exercer, em interinidade, a docência da cadeira de História das Artes, na Escola Nacional de Belas Artes. No ano de 1891, enfim, estreia o escritor. Publica “Rapsódias”, uma coletânea de contos. Dois anos depois, o seu primeiro romance “A Capital Federal”, narra a experiência urbana de um interiorano recém chegado à capital da República, suas surpresas e decepções. A partir daí, começa a irrupção de uma torrente incessante de produção literária: romances, contos, crônicas, conferências, novelas, fábulas, lendas, pastoral, apólogos, baladas, poesia, teatro, livros de crítica e de história. Todos os gêneros literários saltam daquela pena. Não há conter aquele impulso arrebatador. Compõe o enredo e dirige a filmagem de “Os Mistérios do Rio” película que obteve êxito animador. Sua dedicação ao teatro nacional fê-lo escolhido a escrever a peça para inauguração do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1909. Deu à dramaturgia brasileira, Bonança, que alcançou grande sucesso. Coelho Netto foi o mais fecundo escritor da língua portuguesa. Tinha o “vício admirável do trabalho” como costumava repetir. Escreveu 130 volumes. Se condensadas em livros, as 8.000 crônicas, publicadas em 70 jornais e revistas nacionais e estrangeiras, renderiam alentados 170 outros livros. Por outro lado, suas improvisações acrescentariam 100 volumes àquele total. Dedicava a seu labor, em média, dez horas por dia. Ao fim da vida, havia trabalhado 150.000 horas, segundo estimativa de um dos seus biógrafos. No ano de 1898, publica 10 volumes. Aos 60 anos de idade, por pouco repetiria essa proeza – publica 9 livros. E quatro anos depois, entrega aos editores 6 novos títulos. Todo esse ror de trabalho intelectual escrito à mão, com letra bela e delicada, à feição de desenho derramado em folhas de papel de linho, de uso do escritor. Tudo com raras emendas ou borrões! Em colaboração com Olavo Bilac, escreveu Contos Pátrios e A Pátria Brasileira, livros que já atingiram mais de 70 edições. Já doente e abatido de uma tenaz melancolia, abalado desde a morte de sua Gabi, em dezembro de 1931, não desleixou do trabalho hercúleo, contratado em 1928 com seus editores Lelo & Irmão, de Portugal, para, em parceria com o escritor João Graves, erguer um monumento enciclopédico, o Dicionário Lelo Universal que chegou a livrarias em 1933. Ao iluminado escritor maranhense, chega-se a atribuir, sem muita firmeza, a criação do conto regional, na literatura brasileira. Em janeiro de 1890, publicou a novela “Praga”, no Correio Paulistano. Teria antecedido, portanto, a Valdomiro Silveira (“Rabicho” - 1891) e Afonso Arinos (“Manuel Lúcio” – 1893). Seus romances foram traduzidos para o espanhol, francês, italiano e alemão. Assinava suas obras, ora com o seu nome, ora com as iniciais N e C.N, ou com os pseudônimos Anselmo Ribas, Blanco Canabarro, Caliban, Charles Rouget, Puck, Demonax, Ariel e Henri Lesongeur. Foi o escritor mais lido de sua geração. De 1891 a 1934, as 244 edições de suas obras já tinham alcançado 600.000 volumes. E registrar que o pimeiro texto de sua lavra, um poema, foi publicado, como matéria paga, no Jornal do Comércio, Rio, edição de 17 de dezembro de 1881, sob o título “No deserto”, um brado contra a escravidão. Contava ele, então, 17 anos de idade! Repentista da prosa improvisava em ambientes fechados ou cena aberta. Em visita a São Luís, em 1918, pronunciou, em uma semana, 64 discursos. Bem pudera, neste ponto, comentar um ou outro dos seus romances. A paciência da colenda assembleia tem limites. Urge respeitá-los. Não obstante, firme na generosidade de todos, ouso destacar Inverno em Flor, que o grande psiquiatra Juliano Moreira considerava uma obra científica, para fazer conhecido o conceito que, sobre este romace, expendeu o doutor Péricles Moraes:
“O sr. Coelho Netto dá-nos um estudo admirável do amor incestuoso como uma concepção justa das doutrinas e dos processos freudistas, tendo concebido e realizado o esquema psíquico do Inverno em Flor muito antes das controvérsias científicas suscitadas no pensamento moderno pelas ideias do Inconsciente na literatura, expendidas e divulgadas pelo Dr. Freud. Nas letras brasileiras o senhor Coelho Netto foi deveras o único que, mesmo antes de divulgadas essas modernas teorias psiquiátricas, conseguiu justificá-las num livro profundamente humano”. Machado de Assis comentou duas obras editadas no início da carreira do escritor, “Miragem” e “Rei Fantasma”. Do primeiro, escreveu: “Coelho Netto tem o dom da invenção, da composição, da descrição e da vida, que coroa tudo. É dos nossos primeiros romancistas, e, geralmente falando, dos nossos primeiros escritores.” Do segundo, lavrou sua impressão: “As descrições são vivas, as paixões ajudam a natureza exterior e a estranheza dos costumes. Há quadros terríveis; a cena de Amany e da concubina tem grande movimento, e o suplício desta dói ao ler, tão viva é a pintura da moça agarrada aos ferros e fugindo aos leões. O mercado de Pehu e a panegíria de Ísis são páginas fortes e brilhantes”. No ano de 1900, passa por péssima situação financeira. Por motivo de saúde, estava impossibilitado de escrever. Vende, em leilão, todos os seus bens: móveis, livros, cristais, tudo, enfim. Premido, assim, pela necessidade, viaja para Campinas, onde, aprovado em concurso público, leciona Literatura no Ginásio local. A cidade paulista alcança notoriedade nacional na Literatura e nas Artes, pela diversificada atuação de Coelho Netto. Sob sua inspiração, foi fundado o Centro de Ciências, Artes e Letras, uma das mais respeitadas casas de cultura do país. De volta ao Rio, instala-se, com a família, no Hotel Metrópole, o que atesta suas aperturas financeiras, tão depressa, felizmente, superadas. O Maranhão elege Coelho Netto para representá-lo na Câmara Federal durante três legislaturas consecutivas, em que proferiu notáveis discursos, entre os quais a propósito da letra do Hino Nacional; sobre a morte de Euclides da Cunha; a transladação do corpo de Joaquim Nabuco; a translação dos corpos dos últimos Imperadores do Brasil e a devastação das florestas. Foi um deputado que, apesar de eleito pelo governo, nunca se revelou servil ou submisso, o que o fez cair em desagrado. Urbano Santos excluiu-o da representação maranhense. Rui Barbosa vergastou com veemência esta atitude dos políticos de nosso estado: “todo o mal que os rigores da eloquência do padre Antônio Vieira disseram dos vícios desse Maranhão colonial – “onde até o sol mente”, - está longe de igualar o mal que um destes atos faz, hoje, não só ao Maranhão como a todo este Brasil constitucional, onde a mentira se fez sol e centro de todo o sistema reinante”. Sabe-se que Coelho Netto reuniu em um volume toda a campanha política no Maranhão. Esse libelo arrasador, comenta-se, já se encontrava pronto para o prelo, quando morreu o principal protagonista de sua exclusão. O autor desistiu da publicação do livro “porque o pedestal da sua glória assentava em ouro puro e não em terra úmida de sepultura”. Com a situação econômica estabilizada, o autor de “A Conquista” aluga uma casa na rua do Rozo. Posteriormente, em 1928, mudou-se o nome desta via pública para Rua Coelho Netto, numa cerimônia a que o próprio escritor assistiu. As placas de bronze, vale a pena registrar, foram adquiridas mediante subscrição pública, tal era o desejo do povo em colaborar com a homenagem. Os saraus realizados na casa de Coelho Netto marcaram época. Martins Fontes chamava-a “A Santa Casa de Coelho Netto”. Frequentaram-na todos os grandes vultos da literatura, das artes e da política daqueles dias, entre eles, o Barão do Rio Branco, Rui Barbosa, Gustavo Barroso, Monteiro Lobato, Euclides
da Cunha, Capistrano de Abreu, Olavo Bilac, Bidu Sayão, Rosalina Coelho Lisboa, Enrico Ferri, Getúlio Vargas, na época, Ministro da Fazenda. Foram trinta anos intensos de vida, alegria, amor e tristeza. Nasceram-lhe filhos, casaram-se uns, morreram sua amada Gabi e seu filho Mano. Muitas honrarias foram prestadas ao sonetista de “A mãe”, declamado, ano a ano, e cantado milhares de vezes, por esse nosso Brasil. Foi eleito Príncipe dos Prosadores Brasileiros em três concursos sucessivos promovidos pelos semanários Fon-fon, Fênix e o Malho. Entre outros, concorreram a esses concursos João Ribeiro, Gustavo Barroso, Plínio Salgado, Viriato Correia, Monteiro Lobato e Graça Aranha. Seu nome foi indicado para o Prêmio Nobel de Literatura de 1933, pela unanimidade da Academia Brasileira de Letras. A Imprensa Portuguesa proclamou Coelho Netto como o candidato das duas pátrias. A intelectualidade portenha e a uruguaia expressaram significativa simpatia por essa meritória indicação, escolhendo-o para membro de várias asssociações culturais. Contudo, maus brasileiros moveram acirrada e abjeta campanha contra o grande patrício. Oswald de Andrade escreveu, na ocasião, um panfleto, em forma de protesto, providenciando sua distribuição por debaixo das portas das residências, nas caladas da noite, principalmente no solo maranhense. O estado de saúde do escritor era crítico, nessa época, nem por isso se conteve a avalanche de vitupérios endereçados ao enfermo. Na “mais torpe manifestação da inveja que um cérebro humano pode conceber”, fizeram chegar-lhe a casa um ataúde, em que se escrevera “O Prêmio Nobel que já está a caminho do Brasil.” Toda essa torpeza contrastava com o respeito que lhe prestava a crítca credenciada no exterior. O “Rei Negro”, uma obra prima, valeu o comentário do grande escritor argentino, Manuel Galvez, membro fundador e Presidente da Academia de Letras da Argentina: “Ainda que o senhor só houvesse escrito esse admirável romance, teria títulos de sobra para ser candidato.” Como Ministro Plenipotenciário e Enviado Extraordinário do Brasil em Missão Especial à Argentina, representou o país na cerimônia de posse do presidente Irigoyen. Na capital desse país foi homenageado com uma grande festa no Teatro Nacional. Não lhe faltaram convites dos Governos do Chile, do Uruguai, do Paraguai e da Colômbia, para proferir palestras naqueles países. No mesmo ano é efetivado, independentemente de concurso, como lente de Literatura no Ginásio Nacional, o Colégio Pedro II de nossos dias. O insigne autor de Turbilhão, fundador da Academia Brasileira de Letras, presidiu essa augusta confraria, em 1926. São antológicas as orações exaltando os grandes brasileiros, Rui Barbosa, Olavo Billac, Carlos de Laet. Cobra à nação o resgate da dívida do povo brasileiro com a memória de Machado de Assis, e reclama pela ereção de uma estátua, para celebração da glória desse grande homem de letras. Secretário da Comissão do 4° Centenário da Descoberta do Brasil, viajou pelos Estados do Nordeste. Em São Luís, foi “acolhido pela mais entusiástica e calorosa das manifestações de que jamais fora alvo em paragens do extremo Norte, um intelectual brasileiro itinerante.” O povo, os estudantes enchiam as ruas para ver passar o “ Cavaleiro do Sonho e da Beleza.” Após proferir um dos seus magníficos discursos em praça pública, “os estudantes desatrelaram os cavalos de seu carro, e, entusiasmados, carregaram o escritor em triunfo pelas ruas da cidade”. Antônio Lobo, fundador e patrono da Academia Maranhense de Letras, dá testemunho do movimento de renovação literária que, naquela ocasião, experimentou a terra gonçalvina: “Data, com efeito, da passagem de Coelho Netto pelo Maranhão, o início da vigorosa e promissora renascença literária a que de presente assistimos. O entusiasmo despertado pela presença do festejado escritor, a audição repetida de seus vibrantes discursos, evocando as tradições luminosas do passado e as grandes figuras dos nossos intelectuais mortos, a vulgarização de seus trabalhos literários, avidamente lidos na ocasião, tudo isso começou a agir, como outras tantas forças geradoras das repetições modificadas dos mesmos fenômenos fisiológicos de que emanavam, preparando, surdamente, em todos os cérebros aptos à prática das letras, o belíssimo movimento literário que ora se nos depara na velha Atenas Brasileira.”
A Academia Maranhense de Letras deve a sua fundação a Coelho Netto. Humberto de Campos depõe: À sua voz de pastor as ovelhas se levantam. A juventude maranhense... toma-se de coragem. Um sopro ardente de vida e de esperança congrega os atenienses....E funda-se a Oficina dos Novos, destinada a operar, num milagre, a ressurreição do espírito literário.” E, conclui o notável imortal da Academia Maranhense de Letras, Sebastião Moreira Duarte, que daí “nasceu a Academia que temos hoje” O laureado operário das letras foi até a sua terra natal, Caxias, 24 de junho de 1899. A aproximação do vapor “Carlos Coelho’, em que viajava, foi anunciada por uma salva de tiros acompanhada de vinte dúzias de foguetes. O povo esperava no porto o seu grande conterrâneo, que pisou o solo natal ao som da banda de música Euterpe Carimã. A multidão acompanhou o ilustre caxiense até a residência do senhor José Castelo Branco da Cruz, onde se hospedou, sendo saudado pelo Dr. Rodrigo Otávio Texeira, Juiz de Direito da Comarca. No dia seguinte o “Centro Familiar Caxiense” ofereceu a Coelho Netto um luxuoso baile. Na Câmara Municipal, no decorrer de uma sessão extraordinária para receber a visita do filho amado, o presidente da casa, coronel Libânio da Costa Lobo, depois de manifestar reconhecimento pela distinção da visita, fez saber que os edis haviam autorizado a mudança do nome da Rua da Palma para Rua Coelho Netto, por achar-se nela situada a modesta casa em que nascera o escritor. Em seguida, acompahado por quase todos os presentes, dirigiu-se para a fábrica de tecidos Manufatura, onde o grande industrial caxiense, Cândido Ribeiro, saudou o visitante que, mais uma vez, ocupou a tribuna. Na noite do dia 27, realizou-se um suntuoso baile na residência do coronel José Ferreira Guimarães Júnior, situada à praça Gonçalves Dias. O brilhante autor de “O Rei Negro” visitou Teresina, capital do vizinho estado do Piauí, quando lhe foi prestada soberba recepção. Na noite do dia 28, realizou-se no teatro um magnífico baile. Nessa ocasião, o convidado cognominou Teresina de “Cidade Verde”. Não ressaltava a excelente arborização da cidade, porém, os poucos anos de sua fundação. De regresso a Caxias, no dia seguinte, deteve-se no Engenho d’Água, onde o Dr. Cristino Cruz, ladeado por grande massa de trabalhadores, foi pródigo em proporcionar ao ilustre hóspede uma visão total daquele formidável empreendimento, no percurso dos vinte quilômetros da ferrovia que servia a gigantesca usina, da qual só resta uma triste lembrança. A classe operária das fábricas de tecido da cidade de Caxias promoveu uma reunião festiva no Teatro Phoenix, para homenagear o grande conterrâneo. Coelho Netto fez sua despedida ao povo caxiense. Às 06h30min, o vapor “Carlos Coelho” partiu levando a bordo o filho idolatrado de Caxias. Caxias não deixou de prestar a seu ilustre filho, nas datas significativas de sua vitoriosa existência, as homenagens que lhe eram devidas. O primeiro centenário de nascimento de Coelho Netto foi festejado desde o dia 16 de fevereiro de 1964 até o dia 21 do mesmo mês, data de seu nascimento. Salva de foguetões no Morro do Alecrim. Música. Faixas. Quadros. dísticos nas ruas e nas praças da cidade. Sessões cívicas. Palestras. Conferências. Reunião da classe estudantil e da classe operária. Missa festiva. Sessão solene da Câmara Municipal. A posição de uma placa comemorativa na casa da rua Coelho Netto. Concentração cívica nas praças públicas. Nessas solenidades, ouviu-se a palavra do bispo, Dom Luiz Marelim, do grande orador sacro, Monsenhor Arias Cruz, de Abreu Sobrinho, Gentil Meneses, João Vicente Leitão, Enoch Rocha e de Wilson Egídio dos Santos, do padre Aderson Guimarães Júnior, industrial Antônio Brandão, do deputado João Machado, intelectuais que vieram a ser sócios efetivos do Centro Culural “Coelho Netto”, fundado em 1947, bem como do padre Vicente Brito, do Monsenhor Clóvis Vidigal, dos jornalistas Flávio Teixeira de Abreu e Coelho Sales. O sesquicentenário de nascimento do Príncipe dos Prosadores Brasileiros foi página em branco nos anais da Academia Maranhense de Letras e da Academia Caxiense de Letras, embora o presidente de então, desta última, tenha anunciado nas páginas do jornal O Imparcial, uma ampla programação. O Instituto Histórico e Geográfico de Caxias – IHGC, traduzindo o orgulho da Princesa do Sertão, por ser o berço do fecundo e criativo homem de letras, festejou a data com uma exposição de livros durante todo o dia e, à noite, com uma sessão solene no auditório da “Casa de César Marques”, na qual o historiador e intelectual, prof. Jacques Inandy Medeiros, membro da Academia Caxiense de Letras e do IHGC, do qual é vice-
presidente, proferiu uma brilhante palestra, no que foi seguido pelo também ilustre historiador e pesquisador, professor Eulálio Leandro, sócio efetivo do mencionado Instituto. Não é fora de propósito, referir-se à estima e valor que Coelho Netto dispensava aos esportes, talvez porque o tenha impressionado a morte de sete dos seus quatorze filhos. Não só praticava capoeira, como inscrevia os filhos de ambos os sexos nas diversas modalidades esportivas, natação, esgrima, atletismo etc. As filhas encaminhava para o piano, a pintura, o canto, sem lhes negar participação nos esportes. As vitórias destes, nas quadras ou nas raias, levavam-no ao delírio. Porém o futebol era sua paixão; o Fluminense Football Club, sua obsessão. João, seu filho, o festejado Prego ou Preguinho, um dos mais completos atletas do Brasil, destacavase na natação, nos saltos, no ‘water-polo”, no atletismo e, principalmente, no futebol. Integrou a Seleção Brasileira em todas as disputas internacionais de seu tempo, e foi o autor do primeiro gol marcado por nossa Seleção em Copa Mundial de Futebol. Se tantas honras, títulos honoríficos, condecorações e homenagens, recebidas pelo paladino da Língua Portuguesa, no país e fora dele, enalteceram seu iluminado nome, como a nenhum outro intelectual, densas nuvens de inveja e maldade, pejadas de tristeza e lágrimas se abateram sobre o escritor. Nenhum outro, antes ou depois dele, foi alvo de tantos insultos, injúrias, excomunhão de sua arte, numa virulência desabrida, insuflada pelos arrivistas da Semana de Arte Moderna, que, para alcançar notoriedade, tinham que destruir um monumento, Coelho Netto. Nem a idade avançada do consagrado escritor, nem seu delicado estado de saúde, nem mesmo o seu óbito, detiveram a ira dos seus detratores - não poucos, os amigos de ontem. Assim, confrades e confreiras, Monteiro Lobato, que antes mantinha cordial amizade com Coelho Netto, frequentando-lhe a casa, trocando correspondência, oferecendo-lhe livros com respeitosas dedicatórias, endereçou impertinências ao amigo, quando este já descansava em seu túmulo no cemitério de São João Batista. Estampou o autor de “Urupês” suas diatribes, não só no prefácio para o livro da senhora Leandro Dupré, “Éramos Seis”, como o fez incluir na sua obra citada. Até Humberto de Campos que, enquanto viveu o conterrâneo já laureado, foi-lhe tão pródigo em elogios, grato, aliás pelos favores recebidos, e de tal relevância, que o levaram à Academia, Humberto de Campos desfigurou o seu protetor no “Diário Secreto”, intrigando-o com amigos e acadêmicos. Por que, honrados acadêmicos, essa avalanche de torpezas e odiosidade e achincalhes contra o nosso olímpico conterrâneo? Um larvado despeito? – tantos foram os preteridos nos concursos das revistas “Fon-Fon”, “Fenix” e “O Malho”! A inveja? - diante daquele talento de assombrosa imaginação e criatividade? Toda essa odiosa campanha contra o laureado escritor, foi iniciada nas páginas de um jornal que, por ironia, tinha o título de “A Pátria”. Escolheu-se, para essa torpitude, o momento em que Coelho Netto pranteava a morte do filho mais velho, Mano, desportista que deixara muitos louros a nosso país. E identificar no autor desse golpe maldoso, um homem a quem Coelho Netto, muitas vezes, havia saciado a fome! Humberto de Campos sentenciou: “O sr. Coelho Netto não é um escritor; é uma Literatura.” E a memória, que o diferenciava do comum dos mortais? Enquanto estes mal dominam 2.000 vocábulos, o autor de “A Tormenta” tinha o domínio verbal de 20.000 vocábulos, no cálculo de João do Rio. Jorge Amado, nas páginas de “O Cavaleiro da Esperança”, publicado em 1942, acusa Coelho Netto, de alienado das causas sociais. Teria lido o “Rei Negro”, ou a publicação de 1881? Aliás, em entrevista constante da publicação “Jorge Amado, Literatura comentada”, o romancista baiano declara: “Os escritores não-modernistas a gente combatia violentamente, sem ter lido.”Eu sempre conto que tinha vergonha de meter o pau em Coelho Netto, pois lera e gostara de um livro dele, “A Capital Federal”, mas a gente tinha que esculhambar Coelho Netto, não é mesmo? Esse é um remorso que vou carregar a vida toda, ter achado o livro ótimo e falado mal do autor.” Aquele desvairado Oswald de Andrade proclamava: “ Não li e não gostei”. Eis o estandarte em que se estampa o veredicto daquela grei atrevida e insolente. Agripino Crieco, sempre cáustico, deplorava que “esse ateniense de Caxias” fosse um “libidinoso da adjetivação” por atribuir desmedida importância ao dicionário, como supunha...
Enfim, para não alongar mais essa despretensiosa digressão, vale a pena reproduzir as palavras de Paulo Coelho Netto, sobre a crítica feita a obra imortal de seu pai: “Pretendiam ridicularizá-lo, dizendo-o rebuscador de palavras difíceis, eternamente debruçado sobre os dicionários, como se pudesse esbanjar seu precioso tempo. Queriam que um homem dotado de extraordinária cultura e assombrosa imaginação, possuindo o mais rico vocabulário da língua portuguesa, calculado em 20.000 palavras, escrevesse como alguns “gênios” lançados pelas catapultas modernistas, que tinham como mestres, na técnica de repetição, papagaios aliteratados. ” Não são poucos os que saem por aí apregoando a morte literária de Coelho Netto, de sua memória, de sua glória. Seria necessário tirar seu nome de uma cidade, no Maranhão; de um bairro, no Rio de Janeiro; apagar o nome de inumeráveis instituições culturais e literárias e estudantis e das escolas; substituir as placas apostas nas ruas, avenidas, praças e monumentos, espalhados pela imensidão do país. Em consultas nos meios eletrônicos, colhe-se que há mais de 99.000 referências ligadas a escolas que têm o nome de Coelho Netto. Não têm faltado leitores para os livros do grande escritor, embora escasseiem edições mais recentes. Milhares de livros editados, ultimamente, pelo professor e pesquisador Eulálio Leandro foram rapidamente esgotados: são gemas preciosas que, como um incansável garimpeiro, esse autêntico homem de letras vai descobrindo no magnífico tesouro literário que Coelho Netto nos legou: Educação Ambiental no Pensamento de Coelho Netto; Cidadania, na Visão Humanística de Coelho Netto; O Negro na Obra de Coelho Netto; A Mulher na Visão Humanística de Coelho Netto; A Marinha na Eloquência de Coelho Netto; As Sete Dores de Nossa Senhora e outros. O respeitável Instituto Geia, de nossa capital, no Festival de Literatura do ano de 2011, escolheu como livro temático para a gincana, promovida naquele ano, o livro Canteiro de Saudades, editado por Café & Lápis Editora. O site da Estante Virtual e de outras Editoras põem à disposição dos leitores esclarecidos vários livros de Coelho Netto, edições recentes ou não. Este jubiloso ano de cultura “Coelho Netto” comprova, à sobeja, a admiração que a intelectualidade brasileira presta ao incomparável escritor maranhense. Sebastião Duarte Moreira, já mencionado aqui, conclamou a Academia Maranhense de Letras a quitar a dívida com Coelho Netto “recolhendo da obra vastíssima do escritor uma antologia, uma grande antologia, para outro milagre se opere com a geração de agora, convocada a professar votos nessa outra religião, a do verbo reencarnado no lavor da obra literária”. Não estaria aí uma sugestão para que esta nossa confraria tomasse para si essa nobre tarefa? Mais valia há em divulgar-lhe a obra, do que proclamar o ilusório óbito literário do imortal Coelho Netto. O Instituto Histórico e Geográfico de Caxias cogita, ainda neste ano, publicar um livro do grande caxiense. Faleceu Coelho Netto no dia 28 de novembro de 1934, às doze horas e cinquenta minutos, aos setenta anos de idade, na casa nº 79, da rua que tem o seu ilustre nome. Pesava menos de quarenta quilos. “parecia uma criança de fisionomia envelhecida” Um acadêmico murmurou: “Tão peuenino e era um gigante...”. Foi sepultado no cemitério São João Batista, na cidade que ele muito amou. A imprensa nacional, que nos anos anteriores esquecera o seu nome, dedica-lhe necrológios sumamente elogiosos, proclama o seu valor e reconhece o seu principado literário, considerando-o o maior prosador do seu tempo. Nem por isso, mereceu ser lembrado por uma conceituada revista, na relação de centenas de personalidades que tiveram relevância no decorrer dos 450 anos da fundação da Cidade Maravilhosa, cognome que recebeu de Coelho Netto. Diante essa imperdoável omissão, o respeitável historiador caxiense, Professor Jacques Medeiros, lavrou sua indignação na imprensa local. De igual modo procedeu um imortal da Academia Maranhense de Letras na intimidade de seus pares. Creio que mais motivos teria, se atentasse para o pequeno apreço que aquela augusta confraria tem para com o inspirador de sua fundação. Para concluir, convoco o nosso imortal conterrâneo, Josué Montello para com ele proclamar: “Coelho Netto, continua, no silêncio de seu túmulo, muito mais vivo do que os vivos que se comprazem em passar-lhe atestado de óbito literário.”
Muito obrigado! Arthur Almada Lima Filho Cadeina Nº 18 da ALL Agosto, 2016. REFERÊNCIAS ALMADA LIMA FILHO, Arthur. Efemérides Caxienses. Imperatriz- MA: Ética, 2013. ________________________. Três Textos sobre Coelho Netto. Caxias: Folha do IHGC, Ano IV, nº 9, 21/ 2014. AMADO, Jorge. Cavaleiro da Esperança. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. CAMPOS, Humberto. Diário Secreto. São Paulo: Editora O Globo, 1954. CARVALHO JÚNIOR. Príncipe da Prosa. Caxias: Folha do IHGC, Ano IV, nº 9, 21/02/2014. COELHO NETTO, Henrique Maximiano. Canteiro de Saudade. São Paulo: Globo Livros, 2015. _______________. Inverno em Flor. São Luís: Café & Lápis, 2010. _______________. Rei Negro. Rio de Janeiro: Batel, 2011. COELHO NETTO, Paulo. Imagem de Uma Vida. Rio de Janeiro: Editor Borsoi, s/d. CUNHA, Patrícia. Dinamismo raro. São Luís: Jornal O Imparcial, Ed. 21/02/2014. DANTAS, Paulo. Coelho Neto. São Paulo, SP: Edições Melhoramentos, s/d. DUARTE, Sebastião Moreira. Coelho Neto. São Luís: Jornal O Estado do Maranhão, 14/11/2014. DUPRÉ, Sra. Leandro. Éramos Seis. São Paulo: Saraiva, 1957. FONTES, Martins. Terras de Fantasia. Santos, SP: Inst. D. Escholástica Rosa, 1929. FONTOURA, João Neves da. Discurso de posse na Academia Brasileira de Letras. LOBATO, Monteiro. Urupês. São Paulo: Editora Globo Livros, 2015. MEDEIROS, Antônio Carlos. Gonçalves Dias – Coelho Netto. Uruçuí, PI: Gráfica e Editora Uruçuí, s/d. MEDEIROS, Jacques Inandy. Rio -450-Coelho Neto. São Luís: Jornal O Estado do Maranhão, Edição 10/03/2015. MORAES, Jomar. Coelho Neto, Ascenção, Glória, Declínio e Morte do Escritor. São Luís: Jornal O Estado, Edição 18/03/2015. Programa do I Centenário de Nascimento de Coelho Netto. Caxias: Jornal Folha de Caxias, Edição de 18/02/1964. SANCHES, Edmilson. Procura-se Coelho Netto. Caxias: Folha do IHGC, Ano IV, nº 7, 07/02/2014. ________________. O nome “Coelho Netto”, em Caxias, no Maranhão e no Brasil. Caxias: Folha do IHGC, Ano IV, nº 9, 21/02/2014. Jornais Consultados: O Imparcial. Edição 21/02/2014; O Estado do Maranhão. Edições 14/11/2014, 10/03/2015 e 18/03/2015; Folha de Caxias. Edição de 18/02/1964. Folha do IHGC. Edições 07/02/2014 e 21/02/2014 Cantos à Beira-Mar. Edição Ano 14, Nº 73, julho/agosto de 2014.
Proposta redigida por Coelho Neto e assinada por varios academicos dirigida à mesa da ABL para intervir junto ao Itamaraty em vista da trasladaçao dos restos mortais de Aluisio Azevedo para o Brasil.
DOM LUÍS DE BRITO: O POLÍTICO, O ORADOR, O REVOLUCIONÁRIO, O PEDAGOGO ÁLVARO URUBATAN MELO Dom Luís Raimundo da Silva Brito nasceu em São Bento, dia 24 de agosto de 1840. Faleceu em Olinda, a 9 de dezembro de 1915. Filho do casal Bernardino da Silva Brito e Amália Francisca Pires. Ele, português, natural de Santa Marina de Vaz Pereira, bispado de Lamego, e ela, são-bentuense. Estudou as primeiras letras na escola pública da vila, continuou em São Luís no Liceu Maranhense e no Seminário das Mercês. Ordenou-se padre a 19 de junho de 1864. Retorna a São Bento, funda em março de 1866 a Escola Imaculada Conceição que em três anos foram prestados 18 exames de Português do primeiro grau, 7 de Inglês, 4 de Latim e 6 de Geografia, Teve 93 alunos, dos quais 20 em regime de internado. Entre eles o afilhado Urbano Santos de Araújo e Sousa que foi senador, governador do Maranhão ministro de Estado e duas vezes vice-presidente da República; cônego Osório Ataíde Ramos, deputado provincial e vigário da capital federal; Dr. Manuel Ferreira da Mota advogado, jornalista e deputado provincial, e o professor Opilio Justino Lobato. Vereador de São Bento, nomeado vigário substituto da paróquia de São Luís Gonzaga, vigário encomendado de Rosário em 1869. Em 1870, promovido vice-reitor do Seminário de Nossa Senhora das Mercês, com a missão de ensinar Latim e Direito Canônico. No ano de 1871, 28 de janeiro, , transferido para freguesia de São Benedito de Caxias, cidade que em 1875 funda o jornal a Cruz, e de sua coluna torna-se com inexcedível brilho defensor dos bispos Dom Vidal e Dom Macedo, na luta contra a Maçonaria. Eleito deputado provincial para o biênio 1876/77, exerce somente a primeira sessão, quando se destacou pela implantação da Caixa Econômica, aumento da taxação dos escravos. Em 1877 vai ao Rio de Janeiro, e pela portaria de 4 de julho, nomeado pela Princesa Isabel, vicereitor do Internato do Colégio Imperial Pedro II. Três dias, substituto lente das Cadeiras de Religião e História Sagrada, elevado a titular em 1885. Em 1878, nomeado cônego da Capela Imperial e passa a integrar a Colegiada da Capela Imperial do Brasil. Em 3 de abril de 1879, torna-se reitor do Externato. Recebe no ano de 1881, duas importantes e distintas nomeações. A primeira de Propagandista e Orientador em todo o Brasil, da obra de expiação e Perpétua Adoração do Santíssimo Sacramento. Como grande barítono, sempre escolhido para entoar o “Te Deum”; a segunda, o Santo Padre Leão XIII, designa teólogo consultor da Inter nunciatura Apostólica de nossa Pátria, depois enaltecido com as prerrogativas de toda confiança, qual a de confessor e diretor espiritual da Sereníssima Princesa Imperial, D. Isabel de Orleans e Bragança. Em 1882, assume a vigarice de São João Batista em Niterói, e no ano seguinte, dezembro, vigáriogeral do Rio de Janeiro até 1890. Por Portaria de 6 de abril de 1884, passa ser capelão do Ministério do Exército e Imperial Colégio Militar, professor da Escola Normal e Colégio Militar. Ministra aos acadêmicos da Escola Politécnica um curso superior de Apologética. Com vocação educacional, funda a 9 de setembro de 1884, na Ladeira da Misericórdia , nº1, a Escola Mista de Instrução Primária, de ensino gratuito destinada à infância desvalida de ambos os sexos, aos pobres que habitavam no Morro do Castelo. Denominou-a, Escola da Natividade de Nossa Senhora. Nesse ano o Papa Leão XIII, concede-lhe o titulo de Monsenhor Protonotário Apostólico ad Instar Participantum . Em 3 de maio de 1889, passa ser capelão do Exército. Eleito em 11 de março de 1890, delegado Nacional do Brasil, da solenidade de Jesus Cristo e faz parte da Comissão Internacional. Em 5 de maio de 1901, sagrado bispo de Olinda. Em 5 de dezembro de
1910, a diocese foi elevada a arquidiocese tornando Dom Luís o primeiro Arcebispo de Olinda. Imensos os progressos nessas fecundas administrações. Poliglota, poeta, considerado em seu tempo o maior orador sacro da América Latina e a Luz do Clero Brasileiro. Foi sepultado na Catedral de Olinda, e os restos mortais permanecem no Mausoléu dos Bispos. Por alguns, inclusive, o amigo Artur de Azevedo o coloca entre os grandes maranhenses. Justíssimo que integrasse o patronato da ALL, da cadeira 23.
MARIO DA SILVA LUNA DOS SANTOS FILHO 1 MARIO DA SILVA LUNA DOS SANTOS FILHO, ou Mário Luna como é conhecido, é filho de Mario Luna e Noeme Santos. Nasceu em São Luís, em 27 de julho de 1950. Bem cedo ainda, foi para Caxias, e estudou no Grupo Escolar Coelho Neto, onde fez o antigo primário. Depois estudou no Colégio Caxiense, onde cursou o antigo Ginásio. Veio para São Luís em 1966, onde estudou no Liceu Maranhense. Ali participou com dedicação e destaque de atividades literárias, sendo um dos participantes do Movimento Antroponáutica. Em 1969, ainda estudante liceista, foi o vencedor do concurso de natal, promovido pela Academia Maranhense de Letras, e ganhou o prêmio Luís Viana, com o conto "O Pescador e a Menina". Em 1970 venceu o concurso Serviço Militar - 1970, instituído pelo Exercito Brasileiro, com a monografia sobre João Pandiá Calógeras. Em 1975 lançou seu livro de poemas "Do Sapato ao Pé Descalço", com prefácio do escritor e jornalista Erasmo Dias, membro da Academia Maranhense de Letras, que diz do poeta..."Mais uma força que eclode, partindo solitária, porém muito forte no atual momento renovador da arte maranhense." Fernando Braga, poeta maranhense, diz sobre o livro de estreia de Mario Luna... "Seus trabalhos, quase todos, têm a estrutura dos sintomas e das causas. Deus permita que um novo Jorge de Lima apareça novamente, nestas horas de modernismo que mais e mais se impõe. Ainda em ,"As lâmpadas do Sol”,pg 36,o poeta Carlos Cunha diz: "Quando se imagina de um poema para outro que Mario Luna Filho ficou definitivamente na tecla da poesia individualistica, pessoal, de repente ele surpreende o leitor com versos de denúncia implacável".
Formou-se em medicina pela UFMA, em 1976. Partiu para o Rio de Janeiro em 1977, onde fez residência em Cirurgia Infantil, no Instituto Fernandes Filgueira, da Fundação Osvaldo Cruz. Retornou para São Luís em 1979. Em 1988 lançou o seu segundo livro intitulado "Do Granito e do Infinito", prefaciado por Wolney Milhomem, jornalista e poeta da Academia Brasiliense de Letras e abas do escritor Albérico Carneiro Filho. Wolney diz “O expressionismo de Mario Luna tem uma eloquência própria a um anjo ferido, a refletir o fascínio de um raio que chega, gerando límpida emoção espacial. E de logo se percebe sutil confidência entre o amargurado cantor e as divindades sobressaltadas deste agitado espetáculo, quando já se experimenta a véspera de um futuro já saqueado".
Albérico também diz: “[...] outra faceta da poética de Mario nos leva para próximo de Cecília Meireles ou Jorge de Lima no que foram de introspectivos: ‘ENIGMA’ ,’O MIRANTE', 'NOSSA DOR'. Estes três últimos e melhores poemas do autor que passa aqui nesta vinheta sua por um Carlos Drummond de Andrade ou por um João Cabral de Melo Neto, em se tratando de contensão, ou seja, no dizer demiurgico-poundiano, um mínimo de palavras para um máximo de significado”.
Depois um silêncio literário angustiante... Participou de várias antologias poéticas, como "Itinerário Poético de Caxias" de Quincas Vilaneto em 2003. Participou de três antologias poéticas da SOBRAMES REGIONAL MARANHÃO, a última em 2011. Tem a publicar o livro de poemas "Epitáfio das Palavras"; "Chão Azul”, livro de contos e "Um Pingo Para o seu Devido i", ensaio literário. 1
Por ARQUIMEDES VIEGAS VALE
È com muito orgulho que assisto a justiça que se faz a um poeta. Um grande poeta. Ocupar uma cadeira na Academia de Letras de São Luís é a uma justa resposta que este poeta recebe por sua produção literária de alto nível. Parabéns, Mario Luna. Parabéns, poeta. NA ALL EM REVISTA: ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA 10: SOUSÂNDRDE. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 67 http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981
APRESENTANDO SANATIEL PEREIRA, São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no, p. 175 RUA PADRE GEROSA. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 350 http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981
PARA
VAVÁ NESTE SEU ANIVERSÁRIO, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 375, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute1.amazonaws.com
RUA PADRE GEROSA
Sempre quis Fazer um poema Para a rua Padre Gerosa, Não um poema épico Ou onírico, Nem uma elegia ou haikai. Não. Talvez um poema lirico Ou nem tanto. Um poema Sem parábolas ou metáforas. Que fosse um poema comum Desses que se encontra Em todo rodapé de jornal. Que fosse ao menos Um poema desses que se encontra Na seção de achados e perdidos. Sempre quis Fazer um poema
Para a rua Padre Gerosa Um poema mínimo que fosse, Quase não existindo, Mas que existisse. Que lembre ao menos De tênue lembrança Do seu espreguiçar toda manhã. Para poder acordar, Uma rua perdida, No meio de tantas outras. Poucos a conhecem (..) A rua Padre Gerosa No entanto Traça paralelos a minha alma, Desembocando em todos os meus caminhos. É que, Em algum lugar Da rua Padre Gerosa, Deixei guardado O tempo De minha infância. http://textosencantadores.blogspot.com.br/2014/12/rua-padre-gerosa-mario-luna-filho.html
SÃO PAULO (Ao lembrar de Wolney Milhomem) Em São Paulo de arranha céus, na avenida da Liberdade, há o cartório de protestos, a policia, os desesperados, os homicidas, os suicidas. Na avenida da Liberdade Existe a igreja dos Enforcados, onde, às seis horas da tarde, há filas de indigentes e penitentes... Na avenida da Liberdade... E a liberdade?
RUINAS ( Ao som da queda do último casarão. À morte do Moto Bar) ... É o velho sobrado, em seu ultimo monólogo triste. . Sem mais boêmios, sem mais auroras, sem Serafim, os beirais se debruçam, cortejando o mar, em seu último olhar, em seu derradeiro momento. As baladas quase inaudíveis do tempo que acordam o Largo Do Carmo, dizem que chegou ao fim. ...Longe, bem longe dos candelabros, que brincavam com suas marquises. As sacadas se esvaem em pó, dilacerando as veias da memória. A queda final, o último grito. A poeira inunda as narinas da historia. Jaz, sem eira nem beira, sem o tanger dos sinos da velha igreja. Sem cortejos, sem saraus, sem povo, Jaz o velho sobrado na mansão do silêncio...
O SILÊNCIO O silêncio fugiu do mirante de minha alma. Encontrei-o Surfando as ondas das palavras inúteis
NOTURNO Neste meu navegar acordo a noite Levo comigo a lua: esta lamparina de minha longa madrugada.
O ANJO DA LIBERDADE. A MARIA FIRMINA, QUE CANTOU A SUA RAÇA. FECUNDASTES AURORAS NA ALMA DE TUA GENTE, NO CORAÇÃO DE TEU POVO ACHASTES CAMINHOS DE ESPERANÇA EM MEIO A PROFUNDA NOITE TUA PENA FEZ-SE ARMA DEVASTANDO A DOR E O PRANTO, ESGREMINDO SONHOS DE UMA RAÇA.
FIRMINA, QUE SE FEZ EM VERSOS SEUS DESEJOS, BUSCANDO MAR LIVRE PARA TODOS
FIRMINA, QUE ACREDITOU EM UMA NAÇÃO SEM GRILHÕES E NAVIOS NEGREIROS. UMA BRASIL SEM AMARRAS SEM CHICOTES, SEM CAPITÃES-DO-MATO, SEM MASMORRAS,
FIRMINA, CORRESTES LIVRE PELAS PRAIAS, COMO VENTO COMO OS PASSÁROS... E ASSIM QUISESTES LIVRE O TEU POVO FIRMINA, POETA MAIOR DE CANTO-ANGUSTIA, TROUXESTES TUA VOZ DE ARCANJO AO DESFRALDAR UM HINO DE LIBERDADE.
FIRMINA, LIVRE, LIVRE, LIVRE SEMPRE FOI ESTE O TEU SONHO. SONHO MAIOR QUE "VER CAMÕES,DANTES,MILTON
- E MORRER" TEU DESEJO, TEU PROFUNDO DESEJO TEU MAIOR SONHO ACORDOU E SE FEZ CANTO, SE FEZ MACHA, SE FEZ SOL, SE FEZ VERDADE!! LIBERDADE, LIBERDADE!! E ASSIM FIRMINA, ETERNAMENTE VIVES
ANTONIO JOSÉ NOBERTO DA SILVA Pentecoste – CE - 30 de agosto de 1970 POSSE: 14 de dezembro de 2013 Nasceu no dia 30 de agosto de 1970 em Pentecoste – CE. Filho de Henrique Firmino da Silva e Raimunda Noberto da Silva. Possui sete irmãos. Chegou ao Maranhão, em 1977, com a família após a morte do pai. É segmentado ao estudo da história dos franceses no Maranhão e no Brasil e à pesquisa nos cemitérios do país. Casado com Aline Pinheiro Vasconcelos é pai de Alana Vasconcelos Noberto da Silva. Ocupa a cadeira nº 1 da Academia Ludovicense de Letras – ALL, patroneada pelo capuchinho francês Claude d'Abbeville. Turismólogo (UFMA), pesquisador, escritor, palestrante, consultor em Gestão Mercadológica e Turismo (UNICEUMA), Guia de turismo (SENAC/EMBRATUR), servidor federal (DPRF/MJ), idealizador e curador da Exposição França Equinocial para sempre (escolhido Melhor Projeto cultural voltado para os 400 anos de São Luís), iniciou o curso de Licenciatura em História em 1998 pela UEMA, cursou MBA em Gestão Empresarial (ISAN/FGV); ex-presidente da Associação Brasileira dos Bacharéis em Turismo, seccional Maranhão (ABBTUR/MA), idealizador do Cemitour do Gavião, sócio/efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), membro do Conselho diretor da Aliança Francesa de São Luís. Foi Relações Públicas do Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais e exerce a representação da Associação Nacional da Polícia Rodoviária Federal – ANPRF. Foi assessor de Comunicação da Polícia Rodoviária Federal no Maranhão de 2004 a 2006 e voltou a exercer o cargo a partir de agosto de 2013. Com diversas publicações em jornais e blogs no estado e no país, lançou o primeiro livro em 1994 “A influência francesa em São Luís” em 2005, lançou, com Aline Vasconcelos, o Cemitour do Gavião (passeio musicado que destaca, entre outros, a história das personalidades inumadas na necrópole); em 2006 foi um dos vencedores do Concurso Artístico e Literário Cidade de São Luís com o romance “Só por uma estação: uma viagem ao Brasil”, publicado no ano seguinte. Também, em 2006, foi um dos vencedores do concurso II Prêmio de roteiros turísticos de São Luís com o projeto “Seguindo os papagaios amarelos: um passeio de resgate histórico do nascimento de São Luís”, projeto lançado em 2007 pela Prefeitura e Aliança Francesa de São Luís. Em 2010, percorreu diversos municípios e quilombos do Maranhão com o etnólogo e escritor francês Jean Yves Loude, que pesquisava sobre a luta e resistência no Brasil, com vistas à publicação do livro Pepitas brasileiras. A obra de Loude foi publicada em 2013 na França e destaca o trabalho de Noberto chamando-o, em um capítulo específico, de “O turismólogo da França Equinocial”. Em 2011, recebeu o título de cidadão honorário da cidade de Guimarães e ingressou no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, sendo recepcionado por Álvaro Urubatan “Vavá” Melo. No ano seguinte, após pesquisa de quinze anos, desenvolvida no Brasil e na França, realizou a “Exposição França Equinocial para sempre”, trabalho escolhido no I Prêmio Cazumbá de Turismo como “Melhor projeto cultural voltado para os 400 anos de São Luís”. No mesmo ano, publicou o livro “França Equinocial: uma história de 400 anos” e um álbum com o mesmo título. Em 2013, a Exposição foi contratada pela Prefeitura Municipal de Bragança - PA para fazer parte da comemoração dos 400 anos daquela cidade paraense. Dois dias depois de desmontada no Pará, a Exposição já estava em cartaz em São Luís nas comemorações dos 401 anos de fundação da cidade. BIBLIOGRAFIA 2012 2007 2004
França Equinocial (org.) – uma história de 400 anos Só por uma estação: uma viagem ao Brasil A influência francesa em São Luís: uma oportunidade e segmentação do mercado turístico local
NA ALL EM REVISTA COPA DO MUNDO NO BRASIL - ENTRE PROTESTOS E COMEMORAÇÕES. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 107, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma CAMPO DE PERIZES OU DE PERIS? ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 113, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma DISCURSO DO MEMBRO-FUNDADOR ANTONIO NOBERTO, CADEIRA Nº1, EM RECEPÇÃO AO POETA, CANTOR E COMPOSITOR JOÃOZINHO RIBEIRO. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 30, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__volume_1_numero_2_ ANTONIO NOBERTO ESCREVE, E ALERTA. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 80, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_
CAMPO DE PERIZES OU DE PERIS? ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 93, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18 A FRANÇA EQUINOCIAL E SEU LEGADO - PALESTRA – II MOSTRA DE LITERATURA ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 94, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18 ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA Nº 1, CLAUDE ABBEVILLE, PELO MEMBRO-FUNDADOR ANTONIO NOBERTO: CLAUDE ABBEVILLE - O PRIMEIRO CRONISTA DO MARANHÃO. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 104 http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981 APRESENTAÇÃO DE ANA LUIZA ALMEIDA FERRO, MEMBRO-FUNDADOR, OCUPANTE DA CADEIRA NÚMERO 31, POR ANTONIO NOBERTO: A FLOR-DE-LUÍS. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p 109 http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981 DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DE CLORES HOLANDA, MEMBRO-FUNDADOR OCUPANTE DA CADEIRA Nº 30, PATRONEADA POR ODYLO COSTA, FILHO, PELO MEMBRO-FUNDADOR ANTONIO NOBERTO, OCUPANTE DA CADEIRA NÚMERO 1. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 145 http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981 DISCURSO DO MEMBRO-FUNDADOR ANTONIO NOBERTO EM APRESENTAÇÃO AO TAMBÉM MEMBRO-FUNDADOR DA CADEIRA Nº 33 PAULO MELO SOUSA, OCUPANTE, PATRONEADA POR CARLOS ORLANDO RODRIGUES DE LIMA, São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no, p. 119 FALTA ALMA À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no, P. 257 O TURISMO NO MARANHÃO AINDA NÃO DECOLOU - CINCO EXPLICAÇÕES PARA ISSO, São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no, P. 260 LÍNGUA PORTUGUESA?, São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no, P. 265 DISCURSO DO MEMBRO-FUNDADOR ANTONIO NOBERTO EM APRESENTAÇÃO AO TAMBÉM MEMBRO-FUNDADOR DA CADEIRA Nº 33 PAULO MELO SOUSA, OCUPANTE, PATRONEADA POR CARLOS ORLANDO RODRIGUES DE LIMA, São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no, p. 119 FALTA ALMA À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no, P. 257 O TURISMO NO MARANHÃO AINDA NÃO DECOLOU - CINCO EXPLICAÇÕES PARA ISSO, São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no, P. 260 LÍNGUA PORTUGUESA?, São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no, P. 265 SEGUNDO ANIVERSÁRIO DE FUNDAÇÃO DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS. ALL EM REVISTA, v. 2, n. 3, jul./set., 2015, p. 17. http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2_numero_3_ O MARANHÃO FRANCÊS SEMPRE FOI FORTE E LÍDER. ALL EM REVISTA, v. 2, n. 3, jul./set., 2015, p. 99. http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2_numero_3_ Falando de um novo Brasil" no CONGRESSO BRASILEIRO DOS GUIAS DE TURISMO - ANTONIO NOBERTO, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 122, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute-1.amazonaws.com O PRIMEIRO SÃO JOÃO, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 340, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute-1.amazonaws.com
Salve o turista http://antonio.noberto.zip.net/ Primeiramente, o título deste artigo nada tem a ver com o nome de uma novela. Ele e o texto em si, pretendem chamar a atenção para a secular desatenção dada ao estrangeiro no Brasil e as oportunidades que se descortinam com a valorização da presença deles a partir da racionalização da atividade turística. Segundo, além de uma questão de educação e civilidade, a acolhida ao estrangeiro é também uma recomendação divina, referenciada na Bíblia Sagrada desde os tempos mais remotos. O Antigo Testamento é pródigo em recomendar guarida e proteção ao estrangeiro, categoria lembrada, inclusive, nosDez mandamentos. “O estrangeiro não afligirás, nem oprimirás, pois estrangeiros fostes na terra do Egito” (Êxodo 22:21). E uma das premissas para ingresso no Paraíso, citada por Jesus Cristo no Grande julgamento em Mateus 25:35, é a atenção e recepção ao forasteiro: “Era estrangeiro e hospedastes-me”. Terceiro, em tempos de aproximação de grandes eventos internacionais, como Olimpíadas e Copa do Mundo, não é interessante continuarmos indiferentes às oportunidades de geração de emprego e renda, quase um crime de lesa-pátria, praticamente sem política pública efetiva e propositiva dirigida aos turistas domésticos e estrangeiros.
Turismo não é brincadeira ou coisa de gente desocupada, mas a indústria que mais cresce e gera emprego em todo o mundo (um em cada nove), tendo superado setores econômicos de peso como o petrolífero e o automobilístico. A Espanha, que atualmente enfrenta uma das piores crises, não faz muitos anos constava entre as economias mais importantes, dinâmicas e promissoras da Europa, tudo porque conseguiu fazer valer algumas de suas potencialidades, entre as principais a atividade turística. Em uma década os espanhóis quadruplicaram o PIB turismo, de 4% para 16%. Algo espetacular e invejável. O que justifica então um país de dimensões continentais como o Brasil, com quase duzentos milhões de habitantes, com tanta riqueza natural e cultura tão diversa, nosso desempenho nesta atividade patinar sobre pífios 3,6% do PIB. Nossa própria história nos dá muitas respostas sobre a situação. Uma delas é a tradição da cultura agrária. É fato que cada uma das diversas regiões do mundo possui papel previamente definido no motor produtivo mundial. À América Latina, especialmente ao Brasil, a parte que lhe cabe na herança é a produção de matérias-primas e a agroexportação. Quando muito, fugindo um pouco da sina, alcançamos degraus satisfatórios na indústria. O setor de serviços, apesar de responder pela maior parte do PIB, continua sem a atenção e o aprimoramento devidos. E dentro deste, mais renegado ainda, está o turismo. A título de comparação, o PIB turismo argentino é mais que o dobro do brasileiro, o uruguaio idem, mexicano 9% e o da República Dominicana quase o triplo, 10,1%. Veja que usamos aqui apenas exemplos latino-americanos. Outras dificuldades também tem raízes na história. A entrada de estrangeiros no Brasil, por exemplo, foi proibida durante quase dois séculos, apesar de muitos terem conseguido furar o bloqueio português. Só com a chegada da Família Real e, mais precisamente, com a “abertura dos portos às nações amigas”, em 1810, que o país passou a receber demandas estrangeiras. Foram os viajantes estrangeiros que, até o final do século XIX, nos legaram a maior parte do conhecimento sobre o Brasil, foram eles “que percorreram, registraram e descreveram” a população, fauna e flora brasileiras. Muitos deles deixaram por escrito protesto contra abusos e ações tresloucadas do governo, que, entre outros, não permitia a entrada e circulação de livros e literaturas que não fossem de cunho religioso. Qualquer outro era automaticamente revistado ou confiscado e apreendido na alfândega. A liberação, ah essa daí você, conhecedor da nossa famosa burocracia estatal, pode tirar suas próprias conclusões! Um dos viajantes mais conhecidos daquele início de século foi o cronista luso-inglês Henri Koster, que buscava o clima tropical com vistas à cura de uma tuberculose. Ele, que teve os livros de história confiscados nas alfândegas e portos do país, viajou de Recife ao Maranhão entre 1810 e 1811, e escreveu em sua importante obra: “São tantas as dificuldades que se experimenta nos portos do Brasil que percorri, que o único recurso para tê-los (os livros) é o contrabando” (Viagens ao Nordeste do Brasil. Ed. Brasiliana, 1942. P. 241. Notas de Câmara Cascudo). No porto de São Luís, Koster, só conseguiu reaver seus livros após petição formal ao governador. Outro procedimento contra os estrangeiros era a perda do nome original, o aportuguesamento dos sobrenomes. Segundo o escritor Mário Jorge Pires, autor da obra Raízes do Turismo no Brasil (Manole, 2001), tudo isto fazia parte de um “pacote” contra a presença alógena. O colonizador tentava assim manter os estrangeiros distantes das riquezas do país. Apesar da participação forasteira na formação do Brasil, com destaque para franceses, espanhóis, holandeses, ingleses, escoceses, dentre outros, e das ondas imigratórias a partir da segunda metade dos novecentos, sendo sírio-libaneses, italianos, alemães, poloneses, suíços, belgas, japoneses, chineses, dentre muitos outros, inexiste uma política eficiente para a captação de forma mais objetiva das muitas demandas estrangeiras interessadas em nos visitar. A secular tradição da baixa qualidade no atendimento – que à época colonial era algo sempre delegado a escravos – ainda é também um tabu a ser quebrado. O medo semeado propositalmente conta os estrangeiros – tachados de maus, piratas, contrabandistas, invasores, intrusos, hereges, perigosos, promíscuos e concorrentes – precisa ser revisto e trabalhado. Os megaeventos que se avizinham demandam-nos muito mais que a competência em disponibilizar infraestrutura, vai nos requerer um perfil mais aberto e plural, uma visão menos xenófoba com relação ao estrangeiro, além de políticas públicas mais generosas àqueles que estarão aqui para conhecer este país, antes conhecido como a “terra sem males”, e que deixarão bilhões de dólares e euros, e milhares de empregos. E se não conseguirmos encantá-los com nossas belezas, ou saudá-los com nossos gestos mais pródigos da gentilidade, ao menos temos o dever de garantirmos uma estada sem sobressaltos e escusá-los de algum vexame secular, a final, o momento será de explorarmos o turismo e não o turista.
WILSON PIRES FERRO Coroatá – MA – 30 de julho de 1936 POSSE: 14 de dezembro de 2013 Nasceu em Coroatá-MA, filho de João Meireles Ferro e Isabel Pires Chaves Ferro. Possui formação em Contabilidade, Bacharelado e Licenciatura em Geografia e História e pós-graduação em Segurança e Desenvolvimento. Exerceu o magistério nos níveis de ensino médio e superior. É Professor aposentado da Universidade Federal do Maranhão, onde desempenhou os cargos de Coordenador do Curso de História, Chefe do Departamento de Geografia e História, Administrador do Campus Universitário, Diretor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) e Diretor do Centro de Estudos Básicos (CEB). Foi Assessor perante o Gabinete do Reitor da UFMA (1983-1985). É também aposentado do Banco do Brasil. É autor de vários livros, entre os quais dois de contos para a juventude, um de histórias infantis, um de poesias, contendo a série “Históricas”, desde o Descobrimento do Brasil até a sua Independência, e um sobre artigos e crônicas versando sobre diversos aspectos da história e das tradições ludovicenses. É, igualmente, autor de vários artigos do livro França Equinocial: uma história de 400 anos, em textos, imagens, transcrições e comentários (São Luís, 2012), organizado por Antônio Noberto. Colaborou com os jornais O Imparcial e Estado de Minas e, atualmente, escreve artigos para O Estado do Maranhão. Foi agraciado com a medalha Comemorativa do Jubileu de Prata, da UFMA (1991), e a Comenda Gonçalves Dias (2013). É membro da União Brasileira de Escritores (UBE). BIBLIOGRAFIA 2010 2007 2007 2005 2002 1983 1977
Sombras da noite: contos para a juventude Quando eu era pequenino: histórias infantis Depois que o Sol se põe: contos para a juventude Espelhos de São Luís: artigos e crônicas Versos e anversos A educação e os desportos como indicadores do desenvolvimento de uma nação “São Luís e Alcântara”
A PRAIA Longe se ouve o ruído, um contínuo vagar incessante num interlúdio ritmado, que não cessa um instante. O mar, banhando a praia, vai espalhando espumas, pari passu segue, avança, querendo alcançar as dunas. Numa visão infinita, num ponto muito distante, o encontro do céu com o mar, é a linha do horizonte. Longe, sobre as águas, deslizando vem ligeiro, rompendo vagas e ondas, um barco com seu veleiro. Descendo por entre dunas, correm débeis mananciais,
procurando abrigar-se, na sombra dos coqueirais. O sol, com seus raios, reluzente, faz a ronda, cobre a extensão da praia, aquece o mar, a onda. O vento sopra suave, refresca o tempo e o ar, conforma a areia, as dunas, agita as águas do mar. Na praia, a natureza acentua um deslumbrante efeito, formando, junto com o mar, um conjunto bem perfeito.
A HISTÓRIA, A MEMÓRIA NUM MEMORIAL Manhã clara, de sol flamejante, leve brisa que sopra do mar, céu límpido de azul radiante, raios de sol banhando o solar. A praça defronte é tudo silêncio, no seu centro, a estátua, o altar, contempla o poeta, há tristeza no olhar, a mais notável testemunha ocular. De repente, irrompe o incêndio, tem início no segundo andar, atinge o mirante, se propaga em minutos, não há força humana que o faça parar. O prédio resiste, o fogo incessante, o vento que sopra ajuda o gigante, destrói documentos, livros e atas, é a desolação, é o inferno de Dante. A Reitoria vai sendo consumida, desaba o mirante, há o lamento, o pesar, as chamas se instalam, implantam o terror, que o Deus Hefestos não quis aplacar. Seus amantes acorrem, lastimam, do belo prédio só resta a história, um olhar triste, uma triste lembrança o sinistro evento não ofusca a memória. O fogo devastou e cessou, e o que restou: o pouco, o nada, o geral, muitas ideias, uma genial, preservar a história, a memória, num Memorial.
POEMA CABOCLO
Lá no pé daquele monte, eu fui prantá meu roçado, juntin'o daquela fonte, pru mode sê aguado. Trabaiei por mutio mês, inté a muié me ajudô, as vês ia nois três, noço fiu tombém prantô. Cum machado e inxada, dismatamo tudo primêro, as dispois veu a quêmada, prantemo pur derradêro. Ôje faz gosto de vê, tudo lá tá vingado, Som Pêdo mandô xuvê, tem mutia cosa frôrado. O cumpade me visitô, foi oiá min'a prantação, ele inté si ispantô, cum tamãia frôração. Tive mutio coidado, prantei tudo aculá, inté capim sâmiado, p'ra vaquin'a pastá. Cunfiu in Deus nas artura, ele ajudô nois curtivá, vamo tê mutia fartura, nada vai nos fartá. Boa é noça popriedade, só farta mais atenção, as noça otoridade, oiá mais pru sertão.
ODE A SÃO LUÍS
Na baía de São Marcos, de um perfil soberano, uma ilha grande, formosa, num golfão do oceano. Upaon-açu dos nativos, colônia dos portugueses, habitada por primitivos, fundada pelos franceses. Terra de escritores e poetas, amantes, afeitos à literatura, berço de talentosos estetas, celeiro invulgar de cultura. Na economia realçou o algodão, matéria-prima para os tecidos, várias fábricas na sua confecção, um ciclo nos tempos perdidos. Fase de prosperidade evidente, a capital cresce, se expande, a nobreza, a classe emergente, ricas moradas na Praia Grande. Inúmeros, centenários casarões, a cidade, a Lisboa assemelhada, palacetes com amplos salões, azulejos revestindo as fachadas. Miragem de sinuosos telhados, arqueados, graciosos beirais, a beleza de antigos sobrados dos áureos tempos coloniais. Sobradões de poucos andares, no interior, artísticas escadas, ambiente de discretos olhares, debruçadas, solarengas sacadas. Imponente, no último andar, um soberbo, altivo mirante, uma visão da praia, do mar mirando longe o horizonte. Notável expressão do romantismo, em uma coluna no centro da praça, em poesias, exaltando o indianismo, Gonçalves Dias, o poeta da raça. Olhos d'água fluindo de minas, mananciais em aprazíveis locais, fontes de águas puras cristalinas,
do Ribeirão, do Bispo, outras mais. Ruas estreitas, estreitas calçadas, em aclives e declives, as ladeiras, escadarias, charmosas escadas, nas praças, vistosas palmeiras. Nas ruas, pitorescos transportes, os condutores, gentis motorneiros, veículos confortáveis, bem fortes, percorriam fascinantes roteiros. Destes, só lembranças passadas, quando o futuro parecia alvissareiro, os trilhos sob as ruas asfaltadas, hoje nem bonde nem passageiro. Não se ouve o apitar do trem, uma atração constante, diária, a cidade já teve, mas não tem, a estação não é mais ferroviária. Igrejas embelezando ruas e praças, repletas de fiéis em sublime oração, de joelhos, nos altares, buscam graças, templos sagrados de fervor e devoção. São repositórios de eventos, na memória, guardam estilos de épocas já distantes, patrimônio cultural de muita história, recordando o passado a cada instante. Ao tempo, resistem os monumentos, lembram feitos dos heróis e bravos, de alegres e tristes acontecimentos, da Cafua, o mercado de escravos. Lendas envolvem o seu passado, tempos lembrados em cada canto, muitos fatos ainda não contados, a cidade admirada pelo encanto. Extensas praias, sol e maresias, povo alegre, sofrido, mas feliz, cantores ensaiam melodias, gorjeiam sabiás e bem-te-vis, poetas declamam poesias, hinos de louvor a São Luís.
A FRANÇA EQUINOCIAL EM VERSOS
Bulas papais, o mundo repartiram, Países ibéricos, os preferidos, Terras ignotas, que não descobriram, Reinos cristãos, da partilha excluídos. Os gauleses, inconformados, protestaram, A Cúria Romana ignorou a pretensão, Navegantes e corsários se animaram, Confrontar os lusitanos, a solução. O Atlântico, o cenário das expedições, Heróis, navegantes portugueses, Os espanhóis em frequentes ações, Presentes os marinheiros gauleses. Alvo predileto, o Brasil português, Investidas francesas ao seu litoral, No Maranhão, numa ilha do oceano, Eles fundaram a França Equinocial. La Touche, Razilly e toda a tripulação, Cristãos, de fé inabalável em Jesus, Desceram à terra em sublime missão, Entoaram cânticos, chantaram uma cruz. Viajaram na baía algumas milhas, Dos índios obtiveram assentimento, Alcançaram Upaon-açu, a maior das ilhas, Erigiram casas, fortalezas e convento. Nos franceses, renascida a esperança, A sede da colônia já escolhida, Solenemente fincaram armas da França, Uma feitoria na terra esquecida. A União Ibérica ainda existia, Os gauleses instalados no continente, A Espanha, preocupada, exigia Expulsar do Maranhão aquela gente. Combates ocorriam com frequência, Os gauleses, atacados, resistiam, Forças ibéricas com maior eficiência, Seus soldados bem postados insistiam. Os gauleses ocuparam a enseada, Jerônimo de Albuquerque, em golpe de esperteza, As linhas francesas, pelos flancos atacada, Derrotadas pelo ataque de surpresa. Os comandantes trocaram cortesias, Juntos, discutiram um armistício, Entre ambos, acordadas as garantias,
A conquista do Maranhão teve início. Perdida a luta, abatidos os perdedores, Inda com forças p’ra tentarem a vitória, Negociaram a rendição com os vencedores, Heroico feito luso que entrou para a História. Quatro séculos do episódio são passados, Um povo alegre, sofrido, mas feliz, Todos celebram os tempos recuados, O nascimento da formosa São Luís.
NA ALL EM REVISTA FALTA
UMA ACADEMIA. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 22, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma FALTAM ACADEMIAS. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 24, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma “SUGESTÕES DE NOMES PARA COMPOREM O QUADRO DE PATRONOS DE CADEIRAS (1 a 40) DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS (ALL)”. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 87, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__volume_1_numero_2_ UM SONHO SONHADO, ALL EM REVISTA, v.2, n.1, janeiro/ março 2015, p. 23, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__vol._2__no
MÃE-BELA. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 18 ODE A CAXIAS. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 118 GONÇALVES DIAS. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 119 ADEUS, POETA. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 120 LAMENTO INDÍGENA. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 121 POESIAS SELECIONADAS: A NOITE DE NATAL LUAR DO MEU SERTÃO A HISTÓRIA, A MEMÓRIA NUM MEMORIAL ODE A SÃO LUÍS A FRANÇA EQUINOCIAL EM VERSOS. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 124, A
http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma FRANÇA EQUINOCIAL EM VERSOS. ALL EM REVISTA,
n.
4,
outubro/dezembro
2014,
p.
128
http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981
A
PRAIA.
ALL
EM
REVISTA,
n.
4,
outubro/dezembro
2014,
p.
131
http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-
_vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981
“PEDRA DE TOQUE" - dedicado a Wilson Ferro "in memoriam" - ODE A SÃO LUÍS, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 212 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email
DILERCY ARAGÃO ADLER São Vicente de Férrer – MA – 07 de julho de 1950 Posse: 14 de dezembro de 2013 Dilercy (Aragão) Adler2 nasceu em São Vicente Férrer – MA - em 07 de julho de 1950. Filha de Francisco Dias Adler e Joana Aragão Adler. Casou com João Marinho Normando em 1972 e divorciou-se em 1985. Mãe de Danielle, Milena e Michelle e Avó de Daniel Victor, João Marcelo, Caetano, Arthur, Lara, Diana e Gabriela. Aos seis anos de idade já sabia ler e escrever. Fez o curso primário de 1957 a 1961, na “Escola Modelo ‘Benedito Leite’”. Fez exame de admissão conseguindo aprovação para ingressar no “Ginásio Estadual do Instituto de Educação” onde, em 1968, cursou o ginásio e se graduou como Professora Normalista. Ao final desse mesmo ano foi para Brasília (Distrito Federal) para fazer vestibular para o curso de Psicologia. Na ocasião, se submeteu ao concurso para professor da Fundação Educacional de Distrito Federal tendo conseguido aprovação nos dos exames, de modo que, em 1969, iniciou seus estudos em Psicologia, no Centro de Ensino Unificado de Brasília - CEUB (atualmente universidade) e o seu trabalho como professora primária na Rede de Ensino Pública de Brasília. No tocante à sua escolarização cursou os graus abaixo discriminados: Escolarização: Graduação: Em 1972, graduou-se em Bacharel e Licenciatura em Psicologia no CEUB e, em 1973, graduou-se em Psicologia. Pós-graduação: Doutorado em Ciências Pedagógicas - ICCP/CUBA 2005; Revalidação do título de DoutoraUniversidade Nacional de Brasília-UnB 2007; Mestrado- em Educação - Universidade Federal de Maranhão UFMA, São Luís - MA, 1990; Especialização - em Metodologia da Pesquisa em Psicologia - Universidade Federal do Maranhão - UFMA, São Luís/MA, 1981. Especialização - em Metodologia da Pesquisa em Psicologia - Universidade Federal do Maranhão - UFMA, São Luís/MA, 1981; Especialização em Sociologia - Universidade Federal do Maranhão - UFMA, São Luís/MA,1984. Em nível de Aperfeiçoamento e outros: Curso de Psicopatologia do Comportamento - Universidade Federal do Maranhão - UFMA (C.H.:180 h), São Luís-MA,1980; Curso de Terapia Comunitária Sistêmica IntegrativaUniversidade - Federal do Maranhão - UFMA (C.H.:120 h), São Luís - MA,1997; Curso de Filosofia y Sociologia de la Educación - C Ha: 120 Hs Instituto Central de Ciencias Pedagogicas – Havana - Cuba/1999; Curso de Postgrado “Problemas Teoricos y Metodologicos de la Psicologia Pedagogica” C H: 60 Hs – Havana Cuba/1999; Curso de Postgrado “Metodologia de la Investigación Educativa” C H: 120 Hs Havana - Cuba/ 2000.
Trajetória profissional: Atualmente é professora da Graduação e Pós-graduação da Faculdade Candido Mendes do Maranhão FACAM. É membro do Banco de Avaliadores do Sinaes – BASis/INEP. Iniciou sua carreira profissional na área pedagógica, na Fundação Educacional do Distrito Federal, em 1969, como professora alfabetizadora nas periferias de Brasília. Seu trabalho pedagógico era assim, desenvolvido com os estratos mais pobres. A seguir, submeteu-se a uma seleção para fazer um curso de Aperfeiçoamento e Treinamento para professores de Educação Musical (587 horas) o qual possibilitou otimizar as condições do trabalho pedagógico na sala de aula e propiciou melhores desempenhos dos escolares, através das artes. Nos últimos dois anos, na Fundação Educacional de Distrito Federal, trabalhou na Educação Especial (com alunos com necessidades especiais). Em 1974, solicitou rescisão de contrato para a Fundação Educacional de Distrito Federal objetivando retornar a São Luís do Maranhão. 2
In VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; REINALDO, Telma Bonifácio dos Santos. INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO: PERFIL DOS SÓCIOS. São Luís: IHGM, 2013. Disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/perfil_dos_s__cios_-_ocupantes_-_vo http://blogsdelagente.com/poesiayalgomas/2009/10/11/dilercy-arag-o-adler-poesias-y-curriculum-literario/ , acessado em 07 de março de 2014 http://sociedadvenezolana.ning.com/profile/DILERCYARAGAOADLER acessado em 07 de março de 2014 http://cafehistoria.ning.com/profile/DilercyAragaoAdler http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/maranhao/dilercy_adler.html
Ainda, em Brasília, foi monitora da disciplina de Didática Geral, durante o primeiro e o segundo semestres letivos de 1973, no CEUB, foi estagiária de Psicologia no Colégio D. Bosco de Brasília (1973-1974) e no Instituto de Psicologia, Seleção e Orientação (1973-1974), ano em que regressou ao Maranhão. Em 1974, iniciou trabalho clínico em consultório particular e, nesse mesmo ano, foi contratada para trabalhar na Fundação do Bem Estar Social do Estado do Maranhão, na função de psicóloga, onde permaneceu até 1976. Em 1978, foi contratada para trabalhar na Companhia de Desenvolvimento de Distritos Industriais do Maranhão CDI-MA, como Assessora Técnica, para prestar serviços no Sistema Nacional de Emprego-SINE, onde permaneceu até 1980, época em que iniciou seus trabalhos na Universidade Federal do Maranhão-UFMA. De 1974 a 1980, desenvolveu alguns trabalhos como voluntário-convidado, ou sem vínculos entre eles atendimento psicológico a alunos da Associação de Pais e Amigos de Excepcionais - APAE; realizou exames psicotécnicos em militares do 24º Batalhão de Caçadores do Exército, 10ª Região Militar. O convite do Comandante do mesmo deu-se em função de ser filha de um Ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira - FEB, condecorado como “herói da Segunda Guerra Mundial”; fundou a Associação Profissional de Psicólogos do Estado de Maranhão, da qual foi a Presidente Fundadora (1986-1989). Foi representante do Conselho de Psicologia-2ª Região (1983-1992). Fez várias palestras e ministrou vários cursos em diversas empresas e instituições. Trabalhou no Departamento Estadual de Transito como psicóloga credenciada para realizar exames psicotécnicos para motorista, em todo o Estado do Maranhão (1974-1995). Na Universidade Federal do Maranhão, trabalhou durante dezesseis anos (1980-1996), data da sua aposentadoria. Durante esse período, coordenou vários projetos, como: “Pré-escolar Comunitário da Vila Palmeira”, “Práticas Educativas nas séries iniciais do 1º Grau”, “Integração Universidade/Ensino de 1º Grau”, “Programa de Alfabetização: Compromisso da UFMA com o resgate/Conquista da Cidadania”, “Programa de Psico & Pedagogia”, “Em Busca da Reconstrução da Escola Normal”, “Psiquiatria Comunitária”. Exerceu atividades de direção em Campus Universitários da UFMA. Elaborou a Cartilha de Alfabetização: “Lendo com Malu Nilo na Villa Palmeira”. Integrou a Comissão de Extensão Universitária e Bancas Examinadoras de Concursos para admissão no Colégio Universitário - UFMA e de Apresentação de Monografias de alunos da Pós-graduação da UFMA, como orientadora e como professora convidada. Ministrou vários cursos e palestras, representando a Universidade em eventos diversos e em outras instituições. A grande maioria dos projetos desenvolvidos pela UFMA, dos quais participou tinha como clientela alvo pessoas dos estratos pobres de São Luís e do interior do Estado do Maranhão. Foi professora dos Cursos de Graduação e Pós-graduação e desenvolveu atividades de pesquisa na Graduação do Centro de Ensino Unificado do Maranhão - UniCEUMA. Integrou Bancas Examinadoras de Seleção para Docente e apresentação de Monografias de alunos dos Cursos de Graduação e Pós-graduação, como orientadora e, também, como professora convidada (1994 a 2002). Em outubro de 1995 participou de intercambio entre a UFMA e o Centro de Psiquiatria Social de Tradate – CPS - Italia, onde desenvolveu serviços clínicos no referido Centro de Psiquiatria Social. Além disso, participou da “Távola Retonda: La salute mentale: un discorso transculturale, esperiense la confrontación di psichiatria sociale” representado o Brasil. Recebeu homenagens pelas palestras proferidas em várias instituições da Itália, assim como participou de outros eventos na área da saúde mental na região de Milão. No mesmo período realizou a exposição “Circuito da Poesia Maranhense”, no Consulado do Brasil, em Milão. É membro das Entidades que seguem: Membro fundadora da Academia Ludovicense de Letras - ALL, ocupando a Cadeira de nº 8. Titular da Cadeira Nº 1 do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão - IHGM. Presidente fundadora da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão - SCL-MA, Presidente da Sociedade de Cultura Latina do Brasil e Senadora da Cultura do Congresso da SCL do Brasil. Titular da cadeira nº 13, patronímica de Henrique Coelho Neto do Quadro II, de Membros Correspondentes da Academia Irajaense de Letras e Artes - AILA, Rio de Janeiro; Membro Correspondente da Academia de Letras Flor do Vale Ipaussu/São Paulo; Diretora Estadual da Federação Brasileira de Alternativos Culturais e Membro Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni. Comissione di lettura Internazionale da Edizioni Universum, Trento/Itália; International Writers And Artists Association - OHIO/EUA; Casa do Poeta do Rio de Janeiro; Associação Profissional de Poetas e Escritores do Rio de Janeiro - APPERJ; Associação dos Escritores do Amazonas - ASSEAM; Coordenadora Estadual no Maranhão do Proyecto Sur–Cuba; Correspondente - representante, em São Luís/MA do LITERARTE- São Paulo; Representante da aBrace no Estado do Maranhão; Membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional Maranhão - SOBRAMES-MA; Corresponsal Internacional da Sociedad Argentina de Letras, Artes y Ciencias - S.A.L.A.C. Representante no Brasil do Periódico Porta Dell UomoItália. Socia y Miembro Correspondiente de la Unión de Escritores y Artistas de Tarija - Bolívia. Grado Honorífico de Embajadora Universal de la Cultura del Estado Plurinacional de Bolivia: Gobernacion del Departamento de Tarija; Honorable Concejo Municipal de Tarija, Univerdidad Autonoma “Juan M. Saracho”, Unión de Escritores y Artistas de Tarija (UEAT), Union Latinoamericana de Escritores (ULATE) en Reconocimiento a la Produción Literaria,
Educativa y Artística. Membro e Laureada pela Divine Académie Française des Arts Lettres et Culture. Delegada Cultural em Maranhão-Brasil do Liceo Poético de Benidorm (Espanha) e Embaixadora do Círculo Universal dos Embaixadores da Paz. Prêmios e títulos Literários e Culturais: Prêmio de edição do “I Concurso Litteris de Cultura” com a poesia “O Beijo”, da Litteris Editora, 1995, Rio de Janeiro/Brasil; Agraciada com o “Colar do Mérito Cultural da Revista Brasília”, 1996; Medalha de Mérito pelos relevantes serviços prestados à Cultura e participação nas iniciativas do Grupo Brasília de Comunicação, 1996; Diploma de “honour and excellence”, the International Writers and Artists Association and Bluffton College, 1996,Ohio/EUA; Prêmio de Publicação da Obra “Poematizando o Cotidiano ou Pegadas do Imaginário” do 1º Concurso Blocos de Poesia, Rio de Janeiro/RJ, 1997; Título de melhor ativista Cultural do ano de 1997, pela Sociedade de Cultura Latina do Brasil, 1998, Mogi das Cruzes/São Paulo; Título de Honra ao Mérito pela Sociedade de Cultura Latina do Brasil, Mogi das Cruzes/São Paulo,1998; Menção Honrosa pela participação no livro “Mulher” no 3º salão de Artes Plásticas na Biblioteca Nacional, 1998, Rio de Janeiro/RJ; Moção de Congratulação com louvor da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, pelo reconhecimento de seus grandes méritos à Literatura Brasileira,1999, Rio de Janeiro/RJ; Diploma de Destaque em Literatura do ano de 1998, pela Sociedade de Cultura latina do Brasil, 1999, Mogi das cruzes/São Paulo; Prêmio a Latinidade I da Sociedade de cultura Latina do Estado do Maranhão, como uma das melhores coletâneas do ano de 1998, pela Sociedade de Cultura Latina do Brasil, 1999, Mogi das Cruzes,/São Paulo; Título “ Autore dell’Anno”, da Edizioni Universum, 1999, Trento /Itália; Diploma de Participação no “I Encuentro Latinoamericano de Casas de Poetas y Congreso Brasileño de Poesía em Habana”, 1999, Habana/Cuba; Diploma de participação no VII Encuentro Internacional en la Mixteca de Mujeres Poetas en el pais de las nubes, 1999, nas cidades de Huajuapan de León y Oaxaca/México; “Mulher em Destaque 99”, como reconhecimento pela sua contribuição ao desenvolvimento social do Maranhão, em São Luís/MA, 1999; Título de Personalidade do Século XX por sua participação na Coletânea “Laços de Cultura, Brasil Quinhentos anos” e sua brilhante produção poética e integração ao Movimento Alternativo Cultural Brasileiro, pela Sociedade de Cultura Latina do Estado de Goiás, 2000, Goiânia/Goiás; Título de Honra ao Mérito, pelos relevantes serviços prestados à Cultura Brasileira e a esta entidade, durante a gestão de Joaquim Duarte Baptista, 2001, Mogi das Cruzes/São Paulo; Diploma de Participação no “III Encuentro Internaciol da aBrace” 2001, Montevideu/Uruguai; Premio Internazionale II Convivio dell’ anno 2001 , nella sezione “Poesia” com la lírica “ Desabafo”, da Accademia Internazionale, II Convivio, 2002, Castiglione di Sicilia/ Itália; Diploma di Merito per l’opera “ Desejos espúrios, e Prêmio Internazionale “Una Poesia Per la vita”, Omaggio a Dennis Kann, pela edizione Universum, 2003, Trento/Itália, Título e Troféu “Personalidade Destaque SCLB-2003” na categoria escritora- Sociedade de Cultura Latina do Brasil, Porto Alegre/Rio Grande do Sul. Diploma di riconoscimento di mérito al Premio “Filoteo Omodei” nella sezione poesia in portughese, Pela Accademia Internazionale II Convívio, Castiglione di Sicília-2004; Diploma de “The Best of the Year 2005- Biography Joana Aragão Adler: uma história de amor e de fé, uma história sem fim”, the International Writers and Artists Association and Bluffton College, 1996,Ohio/EUA; Prêmio “Dia Internacional da Mulher”, categoria Psicologia, Atividade Eventos e Turismo, São Luís, 2006. Título de “Visitante Ilustre” del Municipio de Uriondo-Reconocimiento Personaje Internacional em el campo de la Literatura- Tarija~Bolívia, 2012.
Título de “Visitante Distinguida de La Ciudad de Tarijay La Provincia Cercado”, 2012 Medalha do Mérito Cultural “Jorge Amado” do Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais - InBraSCI, pelo valor e serviços prestados à Cultura em geral, à Classe dos Artistas, ao Brasil e, em particular, a este sodalício. 09 de outubro de 2012. Diploma de Honra ao Mérito do Espaço Cultural Gonçalves Dias pela idealização e coordenação da obra literária “Mil Poemas para Gonçalves Dias” Caxias-MA 11 de agosto de 2013. Comenda Gonçalves Dias do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias - MA 11 de agosto de 2013. Diploma de Legionário em reconhecimento aos relevantes serviços prestados ao 24º Batalhão de Caçadores. São Luís, 19 abril de 2013. Homenagem da Faculdade do Maranhão-FACAM em reconhecimento e agradecimento pelos anos de parceria. 17 de julho de 2013. Diploma de Honra ao Mérito da Fundação Cultural Gonçalves Dias de Caxias em reconhecimento da relevância da obra poético-literária “Mil Poemas para Gonçalves Dias” Caxias – MA, 09 de outubro de 2013. Título de NACIONALIDAD PERUANA En perpetuidad inalienable, que la poeta ha demostrado servir a los poetas de toda la tierra y que se encontró con el Perú frente a la tumba del poeta Comunista y Premio Nobel Pablo Neruda en Isla Negra, Chile. Que ha consecuencia de ello ha publicado en Perú, al alimón con Perú, el poemario bilingüe “TINKUY”. Y por ello, Dilercy cruzó toda América del Sur para venir a Lima y presentar su libro en la CASA MUSEO JOSÉ CARLOS MARIÁTEGUI, antiguo hogar del fundador del Partido Comunista del Perú, y hoy faro de difusión de la cultura universal. Y que prosigue su voluntad de difundir la luz de la poesía desde su reino y palacio de Maragnao hasta las últimas consecuencias. El Movimiento Amaro-Peru, 4 de enero de 2014. Tem participação em mais de cem antologias nacionais e internacionais. Ainda vários artigos publicados em revistas e jornais. BIBLIOGRAFIA 2013 2013 2012 2011 2011 2008 2005 2005
2004 2003 2002 2002 2001 2000 2000 2000 1999 1998 1997 1996 1991
Mil poemas para Gonçalves Dias (org)) Sobre Gonçalves Dias (org) TINKUY Poesia feminina: estranha arte de parir palavras Uma história de Céu e estrelas Desabafos... flores de plástico... libidos e licores liquidificados Joana Aragão Adler: uma história de amor e de fé... uma história sem fim Tratamiento Pedagógico de los valores Morales: de la comprensión teórica a la práctica consciente (Tese de Doutorado) Coletânea Poética da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão LATINIDADE-IV (org) Carl Rogers no Maranhão: Ensaios Centrados (org) Alfabetização & Pobreza: A escola comunitária e suas implicações (Dissertação de mestrado) Coletânea Poética da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão LATINIDADE-III (org) Seme...ando dez anos Cinqüenta vezes Dois Mil human(as) idade(s) Genesis-IV Livro Coletânea Poética da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão LATINIDADE-II (org) Arte Despida Coletânea Poética da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão LATINIDADE-I (org) Poematizando o Cotidiano ou Pegadas do Imaginário Circuito de Poesia Maranhense (org) Crônicas & Poemas Róseos-Gris
Contribuições na revista do IHGM: OS VALORES MORAIS NO ÂMBITO DA ESCOLA CAPITALISTA REVISTA IHGM No. 27, julho de 2007 88-99 BRASIL-PORTUGAL, NAÇÕES-IRMÃS: ORIGENS, INTERCRUZAMENTOS E SEPARAÇÃO. REVISTA IHGM No. 28, 2008 119-146 DISCURSO DE POSSE - REVISTA DO IHGM – nº. 29 – 2008 – Edição Eletrônica, p. 23 A PRODUÇÃO ACADÊMICA DO CURSO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO DA UFMA NA PRIMEIRA DECÁDA DO SÉCULO XXI nº 30, agosto 2009 ed. Eletrônica 75-83 A POÉTICA NO DISCURSO DO DOMINADOR: A Permanência Dos Franceses nº Maranhão Na Narrativa De D’Abbeville REVISTA IHGM nº 31, novembro 2009 ed. Eletrônica 44-53 Eletrônica 16-19 A ARTE E A POESIA ENQUANTO CAMPO DE CONHECIMENTO: À Guisa De Reflexões. REVISTA IHGM N. 31, novembro 2009 ed. Eletrônica 128-137 A ABORDAGEM ATIVA SOBRE A MODIFICABILIDADE COGNITIVA ESTRUTURAL (MCE) COMO FUNDAMENTO FILOSÓFICO DA EXPERIÊNCIA DE APRENDIZAGEM MEDIATIZADA (EAM) REVISTA IHGM 32 - MARÇO 2010, p. 28 MOMENTO POÉTICO REVISTA IHGM 32 - MARÇO 2010, p. 37 A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NO CURSO DE FORMAÇÃO DO EDUCADOR. REVISTA IHGM 33 – MARÇO 2010, p. 73 A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NO CURSO DE FORMAÇÃO DO EDUCADOR. REVISTA IHGM 33 – MARÇO 2010, p. 73 DISCURSO DE RECEPÇÃO À SÓCIA MADALENA MARTINS DE SOUSA NEVES. Rev. IHGM, n. 35, dezembro 2010, p. 28 CIENTISTAS BRILHANTES E SERES HUMANOS ETICAMENTE EXTRAORDINÁRIOS. Rev. IHGM, n. 35, dezembro 2010, p. 72 ANA JOAQUINA JANSEN MULLER OU SIMPLESMENTE ANA JANSEN. Rev. IHGM, nº 35, dezembro 2010, p. 67 CIENTISTAS BRILHANTES E SERES HUMANOS ETICAMENTE EXTRAORDINÁRIOS. Rev. IHGM, nº 35, dezembro 2010, p. 72 DISCURSO DE RECEPÇÃO AO SÓCIO RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO. REV. IHGM 36, MARÇO 2011, p 26 E SOBRE O DIA INTERNACIONAL DA MULHER... REV. IHGM 36, MARÇO 2011, p 184 ANIVERSÁRIO DO IHGM – 86 ANOS. Revista IHGM nº 39, dezembro 2011, p. 79 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_39_-_dezembro_2011 VIAGEM A CAXIAS. Revista IHGM nº 39, dezembro 2011, p. 85 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_39__dezembro_2011 IHGC COMEMORA SEUS OITO ANOS DE FUNDAÇÃO COM GRANDE FESTIVIDADE. Revista IHGM nº 39, dezembro 2011, p. 86 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_39_-_dezembro_2011 POSFÁCIO ao livro “DILERCY ADLER: A TECELÃ DE EROS NOS TRÓPICOS MARANHENSES”, de CAMILA MARIA SILVA NASCIMENTO. Revista IHGM nº 39, dezembro 2011, p. 209 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_39__dezembro_2011 LER E PRODUZIR OBRAS LITERÁRIAS: prazeres vitais para o mundo humano. Revista IHGM nº 39, dezembro 2011, p. 219 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_39_-_dezembro_2011 O PROFESSOR NECESSÁRIO PARA O SÉCULO XXI. Revista IHGM, nº 41, junho 2012, p. 135 Edição Eletrônica http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_41_-_junho__2012 IV ENCONTO GONÇALVINO – SÃO LUIS – 05 DE SETEMBRO DE 2012. Revista IHGM, nº 42, SETEMBRO de 2012, p. 406. http://issuu.com/leovaz/docs/revista_42_setembro_2012 AGRADECIMENTO À EPFA – MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS. Revista IHGM, nº 42, SETEMBRO de 2012, p. 414. http://issuu.com/leovaz/docs/revista_42_setembro_2012 ENCONTRO GONÇALVINO - SÃO LUIS – 05 DE SETEMBRO DE 2012. Revista IHGM, nº 42, setembro de 2012, p. 406, http://issuu.com/leovaz/docs/revista_42_setembro_2012 AGRADECIMENTO À EPFA - MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS. Revista IHGM, nº 42, setembro de 2012, p. 414, http://issuu.com/leovaz/docs/revista_42_setembro_2012 A OSCAR NIEMEYER, O SENHOR DAS CURVAS, BRILHANDO AGORA ENTRE AS ESTRELAS - (15/12/2008 – 5/12/2012). Revista IHGM, nº 43, DEZEMBRO de 2012, p. 137. http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_43__dezembro_2012 PROJETO GONÇALVES DIAS GONÇALVES DIAS NESTE MÊS DE NOVEMBRO DE 2012. Revista IHGM, nº 43, DEZEMBRO de 2012, p. 234. http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_43_-_dezembro_2012
Informa Assis Brasil (1994)3 que, embora escrevendo poemas desde os bancos escolares – Escola Benedito Leite e Escola Estadual - Dilercy só participará, mais efetivamente, da vida literária, quando volta ao Maranhão, década de 90. Participou da Oficina Caderno de Poesia (1993/1994), Poematizando o Cotidiano, e Agenda 94. Sua estreia em libro é feita logo no começo de 1991, com Crônicas & Poemas Róseo-Gris: “Este é um libro sobre
3
BRASIL, Assis, 1994; obra citada, p. 295-299).
ELA/mas para ELE ler também!/ Aquí se fala/ do feminino, / O feminino em todos os seus modos/ de ser mulher!”. Continua, afirmando que, “Ao contrário do que se possa imaginar, os poemas de Dilercy não são amenos ou superficialmente sentimentais, mas trazem uma carga de vivência sensorial que ela transmuta em linguagem poética, a partir do objeto-corpo da mulher aos seus devaneios, delírios e sonhos eróticos. […]” (p. 295) NA ALL EM REVISTA OUTRAS PALAVRAS. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma
janeiro/março
2014,
p.
16,
WILSON PIRES FERRO: um estudioso e grande amante das letras. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 117, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma SELO
COMEMORATIVO
-
HISTÓRICO
E
JUSTIFICATIVA.
http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_
ALL
EM
REVISTA,
N.
2,
abril/junho
2014,
p.
164,
ELOGIO À PATRONA MARIA FIRMINA DOS REIS: ontem, uma maranhense; hoje, uma missão de amor! ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 70, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18 PROJETO “’190 POEMAS PARA MARIA FIRMINA DOS REIS”. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 24 http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981 1ª CONVOCATÓRIA - “CENTO E NOVENTA POEMAS PARA MARIA FIRMINA DOS REIS” - 01 de Outubro de 2014 a 31 de Janeiro de 2015. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 32 http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981 LEITURA DE POESIA LICEO DE BENIDORM. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981
2014,
p.
227
ERA UMA VEZ O AMOR... ONDE ESTÁ O PARAÍSO? ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 262 http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981 NOTA EXPLICATIVA SOBRE E EM HOMENAGEM À MARIA FIRMINA DOS REIS E A GONÇALVES DIAS. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 299 http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981 CLAUDE D'ABBEVILLE, ALL EM REVISTA, São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__vol._2__no, p. 21 COMEMORAÇÕES DO DIA INTERNACIONAL DA POESIA / All – liceo de benedorm; 14 de março de 2014 / Odylo costa, filho – Registro fotográfico, São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no, p. 78 À GUISA DE APRESENTAÇÃO - AO LIVRO DE REGIANA TAVARES: DESVELO DE UM MUNDO ESPECIAL, São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no, p. 189 À GUIMARÃES “DE MARIA FIRMINA E GONÇALVES DIAS”: poesias juntando vidas - - MEU AGRADECIMENTO, São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no, p. 284 COMISSÃO DO CENTENÁRIO DE MÁRIO MEIRELES – PROGRAMAÇÃO (PROPOSTA), São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no, p. 76 NO APAGAR DAS LUZES DE 2015, UM ADEUS INESPERADO: homenagem a Manoel de Jesus Sousa (1942-2015) – ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 124, https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email MARIA FIRMINA DOS REIS: pequeno recorte de uma grande e gloriosa vida de mulher - ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 131, , https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email LER E PRODUZIR OBRAS LITERÁRIAS : prazeres vitais para o mundo humano, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 258 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email DISCURSO DA ACADÊMICA DILERCY ARAGÃO ADLER AO TOMAR POSSE NA PRESIDÊNCIA DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS, EM 07 DE ABRIL DE 2016, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 21, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute1.amazonaws.com LER E PRODUZIR OBRAS LITERÁRIAS: prazeres vitais para o mundo humano - Profa. Dra.Dilercy Aragão Adler, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 110, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute-1.amazonaws.com
POESIA POLARIZADA A PARTIR DO GÊNERO: condição real ou engendrada - DILERCY ADLER, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 141, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195118.compute-1.amazonaws.com POESIA POLARIZADA A PARTIR DO GÊNERO: condição real ou engendrada pela supremacia masculina?, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 233, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute-1.amazonaws.com A VIDA E A POESIA DE DILERCY ADLER - youtube.com - https://www.youtube.com/watch?v=pzclWR6kdAs&feature=youtu.be , ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 309, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute-1.amazonaws.com MORANGOS E ABISMO, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 376, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute-1.amazonaws.com A MÃO, O BERÇO, O MUNDO - a Joana Adler, minha mãe, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 376,http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195118.compute-1.amazonaws.com DIA INTERNACIONAL DA MULHER – POESIAS. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 131 ESPAÇO FEMININO MULHER FRAGMENTOS DE MULHER http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma VELEJANDO. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 123 REPÚDIO AO ESTUPRO ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 187, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__volume_1_numero_2_ NO PRINCÍPIO ERA O VERBO. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 78 ACRÓSTICO MARIA FIRMINA. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 83 ESPAÇO FEMININO. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 83 PSICANALITICAMENTE FALANDO. ORAÇÃO. DEUS. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 208, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18 FLORES DE PLÁSTICO... LIBIDOS E LICORES LIQUIDIFICADOS. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 262 AMOR SUBLIME AMOR A ARTE DE VIVER INCLUI ESTRADAS. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 347 http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981 PRECIOSO ACHADO TANTOS NATAIS RISCO ANTOLOGIA BRASIL LITERARIO - POESIA SOBRE CACHAÇA, São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no, p. 294 INCONTIDO PRAZER PESCARIA E POESIA ISSO É TUDO... A MORTE E O MORRER EU – NAMORADA 199 ALL EM REVISTA, V. 2, n. 2, 2015, abril a junho, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__vol._2__no_ad17bb277a03b8, p. 199 SESSENTA E CINCO ANOS. ALL EM REVISTA, v. 2, n. 3, jul./set., 2015, p. 13. http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__volume_2_numero_3_ ANIVERSARI(ANDO). ALL EM REVISTA, v. 2, n. 3, jul./set., 2015, p. 14. http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__volume_2_numero_3_ CHEIROS E CHEIROS; DIAGNÓSTICO; DIVAGANDO EM LEMBRANÇAS. ALL EM REVISTA, v. 2, n. 3, jul./set., 2015, p. 200. http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__volume_2_numero_3_ EU SEI! ALL EM REVISTA, V. 2, n. 4, out./dez., 2015, p. 343, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__volume_2__numero_4 BOM DIA ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 239 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__vol._3__no._1_-_ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email FOGÃO A LENHA ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 239 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__vol._3__no._1_-_ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email
LIBERTAÇÃO ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 239 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__vol._3__no._1_-_ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email A ESSÊNCIA INVISÍVEL DO “ELA” ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 239 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email ULTIMATUM - 1917 - NOVENTA E NOVE ANOS DEPOIS ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 239 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email PARTO, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 239 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__vol._3__no._1_-_ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email PARA VAVÁ NESTE SEU ANIVERSÁRIO, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 375, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute1.amazonaws.com
LIBERTAÇÃO Aprisiono o verbo devoro a "carne" –pecado humanocerne do desejo tresloucado do fruto proibido insaciavelmente insano!... aprisiono a dor em amargas palavras algemadas –cárcere privadoesvaziada da linguagem erótica ... recrio liturgias procissões santos e rezas que se pretendem assépticos e no entanto mostram-se contagiam-se e nos contagiam com os seus venenos exoticamente tóxicos! aprisiono o amor no papel A4 que jaz na impressora do meu computador e digito tácita e indolentemente cada letra cada sílaba cada sentença cada cicatriz intensa
da vida que se expõe e ao se mostrar completamente nua sem qualquer reserva se ergue se levanta alçavoo ...se liberta... e me liberta também!!!
CHEIRO DE TERRA MOLHADA Este cheiro de terra molhada brejeiro cheiro que traz às minhas áridas narinas aquele límpido aroma inesquecível de paz! este cheiro de terra molhada me lembra outros cheiros milhares é o orgasmo profícuo da terra... terra e água amantes eternos que ejaculam um universo infinito de cheiros de cores de amores incensos e incestos de vida! ~
CUMPLICIDADE Amo estar contigo amo sentir-me amigo amo abrir-me sem receios nesse jogo do discurso que quase sempre nos emaranha nas teias do medo engano e vergonha! amo estar contigo compartilhando uma intimidade de fogosa cumplicidade de palavras gestos e atos que se soltam espontâneos
e voláteis nos espaços esparsos... ... sem limites!...
RITUAL Ouço uivos de lobos – lamentos tristonhos – trazidos pelo vento frio do inverno colho orvalho – lágrimas do cosmos – na noite enlutada engulo luares – dos nostálgicos amantes – bucolicamente solitários rumino compulsivamente todas as saudades que me fazem atua ausência digiro tácita solidão num ritual sem trégua à tua espera!
SOLIDÃO Dilercy Adler TOMO I A solidão do cosmos a minha própria são intensamente doloridas mesmo com o frenesi de todos os orgasmos... ...resignadamente pasmo!
TOMO II A minha inaceitável solidão os meus insaciáveis desejos frenética e pacientemente te esperam... ...o tempo escoa implacável não importa!
PALMAS DO TEMPO O vento nas palmas do tempo eu gosto o gosto de mel entre línguas e dentes eu gosto daquele perfume de violeta silvestre eu gosto da tua camisa branca
de linho leve roçando o meu seio eu gosto eu gosto da tua boca do teu peito do teu corpo do teu jeito de fazer amor daquele tempo!
COBRANÇA Cobro-te cobras-me cobra venenosa com veneno fatal cobro-te quando me cobres com teu corpo enroscado tipo cobra no meu corpo intumescido rígido sensual
DIFÍCIL VERDADE Haverá talvez verdades que fiquem além da linguagem o que nos faz seres solitários! faço esforço sobre-humano para dizer o que sinto... ...e nem sempre consigo! faço esforço incrível para viver o que penso... ...nem sempre é possível! faço esforço tamanho para tornar-me clara e facilmente interpretada ...mas muitas vezes me flagro diferente na percepção do outro! são essas verdades além da palavra do gesto da expressão essas verdades não ditas que nos condenam a essa insólita solidão!
CORPO E PRISÃO Sinto-me presa em um corpo que impõe limites intransponíveis que me impõe papéis delineados que inspira amores que nem sempre quero e me tira a possibilidade de outros que eu queria tanto! sinto-me presa neste corpo que nem sou capaz de ver sob todos os ângulos! sinto-me numa prisão neste corpo nunca perfeito e mortal quando o mais desejo é transcendência total!
VERDADE E MENTIRA Eu prefiro mesmo que doa ouvir a verdade amarga do que a doce mentira que depois fere e magoa... ... muito mais!
POEMA No frio e pálido papel eu me debruço debulho irrefutavelmente tantos prantos quanto me custa! degusto lenta e prazerosamente todos os sabores que me devassam e afloram corpo e mente quantos licores! e o papel se enche transborda vida!
TÉDIO Essa paz no coração essatranqüilidade morna de quem não espera nada... nenhum sonho retorna todos mortos! emoção entorpecida sensações adormecidas embotadas pelo medo puro tédio! só o fogo da paixão na incerteza da espera dá vida aos sentidos dá todo sentido à vida vida trânsfuga inquieta de todo poeta vivo!
MICHEL HERBERT ALVES FLORÊNCIO Bacabal, em 1º de agosto de (?) POSSE: 14 DE DEZEMBRO DE 2013 Nasceu em Bacabal, em 1º de agosto de (?), filho de João Ivonildo Florêncio e de Francisca Almeida Alves Florêncio, divorciado. ESTUDOU PRIMÁRIO - COLÉGIO MUNICIPAL DE ZÉ DOCA E INSTITUTO FUNDAMENTAL BRASILEIRO EM ZÉ DOCA; GINÁSIO - SEGUNDO GRAU - 1º. ANO COLÉGIO NOSSA SENHORA DOS ANJOS; 2º. E 3º. ANO COLÉGIO MODERNO - BELÉM –PA GRADUAÇÃO - MÉDICO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO-UFMA (1990-1996). PÓSGRADUAÇÃO - PEDIATRIA-HOSPITAL MUNICIPAL DE COTIA – SUS-SP (1998-2000); ENDOCRINOLOGIA INFANTIL-HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO DE SÃO PAULO - 2001. II -MEMBRO DE AGREMIAÇÕES: MEMBRO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE MÉDICOS ESCRITORESREGIONAL PAULISTA-1999-2000 SOBRAMES - MA DESDE 2003 DELEGADO REGIONAL DO MOVIMENTO POÉTICO NACIONAL.(2010) PRESIDENTE DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE MÉDICOS ESCRITORES SOBRAMES - MA (-200820010). MEMBRO FUNDADOR DA SOBRAMES - MA 2012. MEMBRO DA ACADEMIA BRASILEIRA DE PESQUISAS E ESTUDOS LITERÁRIOS (ABPEL). PARTICIPAÇÕES EM ANTOLOGIAS: 2000: ANTOLOGIA PIZZA LITERÁRIA DA SOBRAMES - SP: DÉCIMA FORNADA. 2003: PARTICIPOU DA I ANTOLOGIA DA SOBRAMES - MA: ARTE DE SER. 2009:ORGANIZOU A II ANTOLOGIA SOBRAMES - MA: RECEITA POÉTICA. PARTICIPOU DA TERCEIRA ANTOLOGIA SOBRAMES - MA: SOBRE O AMOR. 2012: ANAIS DO XXIV CONGRESSO NACIONAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE MÉDICOS ESCRITORES. SOBRAMES, VIII CONGRESSO DA UNIÃO MÉDICOS ESCRITORES E ARTISTAS LUSÓFONOS-UMEAL. 2010- FUNDOU O INFORMATIVO RECEITA POÉTICA - DA SOBRAMES - MA. 2011- ORGANIZOU I JORNADA MÉDICO LITERÁRIA - SOBRAMES - MA VI JORNADA NACIONAL SOBRAMES - MA/II - EXPOSIÇÃO DE ARTES MÉDICAS DO MARANHÃO. 2012 - ORGANIZOU A ANTOLOGIA EM HOMENAGEM AO QUARTO CENTENARIO DE SÃO LUÍS: IV SÉCULOS DE BELEZA E POESIA. (EDIÇÃO LIMITADA) Participação em Eventos Literários 2007 - Participação na I FEIRA LITERÁRIA DE SÃO LUÍS COM O LANÇAMENTO DE LIVRO - O Verbo em Ebulição. 2008 - PARTICIPAÇÃO DA II FEIRA DO LIVRO DE SÃO LUÍS COM LANÇAMENTO DE LIVRO: Palavras e Verbos. 2009 PARTICIPAÇÃO DA E ANTOLOGIA SOBRAMES - SOBRE O AMOR. 2011- PARTICIPAÇÃO DA V FELIS - COM LANÇAMENTO DO LIVRO: ZÉ DOCA PASSADO E PRESENTE. 2008 - XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE MÉDICOS ESCRITORES - FORTALEZA CE. 2010 - XXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE MÉDICOS ESCRITORES OURO PRETO - MG III JORNADA GIMARÃES ROSA 2012 - XVII CONGRESSO BRASILEIRO DA HISTÓRIA DE MEDICINA. PALESTRA: A MEDICINA E A LITERATURA DO MARANHÃO: MINIBIOGRAFIA DE DR. ODORICO AMARAL DE MATOS. LIVROS PUBLICADOS 2007-O VERBO EM EBULIÇÃO: ORAÇÕES SALMOS E POESIAS. 2008- PALAVRAS E VERBOS. 2011- O MUNICÍPIO DE ZÉ DOCA : PASSADO E PRESENTE (HISTÓRIA) AUTORES: MICHEL HERBERT/ ANTÔNIO MENDES.
NA ALL EM REVISTA ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA 12: JOSÉ RIBEIRO DO AMARAL. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 53 http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981
DE TEMPOS EM TEMPOS. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 51 http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981 UMA NUVEM DE GLÓRIA EU E ELA (A POESIA) A MUDANÇA QUE QUEREMOS, _vol._2__no, p. 301
São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-
O MISTÉRIO DA CRUZ O BEIJO DOS TEUS LÁBIOS O LIVRO ALL EM REVISTA, V. 2, n. 2, 2015, abril a junho, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__vol._2__no_ad17bb277a03b8, p. 203 O INDISPENSÁVEL ESPÍRITO SANTO ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 227 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email PEQUENO-GRANDES DESAFIOS, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email
PONTO DE PARTIDA Vou partindo de um ponto, sem saber aonde chegar pois não sou onisciente por isso nem posso imaginar o que eu quero é apenas esvair-me nesta vida lentamente, revelar-me o que ainda saberei de mim eternamente. Vou partindo de um ponto sem saber aonde chegar fazendo de cada ponto novos caminhos que outros talvez irão trilhar vou partindo de um ponto sem pressa de chegar deixando marcas pelo caminho para que outros possam pisar. Vou partindo de um ponto preenchendo este vazio (de uma folha de papel) como que buscando sentido e existência de uma nuvem na imensidão do Céu. Vou partindo de um ponto destilando água e mel, na aridez dos corações, desta fonte de cordel. Vou chegando enfim a um ponto que muitos o chamam de Final mas a Sabedoria eterna nos diz que nesta vida de encontros e desencontros Só a alma e a poesia alcançam nesta vida, o IMORTAL.
DE
2016,
P.
227
JOÃO FRANCISCO BATALHA Tresidela do Bonfim, município de Arari/MA, 08 de julho de 1944 POSSE: 14 DE DEZEMBRO DE 2013 Nasceu na Tresidela do Bonfim, município de Arari/MA, em 08 de julho de 1944, filho de João da Silva Batalha e Joana Prazeres Batalha. Estudou primário nos institutos Nossa Senhora de Nazaré, de Vitória do Mearim e Nossa da Graça, em Arari. Fez o Ginásio e os cursos técnicos de Contabilidade e Administração no Colégio de São Luís; História na Universidade Federal do Maranhão, jornalismo na Faculdade São Luís; Gestão de Recursos Humanos na Universidade Estadual Vale do Acaraú e Gestão Pública na Universidade Cândido Mendes e é Diplomado da Escola Superior de Guerra. Foi comerciário, bancário, securitário e economiário. Exerceu a função de Gerente de Agência da Caixa Econômica Federal nas cidades de Grajaú, Presidente Dutra, Dom Pedro, Santa Inês e Açailândia, no interior do Estado; e da Agência Cidade dos Azulejos, no Monte Castelo e São Luís, no bairro do João Paulo. Foi Chefe de Legislação de Trânsito do DETRAN/MA e Chefe de Gabinete da Deputada Maura Jorge na Assembleia Legislativa do Estado; Chefe de Gabinete da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Ensino Superior e Desenvolvimento Tecnológico do Maranhão e Conselheiro do Conselho Deliberativo Estadual do SEBRAE/MA. Fundador da Academia Arariense/Vitoriense de Letras; Efetivo do Instituto Histórico da Maçonaria Maranhense é ocupante e patrono da Cadeira número 22 do mesmo sodalício. Titular da Academia Maçônica Maranhense de Letras, Academia Brasileira Maçônica de Artes, Ciências e Letras e Academia Maçônica Internacional de Letras, sendo presidente do Núcleo AMIL/Brasil/MA da International Masonic Literary Academy. É Fundador e diretor atual da FALMA - Federação das Academias de Letras do Maranhão. Mestre Maçom Instalado, pertence às ARLS “Labor e Fraternidade” e “Guardiã da Fraternidade”; Loja de Estudos e Pesquisas “Afonso Augusto de Moraes” e Loja de Perfeição “Tiradentes”. Jornalista registrado da DRT - MA e associado à ABI tem nove trabalhos publicados entre narração dos navegares do Rio Mearim, livros de genealogia, discursos biográficos e coletâneas de artigos. Com lançamento em 2010, livro da História do Município de Arari e outro sobre Maçonaria. NA ALL EM REVISTA POSTURAS DO MUNICÍPIO
DE
ARARI.
ALL
EM
REVISTA,
N.
2,
abril/junho
2014,
p.
182,
http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_
DISCURSO DE ELOGIO A JOÃO DUNSHEE DE ABRANCHES MOURA. PROFERIDO POR JOÃO FRANCISCO BATALHA, OCUPANTE DA CADEIRA Nº 19 DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS. PRONUNCIADO NO AUDITÓRIO CRISTO REI DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, NO DIA 14 DE DEZEMBRO DE 2014. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 138 http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981
ARQUIMEDES VIEGAS VALE São Bento – MA, 22 de julho de 1949 POSSE: 14 DE DEZEMBRO DE 2013 Nasceu na cidade de São Bento – MA em 22 de julho de 1949. É filho do comerciante e político Manoel Rodrigues Vale e da dona de casa Zuila Viegas Vale. Fez o curso primário no Grupo Escolar Motta Júnior e parte do ginasial na primeira turma da Escola Normal Ginasial Dom Felipe Conduru, ambas em São Bento. Concluiu o ginásio e fez o secundário em São Luís, no Colégio Ateneu Teixeira Mendes. Formou-se em Medicina, em 1975, pela Faculdade Medicina da Universidade Federal do Maranhão. Fez Pós-graduação no Rio de Janeiro, a partir de 1976, fazendo Residência Médica em Clínica Médica no Hospital Sousa Aguiar e, seguidamente, Residência Médica em Endoscopia Peroral no Hospital Central do IASERJ. Tem o grau de Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Maranhão, obtido em 2001. Fez curso de pósgraduação em Hipnose Clínica, em Salvador – BA em 2012, pela Associação Brasileira de Hipnose. Iniciou suas atividades profissionais como médico da Previdência Social, em 1978, por concurso público e aposentou-se pelo Ministério da Saúde. Também por concurso público, iniciou-se no magistério superior em 1979 no Departamento de Morfologia da Universidade Federal do Maranhão onde se aposentou como professor adjunto. Fez vários cursos de atualização e aperfeiçoamento e frequentou inúmeros Congressos Médicos no Brasil e no exterior. Participou de várias bancas de concursos para ingresso na carreira do magistério superior. Publicou vários trabalhos científicos em revistas especializadas, de circulação nacional e em anais de congressos. Palestrante e conferencista em vários congressos de âmbito nacional. Pioneiro no Estado do Maranhão da Endoscopia Respiratória, da Endoscopia Digestiva no serviço público, na Laparoscopia Diagnóstica e na Hipnose Clínica moderna. É membro da Federação Brasileira de Gastrenterologia, da Sociedade Maranhense de Gastrenterologia, da Sociedade de Hipnose Médica do Estado do Rio de Janeiro (SOHIMERJ) e da Associação Brasileira de Hipnose, da qual faz parte da diretoria nos biênios 2011/2012 e 2013/2014. É membro da ACADEMIA SAMBENTUENSE DE LETRAS, cadeira nº 31, desde 2002, onde foi Vice-presidente em 2006 e de 2011 até então. Foi Presidente de 2007 a 2010. É membro DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE MÉDICOS ESCRITORES/REGIONAL MARANHÃO desde 2009 e atual Presidente para o biênio 2013/2014. Assumiu a cadeira nº 18 da ACADEMIA BRASILEIRA DE MÉDICOS ESCRITORES em 2012, no Rio de Janeiro. É membro fundador da ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS na qual ocupa a cadeira nº 20. Faz parte da ACADEMIA MARANHENSE DE MEDICINA na qual ocupa a cadeira nº 31 desde 31 de janeiro de 2014. Foi condecorado com o medalhão do Bicentenário da Justiça Militar, no Rio de Janeiro, em 2010; com a medalha do mérito Sambentuense “Gov. Newton Belo” em 2013 e com a medalha “Comenda Gonçalves Dias” pelo Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Publicou, em 2006, o livro de poesias “Resíduos Cartesianos” e, em 2012, o livro “Apologia do Abstrato – Poesias”. Participou em várias antologias de prosa e poesia. Participou de concursos literários nacionais, recebendo menção honrosa no XXIV Congresso Brasileiro de Médicos Escritores, em Curitiba – PA e segundo lugar na VII Jornada Nacional Sobrames e XII Jornada Médica Literária Paulista, em 2012, em São Paulo.
NA ALL EM REVISTA MEU TEMPO. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 207, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18
PIMENTA NOS OLHOS. REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 175, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho_34d409e2ef5b18
ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA 20: GRAÇA ARANHA. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 44 http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981
DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DE MICHEL HERBERT ALVES FLORÊNCIO À ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS NA SUA POSSE, EM 24 DE OUTUBRO DE 2014, NA CADEIRA Nº 12 PATRONEADA POR JOSÉ RIBEIRO DO AMARAL. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 50 http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981 DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DO ACADÊMICO MARIO DA SILVA LUNA DOS SANTOS FILHO EM SUA POSSE NA CADEIRA 10, PATRONO SOUSÂNDRADE. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 65 http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981
ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA 20: GRAÇA ARANHA. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 44 http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981
DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DE MICHEL HERBERT ALVES FLORÊNCIO À ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS NA SUA POSSE, EM 24 DE OUTUBRO DE 2014, NA CADEIRA Nº 12 PATRONEADA POR JOSÉ RIBEIRO DO AMARAL. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 50 http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981 DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DO ACADÊMICO MARIO DA SILVA LUNA DOS SANTOS FILHO EM SUA POSSE NA CADEIRA 10, PATRONO SOUSÂNDRADE. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 65 http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Curitiba-PR, 23 de julho de 1952 Posse: 14 de dezembro de 2013 Nasceu em Curitiba, estado do Paraná, em 23 de julho de 1952, filho de Loir Vaz e de Rachel Dulcio Vaz. Transferiuse para o Maranhão em 1976, residindo na cidade de Imperatriz; em 1979 fixa residência em São Luís. Casado com Delzuite Dantas Brito Vaz é pai das filhas Loreta Brito Vaz Maciel e Louise Brito Vaz. Iniciou estudos em escola pública municipal no povoado de Cidade Nova, então município de Tibagí, depois Telêmaco Borba-PR; a quarta série já cursava em Itambé, também no Paraná, para onde a família mudara, e onde fez o exame de admissão ao Ginásio; este nível de ensino cursou em Curitiba, no Colégio Senhor Bom Jesus (particular); curso profissionalizante de Técnico em Contabilidade, no Colégio Novo Ateneu, nunca exerceu a função. Licenciado em Educação Física (pela antiga Escola de Educação Física e Desportos do Paraná, atualmente UFPR), concluindo-o em 1975; possui Especialização em Metodologia do Ensino (UFPR/UFMA, 1978); Especialização em Lazer e Recreação (UFMA, 1986); Mestrado em Ciência da Informação (UFMG, 1993); fez os créditos do Doutorado em Ciências Pedagógicas pelo ICCP-Havana-Cuba, não o concluindo. Ainda, cursou Direito até o segundo ano... Exerceu várias funções, iniciando como Office-boy no escritório de meu pai, aos nove anos de idade, com quem trabalhou até os 14 anos, quando passou a menor aprendiz em Cartório de Protesto de Títulos e Documentos, com carteira assinada. Lá permaneceu até os 17 anos, quando passou a trabalhar como arquivista no Banco Bamerindus de Investimentos, por dois anos; a seguir passou a trabalhar em Corretora de Valores, como escriturário, até ingressar na Faculdade, retornando a trabalhar por mais um ano no escritório de advocacia de seu pai. Paralelo, exerceu a função de professor. Lecionou a disciplina Contabilidade Geral para alunos de 3º e 4º anos do ginasial (e quando da Reforma de Ensino, 7º e 8º ano do antigo primeiro grau), enquanto cursava o 2º e 3º ano de Contabilidade. Quando requereu sua Certidão de tempo de serviço, para a aposentadoria, lá constava 42 anos de contribuição, sendo 37 como professor, 33 no serviço público, 30 anos no IF - MA. Em 2012 fez novo concurso para professor substituto na UEMA, contrato de um ano. Após sua formatura, em dezembro de 1975, veio para o Maranhão, mais precisamente para Imperatriz, como professor, participante na equipe 49 do Projeto Rondon por um período de 30 dias... Está aqui até hoje... Contratado dentro de um programa do Ministério do Interior – PROFIX – por um ano, como assessor para a área da educação do Campus Avançado da Universidade Federal do Paraná/Fundação Projeto Rondon; foi professor de Educação Física da Escola Santa Teresinha e contratado, pela Prefeitura Municipal de Imperatriz, para cargo em comissão de Chefe do Departamento de Educação Física, Recreação e Jogos. Responsável pela implantação da educação física na área de influência do Campus Avançado – Vale do Tocantins e, na PMI, implantar a Educação Física nas escolas da rede municipal de Imperatriz. Essa história está contada em livro, lançado no ano passado por Moisés Charles Ferreira dos Santos – Processo histórico da educação física em ImperatrizMA: seus personagens e sua trajetória de 1973 a 2010, pela Editora Ética; antes, em outra monografia, defendida junto ao Curso de História da UEMA, sobre a implantação dos Jogos Escolares em Imperatriz... É citado em livros sobre a História de Imperatriz, de Edelvira Barros Marques, assim como em algumas passagens da Enciclopédia de Imperatriz, de Edmilson Sanches. Foi professor de Professor de Educação Física da Faculdade de Educação de Imperatriz, Titular dos cursos de Licenciatura Curta em Estudos Sociais, Ciências, e Letras, assim como, do Centro de Ensino de 2º Grau – hoje, Ensino Médio - Graça Aranha, escola estadual, onde entrou por concurso, em 1978. Permaneceu em Imperatriz de 1976 a 1978. Em 1979, já estava em São Luís. Fora convidado para ingressar na então Escola Técnica Federal do Maranhão – ETFM – como professor de Educação Física, para lecionar Atletismo. Fez concurso de títulos; solicitou transferência do Estado, sendo lotado no Liceu Maranhense; tinha dois objetivos – concluir o curso de Direito, que havia abandonado no segundo ano e que o atraiu foi a criação da Secretaria de Desportos e Lazer, naquele ano... Sua esposaconcluir seus estudos, agora com uma graduação plena. É licenciada em História, com especialização em Metodologia do Ensino. A FEI fora incorporada pela FESM – hoje UEMA; sua documentação ainda estava no MEC como professor responsável; assim, foi recontratado, pela UEMA, para prosseguir o processo de regulamentação dos cursos de Imperatriz; como tinha curso superior em educação física, já com uma especialização, que fizera ainda em Imperatriz, e parecer do CNE como professor de ensino superior, seu nome foi para o MEC como professor titular, também, dos
cursos de Engenharia e de Medicina Veterinária da então FESM, no processo de reconhecimento desses cursos. Permaneceu na UEMA até 1989, quando pediu exoneração; retornando em 2012, com contrato até agosto de 2013... Na ETFM, exerceu várias funções administrativas, como Coordenação de Ensino do turno diurno, depois assumindo várias vezes a Coordenação – hoje equivale a Pró-Reitor de Ensino. Coordenador de Atividades Formativas – que incluía as disciplinas do Art. 7º da Lei 5.692: Educação Física, Educação Moral e Cívica e Ensino Religioso; depois incluídas as disciplinas de Filosofia e Sociologia; tinha também a responsabilidade de acompanhar o Grêmio Estudantil... Já na fase de CEFET - MA, foi Assistente do Diretor de Relações Empresarias e, ao retornar do Mestrado em Ciência da Informação (UFMG, 1992/93), exerceu a função de Diretor de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão – hoje seria Pró-Reitor de Extensão; Chefe do Departamento de Ensino – Pró-Reitor de Ensino; Professor de Educação Física do ensino profissionalizante desde 1979 até a aposentadoria, mesmo exercendo várias funções administrativas, jamais deixou a sala de aula. Foi também professor de Metodologia do Ensino, de Didática e de Metodologia do Trabalho Científico nos cursos de licenciatura em Construção Civil, Mecânica, e Eletricidade; Professor de Metodologia do Trabalho Científico dos cursos de Especialização, então mantidos pelo CEFET - MA. Nessa mesma época, cumpriu vários contratos de trabalho com a UEMA, ministrando Metodologia da Pesquisa Científica no curso de especialização em Qualidade e Produtividade; Professor visitante, fundador, do Curso de Turismo da UFMA, na disciplina Sociologia do Lazer... Foi presidente da Associação dos Profissionais de Educação Física, Esportes e Lazer do Maranhão – APEFELMA. Segundo colocado no Concurso “Cidade de São Luís”, Prêmio Antônio Lopes de Pesquisa Histórica, do ano de 1995. Quando ainda, na então ETFM, foi criado um curso de educação física. Havia uma disciplina – História da Educação Física – da qual foi responsável; mas o que ensinar? Apenas aqueles clássicos conteúdos da História? Antiguidade, Grécia, Roma, Idade Média, Moderna, Contemporânea; no Brasil... E no Maranhão? Não havia nada! Então começou a pesquisar e a escrever sobre a História da Educação Física no Maranhão; isso, em 1982... Daí a escrever sobre História do Maranhão foi um passo... Artigos, palestras/conferências, entrevistas, sobre esse mesmo e recorrente tema. Endereço para acessar o Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2105898668356649. PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA 2013 ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO. São Luís: SEDEL; IHGM, 2013 SOBRE GONÇALVES DIAS. São Luís: EDUFMA, 2013. Disponível na Internet e em CD – em co-autoria com ADLER, Dilercy Aragão (Organizadores). ANTOLOGIA MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS. São Luís: EDUFMA, 2013. 2 VOLUMES. Disponível na Internet e em CD– em coautoria com ADLER, Dilercy Aragão (Organizadores). 2012 CHRONICA DA CAPEOIRA(GEM) – A CARIOCA. In HOFMANN, A.; VOTRE, S. (Organizadores). ESPORTE E EDUCAÇÃO FÍSICA AO REDOR DO MUNDO – passado, presente e futuro. Rio de Janeiro: Gama Filho, 2012, p. 67-78 CORRIDA ENTRE OS ÍNDIOS CANELAS. In HOFMANN, A.; VOTRE, S. (Organizadores). ESPORTE E EDUCAÇÃO FÍSICA AO REDOR DO MUNDO – passado, presente e futuro. Rio de Janeiro: Gama Filho, 2012, p. 159172 CHRONICA DA CAPOEIRA (GEM) – “UMA RAIZ DA CAPOEIRA É A RINGA-MORINGUE MALGACHE?’. In HOFMANN, A.; VOTRE, S. (Organizadores). ESPORTE E EDUCAÇÃO FÍSICA AO REDOR DO MUNDO – passado, presente e futuro. Rio de Janeiro: Gama Filho, 2012, p. 173-202 PARTIDO CAPOEIRO EM SÃO VICENTE DE FERRER – 1868. In HOFMANN, A.; VOTRE, S. (Organizadores). ESPORTE E EDUCAÇÃO FÍSICA AO REDOR DO MUNDO – passado, presente e futuro. Rio de Janeiro: Gama Filho, 2012, p. 203-208 2009 ENSAIOS NO TEMPO: memória(s) do esporte, lazer e educação física no Maranhão. 1. ed. São Luís: Clube dos Autores, 2009. v. 1.
