ALL EM REVISTA, volume 7, números 1,2,3,4 - AGOSTO 2021 - edição de aniversário

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EM REVISTA EDITOR: LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - Prefixo Editorial 917536

EDIÇÃO ESPECIAL 8º ANIVERSÁRIO DA ALL 5ª SEMANA LUDOVICENSE DE LITERATURA DIRETORIA 2020/2021

NUMERO ESPECIAL (7.1,2,3,4) – AGOSTO 2021


A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.

EXPEDIENTE ALL EM REVISTA Revista eletrônica EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com

ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS Praça Gonçalves Dias, Centro – Palácio Cristo Rei 65020-060 - São Luis – Maranhão


EDITORIAL

“ALL EM REVISTA” é a revista oficiosa da ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS, publicada em formato eletrônico, disponibilizada através da plataforma ISSUU – https://issuu.com/home/publisher. Depois de um período ausente, por questões burocráticas – definição por parte da Comissão Editorial em Assembléia Geral Ordinária do dia 02 de julho de 2021, decidiu-se dar continuidade à publicação da Revista, em seu formato eletrônico, permanecendo o sócio-fundador Leopoldo Gil Dulcio Vaz como seu editor responsável, submetendo-se a aprovação diretamente ao Sr. Presidente. O compromisso inicial foi o de publicação de número especial, dedicados à V SEMANA LUDOVICENSE DE LITERATURA / VIII ANIVERSÁRIO DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS. Decorridos 18 meses da atual Gestão, e sem nenhuma publicação, o Editor solicitou autorização para numerá-los como o 7º e 8º anos, com os respectivos volumes, em sua periodicidade trimestral; assim, o numero 7.1,2,3,4 corresponde às edições do ano de 2020 – como dito, não publicados -; e o nunmero 8.1,2 ao dois trimestres de 2021; a partir do terceiro trimestre, segue-se a sequencia normal... Em reunião virtual de maio de 2011 decidiu-se sobre a retomada da Semana Ludovicense de Literatura, em ambiente híbrido. E junto com as comemorações do Aniversário da ALL. Sábia decisão dos Confrades e Confreiras presentes – 11, dos 38. Vavá Melo sugeriu que se homenageassem literatos ludovicenses que tenham uma importante contribuição para a literatura local; chamava a atenção de que metade dos Patronos não eram nascidos na Cidade do Maranhão... Unindo as idéias apresentadas, seguiu-se a de se o fazer em dois momentos: retomando a “Pedra de Toque”, com apresentação de um literato a cada reunião mensal, com tempo de 20 minutos para cada expositor. E um panorama dos “esquecidos”, alguns já resgatados pelo locutor que vos fala... mandei, então, todo esse material, fruto dos trabalhos dos últimos doze meses; Antonio Aílton, então, sugeriu que fosse transformado em uma palestra de abertura, a ser apresentada quando das comemorações de aniversário e da Semana... Da forma como irei apresentar, em vídeo e em cores, remetendo aos trabalhos já publicados na MARANHAY, revista lazeirenta editada por mim, decidi-me a replica-los aqui, e, ainda, a edição de um numero especial da mesma, dedicada ao Aniversário e à Semana. Isso feito, recuperado os texticulos, mais de 300 páginas!!! Decidi-me, então, em editar em dois volumes, sendo o primeiro um bate-papo – fazendo algumas provocações e remetendo aos textos publicados... MARANHAY, Revista Lazeirenta 65 AGOSTO 2021 - EDIÇÃO ESPECIAL: SEMANA LUDOVICENSE DE LITERATURA by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu

O segundo volume, este, é dedicado aos demais trabalhos: a Palavra do Presidente, de Abertura, seguida da palavra dos ex-presidentes, alusivas aos oito anos da ALL, num retrato de suas administrações; a Posse de Neres e de Jadir, com a apresentação do Aílton e de Sanatiel; A homenagem a Carlos de Lima por: Ceres, Jucey, Daniel e Dilercy, seguido de um Sarau Poético, com Ailton, Clores, Roberto, Ana Luiza, e quem mais se apresentar; e um texticulo sobre o Movimento Antroponáutica, do locutor que vos fala; Segue a festa... LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EDITOR


SUMÁRIO 2 3 4

EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO PALESTRA DE ABERTURA DA SEMANA LUDOVICENSE DE LITERATURA: 8º ANIVERSÁRIO DA ALL

EM BUSCA DOS ESCRITORES ESQUECIDOS... LUDOVICENSES & MARANHENSES LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ “DR. TIRA-TIRA”, O DONO DO TROVÃO: NUNES PEREIRA - recortes & memória LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: PAPILLON BLEU - ANA DE OLIVEIRA SANTOS, TAMBÉM CONHECIDA POR ANICOTA SANTOS.

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LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ O POETA PASCACIO: I. XAVIER DE CARVALHO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ IGNÁCIO XAVIER DE CARVALHO: RECORTES & MEMÓRIAS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ; ANTONIO AÍLTON SANTOS SILVA ELOGIO AO PATRONO: ELZA PAXECO MACHADO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ A PRIMEIRA POETA MARANHENSE, NA OPINIÃO DE ANTONIO LOPES LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ QUEM FOI A PRIMEIRA POETA MARANHENSE? LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ A PRIMEIRA ESCRITORA MARANHENSE: ALGUMAS DÚVIDAS E ELUCIDAÇÕES LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: AINDA LEONETE OLIVEIRA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ MANOEL SALLES E SILVA, POETA MARANHENSE. QUEM CONHECE? LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ UM POETA ESQUECIDO: RAIMUNDO NONATO PINHEIRO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: ZILÁ ANGELA PAES LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: MARIA CRISTINA AZEDO MATTOS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: ISABEL FIALHO FELIX LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EM BUSCA DAS AUTORAS MARANHENSES: JESUINA AUGUSTA SERRA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

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PALESTRA DE ABERTURA DA SEMANA LUDOVICENSE DE LITERATURA: ANIVERSÁRIO DA ALL

Leopoldo Vaz, convidado, apresenta mais uma edição de : "MARANHAY – REVISTA LAZEIRENTA" (facetubes.com.br)


EM BUSCA DOS ESCRITORES ESQUECIDOS... LUDOVICENSES & MARANHENSES

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Academia Ludovicense de Letras Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Academia Poética Brasileira Professor de Educação Física / Mestre em Ciência da Informação

Confreiras e Confrades Senhoras e Senhores Senhor Presidente Membros da Comissão de Comemoração do Aniversário da ALL e da SEMANA LUDOVICENSE DE LITERATURA Gostaria de agradecer a “escalação” para proferir a palestra de abertura do aniversário da Academia Ludovicense de Letras. Um desafio que pensei em não aceitar; depois, refleti melhor: por que não? Mudei de ideia, ao tomar conhecimento que a PMSL, ao adotar uma categoria para a preferencia da vacinação, após os professores abriu aos ‘poetas’... a fila, no local indicado, quando do raiar do dia determinado, já se encontrava com mais de oito quilômetros, e crescia... Haja poetas... Primeiro, gostaria de esclarecer que não sou escritor, nem poeta, nem historiador... sou um Professor de Educação Física, com Especialização em Lazer e Recreação, e Mestre em Ciência da Informação 1. Trabalho com a disseminação da informação! Desde o inicio da década de 1980, com a construção de um “centro referencial”2 – informação sobre a informação... Tomando por base o CEV - Centro Esportivo Virtual, www.cev.org.br -onde optou-se por trabalhar a informação enquanto saber, ao mesmo tempo representacional e performático, cujo ciclo de vida sofre as seguintes metamorfoses: percepção, pensamento, registro, circulação, acesso, decodificação, pensamento, uso (SCHNEIDER, 2013) 3. Para esse autor, caberia à Ciência da Informação estudar e gerenciar esse ciclo, minimizando seu potencial entrópico, tecendo a crítica e propondo soluções para os problemas relacionados à qualidade, ao uso, à restrição, à circulação e ao acesso, o que envolve questões de ordem política, econômica, técnica e cognitiva: Por essa via, chegamos a uma conclusão um tanto surpreendente: a “informação”, em si mesma, não seria o principal objeto da CI, e sim a OS [organização dos saberes] 4, enquanto conjunto de 1

A Ciência da informação é um campo interdisciplinar principalmente preocupado com a análise, coleta, classificação, manipulação, armazenamento, recuperação e disseminação da informação. Ou seja, esta ciência estuda a informação desde a sua gênese até o processo de transformação de dados em conhecimento. Alguns profissionais afirmam que a Ciência da Informação pode ser dividida em seis correntes teóricas [2]. Elas são: (1) Estudos de natureza matemática (incluindo a recuperação da informação e a bibliometria); (2) Teoria sistêmica (origem em princípios da biologia); (3) Teoria crítica (fundamentam-se principalmente nas humanidades – particularmente na filosofia e na história); (4) Teorias de classificação e representação; (5) Estudos em produção e comunicação científica; (6)Estudos de usuários (seu objetivo era o de mapear características de determinada população para planejar as informações mais adequadas a serem oferecidas com fins de educação e socialização). https://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia_da_informa%C3%A7%C3%A3o 2 série de características tomadas como modelo ou ponto de apoio; grupo de elementos que possibilita a definição de um sistema de coordenadas; sistema de referência // adjetivo de 2 géneros - 1.relativo a referência; 2. de referência; que constitui ou serve de referência 3 SCHNEIDER, Marcos. ÉTICA, POLÍTICA E EPISTEMOLOGIA: INTERFACES DA INFORMAÇÃO. In ALBAGLI, Sarita (Org.). FRONTEIRAS DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO.Brasília-DF: IBICT, 2013, p. 57-77. 4 OS - organização dos saberes


práticas e teorias voltadas à produção, gestão e crítica da “metainformação” [5], da informação sobre a informação. (SCHNEIDER, 2013, p.60)6. Complicado? Nem tanto... Vamos à prática: desde 2004 integrei-me a uma rede de pesquisa proposta por Lamartine Pereira da Costa7, na construção do Atlas do Esporte no Brasil – atlas do esporte no brasil (cev) – e que se seguiu ao Atlas do Esporte no Maranhão - atlas do esporte do maranhão (cev) . Ao se buscar os lugares da memória, entendemos que podem ser considerados como movimentos que têm por função evitar que o presente se transforme num processo do esquecimento e da perda de identidades: [...] não existe memória espontânea, ressalta, ainda, a necessidade dos homens de alimentarem a história com os resquícios do passado, de organizarem e manterem os referidos lugares de memória. Pois, tanto a História como a memória, têm essência comum: são antídotos do esquecimento. Em decorrência disso, são também espaços de poder. Le Goff, 2003 8. (Nora, 1993 9 citado por Costa, 2007) 10. Os jornais ocupam um lugar privilegiado como armazenadores e formadores da memória social. A partir dessa ótica, os jornais poderiam ser pensados como construtores de lugares de memória, no sentido dado por Pierre Nora (1993, citado por Ribeiro, 1966) 11. Mais precisamente seriam eles, se não os lugares de memória, com certeza espaços privilegiados no arquivamento e produção da memória histórica, pois a imprensa, no processo histórico, deixa vestígios, marcas e produtos ao longo da trajetória socioeconômica e cultural da humanidade, sendo: [...] elemento potencial de memória habilitada para ser recuperada como traço distinto de identidades coletivas e individuais, acerca de um passado instituído. Galves (2000) afirma ainda que: [...] um olhar cuidadoso dos jornais pode permitir reconstrução de cenários e de relações de poder imprescindíveis para a compreensão de dinâmicas locais. (GALVES, 2008) 12 Servimo-nos, assim, de fontes provenientes da imprensa escrita. Ao estabelecer a metodologia para a pesquisa, nos ativemos à proposta por DaCosta (2005)13, e Vaz, (2014)14. Como nos Atlas, aqui se trabalha com marcos

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Metadados ou Metainformação, são dados sobre outros dados. Um item de um metadado pode dizer do que se trata aquele dado, geralmente uma informação inteligível por um computador. Os metadados facilitam o entendimento dos relacionamentos e a utilidade das informações dos dados. https://pt.wikipedia.org/wiki/Metadados 6 SCHNEIDER, Marcos, 2013, p. 57-77, obra citada. 7 Currículo do Sistema de Currículos Lattes (Lamartine Pereira da Costa) (cnpq.br) 8 LE GOFF, Jacques. Documento e monumento. In: _____. História e memória. 5. ed. São Paulo: UNICAMP, 2003, p.535-553, citado por COSTA, Márcia Cordeiro, obra citada. 9 NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História, São Paulo, v.10, n.10, p. 8-13, dez. 1993, citado por COSTA, 2007, p. 46-63. 10 COSTA, Márcia Cordeiro. ESQUERDA E FOLHA ACADÊMICA COMPONDO A HISTÓRIA DO ENSINO SUPERIOR DO MARANHÃO: impressos estudantis lugares de memória. Outros Tempos, www.outrostempos.uema.br, ISSN 1808-8031, Vol. 1 esp., 2007, p. 46-63 disponível em https://scholar.google.com.br/scholar?start=20&q=%22faculdade+de+direito+do+maranh%C3%A3o%22+&hl=ptBR&as_sdt=0,5 11 RIBEIRO, A. P. G. A história do seu tempo: a imprensa e a produção do sentido histórico. Rio de Janeiro, Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1996, citado por COSTA, Márcia Cordeiro, obra citada. 12 GALVES, M. C. Jornais e políticos no município de Avaré. São Paulo: UNESP, 2000, citado por COSTA, Márcia Cordeiro, obra citada. 13 DaCOSTA, Lamartine Pereira (org).ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de Janeiro: SHAPE, 2005http://www.confef.org.br/arquivos/atlas/atlas.pdf 14 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO. São Luis: SEDEL, 2014, disponível em http://cev.org.br/biblioteca/atlas-esporte-maranhao/


históricos15, mas não se faz história16. Assim, ao se utilizar desta fonte – primária – deve-se levar em conta todos os periódicos disponíveis para consulta: utilizamo-nos da Hemeroteca da Biblioteca Nacional17. Vamos ao que interessa: quem já ouviu falar no “Dr. Tira Tira: o dono do trovão”?; ou “PAPILLON BLEU”, ou Anicota?; ou no “Poeta Pascaio”?; Ou a primeira doutora ludovicense?; Ou mesmo, na opinião de Antônio Lopes, a primeira escritora (poeta) maranhense?; Ou mesmo, quem leu a série de artigos que disponibilizei, com o título de “em busca das escritoras ludovicenses/ maranhenses”? em sua totalidade, não apenas o título... O “Dr. Tira-Tira”, recebeu esse apelido de [... amigos de Belém, Manaus, Natal, até do Rio Grande do Sul [...] graças à expressão que usava para apartar o gado doente [...] (The end on the river). Quanto ao subtítulo, “dono do trovão”, é Corrêa (1984) 18 quem nos esclarece - sua mãe o entregara a Badé, o “dono do trovão” (santo militar, que usava bengala) e sua trajetória pessoal foi semelhante à percorrida pelas religiões de origem africana que migraram do Maranhão para o Pará. Estamos nos referindo à NUNES PEREIRA, um dos pioneiros no campo de estudo religioso afro-brasileiro 19 [...] em relação aos primeiros escritos de religiosos, o autor maranhense Manoel Nunes Pereira (1892-1985) redigiu, ainda em 1942, A Casa das Minas. [...] esta obra: (...) constitui o primeiro testemunho de observador que pertença à cultura do objeto de estudo.

Eu sou um grande pornógrafo! Prefiro ser antropófago do que antropólogo Manuel Nunes Pereira20

Conhecendo o autor21: Manoel Nunes Pereira (São Luís do Maranhão, 1893 ou 1895 – Rio de Janeiro, 1985) foi um antropólogo de reconhecimento internacional. Cursou Veterinária (1915) na Escola de Zootecnia-RJ, se graduou em veterinária (1917) na Universidade Livre de Manaus. Chefiou a Seção da Agricultura e Industria Pastoril do Amazonas e do Rio Grande do Norte, a prática lhe serviu de base para escrever sobre A Industria Pastoril do Amazonas (1922), A Industria Pastoril no Rio Grande do Norte (1928), A Pesca no Rio Grande do Norte (1934) A Pesca no Rio Purus (1941), O Peixe-Boi da Amazônia (1944). Estudou biologia 15

Memória - registros descritivos e datados; não é diagnóstico nem plano. História - processo de interpretação sob forma de narrativa com base temporal. 17 http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/ 18 CORRÊA, Mariza. O Dono do Trovão Manoel Nunes Pereira (1893-1985). (in Memorian). 374-Texto do artigo-15576-1-1020180608.pdf 19 MARTINI, Gerlaine. APONTAMENTOS SOBRE O CAMPO DAS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS E SEUS AUTORES REVISITADOS. In REVISTA CALUNDU http://calundu.org/revista GIRA EPISTEMOLÓGICA Volume 1, Número 1, Jan-Jun 2017. Doutora em Antropologia pela Universidade de Brasília, integrante do Calundu (Grupo de Estudo sobre Religiões AfroBrasileiras). 20 Biblioteca Nacional/ Coleção Nunes Pereira (BN/CNP). O Pasquim, n° 756, 22 dez. 1983, p.2. 21 MONTEIRO. Darlisângela M. Educação e Ciência: variante Baíra. 110 f. 2009. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino de Ciências). Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, 2009. http://www.pos.uea.edu.br/data/area/titulado/download/101.pdf 16


geral, botânica e geologia. Foi membro da Academia Maranhense de Letras (1976), como poeta publica seu primeiro livro O Tempo (1913). Dentre as suas obras mais relevante estão: A casa das Minas (1947). Sua participação é evidenciada em pesquisas de campo na região amazônica, cujo propósito era coletar dados que permitissem registrar com precisão a cultura indígena22 . A obra que estudamos neste trabalho foi publicada pela primeira vez em 1940, em francês sob o título de Le Sage Bahira Et Son Fils (1979). Depois, em 1980, foi inserida no Moronguêtá – um decameron indígena, sua obra maior. Dentre as reedições a mais recente é esta: Experiências e estórias de Baíra – o grande Burlão (2007), organizada pela Editora Valer, nessa versão, foi publicada com algumas alterações irrelevantes que não chegaram a comprometer o texto original. A linguagem foi adequada para facilitar a compreensão pelo leitor e obedecer às normas gramaticais vigentes. Eu os remeto à leitura de “DR. TIRA-TIRA”, O DONO DO TROVÃO: NUNES PEREIRA - recortes & memória”23. “PAPILLON BLEU” foi lembrada por Jucey Santana, junto com outras escritoras esquecidas, ante polemica acontecida sobre a biografia de Leonete Oliveira: Temos uma riqueza de poetisas ainda completamente esquecidas. A exemplo de Maria Cristina Azedo que encontramos poemas seus desde 1873. Em 1899 ela publicou “Amor e Desventura”, pela Tipografia Ramos de Almeida. O último livro dela foi “Flores Incultas”, em 1924. Zilá Paes fundou vários jornaizinhos como: Carriça, Vésper, Nossa Bandeira... Publicava seus poemas e dos alunos, Apolónia Pinto que nasceu em 1866, conhecida como dramaturga, foi uma renomada poetisa, e a famosa Papilon Bleu, pseudônimo Ana de Oliveira Santos, também conhecida por Anicota Santos. Publicou “Acordes” em 1899. Este livro já se encontra no Acervo Digital da BBL. Ana de Oliveira Santos: Pseudônimo(s): Papillon Bleu Descrição: Poeta Fonte(s) dos dados: COUTINHO, Afrânio; SOUSA, José Galante de. Enciclopédia de literatura brasileira. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional; Academia Brasileira de Letras, 2001. 2 v. ISBN 8526007238 in https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/autores/?id=13430 Num poema publicado no Diário do Maranhão de 13 de julho de 1898 encontramos um pequeno poema, que justifica o seu pseudônimo: borboleta azul

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Costa, (1997) em sua tese fala que Nunes Pereira em uma de suas viagens pelos rios da Amazônia sofreu um naufrágio e nesse perdeu-se todos os seus documentos, muitos desses são foram recuperados devido a sua vida de andarilho. E quanto ao título de antropólogo o que se sabe é que por ter vasta produção sobre a cultura indígena, Nunes foi homenageado pela imprensa e prestigiado por antropólogos como Claude Lévi-Strauss, Emílio Delboy pelos excelentes trabalhos etnológicos e etnográficos sobre os povos indígenas Maués, Parintintim, entre outros. COSTA, Selda Vale da. Labirintos do saber: Nunes Pereira e as culturas Amazônicas: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, SP. 1997. (Tese de Doutorado em Ciências Sociais). 23 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. “DR. TIRA-TIRA”, O DONO DO TROVÃO: NUNES PEREIRA - recortes & memória.


No ano seguinte é anunciado seu livro de versos (Pacotilha, 12 de Agosto de 1889), e Laura Rosa lhe dedica um conto (Diário do Maranhão, 18 de novembro de 1889); em 1900, lança novo livro de versos


Após inúmeras publicações, de poesias e contos, nos diversos jornais editados em São Luis, em 1902 é revelada sua identidade: A Pacotilha de 22 de novembro de 1902 anunciava o surgimento de uma associação literária, em que participariam várias escritoras:

Eu os remeto à leitura: “EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: PAPILLON BLEU - ANA DE OLIVEIRA SANTOS, TAMBÉM CONHECIDA POR ANICOTA SANTOS”24. Do “Poeta Pascaio”25, se diz - de sua biografia publicada pela Academia Maranhense de Letras – AML 26: [...] foi quem marcou, com o livro de estreia publicado em 1894, o início do ciclo “decadentista” nas letras maranhenses, nas quais avulta como uma das expressões mais fortes. Dominando com segurança a arte e sabendo trabalhá-la com mestria, foi, sem favor, dos melhores sonetistas que temos tido, de um alto poder de idealização e de expressão estética (Antônio Lôbo).

Ao falarmos de I. Xavier de Carvalho - Antonio Aílton e eu - retomamos conversa havida entre os membros da Academia Ludovicense de Letras em sessão de 24 de julho de 2019. Foi proposta rever sua posição entre os grandes nomes de nossa literatura. Já havíamos conversado dias antes sobre o assunto, então decidimos por buscar maiores informações sobre o ‘príncipe dos poetas’ e resgatar, não só sua memória, como suas contribuições em jornais, publicadas nas cidades por onde passou. Além de poeta, contista, Juiz de Direito, Promotor Público, Professor de Literatura, Francês, Direito, e Jornalista... Em outro artigo, tratei dos inúmeros ataques à sua pessoa, chamando-o ‘poeta pascacio’ e acusando-o de fraude: teria plagiado seus pareceres jurídicos, que vinha publicando nos jornais. Eu os remeto à leitura de “IGNÁCIO XAVIER DE CARVALHO: RECORTES & MEMÓRIAS”27 e de “O POETA PASCACIO: I. XAVIER DE CARVALHO “28.

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VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: PAPILLON BLEU - ANA DE OLIVEIRA SANTOS, TAMBÉM CONHECIDA POR ANICOTA SANTOS. 25 pascácio25: 1 cretino, lorpa, otário, pacóvio, papalvo, parvo, pato, sonso, tanso, tantã, toleirão, tolo, tonto. Indivíduo que é muito bobo; quem tende a ser extremamente simplório; parvo ou pateta. Pascácio é sinônimo de: cretino, lorpa, otário, pacóvio, papalvo, parvo, pato, sonso, tanso, tantã,toleirão, tolo, tonto 26 http://www.academiamaranhense.org.br/inacio-xavier-de-carvalho/ 27 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; SILVA, Antonio Aílton. IGNÁCIO XAVIER DE CARVALHO: RECORTES & MEMÓRIAS 28 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O POETA PASCACIO: I. XAVIER DE CARVALHO


A primeira doutora ludovicense, vocês sabem quem foi? Não me refiro à ‘médica”, ou à “advogada”, mas à primeira ludovicense a obter o título de Doutora por uma Universidade... Autora de uma vasta obra, publicou na Revista de Portugal o “Cancioneiro da Biblioteca Nacional”- em fascículos entre os anos de 1949 e 1964, e sem nenhum apoio -, obra com leitura, comentários e glossário. Trabalho de Elza Paxeco Machado e José Pedro Machado 29, seu marido, como coautor.

Não encontramos registro de onde estudou, em São Luís, pois segundo informações de sua filha Rosa Machado estudava em casa, pois os professores que iam lá. Não se encontrou, até o momento quer organismo onde possam estar esses registos. Em Belém do Pará, esteve no Colégio Paes de Carvalho, não se encontrando os arquivos, porém existe um diploma em poder da família. Estudou em universidades do Brasil, de França, da Grã-Bretanha (Gales e Londres) de Portugal (Lisboa), formando-se nesta em Filologias Românica e Germânica, aprovada com Honours Summa cum laudes, e em Língua e Literatura Inglesa – Master of Arts. Foi a primeira mulher a doutorar-se pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1938, sendo a sua dissertação doutoral aprovada por unanimidade dos membros do júri. Foi sócia correspondente Academia Maranhense de Letras - cadeira nº 5, cadeira hoje ocupada por sua filha, Maria Rosa Paxeco Machado: 29

https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Pedro_Machadov Discípulo de David Lopes na Universidade de Lisboa, e de José Leite de Vasconcelos, é tido como um dos maiores dicionaristas da língua portuguesa. José Pedro Machado publicou dois dos mais relevantes dicionários do idioma, o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa e o Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa. Fez parte de vários júris de admissão a estágios do Ensino Técnico Profissional aos Institutos Comerciais e Industriais. Foi relator da Comissão do Vocabulário, Dicionário e Gramática da Academia das Ciências de Lisboa (1938-1940). Publicou com sua esposa, Elza Paxeco, o Cancioneiro da Biblioteca Nacional, 1949-1964.


Tomou posse no quadro de membros correspondentes da Academia Maranhense de Letras na quinta-feira passada, dia 14, a dra. Rosa Pacheco Machado. Ela passou a ocupar a Cadeira No 5, fundada por João de Melo Viana e cujo patrono é Belarmino de Matos, o Didot maranhense. É interessante a cadeia sucessória dessa Cadeira e já digo por quê. Ela é sucessora de José Mindlin, conhecido empresário e bibliófilo brasileiro, mais bibliófilo do que empresário, penso eu. Ele por sua vez foi sucessor de Elza Pacheco Machado justamente a mãe da dra. Rosa. Mas a coincidência não se esgota em ocuparem a mesma cadeira mãe e filha. Um dos fundadores da Academia, Fran Paxeco, era o pai da dra Elza Pacheco, segunda ocupante da Cadeira n° 5. Ela, como vimos, era mãe da dra. Rosa. Aí está. A nova acadêmica é neta de um dos mais importantes fundadores da AML.30 Associação das Academias Brasileiras de Letras também a nomeou sua representante em Portugal. Sócia Efectiva da Sociedade de Geografia de Lisboa, eleita em sessão de 27 de Fevereiro de 1964. Deixou colaboração dispersa por numerosas publicações nacionais (Portugal) e estrangeiras de entre as quais se destacam as revistas da Faculdade de Letras de Lisboa, Brasília, de Coimbra, Revista das Academias Brasileiras de Letras, do Rio de Janeiro, Revista de Portugal, Ocidente e outras. Remeto-os à leitura de ELOGIO AO PATRONO: ELZA PAXECO MACHADO

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Voltemos à um artigo polemico: Antônio Lopes escreveu artigo nomeando ‘a primeira poeta maranhense” ... E ele não se refere à Maria Firmina... Antônio Lopes, em artigo publicado no “Diário do Maranhão” edição de 05 de junho de 1909, referia-se sobre a inexistência de poetas mulheres no Maranhão e, então traz-nos alguns nomes, pseudônimos, e identificando quem escreveu algumas belas poesias que apareciam, então. Identifica ANGELA GRASSI como a primeira a publicar versos... Mas esse era o pseudônimo utilizado por LEONETE OLIVEIRA

Título: Leonete OliveiraAutor/ Colaborador:Garnier, M.J. Data:[189-?] Descrição:bico de pena Assuntos:Authors, Brazilian - Portraits Oliveira, Leonete de Portraits B869.8 Oliveira, Leonete de, n.1888 - RetratosEscritores brasileiros - RetratosT ipo: Desenho Idioma: Português

30 Rosa na Academia. 17 de outubro de 2010. Jornal: O Estado do Maranhão , 17 de outubro de 2010 – Domingo, Por: Lino Raposo Moreira, PhD. http://www.academiamaranhense.org.br/blog/rosa-na-academia/ 31 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ELOGIO AO PATRONO: ELZA PAXECO MACHADO. MARANHAY, VOLUME 50 – OUTUBRO – 2020

https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_50_-_2020b


Leonete utilizava o pseudônimo de Angela Grassi, que foi uma escritora romântica espanhola, do século XIX32. Nos jornais da época, aparecem vários poemas e artigos a ela dedicados. Assim como começa a usar seu nomenas publicações, que iam além de poemas e contos: publica também críticas literárias. Foi auxiliar de biblioteca, na Benedito Leite A Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro, em sua edição de 14 de novembro de 1914, noticia que estava fixando residência no Rio de Janeiro a poetisa maranhense Leonete Oliveira, procedente de São Paulo; M. Nogueira da Silva publica na Gazeta de Noticias, edição de 29 de novembro de 1914 meia página dedicada à poetisa Leonete Oliveira, recém se estabelecida no Rio de Janeiro. O Jornal, de 2 de julho de 1917, anuncia o aparecimento de Cambiantes. Lima Barreto, na Revista Contemporânea (31/08/1918)33, sob o título “Um poeta e uma poetisa” – Hermes Fontes e Leonete Oliveira tece algumas considerações sobre sua obra, assim como Nogueira da Silva, no Jornal das Moças (1917) traznos a seguinte crítica:34 Leonete Oliveira é a maior e a mais brilhante poetisa maranhense, que ao lado de Gilka Machado, Julia Lopes da Silva, Laura da Fonseca e Silva, Julia Cortines, Rosalia Sandoval, Ibrantina Cardone, Julieta e Revocata de Mello, Leonor Posada, Violeta Odette e outras, forma na vanguarda das letras femininas no Brasil. Logo a seguir, nessa mesma revista, aparece uma nota em que consta como sendo pianista, residindo em Fortaleza, assinando uma composição, que enviara à publicação, como Leonete Oliveira Rocha Em artigo de Diomar das Graças Mota35 - Mulheres professoras maranhenses: memória de um silêncio, publicado em 200836 - consta a seguinte biografia: Leonete Oliveira (1888–1969), professora normalista, lecionava Português em casa, principalmente para mulheres, e foi a precursora do ensino de Estenografia, em São Luís. Acreditava ser esta uma das alternativas para o acesso, principalmente da mulher, ao mercado de trabalho. Poetisa, publicando em 1910 sua primeira obra, intitulada Flocos, em seguida publicou em Portugal Folhas de outono, posteriormente Cambiantes, em Fortaleza, onde integrou a ala feminina da Casa de Juvenal Galeno, instituição literária idealizada e fundada em 1942. Para saber mais, leia QUEM FOI A PRIMEIRA POETA MARANHENSE?37, A PRIMEIRA ESCRITORA MARANHENSE: ALGUMAS DÚVIDAS E ELUCIDAÇÕES38, EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: AINDA LEONETE OLIVEIRA39

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Angela Grassi (Cromá, 2 de agosto de 1823 - Madrid, 17 de septiembre de 1883) fue una escritora romántica española del siglo XIXhttps://es.wikipedia.org/wiki/%C3%81ngela_Grassi

http://memoria.bn.br/DocReader/Hotpage/HotpageBN.aspx?bib=351130&pagfis=415&url=http://memoria.bn.br/docreader# http://memoria.bn.br/pdf/111031/per111031_1917_00110.pdf 35 Doutora em Educação pela Universidade Federal Fluminense – UFF, docente do Departamento de Educação II e dos Programas de Pós-Graduação: Mestrado em Educação e Mestrado Materno-Infantil da Universidade Federal do Maranhão – UFMA. Email: diomar@elo.com.br. 36 EDUCAÇÃO & L INGUAGEM • ANO 11 • N. 18 • 123-135, JUL.-DEZ. 2008 37 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. QUEM FOI A PRIMEIRA POETA MARANHENSE? 38 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A PRIMEIRA ESCRITORA MARANHENSE: ALGUMAS DÚVIDAS E ELUCIDAÇÕES 39 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: AINDA LEONETE OLIVEIRA 34


E MANOEL SALLES E SILVA, quem conhece? Ao pesquisar sobre Fran Paxeco, meu patrono da Academia Ludovicense de Letras, deparei-me com o lançamento de um livro de poesia de título “Padrões”, obra póstuma, que fora prefaciada por Fran... Informa, ainda, que estavam sendo publicados artigos que apareceram em diversos jornais de São Luís. Encontrei dados sobre seu percurso estudantil, desde o ensino secundário até seu ingresso na Faculdade de Farmácia do Pará, compreendo os anos de 1900 até 1910. Desse mesmo ano, as notas de seu falecimento, e as missas rezadas. Autor de Vala Comum, versos; e de Padrões, versos, além de vários artigos publicados no Pará, onde estudava Farmácia, e em São Luís. O lançamento de seu segundo livro aparece também em jornais do Rio de Janeiro, e indicação de Leitura de Domingos Perdigão, em 1929: “O que há para ler” na Biblioteca Benedito Leite. Em A PACOTILHA, 13 de fevereiro de 1913 ‘PADRÕES – recebemos os “Padrões’, a obra póstuma de Salle e Silva, o jovem poeta tão cedo roubado as letras. [...] A obra foi andada imprimir pela família do malogrado moço, como uma carinhosa homenagem á sua memória. [...] Não faremos a crítica dos versos de Salles e Silva. Tão cedo ele morreu e tantas esperanças a sua morte ceifou, que, lendo as composições reunidas em volumem pelas mãos, que desde o berço vinham abençoando, a gente, longe de ser levado à crítica, pensa nisto a que ele mesmo chamou ‘a libertação, que também sonhou Buda”, o selo “esteril do Norvana” [...] o volume traz um prefacio de Fran Paxeco e fecha com os artigos publicados na “Pacotilha” e “Diário do Maranhão”. [...] agradecemos o exemplar que nos foi enciado. E em O Imparcial, do Rio de Janeiro: “Livros Novos S. Luis – Appareceu também o livro de poesias posthumas do malogrado jovem Manoel Salles Silva, intitulado “Padrões” o livro traz uma carta-prefácio do publicista Fran Paxeco. Também em A Noite, do Rio de Janeiro: O MARANHÃO LITTERÁRIO – Poesias e história : Appareceu também o livro de poesias posthumas do malogrado jovem Manoel Salles Silva, intitulado “Padrões” o livro traz uma carta-prefácio do publicista Fran Paxeco. Para conhecer sua poesia: MANOEL SALLES E SILVA, POETA MARANHENSE. QUEM CONHECE?40 Já que falamos de Nunes Pereira, vamos falar de RAIMUNDO NONATO PINHEIRO:

CASTRO, Kyssian. - NONATO PINHEIRO, O POETA QUE A BARRA ESQUECEU, in Revista da Literatura Barra-Cordense 33, Published on Nov 15, 2017, disponível em

https://issuu.com/kissyan/docs/revista_20da_20literatura_20barra-c

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VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. MANOEL SALLES E SILVA, POETA MARANHENSE. QUEM CONHECE?


