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JOAQUIM HAICKEL TIVE ACESSO A “CARTA ÀS BRASILEIRAS E AOS BRASILEIROS EM DEFESA DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO!”, RESOLVI ANALISÁ-LA
JOAQUIM HAICKEL
Algumas pessoas as vezes reclamam que meus textos são muito longos, e hoje vou fazê-las reclamar por escrever um texto curto, sobre um assunto controverso. Farei isso para deixar mais tempo para essas mesmas pessoas possam refletir sobre as coisas importantes que vou abordar. Eu sempre fui fascinado pelas semelhanças e as diferenças entre as palavras e principalmente entre os conceitos que eles trazem em si. Duas dessas palavras, que para mim são de suprema importância na vida das pessoas, são ética e moral. Elas nada têm de semelhantes em seus aspectos gráficos, gramaticais, fonéticos ou morfológicos, porém os seus significados comumente confundem as pessoas, e isso não ocorre apenas com as menos cultas ou estudadas. É comum muita gente bastante entendida em alguns aspectos, derrapar sobre o que significa cada uma dessas palavrinhas que em minha opinião estão no centro visceral de todas as discussões atuais. Observemos os significados formais de cada uma dessas palavras. Ética é a parte da filosofia responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano, refletindo especialmente sobre a essência das normas, valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social. Ou seja, é o conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade. Moral é o conjunto de valores e regras que definem o que é certo ou errado, permitido ou proibido em uma sociedade. Dito isso, é importante lembrar que esses conceitos podem variar de acordo com a cultura de determinado grupo e com o tempo em que ele se encontra. Essas definições de dicionário, no entanto, em meu ponto de vista, são insuficientes para expressar coisas tão importantes. Pensando nisso busquei uma melhor definição para ética e a que mais me identifiquei foi com aquela que seja talvez a mais simples. Tão simples, a ponto de assustar. Ética é um dos poucos valores universais. Ela é igual aqui, no Japão ou na Inglaterra. Ou você é ético em todo lugar ou não é ético em lugar nenhum. Você tem ética quando não sendo obrigado a agir ou deixar de agir de uma determinada maneira, você o faz por deliberação própria. Ética não é imposta. Uma atitude ética é sempre boa e justa, de um ponto de vista geral e abrangente. A ética tem uma outra característica peculiar, ela coloca o coletivo sobre o individual. Já a moral é algo que é certo ou errado para aquele grupo, aquela determinada sociedade, naquele país, dependendo da sua cultura ou do tempo em que ela ocorre. Um bom exemplo sobre moral e ética é o seguinte: Nos países islâmicos, se você tiver boa condição financeira e paciência suficiente para ter três sogras, você poderá ter três esposas, isso é a moral, porém você terá que tratá-las com igualdade, isso é ética. Moral é quando alguém pergunta se algo é certo ou errado, já se perguntam se algo é bom ou é mau, isso é ética.
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Há quem acredite que a humanidade chegou a um ponto crítico, em que se constata que existem poucas pessoas que possuem ética e moral. Que estamos em um ponto sem volta, em que existe uma grande quantidade de pessoas que tem moral e não tem ética, e vice-versa, um ponto em que infelizmente a maioria das pessoas não têm nem ética nem moral. Eu prefiro acreditar que essa percepção é resultado do aparelhamento ideológico do Estado e da sociedade, da desvirtuação do ensino, da educação formal, da desagregação da família e do distanciamento dos valores fundamentais do humanismo, em nome de uma busca enlouquecida pela supremacia de ideias, pela busca desenfreada pelo poder.
SAMUEL BASTOS
A memória de um povo é o fundamento para o futuro, sendo a escrita uma das maiores responsáveis pela disseminação da cultura e costumes através dos tempos. Utilizando os hieróglifos os egípcios nos legaram um grande patrimônio cultural e documentos históricos tornaram Roma a cidade eterna. A pesquisa da origem é tão apaixonante quanto a busca pela pedra filosofal e o segredo da longevidade eterna. Recursos para pesquisas e escavações em sítios arqueológicos não tem limites e são utilizados em todos os continentes. No final da última semana uma emissora de TV local mostrou longa reportagem sobre descobertas valiosas ocorridas em escavações que estão sendo realizadas na baixada maranhense. Em nossa querida Coelho Neto não existiu, nem existe, preocupação em preservar a cultura, documentar fatos, ou preservar o patrimônio histórico. Não se encontra um único marco ou referência ao passado. Nem mesmo a grande transformação econômica decorrente da implantação do maior polo industrial do Nordeste, à época, tem registro oficial ou documentação nos arquivos municipais. A população desconhece os verdadeiros empreendedores, os Bacelar, que por amor à terra natal, tudo construíram em benefício de seus conterrâneos.
O objetivo dos irmãos era o engrandecimento de uma região e do próprio Estado e foram além, fizeram história que precisa ser contada e reconhecida. Há honrosas exceções a historiadores como o intelectual e conterrâneo Milson Coutinho cujo trabalho brilhante e valioso, não contou com apoio dos poderes públicos. Outro pesquisador digno de destaque foi Antonio Nonato Sampaio, o professor “Nonatinho” que, de forma amadorística, chegou a acumular informações valiosas para as futuras gerações. Não teve o incentivo necessário e o precioso acervo perdeu-se em decorrência de sua morte prematura. Recentemente tive a grata satisfação de receber uma ligação oriunda de Teresina. Uma professora e pesquisadora, chefe de equipe encarregada de resgatar a memória e o trabalho de Genes Soares. Buscava subsídios sobre um dos mais talentosos artistas contemporâneos que, por circunstancias alheias a sua vontade, legou a maior parte de sua obra ao nosso Estado. Fiquei feliz com a iniciativa da Universidade Piauiense.
Genes Celeste Soares, nascido em Teresina e de origem humilde, trabalhou para ajudar no sustento da família, enquanto estudava para bacharelar-se em Direito pela Universidade do Piauí. Vocacionado para as artes, teve que se submeter as condições da época em que as Universidades nordestinas não ofereciam opções de cursos. Advogado, jamais exerceu atividade jurídica, direcionou toda sua iluminada inteligência para as artes plásticas. Criou projetos avançados para residências, escritórios, comércio e indústria contribuindo para a erradicação de conceitos ultrapassados. Conheceu Raimundo Bacelar e, contaminado por sonhos e projetos audaciosos, não resistiu ao convite para deles participar.
Mudou-se para São Luís tendo como primeira missão a elaboração do projeto de instalação da Rádio e TV
Difusora no edifício João Goulart. A beleza esplendorosa e invulgar de sua criação despertou os empresários ludovicenses para os novos conceitos, daí em diante não faltaram encomendas e consultas. Abriu-se um novo mercado: instalação e decoração de ambientes comerciais. A consagração veio com a pintura, autor de quadros e aquarelas fantásticas, Genes criou cenários antológicos para a programação, ao vivo, da nossa primeira televisão. De percepção muito aguçada, deu vida e alma às aquarelas e retratos que pintou para obsequiar pessoas a quem prezava. Sensível e boêmio inveterado, via o mundo pelo ângulo da poesia, não ligava para os bens materiais, gostava de leitura, viajou e conheceu o mundo. Certa feita encontrei-o a bordo de um avião regressando da Copa do Mundo no México, vestia camiseta da seleção brasileira e usava enorme sombreiro mexicano, comemorava a conquista da Taça sem dar a mínima importância aos outros passageiros. Em Coelho Neto existe uma rua com o nome de Genes Soares, desconhecida para muitos e o homenageado ignorado por quase todos. Há pouco tempo alguém me questionou: quem foi esse Genes? – O fato evidencia