Hoje, mais de 200 artigos publicados em revistas dedicadas, no Brasil e no exterior; em veículos de difusão científica; vários capítulos de livros, e livros dedicados ao tema de História/memória dos Esportes, Educação Física e Lazer, no/do Maranhão: Livros publicados - 9 Capítulos de livros publicados - 35 Artigos completos publicados em periódicos – 112 Textos em jornais de notícias/revistas – 32 Trabalhos completos publicados em anais de congressos – 30 Resumos publicados em anais de congressos – 22
Apresentações de Trabalho - 14 Demais tipos de produção bibliográfica – 5 Trabalhos técnicos – 16 Demais tipos de produção técnica - 23 MEMBRO DE CORPO EDITORIAL 1998 – 2007 - Periódico: REVISTA 'NOVA ATENAS' DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA – Editor 2009 - 2012 - Periódico: Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão - Editor 2009 – Atual - Periódico: BLOG DO LEOPOLDO VAZ PROJETOS DE PESQUISA 2010 – 2011 - ADENSAMENTO DA CADEIA PRODUTIVA DE PETRÓLEO, GÁS, E ENERGIA DA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA REFINARIA PREMIUM I = Descrição: Consultoria em gestão para suporte, acompanhamento, e execução das ações previstas no Convênio Petrobrás/Sebrae - MA, visando a inserção competitiva e sustentável de micro e pequenas empresas locais na cadeia produtiva de petróleo, gás e energia, e sua adequação da base de fornecedores estimulando processos locais de desenvolvimento sustentável no território da Refinaria Premium I. 2010 – 2011 - PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO AMBIENTAL E MELHORIA DE QUALIDADE DE VIDA DA BACIA DO BACANGA - PROJETO DE INSERÇÃO DE MÃO DE OBRA LOCAL - Descrição: Proposta técnica de um Plano Inovador de geração de Emprego, Trabalho e Renda com base na solicitação de propostas SDP nº 002/2010, atendendo às exigências idealísticas a ser apresentado à Prefeitura Municipal de São Luís, Programa de Recuperação Ambiental e melhoria de qualidade de vida da bacia do Bacanga - Projeto de Inserção da mão de obra local nas intervenções previstas do programa componente 1. 2010 – 2010 - ESCOLA DE GERENTE DO SEBRAE - MA - Descrição: Proposta para implantação de uma escola para formação em gestão estratégica, contribuindo para a produção, análise, interpretação e disseminação de informações que ampliem o conhecimento de profissionais técnicos do SEBRAE - MA, capacitando-os para atuar como gerente nos territórios e gestores de projetos, onde exista atuação da instituição. 2008 – 2008 - CENTRO DE REFERÊNCIA DE NAVEGAÇÃO - Descrição: Projeto para implantação de um Centro de Referência de Navegação, em conformidade com edital publicado pelo MEC/SEED, a ser implantado em um estado da região Nordeste. Integrantes: Tito Tsuji - Integrante / Leopoldo Gil Dulcio Vaz - Coordenador. Condutor d Tocha Olímpica, quando de sua passagem por São Luis, em 2016, ano da reealização dos Jogos Olímpicos no Rio de janeiro.
NA ALL EM REVISTA
APRESENTAÇÃO, ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 5, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma IN MEMORIAM – WILSON PIRES FERRO, ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 12, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma FRAN PAXECO. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 27, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma SOBRE ESPORTE, FUTEBOL & LITERATURA – e os 150 anos de Coelho Neto. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 90, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma APRESENTAÇÃO. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 5, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__volume_1_numero_2_ BREVE OLHAR SOBRE A LITERATURA LUDOVICENSE. ALL EM REVISTA, N. 2, abril/junho 2014, p. 106, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_ APRESENTAÇÃO, ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 10, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18 INFLUENCIA MILITAR NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR. ANAIAS DO XIII CONGRESSO DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA – 2014: ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 96, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18
MIGUEL HOERHANN - PIONEIRO DA EDUCAÇÃO PHYSICA NO MARANHÃO. ANAIS DO XIII CONGRESSO DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA – 2014: ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 102, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18 FRAN PAXECO – UM DOS PROPUGNADORES DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO MARANHÃO ANAIS DO XIII CONGRESSO DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA – 2014: ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 109, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18 O “CHAUSSON/SAVATE” INFLUENCIOU A CAPOEIRA? ANAIS DO XIII CONGRESSO DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA – 2014: ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 115, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18 TARRACÁ, ATARRACAR, ATARRACADO... ANAIS DO XIII CONGRESSO DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA – 2014: ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 125, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18 AS JABUTICABAS. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 172, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18 APRESENTAÇÃO. ALL EM REVISTA, N. 4, outubro/dezembro 2014, p. 8 http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981 LAURA ROSA – UM OLHAR PARA UMA IMORTAL (NÃO SÓ DA AML…). ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 199 http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981 A FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE CULTURA (FUNC) LAMENTA O FALECIMENTO DE FIRMINO DINIZ: MORRE MESTRE DINIZ – OS BERIMBAUS SE CALAM, CHORANDO O ENCANTAMENTO DO VELHO MESTRE CAPOEIRA. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 257 http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981 ÍNDICE DA ‘ALL EM REVISTA’, VOLUME 1, JANEIRO/DEZEMBRO 2014. ALL EM REVISTA, n. 4, outubro/dezembro 2014, p. 351 http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981 APRESENTAÇÃO - Leopoldo Gil Dulcio Vaz (Editor), ALL EM REVISTA, São Luis, v.2, n. 1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no, p. 11 JOSÉ DE RIBAMAR FERNANDES – FUNDADOR DA CADEIRA 27, São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no, p. 32 BANDEIRA TRIBUZI PATRONO da CADEIRA 39, São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no, p. 40 FRAN PAXECO E DUNSHEE DE ABRANCHES - VIDA E MORTE..., São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no, p. 50 JOSÉ RIBAMAR SOUSA DOS REIS - PATRONO da CADEIRA 40, São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no, p. 57 CARLOS ORLANDO RODRIGUES DE LIMA- PATRONO DA CADEIRA 33, São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no, p. 63 APRESENTANDO PAULO MELO SOUSA, São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__vol._2__no, p. 109 APRESENTANDO DANIEL BLUME, São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__vol._2__no, p. 138 SOBRE MARIA THEREZA DE AZEVEDO NEVES, São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no, p. 101 FESTA DE REIS E DE SÃO SEBASTIÃO. Quarta-feira, 07 de janeiro de 2015, BLOG DO LEOPOLDO VAZ: São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no, p. 192 UM ENCONTRO NECESSÁRIO – sobre literatura ateniense… , BLOG DO LEOPOLDO VAZ, São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no, p. 200 SOBRE MARIA FIRMINA DOS REIS, São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__vol._2__no, p. 229 CARTA AO CONFRADE AYMORÉ – OU A ARTE DE CURAR NO MARANHÃO, São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no, p. 279 UMA APRESENTAÇÃO NECESSÁRIA ÀS POESIAS NECESSÁRIAS, de ontem e hoje: REGINALDO TELLES; São Luis, v.2, n.1, janeiro/março 2015, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no, p. 306 APRESENTAÇÃO - ALL EM REVISTA, V. 2, n. 2, 2015, abril a junho, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__vol._2__no_ad17bb277a03b8, p. 9 RAIMUNDO GOMES MEIRELES – PADRE MEIRELES ALL EM REVISTA, V. 2, n. 2, 2015, abril a junho, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no_ad17bb277a03b8, p. 27 AQUI NÃO É BRASIL (???)do Blog do Leopoldo Vaz ; ALL EM REVISTA, V. 2, n. 2, 2015, abril a junho, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no_ad17bb277a03b8, p. 58
PASSAGEM DA COLUNA PRESTES POR PARAIBANO-MA IN O ESTADO 12/04/2015 – ALTERNATIVO; ALL EM REVISTA, V. 2, n. 2, 2015, abril a junho, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no_ad17bb277a03b8, p. 97 ADÃO LOPES DE SOUSA – POETA, SANFONEIRO, E CARPINTEIRO ALL EM REVISTA, V. 2, n. 2, 2015, abril a junho, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no_ad17bb277a03b8, p. 154 APRESENTAÇÃO. ALL EM REVISTA, v. 2, n. 3, jul./set., 2015, p. 6. http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__volume_2_numero_3_ MANUEL FRAN PACHECO. ALL EM REVISTA, v. 2, n. 3, jul./set., 2015, p. 81. http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__volume_2_numero_3_ PROJETO “BIBLIOTECA COMUNITÁRIA”. LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ; DJALDA MARACIRA CASTELO BRANCO MUNIZ. ALL EM REVISTA, v. 2, n. 3, jul./set., 2015, p. 95. http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2_numero_3_ QUEM, AFINAL, FUNDOU SÃO LUÍS? PODEMOS CONSIDER RIFFAULT, DES VAUX, E DAVI MIGAN COMO OS PRÉ-FUNDADORES ? ALL EM REVISTA, v. 2, n. 3, jul./set., 2015, p. 106. http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2_numero_3_ SOBRE TUPIS E TAPUIAS, ALL EM REVISTA, v. 2, n. 3, jul./set., 2015, p. 154. http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__volume_2_numero_3_ APRESENTAÇÃO. ALL EM REVISTA, V. 2, n. 4, out./dez., 2015, p. 10, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2__numero_4 SOBRE MARIA FIRMINA DOS REIS – ALGUMAS NOTAS. ALL EM REVISTA, V. 2, n. 4, out./dez., 2015, p. 61, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2__numero_4 ATLETAS OLÍMPICOS MARANHENSES. ALL EM REVISTA, V. 2, n. 4, out./dez., 2015, p. 119, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2__numero_4 O DIREITO AO LAZER (e aos demais direitos sociais) DOS MENINOS E MENINAS DE RUA. ALL EM REVISTA, V. 2, n. 4, out./dez., 2015, p. 139, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2__numero_4 O COLÉGIO MÁXIMO DO MARANHÃO. ALL EM REVISTA, V. 2, n. 4, out./dez., 2015, p. 142, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2__numero_4 LITERATURA AFRO-BRASILEIRA NO/DO MARANHÃO. EXISTE? ALL EM REVISTA, V. 2, n. 4, out./dez., 2015, p. 148, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2__numero_4 AS TRÊS FUNDAÇÕES DO IHGM... ALL EM REVISTA, V. 2, n. 4, out./dez., 2015, p. 165, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2__numero_4 FRANCESA, PORTUGUESA... ou FENÍCIA?? ALL EM REVISTA, V. 2, n. 4, out./dez., 2015, p. 187, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2__numero_4 A FUNDAÇÃO DO MARANHÃO. ALL EM REVISTA, V. 2, n. 4, out./dez., 2015, p. 208, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2__numero_4 ALGUMAS NOTAS SOBRE O GRUPO ILHA. ALL EM REVISTA, V. 2, n. 4, out./dez., 2015, p. 335, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2__numero_4 COLUNA PRESTES EM PARAIBANO-MA - Por LEOPOLDO VAZ. IN BLOG DO HÉLCIO SILVA. ALL EM REVISTA, V. 2, n. 4, out./dez., 2015, p. 248, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2__numero_4 ANTOLOGIA LUDOVICENSE – NASCIDOS ENTRE JANEIRO E MARÇO L.G.D. VAZ , ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 278 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email FERNANDO EUGENIO DOS REIS PERDIGÃO, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 279 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email JORGE NASCIMENTO, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 280 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__vol._3__no._1_-_ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email CARLOS ALBERTO DA COSTA NUNES, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 282https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email EDUARDO JÚLIO DA SILVA CANAVIEIRA, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 284 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email FRANCISCO JOSÉ SANTOS PINHEIRO GOMES, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 285 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email JOSÉ DO COUTO CORRÊA FILHO, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 288 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email
FRANCISCO SOTERO DOS REIS JUNIOR , ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 289 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email RAUL DE AZEVEDO, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 290 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__vol._3__no._1_-_ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email JOSÉ DE ALMEIDA NUNES, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 293 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email RAIMUNDO NONATO DA SILVA SANTOS, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 294 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email LUÍS AUGUSTO CASSAS, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 295 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email RICARDO ANDRÉ FERREIRA MARTINS, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 300 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email VIRIATO SANTOS GASPAR, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 308 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email JOSÉ DE RIBAMAR DE OLIVEIRA FRANKLIN DA COSTA, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P.318 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email CARLOS ALBERTO MADEIRA, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 319 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email JUSTO JANSEN FERREIRA, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 320 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email JOSÉ NASCIMENTO MORAES, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 323 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email EUCLIDES LUDGERO CORRÊA DE FARIA, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 324 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email GENTIL HOMEM DE ALMEIDA BRAGA ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 325 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email JORGE ANTÔNIO SOARES LEÃO, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 327 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email SÉRGIO SMITH, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 329 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__vol._3__no._1_-_ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email DANIELLE ADLER NORMANDO, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 330 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email MILENA ADLER NORMANDO DE SÁ, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 331 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email A VISTA DO MEU PONTO (Editor)- ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P.11, https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email CONTRIBUIÇÕES DE FRAN PAXECO À INTRODUÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DOS ESPORTES NO MARANHÃO (BRASIL) – ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 25, https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email ANTOLOGIA LUDOVICENSE MANUEL ODORICO MENDES – PATRONO, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 48, https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email
MÁRIO MARTINS MEIRELES – PATRONO – ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 52, https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email CARLOS ORLANDO RODRIGUES DE LIMA – PATRONO – ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 58, https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email JOSÉ TRIBUZI PINHEIRO GOMES (BANDEIRA TRIBUZI) – PATRONO – ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 63, https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email JOSÉ RIBAMAR SOUSA DOS REIS – PATRONO – ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 71, https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email CLORES HOLANDA SILVA - FUNDADORA – ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 77, https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email ESPORTE & LITERATURA – MARANHÃO - ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 91, https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email COELHO NETO ERA CAPOEIRA… - ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 95, https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email BREVE OLHAR SOBRE A LITERATURA LUDOVICENSE – UMA PERIODIZAÇÃO – ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 101, , https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email BREVE OLHAR SOBRE A LITERATURA LUDOVICENSE – GUARNICÊ - ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 109, , https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email CORRIDA DE TORAS – PRÁTICA DOS GUARETIS E CAICAÍZES – 1685-1687 - ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 118, , https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email 40 ANOS DEPOIS... – ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 156, , https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__vol._3__no._1_-_ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email A VISTA DO MEU PONTO - Leopoldo Gil Dulcio Vaz (Editor), ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 34, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute1.amazonaws.com ALUÍSIO TANCREDO GONÇALVES DE AZEVEDO – PATRONO, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 40, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute1.amazonaws.com FRANCISCO SOTERO DOS REIS – PATRONO, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 45, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute1.amazonaws.com ANDRÉ GONZALEZ CRUZ – FUNDADOR, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 48, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute1.amazonaws.com JOSÉ RIBEIRO DO AMARAL – PATRONO, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 50, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute1.amazonaws.com RAIMUNDO DA MOTA DE AZEVEDO CORREIA – FUNDADOR, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 54, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute1.amazonaws.com PAULO MELO SOUSA MELO SOUSA – FUNDADOR, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 59, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute1.amazonaws.com JOSÉ PEREIRA DA GRAÇA ARANHA – PATRONO, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 64, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute1.amazonaws.com JOÃO BATISTA RIBEIRO FILHO – 1º OCUPANTE, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 71, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute1.amazonaws.com
ANA
LUIZA ALMEIDA FERRO – FUNDADORA, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 73, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute1.amazonaws.com A MARINHA E A CAPOEIRAGEM, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 214, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute-1.amazonaws.com A “DESCOBERTA” DO MARANHÃO, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 252, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute1.amazonaws.com MARCO ZERO: É NECESSÁRIO DETERMINAR?, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 336, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute1.amazonaws.com MARCO ZERO – UMA PROPOSTA..., ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 342, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute1.amazonaws.com PARA UMA ANTOLOGIA LUDOVICENSE - NASCIDOS ENTRE ABRIL E JUNHO, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 386, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute1.amazonaws.com MAGSON GOMES DA SILVA, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 387, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute-1.amazonaws.com RUBEN RIBEIRO DE ALMEIDA, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 388, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute-1.amazonaws.com CÉSAR WILLIAM DAVID COSTA, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 397, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute-1.amazonaws.com , http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute1.amazonaws.com IRAMIR ALVES ARAUJO, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 400, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute-1.amazonaws.com JOÃO MARCELO ADLER NORMANDO COSTA, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 402, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute1.amazonaws.com SAULO BARRETO LIMA FERNANDES, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 403, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute1.amazonaws.com APOLÔNIA PINTO, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 407, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute-1.amazonaws.com MÁRCIA MARANHÃO DE CONTI, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 409, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista__volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute-1.amazonaws.com
40 ANOS DEPOIS... LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Professor de Educação Física Mestre em Ciência da Informação Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras Ano passado, 17 de dezembro, comemoramos 40 anos de formados. Em outubro, fizemos nosso encontro anual da turma de formandos de 1975...
Neste ano, comemoro 40 anos de Maranhão. Membro da Equipe 49, do Projeto Rondon, aqui cheguei, junto com vários colegas da Escola de Educação Física e Desportos do Paraná – a maioria já formados – e outros das áreas de Medicina, Farmácia e Bioquímica, para a realização da segunda colônia de férias da cidade. O diretor do Campus Avançado da Universidade Federal do Paraná era o Alberto Milléo Filho, professor de educação física, e havia implantado a colônia de férias no ano anterior, além de criação da Olimpíada Colegial de Imperatriz – OCOI -, depois mudado o nome para Jogos Escolares de Imperatriz – JEI.
Turma 49, no Hotel Anápolis, apresentando-se, Gralha Azul Assim, naquele janeiro de 1976 desenvolvemos nosso trabalho – Colônia de Férias do Rondon – e apresentamos a cerca de 500 jovens, de 7 a 17 anos, os primeiros fundamentos de várias modalidades esportivas... Naquela época, na cidade, só se praticava o Futebol de poeira – pelada de rua -, o Futsal, na quadra do Mourão Rangel – escola estadual -, ou quem freqüentasse o SESI/Imperatriz, e, para as meninas, o Voleibol... Alguns poucos tinham acesso às quadras do Juçara Clube – Futsal – e às do quartel do 50º BIS.
A sede do Campus Avançado tinha uma quadra de vôlei – areia – e um campo de futebol. Em alguns horários, franqueado à população, principalmente jovens. E era tudo! Milleo e Roberto Gelobom – sorveteria de sua propriedade, daí seu apelido – iniciaram um movimento, em 1975, e criaram a Olimpíada Colegial, com as modalidades de – lógico – Futebol, Futebol de Salão – ainda não era Futsal -, Voleibol, Atletismo – algumas provas de corridas e salto em distância, e corrida de bicicleta, e xadrez... outras modalidades, como Basquete e o handebol, não foram disputadas, pois não houve equipe inscrita, eram desconhecidas no meio estudantil...
Lembrando que a Prefeitura Municipal de Imperatriz encontrava-se sob Intervenção estadual; o Interventor era o Coronel PM Carlos Alberto Barateiro da Costa – o conhecido Bebeto, Cel. Bebeto. Bebeto era um dos grandes nomes do esporte maranhense, chegando a jogar profissionalmente futebol, praticante do basquete e do voleibol.
Juntando um interventor esportista, um professor de educação física na direção do Campus Avançado, era natural o incentivo que se começava a dar às atividades esportivas, e a tentativa de implantação da Educação Física nas escolas da rede publica municipal. Por essa época, apenas o colégio do estado – Mourão Rangel -, e a escola do SESI, e uma ou duas escolas particulares mantinham aulas de educação física, dentre elas a Escola Santa Teresinha. Mary de Pinho e sua irmã, Sônia, eram as professoras do Mourão Rangel, e para o masculino, um sargento da polícia militar – dava aulas fardado, com o revolver na cintura, e sempre, sempre, e apenas, futebol de salão... no SESI haviam dois recreadores, sendo um deles a Zezita.
Milléo estava deixando a direção do Campus. Em 1975, de férias, em Curitiba, foi à EEFDPr convidar os alunos, em especial os do 3º ano, - formandos – para comporem aquela famosa equipe, a 49 do Rondon... Fizemos a
inscrição, nos formamos, fizemos o treinamento e, na primeira semana de janeiro de 1976, desembarcávamos em Imperatriz. Milléo, e sua mulher Sibonei, eram conhecidos de minha família. O pai de Sibo fora sargento da aeronáutica, do mesmo período que meu avô, Leopoldo Masson Vaz; Milléo praticara esporte durante seu compromisso com as forças armadas e é dessa época que conhecera meu pai, corredor de rua, da equipe da Aeronáutica, jogador de futebol do amador do Coritiba F.C. – chegou a se profissionalizar... Conversávamos muito e manifestou seu desejo de que alguém da turma aceitasse ficar em Imperatriz... Resolvi aceitar o convite. Retornei a Curitiba para preparar minha volta ao Maranhão... nas conversas, na volta de Imperatriz, uma colega de turma, minha atleta do Clube Duque de Caxias, manifestou que voltaria, também. Chegando a Curitiba, conversamos com Milléo e acertamos nossa volta para Imperatriz. Eu já tinha uma atuação junto à Federação Desportiva Paranaense, o Ney Pacheco como presidente, eu ocupava uma das diretorias, além de secretariar a federação de ciclismo, onde atuava também como árbitro. Técnico de Atletismo do Duque de Caxias, também, das equipes de Voleibol, Basquete, além de jogar Faustball – Punhobol. Na EEFDPr, pertenci à equipe de Atletismo, e à de Esgrima; na da faculdade de Direito de Curitiba, além de Atletismo, Natação, Voleibol, e Basquetebol.. Atuava mais como administrador esportivo, coordenando as diversas equipes da Duque de Caxias, e das federações das quais participava... Essa experiência me foi útil, ao chegar à Imperatriz naquele março de 1976, definitivamente... buscava alguma experiência, haja vista que pretendia passar um ano e depois seguir para o Mestrado na Alemanha... não fui!!! Chegando à Imperatriz, junto com a Marilene Mazzaro, ficamos hospedados no Campus Avançado, junto com Milléo e sua família. Cumpriu sua parte, arranjando-nos emprego na Escola Santa Teresinha, como professores de educação física. Na Prefeitura, o Cel. Bebeto criou o Departamento de Educação Física, Esportes e Recreação e nos nomeou para função. Passamos a organizar a segunda edição das Olimpíadas Escolares, a implantar a educação física nas escolas da rede municipal. Para isso, organizamos um Curso de Monitores de Educação Física, parceria da SEDUC com o Campus Avançado, e selecionamos cerca de 100 (cem) jovens atletas da cidade, além de outras pessoas interessadas, com alguma experiência em algum esporte... Muitos alunos dos cursos da Faculdade de Educação de Imperatriz, dos cursos de Ciências, Estudos Sociais, e Letras...
No decorrer do curso, firmamos convenio com a Coordenação de Educação Física do Estado, que nos mandou alguns professores – Lino Castellani Filho, Sidney Zimbres, Paulo Tinoco, Zartú Cavalcante, Marcos Gonçalves... Formamos cerca de 60 (sessenta) monitores, que foram os primeiros professores de educação física da cidade, em um curso com 120 horas de duração... todos aproveitados pelas diversas escolas da rede publica municipal, e principalmente, pela particular. Estava formada a base para a implantação da educação física e dar prosseguimento à OCOI... e à participação da cidade nos Jogos Escolares Maranhense – JEMs. Nas semanas que antecederam os Jogos Escolares daquele ano – 1976 – o DEFER/SEDUC ofereceu vários cursos, e alguns professores de Imperatriz compareceram – eu, para o de Atletismo; João Pires, da Escola Fortaleza, para o de Handebol; Giorvani, Sônia e Mary de Pinho – do Mourão Rangel, Escola Técnica Amaral Raposo - para o de Voleibol... o compromisso é que na volta todos transmitíssemos o que viramos para os demais professores, egressos daquela primeira turma do Projeto Rondon. Semana da Pátria, a SEDUC responsável pela organização do Desfile Estudantil, eu à frente da organização... fui chamado ao 50º BIS, para o planejamento; o Cel. Comandante, recém-chegado, não admitia atraso no mesmo, colocando três oficiais à disposição, para que tudo saísse a contento. Cel. Goulart e Cel. Bebeto ‘disputando’ quem
mandava mais, e eu no meio dos dois... O maior problema e queixa dos diretores de escolas, eram os atrasos e os atropelos, em especial da Escola Técnica Amaral Raposo, que sempre fazia um verdadeiro desfile – de escola de samba, com alegorias e carros... às demais, escolas pobres do município, sempre em segundo plano. Resolvemos mudar isso; o desfile iniciara pelas escolas municipais, a estadual, depois as particulares, sempre em ordem alfabética; havia limite do numero de alunos, sendo o máximo de 50 para as escolas da rede municipal – desfilariam 20 escolas, sendo 10 da sede, as maiores, e 10 vindas dos diversos povoados - a seguir, a do Estado e o SESI, com no máximo 100 alunos; e as da rede particular, com também máximo de 75 alunos. Como algumas escolas tinham suas fanfarras, os alunos das mesmas não contavam no total dos peletões que desfilariam. E sem alegorias: apenas o uniforme das fanfarras, e trajes de gala, para as que tivessem, senão uniforme do dia–a-dia. Poderia haver um pelotão de atletas, uniformizados... Tudo acertado, reunião no gabinete do prefeito, para provar o regulamento do desfile, acordado com a direção das escolas e do Exercito, e da PMMA. O inicio, às 8 da manhã, em ponto!!! Lembrando que no ano anterior, o desfile marcado para as 8 da manhã só começou às 2 da tarde, com as crianças aguardando as ‘autoridades’ chegarem ao palanque montado em frente à Prefeitura... Isso não poderia se repetir!!! O Interventor me deu carta branca...
No dia 7, às 07:30 da manhã, junto com dois oficiais do 50º BIS começamos a revista às escolas, para ver se todas estavam em seus lugares... Não estavam!!! Uma delas – a Escola técnica Amaral Raposo – escola do juiz de direito da cidade... estava em uma rua lateral, toda enfeitada, com cavalos, carros alegóricos, e cerca de 500 alunos, além da fanfarra... Um dos tenentes disse: não desfila! E comunicou ao Cel. Comandante o fato... a ordem: não entra!!! As 7:50, o Cel. Acompanhado pelo Interventor saíram do palanque, em sentido contrário, para dar inicio ao desfile... ao passar por mim, a ordem do prefeito: espere até minha mulher chegar ao palanque, acaba de sair de avião de São puis, dentro de 1 hora deve estar chegando... só depois dela passar inicie... Não tive o que dizer a não ser: sim, senhor!!! O Tenente que me acompanhava como uma sombra ouviu a ordem e a repassou para o Cel. Comandante; este disse: tão logo passemos, e cheguemos ao palanque inicie o desfile!!! Sim, comandante!!! As 8:15 horas a banda do 50º BIS começou a tocar, dando inicio ao desfile estudantil daquele ano. A Escola Técnica foi impedida de atravessar na frente das outras escolas, caso não se adequasse ao regulamento... todas as escolas passaram, o Pelotão da PMMA, o carro da Marinha, e o Pelotão do Exército, o ultimo a desfilar... e a Escola técnica saiu depois do Exército, com o desfile já encerrado, oficialmente... crise no mesmo dia, entre o Juiz-Diretor-dono, os dois coronéis, a secretária de educação, e claro, eu, no meio do rolo, coordenador do desfile daquele ano... A esposa do interventor chegou ás duas da tarde... Na opinião de todos, foi o melhor desfile de todos, saindo no horário, com distribuição de água aos alunos da rede pública, e às escolas do interior, almoço no quartel do Exército... Entre mortos e feridos, salvaram-se todos... o Interventor caiu logo em seguida... Quando da ida à São Luis, para o curso de aperfeiçoamento em atletismo, lá fiquei para acompanhar os JEMs; o coordenador da modalidade, Prof. José Luis Fernandes, teve problemas familiares e teve que retornar para São Paulo; eu acabei assumindo a coordenação do atletismo dos JEMs daquele ano...
Retornando à Imperatriz, eu e João cumprimos nosso compromisso... ministramos cursos de Atletismo, de Handebol e de Basquetebol; não houve de Voleibol, que seria de responsabilidade dos irmãos Pinho; depois, ministramos um de Voleibol, do qual Giorvani participou. Ao termino de cada curso, realizamos um campeonato específico, em que cada professor dos cursos montava suas equipes, nas escolas em que atuavam e a prova final, era a participação dessas equipes nos diversos campeonatos que organizamos, através do DEFER/SEDUC com o Projeto Rondon e o 50º BIS e SESI... tendo em vista a participação na OCOI... Em 1977, a educação física estava funcionando em 27 escolas da rede municipal, e em mais de 15 escolas da rede particular e confessional. A terceira OCOI foi um sucesso, parando a cidade... Vieram árbitros de São Luis, que ministraram cursos de arbitragem nas diversas modalidades... formamos um quadro de árbitros, com aqueles nossos alunos que já ultrapassaram a idade de participar dos jogos como atleta, muitos deles nossos monitores de educação física, alunos do ensino de 2º Grau e os da Faculdade... Nesse ano, fui admitido na faculdade de educação, como professor de educação física... aulas aos sábados pela manhã, saindo dessas turmas vários professores de educação física – formandos em Ciências, em Letras e em Estudos Sociais, mas que atuavam na Educação Física, mudando o nível dos professores que atuavam na área, agora, com curso superior, na área da educação... Meu contrato com o Projeto Rondon acabara em maio, e só atuava, agora, na FEI, no Santa Teresinha e na Prefeitura...
Em 1978, prosseguimos com a expansão da educação física e dos esportes, novos cursos, em São Luis. Realizamos a OCOI, mas a Prefeitura não teve recursos para mandar as equipes para São Luis. Já havia mudado o Interventor; assumira um médico, Herbert Leitão, e houve mudanças na Secretaria de Educação, saindo Loreta Salvatori e assumindo o Prof. Batista. Andei dando algumas declarações sobre o estado da educação e fui exonerado. Mary de Pinho assumiu meu lugar, mas logo em seguida o DEFER foi extinto. Naquele ano, novos cursos em São Luis, novamente o aperfeiçoamento em Atletismo, novamente fiquei para coordenar a modalidade nos JEMs; então recebi convite para ir para São Luis, com contrato de trabalho na Escola Técnica Federal do Maranhão, pois o professor de atletismo da escola se aposentara...
Fiz o curso de Especialização em Metodologia do Ensino Superior, junto com os demais professores da FEI, para o reconhecimento dos Cursos de Licenciatura Curta. Houvera concurso para professor do Centro de Ensino de 2º Grau Graça Aranha, a ser implantado em Imperatriz. Passei e fui nomeado professor do Estado. Com o problema na SEDUC e minha exoneração, resolvi aceitar o convite da Escola Técnica. Já casado, minha mulher também professora concursada no estado, para o Graça Aranha, e demitida de sua função na SEDUC, também, resolvemos que era hora. Vim para São Luis, fiz o concurso – de títulos – para a ETFM, pedi transferência do Estado para São Luis e passei para o Plano de Governo, na equipe de implantação da Secretaria de Desportos e Lazer – SEDEL. Em janeiro de 1979 estava já residindo em São Luis, iniciando as aulas na ETFM. Quando de minha saída de Imperatriz, sai do Santa Teresinha e da FEI. Agora, em São Luis, continuava como professor do estado, lotado no Liceu Maranhense, e à disposição do Plano de Governo, na equipe que estava preparando a criação/implantação da primeira secretaria de esportes e lazer do Brasil... e começava minhas atividades na Escola Técnica Federal do Maranhão. No meio do ano, sou chamado à FESM – Federação das Escolas Superiores do Maranhão, hoje UEMA – Universidade Estadual do Maranhão. O Reitor, Dr. Fiquene – Juiz de Direito, de Imperatriz, dono do Amaral Raposo, e Reitor da FEI – convidou-me para reingressar no ensino superior; como o processo de reconhecimento dos cursos de Imperatriz estava adiantado, e meu nome constava como professor (titular) de educação física, não havia como substituir-me; sugeriu a anulação de minha demissão – o que aceitei – e a transferência para São Luis. Aqui, estava-se providenciando o reconhecimento dos cursos da FESM; já havia saído portaria reconhecendo os cursos da FEI – eu como titular de educação física – e por essa razão meu nome foi incluído no reconhecimento dos cursos de Engenharia e Medicina Veterinária, como titular da cadeira de educação física; o que foi aceito, e passei a ser professor titular da FESM/UEMA. Assim, fiquei com uma jornada de trabalho de 20 horas no Estado – agora já na SEDEL; 20 horas na ETFM; e 20 horas na UEMA. Começava minhas aulas às 6:00 horas da manhã. Na ETFM cumpria meus horários as 3ª./5ª./Sab, manhã e tarde, com os treinamentos de Atletismo – por 10 anos as equipes infanto-juvenil e juvenil, foram campeãs dos JEMs, até que deixei a função em 1989...; na UEMA dava aulas às 2ª./4ª. Três turmas pela manhã e três pela tarde, começando às 7:00 horas. Terminado o expediente, por volta das 9:00 horas, na ETFM e na UEMA, ia para a SEDEL, onde estava na Coordenação de Desportos; depois passei para a Assessoria do Secretário, quando sai, em 1982, retornando para a SEDUC. Quando pedi exoneração. Ao sair da SEDEL/SEDUC imediatamente passei a 40 horas na ETFM; além de professor de atletismo, assumi a Coordenação de Atividades Formativas – responsável pelas disciplinas do antigo art. 7º da 5692: Educação Física, Educação Artística, Ensino Religioso e EPB, depois juntando Filosofia e Sociologia... a seguir, passei a Coordenador de Ensino. Por três anos, fui técnico de atletismo das seleções estaduais que participaram dos Jogos Escolares Brasileiros – JEBs; no período em que passei na SEDEL – 1979/1982; como atuava como técnico da ETFM, não podia mais coordenar os JEMs; na SEDEL uma de minhas funções era de preparar toda a documentação necessária para regularizar as federações especializadas – havia a FMD, eclética, que ficou só com o futebol, FMF; havia a de Basquetebol, criada nos anos 50, mas sem quaisquer atualização ou registro junto ao CND ou à confederação brasileira, totalmente irregular; a federação de handebol, apenas fundada, sem quaisquer outro registro; e a de voleibol na mesma situação. Parti para regularização, atualização dos estatutos segundo a legislação vigente, registro em cartório e eleição das diretorias; em seguida a fundação de várias federações, iniciando pela de Atletismo, Ciclismo, Judô, Desportos Aquáticos, Tênis de Mesa... Em 1982, tomei a decisão de sair da SEDEL, por não compactuar com certas práticas... Voltei para a SEDUC... cabe lembrar que quando a SEDEL foi criada todos os
professores de educação física do estado, do quadro da SEDUC foram relotados na SEDEL, menos eu, que não aceitei a relotação, mas fui colocado à disposição daquela nova Secretaria (em 1979, mês de maio, quando de sua criação...). Na SEDUC fui para a Assessoria do Secretário preparar projetos na área da educação física. Cabe esclarecer que as aulas de educação física, naquela época, em função dos Jogos Escolares eram, na realidade, aulas de esportes. Os professores eram ‘técnicos esportivos’, que davam as diversas modalidades, daquelas que eram disputadas nos JEMs. Tinham-se vários professores atuando em várias escolas, como técnico de Atletismo, Basquete, Handebol, Voleibol, Ginástica Olímpica, Judô, Natação, Futebol de Salão, Futebol de Campo, Tênis de Mesa, Capoeira... professores da rede publica atuavam também na rede particular. Pouquíssimos professores formados em Educação Física; a grande maioria – como até hoje!!! – leigos, ex-atletas, que passavam a treinar nas escolas, mesmo nas da rede publica, nomeados. Cito o caso de um professor, da cidade de Caxias, na modalidade de atletismo, do Centro de Ensino de 2º Grau (hoje, ensino médio), que, quando fui dar um curso lá, acabei descobrindo que era analfabeto!!! Não respondia às provas, entregava-as em branco. Ao indagar se não havia entendido, fui informado que não sabia ler nem escrever... e era professor nomeado pelo Estado e dava aulas em diversas escolas da rede particular... encontrei muito dessa situação nas minhas andanças pelo interior do Maranhão dando cursos de atletismo. No inicio dos anos 1980, o CND começou um projeto de construção de praças esportivas, a serem instaladas em diversos municípios. O Maranhão foi contemplado com 40 delas e a SEDEL, CRD, e a ETFM assinaram um convenio para a formação dos técnicos em educação física e esportes que iriam administrar essas praças. Cada prefeitura deveria mandar um representante. Curso Técnico em Educação Física, duração de um ano, tempo necessário para a construção das praças. A maioria das prefeituras não tinha como manter o funcionário na Capital por esse período, então a solução foi recrutar interessados em cursar e depois se transferir para o interior... não precisa dizer que não funcionou. Mas o Curso de Educação Física da ETFM fora criado. Depois, a SEDUC deu continuidade, para a qualificação de seu quadro de professores. Foram formadas duas turmas, de 40 alunos cada. Mantivemos o curso por alguns anos, até quer o estado deixou de passar os recursos. Mas foram mais de 500 técnicos formados, habilitados a atuar até a 6ª seria do antigo 1º grau – Parecer 45, adicional ao magistério, que formava professores normalistas especializados e podendo atender da 1ª à 6ª serie do 1º grau. Mas... a maioria passou a atuar em todo o 1º grau e quase todos no 2º grau... O Curso de Educação Física da UFMA não atendia à demanda. Até hoje temos nossos antigos alunos atuando nas diversas escolas públicas, nomeados, como professores de educação física. Fui professor de Atletismo e de História da Educação Física. Mais tarde, com a criação do Curso Seqüencial de Educação Física da UEMA, passei a dar aulas – contratado – de Atletismo, História e Metodologia do trabalho Científico, em São Luis e em algumas cidades do Interior. Foi quando comecei meu trabalho de pesquisa e resgate da memória dos esportes, da educação física e lazer no Maranhão. Nesse mesmo período, fiz um curso de especialização em Lazer e Recreação, pela UFMA. Dos 35 alunos, apenas eu conclui... foi o primeiro curso do gênero no Brasil. Minha segunda especialização... Na UEMA, além dos cursos do seqüencial de educação física, ministrei aulas no de especialização em qualidade e produtividade, de metodologia do trabalho científico. No CEFET-MA, como tinha dois pareceres como professor de educação física para lecionar no ensino superior, fui indicado como titular de educação física dos cursos superiores do CEFET-MA, as Licenciaturas então oferecidas, além de professor de Didática Geral e de Metodologia do Ensino, além de Metodologia da Pesquisa Científica, esta, inclusive, nos cursos de especialização então oferecidos pelo CEFET-MA. Também dei aulas na UFMA, de Sociologia do Lazer, e de Planejamento de Eventos, no Curso de Turismo, como professor visitante. Com a expansão do CEFET-MA, atendendo 56 municípios do interior, com cursos superiores na área das ciências e tecnologias, a disciplina educação física fazia parte do currículo. Então passei a dar aulas em diversos municípios, e em vários deles implantando a educação física, como em Itapecuru – no povoado de Magníficat, experiência piloto na implantação de atividades de extensão do CEFET-MA. E em Barreirinhas, onde a partir dessas aulas, demos continuidade a projeto de capacitação de professores de educação física para o Município, e implantação da educação física e praticas esportivas – participação nos Jogos Escolares Maranhenses. Começamos o trabalho em 2001... Quando da transformação da ETFM em CEFET-MA – 1989 – passei a atuar como Assistente do Diretor de Relações Empresarias, respondendo por diversos períodos pela Diretoria, na ausência do titular quando de seus afastamentos para tratamento de saúde. Foi nesse período que se iniciou a interiorização do CEFET-MA e a oferta dos cursos superiores nos diversos municípios maranhenses e a atuação da educação física como precursora dos projetos de extensão. A qualificação dos professores, com a saída de muitos para o mestrado e doutorado. A criação de nosso mestrado e do doutorado em educação profissional. Estabelecido o programa de qualificação, foi quando fui para o Mestrado em Ciência da Informação, na Universidade Federal de Minas Gerais – 1992/1993. Já atuava na área de documentação esportiva, havia criado,
junto com o Prof. Laércio Elias Pereira, um Centro Referencial em Informação e documentação em Educação Física, Esportes e Lazer – CEDEFEL-MA. Precisamos de um referencial teórico para atuar melhor. Foi aberto o curso de Ciência da Informação e lá fui eu, para Belo Horizonte, aluno da segunda turma, primeiro a concluir. Em um ano! Fiz todos os créditos. Área de concentração: informação em ciência e tecnologia. Quando de meu retorno, assumi, na nova administração, a Diretoria de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão. Foi uma época que entrava na escola às 6:30 da manhã, dava minhas aulas de educação física até as 9:30 e ia para o expediente burocrático, até as 19:30, e iniciava o terceiro expediente com as aulas no ensino superior – que funcionavam apenas à noite. Aulas de educação física 3ª./5ª./Sábado. Terças e quintas pela tarde, a partir das 16 horas até as 18:30, educação física... Segunda, quarta e sexta, à noite, de Didática, Metodologia do Ensino e Metodologia do Trabalho Cientifico... foram três anos nesse regime. No começo dos anos 80, como disse, inicio do curso de educação física da ETFM e foram contratados alguns professores. Dentre eles dois professores especializados em atletismo, que também passaram a atual na SEDEL. Com a chegada desses professores – marido e mulher – deixei de atuar como técnico de atletismo das seleções estaduais; mas continuava na ETFM. Dei aulas no curso de educação física e, juntos, atuávamos na Federação de Atletismo. Eu, presidente, Trajano diretor técnico e Aparecida vice-presidente. Trajano foi indicado, por mim, para acompanhar uma seleção brasileira em um campeonato mundial. Na volta, começou a pressão para que ele assumisse as equipes da Escola. Em 1989 houve um problema na organização dos JEMs, em que várias escolas se afastaram em especial das disputas do Atletismo. Eu tinha aproximadamente 250 alunos, dentre os do ensino médio e superior além dos exalunos que treinavam na escola. O Chefe do Departamento achou por bem que eu dividisse a equipe com o Trajano, afinal ele fora técnico da seleção brasileira e merecia uma chance na Escola. Então, entreguei as equipes – todas! – para Trajano (juvenil e adulto), para Carvalhinho (infanto) e para Aparecida (feminino). E fui dar aulas de natação e voleibol... não mais participaria do esporte de competição! Foi o fim das equipes da escola... naquele ano de 1989, não houve alunos-atletas para disputa dos jogos escolares, interrompendo uma seqüência de 16 títulos estaduais consecutivos, dez dos quais comigo como técnico. Afastei-me do atletismo de competição. Inclusive da Federação. Voltei a ser ‘apenas’ professor de educação física. Na volta do Mestrado, assumindo a Diretoria de Apoio e, na reforma da estrutura do CEFET-MA, esta extinta, passei a Diretor de Ensino. Cargo, ambos, equivalentes à pró-reitor. Foi quando fui responsável pela criação dos cursos de mestrado e doutorado no CEFET-MA, na área de educação profissional, em convenio com Cuba. Inscrito e aprovado no Doutorado, fiz os créditos, quando por injunções políticas, foi o mesmo modificado – o que alterava o meu projeto substancialmente -, decidindo-me por abandoná-lo, já com a tese pronta e os créditos concluídos. Justifiquei, como o fizera Estevão Rafael de Carvalho, que o fizera em busca de conhecimentos, e não de títulos ou láureas. Mesmo porque não tinha um orientador para me atender e queriam que eu modificasse minha área de estudos, para me adequar às disponibilidades da nova entidade, de Cuba, encarregada dos cursos de pós-graduação no Brasil... devíamos atender a eles, e não à legislação brasileira. Já antevia as dificuldades que viriam, com as mudanças propostas. Resultado: 98% dos professores ainda não conseguiram a revalidação dos diplomas; no CEFET-MA, foram 63 no mestrado e 19 no doutorado... E olha que avisei que aconteceria! Me envolvi no projeto de expansão do ensino técnico, no projeto da pesca, e cada vez mais apenas com a educação física, até a aposentadoria, em 2008. Virei vagabundo oficial!!! E deixei o IF-MA após 30 anos de atuação. 42 anos de contribuição com a previdência, 38 deles como professor... Aposentado, voltei para a UEMA, através de concurso, em 2012. Não agüentei um ano... e não renovei o contrato de trabalho. Não havia mais o que fazer, nada modificara nesses anos que ficara fora, a mesma burocracia, a mesma falta de estrutura, as mesmas “sacanagens’... Prestei algumas consultorias, ao SEBRAE-MA, na área de qualificação profissional, na área do petróleo e gás... Em 2008, ingressei no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; em 2012, ajudei a fundar a Academia Ludovicense de Letras – membro fundador. Continuo estudando, escrevendo, publicando... Sobretudo, aprendendo!!! Pois é, 40 anos passam rápido...
ALDY MELLO DE ARAÚJO Tutoia-Ma, 28 de agosto de 1940 POSSE – 14 DE DEZEMBRO DE 2013 Nascido na cidade de Tutoia, Estado do Maranhão, em 28 de agosto de 1940, de onde veio para São Luís, em 1954, para se submeter, à época, ao Exame de Admissão. Nunca mais voltou a residir naquela cidade, fixando sua residência na cidade de São Luís, onde concluiu o Ensino Médio na Escola Técnica de Comércio do Maranhão, obtendo o grau de Técnico em Contabilidade. Em 1969, concluiu o Bacharelado em Ciências Jurídicas na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Maranhão, logo viajando para a Bélgica onde iniciou e concluiu a Pós-Graduação na Universidade Católica de Louvain. Regressou ao Maranhão, especialmente para a cidade de São Luís, em 1972, quando ingressou na UFMA, na carreira do magistério, no Curso de Comunicação Social. Nesse período, fez uma especialização em Teoria e Técnicas de Comunicação, logo concorrendo a uma bolsa de estudos para fazer novo mestrado nos Estados Unidos, como bolsista da LASPAU, no Estado do Oregon, Universidade de Portland. Em 1991, especializou-se em Administração Universitária, no Canadá, pelo programa mantido pela Organização Universitária Internacional (OUI). Retornando a São Luís, assumiu o Departamento de Educação e Cultura da Universidade Federal, na Superintendência de Ensino, Pesquisa e Extensão (SEPE), onde ficou de 1972 a 1974. Logo depois assumiu o cargo de Diretor Geral do Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária (CRUTAC). Em 1979, assumiu a Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis, na UFMA, lá permanecendo por nove anos, 1979 a 1988. Em 1988, foi eleito ViceReitor da Universidade Federal do Maranhão até 1992, quando assumiu a reitoria como Reitor eleito pela comunidade universitária, onde exerceu o mandato até 1996. Em 1997, foi nomeado para o cargo de Vice-Superintendente para Pesquisa e Pós-Graduação nas Faculdades do CEUMA (FICEUMA). Em 2000, assumiu o cargo de Vice-Diretor da Faculdade Euro Americana, em Brasília. Em 2001, passou a ser Diretor Geral do UNIEURO, em Brasília, no período de 2001 a 2004. Em 2004, foi nomeado para o cargo de Reitor do Centro Universitário do Maranhão (UNICEUMA), hoje Universidade CEUMA, até 2009, quando retornou a Brasília como Consultor Geral do Grupo Euro Americano ficando lá até 2011. ATIVIDADES PROFISSIONAIS EXERCIDAS 1- Universidade Federal do Maranhão - Professor de Introdução às Técnicas de Comunicação, Curso de Comunicação Social, 1971, 1972, 1975 e 1976 - Professor de Pesquisa de Opinião Pública, Curso de Comunicação Social, 1972, 1973, 1975 e 1976 - Professor de Pesquisa de Opinião Pública e Mercadologia, Curso de Comunicação Social, 1973, 1975 e 1976 - Professor de Jornalismo Comparado, Curso de Comunicação Social, 1975 e 1976 - Professor de Métodos e Técnicas de Pesquisa Científica, Curso de Especialização, Fundação Educacional de Imperatriz, 1978, Imperatriz, Maranhão - Membro de 16 Bancas Examinadoras de Concurso para Professor no Instituto de Letras e Artes e no Centro de Estudos Sociais da UFMA nas disciplinas: Fundamentos Científicos da Comunicação, História das Comunicações, Introdução às Técnicas de Comunicação, Ética e Legislação dos Meios de Comunicação, Literatura e Expressão Francesa, Francês, Jornalismo Informativo, Jornalismo Radiofônico, Técnicas de Relações Públicas, Introdução à Comunicação, Direito Usual, Jornalismo Gráfico e Jornalismo Audiovisual. - Presidente de 11 Comissões de assuntos acadêmicos na UFMA. - Participação nas seguintes Pesquisas: “A formação não diretiva dos quadros profissionais”, “A noção social do tempo,” “Sobre Ciclo Básico na Universidade Federal do Maranhão”, “Pesquisa de Opinião Pública sobre a Universidade Federal do Maranhão,” “Pesquisa sobre Mercado de Trabalho de Profissionais de Nível Superior no Maranhão,” Projeto Josué Montello, Pesquisas Folclóricas, “Universidade e Trabalho, Perspectivas, Adequação e Oportunidade de um mercado de trabalho para alunos da Universidade Federal do Maranhão.” - Membro da Equipe de Governo que elaborou o II Plano de Desenvolvimento do Maranhão, 1976 a 1979, São Luís – Maranhão - Presidente do Programa de Integração Universitária da Amazônia Legal – PIUAL, 1993 a 1995, São Luís -Maranhão 2 - Representação - Membro do Conselho Universitário e dos Conselhos Superiores da Universidade Federal do Maranhão, 1971 a 1972, 1976 a 1978, 1979 a 1996. - Presidente do Conselho Universitário da Universidade Federal do Maranhão e Conselho Diretor1992 a 1996.
3 - Outras Instituições - Secretário Estadual da ABEPEC-MA, 1976 a 1978, São Luís- Maranhão - Chefe da Assessoria Especial do Governador do Estado do Maranhão, 1975 a 1979, São Luís - Maranhão - Membro da Comissão para constituir a Empresa Maranhense de Turismo MARATUR, 1976, São Luís - Maranhão - Membro do Conselho Estadual do Projeto Rondon, 1971 a 1975, São Luís - Maranhão - Membro do Conselho Deliberativo do Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa, 1989 a 1991, São Luís Maranhão - Membro do Conselho Estadual de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão, 1989 a 1991, São Luís Maranhão - Presidente do Conselho Superior da Faculdade Euro-Americana, 2001 a 2003, Brasília, Distrito Federal - Membro do Conselho de Curadores da Fundação Sousândrade, 1988 a 1991, São Luís - Maranhão - Presidente do Conselho Universitário do Centro Universitário do Maranhão – UNICEUMA, em São Luís, 2004 a 2008 - Membro do Conselho Editorial do Centro Universitário do Maranhão UNICEUMA, São Luís, 2004 a 2008 - Membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. - Membro da Câmara Paulista de Cultura, S. Paulo. 4 - Produção Acadêmica a) Artigos - “O Papel dos Colegiados Superiores na redução dos níveis de controle e coerção da gestão universitária,” Programa da Organização Universitária Interamericana – OUI, Quebec – Canadá, 1991. - Apresentação dos anais “VII Encontro de Pesquisadores da Amazônia”, realizado, em Porto Velho, Rondônia, em 1996. - “A crise da Universidade e a Opinião Pública”, artigo publicado na Revista CEUMA Perspectivas, nº. 02 de julho de 1987, em São Luís - MA. 1996. - “Educação Ambiental na Amazônia,” artigo publicado na Revista CEUMA Perspectiva, nº 03, Fevereiro de 1998, São Luís – MA. 1998. - “O que mudou no sistema de avaliação da educação superior, “Jornal Folha Acadêmica, nº 02. Edição de 01/03/2005, São Luís - MA. 2005. - “O Centro Universitário Euro-Americano” – UNIEURO, artigo publicado na Revista CEUMA Perspectivas, Ano IX, vol. 12, em São Luís - MA. 2005. - “UNICEUMA e UNIEURO: cooperação técnica e científica,” Jornal Folha Acadêmica, nº 04, Edição de 10 a 17/03/2005, São Luís - MA. 2005. - “Responsabilidade Social da Universidade,” Jornal Folha Acadêmica, nº 08, Edição de 20 a 28/04/2005, São Luís MA. 2005. - “Centro Universitário – O que é?”, Jornal Folha Acadêmica, nº 03, Edição de 04 a 11/06/2005, São Luís - MA. 2005. - “O sumiço da ética,” Jornal Folha Acadêmica, nº12, Edição de 24/05 a 03/06/2005, São Luís - MA. 2005. - “Tempo Acadêmico” Jornal O Estado do Maranhão, Ano 05, Edição Nº221 - dia 22/01/2006, São Luís - MA. 2006. - “Nosso compromisso é com o desenvolvimento do Estado” Jornal O Estado do Maranhão, Ano 05, Edição Nº224 dia 12/02/2006, São Luís - MA. 2006. - “O ensino privado vive novos tempos” Jornal O Estado do Maranhão, Ano 05, Edição nº 225 - dia 19/02/2006, São Luís - MA. 2006. - “Falando de Bibliotecas” Jornal O Estado do Maranhão, Ano 05, Edição nº 2266 - dia 26/02/2006, São Luís - MA. 2006. - “Qualidade - esforço e conquista” Jornal O Estado do Maranhão, Ano 05, Edição nº 227 - dia 05/03/2006, São Luís - MA. 2006. - “Falar bem: novos e velhos desafios” Jornal O Estado do Maranhão, Ano 05, Edição nº 229 - dia 19/03/2006, São Luís - MA. 2006. - “O Esporte na Universidade” Jornal O Estado do Maranhão, Ano 05, Edição nº 231 - dia 02/04/2006, São Luís MA. 2006. - “O Decreto Ponte” Jornal O Estado do Maranhão, Ano 05, Edição nº 240 - dia 04/06/2006, São Luís - MA. - “Perspectivas da Engenharia Ambiental” Jornal O Estado do Maranhão, Ano 05, Edição nº 241 - dia 11/06/2006, São Luís - MA. 2006. - “Colação de Grau - hora do encanto” Jornal O Estado do Maranhão, Ano 05, Edição Nº244 - dia 05/07/2006, São Luís - MA. 2006.
- “A Reforma Universitária está no Congresso Nacional” Jornal O Estado do Maranhão, Ano 05, Edição nº 245 - dia 09/07/2006, São Luís - MA. 2006. - “Qualidade em qualquer lugar” Jornal O Estado do Maranhão, Ano 05, Edição nº 256 - dia 01/10/2006, São Luís MA. 2006. - “O UNICEUMA e a formação médica” Jornal O Estado do Maranhão, Ano 05, Edição nº 259 - dia 22/10/2006, São Luís - MA.2006. - “Monografia: uma obrigação pela qualidade” Jornal O Estado do Maranhão, Ano 05, Edição nº 261 - dia 05/11/2006, São Luís - MA. 2006. - “Censo da Educação Superior do MEC destaca o crescimento do setor privado no país” Jornal O Estado do Maranhão, Ano 05, Edição nº 272 - dia 21/01/2007, São Luís - MA. 2007. - “Cursos Superiores de Tecnologia - uma opção real” Jornal O Estado do Maranhão, Ano 05, Edição nº 273 - dia 28/01/2007, São Luís - MA. 2007. - “Educação a Distância” Jornal O Estado do Maranhão, Ano 05, Edição nº 277 - dia 26/02/2007, São Luís - MA. 2007. - “A Erudição nas Universidades” Jornal O Estado do Maranhão, Ano 05, Edição nº 280 - dia 13/03/2007, São Luís MA. 2007. - “O Teatro nas Universidades” Jornal O Estado do Maranhão, Ano 05, Edição nº 281- dia 25/03/2007, São Luís MA. 2007. - “Os grandes programas e projetos do MEC” Jornal O Estado do Maranhão, Ano 05, Edição nº 282 - dia 1º/04/2007, São Luís - MA. 2007. - “Responsabilidade Social.” Jornal O Estado do Maranhão, Ano 05, Edição nº 287 - dia 06/05/2007, São Luís - MA. 2007. - “Formação de pesquisadores no UNICEUMA” Jornal O Estado do Maranhão, Ano 05, Edição nº 293 - dia 17/06/2007, São Luís - MA. 2007. - “Capacitação Docente: uma das nossas metas” Jornal O Estado do Maranhão, Ano 05, Edição nº 299, dia 29/07/2007, São Luís – MA. 2007 - “Primeiro Centro de Atenção Integral à Saúde do UNICEUMA” Jornal O Estado do Maranhão, Ano 06, Edição nº 304, dia 02/09/2007, São Luís – MA. “Compromisso com a qualidade” Jornal O Estado do Maranhão, Ano 0, Edição nº 309, dia 07/10/2007, São Luís – MA. 2007. - “Alunos Egressos: nossa ferramenta de marketing,” Jornal O Estado do Maranhão, ano 06, dia 04/11/2007, São Luís – MA. 2007. b) Livros escritos e editados “Uma Versão Preliminar da Educação Superior”, EDUFMA, São Luís - MA, 2010. “A Universidade Esquecida”, EDUFMA, São Luís - Maranhão, 2011. “O Encontro”, All Print Editora, São Paulo, 2012. “O Poder no Tempo”, EDUFMA no prelo, 2013. “A ética como prática humana.” no prelo, 2014. - Prefácio do livro “Economia e Meio Ambiente,” de autoria de Kenard de Andrade Filho, Carlos César Ronchi e Júlio Bernardo da Silva Filho, editado pela EDICEUMA, São Luís - MA, 2007. PRINCIPAIS TÍTULOS HONORÍFICOS E CONDECORAÇÕES 2012 - “Cruz do Reconhecimento Social e Cultural” por ocasião dos 400 anos de São Luís, concedida pela Câmara Brasileira de Cultura, de São Paulo, São Luís – Maranhão. “Colar Cultural Libertadores da América,” na qualidade de Comendador, concedido pela Câmara Brasileira de Cultura, Punta Del Leste, Uruguai. “Colar de Cavaleiro Oficial da Ordem Real Soberana Militar e Hospitalar de São João de Jerusalém Cabaleiros de Malta” São Paulo. 2011 - “Collar de Piedra de Borinquen,” na qualidade de Comendador, Concedido pela Ordem Santa Julia de Loria do Principado de Andorra, Espanha. 2010 - “Colar D. Pedro, Imperador do Brasil” na qualidade de Comendador, concedido pela Ordem do Mérito Dom Pedro I, Imperador do Brasil, São Paulo. - Troféu Guará da Amizade concedido pela Associação dos Amigos da UFMA, São Luís – Maranhão. - “Collier de Saint Paul Apôte dans le degré Chevalier, concedido pela Ordre Souberaine de Saint Paul, Paris – França. 2009 - “Cruz do Mérito Filosófico e Cultural,” concedido pela Sociedade Brasileira de Filosofia, Literatura e Ensino, São Paulo. - “Colar da Ordem do Mérito Social e Cultural”, no grau de Comendador concedido pela Associação Brasileira de Cultura, São Paulo.
- “Colar do Mérito Acadêmico e Profissional,” concedido pela Academia Brasileira de Arte , Cultura e História, São Paulo. - Palmas Universitárias, concedidas pela Universidade Federal do Maranhão, 2007, São Luís - Maranhão. 2008 - Medalha do Mérito Profissional da Educação, concedida pela Academia Brasileira de Arte, Cultura e História, São Paulo. 2006 - Medalha do Prêmio Sapiens concedida pela Associação Brasileira de Incentivo à Qualidade, São Paulo. 1979 - “Medalha do Mérito Timbira,” conferida pelo Governo do Estado do Maranhão, São Luís. 1995 - Medalha Sousândrade do Mérito Universitário, conferida pela Universidade Federal do Maranhão, São Luís - Medalha do Mérito Militar, conferida pela Polícia Militar do Maranhão, São Luís. -Título de Professor Emérito, conferido pelo Rotary Club de São Luís - Maranhão - Título de Amigo da Marinha, conferido pela Marinha do Brasil, Belém – Pará. - Título de Visitante Ilustre, conferido pela Prefeitura de Jerusalém, Israel. 1994 - Grande Oficial da Ordem dos Timbiras, Grau concedido pelo Governo do Estado do Maranhão, São Luís. - Título de Cidadão Codoense, concedido pela Câmara Municipal de Codó - Maranhão 1984 - Título de Professor Emérito da Universidade de Arkansas, Estados Unidos, conferido na cidade de Litlle Rock. NA REVISTA DA ALL JOSUÉ
DE SOUZA MONTELLO. ALL EM REVISTA, V. 1, N. 1, janeiro/março 2014, p. 70, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_ÉTICA COMO PRÁTICA DA VIDA HUMANA. ALL EM REVISTA, N. 3, julho/setembro 2014, p. 151, _vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18
ÉTICA COMO PRÁTICA DA VIDA HUMANA. ALL EM REVISTA, V. 2, n. 2, 2015, abril a junho, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no_ad17bb277a03b8, p. 66 A CRISE HUMANITÁRIA DOS REFUGIADOS., ALL EM REVISTA, V. 2, n. 4, out./dez., 2015, p. 277, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2__numero_4 MORAL POLÍTICA. ALL EM REVISTA, V. 2, n. 4, out./dez., 2015, p. 278, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2__numero_4 A ERUDIÇÃO NAS UNIVERSIDADES, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 192 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email O ECO DE HUMBERTO, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 202 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email JOSUÉ MONTELLO E A SAGA MARANHENSE – ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 44, https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email INVEJA NO MARANHÃO ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 180 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email O MUSEU DO AMANHÃ - ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 181 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email ÉTICA NO CARNAVAL – MERO DEVANEIO FILOSÓFICO?, ALL EM REVISTA, 3.1, JANEIRO A MARÇO DE 2016, P. 185 https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email UNIVERSIDADE CEUMA: DO PLANO À REALIDADE, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p.291, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute1.amazonaws.com ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 301, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute1.amazonaws.com
JOSÉ CLÁUDIO PAVÃO SANTANA4 São Luis, 30 de setembro de 1956 POSSE: 14 DE DEZEMBRO DE 2013 Nasceu, em São Luís, a 30 de setembro de 1956. Estudou no Colégio Batista "Daniel de lá Touche" do jardim de infância até 1973; no Sáb. Marcos High School (1974/1975); Colégio São Luís (1976/1977); Prestou vestibular em 1978, Orador da Turma "Domingos Vieira Filho" – 1982. Doutor em Direito do Estado (Direito Constitucional) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Mestre em Direito pela Faculdade de Direito do Recife da Universidade Federal de Pernambuco. Professor Adjunto IV do Departamento de Direito da Universidade Federal do Maranhão, onde leciona Direito Constitucional e Teoria Geral do Direito. Professor dos cursos de pós-graduação da UFMA e Cândido Mendes. Subprocurador Geral do Estado do Maranhão, tendo sido o primeiro Procurador Geral de carreira a exercer o cargo. Foi membro, na classe de jurista, do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão por dois biênios. Foi Conselheiro Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. Foi Conselheiro Seccional da OAB - MA. Foi Presidente da Escola Superior de Advocacia “advogado José Vera-Cruz Santana” da OAB - MA. Membro Efetivo do Instituto Brasileiro de Estudos Constitucionais Membro como Pesquisador do Núcleo de Estudo de Direito Constitucional do Programa de Pós Graduação em Direito da UFMA. Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras Membro Efetivo da Academia Maranhense de Letras Jurídicas Membro Fundador do Instituto Maranhense de Direito Eleitoral Membro titular do Colegiado Superior do Curso de Mestrado em Direito e Instituições do Sistema de Justiça da Universidade Federal do Maranhão Pesquisador registrado no CNPQ Prêmios e títulos: 2013 - Comendador Medalha 28 de Novembro, Procuradoria Geral do Estado do Maranhão. 2010 - Medalha Mérito Legislativo Simão Estácio da Silveira, Câmara Municipal de São Luís. 2007 - Medalha Alferes Moraes Santos, Corpo de Bombeiros do Estado do Maranhão. 2007 - Medalha Governador Luís Antônio Domingues da Silva, Gabinete Militar do Governador do Estado do Maranhão. 2005 - Medalha Mérito Eleitoral Governador Ministro Arthur Quadros Collares Moreira, Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão. 1998 - Medalha Viana Vaz, UFMA - DEDIR. 1995 - Prêmio Advogado José Vera-Cruz Santana, OAB - MA. 1987 - Menção Distinção em tese de Mestrado, UFPE - FDR. PRODUÇÃO : Livros publicados/organizados ou edições: SANTANA, José Cláudio Pavão . O Pré-constitucionalismo na América. 1ª ed. São Paulo: Método Editora, 2010. v. 1. 203p . SANTANA, José Cláudio Pavão . Estudos Jurídicos, Pré-Constitucionalismo na América: Uma abordagem aera das manifestações constitucionais nas terras do Maranhão no século XVII. 1ª ed. São Luís: EDICEUMA, 1997.
Capítulos de livros publicados: SANTANA, José Cláudio Pavão. CONSTITUIÇÃO: ENTRE O CONTRATADO E O DESEJADO. In: Paulo Roberto Barbosa Ramos; Edith Maria Barbosa Ramos; Alexandre Reis Siqueira Freire. (Org.). O DIREITO NO SÉCULO XXI Estudos em homenagem ao Ministro Edson Vidigal. 1ª ed. Florianópolis: Letras Contemporâneas Oficinal Editorial Ltda. 2010, p. 238248. SANTANA, José Cláudio Pavão. CONSTITUIÇÃO: SENTIMENTO E CONSCIÊNCIA. In: Antônio José de Mattos Neto. (Org.). ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO E DIREITOS HUMANOS. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 25-39.
Textos em jornais de notícias/revistas: SANTANA, José Cláudio Pavão. No reino da fantasia. Jornal O Imparcial, São Luís, 2005. SANTANA, José Cláudio Pavão. E o povo?. Jornal Pequeno, São Luís, 2005. SANTANA, José Cláudio Pavão. A liberdade é o sol que nos dá vida. Jornal Pequeno, 2004. SANTANA, José Cláudio Pavão. Eleição ou aventura?. Jornal Pequeno, 2004. SANTANA, José Cláudio Pavão. A razão e o juízo. Jornal Pequeno, 2004. SANTANA, José Cláudio Pavão. A cabeça e o corpo. Jornal Pequeno, 2004. SANTANA, José Cláudio Pavão. Vai encarar?. Jornal Pequeno, 2004. 4
http://lattes.cnpq.br/5198686445529109
SANTANA, José Cláudio Pavão. O joio e o trigo: Uma colheita custosa. Jornal O Estado do Maranhão, 2003. SANTANA, José Cláudio Pavão. Judas e as moedas. Jornal o Estado do Maranhão, 2003. SANTANA, José Cláudio Pavão. Palavras ao vento. Jornal Pequeno, 2003. SANTANA, José Cláudio Pavão. Quem empresta o nome dá crédito. Jornal Folha do Maranhão, 2002. SANTANA, José Cláudio Pavão. A foto e o tempo. Jornal Folha do Maranhão, 2002. SANTANA, José Cláudio Pavão. Democracia, voto secreto e voto escondido. Jornal Folha do Maranhão, 2001. SANTANA, José Cláudio Pavão. A lágrima cor de rosa. Jornal Folha do Maranhão, 2001. SANTANA, José Cláudio Pavão. Senador biônico. Jornal Folha do Maranhão, 2001. SANTANA, José Cláudio Pavão. O príncipe e o vagabundo. Jornal O Imparcial, 1998. SANTANA, José Cláudio Pavão. Globalização, justiça e paz social. Jornal A Voz da Oab, 1998. SANTANA, José Cláudio Pavão. Povo: Poder ou válvula de escape?. Jornal O Imparcial, 1997. SANTANA, José Cláudio Pavão. Conflitos entre Poderes. Informanews, 1997. SANTANA, José Cláudio Pavão. O absurdo e o óbvio. Jornal O Imparcial, 1997. SANTANA, José Cláudio Pavão. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer. Jornal O Imparcial, 1997. SANTANA, José Cláudio Pavão. As permanentes medidas povisórias. Jornal O Imparcial, 1997. SANTANA, José Cláudio Pavão. Casa de ferreiro. Jornal O Imparcial, 1997. SANTANA, José Cláudio Pavão. Súmula: Vinculação ou subordinação. Revista da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão, 1997. SANTANA, José Cláudio Pavão. Anistia e impunidade. Jornal O Imparcial, 1995. SANTANA, José Cláudio Pavão. O profissional do Direito e as questões portuarias. Jornal O Imparcial, 1995. SANTANA, José Cláudio Pavão. Rômulo e Remo. Jornal O Imparcial, 1995. SANTANA, José Cláudio Pavão. Que se faça justiça à Justiça. Jornal O Imparcial, 1993. SANTANA, José Cláudio Pavão. Pena de morte: Solução ou dissolução social?. Jornal O Estado do Maranhão, 1991. SANTANA, José Cláudio Pavão. Fim da primavera. Jornal O Imparcial, 1989. SANTANA, José Cláudio Pavão. Saudades de José Ricardo. Jornal O Estado do Maranhão, 1989. SANTANA, José Cláudio Pavão. As medidas sem medidas. Jornal O Estado do Maranhão, 1989. SANTANA, José Cláudio Pavão. O homem, a cidade e a saudade. Jornal O Imparcial, 1988. SANTANA, José Cláudio Pavão. Habemus Constituição!. Jornal O Imparcial, 1988. SANTANA, José Cláudio Pavão. Meu amigo Nina Rodrigues. Jornal O Imparcial, 1988. SANTANA, José Cláudio Pavão. Da Realidade teórica à realidade prática: Devemos acreditar em justiça?. Jornal O Imparcial, 1986. SANTANA, José Cláudio Pavão. Considerações sobre a Teoria Pura do Direito e a Dialética atual. Jornal O Imparcial, 1985. SANTANA, José Cláudio Pavão. Constituinte: Direito e Política. Jornal O Imparcial, 1985. SANTANA, José Cláudio Pavão. A omissão dos bons. Jornal Pequeno, São Luís Maranhão, p. 8 - 8, 26 set. 2010. SANTANA, José Cláudio Pavão. Limpar a ficha e sujar a Constituição?. O Imparcial, São Luís Maranhão, p. 5 - 5, 01 ago. 2010. SANTANA, José Cláudio Pavão. O préc-constitucionalismo na América: o legado francês. Jornal Pequeno, São Luís Maranhão, p. 04 - 05, 08 set. 2006. SANTANA, José Cláudio Pavão. O poder disciplinar da OAB. REVISTA DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, São Luís - Maranhão, v. 2, p. 179 - 193, 12 nov. 2002. SANTANA, José Cláudio Pavão. O poder normativo dos tribunais e o acesso ao Poder JUdiciário. REVISTA DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, São Luís - Maranhão, v. 1, p. 117 - 127, 11 dez. 2001. SANTANA, José Cláudio Pavão. Significado e funções da Constituição na era globalizada. Revista do Curso de Direito da UFMA, São Luís - Maranhão, v. 4, p. 81 - 92, 22 jul. 1999. SANTANA, José Cláudio Pavão. A efetividade dos Direitos fundamentais. Revista do Curso de Direito da UFMA, São Luís Maranhão, v. 3, p. 37 - 43, 14 jan. 1999. SANTANA, José Cláudio Pavão. O que há de alternativo no Direito?. Revista do Curso de Direito da UFMA, São Luís Maranhão, v. 1, p. 107 - 121, 10 dez. 1998. SANTANA, José Cláudio Pavão. Súmula: vinculação ou subordinação?. Revista da ESMAM, São Luís - Maranhão, v. 1, p. 159 162, 18 jul. 1997. SANTANA, José Cláudio Pavão. ERAM OS FRANCESES CORSÁRIOS?. JORNAL PEQUENO, SAO LUIS, p. 2 - 2. Ramos, Paulo Roberto Barbosa; SANTANA, José Cláudio Pavão. A tensão entre o público e o privado: o papel do Procurador do Estado no teatro constitucional. Revista do Curso de Direito EDUFMA, São Luís, p. 35 - 45, 18 nov. 2011.
Apresentações de Trabalho: SANTANA, José Cláudio Pavão. 25 ANOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 2013. (Apresentação de Trabalho/Seminário). SANTANA, José Cláudio Pavão. A Constituição de ontem e de hoje. O que nos reserva o futuro? Os 400 anos das Leis Fundamentais do Maranhão *. 2012. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra). Noberto, Antônio ; SANTANA, José Cláudio Pavão; Ferro, Ana Luiza Almeida; PROVENÇAL, L.; MUNIZ, V.; FERRO, W. P. . AS LEIS FUNDAMENTAIS DO MARANHÃO: Densidade jurídica e valor constituinte - a contribuição da França Equinocial ao Constitucionalismo Americano. 2012. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra).
Outras produções bibliográficas: SANTANA, José Cláudio Pavão. Eleições Municipais 2004 - Alexandre Maia Lago e Carlos Sergio Carvalho Barros. São Luís, 2004. (Prefácio, Posfácio/Apresentação).
Produção técnica: Entrevistas, mesas redondas, programas e comentários na mídia: SANTANA, José Cláudio Pavão. Leis Fundamentais do Maranhão. 2013. (Programa de rádio ou TV/Comentário). SANTANA, José Cláudio Pavão. Transparência como Princípio. 2008. (Programa de rádio ou TV/Entrevista).
Demais tipos de produção técnica: SANTANA, José Cláudio Pavão. DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS. 2004. (Curso de curta duração ministrado/Especialização). SANTANA, José Cláudio Pavão. Curso de Extensão para Aperfeiçoamento da Polícia Militar - CEAO. 2002. (Curso de curta duração ministrado/Extensão). SANTANA, José Cláudio Pavão. CURSO DE INICIAÇÃO FUNCIONAL DOS MAGISTRADOS, TRIBUNAL DE JUSTIÇA, CORREGEDORIA DA JUSTIÇA DO MARANHÃO, ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRADOS DO MARANHÃO. 1997. SANTANA, José Cláudio Pavão. Curso de Direito Constitucional. 1993. (Curso de curta duração ministrado/Outra).
Demais trabalhos: SANTANA, José Cláudio Pavão. Educação: Um compromisso de todos. 2005 (Monografia). SANTANA, José Cláudio Pavão. Surgimento do Estado Constitucional de Direito. 2005 (Monografia). SANTANA, José Cláudio Pavão. Considerações sobre a Teoria Pura do Direito. 1987 (Monografia). SANTANA, José Cláudio Pavão. Prorpiedade Edilícia Especial. 1987 (Monografia). SANTANA, José Cláudio Pavão. A economia como fator importante na constituição de uma nova ordem internacional. 1983 (Monografia). SANTANA, José Cláudio Pavão. Considerações sobre a sociedade anônima. 1983 (Monografia). SANTANA, José Cláudio Pavão. Realidade jurídica e Dieiito: O problema da situacionalidade jurídica. 1983 (Monografia). SANTANA, José Cláudio Pavão. A nota promissória diante da cláusula de correção monetária expressa em UPC e ORTN. 1983 (Monografia). SANTANA, José Cláudio Pavão. Princípios do contrato: Autonomia da vontade e supremacia da ordem pública. 1983 (Monografia). SANTANA, José Cláudio Pavão. Educação: Um problema nacional. 1982 (Demais trabalhos relevantes). SANTANA, José Cláudio Pavão. Fontes do Direito. 1982 (Monografia). SANTANA, José Cláudio Pavão. O princípio da igualdade no Direito Processual Civil. 1982 (Monografia). SANTANA, José Cláudio Pavão. Constituição: Origem, conceito e validade. 1982 (Monografia). SANTANA, José Cláudio Pavão. Fontes do Direito: Uma visão positivista. 1982 (Monografia). SANTANA, José Cláudio Pavão. O surgimento do Estado Moderno. 1982 (Monografia).
ARTUR NABANTINO GONÇALVES DE AZEVEDO - PATRONO
7 de julho de 1855 / 22 de outubro de 1908 5
Artur Azevedo (A. Nabantino Gonçalves de A.), jornalista e teatrólogo, nasceu em São Luís, MA, em 7 de julho de 1855, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 22 de outubro de 1908. Figurou, ao lado do irmão Aluísio de Azevedo, no grupo fundador da Academia Brasileira de Letras, onde criou a Cadeira nº 29, que tem como patrono Martins Pena. Foram seus pais David Gonçalves de Azevedo, vice-cônsul de Portugal em São Luís, e Emília Amália Pinto de Magalhães, corajosa mulher que, separada de um comerciante com quem casara a contragosto, já vivia maritalmente com o funcionário consular português à época do nascimento dos filhos: três meninos e duas meninas. Casaram-se posteriormente, após a morte na Corte, de febre amarela, do primeiro marido. Aos oito anos Artur já demonstrava pendor para o teatro, brincando com adaptações de textos de autores como Joaquim Manuel de Macedo, e pouco depois passou a escrever as peças que representava. Muito cedo começou a trabalhar no comércio. Depois foi empregado na administração provincial, de onde foi demitido por ter publicado sátiras contra autoridades do governo. Ao mesmo tempo lançava as primeiras comédias nos teatros de São Luís. Aos quinze anos escreveu a peça Amor por anexins, que teve grande êxito, com mais de mil representações no século passado. Ao incompatibilizar-se com a administração provincial, concorreu a um concurso aberto, em São Luís, para o preenchimento de vagas de amanuense da Fazenda. Obtida a classificação, transferiu-se para o Rio de Janeiro, no ano de 1873 e obteve emprego no Ministério da Agricultura. A princípio, dedicou-se também ao magistério, ensinando Português no Colégio Pinheiro. Mas foi no jornalismo que ele pôde desenvolver atividades que o projetaram como um dos maiores contistas e teatrólogos brasileiros. Fundou publicações literárias, como A Gazetinha, Vida Moderna e O Álbum. Colaborou em A Estação, ao lado de Machado de Assis, e no jornal Novidades, onde seus companheiros eram Alcindo Guanabara, Moreira Sampaio, Olavo Bilac e Coelho Neto. Foi um dos grandes defensores da abolição da escravatura, em seus ardorosos artigos de jornal, em cenas de revistas dramáticas e em peças dramáticas, como O Liberato e A família Salazar, esta escrita em colaboração com Urbano Duarte, proibida pela censura imperial e publicada mais tarde em volume, com o título de O escravocrata. Escreveu mais de quatro mil artigos sobre eventos artísticos, principalmente sobre teatro, nas seções que manteve, sucessivamente, em O País ("A Palestra"), no Diário de Notícias ("De Palanque"), em A Notícia (o folhetim "O Teatro"). Multiplicava-se em pseudônimos: Elói o herói, Gavroche, Petrônio, Cosimo, Juvenal, Dorante, Frivolino, Batista o trocista, e outros. A partir de 1879 dirigiu, com Lopes Cardoso, a Revista do Teatro. Por cerca de três décadas sustentou a campanha vitoriosa para a construção do Teatro Municipal, a cuja inauguração não pôde assistir. Embora escrevendo contos desde 1871, só em 1889 animou-se a reunir alguns deles no volume Contos possíveis, dedicado a Machado de Assis, seu companheiro na secretaria da Viação e um de seus mais severos críticos. Em 1894, publicou o segundo livro de histórias curtas, Contos fora de moda, e mais dois 5
http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=259&sid=281 http://pt.wikipedia.org/wiki/Artur_de_Azevedo http://blog.jornalpequeno.com.br/dinacycorrea/2012/08/arthur-azevedo/ AZEVEDO, Arthur. CARAPUÇAS, O DOMINGO, O DIA DE FINADOS – Sátiras I. Col. Resgate, vol, 18. Rio de Janeiro: Presença Edições; Brasília: INL, 1989. FERRO, Ana Claudia Lopes. O CÔMICO EM ARTHUR AZEVEDO: UMA ANÁLISE DE A CAPITAL FEDERAL – Monografia de Conclusão do Curso de Letras, sob a orientação do Prof. Dr. José Dino Costa Cavalcante. São Luís:UEMA-2008.02 (inédita). MARTINS, Antonio. ARTHUR AZEVEDO: A PALAVRA E O RISO. São Paulo: Perspectiva, 1988. VALENÇA, R. T. ARTHUR AZEVEDO E A LÍNGUA FALADA NO TEATRO. In: AZEVEDO, A. O Tribofe. Rio de Janeiro: Nova Fronteira/Fundação Casa de Rui Barbosa, 1986.
volumes, Contos cariocas e Vida alheia, constituídos de histórias deixadas por Artur de Azevedo nos vários jornais em que colaborara. No conto e no teatro, Artur Azevedo foi um descobridor do cotidiano da vida carioca e observador dos hábitos da capital. Os namoros, as infidelidades conjugais, as relações de família ou de amizade, as cerimônias festivas ou fúnebres, tudo o que se passava nas ruas ou nas casas forneceu assunto para as histórias. No teatro foi o continuador de Martins Pena e de França Júnior. Nelas teremos sempre um documentário sobre a evolução da então capital brasileira. Teve em vida cerca de uma centena de peças de vários gêneros e mais trinta traduções e adaptações livres de peças francesas encenadas em palcos nacionais e portugueses. Ainda hoje continua vivo como a mais permanente e expressiva vocação teatral brasileira de todos os tempos, através de peças como A jóia, A capital federal, A almanarra, O mambembe, e outras. Outra atividade a que se dedicou foi a poesia. Foi um dos representantes do Parnasianismo, e isso meramente por uma questão de cronologia, porque pertenceu à geração de Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac, todos sofrendo a influência de poetas franceses como Leconte de Lisle, Banville, Coppée, Heredia. Mas Artur Azevedo, pelo temperamento alegre e expansivo, não tinha nada que o filiasse àquela escola. É um poeta lírico, sentimental, e seus sonetos estão perfeitamente dentro da tradição amorosa dos sonetos brasileiros. Bibliografia6 Escreveu cerca de duzentas peças para teatro e tentou fazer surgir o teatro nacional, incentivando a encenação de obras brasileiras. Como diretor do Teatro João Caetano, no Rio, encenou quinze originais brasileiros em menos de três meses. Obra: Carapuças, poesia (1871); Sonetos (1876); Um dia de finados, sátira (1877); Contos possíveis (1889); Contos fora da moda (1894); Contos efêmeros (1897); Contos em verso (1898); Rimas, poesia (1909); Contos cariocas (1928); Vida alheia (1929); Histórias brejeiras, seleção e prefácio de R. Magalhães Júnior (1962); Contos (1973). Teatro: Amor por anexins (1872); A filha de Maria Angu (1876); Uma véspera de reis (1876); Jóia (1879); O escravocrata, em colaboração com Urbano Duarte (1884); Almanjarra (1888); A capital federal (1897); O retrato a óleo (1902); O dote (1907); O oráculo (1956); Teatro (1983). Textos Escolhidos7 O VIÚVO Na véspera de partir para a Europa, o doutor Claudino, sem prever o fúnebre espetáculo de que ia ser testemunha, foi despedir-se do seu velho camarada Tertuliano. Ao aproximar-se da casa, ouviu berreiro de crianças e mulheres, e a voz de Tertuliano, que dominava de vez em quando o alarido geral, soltando, num tom estrídulo e angustioso, esta palavra: "Xandoca". O doutor Claudino apressou o passo, e entrou muito aflito em casa do amigo. Havia, efetivamente, motivo para toda aquela manifestação de desespero. Tertuliano acabava de enviuvar. Havia meia hora que dona Xandoca, vítima de uma febre puerperal, fechara os olhos para nunca mais abri-los. O corpo, vestido de seda preta, as mãos cruzadas sobre o peito, estava colocado num canapé, na sala de visitas. À cabeceira, sobre uma pequena mesa coberta por uma toalha de rendas, duas velas de cera substituíam, aos dous lados de um crucifixo, o bom e o mau ladrão. Tertuliano, abraçado ao cadáver, soluçava convulsamente, e todo o seu corpo tremia como tocado por uma pilha elétrica. Os filhos, quatro crianças, a mais velha das quais teria oito anos, rodeavam-no aos gritos. Na sala havia um contínuo fluxo e refluxo de gente que entrava e saía, pessoas da vizinhança, chorando muito, e indivíduos que, passando na rua, ouviam gritar e entravam por mera curiosidade. 6
http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=263&sid=281 http://pt.wikipedia.org/wiki/Artur_de_Azevedo http://portugues.free-ebooks.net/autor/artur-azevedo 7 http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=262&sid=281
O doutor Claudino estava impressionadíssimo. Caíra de supetão no meio daquele espetáculo comovedor, e contemplava atônito o cadáver da pobre senhora que, havia quatro dias, encontrara na rua da Carioca, muito alegre, levando um filho pela mão e outro no ventre, arrastando vaidosa a sua maternidade feliz. Tertuliano, mal que o viu, atirou-se-lhe nos braços, inundando-lhe do lágrimas a gola do casaco; o doutor Claudino estava atordoado, cego, com os vidros do pince-nez embaciados pelo pranto, que tardou, mas veio discreta, reservadamente, como um pranto que não era da família. - Isto foi uma surpresa... uma dolorosa surpresa para mim - conseguiu dizer com a voz embargada pela comoção. Parto amanhã para a Europa, no Níger... vinha despedir-me de ti... e dela... de dona Xandoca e... vejo que... que... que... E o doutor Claudino fez uma careta medonha para não soluçar. - Dispõe de mim, meu velho; estou às tuas ordens, bem sabes. - Obrigado - disse Tertuliano numa dessas intermitências que se notam nos maiores desabafos - o Rodrigo, aquele meu primo empregado no foro, já foi tratar do enterro, que é amanhã às dez horas. Fazendo grandes esforços para reprimir a explosão das lágrimas, o viúvo contou ao doutor Claudino todos os incidentes da rápida moléstia e da morte de dona Xandoca. - Uma coisa inexplicável! Nunca a pobre criatura teve um parto tão feliz... A parteira não esperou cinco minutos:.. Uma criança gorda, bonita... Está lá em cima, no sótão... hás de vê-la. De repente, uma pontinha de febre que foi aumentando, aumentando... até vir o delírio... Mandei chamar o médico... Quando o médico chegou, já ela agoniza... a... va!... E Tertuliano, prorrompendo em soluços, abraçou-se de novo ao doutor Claudino. No dia seguinte, a cena foi dolorosíssima. Antes de se fechar o caixão, Tertuliano quis que os filhos beijassem o cadáver, medonhamente intumescido e decomposto. Ninguém reconhecia dona Xandoca, tão simpática, tão graciosa, naquele montão informe de carne pútrida. Fecharam o caixão, mas Tertuliano agarrou-se a ele e não o queria deixar sair, gritando: - Não consinto! não quero que a levem, daqui! - Foi preciso arrancá-lo à força e empurrá-lo para longe. Ele caiu e começou a escabujar no chão, soltando grandes gritos nervosos. Três senhoras caíram também com espectaculosos ataques. As crianças berravam. Choravam todos. De volta do enterro, o doutor Claudino, conquanto muito atarefado com a viagem, não quis deixar de fazer uma última visita a Tertuliano. Encontrou-o num estado lastimoso, sentado numa cadeira da sala de jantar, sem dar acordo de si, rodeado pelos filhos, o olhar fixo no mísero recém-nascido, que a um canto da casa mamava sofregamente numa preta gorda. - Tertuliano, adeus. Daqui a meia hora devo estar embarcando. Crê que, se pudesse, adiava a viagem para fazer-te companhia... Adeus! O viúvo lançou-lhe um olhar vago, um olhar que nada exprimia; sacudiu molemente a mão, e murmurou: - Adeus! Às sete horas da noite o doutor Claudino, sentado na coberta do Níger, contemplando as ondas, esplendidamente iluminadas pelo luar, pensava naquela olhar vago de Tertuliano, naquele adeus terrível, e pedia aos céus que o seu velho camarada não houvesse enlouquecido. Meses depois, a exposição de Paris atordoava-o; mas de vez em quando, lá mesmo, na Galeria das Máquinas, no Palácio das Artes, ou na Torre Eiffel, voltava-lhe ao espírito a lembrança daquela cena desoladora do viúvo rodeado pelos orfãozinhos, e repercutia-lhe dentro d'alma o som daquele adeus pungente e indefinível. Interessava-se muito por Tertuliano. Escreveu-lhe um dia, mas não obteve resposta. Pobre rapaz! viveria ainda? a sua razão teria resistido àquele embate violento? Depois de um ano e quatro meses de ausência, o doutor Claudino voltou da Europa, e a sua primeira visita foi para Tertuliano, que morava ainda na mesma casa.
Mandaram-no entrar para a sala de jantar. Tertuliano estava sentado numa cadeira, sem dar acordo de si, rodeado pelos filhos, o olhar fixo no mais pequenito, que estava muito esperto, brincando no colo da preta gorda. - Tertuliano? - balbuciou o doutor Claudino. O viúvo lançou-lhe um olhar vago, um olhar que nada exprimia; sacudiu molemente a mão, e murmurou: - Adeus. Depois, dir-se-ia que se fizera subitamente a luz no seu espírito embrutecido. Ele ergueu-se de um salto, gritando: - Claudino! - e atirou-se nos braços do velho camarada, exclamando entre lágrimas: - Ah! meu amigo! perdi minha mulher!... - Sim, eu sei, mas já tinhas tempo de estar mais consolado... Que diabo! Sê homem! Já lá se vão quatorze meses!... - Como quatorze meses? seis dias... - Ora essa! pois não se lembras que acompanhei o enterro de dona Xandoca? - Ah! tu falas da Xandoca... mas há três meses casei-me com outra... a filha do major Seabra, e há seis dias estou viu...ú...vo! E Tertuliano, prorrompendo em soluços, abraçou-se de novo ao doutor Claudino. (Contos fora de moda, 1894.)
PLEBISCITO A cena passa-se em 1890. A família está toda reunida na sala de jantar. O senhor Rodrigues palita os dentes, repimpado numa cadeira de balanço. Acabou de comer como um abade. Dona Bernardina, sua esposa, está muito entretida a limpar a gaiola de um canário belga. Os pequenos são dous, um menino e uma menina. Ela distrai-se a olhar para o canário. Ele, encostado à mesa, os pés cruzados, lê com muita atenção uma das nossas folhas diárias. Silêncio. De repente, o menino levanta a cabeça e pergunta: - Papai, que é plebiscito? O senhor Rodrigues fecha os olhos imediatamente para fingir que dorme. O pequeno insiste: - Papai? Pausa: - Papai? Dona Bernardina intervém: - Ó seu Rodrigues, Manduca está lhe chamando. Não durma depois do jantar, que lhe faz mal. O senhor Rodrigues não tem remédio senão abrir os olhos. - Que é? que desejam vocês?
- Eu queria que papai me dissesse o que é plebiscito. - Ora essa, rapaz! Então tu vais fazer doze anos e não sabes ainda o que é plebiscito? - Se soubesse, não perguntava. O senhor Rodrigues volta-se para dona Bernardina, que continua muito ocupada com a gaiola: - Ó senhora, o pequeno não sabe o que é plebiscito! - Não admira que ele não saiba, porque eu também não sei. - Que me diz?! Pois a senhora não sabe o que é plebiscito? - Nem eu, nem você; aqui em casa ninguém sabe o que é plebiscito. - Ninguém, alto lá! Creio que tenho dado provas de não ser nenhum ignorante! - A sua cara não me engana. Você é muito prosa. Vamos: se sabe, diga o que é plebiscito! Então? A gente está esperando! Diga!... - A senhora o que quer é enfezar-me! - Mas, homem de Deus, para que você não há de confessar que não sabe? Não é nenhuma vergonha ignorar qualquer palavra. Já outro dia foi a mesma coisa quando Manduca lhe perguntou o que era proletário. Você falou, falou, falou, e o menino ficou sem saber! - Proletário - acudiu o senhor Rodrigues - é o cidadão pobre que vive do trabalho mal remunerado. - Sim, agora sabe porque foi ao dicionário; mas dou-lhe um doce, se me disser o que é plebiscito sem se arredar dessa cadeira! - Que gostinho tem a senhora em tornar-me ridículo na presença destas crianças! - Oh! ridículo é você mesmo quem se faz. Seria tão simples dizer: - Não sei, Manduca, não sei o que é plebiscito; vai buscar o dicionário, meu filho. O senhor Rodrigues ergue-se de um ímpeto e brada: - Mas se eu sei! - Pois se sabe, diga! - Não digo para me não humilhar diante de meus filhos! Não dou o braço a torcer! Quero conservar a força moral que devo ter nesta casa! Vá para o diabo! E o senhor Rodrigues, exasperadíssimo, nervoso, deixa a sala de jantar e vai para o seu quarto, batendo violentamente a porta. No quarto havia o que ele mais precisava naquela ocasião: algumas gotas de água de flor de laranja e um dicionário... A menina toma a palavra: - Coitado de papai! Zangou-se logo depois do jantar! Dizem que é tão perigoso! - Não fosse tolo - observa dona Bernardina - e confessasse francamente que não sabia o que é plebiscito! - Pois sim - acode Manduca, muito pesaroso por ter sido o causador involuntário de toda aquela discussão - pois sim, mamãe; chame papai e façam as pazes. - Sim! Sim! façam as pazes! - diz a menina em tom meigo e suplicante. - Que tolice! Duas pessoas que se estimam tanto zangaram-se por causa do plebiscito! Dona Bernardina dá um beijo na filha, e vai bater à porta do quarto:
- Seu Rodrigues, venha sentar-se; não vale a pena zangar-se por tão pouco. O negociante esperava a deixa. A porta abre-se imediatamente. Ele entra, atravessa a casa, e vai sentar-se na cadeira de balanço. - É boa! - brada o senhor Rodrigues depois de largo silêncio - é muito boa! Eu! eu ignorar a significação da palavra plebiscito! Eu!... A mulher e os filhos aproximam-se dele. O homem continua num tom profundamente dogmático: - Plebiscito... E olha para todos os lados a ver se há ali mais alguém que possa aproveitar a lição. - Plebiscito é uma lei decretada pelo povo romano, estabelecido em comícios. - Ah! - suspiram todos, aliviados. - Uma lei romana, percebem? E querem introduzi-la no Brasil! É mais um estrangeirismo!.. (Contos fora de moda, 1894.)
UMA APOSTA Se o Simplício Gomes não fosse um rapaz do nosso tempo, se não usasse calças brancas, paletó de alpaca, chapéu de palha e guarda-chuva, daria idéia de um desses quebra-lanças que só se encontram nos romances de cavalaria. De outro qualquer diríamos: "Ele gostava da Dudu"; tratando-se, porém, do Simplício Gomes, empregaremos esta expressão menos familiar: "Ele amava Edviges." O seu amor tinha, realmente, alguma coisa de puro e de ideal, que não se compadecia com os costumes de hoje. Começava por ser discreto; Dudu adivinhou, ou antes, percebeu que era amada, mas ele nunca lho disse, nunca se atreveu a dizer-lhe, não por timidez ou respeito, mas simplesmente porque não tinha confiança no seu merecimento. Estava bem empregado, poderia casar-se e viver modestamente em família, mas era tão feio, tão pequenino, tão insignificante e ela tão linda e tão esbelta, que o casamento lhe parecia desproporcionado. Ele não se sentia digno dela, não acreditava que a pudesse fazer feliz, e isso o desgostava profundamente. Ela, por seu lado, não concorria para que a situação se modificasse: fingia ignorar que ele a amava, e atribuía toda aquela solicitude a um afeto desinteressado. Dudu vivia com a mãe, uma pobre viúva sem outro recurso que não fosse o do meio soldo e montepio deixados pelo marido, brioso oficial do Exército que viveu sempre desprotegido, porque não sabia lisonjear nem pedir; mas o Simplício Gomes, sem fumaças de protetor, e dando a esmola com ares de quem a recebia, achava meios e modos de fazer com que naquela casa faltasse apenas o supérfluo. Como era parente, embora afastado, das duas senhoras, estas consideravam os seus favores simples atenções de família. O caso é que o Simplício Gomes parecia adivinhar os menores desejos de Dudu e nessas ocasiões recorria ao ardil de uma aposta: - Aposto que hoje chove! - Que idéia! o dia está bonito! - Pois sim, mas o calor é excessivo: temos água com toda certeza! - Não temos! - Façamos uma aposta! - Valeu! se chover eu perco uma caixa de charutos.
- E eu aquela blusa que você viu na vitrina da Notre Dame e cobiçou tanto. - Quem lhe disse que cobicei? - Ora, esses olhos não me enganam... No dia seguinte Dudu recebia a blusa. A velha costumava dizer com muita ingenuidade: - Você faz mal em apostar, Simplício! E muito caipora, perde sempre, e então, em se tratando de mudança de tempo, é uma lástima! Conquanto não se atrevesse a falar em casamento, o pobre rapaz sofria, oprimido pela idéia de que quando menos se pensasse, Dudu teria um namorado... um noivo... um marido e efetivamente, não se passou muito tempo que os seus receios não se realizassem. Dudu impressionou-se por um cavalheiro muito bem trajado, que começou a rondar-lhe a porta quase todos os dias, cumprimentando-a, depois sorrindo-lhe, e finalmente escrevendo-lhe graças à cumplicidade de um molecote da casa. Depois de receber três cartas, Dudu contestou, convenceu-se de que as intenções do namorado eram as melhores e mostrou a correspondência à mãe, que imediatamente consultou o Simplício Gomes sem saber o desgosto que lhe causava. Este, que já havia notado as idas e vindas do transeunte suspeito, disfarçou o mais que pôde, os seus sentimentos, limitando-se a dizer que Dudu não deveria casar-se com aquele homem sem ter primeiramente certeza de que ele a amava deveras. A velha, com toda a sua simplicidade, pediu-lhe que se informasse da idoneidade do pretendente, e o mísero logo se transformou de quebra-lanças em quebra-esquinas. Foram desanimadoras (para ele) as informações que obteve: o rival chamava-se Bandeira, era de boa família, de bons costumes, funcionário público de certa categoria, estimado, e tinha alguma coisa. O seu único defeito era ser um pouco genioso. O Simplício, que não tinha o altruísmo heróico de Cirano de Bergerac, não avolumou as qualidades do outro, mas foi leal: não as diminuiu. Em suma: o Bandeira pediu a mão de Dudu; e começou a freqüentar a casa. O coitado não articulou uma queixa, mas começou desde logo a emagrecer a olhos vistos; perdeu o apetite, ficou macambúzio, fúnebre... Dudu, que tudo compreendeu, teve muita pena, teve quase remorsos; mas a velha nem mesmo assim desconfiou que a filha fosse adorada pelo infeliz parente. Entretanto, o Simplício Gomes começou a ser assíduo em casa de Dudu; o seu desejo oculto era não deixá-la sozinha com o tal Bandeira enquanto não se casassem. O noivo tinha, efetivamente, boas qualidades, mas era não só genioso, mas de uma arrogância, de uma empáfia, de um autoritarismo que começaram a inquietar Dudu. Uma bela tarde em que se achavam ambos sentados no canapé, e o Simplício Gomes, afastado, num canto da sala, folheava um álbum de retratos, o Bandeira levantou-se dizendo: - Vou-me embora; tenho ainda que dar umas voltas antes da noite. - Ora, ainda é cedo; fique mais um instantinho, replicou Dudu, sem se levantar do canapé. - Já lhe disse que tenho que fazer! Peço-lhe que vá desde já se habituando a não contrariar as minhas vontades! Olhe que depois de casado, hei de sair quantas vezes quiser sem dar satisfações a ninguém! - Bom; não precisa zangar-se... - Não me zango, mas contrario-me! Não me escravizei; quero casar-me com a senhora, mas não perder a liberdade! - Faz bem. Adeus. Até quando? - Até amanhã ou depois.
O Bandeira apertou a mão de Dudu, despediu-se com um gesto do Simplício Gomes, e saiu batendo passos enérgicos, de dono de casa. Dudu ficou sentada no canapé, olhando para o chão. O Simplício Gomes aproximou-se de mansinho, e sentou-se ao seu lado. Ficaram dez minutos sem dizer nada um ao outro. Afinal Dudu rompeu o silêncio. Olhou para o céu iluminado por um crepúsculo esplêndido, e murmurou: - Vamos ter chuva. - Não diga isso, Dudu: o tempo está seguro! - Apostemos! - Pois apostemos! Eu perco uma coisa bonita para o seu enxoval de noiva. E você? - Eu... perco-me a mim mesma, porque quero ser tua mulher! E Dudu caiu, chorando, nos braços de Simplício Gomes. (O Século, 9 de julho de 1907. In Histórias brejeiras, 1962.)
JOÃO DUNSHEE DE ABRANCHES MOURA - PATRONO
02 de setembro de 1867 / 11 de março de 1941 DUNSHEE DE ABRANCHES8 nasceu em São Luis, Maranhão, em 02 de setembro de 1867 à Rua do Sol, 141. Seus pais foram o negociante Antonio da Silva Moura - nascido em Portugal e educado desde os cinco até os 21 anos no Havre e em Paris -, e Dona Raimunda Emília de Abranches Moura – filha de Garcia de Abranches, o Censor 9. Advogado, polimista, historiador, sociólogo, crítico, romancista, poeta, jornalista, parlamentar, internacionalista... Dentre seus escritos, destaca-se a trilogia constituída pelos “A Setembrada”, “O Captiveiro”, e “A Esfinge do Grajaú” (GASPAR, 1993) 10 Após os estudos primários em sua terra natal – primeiro, estudando com sua mãe e tias, no famoso ‘Colégio das Abranches 11, onde também deve ter feito os preparatórios para o Liceu Maranhense. Um dos famosos “meninos do Liceu” no dizer de Gonçalves Dias, aos 16 anos de idade, ao concluir seu Curso de Humanidades, foi plenamente aprovado em severos exames de Gramática Portuguesa, Latim, Francês, Alemão, Inglês, Aritmética, Álgebra, Geometria, Trigonometria, Geografia, História, Filosofia e Retórica. Há esse tempo, precoce, já estudara Desenho com Horácio Tribuzi, Harmonia com Leocádio Rayol, Piano com sua mãe, d. Emília, e Violino com Pedro Ziegler 12. Tornou-se Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais. Antes, porém, foi aluno da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, mas não concluiu o curso, cursando-o até o quinto ano 13. No ano de 1889, aos seis de janeiro, casa em cerimônia celebrada na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, nesta cidade, com a Senhorita Maurina da Silva Porto, de cujo consórcio teve filhos: Carmen, Iza, Nadir, Clovis, Hugo, e Maurina Dunshee Marchesini14. 8
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. HOMENAGEM AO PATRONO DA CADEIRA Nº 40. REVISTA DO IHGM – No. 29 – 2008 – Edição Eletrônica, p. 157 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; REINALDO, Telma Bonifácio dos Santos. INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO: PERFIL DOS SÓCIOS. São Luís: IHGM, 2013. Disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/perfil_dos_s__cios_-_ocupantes_-_vo http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2009/11/03/dunshee-de-abranches/ http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2013/10/02/sobre-esporte-futebol-e-literatura/ http://www.oexplorador.com.br/site/ver.php?codigo=24121 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_43_-_dezembro_2012 http://www2.mp.ma.gov.br/memorial/indememorialgaleriapromotpublicoimperio_jo%C3%A3o.asp http://www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNordeste/index.php?titulo=Dunshee++de+Abranches&ltr=d&id_perso=173 0 9 DUNSHE DE ABRANCHES MOURA, J. O Captiveiro (memórias). Rio de Janeiro: (s.e.), 1941. ABRANCHES, D. de. A Setembrada - A Revolução Liberal de 1831 em Maranhão - romance histórico. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1970. ABRANCHES, D. de. A Esfinge do Grajaú. São Luís: ALUMAR, 1993. 10 GASPAR, C. Dunshe de Abranches. São Luís: (s.e.), 1993. (Discurso de posse no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, a 28.jul.92). 11 “Preliminarmente teve como professoras, além de sua mãe e das tias Amância e Martinha – estas três, fundadoras do Colégio Nossa Senhora da Glória -, também suas irmãs, Emília, Amélia e Helena. Completamente alfabetizado aos 4 anos de idade, aos seis já traduzia francês e aos sete principiava as lições de inglês e espanhol. “ (GASPAR, C. Dunshee De Abranches. São Luís: (s.e.), 1993, p. 22. Discurso de posse no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, a 28.jul.92). 12 MORAES, J. Ainda o humanista Dunshee de Abranches. In O Estado Do Maranhão, São Luís, 21 de maio de 2008, quartafeira, pg. 6, Caderno Alternativo. Hoje é dia de Jomar Moraes. 13 Informa GASPAR (1993) que não concluiu o curso “em fase de lamentável incidente com um de seus professores, por ocasião de uma das provas do currículo, quando acalorada discussão entre o aluno e o mestre culminou com uma cena de pugilato”. (p. 22)
Em 1890, estava na Bahia, retomando os estudos de Medicina, porém ‘tirando a carta’ de Farmacêutico; prossegue os estudos de Medicina e inicia o de Direito (1891). De volta ao Maranhão, foi enviado pelo Governador da Província, o pernambucano José Moreira Alves da Silva, como Promotor Público, para averiguar os acontecimentos e decifrar o mistério d’ “A Esfinge de Grajaú” 15. Decifrar o enigma não era outra coisa, senão uma explicação racional para as tantas brigas sangrentas existentes em Grajaú. (GASPAR, 1993). Nos anos seguintes, o advogado Dunshee tornou-se Deputado Estadual no Maranhão (1904-1909), e integraria depois a bancada de sua Província natal na Câmara Baixa do País, tendo sido eleito mais de uma vez (1909-1917) 16. Viveu boa parte de sua vida no Rio de Janeiro, onde se torna adepto do Positivismo. Em setembro de 1929, chefiou a delegação brasileira à solenidade de lançamento da pedra fundamental da Basílica de Santa Teresinha do Menino Jesus, em Lisieux, França. Na ocasião, falaram apenas três oradores: o Cardeal Charost, representante do Papa Pio XI, George Goyau, da Academia Francesa, e Dunshee de Abranches17. Escritor, Jornalista, Político Maranhense. Ensaísta, Pesquisador, Memorialista. Intelectual, Ativista, Produtor Cultural. Idealista. Visionário. Dunshee de Abranches foi sócio de diversas instituições sociais, culturais e de classe de seu tempo, dentre outras, Ordem dos Advogados do Brasil, de que foi membro do
14
Dunshee de Abranches casou-se com D. Maurina Porto Dunshee de Abranches, filha do filantropo José Maria da Silva Porto; tiveram seis filhos: Carmen, Iza, Nadir, Clovis, Hugo, e Maurina Dunshee Marchesini (in ABRANCHES, D. Garcia De Abranches, O Censor (O Maranhão em 1822) – Memória histórica. São Paulo: Typographia Brasil Rothschild, 1922, p. 157158). 15 ABRANCHES, D. de. A Esfinge Do Grajaú. São Luís: ALUMAR, 1993. 16 “Na primeira década do século XX, dentre os vultos notáveis do Congresso Legislativo do Estado, consta o nome de Dunshee de Abranches – descendente do grande João Antonio Garcia de Abranches, cognominado ‘O Censor’, o sangue jornalístico do velho Garcia se transmudou para o neto ilustre. Uma extraordinária cultura, dono de uma das mais vastas Bibliografias de que se tem notícia, só rivalizando com ele o não menos extraordinário Coelho Neto. Iniciou sua carreira política no Partido Republicano de Benedito Leite, elegendo-se deputado estadual em 1904. Espírito irrequieto, polemista notável, foi a maior figura da legislatura que integrou no Congresso Maranhense. “Para aquela 5ª. Legislatura do Congresso maranhense - 1904/1906 – elegeram-se todos os candidatos de Benedito Leite, não tendo a casa nenhum representante oposicionista. As eleições realizaram-se a 06 de dezembro de 1904, com a recondução de muitos parlamentares pelas suas sólidas bases eleitorais garantidas por um sistema de governo que reagia mecanicamente ao comando do Senador Benedito Leite. Todavia, novos nomes iriam figurar naquela casa, dentre esses se destacaria o afamado polígrafo João Dunshee de Abrantes Moura. Dunshe de Abranches teve 14.807 votos, elegendo-se com a 21ª. Votação. Não participou dos trabalhos daquele ano, mas em 1905 foi o Deputado que praticamente tomou as atenções da Casa, quer por seus trabalhos nas Comissões, quer pelos projetos e discursos proferidos, quer elos fulminantes apartes dados em seus colegas, chegando a participar da mesa diretora, como terceiro suplente. Numa de suas intervenções, afirma existindo na casa algumas duplicatas de eleições para as Câmaras Municipais, solicitando nomeação de Comissão – a quem coube a relatoria – para apresentar parecer sobre aquelas duplicatas. De seu Relatório, foram anuladas as eleições de Cajapió, Balsas e São João dos Patos. Nessa legislatura, sem dúvida a questão dos limites entre os municípios de Alto Itapecurú e Barra do Corda demandou um amplo estudo, apresentando projeto de lei onde ficaram delimitados os marcos e as linhas a serem fixadas pelo Governo, pondo fim aquela querela que vinha de longo tempo. De seus inúmeros pronunciamentos, o tema que mais debateu refere-se à situação da Instrução Pública, assunto de sua permanente preocupação. Na legislatura seguinte – 1906 – não mais fazia parte da Mesa Diretora, requerendo licença para se ausentar da Capital. Da sexta legislatura, destacaram-se os Deputados Dunshee de Abranches, José Barreto e Clodomir Cardoso; é a partir de 1907 que as Oposições maranhenses tomam posição de combate ao regime de Benedito Leite, há 14 anos governando, ora por prepostos, ora diretamente. “Em 09 de dezembro de 1906, novas eleições para a renovação do Congresso Legislativo do Estado e unshee de Abranches se reelege no grupo situacionista com a 15ª. Votação, com 10.523 votos. A Oposição elegeu seis deputados, dos 30. Dunshee de Abranches, quando da eleição da Mesa, informa à Presidência da Casa de que não poderia se fazer presente por motivo de moléstia, o que foi lamentado pelo jovem Deputado Clodomir Cardoso (então com 28 anos), que iria desforrar suas mágoas sobre seu colega Dunshee de Abranches, acerca de pronunciamento que fizera ser o Pará, melhor que o Maranhão. Em 1909, ocorreram as eleições para Deputados Federais, e na fórmula ainda traçada pelo falecido Governador Benedito Leite, elegeram-se: para o Senado, o Dr. José Eusébio de Carvalho Oliveira. Para Deputados Federais, Francisco da Cunha Machado e Dunshee de Abranches. Apresentou relatório, nessa legislatura, enviando projeto de lei que fixava a Força Pública para o ano seguinte. (In COUTINHO, M. O Poder Legislativo Do Maranhão – 1830/1930. São Luís: Assembléia Legislativa do Maranhão, 1981, p. 247-294). 17 Dunshee de Abranches proclamava-se ateu em sua juventude, convertendo-se ao catolicismo na maturidade. Contradição que, segundo Moraes (em O humanista Dunshee de Abranches, in O Estado Do Maranhão, 21 de maio de 2008, p. 6, Caderno Alternativo) qualificava-o para representar o Brasil, já católico fervoroso, à solenidade de lançamento da pedra fundamental e pronunciar o seguinte discurso:
Conselho Federal e do Instituto dos Advogados. Presidente da Associação Brasileira de Imprensa - ABI 18. Patrono da Cadeira 40, da Academia Maranhense de Letras. Escreveu dezenas de obras 25 entre as quais, “A Setembrada”, “Garcia de Abranches – O Censor”. Encontra-se na Estante do Escritor Tocantinense, da Biblioteca Pública, do Espaço Cultural de Palmas. Dunshee de Abranches fez poesia, ensinou Direito na Alemanha, escreveu romances, militou na imprensa, exerceu mandatos políticos e foi, acima de tudo, memorialista de um longo período da vida maranhense e brasileira. Bibliografia de Dunshee de Abranches Moura: 01. ‘Sou a Revolução’, discurso: São Luís, 1883. 02. ‘Selva’, poesias. Tipografia Frias: São Luis, 1885. 03. ‘Transformações do Trabalho’, memória. São Luís: Tip. Pacotilha, 1888. 04. ‘Pela Paz’, poemas. Rio [de Janeiro]: Of. de Obras do Jornal do Brasil, 1895. 05. ‘Cartas de um Sebastianista, sátiras em verso. Rio de Janeiro: Of. de Obras do Jornal do Brasil, 1895. 06. ‘Memórias de um Histórico’, 2 vols. Rio de Janeiro: Of. de Obras do Jornal do Brasil, 1896. 07. ‘Crítica de Arte’ – o Salão de 1896’. Rio de Janeiro: Of. de Obras do Jornal do Brasil, 1896. 08. ‘Como se faz o Jornal do Brasil’. Rio de Janeiro: Of. de Obras do Jornal do Brasil, 1896. 09. ‘Papá Basílio’, romance sob o pseudônimo de Ferreira de Andrade. Rio de Janeiro: Of. de Obras do Jornal do Brasil, 1898. 10. ‘O ano negro da República’, retrospecto político. Rio de Janeiro: Of. de Obras do Jornal do Brasil, 1889. 11. ‘O 10 de abril’, narrativa histórica. Rio de Janeiro: Of. de ‘O Dia’, 1901. 12. ‘Institutos equiparados’, relatório. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1904. 13. ‘Exames Gerais de Preparatórios’, inquérito. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1904. 14. ‘Ensino Superior e Faculdades Livres’, relatório. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1905 15. ‘O Tratado de Bogotá’, memória histórica. Rio de janeiro: Imprensa Nacional, 1907. 16. ‘Atos e Atos do Governo Provisório’. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1907. 17. ‘Reforma da Justiça Militar’. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1907. 18. ‘Tratados do Comércio e navegação do Brasil’. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1909. 19. ‘Necrológio Político do Dr. Benedito Leite’. São Luís: Tip. Frias, 1909. 20. ‘A Lagoa Mirim e o Barão do Rio Branco’. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1910. 21. ‘Limites com o Peru’. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1910. 22. ‘Associação de Imprensa’, relatório. Rio de janeiro: Tip. Do Jornal do Comércio, 1911. 23. ‘Rio Branco’. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1911. 24. ‘O Brasil e o Arbitramento’. Rio de Janeiro: Tip. Leusinger, 1911. 25. ‘O maior dos Brasileiros’, defesa póstuma de Rio Branco. Rio de Janeiro: Tip. Almeida Marques, 1912. 26. ‘Pela Itália’, impressões de viagem. Barceloa, Imprenta Viúva de Luis Tasso, 1913. 18
Ao assumir a presidência da Associação, gozava de boa fama como jornalista, advogado e político (deputado federal à sombra do Barão do Rio Branco). Admirador do modesto confrade Gustavo, foi ele quem lhe trouxe, de uma viagem à França, os dados essenciais para o estabelecimento da Associação (leis e regulamentos de entidades semelhantes e sindicais). João Dunshee de Abranches Moura foi empossado na Presidência da ABI em 13 de maio de 1910, com o apoio integral do grupo que controlava a Associação e prometendo defender a liberdade de pensamento a qualquer custo. Em 1911, foi reeleito para mais dois anos de mandato. Durante sua administração, várias providências foram tomadas, como a reforma estatutária, a mudança de nome para Associação de Imprensa dos Estados Unidos do Brasil, a criação da biblioteca e do cargo de bibliotecário, de congressos de jornalistas, e de um Tribunal de Imprensa, destinado a julgar conflitos da categoria. No mesmo período, foram instituídos a carteira de jornalista, como instrumento de identidade e do exercício efetivo da profissão; o distintivo de sócio, e um fundo de auxílio funeral. A Associação ganhou uma sede modesta no primeiro andar de um prédio da Avenida Central (atual Rio Branco), na esquina com a Rua da Assembléia. Devem-se a Dunshee os primeiros projetos da Escola de Jornalismo, reivindicação dos fundadores da ABI. Também lhe ficamos obrigados pela mudança do Estatuto corporativo. Ocupado com afazeres oficiais e particulares, Dunshee renunciou ao cargo. Fora abolicionista, estudava História e Ciência Política e dedicava-se à música. Escreveu dezenas de livros. Dele é o pensamento: "Os jornais, fato e de direito, constituem uma força preciosa, necessária e bem organizada para encaminhamento e solução dos mais sérios e importantes problemas sociais" (1911). A diretora-proprietária do Jornal do Brasil e antiga associada, Condessa Maurina Pereira Carneiro, era filha de Dunshee de Abranches. (In ABI (Associação Brasileira de Imprensa). Disponível em http://www.abi.org.br/; SIGISMUNDO, F. Os 95 anos da ABI. In Observatório Da Imprensa. Disponível em http://www.observatoriodaimprensa.com.br/).
