Cronica da capoeiragem leopoldo gil dulcio vaz

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LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

CRテ年ICA DA CAPOEIRAGEM


2014


Prefixo Editorial: 917536 Nテコmero ISBN: 978-85-917536-1-1 Tテュtulo: Crテエnica da capoeiragem

CRテ年ICA DA CAPOEIRAGEM

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ


Chronica (do latim) é termo que indica narração histórica, ou registro de fatos comuns, feitos por ordem cronológica; como também é conjunto das notícias ou rumores relativos a determinados assuntos. DICIONÁRIO AURÉLIO, 1986

V393p Vaz, Leopoldo Gil Dulcio Crônica da capoeiragem./ Leopoldo Gil Dulcio Vaz. 1ª ed. – São Luís: Edição do Autor, 2014.

656 p. ISBN: 978-85-917536-1-1

1. Capoeira 2. Esportes I. Título. CDU: 796.8

Catalogação na Fonte: Kelly M. Bernini – CRB-10/1541


ESTA OBRA TEM A CHANCELA DA

Membro Fundador LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Cadeira 21 – Patroneada por Fran Paxeco

Sócio Efetivo LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Cadeira 40 – Patroneada por Dunshee de Abranches


OS MEUS AGRADECIMENTOS À MINHA FAMÍLIA, FAMÍLIA, PELO APOIO DE SEMPRE

DEL

JAQUELINE

LOUISE

LORETA

DAVI GIL

PEDRO LUCAS


AOS MEUS MESTRES, MESTRES, PELOS ENSINAMENTOS

ANDRÉ LUIZ LACÉ LOPES

MILTINHO ASTRONAUTA

PLÁCIDO DE ABREU MORAIS

LAMARTINE PEREIRA DA COSTA

CARLOS CAVALHEIRO

COELHO NETO

ANIBAL BURLAMAQUI


SAPO

BAÉ

MARCO AURÉLIO

PATINHO

INDIO DO MARANHÃO

NELSINHO

BAMBA ANGOLA

MIZINHO

LUIZ SENZALA

TARCÍSIO


AOS MEUS AMIGOSAMIGOS-IRMÃOS, IRMÃOS, POR ESTAREM SEMPRE AO MEU LADO

LAÉRCIO

DENISE

LINO

AOS MEUS CONFRADES – IHGM & ALL, ALL, PELO INCENTIVO

ENEIDA

TELMA

DILERCY

VAVÁ OSVALDO EDOMIR AYMORÉ (ILUSTRES COMBATENTES DA CULTURA MARANHENSE, E LUTATORES DE TARRACÁ...)


APRESENTAÇÃO ANDRÉ LUIZ LACÉ LOPES LOPES

A Fascinante Arte Afro-Brasileira da Capoeiragem - Curso-Livro – LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ São Luiz, Maranhão – agosto de 2014 Somos conterrâneos do Paraná, eu e Mestre Leopoldo Vaz. Saí de Curitiba, bem criança, fui morar em Fortaleza e, logo depois, viajei para o Rio de Janeiro, onde moro até hoje, com duas longas estadas nos Estados Unidos e constantes viagens. Leopoldo Vaz fez também peregrinação parecida, saindo, embora não tão cedo quanto eu, de Curitiba para o Maranhão. Pronto, temos aí a base para excelente tese doutoral provando e comprovando a tendência nômade de um verdadeiro capoeira. Longas décadas atrás escrevi sobre o tema comparando o capoeira com o “bluseiro” afroamericano, tocador de banjo ou gaita, cantador de blues que saía pelos Estados Unidos, sem rumos, sem endereço, posto que sua verdadeira terra era a África. O capoeira não ficaria atrás, como se pode verificar pelas andanças de vários mestres pelo mundo afora. Tem mais, o “bluseiro” tinha a sua lenda de pacto místico na estrada, garantindo para si extraordinária performance; na Capoeira também temos o “corpo fechado”, o nego mandingueiro. E por aí vai. Onde quero chegar? Muito simples, 3, 4 décadas atrás, muito pouco havia-se publicado sobre a fascinante Arte da Capoeiragem, basicamente, o que existia saía do Rio de Janeiro, então capital federal e corria o Brasil inteiro. Durante muito tempo o Rio foi o grande modelo para o resto do país, como ocorre com toda Capital federal.

De repente, não mais do que de repente, começaram a proliferar dezenas, centenas de livros sobre o assunto, quase todos professorando, eram e continuam sendo os donos da verdade. “Causos” foram transformados em verdade verdadeira; manchetes de jornais foram apagadas, outras adulteradas ao bel prazer do “pesquisador” de plantão, verdadeiras penas de aluguel. Cristalizou-se, então, grande fantasia como a versão oficial, consagrando longo processo de embranquecimento e aburguesamento da capoeiragem. Processo, diga-se de passagem, já detectável na própria África, especialmente na triste fase dos navios tumbeiros, mas que foi marcantemente acentuado durante os períodos Vargas, onde a liderança negra ou era captada ou era perseguida. Deste processo surgiu uma nova capoeira, que


não era barro nem tijolo, não era folclore autêntico, muito menos luta eficaz, mas juravam que era. Dezenas de livros passaram a ser escritos, dezenas de congressos passaram a ser realizados, alardeando essa verdade mentirosa, falseando-se datas e inventando-se teorias. Mais do que nunca fortaleceu-se o capoeira chapa-branca, contraditoriamente vangloriando-se de que a capoeira estava no mundo todo (o que significaria rico mercado para todo mestre) e, ao mesmo tempo, exigindo dos governos todo tipo de ajuda possível, até mesmo uma mesada para todos. Após mais de 20 anos vivendo dessa fantasia começaram a surgir, com mais intensidade, pesquisadores realmente isentos, admiradores da capoeira, mas não ao ponto de negar registros históricos reveladores. Além disso, tais pesquisadores trataram de mergulhar mais nas origens da capoeira. Desses bons pesquisadores, sintomaticamente, a maioria ou é estrangeira ou são brasileiros oriundos de outras áreas (Artes Marciais em geral, jornalistas, professores de educação física etc.). Bom exemplo de “estrangeirismo é o jovem holandês Jeruen Verheul, psicólogo, mais conhecido no mundo da capoeiragem como Professor Rouxinol.


Bom exemplo de pesquisador não-capoeira (embora tenha noção prática) é o Professor Leopoldo Gil Dulcio Vaz. Ou melhor, da família-equipe Leopoldo Vaz, uma vez que a sua esposa, Professora Delzuite Dantas Brito Vaz vem publicando excelentes estudos como o ensaio “Introdução ao Esporte Moderno”; da mesma forma, sua filha Loreta Brito Vaz, economista, cuja monografia final do seu curso superior girou sobre o tema “O Esporte e as Atividades Fisicas como geradores de Renda: A Capoeira em São Luís do Maranhão, estudo de caso” (Universidade Federal do Maranhão). Leopoldo Vaz há longas décadas vem sacudindo a mesmice marqueteira imposta por algumas vestais da capoeira. Respeitosamente sem críticas contundentes, apenas demonstrando que a verdadeira História da capoeira é imensamente mais rica e poderosa do que as versões “prêt-à-porter” que empacotaram para fins de exportação comercial. Daí a excelência de suas pesquisas, artigos e “papers” em geral sobre a Punga, o Moringue, o Chaussson, sobre o grande mestre Artur Emídio de Oliveira (que não era nem Angola nem Regional, foi apenas e simplesmente um exímio capoeira...). Resumindo e terminando, para não abusar do honroso e prazeroso convite que me foi dado para escrever esta Apresentação, afirmo que seria formidável se todos mestres, contramestres e pesquisadores assistissem ao Curso que brevemente será realizado com o Professor Leopoldo Vaz à frente. Mas, na impossibilidade de participar do curso, a leitura do livro feito para o Curso e aprimorado ao longo dele, será missão obrigatória para todo aquele que realmente admira e respeita a extraordinária arte afro-brasileira da Capoeiragem. ANDRÉ LUIZ LACÉ LOPES1 Quilombo do Leblon, 2014

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ANDRÉ LUIZ LACÉ LOPES - Jornalista e Administrador, com Mestrado em Administração Pública (1970) pela Universidade de Syracuse, New York, USA. Sete livros publicados até agora, sendo quatro sobre Capoeiragem, sobre a qual já escreveu mais de quatrocentas crônicas e artigos publicados no Brasil e no exterior. Entre vários cargos e funções exercidos foi assessor e professor do Instituto Brasileiro de Administração Municipal, Superintendente Administrativo do Clube de Regatas do Flamengo, Diretor da Oficina de Assuntos da Juventude, da Organização dos Estados Americanos (OEA, Washington, D.C.), diretor-presidente da Adplan Juvesporte, consultor da Fundação Roberto Marinho (Área Esportiva) e Chefe de Gabinete da Secretaria Estadual de Esporte do Rio de Janeiro. Alguns prêmios na área da literatura.



ENTRANDO NA RODA Chronica (do latim) é termo que indica narração histórica, ou registro de fatos comuns, feitos por ordem cronológica; como também é conjunto das notícias ou rumores relativos a determinados assuntos. DICIONÁRIO AURÉLIO, 1986 2.

Uma advertencia: “Escrevi para aprender”3. Não é livro de historiador; não há pesquisa inédita nos arquivos. Não há conclusões ou interpretações inovadoras. Não se pretendeu ser original. Para a construção do que tratamos constituíram-se em importantes fontes as publicações biográficas promovidas por instituições dedicadas à consagração de personagens que se destacaram no cenário da capoeiragem. Buscou-se mesmo, nas obras citadas as informações necessárias, assim como se utilizou amplamente das ferramentas de busca disponíveis na ‘nuvem’. Além destes, recolhemos informações de biografias, livros de memórias, prefácios, antologias, sitios particulares ou institucionais, entrevistas, e alguns trabalhos acadêmicos que nos auxiliaram no mapeamento e caracterização historiográfica em pauta. Sempre indicando a fonte, de quem se usou o “copiar/colar”; ou os depoimentos, recebidos através do correio eletrônico. A originalidade está na abordagem... #

Encontrei Mestre Bamba4 no Centro Histórico de São Luis dia desses; perguntou-me “quando iria escrever meu livro sobre Capoeira”. Respondi que breve – pois não me achava competente para tal empreitada... Ao chegar a casa, deparei-me com uma mensagem eletrônica do Prof. Tarcísio Ferreira5: Caros professores, Estou escrevendo-lhes para comunicar que até o termino da primeira quinzena de outubro [2013] daremos início ao CURSO DE CAPACITAÇÃO DE MESTRES DE CAPOEIRA DO MARANHÃO. Este curso é uma parceria da Fundação Cultural de São Luis – FUNC /Fórum Permanente da Capoeira no Maranhão /UFMA/NEPAS-DEF e nasceu de um desafio feito pelo NEPAS ao Fórum da Capoeira em 2008; ao longo destes anos este curso foi discutido e enriquecido com ideias e propostas. O curso será ministrado de forma gratuita aos 25 mestres que foram previamente escolhidos em reuniões do Fórum da Capoeira.

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DICIONÁRIO AURÉLIO, 1986, p. 502, citado por BORRALHO, José Henrique de Paula. Literatura e política em A Chronica Parlamentar, de Trajano Galvão de Carvalho. In GALVES, Marcelo Cheche; COSTA, Yuri. O MARANHÃO OITOCENTISTA. Imperatriz: Ética; São Luis: Editoras UEMA, 2009, p. 371-403. 3 MONTANELLI, Indro. HISTÓRIA DE ROMA. Citado por DORIA, Pedro. 1565 – ENQUANTO O BRASIL NASCIA – a aventura de portugueses, franceses, índios e negros na fundação do País. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012, p. 18 4 MESTRE BAMBA - KLEBER UMBELINO LOPES FILHO, Estilo: ANGOLA; Mestre: Mestre Patinho; Academia: Escola de Capoeira Mandingueiros do Amanhã. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Pungada dos Homens & A Capoeiragem no Maranhão - MESTRE BAMBA, do Maranhão. JORNAL DO CAPOEIRA - http://www.jornalexpress.com.br 5 FERREIRA, Tarcísio. Correspondência eletrônica, destinada, dentre outros, a Leopoldo Gil Dulcio Vaz; assunto: CURSO DE CAPACITAÇÃO DOS MESTRES DE CAPOEIRA DO MARANHÃO - OUTUBRO. 26.09.2013. com atachados.


Anexo à mensagem, estava o projeto. E lá constava a disciplina “HISTORIA E DESENVOLVIMENTO DA CAPOEIRA”, com carga horária de 30 horas, que estaria sob minha responsabilidade, e do Professor Sergio Souza – DEF/UFMA; Ementa: História da Capoeira no Brasil. História da Capoeira do Maranhão. Como fui me meter nisso? De um lado a cobrança de um Mestre Capoeira; do outro compromisso que assumira, e do qual nem mais lembrava... No inicio dos anos 1980 – século passado! – a Escola Técnica Federal do Maranhão – hoje Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – mantinha um curso de formação de Técnico em Educação Física; e a disciplina História da Educação Física e dos Esportes. Em uma das turmas, fui responsável pela mesma. O ensino era aquele programa clássico: Antiguidade, Grécia, Roma, Idade Média, Renascimento, Idade Moderna, Idade Contemporânea; uma unidade sobre o Brasil; e só... E no Maranhão? Nada... Foi assim que comecei meus estudos sobre a História da Educação Física, dos Esportes, e do Lazer no Maranhão6. Em 1995, junto com a Profa. Delzuite Dantas Brito Vaz, conseguimos um 2º lugar no Concurso Literário e Artístico “Cidade de São Luís” - Prêmio “Antônio Lopes” de Pesquisa Histórica, com “PERNAS PARA O AR QUE NINGUÉM É DE FERRO”: AS RECREAÇÕES NA SÃO LUÍS DO SÉCULO XIX 7. Alguma referencia às atividades lúdicas e do movimento dos negros...; apareceu a Capoeira... Em 2004, encontrei o Prof. Dr. Lamartine Pereira da Costa em um dos Congressos de História da Educação Física, Esportes, Lazer e Dança8; tomei conhecimento do “Atlas do Esporte no Brasil” 9, que ele estava a organizar; comprometi-me a escrever um capítulo sobre o Maranhão – Cluster Esportivo de São Luis10... Foi assim que entrei em contato com o Prof. André Luiz Lacé Lopes, autor de capitulo sobre a Capoeiragem11. Desde então trocamos correspondência, e passei a colaborar, por insistência dele, com o “Jornal do Capoeira”12, editado pelo Miltinho Astronauta; passei a escrever sobre a Capoeira no/do Maranhão... 6

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O ESPORTE, O LAZER E A EDUCAÇÃO FÍSICA COMO OBJETO DE ESTUDO DA HISTÓRIA. In LECTURAS: EDUCACIÓN FÍSICA Y DEPORTES, Revista Digital, Año 4. Nº 14. Buenos Aires, Junio 1999, disponível em http://www.efdeportes.com/ 7 Artigo publicado nos Coletâneas do III Encontro Nacional de História do Esporte, Lazer e Educação Física, DEF/UFPR; DEF/UEPG; FEF/UNICAMP, Curitiba, 10 a 17 de novembro de 1995, p. 458; Publicado nos Anais da III Jornada de Iniciação Científica da Educação Física da UFMA, São Luís, 05 a 08 de dezembro de 1995, p. 58; Publicado nos Anais do X Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte, Goiânia, 20 a 25 de outubro de 1997, p. 1005. 8 O 8º Congresso, realizado em Ponta Grossa, no Paraná. Ver mais em VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A Capoeira nos Congressos de História da Educação Física, Esportes, Lazer e Dança. JORNAL DO CAPOEIRA, Edição 73 - de 14 a 20 de Maio de 2006, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/ 9 DaCOSTA, Lamartine Pereira. ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de Janeiro: CONFEF, 2006, disponível em www.atlasesportebrasil.org.br/capoeira O "Atlas do Esporte no Brasil" é uma publicação inicial do Sistema de Informações sobre Esporte e Atividade Física [...] com a finalidade de promover ou criar vias de promoção de levantamentos sobre atividades físicas em geral em perspectiva nacionais e visando à utilidade pública. Os dados desta publicação são referidos até ao final do ano de 2004. Trata-se de um livro que apresenta os resultados de uma das maiores pesquisas sobre esporte até hoje feitas no mundo: cerca de 410 colaboradores qualificados e 17 editores, trabalharam voluntariamente durante dois anos, levantando memória (passado) e inventário (presente) de diferentes facetas do esporte e de atividades físicas congêneres, cobrindo todo o Brasil. São 924 páginas tamanho duplo, com centenas de mapas, quadros e tabelas, completadas por uma seção especial com cerca 200 fotos e figuras que sintetizam a história do esporte brasileiro, do Descobrimento do Brasil em 1500 aos Jogos Olímpicos de Atenas-2004. O obra é multidisciplinar, com seus capítulos apresentados em língua portuguesa (textos completos) e inglesa (resumos e textos complementares) [...]. O formato livro foi adotado inicialmente mas outros suportes estão previstos para o desdobramento futuro da obra. http://www.confef.org.br/arquivos/atlas/atlas.pdf 10 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Cluster Esportivo de São Luis do Maranhão, 1860 – 1910. In DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de Janeiro: CONFEF, 2006, 2.7. http://cev.org.br/biblioteca/cluster-esportivo-saoluis-maranhao-1860-1910/ 11 LOPES, André Luiz Lacé. Capoeiragem. In DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de Janeiro: CONFEF, 2006. Disponível em http://cev.org.br/biblioteca/capoeiragem/ 12 MILTINHO ASTRONAUTA (Editor). JORNAL DO CAPOEIRA. Disponível em http://www.capoeira.jex.com.br VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; Alunos do Curso Sequencial de Educação Física turma C, da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA. Capoeiragem No Maranhão. Parte I. In JORNAL DO CAPOEIRA, http://www.jornalexpress.com.br VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira no Maranhão - Parte II - Afinal, O Que É Capoeiragem? In JORNAL DO CAPOEIRA, http://www.jornalexpress.com.br VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeiragem no Maranhão - Parte IV - Capoeira Angola. In JORNAL DO CAPOEIRA, http://www.jornalexpress.com.br


Dessas trocas, Mestre André Luiz Lacé Lopes enviou-me documento em que propunha "Dez Projetos para o Rio de Janeiro" chamando-me atenção para o "Projeto Livro-Álbum dos Mestres de Capoeira no Rio de Janeiro", em que propunha o cadastramento dos aproximadamente 150 mestres capoeiras do Rio de Janeiro; uma página para cada mestre, com foto. Haveria uma parte Introdutória com resumo da História da Capoeira no Rio de Janeiro e, também, resumo crítico dos principais livros sobre o assunto. Este projeto estava, na ocasião, com 12 biografias13. Em outra correspondência, ao indagar sobre um aspecto da Capoeira no Maranhão, sugeriume a elaboração do "LIVRO-ÁLBUM DOS MESTRES DE CAPOEIRA DE SÃO LUÍS DO MARANHÃO", assim como anteriormente já havia sugerido a criação de um "Centro de Capoeiragem do Maranhão". Os demais projetos eram: 1. Projeto SEIS RODAS ESPECIAIS de CAPOEIRA - Idealização (através de concurso para arquitetos urbanistas), construção e implantação de uma Programação Anual. Rodas especiais, concha acústica de cimento para a "orquestra", roda acimentada de apresentação e arquibancada tipo anfiteatro. 2. Projeto "CENTRO DE MEMÓRIA DA ARTE-AFRO-BRASILEIRA DA CAPOEIRAGEM NO RIO DE JANEIRO" - um espaço que poderá abrigar o "Centro de Memórias da Arte AfroBrasileira da Capoeiragem". 3. Projeto CONCURSO LITERÁRIO ANUAL - Redação, para o Ensino Médio; Monografia, para o Ensino Superior - Tema Básico: Capoeiragem no Rio de Janeiro, no Brasil e no Mundo. 4. Projeto FUNDAÇÃO RIO CAPOEIRA - Criação de um Organismo que realmente contemple todos os múltiplos aspectos da Arte Afro-Brasileira da Capoeiragem. O Projeto incluirá a criação de um PONTO DE ENCONTRO DOS CAPOEIRAS que, em princípio, será calcado na experiência vitoriosa do Espaço nos Capoeiras, no Mercado Popular da Uruguaiana. 5. Projeto LABORATÓRIOS DE CAPOEIRA - Série de experiências práticas testando a real eficácia da Capoeira enquanto Luta Marcial. 6. Projeto FUNDAMENTOS DA CAPOEIRA - Criação de um grupo multidisciplinar para estudar, sem fantasias, os fundamentos da Capoeiragem em todos seus múltiplos aspectos: religioso, filosófico, ritmo e cantado, histórico, sociológico etc. 7. Projeto UNIVERSIDADE DA CAPOEIRA - Projeto, inicialmente, apresentado do Governo Federal e, depois, à Universidade Estácio de Sá. 8. Projeto HOMENAGENS ESPECIAIS - Exemplo: reforma completa do túmulo do Sr. Agenor Sampaio, Sinhozinho, com colocação solene de uma Placa de Agradecimento. 9. CAPOEIRA EDITORIAL - Republicação enriquecida por uma avaliação crítica dos principais livros escritos Capoeiragem - ODC, Plácido de Abreu, ZUMA, Inezil Penna Marinho etc.

Em 2006, já iniciada a elaboração do Livro-Álbum dos Mestres Capoeira do Maranhão (Anexo I), propus a André Lacé, ao Miltinho Astronauta, e ao Carlos Cavalheiro a elaboração do Atlas da Capoeira (gem) no Brasil (e no Mundo):

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeiragem No Maranhão. Parte V - Capoeira regional". IN In JORNAL DO CAPOEIRA, http://www.jornalexpress.com.br VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeiragem No Maranhão. Parte VI - A Capoeira "CARIOCA". In JORNAL DO CAPOEIRA, http://www.jornalexpress.com.br VAZ, Leopoldo Gil Dulcio Qual Capoeira? JORNAL DO CAPOEIRA - http://www.jornalexpress.com.br 13 LOPES, André Luiz Lacé. A VOLTA AO MUNDO DA ARTE AFRO-BRASILEIRA DA CAPOEIRAGEM - Ação Conjunta com o Governo Federal - Estratégia 2005 - Contribuição do Rio de Janeiro - Minuta de André Luiz Lace Lopes, com sugestão de Mestre Arerê (ainda sem revisão).