Raimundo Nonato Pinheiro nasceu em Barra do Corda em 8 de novembro de 1890, e faleceu em Manaus a 15 de outubro de 1938. Partiu de São Luís para Manaus em 1911, já casado com Diana Macedo Pinheiro, da cidade de Caxias. Tiveram quatro filhos naturais e uma adotiva. O ‘Jornal do Comércio’, de Manaus (ed. 14/12/1969) traz matéria sobre o poeta maranhense Raimundo Nonato Pinheiro (pai) 41, ressaltando que fora grande amigo de Maranhão Sobrinho, e um dos poucos que acompanhou seu enterro desde o casebre onde morava no bairro Cachoeirinha:

Companheiro de Maranhão Sobrinho e de Nunes Pereira, conforme registra Maria Luiza Ugarte Pinheiro42: Numa época em que a vida literária era sinônimo de vida boêmia, foi comum que os homens de letras (jornalistas, poetas, juristas, professores, etc.) montassem suas “igrejinhas” nesses espaços de sociabilidade. Ali, entre goles do mais fino champanhe francês ou de um trago da mais barata genebra, lamentavam o acanhamento da vida provinciana, propunham saídas para os problemas nacionais, confidenciavam segredos de alcova e desnudavam intermináveis intrigas com seus desafetos. Para um crítico da época, a intriga e a mesquinharia ficavam a cargo dos menos talentosos, dos “pobres diabos da literatura” ou dos “liliputianos da imprensa de picuinha”. (MESQUITA, 1935, 60)43 [...] Da mesma forma que as opções etílicas, as articulações literárias podiam variar também em função da origem e inserção social de seus integrantes. Assim, os poetas mulatos maranhenses, Nunes Pereira, Raimundo Nonato Pinheiro e Maranhão Sobrinho, sofreram forte segregação e foi somente graças aos seus talentos e a boa dose de ousadia que conseguiram se impor e minorar o processo de marginalização que sobre eles recaía4 . A Autora registra, em nota de pé-de-página que:

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http://www.taquiprati.com.br/cronica/478-em-nome-do-padre PINHEIRO, Maria Luiza Lugarte. Periodismo e Vida Literária em Manaus. Trabalho apresentado no GT História do Jornalismo integrante do V Encontro Regional Norte de História da Mídia 43 MESQUITA, Carlos. Glebarismo. Manaus: s/ed., 1935, citado por PINHEIRO, obra citada 42


O ingresso de Nunes Pereira na Academia Amazonense de Letras, no ato de criação dessa entidade (1918) demonstra bem os embates que foram necessários assumir. Sem ser convidado, Nunes entrou ébrio na sessão solene e se indicou para a cadeira de Cruz e Souza, com o argumento deste ter sido um mulato como ele. 44 Nonato Pinheiro, além de grande amigo de Maranhão Sobrinho, ainda foi o guardião de seu espólio literário. Para saber mais: UM POETA ESQUECIDO: RAIMUNDO NONATO PINHEIRO45 Vamos a outras escritoras lembradas por Jucey Santana: Temos uma riqueza de poetisas ainda completamente esquecidas. A exemplo de Maria Cristina Azedo que encontramos poemas seus desde 1873. Em 1899 ela publicou “Amor e Desventura”, pela Tipografia Ramos de Almeida. O último livro dela foi “Flores Incultas”, em 1924. Zilá Paes fundou vários jornaizinhos como: Carriça, Vésper, Nossa Bandeira... Publicava seus poemas e dos alunos [...] De Zilá Paes achei mais recortes para sua memória em diversos jornais do Maranhão, existentes na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. Interessante, que sobre essa intelectual, as referências são apenas de sua atuação enquanto diretora da Escola isolada Sotero dos Reis, das palestras que fez, em datas cívicas com a participação de alunos da escola que dirigia, e nenhuma poesia ou conto publicado, nos jornais, como era de costume da época. No acervo da BPBL-Digital, não encontrei a Revista Renascença, e a Maranhense 46 , consultei os números disponíveis e não encontrei o nome de Zilá Paes. Não vi todos os números de alguns jornais, os que apresentam mais referencias, mas as que vi, se referem apenas à diretora, e nenhum texto... Para saber mais: EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: ZILÁ ANGELA PAES47 Já Maria Cristina Azedo aparece com vários poemas e sonetos publicados, assim como a participação em sociedades literárias. Seu primeiro poema publicado é de 1896, em homenagem ao filho; em 1897, outro, à sua filha Isis. Aparecem, em 190, numa coletânea publicada pelo Centro Caixeiral e esta outra noticia, de A Pacotilha de 07 de março de 1900, o surgimento de uma nova poetisa:

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Em Depoimento (ainda inédito) à Geraldo Pinheiro. À Autora. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. UM POETA ESQUECIDO: RAIMUNDO NONATO PINHEIRO

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http://casas.cultura.ma.gov.br/portal/sgc/modulos/sgc_bpbl/acervo_digital/arq_ad/20160106110201.pdf

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VAZ, Leopoldo Gil Dulcio EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: ZILÁ ANGELA PAES


O ultimo registro é de 1927. Não encontramos, até agora, nada sobre sua biografia... Para conhecer sua poesia: EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: MARIA CRISTINA AZEDO MATTOS48 “Vovó Biluca” é outra escritora maranhense desconhecida; mas quem é “Biluca”? Lembrei de minha avó Isabel Fialho Felix, autora do livro de poesias "O Por-do-Sol de Minha Terra", escrita à beira do rio Itapecuru, quando lia as histórias da 'Carochinha', para os netos pequenos (inclusive eu) e ao final, tirava suas conclusões e afirmava: "Eu também já fui assim, etc e tal...". Daí, acabava tornando uma história da 'Carochinha', um fato real em minha cabecinha de criança. 'Ora, se isso aconteceu com Vovó 'Biluca", isso foi real e pode acontecer comigo também...', indagava eu em minha inocência49. A avó de Mhario Lincoln!!!

Isabel Fialho Félix nasceu em Grajaú, em 05 de maio de 1905, casada aos 13 anos de idade com o libanês Antonio Cachem Felix, comerciante em Rosário; o primeiro filho, aos 15 anos, mãe de Isilda Fialho Felix, Flor de Liz Fialho Felix, Grace Iris Fialho Felix, e Wilson Paulo Fialho Felix. Poetisa, conforme registro em vários jornais de São Luís, tendo publicado o livro “O por do sol de minha terra”; segundo A Pacotilha (05/05/1958): Os versos da poetisa Isabel Fialho Felix vem sendo publicados em várias revistas literárias do país e merecendo as mais elogiosas referencias de renomados críticos nacionais” Não encontramos essas referencias, e temos alguns poemas transcritos por uma de suas netas. Para conhecer alguns de seus versos, ver: EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: ISABEL FIALHO FELIX50 E para finalizar vamos em busca de JESUINA AUGUSTA SERRA, Autora participante do Parnaso Maranhense, de 1861. Para Sílvio Romero, na História da Literatura Brasileira, de 188251:

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VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: MARIA CRISTINA AZEDO MATTOS

MHÁRIO LINCOLN. AMAR É UM ELO ENTRE O AZUL E O AMARELO. In ALL EM REVISTA, v. 4, n. 3, julho a setembro, 2017, p. 400402, disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/revista_all__n.4__v._3__julho-setem 50 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: ISABEL FIALHO FELIX 51 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin Digital. Disponível em: http://www.brasiliana.usp.br/.


Nessa espécie de catedral barroca de nossa literatura onde, ao lado dos in santos, se assim se pode dizer, das figuras de primeira plana, de valor incontestado, tiveram entrada carrancas e bonifrates, gente miúda, gente mais – ou menos – que secundária, só foram incluídas sete mulheres: Ângela do Amaral Rangel, Beatriz Francisca de Assis Brandão, sobrinha de Maria Joaquina Dorotéia de Seixas, a doce Marilia das Liras de Gonzaga, Delfina da Cunha, Nísia Floresta (...), Narcisa Amália, Maria Firmina Reis e Jesuína Serra. (...) (PEREIRA: 1954, 18)52. Segundo Constância Lima Duarte53, Virginia Woolf54, ao visitar bibliotecas à procura de obras escritas por mulheres, constatou o número quase insignificante desta produção, atribuiu à profunda misoginia, que não cansava de afirmar a inferioridade mental, moral e física do gênero feminino, as poucas chances que então eram dadas às mulheres. No clássico estudo “Um teto todo seu”, de 1929, resumiu assim as condições necessárias para que o talento criativo pudesse surgir: era preciso ter um quarto próprio e serem minimamente independentes e instruídas. A exclusão cultural estava associada irremediavelmente à submissão e à dependência econômica. Se o talento criador não era exclusivo dos homens, os meios para desenvolvê-los, com certeza eram: É certo que Virginia Woolf fala de outro lugar e de outro tempo, quando as universidades inglesas não aceitavam mulheres circulando em suas dependências, e muito menos o mercado de trabalho. Mas também entre nós já foi assim. Nas últimas décadas do século XIX, e mesmo nas primeiras do século XX, causava comoção uma mulher manifestar o desejo de fazer um curso superior. E a publicação de uma obra costumava ser recebida com desconfiança, descaso ou, na melhor das hipóteses, com condescendência. Afinal, era só uma mulher escrevendo. (DUARTE, obra citada). No Parnaso Maranhense: Dona J. A. Serra SONETO. De estatura ordinária e corpo cheio, A tez pouco morena e descorada, Testa nada redonda, antes quadrada, Nariz muilo commum, porem não feio; Os olhos a volver, mas com receio, A bocca regular, mas engraçada, A voz, se bem que meiga, já cansada De supplicar cm vão o amor alheio; Dos homens, em geral, pouco gostando E capaz por um só de dar a vida, Contente os guilhõe seus, louca beijando: Eis Josiua, que a sorle femeníida, N´ste mundo cruel, feio e nefando, Cansou, para querer, sem ser querida ! https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/autores/?id=18854

https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=107145, p. 193 PEREIRA, Lúcia Miguel. “As mulheres na literatura brasileira”. Revista Anhembi, n. 49, ano V, vol. XVII. São Paulo, dezembro, 1954. 53 Arquivos de mulheres e mulheres anarquivadas: histórias de uma história mal contada Constância Lima Duarte (UFMG), disponível em http://www.uesc.br/seminariomulher/anais/PDF/Mesas/CONST%C3%82NCIA%20LIMA%20DUARTE.pdf 54 WOOLF, Virginia. Um teto todo seu. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. 52


Para saber mais: EM BUSCA DAS AUTORAS MARANHENSES: JESUINA AUGUSTA SERRA55

Paro por aqui. Obrigado pela paciência e oportunidade Obrigado. Aguardo as críticas...

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VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. EM BUSCA DAS AUTORAS MARANHENSES: JESUINA AUGUSTA SERRA


“DR. TIRA-TIRA”, O DONO DO TROVÃO: NUNES PEREIRA - recortes & memória

Eu sou um grande pornógrafo! Prefiro ser antropófago do que antropólogo Manuel Nunes Pereira56 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Academia Ludovicense de Letras Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Professor de Educação Física. Mestre em Ciência da Informação

Aos poucos, vai-se desvendando a vida de Nunes Pereira, envolta em mistérios... ou sobras, conforme refere Zemaria Pinto57, um seu biógrafo. Quase todas as fontes o dão como nascido no Maranhão, sem, contudo identificar o local, nem a data, nem a filiação58: Manoel Nunes Pereira, também conhecido como Nunes Pereira (1892 — 1985), nascido no Estado do Maranhão, foi um antropólogo e ictiólogo que viveu grande parte de sua vida em Manaus, e, posteriormente, na cidade do Rio de Janeiro, tendo viajado seguidamente ao interior da Amazônia. Foi, ao lado de escritores como José Chevalier, Péricles de Moraes e Benjamin Lima, um dos fundadores da Academia Amazonense de Letras59. Foi casado com a Sra. Maria Nunes Pereira, de quem enviuvou quando estava com mais de 80 anos de idade, tendo o casal deixado numerosa prole, entre filhos, netos e bisnetos. O seu falecimento a 26 de fevereiro de 1985 teve como causa câncer intestinal.

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Biblioteca Nacional/ Coleção Nunes Pereira (BN/CNP). O Pasquim, n° 756, 22 dez. 1983, p.2. 57 Zemaria Pinto – Nascido em Santarém, no Pará, em 1957, desde tenra idade vive em Manaus, capital do Amazonas. Publicou os seguintes livros de poemas: Corpoenigma (1994), Fragmentos de Silêncio (1996) e Música Para Surdos (2001). Professor de Teoria da Literatura e Literatura Brasileira, tem, em parceria com Marcos-Frederico Krüger, dois livros de ensaios sobre obras indicadas para o vestibular da Universidade Federal do Amazonas (2000 e 2001). Escreve também para o teatro, tendo sido primeiro colocado no Concurso de Textos Teatrais Inéditos, promovido pela Secretaria de Cultura do Amazonas, em 2002, com a peça Nós, Medeia, a ser publicada em 2003, pela Editora Valer. Encenou a comédia Papai Cumpriu Sua Missão, em 2000/2001, e no momento ensaia Diante da Justiça, baseado em Kafka. http://www.jornaldepoesia.jor.br/zpinto.html#bio 58 https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Nunes_Pereira 59 https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Nunes_Pereira


Gerlaine Martini na revisão de pioneiros no campo religioso afro-brasileiro, com enfoque em seu nível de participação nos rituais e em como isso interferiu em seus estudos e obra, refere-se a Nunes Pereira como um dos pioneiros nesse campo de estudo60 [...] em relação aos primeiros escritos de religiosos, o autor maranhense Manoel Nunes Pereira (1892-1985) redigiu, ainda em 1942, A Casa das Minas. [...] esta obra: (...) constitui o primeiro testemunho de observador que pertença à cultura do objeto de estudo. Darlisangela Maria Monteiro (2009)61 em sua Dissertação serve-se da obra de Nunes Pereira através da análise do livro “Estórias e experiências de Baíra - o grande burlão”, lançado em 1944, e seu aproveitamento no ensino de Ciências naturais. Tomam-se, como objeto, os saberes tradicionais presentes nas narrativas da obra acima referida. Nela, esse antropólogo organizou uma série de narrativas dos índios Cauaiua-Parintintim, do rio Madeira, cujo protagonista é Baíra, um misto de herói e anti-herói ou, em linguagem científica mitológica, de herói civilizador e burlão. Ao escrever sobre o autor, traça a seguinte biobibliografia: .

Conhecendo o autor Manoel Nunes Pereira (São Luís do Maranhão, 1893 ou 1895 – Rio de Janeiro, 1985) foi um antropólogo de reconhecimento internacional. Cursou Veterinária (1915) na Escola de Zootecnia-RJ, se graduou em veterinária (1917) na Universidade Livre de Manaus. Chefiou a Seção da Agricultura e Industria Pastoril do Amazonas e do Rio Grande do Norte, a prática lhe serviu de base para escrever sobre A Industria Pastoril do Amazonas (1922), A Industria Pastoril no Rio Grande do Norte (1928), A Pesca no Rio Grande do Norte (1934) A Pesca no Rio Purus (1941), O Peixe-Boi da Amazônia (1944). Estudou biologia geral, botânica e geologia. Foi membro da Academia Maranhense de Letras (1976), como poeta publica seu primeiro livro O Tempo (1913). Dentre as suas obras mais relevante estão: A casa das Minas (1947). Sua participação é evidenciada em pesquisas de campo na região amazônica, cujo propósito era coletar dados que permitissem registrar com precisão a cultura indígena62 . A obra que estudamos neste trabalho foi publicada pela primeira vez em 1940, em francês sob o título de Le Sage Bahira Et Son Fils (1979). Depois, em 1980, foi inserida no Moronguêtá – um decameron indígena, sua obra maior. Dentre as reedições a mais recente é esta: Experiências e estórias de Baíra – o grande Burlão (2007), organizada pela Editora Valer, nessa versão, foi publicada com algumas alterações irrelevantes, que não chegaram a 2 Costa, (1997) em sua tese fala que Nunes Pereira em uma de suas viagens pelos rios da Amazônia sofreu um naufrágio e nesse perdeu-se todos os seus documentos, muitos desses são foram recuperados devido a sua vida de andarilho. E quanto ao título de antropólogo o que se sabe é que por ter vasta produção sobre a cultura indígena, Nunes foi homenageado pela imprensa e prestigiado por antropólogos como Claude Lévi-Strauss, Emílio Delboy pelos excelentes trabalhos etnológicos e etnográficos sobre os povos indígenas Maués, Parintintim, entre outros. 17 comprometer o texto original. A linguagem foi adequada para facilitar a compreensão pelo leitor e obedecer às normas gramaticais vigentes.

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MARTINI, Gerlaine. APONTAMENTOS SOBRE O CAMPO DAS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS E SEUS AUTORES REVISITADOS. In REVISTA CALUNDU http://calundu.org/revista GIRA EPISTEMOLÓGICA Volume 1, Número 1, Jan-Jun 2017. Doutora em Antropologia pela Universidade de Brasília, integrante do Calundu (Grupo de Estudo sobre Religiões AfroBrasileiras). 61 MONTEIRO. Darlisângela M. Educação e Ciência: variante Baíra. 110 f. 2009. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino de Ciências). Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, 2009. http://www.pos.uea.edu.br/data/area/titulado/download/101.pdf 62 Costa, (1997) em sua tese fala que Nunes Pereira em uma de suas viagens pelos rios da Amazônia sofreu um naufrágio e nesse perdeu-se todos os seus documentos, muitos desses são foram recuperados devido a sua vida de andarilho. E quanto ao título de antropólogo o que se sabe é que por ter vasta produção sobre a cultura indígena, Nunes foi homenageado pela imprensa e prestigiado por antropólogos como Claude Lévi-Strauss, Emílio Delboy pelos excelentes trabalhos etnológicos e etnográficos sobre os povos indígenas Maués, Parintintim, entre outros. COSTA, Selda Vale da. Labirintos do saber: Nunes Pereira e as culturas Amazônicas: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, SP. 1997. (Tese de Doutorado em Ciências Sociais).


Dos autores pesquisados, e das notas em jornais, é a única que o dá como nascido em São Luís, e falecido no Rio de Janeiro: Manoel Nunes Pereira (São Luís do Maranhão, 1893 ou 1895 – Rio de Janeiro, 1985), porém sem precisar a data certa – é tido como nascido em 1892, por algumas biografias, como visto acima. Costa (1997)

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, em sua tese defendida junto à PUC-SP nos traz os seguintes dados:

Esta pesquisa delineia o percurso intelectual do veterinário, etnólogo e naturalista Manuel NUNES PEREIRA, nascido em São Luís do Maranhão a 26 de junho de 1891 e falecido no Rio de Janeiro a 26 de fevereiro de 1985, ressaltando sua contribuição aos estudos das culturas amazônicas e à formação de um pensamento regional. Telma de Verçosa Roessing e Elenise Faria Scherer (2016) 64, em “A Amazônia na narrativa mítica na obra Moronguetá – Um Decameron indígena”, de Manuel Nunes Pereira afirmam que Manuel Nunes Pereira era maranhense, nasceu em São Luís do Maranhão em 26 de junho de 1893 e faleceu no Rio de Janeiro em 26 de fevereiro de 1985. Veio cedo para o Amazonas e foi um dos fundadores da Academia Amazonense de Letras. Durante mais de quarenta anos, desde o litoral atlântico às encostas guianenses, empreendemos numerosas e acidentadas viagens através da Amazônia Brasileira e países limítrofes, lidando quotidianamente com os habitantes das suas cidades, vilarejos, seringais, fazendas, centros de pesca e de extração de madeiras e minérios. (PEREIRA, 1967, v.1, p. 165). Em jornal eletrônico editado em Santarém, O EstadoNet66, edição de 26 de agosto de 2019, em resenha do livro de Nunes Pereira, consta: Nunes Pereira nasceu em São Luís do Maranhão, a 26 de junho de 1893. Faleceu em 1985. Antropólogo e ictiólogo, viveu parte de sua vida em Manaus. Estudou em Niterói, Belém e Rio de Janeiro, mas se notabilizou pela curiosidade com que se lançou “rio-abaixo, rio-acima”, Amazônia a fora, no posto de veterinário a serviço do Ministério da Agricultura, enchendo os olhos de paisagens e os ouvidos de mitos, lendas e histórias, atitude que vem consignada numa das epígrafes do livro:“Relato o que vi e ouvi e aquilo que alguém deu de si” (Antônio Vieira). Quanto à sua filiação, sabe-se apenas o nome de sua mãe, Felicidade Nunes Pereira, costureira; seu pai era sapateiro, conforme “O Dono do Trovão - Manoel Nunes Pereira (1893-1985)” - título de artigo escrito por Mariza Corrêa67, que o entrevistou em 1984: [...] relembrou o seu Maranhão, mãe Andresa Maria68 (a testemunha contra o sincretismo: “Santo negro é Santo negro” ) da casa das minas onde sua mãe, Felicidade Nunes Pereira, teria chegado a ser nochê, se não fosse levada pela gripe espanhola de 1918.

63 COSTA, Selda Vale da. Labirintos do saber: Nunes Pereira e as culturas amazônicas. 1997. 437 f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) - Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1997. https://tede2.pucsp.br/handle/handle/22063 64 ROESSING, Telma de Verçosa; SCHERER, Elenise Faria. A Amazônia na narrativa mítica na obra Moronguetá – Um Decameron indígena, de Manuel Nunes Pereira. IN RELEM – Revista Eletrônica Mutações, janeiro –junho, 2016 65 PEREIRA, Manuel Nunes. Moronguetá: Um Decameron indígena. vol. 1. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967. (Coleção Retratos do Brasil nº 50). 66 https://www.oestadonet.com.br/noticia/1737/um-decameron-indigena/ 67 CORRÊA, Mariza. O Dono do Trovão Manoel Nunes Pereira (1893-1985). (in Memorian). 374-Texto do artigo-15576-1-1020180608.pdf 68 Andresa Maria de Sousa Ramos, conhecida como Mãe Andresa (Caxias, Maranhão, 1854 — 1954), foi uma grande sacerdotisa do Tambor de Mina Jeje, culto aos voduns do Maranhão. Considerada a última princesa de linhagem direta Fon, seus nomes africanos dados pelos voduns eram Ronçoiama e Rotopameraçuleme (nome dado após o barco, ou cerimônia de iniciação). Mãe Andresa coordenou a Casa das Minas entre 1914 e 1954. Faleceu aos 100 anos de idade. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A3e_Andresa


Segundo Augras (1983) 69 Nunes Pereira é mestiço e sua mãe era sacerdotisa em templo vodu de São Luís do Maranhão. Ele é o primeiro a dar testemunho de uma verdade interior, que pertence ao seu patrimônio pessoal: [...] Consagrado desde pequeno a Badé, da família de Keviosso, o equivalente Gege de Xangô – é-lhe difícil levar a sério as interpretações euro-americanas. Nega que haja sincretismo com os santos católicos. De modo semelhante a Manuel Querino, Nunes Pereira é alguém “de dentro”, cujas práticas rituais sempre foram parte do cotidiano, tentando legitimar sua religião de origem para “fora”, ao descrevê-la. Sobre os primeiros autores das religiões afrobrasileiras, alguns já mencionados até aqui, Julio Braga (op. cit.: 51) faz um arremate: “Os principais estudiosos do candomblé e da cultura negro-africana de maneira geral foram ou são ogãs e têm prestado relevantes serviços à preservação e valorização do aludido universo sociocultural” No documentário “NUNES PEREIRA – A CASA DAS MINAS (1978)”, de José Sette70: “Fui entregue por minha mãe, Dona Felicidade, à proteção do Vodum Badé, com suas contas azuis, na casa matriarcal das Minas, e, acolá, durante muito tempo, verifiquei a ritualística Jêje, motivo da minha obra, a primeira a realmente tratar dos resquícios da cultura de africanos naquela parte do Brasil”. (Nunes Pereira)

Em agosto de 1977, o Jornal do Brasil, em matéria assinada por Sérvulo Siqueira 71, informava a preparação de um projeto em que Nunes Pereira e o seu livro seriam um dos temas. Dirigido por Rolando Santos, Carlos Silva e José Sette, tratava-se de uma série de documentários sobre um culto religioso em vias de desaparecimento e seria filmado em São Luís, no Rio de Janeiro e no Benim: [...] com duração de 30 minutos, o documentário começa no gabinete de trabalho de Nunes Pereira — prateleiras que abrigavam uma biblioteca há pouco vendida ao governo do Pará —, com o professor recordando traços de sua meninice em São Luís do Maranhão (...) onde Felicidade Nunes Pereira — sua mãe e uma noché — participava como uma das oficiantes do culto. De suas lembranças vamos para Jacarepaguá onde o professor nos introduz a um querebetã, terreiro, em idioma nagô".16 Anos depois, em entrevista ao jornal O Globo, Nunes Pereira sublinharia essa espécie singular de comprometimento com o culto: "Com o leite materno, fui absorvendo uma participação direta nas práticas do culto. Nunca recorri a práticas de

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AUGRAS, Monique. O Duplo e a Metamorfose. Petrópolis: Vozes, 1983. https://www.forumdoc.org.br/movie/nunes-pereira-a-casa-das-minas/ 71 O culto vudu no Brasil: a visão de um documentário. Entrevista do Professor Nunes Pereira a Sérvulo Siqueira. Matéria publicada no jornal O Globo em 25 de agosto de 1977. http://www.guesaaudiovisual.com/Cinema/NunesPereira.html 70


liturgia, mas no íntimo estou e sinto-me comprometido com as figuras de Badé e Poli Bogi que eram os vudos (sic) de minha mãe.72 Para Corrêa (1984) 73, sua mãe o entregara a Badé, o “dono do trovão” (santo militar, “podem crer que eu não gosto”, e que também usava bengala) e sua trajetória pessoal foi semelhante à percorrida pelas religiões de origem africana que migraram do Maranhão para o Pará: Em Belém, aos cinco anos, ele perdeu seu pai (sapateiro, “e fazia sapatos muito lindos para mim, ainda hoje me lembro, sapatos de cano alto, assim muito lindo, muito enfeitado.’’) e a noviche do bairro de São Pantaleão virou costureira de uns parentes abastados. Eles o ‘perfilharam” e o mandaram estudar no Colégio Inglês-Alemão, em Petrópolis, depois no Salesiano, de Niterói e, mais tarde, no Ginásio Paes de Carvalho, de volta a Belém. Zemaria Pinto, quem vai elucidar essa questão74:

Um tio desembargador, marido de outra noviche, a tia Ida Alves Barradas, achou que ele era muito boêmio para seguir a carreira de direito: Tinha jeitão boêmio, bom bebedor que foi até findar-se aos 92 anos. Era estudioso metódico, pesquisador obstinado e pertinaz, o qual se tornou autodidata, após abandonar o curso de Direito. Além do português e o tupi-guarani, nheengatu, dominava o inglês, o francês, o alemão e o italiano. (BITTENCOURT, 1993, p. 117)75. Voltando ao Rio, Nunes Pereira se tornou aluno da primeira escola (nunca fundada) de veterinária do país, de Alípio de Miranda Ribeiro76, integrante, como outros a quem conheceu na época, da equipe de Rondon: 72

PEREIRA, Manuel Nunes. Carta a Judith Gleoson comunicando que não será possível recebê-la quando vier ao Rio pois estará viajando para Porto Velho. Rio de Janeiro, 02/02/1983. 1 p. Orig. Ms. Acompanha envelope. Série Correspondência ativa. Coleção Nunes Pereira. 1-08,29,017 73 CORRÊA, Mariza. O Dono do Trovão Manoel Nunes Pereira (1893-1985). (in Memorian). 374-Texto do artigo-15576-1-1020180608.pdf 74 PINTO, José Maria (Zemaria). Nunes Pereira, esboço em cinza e sombras. https://pt.slideshare.net/Zemaria1957/nunespereira-esboo-em-cinza-e-sombras 75 BITTENCOURT, Ulisses. A partida do velho amigo. In: PORTO, Arlindo. Nunes Pereira “O Cavaleiro de todas as madrugadas do Universo”. Manaus, 1993, 115-118. http://www.guesaaudiovisual.com/Cinema/NunesPereira.html 76 Alípio de Miranda Ribeiro (Rio Preto, 21 de fevereiro de 1874 - Rio de Janeiro, 8 de janeiro de 1939) foi um naturalista brasileiro. Foi o criador do primeiro serviço oceanográfico da América do Sul, a Inspetoria de Pesca(1911). Nascido em Rio Preto, desde jovem interessou-se por História Natural e, na adolescência, traduziu para a língua portuguesa a obra do conde de Buffon. Mudou-se para o Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil, onde se matriculou na Faculdade de


No mesmo ano em que ele casou com Maria e entrou, por concurso, no Ministério da Agricultura, como técnico (“Não havia universidade naquela época e eu já era universitário. Sou um autodidata, como Sócrates e Platão.”) e onde trabalhou a vida toda. Escrevendo sobre os autores maranhenses que se dedicaram à narrar sobre esportes, em minha revista (VAZ,201977) relato essa passagem de Nunes Pereira pelo Rio de Janeiro: NUNES PEREIRA Manuel Nunes Pereira - Nunes Pereira - (1892 — 1985), nascido no Estado do Maranhão, foi um antropólogo e ictiólogo que viveu grande parte de sua vida em Manaus, e, posteriormente, na cidade do Rio de Janeiro78. Coelho Netto – transformado em uma, nem sempre bem sucedida, agencia de empregos, solicitou a um amigo uma colocação a Nunes Pereira: “Prestes amigo, O portador, Manuel Nunes Pereira, é poeta e do Maranhão, já se vê, filho da oliveira e da cigarra. Dá-lhe tu que o tens, um lugarzinho no posto que és defensor perpétuo e escracha contrabandistas. Se deferires este meu pedido, saberei cantar-te o favor em rimas de ouro, as quais já levam o selo e o coração do teu, Coelho Netto”.79 Nunes Pereira foi veterinário do Ministério da Agricultura até a sua aposentadoria e teve alguns de seus opúsculos científicos editados pela Div. de Caça e Pesca do M.A. (O pirarucu, A tartaruga verdadeira do Amazonas e O peixe-boi da Amazônia, tendo sido este último artigo científico publicado, em 1944, no Boletim do Ministério da Agricultura). Escreveu diversos livros, sendo a sua obra mais conhecida Moronguetá - um decameron indígena, conjunto monumental de pesquisas, apresentado por Thiago de Mello (dois tomos), onde constam reproduções de páginas de cartas a Nunes Pereira emanadas de cientistas sociais como Roger Bastide e Claude Lévi-Strauss. Com esses estudiosos o antropólogo maranhense-amazonense travou contato pessoal, quando da passagem deles pelo Brasil. Carlos Drummond de Andrade escreveu, no Jornal do Brasil, uma crônica sobre o autor de Os índios maués, um dos primeiros pesquisadores mestiços brasileiros - era cafuzo, descendente de índios, negros e brancos - a obter reconhecimento científico internacional89. Medicina do Rio de Janeiro, não tendo chegado a concluir o curso. Em 1894 ingressou no Museu Nacional, com a função de preparador interino da 1ª Secção. Em 1897 foi nomeado naturalista-auxiliar, vindo a exercer os cargos de Secretário (1899), professor e chefe da Divisão de Zoologia (1929), função que exerceu até vir a falecer. Participou da Comissão Rondon e acompanhou a sua primeira expedição (1908-1910), oportunidade em que realizou valiosas observações e coleta de material, tendo aproveitado o percurso do Rio de Janeiro a Corumbá, para coletar material zoológico (1908). Theodore Roosevelt, exPresidente dos Estados Unidos, participou de uma dessas expedições juntamente com o Coronel Cândido Mariano Rondon (18651958), na que ficou conhecida como Expedição Roosevelt-Rondon. Exerceu o cargo de substituto da Secção de Zoologia (19101929), quando foi promovido a Professor-Chefe do mesmo. Em 1911, após ter visitado museus na Europa e nos Estados Unidos, e de ter estudado os seus programas de pesquisa, fundou a Inspetoria de Pesca, primeiro serviço oficial a dedicar-se ao setor, no Brasil. Foi seu primeiro diretor (1911-1912), ali tendo estabelecido um espaço museológico sobre a pesca, uma biblioteca especializada, seções técnicas de pesquisa e tendo operado um navio oceanográfico, o "José Bonifácio". Foi membro fundador da Sociedade Brasileira de Ciências e produziu uma vasta obra com mais de 150 obras sobre vertebrados e invertebrados da fauna brasileira, além de outros títulos sobre peixes, répteis, pássarose mamíferos, com destaque para a fauna brasiliense - peixes, em cinco volumes. https://pt.wikipedia.org/wiki/Al%C3%ADpio_de_Miranda_Ribeiro 77 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CONSTRUÇÃO DE UMA ANTOLOGIA DE TEXTOS DESPORTIVOS DA CULTURA BRASILEIRA: PROPOSTA E CONTRIBUIÇÕES.. IN REVISTA DO LÉO 17 SÃO LUIS – MARANHÃO NUMERO 17 – FEVEREIRO – 2019, 78 In http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Nunes_Pereira 79 CORRÊA, Rossini. Atenas Brasileira – a cultura maranhense na civilização nacional. Brasília: Thesaurus; Corrêa & Corrêa, 2001, p. 149-150


Informa Côrrea90 ser o “Prestes amigo” burocrata aduaneiro, que despachou o jovem Nunes Pereira, sem dar-lhe o emprego. Não atendido em sua pretensão, Nunes Pereira pediu o bilhete de Coelho Netto de volta. O “Prestes amigo” mandou-o bater em retirada, afirmando que jamais devolveria um bilhete de Coelho Netto! Desafiado o poeta, havendo perdido o emprego e a oportunidade de ficar no Rio de Janeiro – sonho multicor dos maranhenses no passado – decide que, sem o bilhete, jamais ficaria! E o toma de assalto; o “Prestes amigo” fica atonito, em face da força titanica e herculea do poeta na vida prática... (VAZ e VAZ, 2000)80. Em adeus ao autor de Moronguetá, Joao de M. Souza (1993)81 registrou que “na eternidade da obra etnológica, a glória mais viva de Nunes Pereira aqui ficou, neste adeus, reconheço que jamais deixará de viver na gratidão dos amazonenses, como luz sempre acesa de esplendor e de imortalidade. Ao se reportar a sua morte, o jornal O Globo publicou: Com sua fisionomia de índio (descendia de negros, portugueses e índios), uma vasta cabeleira precocemente embranquecida, que fazia um belo contraste com sua tez escura, Nunes Pereira, nas quatro décadas de permanente contato com os índios adquiriu hábitos estranhos ao homem civilizado. Deitava-se para dormir às 19 horas, acordava às 2 da madrugada, trabalhava até às 5 horas e voltava a dormir por uma ou duas horas. Com os índios comeu tudo que eles comiam, que é a melhor maneira de dar-lhes satisfação. Provou, inclusive, caça assada dentro da própria pele do animal, que ele afirmava ser muito saborosa e de alto valor nutritivo. Depois, toda a sua alimentação era à base de peixe. (O GLOBO, 1993, p. 26). Suas características físicas e comportamentais também foram destacadas por Josué Montello (1993)82 Cor de cobre, cabeça branca, estatura média, era ele um tipo inconfundível. Olhando uma vez, permanecia para sempre em nossa memória. Sobretudo se entretinha conosco um diálogo. Porque o seu modo de falar era também inconfundível. Autenticamente Nunes Pereira. Outro pesquisador, Harald Pinheiro, traça seu perfil, conforme publicado no Blog Taquiprati83, quando de defesa de tese de doutoramento, onde analisa as obras de Nunes Pereira, afirma ele ser “Zombeteiro, gozador, bufão, intelectual e boêmio” Harald define o perfil do nosso herói num depoimento pessoal: "Lascivo e libidinoso, contava histórias surpreendentes e engraçadas, na roda de amigos e admiradores nos bares em que frequentava. Quando eu era ainda adolescente frequentei uma dessas rodas de narrativas encantadas (acompanhando meu pai) e me fascinei com estranha história narrada por Nunes Pereira com seriedade e volúpia, depois de posar para uma foto na genitália de uma baleia. Há quem afirme ser verídica e, inclusive, ter visto a foto, mas até hoje ela ecoa em minha imaginação com verossimilhança e mistério, acompanhada por atmosfera de curiosidade erótica e profundo encantamento etnopoético". Nunes Pereira foi veterinário do Ministério da Agricultura até a sua aposentadoria e teve alguns de seus opúsculos científicos editados pela Div. de Caça e Pesca do M.A. (O pirarucu, A tartaruga verdadeira do Amazonas e O peixe-boi da Amazônia, tendo sido este último artigo científico publicado, em 1944, no Boletim do Ministério da Agricultura). Escreveu diversos livros, sendo a sua obra mais conhecida Moronguetá - um decameron indígena, conjunto monumental de pesquisas, apresentado por Thiago de Mello (dois tomos), 80

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. Construção De Uma Antologia De Textos Desportivos Da Cultura Brasileira: Proposta E Contribuições. IN Congresso Brasileiro De História Da Educação Física, Esportes, Lazer E Dança, VII, Gramado, junho de 2000. Anais... 81 SOUZA, João de Mendonça de. Adeus a Nunes Pereira. In: PORTO, Arlindo. Nunes Pereira “O Cavaleiro de todas as madrugadas do Universo”. Manaus, 1993, 87-90. 82 MONTELLO, Josué. Elegia para o velho Nunes Pereira. In: PORTO, Arlindo. Nunes Pereira “O Cavaleiro de todas as madrugadas do Universo”. Manaus, 1993, 109-113. 83 BESSA FREIRE, José Ribamar. Blog Taquiprati. Nunes Pereira, o colecionador de histórias. http://www.taquiprati.com.br/cronica/1062-nunes-pereira-o-colecionador-de-historias


onde constam reproduções de páginas de cartas a Nunes Pereira emanadas de cientistas sociais como Roger Bastide e Claude Lévi-Strauss. Com esses estudiosos o antropólogo maranhense-amazonense travou contato pessoal, quando da passagem deles pelo Brasil. Carlos Drummond de Andrade escreveu, no Jornal do Brasil, uma crônica sobre o autor de Os índios maués, um dos primeiros pesquisadores mestiços brasileiros era cafuzo, descendente de índios, negros e brancos - a obter reconhecimento científico internacional. Em São Miguel das Missões, Rio Grande do Sul, existe uma rua Nunes Pereira. 84

Ao lembrar-se de sua vida, [...] fala sem parar: de sua esposa, morta a poucos anos, da namorada nova que o fez mudar-se de Santa Tereza, dos netos, da dieta de peixe que seguia, da idade (“Coisa terrível é a velhice. Mas eu tenho as minhas mandingas, os meus santos. E tem as minhas cachacinhas.”), de visitar Câmara Cascudo85 de quem era muito amigo. Cita os autores franceses que levaram em conta seu trabalho (Roger Bastide86, Lévi-Strauss87), com uma ponta de mágoa por ser tão pouco conhecido dos brasileiros e uma grande felicidade em relação à vida que levara. Conta à Corrêa (1984)88, em entrevista, sobre seu vício em cocaína: [...] como tinha sido viciado em cocaína e em Margot (que “me amargou”) e de como se “livrara dela e do vício” [...] Mulher era seu assunto predileto, falava mal das cariocas “sem pudor”, comparando-as com as índias que escondem o sexo ao sentar e contava anedotas impublicáveis a respeito das índias que ele tinha ‘beneficiado’ no decorrer das pesquisas. Conhecido também como “Dr. Tira-Tira”, fala de sua prisão, por ter visitado Jorge Amado:

