All em revista volume 4, numero 1 janeiro março 2017

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ALL EM REVISTA REVISTA (ELETRÔNICA) DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS

EDITOR: LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536

2017 – ANO DE JOSUÉ MONTELLO

NÚMERO ATUAL - V. 4, N. 1, 2017 – JANEIRO A MARÇO SÃO LUIS – MARANHÃO


2014– ano de MARIA FIRMINA DOS REIS

2015 – ano de MÁRIO MARTINS MEIRELES

2016 – ANO DE COELHO NETO

2017 – ANO DE JOSUÉ MONTELLO


A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.

EXPEDIENTE ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS COMISSÃO DE BIBLIOGRAFIA CLORES HOLANDA SILVA Presidente COMISSÃO DE PUBLICAÇÃO E EVENTOS Presidente CONSELHO EDITORIAL Sanatiel de Jesus Pereira Presidente Aldy Mello de Araújo Dilercy Aragão Adler EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076 # (98) 8119 1322 ENDEREÇO ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS Palácio Cristo Rei – UFMA / Sala do Memorial Gonçalves Dias Praça. Gonçalves Dias, 351 - Centro: São Luís - MA. CEP: 65042-240. TELEFONES: (98)3272-9651/9659

ALL EM REVISTA Revista (eletrônica) da Academia Ludovicense de Letras A Academia Ludovicense de Letras – ALL –, fundada em 10 de agosto de 2013, “tem por finalidade o desenvolvimento e a difusão da cultura e da literatura ludovicense, a defesa das tradições literárias do Maranhão e, particularmente, de São Luís, a perpétua renovação e revitalização do legado da Atenas Brasileira, o culto às origens da cidade e à sua formação pelas letras, a valorização do vernáculo e o intercâmbio com os centros de atividades culturais do Maranhão, do Brasil e do exterior” (Art. 2º, do Estatuto Social). Em seu artigo 58, “Além de outras que venham a ser criadas, constituem o rol permanente das publicações oficiais da Academia a Revista, os Perfis Acadêmicos e a Antologia.”. Esta Revista, apresentada em formato eletrônico, destina-se à divulgação do fazer literário dos membros da Academia Ludovicense de Letras – ALL . Está dividida em sessões, que conterão os: DISCURSOS E PRONUNCIAMENTOS dos sócios da Instituição, e de literatos convidados, não pertencentes ao seu quadro social; ALL NA MÍDIA resgata as colaborações nas diversas mídias, quando identificados como membros da ALL; ARTIGOS, CRÔNICAS, OPINIÕES manifestas pelos membros da Academia; POESIAS de autoria de seus membros. Haverá uma sessão DE ICNOGRAFIA, registrandose as atividades da ALL, e aquelas em que seus membros tenham participado, assim como a divulgação de nosso CALENDÁRIO DE EVENTOS. Poderá, ainda, conter ASSUNTOS ADMINISTRATIVOS, referentes a questões estatutárias, regulamento, e avisos. As colaborações não poderão ultrapassar 30 laudas – formato A4, Times New Roman, em Word, espaço único, com ilustrações. Normas de publicação ABNT. Os contatos são feitos através de seu Editor, pelo endereço eletrônico vazleopoldo@hotmail.com

NOSSA CAPA: Escudo da ALL


ALL EM REVISTA Revista (eletRônica) da academia ludovicense de letRas ENDEREÇO PARA CORRESPONDENCIA: EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076 #

NUMEROS PUBLICADOS – ENDEREÇO ELETRONICO V.1, n. 1, 2014 (janeiro/março) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma V.1, n. 2, 2014 (abril/junho) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_ V.1, n. 3, 2014 (julho/setembro) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18 V. 1, n. 4, 2014 (outubro a dezembro). http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981 V. 2, n. 1, 2015 (janeiro a março) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no V. 2, n. 2, 2015 (abril a junho). http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no_ad17bb277a03b8 V. 2, n. 3, 2015 (julho a setembro) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2_numero_3_ V. 2, n. 4, 2015 (outubro a dezembro). http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2__numero_4 V.3, n.1, 2016 (janeiro a março) https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email V.3, n.2, 2016 (abril a junho) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195118.compute-1.amazonaws.com V.3, n.3, 2016 (julho a setembro) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__numero_3?workerAddress=ec2-54-209-15202.compute-1.amazonaws.com V.3, n.4, 2016 (outubro a dezembro) https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__numero_4


ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS Fundada em 10 de agosto de 2013 Registrada sob no. 48.091, de 09 de janeiro de 2014 – Cartório Cantuária de Azevedo CNPJ 20.598.877/0001-33 DIRETORIA 2016-2017

Presidente -

DILERCY ARAGÃO ADLER

Vice Presidente – SANATIEL DE JESUS PEREIRA Secretário Geral – CLORES HOLANDA SILVA 1º Secretário –

MÁRIO LUNA FILHO

2º Secretário –

DANIEL BLUME DE ALMEIDA

1º Tesoureiro –

RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO

2º Tesoureiro –

RAIMUNDO GOMES MEIRELES

CONSELHO FISCAL

ROQUE PIRES MACATRÃO (Presidente) ÁLVARO URUBATAM MELO MICHEL HERBERT FLORENCIO

CONSELHO DOS DECANOS DECANO CONSELHEIRA CONSELHEIRO CONSELHEIRO CONSELHEIRO

ARTHUR ALMADA LIMA FILHO - 17.10.1929 MARIA THEREZA DE AZEVEDO NEVES – 12.11.1932 ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO - 08.11.1934 ROQUE PIRES MACATRÃO - 13.11.1935 JOSÉ DE RIBAMAR FERNANDES - 30.01.1938

CONSELHO EDITORIAL SANATIEL DE JESUS PEREIRA - Presidente ALDY MELLO DE ARAÚJO - Membro DILERCY ARAGÃO ADLER - Membro

EDITOR DA ALL EM REVISTA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

CADEIRA 21 Prefixo Editorial 917536


PATRONOS E FUNDADORES CADEIRA

PATRONO CLAUDE D’ABBEVILLE

FUNDADOR ANTONIO NOBERTO

ANTÔNIO VIEIRA

JOÃO BATISTA ERICEIRA

MANUEL ODORICO MENDES

SANATIEL DE JESUS PEREIRA

FRANCISCO SOTERO DOS REIS

ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO

JOÃO FRANCISCO LISBOA

RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO

CÂNDIDO MENDES DE ALMEIDA

ROQUE PIRES MACATRÃO

01

02

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05

06


07

ANTÔNIO GONÇALVES DIAS

WILSON PIRES FERRO

08

MARIA FIRMINA DOS REIS

DILERCY ADLER

09

ANTÔNIO HENRIQUES LEAL

VAGA

10

JOAQUIM DE SOUSA ANDRADE (SOUSÂNDRADE)

VAGA

11

CELSO TERTULIANO DA CUNHA MAGALHÃES

ANDRÉ GONZALEZ CRUZ

12

JOSÉ RIBEIRO DO AMARAL

MICHEL HERBERT ALVES FLORENCIO


13

ARTUR NABANTINO GONÇALVES DE AZEVEDO

VAGA

14

ALUÍSIO TANCREDO GONÇALVES DE AZEVEDO

OSMAR GOMES DOS SANTOS

15

RAIMUNDO DA MOTA DE AZEVEDO CORREIA

VAGA

16

ANTÔNIO BATISTA BARBOSA DE GODOIS

AYMORÉ DE CASTRO ALVIM

17

CATULO DA PAIXÃO CEARENSE

RAIMUNDO GOMES MEIRELES


18

HENRIQUE MAXIMIANO COELHO NETO

ARTHUR ALMADA LIMA FILHO

19

JOÃO DUNSHEE DE ABRANCHES MOURA

JOÃO FRANCISCO BATALHA

20

JOSÉ PEREIRA DA GRAÇA ARANHA

ARQUIMEDES VIEGAS VALE

21

MANUEL FRANCISCO PACHECO (FRAN PAXECO)

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

22

JOSÉ AMÉRICO OLÍMPIO CAVALCANTE DOS ALBUQUERQUES MARANHÃO SOBRINHO

VAGA


23

DOMINGOS QUADROS BARBOSA ÁLVARES

ÁLVARO URUBATAM MELLO

24

MANUEL VIRIATO CORRÊA BAIMA DO LAGO FILHO

VAGA

25

LAURA ROSA

VAGA

26

RAIMUNDO CORRÊA DE ARAÚJO

VAGA

27

HUMBERTO DE CAMPOS VERAS

JOSÉ DE RIBAMAR FERNANDES

28

ASTOLFO HENRIQUE DE BARROS SERRA

VAGA


29

MARIA DE LOURDES ARGOLLO OLIVER (DILÚ MELLO)

VAGA

30

ODYLO COSTA, FILHO

CLORES HOLANDA SILVA

31

MÁRIO MARTINS MEIRELES

ANA LUIZA ALMEIDA FERRO

32

JOSUÉ DE SOUZA MONTELLO

ALDY MELLO DE ARAUJO

33

CARLOS ORLANDO RODRIGUES DE LIMA

PAULO MELO SOUSA MELO SOUSA

34

LUCY DE JESUS TEIXEIRA

VAGA


35

DOMINGOS VIEIRA FILHO

VAGA

36

JOÃO MIGUEL MOHANA

RAIMUNDO DA COSTA VIANA

37

MARIA DA CONCEIÇÃO NEVES ABOUD

VAGA

38

DAGMAR DESTÊRRO E SILVA

VAGA

39

JOSÉ TRIBUZI PINHEIRO GOMES (BANDEIRA TRIBUZI)

JOSE CLAUDIO PAVÃO SANTANA

40

JOSÉ RIBAMAR SOUSA DOS REIS

VAGA


SUMÁRIO 4 13

EXPEDIENTE SUMÁRIO A VISTA DO MEU PONTO Leopoldo Gil Dulcio Vaz (Editor) AGENDA

17 20

PAULO MELO SOUSA TRÊS POETAS E UM DESTINO FLAEMA 2017 - INSCRIÇÕES ATÉ 28 DE FEVEREIRO VESPASIANO RAMOS GANHA BIOGRAFIA DE JORNALISTA EM PORTO VELHO (RO) FERNANDO BRAGA Apresentação do livro “Rio Conjugal”, de Kissyan, Castro,enfeixado em “Toda Prosa”, tomo III, de “Travessia” RIO CONJUGAL NAS NÚPCIAS DO SINAL DA CRUZ! REVISTA LITERATURA ARTIGO DE JOSÉ NERES SOBRE MARIA FIRMINA DOS REEIS Casa de Cultura Josué Montello fechando a programação do dia 09 de março. DIA INTERNACIONAL DA MULHER, DIA MUNDIAL DA POESIA E 14º ANIVERSÁRIO DO LICEO POÉTICO DE BENIDORM/ESPANHA ASSEMBLÉIA GERAL 11/03 O MELHOR DO CHORINHO E DO JAZZ NO CARDÁPIO DO TABERNA DA BOSSA 7º volume das COLETÂNEAS ELOS LITERÁRIOS Escritores homenageados: João Francisco Batalha – São Luís – MA FERNANDO BRAGA VISITARÁ SETÚBAL FERNANDO BRAGA O MASSACRE DE ALTO ALEGRE FESTIVAL DO POEME-SE REVELA NOVOS NOMES NA LITERATURA MARANHENSE RELAÇÃO DOS POEMAS PREMIADOS 1º Lugar: CONFISSÃO Adriana Gama de Araújo 2º Lugar: SUBVERSILHA Paulo Roberto Silva Freire 3º Lugar: DEVORAMENTOS Nilson Carlos Costa de Souza Filho RICARDO LEÃO O RUGIDO DO LEÃO A QUESTÃO DO COMÉRCIO POPULAR EM SÃO LUÍS A MORTE DO POEMA

21 23 24

III ENCONTRO NACIONAL DA SOCIEDADE DE CULTURA LATINA DO BRASIL JOÃO FRANCISCO BATALHA VIANA – UM SHOW DE CIVILIDADE ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO

61

MEMBROS DA ALL NO 24 BIL NA BERLINDA DILERCY ARAGÃO ADLER "Caras da poesia maranhense contemporânea" Dilercy Adler, por Selmo Vasconcelos ESCRITORES INDICADOS À MEDALHA DE OURO "ESPÍRITO SANTO DAS ARTES - A.E.A.C.-2017 DIÁLOGOS E DEBATES NA A.E.A.C / LOCAL CIEP121-PROF JOADÉLIO CODEÇO -MARAMBAIA-SÃO GONÇALO /RIO DE JANEIRO –BRASIL III ENCONTRO NACIONAL DA SOCIEDADE DE CULTURA LATINA DO BRASIL

68 70 71

ANA LUIZA ALMEIDA FERRO PREMIAÇÃO NO RECIFE Helvetia Edições - Escritora Ana Luiza Almeida Ferro, de São Luis do Maranhão, apresentando sua obra O náufrago e a linha do horizonte. REVISTA POÉTICA BRASILEIRA

79

25 27

28 41 44 45 46 47 49

55

68


Uma publicação do jornalista e editor-sênior Mhario Lincoln / ANA LUIZA FERRO ESTRÉIA COM TEXTO EXUBERANTE ESSAS MULHERES EXTRAORDINÁRIAS... / ANA LUIZA ALMEIDA FERRO Ipsis Literis MHARIO LINCOLN - Posse na Academia POSSE NA CADEIRA Nº 12 DA ACADEMIA MARANHENSE DE LETRAS MÁRIO LUNA FILHO Dicionário de poetas caxienses DANIEL BLUME Na antologia poética portuguesa ARTELOGY Lisboa. Mestrado CERES COSTA FERNANDES I ANTOLOGIA DA ACADEMIA ESTUDANTIL DE ARTE CONTEMPORÂNEA - A.E.A.C. PAULO MELO SOUSA POETAS DO MARANHÃO ANTONIO NOBERTO O POTENGI E O RIFOLES LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ O POTENGI, O RIFOLES E A OCUPAÇÃO DO MARANHÃO ARQUIMEDES VALE. Encerramento da Residência Médica 2014-2016 - HUUFMA. Palestra do confrade Arquimedes Vale: Epistemologia da Praxis Médica. REVISTA CULTURAL LUDOVICENSE - SÃO LUÍS 400/2012. ARNO WEHLING É ELEITO PARA ABL EFEMÉRIDES 02/02/ 1927 – NASCIMENTO DE JOSÉ TRIBUZZI PINHEIRO GOMES – BANDEIRA TRIBUZI – CADEIRA 39 LOUVAÇÃO A TRIBUZI FERNANDO BRAGA 08/03/1874 - Nascimento de MANUEL FRAN PAXECO - Cadeira 21 FRAN PAXECO E A FUNDAÇÃO DA FACULDADE DE DIREITO DO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ ELZA PAXECO GATO PRETO EM TELHADO DE ALFAMA 2017 – ANO DE JOSUÉ MONTELLO BIOBIBLIOGRAFIA ALDY MELLO· JOSUÉ MONTELLO: O ESCRITOR JOSUÉ MONTELLO PARA COMPREENDER JORGE AMADO MANOEL DOS SANTOS NETO FLÁVIO DINO ANUNCIA CELEBRAÇÃO DO CENTENÁRIO DE JOSUÉ MONTELLO ARTIGOS, & CRONICAS, & CONTOS, & OPINIÕES ALDY MELLO NAVEGABILIDADE DO GOVERNO E ANO NOVO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ AS CAVALHADAS E O MARANHÃO ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO USOS E COSTUMES JOÃO FRANCISCO BATALHA UMA VIAGEM CONFORTÁVEL JOÃO BATISTA ERICEIRA 2016 TERMINOU DIA 31? ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A CONJUNTURA ALDY MELLO MARCAS DO SÉCULO XXI E ANO NOVO ÁLVARO URUBATAN (VAVÁ MELO) EVANDRO SARNEY – UM PERDULÁRIO DO TALENTO AYMORÉ ALVIM O CÚMULO DA FATALIDADE ALDY MELLO TROFÉU MIRANTE: UM EXEMPLO A SEGUIR

88 90

93 94 96

97 109

110 111 112

113

114 128 129 130 139 140 143 145 146 147 149 150 151 152 153 154 156 157


ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO TÓPICOS RELEVANTES

158

SISTEMA NERVOSO? CHOQUE NELE

159

AMOR NA PRIMAVERA.

161

UM SHOW DE CIVILIDADE

162

A REVOLUÇÃO DO NOVO

163

SANTINHA... QUEM DIRIA!

164

TÓPICOS RELEVANTES – II

166

NAS ASAS DA PAIXÃO

167

CARNAVAL COM RUM MONTILA E COCA-COLA

170

TÓPICOS RELEVANTES – III

171

O FANTASMA DO CARNAVAL.

172

AYMORÉ ALVIM AYMORÉ ALVIM JOÃO FRANCISCO BATALHA ALDY MELLO AYMORÉ ALVIM ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO AYMORÉ ALVIM HAMILTON RAPOSO ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO AYMORÉ ALVIM ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO 175 AYMORÉ ALVIM AGORA, É CINZAS

174

O FANTASMA DO CARNAVAL

177

FLUTUANDO EM PAZ

179

A LEI CAPIVARA E ARGEMIRO

180 182

CARAS DA POESIA MARANHENSE CONTEMPORÂNEA

183

BIOBIBLIOGRAFIA

188 189

AYMORÉ ALVIM. EDMILSON SANCHES AYMORÉ ALVIM SOBRE POETAS & POESIAS ANTONIO AÍLTON ANTONIO AILTON MHARIO LINCOLN AH! MINHA PAZ... A FORÇA DO AMOR POR UMA MULHER FERNANDO BRAGA

192 PERCURSO DE SOMBRAS

ANTONIO AÍLTON SANTOS SILVA A INCURSÃO FORTUITA DE OUROBOROS

194

A OFICINA DA ANGÚSTIA

199

O VERDADEIRO SABER ETERNA ALIANÇA O MILAGRE DA TRANSFORMAÇÃO

201

VALENTINE

204

ESPAÇO FEMININO MULHER EGO FEMININO DIFÍCIL ESPERA A ESSÊNCIA INVISÍVEL DO “ELA” PUDOR FEMININO E MASCULINO ELAS E ELE GENTE OU OBJETO

205

RICARDO LEÃO MICHEL HERBERT FLORENCIO

TERESINKA PEREIRA DILERCY ADLER


ATO DO AMOR FRAGMENTOS DE MULHER SER MULHER FÊMEA HUMANA GUERRA DOS SEXOS BUSCA DE MIM MARLENES MEU CORPO MULHER PRIVILEGIADA ABELHA MULHER REPÚDIO AO ESTUPRO VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES A SUAVIDADE DA FOLHA

216

MARIO LUNA FILHO

CIRANDA 217 218

ANTOLOGIA LUDOVICENSE RAIMUNDO FONTENELE LUÍS AUGUSTO CASSAS, À CAÇA DO ANJO

219

LENITA ESTRELA DE SÁ

225

FERNANDO BRAGA Liberdade Longe noturno Linhas sobrepostas ao plano No campo da memória Ah! minha cidade! Poema essencial Pesca com meu filho Na madrugada em que José Ribamar de Silveira foi voar na zona do meretrício e teve as asas derretidas pelo luar de prata de São Luís. O homem em círculo Sonho de um talvez O que somos A dimensão do tempo EXERCÍCIO DO AVESSO ALÉM DO VERBO

226

Homenagem de "O Imparcial" - Retrato da História ZENILTON DE JESUS GAYOSO MIRANDA

LILIAN LUCIA PORTO RIBEIRO DA SILVA AS PALAVRAS PELOS & APELOS DIREITO & LITERATURA

235 236

LUIS AUGUSTO GUTERRES DANIEL BLUME TRANSIÇÃO NA OAB

237


A VISTA DO MEU PONTO INICIAMOS mais um ano, e um novo número da “ALL EM REVISTA”, previsto, este também, em quatro números, correspondentes aos trimestres do ano, sendo n. 1 janeiro-março; n. 2 abril-junho; n. 3 julho-setembro; n. 4 outubro-dezembro. Em que pese o sucesso da publicação, com uma média de 15 mil baixas na internet, em vários países ao redor do mundo, continua a sofrer críticas; alguns consideram que tudo o que é publicado pelos membros ou alguns de nossos ‘sócios-atletas’ eleitos, não deveriam constar da mesma, por se tratar de ‘artigos’ sem grandes pretensões literárias; ‘apenas’ memórias ‘pessoais’... Considero que ‘essas memórias pessoais’ dão ensejo ao resgate da vida que se leva, ou se levou, e as lembranças de um tempo que não mais vai voltar, esseciais para os futuros escrivinhadores; relatam um tempo vivido, uma forma de se relacionar com o entorno, e servem de registro que irão possibilitar o resgate da História de uma vida privada... servirá, por fim e si, de basee para narrar um romance, uma crônica, uma reflexão... Mesmo aqueles que reflete o pensamento econômico, ou mesmo jurídico... quais as angustias de nosso tempo vivido? O que nos preocupa? O que levou àqueles acontecimentos e o reflexo na vida particular de cada, e como foi sentido... Ao colocar meu pensamento e reflexões, emito minha opinião. E nisso, não admito censura! Como querem fazer, ao pedirem que ameniza o que digo, disfarce, não deixe transparecer alguma contrariedade... ‘pinte a tela apenas com cores alegres’... deixe as contrariedades de lado, ‘não lave roupa suja’, como se tudo esteja correndo as mil maravilhas, sem discussões, se submetendo à vontade de poucos... a vida não é assim, e se faz do confronto dos contrários... Como gritaram nas ruas: ‘censura, nunca mais’... não me submeto e tenho minhas opiniões... mas não revido, quando derrotado, aceito a opinião da maioria, democrática, quando tomadas; não ajo voltando sempre à mesma tecla, quando ‘minha’ opinião – meu desejo – não é aceto pela plenária, até reverter a situação naquilo que é ‘meu desejo e vontade’, mesmo contrariando a todos... Interessante, que reclamam, esperneiam, tentam me fazer mudar de idéia, quanto ao ‘lavar a roupa suja em publico’, mas não oferecem alternativa, nem se propõem a fazer a revista... que deveria ‘apenas’ refletir o ‘pensamento oficial’. Mas esta coluna é opinativa, e reflete o pensamento de seu autor, por isso o titulo de ‘a vista do meu ponto’; não é o pensamento oficial!!! Desde o inicio propus ‘uma palavra do Presidente’, que nunca foi utilizado! Cabe lembrar que, quando autorizado a construir uma revista, foi autorizado apenas uma eletrônica, oficiosa!!! Não é ‘a oficial’, que deveria ter uma periodicidade, ao menos, semestral, e aparecer em papel, por uma Comissão própria, definida estatutariamente. Nunca funcionou, a tal da Comissão, e nem a revista – que deveria estar já com pelo menos seis números publicados, apareceu no universo literário ludovicense/maranhense... Daí faço minha parte, da forma como foi proposta, e aprovada, com inteira liberdade e independência... se não está servindo... Mas vamos em frente. Antes de a colocar ‘na nuvem’, submeto à apreciação da Presidencia e da Comissão Editorial. Como não se dão ao trabalho de lê-la, não emitem parecer, favorável ou não, daquilo que consta de seu conteúdo e, como tenho prazo – todo ultimo dia do trimestre referente – não aparecendo o dito parecer, a coloco no ar. Depois é que vêem as críticas e ‘censuras’... Aguardemos as ‘bombas’ que virão, sobre minha opinião... lembro, são opiniões e minhas, e abaixo assinadas! Neste principio de ano, a primeira Assembl´peia Geral aconteceu em 11 de março; ficou decidido que este ano seria dedicado à Josué Montello. Foi aprovada a programação para 2017... e feita a eleição pendente. Até o momento, por estar fora de São Luis e não ter ido votar, nem mandei o voto por correspondência, ainda não sei que foi o eleito/a eleita... Falhas na comunicação... Mas como no Maranhão o ano só começa após o Carnaval, aguardamos o inicio do ano, pois nesses três primeiros meses do ano... A Literatura Ludovicense volta à efervescer... além do grupo da Akademia dos Párias, redivivo e atuante aqui e em outras praças, Riba com seu Peme-se voltou à ativa: o grupo criado pelos poetas Ribamar Filho e Paulo Melo Sousa, em 1985 e que funcionou até 1994, agitando a cena literária maranhense com


leituras, recitais e performances de poesia, lançamento de livros e revistas, shows culturais, realização de encontros e de festivais de poesia. Estão promovendo o o III Festival de Poesia do Poeme-se, que neste retorno à ativa, agora promovida pela Livraria Poeme-se e pelo Coletivo Papoético, tem outras instituições patrocinando evento, como a Fundação Nagib Haickel, o deputado Bira do Pindaré e, claro, a Academia Ludovicense de Letras – ALL - “Uma das finalidades da ALL é apoiar eventos ligados à Literatura, por isso estamos atentos para sempre apoiar ações importantes como esta”, enfatizou a presidente da ALL, Dilercy Adler. O festival teve mais de cem participantes inscritos, dentre os quais 20 (vinte) foram selecionados. A Comissão Julgadora de melhores poemas foi integrada pelos poetas Paulo Melo Sousa, Celso Borges e Antônio Aílton, enquanto que a Comissão Julgadora de melhor intérprete formada pelos atores Urias de Oliveira e Tatiane Soares. Paulão e seu Coletivo Papoético também promoveu novo evento cultural. O Projeto Papoético foi criado em dezembro de 2010 pelo poeta, jornalista, professor, pesquisador de cultura popular e produtor cultural Paulo Melo Sousa. Frequentemente acontecem palestras ou bate-papos sobre literatura, artes visuais, teatro, dança, cinema, cultura popular, meio ambiente, comunicação, mídias livres, política, filosofia, sociologia, dentre outros temas, além de exibições de filmes, lançamentos de livros, realização de performances, pequenos shows musicais, exposições de artes visuais ou de fotografia, rodas de conversas, leituras de poesia, e tantas outras atividades culturais. Desta vez a atividade se denominou “Três poetas e um Destino”, homenagem a três grandes poetas do Maranhão recentemente falecidos: José Chagas, Nauro Machado e Ferreira Gullar. Outro evento, O MELHOR DO CHORINHO E DO JAZZ NO CARDÁPIO DO TABERNA DA BOSSA aconteceu também em março, com a realização de importante show musical, tendo no cardápio pérolas do jazz e do choro. Os músicos Danúzio Lima e Luís Junior, na companhia de convidados especiais,se apresentaram no bar Taberna da Bossa, na Praia Grande. Também promoção do Coletivo Papoético, capitaneado pelo poeta e jornalista Paulo Melo Sousa, e da Sociedade de Cultura Latina do Maranhão (SCL-MA), atualmente presidida por Melo Sousa. A sede nacional da SLC está com a sede em São Luis, presidida pela poetisa Dilercy Aragão Adler, também da ALL... No Dia Internacional da Mulher, a ALL - Academia Ludovicense de Letras – o Liceo Poético de Benidorm/Delegação do Maranhão e a Casa de Cultura Josué Montello – CCJM uniram-se nas Homenagem à mulher, Dia Mundial da Poesia, e 14º aniversário do Liceo Poético de Benidorm/Espanha, realizado na Casa de Cultura Josué Montello; houve a Comunicação: A mulher na obra Montelliana: Genoveva Pia, vodúnsi, doceira e libertadora de escravos, proferiada pelo Prof. Mestre Gerson Carlos Pereira Lindoso, além do tradicional Recital de música e poesia em homenagem à Mulher e à Paz. Como sempre, só os de sempre: nossos sócios-atletas continuam os mesmos: Brandão, Aymoré, com suas colaborações semanais, publicadas na imprensa e nas redes sociais... capturamos também as atividades de nossas mulheres da academia, sempre na berlinda, Dilercy e Ana Luiza e Ceres e Clores; correndo por fora os homens, Luna, Daniel, Arquimedes, Batalha, Álvaro, Noberto, Michel, Aldy, e agora o Aílton (posse mês que vem...)... buscamos, também, outros colaboradores, como o Fernando Braga, o José Neres, Hamilton, Vanda... Boa leitura...

Leopoldo Gil Dulcio Vaz Cadeira 21, Editor Prefixo Editorial 917536


ESTATÍSTICA

Statistics All Publications últimos trinta dias (22/03/2017) Date Range Last 30 days Title

Reads

Impressions

Orig. Publish Date

All em revista volume 3, numero 4 outubro dezembro 2016 (2)

19

2,545

Dec 31, 2016

All em revista volume 3, numero 3 julho setembro 2016

15

3,351

Aug 28, 2016

All em revista volume 3, número 2 abril junho 2016

12

1,440

Jun 29, 2016

All em revista vol 3, no 1 jan março 2016

17

2,516

Mar 31, 2016

All em revista volume 2, numero 4 outubro dezembro 2015

7

670

Dec 29, 2015

All em revista volume 2 numero 3 julho setembro 2015

1

316

Sep 27, 2015

All em revista vol 2, no 2, abr/jun, 2015

2

198

Jul 5, 2015

All em Revista, vol 2, no. 1, março / 2015

10

536

Mar 29, 2015

ALL EM REVISTA, vol 1, n 4, set dez 2014

7

224

Jan 1, 2015

All em revista vol 1, n 3, julho setembro 2014

2

274

Sep 28, 2014

All em revista volume 1 numero 2 junho 2014

2

54

Jul 28, 2014

All em revista volume 1 numero 1 março 2014

1

105

Jun 14, 2014


AGENDA


TRÊS POETAS E UM DESTINO PAULO MELO SOUSA O Coletivo Papoético realizou a 27 de dezembro, no bar Taberna da Bossa, na Praia Grande, mais um evento cultural. Desta vez a atividade se denominou “Três poetas e um Destino”, homenagem a três grandes poetas do Maranhão recentemente falecidos: José Chagas, Nauro Machado e Ferreira Gullar. “A cultura maranhense perdeu, num espaço de tempo de apenas anos, três grandes expoentes de uma geração que nos legou, ainda, Bandeira Tribuzi, precocemente falecido. Tais poetas tiveram um mesmo destino, a poesia, e esta ação cultural, que pretende reunir poetas, escritores e a comunidade em geral, é uma justa homenagem a esses grandes representantes da arte da palavra e que deixaram uma obra de grande envergadura intelectual”, diz o poeta Paulo Melo Sousa, articulador do Papoético. O Projeto Papoético foi criado em dezembro de 2010 pelo poeta, jornalista, professor, pesquisador de cultura popular e produtor cultural Paulo Melo Sousa. Frequentemente acontecem palestras ou bate-papos sobre literatura, artes visuais, teatro, dança, cinema, cultura popular, meio ambiente, comunicação, mídias livres, política, filosofia, sociologia, dentre outros temas, além de exibições de filmes, lançamentos de livros, realização de performances, pequenos shows musicais, exposições de artes visuais ou de fotografia, rodas de conversas, leituras de poesia, e tantas outras atividades culturais. Os encontros acontecem sempre a partir das 19 horas, reunindo um grupo de pessoas interessadas em participar de eventos culturais articulados pelo projeto, que visa garimpar e estimular a produção artísticocultural do Maranhão, facilitando o acesso de todos aos produtos culturais, de forma gratuita. Trata-se de um projeto democrático, aberto ao público, gratuito, com amplo escopo, centrado na discussão e aplicação de políticas públicas ligadas à cultura. O poeta José Chagas nasceu em Piancó (PB), em 29 de outubro de 1924. Mudou-se para o Maranhão e radicou-se nesta terra que adotou como sua desde jovem. Possui obras seminais, tais como “Os canhões do silêncio”, “Colégio do Vento”, “Os Telhados”, “Azulejos do Tempo”, “Apanhados do Chão”, dentre outros. Alguns de seus poemas foram musicados e viraram canções gravadas por cantores maranhenses e nomes importantes da MPB, no disco “A Palavra Acesa de José Chagas”. Nascido em São Luís do Maranhão a 02 de agosto de 1935, Nauro Machado construiu uma obra literária das mais respeitáveis dentro do atual contexto da literatura brasileira contemporânea. Filho de Torquato Rodrigues Machado e de Maria de Lourdes Diniz Machado, foi casado com a escritora Arlete Nogueira da Cruz, com quem teve um filho, Frederico Machado, cineasta e entusiasta da obra do pai. Sua biografia se confunde com sua criação poética, tendo exercido, com frequência, influência marcante sobre os novos poetas maranhenses. O discurso do poeta Nauro machado navega numa linguagem própria e original. O escritor pertenceu à geração que surgiu em meados dos anos 50 do século XX, sucedendo à de 45, e herdando desta última não só a preocupação com o estilo (característica mais clara), como também a visão altruísta do poeta e a atração pela beleza do aspecto formal do poema. Desde o momento em que foi publicado seu primeiro livro (“Campo sem Base”, de 1958), a poesia maranhense viu apenas pouquíssimos nomes brilharem com tanta intensidade quanto o dele. Ferreira Gullar nasceu em São Luís a 10 de setembro de 1930; foi poeta, escritor e teatrólogo maranhense. Faleceu no Rio de Janeiro no último dia 4 de dezembro. Considerado um dos maiores escritores brasileiros do século XX, era membro da Academia Brasileira de Letras, eleito em 2014. Com a publicação do seu livro “A Luta Corporal”, de 1954, obra na qual o poeta “implodiu a linguagem poética”, Gullar se associou ao grupo paulista que criou o Movimento da Poesia Concreta. Mais tarde, rompeu com o concretismo e escreveu o manifesto que fez surgir, em 1959, do movimento neoconcreto, que revelou nomes como os de Lygia Clark e Hélio Oiticica. Nesse mesmo ano publicou outro ensaio seminal sobre o movimento, “Teoria do Não Objeto”.


O evento “Três poetas e um Destino” aconteceru , 27 de dezembro, no bar Taberna da Bossa, que funciona de terça-feira a sábado, apresentando Chorinho, Bossa Nova, Jazz, Blues e Rock, com espaço aberto para canjas de músicos consagrados e apresentações de cantores alternativos. Foram lidos e interpretados poemas dos três poetas, exibição de filme (“Infernos”, de Frederico Machado, sobre o poeta Nauro Machado), audição de discos, depoimentos. A noite contou com uma apresentação do grupo Camerata Chorística, de música instrumental maranhense, idealizado no início de 2016, e que possui, em sua composição, os instrumentos pandeiro, flauta, violoncelo e violão de 7 cordas. Musicalmente, a ideia surgiu no importante contexto de valorização das identidades locais e nacionais, sem perder de vista o diálogo entre o erudito e o popular. O grupo é composto por músicos profissionais, reunidos em uma proposta comum, que é a divulgação do Choro. A Camerata Chorística é formada pelos músicos André Santos (flauta), Magno Jr. (violão), Renato Pinheiro (violoncelo) e Bruno Oliveira (percussão).


FLAEMA 2017 INSCRIÇÕES ATÉ 28 DE FEVEREIRO Para se inscrever na área da Literatura Maranhense, envie um e-mail com as seguintes informações para: flaema.org@gmail.com Seu nome e pseudônimo literário, se tiver. 1. E-mail de contato. 2. Telefone de contato (e whatsapp, se tiver). 3. Uma pequena apresentação sua conforme você deseja ser apresentado(a) ao público na nossa programação. 4. Uma fotografia sua. 5. O(s) título(s) da(s) obras que deseja expor para venda na FLAEMA. Pode participar com quantas obras quiser. 6. Para cada obra envie: imagem da capa, sinopse, Book Trailer (se tiver), Book Teaser (se tiver). 7. Para cada obra informe: Gênero literário, ano de edição, dimensões, número de páginas, ISBN, Editora (se editado pelo autor, informe), valor de venda ao público, número de volumes que pretende entregar à consignação para comercialização no evento através da AMEI (Associação Maranhense de Escritores Independentes) entidade parceira da FLAEMA para comercialização das obras literárias expostas no evento. 8. Se deseja realizar um lançamento (de uma obra original) na FLAEMA identifique qual será a obra (com todas as demais informações referentes às obras aqui solicitadas), só aceitamos obras inéditas para lançamento. Prioridade será dada ao lançamentos, os espaços residuais se os houver poderão ser dedicado a relançamentos. 9. Se desejar realizar um relançamento na FLAEMA identifique qual será a obra (com todas as demais informações referentes às obras aqui solicitadas). 10. Confirme que aceita doar um livro de cada título exposto, para sorteio durante o evento ou doação, posterior ao evento, para bibliotecas comunitárias ou escolares da rede pública municipal ou estadual de ensino. (pode ser mais de um, fica a critério). 11. Informe (se dispuser) quais os links para o seu site e/ou blog de autor, ou da obra (em site próprio ou da editora). 12. Se deseja realizar uma palestra, ou participar de uma mesa redonda, um bate-papo, participar de um sarau, informe-nos de sua disponibilidade e interesse indicando o(s) tema(s) e eventuais parceiros escritores nesse momento. Ficamos aguardando sua participação neste evento onde os Maranhenses estão Unidos na Arte e nos Livros. CONHEÇA QUEM FAZ A FLAEMA

José Viegas é um pesquisador, palestrante, filósofo e livre-pensador, escritor sob o pseudônimo de Soham Jñana, nascido em Portugal, em 1959. Radicado em França de 1963 a 1986. Filósofo autodidata (cursando como estudante livre as universidades de Paris VII e Paris-Asas). Empresário de 1987 a 2002. Palestrante de 2002 a 2005. Pesquisa desde 2005 sobre as origens do judaísmo, o Jesus histórico e a história do cristianismo, trabalho esse que resultou numa obra composta de 7 livros. Eleito presidente da AMEI Associação Maranhense de Escritores Independentes para o período de 2016 a 2020.


VESPASIANO RAMOS GANHA BIOGRAFIA DE JORNALISTA EM PORTO VELHO (RO) HTTP://HBOIS.BLOGSPOT.COM.BR/2017/02/VESPASIANO-RAMOS-GANHA-BIOGRAFIA-DE.HTML?SPREF=FB

O jornalista Júlio Olivar lança em março, em Porto Velho, o livro "O poeta que morreu de amor" (Editora Temática, 124 páginas) que conta a história do poeta Vespasiano Ramos. Nascido no estado do Maranhão, Vespasiano morreu em Porto Velho em 1916, aos 32 anos. Na época, ele estava lançando seu primeiro e único livro, "Cousa Alguma", que foi muito bem recebido pela crítica especializada do Brasil, principalmente na então capital da República, o Rio de Janeiro. Personalidade controvertida e boêmio inveterado, veio do Maranhão para Porto Velho fugindo de um amor mal resolvido pela sua musa inspiradora. Acabou sendo "vítima" deste sentimento quando enveredou pelas noites-semfim que o mataram aos poucos. A biografia está contextualizada à história da terra natal do poeta, Caxias (MA) - cidade em que também nasceu Gonçalves Dias e tantos intelectuais reconhecidos nacionalmente - e à formação da atual capital de Rondônia que tinha apenas um ano de instalação quando Vespasiano aqui aportou e morreu; faz um passeio pela vida sóciocultural e a relevância da presença do poeta naquela fase e nos anos que se seguiram em Porto Velho. "O poeta que morreu de amor" é o sexto livro de autoria de Júlio Olivar, atual presidente de Academia Rondoniense de Letras. A obra traz fotos, documentos e depoimentos inéditos, sendo prefaciada pelo jornalista Domingues Junior e apresentada pelo escritor William Haverly Martins.


FERNANDO BRAGA Apresentação do livro “Rio Conjugal”, de Kissyan, Castro, enfeixado em “Toda Prosa”, tomo III, de “Travessia”

RIO CONJUGAL NAS NÚPCIAS DO SINAL DA CRUZ! É certo, é verdadeiro e geograficamente perfeito que o Corda e o Mearim durmam no mesmo leito, um no outro; sei que andam os dois, a confabular suas muitas histórias, presenciadas pela fauna e flora, por homens, por Celenes e Caruanas e pelos manguezais, pelas lavadeiras e pela molecagem que neles ou nelas se acariciam em folguedos... Será que tem rio fêmea e rio macho, ou se pode prenominá-los como comum de dois? Ou têm a propriedade, como muitos elementos da natureza de terem os dois sexos, ou nenhum, como os anjos... Isso o poeta Kissyan Casto, neste seu fantástico “Rio conjugal” determina com magia: que quer dizer/um rio no outro?/quem é a fêmea?/o fêmur? a fome?/um rio no outro/como um espinho/na inocência. Não sei e não sabemos o que tanto faz no percurso do caminho durante todo esse tempo, o que tanto conversam, se usam conceptivos, ou se na concepção do Criador são realmente conjugais, porque alma os dois têm, sofrem e choram, se alegram e riem, de tudo e com todos. Confabulam desde o principio do caos, e marcam encontros não passados vazios, sempre no mesmo tempo a ocuparem o mesmo espaço, estão lá eles, será que para um “coito nas águas”, e o poeta pleno de si e do plano, justifica-se: corda e mearim/o amor entre os dois/nada bemcorda e mearim destinos cruzados?/eu prefiro/o plano real/corda e mearim união estável?/comunhão de bens?/o mearim anda com o corda no pescoço/um rio em risco/outro em riste: siameses sísmicos O Mearim cheira a óleo, tem a consistência maior, é mais pesado, mais queimado pelo Sol, meio barrento como se vivesse, e vive, a defender-se pela vida, acostumado a brigar com valentes barrancas e é mais viageiro, enfim, um cavaleiro errante como Dom Quixote; o Corda cheira a mato, e vê a vida e suas circunstâncias através dos olhos de Sancho, por isso, mais lógico, é mais cristalino, cheio de pedras naturais e conchas a forrar-lhe o chão de areia, e seu corpo é mais frio... Por isso há entre os dois, moinhos de vento... O poeta Kissyan, como bom cordino, diz com legitimidade: rio eu/eu rio /rio eu riodifícil não rir/vivendo assim entre dois rios/um por um por si/dois por todos/se um pudesse/nenhunnenhum/seriasó para depois/sobrarem dois/de dois um/eu sou depois (corda e mearim/eu vos nomeio/viver assim:/com eu no meio) E mais... E bem ao que se espera do “coito das águas”, o Corda não se deixa abraçar, e os dois se cruzam sem se misturar, porque há qualquer coisa de pudor a atrapalhar, e com seu sorriso cristalino e seu manso deslizar, o Corda sai de mansinho a deixar o Mearim, não digo a ver navios, mas a um barquinho de papel que o poeta lá o colocou, ou se esqueceu... Falei em pudor, e com Kissyan no meio, ainda ficam a contemplá-los Maranhão Sobrinho e Olimpio Cruz, os quais felizes, a homenagear o simbolismo, trouxeram para o banquete visual, o poeta francês Marllamé. A Valença é do autor deste antológico trabalho poético, Kissyan Castro que confessa:


(maranhão sobrinho com os pés empoeirados – e mallarmé mofando na mala – sonhava no Rio o último natal. olímpio cruz com arroz e feijão de corda mearinhava versos adicionando nardo ao pardo no mearim) dois bardos /no corda bamba/dois quixotes /movidos a vento sonhando moinhos/entre esse dístico/no que me distingo? feito um bárbaro /eu reverbero versos/ao molho pardo) água para o mesmo asseio/seio para o mesmo sono ... Só não para o mesmo filho que nunca terão, como diria alguma metáfora do poeta Manuel Bandeira... Sei apenas que os dois, Corda e Mearim, saídos destes magníficos versos, não cruzam como as criaturas de Deus, que vivem em nosso Reino sob o Sol, como nos diz o Eclesiastes, mas se cruzam em Sinal da Cruz... E o poeta encerra-se, por enquanto, encerrando-me também aqui, porque minha alma é andarilha, se dana a correr-mundo, mas depois vai para Barra do Corda, presépio místico entre vales, a fervilhar em minha corrente sanguínea. Deixemos o poeta completar: barra barra/sei o que esta cidade/ insigne significa barra barra/e essa barba/por fazer (tens águas a granel/não deixes que levem teus barquinhos de papel) /barra barra que me berra versos/que não me alega a língua/em léguas de rios/ barra barra/ de bardos sem barco/de rimas sem barcas de liricas sem arco Tive nestes apontamentos de entrar no barco alegórico, cujo Timon vai às mãos competentes desse poeta fantástico que é Kissyan Castro, a quem tenho a honra e a suprema alegria de ter sido por ele convidado para tais alinhavos... Aqui está este maravilhoso “Rio conjugal”, carente de um trabalho mais profundo à luz da moderna poesia brasileira, porque o que disse foi em forma de fantasias à moda do poeta e do carnaval que se faz no tempo, a aproveitar não o “gancho”, mas o “anzol” que o poeta me deu, para parabenizá-lo mais uma vez pela beleza que ele soube imprimir em contraponto com o subjetivismo do seu grande talento,


JOSÉ NERES 27 de fevereiro de 2015 ·

Creio que essa revista não tenha chegado às nossas bancas (é mais fácil encontrar fofoca e pornografia vendem mais!!!!), mas nela há um artigo nosso sobre a vida e a trajetória literária da escritora e professora maranhense Maria Firmina dos Reis.


NA CASA DE CULTURA JOSUÉ MONTELLO fechando a programação do dia 09 de março. Tarde de trabalho agradável e produtiva! dia 02 de março de 2017,à tarde



DIA INTERNACIONAL DA MULHER, DIA MUNDIAL DA POESIA E 14º ANIVERSÁRIO DO LICEO POÉTICO DE BENIDORM/ESPANHA


PROMOTORES: Academia Ludovicense de Letras – ALL Liceo Poético de Benidorm/Delegação do Maranhão Casa de Cultura Josué Montello - CCJM.