A TÍTULO DE JUSTIFICATIVA Miltinho, At. de André, Lamartine, Laércio: Sinto-me provocado! Você tem colocado no nosso “Jornal do Capoeira” o pioneirismo do Maranhão na construção do Atlas da Capoeira e do Livro-Álbum dos Mestres (e Contramestres) Capoeira; eu, a frente desse projeto... O que, sabemos, não é verdade! A ideia de construção de um Atlas deve-se ao Professor-Doutor Lamartine Pereira da Costa (Mestre Capoeira) e ao Mestre André Luis Lacé Lopes (Mestre em Administração), a do LivroÁlbum. Como você disse, em correspondência pessoal, citando Mestre Caiçara, "Cada quá no seu cada quá"... Em “CAPOEIRAGEM EM SÃO LUÍS DO MARANHÃO” 14, publicado ano passado no Jornal, proponho-me a “resgatar os primórdios da capoeira praticada em São Luís do Maranhão (Brasil), assim como seu estágio atual, através do resgate da história de vida de seus principais atores – os Mestres de Capoeira... Ainda, procura-se cadastrar os Mestres atuantes em São Luís, através de projeto apresentado por Mestre André Lacé, do Rio de Janeiro (Brasil)...”.

PROPOSTAS - "CADA QUÁ NO SEU CADA QUÁ"... ATLAS DA CAPOEIRA (GEM) no BRASIL (e no MUNDO...). Não devemos nos afastar do “ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL”; a construção – coletiva, como se propõem no Atlas – será parte integrante do mesmo, inserido no capítulo das “Tradições”. Assim, dentro da estrutura proposta por DaCosta (org.) (2005; Atlas do Esporte no Brasil. Rio de Janeiro : Shape), devemos estabelecer as origens e a definição da Capoeira, para em seguida, traçar a sua memória (fatos e acontecimentos, quando, quem, onde, como, porque) em ordem cronológica... O objetivo, explicitado, é o de “elaborar mapeamento por meio de levantamento de fatos de memória e de inventário das condições presentes de ocorrências” dessas atividades, no caso, da Capoeira (gem) -, “constituindo um conjunto de dados espaciais (mapas) e/ou dados quantitativos (tabelas e quadros) e qualitativos (textos descritivos e analíticos resumidos), com as respectivas interpretações que possam render significados setoriais, regionais e nacionais” - (agora, internacionais, também). No Atlas, fez-se a opção pela cronologia dos fatos de memória como sustentação de cada capítulo. O “Atlas da Capoeira” seguirá essa mesma construção; assim sendo, é um documento de memória e não de história, a qual poderá ser mobilizada para as devidas interpretações , se julgadas convenientes por outros estudos. LIVRO-ALBUM DOS MESTRES CAPOEIRA Naturalmente, seguirá a proposta de André Lace... E será parte integrante do Atlas da Capoeira (gem). Cada Estado – e País – elaborará o seu. Mas, quem é o Mestre Capoeira (e o Contramestre...); na falta de uma regulamentação – desculpe Mestre André – comum a todas as capoeiras, se ficará com a tradição: o reconhecimento, como Mestre, pelos seus pares; junto com o nome pelo qual é conhecido dentro da capoeira (batismo), o nome “civil”, e principalmente, quem o iniciou, quem o preparou, quem lhe outorgou o título. Como se observa esse(s) nome(s) não é necessariamente o mesmo, muito embora se encontrem mestres que tem toda a sua trajetória ligado a um mesmo Mestre...; quando se deu o reconhecimento pela Mestria; a qual capoeira pertence (estilo); e uma breve história de vida.

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VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Notas sobre a Capoeira em São Luis do Maranhão. JORNAL DO CAPOEIRA - Edição 42: 8 à 14 de Agosto de 2005. http://www.jornalexpress.com.br


OPERACIONALIZAÇÃO Além dos dados já constantes no Atlas do Esporte no Brasil – Capoeira, por Sérgio Luiz de Sousa Vieira (p. 116-117); e Capoeiragem, por André Lace Lopes (p. 386-387), devemos proceder à busca da memória da Capoeira – Brasil, Estados, Outros Países -; o que for comum, no capítulo geral – Brasil -; cada estado da Federação, com suas especificidades (anexo II); e cada país onde hoje se pratica a Capoeira – fora o Brasil – o resgate de sua memória... Primeira questão: definição! Como vamos definir Capoeira (gem)? Vamos aceitar a do Atlas 2005? A da FICA? Vamos construir outra?

https://www.google.com.br/search?q=mestre+sapo+capoeira&rlz=1C1BLWB_enBR572BR572&espv=2&biw=1536&bih=752&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=ZUI4VKGpMMSONq2FgpAE&ved =0CCYQsAQ#facrc=_&imgdii=_&imgrc=12O2ASxDM2B_QM%253A%3B5TtGzRDmbmzcfM%3Bhttp%253A%252F%252F4.bp.blogspot.com%252F2ztQxHFIcSA%252FUuKz3kkqW2I%252FAAAAAAAAA4Y%252F55CAtVuqoyY%252Fs1600%252Ffilme%252Bsobre%252Bmestre%252BSapo.jpg%3Bhttp%253A%252F%252Fnzambiangola.blogspot.com%2 52F2014%252F01%252Ffilme-sobre-trajetoria-do-mestre-sapo.html%3B370%3B522


SUMÁRIO A FASCINANTE ARTE AFRO-BRASILEIRA DA CAPOEIRAGEM - CURSO-LIVRO ANDRÉ LUIZ LACÉ LOPES ENTRANDO NA RODA Sumário TRIBUTO AO MESTRE SAPO - LAÉRCIO ELIAS PEREIRA CONVERSANDO COM MESTRE PATINHO ARTUR EMÍDIO E A CAPOEIRAGEM EM SÃO LUÍS DO MARANHÃO GENESE DA CAPOEIRA NO MARANHÃO I O QUE É A CAPOEIRA? “RES PRO PERSONA” CAPOEIRAS PRIMITIVAS PUNGA DOS HOMENS – ALGUMAS (NOVAS) CONSIDERAÇÕES CADA QUÁ, NO SEU CADA QUÁ – A PUNGA DOS HOMENS NO TAMBOR DE CRIOULA E A “CARIOCA”? EVIDÊNCIAS DA CAPOEIRA (GEM) EM SÃO LUIS PARTIDO ‘CAPOEIRO’ EM SÃO VICENTE DE FERRER – 1868 A GUARDA NEGRA CHRONICA DA CAPOEIRA (GEM) - ALGUMAS CONSIDERAÇÕES MOVIMENTOS DA CAPOEIRA: CAPOEIRAGEM É UMA ARTE, CADA MOVIMENTO TEM UM NOME. O “CHAUSSON/SAVATE” INFLUENCIOU A CAPOEIRA? A CAPOEIRA NO/DO MARANHÃO: ALGUMAS QUESTÕES PARA REFLEXÃO ATLAS DA CAPOEIRAGEM EM SÃO LUÍS - MARANHÃO CAPOEIRA/CAPOEIRAGEM EM AÇAILANDIA CAPOEIRA/CAPOEIRAGEM EM BACABAL ANEXO I LIVRO-ÁLBUM DOS MESTRES CAPOEIRAS DE SÃO LUIS DO MARANHÃO SAPO PATINHO ENTREVISTA COM MESTRE PATINHO. MÁRCIO ARAGÃO BOAS O CAPOEIRA. POETA DAS EXPRESSÕES CORPORAIS. FÁBIO ALLEX BAÉ ÍNDIO DO MARANHÃO MIZINHO NELSINHO FRED MARCO AURÉLIO BAMBA SENA LUÍS SENZALA MIRINHO LOURO ANEXO II ATLAS DA CAPOEIRA NO BRASIL BOX 1 BOX 2 BOX 3 - ANNIBAL BURLAMAQUI (ZUMA) - PATRONO DA CAPOEIRA DESPORTIVA BOX 4 - REFLEXÕES DE MESTE ANDRÉ LACÉ BOX 5 – MAIS REFLEXÕES DE MESTE ANDRÉ ATLAS DA CAPOEIRA (GEM) EM SANTA CATARINA ATLAS DA CAPOEIRA (GEM) EM SÃO PAULO ATLAS DA CAPOEIRA (GEM) EM SOROCABA-SP REVELAÇÕES INÉDITAS DA HISTÓRIA DE SOROCABA... HAMILTON JACKSON DIAS ANEXO III O ESPORTE E AS ATIVIDADES FÍSICAS COMO GERADORES DE RENDA - ESTUDO DE CASO: CAPOEIRA EM SÃO LUÍS - LORETA BRITO VAZ


“TRIBUTO AO MESTRE SAPO” LAÉRCIO ELIAS PEREIRA15

Mestre Sapo (aos 17 anos) tocando pandeiro; no berimbau, Vítor Careca; jogando capoeira, estão Mestre Canjiquinha (de cabeça para baixo) e Mestre Brasília. Fonte: Foto de Mestre Nelsinho, MARTINS, 200516.

Era um dos ‘capitães da areia’ das histórias que Jorge Amado contou sobre os meninos que vivem nas praias de Salvador, deslocando um bico ou uma carteira, aqui e ali. Vivem é muito otimismo; sobrevivem à margem da sociedade dando e pedindo esmola, como cantou outro baiano, Moraes Moreira. Daí até chegar à capoeira pra turista foi fácil, que a Capoeira era parte de seu dia-a-dia. Já tinha até arranjado um lugar de destaque junto a Mestre Canjiquinha, que fazia apresentações em bares e boates da Bahia de Todos os Santos. Com Canjiquinha apareceu na maioria dos filmes feitos sobre a Bahia pela Atlântica e se orgulhava de ter filmado com Anselmo Duarte. Convidado, Canjiquinha fez uma excursão pelo Nordeste, e, no Maranhão, o garoto Sapo foi convidado para ficar. Era bom de luta e a política local precisava de guarda-costas. Foi a primeira investida da máquina, desta vez a política. Com a facilidade de manejar armas pela nova profissão Mestre Sapo teria aí uma de suas paixões: sempre tinha um trintaeoito ou uma bereta pra ‘botar no prego’ e recuperar quando aparecesse algum, pois a convivência com políticos não tinha deixado nada que o ajudasse no leite das crianças, a não ser o estudo, com que ele deu um rabo-de-arraia nas poucas letras trazidas de Salvador. Estudou muito. Até o cursinho, e se foi sem ter conseguido superar o vestibular que a Universidade teima em manter na área médica, pra Educação Física. Mas era professor de Educação Física: Professor Anselmo. Anselmo??? Que nada! Mestre Sapo. Era a segunda investida da máquina: a administrativa. A modernização da pobreza também tenta tirar a originalidade das pessoas. Como Sapo não seria aceito; só como Anselmo. Essa parada contra a máquina ele ganhou: nunca deixou de ser Mestre Sapo. Crescendo em Capoeira e fama ele agora sai nos livros: a ramificação da Capoeira no Maranhão, contada por Waldeloir Rego em ‘Capoeira Angola’ é Mestre Sapo. Ah! E como juiz

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PEREIRA, Laércio Elias. Tributo ao Mestre Sapo. São Luís, DESPORTO E LAZER, n. VII, ano II, maio/junho e julho de 1982, p. 17. MARTINS, Nelson Brito. UMA ANÁLISE DAS CONTRIBUIÇÕES DE MESTRE SAPO PARA A CAPOEIRA EM SÃO LUÍS. Monografia apresentada ao Curso de Educação Física da Universidade Federal do Maranhão, para obtenção do grau de Licenciado em Educação Física. São Luís, UFMA/DEF, 2005. Orientador: Prof. Drdo. Tarcísio José Melo Ferreira


nacional da nova ‘Ginástica Brasileira’[17] a sua capoeira que ele brigou tanto pra não virar ginástica olímpica. Ia se aperfeiçoar e o sonho de fazer Educação Física ia ficando cada vez mais sonho. Mas tinha orgulho de sua forma física: ‘Fique calmo!’, ‘Olha o bíceps!’. Ele gostava de domingo. Um dia malemolente pra se tomar cana e brigar. Brigar com os companheiros de briga. E foi num domingo, domingo de cachaça e briga, que ele recebeu a terceira e definitiva investida da máquina: o automóvel, que mostrava a ‘mais vaia’ de sua capacidade de competição contra os músculos do Homem. Os músculos bem treinados de Mestre Sapo nada puderam contra a máquina forte e estúpida, medida em cavalos. Mais de cinquenta. Uma máquina movida por um companheiro de profissão, um amigo, pra combinar com o domingo, com a briga e a cachaça. Jamais seria um desconhecido dirigindo a máquina da norte. Sapo era amigo de todo mundo...

Fonte: Foto de Mestre Nelsinho, MARTINS, 200518

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MARINHO, Inezil Penna. A GINÁSTICA BRASILEIRA (Resumo do Projeto Geral). 2 ed. Brasília: 1982 MARTINS, 2005, obra citada.


1.Mestre Sapo dava orientações aos competidores, dentre eles, podemos identificar Mestre Curador (de camisa listrada). 2. Mestre Sapo está ao lado de Mestre Didi. Fonte: Foto de Mestre Nelsinho, MARTINS, 200519

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MARTINS, 2005, obra citada.


CONVERSANDO COM MESTRE PATINHO Conversando com Antônio José da Conceição Ramos, o MESTRE PATINHO20 Jornal do Capoeira - http://www.capoeira.jex.com.br/ Edição 63 - de 05 a 11/Mar de 2006

No dia 26 de fevereiro de 2006 estivemos - Loreta e eu - na casa de Mestre Patinho, em plena Madre Deus. Entrevista marcada para as 09:00 horas de la mañana, de um domingo de carnaval! Chegamos e Patinho, também: estava chegando da folia. Para quem conhece São Luis do Maranhão, a MadreDeus (Bairro) e Carnaval de São Luis, sabe o que isso significa. Realmente um grande "sacrifício" do Mestre. Loreta, minha filha, está se formando em Economia, pela UFMA; como já anunciado, sua monografia de graduação versará sobre Economia e Capoeira: a capoeira como formadora de renda; seu impacto na economia ludovicense (Anexo III). Seu orientador, Felipe de Holanda, ainda não se decidiu se é Capoeira ou se é Economista, ou viceversa... É aluno de Patinho... Da mui proveitosa entrevista com Mestre Patinho (foto 1), capturamos o seguinte: - Capoeira é um jogo corporal, é um diálogo - a rasteira é um choque, é preciso um corpo rítmico para ser bem dada; -

Capoeira é fundamento, três alturas, três distancias, três ritmos...

- Capoeiragem: jogo estratégico para a guerra - é um jogo de xadrez; - Quando conheci a Capoeira (anos 60), não era profissão, não havia possibilidade de viver da capoeira; aprendi a capoeira do Rio de Janeiro, com Jessé Lobão, aluno de Djalma Bandeira (foto 2), e com Sapo, meu Mestre... - Bimba não criou um estilo, ele criou um método: para se afirmar na "chamada de Angola" para disfarçar o jogo estratégico - passa-dois, balão cinturado - malícia, jogo de malícia, jogo de transformação, jogo de cintura: oitiva, rústica... - Hoje, a Capoeira é uma mesmice, se transformou em uma ginástica coreografada - vi um aulão, com mais de 500 alunos, todos repetindo o movimento... Lembra àquelas aulas de calistenia, aquelas apresentações de ginástica, de antigamente? As aulas de educação física do Exército? Isso não é Capoeira ... - A Angola... É autodefesa, busca do diálogo corporal, é transformação, jogo de dentro, você encontra a sua altura, o seu jogo, sua dimensão; é diferente da capoeira do pós-modernismo; capoeira é matemática; é história; é geografia... Tem que estar em contato, é comunhão, todo dia... - No jogo estratégico, não pode baixar a guarda; deve-se respeitar o oponente; mesmo que o adversário não saiba jogar, o bom Capoeirista joga mesmo com quem não sabe, e o faz jogar, gingar...

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São corresponsáveis por este artigo: Loreta Brito Vaz - UFMA, Acadêmica de Economia, Capoeira Angola; Felipe de Holanda UFMA, Professor de Economia, Capoeira Angola (Orientador)


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Maçonaria x Capoeira - 0 a 9, infinita forma.

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Não existe uma capoeira, Angola, Regional, cada jogador tem a "sua Capoeira”...

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A Capoeira é uma arte-cultura esportiva que mais representa este País ...

- O Capoeira não procura emprego - procura trabalho, realiza um trabalho... - Não consigo sobreviver da Capoeira, sou um artista de rua, sou um mestre, hoje me aceito como mestre, pois estudo os ritmos maranhenses - são 37 ... - o boi, o teatro, a ginástica, a educação física, a lateralidade, a psicomotricidade, a música; para ser mestre da capoeira, tem que ser um Doutor... - Diálogo da Trilogia: § § §

Angola - gunga São Bento Pequeno - viola São Bento Grande - violinha

São células na mesma cadência que preenchem o espaço melódico - pulsação; A roda tem regência... O Traíra (Mestre), no local de Angola, fazia Santa Maria; quando chega em São Bento grande, fazia cavalaria ... -

A teoria não vale nada, se não inserida na prática...

- A grande dificuldade é a música, a musicalidade da capoeira; muitos me criticam por ensinar música, teoria musical, para se cantar as ladainhas, as chamadas... Mas é preciso, é necessário entender os toques, saber quando e como entrar, os tons, a harmonia; assim como o texto, saber o que esta cantando, não apenas repetir um som... É necessário entender a letra, o que canta, é preciso ter conhecimento... -

Capoeira, hoje, é arte de negro, esporte de branco...

Capoeiristicamente, Leopoldo Vaz, São Luis - Carnaval Maranhense de 2006 Professor de Educação Física Mestre em Ciência da Informação


Do Livro-Álbum dos Mestres de Capoeira de São Luís do Maranhão MESTRE PATINHO ANTONIO JOSÉ DA CONCEIÇÃO RAMOS "Antonio, de Santo Antonio, José, de São José, Conceição, de Nossa Senhora da Conceição, Ramos, de Domingo de Ramos..." ESTILO: Capoeiragem; Contemporâneo (Josué). MESTRE: Mestre Sapo NOME: Antonio José da Conceição Ramos FILIAÇÃO: Djalma Estafanio Ramos e Alaíde Mendonça Silva Ramos NASCIMENTO: São Luis do Maranhão - 14/09/1953 ENDEREÇO: São Pantaleão, 513, Centro, 65000-000 TELEFONE: (098) 9968-2525 EMAIL: mestrepato@uol.com.br ACADEMIA: Escola Centro Cultural Mestre Patinho RESUMO DE VIDA: Foram os movimentos da capoeira, a ginga que o encantou aos nove anos. Vendo como um rapaz jogava, passou a imitá-lo. O Mestre Sapo foi quem o ensinou e o graduou. Observando, que seu conhecimento muito restrito, foi estudar a capoeira na Bahia, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. Trabalhou no Ginásio Costa Rodrigues, na Academia Senzala. A capoeira o influenciou a ser um ginasta (olímpica); e um dançarino pelas escolas Pró-dança, Lítero e Gladys Brenha. Hoje divulga capoeira no Laborarte e em sua escola Centro Cultural Mestre Patinho. Entrevista concedida a Manoel Maria Pereira Tinha medo dos meus amigos, pois apanhava cascudo, rasteira, todos da mesma idade simplesmente porque tinha o corpo raquítico, tudo isso as nove anos de idade. Por coincidência bem aqui na Quinta, bem no SIOGE. Década de 60 era um grande reduto da capoeira principalmente na São Pantaleão onde nasci. Pois bem, um amigo que tinha recém chegado do Rio de Janeiro, Jessé Lobão, que treinou com Djalma Bandeira na década de 60, Babalú, um apaixonado pela capoeira, outro amigo que era marinheiro da marinha de Guerra, também aprendeu com o mestre Artur Emídio do Rio, Roberval Serejo; juntamos Jessé, Roberval Serejo, Babalú, Artur Emídio e eu formamos a primeira academia de capoeira, Bantú, e estava sem perceber fazendo parte da reaparição da capoeira no Maranhão. Também participaram Firmino Diniz e seu mestre Catumbi, preto alto descendente de escravo. Firmino foi ao Rio e aprendeu a capoeira com Navalha no estilo Palmilhada e com elástico, nos repassando. Daí por volta de 62 e 63 esteve aqui em São Luís o Quarteto Aberrê com o mestre Canjiquinha e seus discípulos: Brasília, hoje Mestre Brasília, que mora em São Paulo; e o nosso querido Mestre Sapo; Vitor Careca. Quando Vitor Careca e seus amigos chegaram aqui em São Luís não foram bem sucedidos.


Por sorte do grupo, na Praça Deodoro, na apresentação, estava assistindo o Mestre Tacinho, que era marceneiro e trazia gaiola. Era campeão sul-americano de boxe no estilo médio ligeiro e gostava da capoeira. Vendo que o grupo tinha um total domínio da capoeira, apresentavam modalidades circenses, mas ligadas a capoeira, como navalha, faca, etc. Tacinho convidou-os para uma apresentação no Palácio do Governo, pois era motorista do Palácio. O Governador da época era Sarney, gostando muito da apresentação, convida um deles para ministrar aula de capoeira no Maranhão, pois não foi possível porque eram menor de idade.

