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A FELIS 2022 JÁ PODE RECEBER A EXTREMA-UNÇÃO
Tinha tudo pra ser um sucesso: uma patrona icônica, em seu centenário, um homenageado do quilate de Carlos Cunha, entre outros nomes da literatura maranhense, tudo prenunciava um grande evento. Mas bastam alguns minutos transitando pela FELIS e ela nos concede uma sensação análoga à de quem visita uma pessoa querida que se encontra nos estertores, sustentada por aparelhos, nem de longe lembrando a vitalidade de outrora. Na antessala, lamentações. Alguns chegam a elogiar a boa aparência e ânimo da pobre agonizante. Não por sinceridade, mas apenas pra tentar arrefecer o constrangimento, que é geral, já que a morte sempre acaba por nos constranger. Não surpreende que tenham chegado a isso. Primeiro, a hesitação permanente em definir a data, que pulou de setembro para outubro, depois novembro e, enfim, chegou sem muita glória a dezembro, para uma competição, nesse caso quase suicida, com a Copa... Segundo, como se já não bastasse a data, escolheram um lugar de acesso difícil e deslocado do coração da cidade. Isso foi de um primarismo ímpar. Mas para o desastre ser completo, esforçaram-se um pouco mais: suspenderam a participação de escritores nacionais e internacionais. Coisa fundamental em qualquer evento literário que se preza. Assim, nomes como Ignácio de Loyola Brandão, Itamar Vieira Júnior, Paulina Chiziane e Valter Hugo Mãe não puderam ser convidados. Imaginaram atrair público só com a “prata da casa”. Um caso inédito nessa espécie de evento. Nisso, pelo menos, São Luís pode se considerar pioneira. Sem falar na deselegância de “desconvidar” homenageado, sem ao menos lhe dar o benefício de ser informado do “desconvite”. Fica a impressão de que alguém muito incapaz, sem a mais rudimentar noção de gestão, de política literária e sem intimidade com o mundo dos livros, vai acabar tirando os aparelhos da FELIS pelo mórbido prazer de observá-la perecer. Cabe ressalva em relação aos poucos abnegados, liderados pela professora Rita Oliveira, que lutaram para que tudo fosse bem diferente. Mas foram vencidos pelos que podem mais. A solenidade de abertura, momento geralmente concorrido, parecia prenunciar o desastre. Diante de pavilhões vazios e um minúsculo auditório com pouca gente, bradavam “o sucesso do evento”, “o grande carinho pela Feira”, o “compromisso com a cultura”, louvores incompatíveis com o que se presenciava. Comportamento típico de quem quer impressionar chefe, que parece desconhecer a situação real.... Uma cena mambembe, que anunciou a agonia de uma jovem debutante, cuja cura necessita um verdadeiro e urgente milagre. Esperemos por ele.
CulturaTextos escolhidos
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Grupo GELMA toma à frente e apela ao bom senso público para melhorar a FELIS
A FELIS é a Feira do Livro de São Luís, em vias de cair no ostracismo.
13/12/2022 às 18h59Atualizada em 14/12/2022 às 06h48
Por: Mhario LincolnFonte: GELMA MARANHÃO
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Visão Parcial da FELIS
POR UMA NOVA FEIRA DO LIVRO DE SÃO LUÍS
*Grupo GELMA
Há exatos 15 anos, em 2007, São Luís, a despeito de ser outrora denominada de Atenas Brasileira, passou a organizar anualmente a Feira do Livro, o maior e mais festejado evento literário da capital maranhense. Nas primeiras edições, com investimentos do poder público, boas parcerias (como o SESC, por exemplo), houve uma programação atrativa para os professores, estudantes, pesquisadores e para o público em geral, com a participação de grandes nomes do cenário nacional, como Ariano Suassuna, entre outros, e grandes editoras. A participação dos estudantes era sempre comemorada pelas autoridades municipais e por professores. No entanto, com o passar dos anos, a Feira do Livro foi perdendo investimentos do poder público e foi deixando de atrair editoras nacionais, a despeito do baixo volume de vendas de livros. Muitos livreiros locais passaram a protagonizar a feira, com estandes maiores e mais bem localizados; porém, logo se percebeu que a falta de grandes editoras e a falta de festejados nomes nacionais deixaria o evento com um público menor.
Para salvar de um fiasco de vendas, algumas edições contaram com vale-livros, dados a estudantes e professores para que pudessem adquirir livros nos estandes do evento. Nesta edição, por ser feita em dezembro, o valor destinado a esse programa minguou drasticamente. Há quem diga que o futuro da Feira do Livro de São Luís será o ostracismo, a tal ponto que não haverá mais necessidade de a Prefeitura Municipal arcar com seus parcos recursos para organizar o evento.