COMEMORAÇÕES Homenagem à mulher, Dia Mundial da Poesia, 14º aniversário do Liceo Poético de Benidorm/Espanha Dia : 09 de março de 2017 Horário: 17h Local: Casa de Cultura Josué Montello Endereço: Rua das Hortas, 327- Centro. São Luís/Maranhão PROGRAMAÇÃO:

17h - Comunicação: A mulher na obra Montelliana: Genoveva Pia, vodúnsi, doceira e libertadora de escravos. Prof. Mestre Gerson Carlos Pereira Lindoso 17h30 Recital de música e poesia em homenagem à Mulher e à Paz Coquetel




DIA INTERNACIONAL DA MULHER








ASSEMBLÉIA GERAL 11/03




Projeto Papoético

O MELHOR DO CHORINHO E DO JAZZ NO CARDÁPIO DO TABERNA DA BOSSA No dia 7 de março, aconteceu importante show musical, tendo no cardápio pérolas do jazz e do choro. Os músicos Danúzio Lima e Luís Junior, na companhia de convidados especiais,se apresentaram no bar Taberna da Bossa, na Praia Grande. A promoção foi do Coletivo Papoético, capitaneado pelo poeta e jornalista Paulo Melo Sousa, e da Sociedade de Cultura Latina do Maranhão (SCL-MA), atualmente presidida por Melo Sousa. Danúzio Lima é filho do historiador Carlos de Lima (já falecido) e de dona Zelinda Lima (folclorista e pesquisadora de cultura popular). Nascido em São Luís 1953, é envolvido com arte desde cedo, com incursões pelo teatro e pelo rádio, mas começou a se dedicar à música somente aos 29 anos. De lá pra cá vem desenvolvendo um trabalho musical de primeira linha, e sempre que retorna a São Luís aproveita para realizar apresentações musicais. O flautista maranhense mora há vários anos fora do Brasil (radicado nos EUA há 30 anos), tendo se doutorado em Desenvolvimento Urbano em Paris. Atualmente ele faz parte do Clube do Choro de Miami. “Herdei um pouco de meu pai, isso, essa coisa muito inquisitiva, de querer saber mais, aprender mais, não bastou, até hoje estou aí caçando alguma coisa na música. Eu me considero muito mais um amante e incentivador do choro. Da música brasileira em geral, mas principalmente do choro”, informa o artista. Em novembro do ano passado, quando Danúzio Lima esteve em São Luís, havia a proposta da realização deste show. O flautista entrou em contato com o violonista Luís Junior, e a parceria foi formada. “Quando me mudei para Miami, existia um grupo lá chamado Aquarela, e o flautista vinha embora para o Brasil. O pessoal do choro me convidou para tocar, eu nunca tinha tocado, fui tirando de ouvido, toda semana tinha uma roda, eu ia, fui tirando o repertório, fui tirando as partituras, aí foi realmente que eu comecei a tocar mais, a me interessar mais, pesquisar, ler tudo sobre choro, entender que é um movimento muito maior, de afirmação nacional, de transformação da música europeia para a música brasileira, até se transformar na voz nacional; faço questão de tocar choro, sobretudo quando retorno à minha terra, em parceria com amigos músicos daqui”, diz Danúzio Lima. Luís Junior, músico, compositor, estuda violão desde os oito anos de idade. A bordo de um violão 7 cordas, passeia pelo choro, bossa nova, baião, boi de zabumba, tambor de crioula, investindo em todos os ritmos da cultura popular maranhense, e ainda interpreta Baden Powell, Paco de Luccia, João Pernambuco, Marco Pereira, Alessandro Penezzi,Luizinho 7 cordas, Sinhô, o João Pedro Borges, dentre outros. Luís Junior é um dos maiores talentos surgidos na música maranhense nos últimos anos. O Projeto Papoéticoé coordenado por um coletivo. Surgido em dezembro de 2010, criado pelo poeta, jornalista, pesquisador e produtor cultural Paulo Melo Sousa, sua proposta é realizar eventos culturais voltados para o setor da arte e cultura, envolvendo todos os segmentos ligados ao setor. A proposta é de gestão compartilhada, democrática, sob coordenação dos integrantes do Coletivo Papoético. Os encontros acontecem em espaços cedidos de forma gratuita. Por sua vez, a Sociedade de Cultura Latina do Maranhão foi criada em São Luís em 1997. Durante vários anos Paulo Melo Sousa foi Diretor Cultural da entidade, sendo atualmente o presidente da instituição. O bar, um descolado point da Praia Grande, foi inaugurado em dezembro de 2015. “Eu vivi, na época da universidade, uma grande efervescência na área da Praia Grande; então eu resolvi apostar num espaço que apresenta música de qualidade e um cardápio com rica diversidade, unindo cultura, música com estilos variados (jazz, bossa, dentre outros) e de qualidade, dando prioridade aos talentos do Maranhão”, declara Joberth Alves, proprietário do “Taberna da Bossa”.


7º volume das COLETÂNEAS ELOS LITERÁRIOS

Prezado Artista da Literatura: - Minha liberdade é escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo – Clarice Lispector. Com alegria, estamos captando textos para o 7º volume das COLETÂNEAS ELOS LITERÁRIOS, com a coordenação da Promotora Cultural Pérola Bensabath e edição da Editora Alternativa. Temas  - serão aceitos temas inéditos ou não, em prosa e verso. O prefácio estará a cargo do elo-escritor Daniel Lopes de Oliveira Escritores homenageados: - José Nedel – Porto Alegre - RS - João Francisco Batalha – São Luís – MA Capa – a cargo da elo-escritora e artista plástica Maria Teresa Marins Freire. Remessa de textos - os textos deverão ser remetidos para o endereço eletrônico: perolabensabath@hotmail.com, contendo título do texto, nome ou pseudônimo, endereço completo, e-mails e telefones, foto, além de uma minibiografia do autor. Contato: 71 - 33413719 Prazo final para remessa dos textos: 1º de agosto de 2017. Valor - preço por página: à vista - R$ 90,00 (com dois exemplares) ou duas parcelas de R$48,90 ou três de R$33,90, já com o custo adicional do boleto. Formas de pagamento: depósito bancário para pagamento a vista ou boleto para parcelamento. Exemplares extras poderão ser repassados por R$18,00 a unidade, desde que previamente reservados. O porte do correio é por conta do autor, com exceção do que estiverem no lançamento em Salvador. Lançamento da Coletânea – será em Salvador e no dia 24 de fevereiro de 2018 (sábado) e posteriormente na Feira do Livro de Porto Alegre. Pretendemos que a edição do volume 7 das COLETÂNEAS ELOS LITERÁRIOS possa apresentar, ao leitor, visões de mundo diversificadas dos autores e contar com a sua efetiva participação.


FERNANDO BRAGA VISITARÁ SETÚBAL

O nosso Amigo Fernando Braga, na sua vinda a Portugal, visitará Setúbal e, com a colaboração da LASA, apresentará duas obras suas: "Elmano, o injustiçado cantor de Inês" um ensaio em que aborda a vida e obra de Bocage e "Magma" a sua última Obra poética. Efectuará a apresentação a nossa Amiga Rosa Machado. Venha ao lançamento, no dia 10 de Setembro, às 17 horas, e lanche conosco na "Pastelaria Ritália e Bocage", não há que enganar é na Rua Marquesa do Faial, 10 (onde funcionou anteriormente o emblemático Restaurante Bocage), fica mesmo junto ao edifício da Câmara. [Escritor António Bento, 1º de setembro de 2014]


O MASSACRE DE ALTO ALEGRE FERNANDO BRAGA In “Toda prosa”, Tomo III de “Travessia”, em organização

Na contracapa deste depoimento lê-se que “na manhã de 13 de março de 1901, centenas de índios guajajaras atacaram a Colônia de São José da Providência, implantada cinco anos antes pelos religiosos capuchinhos italianos no povoado Alto Alegre, no sertão do Maranhão”, tragediando os municípios de Barra do Corda e Grajaú, abalando São Luis e repercutindo na sensibilidade do Papa Leão XIII que interpretou o doloroso acontecimento como “as primícias do século XX. Por uma feliz coincidência, um exemplar dessa preciosidade me foi presenteado pelo escritor e jornalista Antonio Carlos Lima, ex-Adido Cultural junto à Embaixada Brasileira em Santiago do Chile, na quietude aconchegante da Biblioteca Luis Viana Filho, do Senado Federal, justamente no último dia 13 deste março corrente, dia em que esse massacre de Alto Alegre aconteceu há cento e dezesseis anos. Este livro teve a chancela do Conselho Editorial do Senado Federal sob a direção dos meus queridos amigos e conterrâneos, Senador Edison Lobão e do filólogo Joaquim Campelo Marques, tendo sido escrito originalmente em italiano pelo Frei Bartolomeu da Monza, cuja capa que se vê nessa nova edição, é uma reprodução em óleo do original, de grande dimensões em que as vitimas da barbárie flutuam num céu de nuvens, com a assinatura artística de Frei Dâmaso, em memória dos religiosos sacrificados, e hoje reproduzidos em medalhões do puro mármore de Carrara, na Igreja de Barra do Corda, construída em 1951, onde tem um dos mais bonitos carrilhões que já ouvi na vida... O projeto de editoração dessa dolorosa história, cheia der símbolos se magia, infelizmente ainda não adaptada para o cinema, nasceu quando o escritor e jornalista Antonio Carlos Lima em viagem profissional a Milão, na Itália, encontrou, com seu faro de repórter, numa alfarrabia [sebo] um exemplar de “Massacro di Alto Alegre” – Note Storioche, Tipografia Fratelli Lanzari – Milano, 1909, o qual, por poucos euros se agregou à bagagem do atento jornalista, também meu queridíssimo amigo e confrade na Academia Barra-Cordense de Letras, que ao voltar ao Brasil, entregou à tradução ao seu confrade da Academia Maranhense de Letras, professor Sebastião Duarte que o traduziu de logo, daí à publicação pelo Conselho Editorial do Senado, já anteriormente referido. O jornalista Antônio Carlos Lima, nesse meio tempo, a pedido de Joaquim Campelo, também seu colega na “Casa de Antônio Lôbo”, escreveu uma brilhante introdução, narrando-a a luz das mais legitimas informações, o “como e o porquê” da ocorrência daquele terrível episódio. A minha intimidade com essa história vem desde a minha meninice, pois a ouvi várias vezes contada pela minha mãe, nascida em Barra do Corda, a dar ênfase ao emblemático episódio do rapto da “infeliz Perpetinha” o que me deixava assustado e perplexo, até que lá pelos idos da década de 80 tive a honra de prefaciar “Cauiré Imana” esse mesmo acontecimento, macabro pela sua ação e mágico pelo seu suspense, escrito pelo meu também querido e saudoso poeta e etnólogo Olimpio Cruz, o qual, também, naquela oportunidade, o conduzi para o interesse dalgum roteirista cinematográfico... Cauiré Imana ou “João Caburé” como era conhecido, o comandante em chefe dessa chacina, era cacique da aldeia guajajara do Coco e tinha sido criado em meio das famílias de Barra do Corda, onde aprendeu a ler e a escrever, aculturando-se, tanto que casou sob as bênçãos da Igreja Católica, o bastante para que depois de uma “escapulida” fosse levado à tipificação diabólica do adultério, meio que a Igreja, a usar a força sobre o Estado, aproveitou para fazê-lo réu e prisioneiro na cadeia pública, apesar de há vinte anos antes ter sido editado um decreto a separar o Estado da Igreja, e tendo o Maranhão, um ano antes desse dispositivo, se antecipado ao Estado laico, oportunidade em que “o governador Pedro Augusto Tavares Júnior decretou a liberdade de culto no Estado e proibiu toda e qualquer subversão do Estado à Igreja católica”. Essas medidas geraram de imediato a renúncia do governador, o que se analisa hoje, levado pelo “politicamente correto” o que pode ter havido de pressão: Estado, Governo, República e Positivismo...


Sabe-se, contudo, de que toda história que pode ter causado essa revolta como maus tratos de crianças indígenas por parte dos religiosos não passaram de desculpas esfarrapadas... de contos de fadas... nada disso houve... “João Caburé” apenas vingou-se, aliado com outros índios que também tinham sofrido quaisquer espécies de sanções por parte dos religiosos que os mandaram à prisão. A história apesar de trágica e cruel teve lá suas intempestividades penitenciais... Que me perdoe Pitigrilli à troca dos pronomes: mas Assim é, se me parece!


FESTIVAL DO POEME-SE REVELA NOVOS NOMES NA LITERATURA MARANHENSE

Realizado dia 21 de março no Centro de Criatividade Odylo Costa, Filho (Praia Grande, Centro Histórico de São Luís) o III Festival de Poesia do Poeme-se, grupo que foi criado pelos poetas Ribamar Filho e Paulo Melo Sousa, em 1985, no dia 2 de agosto, e que funcionou até 1994, agitando a cena literária maranhense com leituras, recitais e performances de poesia, lançamento de livros e revistas, shows culturais, realização de encontros e de festivais de poesia. Neste ano, Ribamar Filho resolveu reativar o festival, arcando com a maior parte do patrocínio, buscando apoio do Coletivo Papoético, grupo que foi criado pelo poeta Paulo Melo Sousa e que realiza eventos culturais na cidade. O 3º FESTIVAL POEME-SE DE POESIA FALADA celebra o dia 21 de março, Dia Mundial da Poesia (data instituída pela UNESCO), em São Luís do Maranhão, homenageando o poeta maranhense Ferreira Gullar, recentemente falecido. O festival tem a finalidade de estimular e divulgar a atual produção poética realizada em língua portuguesa por autores inéditos, nascidos ou residentes no Estado do Maranhão. O evento integra o PROJETO MAIS POESIA, desenvolvido pelo POEME-SE e PAPOÉTICO. Segundo Ribamar Filho, “decidimos reativar o festival em razão da necessidade de revelar novos nomes na área literária maranhense; com a ausência do tradicional festival de poesia falada da Universidade Federal do Maranhão, que era realizado pelo Departamento de Assuntos Culturais, estamos abrindo essa janela para estimular a produção poética mais recente feita por aqui. Embora se saiba que existe uma produção literária acontecendo, falta estímulo por parte do estado, não temos um plano editorial, por exemplo; o festival irá provocar um pouco de barulho na cena literária local, essa é a nossa intenção”. Além da Livraria Poeme-se e do Coletivo Papoético, outras instituições estão patrocinando o evento, como a Fundação Nagib Haickel e a Academia Ludovicense de Letras - ALL, e o deputado Bira do Pindaré, que está sempre apoiando projetos culturais no Maranhão. “Uma das finalidades da ALL é apoiar eventos ligados à Literatura, por isso estamos atentos para sempre apoiar ações importantes como esta”, enfatiza a presidente da ALL, Dilercy Adler. O festival teve mais de cem participantes inscritos, dentre os quais 20 (vinte) foram selecionados. A Comissão Julgadora de melhores poemas foi integrada pelos poetas Paulo Melo Sousa, Celso Borges e Antônio Aílton, enquanto que a Comissão Julgadora de melhor intérprete formada pelos atores Urias de Oliveira e Tatiane Soares. RELAÇÃO DOS POEMAS SELECIONADOS E SEUS AUTORES 1. A MORTE – Jeanderson de Sousa Mafra 2. A FUGA - Arthur de Carvalho Garrido 3. ÁLCOOL E POESIA - Brasilino Júnnior 4. CONFISSÃO - Adriana Gama de Araújo 5. DEVORAMENTOS - Nilson Carlos Costa de Souza Filho 6. O QUE REALMENTE FICA - Matheus Andrade Figueras 7. SOU O QUE QUERO SER - Clay Woodson Rocha Braga 8. IMERSÃO FEBRIL - Camila Freitas Carvalho 9. ETÉREO - Edilson Vilaço de Lima 10. O LABIRINTO - Hiago Christian Cordeiro 11. ENQUANTO ESPERO – Giordano Salustiano Batista


12. ASSIM TE VEJO - Izabela Karla dos Anjos Dias 13. INÉRCIA - Letícia Alves Amorim 14. AÇO OU A DIALÉTICA DA LIBERDADE - Victor Mendes Martins 15. MEMÓRIAS DE PEDRA E CAL – Marcos Jordan Fernandes Souza 16. OBJETO DIVINO DIRETO - Gladson Fabiano de Andrade Sousa 17. SESSENTA E SEIOS - Cidiney Pereira Fernandes 18. CICLOS - André Bandeira 19. PAPEL EM BRANCO - Adriana Dias 20. SUBVERSILHA - Paulo Roberto Silva Freire


RELAÇÃO DOS POEMAS PREMIADOS 1º Lugar: Poema CONFISSÃO, de Adriana Gama de Araújo

Se eu tivesse força suficiente Para negar aquilo que em mim Transforma pó em palavra, Deixaria cada uma de minhas páginas Descansando sob meus sapatos Levaria adiante apenas aquele silêncio Típico dos que alcançam o paraíso. Mas essa fraqueza que me arrasta, Escreve para merecer a luz Que cada um comunga com as estrelas. -Substância primeira-Instância derradeiraSe eu tivesse força suficiente, Negaria cada um dos verbos Que se movem Para compor minha desordem E seguiria com a aparência leve. Mas sei que nenhuma ausência Transpira um verso honesto. O poeta surge de corpo aberto E alma derramada, Sua escrita corre e se espalha Pesando sobre os móveis, Sujando as unhas, Dando a cara a tapa. Se eu tivesse força suficiente, Quereria apenas a parte que me cabe. Só que minha natureza é a dos fracos Dos que carregam seus ossos expostos Dos que não resistem Dos que não se calam.


2º Lugar: SUBVERSILHA, de Paulo Roberto Silva Freire subversilha. não há verdade contada aqui. no agora. que não fosse mentira. no aqui. de outrora. os orientais trabalhando no feriado. o único movimento da rua grande no dia de finados. as ruas adjacentes são córregos sujos. de um código rasgado. neles correm: mendigos deitados. esperando o dia em que deixaram de morrer. subversilha. da lenda. da cabeça e da cauda. cauda perdida – cabeça esmagada. perdida na alma de alguma mulher suponho que seja Silvana. esmagada por alguma menina. espero por Camila. desejo que seja Camila. que se foda a cabeça. é na cauda que se encontra o coração. quantos. poemas cabem num livro. quantas. pedras li? quais flores colhi? há perguntas na verdade. que só elas merecem pontuação. aquela que tu achas devida. quantas pedras li para medir o tempo? num afro-caribe acordando atenas. um suicida num suicídio. no suicídio. no pulo do muro. da camisa leve. solta. colorida. solto neste espaço. quantas. cidades cabem num poema. subversilha: das mulheres lisas antes do poema. onde está o seco espaço no podium. de Raimunda Frazão? onde estão os seios de Silvana e Camila. perdidos afã de se querer. onde estão as cores deste calor. por fim não no fim de Cajueiro. subversilha; das filhas perdidas.


3º Lugar: DEVORAMENTOS, de Nilson Carlos Costa de Souza Filho

Devo a um copo de vinho tudo o que me devora nesta madrugada. É apenas meio de semana e já tenho trovoadas e monstros pra cuidar - pobres coisas a se dizer de mim. Enquanto todas as pessoas sabem dizer-se com laboriosas palavras, o meu caso é que tenho uma biografia torta e não tenho palavra alguma. Há em mim apenas naturezas, vestígios selvagens, como rastros de bichos, rios e outras matérias navegantes Facilmente tudo perde o rumo... Por exemplo, às vezes me ocorre o medo de ficar cego - e que mania doida esta de me tomar por um sentido...! Tenho medo de me perder nessa selva que corre em mim e de ser devorado de repente por um tigre, quando prefiro caminhar por suas manchas tecido de eternidade. É, eu me arrisco quando escrevo. Faço jogos de profeta e observo naufrágios de mim me caírem sem qualquer delicadeza Desconheço, sobretudo – quase sempre me atiro a um susto inominável como se me perdesse em madrugadas abjetas como a que me retém agora - com seu corpo delírio de vinho nas mãos. Parece que afronto a mim mesmo Não é esta mesma mania doida de cego que me faz crer nos versos que faço? Eles são naturezas de minha alma e um homem excessivamente estóico quer me dizer o contrário - mas que tosca toda essa minha desconfiança... Toco as pessoas por não enxergá-las e tento imergi-las no dorso do tigre que corre minhas selvas - sempre saio com graves ferimentos dessa derrelição – tomo-as a mim com cálices de madrugada, afinal. Profunda sede eu tenho do mundo e esta impressão inquilina de, por acaso, sentir nada me desservir de ser alguém num universo de tantos médicos, advogados, atrizes, mães todos esses que constroem salas, casas, edifícios em cima de umas fotografias, uns títulos ao lado... E eu, que só ergo paisagens cá dentro - serei alguém? Onde aquele homem vê sóis circundantes ameaçando a pele, vejo anéis de fogo consumindo-me a mim e a este interno eu que me toma e perturba


Já sou cego – ando tateando o mundo à procura de qualquer verdade e soergo-me ao perceber que ela não está lá tanto quanto não está aqui é, antes, um profundo silêncio e a maliciosa voz do Deus me dizendo o vinho e punhados de nada. Eu espero todos os dias por qualquer coisa que me arrebate. Mas só me vêm estas noites - luvas negras que abraçam este meu decaimento – e sinto um prazer enorme de que me ponham neste lugar de criatura despeça. Pois é isto: Sou um alguém em perpétuo aceno - estou me despedindo do tempo.


O RUGIDO DO LEÃO RICARDO LEÃO

Prezados amigos, acabo de criar um blog. Chamo-o de "O Rugido do Leão". É um espaço que vou destinar para a publicação de meus textos: poemas, crônicas, artigos de opinião, críticas e análises políticas em geral. Mas é um sobretudo um espaço destinado à reflexão, sugestões e à liberdade de opinião, pensamento, que certamente não encontraria em um órgão da grande mídia, por mais progressista que fosse. Assim sendo, convido-os a apreciar as primeiras postagens, particularmente esta, um artigo que faz uma crítica, acompanhada de sugestões e soluções viáveis, para um antigo problema de São Luís do Maranhão, assim como de muitas capitais brasileiras. Tentarei nesse espaço, na medida do possível, resgatar a minha cidadania maranhense, exercendo-a no sentido de apontar rumos viáveis e salutares à nossa terra, ao Brasil em geral, mas sobretudo ao meu rincão de nascimento. Peço a todos que divulgam, compartilhem, repostem, pois a minha intenção é criar um movimento de recuperação do Maranhão, de São Luís, das cidades maranhenses, do povo maranhense, num esforço coletivo de tornar a nossa terra um dos lugares mais prósperos, organizados, humanizados e justos do Brasil. Um grande abraço a todos que compartilharem dos mesmos ideais que eu.

A QUESTÃO DO COMÉRCIO POPULAR EM SÃO LUÍS Cada vez que viajo para São Luís, minha cidade natal, retorno de lá com um sentimento de pesar e indignação muito grande. Espero, a cada viagem, encontrar uma cidade melhor, mais justa e humana, mais bela e salutar, sobretudo no que diz respeito ao desenvolvimento humano em geral, com a diminuição da terrível desigualdade social que faz de São Luís uma das cidades mais segregadas do país. Não conto, decerto, nenhuma novidade aos maranhenses que já estão acostumados com viagens para fora da capital maranhense, e com certeza comparam as cidades entre si, mesmo considerando as belezas naturais e a intensa vida cultural e importância histórica e arquitetônica da velha urbe ludovicense. No entanto, torna-se difícil ostentar orgulho ao ver o que acontece com o patrimônio histórico de São Luís, cada vez mais agredido e vandalizado, por um vasto complexo de fatores. Nesta crônica, por enquanto, vou me ater somente a um deles, que considero preocupante, em função da ampla negligência da sociedade civil e do gestor público. Nos últimos tempos, tenho notado que tal vandalização tem acontecido muito em virtude de um comércio predatório que apresenta duas faces: a primeira, a ambulante, informal, composta de centenas, talvez milhares de pessoas que tentam sobreviver à crônica falta de emprego na capital maranhense, mas que se apinham nas ruas do centro histórico como um vespeiro desordenado, furioso, sem qualquer racionalização da ocupação do espaço público. A segunda face é a maneira desordenada como o comércio formal e legalizado ocupa os prédios históricos, descaracterizando-os e ameaçando-nos com a perda da identidade visual do centro histórico. Sobre este segundo aspecto do problema, ater-me-ei em crônica posterior.


Um dos resultados mais nefastos do comércio popular, sem qualquer ocupação racional do espaço público, vemos na ocupação irregular e absurda das estreitas calçadas onde mal passam os pedestres, nos becos que se transformam em corredores apertados, onde se espremem os camelôs, ambulantes de todo tipo, em uma cena que reproduz uma espécie de mercado árabe, mas com a inexistência de um espaço apropriado para esse tipo de comércio. É aí, onde começa o problema, que também principia a solução. O fato é que todas essas pessoas precisam trabalhar, e a cidade não oferece, de maneira efetiva, a quantidade necessária de empregos a uma multidão de pessoas frequentemente destituídas de qualificações técnicas e profissionais para o exercício de outra atividade que não esta. A solução não passa por simplesmente desobstruir o espaço público, em geral à frente dos comércios legalizados, que pagam impostos, e peremptoriamente privar os comerciantes de rua de suas rendas.


A solução está, obviamente, na racionalização de tudo isso, como outras cidades, Brasil afora, sobretudo capitais, já o fizeram. O gestor público, em mais uma prova de negligência e falta de visão do que deve ser feito para qualificar os serviços de uma cidade histórica e, portanto, turística, ignora olimpicamente a possibilidade de criar e construir mais espaços destinados a esse tipo de comércio, que são os shoppings centers populares, ou simplesmente o “camelódromo”. E não se trata do gestor público fazê-lo diretamente. Afora os espaços públicos, que já são destinados a fins semelhantes, mas que precisam ser recuperados, reformados, revitalizados, ampliados, é necessário ter em vista as parcerias com proprietários de grandes imóveis que se encontram vazios nos arredores do centro histórico. Há imensos galpões, espalhados por toda a cidade, que facilmente poderiam ser convertidos em pequenos, médios e grandes shoppings populares, divididos até em mezaninos, ou em andares, capazes de abrigar uma enorme quantidade de pequenos comerciantes de rua. Para isto funcionar, no entanto, o gestor deve procurar uma forma de não dificultar em excesso a vida do pequeno comerciante de rua, criando taxas e empurrando-o para a armadilha de aluguéis caros e abusivos. A solução, para isso, novamente, é o trabalho cooperativado, a criação de uma cooperativa de camelôs, artesãos e comerciantes de rua, a fim de incentivá-los a formalizar seus pequenos negócios sem, no entanto, onerar de maneira irracional e injusta o trabalho. O que o gestor público pode fazer é muito simples. A parceria com os proprietários de imóveis deve ser feita com vistas a facilitar os aluguéis e contratos, de modo que um prédio, um galpão, possa ser ocupado por tempo indeterminado, com aluguéis acessíveis para as cooperativas e os comerciantes de rua, os camelôs, de modo que possam, proprietários e trabalhadores, chegar a um acordo justo para ambos. Isso quer dizer que os comerciantes de rua pagariam, individualmente, valores irrisórios e praticamente simbólicos que, no montante, permitiriam, a longo prazo, um aluguel rentável para os proprietários, o que desafogaria o gestor público de ter que construir e reformar cada vez mais espaços destinados a esse fim. Com isso, a cidade ganharia em racionalidade, pois as cooperativas de comerciantes populares seriam os agentes de fiscalização da própria atividade, impedindo que ambulantes sem registro disputem espaço com os legalizados e que, no lugar disso, ocupem os centros comerciais populares. Além disso, a cidade ganharia em beleza, pois as ruas estariam livres para as intervenções do gestor público, que assim poderiam partir para ações de embelezamento e ornamentação da cidade com fins a criar espaços públicos aprazíveis para o cidadão e para os turistas que afluem à cidade.


Todo esse arranjo depende, é claro, da boa vontade do gestor público, dos comerciantes de rua e camelôs, dos proprietários de prédios e galpões, de cidadãos dispostos a empreender um esforço coletivo para que a cidade possa racionalizar a ocupação do espaço público, e que nossas praças, passeios públicos e ruas possam ser finalmente destinadas ao exclusivo deleite, descanso e contemplação para que são feitas. Todas as cidades históricas do mundo, bem como qualquer outra cidade turística de características nãohistóricas, procuram racionalizar a ocupação do espaço público, a fim de que o turista encontre uma cidade aprazível, preservada, urbanizada, limpa, ordenada, para que, enfim, todos saiam ganhando com isso. O comércio, os turistas, os munícipes, a cidade, o espaço público, enfim. Todos poderão gozar dos frutos desse arranjo, pois São Luís tem o potencial de se tornar um dos locais de atração turística mais interessantes do Brasil, como já o são Ouro Preto, Olinda, Cachoeira, Salvador, entre outras cidades históricas que se dispuseram a isso. A MORTE DO POEMA I Adianta compor um poema enquanto o dia amanhece (e o cadáver rútilo do nada esplende sobre o tédio), se o poema que agora fazes não é flor, mas fezes, ânus do que é talvez a poesia quando o mundo é sede, fome? Um poema se faz, talvez, de umas poucas palavras impossíveis de qualquer fala, pois que surdas, côncavas, mortas, na página em branco. Ei-lo, tornado em palavra nestes escassos versos. Adianta, então, o poeta neste exercício diário desenrolar a linguagem, a língua do poema? Enquanto o poema não nasce, cavas a carne do verso cuja forma, cristalina, reluz, mas não aquece. II Este poema nasce destas minhas mãos, rudes e escassas e, todavia, limpas;


a palavra, exata, suas formas exíguas no exíguo espaço; mas tão concentradas, límpidas, concisas (seu difícil marfim à flor da língua); ei-la, sem dentes. Este poema líquido te ensina o verso cabral, lúcido, claro, à beira do eterno.

III Um poema não se mede com esquadro, régua, papel: não se constrói o verso simples com esta frágil argamassa. O poema não nasce, cristal, do áspero silêncio da língua, onde a boca, difícil, aprende sempre as mesmas palavras. Só se retira do poema aquela mesma poesia, mínima, que, entanto, se quer diamante, mas que, impossível, não fica.

IV Enquanto o poema levanta-se do caos, pelo chão da palavra o dia não amanhece. Somente o verso, inútil, se detém à espera que o véu da linguagem deslize no papel. Mas o poeta não pode, apenas com duas mãos, iluminar o mundo: a poesia não basta. Resta, pois, o desespero sobre a carne lúcida


do primeiro verso que nos reserva a manhã. V Em mim o poema não basta para trazer vida à palavra; o verso que nasce da língua e desliza, sujo, no papel não basta para que a poesia em mim se faça luz, linguagem. O que o poema, áspero, me ensina, é sempre a mesma coisa escassa difícil de reter na escrita, que se quer dura, mas hesita. Enquanto a palavra, imóvel, tece seu frágil vocabulário o poema, na página em branco, mede o silêncio das coisas. VI O poema não veio fácil, como antes, trazer-me a palavra límpida e clara. E o verso escrito torna-se inútil; o dia, invisível, cresce e multiplica. Enquanto a manhã leve, se desenrola (morto o poema), a poesia morre.

Ricardo Leão - (Simetria do Parto, Editorial Cone Sul, 2000)


III ENCONTRO NACIONAL DA SOCIEDADE DE CULTURA LATINA DO BRASIL O evento é totalmente gratuito e a entrada franca. Pedimos convidar parentes e amigos. Na ocasião será desenvolvida a seguinte programação: 12h30m - Início da exibição de Vídeos de eventos Culturais. 13,00horas – Recepção aos Visitantes com Coordenação da Professora Valsema Rodrigues da Costa, sócia fundadora do Clube dos Trovadores Capixabas e Acadêmica da Academia de Letras de Vila Velha 13h30m - Solenidade de Abertura do Encontro Nacional da Sociedade de Cultura Latina do Brasil. Hino Nacional. Hino do Espírito Santo. Abertura com o Mestre de Cerimônias do Clube dos Trovadores Capixabas, CTC, Paulo Roberto Ribeiro Walter de Negreiros. 13h45m - Saudação aos visitantes pelo Presidente da Seção do Espírito Santo da Sociedade de Cultura Latina do Brasil, Senador da Cultura representando o Espírito Santo no Congresso da Sociedade de Cultura Latina do Brasil, Presidente do Clube dos Trovadores Capixabas e Vice-Presidente da Academia de Letras e Artes da Serra, Acadêmico Comendador Clério José Borges. 14h00m - Fala das Autoridades presentes 14h15m - Saudação e apresentação de Projetos e Teses pela Presidente da Sociedade de Cultura Latina do Brasil, representando o Maranhão no Congresso da Sociedade de Cultura Latina do Brasil, Presidente da Academia Ludovicense de Letras, Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e Presidente do Capítulo Brasil da Academia Norteamericana de Literatura Moderna, Dilercy Aragão Adler. Lançamento do Projeto I Coletânea Poética da Sociedade de Cultura Latina do Brasil pela Presidente da SCLB, Dilercy Aragão Adler. 14h25m - Espaço para Notícias e Avisos. Concurso de Poesia, Trovas, Haicai, Contos e Crônicas do CTC, Clube dos Trovadores Capixabas e divulgação da IV Feira Literária Capixaba a ser realizada de 17 a 21 de maio na Universidade Federal do Espirito Santo. 14h30m - Apresentação dos Representantes Estaduais as Sociedade de Cultura Latina do Brasil que estiverem presentes. Rápidas saudações e apresentação de Sugestões. 14h45m – Homenagens as Academias de Letras: Academia Espirito Santense de Letras; Academia Feminina Espirito Santense de Letras; Academia de Letras de Vila Velha; Academia de Letras de Marataízes; Academia de Letras de Iúna; Academia de Letras de Cachoeiro de Itapemirim; Academia de Letras de São Mateus; Academia Literária Castelense; Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo; Instituto Histórico e Geográfico de Vila Velha, Academia de Letras e Artes da Serra, ALEAS; Academia de Letras de Alegre; Academia de Letras de Aracruz; Academia de Letras de São José do Calçado e a Casa da Memória de Vila Velha. Homenagem aos Acadêmicos da Academia Ludovicense de Letras, de São Luiz do Maranhão e Academia Teixeirense de Letras, de Teixeira de Freitas, Bahia. 15,00 – Apresentação da nova Academia de Letras do Espírito Santo: Academia de Letras Jurídicas do Estado do Espírito Santo. 15h05m - INÍCIO DAS HOMENAGENS ESPECIAIS COM ENTREGA DE DIPLOMAS “PERSONALIDADE CULTURAL - AMIGOS DA SOCIEDADE DE CULTURA LATINA DO BRASIL” 16h10m - Lanche 16h20m - SARAU POÉTICO MUSICAL, com coordenação do Poeta Roberto Vasco. Aberto a participação popular Os presentes terão espaço para declamação de Poesias e Trovas. 17h30m – Encerramento da Solenidade, com cumprimentos, despedidas e visita a Galeria de Artes anexa ao Teatro Municipal.


18,00 horas – Encerramento de todo evento. Retorno de ônibus Especial para o Hotel e para o Bairro Eurico Salles, Carapina Serra ES 20,00 horas – SAÍDA para atividade Social – Sarau Poético do Clube dos Trovadores Capixabas com apoio da Academia de Letras e Artes da Serra e da Associação de Moradores de Manguinhos, no BALNEÁRIO PRAIA DE MANGUINHOS, Serra, ES. LOCAL: RESTAURANTE RM – Avenida Ceciliano Abel de Almeida, ponto de referência em frente a Feirinha de Manguinhos, na Vila perto do Enseada. Aberto à participação de todos Acadêmicos e dos Visitantes de outros Estados que estarão visitando a Grande Vitória. Jantar por adesão, no valor de R$ 26,00. Haverá outros petiscos a preços especiais. Inscrições para o Sarau Poético com o Acadêmico Roberto Vasco, Secretário Geral do CTC – Clube dos Trovadores Capixabas, E-mail: robertovasco@hotmail.com; Telefone: 027 – 9 99630471. Precisamos saber número de pessoas para melhor atendermos a todos.





07/02/2017 admin Baixada Maranhense, Brasil, Destaques, Educação, Maranhão, Viana FacebookTwitterGoogle+Compartilhar

VIANA – UM SHOW DE CIVILIDADE JOÃO FRANCISCO BATALHA

Quem foi à posse da Drª. Maria de Fátima Rodrigues Travassos Cordeiro, na presidência da Academia Vianense de Letras, no dia 28 de janeiro findo, assistiu a um show de cultura e civismo. Na tricentenária cidade da Redinha de Algodão, a quarta mais antiga do Maranhão, estive presente, em comitiva da Federação das Academias de Letras do Maranhão, juntamente com os confrades Vavá Melo, de São Bento, e Roque Macatrão, de Brejo. A velha Aldeia de Maracu se revestiu de beleza com a presença de representações da Federação das Academias de Letras do Maranhão, Academia Maranhense de Letras, Academia Ludovicense de Letras, Academia de Letras Jurídicas, Academia Arariense-Vitoriense de Letras e das academias de Letras de Anajatuba, Barra do Corda, Esperantinópolis, São Bento, Brejo, Itapecurú-Mirim, Pinheiro e Santa Inês; dos diversos seguimentos da sociedade local; desembargadores, juízes, promotores de justiça, jornalistas, profissionais liberais e autoridades constituídas de Viana, Matinha e Perimirim. Representantes da Maçonaria e das igrejas católica e evangélica, e, também, com a presença cativante da deputada federal Luana Alves. O glamour do dia registrou a igreja Catedral lotada, repleta de visitantes, que ali compareceram para homenagear a nova diretoria da AVL. Os arredores da cidade estavam lindos nesta época invernosa, em que os rios e lagos trasbordam sobre os campos, que se revestem de um lindo verde bandeira. O céu azul, manchado de pesadas nuvens de chuva e o horizonte bordado pela beleza da brancura das garças revoantes. Mais distante, não pude contemplar a pujança do Aquiri, mas rezei na Igreja da Conceição e assisti Missa em Ação de Graças pela posse da nova diretoria da Academia Vianense de Letras. Acompanhei os ritos e os cantos da Igreja Católica e maravilhei-me com participação melódica e harmoniosa da linda voz da presidente empossando.


No salão de festas, onde houve a transmissão de cargos e comemoração, a tradicional vocação musical e cultural da terra dos músicos e de Estevam Rafael de Carvalho foram lembradas, assim como os nomes dos vianenses notáveis que sobressaíram-se no campo do saber e da erudição foram reverenciados, inclusive o de Dilú Melo. “… Como é bom uma redinha de algodão… , toda branquinha, feita lá no Maranhão”… Parabéns, Viana, cidade dos rios, dos lagos, dos verdes campos, dos peixes e das mulheres brejeiras, que se destacam pela elegância, pela beleza e pelo saber. João Francisco Batalha batalha@elointernet.com.br


MEMBROS DA ALL NO 24 BIL

O membro funddor –e sócio efetivo do IHGM - Antônio Noberto, junto com o presidente do IHGM, professor Euges Lima, ministraram dia 20/03 palestras no 24 Batalhão de Infantaria Leve do Exercito(24BIL) à convite do Comandante Marcus Vinicius, que assumiu em janeiro o comando daquele batalhão. As palestras tiveram como temas, a França Equinocial e a historia do 24 BIL, desde o 5 Batalhão de Infantaria ate o 24 BIL. As palestras deram início a um projeto do 24 BIL com o objetivo de resgatar e informar a historia do Batalhão e do Maranhão para os membros da corporação, muitos originários de outros estados. Registrou-se também a presença da Presidente da ALL – e sócia do IHGM -, Dilercy Adler.


NA BERLINDA:


DILERCY ARAGÃO ADLER "Caras da poesia maranhense contemporânea".

ANTONIO AÍLTON. CARAS DA POESIA MARANHENSE CONTEMPORÂNEA. JP Turismo, caderno do Jornal Pequeno, p. 4 e 5, no dia 30/12/2016

Da poesia de expressão feminina, isto é, que apresenta um discurso que poderia ser lido mais marcadamente nesse rumo, se o quisermos, cabe evidenciar pelo menos quatro poetas no auge de sua produção, não neófitas, mas pouco comentadas, na senda viva da poesia: Lila Maia, Luciana Martins, Silvana Menezes e Dilercy Adler. [...] Dilercy Adler, de extenso e viajado currículo em prol da literatura, é vocacionada não apenas para a poesia, mas a promoção e a fomentação (diríamos, ebulição, efervescência) das atividades literárias, em entrega total e incansável. É uma das fundadoras e atual presidente da Academia Ludovicense de Letras ALL, isto é, da recente academia que congrega literatos/as e personalidades da cidade de São Luís, fundada em 2013. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Foi presidente/fundadora da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, desde 2007, passando, no final deste ano, a presidência a Paulo Melo Sousa. Está fundando, este ano, a representação no Maranhão da Academia Norteamericana de Literatura Moderna - Capítulo Brasil, e, entre outras mais, além de ter uma produção acadêmico-universitária (ela é Doutora em Ciências Pedagógicas), é também organizadora de inúmeras antologias, internacionais inclusive (Latinidades, vários números; 1000 poemas para Gonçalves Dias, desta vez com a colaboração de Leopoldo Gil Vaz Dúlcio Vaz, mebro fundador da ALL). Difícil, pois, competir com ela nestes quesitos, e, no fim, sabemos que a literatura tem uma tarefa para cada um de nós, seus súditos mal pagos, nem que seja a de simplesmente vivê-la. Dilercy opta por uma poesia doce − aquele doce às vezes tingido de certa dor resignada − e, em geral, erótico-amorosa; a impossibilidade, talvez, do amor verdadeiro (essa palavra que ela ainda se atreve a pronunciar em poesia), ora ou outra descobrindo sua provável impossibilidade e aceitando, poeticamente, a simples experiência do acontecer humano (sem certo vaticínio hiper-realista de Nélson Rodrigues): "Verdade.../ ilusão.../ importa?!.../este momento é ímpar/mais-que-perfeito/deixo que tudo deságue/em meu leito!" (Duvid(ando) I, Desabafos... flores de plástico... libidos e licores liquidificados, 2008).



POSSE DA DRA FÁTIMA TRAVASSOS NA PRESIDÊNCIA DA ACADEMIA VIANSE DE LETRAS, NO DIA 28 DE FEVEREIRO DE 2017


OS ESCRITORES INDICADOS À MEDALHA DE OURO "ESPÍRITO SANTO DAS ARTES - A.E.A.C.-2017


DIÁLOGOS E DEBATES NA A.E.A.C LOCAL CIEP121-PROF JOADÉLIO CODEÇO -MARAMBAIASÃO GONÇALO RIO DE JANEIRO -BRASIL


JORNAL DIVULGA COM DESTAQUE ENCONTRO NACIONAL DA SOCIEDADE DE CULTURA LATINA DO BRASIL AMIGOS ENCAMINHO PARA A APRECIAÇÃO DE TODOS O JORNAL DA SERRA. ESTÁ EM PDF. TENTE ABRIR NO SEU COMPUTADOR E SE POSSÍVEL IMPRIMA A PÁGINA 08 (OITO) ONDE CONSTA A NOTÍCIA DO NOSSO EVENTO DA SOCIEDADE DE CULTURA LATINA DO BRASIL. É BOM ARQUIVAR EM CASA POIS TRATA-SE DE UMA NOTÍCIA HISTÓRICA. TAMBÉM SE PUDER ESCANEIE A PÁGINA OITO E COLOQUE NO FACEBOOK CASO POSSA SER POSSÍVEL. O IMPORTANTE É DIVULGAR.

O NOSSO TERCEIRO ENCONTRO SERÁ UM FESTÃO. SE VOCE AINDA NÃO SE DECIDIU EM COMPARECER VENHA. DILOERCY NOSSA PRESIDENTE NACIONAL QUE VEM DO MARANHÃO FICARÁ FELIZ COM A SUA PRESENÇA. III ENCONTRO NACIONAL DA SOCIEDADE DE CULTURA LATINA DO BRASIL Dias 25 a 26 de março - Vitória – ES PROGRAMAÇÃO DIA 25 DE MARÇO, SÁBADO Manhã – Livre. 9,00horas – Em ônibus Especial passeio por pontos Turísticos do Município de Vila Velha, com almoço por adesão (cada um paga o seu almoço) a preço popular na Barra do Jucu, ponto turístico do Município.

12h30m - Inscrição e Credenciamento. Show de abertura com o cantor Beko Macedo 13,00horas – Recepção aos Visitantes com Coordenação da Professora Valsema Rodrigues da Costa, sócia fundadora do Clube dos Trovadores Capixabas e Acadêmica da Academia de Letras de Vila Velha 13h30m - Solenidade de Abertura do Encontro Nacional da Sociedade de Cultura Latina do Brasil. Hino Nacional. Hino do Espírito Santo. Abertura com o Mestre de Cerimônias do Clube dos Trovadores Capixabas, CTC, Paulo Roberto Ribeiro Walter de Negreiros. 13h45m - Saudação aos visitantes pelo Presidente da Seção do Espírito Santo da Sociedade de Cultura Latina do Brasil, Senador da Cultura representando o Espírito Santo no Congresso da Sociedade de Cultura Latina do Brasil, Presidente do Clube dos Trovadores Capixabas e Vice-Presidente da Academia de Letras e Artes da Serra, Acadêmico Comendador Clério José Borges. 14h00m - Fala das Autoridades presentes 14h15m - Saudação e apresentação de Projetos e Teses pela Presidente da Sociedade de Cultura Latina do Brasil, representando o Maranhão no Congresso da Sociedade de Cultura Latina do Brasil, Presidente da Academia Ludovicense de Letras, Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e Presidente do Capítulo Brasil da Academia Norteamericana de Literatura Moderna, Dilercy Aragão Adler.


14h25m - Lançamento do Projeto I Coletânea Poética da Sociedade de Cultura Latina do Brasil pela Presidente da SCLB, Dilercy Aragão Adler. 14h30m - Apresentação dos Representantes Estaduais que estiverem presentes. Rápidas saudações e apresentação de Sugestões. INÍCIO DAS HOMENAGENS ESPECIAIS COM ENTREGA DE DIPLOMAS “PERSONALIDADE CULTURAL - AMIGOS DA SOCIEDADE DE CULTURA LATINA DO BRASIL” 15h30m - Lanche e em seguida SARAU POÉTICO MUSICAL, com coordenação do Poeta Roberto Vasco. (Os presentes terão espaço para declamação de Poesias e Trovas). 17h30m - Encerramento. CONFIRMAÇÃO DE PRESENÇAS: 1- Dilercy Aragão Adler E-mail dilercy@hotmail.com Tel.: .(.98) 981612361 (whatsapp) 2- Clério José Borges E-mail cj-anna@bol.com.br Tel: (27) 992578253 (whatsapp) Roberto Vasco Secretário Geral do CTC – Clube dos Trovadores Capixabas E-mail: robertovasco@hotmail.com;

AOS QUE CONFIRMAREM PRESENÇA HOSPEDAGEM: Conseguimos um hotel com preço especial e próximo ao local do evento. O quarto para duas e três pessoas fica bem em conta. Observe os preços abaixo. LORD HOTEL CAMBURI O está localizado em região nobre da Grande Vitória, entre os bairros Jardim Camburi e Bairro de Fátima. Contamos com aptos individuais, duplos e triplos, totalizando 80 aptos, guarnecidos com ar-condicionado, TV a cabo, frigobar e conexão gratuita com internet wireless. Contamos ainda com estacionamento próprio e um restaurante, servindo almoço (self-service) e à noite variados lanches e pratos executivos. Atuamos no mercado hoteleiro da Grande Vitória há mais de 10 anos, buscando oferecer serviços de qualidade e os melhores preços da categoria na região. Preço tarifário diferenciado para hospedagem no período solicitado. Tarifa diferenciada (NET) para pgto à vista Apto individual R$ 105,00; Apto duplo ou casal R$ 130,00; Apto triplo: R$ 169,00 Tarifas incluem café da manhã. Condições para pagamento: À vista. Obs.: Para ter acesso às tarifas, é necessário fazer a reserva por telefone com o nosso setor de reservas (27) 3395-1500 ou para o e-mail reservas@lordhotelcamburi.com.br MENCIONAR que a reserva é para o Encontro Nacional Da Sociedade de Cultura Latina do Brasil, e, que deseja o desconto conforme combinado com o Sr. Renato A. Oliveira, Gerente – Lord Hotel Camburi (27) 3395-1500. LANÇAMENTOS: Lançamento de livros e apresentação artístico-cultural. (Os interessados em lançar suas obras, realizar exposição, Varal de Poesias, favor expressar esse desejo, para divulgarmos para a Imprensa, Redes Sociais e para todos os Convidados.)


DESTAQUE 01: LANÇAMENTO DE LIVRO: Pedimos apenas que nos envie a Capa do Livro e TRÊS LINHAS sobre a obra, com informação de número de página e preço promocional da referida obra, para divulgação. As inscrições para o SARAU serão na hora. Cada poeta poderá declamar ou ler de duas a três poesias. Não precisa encaminhar nenhum Texto antecipadamente. Você pode trazer um Varal com Poesias suas, de seus amigos e dos Poetas de sua cidade. Haverá espaço destinado a colocação do Varal. DESTAQUE 02: HOMENAGEM COM DIPLOMA COM FOTO. Para receber a homenagem e o Diploma, pedimos confirmar o interesse até o dia 20 de Fevereiro de 2017, segunda feira, mando e mail para Clério José Borges (cj-anna@bol.com.br), com cópia para DILERCY (dilercy@hotmail.com) E, cópia para robertovasco@hotmail.com ATÉ AGORA CONFIRMADO NO III ENCONTRO NACIONAL DA SOCIEDADE DE CULTURA LATINA DO BRASIL: 1 – Varal de Livros de Literatura de Cordel da Escritora Kátia Maria Bobbio Lima, da Academia Feminina Espirito-santense de Letras, Vice Presidente do Clube dos Trovadores Capixabas e Presidente da Sociedade de Cultura Latina de Conceição da Barra norte do Espírito Santo.