27. ‘Lourdes’, conferencia. Rio de Janeiro: Tip. Almeida Marques, 1914. 28. ‘A Conflagração Européia e suas causas’. Rio de Janeiro: Tip. Jornal do Comércio, 1914. 29. ‘Em torno de um discurso’, entrevista. Rio de janeiro: Tip. Almjeida Marques, 1914. 30. ‘A administração da República e a obra financeira do Dr. Rodrigues Alves’. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1915. 31. ‘O A.B.C. e a Política Americana’. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1915. 32. ‘Expansão Econômica e Comércio Exterior do Brasil’. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1915. 33. ‘Brazil and a Monroe Doutrine’, memória. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1915. 34. ‘A Inglaterra e a Soberania do Brasil’. Rio de Janeiro: Tip. Almeida Marques, 1915. 35. ‘A cultura do arroz e o protecionismo político’, memória. São Paulo: 1916. 36. ‘Código Penal Militar’, projeto de lei. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1916. 37. ‘A Black-list e o Projeto Dunshee’. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1916. 38. ‘Ainda a Black-list’, carta ao Presidente da República. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1916. 39. ‘A Alemanha e a Paz’. Rio de Janeiro: Tip. Almeida Marques & Cia, 1917. 40. ‘Contra a Guerra’. Rio de Janeiro: Tip. da Rev. dos Tribunais, 1917. 41. ‘A Ilusão brasileira’. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1917. 42. “Candidaturas Presidenciais – Rui e Rodrigues Alves’. Rio de Janeiro: Tip. Da Revista dos Tribunais, 1917. 43. ‘Governos e Congressos da República – 1899-1917’. São Paulo: Tipografia Brasil, 1918. 44. ‘Garcia de Abranches, o Censor – O Maranhão de 1822’. São Paulo: Tip. Rotschild & Cia, 1922. 45. ‘Companhia Brasileira Comercial e Industrial’, relatórios. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 19231927. 46. ‘O Tratado de Versailles e os alemães no Brasil’. Rio de Janeiro: Casa Vallele, 1924. 47. ‘Minha Santa Teresinha’. Rio de Janeiro: Tip. do Jornal do Comércio, 1932. 48. ‘Dois sorrisos de Maria’. Rio de Janeiro: Tip. do Jornal do Comércio, 1932. 49. ‘A Setembrada’, romance histórico. Rio de janeiro: Tip. do Jornal do Comércio, 1933. 50. ‘Rio Branco e a Política exterior do Brasil’, obra póstuma. Rio de Janeiro: Of. Gráfica do Jornal do Brasil, 1945. 51. ‘O Golpe de Estado – Atas e atos do Governo Lucena’, obra póstuma. Rio de Janeiro: Oficina Gráfica do Jornal do Brasil, 1954. Dunshee de Abranches deixou ainda, muitas obras inéditas, algumas publicadas em jornais e revistas; traduziu ‘o Crime do Congo’, original de Conan Doyle, e o seu ‘O maior dos Brasileiros’ foi traduzido para o castelhano por Melo Carvalho (El mas distinguido de los brasileños – Imprensa Nacional, Rio, 1913); vários de seus trabalhos foram objeto de mais de uma edição. Faleceu em Petrópolis, em 11 de março de 1941, com 74 anos de idade. Oração19 Estas palavras deveriam ser pronunciadas de joelhos! Não é somente um humilde cristão, que se vem postar diante da grande Santinha, cuja intercessão fez em sua família uma cura maravilhosa e uma verdadeira ressurreição, verificados por dois médicos celebres nada crentes, e atestadas por um apóstolo ilustre da Igreja, o Padre Rubilon, evangelista dedicado da sublime doutrina da terna Flor do Carmelo em meu país. É o Brasil católico, posso dizer, o Brasil inteiro, que eu represento neste instante, porque todos os brasileiros são servos fiéis de Deus; é a minha Pátria, ela mesma que junta a sua voz a este concerto magnífico de preces que, de todos os cantos do Universo, convergem para a França, a terra predestinada dos Santos, para exaltar as graças na pequenina, mas, sem dúvida, a mais brilhante das estrelas do firmamento da Igreja. Santa Teresa de Lisieux, dizem na minha terra, é a Santa dos Brasileiros. Ela é também a padroeira bemaventurada de toda a America do Sul. No Brasil, sobre um vasto território, quinze vezes maior que a França, não há um só lugar, onde, pelas cidades e pelas aldeias, através das florestas virgens, a influencia de nossa Santinha não se tenha feito sentir por favores extraordinários. 19
(Tradução portuguesa da oração que foi proferida em francês). In MEIRELES, M. M.; FERREIRA, A. de J; VIEIRA FILHO, D. (org.). Antologia Da Academia Maranhense De Letras – 1908/1958. São Luís: Academia Maranhense de Letras, 1958, p. 124-125. (Publicação comemorativa do cinqüentenário da fundação da Academia).
Um dia, de sua diocese, situada bem longe dos centos civilizados, D. Alberto, o bispomissionário, pediu-me uma estátua da celeste Carmelita para a sua Catedral. No dia seguinte ao da chegada de seu destino, todos os alunos de uma escola protestante abandonaram o professor para se dirigir ao Catecismo. Desde este momento, a chuva de rosas não cessou de cair sobre essas longínquas regiões. A inauguração do altar da Santa foi celebrada por mais de 17.000 comunhões! No Rio de Janeiro, já possuímos a soberba Basílica de Santa Teresa do Menino Jesus, benta, o ano passado, por D. Sebastião Leme, mui justamente cognominado pelo povo – o Arcebispo da Eucaristia. Em São Paulo, outro templo monumental se levanta. E, por todos os Estados Brasileiros, vê-se sempre nas igrejas, nas capelas e nos lares dos ricos e dos pobres, ao lado do Sagrado Coração de Jesus, a imagem sorridente de sua pequenina esposa do Carmelo. Esta basílica, cuja primeira pedra hoje colocamos, será sem dúvida a cidadela invencível de todos os missionários do mundo. De suas muralhas inexpugnáveis, brancas e imaculadas como a Hóstia, partirão bem depressa, em massa, os pregadores predestinados, os novos evangelistas do Amor de Jesus! Senhores, basta de ilusões inúteis! Basta de vaidades efêmeras! Somente o Amor de Jesus, só ele, poderá realizar o supremo ideal dos povos contemporâneos - A PAZ UNIVERSAL! Santa Teresa do Menino Jesus! O Brasil, a terra de Santa Cruz, está a vossos pés! Salve! A SELVA De pé, no tombadilho, olhos fitos no espaço, Colombo, palpitante, estende o forte braço, aos capitães mostrando, ao longe, sobre a esteira dos negros vagalhões a luz de uma fogueira... Há três noites velava, há três noites sentia a esperança deixar-lhe o peito, e a fàntasia fugir-lhe já também. Rugiam os porões de fome e de cansaço... e ocas conspirações iam lentas mudando a bruta marinhagem o amor do comandante em amor à carnagem. Há três luas partira a frota de Castela; e em cada uma lufada a enfunar a vela em toda a aurora nova, em todo o novo ocaso, mais a pátria fugia, e mais e mais o acaso, impávido matava as velhas tradições, mostrando a cada instante aos crentes corações que o Caos inda era a luz, que o Abismo inda era o mar! Jamais se vira um monstro, um só, se levantar por sobre os vagalhões, grandíloquo, medonho, como a Grécia sentiu nesse homérico sonho que os templos levantou e fez as Odisséias.
O VIOLINO DO ARTISTA Só lhe restava o mágico violino nessa vida de eterno sofrimento; único amigo, um outro peregrino na rota desgraçada do talento. Como sentia o mísero instrumento, nessa alma rude, um lenho pequenino, que tinha em mãos do dono um sentimento que era "mais do que humano, era divino!" E juntos iam no fulgor das cenas confundir num adágio as suas penas, irmãos na glória, gêmeos no tormento!... Mas morto um dia o artista, gente absurda quis tocá-lo... mas ah! tinha a alma surda... já não sentia o mísero instrumento!...
JOSUÉ DE SOUZA MONTELLO - PATRONO
21 de agosto de 1917 / 15 de março de 2006 Senhor Presidente da Academia Ludovicense de Letras20, Senhoras e Senhores Acadêmicos, Este é um ato de brilho e simbolismo, pois se repetirá em cada mês nesta Casa das Letras, com ou sem a presença dos sinais honoríficos, tendo em vista que honorífico é e será sempre o elogiado. Não de trata apenas de um espaço de Memória, onde se expõe o elogio ao patrono da cadeira ocupada. As palavras aqui pronunciadas e o sentimento aqui expresso ficam inscritos e creditados nos anais da Academia. Elogiar Josué Montello é praticar um ato com efeito de prazer e infinita alegria. Procurarei honrar esta missão e cumpri-la é uma grande satisfação. Minhas palavras são muito pobres, diante da riqueza e iluminação que é o nome de Josué Montello e sua trajetória literária, neste país, pelas qualidades de caráter, seu estilo de vida e sua inteligência, como personalidade marcante na literatura brasileira, distinguindo-se no território nacional e no estrangeiro. Difícil é muito mais elogiar um homem que, como Leonardo Da Vinci, foi tão eclético como jornalista, professor, romancista, cronista, ensaísta, orador, teatrólogo e memorialista. Sinto-me gratificado em traçar o perfil desse lídimo representante da literatura brasileira, especialmente maranhense, nascido com a certeza de quem foi e sempre será iluminado pelas e para as letras, com suas obras evocativas dos mais simples, dos mais singelos personagens e seus escritos construídos sob uma beleza formal. Josué Montello não foi Aristófanes nem nasceu em Atenas em 445 a.C. Foi maranhense, nascido em São Luis. Sua vida foi cheia de retidão, sua obra demonstrou a formação requintadas que teve. Sua mania de conservador não lhe impediu de revelar a hostilidade que tinha às coisas irreais, embora seus romances agradassem a todos que os liam. Mesmo conservador defendeu os valores democráticos a sua maneira, os desmandos da corrupção de seu tempo, era sofisticado e gostava da convivência com políticos, filósofos, escritores famosos e cientistas – enfim, os ricos. Josué Montello exerceu as atividades de professor desde os 18 anos, tendo como companheiros do trabalho no ensino particular Durval Paraíso e Bernardo Silva ensinando línguas como Português, Francês, Inglês, além de Literatura, Geografia e História da Civilização, mas desde muito cedo já era consciente de que a atividade intelectual era sua grande vocação. O notável romancista “não tardaria a encontrar na prosa (ficção, ensaio, crônica, oratória) o caminho de sua verdadeira e consagrada realização literária, naqueles tempos que ainda sonhava com a poesia”. “Mesmo romancista, José Montello compôs tantas várias poesias que poderiam ser reunidas em um livro se fossem publicadas.” Morou em Belém do Pará, onde teve ativa vida literária, apesar de bastante novo que era. Na capital paraense, colaborou em vários jornais e revistas. Fez o curso primário na Escola Modelo Benedito Leite e curso secundário no Liceu Maranhense, destacando-se como primeiro aluno de sua turma. Colaborou nos principais jornais maranhenses, notadamente, A Tribuna, a Folha do Povo e O Imparcial. Transferindo-se para o Rio de Janeiro, logo Integrou o grupo intelectual que fundou, o Dom Casmurro, colaborando assiduamente com esse semanário literário. Assinou os suplementos dominicais de A Manhã, O Jornal, O Correio da Manhã, o Diário de Notícias e o Jornal do Comércio. Tornou-se colaborador permanente do Jornal do Brasil, no qual manteve uma coluna semanal até 1990, e das publicações da Empresa Bloch, sobretudo na revista Manchete. 20
ARAUJO, Aldy Mello de. ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA 32 DA ALL. Pronunciamento feito dia 22 de fevereiro de 2014.
Seu estilo como o de tantos outros escritores de seu tempo era sofisticado, preciosista e, às vezes, pedante. Embora não tenha trazido em suas obras um determinismo vidente como Euclides da Cunha, soube muito bem descrever a saga do negro brasileiro, suas lutas pela sobrevivência e seus dramas. Josué é dono de uma linguagem rebuscada, muito humor, com fortes figuras de linguagem e sabedoria com identidades, em maior parte das vezes regionais. Em toda a sua obra ele dedica referências especiais a São Luis. Josué Montello é um romancista clássico que nasceu na época de Balzac. Clássico na linguagem narrativa, deixando-se guiar, como Guimarães Rosa, pelos imperativos da memória involuntária e sentimental, disse Wilson Martins. Como romancista que foi, ele teve a oportunidade de dizer o que realmente é um romance. Disse ele: “não obstante a sua condição de gênero popular ou por isso mesmo, vai muito além do simples escopo de lazer ou passatempo, é, sobretudo, espelho da vida, como testemunha ou denúncia na sua tentativa para penetrar no mistério da própria vida do ser humano.” Veio de suas atitudes literárias aquilo que a história chamou de Saga Maranhense, que consistia nos livros que se situavam em Alcântara e São Luis, onde nasceu o romancista. Foi de Josué a seguinte frase: “As memórias nada mais são do que aquilo que nos restou de nossos esquecimentos.” Sentia muito bem a cidade onde nascera. O texto é de Josué: “Agora, quando as noites se fechavam, estilhaçando-se em estrelas por cima da cidade adormecida, ouvia-se o som compassado dos zabumbas, das matracas e dos maracás, madrugada a dentro, por cima do baticum ritual dos tambores da Casa das Minas. Vinham de vários pontos da Ilha, sobretudo da Maioba, do Turu, de Vinhais, do Anil e do Matadouro, e não se limitava à percussão dos instrumentos, porque trazia consigo a toada dos cantadores, nos ensaios do bumba meu boi .”
Essa era uma das maneiras originais de Josué Montello sentir a cidade onde nasceu – através de seus tambores. Josué, como bom maranhense, soube muito bem falar de São Luis, sua terra, destacando seus movimentos políticos e religiosos, suas conquistas através do tempo, e o mais importante a forma simples de viver dos ludovicenses com sua vocação lúdica. São Luis para o famoso romancista era um território livre com seus ventos embalados nos sons dos tambores trazidos pelos bois de São José de Ribamar, da Maioba, do Maracanã ou da Fé em Deus. Tudo lembrava os negros e suas lutas em busca da liberdade. A Casa de Cultura Josué Montello, instalada na Rua das Hortas, 327, em São Luis, órgão da Secretaria de Cultura do Estado, criada por lei estadual e agora com 31 anos de existência, possui uma importante biblioteca sobre o romancista e suas obras constituindo-se o melhor de pesquisas e consultas sobre o escritor. Josué Montello faz uma narrativa tão romântica, como lhe é peculiar, ao Jornal Pequeno, lá no chamado Canto Pequeno onde se falava muito da vida alheia, através das rodas de vadios, com o diz o autor. Diz ainda Josué Montello que deve ter sido o Canto Pequeno que inspirou Ribamar Bogéa a criar o seu jornal e chamá-lo de Jornal Pequeno. A Rua Formosa ou Rua Afonso Pena é tradicional e lá também morou por muito tempo o escritor João Mohana, residindo num antigo sobrado até hoje ocupado pela sua família. Diz ainda o escritor que o Canto Pequeno era um local onde mais se dava apelidos aos governantes da época. Em um de seus livros, que teve Paris como cenário, Josué Montello fala do “pipilar dos pardais” no Bulevar Saint Germain, comparando-os aos bem-te-vis de São Luis. Para o autor, eram os mesmos bemte-vis que cantam em 11 romances da sua obra. Ouvir os bem-te-vis da sua terra natal era uma forma de valorizar as lembranças, sempre que a saudade surgia, aguçando as recordações da ilha onde nasceu- São Luis do Maranhão. Sabia receber elogios e não deixava também de galantear famosos e importantes vultos das letras brasileiras. Sobre Machado de Assis disse Josué Montello:
“Ao longo das crônicas com que acompanhou a vida política, a vida social, a vida cultural do país, comentando, discutindo confrontando, sempre fugindo à controvérsia e à polêmica, Machado de Assis soube ser a seu modo o espelho da vida brasileira, a que não faltou a reflexão sobre a política internacional.”
Também deu suas impressões sobre o poeta francês: “Victor Hugo não se limitou a escrever poemas eloquentes, em que o verso dá a impressão de sugerir a gesticulação do tribuno – escreveu também poemas para serem ditos em voz baixa, próprios para as confidências e a meditação.” Sobre Gentil Homem de Almeida Braga, o nosso Gentil Braga, escreveu: “O mais de sua atividade, no plano intelectual, restringe-se a estas três inclinações: o jornalismo, a tradução e a poesia. Teve vida curta, como quase todos os poetas românticos. Nascido em São Luis, em 1835, tinha pouco mais de 40 anos quando faleceu, também em São Luis”. Quando se refere ao Prêmio Nobel de Literatura, Josué deixa transparecer certo ressentimento, talvez, por não o ter recebido, ficando claras suas posições sobre a Academia Sueca, referindo-se aos critérios usados: “Assim como ocorre o critério ético, ocorre também o critério social e político, com o reconhecimento de que o prêmio recomenda a obra”. Josué Montello é dono de uma produção literária diversificada. Em seus 120 livros ele foi o mesmo no conto, na novela e no romance, aqui onde se concentra o apogeu de obra literária. Sua fama igualmente se estende aos ensaios e na crítica, deixando ao mundo uma biografia literária de alto quilate. Josué tem um caminho luminoso e suas obras expandem luzes que não deixarão a escuridão dominar a mente e os corações daqueles que leem suas ideias. Do romance ao teatro, do artigo jornalístico ao ensaio histórico, é dono de uma prosa elegante. Tem uma formação intelectual sólida, o que é observado em toda a sua obra. Segundo o crítico Wilson Martins, a obra de Josué Montello está na linha de Machado de Assis e Eça de Queiroz, expoentes da literatura brasileira e portuguesa. Janelas Fechadas foi o romance de estreia de Josué Montello, publicado em 1941. Esse romance de ficção da época, onde a trama narrada pelo autor demonstrava um ambiente tranquilo e sossegado como bem diz a crítica, não agradou o autor, por isso não foi reeditado. Mas nele já se notava “o poder evocativo de uma das mais límpidas e harmoniosas prosas da língua portuguesa.”. Em 1948, Josué lançava a Luz da Estrela Morta utilizando-se de um velho relógio de pêndulo, objeto que acompanhou a vida de várias gerações e teve expressivo significado na vida de seu personagem – o Eduardo. É esse homem que reage aos acontecimentos do tempo. Escritor, romancista renomado no Brasil e no exterior, o homem público Josué Montello exerceu vários cargos públicos, participou de colegiados nacionais e foi agraciado, ainda em vida, por inúmeros órgãos, entidades e governos. Dos cargos exercidos, destacamos: Inspetor Federal do Ensino Comercial, no Rio de Janeiro, em1937; Diretor Geral da Biblioteca Nacional, em 1947; Secretário Geral do Estado do Maranhão, em 1946 - na intervenção de Saturnino Belo; Subchefe da Casa Civil da Presidência da República,em 1956 ; Diretor Geral do Museu Histórico Nacional; Presidente do Conselho Federal de Cultura , de 1967 a 1968; Conselheiro Cultural da Embaixada do Brasil em Paris, de 1969 a 1970; Embaixador do Brasil junto à UNESCO, de 1985 a 1989; Presidente da Academia Brasileira de Letras, de 1994 a 1995. Em Labirinto de Espelhos, publicado em 1952, seus personagens eram uma viúva rica e seus herdeiros, no Maranhão, esperando um testamento. Marta, a viúva, via-se cercada de herdeiros interesseiros, que aguardam sua morte. Dessa situação, a viúva tem plena consciência do caráter de todos e sabia que todos os herdeiros estavam interessados em sua fortuna. A Décima Noite foi seu livro publicado em 1959. Este romance fala do amor. Conta a história de Abelardo que, regressando a São Luis, pretende adquirir a casa onde outrora residiam seus pais.
Apaixonou-se pela filha do novo dono da casa, pois via nela a imagem de sua já falecida mãe. Casados, sem que a esposa apoiasse seu desejo obsessivo, passou a lutar pela anulação do casamento por considerar ter sido a esposa a mulher errada, apegando-se às normas do Código Civil. São Luís é o cenário de seu novo livro – Os degraus do Paraíso. Este livro trata de uma crítica feita ao fanatismo e puritanismo religioso, onde Josué, narrando uma epidemia da gripe espanhola, fala da morte física e espiritual. Esse romance trata em demasia da morte, quando quase todos os personagens Ernesto, Cristina, Cipriana e Dr. Luna morrem. Como dizem os críticos, não há efetivamente degraus para se chegar ao paraíso. Existe, sim, um meio: a morte, o único passaporte para se subir os degraus do paraíso e se chegar à felicidade eterna. Em uma de suas frases Josué chegou a dizer: ”A morte não é a tortura final; é a grande anistia.”. Em 1971, foi publicado uma das mais importantes obras de Josué Montello: O Cais da Sagração. Essa obra retrata bem a vida do porto de São Luis e mostra como viviam, no litoral nordestino, especialmente em São Luis, os barqueiros. Seu personagem principal é Severino, um barqueiro desenganado pelo médico de coração e que representa a vida levada pelos barqueiros e como lidam com seus sonhos, seus amores, seus ódios e suas vinganças, como bem analisa o acadêmico Eduardo Portela. É um romance de lirismo. Os Tambores de São Luis encarna a tragédia libertadora da negritude brasileira, tendo sido editado em 1975, quatro anos após o sucesso de Cais da Sagração. Josué Montello foi um novelista universal para Tristão de Athayde. Foi o melhor romance do autor e o mais completo. Josué Montello tinha uma excepcional qualidade de escritor. A penetração desse romance no social com uma abordagem literária incomum, fez dessa obra a mais cientifica de suas obras. Ele é o romance da servidão como afirmam vários críticos. Para os franceses, era Les tambours noirs, publicado pela editora Flammarion, em Paris. Josué foi ainda: Membro do Conselho do Patrimônio Histórico; Membro da Comissão Diretora da Biblioteca do Exército Membro do Conselho Federal de Educação, Membro do Conselho Federal de Cultura, Membro efetivo da Academia Brasileira de Letras; Membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; Membro da Academia Maranhense de Letras; Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro da Academia Internacional da Cultura Portuguesa; Membro da Sociedade de Geografia de Lisboa; Membro da Academia das Ciências de Lisboa; Membro da Academia Portuguesa de História; Catedrático Honorário da Universidade Nacional Maior de São Marcos (Lima, Peru); Sócio benemérito da União Brasileira de Escritores; Membro honorário da Academia Pernambucana de Letras; Membro da Academia Venezuelana de Letras; Membro da Academia Espanhola de História; Sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Uruguai. Em 1978, Josué publicou Noite sobre Alcântara. Com a abolição da escravatura e a proclamação da república brasileira, Alcântara que era um centro da aristocracia maranhense entrou em declínio e tornouse quase morta. O romance dá-se em Alcântara, e Josué expressa a sua noção de decadência, explicando como Alcântara é conduzida ao seu atraso social e econômico. É uma produção romanesca de Josué que fixa seu verdadeiro pensamento social. Na sua Coroa de Areia expõe com muito humanismo a rebeldia maranhense e a revolução brasileira como disse Franklin de Oliveira. Foi assim que o próprio Josué se manifestou nessa obra: “Com as revoltas, as perplexidades e os anseios de minha geração, furtei vidas e associei destinos, procurando espelhar uma época de confrontos de que fui testemunha.” Para ele, João Maurício, que é seu personagem principal no livro, era maranhense e estudante de Direito no Rio de Janeiro. Enfrentou a Polícia Militar
nas passeatas políticas e pegou armas em 1922, 1924 e 1930, participando de movimentos revolucionários. Quando foi indicado para dirigir uma luta armada no Maranhão, em 1935, recusou. Era de uma geração que lutava contra o poder, mas não estava preparada para assumi-lo. Diz o escritor Wilson Martins que Coroa de Areia é um exemplo soberbo da obra de Josué que não abdicou de sua condição romanesca. A obra não cientificou os aspectos de criação linguística e artística Mas Josué Montello resolve entrar no ramo policial com seu livro O Silêncio da Confissão, publicado em 1980, narrando a intriga que leva ao fim o relacionamento entre Madalena e Benício. Fala ainda do amor que existe entre os dois, narrando os encantos e desencantos que ocorrem no Rio de Janeiro, em pleno regime militar, na década de 60. Benício era da direita, fiel aos princípios da doutrina que levou à caça aos comunistas. Josué Montello continua com seus personagens simples e de vida comum, fazendo de seus romances um grande passa tempo. Em 1981, lança O Largo do Desterro. Nesse romance, ele conta a história do major Ramiro Tobarda que conhecera D. João VI e Getúlio Vargas. Trata-se de um livro divertido e reflexivo. O tema idade é abordado, pois o autor expõe seus personagens vivendo a evolução dos tempos. O Major Ramiro andou de carruagem, de automóvel e viveu a evolução dos tempos dos vestidos fechados ao biquíni. Em 1982, Josué publicou seu novo livro chamado Aleluia, onde conta a história de um discípulo que acompanha Cristo, vendo nesse gesto o agradecimento pelos milagres do Mestre. O livro tem a forma de um monólogo. Retrata essa obra um verdadeiro mito cristão na literatura, pela primeira vez abordada por um romancista brasileiro. Outros escritores abordaram esse tema como Fernando Sabino, em 1994, e Armando Avena em 2002. Pedra Viva é um romance publicado em 1983. Aqui Josué Montello aborda a paixão e a aventura. O autor concilia nessa obra o romance moderno com o romance tradicional, utilizando os recursos dos dois. É uma obra de narrativa poética que leva o leitor a refletir sobre a vida, o amor, a velhice e a morte. Em 1984, Josué Montello publicou o livro Uma Varanda sobre o Silêncio que igualmente trata do amor, mais o amor materno. É uma triste história que leva a mãe, no caso Luciana, a procurar o filho desaparecido, esbarrando nos mistérios do terrorismo no Brasil e nas ações praticadas pelo próprio governo. É uma história comovente de busca e espera do filho Mário Júlio, escrita sob o mérito melodramático usado pelo autor. Josué lança um novo livro, em 1985, Perto da Meia-Noite. Relata nesse livro suas aventuras de colégio. Dando vida a sua Saga Maranhense, volta São Luis, precisamente ao Liceu Maranhense, para viver seu encontro e falar da convivência com Glorinha, que parece ter sido sua namorada de juventude, seu personagem imaginário. Apresentando o livro, é ele mesmo quem diz “... assim como há pessoas de nosso convívio, há também personagens. Fazem parte de nosso mundo, como algo de familiar na sua frequência e na usa intimidade.” Josué Montello é um homem premiado. Recebeu inúmeros prêmios de destaque no Brasil e no exterior: Prêmio “Sílvio Romero” de Crítica e História, da Academia Brasileira de Letras, Prêmio “Artur Azevedo” de Teatro, da Academia Brasileira de Letras, Prêmio “Coelho Neto” de Romance, da Academia Brasileira de Letras Prêmio “Paula Brito” de Romance, da Prefeitura do Distrito Federal, Prêmio “Fernando Chinaglia” de Romance, da União Brasileira de Escritores, Prêmio “Intelectual do Ano”, da União Brasileira de Escritores e da Folha de S. Paulo, Prêmio de Romance da Fundação Cultural de Brasília, Prêmio de Romance da Associação Paulista de Críticos de Arte, Prêmio Nacional de Romance do Instituto Nacional do Livro, Prêmio “Personagem Literária do Ano 1982”- da Câmara Brasileira do Livro, de São Paulo, Prêmio Brasília de Literatura para conjunto de obra, da Fundação Cultural do Distrito Federal, Grande Prêmio da Academia Francesa, Prêmio Guimarães Rosa, de prosa, do Ministério da Cultura, Prêmio Oliveira Martins, da União Brasileira de Escritores,
Prêmio Ivan Lins (Ensaio) da Academia Carioca de Letras Antes que os Pássaros acordem foi o próximo livro do autor, em 1986. Josué, pela sua obra, colocase no primeiro plano dos grandes romancistas brasileiros, chegando a ser universal, quando propicia uma reflexão sobre certas angústias e perplexidades do tempo atual em se tratando dos valores universais. Em a Última Convidada, em 1989, Montello conta a história de um triângulo amoroso: Patrícia, Rodrigo e Simone. Fala de obsessão e amor, Rodrigo casa-se com Patrícia, mas mantém um caso de amor com Simone. Após vinte anos, Simone e Patrícia se encontram quando aquela comemora 40 anos. Ela, a Simone, não foi convidada, pelo que se queixa. É uma história também de remorsos. Era 1989, quando Josué Montello lançou mais um romance, desta vez Um Beiral para os Bem - te vis. Nesse livro Josué narra a história de uma jovem que vai de um lugar a outro da mesma cidade, nua e à noite, na garupa de uma moto. Lendo a obra, sabe-se que Josué fala das relações com a família da jovem onde, depois do fato, muita coisa volta ao passado de harmonia, assim como os bem-te-vis voltam ao beiral, quando passa o mal tempo. No estilo de Ágata Christie, Josué publica O Camarote Vazio, em 1990. Aqui Montello torna-se um romancista do suspense. Narra a história de um homem que vai a Santos, em São Paulo, para receber uma herança de família (joias preciosas), de sua parenta. Retornando-se, ele e as joias desaparecem, mas o camarote permanece intacto. O episódio acontece na véspera do Carnaval. Em 1992, Josué Montello publicou o livro O Baile da Despedida, onde expõe uma verdade histórica que se soma a sua imaginação romanesca como dizem os críticos. O Baile da Ilha Fiscal acontecia enquanto se preparava a proclamação da república brasileira. A monarquia nem imaginava que aquela era a última oportunidade para se despedir do poder. Muitas foram as medalhas e condecorações que Josué Montello recebeu pelas suas obras: 12 condecorações de Grande Oficial de Ordens; 7 Grã Cruz de Ordens; 4 títulos de Comendador; 13 medalhas de Mérito e 8 diplomas de reconhecimento. Destacamos: Grande Oficial da Ordem Militar da Espada e de Portugal; Grande Oficial da Ordem do Infante Dom Henrique, de Portugal; Grã-Cruz da Ordem Andrés Bello, da Venezuela; Grã-Cruz da Ordem do Infante Dom Henrique, de Portugal; Grã-Cruz da Ordem do Mérito de Brasília; Oficial da Ordem Nacional da Legião de Honra da República Francesa; Comendador da Ordem do Mérito Naval, do Brasil; Comendador da Ordem do Mérito Grão Pará; Comendador da Ordem do Congresso Nacional; Comendador da Ordem “Al Mérito por Servicios Distinguidos”, Peru; Medalha da Imperatriz Leopoldina do Instituto Histórico de São Paulo; Medalha Marechal Hermes, do Ministério da Justiça; Medalha Anchieta, do Distrito Federal; Medalha Companheiros da Aliança, do Ministério das Relações Exteriores; Medalha Timbira, do Estado do Maranhão; Medalha do Mérito Cultural Acadêmico Austregésilo de Athayde da Academia de Letras e Artes Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Maranhão. Janela de Mirante foi o livro lançado por Josué Montello em 1993. Aqui o romancista reúne um conjunto de crônicas sobre o Maranhão, resultado do seu trabalho jornalístico. No prefácio de seu próprio livro Josué Montello fala da importância de São Luis: “O que sou, como romancista, como escritor, eu devo à minha terra. Ao meu torrão. À minha cidade... Quem não dispõe de uma província, no íntimo de seu ser, para associá-la às mais puras recordações da infância e da juventude, não pode entender a Canção do Exílio...”. Em 1997, Josué Montello publicou mais um livro A Condição Literária, com o selo do UNICEUMA. Nessa obra ele fala de figuras, fatos e figurões que foram importantes na literatura brasileira. Fala de
Machado de Assis, de Anatole France, de Monteiro Lobato, de Camilo Castelo Branco e outros figurões da literatura brasileira e internacional. Fala ainda das vicissitudes e grandezas do Prêmio Nobel de Literatura e do esplendor e decadências dos prêmios literários. Em síntese, as obras de Josué Montello. ROMANCES – 25: Janelas fechadas; A luz da estrela morta; Labirinto de espelhos; A décima noite; Os degraus do paraíso; Cais da sagração; Os tambores de São Luís; Noite sobre Alcântara; A coroa de areia; O silêncio da confissão; Largo do desterro; Aleluia; Pedra viva; Uma varanda sobre o silêncio; Perto da meia-noite; Antes que os pássaros acordem; A última convidada; Um beiral para os bem-te-vis; O camarote vazio; O baile da despedida; A viagem sem regresso; Uma sombra na parede; A mulher proibida. In Romances escolhidos; Enquanto o tempo não passa. ENSAIOS -27: Gonçalves Dias; Histórias da vida literária; O Hamlet de Antônio Nobre; Cervantes e o moinho de vento; Viagem ao mundo do Dom Quixote; Fontes tradicionais de Antônio Nobre; Ricardo Palma, (clássico da América); Artur Azevedo e a arte do conto; Estampas literárias; A oratória atual do Brasil; Caminho da fonte; O presidente Machado de Assis; Santos de casa; Uma palavra depois de outra; Un maître oublié de Stendhal; Estante giratória; A cultura brasileira; Os caminhos; Lanterna vermelha; Alcântara; Janela de mirante; O modernismo na Academia; O tempo devolvido; Fachada de azulejos; Condição literária; Memórias póstumas de Machado de Assis. HISTÓRIA - 4: História dos homens de nossa história; Os holandeses no maranhão; História da Independência do Brasil. Introdução, planejamento e direção geral, 4 vols; Pedro I e a Independência do Brasil à luz da correspondência epistolar. HISTÓRIA LITERÁRIA -5: Pequeno anedotário da Academia Brasileira. (Anedotário dos fundadores); Na Casa dos 40; Anedotário geral da Academia Brasileira; Aluísio Azevedo e a polêmica d'O Mulato; A polêmica de Tobias Barreto com os padres do Maranhão. NOVELAS -6: O fio da meada; Duas vezes perdida; Numa véspera de Natal; Uma tarde, outra tarde, seguida de um rosto de menina; A indesejada aposentaria; Glorinha. TEATRO – 9: Precisa-se de um anjo; Escola da saudade; O verdugo; A miragem; Através do olho mágico; O anel que tu me deste; A baronesa; Alegoria das três capitais; Um apartamento no céu. LITERATURA INFANTO-JUVENIL -8: O tesouro de Dom José; As aventuras do Calunga; A viagem fantástica; Conversa do Tio Juca (1947-48); A cabeça de ouro (1949); As três carruagens e outras histórias; Fofão, Antena e o Vira-Lata inteligente; O carrasco que era santo. Josué de Sousa Montello foi reitor da Universidade Federal do Maranhão, no período de 1972 a 1973 na qualidade de Reitor Pro-Tempore. Sua gestão deu-se em pleno regime militar, com a indicação do Ministro da Educação Jarbas Passarinho de quem Josué era grande amigo. Dentre as suas ações, destacam-se a aquisição de dois importantes prédios históricos de São Luis – o Palácio Cristo Rei e o Palacete Gentil Braga, na Rua Grande. Durante sua administração, Josué não esqueceu a Saga Maranhense. Foi ele mesmo que disse: “Na minha obstinação de ser útil à minha terra, cheguei a pensar em fazer da Praia Grande, em São Luis, o campus da Universidade Federal do Maranhão, levando em conta a magnífica localização do seu conjunto arquitetônico, quase todo de importantes sobradões de azulejos.” Josué Montello foi o quarto ocupante da Cadeira nº 29, eleito em 4 de novembro de 1954, na sucessão de Cláudio de Sousa e recebido em 4 de junho de 1955 pelo Acadêmico Viriato Corrêa, chegando a ser presidente dessa Academia em substituição a Austregésilo de Athayde, em 1993, assumindo a posição de decano. Recebeu os Acadêmicos Cândido Mota Filho, Evaristo de Moraes Filho, José Sarney, José Guilherme Merquior, Evandro Lins e Silva e Roberto Marinho. Josué fez de seus discursos acadêmicos verdadeiras obras literárias. São todos eles dotados de um traço comum: a elegância da frase, o estilo ameno, as citações eruditas. Às vezes respinga ironias e anedotas, mas sempre tendo em mente a importância da alocução para a história da academia e do acadêmico. Na recepção de José Sarney ressaltou o orgulho de receber o conterrâneo e fez uma primorosa comparação entre as atividades políticas
e literárias do novo acadêmico, mostrando acima de tudo a identidade de atuação e de pensamento. Seu estilo de discursar é sempre castiço e com leves ironias. Senhor Presidente, senhoras e senhores acadêmicos, O elogio a Josué de Sousa Montello, patrono da 32ª cadeira dessa neo Academia Ludovicense de Letras, não termina aqui. Sua glória e sua fama estão incorporadas à vida intelectual dos brasileiros e dos maranhenses. Josué Montello é galardoado pelo mais famoso processo literário nacional e dono de uma consagração literária infinita. Mas aqui fico repetindo o que disse Machado de Assis: “Está morto: podemos elogiá-lo à vontade.”. Muito Obrigado! Textos Escolhidos21 A FUNDAÇÃO DA ACADEMIA A idéia da criação de uma Academia de Letras no Brasil, nos moldes da Academia Francesa, não teve a inspirá-la o espírito de iniciativa daquele que seria, como seu primeiro presidente, o principal responsável pela sobrevivência e pelo prestígio do novo instituto. Com efeito, não se pode incluir Machado de Assis entre os idealizadores da Academia. Este papel cabe, em épocas diferentes, a Medeiros e Albuquerque e a Lúcio de Mendonça. Entretanto, pode-se afirmar, com segurança, que, sem a figura de Machado de Assis, a idéia não se teria concretizado. As origens da Academia Francesa, no dizer de Voltaire, não foram de ordem intelectual e sim de ordem cordial, como um círculo de bons amigos. Os requisitos de ordem intelectual vieram depois, no aprimoramento gradativo da corporação, sem que esta perdesse, no entanto, na escolha de seus novos membros, o sentido da cordialidade que inspirou a formação do pequeno cenáculo em casa de Valentin Conrart. Nossa Academia, bem examinada nas suas origens, constituiu-se também sob a inspiração da afinidade de sentimentos. Não constituíra exagero afirmar que sob certos aspectos, no que concerne às suas raízes, ela decorre mais da geração boêmia que fez a Abolição do que do grupo de altos espíritos que moldou a consolidação legislativa de seus estatutos. Graça Aranha, testemunha do nascimento da Academia, disse que ela, "oriunda de um pacto entre espíritos amigos, hauriu nesta inspiração original a força intrínseca de que se mantém, e se vai transmitindo às gerações que se sucedem". Ao contrário do que ocorre na Academia Francesa, sempre pendente de algumas vontades firmes que orientam as deliberações do instituto, nossa Academia habituou-se a prescindir dessas vontades individuais, que não se compaginam com as tradições da Casa. Há ali quarenta companheiros, comumente identificados no gosto das boas letras, sem chefes de grupos nem líderes evidentes. Ninguém comandou jamais, de modo ostensivo e pessoal, os destinos da Academia Brasileira. Não houve um tempo em que, na Academia Francesa o gênio de d'Alembert, assistido por Madame de Lespinasse, exerceu influência tirânica sobre os companheiros? E Voltaire, com toda a universalidade de seu gênio, não se viu compelido a abrigarse sob a proteção de Madame de Pompadour, para eleger-se acadêmico? E não é verdade, ainda, que, desde os tempos de Richelieu, só se pode ser acadêmico, na França, andando em boas graças oficiais? Não foi assim com La Fontaine? Não foi assim com Chateaubriand? E não foi assim, ainda recentemente, com Paul Morand, cuja condição de antigo colaboracionista lhe cerrou por largo tempo a porta da Academia? A Academia Brasileira, nesse, e ainda em outros pontos, divergiu de seu figurino, a começar pela autonomia das deliberações do instituto. Só uma influência decisiva se observa no curso de sua evolução: a de Machado de Assis. Influência habilíssima, mais sugestão que ordem, menos determinação que alvitre. Depois dele, ninguém mais desempenhou esse papel de líder, a não ser, de relance, um de seus herdeiros diretos no plano da vida acadêmica: Mário de Alencar. Na fase inicial da Academia, a geração boêmia plasmou a amizade que uniu a maior parte dos companheiros. Coelho Neto, Bilac, Araripe Júnior, Patrocínio, Murat, Valentim Magalhães, Aluísio e Artur Azevedo, Guimarães Passos, 21
http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=787&sid=284
Raimundo Correia, Alberto de Oliveira, Medeiros e Albuquerque, Pedro Rabelo e Filinto de Almeida pertenceram à plêiade de espíritos desprendidos e joviais que a afeição aproximou, antes da identificação definitiva na cordialidade da Academia. Machado de Assis, José Veríssimo, Joaquim Nabuco, Lúcio de Mendonça, Rodrigo Otávio e Inglês de Sousa - para lembrar apenas os que mais se destacaram em realizar o pensamento comum - trouxeram à idéia da corporação literária a porção de austeridade e a constância de propósitos com que se consolidam as instituições de sua espécie. Mesmo no caso deste grupo, foi a amizade que uniu e identificou seus componentes, no período que imediatamente precede a criação da Academia. Basta lembrar a importância, para essa criação, dos jantares promovidos pela Revista Brasileira, ao tempo em que José Veríssimo a dirigiu. (O presidente Machado de Assis, 1961. 2ª ed., 1986.) RICARDO PALMA Em 1953, quando nos coube a honra de inaugurar, na mais antiga Universidade do Continente, a cátedra de Estudos Brasileiros, criada na Universidade Nacional Mayor de San Marcos, em Lima, por iniciativa do Itamaraty, achamos de bom alvitre eleger, para tema de nosso primeiro contato com a juventude peruana, assunto que interessasse às duas culturas, no altiplano da especulação literária. Daí se originou, com alguma novidade de observações críticas, naturalmente oriundas da originalidade do cotejo, um paralelo entre os dois vultos representativos das literaturas peruana e brasileira, no último quartel do século XIX e no primeiro deste século: Ricardo Palma e Machado de Assis. Não obstante a dessemelhança de processos de composição literária, que fizera de um deles a memória de seus próprios desencantos e do outro a memória de seu povo através de recursos expressionais também diversos - o romance e a tradição - o certo é que, ao longo de análise meticulosa, nos foi possível surpreender, em Machado e Palma, certas zonas comuns, que valiam como traços de identidade, ao lado de contrastes significativos, que auxiliavam, pelo cuidado do confronto, a compreensão das duas figuras. Embora as semelhanças então apontadas não chegassem à região perigosa das coincidências excessivas, não se esmaecia a curiosidade de sua verificação: antes se acentuava flagrantemente, em face do reparo de que é possível conciliar, no encontro fortuito dos textos literários, as vertentes opostas ou contrastantes. Nenhum escritor mais original e mais impregnado de influências marginais do que Machado de Assis, na literatura brasileira. Nenhum escritor mais pessoal e mais embebido de influxos laterais do que Ricardo Palma, na literatura peruana. E ambos alcançaram, na maestria comum do riso leve, a nomeada perdurável que os projeta como eminências indiscutíveis no mundo opulento das literaturas em que se dissociou, pela diversidade da língua, o patrimônio medieval e renascentista da cultura peninsular. A suspensão de que tanto em Machado de Assis como em Ricardo Palma ocorrera o encontro sedutor de iguais matrizes, orientou-nos no sentido de buscar, no estudo atento da obra do tradicionista, aqueles vestígios já denunciados na obra do romancista de Dom Casmurro e que fazem do nosso principal escritor o rebento brasileiro da família espiritual européia a qual pertencem Sterne e Xavier de Maistre. Por outro lado ainda está por empreender-se, com abundância de documentos e agudeza de critérios, a exemplo do que iniciou Silvio Júlio com Reações na literatura brasileira; o estudo capaz de denunciar, através de cortes horizontais no tempo, os pontos de aproximação ou afastamento entre a literatura brasileira e as literaturas hispanoamericanas. À luz desse estudo, ser-nos-á permitido evidenciar, com a teoria de nossos mais expressivos valores literários, ignoradas afinidades continentais. E haverá certamente de concluir-se que, se a língua e a distância nos separam, muitas vezes o acaso, mais expedito que os homens, retifica o espaço e supera as fronteiras do idioma, com o milagre das identificações surpreendentes. Na moldura cronológica do mesmo século, enquanto Gregório de Matos, no Brasil colonial, vergastava costumes com o látego metrificado de suas sátiras - outro poeta de índole congênere, no Peru colonial, o temível Caviedes, desferia idênticas chibatadas, para concluir seu destino exatamente à feição do que acontecera com o nosso Boca do Inferno: de joelhos, diante do Crucificado. No Gonçalves Dias compungido de Ainda uma vez adeus, Luiz Benjamin Cisneros, grande poeta peruano da última geração romântica, encontrou o modelo de um de seus mais belos poemas. E um filho do poeta, Luiz Fernan Cisneros, notável figura de escritor e diplomata recentemente desaparecida, traduziu para o castelhano, com o domínio do verso e dos mistérios da língua portuguesa, alguns sonetos essenciais de Olavo Bilac.
Em 9 Poetas Nuevos del Brazil, Enrique Bustamante y Ballivian transplantou para Lima, na fase em que o nosso modernismo já ultrapassará o período eminentemente demolidor de 1922, os poemas de maior significação na obra de Guilherme de Almeida, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Ribeiro Couto, Ronald de Carvalho, Gilka Machado, Cecília Meirelles, Murilo Araújo e Tasso da Silveira. Nesses contatos aleatórios entre a literatura brasileira e a literatura peruana, não falta sequer a nota pitoresca e divertida . Em 1900 o Arcebispo de Lima excomungou a romancista Clorinda Matto de Turtner, ilustre discípula de Ricardo Palma e hábil narradora das Tradiciones Cuzquenas, a pretexto do que havia sido publicado, na revista que ela então dirigia na capital peruana, um conto um tanto herético, intitulado Magdala, de autoria do nosso Coelho Neto. Na cidade peruana de Arequipa, logo após a excomunhão da novelista, houve um pequeno reboliço de saias, com o intuito de obter-se que a severidade da sentença eclesiástica fosse extensiva ao escritor brasileiro. E enquanto na cidade imperial de Cuzco se queimavam na praça pública os exemplares da revista que divulgara o conto de nosso patrício, um poeta paraense - o esquecido Frederico Rhossard - atirava ao Arcebispo limenho, em nome da Arte e em defesa de Coelho Neto, com toda a veemência dos alexandrinos construídos ao compasso de Guerra Junqueiro, um anátema irritadíssimo que assim principiava: Qual seguro ao sentir-se um lazarento gato, Hás de agora berrar, seguro na presilha, Pois te vou suspender das vestes o aparato, Apertando-t'a bem, meu bobo de cartilha; Vou guardar-te no dorso uma esquisita albarda A capricho talhada em folha de jornal, Pespegando-te ao ombro, à guisa de espingarda, D'uma vassoura o pau, truão de carnaval! O grande Varnhagen, no período em que chefiou a missão diplomática do Brasil em Lima, aí publicou um pouco de seu labor de historiógrafo, ao mesmo tempo que esmiuçou bibliotecas e arquivos, no vivo afã de restaurar, ao contato dos documentos virgens, a verdadeira história brasileira. E em Lima nasceu Antonio Ruiz Montoya, o grande sabedor da língua guarani, a quem se deve, com a sua batina surrada de jesuíta transitando pelas selvas, o livro fundamental para o conhecimento de uma vasta cultura ameríndia: o Tesoro de la lengua guarani - obra raríssima que a diligência de Varnhagen fez reimprimir em Viena. Esses encontros ocasionais, registrados na história da cultura brasileira e da cultura peruana, podem abrir caminhos a investigações mais acuradas, de que sairá robustecida a convicção de que, à revelia do isolamento a que mutuamente nos condenamos, os fados sempre descobrem pretextos sutis para as identificações de circunstância. Machado de Assis e Ricardo Palma, postos em confronto no debate de um estudo minucioso, não apresentarão certamente as identidades meridianas que se denotam entre Caviedes e Gregório de Matos. Mas permitem, por outro lado, o descortino de outras afinidades, sem dúvida menos evidentes e por isso mesmo bem mais sedutoras, na penumbra de mistérios que as envolve para melhor atrair nossas indagações. Se as perquirições em torno do nosso maior escritor já entram a desarmar os ensaístas, após os estudos exaustivos de Augusto Meyer, Lúcia Miguel Pereira, Mucio Leão, Eugênio Gomes, Mário Matos e Vianna Moog, ainda está por inquirir-se, em alguns de seus aspectos mais profundos, o gênio de Ricardo Palma, não obstante a copiosa bibliografia que lhe tem investigado a vida e a obra, nos últimos cinqüenta anos. Certas regiões tenuamente iluminadas desafiam nosso olhar, convidando-nos a desvendá-las com prudência. Palma, nos seus livros e no seu estilo, é mais do que a manifestação excepcional de uma cultura americana: é a própria cultura hispânica, reelaborada no Novo Mundo. (Ricardo Palma, clássico da América, 1954.)
OS TAMBORES DE SÃO LUÍS Até ali os tambores da Casa-Grande das Minas tinham seguido seus passos, e ele via ainda os três tamboreiros, no canto esquerdo da varanda, rufando forte os seus instrumentos rituais, com o acompanhamento dos ogãs e das cabaças, enquanto a nochê Andreza Maria deixava cair o xale para os antebraços, recebendo Toi-Zamadone, o dono do lugar.
Por vezes, no seu passo firme pela calçada deserta, deixava de ouvir o tantantã dos tambores, calados de repente no silêncio da noite, com o vento que amainava ou mudava de direção. Daí a pouco Damião tornava a ouvi-los, trazidos por uma rajada mais fresca, e outra vez a imagem da nochê, cercada pelas noviches vestidas de branco, lhe refluía à consciência, magra, direita, porte de rainha, a cabeça começando a branquear. Fora ela que viera buscá-lo, à entrada do querebetã. A intenção dele era apenas ouvir um pouco os tambores e olhar as danças, sentado no comprido banco da varanda, de rosto voltado para o terreiro pontilhado de velas. Já o banco estava repleto. Muitas pessoas tinham sentado no chão de terra batida, com as mãos entrelaçadas em redor dos joelhos; outras permaneciam de pé, recostadas contra a parede. Mas a nochê, que o trouxera pela mão, fez cair do banco um dos assistentes, e ele ali se acomodou, em posição realmente privilegiada, podendo ver de perto os tambores tocando e as noviches dançando, por entre o tinir de ferro dos ogãs e o chocalhar das cabaças. Vez por outra sentia necessidade de ir ali, levado por invencível ansiedade nostálgica, que ele próprio, com toda a agudeza de sua inteligência superior, não saberia definir ou explicar. O certo é que, ouvindo bater os tambores rituais, como que se reintegrava no mundo mágico de sua progênie africana, enquanto se lhe alastrava pela consciência uma sensação nova de paz, que mergulhava na mais profunda essência de seu ser. Dali saía misteriosamente apaziguado, e era mais leve o seu corpo e mais suave o seu dia, qual se voltasse a lhe ser propício o vodum que acompanha na Terra os passos de cada negro. Embora só houvesse no céu uma fatia de lua nova, por cima da igreja de São Pantaleão, uma tênue claridade violácea descia sobre a cidade adormecida, com a multidão de estrelas que faiscavam na noite de estio. Em cada esquina, a sentinela de um lampião, com seu bico de gás chiante. Todas as casas fechadas. Perto, para os lados da Rua da Inveja, o apressado rolar de um carro, com o ruído do cavalo a galope nas pedras do calçamento. E sempre o baticum dos tambores, ora fugindo, ora voltando, sem perder a cadência frenética, muito mais ligeira que o retinir das ferraduras. No canto da Rua do Passeio com a Rua do Mocambo, antes de passar para a calçada fronteira, Damião parou um momento, batido em cheio pela claridade do gás. Resguardado do sereno pelo chapéu de feltro inglês, presente do Governador Luís Domingues no último Natal, parecia mais comprido, a espinha dorsal direita, o corpo seco e rijo, os ombros altos. Aos oitenta anos, dava a impressão de ter sessenta, ou talvez menos, com muita luz nos olhos, o passo seguro, a cabeça levantada. Até o começo do século, não dispensava a bengala de castão de prata com que entrou pela primeira vez no sobrado do Foro, sobraçando a sua pasta de solicitador, para defender outro negro. Agora, trajava com simplicidade, muito limpo, a barba escanhoada, o paletó abotoado acima do peito, um alfinete de ouro junto ao laço da gravata. - Faça favor... Damião assustou-se com a voz rouca que lhe vinha por trás do ombro direito, do lado da Rua do Mocambo. Não tinha sentido rumor de passos. E deu de frente com o Sátiro Cardoso, pequenino, enxuto, metido na sua sovada casaca de mágico, o colarinho alto, o rosto encovado, bigode, nos negros olhos uma faisca de loucura, e que logo lhe disse, com um pedaço de papel impresso na ponta dos dedos: - É o convite para o meu próximo espetáculo: - Outra vez A queda da Bandeira? - É. O pessoal pede sempre. E o público é quem manda. Damião quis ainda saber por que o velho mágico preferia aquela hora da noite, com as casas fechadas, para distribuir os seus convites. - De dia - redargüiu ele, dando-lhe outro convite - os moleques vêm atrás de mim, me chamando de Troíra. Chegam a atiçar cachorros para me morder. De noite é mais calmo: os moleques estão dormindo. E lá se foi, Rua do Mocambo abaixo, a enfiar o papelucho por baixo das portas, sem ruído, apenas roçando o chão da calçada com seu passo macio. Já fazia alguns anos que Damião vira aparecer na cidade aquela figura caricata, debaixo de uma cartola preta, casaca, sapatos cambados, a andar acima e abaixo, com uma pasta de couro, também preta, e apresentando-se no Largo do Carmo, no Palácio do Governo, na redação dos jornais, no Liceu, no Paço Episcopal, e também à porta das igrejas, nas missas dominicais e nos casamentos, como - o Ilusor Maranhense. Dias depois, apenas por curiosidade, tinha ido assistir, no Teatro São Luís, ao seu primeiro espetáculo, que daí em diante se repetia todos os anos: a caprichada mágica intitulada A queda da Bandeira. Sátiro subia uma escada, até o último degrau, bem no centro do palco, e dali, com uma bandeira desfraldada, recitava comprido bestialógico, cheio de palavras abstrusas, numa suposta língua de sua invenção, o gramazino, da qual proporcionava antes um pano de amostra com esta explicação: "O A do alfabeto gramazino é a mesma coisa que o A do alfabeto em português, com a diferença de que se escreve de
cabeça para baixo e tem o som de bé." Em seguida, enrolava-se na bandeira. Um tiro de pólvora seca estrondava, assustando a platéia. E eis que o mágico se atirava lá do alto, em arremesso, como se fosse voar, e caía pesadamente cá embaixo, nas tábuas do chão. - Bis, bis - gritava-lhe da torrinha. E Sátiro repetiu o monólogo, uma, duas, várias vezes, com o mesmo tiro e a mesma queda, até que Damião, compadecido de sua insânia, começou a reclamar - Chega! Chega! - e o mágico afinal se retirou, manquejando, uma das mãos no quadril machucado, enquanto o pano do teatro vinha descendo, debaixo de gritos e assobios. Antes que ele desaparecesse, sempre a enfiar o impresso por baixo das portas, Damião mudou de calçada, ainda ouvindo o baticum dos tambores. Para trás, em linha reta, ficava o Cemitério do Gavião, com o Padre Policarpo, a Genoveva Pia, a Aparecida, o Dr. Celso de Magalhães, a Dona Bembém, a Dona Páscoa, a Dona Calu, o amigo Barão, cada qual no seu jazigo ou na sua cova rasa, na santa paz do Senhor. A frente, era o Largo do Quartel; em seguida, torcendo para a direita, a Rua das Hortas, o Largo da Cadeia, a Praia do Jenipapeiro e por fim a Gamboa, com a casa de sua bisneta, num cômoro verde que escorregava para o mar. (Os Tambores de São Luís, 1975.)
O COMBATE Na véspera do combate, quando a lua despontou por cima dos contrafortes da serra do Medeiro, já encontrou as tropas do Capitão Nelson de Melo a poucos quilômetros do lugar escolhido para o duplo movimento - de vanguarda e retaguarda - contra as forças governistas. O batalhão marchava em silêncio, cobrindo a picada no passo certo da marcha, de baterias prontas para a ofensiva, enquanto a cavalaria se alongava em fila indiana, com os animais de orelhas fitas, rédeas soltas, batendo cadenciadamente os cascos nas pedras do chão. Adiante, nas carretas vagarosas, seguiam dois canhões, ladeados por quatro artilheiros. Por volta das dez e meia, o batalhão parou para acampar. Dali se podia ver, banhada pela claridade do luar, a silhueta compacta das montanhas fechando o cenário da luta. Ocultos pela vegetação das encostas, já os canhões inimigos espreitariam, alongando o pescoço comprido, prontos para atirar. João Maurício, que dispensara a barraca de campanha, preferira ficar ao relento, na companhia de seus soldados, sentindo à sua volta a noite imensa e clara. Jamais tinha visto outra assim. Afeito a galgar escarpas e desfiladeiros, vivia agora uma emoção diferente, com aquela luz úmida, aquele silêncio espaçoso, aquelas cumeadas, aquelas árvores que a brisa balouçava. Por terra, junto aos fuzis e às mochilas, jaziam os companheiros adormecidos, agasalhados nas mantas e nos capotes, sem que se lhes ouvisse o ressonar sobressaltado. Parecia a João Maurício que, afora as sentinelas, que se mantinham alerta nos postos avançados, somente ele permanecia vigilante, àquela hora tardia, sentado no chão, com as mãos frias escorando o corpo, que se reclinava para trás. Apesar da marcha longa, não sentia sono nem cansaço. Aquela vigília não seria um aviso de que seu fim se aproximava? Entregava-se às mãos de Deus, convicto de que tomara o partido da boa causa. E alongava para os alcantis a vista insone. A noite, olhada daquela iminência, com as montanhas empinadas sob a luz alvacenta, tinha a imponência inaugural do mundo primitivo, como se Deus houvesse acabado de fazer tudo aquilo. Aqui, além, esguios pinheiros imóveis, perfilados no sopé das encostas, abriam-se no alto, como em gesto de oferenda. Com o passar das horas, a luz adquiria gradações novas. A própria lua, suspensa sobre a crista da serra, dava a impressão de buscar alguma coisa na claridade fosca, com um ar de notívaga assustada. Nisto João Maurício percebeu que um vulto se movia ao seu lado, firmando as mãos no solo para erguer a cabeça, e logo reconheceu o Cabo Ruas, que por fim se sentou, esticando os braços curtos: - Não quis dormir, Tenente? Eu passei pelo sono. Em noites assim, durmo e acordo, durmo e acordo. Tomara que esta briga acabe depressa. Já estou sentindo a falta de casa. Vou brigar ainda um mês ou dois, depois pego licença: já está em tempo de ver minhas crianças. Agora mesmo sonhei com a patroa. Ela fazia um festão com a minha chegada. E após um silêncio longo, olhando a noite erma: - Isto aqui mete medo. Aquela montanha ali, muito escura, muito alta, parece que está de dedo empinado, ralhando com a gente. E olhe o vento assobiando. Deus não pode ter inventado a guerra, Tenente. Isto é coisa do Diabo. Eu, aqui, com o meu fuzil, e o senhor, aí, com a sua pistola, só estamos pensando em matar para não ser morto. Deus disse: "Não matarás." E nós, aqui, não fazemos outra coisa. Acho que foi esse pensamento que me tirou o sono. Estou dizendo besteira, Tenente? João Maurício bateu-lhe no ombro: - Não. Mas trata de dormir. Precisas estar descansado, e eu também. Fica quieto.
E alongou-se ao comprido do chão, com o rosto voltado para o céu, como em busca das estrelas, enquanto o Cabo Ruas se deitava de borco com a cabeça no braço dobrado. Mas, mesmo quieto, João Maurício não dormiu. Para os lados de Belarmino, voltavam a retumbar tiros isolados, que as montanhas repetiam. - Boa-noite, Tenente. - Boa-noite, Ruas. E João Maurício, com as mãos sob a nuca, ia vendo farrapos de nuvens que o vento levava. Quando a luz da aurora se espalhasse por aquelas alturas, haveria sangue no horizonte, por cima das árvores, e sangue na terra, com os primeiros mortos e feridos. Os cavalos se precipitariam sobre o verde dos desfiladeiros, e muitos deles relinchariam, ouvindo o toque das cornetas, por entre o rugir dos canhões, o sibilar das balas, e o estrugir nervoso da metralha. E tanto de um lado quanto de outro, os corpos iriam tombando, à proporção que o dia fosse crescendo. Sem perceber a transição da vigília para o sono, João Maurício deixou cair pesadamente as pálpebras, e só voltou a si com o Ruas a lhe sacudir o braço: - Depressa, Tenente: o ataque está começando. De um salto, ele ficou de pé, ouvindo em redor o alvoroço dos companheiros que se apresentavam para o combate. Na manhã ainda clareando, estrondavam as primeiras cargas cerradas do bombardeio inimigo. Soavam longe os clarins e as cornetas. Alguns cavalos galopavam, outros relinchavam com o repuxo das rédeas e o toque das esporas. E as granadas não tardaram a explodir ali no alto, arrancando toiceiras de mato e salpicos de terra revolvida. De vez em quando, um grito. E os canhões rugiam dos dois lados, escancarando na luz atônita o clarão instantâneo das balas detonadas. Após a desordem assustada dos momentos iniciais de luta, uma ordem natural ia-se impondo - com os soldados nas posições de combate, a resposta rápida dos tiros, o corpo-a-corpo que lá adiante se travava, a arremetida dos cavalarianos, os grupos que se infiltravam pelos capões de mato e pelo aclive das ribanceiras. A cada instante, uma nova ordem da corneta. Novas cargas cerradas. As granadas de mão que se amiudavam, e já um ou outro soldado inimigo tentava infiltrar-se nas linhas rebeldes, enquanto a luz da manhã crescia e se alastrava. (A coroa de areia, 1979.)
DOMINGOS VIEIRA FILHO 22 - PATRONO
25 de setembro de 1924 / 11 de setembro de 1981 Nasceu em 25 de setembro de 1924, nesta cidade de São Luis, filho de Domingos Vieira e Celestina Domingues Vieira. Bacharel em Ciencias Juridicas pela Faculdade de Direito de São Luis. Onde ingressou como Professor catedrático de Direito Internacional Publico,após brilhante concurso. Lecionou no Liceu Maranhense (tradicional escola pública da cidade), na Escola Técnica de Comércio Centro Caixeiral e na Academia do Comércio. Quando da criação da faculdade de Filosofia de São Luis ingressou como Professor Fundador do Curso de Geografia e História, na Cadeira de Geografia Humana (1953). Lecionou diversas dsiciplinas do Curso de Geografia e História à proporção que era desdobradas: Geografia Politica, Biogeografia, Introdução ao Estudo da Geografia, e outras que se faziam necessárias.Permaneceu como professor até 1972; após a criação da UFMA, por força da reforma administraiva, foi exigido que pertencesse a um único Departamento, optou pelo Departamento de Direito. Como administrador cultural, demonstrou competência realizando importante trabalho como membro do Conselho Estadual de Cultura, delegado do Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, diretor do Teatro Arthur Azevedo e do Departamento de Cultura da Secretaria de Estado de Educação e como presidente da Fundação Cultural do Maranhão de 1975 a 1979, quando reestruturou o Arquivo Público do Estado e viabilizou a criação do Museu Histórico da cidade da vizinha Alcântara23. Ocupou diversos cargos: Procurador do Estado do Maranhão; Diretor do departamento de Cultura do estado; Procurador fiscal da Prefeitura Municipal de São Luis; Chefe da seção Administr5ativa e deleggado Regional do IBGE; Membro da Academia Maranhense de Letras; Membro da Comissão Nacional de Folclore; do Conselho Rgional de Geografia. No IHGM ocupou a presidência de 1957 a 1961. Casado com Ivete Viveiros, de tradicional família maranhense, deixou os filhos Flavia Teresa, Luis Fernando, e Jorge Henrique. Contribuiu com importantes trabalhos que vem servindo de base para pesquisadores: A linguagem popular do Maranhão (1953); Festa do Divino espírito Santo no Maranhão (1955); Folclore Negro (1955); o Negro na poesia brasileira (1956); Nina Rodrigues (1956); Breva história das ruas e praças de São Luis (1952); a escravidão negra no Maranhão (1961); Estudos geográfisoc do Maranhão (1961) Faleceu em São Luis em 11 de setembro de 1981. CONTRIBUIÇÃO NA REVISTA DO IHGM RELAÇÃO DE CARTAS GEOGRÁFICAS DO MARANHÃO Rev. IHGM, Ano 28, n. 3, agosto de 1951 03-10 Os mortos do Instituto, Revista do IHGM 3, 1951 22
OSTRIA DE CAÑEDO, Eneida Vieira da Silva; FREITAS, Joseth Coutinho Martins de; PEREIRA, Maria Esterlina Mello; e CORDEIRO, João Mendonça. PATRONOS & OCUPANTES DE CADEIRA. São Luís: FORTGRAF, 2005 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; REINALDO, Telma Bonifácio dos Santos. INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO: PERFIL DOS SÓCIOS. São Luís: IHGM, 2013. Disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/perfil_dos_s__cios_-_ocupantes_-_vo
http://www.culturapopular.ma.gov.br/biografias2.php?id=5 http://www.guesaerrante.com.br/2013/6/3/o-poetico-diz--curso-do-escritor-natalino-salgado-filho-5414.htm 23 REIS, Eliana Tavares dos. EM NOME DA "CULTURA": PORTA-VOZES, MEDIAÇÃO E REFERENCIAIS DE POLÍTICAS PÚBLICAS NO MARANHÃO. Soc. estado. vol.25 no.3 Brasília Sept./Dec. 2010 http://dx.doi.org/10.1590/S010269922010000300005, disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69922010000300005
SUPERSTIÇÕES LIGADAS AO PARTO E À VIDA INFANTIL Ano IV, n. 4, junho de 1952 41-46 O CULTO VUDOU: IDENTIFICAÇÕES EM SÃO LUÍS E NO HAITI Ano IV, n. 4, junho de 1952 90-92 ESTUDOS GEOGRÁFICOS DO MARANHÃO Ano IV, n. 5, dezembro de 1952 25-47 ANTONIO LOPES Ano IV, n. 5, dezembro de 1952 122-125 A FESTA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO24 Domingos Vieira Filho A festa do Divino Espírito Santo tem ainda, como antigamente, uma alta significação na vida dos pretos de S. Luís e de Alcântara, os dois logares do Estado onde é celebrada com esplendor. Os devotos do Divino contam-se às centenas e, em sua maioria, descendem dos velhos africanos que vieram para o Brasil nas rotas sinistras do tráfico. Velhas de carapinha de algodão e rosto pregueado, cafusas esbeltas, esplêndidas vênus hotentotes, negras robustas da robustez dos Minas, mulatas sagicas e lestas, crioulos possantes, vária e profusa multidão que conserva carinhosamente a tradição do Divino. Em Alcântara, a outrora faustosa cidade de barões e doutores, a festa do Divino é realizada com certa pompa, atraindo gente de S. Luís e dos sítios vizinhos, que ali chega para se divertir no curso de três longos dias. É o festejo máximo do logar, só igualado pelo de N.S. do Livramento, na ilha defronte. Alcântara, a bem dizer, encerra escasso interêsse turístico, apesar de ter sido considerada cidade-monumento. Afora uns sobrados magníficos, de soberbo azulejo português, o que tem de bom são uns ares saudáveis e uns camarões deliciosos. É uma cidade abandonada, melancólica, vivendo do passado, cercada de ruinas magestosas de um tempo de prosperidade e de glória. Tudo ali ressumbra a coisas mortas e os próprios habitantes, apáticos, um ar de tristeza colado aos rostos envelhecidos, parecem comparsas de um dramav terrível. Vivem da pesca ou do arrastamento do camarão e muitos trabalham nas salinas, manchando a brancura do sal de silhuetas negras e bronzeadas. Mas, por ocasião da festa do Divino, Alcântara renasce, vibra, relembra seus aureos tempos. Os romeiros demandam a cidade fronteiriça em frágeis canoas escoteiras ou em pesadas lanchas, desafiando a fúria do boqueirão e da cêrca, para injetar, por algumas horas, sangue novo naquele burgo morto. À semelhança do que acontece em S. Luís, muito antes da festa, percorre as ruas de Alcântara o chamado “barulho” do Divino, bando precatório para angariar donativos. Duas ou três pretas velhas batendo “caixas”, uma menina levando numa salva de prata a pombinha do Divino, uma outra com uma bandeira imperial, eis a comparsaria do “barulho”. O devoto, ao dar o óbulo, beija respeitosamente a pombinha ou coloca a salva sobre a cabeça para que fique abençoado. As mães fazem o mesmo com os filhas pequenos a-fim-de que tomem juíso. A respeito do “barulho” do Divino corre em Alcântara esta lenda: Certa vez saiu um “barulho” a tirar esmolas e alcançou uma próspera fazenda, cujo dono era mais forreta do que Harpagon. O “barulho”, ao se aproximar, ruflando as “caixas” , foi logo dispersado a páu por um magote de escravos. Houve pancada de cego e a muito custo conseguiu o “barulho” escapar à fúria sangrenta dos pretos. O castigo, porém, não tardou. Na fazenda coisas estranhas se verificaram. Mal desconhecido acometia os bois, matando-os em segundos. Galinhas, patos, perús, tôdas as aves do opulento terreiro, estrebuchavam de papo prô ar e morriam misteriosamente 25. Nas plantações o estrago não era menor. Pés de cana e de mandioca crestavam de repente, como se estivessem sob a ação de atroz soalheira. Cacimbas secavam, rachando a terra. O sumitico fazendeiro, alarmado, a alma em fiapos, mandou positivos ao encalço do bando, rogando aflitamente que voltasse para conjurar o mal. O “barulho” atendeu e as pragas imediatamente cessaram. É crença arraigada de que aquele que nega uma esmola ao “barulho” sofre duros castigos. Em S. Luís, todos os anos, assistimos a diversas festas do Divino. As mais famosas são a da Casa das Minas e de Nagô, organizada pelas devotas do culto fetichista, e de d. Elsa Sousa, na Vila Passos. Além dessas, arrolamos outras festas do Divino no Areal, no candomblé de D. Inez, na Floresta, no João Paulo e no Anil 26.
24
Boletim número 31 da Comissão Maranhense de Folclore, disponível em http://www.cmfolclore.ufma.br/arquivos/d084f5d7d202483daaa4b74bf86fd26c.pdf , acessado em 27 de março de 2014. 25 Reprodução literal de texto da Revista da Academia Maranhense de Letras, volume IX, publicada em maio de 1954, em São Luís-MA. Texto localizado por Antônio Evaldo Barros. 26 Noticiando a festa do Espírito Santo, um jornal de S. Luís, “O Imparcial”, ed. de 25-6-1949, screveu: “Promovida pelas senhoras Romana Campos e Andreza Maria Ramos, realizar-se-á, amanhã e depois, durante o dia e à noite, animado festejo em honra do Espírito Santo. “Às 8:30 horas, será celebrada missa na igreja do Carmo, seguindo depois, dali para a rua Senador Costa Rodrigues, 876, pequena procissão do Divino Espírito Santo, com acompanhamento de caixa. Durante o dia naquele local, haverá toque de caixa, com a presença de grande número de fiéis, sendo, à noite, rezada ladainha, depois do que será servida farta mesa de doces aos presentes”.
A festa que vamos descrever foi realizada em 1948, na casa de d. Elsa Sousa, na Vila Passos. Esse subúrbio de S. Luís abriga em suas casinhas modestas uma multidão de operários, lavadeiras, pescadores, artesãos, gente miuda e simples, honrada e laboriosa. Em casa da festeira inicia-se a abertura das “tribunas” (tronos) do “império”. Mordomos, caixeiras, impérios, aias, bandeirinhas, todos estão presentes. Escolhido o local onde ficará assentado o trono, as caixas rompem num batido sêco, alternado com louvores ao Divino: Meu Divino Espírito Santo Eu já vim no seu chamado Na vossa salva encontrei Cravo branco desfolhado. Que pombo branco é aquele A lua cobriu de véu É Divino Espírito Santo Que vem descendo do céu. Nos domingos que medeiam entre o sábado da aleluia e a quinta-feira da Ascenção as caixas ruflam em honra ao Divino. Sucedem-se cânticos de louvores em vozes prolongadas e monotonas, numa toada tristonha e envolvente: Se Espírito Santo soubesse Quando era vosso dia Descia do céu a terra Com prazer alegria. Caixeira queira saber Que côr tem Espírito Santo Tem os pés, bico encarnado Seu corpinho todo branco. Andreza Maria era a famosa dona do terreiro das Minas, estudado por Nunes Pereira, em “A Casa das Minas” (Rio, 1948). Morreu há pouco, cremos que nonagenária. Difícil afirmar se o culto fetichista da rua de S. Pantaleão resistirá ao tempo. Andreza Maria era um símbolo de firmesa, constância e lealdade ao substratum animico dos descendentes dos africanos, vozes que lentamente vão emudecendo... Meu Divino Espírito Santo Quem é vós e quem sou eu Sou uma pobre pecadora E vós é um senhor meu Na véspera da Ascenção o movimento intensifica-se na casa da festa. É o dia do levantamento do tradicional mastro. Os que vão tirá-lo a um sítio próximo seguem em bando álacre e colorido, acompanhados dos impérios, devotos, convidados e crianças vadias das redondezas. Preparado convenientemente o mostro, os padrinhos batizam-no com vinho tinto. Enfeitado de ramos de murta, côcos, bananas, jacas e garrafas de guaraná e aguardente, o mastro é solenemente erguido entre exclamações de júbilo e gritos de triunfo. Nas vésperas do grande dia os interessados na festa trabalham febrilmente. Mãos diligentes e hábeis não pousam um instante siquer no afã de concluir as vestes imperiais. Doceiras negras, rechochudas e luzidias, de excelente paladar, capricham no fabrico de alfinins, capelas, suspiros, nãome-toques, papos de anjo, amêndoas, pudins deliciosos, bolo inglês, um mundo de gulodices. Meninotas risonhas, flores mal despertas para o grave mistério da vida, trauteam estribilhos populares e recortam com mãos macias de fada mil enfeites de papel de seda. Arabescos caprichosos, rendilhados que lembram lavores espanhóis, pequeno e sugestivo capítulo de uma arte que aos pouco vai desaparecendo sem protesto. No domínio das caixeiras a azáfama não é menor. As caixas são espanadas e repintadas e passam horas ao sol, para afinar. Quinta-feira da Ascenção celebram a primeira missa. Os impérios são coroados com grande pompa e todos os que assistem a cerimônia trajam obrigatoriamente roupas brancas. Chega afinal o grande dia, o domingo do Espírito Santo. Missa festiva é mandada celebrar pelo imperador. Em casa, ficam os que de todo não podem sair, presos aos misteres da cozinha ou na varanda, arrumando a mesa de doces. Foguetes anunciam a proximidade do bando imperial, de volta da missa. Há uma disputa de logares às janelas. O cortejo surge na volta da rua de terra batida. Agora ouvem-se palmas e vivas em honra dos “impérios” que transpõem
garbosos os portais da casa. Penetram enfim na sala do santuário, onde estão os tronos. Desaba sôbre êles um clamor de feira, que aos poucos se avoluma, faz coro com o batecum das caixas. Domina todos os corações o insopitado desejo de ver de perto os “impérios”. O ar torna-se irrespirável. Mulatas gordalhonas, metidas em amplos casacões suarentas e agitadas, praguejam contra molecotes que passam agachados por entre suas saias rendadas e tesas de goma. “Credo! Te esconjuro diabo! Era só o que faltava”. Por fim o zum-zum serena, quebra de força, morre lentamente. Os logares, às janelas e portas, nos escarninhos da sala, estão assegurados. Em meio ao momentâneo silêncio uma exclamação de júbilo corta o ar. “Tá um amor a imperatriz! Benzate Deus!” As caixeiras vibram as marretas e iniciam um baile de roda, exalçando as virtudes dos “impérios”. Destaca-se uma do círculo, dá dois passos para a frente e dois para trás e canta: O meu nobre imperador Como vai sua família Como vai, como passou A minha boa ficou. Lá vai o pombo avoando No bico leva uma flor Vai voando e vai dizendo Viva o nosso imperador. Outra caixeira toma o lugar da primeira e louva: O meu nobre imperador Olhos de estrela do norte O Divino Espírito Santo Queira lhe dar boa sorte. Sintinela brada as armas Sintinela alerta estou Sou um soldado cativo Meu general me mandou. Segue-se ainda outra, ritmando seu canto com o toque da caixa: Se esta rua fôsse minha Eu mandava ladriar Com pedrinhas de brilhante Prô impero passear. O meu nobre imperador É criança, qué brincar Vamos fazer um brinquedo Debaixo do tribunal 27. Bailam tôdas em seguida, cadenciadamente. E cantam quadros de louvor aos “impérios” que, nos tronos, sonolentos e maçados, ouvem com resignação de mártir: Minha nobre imperatriz Olhos de pedra redonda É a pedra mais bonita Aonde o mar camba as ondas Minha nobre imperatriz É menina não é moça Ela tem um sinal preto Na sua maçã do rosto. Minha nobre imperatriz Viva os anos que desejo Depois dos anos completo No reino do céu se veja. Lá vai o pombo voando Por cima da matriz Vai voando e vai dizendo 27
O tribunal é o mesmo trono a que também chamam de tribuna. O trono ricamente ornamentado de arminhos e festões prateados, cortinas rendadas e mica em pó. Gastam nessa brincadeira economias de longos meses. O essencial, para êles, é que a festa alcance brilho desusado e encha de inveja as festeiras de outras localidades.
Viva a nossa imperatriz. Mais que rua tão comprida Toda cheia de pedrinhas Se não fosse imperatriz Nessa rua eu não vinha. Minha nobre imperatriz É a flor do girassol Quem se encosta na sua sombra Não panha chuva nem sol. As horas passam e os “impérios” têm pressa em sorver o chocolate que lá na varanda, grosso e aromático, espicaça o apetite da meninada. Finalmente as caixeiras param de bailar, os convidados abancam-se para o chocolate e os “impérios” são conduzidos à varanda, para presidirem à inocente colação. Ao meio dia há uma corrida pros lados do quintal, onde está fincado o mastro. É a alvorada, como dizem. Convidados, caixeiras, “impérios”, fazem todos um circulo em torno do mastro e as caixas estrondam em uníssono, numa atoarda ensurdecedora. “Viva o Divino!” “Vivôôô!” As caixeiras cantam: Meu Divino Espírito Santo Alegrai vossa folia Hoje é a vossa véspera Amanhã é o vosso dia. Espírito Santo e Deus Ninguém queira duvidar Em toda parte que chega Faz o povo se alegrar O Divino pede esmola Mas não é por merecer É para experimentar Quem seu devoto quer ser. Nesse momento há a prisão de vários convidados. Consiste a amarração ao mastro ou prisão, em colocar a vítima ao lado do mastro e cercá-la de caixeiras. Se não pagar assume proporções de herói e é louvado em seus atributos físicos e morais em quadrinhos improvisadas na hora. Finda a alvorada e recolhidas as multas dos presos os convidados se preparam para o almoço que lembra um festim medieval, tal a cópia de vitualhas que atulham a mesa. A bebida corre silenciosa, sem perturbar ao ânimos. Vinho tinto, guaraná e aguardente da terra, bebida em copos ou em cuais do Pará, artisticamente trabalhadas. À tardinha verifica-se o bailado das caixeiras. Diante dos impérios bailam graciosamente, cantando e batendo nas caixas: Caixeira que está dansando Não me pise no meu pé Eu não quero ser chamada No fuchico de mulher. Vamos por aqui andando Ao redor desta beleza Quem quizer trocar eu troco Alegria com tristesa. Alegria com tristesa Não tem quem queira trocar Alegria me faz rir, Tristeza me faz chorar. Eu não tenho alegria Tristesa comigo mora Quando eu tiver alegria Botarei tristesa fóra. Pela noite, depois da ladainha, a folia do Divino adquire novo sentido. Um véu profano como que cobre lentamente as almas. Os músicos rompem nos primeiros acordes. Pés movimentam-se em rodopios frenéticos, corpos estremecem em frenesi de coreicos, é o samba quente e sacudido, invadindo os corações das mocinhas sonhadoras e dos galãs endomingados. Velhos atavismos despertam de súbito, há uma fervura de sangue, uma alegria ruidosa e contagiante.
O ar adensa-se com as respirações ansiosas, o cheiro forte de corpos suados e vibrantes... Mas como diria Kipling, isto já é outra história... NOTA : - Êste trabalho foi ampliado e corrigido segundo informações de d. Elsa Silva, festeira do Divino. Houve profunda alteração na disposição das quadras que, no trabalho primitivo aparecem em outro local.
SOUSÂNDRADE, O PRÓPRIO GUESA FERNANDO BRAGA CB Revista – Caderno 3”, do Correio Braziliense, 5 de setembro de 1982. Joaquim de Sousa Andrade [Sousândrade] nasceu em Guimarães [MA], a 9 de julho de 1812, faleceu m São Luís, a 21 de abril de 1902. Ao contrário de seus contemporâneos não foi a Coimbra ou a Olinda buscar o seu título universitária: conquistou-o em Paris, formando-se em engenharia de minas e m Letras, pela Sorbonne. É, talvez, por isso, se não mesmo pela originalidade extravagante de sua personalidade, que escapou à formação coimbrã, costume do grupo que integrou no tempo; foi um poeta diferente, estranho e revolucionário em sua arte, que desponta como o mais remoto precursor do modernismo e ainda hoje um desafio marcante à teoria literária. Sousândrade foi o primeiro Intendente de São Luís, após a Proclamação da República, cuja administração dedicou à educação e à reforma urbanística da cidade. Foi professor de grego no antigo Liceu Maranhense, idealizou com sua tendência progressista, a instalação, em São Luís, da primeira universidade brasileira – a da Atlântida – posteriormente denominada de Nova Atenas, não vingando por causa de baixos níveis políticos. Sousândrade foi ainda o autor do desenho da bandeira maranhense, em cujas cores branca, vermelha e preta, quis significar a fusão da raça brasileira. É patrono da cadeira nº 18 da Academia Maranhense de Letras e colaborou com o pseudônimo de Conrado Rotenski em “A Casca da Caneleira” [São Luís, 1866 – romance por uma dúzia de esperança], escrito juntamente com Trajano Galvão, Gentil Homem de Almeida Braga, Dias Carneiro e Joaquim Serra, todos integrantes do grupo maranhense. Esse romance fora escrito no mirante do “Palais Porcelaine”, solar erguido na Rua Grande, esquina com Rua do Passeio, precisamente no Canto da Viração, que era a morada de Gentil Homem de Almeida Braga. Este poeta, até pela aglutinação de seu nome [Sousândrade], é um esteta intemporal, mergulhado universalmente no sintático e no lexical, completamente novo e original, arredio dos cânones [românticos] de seus contemporâneos, codificados nos fins do século passado. Uma presença conflitante de sua própria superação perante a historicidade da literatura em crise, a qual presenciou e sofreu suas diversas mutilações. Depois de chegar da Europa, para onde foi por favores de amigos, depois de negada ajuda pelo Imperador Pedro II [onde na Inglaterra criticou a monarquia sendo aconselhado a sair] se aventurou em viagem pelo Amazonas, contornando os Andes e rumando para os Estados Unidos, m 1871, levando em sua companhia a filha Maria Bárbara, cuja educação acompanhou até 1885, no “Sacre-Coeur”, quando então regressou ao Maranhão. Nessa peregrinação nasceu o seu famoso “Guerra errante”, fruto do testemunho de um mundo capitalista – que despertava em plena ascensão industrial em Nova Iorque – com seus escândalos financeiros e políticos, a fermentar toda a Walt Street [integrantes do Canto X do Guesa – Inferno de que nos fala Augusto e Haroldo de Campos. D. Invenção, São Paulo, 1964], bem como o arcabouço de uma democracia fundada no dinheiro e às expensas das misérias da competição desenfreada. O autor também de “Harpas Selvagens”, Rio, 1857, Impressos, São Luis [2 vols.], 1978-9; “Eólias”, incluído em “Obras Poéticas” [1º tomo], Nova Iorque, 1874s e “Novo Edem”, São Luis, 1888-9, sem pertencer à escola satânica, ou ao modismo de Byron, tem muito do Lord Peregrino em seus contos magoados, apondo-se, ainda, à frente na exemplificação de normas de conduta e de dignidade, e crendo que todo o poeta, sob pena de escravidão e morte, deve ser o que ele é não o que aconselham para ser, porque o templo da liberdade, quando profanado, converte-se em túmulo de loucura, como justiceiramente asseverava. Sousândrade foi o primeiro no Brasil, a inaugurar uma estética modernista. Sua contribuição à poesia, como em período revolucionário, reside fundamentalmente, segundo o e enfoque crítico de Alfredo Bosi, nos processos de composição: arquitetura dos sons ao plurilingüístico; no manejo verbal à montagem sintática, surpreendendo a forma – com a resolução – no entendimento de Hegel, ou a forma tão necessária à poesia como idéia ou, ainda, como diz Roland Barthes [in Le degré zéro de l’écriture, Paris, 1972] uma forma com os indicadores do escândalo, porque esplêndida ela é fora de moda; anárquica, ela é anti-social; uma forma que em si mesma seja a própria solidão. “O Guesa errante” [poema pan-americanista e autobiográfico de 13 cantos] foi editado em Nova Iorque, em 1876 e em Londres, possivelmente em 1888,
publicados em etapas como o fez Byron com “Dom Juan” e Goethe com ”O Fausto”. Esta narrativa épica é original e onomatopáica, e seu universo surgiu de um poema delineado pelo molde de Chiuld Harold, na gênese de uma lenda da Colúmbia, narrada por Ferdinand Denis, ficando o poeta a imagem da romaria de um índio destinado a morrer no templo do sol. O Guesa desce os Andes, se esquece de seu “alterego”, convive com os selvagens engole o grande rio; e o poeta se incorpora em seu próprio protagonista e com sua natureza a emprestar, com sangue, o seu sofrimento mais íntimo ao índio viageiro, parafraseando o comentário de Frederick G. Williams e Jomar Moraes, estudiosos da obra sousadradina. Cabe aqui lembrar – como Stendhal – o que premonizou Sousândrade: “Ouvi dizer já por duas vezes, que “O Guesa errante” Serpa lido cinqüenta anos depois; entristeci – decepção de quem escreve cinqüenta anos antes”. E isso se fez verdade porque só agora a crítica de vanguarda está tentando, ao descobri-lo, fazer-lhe a merecida e árdua interpretação, já que o poeta tem sido, no estrangeiro, objeto de estudos e pequisas para tese de doutoramento em diversas universidades, por ter sido na Europa e nos Estados Unidos que mais intensificou a sua criação, mas carecendo, entre nós, e depressa, de uma atenção mais densa e acuidade, porque crendo como Píndaro “os gênios nascem e não se fazem”. É-nos devido dizer, ao finalizar, que Sousândrade é o núcleo de seu próprio itinerário, de seu próprio roteiro. É em seu viajar o próprio universo dos fatos e a própria represa mítica da palavra. É ele o poeta que cunhou a sua própria metáfora de vida [estou na pedra!] quando de pedra necessitava para viver, arrancandoa e vendendo-a em sua Quinta Vitória, em São Luís, para comprar o pão de cada dia. É ele, Sousândrade – esse poeta extraordinário – o próprio Guesa.
Modelo IX
CARTA DE CANDIDATO A MEMBRO EFETIVO (REGIMENTO INTERNO, ART. 76, I, A)
Cidade, ....... de ........................... de 20.......
Exmo. Sr. Presidente da Academia Ludovicense de Letras
Senhor Presidente: Cumprimentando-o, sirvo-me da presente para solicitar a minha inscrição como candidato(a) à Cadeira .......,patroneada por .............................................e vaga em decorrência do falecimento (ou desligamento) do Acadêmico ...................................................... Com o propósito de preencher os requisitos insertos no art. 76, I, alíneas b, c,dee (para candidato não nascido em São Luís) do Regimento Interno dessa Academia, apresento, em anexo, o curriculum vitae, uma síntese curricular, instruídos com exemplares dos livros e cópias de outros trabalhos de minha autoria, uma declaração firmando compromisso de fiel observância das normas e demais preceitos dessa Augusta Instituição, na hipótese de ser honrado(a) com a eleição para integrar o seu quadro de Membros Efetivos, e comprovação de residência (para candidato não nascido em São Luís). Na esperança de ver meu nome escolhido para ocupar tão relevante Cadeira nessa Casa de Maria Firmina dos Reis, subscrevo-me com protestos de consideração. Cordialmente,
(Assinatura)
______________________ Endereço residencial, números de telefones residenciais e celulares e endereço eletrônico.
Observação: Inexiste obrigação de seguir o modelo, mas sim de preencher o requisito.
Modelo X
DECLARAÇÃO DE CANDIDATO A MEMBRO EFETIVO (REGIMENTO INTERNO, ART. 76, I, D)
Exmo. Sr. Presidente da Academia Ludovicensede Letras
Em cumprimento do disposto no art. 76, I, d, do Regimento Interno dessa Instituição, DECLARO, para fins de inscrição como candidato(a) à Cadeira ......, patroneada por ..............................................................e vaga por motivo do falecimento (ou do desligamento) do Acadêmico ......................................................, que sou plenamente conhecedor(a) das normas e preceitos vigentes na Academia Ludovicense de Letras, e que me comprometo, no caso de ser eleito(a), a observá-los fielmente, inclusive no concernente ao desempenho de incumbências que me sejam atribuídas e ao comparecimento habitual às sessões. São Luís-MA, .............................................
(Assinatura)
Observação: Inexiste obrigação de seguir o modelo, mas sim de firmar os compromissos a que ele se refere.
ASSEMBLEIA GERAL DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS (25 DE JUNHO) Flashes da Assembleia Geral da ALL, do mês de junho, realizada no Gabinete do Presidente do Convento das Mercês, nosso confrade Paulo Melo Sousa, ao qual agradecemos a deferência. Agradecemos também aos confrades que participaram com as suas presenças e intervenções e, também, àqueles que justificaram ausência. A nossa Assembleia foi calorosa e produtiva e com entrega de carões de aniversário aos membros que estão com novas idades neste ano.
REUNIÃO DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS. 30 DE JULHO DE 2016
CONVITE ANIVERSÁRIO DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS-ALL
A Academia Ludovicense de Letras tem a grata satisfação de convidar a sociedade maranhense para a Sessão Solene Comemorativa dos três anos de sua fundação. Dilercy Aragão Adler Presidente Data: 10 de agosto de 2016 Horário: 19h Local: Fórum Desembargador Sarney Costa - Auditório Joaquim Ramos Filgueiras Avenida Professor Carlos Cunha, s/n - Calhau Traje: Uso do Colar e Capelo para os Membros da ALL. Esporte fino: para convidados.
Agradecemos a amabilidade e atenção do Sr Ten Cel Carlos Frederico de AZEVEDO em relação à Academia Ludovicense de Letras - Casa de Maria Firmina dos Reis - e ficaremos honrados com a sua presença e de sua família, assim como dos demais integrantes do 24 BIL, na comemoração deste nosso aniversário de três anos, a ser realizada no dia 10 de agosto de 2016, às 19h, no Auditório Joaquim Ramos Filgueiras do Fórum Desembargador Sarney Costa, situado na Av Professor Carlos Cunha, s/n. Calhau.
ACADEMIA EM DIA DE FESTA ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO
Escrevo pensando na Academia Ludovicense de Letras e na sua patrona, Maria Firmina dos Reis. Foi o filósofo Platão quem fundou, em 387 ªC., próxima a Atenas, uma “escola dedicada às musas, onde se professava um ensino informal através de lições e diálogos entre os mestres e discípulos”. Uma residência, uma biblioteca e um jardim formavam a escola, tendo esse jardim pertencido a Academus, herói da guerra de Tróia, inspirador do termo academia. A Academia Francesa foi fundada em 1635, por iniciativa do Cardeal Richelieu, e serviu de modelo às Academias do mundo todo. No seu âmbito “termos chulos, gíria e expressões coloquiais” deveriam ser evitados. Diziam dela: “[...] constituída por quarenta cadeiras, cujos ocupantes perpétuos são eleitos, depois de se apresentarem como candidatos a uma vaga, apresentando suas qualificações [...]”; o novo acadêmico seria empossado “discursando em agradecimento à Academia e realizando o elogio de seu antecessor”. Esse ritual vigora até os dias de hoje. A Academia Brasileira de Letras, a “Casa de Machado de Assis”, foi criada na segunda metade do século XIX, mais precisamente no dia 15 de dezembro de 1896, no Rio de Janeiro; os intelectuais Rodrigo Otávio, Graça Aranha, Raul Pompéia e Machado de Assis, entre outros, participaram de encontros, que culminaram com o surgimento de “uma sociedade civil de direito privado, ou como se chamaria hoje, como uma organização não governamental”. Machado de Assis foi aclamado seu primeiro Presidente e fundador da cadeira nº 23. Esse modelo inspiraria, daí por diante e pelo Brasil afora, a criação dos inúmeros centros culturais. O embrião da Academia Caxiense de Letras, por exemplo, foi o Centro Cultural Coelho Neto, que floresceu na década de 40; da mesma forma, o Centro Cultural Gonçalves Dias, em São Luís. A Academia Ludovicense de Letras, a “Casa de Maria Firmina”, foi fundada em 10 de agosto de 2013 por um grupo de intelectuais nascidos em São Luís ou que tivessem residido, ininterruptamente, por um mínimo de dez anos; seguindo a tradição francesa foram criadas 40 Cadeiras, algumas ainda por preencher, que segue regras da manifestação de vontade dos pretendentes e suas indispensáveis eleição e posse. Ainda não temos uma sede própria, mas compartilhamos espaços gentilmente cedidos e possuímos uma biblioteca valiosa; falta-nos um “jardim”, como nos tempos de Academus. Mesmo assim nossas reuniões são acolhedoras e sempre prestigiadas pelos confrades e diversos segmentos sociais. Maria Firmina dos Reis (1825-1917), patrona da nossa Academia, nasceu em São Luís, filha de João Pedro Esteves e de Leonor Felipe dos Reis; por parte de mãe, era prima do escritor maranhense Francisco Sotero dos Reis. Desde cedo se dedicou ao magistério e lecionou as primeiras letras em terras maranhenses, em Guimarães. Foi uma importante contribuinte das artes, da literatura, tendo escrito o romance “Úrsula”, em 1859, tida como uma das suas obras mais marcantes. Sob a égide da riqueza cultural da cidade, a Academia Ludovicense de Letras está festejando mais um aniversário.
EDITAL – JORNAL PEQUENO – 10 DE AGOSTO DE 2016 VARIEDADES
O ESTADO – 10 DE AGOSTO DE 2016
A FOTO DE MARIA FIRMINA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
Reportagem, ontem, em O ESTADO, sobre o terceiro aniversário da Academia Ludovicense de Letras - a Casa de Maria Firmina dos Reis – por ser ela a patrona daquele sodalício... e uma grande foto estampada... como se de Maria Firmina fosse a foto...
Tem sido comum essa confusão. A foto – retrato – estampada é de uma poetisa gaucha... Foi publicada aqui, como sendo de Maria Firmina, encontrada na tese de doutorado da Profª. Algemira de Macedo Mendes, professora da Universidade Estadual do Piauí. O título da tese é “Maria Firmina dos Reis e Amélia Beviláqua na História da Literatura Brasileira” www.fapepi.pi.gov.br. Nesse trabalho consta esse retrato atribuído a Maria Firmina com a seguinte legenda abaixo da foto: “Um dos poucos registros de Maria Firmina, encontrado na biblioteca pública de São Luís-MA”. O artista plástico Rogério Martins – induzido ao erro - pintou o quadro da escritora gaúcha Maria Benedita Borman, conhecida pelo pseudônimo de “Délia”, como se fosse da romancista Maria Firmina dos Reis. O quadro encontra-se atualmente na Câmara Municipal.o bico-de-pena da página 193 do livro “Mulheres Illustres do Brazil”, de 1899, revela o rosto da escritora Maria Benedita Borman, que escrevia sob o pseudônimo “Délia”, e não da escritora Maria Firmina dos Reis. Reeditado no ano de 1996, pela Editora Mulheres, com sede em Florianópolis-SC, onde se encontra, na página 193, o bico-de-pena com o rosto da escritora Maria Benedita Borman, e que postamos aqui. Observa-se que é o mesmo utilizado pelo artista plástico em sua obra, que se encontra em exposição na Câmara Municipal - site onde também se pode confirmar o mesmo bico-de-pena com o rosto de Maria Benedita Borman, utilizado pelo pintor na sua Obra :www.normatelles.com.br/coleção_rosas_de_leitura.html
A palavra “Délia”, na página do lado direito, abaixo do bico-de-pena, revela o pseudônimo da escritora gaúcha Maria Benedita Borman:
O escritor Nascimento Moraes, pesquisador que descobriu Maria Firmina na Biblioteca Benedito Leite, no início da década de 1970, afirmava que não foi encontrada nenhuma foto dela. Ele morreu em fevereiro de 2009 e até essa data aqui em São Luís não houve nenhuma divulgação em jornais da descoberta da fotografia de Maria Firmina. O busto da escritora Maria Firmina dos Reis, de autoria do escultor maranhense Flory Gama, foi esculpido a partir das informações prestadas por vimarenses que conviveram com a mestra-régia, como dona Nhazinha Goulart, criada pela romancista na residência da Praça Luís Domingues, e por dona Eurídice Barbosa, procedente da Fazenda Nazaré, que foi aluna de Maria Firmina na Escola Mista de Maçaricó. O busto foi colocado no ano de 1975 na Praça do Panteon, em frente à Biblioteca Pública Benedito Leite, na Capital junto a outros 17 intelectuais maranhenses. Posteriormente, os 18 bustos do Panteon Maranhense foram transferidos para os jardins do Museu Histórico e Artístico do Maranhão, localizado na Rua do Sol, em São Luís, onde se encontram até hoje
Com base nessas descrições, e no busto conhecido, a ALL mandou elaborar um selo comemorativo aos 190 anos da ilustre ludovicense:
Este é outro retrato falado de Maria Firmina, elaborado pelo artista plástico Tony
Para a Academia Ludovicense de Letras, este é o ‘retrato’ oficial da escritora, Patrona do sodalício, junto com a estampada no selo comemorativo.
ANIVERSÁRIO DE TRÊS ANOS DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS
CASA DE MARIA FIRMINA DOS REIS MENSAGEM DA PRESIDENTE - DILERCY ARAGÃO ADLER Neste aniversário de 193 anos de nascimento de Antônio Gonçalves Dias a Academia Ludovicense de Letras- ALL - Casa de Maria Firmina dos Reis- completa 03 anos de fundação. Antes de me referir a esta amada Academia, quero convidar os presentes a empreenderemcomigo uma rápida viagem no tempo, por volta de 388 a.C., à Grécia antiga,precisamente à Atenas, onde encontraremos o berço do termo,assim comoa primeira Academia, a Academia de Platão,para então refirmarmos também a importância da nossa Academia. Nesse tempo (388 a.C.), depois de sua primeira viagem à Sicília, aos 40 anos, Platão comprou um ginásio perto de Colona,motivado pela decepção com o luxo e os costumes da corte de Dionísio I, de Siracusa, tendo sido, inclusive, expulso de lá. O ginásio se localizava no nordeste de Atenas, nas vizinhanças de um bosque sagrado de oliveiras dedicado à Atena, a deusa da sabedoria.Ele ampliou a propriedade e construiu alojamentos para os estudantes em homenagem ao herói Academo.Os membros da Academia não eram estudantes no sentido usual e comum dos dias atuais, pois alguns eram também anciãos. Platão reunia pensadores que discutiam questões filosóficas. Ao desiludir-se com a política, diante das corrupções e violências cometidas, Platão vê a filosofia como instrumento de demonstração do que é ser justo,e, nessa perspectiva, os governantes deveriam ser filósofos. A Academia objetivava tornar o homem virtuoso pela ação. Segundo ele, o filósofo é aquele que escreve a alma, e adotou o lema de Sócrates:O sábio é o virtuoso(https://pt.wikipedia.org/wiki/Academia_de_Platão,2016) (grifo nosso). Posteriormente, a denominação Academia passou a se referir à reunião de pessoas especializadas em determinadas áreas, também passaram a receber a mesma denominação os estabelecimentos de ensino superior, as escolas de práticas desportivas e outras instituições e sociedades de caráter científico, artístico e literário. É neste caráter literário científico-cultural que se insere esta Academia. E, para a nossa alegria, elafoi criadadentro de uma inolvidável comemoração cultural, na nossa Ilha e ainda nas cidades de Caxias e Guimarães, com o objetivo precípuo de prestar grande homenagem ao Príncipe dos Poetas, Antônio Gonçalves Dias. Neste caso específico,a criação da ALL integrou a programação da cidade de São Luís, quando, numa manhã ensolarada, vinte e cinco intelectuais reuniram-se no Palácio Cristo Rei, sito na Praça Gonçalves Dias, nesta cidade de São Luís – Maranhão com o fito de fundarem uma Academia de Letras para a capital maranhense. Aí dá-se o ato de nascimento da Academia, gestado ao longo de alguns meses. Na primeira Assembleia Geral, surge Maria Firmina dos Reis, mediante a escolha do seu nome para o lugar de maior honra: o de Patrona da Casa. Assim, Gonçalves Dias toma,gentilmente,as mãosde Maria Firmina dos Reis e entram juntos na nossa Casa. Mas com os dois entraram mais trinta e oito grandes vultos da nossa historiografia cultural. Cadeira nº 1 -CLAUDE D’ABBEVILLE (Frei); Cadeira nº 2-ANTÔNIO VIEIRA (Padre); Cadeira nº 3 -Manuel ODORICO MENDES; Cadeira nº 4 -Francisco SOTERO DOS REIS; Cadeira nº 5 -JOÃO Francisco LISBOA; Cadeira nº 6 -CÂNDIDO MENDES de Almeida; Cadeira nº 7 -Antônio GONÇALVES DIAS; Cadeira nº 8 -MARIA FIRMINA DOS REIS; Cadeira nº 9 -Antônio HENRIQUES LEAL; Cadeira nº 10 SOUSÂNDRADE (Joaquim de Sousa Andrade); Cadeira nº 11 -CELSO Tertuliano da Cunha MAGALHÃES; Cadeira nº 12 -José RIBEIRO DO AMARAL; Cadeira nº 13 -ARTUR Nabantino Gonçalves de AZEVEDO; Cadeira nº 14 -ALUÍSIO Tancredo Gonçalves de AZEVEDO; Cadeira nº 5 -RAIMUNDO da Mota de Azevedo CORREIA; Cadeira nº 16 -Antônio Batista BARBOSA DE GODOIS; Cadeira nº 17 CATULO DA PAIXÃO Cearense; Cadeira nº 18 -Henrique Maximiano COELHO NETO; Cadeira nº 19 -
João DUNSHEE DE ABRANCHES Moura; Cadeira nº 20 -José Pereira da GRAÇA ARANHA; Cadeira nº 21 - FRAN PAXECO - Manuel Francisco Pacheco; Cadeira nº 22 -José Américo Olímpio Cavalcante dos Albuquerques MARANHÃO SOBRINHO; Cadeira nº 23 -DOMINGOS Quadros BARBOSA Álvares; Cadeira nº 24 -Manuel VIRIATO CORRÊA Baima do Lago Filho; Cadeira nº 25 -LAURA ROSA; Cadeira nº 26 Raimundo CORRÊA DE ARAÚJO; Cadeira nº 27 -HUMBERTO DE CAMPOS Veras; Cadeira nº 28 ASTOLFO Henrique de Barros SERRA; Cadeira nº 29 - DILÚ MELLO - Maria de Lourdes Argollo Oliver; Cadeira nº 30 -ODYLO COSTA, FILHO; Cadeira nº 31 -MÁRIO Martins MEIRELES; Cadeira nº 32 JOSUÉ de Souza MONTELLO; Cadeira nº 33 -CARLOS Orlando Rodrigues DE LIMA; Cadeira nº 34 LUCY de Jesus TEIXEIRA; Cadeira nº 35 -DOMINGOS VIEIRA FILHO; Cadeira nº 36 -JOÃO Miguel MOHANA; Cadeira nº 37 -Maria da CONCEIÇÃO Neves ABOUD; Cadeira nº 38 -DAGMAR DESTÊRRO e Silva; Cadeira nº 39 - BANDEIRA TRIBUZI -José Tribuzi Pinheiro Gomes; Cadeira nº 40 -José RIBAMAR Sousa dos REIS. A escolha dos patronos da nossa Academia foi fruto de um intenso e criterioso trabalho de Wilson Pires Ferro, que realizou uma exaustiva pesquisa biobibliográfica de nomes ilustres para patronear as Cadeiras da Academia, a qual seria apresentada, analisada e votada numa Assembleia Geral Ordinária. Esse trabalho totalizou setenta nomes, incluindo vinte e nove conterrâneos ludovicenses e quarenta e um intelectuais do Maranhão, de outros Estados do Brasil e de outras nacionalidades, dos quais foram escolhidos trinta e nove para patronear as Cadeiras da ALL (apenas um patrono selecionado não se originou da sua pesquisa). Esse estudo foi efetivado num período em que a sua saúde estava bastante fragilizada, condição que não o impediu de debruçar-se sobre livros e artigos, jornais e outras fontes a fim de concluir a tarefa para a qual se tinha disponibilizado com grande dedicação. E nas suas Cadeiras os vinte e cinco Membros Fundadores desta Academia sentaram-se e fizeram os elogiosaos seus patronos, a saber:Aldy Mello de Araújo; Álvaro Urubatan Melo; Ana Luiza Almeida Ferro; André Gonzalez Cruz; Antônio Augusto Ribeiro Brandão; Antonio José Noberto da Silva; Arquimedes Viegas Vale; Arthur Almada Lima Filho; Aymoré de Castro Alvim; Clores Holanda Silva; Dilercy Aragão Adler; João Batista Ericeira; João Francisco Batalha; José Claudio Pavão Santana; José Ribamar Fernandes; Leopoldo Gil Dulcio Vaz; Michel Herbert Alves Florêncio; Osmar Gomes dos Santos; Paulo Roberto Melo Sousa; Raimundo Gomes Meireles; Raimundo Nonato Serra Campos Filho; Raimundo Viana; Roque Pires Macatrão; Sanatiel de Jesus Pereira e Wilson Pires Ferro. Depois entraram para juntar-se aos Membros Fundadores mais cinco Membros Efetivos, que atenderam aos convites/indicação de alguns confrades e confreiras e tiveram os seus nomes aprovados pelo plenário da Casa: Ceres Costa Fernandes, Daniel Blume Pereira de Almeida; Mario da Silva Luna dos Santos Filho, Maria Thereza de Azevedo Neves e Joãozinho Ribeiro. Hoje anunciamos, com imenso prazer, o Edital Eleitoral Nº 10/2016, referente ao processo para o preenchimento das Cadeiras 22 - Maranhão Sobrinho; 24 - Viriato Corrêa; 25 - Laura Rosa; 35 - Domingos Vieira Filho, na categoria de novos Membros Efetivos. O referido Edital estará afixado no Palácio Cristo Rei, Praça Gonçalves Dias, nº 351, São Luís-Maranhão, CEP 65020-240, no horário comercial, no período de 29 de agosto a 30 de setembro de 2016, local onde a documentação deverá ser entregue e pode ser ainda encontrado no site da Academia Ludovicense de Letras: http://www.ivolution.com.br/projetos/all/ Também é oportuno registrarque a nossa Academia tem o grande propósito de reverenciar alguns dos grandes homens e mulheres da nossa terra, por isso anualmente elegemos em Assembleias Gerais, um dos patronos da Academia para ser o Homenageado do Ano. Este ano o eleito por unanimidade foi Henrique Maximiano Coelho Netto, ouCoelho Neto, como é conhecido. Quis o destino que nesta comemoração do aniversário de Gonçalves Dias que o homenageado do ano apresentasse algumas similitudes na sua biografia com a de Gonçalves Dias e Maria Firmina dos Reis. Coincidentemente,Coelho Neto nasceu em Caxias, no dia 21 de fevereiro do mesmo ano do falecimento de Gonçalves Dias, 1864. Ainda outros pontos em comum entre os três como aqueles relativos à origem e ao início de história: Coelho Neto, filho único do negociante português, Antônio da Fonseca Coelho, e de D. Ana Silvestre, índia “civilizada”. Eu coloco o adjetivo civilizada entre aspas porque essa mãe índia é considerada o seu primeiro grande esteio na vida. Ele passou por dificuldades econômicas na adolescência em razão da precoce orfandade, tendo assumido,desde então, o papel de provedor da família.
Mas, ouviremos mais detalhes dessa vida rica de superações e devotamento à cultura, no Elogio daquele que ocupa a sua Cadeira nesta Academia, o confrade Arthur Almada Lima Filho, cumprindo uma praxe regimental da nossa Casa. Assim, desde a criação da nossa Academia não paramos de sonhar e buscar mecanismos para dar corpo aos ideais de justiça e beleza para a vida pessoal e coletiva compartilhados por Gonçalves Dias e Maria Firmina dos Reis, que se constituem pilares das nossas inspirações. Ainda nesta noite festiva, é mister dizer que merecem agradecimento especial os vimarenses que acolheram Maria Firmina dos Reis em sua cidade e, por isso, tiveram o privilégio de testemunhar sua luta em prol de uma sociedade mais justa. Além disso, continuam cultuando sua memória também por meio da participação ativa da história da Academia Ludovicense de Letras- Casa de Maria Firmina dos Reis. Convêm registrarque, na nossa curta história, já temos uma grande perda registrada: a do nosso confrade Wilson Pires Ferro.Confesso que me tornei sua admiradora pela pessoa e pelo intelectual que foi. Admiração construída em pouco espaço de tempo - o que lamento – mas, em contrapartida, muito sólida e afetuosa, a ponto de eu ter sugerido o seu nome para a primeira Presidência da ALL. Lamento muito não ter tido o tempo que gostaria para privar da sua amável companhia e me pergunto de quantas tantas outras pessoas deixamos de nos aproximar e estreitar laços e solidificar mais as amizades. Por isso, exorto a todos nós desta Confraria que reflitamos acerca do que coloquei na contracapa do meu livro “Desabafos... Flores de plástico... Libidos e Licores liquidificados” (2008): A linguagem equivocada obstaculiza o encontro. A poesia é a possibilidade libertária dos símbolos acorrentados aos condicionamentos esdrúxulos e, assim, desfaz equívocos. E, como não há castigo maior de que uma vida inútil e sem perspectivas, o poeta elege, como significado da sua própria vida, o eximir de si mesmo e dos seus semelhantes a culpa original imputada, arbitrariamente, que redunda na suprema injustiça da existência absurda. Para o poeta a vida torna-se, assim, o próprio delírio... ou o delírio torna-se a própria vida!?... O poeta, alma sensível, atenta e sonhadora trabalha no sentido de um desobstaculizar coletivizado dos encontros... Quem sabe assim mais encontros aconteçam entre as pessoas e a vida possa seguir seu rumo, plena de amor e de paz!.. Que esta Casa possa proporcionar encontros profícuos entre nós e entre nós e o mundo!!!! Obrigada!
REFERÊNCIAS ADLER, Dilercy Aragão. Desabafos... flores de plástico... libidos e licores liquidificados. São Luís: Estação Produção, 2008. https://pt.wikipedia.org/wiki/Academia_de_Platão,2016.
ANA LUIZA ALMEIDA FERRO Revista Cultural Ludovicense - São Luís 400/2012 com Ana Félix Garjan Embaixadora Da Paz. A Revista Cultural Ludovicense tem a satisfação de divulgar o vídeo sobre entrevista realizada pela apresentadora Iêda Falcão, no programa Arte & Cor, da TV São Luís, Rede TV, Canal 8, exibida em 30 de abril de 2016, sobre a trajetória literária da escritora, poeta e acadêmica Ana Luiza Almeida Ferro. ____________________ - Divulgação: Ana Félix Garjan ArtePoesia Literatura.
PODE ENTRAR - ANA LUIZA ALMEIDA FERRO youtube.com
Ana Luiza Almeida Ferro realizou seu sonho – eleita Rainha!!!!
Ana Luiza Almeida Ferro - Acabei de receber o prêmio e o título de comendadora em SP, na companhia de outros homenageados de todo o Brasil. Sinto-me muito honrada. Parabéns à Associação Brasileira de Liderança por promover evento de tal magnitude. Muito obrigada à minha família e a todos os amigos pelas mensagens de carinho.
Ana Luiza Almeida Ferro compartilhou um link.
Revista Letrilha #ClippedOnIssuu Vol. 1 "A arte de viver". Centenรกria homenageada: Vera Hossmann. Fev-2016.
O estado - Notícia-Personalidade-EM-PH-15-06-16
Notícia-Prêmio para Ana Luiza-EM-PH-18-07-16
Ana Luiza Almeida Ferro Vídeo contendo parte relativa ao recebimento do Prêmio Excelência e Qualidade Brasil 2016, na cerimônia realizada no Círculo Militar, em São Paulo, em 19 de julho. Seguem também algumas fotos, agora oficiais do evento. https://www.facebook.com/100005517346537/videos/525736950953545/
"Social - Riba Um" do seu Jornal Pequeno, edição desta terça, 23 de agosto. AS fotos mostram a promotora de justiça Ana Luiza Ferro discursando no Círculo Militar, em São Paulo, após receber comendas e prêmios nacionais de literatura. E a executiva Euzamar Baima, que estréia nova idade na sexta.
Na Bienal de SP, como coautora da Antologia bilíngue Sem Fronteiras pelo mundo..., lançada hoje, e autora dos livros Quando e O náufrago e a linha do horizonte: poesias, da Scortecci.
Imagens da cerimônia de premiação da Exposição Letra & Imagem, em São Paulo, no dia 29, em que eu e a artista plástica Elsie Paiva recebemos Menção Honrosa e a distinção "Moção Cultural de Aplausos", respectivamente pelo poema Um brinde à felicidade e pela tela homônima.
A ‘RAINHA’ EM SEU TRONO
AO LADO DAS FORÇAS DO MAL (?)
Hoje São Luís completa 404 anos. Parabéns à nossa cidade e aos seus fundadores, Daniel de la Touche e François de Razilly, este infelizmente ainda esquecido! Amanhecemos sem o fogo da filosofia e da sabedoria do grande intelectual José Maria Ramos Martins, falecido no dia 06. Minhas homenagens ao meu estimado professor e meus sentimentos à família enlutada. Segue um poema que celebra a nossa cidade:
A DAMA QUATROCENTONA Ana Luiza Almeida Ferro Bafejada pelo vento mântico ora sibilante ora silente no milenar balouço do Atlântico por vezes bravio por vezes suave repousa uma dama na rede a receber os navios a despachar as marés sempre a enroscar-se de sede na Fonte do Bispo na Fonte do Ribeirão uma serpente em busca da cauda sempre mítica casualmente real em cada pequena lauda com água por todos os lados a abordar a praia grande
a encher a lagoa encantada no porto de todos os fados. Da carruagem de Ana Jansen a dama que os franceses embalaram e fizeram sua que os lusos conquistaram e cobriram de azulejos que os holandeses violaram e deixaram nua que os brasileiros cortejaram e acolheram sem pejos contempla o lento tecer das parcas o tempo a deixar suas marcas no chão que tantos pisaram que tantos heróis cultivaram com sonho, suor e sangue no forte ou no mangue. Do belo mirante a dama com jeito de bacuri da cor da juçara com gosto de sapoti de sotaque de zabumba com cheiro de pequi seduz os leões do poder ouve os tambores e pede as mercês acompanha a marcha da insensatez pelas ruas e becos do Reviver. Do alto das palmeiras a dama da cocada, do cuxá do boi, do cacuriá de muitos sortilégios e alguns privilégios de fiéis ou venais pretendentes de faustos ou ruços presentes Atenas bem brasileira ilustrada, festeira filha de Japi-açu dona do babaçu avista a baía do santo desce para o Largo dos Amores do sabiá procura o canto na igreja se veste de flores lamenta os agravos com espanto. E assim a grande dama bem matrona se senta à beira-mar no conforto de sua fama
abre o leque e se abana e deixa a História navegar. E assim a grande dama quatrocentona se senta nas pedras de cantaria onde o passado esconde a chama solta os cabelos ao afago da brisa e deixa a realidade virar fantasia. (Do livro 1612: os papagaios amarelos na Ilha do Maranhão e a fundação de São Luís. Curitiba: Juruá, 2014)
Ana Luiza Almeida Ferro Meu logotipo pessoal, feito pela amiga Ana Félix Garjan, que é uma homenagem à cidade de São Luís e às suas origens francesas... Ela logrou, com o seu toque mágico, inserir minhas quatro iniciais - ALAF - em meio à flor-de-lis, símbolo francês...
Jornal Sem Fronteiras
A escritora Ana Luiza Almeida ferro que levou a Menção Honrosa na Categoria Literatura. SANGUE NOVO NA AML Hoje é um dia de grande significado para a vida literária do Maranhão. Pela segunda vez este ano, a AML (Academia Maranhense de Letras) escolhe um escritor para preencher uma vaga. Dessa vez, a cadeira número 12 prepara-se para ser ocupada pelo escolhido num certame democrático entre os candidatos Ana Luiza Almeida Ferro e Manoel Aureliano Neto. A Casa de Antônio Lobo, como também é chamada a AML, hospeda 37 membros. Os dois concorrentes são pessoas de alta valia no universo intelectual de nosso estado e do país, com obras publicadas na seara jurídica e literária propriamente dita. Pelo que se observa do currículo e da produção literária dos dois, Ana Luiza Almeida Ferro, ganhadora de vários prêmios nacionais e internacionais, e com uma obra que inclui um conjunto mais significativo, especialmente na produção poética, reúne, a meu ver, maior qualificação para ocupar a cadeira vacante. Seja qual for o resultado, o mais importante é que a AML se renova com a recepção de cada novo membro, e a cultura de nosso Estado se revitaliza. Parabéns aos dois candidatos e feliz “vida acadêmica” ao vencedor.
Ana Luiza Almeida Ferro
É com grande prazer que anuncio que fui eleita para ocupar a Cadeira 12 da Academia Maranhense de Letras, patroneada por Joaquim Serra, tendo como últimos ocupantes o célebre escritor Odylo Costa, filho e o jornalista e poeta Evandro Sarney. Agradeço aos membros da Academia a grande distinção e expressiva votação. Agradecimentos especiais a Deus, aos meus pais Wilson (in memoriam) e Eunice Ferro e familiares dos ramos Ferro, Almeida e Meireles, a D. Maria Theresa Neves e outros amigos, aos meus professores dos cursos de Letras, a exemplo das acadêmicas Ceres Costa Fernandes e Sônia Almeida, e Direito, da UFMA e da UFMG, e a todos que torceram por mim e deixaram mensagens de apoio e carinho neste espaço.
DILERCY ARAGÃO ADLER
ACADEMIA NORTEAMERICANA DE LITERATURA MODERNA Recebi hoje da Academia Norteamericana de Literatura Moderna o certificado de Membro Adjunto (datado de 30 de maio) juntamente com as boas vindas da Academia e da sua Presidente Rosa Lia De La Soledad, o que muito me honra. A ANLM que é constituída por Capítulos ou Junta Diretivas (formadas dentro dos grupos existentes e organizados que representam em seus próprios países a Academia) tem como objetivo divulgar os talentos da cultura hispano-americana dando-lhes uma plataforma para que se deem a conhecer no mundo das letras. Entre as suas atividades destacam-se: o Congresso Poético Internacional, o Projeto Literatura Experimental que incluem talleres cibernéticos e a Livraria Mundo Latino. Ainda recebi o honroso convite para ser a Presidente do Capítulo no Brasil, em criação, o qual aceitei com muita satisfação, e agradecida à Presidente pela confiança em mim depositada. Tudo farei para corresponder à altura dos nobres objetivos da ANLM.
Casa de Natinhocostafenix Costa Fenix foi cenário de uma noite perfeita, reencontro de amigos, música, poesias, comidas típicas. Momentos recheados de muitos risos.... plenos de alegrias.. verdadeira confraternização da verdadeira amizade.
REUNIÃO DE DIRETORIA DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS-ALL, DIA 12/07 Sede do CRM, que muito gentilmente tem sido cedido espaços para as nossas reuniões de Diretoria, através da mediação de Livia Helena Teixeira junto ao Presidente Abdon Murad, o qual tem sempre atendido aos nossos pleitos.aa
ANIVERSÁRIO DA CIDADE DE ITAPECURU MIRIM E O ENCONTRO DE ACADEMIAS
O encontro das Academias, ontem (20/07/2017), em Itapecuru, como parte das comemorações do aniversário da cidade foi muito rico em suas atividades! Um ponto alto para os amantes das Letras foi o Encontro de Academias, como parte das comemorações do aniversário da cidade de Itapecuru. Encontro que se configurou como evento riquíssimo de atividades e de consolidação de inter-relações entre Academias, outras instituições e projetos e, principalmente pessoas!!!! Muitos contatos consolidados e outros novos iniciados! A coordenação do encontro ofereceu um almoço primoroso em lugar muito aprazível Entre as Academias de Letras presentes, além da ALL e da Academia de Itapecuru: a Academia Maranhense de Letras, de Viana, Arari, Vitória do Mearim, Brejo e Anajatuba, tudo muito bem orquestrado por Jucey Santana, sempre incansável na organização. Membros da ALL presentes, Dilercy Adler (Presidente), Macatrão, Ceres, Meireles, Álvaro e Batalha. Visitas muito pertinentes: escola, biblioteca, um projeto de ressocialização para apenados da APAC. Belo trabalho de Mirella e Carla. Além de muito bonitas. Bela dupla de profissionais competentes e humanizados. Membros da ALL ofertaram livros à Biblioteca e outros foram prometidos à Biblioteca do Centro de Reintegração Social da APAC de Itapecuru Mirim, entre eles os de Maria Firmina dos Reis, Diário de Viagem de Gonçalves Dias, dos Mil poemas para Gonçalves Dias.