Anos depois, Mestre Barnabé (Mestre Sapo), Anselmo Barnabé Rodrigues, volta ao Maranhão. Por volta de 66 ou 67, está tendo uma roda de capoeira no Olho d´Água com o Mestre Sapo, coincidentemente estando na praia, entrei na roda, conheci o Mestre Sapo e nos tornamos amigos e comecei a estudar com eles. Através do Professor Dimas. Como a capoeira era mal vista na época e cheia de preconceito, parti para a Ginástica Olímpica, volto para a capoeira e participo com o Mestre Sapo do 1º e 2º Troféu Brasil e fomos campeões, eu no peso pluma e Sapo no peso pesado. Me identifiquei pela capoeira e fui para Pernambuco, Bahia e São Paulo, estudar capoeira. Eu recebi muita influência de Mestre Sapo, Artur Emídio, Catumbi e Djalma Bandeira que todos foram alunos de Aberrê. Quando eu conheci Sapo, eu me defini no estilo Capoeiragem da Remanecença (sic), fundamentada. Eu vivo do fundamento de que, apesar de ser baixo, mas na capoeira se vive pela altura. Existem três alturas, três distâncias e três ritmos. O termo capoeira vem do chapéu que os mercadores usavam para vender seus produtos, com abas longas, botavam sues produtos dentro do chapéu, e com berimbau na mão vinham a chamar a atenção. Eu quero deixar uma ressalva na entrevista. A capoeira por ser um jogo de guerra, o golpe estratégico era o disfarce. O Capitão-Do-Mato, quando ia prender o negro que fugia das senzalas, e via o negro "gingar", dizia: "Preto ta disfarçando de angola", quando investia pegava um pontapé ou uma rasteira. O risco que tem pela perca (sic) dos fundamentos pelo grau de dificuldade de execução ou falta de conhecimento. Temos que ter forma de viver e formas e meios de sobreviver. A capoeira saiu dos quilombos e hoje está nos shoppings. Digo, querem transformar a capoeira em jogo de competição que é um risco. A capoeira tem golpes perigosos que pode até matar. A facilidade que você aplica um golpe mortal é muito grande.


No século XIX, em Tutóia, Caxias, Pindaré e Codó se vê a capoeira com influência bahiana, só se vê na forma capoeiragem, no folclore, como o Boi da Ilha, por exemplo. O caboclo de pena, pela sua malicia, seu gingado e vadiagem em estilo defensivo da capoeira. O miolo do boi, que é a pessoa que fica debaixo do boi, pela forma de artimanha utilizando na coreografia de luta. No tambor de crioula, não só pelos componentes, mas pela primeira colocação antropóloga (sic) afinado a fogo, tocado a muque, e dançado a coice, que vem provar a chamada pernada. Casei-me, aumentando o meu ensino voltado para academias, me separei indo ministrar no Bom Menino, voltando para a dança, também para o Lítero e depois para o [Colégio] Gladys Brenha e percebi que não tinha nada a ver com academias e fundei a primeira escola de capoeira do Maranhão, que foi a escola de capoeira do Laborarte. O último trabalho que realizei aberto ao público foi "Quem nunca viu, venha ver" e outros que me deram prêmios, como a gravação de um CD. Hoje tenho minha forma de ensinar, buscando sempre a forma indígena que tem na capoeira, pois estudei com os índios samangó - só o berimbau dos instrumento participa e tem uma só batida de marcação iúlna (sic) - a batida do berimbau é mudada e tem uma formação de entrada dos instrumentos. O Mestre chama, colocando ritmo e ordenando a entrada de cada instrumento - agogô, atabaque, berimbau contrabaixo, berimbau viola, berimbau violinha, reco-reco e pandeiro; entra também as palmas. Santa Maria - uma batida que diferencia das outras duas é que tem duas batidas de marcação, sempre acompanha com as palmas. Marvana - com três palmas Caudaria - com dois toques e três batidas Samba de roda - neste ele explica que não precisa tocar bem, pois cabe a cada um o seu interesse pelo aperfeiçoamento. Angola - é mais compassada e cheia de ginga. Cabe ressaltar que a "iúna" é destinada a recepção de pessoas na roda e momentos fúnebres. Ladainha - é uma louvação a Deus e as formas de vida e espírito que queiram citar. O mestre não participa da roda, ele coordena, ensina, dando ritmo e puxando as músicas. Mestre Pato ou Patinho ANTÔNIO JOSÉ DA CONCEIÇÃO RAMOS - MESTRE PATINHO21 Nasceu em 1953, tendo como seu grande Mestre o Sapo - Anselmo Barnabé Rodrigues. Patinho, além da capoeira, praticou ginástica olímpica, sendo aluno de Dimas, e judô. Aos nove anos, franzino, procurava uma atividade que lhe desse força nos braços e pernas. Ao observar um vizinho fazendo exercícios de capoeira, apaixona-se pela atividade e passa a observar seus movimentos e a imitá-los, aprendendo sozinho os vários golpes e movimentos. Depois de algum tempo, passa a ter aulas com ele. Mais tarde, teve outro mestre um escafandrista chamado Roberval Serejo, com quem treinou por dois anos. Foi quando assistiu à demonstração dos baianos, no Palácio dos Leões... No ano seguinte, quando Sapo se estabeleceu no Maranhão, Patinho estava entre seus primeiros alunos...

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In RODRIGUES, Inara. Patinho: vida dedicada à capoeira. In O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 14 de setembro de 2003, Domingo, p. 6. Caderno de Esportes.


ARTUR EMÍDIO E A CAPOEIRAGEM EM SÃO LUÍS DO MARANHÃO22 Especial para O Imparcial NOTA – em crônica publicada pelo Mestre André Lacé em homenagem ao Grande Mestre Artur Emídio de Oliveira, nos é informado que o velho Mestre não anda passando nada bem, em seu quadro precário de saúde, apresenta problemas nos joelhos. Artur Emídio - assim como alguns grandes mestres do passado, Bimba, Pastinha e outros está tendo um fim de vida injusto com seu talento de atleta e de artista, injusto com a sua extraordinária capoeira, uma das melhores que já se viu na capoeiragem. Nada sendo feito, as lideranças não se sensibilizando e objetivando uma efetiva ajuda, teremos mais um grande mestre (Itabuna!) morrendo na miséria23.

Artur Emidio de Oliveira à Bonsucesso faisait sensation les dimanches tous allaient voir le champion dans son académie de capoeira Artur Emidio était génial un maître qu"on ne peut oublier jouant sans style particulier ni angola ni régionale Tous venaient lui demander conseil pour savoir comment s"améliorer mais aujourd"hui ça n"est pas pareil beaucoup préfèrent encore l"ignorer 24

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http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2013/11/15/cronica-da-capoeiragem-artur-emidio-e-a-capoeiragem-em-sao-luisdo-maranhao/ 23 (in JORNAL DO CAPOEIRA, Edição 74 - de 21 a 27 de Maio de 2006, disponível em - www.capoeira.jex.com.br 24 André Luiz Lacé Lopes in CAPOEIRAGEM NO RIO DE JANEIRO, NO BRASIL E NO MUNDO; literatura de cordel, Rio de Janeiro, 2005 (trecho tirado da edição em francês, 2006).


Em “CAPOEIRAGEM EM SÃO LUÍS DO MARANHÃO”, já publicado em nosso ‘Jornal do Capoeira’, procurei resgatar os primórdios da capoeira praticada em São Luís do Maranhão (Brasil), assim como seu estágio atual, através do resgate da história de vida de seus principais atores – os Mestres de Capoeira. A Capoeira maranhense teve dentre seus precursores, Roberval Serejo. Para o Mestre Mirinho25 – Casimiro José Salgado Corrêa - a origem da capoeira no Maranhão se deu com o finado Roberval Serejo, quando fundou o grupo “Bantus”, em época remota (anos 60). Este grupo praticava a capoeira na antiga Guarda Municipal, no Parque Veneza. Outro Mestre, Patinho, relata o aparecimento desse grupo: ... bem aqui na Quinta, bem no SIOGE. Década de 60 era um grande reduto da capoeira principalmente na São Pantaleão, onde nasci.... Pois bem, um amigo que tinha recém chegado do Rio de Janeiro, Jessé Lobão, que treinou com Djalma Bandeira (foto) na década de 60; Babalú, um apaixonado pela capoeira; outro amigo que era marinheiro da marinha de Guerra, também aprendeu com o mestre Artur Emídio do Rio , Roberval Serejo; juntamos Jessé, Roberval Serejo, Babalú, Artur Emídio e eu formamos a primeira academia de capoeira, Bantú, e estava sem perceber fazendo parte da reaparição da capoeira no Maranhão. Também participaram Firmino Diniz e seu mestre Catumbi, preto alto descendente de escravo. Firmino foi ao Rio e aprendeu a capoeira com Navalha no estilo Palmilhada e com elástico, nos repassando.” (Antonio José da 26 Conceição Ramos – Mestre Patinho – em entrevista concedida a Manoel Maria Pereira) .

Roberval Serejo aparece no Maranhão por volta dos anos 60 do século passado; era escafandrista da Marinha, tendo aprendido capoeira no Rio de Janeiro quando lá servia -, com o Mestre Arthur Emídio, um baiano de Itabuna, considerado referência na história da capoeira: “Segundo ‘Seu’ Gouveia [José Anunciação Gouveia] esse pequeno grupo [de capoeira, liderado por Roberval Serejo], não tinha um local nem horário fixo para seus treinamentos, sendo que, por volta de 1968, criou-se a primeira academia de capoeira em São Luís, denominada Bantú, quando passou a contar com vários alunos, como Babalú, Gouveia, Ubirajara, Elmo Cascavel, Alô, Jessé Lobão, Patinho e Didi”. (MARTINS, 2005, p. 31) 27.

Mestre Patinho – o mestre de referencia da capoeira maranhense, hoje -, afirma ter recebido influencia de Artur Emídio: “Eu recebi muita influência de Mestre Sapo, Artur Emídio,

25

In LIVRO ÁLBUM DOS MESTRES DA CAPOEIRA NO MARANHÃO – em entrevista concedida a Hermílio Armando Viana Nina aluno do Curso de Educação Física da UEMA, em fevereiro de 2005. 26 Antonio José da Conceição Ramos – Mestre Patinho – em entrevista concedida a Manoel Maria Pereira in “LIVRO-ÁLBUM DOS MESTRES DE CAPOEIRA DO MARANHÃO”, trabalho de pesquisa apresentado a disciplina História da Educação Física e Esportes, do Curso de Educação Física da UEMA, turma C-2005. 27 MARTINS, 2005, obra citada..


Catumbi e Djalma Bandeira que todos foram alunos de Aberrê”. (Mestre Patinho in Entrevistas) 28 GRUPO BANTUS | (Mestre Catumbi)

(Mestre Artur Emídio)

(Mestre Djalma Bandeira)

Mestre Firmino Diniz

Mestre Roberval Serejo

Mestre Jessé Lobão

| Babalú

Gouveia

Manuel Peitudinho

Patinho

Alô

Ubirajara

Didi

Elmo Cascavel

Roberval Serejo morre em 1970, enquanto mergulhava a trabalho na construção do Porto do Itaqui; seus alunos da academia Bantú passam a treinar com Mestre Sapo, que forma, então, seu grupo e passa a dar aulas em uma academia de musculação, localizada na Rua Rio Branco: “Acredita-se que Mestre Sapo, embora muito novo passe a ser a maior referência da capoeira de São Luís, respaldado por Mestre Diniz, que era o mais experiente de todos, mas que não tinha tempo de se dedicar ás aulas de capoeira em função de seu trabalho. No entanto, ainda continuava a promover suas rodas de capoeira”. (MARTINS, 2005, p. 36).

ABERRÊ | CANJIQUINHA Brasília

SAPO

Vítor Careca

| PATINHO

Buscamos na memória dos Mestres mais antigos de São Luís a influência de Artur Emídio na/para a atual Capoeira maranhense.

28

Antonio José da Conceição Ramos – Mestre Patinho – em entrevista concedida a Manoel Maria Pereira in “MESTRES DE CAPOEIRA DO MARANHÃO”, trabalho de pesquisa apresentado a disciplina História da Educação Física e Esportes, do Curso de Educação Física da UEMA, turma C-2005.


GENESE DA CAPOEIRA NO MARANHテグ LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ (2006)


Roberval Serejo aparece no Maranhão por volta dos anos 60 do século passado; era escafandrista da Marinha, tendo aprendido capoeira no Rio de Janeiro – quando lá servia -, com o Mestre Arthur Emídio, um baiano de Itabuna, considerado referência na história da capoeira: “Segundo ‘Seu’ Gouveia [José Anunciação Gouveia] esse pequeno grupo [de capoeira, liderado por Roberval Serejo], não tinha um local nem horário fixo para seus treinamentos, sendo que, por volta de 1968, criou-se a primeira academia de capoeira em São Luís, denominada Bantú, quando passou a contar com vários alunos, como Babalú, Gouveia, Ubirajara, Elmo Cascavel, Alô, Jessé Lobão, Patinho e Didi”. (MARTINS, 2005, p. 31) [3]. In http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2009/12/27/artur-emidio-e-a-capoeiragem-em-sao-luis-domaranhao/


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O QUE É A CAPOEIRA?

Aqui, no Maranhão, há uma discussão por parte dos Capoeiras – Angolas e Regionais – se a Capoeira é cultura ou esporte. Os Angolas a querem como cultura – fazem parte da cultura corporal do povo maranhense, e suas apresentações – rodas – devem fazer parte do calendário da Secretaria de Cultura e inseridas nos diversos eventos culturais, inclusive com acesso às verbas e subsídios para esse fim; os Regionais querem-na como Luta, e disputada em Torneios e Campeonatos de Capoeira – roda -, além de – já incluída – nos Jogos Escolares Maranhenses; também reivindicam acesso às verbas da Cultura, além das do Esporte... Se – e não estou defendendo o Sistema Confef/Cref – for “praticadas com características desportivas e/ou com o cunho de exercícios, na busca de condicionamento físico então é atividade de Educação Física...” E os seus profissionais devem estar sujeitos às formas da Lei.30. E isso vai depender de qual definição para “Capoeira” se adota. Dependendo dela é que se vai caracterizar a CAPOEIRA... a) “Desporto de Criação Nacional, surgido no Brasil e como tal integrante do patrimônio cultural do povo brasileiro, legado histórico de sua formação e colonização, fruto do encontro das culturas indígena, portuguesa e africana, devendo ser protegida e incentivada”. Federação Internacional de Capoeira - FICA31 b) “um jogo de destreza corporal, com uso de pernas, braços e cabeça, praticado em duplas, baseado em ataques, esquivas e insinuações, ao som de cânticos e instrumentos musicais (berimbau, atabaque, agogô e reco-reco). Enfocado em sua origem como dança-luta acabou gerando desdobramentos e possibilidades de emprego como: ginásticas, dança, esporte, arte marcial, folclore, recreação e teatro, caracterizando-se, de modo geral, como uma atividade lúdica”. (VIEIRA, 2005).32

A “regulamentação” da Capoeira como atividade física – portanto passível de profissionalização - dá-se nas primeiras décadas do século passado. Segundo Reis (2005), e Vidor e Reis (2013)33 foram nos anos 30 e 40, em Salvador, que se abriram as primeiras "academias" com licença oficial para o ensino da capoeira como uma prática esportiva. Destacando-se dois mestres baianos negros e originários das camadas pobres da cidade, Bimba e Pastinha. Mestre Bimba, criador da capoeira Regional Baiana, não verá nenhum inconveniente em "mestiçar" essa luta, incorporando à mesma movimentos de lutas ocidentais e orientais (tais como Box, catch, savate, jiu-jítsu e luta greco-romana). 29

http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2013/11/18/cronica-da-capoeiragem-o-que-e-a-capoeira/ PL 7.370/2002 - substitutivo que estabelecia que "Não estão sujeitos à fiscalização dos Conselhos previstos nesta lei os profissionais de dança, capoeira, artes marciais, ioga e método pilates, seus instrutores e academias". O substitutivo da deputada Alice Portugal aprovado por unanimidade na Comissão de Educação e Cultura acrescia :” for “praticadas com características desportivas e/ou com o cunho de exercícios, na busca de condicionamento físico então é atividade de Educação Física ... E os seus profissionais devem estar sujeitos às formas da Lei.”; o projeto foi encaminhado à Comissão de Turismo e Desporto, onde o deputado Josué Bengtson (PTB-PA) foi designado relator. 31 Aprovados em Assembléia Geral de fundação da Federação Internacional de Capoeira - FICA - ocorrida por ocasião do I Congresso Técnico Internacional de Capoeira, realizado nos dias 03, 04, 05 e 06 de junho de 1999 na Cidade de São Paulo, SP, Brasil, revisados na Assembléia Geral Extraordinária ocorrida na Cidade de Lisboa, Portugal, em 02 de julho de 2001 e pelo II Congresso Técnico Internacional de Capoeira, realizado na Cidade de Vitória, ES, Brasil, nos dias 15, 16 e 17 de novembro de 2001 30

32

VIEIRA, Sérgio Luiz de Souza. Capoeira. in PEREIRA DA COSTA, Lamartine (org.). ATLAS DE ESPORTES NO BRASIL. Rio de Janeiro : Shape, 2005, p. 39-40. 33 REIS, Letícia Vidor de Sousa. Capoeira, Corpo e História. In JORNAL DA CAPOEIRA, disponível em www.capoeira.jex.com.br, capturado em 14 de abril de 2005, artigo com base na dissertação de mestrado "Negros e brancos no jogo de capoeira: a reinvenção da tradição" (Reis, 1993). VIDOR, Elisabeth; REIS, Letícia Vidor de Sousa. CAPOEIRA – herença cultral afro-brasileira. São Paulo: Selo Negro, 2013


Por outro lado Pastinha, contemporâneo de Bimba e igualmente empenhado na legitimação dessa prática, reagindo àquela "mestiçagem" da capoeira, afirmando a "pureza africana" da luta, difundindo o estilo da capoeira Angola e procurando distingui-lo da Regional. Para Reis (2005), e Vidor e Reis (2013) Bimba e Pastinha elaboraram, através da capoeira, estratégias simbólicas e políticas diferenciadas que visavam em última instância, ampliar o espaço político dos negros na sociedade brasileira e propõem dois caminhos possíveis para a inserção social dos negros naquele momento histórico34: “A capoeira "mestiça" representada pela capoeira Regional. Embora incorpore elementos de lutas ocidentais, a capoeira Regional guarda elementos que reafirmam a identidade étnica negra nas músicas, nos toques do berimbau e nos próprios movimentos que, conforme depoimento de mestre Bimba são provenientes também do batuque e do maculelê (Rego, 1968:33). Assim, a capoeira Regional, ao colocar em contato sistemas de valores distintos e, portanto, construções corporais distintas (os movimentos corporais brancos e os negros), opera uma mediação, criando um campo simbólico ambíguo e ambivalente: (a) A capoeira Regional seria uma afirmação de identidade que é mais ampla que a da capoeira Angola pois afirma não a existência do negro excluído da sociedade branca mas sua presença enquanto parte da sociedade brasileira e, finalmente, enquanto símbolo da nação como um todo. (b) tem no ecletismo de que faz prova (por exemplo, a incorporação de elementos de outras formas de luta e a nova racionalidade na maximização dos efeitos dos golpes) um elemento de dinamismo que permite a construção de uma nova presença negra no cenário nacional. (c) tem um preço a pagar por tudo isso, no plano político, que significa renunciar à afirmação de uma diferença na "identidade negra". “A capoeira Angola, em contrapartida: (a) a capoeira “pura”, como forma inequívoca de afirmação da identidade étnica. A capoeira Angola, em sua própria designação, reafirma peremptoriamente sua origem étnica e, ao "conservar" a construção corporal negra, demarca uma forma culturalmente distinta de jogar capoeira. (b) existindo como resistência no momento de inclusão do negro na sociedade brasileira, só é revalorizada como reafirmação dessa mesma resistência em função da recuperação de uma "identidade negra" específica no cenário nacional, no bojo da construção política (contemporânea) de uma "consciência negra". (c) essa construção só se torna possível a partir de uma postura "conservadora", que reinventa a tradição e só se mantém com a recuperação simultânea dos outros elementos que, no plano simbólico, organizam essa "visão de mundo negra" (como por exemplo, a afirmação da origem africana da capoeira a partir do ritual de iniciação denominado dança da zebra ou "N'Golo"). (REIS, 2005).

Taffarel (2004) 35 levanta como possibilidade histórica a responsabilidade social dos capoeiristas – enquanto produtores associados, intelectuais orgânicos –-, na construção de uma nova cultura - a cultura socialista -, o que exige rigorosa consideração da teoria do conhecimento e teoria pedagógica que subsidia, constrói e consolida a práxis capoeirana, responsável também pela sociabilização da classe trabalhadora. A Autora traz como dados empíricos da inserção da capoeira em tais complexos econômicos – empresariamento, mercadorização, esportivização, espetacularização, privatização da capoeira - as discussão sobre produção do conhecimento, formação de mestres e professores, políticas públicas e sobre ética e violência, exemplificando a ação do sistema CREF/CONFEF interferindo na cultura e na economia popular contribuindo para a destruição das forças produtivas. Afirma a ilustre Professora-Doutora em Educação Física, manifestando sua contrariedade pela perda que a mercantilização da capoeira representa para os valores culturais da própria Humanidade, justificando sua fala:

34

In JORNAL DA CAPOEIRA, disponível em www.capoeira.jex.com.br, capturado em 14 de abril de 2005. Grifos meus); VIDOR, REIS, 2013, obra citada.

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TAFFAREL, Celi Zulke. Capoeira e projeto histórico. In VI SIMPÓSIO NACIONAL UNIVERSITÁRIO DE CAPOEIRA VI SNUC, Florianópolis-SC - 12, 13 e 14 de novembro 2004, Universidade Federal de Santa Catarina - Temática do evento: Capoeira a Serviço do Social ou do Capital!?


“Para contribuir com a reflexão da temática proposta neste ano “Capoeira a Serviço do Social ou do Capital?” apresentei o tema CAPOEIRA E PROJETO HISTÓRICO expondo dados da realidade sobre a destruição das forças produtivas, enquanto tendência do modo do capital organizar a vida e suas expressões na capoeiragem. Levantei a tese de que a capoeira está em franca degeneração e decomposição de seus valores genuínos - capoeira patrimônio da humanidade - quando subsumida ao modo do capital de produzir mercadorias para usá-las e trocá-las em relações capitalísticas. Procurei demonstrar que as abordagens da questão da capoeira centradas na ética, na ciência, na educação, na compreensão de cultura popular e, na normatização/monitorização reguladas pelo Mercado, pelo Estado e Comunitária são limitadas quando desprovidas da referencia de um projeto histórico explicito, superador do modo do capital organizar a produção – uso e troca de mercadorias.”.