Detalhes e Informações com Clério José Borges e o Secretário Geral Roberto Vasco: cj-anna@bol.com.br; robertovasco@hotmail.com; SOCIEDADE DE CULTURA LATINA DO BRASIL Fundada no dia 24 de Julho de 1988

A Sociedade de cultura Latina é uma entidade civil, sem fins lucrativos, que tem por objetivo principal difundir, divulgar e, primordialmente, lutar pela Democratização da Cultura Brasileira. O Poeta Trovador e Escritor Capixaba, Clério José Borges foi eleito em São Paulo, no dia 24 de Julho de 1988, Presidente da SCLB, com apoio do Prof. Joaquim Duarte Batista. Na ATA de fundação consta: "Aos vinte e quatro dias do mês de Julho de mil novecentos e oitenta e oito, reuniram-se em São Paulo, SP, na Casa de Portugal, sito a Avenida da Liberdade, 602, escritores e poetas, membros da Sociedade de Cultura Latina Estaduais e alguns representantes de Núcleos de várias cidades, credenciaram-se junto à Secretaria dos Trabalhos, as seguintes pessoas: Sr. Joaquim Duarte Batista (São Paulo); Sr. Natanael Júnior, Sr. Alexandre da Silva (Cabo-PE), Sr. Clério José Borges Sant Anna (Vitória, ES), Sr. Narceu de Paiva Filho (Ibiraçu, ES), Sra. Zenaide Emília Thomes Borges (Carapina, ES); Sra. Agenir Leonardo Victor (Maringá, PR), Dr. Victorino Fontinha Rodrigues, também secretário Geral da Casa de Portugal (São Paulo, SP), Sr. Antônio Gomes de Melo, da União Brasileira de Escritores (Santo André, SP), Sr. José Arnaldo Ronitto, Sra. Adelina Costez Garita (São Paulo, SP), Srta. Miriam Willy (São Paulo, S P) e outras presenças honrosas de convidados especiais. (...) Clério José Borges, permaneceu no cargo de Presidente até 1994, quando foi eleito Vice- Presidente da SCLB, tendo sido eleita Presidente a Escritora de Mogi das Cruzes – SP, Maria Aparecida de Mello Callandra. Clério José Borges é Presidente da Sociedade Cultura Latina do Espírito Santo e Senador da Cultura perante do Congresso da SCLB representando o Espírito Santo. DETALHES: WWW.CLERIOBORGES.COM.BR/CLATINA.HTM ABRAÇOS Clério José Borges de Sant Anna Historiador, poeta Trovador Escritor Capixaba Presidente do CTC - Clube dos Trovadores Capixabas


Fundador e Primeiro Presidente da Academia de Letras e Artes da Serra, ALEAS e atual Vice Presidente da ALEAS


ANA LUIZA ALMEIDA FERRO

A escritora Ana Luiza Almeida Ferro participou, na noite de 13 de janeiro, do sarau poético e da sessão de autógrafos de seus livros Quando e O náufrago e a linha do horizonte, ambos de poesias, na Livraria e Café 17, no badalado bairro Casa Forte, em Recife-PE, na companhia de outros autores de diferentes estados, com suas respectivas obras. O evento foi promovido pela Helvetia Edições, editora helvética-brasileira. No dia 14, por volta das 20h, ainda na capital pernambucana, na Fundação Gilberto Freyre, a jurista maranhense foi agraciada com o Prêmio Talentos Helvéticos-Brasileiros 2017, na categoria “Melhores livros de poesia”, por sua obra O náufrago e a linha do horizonte, como uma das vencedoras do concurso literário nacional lançado pela referida editora.


PH REVISTA – O ESTADO MA – 21 e 22 janeiro de 2019


Helvetia Edições - Escritora Ana Luiza Almeida Ferro, de São Luis do Maranhão, apresentando sua obra O náufrago e a linha do horizonte. Na noite do dia 14 de janeiro de 2017, a Helvetia Edições realizou a 2ª edição do Prêmio Talentos Helvéticos-Brasileiros, evento promovido em função do resultado do concurso público que selecionou as melhores obras da literatura nacional em 6 categorias: Biografia, conto/crônica, romance, infantil/infantojuvenil, documentário e poesia. O evento foi realizado na simbólica Fundação Gilberto Freyre, mais conhecida como o Casarão de Apipucos, local onde o historiador Gilberto Freyre, icônica figura pernambucana, viveu. Dentre as autoridades presentes na ocasião, estavam: Sra. Sonia Freyre, presidente da fundação e filha do historiador Gilberto Freyre; Sra. Jair Martins, secretária da UBE - Secção Pernambuco; Srª Flávia Suassuna, representante de Alexandre Santos, presidente da UBE Secção Pernambuco; Carla De Sà Morais, representando a srª Dyandreia Portugal - editora-chefe do Jornal Sem Fronteiras. Além da entrega da premiação aos autores vencedores, a Helvetia concedeu menção honrosa àqueles que se destacaram na participação de antologias publicadas por ela ao longo de 2016 e lançou um livro com textos selecionados e edição limitada, oferecido especialmente a esses escritores. Após a cerimônia, o grupo seguiu para um jantar de confraternização no Hotel Golden Tulip Recife Palace.


Escritora Ana Luiza Almeida Ferro recebendo a premiação ao livro O náufrago e a linha do horizonte, na categoria Poesia.


A Academia Poética Brasileira confirma a participação da poeta, escritora e acadêmica Ana Luiza Almeida Ferro como Membro-Conselheira da APB, aceitando convite que lhe foi dirigido. Esperamos com ansiedade a resposta. Mas ela foi afirmativa para a grandeza de nossa instituição. A nova imortal da APB, também Promotora de Justiça, recebeu inúmeros prêmios nacionais e internacionais por seus poemas, livros, trabalhos literários e jurídicos. Nossa nova confreira, por exemplo, foi vencendora de um dos maiores prêmios literários da comunidade brasileira, o PEN - Literário Nacional PEN Clube do Brasil, com sua obra "1612: os papagaios amarelos na Ilha do Maranhão e a fundação de São Luís", que tem como tema central a fundação da França Equinocial no Maranhão em 1612, focalizando desde os seus antecedentes até os primeiros anos que se seguiram à expulsão dos franceses do norte do Brasil. (Leia mais: Academia Poética Brasileira ).


Revista Poética Brasileira Uma publicação do jornalista e editor-sênior Mhario Lincoln /

ANA LUIZA FERRO ESTRÉIA COM TEXTO EXUBERANTE

ESSAS MULHERES EXTRAORDINÁRIAS... ANA LUIZA ALMEIDA FERRO “Ó abre alas/Que eu quero passar/Ó abre alas/Que eu quero passar/Eu sou da Lira/Não posso negar/[...] /Rosa de Ouro/É que vai ganhar”.

O Carnaval se foi, e com ele o Dia Internacional da Mulher, mas essa marcha do longínquo ano de 1899, a primeira carnavalesca, como tantos outros tesouros da música brasileira, continua a ecoar pelo coração dos eternos foliões. Mais do que isso, fruto do talento de uma mulher à frente de seu tempo, traduz o próprio esforço em prol da valorização do papel feminino na sociedade brasileira e da necessidade de que novos caminhos sejam abertos ou facilitados ao seu exercício. A mulher continua a pedir passagem para mostrar o seu valor. A autora da marcha é um exemplo dessa luta pela afirmação dos direitos de gênero: pioneira, foi a primeira compositora popular do Brasil, a primeira pianista de choro e a primeira mulher a reger uma orquestra neste país. Deixou aproximadamente 2.000 composições em diversos gêneros, entre os quais figuram valsas, polcas, fados, serenatas, maxixes, quadrilhas e choros, e chegou a compor músicas para 77 peças teatrais. Ela não está sozinha nesse rol selecionado. Ludovicense, veio ao mundo em 1825. Escreveu Ursula, considerado o primeiro romance produzido no Brasil, de autoria feminina, publicado em 1859, com a simples identificação de que sua autora era maranhense. Cultivadora das letras, numa época em que as mulheres que se aventuravam por esses domínios sofriam grande discriminação, teve seu nome e sua obra por muito tempo encobertos pelas areias do esquecimento. Ela também nasceu em São Luís. Poeta, foi a primeira mulher no Maranhão a assumir o destacado cargo de Promotor Público na condição de concursada. “Acordo de madrugada, lembro de tudo o que passamos juntos e começo a chorar. Minha filha fazia tudo para mim: cortava meu cabelo, fazia minha barba. Acho que ela não tinha ideia do quanto eu a amava.” O desabafo é do pedreiro Roberto da Costa Marcello, uma das centenas de parentes de vítimas da recente tragédia da serra fluminense, entrevistado por Veja na edição 2205. Sua filha morta tinha 16 anos. Foi a primeira deputada do Brasil. No último dia 3 [de março de 2011], aos 102 anos, morreu o “Anjo de Hamburgo”, viúva de Guimarães Rosa, que lhe dedicou a obra-prima Grande sertão: veredas. Homenageada nos museus do Holocausto de Jerusalém e Washington, foi funcionária do Itamaraty, servindo na cidade alemã de 1936 a 1942, quando contribuiu para a fuga de judeus do nazismo. Da mesma estirpe do escritor José de Alencar, foi a primeira mulher a integrar a Academia Brasileira de Letras e a primeira a receber o prestigiado Prêmio Camões, sendo tida, por muitos, como a maior escritora brasileira. Nasceu no município de Caxias em 1910. Com formação em Estudos Sociais, integrou a primeira turma da Faculdade de Caxias. Da Ordem Franciscana, aprendeu que era mais importante dar do que receber. E a sua vida se tornou página obrigatória de qualquer livro que verse sobre a história da educação e


dos colégios caxienses, como mestra do São José, do Coelho Neto, do Diocesano, da Escola Técnica e do Colégio Caxiense. De um tempo em que educação era sacerdócio, foi a primeira Diretora do Ginásio Coelho Neto, abrindo mão de honorários. Patroneia a Cadeira nº 09, da Academia Caxiense de Letras. O ano de 1919 viu nascer aquela que viria a ocupar essa mesma Cadeira nº 09 da Casa de Coelho Neto, abençoada por Safo. Escreveu poesias, artigos e, especialmente, crônicas, sob pseudônimo, as quais a tornariam conhecida, nos jornais caxienses, como o Crisálida. Seu livro Minhas histórias, de crônicas, em estilo simples e fluente, é um testemunho de sua paixão por sua família e por sua terra natal, cativando o leitor com interesses humanos e ideias e posturas arrojadas para a época e o ambiente provinciano que lhe serviram de moldura. Militar baiana, foi condecorada por D. Pedro em pessoa com a Imperial Ordem do Cruzeiro, no grau de Cavaleiro, por seus atos de bravura em combate na defesa da causa da Independência. Para se alistar sob o nome de Medeiros, cortou os cabelos e vestiu-se como um homem. Ela construiu e manteve uma das mais respeitadas instituições filantrópicas do país e foi indicada para o Prêmio Nobel da Paz, tendo recebido, após sua morte, o título de Serva de Deus, concedido pelo Papa João Paulo II. Francisca Edwiges Neves Gonzaga, a “Chiquinha Gonzaga”, Maria Firmina dos Reis, Aurora Correia Lima, uma jovem da serra fluminense, Carlota Pereira de Queirós, Aracy Guimarães Rosa, Rachel de Queiroz, Filomena Machado Teixeira, carinhosamente chamada de “Filozinha” ou “Tia Filó”, Dinir Alves Costa da Silva, pseudônimo “Selene de Maria”, Maria Quitéria de Jesus e Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, a Irmã Dulce, são peças selecionadas, mas não únicas, e nem raras, do imenso mosaico de extraordinárias mulheres brasileiras. Em tempo de tiranos que se agarram desesperadamente ao poder, seja pela força, seja pela demagogia, seja por ambas, de palhaços que viram políticos e políticos que viram palhaços, de ídolos que escondem os pés de barro, de big brothers e big sisters, de virtudes duvidosas, que são apresentados como os modernos heróis e heroínas do mundo desabridamente consumista e carente de valores em que vivemos, de prevalência do prazer e da estética sobre o saber e a ética, respectivamente, como observa o psicanalista francês Charles Melman, são estas e outras tantas mulheres, famosas ou anônimas, profissionais ou rainhas do lar, mães ou filhas, pioneiras ou musas, gênios ou pequenos talentos, guerreiras ou santas, as legítimas heroínas da sociedade brasileira, aquelas que verdadeiramente merecem o reconhecimento de público e crítica nos reality shows da História. Abram alas, senhores, que elas querem passar...

Premiadíssima em vários gêneros literários, inclusive com livros de Direito aplaudidos na América Latina e na Europa, ANA LUÍZA ALMEIDA FERRO integra a Academia Poética Brasilera o que nos #honra por demais. Somos confrades no IHGM e na Academia Maranhense de Letras Jurídicas. Um orgulho imenso para mim. Obrigado confreira. Seja bemvinda. (Mhario Lincoln).


A Promotora de Justiça e escritora Ana Luiza Almeida Ferro participou, na noite de 13 de janeiro, do sarau poético e da sessão de autógrafos de seus livros Quando e O náufrago e a linha do horizonte, ambos de poesias, na Livraria e Café 17, no badalado bairro Casa Forte, em Recife-PE, na companhia de outros autores de diferentes estados, com suas respectivas obras. O evento foi promovido pela Helvetia Edições, editora helvética-brasileira. No dia seguinte, por volta das 20h, ainda na capital pernambucana, na Fundação Gilberto Freyre, a jurista maranhense foi agraciada com o Prêmio Talentos Helvéticos-Brasileiros 2017, na categoria “Melhores livros de poesia”, por seu livro O náufrago e a linha do horizonte, como uma das vencedoras do concu rso literário nacional lançado pela referida editora. No dia 06 de abril, Ana Luiza tomará posse na Cadeira º 12 da Academia Maranhense de Letras, patroneada por Joaquim Serra, que já teve como um de seus ocupantes Odylo Costa, filho.

Ipsis Literis MHARIO LINCOLN Posse na Academia A posse da escritora e vencedora de importantes prêmuos literários, poeta Ana Luiza Almeida Ferro, na Cadeira 12, (patrono, Joaquim Serra), da Academia Maranhense de Letras, está marcada para 6 de abril de 2017, às 19 horas, na sede da AML. Será recepcionada pela acadêmica Ceres Costa Fernandes. Ana Ferro é membro da Academia Poética Brasileira.


POSSE NA CADEIRA Nº 12 DA ACADEMIA MARANHENSE DE LETRAS

No dia 6 de abril, terei a honra de tomar posse na Cadeira nº 12 da Academia Maranhense de Letras, patroneada por Joaquim Serra, cujos últimos ocupantes foram Odylo Costa, filho e Evandro Sarney. Serei saudada pela estimada Profa. Ceres Costa Fernandes. Conto com a presença de vocês.


MÁRIO LUNA FILHO Dicionário de poetas caxienses

Caxias (((Mário Luna Filho))) No teu silêncio Encontro instantes de mim mesmo Guardados na memória Destas ruas quase sem nomes. Num rito de busca Vou colhendo fragmentos De meus momentos dispersos Pelos teus rumos. Já não mais brincam meninos traquinos Em tuas calçadas, Bolsos repletos de petecas multicoloridas. O trem, em seu ritmo lento de chegar Não mais cogita a atenção De teus filhos tão dispersos. Mas a memória de teu rio Lembrou-me cousas Há muito esquecidas. Achou-me Talvez um pouco mais triste. Mais sentido. Mais só, Mais Mário...


______________ Mário Luna Filho, poeta caxiense contemporâneo, nascido em São Luís aos 27 de julho de 1950, vindo cedo para Caxias onde regou os sonhos de infante. Vencedor de vários concursos literários, é cirurgião-pediatra, membro da Sociedade Brasileira de Escritores Médicos - Regional do Maranhão (SOBRAME/MA). Principais títulos publicados: "Do sapato ao pé descalço" (poemas); "Um pingo para o seu devido i" (ensaio); "Chão azul" (contos); "Do granito ao infinito" (poemas). O poema aqui compartilhado foi extraído da coletânea "Itinerário poético de Caxias", organização do poeta Quincas Vilaneto.


DANIEL BLUME Risco, Tropeço e Triunfo são três curtos poemas de minha autoria selecionados e publicados na antologia poética portuguesa ARTELOGY.



LISBOA. NA SEGUNDA COMEÇA O MESTRADO.


CERES COSTA FERNANDES DO MARANHÃO DUAS PRECIOSAS ESCRITORAS CONTEMPORÂNEAS PARTICIPANDO DA I ANTOLOGIA DA ACADEMIA ESTUDANTIL DE ARTE CONTEMPORÂNEA - A.E.A.C. EIS OS DIPLOMAS! !!

Amei Haha


U

PAULO MELO SOUSA

POETAS DO MARANHÃO: Paulo Melo Sousa faz parte da Geração 80 do século XX, sendo um ativo representante na Literatura e no Jornalismo Cultural. Possuindo uma poesia que diverge do verso tradicional, por onde muitos poetas embarcaram e continuam a embarcar, é uma das personalidades poéticas mais importantes da poesia maranhense atual. (Bioque Mesito)

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JP TURISMO 24/03/2017


ANTONIO NOBERTO O POTENGI E O RIFOLES, quadro idealizado após pesquisa pelo escritor Antonio Noberto e pintado em espátula pelo grande artista plástico Rogerio Martins. Retrata a região da foz do rio Potengi por volta de 1594, onde alguns anos depois foi fundada Natal, a capital do Rio Grande do Norte. No detalhe do canto inferior direito, observa-se o Rifoles, ancoradouro onde atracavam as naus do capitão francês Jacques Riffault, de onde partiu para começar a colonização do Maranhão.

Uma reportagem bem interessante que fala um pouquinho sobre a França Equinocial nos 403 anos de São Luís. Vale a pena conferir! https://www.youtube.com/watch?v=kQ-SpiIYRwo Curtir Amei Haha Uau Triste Grr


O POTENGI, O RIFOLES E A OCUPAÇÃO DO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Academia Ludovicense de Letras

Antonio Noberto apresenta-nos o quadro ‘O Potengi e o Rifoles”, quadro idealizado por ele, após pesquisa, e pintado em espátula pelo grande artista plástico Rogério Martins. Retrata a região da foz do rio Potengi por volta de 1594, onde alguns anos depois foi fundada Natal, a capital do Rio Grande do Norte. No detalhe do canto inferior direito, observa-se o Rifoles, ancoradouro onde atracavam as naus do capitão francês Jacques Riffault, de onde partiu para começar a colonização do Maranhão.

Fonte: Reportagem sobre a França Equinocial nos 403 anos de São Luís. https://www.youtube.com/watch?v=kQ-SpiIYRwo

Publiquei artigos em meu Blog, e depois replicados na revista da ALL1, que Jacques Riffault, Charles des Vaux, David Migan - natural de Vienne, no Delfinado, e Adolphe de Montville, na companhia de centenas

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VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. QUEM, AFINAL, FUNDOU SÃO LUÍS? PODEMOS CONSIDERAR RIFFAULT, DES VAUX, E DAVI MIGAN COMO OS PRÉ-FUNDADORES ? ALL EM REVISTA, v. 2, n. 3, jul./set., 2015, p. 106. http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2_numero_3_ VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. FRANCESA, PORTUGUESA... ou FENÍCIA?? ALL EM REVISTA, V. 2, n. 4, out./dez., 2015, p. 187, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2__numero_4 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A FUNDAÇÃO DO MARANHÃO. ALL EM REVISTA, V. 2, n. 4, out./dez., 2015, p. 208, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2__numero_4 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A “DESCOBERTA” DO MARANHÃO, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 252, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute1.amazonaws.com


de outros navegadores e selvagens de diferentes tribos, se faziam presentes nos mais diversos recantos do Norte e Nordeste brasileiro, entre o Potengi e o Amazonas. Diferenciando ocupação de incursão, as primeiras tentativas de ocupação de sítios na área tenham ocorrido depois do fracasso da França Antártica - empurrados do sul os franceses se fixaram no litoral norte-riograndense, especialmente no estuário do Potengi. Quando os franceses foram lançados do Rio de Janeiro (1567) passou-se para Cabo Frio e daí para o Rio Real, entre Bahia e Sergipe. Escorraçados dessas paragens, procuraram estabelecer-se nas costas da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Foi identificada numa área rural, distante cerca de 2 km da foz do rio Pirangi, os restos de uma casa-forte que fora utilizada pelos franceses, como sugere Jerônimo de Barros em documento enviado ao rei de Portugal, e semelhante a uma por eles deixadas em Cabo Frio depois da malfadada experiência da França Antártica.

Essa estância pertenceu a Jacques Riffault mais conhecido por Refoles. Foi o mesmo Refoles quem negociou antes da descoberta do Brasil (sic) com os índios potiguares espelhos, tintas e outros objetos em troca de pau-brasil, de modo especial as existentes na margem direita do rio Potengí. Essa foto mostra o local onde ficava o corsário francês a negociar com os silvícolas. Longe da colonização de Natal, Jacques Riffault negociou toda sorte de suprimentos e até as mulheres 2 índias que partiram para a França

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. MARCO ZERO: É NECESSÁRIO DETERMINAR?, ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 336, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute1.amazonaws.com VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. MARCO ZERO – UMA PROPOSTA..., ALL EM REVISTA, V.3,N.2, abr/jun 2016, p. 342, http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195-118.compute1.amazonaws.com 2 CAMARA CASCUDO, Luis da. REFOLES http://www.flickr.com/photos/alderico/7159126836/ FERREIRA, Laélio. DE RIFFAULT AO REFOLES - OS FRANCESES . Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto http://nataldeontem.blogspot.com.br/2010/11/de-riffault-ao-refoles-os-franceses.html http://nataldeontem.blogspot.com.br/2009/02/jacques-riffault-refoles.html https://pt.wikipedia.org/wiki/Fran%C3%A7a_Equinocial http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/outra-tentativa


Corsários franceses firmavam acordos com os índios, recebendo em troca presentes como: espelhos, tintas além de outros objetos sem valor. Para os indígenas, aqueles "presentes" eram coisa de suma importância. Para os franceses, não valia nada. De acordo com Frei Vicente do Salvador3, no Rio Grande os [...]franceses iam comerciar com os potiguares, e dali saíam também a roubar os navios que iam e vinham de Portugal, tomando-lhes não só as fazendas mas as pessoas, e vendendo-as aos gentios para que as comessem [...].

A Capitania do Rio Grande constituiu o segundo lote doado a João de Barros e a Aires da Cunha, da foz do rio Jaguaribe a norte, até à Baía da Traição, a sul. Tendo o empreendimento de ambos sido direcionado ao primeiro lote (a Capitania do Maranhão), devido às dificuldades ali encontradas em 1535, este segundo lote permaneceu abandonado4. O principal porto frequentado pelos franceses na Capitania do Rio Grande era o rio Potengi, onde também se detinham navios ingleses. Naquele ancoradouro se procediam aos reparos necessários nas embarcações e obtinham-se provisões frescas ("refrescos") 5. Dentre os corsários que estiveram por esses lados, estava Jacques Riffault que, com o passar do tempo, o local onde ancorava a sua nau, no Potengi, passou a ser chamado de Refoles ou mesmo Rifoles 6. Num mapa francês datado de 1579 se identifica as terras do hoje Rio Grande do Norte, com os acidentes geográficos, das tribos e de produtos econômicos, ficando evidenciado que os franceses tinham maiores conhecimentos dessa terra que os próprios portugueses7.

Carte de la côte du Brésil - Dieppe, 1579, par Jacques de Vau de Claye. En français. Une carte, manuscrit enluminé sur vélin. http://expositions.bnf.fr/marine/gallica/atlantique.htm

Jacques Riffault negociou madeiras, como o pau brasil, que existia em abundância na margem esquerda do rio Potengi e, principalmente pelo lado direito onde havia a chamada Mata Atlântica. Levaram madeiras do Rio Grande do Norte e até do Rio de Janeiro. Na hoje Natal, a boa amizade com que Riffault tratava os índios, dava-se à falta de colonização efetiva do território. 3

SALVADOR, Frei Vicente do. HISTÓRIA DO BRASIL. Edição revista por Capistrano de Abreu. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2010. 4 http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitania_do_Rio_Grande 5 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CONTRIBUIÇÕES PARA A HISTÓRIA DE CAMOCIM – CEARÁ. 6 http://pt.wikipedia.org/wiki/Invas%C3%B5es_francesas_do_Brasil 7 Alderico Leandro Jacques Riffault - Refoles, disponível em http://nataldeontem.blogspot.com.br/2009_02_01_archive.html http://historiarn.blogspot.com.br/2011/05/os-franceses-no-litoral-sul-do-rn.html https://it.wikipedia.org/wiki/Scuola_cartografica_di_Dieppe


Só no final do século XVI os portugueses se armaram e expulsaram os franceses de Natal - que nem tinha ainda esse nome. A conquista do Norte foi uma operação de limpeza contra franceses que queriam fixar-se nestas partes da América. Era tão forte a presença francesa que muitos recantos de nossa costa foram batizados com nomes como porto Velho dos Franceses e porto Novo dos Franceses (ambos no Rio Grande do Norte), rio dos Franceses (na Paraíba), baía dos Franceses (em Pernambuco), boqueirão dos Franceses (em Porto Seguro), ou praia do Francês (próximo à atual Maceió, em Alagoas). Outro ponto no qual os navios normandos ancoravam com muita freqüência era a praia de Búzios, no Rio Grande do Norte, a cerca de 25 km ao sul de Natal. Ao porto localizado na praia de Búzios podiam “surgir navios de 200 toneladas”. Os franceses usavam o porto da desembocadura do rio Pirangi (aproximadamente 25 km de Natal) para o “resgate do pau” como os portugueses se referiam aos locais de corte e estocagem de pau- brasil. Em 1590, Jacques Riffault, depois de Natal, veio para São Luis, no Maranhão. É dele a primeira idéia de ocupação do Maranhão. Em 1594, animado pelas boas relações que mantinha com o chefe selvagem Uirapive, se associou a outros aventureiros, e, com meios suficientes, recrutou e veio para o Brasil em três navios, aportando no Maranhão, longe do local do objetivo inicial, mas decidiu fixar-se ali como base de partida para outras incursões ao longo do litoral brasileiro8. Para Bueno (2012) 9, Riffault - em 1593 -, retornando à França depois de ter inspecionado a então denominada ilha do Maranhão, conseguiu convencer um rico cavalheiro francês, Charles de Vaux, a investir seu dinheiro numa expedição colonizadora. Em 15 de março de 1594, Riffault e Des Vaux partiram para o Maranhão, com cerca de 150 colonos e soldados a bordo de três navios. Um naufrágio e uma série de outras dificuldades fizeram fracassar a empresa (p. 84). Sua estada na região do Maranhão tinha começado por um acidente: já fazia viagens regulares à região havia alguns anos, e perdera ali um de seus navios e fora obrigado a deixar parte de sua tripulação. De acordo com o sitio “NAUFRÁGIOS NO BRASIL/MARANHÃO” consta que o naufrágio da nau de Jacques Riffault se deu em 159010.

(Diário do Maranhão, 7 de agosto de 1881) 8

INVASÕES FRANCESAS NO RIO DE JANEIRO E MARANHÃO http://www.ahimtb.org.br/confliext2.htm DAHER, Andrea. A conversão dos Tupinambá entre oralidade e escrita nos relatos franceses dos séculos XVI e XVII. Horiz. antropol. [online]. 2004, vol.10, n.22, p. 67-92. ISSN 0104-7183. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832004000200004. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-71832004000200004&script=sci_arttext SILVA, Paulo Napoleão Nogueira da. A FRANÇA NO BRASIL. 9 BUENO, Eduardo. BRASIL, uma História. 2ª reimpressão. Rio de Janeiro: Leya, 2012 10 “NAUFRÁGIOS do BRASIL/MARANHÃO” http://www.naufragiosdobrasil.com.br/maranhao.htm https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Maranh%C3%A3o


Já em 1594, Jacques Riffault, depois de Natal, veio para São Luis, no Maranhão. Junto com Charles des Vaux aporta na Ilha Grande, atual Ilha de São Luis, no Maranhão11. O navio de Jacques Riffault naufraga nos baixios da ilha, mais tarde denominada Sant´Ana. Desse naufrágio, os tripulantes de dois navios franceses, dos três que formavam a frota de Jacques Riffault, ficaram perdidos na ilha de Santana, e conviveram pacificamente com os índios Tupinambás. Des Vaux foi um dos que ficaram com a gente de Uirapive – chefe tupi com quem Riffault tinha selado aliança12. Aqui desembarcados, fundam um estabelecimento que se tornou o "refúgio dos piratas” 13. Mas para os seus planos, um simples estabelecimento não significava grande obra; pensaram em aí fundar uma colônia: a França Equinocial. Charles Des Vaux aprendeu a língua dos índios e prometeu trazer-lhes outros franceses para governá-los e defendê-los. De volta à França, Des Vaux conseguiu do rei Henrique IV que Daniel de la Touche, senhor de La Ravardière, o acompanhasse ao Maranhão, para verificar as maravilhas que lhe narrara, e prometeu-lhe a conquista da nova terra para a França.14 A segunda invasão acontece no Maranhão, a partir de 1594. Depois de naufragar na costa maranhense, os aventureiros Jacques Riffault e Charles des Vaux estabelecem-se na região. Diante do lucro obtido com o escambo, conseguem o apoio do governo francês para a criação de uma colônia, a França Equinocial. Em 1612, uma expedição chefiada por Daniel de la Touche desembarca no Brasil centenas de colonos, constrói casas e igrejas e levanta o forte de São Luís, origem da cidade de São Luís do Maranhão.15 Para Rubem Almeida (Diário de São Luis, 28 de julho de 1923 - No decorrer de 424 anos – ligeira synthese histórica do Maranhão), esta se constitui a terceira etapa da conquista do Maranhão:

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http://pinheiroempauta.blogspot.com.br/2012/09/distribuicao-das-sesmarias-em-cuma.html http://pinheiroempauta.blogspot.com.br/2012/09/distribuicao-das-sesmarias-em-cuma.html 13 http://www.consciencia.org/ocupacao-do-litoral.a-conquista-do-norte-e-a-penetracao-da-amazonia-historia 14 http://planeta-brasil-turismo.blogspot.com.br/2010/05/maranhao-historia.html 12

15

A invasão francesa no Maranhão. http://deywison3d.blogspot.com.br/2009/04/invasao-francesa-no-maranhao.html


Data de 1596 a visita de um Capitão Guérard, que armou dois navios, sendo um deles para o Maranhão – Poste (atual Camocim) 16 -, – estabelecendo com regularidade as visitas à terra de corsários de Dieppe17, de La Rochelle18 e de Saint Malo 19. É nesse ano que o Ministro Signeley toma como ponto de partida dos direitos da França nesta região, funcionando como uma linha regular de navegação entre Dieppe e a costa leste do Amazonas. Na virada do século, segundo o padre e cronista Luis Figueira 20, que escreveu sua penosa saga na Serra de Ibiapaba21, os franceses no Maranhão contavam, inclusive, com “duas fortalezas na boca de duas grandes ilhas”. Uma destas fortificações, por certo, era o Forte do Sardinha, localizado no atual bairro Ilhinha, nos fundos do bairro Basa em São Luís. Esta, em mãos portuguesas, foi nomeada de Quartel de São Francisco, que deu nome ao bairro. Servia de proteção ao lugar, em especial, a Uçaguaba22, reduto de Migan. Datado de 26 de julho de 1603 há um arresto do tenente do Almirantado em Dieppe relativo a mercadorias trazidas do Maranhão, ilha do Brasil, pelo Capitão Gérard. Meireles (1982, p. 34) 23 traz também Du Manoir em Jeviré; Millard e Moisset, também encontrados na Ilha Grande. Os comandados de Du Manoir e Gérard chegam a quatrocentos; há esse tempo já dois religiosos da Companhia de Jesus haviam estado no Norte do Brasil. Entre 1603-1604 Jacques Riffault percorre o litoral do Ceará, quando o Capitão-mor Pero Coelho de Souza24 recebeu Regimento, passado pela Coroa ibérica, que lhe determinava: 16

Não seria POTE [2] Dieppe ou, na sua forma portuguesa, Diepa é uma comuna francesa na região administrativa da Alta Normandia, no departamento do Sena Marítimo. https://pt.wikipedia.org/wiki/Dieppe 18 La Rochelle[2] [3] [4] [5] (raramente aportuguesada como Rochela ou Arrochela[6] ) é uma comuna francesa, situada no departamento de Charente-Maritime, na região de Poitou-Charentes.[7] Foi um importante porto no período colonial, junto com Havre, Honfleur e Bordéus. https://pt.wikipedia.org/wiki/La_Rochelle 19 Saint-Malo (Bretão: Sant-Maloù) é uma comuna francesa situada no departamento de Ille-et-Vilaine, na região Bretanha. https://pt.wikipedia.org/wiki/Saint-Malo 20 Luís Figueira (1574 ou 1576, Almodôvar, Portugal - outubro de 1643, Ilha de Joanes, Brasil colônia), foi um padre jesuíta de destacada atuação no Brasil colonial. Foi autor de uma das primeiras gramáticas da língua tupi, denominada Arte da Lingua Brasilica. Entre 1607 e 1608, acompanhou Francisco Pinto e 60 índios numa trágica expedição ao Maranhão. Inicialmente chegaram a uma aldeia na Chapada de Ibiapaba (atual Ceará), e dali seguiram à aldeia de Jurupariaçu, onde receberam notícias [2] sobre a presença de franceses e índios hostis. Dali partiram para o Maranhão, mas foram atacados por índios, instigados pelos franceses. O padre Francisco Pinto foi morto pelos indígenas em 10 de janeiro de 1608; Luís Figueira conseguiu escapar e foi depois resgatado por outro jesuíta, Gaspar de Samperes, regressando a Pernambuco. Estes fatos são bem conhecidos pela Relação do Maranhão, escrita por Luís de Figueira em 1609, na qual são descritos em detalhe as peripécias da viagem. https://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_Figueira 21 O topônimo "Ibiapaba" é oriundo do termo tupi yby'ababa, que significa "terra fendida" (yby, terra + 'ab, cortar + aba . A Serra da Ibiapaba, também conhecida como Serra Grande, Chapada da Ibiabapa e Cuesta da Ibiapaba, é uma região montanhosa que localiza-se nas divisas dos estados do Ceará e Piauí. Uma região atraente em riquezas naturais que já era habitadas por diversas etnias indígenas. Os povos que viviam já negociavam diversos produtos naturais com povos europeus, tais como os franceses, antes mesmos da chegadas dos portugueses. Habitada inicialmente por índios tabajaras e tapuias, como a índia Iracema que se banhava na bica do ipu foi bastante retratada no livro Iracema de José de Alencar. A cidade mais antiga da serra é Viçosa do Ceará, que foi colonizada pelos jesuítas da Companhia de Jesus a partir do século XVI. Também encontram-se as cidades do Tianguá, Ubajara onde existe a Gruta de Ubajara. https://pt.wikipedia.org/wiki/Serra_de_Ibiapaba 22 Segundo Capistrano de ABREU , “EUSSAUAP - nom do lieu, c'est à dire le lieu ori on mange les Crabes”. - Bettendorf leu em Laet Onça ou Cap, que supôs Onçaquaba ou Oçaguapi; mas tanto na edição francesa, como na latina daquele autor, o que se lê, é EUSS-OUAP. Na história da Companhia de Jesus na extinta Província do Maranhão e Pará, do Padre José de Morais, está Uçagoaba, que com melhor ortografia é Uçaguaba composto de uçá, nome genérico do caranguejo, e guaba, particípio de u comer: o que, ou “onde se come caranguejos”. ABBEVILLE, Claude d´. HISTÓRIA DA MISSÃO DOS PADRES CAPUCHINHOS NA ILHA DO MARANHÃO E TERRAS CIRCUNVIZINHAS. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1975 23 MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982 24 Pero Coelho de Sousa foi um explorador português, oriundo dos Açores, primeiro representante da Coroa a desbravar os territórios da capitania do Ceará no início do século XVII. Em 1603, requereu e obteve da Corte Portuguesa por intermédio de Diogo Botelho, oitavo Governador-geral do Brasil, o título de Capitão-mor para desbravar, colonizar e impedir o comércio dos nativos com os estrangeiros que a anos atuavam na capitania do "Siará Grande". Após uma série de lutas, conquistou a região 17


"[...] descobrir por terra o porto do Jaguaribe, tolher o comércio dos estrangeiros, descobrir minas e oferecer paz aos gentios" e "fundar povoações e Fortes nos lugares ou portos que melhores lhe parecerem". Riffault fora buscar recursos e permissão na Europa, partindo para a França, divulgando as grandes riquezas da terra e facilidades de conquista. Charles Des Vaux ficara em terra conquistando a confiança dos tupinambás, para aprender a sua língua. Encontramos em Evaristo Eduardo de Miranda (2007, p. 162) 25 que essa concessão fora dada pela Regente Maria de Medicis, com o apoio do Conde de Danville, almirante de França e Bretanha, a 1º de outubro de 1610 a Charles dês Vaux, para o estabelecimento de uma colônia ao sul do Equador, com a extensão de 50 léguas para cada lado do forte que ai erigisse. É Charles dês Vaux, segundo esse autor, quem se associa a Nicolas de Harlay e ao almirante Razilly... Em “A Pacotilha”, de 25 de novembro de 1927, de Fulgêncio Pinto o que segue26 - Um conto de Natal: “Era o ano de 1609, em Saint Malo, ilha de França, cidade dos corsários. Numa taberna reuniam-se muitos homens a gritar, a falar alto.” [...] De repente surge um cavalheiro de olhos azues, porte esbelto e fidalgo, vestindo um gibão escarlate, trazendo sob a cinta de couro de serpente, um punhal de cabo de prata. Ele chegava de longe, de outras terras, de lugares desconhecidos. - De onde vem? - Quem será ele? - Para onde irá? - Parece-me que o conheço!... - Creio que fazia parte da tripulação de Jacques Riffault. - Não estás enganado? - Por Deus, que não. Não me são estranhos, este roto e esta voz. Eram estes os commentarios em torno d figura simpatica daquele homem que ali entrara, pedira um copo de cidra, e o esquecera em cima da mesa, entretendo-se a examinar um velho mapa. Ele havia chegado em companhia de alguns indios, dois dias antes numa das naus que ali estavam ancoradas no porto. Ali viam-e homens de todos os aspectos, de todas as raças, de todas as nacionalidades, de todas as cores, desde os mais ferozes até os mais pacíficos. Misturavam-se as línguas; ora ouviam dialetos sonoros, ora idiomas duros e quasi imperceptíveis. A fumaça dos cigarros diluindo-se no éter deitava uma iaca enjoativa, acre, misturando-se com o cheiro de alcatrão e da maresia. Aquela velha casa onde se reunia tanta gente, era a taberna cuja porta encimava garbosamente este letreiro’Au rendez vous dês corsaires’ sobre uma grossa chapa de ferro. Em frente desdobrava-se uma paizagem marítima, banhada pela margem do oceano aformoseando o horizonte, quer nas manhãs magníficas quer nas tardes silenciosas, quando o sol com seus aparatos de riquezas sumiam-se no mundo do sonho e do nada. Quatro mesas enormes estavam cercadas de bancos de carvalho. Apesar da grita o homem que entrara ha pouco, esquecia-se da cidra e continuava a estudar o mapa com muita atenção. da Ibiapaba vencendo os franceses e indígenas. Depois dessa vitória ele tentou entrar mais na região na direção do Maranhão, mas devido à rebelião de seus homens, retornou à barra do rio Ceará onde ergueu o Fortim de São Tiago da Nova Lisboa. http://pt.wikipedia.org/wiki/Pero_Coelho_de_Souza 25 MIRANDA, Evaristo Eduardo de. QUANDO O AMAZONAS CORRIA PARA O PACÍFICO – uma história desconhcida da Amazônia. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 2007 26 PINTO, Fulgêncio. Um conto de Natal. In A PACOTILHA, São Luis, 27 de novembro de 1927


- Diabo! Quem será aquele cavalheiro? Gritou um corsário. - Não o incomodeis berrou Tricon, pronto para fazer calar com um murro, o curioso. A’ porta da taberna assomaram mais dois cavalheiros. Um era François Dupré, filho único de um rico armador de Saint Malo, que havia conquistado nome e fortuna no Corso; o outro Raul Renaud, antigo professor em Paris, na Universidade de Sorbona, conhecido como sábio em sciencias naturaes. Entram e sem dirigir palavras aos demais que ali se embebedavam, tomam assento justamente, diante do desconhecido que lia o mapa. - Carlos Des Vaux!... Vós aqui! Já vos tínhamos como morto!... gritou admirado Dupré. O homem, espantadoouvia-lo o seu nome levantou a vista, e reconhecendo no jovem, o pequeno Dupré, o garoto que deixara ainda imberbe quanto partira para as suas correrias pelo oceano, poz-se de pé e estendeu-lhe as mãos entusiastamente. - Bravo Dupré! Estaes um perfeito homem. - Onde andaveis vós? - Cruzando os mares – responde o pirata. - O que tanto vos prende a esse papel - Um sonho, pequeno. - De amor? - Não, de conquista. - Que papel é esse Des Vaux?, Um mapa? - Sim, um mapa. - E que sonho de conquista será esse? Dupré apresentou-lhe o seu velho amigo e mestre Raul Renaud. -Ouçam-me o grande sonho – pediu Des Vaux. Contentes achegaram os bancos de carvalho, e debruçados da mesa, quedaram-se sobre o mapa que Carlos Des Vaux tinha entre as mãos, apontando-lhes ali, num belo discurso, os encantos de uma terra prodigiosa e moça, para la do oceano, em que ele havia havia habitado por muito tempo entre os índios. Quinze anos eram decorridos, desde o naufrágio de Jacques Riffault num dos baixios ao norte do Brasil, nas proximidades da costa do Maranhão. Quinze anos aquele homem de olhos azues, cor bronzeada, pele queimada pelo sol caustigante dos trópicos, que ali estava a conversar animadamente, errara pelas matas da formosa terra moça pelos litoraes, pelos ínvios sertões, e depois de haver alcançado Victoria brilhantes ao lado dos índios nos conflitos de Hibiapaba, resolvera fixar residência no ponto mais pitoresco numa ilha arborizada, seguro da amizade dos Tupinambás, tornando-se o homem de confiança de toda a tribo, que lhe adirava a bravura e a bondade do coração. Era ali a formosa ilhados Tupinambás, ilha d sol, vivendo na exuberância da sua luz, tecendo magníficos cortinados nas franças dos arvoredos selvagens, cheia de mistérios e explendores, flora maravilhosa, vales rumorosos, que ao revelhar-lhes os encantos, o pirata, sentia uma certa transfiguração de espirito, e o cérebro embriagava-se de sonhos magníficos. Era ali que Japiassú grande amigo e aliado de Des Vaux, era chefe, principal, irradiando o seu alto poder, de Juniparan, a aldeia mais notal de quantas existiam na ilha. Terminada a narração ele o pirata explicou aos amigos que voltava à pátria afim de oferecer à sua magestade cristianíssima Henrique IV, rei de França e senhor de Navarra, não só a posse do território fertilíssimo como também a amizade e obediência dos Tupinambas. Os três homens esquecidos do tudo quanto os cercava, confabularam em armar uma expedição, em demanda da terra previlegiada, expedição UE mais tarde foi levada a efeito auxiliada pelo conde de Sulley, então governador da Bastilha, conselheiro de sua


magestade Henrique IV, sob o comando do senhor de La Ravardiere, que foi ali fundar uma cidade em honra a Luis XIII, na regência de Maria d Medicis. [...] onde fica essa formosa terra tão linda, tão moça de Carlos dês Vaux. [...] essa formosa terra moça e previlegiada é S. Luis é o Maranhão [...] - É Maranhão!... - E quem era Carlos Des Vaux? Era um Frances, amigo do Maranhão que sacrificara tudo, para fundar aqui a França Equinocial!

O interior do Maranhão era bem conhecido por eles. O Mearim, Itapecuru, Munim, Grajaú, Tocantins e tantos outros eram vias utilizadas que ligavam o interior maranhense com o litoral e a Europa. Nos outros recantos, a história faz menção a eles no constante comércio com os potiguaras, no porto do Rifoles – na margem direita do Rio Potengi; nos dois ataques à Fortaleza do Cabedelo, na Paraíba, realizadas em 1591 e 1597. Nesta última, Migan foi gravemente ferido, mas sobreviveu. Foram eles que fundaram o núcleo urbano de Viçosa do Ceará27, sendo que a cidade ainda hoje conserva os topônimos do legado francês. O Pará e o Rio Amazonas eram lugares bem conhecidos destes navegadores. Quando Francisco Caldeira Castelo Branco partiu do Maranhão para fundar Belém (1615) levou consigo Des Vaux e Rabeau para auxiliarem na navegação e nos primeiros contatos com os índios de lá. Quando a esquadra de Daniel de La Touche, Francisco de Rasilly e o Barão de Sancy a 6 de agosto de 1612 vêem fundear frente a Jeviré (ponta de São Francisco), ali encontraram as feitorias de Du Manoir e do Capitão Guérard. Du Manoir, Riffault, Des-Vaux e os piratas de Dieppe, encontravam-se fundeados no porto, confirmam a presença continuada dos exploradores de todas as procedências nas costas do Maranhão, e do Norte em geral: uma companhia holandesa presidida pelo burgomestre de Flessingue28, ingleses, holandeses e espanhóis negociando com os índios o pau-brasil; armadores de Honfleur29 e Dieppe; o Duque de Buckigham30 e o conde de Pembroke31 e mais 52 associados fundaram uma empresa para explorar o Brasil; espanhóis de Palos32. 27

Viçosa do Ceará é o primeiro município criado na Serra da Ibiapaba, inicialmente habitada por índios Tabajaras pertencentes ao ramo Tupi, anacé, arariú ecroatá do ramo Tapuia. Viçosa foi antiga aldeia de índios dirigida por padres da Companhia de Jesus(Veja Missão da Ibiapaba). Foi desbravada ao findar o século XVI, quando do contato dos índios com os franceses, vindos do Maranhão entre 1590 e 1604, data em que foram expulsos por Pero Coelho de Sousa, quando este fazia tentativas de colonização portuguesa no Ceará.. https://pt.wikipedia.org/wiki/Vi%C3%A7osa_do_Cear%C3%A1 28 Jan de Moor, burgomestre de Flessingue, dirigia uma companhia de conquista na Amazônia. Jayme I, da Inglaterra, concedia cartas-patentes a John Rovenso, Thomas Challomer e Roberto Marcourt, para o senhoreamento da região entre o Essequibo e o Amazonas. http://www.brasiliana.com.br/obras/pontos-de-partida-para-a-historia-economica-dobrasil/pagina/73 29

Honfleur é uma comuna francesa na região administrativa da Baixa-Normandia, no departamento Calvados. https://pt.wikipedia.org/wiki/Honfleur 30 Os títulos de Marquês e Duque de Buckingham, referindo-se à Buckingham, foram criados várias vezes nos pariatos Inglaterra, Grã-Bretanha, e no Reino Unido. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ducado_de_Buckingham 31 El Condado de Pembroke, asociado con el Castillo de Pembroke, en Gales, fue creado por el rey Esteban de Blois. En varias ocasiones la línea se extinguió y el Condado hubo de ser recreado, empezando la cuenta de nuevo con el primer nuevo conde. El 1 de septiembre de 1533, Enrique VIII, ascendió a su esposa Ana Bolena creando para ella el rango de marqués de 1 Pembroke, en señal de honor, ya que su tío abuelo Jasper Tudor había sido Conde de Pembroke y el padre de Enrique VIII, Enrique VII, había nacido allí. Ana Bolena, reina consorte de Inglaterra por su matrimonio con Enrique VIII y primera marqués de Pembroke. El actual conde también ostenta el título de Conde de Montgomery, creado en 1605, para el hijo más joven del Henry Herbert, II conde de la octava creación antes de que él ascendiera como IV conde en 1630. Los actuales condes ostentan también los títulos subsidiarios de Barón Herbert de Cardiff, de Cardiff, en el Condado de Glamorgan (1551), Barón Herbert de Shurland, de Shurland, en la Isla de Sheppey, en el Condado de Kent (1605), y Barón Herbert de Lea, de Lea, en el Condado de Wilts (1861). Todos están en el rango de nobleza de Inglaterra excepto la Baronía de Herbert de Lea, que está en el rango de nobleza del Reino Unido. La sede familiar está en la Casa Wilton, en Wiltshire. https://es.wikipedia.org/wiki/Condado_de_Pembroke 32 Palos de la Frontera é um município da Espanha na província de Huelva, comunidade autónoma da Andaluzia. https://www.google.com.br/?gws_rd=cr&ei=NLTMVuXUKMTFwASa5I2ICQ#q=Palos


Tanto comércio fez com bretões e normandos se estabelecessem com feitorias na Ilha Grande, e um desses lugares era a aldeia de Uçaguaba/Miganville (atual Vinhais Velho), misto de aldeia e povoação européia. O porto usado nessas atividades era o de Jeviré (Ponta d'Areia).