A IV FEIRA DE LIVRO DE SANTA INÊS A IV FEIRA DE LIVRO DE SANTA INÊS aconteceu nos dias 13 (abertura à noite) 14 e 15 de julho e teve como público predominante durante o dia, estudantes e professores. Contou também a presença do Planetário do Departamento de Física da UFMA e apresentações culturais, à noite com a presença da comunidade local. No tocante às Letras, contou com a presença da Academia Maranhense de Letras e com a nossa Academia representada por mim e Clores Holanda e a confreira Ceres que é membro das duas Academias, ainda lá estavam participando ativamente integrantes da FLAEMA e os poetas da terra. O convite para a Academia Ludovicense de Letras para a Feira foi muito carinhoso e, nas palavras da Profa. Carmem, autora do convite: Reforço que sua presença e da Academia Ludovicense de Letras será um privilégio e uma grande honra. De fato, nós também nos sentimos muito horados com o convite e agradecemos participando efetivamente do evento, através da exposição dos livros dos nossos membros e comunicação sobre Poesia Feminina pela Presidente da ALL. A participação da Secretária Geral da ALL, Clores Holanda, foi fundamental também na nossa organização na Feira. Essa Feira tem um significado especial porque marca o resgate desse evento na cidade, considerando que a III Feira aconteceu em 1994, marcando uma lacuna de 22 anos. E desejamos que daqui para frente aconteça regularmente. Nosso agradecimento às autoridades da cidade em geral, ao Dr. Ribamar Alves, Prefeito, o Prof. Paulo Rodrigues, Secretário de Educação, ao Dr. Feitosa, que mui gentilmente nos levou e à querida profa. Carmem da Comissão organizadora da Secretaria Municipal de Educação, incansável e amabilíssima, a nossa gratidão e reconhecimento do belo trabalho!
ENTREVISTA DA POETA MARANHENSE DILERCY ADLER AOS ALUNOS DO CIEP 121- PROFESSOR JOADÉLIO CODEÇO- MARAMBAIA-SÃO GONÇALO-RJ http://revistaliterariaposmodernaplenitude.blogspot.com.br/… 1-DIANA M. DE AQUINO (TURMA: 801): a) O que levou você a ser poeta? R:A vida, as pessoas, o mundo, tudo que me rodeia e me inspira, me inquieta, me seduz... veja a seguir o que diz essa minha poesia: POEMA Dilercy Adler No frio e pálido papel eu me debruço debulho irrefutavelmente tantos prantos quanto me custa! degusto prazerosamente todos os sabores que me devassam e afloram corpo e mente quantos licores! e o papel se enche transborda vida!... 2- ARIANE B. MOTA DA SILVA (TURMA 801): a) Como você começou a fazer poesia? R: Desde pequena, mas os primeiros escritos eu não guardava. Na adolescência fiz um caderno de poesia e só aos 41 anos a minha primeira publicação: Crônicas & Poemas Róseos-Gris”, em 1991, São Luís/MA. 3- JÉSSIKA LIANDRO DE SOUZA MELO (TURMA 801): Sua vida sem poesia, como seria? R: Uma poesia!! A vida de todos nós é poesia! VI(VENDO) ETERNA(MENTE) Dilercy Adler Se não escreveste um livro registraste na memória de muita gente fatos histórias conceitos inestimáveis que foram muito bem assimilados e serão repassados para outras gerações para todo o sempre! se não plantaste uma árvore espalhastes sementes de ideias de luzes que brotam e brotarão frutos vivos e férteis na terra!... se não tiveste um filho pariste estrelas luas mares
adotaste toda a humanidade em todos os gestos sensíveis de solidariedade!... se não fizeste poesias contemplaste todos os pores - de- sol todas as luas cheias e minguantes todas as marés vazantes que tua vida terrena te permitiu marcando o teu existir com traços indeléveis de amor e de vida que jamais... b) Quais poesias marcaram sua vida? Por quê? R: Não existe uma específica... Eu diria que todas marcaram a minha vida. De fato, a minha vida e a vida das pessoas é que marcam as minhas poesias. Todos os meus livros tem um tema como pano de fundo. Por exemplo: o tema mulher, o envelhecer, o cotidiano, etc. 4- LAYLA MATTOS DE OLIVEIRA (TURMA 801): a) Por que escolheu a profissão que tem? R:1-Eu sou Psicóloga : gosto de buscar entender as pessoas. As relações interpessoais são muito complexas e isso me instiga a estudar e pesquisar; 2- Sou também professora: busco mediar conhecimento, cultura, para as pessoas se aprimorarem; 3-Sou poeta: procuro registrar as dores e os prazeres do mundo humano e do ser humano INSONDAVELMENTE SENDO Dilercy Adler Conhecer-me como é possível? se eu mesma me debato e desabo toda se sou arrebatada e me arrebento inteira entre dúvidas desatinos e "certezas" questionáveis que me amordaçam me violentam me dividem! conhecer-te mais difícil ainda ... eis a insondabilidade do ser humano! b) As pessoas te julgam por ser poeta? R: Acredito que não. Não sei!... E o que importa é semear boas ideias: SEME(ANDO) Dilercy Adler Lavra na terra o sulco da vida lavra ideias lava a “culpa” e o “pecado do mundo”
limpa com ideias revolve o sumo do inominável com tuas ideias! 5- LISLANE DOS SANTOS ALVES VIEIRA (TURMA 801): a) Sobre o que gostaria de escrever como algo novo? R:Qualquer coisa! Pode até ser sobre algo bem familiar ou inusitado. A condição da novidade é dada pelo olhar de quem vê... pelo estado da sua alma, pela sua sensibilidade... POESIA Dilercy Adler Eu te capto entre os espigões de concreto que se afogam no mar morto do asfalto eu te vejo mesmo na solidão do eco do salto alto nervoso apressado eu te acho no poço escuro sombrio do elevador lento e inabalável eu só me calo quando me falas eu sempre grito as tuas dores mas também digo os teus prazeres e ainda bendigo por me fazeres teu instrumento!
Ou ainda
EU E A POESIA Dilercy Adler Vejo a poesia no infeliz que chora... vejo poesia na "felicidade de outrora!" vejo poesia na elegância do manequim... vejo poesia no palhaço que desengonça perto de mim... vejo poesia na natureza
vejo poesia até na minha desgraça e também na alheia... vejo poesia em você vejo poesia em mim vejo poesia no tudo e no nada sou a própria poesia personificada! 6- MAICON DOUGLAS C. DE MELO (TURMA 801): a) Quantos livros você já fez? Veja abaixo:. R; Livros Acadêmicos publicados: ALFABETIZAÇÃO & POBREZA: A escola comunitária e suas implicações. São Luís-MA: Estação Produções/2002. CARL ROGERS NO MARANHÃO: Ensaios Centrados (org.) - São Luís/MA: Estação Produções 2003. TRATAMIENTO PEDAGÓGICO DE LOS VALORES MORALES: de la comprensión teórica a la práctica consciente -São Luís/MA: Estação Produções, 2005 (1º lançamento em Havana/Cuba). Publicações Literárias (Livros): “Crônicas & Poemas Róseos-Gris”, em 1991, São Luís/MA; ”Poematizando o Cotidiano ou Pegadas do Imaginário”, em 1997, Rio de Janeiro/RJ; “Arte Despida”, São Luís/MA, 1999; “Genesis-IV Livro”, São Luís/MA, 2000; “Cinquenta vezes Dois Mil human(as) idade(s)”; São Luís/MA, 2000 “Seme...ando dez anos”, São Luís/MA, 2001; “Joana Aragão Adler: uma história de amor e de fé...uma história sem fim...”, São Luís/MA, 2005; “Desabafos... flores de plástico... libidos e licores liquidificados”, em 2008, São Luís/MA; “Uma história de Céu e estrelas”, São Luís/MA, 2010; “Poesia feminina: estranha arte de parir palavras, São Luís/MA, 2010”. TINKUY, Lima –Peru, 2012. É organizadora da Exposição (poesia e fotografia-100 poemas-posters de 61 poetas maranhenses) e Livro “Circuito de Poesia Maranhense” (1995/1996); Organização de Coletâneas Poéticas: “LATINIDADE-I, LATINIDADE-II, LATINIDADE III e IV da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, (1998/2000/2002/2004) “Mil poemas para Gonçalves Dias” e “Sobre Gonçalves Dias” (2013). b) E qual de seus livros você mais gosta? Por que? R;Todos. Mas tenho um carinho especial pelo livro sobre a vida da minha mãe: “Joana Aragão Adler: uma história de amor e de fé...uma história sem fim...” e o de história infantil: “Uma história de Céu e estrelas”, que fiz com os meus dois netos mais velhos: Daniel Victor e João Marcelo. 7- KARINE DE SOUZA E. DA COSTA (TURMA 801): a) O que você acha dos poetas do Brasil? R: Temos muitos poetas muito bons, excelentes, o brasileiro tem sensibilidade aguçada. E teríamos mais poetas se a nossa educação oferecesse condições facilitadoras para a criação. A matéria prima da poesia está aí... aqui...ali, em todo lugar. 8- MAXSUEL HENRIQUE NERI DA SILVA (TURMA 801): a) O que te inspira a fazer poesia? R: Tudo! A vida, as pessoas, o mundo, tudo que me rodeia e me inspira, me inquieta, me seduz.. b) Para você o que é poesia? R: A vida, A vida, as pessoas, o mundo... 9- DAVISON DOS SANTOS (TURMA 801): a) Como você se sente quando termina de escrever uma poesia?
R: Leve!Livre! Liberta!!! LIBERTAÇÃO Dilercy Adler Aprisiono o verbo devoro a “carne” –pecado humanocerne do desejo tresloucado do fruto proibido insaciavelmente insano!... aprisiono a dor em amargas palavras algemadas –cárcere privadoesvaziada da linguagem erótica ... recrio liturgias procissões santos e rezas que se pretendem assépticos e no entanto mostram-se contagiam com os seus próprios venenos exoticamente tóxicos! aprisiono o amor no papel A4 que jaz na impressora do meu computador e digito tácita e indolentemente cada letra cada sílaba cada sentença cada cicatriz intensa da vida que se expõe e ao se mostrar completamente nua sem qualquer reserva se ergue se levanta alça vôo ...se liberta... e me liberta também!!!
b) Você já escreveu uma poesia sobre a sua família? R:Sim. Todas as minhas filhas, todos os meus netos, meu pai, minha mães, têm poesias e/ou acrósticos. Abaixo duas delas A MÃO, O BERÇO, O MUNDO A Joana Adler, minha mãe Dilercy Adler “A mão que embala o berço é a mão que rege os caminhos do mundo” quisera que mais mãos como as tuas houvesse mãos que nos conduziram com amor mãos que sempre buscaram relações verdadeiras mãos tão amigas tão companheiras que nos valeram sempre nos momentos de dor! quisera que mais mãos como as tuas houvesse mais companheirismo mais benignidade mais justiça e igualdade existiriam neste mundo de tão pouca magnanimidade... “A mão que embala o berço é a mão que rege os caminhos do mundo” Obrigada mãe por tuas mãos tão sábias obrigada mãe por teu querer teu apreço obrigada mãe - a tipor embalares nossos berços obrigada mãe por teu existir! In: Cinquenta vezes dois mil - humana(s) idade(s) ( 2000, pp. 29-30) VINTE E SETE DE JANEIRO (para Milena, minha filha e à memória de Francisco Adler, meu pai ) Dilercy Adler Esta é uma data difícil de dizer difícil de saber difícil de viver e entrever emoções... inspira alegria força que magnetiza energiza a vida! inspira saudade dor que vem da morte
separação de vidas... ...o corte! ... inspira amores tenros incensos suspiros de flores campestres regadas à chuva de inverno que sempiterno dá brotos dá vida!... inspira cores serenas opacas estrelas sem brilho que também brilham distantes como o cheiro da alfazema que intenso traz à memória o feno e a estrebaria da doce vida do campo... traz a gélida neblina vívida na solidão do sonho traz o inaudível silêncio forte que vivifica a morte mas nem sempre foi assim... ela nasceu um dia naquele seu aniversário no qual sol e alegria maravilhosamente se mesclavam no qual torpor e magia contagiavam a vida muita vida reunida festa dupla! hoje metade é saudade ele se foi mansamente ela ficou linda e meiga exuberante! mas esta data é dos dois dele e dela avô e neta hoje distantes um do outro em dois etéreos planeta e o que fica de eterno é o elo dourado de vidas vidas querida nascidas no mesmo dia! In: Poematizando o cotidiano ou Pegadas do imaginário ( 1997, pp. 57-58) c) Você já tentou fazer um filme com a sua poesia? R: Ainda não. 10- MATHEUS LOBO GOMES LEITE (TURMA 801): a) Qual foi um dos seus primeiros poemas que a senhora ficou mais emocionada?
R:É difícil dizer. Mas no meu primeiro livro sobre a mulher tem um que eu gosto muito: ESPAÇO FEMININO Dilercy Adler Espaço mulher mulher no espaço espaçonave espaço cósmico cômico espaço... inusitado das normas do corpo do sexo do leite materno que eterno sangra do peito a jorrar a boca a dentro do homem b) Qual a importância de ser um poeta? R: Buscar repostas do mundo humano, buscar compreender os prazeres e as dores do ser humano... de forma leve... Veja a seguir: DIFÍCIL VERDADE Dilercy Adler Haverá talvez verdades que fiquem além da linguagem o que nos faz seres solitários! faço esforço sobre-humano para dizer o que sinto... ...e nem sempre consigo! faço esforço incrível para viver o que penso... ...nem sempre é possível! faço esforço tamanho para tornar-me clara e facilmente interpretada ...mas muitas vezes me flagro diferente na percepção do outro! são essas verdades além da palavra do gesto da expressão essas verdades não ditas que nos condenam a essa insólita solidão! ADLER, 1991, p.103) 11) THAMIRES SOARES DE SOUZA(TURMA 801): a) O que procura expressar quando escreve esses seus livros? R: A vida, as pessoas, as dores e os prazeres humanos. b) Pensa em viver algo novo?
R: Claro!! A vida é novidade sempre... quer queiramos ou não!! O que acontece é que algumas pessoas se fecham às novidades!!! 12) JULIO CESAR DA ROCHA PACHECO (TURMA 801): a) Você era sempre determinada a conseguir o que queria? R: Sim! Sempre fui atrás dos meus sonhos e realizei muitos deles! b) O que é dar aulas de Graduação e Pós-Graduação? R: É mediar a construção da criação do conhecimento, como em qualquer grau de ensino. c) Alguém já zombou de você pelos seus sonhos? R: Não!Se o fez não percebi... talvez não me interesse!!! 13- JHONNATA HENRIQUE (TURMA 801): a) Como você conseguiu ter várias profissões? R: É que temos várias vocações e eu privilegiei algumas delas, mas em alguns momentos da minha vida, uma ou outra se impunha mais. b) Qual é o seu modo de mostrar o seu poema para o mundo? R: Divulgação comum: lançamentos (presencial) pela internet que hoje é uma ferramenta fabulosa!!! 14- LIVIA SÁ LIMA (TURMA 901): a) Como você descobriu esse dom de escritor(a)? R:Deixei fluir (minhas condições subjetivas ) e tive as condições materiais necessárias (pessoas, contatos, condições objetivas) e as aproveitei, não deixei passar... ALMA DE POETA I Dilercy Adler Que alma é essa que habita o meu o corpo irrequieta aventureira ... como contê-la? que alma é essa estranha ao meu corpo que entranha insinuante inconformada com toda essa realidade reprimidamente “bem comportada”? que alma é essa tão infatigável apaixonadamente volúvel que habita um corpo de poeta - o meu corpo – de vida tão curta tão previsível tão limitada!
ALMA DE POETA II Dilercy Adler Alma poeta lapida espinhos lustra cascalhos
esgrima lágrimas - tão sentidas quanto humanas – e chora poemas em temas e temas e teimas incontidas do mais puro amor! 15- NATHAN DA SILVA DOS SANTOS (TURMA 901): a) Qual livro mexeu mais com o seu coração? R:O da minha mãe e o que eu fiz com os meus dois netos mais velhos (tenho sete) b) Qual dos seus livros demorou mais para se fazer? R: Eles todos duraram um tempo médio. Antes de publicar o primeiro livro de poesia eu já tinha 4 (quatro) livros prontos e tive que escolher o primeiro, o que foi uma difícil escolha , mas terminei me decidindo por aquele cujo tema é “o feminino... o feminino em todos os seus modos de ser mulher” 16- IRANILSON L. G. LEITE ( TURMA 901): a) Qual foi a sua reação quando no início da carreira seus poemas começaram a ser reconhecido? R: É muito gratificante!! É sensacional quando aquilo que você faz com toda dedicação e cuidadoé valorizado pelo seu coletivo. O contrário é muito desalentador!!! b) E como foi a publicação do primeiro livro? Teve algum problema na publicação? R: Tenho um irmão que é empresário, Carlos Alberto e ele me presenteou com a publicação do meu primeiro livro. E a partir desse livro entrei em contato com outros poetas e fui me entusiasmando para publicar mais e mais... Ele (o meu irmão) foi muito importante na minha vida literária, porque sem sabermos (ele e eu) naquele momento eu estava rompendo barreiras, vencendo o medo e buscando socializar o meu trabalho, entrando em contato com o mundo da produção. O que a gente não divulga, não registra, em palavras e imagens se perde e isso é muito triste e empobrecedor para o coletivo humano. O lançamento do primeiro livro teve a participação de uma artista plástica que só pintava mulheres (na época), então pedi que ela escolhesse algumas poesias para pintar telas dessas poesias escolhidas. E ficou lindo! Fizemos juntas o lançamento e a exposição das telas, telas lindas e todas elas tinham os nomes das poesias. E uma delas tinha o meu nome: “DILERCYANDO-SE “ Em retribuição fiz uma poesia para ela (também publicada no livro). O nome dela é Marlene Barros e veja a poesia a seguir: MARLENES (ela me pôs em tela aqui a ponho em versos) Dilercy Adler A mulher é linda seja ela branca negra amarela ou índia! lá estão elas nas telas em rostos ou pernas vestidas ou não belas mulheres diafanamente belas traçadas com encanto e talento uma a uma
todas elas pintadas por ela tão somente ela MARLENE linda mulher que perene se faz em telas! 17- GABRIEL DA SILVA (TURMA 901): a) Qual das sua obras, a senhora acha que impactou a sua vida? R:Todas! São como filhos e todos são importantes e muito amados e amadas. 18-TAUANE EMÍLIA DE SOUZA JACÓ(TURMA 802): a) Qual é o seu poeta preferido? R: São vários, não dá para nomear. Mas recentemente fizemos uma grande obra homenageando Gonçalves Dias, a qual tem a participação da professora de vocês e o nosso contato começou nesse evento. 19- CARLOS ALEXANDRE DA S. B. GARCIA (TURMA 802): a) O que você acha da Educação Brasileira? O que você aconselharia a Secretaria de Educação para melhorá-la? R:Não se pode negar que mais pessoas hoje têm acesso à educação escolarizada, mas é necessário trabalhar pela qualidade desse ensino. Além disso, mesmo o quantitativo ainda não é suficiente para atender à demanda. As Secretarias de Educação sabem o que fazer... O que falta é vontade política do nosso governo, em todas as esferas, para implementação das estratégias necessárias e adequadas à cada situação e contexto. 20- AMANDA DA SILVA FARIA (TURMA 802): a) O que você acha de seu Estado? R; É um Estado grande territorialmente falando, rico de bens naturais e de pessoas com potencial para a produção em todas as áreas tanto de mercado como do saber, mas em contrapartida os políticos que o governaram até hoje pensaram mais nos seus próprios interesses do que no interesse público, do coletivo. 21- RHUAN NEVES DA SILVA (TURMA 802): a) Você gosta do lugar que escolheu para morar? Ele já lhe inspirou um poema? R: Sim tenho um poema recente do lugar que vivo (na praia) há 4 (quatro) anos. Mas tenho outro (do apto que eu vivia anteriormente) que começo assim:” Da janela do meu apartamento.... A poesia do apartamento atual é a que segue: SOLIDÃO CARTÃO POSTAL Eu vivo num cartão postal de marés de luas de palmas ao vento!... eu vivo num cartão postal de areias de ventos que carregam dunas em seus braços para espaços inimagináveis!... eu vivo num cartão postal de paz de amor
de muita solidão doce solidão !... se alguém chega querendo entrar o cartão postal se desfaz e não me deixa ficar!...
22- STEPHANY C. DOS SANTOS (TURMA 802): a) Qual é o nome do seu primeiro livro? E sobre o que trata? R: O meu primeiro livro é o “Crônicas & Poemas Róseos-Gris”, em 1991, São Luís/MA. Trata do jeito feminino de ser. Mas ao falar da mulher necessariamente fala-se do homem também. E o nome se inspira nas cores: Azul e Rosa (masculino e feminino, respectivamente) e a proposta é uma única cor simbolizando o respeito à condição humana de todos independente do gênero. 23- STEFANIE FERNANDES GUEDES (TURMA 802): a) Como você se sente em ser escritora? Em coordenar edição de livros? Ser poeta e escrever livro é muito difícil? R: Um ser comum... uma mulher comum... Diz Maslow, psicólogo: as pessoas consideradas extraordinárias, na realidade são pessoas comuns, é que delas nada foi tirado. O importante não é ser extraordinário é procurar ser pleno! POETA MULHER Dilercy Adler Não sou um gênio do século não sou o salvador do universo não sou a virgem imaculada nem sou tampouco o diabo perverso... não sou o amor do avesso nem sou o ódio tresloucado não sou o melhor nem o pior... sou uma poeta mulher que escreve prantos em rimas e derrama poetas de amor pelo planeta!...
24- THAIS DA SILVA (TURMA 802): a) Com quantos anos você escreveu o seu primeiro livro ou poema? R: O primeiro poema, não sei dizer... não lembro..., mas o período foi adolescência... O primeiro livro: quando tinha 41 anos fiz a minha primeira publicação. 25- WALLACE LUCAS DE S. FIGUEIREDO (TURMA 802): a) Já teve alguém que você amou muito e quis escrever sobre ele? R: Sim. Todas as minhas filhas e netos tem acróstico e alguns poesias, a minha mãe meu pai também e alguns parceiros românticos também ganharam poesias. 26- MATHEUS FONSECA (TURMA 607-CMIBO): a) Gostei muito do poema “ Meu Cálice”, ele é muito bom, e fez a aula ficar muito boa: a minha pergunta é, o que você pensa sobre o Feminicídio? R: Sou a favor da VIDA em todos os sentidos... VIDA PLENA!...Vida física, vida material, vida política, vida amorosa, vida sexual de todos os seres humanos, independente de gênero!! b) O que você pensa sobre a mulher brasileira? Por quê?
R:Dizem que a mulher brasileira é muito bonita, de fato é elegante. E também é inteligente, participativa e a mulher tem buscado ocupar o seu espaço na nossa sociedade brasileira. Meu Agradecimento Obrigada pela entrevista, por oportunizarem a mim, este contato com vocês e por me fazerem lembrar, buscar, organizar coisas sobre mim, que sem essas “provocações” de vocês eu não o teria feito neste momento. Quero agradecer à professora Vanda Salles, por me incluir entre as autoras pesquisadas, o que muito me honra e parabenizá-la também, pela brilhante e necessária iniciativa de incentivar a pesquisa e a construção do conhecimento na sala de aula de forma prazerosa e eficaz e, quero ainda, oferecer a todos a poesia a seguir, como forma estímulo à resistência ao medo e à dor e fazer valer a fé, a esperança e o amor! RESISTÊNCIA Dilercy Adler O silêncio do cosmos me apavora! a solidão da nova era me desespera! a impossibilidade de tanto amor profícuo me deplora! a renúncia à revolução necessária me deprime! o júbilo da felicidade desejada ainda espero a fé nos homens ainda persiste o amor à vida ainda vive a esperança ainda resiste ...
SELMO VASCONCELLOS E SEUS ENTREVISTADOS Dilercy Aragão Adler. bem vinda!!! DILERCY ADLER – São Luís, MA. 021 – 15 de MAIO de 2009. SELMO Quais as suas outras atividades, além de escrever ? DILERCY ADLER - Sou psicóloga e professora universitária, com Doutorado em Ciências Pedagógicas, Mestrado em Educação e Especializações em Sociologia e Metodologia da Pesquisa em Psicologia. SELMO Como surgiu seu interesse literário ? DILERCY ADLER - Em uma Antologia “ A figueira” (1994) do nosso querido e grande poeta da Sociedade de Cultura Latina de Santa Catarina, Abel B. Pereira, ele solicitava aos integrantes (da antologia) que discorressem sobre a questão “Porque escrevo poesias” E eu respondi da forma transcrita a seguir: “A poesia sempre se impôs à minha vida. Até a adolescência eu organizava cadernos cheios delas. Depois da Faculdade deixei-a um “pouco de lado”. Mesmo assim ela se fazia presente. Mas, os escritos dessa época ficavam dispersos, sem lugar específico. Passados alguns anos, acho que não resisti ao seu poder de sedução e me rendi. “Crônicas &Poemas Róseos-Gris” significa o marco da minha “reconciliação” com a poesia, que aliás sempre foi um dos grandes amores da minha vida. É a poesia que me possibilita dizer”: No frio e pálido papel eu me debruço debulho irrefutavelmente tantos prantos quanto me custa! degusto lenta e prazerosamente todos os sabores que me devassam e afloram corpo e mente quantos licores!
E o papel se enche transborda vida! SELMO - Quantos e quais os seus livros publicados dentro e fora do País ? DILERCY ADLER - “Crônicas & Poemas Róseos-Gris”, em 1991, São Luís/MA ; ”Poematizando o Cotidiano ou Pegadas do Imaginário”, em 1997, Rio de Janeiro/RJ, “Arte Despida”, São Luís/MA, 1999, “Genesis-IV Livro”, São Luís/MA, 2000, “Cinqüenta vezes Dois Mil human(as) idade(s)”, São Luís/MA, 2000 “Seme...ando dez anos”, São Luís/MA, 2001. É organizadora da Exposição (poesia e fotografia-100 poemas-posters de 61 poetas maranhenses) e Livro “Circuito de Poesia Maranhense” (1995/1996); ainda das Coletâneas Poéticas: “LATINIDADE-I, LATINIDADE-II, LATINIDADE III e IV da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, (1998/2000/2002/2004) e Joana Aragão Adler: uma história de amor e de fé...uma história sem fim..., São Luís/MA, 2005. “Desabafos...flores de plástico...Libidos e Licores Liquidificados” (2008) LIVROS (ACADÊMICOS) PUBLICADOS “Alfabetização & Pobreza: A escola comunitária e suas implicações” São Luís-MA: Estação Produções/2002. “Carl Rogers no Maranhão: Ensaios Centrados” (org.) - São Luís/MA: Estação Produções 2003. “Tratamiento Pedagógico de los valores Morales: de la comprensión teórica a la práctica consciente” -São Luís/MA: Estação Produções 2005. 1º Lançamento em Havana-Cuba. Tem participação em Antologias, como: ”Oficina Cadernos de Poesia” do n.º 19 ao 23 e “Agenda” 94 e 95 da Oficina Letras e Artes (1993 a1995); 2.ª e 3.ª Antologia Poética de “A Figueira”(1994/1995); “Mulher” (1995), “Eros e Psique”(1997), “Catálogo da Produção Poética dos anos 90” (1995) e “2.ºCatálago da Produção Poética dos anos 90” (1997) da Sociedade dos Poetas Vivos; “A Poesia Maranhense no Século XX”, do Sioge/Imago, (1994); ”O Beijo” e “Grandes Talentos” da Líteris Editora(1996); ”Antologia Poética Del’Secchi”, vol. II e IV (1995/1996);” Antologia Internacional de Poesia” v.2, do Movimento Poético de São Paulo (1996); ”Athena”, 1.ª e 2.ª edição (1996 e 1998 ) e ”Planetária Multilingual Anthology” (1997) e “Athena”-Antologia di Litteratura Contemporanea Multilingue (1998) da Edizioni Universum, Trento-Itália; ” International Poetry Yearbook”, da International Writers and Artistis Association-OHIO/EUA (1997); “Primeira Antologia de Poetas Brasileiros” da Editora do Poeta (1997); “Jalons nº 62” (1998) da Christiane Mestas Nantes-França; Antologia “Mulher” (1998) Produções Culturais Ltda. Engenho Novo-RJ; “Antologia de Poesias, Contos e Crônicas SCORTECCI para o Salão Internacional de São Paulo” (1999) da Scortecci São Paulo-SP; “Poesia Viva” Biblioteca Rosa Castro-SESC ( 1999) São Luís-MA; Laços de Cultura, Brasil Quinhentos Anos, da Sociedade de Cultura Latina do Estado de Goiás, 2000,Goìânia/Goiás; ”Poesía de Brasil (2000) Proyecto Cultural Sur- Brasil Bento Gonçalves- RS; Antologia di Letteratura Contemporanea Multilingue “Globus” Edizioni Universum, Trento-Itália (2000); “Reflexos da Poesia Contemporânea do Brasil, França, Itália e Portugal”, da Universitária Editora- Lisboa (2000), Antologia “Terceiro Milênio” da Sociedade de Cultura Latina do Brasil, São Paulo/Brasil, 2002; Anthology “The XXIInd World Congress of Poets”, Iasi/Romania, 2002, Letras Derramadas: seleción de poesía erótica y amatoria, 2002, Montevidéo/Uruguai; Una Poesia per la vita, Edizioni Universum, 2002, Trento/Itália, entre os mais antigos. SELMO - Qual a atmosfera propicia aos seus impactos literários ? DILERCY ADLER - Para mim fica difícil responder a essa questão. Seria mais interessante que os leitores das minhas obras respondessem. Mas posso exemplificar com dois depoimentos bastante gratificantes: uma pessoa que me dizia não gostar de poesia, mas afirmava que adorava as minhas...e também sobre o meu terceiro livro de poesia, um professor da mesma Universidade falou-me de forma delicada: Professora você é muito ousada! Isso porque o livro trata da questão “do olhar” e traz fotografias de nus masculinos de ume fotógrafa (à qual propus inserir poesias nas suas fotos,e daí surgiu a nossa obra conjunta). São falas particulares, que me agradam, mas de um modo geral não me atrevo a opinar. SELMO - Quais os escritores que você admira ? DILERCY ADLER - São muitos e não me atrevo a nomear para não incorrer no deslize de esquecer alguém que não poderia ser esquecido e cometer injustiça.
SELMO - Qual mensagem de incentivo você daria para os novos poetas ? DILERCY ADLER - Que ousem publicar seus trabalhos. Que aceitem os aplausos e a aclamação, mas que não menosprezem as opiniões de refutação. Afinal, A linguagem equivocada obstaculiza o encontro. A poesia é a possibilidade libertária dos símbolos acorrentados aos condicionamentos esdrúxulos e, assim, desfaz equívocos. E, como não há castigo maior de que uma vida inútil e sem perspectivas, o poeta elege, como significado da sua própria vida, o eximir de si mesmo e dos seus semelhantes a culpa original imputada, arbitrariamente, que redunda na suprema injustiça da existência absurda. Para o poeta a vida torna-se, assim, o próprio delírio... ou o delírio torna-se a própria vida!?... O poeta, alma sensível, atenta e sonhadora trabalha no sentido de um desobstaculizar coletivizado dos encontros... Quem sabe assim mais encontros aconteçam entre as pessoas e a vida possa seguir seu rumo, plena de amor e de paz!.. A poesia a seguir está no meu último livro. A Selmo Vasconcellos e Leonardo Leonardo lindo bebê está feliz a sorrir sorri para a vida sorri para o amor ávida vida te espera... cheia de mimos afagos aconchegos e muita poesia ouvirás com certeza no colo do vovô!!! *****
98 DECLARAÇÃO DE AMOR DE LUANA PARA LORENZO L ogo que te vi O rei agradecida a Deus R i ao mesmo tempo com ternura E mbevecida com tanta candura N o céu muitos anjos e arcanjos Z elam por ti, tenho certeza Oh! Filhinho amado *****
DIFÍCIL VERDADE Haverá talvez verdades que fiquem além da linguagem
o que nos faz seres solitários! faço esforço sobre-humano para dizer o que sinto... ...e nem sempre consigo! faço esforço incrível para viver o que penso... ...nem sempre é possível! faço esforço tamanho para tornar-me clara e facilmente interpretada ...mas muitas vezes me flagro diferente na percepção do outro! são essas verdades além da palavra do gesto da expressão essas verdades não ditas que nos condenam a essa insólita solidão! ****
TÉDIO Essa paz no coração essa tranqüilidade morna de quem não espera nada... nenhum sonho retorna todos mortos! emoção entorpecida sensações adormecidas embotadas pelo medo puro tédio! só o fogo da paixão na incerteza da espera dá vida aos sentidos dá todo sentido à vida vida trânsfuga inquieta de todo poeta vivo!
Es un honor formar parte de esta antología, donde comparto versos con amigos preciosos y literariamente fantásticos. Aprendí mucho de cada uno de ustedes. Gracias infinitas a Rodica Elena Lupu y a quien ha hecho la traducción de mis versos al rumano. Felicidad pura!!! É uma honra fazer parte desta antologia, onde partilho versos com amigos preciosos e literalmente fantásticos. Aprendi muito com cada um de vocês. Obrigado infinitas a Rodica Elena Lupu e a quem fez a tradução de meus versos romeno. Pura felicidade!!!
BRASIL FELIZ DÍA DE LA INDEPENDENCIA.
En nombre del Encuentro Universal de Escritores Vuelven los Vuelven Los Comuneros, rendimos Tributo al Povo do Brasil por su día de independencia y va nuestro saludo especial a las escritoras CLARICE PANITZ, DILERCY ARAGAO, JUÇARA VALVERDE, CLAUDIA GONÇALVES, DETH HAAK y al escritor ANTONIO LISBOA MIRANDA, quienes en representación del Gigante SudAmericano, estarán en nuestro Encuentro Comunero de la Palabra. Obrigado pela sua participçao ê FELIZ DÍA DE INDEPÊNDÊNCIA IRMAOS DO BRASIL
DOAÇÃO DA BIBLIOTECA DO PROFESSOR CALDEIRA AO IHGM É FORMALIZADA
São Luís – No último dia 22, às 16h, na Biblioteca Hédel Ázar, no Instituto Histórico, foi formalizada a doação pela família ao IHGM da Biblioteca do professor e sociólogo, José de Ribamar Chaves Caldeira, falecido em 2003. O acervo contem cerca de mais de 2 mil volumes, entre livros e periódicos. Será abrigado numa sala exclusiva da Biblioteca, onde será mantida a unidade, assim como algumas obras de arte e mobiliários, também doados. Durante a assinatura do Termo de Doação, além da presença da doadora, Marlene Caldeira e parentes, foi registrada também, a presença da bibliotecária Aline Nascimento, Diretora Geral da Biblioteca Pública Benedito Leite (BPBL), que foi convidada pelo Instituto Histórico e Geográfico, pois foi quem sugeriu o IHGM como instituição possível para alojar o acervo.
O acervo do professor José Caldeira, será em breve aberto ao público para visitação e pesquisa. Se estivesse vivo, o professor Caldeira teria completado no último dia 21, 76 anos. Nasceu em Pedreiras/MA em 21 de julho de 1940 e faleceu em São Luís no dia 23 de julho de 2003, pouco depois de completar 63 anos. Iniciou sua carreira no magistério superior na UFMA por meio de concurso público em 1971, onde lecionava no Departamento de Sociologia e Antropologia. Doutorou-se pela USP(1989) com a tese: “Origens das indústrias no sistema agroexportador maranhense (1875-1895)”, em que analisou a formação da instalação de um parque fabril em região do nordeste brasileiro no final do século XIX. Transitou nas áreas de História, Economia Regional, Sociologia, Antropologia e Ciências Políticas.
Segundo o presidente do IHGM, professor Euges Lima, “seguramente, esse é o mais especializado e maior acervo bibliográfico particular do Estado do Maranhão nas áreas de Sociologia e Ciências Políticas, área de formação do professor Caldeira, além de bons livros nas áreas de Ciências Humanas, nesse sentido, o acervo oficialmente doado hoje, irá somar extraordinariamente ao já significativo acervo existente do Instituto, portanto, é como muita satisfação e responsabilidade que recebemos esse acervo e agradecemos à família Caldeira e à Diretora Aline Nascimento, pela confiança depositada”, destacou o presidente. Depoimento e agradecimento " Adoradas e adorados, divulgo, com muita alegria, que a biblioteca particular de meu pai, o sociólogo José Caldeira (1945-2003), foi doada ao Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão - IHGM. Agradeço ao Presidente do IHGM, o professor e historiador Euges Lima, por haver acolhido o acervo, que agora se encontra em uma instituição que permitirá a um público mais amplo o acesso aos seus livros, e também possibilitará, eventualmente, a realização de estudos diversos sobre a sua vida e obra. Acrescente-se que meu pai era um sociólogo que defendia a ideia de que a boa Sociologia é aquela que se aproxima da história e vice-versa. Por essa razão, ele certamente gostaria de saber que a sua biblioteca foi destinada ao Instituto Histórico da sua terra. Um adendo importante: Euges foi meu aluno no Curso de História da Universidade Estadual do Maranhão - UEMA na década de 1990 (é, queridas e queridos, o tempo passa, o que me deixa ainda mais feliz. No Instituto, será reproduzido, ao menos em parte, o escritório de trabalho de meu pai, que antes ficava na sua casa. A doação foi efetuada pela minha mãe, Marlene Caldeira." João Ricardo Caldeira (professor e historiador; graduado e doutorado pela USP; primeiro Diretor e professor fundador do Curso Regular de História da UEMA em 1995). Autor de INTEGRALISMO E POLÍTICA REGIONAL: a ação integralista no Maranhão(1933-1937). São Paulo: Annablume,1999.
GONÇALVES DIAS E EU (Registros públicos de lembranças particulares)
EDMILSON SANCHES
“Conto as coisas como foram, Não como deviam ser”. (GONÇALVES DIAS, Sextilhas)
DIA DE GONÇALVES DIAS – Neste 10 de agosto, em 1823, nascia o escritor maranhense Gonçalves Dias, que escreveu aqueles versos que praticamente todo brasileiro, de agora e de outrora, conhece: “Minha terra tem palmeiras / onde canta o sabiá”. Sou da mesma cidade (Caxias, Maranhão) e morei na mesma rua daquele ilustre brasileiro. Mais: o primeiro livro que li -- “História do Imperador Carlos Magno e os Doze Pares de França” -- também foi o primeiro livro lido por Gonçalves Dias na sua infância. A seguir, texto que escrevi e atualizei. *** Hotel Serra Azul, em Gramado, Rio Grande do Sul, década de 80. Náutico Clube, Fortaleza, Ceará, início dos anos 90. Colégio Rio Branco, bairro Higienópolis, São Paulo. Auditório Petrônio Portela, Senado Federal, Brasília. Montes Claros e Belo Horizonte, Minas Gerais. Mossoró e Baraúnas, Rio Grande do Norte. Campina Grande, Paraíba. Rio de Janeiro, Maceió, Recife, Curitiba... Onde quer que eu esteja, Caxias é presença e referência permanente. Caxias e, claro, seu maior poeta e sua melhor rima –– Gonçalves Dias. Caxias, terra e rima de Gonçalves Dias. Qualquer que seja o espaço, qualquer que seja o tempo, a mesma constatação: Gonçalves Dias vive. Em todos os lugares acima, e muitos outros mais, em momentos internacionais, em conferências nacionais, em encontros regionais, em palestras locais, em discursos ocasionais, em eventos formais, em “provocações” casuais ou em bate-papos triviais, dou um jeito de fazer um “teste”: crio um pretexto dentro do contexto e digo, falsamente desafiador, o primeiro verso da “Canção do Exílio” (“Minha terra tem palmeiras”)... Somente para, logo em seguida, perceber/receber os sorrisos cúmplices da platéia de ouvintes não-maranhenses, o que denuncia que todos estavam continuando mentalmente –– quando não recitando audivelmente –– o verso seguinte: “Onde canta o sabiá”. Daí em diante fica fácil puxar ou esticar conversa acerca de literatura, de Cultura, dos “verdadeiros valores” da pessoa e das comunidades humanas. Dizer da permanência do que tem valor e da finitude do que tem preço. Preço dá-se a coisas. Valor dá-se a pessoas. Os versos gonçalvinos entram como exemplo de um “valor” que se sobrepõe a muitas “coisas”. Embora a fragilidade do papel, os versos foram mais resistentes que as grandes construções de pedra e cimento, como as fábricas de tecido. Estas aparência; aqueles, essência –– e por aí podem ir as obviedades, quase platitudes. Escritos em julho de 1843, quando Gonçalves Dias ainda não completara 20 anos, os versos da “Canção do Exílio” atravessam gerações e se depositam e se (re)transmitem quase como que por hereditariedade. Parece não mais ser essa fixação resultado da leitura, mas produto de um código genético,
uma informação cromossômica que se repassa no intercurso sexual e se vai instalando na mente de cada novo ser. Seja em gente da antiga, seja no jovem de hoje, a poesia cometida em Coimbra está inscrita na memória das várias gerações de brasileiros dos últimos 165 anos. Embora, ressalve-se, em grande número de vezes, nunca esteja o poema inteiro, de 24 versos, 5 estrofes, 113 palavras, 487 letras. Mas aqueles dois primeiros versos, quando não toda a primeira estrofe, não há negar: está na cabeça, melhor, está na alma do brasileiro. Tudo isso me chega à lembrança no instante em que, também neste 10 de agosto de 2016, Caxias continua a nos relembrar, a nós conterrâneos e contemporâneos, a importância de ser a cidade onde, mais que um poeta, nasceu uma expressão de maranhensidade e de brasilidade. Muito da obra de Gonçalves Dias mostra de peito aberto o amor, o orgulho, o sentimento de pertencença ("ownership") que o poeta tinha e desenvolvia pela sua própria terra. Quantos, hoje, manifestamente, denunciam assim orgulhosa e escancaradamente essa emoção telúrica, essa querença pátria? Fora a conterraneidade, tenho outras “aproximações”, bem particulares, com Gonçalves Dias. A primeira delas, o primeiro livro que um e outro lemos: “História do Imperador Carlos Magno e dos Doze Pares de França”. Gonçalves Dias o leu aos dez anos, em 1833, aos 10 anos de idade, enquanto ajudava na casa comercial paterna, ali na rua do Cisco (depois Benedito Leite), para onde seus pais, João Manuel e Vicência Ferreira, haviam se mudado, oito anos antes (1825). De minha parte, aos cinco, seis anos de idade já havia “ouvido” e lido aquela obra, ali na rua da Palmeirinha -- onde as casas tinham, como fundo de quintal, o rio Itapecuru. Explico o porquê do “ouvido” o livro. No mesmo lado da rua da Palmeirinha, algumas casas adiante da minha, morava o casal “seu” Miguel e dona Corina. Esta, naqueles idos, vivia de lavar e passar roupa. Sustentava a casa. “Seu” Miguel era paraplégico, ficava como que sentado em uma rede, um pano cobrindo as pernas macérrimas pendentes, e lia, lia muito. Usava um cachimbo, cujas baforadas recendiam em toda a casa. Más línguas diziam que era diamba, tirada de algumas mudas que, diziam, eram bem cuidadas no seu quintal, para a produção das endiabradas folhas e sua transformação em trescalante fumo. Acostumei-me a visitar o “seu” Miguel. Ele gostava da minha atenção; eu gostava das suas histórias. Ouvia a leitura de capítulos e capítulos e, às vezes, o resumo de “romances” –– que era o nome que também se dava aos folhetos de literatura de cordel. Um dia, "seu" Miguel me emprestou um livro que eu já “ouvira”. Era a história do imperador Carlos Magno. Ali, além do magno imperador, estavam Roldão, Oliveiros, Ferrabraz e tantos personagens mais... Lembro que eu li todo o livro e que pedi explicações sobre o motivo da morte e posterior “reaparecimento” de alguns personagens após a “parte” da morte. Claro que eu estranhava aquela minha primeira leitura “séria”: naquela idade, os textos a que estava acostumado eram os de cartilhas escolares, bastante fáceis para mim, demasiado, por assim dizer, lineares, sem recursos nem estilos mais elaborados. Em Caxias, da rua da Palmeirinha mudei-me para a rua da Galiana (aliás, nome da mulher do imperador Carlos Magno). Tempos depois, nasceu um irmão meu... e chama-se Carlos Magno (depois veio Júlio César, outro irmão “imperador” na família). Décadas mais tarde, consegui, em um sebo do Rio de Janeiro, um exemplar igual ao que me fora emprestado pelo “seu” Miguel: capa em tecido e sem o nome do autor (Vasco de Lobeira). Reli os dez capítulos da obra e revi(vi)-me criança. (Uma curiosidade: Meu irmão Carlos Magno, depois que aprendeu a ler e escrever, não se fez de rogado: pegou o raro e caro livro, empunhou uma esferográfica e, nas folhas de rosto, onde houvesse o nome do imperador, um sobrenome –– “Sanches” –– foi acrescentado...). Outra “aproximação” com o autor d’"Os Timbiras": Mudei-me para a rua do Cisco, número 1000, próximo à “casa onde morou o poeta Gonçalves Dias” (era assim que registrava uma placa acobreada e quase despercebida). Eu estava aí por volta dos 15 anos e diariamente subia e descia quase toda a extensão da rua, para trabalhar no Banco do Brasil, menor estagiário. Invariavelmente, passava pela casa. Ali mora(va) a família de dona Labibe e do seu Fauze Elouf Simão. Um dos filhos, Jamil Gedeon, hoje desembargador em São Luís, e eu fomos colega de turma em todo o 2º Grau (Ensino Médio), no “colégio das Irmãs” (missionárias capuchinhas), o colégio São José. Ali fui presidente do Grêmio Santa Joana d’Arc durante três anos (Roldão -- Roldão Ribeiro Barbosa --, coincidentemente nome de personagem do livro
sobre Carlos Magno, ganhara a presidência no primeiro ano e renunciara meses depois; assumi). O exsecretário de Cultura Renato Meneses (ex-presidente da Academia Caxiense de Letras) e o ex-presidente da Fundação Vítor Gonçalves Neto, Jorge Bastiani, também estudavam ali, nós todos sob o tacão da querida Irmã Clemens (Maria Gemma de Jesus Carvalho). Pois foi o colega secundarista Jamil quem me disse, ainda no colégio, que encontrara “moedas e papéis” antigos em alguns pontos da casa de Gonçalves Dias. Mas as referências à casa da rua do Cisco não terminam aí. Dona Labibe foi secretária de Educação de Caxias, na administração de José Ferreira de Castro. Ali pelos bares do Artur Cunha e do Herval, no Largo de São Benedito, contava-se a história de que a secretária Labibe, pretendendo morar numa casa melhor e não querendo derrubar a “casa onde morou o poeta”, se esforçou junto ao seu superior, instando para que ele, como prefeito, adquirisse a casa e a tombasse como patrimônio histórico. Conta-se que a resposta do prefeito foi pouco cavalheiresca e fazia comparação entre comprar a casa onde Gonçalves Dias “morou” e tombar o riacho do Ponte, onde ele, digamos... lavava as partes, digamos, pudendas. Pode não ser verdade o fato, mas era verdadeiro o boato –– e, pelo menos este, se cuida de preservar aqui. Resumo da ópera: a casa de Gonçalves Dias foi destruída e, no seu lugar, ergueu-se uma residência de feições modernas, “combinando” com o prédio da outra esquina, que abriga as instalações de uma companhia de telecomunicações. No mesmo ano da derrubada da casa, como réquiem à memória de Gonçalves Dias, escarafunchei o arquivo do fotógrafo Sinésio Santos (falecido), que ficava ali próximo ao Banco do Brasil, e consegui localizar negativos da residência. Pedi que fossem feitas cópias daquelas e de outras “vistas” de Caxias. Separei uma foto da ex-morada de Gonçalves Dias e a enviei, junto com um breve texto, para a Rede Globo de Televisão (Rio de Janeiro). Foi menos por denúncia e mais por sentimento de perda. Disseram-me que saiu um rápido registro no jornal (nacional) do meio-dia ("Jornal Hoje"). Não confirmei. Estas anotações, com algo de confessional, são uma episódica e epidérmica contribuição ao trabalho de um punhado de jovens caxienses de todas as idades, que teimam cuidar do que Gonçalves Dias merece -memória -- na cidade que há 193 anos o viu nascer -- História. E quem está fazendo não faz isso só por “vocação”: faz por legitimidade –– e com competência. Parabéns, Caxias! Viva Gonçalves Dias!
NOTA SOBRE O FALECIMENTO DE JOMAR MORAES JOAQUIM HAICKEL Neste dia dos pais, estamos um pouco mais órfãos. A Academia Maranhense de Letras e o estado do Maranhão acabam de perder um de seus mais importantes intelectuais: Jomar Moraes. A ausência de Jomar abre uma lacuna muito difícil de ser preenchida, não apenas na AML, mas em todo panorama cultural de nosso estado. Nesse dia dos pais, perdemos uma espécie rara de pai, o genitor de nossa cultura. O consolo que nos resta é o fato de que em vida ele nos deu muita coisa com que trabalhar. Sentiremos não apenas saudade, mas também muita falta.
Em nossa última conversa Jomar pediu-me que o ajudasse a reeditar o seu Guia de São Luís do Maranhão. Vamos fazer isso, velho amigo e tentaremos honrar a missão de bem representar as artes e a cultura do Maranhão.
Conheça um pouco da obra e da personalidade desse gigante de nossa cultura, acesse o link https://www.youtube.com/watch?v=2OnsmDuxVZ4 e assista ao filme “Jomar Moraes, o eterno presidente”, produzido pelo Museu da Memória Audiovisual do Maranhão.
Academia da Memória - Jomar Morais youtube.com
JOMAR DA SILVA MORAES
Cadeira 10 Data da Eleição 10.05.1969 Data da Posse 06.08.1969 Recepcionado por Antônio de Oliveira
Biografia Bibliografia Discurso de Posse e Recepção Textos Escolhidos Iconografia
Nasceu em Guimarães-MA, a 6 de maio de 1940. Filho de José Alipio de Moraes Filho e Marcolina Cyriaca da Silva. Pesquisador, ensaísta, cronista, crítico e historiador da literatura maranhense. Editor de textos; mantém assídua colaboração na imprensa de São Luís. Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Maranhão, colou grau em 24 de julho de 1976. Especialista em Direito Empresarial (curso realizado em São Luís, de 31 de julho de 1976 a 5 de fevereiro de 1977, com 360 horas/aula; convênio UFMA/INCRA/UnB. Especialista em Comunicação Social, áreas de Rádio e TV, Publicidade e Propaganda (curso realizado em 5 etapas, de 6 de julho de 1982 a 21 de abril de 1984, com 600 horas/aula. São Luís, UFMA. Mestre em História, com área de concentração em História do Brasil, Convênio UFMA/UFPE. Recife, 2002. Doutor Honoris Causa da UEMA – Universidade Estadual do Maranhão. São Luís, 6 de agosto de 2010. Sua primeira função foi soldado da Polícia Militar do Maranhão, onde permaneceu de 1959 a 1967, chegando, por cursos, à graduação de 3° sargento. Diretor do Serviço de Administração da Secretaria de Educação e Cultura (1970-71); diretor da Biblioteca Pública do Estado (1971-73); diretor do Departamento de Assuntos Culturais da Fundação Cultural do Maranhão (1973-75); diretor do Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado-Sioge (1975-80); diretor do Departamento de Assuntos Culturais da Universidade Federal do Maranhão (1981-85); secretário de Estado da Cultura do Estado do Maranhão (1985-87). Pertenceu, em dois mandatos consecutivos, ao Conselho de Administração do Instituto de Previdência do Estado do Maranhão-IPEM e ao Conselho Estadual de Cultura, que posteriormente presidiu, na condição de secretário da Cultura. Representou a Academia Maranhense de Letras no Conselho Universitário da Universidade Federal do Maranhão em cinco mandatos de dois anos cada. Integrou, de 1987 a 1988, a Comissão Nacional do Centenário da Abolição e a Comissão Nacional do Guia Brasileiro de Fontes para a História da África, da Escravidão Negra e do Negro na Sociedade Atual. Foi estagiário da Escola Superior de Guerra (Rio de Janeiro, 1980).
Membro correspondente dos Institutos Históricos e Geográficos do Piauí e do Distrito Federal, da Academia Paraibana de Letras e da Academia Paranaense de Letras. Cidadão honorário de São Luís, de Buriti Bravo e de Alcântara. Auditor Fiscal do Estado do Maranhão; advogado da Universidade Federal do Maranhão, desde setembro de 1984 e, a contar de 1990, procurador federal com exercício na referida Instituição de Ensino Superior, da qual foi procurador-chefe no período de novembro de 1996 a agosto de 2006. Detentor das medalhas: Santos Dumont, do Ministério da Aeronáutica; Brigadeiro Falcão da Polícia Militar do Maranhão; João Lisboa, do Conselho Estadual de Cultura do Maranhão; do Sesquicentenário da Adesão do Maranhão à Independência, do Mérito Timbira, da Ordem dos Timbiras (grande oficial) de comendador do 4º Centenário de São Luís do Governo do Maranhão; comendador da Ordem de Rio Branco (Brasil) e da Ordem Nacional do Mérito de Portugal; Medalha Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras; Padre Antônio Vieira, da UBE-RJ, e Simão Estácio da Silveira, da Câmara Municipal de São Luís. Agraciado ainda com a medalha do 4º Centenário de São Luís, outorgada pela Assembleia Legislativa do Estado e, com as Palmas Universitárias, conferidas pela Universidade Federal do Maranhão. Distinguido com 11 prêmios literários e com os diplomas de Personalidade Cultural (1980) e de Mérito Cultural (1981, 1988, 2000 e 2005) da União Brasileira de Escritores – Seção do Rio de Janeiro.
JOMAR MORAES: UM MARANHÃO DE LETRAS CHEGA AO FIM.
Quem não teve acesso à enormidade da produção literária, sobretudo de pesquisa, crítica e historiografia de Jomar Moraes, não atina quanto, com a morte do ilustre vimaranense, o Maranhão -sobretudo sua História, sua Literatura -- acaba de perder. Quem não sabe da capacidade gestora, criadora, inovadora de Jomar Moraes à frente de entidades como o SIOGE (já extinto) e a Academia Maranhense de Letras (AML), sequer intui o que o nosso estado ainda poderia ganhar se o grande intelectual não tivesse morrido hoje, 14/08/2016, e se mantivesse vivo e em plena saúde nos seus 76 anos, 3 meses e 8 dias. Conheci Jomar Moraes eu ainda menino, metido a escritor e jornalista. Fui com o jornalista caxiense Vítor Gonçalves Neto a São Luís e na capital maranhense estivemos com Erasmo Dias (escritor, exdeputado estadual), Antônio Almeida (escultor, pintor), o jornalista José Ribamar Bogéa (o Zé Pequeno, fundador do "Jornal Pequeno") e, claro, o Jomar Moraes, à época diretor do Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado (SIOGE), que com Jomar recebera novo impulso e publicava livros de autores maranhenses. O Vítor queria publicar um seu livro de crônicas. Recordo-me de Jomar perguntar ao Vítor se este ainda (man)tinha um livro de poesias dele, Jomar, o primeiro que publicara. "Queime-o!", foi o pedido de Jomar, entre sorrisos de todos. Passaram-se os anos, as décadas e alguns contatos à distância foram mantendo Jomar e a mim pertos um do outro, em especial quando o assunto era a pesquisa e a historiografia, a qualidade da produção literária, os novos autores... Fundei a Academia Imperatrizense de Letras em abril de 1991 e poco tempo depois, poucas semanas depois, trouxe o Jomar e o cronista e poeta José Chagas de São Luís à "Princesa do Tocantins". No auditório da Associação Médica local, realizamos uma sessão solene. Jomar e José Chagas (este também já falecido) se esbaldaram, ante a excepcional receptividade dos imperatrizenses que foram ao evento. Jomar se impressionou vivamente por todos os exemplares de diversas de suas obras terem se esgotado, rapidamente. Todos vendidos. Imperatriz impressionou o Zé Chagas, que escreveu sobre a cidade, o que viu, o que sentiu, o que achou. Jomar igualmente se referiu a Imperatriz em crônica. Estive várias vezes na residência de Jomar Moraes, no bairro Renascença, em São Luís. Praticamente, após cumprimentar Dona Aldenir, eu ia direto para o segundo pavimento, onde a majestosa e rica biblioteca de Jomar o abraçava, ele ali sentado à frente da mesa e em frente a livros, muitos livros. Ano passado fui mais uma vez aonde ele. Conversamos. Entreguei-lhe diversos livros produzidos em Imperatriz, a maioria
publicada pela Ética Editora, do Adalberto Franklin. Jomar também me repassou diversas obras, algumas resultado de seu incansável trabalho de pesquisador. Quando escrevi a "Enciclopédia de Imperatriz" e passei um exemplar ao Jomar, ele a recebeu com surpresa e carinho, ante a grandiosidade do projeto. Carinhosamente, apelidou a "Enciclopédia" de "a bruta", pelo tamanho, pelo peso, pelo enorme trabalho que ele, Jomar, mais do que ninguém, sabia o quanto consumia uma realização editorial daquela. Ao publicar seu trabalho hercúleo, monumental, que foi a novíssima, atualizada, comentada, anotada, enriquecida edição do "Dicionário" de César Marques, para minha surpresa e satisfação, Jomar ali incluiu meu nome e o da "Enciclopédia de Imperatriz" -- e não foi na referência bibliográfica, não. Conversamos diversas vezes, e longamente, ao telefone. Falávamos de projetos. Falávamos das Academias. Uma vez, em São Luís, onde eu fora para assistir a posse do Benedito Buzar na Academia Maranhense de Letras (AML), Jomar provocou-me, pedindo ou sugerindo que eu me transferisse para a capital, para que eu pudesse, de São Luís, auxiliar a ele e ao Maranhão na dinamização de nossa Arte Literária e Cultura. Benedito Buzar, coincidentemente hoje presidente da Academia, em foto que me enviou após sua posse como acadêmico, escreveu que aquela foto já seria considerada uma antecipação de seu voto em mim, caso eu concorresse a uma vaga na AML. O pesquisador exigente, o administrador diligente, o escritor competente se foi. Fica a sensação de que, por mais que Jomar Moraes tenha feito por seu estado e pelas Letras, mais ele poderia fazer, tal era a vontade e o amor que ele transpirava e que, nos últimos tempos, não encontravam rima em sua saúde. Jomar Moraes não morre sozinho: com ele são enterrados inúmeros projetos, desejos, vontades, esperanças, sonhos, deles insabidos e que só ele, ao jeito dele, poderia tornar ricas realidades em um estado que ainda não valoriza adequadamente talentos imensos como este cuja morte enluta o Maranhão, o Maranhão das Letras. Você não queria, Jomar, mas a hora de descansar chegou. Faça-o em paz. Saudações e saudades, amigo. EDMILSON SANCHES. edmilsonsanches@uol.com.br
JOMAR MORAES: MESTRE DE GERAÇÕES JOSÉ NERES (Professor, escritor e membro da Academia maranhense de Letras) (O Estado do Maranhão, 16 de agosto de 2016)
Neste domingo, 14 de agosto de 2016, mais uma vez o Maranhão se veste de luto pelo passamento de um de seus mais ilustres filhos: faleceu Jomar Moraes, um dos maiores conhecedores e pesquisadores das letras e da cultura maranhense. Nascido na cidade de Guimarães, no dia 06 de maio de 1940, desde a juventude, Jomar Moraes se viu inclinado pelas palavras escritas. Mesmo entrando para o Exército, instituição na qual chegou ao posto de sargento, ele logo percebeu que sua paixão era o mundo das pesquisas e que havia nas estantes das bibliotecas todo um universo a ser explorado por alguém com habilidade e vontade de desbravar por páginas nunca dantes navegadas. Dono de uma memória prodigiosa, de um espírito crítico bastante lúcido e de uma inquietação típica de quem sempre se incomodou com as lacunas existentes na historiografia literária maranhense, ele tomou para si a responsabilidade de tentar sistematizar tais estudos. Dessa forma surgiram livros importantíssimos, mas infelizmente esgotados, como Apontamentos da Literatura Maranhense, Ana Jansen: a Rainha do Maranhão, Sousândrade, Vida e obra de Antônio Lobo, Bibliografia Crítica da Literatura Maranhense e Graça Aranha, entre outros títulos, além de organizar diversas edições dos perfis acadêmicos e da Revista da Academia Maranhense de Letras, de onde era há quase cinco décadas ocupante da cadeira 10. E foi à AML que Jomar Moraes também dedicou grande parte de suas energias de pesquisador, editando e publicando livros raros para que as novas gerações tivessem acesso a textos que poderiam se perder com o tempo e com a falta de conservação. Mesmo com a saúde abalada, sempre que podia, ela participava dos eventos e das reuniões, discutindo os temas e dando sugestões. De alguma forma, a história de Jomar Moraes e a da Academia se fundiam e a ele a centenária Instituição sempre deverá muito. Sempre que algum membro da Casa de Antônio Lobo tinha uma dúvida a respeito de alguma obra, momento histórico ou autor, era a ele que recorria. Mestre Moraes viveu cercado de livros e sua biblioteca particular beirava a marca de 50 mil exemplares, todos organizados e devidamente tratados. Era em sua residência que ele recebia inúmeros interessados em cultura e em pesquisar diversos aspectos tanto da literatura local quanto da universal. Ali, ele indicava caminhos que poderiam ser seguidos e depois continuava suas leituras e sua constante tarefa de escrever. Jomar foi também, durante décadas, um cronista dedicado a esmiuçar a cultura letrada do Maranhão, contribuindo para a divulgação de nossos valores literários e às vezes, levantando algumas polêmicas ou trazendo informações de difícil acesso para quem não tivesse tanta prática de leitura e de busca em livros diversos. Suas crônicas em O Estado do Maranhão eram lidas com atenção por quem queria mergulhar nos detalhes e efemérides da vida literária de nosso Estado. Em termos de sistematização de estudos, mesmo sem estar amparado pelas modernas metodologias, pode-se dizer sem exageros que Jomar Moraes é para a literatura o equivalente a que Mário Martins Meireles é para os estudos historiográficos. A obra de ambos pode até ser contestada por quem se preocupe apenas com as técnicas, mas eles foram pioneiros em um momento no qual ainda quase nada havia em termos de estudos aprofundados. Ambos deixaram suas marcas para a posteridade. Nossos agradecimentos ao Mestre Jomar, um homem que honrou sua terra dando o melhor de si e que deixou lições que sempre poderão ser consultadas e que ainda guiarão muitos passos. Sua obra é eterna!
QUANDO UM AMIGO PARTE... CERES COSTA FERNANDES
Quando um amigo parte ficamos menores porque leva com ele um pedaço da nossa história. Deixa os momentos vividos ou enfrentados juntos e as alegrias compartilhadas. O Maranhão perdeu um dos seus grandes historiadores literários. Mais do que um critico que foi por excelência, Jomar tomou para si a tarefa hercúlea e trabalhou mouramente para resgatar a memória da produção literária esquecida ou abandonada pela poeira do tempo. Difícil será substituí-lo na tarefa de reconstrução do passado literário. A AcademiaMaranhense de Letras, onde pontificou, foi decano e presidente por 23 anos, também se apequenou. Quem substituirá Jomar Moraes? O prazer genuíno de dividir o saber lhe criou numerosos, incontáveis discípulos e parceiros. Repartia o conhecimento, aconselhava os jovens, tornava pública a sua biblioteca privada, repartia fontes. Perdemos um pesquisador que emulava outros pesquisadores. Dúvidas sobre história, escritores e obras maranhenses de todos os tempos, tiravam-se com Jomar Moraes e nas suas reedições de Souzândade, de César Marques, de João Lisboa e de toda uma plêiade de autores que ele arrancou da ameaça do esquecimento, promovendo edições e mais edições de suas obras, até pô-las ao alcance de todos. Primogênito, com a morte prematura do pai, tornou-se o esteio de uma numerosa família de sete irmãos. Orientados por ele, tomaram seguros seus rumos na vida. Por sua vez, Jomar formou sua própria família com Aldenir, seu porto seguro, a mulher que tomou para si o cuidado doméstico e os problemas familiares para que Jomar pudesse dedicar-seà sua paixão pela literatura. Outra grande mulher, sua filha Júlia, amorosamente vigiou sua saúde por dez anos de sua doença, até o seu último momento. Louvores a Jomar Moraes pelo grande legado literário e cultural a nós deixado. Louvores a estas duas mulheres pelo muito que souberam amar.
Foi um grande sucesso o lançamento da Obra "Direito Arte e Literatura: Parceria ou Cumplicidade" do escritor e poeta Dr. Fernando Basto Ferraz, realizado ontem de 18/08/2016 na Livraria Leitura do Shopping São Luis. Agradecemos a todos os amigos que se fizeram presentes.
PADRÃO EDUFMA HERBERT DE JESUS SANTOS (Sotaque/JPTurismo/JornalPequeno 26.8.16)
Entre as obras publicadas pela Editora da Universidade Federal do Maranhão (Edufma), dirigida pelo Prof. Dr. Sanatiel de Jesus Pereira, já se acha O Século XX e a Literatura Maranhense (Reflexões Sobre a Narrativa em Prosa), organizada pelos mestres especialistas José Neres e Dino Cavalcanti, e lançada às 19h de sábado passado, na Livraria Tempo de Ler, no Shopping Rio Anil. O evento foi prestigiado por alunos de José Neres (da Academia Maranhense de Letras) e seus colegas professores, e pelo jornalista e escritor Herbert de Jesus Santos (na foto, com Neres), e que, na ocasião, falou sobre a necessidade, em benefício da nossa juventude estudiosa, de voltarem concursos literários, como o da Secretaria Estadual da Cultura, e da manutenção do Cidade de São Luís, da Secretaria Municipal da Cultura, até agora sem nenhum sinal de acontecer, quanto a 10.ª Feira do Livro de São Luís (Felis), e o lançamento dos livros premiados, em 2015. Em seu discurso, Herbert apelou para o bom senso do atual prefeito, com “A Cultura literária maranhense sempre foi a religião mais devotada pelos nossos conterrâneos e considerada pela intelectualidade brasileira”! Por sinal, Herbert tem o livro A Ilha em Estado Interessante, de crônicas, primeiro lugar no Cidade de São Luís, a ser lançado na 10.ª Felis, e que foi bem-recepcionado por Dino Cavalcanti, da comissão julgadora e que opinou nas orelhas da obra premiada, e Tudo a Ver com o Peixe de São Pedro (A Festa do Pedro Santo, O Padroeiro dos Pescadores, no Bairro da Madre de Deus), que terá o selo da EDUFMA, com prefácio de José Neres e orelhas escritas pelo poeta e prosador Rossini Corrêa, enviadas do seu exílio, em Brasília.
"1984", DE GEORGE ORWELL, SOB O OLHAR DO PROFESSOR AGOSTINHO RAMALHO MARQUES NETO. Encontro promovido pelo TRE-MA.
MANHÃ DE REUNIÃO NA BIBLIOTECA PÚBLICA"BENEDITO LEITE", hoje, dia 24 de agosto. Reunião bem produtiva. Parabéns...
ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO Agora, sou membro dessa Associação internacional de escritores, com sede em Toledo, Ohio, EUA
FUNDAÇÃO DA AMEI Aprovação do Estatuto. (*) AMEI - Associação Maranhense de Escritores Independentes.
Antonio Noberto Um cemitour no Gavião com o amigo Marcos Davi.
https://www.instagram.com/p/BJgyxMHAafE/
Instagram photo by Marcos Davi Mundo Passaporte • Aug 25, 2016 at 12:58am UTC
REUNIÃO DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS – 27 DE AGOSTO DE 2016
Na Academia Ludovicense de Letras tem até diploma de aniversário.
Senhores (as) Acadêmicos (as),
As instituições abaixo relacionadas estão confirmadas à participar da Campanha Estadual de Leitura:“DIA DE LER TODO DIA. POR UM MARANHÃO DE LEITORES”, no período de 04 a 7 de outubro em curso, a saber:
Secretaria de Estado da Educação/Supervisão de Bibliotecas Escolares; Secretaria Extraordinária de Estado da Juventude; Secretaria de Educação de São Luís/Ensino Fundamental e Educação Infantil; Casa de Cultura Josué Montello; Rede de Bibliotecas Comunitárias de São Luís; Serviço Social do Comércio – SESC; Clube do Livro do Maranhão; ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS; Associação dos Livreiros do Estado do Maranhão; Associação Maranhense de Escritores Independentes – AMEI; Academia Maranhense de Letras; Universidade Estadual do Maranhão – UEMA; Universidade Federal do Maranhão – UFMA/Núcleo de Bibliotecas das UFMA – NIB; Secretaria de Cultura de São Luís/Biblioteca Municipal; Conselho Estadual de Cultura; Conselho Regional de Biblioteconomia – CRB/13ª. Região; e, Rede de Bibliotecas Faróis do Saber.
Gostaria de informar, que amanhã, (31/08/2016), a partir das 9h30, vai acontecer, na Biblioteca Pública Benedito Leite, a reunião com todas as instituições envolvidas, a fim de fechar a programação do referido evento. Por indicação de Dilercy Aragão Adler, Presidente da Academia Ludovicense de Letras, estarei lhe representando na reunião. Visando a participação democrática da nossa Academia, solicito aos estimados (as) acadêmicos (as), enviarem, até às 22h de hoje (30/08/2016), sugestões de participação da ALL no evento citado, a fim de que eu possa apresentá-las e submeter à apreciação das instituições participantes.
São Luís, 30 de agosto de 2016.
CLORES HOLANDA SILVA, Secretária-Geral da Academia Ludovicense de Letras.
Antonio Noberto
Os célebres mortos da Igreja de Santo Antônio Uma das principais construções religiosas do Centro Histórico da cidade, a Igreja de Santo Antônio, não só faz parte da história do Maranhão, como também… youtube.com
Pauta sobre a capela dos Navegantes / Igreja de Santo Antonio no site do jornal O Imparcial do dia 31 de agosto de 2016. Vale a pena conferir.
Ministro Gilmar Mendes, Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, no Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Maranhão. Falou-se não apenas das Eleições 2016, mas também de literatura.
A ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS - ALL e a CASA HUGUENOTE DANIEL DE LA TOUCHE - CHDT estarão comemorando o aniversário de 404 anos da cidade de São Luís, no dia 8 de setembro de 2016 e contar com a sua prestimosa presença será uma grande honra. Saudações Acadêmicas, Dilercy Aragão Adler, Presidente da Academia Ludovicense de Letras. LOCAL: CASA HUGUENOTE DANIEL DE LA TOUCHE - CHDT Rua Djalma Dutra, nº. 128, Prai Grande HORÁRIO: Às 9h da manhã.
Julio César Pavanetti Gutiérrez.
Liceo Poético de Benidorm
Cartel del evento que el Liceo Poético de Benidorm va a celebrar en la ciudad de São Luis do Maranhão, Brasil, bajo la coordinación de Dilercy Aragão Adler, Delegada Cultural del Liceo Poético de Benidorm en Maranhão, Brasil. Muchas gracias querida Dilercy por tu compromiso y buen hacer. Obrigado. https://m.facebook.com/story.php…
Marcos Davi Mundo Passaporte
YouTube ·
Antonio Noberto Marcos Davi Carvalho A HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO DE SÃO LUIS, PARTE 02. A HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO DE SÃO LUIS. PARTE 02. O historiador Antonio Noberto, fala sobre a única capital brasileira, fundada por franceses. youtube.com
Livros de Direito
http://www.barralivros.com/estudos_direito_constitucional.h…
Estudos atuais de Direito Constitucional Livro Estudos atuais de Direito Constitucional, organizado por André Gonzalez Cruz, Hildélis Silva Duarte Junior e Thiago Allisson Cardoso de Jesus,…
JOÃO FRANCISCO BATALHA BATALHA
ANIVERSÁRIO DE 404 ANOS DE FUNDAÇÃO DA CIDADE DE SÃO LUÍS - 08 de setembro de 2016 – DILERCY ARAGÃO ADLER Neste 08 de setembro, comemoramos o aniversário de fundação da nossa cidade de São Luís, a capital do nosso Estado, Maranhão, e a Academia Ludovicense de Letras,como a Academia de Letras da cidade, vê-se no dever prazeroso de louvá-la. Nesta missão, convidamos outros parceiros para dar mais vigor à esta homenagem, a partir da escolha desta Casa de Cultura, a Casa de Cultura Huguenote Daniel de La Touche, que, no próprio nome, já traz a importância e a significação de sua existência. A sua Inauguração, em 08 de setembro de 2014, representa um ganho cultural substancial para esta cidade, Patrimônio Cultural da Humanidade, por se configurar como referência ao nascimento desta cidade, à sua fundação, e nas palavras da apresentação do seu projeto: [...] a Casa de Cultura Huguenote Daniel de La Touche se refere à fundação da Cidade de São Luís e toda a sua historicidade francesa, bem como o conjunto de bens culturais que esta civilização nos presenteou, registrados em livros e peças espalhadas e desconhecida da Cidade de São Luís e toda a sua historicidade francesa. Está instalada em um casarão típico e histórico de São Luís que pertenceu a Catarina Mina, situado no Beco Catarina Mina (museuhuguenote-brasil.com). E outro dado de grande relevância é que [...]. É um dos poucos logradouros do Centro Histórico de São Luís que leva nome de uma mulher, e o único que homenageia uma negra(museu-huguenote-brasil.com). Convidamos também a Sociedade Brasileira de Médicos Escritores- Regional do MaranhãoSOBRAMES, parceira no trabalho de divulgação da cultura da nossa cidade, que neste dia nos brinda com um lindo trabalho realizado em 2012, na comemoração dos 400 anos de fundação desta cidade. De modo que a nossa louvação poética à cidade dar-se-á com poemas dessa primorosa homenagem. Nesta homenagem a São Luís, contamos ainda, com a participação especial doLiceo Poético de Benidorm/Espanha que é uma entidade cultural mundial na qual a música e a poesia se firmam como protagonistas, voz e veículo, para mudanças urgentes e indispensáveis no cenário social, político e no meio ambiente. Para tal, conta hoje com Delegações em cinco continentes e na América do Sul; o Brasil conta com duas delegações, a do Rio de Janeiro, sob a coordenação de Vanda Lúcia da Costa Salles, Membro Correspondente da ALL e, no Maranhão, sob a minha coordenação. Nas palavras do seu Presidente, Júlio Pavanetti, [...]. Sua bandeira é levantar a voz poética ante a grave situação mundial e ante a injustiça que provoca a ambição, a falta de escrúpulos e a falta de solidariedade dos poderosos que movem os destinos do mundo. [...] cada cidade celebrará a poesia, a música, a arte com o objetivo de dizer NÃO à corrupção, aos abusos dos poderosos, NÃO às guerras, e um SIM bem grande à igualdade, ao respeito e ao cuidado com o meio ambiente, à luta pela paz, pela solidariedade entre os seres humanos e promoção de mudanças sociais, econômicas e políticas que sejam capazes de humanizar o mundo em que vivemos (www.liceopoeticodebenidorm.com/). Ou seja, é uma janela aberta ao mundo que se abre a um universo de possibilidades para a construção do bem comum, de todos os habitantes deste planeta. Por isso a nossa louvação à PAZ, com a participação especial do Liceo Poético de Benidorm/Espanha-Delegação do Maranhão. Por fim, temos,além dos brindes poéticos da SOBRAMES e do Liceo Poético de Benidorm, boa música e dança que expressam o contexto de nascimento da cidade, que nos remetem aos primórdios da sua
cultura, uma palestra com um tema instigante e, creio, pouco conhecido por muitos, lançamentos de mapase visitas à exposição. Que possamos desfrutar das iguarias culturais desta manhã, e o meu sincero agradecimento aos nossos anfitriões, à Casa de Cultura Huguenote Daniel de La Touche, à SOBRAMES, ao Liceo de Benidorm/Espanha, aos Membros das nossa Academia e aos ilustres convidados que comungam conosco este momento ímpar de confraternização e paz que as artes podem viabilizar. Obrigada!
O imortal Leopoldo Gil Dulcio Vaz da ALL, discursa na abertura dos trabalhos. Na galeria acontece a exposição “França Equinocial”, que apresenta mapas e telas retratando os momentos e os personagens que participaram da fundação da cidade.
Antonio José Noberto da Silva, imortal da ALL é o curador da exposição “França Equinocial” ilustrada pela telas do talentoso Rogério Martins - fez uma linda palestra sobre “ A CONTRIBUIÇÃO PROTESTANTE NA FUNDAÇÃO DE SÃO LUÍS”.
O evento teve também a participação da Cantora e Compositora: Karinne Rosane, que ao lado do Maestro Israel Dantas, executaram algumas músicas, dentre elas o “Hino de Louvação à São Luís”, de Bandeira Tribuzi. Veja aqui: https://youtu.be/0nNsjIcGCjQ
Propagando A criatividade no lugar certo! by Ricardo Fonseca Contato: propagandomarketing@outlook.com
Academia Ludovicense de Letras celebra os 404 anos de SĂŁo LuĂs em grande estilo.
FOTO OFICIAL – COM O PESSOAL DA CASA DE CULTURA HUGENOTE DANIEL DE LA TOUCHE E FEB
FOTO OFICIAL COM OS CONVIDADOS DA FEB E DA SOBRAMES
FOTO OFICIAL – CAMPOS, MACATRÃO, LEOPOLDO, DILERCY, NOBERTO, BATALHA, MEIRELES, LUNA
SÃO LUÍS ANTES DA FUNDAÇÃO ANTONIO NOBERTO
Dizem que não é possível reconstituir o passado na forma exata como aconteceu. A assertiva pode ser frustrante para alguns, mas não para aqueles movidos pelo vírus da ciência e da curiosidade, que o propulsiona na busca das melhores fontes que acabam por transformar um mundo distante e inatingível em uma realidade bem próxima e ao alcance de todos. Foi com esse ânimo de “transformar o caos em cosmo” e objetivando mostrar neste momento oportuno o protagonismo do Maranhão naquele período pré-colonial, que os aspectos e fatos relevantes dos primórdios da Upaon Açu de franceses e tupinambás foram alvos da investigação que permitiu visualizar aquele distante período compreendido entre os fins dos mil e quinhentos até a chegada da esquadra francesa de Daniel de la Touche em 1612. Lembra-se que àquela época o Brasil setentrional era completamente abandonado pelos portugueses, no território que se estendia da povoação de Natal, no Rio Grande do Norte, até a região amazônica, que no dizer do ilustre historiador maranhense João Lisboa, no Jornal do Tímon: “era um completo abandono (...) e os donatários régios de Portugal e Espanha estavam incorrendo nas penas de comisso”.
detalhe do mapa holandês atribuido a Franz Post. A seta azul aponta para a localização do forte de São Francisco, antigo forte Sardinha dos franceses
Abandonada a região pelos lusos, desde a primeira metade dos anos mil e quinhentos os gauleses da Bretanha e da Normandia se apresentavam como os maiores frequentadores da Ilha do Maranhão, sendo ilustrativa a carona que os sobreviventes da grande expedição de Aires da Cunha, naufragada em 1536 no litoral maranhense, pegaram com os franceses para retornar à Portugal, pois estes é que faziam do Maranhão o principal locus de apoio à intensa movimentação existente entre o Amazonas e os portos franceses de Rouen, Dieppe, La Rochele, Saint Malo, Cancale e Havre de Grace. No final daquele século eles começaram a se fixar na Ilha Grande. O naufrágio da esquadra do capitão Jacques Riffault por volta de 1594 no Golfão Maranhense foi determinante para a ocupação, que ali edificou uma feitoria (le comptoir) nas imediações da Ponta da Areia. Muitos náufragos e novos moradores da Ilha se amasiavam com as índias e iam residir nas aldeias, que totalizavam vinte e sete, conforme a descrição do escritor capuchinho Claude Abbeville.
Detalhe do plano da barra do Maranhão datado de 1789. Carta nº 182 do catálogo: Mapas e planos manuscritos relativos ao Brasil colonial (1500 - 1822);
Um importante porto ficava na baía de Guaxenduba, no local aproximado onde se encontra a estátua elevada a São José, no núcleo fundacional de São José de Ribamar. Por este passavam as riquezas da terra escoadas pelo rio Itapecuru Mirim, seguido de portos menores como Jussatuba, Quebra Pote e Arraial, que
davam suporte ao ancoradouro maior daquela região. O porto principal da Ilha àquela época, no entanto, era o de Jeviré, na atual Ponta da Areia, elo de culturas diferentes e de riquezas e amizades que enlaçavam ainda mais a relação histórica e harmônica franco-tupi já existente em quase todo o Brasil. Enquanto o promontório onde La Ravardiére levantaria o forte São Luís (atual Praça Pedro II) permanecia vazio e intocado, uma outra elevação próxima dali abrigava a que seria, a primeira fortaleza do Maranhão, na localidade conhecida como Sítio Sardinha, na região onde está o bairro do São Francisco, a Ilhinha e parte do Renascença.
vista atual do Porto da Ponta da Areia, antigo Jeviré, a partir da elevação onde existiu o forte Sardinha imagem aproximada).
O nome Ilhinha, aliás, sugere o óbvio, que toda aquela região formava uma pequena ilha, pois margeada por um lado pelo Igarapé da Jansen, que no início dos mil e seiscentos ficou conhecido como rio da Olaria, que se juntava a Lagoa, ao Renascença e ao Jaracati, até se encontrar com o rio Maioba ou Cutim, que mais tarde receberia o nome de rio Anil, ao pé da ponte Bandeira Tribuzzi. A pequena ilha era o abrigo ideal contra invasões, pois enquanto dificultava qualquer ataque inimigo, permitia escape para o interior da Ilha Grande em direção à aldeia de Uçaguaba, que se tornou a Miganville do tradutor francês David Migan, primeira povoação europeia do Maranhão e de toda a região. O Forte Sardinha, edificado em local estratégico, elevado e fronteiro ao porto de Jeviré, dava proteção a este ancoradouro (onde atualmente acontece desembarque de quem chega de Alcântara), à feitoria implantada pelo capitão Jacques Riffault e pelo imediato Charles d’Esternou des Vaux, e à povoação onde residia o tradutor e parente do governador de Dieppe, David Migan, no atual Vinhais Velho. E vigiava também a entrada do rio Anil, principal via aquática para o interior A rústica, porém, importante fortaleza foi edificada pelos franceses deixados pelo capitão Jacques Riffault e outros que já moravam no lugar, sendo Charles Des Vaux, Du Manoir, David Migan, Guérard, Roussel, Adolphe de Montville e centenas de outros. Era desse lugar que partia o protagonismo francês para outras regiões como a Amazônia e a serra da Ibiapaba. Foi deste pequeno núcleo maranhense que uma equipe liderada por Charles des Vaux e Adholphe de Montville partiu para criar um povoamento na Serra Grande, onde hoje está a cidade de Viçosa do Ceará, pois os mesmos tinham laços de amizades com os indígenas daquela região. Sobre esse momento o escritor cearense Gilton Barreto na sua obra História, fatos e fotos de Viçosa do Ceará (Fortaleza, 2006) escreveu que “Por volta do ano de 1590, estabeleceram-se na
Serra Grande franceses provenientes do Maranhão (...) Deu-se ao lugar um certo perfil urbano com alinhamento de casebres e ruas, dentre estas a Rua de Paris (...) e a Rua Pedra Lipse...”. Deste longínquo período restaram naquele lugar as duas ruas mencionadas. A última delas dá acesso à Igreja do Céu, no topo da montanha e um dos lugares mais visitados de Viçosa e da serra da Ibiapaba. Em 1607 o jesuíta Luiz Figueira, acompanhado do frei Francisco Pinto, subiu à citada serra e, após o assassinato deste último pelos índios tacarijus, recebeu informações dos selvagens que retornaram do Maranhão para a Ibiapaba. Ele as anotou assim na sua conhecida Relação do Maranhão: “... acerca dos franceses que tínhamos por novas que estavam assentados com duas fortalezas feitas em duas ilhas na boca do rio Maranhão”. Uma destas era o Forte Sardinha (le fort Sardine), felizmente registrado em mapas do período colonial, em uma elevação, próximo onde foi construído nas últimas décadas do século passado o edifício residencial Malibu, ponto inicial da rua que se encontra com a rua das Paparaúbas, importante logradouro do bairro São Francisco. O quartel francês era comandado por um português, que emprestou seu nome ao forte, e trabalhava para bretões e normandos. Foi ali defronte, no porto de Jeviré, que a esquadra fundadora aportou em 1612. Poucos meses depois, o então ativo complexo bélico-portuário-comercial sob a proteção do Forte Sardinha foi esvaziado e substituído pelo momento oficial estabelecido no Maranhão da França Equinocial pelos generais La Ravardière e Razilly. O primeiro conjunto de leis das américas, promulgado na Praça do Forte no dia primeiro de novembro de 1612, que previa pena de morte, dentre outras coisas, não permitia desobediências dos antigos ocupantes franceses do pequeno reduto, pois tudo e todos estavam sob as ordens do reino da França. Alguns permaneceram na Ilha à serviço do rei, sob as ordens do governador Daniel de la Touche. As ações, a partir de então, migraram para o novo locus no promontório mais alto onde a cidade de São Luís foi implantada, na atual praça Pedro II, local escolhido pelos novos senhores da terra para levantar a cidadela de São Luís. O porto Santa Maria (hoje porto da Praia Grande), nome que homenageava a Mãe de Deus e à rainha regente Maria de Medicis, já ocupava o status de porto principal da Ilha do Maranhão. Segundo Abbeville e Yves d’Evreux os alvos da colonização migraram para o interior da nova colônia e para o Amazonas, onde La Touche de La Ravardière, acompanhado de De Bault e De la Blanjatierre, foi à terra dos caetés, atual Bragança-PA, passando pela localidade onde futuramente seria edificada a cidade de Belém, até Cametá, avançando em direção à região onde, séculos depois, foi edificada a cidade de Imperatriz. Imagens e informações relativos a esse período podem ser conferidos na Exposição França Equinocial, em cartaz na Casa de Cultura Huguenote Daniel de la Touche, no Centro Histórico de São Luís. Os momentos de glória e de protagonismo da pequenina ilha que abrigava o sítio Sardinha ainda não haviam acabado, pois foi ali, naquele lugar que aconteceu a rendição de Daniel de la Touche às forças comandadas por Alexandre de Moura, quando o general La Touche, descobridor das Guianas e fundador de São Luís, assinou a rendição e entregou ao vencedor as chaves da cidadela. O importante evento aconteceu no dia 3 de novembro de 1615. Um dia antes Alexandre de Moura preparou um documento prévio para La Ravardière assinar, que começava assim: “Aos dois dias do mez de novembro de 1615 annos, na Ilha de São Luiz, onde habitão os francezes, e no lugar do quartel de S. Francisco, que chamão o Forte do Sardinha, apareceo perante mim o senhor Daniel de la Touche...”. Logo em seguida Moura pôs o nome de São Francisco naquele sítio, que se estendeu ao bairro estabelecido aos fundos da construção. Passado mais de um século a fortaleza foi reconstruída em pedra pelo governador e escritor Bernardo Berredo. Considerando que a França Equinocial compreendia metade do Brasil atual, estendendo-se do Ceará ao Amazonas, esse evento de passagem das chaves da fortaleza de São Luís, de mãos francesas para mãos portuguesas, representa um dos acontecimentos mais importantes da América de todos os tempos, pois ali estava sendo decidida a sorte de metade do território brasileiro. A monta do evento demanda a elevação de um monumento no local, como sugeriu, em meados do século passado, o professor e escritor Rubem Almeida ao jovem estudante Salvio Dino, hoje escritor e acadêmico da AML. O turismo regional agradecerá a iniciativa.
Daniel Blume Honrado com a publicação do nosso artigo "Interposição de Recursos Eleitorais por E-mail" na "Revista Síntese de Direito Administrativo n. 128/2016", na parte dedicada às "Eleições e Seus Impactos na Administração Pública".
Daniel Blume Honrado com a publicação do nosso artigo "Interposição de Recursos Eleitorais por E-mail" na "Revista Síntese de Direito Administrativo n. 128/2016", na parte dedicada às "Eleições e Seus Impactos na Administração Pública".
XXVI Congresso SOBRAMES em São Paulo. Palestra sobre Nina Rodrigues.
PALESTRA SOBRE A HISTร RIA DE PINHEIRO....... 24/09/15
Noite de autรณgrafos, lanรงamento do livro: O Lugar do Pinheiro- Recontando a Histรณria
ARTIGOS, & CRÔNICAS, &CONTOS & OPINIÕES!
PINHEIRO, SÃO JOÃO E O BOI DO PORTINHO. AYMORÉ ALVIM APLAC, ALL, AMM, IHGM Os últimos raios de sol caiam, naquela mormacenta tarde de junho, sobre Pinheiro banhando os campos do Pericumã ainda inundados pelas chuvas do fim do inverno. No porto, que ficava por trás da casa de Antenor Corrêia, uma pequena multidão fervilhava, naquele dia perdido na memória, lá na década de 40. Os foguetes pipocavam com intervalos regulares ate que, em dado momento, se intensificaram, aumentando o frenesi dos populares, principalmente, das moças que ali se encontravam. Lá para as bandas do poste de ferro, já era bem nítida a visão de canoas, grandes e pequenas, das quais partia um som com ritmo bem cadenciado e por demais conhecido, que começava ser ouvido anunciando a chegada da comitiva do bumba-meu-boi de Macapá, ou melhor, do boi do Portinho. Paulo Castro, o empresário, juntamente com Onofre Ribeiro e muitos outros que formavam a comissão organizadora se agitavam de um lado para outro, ultimando os preparativos para a recepção. Momentos depois, sob ovação dos presentes e intenso foguetório, começavam a descer das canoas o dono do boi, seu Rafael, João Botão, o “pop star” da época, primeiro bailante e puxador de toadas, que alvoroçava o coração das senhoritas pinheirenses e, por fim, o restante do batalhão. Eram dias muito movimentados, principalmente, no bairro da Matriz, onde Paulo Castro costumava hospedar a comitiva, no prédio que ficava em frente à casa de dona Fausta Reis e ao lado da residência de “Paulo Bebeu”. Durante o dia, era grande a afluência popular para apreciar os ensaios. À noite, antes do início das apresentações, fogueiras de variados tamanhos ardiam, nas portas das residências onde eram degustados o mingau de milho, a macaxeira assada e, ainda, doces variados, enquanto a criançada se distraia tocando bombas e queimando fogos como pistolas, estrelinhas e trepa-moleques que vieram substituir os temíveis busca-pés. Era também muito comum, nesse período, estreitarem-se os laços de amizade através dos votos e compromissos firmados ao redor das fogueiras: daí surgiam o compadrio, os padrinhos, as madrinhas e os afilhados de fogueira. Enquanto isso, no interior das casas, era grande a agitação das moças casadoiras buscando, nas adivinhações e nas simpatias, a antevisão dos seus destinos ou o nome do futuro pretendente. Mais tarde, por volta das vinte e uma horas, tinham início as apresentações do bumba-boi. Dependendo da ocasião, eram realizadas, no quintal da usina elétrica, ou na Praça da Forgata, hoje Parque Acrepiano, ou, ainda, no quintal do Grupo Escolar Elisabetho Carvalho também conhecido por “quintal do bode”, jocosa referência popular à antiga sede da Loja Maçônica de Pinheiro. A área recebia, com muita antecipação, uma limpeza geral. Era cercada. Preparavam-se as arquibancadas e erguiam-se os galpões com instalação de banheiros, bar e quiosques para vender mingau de milho e as guloseimas próprias da temporada. Algumas famílias, à tarde, mandavam levar suas cadeiras que, dispostas em local de destaque, pagavam um bilhete mais caro, mas lhes permitia melhor observar o espetáculo. Para os primeiros dias, os bilhetes eram adquiridos com bastante antecedência tal era a popularidade do boi do Portinho. O estilo era de sotaque de zabumba com ritmo um tanto apressado com repiques de tamborinhos e pequenos pandeiros, ao compasso dos maracás, feitos de flandre com grãos de chumbo no interior, sacudidos com exímio traquejo por João Botão e por outros bailantes sob o seu comando. As toadas, sempre bem construídas, eram copiadas e cantadas por muito tempo pelos apreciadores da brincadeira. Não havia matraca nem instrumentos de sopros, no bumba-meu-boi do Portinho. Acostumado ao ritmo tradicional, o povo pinheirense parecia não gostar dessa inovação que fora trazida, uma vez, em face da impossibilidade da vinda do boi de seu Rafael, pelo bumba-meu-boi de Penalva, apelidado por boi de matraca. Igual ojeriza foi dispensada ao bumba-boi de Santa Eulália, o primeiro que chegou a Pinheiro
trazendo instrumento de sopro e com a indumentária dos seus brincantes toda feita em penas de aves. Tais inovações causaram grande prejuízo a Paulo Castro que para compensa-lo contratou, pela primeira vez, o boi de Guimarães. Era também um bumba-meu-boi com sotaque de zabumba. Agradou mas nem tanto. A grande parada daquele momento era mesmo o boi do seu Rafael e o João Botão, o grande astro, imitado pelos brincantes locais e até pelas crianças, nas suas brincadeiras. Ao término da temporada, as despedidas eram concorridas e muitas lágrimas rolavam, nos tristonhos rostos das senhoritas que ficavam a ouvir, enquanto as canoas se afastavam, o João Botão cantar: “Adeus que já vou embora/ é chegada a hora eu tenho que voltar/ eu vou choroso e o meu coração pesaroso/ na hora desta partida por não poder te levar”.
O MARANHÃO DE ANTÔNIO VIEIRA ALDY MELLO O Padre Antônio Vieira chegou a São Luís do Maranhão no dia 16 de janeiro de 1653 e sua missão no estado foi no período de 1653 a 1662. Veio para evangelizar e civilizar uma região onde existia forte tensão entre colonizadores e colonos. Refere-se à missão no Maranhão como importante conquista da Coroa Portuguesa, não só do território, mas também da conservação e salvação das “almas ” dos colonos e dos gentios. O Estado do Maranhão foi constituído pelo decreto real de 13 de julho de 1621 e compreendia inicialmente as províncias do Ceará, Piauí, Maranhão, Pará e Alto Amazonas. Ao longo do tempo, depois de guerras civis e da passagem dos holandeses, o estado passou a ser Grão-Pará e Maranhão. Eram comentadas as prédicas do Padre Antônio Vieira tanto no Brasil como na Europa, num momento em que a Igreja Católica mantinha seu poder por força da Inquisição. Seus discursos impressionavam pela beleza estética, construções retóricas vibrantes, enérgicas e oportunas porque atacavam a corrupção, o trabalho escravo, o abuso de poder e a Inquisição. Vieira era um humanista, defensor dos negros e dos índios e falava sete línguas. Carismático, distinguia o destino do homem e sua existência na Terra. O conjunto de suas obras, incluindo sermões e cartas, foi igualado por alguns autores a Santo Agostinho e Santo Antônio de Pádua, doutores da Igreja Católica. Estes são os sermões pregados por Antônio Vieira, no período de 1653 a 1662, nas igrejas de São Luís, cumprindo sua missão no Maranhão: - Sermão da Primeira Dominga da Quaresma ou das Tentações; - Sermão da Segunda Dominga da Quaresma; - Sermão da Quarta Dominga da Quaresma; - Sermão da Quinta Dominga da Quaresma; - Sermão de Santo Antônio ou Sermão dos Peixes; - Sermão da Sexagésima ou do Evangelho. O jesuíta dava muita importância à quaresma no calendário religioso. Para ele, era o tempo de purificação das almas e o momento dos cristãos examinarem seus vícios, seus pecados e as suas doenças, descobrindo quais seriam os melhores remédios para curá-las. Com o Sermão da Primeira Dominga da Quaresma, Vieira iniciou sua missão no Maranhão, em 1653. Nesse sermão, aborda o tema da escravidão dos índios pelos colonos e procura persuadir os colonos, afirmando que “quem escraviza é condenado ao inferno”. O Sermão da Segunda Dominga da Quaresma foi pregado em São Luís, em 1651 e tratou dos juízos do mundo para ele. As glórias deste mundo são falsas; verdadeira é a glória do céu. Vieira o chamou de Domingo da Mentira. Fala da cidade da glória, visitada por São Paulo e descrita por São João. Lá está o que os olhos nunca viram nem o pensamento percebeu, onde nunca a imaginação humana pôde entrar. O Sermão da Quarta Dominga da Quaresma foi pregado em de São Luís, em 1657, e tratou da multiplicação dos pães. O Sermão da Quinta Dominga da Quaresma, pregado na cidade de São Luís, em 1654, teve por objetivo induzir os colonos a libertar os escravos. Os sermões dos Peixes e o Sermão da Sexagésima foram proferidos em São Luís. Vieira veio ao Maranhão contra a sua vontade. Sua vinda foi uma espécie de desterro imposto pela Companhia de Jesus como castigo pelas suas propostas inovadoras. Seus sermões deslumbravam a todos, desde os cardeais e prelados do Vaticano, as Cortes européias até os escravos.
SERÁ QUE VALE A PENA? AYMORÉ ALVIM APLAC, ALL, IHGM. Há muitos anos, em um continente habitado somente por índios, uma grande parte dele foi ocupada por um povo vindo do leste, do outro lado do grande mar. Mais tarde, teve origem nessas terras um país muito grande, rico e bonito. Com uma exuberante biodiversidade, extensos e caudalosos rios que serpenteavam por seus vales e elevações e uma luxuriante cobertura florística, esse pais era um gigante pela própria natureza, como costumavam dizer. E o povo? Ah! o povo! Ele se dizia feliz dentro das possibilidades que lhe permitiam os poderosos da época. Mas como a felicidade nunca é completa sempre havia uns mais felizes que outros. Inicialmente houve forte estratificação de classes, ops! de raças, melhor dizendo. Com o tempo, implantaram por lá um regime político chamado democracia. E o que mudou? Dizem que ninguém sabe. Se a tal democracia for igualdade para todos perante a lei e respeito aos direitos de cada um, parece que esse negócio só chegou para alguns. Um grupo, relativamente, pequeno se comparado ao restante do povo. Falavam que no meio dos privilegiados se destacava um grupo ávido pela coisa pública, especializado em administrar e partilhar o erário. Pela história daquele povo, grupos dessa natureza estiveram presentes em todas as gerações que se sucederam, como uma herança maldita que se instalou desde as primeiras comunidades que por lá chegaram. Seus membros sempre mostraram assaz voracidade em se locupletarem como se a medida do possuir nunca lhes satisfizesse como dizia um de seus ilustres moradores chamado Vieira. Era uma verdadeira praga que mais tarde foi chamada de corrupção. Alastrava-se como uma epidemia ou erva daninha, se manifestando como um estado crônico de dependência moral. E as forças coercitivas desses abusos? Funcionavam, mas não na dimensão com que esses grupos de espertalhões apareciam e atuavam. Era difícil. Era muito difícil agarrar um corrupto. Quando um deles era pego, as leis que eles mesmo faziam os protegiam ou os imunizavam e, assim, permitiam que o processo tramitasse por longos anos ate que prescrevessem. Desta forma, voltavam são e salvos para novas investidas. Era uma turma, como se costuma dizer, da pesada. Mas, de vez em quando um era agarrado. Certa vez, pegaram uns tubarões. Dentre eles, pontificava um senador. Embora o processo tenha tramitado com inaudita celeridade, os cabras foram condenados, presos e seus bens arrestados, exceto o senador, cuja prisão não foi autorizada pela sua Casa legislativa, devido a imunidade parlamentar que o protegia da prisão quando roubava o Estado. Serviu de exemplo? Que nada. O resto continuou na mesma vidinha de sempre. Muitos anos depois, em uma fria manhã, numa Faculdade de Direito daquele país, um grupo de jovens acadêmicos discutia sobre a aula que havia assistido cujo tema abordado foi sobre a Corrupção nas estruturas do Estado moderno. Em dado momento, um dos estudantes resolveu levantar a memória do avô, o velho senador Vasconcelos, um paladino da moral na sua época. Senador Vasconcelos? Era teu avô? Aquele sujeito foi um dos maiores corruptos da história política deste país. Foi denunciado, condenado e só não foi preso porque o Senado não autorizou a prisão e, por fim, morreu no ostracismo. Lê os jornais da época e verás quem foi a peça. O rapaz não retornou mais à Faculdade. Vítima de profunda depressão, cometeu suicídio dentro de poucos meses. A repercussão do caso nos jornais se abateu sobre os familiares do velho senador que preferiram esquecer o que para eles era um ilustre ascendente. Pergunta-se: Valeu a pena? Moral da história: Um dia, alguém lá na frente pagará por tuas trambicagens
ODORICO MENDES, O HERÓI DA ENEIDA FERNANDO BRAGA In “Toda Prosa”, Vol. III, inserido em “Travessia” [memórias de um aprendiz de poeta e outras mentiras], em construção. Admirável é “Virgílio Brasileiro”, ou tradução do poeta latino, de Manuel Odorico Mendes, 1º volume, contendo as bucólicas e as geórgicas, 2ª edição, atualizada com introdução e notas do professor Sebastião Moreira Duarte, que sob o seu olhar dirigiu esse trabalho para apresentá-lo como tese de doutorado em uma Universidade dos Estados Unidos. O livro foi editado com apoio da Fundação Sousândrade, pela Editora da Universidade Federal do Maranhão, instituição onde Sebastião se aposentou como Lente de literatura. O trabalho saíra em 1995 e me chegara às mãos tempos depois, juntamente com um livro de versos e um estudo sobre “mosaicos”, imortal criação bizantina ainda louvada na ortodoxia eslava; e “Traduções de Voltaire” (Mérope e Tancredo), também de Odorico Mendes, todos com dedicatórias fraternas. Com o enriquecimento de minha biblioteca, com tais volumes, fui fustigado a escrever este dedo de prosa, não só em agradecimento aos presentes, mas, sobretudo, motivado pela lembrança que logo me ocorrera de um outro aspecto de Virgilio, o que adiante veremos... O Doutor Antônio Henriques Leal diz no “Pantheon Maranhense”, Tomo II [ensaios biográficos de maranhenses ilustres] que Odorico Mendes “nasceu em São Luís, capital da província do Maranhão, na casa de seu avô materno, Manuel Correia de Faria, sita na Rua Grande, aos 24 de janeiro de 1799, vindo por seu pai, o capitão-mor Francisco Raimundo da Cunha, fazendeiro das margens do Itapicuru (sic), de Antônio Teixeira de Melo, ilustre restaurador do Maranhão do poder dos holandeses; e por sua mãe, Dona Maria Raimunda Correia de Faria, de Tomás Beckman, irmão do infeliz Manuel Beckman, ou Bequimão, como o apelidavam os coevos e naturais da capitania, e o escreveram os cronistas do seu tempo, manchando-lhe a memória, que foi em nossos dias reabilitada com muito talento e saber pelo distinto João Francisco Lisboa”. E é esse texto do editor d’ O Timom que se encontra no trabalho dirigido por Sebastião. Nas anotações de pé de página que acompanham todo o roteiro do livro, vê-se que “nesta obra monumental Odorico Mendes não se mostrou somente consumado latinista e distinto poeta: elevou-se avantajado arqueólogo pelo trabalho de anotações repleto de vastíssima erudição (...) que manifestam, não só a sua vasta instrução e o profundo conhecimento do idioma vernáculo, mas justificam o conceito que dele formam como o escritor mais conciso entre os seus atuais contemporâneos de Portugal e do Brasil”, enfatiza Inocêncio Francisco da Silva, no seu “Dicionário Bibliográfico Português”. Odorico Mendes quando Deputado provincial pelo Maranhão, por diversas legislaturas, foi autor da primeira lei de “reforma eleitoral” e da lei da “abolição dos morgados”, nos informa discurso proferido por Pedro Braga Filho na homenagem prestada pela Câmara dos Deputados, pelo centenário de falecimento de Odorico Mendes, no dia 17 de agosto de 1964, enfeixado no livro “Memorial de Pedro Braga Filho”, contendo discursos literários e parlamentares, cuja edição dirigi, com introdução, seleção de textos e notas. Há tempos, quando estudante-estagiário de Direito Penal Comparado, na Universidade de Paris - PanthéonSorbonne 1 -, li na versão francesa o livro “La Mort de Virgile”, de Hermann Broch [uma brochura editada pela Imprensa Universitária], sobre o qual, com a ajuda da memória, farei pequeno comentário, necessário para a interligação que pretendi dar ao contexto destes apontamentos. O autor austríaco a romper deliberadamente com os padrões tradicionais do romance, neste reveste-se de reflexões moldadas de lirismo, mitos e símbolos, a estruturar o trabalho em forma de um monólogo interior, quase que uma auto-revelação, com laivos de sofrimentos análogos aos do poeta romano Virgilio, o qual sofreu intensamente em virtude de a arte, amor que se dedicou à vida inteira, tê-lo impedido de realizarse como um ser humano e mortal. Muitos desses desejos reclamados foram vividos pelo emocional do herói troiano que também não foi contemplado com as trocas que desejava, segundo o contexto alegórico. O direito de viver para si, fora muitas vezes impedido, em virtude da obediência que cegamente devotava aos
deuses. Exemplo disso é quando ouvia de Dido, a rainha cartaginesa, suas cobranças apaixonadas; tinha ele, o viajante mítico, de responder-lhe que era escravo do destino, sem nenhum direito ao seu próprio arbítrio... No livro, Broch descreve as últimas horas do poeta camponês, a lutar desesperadamente pela vida até o instante de sua morte, enfrentando-a como se fora um Profeta, cheio de delírios que o fizeram vaticinar um século antes do nascimento de Cristo, à maneira dos versículos bíblicos de Isaías, como o descrito na IV Écogla, fragmentos líricos, vindos da Sibila de Cumas com fatídicas previsões... O aparente e diminuto pensamento que tive nestes apontamentos, entre o épico latino e o ensaio romanceado de Hermann Broch, foi para deixar como reflexão que, se restou ao autor austríaco assumir-se no final do trabalho, como alterego do poeta camponês, levado pelos sentimentos, sofrimentos e dons de vidência, faz-me acreditar, pelo enfoque clássico, legitimar-se Odorico Mendes, por seus dotes naturais e pela utopia humanística existente em Enéias, carregada de sentimentos nobres e ritos grandiosos, ser ele, o gênio maranhense, o verdadeiro herói da Eneida.
UM PARAÍSO SOB O OLHAR E A INSPIRAÇÃO DO POETA ANTONIO NOBERTO Turismólogo (UFMA), pesquisador e escritor. Cidadão de Guimarães. Sócio-efetivo do IHGM, membro-fundador da Academia Ludovicense de Letras e curador da Exposição França Equinocial, em cartaz no Centro Histórico de São Luís - MA.
Guimarães é um pequeno município do Maranhão ocidental, cuja sede é quase uma aldeia encravada entre o mar e os alagadiços da Baixada maranhense. Lugar possuidor de características físicas e naturais que o aproximam de muitas outras cidades do estado. A partir da Ilha de São Luís, o melhor acesso é pelo ferryboat, que transporta passageiros e veículos até o porto do Cujupe. Daí segue-se pela MA-106 e MA-305. Guimarães é um arraial onde o tempo passa lentamente e a vida segue ao sabor dos ventos e das ondas da baía de Cumã. As pessoas se dividem entre aquelas mais fiéis ao provincianismo indolente, e outras, mais chegadas aos paradigmas contemporâneos, que acessam constantemente a internet, fazem uso de aparelhos modernos e se comunicam através de redes sociais e aplicativos do momento. O comércio, as atividades primárias como a pesca, a pecuária e o cultivo da terra absorvem a ocupação dos vimarenses (nosso poeta Pauliver opta por chamar os naturais da terra de guimarantinos). Combustíveis como a gasolina e o óleo diesel não são dos mais baratos, pois a cidade é fim de linha e são transportados via terrestre. O transporte de passageiros via marítimo foi praticamente extinto em razão de trágicos acidentes provocados pelas dificuldades da navegação na baía do Cumã. A cidade possui poucas hospedarias, nenhum hotel vultoso. As características do modesto cemitério municipal não diferem em quase nada daquilo que encontramos na maioria dos cemitérios de outros municípios brasileiros: túmulos simples e um pouco degradados; pouco ordenamento de ruas e quadras; lápides e campas pouco cuidadas, etc. À vista de tanta simplicidade, um visitante menos informado talvez não se sinta estimulado a permanecer mais que um dia em solo guimarantino, afinal, a pouca infraestrutura não o incentivaria a prolongar a estada. Mas, como diziam nossos avós, “de longe, toda a montanha é azul”. É preciso, então, aproximar-se para perceber que o aparente lugar tétrico é, na verdade, um atrativo paraíso histórico-natural. Um lugar de riqueza invejável, mas que ainda não foi descoberto. Guimarães possui recantos que em nada ficam devendo para outros pequenos paraísos do Nordeste brasileiro. Tudo, porém, in natura, quase intocado. No centro da cidade, quando a noite cai, a Praça Luís Domingues – espécie de praça do arraial – fica margeada de alegria e melancolia, onde uns conversam e contemplam a agradável brisa, e outros se agrupam para colocar a conversa em dia. Bem perto dali, por trás do prédio da antiga cadeia, existe um mirante improvisado, onde se pode ouvir o balanço das árvores e o sussurro das ondas, e ainda contemplar o grande clarão, que é nada menos que a luz da cidade ludovicense, distante quase cem quilômetros em linha reta. Olhando para cima, pode-se ver um céu muito estrelado, imagem e semelhança daquele cantado pelo maior poeta brasileiro, Antonio Gonçalves Dias, que, vale lembrar, naufragou e morreu ali bem pertinho, no navio francês Ville de Boulogne, nos baixios dos Atins em novembro de 1864. Ainda no Centro da cidade, em determinados meses do ano, é possível ouvir tambores de sons diferenciados em ralação aqueles mencionados pelo poeta Bandeira Tribuzzi: “quero ouvir à noite tambores do Congo, gemendo e cantando, dores e saudades...”. O tambor característico de Guimarães é o de zabumba, que dá nome à manifestação popular conhecida em Todo o Maranhão, o Boi de Zabumba. Do outro lado da cidade, distando dois quilômetros, está o povoado Cumã, antiga aldeia indígena aliada dos franceses, que sob a orientação do índio Amaro, sublevou os demais selvagens da região contra os portugueses, que já dominavam o Maranhão. Isso no início do século XVII. A ocupação de Guimarães, propriamente dita, só teve início em meados do século seguinte, quando João Teófilo de Barros implantou a fazenda Guarapiranga. Logo em seguida o lugar foi elevado à condição de Vila e mais tarde se tornou cidade. Muitas edificações ainda lembram as glórias do passado, onde muitos filhos ilustres se destacaram. São naturais de Guimarães: Sotero dos Reis, Senador João Pedro Dias Vieira, Sousândrade, Urbano Santos, Casemiro Dias Vieira Junior, Jomar Moraes, Celso Coutinho e tantos outros. Entre as personalidades mais destacadas do município está a mestiça ludovicense Maria Firmina dos Reis, escritora de Úrsula – primeiro
romance abolicionista feminino brasileiro. Os restos mortais da escritora repousam no modesto cemitério municipal. Maçaricó é um povoado um pouco mais distante do Centro da cidade, nele encontramos vestígios da atuação de Firmina, quando foi professora e implantou a primeira escola mista do estado. Em Guimarães existem comunidades remanescentes de quilombo como o povoado Damásio e praias belíssimas pouco exploradas. O peixe fresco e o camarão graúdo também são um diferencial do município. Mas uma das grandes marcas de Guimarães é sem dúvida a educação, turbinada por missões estrangeiras que ajudaram a melhorar os índices locais, a exemplo da Missão Nicolet, ingressa em meados do século passado. É com o olho visionário e cioso em agregar valor à causa guimarantina que o confrade e amigo Paulo Oliveira se debruçou na história da terra boa, com o zelo de quem conhece o potencial deste pedaço de Brasil, e nos mostra tudo isso e muito mais de uma maneira livre e leve. Ele poderia ser, a princípio, o último cidadão a se dedicar ao metier das letras, pois há muito foi privado da vista, motivo pelo qual se aposentou quando exercia a carreira no Ministério Público. Antes, optou por fazer da pesquisa e da arte literária a sua maior dedicação. Dizem que “quem escreve constrói castelos e quem lê vem morar dentro”, é com esse espírito de sábio construtor que ele optou edificar em nossos corações a bela história e as riquezas do lugar. A forma rica, descritiva e narrativa com que nos mostra a história parece nos dizer que nada passa despercebido a seus olhos do sexto sentido. Seu olho clínico, de poeta apaixonado pela terra e pelo que faz, nos ensina que enxergar com a sensibilidade da alma é uma experiência bem mais rica, verdadeira e produtiva que qualquer outra. Parabéns, Pauliver, por trazer mais uma vez à baila a história e as riquezas deste paraíso na obra Relendo a história de Guimarães. O amanhã vai reconhecer que seu trabalho de colocar no papel tantas e ricas informações foi uma importante contribuição para o município e para o estado do Maranhão.
MEMÓRIAS DO BAIRRO DIAMANTE ROSEMARY RÊGO28
O Bairro do Diamante integra a área de abrangência do Centro Histórico da cidade. Neste logradouro está situada a Delegacia Federal de Agricultura no Maranhão, em um prédio em que, em tempos remotos funcionou o Quartel do Corpo de Infantaria do Estado, a Escola dos Educandos Artífices e o Hospital PAM DIAMANTE, através do qual assistimos todos os dias a decrepitude da saúde do país. O bairro possui uma praça que outrora era conhecida como Largo do Diamante e, hoje, Praça da República: um espaço arborizado, embora esquecida pelo poder público, dilema enfrentado por muitas praças de São Luís. Ali residiu a senhora Galdina Soares, que dedicava parte de seu tempo plantando mudas para que o verde não desaparecesse de nossas vistas. Nobre e solitária tarefa que levou o Sindicato da Construção Civil a adotar uma parte da praça e prestar-lhe uma justa homenagem. Esse fato nos puxa da memória a figura da senhora Rosa Papagaio, que com imensurável zelo cuidava dos pés de margarida como se tivessem saído de seu ventre. Cercada de muito verde, a Quinta do Diamante que em tempos idos era conhecida como Quinta do Macacão é composta de bosques, poços artesianos, pés de fruta pão... Dali ecoava todas as manhãs o canto do siri cora, orquestra que atualmente se tornou impossível ouvir. Sentindo a necessidade de um espaço onde pudessem desenvolver suas atividades religiosas o senhor Otacílio Leal, acompanhado das senhoras Marina e Maria Sá, resolveram com o apoio de demais moradores construir a Capela do Sagrado Coração de Jesus, em um terreno de propriedade do senhor Ariston Cruz, que como seu Otacílio era vicentino. Nesse templo repousa histórias memoráveis de pessoas que dedicavam parte de seu tempo a preservação desse patrimônio religioso. É impossível apagarmos da memória a figura de dona Fininha, senhora octogenária que tinha a missão de todos os domingos tocar o sino convocando as pessoas para a missa, numa época, em que, as pessoas mesmo não frequentado a igreja, mas sabiam de fato quem era o pároco da comunidade. Irmã Alcinda era freira do bairro, quem não lembra de suas visitas aos nas tardes de sábado? Dessa forma conseguiu arrebanhar muitas ovelhas. O Sagrado Coração de Jesus é o padroeiro do bairro, cujo festejo ocorre de praxe no mês de junho. As senhoras Teté, Lelé, Bebé e entre outras foram pessoas que organizavam o festejo em horas ao padroeiro, numa época em que o termo quermesse ainda soava aos nossos ouvidos. Em mil novecentos e oitenta, a comunidade foi palco das apresentações do pastor natalino, produzido e dirigido por dona Maria dos Remédios Leal (Dona Santinha), até hoje jamais visto outro no bairro de igual beleza e teatralidade. Morava no Diamante um senhor que despertava atenção pela sua forma estranha de ser, estamos nos referindo a seu Lola, ora apelidado de professor e ora apelidado de cientista louco, é que possuía impressionantes habilidades, dominava matemática,falava idiomas, pintava e construía engenhocas como se fosse cientista. Paralelo ao festejo do padroeiro, no mês de outubro portas e janelas se abriam paraver passar a procissão de Santo Expedito, evento organizado pela família de Dona Conceição Ferreira. Quem nos anos oitenta não experimentou o acre sabor das palmatórias de Dona Maria Pereira Marques? (Dona Zeca), a professora particular do bairro, cujas palmatórias erem apelidadas de Maria Roxinha e pau de arara que lambiam nossas mãos sem dó e piedade.
28
Publicada no jornal pequeno,edição do dia 24/07/2016
O Diamante foi o habitat de pessoas que lançaram no tempo sementes que brotaram bons frutos, Dona Conceição Leal que fez do magistério seu sacerdócio, Dona Graça Oliveira que também prestou relevantes trabalhos na área educacional, em que Otinho (Deputado) tem orgulho em dizer que foi seu aluno no antigo primário. Pelas mãos dessas duas senhoras se passaram várias gerações de São Luís. Chico Coimbra, que todas as manhãs passeava na praça com sua mãe e arrancava de dentro de si um delicado bom dia; Paulo Sousa, o poeta e compositor do bairro que em cada quitanda que entrava se orgulhava de cantarolar versos de suas composições; Florisvaldo Sousa, radialista e apresentador do antigo programa Clube do Rei, que sempre iniciava o programa pedindo no ar a benção a sua mãe Dona Dica; seu Ferreirão, exímio jogador de futebol; seu Lourenço (Careca), barbeiro e saxofonista do bairro; Dona Eliza Carneiro, poetisa que nos anos noventa participou do festival de poesia falada da UFMA; João Ferreira, maestro e proprietário da banda Super King Som, que em tempos idos comandou um serviço de alto- falante no bairro, cuja rádio chamava-se Tupinambá; Dona Teté Farias senhora cuja vaidade lhe enfeitava o semblante, quando todas as tardes sentava em sua porta para de alto e bom som ouvir o antológico disco Bandeira de Aço (Papete); seu Erasmo Almeida que no mês de junho coloria o bairro com a beleza do boi de Axixá; Dona Jovita, senhora cujo coração abrigava o bairro e as mãos grandes e pequenas lhe imploravam a benção. O bairro era belo nos tempos em que o termo quitanda enchia de si os comerciantes. Seu Chico que deixou na lembrança a bacia de toucinho sobre o balcão e cheiro de café torrado, seu Juvenal que nossa infância com a fabricação de picolés, essa lembrança nos remete ao sabor equidistante do morango, coco e baunilha, seu Miguel que ao sabor de cocada e mariola tornava doce nosso sonho de criança, dona Diquinha, proprietária do restaurante que em tempos atrás, se tornou famoso em São Luís, devido suas especialidades como o arroz de cuxa e peixe frito. Essas são memórias de um bairro fincado no centro de São Luís, que jamais esqueceu os pregões do vendedor de pamonhas passava sempre no início da noite arrancando latidos de white e falinho.
OLIMPIADAS? EU PREFIRO OS JOGOS ESCOLARES MARANHENSES. HAMILTON RAPOSO
O Brasil mais uma vez se redescobre e o brasileiro com toda a sua “gambiarra” se reinventa. A beleza tupiniquim associada com a tecnologia colonialista fez a mais bonita abertura de Olimpíadas de todos os tempos. O medo da decepção de alguns se transformou em ufanismo brasileiro. Aqui no Maranhão somos acostumados a grandes aberturas de Jogos Olímpicos e a grandes eventos esportivos. Os Jogos Escolares Maranhenses, surgidos no final da década de 1960, atingindo o seu apogeu até a década de 1980 é um exemplo dessa grandiosidade esportiva e somente quem viveu sabe da importância destes jogos para o Maranhão. Os Jogos Escolares mobilizavam escolas, o comércio e toda sociedade ludovicense. A cidade parava para assistir as competições esportivas. São Luís se transformava em uma cidade olímpica e a mobilidade urbana com ônibus e kombis lotação satisfazia o transporte do público e de atletas para as praças esportivas. As nossas praças esportivas satisfaziam a todos. O Ginásio Costa Rodrigues e o Ginásio Charles Moritz sempre superlotado eram a sede dos jogos de quadra (vôlei, basquete, handebol e futsal), e por lá jogaram atletas olímpicos que estavam e estariam entre os melhores atletas mundo, atletas como Hermínio, Zeca, Murilo Cabeça, Phil, Luís Fernando, Tião, Tininho, Catel, Júlio Bezerra, Gil, Deusdeth, Telma, Fátima, Ivone, Roseana, Helena, Gafanhoto, as irmãs Silvana e Ana Teresa, Gimba, Tribi, Carlos, Paulão, Binga e tantos outros e outros e outros, anônimos ou não, mais atletas olímpicos do Maranhão, do Brasil ou do mundo. Os jogos de futebol eram disputados no estádio mais bonito do Brasil, a primeira arena multiuso do Brasil, o Estádio Municipal Nhozinho Santos. O único estádio ou arena com nome de Nhozinho, assim mesmo no diminuitivo. O Gigante da Vila Passo assim denominados pelos nossos históricos narradores esportivos como Jafet Mendes Nunes, Jairo Rodrigues, Canarinho, Miércio Jorge, Fontenele ou Guioberto Alves. Alguns atletas escolares marcaram época no esporte e aí não podemos esquecer-nos de Fifi, Cão, Prado, Nélio, Zezinho, Toninho, Perereca, Cesar e Sérgio Habibe, João Bala e Carlos Alberto, craques para qualquer equipe da Euroliga. As competições de atletismo eram realizadas na Escola Técnica e sempre sob o comando dos Professores Furtado, Carvalhinho e Dimas. O Professor Dimas é um capítulo a parte; desfilava, ensinava e dirigia todos os esportes (natação, vôlei, basquete, handebol, atletismo e futebol), tanta qualificação comparável somente com Rinaldi Maia e Socorro Moreira. O nosso parque aquático era belíssimo e adequado para as nossas necessidades e ficava no centro da cidade, a piscina do Colégio Marista. Ali diversos recordes eram quebrados anualmente e uma dupla de atletas, depois treinadores, surgia para fazerem diferença na natação brasileira: Denise e Osvaldo Teles. Todo glamour, organização, direção, motivação, empolgação e continuidade, deve-se ao idealizador dos Jogos Escolares Maranhenses, Cláudio Vaz dos Santos, o nosso Alemão, o nosso Barão Coubertin!