Essa Autora levanta algumas teses, com base na economia política, para poder compreender as relações estabelecidas no âmbito da cultura e o processo atual de destruição, decomposição e degeneração da capoeira (primeira hipótese); A segunda hipótese que a Autora levanta é a da destruição das forças produtivas – trabalho, trabalhador, meio ambiente, cultura – dentro do que se localiza a destruição, degeneração, decomposição da capoeira, enquanto uma produção social, historicamente acumulada. A terceira hipótese, é que a maioria dos estudos sobre capoeira faz referência à ética em uma sociedade contraditória e altamente violenta, recorrência esta que necessita ser questionada porque desarticulada do projeto histórico alternativo ao modelo do capital. A quarta hipótese, é de que uma nova cultura capoeirana, uma genuína práxis capoeirana, exige sintonia com uma novo projeto histórico e será reconhecida na organização do trabalho pedagógico de construção da cultura, com nexos e implicações em uma dada teoria do conhecimento e teoria pedagógica e em um projeto histórico superador do projeto capitalista. Outro autor, Hajime Nosaki (2004) 36, ao tratar das relações de trabalho no campo profissional da Educação Física, dentro do Sistema CONFEF/CREF apresenta elementos acerca do reordenamento do trabalho do professor de educação física, da regulamentação da profissão e da disputa de projetos históricos. A Regulamentação da profissão veio para “regulamentar a terra de ninguém”. Isto significou que o ensino de todas as praticas corporais, entre as quais a capoeira, passou a ser exclusividade de quem tem a carteira do CONFEF. Ou seja, o desenvolvimento de um relevante bem social, a capoeira, passa a ser propriedade privada da educação física. Com base na analise do mundo do trabalho são apresentados elementos mediadores entre o movimento mais geral do capital e a especificidade do trabalho na educação física e particularmente a questão da regulamentação da profissão, exigência do mercado do trabalho e, portanto, do capital e sua estratégia de reordenamento para manutenção da hegemonia. São apresentados dados concretos sobre o Conselho Federal de Educação Física, resgatando-se elementos históricos desde as primeiras intenções presentes nas Associações de Professores até a legalização dos Conselhos pela aprovação da Lei 9696/98 que encontrou sua base de sustentação na Lei 9649/98 – principalmente em seu artigo 58 que transforma conselhos profissionais em entidades privadas. Hajime nos apresenta dados sobre a ingerência de tais conselhos juntos aos trabalhadores de educação física, aos trabalhadores de outras áreas, tanto na formação quanto na qualificação. A ação inibidora do Sistema CREF/CONFEF está contribuindo para atacar a cultura e destruí-la, tornando a ação de construção da cultura um monopólio exclusivo de professores de educação física. Isto diz respeito à reserva de mercado. Com isto somem culturas, trabalho, trabalhador. Engels (1977) afirmava:

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em “Do socialismo utópico ao socialismo cientifico” (pg.19) já

NOZAKY, Hajime. EDUCAÇÃO FÍSICA E REORDENAMENTO NO MUNDO DO TRABALHO: MEDIAÇÕES DA REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO. Tese Doutorado. Universidade Federal Fluminense, 2004. ENGELS, Friedrich. Do socialismo utópico ao socialismo cientifico. In MARX, Karl; ENGELS, Friedrich TEXTOS. São Paulo: Edições Sociais, 1977, 6-60. Vol. 1.


“Quando nos detemos a pensar sobre a natureza, ou sobre a história humana, ou sobre a nossa própria atividade espiritual, deparamo-nos, em primeiro plano, com a imagem de uma trama infinita de concatenações e influências recíprocas, em que nada permanece o que era, nem como e onde era, mas tudo se move e se transforma nasce e morre.”.

A isto está sujeita a capoeira, enquanto pratica, conhecimento, profissão, formação, mercadoria. Como Taffarel (2004), aceitamos que a capoeira é um dos fenômenos sócio-culturais da alta relevância no Brasil e constitui o processo civilizatório38, e que hoje: “... está situado dentro da divisão social internacional do trabalho e portanto, neste momento histórico sofre também o processo de degeneração, decomposição e destruição.” Isto é visível quando observamos o empresariamento da capoeira internacionalmente – no sistema de franquias. A mercadorização da capoeira, vista nos empórios e centros turísticos, a espetacularização da capoeira visita na mídia e nos fantasiosos espetáculos. Na esportivização da capoeira, na construção de confederações, federações com finalidades competitivas, necessidade imperiosa do capital. O que é a Capoeira? Um PRODUTO CULTURAL ou uma MERCADORIA?

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ELIAS, Norbert; DUNNING, Eric. DEPORTE Y OCIO EM EL PROCESO DE LA CIVILIZACION. México: Fundo de Cultura Econômica, 1992


“RES PRO PERSONA” 39,40 “o segredo é o seguinte: não existem factos, só existem histórias” 41. João Ubaldo Ribeiro Vamos começar: A Capoeira é essencialmente dialética e dinâmica; e por ser uma manifestação que se espalhou pelo mundo muito recentemente, recebe milhares de análises em seus diversos aspectos – teórico, técnico, didático, tático, filosófico etc. - e cada uma delas baseada na realidade de cada norteador de um trabalho (entenda-se: Mestre, Professor, Instrutor etc.). Até aqui, vemos a fortaleza da Capoeira: a junção dos diversos pontos de vista que fazem com que ela não seja monopolizada em única verdade; e, sim, descentralizada em diversas faces de uma mesma manifestação. O que não é salutar é a imposição de uma verdade em detrimento de outra, gerando a perda de criatividade e a estabilização dos conhecimentos. Desta forma, é difícil dizer que algo é errado na Capoeira. (Mestre Tuti in Chamada na ‘Benguela’ -17/11/2011) 42

Quando do reconhecimento da Capoeira como Patrimônio Imaterial do Povo Brasileiro foi considerada: Arte que se confunde com esporte, mas que já foi considerada luta: Expressão brasileira surgida nos guetos negros há mais de um século como forma de protesto às injustiças sociais, arte que se confunde com esporte, mas que já foi considerada luta, a capoeira foi reconhecida como patrimônio imaterial da cultura brasileira. A decisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) foi concretizada terça-feira (15) [de julho de 2008] no Palácio Rio Branco, em Salvador (BA).43.

Sendo definida como uma arte multidimensional, um fenômeno multifacetado - ao mesmo tempo dança, luta, jogo e música - que tem na roda o ritual criado pelos capoeiristas para desenvolver esses vários aspectos. Parto do entendimento de que a Capoeira é uma prática cultural44 no sentido mais dinâmico possível do termo. Mas, o que é a Capoeira? Como podemos defini-la? Tenho encontrado as mais variadas respostas: capoeira é luta; capoeira é um esporte; capoeira é folclore; outros dizem que é um lazer; é uma festa; é vadiação; é brincadeira; é uma atividade educativa de caráter informal45. Não me conformo com essas classificações simplistas e reducionistas; compreendi que a Capoeira é tudo isso... Compreender a Capoeira como sendo uma prática cultural46 representa

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Por metonímia res pro persona, o nome da coisa passou para a pessoa com ela relacionado. http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2013/11/18/8331/ 41 Jorge Bento, citando João Ubaldo Ribeiro, in ARAÚJO, Paulo Coelho de. ABORDAGENS SÓCIO-ANTROPOLÓGICAS DA LUTA/JOGO DA CAPOEIRA. (Porto): Instituto Superior Maia, 1997, p. 7 42 To: capoeiranaescola@googlegroups.com Cc: fabiano caviquio ; Marcelo ; jeferson batista ramos ; capoeiramestrepop@gmail.com Sent: Saturday, September 17, 2011 1:04 AM Subject: Chamada na 'Benguela' 43 Capoeira é registrada como patrimônio imaterial brasileiro - África 21 - Da Redação - 16/07/2008 http://www.cultura.gov.br/site/2008/07/16/capoeira-e-registrada-como-patrimonio-imaterial-brasileiro/ 44 CORTE REAL, Márcio Penna. A CAPOEIRA NA PERSPECTIVA INTERCULTURAL: QUESTÕES PARA A ATUAÇÃO E FORMAÇÃO DE EDUCADORES(AS). 2004 45 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira no Maranhão – afinal, o que é Capoeiragem? In www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=379 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O que é a Capoeira ? In www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=675 46 CORTE REAL, Márcio Penna. A Capoeira na perspectiva intercultural: questões para a atuação e formação de educadores(as). 2004 40


um salto qualitativo para além das visões essencialistas, que, por vezes, apelam para um mito de origem reivindicando a pureza ou a tradição de certo antigamente da Capoeira. Quero chamar a atenção para o entendimento de que as práticas culturais, como a Capoeira, não estão paradas no tempo e, por isso mesmo, a transformação constante é inevitável. As necessidades e os problemas dos (as) Capoeiras de outrora não são os mesmos de hoje. A cada dia se joga uma Capoeira diferente. A Capoeira de hoje é diferente da Capoeira de ontem e da de amanhã – esse exemplo de constante transformação demonstra suficientemente bem que a cultura está em permanente mudança. Assim, práticas culturais são aquelas atividades que movem um grupo ou comunidade numa determinada direção, previamente definida sob um ponto de vista estético, ideológico, etc. 47. A arte apresenta registros documentais e iconográficos desde o século XVIII.48. Passamos a nos servir de Araujo e Jaqueira (2008) 49, em sua análise das pranchas de Rugendas50, conforme proposto por Rubiera51: Prancha 18 – JOGO DA CAPOEIRA - 1820/1835 – publicada em 1835-

Comentário do autor da obra: “os negros tem ainda um outro folguedo guerreiro mais violento, a ‘capoeira’: dois campeões se precipitam contra o outro, procurando dar com a cabeça no peito do adversário que desejam derrubar. Evita-se o ataque com saltos de lado e paradas igualmente hábeis; mas lançando-se um contra o outro mais ou menos como bodes, acontece-lhes chocarem-se fortemente cabeça com cabeça, o que faz com que a brincadeira não raro degenere em briga e que as facas entrem em jogo, ensanguentando-a”.(p. 75)[...]

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COELHO, T. DICIONÁRIO CRÍTICO DE POLÍTICA CULTURAL. São Paulo: Iluminuras, 1999 IPHAN, Assessoria de Imprensa do Iphan. A capoeira na história. in REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL, Ed. de Julho de 2008, disponível em http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1871 49 ARAUJO, Paulo Coelho de; JAQUEIRA, Ana Rosa Fachardo. DO JOGO DAS IMAGENS AS IMAGENS DO JOGO – nuances de interpretação iconográfica sobre a Capoeira. Coimbra - Portugal: Centro de Estudos Biocinéticos, 2008. 50 Johann Moritz Rugendas (Augsburgo, 29 de março de 1802 — Weilheim, 29 de maio de 1858) pintor alemão que viajou por todo Brasil durante 1822-1825 e pintou povos e costumes. Rugendas era o nome que usava para assinar suas obras. Cursou a Academia de Belas-Artes de Munique, especializando-se na arte do desenho. Pintor de cenas brasileiras, nasceu em Augsburg, em 29 de março de 1802 e faleceu em Weilheim, em 29 de maio de 1858. De família de artistas, integrou a missão do barão de Georg Heinrich von Langsdorff e permaneceu no Brasil três anos. IN http://pt.wikipedia.org/wiki/Rugendas 51 Mensagem eletrônica De: Javier Rubiera [capoeira.espanha@gmail.com] Enviado em: domingo, 24 de maio de 2009 12:32 Para: leopoldovaz@elo.com.br Assunto: [SPAM] [Sala de Pesquisa - Internacional FICA] 1834-Capoeira de Rugendas 48


Araújo e Jaqueira (2008) tecem o seguinte comentário: “Dentro do contexto da luta brasileira, este é a imagem mais referenciada em documentos de origens diversas, talvez por ser a primeira iconografia publicada, mas não a única, que mais explicitamente identificou a presença do jogo denominado Capoeira num dos períodos históricos brasileiros e, igualmente descrita pelo autor com uma série de adjetivações, que vão desde um folguedo guerreiro de cariz violento ou mesmo uma brincadeira e por fim um jogo, o que nos faz refletir sobre as suas possíveis características de expressividade no período colonial do Brasil – luta, jogo, dança”. (p. 75-76)

Prancha 27 - SÃO SALVADOR - 1820/1835 – publicada em 1835:

“A iconografia denominada São Salvador, apresenta-se como um dado histórico que nos possibilita interpretações de alguns factos dos costumes dos grupamentos marginais da sociedade imperial brasileira, mais concretamente da Capoeira [...] a imagem de Rugendas, busca fundamentalmente retratar uma panorâmica da cidade do Salvador, apresentando-nos em primeiro plano, uma cena característica de um dos costumes baianos, o jogo da Capoeira, tornando esta iconografia de capital importância para a reescrita e/ou reinterpretação da história desta expressão corporal, visto ser este tipo de documento dentre tantos outros, até ao momento, o primeiro, mas não o único que confirma ter existido tal expressão corporal na sociedade soteropolitana, isto para os contextos históricos colonial, imperial e da 1ª república. [...]” (ARAUJO e JAQUEIRA, 2008, p. 69)

Continuam esses autores: “Apesar de Rugendas não referir-se explicitamente nesta obra sobre a exercitação da capoeira pelos indivíduos enfocados, não podemos deixar de concluir pela presença de elementos de cariz corporal que bem podem evidenciar na imagem, isto pelos conhecimentos por nós adquiridos sobre esta expressão, trata-se estes, de gestuais específicos da luta, onde a cabeçada, ginga e esquivas se podem visualizar, não nos permitindo inferir acerca da sua forma de emanação – jogo; luta, aprendizagem. Destarte não haver indicações do autor sobre este enfoque, e considerando a sua descrição sobre a iconografia ‘Jogo da Capoeira’, nos conduz na admissão de estarmos na presença de jogo ou de aprendizagem, quando associamos as condutas miméticas de alguns, brejeiro e de admiração de outros personagens presentes na cena.[...] O que mais


podemos extrair desta imagem, é a presença de uma movimentação rítmica configurada pelo movimento alternado das pernas e conhecida contemporaneamente por ginga, isto, sem qualquer auxílio de instrumentos musicais para a sua exercitação, indiciando portanto, a não obrigatoriedade destes no seu contexto de expressividade, e muito menos a subordinação ao berimbau”. (ARAUJO e JAQUEIRA, 2008m, p. 72-73) 52.

Em nota de pé-de-página, Araujo e Jaqueira (2008) referem-se a outras obras, desse mesmo período, que retratam o movimento identificado como Capoeira no Brasil: “No período de 1820/25 foram igualmente elaboradas mais duas imagens que retratam a prática de uma manifestação de luta dos negros e, posteriormente, identificada como Capoeira em face das movimentações corporal presentes, e sustentadas pelas descrições de Rugendas. Este mesmo artista foi o autor de outra obra em que se pode visualisar (sic) na Bahia, uma forma de expressão corporal, que não identificando-se nominalmente com manifestação da luta brasileira, não nos podemos furtar de assim reconhecê-la. A outra imagem é a denominada “Negros brigando nos Brasis’ de autoria de Augustus Earle”. (ARAUJO e JAQUEIRA, 2008, nota de pé-de-página, fls. 75-76, obra citada).

PRENCHA 7 – NEGROS BRIGANDO NOS BRASIS (NEGROES FIGHTING, BRAZILS) 1822 Comentário do apresentador da obra53: “Dois negros moços entregues ao ‘jogo da capoeira’, enquanto outros contemplam de uma casa própria e um policial colonial prepara-se para saltar uma cerca, afim de sustar a luta”

Negroes fighting, Brazil” c. 1824. Autor Augustus Earle (1793-1838) - Painting by Augustus Earle depicting an illegal capoeira-like game in Rio de Janeiro (1824)

Comentários sobre a obra:

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ARAUJO, JAQUEIRA, 2008, obra citada. Não foram encontradas descrições de Augustus Earle sobre a obra, mas somente, a denominação atribuída à imagem como sendo; “Negros brigando nos Brasil” – (Negros fighting, Brazils). ARAUJO e JAQUEIRA, 2009, p. 80-81


“[...] as figuras apresentadas por Rugendas foram e ainda são as mais representativas para o contexto da capoeira, principalmente aquela que foi acompanhada pela descrição [...] A imagem de Augustuis Earle [...] apesar de ter sido elaborada no mesmo período das iconografias de Rugendas, foi durante muito tempo relegada ao esquecimento [...] Earle retratou uma cena típica dos costumes urbanos da cidade do Rio de Janeiro [...] ao tipo de exercitação visualizada pela imagem [...] entendemos ser esta, manifestadamente, a expressão corporal denominada Capoeira [...] onde depreendemos estarmos diante de dois movimentos conhecidos no contexto atual da luta brasileira, como ginga e benção/escorão/chapa[...]”. (ARAÚJO e JAQUEIRA, 2008, p. 80-87)12

Araújo e Jaqueira (2008) analisaram também a obra de Frederico Guilherme Briggs – Negros que vão levar “açoutes”, estampa avulsa: tipos de rua e caricaturas. Os autores se valem da obra de Turazzi (2002) 54, que comenta: “Se as imagens podem ser tomadas como uma ‘narrativa’, as estampas de tipos de rua da Litografia Briggs nos permitem várias leituras [...] Para tanto, eles adotaram como estratégia uma figura de linguagem empregada com frequência na fala dos cariocas. Mas a substituição de nome próprio por perífrase (isto é, a designação de alguém ou de algo que dê relevo a uma de suas qualidades, e não por seu nome) tem sido, historicamente, um dos traços mais marcantes da linguagem popular do Rio de Janeiro. Pois é exatamente esse estilo de linguagem, saído das ruas, o recurso adotado pelos litógrafos da oficina Briggs para representar e legendar as figuras de suas estampas”.(TURAZZI, 2002, citada por ARAÚJO e JAQUEIRA, 2008, p. 94-95).

FIGURA 20, OBRA DO ANO DE 1832/1836, PUBLICADA EM 1984:

Negros que vão levar açoutes Briggs del. Litho. R.B. Rua do Ouvidor nº 118. Source: Biblioteca Nacional, acervo de gravuras sobre escravatura Negros que vão levar açoutes, 1832/1836, publicada em 1984.

O que é ‘capoeira’? 55

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TURAZZI, Maria Inez (org.). TIPOS E CENAS DO BRASIL IMPERIAL: A LITOGRAFIA BRIGGS NA COLEÇÃO GEYER. Petrópolis: Museu Imperial, 2002.


Verniculização do tupi-guarani caá-puêra: caá = mato, puêra = que já foi56; no Dialeto Caipira de Amadeu de Amaral: Capuêra, s.f. – mato que nasceu em lugar de outro derrubado ou queimado. Data de 1577 primeiro registro do vocábulo “capoeira” na língua portuguesa: Padre Fernão Cardim (SJ), na obra “Do clima e da terra do Brasil”. Conotação: vegetação secundária, roça abandonada (Vieira, 2005) 57.

DEBRET – 1816/1831

Capoeira – espécie de cesto feito de varas, onde se guardam capões, galinhas e outras aves (Rego, 1968): [...] os escravos que traziam capoeiras de galinhas para vender no mercado, enquanto ele não se abria, divertiam-se jogando capoeira. (Antenor Nascimento, citado por REGO, 1968, citados por MANO LIMA – Dicionário de Capoeira. Brasília: Conhecimento, 2007, p. 79).

Por Capoeira deve-se entender “individuo(s) ou grupo de indivíduos que promovião acções criminosas que atentavam contra a integridade física e patrimonial dos cidadãos, nos espaços circunscritos dos centros urbanos ou área de entorno“? Conforme a conceitua Araújo (1997) 58 ao se perguntar “mas quem são os capoeiras? e por capoeiragem como: “a acção isolada de indivíduos, ou grupos de indivíduos turbulentos e desordeiros, que praticam ou exercem, publicamente ou não, exercícios de agilidade e destreza corporal, com fins maléficos ou mesmo por divertimento oportunamente realizado”? (p. 69); e 55

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Jornal do Capoeira http://www.capoeira.jex.com.br/, Edição 47: 30 de Outubro à 05 de Novembro de 2005 LACÉ LOPES, 2007, obra citada. LACÉ LOPES, 2006, obra citada. REIS, Letícia Vidor de Sousa. Capoeira, Corpo e História. In JORNAL DA CAPOEIRA, disponível em www.capoeira.jex.com.br, capturado em 14 de abril de 2005, artigo com base na dissertação de mestrado "Negros e brancos no jogo de capoeira: a reinvenção da tradição" (Reis, 1993). VIEIRA, 2005, obra citada. p. 39-40. LIMA, Mano. DICIONÁRIO DE CAPOEIRA. 3ª. Ed. Ver. E amp. Brasília: Conhecimento, 2007 ARAUJO; JAQUEIRA, 2008, obra citada. 56 MARINHO, Inezil Penna. A GINÁSTICA BRASILEIRA. 2 ed. Brasília, Ed. Do Autor, 1982 57 VIEIRA, 2005, obra citada p. 39-40. 58 ARAÚJO, 1997 , obra citada..


capoeirista, como sendo: “os indivíduos que praticam ou exercem, publicamente ou não, exercícios de agilidade e destreza corporal conhecidas como Capoeira, nas vertentes lúdica, de defesa pessoal e desportiva”? (p. 70). Para esse autor, capoeiras era a denominação dada aos negros que viviam no mato e atacavam passageiros (p. 79), em nota registrando a Decisão (205) de 27 de julho de 1831, documentada na Coleção de Leis do Brasil no ano de 1876, p. 152-153; “manda que a Junta Policial proponha medidas para a captura e punição dos capoeiras e malfeitores). Ou devemos entendê-la como: “... Desporto de Criação Nacional, surgido no Brasil e como tal integrante do patrimônio cultural do povo brasileiro, legado histórico de sua formação e colonização, fruto do encontro das culturas indígena, portuguesa e africana, devendo ser protegida e incentivada” (Regulamento Internacional da Capoeira);

assim como Capoeira, em termos esportivos, refere-se a “... um jogo de destreza corporal, com uso de pernas, braços e cabeça, praticado em duplas, baseado em ataques, esquivas e insinuações, ao som de cânticos e instrumentos musicais (berimbau, atabaque, agogô e reco-reco). Enfocado em sua origem como dança-luta acabou gerando desdobramentos e possibilidades de emprego como: ginásticas, dança esporte, arte marcial, folclore, recreação e teatro, caracterizando-se, de modo geral, como uma atividade lúdica”. (Atlas do Esporte no Brasil, 2005, p. 39-40).