DETALHE DO MAPA HOLANDÊS ATRIBUIDO A FRANZ POST. A SETA AZUL APONTA PARA A LOCALIZAÇÃO DO FORTE DE SÃO 33 FRANCISCO, ANTIGO FORTE SARDINHA DOS FRANCESES – NOBERTO, 2016

FORTE DO SARDINHA

É quase inimaginável que todo esse aparato comercial existisse sem uma forte proteção das armas. Some-se que o chefe maior de tudo isso era David Mingan, o Minguão, o "chefe dos negros" (daí o nome de Miganville), que tinha a seu dispor cerca de 20 mil índios e era "parente do governador de Dieppe". Por fim, a localização da fortaleza está exatamente no lugar certo de proteção do Porto de Jeviré e da entrada do rio Maiove (Anil), que protegeria Miganville. Pianzola, em sua obra “OS PAPAGAIOS AMERELOS – os franceses na conquista do Brasil (1992) 34 apresenta decalque de mapa datado de 1627, cujo original desapareceu, feito em torno de 1615 pelo português João Teixeira Albernaz35, cosmógrafo de sua Majestade, certamente feito a partir daquele que LaRavardiére deu ao Sargento- Mor Diogo de Campos Moreno36 durante a trégua de 1614. 33

NOBERTO DA SILVA, Antonio. SÃO LUÍS ANTES DA FUNDAÇÃO. IN ALL EM REVISTA, vol. 3, n. 3, julho a setembro de 2016, p. 237-240, pré-print. Palestra apresenta por ocasião das comemorações dos 404 anos de fundação de são Luis, promovida pela Academia Ludovicense de Letras, em 8 de stembro, na casa de Cultura Huguenote Daniel de La Touche. 34 PIANZOLA, Maurice. OS PAPAGAIOS AMARELOS - os franceses na conquista do Brasil. São Luis: SIOGE, 1992. 35 João Teixeira Albernaz, também referido como João Teixeira Albernaz I ou João Teixeira Albernaz, o Velho (Lisboa, último quartel do século XVI — c. 1662), para distingui-lo do seu neto homónimo, foi o mais prolífico cartógrafo português do século XVII. A sua produção inclui dezanove atlas, num total de duzentas e quinze cartas. Destaca-se pela variedade de temas, que registam o progresso das explorações marítimas e terrestres, em particular no que respeita ao Brasil. João Teixeira Albernaz I


Fonte: PIANZOLA, 1968, p. 34

O autor chama atenção para os nomes constantes dos mapas, entre os quais muitos de origem francesa, ‘traduzidos’ para o português. Vê-se, na Grande Ilha dentre outros, Migao-Ville, propriedade do intérprete de Dieppe, David Migan, seguramente um psudônimo, no entender de Pianzola:

pertenceu a uma destacada família de cartógrafos cuja actividade se estende desde meados do século XVI até ao fim do século XVIII, incluindo o seu pai Luís Teixeira, o tio Domingos Teixeira, o irmão Pedro Teixeira Albernaz e o neto João Teixeira Albernaz, o Moço além de Estevão Teixeira. https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Teixeira_Albernaz,_o_Velho 36 Diogo de Campos Moreno (Tânger, 1566 – 1617) foi um militar português. Após ter combatido na Flandres, seguiu para o Brasil em 1602, com o posto de sargento-mor, junto com Diogo Botelho. No Maranhão juntou-se a Jerônimo de Albuquerque Maranhão e a Alexandre de Moura na luta contra os franceses e seus aliados indígenas, estabelecidos na chamada França Equinocial, conseguindo a vitória em 1615. Com base nas suas experiências no Brasil redigiu o "Livro que Dá Razão ao Estado do Brasil" (1612) e a "Jornada do Maranhão" (1614), obras que não assinou. Nesta última, Moreno relata a conquista do território, embora tenha enaltecido os seus próprios feitos. Foi tio de Martim Soares Moreno. https://pt.wikipedia.org/wiki/Diogo_de_Campos_Moreno


“[...] No último quartel daquele século, o que era apenas um posto de comércio, sem maior raiz, tornou-se morada definitiva dos corsários gauleses, vindos de Dieppe, Saint-Malo, Havre de Grace e Rouen, que aqui deixavam seus trouchements (tradutores) que viviam simbioticamente com os tupinambá (escreve-se sem “s” mesmo). Entre estes estava David Migan, o principal líder francês desta época. Ele era o “chefe dos negros” (índios) e “parente do governador de Dieppe”. Tinha a seu dispor cerca de vinte mil guerreiros silvícolas e residia na poderosa aldeia de Uçaguaba (atual Vinhais Velho), apelidada de Miganville[...].(NOBERTO SILVA, 2011). A partir da França Equinocial o Maranhão passou compreender parte do Ceará (desde o Buraco das Tartarugas – Jericoacoara), o que foi referendado pelo governador geral do Brasil e, poucos anos depois, quando da divisão do Brasil, em 1621, estendendo o território até o Mucuripe, serviu de marco para a criação do Estado do Maranhão, com capital em São Luís compreendendo ainda o Ceará e o Grão-Pará. Tal divisão era praticamente igual aos limites extra-oficiais do empreendimento capitaneado por La Ravardière, conquistado por Riffault, Des Vaux, e Davi Migan...


ARQUIMEDES VALE. SOBRAMES MARANHÃO

"A medicina foi feita para o paciente, não para o médico. A menos que este se torne o paciente" Arquimedes Vale.

Encerramento da Residência Médica 2014-2016 - HUUFMA. Palestra do confrade Arquimedes Vale: Epistemologia da Praxis Médica. O HUUFMA feliz em recebê-lo de volta ao lar! SOBRAMES muito bem representada pelos confrades e professores José Pereira Guará (coordenador da residência médica), Francisco Monteiro Jr.(cardiologia), Natalino Salgado (ex reitor da UFMA) e eu (Divisão Médica).


REVISTA CULTURAL LUDOVICENSE - SÃO LUÍS 400/2012.

Revista Cultural Ludovicense - São Luís 400/2012 com Leopoldo Gil Dulcio Vaz. 28 de fevereiro de 2016 ·

**** A direção da Revista Cultural Ludovicense - São Luís 400 / 2012 tem a satisfação de divulgar o artigo A “DESCOBERTA” DO MARANHÃO, por Leopoldo Vaz, em sua coluna no jornal O ESTADO DO MARANHÃO, na data de hoje, 28/02/2016. Trata-se de um importante registro histórico, literário e cultural. O autor é Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, Membro fundador da Academia Ludovicense de Letras - ALL, Professor de Educação Física. ___________________________ * Link: http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2016/02/28/12649/ --- Divulgação: Ana Félix Garjan ArtePoesia Literatura.- idealizadora, editora e divulgadora da RCL - SL 400/2012


ARNO WEHLING É ELEITO PARA ABL

O historiador Arno Wehling foi eleito, na tarde dessa quinta-feira (9), para suceder Ferreira Gullar na ABL (Academia Brasileira de Letras). Ele derrotou o poeta Antonio Cicero, por 18 votos a 15. Wehling vai ocupar a cadeira 37, que tem como patrono o escritor Tomás Antônio Gonzaga. A vaga estava aberta desde dezembro do ano passado, com a morte de Gullar. Autor de livros como "Os Níveis da Objetividade Histórica" (1974) e “Formação do Brasil Colonial”, o novo imortal é presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), fundado em 1838 por Dom Pedro II, é também sócio correspondente do IHGM. Natural do Rio, Arno Wehling tem 70 anos e é formado em História pela antiga Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil e em Direito pela Universidade Santa Úrsula. É ainda Doutor em História pela Universidade de São Paulo, e tem pós-doutorado na Universidade do Porto, em Portugal. Especializado em teoria e metodologia da História, história do Brasil Colônia e história do Direito brasileiro, tem mais de dez livros publicados. As áreas de atuação de Wehling são a epistemologia da história, a história das ideias políticas e jurídicas, bem como a do direito. O novo membro da Casa de Machado de Assis é também professor emérito da Unirio. No exterior, ele é membro da Academia de Ciências de Lisboa.


EFEMÉRIDES

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- NASCIMENTO DE CLAUDE D´ABEVILLE – PATRONO DA CADEIRA 1 JANEIRO 1884 – NASCIMENTO DE MANUEL VIRIATO CORRÊA BAIMA DO LAGO FILHO – VIRIATO CORRÊA – PATRONO DA CADEIRA 24 1799 – NASCIMENTO DE MANOEL ODORICO MENDES – PATRONO DA CADEIRA 3 FEVEREIRO 1927 – NASCIMENTO DE JOSÉ TRIBUZZI PINHEIRO GOMES – BANDEIRA TRIBUZI – PATRONO DA CADEIRA 39 1608 – NASCIMENTO DE ANTONIO VIEIRA - PATRONO DA CADEIRA 2 1864 – NASCIMENTO DE HENRIQUE MAXIMINIANO COELHO NETO – PATRONO DA CADEIRA 18 MARÇO 1947 – NASCIMENTO DE JOSÉ RIBAMAR SOUSA DOS REIS – PATRONO DA CADEIRA 40 1915 – NASCIMENTO DE MARIO MARTINS MEIRELES – PATRONO DA CADEIRA 31 1874 - NASCIMENTO DE MANUEL FRAN PAXECO, PATRONO DA CADEIRA 21 1920 – NASCIMENTO DE CARLOS ORLANDO RODRIGUES DE LIMA – CARLOS DE LIMA – PATRONO DA CADEEIRA 33 1812 – NASCIMENTO DE JOÃO FRANCISCO LISBOA – PATRONO DA CADEIRA 5


LOUVAÇÃO A TRIBUZI “Sonho sem quase já ser, / perco sem nunca ter tido, / e comecei a morrer / muito antes de ter vivido”. Fernando Pessoa Tribuzi deixou para São Luís, Ilha Grande, como se dizia, cantatas líricas de liberdade, que se farão ouvidas, enquanto for da Cidade, e dele, a poesia. Tribuzi deixou para São Luis, concepções trazidas de Portugal e os métodos ditados pela Orfeu. Tribuzi deixou para São Luis, as fitas e o capelo de Coimbra, e sua resistência ao carolismo, para não ser Prior do Carmo. Tribuzi foi apenas uma bandeira hasteada no pinheiro de um José. Tribuzi deixou para São Luís um memorial de luta e curta vida, boa safra, e uma amada Maria. ______________________ *Fernando Braga, in “O sétimo dia”, 1997. Pêmio Cidade de São Luis-Sousândrade. Ilustração: Blog do Hugo Freitras.


FRAN PAXECO E A FUNDAÇÃO DA FACULDADE DE DIREITO DO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Cadeira 21, Patroneada por Fran Paxeco

GRUPO CONSTITUÍDO POR DIVERSOS ALUNOS DA PRIMEIRA TURMA DA FACULDADE DE DIRITO DO MARANHÃO. O ORIGINAL SE ENCONTRA EM PODER DA FAMÍLIA DE FRAN PAXECO Na primeira fila, sentados, da esquerda para a direita: Djalma Sacramento, José Façanha, João Victor Ribeiro, FRAN PAXECO, Humberto Fontenelle, Francisco Mendes dos Reis e Fulgencio Pinto. Em pé, na 2ª fila: Castro e Silva, Ismael Hollanda, José Mata Roma, Zildo Maciel, Othon Mello, José Monteiro, Edison Brandão e Astrolabio Caldas. Na 3ª. Fila: Waldemiro Vianna, João Guilherme de Abreu, Raimundo Eugenio de Lima, Clemente Guedes, Octavio Bandeira de Melo e Arentino Ribeiro. Fonte: VIEIRA DA LUZ, 1957 Em uma das nossas reuniões da Academia Ludovicense de Letras – ALL –, no final de 2016, o Prof. Campos me chamou a um canto e disse-me de sua intenção, como Coordenador do Curso de Direito, de elaborar projeto para as comemorações do Centenário de Fundação do Curso de Direito no Maranhão – 2018 estava já à porta! Cardozo (2016) 37 diz que as comemorações têm a função de celebrar datas e, principalmente, de construir uma lembrança (uma memória) que busca implantar raízes, firmar, ou forjar uma identidade.

37

CARDOZO, 2015, obra citada.


Pergunta-se: depois de um século, como os meios de comunicação abordaram o aparecimento da Faculdade de Direito do Maranhão? Qual foi a contribuição de Fran Paxeco? Servimo-nos, assim, de fontes provenientes da imprensa escrita. Sálvio Dino (1996) utilizou desse expediente, pois como diz,

38

também de

[...] à luz de pacientes pesquisas em jornais e revistas da época, já que as fontes oficiais são inteiramente precárias, fizemos significativas descobertas a respeito dos passos iniciais da velha Faculdade (p. 27).

A cobertura diária dos eventos da cidade, por si só, já seria de grande valia ao historiador, mas, além disso, soma-se ainda o fato de os jornais serem um dos principais meios pelos quais as pessoas tomaram conhecimento dos fatos relevantes, pois: [...] os historiadores têm fácil acesso – o rádio e a televisão, apesar de terem alcance mais abrangente, ainda permanecem distantes de historiadores, como misteriosos ideogramas que ainda não conseguimos decifrar sua leitura. No entanto, apesar de seu uso massivo, as fontes de imprensa ainda são, por diversas vezes, utilizadas como reconstruções do passado; como excertos de um mundo acontecido, que foram reproduzidos fidedignamente pelos valorosos e isentos jornalistas do período em questão. (DRUMOND, 2016).39

Esse Autor diz que a utilização de fontes de imprensa esteja declinando dentro do campo acadêmico da História (do Esporte), ela ainda pode ser encontrada com freqüência em trabalhos ditos acadêmicos, e por vezes aparecem em propostas de artigos. Trabalhos interessantes se fragilizam devido ao uso inadequado de fontes históricas. Considera que duas variáveis, mas não únicas, devem ser levadas em consideração ao trabalharmos com fontes jornalísticas: seus silêncios e seus olhares: Por “silêncios“, me refiro a fatos não mencionados, esquecidos ou escondidos das páginas dos jornais, e por “olhares“, entende-se os diferentes pontos de vista e as posições defendidas e/ou advogadas pelos meios de imprensa.40

Assim, ao se utilizar desta fonte – primária – devem-se levar em conta todos os periódicos disponíveis para consulta; utilizamo-nos da Hemeroteca da Biblioteca Nacional 41, que possibilita busca por local: MA, período 1910-1919, periódicos: Todos, pesquisa: Faculdade de Direito. Encontrou-se, no período pesquisado: Nome

Descrição

Ocorrências

168319_02 720593

Pacotilha - 1910 a 1938 - PR_SPR_00010_168319 O Jornal - 1916 a 1923 - PR_SPR_00536_720593

388 163

720011 388459

Diario do Maranhão - 1855 a 1911 - PR_SPR_00169_720011 Correio da Tarde - 1909 a 1911 - PR_SPR_00537_388459

11 9

Ao buscarmos os primeiros cursos superiores implantados no Maranhão, encontramos o Colégio Máximo do Maranhão, funcionando desde os anos 1622; desde 1709 transformado em Colégio Máximo nomenclatura usada pelos discípulos de Loyola para seus estabelecimentos normais de estudos superiores; nesse colégio funcionavam as faculdades próprias dos antigos colégios da Companhia: Humanidades, Filosofia e Teologia, e, mais tarde, com graus acadêmicos, no chamado curso de Artes. O Colégio de Nossa Senhora da Luz, em curto espaço de tempo, tornou-se excepcional centro de estudos filosóficos e teológicos da ordem no Estado (universitate de artes liberais - “universitates magistrorum” ou “universitates scholorum”, isto é, aquelas que hoje chamamos universidades, associações 38

DINO, Sálvio. A FACULDADE DE DIREITO DO MARANHÃO. São Luis : EDUFMA, 1996. DRUMOND, Maurício. Silêncios e Olhares: algumas observações sobre o uso da imprensa como fonte na História do Esporte, BLOG HISTÓRIA(S) DO SPORTE, publicado em 20/12/2016, disponível em In https://historiadoesporte.wordpress.com/2016/12/20/silencios-e-olhares-algumas-observacoes-sobre-o-uso-da-imprensacomo-fonte-na-historia-do-esporte/, acessado em 20 de dezembro de 2016. 40 Destaques do Autor 39

41

http://memoria.bn.br/DocReader/docmulti.aspx?bib=%5Bcache%5D2406539118.DocLstX&pasta=ano%20191&pesq=faculda de%20de%20direito


particulares dedicadas à produção de bens intelectuais típicos das Artes Liberais (trívio e quadrívio e depois também Teologia e Direito, e mais tarde ainda, Medicina). Era o que melhores condições de estudos ofereciam. Outorgava graus de Bacharel, Licenciado, Mestre e Doutor, como se praticava em Portugal e na Sicília, segundo os privilégios de Pio IV e Gregório XIII. Em 1896, Sousândrade tenta implantar sua Universidade Nova Atenas – antes, chamara de Atlântida - e nela, o curso de Direito, que chegou a funcionar em sua Quinta da Vitória. A primeira escola superior isolada foi, de fato, a Faculdade de Direito do Maranhão, idealizada por Domingos de Castro Perdigão desde 1908, implantada em 1918. Segundo Borralho (2011) 42, coube à AML a fundação da Faculdade de Direito do Maranhão, em 1918, liderada por Domingos Perdigão, depois de não ter logrado êxito no século XIX. Hoje, no Maranhão, existem 23 cursos presenciais de Direito e um curso à distância, autorizado a ser oferecido pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Os cursos presenciais são oferecidos por duas instituições públicas: UFMA – 02, em São Luís e em Imperatriz; e UEMA – 02, em São Luís e em Bacabal (DOUGLAS, 2013) 43. Outras 16 instituições privadas oferecem 19 cursos presenciais de Direito na capital e em outros 04 municípios do estado: a) Em Balsas (01) – UNIBALSAS - 01 curso; b) Em Timon (01) – Faculdade Maranhense São José dos Cocais – 01; c) Em Caxias (03) – FACEMA – 02 cursos e Faculdade Vale do Itapecuru (FAI) – 01 curso; d) Em Imperatriz (03) – Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão (IESMA), Faculdade de Educação Santa Terezinha (FEST) e Faculdade de Imperatriz (FACIMP); e) Em São Luís (11) – UNICEUMA- 03 cursos (Anil, Cohama e Renascença), Pitágoras, Instituto Florense, IMEC, FACEM, FACAM, UNDB, Faculdade São Luís/Estácio de Sá e Faculdade Santa Teresina (CEST) – 01 curso oferecido por cada instituição. FRAN PAXECO E A FACULDADE DE DIREITO Na área cultural, surgiu em 1908 um movimento literário liderado pelos intelectuais: Antonio Lobo, Fran Paxeco e Domingos de Castro Perdigão que, na tentativa de manter a tradição de "Atenas do Brasil" para o Maranhão, criou a Academia Maranhense de Letras e, posteriormente, o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (1926). Desta elite intelectual partiu a iniciativa de criação e implantação das primeiras instituições de ensino superior no Maranhão (BUZAR, 1982) 44: Nesse sentido, Domingos de Castro Perdigão, integrante do movimento literário e diretor da Biblioteca Pública do Estado, tendo conhecimento da criação e funcionamento de escolas de nível superior em vários Estados brasileiros, não se conformava com o fato de São Luís, em sendo a Atenas Brasileira, não possuir uma instituição de ensino superior.

Mário Meireles (1981; 1995), em “O Ensino Superior no Maranhão”, (utilizamo-nos da 2ª edição atualizada) 45, afirma que as primeiras tentativas de instalação de cursos superiores no Maranhão surgiram pouco a pouco, a partir da adesão formal à República (18/11/1889), através de unidades isoladas, todas elas, de princípio, particulares, depois de desfazer-se o sonho, prematuro, do poeta Sousândrade. A primeira escola superior isolada foi, de fato, a Faculdade de Direito do Maranhão, que desde 1908 trabalhava nesse sentido Domingos de Castro Perdigão: 42

BORRALHO, José Henrique de Paula. INSTITUTO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO MARANHÃO (IGHM): PATRIMÔNIO, MEMÓRIA E HISTÓRIA COMO PRINCÍPIOS DE PERPETUAÇÃO DA IMAGEM DE UM MARANHÃO GRANDIOSO. IN PATRIMONIO E MEMORIA, UNESP – FCLAs – CEDAP, v.7, n.1, p. 19-37, jun. 2011, 43 DOUGLAS, Franklin. Qual o melhor curso de Direito do Maranhão? In JORNAL PEQUENO, São Luis, 17 de novembro de 2013, disponível em https://edicao.jornalpequeno.com.br/impresso/2013/11/17/qual-o-melhor-curso-de-direito-do-maranhao/, acessado em 25 de janeiro de 2017. 44 BUZAR, Solange Silva. OS ESTÁGIOS SUPERVISIONADOS DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UNIVERSIDADE FED ERAL DO MARANHÃO. Tese submetida como requisito parcial para obtenção do de Mestre em Educação. FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS grau INSTITUTO DE " ESTUDOS AVANÇADOS EM EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO DE SISTEMAS EDUCACIONAIS Rio de Janeiro 1982. Disponível em https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/9338/000049166.pd 45 MEIRELES, Mário. O ensino superior do Maranhão; esboço histórico. In DEZ ESTUDOS HISTÓRICOS. São Luis: ALUMAR, 1995, p.. 45-94


[...] com só, de inicio, o incentivo do então deputado federal, e depois Senador, José Euzébio Carvalho de Oliveira; e as dissensões e intransigências da estreita e intolerante política partidária estadual, que talvez tenha concorrido a que não conseguisse o apoio, que pleiteou e não obteve, do Governador Herculano Nina Parga (1814/18) e do Presidente do Tribunal de Justiça, Desembargador Lourenço Valente de Figueiredo (1913/18), não o descoroçoaram de todo, até que conquistou um forte e decisivo aliado na pessoa do Cônsul de Portugal no Maranhão, o escritor Fran Paxeco. (MEIRELES, 1981) 46.

Joaquim Vieira da Luz (1957) 47, em seu monumental “Fran Paxeco e outras figuras maranhenses”, ao traçar a biografia de Domingos de Castro Perdigão também se refere ao fato de ele acalentar por muito tempo a idéia de criar uma Faculdade de Direito no Maranhão; transcreve a História da Faculdade, relatada pelo próprio biografado (p. 42): Encontrava assim o desanimo por todos os lados. A esperança de melhores dias conservou no meu espírito essa idéia fixa, que só se tornou realizável com o regresso, em 1917, do ilustre cônsul de Portugal, Sr. Manoel Fran Paxeco. Ao despedir-se, um ano antes, perguntara-me em que parava o projeto da faculdade. Espírito iluminado e laborioso, decidido sempre a servir as causas úteis, trouxe a energia necessária para por em marcha este ideal. Não o procurei. Conhecedor do meu plano, interessou-se pelo mesmo e ali, na Biblioteca Pública, se assentaram, num dia, as bases da nova instituição. (VIEIRA DA LUZ, 1957, p.. 42-43)

Vieira da Luz (1957) diz que, como resultado de tão louvável persistência, na Biblioteca Pública, Domingos Perdigão, que então a dirigia, sediada à Rua do Egito (atual Tarquínio Lopes), funda, em memorável reunião a 28 de abril de 1918, a sonhada Faculdade de Direito do Maranhão (p. 43). No entanto, Solange Buzar (1982) 48 trás, segundo a Revista da Faculdade de Direito, que essa data foi outra: A 12 de maio, segundo a Revista da Faculdade de Direito do Maranhão, realizou-se a primeira das sessões de congregação da Faculdade de Direito. Presidiu o dr. José Vianna Vaz secretariado pelo sr. Domingos de Castro Perdigão. Compareceram os professores Henrique José Couto, Godofredo Mendes Vianna, Alfredo de Assis, João Vieira, Filho, Luiz Carvalho, Carlos Augusto de Araujo de Souza Costa, João de Lemos Vianna, Carlos Humberto Reis, Alcides Jansen Serra Lima Pereira, Antonio Lopes da Cunha e José de Almeida Nunes. Lido o projeto do regimento interno, foi deliberado que, depois de revisto por uma comissão especial constituída pelos professores Henrique José Couto, Fran Paxeco, Alfredo de Assis, Luiz Carvalho e Antonio Lopes, fosse impresso para ser debatido por todos os membros do corpo docente. [...] Finalmente foi fundada a Faculdade de Direito do Maranhão, em 1 de julho de 1918, com o inicio das aulas do Curso Jurídico e Social, evento funcionamento que foi condignamente comemorado em sessão solene no Teatro São Luís, na qual foram prestadas publicas homenagens ao jurista Ruy Barbosa.

Restringimos a pesquisa a dois periódicos: Pacotilha49, que no período de 1910 a 1938 apresentounos 388 referencia à ‘faculdade de direito’ e, como dito, nem todas referentes à do Maranhão; e O Jornal, no período de 1916 a 1923, com 163 referencias. Em O Jornal, edição de 25 de abril, sai a seguinte nota:

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MEIRELES, Mário. O ENSINO SUPERIOR NO MARANHÃO. São Luis: UFMA, 1981 (Comemorativa do 15º aniversário de fundação da Universidade Federal do Maranhão). 47 VIEIRA DA LUZ, Joaquim. FRAN PAXECO E AS FIGURAS MARANHENSES. Rio de Janeiro: Livros de Portugal; Edições dois Mundos, 1957. 48 BUZAR, obra citada, p. 15 49 O jornal A PACOTILHA foi o ultimo e grande jornal que atravessou o século XIX, mantendo a imagem com que iniciou as atividades em 30.10.1880. Fundado por Vitor Lobato (1893-1954), natural de São bgento, funcionário publico e autodidata. Contou com uma equipe competente, formada com redatores experientes e colaboradores interessados, estes, estudantes do Liceu. José de Nascimento Moraes lá encontrou os seguintes colegas liceistas: Godofredo Viana, Viriato Correa, Domingos Barbosa, Lisboa Filho, B. de Vasconcelos, Clodomir Cardoso, Caetano de Souza, Lemos Viana, João Antonio da Costa Gomes. Atuaram, ainda, Carlos Otaviano de Moraes Rego, Altino Rego, José Gregório dos Reis, José Barreto Costa Rodrigues, Manuel Jansen Ferreira. Mais: Luso Torres, e Fran Paxeco. (JORGE, Sebastião. A IMPRENSA NO MARANHÃO NO SÉCULO XIX (1821-1900). São Luis : Lithograf, 2008).


FACULDADE DE DIREITO - Há muito que os maranhenses alimentam a esperança de possuir aqui, que tem passado de geração em geração, cognominada de Atenas brasileira, uma academia. Vários têm sido os empreendimentos, porém, infelizmente todos infrutíferos. Agora, novas e promissoras tentativas estão sendo postas em prática, às quais batemos palmas muito sinceras, levantando o nosso apelo para os governos do Estado e da União corram em auxílio desta idéia cujas vantagens são incontestes. - No dia 28, às 9 horas haverá, na Biblioteca Pública do Estado, uma reunião para tratar desse assunto.

No dia seguinte, 27 de abril, em O Jornal, sai a seguinte nota: “FACULDADE DE DIREITOAmanhã, ás 9 horas, na Biblioteca Pública do Estado, haverá uma reunião para tratar da fundação nesta capital de uma Faculdade de Direito”. Com o título “PELO ENSINO SUPERIOR” aparece em A PACOTILHA – edição de segunda feira, 29 de abril de 1918 – a realização, no dia 28 de abril de 1918, de uma reunião ocorrida na Biblioteca Pública Benedito Leite para se decidir se convinha fundar, nesta Capital, uma faculdade livre de direito. A iniciativa coube ao Diretor da Biblioteca Pública, Dr. Domingos de Castro Perdigão, cabendo ao então Secretário de Interior e Instrução o Dr. Henrique José Couto a presidência da reunião – em assembléia de fundação –; fizeram parte da mesa Alfredo de Assis e Fran Paxeco: Como noticiamos, realizou-se ontem, na Biblioteca Pública, uma numerosa e seleta reunião, para se decidir se convinha fundar, nesta capital, uma faculdade de direito. O Sr. Domingos de Castro Perdigão, diretor daquele estabelecimento e autor da iniciativa propôs que presidisse o dr. Henrique José Couto, secretário do interior e de instrução, a quem ladearam os srs. Drs. Alfredo de Assis e Fran Paxeco.

A Comissão foi assim constituída: DOMINGOS DE CASTRO PERDIGÃO, ALFREDO DE ASSIS, ALMEIDA NUNES, ANTONIO LOPES E FRAN PAXECO: Foi apresentada, por Fran Paxeco, a minuta do estatuto da sociedade então constituída: Art. I: - Fica fundada uma associação, nesta capital, com o fim de organizar um instituto superior de estudos sociais, econômicos e jurídicos, que se dominará Faculdade de Direito do Maranhão. Art. 2º: - Considerar-se-ão sócios fundadores todos os que a ela se filiarem até a abertura das aulas, formando a assembléia geral. Art. 3º: - Na primeira das suas reuniões, a mesma assembléia elegerá uma diretoria provisória da sociedade, que se comporá de um presidente, um vice-presidente, dois secretários, um tesoureiro. Art. 4º: - Competirá a essa diretoria fazer o estatuto da corporação, e o regulamento da faculdade, elaborando-os de acordo com as leis federais do ensino, em vigor. Assim que estejam prontos, submetelos-á ao voto da assembléia geral, que elegerá a diretoria bienal e o corpo docente. Art. 5º: - Os sócios fundadores contribuirão com a jóia que lhes aproiver e uma quota de vinte mil reis anuais, pagos por trimestre, ou duma única vez. Art. 6º: - Os sócios referidos terão o desconto de 50%, em todas as despesas letivas da faculdade, para ele, os seus filhos ou tutelados. Art. 7º: - Logo que a sociedade possua rendas bastantes, ou nque a faculdade obtenha subvenção dos poderes públicos, a diretoria determinará os vencimentos do magistério, sujeitando o seu ato à assembléia geral. Art. 8º: - Se os meios da faculdade lhe permitirem sustentar-se por si própria, ou vier a ser mantida pelos cofres públicos, cessará a contribuição dos sócios. Art. 9º: - Criar-se-á um curso anexo à faculdade, exigindo-se aos candidatos à matrícula os preparatórios de português, aritmética, geografia e Frances.


Art. 10º: - Depois dos trabalhos da instalação, a assembléia geral só se reunirá quando a convocar a diretoria da sociedade ou o requerem 24 dos seus membros.

Após a apresentação do esboço do estatuto da sociedade que então se instituía, os presentes passaram à discutir questões genéricas, sobre pedagogia, história da educação, instalação do ensino na Província. O Jornal de 30 de abril traz o resultado da reunião, onde se deu a fundação da Faculdade de Direito do Maranhão: Efetuou-se, domingo, na Biblioteca Pública, a projetada reunião, para tratar-se de fundar, nesta capital, uma escola livre de direito. Depois de haverem falado sobre o palpitante assunto mos srs. Domingos Perdigão e Fran Paxeco, com aplauzos da numeroza e culta assistência, e de apresentadas as bazes para os estatutos da nova Faculdade, foi aclamada a seguinte diretoria: Prezidente, desembargador Arthur Bezerra de Menezes; vice-prezidente, Candido José Ribeiro; Secretários Fran Paxeco e Domingos Perdigão; tezoureiro, Joaquim Alves Junior.

Em 1º de maio, os Diretores da Associação Incorporadora da Faculdade de Direito reuniram-se, tendo comparecido: Domingos Perdigão, Fran Paxeco, Alfredo de Assis, Almeida Nunes, Antonio Lopes. Fran Paxeco leu a proposta que o Dr. Tavares de Holanda fez sobre o fundo patrimonial, que será levada em consideração, quando a proposta de Estatuto for discutida. A seguir, passou-se a discussão de quais professores haveria para as 17 (dezessete) cadeiras dos cinco (5) anos da Faculdade, incluindo os substitutos das 8 (oito) sessões. Logo a 03 de maio, é anunciada a abertura de vagas para o curso anexo (preparatório) e ao primeiro ano do curso de direito: FACULDADE DE DIREITO: Vãe-se abrir, por estes dias, as matriculas para o curso anexo da faculdade de Direito e o primeiro ano do curso jurídico. A Diretoria da associação incorporadora da Faculdade publicará, em breve, o respectivo edital.

A sociedade incorporadora manterá dois cursos (a) preparatório; (b) curso livre de direito. Para cada curso, haverá uma diretoria, que responde diretamente à agremiação mantenedora. Na mesma data (Pacotilha, 07/05/1918) são apresentados os 18 (dezoito) professores efetivos da Faculdade de Direito “indigitados pela associação incorporadora e pela comissão organizadora”. Publicada em A PACOTILHA de 09 de maio de 1918 a grade horária, resultado da reunião da diretoria do dia 08 de maio; registrou-se o comparecimento de Henrique José Couto, Aarão Brito, Clodomir Cardoso, Raul Machado, Godofredo Viana, Luis Carvalho, Leôncio Rodrigues, Alcides Pereira, Alfredo de Assis, Fabiano Vieira, Almeida Nunes, Carlos Reis, Antonio Bona, Raul Pereira, Antonio Lopes, e os senhores Domingos Barbosa, Domingos Perdigão, e Fran Paxeco. Presidiu a sessão o Dr. Henrique Couto, secretariado por Fran Paxeco e Alfredo de Assis. O Presidente leu a lista dos professores indicados pela Diretoria da Faculdade e referendada pela Comissão da Sociedade Incorporadora. Todos aceitaram a indicação. Fica, pois, assim constituída a Grade Curricular, com os respectivos professores. Conforme a Convocação, distribuídas as cadeiras e nomeados os professores, inclusive os substitutos, elegeu-se o Diretor da Faculdade, sendo aclamado o dr. José Viana Vaz, juiz federal. Antonio Lopes propôs que se aclamasse o vice-diretor, sendo escolhido Henrique Couto, Secretário de Interior e Instrução; e para Secretário, o Sr. Domingos Perdigão, Diretor da Biblioteca Pública. Vieira da Luz (1957), ao biografar o Desembargador Henrique Couto, diz que sua influencia foi salutar, como 1º vice-presidente da Faculdade de Direito do Maranhão e seu diretor de fato, ainda quando de


direito exercia o cargo o Dr. Viana Vaz, impedido de fazê-lo eficientemente em virtude do seu estado de saúde, culminando pelo desenlace de 5 de janeiro de 1922 (p. 45)50. Na opinião de Vieira da Luz (1957), o Des. Henrique Couto foi, não há dúvida, nos momentos incertos da vida da faculdade, o timoneiro seguro que, ao lado de Fran Paxeco, Domingos Perdigão e outros, conduziu a instituição à estabilidade atingida, a despeito da descrença e mal disfarçado desinteresse de alguns derrotistas. A 11 de maio (Pacotilha) anuncia-se a realização de nova assembléia para se discutir e aprovar o estatuto. Convida-se, também, a diretoria da associação incorporadora e os professores do curso Anexo. A direção da comissão da sociedade incorporadora é constituída pelos senhores Abranches Moura, Fran Paxeco, Genésio Rego, Almeida Nunes, Antonio Lopes, Arias Cruz (Padre), Antonio Bona, e Raimundo Lopes: Conforme a Pacotilha de 13 de maio, fora realizada no dia anterior – 12 -, a primeira reunião da Congregação da Faculdade de Direito do Maranhão, presidida pelo dr. José Viana Vaz, contando com a presença dos professores Alfredo de Assis e Castro; Henrique José Couto; João Vieira de Souza, filho; Luiz Carvalho; Carlos Augusto de Araujo Costa; João de Lemos Viana; Genésio de Moraes Rego; Carlos Humberto dos Reis; Godofredo Viana; Antonio Lopes da Cunha; Alcides Jansen Serra Lima Pereira: José de Almeida Nunes; José de Abranches Moura; os Senhores Fran Paxeco e Domingos de Castro Perdigão, secretário da Faculdade. A Comissão incumbida de elaborar o Regulamento da Faculdade apresentou o Projeto, que passou a ser lido por Fran Pacheco; sofrendo algumas alterações e correções. Foi, então, nomeada uma nova Comissão, composta pelos Senhores: NOVA COMISSÃO DE ELABORAÇÃO DO REGULAMENTO DA FACULDADE HENRIQUE JOSÉ COUTO; LUIS CARVALHO; ALFREDO DE ASSIS; ANTONIO LOPES DA CUNHA; e FRAN PAXECO

terminado a revisão, deveriam mandar imprimir o aludido Projeto e ser distribuído a todos os membros da Congregação. Quanto ao curso Anexo – preparatório -, foi deliberado que funcionaria todos os dias úteis, das 15 às 18 horas, nas salas do Centro Português, situado na Praça João Lisboa, gentilmente cedidas pela Diretoria. Escolhidos os Professores das Cadeiras de: Latim – Arias Cruz, Ingles – Antonio Lopes da Cunha; Álgebra, Geometria, e Trigonometria – José de Abranches Moura; História Universal – Raimundo Lopes da Cunha; História do Brasil – Fran Paxeco; História natural – Carlos Cavalcante Fernandes; Fisica – Genésio de Moraes Rego; Quimica – Carlos da Costa Nunes; Elementos de Lógica, Psicologia e História da Filosofia – Antonio Bona A 16 de maio, nova convocação para reunião dos diretores da Mantenedora e da Faculdade, também na Biblioteca Pública, às 9 horas da manhã, para fazerem o segundo e ultimo debate das leis fundamentais dos dois organismos. A 19 de maio de 1918 reuniram-se – na Biblioteca Benedito Leite - os membros da Associação Organizadora da Faculdade de Direito, e os professores desta, sobre a presidência do Dr. Henrique Couto, sendo informada pelo Sr. Domingos Perdigão que Cândido José Ribeiro não aceitara o cargo de vicepresidente, mas permaneceria como um dos fundadores. Elegeu-se o Sr. Joaquim Alves Junior para a função, e o Sr. Luis António da Cunha para a de tesoureiro. NOVA DIRETORIA DA ASSOCIAÇÃO INCORPORADORA ARTUR BEZERRA DE MENESES – PRESIDENTE 50

VIEIRA DA LUZ, Joaquim. Dr. José Viana Vaz e Des. Henrique José Couto. In FRAN PAXECO E OUTRAS FIGURAS MARANHENSES. Rio de Janeiro: Livros de Portugal, 1957, p. 44-54.


JOAQUIM ALVES JUNIOR – VICE-PRESIDENTE FRAN PAXECO E DOMINGOS PERDIGÃO – SECRETÁRIO LUIS ANTONIO DA CUNHA – TESOUREIRO

Nessa mesma ocasião Virgilio Domingues apresenta proposta para alteração do estatuto, a fim de colocá-lo em acordo com o texto publicado, sendo nomeada uma comissão composta por Araujo Costa, Raul Machado e Fran Paxeco. Em 06 de junho 1918, A Pacotilha informa que foram formadas, no dia anterior, em reunião dos professores do curso em anexo, as bancas julgadoras dos exames de suficiência, assim constituída: Português: - Fran Paxeco, dr. Antonio Bona, padre Arías Cruz; aritmética, dr. José de Abranches Moura, dr. Aquiles Lisboa, dr. Antonio Lopes; Geografia, Fran Paxeco, Raimundo Lopes, dr. Herbert Jansen Ferreira, Frances, dr. Genezio Rego, dr. Antonio Lopes, dr. Herbert Jansen Ferreira. Os exames de Português e Aritmética seriam realizados no sábado seguinte, das 9 as 11 horas; os de geografia e Frances, no mesmo dia, das 16 as 18. Em O Jornal de 7 de junho é publicada a relação de alunos que se submeterão aos exames de admissão ao curso anexo, como os já matriculados. O Jornal de 8 de junho, é informado que se realizariam nesta data os exames de português e de aritmética para os alunos do curso anexo, servindo de fiscal o dr. Henrique Couto, vice-diretor da Faculdade; compareceram os professores Fran Paxeco, Antonio Bona, e padre Arias Cruz, da primeira banca, e os drs. Abranches Moura, Aquiles Lisboa e Antonio Lopes, da segunda. A 10 de julho em A Pacotilha, é anunciado o horário das aulas, definidos na reunião ocorrida no dia anterior, no predio onde funcionaria o curso em anexo, tendo comparecido vários professores e alunos: - O sr. Fran Paxeco regerá, provisioriamente, a disciplina de que se encarregou o dr. António Bona. Mas nem pela regencia, nem pela da História do Brasil, que lhe confiaram, perceberá a justa remuneração atribuida a professores do curso anexo, no respectivo regulamento, uma vez reduzidas as depesas gerais. E, se alguma aceitasse, destina-la-ia a caixa dos estudantes pobres.

O Jornal de 11 de junho traz inumeras notas sobre a Faculdade de Direito, dentre elas, que no dia 8, terminaram os exames de suficiencia da primeira turma de candidatos ao curso anexo à faculdade. Informase, ainda, que no domingo fora realizada a reunião dos professores ativos e substitutos da faculdade e do curso anexo., sendo aprovada a tabela de taxas da faculdade. Foi nomeada a mesa para os exames que se realizarão ainda no mês de junho, conforme edital publicado, composta pelos Presidente e diretor da Faculdade José Vianna Vaz, Antonio Lopes da Cunha, Godofredo Mendes Vianna, Manuel Fran Paxeco e Herbert Jansen Ferreira. Informa a Pacotilha de 11 de junho, que no dia anterior (10 de junho) abriram-se as aulas do Curso Anexo à Faculdade de Direito. Compareceram os professores de Latim e de História Universal, srs. Padre Arias Cruz e Raimundo Lopes, e os alunos Virgilio Domingues, Ricardo Barbosa, Porciuncula de Morais, Edison Brandão, Joaquim M. Gomes de Castro, Zildo Maciel e Valdemiro Viana. O Sr. Fran Paxeco, ao encerrarem-se as aulas, incitou os estudantes a cooperarem com os professores, para o progresso intelectual do Maranhão. O Jornal de 1º de julho de 1918, traz-nos que inaugurara-se, oficialmente, a Faculdade de Direito. Foram propostos e aceitos unanimente para professores honorários o dr. José Viana Vaz, diretor da faculdade, e o sr. Fran Paxeco, que, ipso fato, adquiriu o titulo de dr. As aulas começarão a funcionar no dia 6 do corrente. O Jornal de 6 de julho informa que havia se encerrado no dia anterior a inscrição para os exames vestibulares, que seriam realizados no mproximo dia 8, as 9 horas, sob a vigilancia do diretor dr. Vianna


Vaz, e perante a mesa examinadora composta dos drs. Godofredo Vianna, Fran Pacheco e Antonio Lopes. Anunciado - a 8 de julho (Pacotilha) - os resultados, dos exames feitos no dia anterior (7 de julho), ultimos exames de suficiencia para o curso anexo. A mesa examinadora fora composta por Fran Paxeco, Antonio Lopes e Herbert Jansen, apresentando-se os srs. Domingos Barbosa, Astrolábio Caldas, Valdemir Soares, Silvio Rebelo e Ponciano Carvalho. A 24 de julho, o dr. Godofredo Viana realizou sua primeira aula de sua Cadeira de Direito Constitucional. Assistiram à mesma, além dos primeranistas, os sr. Drs. Viana Vaz, diretor da faculdade; Alfredo de Assis, Alcides Pereira, José Romero de Golveia, Fran Paxeco, o coronel Virgilio Domingues, Domingos Barbosa, Domingos Perdigão, secretario da faculdade, etc. “Foi uma prelação magistral, que arrencou aplausos unanimes ao auditório.” Mesma noticia dada em O JORNAL. Nova nota, publicada em A PACOTILHA de 26 de julho, dão conta que o dr. Viana Vaz, diretor da Faculdade, nomeara o sr. Fran Paxeco para substituir o dr. Antonio Bona na regencia da cadeira de Psicologia, Lógica e Filosofia do curso anexo, nomeou agora professor substituto de física e quimica o farmaceutico Luis Gonzaga dos Reis., sendo que as aulas de Fisica ficarão sendo às quartas-feiras, das 16 às 17 , a de latim, neste ultimo dia, passa a ser das 15 as 16. E que as outras cadeiras também iriam ter substitutos. A maioria das aulas do Curso anexo, por todo o mês de agosto, voltará a funcionar à noite. Na edição de 8 de agosto, em A PACOTILHA, informa-se que, reunida a congregação da faculdade, discutiu-se a proposta do dr. Luis Carvalho, de conferir titulo de professor catedrático da Faculdfade de Direito do Maranhão a Rui Barbosa, submetido à apreciação, indicutível no dizer de Fran Paxeco, foi aprovado por aclamação. Nota de 22 de agosto dá conta que fora conferido titulo de professor honorário da Faculdade de Direito à Fran Paxeco: “Diversos jornais do Rio noticiaram com palavras elogiosas, o fato de haver a Faculdade de Direito do Maranhão conferido o título de seu professor honorário a Fran Paxeco”.


Viera da Luz (1957) 51 trás que Fran Paxeco, ilustre lusitano de Setúbal, por sua inteligência e cultura, adquiriu a qualidade de cidadão das letras maranhenses – foi um dos fundadores da Academia de Letras (1908) e do Instituto Histórico e Geográfico (1926), títulos que honrou a vida toda, exercendo infatigável atividade no Maranhão. A Faculdade de Direito teve, em Fran Paxeco, o elemento impulsionador, de ação decisiva para que se efetivasse sua fundação, conferiu-lhe o título de Professor Honorário. Teve em tão alta conta essa deferência que, sendo da Academia de Ciências de Portugal, da Sociedade de Geografia de Lisboa, das Academias de Letras Maranhense, Piauiense e Alagoana, dos Institutos Históricos da Bahia, Pernambuco, Pará, Piauí e do Maranhão, das Associações de Imprensa do Pará e do Amazonas, ao publicar em Lisboa, em 1932, seu importante livro “Portugal não é Ibérico”, fez constar, no alto da página de rosto, simplesmente: FRAN PAXECO Prof. Honorário da Faculdade de Direito do Maranhão 12 de dezembro ultima aula de Fran Paxeco no curso anexo. E Alcides Pereira substitui Raul Machado como professor de Direito Romano: FACULDADE DE DIREITO - O Sr. Fran Paxeco deu ontem, no curso anexo, as ultimas lições de história do Brasil e de história da filosofia, neste ano letivo.