DEMASIADO HUMANO CELSO BORGES
Quando li À sombra das chuteiras imortais, de Nelson Rodrigues, fiquei tão comovido que passei a ligar cheio de alegria e entusiasmo para os amigos para ler algumas daquelas crônicas sobre futebol com a cumplicidade que meu coração pedia. Uma delas falava de um juiz covarde, furioso e valente no campo, mas que apanhava da mulher em casa. Outra, do som produzido por um tapa que um jogador dá no árbitro. Ou de um velório de um jogador no subúrbio carioca. Aí, pensei comigo: “taí um livro que eu gostaria de ter escrito”. Ou: “poderia não ter escrito poema algum durante toda a vida, nem publicado livro qualquer. Bastariam crônicas como essas, simples, afetuosas e essencialmente humanas”. Para mim, enraízado até a medula na alma dos estádios, traves e equipagens, aquele Nelson trazia um outro mundo do futebol. Assim como a leitura do Poema sujo, de Gullar, pela primeira em 1978, me fez descobrir outra São Luís além daquela vivida entre quatro paredes de uma morada inteira, na rua da paz, centro da cidade, onde os Borges bordavam afeto e sangue cotidiano na minha veia. Sinto algo parecido e me vejo tentado a fazer algumas comparações quando ouço, por exemplo, a música de César Teixeira. Entre um samba e outro, entre um verso e sua beleza arrancada do beco das minas e dos butiquins da Madre Deus, penso que uma pequena coleção de suas canções vale mais do que 90% do que a Academia Maranhense de Letras produziu nos seus 1500 anos de vida. Isso tudo me veio à cabeça e à alma quando o amigo e escritor Bruno Azevedo me falou de seu novo livro, Ostreiros, que conta a história de vendedores de ostras que perambulam pelas praias da cidade, faça chuva ou faça sol, durante o ano inteiro. E vi as fotos que ele fez com Ana Mendes, fotógrafa amorosa que o acompanhou no projeto e no coração. O sorriso delicioso dos ostreiros, o isopor que carregam, as placas de venda e volto a me lembrar de Nelson: “poema que nada, Celso. Deixa disso e te contenta com essa beleza e verdade que Bruno e Ana tão contando como se cantassem um bolero de Waldick ou um brega de Adelino Nascimento”. Bruno Azevedo escreve como se estivesse conversando com os personagens na praia enquanto come ostras. Às vezes o professor de sociologia quase atropela a fala do ostreiro, mas o que prevalece é o registro sincero de suas histórias de amor e trabalho carregadas de senso de humor e alegria. Mais de 90% desses trabalhadores são do interior do estado, um Maranhão profundo que sopra vento e sal: Humberto de Campos, Tutóia, Barreirinhas, Vitória do Mearim, Itapecuru, Caxias, Santa Inês, Perimirim, Cururupu, Urbano Santos, Belágua e Sangue. São Pedreiros, na maioria, e pintores, pescadores, vigias, encanadores, domésticas, operadores de máquina, roceiros, eletricistas, churrasqueiros, garçons, feirantes, carpinteiros, evangélicos, católicos, mototaxistas. Ninguém de carteira assinada. Todos ali ralando há 10, 15, 20 anos anos, outros há apenas seis meses: Walber, Luziano, Edinaldo, Josivan Buchudo, Júnior, Antonio, Bebly Rios, Edivaldo, Egnaldo, Indio, Sandro, Valcley, William, Uan Carlos, Jefferson, José Silva, Zé da Ostra, Biné, Didi, Luis Fernando, Francisca, Gilson, Charles, Marcos, Rodrigo, Domingos, Samuel, Beto, Walberth. O livro traz o perfil de 30 ostreiros que circulam, principalmente, nos finais de semana pelas praias da Raposa, Calhau, Caolho, Olho dágua e Araçaji. Todos com suas histórias humanas, lindas, verdadeiras e às vezes poéticas: “Essa vida é cansada demais”, diz seu Antônio, 41 anos. Para dona Dinha é melhor descasar do que casar: “Ouvia todo mundo falar de casamento e pensava que era bom. Bom é separar”. Seu Edvaldo já sofreu acidentes e cortes no mangue, mas não perde o bom humor: “Uma vez eu ia quebrando meu culhão, por valência mesmo não fiquei dismintido”. O livro dá sequência a um olhar muito particular de Bruno sobre São Luís e seus personagens. Ele que já criou uma dupla sertaneja atípica, em Breganejo blues; que inventou um serial killer que nasce de um cachorro quente e por quem a gente tem enorme ternura, em Monstro Sousa; que revisitou e lambeu de amor a música brega e seus grotões na ilha, no Em ritmo de seresta; que ergueu um puteiro em plena Praia Grande abandonada, em Barracão 66, que Gláuber Rocha se vivo fosse, choraria de inveja e ternura.
Ostreiros é também um livro de paisagens em que as fotos acompanham afetivamente o lugar onde seus personagens trabalham. Tem cheiro, molho, sal, sol, suor e areia. E vento, aquele corredor e carinhoso que arranha nossas canelas nas manhãs de viração nas praias barrentas e eternas da Ilha, com seu estandarte de claridade e VIDA. Demasiado humano. Como uma ostra aberta, cinzenta, molhada e luminosa que a gente “chupa” na beira do mar. Ou o sorriso de Ana abraçando Bruno em uma das páginas finais.
MEU AMIGO NAURO MACHADO CERES COSTA FERNANDES Magro, longas barbas brancas, figura onipresente nas minhas tardesdo Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, casa de cultura onde trabalhamos juntos por cinco anos. Chegava, após caminhar desde a Rua da Alegria à Praia Grande, por ladeiras, calçadas estreitas e ruas esburacadas, sob o sol ardente, amenizado por um chapéu panamá, a proteger-lhe a cabeça desprovida de cabelos, saudando e sendo saudado pelos populares. Batia, suavemente, à minha porta, vizinha à sua, tirava o chapéu, tomava um copo d’água, reclamava do calor,e se punha a conversar. Leitor constante de poetas assinalados enriquecia meu saber, falando-me de novos e valorosos vates. Assim era o nosso cavaquear. Uma troca desigual e fascinante para mim. Nesses anos, apreendi verdadeiramente a alma humana de Nauro. A alma poética já me havia sido apresentada nos seus numerosos livros: alma dilacerada e inquieta, acompanhando-se apenas da constância da morte e do apocalipse no seu percurso solitário, abismada na introspecção angustiada do ser. O caos queparece dominaressa alma desde o seu recôndito não atinge a rigorosa construção verbal de seus versos, seja ela expressa em sonetos, sextetos ou versos livres. As idiossincrasias do poeta não se mostravam na alma do homem. Nauro encantava e surpreendia. Os funcionários do “Odylo” tinham como que uma veneração por aquele homem tão importante para a nossa literatura, tão louvado e ao mesmo tempo tão terno, educado, simples, humilde até. Emocionava-se com coisas desimportantes, triviais, como se merecimento não tivesse, agradecia a pequena sala, que dividia com Dona Helena Aroso, sua velha mesa, seu desatualizado computador e até o café com leite e bolachas das 14 h, providenciado por ela. Ali atendia amigos de todas as classes sociais, aconselhava poetas jovens e escrevia poemas. Eu reconhecia o valor de sua presença e dizia aos colegas: futuramente aqui haverá uma placa com os dizeres: nesta sala, o poeta Nauro Machado escreveu grande número de seus poemas. Ainda espero que façam isto. É bom poder dizer: meu amigo Nauro Machado. Porque, confrange-me confessar, nem sempre foi assim. Durante um alargado período, nos jogávamos farpas – Arlete no meio, Santa Arlete, querendo apaziguar. Era a bebida a falar e agir por ele. Mais de uma vez me disse: Jamais compus um só verso quando bêbado, a desmistificar a bebida como fator de inspiração. Sempre o admirei como poeta, mas embirrava com o seu comportamento e suas provocações. Já éramos amigos sem ter consciência disso. .No “Odylo”, ele lançou livros, participou de debates literários, foi louvado por Ivan Junqueira, na abertura da Feira de Livros de São Luís e teve uma galeria com seu nome afixado em placa. O XVI Café Literário, dedicado a ele, foi o de maior plateia. 300 pessoas lotavam o salão e o mezanino, para saber de Nauro, homenagear Nauro e ouvir o professor, poeta e crítico literário paraibano, Hildeberto Barbosa Filho proferir a palestra “Nauro Machado: o Poeta do Ser e da Linguagem”. Hildeberto, nesse Café, frisou que Nauro ”não era um poeta egocêntrico já que sua obra não implica em um ‘eu biográfico’, pois, ao contrário, aborda a dor de todos, no plano filosófico e no social”. Deteve-se nos aspectos de sua “singularíssima linguagem, por meio dos quais ecoa uma visão de mundo em comum, coesa, cerrada e coerente, dividida entre o laceramento e a esperança.” Acompanhado de Arlete, Frederico e de suas amadas netas, entre aplausos, ele lançou o livro Província o pó dos pósteros. Foi uma noite feliz.
À MEMÓRIA DO MEU PAI. AYMORÉ ALVIM. Ainda hoje eu guardo com grande desvelo a memória do meu pai, seu Zé Alvim. Era ainda uma criança. Tinha doze anos quando ele faleceu, em nossa casa em Pinheiro, numa noite de dezembro de 1952. Naquela esquisita noite, tudo para mim era novidade. Nunca ninguém havia morrido lá em casa. A luz elétrica logo se acendeu na cidade. Nunca tinha visto luz elétrica ficar a noite toda acesa. Geralmente, o motor da usina era desligado às 22 horas. Lá em casa parecia um formigueiro humano. Era gente por todos os cômodos. Uns chorando, outros conversando tomando café. Na rua, em frente a nossa casa, o movimento era intenso. As pessoas me abraçavam chorando, me dizendo coisas que eu não entendia. O que queria ver mesmo era o movimento. À tarde, aquela massa humana levou meu pai. Minha mãe sem condições de acompanhar ficou comigo, Moema e Ze Paulo que tinha apenas 3 anos. Na porta da rua, de pé, eu via aquela gente com meu pai ficar cada vez mais distante. Uma angústia foi tomando conta de mim, dissipando toda aquela euforia que me manteve ativo até a derradeira hora. Pela primeira vez na vida me senti só, desamparado. Corri para dona Inês que estava chorando lá no quarto. - Mamãe, pra onde levaram papai? - Meu filho, ele foi para o céu. Deus o chamou. - Por que, mamãe. O que Deus quer com meu pai? Ela ficou em silêncio por um momento. Depois me disse: - Aymoré, tu já estás crescidinho. O seu pai não vai mais voltar. Agora estamos só nós. Você é o homenzinho da casa. Vai ficar no lugar do seu pai. - Quer dizer que quem vai mandar agora aqui sou eu? Ela me puxou, sentou-me na cama ao lado dela e encostou a minha cabeça em seu colo. Ouvi minha mãe soluçar. Creio que só naquele instante me apercebi da seriedade do momento e chorei. Qual um caleidoscópio, algumas imagens afloravam à minha mente. Vi-me em São Luís com ele e dona Inez. Foi a primeira vez que viajei para a capital. Era maio de 1949. Fiquei com minha mãe na casa de uma amiga, à Rua Jacinto Maia. Em frente, numa pensão, ficou meu pai. À noite fui lhe tomar a benção. - Papai, por que eu não venho pra cá com o senhor? Lá só tem mulher e eu já sou homem. - Meu filho, tu deves ficar lá com tua mãe que está doente. Na noite seguinte, ele foi buscar-me para passearmos de bonde. No trajeto... - Papai, eu vou lhe perguntar uma coisa: Por que o senhor me surra de vez em quando? - Porque eu te amo. - E a gente ama assim? - Aymoré, é melhor sentir as dores de uma surra dos pais do que, mais tarde, da polícia. - E eu vou também dar umas surras nos meus filhos? - Se precisar e se você os amar, sim. Não é bater por bater. É para corrigir. Tu és muito atentado.
- Ih! Resolvi mudar o rumo da conversa. Poderia sobrar pra mim. Descemos na Praça João Lisboa e fomos tomar sorvete no Moto Bar. - Traga dois sorvetes de coco, disse meu pai ao garçom. Daí a pouco... - O que foi, não estás gostando do sorvete? - Eu pensei que sorvete fosse uma água bem gelada. - Rapaz, tu és uma besta quadrada. - Traga um copo d’água bem gelada. Disse novamente ao garçom. - É isso mesmo que tu queres ou queres pedir outra coisa? Não era, mas disse que sim e fomos para casa. Esse era seu Zé, meu pai. Um cara legal, boa praça. Um pai amigo, protetor, carinhoso. Nunca havia imaginado que o amava tanto. Acheguei-me mais ainda a dona Inês e chorei bastante. Sentia-me só, perdido. Fui tomado por um estranho vazio que por muitos anos custei a enchê-lo. O fiz quando chegaram meus filhos. Enfim, como meu pai, eu era pai também. É uma emoção diferente e prazerosa. Por isto tudo, reverencio sempre a memória desse homem, meu amigo, companheiro, orientador que foi o meu pai e faço com que ela se perpetue ao longo das minhas gerações.
HOMENAGEM AOS ECONOMISTAS ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO AOS COLEGAS ECONOMISTAS DO MARANHÃO, QUE ESTÃO COMEMORANDO MAIS UM ANO DE RECONHECIMENTO DA PROFISSÃO. No tempo dos cavaleiros da Távola Redonda, ter um coração valente significava combater em espaço aberto muitas vezes em inferioridade de condições e, mesmo assim, vencer; modernamente, sem lanças, armaduras e capacetes de aço, e ainda sem um fogoso corcel, ter um coração valente admite outros significados e exigências, porém vencer continua sendo um objetivo fundamental. Ao ensejo das comemorações promovidas pelo Conselho Regional de Economia, quero associar-me às conquistas da nossa profissão falando um pouco sobre as minhas vitórias. Quando a Lei Federal nº 1411, de 13 de agosto de 1951, regulamentou a profissão, eu estava estudando o 2º ano do curso de contabilidade, na tradicional Escola Técnica de Comércio do Centro Caixeiral, em São Luís. Àquela altura seguia o que as circunstâncias determinavam: meu pai, Antônio Brandão, era comerciante em Caxias e experimentava relativo sucesso com sua loja de fazendas, ferragens, estivas e miudezas em geral, a famosa “Casa Brandão”. Acontece que meu destino profissional não era esse e acabou surgindo de uma das viagens que meu pai fez a São Paulo, aonde ia regularmente ao reabastecimento da sua loja; dessa vez, sem que eu houvesse manifestado interesse, ele trouxe um folheto da Fundação Álvaro Penteado, naqueles tempos já oferecendo curso à formação de economistas. Foi “bater o olho” e ter a certeza: é isso que eu quero ser! Ainda conclui o curso de contabilidade e voltei a Caxias, em fins de 1952; no ano seguinte cumpri, por dez meses, minhas obrigações com o serviço militar alternadas com alguma assistência contábil, na Loja, e o ano seguinte foi todo de preparação em busca de novos ares. Eu estava decidido e meu pai nunca disse nada que não fosse de apoio à minha decisão, embora certamente desejasse o plano inicial. Viajei para o Rio de Janeiro, e não para São Paulo, em fins de dezembro de 1954, voando num Douglas DC-3, da Real-Aerovias, chegando ao destino depois de longas 12 horas de vôo. No dia 12 de janeiro de 1955, iniciei no meu primeiro emprego, na empresa Rinder Indústria e Comércio, que fabricava o conhecido Xarope Vic, de saudosa memória; depois veio a Financial Importadora e Exportadora, de dirigentes que frequentavam o “high society”; a seguir uma firma individual de engenharia, onde a secretária mandava mais do que o presidente; e finalmente, na Companhia Brasileira de Fertilizantes, de objetivos definidos e gestão profissional do mesmo grupo da Fosforita Olinda S/A, mineradora de fertilizantes, em Recife, onde permaneci até minha volta ao Maranhão, em outubro de 1965. Nesse período em terras cariocas, onde nasceram dois dos meus filhos, aproveitei para cursar economia, entre 1956/59, na Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro, atual integrante da Universidade Cândido Mendes, então dirigida pelo Conde Cândido Mendes de Almeida Júnior. Entre meus ilustres professores, alguns deles militantes nas lutas em prol do reconhecimento da nossa profissão, como Mário Sinibaldi Maia, estavam, entre outros ilustres, Francisco de Paula e Silva Saldanha, Reynaldo de Souza Gonçalves, Álvaro Ribeiro, Moacyr Corrêa e Orlando Miranda de Aragão.
TIRO DE GUERRA 194 ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO
Corria o ano de 1953. Naquele tempo, conciliar a obrigação de prestar o serviço militar com a oportunidade de fazer o Vestibular era um dilema muito sério. Todos pensavam em “perder” dez meses, no mínimo, no cumprimento da obrigação com o Exército e, por consequência, adiar o ingresso na Faculdade. Restava a esperança de ser dispensado, conforme a sorte de cada um. Acontece que o nosso querido Doutor Marcelo Tadeu de Assunção - que já havia sido meu professor de Latim, nos idos de 1946/48, no Ginásio Caxiense -, então médico responsável pelos exames de aptidão física, não brincava em serviço. Mandava todos tirar a roupa e “botar” a língua de fora; auscultava, pedia para dizer “trinta e três” repetidas vezes e, se nada de anormal visse ou ouvisse, dava seu parecer: apto. E aí só restava encarar o Sargento Instrutor, rezar para que ele não fosse durão e para que o tempo passasse depressa. Tudo começou no mês de março daquele ano, no Tiro de Guerra 194. O Instrutor era o Sargento Zerlino Prado de Sousa (ou Souza), paraibano, então em plagas caxienses, por conta da movimentação dos militares. Um grande sujeito! Ao mesmo tempo rígido e disciplinador quando a situação assim o exigia, mas terno e compreensivo ao reconhecer os esforços que desenvolvíamos. Havia, também, o Tenente Aluizio de Abreu Lobo, Diretor do TG, muito mais rígido e menos terno, mais linha dura quando substituía o Sargento Zerlino, nas suas ausências e impedimentos, isto é, quando viajava a Fortaleza, para buscar o fardamento ou quando adoecia, coisa rara. Aí o “bicho pegava”, como se diz na gíria. A jornada de dez meses incluía as instruções normais do dia a dia: ordem unida, exercícios na pista de obstáculos no antigo Campo da Liga, marchas (Atiradores equipados ou não), exercícios de tiro ao alvo, no “stand” do Ponte, participações em desfiles, principalmente dos dias 25 de agosto e 7 de setembro; havia também atividades recreativas, ainda no Campo da Liga (saudades do Comercial, do Palmeiras, do São Benedito; do Cabelo Duro, do “cabo” Celso, do Emiliano...), de futebol americano, com aquela bola bicuda. Ao final desses dez meses, se vencêssemos a lida diária e o concurso de tiro (oito ou nove posições diferentes, com fuzil Mauser-FM), éramos submetidos a exame teórico prático junto a uma Banca Examinadora, composta do Sargento Instrutor e de um Oficial do 24 BC. A maioria era aprovada (penso que fui o 2º colocado e o Ezíquio Barros, o 1º). O Chico “bidunga”, por exemplo, não conseguia ser aprovado no tiro ao alvo; muito tempo depois é que foram descobrir que sofria da vista. O Carlos Bastos era o comandante do nosso Pelotão; eu, Atirador nº 15, o Josimar Moreira Ramos e o Ezíquio Barros (isto mesmo, o ex-Prefeito) comandávamos os três grupos de uns dez Atiradores cada. Situações dignas de registro ocorriam: o Tenente Aluizio, aproveitando a ausência ou impedimento do Sargento Zerlino, “judiava” da gente: nus da cintura p’ra cima, depois de enlameados na pista de obstáculos, seguíamos em marcha até o centro da Cidade, passando pela Praça Gonçalves Dias (então ponto de convergência dos rapazes e moças, a “rodar” em sentido contrário, razão de muitos “flertes” que acabaram em casamento). É que as namoradas, ansiosas pelas nossas presenças, na Praça, tinham que se contentar em ver-nos naquele estado. Era um riso só. E o Tenente Aluizio, ainda ordenava: Escola sob o meu comando, alto! E dizia: “Atirador Fulano, se vem um mosquito e lhe pica, você fica com a picadura, mas não se mexe”. Era um desconcerto geral. E quando íamos buscar o mastro que todos os anos é erguido em homenagem a São Sebastião? Tudo acontecia muito além do Ponte, numa mata que tivesse árvores muitos altas e retas; tinha que ser madeira capaz de ser galgada, depois de ensebada e ficar no sereno muitos dias e muitas noites, na sede do TG
(ficava no próprio Largo); no dia da Festa, de tão liso que ficava o mastro, ninguém conseguia subir e “pegar” o prêmio no seu topo. Difícil era trazer o tronco, nas costas, um Grupo de cada vez. A cronometragem do tempo tinha em vista evitar que sofrêssemos o vexame de passar pela Praça, literalmente com o “pau” nas costas. Já pensou? Para que isso não acontecesse, ora andávamos mais devagar, ora corríamos no afã de transferir aos ombros de outro grupo. Penso que o nosso livrou-se do tronco no final da antiga Ponte Zé Fernandes, no começo da rua do Porto Grande. Comemoramos a conquista naquele dia memorável Quantas lembranças! Minha mulher há mais de cinquenta e dois anos, Conceição, caxiense como eu, dizia que não era bom viver no passado, que isto não deixava a pessoa ir em frente. Eu retrucava que era exatamente o passado que me ajudava a ir em frente, recordando com gratidão, conforme palavras do nosso querido Papa João Paulo II. Pois bem: lembro-me do “Todo Ruim”, apelido que o Sargento Zerlino deu a um dos Atiradores que não conseguia acertar o passo, dar aquele pulinho corretivo; lembro-me do José Armando Costa, meu vizinho e companheiro de farda, da sua “farofa” de sardinha da Mercearia do Maestro Josino Frazão, comerciante nas horas vagas. Havia muitos Atiradores da Trezidela e do Ponte, o Getúlio Galvão Carvalho, o Antônio Bezerra, e muitos outros. Às vezes, em algum lugar da Cidade, ouço alguém chamar: Atirador nº 15! Nesses momentos volto a ser soldado. O Exército é isto: uma grande Escola de civismo, ordem, disciplina, respeito à hierarquia, vivência de valores e crenças que devem nortear cada cidadão, além de proporcionar, de forma democrática, laços de amizade independentes de cor, raça, classe social. Esta crônica é uma homenagem aos nomes aqui citados, também a todos os demais Atiradores que serviram comigo, no TG 194, no Ano da Graça de 1953, em Caxias. É também extensivo àqueles que, na atualidade, estão à frente dos destinos daquela Instituição Militar. Meus respeitos a todos os Infantes, saldados que, numa guerra, estarão, sempre, na linha de frente.
O ADMIRÁVEL MUNDO LOUCO SANATIEL PEREIRA Membro da ALL, ACLAC e da SOBRAMES, escritor, engenheiro, pesquisador e professor da UFMA.
Vivendo em São Luís, sempre pensei que seríamos espertos e não deixaríamos que o lixo do mundo viesse esbarrar em nossas praias. Como estamos isolados geograficamente, imaginei que filtraríamos as más experiências, deixando entrar somente aquilo que nos agregasse mais qualidade em nossas vidas. Seríamos autossuficientes em escolas e universidades e teríamos a população mais culta do país, mantendo uma tradição já há muito propalada. Protegeríamos a nossa cultura e viveríamos a nossa própria ideação. Iríamos exportar o que temos de melhor (talentos) e importar o necessário para melhorar a nossa condição de homem civilizado, sem, contudo, tornarmo-nos dependentes de qualquer meio externo para sustentar o nosso crescimento, protegendo, dessa forma, nossa identidade. Continuaríamos atenienses, declamando versos do poeta Gonçalves Dias, no seu Largo dos Amores. Teríamos as nossas indústrias – as mais limpas e ecológicas possíveis – funcionando de forma autossustentável muito antes que o mundo preocupado com a poluição e as devastações alardeasse essa teoria sobre a face da Terra. Protegeríamos mananciais e praias, e qualquer palmeira seria respeitada como um indivíduo especial, pois seria considerada um antepassado nosso. Sabiás e andorinhas perambulariam pelo passeio público em completa liberdade, pois a nossa relação com os pássaros seria de mútua confiança e proteção. Guarás, paturis e jaçanãs voariam em bandos sobre praças e jardins da nossa cidade, sem que ninguém lhes perturbasse a presença. Teríamos desenvolvido o verdadeiro e autêntico espírito ecológico em nosso povo e viveríamos em paz conosco e com a natureza. Conheceríamos todos os nossos ecossistemas e os protegeríamos como se protegêssemos a vida, pois reconheceríamos a necessidade deles para nosso sustento e preservação da espécie. Reconheceríamos a natureza como o maior patrimônio da humanidade, e ninguém poderia tomar para si senão aquilo que lhe fosse indispensável. A mãe terra não poderia ser motivo de disputas, pois todos teriam onde morar independente de posição social, raça ou credo. Todos seriam assistidos, e ninguém seria indulgente diante de tanta fartura, pois a distribuição seria equitativa e perene em todo e qualquer lugar. Entretanto, sem entendermos de nada, demos início à modernização da nossa cidade sem nos preocuparmos ou mesmo termos consciência dos efeitos colaterais negativos que haveríamos de adquirir com as tecnologias que importamos, mesmo porque nada sabemos dos mecanismos que envolvem essas máquinas. Demos partida ao admirável mundo louco. Os impactos negativos que chegam até nós, por mais absurdos que alguém possa imaginar, não poupam absolutamente ninguém das suas consequências. Atingem a todos que existem na ilha de UpaonAçu, independente de local e altitude. Portanto, são problemas que envolvem a comunidade como um todo. Passamos do sonho de gerenciadores do nosso futuro para a condição de sociedade vulnerável. Nesse processo degenerativo, ninguém está isento de dividir as consequências de decisões mal conduzidas ou de providências não tomadas. A chuva, infelizmente, como diz a palavra, cai sobre justos e injustos. A sensação é que perdemos o paraíso terrestre que possuíamos, e nem chegamos a usufruir, de forma plena, desse paraíso, entrando em um ciclo de trevas e confusões. A babel se instalou sem nenhuma possibilidade – ainda que remota – de voltarmos a ter consciência do que éramos e tínhamos, para viver, nas palavras de Martins D’Alvarez, na melhor cidade do mundo chamada de São Luís. Valha-nos São Sebastião!
QUANDO A NUVEM PASSAR SANATIEL PEREIRA Membro da ALL, ACLAC e da SOBRAMES, escritor, engenheiro, pesquisador e professor da UFMA. Outro dia me vi às apertadelas diante da exposição magnífica, mas ao mesmo tempo tenebrosa, de um doutor em comunicações que tratou de um tema atual: desafios da disseminação da informação e do conhecimento na era digital e do acesso aberto. Ele apresentou de forma segura, transparente e competente o caminhar da escrita, como comunicadora do conhecimento, desde os riscos nas cavernas até os dias de hoje. Ele explorou a tecnologia existente para mostrar esse progresso, de forma visual, para quem quisesse ver. Enquanto falava, alertava a plateia de que a maior parte do material visual mostrado está, ou vai estar, sob domínio de algum ser humano administrador de negócios ou de grupos que, como magos prevendo o futuro, já estão de olho nessas imagens. Entretanto, arriei todo o meu corpo pesado sobre a confortável cadeira daquele auditório, quando culminou a sua palestra dizendo que, afinal, todas as informações estavam ou estarão nas nuvens. Tentando sair do meu incômodo, fiz a seguinte pergunta para mim mesmo: as nuvens não são formadas pela água que evapora do mar e dos rios? O conhecimento, que eu saiba, sempre precisou de um suporte material para ser exposto e transferido pelos tempos. Nunca soube - até aquele dia - que alguém pudesse fazer um livro evaporar e virar nuvem de palavras e figuras. Depois da palestra, abriu-se uma discussão salutar, quando percebi a existência de alguns pensamentos contrários à metáfora do palestrante. Surpreso, seguro em seu alter ego, o palestrante nem respondia a algumas perguntas da plateia, como se estivesse nas nuvens. Achei fantástico aquilo, afinal comecei a compreender o significado da máxima: estar com a cabeça nas nuvens. E assim se comportou o mestre até a consumação dos fatos. Sorridente, disse para mim mesmo: o homem é um ser humano fantástico, gosta de complicar as coisas. Se, de fato, as informações estão nas nuvens, elas com certeza vão passar, imitando as nuvens verdadeiras que existem no céu. E o homem vai continuar lendo seus livros, de papel, de forma confortável, em sua poltrona, em qualquer lugar que esteja, sem nenhum perigo de se molhar na chuva. Entretanto, apesar da minha incredulidade, percebe-se que este século se caracteriza como um mundo de ilusões, onde o homem, protagonista principal, criado para viver no mundo, está se esquecendo das duas coisas: viver e habitar no mundo concreto. Nada se compara ao cheiro, ao manuseio e à emoção de estar na companhia de um livro. À chuva fina que cai, fazendo com que a terra expresse o seu aroma cheio de vida. Ao voar das borboletas na busca de um buquê de rosas coloridas. A um vagalume em noite sem Lua querendo nos iluminar o caminho. Ao salto maravilhoso de uma piranha saindo das águas do rio só para mostrar-nos que ela está também aqui.À gaivota que se lança no rumo das águas do mar para apanhar o seu alimento. Ao barulho do vento nas folhas das árvores em floração. Às vazantes e enchentes da maré da vida. Ao ir e vir, sem saber hora nem lugar. Parafraseando o grande poeta gaúcho Mário Quintana, diria: todas essas nuvens que aí estão atravancando o nosso caminho, elas passarão...Nós passarinhos!
QUANDO A LUA FOR EMBORA SANATIEL PEREIRA Membro da ALL, ACLAC e da SOBRAMES, escritor, engenheiro, pesquisador e professor da UFMA.
Em uma dessas noites, a rua onde resido foi palco de mais um dos tristes acontecimentos que ocorrem quase que diariamente, em São Luís, perdendo para sempre sua categoria de rua aprazível, arborizada e segura. A via foi fechada pela polícia e o homem, sem vida, ficou no chão, para quem quisesse ver, até as primeiras horas da madrugada. Como ser destituído da categoria de humano, era observado somente como um animal por aqueles que chegavam ao local do trágico evento. Pessoas de todas as idades trafegavam junto ao corpo do infeliz como se aquilo fosse uma peça de teatro. Vi alguém passar sobre as pernas do morto e rir. Em seguida, no outro dia, foi uma jovem que se atirou da cobertura de um dos prédios de um condomínio de classe média, também em outro local de São Luís. As imagens dela ao chão pulularam nas redes sociais como se não fosse um ser humano que tivesse praticado tão triste ato. Os comentários não foram dignos de uma sociedade que se diz humana. Um irmão e uma irmã morreram, mas nada têm conosco, com essa humanidade destituída de sentimento de solidariedade ou misericórdia. Nesse mesmo dia em que essa jovem resolveu sair deste mundo para um outro desconhecido, caiu uma chuva como quase nunca presenciamos nestes presentes e passados anos desta cidade chamada São Luís. Vieram dos céus ventos fortes que arrancaram árvores do chão; trovões e relâmpagos atemorizantes que iluminavam a ilha como holofotes vindo do céu; a chuva torrencial, tal qual choro condoído por aqueles que foram levados, lavou, em lágrimas vertidas do céu, todo o chão desta ilha que parece ter perdido a consciência do que é um ser humano. A humanidade está confusa. Estas mortes já estavam anunciadas, como outras que estão por vir? Que sociedade estamos construindo? Melhor: que sociedade queremos construir? A sociedade voltada para a paz e para a proteção do indivíduo, em todas as suas necessidades, ou para aniquilação dos direitos e deveres do cidadão? Para alguns, estamos voltando à barbárie, porque o Estado se afasta da sua missão, na sucessão dos dias, e deixa a desordem se instalar sem tropeços. Ontem vi, com aflição, a beleza reluzente e multicolorida de uma jovem brincante de um boi de música, dançando de forma alegre, graciosa e livre, que nada sabe de mortes por arma de fogo nem de jovens, como ela, que pensam que possuem asas para voar, e muito menos do desprezo que outro ser humano tem por si e pelo que lhe deveria ser tomado como semelhante. Os céus parecem não ter gostado desses últimos acontecimentos, pois deixaram para trás, como prova e expressão da sua existência, uma quantidade enorme de escombros e resíduos que tiveram que ser retirados rapidamente pelopoder público para liberar as vias para a circulação de carros e transeuntes. Lamentavelmente, percebi que ninguém olhou para cima. Os sinais dos céus nada mais são do que relâmpagos, trovões e chuvas; fenômenos da natureza. Será que a Lua terá que ir embora para sentirmos falta da sua presença e da sua função na vida do planeta e de cada um de nós?
A ODE TRISTE PARA AMORES INACABADOS, DE FERNANDO ATALLAIA DILERCY (ARAGÃO) ADLER Presidente da Academia Ludovicense de Letras - ALL Presidente da Sociedade de Cultura Latina do Brasil - SCLB Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão- IHGM. Inicialmente quero agradecer o honroso convite de Fernando Atalaia para tecer algumas palavras sobre esta sua obra que já traz no título um sentido e objetivos instigantes:Ode Triste para Amores Inacabados. Nestes dias conturbados da contemporaneidade, eis que surgem poetas das mais variadas estirpes a enredar palavras em busca do desvelamento do mundo humano de forma liricamente inusitada e inabitual. Eles, nós, os poetas, buscamos, como bem declara Fernando Atallaia no seu poema Dependências, que ela, a Poesia, [...] Cavalga versos sem alaridos e expurga jantares/ Das feiras do pensamento aos bancos de praças sempre vazios/ Toda poesia tem seu silêncio [...] E ainda enuncia que a Poesia: [...] Aposta na febre da palavra ainda morta e vicia pelos tragos de agonia. Vicia sim, Atalaia! Sou testemunha viva disso e me alegro em ver tantas vozes, entre elas a sua, a fazer Odes... e a sua, além de ser triste é dedicada aos amores inacabados que são tantos... ao longo das histórias de amor da humanidade... desde os primórdios e, dentre alguns, me encanta o trágico amor entre o cavaleiro Tristão, originário da Cornualha, e a princesa irlandesa Isolda... Este se soma a tantos outros, como Romeu e Julieta ou ainda um pouco mais próximo a nós, o de Inês de Castro e do Infante D. Pedro. E muito me enternece o desfecho trágico da história de amor de Épica (Filha) e Gastão, do romance Gupeva, de Maria Firmina dos Reis. Ainda falando de amor, não se pode deixar de afirmar que o amor é o mais democrático dos sentimentos e, em seus Amores à parte,Atallaia proclama: [...] eu também amei. [...] Amei com todos os nós... e ainda descreve liricamente como amou: Amei com a tempestade à garganta/ com o grito preso aos lençóis[...] E ainda louvando o amor não deixa de lembrar a complexa relação tríade entre o amor - o desejo - a liberdade, e sem qualquer pudor ou culpa verseja: [...] Amores à parte eu amei negando a ânsia do desejo a negar a liberdade [...] Ainda coloca no seu Cafajeste em Quatro Tempos que acredita no perdão e enaltece a força do amor na sua relação díade com o perdão, marcantemente quando descreve um viés da sua alma: [...] Minha alma disposta ainda pula muros. [... ] mas, se referindo à força do perdão ainda argumenta: [...] Acredito no amor que serei perdoado. [...]. Ainda me reportando ao romance Gupeva, de Maria Firmina dos Reis, ele traz um belo exemplo de perdão quando Gupeva toma para si a reponsabilidade de educação de Épica (filha), mesmo sabendo que não é sua filha biológica e com isso aceita a gravidez de Épica (mãe). Atallaia também direciona o seu lirismo para a saudade, sentimento para o humano, ambivalente, quando exprime dor pela ausência, e, por outro lado, apenas de experiências prazerosas. Registre-se apenas - tão somente- do que deu prazer e por isso, sabiamente, Atallaia enaltece em sua verve poética a saudade, e a ela se refere como: Gloriosa saudade emprenha espelhos e perturba linhas da imaginação no pensamento [...] Quando um menino pegava os calaguinhos para andar nas costas feito dragões. [...] Por isso eles eram felizes muito felizes [...]Saudade! Quanta saudade nesses versos!!! Saudade de dias felizes!!! Nesta minha breve fala, não posso deixar de louvar a ousadia de cada artista que leva a sua obra ao público, sem medo de refutações, mas esperando os aplausos necessários para continuar produzindo e produzindo cada vez melhor!!! Precisamos dotar o nosso coletivo de maiores e melhores condições facilitadoras à produção, seja ela no campo artístico, seja no filosófico ou científico, para que a nossa sociedade "emergente" em sua totalidade possa usufruir de mais conhecimentos e, de posse deles, reelaborálos, e assim promover avanços cada vez mais expressivos. Sabe-se que esse privilégio se restringe mais às nações mais avançadas científica e tecnologicamente. Portanto, é urgente no cenário mundial a participação mais consistente de toda a América Latina e, nela,a do Brasil com a do nosso Maranhão e com a da nossaSão Luís!
Isso posto, quero declarar o meu regozijo em ver mais uma obra de um artista da terra, um artista múltiplo que transita por várias vertentes das artes! E isso é muito bom!!! Parabéns, Fernando Atallaia! Que o mundo receba de braços abertos esta sua ODE TRISTE PARA AMORES INACABADOS. Parabéns e muito sucesso!!!
A ÚLTIMA REFERÊNCIA DE ODORICO MENDES FERNANDO BRAGA29
[Este dedo de prosa vai para a reflexão do editor Adalberto De Queiroz, por sabê-lo gostar desses tipos de apontamentos, passados, principalmente.]
Quem primeiro me falou de Maurice Druon foi Josué Montello, em casa do escritor e jornalista José Erasmo, nos Apicuns, em São Luís, quando ele, o autor de “Cais da Sagração”, era Reitor da Universidade Federal do Maranhão, ao tempo Fundação, cuja conversa, depois, se prolongou em Paris, quando eu ali realizava estudos especiais em Direito Penal Comparado, pela Universidade de Paris, Pantheon I e ele, Josué, como Embaixador do Brasil junto a UNESCO. Confesso que as minhas conversas a respeito de Maurice Druon se intensificaram depois com o meu, como de outros brasileiros também muito querido, Professor Raymond Cantel (Directeur de l’Institut d’Études Portugaises et Brésiliennes de La Sorbonne Nouvelle), que me deu, certo dia, uns alinhavos que publiquei na contracapa do meu ensaio “Elmano, o injustiçado cantor de Inês” (estudo sobre o poeta português Bocage), publicado somente há pouco tempo, cujas orelhas ou abas foram escritas por minha filha Andreza Braga, lançado recentemente em Setúbal, Portugal, cidade onde nascera o grande Manoel Maria Barbosa du Bocage, o maior sonetista da Península Ibérica no século XVIII. Sendo mestre Cantel doutor em literatura portuguesa e brasileira e sabedor de que eu era do Maranhão, e conterrâneo, portanto, de Odorico Mendes (1799-1864), o ilustre clássico e humanista brasileiro, tradutor de Virgilio e Homero, e bisavô do não menos ilustre francês Maurice Druon, ficara mais aberta as conversas. Foi por essas citações que fiquei a conhecer um pouco desse ilustre franco-brasileiro, - o genial autor de “O menino do dedo verde”. Pois bem, Maurice Druon nasceu em Paris em 23 de abril de 1918. Era bisneto do escritor maranhense Odorico Mendes pelo lado materno; era sua mãe neta do tradutor de Virgilio, vez que pelo lado paterno, Druon era de origem russa. Juntamente com seu tio Joseph Ressel, escreveu o “Canto dos Partidários”, musicado por Anna Marly, o qual depois veio a ser o Hino da Resistência Francesa contra o nazismo, durante a segunda guerra mundial, na qual o escritor combateu. Deixou a França em 1942, atravessando clandestinamente Espanha e Portugal para engajar-se nos serviços de informações da chamada “França Livre”, em Londres, juntamente com De Gaulle de quem era grande amigo, passando depois a correspondente de guerra na África do Norte. Maurice Druon recebeu a Grande Cruz da Legião de Honra, sendo comendador das Artes e das Letras, e outras grandes comendas que lhe foram outorgadas pelo Estado francês. Foi eleito para a Cadeira 30 da Academia Francesa sucedendo a Georges Luhamel, de cuja Instituição foi Secretário Perpétuo, renunciando a função em favor de Héléne Carrére. Foi ainda Maurice Druon, a serviço de seu país, Ministro da Cultura da França, no Gabinete de Pierre Messmer, sob a Presidência de Georges Pompidou. Celebrizou-se na pasta por não ajudar, como dizia, “subversivos, pornográficos e nem intelectuais terroristas”. Suas produções de grandes destaques são a obra infanto-juvenil “Tristou les pouces verts” (O menino do dedo verde), o qual Dom Marcos Barbosa teve a felicidade de traduzir como já o fizera com o “Le Petit Prince”, de Antoine de Sant-Exupéry (piloto e também herói na segunda guerra mundial); e mais “As Grandes Famílias”, conjunto de sete livros, que recebeu o Prêmio Goncourt em 1948, e foi a obra ocidental que teve a maior penetração na antiga “Cortina de Ferro”, por ser o autor, como já disse, de descendência russa por parte paterna.
29
Fernando Braga, in “Toda prosa”, tomo III, de “Travessia” [memórias de um aprendiz de poeta e outras mentiras], em fase de conclusão.
Sobre a sociedade francesa, Maurice Druon analisou-a em “As Grandes Famílias”, 1946; “A Queda dos Corpos”, 1950 e “Encontro nos Infernos”, 1951. A obra literária de Druon inclui ainda o ciclo “Os Reis Malditos”. São eles: “O Reino de Ferro”, “As Rainhas estranguladas” e “Alexandre, o Grande”, todos de 1958; e “As Memórias de Zeus”, 1963. Na dramaturgia escreveu “Um Viajante”, 1954 e os ensaios líteropolítico: “A Condessa”, 1961 e “A Cultura e o Estado”, 1985. Maurice Druon foi mais afortunado do que seu bisavô; enquanto este morreu num vagão de trem em Londres, aos 65 anos de idade, o bisneto morrera em casa aos 91 anos bem vividos, cujo anúncio foi dado por Madame Héléne Carrére d’ Encausse, Secretária Perpétua da Academia, aquela em que ele renunciou a seu favor, e que disse, depois de fazer aos jornalistas presentes estas observações: “Morreu a memória da França”. Só faltou mesmo a escada de flores tocada por Tistu, o menino do dedo verde, e roída pelo pônei, com quem ele brincava, para torná-la em botões de rosas douradas, por onde subiria Maurice Druon ao encontro de Odorico Mendes, para segredar-lhe, por fim: “Aqui estamos juntos na Casa-que-brilha”. ___________________ * Ilustração: Odorico Mendes e Maurice Druon
LOCAL DOS BATALHAS Em 1987 adquiri por compra do Senhor José de Jesus Batalha, um imóvel em Arari. Local que logo se transformaria em centro das atenções e das decisões políticas de oposição no município naquela época. Situado na Rua Zuleide Bogéa, nº 126, logo construí, no fundo da residência, um terraço entre mangueiras, azeitoneiras, goiabeiras, condesseiras, aceroleiras, bananeiras e outras árvores frutíferas. Foi nesse local que organizamos o diretório municipal do Partido Trabalhista Brasileiro – PTB -, do qual eu já era o Secretário da Executiva Estadual e Delegado à Convenção Nacional e, mais tarde, a homologação da candidatura de Horácio da Graça Souza Filho a prefeito de Arari. As reuniões preliminares contaram com a presença de Zerebó, Lico Bogéa, Josué Souza e Zequinha Batalha. Depois, o movimento cresceu com a presença de Jesus Fogueteiro, Raimundo Bogéa, Manasses, Dico Odesse, Dionílio Barros e outros políticos que não sito por eventual esquecimento. Retornamos ao local em 1992, com a candidatura de Rui Filho. Quase todos aqueles que frequentaram o ambiente na campanha anterior repetiram nessa eleição, entre os quais, André Batalha, Maria das Dores Mendes, Zeca Bogéa, etc. Em 20 de outubro de 1989, adquiri, por compra, da senhora Raimunda Isabel Vale da Silva, pelo valor de NCZ$ 1.000,00 (Mil Cruzados Novos) a área anexa que deu maior dimensão ao meu quintal. Nesse local tive a honra de receber visitas ilustres, entre as quais a do Dr. Cesário Coimbra, Deputado Waldir Filho, Deputada Maura Jorge, Anchieta Neves, Dr. Raimundo, Dr. Israel, Dr. José Luís Ribeiro, Dr. Eliezer Filho, Dr. Éden Soares, Dr. Jorge Martins, Deputado e Secretário de Estado, Pedro Fernandes, Paulo Cazé, Prefeito Djalma Machado, Vereador Evando Piancó, Vereador Almir Leite, Totó Vale, Zeca Jardim, Jorginho Batalha, Wilson Alves, Belarmino Everton, Luzia, Graça e Palhano. Márcio Jardim, Flávia Bitencourt, Maria Espíndola, Maria Alves, Desembargador Marcelino Everton, Luís Everton, Caiçara Filho, Cece Prazeres, Olga, Cocota Prazeres, Celeste Martins, Cota Ericeira, Leão Santos e esposa Celeste, irmãos, cunhados, sobrinhos, estudantes, pesquisadores, amigos e vizinhos. Recebi políticos do PTB, do PP, irmãos de Maçonaria e Companheiros do Lions Internacional, jornalistas, historiadores, cantores, poetas e escritores, médicos, advogados, juízes, entre tantas outras pessoas ilustres. Em minha ausência o imóvel recebeu a honrosa visita das irmãs Vanda, Jesus e Sônia Batalha, ex proprietárias desta residência em que nasceram, e, atualmente, residentes no Rio de Janeiro. E, também, em oportunidade anterior, do jornalista Raimundo Garrone e do cantor Zeca Baleiro. Afastado da vida política, o local passou a ser meu exílio de fim de semana, desde quando me afastei das praias de São Luís, das quais fui frequentador assíduo por quase meio século. E neste exílio, entre árvores frutíferas, recolhido à solidão e ao sossego do quintal e as abstrações, ouvindo as músicas já mencionadas, recordo momentos singulares que se passaram em minha vida. E vejo-me perdido no vazio da mansidão noturna, distante dos tempos passados. E como um pássaro sem rumo, perdido na escuridão da noite, me ponho a escrever tropeçando nas palavras que esboço aqui. Embrenho-me nas recordações do passado e ouço músicas antigas. Me desligo do mundo conturbado e inspiro-me nas reminiscências do tempo distante, entre garrafas de vinho, alguns dos quais portugueses, que meu amigo José Reis me oferta constantemente, sortido de sardinhas e atun, provenientes de seu querido Portugal. E o faz com satisfação e orgulho, sob o argumento de que são os melhores produtos do mundo, além do bacalhau português, ou de vinho Carménère, reserva do Valle de Lontué, o Marquês del Nevado do Chile.. E nesse local calmo, com marcas profundas do passado (já foi lugar das melhores festas dançantes de Arari, nas décadas de 1950 e 1960), em momentos de inspiração e fluência da mente, é que escrevi algumas páginas destas memórias. Às vezes, durante o esplendor silêncio da noite, ou, então, durante o dia, ouvindo também os cantos do bem-te-vi, e da bela rolinha fogo-apagou, que mariscam e fazem moradia e ninhos em meu pomar; ou escutado o chilrear das pipiras e dos sabiás engaiolados nos quintais dos vizinhos.
FOI ASSIM... AYMORÉ ALVIM APLAC, ALL, IHGM. Pinheiro, um dos importantes centros econômico-culturais da Região da Baixada Maranhense, está comemorando, hoje, 3 de setembro, 160 anos que o Lugar do Pinheiro, marco inicial da atual cidade, foi elevado à categoria de vila. Aproveito o ensejo para lhes contar a história da sua fundação, em 23 de novembro de 1806, como mais uma homenagem minha à minha cidade berço.
E foi assim mesmo que tudo aconteceu. O rio não estava pra bagrinho, não. No conflagrado ambiente, ate então tranquilo, lá pras bandas dos campos baixos cortados pelo Pericumã, as escaramuças entre brancos e índios estavam cada vez mais acirradas e as reclamações não paravam de chegar ao Palácio do Governo, em São Luís. Próximo do final do ano de 1805, o governador à época, Antônio de Saldanha da Gama, resolveu intervir. Numa mormacenta tarde, em pleno calor de dezembro em Alcântara, o capitão-mor, Inácio José Pinheiro, tomava um ventinho, pitando o seu cigarro de palha, em frente ao prédio do Comando da vila, quando chegou um esbaforido ordenança e lhe entregou uma carta do dito governador. Nela, Saldanha da Gama o ordenava a ir resolver essas pendengas entre fazendeiros, posseiro e índios. O orientava a tomar qualquer medida que atendesse às partes a fim de serenar os ânimos. Mas o período das chuvas, o nosso inverno, estava chegando e, assim, só lá para o mês de setembro ou outubro poderia ir, quando os campos estivessem secos. E, assim, ele fez. No final de outubro de 1806 com alguns ordenanças, partiu para a empreitada. O dia em que chegou por lá, eu não sei, mas que ele chegou, chegou. E, com certeza, reuniu as partes em litígio e buscou um acordo que agradasse a todos como queria o governador. Se ele conseguiu? Tudo indica que sim. O que sabemos é que ele demarcou uma ponta de terra com 3 léguas de comprido por uma de largura que avança pelos campos do Pericumã, no sentido nordeste. Ali reuniu os índios e suas famílias numa pequena povoação que passou a ser conhecida por Lugar do Pinheiro. Isso ocorreu a 23 de novembro desse mesmo ano. Foi o núcleo inicial do município de Pinheiro. Todos concordaram? Por certo que sim, pois não se encontra documentos da época que relatam a continuidade dos atritos. Retornando a Alcântara, o capitão Inácio Pinheiro pretendia, no verão do ano seguinte, voltar a São Luís para prestar contas ao Governador da incumbência recebida. Mas, muito antes de chegar o verão, veio a saber que o Saldanha da Gama havia sido substituído por D. Francisco de Mello Manuel da Câmara a quem o povo apelidara de “cabrinha” devido ser mulato e muito abusado. Tomou conhecimento, também, de que a criatura era um sujeito atrabiliário, violento, devasso e arbitrário; um espécime, um pouco mais grotesco, do nosso atual corrupto. Com tais qualificações, Inácio Pinheiro achou mais prudente enfrentar a fera e a travessia Alcântara – São Luís e vir dar satisfação ao homem antes que viesse saber por vias transversas, pois a fuxicaria no Maranhão daquela época corria solta. E foi o que fez. No início de maio, foi recebido pelo Governador a quem relatou tudo o que acontecera. O “cabrinha” ficou satisfeito com o que ouvira. Isto encorajou o Capitão Pinheiro a lhe propor que doasse as terras demarcadas àquelas famílias de índios como patrimônio e para que elas as possuíssem como coisa sua e de seus descendentes.
- Mas, Capitão, essas terras não vão ser reclamadas mais tarde pelos fazendeiros da Região? Inquiriu-lhe D. Manuel. - Não vão ser não, Governador. Todos concordaram mesmo porque essas terras não lhes interessam. Só servem mesmo pra cultivar mandioca e os índios aceitaram. Aí, então, D. Manuel mandou lavrar o documento de doação das terras do Lugar do Pinheiro, a título de “Dacta” e Sesmaria, conforme lhe pedira Inácio José Pinheiro, que foi publicado, em 13 de maio de 1807. Essa é a história da fundação de Pinheiro, tendo por marco inicial o Lugar do Pinheiro, fundado em 23 de novembro de 1806 pelo Capitão-mor de Alcântara, Inácio José Pinheiro, em uma Sesmaria de índios que lhes fora concedida, em nome do príncipe regente, D. João, pelo Governador do Estado. Alguns conterrâneos ainda não aceitam essa origem para a nossa terra. Claro que preferem a outra versão que nos foi contada. A da grande fazenda. Acham-na mais elegante, uma origem se não mais nobre pelo menos mais fidalga. Puro preconceito! Mas é essa a história verdadeira da nossa cidade e do nosso povo, o povo pinheirense, fruto do caldeamento de índios, negros e caboclos, ao sol ardente da Baixada, no cadinho verdejante dos campos do Pericumã. Não acreditas? Então vá ao Arquivo Público do Estado e pede para dar uma olhada, nas folhas 65 v., do Livro nº 06 (seis) de Dacta e Sesmaria. Assim, comprovarás. É isso, meu!
O HOMEM QUE AMOU PARA SEMPRE ELIZABETH RODRIGUES Vivemos um tempo em que as coisas ao redor são identificadas com prazo de validade. Somos orientados a verificar essa etiqueta antes de comprar e, depois da compra, é necessário verificar periodicamente a validade dos produtos adquiridos: alimentos, material de limpeza, medicamentos etc. Após a data estipulada, eles perdem as qualidades que satisfaziam os clientes quando foram obtidos. A sociedade assimilou essa premissa e assim tem procedido ao longo dos tempos. Observa-se, no entanto, que essa sistemática tem alargado o seu campo de abrangência, chegando hoje a alcançar o relacionamento das pessoas, que parece até já ter início com prazo de validade. Amigos desfazem seus laços a partir de nós atados por meio de intrigas, inveja, concorrência, disse-me-disse. Colegas de trabalho se desconhecem no intuito de chamar atenção para seus feitos, aumentar a remuneração, escalar a hierarquia. Casais se rendem ao tamanho dos egos, aos conflitos diários, às atrações diferentes do cotidiano; desistem em busca de prazeres fáceis, momentos novos e fugazes. Algumas pessoas, entretanto, viveram para um grande e único amor. Um amor que durou 70 anos e que hoje se transfere para um plano eterno, que foge ao nosso alcance e compreensão, porém certamente permanece como único e verdadeiro amor. Esse homem de envergadura imensurável é reconhecido em nosso meio como um luminar no meio jurídico, brilhante integrante da Academia Maranhense de Letras, professor inigualável, escritor e conferencista notável: Prof. José Maria Ramos Martins. Conheci o Prof. José Maria em 1979, quando ele foi meu professor de Introdução ao Direito II, na Universidade Federal do Maranhão, da qual foi Reitor e magnífico administrador. Passei a admirar suas qualidades acima descritas, contudo sempre me chamou a atenção, o gentleman que encantava a todos. Sua educação, a atenção individual, o interesse por cada dúvida e dificuldade eram fascinantes! Mais tarde, integrando o Conselho Estadual de Educação passei a conviver semanalmente com ele, durante 15 anos. Às vezes não acreditava que podia sentar ao lado de um ícone e conversar normalmente com ele. As questões mais complexas naquela Corte se encerravam com o seu posicionamento revestido da mais profunda sabedoria, externado com extrema simplicidade e clareza, que se refletia no brilho dos seus lindos olhos azuis: Ah! Como ele era bonito com seus 90 anos. Eu imaginava como teria sido aos 20, partindo os corações das mocinhas desavisadas! Costumava levá-lo em casa e, no caminho, conversávamos sobre a amizade que teve com meu pai, Luiz Pinho Rodrigues, trabalhando na Ufma e com minha mãe, Maria Izabel Rodrigues, na antiga Faculdade de Filosofia, em tempos memoráveis. Variados assuntos permearam as idas para casa. Eu sempre pedia a ele que escrevesse essa história. Ele concordou e chegamos a iniciar o trabalho. Tenho algo gravado, mas não houve continuidade. Uma vez ele contou sobre seu grande amor: sua esposa. Iniciou a vida profissional em Teresina, chefiando um escritório. Um dia, saindo do trabalho, viu uma jovem na praça. E nunca mais essa moça saiu de si. Perdeu-a de vista. Procurou por ela durante muito tempo, porém nunca a encontrava. Aquela garota era diferente. Integrava seu pensamento, no trabalho, no cotidiano, nos momentos de lazer. Surgiu, então, uma vaga no escritório, apareceram candidatas e lá estava ela. Talvez a continuação da história seja muito particular e nem cheguei a pedir autorização a ele para contar. Mas asseguro, que foi aí o início do amor mais lindo que um homem dedicou a uma mulher, sem prazo de validade, sem condições, sem ressentimentos, sem limites, só amor... Ela partiu antes dele e todos acompanhamos a incomparável tristeza do prof. José Maria. Agora ele se vai, deixando sua luz inigualável como herança para nós, no momento em que inaugura uma nova etapa de vida. Ele viverá para sempre dentro e através da nossa lembrança, como o homem que amou para sempre!
PONTE DO CUTIM, O PRIMEIRO VIADUTO DE SÃO LUÍS NONATO REIS A história do transporte público de São Luís passa obrigatoriamente pelo Outeiro da Cruz. Ali naquela bifurcação que dá acesso ao Anil, em frente à antiga clínica de neuropsiquiatria São Francisco, onde outrora funcionou um órgão estadual de agricultura, às margens do então Rio Cutim, afluente do Rio Anil, foi erguido, no final do século XIX, o que pode ter sido o primeiro viaduto da cidade. Era, na verdade, uma ponte de concreto, construída junto com uma estrada de ferro, ligando as localidades do Anil, Cutim, Outeiro da Cruz, João Paulo e Monte Castelo. A ponte e a ferrovia propiciaram a adoção do sistema de locomotivas a vapor, que marcaria época no transporte de cargas e passageiros da capital. A locomotiva a vapor surgiu na Europa no século XIX e durante a Segunda Guerra Mundial era o principal meio de transporte. A engrenagem compunha-se de três partes: caldeira, máquina térmica e carroceria. As primeiras locomotivas a vapor praticamente se arrastavam pelos trilhos, à velocidade de 8km/h, um pouco acima do caminhar humano. Com o tempo se aperfeiçoaram e algumas conseguiram ultrapassar a barreira de 200 km/h. No Brasil o tipo mais conhecido foi a “Maria Fumaça”, por causa da nuvem negra de vapor e fuligem que saia das chaminés. Documentos compilados pelo historiador Joaquim Aguiar assinalam que em 1856 foi erguida sobre o Rio Cutim uma ponte de madeira, para viabilizar o tráfego de bondes por tração animal, carrinhos com poucos assentos puxados por uma parelha de burros, que faziam o transporte coletivo entre o Anil e o Monte Castelo. O bonde por tração animal era um sistema rudimentar, inimaginável para os dias atuais, ainda mais em se tratando de um centro urbano. Existem relatos da existência de campos de pastos ao longo do percurso, que constituíam pontos de apoio para a troca dos animais. Há registros de que alguns burros empacavam no caminho e só retomavam o trabalho com o cocheiro de sua predileção. Os bondes por tração animal operaram até 1893, quando então é construída a ponte de concreto e a ferrovia, mesmo ano em que foi fundada a Companhia de Fiação e Tecidos do Rio Anil, que mudaria os destinos daquela localidade. O sistema de locomotivas a vapor foi projetado, portanto, na esteira da fábrica do Anil, para impulsionar a sua produção. Passou a funcionar por volta de 1904 e teve um tempo de vida útil absolutamente pequeno – cerca de dez anos apenas. O projeto previa a construção de quatro estações de passageiros e cargas a partir do Anil, Outeiro da Cruz, João Paulo e Monte Castelo. A ferrovia seguia o traçado do velho Caminho Grande, que se iniciava no Areal (Monte Castelo) e findava no Anil. Um relatório de inspeção da Ferro Carril, empresa responsável pela obra da ferrovia e da ponte sobre o Cutim, datado de 1893, mostra os trabalhos em pleno andamento. A obra se estendia por sete quilômetros, sendo que desse total faltavam terraplanar 3.030 metros. Um trecho de 860 metros no Outeiro da Cruz era classificado como “o mais difícil de avançamento” por compreender o traçado de antigos trilhos. Com relação às obras de arte da ferrovia, o engenheiro responsável pelo relatório afirma que encontrara prontos “três pontilhões, três bueiros de tubo com testas de alvenaria, um fosso para os carros e as locomotivas a meio construído e os alicerces de 1,5 metro de muro”. Ele informa que mandara construir bueiros de tubo no aterro do João Paulo e outro no Areal. “Fiz concluir o fosso de vesitas a fim de montar-se sobre ele a segunda locomotiva”. O relatório estima para o mês de maio daquele ano de 1893 o assentamento das superestruturas metálicas e de madeira nos dois vãos sobre o rio, “para o que já se está transportando as vigas respectivas”. Das quatro estações previstas, apenas a estação localizada no ponto inicial, na Vila do Anil, já se encontrava em funcionamento, porém de forma precária. “Falta revestir o piso de cimento e pedra brita”, assinala o documento de inspeção da obra. A construção da ponte sobre o rio Cutim e da estrada de ferro, ligando o Monte Castelo ao Anil, foi um projeto ambicioso, executado com aportes de verbas públicas, que representou um salto de qualidade no transporte público da cidade. Esse sistema de locomotivas a vapor funcionou até 1912, quando então entrou
em declínio e faliu. Em 1924, sob os auspícios da americana Ullen, começam a circular os bondes elétricos, que se mantiveram em funcionamento até 1966, já na gestão do prefeito Epitácio Cafeteira. Fontes de pesquisa: historiadores Joaquim Aguiar e Zacarias Castro, Hemeroteca Digital, Diário do Maranhão de 03/06/1893 e Publicator Maranhense de 14/05/1862. Ponte de madeira sobre o Rio Cutim/1856
O LIVRO VISTO PELO AUTOR ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO Economista. Membro da ACL e fundador da ALL. ‘Desafios à teoria econômica/Challenges to the economic theory” foi editado pela EDUFMA e lançado pela UFMA, em solenidade realizada na Academia Maranhense de Letras, em novembro de 2015; logo depois foi também lançado na EAESP-FGV, onde estudei o Mestrado. O Livro foi escrito à medida que a crise da “bolha” espalhava mundo afora seus desdobramentos; é, portanto, entre 2008 e 2015, fruto das observações dos efeitos decorrentes na economia mundial. Em pleno século XXI, a teoria produzida até então pelos eminentes pensadores e pioneiros da nossa ciência parecia não encontrar aplicações práticas! O que estaria acontecendo, para, diferentes do “crash” de 29, por exemplo, medidas de afrouxamento monetário, de verdadeira “financeirização” da economia estivessem sendo adotadas? Ao mesmo tempo em que escrevia artigos sobre o desenrolar da crise, classificados no Livro como “Atualidades/Conjuntura”, fiz um resumo da “História do pensamento econômico” e tracei “Cenários”; desejava registrar a utilização dos diversos instrumentos de política econômica à disposição das autoridades monetárias, sem esquecer as formulações teóricas pré-existentes. Adam Smith, David Ricardo, Alfred Marshall e John Maynard Keynes, “clássicos, neoclássicos e marginalistas, construíram as bases teóricas da moderna ciência econômica”. Seus mais famosos seguidores, mais ali menos aqui, Paul Samuelson, John Kenneth Galbraith, Joseph Stiglitz, Paul Krugman, merecem ser citados; os brasileiros Eugênio Gudin, Otávio Gouvêa de Bulhões e Roberto de Oliveira Campos, que estiveram na conferência de Bretton Woods, testemunharam as conquistas celebradas naquela oportunidade e puderam programá-las na nossa economia. O que estaria acontecendo com a teoria econômica: precisando de novas modelos ou ainda não encontrando melhor combinação entre os existentes? O fenômeno da globalização vem tendo grande influência nas políticas econômicas do mundo inteiro, com repercussões imediatas das decisões adotadas e principalmente refletidas na distribuição da renda, cada vez mais concentrada; os bancos centrais, tidos como guardiões da moeda, expandiram suas operações na compra de títulos públicos e deixaram a economia de diversos países, principalmente da zona do euro, endividadas em relação ao seu PIB e sob sérias restrições fiscais. Essa política monetária expansionista, sem que os resultados tenham chegado a tempo na economia real, contraria principalmente as teorias existentes relacionadas à Base Monetária e seu multiplicador, além do que encerra aspectos de pressão sobre o sistema de preços. “Os mercados de capitais internacionais privados se tornaram dominantes”, diz o economista Felix Martin, e eu acrescento “no uso dos seus instrumentos derivativos capazes de alavancar as operações passivas”. Qual o tamanho do lastro que deveria existir? Minha tese e a seguinte: “o certo é que a melhoria na repartição da riqueza deveria ser função do crescimento e da produtividade decorrentes da utilização racional dos fatores de produção, base do desenvolvimento econômico; nada de formas de protecionismo incentivadas pela filantropia e pela política”.
O LIVRO VISTO PELO AUTOR – II ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO Economista. Membro da ACL, da ALL e da IWA Meu livro “Desafios/Challenges” propõe uma tese: a teoria econômica até então produzida está carente de novos modelos ou o que acontece é uma insuficiente combinação dos existentes? Principalmente após a crise da “bolha”, começada nos Estados Unidos e repercutida principalmente em países da zona do euro, o sistema capitalista passou a ser mais fortemente alvo de críticas por parte de eminentes economistas. Com o passar do tempo tornou-se cada vez mais concentrador de renda com “1% mais rico detendo 99% do restante da população mundial”, conforme Exame CEO, setembro/2016. Guardadas as devidas proporções, Thomas Piketty, professor da Escola de Economia da Universidade de Paris, adota a mesma tese; e Yanis Varoufakis, que foi ministro das finanças do governo grego, diz que o capitalismo patrocinou a financeirização (ampla liquidez dos mercados) das atividades econômicas. No prefácio do meu Livro menciono essa financeirização, onde “a moeda remanesceu apenas como reserva de valor; e em um dos artigos (página 263) a respeito das idéias de Piketty, que as questões de distribuição de renda devem ser equacionadas e erradicadas “através de educação e saúde como setores facilitadores de uma equitativa distribuição de renda”. Há que considerar também os problemas advindos com a globalização e suas implicações no sistema capitalista (crescimento de países emergentes, mobilidade social, etc.), que passaria pela necessidade de uma renovação, segundo o americano Michael Spence, Nobel de Economia de 2001. Para tanto as Instituições precisariam ser fortes, estar funcionando e atuando em termos da regulação necessária. Em “Desafios/Challenges” há mais de um artigo sobre esses problemas: “Capitalismo Sustentado”, “O capitalismo reinventado” e “O Capitalismo avaliado”, páginas 128, 228 e 268, respectivamente, bem como “Revisitando Bretton Woods”, na página 214, abordando questões de imperiosa nova ordem econômica. Esses artigos assinalaram que, em decorrência da crise e no sentido de contê-la, a política de auxílio à liquidez dos mercados conhecida como “quantitative easing”, outorgada pelo Federal Reserve - FED e turbinada pelos bancos centrais dos demais países ricos passou a exigir regras de capitalização e limites de alavancagem, enfim de regulação do setor financeiro dos EUA, regras estendidas à Europa. Vale ressaltar que esse auxílio à liquidez, “lastreado” por títulos da dívida soberana dos países atingidos pela crise, ainda não chegou à economia real de forma a promover o seu crescimento, tirá-la da depressão, mas certamente contribuiu para o aumento da relação dívida/PIB desses países e tem enfrentado reações ao ajuste fiscal draconiano que lhes foi imposto. Ninguém sabe bem por quanto tempo esse excesso de liquidez dos mercados será mantido pelos bancos centrais; o FED, por exemplo, continua esperando uma reação da economia real, para elevar a taxa de juros de curto prazo, o que trará repercussões principalmente aos países emergentes. Há, entretanto, quem tenha a sensação de que esse excesso de liquidez esteja chegando ao fim; e que o aumento dos juros pelo FED influenciará o fluxo de capitais atualmente vigente.
NA ACADEMIA, HAROLDO TAVARES 2016 (2) (NO INCÊNDIO DO GOIABAL, 85 CASEBRES EM CINZAS E UM ÓBITO. OS ANJOS DA GUARDA DOS FLAGELADOS, ANTES DA BARRAGEM) HERBERT DE JESUS SANTOS (Sotaque da Ilha, JP Turismo, 22.9.2016)
Após nossa assistência à filmagem da gestão do Eng.º Haroldo Tavares, iniciativa interessante da Academia Maranhense de Letras (AML), com a presença dos candidatos à Prefeitura de São Luís, na tardezinha da quarta-feira retrasada, com a sentida exceção do prefeito Edvaldo Holanda Júnior, fiquei com os meus botões sobre a falação de secretários da personagem maranhense inesquecível. Porque presenciei ao sinistro, suspeitoso, em consonância com supliciados, nas palafitas do Goiabal, no anoitecer de 14.10.1968, e os acompanhei até após sua remoção, a toque de caixa, ao Anjo da Guarda, em improvisação de habitações, bem antes das únicas de alvenaria, ali, posso falar de cadeira que foram 85 casebres incendiados, com um óbito, o de D. Doninha, muito obesa, travada no lamaçal, não centenas —entre mortos e feridos—, na barriga dos jornais apressados, em manchetes, no dia 15, e nem só 17 palhoças incineradas, conforme um entrevistado, se o ouvi bem, na Casa de Antônio Lobo. Testemunha presencial da via-crúcis dos atingidos, reverencio que o Clube de Jovens da Madre de Deus não teve precedência nem sucessão, elegendo os necessitados às promoções sociais, discernimento e solidariedade, ali, agilizando arrecadação de roupas e alimentação, e encenação de peça, no Teatro da Igreja de São Pantaleão, com a vendagem dos ingressos aos afetados. Em quatro anos, audacioso e cônscio, perdeu apenas a peleja de que, antes do surgimento da Barragem do Bacanga, não foi atendido, em contato com as autoridades do governo estadual, a fim de que fossem reservados na margem esquerda do rio, após a represa, lotes para assentamento das famílias dos pescadores, que ficariam perto da sua labuta diária. A nobreza do nosso gesto, contudo, foi em vão. Com a rejeição do solicitado, aos diretores da Cetrap (Comissão Executiva de Transferência de Populações), vinculada à Fundação do Bem-Estar do Maranhão-Febem, na Rua Cândido Ribeiro, s/n.º, o nosso Clube, para não perder a viagem, pugnou por indenização mais condigna aos remanejados da praia, da Tabatinga, e aos da Salina do Lira e da adjacência, que nos primeiros meses de 1970 chegaram ao bairro incipiente, e com a insistência dos mais velhos desassossegados de que a queimação do Goiabal teve as mãos dos que não os queriam empecilho à construção da Barragem do Bacanga. Os Três Mosqueteiros e a crucificação dos remanejados Porque ela raciocinava e agia com o lema dos Três Mosqueteiros –“Um por Todos, e Todos por um!”–, eu fui a agremiação na travessia, uma vez de canoa, do Rio Bacanga, antes do surgimento da barragem, para saber dos primeiros transferidos do Goiabal para o Anjo da Guarda, e o que eu vi (acompanhando um time de futebol amador da Madre de Deus, que jogaria no Itaqui, num domingo de manhã de dezembro de 1968) foi de cortar o coração: os imóveis de alvenaria prometidos, até aquela data, não passavam de barracos no fundo dos terrenos; sem mercado, ou feira, a oferta de alimentos era inexistente, e locais para a pescaria ficaram mais distantes; bebiam água de cacimba, que servia para banho, lavar roupas e cozinhar, em fogões a lenha e em fogareiros; a luz era de faróis e lamparinas, pois a Caema e a Cemar, respectivamente, não haviam regularizado os seus serviços de água potável (canalizada), e de energia elétrica, esta que vinha de um motor a óleo diesel, que não completava nem a metade da noite; além dos transtornos pela falta de serviços médicos condizentes. A perseverança em prol do próximo Em qualquer circunstância, ou por menor que fosse a incumbência focalizada, fomos a perseverança em pessoa e de ação de quem privilegia o bem-comum. Com a experiência do bom combate, o Clube de
Jovens da Madre de Deus não era de esmorecer, tendo a esperança, a menor que fosse, de dar conta do recado comunitário mesmo contra o vento e a correnteza dos dias nebulosos que o Brasil vivia. Não era um tempo favorável para a exposição de idealismo, pois o regime de chumbo estava vendo fantasma da subversão em qualquer esboço de contestação, quando acionava a repressão da ditadura militar, e, como à boca pequena São Luís dizia, não escapavam sequer os da “esquerda festiva”, aqui, por extensão, que seriam pelegos da causa democrática, inclusive, na trairagem aos tachados subversivos, sendo agraciados em suas ambições políticas e altos cargos, com o recibo sendo passado sem insistência. Curso de bem-comum na Capela de São Pedro Autor da Pedagogia do Oprimido e Pedagogia da Libertação, o Educador Paulo Freire, perseguido e exilado pelo autoritarismo, com outras cabeças dentre as mais brilhantes do País, deixou o seu legado de Inteligência e desprendimento à nossa disposição juvenil para a coletividade: sua técnica de ensino, aproveitando o ambiente vivido pelos desemburrados para a formação das palavras usuais em seu cotidiano, era ligeira e eficiente na facilitação do milagre da escrita e da leitura, e incentivava a continuação dos estudos aos concludentes. Foi uma antecipação de quase dois anos ao Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização) do sistema discricionário, que não tinha interesse na conscientização política de quem desasnava. Técnicos cearenses ligados à Igreja vieram a São Luís treinar monitores, com que nós, do Clube de Jovens da Madre de Deus, recebemos a capacitação do Paulo Freire de Alfabetização, na Capela de São Pedro, por interveniência do Clube de Jovens de São Pantaleão, com Maria Ribamar, Mundinha Araújo,Izídia Helena, o ator e teatrólogo Tácito Borralho e José Antônio Broer-Alemão, com quem fiz, em 1970, em Codó, curso no Sesp, para a Fundação Nacional do Índio (Funai). Paulo Freire no Beco do Maruim e na Tabatinga Conscientes do risco que corríamos, perto da areia movediça da politiquice e delação, sob o clima de tensão reinante, sem sinal de finalização, em janeiro de 1969, encetamos o Revolucionário Método Educador Paulo Freire de Alfabetização, em duas salas de aula noturnas: no Beco do Maruim, assim sabido um marujo aposentado, do qual era a casa na frente, na Ladeira da Rua de São Pantaleão, na Madre de Deus , com Lúcia Bulcão da Silva (que era namorada de Raimundo Teodoro de Carvalho-Raimundinho, casados depois, ambos médicos) e eu; e, na Tabatinga, com Raimundinho e Léia Sousa Pimenta, professora e acadêmica de Economia da UFMA, que era minha namorada, e ficou somente amiga, aliás, sempre, por excelência. Foto: Arquivo de Herbert de Jesus Santos
PARTICIPARAM DO MOVIMENTO SOCIOCULTURAL CORAJOSO, LÚCIA BULCÃO, RAIMUNDO TEODORO, LÉIA PIMENTA, JOSÉ ANTÔNIO BROER (ALEMÃO) E HERBERT DE JESUS SANTOS
RUY MESQUITA, O ENGENHEIRO QUE MUDOU SÃO LUÍS NONATO REIS Jornal Pequeno, 25/09/2016
O traçado urbano de São Luís, em sua conformação atual, carrega as digitais do engenheiro civil Ruy Ribeiro de Mesquita. Em 1958, então diretor do Departamento Estadual de Estradas de Rodagens (DER/MA), ele apresentou um plano de expansão para a cidade, que até hoje influencia as intervenções na sua malha viária. O objetivo era ampliar os limites de ocupação e circulação, então circunscritos ao núcleo histórico e ao corredor Monte Castelo/João Paulo/Olho d’Água, para as terras entre os rios Anil e Bacanga e para toda a faixa litorânea, a partir da Ponta d’Areia. As contribuições de Ruy Mesquita, prefeito de São Luís entre 1962 e 1963, podem ser vistas a olho nu. Em síntese ele propunha a construção de um centro administrativo, três pontes sobre o Rio Anil, uma sobre o Rio Bacanga, a transferência do antigo porto de São Luís para o Itaqui, um anel de contorno sobre o centro antigo, e todas as grandes avenidas de São Luís, aí incluídas a Via Expressa e a Holandeses. O Plano de Expansão de 1958 integra o livro “São Luís, Cidade Radiante”, do arquiteto e urbanista José Antônio Viana Lopes, cujo lançamento está previsto para o mês de outubro. Além do plano propriamente dito, o livro exibe fotos antigas, mapas, artigos escritos por Ruy Mesquita para o jornal O Imparcial na década de 70, o plano rodoviário da cidade de 1962, e a legislação que o legitimou. Para entender as idéias desse engenheiro importa inseri-lo no contexto do início do século XX, quando começaram a florescer os princípios do urbanismo moderno, até se consolidarem na famosa Carta de Atenas de 1933, que cristalizou os postulados do arquiteto Le Corbusier. Esse documento apresentava a cidade como um organismo funcional, em que as necessidades do homem deviam estar claramente colocadas e resolvidas, mesmo que em prejuízo do legado histórico. Ruy Mesquita, um sergipano formado na Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, não passaria imune aos ventos modernistas ditados por Le Corbusier. Porém, ao invés de investir contra a memória física da cidade, procurou preservá-la, criando alternativas de expansão para além do núcleo histórico. Ao lançar o Plano de Expansão em 1958, Ruy Mesquita fez questão de realçar a degeneração do tecido urbanístico de São Luís. Para ele a cidade era caótica e desorganizada, carente da orientação de um plano básico de crescimento. A parte central estava limitada e esgotada e nesse cenário só havia duas alternativas: “Ou a cidade cresce em sentido vertical ou se expande pelas áreas compreendidas entre o rio Anil e o mar e o rio Bacanga e a baía de São Marcos”. Crescer verticalmente a partir do centro histórico equivalia à demolição pura e simples do seu patrimônio físico. São Luís era então uma cidade comprimida no perímetro colonial com núcleos isolados ao longo do seu vasto território. A solução era descentralizá-la. Com a projeção das pontes sobre o rio Anil e Bacanga, Ruy Mesquita ofereceu a alternativa de urbanização da faixa litorânea, ao norte, e industrial ao sul, após a transferência do velho porto da Praia Grande, assoreado e impróprio, para o Itaqui. O São Francisco e a Ponta d’Areia eram povoações sem qualquer infraestrutura. O primeiro habitado por pescadores e pequenos trabalhadores. O segundo, uma espécie de reduto de veraneio de famílias abastardas e bares localizados a esmo. A ponte do São Francisco, inaugurada em 1970, permitiu que a cidade avançasse para o norte. Com a fixação do porto no Itaqui se expandiu para o sul, abrindo caminho para o planejamento industrial e o surgimento de núcleos operários. A ponte do Caratatíua ofereceu a alternativa de ocupação de áreas residenciais, mediante à construção dos conjuntos habitacionais. Havia a preocupação de relacionar entre si as zonas burocráticas, de indústria e moradia. A solução encontrada para este dilema na São Luís dos anos 60 foi a construção de uma Avenida de Contorno (Anel Viário) ao redor do centro antigo, ligando a região das praias (zonas burocráticas e de moradias) com o eixo do Itaqui (área industrial), que, conforme o plano de Ruy Mesquita, seria a nova via de entrada e saída de São Luís.
O Anel Viário, como sabemos, começou a ser construído em 1972 e foi concluído em 1985. Ruy Mesquita planejou construir um “Grande Parque Ambiental” para São Luís, a partir do Jaracaty, seguindo todo o território alagadiço às margens do rio Anil até o Tirirical. Essa área deveria ser “totalmente saneada (...) com avenida perimetral para veículos automotores, pista para bicicletas, arborização, lago artificial de diversões, campos de futebol, de golf, tênis, basquete, vôlei, área para patinação, esqui, hipódromo, circo”. Também previu o deslocamento da antiga estrada de ferro para a margem esquerda do Bacanga e a adaptação do prédio da estação desativada (Reffsa) para servir de terminal rodoviário. “A atual área de manobras de trens convém que seja transformada em uma praça projetada por arquiteto-paisagista”. A rodoviária nunca saiu do papel, mas a praça seria construída em 1991 na gestão de Jackson Lago, e recebeu o nome de “Maria Aragão”. Com pequenas exceções as propostas de Ruy Mesquita foram introduzidas no traçado urbano da cidade entre os anos 60 e 80 e deram a cara de modernidade que São Luís possui. Graças ao seu plano de expansão, o centro histórico se manteve preservado, porque permitiu que a cidade crescesse em todas as direções. Não fosse isso teria adotado o processo de verticalização no perímetro antigo (que, aliás, foi iniciado com os edifícios João Goulart, BEM e Caiçara), e levado à demolição do seu rico patrimônio histórico. Mesquita foi um visionário, que enxergou a cidade moderna dos tempos atuais, quando ela ainda era um núcleo colonial, salpicado de povoações isoladas.
ALL NA MÍDIA
POLÍTICA E ÉTICA ALDY MELLO
A política, ao longo dos séculos, tem sido caracterizada pela busca do espaço de poder e a cobiça por cargos públicos para si, os parentes ou amigos. Primeiro foi a China em nome dos serviços públicos, depois a Revolução Francesa acomodando as pessoas no poder, espalhando-se por todo o mundo. Do entendimento que a história nos deu sobre política, estamos conscientes de que essa prática precisa ser reformulada, de modo a não só implantar a eficiência dos serviços públicos, mas moralizar costumes, rever a ganância pelo poder, exterminar a corrupção e ser útil a todos os cidadãos. Essa é a reforma política que todos nós exigimos e espera mos dos governantes. Podemos dizer que estamos diante da moral política que buscamos, onde cada agente político seja um cidadão justo e correto, independente do seu partido, da sua ideologia e das pressões que possa ter. No Brasil, certos políticos são pessoas de ambições desmedidas que só pensam e agem em buscar fortunas à custa da exploração do povo e da facilidade de acesso ao dinheiro público. Significativa parcela dessa classe política busca o favorecimento pessoal, fazendo com que a corrupção reforce o fisiologismo e incentive novos adeptos. Muitos só pensam em auferir vantagens do cargo ou função que ocupam, esquecendo de valores como a transparência e a lisura no exercício de suas atribuições. Ética é a parte da Filosofia que estuda a moral. A ética diz respeito a um conjunto de conhecimentos sobre o comportamento humano. A ética obedece a princípios e regras morais. Ambas, ética e moral, tratam da moralidade dos costumes e regras existentes, do agir e do modo de ver dos homens consigo mesmo e com os outros. Falar em ética é falar de valores que orientam as ações humanas. Para os gregos, a ética era um modo de ser, enquanto a moral se relacionava com os costumes e as normas vigentes. A história nos mostra as diversas transformações pelas quais passou a sociedade. Por esse processo percorreu, também, a moral política, onde foram fundamentais o comportamento e as atitudes dos homens. A política cada vez se torna uma arte ou uma ciência de organizar a coisa pública, de onde deverão ser banidos os corruptos e os incompetentes. Destacamos aqui três filósofos contemporâneos que muito influenciam o pensamento sobre a ética. Paul Ricoeur, filósofo e pensador francês do século XX, responsável pela visão ética do mal e do mundo, quando fala de liberdade. Sua proposta é a ética da obrigação. Peter Singer aborda o tema relacionado à ética utilitária e considera a ética como uma das ciências positivas da ação humana. Diz que a ética precisa de uma concepção mais universalista, onde devemos atribuir aos outros os mesmos interesses e as mesmas motivações que atribuímos a nós mesmos. Finalmente, Enrique Dussel, filósofo argentino, criador da “Filosofia da Libertação”, projeta uma nova ética e nova filosofia onde o homem passa a ter diferente papel na história moderna e contemporânea. Todos nós sabemos que a ética é importante para a vida humana, mas temos muitas dúvidas sobre o tema. As diversas teorias existentes não conseguem esclarecer o assunto, nem tampouco mostrar as diferenças predominantes que o tema traz em si. Fato é que a ética não pode ser um mero devaneio filosófico. Devemos aplicá-la nos atos cotidianos, desde os menores até os mais complexos. Só existe ética humana e política ética quando a minha atitude ou o meu comportamento não prejudique o outro. Talvez seja este o grande desafio do mundo contemporâneo.
TEMPOS DE MIGRAÇÃO CERES COSTA FERNANDES Publicado em O Estado, 22 de julho de 2016 Tal como as pombas de Raimundo Correa, eles partiram em revoada, no começo do semestre letivo, para cursar diferentes graduações em lugares distintos do brasil. Estão voltando para as férias de julho. Até quando esse regresso? Retornarãocomo as pombas do poeta, ruflando as asas fortalecidas, ao ninho antigo ou seguirão adiante, buscando sempre longínquos horizontes, como aves de arribação? Falo dos filhos e netos de famílias maranhenses que se decidiram por uma graduação fora do Maranhão, mercê das opções oferecidas pelo ENEM. O fenômeno também ocorre com alunos de outros estados que aqui aportam em busca da aventura do conhecimento. Anos 40 do século XX, meus tios paternos, quatro homens e uma mulher, partiram para outras paragens a buscar cursos de Engenharia, Medicina e Belas Artes, de que o Maranhão era falto. Meu pai, filho mais velho, cursou Direito e aqui ficou, após tentativas de viver fora. Foi juiz no Piauí, advogado em Salvador e professor em Goiânia, mas o velho pai o queria a seu lado. Os outros não voltaram. Casaram-se e multiplicaram-se por lá onde pousaram. A grande família dispersou-se pelo Brasil. Anos depois, faculdades e cursos foram criados, recebíamos caravanas de goianos e piauienses, sobretudo, para disputar vagas com nossos jovens, numa lide acirrada. Muitos se foram com o diploma alcançado, poucos ficaram e aqui se incorporaram, formando família. Tempo de receber. Agora, nova diáspora. Não por falta de escolhas locais, mas pelo leque de ofertas aberto no Brasil todo, fascinando os jovens. Tempo de partir. E assim, os meus partiram para Campinas, Goiânia, Ouro Preto, Brasília, São Leopoldo e ainda mais longe, Riverside- Califórnia. Egoisticamente recordo as férias ou finais de semana em que colocava colchonetes pelo chão (havia os amigos) e era grande a farra. Tempo de reunir. A velha casa de avós, lazer para crianças pequenas, com piscina, árvores para subir, lugar para correr, é, agora, ninho vazio. Histórias contadas à noite, com a luz apagada, amontoados em torno da avó, com a respiração suspensa, não fascinam mais. Os jogos eletrônicos suprem as árvores, a piscina, a correria, as histórias. Tempo de se afastar. Tem razão o Eclesiastes: há tempo para tudo. A onda migratória não acontece só aqui, no Brasil. Roda o mundo. Assisti a um programa na TV que mostra haitianos chegados em grande número em Santa Catarina. O acolhimento foi bom. É ver nas escolas, nas danças folclóricasa mistura dos meninos tão negros do Haiti, contrastando com os meninos tão louros, descendentes de alemães e lituanos. É bonito. O mundo como deve ser: colorido. Reverso da medalha: muçulmanos, não importa a cor, entram aos milhões, em fuga das guerras ou mesmo da miséria dos países de origem. Chegam pedintes, destroçados, gratos aos que lhes abrem as portas. Passados os anos, nascidos os filhos nos países que os acolheram, estudando ou bem empregados, alguns se voltam contra a cultura que os abraçou. Aliciados pelo Estado Islâmico, redescobrem raízes nunca arrancadas e voam em busca de práticas de terror. Voltam para matar e destruir. Não podemos prever se as nossas pombas aportarão em benfazejos palomares. Não temos clareza para distinguir quais das pombas feridas que acolhemossão aves de rapina metamorfoseadas. Impotentes, nos curvamos ao porvir destes tempos de migração. ceresfernandes@superig.com.br
REALIDADE DOS ATINS PAULO OLIVEIRA
Acerca de doze anos atrás, ou seja, 3 de novembro de 2001, durante o segundo mandato do então prefeito de Guimarães, doutor Artur Farias, tendo como Secretário de Educação, o prof. Osvaldo Gomes, foi organizada uma excursão estudantil direcionada à praia de Araoca. A finalidade da mesma era a de homenagear doutor Antônio Gonçalves Dias, que completava nessa data, cento e trinta e sete anos de falecimento. Na ocasião, a praia de Araoca foi escolhida para tal manifestação, por ter sido sua área geográfica onde se encontram os Atins, em que aconteceu o famoso naufrágio do navio francês Ville de Boulogne, em 3 de novembro 1864, no qual pereceu o nosso ilustre poeta maranhense. Oportunidade em que essa praia serviu de palco para manifestações culturais endereçadas ao dito poeta, expressadas por meio de canções, declamações poéticas e discursos tanto da parte de alunos, como de professores e autoridades ali presentes. Também, para simbolizar aquela circunstância, na frente do bar do senhor Valdivino, foi erigido um pequeno monumento, constituído de um agrupamento de pedras cimentadas, e sobre o mesmo, uma placa comemorativa àquele evento. Inclusive, recentemente, no dia 12 de agosto, como parte das comemorações dos cento e noventa anos de nascimento desse ilustre maranhense, foi fundando na cidade Vimarense, o Instituto Histórico e Geográfico de Guimarães, sob o patrocínio do IHGM e da prefeitura municipal local. No dia seguinte, pois, a comitiva desse instituto achou por bem excursionar até a área dos Atins, a fim de melhor conhecê-lo dentro de sua realidade histórico-geográfica. Na verdade, os Atins compreendem toda uma área marinha, na qual se incluem bancos de areia, arrecifes de pedra, praias e uma longa faixa de areia, formando uma ilha iniciada à leste, junto do Atlântico e, depois seguindo rumo à oeste, até fazer uma bifurcação para a esquerda e para a direita, a qual se estende até encontrar-se com o mangue, à noroeste. Observando se que, o atual mapa geológico dessa região jamais pode ser comparado ao do tempo do referido naufrágio, ocorrido em 1864. A partir dessa época, a constante força e mudança das marés, nesse trecho, associadas à perene ação dos demais fenômenos naturais, alteraram, sensivelmente, a formação geológica da mesma. E mais, à oeste dessa extensa faixa de terra há o igarapé Espadarte, que separa Araoca dessa ilhota, principalmente, durante a maré cheia, quando a travessia do dito trecho é feita por meio de canoa, enquanto, na maré seca, pode-se atravessá-lo com águas nas canelas. Informando, ainda, que as águas do dito igarapé se unem com a foz do igarapé do Vura, ao sul. Para conhecer mais ainda os Atins, é bom lembrar que, antes da construção da estrada de Guimarães a Araoca, o percurso era feito a pé, iniciado desde a sede da vila, passando por Cumã, Salina, Peri, Guajerutíua, Genipauba, Puca, Araoca e Atins, rompendo sempre denso areal. Sendo este o ponto final ou inicial, da caminhada feita entre os municípios de Guimarães e Cedral, de onde se realizava a travessia do canal que liga esse ponto com a praia de Outeiro, situada do outro lado, a nordeste; com o detalhe de que, o passageiro que se encontrava em Atins tocava um foguete, a fim de que o canoeiro, do outro lado do canal, ouvisse o estampido e viesse buscar o interessado.
Eis, afinal, uma pequena noção geográfica da localidade onde aconteceu o predito naufrágio, a cerca de cento e quarenta e nove anos atrás. Todavia, analisando com mais profundidade às circunstâncias desse sinistro, convém especular-se de que tenha havido alguma falha por parte do capitão do navio, uma vez que, quem parte do porto de Havre, França, com destino a São Luís do Maranhão, Brasil, deveria obedecer sempre à rota sudoeste e não navegar naquela estranha direção, mais a oeste do roteiro inicial. Ainda mais que, pelas informações do dito Capitão Etienne, o navio vinha contornando boa parte do litoral norte maranhense, como quem tivesse vindo das bandas da Guiana Francesa, tradicional porto de escala de muitos navios mercantis, na época. Interromper, pois, sua viagem, ali no extremo nordeste da baía de Cumã, significa uma barbeirada das grandes por parte do referido mestre francês. Por outro lado, existe e persiste uma tamanha confusão quanto ao verdadeiro lugar, com essa denominação de Atins, onde teve ensejo à tão propalada tragédia. Alguns desinformados ou maus pesquisadores, afirmam, equivocadamente, que o fato aconteceu na costa marítima do município de Barreirinhas, onde há um lugar praiano com esse mesmo nome. Aliás, para agigantar mais o engodo, alegam que, na costa daquele município, existe ainda um caveirame de ferro de um navio que dizem ter sido o do Ville De Bologuiner. Só que, essa famigerada tese é amplamente contestada pela própria história da navegação marítima, uma vez que, naquela data de 1864, não havia sido ainda construído nenhum navio metálico no planeta Terra. Essencialmente, quando há uma prova mais que irrefutável , no dicionário Histórico e Geográfico da Província do Maranhão, de autoria do doutor Cesar Augusto Marques, até hoje o maior pesquisador da história e geografia deste estado. Em sua afirmativa, pois, ele diz que Atins é uma área localizada no extremo nordeste da Baía de Cumã, e cujo ponto cardeal não pode ser, em hipótese nenhuma, confundido com o nordeste do estado do Maranhão. Além do mais, essa informação erratificada pelo depoimento do dito capitão francês, no inquérito que fora instaurado pela Capitania dos Portos, à época do sinistro, onde o mencionado comandante, declara que, depois de falar sobre o que aconteceu antes do episódio, por volta das quatro horas da tarde, chegaram numa choupana de pescador,onde tomaram café e comeram algo e de ondes seguiram em direção ao povoado de Genipauba, onde relatou o fato ao inspetor de quarteirão, que tomou as providências cabíveis, remetendo um emissário, à vila de Guimarães, a fim de noticiar o fato ao delegado de polícia. Como se não bastassem tão absurdas interpretações, existem também professores de História e de Letras, insinuando de que o dito naufrágio ocorreu na costa marítima de Tutóia, onde há um outro esqueleto de ferro de navio. Erro este, por sinal, igual aos do que afirmam que o poeta tenha nascido na cidade de Caxias, quando a verdade histórica informa de que seu nascimento ocorreu na antiga povoação de Jatobá, hoje município, embora pertencesse, naquele tempo, ao município caxiense. Quanto às demais provas materiais relacionadas a esse episódio, existem algumas de especial importância, como o pedaço de tábua com a inscrição de “ Ville De Bologuiner”, que se encontra no Museu Histórico e Geográfico do Maranhão, à rua do Sol, em São Luís. Consta no informativo geral que a dita peça de madeira fora encontrada lá nos Atins, na costa Vimarense, próxima a alguns arrecifes de pedra, ainda existentes naquela localidade. Além disso, ali também pode ser encontrada um grande número de pequenas pedras amareladas, com textura lisa, as quais contém um estranho brilho, principalmente à noite, e as quais dizem ter vindo a bordo do Ville De Bologuiner. Essas mesmas pedras se encontram no lugar onde, até poucos anos atrás, encontravam-se alguns velhos cavernames de madeira, que afirmam os pescadores da região delas terem pertencido à estrutura do predito navio. Em meados de junho de 1864, quando Gonçalves Dias decidiu atravessar o Atlântico, seu estado de saúde já se encontrava bastante comprometido, com uma tuberculose bem agravada, e cujo estado foi confirmado pelo próprio comandante Etienne, quando disse que, dez dias antes do naufrágio, o passageiro havia piorado bastante, enquanto dois dias antes da fatalidade, pouco acordo dava de si, querendo dizer que o poeta já se encontrava semimorto. Agonia esta que teve seu ponto final quando o navio bateu na croa, partindo-se em dois, ou mais pedaços, momento em que tudo foi invadido pelas águas, quando o poeta foi vítima de afogamento. Ou como melhor informou o capitão: - Quando o navio bateu e se partiu, ele correu até a câmara, onde encontrou o passageiro já morto. Revelações que não se sabem de sua autêntica veracidade. O que se sabe, pois, é que o piloto francês e sua marujada trataram apenas de salvar suas vidas e seus pertences, numa espécie de corporativismo pátrio, principalmente porque não sabiam da importância e nem conheciam a identidade daquele estranho passageiro. Enfim, restara para trás, abandonado por entre os escombros de um velho navio de madeira, o
corpo de um ente que, em vida chamara-se doutor Antônio Gonçalves Dias, brasileiro, maranhense e jatobaense. Desta forma, perdera ele a vida, aos quarenta e um anos de idade, quando foi obrigado a desembarcar de uma viagem marítima, de quarenta e nove dias, para ingressar em outra, de duração perpétua, mas, coroado pela glória e pelo fulgor do título de maior poeta indianista brasileiro. Eis os Atins. Paulo Oliveira (Pauliver), promotor aposentado, pintor, historiador, poeta e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão
CUSTO DO CAPITAL ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO Publicado em O ESTADO 23 de julho de 2016
“Quando acertamos, ninguém se lembra. Quando erramos, ninguém se esquece”, ditado Irlandês.
Em tempos de crise, como agora, as Bolsas de Valores do mundo todo são as que primeiro refletem as dificuldades dos agentes de produção, com abruptas alterações no valor de mercado das empresas refletidas nas cotações das ações negociadas e determinantes, em alguns casos, de graves prejuízos. Há que considerar, também, nesses tempos, a taxa de juros elevada entendida até como instrumento de política monetária, de combate à inflação. Há, portanto, um custo de oportunidade envolvido na tomada de decisão. Investir implica na necessidade de financiar e a estrutura de capital das empresas resulta das suas diretrizes de financiamento: usar recursos próprios ou de terceiros, entretanto, deve envolver o conhecimento prévio dos custos desses recursos. Quanto custa o capital? A decisão de investir decorre do exame de alternativas e da escolha daquela que melhor remunera o capital; o custo do capital é um padrão financeiro máximo para as despesas de capital. Poderíamos imaginar o custo do capital igual à taxa de juros, para facilidade de entendimento e simplificação da realidade; bastaria que o empresário fosse eficiente na aplicação dos recursos para ter garantido um retorno compensador, como se tudo dependesse de variáveis internas e estivéssemos em um mundo de certeza absoluta. Tal não ocorre, todavia, na prática. Por quê? Primeiro, porque a taxa de juros não é um padrão financeiro comum para recursos próprios e de terceiros; o empresário paga os juros do capital de terceiros independente da lucratividade do seu negócio enquanto a sua própria remuneração e a de seus acionistas fica na dependência dessa lucratividade. Depois, como variáveis externas, fatores conjunturais interferem no processo tornando complexa a tarefa de determinar o verdadeiro custo do capital, que varia de empresa para empresa e de lugar para lugar, em virtude da diversidade de padrões de eficiência e dos custos cobrados pelas diversas fontes de financiamento. Apesar das limitações, a empresa necessita ter um padrão financeiro que determine sua taxa mínima de retorno e o limite máximo das suas despesas de capital; existem várias fórmulas de calcular essas variáveis, mas, tudo depende da eficiência na gestão dos recursos e do posicionamento no mercado de capitais. Um pouco de aspectos práticos à tomada de decisão na atual conjuntura, no curto prazo: as estatísticas registraram mais um trimestre de queda do PIB brasileiro, com altas e baixas nas vendas de setores diversos da economia; por outro lado, recursos globais para investimentos mostram-se disponíveis às aplicações no mercado de ações de países emergentes, como o Brasil, como alternativa à baixa rentabilidade nos países desenvolvidos. A crise que assola o Brasil tem um forte componente político, que começa a ser equacionado; a manutenção dessa liquidez internacional, com possibilidade de refletir-se ainda mais no nosso mercado de capitais, é função da confiança que os investidores estrangeiros – também os nacionais - possam ter na recuperação da nossa economia.
O BRASIL NO SÉCULO XX ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO Fatos importantes fizeram o Brasil iniciar esse século em melhores condições: “em recuperação econômica, adotando um modelo agrário, fortemente sustentado com a exportação de café, borracha, algodão e cacau”; a Proclamação da Independência, em 1822, e da República, em 1889, refletiram essas conquistas. Entre o progresso científico e tecnológico, e duas Guerras mundiais, o Brasil viveu esse século “entre a democracia liberal e a ditadura totalitária”: experimentou um acelerado processo de urbanização e crescimento da sua população; alternância do poder entre Minas Gerais e São Paulo; greves operárias; insatisfação militar; a Revolução de 30, na esteira do “crash” de 29, nos EUA, depreciando as exportações de café; a era Vargas, “caracterizada pelo populismo, nacionalismo, trabalhismo e forte incentivo à industrialização”. A política do “Estado Novo” incentivou a organização partidária, mas sob forte controle. Seguiu-se o governo de Eurico Gaspar Dutra; a nova Constituição de 1946; e forte repressão, sob a Guerra Fria, aos militantes ideológicos. Getúlio Vargas retornou ao poder, em 1950, mas acabou suicidando-se em meio a uma crise de fortes repercussões, em 1954. Em que pese às atribulações da primeira metade desse século, o Brasil conseguiu dar partida à sua industrialização, com o apoio americano condicionado à entrada do nosso país na 2ª Grande Guerra. A Usina de Volta Redonda, efetivamente negociada, em l941, apenas começou a operar em 1946, já no governo Dutra. A partir de 1955, experimentamos períodos de prosperidade e depressão, de avanços e retrocessos institucionais: início do governo desenvolvimentista de Juscelino Kubistchek; a revolução de 1964 e seus Atos de exceção; a transição democrática feita pelo governo José Sarney; a Constituição de l988; o Plano Real; a primeira presidência de Fernando Henrique Cardoso. Nos Estados Unidos, o general Ulysses Grant, ainda no século XIX, havia “dado partida” à sua reconstrução e desenvolvimento econômico inclusive em termos políticos e sociais; os americanos do norte viveram uma política de intervenções e de lutas incorporando territórios; um desenvolvimento desigual culminou com a Guerra da Secessão, sob o governo de Abraham Lincoln. Theodore Roosevelt, Woodrow Wilson, sob o qual se deu a Primeira Guerra Mundial, entre 1914 e 1918, (considerado o grande acontecimento do século) e Herberth Hoover (que viu eclodir o “crash” de 1929), abriram caminho para Franklin Delano Roosevelt, o qual, eleito presidente em 1932, foi responsável pelo “New Deal” e comandou os EUA na segunda Guerra Mundial (1939-1945), finalizada por Harry Truman. Na primeira metade do século XX, também ocorreram mudanças na Europa. As potências européias iniciaram uma forte competição por novos territórios, poderio militar e econômico, “com a Inglaterra (já industrializada desde o final do século XIX) “perdendo espaço para novas potências”; França e Itália reivindicavam perdas e retomadas territoriais, assim como a Sérvia, Rússia e Grã-Bretanha. A segunda metade do século XX é mais conhecida por todos, desde que os vencedores surgiram como potências mundiais.
SEMPRE AOS DOMINGOS ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO Economista. Membro da Academia Caxiense de Letras e da Academia Ludovicense de Letras. Publicado em O ESTADO 30 de julho de 2016
Segunda metade da década de 40. Todo domingo era sempre a mesma coisa: ainda pela manhã a ansiedade tomava conta daqueles jovens amantes das vesperais dos cinemas da cidade, Rex e Pax. A luz chegaria a tempo de proporcionar o imenso prazer, que se renovava a cada final de semana, de ver, por exemplo, um filme com o William Boyd e mais uma sequência da série estrelada pelo Wild Bill Elliot? Naquela época dispunha-se de luz das seis horas da tarde até a meia-noite; um apito avisava o início e o fim da claridade. A velha usina e suas caldeiras a vapor não aguentavam o dia todo; seus operários procuravam fazer um esforço adicional nas tardes de domingo, para alegria dos adeptos da sétima arte. Depois do almoço, lá pelas duas horas da tarde, íamos nós em direção à Usina, a fim de incentivarmos os operários já empenhados, desde o meio-dia, na alimentação das caldeiras, que precisavam de certo nível de pressão à custa de muita lenha e carvão. Essa operação levava tempo e podia fracassar, pois nem sempre os motores funcionavam na primeira tentativa de liberação dessa pressão a vapor. E aí, se tal acontecesse, tudo tinha de começar de novo e a vesperal daquele dia certamente ficaria para o próximo domingo, e ninguém suportava mais esperar para ver o resultado da célebre frase “voltem na próxima semana”, exibida na semana anterior. Para que os motores funcionassem da primeira vez, contudo, valia a torcida: aqueles garotos vidrados em cinema ficavam postados literalmente na “boca” da caldeira, quase que encarnados nos homens suarentos pelo esforço de cada vez mais lenha e carvão. E tome pressão, e todos de olho no seu medidor; quando começava a chiar, acusando nível suficiente, era hora de transferir essa pressão para as engrenagens, que havia de gerar a tão esperada luz. Na medida em que o vapor da caldeira ia sendo liberado as correias começavam a deslizar e ir e vir pelas grandes rodas do motor, que dava seus primeiros sinais de vida e aos poucos ia acelerando seus movimentos, cada vez mais rápidos até que atingisse o nível adequado à geração da tão esperada luz. Às vezes todo esse esforço era em vão e o motor não conseguia “pegar”, e o processo deveria ser repetido; mas. quando tudo dava certo, as palmas e os gritos ensurdecedores daquela torcida ensandecida saudavam as lâmpadas que se acendiam numa luminosidade cada vez mais forte. A seguir, em desabalada carreira, depois daquela enorme conjugação positiva de pensamentos e ações, tomávamos o rumo do cinema anunciando a boa nova pelo caminho: chegou a luz! Depois, já acomodados nas poltronas de madeira e, de preferência próximos a um dos ventiladores, suados e exaustos, dali em diante estaríamos atentos à telinha mágica, para aplaudir a vesperal daquele domingo. E assim que o prefixo musical começava a tocar, um famoso “dobrado” dos tempos da Guerra, e as luzes iam diminuindo de intensidade até se apagarem por completo, todos gritavam como se fossem participar do maior espetáculo da terra. E, de fato, naquelas circunstâncias, seria mesmo o maior espetáculo da terra. Alegres tardes de domingo, quantas alegrias!
A ÉTICA COMO PRÁTICA HUMANA ALDY MELLO Publicada em O ESTADO de 30 de julho de 2016 Mesmo que busquemos as origens da ética nos gregos, ela continua a ser um tema de permanente atualidade. Thomas More, em 1535, já pensava numa nova ordem social, onde se pudessem evitar as injustiças sociais. A essa nova ordem ele chamou de utopia, um estado que evitasse a injustiça. Por essa razão é que cultivamos as nossas utopias: um lugar de justiça, um lugar de igualdade, um lugar onde se possa alcançar o ideal. Como queria Aristóteles, um lugar onde o homem encontrasse o bem humano maior, a justiça. Vivemos, hoje, uma realidade onde os homens são cada vez mais fascinados pelas mudanças. Fala-se numa patropia, no lugar da utopia de Thomas More, ou melhor, dizendo, anti-utopia, onde todos procuram uma vida totalmente nova. Buscamos o admirável, o fascinante mundo onde tudo possam ser mais prático e prazeroso. Por isso adoramos os avanços tecnológicos e científicos que estamos vivendo. É o colapso do bom senso? Ética é a parte da Filosofia que estuda a moral. A ética diz respeito a um conjunto de conhecimentos sobre o comportamento humano e obedece a princípios e regras morais. Ambas, ética e moral, tratam da moralidade dos costumes e regras existentes, do agir e do modo de ver dos homens consigo mesmo e com os outros homens. Falar em ética é falar de valores que orientam as ações humanas. Para os gregos, a ética era um modo de ser, enquanto a moral se relacionava com os costumes e as normas. A história do pensamento ético evoluiu até os dias atuais. Ética para Sócrates baseava-se no princípio de que as pessoas deveriam agir conforme o entendimento do que era certo e do que era errado. Para Platão, o raciocínio ético estava amparado na teoria do conhecimento (epistemologia). Para decidir sobre o que era certo e o que era errado, era preciso ter conhecimento do que é bom e do que é mau. A ética para Aristóteles fundamentava-se na busca da felicidade. A Igreja Católica teve, também, seu pensamento ético principalmente com Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino. O pensamento ético teve sua evolução ocidental com vários filósofos. Descartes implantou seu método cartesiano. Os empiristas britânicos acresceram a experiência ao conhecimento. Para Blaise Pascal, filósofo francês, ética resulta do que pensa a cabeça e sente o coração. No século XIX, Kant abordou a ética como idealismo transcendental, onde a moralidade resume-se em princípio fundamental que ele mesmo chamou de império categórico. Para Immanuel Kant, que viveu no período de 1724 a 1808, a liberdade é o ponto central da ética. Kant leva em conta o desenvolvimento e a formação pessoal, bem assim a opção de escolha, tudo isso permitindo ao indivíduo exercitar sua liberdade. É a importância da razão. Jamais devemos permitir que a ética seja um mero devaneio filosófico. Devemos, sim, investir esforços para aplicar a ética na prática da vida. Os homens precisam dos fatos morais para sobreviver, sem o que deixa de existir a moralidade. Só existe ética humana quando a minha atitude ou meu comportamento mão prejudique ninguém, mesmo que essa atitude ou esse comportamento seja legal ou esteja de acordo com as normas. É preciso que a atitude e o comportamento sejam humanos e justos. Essa é a ética kantiana, a do homem livre.
ACADEMIA DE LETRAS FUNDADA EM 1865? Por Leopoldo Vaz • terça-feira, 02 de agosto de 2016 às 16:45 http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2016/08/02/academia-de-letras-fundada-em-1865/ Os jornais de hoje anunciam evento na Academia de Letras do Maranhão – AML – comemorativa aos 108 anos de fundação, no dia 10 de agosto próximo… Dia do nascimento de Gonçalves Dias; a Academia Ludovicense de Letras também foi fundada nessa data, três anos passados… Será? O Visconde de Vieira da Silva, ainda morador de São Luis, funda o Partido Constitucional em 1863 e, nesse mesmo ano, junto com João da Matta de Moraes Rego, César Augusto Marques, João Vito Vieira da Silva e Torquato Rego, fundou o primeiro Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e, […] em 1865, dessa vez ao lado de Sotero dos Reis, Francisco Vilhena, Heráclito Graça, Antonio Henriques Leal, Antonio Rego, reunidos no colégio de Humanidades, dirigido por Pedro Nunes Leal, discutiam a formação de agremiações literárias e o futuro da vida cultural da província (…). (BORRALHO, 2010, p. 49; grifamos) [1]. Borralho informa que sua fonte foi Antonio Henriques Leal, na introdução do livro de Vieira da Silva sobre a Independência do Maranhão[2]. Informa, ainda, que em “Fidalgos e Barões” [3], de Milson Coutinho, também aparece a afirmação: “Vieira da Silva, ao regressar da Europa, encontro na terra natal a efervescência política e jornalística costumeira (…) parece ter dado conta de que a poesia não era seu forte, de modo que mergulhou no jornalismo (…). Em 1863 abriu cisão com seus antigos companheiros de credo político e fundou o Partido Constitucional, que tinha no jornal A Situação o órgão que defendia o programa desse novo grêmio político, integrado por Vieira da Silva, Silva Maia, José Barreto, Colares Moreira e outros mais. Foi por esse tempo que fundou o Instituto Histórico e Geográfico, instituição provincial que pretendia arregimentar a chamada classe literária, a exemplo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, cenáculo-maior das letras imperiais. Revela Dino (1974, p. 55) que o Instituto abrigou, inicialmente, nomes que futuramente ganhariam peso literário, dentre os quais João da Mata Moraes Rego, Cesar Marques, João Vito Vieira da Silva e Torquato Rego. “Sem maior futuro, o primeiro IHGM naufragou. Em seu lugar nasceu a Academia de Letras do Maranhão, iniciativa de Vieira da Silva, que funcionava numa das salas do Instituto de Humanidades, de Pedro Nunes Leal. Também não foi à frente. (…)” (p. 429430). (grifamos). Encontramos, mais uma vez em Milson Coutinho (1986; 2007) [4] mais informações sobre essa fundação, desta vez dando a data em que ocorreu: Com amigos literatos da época, Vieira da Silva fundou, em 28.7.1864, o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, do qual fizeram parte, como sócios, entre outros luminares de nossas letras, João da Mata de Moraes Rego, Dr. César Marques, Dr. João Vito Vieira da Silva e Dr. Torquato Rego. Pertenceu, igualmente, à primeira Academia de Letras do Maranhão, fundada em 1865, em uma das salas do Instituto de Humanidades, colégio dirigido pelo Dr. Pedro Nunes Leal. Daquele silogeu foram sócios homens da estirpe cultural de Sotero dos Reis, Francisco Vilhena, Herácito Graça, Henriques Leal, Antonio Rego e outros. (COUTINHO, 1986: 52; 2007: 277).
[1] BORRALHO, José Henrique de Paula. UMA ATHENAS EQUINOCIAL – a literatura e a fundação de um Maranhão no Império Brasileiro. São Luis: Edfunc, 2010. [2] VIERA DA SILVA, Luis Antonio. HISTÓRIA DA INDEPENDENCIA DA PROVÍNCIA DO MARANHÃO – 1822/1828. 2 Ed. Rio de Janeiro: Cia Editora Americana, 1972. Coleção São Luis – 4. Edição comemorativa ao Sesquicentenário da Independência do Brasil patrocinada pela SUDEMA. [3] COUTINHO, Milson. FIDALGOS E BARÕES – uma história da nobiliarquia luso-maranhense. São Luis: GEIA, 2005 [4] COUTINHO, Milson. O MARANHÃO NO SENADO (notas bibliográficas). São Luis: SEFAZ/SECMAS/SIOGE, 1986 COUTINHO, Milson. MEMÓRIA DA ADVOCACIA NO MARANHÃO. São Luis: Clara, 2007. Edição comemorativa dos 75 anos da OAB-MA, contendo elementos biográficos de notáveis advogados entre os anos 1650 a 1950 Categoria A VISTA DO MEU PONTO • Literatura & Esporte
O TREM DA ESPERANÇA
ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO Economista. Membro da Academia Caxiense de Letras e da Academia Ludovicense de Letras. Publicado em O ESTADO, 06 de agosto de 2016
“Nossos problemas podem até ser novos, mas as soluções não são. O que precisamos é da mesma perseverança e idealismo que demonstraram nossos fundadores”. Barack Husseim Obama, Presidente eleito dos Estados Unidos da América.
Lá está um imponente trem de ferro parado na estação da Filadélfia. Não é um trem igual aos outros, pois tem apenas um vagão antigo, bem conservado, puxado por locomotiva moderna. Está todo engalanado com a bandeira nacional. Não trouxe gente para ficar nem vai levar gente para nunca mais. Chegou quase vazio à cidade que foi berço dos princípios inspiradores da moderna democracia americana e vai partir levando o Presidente eleito dos Estados Unidos da América, Barack Obama, o seu 44º mandatário, e o Vice, Joe Biden, seus familiares e mais 43 cidadãos convidados, para percorrer um histórico trecho de 200 quilômetros até Washington, mesmo trajeto feito anteriormente pelo 16º Presidente norte-americano, Abraham Lincoln, em 1861. Sonhos e conquistas estão embasando esse espetáculo desde Martin Luther King. Obama deseja que os EUA façam uma “nova declaração de independência”, porque a “Revolução Americana foi e continua sendo uma luta contínua”. Será o primeiro presidente negro na história do país eleito ainda sob a resistência dos estados do Sul, como nos tempos de Lincoln, em 1860. Lincoln enfrentou a Guerra da Secessão, por conta da sua luta contra o escravismo, e Obama encontrará “uma economia que balança e duas guerras para vencer”. Obama nasceu em Honolulu, uma ilha do Pacífico, em 4 de agosto de 1961, filho de pai negro e mãe branca, um afro-americano que se graduou em Ciências Políticas pela Universidade Columbia, em Nova York, e em Direito pela Universidade de Harvard, em 1991, e foi professor de direito constitucional na Universidade de Chicago, entre 1992 e 2004. Tem bagagem cultural, portanto. Obama atuou como líder comunitário e advogado na defesa dos direitos civis, sendo eleito ao Senado de Illinois, em 1996, e reeleito em 2000. Como membro do Partido Democrata, mesmo na minoria, pugnou pela criação de leis de interesse social. Viajou pelo leste europeu, o oriente médio e África, visitando o Kênia dos seus antepassados. O trem da esperança vai partir levando um presidente que vai ficar na história, para governar a maior economia do mundo, em crise dos mercados financeiros e em guerras quase ‘santas’, num desafio à sua competência, ao entendimento entre as nações, à intuição e boa vontade dos dirigentes dos países envolvidos e, por que não dizer, à sua própria sorte.
Obama e Lincoln têm algumas coincidências em comum: “Ambos pegaram uma nação em crise profunda e marcaram época com sua eleição. Ambos libertaram os negros americanos. Uma dessas coincidências, entretanto, chama atenção por superar a mera coincidência, pois “quase um século e meio decorridos desde que Lincoln tornou-se o primeiro republicano eleito presidente, em 1860, e Obama, o primeiro negro, em 2008, tanto um quanto o outro foram rejeitados pelo Sul dos Estados Unidos”. Mas foi um sucesso e eu estava certo quando escrevi esta crônica.
Deus salve a América!
A PERDA RAIMUNDO VIANA Vice-Presidente da Academia Brejense de Letras Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras – ALL rcv@elo.com.br A perda, de regra, implica numa desagregação. Não raro, vira dor, e estabelece uma coexistência conflituosa com a vida. Fica entre o que tínhamos e o que deixamos de ter. Imaterial, não a tocamos. Sentímo-la, apenas. Perdas há de todos os tamanhos; a maioria passageiras e periféricas; de fácil superação. São as marolinhas da vida. Fazem parte do mundo dos negócios. Hoje, nos preocupam; amanhã, podem até virar ganhos. E assim vivemos o nosso dia-a-dia entre perdas e ganhos. Outras há de maior dimensão; impõem-nos dificuldades, sofrimentos; atingem-nos , não raro, a autoestima; diminuem, quiçá inviabilizam-nos a capacidade laborativa. Entretanto, com a ajuda da medicina, e de consciência iluminada pela FÉ é que conseguimos manter o equilíbrio diante das dificuldades que se nos impõem; e com elas conviver vida afora! Uma única perda não tem parâmetro; nem fronteiras; ultrapassa todos os limites. Independe de soluções humanas; fere-nos por dentro; atinge-nos a alma; a medicina não a alcança: a PERDA de um filho. Somente quem comela conviveserá capaz de dimensioná-la em toda sua extensão. Tem começo, mas não tem fim. Vem para ficar definitivamente com o nome de Saudade!...O fim só no FIM- o Encontro com nosso filho na Ressurreição-no-lo-diz a FÉ. Não há obrigação mais traumática que a de ter de sepultar o próprio filho. Vivi esse momento! Cumpri essa missão! De logo, a separação, por consequência, nos deixaenvolto numa sensação de orfandade às avessa, e adversa; sem fim e sem volta! Abre-se nos na vida um espaçovazio, só ocupado, definitivamente, pela extrema dor: a da saudade. É que o filho não morre, fica conosco morrendo!... Lá fora, indiferente a tudo e a todos, a vida anda. Não pára. O tempo não espera por ninguém; caminha em sentido horizontal; a dor da Perda – a Saudade- no vertical; ereflui para o nosso interior, Incorporando-se ao nosso modo de ser e de viver!... Nesse contexto, recolhe-se paulatinamente, o ombro solidário da família e dos amigos. E avida segue com todos os seus encargos, doída por dentro, e insossa por fora! Na verdade, passamos a viver em estado depré-pranto, o choro reprimido , o luto sem rosto ! Vira e mexe, apanham-nos, fragilizados, os questionamentos; os porquês daquela irreparável perda; o que nos deixa meio tontos; afogados em dúvidas; e,, nos aponta caminhos a seguir, não raro, incompatíveis com nossa história de vida, e de confissão religiosa. A FÉ, alimentada lá atrás na convivência familiar; e pela orientação escolar, nos aponta o rumo certo nessa caminhada extremamente difícil; não impossível!...… São insondáveis os desígnios de Deus. Não há que pretendermos compreendê-los; e sim aceitá-los, como explícita vontade do CRIADOR – no-lo diz a FÉ............O que não excluí nossa condição humana de convivermos com uma saudade sem trégua, e sem fim, de um filho de carne e osso , para sempre ausente de nossa casa, e presente em nossa vida.
Não somos poucosos que convivemos com essa mesma experiência de dor. Com todos eles de mim conhecidose desconhecidos partilho, no dia dos PAIS , esta minha reflexão. Conscientizemo-nos de que nossos filhos não vieram de nós, mas por nós; de que não nos pertenciam, e sim ao CRIADOR, único detentor do dom da vida, e SENHOR do destino de cada um. Com esse entendimento, se iluminados por um espírito de FÉ robusta, viva e vivenciada, poderemos colocar a morte no horizonte da ESPERANÇA; transformar nosso sofrimento em caminho de vida!......E tirar da PERDA nosso própriocrescimento!...Difícilempreitada!...Não impossível!...