84 https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Nunes_Pereira 85 Luís da Câmara Cascudo foi um historiador, antropólogo, advogado e jornalista brasileiro. Câmara Cascudo passou toda a sua vida em Natal e dedicou-se ao estudo da cultura brasileira. Wikipédia 86 Roger Bastide foi um sociólogo francês. Em 1938 veio, com outros professores europeus, à recém-criada Universidade de São Paulo para ocupar a cátedra de sociologia. No Brasil, estudou durante muitos anos as religiões afro-brasileiras, tornando-se um iniciado no candomblé da Bahia. Wikipédia 87 Claude Lévi-Strauss foi um antropólogo, professor e filósofo francês, embora tenha nascido na Bélgica. É considerado o fundador da antropologia estruturalista, em meados da década de 1950, e um dos grandes intelectuais do século XX. Wikipédia 88 CORRÊA, Mariza. O Dono do Trovão Manoel Nunes Pereira (1893-1985). (in Memorian). 374-Texto do artigo-15576-1-1020180608.pdf


Seus amigos de Belém, Manaus, Natal, até do Rio Grande do Sul, onde recebeu o apelido de doutor “tira-tira”, graças à expressão que usava para apartar o gado doente, a sua prisão por ter visitado Jorge Amado na hora errada, o filme do qual participou (The end oi the river). Ao se buscar nos jornais do Maranhão, depositados na Hemeroteca Digital Brasileira, encontra-se sob o tema de busca – Manoel Nunes Pereira – diversas ocorrências, a partir de meado dos 1800, referindo-se a um promotor de justiça da Comarca de Carolina, envolvido em assassinato (1859). Naturalmente não se trata de nosso biografado. Já em 1884 encontramos outro Manoel Nunes Pereira, aluno da Escola de Educandos, mas que também não tem parentesco com o biografado, haja vista o nosso objeto de estudo ter nascido em 1892, e mudado para Belém, pois informa que perdera o pai aos cinco anos de idade naquela cidade. Mandado estudar no Rio de Janeiro – Petrópolis e Niterói – é provável que a correspondência que se encontrava na repartição dos Correios de São Luis, em 1914, e devolvida, contendo documentos, era destinada à ele, postada em 8 de dezembro de 1914, e não reclamada (Pacotilha, 5 de agosto de 1915). Em várias notas do Jornal do Comércio, de Manaus, do ano de 1904, refere-se a um Manoel Nunes Pereira requerendo benefícios, sendo-lhe concedida a dispensa de ‘colaborador do Tesouro do Estado’. Certamente não se referem ao biografado esses fatos, pois naquele ano, contava 12 anos de idade. No Jornal do Comercio de 1913 é informado que saíra da Bahia, em direção à Belém, Manoel Nunes Pereira, junto com outros inúmeros passageiros (18 de dezembro) Essa “ausência” de Nunes Pereira nos noticiários de jornais é explicada por Olívia Maria Gomes da Cunha89 Como outros intelectuais de sua geração, Nunes Pereira foi um colecionador de recortes de jornais e de notas na imprensa que lhe deram alguma visibilidade pública. Não eram tão freqüentes como acontecia com outros intelectuais de sua geração, os quais, talvez por ocuparem cargos públicos, podiam pagar por serviços diários de clippings realizados por antigas empresas, como a Lux, por exemplo. Desde, pelo menos, os anos 40 — quando jornais de Belém e Manaus noticiaram seu desaparecimento e provável morte violenta entre os "selvagens" —, às matérias em cadernos culturais na década de 1970 — quando sua imagem é a de um especialista da cultura brasileira e, sobretudo, profundo conhecedor dos índios do * Professora do Departamento de Antropologia Cultural da Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ) e pesquisadora vinculada ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico/ CNPq. An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 121 26 Brasil — vários são os enquadramentos que o transformaram ora num folclorista especializado na cultura regional da região amazônica — das populações ribeirinhas aos enclaves de pajelança e outros cultos afroamerídios nas periferias urbanas da região —, ora num etnólogo dos povos ameríndios. Embora não tenhamos encontrado as reportagens que a Autora se refere, deixa-nos outros indícios, como a primeira vez em que Nunes Pereira foi entrevistado por O Pasquim, cerca de dez anos antes de seu falecimento, em maio de 1976, era o etnólogo especializado nos "temas afro-brasileiros", autor do essencial, ainda que pouco conhecido, A Casa das Minas. Thiago de Melo90, na apresentação de Moronguetá, de Nunes Pereira, assim se expressa: "Um livro de estórias encantadas", Num dos momentos mais turvos da vida deste País, eis um acontecimento luminoso. Luminoso e sério, e cheio de amor: Monronguêtá. Um livro de estórias encantadas. Estórias inventadas e contadas, através de séculos, pelos índios do Amazonas, recolhidas diretamente por um homem que, varando verdes e águas, consagrou quarenta anos de sua vida para realizar, com paciência e paixão, esta obra destinada a permanecer viva no tempo, pela sua alta importância cultural e também pela força de sua beleza. Moronguêtá, ciência e magia. Livro em que viajam, em fraternal harmonia, a poesia e a ciência. A ciência vai por conta da sabedoria do autor: mestre Nunes Pereira, nome que aprendi a querer bem desde menino, 89

CUNHA, Olivia Maria Gomes da. O ETNOLOGO E O FOLCLORISTA vistos de Santa Teresa. An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 121, 2001, publicado em 2006, Arquivo Nunes Pereira: inventário analítico. Organizado e Descrição Vera Lúcia Miranda Faillace 90 Amadeu Thiago de Mello é um poeta e tradutor brasileiro. É um dos poetas mais influentes e respeitados no país, reconhecido como um ícone da literatura regional. Tem obras traduzidas para mais de trinta idiomas. Preso durante a ditadura, exilou-se no Chile, encontrando em Pablo Neruda um amigo e colaborador. Wikipédia https://pt.wikipedia.org/wiki/Thiago_de_Mello


quandojá o seu trabalho entre os índios e até a sua própria e mansa figura, ganhavam na ternura dos nossos barrancos, os contornos de uma estranha lenda. Nunes Pereira, veterinário viajando a serviço do Ministério da Agricultura para estudar a fauna silvestre e aquática do Amazonas, de repente, dominado pelo fascínio da imaginação indígena, dedicou-se inteiro aos caminhos da antropologia. Autodidata, à falta na época de cursos universitários especializados, o antigo ictiologista se fez mestre na ciência do homem, principalmente na ciência da raça. E a verdade é que se os anteriores livros seus, todos sobre assuntos da Amazônia, já atraíam a atenção e o respeito dos modernos cientistas estrangeiros, Metraux e Lévi-Strauss, por exemplo; se os seus outros trabalhos já inscreveram o seu nome no Handbook of Ethnology, - com este admirável Moronguêtá, Nunes Pereira - rio crescido e se fazendo mar e simplesmente - um lugar entre os maiores da etnologia brasileira. A magia do livro vai por conta da raça. Por conta do índio, no qual o autor, meio índio ele também, viu, sobretudo e profundamente o homem. Não o bugre, não apenas o ser primitivo, o pré-lógico. Mas um homem, uma mulher, uma criança, sinto vontade de dizer um companheiro. Porque só assim é que Nunes Pereira quis e pôde recolher o que os índios tinham de melhor e de mais essencial e vivo: o seu pensamento, a sua imaginação, o poderoso sortilégio de sua literatura oral. E aqui estão, reunidas em acervo jamais antes conseguido, as suas lendas, mitos, tradições, fábulas e estórias. O autor estuda antes, porém, a área cultural onde as lendas floresceram: são cinco áreas, compreendendo todo o Estado do Amazonas e os territórios de Roraima e Rondônia. Estuda a fauna e a flora, o relevo e o clima, a economia e a ecologia, os antecedentes da conquista, a história e a aventura, concluindo pela situação atual dos indígenas: de como eles conversam, como moram e particularmente como amam, porque amam muito esses índios do Amazonas. Mas também conta como padecem eles nos seus choques sociais com o chamado homem civilizado; e como lutam - até mesmo eles, os companheiros índios, lá nos longes centros da mata, para resistir, em rebeldia de altiva dignidade humana, à grande praga da sociedade moderna que é a exploração do homem pelo homem. Moronguêtá, um Decameron Indígena. Como o do florentino Boccacio, obra-prima do século XIV, este é um livro romântico, heróico, fescenino, sarcástico, burlesco, lírico e obsceno. Moronguêtá: o dom da poesia, a riqueza erótica, a força da imaginação, trabalhados com ciência e amor por quem hoje melhor conhece os habitantes animais e vegegetais, aquáticos e terrestres do Amazonas, imenso e sofrido pedaço verde do mundo: Nunes Pereira, irmão dos índios, porque irmão do Homem. [1967] 91. Outro estudioso M. Cavalcante Proença92, comenta também o "Um Decameron Indígena", em um ensaio contido em Moronguetá, vol. 1, pp. XI-XIX) Nunes Pereira pertence àquele pequeno grupo de pessoas que, no Brasil, pensa nos índios, sinal identificador de um extraviado idealismo, nestas horas de auto-suficiente tecnologia, com certas reacionárias tendências à tecnocracia.Essa marca de idealismo é característica na sua inteligência e na sua obra. 93

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https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Nunes_Pereira 92 Manuel Cavalcanti Proença (Cuiabá, 1905 —- Rio de Janeiro, 1966) foi um romancista e crítico de literatura brasileira. Escreveu ensaios ou livros sobre, entre outros, Augusto dos Anjos, Mário de Andrade e Guimarães Rosa. Em seu romance Manuscrito holandês ou a peleja do caboclo Mitavaí com o monstro Macobeba, revela grande influência destes dois últimos. Seu livro Roteiro de Macunaíma é considerado um clássico e uma das principais referências críticas sobre a famosa obra de Mário de Andrade. https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Cavalcanti_Proen%C3%A7a 93 https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Nunes_Pereira


Ulysses Bittencourt94 escreveu o artigo "A partida do velho amigo", texto-homenagem que foi publicado no jornal A Crítica e depois veio a lume em "Patiguá"95, coletânea póstuma a que recorreu Samuel Benchimol96 em seu livro "Manáos do Amazonas - Memória empresarial, vol. 1" para descrever o tipo amazônico do "coronel de barranco" (líder do extrativismo florestal - borracha, castanha, guaraná, essências da floresta, pesca etc. - e político regional da época áurea da borracha). Tendo conhecido pessoalmente Wenceslau Nicolau de Mello, proprietário da região do Lago do Ayapuá (Baixo Purus), citado por Benchimol como "o rei da castanha do Amazonas", Nunes Pereira incluiu as primeiras páginas da monografia "Reminiscências do Ayapuá", do geógrafo amazonense Agnello Bittencourt (ex-prefeito de Manaus e autor da Corographia do Estado do Amazonas, de 1925), como anexo de "O sahiré e o marabaixo", sugerindo sua urgente publicação, acontecida efetivamente em 1966 (Rio, edição do Autor) 97: “A partida do velho amigo” (7 de março de 1985), Na intimidade quieta da mata, causa susto e tristeza ver de repente o raio abater árvore secular. A mesma sensação acometeu-me ante o desaparecimento, dia 26 de fevereiro, do sábio Nunes Pereira. Por sua morte a floresta amazônica ficou sem um dos seus mais altos e valiosos exemplares, um exemplar insubstituível. A metáfora pode ser antiga, mas é exata para expressar o doloroso fato. Nascido no Maranhão, cedo ele viajou para o Amazonas e ao nosso Estado passou a dedicar quase todo o resto de sua produtiva e longa vida de intelectual, antropólogo, etnólogo e biólogo, partindo da Veterinária. Com seu jeitão boêmio, bom bebedor que foi até findar-se aos 92 anos, Manoel Nunes Pereira, na realidade, era um estudioso metódico, um pesquisador obstinado e pertinaz. Tendo abandonado o curso de Direito, a partir daí tornou-se autodidata. Além do português, do tupi-guarani, nheengatu, dominava o inglês, o francês, o alemão e o italiano. Mantinha intercâmbio verbal ou por correspondência com os mais importantes nomes da cultura brasileira e estrangeira. Foi a síntese perfeita do homem brasileiro: branco, preto e índio. Ele mesmo dizia ter “os cabelos do português, as feições do índio e o tom de pele mulato herdado de minha mãe”. Daí ser recebido em todos os ambientes com alegria. Para exemplificar: esteve em várias tribos afastadas da “sifilização” (como ele chamava), sendo logo acolhido como sábio pajé e chamado pelos naturais de “saracura branca”. Conviveu por longos períodos com os silvícolas, alimentando-se e procedendo como um deles, o que lhe valeu um enorme repertório engraçadíssimo de episódios e de anotações de raro valor científico, aproveitadas em seus trabalhos. De vez em quando, Nunes Pereira era tema de extensas reportagens em jornais, revistas e entrevistas 94 Ulysses Uchôa Bittencourt (Manaus, 4 de abril de 1916 — Rio de Janeiro, 19 de março de 1993), também conhecido como Ulysses Bittencourt, foi um jornalista, administrador público e historiador brasileiro. Foi prefeito de Guarapuava, município do estado do Paraná, durante o primeiro mandato do presidente Getúlio Vargas, por indicação do então interventor no estado, Manuel Ribas. De acordo com o amazonólogo Samuel Benchimol, Ulysses Bittencourt - pesquisador que produziu uma descrição acadêmica do povoamento da bacia Amazônica (Porto Alegre, PUC-RS, 1988) - foi um dos autores que logrou delinear alguns dos tipos humanos da região, especialmente o do coronel de barranco (o assim chamado "barão da borracha", da época do boom amazônico da hévea - que não pertencia ao Exército Brasileiro -, geralmente adquiria uma patente da extinta Guarda Nacional). um resumo biográfico do poeta-operário Hemetério Cabrinha [4] [5] [6], em Patiguá, p. 46]. Graduado pela Escola Nacional de Veterinária, abandonou a profissão de médico veterinário quando se tornou administrador público, tendo sido, em 1939, nomeado prefeito de Guarapuava. Membro da Academia Amazonense de Letras [7] e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas [8], escreveu Raiz (Rio de Janeiro: Copy e Arte, 1985), Povoamento da Bacia Amazônica (Porto Alegre, PUC, 1988 conferência proferida na PUC-RS) e Patiguá(Rio de Janeiro: Copy e Arte, 1993). Articulista, nos anos 1980, do jornal A Crítica, de Manaus, Ulysses Bittencourt, foi editor da revista da Grande Loja do Brasil, do Rio de Janeiro. Pesquisador da história do Amazonas, é autor do verbete Benjamin Lima, da Série Memória, da Secretaria de Cultura do Estado do Amazonas [9] https://pt.wikipedia.org/wiki/Ulysses_Bittencourt 95 Artigo publicado na coletânea póstuma “Patiguá”, Rio de Janeiro: Copy & Arte, 1993, pp. 114–115; apresentação de Mário Ypiranga Monteiro; desenho reproduzido na capa 96 Samuel Isaac Benchimol (Manaus, 13 de julho de 1923 – Manaus, 7 de maio de 2002) foi um economista, cientista e professor brasileiro de ascendência judia-marroquina. Foi considerado um dos principais especialistas da região amazônica. Contribuiu no estudo de aspectos sociais no domínio da economia da região da Amazónia, aprofundando questões sobre o desenvolvimento sustentávelda bacia do rio Amazonas. Publicou mais de cem artigos e livros sobre estes assuntos. O governo brasileiro instituiu o prêmio Benchimol em sua homenagem, o qual é anualmente atribuído em três categorias para as primeiras três pessoas que tenham contribuído de forma substancial para o entendimento da região da Amazônia. Lecionava Introdução à Amazônia na Universidade Federal do Amazonas (UFAM). O novo prédio da administração da Faculdade de Direito da UFAM, na cidade de Manaus, hoje leva seu nome[1], assim como o prédio da Escola Superior de Artes e Turismo da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), localizada na Avenida Leonardo Malcher, na Praça 14 de Janeiro, Zona Sul de Manaus. https://pt.wikipedia.org/wiki/Samuel_Benchimol 97 https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Nunes_Pereira


na televisão. Guardo três dessas reportagens de O Globo, uma de 1974 e duas outras de 1975 e 1977. Em artigo do Jornal do Brasil, disse dele Carlos Drummond de Andrade: ”Homem de ciência agudamente provido de sensibilidade e visão humanística, eis o que é o caboclo maranhense Nunes Pereira. Daí seu livro soar um som claro, alegre, sadio, jamais instalando tédio pela informação indigesta”. Membro fundador da Academia Amazonense de Letras, Nunes pertencia ainda a inúmeras outras instituições culturais e científicas. Todo esse prestígio, porém, não o afetava. Residindo em Santa Teresa, no Rio de Janeiro, por muitos anos, fazia suas viagens com módicas ajudas-de-custo pelo Ministério da Agricultura – do qual foi funcionário, recebendo daí sua modesta aposentadoria – ou comissionado pelo Governo do Amazonas, pouco mais auferindo com a venda de seus livros. Um sábio que era, morreu pobre, despojado e simples como sempre viveu, respeitado pela grandeza de sua obra e pelas cintilações de sua presença em qualquer meio. Honrou-me frequentando minha casa, como frequentou a casa de meu avô, a de meu pai, a de meus irmãos, depois também a de meu filho Flávio, com cujo filho Eduardo brincou várias vezes, somando assim uma amizade que se estendeu ao longo do tempo por cinco gerações98. Arlindo Augusto dos Santos Porto, ex-presidente do IGHA, publicou um livro sobre Nunes Pereira intitulado "Nunes Pereira: o cavaleiro de todas as madrugadas do universo", título contém referência ao Clube da Madrugada de Manaus, movimento renovador da cultura e das artes no Amazonas do qual Nunes Pereira era membro99. O escritor amazonense Márcio Souza refere-se à relevância científica da alentada obra "Moronguetá", editada por Ênio Silveira, em seu livro "A expressão amazonense". O criminalista Carlos de Araujo Lima, de O Dia (Rio de Janeiro) e A Crítica (Manaus), escreveu um elogio sobre Nunes Pereira após o seu falecimento, cuja causa foi um câncer intestinal. Zemaria Pinto100, ao tomar posse na Cadeira 59 da Academia Amazonense de Letras, da qual é patrono o etnólogo Manuel Nunes Pereira (1893-1985). Zemaria Pinto editou o folheto - Nunes Pereira: esboço em cinza e sombras, com seu discurso de posse. Conhecido por sua dedicação ao trabalho intelectual, o novo membro do IGHA deu partida a outra renovação: a de redescobrir e divulgar a atuação de seu patrono, hoje envolvido em lendas e esquecimento. A parte inicial do folheto vai abaixo postada, num abraço de boas vindas a Casa de Bernardo Ramos.

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https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Nunes_Pereira 99 O Clube da Madrugada, criado em 22 de novembro de 1954, é uma associação literária e artística brasileira. Os ecos da Semana de Arte Moderna de 1922, apesar de terem chegado tardiamente a Manaus, contribuíram no sentido de que fosse escrito, de acordo com A. Coutinho e J. Galante de Souza, "um capítulo importante da história da literatura amazonense" (Coutinho e Souza, Enciclopédia de Literatura Brasileira, p. 496). O poeta Jorge Tufic, um dos fundadores do Clube da Madrugada, influenciado pelo então em voga movimento da Poesia Concreta, criou a Poesia de Muro. Escreveu Alencar e Silva (nasc. em Fonte Boa (Amazonas), 1930): "(...) Que nos resta dizer? Em verdade, bem mais, sobre as muitas faces da [poesia de Jorge Tufic], a começar por alguns aspectos formais da sua experiência concretista e sua concepção da Poesia de Muro. Na área do concretismo, por exemplo, depois de levar seus experimentos aos limites extremos da palavra, “pintando”, por assim dizer, uma paisagem bucólica com apenas três vocábulos :Ode,campo,bode. Jorge Tufic leva tais experimentos ainda mais longe, mediante a inclusão de elementos extraverbais no texto poemático. (...)". Às experiências modernistas de vanguarda e à arte pós-modernista praticada por vários de seus integrantes [Adrino Aragão, por exemplo, é um dos cultores, no Brasil, do miniconto, soma-se, por exemplo, os Haikais de Luiz Bacellar. Um dos mais ativos participantes do Clube era um eclesiástico, o Pe. Luiz Ruas, autor de uma reunião de poemas, "Aparição do Clown", que mereceu elogiosos comentários do filólogo Raimundo Nonato Pinheiro (Pe. Nonato Pinheiro), membro da Academia Amazonense de Letras. O contista Adrino Aragão (nasc. em Manaus, em 1936) sobre o Clube da Madrugada, assinalou: "(...) O Clube da Madrugada nunca possuiu sede própria: seus escritores sempre se reuníram embaixo de um mulateiro [grande árvore da Amazônia] na Praça da Polícia[Praça Heliodoro Balbi, Centro, Manaus]. Mas sua existência transcendeu os limites geográficos dessa Praça. E, hoje, é reconhecido não apenas no Brasil, mas em várias parte do mundo (...)" (Rev. O Pioneiro, Brasília). As reuniões do Clube da Madrugada acontecem ao abrigo da sombra de uma árvore imponente da Praça Heliodoro Balbi, entre os prédios, de linhas neoclássicas, da Polícia e do Colégio Estadual. https://pt.wikipedia.org/wiki/Clube_da_Madrugada 100 Zemaria Pinto – Nascido em Santarém, no Pará, em 1957, desde tenra idade vive em Manaus, capital do Amazonas. Publicou os seguintes livros de poemas: Corpoenigma (1994), Fragmentos de Silêncio (1996) e Música Para Surdos (2001). Professor de Teoria da Literatura e Literatura Brasileira, tem, em parceria com Marcos-Frederico Krüger, dois livros de ensaios sobre obras indicadas para o vestibular da Universidade Federal do Amazonas (2000 e 2001). Escreve também para o teatro, tendo sido primeiro colocado no Concurso de Textos Teatrais Inéditos, promovido pela Secretaria de Cultura do Amazonas, em 2002, com a peça Nós, Medeia, a ser publicada em 2003, pela Editora Valer. Encenou a comédia Papai Cumpriu Sua Missão, em 2000/2001, e no momento ensaia Diante da Justiça, baseado em Kafka. http://www.jornaldepoesia.jor.br/zpinto.html#bio


AS RAZÕES DO TÍTULO E DO SUBTÍTULO TENHO POR HÁBITO COMEÇAR A ESCREVER MEUS TRABALHOS COM UM TÍTULO, AINDA QUE PROVISÓRIO. É UMA FORMA POUCO SUTIL DE ME DAR UMA DIREÇÃO, DEFINIR UM ESCOPO, PARA ALÉM DO ROTEIRO TRAÇADO PREVIAMENTE. O TEMA NUNES PEREIRA, POR EXEMPLO, É MATERIAL PARA INUMERÁVEIS TESES E DISSERTAÇÕES, SENDO IMPOSSÍVEL ESGOTÁ-LO NOS LIMITES DE UMA FALA. ASSIM, DEFINI O TÍTULO: "NUNES PEREIRA, ESBOÇO DE UM RETRATO". IMAGINEI ESSE ESBOÇO EXPRESSIONISTA E EM CORES, EXPLORANDO O AMÁLGAMA RACIAL DO RETRATADO — ÍNDIO, NEGRO, BRANCO, BUSCANDO A IDEIA PRECISA DE QUEM FOI ESSE CIENTISTA E ESCRITOR, A UM TEMPO TÃO CITADO E CULTUADO, MAS TÃO POUCO LIDO, E AGORA QUASE NO ESQUECIMENTO. PELAS DIFICULDADES ENCONTRADAS NO LEVANTAMENTO DE DADOS, ENTRETANTO, O RETRATO CONTINUOU APENAS UM ESBOÇO, PORÉM ESMAECIDO NUM IMPRESSIONISMO LIGEIRO, LIMITADO EM CINZA E SOMBRAS. O SUBTÍTULO — O CIENTISTA, O POETA, O CONTADOR DE HISTÓRIAS — É ATÉ ÓBVIO, CONFORME SE VERÁ NO FLUIR DO TEXTO. MAS ADIANTO QUE O CIENTISTA RIGOROSO, AUTODIDATA CONSCIENTE DE SUAS POSSÍVEIS LIMITAÇÕES, E, POR ISSO MESMO, MUNIDO DE UMA AUTOCRÍTICA INCOMPLACENTE, JAMAIS DEIXOU DE SER O LÍRICO QUE CULTIVAVA ALEXANDRINOS NA JUVENTUDE, ESPECIALMENTE QUANDO RECONTAVA AS HISTÓRIAS OUVIDAS DA INDIADA, COMO ELE CARINHOSAMENTE SE REFERIA ÀQUELES A QUEM PROCURAVA, SOBRETUDO, "CONHECER E AMAR HUMANAMENTE". O INSTITUTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DO AMAZONAS, AO COMPLETAR 99 ANOS DE EXISTÊNCIA, RESGATA A MEMÓRIA DESSE BRASILEIRO EXEMPLAR QUE FOI MANOEL NUNES PEREIRA, MARANHENSE DE NASCIMENTO, COM UMA PASSAGEM FULGURANTE E DURADOURA PELA NOSSA REGIÃO, ESPECIALMENTE POR MANAUS, QUE ELE DIZIA SER O "CORAÇÃO DA AMAZÔNIA". A FINALIDADE DESTE TRABALHO OS QUE CONHECEM NUNES PEREIRA JÁ DEVEM TER OUVIDO ALGUMAS DAS HISTÓRIAS QUE SE CONTAM SOBRE ELE — E QUE ELE MESMO AJUDOU A DIVULGAR, ALIMENTANDO UM FOLCLORE EM TORNO DE SUA FIGURA EMBLEMÁTICA. HISTÓRIAS DE REBELDIA, DE BOEMIA E DE SEXO. ESSE ANEDOTÁRIO ACABA SUPERVALORIZADO EM RELAÇÃO A UMA OBRA QUE, AINDA VIÇOSA E ORIGINAL, É SUBESTIMADA — PELO QUE LEVANTEI, APENAS DUAS TESES DE DOUTORADO TÊM COMO CENTRO A OBRA DE NUNES PEREIRA, AMBAS DA PUC-SP: LABIRINTOS DO SABER: NUNES PEREIRA E AS CULTURAS AMAZÔNICAS, DE SELDA VALE DA COSTA (1997), E MITOPOÉTICA DOS MUIRAQUITÁS, PORANDUBAS E MORONGUETÁS: ENSAIOS DE ETNOPOESIA AMAZÔNICA, DE HARALD PINHEIRO (2013). ENTÃO, A PROPOSTA DESTE TRABALHO É, IGNORANDO O ANEDOTÁRIO, DAR UMA VISÃO, AINDA QUE SUPERFICIAL, SOBRE A VASTA OBRA DE NUNES PEREIRA, PROCURANDO DESPERTAR, ESPECIALMENTE NOS MAIS JOVENS, PELO MENOS A CURIOSIDADE DE CONHECER O ESSENCIAL DA OBRA DO AUTOR DE MORONGUETÁ, O QUE NÃO É POUCO.101 CMaio de 1976. Chegando a Manaus para rever os amigos, o antropólogo Nunes Pereira está sendo ciceroneado na cidade pelo poeta Anthístenes Pinto. Embora maranhense de nascimento, Manuel Nunes Pereira era uma das figuras exponenciais da nossa literatura tendo sido, inclusive, um dos fundadores da Academia Amazonense de Letras. Quando da sua morte, em 1985, sua biblioteca de cinco mil livros foi comprada pelo Governo do Amazonas e hoje faz parte do acervo do IGHA.

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MENDONÇA, Roberto. POSSE NO IHGA. In BLOG DO CORONEL MENDONÇA. 29 de fevereiro de 2016, disponível em http://catadordepapeis.blogspot.com/2016/02/posse-no-igha.html


Em 1993, o jornalista Arlindo Porto lançou o belíssimo livro Nunes Pereira: o cavaleiro de todas as madrugadas do universo, onde mostrava algumas facetas do autor do clássico A Casa de Minas. Durante o passeio com o poeta, o pajé Nunes Pereira, do alto dos seus 83 anos bem vividos, cismou que queria rever o pessoal do Clube da Madrugada, para tomar umas “branquinhas” e atualizar as fofocas. Anthístenes Pinto resolveu levá-lo ao Bar do Alfredo, no cruzamento das ruas Ferreira Pena com Monsenhor Coutinho. Todos os intelectuais presentes (Artur Engrácio, Jorge Tufic, Aloísio Sampaio, Van Pereira, Carlos Genésio, Garcibal do Lago e Silva, Rômulo Gomes e Afrânio de Castro, entre outros) fizeram a maior festa ao ver o morubixaba cada vez mais lúcido e saudável. Quer dizer, todos menos um. Sentado sozinho a uma mesa nos fundos, preparando-se para detonar a segunda garrafa de uísque Vat 69, o vereador Fábio Lucena fez questão de não se manifestar. Intrigado, Anthístenes Pinto pegou Nunes Pereira pelo braço, levou-o até a mesa do vereador e tentou quebrar o gelo: – Êi, Fábio, o que está havendo? Esse aqui é o autor de Moronguetá – um decameron indígena e de Panorama da alimentação indígena, dois livros fundamentais sobre a Amazônia. Este aqui é o nosso grande Nunes Pereira!!! Fábio Lucena ajeitou os óculos, limpou a boca com a manga do paletó, olhou para aquele sujeito com fisionomia de índio e vasta cabeleira branca, que fazia um belo contraste com sua tez escura, aí, escandindo bem as sílabas, sem levantar-se da cadeira, disparou à queima-roupa: – Nunes Pereira? O senhor, por acaso, não seria tio da matinta-pereira?... Foi a primeira vez na vida que o pajé perdeu as estribeiras. E só não deu um tabefe no insolente vereador porque foi resgatado a tempo pela turma do “deixa-disso”. Publicado no Blog do Simão Pessoa, 20 de outubro de 2011 Kyssian Castro102 relata um episódio envolvendo Nunes Pereira e seu inseparável amigo Maranhão Sobrinho: A SURRA POR ENGANO Talvez em busca de fortuna fácil prometida pela borracha, Maranhão Sobrinho, logo após ter publicado “Estatuetas”, transfere-se para Manaus, entre os anos 1909 e 1910. Lá revê antigos colegas, entre os quais Theodoro Rodrigues (1873-1913), poeta com o qual tivera contato em Belém, e que ali acabaria por se tornar seu mais chegado amigo; e o também maranhense Nunes Pereira. Este foi quem acabou por metê-lo numa terrível enrascada. Como os literatos da Manaus daquele decadente período viviam se digladiando mutuamente, Nunes Pereira, apontado acima e que nutria desavenças com o jornalista Generino Maciel, publicou em jornal esta quadra ofensiva: “Genebrino, Genebrino, que escreves coisas fecais, onde anda esse suíno que se chama Th. Vaz?” Thaumaturgo Sotero Vaz (1869-1921), comparsa de Generino e a quem também fora dirigida a afronta, ferido em seus brios, arquiteta uma vingança particular. Como era mui amigo do chefe de polícia, solicitou-lhe alguns homens a fim de darem uma lição no petulante versejador, já que acabara de receber informações sobre o seu

102 CASTRO, Kyssian. Curiosidades sobre Maranhão Sobrinho. In jornal Turma da Barra. 9 de jan de 2013, disponível em http://www.turmadabarra.com/maranhaosobrinho2.htm


paradeiro. Maranhão Sobrinho, alheio ao que se passava, hospeda-se com sua amada no quarto em que na véspera fora visto seu amigo Nunes Pereira. Os policiais, em lá chegando, alta madrugada, caíram vorazes sobre aquele que juravam ser o autor da malfadada quadra, dando-lhe baita surra e atirando-o na prisão. O nosso poeta, assim, acabou pagando por um crime que não cometera..

Em Macapá, existe uma biblioteca que leva seu nome - a Biblioteca SESC/Centro Nunes Pereira. A Biblioteca Nacional possui a Coleção Nunes Pereira, que reúne cerca de 1430 documentos produzidos ou acumulados pelo veterinário e antropólogo Manuel Nunes Pereira (1893-1985), que viveu por muitos anos na região amazônica, entre os povos nativos, coletando informações sobre costumes, alimentação, imaginário. A coleção doada pelo titular inclui correspondência, pareceres, artigos, recortes de jornal, notas sobre etnologia.










Para Cunha (2006) 103 O legado intelectual de Nunes Pereira restaria dessacralizado e desconhecido — porque praticamente ausente das histórias da antropologia — não fosse a sua aparição nas memórias do bairro e de uma pequena parcela de intelectuais de esquerda que o conheceram. As sucessivas entrevistas que concedeu ao Pasquim, sua participação num documentário sobre os cultos vodus em São Luís do Maranhão e sua atuação comunitária no bairro em que viveu por mais de vinte anos retiraram Nunes Pereira da condição de especialista em temas regionais.Dois anos depois da sua morte, um grupo de amigos ligados à Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (AMAST), que ele ajudara a fundar, encaminhava ao então presidente da República, José Sarney, e ao ministro da Cultura, Celso Furtado, uma carta aberta na qual propunham medidas para que o "grande etnólogo romancista não fosse esquecido".

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CUNHA, Olivia Maria Gomes da. O ETNÓLOGO E O FOLCLORISTA VISTOS DE SANTA TERESA. IN An. Bibl. Nac, Rio dejaneiro, 121,


EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: PAPILLON BLEU ANA DE OLIVEIRA SANTOS, TAMBÉM CONHECIDA POR ANICOTA SANTOS. Jucey Santana cita diversas escritoras maranhenses, ante polemica acontecida sobre a biografia de Leonete Oliveira: Temos uma riqueza de poetisas ainda completamente esquecidas. A exemplo de Maria Cristina Azedo que encontramos poemas seus desde 1873. Em 1899 ela publicou “Amor e Desventura”, pela Tipografia Ramos de Almeida. O último livro dela foi “Flores Incultas”, em 1924. Zilá Paes fundou vários jornaizinhos como: Carriça, Vésper, Nossa Bandeira... Publicava seus poemas e dos alunos, Apolónia Pinto que nasceu em 1866, conhecida como dramaturga, foi uma renomada poetisa, e a famosa Papilon Bleu, pseudônimo Ana de Oliveira Santos, também conhecida por Anicota Santos. Publicou “Acordes” em 1899. Este livro já se encontra no Acervo Digital da BBL. Buscamos dados sobre a famosa Papilon Bleu, pseudônimo Ana de Oliveira Santos, também conhecida por Anicota Santos: Ana de Oliveira Santos: Pseudônimo(s): Papillon Bleu Descrição: Poeta Fonte(s) dos dados: COUTINHO, Afrânio; SOUSA, José Galante de. Enciclopédia de literatura brasileira. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional; Academia Brasileira de Letras, 2001. 2 v. ISBN 8526007238 in https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/autores/?id=13430

Na Pacotilha de 05 de outubro de 1888, é informado que uma “Anicota Santos” estava chegando à São Luís, procedente de Axixá, acompanhada de uma criada:

Nesse mesmo jornal, em 17 de janeiro de 1894, consta:


Seria a mesma pessoa? No Diário do Maranhão de 13 de julho de 1898 encontramos um pequeno poema:


Em A Pacotilha de 12 de agosto de 1889 anunciando o lançamento de livro de versos

Diário do Maranhão, 18 de novembro de 1889 sai o seguinte conto, de Laura Rosa, dedicada à distinta poetisa Papillon Bleu





A Pacotilha de 08 de janeiro de 1900 registra o recebimento do novo livro de Papillon Bleu


Diário do Maranhão de 05 de março de 1900, quando do lançamento de um relatório do Centro Caixeiral,


Informa A Pacotilha de 07 de março de 1900, o surgimento de uma nova poetisa, referindo-se ao lançamento, há um mes, anunciado, de Papillon Bleu:


O Diário do Maranhão de 06 de julho publica o seguinte conto:

Que aparecem, também, em A Pacotilha de de 22 de junho de 1900


A Pacotilha publica, então, outro conto:


No Jornal A Actualidade, de 16 de agosto de 1900 encontramos:

No ano de 1901, no Relatório dos Governadores, aparece doação por Papillon Bleu, 1 volume, à Biblioteca Pública. O Correio da Tarde traz uma crítica de Valério Santiago que menciona o lançamento de seu livro:


A Pacotilha de 22 de novembro de 1902 anunciava o surgimento de uma associação literária, em que participariam várias escritoras:

Não encontramos a referida nota da edição anterior, que fala da fundação da sociedade... Em O Imparcial, de 06 de agosto de 1917 temos104 que estava entre as pessoas que fariam um esplendido passeio marítimo, pela Cia. Fluvial.