Antes que essa temeridade aconteça, urge que todos, poder público e sociedade, se unam para salvar o que consideramos ser o evento de maior referência à nossa tão profícua Literatura, representante de nosso patrimônio cultural. Os nossos cronistas literários costuma(va)m dizer que a deusa do Maranhão é a cultura. É o nosso bem maior. É o nosso maior patrimônio. É o que temos de maior valor. Mas, se não acreditarmos que o Maranhão foi e é um centro produtor de cultura, nada adiantará que se produza literatura (e a cultura de modo geral) de qualidade. Como disse o narrador de O Segredo do Bonzo, conto de Machado de Assis, “os frutos de uma laranjeira, se ninguém os gostar, valem tanto como as urzes e plantas bravias, e, se ninguém os vir, não valem nada; ou, por outras palavras mais enérgicas, não há espetáculo sem espectador”. Assim será com a literatura. Sem leitores, morrerão todos os nossos autores, os nossos produtores de cultura. O que adiantará termos um Humberto de Campos, se não tivermos leitores? Que valor terão os poemas de um Maranhão Sobrinho, se ninguém os ler? Diante desse cenário, o Grupo de Estudos em Literatura Maranhense – GELMA –, sediado na Universidade Federal do Maranhão, vem a público propor algumas sugestões para que a Feira do Livro de São Luís se transforme num evento de grande porte e de grande impacto cultural no Estado do Maranhão: 1. Propomos que a XVI FELIS – Feira do Livro de São Luís – seja realizada na Praça Deodoro. A Praça Deodoro tem, em seu entorno, uma série de prédios, com auditórios e salas, para abrigar palestras, cursos, oficinas, etc. São eles: - A Biblioteca Pública Benedito Leite; - O Liceu Maranhense; - A Casa de Cultura Josué Montello; - O SESC; - A Biblioteca do SESC; - O Palacete Gentil Braga. - Outros.
2. Que a Feira do Livro conte com o financiamento tanto da Prefeitura de São Luís como do Governo do Estado, assim como é o Carnaval e o São João. Ninguém aceitaria que, num determinado ano, o governo do Estado decretasse que não investiria nenhum recurso no São João, porque isso seria de responsabilidade da prefeitura. Mas por que se aceita que aconteça isso com os livros?; 3. Que grandes nomes da literatura nacional sejam convidados para participar da Feira do Livro, assim como é na FLIP, em Parati, que atrai gente de todos os estados brasileiros e até do exterior. São Luís tem de longe um cenário literário muito superior à referida cidade do litoral fluminense, Parati, e atrai um público ínfimo; 4. Que as escolas públicas municipais e estaduais sejam convidadas, com apoio logístico, para a feira; 5. Que haja atrações culturais durante a noite, como cantores maranhenses, grupos de bumba meu boi, tambor de crioula, grupos de danças, recitais, etc. e que haja praças de alimentação, com barracas e quiosques, devidamente sorteados com antecedência; 6. Que a Feita do Livro se torne uma festa literária maranhense, para que todos nós, que somos da terra de um Gonçalves Dias, de uma Maria Firmina dos Reis, de um Aluísio Azevedo, de um Nauro Machado, entre tantos outros nomes, possamos nos orgulhar de pertencer a esta terra tão rica culturalmente; 7. Que haja ampla divulgação nos mais diversos veículos de comunicação; 8. Que haja um calendário definido pelo menos com 6 meses de antecedência; 9. Que haja concursos literários nas escolas, com premiação durante o evento; 10. Que os Cafés-Literários tornem-se uma atração festejada durante o evento; 11. Que, durante o ano letivo, as escolas municipais e estaduais sejam estimuladas a organizarem feiras culturais e que algumas atrações sejam selecionadas para que participem do evento literário; 12. Que haja incentivo para os autores locais, com compra de seus livros para as bibliotecas escolares e/ou doação aos professores municipais e estaduais. Isso fará com que nossos docentes conheçam a grandiosidade da nossa literatura; 13. Por fim, que haja uma ampliação dos vale-livros para os estudantes e professores das redes municipal e estadual do Maranhão e para os estudantes universitários.
Dessa forma, entendemos que a cidade de São Luís, que já teve tantos e nomes ligados à cultura, passará a ser chamada de Cidade das Letras, como outrora era chamada de Atenas Brasileira. Precisamos fazer do livro um veículo de transformação da sociedade. Castro Alves já dizia, em O Livro e a América: “Oh! Bendito o que semeia/ Livros... livros à mão cheia.../E manda o povo pensar!”. Monteiro Lobato disse certa vez que “um país se faz com homens e livros”. Que São Luís do Maranhão se torne a capital da literatura! Viva a Literatura! Viva o Livro! Viva São Luís do Maranhão!
São Luís do Maranhão, 13 de dezembro de 2022.