Considera-se como prática do desporto formal da Capoeira sua manifestação cultural sistematizada na relação ensino-aprendizagem, havendo um ou mais docentes e um corpo discente, onde se estabelece um sistema de graduação de alunos e daqueles que ministram o ensino, havendo uma identificação indumentária por uniformes e símbolos visuais, independentemente do recinto onde se encontrarem. Considera-se como pratica desportiva não formal da Capoeira sua manifestação cultural, sem qualquer uma das configurações estabelecidas pelo Artigo anterior, e que seja praticada em recinto aberto, eminentemente por lazer, o que caracterizará a liberdade lúdica de seus praticantes. Capoeira – “jogo atlético de origem negra, ou introduzida no Brasil por escravos bantos de Angola, defensivo e ofensivo, espalhado pelo território e tradicional no Recife, cidade de Salvador e Rio de Janeiro, onde são reconhecidos os mestres, famosos pela agilidade e sucessos. Informa o grande folclorista que, na Bahia, a capoeira luta com adversários, mas possui um aspecto particular e curioso, executando-se amigavelmente, ao som de cantigas e instrumentos de percussão, berimbaus, ganzá, pandeiro, marcando o aceleramento do jogo o ritmo dessa colaboração musical. No Rio de Janeiro e Recife não há, como não há notícia noutros Estados, a capoeira sincronizada, capoeira de Angola e também o batuque-boi. Refere-se, ainda, à rivalidade dos guaiamus e nagôs, seu uso por partidos políticos e o combate a eles pelo chefe de Polícia, Sampaio Ferraz, no Rio de Janeiro, pelos idos de 1890. O vocábulo já era conhecido, e popular, em 1824, no Rio de Janeiro, e aplicado aos desordeiros que empregavam esse jogo de agilidade.” (Câmara Cascudo, Dicionário do Folclore) 59.

“Capoeiragem”, de acordo com o Mestre André Lace: ”uma luta dramática” (in Atlas do Esporte no Brasil, 2005, p. 386-388). 59

CAMARA CASCUDO, Luis da. DICIONÁRIO DO FOLCLORE BRASILEIRO. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1972.


“Carioca” - uma briga de rua, portanto capoeiragem (no sentido apresentado por Lacé Lopes) – outra denominação que se deu à capoeira, enquanto luta praticada no Maranhão, no século XIX e ainda conhecida por esse nome por alguns praticantes no início do século XX.60. Para a capoeira, apresentam-se três momentos importantes: finais do século XIX, quando a prática da capoeira é criminalizada; décadas de 30/40, quando ocorre sua liberação; década de 70, quando se torna oficialmente um esporte. CAPOEIRA ANGOLA - a proposta explícita da capoeira Angola é tradicionalista, no sentido de manter, o quanto possível, os “fundamentos” ensinados pelos antigos mestres. Está intimamente ligada a figura de Mestre Pastinha – Vicente Ferreira Pastinha -; aprendeu a capoeira antes da virada do século XIX (nasceu em 1889) com um velho africano. CAPOEIRA REGIONAL - é a partir do final da década de 1920 que Mestre Bimba – Manoel dos Reis Machado – desenvolveu na Bahia a sua famosa capoeira Regional, que, apesar do nome, foi a primeira modalidade de capoeira a ser praticada em todo o Brasil e no exterior. Bimba partiu de uma crítica da capoeira baiana, cujo nível técnico considerava insuficiente, sobretudo se confrontado com outras lutas e artes marciais, que começavam a ser difundidas então no Brasil. CAPOEIRA CONTEMPORÂNEA – o panorama da capoeira no Brasil e no exterior se tornou de tal maneira complexa que é impossível, atualmente, distinguir apenas a capoeira Angola e a Regional, pois surgiram estilos que se pretendem intermediários e que têm sido denominados de “Contemporânea” ou mesmo “Angonal”: - CONTEMPORÂNEA – é a denominação dada por Mestre Camisa a capoeira praticada no Grupo Abadá, com sede no Rio de Janeiro; - ANGONAL – neologismo que representa uma tendência na capoeira atual que funde elementos da Capoeira Angola com a Capoeira regional, criando um estilo intermediário entre essas duas modalidades; é, também, o nome de um grupo, do Rio de Janeiro – Mestre Boca e outros; - ATUAL – denominação que seria usada por Mestre Nô de Salvador, para designar esta terceira via (Vieira e Assunção, 1998). Do Atlas do Esporte no Brasil61: “Origens e Definições A capoeira é hoje um dos esportes nacionais do Brasil, embora sua origem seja controvertida. Há uma tendência dominante entre historiadores e antropólogos de afirmar que a Capoeira surgiu no Brasil, fruto de um processo de aculturação ocorrido entre africanos, indígenas e portugueses. Entretanto, não houve registro de sua presença na África bem como em nenhum outro país onde houve a escravidão africana. Em seu processo histórico surgiram três eixos fundamentais, atualmente denominados de Capoeira Desportiva, Capoeira Regional e Capoeira Angola, os quais se associaram ou se dissociaram ao longo dos tempos, estando hoje amalgamados na prática. Desde o século XVIII sujeita à proibição pública, ao longo do século XIX e até meados do século XX, ela encontrou abrigo em pequenos grupos de praticantes em estados do sudeste e nordeste. Houve distintas manifestações da dança-luta na Bahia, Maranhão, Pará e no Rio de Janeiro, esta última mais utilitária no século XX. Na década de 1970 sua expansão se iniciou em escala nacional e na de 1980, internacional. Embora sejam encontrados diversos significados para o vocábulo “capoeira”, cada qual se referindo a objetos, animais, pessoas ou situações, em termos esportivos, trata-se de um jogo de destreza corporal, com uso de pernas, braços e cabeça, praticado em duplas, baseado em ataques, esquivas e insinuações, ao som de cânticos e instrumentos musicais (berimbau, atabaque, 60

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio Vaz. A CARIOCA. in BOLETIM DO IHGM, no. 31, novembro de 2009, edição eletrônica em CDR (pré-print). VAZ, Leopoldo Gil Dulcio Vaz. A Guarda Negra. Palestra proferida no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão em agosto de 2009, publicado no BOLETIM DO IHGM, no. 31, novembro de 2009, edição eletrônica em CD-R (pré-print). 61 DaCOSTA, 2006, , obra citada. p. 1.44-1.45. Disponível em www.atlasesportebrasil.org.br


pandeiro, agogô e reco-reco). Enfocada em suas origens como uma dança-luta, acabou gerando desdobramentos e possibilidades de emprego como: ginástica, dança, esporte, arte, arte marcial, folclore, recreação e teatro, caracterizando-se, de modo geral, como uma atividade lúdica.” (Sergio Luiz De Souza Vieira In DaCOSTA, Lamartine (Org.). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio De Janeiro: CONFEF, 2006, p. 1.44-1.45)

Na pesquisa realizada pelo IPHAN, ela é definida como: “[...] um fenômeno urbano surgido provavelmente nas grandes cidades escravistas litorâneas, que foi desenvolvido entre africanos escravizados ligados às atividades “de ganho” da zona portuária ou comercial. A maioria dos capoeiras dessa época trabalhava como carregador e estivador, atividades muito ligadas à região dos portos, e muitos realizavam trabalho braçal. 62

Seguindo a justificativa do IPHAN, a partir de 1890, quando a capoeira foi criminalizada, através do artigo 402 do Código Penal, como atividade proibida (com pena que poderia levar de dois a seis meses de reclusão), a repressão policial abateu-se duramente sobre seus praticantes. Os capoeiristas eram considerados por muitos como “mendigos ou vagabundos”. Outras práticas afro-brasileiras, como o samba e os candomblés, foram igualmente perseguidas. 37. Mais adiante, durante a República Velha, a capoeiragem era uma manifestação de rua, afrodescendente, e muitos dos seus praticantes tinham ligações com o candomblé, o samba e os batuques. A iniciação dos capoeiras nessas atividades acontecia provavelmente na própria família, no ambiente de trabalho e também nas festas populares. Ainda sobre o universo das ruas, estudiosos revelam que o cancioneiro da capoeira se enriqueceu dos cantos de trabalho, e que o trabalhador de rua, em momentos lúdicos ou de conflitos, também se utilizava dos golpes e movimentos da capoeira. 37 Consideram que já na década de 1920, com o apoio fundamental de intelectuais modernistas que procuraram reconstituir as bases ideológicas da nacionalidade, as práticas afro-brasileiras começaram a ser discutidas, e passaram a constituir um referencial cultural do país. Ao final dos anos 30 a capoeira foi descriminalizada e passou de um extremo a outro, a ponto de ser defendida por historiadores e estudiosos como esporte nacional, considerada a verdadeira ginástica brasileira. A manifestação já foi apontada como esporte, luta e folguedo, e era praticada por diferentes grupos sociais, principalmente a partir do século XX. 37. Assim, em 1937 “[...] a capoeira começou ser treinada como uma prática esportiva, e não apenas como uma “vadiação” de rua. Neste mesmo ano Mestre Bimba criou o Centro de Cultura Física e Capoeira Regional da Bahia. “A capoeira regional nasceu como forma de transformar a imagem do capoeira vadio e desordeiro em um desportista saudável e disciplinado. Ele criou estatutos e manuais de técnicas de aprendizagem, descreveu os golpes, toques, cantos, indumentárias especiais, batizados e formaturas. “Em seguida, Mestre Pastinha fundou o Centro Esportivo de Capoeira Angola , em 1941, e assim este estilo passou a ser ensinado através de métodos próprios. “A ideia da capoeira como arte marcial brasileira criou polêmica, pois era defendida por uns e criticada por outros, principalmente pelos angolanos, que afirmavam a ancestralidade africana do jogo.” 63. 62

IPHAN, Assessoria de Imprensa do Iphan. A capoeira na história. in REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL, Ed. de Julho de 2008, disponível em http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1871 63 VAZ, 2009, , obra citada.. VAZ, 2009, , obra citada.


Na linha do tempo estabelecida pelos estudos do IPHAN, uma grande leva de capoeiristas chegou ao Rio por volta de 1950 oriundos da Bahia [a diáspora da capoeira baiana, no entender de Lacé Lopes]. O mais importante deles foi Mestre Arthur Emídio, que trouxe um estilo de capoeira diferente, de movimentação veloz e marcialmente eficaz, mas que mantinha orquestração musical. Ainda na década de 50 a capoeira passou a ser retratada e divulgada por artistas como Jorge Amado64, Carybé65 e Pierre Verger66, entre outros. Nos anos seguintes, entre 60 e 70, ganhou espaço também nas produções artísticas do Cinema Novo, Tropicália e Bossa Nova. 37 Para os estudos do IPHAN, foi a partir de 1970 a capoeira se expandiu em larga escala pelo Brasil. A angola deve sua recuperação, em grande parte, à atuação de Mestre Moraes, aluno de Pastinha, a partir de 1980, com a fundação do Grupo Capoeira Angola Pelourinho, que fortaleceu sua prática na Bahia e a disseminou pelo centro-sul do país e no exterior. 37 Em 1975 o esporte chegou à Nova York, e em 1990, Mestre João Grande inaugurou a primeira escola de capoeira angola dos EUA: Capoeira Angola Center. 37 “Apesar do fluxo de capoeiristas para a Europa e EUA ter-se iniciado a partir de 1970, a princípio para a realização de shows, e em seguida para a formação de novos grupos nesses locais, foi a partir dos anos 1990 que o movimento da capoeira se intensificou, alcançando hoje o status de prática cultural realmente globalizada [...]” 37.

Atualmente a capoeira está presente em mais de 170 países, atraindo praticantes e estudiosos dos cinco continentes do planeta. Sua globalização, feita sem incentivo governamental, ocorreu devido às viagens dos capoeiristas, considerados por muitas autoridades e adeptos como “embaixadores informais” da cultura brasileira37. Concordamos com o grupo que elaborou o projeto para o IPHAN, quando afirma que esta expansão significa a possibilidade de congregar povos e propiciar o diálogo intercultural. 37 Outra questão é: quando surgiu? No entender de muitos capoeiristas, quando o primeiro escravo angolano pisou a Terra de Santa Cruz (hoje, Brasil), já o teria feito no passo da ginga e no ritmo de São Bento Grande: “numa noite escura qualquer, o primeiro negro escapou da senzala, fugiu do engenho, livrou-se da servidão, ganhou a liberdade... escapou o segundo e o terceiro, na tentativa de segui-lo, fracassou. Recapturado, recebeu o castigo dos negros (...) as perseguições não tardaram e o sertão se encheu de capitães-do-mato em busca dos escravos foragidos. Sem armas e sem munições, os negros voltaram a ser guerreiros utilizando aquele esporte nascido nas noites sujas das senzalas, e o esporte que era disfarçado em dança se transformou em luta, a luta dos homens 64

Jorge Leal Amado de Faria (Itabuna, 10 de agosto de 1912 — Salvador, 6 de agosto de 2001) foi um dos mais famosos e traduzidos escritores brasileiros de todos os tempos. Ele é o autor mais adaptado da televisão brasileira, verdadeiros sucessos como Tieta do Agreste, Gabriela, Cravo e Canela e Teresa Batista Cansada de Guerra são criações suas, além de Dona Flor e Seus Dois Maridos e Tenda dos Milagres.2 A obra literária de Jorge Amado conheceu inúmeras adaptações para cinema, teatro e televisão, além de ter sido tema de escolas de samba por todo o Brasil. Seus livros foram traduzidos em 55 países, em 49 idiomas,3 existindo também exemplares em braille e em fitas gravadas para cegos. Amado foi superado, em número de vendas, apenas por Paulo Coelho mas, em seu estilo - o romance ficcional -, não há paralelo no Brasil. Em 1994 viu sua obra ser reconhecida com o Prêmio Camões. http://pt.wikipedia.org/wiki/Jorge_Amado 65 Carybé, nome artístico de Hector Julio Páride Bernabó (Lanús, 7 de fevereiro de 1911 — Salvador, 2 de outubro de 1997), foi um pintor, gravador, desenhista, ilustrador, ceramista, escultor, muralista, pesquisador, historiador e jornalista argentino, brasileiro naturalizado e residente no Brasil desde 1949 até sua morte. http://pt.wikipedia.org/wiki/Caryb%C3%A9 66 Pierre Edouard Leopold Verger (Paris, 4 de novembro de 1902 — Salvador, 11 de fevereiro de 1996) foi um fotógrafo e etnólogo autodidata franco-brasileiro. Assumiu o nome religioso Fatumbi. Era também babalawo (sacerdote Yoruba) que dedicou a maior parte de sua vida ao estudo da diáspora africana - o comércio de escravo, as religiões afro-derivadas do novo mundo, e os fluxos culturais e econômicos resultando de e para a África. Após a idade de 30 anos, depois de perder a família, Pierre Verger exerceu a carreira de fotógrafo jornalístico. A fotografia em preto e branco era sua especialidade. Usava uma máquina Rolleiflex que hoje se encontra na Fundação Pierre Verger. Durante os quinze anos seguintes, ele viajou os quatro continentes e documentou muitas civilizações que logo seriam apagadas através do progresso. Na cidade de Salvador, apaixonouse pelo lugar e pelas pessoas, e decidiu por bem ficar. Tendo se interessado pela história e cultura local, ele virou de fotógrafo errante a investigador da diáspora africana nas Américas. Em 1949, em Ouidah, teve acesso a um importante testemunho sobre o tráfico clandestino de escravos para a Bahia: as cartas comerciais de José Francisco do Santos, escritas no século XIX. http://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_Verger.


da capoeira. ’A capoeira assim foi criada’. (Jornal da Capoeira, n. 1, 1996)”. (Vieira e Assunção, 1998, p. 83) 67.

Durante as invasões holandesas - SÉCULO XVII, 1640 - surgem as expressões: ‘negros das capoeiras’, ‘negros capoeiras’, e ‘capoeiras’. (MARINHO, 1982; VIEIRA, 2004, 2005) 68. Com o advento das invasões holandesas, na Bahia e em Pernambuco, principalmente a partir de 1640, houve uma desorganização generalizada no litoral brasileiro, permitindo que muitos escravos fugissem para o interior do país, estabelecendo-se em centenas de quilombos, tendo como consequência o contato ora amistoso, ora hostil, entre africanos e indígenas. Cabe ressaltar, que nunca houve nenhum registro da Capoeira em qualquer quilombo. (Vieira, 2005) 69 . Tende-se a acreditar que o vocábulo, de origem indígena Tupi, tenha servido para designar negros quilombolas como “negros das capoeiras”, posteriormente, como “negros capoeiras” e finalmente apenas como “capoeiras”. Sendo assim, aquilo que antes etimologicamente designava “mato” passou a designar “pessoas” e as atividades destas pessoas, “capoeiragem”. (VIEIRA, 2005) 70. Segundo Coelho (1997, p. 5) 71 o termo capoeira é registrado pela primeira vez com a significação de origem linguística portuguesa (1712), não se visualizando qualquer relação com o léxico tupi-guarani. Em 1757 é encontrada primeira associação da palavra capoeira enquanto gaiola grande, significando prisão para guardar malfeitores. (OLIVEIRA, 1971, citado por ARAÚJO, 1997, p. 5)72. Encontrei em Marcos Carneiro de Mendonça73, em seu festejado “A Amazônia na era Pombalina”, carta de Mendonça Furtado74 a seu irmão, o Marques de Pombal – datada de 13 de junho de 1757 -, dando conta da desordem acontecida no Arraial do Rio Negro, com as tropas mandadas àquelas paragens, quando da demarcação das fronteiras entre as coroas portuguesa e espanhola. Afirma que os dois regimentos que foi servido mandar para guarnição eram compostos daquela vilíssima canalha que se costuma mandar para a Índia e para as outras conquistas, por castigo. A maior parte das gentes que para cá era mandada eram ladrões de profissão, assassinos e outros malfeitores semelhantes, que principiavam logo por a terra em perturbação grande: “[...] que estava uma capoeira cheia desta gente para mandarem para cá [...] sem embargo de tudo, se introduziram na Trafalha, soltando-se só do regimento de Setúbal, nos. 72 ou 73 soldados, conforme nos diz o Tenente-Coronel Luis José Soares Serrão, suprindo-se aquelas peças com estes malfeitores [...] rogo a V. Exa. queira representar a Sua Majestade que, se for servido mandar algumas reclutas (sic), sejam daqueles mesmos homens que Sua majestade, ordenou já que viesse nestes regimentos, e que as tais capoeiras de malfeitores se distribuam por outras partes e não por este Estado que se está criando [Capitania do Rio Negro] [...]” (p. 300).(grifos do texto).

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VIEIRA, Luiz Renato; ASSUNÇÃO, Mathias Röhring. Mitos, controvérsias e fatos: construindo a história da capoeira. In ESTUDOS AFRO-ASIÁTICOS, 34, dezembro de 1998, p. 82-118 68 MARINHO, 1982, obra citada VIEIRA, Sérgio Luis de Sousa. CAPOEIRA – ORIGEM E HISTÓRIA. Da Capoeira: Como Patrimônio Cultural. PUC/SP – Tese de Doutorado – 2004. disponível em http://www.capoeira-fica.org/. VIEIRA, 2005, obra citad p. 39-40. 69 VIEIRA, 2005, obra citada p. 39-40. 70 VIEIRA, 2005, obra citada p. 39-40. 71 ARAÚJO, 1997, obra citada. 72 ARAÚJO, 1997, obra citada 73 MENDONÇA, Marcos Carneiro de. A AMAZONIA NA ERA POMBALINA. Tomo III. Brasilia: Senado Federal, 2005, volume 49-C. 74 Francisco Xavier de Mendonça Furtado (1700 — 1769) foi um administrador colonial português. Irmão do Marquês de Pombal e de Paulo António de Carvalho e Mendonça. Foi governador geral do Estado do Grão-Pará e Maranhão de 1751 a 1759 e secretário de Estado da Marinha e do Ultramar entre 1760 e 1769. http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Xavier_de_Mendon%C3%A7a_Furtado


Para Vieira (2004)75: “[...] data a Capoeiragem, de 1770, quando para cá andou o Vice-Rei Marques do Lavradio. Dizem eles também que o primeiro capoeira foi um tenente chamado João Moreira, homem rixento, motivo porque o povo lhe apelidou de ‘amotinado’.”

Mestre Indio Maranhão Graduado por mestre Diniz em 07 de setembro de 1996 na presença do irmão de capoeira o Mestre Patinho - ambos treinaram juntos na adolescência. http://saojorgerj.blogspot.com.br/2008/07/mestre-indio-maranho-vai-espanha.html

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VIEIRA, 2004, obra citada. Disponível em http://www.capoeira-fica.org/ .