104

http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=168319_02&pesq=%22%20Anicota%20Santos%22


O POETA PASCACIO: I. XAVIER DE CARVALHO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Para traz Quando um dia eu parti de alegre Ermida Das minha puras ilusões da Infancia, Esta alma toda a transpirar fragancia, Nem presentio os transes da partida... Andei... Um dia, a estremecer com ancia, Pondo os olhos na estrada percorrida, Vi meus Sonhos cahindo de vencida, Apagados nas brumas da distancia... E eu quiz ir para traz, num doudo assomo... Ah! mas toda a extensão da estrada encalma Via-a entulhada por montões de escombros... — Queres voltar, meu coração, mas como? Se tens tantos Vesuvios dentro d’alma Em um milhão de Termópilas nos hombros? (“Missas negras”) – X. de Carvalho

Ao resgatar a memória de I. Xavier de Carvalho105 nos deparamos com inúmeros ataques à sua pessoa, chamando-o ‘poeta pascacio’ e acusando-o de fraude: teria plagiado seus pareceres jurídicos, que vinha publicando nos jornais. pascácio106: 1 cretino, lorpa, otário, pacóvio, papalvo, parvo, pato, sonso, tanso, tantã, toleirão, tolo, tonto. Indivíduo que é muito bobo; quem tende a ser extremamente simplório; parvo ou pateta. Pascácio é sinônimo de: cretino, lorpa, otário, pacóvio, papalvo, parvo, pato, sonso, tanso, tantã,toleirão, tolo, tonto

Eliana (Shir) Ellinger (2015) 107 traz-nos uma sua biografia, em que destaca não haver maiores informações sobre sua juventude – “Não há registros confiáveis sobre sua juventude. Com certeza, sabe-se apenas que estudou Direito em Recife, de onde retornou para o Maranhão”: Poeta, Inácio Xavier de Carvalho nasceu em São Luís no dia 26 de agosto de 1871. Integrou, juntamente com Antônio Lobo e Fran Paxeco, entre outros, a Oficina dos Novos, movimento de renovação literária empreendido por um grupo de escritores maranhenses no início do século XX.

Muito embora essa pesquisadora afirme ter sido colaborador assíduo dos jornais de sua época, - “deixou escritos dispersos no Pará, Amazonas e Maranhão, tendo publicado pouca coisa em livro” – não encontramos 105

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; SILVA, Antonio Aílton Santos. IGNÁCIO XAVIER DE CARVALHO: RECORTES E MEMÓRIA. IN Revista do Léo, no. 24.1, setembro de 2019, disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24.1_-_setembro__2019__edi__o_esp 106 https://www.dicio.com.br/pascacio/ 107 ELLIGER, Eliana. XAVIER DE CARVALHO. IN Blog Clube do Poeta, 30 de junho0 de 2015, disponível em http://clubedepoetashomenagens.blogspot.com/2015/06/xavier-de-carvalho.html, utilizando como fonte de pesquisa www.patrimonioslz.com.br/; www.antoniomiranda.com.br


nos jornais pesquisados, esses escritos, a não ser dois poemas. O que existe, são sentenças proferidas quando dos casos que julgou como Juiz – Municipal, Federal – e editais, que assina, quando no exercício da função. Procuramos como “Ignácio Xavier de Carvalho” apareceram algumas centenas de ocorrências; buscamos também por outros parentes, como seu pai, Francisco Xavier de Carvalho, e. ao buscar pela forma como assinava – I. Xavier de Carvalho – então encontramos informações sobre todos os que levavam o nome “Xavier de Carvalho”, constituindo-se em milhares, então, as ocorrências. Sabe-se que em 1893 – quando retorna do Recife, após concluir a Faculdade de Direito, aos 23 anos de idade, lança sua primeira obra intitulada ‘Frutos Selvagens’. O meio literário de São Luís vivia momento marcado pela mudança e pela ruptura, com uma renovação artística representada principalmente por Antônio Lobo, insurgindo-se contra a herança da poesia fácil dos cultores do romantismo, movimento que ainda permanecia em voga entre os poetas locais ( ELLINGER, 2015) 108: A estreia de Inácio Xavier de Carvalho em livro contribuiu para inaugurar uma nova fase na literatura maranhense, embora tenha ele próprio causado certa reação entre os renovadores da Oficina dos Novos por conta de sua inclinação para o simbolismo, visto por alguns destes como uma escola decadente e estéril. Cultor do soneto e detentor de grande domínio técnico, Xavier de Carvalho foi um poeta suave, impregnado pelo verso simbolista, contido, mas também parnasiano em muitas passagens, o que certamente contribuiu para dar corpo ao equívoco crítico de considerá-lo um romântico tardio. Na verdade, ele foi, antes de tudo, um artista perfeitamente integrado à corrente poética de seu tempo, marcada pela difícil convivência entre o parnasianismo e o simbolismo.

No Diário de São Luiz, edição de 09 de abril de 1921, sai a seguinte nota: IGNÁCIO XAVIER DE CARVALHO. - O poeta das “Missas Negras” e o príncipe da poesia maranhense, consagrado, por Guerra Junqueira, em uma carta que lhe fizera, em agradecimento a sua produção ou obra literária e que modesto, como é, bem poucos o apreciam e conhecem. Sofrendo a ingratidão dos seus conterrâneos acha-se hoje em posição de destaque em Belém, Neste laconismo, se encerra todo o seu valor, como professor de literatura.

Em 1943 (Diário de São Luis, 02 de setembro), Antônio de Oliveira ao falar da poesia maranhense, comentando livro recém-lançado de João do Rio, afirma: [...] Com a poesia, entretanto, não se deu aqui o mesmo fenômeno. Não houve propriamente colapso. A poesia não desapareceu com o maior de todos, o excelso Cantor dos Timbiras. Gerações de poetas se sucederam uma às outras, mantendo viva na terra maranhense a tradição de berço de poetas. Houve mesmo uma época em que brilhou formosa plêiade de vates, mais ou menos parnasianos, mais ou menos simbolistas, conforme a classificação ao gosto dos nossos historiadores literários. Ignácio Xavier de Carvlho, Maranhão Sobrinho, Vespasiano Ramos, Correa deAraujo, Assis garrido e outros menores, cujos nomes aos poucos se vão apagando, foram componentes dessas gerações, alguns dos quais ainda vivem.

De sua biografia publicada pela Academia Maranhense de Letras – AML 109 - diz-se que: [...] foi quem marcou, com o livro de estreia publicado em 1894, o início do ciclo “decadentista” nas letras maranhenses, nas quais avulta como uma das expressões mais fortes. Dominando com segurança a arte e sabendo trabalhá-la com mestria, foi, sem favor, dos melhores sonetistas que temos tido, de um alto poder de idealização e de expressão estética (Antônio Lôbo),

Quanto à bibliografia registra-se: “Frutos Selvagens” – São Luís, 1893; “Missas Negras” – Manaus, 1902, 48, p.; “Parábolas e Parábolas”, versos humorísticos – Pará, 1919, 32 p. Consta que sua ultima publicação, em livro, data de 1919, quando lançou ‘Parábolas e Parábolas”. Em 1924, sabe-se que tinha uma filha adotiva, Olga Lauande, professora primária, filha de Salim Lauande e sua mulher 108

ELLIGER, Eliana. XAVIER DE CARVALHO. IN Blog Clube do Poeta, 30 de junho0 de 2015, disponível em http://clubedepoetashomenagens.blogspot.com/2015/06/xavier-de-carvalho.html, utilizando como fonte de pesquisa www.patrimonioslz.com.br/; www.antoniomiranda.com.br 109 http://www.academiamaranhense.org.br/inacio-xavier-de-carvalho/


Adelia Lauande. O jornal refere-se a irmãos, ao apresentar os pêsames à família. :Publica, então, o seguinte poema, em sua memória:

O Diário do Maranhão de 18 de outubro de 1893 o traz como membro da diretoria do Clube Iracema. Também nesse ano começa a advogar, instalando seu escritório. Em nota de agradecimento, o Diário do Maranhão – edição de 18 de outubro de 1894 – noticia o lançamento de seu livro de poesias Frutas Selvagens: Foi-nos ofertado um exemplar do livro de poesias Frutas selvagens, de que é autor o sr. Dr. Ignácio Xavier de Carvalho, o talentoso e mimoso poeta maranhense, de que temos por vezes apresentado as mais recomendáveis produções. O trabalho tipográfico é do nosso colega da Pacotilha. Agradecemos o mimo.

Para as comemorações do 03 de novembro, o Gremio Literário João Lisboa indica, dentre os organizadores, Ignácio Xavier de Carvalho, como membro da comissão. Na sessão solene do dia 25/11, é proposto como sócio honorário dessa agremiação estudantil. Em 26 de novembro foi lida correspondência que aceitava a honraria. Possivelmente sua carreira de jornalista tenha se iniciado como correspondente de jornal de Manaus, como deixa ver esta nota, publicada em 04 de abril de 1897, em A Pacotilha:


O Diário do Maranhão de 27 de dezembro de 1900 registra sua chegada à São Luis, em gozo de férias, e dá outras informações, sobre sua atuação no Amazonas, colaborando com alguns jornais, e, também, falando de suas qualidades como poeta:

Do relatório do Diretor do Liceu Maranhense, referente ao ano de 1902, já constava como Professor de Literatura:

Tira licença de três meses:

Retornando de Manaus, e nomeado para o Liceu, em maio de 1902, solicita a permuta de cadeira, passando a responder pela de Frances:


O Diário do Maranhão, edição de 17 de janeiro de 1902, agradece o envio de um exemplar de seu livro Missas Negras:

Em 1903, vamos encontra-lo como professor da cadeira de Francês do Liceu Maranhense

Informa-nos o Diário do Maranhão de 17 de março de 1903 que assumira a presidência de “A Renascença Literária”


No Diario do Maranhão de 08 de outubro de 1903, participa do Festival Rayol, declamando suas poesias

Em 1904, é lançada uma coletânea de poesias: Sonetos Brasileiros, por Laudelino Freire; seu nome aparece entre os grandes poetas do Maranhão – dentre os 19 selecionados -, conforme nota do Diário do Maranhão de 26 de setembro:

No ano de 1905, aparece como examinador do Colégio São Sebastião e do Colégio do Sagrado Coração de Maria. No ano de 1907 aparece dentre os professores do Instituto Nascimento de Moraes. Em 1911, segundo chamada em A Pacotilha, edição de 21 de dezembro, constava como examinador do Instituto São José O Diário do Maranhão, edição de 9 de outubro de 1906, publica uma resposta de Antonio Lobo à artigos publicados no A Imprensa, sobre uma aula daquele, em que o critica:



No dia 12 de outubro, no Diário do Maranhão, novas notas, uma dirigida aos doutores em medicina, outra a Ignácio Xavier de Carvalho, sobre o mesmo assunto:


Em 25 e outubro, O Diário informa que o sr. Ignacio Xavier de Carvalho, juntamente com o tenente-coronel José Ribeiro Oliveira, deixava a redação de A Imprensa.


Em dezembro de 1905 é lançado “A Imprensa”, que o tem como um de seus redatores, conforme informa A Pacotilha do dia 15 daquele ano, quando de sua primeira publicação:

Logo a 24 de outubro de 1906, deixa a redação desse jornal, conforme informa nota em A Pacotilha:


O Diário do Maranhão, edição de 25 de setembro de 1906, agradece o envio de vários exemplares do jornal O Século, do Rio de Janeiro. Ignacio consta como seu correspondente:

Em 31 de maio de 1907, em A Pacotilha, sai a seguinte nota, envolvendo-o em um imbróglio:


Publicado em A Pacotilha – Jornal da Tarde, edição de 22 de julho de 1908, extensa nota assinada por Antônio Lobo, em resposta, sobre a literatura maranhense:





http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/maranhao/xavier_de_carvalho.html


Outra questão, envolvendo os irmãos Carvalho, publicado em A Pacotilha, edição de 10 de outubro de 1908:





Reunida a confraria da Academia Maranhense de Letras, da qual Xavier de Carvalho participava, para reforma de seus Estatutos:


Correa de Araújo publica em A Pacotilha, edição de 19 de agosto de 1910 o seguinte:


Ainda sob ataque, o autor de inumeras notas apontando um dedo a Xavier de Carvalho chama-o ‘poeta pascacio’, conforme publicação dos dias 14, 17, 18, 19, 20, 21 de dezembro de 2010, em A Pacotilha:

Georges Renard foi um jurista e professor de Direito francês, nascido em 1876, e falecido em 1943, autor das seguintes obras110: Notre œuvre sociale, Nancy, Au Sillon lorrain, 1902, 2e éd., 1905 Pour connaître le Sillon, Paris, Au Sillon, 1906 Contribution à l’histoire de l’autorité législative du Sénat romain : le senatus consulte sur le quasi-usufruit, Nancy, Berger-Levrault, 1898 Etude historique sur la législation des concordats jusqu’au concordat de Bologne, Nancy, Imp. A. CrépinLeblond, 1899 Sept conférences sur la démocratie, Paris, Au Sillon, 2e éd., 1910 Le Parlement et la législation du travail, Paris, Librairie de « La Démocratie », 1913 Gallica Notions très sommaires de droit public français, Paris, Sirey, 1920 Cours élémentaires de droit public. Droit constitutionnel, droit administratif, droit financier, Sirey, 1922 Le droit de la profession pharmaceutique, Sirey, 1924 Le Droit, la Justice et la Volonté, Paris, Sirey, 1924 Le Droit, la Logique et le Bon sens, Paris, Sirey, 1925 Le Droit, l’Ordre et la Raison, Paris, Sirey, 1927 La valeur de la loi. Critique philosophique de la notion de loi. Pourquoi et comment il faut obéir à la loi, Paris, Sirey, 1928 La Théorie de l’Institution. Essai d’ontologie juridique, Paris, Sirey, 1930 Gallica L’institution : fondement d’une rénovation de l’ordre social, Flammarion, 1933 Gallica La Philosophie de l’Institution, Paris, Sirey, 1939

110

https://fr.wikisource.org/wiki/Auteur:Georges_Renard_(1876-1943)


A Pacotilha de 1º de dezembro de 1911 traz uma longa nota assinada por Augusto Correa Guterres dirigida ao Governador do Estado, sobre o comportamento do “Juiz Impagável”, semelhante ao ocorrido no ano anterior, também envolvendo uma menor e a sua tutela.


Segundo esse mesmo jornal, em 02 de maio de 2014 é reconduzido ao cargo. A 25, assume o juizado de direito, no impedimento de seu titular. Em novembro (Pacotilha, 11/11/2014), Antônio Lobo publica, sob numero IV, réplica de uma nota saída truncada no dia anterior: Em 1916, durante apresentação de uma peça musical, é homenageado, dentre outros jornalistas e autores maranhenses, pela troupe que aqui se apresentava (Pacotilha, 18?07/1916):

A Pacotilha (08/11/1917) publica uma oração proferida por Ignácio Xavier de Carvalho em homenagem à Gonçalves Dias:




Em O Jornal, edição de 16 agosto de 1917, Pery, ao falar do novo livro de Antonio Lopes, refere-se à Academia de Letras e aos seus membros, referindo-se, dentre os acadêmicos, a I. Xavier de Carvalho


Em 1917, também em edição de O Jornal (22 de outubro), era anunciada a criação do Grêmio Teatral Artur Azevedo, e Xavier de Carvalho constava como seu membro honorário:

No ano de 1918, durante a realização do Festival Helena Nobre, seria cantada a modinha “A lua se desata”, musicada pelo maestro Adelman Correa:

Na edição de O Jornal de 03 de julho de 1918 aparece este Ofertório:


No ano de 1919, em A Pacotilha (23 de maio), uma crítica à Antonio Lopes, em que Xavier de Carvalho é citado:


De Belém, em 1923, envia nota publicada no Diário de São Luis, sobre o raid Rio-Belém, em que aparece uma pequena quadra:

No ano de 1928, escreve crítica sobre a obra do padre Astolpho Serra, lançado em Belém, fazendo grandes elogios ao jovem poeta.111

111

O IMPARCIAL, 24 de abril de 1928, http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=107646&pesq=IGNACIO%20XAVIER%20DE%20CARVALHO


Segundo o Paiz (18 de julho de 1935) do Rio de Janeiro, estava inscrito para prestar concurso para o cargo de Juiz no Acre. Saindo o resultado, dos nove candidatos à vaga, apenas cinco aprovados, e o nosso Xavier de \carvalho passou em quinto lugar. Em 1936, é reconduzido à função de Juiz Federal Substituto, em Belém do Para112. No ano de 1938 foi nomeado inspetor federal da faculdade de Direito do Pará para, logo a seguir, ser destituído da função. Nesse mesmo ano, 1938, mudanças na composição da administração pública federal, e dentro dessa, do Ministério da Justiça, extinta a função de juiz federal substituto, passou para os quadros da previdência, na qualidade de inspetor, tendo reclamado de sua classificação, por vários requerimentos, todos negados. EU! (Aos que me não compreendem) Vamos, pobre infeliz! Muda em asas teus braços! Desfere o vôo teu, no anseio profundo, Para o local que houver mais alto nos espaços, Para o trecho do céu mais distante do mundo! E uma vez lá chegando, errante e vagabundo, Desta vida cruel liberta-te dos laços E atira-te, a cantar, do precipício ao fundo... Quero ver-te cair dividido em pedaços! Morre como um herói! Deixa que o Meio brama! Fecha o ouvido ao Elogio e os olhos fecha à Fama E despreza da Inveja as pérfidas alfombras... E morre, coração! Pois, ao morrer, enquanto Tens Injustiças de uns, tens bênçãos de outro tanto... – Morrerás como o Sol – entre Luzes e Sombras!

112

O IMPARCIAL,08 de junho de 1936 http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=107646&pesq=IGNACIO%20XAVIER%20DE%20CARVALHO


IGNÁCIO XAVIER DE CARVALHO:

113

RECORTES & MEMÓRIAS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ ANTONIO AÍLTON SANTOS SILVA Ao falar de I. Xavier de Carvalho retomamos conversa havida entre os membros da Academia Ludovicense de Letras em sessão de 24 de julho de 2019. Foi proposta rever sua posição entre os grandes nomes de nossa literatura. Já havíamos conversado dias antes sobre o assunto, então decidimos por buscar maiores informações sobre o ‘príncipe dos poetas’ e resgatar, não só sua memória, como suas contribuições em jornais, publicadas nas cidades por onde passou. Além de poeta, contista, Juiz de Direito, Promotor Público, Professor de Literatura, Francês, Direito, e Jornalista... Ao se buscar os lugares da memória, entendemos que podem ser considerados como movimentos que têm por função evitar que o presente se transforme num processo do esquecimento e da perda de identidades. [...] não existe memória espontânea, ressalta, ainda, a necessidade dos homens de alimentarem a história com os resquícios do passado, de organizarem e manterem os referidos lugares de memória. Pois, tanto a História como a memória, tem essência comum: são antídotos do

113

http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_iconografia/icon1402042/icon1402042.jpg


esquecimento. Em decorrência disso, são também espaços de poder. Le Goff, 2003 114. (Nora, 1993 115 citado por Costa, 2007) 116. Os jornais ocupam um lugar privilegiado como armazenadores e formadores da memória social. A partir dessa ótica, os jornais poderiam ser pensados como construtores de lugares de memória, no sentido dado por Pierre Nora (1993, citado por Ribeiro, 1966) 117. Mais precisamente seriam eles, se não os lugares de memória, com certeza espaços privilegiados no arquivamento e produção da memória histórica, pois a imprensa, no processo histórico, deixa vestígios, marcas e produtos ao longo da trajetória socioeconômica e cultural da humanidade, sendo: [...] elemento potencial de memória habilitada para ser recuperada como traço distinto de identidades coletivas e individuais, acerca de um passado instituído. Galves (2000) afirma ainda que: [...] um olhar cuidadoso dos jornais pode permitir reconstrução de cenários e de relações de poder imprescindíveis para a compreensão de dinâmicas locais. (GALVES, 2008) 118 Servimo-nos, assim, de fontes provenientes da imprensa escrita. Ao estabelecer a metodologia para a pesquisa, nos ativemos à proposta por DaCosta (2005)119, Vaz, 2014)120. Como no Atlas, aqui se trabalha com marcos históricos121, mas não se faz história122. Assim, ao se utilizar desta fonte – primária – devem-se levar em conta todos os periódicos disponíveis para consulta: utilizamo-nos da Hemeroteca da Biblioteca Nacional123: JORNAIS DO MARANHÃO Descrição

114

Ocorrências

Diario do Maranhão (MA) - 1855 a 1911

231

Pacotilha (MA) - 1910 a 1938

154

Pacotilha (MA) - 1880 a 1909

74

O Paiz (MA) - 1863 a 1889

22

O Jornal (MA) - 1916 a 1923

21

Correio da Tarde : Folha Diaria (MA) - 1909 a 1911

11

Diario de S. Luiz (MA) - 1920 a 1949

9

Mensagens do Governador do Maranhão para Assembléia (MA) - 1890 a 1930

7

LE GOFF, Jacques. Documento e monumento. In: _____. História e memória. 5. ed. São Paulo: UNICAMP, 2003, p.535-553, citado por COSTA, Márcia Cordeiro, obra citada. 115 NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História, São Paulo, v.10, n.10, p. 8-13, dez. 1993, citado por COSTA, 2007, p. 46-63. 116 COSTA, Márcia Cordeiro. ESQUERDA E FOLHA ACADÊMICA COMPONDO A HISTÓRIA DO ENSINO SUPERIOR DO MARANHÃO: impressos estudantis lugares de memória. Outros Tempos, www.outrostempos.uema.br, ISSN 1808-8031, Vol. 1 esp., 2007, p. 46-63 disponível em https://scholar.google.com.br/scholar?start=20&q=%22faculdade+de+direito+do+maranh%C3%A3o%22+&hl=ptBR&as_sdt=0,5 117 RIBEIRO, A. P. G. A história do seu tempo: a imprensa e a produção do sentido histórico. Rio de Janeiro, Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1996, citado por COSTA, Márcia Cordeiro, obra citada. 118 GALVES, M. C. Jornais e políticos no município de Avaré. São Paulo: UNESP, 2000, citado por COSTA, Márcia Cordeiro, obra citada. 119 DaCOSTA, Lamartine Pereira (org).ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de Janeiro: SHAPE, 2005http://www.confef.org.br/arquivos/atlas/atlas.pdf 120 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO. São Luis: SEDEL, 2014, disponível em http://cev.org.br/biblioteca/atlas-esporte-maranhao/ 121 Memória - registros descritivos e datados; não é diagnóstico nem plano. 122 História - processo de interpretação sob forma de narrativa com base temporal. 123 http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/


Descrição

Ocorrências

Relatorios dos Presidentes dos Estados Brasileiros (MA) 1890 a 1930

6

O Imparcial (MA) - 1926 a 1946

3

Folha do Povo (MA) - 1923 a 1927

3

O Combate (MA) - 1925 a 1965

3

Noticias (MA) - 1933 a 1934

1

Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Maranhão : Para 1896 (MA) - 1896

1

No Amazonas: Diario Official (AM) - 1893 a 1900

13

Jornal do Commercio (AM) - 1905 a 1979

7

A Federação : Orgão do Partido Republicano Federal (AM) - 1895 a 1900

3

A Capital (AM) - 1917 a 1918

3

Commercio do Amazonas (AM) - 1870 a 1912

2

Mensagens do Governador do Amazonas para Assembléia (AM) - 1891 a 1927

2

Jornal do Commercio (AM) - 1980 a 2007

1

Imparcial (AM) - 1918

1

No Pará Estado do Pará : Propriedade de uma Associação Anonyma (PA) - 1921

8

Folha do Norte (PA) - 1896 a 1903

1

O Pará (PA) - 1897 a 1900

1

No Rio e Janeiro: Almanak Laemmert : Administrativo, Mercantil e Industrial (RJ) 1891 a 1940

33

O Paiz (RJ) - 1920 a 1929

13

O Jornal (RJ) - 1930 a 1939

9

Fon Fon : Semanario Alegre, Politico, Critico e Espusiante (RJ) 1907 a 1958

9

Jornal do Brasil (RJ) - 1910 a 1919

8

Correio da Manhã (RJ) - 1936 a 1939

8

Gazeta de Noticias (RJ) - 1930 a 1939

8

Diario de Noticias (RJ) - 1930 a 1939

7

Jornal do Commercio (RJ) - 1930 a 1939

7

Gazeta de Noticias (RJ) - 1920 a 1929

6

Correio da Manhã (RJ) - 1920 a 1929

5

Diario Carioca (RJ) - 1930 a 1939

5

O Paiz (RJ) - 1910 a 1919

5

Jornal do Brasil (RJ) - 1920 a 1929

4

Diario Carioca (RJ) - 1928 a 1929

4


O Jornal (RJ) - 1920 a 1929

4

Correio da Manhã (RJ) - 1940 a 1949

3

O Imparcial (RJ) - 1920 a 1929

3

Diario da Noite (RJ) - 1930 a 1939

3

O Seculo (RJ) - 1906 a 1916

3

A Noite (RJ) - 1940 a 1949

3

Jornal do Commercio (RJ) - 1920 a 1929

3

Correio da Manhã (RJ) - 1910 a 1919

2

Gazeta de Noticias (RJ) - 1890 a 1899

2

O Imparcial (RJ) - 1935 a 1939

2

O Jornal (RJ) - 1940 a 1949

2

A Manhã (RJ) - 1925 a 1953

2

O Paiz (RJ) - 1890 a 1899

2

Relatórios do Ministerio da Justiça (RJ) - 1891 a 1927

2

Jornal do Brasil (RJ) - 1890 a 1899

1

Jornal do Brasil (RJ) - 1900 a 1909

1

Jornal do Brasil (RJ) - 1930 a 1939

1

Jornal do Brasil (RJ) - 1950 a 1959

1

Correio da Manhã (RJ) - 1901 a 1909

1

Diario de Noticias (RJ) - 1970 a 1976

1

Gazeta de Noticias (RJ) - 1900 a 1919

1

O Imparcial : Diario Illustrado do Rio de Janeiro (RJ) - 1912 a 1919

1

O Imparcial (RJ) - 1940 a 1942

1

Jornal do Commercio Edição da Tarde (RJ) - 1909 a 1922

1

A Nação (RJ) - 1933 a 1937

1

A Razão (RJ) - 1916 a 1921

1

A Batalha (RJ) - 1929 a 1941

1

O Paiz (RJ) - 1900 a 1909

1

O Paiz (RJ) - 1930 a 1934

1

A Rua : Semanario Illustrado (RJ) - 1910 a 1927

1

A Esquerda (RJ) - 1928 a 1931

1

Almanaque do Garnier (RJ) - 1903 a 1914

1

A Noite (RJ) - 1920 a 1929

1

Jornal do Commercio (RJ) - 1890 a 1899

1

Jornal do Commercio (RJ) - 1910 a 1919

1

Qual Ignácio Xavier de Carvalho? No Almanaque do Garnier, de 1911, e referindo-se à História de São Paulo, às páginas 383-384, para o ano de 1776, aparece um Ignácio Xavier de Carvalho, entre as pessoas de bem, como organista da Sé:


No Diário de Maranhão, edição de 20 de fevereiro de 1885, sai esta nota: “Negociante. – Acha-se nesta capital, vindo do Brejo, onde é estabelecido, o sr. Capitão Ignácio Xavier de Carvalho, cavalheiro estimado e muito bemquisto e relacionado. Comprimentamol-o”.

Trata-se da mesma pessoa? Naquele ano, constava como estudante, ainda, no Liceu Maranhense Dividimos a presente memória em quatro capítulos: (re)construindo sua biografia, onde vamos buscar os dados referentes à sua vida pessoal, relações familiares, estudos. A seguir, sua carreira como ‘homem da justiça’, promotor e juiz de direito, resgatando sua carreira, a participação politica à ela relacionada, os imbróglios em que se meteu. A terceira parte, o Professor: do Liceu, de escolas particulares, da Universidade Popular, da Faculdade de Direito; por último: o Poeta e Jornalista. Por se tratar de resgate de memória, caberá aos estudiosos da literatura, critica literária e história literária, assim como sociólogos e historiadores, interpretar as informações aqui levantadas, dando-lhes sentido, para além dos dados desvendados, transformando-os em informações sobre o mesmo. Eliana (Shir) Ellinger (2015) 124 traz-nos uma sua biografia, em que destaca não haver maiores informações sobre sua juventude – “Não há registros confiáveis sobre sua juventude. Com certeza, sabe-se apenas que estudou Direito em Recife, de onde retornou para o Maranhão”:

XAVIER DE CARVALHO 124

ELLIGER, Eliana. XAVIER DE CARVALHO. IN Blog Clube do Poeta, 30 de junho0 de 2015, disponível em http://clubedepoetashomenagens.blogspot.com/2015/06/xavier-de-carvalho.html, utilizando como fonte de pesquisa www.patrimonioslz.com.br/; www.antoniomiranda.com.br


(1871 - 1944) Poeta, Inácio Xavier de Carvalho nasceu em São Luís no dia 26 de agosto de 1871. Integrou, juntamente com Antonio Lobo e Fran Paxeco, entre outros, a Oficina dos Novos, movimento de renovação literária empreendido por um grupo de escritores maranhenses no início do século XX. Não há registros confiáveis sobre sua juventude. Com certeza, sabe-se apenas que estudou Direito em Recife, de onde retornou para o Maranhão. Exerceu cargos como o de promotor público, juiz municipal e professor de literatura no Liceu Maranhense. Colaborador assíduo dos jornais de sua época, deixou escritos dispersos no Pará, Amazonas e Maranhão, tendo publicado pouca coisa em livro. Em 1893, com a idade de 23 anos, lançou sua primeira obra, intitulada Frutos Selvagens. O meio literário de São Luís vivia então um momento marcado pela mudança e pela ruptura. As forças da renovação artística, representadas principalmente por Antonio Lobo, insurgiam-se contra a herança da poesia fácil dos cultores do romantismo, movimento que ainda permanecia em voga entre os poetas locais. A estréia de Inácio Xavier de Carvalho em livro contribuiu para inaugurar uma nova fase na literatura maranhense, embora tenha ele próprio causado certa reação entre os renovadores da Oficina dos Novos por conta de sua inclinação para o simbolismo, visto por alguns destes como uma escola decadente e estéril. Cultor do soneto e detentor de grande domínio técnico, Xavier de Carvalho foi um poeta suave, impregnado pelo verso simbolista, contido, mas também parnasiano em muitas passagens, o que certamente contribuiu para dar corpo ao equívoco crítico de considerá-lo um romântico tardio. Na verdade, ele foi, antes de tudo, um artista perfeitamente integrado à corrente poética de seu tempo, marcada pela difícil convivência entre o parnasianismo e o simbolismo. Político por vocação e gosto, Inácio Xavier de Carvalho viajou por Minas Gerais, Amazonas e Pará no exercício da magistratura, cedo perdendo contato com o Maranhão, para onde jamais regressou. Embora tenha permanecido bastante ativo, publicando periodicamente em jornais, consta que sua última obra, Parábolas e Parabolas, data de 1919. Morreu no Rio de Janeiro em 17 de maio de 1944.

NOIVAS MORTAS Essas que assim se vão, fugindo prestes, De ao pé dos noivos, carregando-os n'alma, Amortalhadas de capela e palma demanda dos páramos celestes; Essas que, sob o horror que a morte espalma, Vão dormitar à sombra dos ciprestes Em demanda dos páramos celestes Amortalhadas de capela e palma; Essas irão aos céus, de olhos risonhos, Por entre os Anjos, pelas mãos dos Sonhos, De asas flaflando em trêmulos arrancos, De Alvas Grinaldas pelas tranças frouxas De olhos pisados e de olheiras roxas, Todas cobertas de Pecados Brancos. VOLTA Por desertos, por íngremes terrenos, Fui um dia aos serões desta Ansiedade Ver se ainda ouvia um só gorjeio ao menos Do bando exul das aves da Saudade... Debalde eu fui! O horror da tempestade


Tombando como pérfidos venenos Dos amplos céus de minha Mocidade Matara de uma vez todos os trenos... Do alma horizonte pelas grandes curvas Vi apenas milhares de aves turvas Numa expansão dantesca de asas tortas... E eu voltei... E ao chegar da casa em frente Vi cair, aos meus olhos de Doente, Um triste bando de andorinhas mortas! No Diário de São Luiz, edição de 09 de abril de 1921, sai a seguinte nota: IGNÁCIO XAVIER DE CARVALHO. - O poeta das “Missas Negras” e o príncipe da poesia maranhense, consagrado, por Guerra Junqueira, em uma carta que lhe fizera, em agradecimento a sua produção ou obra literária e que modesto, como é, bem poucos o apreciam e conhecem. Sofrendo a ingratidão dos seus conterrâneos acha-se hoje em posição de destaque wm Belém, Neste laconismo, se encerra todo o seu valor, como professor de literatura.

Em 1943 (Diário de São Luis, 02 de setembro), Antônio de Oliveira ao falar da poesia maranhense, comentando livro recém-lançado de João do Rio, afirma: [...] Com a poesia, entretanto, não se deu aqui o mesmo fenômeno. Não houve propriamente colapso. A poesia não desapareceu com o maior de todos, o excelso Cantor dos Timbiras. Gerações de poetas se sucederam uma às outras, mantendo viva na terra maranhense a tradição de berço de poetas. Houve mesmo uma época em que brilhou formosa plêiade de vates, mais ou menos parnasianos, mais ou menos simbolistas, conforme a classificação ao gosto dos nossos historiadores literários. Ignácio Xavier de Carvlho, Maranhão Sobrinho, Vespasiano Ramos, Correa deAraujo, Assis garrido e outros menores, cujos nomes aos poucos se vão apagando, foram componentes dessas gerações, alguns dos quais ainda vivem.

Para traz Quando um dia eu parti de alegre Ermida Das minha puras ilusões da Infancia, Esta alma toda a transpirar fragancia, Nem presentio os transes da partida... Andei... Um dia, a estremecer com ancia, Pondo os olhos na estrada percorrida, Vi meus Sonhos cahindo de vencida, Apagados nas brumas da distancia... E eu quiz ir para traz, num doudo assomo... Ah! mas toda a extensão da estrada encalma Via-a entulhada por montões de escombros... — Queres voltar, meu coração, mas como? Se tens tantos Vesuvios dentro d’alma Em um milhão de Termópilas nos hombros? (“Missas negras”) – X. de Carvalho


Da Academia Maranhense de Letras – AML – temos a seguinte biografia125: Inácio Xavier de Carvalho nasceu em São Luís, a 26 de agosto de 1871 e faleceu no Distrito Federal, a 17 de maio de 1944. Bacharel em direito pela Faculdade de Recife, foi Juiz Substituto Federal no Maranhão; magistrado, professor, jornalista e poeta. Na opinião de Reis Carvalho, em seu estudo sobre a “Literatura Maranhense”, foi quem marcou, com o livro de estreia publicado em 1894, o início do ciclo “decadentista” nas letras maranhenses, nas quais avulta como uma das expressões mais fortes. Dominando com segurança a arte e sabendo trabalhá-la com mestria, foi, sem favor, dos melhores sonetistas que temos tido, de um alto poder de idealização e de expressão estética (Antônio Lôbo), Um dos fundadores da Academia Maranhense de Letras, nela criou a Cadeira nº 9, sob o patrocínio de Gonçalves Dias; posteriormente, com a ampliação do quadro social para o número clássico, foi feito patrono da Cadeira nº 37, cujo primeiro ocupante seria Ribamar Pereira.

Já na Wikipédia, consta: Inácio Xavier de Carvalho126 Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Xavier de Carvalho Nascimento

26 de São Luís, (MA)

agosto de 1871

Morte

17 de maio de 1944 (72 anos) Rio de Janeiro, (RJ)

Nacionalidade brasileiro Ocupação

Poeta, juiz, professor e jornalista

Inácio Xavier de Carvalho, mais conhecido como Xavier de Carvalho (São Luís, 26 de agosto de 1871 — Rio de Janeiro, 17 de maio de 1944), foi um magistrado, professor, jornalista e poeta maranhense. Foi membro da Academia Maranhense de Letras, onde foi o primeiro a ocupar a cadeira número 9, cujo patrono é Gonçalves Dias. Em decorrência do aumento do número de cadeiras na Academia, foi escolhido patrono da cadeira de número 37, inicialmente ocupada pelo poeta Ribamar Pereira. Foi bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Recife, tendo graduado em 1893. Também foi professor do Liceu Maranhense..Integrou, em companhia com Antonio Lobo e Fran Paxeco, entre outros, a Oficina dos Novos, movimento de renovação literária de 1901.

Quanto à bibliografia registra-se: “Frutos Selvagens” – São Luís, 1893; “Missas Negras” – Manaus, 1902, 48, p.; “Parábolas e Parabolas”, versos humorísticos – Pará, 1919, 32 p.

(RE)CONSTRUINDO SUA BIOGRAFIA Conforme publicação dos necrológicos publicados em jornais do Maranhão, sabe-se que era filho do Coronel Francisco Xavier de Carvalho e de d. Mariana Alves de Carvalho. Seus irmãos: Domingos Xavier de Carvalho, Antônio Xavier de Carvalho (ambos já falecidos), Francisco Xavier de Carvalho Filho, Maria José de Carvalho Fontes. Avô do dr. Freitas Carvalho, e irmão do Cel. Joaquim Cyrilo de Carvalho, negociante no Brejo.