DIALÉTICA DOS SENTIMENTOS ALDY MELLO Certos comportamentos do homem são comandados por sistemas que acomodam os chamados componentes cerebrais, importantes para a manutenção da vida. É neles que nascem os sentimentos e são processadas nossas emoções. Os seres humanos nascem com o senso nato de valores pessoais, positivos ou negativos. Da mesma forma que acatamos valores como o amor e a justiça, rejeitamos o ódio e a injustiça. Os sentimentos ajudam a conduzir os atos humanos, a definir os comportamentos e as ações. A liberdade é uma condição antológica do ser humano, segundo definição de Sartre. Para ele, liberdade é o direito de agir; é a prática do livre arbítrio. A amizade, por sua vez, é uma ode ao entendimento. É uma prova de lealdade e generosidade. Uma amizade que termina, e terminou porque não era verdadeira, leva ao ódio ou ao desprezo. A inveja é um sentimento que quase sempre ocorre na vida profissional e social, dominado pelo egocentrismo. Inveja é a vontade exagerada de possuir o que pertence aos outros. A vingança pode ser uma forma usual de resgatar uma imagem aviltada ou difamada. É um sentimento individualista que ajuda a aumentar a raiva e o ódio. Entre vingança e raiva há uma grande aproximação. Ninguém tem raiva senão de alguém que lhe causou dano ou indignação. O orgulho representa alguns defeitos de caráter, porque o orgulhoso tem uma preocupação exagerada com o “eu”. A pessoa orgulhosa afoga-se em seus ressentimentos e dificilmente aceita críticas. Dizem que quem busca o perdão teme pelo medo da própria consciência, pois todo sentimento de perdão traz em si próprio o simbolismo da culpa. Em tempo de Olimpíada, um sentimento que é lembrado todo dia é a coragem. Ter coragem é ter moral forte diante do perigo e dos riscos. É ser bravo, ter resistência ao medo e dominá-lo. Alguns têm talentos, mas não têm coragem; outros têm coragem, mas não têm talentos. Para ter talento e expressá-lo quando necessário, é preciso ter coragem. Covardia é medo consentido e coragem é medo dominado. A coragem traz em si o senso moral que tem diante dos riscos e dos perigos. Ela é dotada de confiança e proporciona uma força espiritual que permite ultrapassar as dificuldades diante de uma difícil circunstância. Outra qualidade da coragem é a persistência ou perseverança que se tem para enfrentar o risco e dominar o medo. Daí por que ninguém é corajoso o suficiente sem ter uma nobreza de caráter, sem ter hombridade para agir. A coragem também traz outros benefícios, ideia que conta com a aceitação de vários autores. Como uma energia a que recorremos quando uma determinada situação exige, a coragem nos abre portas e nos permite atitudes que precisamos praticar com os outros. Esse é, talvez, o seu maior benefício. Em nossas decisões, precisamos ter coragem para praticar atitudes antes inadmissíveis por nós mesmos, por parecerem impossíveis. A nossa vida é comandada pelos sentimentos. Eles vão e vêm em nossos pensamentos, passam pelas nossas emoções e podem comandar as nossas ações. Cabe-nos, então, administrá-los. Sentimento é um estado de ânimo e refere-se também a uma emoção. Chico Xavier diz que “Se é certo que o sentimento sem fiscalização do raciocínio pode conduzir ao absurdo, o raciocínio sem o sentimento pode conduzir ao mais lamentável”. O sentimento é uma disposição mental e uma decisão que se toma. O sentimento é sempre natural, seja qual for a sua origem e a natureza do ser. Os poetas, os escritores e os artistas em geral têm sentimentos e agem com emoções, por isso criam. É muito importante, na vida, entendermos a nós mesmos; acolher nossos sentimentos e considerá-los como parte integrante do ser que somos. Não podemos crescer nem florescer sem perceber o que somos, sem aceitar o ser que está dentro de nós e descobrir a nossa intimidade. Os sentimentos fazem o jogo e nós fazemos a vida.
DE URNAS, BEBÊS e JUÍZES CERES COSTA FERNANDES Costumava-se dizer que de uma urna, barriga de mulher e cabeça de juiz ninguém saberia afirmar o que, de repente, poderia vir à luz. Dito da sabedoria popular acumulada através dos tempos. Da barriga da mulher, agora desvendada pela tecnologia científica e avanços da genética, sabe-se, além do sexo da criança, se o feto tem má formação ou se será portador de alguma deficiência física ou mental. Já preveem, com a ajuda do DNA, detectar a predisposição genética para desenvolver determinadas doenças ou até a tendência ao alcoolismo ou à dependência de drogas. Excelência científica que poderá levar a práticasnazistas de eliminação de um ser defeituoso ou de um futuro pinguço, ainda no embrião. Versão antecipadada Rocha Tarpeia. Há o lado ameno da questão, em breve, os pais poderão não só saber, mas escolher o sexo do pimpolho, assim como a cor de seus olhos. Nada mais previsível e comezinho do que um ventre grávido de mulher. Já demos adeus aos enxovais mistos, disfarçando na ambiguidade do amarelo terno e do verdeágua, a dúvida e o desejo do azul e do rosa; decretamos o fim das alegres torcidas familiares por menino ou menina e a emoção da descoberta, ao primeiro choro, do sexo do recém-nascido. “É um machinho, eu não disse?” ou “Eu sabia que era mulher!” O outro ventre, o das urnas, esse mesmo é que não guarda mais nenhum mistério. Os candidatos são eleitos ou derrotados já na campanha, antes da eleição. 80% ou mais da emoção (preciso fazer uma pesquisa a respeito)se esvaem com o resultado das intenções sendo divulgados maciçamente, incutidos de hora em hora na cabeça do eleitor. Vai daí que a apuração não traz surpresas. Nada mais tedioso do que aqueles números aparecendo na telinha e confirmando os percentuais das pesquisas prévias. Alguns desses candidatos, os derrotados nas urnas antes mesmo de passar por elas, são “fabricados” por um processo curioso, que pode começar com um boato, ou com algo que o desacredite, e passar por um efeito cascata. Às vezes, é alguma gracinha infeliz dita na telinha ou nas redes sociais, que a turma de mariavai-com-as-outras de pronto acolheu, e lá se vaio imprudente ladeira a baixo nas pesquisas. Como ninguém gosta de apostar em perdedor, o dito cujo passa de favorito a azarão em tempo recorde. Mesmo ocorrendo o mencionado perigo de indução – dos males o menor- , não vejo porque não trocarmos a presente eleição pela simples pesquisa de intenções, solução porreta para economizar tempo e dinheiro – principalmente dinheiro. Rápida, limpa e mais barata. Rápida, porque saberíamos o resultado antes de realizar-se a eleição; limpa, porque muitas toneladas de lixo eleitoral seriam diminuídas; mais barata, porque o dinheiro gasto seria apenas o da propaganda e o dos marqueteiros. Economizaríamos um montão com as despesas “sujas” de bocas-de-urna, transporte ilegal de eleitores, compras de votos, subornos, e também com as legais, dispensando mesários, fiscais e advogados e, principalmente, suprimindo o pessoal e a parafernália eletrônica exigidos para a votação e a contagem e registro dos votos. Aí está a minha sugestão para a insossa eleição que se aproxima. Mas, ao contrário, o que sai da cabeça da cabeça do juiz continua a surpreender. Quem duvidar disso veja o desmembramento da votação do impeachment, para permitir a votação da habilitação da expresidente, saída da cabeça do juiz maior e corroborada pela maioria simples do Senado. Eita jeitinho brasileiro! ceresfernandes@superig.com.br
PREFEITURA DE SÃO LUÍS: AVENTURA OU DESAFIO? ALDY MELLO Ex-Reitor da UFMA e do CEUMA. Membro efetivo do IHGM e da ALL No aniversário de São Luís foram exaltadas suas ruas, fontes e mirantes. Suas ladeiras e sobrados lembram as glórias do passado. Destacam-se nomes como Daniel De La Touche, Jerônimo de Albuquerque, Antônio Muniz Barreiros e Bento Maciel Parente. Outros heróis como Domingos Vieira Filho, Ruben Almeida, Bandeira Tribuzzi, Josué Montello e Jomar Morais também fazem parte dessa história. Ao completar 404 anos de existência, não esquecemos dos 400 anos comemorados em 2012, quando seus mandatários prepararam uma extraordinária festa para celebrar o quarto centenário. Houve comissão de festejos com orçamento próprio, selos comemorativos, slogan e marca representativa do aniversário e até relógio público que assinalava a contagem regressiva para o acontecimento. Movia-se uma esperança de que a cidade de 400 anos pudesse ter um decente sistema de transporte coletivo (cogitou-se até metrô), reforma de suas ruas e avenidas, recuperação de suas praças, enfim, uma substantiva melhoria na qualidade de vida da população. Foi uma verdadeira louvação a São Luis, mas a festa acabou e os problemas da cidade continuaram. A Rua Portugal, também chamada de Rua do Trapiche, onde outrora se concentrava o comércio varejista da cidade, virou rua das repartições e órgãos públicos. A Rua do Egito ou Tarquínio Lopes, de elegantes residências no passado, é hoje apenas um espaço de acesso à Ponte José Sarney e à região das praias. A Rua Rio Branco ou Rua do Passeio, que vai do Largo dos Amores ao Cemitério do Gavião, citada por Aluísio de Azevedo em O Mulato, é uma desorganizada via de mercadores. A Rua 28 de Julho ou Rua do Giz, que outrora fora uma rua de atrações aos portuários, também chamada de rua da malandragem, está em ruínas. A Rua do Sol ou Nina Rodrigues, que nos leva da Praça Deodoro ao centro da cidade, é uma das mais congestionadas de São Luis. A Rua Grande ou Rua Osvaldo Cruz, a principal rua de comércio da cidade, está dominada pelo comércio informal. O Largo do Carmo ou Praça João Lisboa está em decadência. É o local onde mais os turistas são assaltados. O Largo dos Amores ou Praça Gonçalves Dias, de onde se vê o mais belo pôr de sol da cidade, está ocupada por pessoas em situação de rua e jovens corredores que quebram os bancos da praça. O Largo do Vale ou Praça Benedito Leite, uma das mais belas praças de São Luís, e o Largo de Santo Antônio ou Praça Antônio Lobo, são locais desertos, principalmente à noite, sem qualquer segurança. O Largo do Palácio ou Praça Pedro II, onde ficam o Tribunal de Justiça do Estado, o Palácio dos Leões, a Prefeitura de São Luís e a Igreja da Sé, não tem qualquer segurança para o transeunte. São Luis é elogiada por todos que a visitam, pela sua beleza e seu acervo arquitetônico. Seus desafios, contudo, parecem não tocar os candidatos, os futuros governantes. Falta-nos infraestrutura, serviços de saúde, educação, segurança, limpeza pública, mobilidade urbana e acessibilidade. Seria muito bom que os candidatos a Prefeitura falassem bem de São Luis, destacando seu patrimônio cultural, sua história, seus movimentos políticos e religiosos, suas conquistas através do tempo e, o mais importante, a forma simples de viver dos ludovicenses com sua vocação lúdica, como diz Josué Montello. Que no próximo dia 8 de setembro, após novas eleições municipais, possamos ter uma cidade melhor, mais humana, e se possa comemorar um aniversário diferente.
AS ENCRUZILHADAS DO CAMINHO SANATIEL PEREIRA Membro da ALL, ACLAC e da SOBRAMES, escritor, engenheiro, pesquisador e professor da UFMA. Nos idos da década de oitenta, acompanhado de um dos meus mestres na vida acadêmica, confortavelmente instalado em um bom restaurante em Florianópolis, veio a pergunta inoportuna: “como você cria os vossos filhos?”. Sem lhe dar tempo para pensar, respondi lacônico: “com a verdade!”. Observando-me atentamente, redarguiu: “estás a criá-los para serem futuros bestinhas!”. Aquilo foi uma provocação, não tenho dúvidas hoje. Calmamente, afirmei-lhe que a diferença entre meus filhos e os outros criados para a esperteza estava no fato de que saberiam, de forma transparente, distinguir a mentira da verdade, enquanto os filhos da esperteza estariam perdidos no mundo da ilusão e da mentira, fazendo de conta que enxergariam, nos seus próprios mundos de cegos. Uma vez ouvi uma pessoa dizer ao meu lado que o dinheiro não traz felicidade, mas ajuda! Será verdade? Felicidade, essa maravilhosa utopia,parece não ter nada a ver com dinheiro, mas com o estado de espírito, com a paz, que dinheiro nenhum compra; com a saúde, a alegria e a solidariedade. Este é um dos momentos em que muitos se encontram na encruzilhada e, não tendo ninguém lúcido para lhes apontar o caminho certo a seguir, passam a vida toda acumulando dinheiro na ilusão de que a felicidade vai estar à venda, algum dia, no shoppingda cidade. Se assim fosse, o homem comum, de pouco poder aquisitivo, detentor de recursos somente para obter as suas necessidades básicas, jamais seria feliz. Um pupilo meu de academia, sem recursos, respondeu-me de forma iluminada as seguintes questões: a coisa mais importante? O trabalho! A segunda coisa mais importante? A família! A terceira coisa mais importante? Eu mesmo! Entre maravilhado e espantado pela mensagem prestada a mim por aquela mente angelical, quedei-me em silêncio profundo de respeito. O trabalho gera,inquestionavelmente, o recurso necessário para sustentar a família. Mesmo que sejamos o provedor, gerador dos recursos, ainda estamos em terceiro lugar?!Bela mensagem para aqueles que se encontram em uma das encruzilhadas do caminho, na vida. O Mestre dos mestres, quando no meio de seus discípulosfalava“Eu vos deixo a Paz, eu vos dou a minha Paz!”,dizia que não tinha onde recostar a cabeça, muito menos posses e poderes para outorgar aos seus discípulos. Não tinha pedaços da Terra, embora, presumivelmente, fosse o dono de tudo, mas não estimulou ninguém a se fazer proprietário de coisa alguma. Por onde andou só falou do amor, de conquistas individuais, e nunca de conquistas materiais, terrenas e transitórias. Ele foi, sem dúvidas, um grande mestre de encruzilhadas. Ainda hoje ele aponta caminhos para quem quiser seguir, e encontrar a paz. Outro dia, com o coração apertado, fui assistir à devolução do corpo de um amigo tardio à terra, para novamente voltar ao pó. Foi um servidor nato, incansável, trabalhou até na hora da sua passagem deste mundo de ilusões para outro que é cheio de mistérios. Mas o que mais me chamou a atenção foi que este homem notável nos deixou sem grandes pompas, e sem a presença daqueles a quem muito ajudou. Em um ponto do nosso caminho, temos a impressão de que existe uma encruzilhada onde temos de escolher entre viver na verdade ou acompanhar as multidões em seus devaneios, e, como consequência, perdermo-nos irremediavelmente para o resto das nossas vidas. Valha-nos São Miguel!
DODÔ E AS ELEIÇÕES CERES COSTA FERNANDES O ESTADO 24/09/2016 Já estou com saudades destes dias felizes da propaganda eleitoral em que vislumbro uma cidade de sonhos que, de tão perfeita, deu vontade de me mudar para lá. Sim porque a cidade prometida, como a bíblica Canaã, que “jorrava leite e mel”, certamente não é onde moro. Mas não é bom desconfiar de véspera, o candidato eleito – às horas que escrevo, ainda não sei qual é – cumprirá todas as promessas feitas aos ilhéus. Eleições trazem à baila a amiga Dodô (Doralina Gonçalves, quando aqui morava). Muitos querem saber notícias da trêfega maranhense casada com o boa-praça Olaf, um milionário sueco. Dodô acredita fielmente no matrimônio, tanto que casou oito vezes. Encontrei a minha amiga em ligeira viagem que fiz ao interior de São Paulo. Foi em Campinas, na eleição passada, ela fazia compras, acompanhada de um sujeito barbudo, chinelão de dedo, camiseta, tipo intelectual alternativo anos 60, um tanto diferente das amizades de Dodô. Dadas as beijocas de costume, ela me solta a grande novidade: era candidata a prefeita em uma cidadezinha do interior de Minas. Ué, desde quando te interessas por política? Ah, foi o Miguel que descobriu o meu carisma político e me fez ver as minhas qualidades de liderança. E me apresenta o cujo: Miguel, meu amigo e intelectual. Dodô andando com intelectuais? Então mudou. Ela não é propriamente a “loura burra”, embora esteja louríssima e seu interesse por leitura não vá além de revistas sobre a alta sociedade. Prazer, digo, o senhor é professor, qual a sua área, tem obras publicadas? Ah não, amiga, Miguel é jornalista, faz resenhas de livros para jornal. Penso comigo, leitor de orelhas de livros, um pouco acima do cara que faz a seção de horóscopos, ou não. Corroborando sua cultura de almanaque, Miguel joga em cima de mim um monte de autores, traduções e editoras e eu me mostro devidamente impressionada – não posso decepcionar a minha amiga. Aliás, nem adianta levantar suspeitas sobre o seu novo guru. Dodô não aceitaria. Além do mais, Miguel defende as minorias, sejam elas quais forem e acredita na vitória de Dodô. Reforça o ponto forte da plataforma da candidata, criação de marketing dele próprio: todos os habitantes abaixo da linha de pobreza de Ipê Amarelinho terão direito a um aparelho sanitário em seus casebres. Esqueci-me de dizer que uma das indústrias de Olaf, o maridão, é de louças sanitárias. O levantamento feito por Miguel chega a 180 mil “residências” a serem atendidas, aquelas em que os moradores vão à casinha, no fundo do quintal ou detrás da moita mesmo. Tento objetar, Mas Dodô, e o encanamento, fossa, água corrente, esses detalhes insignificantes? Ah, amiga, isso não é comigo. Dou o vaso e pronto. O incentivo à higiene está feito. Sinto comunicar que a minha amiga não ganhou a eleição, que foi decidida no primeiro turno com a vitória do outro candidato que prometia televisões e cursos de corte e costura gratuitos. Também não sei lhes informar que fim levou o intelectual Miguel após seu insucesso como marqueteiro. Deve ter saído com alguns contos a mais. Dodô é rica e generosa. No entanto, posso lhes garantir, firmada no conhecimento de longos anos, que Dodô realmente possui em carisma tanto quanto lhe falta em tino político. Fico imaginando o que fariam os favelados de Ipê Amarelinho com tantos vasos sanitários doados. Quem sabe serviriam para outros usos: com um pequeno tampo, uma mesa; dispensa para alimentos de cesta básica doada ou um gracioso canteiro de horta. É, não seria de todo inútil. ceresfernandes@superig.com.br
POESIAS & POETAS
“PEDRA DE TOQUE" O “PEDRA DE TOQUE” deste trimestre privilegiou a poesia de Daniel Blume:
PENAL –I– Seca até a pena, os olhos não. Molhados percebem que pena apenas pune. – II – Que pena. Castigo sem reabilitação. Processo e Direto Penal penam. – III – Castigo que ensina a ser bem pior ou podre. – IV – Pobre do país, ignora a penalística. Logo pena o povo, na marca do pênalti. –V– Coração que bola num jogo sem gol com bola na trave e ilusão. – VI – Cegos por jogo, num campo verde quadrado e minado de decepções. – VII – Copa que encapa e empata a visão da derrota penal.
– VIII – Violência que penaliza a população apavorada, nos largos, restaurantes, cinemas nas esquinas, casas, escolas, praças, sinais. – IX – Pena dos penados humanos desprovidos também dos direitos, presos nos seus carros e lares, gradeados, fechados, trancados, mesmo blindados. – X– Pena abstrata concreta imposta hoje não só ao pobre, experimentada do casebre ao casarão, sentida dos ônibus aos importados. – XI – Pais da criança sem caderno, ou da bilíngüe com mochila blindada, temerosos, atônitos, perplexos, com os tiros partidos da carteira ao lado. – XII– Jesus, uma pena todo este penar, ora oramos por trabalho, empenho, compromisso, fé e por penas de pássaros: libertação e vôo. – XIII– Que pena que pena o povo. Seca a pena, os olhos não.
NÁUSEAS Enjôo. Inimigos e amigos reunidos, amigos e inimigos ligados; amigos-inimigos, inimigos-amigos. Verso reverso de quem é quem, ou de quem versus quem?
Entre favores esquecidos ou cobrados, a cinza impera e se impetra o cinza. Assim (dizem) é o efeito do sim. Vômito.
SEM ASAS Cresceu, cessou, cedeu e secou, como árvore seca sem folhas. É abacate sem poupa; ameixa sem doce; anta sem mato; abajur sem lâmpada; arco sem íris; Aurélio sem letras; abolição sem escravos; abraço sem colo; aperto sem força. Adulto é a criança que nasce, cresce, seca e morre. Anjo sem asas, como nós.
VÁCUO Cheio o saco dos cacos de erros. Saco cheio do vácuo, que suga. Cheio o saco Daquela (que) intriga. Então estoura. Respiro.
POSSIBILIDADES Por um fio: paixão ódio; beijo mordida; abraço açoite; elogio insulto; carinho tortura. De flor a espinho, do amor à política, tudo converge e diverge. E nada é impossível.
DÍVIDA De amantes distantes cobranças da esférica vida. A diva no divã. O divã da dívida.
INFÂNCIA De lá, o menino partiu, partiu-se. De onde, a cada dia, afasta-se. Cada dor, luta transpor. Mas Ônix é uma pedra na gaveta.
INVEJA Do alto de sua desconfiança perene, perece aquele esquisito, que não se tolera: analista de merla. E conheço há trinta e tantos anos quem jamais conseguirá ter ou ser.
DIGO Quis escrever acerca daquilo de que ainda não quero tratar. Então, paro. Não falo, nem escrevo. E ponto. Final.
PASSADO Ataque do defendido em prol dos (seus) agressores. Um dia aqui, outros lá. Lá era, aqui, passou.
VISÃO Mentes mentem e surpreendem, como as gentes, gestos, agentes. Surpreso, sopro e supro, porque vejo.
TOLO Constante antigo pesado cobiçado artigo, o pêndulo. Vai e volta, leva e traz. E ludibria aquele tolo que pensa que o elemento tempo pára ou apara sua invencível dança.
BOLHA E rola a bola no gramado vermelho. O bolha é bola, bandido, bufão. Logo, o chute.
REFLUXO Paciência cansada do refluxo engolido, da resposta omitida (ou contida). Mediocridade calada por um coletivo acomodado e sedento. Livros mofados, ventiladores de ácaros, no calor com goteiras. No centro do poder, pó, ferrugem, fios, rachaduras e buracos. Clamor esquecido, desaforo erguido, humilhação erigida. Estratégia que venha, paciência que vai, no refluxo da vida.
PARQUE Chega de sono, em noite de sol, pois precisa do solo. Chega do dia, em noite de lua, na vida somente de sonhos. Não necessita dormir, mas acordar, porque vida não é parque.
PÔR-DO-SOM Sequer disse se quer ou se pode. Ao por do som, rei novo, amigo deposto. Eis o ingrato renovo, o apreço que tampouco mereço. Por tão pouco, seu pôr-do-sol.
BIPOLAR Heróis e bandidos dividem o espaço único de alguém. Bipolaridade geral, atitude plural uniforme do homem normal.
CHEQUE Xeque! Tráfego mortal como tráfico. Vidas impagáveis apagadas, sustadas como cheque.
FATAL Morreu calado, impoluto, sisudo, “o valente”. Preso ao soldo, saldo único da exceção, sequer salvo da severa sanção. Um grito salvá-lo-ia do orgulho da prepotência: arrogância fatal.
PRESSÃO Fogo, até quase fecharem os olhos que se queimam. Vermelho no branco, dor, torpor das pálpebras à nuca. Sangue e medula, avanço diário: prossegue a ebulição, em alta pressão.
DERROTA Toca o sino, oito horas. Deste lado, quem nunca se pensou. Do outro, aqueles com quem se imaginou marchar. E lutaram contra si. Derrotaram-se.
PLURAL Oito horas depois, acordou com sono, rouco de ouvir vozes velozes e falsas valsas. Cansado das salas das falaciosas falas dos lisos sorrisos dos ditos amigos.
FÉ Ora, peito que não percebe, aquele fim começo do início término. Corpo que se retrai, pula, grita, fala, palpita, esperneia insensível ao Diovan. Então boca que fale ao Espírito Santo que escuta nossa fé.
VERDADE Choro que revela o sensível e forte, com lágrimas que estouram a represa da verdade que expõe, mas afaga.
CALMA Mais e ainda relembra e repensa o penar: odor, a dor, um horror. Latidos contra alma. Há tempo. Há calma. Passou.
MAR DE CUBA Velho, espadarte e sonho. Todos se foram, no revolto azul de Cuba, devorados por antigos tubarões vermelhos. Mas o mar permanece.
PÊRA –I– O último fruto sem voz da Pereira partiu-se e morreu. – II – Foi sempre o distante mais próximo: toque transverso naquele avô de ternos brancos do luto, das fotos e das histórias de Carmé.
LAGOA –I– Fina terra seca, nos pés e no ar. E logo um doce olá daquele coco verde amargo. – II – Contos das caças, dos primos, passeios, saltos, córregos e corridas. – III – E vêm as curvas, o suor, passos, vistas, ventos, depois dos pensamentos.
PRI Ora vejo. Atento, horas observo cada dia que te toca, cada ano que te beija. Anestesia o tempo, com a ternura do teu ar de menina, conservado em nós.
BIATINA –I– No ar, parto. Mas logo vem a volta: lembranças, partos, bênçãos, anjos, berços, orações. – II – Lá ficaram duas partes de quem passei a ser, num renascimento de nascimentos. – III – Vácuos, tremores de avião e coração não pelo medo da morte, mas da perda das vidas. – IV – Experimento a felicidade imersa a responsabilidade da gestação de filhos. –V– O parto não se exaure na cama ou na maca: projeto de vida. – VI – Como as sinto em mim, de mim. E preciso tanto quanto necessitam. – VII – São semente e fruto de sentimento, que passa e ultrapassa o grave amor. – VIII – Vai além do próprio, próximo, alma, carne e sangue. – IX – Assim,
por nem saber dizer, oro e sinto, Bia e Tina.
ALDEIA –I– Ainda vejo o som do silêncio da natureza de Daisy. – II – Ouço as estrelas cadentes da (antiga) São Pedro da Aldeia. – III – Sinto o descanso sem culpa com mineirinho e pastel, goiaba, cavalo, barco, avós e churrasco. – IV – Sem muito pensar, vento no peito, grama molhada, ao Daniel I com Rafael. –V– Ainda de mãos dadas, com Agostinho, sem farda, dados, planos ou tensões.
CARMÉ Carmé curtos brancos cabelos, ligeiros passos no centro quente, olhar, encontro, colo, vestido, exemplo, história e presença. Carmé doçura e firmeza, o pão com açúcar das tardes, as bolachinhas com manteiga real, e o leite ninho com café,
não o contrário. Carmé passionalidade total ou parcialidade absoluta, paciente bondoso bíblico amor, tudo sofre, crê, espera, suporta e nunca perece. Carmé solenidades e aniversários, pizzas e queijos de cuia, pamonhas e sonhos de valsa, sempre independente e parte. Carmé Casarão da Rua da Paz, luto, amor e coragem, é Alzira, Conceição, Helena, Eliane, Sonia e Ana Maria. Carmé saudade pulsante, orgulhosa alegria satisfeita, por sermos parte, na vida, no nome e no sangue. Após o nove de fevereiro nublado, só lições e essa saudade não ainda só memória, porque dor, lembrança e presença.
DE OLHOS PRO AR Quando brecar é preciso, no voraz mundo veloz do impaciente tempo digital, tenso, intenso, aflito, faminto atento, on-line, folga. Quando assim de olhos pro ar meditar, pensar, ponderar, caminhar, planejar, projetar, esquecer, assistir, rever, refletir, negar, atender, relaxar, num período de construtivo descanso.
LONGEVIDADE Nos trezentos e sessenta e cinco quilômetros do dia, ora correr ora sentar. São vinte e quatro quilômetros por hora, a sessenta quilômetros por minuto da hora que parece voar. Depois o antes do pôr-do-sol, na invencível cadeira de macarrão depois da sopa. Por ora, os trezentos e sessenta e cinco quilômetros por minuto...
VÔO O pai tem medo das mortes, pelas vidas das filhas. Perderiam aqueles incondicionais doadores de si por elas. Então, o intenso receio do se das turbulências.
ESSÊNCIA Insuficiente intelectualidade, superficialidade, sem amor, sem fé.
Que se tire a cera da seca cara! Que se dispa da máscara o seco Cara! Que se chore, confesse o indespistável a si próprio! Que se viva – sem mera união – com consciente unidade! Que se abra no tórax a porta ao Criador! Insuficiente intelectualidade, mediocridade, quando sem fé, sem amor.
FACE Ágora agora. Diz e esconde, revela e cala. Frio divã coletivo da diva. A vida via internet: a proximidade distante. Da curiosidade instigada à palavra corrida, intriga-se com a própria língua. Solidão coletiva, gritada da ponta dos dedos. E pontos.
Ponto de encontro de desconhecidos amigos (e inimigos), no desencontro com a privacidade, em prol da pseudo-notoriedade curtida ou compartilhada. Megafone de especulações. Tensões, aflições, críticas, fotos, banalidades e sugestões. Carícia e chicote da digital geração. Gera sua face, rosto, feição. Diário e ágora agora. Book.
MEIA NOITE –I– Chega de ano velho. Chegou um novo. Sucessão infinita de fogos e presentes. O presente será uma retrospectiva esquecida. Histórias e lembranças são exceção e talvez. A convenção, em menor ou maior ritmo, deseja o melhor pro distante ao lado. – II – A mente mente de frio, no vazio de uma transição. Virão acertos, equívocos, projetos, vitórias, derrotas, deletes, deleites. Gratidão, magoa, quitação, dívida, reconciliação. E vêm com laço de fita, bebidos com água ou álcool. – III – Confraternizações desejadas e necessárias com mais um amigo secreto, oculto, discreto, invisível, intangível, inexistente, talvez. – IV – Preciso das orações, mais que das mensagens, torpedos, garrafas, e-mails e cartões. Vejo as asas em brasa, a criação no chão, e a transparência das crenças. Já é quase meia noite.
HORIZONTE Ao som, emoções dos casais que se partiram. Voz de um velho rei juvenil coberto de azul. Lembranças em ritmo, dos assovios às viagens: dia dos pais. Na dança, que quase não se pede, tudo mudado. Mudos no mar. A onda passou. Resta espuma. Cara azul. Momentos marcados a som e fogo. Trilha da vida.
DIA Quarto de hora, ora no quarto, em noite de dura duração. No tempo, sono vai, Sol vem.
TUMOR Um tumor invade a porta. Acorda uma palpitação sonolenta, trazendo a confirmação de um amor calado. Revisa vidas e memórias, pulverizando mágoas quase superadas, ante o mote renovador do norte. Carinho no caminho ao milagre, maligno ponto transposto, agora benigno.
ÁGUA E CAFÉ Poema, água matinal no rosto enxaguado e gelado. Café fumegante amargo da caneca noturna. Grito e sussurro, fonte da inscrição em folha. Encontro de busca e fuga, gemido. Delírio e deleite, letras, palavras, frases, pontos, deletes. Desconforto expelido a serviço do alento, verdade. Eis teia de sentido e sentimento. Ponto cruzado,
tecido manchado do refeito passado. Lenço molhado, do homem mudado, pela experiência (e graça). Delicado recado, dedicado acima a si e ao lado. Esperança doce e salgada. Quente café noturno, depois da água gelada de manhã na cara. Poema, tenda de todo ator.
VALE A PENA Apesar dos vales, vale a pena transpor para alcançar. Mesmo quando se pena, vale a pena tentar para apreender. No instante do não, vale a pena entender o momento do sim. Na intransigência do fim, vale a pena, mesmo sem vela, prosseguir-recomeçar. Apesar dos pesares, vale a pena, escrever, transpirar, inscrever-se.
DO SAPATO AO PÉ DESCALÇO FERNANDO BRAGA in Jornal O Estado do Maranhão, 26 de junho de 1973, republicado em 08 de julho de 2016 Este é o título que enfeixa os poemas, ainda inéditos, de uma jovem poeta que nos chega já premiado em diversos concursos literários, a fazer desmoronar, nestes, castelos de ídolos consagrados, marcando com a força brusca de seu talento, mais do que uma esperança recém vinda, uma afirmação. Seu nome é Mário Luna Filho, estudante de medicina, curso em que depõe seu apostolado de vocação... O acompanho desde seus afazeres humanísticos no Liceu Maranhense, [depois, em sua residência médica no Hospital Fernandes Figueiras do Rio de Janeiro, um dos maiores da América Latina, na especialização que Deus o fez escolher, a de cirurgião infantil... E até hoje, o guardo com carinho fraterno no meu coração...] O que digo, entre colchetes, foi escrito, lógico, posteriormente a este dedo de prosa, apenas como registro]. Mas vamos ao poeta... E Mário, entre uma folga e outra, vai escrevendo um conto, criando intensamente um poema, quase sempre nascido da anamnese que elabora a cabeceira de alguém que sofre, como foi o caso de uma criança que o transportou para o conto “Cazusa”, de Viriato Corrêa, válvula de escape que, talvez, o impeliu para sua especialização. Seus trabalhos têm a estrutura dos sintomas e das causas, sem apegar-se a Augusto dos Anjos, mas a prometer, se Deus determinar, o aparecimento de um novo Jorge de Lima ou de um outro Clarindo Santiago. Do “Sapato ao pé descalço” não se encontra “uma monótona e interminável confidência de glórias e martírios de amor’, mas motivos emocionais fora das limitadas palpitações do coração – à História, à Lenda, aos Costumes, às Religiões, a tudo que através das idades, diversamente e unamente revela e define o Homem.” E diz Mário: Úmidas botas transbordando lembrança/ de branco vivo em ritmo ascendente./Raízes mortas sem pouso eterno,/ enquanto homens e vermes / debruçam-se em vácuo desprovido de tempo./ Mas o olhar transposto ao infinito/ lembrou-me isso desprovido der pão”. Aí está o poeta num lirismo rebelde, chamando heroísmo por sentir-se fome, dizendo bem, construindo melhor ainda as palavras no encaixe preciso do poema. Mário Luna Filho sabe segurar emocionalmente as cordas dos seus versos quando diz: “Mudas visões de todos unidos e estáticos/ em momentos sempre presentes./Pratos postos em mesas de paz e o filho da verdade/ em prontidão sem granada.” Nos poemas de Mário Luna Filho não se encontram lugares comuns, nos relâmpagos das imagens que imprime: “Foi apenas uma voz que serviu para mostrar a cor dos homens./ A saudade foi a derradeira lição, / e o seu último olhar serviu/ para dar a dimensão da impossibilidade”. Verte do seu estado de ser, altruísta, já se vê, uma beleza simples: “É gotejar em quase nada [ou rochedo escasso],/ talvez pranto perenal de alma que foi poeta”. E protesta: “Luta! Segue em frente em busca da cova digna!” Adiante: “Fecunda o vazio das horas e o vazio dos homens!/ vai percorrendo os séculos e o silêncio das consciências!” Mário Luna Filho deixa marcas em sua geração, porque trabalha bem a poesia, sem lhe dar proporções excessivas, o que me faz trazer à lembrança Eça de Queiroz em “A Correspondência de Fradique Mendes ao falar do autor de ‘Lapidárias’: “o que mais me prendeu, não foi a idéia, mas a forma – uma forma soberba de plasticidade – e de vida, vibrando com mais norma e cadência”... É o que endosse à poesia humana, sensível e às vezes tirana de Mário Luna Filho um poeta que veio pra ficar... Ouçamo-lo por derradeiro: “Assim foi: desfilar de sonhos, desfilar de estrelas,/ passar de passos, passar de vida,/ chegar a Marte ou Morte, sem sorte,/ esquecida no embarque sideral”. É assim Mário Luna Filho, esse poeta que apresento nestes pedaços de apontamentos. Não fui eu quem o descobriu, eu apenas farejei seus passos de longe e o trouxe para perto de mim, como companheiro de estrada e de irmão querido, o que hoje me honra o atrevimento que tive.
TERESINKA PEREIRA
DIA D@ AMIG@ Esse dia vai ser celebrado por todo o ano porque vamos manter amizade com todos os seres humanos e animais com cuidado e respeito para viver em paz.
CONTÁGIO A tristeza é uma simples debilidade, é desmparo e falta: quase medo. Mas é tempo propício para agarrar a coragem, descobrir um novo alento e direção otimista. Há que sair de si mesmo e inverter as forças em quem parece sofrer do mesmo mal. A tristeza é contagiante, mas a coragem também é.
AYMORÉ ALVIM
DIVAGANDO... Como é gostoso Pousar no teu colo. Eu me enrolo E me deixo transcender. E ascender a dimensões distantes, Mas, num instante, Estou junto a você. Sem perceber, Vejo um mundo diferente. Extasiado eu me entrego a sonhar E mergulhar, num mundo multicor, Onde o amor se deixa revelar. Não há paixões, inveja, Nem rancores, Nem dissabores, exclusões, Ou coisas mais. Nem imaginas Como lá é diferente, Quando consentes, em teu colo, Eu divagar.
NO VERDOR DOS ANOS. A noite de verão tropical estava clara e estrelada. Uma leve brisa soprada do mar permeava os velhos casarões e inundava a cidade. Saí para conhecê-la melhor. Linda, no verdor ainda da idade. Uns acham-na já muito antiga mas eu a acho, simplesmente, caprichosa. No caleidoscópio dos cinco mil anos de civilização, é uma criança, no verdor dos seus quatrocentos anos. Tem uma vida longa pela frente. Caminhei no silêncio das suas ruas estreitas e desertas. Passei pelos seus sobradões rendados de azulejos. Lembrei-me de um passado que se perdeu nas brumas do tempo... Deixei-me divagar por momentos... Andei pelos becos e vielas do Desterro E vi batavos ensandecidos deflora-las. Subi escadarias e desci ladeiras. Vi lindas senhoritas, nas sacadas dos mirantes, com seus longos vestidos e bustos fartos. Do alto das torres do Santo Antônio, encantei-me com o casario, refletindo a pálida luz da lua que nos olhava la do céu. Deixei-me envolver pelo cantar de suas fontes e pelo mavioso som do farfalhar das palmeiras da praça dos amores. Caminhei... Debrucei-me nas amuradas do Jenipapeiro e vi os primeiros raios do sol beija-la com ternura. São Luís acordava...
CARVALHO JUNIOR
IMPERADOR DO VERSO Filho ilustre da princesa Caxias, Voz guerreira da tribo Tupi, Gonçalves Dias, homem das letras... Bravo bardo do Morro do Alecrim! Dramaturgo, mestre, linguista, Sabiá do canto plural... Tradutor da alma indígena, Poeta da raça, glória universal! Ó cavaleiro da Ordem da Rosa, Pincel do progresso em perfeita métrica, Antonio, expoente nome do Maranhão, Mais que valente vate das Américas! Nada há de mais belo em toda a Terra Do que teu romantismo ultrabrasileiro E tuas palmeiras pintadas em prosas poéticas! Filho ilustre da princesa Caxias, Menino, imperador do verso, eu vi! Gonçalves Dias, homem de brilhos... Coração no mar, tua alma aqui! *Hino aos 190 anos de Antonio Gonçalves Dias, 2013.
ELIZA BRITO NEVES
RETRATO DE MEU PAI Estatura mediana, pele clara, traços marcantes De quem carrega o mestiço da raça brasileira, Sério nos compromissos, mas de sorrisos constantes, Assim era meu pai, numa versão verdadeira. Cinquenta e quatro anos de saudade sem medida, Aquela trágica partida, projetos interrompeu, Confiante no futuro, viveu muito, em pouca vida, Amou com intensidade a família que Deus lhe deu. Seus conselhos de amigo preocupado com a união, Para nós, seus descendentes, tesouro inestimável, Jamais nos negou apoio, na alegria ou na aflição, Bastante inteligente, tinha memória notável. No festejar do seu “dia”, minha homenagem filial: Na galeria do amor, seu retrato entronizei, De carinho emoldurada a imagem paternal, Nas entrelinhas dos versos, a saudade eternizei.
CLORES HOLANDA ANJO COR DE ROSA EM FESTA Parabéns mãe! Eterna sempre será em nossas vidas. Tu és um anjo do bem. O céu vai te vestir de cor de rosa. A luz divina vai acender a vela dos teus 92 anos. Como gostavas de comemorar o teu aniversário! De repente foi saindo de mansinho a procura de estrelas. Alçou voo. Se encontrou com Deus e nunca mais voltou. Hoje o céu está em festa com tudo que tens direito. O bolo será enfeitado de estrelas. O recheio com gosto de amor. Os seres celestes baterão asas e cantarão hinos de louvor.
É noite. Contemplo o obscuro do céu. Nem as estrelas apareceram. Hoje a noite está clara pelas luzes de neon. O vento sopra suavemente. Há cada valsa das folhas o resplandecer do anoitecer.
MOISÉS ABÍLIO
PERMISSIVO GRUPO UNOH No agrupamento da arte Sou membro Canto um todo, não parte. Grupo uno Verbalizando o ir Cantos a fora. Não é Dilercy? No gorjeio um trinado Rompe terra, céu e mar Um ar do Mearim. Não é Gilmar? Navega em vida Sempre calmo e tranquilo Um produtor ñimplusivo. Não é Murilo? Buscando a melodia Canto, melodias e... afins Que venha o som ao grupo. Não é Zeca Tocantins? De areia e pedras Faz-se um castelo! Não caia Firme -se aí baluarte. Não é Fernando Atalaia? Sigo errante Sem pausa. O mundo giro Sou da poesia a voz. Não é Lopes Danilo? Imperfeito. Poetiso Verso errôneo Divago a esmo. Não é Alves Petrônio? Sigo sou lúcido Arte não me alucina Sobrepõe-se a tudo. Não é Vanda Cristina?
Junto letras, crio versos Por esse mundo a mil Cantando o encanto. Não é Estrela Gil? De horas e dias Fabrico a semana Seguindo em frente. Não é Claudia. Ana. Na roda literária Não importa o horário. Cumpre-se a jornada. Não é Orquídea e Mhario? Uso o espaço Sem pausa, bem é estar Em grupo da arte. Não é Junior Uimar? Não desfaço o trato Prossigamos a lida Se gostaram poetas Dê rumo a ideia. Prossiga.
DOIS DEDOS DE PROSA POÉTICA FERNANDO ABREU Fernando Abreu é um poeta provinciano. HTTPS://ALIADOINVOLUNTARIO.WORDPRESS.COM/2016/08/19/DOIS-DEDOS-DE-PROSA-POETICA/
Vou falar um pouco aqui a partir da minha experiência, não fazer uma análise nem traçar nenhum panorama. Vou dar a visão de um autodidata que vem construindo sua poesia por tentativa e erro, acho que mais erro do que tentativa. É um exercício de impressionismo mesmo, aliás o único que considero válido nesse terreno onde a subjetividade dá as cartas. Vou falar um pouco sobre a poesia que escrevo no aqui e no agora relacionando isso com a visão que tenho hoje sobre poesia e do que estamos fazendo com ela, considerando a poesia como uma das inúmeras respostas da sensibilidade humana ao desconcerto de estar vivo. Resposta, eu disse, mas sabemos que é uma resposta cheia de indagações, de perguntas. Acho que alguém disse, ou é a tradição oriental que diz que, se quisermos achar as respostas certas temos que formular as perguntas certas. Equivale a dizer que quando se chega a formular a pergunta certa já se intui parte da resposta. Acho que a pergunta certa nesse caso seria: qual é a poesia que estou buscando fazer nesse aqui e nesse agora. Para tentar responder a contento, devo retornar ao meu livro anterior, Aliado Involuntário, e ao processo que resultou nele. Esse foi um livro já definido com sabedoria por alguém como um livro de passagem. Não encontro melhor definição. Aliado Involuntário é uma ponte, uma passagem, o cajado do profeta abrindo as águas. Ou a abertura dos portos às nações amigas e inimigas. Ele foi escrito depois de um silêncio de sete anos em relação ao anterior. Eu não queria fazer mais da forma como vinha fazendo e ainda não sabia como queria fazer. Sabia o que não queria, que era o poema pronto ao qual minha mente estava condicionada. Eu precisava me descondicionar, só não sabia como. Ali por volta de 2009, 2010 comecei a praticar meditação, porque sempre me atraiu e porque precisava encarar um processo depressivo que me rondava no início dos 40. O início da prática meditativa coincide com a produção dos primeiros esboços e textos do que seria esse Aliado. Textos mais longos, de respiração mais longa e profunda, diferente de tudo o que eu tinha feito antes. Diferente em termos, porque meu universo sempre foi o mesmo, as motivações, as mesmas. O que observo é que houve um alargamento da visão dentro de um universo no qual eu já me movia, fruto de uma tentativa de me aprofundar, não intelectualmente, mas na experiência direta. Daí o papel da meditação ter sido tão importante. O livro saiu em 2011 e não era exatamente o que imaginei que seria quando comecei a escrevê-lo. Estavam ali os poemas longos, numa dicção mais ou menos bárdica, elevada, ao lado de poemas rimados, metrificados de uma maneira pessoal, ao lado também de poemas de uma discursividade mais crua, menos poética, vamos dizer. Mais próxima da prosa. Ali estava eu de volta, desistindo de desistir da poesia, e às voltas com pelo menos três possibilidades com que poderia trabalhar dali em diante, sendo que as três se relacionavam, de forma que não havia traição alguma no ar. Eu estava livre, des/represado até certo ponto, polindo minhas armas novamente. Sabia que, ao continuar escrevendo, minha escrita iria tender naturalmente para uma dessas três vertentes. Provavelmente para a última a se manifestar no processo criativo do livro. Mas, para ser mais fiel ao momento, tenho que dizer que o processo iniciado com a meditação nunca mais se interrompeu. Na verdade, se fortaleceu com a incorporação do tai-chi-chuan, da experiência psicodélica com a ayahuasca e algumas leituras dentro desse universo de interesse, que eu poderia chamar de psico-espiritual-existencial.
Não demorou muito para que começassem a surgir os novos poemas pós-Aliado Involuntário marcados pelo que eu chamaria de uma poesia seduzida pela prosa. Dessa vez eu teria o que nunca tive: um livro menos frankensteiniano, uma obra mais coesa em termos de linguagem. No fundo acho que sempre houve certa unidade no que fiz, mas uma unidade feita de cacos difíceis de juntar e colar. Dessa vez parecia que tudo viria colado de fábrica, mais acessível. E aí caímos na palavra que não quer calar. Ou, nas palavras que querem falar. Acessibilidade, inclusividade, comunicabilidade. Me dei conta da importância de algo fundamental e que é sempre tratado com certo menosprezo, nem sempre consciente. Menosprezo movido pelos dogmas da contemporaneidade, que costumam se comportar de forma tão violenta quanto proibições religiosas medievais, sendo a ameaça do fogo eterno substituído pela pecha de poeta “discursivo”, uma verdadeira letra escarlate, a pior condenação possível de imaginar. Com receio de sermos considerados provincianos, retardatários na corrida para o futuro, nos submetemos ao dogma da modernidade, resumido pelo ensaísta italiano Afonso Bernardinelli na seguinte fórmula: tudo é possível em poesia, menos dizer alguma coisa. Sempre me insurgi contra isso, nunca aceitei que a poesia fosse uma espécie de salto ornamental numa piscina vazia. Agora, com esse livro, exercito essa insurgência de forma mais radical e consciente. Nesse sentido, Manual de Pintura Rupestre é uma tomada de posição, quase um manifesto, se eu fosse um poeta de manifestos. Se ousarmos abandonar o dogma, podemos experimentar uma liberdade sem limites. Uma poesia livre dessas amarras pode falar do que quiser, desde denunciar o golpe de estado em curso em seu país até se surpreender no meio da tarde com um sabiá desgrenhado e solitário num fio de luz. Tudo cabe, nada se esconde da poesia. Tudo que precisamos é manter os olhos abertos.
ERASMO DIAS NASCEU EM CURURUPU! (NA OBRA-PRIMA, O BERÇO, DE ONDE VEIO PARA SÃO LUÍS. O GÊNIO DOS APICUNS COM NAURO, CESAR TEIXEIRA E ZÉ GARAPÉ, O MAIOR DO BOI DA MADRE DE DEUS) HERBERT DE JESUS SANTOS (Sotaque/JPTurismo/JornalPequeno 26.8.16) Com a republicação de Erasmo Dias e Noites, coletânea antológica às expensas da Academia Maranhense de Letras(AML), na presidência do confrade jornalista e historiador Benedito Buzar, há pouco, em celebração ao centenário do jornalista e escritor conterrâneo genial, cuja 1.ª edição devemos ao poeta e ensaísta Nauro Machado (em que teve a assistência da jornalista e professora Josilda Bogéa Anchieta, diretora do Jornal Pequeno/JP), ambos saudosos, ressurgiram alguns cochilos do Bom Homero. O primeiro, no JP, foi do meu contemporâneo da Rua do Apicum, hoje, poeta e médico oftalmologista Roberto César Maia Araújo, dando ele nascido em São Luís, sem ser atencioso com a novela Maria Arcângela, datilografada por seu tio Nathaniel Fernandes de Souza (Nathan), esposo de D. Maria Rosa Maia Souza, tia dele, quando éramos, respectivamente, Roberto Espirro e Negro Beto. Se houvesse, na rua, ouvido Lino Ferreira do Rosário (Linoca, para Erasmo Dias), sua versão seria a de Cururupu. Sem ostentação sequer da oração de Roberto César, o segundo foi Carlos Augusto Sobrinho, que viajou na maionese, na incursão audaciosa, intitulada Jornalistas Maranhenses, em seu blog de 1.º.4.2012, ipsis litteris: “Erasmo Dias foi o nome literário e jornalístico que Erasmo de Fontoura Esteves Dias escolheu para registrar a sai imagem no texto e, através dele, permanecer vivo, após a morte. Erasmo Dias nasceu em São Luís (MA) em 1916 e faleceu nesta cidade – ilha ainda sob o signo dos últimos cantares da helenização, em 15/5/1981. Passou a infância e adolescência em Cururupu, MA (...). Na simples leitura do texto do romance Maria Arcângela, pode-se perceber onde poderia haver chegado esse romancista, mestre de obra romanesca que se dizia tão vasta, roubada ao baú do Erasmo que não teve nem a sorte do Erasmo de Roterdam, nem de Fernando Pessoa. Do andar de cima, Erasmo acompanha a viagem dos seus textos adotados como filhos legítimos não se sabe por quem.” Claro que sobre uma fascinação em pessoa, quanto Erasmo Dias, qualquer um poderá arvorar-se de escritor, até escribas, que confundem mais que evidenciam. Quando soube que eu era da Madre de Deus, estudante do Liceu, na residência dos meus padrinhos e pais de criação —Chiquito e Dedé—, na Rua do Apicum, Erasmo Dias me considerou neto de Zé Garapé, com a relevância de ser uma personagem de proa da sua monumental novela Maria Arcângela, e, em geração, o terceiro cantador do secular brinquedo junino, em que meu bisavô materno fora um da primeira chamada. Li a obra-prima erasmiana, na Biblioteca Benedito Leite, em 1974, enfeixada no título Contos Maranhenses, pela argúcia da escritora Arlete da Cruz Machado, ali, secretária de Estado da Cultura, para que o póstero possuísse a preciosidade. Já revisor literário do Sioge, com dois livros de crônicas, vitoriosos em concursos da Secretaria Estadual da Cultura, e um de contos, editado pelo presidente Antônio José Muniz (Quase Todos da Pá Virada, de “páginas literariamente adultas”, em consonância com Nauro Machado), com a sabença de História da Literatura (aulas do mestre e autor de mão-cheia Fernando Moreira, da Faculdade de Comunicação da UFMA), em ascensão na Imprensa indígena (de repórter a editor-geral), tirei de letra a elucidação de que Erasmo, se com mais criações literárias, iria para a consagração de melhor prosador telúrico, se, sem uma bibliografia mais volumosa, ele é conceituado um dos maiores. Erasmo Dias (nascido em Cururupu, a 2.6.1916, onde passou parte da infância, não a adolescência, como um desavisado registrou, pois aí fazia o ginásio no Liceu, em São Luís, onde faleceu, em 15.5.1981) seria melhor ao Maranhão, se não se insulasse.
Calejado nos ossos do ofício jornalístico, reprisei em ocasiões importantes que, se com mais produção, ED seria o nosso polígrafo mais elogiado, se, sem uma bibliografia mais extensa, é regozijado qual um dos alterosos. Era só dar sequência a Erasmo Dias e Noites, com alguns dos contos mais bonitos lidos por mim; Maria Arcângela; crônicas e artigos magistrais; e um romance inacabado: Gasômetro, com que pretendia apresentar-se nacionalmente; e Páginas de Crítica, estudos culminantes sobre cérebros universais. Se no exílio, reluziria, intensamente, na constelação autoral. Bernardo Almeida o viu o astro mais cintilante — Foi em seu memorável Éramos Felizes, e não Sabíamos, em diversas edições: “Não há dúvida de que Erasmo Dias foi um dos intelectuais mais brilhantes do Maranhão. Se houvesse consagrado ao menos dez por cento do tempo que alguns eruditos metódicos dedicam a ler e escrever, teria nos deixado um patrimônio literário invejável!(...)” O Gênio dos Apicuns em versos preciosos de LAC — No Poema Embalado, de Luís Augusto Cassas (LAC), no livro Rosebud, 1990:“(...) (2.º movimento da rede) repousa/teus familiares passam bem:/teresa estuda letras modernas/com o prof. fred wiliams na universidade da califórnia/d. noemi passeia em cia. de 5 mil fiéis/no pátio de são pedro./e maria arcângela desmanchou o casamento/no altar-mor da igreja da sé/com um eng.º da alumar,/e casou com o cantador do boi da madre de deus/(ouves as matracas?/comemoram o nascimento do teu neto!”) Erasmo nasceu em Cururupu, bem-dito em Maria Arcângela — “(...)Outro junho voltou — eu bem me lembro. Defronte da casa de subúrbio, onde moro, pelas tantas da noite, o boi chegou. Era o da Madre de Deus! Roncou o tambor de onça, a gente boa e pequena, que a mim me quer bem, queimou cofos, para esquentar os pandeiros, pois neles, em ritmo belo, vindo de África, me iam fazer louvações. Abri a porta. Vim à rua. Só eu lá em casa gosto dessas coisas que me lembram Cururupu. E, de toalha enrolada no pescoço, vim ouvir os cantares daqueles a quem quero. Foi quando fui surpreendido pela voz carinhosa e tão querida da Maria Arcângela: “Zeca do meu coração, chama a mulher que aí vive —essa Damiana—, e que ela me traga, filho, um dos comprimidos, dos que tu gosta, e te serve, e água de açúcar(...)” Cesar Teixeira com O Gigante do Boi e Erasmode chambre— No Guesa Errante, suplemento cultural e literário do Jornal Pequeno, ed. n.º 16, em 2004,três decênios após a realização aguçada, o poeta Cesar Teixeira, num faro jornalístico precoce, em 1974 —que originou reportagem com fotos do reverenciado—, eternizou, para nós, Zé Igarapé, o Gigante do Boi da Madre de Deus: “Quando o boi descia na Ingazeira, pra casa de Seu Satiro, eu começava a cantar. Erasmo era criança, ouvia batuque de matraca e fugia de casa. Ficava olhando pra minha boca, espantado, vestido de chambre.” Viram, “contrários”?! Na Ingazeira —nome original da Rua do Apicum—, Erasmo, pequeno, já estava em São Luís, bem-vindo de Cururupu (de sapo cururu e de som de tiro: pu!)
5 POEMAS DE ANTONIO AÍLTON http://www.mallarmargens.com/2015/08/5-poemas-de-antonio-ailton.html Publicado 25th August 2015 por Jandira Zanchi
Poeta, professor e pesquisador, Antonio Aílton cursa Doutorado em Teoria da Literatura na Universidade Federal de Pernambuco, com estudo sobre poesia contemporânea. Foi vencedor do Prêmio Literário Cidade do Recife – Poesia, em 2006, com o livro Os dias perambulados & outros tortos girassóis (Fundação de Cultura Cidade do Recife, 2008). Publicou ainda os livros As Habitações do Minotauro (poesia), Humanologia do eterno empenho (ensaio), que também foram premiados no “Concurso Cidade de São Luís”. Tem participação em antologias locais e nacionais e na Revista Poesia Sempre (2008).Neste ano (2015), seu livro Compulsão Agridoce foi publicado pela Paco Editorial/SP. Integra os meios culturais e literários de São Luís – MA e colabora no Suplemento Cultural &Literário JP Guesa Errante.
slz 400 onde um pequenino ri olhando para o céu ali está Deus
Hayao Miyazaki Grande é o mundo, nós o dominaremos com a pequenina flor salpicada de crianças e vendavais um bastão, uma velhinha, um carrinho quebrado que sobrou da última guerra Mas o espírito é como uma fagulha, um vento singelo que sopra ainda tenro dos pés de limão de onde nasce a primavera e as gargalhadas da infância Lá vêm elas, as pequeninas correndo pelos campos espalhando novas sementes nos balancinhos novas lentes para cegueira desentranhando a catarata do meu olho Agora vejo o que parece Totoro, quase no meio da chuva o mundo é vasto quando estamos dentro nós o dominamos ao nascermos sempre e de novo entre suas viagens e paisagens pântanos e bolinhas de fuligem até completarmos o ciclo de volta para nossa mãe, a casa
Idade dos metais Ao amanhecer por entre as ruas, o sol tropeçou em dois cadáveres. Sobras da noite inoxidável a catadora de latinhas tem mais coisas a fazer.
Fumês ao crepúsculo Reinventar a vida é redimi-la de toda a sua crueza não de suas mediações É preciso desculpá-la em seu teatro cósmico e reconhecer que nós continuamos a ser tão ranzinzas, tão mesquinhos William Carlos Williams deveria estar vivo para ver este crepúsculo Diante do mar nós tiraríamos calmamente os nossos óculos
Cartão do SUS Enquanto os garis recolhem manchas de sol debaixo das árvores e estas se confundem com crianças e farrapos de mendigos [Não que os mendigos sejam líricos por serem farrapos, mas porque de dentro de sua pele macilenta e escareada ainda conseguem deixar vazar a alma deste sol em farrapos] Enquanto o homem com a mão na tipoia arma sua banca de mp3 e os pardais catam lagartas nas três folhas do trevinho nascido aleatório na água do meio fio e as ruas se estendem como uma fila ou como uma extensão elétrica ou como uma raiz que invadiu a casa próxima à arvore que envelheceu no pátio do hospital ou como uma pedra que estava na fila antes das rebarbas das [lonjuras enquanto eu tomo café na laje da mesa do mercado enquanto este dia é o mesmo dia que nasce nas estampas neopunk das mochilas dos estudantes enquanto o homem pega minha moeda como se ela o pagasse ou me pagasse ou pagasse os dias sem maca, os dias que carrego nas calças Enquanto todo nós aguardamos desde a madrugada que o dia seja diferente, que recebamos o cartão do SUS como quem recebe um cartão de crédito como quem acredita e quem sabe avança para mais ali
KLEBER LAGO
ESPERANÇA Ao medo de morrer nada me atrela, e mesmo sem saúde, combalido, cada nova manhã me sinto nela igual ao sol que surge, renascido. Há pouco, a olhar o sol pela janela, lembrando o que de bom tenho vivido, participei de cena tão singela que me deixou deveras comovido. No braço me pousou um verde inseto, conhecido por nós como "Esperança", o qual deixei ficar ali, quieto, e mentalmente lhe falei assim: - Em tempos de tormenta ou de bonança, tu és aquilo que não falta em mim!... *Kleber Lago - Sonetos das Sextas http://blogdohelciosilva.blogspot.com.br/
WELTH LUKA BITTENCOURT ROLIM RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO
“POEMAGRÁRIO” Capítulo I Velha cantiga brasileira Vamos descobrir o Brasil de novo? Vamos viajar, vamos afanar Vamos defraudar o país e seu povo Vamos rezar missas depois violentar índias e após repetir tudo de novo Afinal de contas umas mil ave-marias enganam o barro do engodo Vamos humilhar, sim vamos invadir Vamos conquistar esse bando primitivo -Que tal escambar? Com vergonhosas bugigangas Glória a malícia sorrateira e lusitana Vamos explorar, florestas desmatar fartar nossos ventres com o melhor que há aqui Vamos dizimar, os bárbaros enganar e quanto aos negros, que venham o chão limpar -Já! Fraudar a receita, impostos sonegar e à madrugada fazer gatos de energia Socar prostitutas, torturar idosos e tornar só meu o sagrado pão nosso Não se envergonhe por meu convite torto Pois furar fila é só algo corriqueiro Saquear asilos, assaltar escolas para quê honra o que importa não é o dinheiro? Manipular eleições, abrir conta na Suíça colar na prova e dar calote no Visa apontar revólveres, desviemos verbas Vamos ficar ricos e assim a lei não nos pega -Pega? Vem ludibriar, a constituição rasgar e adulterar com safada da vizinha
só não traga o medo ou a sua consciência pois aqui seguimos o estilo de Brasília e o inverso é a nossa indecência E para terminar, eu nem estou aqui! Não me aponte o dedo Sou sua má metade.
Capítulo II Angola A lua que nasce aqui é a mesma que surge lá o sol que queima aqui, ardia também na nossa pele de Angola -Será que um dia, voltaremos em paz? Quando será a nossa hora? Em que vamos esquecer os nossos "ais” do pelourinho lucilante que a cada dia mata mais os que doentes chegaram -Não vamos voltar... Nossa casa, há de ser onde for mais conveniente A toda essa estranha gente , que se fez nossa senhora que nos ensina ave-marias e logo após nos esfola -Viva a senzala preta, onde há bichos que nada sentem! -Viva o catecismo displicente que mostra-nos que roubar é errado mas enquanto a vida nos roubam, permanece calado! “Amai ao próximo” Ouvimos dizer Mas quem é esse próximo? Senhor Jesuíta Por fazer nos diga -Glória ao papa santo! Divindade banhada em ouro branco sacerdote de pedras e madeiras adornado de mantos e brilhantes que prega o amor entre os semelhantes e que à santarrice estranha nos sujeita No ribombar das ondas nas procelas do inverno atlântico até sonhava com o mundo novo trabalhar, plantar, procriar meu povo e não ter de preparar-me para morrer como um miserável ogro tísico, magro, agonizante dando prejuízo a meus "donos" confiantes na pontualidade da colheita e dos trabalhos
Guiné, guiné terra de ninguém tal como tu tens dono minha alma também tem. Angola, ô angola, lote de meus pais Se hoje eles dormem. Bem longe, longe daqui no dia de minha sorte, também eu hei de ir.
Capítulo III Negro assalariado Não brinco com a vida, eu acordo cedo eu sou um negro assalariado, negro assalariado não sou dos que desistem, eu sou brasileiro negro assalariado, negro assalariado Não venha com onda que eu não levo afronta eu sou um negro assalariado Não tenho uma casa, não tenho um carro, não tenho plano de saúde e nem previdência social -Eu sou um negro vilipendiado, enganado e assalariado, negro assalariado.
Capítulo IV Pedra na vidraça A vida é um sopro Um jogo Um todo que ninguém sabe Ninguém viu A vida é um desencontro Um parto cesariano Na casa de taipa Em algum canto do Brasil A vida virou negócio Um número corrente no relógio Vista de forma corriqueira A vida virou bobagem Uma espécie de bagagem Esquecida na carteira O instante virou plástico O amor está no status E o que se poderá fazer? O que se poderá dizer? O que se poderá mudar? O que ainda há? Sei que há ainda algo
Sei também que não somos automáticos Isso é pouco Eu sei que sei Queimaram um índio Confundiram-no com um mendigo e depois se desculparam E se o índio fosse de fato mendigo Tudo estaria resolvido Poderia ser churrasco? E se a puta fosse gente Ainda assim indiferentes a deixaríamos jogada? Salvem os golfinhos. Salvem os poetas Salvem os equilibristas E salvem também os arlequins Salvem a Amazônia, Salvem o Tio San falido de si mesmo Salvem você Salvem a mim Salvem os sinceros Salvem os espertos Salvem-lhes. Salvem-nos da sobrevida Que um dia decidiram Que deveríamos levar Salve-nos da fumaça E da pedra na vidraça Atirada por um pivete
Capitulo V Liberdade acomodada Pensar alto dava cadeia querer mudar era uma afronta estavam preso no silêncio, qual teia! Anistia, vários sonhos e esperanças Chuva noturna clausura escura absurda tortura a dor no peito insiste e perdura Buscaram tanto a liberdade lutaram, tentaram, morreram, seqüestraram, choraram... -O que é ser livre, sem igualdade? -o que é estar preso, longe da saudade? Sonharam tanto em igualdade como posso ser igual, vivendo em diferente? Onde está a vantagem?
Acomodado, alienado, carente Vejo as crianças sem escola os velhos sem cuidado a fome a meu lado -Sou livre? Não acho! Existe um livre acomodado? Há esperança sem segurança? Como lutar se estou com fome? Diante da miséria a tal liberdade some, some... Onde está o verde de nossa bandeira? Senão nos bolsos de alguns poucos e o amarelo onde está? Além dos sorrisos hipócritas e o azul, o branco? O azul nas faces desonestas e o branco no vazio das mentes Da coragem se faz a liberdade da vontade se faz a mudança do reagir se faz a igualdade enquanto houver vida haverá esperança!
Capítulo VI A terra e os homens Na beira No centro do nada Estava a razão Com o mundo na mão Cantando A canção da guerra Fazendo ninar O medo de matar O seu semelhante Na beira do acorde Batiam recordes De mortos na vala As balas As facas Enchiam aos montes Os olhos distantes De medo, de lágrimas Canhões e tanques Ouvia-se distante Os assobios Os assombros
Os medrosos Que corriam Que oravam Que diziam Adeus Não há glória na guerra Nem aos que vencem Nem aos que são vencidos Com resistência Corpos ao chão nunca serão Troféus Chamam pestilência Desfazem a crença Que somos gente Que somos diferentes Dos animais Os generais sentam-se às mesas Tramam a chave Que abre A treva Do final sombrio Regado a tiros No peito de outrem Quem sabe de quem Eles são heróis Se são pais Se só querem paz Nada mais importa Bateram à porta De nossos interesses Se são franceses Cubanos, ingleses Americanos Russos Todos são brutais Armados de vento Vermelho Com mil justificativas no alforje Não há o que mais importe Que a sua vaidade A guerra é a maior prova de que a morte é uma coisa boa Não a daqueles que caem no front Mas a de toda a nossa raça Humana Ela evita que façam Pior do que fazem Distrai os meninos No tempo e no espaço As aves de aço
Não estão acima dela Nem os submarinos Podem esconder-se Do acerto A única certeza Dentre as incertezas De respirar Código Morse Diz O que está no giz Da humanidade Estava ao lado do kremlin Quando a bandeira vermelha caia Estava em Berlim Enquanto caçava Hitler Nos escombros Estava no discurso de Lênin Estava no topo E no fim De tudo e de todos Na gloria e sufoco Dos seres Dos porcos Enlameados de vaidade Cospe tua desgraça homem Escarra teu medo infame Vamos expele tua pele Teu colete não te esconde Da fome de Deus Da sede de Deus Tu queres ser Deus Mas não será Jamais Teu fôlego É fugaz Por mais que sejas perspicaz Passarás Mais rápido até do que pensas Pensas de mais Por isso torto estás As praças cantarolam Os vencedores Cabeças espatifadas Os abutres São os únicos que vencem Vendo Nossa incoerência Um ser celestial Que age bestialmente Que te instiga
Que mente Que a guerra Trará o que é bom Aos abutres trará Aos abutres trouxe Almoço regado De sangue amargo Magro E fardado Enfartado Camuflado De flores Murchas Da guerra Os homens são flores Éden seria o jardim Contava minha avó Sorrindo para mim Ela mentia Somos espinhos Estamos mentindo A nós mesmos Transformando o perfeito Em escombros Esquecendo o sentido De ser humano De ser humano Humano! Allende caiu Pinochet, Franco, Salazar Saciam a sede de matar De controlar O que não lhes foi dado “Dominem os seres, as plantas, os animais” Outros homens são livres Nossa época de bustos Aos loucos Medalhas Aos loucos Que induzem ao fim O fim virá Você irá Eu irei Nós iremos Por que aqui O que vivemos Foi só uma passagem Uma saleta de espera Ao que virá
E sempre vem Nem sei o que há De vir Mas vem Não sei O que esperar Mas vem A nuvem singular Vamos esperar O tal do porvir Será melhor Será pior Não sei Se está longe Se está perto Não sei Eu só desconfio Que somos macacos que não deram certo.
PAULO OLIVEIRA (PAULÍVER) INTERNET Invento fenomenal É a tal da internet, Onde tudo fica perto E a gente se diverte Usando tecnologia, A qualquer hora do dia, Para a vida, um grande teste. Ao jovem é muito fácil, Ao idoso, muito difícil, É pedir que ele possa Escalar um edifício, Por causa da aprendizagem, Muito código e engrenagem, Mais tarde, chegando ao vicio. Quem sabe digitar bem É chamado de internauta, Quem não sabe é carente, Porque sente muita falta; No trabalho e no progresso, A internet faz sucesso, Pela rapidez das pautas. O acesso ao facebook Consta até no celular Muito usado no presídio, Necessário em toda lar; Influente na noticia, No negocio e na policia Atuando sem cessar. Novidade é que não falta, Com muitos aplicativos, Isolando deste mundo Quem se esquece que esta vivo, Viciado nessa droga De internet que afoga O desejo pelo livro. Tomara que a cibernética Não seja causa do mal, Seja só causa do bem, No abraço universal; Que, através do whatsapp, Nosso mundo sempre escape De outra guerra mundial.
CAFÉ COM POESIA.
CAFÉ COM POESIA CLORES HOLANDA A noite chegou. O café esquentou. O pão francês, na mesa ficou. A manteiga derreteu, depois se solidificou. Preferimos o pão sírio, Sem esquecer do beiju, Recheado com bacon e frango, o nosso paladar gostou. Ó pão de queijo quentinho. Delícia de sabor. Café misturado com leite, deglutiu o alimento, que em poesia se transformou.
AMIGAS DILERCY ARAGÃO ADLER Cheirinho de café sabor brasileiro sorrisos e papos -- sobremesa - e sobre a mesa .... e sobre tudo nós!
A GEOMETRIA DO LÚDICO JOSÉ NERES HTTP://JOSENERES.COM/ARTIGOS
Dizem que no Maranhão todo mundo se considera, pelo menos em alguns momentos, poeta. Anualmente, inúmeras obras são escritas e diversas delas conseguem sair da gaveta e alçam à condição de livro impresso. São poucas, porém, as que conseguem atingir os status de trabalho de boa ou pelo menos razoável qualidade literária. Há casos em que apenas o autor e seus familiares conseguem ver alguma tessitura poética naquelas páginas encadernadas... Há casos, contudo, em que o autor realmente merece ser chamado de poeta e consegue transpor para o papel suas ideias, seus sentimentos e suas impressões sobre o mundo em forma de versos bem elaborados e com boas soluções artísticas, fazendo com que o leitor mais exigente perceba que naquela página não há apenas um amontoado de palavras, mas sim um caminho sedimentado para as emoções poéticas. Entre esses escritores que costumam sair da mera construção em série de poemas e conseguem atingir a esfera da poesia está Weliton Carvalho, autor de "Travessia sem Fim", "Descobrimento do Explícito", "Sustos do Silêncio", "Tempo em Conserva" e "Geometria o Lúdico", um alentado volume com mais de 600 páginas e que reúne, além dos três últimos livros acima citados, trazendo ainda outros trabalhos até então inéditos: "A Poesia Sorrindo", "Sinfonia da Solidão" e "Escandalosa e Lírica". Dono de excelente dicção poética, Weliton Carvalho é capaz de transitar com a mesma desenvoltura por temas diversos como engajamento social, erotismo, lirismo e metalinguagem, por exemplo. No entanto, essa diversidade de temas não faz com que o poeta pareça superficial em suas abordagens, pois o trabalho poético-linguístico por ele perpetrado vai além de forçar as palavras em um contexto frasal. Weliton Carvalho em seus versos procura sempre conter a verbosidade sem comprometer a construção das imagens poéticas e sem apelar para construções esdrúxulas que apenas sirvam para chamar chocar o leitor, mas sem conteúdo aproveitável. Por trazer um apanhado geral da produção do autor em poesia até 2008, "Geometria do Lúdico" (Sotaque Norte: 670 páginas) é o livro mais recomendado para quem deseje entrar em contato com o conjunto da obra de Weliton Carvalho. Nesse livro, o leitor poderá encontrar desde os versos de caráter mais social de alguns poemas até a explosão de sensualidade e erotismo de um livro inteiro dedicado à relação física-amorosa-carnal entre dos seres que ora se mistura, ora se separam, mas que sempre se completam. Mas o ponto alto do livro é "Poesia Sorrindo", obra na qual o poeta maranhense pasticha e ao mesmo tempo presta grande homenagem a Mário Quintana. Em dezenas de versos sintéticos, Carvalho cria flashes da realidade interior e/ou exterior do ser humano, discutindo de forma bem humorada situações aparentemente comuns, mas que poderiam passar despercebidas por olhos menos atentos. Em versos curtos e carregados de ironia e de suavidade, o poeta trabalha o cotidiano. O celular, por exemplo, hoje um amigo
inseparável de muitas pessoas, é redefinido como sendo "um chato de algibeira" (p. 331). Atento a tudo o que o rodeia, no poema Pequena Tragédia, o poeta chama a atenção para algo que se repete dia após dia: "O professor recitando Gonçalves Dias/ e os alunos preocupados com a provinha de literatura" (p. 347). Às vezes, o tom de provocação norteia o poema, como ocorre em Fogo Amigo: "Os homens não reparariam na celulite não fossem tuas amigas" (p. 362). De modo geral, se o livro "Geometria do Lúdico" pode até assustar os pseudo-leitores pelo número de páginas, porém bastará o verdadeiro amante da boa poesia correr os olhos pelas primeiras páginas ou mesmo abrir o livro em qualquer poema para se sentir acolhido pela essência dos verso de um homem que realmente pode ser chamado de poeta.
ROSEMARY RÊGO
ENTRE O AZUL E O TEMPO Sinos anunciam um tempo barroco oco telhados guardam segredos e memória Jaz um tempo. Opus! Metafísica do desterro,história construída em pedra e óleo, a cidade é pele e osso, devir dos dias que se transformaram em caos A baía de São Marcos, gênese de uma cidade que se enraizou no tempo. A cidade revisitada no altar-mor da memória, candelabros da Sé irradiam a cidade e o seu existir: hora do ângelus um galo banha a cidade em rouquidão de saudades, a litania é o castiçal de mendigos nas escadarias da igreja Ducharmos em súplica de dor! A cidade, estrela de mil ave Marias, de dois Ribamar a cidade em pele e osso,ofício, palavra. A cidade adormece esperando a missa do galo, éramos dias,plenitude e desein! O tempo se edifica entre a solidão de pombos e musgos que se edificam em ruínas. Amanhece a cidade e o seu amanhecer é a homília de um crepúsculo secular! Cantam os sinos em júbilo Quatro séculos pairam sobre um horizonte azul sim, azul que cintila sobre a vitória nossa de cada dia. Orai por nobis ! Um anjo emerge do azul que banha a cidade, quatro séculos é o fardo que a cidade carrega nos ombros Te deum te deum Gratias! Nenhuma cidade é tão velha quanto aquela que azuleja no tempo, uma vela acesa é a glória de quatrocentos dias de quem perece no tempo, a torre da igreja aponta para o azul, azul que vem de longe, de naus que carregaram anjos e demônios. Uma janela aberta proclama amém na imensidão do tempo, são os olhos da cidade enxergando o seu existir, que nos inunda quando meninos assistem a uma outra cidade emergindo em ruinas. A cidade relicário do tempo! Um cântico novo entoa pela cidade, é o prenúncio de que ela ainda renasce quando o amanhecer ressurge por entre as folhas de bananeiras e o sol desperta em um céu de saudades
HORA DE PUBLICAR LIVROS DE JORGE NASCIMENTO: COLEGAS JORNALISTAS E ESCRITORES NA CAMPANHA HERBERT DE JESUS SANTOS Colegas e admiradores do jornalista, poeta e prosador Jorge Nascimento arregaçaram as mangas, para o homenagearem, com a publicação de um livro de contos, quando ele completará 86 anos, num projeto idealizado pelo pesquisador e contista Luiz de Melo, logo abraçado por seu irmão, poeta José Maria Nascimento, o contista e ator Wilson Martins e a poetisa Arlete da Cruz Machado, que enviaram textos do autor conterrâneo, para a coletânea. Luiz de Melo, que resgatou diversos contos de Jorge Nascimento esparsos em jornais, na Biblioteca Benedito Leite, achou que a Secretaria da Cultura do Estado poderia ser o mecenas de uma obra interessante, ainda sem título. Jorge Nascimento, que tem inédito O Sertão da Desesperança (contos), ganhou a crítica importante do saudoso ensaísta e editor Jomar Moraes: “Ninguém desconhece o talento de Jorge Nascimento, excelente profissional de imprensa e admirável contista, cuja força de expressão dispensa, por evidente, qualquer apresentação. Também o poeta que fala através de Ausência Restituída precisa apenas de apreciação, análise e crítica da parte de cada leitor. Já deve estar, portanto, muito claro que não me proponho aqui apresentá-lo. Estou apenas, a pedido da escritora Arlete Nogueira da Cruz Machado, diretora do Departamento de Cultura, dizendo de sua alegria por entregar ao público este livro. Quando, em viagem de finalidade cultural, passamos pelo Recife, Jorge Nascimento, atualmente ali residindo, mostrou a Arlete, Nauro e eu, sua experiência poética. E tal foi a satisfação de vêlo produzindo, que para logo ficou acertada a publicação destes sonetos. Leiam, os sonetos deste livro e vejam com que violência criadora ele "sai rasgando a terra, no outro lado do mundo.” Salve Jorge Nascimento! Wilson Martins assim se manifestou, há pouco: “O meu convívio profissional com Jorge Nascimento teve início em meados da década de 80, quando passou a integrar a Equipe de Pesquisa e Jornalismo do Sioge. Daí saiu a parceria para a edição de História da Imprensa Oficial no Maranhão (pesquisa, Edições Sioge, 1983). O sucesso do trabalho motivou as sucessivas publicações das edições especiais do Diário Oficial do Estado, com encarte nos periódicos Jornal Pequeno, O Imparcial e O Estado do Maranhão. Em sua biografia, entre prêmios literários, constam: Ausência Restituída (poesia, 1981), Universo Maranhense (cronicontos, 1983), Os mortos não Leem os Epitáfios das Manhãs (poesia, 1986). Tem Inédito: O Sertão da Desesperança (contos).” Disse mais Wilson Martins, com conhecimento de causa: “Foi através desse convívio que eu pude entender que o poeta é um operário como outro qualquer, mas para ele, acho que a poesia é feita fundamentalmente com palavras, sem que isso justifique a apologia de uma poesia vazia de ideias, mas com a preocupação com a palavra. Jornalista, pesquisador, contista e poeta, Jorge Nascimento é um dos poucos escritores que eu conheço que se alimenta da literatura como um valor do espírito. Nele preexiste o visgo das palavras de um mundo desconhecido de si mesmo. Em Jorge, a marca que se põe é de escrever páginas e páginas de versos sem se deixar guiar por uma intuição posicionada. Nele, a prosa do poema. Desenvolvendo uma intensa atividade intelectual, além da colaboração que empresta aos jornais locais, tornou-se editor do Suplemento Cultural Vagalume, ao lado de Alberico
Carneiro e Maria José Vale de Oliveira, dando uma vasta contribuição às letras e às artes do nosso Estado. Modesto,excepcionalmente sincero e dono de senso de humor bastante singular, continua teimoso em sua produção literária, à espera que algum ‘aventureiro’ se digne a publicar seus apanhados, que ele vem produzindo insistentemente ao longo de sua vida.” Fotos: Divulgação
Jorge Nascimento, no jornal Vagalume do Sioge, também tem livro de contos, há muitos anos, inédito
Em 1983, Jorge Nascimento lançou Universo Maranhense, no Sioge, prestigiado pelos deputados Jaime Santana e Mauro Fecury
ALGUNS SIGNOS E SÍMBOLOS NA POÉTICA DE ANA NERES FERNANDO BRAGA Nas artes as histórias se repetem... Como gostaria de ser agora Rener Maria Rilke quando recebeu de um jovem escritor chamado Kappus, uma carta, motivo depois de uma imensa correspondência, na qual o poeta de “vidas e canções” expõe suas opiniões sobre o que considerava os aspectos verdadeiros da vida, a criação artística, a necessidade de escrever e o relacionamento entre os homens, o valor nulo da crítica e a solidão inelutável do ser humano... “Cara e coroa”... Está lançada a sorte... Não a sorte do livro, porque a desse é pelo seu alcance, pela predestinação em que estão marcados como essências de uma pura criação divina... E por ser assim, a poesia parece repetir as palavras do Filho do Homem como sentença aos indecisos: “Abandona tudo que tens e segue-me!” Sim, a poesia se faz nua, despida, e que se atreve a acompanhá-la não deve levar consigo nem ouro e nem prata, nem dinheiro nos cintos, nem mochila para a viagem, nem tostão, porque ela só já é o seu sustento... E Ana Neres, essa cálida pessoa, como assina seus versos, é uma poetisa das melhores que já vi nessas minhas terras dos Maranhões... E alhures! Porque ela não só sabe exercitar, como sabe direcionar a poesia, fazê-la chegar, vez que esta precisa ser sentida para se tornar percebida, e ela sabe que não há inovações. É a simples aplicação do axioma aristotélico de que vai ao intelecto sem antes passar pelos sentidos, em obediência a leis de estéticas, livres e poéticas. “Cara e Coroa” já lhe afirmara isso, não em tom de blague, mas com retoque da mais pura verdade... “Balas perdidas / em direção aos sonhos / não perdidos /canhões / disparados aos muros / e aos frágeis casulos / nossa habitação... Balas amargas / sobras que não são papéis / mas, sangue no chão!” E Ana Neres, como todo escolhido em que transita com a poesia na alma, premoniza: “eu vou / por onde o sol aquecer / e o vento soprar...” E por não ser de ferro, como os cascos dos navios que vão a rasgar as águas sem rumo, Ana em “Convite” se enternece passivamente: “Teu corpo exuberante se estende / ora fumegante como o lirismo / de cristais infinitos / ora refrescante como a essência / ou a alfazema mil / e me convida ao repouso / e delirante à tua áurea vista / ou à imersão na essência / revigorante de teu ser...” Vês que não é o corpo apenas que reclama por descanso, é o corpo por gritar por golpes fesceninos, onde a alfazema e a hortelã são apenas signos... Os símbolos, enlouquecidamente estão na carne... Não falei, ao tempo, do recebimento do livro “Cara e Coroa”, de Ana Neres, porque quis ir direto ao assunto, esse assunto, que fez dessa esperança mais que esperada [falo dela, em si], porque já está inteira em corpo e alma na poesia, surgida com os primeiros brilhos de [Esperantinópolis] para irradiar-se por esse mundão de Meu Deus, para “comemorar a eternidade da poesia”. Vamos Ana “uma luz sempre será motivo”... A estrada é longa e bela, e sombria, sombria porque desconhecida¸ e o que não se vê faz-se atrativo para os olhos em forma de belo, de terno e de pleno ou de funil... Onde às vezes se cai, mas se volta! Grato, agora sim, pelo teu livro, ele me alimentou o espírito... O caminho é longo, mas agüentarás os trancos da viagem... Vamos, anda!... Espero-te para dizer o resto...
PARA UMA ANTOLOGIA LUDOVICENSE POETAS NASCIDOS NO TERCEIRO TRIMESTRE
JOAQUIM MARIA SERRA SOBRINHO – 20 de julho de 1838 / 29 de outubro de 1888 JOAQUIM SERRA (J. Maria S. Sobrinho), jornalista, professor, político, teatrólogo, nasceu em São Luís, MA, em 20 de julho de 1838, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 29 de outubro de 1888. É o patrono da Cadeira n. 21 da ABL, por escolha de José do Patrocínio. Seu pai, Leonel Joaquim Serra, militava na política e no jornalismo, redigindo O Cometa (1835) e a Crônica dos Cronistas (1838), em São Luís. Estudou humanidades na província natal. Entre 1854 e 1858 esteve no Rio de Janeiro para ingresso na antiga Escola Militar, carreira que abandonou, voltando a São Luís. Sem mais a preocupação de ir em busca de um diploma de faculdade, iniciou-se muito moço no jornalismo e na poesia. Seus primeiros escritos (1858-60) saíram no Publicador Maranhense, dirigido então por Sotero dos Reis. Em 1862, com alguns amigos, fundou o jornal Coalisão, que advogava em política o Partido Liberal. Em 1867, fundou o Semanário Maranhense. Foi professor de gramática e literatura, por concurso, no Liceu Maranhense, deputado provincial (1864-67), secretário do Governo da Paraíba (1864-67). Ainda residia na província quando foi apresentado literariamente à corte por Machado de Assis numa de suas crônicas do Diário do Rio de Janeiro (24.10.1864). Em 1868, fixou residência no Rio de Janeiro. Fez parte das redações da Reforma da Gazeta de Notícias, da Folha Nova e do País, foi diretor do Diário Oficial (1878-82), de que, com dignidade, se exonerou por divergir do gabinete de 15 de janeiro de 82. Deputado geral (1878-81) pelo Maranhão, foi um combatente tenaz na campanha abolicionista, "o publicista brasileiro que mais escreveu contra os escravocratas", no dizer de André Rebouças. Escreveu também para o teatro, como autor e tradutor. Suas peças, entretanto, ao que parece, nunca foram impressas. Adotou vários pseudônimos: Amigo Ausente, Ignotus, Max Sedlitz, Pietro de Castellamare, Tragaldabas. Alguns dias após seu sepultamento, Machado de Assis enalteceu, numa página, o amigo, o poeta e o jornalista combatente: "Quando chegou o dia da vitória abolicionista, todos os seus valentes companheiros de batalha citaram gloriosamente o nome de Joaquim Serra entre os discípulos da primera hora, entre os mais estrênuos, fortes e devotados."30 Obras: Julieta e Cecília, contos (1863); Mosaico, poesia traduzida (1865); O salto de Leucade (1866); A casca da caneleira, romance de autoria coletiva, cabendo a J.S. a coordenação (1866); Versos (trad.), de Pietro de Castellamare (1868); Um coração de mulher, poema-romance (1867); Quadros, poesias (1873); Sessenta anos de jornalismo, a imprensa no Maranhão, 1820-80, por Ignotus (1883).
A MISSA DO GALO31 Repica o sino da aldeia, Troa o foguete no ar! O rio geme na areia, Na areia brilha o luar. Quantas vozes, que alegria! O povo da freguesia Corre em chusma, folgazão. No caminho arcos de flores, Por toda parte cantores, Folguedos e agitação! Ali no largo da ermida O tambor toca festeiro, Se apinha o povo em redor; E a igrejinha garrida, Tendo defronte um cruzeiro, É toda luz e fulgor! Vêm do monte umas devotas, Trazem o rosário na mão; 30 31
http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=900&sid=225 http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=901&sid=225
Uns camponeses janotas, Calças por dentro das botas, Seguindo o grupo lá vão! Que raparigas formosas, Cheias de rendas e rosas A ladeira vão subir! Falam cousas tão suaves, Parece gorjeio de aves O que elas dizem a sorrir! A brisa sopra fagueira, Brincando na juçareira E vai o rio enrugar; Chegam de longe canoas, Os barqueiros cessam as loas, Que modulavam a remar! O sino da freguesia, Da branca igreja da aldeia, Cada vez repica mais; O povo corre à porfia, A capela já está cheia, Soam trenos festivais! Porque produz tanto abalo Esta festa sem rival? É hoje a missa do galo, Santa missa do Natal! ..................................................... Este festejo tão lindo Que grande mistério encerra! Poema de amor infindo Que o céu ensinou à terra! Faz-se humano o ente divino, O Eterno se faz menino, Vem viver entre os mortais! Lei cristã, santa e formosa, Salve crença majestosa, Que eu recebi de meus pais! .................................................... (Quadros, 1873)
A MINHA MADONA Alva, mais alva do que o branco cisne, Que além mergulha e a penugem lava; Alva como um vestido de noivado, Mais alva, inda mais alva! Loira, mais loira do que a nuvem linda Que o sol à tarde no poente doira; Loira como uma virgem ossianesca, Mais loira, inda mais loira! Bela, mais bela que o raiar da aurora Após noite hibernal, negra procela; Bela como a açucena rociada Mais bela, inda mais bela! Doce, mais doce que o gemer da brisa; Como se deste mundo ela não fosse... Doce como os cantares dos arcanjos, Mais doce, inda mais doce! Casta, mais casta que a mimosa folha Que se constringe, que da mão se afasta, Assim como a Madona imaculada Ela era assim tão casta!...
JOSÉ AUGUSTO CORREIA 3 de agosto de 1854 / 16 de fevereiro de 1919 Nasceu em São Luis do Maranhão, aos 3 de agosto de 1854 e faleceu na mesma cidde aos 16 de fevereiro de 1919. Filho de Frederico José Correia e Inês Pessoa Correia. Lecionou no Seminário das Mercês, e nos famosos colégios de José Ribeiro do Amaral, de Rosa Parga, de Raimundo Tolentino Lisboa Coqueiro, e de Luiza Messina Sá Correia. Funcionário publico exemplar, desempenhou comi9ssões importantes como as da Delegacia Fiscal e Inspetor da Alfnadega.Colaborou na imprensa local, notadamente na “Pacotilha” e no “Jornal” e em várias folhas literárias. Na Acdemia Maranhense de Letras foi fuindador da Csadeira 17, que tem como patrono Sotero dos Reis.32 Bibliografia: Estudinhos de Ligua Portuguesa (1883); Graziela (s.d.); Pontos de aritmética escritos e compilados (1885); Resumo de Ágebra (1886); inclui-se um sem numero de artigos sobre filologia e outros assuntos publicdos em jornais e revistas locais. GRAZIELLA33 Ouvi-me, pois, vós, que sabeis o que é a desdita; vós, que sabeis o que é o infortúnio. Era em s. Luis do Maranhão. De mãe carinhosa, de paiextremoso nascera Graziella aos 24 de julho de 1880. Como si, depois de viagem longa e tormentosa, houvesse avistado a terra desejada, suspirando pelo repouso qie ias encontrar, e recordando ainda com horror os trabalhos, por que passaras; assim, pobre mãe, ficaste, quando livre de perigo, pudeste pela vez primeira beijar, abraçrar, ver e rever o entezinho adorado, que acabaste de dar à luz. Ontem eras uma descuidosa donzela; não te preocupavam senão teus adornos. Ontem a música, o piano, a que com gosto te entregavas, era teu recreio, era teu entretenimento habitual. Ontem o futuro para ti era o presente; e se uma vez ou outra te lembravas dele, era que pensavas num dia aprazado d´alegria, onde ias fruir algumas horas felizes. Hoje teus olhares se contram com os de um mancebo, estremeces, ficas confusa. A que pena é dado descrever a sensação, que expedimentas? A qual o reproduzir o que se passa em ti nesse momento? Ele solicita tua mão; tu lha concedes – eis-te noiva. Algum tempo depois, és conduzida à presenã de um sacerdote. Celebrada a cerimônia, esi-te esposa. Desse momento em diante contraíste novos deveres: tua vida é outra. Ao nome de donzela sucedeu o de esposa, e a este se vem brevemente juntar o de mãe. És mãe, tens teu tesouro junto de ti, velas por ele dia e noite.
32 33
MEIRELES, FERREIRA, VIEIRA FILHO, 2008, obra ciatada, p. 71-73 Graziella. Romance. Tip. De A. P. Ramos d´Almeida & Cia. Maranhão, s.d., 60 p.
MANUEL ÁLVARO DE SOUSA SÁ VIANA34 14 de agosto de 1860 / 1922 Nasceu em São Luis aos 14 de agosto de 1860 e faleceu em 1922 (?). Homem de profundo saber juridico, uma das glorias do rireito brasileiro. Internacionalista acatado pela erudição e senso jurídico demonstrados no curso de longa existência dedicada ao estudo e ao ensino. Catedrático da faculdade Livre de Direito do Rio de janeiro e sócio da Associação de Advogados de Lisboa e dos Col´gios de Advogados de Lima e la mPaz. Membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e sócio correspondente da Academia Maranhense de Letras, patrocinando, posteriormente, a Cadeira n. 25, fundada por Oliveira Roma. Bibliografia Esboços críticos da faculdade de Direito de S. Paulo (1880); Instituto da Ordem dos Advogados Brasileiros (1894); Traços vbiográficos de Augusto Teixeira Mendes (1895); Trabalhos forenses (1899); Arbitragem internacional (1901); Congresso jurídico americano (1902); Das falências (1907); elementos de Direito Internacional (1908); De la non existence d´um droit international americain (1912); Discursos e conferencias (1916); L´Arbritage nu Bresil (1917); Discurso de paraninfo (1920); O trafico e a diplomacia. A LEI MORAL35 Por mais profundo que seja o salutar trabalho das mães, a sobra desse amor que Victor Hugo chamou – “pain merveilleux que Dieu partage et multiplie”, - ele pode perecer, pode diminuir, pode vacilar, porque, reconheçamos a dura realidade, quando o meio social começa a fluir sobre o moral dos atos humanos, não raramente, pessoas e coisas, leis e costumes, se mosntram dúbios, fracos, confusos, indefenidos, bamboleados, sacudidos, num imenso torvelinho por não estarem perfeitamente firmes em seus pedestais – o Bem, a Moral e a Justiça, tanto vale dizer – o Direito – que é a suprema garantia de qualquer organização social.
34
MEIRELES, FERREIRA, VIEIRA FILHO, 2008, obra ciatada, p. 92-94 http://catalogo.bnportugal.pt/ipac20/ipac.jsp?session=1WP67203566J9.81665&profile=bn&uri=link=3100018~!445418~!31000 24~!3100022&aspect=basic_search&menu=search&ri=1&source=~!bnp&term=Viana%2C+Manuel+%C3%81lvaro+de+Sousa+S% C3%A1&index=AUTHOR 35 Discurso de Paraninfo; Rio, 1920, 42 p.
AUGUSTO TASSO FRAGOSO36 28 de agosto de 1869 / 20 de setembro de 1945 Nasceu em São Luís, estado do Maranhão a 28 de agosto de 1869. Historiador e militar, chefe da Junta Governativa Provisória em 1930, cuja atuação foi decisiva na deposição de Washington Luís. Diplomado em artilharia pela Escola Militar (1885-1889), depois cursou a Escola Superior de Guerra, onde foi discípulo de Benjamin Constant. Ainda moço participou como alferes-aluno da operação militar pela proclamação da República. Em 1890 foi escolhido, contra a vontade, deputado à Assembléia Nacional Constituinte pelo Maranhão, renunciou ao mandato sem tomar parte de qualquer sessão parlamentar. Recusou o convite do presidente Floriano Peixoto para assumir a Prefeitura do Distrito Federal, no entanto, após insistência do Marechal, aceitou a intendência do Departamento de Obras e Viação Geral daquela prefeitura, exercendo o cargo até o mês de abril do ano seguinte. Durante a revolta da armada que pretendia derrubar o governo de Floriano Peixoto, foi gravemente ferido no combate da Ponta de Armação, em Niterói, Estado do Rio de Janeiro (1894), recuperando-se em seguida. Viajou à Europa em 1908 como membro do estado-maior do ministro da Guerra, Hermes da Fonseca, a fim de comprar armamentos para o Exército. Foi nomeado chefe da Casa Militar (1914) pelo presidente Venceslau Brás, permanecendo nessa função nos três anos seguintes. Nesse período, desempenhou papel importante na implantação do serviço militar obrigatório e na remodelação do Exército. Alcançou o generalato em 1918 e exerceu o cargo de chefe do Estado-Maior do Exército (1922-1929), onde se destacou no processo de remodelação do Exército orientada por uma missão militar francesa e saiu por discordar de pontos de vista do governo sobre a reestruturação do ensino militar no país. Na chamada Revolução de 30, integrou, a comissão que se dirigiu à residência de Washington Luís para forçar seu afastamento do poder central. Depois que Washington Luís foi deposto em 24 de outubro de 1930, assumiu o governo do Brasil com os generais João de Deus Mena Barreto e Alfredo Malan d'Angrogne. O golpe de estado liderado por ele foi desenvolvido para impedir que o presidente eleito Júlio Prestes assumisse a presidência da república. Garantindo o chamado movimento getulista, dez dias depois a presidência foi entregue a Getúlio Vargas, que contava com o apoio popular e de movimentos militares de Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Com Vargas no poder voltou novamente à chefia do Estado-Maior do Exército e, depois, tornou-se ministro do Supremo Tribunal Militar (1933) onde ficou até se aposentar compulsoriamente por limite de idade (1939). Destacado historiador militar, escreveu História da guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai (1934), A revolução farroupilha (1938) e Franceses no Rio de Janeiro. Casado com a prima Josefa Graça Aranha. Faleceu no Rio de Janeiro, aos 76 anos. É filho do bem sucedido comerciante português Joaquim Coelho Fragoso e da paraense Maria Custódia de Sousa Fragoso. Morou até aos quinze anos na terra natal onde aprendeu as primeiras letras. Há de lembrar ainda o seu parentesco com o escritor e jornalista Temistocles Aranha, pai de Graça Aranha. 36
NOBERTO DA SILVA, Antonio. DISCURSO DE POSSE DO ESCRITOR ANTONIO NOBERTO NA CADEIRA DE Nº 43 DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO, PATRONEADA POR TASSO FRAGOSO. Revista IHGM n. 39, dezembro 2011, p. 94 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_39_-_dezembro_2011 SARAIVA, José Cloves Verde. ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA NO. 43 DO IHGM No. 27, julho de 2007 78-87 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; REINALDO, Telma Bonifácio dos Santos. INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO: PERFIL DOS SÓCIOS – Patronos e Ocupantes de Cadeira. São Luís: IHGM, 2013. Disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/perfil_dos_socios_-_patronos_-_volu http://www.cultura.ma.gov.br/portal/bpbl/acervodigital/ http://www.biblioteca.presidencia.gov.br/ex-presidentes/augusto-fragoso/biografia http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Tasso_Fragoso http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/biografias/tasso_fragoso http://www.biblioteca.presidencia.gov.br/ex-presidentes/augusto-fragoso
Junta governativa 37 Com a eclosão do movimento revolucionário de 1930, a junta governativa composta pelos generais Tasso Fragoso e Mena Barreto e pelo almirante Isaías de Noronha depôs o presidente Washington Luís, e assumiu o controle do país. Em meio a pressão de manifestações populares, dos movimentos militares como o de Minas Gerais, revolucionários gaúchos chegam ao Rio de Janeiro, obrigando a junta a entregar a chefia do governo a Getúlio Vargas em 3 de novembro de 1930. Obras publicadas38 Determinação da hora por alturas iguais de estrelas diversas (1904); A Batalha do Passo do Rosário (1922); A Revolução Farroupilha; História da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai (1934); Os Franceses no Rio de Janeiro Senhor presidente, venho mais uma vez patentear-lhe a minha lealdade, assegurando-lhe a vida, e desejo comunicar-lhe que a junta governativa já está formada e pede a vossa excelência sua renúncia, a fim de evitar mais derramamento de sangue (...) Então não há mais nada a fazer." - O Último Tenente, de Juracy Magalhães em depoimento a J. Gueiros — editora Record - antes de prender o presidente, diante de uma resposta negativa.Washington Luís.39
37
Fonte: Arquivo Nacional - Centro de Informação dos Acervos dos Presidentes da República. http://www.biblioteca.presidencia.gov.br/ex-presidentes/augusto-fragoso/biografia 38 os-franceses-no-rio-de-janeiro-augusto-tasso-fragoso. http://lista.mercadolivre.com.br/os-franceses-no-rio-de-janeiroaugusto-tasso-fragoso 39 http://pt.wikiquote.org/wiki/Augusto_Tasso_Fragoso
ANTÔNIO FRANCISCO LEAL LÔBO40 4 de julho de 1870 / 24 de junho de 1916 Nasceu em São Luís, aos 4 de julho de1870 e faleceu na mesma cidade, ao 24 de junho de 1916. Era filho dePolicarpo José da Costa Lobo e de D. Francisca Leal Lobo. Foi professor da Escola Normal e do Seminário das Mercês. Dirigiusuperiormente o antigo Liceu Maranhense, a Instrução Pública e a Biblioteca Pública, aí imprimindo administração moderna, com aintrodução de novos processos de biblioteconomia. Escritor elegante e jornalista combativo, lobo foi redator e colaborador de muitas folhas sanluisenses, merecendo destaque ‘’Pacotilha’’, ‘’A Tarde’’, ‘’O Jornal’’,‘’Diário do Maranhão’’, ‘’Federalista’’, ‘’Revista Elegante’’ e a ‘’Revistado Norte’’, fundada por ele e Alfredo Teixeira. Nesses periódicos fez política, ficção, crítica literária e ciência, pois que era versado em sociologia e biologia. Exemplo marcante de autodidata, exerceu poderosa influencia na geração de 1900, congregando-se à sua roda os jovens talentos esperançosos que formavam, então, as inúmeras sociedades literárias, surgidas do dia para a noite. Foi um dosfundadores da Academia Maranhense de Letras, onde ocupava a Cadeira n.14, patrocinada por Nina Rodrigues Como funcionário público, exerceu os cargos de Oficial de Gabinete do Governo do Estado, da Biblioteca Pública Benedito Leite, do Liceu Maranhense e da Instrução Pública. Juntamente com Fran Paxeco, Ribeiro do Amaral, Barbosa de Godois, Corrêa de Araújo, Astolfo Marques, Godofredo Viana, Clodoaldo de Freitas, Inácio Xavier de Carvalho, Domingos Barbosa, Alfredo de Assis e Armando Vieira da Silva, fundou, na noite de 10 de agosto de 1908, a Academia Maranhense de Letras, uma extensão da Oficina dos Novos. Congregou e aglutinou, em torno da projeção intelectual de seu nome, os escritores de expressão da época. Em virtude de perseguições políticas, moralmente traumatizado, no último ano de sua existência, recolheuse a sua residência e, na madrugada de 24 de junho de 1916, enforcou-se com uma corrente. OBRAS MAIS EXPRESSIVAS A Carteira de um Neurastênico, romance publicado, inicialmente sob a forma de folhetim, na Revista do Norte, em São Luís, sob o pseudônimo de Jayme Avelar, em 1903; Pela Rama, crônicas, São Luís, 1912; Os Novos Atenienses, ensaio, São Luís, 1909. Traduziu as seguintes obras: Debalde, romance da autoria de Stenkiwicz, cuja publicação inicial foi sob a forma de folhetim na Revista do Norte, São Luís, 1901; em parceria com Fran Paxeco, O Juiz sem juízo, comédia da autoria de Bisson; Henriqueta, da autoria de François Coppée. BIBLIOGRAFIA: ‘’Henriqueta’’, romance de François Copée, tradução. Folhetim do ‘’Diário do Maranhão’’ – São Luís 1893.•‘’As novas tendencias do romance ingles’’, idem. Ed. De 16-12-1901 – São Luís.•‘’Juiz sem juízo’’, comédia traduzida de A. Bisson, com Fran Paxeco – Rio, 1901•‘’A doutrina transformista e a variacao microbiana’’. Ed. Da ‘’Pacotilha’’ – SãoLuís,1909. 53p. VISÃO CRÍTICA O perfil intelectual de Antônio Lôbo, no panorama da Literatura Maranhense, tem como paradigma as próprias concepções que ele expressou no texto de uma obra que, sem vias de dúvida, é precursora, fundadora, mestra e pioneira, no campo da crítica e teoria literária maranhense, Os Novos Atenienses, editada em primeira edição pela Tipografia Teixeira, em São Luís do Maranhão, 1909; reeditada pelo SIOGE, sob os auspícios da Academia Maranhense de Letras, em 1970, quando da passagem do Centenário de Nascimento do Autor.
40
http://pt.scribd.com/doc/425853/Aprentacao-de-Academico EDITORIAL. GUESA ERRANTE, edição 55, 30 http://www.guesaerrante.com.br/2005/11/30/Pagina394.htm ANTONIO LOBO E OS NOVOS ATENIENSES. In GUESA ERRANTE, http://www.guesaerrante.com.br/2005/11/30/Pagina395.htm
de
novembro
de
2005,
disponível
em
edição 55, 30 de novembro de 2005, disponível em
Em Os Novos Atenienses, Antônio Lôbo analisa o renascimento da cultura e da literatura maranhense, procurando registrar e resgatar o momento literário de então, bem como a vida e a obra dos escritores que se destacaram na primeira década do século XX, apresentando em seu discurso uma leitura bem peculiar, que classificaríamos até de profética, dada a verdadeira atenção para as entrelinhas e os subentendidos usados por ele, com certeza para driblar a ditadura das letras da sociedade aristocrática da época, elitista, cartesiana, conservadora e puritana, sobretudo hipócrita, toda poderosa em seu círculo radicalmente fechado. Sem dúvida, para falar dessa fase imediatamente finissecular, ele se estrutura nos precedentes, um momento áureo e de apogeu da Literatura Maranhense, em razão do qual o Maranhão mereceu o epíteto de Atenas Brasileira. Momento marcante, representado por escritores, eruditos, intelectuais e homens cultos do porte de Sotero dos Reis, Odorico Mendes, João Lisboa, Henriques Leal, Gonçalves Dias e poucos outros. Os marcos anunciadores desse renascimento, na prática, são a fundação da Oficina dos Novos, em 28 de julho de 1900, que teve, como idealizador e responsável, o próprio Antônio Lôbo, e da Renascença Literária, em 17 de março de 1901, movimento cultural dissidente, encabeçado por Nascimento Moraes. O principal mérito da obra Os Novos Atenienses, de Antônio Lôbo, está no caráter da novidade e autenticidade do documento para a época e para hoje, pelo fato de o texto ter vários olhares, leituras e diálogos, cujo descortino aponta para um universo semântico simultaneamente fixado no presente de então, na grande noite negra que o precedeu, num passado áureo e no futuro. Tempo esse sempre escasso e gasto por antecipação por quantos se equivocam sobre o que seja imortalidade. Inquestionavelmente, um manifesto, um documento referencial único, que funda, paralela e simultaneamente, uma teoria e uma crítica literária, portanto uma obra pioneira, no gênero, como referencial de visão crítica de uma época. Entre outros méritos está, também, o de registro e resgate dos movimentos, jornais e revistas literárias que cobrem o final do século XIX e o início do século XX. Lendo Os Novos Atenienses, tomamos conhecimento da cultura literária de um escritor e de toda uma congregação geracional, aglutinada em torno deste como mentor intelectual, que se impôs por mérito e por necessidade. Temos consciência do quanto esta obra é indispensável, para que se possa fazer justiça aos que, do passado, passaram ao tempo presente, literariamente. Travamos conhecimento com a seriedade de propósitos e comprometimento de um homem de firmeza de caráter admirável, como Antônio Lôbo, para com a literatura e a sociedade maranhense. Um homem que preferiu morrer a corromper-se em qualquer plano. Não houve nem há tantos maranhenses da sua estirpe, muito pelo contrário. Com ele, podemos viajar para o passado e conviver com uma visão preconceituosa e restritiva que a intelectualidade maranhense tinha sobre a criação literária. Lendo-se o texto de Antônio Lôbo, tem-se a antevisão de que, no Maranhão do início do século XX, ainda predominava a tacanha concepção parnasiana, equivocada, sobre o que seja a essência do poético ou da poesia. Portanto, poeta ainda era o doutor em se tratando de versificação e metrificação. E ele próprio fez certas concessões a esse tipo de pensamento, creditando, na teoria, conceitos sobre os quais, na prática, não referendara. Felizmente, quando lemos Antônio Lôbo, percebemos, nas entrelinhas, que os seus verdadeiros eleitos não eram, senão, aqueles que a elite cultural da época considerava malditos, decadentes ou manquê, já que ele próprio, no mais belo poema que publicou, Por Amor de uns Olhos, paradoxal e contraditoriamente, se expressou como um legítimo simbolista, contrariando os cânones parnasianos, tão em voga, porém já retrógrados para poetas da estirpe de excêntricos como Maranhão Sobrinho, I. Xavier de Carvalho, Luís Carvalho e Alfredo de Assis, dentre poucos outros, que viveram o tempo cronológico de sua geração e muito além. POR AMOR DE UNS OLHOS41 ........................................................... Olhos que lembram preces e luares, Céus estrelados, vagas marulhantes, 41
Moraes,
Jomar.
Vida
e
Obra
de
Antônio
Lôbo.
São
Luís:
Revista
Legenda
Editora,
1969.
p.53-55.
Guitarras a gemer, harpas cantantes, Noites de amor em flóridos pomares, ........................................................... Olhos que evocam, sugestivamente, Umas paisagens líricas de sonhos, Sob o clarão nostálgico e tristonho De um perene luar, saudoso e algente, Vagos queixumes, indecisas mágoas, Prantos convulsos, nalgum sítio ermo Harpejos tristes de alaúde enfermo, Cisnes boiando sobre claras águas, Velas que passam deslizando mansas, Por tardes tristes, invernosas, frias, Um desfilar de castas utopias, Todo um cortejo branco de esperanças; Olhos que a gente nunca mais esquece, Como eu vos amo e quero, saiba embora Que não se fez pra mim à luz da aurora Que nas vossas pupilas resplandece, Que as horas passem, que se volvam os dias, Que os anos se amontoem sobre os anos, Que um após outro cheguem os desenganos, Que uma após outra fujam as alegrias, Sempre na mente vos trarei brilhando, Sempre em minhalma vivereis luzindo, Olhos que um dia eu conheci sorrindo, Olhos que após abandonei chorando. 4 de Julho é a data natalícia do ilustre saudoso escritor maranhense, Antônio Lôbo, que nasceu, em 1870, e morreu em 24 de junho de 1916, em São Luís. Figura marcante, em sua época, cabeça de geração, Antônio Lôbo reunia os elementos essenciais de uma escala de valores ascendentes, que se destacaram pelo talento e caráter. A obra mais marcante de Antônio Lôbo, Os Novos Atenienses, sobressai pela autenticidade, originalidade e pioneirismo. Centrada em dois pilares da análise literária, a teoria e a crítica, a obra é pioneira no panorama da Literatura Maranhense. Lendo-se Os Novos Atenienses, tem-se a certeza da existência de um maranhense, cuja visão cultural reflete uma consciência sobre o papel que se impusera desempenhar perante seus pares e a sociedade ludovicense. Mentor intelectual de inúmeros jovens escritores, que militavam na imprensa maranhense entre 1900 e 1916, Antônio Lôbo, juntamente com Manoel de Béthencourt e Fran Paxeco, teve um papel decisivo, para que se processasse o clima efervescente de renascimento literário que ocorreu no espírito dos jovens maranhenses da Oficina dos Novos e da Renascença Literária.
I. XAVIER DE CARVALHO42 - (1872-1944) - I.Xavier de Carvalho é o nome literário de Inácio Xavier de Carvalho, que nasceu em São Luís, Maranhão, em 26 de agosto de 1872. Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito do Recife, após o que retornou ao Maranhão, onde ingressou na magistratura, exercendo sucessivamente os cargos de promotor público e juiz municipal, acumulando-os com a cátedra de Literatura, no Liceu Maranhense. Transferindo-se para Minas Gerais, ali foi nomeado para Abaeté, como juiz municipal. Chamado ao Amazonas, exerceu ali o cargo de procurador-geral do Estado. Em 1917, foi nomeado juiz federal substituto da Seção do Pará. Extinta a magistratura federal nos Estados, foi aposentado. Tomou parte ativa no movimento literário de sua terra natal, liderado pela “Oficina dos Novos”. No seu livro Subsídios para a história Literária do Maranhão, Antônio Lôbo refere-se ao “transviamento” do promissor talento de Inácio Xavier de Carvalho que, com suas Missas Negras se tinha incorporado ao movimento dos decadentistas e nefelibatas; e citava, dentre as suas produções, o soneto que lhe pareceu mais aproximado do parnasianismo, para fundamentar o elogio que fazia dos dons naturais do jovem poeta... Xavier de Carvalho deixou numerosa colaboração nos jornais e revistas do Maranhão, do Pará e do Amazonas. Era membro das Academias Maranhense e Paraense de Letras. Residia nos seus últimos tempos no Rio de Janeiro, onde faleceu, em 17 de maio de 1944. Obras Poéticas: Frutos Selvagens (1892-1894), São Luís Maranhão; Missas Negras, Manaus,1902; Parábolas; Caixa de Fósforos, versos satíricos. 43 CHEGANDO... II D’onde venho não sei... Venho de faina em faina Misterioso a correr desolado e tristonho... Venho talvez de um céu onde a dor não se amaina Ou, quem sabe? Talvez dos infernos do Sonho! Fica a terra queimada onde meus pés eu ponho... - De entre as dobras cruéis desta minha sotaina Jorro poemas sem luz de Extremismo medonho... D’onde venho não sei...Venho de faina em faina... O gemido fatal que do meu lábio escapa Faz tremerem os reis...e até tu mesmo, ó Papa, Deixas rolar da mão o báculo que trazes... E ao fulgor infernal de meus olhos à tona Sinto que ao meu olhar tudo se desmorona, Que a sociedade atual estremece nas bases! III Venho, em nome do Céu, atroando pelo espaço A busina da Dor, sombria e merencórea... 42
Muricy, Andrade. PANORAMA DO MOVIMENTO SIMBOLISTA BRASILEIRO. 2.ed. Brasília: Ministério da Educação e Cultura/Conselho Federal de Cultura/Instituto Nacional do Livro, 1973. v.1, p.553-555. http://www.guesaerrante.com.br/2005/11/30/Pagina388.htm 43 De Carvalho, I. Xavier. Missas Negras. Manaus: Livraria Universal de M. Silva & C. 21, 1902. p.05-40.)
- Venho quase a morrer, de fracasso em fracasso, Para depois viver de Vitória em Vitória! Meu peito não é mais que uma tumba marmórea A destilar o Mal e o Bem por onde eu passo... -Trago repleto o olhar de pedaços de Glória, -Tudo morre e sucumbe ao poder do meu braço... Sou Lusbel e sou Deus! Nasci do mar na espuma Ou da terra no chão! Sou tudo e nada em suma... -Sobre mim do Universo a atenção se concentra, Pois desejo afinal, com as palavras em Jogo, Envolver a mulher em círculos de fogo Para, em nome do Céu, infecundar-lhe o ventre!
AGOSTO (Em meu aniversário) Quem acaso nascer nas desoladas Segundas-Feiras d’este mês odioso Matará, entre as pálpebras inchadas, Em dilúvios de Lágrimas, o Gozo... E, entre destroços de Ilusões Fanadas, No alto do céu do coração choroso Terá mágoas de pássaros seu pouso, Constelações de Crenças Apagadas Terá, nos olhos, sombras de esqueletos E Ironias fatais de Risos Pretos, Em contrações de boca pelo rosto... E morrerá sem ter vivido em suma! Por isso, poeta, é que nasceste numa Segunda-Feira fúnebre de Agosto!
TÍSICAS (A um amigo cuja noiva a tuberculose matou) Não sei por que, sob as pestanas pretas Dos tristes olhos das tuberculosas, Em vez de lírios e em lugar de rosas, Deus plantou dois canteiros de violetas... Por que as prendeu em mórbidas grilhetas, Cheias de tosse débeis e queixosas... Por que as fez tão franzinas e nervosas, Fracas e frágeis como as borboletas!
Porque às faces sem cor dessas vencidas Pôs o traço das noites mal dormidas Entre olheiras de anêmonas e goivos! Por que as leva, por fim, de olhos risonhos, Em suplícios tantálicos de Sonhos De entre as almas agônicas dos Noivos!
CRENÇAS Meu coração é um campo santo cheio De céus sem luz e músicas sem claves, É um cemitério vasto em cujo seio Vê-se uma Igreja de alvacentas naves... De sobre as amplas cruzes que há no meio Do chão, por entre as catacumbas graves O fogo-fátuo trêmulo do Anseio Matou as flores e espantou as Aves... Ali, quando alta noite o som das onze Chora magoado no saudoso bronze Em vibrações nostálgicas e imensas, Abrem-se as covas e, em montões de escombros, Alvas mortalhas carregando aos ombros, Passa um bando esquelético de Crenças!
A UM RICO Das nuvens cor de rosa da opulência Tentas em vão bater a Desventura, E, no entretanto, quanta noite escura, Em vez de auroras, veste-te a existência! Quantos desses que vivem na indigência Dos restos do que comes à procura, Mais do que tu não vivem na Ventura -Da pobreza na pálida aparência? Quantos desses que dentro dos farrapos De uns, em pedaços, miseráveis trapos Que lhes servem de capa ao corpo nu, Quantos desses que míseros, sem nome, Se revolvem no pélago da fome Não são mais venturosos do que tu?
A UM JOGADOR Tu’alma, essa infeliz de vícios farta, Num baralho, a correr, toda se encerra. Teu pão é o trunfo, teu futuro é a carta, Numa marcha de escândalos que aterra! O pano verde: - eis tudo! – Sobre a terra Chovam raios de fogo e o céu se parta! Tua idéia, quem pode emocionar-t’a Embora o mundo se arrebente em guerra? No az, no rei, na dama, no valete, Dois e três, quatro e cinco, seis e sete, E nas mais cartas teu porvir se perde! Tens a honra escondida nas cartadas, Nos ouros e nos paus, copas e espadas, Na atração infernal do pano verde!
A UM COVEIRO Constantemente o sino a ouvir terrível Em por defuntos, prolongar os dobres, Tu que colocas todos num só nível: - Fidalgos e plebeus, ricos e pobres; E em pás de terra tristemente encobres Os vis despojos da existência horrível Dando todo o vigor dessas mãos nobres Em prol do sono último e infalível; Tu que roubas o morto à luz e ao mundo Ao cavar-lhe o jazigo – faze-o fundo, O mais fundo, o mais fundo que puderes! Se a carne após o túmulo inda sonha Livrá-la-ás ao menos da vergonha De ouvir missas, latins e misereres.
A UM CARRASCO Quando da forca, tristemente à borda Fores executar um condenado - Nunca tragas o peito contristado, Nunca tremas a mão – puxando a corda!... Mal o infeliz tu tenhas enfrentado Das misérias da Vida te recordas! Dos pulsos teus todo o vigor acorda E quanto antes enforca o desgraçado...
Não tens a maldição, como alguns pensam Pelo contrário, fazes jus à bênção Do executado a quem tiraste a vida... Se a cabeça que cai do cadafaldo Pudesse, acaso, te correr no encalço Te beijaria as mãos, agradecida!
NOIVAS MORTAS Essas que assim se vão, fugindo prestes De ao pé dos noivos, carregando-os n’alma, Amortalhadas de capela e palma Em demanda dos páramos celestes; Essas que, sob o horror que a morte espalma, Vão dormitar à sombra dos ciprestes Em demanda dos páramos celestes Amortalhadas de capela e palma; Essas irão aos céus, de olhos risonhos, Por entre os Anjos, pela mão dos sonhos, De asas flaflando em trêmulos arrancos, De Alvas Grinaldas pelas tranças frouxas, De olhos pisados e de olheiras roxas, Todas cobertas de Pecados Brancos.
POETA Sobre o largo portal do castelo onde mora Meu grande coração de escritor insubmisso, Inundada na luz de um resplendor de aurora, Há uma lira de Rei feita de ouro maciço. Ao meu trono enfrentar, trono de ouro inteiriço, Curvam-se as vibrações da Palavra Sonora... -E, embora seja o aplauso obrigado e postiço, As mãos de muitos reis batem-me palma, embora! Um soneto ao fazer, cheio de versos lautos, Partem do meu palácio uma porção de arautos, Lembrando o meu poder pela voz de cem trompas! E os vendilhões, então, do amplo templo do Metro Fogem em debandada ao fulgor de meu cetro Feridos pelo Estilo e embriagados de Pompas!