CAPOEIRAS PRIMITIVAS76 Muito se discute sobre as origens da capoeira, com as perspectivas do debate atreladas aos diversos discursos que vestem sua imagem moderna, a esportiva: “Parte-se de ideias construídas, e não de práticas sociais espontâneas. Assim, a capoeira carioca está historicamente imbricada às maltas de capoeiras da cidade e à “filosofia da malandragem carioca” dos anos 1800. A baiana, por sua vez, está ligada à cultura negra baiana e especificamente ao candomblé. No Recife, ela se manifesta nas gangues de rua Brabos e Valentões. (CAVALCANTI, 2008) 77

Esse autor considera que para a análise da essência da capoeira, tem-se que voltar no tempo e considerar o contexto da realidade sociocultural de espaços com registros identitários e territoriais dela, destacando-se dois loci: Rio de Janeiro e Recife. Estes dois centros urbanos eram, no século XIX, os maiores pontos de comunicação com o resto do mundo, onde mais circulava gente, ideias, comércio. As zonas portuárias permitiam a troca de ideias entre nichos socioculturais semelhantes. A capoeira do século XIX, no Rio, com as maltas de capoeira78, e em Recife, com as gangues de rua dos Brabos e Valentões, foram movimentos muito semelhantes aos das gangues de savate (boxe francês)79 em Paris e das maltas de fadistas80 de Lisboa do século XIX. Chama atenção é que os gestuais dessas lutas também são parecidos, ou seja, os golpes usados na aguerrida comunicação gestual eram análogos: Por outro lado, as perspectivas identitárias e territoriais próprias dão a cada movimento sua sócio-fronteira, com espaços personalizados dos atores em seus próprios contextos sócioculturais. A capoeira marca sua presença em grupos de sócio-fronteiras a partir de meados do século XIX, no Rio de Janeiro com as maltas e no Recife com as gangues. Nessas cidades, os grupos disputavam os espaços demarcados identitariamente e tinham suas próprias manifestações rítmicas. (CAVALCANTI, 2008) 81

Fregolão (2008) 82 considera que toda a pluralidade cultural imbricada na constituição destes elementos pode significar manifestações culturais diferentes, conforme a região em que ocorrem. 76

http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2013/11/20/cronica-da-capeoiragem-capoeiras-primitivas/ Gil Cavalcanti, o Mestre Gil Velho, geógrafo, é coordenador do PROJETO MEMORIAL DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA, do Programa Capoeira Viva, do Ministério da Cultura, 2008 78 As Maltas eram grupos de capoeiras do Rio de Janeiro que tiveram seu auge na segunda metade do século XIX. Compostas principamente de negros e mulatos (os brancos também se faziam presentes), as maltas aterrorizavam a sociedade carioca. Houve várias maltas: Carpinteiros de São José, Conceição da Marinha, Glória, Lapa, Moura entre outras. No período da Proclamação da República havia duas grandes maltas, os Nagoas e os Guaiamús. http://pt.wikipedia.org/wiki/Malta_(capoeira) 79 O Savate ou boxe francês, é um desporto de combate, desenvolvido na França na qual os pés e as mãos são utilizados para percutir os adversários e combina elementos de boxe com técnicas de pontapé. Um praticante de savate é chamado savateur e uma praticante de savate é chamada savateuse. http://pt.wikipedia.org/wiki/Savate VER: VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. “Chronica da Capoeira (gem): O “Chausson/Savate” influenciou a Capoeira?”.in PAPOÉTICO 29 de setembro de 2011, debate ocorrido no Sebo do Chiquinho, promovido pelo jornalista Paulo Melo. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CHRÔNICA DA CAPOEIRA (GEM) – “UMA RAIZ DA CAPOEIRA É A RINGA-MORINGUE MALGACHE?”. REVISTA IHGM 33 – março 2010, p. 22 80 SOARES, Carlos Eugenio Líbano. Dos fadistas e galegos: os portugueses Na capoeira. In ANÁLISE SOCIAL, vol. xxxi (142), 1997 (3.º), 685-713 disponível em http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1221841940O8hRJ0ah8Vq04UO7.pdf 81 CAVALCANTI, Gil. DO LENÇO DE SEDA À CALÇA DE GINÁSTICA. Ter, 17 de Junho de 2008 16:44 Gil Cavalcanti (Mestre Gil Velho), disponível em http://portalcapoeira.com/Publicacoes-e-Artigos/do-lenco-de-seda-a-calca-de-ginastica 82 FREGOLÃO, Mário Sérgio. A CAPOEIRA NA HISTÓRIA LOCAL: DA VELHA DESTERRO À FLORIANÓPOLIS DE NOSSOS DIAS. Florianópolis, julho 2008. Nota enviada por Javier Rubiera para Sala de Pesquisa - Internacional FICA el 8/18/2009, disponível em http://www.capoeiraunb.com/textos/FREGOLAO,%20MS%20%20A%20capoeira%20na%20historia%20local.pdf 77


Fonte: Javier Rubiera para Sala de Pesquisa - Internacional FICA

Mestre André Lacé83, a esse respeito, lembra que a capoeira tradicional, na Bahia e pelo Brasil afora, tinham a mesma convivência com o batuque. Além do mais há registros autorizados jurando que a Regional nasceu da fusão da Angola com os melhores golpes das lutas europeias e asiáticas84.

Fonte: http://saladepesquisacapoeira.blogspot.com/2009/01/grabado-de-capoeira-siglo-xix.html Fuente foto Silat: Martial arts of the world: an encyclopedia, Volume 2 Escrito por Thomas A. Green. 83 LACÉ LOPES, 2004, obra citada. LACÉ LOPES, 2004, obra citada.. LACÉ LOPES, 2005, obra citada. LACÉ LOPES, 2005, obra citada. LACÉ LOPES, 2007, obra citada. LACÉ LOPES, André Luiz. CAPOEIRAGEM. Palestras e entrevistas de André Lacé Lopes, edição eletrônica em CD-R. Rio de Janeiro, 2006. 84 LACÉ LOPES, André. Correspondência eletrônica enviada em 20 de agosto de 2009 a Leopoldo Gil Dulcio Vaz.


O batuque, também chamado de pernada, é mesmo, essencialmente, uma divisão dos antigos africanos, com especialidade dos procedentes de Angola. Onde há capoeira, brinquedo e luta de Angola, há batuque, que parece uma forma subsidiária da capoeira85. Para Lacé Lopes (2006) 86, a origem africana, entretanto, é evidente e incontestável. Comprovada não apenas pelo perfil étnico predominante dos capoeiras brasileiros do passado, mas, sobretudo, pela existência na África, há séculos, de práticas similares. O Moringue no Oceano Índico – Ilha de Reunião, Madagascar, Moçambique etc.87 – sem dúvida, é um bom exemplo.

1820-BAHÍA-Jogo da Capoeira semejante al Moringue malgache, 1834-RUGENDAS -dibuja la Capoeira ó Moringue ?, 1940ANTROPÓLOGO Herskovits Compara la Capoeira con Moringue disponível em http://saladepesquisacapoeira.blogspot.com/2009/08/1733-carolina-del-sur-boxeador-y.html

O mesmo raciocínio pode ser ajustado ao berimbau africano, instrumento musical que, no Brasil, acabou fortemente associado ao jogo da capoeira. Cada vez menos, mestres de capoeira e pesquisadores tendem a divergir quanto a esses aspectos. Da mesma forma que está surgindo um consenso sobre a utilização do nome “capoeira” para rotular o ensino e a prática do jogo com acompanhamento musical (cantoria e ritmo: berimbau, pandeiro, caxixi, reco-reco, agogô, atabaque), e a utilização do nome “capoeiragem” para a prática da capoeira como uma espécie de briga abrasileirada de rua, em desuso, na qual, no máximo, batiam-se palmas e cantavam-se versos curtos (samba duro, pernada carioca etc.). Já em Portugal encontrou-se o chamado fado batido, que surgiu no início do século XIX como dança de umbigadas semelhante ao lundu. Popularizou-se primeiro no Rio de Janeiro e depois na Bahia. Na década de 1830, já existiam em Lisboa inúmeras casas de fado, onde moravam as fadistas, jovens que cantavam, tocavam e "batiam" o fado num ambiente de bordel. 85

CARNEIRO, Edison. FOLGUEDOS TRADICIONAIS. 2 ed. Rio de Janeiro: FUNARTE; 1982., 1982 (p. 109), nota enviada por Javier Rubiera para Sala de Pesquisa - Internacional FICA el 8/18/2009 LACÉ LOPES, André. Capoeiragem. In DACOSTA, Lamartine (ORG.). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de Janeiro: CONFEF, 2006, p. 10.2-10.4, disponível em http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/69.pdf 87 VAZ, 2010, obra citada, p. 22 86


Por volta de 1840, o canto ganhou especial importância, o que parece haver coincidido com a substituição da viola pelo violão88.

1810-RIO -danzas de africanos españoles y portugueses, capangas disponível em http://www.cchla.ufpb.br/pergaminho/1907_capitulos_-_capistrano.pdf

José Ramos Tinhorão (2001), no capítulo "Os negros na origem do fado-canção em Lisboa" revela ter havido rodas de fado que funcionavam como as rodas de pernada dos crioulos do Brasil: era o chamado ‘fado batido’, clara referência à antiga umbigada africana e em que um dançarino ‘batia’ (aplicada a pernada) e o outro ‘aparava’ (procurava neutralizar o golpe para não cair).89 Fregolão (2008) 90 informa que na página 61 dos Códigos de Posturas da Câmara Municipal da cidade de Desterro [Florianópolis], de 10 de maio de 1845 no artigo 38 há a proibição dos ajuntamentos de escravos ou libertos para formarem batuques, sob pena de castigos conforme a lei para os cativos e para os libertos multa ou cadeia. O código de posturas da cidade de Salvador proibia "os batuques, danças e ajuntamentos em qualquer hora e lugar sob pena de prisão". A expressão "batuque", repleta de significados, podia representar diversas expressões culturais.

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http://www.casadobacalhaupb.com.br/v2/fado.php, referencia de Javier Rubiera para Sala de Pesquisa - Internacional FICA TINHORÃO, José Ramos. HISTÓRIA SOCIAL DA MUSICA POPULAR BRASILEIRA. Rio de Janeiro: Editpora 34, 2001, disponiverl em http://books.google.es/books?id=8qbjll0LmbwC&printsec=frontcover&source=gbs_v2_summary_r&cad=0#v=onepage&q=&f=f alse 90 FREGOLÃO, 2009, obra citada. Disponível em http://www.capoeiraunb.com/textos/FREGOLAO,%20MS%20%20A%20capoeira%20na%20historia%20local.pdf 89


BATUQUE - Johann Moritz Rugendas (Augsburg, 29 de março de 1808 — Weilheim, 29 de maio de 1858) foi um pintor alemão que viajou por todo Brasil durante 1822-1825 e pintou povos e costumes. Date 1822-1825. Fonte: Javier Rubiera para Sala de Pesquisa - Internacional FICA

Câmara Cascudo registra por "Batuque" a dança com sapateados e palmas, ao som de cantigas acompanhadas só de tambor quando é de negros ou também de viola e pandeiro "quando entra gente mais asseada". Batuque é denominação genérica de toda dança de negros na África. Batuque é o baile, conforme descrição de um naturalista alemão, George Wilhelm Freyreiss91 que faleceu no sul da Bahia, em uma viagem que fez a Minas Gerais em 1814 -1815 em companhia do barão de Eschwege 92. Assistiu e registrou um batuque, e ao descrever a dança, fala da umbigada [punga]: “Os dançadores formam roda e ao compasso de uma guitarra (viola), move-se o dançador no centro, avança, e bate com a barriga na barriga de outro da roda (do outro sexo). No começo o compasso é lento, depois pouco a pouco aumenta e o dançador do centro é substituído cada vez que dá uma umbigada. Assim passam a noite inteira. Não se pode imaginar uma dança mais lasciva do que esta. Razão pela qual tinha muitos inimigos, principalmente os padres.” 93

91 FREYREISS. Georg Wilhelm. VIAGEM AO INTERIOR DO BRASIL. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1982. Ver também http://openlibrary.org/b/OL16308743M/Reisen_in_Brasilien_von_G._Wilhelm_Freyreiss. 92 PRINZ MAXIMILIAN VON WIED (1782-1867) - VOYAGE AU BRÉSIL, DANS LES ANNÉES 1815, 1816, ET 1817 Paris: A. Bertrand, 1821-1822 (http://www.museunacional.ufrj.br/MuseuNacional/Principal/Obras_raras.htm) 93 D´ÁVILA, Nícia Ribas. Fundamentos da Cultura Musical no Brasil e a Folkcomunicação. UNESCOM - Congresso Multidisciplinar de Comunicação para o Desenvolvimento Regional São Bernardo do Campo - SP. Brasil - 9 a 11 de outubro de 2006 - Universidade Metodista de São Paulo, disponível em http://encipecom.metodista.br/mediawiki/images/3/34/GT2-_FOLKCOM-_04-_Fundamentos_da_Cultura_Musical_-_Nicia.pdf Ver também: CÂMARA CASCUDO, Luis da: FOLCLORE DO BRASIL (pesquisas e notas). Rio de Janeiro, São Paulo, Fundo de Cultura, 1967 http://www.historiaecultura.pro.br/modernosdescobrimentos/desc/cascudo/ccrdfolclorenobrasil.htm)


De acordo com D´Ávila (2006) 94, no século XVIII, constituído de instrumentos de percussão (membranofones, idiofones), o Batuque surgiu com esta designação, em conseqüência da homologação entre os atos do “bater”, verificados, tanto na forma primitiva do candomblé - o batucajé na Bahia, dança religiosa de negros (onde os atabaques marcam o ritmo para o contato com as divindades), quanto numa modalidade de capoeira, o famoso batuque-boi ou pernada (ou batuque), luta popular de origem africana muito praticada nos municípios de Cachoeira, Santo Amaro e Salvador, acompanhada de pandeiro, ganzá, berimbau (o único cordofone + idiofone, como exceção), e cantigas. É de procedência banta como a capoeira.

Batuque Muila

Cuanhamas Éfundula batuque homens http://www.nossoskimbos.net/Etnografia/Povos/index.htm

Cuanhamas Éfundula dança nocturna

Segundo João Mina (citado por D´ÁVILA, 2006) 95, grande batuqueiro e capoeirista baiano que se mudou para o Rio de Janeiro: “o Batuque era praticado por negro macumbeiro, bom de santo, bom de garganta e principalmente bom de perna para tirar o outro da roda”. Todos os dias no Morro da Favela (onde nasceu o samba, no Rio) havia Batuque, pernadas, pessoas caídas no chão até que surgisse a polícia. Na chegada dela, o batuque rapidamente virava meio dança lenta, meio ritual. As mulheres dos batuqueiros, para disfarçar, entravam na roda (tal qual a gira dos candomblés) e, num batuque mais lento, mole, com remelexos, trejeitos sensuais e umbigadas (= semba, em Luanda) no sexo oposto, - sendo estas consideradas o ponto culminante da dança -, demonstravam estar se divertindo. Segundo Elias Alexandre da Silva Correia, “o batuque é uma dança indecente que finaliza com umbigadas”. Conforme citação de M. de Araújo (citado por D´ÁVILA, 2006) 96, os fazendeiros que também viam no Batuque uma dança ritual da procriação, “fingiam que não viam, pois tinham grande interesse em aumentar o número de escravos”. Assim nasceu o samba-de-roda na Bahia. Mistura de um batuque com as mulheres das rodas dos candomblés, com outro batuque representado pelos homens das capoeiras. É em virtude desta fusão que, ainda nos dias atuais, verificamos ser o samba-de-roda a única modalidade de samba em que a presença do berimbau se faz notar e é tocado, tradicionalmente, quando há mulheres presentes na roda. Quando a polícia se retirava, recomeçava o batuque bravo quando caprichavam na capoeiragem, com pernadas violentas, soltando “baús”, “dourado”, “encruzilhada”, “rabo-de-arraia”, que tiravam os conflitantes da roda. Corte difícil de defender para um batuqueiro era o da “tiririca” com o seguinte canto puxado pelo mestre: “tiririca é faca de cortar / quem não pode não intima /deixa quem pode intimá”. Um pé ficava no chão e o outro com violência, no pé do ouvido do adversário. Em consequência da tiririca = faca, surgiu no samba-de-roda o raspado de prato e “faca”, do modo dos reco-recos raspados nas batucadas (D´ÁVILA, 2006) 97.

94

D´ÁVILA, 2006, obra citada. disponível em http://encipecom.metodista.br/mediawiki/images/3/34/GT2-_FOLKCOM-_04_Fundamentos_da_Cultura_Musical_-_Nicia.pdf 95 D´ÁVILA, obra citada 96 D´ÁVILA, obra citada 97 D´ÁVILA, obra citada


Edison Carneiro98 ao fazer uma espécie de etimologia do batuque, cita que Macedo Soares considerava a palavra produto do verbo bater, mas cita também: “Esta palavra, na sua acepção mais lata no Brasil, aplica-se ao conjunto de sons produzidos por instrumentos de percussão, em especial se considerados desarmônicos ou ensurdecedores. Também em sentido lato, a toda e qualquer dança ao som de atabaques dá-se, depreciativamente, o nome de batuque. Especificamente, batuque designa um jogo de destreza da Bahia, uma dança de umbigada de São Paulo – que se filia ao batuque africano – e dois tipos de cultos de origem africana correntes na região amazônica e do Rio Grande do Sul.”

José Ramos Tinhorão (1988) 99 aponta para o problema do uso genérico do termo batuque: Na verdade, tal como o exame mais atento das raras informações sobre essas ruidosas reuniões de africanos e seus descendentes crioulos deixa antever, o que os portugueses chamaram sempre genericamente de batuques não configurava um baile ou um folguedo, em si, mas uma diversidade de práticas religiosas, danças rituais e formas de lazer. Com o nome de "batuque" ou "batuque-boi" há uma luta popular, de origem africana, muita praticada nos municípios de Cachoeira e Santo Amaro e capital da Bahia, uma modalidade de capoeira. A tradição indica o batuque-boi como de procedência banto, tal e qual a capoeira, cujo nome tupi batiza o jogo atlético de Angola.

Encontramos em Angola um estilo musical popular - O Semba100 -, que significa ‘umbigada’ em quimbundo - língua de Angola. Foi também chamado ‘batuque’, ‘dança de roda’, ‘lundu’, ‘chula’, ‘maxixe’, ‘batucada’ e ‘partido alto’, entre outros, muitos deles convivendo simultaneamente! O cantor Carlos Burity defende que a estrutura mais antiga do semba situa-se na ‘massemba’ (umbigada), uma dança angolana do interior caracterizada por movimentos que implicam o encontro do corpo do homem com o da mulher: o cavalheiro segura a senhora pela cintura e puxa-a para si provocando um choque entre os dois (semba). Jomo explica que o semba (gênero musical), atual é resultado de um processo complexo de fusão e transposição, sobretudo da guitarra, de segmentos rítmicos diversos, assente fundamentalmente na percussão, o elemento base das culturas africanas.

98

CARNEIRO, Edison, DINÂMICA DO FOLCLORE, Rio de Janeiro: O Autor, 1950. Citado por FREGOLÃO, 2008, obra citada.. 99 TINHORÃO, José Ramos. OS SONS DOS NEGROS NO BRASIL: CANTOS, DANÇAS, FOLGUEDOS: ORIGENS. São Paulo: Art Editora, 1988. 100 http://forum.angolaxyami.com/musica-de-angola-e-do-mundo/71-historia-do-semba.html. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Semba


El Juego "Sisemba"- Islas Célebes - Its formal name is SISEMBA but it is occasionally called SEMBA. Fonte: http://www.ethnographiques.org/2008/IMG/pdf/arKoubi.pdf por Javier Rubiera para Sala de Prensa Internacional

É descrita por Edson Carneiro (Negros Bantos): a luta mobilizava um par de jogadores, de cada vez; dado o sinal, uniam as pernas firmemente, tendo o cuidado de resguardar o membro viril e os testículos. Dos golpes, cita o encruzilhada, em que o lutador golpeava coxa contra coxa, seguindo o golpe com uma raspa, e ainda o baú, quando as duas coxas do atacante devam um forte solavanco nas do adversário, bem de frente. Todo o esforço dos lutadores era concentrado em ficar de pé, sem cair. Se, perdendo o equilíbrio, o lutador tombasse, teria perdido a luta. Por isso mesmo, era comum ficarem os batuqueiros em banda solta, equilibrando-se em uma única perna, e outra no ar, tentando voltar à posição primitiva.

Augustus Earle “Negroes fighting. Brazils” (Nègres combattant. Brésils) aquarelle sur papier, 16.5x25.1 cm, date approximative 1821...1823

Catunda (1952) 101 ressalta que na capoeira baiana [...] Não é como a capoeira carioca, na qual um dos comparsas se mantém imóvel, em atitude de defesa, enquanto só o outro ataca, dançando em volta do inimigo, assestando-lhe golpe sobre golpe. Em comentário de pé-depágina consta o seguinte:

101

CATUNDA, Eunice, Capoeira no Terreiro de Mestre Waldemar, Fundamentos— REVISTA DE CULTURA MODERNA, nº30, São Paulo, 1952, pp. 16–18.


“A descrição da capoeira do Rio relembra a do batuque ou da pernada carioca por Edison Carneiro 1950 102, [...] Edison Carneiro descreveu a capoeira bahiana em Negros Bantus em 1938”.

Câmara Cascudo103 informa que assistiu a uma pernada executada por marinheiros mercantes, no ano de 1954, em Copacabana, Rio de Janeiro. Diziam os marinheiros, que era carioca ou baiana. É uma simplificação da capoeira. Zé da Ilha seria o "rei da pernada carioca"; é o bate-coxa das Alagoas. Em “Dinâmica do Folklore” (1950) Edson Carneiro104 afirma que o batuque ou pernada, bem conhecido na Bahia e Rio de Janeiro, não passa de uma forma complementar da capoeira. Informa, ainda, que na Bahia, somente em arraiais do Recôncavo se batuca, embora o bom capoeira também saiba largar a perna. No Rio de Janeiro já se dá o contrário - a preferência é pela pernada, que na verdade passou a ser o meio de defesa e ataque da gente do povo. Já Corte Real (2006) 105 referindo-se ao batuque afirma que o mesmo foi uma prática competitiva presente nas festas de largo da Bahia. Como a capoeira, teria sido perseguido pela repressão policial decorrente do código penal de 1890. Vieira (1995, p.135) informa mais detalhadamente que:

“São raras e geralmente muito vagas as referências a essa instituição na literatura especializada nas tradições nordestinas. Segundo Édison Carneiro (1812: 111- 112), trata-se de um jogo praticado ao som de berimbaus e outros instrumentos, em que o objetivo é derrubar o adversário com o uso de golpes de perna, como rasteiras e joelhadas. Formado um círculo, um dos participantes entra na “roda” e dirige o desafio a outro jogador, enquanto o grupo acompanha o ritmo dos instrumentos com palmas e cânticos. Édison Carneiro afirma, ainda, que o batuque teria sido incorporado à capoeira, inexistindo atualmente como tradição isolada.”