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http://www.academiamaranhense.org.br/inacio-xavier-de-carvalho/ https://pt.wikipedia.org/wiki/In%C3%A1cio_Xavier_de_Carvalho


Seu pai faleceu em 08 de setembro de 1923, com 81 anos de idade. Era antigo comerciante na praça de São Luís, tendo feito parte da diretoria dos Bancos Comercial e Hipotecário. Jornais do Rio de Janeiro, ao anunciar seu falecimento trazem que era um abastado financista, e que um filho tinha parentesco, por casamento, com Raul da Cunha Machado, vice-governador do Estado. No Almanaque do Maranhão de 1948 consta como morando no Iguará, com a patente de tenente. A Situação (1866) diz que o Alferes Joaquim Xavier de Carvalho morava na Freguesia de São Joaquim do Bacanga, muito embora consta sua demissão, em 1847, da função de subdelegado por ter mudado de domicilio (O Progresso). Em 1849, nomeado juiz municipal suplente no município de Iguará (O Estandarte). No ano de 1854 aparece nomeação de suplente de juiz Municipal na cidade de Vargem Grande (O Estandarte). Em 1856, assume a função de delegado de Vargem Grande. Sabe-se que era maçom, conforme nota publicada em O Pensador, de 1881, chamando-o de católico sincero, apesar de maçon. É nesse ano (1881), que recebe a patente de Tenente Coronel comandante do 1º Batalhão de São Luis. Militou na politica do Estado, eleito várias vezes deputado à Assembleia Provincial Legislativa. Proclamada a República, fez parte da Junta Governativa, retirando-se, pouco depois, da política (Diário de São Luís, edição de 10 de setembro de 1923). Sobre sua mãe, sabe-se que morrera no ano anterior ao pai (Diário de São Luís de 1922, edição de 15 de abril), no dia 13 de abril de 1922, aos 79 anos. Faleceu na casa de seu genro, Joaquim Fontes, deixando cinco filhos. Em nota de falecimento de seu irmão Antônio Xavier de Carvalho, ocorrida em 1897, se conhece outros membros de sua família: sua cunhada, esposa do falecido, Estefânia Henriqueta de Freitas Carvalho, seu cunhado Joaquim Baptista do Prado, casado com d. Constância Arcângela Xavier de Carvalho Prado; outro cunhado, Aderbal de Carvalho, casado com Cândida Margarida Xavier de Carvalho, e o padre João Evangelista de Carvalho. Ignácio Xavier de Carvalho casou-se com Maria da Piedade Prado Carvalhal no dia 24 de maio de 1911 (A Pacotilha, edição de 25 de maio de 1911) Em 1924, em outra nota fúnebre, sabe-se que tinha uma filha adotiva, Olga Lauande, professora primária, filha de Salim Lauande e sua mulher Adelia Lauande. O jornal refere-se a irmãos, ao apresentar os pêsames à família. :Publica, então, o seguinte poema, em sua memória:


[...] Não há registros confiáveis sobre sua juventude. Com certeza, sabe-se apenas que estudou Direito em Recife, de onde retornou para o Maranhão. (ELLINGER, 2015) 127. Estudou no Liceu Maranhense! Pois em 1884 é publicado edital, em O Paiz, de 07 de novembro, chamando os alunos para prestar exames em diversas disciplinas: na de Latim constava Ignácio Xavier de Carvalho. Observa-se que, entre seus colegas de turma de Liceu, aparecem muitos personagens que irão influenciar a vida de São Luis e do Maranhão no inicio do século seguinte:

Nas edições seguintes, novos editais, chamando os alunos para as provas. O mesmo se dá no ano de 1885, logrando aprovação, e 1886, também aprovado, como nos anos de 1887, 1888, 1889, 1890. No Diário de Maranhão, edição de 20 de fevereiro de 1885, sai esta nota: “Negociante. – Acha-se nesta capital, vindo do Brejo, onde é estabelecido, o sr. Capitão Ignácio Xavier de Carvalho, cavalheiro estimado e muito bemquisto e relacionado. Comprimentamol-o”. Trata-se da mesma pessoa? Naquele ano, constava como estudante, ainda,

no Liceu Maranhense, conforme outra nota, nesse mesmo jornal, de novembro de 1895, das notas dos exames gerais, da cadeira de Frances, sendo aprovado, junto com outros dois colegas de aula; seis foram reprovados e três não compareceram. Ainda do Diário do Maranhão, edição de 14 de dezembro de 1888, requeria prestar exames de Aritmética. Na edição de 17/12, quando da chamada para os exames gerais, consta que não foi admitido a fazer a prova. A 30 de dezembro, quando das provas de Geometria, em edital dando os resultados da mesma, consta que fora prejudicado nos termos do Decreto n. 9647, de 02 de outubro de 1886128, o mesmo acontecendo com a disciplina de Geografia, Filosofia. Em 1890, concluído o Liceu, parte para o Recife (Pacotilha, 20 de março). O Diário do Maranhão (20/11/1891) o dá como terceiranista do curso de Direito, quando vem passar as férias em São Luis.

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ELLIGER, Eliana. XAVIER DE CARVALHO. IN Blog Clube do Poeta, 30 de junho0 de 2015, disponível em http://clubedepoetashomenagens.blogspot.com/2015/06/xavier-de-carvalho.html, utilizando como fonte de pesquisa www.patrimonioslz.com.br/; www.antoniomiranda.com.br 128 https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-9647-2-outubro-1886-543421-publicacaooriginal-53702pe.html


Retorna do Recife para São Luís em 1892, já sendo tratado como Dr. Ignácio Xavier de Carvalho, embora só em 1883 houver concluído o Curso de Ciências Jurídicas e Sociais (edição de 19 de maio de 1893). No dia 29 de maio, está de volta à São Luis, já Bacharel: O Diário do Maranhão de 18 de outubro de 1893 o traz como membro da diretoria do Clube Iracema: Aparecem anúncios, em vários jornais da cidade de que colocara escritório de advocacia. Em nota de agradecimento, o Diário do Maranhão – edição de 18 de outubro de 1894 – noticia o lançamento de seu livro de poesias Frutas Selvagens: Foi-nos ofertado um exemplar do livro de poesias Frutas selvagens, de que é autor o sr. Dr. Ignácio Xavier de Carvalho, o talentoso e mimoso poeta maranhense, de que temos por vezes apresentado as mais recomendáveis produções. O trabalho tipográfico é do nosso colega da Pacotilha. Agradecemos o mimo.

No ano de 1903, está relacionando entre os cidadãos que poderiam ser convocados a participar como jurados, conforme revisão da Lei, de 1902. Assim como, em 1903, consta como um dos acionistas, subscritores, da fábrica de tecidos Cânhamo, com 50 ações adquiridas. Vai vender parte de suas ações em 1909, ao Barão de Itapary. Para as comemorações do 03 de novembro, o Gremio Literário João Lisboa indica, dentre os organizadores, Ignácio Xavier de Carvalho, como membro da comissão. Na sessão solene do dia 25/11, é proposto como sócio honorário dessa agremiação estudantil. Em 26 de novembro foi lida correspondência que aceitava a honraria. O Diário do Maranhão de 23 de abril de 1903 o traz como adquirindo ações da Companhia Popular Seguradora, em numero de 35. Em 1904, adquire 50 ações do Banco Commercial, segundo relatório publicado em 06 de fevereiro, pelo Diário do Maranhão, totalizando 80 ações. 1905, revisão do alistamento eleitoral, consta relacionado como alistado. Neste mesmo ano é constituído o “Clube Patriótico Lauro Sodré”, do qual fez parte da diretoria provisória:


Lauro Nina Sodré e Silva , Primeiro governador constitucional do Pará : de 24 de junho de 1891 a 1º de fevereiro de 1897 Nascido a 17/10 em Belém, em 1858, e falecido no RJ, em 1944. Por não ter recursos para frequentar uma das escolas de Direito existentes no Brasil, conforme era sua vontade, seguiu a carreira de engenheiro do Curso Militar do Brasil, na Praia Vermelha. Entre seus professores, Benjamin Constant fora o responsável pela adesão dele a uma das correntes do positivismo, linha filosófica que influenciou as ideias do século XIX, no Brasil, e que tinha sido um marco no meio da juventude militar. A corrente seguida por Constant e seus discípulos não se alinhou à ortodoxia dos princípios do Apostolado Positivista liderados por outros intelectuais brasileiros, que favoreciam a solução republicana do movimento brasileiro condenando a realeza hereditária através das leis naturais, assumindo a via pacífica do "evolucionismo", e não através de uma revolução. Os positivistas não ortodoxos, ou seja, os que não seguiam a linha rígida dos princípios de Comte, como Benjamin Constant, Quintino Bocaiúva, apoiavam a via insurrecional e foi esta linha a adotada por Lauro Sodré. [...] Ele polemizou sobre religião e política, através das colunas de “A Província do Pará", usando o pseudônimo Danton, e do jornal "República", como Diderot. [...] Era maçon, criando, com isso, zonas de atritos com os católicos ultramano. [...] Foi republicano histórico, vindo da primeira hora das lutas pela implantação desse regime. Com Justo Chermont, Paes de Carvalho, Manuel Barata e outros, fundou o Clube Republicano. Em 1890, foi eleito para deputado à Constituinte Federal, sendo escolhido, em 1891, o primeiro governador constitucional do Pará. [...] A historiografia regional silencia sobre possíveis conflitos havidos por ocasião da promulgação do regime republicano no Pará, relatando apenas os fatos convencionais da tomada do poder dos monarquistas pelos republicanos. Mas estes ocorreram, quer entre os militares, quer entre os civis, aflorado mais fortemente através do episódio que ficou conhecido como o “levante do Cacaolinho” e que é registrado no livro “Um Democrata[ ] Os sucessos de junho ou o último motim político do Pará” (Belém: Imprensa de Tavares Cardoso & Cia, 1891). Este confronto entre as forças republicanas e monarquistas e alguns membros do clero paraense, coincidiu com o período de governo do Capitão Tenente da Armada Huet de Bacelar, gaúcho que veio nomeado pelo Governo Provisório para substituir Gentil Bittencourt, na interinidade do governo estadual, desde a nomeação de Justo Chermont para o Ministério das Relações Exteriores. Huet de Bacelar adotou medidas de repressão contra os adversários do seu governo, entre os quais os chefes dos jornais "O Democrata" e do "Diário do Grão Pará". Estes dois jornais foram apedrejados e os jornalistas agredidos, sendo acusado o governador, como mandante das violências. No dia 11 de junho de 1891, momento de instalação do Congresso Estadual que indicaria Lauro Sodré para o Governo Constitucional, ocorreu uma insurreição armada conhecida como o “levante do Cacaolinho”. Entre outras motivações que levaram ao “levante do Cacaolinho” sobressaem denúncias às eleições para a Constituinte Federal e Estadual, quando o Partido Democrata Republicano, apesar das alianças com as demais forças partidárias locais, como Partido Nacional Católico, foi derrotado fragorosamente pelo PRP Radical. [...] A Constituinte do Pará foi promulgada em 22 de junho de 1891, encerrando-se assim o período em que as nomeações dos governos estaduais eram feitas pelo Governo Provisório Republicano. Um dia depois, os constituintes elegiam por unanimidade o Governador Lauro Sodré, que assumiu o cargo em 24, permanecendo no governo até 1º de fevereiro de 1897.(Luiza Álvares, 23 de outubro de 2015, LAURO SODRÉ E A REPÚBLICA DO PARÁ, in http://politicaecronicas.blogspot.com/2015/10/lauro-sodre-e-republica-no-para.html




DIÁRIO DO MARANHÃO, 17 de maio de 1905


Também em 1905, é lançada uma Universidade Livre, Universidade Popular Maranhense, iniciativa de Antônio Lobo. Dentre os subscritores, estava Xavier de Carvalho

: Essa Universidade funcionou de 1905 a 1911. Logo após o aparecimento da noticia de sua fundação, editais chamam os interessados a se inscrever aos exames gerais, conforme publicações do Diário do Maranhão, como


estas, dos dias 21 e 25 de fevereiro de 1905; fica-se sabendo que mantinha curso de Ciências Médicas e Cirurgia, de Ciências Jurídicas e Sociais, curso da Escola Politécnica: O Tesouro Público do estado lança os débitos de consumo relativos ao ano de 1905, aparecendo, dentre os devedores, com endereço no Porto, Ignácio Xavier de Carvalho, como proprietário de dois botes (Diário do Maranhão, 9 de janeiro de 1906). Sua divida era de 37$500. A Intendência Municipal também cobra seu imposto sobre profissões, estando o dr. Xavier de Carvalho em dívida, no valor de 6$500, relativo ao ano de 1905. Em 1906, aparece como subscritor de ações da Cia de Fiação e Tecidos Maranhense, num total de 1 ação, no valor de $100, que irá se somar às outras 5, que já possuía, transferidas por seu irmão. (Diário do Maranhão, 31/08/1906). O Club Lauro Sodré, do qual é fundador e presidente, em manifesto, lança seu nome para deputado estadual (Diário do Maranhão, 4 de dezembro de 1906)


No Relatório do Banco Commercial, aparece como acionista do mesmo. (1909), e transferira suas ações a diversas pessoas. A 3 de maio, manifesta sua solidariedade ao capitão de mar-e-guerra Belfort Vieira: Seu nome aparece em uma lista, para assumir a administração dos Correios (Pacotilha, 1909):


Uma carta é perdida: (Pacotilha, julho de 1909)

Em 30 de junho de 1909, um leitor pede ser registrada resposta a Ignácio Xavier de Carvalho, sobre noticia que fora publicada por ele, sobre o assassinato de um índio:



Em 1913 (A Pacotilha, 21/11), publica anúncio, já divulgada nota anterior sobre sua constituição, da Caixa de Peculio “Lares e Berços”, em que Ignácio Xavier de Carvalho aparece como membro da Diretoria:

A 9 de setembro de 1914, a Pacotilha publica nota, sobre o funcionamento do pecúlio, envolvendo um seu funcionário e a diretoria:


A 11 de setembro, nova nota:


Em abril de 1915, por ocasião do lançamento de uma obra da Construtora Maranhense é informado que entraram na sociedade novos sócios, dentre eles, Ignácio Xavier de Carvalho (Pacotilha, 29/04/2015). De acordo com a Gazeta de Noticias, do Rio de Janeiro, edição de 4 dee dezembro de 1935, sua filha, Vera, gradua-se em Direito:


ti Em 1937, sai nota sobre seu casamento. O Jornal, do Rio de Janeiro (21 de setembro de 1940), em nota, informa que foi aposentado como Inspetor da Previdência, classe J.: Convite para a missa de 30º dia de falecimento é publicado no Correio da manhã do dia 16 de junho de 1944

O PROMOTOR PÚBLICO E O JUIZ DE DIREITO EU! (Aos que me não compreendem) Vamos, pobre infeliz! Muda em asas teus braços! Desfere o vôo teu, no anseio profundo, Para o local que houver mais alto nos espaços, Para o trecho do céu mais distante do mundo! E uma vez lá chegando, errante e vagabundo, Desta vida cruel liberta-te dos laços E atira-te, a cantar, do precipício ao fundo... Quero ver-te cair dividido em pedaços!


Morre como um herói! Deixa que o Meio brama! Fecha o ouvido ao Elogio e os olhos fecha à Fama E despreza da Inveja as pérfidas alfombras... E morre, coração! Pois, ao morrer, enquanto Tens Injustiças de uns, tens bênçãos de outro tanto... – Morrerás como o Sol – entre Luzes e Sombras! Em nota publicada em 08 de maio de 1895, é informado que deixara a função de Promotor Público da capital, nomeado interinamente. Começa sua carreira na Justiça:

Edital publicado no Diário do Maranhão, de 22 de agosto de 1895, já o traz como Juiz Substituto da 2ª. Vara Cível e Crime da Comarca da capital e dos feitos da fazenda estadual e município, etc.: Em 1895 – (Diário do Maranhão, 09 de setembro) - estava respondendo, já, pela 3ª. Vara Criminal e Cível, privativa da Provedoria, dos Resíduos e Casamentos de São luis-Ma, como juiz substituto:


A 30 de setembro, em Diário do Maranhão, publicada Portaria o nomeando Juiz Substituto da 2ª. Vara Criminal e Cível

E à 1º, de outubro, uma justificativa do Vice-Governador:

Assumindo a nova função a 4 de outubro, conforme avis publicado em 05/09:

E a seguir, novo remanejamento:


É de 30 de novembro de 1896 (Diário...), seu pedido de remoção:

A 12 de dezembro, nova Portaria, e nova remoção:

De sua carreira de Juiz de Direito, encontramos portaria tornada sem efeito sua nomeação para Juiz Federal Substituto da 3ª Vara da capital, em 1896129:

Logo abaixo, outra portaria, confirmando-o na função:

Em 1897, passa alguns meses no Rio de Janeiro, regressando em 1º de Janeiro de 1998. No ano de 1899 estava exercendo a função de Promotor Público da cidade de Alcântara, pedindo licença por três meses130:

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Relatorios dos Presidentes dos Estados Brasileiros (MA) - 1890 a 1930 http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=720402&pesq=IGNACIO%20XAVIER%20DE%20CARVALHO 130 Mensagens do Governador do Maranhão para Assembléia (MA) - 1890 a 1930 http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=873039&pesq=IGNACIO%20XAVIER%20DE%20CARVALHO


Em 1900, pede exoneração de sua função em Alcântara:

Em abril de 1900, parte para Manaus, indo exercer a função de Juiz Municipal do Termo de São Felipe:

O Diário Oficial do Amazonas, de 1º de maio de 1900, publica Portaria de sua nomeação para exercer o cargo de curador geral das massas falidas, interinamente:

Por ato do Governador do Amazonas, volta a assumir seu cargo de Juiz Municipal em São Felipe, conforme consta do D.O. de 04 de agosto de 1900


O Jornal Commercio do Amazonas, de 16 de dezembro de 1900, informa que estava de passagem por Manaus, em gozo de férias, dirigindo-se ao Maranhão. Na página seguinte, sai nota da Higiene Pública, dando-lhe licença médica para tratamento de saúde:

Essa licença é requerida dias antes, e publicada no D.O. de 22 de dezembro, determinando fosse inspecionado

O Diário do Maranhão de 27 de dezembro de 1900 registra sua chegada à São Luis, em gozo de férias, e dá outras informações, sobre sua atuação no Amazonas, colaborando com alguns jornais, e, também, falando de suas qualidades como poeta:


No ano seguinte, é nomeado Secretário do Tribunal da Relação do Estado do Amazonas, conforme nota de 09 de abril, em A Pacotilha

A 30 de novembro de 1901, conforme o Diário do Maranhão encontrava-se, novamente, doente

Em mensagem do Governador do Amazonas, é informado que se encontrava de licença de sua função. Terminada sua licença, como não se apresentou ao serviço, foi exonerado:


O Jornal do Commercio, de Manaus, em edição de 03 de setembro de 1910, informando sobre os atos do Governador do Maranhão, Luis Domingues, dentre eles, a criação de três vagas de juiz municipal, uma delas ocupada, a 1ª, por I. Xavier de Carvalho:

Em 1910, pela Pacotilha, sai uma nota atacando-o como Juiz, num caso envolvendo uma menor:




A 12 de dezembro de 2010, em A Pacotilha, aparece nota criticando o aparecimento de uma oposição à Luis Domingues, assinada por I. Xavier de Carvalho:



Ainda sob ataque, o autor de inumeras notas apontando um dedo a Xavier de Carvalho chama-o ‘poeta pascacio’, conforme publicação dos dias 14, 17, 18, 19, 20, 21 de dezembro de 2010, em A Pacotilha:













E logo a seguir, nessa mesma página:


Em 1911, ainda exercia a função de Juiz Municipal de Órfãos e Ausentes, segundo edital publicado em 15 de julho. Logo a seguir, outro edital, assinando como Juiz Municipal da Vara de Comércio. Na mesma Folha Diária, de 19 de agosto, registra, pela passagem de Lauro Sodré, sua participação nos festejos cívicos, sendo I. Xavier de Carvalho o orador oficial, posto ser presidente do Club Lauro Sodré.


A Pacotilha de 1º de dezembro de 1911 traz uma longa nota assinada por Augusto Correa Guterres dirigida ao Governador do Estado, sobre o comportamento do Juiz Impagavel, semelhante ao ocorrido no ano anterior, também envolvendo uma menor e a sua tutela:



Em 1913, segundo a Pacotilha, edição de 28 de fevereiro, assume a 1ª Vara da capital:

Segundo esse mesmo jornal, em 02 de maio de 2014 é reconduzido ao cargo. A 25, assume o juizado de direito, no impedimento de seu titular. Em novembro (Pacotilha, 11/11/2014), Antônio Lobo publica, sob numero IV, réplica de uma nota saída truncada no dia anterior:



Em 1915, constava do Mapa de Juízes Municipais da Capital, assim como em 1916:

Respondia pela 1ª Vara Cível da Capital, nos anos de 1916 a 1918, realizando muitos casamentos, conforme registro dos jornais da época. Em 1917 deparamos mais um caso envolvendo o Juiz Ignacio Xavier de Carvalho:



Em 1918, o Jornal registra sua nomeação para Juiz Federal Substituto no Pará:


O Jornal A Capital, de Manaus, registra a criação da Faculdade de Direito de São Luis, constando I. Xavier de Carvalho como um dos professores, substituto:

Em 1919, aparece nota em que renuncia à função de lente da faculdade. O Imparcial, e A Capital, do Amazonas, em data de 05 de setembro de 1918, registram sua nomeação para Juiz Substituto Federal na seção do Pará:

Jornal do Commercio, de Manaus, edição de 23 de maio de 1924 traz a sua recondução à função de Juiz Substituto do Pará. Segundo o Paiz (18 de julho de 1935) do Rio de Janeiro, estava inscrito para prestar concurso para o cargo de Juiz no Acre. Saindo o resultado, dos nove candidatos à vaga, apenas cinco aprovados, e o nosso Xavier de \carvalho passou em quinto lugar. Em 1936, é reconduzido à função de Juiz Federal Substituto, em Belém do Para131. No ano de 1938 foi nomeado inspetor federal da faculdsde de Direito do pará para, logo a seguir, ser destituído da função. Nesse mesmo ano, 1938, mudanças na composição da administração pública federal, e dentro dessa, do Ministério da justiça, extinta a função de juiz federal substituto, passou para os quadros da previdência, na qualidade de inspetor, tendo reclamado de sua classificação, por vários requerimentos, todos negados.

131

O IMPARCIAL,08 de junho de 1936 http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=107646&pesq=IGNACIO%20XAVIER%20DE%20CARVALHO


O PROFESSOR: LITERATURA, FRANCÊS e DIREITO Do relatório do Diretor do Liceu Maranhense, referente ao ano de 1902, já constava como Professor de Literatura:

Tira licença de três meses:

Retornando de Manaus, e nomeado para o Liceu, em maio de 1902, solicita a permuta de cadeira, passando a responder pela de Frances:

Em 1903, vamos encontra-lo como professor da cadeira de Francês do Liceu Maranhense

Informa-nos o Diário do Maranhão de 17 de março de 1903 que assumira a presidência de “A Renascença Literária”


No ano de 1905, aparece como examinador do Colégio São Sebastião e do Colégio do Sagrado Coração de Maria

No ano de 1907 aparece dentre os professores do Instituto Nascimento de Moraes


O Diário do Maranhão, edição de 9 de outubro de 1906, publica uma resposta de Antonio Lobo à artigos publicados no A Imprensa, sobre uma aula daquele, em que o critica:


No dia 12 de outubro, no Diário do maranhão, novas notas, uma dirigida aos doutores em medicina, outra a Ignácio Xavier de Carvalho, sobre o mesmo assunto:



Em 25 e outubro, O Diário informa que o sr. Ignacio Xavier de Carvalho, juntamente com o tenente-coronel José Ribeiro Oliveira, deixava a redação de A Imprensa. Publicado em A Pacotilha – Jornal da Tarde, edição de 22 de julho de 1908, extensa nota assinada por Antônio Lobo, em resposta, sobre a literatura maranhense:






Em 1911, segundo chamada em A Pacotilha, edição de 21 de dezembro, constava como examinador do Instituto São José


Em 1918, estava relacionado como professor substituto da recém-fundada Faculdade de Direito do Maranhão132: PROFESSOR SUBSTITUTO - 5ª. SESSÃO ECONOMIA POLITICA, CIÊNCIA DA FINANÇA, E DIREITO ADMINISTRATIVO INACIO XAVIER DE CARVALHO

Poeta, Inácio Xavier de Carvalho nasceu em São Luís no dia 26 de agosto de 1871. Integrou, juntamente com Antonio Lobo e Fran Paxeco, entre outros, a Oficina dos Novos, movimento de renovação literária empreendido por um grupo de escritores maranhenses no início do século XX. Não há registros confiáveis sobre sua juventude. Com certeza, sabe-se apenas que estudou Direito em Recife, de onde retornou para o Maranhão. Aqui, exerceu cargos como o de promotor público, juiz municipal e professor de literatura no Liceu Maranhense. Colaborador assíduo dos jornais de sua época deixou escritos dispersos no Pará, Amazonas e Maranhão, tendo publicado pouca coisa em livro. Em 1893, com a idade de 23 anos, lançou sua primeira obra, intitulada Frutos Selvagens. O meio literário de São Luís vivia então um momento marcado pela mudança e pela ruptura. As forças da renovação artística, representadas principalmente por Antonio Lobo, insurgiam-se contra a herança da poesia fácil dos cultores do romantismo, movimento que ainda permanecia em voga entre os poetas locais. A estréia de I. Xavier de Carvalho em livro contribuiu para inaugurar uma nova fase na literatura maranhense, embora tenha ele próprio causado certa reação entre os renovadores da Oficina dos Novos por conta de sua inclinação para o simbolismo, visto por alguns destes como uma escola decadente e estéril. Cultor do soneto e detentor de grande domínio técnico, I. Xavier de Carvalho foi um poeta suave, impregnado pelo verso simbolista, contido, mas também parnasiano em muitas passagens, o que certamente contribuiu para dar corpo ao equívoco crítico de considerá-lo um romântico tardio. Na

132

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. MEMÓRIA DA FACULDADE DE DIREITO DO MARANHÃO.


verdade, ele foi, antes de tudo, um artista perfeitamente integrado à corrente poética de seu tempo, marcada pela difícil convivência entre o parnasianismo e o simbolismo. Político por vocação e gosto, I. Xavier de Carvalho viajou por Minas Gerais, Amazonas e Pará no exercício da magistratura, cedo perdendo contato com o Maranhão, para onde jamais regressou. Embora tenha permanecido bastante ativo, publicando periodicamente em jornais, consta que sua última obra, Parábolas e Parábolas, data de 1919. Morreu no Rio de Janeiro em 17 de maio de 1944. Fonte: www.patrimonioslz.com.br/ http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/maranhao/xavier_de_carvalho.html

O JORNALISTA E CRÍTICO LITERÁRIO Possivelmente sua carreira de jornalista tenha se iniciado como correspondente de jornal de Manaus, como deixa ver esta nota, publicada em 04 de abril de 1897, em A Pacotilha:

Em dezembro de 1905 é lançado “A Imprensa”, que o tem como um de seus redatores, conforme informa A Pacotilha do dia 15 daquele ano, quando de sua primeira publicação:


Logo a 24 de outubro de 1906, deixa a redação desse jornal, conforme informa nota em A Pacotilha:

O Diário do Maranhão, edição de 25 de setembro de 1906, agradece o envio de vários exemplares do jornal O Século, do Rio de Janeiro. Ignacio consta como seu correspondente:

Em 31 de maio de 1907, em A Pacotilha, sai a seguinte nota, envolvendo-o em um imbróglio:


Outra questão, envolvendo os irmãos Carvalho, publicado em A Pacotilha, edição de 10 de outubro de 1908:





Correa de Araújo publica em A Pacotilha, edição de 19 de agosto de 1910 o seguinte:



A Pacotilha (08/11/1917) publica uma oração proferida por Ignácio Xavier de Carvalho em homenagem à Gonçalves Dias:



No ano de 1919, em A Pacotilha (23 de maio), uma crítica à Antonio Lopes, em que Xavier de Carvalho é citado:


Em 1916, durante apresentação de uma peça musical, é homenageado, dentre outros jornalistas e autores maranhenses, pela troupe que aqui se apresentava (Pacotilha, 18?07/1916):

De Belém, em 1923, envia nota publicada no Diário de São Luis, sobre o raid Rio-Belém, em que aparece uma pequena quadra:


No ano de 1928, escreve crítica sobre a obra do padre Astolpho Serra, lançado em Belém, fazendo grandes elogios ao jovem poeta.133

133

O IMPARCIAL, 24 de abril de 1928, http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=107646&pesq=IGNACIO%20XAVIER%20DE%20CARVALHO


O POETA & ACADEMICO

O Diário do Maranhão, edição de 17 de janeiro de 1902, agradece o envio de um exemplar de seu livro Missas Negras:

No Diario do Maranhão de 08 de outubro de 1903, participa do Festival Rayol, declamando suas poesias

Em 1904, é lançado uma coletânea de poesias: Sonetos Brasileiros, por Laudelino Freire; seu nome aparece entre os grandes poetas do Maranhão – dentre os 19 selecionados -, conforme nota do Diário do Maranhão de 26 de setembro


Reunida a confraria da Academia Maranhense de Letras, da qual Xavier de Carvalho participava, para reforma de seus Estatutos:



Em O Jornal, edição de 16 agosto de 1917, Pery, ao falar do novo livro de Antonio Lopes, refere-se à Academia de Letras e aos seus membros, referindo-se, dentre os acadêmicos, a I. Xavier de Carvalho


Em 1917, também em edição de O Jornal (22 de outubro), era anunciada a criação do Grêmio Teatral Artur Azevedo, e Xavier de Carvalho constava como seu membro honorário:


No ano de 1918, durante a realização do Festival Helena Nobre, seria cantada a modinha “A lua se desata”, musicada pelo maestro Adelman Correa:

Na edição de O Jornal de 03 de julho de 1918 aparece este Ofertório:



ELOGIO AO PATRONO: ELZA PAXECO MACHADO

Elza Fernandes Paxeco (São Luís, 6 de Janeiro de 1912 — Lisboa, 28 de Dezembro de 1989) Foi professora, filóloga e escritora134.

Por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Ao ser informado por Mhário Lincoln de que fora aceito para ocupar uma Cadeira na Academia Poética Brasileira, disse-me que ainda não havia uma numeração, nem um Patrono. Tempos depois, aproximando-se a data provável da posse, solicitei o número da cadeira e o nome do patrono. Informou-me que o patrono seria de minha escolha. Após muito pensar – entre meus dois patronos: no IHGM, Dunshee de Abranches; na ALL, Fran Paxeco. Pensava mais em Fran Paxeco, pois estava a escrever uma sua biobibliografia – Recortes & Memórias, o título, levantando tudo o que fora publicado dele e sobre ele, nos jornais das terras onde passara. Estava no ano de 1912 quando me deparei com a notícia de nascimento de sua filha, Elza:

A PACOTILHA, São Luís, 09 de janeiro de 1912 134

https://pt.wikipedia.org/wiki/Elza_Paxeco Fontes Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, s.v. «Elza Paxeco». vol. 20, pgs. 696-967. Lello Universal: Dicionário Enciclopédico Luso-Brasileiro. Porto: Lello & Irmão, 1980, 2 vols., s.v. «Elza Paxeco», II vol. pg. 487. OLIVEIRA, A. Lopes de; VIANA, Mário Gonçalves. Dicionário Mundial de Mulheres Notáveis, s.v. «Elza Paxeco». Porto: Lello & Irmão, 1967, pg. 1038. PORBASE Base nacional de dados bibliográficos. A Universidade de Lisboa Séculos XIX e XX, Vol.II / Coord. Sérgio Campos Matos, Jorge Ramos do Ó [ et al.] Lisboa, Tinta da China, 2013. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Elza_Fernandes_Paxeco_Machado.jpg https://www.facebook.com/418088872283919/posts/426860654740074/ https://aviagemdosargonautas.net/2012/01/06/homenagem-a-professora-elza-paxeco/ https://pt.linkfang.org/wiki/Elza_Paxeco#cite_ref-2https://pt.linkfang.org/wiki/Elza_Paxeco#cite_ref-2 https://www.myheritage.com.br/names/elza_machado


Vamos seguir, aqui, a apresentação que sua neta, Dra. Rosa Machado, fez135: Nasceu em São Luís do Maranhão, a 06 de Janeiro de 1912 na Rua da Palma, nº 38 – na casa de seu avô materno Luís Manuel Fernandes, sócio da Firma “Luis Manuel Fernandes & Irmãos, importadores e exportadores”.

Jazigo do Comerciante Luiz Manoel Fernandes e sua Família Na alameda principal do Cemitério do Gavião está o jazigo do comerciante português Luiz Manoel Fernandes e sua Família, erguido como capela de mármore de Carrara em estilo neogótico, obra do escultor português António Moreira Rato. Luiz Manoel foi importante comerciante em meados e fins do século XIX e faleceu de beribéri, quando em viagem, na Bahia, sendo seu corpo transferido para São Luís, onde foi sepultado em seu jazigo. Sua filha, a maranhense Isabel Fernandes, veio a casar-se com o cônsul português e intelectual, um dos 12 apóstolos das letras fundadores da Academia Maranhense, Fran Paxeco. Do casal Fran-Isabel descende ilustre prole dentre as quais se destacam a sua filha Dra. Elza Paxeco Machado, primeira mulher a doutorar-se em Letras pela Universidade de Lisboa e sua neta Maria Rosa Pacheco Machado, Mestra em arquivo e documentação, que ocupa atualmente uma cadeira de membro correspondente da Academia Maranhense, cadeira que foi ocupada por sua Mãe, a Dra. Elza. Registre-se que, Maria Rosa, bisneta de Luís Manoel Fernandes e neta de Fran Paxeco, é também filha do grande filólogo, dicionarista e arabista português Dr. José Pedro Machado, falecido em 2005136.

Aí passou sua infância com seus pais, ele Manuel Fran Paxeco (1874-1952) 137 português de Setúbal jornalista e diplomata, ela maranhense de São Luís que lhe propiciaram um ambiente requintado, culto, de padrão bastante elevado. Para além do ensino normal, aprendeu a tocar piano, a dizer poesia, a desenhar etc., com professores das especialidades138.

135

MACHADO, Rosa Paxeco. In correspondência particular, via correio eletrônico, enviada em 1º de setembro de 2020, a pedido dom autor 136 REZENDE FILHO, João Dias. In Cemitério: museu a céu aberto? Suplemento Literário e Cultural Guesa Errante do Jornal Pequeno (24.03.2012, disponível em https://idisabel.wordpress.com/2012/03/24/cemiterio-museu-a-ceu-

aberto/Publicado em 24 de março de 2012 por neoabolicionistas. 137

https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Fran_Paxeco http://www.academiamaranhense.org.br/manuel-francisco-pacheco/ https://www.wikiwand.com/pt/Manuel_Fran_Paxeco https://www.youtube.com/watch?v=YW0qjkslz_8 https://www.youtube.com/watch?v=ABZnuy10cIw https://www.youtube.com/watch?v=-qTepbtKZ-4 https://www.youtube.com/watch?v=-qTepbtKZ-4 http://cev.org.br/biblioteca/fran-paxeco-e-educacao-fisica-maranhao/ http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe7/pdf/05%20HISTORIA%20DA%20PROFISSAO%20DOCENTE/FRAN%20PAXECO%20LENTHE%20DA%20REVITALIZACAO.p df https://www.diretodoplanalto.com.br/2019/07/juiz-sem-juizo-o-caso-fran-paxeco-por.html 138 Informa Rosa Machado: Ainda não consegui saber onde ela terá estudado em criança, embora tenha andado a bater a várias portas; Colégio Santa Teresa, Secretaria da Educação, Inspecção Escolar, mas os arquivos não estão muito disponíveis.


Isabel Eugénia Cardoso de Almeida Fernandes (1879-1956) natural de São Luís, também era filha de um português, mas de Lamares, Vila Real e de uma maranhense de São Luís: Rosa Cândida Cardoso de Almeida Fernandes (1845-1912) que por sua vez também era filha de outro português (de Cascais) e de outra maranhense, mas de Santa Maria de Icatú. Ele, Máximo Cardoso de Almeida (1816-1876) foi dono de engenho de açúcar, capitão de longo curso, dono do barco “Rosabella” e ela, Ana Joaquina Jansen da Silva (1827-1872) era, segundo constam, sobrinha de “Donanna” Jansen. Quando sua família partiu definitivamente do Brasil para a Europa (em 1925), foi carregada de recordações poéticas, musicais, etnográficas; de estórias, cheiros e cores, sabores e sons... De que falará com saudade, desgosto, ciente que nunca mais voltaria a São Luís. Citava Gonçalves Dias mal chegava a Primavera... Inteligente, imaginativa, sonhadora, boa aluna, estudou com sucesso num convento católico jesuíta no Reino Unido, o Upton Hall School a Nordeste139, até entrar para a Universidade de Gales140, onde se formou em Filologia Românica e Filologia Germânica com altas classificações – Honours Summa cum Laudes.

139 140

https://en.wikipedia.org/wiki/Upton_Hall_School_FCJ https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_do_Pa%C3%ADs_de_Gales


Mais tarde, durante dois anos para a Universidade de Londres141 para fazer outro curso, de especialização, Master of Arts. Tudo para grande contentamento de seu Pai, que muito admirava e venerava; e de sua Mãe que lhe marcou muito a vida pelos objetivos demasiado ambiciosos que lhe traçou e que lhe marcaram toda a vida.