JERONIMO JOSÉ DE VIVEIROS44 11 DE AGOSTO DE 1884 # Nasceu em São Luís do Maranhão, a 11 de agosto de 1884, um dos cinco filhos de Maria Francisca e Jerônimo José Viveiros. Seus antepassados, de origem espanhola, chegaram ao Maranhão por volta de 1780, e se estabeleceram em Alcântara, em cujo meio se tornaram uma família das mais influentes. Seu bisavô (1789-1857), que tinha o seu mesmo nome, foi senador do Império. Seu avô, Francisco Mariano de Viveiros Sobrinho (1819-1860), Barão de São Bento, foi deputado provincial e geral (10ª Legislatura, 1857-1860), chefe do Partido Conservador, também fidalgo e cavaleiro da Casa Imperial. Órfão de pai aos dois anos iniciou o caminho das letras através de professores particulares, em São Luís. Passou depois ao Colégio Nossa senhora da Glória e ao Liceu Maranhense. Decidindo-se, na juventude, pelo estudo das Ciências Jurídicas, viajou ao Rio de Janeiro, mas, à altura do terceiro ano, teve que abandonar o curso e retornar ao Maranhão, devido à fragilidade da saúde de sua mãe. Aos 22 anos, mediante processo seletivo em que foi sabatinado pelo próprio presidente do Estado, Benedito Leite, iniciava carreira no magistério, como lente de História Universal e do Brasil, no Liceu Maranhense. Esteve depois à frente da Imprensa Oficial do Estado e foi diretor da Instrução Pública, além de fundar e dirigir o Instituto Viveiros, que deixou fama na História da Educação maranhense. No dia 6 de outubro de 1937, quando a Assembléia Legislativa do Estado do Maranhão votava o orçamento para o ano vindouro, os deputados que faziam oposição ao Governo Paulo Ramos se mobilizou para boicotar a sessão. O professor Jerônimo de Viveiros, funcionário público estadual e do município de São Luís, há esse tempo liderou uma grande manifestação nas galerias da Casa. A Polícia Militar teve que intervir por ordem da Presidência da Assembléia, que suspendeu a sessão e evacuou as galerias. Por essa ocasião, o professor Jerônimo de Viveiros era catedrático de História Universal do Liceu Maranhense e ajudante de Inspetor do Ensino Municipal de São Luís. Por conta desse episódio Jerônimo de Viveiros foi submetido a um inquérito administrativo e a outro policial, que culminou com seu afastamento, a bem do serviço público, em 29 de dezembro de 1937, conforme publicado no Diário Oficial do dia seguinte. A perseguição política estendeu-se a ponto de o prefeito municipal de São Luís, Dr. Pedro Neiva de Santana, também exonerá-lo pelo mesmo motivo, do quadro de servidores do município, conforme ato publicado no Diário Oficial de 30 de dezembro de 1937. Viveiros foi obrigado a transferir-se para o Rio de Janeiro, onde foi professor do Colégio Pedro II, passando cerca de dez anos naquela cidade, ocasião em que escreveu a biografia de Gonçalves Dias e de Celso Magalhães, e mais 48 artigos sobre a indústria açucareira do País, além de colaborar no preparo da obra A Balaiada, de Astolfo Serra. Sua obstinada vocação de pesquisador teve continuidade no Maranhão, para onde retornou em 1949. Foi ainda consultor técnico do Diretório Regional de Geografia do Maranhão e professor da Faculdade de Filosofia de São Luís. Dentre as suas obras a mais extensa e quiçá a de maior importância é “A História do Comércio do Maranhão”, escrita em três volumes, dividindo-a em ordem cronológica dos acontecimentos. O quarto volume foi escrito pelo renomado historiador professor Mário Martins Meireles, ninguém melhor em competência de conhecimento para dar continuidade à grande obra de Viveiros Em 1950 tomou posse na Academia de Letras do Maranhão na Cadeira nº 08, patroneada por Gomes de Sousa. Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, Cadeira nº 56, da qual é patrono. BIBLIOGRAFIA – O centenario de Temistocles Aranha (1937); O Coronel Luis Alves de Lima e Silva no Maranhão (1940); Alcantara por seu passado econômico, sociel e político (1950); História do Comércio do Maranhão (1954); A vida de um apostolo (1956); Historia do Municipio de Pinheiro (1956); Benedito leite, um verdadeiro republicano (1957); além desses trabalhos tem uma s´perie de artigos para revistas e jornais,
44
BITTENCOURT, Joana. DISCURSO DE POSSE - CADEIRA Nº 56, PATRONEADA POR JERÔNIMO DE VIVEIROS. Revista IHGM n. 39, dezembro 2011, p.120 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_39_-_dezembro_2011 JORGE, José. BLOG. Disponível em https://www.google.com.br/#q=JERONIMO+JOS%C3%89+DE+VIVEIROS+%2B+textos
destacando-se sua colaboração para “O Combare”, “Diário de São Luis”, (O Imparcial”, “Jornal do Dia”, e “Brasil Açucareiro”. CONTRIBUIÇÃO NA REVISTA DO IHGM O JORNAL “O PAÍS” EM FACE DA GUERRA DA TRÍPLICE-ALIANÇA Ano 28, n. 3, agosto de 1951 79-87 UMA LUTA POLÍTICA DO SEGUNDO REINADO Ano IV, n. 4, junho de 1952 13-39 A FAMÍLIA MORAIS RÊGO Ano IV, n. 5, dezembro de 1952 03-24 SANTO ANTONIO Historiadores e cronistas porfiam em criar lendas que expliquem a razão de ser Santo Antonio advogado dos casamentos. Correm por ai uma porção delas, umas lindamente poéticas, outras grosseiramente ajeitadas. Afigura-se-me a mim que não há necessidade de lendas para explicar o caso. O oficio de casamenteiro está dentro das atribuições do miraculoso Santo, pois é certo que as moças, vaidosas como são, só lhe pedem um noivo quando perdem as esperanças de consegui-lo por força dos seus prioprios atrativos, e fazer achar essa esperança perdida, faze-la aos corações donde fugiram é, como já vimos, um dos atrubutos que Deus lhe conferiu. O mais foi economia de tempo: transformar a esperança em realidade, achando logo o “burro de carga” desejado pela suplicante, para o serviço da vida conjugal. O que surpreende no oficio em apreço é a paciência e a bondade com que o Taumaturgo o exerce. Santo de incontestável sizudez, cuja castidade é pura como o lírio que traz nos braços, recebe ele, entretanto, com infinita bonomia as suplicas de todas as mariposas que lhe esvoaçam em torno d altar, permite que ela lhe falem em namoro, consente confidencias, ouve segredinhos, e quando demora em satisfaze-las, não se zanga com os maus tratos com que ingratamente lhe flagelam, pelo contrario, apressa-se em servi-las. [...] Até 1624 a cidade de S. Luis não se apercebeu da presença do miraculoso Santo, se bem que já tivesse passado por aqui vários frades de sua Ordem, como frei Manuel da Piedade, frei Cosme de São Damião, frei Antonio de Merciana e outros. Foi só naquele ano, com a chegada de frei Cristovão de Lisboa (6 de agosto) chefiando um grupo de religisos, que ele se revelou, justamente quando estes frades lhe erigiram a igreja para o seu culto e o hospício para moradia dos seus irmãos. E revelou-se por um extraordinário milagre, fazneod que a cal de vinte e cinco pipas chegassem para aquelas obras, que exigiam sessenta pipas e ainda sobrassem dezessste. Decorridos vinte anos, Santo Antonio de novo manifesta o seu poder miraculoso de maneira assonbrosa. O caso maconteceu quando sitiamos os holandeses na cidade de Sã Luis, que eles nos haviam tomado de maneira tão traiçoeira. Contamo-lo tal como narram os cronistas: Os holandeses tinham um fortim, situado nas cercanias do local onde é hoje o edifício do IAPTEC, um canhão quem era visado de preferência pelos sitiantes, tais os estragos que lhes causa às trincheiras. Desesperados, os batavos colocaram a imagem de Santo Antonio sobre o canhão, alvejado pelos lusos e brasileiros. Pois uma bala nossa desmontou-o, pegando-o em cheio, e a imagem ficou ilesa, em cima do parapeito. (História e romance de Santo Antonio)
ARMANDO VIEIRA DA SILVA45 30 de agosto de 1887 # 9 de outrubro de 1940 Nasceu em São Luis. Formou-se em direito e ecerceu vários cargos de destaque na na administração publica de sua terra. Dirigiu a Imprensa Oficial e o Sindicato Maranhense de Imprensa. Fundou, com Abelardo Rocha e outros, a Companhia Telefonica do Maranhão. Faleceu como Procurador regional da Republica neste Estado, cargo em que se houve com probidade e competncia. Vieira da Silva era poeta vibrante e escritor de forma colorida e castiça. Na juventude estampou cersos repassados de ternuta como o soneto “Cigana”, que anda em muitas antologias. Na Academia Maranhense de Letras fundou a cadeira 8, patroneada por Gomes de Sousa. Bibliografia – Vibrações da noite (1907); Poesias (1908); Uma candidatura (1934); Portugal (1934); Henrique Coelho Neto (1935); Mussoline (1935); Consolação (1937); nascimento de Morais (1949). CARRO DE BOIS Velho carro de bois, pesado, aos solavancos, Em busca do sertão, sem ter uma pousada, De calhau em calhau, por cima dos barrancos Vagoroso lá vai... cantando pela estrada... Velho, vai se quebrando aos últimos arrancos. Não há sol, nem fadiga e nem mesmo invernada, Que lhe detenha o andar. Lento, caminha aos trancos, Pouco a pouco vencendo a penosa jornada. Há vinte anos atrás, viveu num piquizeiro. Cortaran-no sem dó. Sem paz e sem repouco Hoje vive a andar pelo sertão inteiro... Lento e triste a rolar naquelas soledades... Sempre, porém, cantando e cantando saudoso, Como quem canta só para matar saudades! ...
45
MEIRELES, FERREIRA, VIEIRA FILHO, 1958; 2008, obra ciatada, p. 190-191
RAIMUNDO CLARINDO SANTIAGO46 12 de agosto de 1893 # novembro de 1941 Nasceu em São Luis do Maranhão em 12 de agosto de 1893, e faleceu ainda novo, de morte trágica, em novembro de 1941, nas águas to Tocantins. Foi membro efetivo do IHGM, onde fundou a cadeira 4, tendo como Patrono Simão Estácio da Silveira; na AML ocupou a cadeira 13, patroneada pelo jornalista José Candido de Moraes e Silva, proprietário e redator principal do “Farol Maranhense”, o primeiro jornal liberal de nosso Estado. Graduou-se em Medicina, exercendo a profissão com sucesso, optando também pelo Magistério, literatura, jornalismo e poesia. Tinha forte inclinação de ensaísta, sentindo prazer em elevar o nome daqueles de sua terra que se destacavam culturalmente. O nome que mais lhe despertava interesse era Sousandrade, autor d´ O Guesa Errante; fez um estudo sobre ele que despertou interesse de modo geral e foi pioneiro dentro do que se chamou ‘mundo sousandradino’. Escreveu O Solitário da Vitória. Ensaio critico. In Revista da ABL, Rio de janeiro, 1932; e Comemorações do 1º Centenario do nascimento do poeta Sousa Andrade. Grafica Renascença, Paraíba, 1937; O poeta nacional. A escola mineira e suas fases; Rumo ao sertão; João Lisboa; Neto Guterres – o medico dos pobres. No Magisterio, além de professor, foi diretor do tradicional Liceu Marenhense e da Instrução Publica. Bibliografia – O poeta nacional (1926); A escola mineira. Suas fases (1926); Rumo ao sertão (1929); João Lisboa (1929); Sousa Andrade, o Solitário da Vitória (1932);omemoração ao 1º centenário do poeta Sousa Andrade (1937); Neto Guterres – o medico dos pobres (1937). TU47 Não encontrei, aqui, a minha companheira. Onde soltas, agora, o teu trinado, ó Ave? Quero ouvir-te cantar nessa expressão suave Que me faz prouvir a melodia inteira... Não te perdi, meu bem... que a estrada verdadeira Fazemos dois a dois... em que celeste nave Sôa agora essa voz que me foi sempre e chave De toda a lus e paz na vida passageira? Ficaste para traz ou já passaste adiante? Só agora compreendi a inquietação de Dante. Ansia humana a buscar o ser que nos condiz... Outro Eu, que nos completa a divina Harmonia, A Alma Irmã que se busca e que se encontra um dia E que é Laura, é Marília, é Nercia, é Beatriz!...
46
OSTRIA DE CAÑEDO, Eneida Vieira da Silva; FREITAS, Joseth Coutinho Martins de; PEREIRA, Maria Esterlina Mello; e CORDEIRO, João Mendonça. PATRONOS & OCUPANTES DE CADEIRA. São Luís: FORTGRAF, 2005, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/perfil_dos_socios_-_patronos_-_volu 47 DINO, Salvio. CLARINDO SANTIAGO “o poeta maranhense desaparecido no Rio Tocantins”. (s.l.): Verano, (s.d.), p. 38-41
DUAS IRMÃS Também peito de moça há muoto é dado o nome A dois morros irmãos unidos na base, Duas pomas iguais que o tempo não consome, Dois seios vistos como através de uma gaze. Em baixo o mar feroz, sem que outro institnto dome Investe como um fauno. Antes o sol abrase Do que não tentar saciar aquela fome Ou sede que o devora, antes um raio o arrase. Velho lobo do mar, guiador de veleiros, Ao passra por ali, dizia aos marinheiros: -“Aqui neste lugar se cumprem dois destinos; Em luta secular, sol a sol, mar e vento Porfiam em beijar, de momento a momento, as curvas sensuais dos dois seios divinos”...
JOSÉ DE RIBAMAR SANTOS PEREIRA – RIBAMAR PEREIRA48 17 de setembro de 1897 # Nascido em São Luís em 17 de setembro de 1897, filho do Dr. Alcides Jansen Serra Lima Pereira (advogado) e da poetisa Cristina dos Santos Pereira. Fez seus estudos primários no Instituto Nina Rodrigues, passando depois para o Instituto Maranhense, dirigido pelo Professor Oscar de Barros e, em seguida para o Colégio dos Maristas, realizando exames de preparatórios no Colégio Pedro II da Bahia de Salvador. Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Pará em 1925, tendo sido orador de sua escola em todas as solenidades, inclusive nas comemorações do 11 de Agosto (instituição dos Cursos Jurídicos no Brasil). Como orador da Liga Nacionalista falava todos os domingos em praça pública. Em maio de 1920, como sorteado, serviu no 26º. Batalhão de Caçadores, acantonado em Belém, passando a trabalhar na Escola Regimental, que organizou e dirigiu. Fez, na terra guajarina, sua formação espiritual, colaborando intensamente na ‘Folha do Norte’, com Paulo Maranhão; no ‘Estado do Pará’, com Santana Marques e Arnaldo Lobo; no ‘Imparcial’ com Djard de Mendonça e Adamastor Lopes; na “Evolução” com o senador Fulgêncio Simões; e na Revista ‘Guajarina’. Regressando a São Luís, passou a advogar com seu pai, sendo sucessivamente nomeado Colaborador, Praticante e Terceiro Escriturário do Congresso do Estado; Assistente Judiciário ao Proletariado; 2º. Promotor Público da Comarca da Capital. Por treze anos foi consultor jurídico da Caixa de Aposentadoria e Pensões de Serviços 29 IHGM – livro de anotações de Sócios Efetivos, p. 39-39v, (s.d). Públicos dos estados do Maranhão e Piauí; exerceu o cargo de 1º. Promotor Público da Comarca de São Luís. Em 1924, quando acadêmico, exerceu o cargo de professor de Geografia e História do Brasil, do Curso Ginasial do Liceu Maranhense e, em 1926, de abril a outubro, o cargo de professor de Literatura Brasileira do mesmo estabelecimento. Já formado, lecionou História do Brasil no Ateneu Teixeira Mendes, no Colégio São Luís de Gonzaga, na Academia de Comércio do Maranhão e na Escola de Agronomia, tendo sido um dos fundadores destes dois últimos estabelecimentos. Foi redator da ‘Folha do Norte’ e colaborou em ‘O Dia’, “Correio da Tarde’, ‘Tribuna’, e ‘Revista do Norte’, assim como no ‘Jornal Pequeno’, de Recife, ‘A Tarde’, da Bahia, e ‘Tribuna’, de Santos. Pertenceu à Academia Maranhense de Letras, OAB-MA, e Associação Maranhense de Imprensa. Publicou: Discursos Acadêmicos (Faculdade de Direito do Pará); Os dez mandamentos do Operário; Duas Teses (concorrendo a cadeira de literatura do Liceu Maranhense); Alma – livro de versos, com a qual entrou para a Casa de Antonio Lobo. Autor de 214 produções musicais escreveu o Hino a Bandeira Maranhense. Foi presidente de honra da União Artística Operária Caxiense.
48
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. HOMENAGEM AO PATRONO DA CADEIRA Nº 40. REVISTA DO IHGM – No. 29 – 2008 – Edição Eletrônica, p. 157
A UMA CAVEIRA49 A quem pertencerias tu, na vida, Horripilante e esquálida caveira, Que, hoje, deparo pela primeira vez, Nessa expressão risonha e indefinida? E´s o ponto final da fementida Existencia, que é dúbia e passageira: Mudaste as galas em serapilheira Na sequencia fatal da despedida. Como tu, eu serei assim, um dia... No leito imundo desta terra fria, De mim ninguém se lembrará... ninguém! E então, nas sombras deste Cemitério, Envolta no silencio e no mistério, Minha caveira há de sorrir também
49
MEIRELES, FERREIRA, VIEIRA FILHO, 1958; 2008, obra ciatada, p. 222
FRANCISCO DE ASSIS GARRIDO50, 51 14 de setembro de 1899 # Nasceu a 14.08.1899 em São Luís do Maranhão. Filho de Florentino Ferreira Garrido e Adélia da Silva Garrido, deixou vários livros de poesias publicados. Pertencia à Academia Maranhense de Letras, onde ocupava a Cadeira n.º 4. Jornalista, tetrologo e poeta; poeta, sobretudo, dono de uma lira de fácil inspiração e suave lirismo. Funcion´rio do Ministerio da fazenda, é oficial administrativo na alfândega de S. Luis e já foi Delegado do Serviço de Estatística Economica e Financeira do Maranhão, membro da sociedade Brasileira de Autores teatrais, do centro Cultural Humberto de Campos, do espírito Sanhto, da Associação de Intercambio Cultural de Mato Grosso, da Confraternité Universalle Balzacienne, do grupo Afro americanista de Intelectuales y Artistas, do Uruguai, e do Instituto de Cultura Americana, da Argentina. Na Academia Maranhense de letras é o terceiro ocupante da cadeira 3, patroneada por Artur Azevedo. Bibliografia – Publicou entre outros, os livros Oração materna (1920); Regina (1920); Dom João (1922); Sol glorioso (1922), O meu livro de mágoa e de ternura (1923), O livro da minha loucura (1923), A divina mentira (1944) e Crepúsculo (1969); A vergonha da família (s.d.). Esta vida é uma pomada52 da maciez de veludo... E eu já não sofro de nada, de tanto sofrer de tudo... Eu era um só. Tu surgiste e assim ficamos os dois: depois, eu vi que mentiste, e um só me tornei depois. Até hoje ainda não pude descobrir se bem me queres! - Vê como a gente se ilude com o coração das mulheres!... A castidade, criança, é um vaso fino demais: quebrado, uma vez - descansa! não se conserta jamais... Tic-tac... Ai, que saudade vai-se e aparece a velhice... Tic-tac... Ai, que saudade dos tempos da meninice!...
50
MEIRELES, FERREIRA, VIEIRA FILHO, 1958; 2008, obra citada, p. 223 http://www.falandodetrova.com.br/assisgarrido 52 http://www.falandodetrova.com.br/assisgarrido 51
A FRASE QUE MATOU O OPERÁRIO53 "Não precisamos mais do seu serviço", Disseram-lhe os patrões, há dois meses e pouco. E ele se foi, sob o calor abafadiço Daquela tarde, murmurando como um louco: "Não precisamos mais do seu serviço". "Não precisamos mais do seu serviço..." De tantos anos de trabalho era esse o troco Que recebia. Em vez de lucro, apenas isso... E ele consigo murmurava como um louco: "Não precisamos mais do seu serviço..." "Não precisamos mais do seu serviço..." Tornou-se bruto e respondia, a praga e a soco, Aos filhos e à mulher, famintos no cortiço. E após, chorava murmurando como um louco: "Não precisamos mais do seu serviço..." "Não precisamos mais do seu serviço..." E ele saía a ver emprego, triste e mouco, Nada! Nenhum!... E cabisbaixo, o olhar mortiço, Ele voltava, murmurando como um louco: "Não precisamos mais do seu serviço..." "Não precisamos mais do seu serviço..." E cada vez sentia mais o cérebro oco. Enforcou-se. Morreu. "Foi o diabo ou feitiço..." E ele morreu murmurando, como um louco: "Não precisamos mais do seu serviço..."
53
http://judoepoesia.blogspot.com.br/2007/09/frase-que-matou-o-operrio-assis-garrido.html
JOSÉ CARLOS LAGO BURNETT LAGO BURNETT54 São Luís / 15 de agosto de 1929 # Rio de Janeiro / 2 de janeiro de 1995. Jornalista de grandes e admiráveis recursos, exerceu, praticamente, todas as funções de sua profissão, em que se fez mestre, escrevendo livros que se tornaram clássicos em seu gênero, além de proferir, a convite de cursos de Comunicação Social, palestras que eram verdadeiras aulas magnas sobre como escrever na imprensa. A par de numerosa bibliografia em prosa, na qual se destacam dois livros de crônicas, publicou os livros de poesia Estrela do céu perdido (1949), O ballet das palavras (1951), Os elementos do mito (1953) e O amor e seus derivados (1984).
Adeus Quando partiste, qualquer cousa havia de estranho em mim... não sei que força aquela à minha alma corria paralela e os meus olhos de pranto, umedecia. Toda a rua chorou naquele dia: - as árvores, as pedras, a janela... o poste, ao canto, como negra vela, se derreteu em luz só de agonia... Tinhas calmo o semblante. Vi, no entanto, que bem no fundo de tua alma uma asa de dor revoava sobre um mar de pranto... Quando sumiste, à esquina da saudade, a rua toda, como a tua casa, fechou as portas à felicidade... ( Do livro Estrela do céu perdido )
54
http://www.saoluisdomara.xpg.com.br/paga.htm , acessado em 24/04/2014
WALDEMIRO ANTONIO BACELAR VIANA55 24 de julho de 1943 Bacharel em Direito pela Universidde Federal do Maranhão. Advogado, militou no foro de São Luis. Entre as funções públicas que já exerceu, citam-se as de Assessor de Relações Públicas da CAEMA; Assessor Jurídico da CIMPARN; Diretor da Divisão de Serviços patrimoniais da UFMA; Diretor Técnico da COMARCO; Diretor Administrativo e Financeiro da COHAB/MA; Assessor da Presidencia do ITERMA; Advogado do INEB; Advogado da Comissão Executora do Projeto RADAM-Brasil. De volta a São Luis em 1985, aqui exerceu as funções de Diretor Executivo da Fundação Sousandrade, 1986-87; Diretor do DAC/UFMA, 1987-88; Assessor do Reitor da UFMA, 1988-82. Autor de numerosas colaborações publicadas na imprensa de São Luis, notadamente crônicas e artigos, e dos romances Grauna em roça de Arros (1978), A questio0navel amoralidade de Apolonio Proeza (1990); e O Mau samaritano (1991). A Tara e A Toga (2008); Passarela do Centenário & Outros Perfis (2008); O Pulha Fictício (2013). MEU VERBO AMAR56 Meu verbo amar habita, com certeza, uma cidade à moda portuguesa, de traço desconforme, à velha Alfama, de ladeiras pojadas de Poesia, a ecoar, pelos chãos de cantaria, o crepitar da lusitana chama. Meu verbo amar lhe perambula os becos, onde, em passo nostálgico, ouve os ecos das vozes de poetas singulares, que, traduzindo um mesmo sentimento, soltaram o estro seu à voz do vento, no tributo de amor de seus cantares. Meu verbo amar percorre-lhe os sobrados, onde azulejos, d'Além-mar chegados, emouriscam fachadas tropicais - de tão arquitetônica beleza, em arabescos, tais, de tal leveza que assemelham fantásticos murais. E as ruas onde o verbo amar vadia? Ao Sol, ouve cantar a Cotovia, aspirando Alecrim entre Craveiros... Ouvir-lhe os nomes, lírica emoção: Afogados... Passeio... Viração... Inveja... Paz... Desterro... dos Barqueiros... Meu verbo amar tem pouso firme e certo: por mais longe que eu vá, em rumo incerto, se eu deixo São Luís do Maranhão 55
MORAES, Jomar. PERFIS ACADEMICOS. 3 ed. São Luis: AML, 1993. http://www.waldemiroviana.net.br/index.html 56 http://www.waldemiroviana.net.br/poesia_meu_verbo_amar.html
uma enorme tristeza me desterra e domina, se insisto noutra terra: - meu verbo amar só vive no meu Chão!
Meu caro Presidente Zé Sarney:57 Me há de perdoar Vossa Excelência que, a par do orgulho e júbilo espontâneo que eu sinto, ao ver brilhar um conterrâneo no sagrado mister da Presidência, e, com semblante calmo e pulso forte, nestes momentos de incerteza e medo que nos causa a doença do Tancredo, saber traçar deste Brasil o Norte - que eu venha, num absurdo destempero, desviando-o de tão lídimos serviços, trazê-lo desses altos compromissos ao minimismo do meu desespero. Veja bem, Presidente, não é cobrança - que quem amigo é não cobra amigo. É o miserê nefando que eu persigo, à cata de um momento de bonança. Por falta de um emprego, Presidente, que me permita pôr a vida em trilhos, e devolva o sorriso dos meus filhos e a própria vida torne sorridente. Proventos regulares, que permitam que este poeta não conspurque o nome, e que possa aplacar a imensa fome dos credores que em torno a si gravitam. Um regular e digno salário, que dê para educar minhas crianças e dê para aumentar as esperanças de enfrentar o vulcão inflacionário. Meu ilustre Confrade, é natural (pois bem sabe Vossência que no Estado o salário é pequeno e limitado) que eu almeje um emprego federal. Não só pelo salário (embora pese extraordinariamente na balança). É bem mais por questão de segurança que eu preciso de um cargo que se preze. Eu adoro o aconchego da família. Mas – se for sua maior comodidade - sacrifico os parentes e a Cidade 57
http://www.waldemiroviana.net.br/poesia_carta_ao_ze.html
e me ponho às suas ordens em Brasília. Amo São Luís. E, ilhéu apaixonado, respirar estes ares me renova. Mas farei sonhos novos, vida nova e ficarei a postos, a seu lado. E sei que me será gratificante (caso Vossência aprove o meu concurso) seguir no rastro do Poeta, ao curso de seus gloriosos passos de Gigante. Mas... amo São Luís de tal maneira que, se pra cá viesse a indicação, eu lhe juro: teria a sensação de estar ganhando uma loteca inteira. Eis meu pedido, amigo Presidente. Não fora a precisão que me fulmina, não viria o poeta que esta assina perturbá-lo em momento tão premente. ........... E demonstre, Sarney, ao mundo inteiro (como à miuçalha crítica e circense) o que pode fazer um maranhense pelo bem deste povo brasileiro! Por toda a dimensão dessa amizade pintada em nossa raça a forte traço, receba um grande e admirado abraço. De seu ultimo livro, SANATIEL PEREIRA58 comentou, na orelha, sobre o autor: Waldemiro Viana é um homem da natureza, construído com a relva e o barro do campo, da água doce dos lagos e do ar aromatizado dos peris, que nenhum homem pode produzir, pois somente a mãe Natureza detém o conhecimento da mistura intrincada daquelas essências. Por isso ele fala com propriedade do homem e do que lhe rodeia, como se visse e sentisse aquilo que conta em suas narrativas. Se acreditarmos, temos a sensação que até o próprio leitor pode entrar na história como observador – quem sabe uma personagem secundária –, coadjuvante incidental, em cada historia contada. Ele provavelmente ouviu – bebendo na fonte –, deitado em uma rede tapuirana, em noites frias de chuva, sob a luz da lamparina, muitas dessas histórias contadas, em serões, por seus ancestrais. Aqueles que já conhecem as suas obras, sabem que, de uma forma ou de outra, haverão de mergulhar no mundo mágico de Waldemiro, fazendo parte da sua retórica, para viver dentro da sua narrativa. Esta é uma característica dos grandes mestres da literatura, e ele, honrando a maranhense, deixa mais uma pedra neste grande edifício que vem sendo edificado desde o século XIX por Aluísio Azevedo e Graça Aranha. A vez da caça comprova, novamente, o talento de Waldemiro Viana em produzir contrapontos. A sua herança literária em o Mau Samaritano e A questionável amoralidade de Apolônio Proeza já mostrava a sua maestria em fazer esses caminhos acidentados. Para quem aprecia o movimento dos carrosséis de 58
Membro fundador da Academia Ludovicense de Letras (ALL) e da Academia Sambentuense (AS), membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES), escritor, professor da UFMA, engenheiro.
Waldemiro aconselho estar bem acomodado em sua poltrona de leitura para não cair das alturas da sua narrativa.
Cantar da cidade de ontem59 Ladeiras, praias, efusão e história destilam pelos poros da cidade, transmudando mistérios em cimento do progresso integrado na Saudade. Salvador, Salvador! Cantos de ontem, enobrecidos no calor caetano, dos gis gilbertos que te mostram faces do sempiterno e secular humano. Requebros dáfrica, os nagôs batuques ferem-se ao choque do cimento armado, que escraviza a pureza do horizonte dos saveiros e mestres do passado. O amado jorge te cantou bravuras que os amanhãs de hoje sepultaram, e teus jubiabás de glória e garra estupros do Progresso transformaram. Templos e pelourinhos do passado capitalizam patuás, bentinhos, e codaques, de gringo a tiracolo roubaram-te o mistério dos caminhos. O sangue de cimento e cal e ferro naufraga os santos todos de teus mares, e às prenhes praias das manhãs diárias assinam ponto escóis e proletares. Resta-te o Humano: o riso e o trio elétrico da quente e folgazã baianidade, que transmuda cimentos em mistério do progresso integrado na Saudade.
59
http://www.waldemiroviana.net.br/poesia_cantar_da_cidade_de_ontem.html
JOSÉ DE JESUS LOUZEIRO60, 61,62 19 de setembro de 1932 Iniciou sua carreira como estagiário em revisão gráfica no jornal O Imparcial em 1948 aos dezesseis anos de idade. Em 1953, aos 21 anos, se transfere para o Rio de Janeiro onde foi trabalhar no semanário: A Revista da Semana e no grupo dos Diários Associados de Assis Chateaubriand, mais especificamente como "Foca" em O Jornal e daí foi deixando suas marcas através de suas redações nos jornais Diário Carioca, Última Hora, Correio da Manhã, Folha e Diário do Grande ABC e nas revistas Manchete e Diário Carioca. Por mais de vinte anos atuou também como repórter policial. Na literatura, estreou com o conto Depois da Luta, em 1958, no cinema escreveu os diálogos do filme: Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia, baseado no romance de sua autoria lançado em 1976 pela editora Civilização Brasileira. Escreveu outros livros sobre casos policiais famosos como "O caso Aracelli" e "O assassinato de Cláudia Lessin Rodrigues". Em Carne Viva (1988) traz personagens e situações que lembram as mortes de Zuzu Angel e seu filho, Stuart.[1] Seus livros são, na maioria, contos biográficos, narrados como romance-reportagem, chegando perto de quarenta publicações. A ele se atribui a introdução no Brasil do gênero literário romance-reportagem, que no exterior tivera como representante Truman Capote, que escreveu A Sangue Frio. Assinou também o roteiro de dez filmes, sendo quatro deles já populares como Pixote, a Lei do Mais Fraco, Os Amores da Pantera de Jece Valadão, O Homem da Capa Preta e Amor Bandido, com Paulo Gracindo. Escreveu telenovelas como Corpo Santo e Guerra sem Fim. Mas sua telenovela O Marajá, uma comédia baseada no governo de Fernando Collor de Melo, foi proibida de ir ao ar, numa época em que não havia mais censura no Brasil. Depois desse episódio, o autor conta que começou a enfrentar dificuldades para realizar novos projetos na televisão. Os livros mais conhecidos de José Louzeiro, são63: Infância dos Mortos, argumento do filme Pixote; Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia (título homônimo no cinema); Aracelli, Meu Amor; Em Carne Viva, lembrando o drama de Zuzu Angel e de seu filho Stuart Angel, morto na tortura, na década de 60. Entre os infanto-juvenis: A Gang do Beijo, Praça das Dores (um remember dos meninos assassinados na Candelária, em 1993), A Hora do Morcego (Ritinha Temporal) e Gugu Mania. Em outubro de 97, em São Paulo, lançou a biografia de Elza Soares - Cantanto Para Não Enlouquecer - a "intérprete guerreira" da música popular brasileira. Antes do livro de Elza havia escrito sobre outro negro genial: André Rebouças. Logo depois escreveu O Anjo da Fidelidade, um estudo da trajetória do negro Gregório Fortunato, o guarda-costas de Getúlio Vargas. José Louzeiro é autor de 40 livros e criador, no Brasil, do gênero intitulado romance-reportagem. No cinema já assinou, como roteirista, dez longas-metragens, dos quais pelo menos quatro se tornaram populares: Lúcio Flávio, o Passsageiro da Agonia, Pixote, O Caso Cláudia e O Homem da Capa Preta. Ano passado lançou pela Editora Francisco Alves o estudo biográfico intitulado O Anjo da Fidelidade. Trata-se da história de Gregório Fortunato, o Anjo Negro de Getúlio Vargas. Em 2001, pela Editora do Brasil: "Isto não deu no jornal" ( memórias de sua passagem por cinco jornais cariocas). E em 2002, Ana Neri, a brasileira que venceu a guerra (Editora Mondrian): biografia da heroína baiana, patrona dos enfermeiros brasileiros. Atualmente coordena a coleção de romances policiais para a Editora Nova Fronteira (Primeira Página) já com cinco livros impressos e três lançados: No fio da noite, de Ana Teresa Jardim, Juízo final, de Nani e A fina Flor da Sedução de José Louzeiro.
60
MORAES, Jomar. PERFIS ACADEMICOS. 3 ed. São Luis: AML, 1993 http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Louzeiro 62 http://estranhoencontro.blogspot.com.br/2006/05/biografia-entrevista-jos-louzeiro.html http://maranhaomaravilha.blogspot.com.br/2014/04/louzeiro-repassa-suas-memorias.html 63 http://www.louzeiro.com.br/bio.html http://www.criacaodoslivros.com.br/tag/jose-louzeiro/ 61
José de Jesus Louzeiro64 - Nasceu em São Luís, no dia 19 de setembro de 1932. Aos 16 anos, ainda estudante, começou a trabalhar em jornais da capital maranhense, nas funções de revisor e repórter. Mudouse em 1954 para o Rio de Janeiro, passando, no ano seguinte, a trabalhar nestes órgãos de imprensa: copidesque dos jornais Diário Carioca, Última Hora, Correio da Manhã, Luta Democrática, Jornal dos Sports, O Globo e da revista PN (Publicidade & Negócios), sendo, ainda, secretário gráfico e subsecretário de redação do Correio da Manhã. De 1964 a 1968 foi editor fotográfico da Enciclopédia Barsa; de 1969 a 1971 dirigiu a circulação do Jornal do Escritor, órgão decisivo para a fundação do sindicato da classe no Rio de Janeiro, o primeiro a ser criado no Brasil. Nesse mesmo períodom, regeu, como professor contratado, as cadeiras de Editoração e Técnicas Gráficas da Escola de Comunicação da UFRJ. Viveu em São Paulo de 1972 a 1975, período em que exerceu as funções de copidesque da Folha de S. Paulo, secretário do Diário do Grande ABC e editor dos Diários Associados (Diário da Noite e Diário de São Paulo). De volta ao Rio de Janeiro em 1975, escreveu reportagens para a Última Hora, jornal de que a seguir foi redator e secretário de redação. De sua vastíssima produção como jornalista e escritor, constam artigos, reportagens, verbetes e outros textos para: Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, Caderno do Livro do Jornal do Brasil; suplemento literário de O Globo; Correio da Manhã; Diário Carioca; Diário de Notícias (de Lisboa); Jornal de Letras; Revista da Semana; Revista Nacional e ainda as revistas Eu Sei Tudo, Leitura, Mundo Ilustrado, Vida Infantil, Planeta, Manchete, Fatos & Fotos, Ele & Ela, Panorama (do México), Enciclopédia DeltaLarousse; guias turísticos da Editora Abril; Livro de cabeceira do homem etc. Foi presidente do Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro (1984-87), membro do Conselho Nacional do Direito Autoral (1985-86), do Conselho Superior de Censura (1987) e do Conselho de Direitos Humanos e Liberdade de Expressão da ABI (1987). Agraciado com a Medalha do Mérito Timbira. Obras publicadas - primeiras edições65 Conto Depois da Luta - 1958 Judas Arrependido - 1968 Romance Acusado de Homicídio - 1960 Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia - 1975 Aracelli, Meu Amor - 1975 O Estrangulador da Lapa - 1976 Inimigos Mortais - 1976 Sociedade Secreta - 1976 Moedas de Sangue - 1976 O Internato da Morte - 1976 Infância dos Mortos - 1977 O Estranho Hábito de Viver - 1978 Em Carne Viva - 1980 20º Axioma - 1980 M - 20, a Morte do Líder - 1981 O Verão dos Perseguidos - 1983 Devotos do Ódio: Uma Profecia Camponesa - 1987 Pixote: A Lei do Mais Forte - 1993 Mito em Chamas: A Lenda do Justiceiro da Mão Branca - 1997 A Fina Flor da Sedução - 2001 Biografia André Rebouças - 1968 64
http://imirante.globo.com/saoluis400anos/autores/ http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_lit/definicoes/verbete_imp.cfm?cd_verbete=8889&imp=N 65 Enciclopédia Itaú Cultural de Literatura Brasileira, disponível em http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_lit/definicoes/verbete_imp.cfm?cd_verbete=8889&imp=N
JK: O Otimismo em Pessoa - 1986 Elza Soares: Cantando para Não Enlouquecer - 1997 Villa-Lobos: O Aprendiz de Feiticeiro - 1998 O Anjo da Fidelidade: A História Sincera de Gregório Fortunato - 2000 Ana Neri: A Brasileira que Venceu a Guerra - 2002 Memória Isto Não Deu no Jornal - 2001 Infantil e juvenil A Gang do Beijo - 1984 Ritinha Temporal - 1991 Praça das Dores - 1994 Pink: Viagem ao Submundo Mágico - 1995 Beija-Flor, o Amigo Especial - 1995 Gugu Mania - 1996 O Bezerro de Ouro - 1997 A Hora H do Padre G - 1998 Detetive Fora de Série - 1998 Traduções e edições estrangeiras Espanhol La Infancia de los Muertos [Infância dos Mortos]. Tradução Antonio Samons. Barcelona: Argos, 1978. El Pasajero de la Agonia [Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia]. Tradução Antonio Samons. Barcelona: Argos: Vergara, 1979. Francês Pixote: La Loi du Plus Faible: Roman [Infância dos Mortos]. Tradução Janine Houard et Katherine de Lorgeril. Paris: Éditions Karthala, 1982. Inglês Childhood of the Dead [Infância dos Mortos]. Tradução Ladyce Pompeo de Barros. Los Angeles: Boson Books, 1977. Land of Black Clay [Infância dos Mortos]. Tradução Ted Stroll. Los Angeles: Boson Books, 1997. Adaptação Cinema Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia - Direção Hector Babenco; baseado em obra homônima, 1978. Pixote, a Lei do Mais Fraco: Informações Técnicas66 Título no Brasil: Pixote - A Lei do Mais Fraco Título Original: Pixote - A Lei do Mais Fraco País de Origem: Brasil Gênero: Drama Tempo de Duração: 127 minutos Ano de Lançamento: 1981 Site Oficial: Estúdio/Distrib.: Direção: Hector Babenco
66
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2009_uenp_portugues_md_sonia_mari a_ovcar_endo.pdf
Sinopse Pixote (Fernando Ramos da Silva) foi abandonado por seus pais e rouba para viver nas ruas. Ele já esteve internado em reformatórios e isto só ajudou na sua "educação", pois conviveu com todo o tipo de criminoso e jovens delinqüentes que seguem o mesmo caminho. Ele sobrevive se tornando um pequeno traficante de drogas, cafetão e assassino, mesmo tendo apenas onze anos. Lúcio Flávio, o passageiro da agonia67 “Era assim o Noquinha. Um menino sonhador. Queria ir a lugares distantes, desses que agente vê nas revistas. - Vovô então acha que esse bandido é um bom cara? – pergunta o policial. - Não tou falando de bandido, moço – respondeu Dondinho. - Falo do garoto que veio pra cá com certa idade e aqui terminou de se criar. Se deu no que deu, foi culpa nossa. Ou mais nossa do que dele. É esse mundo aí fora que ta transformando as pessoas e as próprias coisas. É a Zona Sul, afundada aos vícios. É a pobreza, que nem todos podem suportar “.(p.30).
[...] - É um filho da puta esse Bechara. Tudo mentira. Não fugi de delegacia porra nenhuma. O sacana mandou me meter numa privada, na baixada fluminense. Queria acabar comigo, mas a coisa saiu errada. Agora tá inventando essa história. Mas vai se foder, porque vou mandar uma carta pros jornais, contando a verdadeira versão dos fatos. (LOUZEIRO, José. Lúcio Flávio, o passageiro da agonia. 9ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985, p. 63)·. 68
67
http://static.recantodasletras.com.br/arquivos/2598516.pdf http://www.recantodasletras.com.br/trabalhosacademicos/2598516 68 http://static.recantodasletras.com.br/arquivos/2598516.pdf ;
;
RONALDO COSTA FERNANDES 69, 70 S ão Lui s do M ar anh ão, 29 de a gost o de 1952 De São Luís, tendo se transferido para o Rio de Janeiro ainda criança. Em 1983, foi viver em Brasília e, de 1985 a 1995, morou na Venezuela, dirigindo, naquele país, o Centro de Estudos Brasileiros. A partir de 1995, esteve à frente da FUNARTE - Fundação Nacional de Arte, em Brasília, permanecendo no cargo até 2003. Atualmente, trabalha no Conselho Editorial do Senado Federal. Ficcionista, ensaísta e poeta, é Doutor em Literatura pela UnB. Na premiada carreira literária, ganhou o Prêmio Casas de las Américas com o romance O Morto Solidário, traduzido e publicado em Havana, Cuba, pela mesma Casa de las Américas e, no Brasil, pela editora Revan. Ganhou, entre outros, os prêmios de Revelação de Autor da APCA e o Guimarães Rosa. Na área do ensaio, publicou em 1996, pela editora Sette Letras, o livro O Narrador do romance, prêmio Austreségilo de Athayde, da UBE-RJ. No final de 97, Ronaldo publicou o romance Concerto para flauta e martelo, pela editora Revan, que foi finalista do prêmio Jabuti-98. No ano de 1998, saiu o livro de poesias Terratreme livro que recebeu o Prêmio Bolsa de Literatura, pela Fundação Cultural do DF. Seus últimos livros de poesia ão: Terratreme (1998), Andarilho (2000) e Eterno Passageiro (2004). Em 2005, pela Ed. LGE, lança o romance O viúvo, que o crítico Adelto Gonçalves chamou “de uma das primeiras obras primas da literatura brasileira do séc. XXI”. Em 2007 lançou dois livros: Manual de Tortura (Esquina da Palavra, contos, 2007) e A Ideologia do personagem brasileiro (Editora da UnB, ensaio, 2007). Em 2009, sai A máquina das mãos, poemas, publicado pela 7Letras, que ganhou o Prêmio de Poesia 2010, da Academia Brasileira de Letras. Em dezembro de 2010 sai seu romance Um homem é muito pouco. Seu mais recente livro é Memória dos Porcos, de 2012.
A IMAGINAÇÃO DOS BASTARDOS Como serão os anjos na velhice? Aqui onde a queda é ascensão não duvido da existência do hálito de Deus. Somos as raízes mortas cheirando a ferro, respirando o incenso do monóxido de carbono. As putas recolhem entre as pernas a espécie sutil de réptil seco de Johntex: o pânico feito de elástico, músculo e noite.
VESTIDO DE FERRO Tudo teu é de ferro: bolsa, armário e escova de dente. Teu vestido de betume brilha um céu de gesso e espessura. Os sapatos caminham léguas de carmim. As lixas de unha limam a aspereza 69
http://www.guesaerrante.com.br/2007/6/26/Pagina890.htm http://ronaldocostafernandes.blogspot.com.br/ http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/distrito_federal/ronaldo_costa_fernandes.html http://www.algumapoesia.com.br/poesia3/poesianet263.htm http://blog.7letras.com.br/2010/06/maquina-das-maos-ganha-premio-abl-de.html http://maranharte.blogspot.com.br/2012/08/opiniao-de-pedra-jomar-moraes_21.html http://baque-blogdogeraldolima.blogspot.com.br/2010/04/ronaldo-costa-fernandes-escritor_10.html http://www.yasni.com.br/costa+fernandes/busca+pessoas/ronaldo 70 http://www.jornaldepoesia.jor.br/rcfernandes.html#bio http://www.mallarmargens.com/2013/11/5-poemas-de-ronaldo-costa-fernandes.html http://www.andregiusti.com.br/site/ronaldo-costa-fernandes-outro-grande-poeta-maranhense/
dos amores fugidios, estes amores de lama e rosa, que enferrujam na lixa no tempo. Os carretéis de linha não bordam a vida, é de náilon tua costura do medo. E, por fim, teus perfumes amargam a beleza fescenina de nunca atingir o clímax ou preferir a rigidez do aroma.
ANIMAL BARBADO Este animal que se rasura como quem raspa a orelha do porco para a feijoada de fim de semana, este animal feroz e matutino, como um auto-retrato, como seus olhos 3 x 4, observa a paisagem da janela e do outro lado do vidro está ele mesmo, é ele a paisagem que envelhece cada vez que a freqüenta. Este homem ao espelho, gilete de martírios e angústias violáceas, barbeia seu minuto e sua morte, exasperada e afiada servidão, a consciência espumosa da pequena guilhotina.
OUTUBRO Odeio as geladeiras que conservam corpos esquartejados; as agendas que escrevem à mão o futuro. Os cães daqui de casa latem para o sol como os lobos para a lua. Não são duas faces da mesma moeda, mas as duas moedas da mesma face da vida. Quero ser uno e dois, aprender com a disciplina dos becos, lá onde a saída é a entrada. Quero ser estático e andarilho, aprender com a disciplina dos rios que se movem sem sair do lugar.
O DESERTO E vai o deserto comendo terra fértil
alargando sua plantação de grãos, seu pasto de areia, sua colonização de secos, seu plantio de nada. Na vastidão igual do arenoso, erosão das águas e do vento, o deserto — qual mercúrio no rio — vai tomando o espírito e cobre de areia tudo: os móveis, a louça, as roupas — bate nas janelas com seu ô de casa farinheiro e, por fim, atinge o ânimo que se esmirra, granula-se, erode a avança a cada dia dois palmos de vazio que é a medida do pasmo e o metro dos absenteístas.
MECANICISMO Oh, as lavouras mecânicas, fábricas de trigos, usinas de legumes, máquinas de frutas, a lavoura artificial dos que plantam como que rega um lírio de plástico.
AFOGADO O mar, em sua ressaca, vive em eterno vômito. Cheio de algas e fantasia devolve o que não lhe pertence. E guarda em si o peixe e o estômago embrulhado e não devolve o navio naufragado porque as embarcações são árvores de ferro que a tragédia plantou. Em seus intestinos de água em ebulição só o náufrago ele rejeita porque o náufrago é uma outra caricatura mórbida de um peixe sem barbatana de um peixe
sem guelra o afogado é um corpo estranho o afogado é, mesmo morto, a presen9a da terra na digestão salgada. Tudo cabe no estômago de água do oceano, mas feroz e decidido se recusa a digerir o que é da terra e não pertence ao desvario piscoso das mares. Assim também devolvo o afogado que não pertence á aquosa e uterina imaginação de ânfora plena de liquens e aflições de salitre nada que não faca parte do inconsciente marítimo dos meus prazeres submersos.
AS PUTAS E Deus disse e ganharás a vida com o suor do teu rosto. Depois ficou pensativo e concluiu: não bem com o suor do rosto, mas com outros suores que mais tarde entenderás. Suores e gemidos de tal sorte excretados não do fundo da vagina mas dos grandes lábios que nada pronunciam lá onde nada se ouve como o eco do vazio ou a cascata de um rio seco.
CANTO DO CASTIGO Há dias que não consigo aprender minha pouca matéria. Só tenho um ano repetente, oclusivo, recorrente: o ano em que me reprovei. Já fui mais quando tinha menos corpo. Se o corpo se alonga, quem negará que a mente ganha gordura, extensão e músculos?
Não soube me podar, meus braços já não germinam. Não tenho mais primaveras, conto apenas o castigo. Sou o último da sala vazia. Escrever no quadro cada vez mais negro: Meu erro é um zero ao quadrado. Quando me fui buscar na escola, não havia mais menino. Um dia, quem sabe, aprenderei a matemática das horas, a geografia cheia de acidentes do meu corpo, e a geometria da mente fazendo do que sonhei e do que sou retas que nunca se encontraram.
PROFISSÕES DO TEMPO Descobri cedo as profissões do tempo. De cara percebi ser ele ferreiro e na chapa quente molda-lhe o homem até tomá-lo frio e erro derradeiro. No mármore que usa como escultor, por um lado desenha a vida a lápis, esboço rude que pode desaparecer, talha enfim brusca a inesperada lápide. Calculei quem sabe ser marceneiro que gastasse as horas no entalhe, enquanto cupim e traça esculpissem na madeira o vazio que o bicho dá-lhe.
JOSÉ JOAQUIM FERREIRA DO VALE71 15 de julho de 1823 # Genebra, 03 de fevereiro de 1863 Jornalista, poeta, orador, político, diplomta: cônsul geral do Brasil na Suiça, Visconde do Desterro. Formado em Ciencias Jurídicas e Sociais, é apontado como um espírito eminentemente culto, de ilustração variadíssima, jornalista brilhante. Seus estudos têm acentuada tendência filosófica: Canto do Indio brasileiro, e Prematura morte do príncipe Pedro mAfonhso. MARANHÃO São Luís! É esse o nome Da minha terra natal No mundo não tem igual Minha cidade gentil: Das águas nasce risonha Sempre alegre, e vicejante, A quem saúda o navegante Do seio de um mar de anil. É uma Ilha formosa De mansas águas cercada, De palmeiras é plantada Por toda a sua extensão: A natureza espontânea Nos dá os frutos da terra Mesmo por si ela gera Riqueza da Criação. A brisa é la perfumada, E sempre e sempre constante, E nossa extremosa amante Que nunca nos quer deixar: Festeja o nascer d´aurora, Os raios do sol modera, Da natureza tempera O rigor canicular. Aaurora quando desponta Vem cercada de primores: E harmoniosos cantores Festejam seu despontar; Tudo goza alma alegria Nessa terra abençoada. Quando a manhã desejada No mundo se vem mostrar O Progresso, 16/04/1850
71
RAMOS, Clovis. ROTEIRO LITERÁRIO DO MARANHÃO: NEOCLÁSSICOS E ROMANTICOS. Niteróis: Clovis Ramos, 2001.
HUGO VIEIRA LEAL72 27 de julho de 1857 # Rio de Janeiro, 16 de março de 1893 Poeta, romancista e jornalista. Em Portugal colaborou CNA Revista dos estudos livres e na Vanguarda. Estudou em Paris e conheceu diversos países europeus, dentre eles Suiça, Itália, e Espanha. Fundou em Portugal o Barreto Frigio. Foi redfator da Gazeta da Tarde, do Rio de janeiro, e da Gazeta de Barbacena. Obras: Rosa branca (1874); Laurita (1876); Rosas de maio (1878); Lucrezia (1823); Camões e o século XIX (1887); deixou muitos trabalhos inéditos, entre eles uma História da literatura portuguesa e brasileira
72
MORAES, Jomar. APONTAMENTOS DE LITERATURA MARANHENSE. São Luis: SIOGE, 1976.
ANTONIO LISBOA CARVALHO DE MIRANDA73 Maranhense nascido em 5 de agosto de 1940. Poeta, escritor, dramaturgo e escultor, já publicou romances, poesias e peças para teatro (gênero pelo qual é conhecido lá fora) em vários países. Em 1967, por decisão própria, exilou-se para viver intensamente um período de efervescente agitação cultural na América Latina, dedicando-se à produção literária e artística. Sua criatividade foi reconhecida com prêmios pela crítica internacional (Medellin - Colômbia, San Juan de Puerto Rico). Miranda viveu e publicou em Buenos Aires (Argentina), Caracas (Venezuela), Bogotá (Colômbia) e Londres (Inglaterra). Tu País Está Feliz, peça de teatro estreada em 1971, foi representada em mais de 20 países e só publicada no Brasil em 1979. Sobre a infância, juventude e a carreira do acadêmico e poeta Antonio Miranda: LILIANE BERNARDES apresentou uma versão do trabalho sobre Altas Habilidades e Superdotação, centrada na biografia do poeta Antonio Miranda (com destaque para a infância e juventude do autor) na 20th WORLD CONFERENCE – Louisville, KY, USA 10-13 August 2013 WORLD COUNCIL FOR GIFTED AND TALENTED CHILDRENS, cujo texto e imagens estão disponíveis no repositório Prezi: http://prezi.com/eh9i5hynaffp/untitled-prezi/ Doutor em Ciência da Comunicação (Universidade de São Paulo, 1987), fez mestrado em Biblioteconomia na Loughborough University of Technology, LUT, Inglaterra, 1975. Sua formação em Bibliotecologia é da Universidad Central de Venezuela, UCV, Venezuela, 1970. Professor e ex-coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação do Departamento de Ciência da Informação e Documentação da Universidade de Brasília, Brasil, ministra aulas e cursos por todo o Brasil e países ibero-americanos. Também é consultor em planejamento e arquitetura de Bibliotecas e Centros de Documentação. Organizador e primeiro Diretor da Biblioteca Nacional de Brasília, de fev. 2007 a out. de 2011. Membro da Academia de Letras do Distrito Federal, foi colaborador de revistas e suplementos literários como o Suplemento Dominical do Jornal do Brasil e também o La Nación (Buenos Aires, Argentina) e Imagen (Caracas, Venezuela). POEMAS DE ANTONIO MIRANDA A DE US Para Pedro Almodóvar Que seja com um machado. Prefiro uma lâmina aguda um simples martelo num golpe de misericórdia. Com palavras, não. Elas ferem muito mais penetram mais ainda mais fundo. Nada de desculpas de explicações. De um só golpe certeiro definitivo. Se não, 73
http://www.antoniomiranda.com.br/sobreoautor/sobre_autor_index.html http://prezi.com/eh9i5hynaffp/untitled-prezi/
saia em silêncio. Apague a luz. ... (Laura P.) O FIM COMO PRINCÍPIO No Princípio era a Metafísica e a ela volveremos como Anti-Matéria aqui na Terra como no Céu. Entretanto rezamos versículos e comeremos e cagaremos montículos que logo serão montanhas de terra sobre terra. Nós, degredados degradados filhos da terra — maçã, matéria malsã —, nós despossuídos postergados aos Sete Círculos do Inferno eterno —recapitulemos: antes do Juízo terrenal porque mortal. Afinal, vamos em busca do Prejuízo pré do pré do pré e pontificaremos — escrituras, constituições partituras em marcha-a-ré em procissões em canto
em profissões de fé e desencanto. Após, apenas pó. Haja alívio, sortilégio haja paz neste vale de promessas inválidas como crisálidas jamais libertárias. Neste mundo —vasto mundo fim-do-mundo imundo, no fundo do poço. Nós, infames filhos de Eva filhos-da-Égua primeva — vexames!!! — exilados condenados a este mundo vil maravilhoso!
maravilhoso aravilhos ravilho avilh vil hliva ohlivar sohlivara osohlivarem
Extraído de PERVERSOS. Brasília: Thesaurus, 2003
A CAS A E M Q UE N AS CI Visito a casa em que nasci mas detenho-me no umbral sem penetrá-la, sem querer profaná-la: o irreconhecível! Outras pessoas é que vivem nela e as tantas reformas e ampliações desfiguraram-na, tornaram-na invisível: só resta uma janela!!! Onde morreu meu irmão Hélio? Em que desvão as visões de menino? E as acres lágrimas de minha mãe e os sonhos acanhados de destino? Havia até mesmo um pátio, e flores e haveria nele rede e abano, e um quintal. A porta sempre aberta, visitas, licores, algum peixe frito no fogão a lenha. Os avós estavam na parede, bisonhos. E o meu desatino, meus desvios Pressentidos antes que manifestos? E os rios de chuva, em correria descendo a rua para, logo, gemendo, buscarem o Mearim, que seguiria seu curso ao mar. E eu achava que também me levava, e eu seguia...
Chácara Irecê, 14.01.2006
JOSÉ NASCIMENTO MORAIS FILHO74, 75 15 de julho de 1922 # 22 de fevereiro de 2009 Nascido em São Luís, aos 15 dias de julho de 1922, o autor de Clamor da Hora Presente, desde cedo, mostrou sua forte vocação de agitador de idéias. Assumiu a liderança de um grupo de jovens, e com eles fundou e dirigiu o Centro Cultural Gonçalves Dias, considerado o mais importante movimento cultural de São Luís, na década de 40. Auditor Fiscal aposentado pela Secretaria da Fazenda do Estado, Nascimento Morais Filho hoje preocupa-se com as novas gerações, que não contam mais com as tertúlias – as conversas noite adentro nos botecos do Largo do Carmo e na Praça Benedito Leite, nas quais jovens poetas e jornalistas falavam de literatura, amor e política. Recolhido às memórias, Nascimento Morais Filho não arquivou a paixão pela poesia, tampouco se esquiva da militância pública. Casado há 52 anos com a enfermeira Conceição Moraes, o poeta fala com orgulho de seus cinco filhos: o professor de Física José Nascimento Moraes Neto; a bacharel em Filosofia Ana Sofia Fernandes Nascimento Moraes; a enfermeira Eleuses Moraes Garrido; o médico veterinário Renan Fernandes Moraes e a professora Lourely Fernandes Nascimento Moraes. Enfermeira do trabalho, exfuncionária da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e da Alumar, hoje trabalhando na Prefeitura de São Luís, Conceição Moraes encantou o poeta aos 20 anos de idade: “Era uma pepita, que eu roubei de lá, da cidade de Turiaçu, onde ela nasceu”, recorda o poeta.Seu primeiro livro, Clamor da Hora Presente, publicado em 1955, foi traduzido para o francês e para o inglês por uma freira dos Estados Unidos da América do Norte. Depois ele publicou Pé de conversa (1957); Azulejos (1963); O que é o que é? (1971); Esfinge do azul (1972); Esperando a missa do galo (1973); Maria Firmina – fragmentos de uma vida (1975) e Cancioneiro geral do Maranhão (1976). Nascimento Morais Filho também promoveu a reedição facsimilar do romance Úrsula (1975) e do livro de versos Cantos à beira-mar (1976). Com mais de 10 livros publicados, Nascimento Morais Filho é dono de uma obra que muitos quiseram condenar ao ostracismo, por conta das ousadas atitudes políticas que assumiu ao longo da vida. Cioso da ascendência africana da sua família e do exemplo de vida de seu pai, o jornalista e escritor Nascimento Moraes (1882-1958), que sofreu na pele o escancarado preconceito racial que havia na sociedade maranhense, Nascimento Morais Filho, até hoje, trava uma luta à sua maneira pelo respeito e pela valorização dos negros. Como parte desse esforço, ele gosta de lembrar que ficou na Imprensa do Maranhão o exemplo do grande jornalista, que foi seu pai. Nascimento Morais Filho76 é membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e é o titular da Cadeira Nº 37 da Academia Maranhense de Letras, instituição com a qual acabou travando uma briga memorável. O autor de Esfinge do azul rompeu com a Academia quando os seus pares reuniram-se, no dia 7 de junho de 1979, para eleger o ex-governador Pedro Neiva de Santana (1907-1984). Protestei porque Pedro Neiva nunca escreveu uma linha. Reagi, votei contra e nunca mais pus meus pés lá. Dessa sua atitude, Nascimento Morais Filho diz que nunca se arrependeu: Larguei a Academia, sim. É uma Casa que não imortaliza ninguém. Quem tem valor, quem tem talento mesmo, não precisa de Academia, assinala o poeta, lembrando que seu pai foi presidente dessa mesma Academia. Caso raro entre os literatos maranhenses, o autor de Clamor da hora presente faz duras críticas aos intelectuais da moda, como também tem uma avaliação bastante severa de sua obra e de si próprio. Porém ele enche o peito, deixando a modéstia de lado, quando começa a falar de seus próprios livros: Eu sou um escritor internacional. Minhas obras já foram para outros países e meu livro Azulejos, se fosse traduzido em francês ou inglês, seria um best-seller, porque é um livro originalíssimo, que resgata os meus tempos de menino.
74
SANTOS NETO, Manoel. NASCIMENTO MORAIS FILHO. IN GUESA ERRANTE, Suplemento Cultural e Literário JP, 28 de novembro de 2005, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2005/11/28/Pagina63.htm, acessado em 29/04/2014. 75 CARNEIRO, Alberico. LER/DIALOGAR/SIGNIFICAR NASCIMENTO MORAIS FILHO: Um Poeta Além de seu Tempo. JORNAL PEQUENO, Publicado em: 01/03/2005, disponível em http://jornalpequeno.com.br/edicao/2005/03/01/lerdialogarsignificar-nascimento-morais-filho-um-poeta-alem-de-seutempo/ 76 O HOMEM QUE RENUNCIOU À ACADEMIA IN GUESA ERRANTE, Suplemento Cultural e Literário JP, 28 de novembro de 2005, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2005/11/28/Pagina62.htm , acessado em 29/04/2014 http://jornalpequeno.com.br/edicao/2009/02/22/nascimento-morais-filho-morre-aos-86-anos-vitima-de-edema-pulmonar/
EVOCAÇÃO77 Poetas, meus irmãos, acompanhai meu grito! - Eu sou o sofrimento dos sem nome! - Eu sou a voz dos oprimidos! Não tanjo a lira mágica de Orfeu De quem as aves se acercavam para ouvi-lo E lhe vinham lamber os pés as próprias feras! As láureas, meus irmãos, olímpicas não busco Com que cingis de gloria os vossos sonhos! - Cravaram-me a coroa dos crucificados! Minha Castália – são as lágrimas do povo; Meu Parnaso – a dor da minha gente! Meu instrumento é poliforme e rude! Não tem o aristocrático perfil das harpas nobres Nem as rutilações de sons das pedras raras. - Ele é clamor! Ruge nos seus trons O estrugir do povo em praça pública! Poetas, meus irmãos, acompanhai meu grito! Maldigo a resignação infame dos covardes! - Eu prego a rebeldia estóica dos heróis: - Meu evangelho é a liberdade! A liberdade, meus irmãos, Tem a forma simbólica da cruz E a cor do sangue. - O sangue é o apanágio da conquista! Poetas, meus irmãos, acompanhai meu grito! Jesus, Se conquistou os céus com suas orações, Ele, o Redentor, Sobre a terra triunfou com o sangue do seu corpo! Sangue, flâmula bendita, E no Calvário – fé – aberta em cruz! Poetas, meus irmãos, acompanhai meu grito!
77
Blog de Luiz Alberto Machado, disponível em http://varejosortido.blogspot.com.br/2010/10/poetas-do-maranhaonascimento-morais.html JOSÉ NASCIMENTO MORAIS FILHO – O poeta, professor, jornalista e folclorista maranhense, José Nascimento Morais Filho (1922-2009), foi um dos participantes do Modernismo no seu estado e ocupante da cadeira 37 da Academia Maranhense de Letras. Fundador do Comitê de Defesa da Ilha de São Luiz e militante ambiental, é autor dos livros Clamor da hora (1956), Azulejos (1963), Esfinge Azul (1972), Pé-de-conversa (1957), Um punhado de Rima (1959) e Clamor do Presente (1992). http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/maranhao/nascimento_moraes_filho.html
EGO SUM QUI SUM Corre sangue de heróis nas minhas veias; Descendo da nobreza dos gigantes; As flamas das batalhas conservei-as, Forjadas na bigorna dos atlantes! Atenas – meu brasão!... e das cadeias Olímpicas dos sonhos deslumbrantes, As vertigens azuis arrebatei-as Aureolando-as com os raios dos levantes! Legionário da glória, dos umbrais Da luz dardejarei coruscantes astas Contra o furor dos vis iconoclastas!... A ressoar as trompas aurorais Formarei novos mundos dos escombros - Carregarei os séculos nos ombros!...
APOCALIPSE SOCIAL Ó vós que adorais o Bezerro de Ouro, Olhai para o levante! Vede a coluna incandescente Que fumega no horizonte! - É o sinal dos novos tempos! - É aquela mesma coluna de fogo Que desceu dos céus, Para guiar a humanidade para a Terra da promissão! - São os legionários da liberdade, Que marcham abalando o infinito, Qual terremoto de luz, Craterando as regiões das alvoradas! Tremei, ó potentados! Tremei! - É a sentença dos séculos! Pesa pontiaguda sobre vossa cabeça, Como aquela espada sinistra do banquete!... Mas breve o fio se partirá, ó potentados!.... O juízo final vos espera... Contados, vossos dias! Pesados, vossos crimes! Divididos, vossos tesouros pelos clamores, Que rondam os muros de vossos Palácios e mansões! Não ouvis as vociferações
Dos cartazes nas paredes? Não ledes as sentenças ameaçadoras Escritas por mãos misteriosas, Nos muros e nas calçadas? - É a voz do povo Clamando no muro das lamentações! - É a voz de Deus, Escrita com piche à vossa porta! - Quem ouvidos tiver que ouça! - Quem olhos tiver que veja! Ó rubro tonitroar de trombetas - explosões dos Andes aureolados de flamas! Clamarei, ó potentados: “o pesadelo dos céus”! - A liberdade destruindo as muralhas dos Presídios! Presídios, Quem tem como cúpula A toga dos magistrados consteladas de lágrimas! Lágrimas, Que tremem como bocas balbuciantes E acenam para a justiça Que vós, ó potentados, cegastes. Os arranha-céus - operários petrificados em revolta Desmoronando em cadeia! E dos escombros Falanges de fantasmas sinistros Com os punhos fechados para o alto Avançando sobre vós! Os verdes campos, ridentes de alegria verde, Há séculos, Transformados em campos de tortura da esperança, Despertando da letargia do sofrimento!... E das outrora dadivosas covas das seares, Cardos espectrais brotando agora! Ai de vós, industriais da miséria e da injustiça! Ai de vós Que desperdiçais em vossa lauta mesa A comida que roubais da boca dos meus irmãos! Ai de vós Que transformais em sons de long-play Os soluços e os ais de meus irmãos! Ó vós Que os céus enegreceis de tantos crimes, Levantai-vos de vossa prostração! - É outra vossa crença! É outro vosso culto! - As vossas oblações ofendem a Deus, Ó vós Que celebrais a missa negra da miséria E da injustiça!
Escutai, ó meus irmãos, Os trons estranhos de trombetas estranhas! - Eclosões de auroras! Não mais Os apitos enfumaçados das chaminés Açoitando a besta-humana para o trabalho-forçado! - ´W a marcha universal dos novos tempos! Erguei-vos, e vivei, ó meus irmãos! - A luz, o ar, a terra é para todos!... Vinde comigo! Eu vim da idade que virá, Para revelar-vos os dias que virão! Não mais, meus irmãs, fundireis nas oficinas A chave de vossa cadeia! Não mais tecereis nos teares O sudário moral dos vossos dias! Livres, Trareis os vossos pulsos Das algemas da escravidão E vosso rosto das rugas do ferro do senhor! - Não mais a vida de escravo, Não mais senhor o patrão! O suor não é mortalha Nem o labor opressão! Ao som do canto agreste dos campônios, Ó campos reflori! Ó campos reflori! Cantai na vos dos pássaros, cantai! Cantai na branca voz das cataratas, cantai! Na luz transfigurada das searas Ó campo exultai! Ó campo exultai! De novo cavalgai, homens do campo, Vosso corcel olímpico de auroras! ... Um riso faltava na sociedade... Uma lágrima... e uma idéia.... Inda uma cor faltava na paisagem E uma nota na harmonia universal! - Rides? Vossa alegria será por todos comemorada! - Chorais? Vossa dor será por todos compartilhada! - Pensais? Vossos pensamentos não precisarão esconder-se Nos subterrâneos da noite! - A liberdade é a pátria universal! Vossa consciência é vossa. Consciência, Que não precisareis vender por um prato de Comida, Nos dias de eleição!...
Vossa mulher agora terá leite, Para amamentar vossos filhos, E, nos seus fecundos seios, criará os novos homens! Homens, Que, ao contemplar o firmamento azul, Se lembrarão das suas origens... E, então, no êxtase de deuses redivivos, Exclamarão: - Eu vim também do infinito! Nasci naquela estrela!
FERREIRA GULLAR78 José Ribamar Ferreira 10 de setembro de 1930 Nasceu no dia 10 de setembro de 1930, na cidade de São Luís, capital do Maranhão, quarto filho dos onze que teriam seus pais, Newton Ferreira e Alzira Ribeiro Goulart. Iniciou seus estudos no Jardim Decroli, em 1937, onde permaneceu por dois anos. Depois, estudou com professoras contratadas pela família e em um colégio particular, do qual acabou fugindo. Em 1941, matriculou-se no Colégio São Luís de Gonzaga, naquela cidade. Aprovado em segundo lugar no exame de admissão do Ateneu Teixeira Mendes, em 1942, não chegou a concluir o ano letivo nesse colégio. Ingressou na Escola Técnica de São Luís, em 1943. Apaixonado por uma vizinha, Terezinha, deixou os amigos e passou a se dedicar à leitura de livros retirados da Biblioteca Municipal e a escrever poemas. Na redação sobre o Dia do Trabalho, onde ironizava o fato de não se trabalhar nesse dia, em 1945, obtém nota 95 e recebe elogios pelo seu texto. Só não obteve a nota máxima em virtude dos erros gramaticais cometidos. Face ao ocorrido, dedicou-se ao estudo das normas da língua. Essa redação foi inspiradora do soneto "O trabalho", primeiro poema publicado por Gullar no jornal "O Combate", de São Luís, três anos depois. Tornou-se locutor da Rádio Timbira e colaborador do "Diário de São Luís", em 1948. Em 1954, casa-se com a atriz Thereza Aragão, com quem teve três filhos: Paulo, Luciana e Marcos. Lança "A luta corporal", que causou desentendimentos com os tipógrafos em função do projeto gráfico apresentado. Após sua leitura, Augusto e Haroldo de Campos e Décio Pignatari manifestam-lhe, por carta, o desejo de conhecê-lo. No fim desse ano, passa a trabalhar como revisor na revista "Manchete". Seu encontro com Augusto de Campos se dá às vésperas do Carnaval de 1955, resultando inúmeras discussões sobre a literatura. Trabalha como revisor no "Diário Carioca" e, posteriormente, engaja-se no projeto "Suplemento dominical" do "Jornal do Brasil". A convite do trio de escritores paulistas acima citados, participa da I Exposição Nacional de Arte Concreta, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1956. Em janeiro do ano seguinte, o MAM carioca recebe a citada exposição. Gullar discorda da publicação do artigo "Da psicologia da composição à matemática da composição", escrito pelo grupo concretista de São Paulo. Redige resposta intitulada "Poesia concreta: experiência fenomenológica". Os dois textos são publicados lado a lado na mesma edição do "Suplemento Dominical". Com seu artigo, Gullar marca sua ruptura com o movimento. Em 1958, lança o livro "Poemas. No ano seguinte, escreve o "Manifesto Neo-concreto", publicado no "Suplemento Dominical" e que foi também assinado por, entre outros, Lygia Pape, Franz Waissman, Lygia Clark, Amilcar de Castro e Reynaldo Jardim. Ali, também, foi publicado "Teoria do não-objeto". Criou o "livro-poema" e o "Poema enterrado", que consistia de uma sala subterrânea, dentro da qual havia um cubo de madeira de cor vermelha, dentro desse um outro, verde, de menor diâmetro, e, finalmente, um último cubo de cor branca que, ao ser erguido, permitia a leitura da palavra "Rejuvenesça". Construído na casa do pai do artista plástico Hélio Oiticica, a "instalação" não pode ser vista pelo público: uma inundação, provocada por fortes chuvas, alagou a sala e destruiu os cubos. Foi nomeado, em 1961, com a posse de Jânio Quadros, diretor da Fundação Cultural de Brasília. Elabora o projeto do Museu de Arte Popular e inicia sua construção. Em 1969, lança o ensaio "Vanguarda e subdesenvolvimento". O ano de 1970 marca sua entrada na clandestinidade. Passa a dedicar-se à pintura. Publica, em 1975, "Dentro da noite veloz".
78
http://imirante.globo.com/saoluis400anos/autores/ http://www.senado.gov.br/senadores/senadores_biografia.asp?codparl=1566&li=37&lcab=1934-1937&lf=37 http://artigo.tol.pro.br/portal/linguagem-pt/Clodomir%20Cardoso
O "Poema sujo" é escrito entre maio de outubro desse ano. No ano seguinte, sem a presença do poeta, o "Poema sujo" é lançado, enquanto Gullar dá aulas particulares de português em Buenos Aires, para poder sobreviver. Em 2002, é indicado ao Prêmio Nobel de Literatura por nove professores titulares de universidades de Brasil, Portugal e Estados Unidos. São relançados num só livro, os ensaios dos anos 60: "Cultura posta em questão" e "Vanguarda e subdesenvolvimento". Em dezembro, o poeta recebe o Prêmio Príncipe Claus, da Holanda, dado a artistas, escritores e instituições culturais de fora da Europa que tenham contribuído para mudar a sociedade, a arte ou a visão cultural de seu país TRADUZIR-SE79 Uma parte de mim é todo mundo: outra parte é ninguém: fundo sem fundo. uma parte de mim é multidão: outra parte estranheza e solidão. Uma parte de mim pesa, pondera: outra parte delira. Uma parte de mim é permanente: outra parte se sabe de repente. Uma parte de mim é só vertigem: outra parte, linguagem. Traduzir-se uma parte na outra parte - que é uma questão de vida ou morte será arte?
79
http://pensador.uol.com.br/autor/ferreira_gullar/ http://www.mensagenscomamor.com/poemas-e-poesias/poemas_de_ferreira_gullar.htm
POEMA SUJO (TRECHO)80 turvo turvo a turva mão do sopro contra o muro escuro menos menos menos que escuro menos que mole e duro menos que fosso e muro: menos que furo escuro mais que escuro: claro como água? como pluma? claro mais que claro claro: coisa alguma e tudo (ou quase) um bicho que o universo fabrica e vem sonhando desde as entranhas azul era o gato azul era o galo azul o cavalo azul teu cu tua gengiva igual a tua bocetinha que parecia sorrir entre as folhas de banana entre os cheiros de flor e bosta de porco aberta como uma boca do corpo (não como a tua boca de palavras) como uma entrada para eu não sabia tu não sabias fazer girar a vida com seu montão de estrelas e oceano entrando-nos em ti bela bela mais que bela mas como era o nome dela? Não era Helena nem Vera nem Nara nem Gabriela nem Tereza nem Maria Seu nome seu nome era… Perdeu-se na carne fria perdeu na confusão de tanta noite e tanto dia perdeu-se na profusão das coisas acontecidas constelações de alfabeto noites escritas a giz pastilhas de aniversário domingos de futebol enterros corsos comícios roleta bilhar baralho 80
http://www.poesiaspoemaseversos.com.br/ferreira-gullar-poemas/#.U2zcflS5eWg
mudou de cara e cabelos mudou de olhos e risos mudou de casa e de tempo: mas está comigo está perdido comigo teu nome em alguma gaveta Que importa um nome a esta hora do anoitecer em São Luís do Maranhão à mesa do jantar sob uma luz de febre entre irmãos e pais dentro de um enigma? mas que importa um nome debaixo deste teto de telhas encardidas vigas à mostra entre cadeiras e mesa entre uma cristaleira e um armário diante de garfos e facas e pratos de louças que se quebraram já um prato de louça ordinária não dura tanto e as facas se perdem e os garfos se perdem pela vida caem pelas falhas do assoalho e vão conviver com ratos e baratas ou enferrujam no quintal esquecidos entre os pés de erva-cidreira e as grossas orelhas de hortelã quanta coisa se perde nesta vida Como se perdeu o que eles falavam ali mastigando misturando feijão com farinha e nacos de carne assada e diziam coisas tão reais como a toalha bordada ou a tosse da tia no quarto e o clarão do sol morrendo na platibanda em frente à nossa janela tão reais que se apagaram para sempre Ou não? Não sei de que tecido é feita minha carne e essa vertigem que me arrasta por avenidas e vaginas entre cheiros de gás e mijo a me consumir como um facho-corpo sem chama, ou dentro de um ônibus ou no bojo de um Boeing 707 acima do Atlântico acima do arco-íris perfeitamente fora do rigor cronológico sonhando Garfos enferrujados facas cegas cadeiras furadas mesas gastas balcões de quitanda pedras da Rua da Alegria beirais de casas cobertos de limo muros de musgos palavras ditas à mesa do jantar, voais comigo sobre continentes e mares E também rastejais comigo pelos túneis das noites clandestinas sob o céu constelado do país entre fulgor e lepra debaixo de lençóis de lama e de terror
vos esgueirais comigo, mesas velhas, armários obsoletos gavetas perfumadas de passado, dobrais comigo as esquinas do susto e esperais esperais que o dia venha E depois de tanto que importa um nome? Te cubro de flor, menina, e te dou todos os nomes do mundo: te chamo aurora te chamo água te descubro nas pedras coloridas nas artistas de cinema nas aparições do sonho - E esta mulher a tossir dentro de casa! Como se não bastasse o pouco dinheiro, a lâmpada fraca, O perfume ordinário, o amor escasso, as goteiras no inverno. E as formigas brotando aos milhões negras como golfadas de dentro da parede (como se aquilo fosse a essência da casa) E todos buscavam num sorriso num gesto nas conversas da esquina no coito em pé na calçada escura do Quartel no adultério no roubo a decifração do enigma - Que faço entre coisas? - De que me defendo? Num cofo de quintal na terra preta cresciam plantas e rosas (como pode o perfume nascer assim?) Da lama à beira das calçadas, da água dos esgotos cresciam pés de tomate Nos beirais das casas sobre as telhas cresciam capins mais verdes que a esperança (ou o fogo de teus olhos) Era a vida a explodir por todas as fendas da cidade sob as sombras da guerra: a gestapo a wehrmacht a raf a feb a blitzkrieg catalinas torpedeamentos a quinta-coulna os fascistas os nazistas os comunistas o repórter Esso a discussão na quitanda a querosene o sabão de andiroba o mercado negro o racionamento oblackout as montanhas de metais velhos o italiano assassinado na Praça João Lisboa o cheiro de pólvora os canhões alemães troando nas noites de tempestade por cima da nossa casa. Stalingrado resiste. Por meu pai que contrabandeava cigarros, por meu primo que passava rifa, pelo tio que roubava estanho à Estrada de Ferro, por seu Neco que fazia charutos ordinários, pelo sargento Gonzaga que tomava tiquira com mel de abelha e trepava com a janela aberta, pelo meu carneiro manso
por minha cidade azul pelo Brasil salve salve, Stalingrado resiste. A cada nova manhã nas janelas nas esquinas nas manchetes dos jornais Mas a poesia não existia ainda. Plantas. Bichos, Cheiros. Roupas. Olhos. Braços. Seios. Bocas. Vidraça verde, jasmim. Bicicleta no domingo. Papagaios de papel. Retreta na praça. Luto. Homem morto no mercado sangue humano nos legumes. Mundo sem voz, coisa opaca. Nem Bilac nem Raimundo. Tuba de alto clangor, lira singela? Nem tuba nem lira grega. Soube depois: fala humana, voz de gente, barulho escuro do corpo, intercortado de relâmpagos Do corpo. Mas que é o corpo? Meu corpo feito de carne e de osso. Esse osso que não vejo, maxilares, costelas flexível armação que me sustenta no espaço que não me deixa desabar como um saco vazio que guarda as vísceras todas funcionando como retortas e tubos fazendo o sangue que faz a carne e o pensamento e as palavras e as mentiras e os carinhos mais doces mais sacanas mais sentidos para explodir uma galáxia de leite no centro de tuas coxas no fundo de tua noite ávida cheiros de umbigo e de vagina graves cheiros indecifráveis como símbolos do corpo do teu corpo do meu corpo corpo que pode um sabre rasgar um caco de vidro uma navalha meu corpo cheio de sangue que o irriga como a um continente ou um jardim circulando por meus braços por meus dedos
enquanto discuto caminho lembro relembro meu sangue feito de gases que aspiro dos céus da cidade estrangeira com a ajuda dos plátanos e que pode – por um descuido – esvair-se por meu pulso aberto Meu corpo que deitado na cama vejo como um objeto no espaço que mede 1,70m e que sou eu: essa coisa deitada barriga pernas e pés com cinco dedos cada um (por que não seis?) joelhos e tornozelos para mover-se sentar-se levantar-se meu corpo de 1,70m que é meu tamanho no mundo meu corpo feito de água e cinza que me faz olhar Andrômeda, Sírius, Mercúrio e me sentir misturado a toda essa massa de hidrogênio e hélio que se desintegra e reintegra sem se saber pra quê Corpo meu corpo corpo que tem um nariz assim uma boca dois olhos e um certo jeito de sorrir de falar que minha mãe identifica como sendo de seu filho que meu filho identifica como sendo de seu pai corpo que se pára de funcionar provoca um grave acontecimento na família: sem ele não há José Ribamar Ferreira não há Ferreira Gullar e muitas pequenas coisas acontecidas no planeta estarão esquecidas para sempre corpo-facho corpo-fátuocorpo-fato atravessados de cheiros de galinheiros e rato na quitanda ninho de rato cocô de gato sal azinhavre sapato brilhantina anel barato
língua no cu na boceta cavalo-de-crista chato nos pentelhos com meu corpo-falo insondável incompreendido meu cão doméstico meu dono cheio de flor e de sono meu corpo-galáxia aberto a tudo cheio de tudo como um monturo de trapos sujos latas velhas colchões usados sinfonias sambas e frevos azuis de Fra Angelico verdes de Cézanne matéria-sonho de Volpi Mas sobretudo meu corpo nordestino Mais que isso maranhense mais que isso sanluisense mais que isso ferreirense newtoniense alzirense meu corpo nascido numa porta-e-janela da Rua dos Prazeres ao lado de uma padaria sob o signo de Virgo sob as balas do 24º BC na revolução de 30 e que desde então segue pulsando como um relógio num tic tac que não se ouve (senão quando se cola o ouvido à altura do meu coração) tic tac tic tac enquanto vou entre automóveis e ônibus entre vitrinas de roupas nas livrarias nos bares tic tac tic tac pulsando há 45 anos esse coração oculto pulsando no meio da noite, da neve, da chuva debaixo da capa, do paletó, da camisa debaixo da pele, da carne, combatente clandestino aliado da classe operária meu coração de menino (…)
NAURO MACHADO81 NAURO DINIZ MACHADO 2 de agosto de 1935 Filho de Torquato Rodrigues Machado e Maria de Lourdes Diniz Machado. É casado com a também escritora Arlete Nogueira da Cruz. Poeta autodidata com vasto conhecimento em artes e filosofia. Comparado por alguns críticos a Fernando Pessoa, é original por ser poeta universal entre seus contemporâneos mais imediatos, como Ferreira Gullar, Lago Burnett, José Chagas e Bandeira Tribuzi. Se Gullar questiona a própria forma poética, Nauro Machado questiona a própria essência e destinação do ser humano, sem deixar de cultivar uma linguagem poética e uma técnica de versos exemplares. Sua obra apresenta traços de reflexão existencial angustiada e violenta que encontra poucas comparações na lírica de língua portuguesa. Exerceu diversos cargos em órgão publicos entre eles DETRAN e EMATER e também na Secretaria de Cultura do Estado do Maranhão. Nauro Machado sempre viveu em São Luís, ausentando-se apenas por breves periodos, sobretudo para o Rio de Janeiro para publicar boa parte de suas obras. No entanto, grande parte de sua vida Nauro dedicou à sua grande paixão, a poesia. Recebeu diversos prêmios, dentre eles Academia Brasileira de Letras e da União Brasileira de Escritores; teve varias de suas obras traduzidas para o alemão, francês e inglês. Obras de Nauro Machado82: Campo sem base (1958); O exercício do Caos (1961); Do frustrado órfico (1963); Segunda comunhão (1964); Ouro noturno (1965); Zoologia da alma (1966); Necessidade do divino (1967); Noite ambulatória (1969); Do eterno indeferido (1971); Décimo divisor comum (1972); Testamento provincial (1973); A vigésima jaula (1974); Os parreirais de Deus (1975); Os órgãos apocalípticos (1976); A antibiótica nomenclatura do inferno (1977); As órbitas da água (1978); Masmorra didática (1979); Antologia poética (1980); O calcanhar do humano (1981); O cavalo de Tróia (1982); O signo das tetas (1984); Apicerum da clausura (1985); Opus da agonia (1986); O anafilático desespero da esperança (1987); A rosa blindada (1989); Mar abstêmio (1991); Lamparina da aurora (1992); Funil do ser (1995); A travessia do Ródano (1997); Antologia poética (1998); Túnica de Ecos (1999); Jardim de infância (2000); Nau de Urano (2002); A rocha e a rosca (2003); 81983 Abre-me as portas, mãe, enquanto as estrelas buscam em mim agora a treva infinda, sem luz alguma no meu olhar a vê-las nessa cegueira a ser da altura vinda. Assim, mãe, invado tua noite, a sabê-las eternamente em pó na luz que é finda só para mim, que vou comigo pelas 81
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nauro_Machado NAURO MACHADO, ou a (poesia) entrevista. Suplemento Cultural e Literário JP Guesa Errante, 29 de dezembro de 2012, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2013/6/3/nauro-machado-ou-a-poesia-entrevista-5412.htm, acessado em 09/05/2014 BARBOSA FILHO, Hildeberto. NAURO MACHADO: poeta do ser e da linguagem. Suplemento Cultural e Literário JP Guesa Errante, 19 de janeiro de 2006, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2006/1/19/Pagina648.htm CARNEIRO, Alberico. NAURO MACHADO - Um cirurgião para a alma de São Luís. Suplemento Cultural e Literário JP Guesa Errante, 21 de abril de 2012, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2012/9/27/nauro-machado---um-cirurgiao-para-aalma-de-sao-luis-4353.htm CARNEIRO, Alberico. NAURO MACHADO ao editor do JP Guesa Errante, Alberico Carneiro. Suplemento Cultural e Literário JP Guesa Errante, 21 de abril de 2012, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2012/9/27/nauro-machado-ao-editordo-jp-guesa-errante-alberico-carneiro-4352.htm CARNEIRO, Alberico. PROVÍNCIA - O PÓ DOS PÓSTEROS. Suplemento Cultural e Literário JP Guesa Errante, 21 de bril de 2012, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2012/9/27/provincia-o-po-dos-posteros-4351.htm 82 http://www.jornaldepoesia.jor.br/nauro.html#bio 83 http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/maranhao/nauro_machado.html
manhãs nascendo todas cegas ainda. Como fazê-las ser de novo vivas? Como, se nunca delas fui um conviva às vidas feitas festas para as vistas? Para arrancá-las da morte onde as pus, quero essa noite, ó mãe, roubada à luz do céu que, embora cega, tu conquistas. 851 Todo o furor da vida esvai-se quando a natureza cobra o seu direito, e o tempo chega pelo verme andando para mamar seu leite em outro peito. Ó tempo-vândalo, ó furor de um mando na assinatura desse édito feito com toda a dor do punho mais nefando da natureza em seu madrasto leito! Troai dos lábios as blasfêmias hirtas pelo alfabeto além a se extinguir, tais os corpos trêmulos no fim, cadáver-verbo aberto pelo crime, embora de um Deus feito pai do hímen dessa mulher que é mãe também de mim. CALENDÁRIO Tomaste parte em nenhuma outra guerra. Não perdeste pés ou mãos dentro desta. Não abriste túmulo em nenhum lugar. Nada quiseste além dos teus haveres. Teu país de bois na aurora plantados, levou-o o tempo na usura do ocaso. Fizeste nada sábado, domingo, segunda, terça, quarta, quinta e sexta. Igual a todos, somaste semanas, Unindo a noite ao dia e o dia às noites. Escuta: o tempo passa! E o teu passou. Passou o bonde, o colégio, a criança. Já o adulto vai-se: está chegando ao fim como um ronco doído em cosa podre, como um enlatado para ninguém. Made in Brazil. Tonel à água lançado No porto noite. Minha família! Ó alma. Masmorra Didática, 1979
FILA INDIANA Um atrás do outro, atrás um do outro, ano após ano, ano após outros, minuto após minuto, século após séculos, continuam (a conduzir seus madeiros na perícia dos próprios dramas). um após do outro, atrás um do outro, anos após ano, ano após outros, minuto após minuto, século após séculos, e de novo um atrás do outro, atrás um do outro, até a surdez final do pó. AS PRAGAS Porque não estive às portas de Madri, de onde escuto, ainda, o “no pasarán”. Te abjuro, Senhor, enfim, e a Ti, a quem, outrora, chamei de pai e bom. Porque não estive às portas de Madri, lutando, às claras, com porcos-burgueses, luto e lutarei, em trevas, por aqui, Te abjurando, Pai, por milhões de vezes. Entanto, saibam-no todos, e ouvi que aos homens-bestas, com meus punhos, sorvo-os enquanto, ao longe, às portas de Madri, se erguer, incólume, o sangue dos povos! Décimo Divisor Comum, 1972
CAXANGÁ Há um desespero real na palavra, um desespero contra o desespero, enlouquecido em tudo que é palavra incapaz de dizer o real nela, e um desespero dentro, um desespero da palavra assentada na palavra, de palavra assentada nela mesma, canal e boca de uma angústia virgem, de um dia novo contra a noite fora envolvendo de luto os nomes todos: Antônio, tênis, sonho, árvores, morte. Sombra dentro de sombra, mas girando em rodopio eterno, o pião da sombra, o que fazer da voz, senão clamar em uivos de absurda sombra, à noite geradora de braços e destroços vagando intérminos no extinto brado? 91 Por que me bates com teus sinos, plágios de uma humana cruz, calvário torto, tu, coração vazio de apanágios, sem esperança de nenhum conforto? (Meu coração é gaveta de naufrágios, de esperanças puídas no alto porto, onde singro, sagrando em meus sufrágios de vertigens, um mar que é natimorto.) Porque me falas e escrutar não posso teu nome, grito que laboro e roço na plantação maldita que me bate, pudesse eu, pária do meu próprio mundo, arrancar de mim teu ser, qual imundo dente, coração, à ponta de alicate!
92 Meu aniversário!: dá-me, Goethe, o fogo que vi queimando nos lábios do teu ontem, pura energia, livrando-me do logro de existir para onde os deuses apontem. Sarça ardente, crepúsculo que rogo, regresse eu à terra, e que as trevas me montem no tempo morto de um eterno logo, eterno aberto ao pronto desmonte em matéria e ruga, de olhar no meu rosto. e ao achar-me inteiro – e à Tua partilha exposto, elucida-me, Goethe, o em mim por quê: se não sei o vento, verbo do arvoredo, balbucio o tempo e nele retrocedo ao não ser próximo do estar no Ser.
FERNANDO OCTÁVIO MOREIRA DA CRUZ84 FERNANDO MOREIRA 25 de setembro de 1930 # Rio de Janeiro, no dia 27 de ju1ho de 1994. Filho de Antonio Ribeiro da Cruz Júnior e Laura Rosa Moreira Ribeiro da Cruz. Formou-se em Letras NeoLatinas pela Faculdade de Filosofia de São Luís do Maranhão, e em 1959, como professor assistente, ingressou na referida Faculdade, onde desempenhou a função de professor durante 32 anos. Foi professor de Língua e Literatura Inglesa, Língua e Literatura de Expressão Francesa, Literatura Americana, História das Literaturas e Língua Francesa na Aliança Cultural Brasileira. Além de professor, exerceu ainda a função de Diretor do Instituto de Letras e Artes (ILA) da UFMA . Em 1992, já aposentado da UFMA, voltou à sua função de professor de Inglês no Centro Universitário do Maranhão (CEUMA). Fluente nas línguas francesa, inglesa e dono de uma cultura exemplar e de uma prodigiosa memória, Fernando Moreira a1iou tudo isso ao talento para a ficção - como contista, romancista e teatrólogo. São de sua autoria as obras: “O Grupo” - contos, “Reunião em Família” (teatro), “Cinema: uma perspectiva histórica, social e artística” (ensaios), “Desenhos na Parede” (romance), “As figuras em cera” (novela). Publicou ainda os trabalhos didáticos: “Aspectos da dramaturgia brasileira contemporânea”, “As Palavras e as Idéias”, volumes I e II, em colaboração com a Profa. Maria de Lourdes Barroqueiro, “Nine dramatists and ten great moments on the American stage”, “Notes on XXth Century English Drama”. Teatro Escolhido é o 19º título da Coleção Geia de Temas Maranhenses. O livro reúne peças teatrais de Fernando Moreira, que também escreveu romances, contos, ensaios, novelas e crítica de cinema. O dramaturgo deixou uma obra quase totalmente inédita.
84
FERREIRA, José de Mário Moraes. CAFé LITERáRIO HOMENAGEIA FERNANDO MOREIRA, publicado em 23.11.2012, disponível em http://www.cultura.ma.gov.br/portal/sede/impressao.noticia.php?loc=ccocf&id=108, acessado em 10/05/2014 MELO, Vilma Maria Carvalho de Melo. In Ciências Humanas em Revista/Universidade Federal do Maranhão. Centro de Ciências Humanas, São Luís, 2005. v. 3, n. , disponível em .http://www.nucleohumanidades.ufma.br/pastas/CHR/2005_1/capa_v3_n1.pdf
JOSÉ MARIA NASCIMENTO85 18 de setembro de 1940. Filho de João e Neuza. O pai era um homem simples que trabalhou como vigia do Matadouro. A mãe uma prendada e dedicada dona de casa. “Muito cedo rebelou-se contra toda e qualquer forma de ensino”. É um autodidata em tudo o que faz. Por longo tempo foi diretor do Suplemento Literário do Correio do Nordeste, nesta cidade. Ganhou prêmios literários em São Luís e em Recife, onde residiu por seis anos. Lançou os seus poemas em Manaus e em São Paulo. Casado com Maria da Graça, cantora lírica, tem duas filhas, Layane e Tayane. A partir de 1998, torna-se fotógrafo, exercendo as suas atividades artísticas com relativo êxito. Com uma visão existencial que bem pode, na prática, ser exemplo daquele axioma filosófico do domínio público, Antes bem viajado e bem vivido, que bem lido, a vida do homem José Maria Nascimento, no entanto, explica o dito e o ultrapassa, pois, cursou o primeiro ano ginasial e, pela sua própria obra literária, percebese o universo de leitura que tem, pelas várias abordagens do discurso poético que manipula e conduz sempre com a percepção do que está acontecendo em torno e além fronteiras. Não é temerário citar que inúmeros escritores de renome foram autodidatas e, a título de exemplo, citem-se Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade, em nível nacional. O autodidatismo, ao contrário de depreciar, dá ao escritor, que se superou ao praticá-lo, destaque. Aos 63 anos de idade, José Maria Nascimento se faz representar, como poeta, pelos 12 títulos de livros de poesia que já editou, a maioria dos quais premiados em concursos literários, em São Luís e em Recife. Obras Literárias Células da esperança, São Luís, MA, 1960; Harmonia do conflito, São Luís, MA, 1965; Silêncio em família, Prêmio SIOGE, São Luís, MA, 1968, publicado sob os auspícios do Departamento de Cultura do Estado do Maranhão, Tipografia São José, São Luís, MA, 1969; Contemplação dos templos, Edição SIOGE, São Luís, MA, 1977; Carrossel ensolarado, FUNC/SIOGE, São Luís, MA, 1981; Os Frutos da madrugada, SIOGE, seleção de poemas, São Luís, MA, 1984; Seleta poética, SECMA, São Luís, MA, 1987; Os Verdes anos da maturidade, SECMA/SIOGE, São Luís, MA, 1987; Constelação marinha, SIOGE, São Luís, MA, 1993; Turbulência, FUNC, São Luís, MA, 1995; Encontros e aflições na Zona de São Luís, Edição do autor, 2001. Tristezas da Juventude Só em pensar fico triste de não mais curtir as tristezas que sentia na minha juventude. A tristeza chegava na hora certa. Era motivação para quase tudo: uma farra solitária uma carta de amor golpes de gilete no braço. Era divertida a tristeza que eu vivenciava na mocidade. Os anos se passaram, as tristezas se dispersaram. Nunca mais tive tristezas iguais.
85
Cunha Santos Filho. JOSÉ MARIA NASCIMENTO: VIAJANTES DO ENTARDECER. In GUESA ERRANTE, 30 de novembro de 2005, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2005/11/30/Pagina302.htm, acessado em 11/05/2014 JOSÉ MARIA NASCIMENTO: VIAJANTES DO ENTARDECER(II) . In GUESA ERRANTE, 30 de novembro de 2005, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2005/11/30/Pagina292.htm, acessado em 11/05/2014 NERES, José. JOSÉ MARIA DO NASCIMENTO: MEIO SÉCULO DE POESIA. Blog Recanto da Poesia, disponível em http://www.recantodasletras.com.br/artigos/2649901, acessado em 11/05/2014
Hoje, deploro a falta daquelas tristezas: tão boas, tão inocentes e necessárias. (p.125)
Os abominados Jorge, a vida estava na memória da vazante, nas cisternas repletas de antigos sonhos, nas ferrugens grossas dos portais da Zona. Os pássaros embriagados com os nossos hálitos, as moscas afogadas no fundo das garrafas, os teus delírios despertando as prostitutas. Pelos corredores dormem os amigos exilados. Vamos, talvez seja esse o derradeiro bonde! As carruagens já não [trafegam pelas ruas. Caminhemos para o Sul que o Norte já nos cansa, e deprimem os urubus nos seus vôos famintos. Observa: por detrás das águas dormem as pérolas. Basta de bater com os costados pelas calçadas! As ervas cobrem-te os pés com o sal da manhã. Não mais os pesadelos nos albergues soturnos. Passeiam os bois pelas campinas da tua infância. Eis a hora esperada! Eis o momento da Redenção. Vamos, Jorge, juntos alcançaremos o lado eterno. (p.55)
Paisagem vegetal Já não quero o mistério das rosas nem o silêncio das folhas no jardim. Algo mais grave que as horas dolorosas senti-la distante como se fosse em mim. Não desejo a surpresa de um corpo maduro, ainda que verde para o uso do lamento. Algo mais que uma rosa no céu escuro enche-me os olhos
de depressivo encantamento. A tua imagem neste quarto ora silente ondula em mim um pensamento lasso: Assim te tenho no que penso vagamente, sem contudo sentir-te nos meus braços. (Nascimento, José Maria. Silêncio em Família. São Luís: Tipografia São José, 1969. p.37-39.)
Elegia para meu pai Pai, já o teu sangue repugna a minha carne e o baque rude do teu precioso afeto estala em meu crânio como enormes pedras caídas de um eterno que não sei para a destruição dos teus ossos em que me abraço. O meu grito se faz eco no teu sono e tu despertas, que bem sei, para ver nada. Eis que teu filho em lodo se transforma para o objeto da tua vergonha muda. E nesta angústia, pai, tu ainda flutuas e me arrastas do presente que não tenho para o passado em que morri contigo. Se este delírio já te expõe um homem adulto é que teu sangue em minhas veias se revolta e o ódio bruto de saber que nada sei da morte me transporta para as portas de um inferno que um dia me ensinaste a evitar. (p.35)
O Taciturno Compreenderás que as coisas mais simples não tiveram explicações; que a tarde caindo ao findar do sonho mais fria se torna que a neve nos lábios de um cadáver noturno. Compreenderás ao calor dos fornos a utilidade do pão que te foi negado;
e deste regato onde flui a solidão de outras sedes em vão beberás a água do teu mistério sabendo-te insaciável. Compreenderás na melancolia de uma lágrima caída a verdade do pranto que já se faz sonoro; sentirás na própria carne a amarga frustração de uma difícil morte trabalhada na voragem da existência – e não ousarás proclamá-la aos céus. (p.45)
Arco-íris noturno Urge o tempo que a noite é uma granada que a vida é mais que trevas quando de um abismo se contempla a luz de cada estrela. Estes corpos submersos sabem o peso de uma bala quando em preces em vão se elevam; quando o homem é uma promessa para um sonho que se cala. Dores tantas de outra infância que a Deus renega e clama. Bate um sabre em cada porta como um filho que retorna para o nada do que ama. Uma náusea em cada morte dentre as ceias que são vãs; vestígios de sangue e rosas ornamentam as passarelas no velório das manhãs. (p.21) (Nascimento, José Maria. Seleta Poética. São Luís: Edições SECMA, 1987.)
O Crucifixo Os pés estão suspensos como plumas sobre vidro leve e ainda mais breve que um grito já partido. Porquanto aqui retorno
à tragédia me acostumo ante o corpo em vertical como quem medido a prumo. Somente a cabeça pende para o esquerdo do seu recurso. Cabe inteiro o corpo numa hóstia como a bênção na ternura dum soluço. (p.22)
Retorno à infância Audaz fora a sua infância de remotas quedas à semelhança de um ferido passarinho. Andara noites em seus sonhos de herói e nada teve que não lhe fosse renúncia. Criara carneiros e cabras que o pai lhe negara; mamara nas vacas a pureza dos dias que grande já era para os seios da mãe. De pedras e águas suas tardes forjou mas alto já era e a infância se foi. Agora sozinho a criança não chora – que é velho e velho à infância retorna (p.23) (Nascimento, José Maria. Seleta Poética. São Luís: Edições SECMA, 1987.)
O Cálice Se é verdade que não mais retornam por que clamam tanto no meu sono? Em que águas se afundaram os náufragos do silêncio e do medo? Que novas sedes lhe chegam à alma, entorpecida por sufocantes caminhos? Que outros infernos inauguram depois das tormentas do Purgatório? Existirá o que sonharam em vida ou apenas o Nada no centro da Terra? Se de todos, nenhum mais existe, por que divagam nos meus pesadelos?
Que outras moradas buscam os mortos, confusos, pelos confins do meu ser? (p.38)
Meu pai Agora estás liberto, finalmente, do desvelo e da carne, vigia. Pouco importa aos teus domingos se na segunda te serviam bóia-fria. No matadouro, os quartos de boi sangram a sua última agonia. Para melhor qualidade do trabalho, o sonhar te foi proibido, vigia. As cores das manhãs foram-te raras: estavas oculto em teu ser obscuro. A esclerose te assaltou de súbito, qual um ladrão que temias no escuro. Os teus cachorros ficaram calados, tristes, com a falta da tua companhia. Na rede o teu vulto se agasalha; no quarto, o clima é de sono, vigia. Já não caminhas de retorno à tua casa, cruzando a Campina onde o gado repousa. Tanto teceste vigílias com o teu suor, para tudo acabar numa pequena lousa: Aqui descansa João Baé. Trocou a noite pelo dia. Não foi um boêmio errante. Na vida, um simples vigia. (p.80-81) (Nascimento, José Maria. Viajantes do Entardecer. São Luís: Lithograf, 2003.)
ORLANDEX PEREIRA VIANA 86 10 de agosto de 1938 Nasceu em São Luis a 10 de agosto de 1938, filho de Edson Matos Viana e Naura Bastos Jansen Pereira Viana. Concluiu o Ginasial no Liceu Maranhense e Letras pela Faculdade de Filosofia da UFMA. Exerceu o magistério no Liceu Maranhense, onde lecionou Desenho, Frances e Ingles, Lingua e Literatura Portuguesa e Brasileira. Lecionou Desenho no Ateneu Teixeira Mendes, Rosa Castro, Seminário Santo Antonio e Noções Elementares de Gramática Latina para o curso de Letras da UFMA. Foi agente administrativo do INAMPS. Historiador, Jornalista, Poeta, aplicado à Arte dramática. Contribuições na revista do IHGM VIANA, O. P. OS PRIMÓRDIOS DO BRASIL Ano LIX, n. 08, março de 1985 67-74 EXPLICAÇÕES SUCINTAS DO DESENHO DO MEDALHÃO (CRACHÁ) PARA SER USADO NAS SESSÕES SOLENES E FESTIVAS, PELOS MEMBROS EFETIVOS DO IHGM Ano LIX, n. 09, outubro de 1985 56-57 A POSIÇÃO DO BRASIL EM RELAÇÃO AS DEMAIS NAÇÕES Ano LX, n. 11, março de 1986 35-40 A EXISTÊNCIA HISTÓRICA DE ANTONIO LOBO ano LX, n. 12, 1986 ? 78-98 PEDRO DA SILVA NAVA: MÉDICO, ESCRITOR, POETA, PINTOR E DESENHISTA Ano LXII, n. 14, março de 1991 43-52 A ARTE DE FALAR BEM Ano LXIII, n. 16, 1993 97-103 A IMPORTÂNCIA DO FOLCLORE E SEUS PRINCIPAIS ASPECTOS NO MARANHÃO Ano LXIV, n. 17, 1996 83-92 ANA AMÉLIA, A MUSA DE G. DIAS, SUA GENEALOGIA E SEUS DESCENDENTES No. 21, 1998 106-108
86
REVISTA DO IHGM , ANO LIX, MARÇO 1985, No. 8,p. 66
ROSSINI CORRÊA 87 JOSÉ ROSSINI CAMPOS DO COUTO CORRÊA É de SÃO LUÍS, nascido em 08 de setembro de 1955. Dedicado aos estudos jurídicos, teológicos, filosóficos e sociais, Rossini Corrêa – que participou de seminários jurídicos na Pontifícia Studiorum Universitas Urbaniana, no Vaticano e na Libera Università Maria Santíssima Assunta, em Roma, bem como na Universität Hamburg, na Alemanha e na L’Ecole Nationale de la Magistrature à Paris e de conferência na Sultan Qaboos University, do Sultanato de Oman – possui Bacharelado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco (1978), Bacharelado em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco (1981), Mestrado em Ciência da Religião pelo Instituto de Ensino Superior Evangélico (1998), Mestrado em Direito Canônico pela Faculdade Teológica Panamericana (1998), Mestrado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco (1982), Doutorado em Teologia Th D, pela Faculdade de Teologia Antioquia Internacional (1998), em Theology, pela Antioch Christian University, em Sociologia, pela Universidade de Brasília (1987), Doutorado e PósDoutorado em Direito Internacional, pela American World University (2002 e 2008). Rossini Corrêa é detentor de uma dezena de Doutoramentos Honorários, entre os quais, Doutor Honoris Causa em Ciências Jurídicas, pela Faculdade Ítalo Brasileira - FIB; Doctor of Letters Honoris Causa, pela Academia de Letras Machado de Assis; Honorary Doctor in Laws, pela Cambridge International University; Doutor Honoris Causa em Filosofia, pela Universidade Católica Ortodoxa Unida; Doutor Honoris Causa em Filosofia, pelo Instituto Teológico Emill Brunner; Doutor Honoris Causa em Teologia, pela Faculdade Teológica Bereana Internacional; Doutor Honoris Causa em Direito Internacional, pela Emill Brunner Universidade Aberta; Doutor Honoris Causa em Letras, pela Academia de Ciências, Letras e Artes de Minas Gerais; e Doutor Honoris Causa em Ciências da Educação, pelo Instituto Euro Americano de Educação Superior, Pesquisa e Extensão. Atualmente é/ recentemente foi Consultor para Assuntos de Pós-Graduação do Centro Universitário de Goiás UniAnhanguera e Representante Técnico do Centro Universitário de Goiás-Uni-Anhanguera, no Convênio de Cooperação Internacional firmado com a Universidad de Extremadura-UEX-ES , Coordenador da Cátedra Daisaku Ikeda, sediada no Centro Universitário de GoiásUni-Anhanguera, Vice-Reitor da American World University, Assessor Jurídico da Igreja Memorial Batista, Presidente do Instituto Avocare e Pesquisador Visitante do Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos-IMESC. Advogado e Professor Universitário, Rossini Corrêa é Conselheiro Federal Titular, pelo Distrito Federal, da Ordem dos Advogados do Brasil - CFOAB - 2013/2016, Membro Titular da Comissão Nacional de Educação Jurídica, do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil - CFOAB - 2013-2016, Membro do Instituto dos Advogados do Distrito Federal – IADF, Membro da Academia Brasiliense de Letras – ABRL e detentor da Comenda Luís Vaz de Camões. Rossini Corrêa foi Coordenador Nacional da Lei Sarney, Assessor Especial do Governador de Pernambuco, Secretário de Educação e Cultura de Jaboatão dos Guararapes, Professor Adjunto IV da Universidade Federal do Maranhão, Assessor da Secretaria de Cultura do Estado do Maranhão, Advogado da Secretaria de Planejamento do Estado do Maranhão, Diretor do Centro de Pesquisas Estruturais da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais, Chefe de Cadastramento do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas de Natureza Cultural, Advogado do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do Distrito Federal, Assessor Jurídico da CPI sobre Exploração Sexual de Crianças e de Adolescentes (CD/DF), Coordenador do Curso de Direito do Centro Universitário UNIEURO, Professor do Curso de Mestrado em Direito do Centro Universitário de Brasília-UNICEUB, Professor do Curso de Formação de Oficiais (APM/DF), Professor da Associação de Ensino Unificado do Distrito Federal, Professor da Associação Pioneira de Integração Social, Técnico de Nível Superior da Fundação Escola Nacional de Administração Pública, Coordenador de Estágio da Fundação Escola Nacional de Administração Pública e Diretor de Estágio da Fundação Escola Nacional da Administração Pública. Autor de 25 livros publicados, Rossini Corrêa conquistou 20 prêmios literários e possui cerca de 50 obras inéditas. Eis a sua bibliografia mínima: 87
http://www.thesaurus.com.br/autor/rossini-correa
ALGUMAS TESES · Classe Média Posta em Questão: ensaio de revisão bibliográfica. Recife: UFPE, 1978. 170 p., Trabalho de
Conclusão de Curso de Bacharel em Ciências Sociais. · Formação Social do Maranhão: o presente de uma arqueologia. São Luís, SIOGE, 1993, 391 p. · O Liberalismo no Brasil: José Américo em perspectiva. Brasília, Senado Federal, 1994, 710 p. · Política Externa Independente: contribuição crítica à história da diplomacia nacional. São Paulo, USP, 1992. 160 p. Trabalho oferecido ao Programa de Pós-Doutorado em Política Internacional e Comparada. · Elegias de Eraldo. Brasília, Instituto de Ensino Superior Evangélico, 1998, 150 p. Tese de Mestrado em Teologia. · Direito & Teologia: Amós, profeta de qual justiça? Brasília, Faculdade de Teologia Antioquia Internacional, 1999, 150 p., Tese de Doutorado em Ciências da Religião. · Bacharel, Bacharéis: Graça Aranha, discípulo de Tobias, companheiro da Nabuco. Brasília, American World University, 2008, 600 p., Tese de Doutorado em Direito. FICÇÃO · O Prêmio Nobel. Brasília, Corrêa e Corrêa Editores, 1989, 60 p. · Reino Unido do Brasil. São Luís, SIOGE, 1993, 157 p. POESIA · Canto Urbano da Silva. São Luís, SIOGE, 1984, 100 p. · Sinfonia Internacional para a Pátria América: liberdade. São Luís, SIOGE, 1986. 216 p. · Saltério de Três Cordas. Brasília, Guarnicê, 1989. 130 p. Co-autoria com Joaquim Haickel e Pedro Braga. · Almanaque dos Ventos. São Luís, SECMA/SIOGE, 1991. 140 p. · Baladas do Polidor de Estrelas. São Luís, SECMA/SIOGE, 1991. 120 p. · Dois Poemas Dramáticos para Vozes e Violinos. Brasília, Thesaurus, 2001, 64 p. · Champagne para Nirciene. Brasília, Kelps, 2005, 224 p. SOCIOLOGIA · Mudança Social do Nordeste. São Luís, SIOGE, 1986, 186 p. · O Bloco Bolivariano e a Globalização da Solidariedade: bases para um contrato social universalista. Em parceria com Valdir Perazzo. Brasília, Corrêa & Corrêa Editores, 1998, 327 p. · Da Itália para o Brasil. Brasília, Editores Perazzo & Corrêa, 1998, págs 21 a 39 e 213 a 218. · Atenas Brasileira: a cultura do Maranhão na civilização nacional. Brasília, Corrêa & Corrêa: Thesaurus, 2001, 379 p. · Os Maranhenses: Contribuição para a Teoria Geral do Maranhão. São Luís, IMESC, 2008, 48 p... il. POLÍTICA · 1945: a lição de transição no Brasil. São Luís, Edição do Autor, 1986. 68 p. · Roma de Bravos Guerreiros: o Diabo Loiro na história política de Pernambuco. Em parceria com João Roma Neto. Recife, Instituto Frei Caneca de Estudos Políticos e Sociais, 1998, 330 p. Co-autoria com João Roma Neto. HISTÓRIA · O Modernismo no Maranhão. São Luís, UFMA, 1982. 108 p.; 2ª ed. ver. e aum. Brasília: Corrêa e Corrêa Editores, 1982. 292 p.: 3ª ed. São Luís: Jornal Vagalume, 1990/91, números esparsos. · Paraná: começo de um Brasil melhor. Brasília, Câmara dos Deputados, 1989.168 p. DIREITO · Crítica da Razão Legal. 2ª Edição, Rio de Janeiro, América Jurídica, 2004, 325 p. · Jusfilosofia de Deus. Brasília, Editora Primogênitos de Deus, 2005, 370 p. · Saber Direito: tratado de filosofia jurídica. Brasília. Editora Rossini Corrêa, 2011, 637 p. · Bacharel, Bacharéis: Graça Aranha, discípulo de Tobias, companheiro da Nabuco. Brasília, Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, 2013, 607 p. MEMÓRIA · Um Fio de Prosa Autobiográfica com Ignácio Rangel. São Luís, IPES/UFMA/SIOGE< 1991. 166 p. il. Co-entrevistador, em cooperação com Maureli Costa, Pedro Braga e Raimundo Palhano, e autor da introdução e das notas. · Brasis que Vivi: memórias de Moura Cavalcanti. Recife, Fundação Joaquim Nabuco/Massangana, 1992, 308 + LXXVII p. il. Entrevistador, pesquisador e responsável pela forma literária.
· Ad Immortalitatem. Brasília: Thesaurus, 1999. 54 p. Discurso de posse na Academia Brasiliense de Letras. Integra os Conselhos Consultivos da Fundação Casa de Penedo (AL), da Fundação Bandeira Tribuzi (MA) e da Escola de Formação de Governantes (MA), bem como o Conselho Pedagógico do Centro de Estudos Constitucionais e Gestão Pública (MA). Foi membro do Conselho Deliberativo da Escola Superior de Advocacia da Ordem dos Advogados do Brasil (DF) e componente da Comissão de Ensino Jurídico da Ordem dos Advogados do Brasil (DF). Tornou-se Cidadão Honorário de Brasília por proposição do Deputado Alírio Neto, aprovada por unanimidade. É, ou foi, membro dos Conselhos Editoriais do Centro de História da Igreja na América Latina e no Caribe, da Câmara dos Deputados, da Editora América Jurídica, da Revista Anhanguera, da Revista CESUC e da Editora Guerra Jurídica e Consultor ad hoc para Filosofia do Direito da Revista CEJ, do Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal e do Conselho Editorial da Revista Prisma, do Mestrado em Direito das Relações Internacionais, do Centro Universitário de Brasília. É presidente do Conselho Editorial da Editora Rossini Corrêa. Possui dezenas de artigos jurídicos publicados em órgãos especializados, a exemplo da Revista da Escola Nacional de Advocacia, do Conselho Federal da OAB. É Presidente do Instituto Avocare. No Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil foi nomeado Presidente da Comissão de Direitos Difusos e Coletivos. É integrante do Colégio de Vice-Presidentes da Associação Brasileira dos Advogados – ABA e Vice-Reitor da American World University – AWU/USA, para o Brasil e demais países de língua portuguesa. Recebeu ainda os títulos de Comendador da Soberana Ordem dos Valores Cristãos, de Teólogo Imortal e da Cruz do Mérito Teológico e Educacional e a Medalha do Mérito Candango e foi membro do Conselho Editorial da Câmara dos Deputados. É membro efetivo da Academia Brasiliense de Letras , cadeira N° 7, cujo patrono é Joaquim Nabuco e da Academia Brasileira de Ciências da Religião, cadeira Nº 10, que tem como patrono Dom Helder Câmara. CARTA AOS EFÉSIOS Efésios eterna na branca colina da paisagem azul: são os templos, são as fontes, são os homens, são os deuses, são os barcos, são as fêmeas, são os frutos, são os pastos, cantando martelo na beira do mar. Romanos e gregos na rua, boca de lobo de qual verdade? Gregos e Romanos pintando o sete, bordando a ouro como argonautas pelos mares gregos ou como romanos valentes soldados,
ambos senhores da rosa dos ventos boiando nos ares, cantando martelo na beira do mar. São os banhos, são os carros, são as lanças, são as cabras, são os peixes, são os vinhos são os vícios, são os vícios, Efésios eterna na branca colina da paisagem azul, sem mais martelo na beira do mar. Éfesos, julho, 2007.
IBÉRIA Avistei terras de Espanha, de Espanha e de Portugal. E foi uma miragem tamanha, que o azul emocionou a nau. Que o azul lacrimejou o ser, esperto bicho, só de alegria mascarado, logo a renascer, pintando de colorido o dia. Colorido dia de Espanha, de Espanha e de Portugal: (este ouro que o azul apanha e transforma em mel e sal). Madrid, julho, 2007.
EM RHODES Ao sol da Grécia, fértil, tu explodes: abaixo, tua Pérsia. Agora, vês Rhodes. Desprezas o colosso. Tens o teu, privado. Nirciene, céu e poço no mar do seu amado.
Rhodes, julho, 2007.
SALOMÃO EM PARIS -- Pelo vitral, Paris dançava: o sol na bruma. E eu, em suma, o azul escutava no mel, no sal. (Quanta parede e poucos meios: a vida, apenas...) Tenho 2 Senas: são teus seios à minha sede... (Não tenho rede e também feitos à luz de sábios). Tenho lábios, tenho 2 leitos: sou sono e sede! Paris, dezembro, 2009
POR QUEM OS SINOS DOBRAM “nunca mandes perguntar por quem os sinos dobram:eles dobram por ti”. JOHN DONNE Empresta-me, John Donne, o celeste verso terreno, o terreno verso celeste: permite-me que eu o clone e, com este coração pleno, ninguém a mim me conteste. Tal como Dante, eu também tenho agora uma vida nova - sem fel, choro ou grito... Pois a dor que a vida tem, o mel do amor bem a renova: rosa de perfume infinito.
(Estrela de um céu menino, romã dos pomares de Deus, pétala da melhor das rosas, rosa total do meu destino do nada a tornar-me Zeus). Musa das manhãs licorosas, amém! Amém por tu existires. Por tu seres, por tu estares, O vento a cantar: Nirciene... Amém por tu vires ou não vires, ó sal singular dos meus mares: morena safra, mãe do dia vezes ene! São todos teus os meus hinos, os hinos que dobram e dobram, din, don, din, don como nunca vi. Os meus hinos são teus sinos que em pássaros se desdobram, que os sinos dobram é por ti! É por ti que os sinos dobram!” Brasília, outubro, 2004
QUINTO ENCONTRO Eu vi Lisboa do alto (era um bolo confeitado ou um jardim iluminado?) Nuvem nevada o asfalto... Conversava Dona Nuvem na molhada madrugada, rainha branca e alada: nunca, jamais se curvem. Nunca, jamais se turvem, mesmo à Lisboa do alto... Com uma vontade de salto, Lisboa, meu chão de nuvem. Cheguei para teu abraço, com a rosa amada comigo, minha morena cor de trigo, contigo a disputar o espaço. Eu, um escudeiro fiel, amei a amada em Lisboa. Em Lisboa a amada voa... Ela, eu, em Lisboa. O céu!
Lisboa, março, 2010 REGRA DE OURO Vida (unha em si mesma encravada e dolorida): de repente, lépida lesma esvoaçante e/ou abduzida. É melhor, enquanto tê-la, esmerilar o chão amigo e lapidar o azul estrela, colhendo o pão do trigo. Não é motor a gasolina, muito menos a óleo diesel. A vida, minha doce menina, mar é, de fel e talvez mel. A nossa tarefa – difusa e precisa – é pôr carinho, ó amada e morena musa, nos espinhos do caminho, para, assim, poder vivê-la na beleza da mulher nua a iluminar céu e estrela, pois toda noite é de lua! Pirenópolis,-GO, maio, 2014.