Apesar da referência às fontes esparsas, Reis (1997) 106 informa que:

O batuque baiano, segundo Câmara Cascudo (1988), era uma modalidade da capoeira. O acompanhamento musical assemelhava-se ao dela, com utilização de pandeiros, berimbaus e ganzás, além do que entoavam-se cantigas. A luta envolvia dois jogadores por vezes, os quais deveriam unir as pernas com firmeza e aplicar rasteiras um no outro. O principal era evitar cair e “por isso mesmo era comum ficarem os batuqueiros de banda solta, isto é, equIlibrado numa única perna, a outra no ar, tentando voltar à posição primitiva (...).”(p.129 – nota de número 12)

O batuque na Bahia se chama batuque, batuque-boi, banda, e raramente pernada - nome que assumiu no Rio de Janeiro... Ficaram famosos como mestres na arte do batuque, Angolinha, Fulo, Labatut, Bexiga Braba, Marcelino Moura... Grande batuqueiro da época foi Tibúrcio José de Santana (década de 50, em Jaguaripe) quando, em entrevista, confirmou o nome de batuqueiros famosos com os quais conviveu e lutou: Lúcio Grande (Nazaré das Farinhas), Pedro Gustavo de Brito, Gregório Tapera, Francisco 102

CARNEIRO, 1950, obra citada. CAMARA CASCUDO, 1972, obra citada. 104 http://www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticia=629 105 CORTE REAL, Márcio Penna. AS MUSICALIDADES DAS RODAS DE CAPOEIRA(S): DIÁLOGOS INTERCULTURAIS, CAMPO E ATUAÇÃO DE EDUCADORES. Tese de Doutorado, apresentada ao Programa de PósGraduação em Educação, Centro de Ciências da Educação, Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Educação. Orientador: Prof. Dr. Reinaldo Matias Fleuri. In [Conexões da Capoeira Regional] batuque, mensagem eletrônica enviada por Javier Rubiera (capoeira.espanha@gmail.com em sábado, 7 de novembro de 2009 16:50:26 Para: leopoldovaz@elo.com.br 106 REIS, Letícia Vidor. O MUNDO DE PERNAS PARA O AR: A CAPOEIRA NO BRASIL. São Paulo: Publisher, 1997. 103


Chiquetada, Luís Cândido Machado (pai de Bimba), Zeca de Sinhá Purcina, Manoel Afonso (de Aratuípe), Mansú Pereira, Pedro Fortunato, Militão, Antônio Miliano, Eusébio de Tapiquará (escravo da família Abdom em Jaguaripe)107. Segundo Édison Carneiro: “[...] a competição mobilizava um par de jogadores de cada vez. Havia golpes como a encruzilhada em que o atacante atirava as duas pernas contra as pernas do adversário, a coxa lisa, em que o jogador golpeava coxa contra coxa, acrescentando ao golpe uma raspa, o baú, quando as coxas do atacante davam um forte solavanco nas do adversário, bem de frente.” (citado por D´ÁVILA, 2006)9

Do vocábulo “batuque-boi”, registra: espécie de Pernada. Bahia. A orquestra das rodas de batuque era a mesma das rodas de capoeira - pandeiro, ganzá, berimbau. Pavão (2004) 108 citando Hiram Araújo (2000) apresenta o cenário das chamadas rodas de batuque, populares entre as classes pobres do Rio de Janeiro: “De repente, era uma navalha que brilhava a luz dos lampiões e um batuqueiro que caía ensanguentado, enquanto o coro abafava os gemidos da vítima cantando: ‘pau rolou... caiu! Lá nas matas ninguém viu... ’ (pg.148)”.

Continuando, as rodas de batucada, é divertimento associado à violência. Para Sandroni esta prática: “[...] um jogo de destreza corporal, variante da capoeira, que foi popular no Rio de Janeiro. Pode ser considerada também como uma variante do samba de umbigada definido por Carneiro, pois consistia numa roda, como os usuais cantos responsoriais e palmas dos participantes, onde a umbigada era substituída pela pernada, golpe com a perna visando derrubar o parceiro, o qual, se conseguisse se manter de pé, ganhava o direito de aplicar a próxima pernada no parceiro que escolhesse. A batucada se diferencia dos outros sambas de umbigada por sua componente violenta (2001:103”).

Mais adiante, esses confrontos aparecem, por exemplo, quando analisamos as famosas rodas de batuqueiro, como Candeia Filho (1978) nos mostra: ”O samba duro é um tipo de samba partido alto. Caracteriza-se pela violência em suas apresentações. Formavam-se círculos com o ritmo marcado pela palma da mão. O mais importante não era o samba de partido alto cantado, mas sim, a ginga do malandro, a rasteira ou pernada surgida da brincadeira. O samba duro também chamado de roda de “batuqueiros” existia na Balança (Praça Onze), nas festas da Penha (1978:57)”.

Nas “rodas de batuqueiro”, assim como nas demais manifestações da Praça Onze, o “desafio” se fazia presente como forma de disputa entre amigos, muitas vezes através da violência. O confronto revelava atributos destacados da personalidade, propiciando a valorização de aspectos como valentia, coragem, força e outros valores.

107

D´ÁVILA, 2006, obra citada. disponível em http://encipecom.metodista.br/mediawiki/images/3/34/GT2-_FOLKCOM-_04_Fundamentos_da_Cultura_Musical_-_Nicia.pdf 108 PAVÃO, Fábio Oliveira. ENTRE O BATUQUE E A NAVALHA. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas ,Curso de Pós-Graduação em Sociologia Urbana, Junho de 2004, disponível em http://209.85.229.132/search?q=cache:ffz_I2-8ARUJ:www.academiadosamba.com.br/monografias/fabiopavao1.pdf+competi%C3%A7oes+de+batuque&cd=12&hl=es&ct=clnk


Ari Araújo, por sua vez, apresentou um pouco do que acontecia nas antigas disputas entre batuqueiros: “O ponto de honra era não cair. Era tornar-se conhecido como perna santa, ou seja, aquele a quem ninguém consegue derrubar venha como vier: de banda de frente, banda jogada, banda de lado, etc.” (1978:27).

Em conferência intitulada “Batuque, samba e macumba” Cecília Meireles assim se manifesta: “Do batuque derivou-se a roda de 'capoeiragem' que vem a ser uma espécie de 'jiujítsu', de efeitos muito mais extraordinários, na opinião dos entendidos”.109 O batuque é a essência da cultura 110. Esta é a definição de batuque que consta de uma placa comemorativa exposta no Parque Memorial Quilombo dos Palmares: “Os sons dos tambores, berimbaus, adufés (pandeiro) e agogôs, levam homens e mulheres a sintonizar profundamente com seus corpos e espíritos, através da ginga da capoeira, da congada, do maracatu e do samba. Os acontecimentos da vida cotidiana, como nascimentos, mortes, plantios, colheitas, vitórias e manifestações da natureza, eram comemorados comunitariamente com danças, músicas e baticuns. Antigamente, os toques eram também um precioso meio de comunicação entre os guerreiros e entre o divino e o profano.”

O batuque (batuku ou batuk em crioulo cabo-verdiano) 111 é um gênero musical e de dança de Cabo Verde. Como dança, o batuque tradicional desenrola-se segundo um ritual preciso. Numa sessão de batuque, um conjunto de intérpretes (quase sempre unicamente mulheres) organiza-se em círculo num cenário chamado terreru. Esse cenário não tem de ser um lugar específico, pode ser um quintal de uma casa ou no exterior, numa praça pública, por exemplo. A peça musical começa com as executantes (que podem ou não ser simultaneamente batukaderas e kantaderas) desempenhando o primeiro movimento, enquanto que uma das executantes dirige-se para o interior do círculo para efetuar a dança. Neste primeiro movimento a dança é feita apenas com o oscilar do corpo, com o movimento alternado das pernas há marcar o tempo forte do ritmo. No segundo movimento, enquanto as executantes interpretam o ritmo e o canto em uníssono, a executante que está a dançar muda a dança. Neste caso, a dança (chamada da ku tornu) é feita com um requebrar das ancas, conseguido através de flexões rápidas dos joelhos, acompanhando o ritmo. Quando a peça musical acaba, a executante que estava a dançar retirase, outra vem substituí-la, e inicia-se uma nova peça musical. Estas interpretações podem arrastar-se por horas.

109

MEIRELES, Cecília. BATUQUE, SAMBA E MACUMBA. 2 ed. Rio de Janeiro: FUNARTE; INL, 1983, citada por GOUVEIA, Sonia Vilas Boas. CECÍLIA EM PORTUGAL. Rio de Janeiro: Iluminuras, 2001, p. 60-61, disponível em http://books.google.es/books?id=uK9QeChVPFsC&pg=PA62&dq=em+1935+batuque+samba+e+macumba&as_brr=3#v=onepa ge&q=em%201935%20batuque%20samba%20e%20macumba&f=false 110 in http://pt.wikipedia.org/wiki/Batuque_(m%C3%BAsica) 111 In http://pt.wikipedia.org/wiki/Batuque_(Cabo_Verde))


http://www.reisetraeume.de/kapverden/viadoso/mus1/en00.html#bilder

O batuque, também chamado de pernada, é mesmo, essencialmente, uma divisão dos antigos africanos, com especialidade dos procedentes de Angola. Onde há capoeira, brinquedo e luta de Angola, há batuque, que parece uma forma subsidiária da capoeira112·. Letícia Vidor de Souza Reis113, baseada em Câmara Cascudo, afirma que o “batuque baiano” era uma modalidade de capoeira que irá influenciar muito Manoel dos Reis Machado, o Mestre Bimba, na elaboração da Capoeira Regional Baiana114:

112

CARNEIRO, Edison. FOLGUEDOS TRADICIONAIS. 2 ed. Rio de Janeiro: FUNARTE; 1982, p. 109, nota enviada por Javier Rubiera para Sala de Pesquisa - Internacional FICA el 8/18/2009 113 REIS, 1997, obra citada.. 114 in http://www.capoeira-fica.org/PDF/Annibal_Burlamaqui.pdf


FOTO: Bimba y Cisnando - Nascido Manoel dos Reis Machado, Mestre Bimba (1900-1974) era filho de Luís Cândido de Machado, caboclo de Feira de Santana, e Maria Martinha do Bonfim, negra do Recôncavo. Segundo Héllio Campos, Bimba deu os primeiro passos na capoeira aos 14 anos, com o pai, que foi campeão de batuque, e com Mestre Bentinho, africano que era capitão da Companhia de Navegação Baiana.“ FUENTE: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp020539.pdf

Mestre André Lacé115 lembra que a capoeira tradicional, na Bahia e pelo Brasil afora, tinham a mesma convivência com o batuque. Além do mais há registros autorizados jurando que a Regional nasceu da fusão da Angola com os melhores golpes das lutas européias e asiáticas116:

http://saladepesquisacapoeira.blogspot.com/2009/03/bimba-cual-es-la-verdadera-historia.html LIBRO: Artes do corpo Escrito por Vagner Gonçalves da Silva

115

LACÉ LOPES, 2004, obra citada. LACÉ LOPES, 2004, obra citada.. LACÉ LOPES, 2005, obra citada. LACÉ LOPES, 2005, obra citada. LACÉ LOPES, 2007, obra citada. LACÉ LOPES, 2006, obra citada.. 116 LACÉ LOPES, André. Correspondência eletrônica enviada em 20 de agosto de 2009 a Leopoldo Gil Dulcio Vaz.


Concordamos com Almeida e Silva (?) 117, para quem a história da capoeira é marcada por inúmeros mitos e “semiverdades”, conforme nos esclarece Vieira e Assunção (1998). Esses mitos e estórias dão base às tradições que se perpetuam e proporcionam a continuidade de um passado tido como apropriado. Na capoeira, a narrativa oral das suas “estórias” adquiriu uma força legitimadora tão forte que, por muitas vezes, podemos encontrar discursos acadêmicos baseados nelas118. Castro (2002) 119 nos esclarece esse fato e diz que em todos os casos de fenômenos da cultura corporal existe a tentativa, por parte dos seus atores, de expressar identidade, coesão e estabilidade social em meio a tantas situações de rápida transformação histórica/social, “através do recurso à invenção de cerimônias e símbolos que evocam continuidade com um passado muitas vezes ideal ou mítico” (p.11). Para Soares (2001) 120, há todo um debate envolvendo a origem da capoeira, de onde ela veio etc. Embora a capoeira do Século XIX tenha passado por um período fortemente escravista, com uma população africana muito grande, a origem está no século XVIII, nos primórdios da sociedade urbana. A capoeira é um fenômeno urbano, que anuncia uma leitura de negros africanos e crioulos para o mundo urbano colonial. É a partir do início do século XVIII que se dá a formação de uma sociedade urbana colonial pela primeira vez, em Minas e no Rio de Janeiro – a grande cidade do ciclo do ouro era o Rio de Janeiro -, para onde convergiam todas as remessas de ouro que iam para a corte. A cidade cresceu muito, tanto que virou capital da colônia, havendo ali uma espécie de revolução urbana durante o século 18, que com certeza trouxe os africanos, já que até 1700 a população escrava no Rio era quase toda indígena: “Os africanos vinham de um ponto distante do continente e que não se conheciam originalmente. Eles estavam num ambiente novo, tenso, de concentração, porque a cidade colonial era pequena, mas concentrava uma população densa. Os africanos traziam bagagens culturais diferentes, mas alguns elementos eram mais ou menos articuláveis, a língua, por exemplo. Também a dança foi importante, já que os povos se articularam nesse sentido. A capoeira, então, era uma forma de união desses diversos grupos. O termo capoeira foi dado pela ordem policial. Eles eram identificados assim. Isso cria um problema, já que de certa forma você tem uma identificação grupal que não parte do grupo, mas sim do seu rival. Os termos da documentação são o “jogo do capoeira”. Todos esses povos traziam uma bagagem cultural com diversas danças e artes marciais. Essas danças, por mais diferentes, tinham um ponto comum. Possivelmente essas semelhanças fossem articuladas na América. Capoeira, na hipótese desse autor, nasceu na América.”

Vieira (2004) de 1770,

121

ensina-nos que, de acordo com os melhores cronistas, a Capoeiragem data

“[...] quando para cá andou o Vice-Rei Marques do Lavradio. Dizem eles também que o primeiro capoeira foi um tenente chamado João Moreira, homem rixento, motivo porque o povo lhe apelidou de ‘amotinado’. Viam os negros escravos como o ‘amotinado’ se defendia quando era atacado por 4 ou 5 homens, e aprenderam seus movimentos, aperfeiçoando-os e desdobrando-os em outros dando a cada um o seu nome próprio. Como não dispunham de armas para sua defesa uma vez atacados por numeroso grupo defendiam-se por meio da ‘capoeiragem’, não raro deixando estendidos por uma cabeçada ou uma rasteira, dois ou três de seus perseguidores”2. Este texto de Hermeto Lima, se alinha com o de Macedo, que nos afirma que “o Tenente ‘Amotinado’ era de prodigiosa força, de ânimo inflamável, e talvez o mais antigo capoeira do Rio

117

ALMEIDA, Juliana Azevedo de; SILVA, Otávio G. Tavares da. A CONSTRUÇÃO DAS NARRATIVAS IDENTITÁRIAS DA CAPOEIRA. Vitória; UFES. e-mail: julazal@yahoo.com.br 118 Vieira e Assunção (1998) apontam esse fato no seu artigo. 119 CASTRO, Celso. A INVENÇÃO DO EXÉRCITO BRASILEIRO. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2002. 120 In http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/out2001/unihoje_ju167pag22.html 121 VIEIRA, 2004, obra citada. Disponível em http://www.capoeira-fica.org/ .


de Janeiro, jogando perfeitamente, a espada, a faca, o pau e ainda de preferência, a cabeçada e os golpes com os pés.”

Jorge Olimpio Bento, no prefácio do livro de Araújo (1997) 122, afirma que esse autor, ao procurar esclarecer as origens e evoluções daquela luta ao longo de vários séculos, viu-se forçado a proceder a pesquisas documentais sobre todo o contexto social abrangente. Afirma Bento (p. 6): “não admira assim que na história da capoeira surjam indicações referentes”: • • • • •

122

Ao tráfico negreiro; Às manifestações culturais de origem africana dos povos traficados para o Brasil; À vida dos negros, quer fossem escravos ou forros, às suas rebeliões e aos seus quilombos; Ao período colonial e imperial do Brasil; Os fatores político-sociais ligados ao fim do império, ao início da república, à era getulista e há tempos mais recente.

ARAÚJO, 1997, obra citada.


PUNGA DOS HOMENS – ALGUMAS (NOVAS) CONSIDERAÇÕES123 A ASSOCIAÇÃO CENTRO CULTURAL DE CAPOEIRAGEM “MATROÁ”, do Mestre Marco Aurélio (São Luis) - em parceria com o MAVAM124, a SEDEL125, e patrocínio da SECMA126 -, realizou no período de 18 a 19 de maio de 2012 o evento “A PUNGA DOS HOMENS NO TAMBOR DE CRIOULA”.

O objetivo foi de: “[...] esclarecer se tal expressão corporal é remanescente de uma forma de luta, própria de povos africanos trazidos para o Maranhão e, se há uma relação com a Capoeira, bem como, os motivos pelos quais não se faz presente entre as brincadeiras de tambor de crioula, existentes na capital 127 do estado.” (FOLDER DO EVENTO) .

123

http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2013/11/20/cronica-da-capoeiragem-punga-dos-homens-algumas-novasconsideracoes/ 124 Museu de Artes Visuais do Maranhão 125 Secretaria de Estado de Esportes e Lazer do Maranhão 126 Secretaria de Estado de Cultura do Maranhão, projeto de 2009, aprovado em 2010, e recursos liberados no final de 2011, realizado neste ano de 2012 127 ASSOCIAÇÃO CENTRO CULTURAL DE CAPOEIRAGEM “MATROÁ. A PUNGA DOS HOMENS NO TAMBOR DE CRIOULA. São Luís, 2012. Folder de divulgação do evento.


Segundo Mestre Marco Aurélio128, o evento deverá propiciar: “[...] o aprendizado, a pesquisa e o debate em torno dessa expressão –[Punga dos Homens] -, que muito embora seja tema de interesse da Capoeiragem, também diz respeito ao público em geral, na medida em que pessoas ligadas à pesquisa, dança, artes cênicas e de lutas, audiovisual, dentre outras, buscam na arte e na cultura popular, elementos de composição para as suas mais diversas expressões.”

Ainda de acordo com o material de divulgação129, a “Punga dos Homens” vem carecendo de investigação, pois se apresenta com rara e rasa bibliografia. Ao que parece essa manifestação da lúdica e do movimento remonta à ancestralidade do Tambor de Crioula, haja vista a expressão “quantado a fogo, tocado a muque, e dançado a coice” que tão bem o define: “Genuinamente maranhense e ainda presente em algumas comunidades rurais, a punga dos homens, a depender de uma região para outra, se faz mais, ou menos, vigorosa e não ocorre em todas as brincadeiras de tambor. Acontece ao lado da roda das mulheres, geralmente em areal e quanto mais vigorosa, não é raro ver homens ao chão. Com o avançar das horas, os coreiros intensificam as pungas, preservando-se, contudo, o aspecto lúdico da brincadeira. Ressalte-se, que nessa manifestação, acontece de mulher derrubar homem”.

Quero deixar registrado que desde 2005 se vem discutindo a Punga dos Homens: “Hoje, 29/07, fui [o Autor] ao Centro Histórico me informar sobre o Tambor-de-Crioula e a Punga, movido pela curiosidade de um artigo do Jornal do Capoeira - Capoeira em Sorocaba em que é mencionado pelo Autor, Carlos Carvalho Cavalheiro, em que no Maranhão a Capoeira receberia também o nome de "Punga", ligado àquela dança... “130

Dizia Mestre Cavalheiro: “Das diversas lutas/jogos afro-brasileiras, tem-se informação das seguintes: Em Alagoas foi chamada de bate-coxa; em Pernambuco transformou-se no passo do frevo; na Bahia era a capoeira Angola e o batuque; samba de aboio em Sergipe; samba-de-roda no interior fluminense; pernada no Rio de Janeiro; punga no Maranhão; tiririca na capital paulista e pernada no 128

HAIKEL, Marco Aurélio. A PUNGA DOS HOMENS NO TAMBOR DE CRIOULA. Conferencia de abertura do evento A PUNGA DOS HOMENS NO TAMBOR DE CRIOULA. São Luís, 18 de maio de 2012. 129 ASSOCIAÇÃO CENTRO CULTURAL DE CAPOEIRAGEM “MATROÁ, 2012”. Folder de divulgação do evento, verso. 130 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Pungada dos Homens & A Capoeiragem no Maranhão: MESTRE BAMBA, do Maranhão. In JORNAL DO CAPOEIRA, 30 de julho de 2005, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/pungada+dos+homens+a+capoeiragem+no+maranhao Ver também VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. A INTRODUÇÃO DO ESPORTE (MODERNO) EM MARANHÃO – A CAPOEIRA. In REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, Volume 05, Número 01, jan/jun/2002 (Disponibilizado em dezembro de 2006) VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PUNGA DOS HOMENS / TAMBOR-DE-CRIOULO (A) -“PUNGA DOS HOMENS”. In REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA. Volume 09, Número 02, jun/dez 2006 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira/Capoeiragem no Maranhão. In DaCOSTA, Lamartine PEREIRA. ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de Janeiro: CONFEF, 2006, disponível em WWW.atlasdoesportebrasil.org.br VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Punga dos Homens e Capoeira no Maranhão. In DaCOSTA, Lamartine PEREIRA. ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de Janeiro: CONFEF, 2006 disponível em WWW.atlasdoesportebrasil.org.br HAIKEL, Marco Aurélio. Tambor-de-Crioulo(a) no Maranhão. In DaCOSTA, Lamartine PEREIRA. ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de Janeiro: CONFEF, 2006 disponível em WWW.atlasdoesportebrasil.org.br VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A CAPOEIRA NO/DO MARANHÃO: ALGUMAS QUESTÕES PARA REFLEXÃO. In REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, Volume 10, Número 01, jan/jun/2007 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRA/CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO In REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA Volume 10, Número 02, jul/dez/2007 (Disponibilizado em Fevereiro de 2008) VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRA(GEM) EM SÃO LUIS DO MARANHÃO – NOVOS ACHADOS... In REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA Volume 11, Número 01, jan/jun 2008


interior de São Paulo. Isso não significa que não se encontrasse o nome genérico de capoeira nessas localidades. Em 1833, por exemplo, o Presidente da Província de São Paulo, Cel. Rafael Tobias de Aguiar, enviou para a Assembleia da Província uma Postura proibindo o jogo da capoeira.”131 (grifos nossos)

Achei estranho, pois nunca ouvira falar nisso... Dei uma olhada no material que tenho sobre folclore maranhense e achei em Reis (1999) 132: "Caracteriza-se [o tambor de crioula] pela PUNGA ou UMBIGADA, onde é verdadeiramente observada em sua coreografia a participação destacada da mulher".