141

https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_de_Londres


Quando foi para Portugal, frequentou durante dois anos a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa 142, a fim de tirar as cadeiras de equivalência que lhe faltavam, as de Literatura e Filologia Portuguesas, História de Portugal e Descobrimentos. É nesta fase da sua nova vida académica que conhece outro aluno, que alguns anos mais tarde se tornaria seu marido: José Pedro Machado143, que frequentava o mesmo curso de Filologia Românica. Foi a primeira senhora doutorada pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (Outubro de 1938), tendo obtido aprovação por unanimidade. Era, nessa altura, o mais novo dos doutores, com apenas vinte e seis anos. Fez um estágio de dois anos no Liceu Pedro Nunes144 e foi chamada para a Faculdade de Letras da mesma Universidade, onde ensinou como leitora de Francês entre Fevereiro de 1940 e Outubro de 1948, quando foi exonerada a seu pedido; igualmente regera as cadeiras de Literatura Francesa e de Língua e Literatura Inglesa, tendo ainda feito parte de júris de admissão ao Ministério dos Negócios Estrangeiros145. Casou em 04 de Setembro de 1940 com José Pedro Machado, tendo dessa união nascido três filhos: Maria Helena (1941), João Manuel (1943), Maria Rosa (1946).

Por indicação de Alfredo de Assis146, representou em Portugal a Associação das Academias Brasileiras de Letras147. Foi eleita sócia correspondente da Academia Maranhense de Letras148, exatamente para a cadeira Número 5. No ano letivo de 1960-1961 ensinou Francês na Escola Industrial Afonso Domingues149, escola onde o seu marido era professor efetivo e nesta altura tinha o cargo de Diretor. Nunca deixou de ter contato com São Luís, nomeadamente com a família do Dr. Aníbal de Pádua, com quem sempre se correspondeu, através de quem ia tendo notícias da sua terra natal. Com a família Guedes de Azerêdo que também estava em Portugal, compartilhava laços de São Luís e também laços de família, pois Alfredo (filho) foi o padrinho de baptismo de Maria Helena, uma de suas filhas. 142

https://www.ulisboa.pt/unidade-organica/faculdade-de-letras https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Pedro_Machado 144 https://pt.wikipedia.org/wiki/Liceu_Pedro_Nunes 145 https://www.portaldiplomatico.mne.gov.pt/ 146 http://www.academiamaranhense.org.br/alfredo-de-assis-castro/ 147 https://pt.wikipedia.org/wiki/Academia_Brasileira_de_Letras 148 http://www.academiamaranhense.org.br/ 149 https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Secund%C3%A1ria_Afonso_Domingues. A Escola foi fundada no dia 24 de Novembro de 1884, funcionando numa casa alugada a João Cristiano Keil na Calçada do Grilo, nº 3-1º, que abriu com 53 alunos. Na altura a escola denominava-se Escola de Desenho Industrial Afonso Domingues, onde eram ministrados os cursos diurnos de Desenho Elementar e os cursos nocturnos de Desenho Industrial e, posteriormente, cursos profissionais. Como Director foi nomeado o professor e escultor João Vaz. A Escola foi oficialmente extinta a 23 de Março de 2010, por despacho de Secretário de Estado da Educação, tendo na altura da sua extinção uma história com 126 anos. 143


Doou a esta cidade, mais propriamente à Associação Comercial do Maranhão, dois quadros pintados a óleo que lhe eram muito queridos, um representando o seu Avô, Luis Manuel Fernandes, da autoria de Franco de Sá, e o outro seu pai, Fran Paxeco, da autoria de Paula Barros, em duas grandes caixas ao Sr. José Tércio de Oliveira Borges que os trouxe para São Luís, isto em 1957. Era sócia da Sociedade de Geografia de Lisboa, da Sociedade de Língua Portuguesa. Faleceu na madrugada de 28 de Dezembro de 1989 na sua casa em Lisboa, na Rua Leite de Vasconcelos, vítima de uma úlcera no duodeno.

GATO PRETO EM TELHADO DE ALFAMA Gato preto de Alfama no telhado Lá em baixo, ao longe. No terraço nu de ladrilho vermelho Cá em cima, ao lado Uns tufos pendentes verde-brancos hoje Folhas e flores no invernal e velho da Cerca Moura troço desencantado. Sorriso curvo de Reims, o do Anjo (Ou o da Gioconda, porém meio tortelho), Olhar longo de amêndoa voltado. Vê a trocista o vulto e lisonja: “Biche-biche” e já surge um espelho Verde radiante pró norte alçado Na cabeça virada tão séria do monge. Chispa o Raio verde do Sol sobranceiro Aos antigos Paços do Limoeiro. Visto 26-XII-61 - Escrito 1-I-62 Filóloga e ilustre investigadora luso-brasileira, em Portugal, nem no Brasil parece ser recordada. E havia bons motivos para que o fosse; escreveu: - Alguns aspectos da poesia de Bocage (1937). - Acerca da tragicomédia de Dom Duardos (1937). - Essai sur l'oeuvre de Samain (1938) [1] - Graça de Júlio Dinis (1939). - O mito do Brasil-Menino, Coimbra: Coimbra Editora, (1942). - Camões e Elisabeth Barrett (1942). - Nótula sobre negações duplas em português. Lisboa: Separata da Revista da Faculdade de Letras de Lisboa, Nº10. (1944). - Um dos últimos trabalhos de Hércules (1944) - Estudos em Três Línguas. Lisboa: Pro Domo, (1945). - Aucassin e Nicolette. Lisboa: Minerva, 1946.[2] - Arte de trovar portuguesa. Lisboa: Separata da Revista da Faculdade de Letras,Nº 13,1947. - Da Glottica em Portugal (1948). - Cancioneiro da Biblioteca Nacional: antigo Colocci-Brancuti. (Leitura, comentários, notas e glossário), em colaboração com seu marido, José Pedro Machado. [3] (1949-1964). https://sites.google.com/site/terresymteperfie1/3501351-36abinGEterven97 http://libris.kb.se/hitlist?d=libris&f=simp&spell=true&hist=true&p=1&m=50&q=faut%3A227277 - Galicismos Arcaicos. Tese (concurso para professor extraordinário de Filologia Românica da Faculdade de Letras) Univ. de Lisboa (1949). - À Margem do Dicionário Manual Etimológico. À Memória de Francisco Adolfo Coelho (1949). - A propósito do antigo nome arábico de Lisboa, com transcrições e traduções do árabe por José Pedro Machado. Lisboa: Separata da "Revista de Portugal", Série A, Língua portuguesa, vol.33, (1968). - Os Paladinos da Linguagem. Separata Língua e Cultura, (1971).


1916 - São Luís do Maranhão, Elza Fernandes Paxeco vestida de minhota

Em A Pacotilha, edição de 2 de fevereiro de 1912 constava como uma das subscritoras de ações de A Predial do Norte


Em notas referindo-se à Assistência à Infância, o jornal a Pacotilha de 9 de junho de 1914150 faz referencia à Elza:

A 4 de abril de 1915 consta novo envio de 400 cupons à Assistência à Infância em seu nome 151, assim como a 15 de outubro152; E em 1917, a 27 de dezembro, mais 700 cupons. Em 1920, estava contribuindo para o Natal das crianças internadas, enviando 100 bilhetes de bonde e outros brindes153. Não encontramos registro de onde estudou, em São Luís, pois segundo informações de sua filha Rosa Machado estudava em casa, pois os professores que iam lá. Não se encontrou, até o momento quer organismo onde possam estar esses registos. Em Belém do Pará, esteve no Colégio Paes de Carvalho, não se encontrando os arquivos, porém existe um diploma em poder da família.

1921 - Elza Fernandes Paxeco, com a sua ama, na Ponta d'Areia 150

http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=168319_02&pesq=ELZA%20FERNANDES%20PAXECO&pagfis=5937 151

http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=168319_02&Pesq=ELZA%20FERNANDES%20PAXECO&pagfis=6967 152

http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=168319_02&Pesq=ELZA%20FERNANDES%20PAXECO&pagfis=7591 153

http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=168319_02&Pesq=ELZA%20FERNANDES%20PAXECO&pagfis=14196


Em A Pacotilha de 22 de agosto de 1922, sobre a passagem do raid aéreo por São Luis, é registrada a presença de Elza, e seus pais, nas homenagens prestadas a Gago Coutinho e Sacadura Cabral:

Em O Jornal, edição de 28 de novembro de 1922 constava do elenco do Grupo de teatro “Coelho Neto”:


Parabenizada pelo transcurso de mais um aniversário, conforme nota publicada em O JORNAL, edição de 09 de janeiro de 1923:

1923 - Elza Fernandes Paxeco, com duas de suas primas, filhas do irmão de sua Mãe, Luís Fernandes.

Em A Pacotilha, edição de 26 de abril de 1924 é registrada a visita que Elza e sua mãe fizeram à São Luis:154

154

http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=168319_02&Pesq=ELZA%20FERNANDES%20PAXECO&pagfis=18251


9 de Março de 1925, Catedral de Belém do Pará, a Primeira Comunhão de Elza Fernandes Paxeco.


Em 1925, Fran Paxeco passa por São Luís e retorna ao Pará, quando recebe presente destinado á sua filha Elza155

1926 - Belém do Pará, Elza Fernandes Paxeco e sua Mãe, Isabel Eugénia de Almeida Fernandes Paxeco 155

http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=168319_02&Pesq=ELZA%20FERNANDES%20PAXECO&pagfis=19127



Elza Paxeco, 1935. Foto tirada em Londres. Cedida por Rosa Machado156

156

https://noticias.fcsh.unl.pt/2019/07/08/maternidade-bensaude-o-berco-das-mulheres-clandestinas/mae-em-londres-17-5-1935/


Centro de Estudos Filológicos (1937). David Lopes (ao centro), o mestre de árabe; Elza Fernandes Paxeco (sentada, à direita); José Pedro Machado (à esquerda, de óculos).

Foi a primeira mulher a doutorar-se pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1938, sendo a sua dissertação doutoral aprovada por unanimidade dos membros do júri.


Na Universidade de Lisboa (UL) é, entretanto, tempo de passar para a Faculdade de Letras (FL) e de, portanto, recuar para finais dos anos 30: é com efeito em 1938 que um primeiro doutoramento feminino se realiza nesta Escola - o de Elza Paxeco Machado (1912-1989) (Matos & Ó, 2013). Filha do então cônsul de Portugal no Maranhão, Fran Paxeco, fez o essencial da sua formação graduada e post-graduada na Universidade do País de Gales. Radicada em Portugal e casada com o filólogo e dicionarista José Pedro Machado (1914-2005), em 1938 apresenta-se a provas de doutoramento em Literatura Francesa na FL/UL, com a tese Essai sur l'oeuvre de Samain[5]. Foi aprovada por unanimidade e - coisa pouco vulgar ao tempo - as provas parecem ter decorrido em ambiente de certa cordialidade, mormente nos pontos arguidos por Hernâni Cidade (1887-1975). Ulteriormente habilitada com o Estágio Pedagógico para o Ensino Liceal (Liceu Pedro Nunes, 1939), em princípio de 1940 ingressou na FL/UL como professora contratada. Ensinou Língua e Literatura Francesa e Literatura Inglesa. Testemunhos de Hernâni Cidade salientam que “não usava nunca o português em aula, banira o uso da tradução e incitava os alunos a dirigirem-se-lhe em francês, mesmo no convívio extra-escolar” (Matos & Ó, 2013, p. 1038157); para além do que, era “rigorosíssima no julgamento dos seus alunos, sem deixar de com eles conviver em perfeito ambiente de simpatia respeitosa” (H. Cidade citado em Matos & Ó, 2013, vol. II, p. 1038). Em 1948 pede a exoneração do lugar, incomodada com o ambiente criado pela purga universitária de 1947. Numa situação em que o único vínculo profissional parece ter sido o de membro de júris de admissão ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, Elza Paxeco investiga intensamente, devendo-se-lhe por exemplo, em colaboração com seu Marido, a edição do Cancioneiro da Biblioteca Nacional (1949-1964)158.

O Jornal O Imparcial, em sua edição de 9 de abril de 1938, p. 2159, traz a seguinte matéria: ALGUNS ASPECTOS DA POESIA DE BOCAGE Em plaquette trazendo separata da Revista da Faculdade de Letras, tomo V, da Universidade de Lisboa, publicou a nossa ilustre conterrânea Elza F. Paxeco, um estudo crítico da obra do ‘parnasiano’ português Manuel Maria Bocagge, o Elmano glosador de oiteiros. Desenvolvendo com maestria o tema que no serve de epígrafe, a autora faz a apreciação completa das produções do ‘máximo cinzelador’, pois não aplica somente a ‘apologética’, e apresenta as falhas que lhe atribuíram, embora muitas vezes o fizessem injustamente. Arguiam Bocage pela ‘iteração’ encontrada nas suas poesias, esquecendo a graça que isso traz, como se ve em um de seus sonetos, [...] A senhorita Elza Fernandes Paxeco é filha do grande amigo do Maranhão, do publicista dr. M. Fran Paxeco, e de d. Isabel Fernandes Paxeco, de distinta família maranhense. A sua ancestralidade justifica os aprimorados dotes intelectivos de que deu sobejas mostras nas universidades que cursou na Inglaterra e na República portuguesa

Viria, entre 1940 e 1948, a ensinar nesta Faculdade como leitora de francês (Fevereiro de 1940 a Outubro de 1948), quando foi exonerada a seu pedido - o facto de ser perseguida, e ter recebido uma "bola preta" no seu exame para o cargo de professor agregado, destinado de antemão a um colega homem, embora menos qualificado na época, pois num mundo de homens, ainda se olhava de revés para as senhoras, fez com que apresentasse a exoneração do cargo, alegando a responsabilidade dos filhos: [...] Sua esposa, a também lexícografa Elza Paxeco Machado, primeira doutora em Letras da Universidade de Lisboa, foi perseguida por colegas docentes, a ponto de deixar a universidade. Em solidariedade, o marido também abandonou a cátedra. Ambos continuaram o trabalho fora da universidade. Os cadernos culturais e os segundos cadernos, com tanta coisa para tratar, não deram destaque a seu desaparecimento160.

157

http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0874-68852018000100008

158 HOMEM, Armando Luis de Carvalho. Mulheres doutoras nas universidades portuguesas (1926-1960). Women and PhDs in Portuguese universities (1926-1960). Faces de Eva. Estudos sobre a Mulher no. 39 Lisboa jun. 2018. http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0874-68852018000100008 159 http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=107646&pesq=ELZA%20FERNANDES%20PAXECO&pagfis=21635 160 SILVA, Deonisio. O brinquedo do plebiscito. Edição 349. 04 de outubro de 2005. Disponível em http://www.observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-debates/o-brinquedo-do-plebiscito/


Na biografia que Antonio Viriato161 escreveu sobre José Pedro Machado colocou que: Foi também naquela Faculdade que conheceu a que viria a ser sua mulher, a Professora Doutora Elza Paxeco, com ele co-autora da muito citada edição comentada do Cancioneiro da Biblioteca Nacional, antigo Colocci-Brancuti e, ela própria, pessoa de notável capacidade intelectual, tendo sido a primeira senhora doutorada em Letras pela Universidade de Lisboa (1938) e autora de diversos trabalhos de investigação que lhe granjearam igualmente merecida reputação, entre eles e além do já citado, o intitulado «Estudos em Três Línguas», Lisboa, 1945, obra hoje rara, só disponível em boas Bibliotecas ou em algum Alfarrabista criterioso. Foi afastada da Universidade, em consequência de rivalidades, invejas e intrigas, conhecidas maleitas, mesquinhas mas deletérias, que costumam assolar os agitados bastidores universitários, comprovado mal de todos os tempos e de todas as Academias. Algo de grave se terá então passado, para ter levado Pedro Machado, em solidariedade, a demitir-se das suas funções de Assistente e, em alternativa, a ter preferido um lugar mais modesto, mas mais seguro, de Professor Efectivo do Ensino Secundário, naqueles espartanos tempos do começo da Segunda Guerra Mundial.

Informa-nos Rosa Machado162 que: A saída do meu Pai da Faculdade, não teve nada a ver com a minha Mãe, não sei onde, quem escreveu, vai buscar essas informações, erradas. Ele apresentou a sua demissão na sequência de vários episódios, nomeadamente lhe terem recusado os regulamentos para ele se apresentar ao doutoramento. E os ares que se respiravam então na FLUL, não lhe agradavam: sempre foi uma pessoa muito frontal, alheio a mesquinharias.

Lecionou igualmente as cadeiras de Literatura Francesa e de Língua e Literatura Inglesas. No Memorial da Universidade de Lisboa consta: Paxeco, Elza Fernandes163 Paxeco, Elza Fernandes, ou Paxeco, Elza (N. São Luís do Maranhão, Brasil, 1912; ob. Lisboa, 1989). Primeira mulher doutorada pela Universidade de Lisboa. Área: Filologia Românica. Docente: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Aluno: Universidade de Londres. Curso: Filologia Românica (PE), Filologia Germânica. Doutor: Universidade de Lisboa (?). Colabora com: Machado, José Pedro. Categoria: Pessoas Factos sobre Paxeco, Elza Fernandes Aluno de Universidade de Londres + Ano de nascimento 1912 + Ano do óbito 1989 + Colabora com Machado, José Pedro + Criador de Essai sur l'oeuvre de Samain + Data de nascimento 1912 + Data do óbito 1989 + Denominação do agente Paxeco, Elza Fernandes +e Paxeco, Elza + Descrição Primeira mulher doutorada pela Universidade de Lisboa Docente em Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa + Doutorado por Universidade de Lisboa (?) + 161 VIRIATO, António. A Apresentação do Livro do Dr. José Pedro Machado. José Pedro Machado. ( N. em Faro a 08-11-1914 – F. em Lisboa a 26-07-2005 ). - Breve nota biográfica In http://alma_lusiada.blogspot.com/2007/01/apresentao-do-livro-do-dr-jospedro.html 162 163

MACHADO, Rosa. Correspondência pessoal, em 28 de setembro de 2020 http://memoria.ul.pt/index.php/Paxeco,_Elza_Fernandes


Falecido em Lisboa + Frequenta curso Filologia Românica (PE) +e Filologia Germânica + Género Feminino + Nascido em São Luís do Maranhão + País Brasil + Permanece em Londres +e Lisboa + Tem área de conhecimento Filologia Românica +

VIEIRA DA LUZ, Joaquim. FRAN PAXECO E AS FIGURAS MARANHENSES. Rio de Janeiro: Livros de Portugal; Edições dois Mundos, 1957164.

FICHA MÉDICA

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https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8.1_-__especial__fra https://issuu.com/leovaz/docs/perfil_dos_socios_-_patronos_-_volu/157


Final anos 40 - Elza Fernandes Paxeco na Praia das Maçãs com os seus 3 filhos.

Fez parte de júris de admissão ao Ministério dos Negócios Estrangeiros. Foi sócia correspondente Academia Maranhense de Letras - cadeira nº 5, cadeira hoje ocupada por sua filha, Maria Rosa Pacheco Machado: Tomou posse no quadro de membros correspondentes da Academia Maranhense de Letras na quinta-feira passada, dia 14, a dra. Rosa Pacheco Machado. Ela passou a ocupar a Cadeira No 5, fundada por João de Melo Viana e cujo patrono é Belarmino de Matos, o Didot maranhense. É interessante a cadeia sucessória dessa Cadeira e já digo por quê. Ela é sucessora de José Mindlin, conhecido empresário e bibliófilo brasileiro, mais bibliófilo do que empresário, penso eu. Ele por sua vez foi sucessor de Elza Pacheco Machado justamente a mãe da dra. Rosa. Mas a coincidência não se esgota em ocuparem a mesma cadeira mãe e filha. Um dos fundadores da Academia, Fran Paxeco, era o pai da dra Elza Pacheco, segunda ocupante da Cadeira n° 5. Ela, como vimos, era mãe da dra. Rosa. Aí está. A nova acadêmica é neta de um dos mais importantes fundadores da AML.165

e a Associação das Academias Brasileiras de Letras também a nomeou sua representante em Portugal. Publicou com seu marido, José Pedro Machado166, o Cancioneiro da Biblioteca Nacional, 1949-1964.

165 Rosa na Academia. 17 de outubro de 2010. Jornal: O Estado do Maranhão , 17 de outubro de 2010 – Domingo, Por: Lino Raposo Moreira, PhD. http://www.academiamaranhense.org.br/blog/rosa-na-academia/ 166 https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Pedro_Machadov Discípulo de David Lopes na Universidade de Lisboa, e de José Leite de Vasconcelos, é tido como um dos maiores dicionaristas da língua portuguesa. José Pedro Machado publicou dois dos mais relevantes dicionários do idioma, o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa e o Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa. Fez parte de vários júris de admissão a estágios do Ensino Técnico Profissional aos Institutos Comerciais e Industriais. Foi relator da Comissão do Vocabulário, Dicionário e Gramática da Academia das Ciências de Lisboa (1938-1940). Publicou com sua esposa, Elza Paxeco, o Cancioneiro da Biblioteca Nacional, 1949-1964.


Sócia Efectiva da Sociedade de Geografia de Lisboa, eleita em sessão de 27 de Fevereiro de 1964. Deixou colaboração dispersa por numerosas publicações nacionais e estrangeiras de entre as quais se destacam as revistas da Faculdade de Letras de Lisboa, Brasília, de Coimbra, Revista das Academias Brasileiras de Letras, do Rio de Janeiro, Revista de Portugal, Ocidente e outras.

Lisboa, Igreja de Santo António, Elza Fernandes Paxeco e seu marido, José Pedro Machado, no baptizado da sua primeira neta, Helena Sofia, filha de Maria Helena, a filha mais velha.


O retrato de Elza Fernandes Paxeco, que esteve na exposição "Mulher em destaque", 2014, Fundação da Memória Republicana Brasileira.

PROFESSORA ELZA PAXECO – UM EPISÓDIO CURIOSO CARLOS LOURES 6 de Janeiro de 2012História, Música/Dança HTTPS://AVIAGEMDOSARGONAUTAS.NET/2012/01/06/PROFESSORA-ELZA-PAXECO-UM-EPISODIO-CURIOSO/

Não tive o prazer de conhecer pessoalmente a Professora Elza Paxeco, embora tenha sido grande amigo de José Pedro Machado, seu marido, e ainda antes de ter conhecido o grande filólogo e arabista, ter sido companheiro de lides políticas de seu filho João – o nosso João Machado. Sabendo-me em contacto diário com o Professor Luís de Albuquerque, presidente da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses mandou-me um recado: viera a lume a notícia de que Placido Domingo viria a Lisboa, ao São Carlos, desempenhar o papel de Vasco da Gama na ópera L’Africaine, do compositor prussiano Meyerbeer. Perguntava a professora se eu conhecia a ópera ou se alguém da Comissão a conhecia. Vasco da Gama era ridicularizado, bem como Portugal e os portugueses. Eu nunca vira a ópera e Luís de Albuquerque a quem expus a questão, também não. Descobrimos o que era possível. Soubemos que a ópera nunca fora apresentada em Portugal e que só fora estreada em Paris em 1865, após a morte de Meyerbeer. Não sendo uma das óperas mais famosas, tem uma ária muito divulgada e cantada pelos grandes tenores – além de Placido Domingo, Pavarotti, Carreras, Kraus… Lendo o libreto do francês Scribe percebemos o que a professora dissera – L’Africaine nada tinha a ver com a verdade histórica. O libretista francês ignorara a História e construira uma vulgar intriga amorosa: uma rainha africana, e uma filha de um grande almirante, apaixonadas por Vasco da Gama, enquanto um homem da corte africana se apaixonava pela filha do almirante. Uma história banal de amores desencontrados. Os africanos, suicidam-se e Vasco da Gama fica com a filha do grande almirante. Uma conclusão possível, cotejando datas, foi a de que a ópera tenha sido encomendada a Meyerbeer por uma questão política. Em 1857 ocorreu um grave incidente diplomático entre Portugal e França. Um navio negreiro francês, a barca Charles & George, que fazia tráfico de escravos entre Moçambique e a Ilha de Reunião foi interceptada por um navio de guerra português, em águas territoriais portuguesas. O barco foi apresado e o capitão foi aprisionado e enviado para Lisboa. Era óbvio para toda a Europa que Portugal tinha razão, mas em França não se viu o problema pelo prisma legal – a questão era: o pequeno Portugal não tinha o direito de ter razão perante a França. A Inglaterra, foi da mesma opinião e o governo português teve de libertar o navio e o capitão, e indemnizar a França. A encomenda da ópera poderá ter sido um meio de nos humilhar. Por esta ou por outra razão, a ópera nada tem a ver com a História de Portugal e não fazia sentido pagar uma fortuna para trazer a Lisboa uma ópera em que a epopeia dos Descobrimentos é ignorada e tudo se resume a uma vulgar intriga amorosa. Seria uma estranha maneira de comemorar os Descobrimentos… Talvez o aviso da Doutora Elza Paxeco tenha contribuído para que em Portugal continue por ser apresentada esta ópera. O que os melómanos lamentarão por não podermos escutar ao vivo esta magnífica ária que Placido


Domingo interpreta de forma superior. Se não pensarmos que é o nosso Vasco da Gama, o grande almirante, descobridor do caminho marítimo para a Índia, podemos apreciar a arte de Meyerbeer e, sobretudo, o virtuosismo de Placido Domingo. É uma gravação feita no ano de 1988 na Ópera de São Francisco: GENEALOGIA José Anastácio Pacheco (natural de Setúbal) casado com Carolina Amélia Pacheco pais de Joaquim Pacheco ( natural de Setúbal) e de Manuel Francisco Pacheco - conhecido como Fran Paxeco (natural de Setúbal); Joaquim Pacheco casado com Deolina Baptista Pacheco e teve 4 filhos: Isabel; Óscar Paxeco (jornalista); Clóvis; Maria de Jesus Paxeco de Sousa Franco. Esta última filha casou com António Sousa Franco (Gouveia), formado em medicina, trabalhava num laboratório, sendo pois os pais de António Luciano Pacheco de Sousa Franco, que não teve filhos biológicos. Fran Paxeco, escritor, jornalista, diplomata, casou com Isabel Eugénia de Almeida Fernandes Paxeco (natural de S. Luis do Maranhão) e tiveram uma filha: Elza Fernandes Paxeco Machado (S. Luis do Maranhão ), que casou com José Pedro Machado (Faro ) e teve três filhos: Maria Helena, João Manuel e Maria Rosa Pacheco Machado (que sou eu, e tenho uma filha que se chama Inês...). Isabel Eugénia de Almeida Fernandes Paxeco, natural de S. Luis do Maranhão, descendentes de Luis Manuel Cardoso de Almeida Fernandes, nascido em S. Luis em 1877 e falecido no Rio de Janeiro em 1911. Óscar Paxeco, outro jornalista a quem Setúbal também muito deve, nasceu a 10 de Agosto de 1904, na freguesia de S. Julião / Setúbal e faleceu solteiro 17 de Fevereiro de 1970. Numa entrevista que sua mãe - Elza PaXeco - concedeu a uma revista de Lisboa (Março/1949), em determinada altura afirma, quando lhe perguntaram qual a nacionalidade: "Portuguesa" e esclarece "Nasci no Brasil, e minha mãe é brasileira, mas descendente de famílias portuguesas". tio avô chamava-se Luís Manuel de Almeida Fernandes (São Luís do Maranhão 1878 - Rio de Janeiro 1911). Estudou Engenharia e casou muito cedo com Guilhermina Vinhais também de São Luís do Maranhão. Viveram no Rio de Janeiro onde tiveram 4 filhos: Beatriz (que devia ser a mais velha); Eleonora - nascida em 1906; Dulce - nascida em 1909; Luis, que morreu muito novo. (todos Vinhais Fernandes)

Os Parga do Maranhão No Maranhão, o início está no casal Alexandre Ferreira da Cruz e Mariana Clara de São José de Assunção Parga, em meados do Século XVIII. Alexandre Ferreira da Cruz nasceu no Couto do Mosteiro, em Santa Comba Dão, Viseu, em 1716, filho de Manoel Ferreira e Francisca Ferraz. Neto paterno de Luis Ferreira e Luzia Francisca. Neto materno de Antonio Jorge e Ana Gomes. Bisneto materno de Manoel Álvares e Maria Francisca. Bisneto materno de Antonio Jorge e... Bisneto materno de Manoel Pires e... Bisneto paterno de João Luís e Isabel Ferreira, casal tronco dos Ferreira até o momento, casados por volta de 1640. E se considerarmos a história oral da minha família, a origem de Isabel Ferreira estaria na Ilha da Madeira, ligada aos Drummond... Mas não consegui ir além. Mandei fazer busca nos arquivos de Viseu, Santa Comba Dão e Couto do Mosteiro e o casamento de João Luís e Isabel não foi encontrado. Pelos Parga o início está no Maranhão, no casamento do Capitão Manoel José de Assunção Parga e de Antonia Maria Clara de Andrade, portugueses que tiveram, pelo menos, dois filhos: a nossa avó Mariana Clara de São José e Baltazar de Assunção Parga. Alexandre e Mariana eram ricos fazendeiros, com três sesmarias e muitos escravos, listados no rol dos mais ricos do Maranhão no século XVIII, que entre outros filhos tiveram: 4. JOAQUIM FERREIRA DE ASSUNÇÃO PARGA. Tenente Coronel. Nascido em 1762, ou 1768, em São Luís. Falecido, em 17 de Janeiro de 1843, na Fazenda de Santo Antonio, no Alto Mearim. Casado, em 1804, em Itapecuru, com Dona Rosa Bernardina Lisboa, nascida em 1783, em Itapecuru, e falecida em 17 de Janeiro de 1843. Pais de: 2.4 Alexandre Ferreira Lisboa Parga. Fazendeiro. Nascido em 1811, em São Luís. Casado, em 1831, com Dona Maria Isabel Gonçalves Nina, nascida em 1818 e falecida em 13 de Junho de 1866, em São Luís, com Testamento, filha de João Gonçalves de Jesus, natural de Portugal, e de Dona Francisca Rita Gonçalves, neta paterna de Manuel Rodrigues Nina. Pais de: 3.2 Rosa Laura Lisboa Parga. Nascida em 1835. Casada, em 31 de Março de 1856, com João Gonçalves Nina, nascido em Itapecuru, filho de José Gonçalves Nina (ou Manoel Rodrigues Nina) e de Dona Carolina Rosa dos Reis. Pais de:


4.5 Joaquim Gonçalves Nina. Casado com Dona Rosa Bernardina Ferreira. Pais de: 5.1 João Gonçalves Ferreira Nina. Casado com Dona Palmira Carvalho Bulhão, nascida em 19 de Fevereiro de 1851, filha de João Carlos Bulhão e de Dona Cesaltina Galvão de Carvalho, neto paterno de João Antonio da Silva e de Dona Carlota Oliveira Bulhão, neto materno de Francisco de Oliveira Bulhão e de Dona Rosa Helena Lamaignere. Pais de: 6.1 Cesaltina Bulhão Nina. Nascida em 17 de Janeiro de 1874. Casada com Dr. Antonio Jovita Vinhaes, médico militar, filho de José Manoel Vinhaes e de Dona Guilhermina Jovita. Com geração. Pais de: 7.1 Guilhermina Vinhaes.


A PRIMEIRA POETA MARANHENSE, NA OPINIÃO DE ANTONIO LOPES LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Buscando informações publicadas nos jornais maranhenses do século passado sobre alguns de nossos poetas – I. Xavier de Carvalho e Maranhão Sobrinho – deparei-me com artigo publicado por Antônio Lopes em “Diário do Maranhão” edição de 05 de junho de 1909, falando sobre a inexistência de poetas mulheres no Maranhão. Traz-nos então alguns nomes, pseudônimos, e identificando quem escreveu algumas belas poesias que apareciam, então. É a seguinte a nota:





LEONETE OLIVEIRA Lima Rocha167 nasceu em São Luís, Maranhão, em 17 de julho de 1888, filha de Gentil Homem de Oliveira e Luiza Fernandes de Oliveira. Foi Professora e Bibliotecária. Ingressou na Academia Maranhense de Letras. Residia no Rio de Janeiro, onde veio a falecer. Publicou "Flocos", "Folhas de Outono" e muitos outros. Leonete Oliveira virou nome de rua em São Luís, no bairro Cohab Anil II. Se à tua porta um mendigo vem bater, pedindo pão, mais que o pão, dá-lhe um abrigo no teu próprio coração. Para jamais te enganares, não sejas juiz de ninguém. - Como os outros tu julgares, serás julgado também... Naquele beijo inocente, que os nossos lábios uniu, meu coração,de repente, para o teu peito fugiu. É dolorosa a verdade, mas eu sempre assim senti: tenho raiva da saudade que lembra o bem que perdi. Do que penso e do que sinto, você quer tudo saber. Mas, pode crer, eu não minto: sei sentir, não sei dizer...

167

http://falandodetrova.com.br/leonete

https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/autores/?id=2941 https://www.literaturamaranhense.ufsc.br/documentos/?action=midias&id=222031&locale=en


Título: Leonete OliveiraAutor/ Colaborador:Garnier, M.J. Data:[189-?] Descrição:bico de pena Assuntos:Authors, Brazilian - Portraits Oliveira, Leonete de Portraits B869.8 Oliveira, Leonete de, n.1888 - RetratosEscritores brasileiros - RetratosT ipo: Desenho Idioma: Português

SUPLÍCIO DE TÂNTALO Nasci de asas cortadas, no infinito dos meus sonhos de glória e de ventura, tentei em vão subir, no impulso aflito de quase desespero ou de loucura… Olhando o espaço, o coração contrito, das belezas da vida ando à procura, e penso, e sinto, e sofro, e choro, e grito , no anseio de vencer esta tortura… Diante de mim os pomos de ouro avisto e querendo alcançá-los fico inerme, sem saber se estou morta ou ainda existo… E vendo em tudo um luminoso véu, eu continuo qual se fora um verme, rastejando na terra e olhando o céu! Leonete de Oliveira, in “Folhas de outono”

Conforme notas publicadas nos diversos jornais de São Luis, no ano de 1909 Leonete de Oliveira participava de eventos acontecidos, cívicos e religiosos, tanto em São Luis como no interior, como uma festa em Cajapió


em honra ao Menino Jesus. Chegou a dar conferencias na Universidade Popular Maranhense, abordando o tema “A Mulher”. Nesse mesmo ano foi aceita como sócia correspondente da Academia Maranhense de Letras:

Como a publicar seus poemas

A Pacotilha de 18 de janeiro de 1910 informa que o livro de Leonete Oliveira entrara na gráfica, e traz mais um poema inédito:




Única publicação de 2011:


O Correio da Tarde, edição de 22 de julho de 1910 traz sua nomeação para a Biblioteca Pública, como auxiliar do Diretor, Ribeiro do Amaral. 168 A Pacotilha de 6 de abril de 1914 traz a sua exoneração do cargo de auxiliar da diretoria da Biblioteca Pública. Na edição de 10 de julho, pede o comparecimento dos rementes de jornais à repartição postal, para verificarem as remessas, dentre elas, a de Leonete Oliveira, para São Paulo. A Gazeta de Noticias, do Rio de Janeiro, em sua edição de 14 de novembro de 1914, noticia que estava fixando residência no Rio de Janeiro a poetisa maranhense Leonete Oliveira, procedente de São Paulo:

M. Nogueira da Silva publica na Gazeta de Noticias, edição de 29 de novembro de 1914 meia página dedicada à poetisa Leonete Oliveira, recém se estabelecida no Rio de janeiro:

168

http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=388459&pesq=LEONETE%20OLIVEIRA






O Jornal, de 2 de julho de 1917, anuncia o aparecimento


Antonio Lopes, em A Pacotilha, edição de 2 de agosto de 1917, ao comentar os livros lançados recentemente, além de comentar o do Barão de Studart sobre O Movimento de 17 no Ceará, dedica um espaço para um segundo, de autoria de nossa poeta:



Lima Barreto, na Revista Contemporânea (31/08/1918)169, sob o título “Um poeta e uma poetisa” – Hermes Fontes e Leonete Oliveira =- e tece as seguintes considerações:

169

http://memoria.bn.br/DocReader/Hotpage/HotpageBN.aspx?bib=351130&pagfis=415&url=http://memoria.bn.br/docreader#



Nogueira da Silva, no Jornal das Moças (1917) traz-nos a seguinte crítica:170 Leonete Oliveira O nome, que encima estas linhas, não é desconhecido das gentis leitoras do Jornal das Moças. No numero 107 sahiu, acompanhado de seu retrato, um lindo e bem feito soneto, intitulado Vaidosa, um magmüco inédito aue,-por feliz acaso, nos vem as mãos. No numero seguinte, logo tivemos também oportunidade de dar um outro soneto, como o primeiro marcado de excellente e então arrancado das fulgurantes paginas do seu primeiro livro de versos— Flocos.. , . Leonete Oliveira é a maior e a mais d rilhante poetisa maranhense, que ao lado de Gilka Machado, Julia Lopes da bilva, Laura da Fonseca e Silva, Julia Cortines, Rosalia Sandoval, 170

http://memoria.bn.br/pdf/111031/per111031_1917_00110.pdf


Ibrantina Cardone, Julieta e Revocata de Mello, Leonor Posada, Violeta Odette e outras, forma na vanguarda das letras femininas no Brasil. O seu livro Flocos deu-lhe immediatamente um logar de proeminencia na literatura, destacandose, com brilho, dentre a pleiade de poetas e homens de letras do Maranhão. Agora Leonete Oliveira, tendo melhor afinado a sua lyra divina e melhor acentuado os seus dotes poéticos, brinda-nos com um segundo livro. Veiu de Lisboa para Fortaleza, onde se encontra actualmente residindo a distincta poetisa maranhense. Intitula-se Cambiantes e contem as ultimas produções da festejada escriptora patricia. O novo livro de Leonete Oliveira vem confirmar inteiramente os conceitos externados do seu valor e de suas virtudes literarias, quando foi do aparecimento do seu primeiro volume de versos. Inteligente, culta, sabendo rimar com propriedade e metrificar com elegância, os versos da formosa poetisa maranhense merecem todos os nossos encomios. O espaço não nos per- mitte especificar e citar, mas sempre apontamos as seguintes peças: Cambiayites, Creio, Nunca mais, Sol-pôr, Beijos, Os nossos arrufos, Vitima carta, Vaidosa, A uma arvore seca, A um coração, Cantar es e Um ramalhete, alem de outras, que» serão sempre lidas com uma grande, uma sentida, uma funda emoção. Versos de amor, de saudade, de ventura e de tristeza, elles fazem rir e chorar, elles fazem soffrer e pensar. Nisso, parece-nos, reside todo o elogio que se possa fazer desse interessante e encantador volume que nos enviou a distincta poetisa maranhense. E quanto a citações, faremos apenas duas. Esta linda e profunda quadra: Segredos ha no coração, Que a gente cala e nunca diz... De um lado o amor, doutro a razão, Quem pôde assim viver feliz ? que separamos da poesia Cantares e que vale por uma philosophia, vibrando como um jóia delicada, uma minúscula obra-prima do pensamento. E agora este magniüco soneto, “Beijo”; que lembra a musa sensual e impecável de Raymundo Correia, perieito, sentido, encantador : Beijo de amor que abraza o sangue e acende Um fogo ardente e liquido nas veias, Beijo que á tua a minha bocca prende, Por que eu anceio e por que tu anceias • Essa loucura que ninguém comprehende, De que sentimos as nossas almas cheias, Esse calor divino que se estende Por sobre nós como doiradas teias: São desses beijos que nós dois trocamos, E que á força de serem repetidos, Vão comnosco a cantar por onde andamos , . . Inexgotavel fonte de desejos, — Que os nossos lábios vivam sempre unidos, E sempre vivam permutando beijos ! E não precisamos dizer mais do valor e dos méritos excepcionaes da poetisa Leonete Oliveira. Os seus versos dizem mais e mais alto e mais eloqüente, que os nossos pobres conceitos. Organisando o seu novo livro, a grande poetisa maranhense juntou aos novos versos, algumas poesias e sonetos do volume intitulado Flocos, que são estes: Mãe, A louca, Só, Suprema dor, A meu violão, A caza do vaqueiro, Gotas de pranto, Noite, Venus e Volúvel. Isso deu, de algum


modo, certo realce as Cambiantes, pois a formosa poetisa escolheu precizamente as melhores peças do seu primeiro livro. Mas, que o não fizesse. Não era precizo. O seu segundo livro é, sob todos os pontos de vista, melhor que o primeiro e vem confirmar brilhantemente o posto que nas letras brasileiras, a applaudida poetisa maranhense conquistou, muito justamente,com a publicação dos seus primeiros versos. M. Nogueira da Silva liihliogrupliia A mulher: conferência. Maranhão, Imprensa Oficial, 1909, in-é° de 23 pp. Flocos: poesias.'Maranhão, Ti/p. Teixeira, 1910, in-8o de 108 pp. Cambiantes: poesias. Lisboa, Casa Vem tura Abrantes, 1917, in-8° de 126 pp. Inéditos Miragens: versos. Liyro azul : contos. Colaboração Na Pacotilha, S. Luiz; Gazeta de Noticias, Rio ; Cruzada, Rio : etc , etc, N. O soneto publicado no Jornal das Moças:


Logo a seguir, nessa mesma revista, aparece uma nota em que consta como sendo pianista, residindo em Fortaleza, assinando uma composição, que enviara à publicação, como Leonete Oliveira Rocha O Jornal, edição de 26 de julho de 1918 publica o seguinte poema:

A Pacotilha de 11 de fevereiro de 1919 traz outro poema de Leonete, mas desta vez, acrescentando Rocha ao seu sobrenome: Leonete Oliveira Rocha:


Na edição seguinte, outro poema:


E mais outro:

O Jornal de 14 de abril de 1919 fala sobre concurso promovido pela Revista Maranhense, destacando, entre seus colaboradores, a poetisa Leonete Oliveira.