Nomeação da banca examinadora, conforme edital publicado em A PACOTILHA, de 18 de dezembro: FACULDADE DE DIREITO - Reuniram-se, hoje, os professores da Faculdade de Direito e do curso anexo á mesma, com o intuito de assentar a organização das mesas de exames e o dia em que deviam iniciar-se os atos. Ficou resolvido que estes principiam amanhã. As bancas examinadoras são estas: - Latim, padre Arias Cruz, drs. Araujo Costa e dr. Antonio Bona, das 8 as 9 horas; história do Brasil, drs. Luiz carvalho, Fran Paxeco e Antonio Lopes, das 9 as 10; história universal, srs. Fran Paxeco, Antonio Lopes e Rubem Almeida, das 10 as 11; geometria, álgebra e trigonometria, drds. Abranches Moura, Antonio Bona e Rubem Almeida, das 16 as 17 horas; inglês, srs. Sr. Antonio Lopes, dr. Antonio Bona e Rubem Almeida.

Já a 19 de dezembro começam a ser publicadas as notas dos alunos do curso anexo: FACULDADE DE DIREITO - Começaram hoje, as 8 horas, terminando as 12, os exames do curso anexo á Faculdade de Direito, havendo comparecido nove alunos. Na mesa de latim e de matemática, o dr. Antonio Bona foi substituído pelo dr. João Vieira e Fran Paxeco.

Dando continuidade aos exames, novos resultados são divulgados: Ontem, das 15 as 18 horas, só se realizaram as provas escrita e oral de história do Brasil e a oral de inglês. Com aquelas gastaram-se duas horas. A mesa compôs-se dos drs. Dr. Luiz carvalho, Fran Paxeco e Rubem Almeida.

Em 23 de dezembro, em reunião se discutiu a realização das provas de segunda época, para os alunos que perderam os exames, por motivo justo, visto que alguns estavam fora da Capital e outros não compareceram por motivo justo. Na edição de 2 de janeiro de 1919, de A Pacotilha, aparece o resultado da reunião da congregação, com novidades sobre os exames de segunda época e inicio do ano letivo de 1919. À reunião compareceram: Viana Vaz, Henrique Couto, Aarão Brito, Alcides Pereira, Antonio Bona e Fran Paxeco e o secretario, Sr. Domingos Perdigão. Nova reunião, a 25 de janeiro de 1919, para decidir sobre os exames vestibulares, prestação de contas e inclusão de disciplinas, no curso anexo: 51

VIERA DA LUZ, Joaquim. FRAN PAXECO E AS FIGURAS MARANHENSES. Rio de Janeiro: Livros de Portugal, 1957, p. 100-101.


A FACULDADE DE DIREITO - Reuniram-se hoje os membros da Associação organizadora da faculdade de Direito, ,professores desta e do curso anexo, presidindo o dr. Tavares de Holanda e secretariando o Sr. Domingos Perdigão. O Sr. Fran Paxeco propôs que se tornasse completo o programa do curso anexo, incluindo nele as disciplinas de português, aritmética, geografia e Frances. Concordando-se, o presidente nomeou os drs. Aquiles Lisboa, Antonio Bona e Fran Paxeco, para elaborarem o regulamento destes cursos. O Sr. Domingos Perdigão alvitrou que se prorrogasse o prazo para admitir sócios fundadores. Aprovada, estendeu-se esse prazo até 30 de julho. O Sr. Luis Cunha falou no balancete financeiro, que se apresentará dentro dum mês, fornecendo-lhe as precisas notas o secretário. Levantou-se a questão dos exames vestibulares, tomando parte nos debates os srs. Tavares de Holanda, dr. Alcides Pereira, dr. Carlos Reis, Fran Paxeco, dr. M. Jansen Ferreira, Adelman Corrfea. Ficou de se convocar uma nova sessão para a próxima terça-feira, as 9 horas, afim de se resolver o assunto.

A 7 de abril de 1919 é publicado nota dando conta do início do Curso Livre de Direito do Maranhão: FACULDADE DE DIREITO - A ABERTURA DO CURSO A sessão inaugural das aulas jurídicas e de preparatórios, feita hoje, esteve concorridíssima. Tomamos nota da exma. Sra. Lucilia W. Coelho de Souza, do Instituto de Assistência à Infância, e os srs. Domingos Barboza, representando o presidente do estado, dr. Viana Vaz, juiz federal e diretor da Faculdade, desembargador Bezerra de Menezes, presidente do Superior Tribunal de Justiça, D. Helvécio de Oliveira, bispo desta diocese, e o cônego J. M. Lemercier, seu secretário, dr. Georgiano Gonçalves e Romero de Gouveia, presidente e secretário do congresso, dr. Antonio Bona, representando o prefeito deste município, dr. M. Rodrigues Machado, deputado federal e 1º vice-presidente do estado, dr. José Barreto, deputado federal, dr. Aníbal de Pádua, presidente do Centro Português,Coronel Carneiro de Freitas, secretário da fazenda, coronel José João de Sousa, presidente da associação comercial e da câmara municipal, coronel Alexandre de Viveiros, 1º vice-presidente da Sociedade Maranhense de Agricultura, capitão de corveta Artur Meireles, comandante da escola de aprendizes marinheiros, 1º tenente José Valentim Dunham, filho, chefe da estação telegráfica, 2º Tenente J. J. Dias Vieira, da escola de aprendizes,dr. A. Vieira da Silva, procurador geral da republica, dr. William Coelho de Souza, dr. Miranda Carvalho, deputado Nilo Pizon, presidente do centro artístico, coronel J. F. de Araujo e Souza, chefe do telegrafo terrestre, Artur Vieira dos Reis, José Gaioso das Neves, os professores drs. Henrique Couto, Godofredo Viana,Manuel Jansen Ferreira,Araujo Costa, Fabiano Vieira, Carlos Reis, Fran Paxeco, Almeida Neves,Herbert Jansen Ferreira, padre Arias Cruz, Ruben Almeida, Cleónemes Falcão, os alunos Virgilio Domingues da Silva, Porciuncula de Moraes, Adelman Correa, Ricardo Barbosa, Boanerges Ribeiro, Américo da Costa Nunes, Saint-Clair Silva, Francisco Santos, Edison Brandão, José Monteiro, Astrolábio Caldas, Cursino de Azevedo, Ponciano Carvalho, Benedito Salazar, Ismael Holanda, etc. Apresentaram as suas desculpas, por não poderem comparecer, os srs. Capitão do porto, delegado fiscal e comandante do corpo militar. O Sr. Dr. Viana Vaz, assumindo a presidência, convidou a ladeá-lo os srs. D. Helvecio Gomes de Oliveira e dr. Artur Bezerra de Menezes, declarando aberta a sessão da congregação. Pede a palavra o Sr. Dr. Luiz Carvalho, que propõe se nomeie professor honorário da Faculdade o Sr. De. Urbano Santos, acentuando que tal homenagem se não presta ao chefe político, nem ao ministro do interior, mas ao homem de saber jurídico. O dr. Godofredo Viana propoz que se vote por aclamação a conferencia do referido titulo. Os professores aprovaram. A seguir, o diretor concede a palavra ao dr. Godofredo Viana, que lê o discurso de reabertura das aulas. Trabalho magistral, em que a erudição se junta, harmônica, ás louçanias estilísticas, conquistou ao notável jurista uma nutrida sala (sic) de palmas, confirmada nos muitos cumprimentos recolhidos. A banda toca uma peça, e o dr. Viana Vaz encerra a sessão, no meio dum visível jubilo da numerosa assistência. - A deficiência do espaço forçou a omitir algumas notas, relativas à sessão que as congregações da Faculdade de Direito e de seu Curso Anexo, com os membros da Associação Organizadora, efetuaram no sábado.


Assim, não noticiamos que a proposta do Sr. Luiz Carvalho para que se aclamassem diretor e vicediretor da faculdade de Direito, os drs. Viana Vaz e Henrique Couto, teve a secundá-lo o dr. Carlos Reis, o que propôs, após, que formassem a comissão de contas os srs. Aarão Brito, Manoel Jansen Ferreira e Leôncio Rodrigues, compondo a da revista os drs. João Vieira, Antonio Bona, e Antonio Lopes. O dr. Leoncio Rodrigues propôs que o dr. Carlos Reis também pertencesse a comissão da revista. Aprovadas as propostas, o dr. Carlos Reis propôs mais que os drs. Bezerra de Menezes, Raul Machado e Godofredo Viana constituísse a comissão disciplinar e que o dr. Luiz Carvalho ficasse incumbido, ainda em obediência ás disposições regulamentares, de redigir a memória dos fatos ocorridos na Faculdade, em 1918, o que igualmente se aprovou. Compareceram os dr. Viana Vaz, Bezerra de Menezes, Henrique Couto, Abranches Moura, Manoel Jansen Ferreira, Luiz Carvalho, Antonio Bona, João Vieira, Antonio Lopes, Leoncio Rodrigues, Carlos Reis, Fran Paxeco, padre Arias Cruz, Rubem Almeida, Cleómenes Falção, professores da faculdade e do curso anexo. O dr. Almeida Nunes, lente de medicina legal, e o notário Adelman Corrêa, membro da Associação Organizadora e primeiranista de direito, pediram ao Sr. Fran Paxeco a fineza de os representar. Encerrada aquela parte dos trabalhos, abriu-se a dos respeitantes á Associação Organizadora. O Sr. Fran Paxeco, 1º secretário desta, leu e justificou um projeto orçamentário, feito de acordo com o Sr. Farmacêutico Luiz Antonio da Cunha, digno tesoureiro da referida agremiação, á qual presta os melhores serviços. Achavam-se presentes numerosos membros da coletividade a que aludimos. O projeto orçamentário consigna estas verbas: RECEITA:- dinheiro em cofre, 2:000$000; auxílio do estado, 10:000$000, importância de freqüência de 30 alunos da Faculdade, nos 8 meses letivos, a 15$000 cada um, 3.600$000; idem, idem, de 10 alunos do curso anexo, a 10$000, 800$000. Total, 16.400$000. DESPEZA:- Gratificação de 50$ mensais aos 13 professores dos quatro primeiros anos da Faculdade, durante oito meses, 5:200$000; idem, idem, também a 13 profs. do curso anexo, 5:200$000; gratificação ao secretário, 1:560$000; expediente, 240$; porteiro, 1.200$ total, 13:400$000. RESUMO:- Receita, 16:400$000, despeza, 13:400$000. Saldo 3:000$000. Propos, antes de apresentar o projeto, que se elevasse o salário do porteiro para 100$000 mensais, pois recebe, dês de o princípio, apenas 60$000 e consome o dia na sua lida. A gratificação ao secretário explica-se por si mesma. Quanto á dos professores, que trabalharam de graça, no ano findo, como ele continuará a trabalhar, não passa duma lembrança. É igual á que Misericórdia concede aos seus médicos, há muito. Seja-se misericordioso, por conseguinte, nesta obra de pertinácia, profundamente educadora, que vem preencher um claro incompreensível, na estrutura pedagógica do Maranhão. - Os drs. Almeida Nunes, Antonio Bona e Fran Paxeco desempenharam-se, ontem, no encargo de convidar as autoridades e diversas corporações, para a reabertura das aulas da Faculdade e do curso anexo, que se realizou hoje. A escasses do tempo impediu-os de fazer todos os convites que tencionaram.


SECRETÁRIO DO CURSO ANEXO Á FACULDADE DE DIREITO DO MARANHÃO E PROFESSOR DE HISTÓRIA DO BRASIL FRAN PACHECO

Português natural de Setúbal, e que adotou o heterônimo FRANCISCO PAXECO, oficialmente reconhecido na repartição consular de Portugal em São Luís, nasceu a 9 de março de 1874, e faleceu em Lisboa, a 17 de setembro de 1952, aos 78 anos de idade. Precocemente vocacionado para as letras, aos 14 anos de idade fundou o jornal Gazeta Setubalense, e anos depois passou a colaborar assiduamente em diversos órgãos da imprensa portuguesa. Republicano ardoroso, por seu engajamento político, viu-se compelido a emigrar de seu país, escolhendo vir para o Brasil. Aportou primeiramente no Rio de Janeiro, e a seguir viajou para o Norte: esteve em Belém, depois em Manaus, havendo atuado culturalmente nessas duas cidades, com intensa colaboração na imprensa. Chegado a São Luís no último ano do século XIX – a 2 de maio de 1900 –, Fran Paxeco, sem prejuízo de suas atividades práticas, logo passou a desempenhar importante e decisivo papel na vida cultural em nossa cidade, que então tomava corpo, como reação auspiciosa à apatia que, durante anos seguidos, mantivera, entre pesadas nuvens de desânimo e frustração, o glorioso sol de Atenas, que sobre nós refulgira, graças a uma constelação de talentos realmente privilegiados. A juventude maranhense, ainda vivamente impulsionada pela força arrebatadora do verbo de Coelho Neto, que aqui falara às multidões como um profeta anunciador da ressurreição que era imperativo promover, teve, no entusiasmo inquebrantável de Fran Paxeco, uma das colunas-mestras – a outra foi Antônio Lobo – da grande obra que se iniciava.


Jovem, Fran Paxeco aliava ao vigor dos seus 26 anos de idade, um tirocínio, uma visão de mundo e uma cultura que se reveleram imprescindíveis à movimentação da vida são-luisense, sob os mais diversos aspectos. Em todas as iniciativas relevantes tomou parte e de muitas foi o impulsionador: fundação da Oficina dos Novos, da Academia Maranhense de Letras, da Legião dos Atenienses e de numerosas outras instituições culturais; palestras literárias, cortejos e homenagens cívico-culturais, instituição da Universidade Popular, do Curso de Direito, revigoramento e reorganização da Associação Comercial do Maranhão, luta por modernos meios de transporte, pelo incentivo à agropecuária, pela criação de um parque industrial, pela melhoria dos serviços de saúde, pela urbanização da cidade. E tudo isso de par com atividades no magistério público e particular, com diuturna atuação na imprensa, com viagens e trabalhos na Amazônia, com a publicação de livros, com idas ao Rio de Janeiro e a Portugal. Na imprensa maranhense deixou uma colaboração tão diversificada e ao mesmo tempo copiosa, que ainda hoje aguarda e reclama a seleção temática da qual resultarão seguidos volumes de interesse para o estudo da vida maranhense. Tais volumes viriam somar-se às obras maranhenses desse autor de vasta bibliografia que compreende assuntos tão variados quanto foram os campos de interesse de seus estudos. Fonte: http://www.academiamaranhense.org.br/manuel-francisco-pacheco/


ELZA PAXECO Como não tenho queda para a poesia, aqui ficam uns versos escritos por minha Mãe, Elza Paxeco; são-me dedicados. Voltávamos para casa e parámos no miradouro das Portas do Sol, atrás da estátua de S. Vicente. Isto a 26.12.1971; escreveu-os a 1.1.1972:


2017 – ANO DE JOSUÉ MONTELLO











JOSUÉ MONTELLO: O ESCRITOR ALDY MELLO· Publicado em O ESTADO MA, 18/19 FEVEREIRO 2017

Sinto-me gratificado em traçar o perfil desse lídimo representante da literatura brasileira, especialmente maranhense, nascido com a certeza de quem foi e sempre será iluminado pelas e para as letras, com suas obras evocativas dos mais singelos personagens. Josué Montello é um romancista clássico nascido na época de Balzac. Clássico na linguagem narrativa, deixava-se guiar, como Guimarães Rosa, pelos imperativos da memória involuntária e sentimental, e pelo determinismo vidente de Euclides da Cunha, sabendo muito bem descrever a saga do negro brasileiro, sua luta pela sobrevivência e dramas na vida real,como bem disse Wilson Martins, crítico de sua época. De estilo sofisticado e preciosista, Josué é dono de uma linguagem rebuscada, com pitadas de humor, fortes figuras de linguagem e identidades regionais. Em toda a sua obra ele dedica referências especiais a São Luis. Além de leves ironias, seus discursos eram sempre dentro de um estilo castiço. Como romancista, definiu o romance como espelho da vida, seja como testemunha ou denúncia na sua tentativa para penetrar no mistério da vida do ser humano. Se considerarmos gênero popular, vai muito além do simples escopo de lazer ou passa-tempo. Josué Montello saldou vários acadêmicos ao chegarem na Academia Brasileira de Letras, dentre eles Evaristo de Moraes Filho, Guilherme Melquior, Evandro Lins, Roberto Marinho e José Sarney. Seus discursos acadêmicos são considerados verdadeiras obras literárias, dotados de um traço comum como a elegância das frases, o estilo ameno e as citações eruditas, mesmo com ironias e anedotas, o que lhe era peculiar. Em suas referências, o escritor não deixava de se reportar à história da academia e do acadêmico homenageado. Ao saudar José Sarney, ressaltou o orgulho de receber um conterrâneo e teceu uma primorosa comparação entre as atividades políticas e o valor literário do novo acadêmico. Falar de Josué Montello é motivo de prazer e alegria, diante da riqueza e iluminação que é o nome de Josué Montello e sua trajetória literária, seu caráter, estilo de vida e inteligência, o que o fez personalidade marcante na literatura brasileira, distinguindo-se no território nacional e no estrangeiro. Como Leonardo Da Vinci, foi tão eclético como jornalista, professor, romancista, cronista, ensaísta, orador, teatrólogo e memorialista. O legado de Josué Montello está incorporado à vida intelectual dos brasileiros e, em especial, dos maranhenses. Em sua variada obra, Josué Montello apresenta retratos do Maranhão, especificamente de São Lisa e Alcântara, recriando comportamentos individuais e o que representava a influência da raça negra naquele momento histórico. Dono de uma produção literária diversificada, em seus 120 livros ele foi o mesmo no conto, na novela e no romance, onde se concentra o apogeu de obra literária. Sua fama igualmente se estende aos ensaios e na crítica, deixando ao mundo uma biografia literária de alto quilate. Josué tem um caminho luminoso e suas obras expandem luzes que não deixarão a escuridão dominar a mente e os corações daqueles que compartilham de suas ideias. Do romance ao teatro, do artigo jornalístico ao ensaio histórico, é dono de uma prosa elegante. Tem uma formação intelectual sólida, o que é observado em toda a sua produção. Segundo o crítico Wilson Martins, a obra de Josué Montello está na linha de Machado de Assis e Eça de Queiroz, expoentes da literatura brasileira e portuguesa.


PARA COMPREENDER JORGE AMADO JOSUÉ MONTELLO Jornal do Brasil, edição de 31 de janeiro de 1989 Reproduzido por Manoel dos Santos Neto em seu facebook

Para ler Jorge Amado, com a disposição de aplaudi-lo, há dois caminhos: ou considerar cada um de seus novos livros, na unidade do conjunto, como um ladrilho a mais na harmonia do mosaico monumental, ou identificar em cada romance novo a maneira individual que singulariza o grande narrador, no processo da arte romanesca do século 20, refletida na longa saga amadiana. Claude-Edmonde Magny, que dedicou todo um volume magistral ao que chamou de “idade do romance americano”, estudou de preferência a feição intelectual desse romance, naquilo que o ajusta ao melhor legado da arte narrativa ocidental. A obra de um Faulkner, por exemplo, corresponderia à sequência do melhor romance europeu. O romance europeu, como se sabe, tem três tendências marcantes: uma, de feição digressiva, representada pelo romance inglês; outra, de feição dramática, representada pelo romance francês, e outra mais, representada pelo romance alemão, essencialmente analítico. A essas três linhas de fácil identificação na obra de um Sterne, de um Flaubert ou de um Thomas Mann, devemos acrescer duas outras expressões igualmente importantes: a do romance russo, em que o elemento patético é a própria consciência do personagem, como na obra de Dostoiewski, e a do romance espanhol, em que a grande narrativa se nutre de valores populares, a exemplo do que ocorre no Dom Quixote de la Mancha. O romance americano, herdeiro da tradição narrativa europeia, não incorporou a essa tradição apenas a obra de Faulkner – ensaiou outras experiências, notadamente no plano da narrativa de imediata comunicação popular e a que o cinema e o jornal igualmente se associaram, adjudicando elementos técnicos próprios, transferidos à urdidura romanesca como novos recursos de expressão, notadamente na obra de um John dos Passos.


Daí nasceria também o romance proletário dos anos 20 e que se alongaria para os anos 30, mais pregação política que literatura, mais denúncia que arte, e no qual o romancista, se estava a serviço de sua verdade como convicção, estava mais a serviço da verdade do seu partido, na linha da catequese política. Mesmo a literatura marcadamente literária dessa época obedeceu a igual direção, como se fosse imprescindível, para criar literariamente o romance, a impregnação política, de que constituem exemplo, no romance brasileiro dos anos 30, a obra de José Lins do Rego, de Graciliano Ramos, de Amando Fontes, de Rachel de Queiroz. Jorge Amado, ao estrear em 1931 com O país do carnaval, encontrava o Brasil no auge da polêmica em busca de um caminho, já que a Revolução de 1930 era mais uma mudança de personagens que de estrutura, sem definir-se com nitidez por uma das soluções propostas pela polarização ideológica que terminaria conduzindo o mundo à Segunda Guerra Mundial. A leitura do primeiro romance de Jorge Amado já nos coloca em face dos valores fundamentais que a obra futura aprimoraria, na sequência de toda a vasta saga amadiana. De um lado, os valores líricos, com a ternura do escritor pelos temas da Bahia; de outro lado, os valores caricaturais, com a visão caricatural ou grotesca da sociedade brasileira, fixada notadamente em certos estereótipos persistentes, com o coronel, o bacharel, a mundana, o poeta mulato, seres vivos trazidos à narrativa com uma nítida intenção política. O Jorge Amado desse tempo é o escritor do partido, fiel à verdade do partido, obediente às posições do partido. Essa posição, andando o tempo, iria ter a sua catarse, ou a sua sublimação, em três obras capitais: O Cavaleiro da Esperança (1942), O mundo da paz (1951) e Os subterrâneos da liberdade (1954). Este último vale como o remate da verdade do partido a confundir-se com a verdade do escritor. Isto é: o romance em que o romancista está a serviço de sua convicção política e não a serviço de seus valores líricos. Mais panfleto que recriação. Mais polêmica que comunhão social. Antes de tudo, denúncia. Três anos depois, em 1958, Jorge Amado lança Gabriela, cravo e canela, com que inicia nova fase de sua obra romanesca. Daí em diante, se a sua verdade se confunde com a verdade do partido, isto se deve à coincidência do partido com o escritor e não do escritor com o partido. Não há mais a linha ortodoxa da obediência. Mas a justaposição harmoniosa, em que os valores se identificam de modo mais profundo. Entretanto, assim como o ex-padre guarda consigo o gesto, o latim da missa, o jeito da batina, o militante do partido não se dissocia completamente dos valores políticos de sua formação e de sua maturidade. Jorge Amado, com uma visão mais ampla do convívio ideológico, faz-se acadêmico, ajusta-se ao fardão, ingressa na Legião de Honra, embora realize nessa fase a contradição do livro contra a Academia, Farda, fardão, camisola de dormir (1979). Talvez sem dar por isso, Jorge Amado passa a obedecer aos valores fundamentais de sua natureza. Aqueles valores que o restituem às suas origens; que lhe dão o comprazimento de sua infância e juventude; que o levam a troçar do bacharel e do poeta pernóstico, do malandro e do orador baiano – sem esquecer o respeito ao candomblé e a veneração pela mãe-de-santo, e mais a ternura pelos capitães de areia e pelas mulheres públicas. Ora, ano passado (1988), Jorge Amado nos deu O sumiço da santa, fiel a si mesmo, ajustado ao que constitui a sua maneira, o seu processo, o seu modo de ser. Quero dizer: o romance como narrativa lúdica e divertida, mais jogo que requinte estético, com os ingredientes e os temperos de sua mesa de mestre baiano. Aqui, ali, uma denúncia. Ali adiante, uma estocada. Nos intervalos, uma gozação derramada. Mas, de vez em quando, deixando sentir um belo sopro lírico, que nos devolve o Jorge Amado que escreveu Mar Morto, que se divertiu com os infortúnios de Gabriela, que riu e sorriu com as trapalhadas de Vadinho em Dona Flor e seus dois maridos, que se deliciou com o humor negro do Quincas Berro d’Água. O sumiço da santa, escrito em muitos lugares, com o romance a correr à procura do romancista e com o romancista a se divertir com o romance, em Paris, em Roma, em Lisboa, em São Paulo, em Salvador, em Brasília, deve ser julgado em função da obra geral do romancista. Não será digressivo nem dramático nem analítico, mas ajustado à linha que Jorge Amado se traçou, como um narrador popular, desde que publicou O país do carnaval, espelhando e denunciando a sociedade brasileira sobre a qual gostaria de implantar uma nova realidade política.


Adiante, quando Jorge Amado se desprendeu de seu partido, para ser ele próprio de modo mais espontâneo, o que se viu foi que o romancista continuava a ser jovial e lírico, como no seu primeiro romance. Nada de monólogos interiores. Nada de fluxos de consciências. Nada de flash-back, e sim o puro Jorge Amado, admirável contador de histórias, O sumiço da santa é, assim, um ladrilho a mais no grande mosaico amadiano. Se nele um poeta debochado se compraz em festejar em versos as partes secretas de uma certa Adalgiza, em meio à farândola jovial de amigos e companheiros que o romancista reúne no romance, convém ressaltar que ali está também o cantor da terra natal, numa de suas páginas antológicas. Vai aqui, como fecho do louvor ao romancista, um pequeno trecho dessa grande página lírica que a Bahia lhe inspirou: “No regaço do golfo, na brisa da península, plantada na montanha, eleva-se a cidade da Bahia, de seu nome completo Cidade de Salvador da Bahia de Todos os Santos, enaltecida por gregos e troianos, exaltada em prosa e verso, capital geral da África, situada no oriente do mundo, na rota das Índias e da China, no meridiano do Caribe, gorda de ouro e prata, perfumada de pimenta e alecrim, cor de cobre, flor da mulataria, porto do mistério, farol do entendimento.” (Artigo publicado por Josué Montello, no Jornal do Brasil, edição de 31 de janeiro de 1989)


FLÁVIO DINO ANUNCIA CELEBRAÇÃO DO CENTENÁRIO DE JOSUÉ MONTELLO MANOEL DOS SANTOS NETO

Em seu artigo semanal, publicado no Jornal Pequeno, o governador Flávio Dino anunciou, neste domingo (19), que o Governo do Maranhão irá celebrar o centenário de nascimento de Josué Montello (1917-2006), o grande romancista de “Os tambores de São Luís”. Montello deixou uma obra sem paralelo na literatura brasileira. É autor de um conjunto de obras em que o passado maranhense é retratado de forma cativante. Com sua fertilidade criadora, deixou uma obra literária das mais significativas da literatura de língua portuguesa. Leia abaixo o artigo do governador Flávio Dino: UM MARANHENSE IMORTAL FLÁVIO DINO O Maranhão é lembrado pelos seus grandes escritores: João Lisboa, Gonçalves Dias, Aluísio Azevedo, Nauro Machado, Ferreira Gullar, Josué Montello. São maranhenses imortais, com produção literária respeitada pela crítica e que sempre será lida em nossas universidades e escolas. Mentes iluminadas que representam a grandeza intelectual de um povo que sempre manteve a altivez de sonhar com tempos melhores. Neste 2017, temos a honra de celebrar a memória de Josué Montello, em seu centenário de nascimento. Maranhense de brilhante carreira não só como escritor, mas também como jornalista e em sua atuação como gestor público, à frente de algumas das instituições mais importantes da política cultural brasileira. Na literatura, deixou um exemplo da construção de cenários densos e narrativas complexas a partir de uma escrita límpida. Escritor de reconhecimento nacional, encravou na bibliografia do país as cores, o cheiro e as belezas de nossa cultura. Elas estão em Cais da Sagração, a saga de Mestre Severino, cheio de vontade e esperança, navegando até São Luís para tentar passar sua sabedoria ao neto Pedro. E também nas páginas imortais de Os Tambores de São Luís, obra de grande riqueza artística em que talha um retrato crítico da decadência da oligarquia colonial que arrancava sua riqueza do trabalho escravo. O livro é um libelo da resistência da população negra à escravidão, que deixou marcas em nossa sociedade até hoje. Esse é um grande mérito do bom romance histórico, exemplificado por Os Tambores de São Luís: ao falar do ontem, diz muito sobre o hoje, e extrai dessa dialética uma grande força para se manter vivo. Com efeito, a escravidão ainda ecoa no nosso cotidiano, como é demonstrado pela persistência do racismo, da desvalorização do trabalho humano e pelos arroubos de coronéis da política, que em pleno século 21 ainda se acham “donos” e “senhores”, mesmo que não passem de medíocres figuras. Para celebrar a memória de Josué, o Governo do Maranhão está organizando para o segundo semestre uma série de comemorações em homenagem ao centenário do escritor. Elas ocorrerão justamente na Casa de Cultura Josué Montello, reaberta em dezembro, após uma ampla reforma e ampliação. Foi instalado nela um museu, com o acervo pessoal de Montello. Lá, estão à disposição do público para consulta a coleção de obras da biblioteca particular do escritor, além de documentos pessoais. Material disponível para servir de referência para artigos, ensaios, teses e monografias dos estudantes e pesquisadores de nosso Maranhão e do Brasil. Tenho convicção no poder inspirador da arte e na capacidade transformadora da política cultural. Por isso que cuidamos dela com tanta atenção, com o apoio aos eventos e às festas populares, aos espaços culturais e inovações, a exemplo da consistente política setorial do audiovisual que estamos implantando


desde 2015. O centenário de um escritor como Josué Montello, devidamente destacado, além da dimensão da homenagem, visa funcionar como poderoso estímulo a tantos talentos literários que o nosso Estado possui. E deixo um convite especial: conheçam a Casa de Cultura Josué Montello.


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NAVEGABILIDADE DO GOVERNO E ANO NOVO ALDY MELLO Publicado em O ESTADO MA, 23 de dezembro de 2016 O Natal representa confraternização, balanço anual das realizações e um sentimento ímpar de solidariedade. É a época de se constatar o que foi bom e o que foi mal, o que agradou e o que desagradou. Todos nós prometemos melhores dias, saudáveis ideais e promissores gestos. No próximo ano seremos melhores. Tudo vai ser diferente. Da nossa casa até os recônditos do governo, onde estão os poderes da República, tudo deverá ser mudado, pois é nosso desejo, em que passam a ser fundamentais o comportamento e as atitudes dos homens responsáveis de organizar a coisa pública, banindo os corruptos e incompetentes. Só assim teremos um Ano Novo. A navegabilidade do governo deverá seguir novos caminhos. Navegabilidade nacional é um sistema que permite à nação construir seu próprio projeto de crescimento, com a participação de sua população e a absorção de suas expectativas. Um projeto de navegabilidade nacional precisa ter objetivos definidos politicamente, métodos claros e adequação no tempo e no espaço. A navegabilidade só será facilitada quando os governantes sentirem os anseios do povo, a vontade da maioria. Outro importante fator para a navegabilidade é os governantes estarem abertos para as novas informações, percebendo os diversos cenários econômicopolítico-social-tecnológico, capazes de permitir à nação uma segura inserção. Faz-se necessária uma compreensão global do mundo, descobrindo o grande cabedal de potencialidades interno e externamente. É fundamental nessa navegabilidade a busca de um modelo holístico de governabilidade em que todos os nacionais possam se realizar como homens e cidadãos. Vale enfatizar que não haverá navegabilidade nacional se não houver um eficaz planejamento que muito tem a ver com uma gestão estratégica, em que o processo de transformação organizacional no governo do país motive todos aqueles que diretamente lidam com o crescimento da nação. O planejamento terá que ser estratégico para que estratégica também seja a gestão. Haverá sempre perguntas como qual é a visão dos dirigentes do governo? Que objetivos têm em mente? São a partir das respostas que se poderá estabelecer caminhos que levarão à execução de ações governamentais no âmbito da nação. Os negócios nacionais estão a exigir de seus líderes uma sólida formação político-gerencial, um conjunto de habilidades projetivas e atitudes éticas. É muito importante conhecer o mundo, ver o que está a sua volta, ter humildade de aprender e buscar soluções para os problemas que afligem a nação. A navegabilidade brasileira precisa ser planejada, de modo a conduzir a nação a imprimir novas marcas, que representem credibilidade, motivação, racionalidade e otimização nos processos operacionais, competência e sinergia na convivência entre governo e povo. Os políticos terão que ter mais formação humanística, cultural e ética, capazes de conduzir a navegabilidade nacional e alcançar a inovação. Inovando-se, não se pretende reduzir ou minimizar a capacidade de sonhar, mas sim conjugar esta capacidade com a vontade de transformar os sonhos em realidade, mesmo que para isso se tenha que reinventar uma nova instituição ou novas vontades. Os governos precisam ser mais comprometidos com a ciência, com a filosofia e com as artes. No Brasil, precisam estar arraigadas com às soluções da nossa civilização, ser melhor conhecedoras dos problemas do estado e a serviço da luta que minimiza a pobreza brasileira.


AS CAVALHADAS E O MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Professor de Educação; Mestre em Ciência da Informação; Sócio efetivo do IHGM e membro fundador da Academia Ludovicense de Letras Publicado no BLOG DO LEOPOLDO VAZ, 28 de dezembro de 2016 http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2016/12/28/as-cavalhadas-e-o-maranhao-2/

Uma amiga escreve-me, via face, de que está em Pirenópolis e ontem se encantou com as cavalhadas… Disse à ela que já tivemos cavalhadas em São Luís … As cavalhadas de Pirenópolis não são realizadas nesta época do ano; são encenações para atender às necessidades do Turismo. Normalmente, acontece durante a Festa do Divino… A “Festa do Divino Espírito Santo” foi trazida para o Brasil ainda no século XVI. Em Portugal, a “Festa do Divino” aparece desde as primeiras décadas do século XIV e foi estabelecida pela Rainha D. Izabel (1271-1336), casada com D. Diniz (1261-1325) e começou com a construção da Igreja do Espírito Santo em Alenquer. O cerimonial consta de passeio pela cidade, levantamento de mastro enfeitado de frutas naturais, feita por um grupo de caixeiras (tocadoras de caixa). Esta festa até hoje é realizada em Alcântara, com muita pompa e honraria. Mas sem as cavalhadas… No processo de colonização do Maranhão a Igreja teve um importante papel, indo além do mundo espiritual, representando o único freio moral de uma população brutalizada e ignorante. É na igreja que essa população encontra uma diversão e uma alegria que quebrasse a monotonia desesperada de uma vida prenhe de perigos e vazia. Essa alegria era representada pela beleza litúrgica do cerimonial religioso: O Te-Deum, a missa, o sermão, a novena, a procissão, o canto coral, a música do cravo no coro, o repicar dos sinos nas torres e a comédia que os noviços representavam em dias de festas, no adro dos templos, eram a única distração e a única alegria que regularmente se concedia àquela gente. Em 1678, o primeiro bispo, D. Gregório de Matos (1679-1689), foi recebido com uma festa foi,… “onde, por oito dias consecutivos houve representações de encamisadas a cavalo, danças e outros gêneros de demonstrações de festas e alegria.” As encamisadas constituíam-se, outrora, um cortejo carnavalesco que saía às segundas-feiras, com seus componentes vestidos de longas camisas e mascarados de branco, fazendo momices. Primitivamente foi ataque de guerreiro, onde os soldados punham camisas sobre as couraças como disfarce. Depois, mascarada noturna, com archotes. Tornou-se desfile, incluído nas festividades públicas. A tradição de desfile a cavalo em festas oficiais é imemorial, tendo se tornado indispensável em Roma, durante as procissões cívicas, triunfos e mesmo festividades sacras. Em Portugal, desde velho tempo a cavalhada era elemento ilustre nas festas religiosas ou políticas e guerreiras. Mesmo nas vésperas de São João havia desfile, de que fala um documento da Câmara de Coimbra, aludindo em 1464, à cavalhada na véspera de São João com sino e bestas muares. No Brasil aparecem desde o século XVII com as características portuguesas. O termo cavalhada refere-se a desfile a cavalo, corrida de cavaleiros, jogo das canas, jogo de argolinhas ou de manilha. Estes jogos foram um produto do feudalismo e da cavalaria e se constituíam em atividades esportivas do medievo, período em que os jogos cavalheirescos se destacavam entre as manifestações atléticas e esportivas. Os principais e mais famosos jogos cavalheirescos eram: o torneio, o bigorno, a giostra, o carosello, o passo d’arma, a gualdana, a quintana, a corrida dall’anello. As primeiras cavalhadas realizadas no Brasil acontecerem em abril de 1641, no Recife, embora haja registro de uma encamisada realizada em março daquele ano, no Rio de Janeiro, por ocasião da aclamação de D. João IV.


Foram encontradas provas de que, além de em São Luís, também em Alcântara se realizavam essas cavalhadas, não havendo informações de até quando foram praticadas no Maranhão. Para Antonio Lopes, além dos encamisados, jogaram, decerto, a cana e a argolinha. A argolinha é encontrada desde o século XV em Portugal e consistia de corrida a cavalo, lançado a galope, durante as quais os cavaleiros deviam enfiar a lança ou a espada em um arco suspenso. Vencia quem conseguia enfiar o maior número de arcos. Originária de antiqüíssima justa, desde o século XVI que se corre a argolinha no Brasil. No Mapa Cultural do IBGE, encontra-se a descrição de cavalhadas realizadas em Alagoas, Bahia, Sergipe, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraíba como cortejo e torneio a cavalo em que a parte mais importante consiste na retirada de uma argolinha com a ponta de lança, em plena corrida. Jomar Moraes registrar em seu “Guia de São Luís” que cavalhadas, congadas, fandangos, cheganças e mascaradas, tivemo-los durante o período colonial No Maranhão já as tivemos, as cavalhadas. Aliás, essa é uma frase que se costuma muito ouvir. Já tivemos… A argolinha é a primeira “manifestação esportiva” praticada por brancos em terras maranhenses, pois possuía caráter competitivo, como registra Frei Manuel Calado, referindo-se à mais famosa corrida realizada no Brasil, promovida por Maurício de Nassau, em janeiro de 1641 – ou abril -, por ocasião da aclamação de D. João IV. Foi vencida pelos portugueses.

————————— Categoria Atlas do Esporte no Maranhão • Lazer & Recreação


USOS E COSTUMES ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO Publicado em O ESTADO MA, 27 de dezembro de 2016

As lembranças que se seguem surgiram depois de ver o documentário sobre o Buena Vista Social Club, um grupo de músicos cubanos que tocava numa antiga casa de shows, em Santiago de Cuba, por volta dos anos 50. Muitos deles já eram famosos quando o regime de Fulgêncio Batista suspendeu o funcionamento da Casa; ficaram no ostracismo por mais de dez anos sem poder tocar seus instrumentos e levando uma vida de profunda necessidade. Aí aconteceu quase um milagre: o produtor musical americano Ry Cooder redescobriu esses talentos levando-os à realização de gravações e de shows memoráveis, em Amsterdã e Nova York, transformando as suas vidas ainda que próximas do fim. Difícil não relacionar aquela época com o que acontecia, em São Luís, no Lítero Português do Largo do Carmo: festas animadas pela orquestra do maestro Chaminé executando um repertório que incluía rumbas, mambos e outros ritmos caribenhos. Quantos encontros e desencontros não foram embalados por aquele som, dançado aqui como se estivesse lá. Naquele tempo quando acabava um simples namoro as relações eram cortadas, às vezes para nunca mais. Uma garota de cada vez; se houvesse outra, o namoro do momento teria de acabar. Um procedimento absolutamente correto e exigido pelos padrões então vigentes. Mudar de namorada era como se a gente passasse a ser exclusivo de outra, da nova preferida, e fizesse questão de cortar qualquer vínculo com o passado, fosse recente ou remoto. Quantos acertos e desacertos nesse procedimento! Foram rompimentos que certamente permitiram a cada um acabar encontrando o seu melhor caminho, a sua alma gêmea, mas também o inverso de ter perdido exatamente essa possibilidade. De qualquer forma, um risco que todos da minha geração faziam questão de bancar; a regra do jogo, usos e costumes de uma época áurea e sadia. E namorar mais de uma garota ao mesmo tempo? Havia quem conseguisse certamente a custa de muita “ginástica”. Primeiro, para respeitar a lei da Física, só poderia estar no mesmo lugar, num determinado tempo, com uma das namoradas; assim, para ir ao cinema dos finais de semana, teria de escolher a namorada do sábado e a do domingo. E como conseguir essa façanha sem combinar com as parceiras? Pense bem: as duas poderiam estar desejando ver o mesmo filme, no sábado ou no domingo. E aí: será que o “cara” conseguiria convencer uma e outra a preferir sessões em horários diferentes? Seria uma boa saída. E se as duas, para complicar, desejassem ver o tal filme no mesmo horário, no mesmo dia? Aí teria que inventar outro programa. Começar a namorar, então, deveria supor rapazes e moças livres de compromissos; as complicações eram decorrentes e circunstanciais, mas existiam. Namorar sendo fiel mesmo admitindo rival; noivar quando estivesse certo da escolha, com o consentimento das famílias e pelo tempo que fosse necessário; casar e permanecer na eternidade enquanto durasse, e até que a morte os separasse. Hoje, como são os relacionamentos? Todos muito modernos misturando e confundindo sentimentos, o tempo passando sem ser percebido e ficando irremediavelmente perdido. Quando melhor, antes ou agora?


UMA VIAGEM CONFORTÁVEL JOÃO FRANCISCO BATALHA batalha@elointernete.com.br

Exonerado da SEDUC/MA, depois de 23 anos de serviços prestados ao Estado do Maranhão, alterei meu estilo de vida. Uma semana em Arari e três em São Luís (escrevendo minhas memóriasou viajando para outros destinos). Tenho feito minhas excursões para aquela cidade, para onde viajo todos os meses, pelo Trem de Passageiros da EFC, da Vale. Mais barata do que uma viagem de ônibus ou de Van. Classe executiva, R$ 28,00; Classe Econômica R$ 12,00. Rapidez (2 horas e dez minutos de viagem), pontualidade, conforto, segurança e sistema de controle monitorado, que garante a confiança do trajeto, com área sinalizada e luzes indicativas. Portas divisórias automáticas. Partindo da Estação de São Luís prossegue-se cortando o interior sudoeste da Ilha de São Luís, Campo de Perizes e áreas rurais de Bacabeira, Santa Rita, Anajatuba, Miranda do Norte e Arari, num percurso de 126 quilômetros de belas paisagens. Lanchonete, restaurante, refeições e lanches de boa qualidade. Boa climatização e comodidade, com poltronas confortáveis e espaçosas (duplas e individuais), numeradas e declináveis.Mais de dez vagões de passageiros, todos climatizados. Bom tratamento dos servidores da empresa, banheiros limpos e higienizados. Belas visões e panoramas agradáveis, que se descortinam no decorrer da viagem, através de amplas janelas envidraçadas, sem poluição sonora. Áreas de refeição, de apoio e PcD, ambulatório, fraldário, TV/Vídeo, tomadas e entradas de USB e dispositivos para músicas diferentes. Pode-se, ainda, acessar tablete e redes sociais através do sistema wi-fi. Escrever e-mails, visitar sites e trocar mensagens.Ou, então, bater papo a dois, nas poltronas; ou em grupo,nas mesas do refeitório. Não comparável com os morosos ônibus, em decorrência do fluxo de veículos da BR 135, ou da insegurança das Vans que tomam parte do tempo fazendo recepção ou distribuição de passageiros. Algumas das tais com motoristas desatenciosos ou colados aos celulares durante a viagem, ou até mesmo, porfiando com os concorrentes, o que leva risco à vida e à integridade física dos viajantes. Diante da insegurança das estradas,o roteiro de Trem é uma boa opção para viagens individuais, a dois, ou em grupos, para todo o corredor da EFC que liga São Luís ao sudeste do Pará, atravessado os rios Mearim, Pindaré e Tocantins, interligando mais de vinte comunidades, através de uma dezena de paradas e das estações de Sta. Inês, Açailândia, Marabá e Parauapebas.


2016 TERMINOU DIA 31? JOÃO BATISTA ERICEIRA HTTP://WWW.CECGP.COM.BR/NOTICIAS/1528-2016-TERMINOU-DIA-31

O jornalista Zuenir Ventura, autor do livro “1968, o Ano que não Terminou”, publicado em 1989, em entrevista concedida a revista História enfatizou: “naqueles dias não se morria de tédio”. Na França, armavam-se as barricadas para derrubar ao mesmo tempo, De Gaulle e os dogmas marxistas. No Brasil, faziam-se as passeatas de cem mil pessoas contra o regime militar. Este para sobreviver decretou o Ato Institucional nº 5. A ditadura escancarada vigoraria por dez anos. Os Estados Unidos atolavam-se no Vietnã, o Presidente norte-americano Lyndon Johnson foi por ele tragado, possibilitando a eleição de Nixon, depois do inexplicado assassinato de Robert Kennedy. Em resumo, os efeitos de 1968 perdurariam ao longo de muitas décadas , tornando-o inacabado, conforme o título adotado por Zuenir. Em reunião comemorativa dos 68 anos da Declaração dos Direitos Humanos no CECGP, aventei as probabilidades de 2016 reeditar 1968, em termos de inconclusão, pelos episódios marcantes ocorridos ao longo dos últimos 365 dias. O quadro institucional inaugurado no ano anterior, também inconcluso, agravou-se com as operações da Lava Jato, tomadas em conjunto pelo Ministério Público, Judiciário e Policia Federal. As delações premiadas escancararam os esquemas de corrupção. Após a prisão dos executivos da Petrobras foram encarcerados os donos das maiores empreiteiras, banqueiros, o senador líder do governo no Senado, o ex-Presidente da Câmara dos Deputados. Ocorrências impensadas, seus efeitos seguramente se prolongarão ao longo dos próximos anos. O juiz Sérgio Moro, da Vara Federal do Paraná, coordenador e julgador das investigações da Lava Jato é mais uma vez, a personalidade nacional em 2016. A sua performance produzirá consequências na sociedade, na política e no Judiciário nas próximas décadas. Alterará o perfil de atuação da Justiça Pública brasileira, como se viu na Itália, matriz desse tipo de procedimento. A Constituição de 1988, as inovações tecnológicas, legislativas, as novas escolas de interpretação do Direito, surgidas aqui, em países europeus e nos Estados Unidos, formaram juízes, procuradores e advogados da nova geração. Dotados de visões heterodoxas, concorreram para que o Ministério Público e o Judiciário adotassem formas de atuação distintas das tradicionalmente conhecidas. A independência da Policia Federal, as posturas da advocacia ética, as posições modernas do Poder Judiciário, e do seu órgão de cúpula, o Supremo Tribunal Federal, asseguram-lhe o papel de salvaguarda das instituições, de garantia de continuidade do Estado Democrático de Direito, sem os riscos dos bonapartismos do passado. A postura dessas instituições se refletirá nos próximos decênios, garantirá papel relevante para 2016 na História do Brasil. O impeachment da Presidente foi o ponto culminante. Para uns, faltaram razões para o procedimento, para outros, sobraram. Compreende-se a divisão. No campo da ciência política, o comportamento e o juízo dos agentes não é unívoca ou previsível. A política depende de fatores como os humores do mercado e das ruas. E até como queria Maquiavel, da sorte do governante. Comparando com o final de 1968, se pode dizer que ao contrário daqueles dias negros, em que o mundo se abria e o Brasil se fechava, vivemos em uma Democracia. O Papa Francisco, a personalidade internacional em 2015, continuou o mesmo protagonismo o ano passado. Sua atuação foi determinante para o reatamento das relações dos Estados Unidos com Cuba. O isolacionismo da ilha, o bloqueio econômico, geraram enormes prejuízos humanos para as américas e o mundo. Foi uma das causas da longevidade do regime castrista. Cumpriu-se afinal a profecia de Fidel Castro falecido em novembro passado: o reatamento se daria quando os Estados Unidos tivessem um presidente negro. Obama figurará com destaque nos livros de História do continente. Por tudo isso, e muito mais, 2016 não terminou no último dia 31. No próximo ano, almeja-se que o Brasil ganhe estabilidade politica, tenha crescimento econômico e mais justiça social.


BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A CONJUNTURA ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO PUBLICADO EM O ESTADO MA 16/01/2017 As economias desenvolvidas foram salvas de um novo “crash”, em 2008, graças a práticas de política monetária heterodoxa, o chamado “quantitative easing” do Federal Reserve-FED americano seguido pelos demais bancos centrais do mundo; esse afrouxamento monetário demorou a chegar à economia real determinando fusões, incorporações e estatização no sistema financeiro. Iniciativa do presidente Barack Obama, ainda em 2010, um Ato foi editado visando a reformulação das agências reguladoras e de regras específicas para o mercado financeiro. O presidente eleito Donald Trump quer modificar essas regras. A verdade é que muitos bancos “grandes demais para quebrar” alavancaram empréstimos além do permitido por seus haveres garantidores, por isso passíveis de uma regulação mais rígida. Nos países emergentes, no caso o Brasil, as repercussões não são desprezíveis. Mais recentemente, “ o Comitê da Basileia (que fixa os padrões de supervisão internacional dos bancos), passou a encabeçar as notícias financeiras”. Governos esperam “pela adoção de regras mundiais mais rígidas” e que evitem contaminação de outros setores da economia. O ajuste fiscal brasileiro deve alcançar o universo dos entes federados e, ao longo dos próximos anos, as despesas baixarem mais do que proporcionalmente à elevação das receitas, para que seja alcançado superávit fiscal, a partir de 2021 segundo as previsões (a meta do déficit primário para este ano é de R$ 139,6 bilhões); por outro lado, o crescimento das receitas deve ser função mais de ação fiscal e a diminuição das despesas, da definição de prioridades. Para ilustrar o drama fiscal, nos últimos oito anos as receitas do governo federal cresceram 14,5% em termos reais, enquanto as despesas subiram 51%; como consequência, a dívida bruta do setor público nesse período saltou de R$ 1,7 trilhão para R$ 3,9 trilhões e a despesa primária aumentou de 10,8% do PIB, em 1991, para 19,5% nesse mesmo período. O Banco Central do Brasil espera ações do FED sobre mudanças na política de estímulos à economia americana e elevação da taxa de juros, que pode ensejar fuga de capitais dos países emergentes, para compatibilizar o que pode ser feito por aqui consciente da nossa condição de país reflexo. Ao contrário do que muita gente pensa, a taxa de juros é o preço do crédito, não do dinheiro. A política de juros altos torna o crédito inacessível e agrava a própria dívida pública; de outra forma é contraditória, porque entrava a retomada do crescimento que todos desejam, para geração de produção, renda e sua distribuição equitativa. Na Europa e especialmente na zona do euro, cuja recuperação tem sido “moderada, mas firme” (previsão de 1,7% e 1,6%, respectivamente, em 2017/18/19; inflação de 1,3%, 1,5% e 1,7%, respectivamente, em igual período), o Banco Central de lá segue na flexibilização da sua política de afrouxamento monetário (redução de 80 para 60 bilhões de euros, para compra de títulos ao mercado, mensalmente, considerando a melhoria das condições deflacionárias). A taxa de juros continuará inalterada, 0,4% sobre os depósitos.


MARCAS DO SÉCULO XXI E ANO NOVO ALDY MELLO PUBLICADO EM O ESTADO MA, 07 DE FEVEREIRO DE 2017

O século XX representou uma alvorada para a humanidade. Dizem que na Europa as monarquias deixaram de ser absolutas, e na África, cada vez mais diminuía o número de soberanos. Era desejo comum que o poder e a riqueza fossem compartilhados com todos. É como dizem os autores que tratam da importância do século XX: Foi uma tempestade de mudanças, não obstante duas grandes guerras mundiais, ambas decorrentes da exagerada ganância de países europeus pelo poder, mesmo que ele fosse apenas territorial. Das cinzas das guerras, surge o século XXI, a era da inteligência social porque mudaram os métodos de relacionamento e a capacidade para entender melhor as pessoas e seus sentimentos, segundo afirmativa dos cientistas. Ele prossegue com seus vários desafios, como a produção de alimentos para 9 bilhões de pessoas, que habitarão o planeta até 2050, as tecnologias revolucionárias ocorrem, a economia mundial será baseada numa nova ordem econômica internacional do pós-guerra, o Big Data que em português assumiu a propriedade de 3 Vs (volume, velocidade e variedade) é uma ferramenta que vem revolucionando a civilização. Apesar de todo esse progresso, o mundo continua com seus ganhadores e perdedores; seja entre os continentes, entre os países e até entre as pessoas, com a dicotomia de ricos e pobres, como foi nos séculos anteriores. Por outro lado, nenhuma fase da história conseguiu desmentir o que afirmara Mao Tsé-Tung, quando disse que o poder político nasce de um cano de espingarda. Também ninguém foi capaz de desmistificar os dizeres de Otto Bismarck ao afirmar que quem toma conta da carteira tem o poder. Em síntese, o conhecimento foi a peça propulsora do progresso humano. Entre fracassos e conquistas a raça humana descobriu novos caminhos e rumos, baseados no conhecimento que tinha de si mesmo, do mundo e das coisas. Nesse sentido, os mundos clássicos grego e romano tiveram um primordial papel para o descobrimento do nosso mundo. Foram os conflitos entre família, tribos e aldeias que fizeram surgir os antigos imperadores e reinados, em busca do aumento do poder. Das lições do passado, aprendemos dos egípcios que entre mudar do certo para o incerto não é estratégico nem um ato de inteligência. Foram os indianos que nos ensinaram a conviver com um sistema de casta, donde nasceu a desigualdade social. Dos chineses aprendemos novas formas de se configurar a desigualdade econômica e social, contradizendo a sabedoria indiana de que o nascimento por si só já qualifica tal diferença. Confúcio traz-nos o conhecimento do mérito, baseado na capacidade e na excelência moral e não no mero nascimento, contrariando, assim, o sistema feudal da cultura indiana. Buda ensina à humanidade a buscar o caminho do meio entre a indulgência e a mortificação, encontrando o Nirvana. Mostra-nos um dos sistemas de pensamento ético que mais tem crescido no mundo asiático. Para a fé cristã, Jesus centraliza-se essencialmente como Filho de Deus e Salvador da humanidade, morrendo pelos pecados do mundo. Sobre o século XXI, temos várias e uma multiplicidade de opiniões, entretanto, uma coisa é certa: vivemos melhores dias. O mundo melhorou, as relações humanas e sociais e o entrosamento entre as nações mudaram, o progresso da humanidade avançou e o conhecimento passou a ter maior importância dando um novo colorido à vida. Nesse âmbito, não tem prevalecido a tese do filósofo e matemático francês Blaise Pascal de que o universo envelheceu. O homem é novo, o tempo é outro, portanto, surge um novo universo. A humanidade busca e encontrará sua excelência. Tudo isso esperamos encontrar no Ano Novo- 2017.


EVANDRO SARNEY – UM PERDULÁRIO DO TALENTO

ÁLVARO URUBATAN (VAVÁ MELO) PUBLICADO EM O ESTADO MA, 07 DE JANEIRO DE 2017

A infausta notícia do falecimento do poeta, orador e cronista Evandro Ferreira de Araújo Costa, o Evandro Sarney, cobriu de condolências as instituições que ele dignificou ao longo de sua caminhada. Das mais pesarosas, ficam órfãos de sua esmerada inteligência o município de São Bento e a Academia Sambentuense. São Bento, a pátria de nascimento, terra com quem manteve profunda ligação afetuosa e politica. Foi lá, com a renomada professora leiga Maria Menezes Teixeira – Cota Teixeira, que se alfabetizou, e no Mota Júnior, um dos mais renomados grupos escolares do Maranhão, fez o brilhante curso primário, quando obteve o diploma que lhe garantiu abundantes conhecimentos para galgar às elevadas funções na vida, também, nesse glorioso berço de inteligência lhe aflorou a verve poética, despertada pela sentimental grande musa: os verdejantes campos que ele proclamava em suas orações de candidato: verdejantes como verdes são as esperanças de seu povo – costumava repetir. Como qualquer bom são-bentuense, apaixonouse pela rica e variada culinária, opulenta cultura e extraordinária tradição intelectiva. Residindo em São Luís, concluído o ginásio, somente voltou ao chão de nascença com o mandato de deputado estadual, obtido no pleito de 1954. Em lá retornando, logo conquistou o caloroso fascínio da maioria de seus conterrâneos que, com indômita coragem foi-lhe fiel em árduas campanhas eleitorais, travadas em momentos difíceis de sua vida de político oposicionista. Com decisivo apoio da massa à sua candidatura e a do eminente irmão, Presidente José Sarney, os sufrágios recebidos tornaram-se importantíssimos para assegurar-lhe dois mandatos imediatos e contribuir com o último. Evandro foi, nesse período, incontestavelmente, verdadeiro líder popular, identificado sãobentuense do poção, comedor de jeju e muçum. Vangloriava-se de sê-lo. O poeta e cronista das gaivotas, ave mencionada constante em seus escritos, deixou o soneto. ODE A SÃO BENTO. Presente natalício. Ao despertar te vejo, linda, orvalhada / minha cidade natal, cheia de encanto /que de tão meiga e bela foi batizada / como tinha de ser: nome de santo. Com a fundação da Academia Sambentuense, o consagrado literato, membro da Academia Maranhense de Letras recebeu o convite para ilustrá-la, na qualidade de fundador da cadeira 16, data de seu natalício, patroneada pelo parente, o insigne jurista, constitucionalista, juiz federal Raimundo de Araújo Castro. Jamais a frequentou, consequência de enfermidade. Antes de ingressar na Casa de Antônio Lobo, a Academia Maranhense de Letras, o renomado acadêmico homem de letras tornou-se admirado líder estudantil, pela reputação de majestoso orador, inclusive dos grêmios estudantis do interior que os visitou. Em Caxias, o jovem ginasiano, hoje mestre Antônio Augusto Ribeiro Brandão, relembra-o. Esse facundo domínio da palavra nos comícios partidários e nas tribunas que ocupou, deu-lhe prestígio. Quando parlamentar, integrante das hostes udenistas, consagrouse ferrenho oposicionista, vibrante, intimorato, atraía admiradores para ouvi-lo na tribuna. O poeta José Ribamar Fernandes era um dos tais. Na imprensa seus artigos ou crônicas eram esperados com ansiedade, tanto pelo teor abordado quanto pelo vigor dos títulos que causavam impactos: Enquanto houver perfumes; Eu fui liceísta, ora se fui; Pantaleão da Ponta do Baiano (fato são-bentuense); Chove chuva e lava a rua do meu bem; Cigana que te contou; e agora José. No mundo da poesia, os entendidos consideram seu soneto o URUBU, um dos mais perfeitos, digno da antologia maranhense.


Seus contemporâneos, os que com ele conviveram elogiam sua inteligência, porém, sua pequena produção deixada não condiz com seus méritos. Pereceu um perdulário da palavra. O Maranhão depois da morte de José Chagas, Nauro Machado volta a perder mais um poeta . Que lacunas deixam. São Bento, pela sua notória tradição histórica e presença constante na Casa de Antônio Lobo, sempre, no mínimo, com dois representantes, tenha a intrepidez de reivindicar, na época própria, essa cadeira para que, o ocupante, ao lado de Joaquim Itapary, mantenham o fogaréu resplandecente da inteligência do chão bento de São Bento, berço de Dom Luís de Brito. Há proficientes nomes. Que a coroa de flores depositada em seu túmulo expresse o último amplexo de saudades e admiração. Uma homenagem da Academia Sambentuense.


O CÚMULO DA FATALIDADE AYMORÉ ALVIM APLAC, AMM, IHGM, ALL. Muitas pessoas dizem não acreditar em fatalidade embora não saibam explicar o por quê, tampouco porque ela existe. Aconteceu em Alcântara, um bairro próspero da cidade de Pinheiro. O ano não lembro, mas foi na década de cinquenta do século passado. Nessa época, era um bairro já em boa fase de desenvolvimento. Lá morava, perto do campo de futebol, Zé Simplício em uma casa de muro alto, rodeado por dentro com touceiras de “três marias” ( Bougainvillea spectabilis) que, quando cheguei a São Luís, passei a ouvir chamar essa planta de “bougainville”. Por lá havia também um sujeito por nome João de Cora cujo apelido era “Mucura”. Exímio ladrão de galinha, principalmente, às altas horas da noite quando todos já estavam dormindo. Certa noite, Zé Simplício foi acordado por um berro estarrecedor vindo da área que ficava à frente da casa. Levantou-se, pegou a espingarda e caminhou em direção de onde partira o grito seguido pela mulher, dona Isaltina, que trazia uma lamparina. Daí a pouco, ele encontra Mucura se afundando numa das touceiras de Três Marias. - Quem és tu, rapaz? - Oh! Seu Zé, eu sou Mucura. - Que diabos tu estás fazendo aí. - Não sei, seu Zé. Estava trepado aqui no muro quando eu dei caí pro lado daí. Me tire daqui. - Como? Acho bom tu ficares aí acomodado senão tu vais te furar mais ainda e pela manhã vamos ver o que se pode fazer. Às sete da manhã, tanto a casa quanto a rua já estavam apinhadas de curiosos. Cada um dava palpite sobre como retirar Mucura do espinheiro. No chão uma poça de sangue. Mucura já não conseguia gritar, só gemia. Por volta das onze horas, conseguiram, por fim, retirar Mucura da touceira de Três Marias. Levaram-no para o Posto de Saúde que ficava na Praça da República, ao lado de Grupo Escolar Odorico Mendes. Dr. Ney fez o que lhe era possível, naquelas circunstâncias, para salvar Mucura. Grande número de pessoas se revessava noite e dia, em frente ao Posto. Uns traziam comida, outros compravam remédios e, à noite, todos rezavam pela sua recuperação. Após trinta dias, Mucura recebeu alta. Prometeu que nunca mais voltaria a roubar. Nesse dia, levantou cedo, tomou banho e fez a refeição da manhã. Depois ficou esperando os familiares que iriam busca-lo. Nessa hora, chega o delegado Miguel com dois soldados para prendê-lo. O povo na Praça se revoltou por entender que ele já havia pago pelos seus crimes. Mas Mucura quando viu o delegado chegando se apavorou e correu para uma das janelas, abriu e pulou. Nesse momento, vai passando “Cavalo preto” um dos dois caminhões que havia em Pinheiro, na época. Mucura se espanta, tropeça e cai. Uma das rodas lhe passa por cima da cabeça. O médico que ia chegando corre para o local, mas Mucura já estava morto. - Tanto trabalho pra nada. É o cúmulo da fatalidade. Moral da história: Nadou, nadou pra morrer na praia. Mas a vida é assim mesmo. Cheia de ocorrências inexplicáveis. Mas nunca desista de viver. Viver é uma benção e, por sinal, é muito bom. Com saúde


TROFÉU MIRANTE: UM EXEMPLO A SEGUIR ALDY MELLO Publicado em O ESTADO MA 21-22 de janeiro de 2017 A responsabilidade social das empresas é medida pela concepção de uma política afirmativa dirigida para a inclusão social, fundada em valores éticos voltada à promoção da diversidade. Se o objetivo maior do processo meritocrático consiste no pleno desenvolvimento da personalidade humana, guiado pelo valor da cidadania, do respeito, da pluralidade e da tolerância, afirma-se como absolutamente legítimo o interesse empresarial em promover a diversidade, o que traduz o benefício de maior qualidade e riqueza do viver cotidiano e da vivência esportiva, contribuindo, ainda, para a eliminação de preconceitos e estereótipos. A responsabilidade social de uma empresa mede-se pelo desenvolvimento de ações variadas, avanços tecnológicos e pelas condições regionais e participação efetiva dos jovens sob a supervisão dos professores, em todas as ações de integração com a comunidade, especialmente, em relação às minorias e aos excluídos. Deverá existir coerência entre as ações de responsabilidade social das instituições com suas políticas constantes dos princípios oficiais, ou seja, o seu Plano de Metas e sua Missão. O Troféu Mirante é um exemplo a ser seguido. Nele, a responsabilidade social do Grupo Mirante pode ser medida, de imediato, pelos programas desenvolvidos ou em execução e por seu compromisso na condução do exercício das funções esportivas, tendo presentes a competência, a eficácia e a eficiência da comunidade esportiva, a fim de contribuir, efetivamente, para a inclusão social e o desenvolvimento socioeconômico do Maranhão e do país. A defesa do meio ambiente, a preservação da história, a memória cultural e da produção artística brasileira inserem-se, também, nas políticas, diretrizes, estratégias e ações de uma empresa com responsabilidade social. O Grupo Mirante tem, até hoje, desenvolvido ações em volume e qualidade, podendo-se comparar tal fenômeno através da observação dos hábitos de vida dos indivíduos, das famílias e da escola, como é o caso do Troféu Mirante. Paralelamente aos níveis de instrução, constata-se o desenvolvimento de um grande número de aspirações como o da profissionalização e da estabilidade social. O Troféu Mirante traz em si uma função importante relacionada com a coesão social, assim como incrementa a criação de certo consenso nos valores e fins a serem perseguidos pelo indivíduo e pela sociedade, contribuindo para criar os fundamentos de uma vida social harmoniosa.Numa sociedade em processo de mudança, o esporte deve visar não somente à conservação, mas, sobretudo, à transformação da cultura e à adaptação dos indivíduos, dos grupos e das instituições. O que faz o Grupo Mirante é integrar-se à luta pela melhoria do esporte, contribuindo pela promoção dos avanços sociais e à democratização do sucesso. Ao reconhecer os nossos valores, o Grupo Mirante está estimulando os nossos jovens e preparando a eles um brilhante futuro. Anualmente, logo no início do ano, o Grupo Mirante realiza o Troféu Mirante, premiando os melhores atletas e esportistas do ano anterior, numa demonstração de reconhecimento e incentivo à prática esportiva e desportiva, o que é saudável para o corpo e a mente dos jovens atletas. É um exemplo a seguir e imitar, oportunizando a tantos jovens escolher o caminho do esporte. Se todas as emissoras filiadas à Rede Globo, em cada estado, realizassem o seu troféu, o país chegava mais facilmente a formar seu exército de atletas e de homens de bem.


TÓPICOS RELEVANTES ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO A busca de novas concepções que possam enriquecer a teoria econômica existente começa entre intelectuais do ramo e nas Universidades, até que sejam provadas e reconhecidas pela comunidade acadêmica. O economista André Lara Resende, atualmente senior research fellow na Columbia University, publicou um artigo sob o título “Juros e conservadorismo intelectual” (revista Valor Eu & Fim de semana, de 13/01/17), que motiva e merece ser comentado. Meu livro “Desafios à teoria econômica/Challenges to the economic theory”, editado pela Editora EDUFMA da Universidade Federal do Maranhão, em 2015, defende uma tese: estariam as conquistas dos eminentes pensadores da história do pensamento econômico carecendo de novas concepções ou, ao contrário, apenas sendo mal combinadas? A seguir tópicos relevantes sobre o assunto. Na página 20 de “Desafios/Challenges”: “os bancos centrais das economias mais desenvolvidas utilizaram a política monetária expansionista, para estimular a retomada dos investimentos e gerar efeito multiplicador nessas expectativas. Não aconteceu bem assim, mas um novo “crash” foi evitado, sem efeitos colaterais indesejáveis até agora”. Na página 48: “Marshall (...) buscava o desenvolvimento com crescimento e justa distribuição de renda. Também contribuiu no campo da teoria monetária, destacando-se: a teoria quantitativa da moeda, a distinção entre taxa de juros real e nominal, os efeitos da expansão do crédito e a paridade do poder aquisitivo da moeda como determinantes da taxa de câmbio”. Na página 84: “Procura-se um novo marco econômico mundial desde a conferência de Bretton Woods, o primeiro exemplo de uma ordem monetária totalmente negociada, que fez surgir o BIRD, o BID e o FMI, instituições destinadas a operacionalizar essas relações no âmbito internacional”. Na página 104: “A verdade é que uma desproporção entre produto e meios de pagamento mesmo no conceito tradicional M1) poderá gerar pressões sobre o sistema de preços (...)”. Na página 128: “Socorro a qualquer preço aconteceu na “bolha” (...); lembrem-se de que os maiores bancos centrais injetaram trilhões de dólares (...), sem maiores preocupações com a expansão dos meios de pagamento e da base monetária (...)”. Na página 168: “O presidente do Federal Reserve – FED – o banco central americano (...), contrariando a teoria econômica tradicional e a opinião dos economistas mais ortodoxos sobre emissão de moeda, que acaba desaguando em inexorável inflação (...)”. Na página 172: “Se conseguir - como parece vem conseguindo -, a teoria econômica terá de experimentar adequações”. Diz André Lara Resende, em seu artigo já mencionado sobre a “ineficácia da política monetária (...)”, que a taxa básica de juros “é também o principal instrumento da política monetária”. E continua: “A macroeconomia moderna tem sua origem nas discussões sobre a Grande Depressão dos anos 30 do século XX. É essencialmente baseada na Teoria Geral de Keynes, embora tenha evoluído muito desde então”. Prossegue: “A teoria monetária, mais ainda do que outras áreas da economia, sempre esteve associada a um contexto histórico e institucional específico”. Vai valer a pena voltar ao tema.


SISTEMA NERVOSO? CHOQUE NELE AYMORÉ ALVIM AMM, IHGM, APLAC, ALL. Quase sempre que eu saia das aulas particulares que tinha à tarde, na casa de dona Beni, filha de seu João Bertoldo, amigo e compadre de meu pai, eu passava pela usina elétrica e ficava olhando seu Malaquias e seu Ataliba preparando o motor Caterpillar para funcionar a partir das 18 horas. De vez em quando, à noite, Camélia, uma moça que era afilhada dos meus pais e morava conosco, levava eu e Moema para a usina para ver o motor trabalhando. E não éramos só nós, muitas pessoas iam também. Muitas delas, inclusive Camélia, tomavam choques elétricos que diziam ser bom para acalmar o sistema nervoso. Esses choques eram dados por seu Malaquias com um aparelho pequeno do qual partiam dois fios que a pessoa segurava pelas pontas livres. Aí, ele rolava uma manivela e a pessoa recebia os choques. Eram fracos, ate eu os recebia. Mas, ele dizia que era preciso tomar cuidado porque brincar com eletricidade era perigoso. Numa noite durante o período junino, nós fomos assistir a uma brincadeira de bumba-meu-boi num terreno baldio próximo ao prédio da usina Daí a pouco, Dico de Olindina, que era meu colega de turma no curso primário, passou por mim e eu o chamei: - Dico, aonde tu vais? - Vou comprar um copo de mingau para mamãe e um manuê para mim. - Vamos ali depressa. Dico era um tanto agitado, cheio de tiques que dona Olindina dizia ser coisa do sistema nervoso. Mas nessa noite ao ver Dico, lembrei-me do motorzinho de choque para curar sistema nervoso. - Vem cá, Dico, vem depressa. - Não vai demorar? - Nada. É bem aí na usina. Vou te mostrar uma maquina que dá choques. Ela vai te curar desses negócios que tu tens. - E não mata? - Mata nada. Vamos lá. Não vi seu Ataliba nem seu Malaquias. Creio que estavam também dando uma olhada na brincadeira. Entramos. Peguei o motorzinho, desenrolei os dois fios e mandei Dico segurar nas duas pontas. Aí foi só rolar a manivela e pimba! Dico se estatelou no chão revirando os olhos e se debatendo. Peguei depressa o motorzinho, enrolei os fios e o pus no lugar. Em seguida, saí gritando pedindo socorro. O pessoal assustado correu, mas Dico continuava na mesma situação. Após algumas massagens sem resultado, Dico foi levado para a Farmácia do meu pai. Eu fui atrás. - Seu menino foi quem pediu socorro, seu Zé. Ele deve saber o que aconteceu, disse dona Olindina. - É, esses meninos ficam mexendo com o que não devem, cortou seu Malaquias. Com certeza ele tocou ou pegou algum fio e recebeu a descarga. A sorte dele foi o Aymoré ter chegado a tempo. - Sorte ou azar, retrucou meu pai. Essa história não está bem contada. Mas ele já está melhor. Daí há pouco, Dico levantou. Quando ele ia falando alguma coisa eu o cortei... - Que bom, Dico, tu já estas em forma. O pessoal está dizendo que eu te salvei senão tu tinhas morrido.


Dico olhou pra mim e fez um sorriso, eu também. O certo é que ate hoje eu nunca havia contado isto pra ninguém a não ser agora e, pelo visto, nem Dico. Quando terminamos o curso primário eu viajei para São Luís para continuar os estudos no Seminário de Santo Antônio. Nunca mais o vi, mas com certeza, deve ter ficado bom de vez do seu sistema nervoso.


AMOR NA PRIMAVERA. AYMORÉ ALVIM, APLAC, IHGM, ALL, AMM. Desci do bonde. Debruçada na amurada do Largo dos Amores, eu a vi. Era linda. Corpo com silhueta bem definida, coberto por uma pele morena cor de jambo. Uma suave brisa roçava-lhe o pescoço, bulindo com seus cabelos longos e negros como o ébano que lhe caiam displicentes sobre os ombros. Por um momento, desejei ser aquela brisa. Não sei por que, mas voltei para casa impressionado com aquela mulher. Passei a voltar todas as tardes. Agradava-me vê-la, mesmo a certa distância. Bastava-me contemplá-la. Carregava-a comigo para casa. Dormia com ela. Andava com ela ou ela andava comigo. Para aonde eu ia a levava. Já não sabia se isso era amor ou obsessão. Pouco me importava. Ela não saia do meu pensamento. Numa dessas tardes, resolvi passar mais perto dela como se estivesse passeando. Ao me aproximar, ela me chamou. Gelei. Fiquei face a face com ela. Queria sair correndo, mas não podia. Queria falar e não conseguia. Envolvido pelo perfume que daquele corpo emanava, não ouvi o que ela me perguntou e se respondi alguma coisa também não lembro. Ela se aproximou mais um pouco, tomou as minhas mãos e agradeceu-me com um leve sorriso que a tornava mais radiante e bela, na minha visão. Será que gostou de mim? Ela pegou minhas mãos. Será que quer namorar comigo? Delirava, na imaturidade da adolescência. Como falar com ela só mais uma vez? Ah! Já sei. Na tarde seguinte, aluguei uma bicicleta e, ao passar perto dela, me atirei ao chão. Ela viu e correu para mim. O que foi, menino? Não gostei. Esse negócio de menino me arrasou. Sem outro jeito comecei a gemer. Ela me ajudou a levantar e sentou comigo em um dos bancos da praça. Passava a mão pela minha cabeça e perguntava se estava doendo. Querendo que aquele momento fosse eterno, eu só gemia. Por fim, ela deu um beijo na minha testa. Quase desmaiei. No outro dia, cheguei bem cedo. Queria lhe dizer como estava. Era mais uma oportunidade para falar com ela. Mas, ela não veio. E foram, assim, todas as outras tardes. Nunca mais voltou. Eu nunca mais a vi. Pensei que amar fosse alegria, felicidade, mas era sofrimento, era dor. E, assim, no verdor da primavera cheguei ao outono dos meus sonhos. Muito tempo depois, sempre que passava pela Praça Gonçalves Dias e via aqueles garotos com as namoradinhas, ficava a pensar: quão bonito e puro é o amor na adolescência. Por que fui logo me encantar por uma mulher muito mais velha do que eu? Mas, agora, tudo está mudado. Não se suspira mais pela mulher amada. Uma nova realidade baniu a magia do sonhar. Tudo mudou. Pra melhor ou pra pior? Não sei. Não vivi a minha adolescência, nos tempos atuais. Então, bem feito!


UM SHOW DE CIVILIDADE JOÃO FRANCISCO BATALHA

Quem foi à posse da Drª. Maria de Fátima Rodrigues Travassos Cordeiro, na presidência da Academia Vianense de Letras, no dia 28 de janeiro findo, assistiu a um show de cultura e civismo. Na tricentenária cidade da Redinha de Algodão, a quarta mais antiga do Maranhão, estive presente, em comitiva da Federação das Academias de Letras do Maranhão, juntamente com os confrades Vavá Melo, de São Bento, e Roque Macatrão, de Brejo. A velha Aldeia de Maracu se revestiu de beleza com a presença de representações da Federação das Academias de Letras do Maranhão, Academia Maranhense de Letras, Academia Ludovicense de Letras, Academia de Letras Jurídicas, Academia Arariense-Vitoriense de Letras e das academias de Letras de Anajatuba, Barra do Corda, Esperantinópolis, São Bento, Brejo, Itapecurú-Mirim, Pinheiro e Santa Inês;dos diversos seguimentos da sociedade local; desembargadores, juízes, promotores de justiça, jornalistas, profissionais liberais e autoridades constituídas de Viana, Matinha e Perimirim. Representantes da Maçonaria e das igrejas católica e evangélica, e, também, com a presença cativante da deputada federal Luana Alves. O glamour do dia registrou a igreja Catedral lotada, repleta de visitantes,que ali compareceram para homenagear a nova diretoria da AVL. Os arredores da cidade estavam lindos nesta época invernosa, em que os rios e lagos trasbordam sobre os campos, que se revestem de um lindo verde bandeira. O céu azul, manchado de pesadas nuvens de chuva e o horizonte bordado pela beleza da brancura das garças revoantes. Mais distante, não pude contemplar a pujança do Aquiri, mas rezei na Igreja da Conceição e assisti Missa em Ação de Graças pela posse da nova diretoria da Academia Vianense de Letras. Acompanhei os ritos e os cantos da Igreja Católica e maravilhei-me com participação melódica e harmoniosa da linda voz da presidente empossando. No salão de festas, onde houve a transmissão de cargos e comemoração, a tradicional vocação musical e cultural da terra dos músicos e de Estevam Rafael de Carvalho foram lembradas, assim como os nomes dos vianenses notáveis que sobressaíram-se no campo do saber e da erudição foram reverenciados, inclusive o de Dilú Melo. Como é bom uma redinha de algodão... , toda branquinha, feita lá no Maranhão... Parabéns, Viana, cidade dos rios, dos lagos, dos verdes campos, dos peixes e das mulheres brejeiras, que se destacam pela elegância, pela beleza e pelo saber.


A REVOLUÇÃO DO NOVO ALDY MELLO PUBLICADO EM O ESTDO MA

Os choques e os desafios que dominam o mundo das transformações foram discutidos num fórum de debates, em São Paulo, promovido pelas revistas VEJA e EXAME, cujos participantes foram os maiores executivos do país. Discutiram as inovações que o mundo vem sofrendo, a certeza da evolução do novo e até a ética, questionando se é possível acreditar em um tipo de tolerância zero com os desvios do dia a dia. No calor dos debates, alguns participantes demonstraram o sentimento de saudosismo. No entanto, a grande maioria aplaudia a inovação como uma marca registrada dos tempos. Apesar de todo esse progresso, o mundo continua com seus ganhadores e perdedores, seja entre os continentes, os países e até entre as pessoas, com a dicotomia de ricos e pobres, poderosos e fracos, tudo como foi nos séculos anteriores. Ao encerrar o século XX, o mundo vivia outra época, distinguindo os fracassos e sucessos da história dos próprios homens. Não obstante as duas guerras mundiais,foi o século da aurora, trazendo a liberdade sexual e os avanços sobre o genoma humano, além de outras revoluções, tornando o mundo menor, sem a certeza de que os homens ficassem mais amigos. O século XXI trouxe a revolução da ciência, quando muitos temas deixaram de ser mistério como células-tronco, energia solar, DNA, energias limpas, preservação do planeta, biodiversidade, aquecimento global, hoje, do domínio de cientistas e pesquisadores. É, assim, a evolução do mundo. Cada século registrado na história traz um modo de vida diferente para a humanidade, fruto da inteligência dos homens, das engenharias criadas e da nova forma de ver e fazer as coisas. Muda a história, refaz-se o mundo e os seres vivos e tudo provoca mudanças na humanidade. Os seres humanos aprendem mais com as novas invenções, concretizando o que dizia Camões: Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Fala-se, hoje, no mundo virtual, que tem a evolução digital como principal fator. Essa prosperidade mundial, impulsionada pela tecnologia, deu-se em profusão na indústria e no comércio mundiais, provocando não só a desregularização dos mercados materiais, mas, também, influenciando as transações eletrônicas. O Fórum, ao debater o tema ética, levantava questão sobre a exequibilidade de se acreditar em uma tolerância zero com os desvios éticos que estão imbricados na cultura patrimonialista, em que o público e o privado se confundem. É possível? Vamos acreditar. Para isso, precisamos ter, no país, uma cultura de negócios limpos, em que a ética não seja apenas limitada aos manuais de boas maneiras, mas seja um produto das relações humanas. A ética diz respeito a um conjunto de conhecimentos sobre o comportamento humano. Obedece a princípios e regras morais. Ambas, ética e moral, tratam da moralidade dos costumes e regras existentes, do agir e do modo de ver dos homens consigo mesmos e com os outros homens. Falar em ética é falar de valores que orientam as ações humanas. Como queria o poeta romano clássico Virgílio quando se referia aos poderosos: “Eles podem porque pensam que podem”. Afinal de contas, o poder é uma experiência que todos os homens são tentados a dela abusar.


SANTINHA... QUEM DIRIA! AYMORÉ ALVIM AMM, APLAC, IHGM, ALL. Há muito tempo, ocorreu em Pinheiro o caso de uma moça, filha de um fazendeiro, que havia sido deflorada pelo namorado. Um crime grave contra a honra àquela época. Capitão Epifânio, que dizia haver pertencido à Guarda Nacional, tinha uma fazenda de gado próxima às terras da Pampilhosa onde vivia com a esposa e Maria Santa que era chamada de Santinha. Numa certa tarde, quando o Capitão voltava para casa, viu Santinha e Bonifácio saírem do mato. Não prestou. O velho perdeu as estribeiras e depois de uns petelecos em Santinha a prendeu em casa. Era importante esconder o escândalo, pois Santinha estava prometida para casar com o filho de um amigo do Capitão que era também fazendeiro por aquelas bandas. Mas ela era doida por Bonifácio que já havia trabalhado como vaqueiro na fazenda do seu pai. Epifânio chamou uns homens de confiança e mandou caçar Bonifácio. Era para prender, capar e depois matar. O rapaz apavorado correu até Pinheiro onde procurou o padrinho dele, o advogado Chico Leite, em cuja casa ficou homiziado até sua apresentação à Justiça. Como o caso se espalhou, o Capitão decidiu, então, dar parte à Polícia. O delegado expediu diligências, mas já sabia onde ele estava escondido, mas seu Chico dizia que ele só sairia de sua casa direto para a presença do Juiz. Daí a alguns dias foi marcada a audiência. - Como é seu Bonifácio, o senhor afirma que fez mal à moça? Perguntou-lhe o juiz. - Seu doutor, não fui eu não. Eu me deitei com ela no mato, não nego, mas ela nem gemeu nem botou sangue. - Então meu constituinte não casa, adiantou-se Chico Leite. -Tem de casar, respondeu Mariano Chagas, advogado de Santinha. Ele desrespeitou a casa e a família do Capitão Epifânio. - Então eu lhe solicito, Meritíssimo, que V. Excelência peça um exame de Corpo de delito para verificar se dona Santinha era virgem ate o seu intercurso sexual com Bonifácio, disse o advogado Chico Leite. - E já tem médico na cidade? Perguntou o Juiz. - Dr., médico não tem, mas na falta dele quem faz esse exame é a parteira, dona Raimundinha. O juiz, então, solicitou o exame e quando o resultado chegou às suas mãos foi marcada nova audiência. - Já tenho aqui o parecer da parteira, disse-lhes o juiz. O escrivão vai proceder à leitura da peça: “ Ilustre doutor Juiz, Com cuidado e atenção Examinei as vergonhas Que mandou pras minhas mãos. Pelo rastro que eu vi Pra mim já faz um tempão E não foi coisa de agora Nem de uma semana não.


O marvado que fez isso, Por tudo que é mais sagrado, Tinha um bicho avantajado Bandalhou tudo por la. Nunca vi estrago feio Tava tudo afolosado Agora só um doutor Pra conseguir concertar”. - Como vêem, ao meu constituinte não pode ser imputado tal delito, disse seu Chico. - Chico Leite, não me vem agora com tuas palavras difíceis. Imputado ou disputado quem eu vi sair do mato com minha filha foi esse sujeito. A minha família está desrespeitada. Por isso, seu doutor Juiz, eu posso passar o resto da minha vida na cadeia, mas esse cabra safado vai ter de casar ou eu mando capar ele pra saber respeitar família de homem de bem. - Meu cliente não casa. Não foi ele quem fez mal à sua filha, retrucou Chico Leite. - Qua, padrinho, eu caso sim, disse Bonifácio. Quem tem valor capado é porco. Homem capado não vale nada. Acertadas as partes contendoras, o Juiz casou ali mesmo os dois. Se viveram felizes para sempre eu não soube, mas que Bonifácio pagou a vaca que o boi comeu, isso ele pagou, mas ficou rico. Santinha era filha única. Caboclo sortudo!...


TÓPICOS RELEVANTES – II ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO

Retomando o assunto do meu artigo anterior digo que em economia existem alguns pressupostos básicos: a célebre citação “ceteris paribus” quando se procura estabelecer relações entre determinadas variáveis; o comportamento racional do consumidor na sua decisão de demandar bens no mercado; a visão das expectativas dos agentes de produção ante o futuro da economia. A verdade é que nem sempre as demais variáveis permanecem constantes; o comportamento do consumidor às vezes é irracional; e as expectativas dos agentes econômicos sofrem reversões. A seguir outros tópicos relevantes. Na página 200 de “Desafios/Challenges”: “Houve uma reunião em Jackson Hole, Wyoming, nos Estados Unidos, dos principais formuladores de política monetária; foram discutidas essas “ações não convencionais” ora desempenhadas pelos bancos centrais (afrouxamento monetário) com algumas opiniões divergentes”. Na página 220: “A verdade é que o capitalismo financeiro desconhece o sistema produtivo e passa a existir apesar dele, tendente a ser “uma coisa só”; mas moeda em circulação sem contrapartida de produto gera inflação, sabemos todos (...)”. Na página 222: “Depois que as economias mais desenvolvidas se transformaram numa verdadeira “financeirização”, por ação deliberada dos bancos centrais e do sistema bancário como um todo, com a moeda passando a ser um fim em si mesma, virou moda colocarem-se em xeque princípios contábeis geralmente aceitos e teses acadêmicas de alta procedência”. André Lara Resende, em seu artigo referido no meu texto anterior, fala dos “(...) defensores da conversibilidade e os que não viam necessidade de uma moeda lastreada (...); os primeiros quatitativistas, para quem a quantidade de moeda determina o nível de preços (...) tornou a chamada Teoria Quantitativa da Moeda (TQM) a hipótese determinante da macroeconomia (...)”, embora a relação causal pudesse ser inversa e o modelo, ultrapassado, segundo ele. E prossegue: “Embora continuem a ser utilizados pelos analistas e pelos economistas práticos, os modelos quantitativistas, tanto o keynesiano como o monetarista, são hoje considerados ultrapassados; na fronteira teórica, foram substituídos pelos modelos neokeynesianos, com expectativas racionais, que deixam a moeda de lado e focam exclusivamente na taxa de juros como instrumento de controle da inflação”. E mais: “A experiência revolucionária dos bancos centrais do mundo desenvolvido, desde a grande crise financeira de 2008, não deixa mais dúvida: todos os modelos macroeconômicos que adotam alguma versão da Teoria Quantitativa da Moeda (TQM) estão equivocados e devem ser definitivamente aposentados”. Ele diz isso, porque, quando do “quantitative easing”, “a inflação não explodiu (nos EUA), ao contrário, continuou excepcionalmente baixa”. Na página 224 de “Desafios/Challenges”: “Acontece que essa expansão monetária causou endividamento numa proporção sobre o PIB considerada além do normal pelos padrões vigentes, e essa dívida ficou nas mãos dos bancos em troca da “dívida soberana” dos governos, de liquidez limitada e requerendo juros cada vez maiores à sua rolagem”. Ainda voltaremos ao assunto.


NAS ASAS DA PAIXÃO AYMORÉ ALVIM AMM, ALL, APLAC, IHGM.

Em uma dessas tardes, na vida da gente, ao sair de uma reunião, no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, um confrade pediu-me uma carona. Dirigimo-nos ao local onde deixara o carro estacionado, em frente a uma Igreja Evangélica, na Praça da Alegria canto com a Rua do Mocambo. Ao chegarmos, algo me chamou atenção naquele templo que me fez lembrar um episódio que se passou ali comigo, nos idos de 1957. Comecei a rir. Notei o confrade meio desconfiado e, então, ao longo do trajeto passei a contar-lhe: Terminara de sair do Seminário de Santo Antônio e estava cursando o primeiro ano do científico, no Colégio de São Luís. Certa tarde, após a aula de Química do professor Kubruslli, peguei o bonde da Gonçalves Dias e fui para a Praça da Biblioteca aguardar a saída das meninas do Rosa Castro. Trajando uma calça de “tubarão” marrom e uma camisa de linho belga creme, sentia-me o dono do pedaço. Daí a pouco, dois “brotinhos” surgiram no meu caminho. Ao passarem por mim, uma delas dirigiume um sorriso. Encorajado, encostei. - Boa tarde! As gentis senhorinhas gostariam de acompanhar-me em um sorvete? - O que tu achas, Dalva? - Não sei. Não vai demorar, moço? - O tempo necessário para degustarmos a guloseima. - O que? Como assim? - Vamos indo, lá vem o bonde. Subimos e, dentro em pouco, estávamos à Praça João Lisboa. Descendo pela Rua de Nazaré, atravessamos a Praça Benedito Leite e chegamos ao bar do Hotel Central. Pedi três sorvetes cujo sabor foi por elas escolhido. Laura logo se despediu. Eu e Dalva ficamos mais um pouco. Depois a acompanhei ate a Praça de Santo Antônio. Próximo, fica a Rua das Flores onde ela morava. - Aqui você fica por causa do papai. - E agora? Hoje é sexta-feira. Quando nos veremos novamente? - Todos os domingos, pela manhã, vou com meus pais à Igreja que fica na Praça da Alegria. Somos Presbiterianos. E você a que Igreja pertence? - Eu sou de todas. Onde houver missa eu tô lá. Alias, missa não. Onde tiver reza. Ah! Sei lá, Dalva. Eu perto de ti fico nervoso, confuso. Não repara. Eu sou da que tu quiseres. Ela riu, se despediu e foi embora. No domingo de manhã, me vesti todo de branco, peguei uma Bíblia do meu tempo de Seminário, coloquei debaixo do braço e fui pra Igreja da Praça da Alegria. Um casal simpático me recebeu à porta. - É a primeira vez que o senhor vem à nossa Igreja? A qual pertence? - Esta aqui qual é? - Somos Presbiterianos. - Pois é dessa mesmo que eu sou. A minha é lá para as bandas de Viana.


- Quem é o seu pastor? Que poderia eu dizer? Não vinha nenhum nome de pastor na minha cabeça. Estava acostumado só com padre. Pensei rápido. Lembrei-me que quando criança havia em Pinheiro um pastor batista americano, Dr. Fred Fuller. É esse. - Ah! É o Dr. Fred. - Então, vamos entrar, irmão. Queremos apresenta-lo ao nosso pastor. Onde eu me meti, meu Deus. Como vou sair desta enrascada. - Pastor, este é um irmão em visita. É de Viana. O pastor perguntou meu nome e depois queria saber quem era meu pastor. - É Dr. Fred. - Conheci o Dr. Fred. Mas faz muito tempo. Ele estava em Pinheiro, além do que ele era batista. - Seu pastor, eu acho que ele ia, em desobriga, lá pra Viana. O Pastor sorriu. - Mas se o senhor não me quiser aqui eu vou embora. - De jeito nenhum, o senhor sempre será bem-vindo. Sente-se, vamos começar o culto. Dei uma olhada pela área e vi Dalva lá pelo meio com os pais. Quando nossos olhos se cruzaram ela estava rindo. Acho que era da minha situação. Ela já devia ter manjado. Dentro de poucas semanas, eu já estava enturmado tomando parte, nas reuniões dominicais dos jovens, no Grupo de Dalva. Tudo ia correndo às mil maravilhas, quando, num domingo, Zé Carrapeta que fazia o ginasial vespertino, no Colégio de São Luís, chegou. Ele não gostava de mim porque a namorada dele o largou por minha causa. Trazia com ele três namoradas minhas do Ginásio matutino e vespertino. Passou por mim e deu aquele risinho de vingança. Eu esfriei. Tremia sem tá com frio, suava sem ter calor; não sabia o que fazer. Queria ir embora, mas nessa altura eu já ficava perto de Dalva, pois seus pais já haviam me aceitado como um “rapaz direito” como dizia o pastor. Terminadas as funções, Dalva agarrou a minha mão para irmos para a reunião. - O que você tem, está passando mal? Vou chamar o Pastor. Nisto, o infeliz chega com as três. - Dalvinha, deixa eu te apresentar as namoradas do Aymoré lá do Colégio de São Luís. A vista escureceu. Não sabia nem onde estava. Uma delas, Alice, morena bonita lá do Monte Castelo, puxou minha camisa: Tu és um sem-vergonha, mesmo. Como tu podes fazer isso com a gente? Nessa hora, o que poderia fazer? Para evitar um escândalo maior “que pudesse manchar a minha reputação” dei meia volta e saí correndo da Igreja para nunca mais aparecer por lá. E, assim, perdi todo o meu rebanho de ovelhinhas. Nunca mais vi Dalva. Muitos anos depois, como Diretor do Centro de Saúde Dr. Paulo Ramos, num certo dia, por volta das onze horas, entrou no meu gabinete para falar comigo uma senhora trazendo uma criança. Reclamou que ate àquela hora o pediatra não havia chegado e o filho dela estava com febre. Pedi-lhes que sentassem. Examinei o garoto e o mediquei. - Dr. Aymoré, o senhor ainda frequenta a Igreja Presbiteriana da Praça da Alegria? - Desculpe-me, senhora. Acho que está me confundindo com outra pessoa. Eu sou e sempre fui católico. Ela sorriu, agradeceu-me e disse: - Obrigada, Dr. Aymoré. Eu devo ter me confundido mesmo. Desculpe-me. Até. Foi nessa hora que a ficha caiu. - Você é a Dalva? Começamos a rir. - O que não faz um homem para conquistar uma mulher. Muda ate de Igreja.