HERBERT DE JESUS SANTOS88 7 de agosto de 1950 Nasceu na Madre Deus, Filho de Doralina Esmeralda de Jesus Santos (Dona Dora), operária da Fabril (fábrica de tecelagem) e do pescador Felipe Nery dos Santos, chamado de Filipão. Herbert de Jesus Santos não é mais aquele menino pobre, criado numa família humilde dos subúrbios de São Luís, que acabou se tornando escritor e chegou a sonhar com a Academia. Hoje, autor de 10 livros publicados, ele é um sessentão, homem maduro, calejado de tantas lides, que agora busca – sempre irrequieto – ser um intérprete cada vez mais fiel dos genuínos valores da cultura e do cotidiano de seu povo. Ele gosta de dizer que foi “desasnado” em sua própria comunidade, pela professora normalista, Dona França, que ensinava particular a cartilha de ABC, em sua residência, na escadaria da Rampa Manoel Nina. “Não me apaixonei pela minha primeira mestra, mas, como sempre ficamos próximos, ela sempre sabia dos meus sucessos nos estudos”! – lembrou. Nesses contatos, Dona França o incentivava muito a prosseguir no ensino, até quando saíram da Madre de Deus, por causa da construção da Barragem do Bacanga, em 1970, quando muitos removidos foram para o Anjo da Guarda e outros, com a pequena indenização do Governo do Estado, compraram casas no Lira e em outros bairros do entorno da sua comunidade original. Desde pequenino, Herbert encantou-se pelas manifestações da cultura popular maranhense. Começou por ter sua “maternidade” (casa) atrás da Capela original de São Pedro, cuja primeira zeladora foi sua avó paterna, a beata Marcelina Cirila dos Santos – Dona Marcela. Na frente da capela, assistia às apresentações dos bumba-bois, que louvavam o padroeiro dos pescadores, no amanhecer de 29 de junho, no largo, com leilão de prendas e procissões marítima e terrestre. Aprendeu a gostar bem cedo, igualmente, das escolas de samba, em primeiro lugar da Turma do Quinto, em que brincavam seus tios e primos mais velhos, e Filipão foi diretor de batucada (hoje, bateria). Foi por causa deles, falecidos, que ajudou o seu primo João Batista dos Santos, em 2000, a levantar o prestígio da Turma do Quinto. Em 1957, Herbert foi morar com seus padrinhos (Francisco Galvão dos Santos, o Chiquito, e Aldenora, Dedé), na Rua do Apicum. Fez uma reciclagem com aulas particulares do professor Edson Garcia, irmão do radialista Edy Garcia, antes de estudar o primário na Escola Modelo Benedito Leite e passar no exame de admissão ao Liceu Maranhense (muito concorrido), em 1962, onde concluiu o Científico em 1968. Neste ínterim, aos 17 anos, forjou com aço sua personalidade coletivista, no Clube de Jovens da Madre de Deus, com atividades solidárias e de conscientização comunitária, qual a de alfabetizar adolescentes e adultos pelo Método Paulo Freire. Acompanhou sua mãe e irmãos ao Anjo da Guarda, em março de 1970, sem deixar os laços com a Rua do Apicum, onde o velho Erasmo Dias, jornalista e escritor de mão-cheia, exercia influência em moços, jornalistas e poetas, sobretudo. “Há muito dessa época, no Peru na Missa do Galo (Contos de Natal), que conseguiu publicar em dezembro de 2009” – assinalou. O livro Peru na Missa do Galo reúne 11 contos com a temática da Data Magna da Cristandade, contemplando a cultura natalina como ela é feita, aqui, em termos de canto e dança de pastoral e reisado, culinária, congraçamento das pessoas, esperança de dias mais bonançosos para a coletividade. “Neste ponto, evidencia-se muito a experiência de um ludovicense da gema, em textos construídos em alicerces da maranhensidade genuína, no nosso ser e estar no universo, com romances, xodós e reencontros de amantes, entre episódios hilários e sisudos”, ressaltou.
Os tempos do Sioge e as jornadas nas Redações Em 1972, Herbert de Jesus Santos tornou-se evasor do Curso de Direito da UFMA, onde fora aprovado em 1971. Em dezembro de 1975, empregou-se no Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado (Sioge), através de pedido do poeta José Chagas ao diretor do órgão, escritor Jomar Moraes. No setor de Revisão do Sioge, ampliou seus conhecimentos gerais e criou uma fama profissional entre os literatos editados pela Casa. Em 1976, em novo vestibular, ingressou no Curso de Comunicação (Jornalismo) da UFMA, onde se formou em 1980. Em 1976, casou com a professora ribamarense Marilda Alice Cardoso, com quem teve três filhas 88
SANTOS NETO, Manoel. HERBERT DE JESUS SANTOS UM POETA SESSENTÃO. In GUESA ERRANTE, 21 de outubro de 2010, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2010/10/25/Pagina1248.htm, acessado em 27 de maio de 2014. CARNEIRO, Alberico. HERBERT DE JESUS SANTOS: A BUSCA DO GREGÓRIO DE MATOS MARANHENSE, in GUESSA ERRANTE, 25 DE JULHO DE 2006, DISPONÍVEL EM http://www.guesaerrante.com.br/2006/7/27/Pagina796.htm, acessado em 27 de maio de 2014. http://jornalpequeno.com.br/edicao/2006/08/07/poeta-herbert-de-jesus-santos-celebra-hoje-mais-um-aniversario/ http://maranharte.blogspot.com.br/2010/10/opiniao-de-pedra-alberico-carneiro.html http://www.oimparcial.com.br/app/noticia/impar/2012/07/06/interna_impar,118379/historias-do-anjo-da-guarda-sao-narradas-no-livro-de-herbert-dejesus.shtml
(Amarílis, Alessandra e Amanda), sempre em São Luís.Viúvo, sua atual companheira é a pedagoga ribamarense Maria Gorete Protázio, com quem tem uma filha (Mariana) Iniciou sua carreira de jornalista profissional em O Imparcial; depois, O Estado do Maranhão, O Debate, Jornal de Hoje e no Diário do Norte indo de revisor, repórter, secretário de Redação a chefe de Reportagem e editor-geral. Atualmente, é colunista do JP Turismo, suplemento do Jornal Pequeno, sendo, desde 1995, titular da coluna “Sotaque da Ilha”, e colaborador no jornal Extra. Em 1992 ingressou no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM). Sua estreia literária se deu com uma Canção Para a Madre de Deus (poesia, em 1984); daí são mais nove títulos, alguns prêmios em concursos literários e jornalísticos: Um Dedo de Prosa (crônicas); Bazar São Luís: Artigos Para Presente e Futuro (crônicas); Quase Todos da Pá Virada (contos); São Luís em PreAmar: Ainda Assim, há um Azul! (poesia); A Segunda Chance de Eurides (novela); Serventia e os Outros da Patota (contos); Ofício de São Luís: Bernardo Coelho de Almeida (Coração em Verso e Prosa); Peru na Missa do Galo (contos de Natal); e Antes que Derramem a Lua Cheia (crônicas). Tem seis livros inéditos e outros em andamento, em todos os gêneros, com exceção de teatro. Graduado em Comunicação Social, Herbert Santos, o poeta que vive num meio onde a maioria das pessoas mal tem dinheiro para pagar as contas do fim do mês, orgulha-se da vida modesta que leva. Com a sua poesia, seus livros e suas crônicas, não ficou lugar para a dúvida: o escritor da Madre Deus é um artista popular com um faro e uma competência indiscutível para a crítica social. “Sinto-me honrado de poder lutar para construir uma carreira literária e jornalística com toda dignidade possível, procurando fazer tudo com o maior respeito possível, para merecer o respeito dos meus conterrâneos”, assinala ele. Já por quatro vezes, Herbert Santos lançou-se candidato a uma cadeira na Academia Maranhense de Letras. E por quatro vezes perdeu as eleições. Na última investida, em 2009, quando tentou ocupar a vaga deixada pelo poeta Nascimento Morais Filho, obteve apenas três votos. O vencedor foi o deputado estadual Joaquim Haickel. Bibliografia de Herbert de Jesus Santos Prosa - Um Dedo de Prosa (crônicas), 1986, Prêmio Literário Maranhão Sobrinho do SIOGE, em 1985; Bazar São Luís: Artigos para Presente e Futuro (crônicas), 1988, Prêmio do Plano Editorial SECMA/SIOGE, em 1987; Quase Todos da Pá Virada (contos), 1992; A Segunda Chance de Eurides (novela), 2006, premiado, em 2.º lugar, no Concurso Literário Cidade de São Luís da FUNC, em 1999; Serventia e os Outros da Patota (contos), 2007, premiado, em 2.º lugar, no Concurso Literário Cidade de São Luís da FUNC, em 2002; Ofício de São Luís: Bernardo Coelho de Almeida-Coração em Verso e Prosa (ensaio), 2008, ganhador, em 1.º lugar, do Concurso Literário Cidade de São Luís da FUNC, em 2007; Peru na Missa do Galo (Contos de Natal), 2009; e Antes que Derramem a Lua Cheia (crônicas), 2010; Poesia - Uma Canção Para a Madre de Deus, 1984; e São Luís em PreAmar: Ainda Assim, há um Azul!, 2005. Obras inéditas: Prosa - João Minha Gata em Riba (do) Mar de São José (crônicas); A Terceira Via (novela); Mais Ouro do que Bronze (crônicas); Sotaque da Ilha (crônicas); Assim Está Escrito (cartilha ortográfica). Poesia - Hábito de Luz; e As Cores de Agosto. Em andamento: As Vozes do Sobrado Maia (romance), etc. [...] Já cantei essa pedra num enredo de uma escola de samba meritória, que um presente escuso e de medo de desfibrados de honra e de glória, tramaram sua derrota mais cedo, em discórdia de sangue na memória, e, por baixo dos panos e do arremedo, desfiguram a coragem e a história. (p. 43)
DYL PIRES ELDIMIR FAUSTINO DA SILVA JÚNIOR89 01 de setembro de 1970 SAFRA 90 Prado (2013)90, comenta que, no numeroso elenco do espetáculo Édipo na Praça, da Cia. Os Satyros, as aparições do ator Dyl Pires são marcantes. O filho primogênito de Maria de Lourdes e Eldimir Faustino da Silva, de quem herdou o nome na certidão de nascimento, valoriza cada fala e ação que tem. Chama para si a responsabilidade. Não titubeia. Afinal de contas, raça não falta a este maranhense de São Luís, que fez aniversário neste domingo, 1º de setembro. Estudou artes cênicas na Universidade Federal do Maranhão. Formou-se em 2009. Logo que pegou o diploma, mesmo com mais de dez peças no currículo, não pensou duas vezes: deixou a promissora carreira maranhense, com os grupos Coteatro e Cia. Nós 5 de Teatro, para se aventurar em São Paulo. Sofreu, chorou, não entendeu, quis voltar, ficou. No mesmo 2009, fez um teste para a peça Roberto Zucco e entrou para os Satyros. Fez o papel que era do ator e jornalista Alberto Guzik, com quem mantinha correspondência desde que morava em São Luís e, ironia do destino, virou seu objeto de pesquisa na SP Escola de Teatro após a morte do ícone de nosso teatro. Morador da avenida Paulista, Dyl aprendeu a não deixar a metrópole lhe tirar a doçura. Escreveu o livro de poesia O Perdedor de Tempo. Com 18 anos de carreira, faz sua quarta peça na cidade. Após ouvir a pergunta "por que faz teatro?", pensa um pouco e resolve plagiar Fernando Pessoa: "Faço teatro para o meu desassossego", diz. E o faz muito bem. Porque o público não esquece sua presença. É autor dos livros de poesias O Círculo das Pálpebras (1999) e O Perdedor de Tempo (2012). Ator, participou dos Espetáculos: Edificio London, Satyros Satyricon, Roberto Zucco. Outras montagens: A Bela e a Fera, Morte e vida Severina, Viva El Rei D. Sebastião, Paixão - Segundo Nós, Baal, Nós, O Fragmento Que Nos Resta (Medea Material), Auto de Natal, Auto do Boi, Édipo na Praça. Não Vencerás e Não Saberás.. O PÉRIPLO DE UM PERDEDOR DE TEMPO91 Eldimir Faustino da Silva Júnior – Dyl Pires “A felicidade de entender é maior que a felicidade de sentir e de imaginar.” Jorge Luis Borges Chamo-me Eldimir Faustino da Silva Júnior (o ortônimo) e Dyl Pires (o heterônimo). Nasci no dia 1 de setembro de 1970, em São Luís-MA. Portanto, um pouco depois do golpe militar e da tão festejada conquista da seleção brasileira de futebol, e um pouquinho antes da maior revolução teatral acontecida em nossa cidade: o laboratório de expressões artísticas-LABORARTE. Devo, nas linhas que comporei mais adiante, traçar uma espécie de mosaico desta minha trajetória existencial, levando em consideração o ponto em que a vida escolar toca a minha caminhada. Assim, começarei a recordar um misto de realidade e ficção a partir do momento em que soube que havia passado no vestibular. Digo realidade e ficção, porque assim como o poeta Carpinejar: “avanço na idade e não sei discernir o que foi vivido do que foi contado. Tenho dúvidas se minha infância é realmente o que vivi ou o que sonhei nela”. Creio que, uma semana depois do resultado, me veio uma espécie de insight que dava conta do desenho cíclico da minha vida, e de quanto em quanto tempo as grandes transformações aconteciam nela. Na hora me soou como uma epifania, revelada pelo fato de ter sido aprovado para o Curso de Teatro da Universidade Federal do Maranhão. Comecei a refletir (aparentemente sem nenhuma espécie de superstição) que o número sete (isto mesmo, o número sete!) era por demais presente no meu ainda parco existir. Parco, mas nem por isso menos intenso. Repentinamente, comecei a explicar tudo através deste número significativo para a dimensão mística que ocupa, ou não, o imaginário de todos. Bom, a partir daí, voltei a 1970, e logo de cara fui constatando que o tal sete estava no meu ano de nascimento. Era o começo. O mundo das letras e das imagens iniciava em 1974, no que chamávamos de primeiro período do jardim (Ed. Infantil). Foi lá na escola Dom Francisco, que existe até hoje na Praça da Alegria. Permaneci até 1976, e de tudo ficou na minha memória a
89
LEÃO, Ricardo. ENTRE CARRANCAS E MONSTROS: A JOVEM POESIA E LITERATURA MARANHENSES, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2008/5/20/Pagina1026.htm 90 PRADO, Miguel Arcanjo. O Retrato do Bob: Dyl Pires, o ator que não titubeia. Disponível em http://entretenimento.r7.com/blogs/teatro/tag/edipo-napraca/, publicado em 02/09/2013. 91 SILVA JUNIOR, Eldimir Faustino da – Dyl Pires. O PÉRIPLO DE UM PERDEDOR DE TEMPO. IN SOUZA, Ana Inês; BARBOSA, Jorge Luiz; SUSA E SILVA, Jailson de. (organizadores). CAMINHADAS DE UNIVERSITÁRIOS DE ORIGEM POPULAR. UFMA. Rio de Janeiro : Universidade Federal do Rio de Janeiro, Pró-Reitoria de Extensão, 2009. Disponível em http://observatoriodefavelas.org.br/wp-content/uploads/2013/12/Caminhadas-de-universit%C3%A1rios-de-origem-popular-%E2%80%93-UFMA.pdf
preocupação dos professores para que não ultrapassássemos os limites do jardim; coisa que freqüentemente ocorria com a devida punição: ficar de castigo no quartinho escuro da escola. Em 1977, sete anos depois do meu nascimento, e bem depois da fase de familiarização com outro espaço, que não o meu lar, ingresso na primeira série do primário (Ensino Fundamental). Era a época das congas e das kichutes. A escola se chamava Sotero dos Reis, bem ali na Rua São Pantaleão. À época, creio que o colégio era o último a inspirar respeitabilidade dentro do ensino público. Aprendi muitas coisas. Algumas relacionadas diretamente com os estudos, outras, com as travessuras daquela faixa de idade e com o desejo da carne que começava a formar suas primeiras manifestações pontiagudas em mim. Recordo-me dos nomes de alguns professores: Odeth, Nócia, Terezinha, Benedita (minha primeira referência de professor no estilo linha-dura) e também do porteiro que se chamava Batista. Este percurso que vai até 1980, me trouxe a igreja, onde fui sacristão por uns dois anos, o desejo de ser padre, o primeiro discurso como orador da turma e uma pequeníssima encenação sobre o Bumba-meu-Boi (a grande imagem mítica da minha infância), em que eu fazia um pequeno papel, não me recordo bem se de um lobo, ou de um cão. De 1981 a 1984 (período ginasial), estudei (por intermédio de uma bolsa integral) no Colégio Henrique de La Rocque, na Rua do Passeio. O máximo de envolvimento artístico que se cometia por ali era jogar bola ou participar da banda marcial da escola. Entre meus professores, lembro-me de Elisio (o carrasco da Matemática), Dalva (a doce estrela de Português) e Heloisa, de História (o fetiche de alguns colegas, inclusive meu). Lembro-me também que a escola possuía a disciplina Educação Artística, que era ministrada pelo professor que havia me conseguido a bolsa (e meu padrinho) Jorge Itacy, na época já famoso babalorixá “Jorge da Fé em Deus”. Não me lembro do conteúdo da disciplina. Mas sei que nem ela, nem a banda marcial e nem a encenação me marcariam a alma naquele instante. Em 1984, sete anos depois de ter entrado para o Sotero dos Reis, descobri o karatê, o atletismo, e sobretudo, o futebol. O grande acontecimento para mim daquela época foi ter entrado para a turma dos meninos que eram mascotes do Sampaio Corrêa Futebol Clube. Guardo até hoje duas fotos de jornais, já bastante envelhecidas, reveladoras daquele momento. De 1985 a 1989, estudei na escola Dr João Bacelar Portela (antigo segundo grau), no bairro Ivar Saldanha. Três professores especialmente me vêem à mente: a professora de Português Jaciara, cuja casa freqüentava com alguns colegas, o professor de Física Augusto (da estirpe dos linha-dura) e o professor Campelo, que acabara me reprovando por causa de sérios desentendimentos na sala de aula (de um lado ele me alegava negligência para com a sua matéria, do outro eu me defendia dizendo que ele não sabia tornar a matéria sedutora para mim). No Bacelar Portela, fiz Eletrotécnica. Não sei bem por que. Um ano depois percebi que a alta voltagem que me interessaria seria a do álcool e a da boêmia. Portanto, eu já cultuava sem saber uma particular necessidade báquica. Em 1990 foi um ano vazio e de intransponíveis fantasmas... em 1991, sete anos após ter me deslumbrado com a história do futebol, descobri definitivamente o caminho das leituras, de um conhecimento outro que só perpetuariam as dúvidas que já possuía acerca da natureza humana e do sentido de tudo isso, ou da falta de. No período que vai de 1991 a 1998, eu me deparei com amigos músicos, artistas plásticos, cantores e sobretudo poetas e atores. Primeiramente foi a literatura que me desbravou, mostrando-me, juntamente com os amigos, algumas leituras e todas as experiências mundanas e estéticas daquele instante, o caminho que construiria o poeta. Isso por volta de 1991. Lembro-me de que, em 1992, conheci duas pessoas super-importantes para a minha vida. A mineira Tereza, motoqueira e dona do posto de gasolina ao lado do Clube Lítero Português e a maranhense, compositora e cantora, Célia Leite. Ambas, cada uma a seu modo, me influenciaram sem nem perceberem. A primeira, com seu jeito fortemente espontâneo e com uma vontade de viver a vida de forma sempre apaixonadamente perigosa; a segunda, por ter me trazido o diálogo possível entre a timidez que em mim preponderava e a loucura que se ocultava por trás dela, pronta para dar o salto no instante certo. Célia foi mais além. Um dia, depois de ter lido alguns poeminhas que eu havia escrito, confundiu a minha assinatura ao final dos textos e cismou que ali estava posto o nome Dyl (não necessariamente com esta grafia). A partir daquele momento, comecei a me chamar Dyl e acrescentei às três letrinhas o sobrenome da família, Pires, herança do meu avô materno, Raimundo Nonato Lisboa Pires. Abro um parênteses aqui para registrar que fui educado por três mulheres: Maria de Lourdes Santos Pires (minha mãe), Eldilene Santos (minha irmã) e Terezinha de Jesus Rodrigues (outra mãe). As três me abriram as portas do universo feminino. O único de fato que importa. Dyl Pires surgiu então para construir, juntamente com alguns amigos, Jorgeane, Catarina, Gilberto, Gissele, Jales, Natan, Bioque, Ailton, Hagamenon e Ricardo, um percurso intelectual e estético que o ajudaria a amadurecer o olhar para as coisas da vida e para as coisas do seu interior desassossegado e febril. Passados quinze anos, penso que Eldimir permaneceu um menino de fé, como inversamente está no poema do Leminsky, que poucas vezes se manifesta frente a um Dyl Pires que tem o desencanto como um pensamento concluso em sua vida, acredita no caráter ficcional da existência e se percebe fantasmal. Eldimir, apaixonado por futebol e pelas brincadeiras da infância que não o libertavam nunca. Dyl, apaixonado por literatura, teatro e pelos “subterrâneos” do existir. Um tem compaixão, o outro é irônico e niilista. Um se irmana misticamente com o mundo, o outro tem em Joyce, Beckett, Hilst e Borges a medida exata para profanar e demolir o que não deveria nem ter existido: a vida. Eldimir acha que a vida é um estágio de beleza em permanente espanto, por isso vale a pena ser vivida; Dyl acha, assim como o saudoso ator Gianfrancesco Guarnieri, que “só um homem que não sabe das coisas pode achar graça na vida”... e por aí vão as diferenças desta solidão dolorosamente singular. Em 1993, conheci o ator Uimar Junior que me levaria a fazer duas performances, além do serviço de contra-regra no espetáculo “Joana”, monólogo adaptado do texto Gota D’ água, de Chico Buarque e Paulo Pontes. A encenação do lobo ou do cão começava a uivar fortemente em mim. Dois anos antes, o ator Jonatas Tavares (que fez o Creonte, no “Édipo Rei” da Coteatro) vira para mim numa passagem de ano e diz: “Você deveria fazer teatro. Tu tens cara de ator”. Em 1995, a atriz paulista Lucia
Gato põe dez reais nas minhas mãos e me impele a ir à Cooperativa Oficina de Teatro-COTEATRO (coordenada por Tácito Borralho) fazer a minha inscrição para o Curso de Formação de Ator. Tudo isso porque, em 1993, eu e Gilberto Goiabeira dissemos que iríamos fazer nossa inscrição no Curso. Ele foi. Eu, somente sob pressão, dois anos depois. De 1995 até os dias de hoje, eu fiz as peças “A Bela e a Fera”, “Morte e Vida Severina”, “Paixão-Segundo Nós”, “Viva El Rei D. Sebastião”, “Auto do Boi”, “Auto de Natal”, “Torres de Silêncio”; performances, recitais, ajudei a fundar três grupos: um de poesia, outro de performance, e outro de teatro, e fiz dois vídeos: “Cartas”, para o cineasta Frederico Machado e “Guarnicê 2000 e Outros Souvenires”, para o cineasta Carlos Reinchembach . Em 1994, participei de duas oficinas de poesia, cujo objetivo maior era instigar o imaginário para a criação poética. O poeta, performer e jornalista Paulo Melo Souza foi o coordenador do evento. Mais à frente nos tornaríamos amigos e começaríamos a cumprir juntos um papel estético onde a poesia e a arte da performance comporiam o vivo diálogo entre espíritos que se inquietam rumo à fabulação do real. Paulo, juntamente com o também poeta, amigo e crítico de arte, Couto Correa Filho, contribuíram bastante para o início da minha formação literária. Ambos me abriram as portas de suas bibliotecas, num ato explícito de “bondade envenenada”. À la Genet, “eles me contagiaram com o seu mal para poderem se libertar dele.” Couto Correa Filho, grande anfitrião, fez de sua casa a “Movelaria Guanabara”1 da minha geração, promovendo memoráveis encontros regados à literatura, artes, vinhos e boa comida. Em 1996, tive meus primeiros poemas selecionados para compor a Antologia Poética Safra 90, obra editada pela Secretaria de Cultura do Estado que tinha por finalidade apresentar a minha geração. Em 1998, sete anos após a descoberta definitiva das leituras, recebo duas premiações na área da literatura: o primeiro lugar no XXIV Concurso Literário e Artístico Cidade de São Luís e o primeiro lugar no XII Festival Maranhense de Poesia. Ambos realizados, respectivamente, pela Fundação de Cultura do Município-FUNC e pela Universidade Federal do MaranhãoUFMA. A premiação da FUNC possibilitou, em 1999, o lançamento do meu primeiro livro de poemas: O Círculo das Pálpebras. Ainda em 1998, começo a me inquietar e a me angustiar profundamente com o processo teatral maranhense e decido começar a escrever nos principais jornais da cidade comentários críticos sobre nossas produções. O único crítico teatral da cidade, Ubiratan Teixeira, abraça a idéia e me felicita num artigo de fim de ano, no seu espaço de crônicas no jornal O Estado do Maranhão. No ano de 1999, além do lançamento do livro, passo a integrar o grupo de comentaristas do Programa Cultural, apresentado pela jornalista Maria José Costa, na rádio Mirante-AM. Na virada de 2000 para 2001, fui indicado pelo artista plástico e amigo Binho Dushinka para fazer uma seleção para monitor da Mostra do Redescobrimento que comemoraria os 500 anos do Brasil. Participei de todo o processo e ao final consegui ficar. Os cinco meses que permaneci por lá (a exposição aconteceu no Convento das Mercês) foram esteticamente os mais viscerais da minha existência. Sobretudo no que tange aos estudos do módulo do inconsciente e da arqueologia. Em 2002, fui outra vez premiado no Concurso Literário e Artístico Cidade de São Luís. Desta feita, agraciado com o segundo lugar pela obra O Círculo da Vertigem. De 2002 para 2003, ministrei oficinas de produção textual voltadas para a terceira idade e trabalhei como monitor nas exposições A Herança Cultural da China e Mostra Fotográfica de Artefatos Indígenas, ambas, realizadas pela galeria de arte do SESC. Em 2004, tive outros poemas selecionados para participar da seção “Dom Casmurro”, do jornal literário O Rascunho, de Curitiba. Ainda neste ano, consegui ser selecionado para fazer uma oficina de interpretação para ator com o grupo “Lume”, de Campinas, em São Paulo. Fui, fiz e me perturbei o suficiente para perceber que preciso ancorar naquelas plagas. São Paulo está para além da esfera de bairro ou cidade que caracteriza, por exemplo, o Rio de Janeiro, que conheci recentemente. São Paulo é o mundo. Para este ilhado andarilho que já residiu nos seguintes bairros de São Luís: Santo Antonio, Macaúba, Belira, Liberdade, Bairro de Fátima e Cohatrac e atualmente reside no Tambaú, município de Paço do Lumiar, ir para Sampa redimensionaria a relação de conflito com esta limitada geografia. A busca por uma geografia de “exílio” potencializaria minha geografia imaginária. Agora em 2005, após ter ido a Porto Alegre participar do V Fórum Social Mundial, experiência ótima por ter propiciado um saudável embate entre o desencantado que em mim habita e o “torcedor de ocasião”, ingresso no Curso de Teatro da Universidade Federal do Maranhão. Estar na universidade nunca fez parte do meu projeto de vida. Na verdade, nunca tive um projeto de vida. Exatamente por isso, tive mais implicações que o lugar-comum dos que simplesmente passaram. Demorei muito tempo para estar na universidade. Nunca senti em mim uma vocação acadêmica clamando entre meus neurônios. Aliás, nunca senti em mim uma vocação para especialista. E não poderia ser diferente já que passei os últimos treze anos sendo um autodidata. Nunca precisei de uma instituição escolar me impondo a consciência para a necessidade de estudar. Sempre estudei porque era e é uma maneira de falsear algum entendimento sobre a vida. Hoje me desencanto com facilidade até das minhas principais paixões: a literatura, o teatro, o amor pela carne e o vinho (Dão, de preferência!). De alguma forma estranha e inusitada, tal condição me trouxe para cá, para dentro do Curso. Vim para a discussão, a boa discussão. Vim para potencializar o “equilíbrio precário” em todos os seus sentidos, como bem o faz o Abujamra no seu “Provocações”. Acredito que só exista diálogo vivo entre antagônicos, fora disso, o que há são apáticas concordâncias entre os que mormente contemplam e se contentam com tal condição. Evoé, Baco!!!
HAGAMENON DE JESUS CARVALHO SOUSA92 SYGNOS.DOC
Nascido em 21 de setembro de 1964; cursou letras na UFMA; lecionou em diversas escolas de São Luis. Obteve classificação honrosa nos concursos de poesia promovidos pela UFMA, Grupo Poeme-se, e Concurso José Sarney de Poesias, realizados em São Luis; e Nucleo Bandeirante de Poesia, em Brasília 09.07.91 ... e para que, no poema, O homem em mimse faça, Sopro – em sua matéria inânima -, Furioso, o sopro da vida (...) Este momento Que me soube deus. ROMANCE Ando pelas bancas de revistas Olhando as mulheres Nas revistas de sexo. A noite apenas começa. São 6 horas. Um pouco mais, talvez. Não há nada Entre minha solidão E o que espero. Só Ela. Só Ela Consagrada E confrangida Pelos tempos de vida. Sé Ela. Só Ela Nesta rua sem saída, Só Ela pode me tirar das ruas, Se erguer Casa,sem em mim ser vida.
PALESTRA De acumulo e orgias O nada a ser dito: Que a poesia Não cabe em palavras
92
LEÃO, Ricardo. Entre Carrancas e Monstros: a jovem http://www.guesaerrante.com.br/2008/5/20/Pagina1026.htm
poesia
e
literatura
maranhenses,
disponivel
em
JOSÉ DE RIBAMAR SILVA FILHO93 RIBAMAR FILHO POEME-SE; UNS & OUTROS; GUARNICÊ
Nasceu em São Luis em 22 de julho de 1962. Tem grande iniciativa na vida cultural ludovicense através do sebo Poeme-se, com palestras, recitais, saraus e lançamentos de livros. Participou de vários festivais da UFMA e publicou poemas nas revistas Guarnicê e Uns e Outros. Galeria de Anônimos Ilustres94 JOSÉ DE RIBAMAR SILVA FILHO Amante fiel da palavra, em sua modalidade escrita, silenciosa… texto-contextualizada no circuito lingüísticocomunicativo e nas suas variadas nuances expressivas e em sua heterogeneidade tipológica e genérica, ele não se conteve em cultuá-la, individualmente, encerrando-a no peito, solitário… Mas, solidário, dispôs-se a socializar essa paixão. Compartilhá-la com os Outros, irradiá-la, de São Luís para o Mundo… até metaforizar-se, ele próprio, numa Ilha… “cercada de palavras/ por todos/ os lados”, assim identificando-se com a Poesia, como definida por Cassiano Ricardo. E nessa dimensão, longe de ficar perdido, no Oceano da incomunicação – “homem algum é uma ilha, sozinho em si mesmo” 95, já o reconhece e adverte Donne96, dos idos do Século XVI – mas perto, pertinho, do Coração de Todos, no centro da Cidade-Ilha-Poesia, ele, também Poeta-“Homem/ que trabalha o poema/ com o suor do seu rosto97 ”…leitor/cultor/mercador de palavras… exorta, coloquial e conativamente: POEME-SE!! Não caiu a ficha?! Então… Atenção… Antenação. Ele é o idealizador, organizador, proprietário do primeiro sebo (loja de livros usados) aqui do Maranhão, pioneiro, portanto, nessa área. Deu pra captar agora, não? É isso aí! Estamos falando dele mesmo, José de Ribamar Silva Filho, o popular RIBA, DA POEME-SE! 98 – natural aqui da 93
http://www.guesaerrante.com.br/2008/5/20/Pagina1026.htm http://www.overmundo.com.br/overblog/sebos-uma-paixao http://erisantoscastro.blogspot.com.br/2013/01/meus-livros-sofremos-um-ataque.html 94
Publicado em 30/05/2012 às 20:05 por dinacycorrea, disponível em http://blog.jornalpequeno.com.br/dinacycorrea/2012/05/galeria-de-anonimos-ilustres15/, aqcessado em 10 de setembro de 2014. “Nenhum homem é uma ilha sozinho em si mesmo; cada homem é parte do continente, parte do todo; se um seixo for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se fosse um promotório, assim como se fosse uma parte de seus amigos ou mesmo sua; a morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso nunca procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti”. 96 Poeta inglês do século XVI (Londres 1572/1631). In: Meditations XVII. O trecho epigrafado tem sido retomado integral ou parcialmente, por outros autores, ao longo da história: Teillard Chardin (1881/1955) – padre jesuíta, geólogo, paleontólogo, poeta, filósofo, cientista; Thomas Merton (Prades, França, 1915/Bangkok, Tailândia, 1968) – monge trapista, um dos principais escritores espirituais do sec. XX, que escreveu, na década de 50, inspirado na frase de Donne, o livro “Homem algum é uma ilha”; Ernest Hemingway, novelista americano (1999/1961), na epígrafe do seu famoso romance transformado em filme Por quem os sinos dobram…. 97 Ainda Cassiano Ricardo, definindo o Poeta. 98 “Agora, falemos do POEME-SE. Como tudo aconteceu? “Até 1980, eu costumava freqüentar, muito, as bancas de revistas, de livros usados, na Magalhães de Almeida. E aquilo mexia comigo, sei lá… Mas quem me influenciou mesmo, de verdade, nesse ramo, foi Ribamar Feitosa. Em 1984, ele abriu um Sebo na Magalhães de Almeida, o primeiro nesse estilo, aqui em São Luís. Eu ia muito, comprar livros, no Sebo de Feitosa. Havia, também, nesse tempo, um jornal de publicação nacional, só sobre livros, o LEIA – que trouxe uma matéria extensa, a respeito de SEBOS, muito interessante. E eu fiquei com aquela idéia de botar um negócio desses, num local fechado e organizado. Aquele nosso movimento literário, da adolescência, já não existia mais, o Grupo estava disperso, e eu me apropriei do nome. Em 1988, instalei e inaugurei a POEME-SE, numa sala de 20 metros quadrados (antiga sede do PT), na Rua do Sol. Em 1990, transladei-a para a Praia Grande. Em 2001, adicionei, à livraria, um cybercafé. A parte de café decaiu e ficou só a Internet. A Praia Grande foi muito importante. O POEME-SE agregou vários movimentos e atividades intelectuais e literárias aqui do Maranhão: recitais, leitura de poesias, debates, lançamento de livros e teve o seu próprio festival de poesia, por dois anos: Festival de Poesia do POEME-SE ”… Isso é verdade, gente. A propósito, este trecho de um resumo biográfico, aqui do nosso herói (transcrito da Antologia Poética Maranhense, já referida acima), atestando que ele “tem grandes iniciativas na vida cultural sãoluisense, através do sebo Poeme-se, com palestras, recitais, saraus e lançamentos de livros” e que “participou de vários festivais da UFMA e publicou poemas nas revistas Guarnicê e Uns e Outros”. Dotado de um acervo de mais de 30 mil livros e num destaque todo especial para as obras de autores maranhenses, o POEME-SE, “uma maneira de levar alegria e poesia pelo mundo, um projeto para plantar e colher sementes de criatividade” (ou ainda como se pode ler no seu Site, naInternet)… “uma livraria de toque poético/ que não perdeu de/ vista os horizontes nem/ se deixou encerrar por eles/, um sebo onde/ lançamentos deste ano/ convivem com os dos séculos/ passados, porque a história/ não é a do presente, mas também/ a dos outros presentes/, é também um cybercafé porque o futuro/ está sendo conectado e não/ é para amanhã”… deu certo. E logo virou uma referência na Cidade e com repercussão nacional. Hoje, por iniciativa do escritor Paulo Seccim, da Academia Brasileira de Letras, figura no Guia de Sebos do Brasil. E não parou por aí. Em 1998, uma nova livraria do gênero, uma filial da matriz, foi aberta na Rua do Sol, funcionando com muito sucesso, os negócios “bombando”, como se diz na gíria, à base da compra/venda/consignação de livros novos e usados. “As pessoas vêm, quase que diariamente, vender livros, consignar… E, a partir de 50 volumes, nós vamos a domicílio. É só a pessoa ligar” – informa o proprietário, que expressa, finalizando: 95
“Sinto-me realizado. Trabalhar com livros me é tão gratificante que, além de me realizar, ainda me rende algum e gera emprego pra outros. Já pensou? Trabalhar no que você gosta e ainda ganhar dinheiro com isso?! Não dá pra ficar rico, mas dá pra ter uma vida digna. Agora, uma advertência, um aviso aos navegantes destes mares: é preciso ter dedicação, eu diria, mesmo, DEVOÇÃO. Entrega total”. IN CORRÊA, Dinacy. GALERIA DOS ANÔNIMOS ILUSTRES
Ilha do Amor (22.07.1962 – Hospital Presidente Dutra), filho de José de Ribamar Silva (empreiteiro, já falecido) e de Maria da Piedade Silva (dona-de-casa). Primogênito de quatro irmãos – ele mesmo e as irmãs: Telma, Jacielma e Maricelma. Acompanhemos o nosso protagonista em sua trajetória de vida, trabalho e arte… A infância, passou-a no Bairro de Fátima (Rua Deputado José Mário), onde, a partir dos 6 anos, começou a freqüentar a escola – Grupo Escolar Estado do Amazonas, perto da Igreja de Nossa Senhora de Fátima. Ali, estudou até a 4ª. série do Ensino Fundamental. “Guardo boas lembranças da minha primeira escola. Mas… ela não tinha biblioteca” – diz, entre evocativo e lamentoso. E acrescenta no mesmo tom: “Papai tinha comprado, pra nós, de segunda mão, uma coleção maravilhosa, chamada “Tesouro da Juventude”, que a gente lia, lia… e eu, principalmente, lia com paixão. E ficava naquela expectativa, querendo encontrar mais livros, na escola”. É; pra quem já era, precocemente, familiarizado com os livros, mergulhado no mistério, no universo mágico da leitura, a falta de uma biblioteca escolar só podia causar ressentimento… Dos doze para os treze anos, no impacto da separação dos genitores, com a família já incompleta, portanto, mudouse para a Coheb do Sacavém. “Meu pai era meio nômade” – diz, meio evasivo. E, dentro do nosso contexto discursivo, explica: “quando se separou de minha mãe, meu pai não quis abrir mão de nós, seus filhos. Fez questão cerrada de ficar com a gente”. E valeu? Ele deu conta mesmo do recado? Conseguiu ser aquele paizinho-Paizão? “Bom, valeu a pena, ele foi um bom pai, apesar de muito severo. Foi muito presente na nossa vida, muito responsável, não nos faltou nada, mas… é muito difícil a gente crescer, assim, sem um carinho de mãe”. (Silêncio… Comoção) Bairro novo, colégio novo. E ele passou a estudar no Luís Domingues (Rua 13 de Maio), Centro da Cidade, para onde se dirigia, todas as manhãs, bem cedo, de ônibus, continuando nesse ritmo até os 16 anos, quando concluiu o Fundamental. Essa lhe foi uma temporada muito significativa, que repercutiu, da pré-adolescência para a vida adulta, com ênfase no despertar da sua sensibilidade artística, na aquisição de valores, na afirmação de sua identidade cultural. É aí que ele começa a ampliar, aprofundar, educar, poeticamente, o olhar. A perceber as coisas, a cidade, com os tons da Poesia (Um parêntesis para um momento solene. Só um minutinho. É que ele está tirando do baú de guardados uma das mais caras e sinestésicas recordações dessa fase: a passagem matinal, cotidiana, pela Padaria Santa Maria, de Seu Ramos, esquina da Afogados com a Rua das Flores (Aluisio Azevedo): “Eu passava pela padaria e parava, entrava, para comprar pão e era pitoresco: aquele cheiro de pão fresquinho se misturando com a luz da manhã… Essa padaria já faz parte da paisagem da Cidade. Já tem mais de cinqüenta anos”– lembra, assim, meio enternurado e adianta, informativo: Ubiratan Teixeira publicou uma crônica sobre essa padaria. Ivan Sarney, também. E eu li, emocionado, essas duas crônicas”…). A segunda etapa dos estudos sistemáticos (Ensino Médio) cursou-a no Humberto Ferreira, também no Centro. Por essas alturas, “papai tinha comprado aquela coleção d’Os Imortais da Literatura e eu comecei a “devorar”– lembra. Está, pois, constatado e confirmado: esse gosto pela leitura, essa devoção pelos livros tem suas raízes na infância, na pré-adolescência e à sombra do papai… aquele Pai extremoso e saudoso, que o deixou, faz sete anos, aos 64 anos. O processo, todavia, teve continuidade e se foi desenvolvendo, implicando outros atores/incentivadores. Puxando pela memória, ele vai desfiando: “Nos primeiros anos da adolescência, cursando ainda o Fundamental, no Luís Domingues, tive um professor de Português (Prof. Antonio), que me abriu as páginas da Poesia. Ele costumava ler, recitar, poemas de Fernando Pessoa na sala de aula. Mar Português e outros. Eu achava bonito”… E no Ensino Médio, já em plena adolescência e no portal da maioridade, teria, também, encontrado um outro professor, que o fizera embarcar em outras viagens, outras aventuras de leitura? Ele mesmo o esclarece: “Não, pelo contrário; dessa vez, foi um aluno, um colega de classe… Um cara assim da minha idade. Foi ele quem contribuiu, decisivamente, na formação da minha consciência leitora, que me introduziu no universo dos grandes autores”. Pode-se saber quem foi esse iluminado? “Ele era incrível. Muito inteligente, revolucionário… Ad-mi-rá-vel! Lia os russos. Era envolvido com movimentos políticos… Um líder inato. Um vencedor predestinado. Um rapaz muito esforçado, empreendedor, um lutador capaz de superar toda e qualquer intempérie da vida. Ele tinha um apelido engraçado…” Qual? (Risos) “Bom, a gente perdeu o contato e eu não falei com ele… Então, por uma questão de respeito… Sabe como é: hoje, ele é um advogado muito bem conceituado, um homem muito bem sucedido na vida. Isso era naquele tempo, que a gente era estudante”. Mas, o apelido… “O apelido era por conta de ele ter uma barraca de bijuterias e miudezas na Liberdade”. Mas isso é lindo! So-ber-bo! Imagina: saber que ele, já tendo atravessado mares, saltado abismos, mercado pelos camelódromos da vida, é agora um vencedor… Bravo!! Trabalhar duro, subir na vida de baixo pra cima é mesmo edificante! Não vê Silvio Santos? Já foi camelô, dizem. Amador Aguiar, fundador do BRADESCO, transitou foi da roça para o alto e bem sucedido empresariado. O Presidente Lula nem se fala, pois todo mundo já lhe conhece a biografia. Isto só pra citar os mais populares. Quanto ao apelido (até vamos aproveitar o gancho para uma retificação, ou reivindicação)… Não sabe aquele teu xará (José de Ribamar Coelho Santos), de ARAR?I99 Chegava à universidade, no tempo de estudante, com os bolsos cheios de – JOSÉ DE RIBAMAR SILVA FILHO, Publicado em 30/05/2012 às 20:05 por dinacycorrea, http://blog.jornalpequeno.com.br/dinacycorrea/2012/05/galeria-de-anonimos-ilustres-15/, acessado em 10 de setembro de 2014.
disponível
em
ARARI com maiúsculas e em negrito, pois vimos e ouvimos, há poucas noites, na tv, um “bem informado” dizer, no Programa do Amaury Jr., que Zeca Baleiro é de Axixá… Erra-do: o cabra é de A-RA-RI, gente (à margem direita do Rio Mearim). 99
balas (balinhas de hortelã, de café, de chocolate…), degustando-as, distribuindo entre as garotas e pegou, também, um apelido engraçado, que hoje o identifica como a celebridade Zeca Baleiro! Viu como é o negócio? Tem apelidos carismáticos… Tudo bem; vamos deixar quieto, o lance. Você tem razão: ele não foi consultado… Mas, se esse magistrado gosta de ler e costuma passar em revista os jornais do dia, vai se reconhecer, transparente, aqui na página, e se sentir orgulhoso de si mesmo, satisfeito, por estar sendo lembrado como uma luz no teu caminho e colocado nessa perspectiva de vencedor – a quem nem foram reservadas as batatas machadianas, mas outros “mais altos píncaros da vitória”– para lembrar Bastos Tigre no famoso A Vitória da Vida. Apostamos, como há, por aí, todo um filão de pessoas ilustres, vencedoras, que já tiveram, em tempos de vacas magras, uma barraca, um armarinho, um Bazar… E também cognomes relacionados ao seu campo de trabalho, sua área profissional… Vamos em frente. “Esse tempo de estudante do Ensino Médio foi muito importante pra mim. Influenciado por esse meu colega, também me envolvi com movimentos políticos e sociais, me engajei em grupos comunitários, me integrei na Pastoral da Juventude, da Igreja da Sé, militei ao lado de Joaninha e de Chico Gonçalves (o coordenador) e acompanhei o Padre Marcos Passerini, na sua luta em defesa do povo dos bairros, então nascentes (invasões), São Bernardo e João de Deus, organizando as comunidades, que estavam ameaçadas de serem expulsas, no Governo de João Castelo. Em 1979, participei da Greve da Meia Passagem, como secundarista, sempre ao lado desse então meu amigo do peito e de outros revolucionários da época. Em 1980, em plena ditadura militar, surgiu o PT e, mais tarde, me filiei a esse Partido”… E o que mais, na década de 80? Outros caminhos… Caminhos do Coração: você é casado, tem filhos? “Casei em 1987” – responde, após um breve silêncio reflexivo, como que emergindo de um mar interior, do recôndito da alma, fechado, compenetrado e num esboço de sorriso tímido. Pode-se saber quem é a distinta? “Não, é coisa do passado. A gente se separou, ela já é casada com outro, eu também tive outros relacionamentos… Vamos pular essa parte”. Tudo bem. Falemos só dos teus filhos, então. “Em 88, nasceu minha primeira filha, Carolina, hoje com 19 anos, que trabalha comigo, aqui na livraria (da Rua Grande) e é estudante de Direito na UFMA. (!!) Maria Eduarda, minha segunda filha, de 6 anos (mora em Balsas), já é de um segundo relacionamento (de sete anos). E João Pedro, de 2 anos e meio, é de um terceiro relacionamento”. Desculpa a indiscrição, mas… você já encontrou a sua alma gêmea? Outro silêncio introspectivo e um suspiro profundo… “Não sei, acho que não tenho sorte com as mulheres ou elas não têm sorte comigo”… Sem palavras. Mudando. E os movimentos literários? Já foi aludido, no proêmio, que você é um poeta… “Tínhamos um movimento em prol da Poesia. Eu e outros amigos. Reuníamo-nos, constantemente, aos fins de semana, pra discutir, planejar, ler, uns pros outros, nossos poemas. E aí tivemos a idéia de escolher um nome para o grupo. Cada um de nós ficou comprometido em sugerir um. E a minha sugestão foi: POEME-SE. Pegou”… Ge-ni-al. Muito criativa, mesmo, essa performance do substantivo em verbo, assim, pronominalizado e nessa força imperativa. Mas, qual a intenção, a mensagem intrínseca do neologismo? “A idéia era exortar a todos a assumir a poesia, a ter uma atitude poética, vestir a camisa da poesia. E nós fazíamos isso, literalmente. Confeccionávamos (e vestíamos) camisetas, publicávamos posters, vendíamos cartões, divulgando a poesia”. Por falar em poesia… (Pronto. Era só o que faltava. Ele não querer “abrir o jogo”… como já deve ter dado pra perceber, o cara é tímido, fechado, modesto demais… mas não vai ter escapatória; não vamos omitir esta parte; pelo menos o que já está nos livros vai sair). A verdade é que (conforme pincelado, na abertura) ele é mesmo um poeta, um intelectual de respeito, premiado em concursos literários. (!!) Primeiro Lugar em uns, Menção Honrosa em outros… Faz parte da geração dos poetas que representam a literatura maranhense contemporânea, a bem dizer, ainda nossa ilustre desconhecida. Já participou de várias antologias, revistas, festivais de poesia… Em 1986, por exemplo, ganhou o primeiro lugar no Festival Comunic’arte, promovido pelos estudantes de Comunicação, da UFMA. A propósito, vejamos aqui, intertextualizado, excerto da Antologia Poética Maranhense, o poema Imagem, pequenina mostra de sua verve poética.Vamos ouvir: a madrugada arrancou meu sono/ deixando você para sempre/ no meu crânio/ meus pés caminham pela sala/ as mãos ajeitam na vitrola/ o som de Lô Borges/ a música é suave/ me deixa relaxar/ assim/ vou me decompondo lentamente/ em busca de cada desenho imaginário/ que fiz de você pelas paredes/ sei que isso tudo é um exercício/ mas agora me chamo Sísifo/ estou virando o pó da pedra/ que empurro/ sei também/ que todas as estradas/ me conduzem/ a teu nome/ apareça na minha/ casa/ numa noite qualquer/ de solidão/ recolha numa caixa o pó/ daquilo que fui/ leve ao mar/ espalhe entre ondas assanhadas/ para que disperso/ não possa mais recompor/ em mim/ o que há de você. Sem comentários. [...] E vamos ficando por aqui… Poeme-se!
COREOGRAFIA DO CAOS Três da madrugada A vida navegava a cem Quilômetros Num tempo de suicídio É Inútil tentar conter a carne Que morre Em cada esquina Em cadaesquina Em cada Esquina Os sinos estão tocando A hora é esta Tudo deve ser lançado à cova Os leões fazem a espera Daniel não merecia Fomos plantados no meio deste deserto Comendo areia Em nome do Brasil Que não tem nariz E fede Tanto quanto uma cidade quqlquer A vida está morrendo veloz A cem quilômetros Pesando centenas de milhões De corpos afundados Carregados sem despacho No imenso trem da morte Em direção ao nada Onde a humanidade constrói abismos No meio desta moderna fabricação De fumaça Comemorado pelo Buuuuuuuuuum De um coletivo suicicio atômico Desenfreado frenesi patético O ukltraje ótico da epopeia caótica Da grande revolução do vazio Passam das cinco horas A manhã fria se aproxima Com sua morte atrás da porta Estou demitido deste caos Me levem para junto de Dante No céu Os sinos continuam tocando Tudo esta consumado Meu alimento será apenas A eternidade do ter néctar.
ABRIL no quarto sob a cinzenta luz noturna de abril com seus olhos abertos brilhando feito uma boca no meio de estrelas levitando com seus grãos de areia me fixando bem no centro dos seres inanimados havia no ar a melodia estática do silêncio pássaros cor de abóbora elaboravam ninhos enquanto ela ficava bordando com seu brilho aquele imenso manto de amor que tinha o poder de ficar brincando entre seus dedos suas mãos cintilantes manipulavam os fios do único instante em que o tato era a nossa grande glória (Ribamar Filho)
ANTONIO CARLOS ALVIM 09 de setembro de 1963. Bacharel em Direito pela UFMA. Estreou no Festival de Poesia Falada da UFMA, ganhando o premio de melhor interpetre. Participou como conferencista de festividades comemorativas dos 15 anos da UEMA, sobre a vida de Ferreira Gullar. Em 1982, ganhou menção honrosa no concurso de Poesia de Araraquara (SP). Em 1984 fundou a Academia dos Párias que, a partir daquele ano, iniciou a publicação da revista Uns e Outros. Em 1985, começa a parceria musical com Célia Leite, com quem compõem Reino, Viagem a Moscou, Tarrafa d´alma, dentre outros. Em 1987 é classificvado com Pássaro dos lençóis no 7º Festival de Poesia falada. Em 1988, produz artesanalmente seu primeiro livro, chamado Andares. Em 1989 é premiado nacionalmente no Concurso de Poesia da revista Brasília.
GÊMEOS (a Fernando Pessoa) Roça na cidade o mar Como se roçasse em mim E fossemos (eu e a cidade) Gêmeos de concreto e vitirnes. (O mar é sal e águas E o fazemos lembranças, belezas e morte). Roça em mim a palavra do poeta Como se fossemos gêmeos de silêncio, Aflição e calma. Vamos de encontro ao linho das horas, Cortando-nos E perdendo E erigindo pedaços nos ossos. O que somos é ilusão Que se constrói sobre a pele. Em nós só restam de eterno As impressões deste mar Como um ente líquido e suave Que ordena a eterna beleza Das rosas sobre a terra. Poeta, Só com aquele sangue Que redescobre todo tempo suas veias, Percorrendo as minhas, Conseguiria acasalar teu sonho No meu peito. Onde todas as coisas são animadas: Os cabelos que te fascinam para um amor sofrido. É nosso sonho construir tecido novo Sobre o peito, buscar em pânico este tecido. Digo, Longe da poesia: - o sexo é que é essencial. O amor é só um acidente. Portanto não malogrado PR mãos de comando. Quero esquecer este poeta feito de alma E que sofreu por corpo, Por ser gêmeo como sou,
NĂŁo de uma cidade, Mas de um corpo outro, Masculino como o seu
CLARINDO SANTIAGO São Luis – MA – BRASIL - 12 de agosto de 1893. Foi membro efetivo do IHGM, onde fundou a cadeira 4, tendo como Patrono Simão Estácio da Silveira; na AML ocupou a cadeira 13, patroneada pelo jornalista José Candido de Moraes e Silva, proprietário e redator principal do “Farol Maranhense”, o primeiro jornal liberal de nosso Estado. Graduou-se em Medicina, exercendo a profissão com sucesso, optando também pelo Magistério, literatura, jornalismo e poesia. Tinha forte inclinação de ensaísta, sentindo prazer em elevar o nome daqueles de sua terra que se destacavam culturalmente. Escreveu O Solitário da Vitória. Ensaio critico. In Revista da ABL, Rio de janeiro, 1932; e Comemorações do 1º Centenario do nascimento do poeta Sousa Andrade. Grafica Renascença, Paraíba, 1937; O poeta nacional. A escola mineira e suas fases; Rumo ao sertão; João Lisboa; Neto Guterres – o medico dos pobres. No Magisterio, além de professor, foi diretor do tradicional Liceu Marenhense e da Instrução Publica. Faleceu ainda novo, de morte trágica, em novembro de 1941, nas águas to Tocantins.
SINFONIA INACABADA Quem hoje no Maranhão venha romeiro, W repre o seu ar tristonho e pensativo, Terá de lhe auscultar o coração cativo Da grandeza passada, o seu tesouro inteiro. A capital circunda a estatua do si divo, A baia recorda o perdido veleiro. É raro um sabiá cortar o céu, ligeiro, E a pasiagem perdeu o encanto primitivo. O ruído do arvoredo é um soluçar de palmas, A Sinfonia só de Schubert comparado, Infinita orquestração de prnto em nossas almas... Triste vate que o mar tragou, nas suas iras, É o Maranhão que chora o canto inacabado, A eterna inconclusão do poema dos Timbiras!...
DIONNATAN PEREIRA SOUSA São Luís – MA – 01/07/2002
POESIA DE (GONÇALVES DIAS) Gonçalves Dias foi um professor, Um poeta um escritor. Fazendo poesia com Paixão e muito amor. O pai dele foi comerciante, Educado e um bom ajudante, Que se chama João Manuel Gonçalves Dias ele era português. Num país de paixão do coração Gonçalves Dias nasceu no Maranhão No estado de amor e paixão Vai sentir saudade e paixão, Do que ele viveu no Maranhão.
GABRIEL RUBIM DA SILVA São Luís – MA - 15/07/2001. Motivo da participação: Eu gostaria de participar da antologia porque gosto muito e acho interessantes as poesias de Gonçalves Dias e me interesso muito por poesia e tenho certeza que minhapoesia é muito bonita e que a população brasileira vai achar bonita.
MINHA TERRA TEM SUJEIRA Minha Terra tem sujeira onde cantava o sabiá, Os pássaros que encantavam a aurora Não encantam mais agora. A paz que existia antes, Agora é zoada de ambulantes, A harmonia que existia na pista Agora é acidentes, com pedestres e motoristas. A vida do povo sem confusão Agora existe briga e poluição Ao pensar sozinho à noite, Cadê a paz no Maranhão. Paz e Bem aos maranhenses Que guardo no coração, Terra de povo sofrido, mas alegre eu te digo, Maranhão minha Terra de Paixão. O POETA DA MINHA TERRA O poeta da minha Terra de proezas Faz poesias sobre suas belezas Lutou para o bem dos Índios Respeitou sua mãe e a tratou com carinho. Um poeta que admiro Com muita saudade do Maranhão Fez a “Canção Do Exílio” Na vinda de Portugal perdeu sua vida, Em uma viagem marítima Poeta de garra e paixão que amava, Sua Terra, o Maranhão. Nunca largou a poesia, Lutou pelos Índios até o fim de sua vida O Poeta da minha Terra me trás muita alegria, Ele é Gonçalves Dias Que me fez fã da poesia.
RENATO LIMA DE SOUZA São Luis – MA – 04 dias de julho de 1991. é um pertinaz apreciador de todo tipo de arte, em especial, as obras produzidas pela majestosa casta de imortais maranhenses. Estudante de Ciências Sociais (UFMA) produz textos, poemas, ensaios, composições musicais, extraindo das infinitas multiplicidades das coisas o que há de mais insigne e belo sendo o motivador do seu mais pleno sentimento de viver.
EXÍLIO DO SABIÁ Tu és o horizonte da perfeição Que fez o sol apagar Por Reluzir luz estelar Nesse despedaçado coração Tu não foste atenta aos cantos Desse amoroso e triste sabiá Trancafiado no obscuro Sentimento De não poder para ti assobiar Queria no alto das palmeiras Desse regueiro Maranhão Cantar as obras, vida e poesia, Das enternecidas criações Quando abro asas e pairo na tua imensidão Inebriado fraquejo de ilusão Sou grato da tua distinta beleza Oh! Tua sereia incendeia A minha inocente contemplação Viajando calmo na brisa do teu mar Perco-me nos sonhos que te vejo Persuadido de que não devo Deixar de declamar o meu assobiar. FORTALEZA DO AMOR Fortes um sublime tesouro Teus versos sempre hão de ecoar Nessa terra das palmeiras de ouro E onde houver o nobre amar. Verbo das paixões e amores De toda forma contagiou, Não sem honra e louvores, A desdita do seu clamor. Pularei nos marítimos mundos E quero poder vilipendiar A maré de tão soez indecoro Que causou o teu afogar. Pois é o fulguroso luzeiro Que a todos declamou,
Com ardor de um braseiro, Os intempĂŠries do amor E pairando entre nostalgias Quero ver refletir a digna luz Ă&#x2030; o eterno Gonçalves Dias Que tanto amor ainda reluz.
WESLLEY SOUSA SILVA COSTA WESLEY COSTA – São Luís – MA - 09 de Julho de 1989. É o autor do livro de poemas “Colham as roupas maduras do varal” (2012) pelo Grupo Editorial Scortecci. AFINADAMENTE CRESCIA Afinadamente crescia O verdor das palmeiras No Maranhão AS TECLAS DO PIANO ENCHARCADAS DE SONS As teclas do piano encharcadas de sons Inundavam a sala Nos jarros as plantas cresciam lá-fora Regadas pelas notas que transbordavam. Afinadamente crescia o verdor das palmeiras E o pianista vestido em preto e branco Análogo permanecia às teclas de seu piano E sobre o branco do papel eu seguia o seu exemplo; Tentando fazer “surgir” estas letras escuras (em seus sentidos [claros)
DIREITO & LITERATURA
DEVIDO PROCESSO LEGAL NO DIREITO ADMINISTRATIVO Angélica Telles de Souza Pessoa 100 Jeová dos Santos Silva¹ Letícia Cristina Ribeiro Rodrigues¹ Raimundo Nonato Serra Campos Filho101 Victor Santos Jacinto Pianco¹ RESUMO O Devido Processo Legal tem suas origens na Inglaterra do séc. XIII e expansão incontestável pelas legislações ocidentais. O princípio do Devido Processo Legal na legislação administrativa brasileira é de fundamental importância para caracterizar o desenvolvimento válido e regular do processo. A despeito das discussões doutrinárias, o Devido Processo Legal está inserto em nosso direito administrativo. A história tem mostrado seu fortalecimento e expansão dentro do nosso ordenamento jurídico. Palavras-chave: Direito administrativo. Devido processo legal. ABSTRACT The due process of Law has its origins in 18th century England and unquestionable expansion in western legislations. The principle of the Due Process of Law is of fundamental importance in Brazilian administrative legislation to guarantee a valid and regular process. Despite all doctrinal discussion, Due Process of Law is inserted in our administrative law system. History has shown it’s strengthen and expansion within our juridical system. Keywords: Administrative law. Due process of law.
INTRODUÇÃO À guisa de considerações iniciais, não há como se falar em devido processo legal sem que antes sejam retomadas questões relativas à sua origem e ao seu desenvolvimento, tanto no Direito alienígena quanto no Direito brasileiro. Sendo a Ciência Jurídica grandemente marcada por câmbios sociais, políticos, econômicos e também históricos, pode-se notar sua natureza precipuamente cultural. As mudanças ocorridas na sociedade levam, invariavelmente, a mudanças nos ordenamentos jurídicos, mudanças essas que jamais poderiam ser imaginadas quando da sua concepção. O desenvolvimento do Princípio do Devido Processo Legal é grande ilustrativo deste fenômeno, quando, no decorrer da Idade Média, barões ingleses, senhores de terras, conseguiram que a monarquia, fragilizada que estava, firmasse compromisso no sentido de condicionar a privação da propriedade e da liberdade à observância da “Law of the Land”. No decorrer deste fato, nem o maior dos visionários poderia vislumbrar o embrião de uma garantia primordial na formação da democracia e do Estado de Direito. A referida Law of the Land, ou per legem terrae, da Magna Carta de 1215, teve atuação crucial na formação e desenvolvimento do Devido Processo Legal, haja vista sua própria letra determinar que se observasse um procedimento legal quando da restrição à liberdade ou propriedade dos indivíduos, ainda que o alcance desse imperativo legal fosse restrito. Interessante apontar uma ironia histórica: a Magna Charta Libertatum, pouco depois de assinada, foi declarada nula pelo Papa Inocêncio III, pelo fato de ter sido obtida através de coação e sem autorização da Igreja, razão que, nos dias de hoje, poderia significar violação ao princípio do Devido Processo Legal. Ainda que o surgimento da cláusula do Devido Processo Legal na América não tenha sido uma mera transposição do direito da Metrópole para a Colônia, é incontroverso que a lógica inglesa foi incorporada ao Direito estadunidense. Também deveras interessante anotar que, embora de origem anglo-saxônica, o Devido Processo Legal desempenha funções nevrálgicas no Direito de tradição romano-germânica, a exemplo do Direito brasileiro, levando em consideração que tal garantia está alçada ao patamar do Texto Magno brasileiro. Por mais que a expressão “Devido Processo Legal”, em sua literalidade, só apareça na Carta Magna de 1988, textos constitucionais anteriores já adotavam garantias decorrentes do Devido Processo Legal. Tamanha é a importância desta garantia que é fundamental que se anote: “De qualquer sorte, o exame da origem da cláusula do devido processo legal, seja fora ou dentro de nosso país, permite concluir que tal proteção teve uma vocação universal que muito ultrapassou seus beneficiários iniciais, como já explicitado. Do Brasil escravocrata da constituição imperial ao Brasil que se esforça para reduzir seus desequilíbrios sociais e regionais de 1988, da Inglaterra dos nobres à Inglaterra dos cidadãos, dos Estados Unidos dividido pela escravidão negra ao país das cotas raciais, da França dos ricos homens burgueses àquela dos
100 101
Alunos do Curso de Direito da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) Professor do Curso de Direito da Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
homens e mulheres de todas as condições econômicas, a cláusula do devido processo legal foi tendo seu espectro de atuação ampliada em prol da inclusão cada vez maior daqueles que passaram a ter voz em suas sociedades.”102
Este artigo visa a uma exposição simples de como está presente no Direito Administrativo o princípio do Devido Processo Legal, bem como seus corolários lógicos, a garantia de ampla defesa e contraditório. Tem como objetivo fundamental entender a importância do referido princípio e suas garantias, demonstrando em que aspecto é mais marcante a presença do mesmo, a saber, nos Processos Administrativos Disciplinares. O trabalho está dividido em tópicos. O primeiro aborda de forma simplificada e concisa a origem histórica Constitucional do referido princípio, cujo embrião remonta à Idade Média e à Magna Carta assinada pelo rei João Sem-Terra, em 1215. Já o segundo tópico elenca os princípios basilares e inerentes à Administração Pública, que devem formar seu sustentáculo, sob o risco de desvirtuar a atividade administrativa. O terceiro tópico trata da garantia constitucional ao Devido Processo Legal, tendo um subtópico que trata especificamente do princípio do Devido Processo legal e das garantias de ampla defesa e contraditório no que tange à atuação da Administração Pública. Tratase de inovação trazida à vida pela Constituição brasileira de 1988, relativamente às anteriores, as quais não se referiam expressamente ao Devido Processo Legal. Tal inovação acabou por configurar dupla proteção ao indivíduo que seja parte de processo, atuando tanto no aspecto material (proteção ao direito de liberdade) quanto no aspecto formal (segurança de paridade de condições frente ao Estado e plenitude de defesa). Ao tratar especificamente do âmbito do processo administrativo, este trabalho visa demonstrar que a ampla defesa e o contraditório configuram direito do servidor oponível ao Estado-persecutor, direito que é exercido a partir do momento em que é o indivíduo cientificado de que contra ele foi instaurado um processo administrativo. No intuito de reforçar o conteúdo trazido acerca do princípio do Devido Processo Legal e suas garantias, foram colacionados acórdãos recentes de alguns dos principais Tribunais brasileiros, bem como das Cortes Superiores.
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E SEUS PRINCÍPIOS Em se tratando de Direito Administrativo, de forma magistral tem-se em Hely Lopes Meirelles103 o seu conceito, qual seja: “Conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado.” Assim sendo, pode-se dizer que administrar, em sentido amplo, significa gerir bens e interesses e, por se tratar da Administração Pública, tais bens e interesses são os da coletividade, qualificados no âmbito municipal, estadual e federal. É de extremo valor trazer à baila a ideia de que o termo “administrar” carrega sentido, no mais das vezes, oposto ao de propriedade. Ora, administrar indica a atividade daquele que gere interesses de outrem, ainda que, por vezes, o administrador seja o mesmo proprietário. O que se quer dizer é que, em se tratando de administração, a ideia é de zelo, ao passo que a propriedade tem, em sua essência, a ideia de disponibilidade e alienabilidade. Depende o administrador de especial consentimento do proprietário para atos de alienação, e, para a Administração Pública, tal consentimento deve estar expresso em Lei. A Administração Pública é regida por princípios básicos de observância obrigatória e permanente, quais sejam: legalidade, moralidade, impessoalidade, publicidade, eficiência, razoabilidade, proporcionalidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, motivação e supremacia do interesse público. Os cinco primeiros estão expressamente elencados no artigo 37 da Constituição Federal: “Art. 37 - A Administração Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...]”
Os demais princípios, ainda que não expressos textualmente na Constituição, derivam do regime político brasileiro, além de estarem presentes no art. 2º da Lei 9.784/99: “A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.” Por tais padrões é que se deverão pautar todos os atos da Administração Pública e aquele que exerce o Poder Público. São, portanto, os sustentáculos da atividade pública. Em linhas gerais, relegar qualquer um desses sustentáculos da Administração Pública é desvirtuar a gerência dos bens e interesses da coletividade, ou seja, da sociedade.
102
ANJOS FILHO, Robério Nunes dos; RODRIGUES, Geisa de Assis. Breves anotações sobre a garantia do devido processo legal no processo administrativo. In Revista Baiana de Direito, v. 1, p. 201-227, 2008. 103 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2014. p. 40.
A GARANTIA CONSTITUCIONAL AO DUE PROCESS OF LAW NO PROCESSO ADMINISTRATIVO Costumeiramente classificam-se os Direitos Fundamentais em dimensões. Parte-se da Revolução Francesa com seu mote “liberté, égalité, fraternité”, mote esse que prenunciava as três primeiras dimensões dos Direitos Fundamentais: direitos de liberdade, direitos de igualdade e direitos de fraternidade. O direito ao Devido Processo Legal está inserido no grupo dos direitos de primeira dimensão, que marcou a passagem de um Estado autoritário para um Estado de Direito e, segundo esse contexto, um Estado respeitoso às liberdades individuais. Apesar de o marco – Revolução Francesa – ter ocorrido no âmbito do séc. XVIII, alguns documentos bem mais antigos já traziam os primeiros traços marcantes para a configuração e emergência dos direitos de primeira geração, notadamente a precitada Magna Charta Libertatum de 1215, assinada pelo Rei João Sem-Terra e que trazia restrições, por exemplo, ao ato de desapropriação, que deveria seguir um processo justo. Remontando a princípios embrionários presentes na Magna Carta de 1215, a Constituição Federal de 1988 incorporou em seu texto o princípio do Devido Processo Legal, chamado no Direito anglo-saxão de due process of Law. De semelhante modo, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, em seu art. XI, nº1, garante: “todo homem acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias a sua defesa.”
Impende ressaltar que a garantia de Devido Processo Legal não vem desacompanhada. Corolários lógicos de tal princípio, assegura-se a todos, em processo judicial ou administrativo, o contraditório e a ampla defesa, com todos os meios e recursos inerentes a eles, conforme assevera o art. 5º, LIV e LV da Constituição brasileira, in verbis: “Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.”
Conforme ensina Alexandre de Moraes104, percebe-se, quanto ao devido processo legal, o caráter de dupla proteção ao indivíduo, haja vista atuar tanto no âmbito formal quanto no material, protegendo materialmente o direito à liberdade e, formalmente, pondo-lhe em paridade de condições perante o Estado com plenitude de defesa. Conforme exposto anteriormente, o contraditório e a ampla defesa são corolários lógicos do Due Process of Law. Tais corolários são complementares, como o anverso e o reverso de uma moeda. Entende-se por ampla defesa a possibilidade que é dada ao réu de levar ao processo todos os elementos relevantes para sua defesa e tendentes a esclarecer a verdade. Também é possibilitado ao indivíduo ficar em silêncio, se entender necessário. É imperioso ressaltar que ao réu é assegurado levar ao processo quaisquer elementos que possam auxiliá-lo em sua defesa, desde que não sejam contrários à Lei ou à moral e aos bons costumes. De outro lado tem-se o contraditório, entendido como a exteriorização da própria ampla defesa, através do qual o processo deverá ser conduzido de forma dialética – a cada elemento levado pela acusação, caberá direito ao réu de se defender ou apresentar outra versão do que foi arguido. Devem, portanto, ser respeitadas as garantias de Ampla Defesa e de Contraditório, como expressões do Devido Processo Legal, em todos os atos da Administração, sob pena de nulidade. Os Tribunais Pátrios têm se posicionado firmemente nesse sentido. Vejamos: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO - AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO DO ATO IMPUGNADO SUPRESSÃO DE DIREITOS - PROCESSO ADMINISTRATIVO - DEVIDO PROCESSO LEGAL - AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO - MANDADO DE SEGURANÇA - LIMINAR - PRESSUPOSTOS. - O deferimento de medida liminar, em sede de mandado de segurança, está adstrito à coexistência da relevância da fundamentação invocada pelo impetrante e do perigo da ineficácia da medida, caso deferida somente ao final; presentes os pressupostos, é de se deferir a medida. - Não é razoável admitir que, em nome do interesse da coletividade, possa a Administração Pública cancelar direito ou vantagem concedidos ao particular sem ao menos ouvi-lo, porquanto estaria, assim, prejudicando os direitos individuais fundamentais do cidadão, dentre os quais o do devido processo legal.
104
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2013. p. 109.
(TJ-MG - AI: 10394130064949001 MG , Relator: Antônio Sérvulo, Data de Julgamento: 17/12/2013, Câmaras Cíveis / 6ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 16/01/2014) (Grifo Nosso)
ADMINISTRATIVO. SUPRESSÃO DE PARCELA DE PENSÃO. NECESSIDADE DE CONTRADITÓRIO PRÉVIO. A Administração pode rever seus atos quando eivados de ilegalidade, subordinada, no entanto, ao contraditório prévio por respeito ao princípio constitucional da ampla defesa, seja no âmbito administrativo, seja no âmbito judicial. PROCESSO CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. Constitui um truísmo que a sentença é dada como se proferida na data do ajuizamento da ação. O art. 14, § 4º, da Lei nº 12.016, de 2009, é um corolário disso, como antes já fora o art. 1º da Lei nº 5.021, de 1966. Os efeitos da sentença, e quando for o caso do acórdão, retroagem, portanto, à data da impetração do mandado de segurança. Recurso especial conhecido e provido. (STJ - REsp: 1374738 DF 2012/0082574-2, Relator: Ministro ARI PARGENDLER, Data de Julgamento: 07/05/2013, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 20/05/2013) (Grifo Nosso)
PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EFEITOS INFRINGENTES CONFERIDOS. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DA PARTE CONTRÁRIA. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. NULIDADE. - A atribuição de efeitos infringentes aos embargos de declaração supõe a prévia intimação da parte embargada, em respeito aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, sob pena do julgamento padecer de nulidade absoluta. - Recurso especial conhecido e provido. (STJ - REsp: 1295807 RS 2011/0284655-2, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 11/04/2013, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 02/05/2013) (Grifo Nosso)
Depreende-se do exposto que a Administração Pública está adstrita à preservação e ao cumprimento do direito ao Devido Processo Legal e, por consequência, das garantias à Ampla Defesa e ao Contraditório: ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATÓRIA. MULTA APLICADA PELO PROCON/DF. TELEFONIA FIXA. CONTRATAÇÃO IRREGULAR DECORRENTE DA NÃO CONFERÊNCIA DOS DOCUMENTOS DO CONSUMIDOR. DEVER DE CUIDADO OBJETIVO. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. INCLUSÃO DO NOME DO CONSUMIDOR EM CADASTRO DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO. EQUÍVOCO FLAGRANTE. DEMORA NA RETIRADA. DANO PRESENTE. EXAME DE LEGALIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO. RESPEITO AO DEVIDO PROCESSO LEGAL, CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. REVISÃO DO VALOR DA MULTA. INVIABILIDADE. GRAVIDADE DA INFRAÇÃO. EXTENSÃO DO DANO CAUSADO. VANTAGEM AUFERIDA. CONDIÇÃO ECONÔMICA DO INFRATOR. CARÁTER PREVENTIVO E REPRESSIVO. 1. BASEADO NO DEVER DE CUIDADO OBJETIVO, INCUMBE À OPERADORA DE TELEFONIA FIXA CONFERIR OS DOCUMENTOS PESSOAIS DAQUELES QUE COM ELA CONTRATA, NÃO PODENDO ALEGAR DOLO DE TERCEIRO COMO EXCLUDENTE DE ILICITUDE, QUANDO A FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DECORRE DE CONDUTA OMISSIVA SUA. 2. HAVENDO FLAGRANTE ERRO NA INSCRIÇÃO DO NOME DO CONSUMIDOR NOS CADASTROS DE DEVEDORES, É OBRIGAÇÃO DO FORNECEDOR DO SERVIÇO PROCEDER À IMEDIATA RETIRADA OU CORREÇÃO DAS INFORMAÇÕES, SOB PENA DE SER PENALIZADO POR SUA DESÍDIA. 3. ULTIMADO O PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO INSTAURADO PELO PROCON/DF COM ESTRITA OBSERVÂNCIA AO DEVIDO PROCESSO LEGAL, CONTRADITÓRIO E À AMPLA DEFESA, TENDO EM VISTA O MANIFESTO DESRESPEITO ÀS NORMAS DE DIREITO DO CONSUMIDOR E CONSIDERANDO A FUNÇÃO PRIMORDIAL DO INSTITUTO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, A MULTA APLICADA DEVE PREVALECER. 4. PARA A FIXAÇÃO DE PENA DE MULTA POR INFRINGÊNCIA ÀS NORMAS CONSUMERISTAS, HÁ QUE SE CONSIDERAR A GRAVIDADE DA PRÁTICA INFRACIONAL, A EXTENSÃO DO DANO CAUSADO, A VANTAGEM AUFERIDA E A CONDIÇÃO ECONÔMICA DO INFRATOR, DEVENDO O VALOR SER APTO A DESESTIMULAR A REPETIÇÃO DA CONDUTA INFRACIONAL, ATENDENDO AO CARÁTER PREVENTIVO E REPRESSIVO. 5. RECURSO DESPROVIDO. (TJ-DF - APC: 20110111262346 DF 0000640-94.2011.8.07.0018, Relator: SEBASTIÃO COELHO, Data de Julgamento: 30/04/2014, 5ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 12/05/2014 . Pág.: 196) (Grifo Nosso) AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO ORDINÁRIA. DESCONTOS NA REMUNERAÇÃO DA SERVIDORA. AUTOTUTELA ADMINISTRATIVA. PROCESSO ADMINISTRATIVO. DEVIDO PROCESSO LEGAL. AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO. ERRO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. CESSAÇÃO PROVISÓRIA DOS DESCONTOS. DECISÃO MANTIDA. A Administração Pública detém a prerrogativa de anular ou revogar seus próprios atos, quando eivados ou por motivo conveniência ou oportunidade, em observância ao princípio da autotutela administrativa, desde que precedido do devido processo administrativo. Inexistindo demonstração de que o desconto foi precedido de processo administrativo garantido a ampla defesa e o contraditório, de que o pagamento das parcelas é indevido, bem ainda de que decorreu de erro
da Administração Pública, e não de interpretação equivocada ou má aplicação da lei, correta a decisão do juiz singular que determinou a cessação dos descontos até decisão de mérito da ação. (TJ-MG - AI: 10024130378144001 MG , Relator: Afrânio Vilela, Data de Julgamento: 24/09/2013, Câmaras Cíveis / 2ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 04/10/2013) (Grifo Nosso)
Não há, nem poderia haver, resquícios de dúvidas quanto à afirmação anteriormente prolatada: a Administração Pública está vinculada e deverá obedecer sempre ao “Due Process of Law”, sob pena de ter seus atos anulados por si mesma, diante do Princípio da Autotutela, ou pelo Poder Judiciário. DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO Quando se fala em ampla defesa e contraditório no âmbito da Administração Pública, a Lei 9.784/99, em seu art. 2º, prevê expressamente a observância destes dois princípios por parte da Administração, in verbis: “A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.” Está regulado, assim, a nível infraconstitucional, o disposto pela Constituição brasileira em seu artigo 5º, LV, especificamente no que tange à Administração Pública. Percebe-se que a Constituição não mais relega tais garantias apenas aos processos em que haja acusados, mas também a processos administrativos em que sejam as partes somente “litigantes” Assim, tais princípios se estendem a processos administrativos punitivos e não punitivos. Especificamente aos servidores públicos estáveis, o art. 41, §1º da Constituição de 1988 diz: “Art. 41 – São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. §1º O servidor público estável só perderá o cargo: I- Em virtude de sentença judicial transitada em julgado; II- Mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; III- Mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada a ampla defesa.”
Quanto ao inciso I do §1º, não há muito que se falar. Quando se trata de sentença judicial transitada em julgado, subentende-se processo judicial, ao qual são ínsitos o contraditório e a ampla defesa. Percebe-se, outrossim, que o Constituinte foi diligente e se preocupou em expressar a necessidade de se garantir ampla defesa e contraditório também em processos administrativos em que não haja propriamente um acusado, mas apenas litigantes, aqui no sentido de indivíduos com interesses contrapostos. O princípio da ampla defesa, segundo Maria Sylvia Zanella di Pietro105, é aplicável a qualquer espécie de processo que envolva situações de litígio ou o poder sancionatório do Estado sobre as pessoas, tanto físicas quanto jurídicas. Também segundo a eminente doutrinadora, o contraditório é inerente ao princípio da ampla defesa e decorre da própria bilateralidade do processo, tendo em vista que, para qualquer alegação de uma parte, será ouvida a outra parte e ser-lhe-á garantida a oportunidade de resposta. Daí se depreende a necessidade de que cada parte tome conhecimento dos atos praticados pela outra e tenha chance de responder às alegações eventualmente feitas. São, desta feita, princípios que configuram verdadeiro direito do servidor público oponível ao poder estatal. Tal é a importância da ampla defesa e do contraditório em qualquer processo, que o Supremo Tribunal Federal editou a súmula vinculante n. 5, segundo a qual “a falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição.” Ora, o que se deve entender desta súmula é que a ausência de defesa técnica por advogado não acarreta prejuízo ao processo, mas deve haver defesa, ainda que por parte do próprio litigante. Ao se tratar de Processos Administrativos Disciplinares, todo trabalho investigatório desenvolvido por comissões disciplinares deve proporcionar aos servidores investigados a ampla defesa e o contraditório, pois que, ausentes ou violados tais princípios, o servidor poderá recorrer, administrativa ou judicialmente, e obter a anulação total ou parcial do trabalho desenvolvido pela Comissão Disciplinar. Não é outro o entendimento do egrégio Supremo Tribunal Federal. Vejamos: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. RECURSO QUE NÃO ATACA TODOS OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. POLICIAL MILITAR. EXCLUSÃO. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. AUSÊNCIA. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de que a ausência de processo administrativo ou a inobservância aos princípios do contraditório e da ampla defesa torna nulo o ato de
105
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2014. p. 704.
demissão de servidor público, seja ele civil ou militar, estável ou não. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento. (STF - RE: 433239 SC , Relator: Min. ROBERTO BARROSO, Data de Julgamento: 26/08/2014, Primeira Turma, Data de Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-175 DIVULG 09-09-2014 PUBLIC 10-09-2014) (Grifo Nosso)
PROCESSO ADMINISTRATIVO - RESTRIÇÃO DE DIREITOS - OBSERVÂNCIA NECESSÁRIA DA GARANTIA CONSTITUCIONAL DO "DUE PROCESS OF LAW" (CF, ART. 5º, LV)- REEXAME DE FATOS E PROVAS, EM SEDE RECURSAL EXTRAORDINÁRIA - INADMISSIBILIDADE - RECURSO IMPROVIDO. RESTRIÇÃO DE DIREITOS E GARANTIA DO "DUE PROCESS OF LAW" . - O Estado, em tema de punições disciplinares ou de restrição a direitos, qualquer que seja o destinatário de tais medidas, não pode exercer a sua autoridade de maneira abusiva ou arbitrária, desconsiderando, no exercício de sua atividade, o postulado da plenitude de defesa, pois o reconhecimento da legitimidade ético-jurídica de qualquer medida estatal - que importe em punição disciplinar ou em limitação de direitos - exige, ainda que se cuide de procedimento meramente administrativo (CF, art. 5º, LV), a fiel observância do princípio do devido processo legal. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem reafirmado a essencialidade desse princípio, nele reconhecendo uma insuprimível garantia, que, instituída em favor de qualquer pessoa ou entidade, rege e condiciona o exercício, pelo Poder Público, de sua atividade, ainda que em sede materialmente administrativa, sob pena de nulidade do próprio ato punitivo ou da medida restritiva de direitos. Precedentes. Doutrina. NÃO CABE REEXAME DE FATOS E DE PROVAS EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO . - Não cabe recurso extraordinário, quando interposto com o objetivo de discutir questões de fato ou de examinar matéria de caráter probatório, mesmo que o apelo extremo tenha sido deduzido em sede processual penal. (STF - AI: 241201 SC , Relator: Min. CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 27/08/2002, Segunda Turma, Data de Publicação: DJ 20-09-2002 PP-00109 EMENT VOL-02083-03 PP-00589) (Grifo Nosso)
Cabe ressaltar que uma possível anulação, além dos efeitos morais negativos, também trará outros prejuízos à Administração, que deverá constituir nova comissão para dar andamento aos trabalhos. Não custa relembrar que a cautela deve acompanhar os trabalhos investigatórios, principalmente no que se refere à aplicação desses princípios constitucionais. O contraditório, desta feita, existe desde o princípio dos trabalhos da Comissão, com o recebimento da notificação prévia. Não se pode admitir o equívoco de pensar que o contraditório só se estabelece com a entrega, por parte do servidor, da defesa escrita.
CONCLUSÃO É com prazer que se pode afirmar a incontestável presença do Devido Processo Legal na esfera Administrativa, não apenas por ser um princípio garantido expressamente por normas, inclusive no patamar Constitucional, mas também pelo fato de a sociedade já tê-lo incorporado como valor essencial a ser protegido. No que diz respeito à aplicação de sanções administrativas, a existência de um processo administrativo é condição que se impõe pela existência do Princípio do Devido Processo Legal. A Constituição Federal, ao explicitar a observância do Devido Processo Legal, em seu art. 5º, inc. LIV, o estende aos processos administrativos, o que é reiterado quando trata da ampla defesa e do contraditório no inciso seguinte. A crescente centralidade que vem adquirindo o Devido Processo Legal no âmbito do processo administrativo é claro sinal da mudança pela qual vem perpassando o Direito Administrativo contemporâneo. Tendo como objeto, desde o nascedouro, a valorização e proteção da pessoa em face do poder da Administração Pública – que conta também com outras prerrogativas frente ao particular – fez com que o Devido Processo Legal se sedimentasse na realidade social, mas também fez com que o mesmo fosse bem mais além, deixando de ser uma garantia exclusiva do processo penal e ampliando seu espectro de atuação para todas as searas processuais, judiciais e administrativas, sendo incorporado à própria essência do ordenamento jurídico pátrio. Percebe-se a marcante presença do Devido Processo Legal nos processos administrativos, em especial o Processo Administrativo Disciplinar, sendo vedado ao Estado prescindir de oferecer a qualquer indivíduo ampla defesa e contraditório, sob pena de nulidade do processo. No mais, a Administração Pública é regida por outros princípios, dos quais, como dito anteriormente, não pode se afastar para que haja uma correta administração dos bens e interesses da coletividade. A dimensão material do devido processo legal também deve ser prestigiada no processo administrativo. Ainda que um processo administrativo tenha observado, de forma regular, todas as prescrições normativas procedimentais,
quando resultar em aplicação indevida da norma legal ou quando aplicar norma legal que contraria o sistema constitucional, estaremos diante da violação ao Devido Processo Legal. Isto posto, evidente se torna que a Administração Pública, ainda que exercendo poderes de autotutela, não tem o direito de impor aos administrados gravames e sanções que atinjam, direta ou indiretamente, seu patrimônio sem ouvilos adequadamente, preservando-lhes o direito de defesa e a garantia do devido processo. Processo administrativo sem oportunidade de defesa, sem a observação do devido processo, ou com defesa cerceada é nulo, conforme reiteradas decisões de nossos Tribunais judiciais, confirmando a aplicabilidade do princípio constitucional do Devido Processo Legal.
REFERÊNCIAS ANJOS FILHO, Robério Nunes dos; RODRIGUES, Geisa de Assis. Breves anotações sobre a garantia do devido processo legal no processo administrativo. In Revista Baiana de Direito, v. 1, p. 201-227, 2008. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2014. LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2014. LINS, Adriane de Almeida; DENYS, Debora Vasti S. Bonfim. Processo administrativo disciplinar: manual. Belo Horizonte: Forum, 2007. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2014. MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2013.
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA DO SERVIDOR PÚBLICO Angélica Telles de Souza Pessoa106 Jeová dos Santos Silva¹ Letícia Cristina Ribeiro Rodrigues¹ Raimundo Nonato Serra Campos Filho107 Victor Santos Jacinto Pianco¹ RESUMO Análise da responsabilidade administrativa do servidor público que vai muito além da Lei de Improbidade Administrativa e as punições que dela emanam. O servidor também responde por atos ilícitos administrativos relacionados à ação ou omissão antijurídica, culpa ou dolo e dano. Há a punição administrativa que tem como função sancionar o servidor público que comete o ilícito na esfera administrativa, que independe das sanções que porventura aparecerão nas outras esferas processuais (civil e penal). Palavras-chave: Responsabilidade administrativa. Servidor público. Punições administrativas. ABSTRACT Analysis of the administrative responsibility of public servants that goes far beyond the Administrative Misconduct Law and punishments that emanate from it. The server is also responsible for administrative torts related to wrongful act or omission, negligence or willful misconduct and damage. There are administrative punishments which function is to punish the public servant who commits the offense at the administrative level, which is independent of the sanctions that will appear on other procedural spheres (civil and criminal). Keywords: Administrative responsability. Public server. Administrative punishments.
INTRODUÇÃO O presente tema decorre da percepção de que a responsabilidade administrativa é negligenciada nas obras que tratam sobre o direito administrativo de um modo geral, pois dentre as quatro possibilidades de infrações passíveis ao servidor público, quais sejam: civil, criminal, administrativa e improbidade, dá-se normalmente maior importância à última. Esse destaque maior sobre o que decorre da improbidade administrativa se deve por essa envolver casos relacionados ao enriquecimento ilícito tão ligado aos escândalos de corrupção constantes no Brasil. Porém a doutrina jurídica não pode abster-se de comentar sobre as demais responsabilidades. Para iniciar a compreensão da responsabilidade administrativa é essencial buscar como se conceitua a mesma. O presente artigo trará em destaque o conceito de Hely Lopes Meirelles e o de José Carvalho Filho, como forma de exemplificar a compreensão do tema para os juristas. Posteriormente serão evidenciadas as formas de punição administrativa e sua natureza, bem como quais as possibilidades de extinção da punibilidade. São essas: cumprimento da pena (em regra), prescrição e através do perdão por parte da administração pública. Não se esquecendo de relacionar o tema aos princípios que devem nortear a atividade pública e as sanções ocasionadas pelo descumprimento de alguma norma. Chegando ao final com a conclusão do que fora observado nas leituras e no desenvolvimento da temática. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA Na responsabilidade em questão o servidor responde por atos ilícitos administrativos, por atitudes relacionadas à ação ou omissão antijurídica, culpa ou dolo e dano. Cabe à autoridade competente apurar essa violação, permanecendo a mesma inerte ou omissa estará cometendo o crime de condescendência criminosa, com previsão legal no artigo 320 do Código Penal: Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 106 107
Alunos do Curso de Direito da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) Professor do Curso de Direito da Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
Como forma de embasar o processo de reconhecer esse conceito é importante buscar autores que trabalham a temática. Para Hely Lopes Meirelles (2013): “É a que resulta da violação de normas internas da Administração pelo servidor sujeito ao estatuto e disposições complementares estabelecidas em lei, decreto ou qualquer outro provimento regulamentar da função pública”. Trata-se de uma punição totalmente legal, afinal essa responsabilidade visa à aplicação da moralidade na administração pública considerando a proteção do interesse público. Princípios com os quais também se estabelece uma consideração acerca do tópico. Indo em busca de uma análise comparativa, temos que: Quando o servidor pratica um ilícito administrativo, a ele é atribuída responsabilidade administrativa. O ilícito pode verificar-se por conduta comissiva ou omissiva e os fatos que o configuram são os previstos na legislação estatutária. A responsabilidade administrativa deve ser apurada em processo administrativo, assegurando-se ao servidor o direito à ampla defesa e ao contraditório, bem como a maior margem probatória, a fim de possibilitar mais eficientemente a apuração do ilícito. Constatada a prática do ilícito, a responsabilidade importa a aplicação da adequada sanção administrativa. (CARVALHO FILHO, p. 827, 2014)
A partir das aludidas considerações bibliográficas entende-se que o referido contexto visa assegurar a ordem dentro do serviço público. Como ficou reiterado através do grifo de Carvalho Filho protege-se não somente o interesse público, mas também em conformidade com a constituição os direitos do indivíduo são levados em consideração no processo administrativo.
PUNIÇÃO ADMINISTRATIVA Também conhecida como punição disciplinar, caminha independentemente dos resultados de processos nas demais esferas. Esse entendimento está reforçado na citação a seguir: A punição administrativa ou disciplinar não depende de processo civil ou criminal a que se sujeite também o servidor pela mesma falta, nem obriga a administração a aguardar o desfecho dos demais processos, nem mesmo em face da presunção constitucional de não culpabilidade. Apurada a falta, pelos meios adequados (processo administrativo, sindicância ou meio sumário), o servidor fica sujeito, desde logo, à penalidade administrativamente correspondente. (MEIRELLES, p. 565, 2013) Não há, com relação ao ilícito administrativo, a mesma tipicidade que caracteriza o ilícito penal. A maior parte das infrações não é definida com precisão, limitando-se a lei, em regra, a falar em falta de cumprimento dos deveres, falta de exação no cumprimento do dever, insubordinação grave, procedimento irregular, incontinência pública; poucas são as infrações definidas, como o abandono de cargo ou os ilícitos que correspondem a crimes ou contravenções. (DI PIETRO, p. 686, 2014)
São ramos jurídicos específicos, sendo assim tem inclusive sua própria forma de lidar com as ilicitudes. Porém não deve deixar-se de frisar o que dispõe a lei 8112/90 em seu artigo 126: “a responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria”. O aspecto supracitado é um ponto de confluência entre esses meios jurídicos. Destarte que a absolvição criminal só afasta a punição se restar provada, na ação penal, a inexistência do fato ou que o acusado não foi realmente autor. Porém o seguinte entendimento do STJ assegura: “se a punição estiver fundamentada na prática de crime contra a administração pública, este há que estar afirmado em sentença transitada em julgado”. Sendo assim, em medidas que não firam os direitos do indivíduo, por exemplo, a utilização de punições arbitrárias, poderá ser aplicada as sanções previstas legalmente. É necessário que o ente competente demonstre tão logo a legalidade da punição. Visão edificada por Hely Lopes Meirelles (2013): Na motivação da penalidade, a autoridade administrativa competente para sua aplicação deve justificar a punição imposta, alinhando os atos irregulares praticados pelo servidor, analisando sua repercussão danosa para o poder público, apontando os dispositivos legais ou regulamentares violados e a cominação prevista.
Com vistas a citação acima e ao ato de comprovar a previsão legal da punição, fica justificado o ato, e resguardado de revisão judicial, visto que ao judiciário só é permitido observar os aspecto legais. Não sendo permitido adentrar nos motivos da conveniência, oportunidade ou justiça das medidas da competência relativa ao executivo.
PRINCÍPIOS RELACIONADOS O sistema punitivo na Administração deverá atender a princípios específicos para a regular aplicação das sanções. Dentre eles temos: Princípio da adequação punitiva (ou proporcionalidade), pelo qual se incumbe ao administrador certa margem de discricionariedade para compatibilizar a conduta e a sanção. Fora desse princípio, a punição é arbitrária e ilegal, passível de invalidação pela Administração ou pelo Judiciário. Outro é o princípio da motivação da penalidade,
necessário para apontar os elementos que comprovam a observância, pelo administrador, da correlação entre a infração funcional e a punição imposta. Por essa razão, em tais atos punitivos devem estar integrados os fatores apurados no processo administrativo-disciplinar, bem como os fundamentos jurídicos da punição, rendendo ensejo, por conseguinte, a que possam tais elementos ser aferidos no Poder Judiciário. Acrescente-se a esses o princípio do contraditório e da ampla defesa, fundado no art. 5º, LV, da CF, que, além de não poder ser postergado, deve incidir toda vez que a Administração aplica sanção a seus servidores. 597 Avulta, em consequência, que lei na qual seja prevista punição sumária qualifica-se como irremediavelmente inconstitucional. (CARVALHO FILHO, p. 780, 2014)
É possível compreender que mesmo o servidor sendo culpado, tendo cometido infração administrativa terá direitos assegurados através dos princípios do contraditório e da ampla defesa (artigo 5º, LV, da CF). Além desse, temos o princípio da proporcionalidade, o qual garante uma sanção equivalente à infração cometida. Em consonância aos princípios acima citados existe ainda o da legalidade e da proteção do interesse coletivo, porém os mesmos norteiam toda a matéria de direito administrativo.
EXTINÇÃO DA PENA ADMININSTRATIVA Ocorre com o seu cumprimento e de forma excepcional por meio da prescrição ou do perdão por parte da administração. Hely Lopes Meirelles (2013), ainda destaca: O cumprimento da pena exaure a sanção; a prescrição extingue a punibilidade, com a fluência do prazo fixado em lei, ou, na sua omissão, pelo da norma criminal correspondente; o perdão da pena é ato de clemência da administração e só por ela pode ser concedido em caráter geral (a que se denomina, impropriamente, “anistia administrativa” por lei de sua iniciativa, porque isto importaria cancelamento de ato do executivo que aplicou a sanção.
Vale ressaltar ainda nesse contexto que a pena expulsiva (demissão) é insuscetível de extinção, pois seus efeitos convergem-se no ato de sua imposição, fazendo cessar o vínculo funcional com a Administração. Diante do exposto é importante ressaltar o cumprimento da lei como essencial para a validação da extinção da punibilidade ou de uma possível execução. CONCLUSÃO O presente trabalho apresentou, de forma sucinta, uma abordagem acerca da responsabilidade do servidor público no exercício da função pública. Percebeu-se que sua responsabilidade não advém exclusivamente de uma ação, podendo ser consequência de uma inação ou omissão contrária à legalidade. Nesta esteira, verificou-se a magistral definição do doutrinador Hely Lopes Meirelles para o que seja responsabilidade administrativa, a saber, a violação de normas internas da Administração pelo servidor. Como não poderia deixar de ser, como consequência da violação de uma norma interna da Administração, surgem punições ao servidor infrator, ou seja, punições administrativas, que independem dos resultados de postulações em outras searas, como a civil ou penal. Mais uma vez foi crucial o ensinamento de Hely Lopes Meirelles, ao esclarecer a desnecessidade de a Administração aguardar o provimento de uma ação (seja ela no âmbito civil ou penal) para, desde logo, sujeitar o servidor à penalidade administrativa correspondente. Foi evidenciada a necessidade de a Administração permanecer adstrita a princípios basilares que regulem a aplicação de sanções, para que o Administrador não se exceda na aplicação da punição correspondente à infração cometida. Percebeu-se nítida preocupação com a segurança jurídica, ao se garantir ao servidor direitos para se defender de eventuais acusações por parte da Administração Pública. O Judiciário garante a todos, inclusive em processos administrativos, o direito à ampla defesa e ao contraditório. Por fim, em havendo infração administrativa por parte de servidor público, o direito estatal de punir o infrator não perdurará par sempre. Percebeu-se que o Estado poderá quedar-se inerte, deixando transcorrer in albis o prazo fixado em Lei para tomar as devidas atitudes, situação em que ocorre a extinção da punibilidade do agente. Também poderá o Estado mostrar clemência pelo servidor infrator, oferecendo o perdão administrativo.
REFERÊNCIAS BOCAFOLI, Amarilis Inocente. Responsabilidade administrativa dos funcionários públicos. São Paulo, 2010. CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 27. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Atlas, 2014.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2014. MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 39 ed. São Paulo: Malheiros, 2013.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Angélica Telles de Souza Pessoa108 Jeová dos Santos Silva¹ Letícia Cristina Ribeiro Rodrigues¹ Raimundo Nonato Serra Campos Filho109 Victor Santos Jacinto Pianco¹ RESUMO O controle externo dos gastos públicos é exercido pelo Trib’unal de Contas. No Brasil, existem o Tribunal de Contas da União e o Tribunal de Contas do Estado, que visam combater – principalmente – o desvio de verbas e bens públicos. É um órgão sui generis, cheio de peculiariadades e de extrema importância para a tentativa de construir uma pátria com transparência, garantindo a boa aplicação do dinheiro público, entre outras atribuições. Palavras-chave: Tribunal de Contas da União. Controle externo. Gastos públicos. ABSTRACT BRAZIL’S COURT OF AUDITORS External control of public expenditure is exercised by the Court of Auditors. In Brazil, the Court of Auditors of the Union and the State Audit Court, to combat - especially - the diversion of funds and public goods. It is a sui generis organ, full of diferences and extremely important for the attempt to build a country with transparency, ensuring the correct application of public funds, among other duties. Keywords: Brazil’s court of Auditors. External control. Public expenditure.
INTRODUÇÃO O direito administrativo, como uma vertente do Direito Público, visa garantir aos membros de um Estado a certeza de que o dinheiro público está sendo bem aplicado e que o patrimônio comum a todos está sendo resguardado. Para tanto, viu-se necessário, além da criação de normas que regrassem a utilização do dinheiro e bem público, a existência de órgãos que pudessem fiscalizar e assegurar a todos o cumprimento dos diplomas legais que versem sobre o assunto. O Tribunal de Contas é exemplo de um órgão público que se encarrega de observar se os administradores, escolhidos de forma democrática no país, estão agindo consoante o texto constitucional e infraconstitucional, além de fazer com que se cumpra a premissa de que o dinheiro do Estado deve ser utilizado de forma a beneficiar a sociedade e não em prol de si mesmo ou de terceiros. Não compete ao mencionado órgão condenar aqueles que porventura não administrem bem o que é público. A ele, de acordo com os princípios da legalidade, legitimidade e economicidade, cabe analisar de que forma os governantes estão aplicando o dinheiro e utilizando os bens em prol de uma sociedade mais justa e de melhor convivência para todos. HISTÓRICO O controle externo dos gastos públicos exercido pelo mundo é bastante heterogêneo, sendo difícil detectar um padrão. Mas em tese, ele é executado por um órgão colegiado (normalmente um Tribunal de Contas) ou por um órgão singular (controladoria-geral). Sobre o primeiro, existem aqueles que exercem função jurisdicional e aqueles que em que as decisões são submetidas à revisão judicial, como é o caso do Brasil, onde o TCU é vinculado ao poder Legislativo. Apesar de existir em nosso país a Controladoria-Geral da União, não se pode falar que o mesmo serve para o controle externo dos gastos públicos, pois sua função, além de natureza tipicamente disciplinar, relacionada à correição dos servidores públicos, é de exercer controle interno dos gastos públicos.
108 109
Alunos do Curso de Direito da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) Professor do Curso de Direito da Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
Desde o período colonial já se pensava em controle externo das atividades financeiras e monetárias no Brasil. Mas a ideia de Tribunal de Contas surgiu somente em 1826, gerando uma série de discussões sobre a necessidade ou não de implantação de um órgão examinador independente. Contudo, apenas com a queda do Império é que surge o Tribunal de Contas. Este órgão foi criado por influência do Ministro da Fazenda, Rui Barbosa, através do Decreto 966-A, de acordo com os princípios da autonomia, fiscalização, julgamento, vigilância e energia. Ficou institucionalizado, então, na Constituição Federal de 1891 no art. 89, dando-lhe competência para liquidar as contas da receita e verificar sua legalidade antes de serem prestadas ao Congresso Nacional. Houve inúmeras mudanças nas atribuições do TCU de acordo com a mudança nas Constituições, mas não resta dúvida que o referido diploma legal de 1988 trouxe mais ampliação no que diz respeito à jurisdição e competência do órgão fiscalizador. Recebeu poderes para exercer a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, (não obstante ser pessoa física ou jurídica, pública ou privada) quanto à legalidade, à legitimidade e à economicidade e a fiscalização da aplicação das subvenções e da renúncia de receitas, desde que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda.
COMPOSIÇÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS Sua composição encontra-se no art. 73 da CF/88. Fazem parte ministros indicados por critérios políticos, em caráter majoritário, e outros de origem técnica. O TCU é composto por nove ministros, onde seis são indicados pelo Congresso Nacional (três escolhidos pela Câmara dos Deputados e três escolhidos pelo Senado Federal) e três pelo Presidente da República. Dentre os indicados pelo Presidente da República, um é de livre escolha, o segundo é escolhido dentre os auditores do Tribunal e o terceiro dentro da carreira do Ministério Público especial que atua junto ao TCU. Cabe ressaltar que, apesar do TCU não fazer parte do Poder Judiciário, mas sim do Legislativo, os seus ministros são vistos à luz da CF/88 como se magistrados fossem (art. 73, §3), sendo equiparados aos ministros do Superior Tribunal de Justiça. Além dos ministros, compõem o TCU três auditores (art. 73, §4º CF/88), que possuem como principal atribuição substituição dos ministros, sendo chamados de ministros-substitutos. É o único cargo público onde a seleção é feita por concurso público em que seus ocupantes se tornam vitalícios com a posse. Além dos retro mencionados, existem também os membros do Ministério Público Especial de Contas; contudo, esses procuradores se submetem ao regime jurídico aplicável aos membros do Ministério Público comum, não se sujeitando, assim, hierarquicamente a qualquer autoridade do TCU. O MP/TCU é composto por um procurador-geral, três subprocuradores-gerais e quatro procuradores. Com o ingresso mediante concurso público para procurador, ascendendo através de promoção. Por fim, o TCU conta com mais de dois mil servidores concursados (Analistas de controle externo) atuando em sua atividade fim em todo o território nacional. Eles instruem todos os processos que tramitam no Tribunal e realizam todos os trabalhos de investigação sob responsabilidade do mesmo. FUNÇÕES BÁSICAS DO TCU O Tribunal de Contas da União (TCU) é instituição brasileira prevista na Constituição Federal para exercer a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e administração indireta, quanto à legalidade, à legitimidade e à economicidade e a fiscalização da aplicação das subvenções e da renúncia de receitas. Auxilia o Congresso Nacional no planejamento fiscal e orçamentário anual. Tanto pessoa física quanto pessoa jurídica, seja de direito público ou direito privado, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária tem o dever de prestar contas ao TCU. Conforme o art. 71 da Constituição Federal o Tribunal de Contas da União é uma instituição com autonomia administrativa, financeira e orçamentária. O tribunal não está ligado diretamente a nenhum poder, o que faz com que seja um órgão independente. Sua independência é comparada à do Ministério Público, um órgão que não está ligado a nenhum poder e exerce sua função constitucional. A atividade de fiscalização do TCU é denominada controle externo em oposição ao controle interno feito pelo próprio órgão sobre seus próprios gastos. Seu objetivo é garantir que o dinheiro público seja utilizado de forma eficiente atendendo aos interesses públicos.
As principais competências do Tribunal de Contas da União estão dispostas na Constituição Brasileira de 1988, e em instrumentos legais, que também atribuem atividades específicas ao TCU, como a Lei Complementar nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal) a Lei nº 4.320/1964 (Disposições sobre Direito Financeiro) e a Lei nº 8.666/1993 (Lei de Licitações e Contratos). Desta forma a função do TCU é exercer a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quando à legalidade, à legitimidade e à economicidade, além da fiscalização da aplicação das subvenções e da renúncia de receitas. Embaladas e divididas nas funções de fiscalização, consulta, informação, judicante, sanção, correção, normativa e de ouvidoria. Algumas de suas atuações assumem ainda o caráter educativo. Função de fiscalização É a forma de atuação pela qual são alocados recursos humanos e materiais com o objetivo de avaliar a gestão dos recursos públicos. Compreende a realização de auditorias e inspeções, por iniciativa própria, por solicitação do Congresso Nacional ou para apuração de denúncias em órgãos e entes da administração direta e indireta (no caso do TCU, dos três poderes). Dentro desta função, é examinada a legalidade dos atos de admissão e de aposentadoria, por exemplo, bem como, a aplicação das transferências de recursos federais aos municípios, o cumprimento da LRF (principalmente no que tange à despesa com pessoal), do endividamento público e ainda os editais de licitação, atos de dispensa e inexigibilidade. Assim a fiscalização é a forma de atuação pela qual são alocados recursos humanos e materiais com o objetivo de avaliar a gestão dos recursos públicos. Esse processo consiste, basicamente, em capturar dados e informações, analisar, produzir um diagnóstico e formar um juízo de valor. Podem ser feitas por iniciativa própria ou em decorrência de solicitação do Congresso Nacional. Há cinco instrumentos por meio dos quais se realiza a fiscalização: a) levantamento: instrumento utilizado para conhecer a organização e funcionamento de órgão ou entidade pública, de sistema, programa, projeto ou atividade governamental, identificar objetos e instrumentos de fiscalização e avaliar a viabilidade da sua realização; b) auditoria: por meio desse instrumento verifica-se in loco a legalidade e a legitimidade dos atos de gestão, quanto aos aspectos contábil, financeiro, orçamentário e patrimonial, assim como o desempenho operacional e os resultados alcançados de órgãos, entidades, programas e projetos governamentais; c) inspeção: serve para a obtenção de informações não disponíveis no Tribunal, ou para esclarecer dúvidas; também é utilizada para apurar fatos trazidos ao conhecimento do Tribunal por meio de denúncias ou representações; d) acompanhamento: destina-se a monitorar e a avaliar a gestão de órgão, entidade ou programa governamental por período de tempo predeterminado; e) monitoramento: é utilizado para aferir o cumprimento das deliberações do Tribunal e dos resultados delas advindos. Função de consulta Consiste na elaboração de pareceres prévios e individualizados, de caráter essencialmente técnico, acerca das contas prestadas, anualmente, pelos chefes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e pelo chefe do Ministério Público da União, a fim de subsidiar o julgamento a cargo do Congresso Nacional. Inclui também o exame, sempre em tese, de consultas realizadas por autoridades legitimadas para formulá-las, a respeito de dúvidas na aplicação de dispositivos legais e regulamentares concernentes às matérias de competência do Tribunal. Função Informativa Esta função é desempenhada mediante três atividades: envio ao Poder Legislativo de informações sobre as fiscalizações realizadas, expedição dos alertas previstos pela LRF e manutenção de página na Internet contendo dados importantes sobre a atuação do Tribunal, as contas públicas, dentre outros. E ainda a prestação de informações solicitadas pelo Congresso Nacional, pelas suas Casas ou por qualquer das respectivas Comissões, a respeito da fiscalização exercida pelo Tribunal ou sobre os resultados de inspeções e auditorias realizadas pelo TCU. Função Judicante A Constituição Federal confere aos Tribunais de Contas, observadas as peculiaridades de cada órgão, as mesmas atribuições reservadas aos tribunais judiciários, conforme o disposto no artigo 73: “O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96.” Nesse caso, pode-se dizer que o
próprio sistema normativo deferiu ao Tribunal de Contas poder jurisdicional, com apuração de fatos, julgamento com aplicação do direito (regularidade e/ou irregularidade) e irretratabilidade de efeitos (coisa julgada). No entanto, o título atribuído a esta função gera algumas controvérsias. É importante destacar que os Tribunais de Contas não exercem função jurisdicional. Quando a Constituição de 1988 dispõe, em seu art. 71, II, que compete ao TCU julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiro, bens e valores públicos, quer dizer que os Tribunais de Contas devem apreciar, examinar, analisar estas contas, até porque exercem, neste exame, função eminentemente administrativa. Esta apreciação pelo Tribunal de Contas está sujeita ao controle do Poder Judiciário em casos de vício de legalidade (jamais quanto ao mérito), não tendo o caráter definitivo que qualifica os atos jurisdicionais. Essa função, aqui chamada de judicante, é que viabiliza a imposição de sanções aos autores de irregularidades, como por exemplo, nos casos de infração à LRF. Por fim podemos dizer que se traduz no julgamento das contas dos administradores públicos e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos federais. Estes profissionais devem submeter suas contas ao TCU anualmente, sob a forma de tomada ou prestação de contas. Função Normativa Decorre do poder regulamentar conferido pela Lei Orgânica, que faculta a expedição de instruções, deliberações e outros atos normativos relativos à competência do tribunal e a organização dos processos que lhe são submetidos. Sendo assim o poder do TCU de expedir instruções e atos normativos, de cumprimento obrigatório, sob pena de responsabilização do infrator. Função de ouvidoria Consiste no recebimento de denúncias apresentadas pelo controle interno, por qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato. É aquele contato dos Tribunais de Contas com a sociedade anteriormente mencionado. A apuração destas denúncias será sigilosa, a fim de se proteger a identidade do denunciante e a própria honra e imagem dos envolvidos, até que seja tomada uma decisão. Assim por meio da ouvidoria o Tribunal recebe denúncias e representações relativas às irregularidades ou ilegalidades que lhe sejam comunicadas por responsáveis, autoridades ou por qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato. Função Sancionadora Função crucial para que o Tribunal possa inibir irregularidades e garantir o ressarcimento ao erário. Entre as penalidades normalmente aplicadas estão, por exemplo, a aplicação de multa proporcional ao débito imputado, multa por infração à LRF, afastamento do cargo de dirigente que obstrui a auditoria, decretação de indisponibilidade de bens por até um ano, declaração de inidoneidade para contratar com a administração pública por até cinco anos, declaração de inabilitação para o exercício de função de confiança, dentre outras. Note-se que a Constituição de 1988 prevê que as decisões do Tribunal de Contas que importarem em imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo (art. 71, §3°), o que tem gerado uma certa celeuma quanto à competência para sua execução. Há vozes sustentando que as mesmas deveriam ser executadas pelo próprio Tribunal de Contas, e não pelas Procuradorias de cada unidade federativa (e, no caso da União Federal, pela Advocacia-Geral da União), como é feito hodiernamente, em função do disposto nos artigos 131 e 132 da CR/88. O Supremo Tribunal Federal já teve a oportunidade de se manifestar sobre o tema e, em maio de 2002, no Recurso Extraordinário n° 223.037-1, decidiu, por unanimidade, em sentido contrário à promoção da execução judicial pela Corte de Contas, por ausência de previsão expressa sobre a matéria. Apesar deste precedente, acredita-se não ser esta uma decisão definitiva, principalmente em função da mudança de composição da Corte Suprema iniciada no ano de 2003. Voltando à questão da imposição de sanções pela Corte de Contas, faz-se oportuno frisar que não fica inviabilizada a aplicação de penalidades em outras instâncias como a cível, criminal e eleitoral. Assim, por exemplo, a Justiça Eleitoral pode tornar inelegíveis aqueles administradores que tiveram suas contas julgadas irregulares nos cinco anos anteriores ao pleito, independente da aplicação de multa ou imputação de débito. Por fim, manifesta-se na aplicação aos responsáveis das sanções previstas na Lei Orgânica do Tribunal (Lei nº 8.443/92), em caso de ilegalidade de despesa ou de irregularidade de contas. Função Corretiva Engloba dois procedimentos que se encontram encadeados (e que estão nos incisos IX e X do art. 71 da CR/88): a fixação de prazo para a adoção de providências que visem o cumprimento da lei e a sustação do ato impugnado quando não forem adotadas as providências determinadas. Em se tratando de contratos, a matéria deverá ser submetida ao Poder Legislativo. Se este não se manifestar em 90 dias, o Tribunal de Contas poderá decidir a questão. Dentro deste contexto podemos colocar o Tribunal de Contas da União atuando de forma educativa, quando orienta e informa sobre procedimentos e práticas eficazes de gestão, mediante publicações e realização de seminários,
reuniões e encontros de caráter educativo, ou, ainda, quando recomenda a adoção de providências, em auditorias de natureza operacional.
NATUREZA DO CONTROLE EXERCIDO PELO TCU De acordo com a CF/88 (art. 70) a fiscalização contábil, financeira e orçamentária compreende três aspectos: legalidade; legitimidade e economicidade. Levando em conta o referido diploma legal, o controle da legalidade compreende a verificação do cumprimento da lei, já o controle da legitimidade, a plena observância do ordenamento jurídico (FURTADO, 2009). O Supremo Tribunal Federal, inclusive, possui a Súmula nº 347 que reconhece aos Tribunais de Contas o poder para exame de constitucionalidade das leis e dos atos sujeitos à sua fiscalização, em função do controle da legalidade e da legitimidade, in verbis: O Tribunal de Contas, no exercício das suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do poder público.
Sobre o controle de economicidade, faz-se necessário analisar três aspectos: efetividade, eficácia e eficiência. A efetividade diz respeito à relação entre os resultados e os objetivos; a eficácia indica as metas alcançadas; já a eficiência apresenta a relação entre os resultados gerados por determinada atividade ou programa e os custos necessários à execução do mesmo. Pode-se concluir, então, que o controle de legalidade e de legitimidade exercido pelo TCU é pleno porque, além da fiscalização, o Tribunal dispõe de instrumentos para determinar a revisão dos atos ou atividades ilegítimas. Mesmo não sendo órgão vinculado ao Poder Judiciário, já que não tem o condão de condenar, mas apenas de analisar o que vem sendo feito com as verbas públicas, o STF já reconheceu o poder que o TCU possui de julgar a constitucionalidade das leis que tratam sobre a administração pública. Com base nisso, o Tribunal de Contas da União e também os Tribunais de Contas dos Estados possuem a prerrogativa de produzir acórdãos e jurisprudências, para uniformizar seus entendimentos com relação ao julgamento dos casos que a eles são levados. A seguir, exemplo de acórdão proferido pelo TCU que versam sobre a ilegalidade de atos administrativos: Acórdão 4091/2012 - Segunda Câmara REPRESENTAÇÃO. PREGÃO ELETRÔNICO PARA REGISTRO DE PREÇO. EXIGÊNCIA DE ATESTADOS DE CAPACIDADE TÉCNICA EM PERCENTUAL MÍNIMO DE 50% PARA TODOS OS ITENS LICITADOS. ILEGALIDADE. ACEITAÇÃO DE ATESTADOS DOS VENCEDORES EM DESACORDO COM O PRÓPRIO EDITAL. MALFERIMENTO DOS PRINCÍPIOS DA ISONOMIA E DA VINCULAÇÃO AO INSTRUMENTO CONVOCATÓRIO. APLICAÇÃO DE MULTA AOS RESPONSÁVEIS. DETERMINAÇÕES. PEDIDO DE REEXAME. CONHECIMENTO. NEGATIVA DE PROVIMENTO
Além da Súmula editada pelo STF, existe, ainda, jurisprudências que reafirmam a importância do Tribunal de Contas para uma melhor administração no país. Alguns casos precisam, primeiramente, serem analisados pelo Tribunal de Contas, e, somente após a sua análise, ser levado à instância jurisdicional competente para que haja julgamento. Nesse sentido, o STJ aduz: STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA AgRg no RMS 36287 DF 2011/0251302-7 (STJ) Data de publicação: 03/04/2012 Ementa: PROCESSO CIVIL. ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO. CONVERSÃO DE LICENÇA-PRÊMIO EM PECÚNIA. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. HOMOLOGAÇÃO DO ATO DE APOSENTADORIA PELO TCU. 1. Cuida-se, na origem, de mandado de segurança impetrado contra a todo Presidente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios que indeferiu o pedido administrativo da agravante, de conversão de licença-prêmio não gozada em pecúnia, ao argumento da prescrição do fundo de direito. 2. A Administração utilizou o período de licença-prêmio a que fazia jus a agravante, o qual foi desconsiderado pelo Tribunal de Contas da União - TCU - ao examinar o ato de sua aposentação. No caso vertente, o direito da agravante de requerer a conversão da licença-prêmio em pecúnia somente nasceu com a decisão do TCU, ao homologar o ato de aposentadoria, o que ocorreu em 2006.3. A jurisprudência deste Tribunal e a do Supremo Tribunal Federal são no sentido de que o ato de aposentadoria é um ato complexo, que somente se perfectibiliza com a homologação da aposentadoria pelo Tribunal de Contas da União.4. No caso, o termo inicial do prazo prescricional para requerimento da conversão da licença-prêmio em pecúnia iniciou-se no ano de 2006,ano em que o TCU homologou o ato de aposentadoria. Assim, tendo a agravante requerido administrativamente a conversão em pecúnia em2009, não se operou a prescrição sobre o direito pleiteado. Agravo regimental provido.
ATRIBUIÇÕES CONSTITUCIONAIS DO TCU O art. 71 da CF/88 indica os instrumentos por meio dos quais o controle externo será exercido e confere, de forma expressa, o desempenho desses instrumentos de controle ao TCU. Além das constitucionalmente conferidos, existem outras atribuições através de legislação extravagante. É o órgão que aprecia as contas do Presidente da República e elabora parecer prévio a ser analisado pelo CN. Procede, também, auditorias em todas as unidades administrativas dos Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo, bem como nas pessoas da Administração Indireta do Estado. Além disso, fiscaliza as contas nacionais das empresas supranacionais de que participe a União; fiscaliza a aplicação de recursos repassados pela União, concluindo sobre aspectos de legalidade, legitimidade e economicidade da aplicação; aprecia para fins de registro, a legalidade de atos de admissão de pessoal e as concessões de aposentadoria; aplica sanções aos responsáveis por conduta ilícita no processo de despesas públicas e fixa prazo para que órgãos e entidades adotem as providências exigidas para o cumprimento da lei; e, susta, no caso de nãoatendimento, a execução de ato impugnado, comunicando o fato à Câmara e ao Senado. Ainda é competência do TCU, de acordo com a Carta Magna brasileira, julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bem como as contas daqueles que provocarem a perda, o extravio ou outra irregularidade, causando prejuízo ao erário. Cabe ressaltar, que o julgar está no sentido de apreciar as contas, uma vez que só quem tem competência para julgar (denotativamente) é o poder Judiciário. Nesse sentido, José Cretella Júnior aduz: As decisões do Tribunal de Contas não são decisões judiciárias, porque ele não julga. Não profere julgamento nem de natureza cível, nem de natureza penal. As decisões proferidas dizem respeito à regularidade intrínseca da conta, e não sobre a responsabilidade do exator ou pagador ou sobre a imputação dessa responsabilidade.
CONCLUSÃO Não compete ao mencionado órgão condenar aqueles que porventura não administrem bem o que é público. A ele, de acordo com os princípios da legalidade, legitimidade e economicidade, cabe analisar de que forma os governantes estão aplicando o dinheiro e utilizando os bens em prol de uma sociedade mais justa e de melhor convivência para todos. Muito embora seja um órgão vinculado ao Poder Legislativo, os ministros do Tribunal de Contas da União são enxergados pela Carta Magna como se ministros do Superior Tribunal de Justiça fossem: com as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens. Conclui-se portanto a importância do referido órgão que serve como inspiração para promover ações contra aqueles que não utilizaram de forma correta o dinheiro pertencente a todos, dispondo de maneira errônea para sim, prejudicando a coletividade de forma geral, uma vez que o Tribunal de Contas é competente para julgar a constitucionalidade de leis (Súmula nº 347 do STF) mas não o é para julgar crimes de responsabilidade. REFERÊNCIAS BRASIL. Histórico do Tribunal de Contas da União. Brasil. 2014. Disponível em: http://portal2.tcu.gov.br/portal/page/portal/TCU/institucional/conheca_tcu/historia>. Acesso em: 20/05/2015.
<
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 22. ed. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris. 2009. CRETELLA JÚNIOR, José. Curso de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Forense. 1986. FURTADO, Lucas Rocha. Curso de Direito Administrativo. Belo Horizonte: Editora Fórum. 2007. MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 7. ed. São Paulo: RT, 2003. SOUSA, Alfredo José de et al. O Novo Tribunal de Contas: Órgão Protetor dos Direitos Fundamentais. 2. ed. Belo Horizonte: Editora Fórum, 2004.