Outro soneto, publicado em O Jornal, de 26 de abril de 1921

Logo a seguir, 14 de junho, essa nota:

Na edição de 29 de março de 1919 é publicado soneto sobre a seca


Sobre os ultimos versos da poetisa Leonete Oliveira é o titulo de crítica assinada por N. Nogiueira da Silva, transcrito do Boletim Mundial:



A 11 de abril de 1924, A Pacotilha traz a seguyinte denúncia de plágio:


No Diário de Notícias, do Rio de janeiro, edição de 5 de novembro de 1959, sai a seguinte nota:

Em artigo de Diomar das Graças Mota171 - Mulheres professoras maranhenses: memória de um silêncio, publicado em 2008172 - consta a seguinte biografia:

Doutora em Educação pela Universidade Federal Fluminense – UFF, docente do Departamento de Educação II e dos Programas de Pós-Graduação: Mestrado em Educação e Mestrado Materno-Infantil da Universidade Federal do Maranhão – UFMA. E-mail: diomar@elo.com.br. 172 EDUCAÇÃO & L INGUAGEM • ANO 11 • N. 18 • 123-135, JUL.-DEZ. 2008 171


Leonete Oliveira (1888–1969), professora normalista, lecionava Português em casa, principalmente para mulheres, e foi a precursora do ensino de Estenografia, em São Luís. Acreditava ser esta uma das alternativas para o acesso, principalmente da mulher, ao mercado de trabalho. Poetisa, publicando em 1910 sua primeira obra, intitulada Flocos, em seguida publicou em Portugal Folhas de outono, posteriormente Cambiantes, em Fortaleza, onde integrou a ala feminina da Casa de Juvenal Galeno, instituição literária idealizada e fundada em 1942.

QUEM FORAM: JÚLIA VALENTIM DA SILVEIRA LOPES DE ALMEIDA (Rio de Janeiro, 24 de setembro de 1862 — Rio de Janeiro, 30 de maio de 1934) foi uma escritora, cronista, teatróloga e abolicionista brasileira. Foi uma das idealizadoras da Academia Brasileira de Letras. Tem uma produção grande e importante para a literatura brasileira, de literatura infantil a romances, crônicas, peças de teatro e matérias jornalísticas.[5][6] Foi casada com o poeta português Filinto de Almeida, e mãe dos também escritores Afonso Lopes de Almeida, Albano Lopes de Almeida e Margarida Lopes de Almeida. Nascida na cidade do Rio de Janeiro em 1862, era filha do médico Valentim José da Silveira Lopes, mais tarde Visconde de São Valentim, e de Adelina Pereira Lopes, ambos portugueses emigrados para o Brasil. Mudou-se ainda na infância para a cidade de Campinas, no estado de São Paulo, onde 1881 publicou seus primeiros textos na Gazeta de Campinas, apesar de na época a literatura não ser vista como uma atividade própria para mulheres. Numa entrevista concedida a João do Rio entre 1904 e 1905, confessou que adorava escrever versos, mas o fazia às escondidas. Três anos depois, em 1884, começa a escrever também para o jornal carioca O País, trabalho que durou mais de três décadas. Em 1886, mudou-se para Lisboa, onde se lança como escritora e junto de sua irmã publica Contos Infantis, em 1887. Em 28 de novembro de 1887 casou-se com Filinto de Almeida, à época diretor da revista A Semana Ilustrada, editada no Rio de Janeiro. Passou a ser colaboradora sistemática da publicação. Também escreveu para a revista Brasil-Portugal[ (1899-1914). Júlia retornou ao Brasil em 1888, onde publica seu primeiro romance, Memórias de Marta, que sai em folhetins em O País. Seu textos em jornais da época tratam sempre de temas pertinentes como a República, a abolição e direitos civis. Pioneira da literatura infantil no Brasil, seu primeiro livro, Contos Infantis (1886), foi uma reunião de 33 textos em verso e 27 em prosa destinados às crianças, escrito em parceria com sua irmã, Adelina Lopes Vieira.[5] Um ano depois, publicou Traços e Iluminuras, o primeiro dos seus 10 romances Escreveu também para teatro, com dois volumes publicados e cerca de 10 textos inéditos. Foi presidenta honorária da Legião da Mulher Brasileira, sociedade criada em 1919. Sua coletânea de contos Ânsia Eterna, 1903, sofreu influência de Guy de Maupassant e uma das suas crônicas veio a inspirar Artur Azevedo ao escrever a peça O dote. Em colaboração com o marido, escreveu, em folhetim do Jornal do Commercio, seu último romance, A Casa Verde, em 1932 Fundação da ABL Júlia Lopes de Almeida integrava o grupo de escritores e intelectuais que planejou a criação da Academia Brasileira de Letras. Seu nome constava da primeira lista dos 40 "imortais" que fundariam a entidade, elaborada por Lúcio de Mendonça Na primeira reunião da ABL, porém, seu nome foi excluído. Os fundadores optaram por manter a Academia exclusivamente masculina, da mesma forma que a Academia Francesa, que lhes servia de modelo. No lugar de Júlia Lopes entrou justamente o seu marido, Filinto de Almeida, que chegou a ser chamado de "acadêmico consorte". O veto à participação de mulheres só terminou em 1977, com a eleição de Rachel de Queiroz para a cadeira nº 5. Morte Júlia Lopes de Almeida faleceu em 30 de maio de 1934, na cidade do Rio de Janeiro, por complicações renais e linfáticas decorrentes da febre amarela. Ela foi sepultada no cemitério São Francisco Xavier. Postumamente, no mesmo ano, foi publicado seu último romance, Pássaro Tonto. https://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BAlia_Lopes_de_Almeida JÚLIA CORTINES (Rio Bonito, 12 de dezembro de 1868 — Rio de Janeiro, 1948) foi uma poeta, e cronista brasileira. É considerada uma das mais vigorosas poetisas fluminenses do século passado, comparada às ilustres Narcisa Amália e Ibrantina Cardona. Com pouco mais de 20 anos começou a publicar suas obras, e, em 1894, seu livro intitulado "Versos" alcançou algum sucesso. O segundo, "Vibrações", lançado em 1905 constituiu-se numa revelação para o famoso crítico literário José Veríssimo, que afirmou na época: "Os poemas de Júlia Cortines distanciam-se magnificamente da poesia de água-de-cheiro e de pó-de-arroz da musa feminina brasileira, e revelam em Júlia, mais que uma mulher que sabe sentir, alguém que sente com alma e coração e de forma que disputa primazias com nossos melhores poetas contemporâneos." https://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BAlia_Cortines FRANCISCA JÚLIA CÉSAR DA SILVA MÜNSTER (Xiririca, 31 de agosto de 1871 - São Paulo, 1 de novembro de 1920) foi uma poetisa brasileira. Nasceu em Xiririca, hoje Eldorado Paulista. Colaborou no Correio Paulistano e no Diário Popular, que lhe abriu as portas para trabalhar em O Álbum, de Artur Azevedo, e A Semana, de Valentim Magalhães, no Rio de Janeiro. Foi lá que lhe ocorreu um fato bastante curioso: ninguém acreditava que aqueles versos fossem de mulher e o crítico literário João Ribeiro, acreditando que Raimundo Correia usava um nome falso, passou a "atacá-lo" sob o pseudônimo de Maria Azevedo. No entanto a verdade foi esclarecida após carta de Júlio César da Silva enviada a Max Fleiuss. A partir daí João Ribeiro empenha-se para que o primeiro livro da autora seja publicado e, em 1895, Mármores sai pela editora Horácio Belfort Sabino. Já a essa altura era Francisca Júlia considerada grande poetisa nos círculos literários. Olavo Bilac louvou-lhe o culto da forma, a língua, remoçada "por um banho maravilhoso de novidade e frescura", sua arte calma e consoladora. Sua consagração se refletiu nas inúmeras revistas que começaram a estampar-lhe o retrato. https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisca_J%C3%BAlia_da_Silva CARMEM DOLORES - Emília Moncorvo Bandeira de Melo nasceu no Rio de Janeiro, em 11 de março de 1852, e morreu em 13 de agosto de 1911. Jornalista, romancista, contista e dramaturga, ela se dedicou também à poesia e à crítica. Colaborou em jornais


e revistas, entre as quais A Vida Elegante. Usava o pseudônimo Júlio de Castro para escrever contos em O Paiz, jornal de maior tiragem da América do Sul, na época. Como Leonel Sampaio escrevia artigos de crítica literária. No jornal Étoile de Sud, assinava como Célia Márcia, mas foi como Carmem Dolores que se destacou e que durante cinco anos, de 1905 a 1910, assinou suas crônicas na coluna dominical A Semana, na primeira página de O Paiz. Publicou, em 1897, o livro de contos Gradações. Em 1910, lançou Ao esvoaçar da ideia, reunião de crônicas. Publicou Lendas brasileiras, uma coleção de 27 contos para crianças. Recebeu homenagem póstuma em 1934, com a publicação de Almas complexas. Coube a ela escrever o editorial do primeiro número da revist A vida elegante. https://bndigital.bn.gov.br/dossies/periodicos-literatura/personagens-periodicos-

literatura/carmem-dolores/ Ángela Grassi (Cromá, 2 de agosto de 1823 - Madrid, 17 de septiembre de 1883) fue una escritora romántica española del siglo XIX. https://es.wikipedia.org/wiki/%C3%81ngela_Grassi


QUEM FOI A PRIMEIRA POETA MARANHENSE? LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Publiquei, recentemente, artigo sobre uma poetisa maranhense que, na opinião de Antonio Lopes, seria a primeira: LEONETE OLIVEIRA Lima Rocha173 nascida em São Luís, Maranhão, em 17 de julho de 1888, filha de Gentil Homem de Oliveira e Luiza Fernandes de Oliveira. Foi Professora e Bibliotecária. Ingressou na Academia Maranhense de Letras. Residia no Rio de Janeiro, aonde veio a falecer. Publicou "Flocos", "Folhas de Outono" e muitos outros. Leonete Oliveira virou nome de rua em São Luís, no bairro Cohab Anil II. Hoje, sabe-se – e se aceita – como a primeira mulher a escrever poesias, contos, crônicas, e publicar livros, foi Maria Firmina dos Reis, patrona da Academia Ludovicense de Letras. Antônio Lopes, em artigo publicado no “Diário do Maranhão” edição de 05 de junho de 1909, referia-se sobre a inexistência de poetas mulheres no Maranhão e, então traz-nos alguns nomes, pseudônimos, e identificando quem escreveu algumas belas poesias que apareciam, então. É a seguinte a nota:

173

http://falandodetrova.com.br/leonete

https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/autores/?id=2941 https://www.literaturamaranhense.ufsc.br/documentos/?action=midias&id=222031&locale=en





Título: Leonete OliveiraAutor/ Colaborador:Garnier, M.J. Data:[189-?] Descrição:bico de pena Assuntos:Authors, Brazilian - Portraits Oliveira, Leonete de Portraits B869.8 Oliveira, Leonete de, n.1888 - RetratosEscritores brasileiros - RetratosT ipo: Desenho Idioma: Português

Leonete utilizava o pseudônimo de Angela Grassi, que foi uma escritora romântica espanhola, do século XIX174. A Pacotilha, de 11 de junho de 1908 publica um seu poema:

174

Angela Grassi (Cromá, 2 de agosto de 1823 - Madrid, 17 de septiembre de 1883) fue una escritora romántica española del siglo XIXhttps://es.wikipedia.org/wiki/%C3%81ngela_Grassi


Em A Pacotilha de 14 de agosto de 1908 é publicado um poema dedicado à Angela Grassi, assinado por “H”:

E a 25 de agosto, Correa de Araujo lhe dedica outro poema:


Em 1908, no Diário do Maranhão de 09 de outubro sai a seguinte nota:

A Pacotilha de 30 de outubro de 1908 traz a seguinte carta aberta destinada à Vieira da Silva:



Também tece crítica ao livro de Astolfo Marques, recém publicado (A Pacotilha, 03 de dezembro de 1908):

Conforme notas publicadas nos diversos jornais de São Luis, no ano de 1909 Leonete de Oliveira participava de eventos acontecidos, cívicos e religiosos, tanto em São Luis como no interior, como uma festa em Cajapió em honra ao Menino Jesus.


Nova critica literária publicada, em A Pacotilha, desta vez sobre a obra de Maranhão Sobrinho (1º julho de 1909)


A 25 de agosto, em A pacotilha, é publicada um poema

Chegou a dar conferencias na Universidade Popular Maranhense, abordando o tema “A Mulher”: A 1º de novembro de 1909:


Nesse mesmo ano foi aceita como sócia correspondente da Academia Maranhense de Letras:


Como a publicar seus poemas

A Pacotilha de 18 de janeiro de 1910 informa que o livro de Leonete Oliveira entrara na gráfica, e traz mais um poema inédito:





O Correio da Tarde, edição de 22 de julho de 1910 traz sua nomeação para a Biblioteca Pública, como auxiliar do Diretor, Ribeiro do Amaral. 175 A Pacotilha de 6 de abril de 1914 traz a sua exoneração do cargo de auxiliar da diretoria da Biblioteca Pública. Na edição de 10 de julho, pede o comparecimento dos rementes de jornais à repartição postal, para verificarem as remessas, dentre elas, a de Leonete Oliveira, para São Paulo. A Gazeta de Noticias, do Rio de Janeiro, em sua edição de 14 de novembro de 1914, noticia que estava fixando residência no Rio de Janeiro a poetisa maranhense Leonete Oliveira, procedente de São Paulo:

175

http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=388459&pesq=LEONETE%20OLIVEIRA


M. Nogueira da Silva publica na Gazeta de Noticias, edição de 29 de novembro de 1914 meia página dedicada à poetisa Leonete Oliveira, recém se estabelecida no Rio de janeiro:






O Jornal, de 2 de julho de 1917, anuncia o aparecimento


Antonio Lopes, em A Pacotilha, edição de 2 de agosto de 1917, ao comentar os livros lançados recentemente, além de comentar o do Barão de Studart sobre O Movimento de 17 no Ceará, dedica um espaço para um segundo, de autoria de nossa poeta:


Lima Barreto, na Revista Contemporânea (31/08/1918)176, sob o título “Um poeta e uma poetisa” – Hermes Fontes e Leonete Oliveira =- e tece as seguintes considerações:

176

http://memoria.bn.br/DocReader/Hotpage/HotpageBN.aspx?bib=351130&pagfis=415&url=http://memoria.bn.br/docreader#



Nogueira da Silva, no Jornal das Moças (1917) traz-nos a seguinte crítica:177 Leonete Oliveira O nome, que encima estas linhas, não é desconhecido das gentis leitoras do Jornal das Moças. No numero 107 sahiu, acompanhado de seu retrato, um lindo e bem feito soneto, intitulado Vaidosa, um magmüco inédito aue,-por feliz acaso, nos vem as mãos. No numero seguinte, logo tivemos também oportunidade de dar um outro soneto, como o primeiro marcado de excellente e então arrancado das fulgurantes paginas do seu primeiro livro de versos— Flocos.. , . Leonete Oliveira é a maior e a mais brilhante poetisa maranhense, que ao lado de Gilka Machado, Julia Lopes da Silva, Laura da Fonseca e Silva, Julia Cortines, Rosalia Sandoval, Ibrantina 177

http://memoria.bn.br/pdf/111031/per111031_1917_00110.pdf


Cardone, Julieta e Revocata de Mello, Leonor Posada, Violeta Odette e outras, forma na vanguarda das letras femininas no Brasil. O seu livro Flocos deu-lhe immediatamente um logar de proeminencia na literatura, destacandose, com brilho, dentre a pleiade de poetas e homens de letras do Maranhão. Agora Leonete Oliveira, tendo melhor afinado a sua lyra divina e melhor acentuado os seus dotes poéticos, brinda-nos com um segundo livro. Veiu de Lisboa para Fortaleza, onde se encontra actualmente residindo a distincta poetisa maranhense. Intitula-se Cambiantes e contem as ultimas produções da festejada escriptora patricia. O novo livro de Leonete Oliveira vem confirmar inteiramente os conceitos externados do seu valor e de suas virtudes literarias, quando foi do aparecimento do seu primeiro volume de versos. Inteligente, culta, sabendo rimar com propriedade e metrificar com elegância, os versos da formosa poetisa maranhense merecem todos os nossos encomios. O espaço não nos per- mitte especificar e citar, mas sempre apontamos as seguintes peças: Cambiayites, Creio, Nunca mais, Sol-pôr, Beijos, Os nossos arrufos, Vitima carta, Vaidosa, A uma arvore seca, A um coração, Cantar es e Um ramalhete, alem de outras, que» serão sempre lidas com uma grande, uma sentida, uma funda emoção. Versos de amor, de saudade, de ventura e de tristeza, elles fazem rir e chorar, elles fazem soffrer e pensar. Nisso, parece-nos, reside todo o elogio que se possa fazer desse interessante e encantador volume que nos enviou a distincta poetisa maranhense. E quanto a citações, faremos apenas duas. Esta linda e profunda quadra: Segredos ha no coração, Que a gente cala e nunca diz... De um lado o amor, doutro a razão, Quem pôde assim viver feliz ? que separamos da poesia Cantares e que vale por uma philosophia, vibrando como um jóia delicada, uma minúscula obra-prima do pensamento. E agora este magniüco soneto, “Beijo”; que lembra a musa sensual e impecável de Raymundo Correia, perieito, sentido, encantador : Beijo de amor que abraza o sangue e acende Um fogo ardente e liquido nas veias, Beijo que á tua a minha bocca prende, Por que eu anceio e por que tu anceias • Essa loucura que ninguém comprehende, De que sentimos as nossas almas cheias, Esse calor divino que se estende Por sobre nós como doiradas teias: São desses beijos que nós dois trocamos, E que á força de serem repetidos, Vão comnosco a cantar por onde andamos , . . Inexgotavel fonte de desejos, — Que os nossos lábios vivam sempre unidos, E sempre vivam permutando beijos ! E não precisamos dizer mais do valor e dos méritos excepcionaes da poetisa Leonete Oliveira. Os seus versos dizem mais e mais alto e mais eloqüente, que os nossos pobres conceitos. Organisando o seu novo livro, a grande poetisa maranhense juntou aos novos versos, algumas poesias e sonetos do volume intitulado Flocos, que são estes: Mãe, A louca, Só, Suprema dor, A meu violão, A caza do vaqueiro, Gotas de pranto, Noite, Venus e Volúvel. Isso deu, de algum


modo, certo realce as Cambiantes, pois a formosa poetisa escolheu precizamente as melhores peças do seu primeiro livro. Mas, que o não fizesse. Não era precizo. O seu segundo livro é, sob todos os pontos de vista, melhor que o primeiro e vem confirmar brilhantemente o posto que nas letras brasileiras, a applaudida poetisa maranhense conquistou, muito justamente,com a publicação dos seus primeiros versos. M. Nogueira da Silva liihliogrupliia A mulher: conferência. Maranhão, Imprensa Oficial, 1909, in-é° de 23 pp. Flocos: poesias.'Maranhão, Ti/p. Teixeira, 1910, in-8o de 108 pp. Cambiantes: poesias. Lisboa, Casa Vem tura Abrantes, 1917, in-8° de 126 pp. Inéditos Miragens: versos. Liyro azul : contos. Colaboração Na Pacotilha, S. Luiz; Gazeta de Noticias, Rio ; Cruzada, Rio : etc , etc, N. O soneto publicado no Jornal das Moças:


Logo a seguir, nessa mesma revista, aparece uma nota em que consta como sendo pianista, residindo em Fortaleza, assinando uma composição, que enviara à publicação, como Leonete Oliveira Rocha O Jornal, edição de 26 de julho de 1918 publica o seguinte poema:

A Pacotilha de 11 de fevereiro de 1919 traz outro poema de Leonete, mas desta vez, acrescentando Rocha ao seu sobrenome: Leonete Oliveira Rocha:


Na edição seguinte, outro poema:


E mais outro:

O Jornal de 14 de abril de 1919 fala sobre concurso promovido pela Revista Maranhense, destacando, entre seus colaboradores, a poetisa Leonete Oliveira. Outro soneto, publicado em O Jornal, de 26 de abril de 1921


Logo a seguir, 14 de junho, essa nota:

Na edição de 29 de março de 1919 é publicado soneto sobre a seca


Sobre os ultimos versos da poetisa Leonete Oliveira é o titulo de crítica assinada por N. Nogiueira da Silva, transcrito do Boletim Mundial:



A 11 de abril de 1924, A Pacotilha traz a seguinte denúncia de plágio:


No Diário de Notícias, do Rio de janeiro, edição de 5 de novembro de 1959, sai a seguinte nota:

Em artigo de Diomar das Graças Mota178 - Mulheres professoras maranhenses: memória de um silêncio, publicado em 2008179 - consta a seguinte biografia: Leonete Oliveira (1888–1969), professora normalista, lecionava Português em casa, principalmente para mulheres, e foi a precursora do ensino de Estenografia, em São Luís. Acreditava ser esta uma das alternativas para o acesso, principalmente da mulher, ao mercado de trabalho. Poetisa, publicando em 1910 sua primeira obra, intitulada Flocos, em seguida Doutora em Educação pela Universidade Federal Fluminense – UFF, docente do Departamento de Educação II e dos Programas de Pós-Graduação: Mestrado em Educação e Mestrado Materno-Infantil da Universidade Federal do Maranhão – UFMA. E-mail: diomar@elo.com.br. 179 EDUCAÇÃO & L INGUAGEM • ANO 11 • N. 18 • 123-135, JUL.-DEZ. 2008 178


publicou em Portugal Folhas de outono, posteriormente Cambiantes, em Fortaleza, onde integrou a ala feminina da Casa de Juvenal Galeno, instituição literária idealizada e fundada em 1942. A 25 de novembro de 1908, nesse mesmo jornal, sai o seguinte:



A PRIMEIRA ESCRITORA MARANHENSE: ALGUMAS DÚVIDAS E ELUCIDAÇÕES LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Licenciado em Educação Física;. Mestre em Ciência da Informação Academia Ludovicense de Letras Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão

Quem foi a primeira escritora maranhense? Para Nascimento Morais Filho e Dilercy Aragão Adler, Maria Firmina dos Reis. Antônio Lopes diz ser Leonete Oliveira180, cujo pseudônimo foi Ângela Grassi. Mas por que essa dúvida? Porque Antonio Lopes publicou artigo, em 1909, identificando a poetisa Angela Grassi como sendo Leonete Oliveira, e a chamou de primeira poetisa maranhense!

Título: Leonete OliveiraAutor/ Colaborador:Garnier, M.J. Data:[189-?] Descrição:bico de pena Assuntos:Authors, Brazilian - Portraits Oliveira, Leonete de Portraits B869.8 Oliveira, Leonete de, n.1888 - RetratosEscritores brasileiros - RetratosT ipo: Desenho Idioma: Português

Antonio Aílton, em seu ensaio, repetiu o título que eu dera no material que publicara em minha revista – A Revista do Léo181 – quando trouxe os “recortes & memórias” sobre essa poetisa maranhense. Dilercy nos traz alguns dados sobre Maria Firmina, para contestar a temporalidade de ambas: Maria Firmina nasceu em 11 de março de 1822. Em 1859 publicou o Romance Ursula, Em 1861 publicou o romance Gupeva. Em 1871 publicou um livro de poemas “Cantos à beiramar (completará 150 anos de publicação em 2021). Em 1887 publicou o conto A escrava. Em 1861 Participou da Antologia Poética Parnaso 180

LEONETE OLIVEIRA Lima Rocha nascida em São Luís, Maranhão, em 17 de julho de 1888, filha de Gentil Homem de Oliveira e Luiza Fernandes de Oliveira. Foi Professora e Bibliotecária. Ingressou na Academia Maranhense de Letras. Residia no Rio de Janeiro, aonde veio a falecer. Publicou "Flocos", "Folhas de Outono" e muitos outros. Leonete Oliveira virou nome de rua em São Luís, no bairro Cohab Anil II. http://falandodetrova.com.br/leonete; https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/autores/?id=2941; https://www.literaturamaranhense.ufsc.br/documentos/?action=midias&id=222031&locale=en 181 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__25_-_outubro__2019


Maranhense. Tem uma extensa relação de publicações de poemas e inclusive dos próprios contos (por capítulos como as novelas de hoje) em jornais literários. Na orelha do meu Elogio a ela (2014) tem a relação desses jornais também a relação de poemas avulsos. FONTE: O Livro de José Nascimento Morais Filho - Maria Firmina: fragmentos de uma vida Nesse mesmo livro tem a relação dos trabalhos de MFR publicados em jornais com as datas: jornal literário foi 1860 - o Jornal A Imprensa publica um poema, ainda com as iniciais MFR e a última publicação citada data de 1903 no Jornal Pacotilha. Então, de acordo com essa data, ela tinha 71 anos de idade. Teriam outras publicações que talvez Nascimento Morais Filho não tinha tido acesso? Aos 71 anos ainda colaborava com jornais e já estava esquecida? Poderia ainda não ter reconhecimento, à altura de uma primeira romancista, mas continuava publicando em jornais? Por exemplo: eu vi nas citações de José Nascimento Morais Filho colaborações de MFR em jornais em vários anos a partir de 1860. Os últimos anos são: 1889, 1897, 1900, e essa última citação de 1903. Ou seja, ela publicou em jornais de 1860 a 1903 (segundo as pesquisas de NMF). Acho estranho que fosse desconhecido todo esse trabalho de Maria Firmina por Antônio Lopes. Sem contar que eu acho muito tardio encontrar uma primeira poeta Maranhense já nos anos de 1910. Acho interessante esse tipo de troca que resulta em soma. No “I Encontro Maranhense de Pesquisadoras e pesquisadores de Maria Firmina dos Reis” lancei oficialmente a ideia de formamos um grupo para concretizarmos a apresentação e análise desses estudos. Pois bem, após os “protestos” da Dilercy sobre a primazia de MFR, voltei ao artigo que havia escrito – e mandado ao Antônio Aílton para análise – e reescrevi, indo buscar o que ela havia escrito antes, com o seu pseudônimo – Ângela Grassi. Vamos ao texto de Antônio Lopes – repito-o! - artigo publicado no “Diário do Maranhão” edição de 05 de junho de 1909, onde referia-se sobre a inexistência de poetas mulheres no Maranhão e, então traz-nos alguns nomes, pseudônimos, e identificando quem escreveu algumas belas poesias que apareciam, então.








Leonete utilizava o pseudônimo de Angela Grassi, que foi uma escritora romântica espanhola, do século XIX182. A Pacotilha, de 11 de junho de 1908 publica um seu poema:

182

Angela Grassi (Cromá, 2 de agosto de 1823 - Madrid, 17 de septiembre de 1883) fue una escritora romántica española del siglo XIXhttps://es.wikipedia.org/wiki/%C3%81ngela_Grassi


Em A Pacotilha de 14 de agosto de 1908 é publicado um poema dedicado à Angela Grassi, assinado por “H”:

E a 25 de agosto, Correa de Araújo lhe dedica outro poema:


Em 1908, no Diário do Maranhão de 09 de outubro sai a seguinte nota:

A Pacotilha de 30 de outubro de 1908 traz a seguinte carta aberta destinada à Vieira da Silva:



Também tece crítica ao livro de Astolfo Marques, recém publicado (A Pacotilha, 03 de dezembro de 1908):

Conforme notas publicadas nos diversos jornais de São Luis, no ano de 1909 Leonete de Oliveira participava de eventos acontecidos, cívicos e religiosos, tanto em São Luis como no interior, como uma festa em Cajapió em honra ao Menino Jesus. Nova critica literária publicada, em A Pacotilha, desta vez sobre a obra de Maranhão Sobrinho (1º julho de 1909)


A 25 de agosto, em A Pacotilha, é publicada um poema


Chegou a dar conferencias na Universidade Popular Maranhense, abordando o tema “A Mulher”: A 1º de novembro de 1909:


Vou, agora, colocar o texto de Aílton, com base naquilo que levantei, sobre a autora ora em estudo, e publicado no sítio de ‘Os integrantes da noite”, disponível no Facebook183:

183

https://www.facebook.com/groups/582175842330309/


LEONETE OLIVEIRA ou Ângela Grassi brasileira – A PRIMEIRA POETA MARANHENSE - ANTONIO AÍLTON A grande maioria dos que estudaram o Parnasianismo, desde a escola já ouviram falar, pelo menos, em uma mulher entre os austeros parnasianos, de poemas esculpidos e canção marmórea: a poeta paulista de “Musa Impassível”, Francisca Júlia. Porém, entre os grandes nomes maranhenses que brilham na poesia brasileira na passagem entre o século XIX e o século XX, bem poucos ouviram o nome de Leonete Oliveira (São Luís, 1888 Rio de Janeiro, 1969). Esta, segundo um dos importantes registros daquele momento, do escritor e crítico Antônio Lobo (Diário do Maranhão, 05/06/1898) (sic), foi, por sua vez, a primeira poeta maranhense. Leonete Oliveira ou, conforme assinava em suas primeiras publicações nos jornais maranhenses, Ângela Grassi (escritora romântica espanhola), ganhou o título de “a maior e mais brilhante poetisa maranhense” (M. Nogueira da Silva, Jornal das Moças, 1917, p. 12¹). Leonete Oliveira era também professora e bibliotecária. Há realmente vários registros naqueles jornais finisseculares e de entre-séculos. Mas quem resgata ultimamente esse nome tão importante, um tanto quanto apagado ou silenciado nas atuais matérias sobre a poesia daquele momento, é o incansável pesquisador Leopoldo Vaz, inconformado enquanto não alcança os últimos registros sobre o assunto que busca. Leopoldo publicou esse “apanhado” na sua Revista do Léo², onde pode ser pesquisado. É somente através das espessuras e cortinas do tempo que podemos ver essa mulher, vivendo num contexto de poetas grandiosos, mas também de uma sociedade que de um modo ou de outro reprimia a voz feminina nos papeis intelectuais e culturais. O próprio Antônio Lobo levanta essa questão e relata que, infelizmente, e apesar de mesmo escassamente algumas vozes femininas ainda se sobressaírem nos grandes centros, na sociedade arcaica do Maranhão isso era muito mais difícil. A mulher, quando muito, dedicava (ou era lançada) aos conventos. Era a educação familiar e religiosa, e haveria muito mais beatas que poetisas – na linguagem da época. Mesmo através dessas cortinas do tempo, o que podemos encontrar nela é uma mulher forte, que penetrou aos poucos nos meios literários e intelectuais, participava de eventos cívicos e religiosos, viajou bastante (São Paulo, Lisboa, Fortaleza, Rio de Janeiro...), fez-se considerar pelos poetas e críticos até sua morte, inclusive poetas conhecidos no séculos XX que lhe submetiam os textos; deu palestras sobre a condição da mulher na Biblioteca Pública do Estado e na Universidade Popular, deu voz à mulher em seus poemas, e era membro correspondente da Academia Maranhense de Letras. Publicou, além de muitos poemas esparsos, pelo menos três livros de poesia: “Flocos” (1910), “Cambiantes” e “Folhas de outono” (1914-1917[?]). A intenção aqui, obviamente não é fazer um tratado sobre a autora, sua vida e as questões complexas que envolvem seu contexto e obscurecimento. Não é tampouco levantar disputas de se ela foi a primeira, a segunda, ou a terceira poeta maranhense etc, já que há também na pauta o nome de Maria Firmina dos Reis, que tem sido bastante pesquisado. São coisas e questões que exigem uma pesquisa madura e aprofundada. Creio que ela deve ser valorizada pelo que ela é, pelo seu papel, pela sua figura de poeta do momento, inclusive dentro de um sistema da história da literatura brasileira, que relega tantos autores importantes à marginalidade. Podemos entender a poética de Leonete Oliveira fundamentalmente dentro do espírito do Parnaso, como assim compreendemos, por exemplo, Raimundo Corrêa. Porém, mais acentuadamente que este, a poeta pratica ainda uma experiência romântica patente e se estende até o simbolismo. Seus poemas de tom e teor simbolistas são, a meu ver, os melhores. Ela não deixa também de extravasar em alguns momentos forte erotismo ou de, noutro registro, ironizar a questão masculina. Enfim, uma poeta de alto domínio formal que foi colocando ali, nas chaves parnasianas o seu espírito e sua força. E a força de um poeta pode ser medida pela desejo que outros têm de imitá-lo(a) ou até plagiálo(la). Isto é, do impacto que sua poesia causa sobre outros. Foi o que aconteceu com um poema do Flocos, de 1910, de Leonete Oliveira, que foi descaradamente plagiada por Carlos Porto


Carreiro em 1924 – talvez por um desses acasos que o autor publica e fica na obscuridade, enquanto outros se aproveitam. Mas a verdade apareceu. Abaixo, escolhi alguns de seus fortes e encantadores sonetos, entretanto há muito mais a ser visto: SÓ Sempre tiveste um coração vazio ermo de sonhos como um deserdado; nunca um raio de amor, mesmo tardio, pôde dar vida ao teu olhar gelado. Sempre viveste só, mudo e sombrio como quem traz no peito lacerado, em vez de um coração forte e sadio, um pedaço de mármore guardado. Mas um dia virá em, que, tristonho, cheio de dor e em lágrimas desfeito, hás de correr em busca de outro sonhos... Em vão! Que em cada coração, decerto, encontrarás o gelo do teu peito a aridez infinita de um deserto. (in: Flocos) SUPLÍCIO DE TÂNTALO Nasci de asas cortadas, no infinito dos meus sonhos de glória e de ventura, tentei em vão subir, no impulso aflito de quase desespero ou de loucura… Olhando o espaço, o coração contrito, das belezas da vida ando à procura, e penso, e sinto, e sofro, e choro, e grito , no anseio de vencer esta tortura… Diante de mim os pomos de ouro avisto e querendo alcançá-los fico inerme, sem saber se estou morta ou ainda existo… E vendo em tudo um luminoso véu, eu continuo qual se fora um verme, rastejando na terra e olhando o céu! (in: Folhas de outono) E este jocoso soneto, a nos lembrar o simbolismo irônico: CASAR É BOM - “Casar é bom - diz o burguês pacato, Por entre um riso de expressão brejeira - é muito bom ter-se uma companheira Que nos faça a pastinha e escove o fato”.