- É isso mesmo Dr. Chega a fazer coisas que até Deus duvida. Dalva, só não lhe peço agora desculpas pela minha patacoada porque depois você deve ter compreendido. Coisas de jovens que se deixam levar pelas asas da paixão. - Rimos, nos despedimos e ela foi embora. Nunca mais tornei a vê-la. Êta! Tempo bom. Tempos que não voltam mais. Havia saído do seminário querendo abarcar o mundo com as pernas. E, assim, ia pagando o preço pela minha inexperiência com as mulheres. Mas, vem a maturidade e tudo passa a ocupar os seus devidos lugares. É isso aí. Não guardo saudades, mas que era bom, quem pode negar? É a vida


CARNAVAL COM RUM MONTILA E COCA-COLA HAMILTON RAPOSO Venho acompanhando a distância, como dizia o imortal Herbert Fontenele, a resistência dos promotores culturais e carnavalescos com os gestores diante da situação financeira do país. Confesso que venho de uma São Luís bem mais tranquila e com pouco mais de 300 mil habitantes, e que não tinha nenhuma preocupação com a realização do carnaval, ele acontecia naturalmente! Havia, indiferente às crises sociais e econômicas, uma efervescência indisciplinada e transgressora que movia a cidade em seu conjunto cultural e social, e toda desorganização do carnaval parecia que tinha uma lógica cartesiana, as tardes pertencia aos blocos de sujos, blocos tradicionais e escolas de sambas sem abre-alas, comissão de frente ou destaques, a noite era reservada para os clubes sociais: Jaguarema, Litero, Cassino Maranhense, Montese e Clube dos Sargentos. Crise? Acabava sempre após as primeiras doses de Rum Montila com Coca-Cola. O cotidiano da cidade era rígido, São Luís adormecia às 22 horas após Saramandaia, Ossos do Barão ou após as peripécias políticas e sexuais de Odorico Paraguaçu no Bem-Amado. As manhãs eram reservadas para as obrigações escolares, frequentávamos o Liceu, Marista, Escola Normal, Rosa Castro, Santa Teresa, Atheneu, São Vicente, Escola Técnica, Centro Caixeral e Colégio São Luís. A tarde tínhamos a única opção de lazer, passear ou marcar ponto na Rua Grande, nosso shopping center da época, ali tínhamos cinema, lanchonetes e a única escada rolante da cidade. A cidade guardava-se pacientemente para o carnaval. Não havia preparação oficial, a espontaneidade transgressora organizava a bagunça, e todos se pervertiam na inocência do carnaval de São Luís. As manhãs carnavalescas e pré-carnavalesca passavam pelo Grêmio Litero Recreativo Português, com suas matinais carnavalescas. A noite a alegria se repetia também nos outros clubes sociais. Vale lembrar a disputa entre os clubes para terem a melhor festa e a melhor banda, o privilégio de ter um Nonato e seu conjunto ou os Fantoches, garantiria o sucesso de qualquer festa. Havia o desfile de fantasias no Jaguarema com as presenças alegre e divertida de Benys e Bezerra. Os namoros juvenis começavam no Jaguarema mais não resistiam as matinais do Litero. As festas tinham o perfume proibido do lança-perfume e o sabor de Rum Montila com Coca-Cola. Aos pouco o confete e serpentina dava lugar à maisena. São Luís mudava e com ela o carnaval também mudava, a Turma do Quinto perdeu o seu clarim e a Águia do Samba desapareceu.


TÓPICOS RELEVANTES – III ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO Economista. Membro das Academias Caxiense de Letras, Ludovicense de Letras e do IWA Publicado em O ESTADO MA, 22 de fevereiro de 2017 Repercussões do artigo "Juros e conservadorismo intelectual" fizeram André Lara Resende voltar ao assunto: “Teoria, prática e bom senso”. Entre um e outro dos artigos acima, Marcos Lisboa e Samuel Pessoa publicaram “Nada de novo no debate monetário no Brasil”. Em resumo: “Do acadêmico, espera-se imaginação embasada por sólidos argumentos. Do formulador da política pública, a análise da melhor evidência disponível para adotar medidas que podem afetar a muitos”. A respeito dessa visão ortodoxa e geralmente aceita, de uma relação inversa entre inflação e taxa de juros, o economista André Lara Resende pensa que isso pode ser verdade apenas no curto prazo; no longo prazo, entretanto, a relação entre essas variáveis seria direta. O economista Raghuram Rajan, ex-presidente do Banco Central da Índia e atual professor da Universidade de Chicago, nos EUA, em entrevista publicada na referida Revista, acredita nos juros como instrumento de política monetária a propósito dos estímulos à economia anunciados pelo presidente Donald Trump, e diz: "Logo, qualquer estímulo adicional geraria inflação, o que quer dizer que o FED (Federal Reserve, o banco central americano) teria de ser mais enérgico e aumentar mais os juros". Explicando melhor o que pensam André Lara Resende e Raghuram Rajan sobre os juros como instrumento de política monetária: ainda está vigente a teoria econômica ortodoxa que diz serem os juros um dos instrumentos de política monetária no combate à inflação; quando está alta aumenta-se os juros, e viceversa (como anda fazendo o Banco Central do Brasil). O economista André Lara Resende, entretanto, concorda com essa prática apenas no curto prazo; no longo prazo, mantidos os juros elevados, segundo ele "as expectativas dos agentes econômicos sinalizariam aumento da inflação". Tenho defendido que a Teoria econômica vigente precisa de novas formulações ou melhor combinação dos modelos existentes (ver no meu livro "Desafios/Challenges"). Assim sendo, caminha nesse sentido a tese heterodoxa do economista André Lara Resende. Continuando o debate, o professor Yoshiaki Nakano, da FGV-SP (foi um dos meus examinadores no Mestrado), publicou o artigo “Aritmética monetarista desagradável”. Ele diz: “O ciclo vicioso de juros e dívida continua a crescer e a confiança sólida para retomar o investimento não deverá acontecer”. Considerando as teorias heterodoxas em discussão sobre a política monetária, concluiria que talvez os modelos existentes estariam sendo mal formulados e combinados. E mais dois substanciosos textos ao debate da teoria econômica: "Neofisherianismo: vai entender", de Eduardo Loyo (“escreve sobre teoria que foi tema de dois artigos de André Lara Resende (...) e de uma grande polêmica entre economistas”); e “Taxa de juros e inflação”, de José Júlio Senna (“Desde que André Lara Resende publicou textos sobre essa questão da macroeconomia (...) o tema voltou ao centro do debate”). Quero tirar a teima: a ciência econômica está necessitando de novas teorias ou as existentes estão sendo mal formuladas e combinadas?


O FANTASMA DO CARNAVAL. AYMORÉ ALVIM . APLAC, ALL. Pinheiro ate 1970 era uma cidade pequena, tranquila e agradável. Era uma cidadezinha segura. A qualquer hora que a gente saísse de casa, podia deixar a porta da rua encostada porque ao voltar a encontrava do mesmo jeito. Bons tempos... Nas décadas de 40 e 50, era melhor ainda. Todo mundo conhecia todo mundo, desde a Faveira até Pacas, passando por Alcântara, Fomento e Enseada, os principais bairros da época. No final da década de 1940, a população ainda era muito pequena. Até pra morrer era difícil. As pessoas morriam de velhas. Diziam que era a farta dieta à base de peixes, principalmente, piaba e bagre. Logo, não havia necessidade de ter uma funerária. Por isso, para qualquer das raras necessidades o marceneiro, mestre Estevão, resolvia o problema, na marcenaria, que ficava na área externa da sua casa, próximo à Praça da República, atual José Sarney. Com ele trabalhava um rapaz de, aproximadamente, 30 anos. Não era nem alto nem baixo, porém muito magro. Diziam que entornava “uma branquinha” como gente grande. Por isso, nas segundas-feiras, geralmente, não ia ao trabalho, mas o mestre Estevão já estava acostumado com Zé de velha Balbina e nem se importava mais. Durante o carnaval, era costume o prefeito da época contratar a bandinha do mestre Arlindo para tocar, no coreto da praça, durante os três dias, das 17:00h até às 22:00h. Próximo ao coreto, seu Josias Abreu sempre armava um carrossel para distração dos foliões, principalmente, crianças e jovens. Por falta de energia, o carrossel era movido por quatro homens. Em um desses carnavais, Zé estava lá pela praça quando o chamaram para ganhar uns trocados rodando o carrossel. Não se fez de rogado, tirou a camisa e mãos à obra. Quando acabou o movimento, fizeram as contas e pagaram Zé. Pra esticar a festa, ele se encostou a uma das barraquinhas armadas na praça e tomou todas. La pelas duas da madrugada, sem querer ir pra casa, no bairro de Alcântara, resolveu ir curtir a ressaca, na marcenaria do mestre Estevão. Ao chegar, deitou-se num caixão que havia sido encomendado, fechou a tampa e dormiu. Pela manhã, chegaram uns caboclos do Tiquireiro que foram apanhar o caixão. Acharam meio pesado, mas o mestre Estevão disse que devia ser da madeira que ainda estava verde. Também, não abriram e o levaram. Já no meio do caminho, sol a pino, pararam para descansar debaixo de uma mangueira onde puseram também o caixão. Enquanto procuravam umas mangas, Zé acorda, levanta a tampa e se senta no caixão. Um deles olhou e gritou: - “Virge, gente, tem um defunto no caixão e tá vivo”. Nessa hora, não ficou ninguém. Zé meio atordoado com a ressaca e com medo dos caboclos correu também para o mato e se escondeu. Daí a pouco, voltaram ainda meio assustados. Reviraram o caixão de todo jeito e não viram nada. - Rapaz, eu tenho certeza que eu vi um defuntinho moreninho olhando pra mim. - Todo mundo viu, rapaz. Esse caixão tá amaldiçoado. Vamos levar esse troço de volta, disse outro. E, assim, o fizeram. Chegaram a Pinheiro já de noitinha e relataram tudo pra seu Estevão. - Vocês estão exagerando, gente. Como poderia haver defunto no caixão? Vamos fazer o seguinte, peguem esta lamparina e deixem o caixão lá na marcenaria que eu vou ja pra lá. Nesse ínterim, chega Zé, morto de cansado, e vai também para a marcenaria. Quando os homens chegaram:


- Tem gente, aí? Perguntaram. - “Tem eu, podem entrar”. - Uai, mamãe, é a alma do caixão. Corre que ela é ligeira demais. Disse um deles. Os outros atiraram o caixão no chão e correram em disparada para a rua. - Venham cá, disse-lhes Zé que, ao chegar à porta, não viu mais ninguém. - Onde estão os homens, Zé? Perguntou seu Estevão que chegava, nesse momento. - “Sô, eles jogaram o caixão aí no chão e saíram correndo. Quando eu cheguei na porta, já não vi ninguém”. - Vai vê que esses homens ainda estão cheios de cachaça do carnaval. Tão enxergando demais. Fecha tudo aí, Zé, e pode ir pra casa. Até amanhã.


AGORA, É CINZAS AYMORÉ ALVIM AMM, ALL. Quem pensou no célebre samba cantado por Nat King Cole se enganou. Na verdade, eu quero fazer referência ao dia de hoje, Quarta-feira de Cinzas, de grande significado para a Igreja. Há até quem pense que este dia foi instituído para a purificação dos excessos do carnaval, mas, se assim pensou, também se enganou. Esta data, sequenciando a terça-feira gorda, é pura coincidência, embora quem assim a determinou parece que estava focado, no carnaval do Brasil. Quem sabe? No calendário eclesiástico, a Quarta-feira de Cinzas marca o início oficial da Quaresma ou do Tempo da Quadragésima se assim preferi. É um período de 40 dias que se estende até a quarta feira da Semana Santa, permitindo ao cristão se preparar para a grande festa da Páscoa, ponto central do Ano Litúrgico. Na realidade, é um período que nos rememora os 40 anos que Moisés conduziu o povo de Deus pelo deserto, levando-o à terra da promissão após a saída do Egito e os 40 dias de jejum passados também por Moisés, no Monte Sinai, antes de receber as Tábuas da Lei. Nos lembra, ainda, os 40 dias de caminhada empreendida por Elias em direção ao Monte Horeb, e, por fim, os 40 dias passados por Jesus no deserto se preparando para a sua missão. Como podemos ver pelas experiências citadas, é um tempo, preferentemente, de orações e jejum que a Igreja nos propõe para revermos as nossas relações com Deus, conosco e com o nosso irmão. Por isso, atualmente, a Igreja privilegia a oração, o jejum e a esmola. Daí, o início do período ser marcado com a imposição de cinzas para nos chamar à reflexão da importância da humildade e abandonar a vaidade, a arrogância, a hipocrisia, a soberba que dificultam as nossas relações sociais e nos mostram, ao mesmo tempo, a nossa condição humana à medida que evoca a admoestação do Senhor a Adão: Lembra-te, homem, que do pó foste feito e ao pó retornarás (Memento, homo, quia pulvis es, et in pulverem reverteris”. Desde os tempos pré-históricos, as pessoas acreditam na purificação pelo fogo, bem como, que a vida renasce das cinzas como nos dizem as lendas da Fenix da Grécia Antiga e de Benum, no Egito. Ao longo do Antigo Testamento, são observadas várias passagens em que o povo de Deus se vestia de panos de saco e cobria a cabeça com cinzas para reparação de suas faltas, buscando nova aliança, isto é, a reconciliação com o Senhor. No século VIII da nossa era, a imposição de cinzas era usada em diversas regiões para expiação de faltas de domínio público como o que chamamos agora de corrupção, desvio de recursos públicos, apropriação indébita do patrimônio público e outras coisas semelhantes. É uma pena que isto não ocorra mais em nossos dias, principalmente, aqui no país. O ritual, como atualmente ocorre, teve a sua origem, na antiga região da Inglaterra, mas o seu primeiro registro, em Roma, data do século XI e, no ano de 1091, o papa Urbano VI o estendeu para todo o mundo católico, no Concílio de Benavento. Portanto, dispa-se da fantasia. Agora, é Cinzas. O carnaval acabou...


MEMÓRIAS DA GUERRA ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO O grande estadista inglês, Winston Churchill, escreveu um livro com o título que intencionalmente “carimba” este artigo. Atrevo-me a repeti-lo em nome das minhas próprias memórias da guerra, quando ele era um dos principais líderes entre as forças aliadas e eu, ainda menino, apenas imaginava como tudo estava acontecendo. Estávamos novamente em tempos beligerantes. Um país, que se tornou a grande e única potência mundial, senhor de todos os exércitos, mostrava-se ávido por apossar-se das maiores reservas mundiais de petróleo, entre outras intenções menos importantes; aquela guerra insana, a sacrificar milhares de inocentes, demonstrava que a humanidade não evoluíra e continuava bárbara: guerra no Irã, em 1980, invasão do Kuwait, em 1990 e guerra no Golfo, em 1991. Todos esses confrontos envolveram iraquianos e americanos e os Estados Unidos gastaram dez anos, sem vitória aparente, no Vietnã; dessa vez, os americanos esperavam ganhar o conflito em menos tempo e depois era só investir de 30 a 100 bilhões de dólares na reconstrução, para ganho das empresas transnacionais no campo do petróleo, portos, estradas, sistemas elétrico e de comunicações. Eu tinha cinco anos quando “estourou” a Segunda Guerra Mundial. A partir de 1940, morávamos em São Luís, na rua das Hortas, 322, numa casa de azulejos, meia morada, sacada a ferro, que ainda hoje está lá, mal conservada, entretanto. Quase sempre ao subir aquela rua e circular nas suas adjacências (rua da Alegria, Canto da Viração, rua do Coqueiro) afloram à minha mente, bem definidas, as lembranças daqueles tempos da “minha infância querida que os anos não trazem mais”. Em 1942, a Guerra estava no auge. Todos tinham um rádio em casa (o nosso era um Zenith, do “rabo-quente”) e era através deles que ficávamos sabendo das ações noticiadas de Londres e Paris. Os nomes de Churchill e do general De Gaule estavam sempre presentes nos informes e a nós, crianças, soavam como os de super-homens, líderes que haveriam de nos levar à vitória final; àquela altura, os japoneses já haviam atacado a base americana de Pearl Harbor, abrindo novo “front”, no Pacífico. Em São Luís, vivíamos também o clima da Guerra. Lembro-me dos exercícios militares que simulavam um ataque aéreo: de madrugada, as luzes da cidade eram desligadas e nossos pais recomendavam silêncio: ficávamos encolhidos debaixo das camas à espera do bombardeio, como que ouvindo o barulho dos motores dos aviões e pressentindo a consequente queda das bombas sobre as nossas cabeças. Depois, sem nada acontecer, as luzes eram religadas. Havia, também, todo um esforço de guerra: caminhões circulavam pela cidade recolhendo objetos de ferro e de alumínio, que seriam fundidos e transformados em armas; todos contribuíam com o que podiam e dispunham, até os “penicos” eram doados. Governava o Brasil daquela época o ditador Getúlio Vargas, que havia dado o famoso golpe de 1937 e ficaria no poder até 1945. Seu governo mantinha uma verdadeira “caça” aos que eram considerados adversários do Regime, como os Integralistas, por exemplo. Em Caxias, havia um expressivo número de simpatizantes dessa ideologia política, que tinha em Plínio Salgado a sua expressão maior. Os integralistas desfilavam pelas ruas da cidade, homens, mulheres e crianças, nas principais datas gratas ao Movimento. Há quem já tenha visto uma foto dessa época em que apareço, bem criança, com fardamento e tudo mais. Meu saudoso pai, Antônio Brandão, foi um dos atingidos pela repressão do regime Vargas, de cunho eminentemente político-ideológico e, por ser integralista, esteve preso, por alguns meses, na antiga Penitenciária do Estado (onde, hoje, é o Hospital Dutra); nessa época, mesmo longe da Guerra, mas em virtude dela, nossa família teve que se separar uns indo para a atual Colinas e outros, como eu e meu irmão Frederico, para José de Freitas, no Piauí, onde moravam os pais do primo José Mário Ribeiro da Costa, meus tios. Foram tempos sofridos, mas que serviram para fortificar o nosso espírito e a nossa condição de cidadãos. Quando a guerra terminou, em 1945, a família recomposta e já em Caxias, passou a viver aqueles que seriam (já escrevi uma crônica sobre isto) “os melhores anos de nossas vidas”.


Diz o adágio popular: “depois da tempestade vem a bonança”. Foi o que aconteceu conosco: meu pai retornou à sua atividade no comércio, com a sua famosa Casa Brandão (o nome ainda permanece gravado no chão da calçada do seu último endereço), e criou seus filhos, que chegaram a dez, juntamente com minha querida mãe, Nadir. Que Deus os tenha (falecidos em 1980 e 2001, respectivamente): eles, pelo menos, estão na Paz do Senhor, livres para sempre dos temores das guerras


O FANTASMA DO CARNAVAL AYMORÉ ALVIM. APLAC, ALL. Pinheiro ate 1970 era uma cidade pequena, tranquila e agradável. Era uma cidadezinha segura. A qualquer hora que a gente saísse de casa, podia deixar a porta da rua encostada porque ao voltar a encontrava do mesmo jeito. Bons tempos... Nas décadas de 40 e 50, era melhor ainda. Todo mundo conhecia todo mundo, desde a Faveira até Pacas, passando por Alcântara, Fomento e Enseada, os principais bairros da época. No final da década de 1940, a população ainda era muito pequena. Até pra morrer era difícil. As pessoas morriam de velhas. Diziam que era a farta dieta à base de peixes, principalmente, piaba e bagre. Logo, não havia necessidade de ter uma funerária. Por isso, para qualquer das raras necessidades o marceneiro, mestre Estevão, resolvia o problema, na marcenaria, que ficava na área externa da sua casa, próximo à Praça da República, atual José Sarney. Com ele trabalhava um rapaz de, aproximadamente, 30 anos. Não era nem alto nem baixo, porém muito magro. Diziam que entornava “uma branquinha” como gente grande. Por isso, nas segundas-feiras, geralmente, não ia ao trabalho, mas o mestre Estevão já estava acostumado com Zé de velha Balbina e nem se importava mais. Durante o carnaval, era costume o prefeito da época contratar a bandinha do mestre Arlindo para tocar, no coreto da praça, durante os três dias, das 17:00h até às 22:00h. Próximo ao coreto, seu Josias Abreu sempre armava um carrossel para distração dos foliões, principalmente, crianças e jovens. Por falta de energia, o carrossel era movido por quatro homens. Em um desses carnavais, Zé estava lá pela praça quando o chamaram para ganhar uns trocados rodando o carrossel. Não se fez de rogado, tirou a camisa e mãos à obra. Quando acabou o movimento, fizeram as contas e pagaram Zé. Pra esticar a festa, ele se encostou a uma das barraquinhas armadas na praça e tomou todas. La pelas duas da madrugada, sem querer ir pra casa, no bairro de Alcântara, resolveu ir curtir a ressaca, na marcenaria do mestre Estevão. Ao chegar, deitou-se num caixão que havia sido encomendado, fechou a tampa e dormiu. Pela manhã, chegaram uns caboclos do Tiquireiro que foram apanhar o caixão. Acharam meio pesado, mas o mestre Estevão disse que devia ser da madeira que ainda estava verde. Também, não abriram e o levaram. Já no meio do caminho, sol a pino, pararam para descansar debaixo de uma mangueira onde puseram também o caixão. Enquanto procuravam umas mangas, Zé acorda, levanta a tampa e se senta no caixão. Um deles olhou e gritou: - “Virge, gente, tem um defunto no caixão e tá vivo”. Nessa hora, não ficou ninguém. Zé meio atordoado com a ressaca e com medo dos caboclos correu também para o mato e se escondeu. Daí a pouco, voltaram ainda meio assustados. Reviraram o caixão de todo jeito e não viram nada. - Rapaz, eu tenho certeza que eu vi um defuntinho moreninho olhando pra mim. - Todo mundo viu, rapaz. Esse caixão tá amaldiçoado. Vamos levar esse troço de volta, disse outro. E, assim, o fizeram. Chegaram a Pinheiro já de noitinha e relataram tudo pra seu Estevão. - Vocês estão exagerando, gente. Como poderia haver defunto no caixão? Vamos fazer o seguinte, peguem esta lamparina e deixem o caixão lá na marcenaria que eu vou ja pra lá.


Nesse ínterim, chega Zé, morto de cansado, e vai também para a marcenaria. Quando os homens chegaram: - Tem gente, aí? Perguntaram. - “Tem eu, podem entrar”. - Uai, mamãe, é a alma do caixão. Corre que ela é ligeira demais. Disse um deles. Os outros atiraram o caixão no chão e correram em disparada para a rua. - Venham cá, disse-lhes Zé que, ao chegar à porta, não viu mais ninguém. - Onde estão os homens, Zé? Perguntou seu Estevão que chegava, nesse momento. - “Sô, eles jogaram o caixão aí no chão e saíram correndo. Quando eu cheguei na porta, já não vi ninguém”. - Vai vê que esses homens ainda estão cheios de cachaça do carnaval. Tão enxergando demais. Fecha tudo aí, Zé, e pode ir pra casa. Até amanhã.


FLUTUANDO EM PAZ EDMILSON SANCHES Há um ano eram lançadas às águas as cinzas do professor João Renôr Ferreira de Carvalho, que morreu dia 19/03/2016, em São Luís (MA), e que estudou e dividiu conhecimentos no Brasil e no estrangeiro -- fez doutorado em Paris (França). Em Imperatriz, João Renôr foi professor de muitos, lançou livros, fez pesquisas, era membro da Academia Imperatrizense de Letras, entidade que fundei em abril de 1991. Regularmente nos encontrávamos, seja pelas ruas das cidades (Imperatriz, Caxias), em ônibus que cortam as estradas do interiorzão maranhense, onde, em localidades diferentes, Renôr e eu debulhávamos e partilhávamos alguns saberes... e por aí... Há um ano, no encontro dos rios amazônidas Solimões e Tapajós, João Renôr iniciou sua última navegação de longo curso... *** O que pode ser ou servir de túmulo? A simples cova, a sepultura? O Atlântico serviu de tumba líquida para Gonçalves Dias. Nele, no canal da Mancha, também morreu Hendrik Marsman, festejado poeta holandês, que cantava os "largos rios" de seu país. Le Corbusier, que gostava de se exibir, morreu no Mediterrâneo, mas o mar o devolveu às rochas... Já, Saint-Exupèry, esse mar o acolheu. João Renôr Ferreira de Carvalho atravessou mares em sua busca e partilha de conhecimento(s). Passou anos na França e na Amazônia. Ultrapassou grandes extensões de água. Sua terra, o Maranhão, tem "mar" no nome. Muitos de seus estudos voltavam-se para a Amazônia, um imenso mar de terra com imensos rios que parecem mar... e neles ele quis, como desejo final, que as cinzas em que se tornou seu corpo fossem espalhadas. Como todos os rios, como todas as águas se comunicam, é bem provável que um pouco, um pouquinho só, algo infinitesimal de João Renôr circule regularmente pelo rio Tocantins... pelo Itapecuru, pelo Poty, pelo Parnaíba, pelos cursos d'água de Pastos Bons e Riachão -- e por tantos rios, riachos e ribeirões, mares e oceanos da produtiva vida acadêmica e pessoal do grande historiador, professor, pesquisador, escritor, doutor João Renôr. Flutue em paz, amigo. EDMILSON SANCHES. edmilsonsanches@uol.com.br Fotos: O professor João Renôr e o rio Tocantins (foto de José Lobato).


A LEI CAPIVARA E ARGEMIRO AYMORÉ ALVIM, AMM, APLAC. ALL. Dona Inêz contou-me, certa vez, uma história ocorrida em Pinheiro, da qual me lembrei lendo, hoje, no jornal, uma ocorrência policial para a qual foi invocada a Lei Maria da Penha que todos já ouviram falar. Na década de 1930, era comum em diferentes regiões do país e Pinheiro não podia ser exceção, o espancamento de mulheres pelos seus maridos, amantes ou coisa que o valha. Nessa época, chegou à cidade o Argemiro, sujeito boa pinta, com a esposa, uma moça paraense e conceituada costureira. Não sendo chegado ao trabalho, diziam que o sustento da casa e do Argemiro eram providos por dona Militina. Frequentador de bares e do “baixo meretrício” (sinceramente nunca ouvi falar no alto meretrício, mas deixa pra lá), o certo é que sempre que Argemiro chegava a casa, a vizinhança ouvia os gritos de dona Militina mas, como em briga de marido e mulher ninguém mete a colher, todo mundo ficava calado. Sem a atual Lei Maria da Penha muitos homens se sentiam donos de suas mulheres e achavam que deviam dar-lhes de vez em quando um corretivo. Mas, atualmente, isso não mudou muito. Mas, dessa vez, o couro comeu solto. A mulherzinha gritava pedindo socorro e Argemiro não parava de bater. Os vizinhos correram à delegacia e vieram dois soldados que levaram Argemiro para falar com o delegado. Major Estevão era um senhor de certa idade. Usava cavanhaque, gostava de mascar folhas de fumo e, de vez em quando, não dispensava um cigarrinho de fumo de corda. Andava sempre de tamancos. Era um homem sério, respeitável. Vivia muito bem com a esposa Rosa, com a qual teve duas filhas: Maria Eduvirges chamada de “Duvirges”, professora municipal e Maria Eleutéria ou Doquinha, excelente quituteira. Daí a pouco, chega Argemiro. - Boa tarde, delegado. O senhor mandou me chamar. - Mandei, Argemiro. Senta aí e me diz o que houve com tua mulher. - Delegado, o senhor sabe como é. Mulher é que nem criança. Tem de apanhar pra aprender obedecer e respeitar o homem. - Ah! Argemiro, era de um homem como tu que eu estava precisando aqui. - É só dispor, meu delegado. - Rapaz, eu tenho um cara aqui que não está mais respeitando ninguém e tu com essa experiência com tua mulher vais me dar um jeito nele. - É só mandar, meu delegado. Eu não aliso couro de gente malcriada. - Capivara, vem cá Capivara. Argemiro quase morreu de susto só em ouvir falar tal nome. E, assim, surgiu na frente dele um negão que não tinha mais tamanho. - Mas, delegado, dizem que Capivara foi lutador. - Eu sei. Mas é muito saliente por isso eu quero que tu dês um corretivo nele. - Meu delegado, Capivara dá dois de mim. - Também sei. Mas a tua mulher é também magra e baixinha. Tu dás dois dela e, no entanto, não gostas de dar-lhe uns corretivos. Então? Capivara, o cabra é teu. Capivara quase trucidava Argemiro. O cabra mal se mantinha de pé.


- Agora, Argemiro, tu podes ir pra casa e sempre que tu esqueceres dessa de hoje tu dás outro corretivo em dona Militina. Contam que, a partir de então, Argemiro se transformou num homem exemplar. Procurou até trabalhar. Como podem ver, parece que a Lei Capivara surtia mais efeito do que a atual Lei Maria da Penha. Duvidas? É só conferir.


POESIAS & POETAS


CARAS DA POESIA MARANHENSE CONTEMPORÂNEA ANTONIO AÍLTON JP Turismo, caderno do Jornal Pequeno, p. 4 e 5, no dia 30/12/2016 Há uma semana (23/12/2016), a convite de Gutemberg Bogéa e por estímulo desse grande mestre, o editor e poeta, Alberico Carneiro, publiquei na página do JP TURISMO um primeiro painel sobre a poesia maranhense atual. ´ Explicar os termos estica o texto e o torna meio barroco (volutas sobre si mesmo), mas é importante explicitar alguns pontos, porque as pessoas precisam ter clareza de certos termos do que está sendo colocado, dentro das possibilidades dos meios e das circunstâncias. Por exemplo: primeiro, a questão de que o foco do texto é poesia. A literatura maranhense atual é muito mais vasta, ao se pensar em suas diversas manifestações, o romance, o conto, mas o espaço e o tempo nos restringem. Fica como um trabalho a ser feito, empreendido, de maneira, talvez, mais individualizada. E convenhamos que a forte tradição da poesia no Maranhão tem, naturalmente, certo peso a seu favor. Segundo, o fato de que, por mais que se alargue o espectro, não é possível tratar de todos nem de tudo. No máximo, mencionar alguns daqueles que estão fazendo um trabalho importante, mencionar, focar em alguns nomes, por maior proximidade com o trabalho, acesso às obras e informações, etc. Além, é claro, dos critérios particularmente estéticos, que todos nós carregamos explícita ou implicitamente, e que fazem parte da própria escrita, da feitura literária. Esses critérios têm que fazer parte de um mínimo olhar crítico necessário, o que pode gerar questionamentos e indisposições. Enfim, é o preço. Entre os poetas de alto preço, figuras de um modernismo maranhense, de que falei na semana passada, e cujas obras repercutiram a estética da segunda metade século passado, ficaram em aberto espaços como o de Manuel Caetano Bandeira de Mello (1918-2008), Lago Burnett (1929-1995) e do poeta, ensaísta, tradutor, professor e crítico literário Oswaldino Marques (1916-2003). Todos já idos, mas cuja obra faz parte desta história (aquela, de uma possível, porém relativa "geração de 45" no Maranhão, onde o mainstream crítico encaixa o pessoal). Oswaldino Marques, com vasta obra a ser lembrada, recuperada e estudada, foi tradutor, para o Brasil e a língua portuguesa, de Walt Whitman, William Blake, T. S. Eliot, and others. A atmosfera, os versos de Lied - atenção para o ano: 1946 -, parecem irmanar-se com essa dicção angloamericana: LIED Perdido em devaneios no extenso litoral, Só e tímido sob a ampla e côncava tarde, Plena do grave coral das vagas estuantes E do ritmo violento das ávidas gaivotas, Voltei meus olhos espantados para ti, ó sol, E me deixei banhar nas tuas cascatas cintilantes. Lá poderia ter-me envolvido na sombra violácea das montanhas. E à hora do poente cingir-me com uma coroa de estrelas. Lá poderia ter-me dissipado na bruma da ressaca, Ou insensivelmente aceitar dos rochedos o doce convite à inconsciência, Ou fragmentar-me em límpidas conchas e refletir sorrindo teus raios criadores, Tive forças, porém, para te abandonar. Parti — sobre a areia deixei apenas o nome de alguém escrito. (Oswaldino Marques, Poemas quase dissolutos, 1946)


Da poesia de expressão feminina, isto é, que apresenta um discurso que poderia ser lido mais marcadamente nesse rumo, se o quisermos, cabe evidenciar pelo menos quatro poetas no auge de sua produção, não neófitas, mas pouco comentadas, na senda viva da poesia: Lila Maia, Luciana Martins, Silvana Menezes e Dilercy Adler. Lila Maia, poeta de voz lírica não condescendente, escrita densa e forte, ao mesmo tempo de termos simples e sintaxe cotidiana, vive no Rio de Janeiro, e já recebeu vários prêmios literários, inclusive do seu último livro, As maçãs de antes (2012). Dessa mestra da poesia, escolhi dois poemas para esta página. Luciana Martins: leve como o peso da alma que habita algum lugar das células de nosso corpo, este receptáculo da dor. "...Poetas, esse povo que não tem lugar no mundo mas insiste em ficar nele", diz-me ela em sua dedicatória. Seu Lyrica 75mg (7 Letras, 2015), poderia ser dedicado aos hipocondríacos que gostam de conversar com aquela dor autopsicográfica de Pessoa. Ferida aberta no pathos poético, em doses medidas, concisas: "a dor me definha/mas não me define". E o recado: "leitor leitora/um dia hei de voltar/a falar da alegria". Silvana Menezes, caxiense, professora universitária, vem das áreas de química e zootecnia, mas sua paixão é a alquimia poética. Sobretudo aquela quefaz entre a poesia brasileira e a japonesa. A estação de sua poesia está impregnada do haikai, quer dizer, tanto do cultivo deste quanto de uma estruturação poética fundamentada formalmente no haikai. Sem dúvida esse hibridismo alquímico reverbera no título do seu último livro: Reação (2014). Dilercy Adler, de extenso e viajado currículo em prol da literatura, é vocacionada não apenas para a poesia, mas a promoção e a fomentação (diríamos, ebulição, efervescência) das atividades literárias, em entrega total e incansável. É uma das fundadoras e atual presidente da Academia Ludovicense de Letras ALL, isto é, da recente academia que congrega literatos/as e personalidades da cidade de São Luís, fundada em 2013. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Foi presidente/fundadora da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, desde 2007, passando, no final deste ano, a presidência a Paulo Melo Sousa. Está fundando, este ano, a representação no Maranhão da Academia Norteamericana de Literatura Moderna - Capítulo Brasil, e, entre outras mais, além de ter uma produção acadêmicouniversitária (ela é Doutora em Ciências Pedagógicas), é também organizadora de inúmeras antologias, internacionais inclusive (Latinidades, vários números; 1000 poemas para Gonçalves Dias, desta vez com a colaboração de Leopoldo Gil Vaz Dúlcio Vaz, secretário da ALL). Difícil, pois, competir com ela nestes quesitos, e, no fim, sabemos que a literatura tem uma tarefa para cada um de nós, seus súditos mal pagos, nem que seja a de simplesmente vivê-la. Dilercy opta por uma poesia doce − aquele doce às vezes tingido de certa dor resignada − e, em geral, erótico-amorosa; a impossibilidade, talvez, do amor verdadeiro (essa palavra que ela ainda se atreve a pronunciar em poesia), ora ou outra descobrindo sua provável impossibilidade e aceitando, poeticamente, a simples experiência do acontecer humano (sem certo vaticínio hiper-realista de Nélson Rodrigues): "Verdade.../ ilusão.../ importa?!.../este momento é ímpar/mais-que-perfeito/deixo que tudo deságue/em meu leito!" (Duvid(ando) I, Desabafos... flores de plástico... libidos e licores liquidificados, 2008). Esses quatro nomes, somando-se ao de Laura Amélia Damous, creio bastar para termos uma visão do que nossas (versadas) poetas estão produzindo. A poesia do registro reivindicatório e o da ação política explícita ganham, em São Luís, dois Caras bem diferentes, díspares à primeira vista. Fiz esse exercício de juntá-los no balaio de gato da poesia para ver no que dava: Alex Brasil (o acadêmico) e Celso Borges (o Pária). Alex Brasil: silencioso, quem sabe até silenciado, pelas resenhas correntes. Mas poeta de cátedra, hoje (membro da Academia Maranhense de Letras desde 2003, posse 2004). Calado, calado, muito provavelmente o maior vendedor de poesia deste Maranhão. A seu favor, claro, sua agência de publicidade. Mas seria mesquinho dizer que Alsenor Duailibe Garcia, o Alex Brasil, vende poesia só por isso. É preciso reconhecer na linguagem poética de sua simplicidade uma identificação com as reivindicações juvenis, na luta contra certas tensões e ansiedades do nosso tempo: a violência contra a infância, as questões ecológicas e ambientais, o materialismo, o sofrimento social e a desumanidade. Na dedicatória de Todas as estações Antologia Poética (2003), ele sintetiza: "Aos brasileiros que, como eu, lutam ou lutaram contra a fome, o


analfabetismo e a mortalidade infantil nas garras da pobreza absoluta". Alex Brasil, um dos rostos do nosso tempo. Celso Borges, Antonio Celso Borges de Araújo, para quem "a posição da poesia é oposição" (título de uma trilogia do autor em formato de livro-CD): Raiva, fúria, energia, "dublagem de silêncios". Poeta (um dos 30 anos da Akademia dos Párias), jornalista, roteirista, autor de XXI, Música, Belle époque, todos livros-cd's; o livro experimental-fotográfico O futuro tem coração antigo, olhar sobre a cidade de São Luís, de quem passou longos anos em São Paulo, e o livro-revista Fúria (este, pela editora Pitomba, em 2015, na qual desenvolve há uns três anos o projeto da Revista Pitomba, junto com Bruno Azevedo e o poeta-irmão, também maranhense e residente em Sampa, Reuben da Cunha Rocha). Tem, ainda, parceria musical com figuras como Zeca Baleiro, Fagner, Chico César e outros. Quer dizer: Celso Borges é um cara insatisfeito, inquieto, do flagra das ruas, da poesia mural, da linguagem híbrida e experimental, cujo teor é fundamentalmente a rebeldia política (e acadêmica) e a insatisfação com o lugar-comum do sujeito, além, é claro, da insatisfação com o lugar-comum dos próprios suportes da linguagem poética. Seu último projeto: Perversos 12 poemas indelicados, livro artesanal feito por André Assis, da Fábrica de Cataventos. É preciso reivindicar ao grupo Curare um papel tão importante para a produção, maturidade transformação da linguagem poética do Maranhão quanto aquele que também ocupam os marcos dos últimos anos, o Movimento Antroponáutica/Guarnicê, a Akademia dos Párias. Não dá para tecer aqui uma trajetória detalhada desse grupo e suas repercussões, desdobramentos ou reverberações, nem para avaliar todo o seu trabalho, uma vez que ele é fundamentalmente contemporâneo e as obras em que ele reverbera ainda estão sendo produzidas por poetas/escritores saídos do seu "espírito", do seu útero. O certo é os estudiosos da literatura do Maranhão tem certa ignorância sobre esse pessoal, mas já é hora de lhe darem a atenção que merece. Essa"desatenção" pode decorrer de alguns fatores, entre o fato de o grupo ter rodado muito, feitos recitais, exposição, e discussões em torno da poesia, mas nunca ter publicado nada escrito - e o que apenas se pronuncia, mesmo na mídia, esvai-se em 15 minutos. Este tempo demanda barulhos e factóides contínuos. Para mim, no entanto, há uma dimensão incalculável para a poesia do Maranhão advindo desse grupo pelo fato de que sua repercussão e seus méritos continuam. Por mais que se queira, não se pode menosprezar um prêmio da Academia Brasileira de Letras e Xérox do Brasil, acadêmico (Ricardo Leão, tese de doutorado e poesia, respectivamente), um Prêmio Cidade do Recife (Antonio Aílton) pelo menos quatro Prêmios Cidade de São Luís (Antonio Aílton, Dyl Pires, Bioque Mesito), um prêmio Josué Montello (Hagamenon de Jesus), fora outros tantos e classificações em festivais e concursos pelo Brasil afora. Está certo, prêmios podem não significar nada, e comissões podem ser viciadas, mas não dá para dar um crédito a Alfredo Bosi, Cláudio Willer, Heloísa Arcoverde de Morais e Pedro Américo de Farias (Fundação Cidade do Recife), Lourival Holanda (UFPE), Márcia Manir Miguel Feitosa (UFMA) e Marco Lucchesi (Poesia Sempre), pessoas que já julgaram, ou avaliaram nossa poesia?... O fato é que o grupo (Curare), que reuniu na década de 1990, além dos poetas já citados (Antonio Aílton, Bioque Mesito, Dyl Pires, Hagamenon de Jesus, Ricardo Leão), Rosemary Rêgo, Jorgeana Braga, Natanílson Campos, Binho Dushinka, Couto Corrêa Filho, Dílson Jr., Marco Polo Haickel e outros, serviu de fundamento para discussão de uma nova linguagem poética, as formas e suportes do contemporâneo, os tons assumidos pela poesia atual, as leituras, a necessidade da crítica e da autocrítica vigilante, de um corpo metafórico para o nosso tempo, enfim, essas coisas de quem quer escrever com qualidade. Um dos grandes méritos dessas discussões, principalmente sobre uma poesia para o século XXI, é daquele cara que se tornou não só prefaciador, mas também o crítico-leitor de toda uma geração: o Hagamenon de Jesus de The Problem &/ou os poemas da transição (Edição do autor, 2002) Claro, dito assim pode ser entediante, mas essas conversas se davam nos finais de semana, no bar do Adalberto, ou onde fosse possível uma ceva ou uma aroeirinha, e continuam, sempre que alguns sobreviventes nos encontramos.


Coirmãos do Curare: Grupo Carranca (Mauro Ciro Falcão Gomes; Samarone e Samuel Marinho; Elias Rocha Gomes) e Poiesis (alguns do Curare, mais Geane Lima Fiddan, Paulo Melo Sousa, Natinho Costa Fênix, Danilo Araújo). Correção para os novos tempos: Curare não é um grupo, é um espírito que baixa onde dois, quatro ou sete poetas reúnem-se em seu nome. E se alguém agir em seu nome, abençoado está, porque aí tem curare. Bioque Mesito: a anticópia dos placebos existenciais (FUNC, 2007). Dyl Pires: o torcedor (e.a., 2014) e anunciando leitura de éguas! (inédito), em breve, no Chiquinho. Rosemary Rêgo: o ergástulo gozo da palavra (2004) e pérolas ao tempo (e. a., 2010). Uma novidade não deve passar despercebida para o nosso olhar. Até pouco tempo, grande parte da nossa poesia saía como "edições do autor", ou coisa parecida. Ou seja: sem um selo editorial representativo. Neste sentido, devagar e sempre, a poesia do agora se expande, ganha expressão nacional, mesmo se seu reconhecimento continua capenga. Apontem-me quantos maranhenses (quer queiram ser ou não maranhenses), fora, talvez, Salgado Maranhão está em alguma daquelas antologias ditas "da poesia brasileira contemporânea"? Mas o fato é que podemos contar já uma meia dúzia de poetas só na 7 Letras. Será que estamos nos tornando os queridinhos da 7 Letras?... Vamos com calma. Somente dessa famigerada editora, cito alguns de cabeça. Samarone Marinho, poeta que não gosta de alarde, mas já está no terceiro título pela editora, Incêndios (2013); Josoaldo Rêgo, também com três títulos: poeta que tem feito outros trabalhos, principalmente em São Paulo, como intervenções, ensaios poéticofotográficos, inclusive com Celso Borges. Último livro dele: Carcaça (2015). Luís Inácio, poeta de produção poética contida, atravessando "diferentes espaços, ritmos e tonalidades", com forasteiro rastro (2012). Luciana Martins e Fernando Abreu, já comentados acima. Da Penalux, editora que tem crescido no Brasil e tem investido em alguns escritores do Nordeste (ou: na qual alguns escritores do Nordeste têm investido), o poeta santarritense/ludovicense Neurivan Sousa, com pelo menos dois infantis e dois títulos de poesia, Lume (2015) e Palavras sonâmbulas (2016). A poesia de Neurivan, prefaciada por Paulo Betancur, é avaliada por Cláudio Portella como "de pegada psicológica". E, de fato, seu mérito maior talvez seja unir essa subjetividade psicológica à vida do homem comum, com seus confrontos cotidianos, suas dúvidas, dores e resignação, sua religiosidade tensiva; com suas panelas, seus gatos, seus amores, poesia que ensaia nos redimir lá no fim do túnel, numa linguagem aberta, simples, compreensível. Um caso à parte fica, a meu ver, com Carvalho Júnior, de Caxias, que já publicou alguns títulos, um pela Editora Patuá, do Eduardo Lacerda, Dança dos dísticos (2014). Por que "caso à parte"? Primeiro: Tem movimentado o cenário poético do Meio-Norte do Brasil, Maranhão, Piauí, Pará, e as redes virtuais com seus projetos culturais e poéticos, com destaque para o Na Pele da Palavra, juntamente com o poeta Joaquim Vilaneto e outros. Impulsionou o I Encontro da Poesia Contemporânea, onde tivemos a oportunidade de encontrar com poetas e editores de várias regiões e estados do país e fazer um balanço de nossa produção atual. Segundo: Insatisfeito com a mesmice, autocrítico, vem dando saltos de qualidade a cada obra que lança ou projeta. No forno, a sair pela editora Patuá em 2017, um livro trabalhado, maduro, de poesia tocante e imagens surpreendentes: No alto da ladeira de pedra. Este texto não se encerraria. O contemporâneo está em aberto, não tem um ponto final. A poesia está aberto. Duas palavrinhas apenas caberiam para fechar o "por enquanto". A primeira é a velha "mea culpa", por necessária de assumir. O Maranhão é grande demais para caber em duas páginas de jornal, e meu conhecimento de toda a poesia plausível deste estado por demais exíguo. Imperatriz, por exemplo, é um caldeirão de coisas boas em ebulição.


A segunda palavrinha é a da reivindicação. Quando as nossas autoridades irão acordar para o investimento na cultura literária e poética do maranhão como um dos seus bens imateriais, de ressonância e potencialidades no turismo, na educação, na cultura do estado e do país? O acontece neste estado que não se consegue cumprir nem o básico, tal como a lei do Concurso Literário e Artístico de São Luís, lei municipal desde 03/07/1955, o qual serve não apenas como vitrine de produções, mas como upgrade e estímulo ao surgimento de novos grandes poetas dos quais poderemos nos orgulhar?


ANTONIO AÍLTON


MHARIO LINCOLN

AH! MINHA PAZ... Se minha Paz fosse imorredoura, Avassaladora, indutora, mantenedora, Gestora, sedutora, sonhadora, Professora, inovadora, curadora... Se tivesse felicidade, saudade, acuidade Liberdade, intensidade, luminosidade Acessibilidade, caridade, bondade Alcançabilidade, fraternidade, academicidade... Seria perfeita, eleita, escorreita... Seria aceitável, aplicável, sonhável... Seria ministéria, séria, gualtéria... Poderia ser amada, louvada, tentada Poderia ser eterna, lanterna, fraterna Poderia ser... Paz, Contumaz, Faz....