- “Casar é bom, não com mulher faceira que vive empoada e trescalando extrato; quem tiver senso, o homem que for sensato que procure uma boa cozinheira... Essa que tem de todos os sentidos somente o paladar, é o que chamamos o lindo ideal de todos os maridos; não vê, não ouve, indiferente e fria, não pergunta zangada porque vamos todas as noite à maçonaria...” (O Jornal, de 26 de abril de 1921) _________ ¹ http://memoria.bn.br/pdf/111031/per111031_1917_00110.pdf ² https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__25_-_outubro__2019 Como diz Antonio Aílton: A intenção aqui, obviamente não é fazer um tratado sobre a autora, sua vida e as questões complexas que envolvem seu contexto e obscurecimento. Não é tampouco levantar disputas de se ela foi a primeira, a segunda, ou a terceira poeta maranhense etc, já que há também na pauta o nome de Maria Firmina dos Reis, que tem sido bastante pesquisado. São coisas e questões que exigem uma pesquisa madura e aprofundada. Creio que ela deve ser valorizada pelo que ela é, pelo seu papel, pela sua figura de poeta do momento, inclusive dentro de um sistema da história da literatura brasileira, que relega tantos autores importantes à marginalidade.


EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: AINDA LEONETE OLIVEIRA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Chamou atenção a biografia de Leonete Oliveira, considerada por Antonio Lopes, em artigo publicado em 1909, como a primeira poetisa maranhenses desconhecendo as inúmeras mulheres que já haviam publicado poesias e contos, desde o meado dos 1800. Jucey Santana, lá do Itapecuru-Mirim, cita várias delas. Estamos, aos pouco, buscando maiores informações sobre essas pioneiras. Em A Pacotilha, de 08 de julho de 1910 é publicada uma crítica literária ao trabalho dessa grande poetisa, escrita por Severino Silva:





MANOEL SALLES E SILVA, POETA MARANHENSE. QUEM CONHECE? LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Academia Ludovicense de Letras Academia Poética Brasileira Instituto Histórico e geográfico do Maranhão

Ao pesquisar sobre Fran Paxeco, meu patrono da Academia Ludovicense de Letras, deparei-me com o lançamento de um livro de poesia de título “Padrões”, obra póstuma, que fora prefaciada por Fran... Informa, ainda, que estavam sendo publicados artigos que apareceram em diversos jornais de São Luís. Fiz a tradicional pesquisa na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional e encontrei apenas dados sobre seu percurso estudantil, desde o ensino secundário até seu ingresso na Faculdade de Farmácia do Pará, compreendo os anos de 1900 até 1910. Desse mesmo ano, as notas de seu falecimento, e as missas rezadas. O lançamento desse primeiro livro aparece também em jornais do Rio de Janeiro, e indicação de Leitura de Domingos Perdigão, em 1929: “O que há para ler” na Biblioteca Benedito Leite. Na BPBL, não se encontra nada, no acervo... Quem conhece??? Manoel Francisco Salles e Silva nasceu em 1892, provavelmente em São Luís, filho de Manoel Francisco da Silva Junior (falecido em 09 de fevereiro de 1904) e de Bibiana Cunha Salles e Silva; foi estudante do Externato São Sebastião, obtendo vários prêmios por dedicação e conhecimento. Seu pai era calafate. Autor de Vala Comum, versos; e de Padrões, versos, além de vários artigo publicados no Pará, onde estudava Farmácia, e em São Luis. PACOTILHA, 13 DE FEVEREIRO DE 1913 ‘PADRÕES – recebemos os “Padrões’, a obra póstuma de Salle e Silva, o jovem poeta tão cedo roubado as letras. [...] A obra foi andada imprimir pela família do malogrado moço, como uma carinhosa homenagem á sua memória. [...] Não faremos a crítica dos versos de Salles e Silva. Tão cedo ele morreu e tantas esperanças a sua morte ceifou, que, lendo as composições reunidas em volumem pelas mãos, que desde o berço vinham abençoando, a gente, longe de ser levado à crítica, pensa nisto a que ele mesmo chamou ‘a libertação, que também sonhou Buda”, o selo “esteril do Norvana” [...] o volume traz um prefacio de Fran Paxeco e fecha com os artigos publicados na “Pacotilha” e “Diário do Maranhão”. [...] agradecemos o exemplar que nos foi enciado. E em O Imparcial, do Rio de Janeiro: “Livros Novos S. Luis – Appareceu também o livro de poesias posthumas do malogrado jovem Manoel Salles Silva, intitulado “Padrões” o livro traz uma carta-prefácio do publicista Fran Paxeco. E no A Noite, também do Rio de Janeiro: O MARANHÃO LITTERÁRIO – Poesias e história : Appareceu também o livro de poesias posthumas do malogrado jovem Manoel Salles Silva, intitulado “Padrões” o livro traz uma carta-prefácio do publicista Fran Paxeco.

Morador da Rua dos Afogados, sua mãe possuía várias residências no anil, haja vista que era cobrado o imposto devidos de sua mãe


DIÁRIO DO MARANHÃO, 20 DE AGOSTO DE 1904


DIÁRIO DO MARANHÃO, 28 DE ABRIL DE 1909

DIÁRIO DO MARANHÃO, 31 DE DEZEMBRO DE 1909


Numa busca mais acurada, encontrei em A Pacotilha o seguinte material: A TUA BOCA Boca, boca archangelica, divina, Boca talhada em mármore de Paros, Tens tu incrustações a ruis rros, Boca ligeira, breve e pequenina. Boca de linha delicada , fina, Da brancura dos mármores mais caros, Boca impecável sem esses reparos Que soem ter outras bocas; canta e trina, Vejo, dentro de t, sem que o impeças, O goso desenfreado, em febre loca, Boca cheia de sonhos e promessas... Meu desejo é morrer – ve que desejo! – Lábio a esse lábio, boca a essa boca, Na contensão tetânica de um beijo Janeiro, 1910

A PACOTILHA, 15 de janeiro de 1910 A ADULTERA Todos a olham com ódio. O mundo, a sociedade Encare-a com desdém, encare-a com despreso; Num sorriso imbecil misto de ódio e maldade – Commentam seu viver, por um ntigo veso. Todos lhe votam ódio, um ódio vivo, acceso, Dizem-no sem temer, dizem-no por crueldade E ella curva a cerzir, sozinha, seu peso Brutal, esmagador de uma grande verdade. Pobre degenerada, o mundo que condenam Teu olhar, teu adar, tuavida, te riso, Sem piedad, sem dó, sem compaixõ, sem pena, Simula, que nõ sabe, entro frio iria, Que cedes impulsiva, impudica, sem siso, Ao imperioso poder de uma synphoni. Do livro Padrões) Salle e Silva


DIÁRIO DO MARANHÃO 17 DE JANEIRO DE 1910


DIÁRIO DO MARANHÃO, 27 DE JANEIRO DE 1910




DIÁRIO DO MARANHÃO, 28 DE JANEIRO DE 1910

DIÁRIO DO MARANHÃO , 9 de junho de 110

Pacotilha LOUCOS Dois loucos somos nós, minha louca / Mal desce Longe, mui longe noite, e já estas nossas almas Juntas, doida de amor, perenemente calmas, Voam azul em fora, onde o amo não fenece. E lá as duas se vão, sempre juntas, e cresce Not e vem o dia, e llas, as nossas almas, Juntas, doidos de mor, perenemente calmas, Inda entoam de amor, sorrindo, a mesma prece. Dois loucos somos nós, minha louca! Em desleixo Teus cabelos, no pasmo assim em que te deixo, Es a louca ideal e que a versejar me induz E eu, u sou outro louco, eu, que sou o teu poeta, Quem teu olhar decanta, o teu riso interpreta, Em dithyrambos de oiro, em poermas de luz. Salles e Silva


OXYGENIO Oxygenio que inspiro a longo hausto – oxygenio Que, em novelos de luz, brinca pel athemosphera... Fdomas com o azoto o a, a agua e o hydrogenio, A vida com o carinho, o sangue mau da fera! Tudo fazes viver – plstidula, monera E cylode, á riblla erma deste proscênio Que é a terra! E a Materia enquanto regenera A matéria tu, ó das transformações gênio, Fazes eterna a Vida, a Dor fazes eterna! Tu me ences os pulmões, no meu sangue rutillas, Rubro, rubro de luz, de uma luz eviteroa. Principio genitor que aviva a Grande Lida! Es que dá luz á lu! Oxygenio! Scintillas Como o X. colossal dest equação a Vida Salles e Silva

DIÁRIO DO MARANHÃO, 15 E JUNHO DE 1910

Em A Pacotilha de 15 de junho de 1910 uma nota informa que ‘aparecerá em breve o segundo volume de versos do jovem poeta Salles e Silva. Chama-se ‘Padrões’, impresso nas oficinas da tipografia Teixeira.’ Um segundo volume?


Diário do Maranhão, 8 de julho de 1910

A PACOTILHA SOL DE MARÇO Sol de março. Porpureo e bello alampadario, Sagrada ostia de luz, Breviario de Amargura, Tu lembras muito bem a historia do Calvário Essa drama de dor, da magua e da tortura! Flos sanctorium de luz, de lagrimas sacrário, Lembras Christo a subir, radiante de ternua, A viella da Dor... o fúnebre, o mortuário Lençol da noite atroz que fez a terra escura. Sol – fornalha de luz, gerando, imenso braseiro, Tu es o ultimo olhar do Christo no madeiro Crystalizado em luz! Enia, sol-elegia, Purpurco alampadario. Única chaga exangue, Lagrimas de coral dosmolhos de Maria! Salles e Silva Dos Padrões

Então, a 3 de outubro de 1910 a notícia de sua súbitamorte:


NECROLOJIA: Sucumbiu hoje, inopinadamente, o jovem poeta Salles e Silva, que hontem via chegado, enfermo, do Pará. O malogrado moço publicou um volume de versos – Vala comum e preparava outro, em que decerto se reafirmaria a u promisora intelijencia. Enviamos as ossas sentidas codolencias a su familia

Ao registrar os óbitos ocorridos, informa-se que teve morte, aaos 18 anos, por acesso pernicioso, sendo sepultado em 4 de outubro de 193. Seu nome completo era Manoel Francisco Salles e Silva. 8 de outubro, nota fúnebre, de missa, sabe-se o nome de sua mãei: Bibiana da Cunha Sales e Silva, e que tinha irmãos. DIÁRIO DO MARANHÃO, 03 DE OUTUBRO DE 1910




DIÁRIO DO MARANHÃO, 04 DE OUTUBO DE 1910


DIÁRIO DO MARANHÃO, 06 DE OUTUBRO DE 1910


DIÁRIO DO MARANHÃO, 18 de outubro de 1910


Diário do Maranhão, 18 de janeiro de 1911

Na edição de A Pacotilha de 9 de outubro de 1911 sai a seguinte nota:



Pacotilha, 30 de outubro de 1911, ficamos conhecendo outros familiares:



UM POETA ESQUECIDO: RAIMUNDO NONATO PINHEIRO

CASTRO, Kyssian. - NONATO PINHEIRO, O POETA QUE A BARRA ESQUECEU, in Revista da Literatura Barra-Cordense 33, Published on Nov 15, 2017, disponível em https://issuu.com/kissyan/docs/revista_20da_20literatura_20barra-c

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Academia Ludovicense de Letras Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Raimundo Nonato Pinheiro nasceu em Barra do Corda em 8 de novembro de 1890, e faleceu em Manaus a 15 de outubro de 1938. Partiu de São Luís para Manaus em 1911, já casado com Diana Macedo Pinheiro, da cidade de Caxias. Tiveram quatro filhos naturais e uma adotiva. O ‘Jornal do Comércio’, de Manaus (ed. 14/12/1969) traz matéria sobre o poeta maranhense Raimundo Nonato Pinheiro (pai) 184, ressaltando que fora grande amigo de Maranhão Sobrinho, e um dos poucos que acompanhou seu enterro desde o casebre onde morava no bairro Cachoeirinha:

184

http://www.taquiprati.com.br/cronica/478-em-nome-do-padre


Estamos falando do pai de outro Raimundo Nonato Pinheiro (o Filho), este nascido em Manaus, em 1922 e falecido em 1994, também conhecido como Padre Nonato Pinheiro, sacerdote, poeta, filólogo, latinólogo, jornalista, professor e escritor. Foi Membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas: O Pe. Nonato Pinheiro, erudito católico que se dedicou, em profundidade, aos estudos filológicos e à crítica literária, foi um cultor da língua portuguesa. Dedicou-se também a estudos relacionados à história religiosa da Região Norte do Brasil. Contribuiu com regularidade nos jornais de Manaus, tendo sido recebido na Academia Amazonense de Letras pelo médico e escritor Djalma Batista. O mais conhecido dos livros que publicou é uma biografia do terceiro bispo do Amazonas, Dom João da Matta (1956), obra republicada em 2008 pela Editora Valer, de Manaus. Em 1954, a Editora Vozes havia publicado seu livro intitulado "Dom José Pereira Alves: fulgores do Episcopado". Raimundo Nonato Pinheiro prefaciou, entre outras obras, o "Vocabulário Etimológico Tupi do Folclore Amazônico", de Anisio Mello (Manaus: Editora da Universidade do Amazonas / Suframa, 1983). Em grande quantidade de artigos, ensaios e discursos, o Pe. Nonato Pinheiro divulgou seus


estudos sobre obras clássicas das literaturas portuguesa e brasileira, que considerava como modelos perfeitos de boa linguagem.185 Raimundo Nonato Pinheiro (o pai) foi casado com a professora Diana de Macedo Pinheiro: A professora Diana de Macedo Pinheiro, maranhense, casou-se com o poeta e escritor Raimundo Nonato Pinheiro, com quem teve quatro filhos: Geraldo, Nonato e as gêmeas Aracy e Iracema, além de uma filha adotiva, Amazonina. Desenvolveu suas atividades pedagógicas no Instituto São Geraldo, que funcionou até 1964 na Rua 24 de Maio, quase esquina da Costa Azevedo, com curso primário e preparação para o exame de admissão. Ministrava ainda aulas de português e francês e preparava pessoas para concursos públicos. Morreu em julho de 1962.186 Mais algumas informações sobre a esposa de Nonato Pinheiro: era natural de Caxias187: Há 46 anos, no dia 27 de julho de 1962, o Amazonas perdia a Professora Diana de Macedo Pinheiro. Era natural de Caxias no Maranhão e mudou-se para Manaus ainda jovem e recém-casada com o poeta e escritor Raimundo Nonato Pinheiro, com quem teve quatro filhos: Geraldo de Macedo Pinheiro (procurador de justiça, "antropólogo"), Raimundo Nonato Pinheiro (padre, poeta e literato) e as gêmeas Aracy Pinheiro Pucu e Iracema Pinheiro Monteiro, ambas professoras, além da filha adotiva, Amazonina de Macedo Melo. O projeto educacional da professora Diana desenvolveu-se no Instituto São Geraldo onde funcionou até 1964, à rua 24 de maio, próximo à esquina da Costa Azevedo. Nele, a formação estudantil consistia do antigo curso Primário e preparação para o exame de Admissão. Preparava pessoas para concursos públicos, ministrando aulas de Português e Francês, sua especialidade. Kyssian Castro escreveu: “Nonato Pinheiro O Poeta que a Barra esqueceu” 188: [...] Estava lá registrado que sua terra natal era Barra do Corda (MA). Seguindo esse autor, que o dá por nascido em Barra do Corda-MA em 8 de novembro de 1890, descendia de índios Guajajaras. Em artigo publicado em 1919 (A Pacotilha de 15 de agosto), confirma-se seu local de nascimento, assim como sua profissão – despachante geral da Alfândega, em Manaus:

185 https://pt.wikipedia.org/wiki/Raimundo_Nonato_Pinheiro 186 BESSA FREIRE, José Ribamar. EM NOME DO PADRE, Coluna TAQUIPRATI, Em: 17 de Março de 1995 http://www.taquiprati.com.br/cronica/478-em-nome-do-padre 187 Diana Pinheiro, uma educadora, Blog A ANDARILHA E SUA SOMBRA, segunda-feira, 14 de julho de 2008, disponível em https://andarilhasuasombra.blogspot.com/2008/07/diana-pinheiro-uma-educadora.html 188 CASTRO, Kyssian. - NONATO PINHEIRO, O POETA QUE A BARRA ESQUECEU, in Revista da Literatura Barra-Cordense 33, Published on Nov 15, 2017, disponível em https://issuu.com/kissyan/docs/revista_20da_20literatura_20barra-c Fui buscar as referencias que utiliza, como o jornal A Crítica, de Manaus, e em jornais do Rio de janeiro, na hemeroteca da Biblioteca Nacional, e não as encontrei...


De sua biografia, consta ter sido poeta, contista, cartógrafo, geógrafo, e crítico literário (CASTRO, 2017) 189. O “Jornal do Comércio”, de Manaus, em sua edição de 25 de janeiro de 1947 registra o retorno à Manaus do agora padre Raimundo Nonato Pinheiro Filho:

Companheiro de Maranhão Sobrinho e de Nunes Pereira, conforme registra Maria Luiza Ugarte Pinheiro190: Numa época em que a vida literária era sinônimo de vida boêmia, foi comum que os homens de letras (jornalistas, poetas, juristas, professores, etc.) montassem suas “igrejinhas” nesses espaços de sociabilidade. Ali, entre goles do mais fino champanhe francês ou de um trago da mais barata genebra, lamentavam o acanhamento da vida provinciana, propunham saídas para os problemas nacionais, confidenciavam segredos de alcova e desnudavam intermináveis intrigas com seus desafetos. Para um crítico da época, a intriga e a mesquinharia ficavam a cargo dos menos talentosos, dos “pobres diabos da literatura” ou dos “liliputianos da imprensa de picuinha”. (MESQUITA, 1935, 60)191 [...] Da mesma forma que as opções etílicas, as articulações literárias podiam variar também em função da origem e inserção social de seus integrantes. Assim, os poetas mulatos maranhenses, Nunes Pereira, Raimundo Nonato Pinheiro e Maranhão Sobrinho, sofreram forte segregação e

189

CASTRO, 2017, obra citada PINHEIRO, Maria Luiza Lugarte. Periodismo e Vida Literária em Manaus. Trabalho apresentado no GT História do Jornalismo integrante do V Encontro Regional Norte de História da Mídia 191 MESQUITA, Carlos. Glebarismo. Manaus: s/ed., 1935, citado por PINHEIRO, obra citada 190


foi somente graças aos seus talentos e a boa dose de ousadia que conseguiram se impor e minorar o processo de marginalização que sobre eles recaía4 . A Autora registra, em nota de pé-de-página que: O ingresso de Nunes Pereira na Academia Amazonense de Letras, no ato de criação dessa entidade (1918) demonstra bem os embates que foram necessários assumir. Sem ser convidado, Nunes entrou ébrio na sessão solene e se indicou para a cadeira de Cruz e Souza, com o argumento deste ter sido um mulato como ele. 192 Nonato Pinheiro, além de grande amigo de Maranhão Sobrinho, ainda foi o guardião de seu espólio literário:

192

Em Depoimento (ainda inédito) à Geraldo Pinheiro. À Autora.


EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: ZILÁ ANGELA PAES LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Licenciado em Educação Física. Mestre em Ciência da Informação Academia Ludovicense de Letras Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão

Recentemente, publiquei a biobibliografia de uma escritora maranhense, do princípio dos 1900, e que gerou muita polemica, quando da crítica literária apresentada pelo Antonio Aílton. Muitas outras escritoras, dessa mesma época, foram citadas nos comentários, em especial as informações prestadas por Jucey Santana, lá de Itapecuru-Mirim. Fui a busca dos nomes citados. De uma delas, apenas uma nota de falecimento, em 1924. De Zilá Paes achei mais recortes para sua memória em diversos jornais do Maranhão, existentes na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. Interessante, que sobre essa intelectual, as referencias são apenas de sua atuação enquanto diretora da Escola isolada Sotero dos Reis, das palestras que fez, em datas cívicas com a participação de alunos da escola que dirigia, e nenhuma poesia ou conto publicado, nos jornais, como era de costume da época. No acervo da BPBL-Digital, não encontrei a Revista Renascença, e a Maranhense disponíveis e não encontrei o nome de Zilá Paes.

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, consultei os números

Não vi todos os números de alguns jornais, os que apresentam mais referencias, mas as que vi, se referem apenas à diretora, e nenhum texto... Como explicitado, recorro à forma de resgate de memória buscando e publicando os ‘recortes’ dos jornais em que haja menção. É memória, não História. Deixo as análises para os especialistas. Apenas alimento as informações publicadas sobre determinado autor... A ordem é o do aparecimento da notícia, informando-se o jornal e a data da publicação e, claro, o recorte da nota. Simples assim. Copiar e colar... ZILÁ ANGELA PAES era professora normalista, nascida em 05 de maio, conforme nota social no Diário da Tarde, no ano de 1910:

1899 – Em A Pacotilha de 31 de outubro faz chamada para realização dos exames, constando da lista nossa biografada:

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http://casas.cultura.ma.gov.br/portal/sgc/modulos/sgc_bpbl/acervo_digital/arq_ad/20160106110201.pdf


- A 21 de novembro, estava sendo chamda para a realização dos exames de música; em 1901, estava aprovada plenamente nos exames de geometria; em 1902, a 19 de novembro, resultado dos exames, no 3º ano, em língua francesa. 1901 – Cursava a Escola de Música do Maranhão

1904 – 12 de julho, estava na relação das pesssoas que contribuíram para os festejos de São Sebastião, da Igreja de São João Batista. 1909 – A Pacotilha, de 16 de julho, traz as homenagens do Gremio Literário Arthur Azevedo, onde seria uma das palestrantes - No Diário do Maranhão, de 21 de fevereiro, Carlos Rubens publica uma carta aberta sobre o falecimento de Olimpio de Castro, e falando sobre o amor, cita Vieira da Silva; num trecho, refere-se à duas autoras maranhenses:


- A 19 de março, anunciada conferencia que seria proferida no Gremio Literario Maranhnse, do qual era associada:


08/05 – No Diário do Maranhão: Fundado o Gremio Literario Artur Azevedo:

06/06 – Diário do Maranhão –


1911 – Diário do Maranhão de 03 de janeiro anuncia a publicação da revista Renascença

A Pacotilha também anuncia o lançamento da revista, com a colaboração de Zilá paes 1917 – O Jornal exalta a festa promovida no Colegio Sotero dos Reis



1918 – Janeiro, 9, em O Jornal nomeação para a direção de uma escola isolada:

14/05, em O Jornal:


27/07 – O Jornal exaltava o trabalho da diretora da Escola Sotero dos Reis, por não deixar passar nenhuma data histórica, com a participação dos alunos:

Esse jornal, sempre destacando o nome de sua diretora, Zilá Paes, continua a publicar notas informando a participação dos seus alunos em todas as festividades cívicas e datas importantes da História do Maranhão; todo 5 de maio, o J0rnal lembrava o aniversário da professora normalista Zilá Paes, diretora do Sotero dos Reis 1920 – Pelo encerramento do ano letivo, a festa de diplomação contou com a presença do Presidente da Provincia, que elogiou o trabalho da diretora 1921 – No Diário de São Luis, a 25 de fevereiro:


Seguem-se várias notas, sobre o aniversário da Revista Renascença, nos dias seguintes, onde era ressaltada a participação de Zilá, dentre os oradores e colaboradores. No Diário de São Liuis de 11/04 consta estar participando do descerramento de placa da Rua issac Martins, quando proferiu discurso; na edição de 04/05, nas comemorações do 03 de maio, ainda dentro das atividades da Revista Maranhense; a 27 de junho, estava presente nas homenagens a Antonio Lobo, promovida pela Revista; em 31 de outubro, em solenidade promovida pela Revista Maranhense em homenagem ao dr. Almeida Oliveira e ap centenário da chegada da


primeira tipografia. Os alunos de diversas escolas se fizeram presentes, apresentando peças, teatro e poesia e canto/hinos, destacando-se as alunas do Sotero dos Reis, dirigido por Zilda. Já em 26 de novembro, o encerramento das aulas do curso particular mantido pela professora Zilá Paes, com apresentações de seus alunos. 1922 – Segundo o Diário de São Luis, a 14 de agosto, nova reunião da Revista Maranhense, com a participação da profa. Zilá e suas alunas. 1923 – Aposentadoria de uma professora normalista suscita um longo artigo, em que muitas outras professoras são ressaltadas, dentre elas nossa biografada:


23/02, está presente nas comemorações do 24 de fevereiro, iniciativa da revista Maranhense; já a 15 de maio, nova comemoração, destavez do 13 de maio, com atividades em várias escolas, dentre as quais a Sotero dos Reis, dirigida por Zilá 1924 – Folha do Povo, de 19 de janeiro de 1924:


04/10 – solicita prazo para se vacinar contra a varíola, devido ao seu estado de saúde:


29/10 – Discursa em homenagem ao Secretário do Interior, falando em nome das professoras. A 18/11, encerramento das aulas do Sotero dos Reis, conforme nota do Diário de São Luis, que informou sobre o trabalho da sua diretora 1925 – Na Folha do Povo de 25 de dezembro, que haveria uma apresentação de uma Pastoral do Messias em sua residência:


1948 – O Diário de São Luis parabeniza a profa. Zilá pelo transcurso de seu aniversário, ocorrido a 05 de maio. Nessa mesma nota, também parabeniza outra poetisa, de Rosário:

1952, A Pacotilha de 29 de março informa que fora madrinha de um casamento. Na edição de 04 de setembro, que fora recebida pelo Governador do Estado; 1060 = na edição de 21 de outubro de 1960, era comunicado seu falecimento, após longa enfermidade, no dia 19 de outubro no Rio de Janeiro, onde seria sepultada no Cemitério São João Batista.


EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: MARIA CRISTINA AZEDO MATTOS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Academia Ludovicense de Letras Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Licenciado em Educação Física. Mestre em Ciência da Informação

Partimos “em busca das escritoras maranhenses” após publicar a biobibliografia de Leonete Oliveira e um excelente artigo de Antonio Aílton analisando sua produção. Até então, estava esquecida. Surgiram algumas polemicas, haja vista ter sido citada, em artigo publicado em 1909, como a primeira escritora maranhense. Dentre os que se manifestaram, Jucey Santana cita diversas escritoras maranhenses pouco conhecidas ou estudadas: Temos uma riqueza de poetisas ainda completamente esquecidas. A exemplo de Maria Cristina Azedo que encontramos poemas seus desde 1873. Em 1899 ela publicou “Amor e Desventura”, pela Tipografia Ramos de Almeida. O último livro dela foi “Flores Incultas”, em 1924. Zilá Paes fundou vários jornaizinhos como: Carriça, Vésper, Nossa Bandeira... Publicava seus poemas e dos alunos, Apolónia Pinto que nasceu em 1866, conhecida como dramaturga, foi uma renomada poetisa, e a famosa Papilon Bleu, pseudônimo Ana de Oliveira Santos, também conhecida por Anicota Santos. Publicou “Acordes” em 1899. Este livro já se encontra no Acervo Digital da BBL. Vamos às buscas, principiando por Maria Cristina Azedo. Em A Pacotilha de 06 de agosto de 1896 publica um poema em homenagem ao filho


Em A Pacotilha de 03 de fevereiro de 1897, um poema a sua filha:


No Diário do Maranhão de 21 de abril de 1898 aparece um seu poema:


E em 08 de setembro de 1898,


No “Diário do Maranhão” de 05 de março de 1900, quando do lançamento de um relatório do Centro Caixeiral, encontramos uma primeira referencia à d. “Maria Azedo Matos”, identificada como poeta:

Informa A Pacotilha de 07 de março de 1900, o surgimento de uma nova poetisa:


No Diário do Maranhão de 16 de julho de 1900


Em A Campanha de 27 de junho de 1902:

N´ A Pacotilha de 14 de outubro de 1902 aparece como responsável pela arrecadação de fundos para o busto de Odorico Mendes, como responsável da Renascença Literária, com um total de 2.670$000


Diário do Maranhão, de 08 de dezembro de 1902, instalação da Sociedade Literária Nova Atenas e eleição de sua diretoria:

Também em A Pacotilha, mas do dia 10 de dezembro de 1902, aparece a criação da sociedade literária e a composição de sua diretoria:


Novo poema, publicado em A Pacotilha de 02 de janeiro de 1904:


A 25 de outubro de 1905 – e nas edições seguintes - manda rezar missa em intenção de seu irmão:

A 12 de novembrn de 1908, outro poema:


A 14 de setembro de 1909, em A pacotilha:

Nova nota de falecimento de um parente, em A Pacotilha de 07 de julho de 1910:


A Pacotilha de 11 de setembro de 1912


A Pacotilha 10 de fevereiro de 1927


EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: ISABEL FIALHO FELIX

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ194 Academia Ludovicense de Letras Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Licenciado em Educação Física. Mestre em Ciência da Informação

Mhario Lincoln, em critica ao livro de Cléo Rolim195, compara: Lembrei de minha avó Isabel Fialho Felix, autora do livro de poesias "O Por-do-Sol de Minha Terra", escrita à beira do rio Itapecuru, quando lia as histórias da 'Carochinha', para os netos pequenos (inclusive eu) e ao final, tirava suas conclusões e afirmava: "Eu também já fui assim, etc e tal...". Daí, acabava tornando uma história da 'Carochinha', um fato real em minha cabecinha de criança. 'Ora, se isso aconteceu com Vovó 'Biluca", isso foi real e pode acontecer comigo também...', indagava eu em minha inocência.

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Com a colaboração de MHÁRIO LINCOLN FIALHO FÉLIX SANTOS, seu neto; ISABEL FIALHO FÉLIX, sua neta, a quem o autor agrade as fotos e os poemas manuscritos por Isabel (a neta), de suas lembranças. 195 MHÁRIO LINCOLN. AMAR É UM ELO ENTRE O AZUL E O AMARELO. In ALL EM REVISTA, v. 4, n. 3, julho a setembro, 2017, p. 400402, disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/revista_all__n.4__v._3__julho-setem


Isabel Fialho Félix nasceu em Grajaú, em 05 de maio de 1905, casada aos 13 anos de idade com o libanês Antonio Cachem Felix, comerciante em Rosário; o primeiro filho, aos 15 anos, mãe de Isilda Fialho Felix, Flor de Liz Fialho Felix, Grace Iris Fialho Felix, e Wilson Paulo Fialho Felix.

Poetisa, conforme registro em vários jornais de São Luis, tendo publicado o livro “O por do sol de minha terra”; segundo A Pacotilha (05/05/1958) Os versos da poetisa Isabel Fialho Felix vem sendo publicados em várias revistas literárias do país e merecendo as mais elogiosas referencias de renomados críticos nacionais”


1923 – No Diário de São Luis, anunciado o nascimento de um filho, Wladimir196

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Nome correto, segundo sua neta Isabel Fialho Felix (mesmo nome...)


1931 – O Combate de 09 de dezembro anuncia a formatura em Farmácia de sua filha Isilda Felix:

1945 – No Diário de São Luis de 29 de maio, de que havia sido atendida no Pronto Socorro:


1948 – 1º de janeiro, registrado enlace matrimonial das famílias Fialho Feliz-Correia Lima:

1948 – O Diário de São Luis de 05 de maio parabeniza pelo transcurso de seu aniversário:


1948 – Diário de São Luis, de 21 de dezembro:


1949 – 22 de fevereiro, no Diário de São Luis, nota social sobre aniversário de uma filha, Alaila

1949 - Diário de São Luis de 05 de maio, mais uma vez registra o aniversário de Isabel:

1952 – Em A Pacotilha de 05 de maio, em Notas Sociais, parabenizando por seu aniversário 1956 – O Combate, de 26 de dezembro: mais uma filha de nossa biografada é identificada:


1958 – A Pacotilha de 05 de maio em nota “Faz anos hoje a poetisa Isabel Fialho Felix”, esposa do comerciante em Rosário Antonio Felix: “[...] a distinta aniversariante, que é inspirada poetisa e autora do livro ‘O por do Sol de minha terra’ a ser dentro em breve publicado, nasceu em Grajau, interior do Maranhão. (...) Os versos da poetisa Isabel Fialho Felix vem sendo publicados em várias revistas literárias do país e merecendo as mais elogiosas referencias de renomados críticos nacionais”






EM BUSCA DAS AUTORAS MARANHENSES: JESUINA AUGUSTA SERRA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Academia Ludovicense de Letras Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Licenciado em Educação Física. Mestre em Ciência da Informação

Nome completo: Jesuína Augusta Serra - Autora participante do Parnaso Maranhense, de 1861. No Parnaso Maranhense: Dona J. A. Serra SONETO. De estatura ordinária e corpo cheio, A tez pouco morena e descorada, Testa nada redonda, antes quadrada, Nariz muilo commum, porem não feio; Os olhos a volver, mas com receio, A bocca regular, mas engraçada, A voz, se bem que meiga, já cansada De supplicar cm vão o amor alheio; Dos homens, em geral, pouco gostando E capaz por um só de dar a vida, Contente os guilhõe seus, louca beijando: Eis Josiua, que a sorle femeníida, N´ste mundo cruel, feio e nefando, Cansou, para querer, sem ser querida ! Segundo Constância Lima Duarte, Virginia Woolf, ao visitar bibliotecas à procura de obras escritas por mulheres, constatou o número quase insignificante desta produção, atribuiu à profunda misoginia, que não cansava de afirmar a inferioridade mental, moral e física do gênero feminino, as poucas chances que então eram dadas às mulheres. No clássico estudo “Um teto todo seu”, de 1929, resumiu assim as condições necessárias para que o talento criativo pudesse surgir: era preciso ter um quarto próprio e serem minimamente independentes e instruídas. A exclusão cultural estava associada irremediavelmente à submissão e à dependência econômica. Se o talento criador não era exclusivo dos homens, os meios para desenvolvê-los, com certeza eram: É certo que Virginia Woolf fala de outro lugar e de outro tempo, quando as universidades inglesas não aceitavam mulheres circulando em suas dependências, e muito menos o mercado de trabalho. Mas também entre nós já foi assim. Nas últimas décadas do século XIX, e mesmo nas primeiras do século XX, causava comoção uma mulher manifestar o desejo de fazer um curso superior. E a publicação de uma obra costumava ser recebida com desconfiança, descaso ou, na melhor das hipóteses, com condescendência. Afinal, era só uma mulher escrevendo. (DUARTE, obra citada). Para Sílvio Romero, na História da Literatura Brasileira, de 1882:


Nessa espécie de catedral barroca de nossa literatura onde, ao lado dos in santos, se assim se pode dizer, das figuras de primeira plana, de valor incontestado, tiveram entrada carrancas e bonifrates, gente miúda, gente mais – ou menos – que secundária, só foram incluídas sete mulheres: Ângela do Amaral Rangel, Beatriz Francisca de Assis Brandão, sobrinha de Maria Joaquina Dorotéia de Seixas, a doce Marilia das liras de Gonzaga, Delfina da Cunha, Nísia Floresta (...), Narcisa Amália, Maria Firmina Reis e Jesuína Serra. (...) (PEREIRA: 1954, 18). Na Hemeroteca da Biblioteca Nacional não encontramos qualquer referencia à essa autora. FONTES UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin Digital. Disponível em: http://www.brasiliana.usp.br/. https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/autores/?id=18854

https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=107145, p. 193 Arquivos de mulheres e mulheres anarquivadas: histórias de uma história mal contada Constância Lima Duarte (UFMG), disponível em http://www.uesc.br/seminariomulher/anais/PDF/Mesas/CONST%C3%82NCIA%20LIMA%20DUARTE.pdf WOOLF, Virginia. Um teto todo seu. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. PEREIRA, Lúcia Miguel. “As mulheres na literatura brasileira”. Revista Anhembi, n. 49, ano V, vol. XVII. São Paulo, dezembro, 1954.

http://memoria.bn.br/DocReader/docmulti.aspx?bib=%5Bcache%5Drosa_5225059333.DocLstX&pesq=%22Jesuina% 20Serra%22




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