A FORÇA DO AMOR POR UMA MULHER Mhario Lincoln O que serve para abrandar, de uma Mulher, o AMOR? Outono, Primavera, Verão e ou muito CALOR? Esse amor de Outono, que começou DOÍDO Amor de gente grande, com coração PARTIDO. JÁ ME mandei benzer, comprei florais de Bach CONSUTEI-me com psicóloga. Deu duro achar UMA QUE entendesse de sofrimento e dor E TIVESSE passado por todos os casos de amor. Fui parar numa farmácia bem POPULAR E lá fui ouvir a minha velha 'Xica' FALAR... Essa parece entender de amores MEDICINAIS E logo me deu uma lista grande de CHÁS... - MEU menino, vira e mexe, não se apoquente TU PRECISAS tomar esses chás bem quente PARA ESSA dor de amor aliviar. E eu sei certinho QUE essa dor é de lascar, mas passa devagarinho. Tem Chá de Espinheira Santa, de folha de MARACUJÁ Tem chá de Camomila, de Boldo e de UMBUZÁ Tem Chá de Erva-Doce, de Louro e de Pau-D'ARCO ROXO Tem chá de folha de pimenta. Esse não é pra 'caba' FROUXO. TEM CRAVO da Índia, Eucalipto, Sene, Violeta e Urtiga TEM OS que tomam Valeriana, Louro com Mel, há quem diga. TEM GENTE tomando Salsa, Chá de Rosa, folha de Laranjeira APAIXONADOS, que são loucos pela flor da Bananeira. Tem chá de dar em doido, tem folha de Aveia, de AGRIÃO Cânfora se passa em cima, para a dor passar no CORAÇÃO. Se romântico quiser chorar, toma Funcho, Gengibre e MATE Se quiser ser um homenzarrão, toma Ginseng pro ARREMATE. TEM CHÁ de Lavanda, Fucus, Estigma-de-Milho e Limão PARA amor perdido é indicado Damiana, Cavalinha e Dente-de-leão PARA ARREPENDIDOS, tem Alcaçuz, Atemísia, Alho e Cardo-Santo DEPOIS é só tomar Calêndula e Guaiaco, cortando o pranto. Se não der mesmo certo, nem com Hanamélis, Ginseng e GINARA Mande um recado para ela, num maço ungido de Capim-LIMÃO, Diga que ela está perdoada e que ainda tem aceitação na CARA! AMAR uma mulher é assim tão dolorido, sofrido, com tanta emoção, POIS amar uma mulher não tem dia, nem hora, nem chá, nem paradeiro UMA mulher é sempre assim: Preciosa, verdadeira, pra se amar o ano inteiro...


http://www.carmovasconcelos-fenix.org/LO…/PAZ-2017/PAZ17.htm Da edição especial de Mulheres pela Paz, da Antologia Logus/Fenix, (Carmo Vasconcelos), maravilhosa coletânea de grandes poetas internacionais. Como fiquei feliz em estar lá com este meu poema:


PERCURSO DE SOMBRAS FERNANDO BRAGA

[Nauro Machado, São Luís, 2 de agosto de 1935 - 28 de novembro de 2015]. Com o falecimento do Tom, quase na madrugada do aniversário de Nauro, fez-me passar batido na data, mas não na saudade... É bem difícil ficar-se sem dizer nada diante da beleza estético-formal contida na poemática de Nauro Machado. Acabo de receber “Percurso de Sombras”, que só pelo oferecimento a mim dirigido pela generosidade do poeta, já quebraria por si, qualquer resistência de silêncio... Irresistível provocação sentimental de um irmão de estrada, de sombrios sonhos e de terríveis sombras, a chagar minha saudade de tantas lonjuras... Apressei-me de logo e registrar a nascença de seu livro em minha página no facebook, sem a surpresa de continuar a ver o poeta ainda em seu barro cru, como se recém saído de uma olaria de pesadelos... E uterino como sempre em seu estar-se divino, o satânico sobrepõe-se e faz-lhe escrever “Réquiem para uma Mãe”: “Tudo já entrado em ti, tudo, / enfim estás em ti, / como os pés nos seus sapatos, / dizendo ser a tua morte. / Viúva da eternidade / a se fazer como um sonho / da carne imune ao real. / Dor: arranca a tampa da água / a um náufrago marinheiro, / e o telegrama do fêmur /à volúpia do ovário, / morto ventre de onde eu vim / com meus calos e naufrágios. / Dor: inverte os lábios da água / dando de beber à mãe / pela boca de um cadáver”. A lavoura do léxico nauromachadiano a todos nos atordoa pela sua precisão e pelo seu fôlego a resistir seu canto-lógico e a dispor-se cartesiano, quando, assim, tira a prova dos “Noves fora”: Não necessariamente / é igual uma cama / a outra cama, como / uma noite é de outra / feita a mesma noite [...] E até mesmo à soma / que nos subtrai, / nós, humanamente, / somos desiguais.” E o poeta segue pelos becos e ladeiras de São Luis a soltar balões de eternas infâncias, pelas sombras das noites, balões que se soltam de suas mãos carregadas de trevas e furadas pelos pregos do tempo, até chegar a um dezembro festivo a renascer no peito ferido do poeta, onde se aninham flores no seu esôfago, como se fossem miolos de um pão sagrado que Nauro tivera de engolir um dia, para arrebentar-lhe e arrematar-lhe o grito: “Minhas netas da luz, / do meu filho o retrato, / iluminando os olhos / da minha mãe sem pálpebras.” E sereno continua a ouvir as “Vozes do Natal” que lhe chegam assim: “Cristo do anverso, / em minha costa, / durante séculos / dizendo a Lázaro: / --Vem para fora! / --Vem para fora!...”


E ainda no percurso do Advento, clama aos “Milagres Natalinos”: “Porque só tu não me apartas, / boneca da minha mãe, / da infância do meu pai / imputrescível nos anos [...] “Todo Natal, como mar, / volta sempre à mesma praia, / enchendo as eternas águas / com o choro dos meus pais...” Assim o “Pássaro de Deus” alça vôo para o percurso das sombras, como se bebesse o nepente benfazejo para esquecer, não a imagem de Lenora, mas “as cáries da carne na boca dos vocábulos” e ainda com o mesmo ritornelo canto igual ao daquele corvo agourento, pousa nos umbrais do poeta Nauro Machado para ouvi-lo dizer que “há coisas que assustam / sem palavra alguma, / assim como as há, / como nossos cúmplices, / pela indiferença / na boca de um morto” [...] “quebrei-as nas mãos / desse estéril poema / de cisne nenhum, / entre o pão e o vocábulo / as virtudes dos pássaros / de nossa inocência”. E diante da “Praça de um poeta” onde se materializa sua memória de carne e verbo, há tempos, périplo indesejável entre esse espaço e a “Casa das Tulhas”, solene no seu comum de “Feira da Praia Grande”, Nauro revive o cancro de dolorosos dias a ressuscitar quase apodrecido pelos muitos açoites que o fazem agora justificar-se diante de um vazio que lhe deflora: “Sabendo olhar / na escuridão, / o povo vê / que não sou nada, / e nem serei / até morrer. / E embora diga / o inverso disso, / o povo sabe / que sou igual / ao mais comum / de todos eles... [...] “Alguma coisa, / depois de eu morto, / me habitará / vivendo ainda”. Naurito velho de guerra, enfim chegamos naquele estágio em que não mais reconhecemos nossas visões, porque nosso passado não é mais nosso companheiro, parafraseando Mário de Andrade... Aqui estão alguns traços sobre o belo miolo do teu livro, muito bem apanhado graficamente pelas ilustrações do artista Pedro Meyer... Dize-me que Deus haverá de salvar-te, ainda que andes pelo vale das trevas... É belo o salmodear de David quando se tem coragem, principalmente embalado pela fé que tens... Agradeço-te o alimento espiritual que tanto agradaria a Verlaine ou a Paul Valéry, tenho certeza, porque mesmo na brenha de um “percurso de sombras”, os teus cantos “são enredos de aranhas costurando os verbos...” Publicado no jornal “O Estado do Maranhão”, 4 de janeiro de 2014.


ANTONIO AÍLTON SANTOS SILVA Em geral, não publico poemas inéditos na Internet. Não por medo de seu uso ou de sua glosa apócrifa, mas porque a meu ver pode arrefecer aquele gozo de fruição do objeto novo ao olhar e, em alguns casos, prejudica editorialmente ou institucional e financeiramente o livro. No entanto, também considero alguns canais meios de publicação legítimos para compartilhar o que andamos escrevendo, como é o caso da revista mallarmargens, que tem o mérito de buscar o diverso e que não está debaixo da barra de sua saia. Por isso não resisti ao convite da revista, na pessoa da Jandira Zanchi, e acabo de publicar nela o poema A INCURSÃO FORTUITA DE OUROBOROS, poema de algumas páginas, inspirado naquela compulsão que Paul Valéry tinha pela figura mítica da Serpente, mas tomando um outro rumo, o rumo de sua descensão para o achaque diário e pedestre. Convido a quem gosta de poesia (não precisa estar "marcado"...) e a quem dispuser de tempo e vontade para dar uma passadinha lá e fazer sua curtição ou seu comentário crítico. O poeta tem que ter olhos para ler ouvidos para ouvir.

A incursão fortuita de Ouroboros - Antonio Ailton http://www.mallarmargens.com/2017/02/a-incursao-fortuita-de-ouroboros.html

Ilustração: “Ouroboros” de Brenda Erickson

Que teu firme desejo de fim me guarde no lastro do agora e me reinvente em meio ao alarme desta hora deixe-me pardo de samba e fa(r)do


inconformado vermelho barro Ó puro nado dá-me o tropeço de pele e lepra em que me arrasto

onde envelheço valha-me a vala de cada começo no que invento ou no que inverto

onde engrandeço o logos de minha alma

súbito surja a história: do chão diário e lunar do rastro e do pejo onde os homens acham achas de fogueira despojos de colheita e máscaras de cervo e de achados vão resvalando a versão do trigo, do pão e da prata forjada nas esteiras mais que no cimo insípido das estrelas minha cauda não cresça nem me cegue a carteira ofereça uma cédula apenas ao bêbado o presente em sua presença sabemos


ser dobra de si mesmo o objeto: visa : o objeto na matéria de sua multiplicação a mão sem reserva de história produz para a boca sem futuro toda transcendência resume-se ao espelho e o mundo refletido claudica no intervalo de um débito ou de uma falta duplo vazio do duplo copo que o devora desde já a ciência fala para ouvir-se a janela para a especulação a fé para a fé a arte para o gozo a mente para a tele patia a palavra para a auto telia (ainda que eu me enrosque em sua noite) à roda dos vivos afaga-lhes a perífrase - o que mais cintila a maçã, a soberba ou a sibila?

Ferida no olho do imprevisível é lançamento


do baço com ou sem causa relance pálido deste ente no charco do tempo e ou do espaço onde o sol transita e (em dias limpos) nos liga entre o sobejo do caos e a sombra da casa círculo: lagar onde resvala por um momento o sentido de estar ou de teimar pela construção do mundo do qual se carrega uma posta de memória ou uma pasta [ magra] de biografia e poemas pagos a crediário até a lápide branca fincada no perímetro de si (onde eu colocaria quem sabe um haikai de Issa)


Em cada pequenina circunvolução de Ouroboros tentar é começo não fim Que a mais bela revolta do pensamento suplante o umbigo do meu ínfimo movimento − para que este enfim não morra em mim

ANTONIO AÍLTON - maranhense, professor, poeta e ensaísta. Doutorando em Teoria da Literatura pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, pesquisador da poesia contemporânea brasileira. Formado em Letras Português/Francês e Mestre em Educação [Cultura e Imaginário na Educação] pela UFMA. Especialista em Crítica da Literatura Contemporânea, pela UEMA. Livros publicados: Compulsão agridoce (Poesia, Paco Editorial, 2015), Os dias perambulados & outros tOrtos girassóis (2008, Prêmio “Cidade do Recife” - Categoria Poesia), As Habitações do Minotauro (2001, Prêmio Cidade de São Luís - Poesia) e Humanologia do eterno empenho: conflito e movimento trágicos em A Travessia do Ródano, de Nauro Machado (ensaio, com o qual recebeu o Prêmio Cidade de São Luís. É editor-colaborador do Suplemento Literário e Cultural JP Guesa Errante, de São Luís do Maranhão. Eleito em dezembro/2016 para a cadeira 22 da Academia Ludovicense de Letras [São Luís-MA], que tem por patrono o poeta Maranhão Sobrinho ailtonpoiesis@gmail.com https://antonioailton.wordpress.com Publicado 14 hours ago por Jandira Zanchi Etiquetas: 2017 Antonio Aílton mallaramigo poemas vol 5 num 10


RICARDO LEÃO A OFICINA DA ANGÚSTIA “Escrever é algo etílico E não faz bem ao fígado”. O mundo me diz isso Logo após o suicídio. Já não estou convencido De tudo quanto finjo. Do verbo me demito E depois do zodíaco. Escrevo em desperdício Tudo, a quilo, que minto Em séculos de ofício E silêncio infinito. Atrás de um orifício Contemplo o interdito Com que celebro o vício De escrever por fastígio. O poema que habito De um modo muito tímido É hábito ou um delito Que cometo aos domingos. E o verso que fiz, lírico, Com todo meu cinismo, É talvez o exercício De um tédio demoníaco. Quem sabe o abalo sísmico Que escrevo em cirílico Ao derradeiro crítico Que odeia todo ritmo. Escrevo por fascínio E, às vezes, em bulício, Ao verso dionisíaco Que compus em grafito. Escrevo em monossílabo Ou em um tom elegíaco A todos os malditos Que escrevem comigo. Escrevo dos presídios Dos antigos delírios Aos célebres causídicos Que defendem bandidos. Bárbaro e apolíneo, Escrevo em domicílio Ao tempo em particípio E aos boêmios e notívagos.


Escrevo sem testículos Ao mundo que maldigo, Em versos e versículos De um texto bem antigo. Com fome de carnívoro, Devoro até os sentidos De todos os meus títulos Que escrevo aos cínicos. Ao fim de outro comício, Escrevo aos assassinos Um aviso em postigos Que, sem lábios, repito: - “Escrever é um martírio Que aconselho aos aflitos Como forma de antídoto Ao espelho de Narciso”. Por isso, um tanto místico, Após um deus proscrito, Declaro o fim do mito Que há em todos os signos. E escrevo no interstício Do que digo e não digo, Ao fim de outro capítulo Em que volto ao princípio. Deixo apenas o grito Que ouço, desde os fenícios, Atrás de todo escrito E do pó dos solstícios. E um nome logo assino Ao fim de outro início: - “Escrever é algo etílico E não faz bem ao fígado”. Ricardo Leão, 2017


MICHEL HERBERT FLORENCIO O VERDADEIRO SABER Não é porque o homem afirma alguma coisa saber, que ele sabe alguma coisa. Porque ninguém na terra ainda sabe, O que convém saber... Mas aquele que ama a Deus, Dele é conhecido, Isso sim foi permitido A todos os homens saber... Precisamos saber, principalmente O que convém saber: que o nosso espírito criado, e, antes morto, agora vivificado, habita em um corpo pelo próprio Deus comprado, Tendo como moeda, o sangue de Cristo crucificado Cordeiro Santo de Deus imaculado. Fomos por Ele transformado Em um santuário de um outro Espírito, Por ele mesmo enviado, o Espírito de Deus Que clama, Aba Pai. Agora também convém saber esta benção que: Um só é o cálice, Umsó pão, Um só é o sangue Um só é o Corpo( de Cristo) Uma só é a Redenção Uma só é a Salvação Em cristo Jesus nosso Senhor I Cor 6:19-20: I Cor 8:2-3 I Cor 10:16-17 Rom 8:15 Ef 2:1


ETERNA ALIANÇA Nada, absolutamente nada Nem a morte nem a vida Nem a tribulação nem a tristeza Pode anular a tua benignidade Para com os filhos dos homens. Nada, absolutamente nada Nem o mais alto céu Nem o mais profundo mar Poderá afastar-nos o teu grande amor. Nada , nem a ingratidão deste povo Nem a infidelidade desta minha geração poderá anular a tua Graça para com a humanidade. Nada absolutamente nada Nem meus erros nem minhas falhas afastará de mim a tua Fidelidade . Por isso, toda terra te louvará, todo homem , céus terra e mar Sim com meus lábios também te louvarei ó Senhor, em todo o tempo . Baseado em Lm 3:22,23


O MILAGRE DA TRANSFORMAÇÃO . Um dia ante à sua Majestade Com poder e grande Glória seremos todos transformados; Pois um dia estávamos mortos nos nossos delitos e pecados, agora por Ele, e para Ele fomos por sua Graça vivificados . Um dia andávamos errantes em trevas , seguindo o curso e o deus deste mundo em nossa vã maneira de viver, agora resoluto, e a passos firmes seguiremos no caminho da Luz; Um dia rebeldes e rendido ao pecado, agora liberto pelo sangue o próprio Cristo deu-nos Vida e Esperança em Deus . Um dia indouto e blasfemador agora sábio e adorador; Um dia com o coração endurecido e impenitente agora puro, limpo e incorruptível ; Um dia desobediente e insubmisso, agora rendido aos pés do Rei dos Céus como servo bom e fiel; Um dia vaso de barro, pronto para ser quebrado, agora vaso de honra útil para seu Reino; Um dia com espírito soberbo, mas esquecido como morto... agora em espírito contrito lembrado como filho; Um dia triste e amargurado reputado como aflito agora Exultante com júbilo para o louvor da sua Glória . Um dia entregue ao reino da impiedade e injustiça agora Integrante do Reino, Cujo domínio pertence ao Senhor. Jd 24 Ef 2:1 -8 Sl 31:13


TERESINKA PEREIRA

VALENTINE Dia do amor e amizade em USA 14 de fevereiro, 2017 Não há nenhum ser que desprecie o amor, mas os valentes e certeiros poetas sabem amar melhor que todos, e são entusiasmados por ter um dia especial para celebrá-lo com chocolates versos, abraços e beijos que são a equipagem do amor. VIVA O DIA DE SÃO VALENTINO! .................... VALENTINE 2017 It will never exist someone who despises love. But brave and well-aimed poets know best how to love all beings with enthusiasm in having a special day celebrating with chocolates, verses, hugs and kisses which are the equipment of LOVE. HAVE A HAPPY VALENTINE DAY!


DILERCY ADLER Do livro Crônicas e Poemas Róseos-Gris, uma publicação sobre/ e em homenagem à mulher (1991), para que conheçam e podem também se quiserem usar em eventos ou publicações, que ficarei muito honrada. Saudações poéticas,

ESPAÇO FEMININO Dilercy Adler Espaço mulher mulher no espaço espaçonave espaço cósmico cômico espaço... inusitado das normas do corpo do sexo do leite materno que eterno sangra do peito a jorrar a boca a dentro do homem!

MULHER Dilercy Adler Corpo desnudo sob lençóis de cetim pele sedosa e incandescente contornos perfeitos sob medida para a gratificação de olhos ávidos braços vigorosos e boca sedenta de paixão!


EGO FEMININO Dilercy Adler Minha cabeça dói lateja incessantemente sinto meu corpo estranhamente pesado parece carga pesada ou sou eu dramatizando? entregando-me sem protestar somatizando pequenos problemas fazendo escarcéu... AUTO-PUNIÇÃO?! é isso! preciso livrar meu corpo da influência do meu superego rígido... deixar meu ID mais livre para meu corpo sofrer menos e eu poder saborear o indefinível prazer de estar viva!

DIFÍCIL ESPERA Dilercy Adler É difícil pra ela ficar à janela à espera simplesmente dele! é difícil pra ela saber que ele repete os toques que faz nela em outra pele e por isso às vezes abruptamente o repele! é difícil pra ela ficar à janela à sua espera simplesmente... sozinha!


A ESSÊNCIA INVISÍVEL DO “ELA” Mesmo quando aparentemente ela é boba e superficial alienada e frívola existe dentro dela uma mulher incrível inesperada forte soberba linda e muito gente que precisa apenas ser buscada descoberta e livre para sobrepujar o que fizeram dela ... o que a forçaram a ser e que ela infelizmente muitas vezes nem se dá conta!...

PUDOR FEMININO E MASCULINO Ela se despe para o extasiar ela expõe sua beleza porque sabe que isso lhe dá imenso prazer! é ela quem se despe mas é ele quem solicita com seus olhos lânguidos com gestos impacientes com o semblante irrequieto! ela se despe sim! mas porque é induzida a isso por ele ele não se despe não por excesso de pudor mas porque para ela não é somente a nudez dele que importa!


ELAS E ELE Dilercy Adler Ela se acerca insinuante ele a olha estimulado trocam olhares significantes e a comunicação perfeita entre eles acontece... a esposa o espera em casa para o jantar cotidiano ... ele não vem ela põe as crianças para deitar e mais uma vez vai dormir sozinha no imenso leito para dois!

GENTE OU OBJETO Dilercy Adler Ele passa por mim para... olha-me com um olhar profundo e penetrante como se analisasse detalhadamente as peças de um objeto raro! encaro-o e digo a mim mesma com indiferença inquietante: como seria bom se fosse diferente! ...e continuo a caminhar!


ATO DO AMOR Dilercy Adler Risos de mulher lágrimas quentes... risos e lágrimas se confundem e se fundem numa única confluência de dor entorpecente e prazer alucinante no ato físico e psíquico do amor!

FRAGMENTOS DE MULHER Dilercy Adler Ser mulher é antes de tudo ser gente! não é ser apenas mãe abnegada doce e sem defeitos imagem imaculada não é ser apenas mártir aquela que sofre no paraíso do lar doce lar entregando-se sem qualquer retribuição não é ser apenas a pecadora aquela que tentou Adão com o fruto proibido e assumindo toda culpa não é ser apenas o braço direito do homem sendo nada mais que um membro a mais do macho não é ser apenas a santa copiada da figura de Maria a pureza personificada assexuada não é ficar apenas atrás do homem sendo sua sombra que o empurra para a ascensão ou ainda para a falência...


ser mulher é antes de tudo ser gente! um indivíduo completo com mil desejos e aspirações de toda ordem com conflitos defeitos virtudes e anseios com força e fraqueza concomitantes com sexualidade e candura... gente enfim não restos de ser humano ou um ser inacabado ou ainda mutilado mas um ser completo perfeito e plenamente potente!

SER MULHER Dilercy Adler Ser mulher implica necessariamente em culpa? ser mulher requer expiação? então por que ser mulher redunda quase sempre em ser podada castrada subjugada e em espoliação? ser mulher não é isso não! ser mulher não é mais nem menos importante... é simplesmente e antes de tudo ser gente!


FÊMEA HUMANA Dilercy Adler É vedado à fêmea o prazer de exteriorizar o seu desejo pelo macho é claro que me refiro à espécie humana! é-lhe ensinado inclusive embora algumas fujam à regra que não deve ceder num primeiro momento! será censurada veementemente se não souber ou puder refrear a sofreguidão do macho ser fêmea nas outras espécies é mais fácil e mais gratificante.

GUERRA DOS SEXOS Dilercy Adler

À primeira vista nos parece que o homem é mais feliz a ele é dada a liberdade e aprovação de poder experienciar situações incríveis aventuras impetuosas... irresistíveis! no entanto se analisarmos mais profundamente constatamos que nesse jogo não há vencedores: apenas vencidos incompreendidos e tristes caminhantes solitários!


BUSCA DE MIM Dilercy Adler Estou me buscando juntando os pedaços os traços os riscos rabiscos e risos com lágrimas quentes que brotam dos olhos e escorrem silentes sem gritos ou protestos e ainda se casam com um triste sorriso! estou me buscando nos emaranhados dos aprendizados nefastos estéreis que deformam de forma grotesca e animalesca a doce crente e ingênua fêmea desavisada que fica alienada trans figurada trans mutilada trans sexuada nesta selva de pedra!


MARLENES (ela me pôs em tela aqui a ponho em versos) Dilercy Adler

A mulher é linda seja ela branca negra amarela ou índia.. lá estão elas nas telas em rostos ou pernas vestidas ou não belas mulheres diafanamente belas traçadas com encanto e talento uma a uma todas elas pintadas por elas tão somente ela MARLENE linda mulher que perene se faz em telas!

MEU CORPO Busco inspiração para falar do meu corpo meu corpo frágil esguio e tão carente do teu! busco inspiração para falar do meu corpo e no entanto só sinto vejo e intensamente desejo o teu! meu corpo só vive em teu corpo que tão sensualmente completa o meu!


MULHER PRIVILEGIADA Dilercy Adler E ela me fala da sua felicidade da intensidade com que se sentiu amada! mulher privilegiada neste mundo ] de homens e mulheres de sentimentos deformados distorcidos pelo machismo mas ela exceção! teve um amor lindo correspondido que conseguiu sobrepujar os condicionamentos concretizando o que para muitos é apenas doce ilusão!

ABELHA MULHER Dilercy Adler Eu fui sempre tal qual abelha operária que trabalha trabalha trabalha não ama não faz outra coisa só trabalha! vive no trabalho vive pelo trabalho que nem sempre ama que nem sempre quer! ó abelha rainha tão escondida tão encolhida tão espremida tão reprimida em mim te faz presente em minha vida!


REPÚDIO AO ESTUPRO Dilercy Adler Estupro violência maior pra com a mulher violência maior pra com o sexual violência maior pra com o bom do amor! estupro aberração maior do desejo menor encarnação do desamor do ódio em lampejos de sadismo e de horror! estupro a negação do afetivo na carne a negação da sedução no desejo a negação do sublime no sexo a negação do homem e da mulher seja ele concreto seja ele simbólico ...o meu repúdio! In: Crônicas e Poemas Róseos-Gris. São Luís: Estação Produções, 1991.


VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES A SUAVIDADE DA FOLHA

ela fia a via e elabora a vida na Terra

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MARIO LUNA FILHO


PARA UMA ANTOLOGIA LUDOVICENSE


LUÍS AUGUSTO CASSAS, À CAÇA DO ANJO RAIMUNDO FONTENELE http://www.literaturalimite.com.br/p/editores.html

A coluna QUARTA É DIA DE RF do nosso Blog LITERATURA LIMITE (WWW.literaturalimite.com.br) continua divulgando o trabalho dos atuais poetas maranhenses. Após Fernando Braga e Viriato Gaspar, hoje é a vez do poeta LUÍS AUGUSTO CASSAS, nascido em São Luís, em 1953, filho do Desembargador Araújo Neto e Míriam Cassas de Araújo, ambos falecidos. O poeta Cassas já trouxe no sangue a gênese de toda grande poesia, pois seu pai é sobrinho de Corrêa de Araújo, excelente poeta maranhense cuja cidade natal é Pedreiras, terra também do genitor do nosso grande amigo poeta Luís Augusto Cassas. Mas, excluo deste comentário crítico os laços de amizade que me unem ao poeta Cassas e procuro, com a maior isenção e honestidade intelectual que me for possível traçar, em poucas linhas, o que apreendi desse universo poético caudaloso, rio sem margens, pois a sua poesia inunda até as terras que a vista não mais alcança. No final dos anos sessenta, conheci o poeta Cassas, levado pelo poeta Viriato Gaspar até sua residência na Rua das Hortas. A partir dali sedimentamos a amizade na mesma procura jovem e insana pela poesia. No Bar do Joaquim, no Canto da Viração, entre cerveja e teses, arroubos juvenis de reformar o mundo, a necessidade de derrubarmos os castelos medievais das trovas, sonetos parnasianos e poemas carloscunhianos (o menino verde, o cabelo verde, o dedo verde), poemas e projetos tomaram forma e vicejaram à luz benfazeja de ideais literários. Depois a gente se reconciliaria com tudo e todos: Carlos Cunha, a boa trova, o soneto perfeito, o poema imortal. Não sem antes, em companhia de Valdelino Cécio e Chagas Val, criarmos um movimento, de curta duração, através de polêmicas nas páginas de jornais, e publicarmos com o custeio do Estado a Antologia Poética do Movimento Antroponáutica, um marco divisório no fazer poético maranhense, tratando-se de movimento de gerações, num saudável antagonismo, que renovou realmente a poesia do Maranhão. Luís Augusto Cassas, o mais jovem de nós, era teoricamente um dos mais embasados, já com uma sólida cultura poética, com uma vasta biblioteca ao seu dispor, e que muito cedo lhe permitiram (a veia e a cultura poéticas) criar e produzir algumas obras primas que permanecem, até hoje, como atestado inconteste da alta poesia que sempre se gestou no Maranhão, como exemplo poderia citar Mulher em Gestação, Quadro


Completo da Noite e Confíteor, ambos poemas da sua juventude. Com o passar do tempo, permanecem com a mesma força e vigor, estranhamente maturados e atuais.

A poesia, no entanto, lhe reservava dias mais cinzentos e noites mais turvas, e assim, depois de refazer signos e reformular conceitos; após recriar símbolos e destruir mitos, o poeta Cassas mergulhou naquilo que sempre foi a verdade mais difícil, mais subjetiva, de encontrar: o si mesmo. Depois de poemas abordando temas variados, desde os problemas sociais, as mazelas do capitalismo, a iconoclastia das religiões, a subserviência e corrupção dos homens públicos, o poeta Luís Augusto Cassas parte em sua jornada do espírito na busca da Verdade maior e única que torna dias cinzas e noites turvas em claras iluminações do saber e do ser. Um passo a mais nos degraus da escada de Jacó em direção ao Ser Perfeito tão distante e tão perto: a face que não podemos contemplar, mas que nos contempla por dentro. Autor de livros capitais da moderna poesia brasileira, e são tantos, dos quais se pode citar República dos Becos (seu primeiro livro e que contém aqueles poemas citados anteriormente), Rosebud, O Retorno da Aura, O Shopping de Deus & a Alma do Negócio, Deus Mix: Salmos Energéticos de Açaí c/Guaraná e Cassis, O Vampiro da Praia Grande e muitos outros, todos encontráveis nos volumes 1 e 2 de A Poesia Sou Eu (poesia reunida), edição da Imago, 2012, RJ, o poeta Cassas nos aclara dúvidas, solidifica premonições, confirma certezas. O valor da sua poesia, para além da carga de dor e alegria, sofrimento e prazer que nos possa alcançar através da emoção pura e simples, reside também no fato de que é um tratado e um ensaio histórico e filosófico da humanidade e das civilizações. A sua poesia contém em si o drama e a comédia, a ucidez e a loucura, a fé, a solidão, o amor em sua forma mais elevada. Nisso, como se estivéssemos correndo o Grande Páreo Brasil, o poeta estaria algumas cabeças de vantagem sobre a maioria dos poetas que a crítica incensou e promoveu dos anãos oitenta em diante. Porque muito da poesia e da literatura a que me referi trazia o ranço da ideologia, mais totalitária que totalizante, mais ao abrigo dos conceitos científicos até, mas estreitos, que sob as asas da livre imaginação criadora, disposta a romper todos os Cânones estéticos, dogmáticos, políticos, religiosos, para se firmar e afirmar-se como a continuação da tradição mais primeva, antiga ou remoto, caiba o nome que couber, e que chega aos nossos dias renovada, libertadora, que nos impulsiona para a frente, para um lugar cativo no futuro, por mais incerto que este seja. À segunda parte desta história cabe um comentário judaico-cristão a respeito de anjos, cuja etimologia da palavra, do grego ágellos e do latim angelus, tem o significado de Mensageiro. Um intermediário, portanto, entre Deus e os homens. Conforme a tradição, os anjos são representados por figuras aladas, puras, muito próximas dos caracteres humanos e dispostos a intervir espiritualmente em benefício daqueles que os invocam. Pureza, obediência, zelo e paciência são os principais atributos de um anjo. E foram estas virtudes que o poeta Luís Augusto Cassas teve que invocar e delas nutrir-se para atravessar a invisível ponte das tormentas, dos abismos pessoais e coletivos que consomem, literalmente, nossos dias e nossas vidas. Da expiação da culpa, seja a social ou da suposta culpa original, ou do espírito ou do ponto psicanalítico apenas uma coisa mental, invenção ou criação do intelecto, Cassas foi de um extremo a outro. Da morte de Deus nietzscheana aos jardins indulgentes dos vedas, na comunhão do yin e yang, no seu encontro com os jogos simbólicos do Tarot, nada foi em vão em seu caminho e em sua busca. Era, enfim, a descoberta da verdade mais profunda encontrada dentro de si mesmo que o pacificou e o colocou naquela


posição de anjo que intermedia o encontro do homem com a Poesia, pois, na sua visão, esta é também uma forma de encontrar a Face daquele Ser Superior. E embora, no estágio atual, sua poesia e seu nome sejam reconhecidos, em nível nacional, pelos mais honestos e exigentes críticos, sua poesia prescinde desse reconhecimento, como se, sem ele, ela não existisse, ou fosse menor. A sua poesia se basta a si mesma, e assim basta também aos leitores inteligentes que sabem separar o joio do trigo, quer dizer separar a verdadeira literatura desse cipoal de rabiscos que infestam livrarias e bibliotecas. A seguir, os poemas de Cassas, provas vivas e ardentes de que estas minhas palavras não são de todo em vão. Pelo menos, é o que espero. (RF)

CONFÍTEOR (para ser repetido 3 vezes) por Tua culpa: existem cegos aleijados órfãos e bombas por Tua culpa: existem barreiras fronteiras trincheiras e vietnãs por Tua culpa: perdemos a renúncia a fala a vergonha a fé (mas ganhamos cidadania) por Tua culpa: crianças são fuziladas em My Lai o ser apodrece em Biafra presidentes são assassinados nos EUA ônibus explodem nos viadutos por Tua culpa: a flor se oxida o carbono se corrói a paz é mutilada o silêncio é atomizado por Tua culpa: bombas explodem nos meridianos ditadores se suicidam diplomatas são sequestrados uma estrela se apaga por Tua culpa: a terra tem novo dono os trustes têm n ossa fé e Hiroshima e Nagasaki foram apagadas do mapa por Tua culpa por Tua culpa por Tua máxima culpa!


CORREIOS E TELEGRAPHOS Certa tarde o carteiro recebeu correspondência datada de 1882 destinada ao poeta Souzândrade que passava férias no Largo da Matriz Caligrafia bordada de mulher Como não encontrou o destinatário foi à agência da Caixa Econômica Federal e penhorou a cara: comprou terno novo e vestido de renda para a noiva Agora passeando na festa de São Mathias Os pombinhos dão notícias de amor MANTENHA DISTÂNCIA A Poesia é uma droga alucinatória mais forte que o lsd e o poder Só deve ser usada contra o real Causa ao viciado – delirium tremens desprezo da sociedade & a pena capital Perigo Perigo Perigo Mantenha distância do poema Evite o primeiro verso ARCANO 19 (O Sol) Não serei um Fausto moderno nem venderei minha alma ao fogo eterno: farei um pacto de amor com a verdade e o emblema da fé e da razão será o escudo do meu tempo Não perderei a vida e a juventude correndo como miragem atrás da felicidade Mas se encontrar a verdade detrás dos seus sete véus vislumbrarei a felicidade Não correrei atrás de nenhuma revolução nem seguirei o credo de falsos profetas e poetas A vida me ensinou que toda sabedoria é tradicional e flui incessante e natural para o rio da existência Por que então alterar o curso do rio? Não seguirei ideologias de esquerda e direita que distanciam o homem do seu verdadeiro caminho Estar no centro – da consciência e do coração – é a única maneira de ser junto com o universo e pulsar no ritmo cósmico da luz e da sabedoria da vida Não mais serei analisado psicoanalisado dividido fotografado laboratoriado autopsiado sobretudo não serei mais legião Na busca da Unidade a parte é igual ao todo e nada deve ser excluído da obra da salvação (Por que não jogar pérolas aos porcos e doar esmeraldas aos loucos?) Não criarei cabelos brancos


acumulando bens que deixarei na estação Mas harmonizarei os quatro elementos para que possa transmutar todo chumbo em ouro retornar à nobreza original da condição humana e legar fortuna aos descendentes Não desejarei ardentemente o céu Nem temerei prudentemente o inferno O cenário da vida é obra teatral cósmica em que somos personagens aprendendo seus papéis na reapresentação diária da arte de ser Todo sofrimento é belo pois nos conduz ao reino Todo sofrimento é antecâmara do amor universal Estar no meio é compreender o verdadeiro vazio Sobretudo nos instantes de dúvida e incerteza quando a lua chegar à noite escura da alma não imprecarei nem clamarei o seu nome em vão Quedar-me-ei com a pureza fria dos resignados e pedirei humildemente que me intua a verdadeira ciência de estar nesse mundo sem ser necessariamente dele

SÃO LUÍS É UMA SESTA aqui tudo dorme homem peixe sesta bicho fruta flauta céu barro seresta aqui tudo ronca canto ponto vírgula tropa greve tranca sobra cabra ilha dorme são João o sonho de Pedro acorda o plantão pra dormir mais cedo um boi de orquestra embala as estrelas e o som das matracas adormece as feiras plena sacristia segundo Mateus na igreja assobia o ronco de deus INVENÇÃO DA CHUVA a vida inteira amei a chuva como platão amava os elementos e Nietzsche o espírito do vento protegia-a da fúria dos relâmpagos deitada em lençóis de aquecimento aberto exemplar de “o ser e o tempo” na horizontalidade de suas curvas o abajur nos acendia os corpos incendiária musa em “novecento” partia úmida e em contentamento lágrimas nas vidraças a mona lisa


no verão do meu desfalecimento A FÊNIX (6) vai luz segue pela sombra acrescenta o que me falta diminui o que me excede até encontrar na fonte que me bebe a rosa que perfuma e inflama o pássaro que morre e me levanta


LENITA ESTRELA DE SÁ Homenagem de "O Imparcial" - Retrato da História - edição de 17 02 2017. É uma alegria imensa que minha caminhada literária, desde a adolescência -- passos ditados pelo coração, como os do meu pai, Cecílio Sá -- seja lembrada pelo jornal em que publiquei minha primeira crônica, "Alcântara em Festa do Divino".


FERNANDO BRAGA52 Fernando Braga (dos Santos), nasceu em São Luis do Maanhão em 29 de maio de 1944. É formado pela Faculdade de Direito do Dstrito Feedral, com pós-graduação em Ciência Política na Universidade de Brasília (UnB), e estágio em Direito Penal Comparado pela Universidade de Paris-Sorbonne. Publicou em poesia: Silêncio Branco, 1967; Chegança, 1970; Ofício do Medo, 1977; Planaltitude, 1978; O Exílio do Viandante, 1982; Campo Memória, 1990; O Sétimo Dia 1997 e Poemas do tempo comum, 2009.

Liberdade até as pedras negam a paternidade da terra. no chão, não há reforma nem raízes. os homens fingem acreditar em Deus, enquanto as crianças sonham com esfinges e mitos, porque adormecem com fome quero uma enxada e um arado, porque onde piso até as lágrimas proliferam. quero a união dos povos e o amor de irmãos, porque dito a paz e não acredito em esmolas.

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Página preparada por Zenilton de Jesus Gayoso Miranda e publicada em outubro de 2008; ampliada e republicada em maio de 2010.; ampliada e republicada em setembro de 2012. Ampliada e republicada em dezembro de 2014. http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/maranhao/fernando_braga.html


quero ajuda para construir, esperança para modificar e depois gritar: liberdade! liberdade! (Chegança/1970)

Longe noturno Meus olhos emigraram para São Luís minha cidade pavorosamente triste, onde um meio de céu esconde o rosto de Deus das vidraças da planície. Vim aqui tornar-me em arbusto onde sou o argonauta deste verde. Morto pão esquecido sobre a mesa foi minha ceia incrivelmente tarda. Noturno vinho em resto abandonado ferve-me o corpo hipertencialmente reto, nesta noite sem data dalguma safra onde me disponho não mais sentir-me. (Ofício do Medo/1977)

Linhas sobrepostas ao plano 1 Do plano finito os céus eu componho cerrado de pedras de aço antiplano no verbo do nada no tudo que exponho exercício de exílio desterro altiplano. Agouros no espaço perdidos nas dores com o credo do úmido em chão prateado alentos de vida em versos de amores à vésperas da morte o choro dourado. Pesadelo de insônia terrível agonia meu rosto na sombra


do teu evangelho naufrágio de sinos em cruel letargia despenco da nave do ser-me mais velho. ....................................................... (O Exílio do Viandante/1982) No campo da memória 1 No campo memória, eu aro a palavra que se me apura; no canto cerrado, o poema me lavra e se me depura. E assim eu canto: I Galopa meu verso neste canto cerrado, em campo memória, e vai beber nas fontes dos Caruanas a organicidade líquida de São Luis, para que eu possa cantá-Ia neste meu desterro. A ilha liberta-se pela memória piramidal de Bequimão e pelo romanceiro . de amor e morte dos Timbiras e da Canção do Exílio. Na Quinta da Vitória, a metáfora sousandradina apura-se na memória de São Luís, como uma açafata de pedra e cal.


Ah! minha cidade! Quero estar nestes versos por quilombos escravos. na dimensão de sombras, onde atreva entrave, na entrevada raiz. (Campo Memória/1991)

De Fernando Braga POEMAS DO TEMPO COMUM São Luis: Edição SECMA, 2009. 115 p. Prêmio Gonçalves Dias de Literatura - Poesia

Poema essencial A mensagem que trazes no rosto diz-me de auroras em redor da vida, e da dor que choras pelo teu herói. Um véu de solidão te mata o sorriso e dos teus olhos crispam fogo e luz. Teus lábios me levam às paredes das bordas conventuais, bronzeadas com a textura das idades eternas. Ajoelho-me diante do místico oratório, e reverencio-me ao deleite antigo das pernas sem portas.


Pesca com meu filho Eu e meu filho Nando vamos á pesca no Rio Corumbá... Na paz líquida da expectativa, lembro-me dos versos de Raul Bopp, quando o Nando, em um tom curioso estabelece este diálogo: - Pai! - Quéque-tu-qué, meu filho? E ele se achegando a mim como os olhos brilhando, fulmina esta pergunta: - me conta mais uma vez, pai, como é mesmo o Mar de São Luís?

Na madrugada em que José Ribamar de Silveira foi voar na zona do meretrício e teve as asas derretidas pelo luar de prata de São Luís. José Ribamar de Silveira servidor da Estrada de Ferro São Luís-Teresina uma certa noite vestiu o terno de linho branco, perfumou-se e foi dar uma volta na Pensão da Maroca, na zona do meretrício. Lá pelas páginas tantas, José Ribamar de Silveira encontrou-se com Rosidete e com ela bebeu e dançou a noite inteira, quando, então, de madrugada, a comeu com inhame e mel. E quando tudo já se passara, José Ribamar de Silveira Cansado de ensaiar o mais que perfeito, subiu para o mirante do sobrado, e lá resolveu imitar o Zelão das Asas. E se jogou. Levou consigo alguns arranjos de faiança,


bicos de telhas e pedaços de ripas. E todos, mulheres e fregueses, e mais sádicos e masoquistas, e gigolôs e vadios, levantaram os olhos para o céu para verem o que não acreditavam. Até o Jeremias deu uma trégua à patrulha da polícia, para que os soldados comandados pelo tenente Vieira, assuntassem aquele anjo de estranha espécie, e tivesse olhos de ver. Depois, o estrondo e o silêncio. José Ribamar de Silveira caiu de bunda bem no meio da Praia do Desterro, por onde os holandeses invadiram a Ilha. E ali ficou besuntado de madrugada e mareadinho de sereno.

BRAGA, Fernando. O Puro longe. Poemas. Caldas Novas, GO: Editora Gráfica Criativa, 2012. 83 p. 12x20 cm. Col. A.M. (EA)


O homem em círculo A roda gira a gerar o giro do círculo, que prende o grito no giz do risco. Gestos causais do nexo, pedras de sal-gema e sexo. Mordaças a morderem as máscaras, por trás dos muros, no varal do tempo, para que a palavra ou o grito se liberte, túrgido e trêfego, era assim que entendia o poeta de A Terra Devastada, porque enquanto gira, o mundo se transforma.

Sonho de um talvez Há qualquer coisa em mim a dizer-me o que sou... Cá bem por dentro de mím, a roer-me, uma fantástica coisa que não tem nome diz-me que é isso o que fui. E me vejo numa multidão, de azul desesperadamente entre pessoas que nunca vi... Não me sei, talvez, ou poeta, ou a dormir sem acordar nunca.

O que somos Sou feito de sangue e vísceras, como o porto é feito de choro e pedras; Sou feito de tronco e membros, como o navio é feito de ferro e esperas; Sou feito de carne e ossos, como o mar é feito de sal e abismos; Sou feito de razão e sentidos, como o rio é feito de margens e mangues;


Somos todos poetas de espaços contidos, feitos de sonhos e ajustes...

A dimensão do tempo Pousa um pássaro no fio do telégrafo. O pássaro é pássaro, nada além que pássaro. O Morse não há mais, apenas só no espaço, o poema e o pássaro... O poema em si existe, agora, também o mouse, na dimensão do tempo, mais ainda leva o vento a pipa e o barco lento, pelo imenso do não sei onde, ou pelo intenso do nunca mais!.

BRAGA, Fernando. Magma. Goiânia, GO: Kelps, 2014. 78 p. 15x21 cm. ISBN 978-85-400-1119-9 “ Fernando Braga “ Ex. bibl. Antonio Miranda


EXERCÍCIO DO AVESSO Quero apenas estar-me longe, do ser-me que me quer tão perto e ser levado como folha ao vento dos fastios que de meu recendem. Bem longe, onde estarei por certo, sentir-me salvo dum outro quando e reinventar-me n' outro ser humano, n' outro poeta, e n outro Fernando. E voltar mais breve e inconsútil, sem querer-me mais-que-perfeito, do que fizera, quisera, fora e era... E repensar no que já me passara a soltar-me do que já me prendera e viver mais do que já vivera!

ALÉM DO VERBO Estou no meio do verbo que me divide, eu sou e fui... De pele e osso cobri-me e serei de sobras; não me trouxe e nem me levei, fiquei comigo, com meu tempo e modo, sem dividir-me, por isso, indizível, sobrevivi. Minhas duas metades são cartesianas e separadas por alguns graus... Não sou integralmente inteiro, porque um olho fugiu do outro, para deixar esse outro a vaguear; e eu, sozinho, no resto ou pouco, apenas vejo minhas circunstâncias através dos óculos de Sancho.



DIREITO & LITERATURA


TRANSIÇÃO NA OAB LUIS AUGUSTO GUTERRES Conselheiro Federal da OAB/MA. DANIEL BLUME Procurador do Estado. Publicado na superedição (sábado/domingo 7 e 8 01/17) do jornal O Estado do Maranhão. O início de 2017 é de muito trabalho para os gestores municipais eleitos e empossados. Reger a máquina administrativa é uma função árdua, sobretudo para os prefeitos de primeiro mandato. Mais ainda para aqueles que não foram apoiados por seus antecessores. Há uma dificuldade recorrente até de dialogo, como também ocorre, atualmente, nos Estados Unidos. As exceções confirmam a regra. Na Ordem dos Advogados do Brasil não é diferente. Quem entra geralmente reclama da ausência de informações suficientes para a continuidade dos serviços prestados. Tal reclame se potencializa, quando há alternância de poder entre grupos políticos distintos. Porém, os destinatários dos serviços da Ordem, ou seja, os advogados não podem sofrer com a descontinuidade política da gestão. Da mesma forma, o cidadão em geral. A Ordem é uma instituição perene e una. Congrega todos os advogados brasileiros. Deve, pois, garantir o atendimento permanente e eficiente de seus membros, inclusive no período de transição da gestão. As refregas políticas da campanha estão muito aquém das missões institucionais. Findo o pleito, antes da posse do eleito, é preciso um trabalho coordenado de transição. A gestão que parte deve cooperar com a que chega em prol da coletividade. A responsabilidade institucional está acima de pequenezas humanas. Homens passam, instituições permanecem. Preocupados com o tema e inspirados em Lei Estadual que já disciplinou o assunto, protocolamos no Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, uma proposta de resolução que visa regulamentar a criação e o funcionamento de uma equipe de transição no âmbito da OAB, em suas três esferas administrativas. Segundo o projeto, é facultado ao candidato eleito para o cargo de presidente da OAB (Nacional, Seccional ou Subseção) o direito de solicitar ao gestor atual a criação de uma equipe de transição, com o objetivo de inteirar-se do funcionamento dos órgãos da administração e preparar os atos de iniciativa do novo gestor, a serem editados logo após a posse. A formalização da solicitação da equipe de transição será instituída mediante ofício endereçado ao atual presidente, por meio de protocolo, contendo os nomes dos representantes que farão parte da referida equipe. Após o recebimento da solicitação, o presidente deverá instituir a equipe de transição, indicando um diretor e um funcionário, que deverão repassar à equipe de transição do candidato eleito todas as informações, dados e documentos solicitados, bem como prestar-lhe o apoio técnico e administrativo necessário. O presidente terá um prazo de 10 dias, a contar do recebimento da solicitação do presidente eleito, para indicar os membros da equipe de transição. A equipe de transição será coordenada pelo presidente eleito ou por quem ele determinar. Compete à equipe de transição requisitar reuniões técnicas, informações e documentos a respeito da Instituição. A equipe de transição terá pleno e irrestrito acesso às informações relativas às contas, aos programas e aos projetos da administração. Os diretores e os técnicos que se negarem a realizar reuniões ou fornecer informações às equipes de transição instituídas pelos eleitos serão responsabilizados administrativamente. A medida objetiva facilitar a continuidade do serviço prestado pela Ordem, bem como melhor informar os novos gestores sobre a Instituição, em especial quando ocorre alternância de poder entre grupos políticos antagônicos, oportunidade em que as dificuldades são costumeiras, públicas e notórias. É importante garantir e regulamentar o trabalho conjunto e sistemático da transição entre gestões na OAB, a qual representa não apenas os advogados, mas a sociedade civil organizada.


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