Dançam o Tambor-de-Crioula, apenas mulheres cabendo aos homens a percussão dos tambores. Nada relacionado com a Capoeira... Procurei em outros autores alguma relação entre "punga" e "capoeira", e não achei nada. Então fui ao Centro de Cultura Popular "Domingos Vieira Filho", procurar alguns pesquisadores que pudesse me dar alguma informação. Também lá não se ouvira falar de que a Capoeira, enquanto manifestação cultural fosse chamada de "punga", conforme informa o ilustre pesquisador sorocabano. Conforme já publicado no nosso Jornal do Capoeira, havia o uso de "capoeira" ou "carioca", e estamos buscando ainda o que seria a "carioca". Foi quando ouvi um toque de berimbau vindo de um sobrado, e a placa "Escola de Capoeira Angola ‘Mandingueiros do Amanhã’. Lá, encontrei Mestre Bamba e aproveitei a oportunidade de uma conversa - mais de duas horas – e perguntei se sabia alguma coisa sobre "uma capoeira" denominada "punga". "Já ouvi falar ..." foi a resposta. Falou-me Mestre Bamba - Kleber Umbelino Lopes Filho, nascido na Madre Deus, bairro de São Luís, desde os doze na Capoeira, nove ensinando, e um como Contramestre 133: “[...] dá aulas em um "Projeto Ago", do grupo G-DAM, no município de Itapecurú-Mirim, junto a remanescentes quilombolas; no Povoado de Santa Maria dos Pretos encontrou uma variação do Tambor-de-Crioula em que os homens participam da roda de dança - Punga dos Homens - em que utilizam movimentos semelhantes ao da capoeira -; no entendimento de Mestre Bamba, esses movimentos foram descritos por Mestre Bimba; os "desafiantes" ficam dentro da roda, um deles agachado, enquanto o outro gira em torno, "provocando", através de movimentos, como se o "chamando", e aplica alguns golpes com o joelho - a punga.”134(grifos meus)

Na edição seguinte do Jornal do Capoeira (2005)135 publiquei: o Confrade Carlos Carvalho Cavalheiro mandou-me alguns sítios sobre a capoeira, a punga, e o tambor-de-crioula. Interessante, e instigante. Especialmente quando se refere às varias manifestações, em seus comentários, que são identificadas com/como Capoeira. Passemos a Luís da Câmara Cascudo e seu "Dicionário do Folclore Brasileiro 136, obra obrigatória - primeira edição de 1954, a segunda de 1959 - e, a terceira que estou usando, de 131

CAVALHEIRO, Carlos Carvalho. Pernada de Sorocaba. In JORNAL DO CAPOEIRA, 29.04.2004, Disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/pernada+de+sorocaba 132 REIS, José Ribamar Sousa dos. Tambor-de-Crioula. In FOLCLORE MARANHENSE, Informes. 3 ed. São Luís : (s.e.), 1999, p. 35 133 em entrevista no ano de 2005 134 VAZ, 2005, obra citada 135 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Ainda sobre a Punga dos Homens – Maranhão. JORNAL DO CAPOEIRA - Edição 44: 22 a 28 de Agosto de 2005, EDIÇÃO ESPECIAL estendida - CAPOEIRA & NEGRITUDE, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/ainda+sobre+a+punga+dos+homens+-+maranhao 136 CAMARA CASCUDO, 1972, obra citada..


1972. Registra a página 148, o termo "Bate-coxa", manifestação das Alagoas, uma dança ginástica: "a dança do bate-coxa não se confunde com a capoeira. Os praticantes são da mesma origem, descendentes de escravos". Acredita Câmara Cascudo que o bate-coxa seja mais violento, onde os dois contendores, sem camisa, só de calção, aproximam-se, colocando peito a peito, apoiando-se só nos ombros, direito com direito. Uma vez apoiados os ombros, ao som do canto de um grupo que está próximo, ao ouvir-se o ê boi, ambos os contendores afastam a coxa o mais que podem e chocam-se num golpe rápido. Depois da batida, a coxa direita com a coxa direita, repete à esquerda, chocandose bruscamente ao ouvir o ê boi do estribilho. A dança prossegue até que um dos contendores desista e se dê por vencido. É descrita por Edson Carneiro (Negros Bantos) 137 - a luta mobilizava um par de jogadores, de cada vez; dado o sinal, uniam as pernas firmemente, tendo o cuidado de resguardar o membro viril e os testículos. Dos golpes, cita o encruzilhada, em que o lutador golpeava coxa contra coxa, seguindo o golpe com uma raspa, e ainda o baú, quando as duas coxas do atacante devam um forte solavanco nas do adversário, bem de frente. Todo o esforço dos lutadores era concentrado em ficar de pé, sem cair. Se, perdendo o equilíbrio, o lutador tombasse, teria perdido a luta. Por isso mesmo, era comum ficarem os batuqueiros em banda solta, equilibrando-se em uma única perna, e outra no ar, tentando voltar a posição primitiva. Do vocábulo "batuque-boi", registra ainda Câmara Cascudo (1972): espécie de Pernada. Bahia. Voltemos a Pernada. Informa que assistiu a uma pernada executada por marinheiros mercantes, no ano de 1954, em Copacabana, Rio de Janeiro; Diziam os marinheiros que era carioca ou baiana. É uma simplificação da capoeira. Zé da Ilha seria o "rei da pernada carioca"; é o bate-coxa das Alagoas. Ainda Edson Carneiro (Dinâmica do Folklore, 1950) 138 informa ser o batuque ou pernada, bem conhecido na Bahia e Rio de Janeiro, não passa de uma forma complementar da capoeira. Informa, ainda, que na Bahia, somente em arraiais do Recôncavo se batuca, embora o bom capoeira também saiba largar a perna. No Rio de Janeiro já se dá o contrário - a preferência é pela pernada, que na verdade passou a ser o meio de defesa e ataque da gente do povo. O batuque na Bahia se chama batuque, batuque-boi, banda, e raramente pernada - nome que assumiu no Rio de Janeiro... No verbete "punga", Câmara Cascudo139 se refere à dança popular no Maranhão, capital e interior; que é a mesma "dança do tambor". A punga é também chamada "tambor de crioula". Há também referencia a grafia "ponga", que como se sabe é um jogo. Crê que punga é um termo em uso apenas no Maranhão e significa, na dança em questão, a umbigada, a punga. A punga seria uma dança cantada, mas sem versos próprios, típicos. Geralmente são improvisados na hora, quando as libações esquentam a cabeça e despertam a "memória" do "tiradô" de versos. Após descrever o que seria a dança do tambor de crioula, informa que pong provirá do tupi “soar, bater, ou antes, soar por percussão. "O que fervia era o lundum, e estalavam as umbigadas com o nome de "pungas"" (p. 742-743). Remete a Tambor: "... mas a autonomia dos tambores indígenas e sua existência pré-cabralina parecem-me indiscutíveis no Brasil. Dança do Tambor, Tambor de Mina, Tambor de Crioulo. As danças denominadas "do Tambor" espalham-se pela Ibero América. No Brasil, agrupam-se e são mantidas pelos negros e descendentes de escravos africanos, mestiços e crioulos, especialmente no Maranhão. [grifos meus]. Conhece-se uma Dança do Tambor , também denominada Ponga ou Punga que é uma espécie de samba, de roda, com solo coreográfico, e os Tambor de Mina e Tambor de Crioulo, [chamo atenção novamente para a grafia, em masculino], série de cantos ao som de um ferrinho (triangulo), uma cabaça e três tambores, com danças cujo desempenho ignoro." (p. 850-851). 137

Citado por Câmara Cascudo, 1972 Citado por Câmara Cascudo, 1972 139 CAMARA CASCUDO, 1972, obra citada. 138


Informa o ilustre pesquisador, ainda, que uma missão cultural colheu exemplos das músicas utilizadas tanto no Tambor de Mina quanto no de Crioulo, em 1938. Estão ligados esses tambores de mina e de crioulo às manifestações religiosas dos "terreiros", ao passo que: "... a punga (dança e batida) parecem alheias ao sincretismo afro-brasileiro na espécie... o Tambor-de-Crioula é o Bambelô do Maranhão, mas com a circunstância de que só dançam as mulheres. Passa-se a vez de dançar com a punga, que é um leve bater de perna contra perna. Punga é também espécie de pernada do Maranhão: batida de perna contra perna para fazer o parceiro cair.. às vezes o Tambor-de-Crioula termina com a punga dos homens.". (p. 851).

Por "Punga", registra: jogo ginástico, brincadeira de agilidade, entre valentões, malandros e capadócios. É uma simplificação da capoeira... Sua descrição assemelha-se à da "punga dos homens", do Tambor de Crioulo (a) (p. 709). Já "bambelô" é descrito como samba, côco de roda, danças em círculo, cantada e acompanhada a instrumentos de percussão (batuque), fazendo figuras no centro da roda um ou dois dançarinos, no máximo. O ético é o vocábulo quimbundo mbamba, jogo, divertimento em círculo (p. 113). Marco Aurélio Haikel140, falando sobre o Tambor de Crioula, esclarece: “Conforme o lugar, a exemplo de São Luís, a dança é exclusividade das mulheres, há, no entanto, homens que dançam, mas neste caso, requer usarem saia. A dança das mulheres se reveste de pura sensualidade e com belas evoluções, onde o ápice acontece quando a mulher, após saldar os tambores menores dançando, mostra-se de frente ao tambor grande, e os dois como que numa simbiose evoluem desafiando-se, até realizarem a punga. O toque dos tambores é predominantemente realizado por homens, apesar de que em alguns lugares a mulher toca, porém, quando se trata de tocar o tambor grande, aquela o faz ao lado deste, nunca sobre, mas, é na capital, onde já há grupos constituídos exclusivamente por jovens, que as mulheres se fazem mais presentes na batida dos tambores.”

Leopoldo, Aziz Jr, Bamba, e Senzala, no Matroá, discutindo sobre a Punga dos Homens, em 2005

Sobre a Punga, afirma:

140

HAIKEL, Marco Aurélio. Breves Observações Sobre Tambor de Crioula. In JORNAL DO CAPOEIRA - Edição 43: 15 a 21 de Agosto de 2005, EDIÇÃO ESPECIALCAPOEIRA & NEGRITUDE, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/breves+observacoes+sobre+tambor+de+crioula.


“A punga dos homens, ao contrário da punga das mulheres (umbigada), não acontece em todas as "brincadas de tambor", sendo encontrada mais comumente em comunidades rurais. Acontece ao lado da roda das mulheres, geralmente em areal, e conforme o lugar é aplicada com mais ou menos intensidade, quando mais vigorosa, não é raro ver homens ao chão, com menos vigor, acontece somente um leve bater de coxas, no entanto, vale ressaltar que nos lugares onde ocorrem as derrubadas, com o avançar das horas, os coreiros já sob os efeitos da cachaça, intensificamnas em quantidade e vigorosidade, sem que haja no entanto, qualquer incidente grave.”

Publiquei a seguir141 que Mestre Marco Aurélio (Marco Aurélio Haickel) 142 em correspondência pessoal acerca da "Punga dos Homens" [Jornal do Capoeira] esclarece que, antigamente, a Punga era prática de homens; que após a abolição e a aceitação da mulher no convívio em sociedade, que passa a ser dançada por mulheres, apenas. Mas desde 1820 há referencia à Punga, com a participação unicamente de/por homens: "Há registro da punga dos homens, nos idos de 1820, quando mulher nem participava da brincadeira sendo como movimentos vigorosos e viris, por isso o antigo ditado a respeito: ‘quentado a fogo, tocado a murro e dançado a coice’” 143

Próximo a essa data referida por Mestre Marco Aurélio encontrei uma referencia à umbigada (punga), relatada pelo naturalista alemão George Wilhelm Freyreiss144, que faleceu no sul da Bahia. Em uma viagem a Minas Gerais em 1814 -1815, em companhia do barão de Eschwege 145 , assistiu e registrou um batuque, e ao descrever a dança, fala da umbigada [punga]: “Os dançadores formam roda e ao compasso de uma guitarra (viola), move-se o dançador no centro, avança, e bate com a barriga na barriga de outro da roda (do outro sexo). No começo o compasso é lento, depois pouco a pouco aumenta e o dançador do centro é substituído cada vez que dá uma umbigada. Assim passam a noite inteira. Não se pode imaginar uma dança mais lasciva do que esta. Razão pela qual tinha muitos inimigos, principalmente os padres.” 146 (Grifos nossos)

Encontramos em Angola um estilo musical popular - O Semba147, que significa ‘umbigada’ em quimbundo - língua de Angola. Foi também chamado ‘batuque’, ‘dança de roda’, ‘lundu’, ‘chula’, ‘maxixe’, ‘batucada’ e ‘partido alto’, entre outros, muitos deles convivendo simultaneamente! O cantor Carlos Burity defende que a estrutura mais antiga do semba situa-se na ‘massemba’ (umbigada), uma dança angolana do interior caracterizada por movimentos que implicam o encontro do corpo do homem com o da mulher: o cavalheiro segura a senhora pela cintura e puxa-a para si provocando um choque entre os dois (semba). Jomo explica que o semba (gênero musical), atual é resultado de um processo complexo de fusão e transposição,

141

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Notas sobre a Punga dos Homens - Capoeiragem no Maranhão. In JORNAL DO CAPOEIRA, Edição 43: 15 a 21 de Agosto de 2005, EDIÇÃO ESPECIAL- CAPOEIRA & NEGRITUDE, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/notas+sobre+a+punga+dos+homens+-+capoeiragem+no+maranhao 142 Marco Aurélio Haikel é Mestre e grande estudioso da Capoeira; é líder do Grupo Matroá e discípulo de Mestre Patinho, além de exercer a profissão de advogado, em São Luis do Maranhão-MA 143 Mestre Marco Aurélio, em correspondência eletrônica, em 10 de agosto de 2005. 144 FREYREISS. 1982, obra citada.. Ver também http://openlibrary.org/b/OL16308743M/Reisen_in_Brasilien_von_G._Wilhelm_Freyreiss. 145 PRINZ MAXIMILIAN VON WIED (1782-1867) - VOYAGE AU BRÉSIL, DANS LES ANNÉES 1815, 1816, ET 1817 Paris: A. Bertrand, 1821-1822 (http://www.museunacional.ufrj.br/MuseuNacional/Principal/Obras_raras.htm) 146 D´ÁVILA, 2006, obra citada. disponível em http://encipecom.metodista.br/mediawiki/images/3/34/GT2-_FOLKCOM-_04_Fundamentos_da_Cultura_Musical_-_Nicia.pdf Ver também: CÂMARA CASCUDO, Luis da: FOLCLORE DO BRASIL (pesquisas e notas). Rio de Janeiro, São Paulo, Fundo de Cultura, 1967 http://www.historiaecultura.pro.br/modernosdescobrimentos/desc/cascudo/ccrdfolclorenobrasil.htm) 147 http://forum.angolaxyami.com/musica-de-angola-e-do-mundo/71-historia-do-semba.html. disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Semba


sobretudo da guitarra, de segmentos rítmicos diversos, assente fundamentalmente na percussão, o elemento base das culturas africanas. O lundu ou lundum148 é um gênero musical contemporâneo e uma dança brasileira de natureza híbrida, criada a partir dos batuques dos escravos bantos trazidos ao Brasil de Angola e de ritmos portugueses. Da África, o lundu herdou a base rítmica, certa malemolência e seu aspecto lascivo, evidenciado pela umbigada, os rebolados e outros gestos que imitam o ato sexual. Da Europa, o lundu, que é considerado por muitos o primeiro ritmo afro-brasileiro, aproveitou características de danças ibéricas, como o estalar dos dedos, e a melodia e a harmonia, além do acompanhamento instrumental do bandolim. O lundu veio para o Brasil com os negros de Angola, por duas vias, passando por Portugal, ou diretamente da Angola para o Brasil. Voltemos às informações de Mestre Marco Aurélio. Onde encontrou as informações? Informa que há uma referência em Dunshee de Abranches149... Buscamos em "O Captiveiro", de 1941. "O Captiveiro", não é apenas um livro de memórias; escrito em 1938, para comemorar o cinquentenário da abolição da escravatura e o centenário da Balaiada, trata-se de registros de acontecimentos políticos e sociais do Maranhão (GASPAR, 1993) 150. Numa de suas passagens, descreve as lutas entre brasileiros (cabras) e portugueses (puças), republicanos e monarquistas, abolicionistas e negreiros, que para defenderem seus ideais, passam a criar periódicos e grêmios recreativos de múltiplas denominações para defesa de seus ideais. Dessa mania surge a "Arcadia Maranhense", e de uma sua dissidência, a "Aurora Litteraria". Para ridicularizar os membros desta última, aparece um jornaleco denominado "Aurora Boreal": "... só faltava fundar-se o Club dos Mortos. E justificou [Raymundo Frazão Cantanhede] tão original proposta dizendo que, se tal fizéssemos, iríamos além dos positivistas: ficaríamos mortos-vivos e assim seríamos governados por nós mesmos". (ABRANCHES, 1941:174) 151. O Clube dos Mortos reunia-se no porão da casa dos Abranches, no início da Rua dos Remédios, conforme relata Dunshee de ABRANCHES (1941) em suas memórias: "E como não era assoalhado nem revestido de ladrilhos, os meus paes alli instalaram apparelhos de gymnastica e de força para exercícios physicos (...) E, não raras noites, esse grupo juvenil de improvisdos athletas e plumitivos patriotas acabava esquecendo os seus planos de conjuração e ia dansar na casa do Commandante Travassos..." (p. 187-188).

O "Club dos Mortos" envolveu-se, ainda, nas disputas entre caixeiros e estudantes por causa de duas artistas de um circo, instalado no Tívoli. Para enfrentar os empregados do comércio, na sua maioria homens feitos, os preparatorianos (estudantes do Liceo) reuniram-se no pátio do colégio para selecionar os melhores atletas para a defesa. Fundaram, assim, o Club Roncador, que guardavam suas armas na casa dos Abranches: ”... veio dahi uma grande amizade dos campeões dos murros e dos cambitos (synonimo de rasteira naquella época) pelo Club dos Mortos". (p. 190-191). (grifos meus).

148

http://pt.wikipedia.org/wiki/Lundu João Dunshee de Abranches Moura nasceu à Rua do Sol, 141, em São Luís do Maranhão. Advogado, polimista, historiador, sociólogo, crítico, romancista, poeta, jornalista, parlamentar e internacionalista. Dentre seus escritos, destaca-se a trilogia constituída pelo "A Setembrada", "O Captiveiro", e "A Esfinge do Grajaú”. In VAZ, Leopoldo Gil Dulcio e VAZ, Delzuite Dantas Brito. CONSTRUÇÃO DE UMA ANTOLOGIA DE TEXTOS DESPORTIVOS DA CULTURA BRASILEIRA: PROPOSTA E CONTRIBUIÇÕES. In VII CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES, LAZER E DANÇA, Gramado-RS, 20/05 a 1º/06 de 2000. 150 GASPAR, Carlos. DUNSHEE DE ABRANCHES. São Luís: (s.e.), 1993. (Discurso de posse no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, a 28. jul.92). 151 DUNSHEE DE ABRANCHES MOURA, João. O CAPTIVEIRO. São Luís, (s.e.), 1941 149


Rasteira? Seria a capoeira? Nada sobre o Tambor-de-crioula e a punga dos homens, nada em "A Setembrada", nem n’"A Esfinge do Grajaú"... Para Ferreti (2006) 152, a umbigada ou punga é um elemento importante na dança do Tambor de Crioula153. No passado foi vista como elemento erótico e sensual, que estimulava a reprodução dos escravos. Hoje a punga é um dos elementos da marcação da dança, quando a mulher que está dançando convida outra para o centro da roda, ela sai e a outra entra. A punga é passada de várias maneiras, no abdome, no tórax, nos quadris, nas coxas e como é mais comum, com a palma da mão. Em alguns lugares do interior do Maranhão, como no Município de Rosário, ou em festas em São Luís, com a presença de grupos de tambor de crioula, costuma ocorrer a “punga dos homens” ou “pernada”, cujo objetivo é derrubar ao solo o companheiro que aceita este desafio. Algumas vezes a punga dos homens atrai mais interesse que a dança das mulheres. Em reunião no Matro-á, escola de capoeira de Mestre Marco Aurélio, Mestre Patinho presente, assim como Mestre Didi154: uma verdadeira aula de cultura maranhense. Presentes, também, Domingos de Deus, Luis Senzala, Bamba, Vespasiano... Conversas sobre os artigos do Jornal do Capoeira, sobre a Punga dos Homens, e novas informações e esclarecimentos... Desafiados para colocarem no papel suas pesquisas - mais de oito anos - sobre essa manifestação: "Há cerca de oito anos (1997), eu e mais outros capoeiras estamos pesquisando a punga, e posso lhe afirmar que apesar da correlação de alguns golpes com a capoeira, esta pode até ter similaridade, mas daí afirmar que é capoeira é outra coisa." (in correspondência pessoal, de 10 de agosto de 2005).

Uma certeza: punga não é capoeira, embora alguns movimentos se assemelhem... Informa Marco Aurélio: "Ano passado (2004), participei em Salvador, de um Encontro Internacional de capoeira "GINGAMUNDO". onde coordenei um grupo do Maranhão, com 25 (vinte e cinco) pessoas entre estas, o Mestre Felipe e outros pungueiros, entre pessoas de um Povoado de Rosário e mais outros coreiros e coreiras, algumas capoeiras angola. Lá, estavam presentes representantes de outras lutas de origem africana, de países como Angola e Madagascar, porém, a grande vedete do encontro foi a Punga dos Homens... Estavam presentes neste encontro, além de mestres antigos, tais como João Pequeno, João Grande, Mestre Boa Gente, também haviam pesquisadores de renome como Jair Moura, Carlos Líbano Soares, Fred Abreu, Mathias Röhring Assunção, etc".(in correspondência pessoal).155

152

FERRETI, Sérgio. Mário De Andrade E O Tambor De Crioula Do Maranhão. (Trabalho apresentado na MR 07 - A Missão de Folclore de Mário de Andrade, na VI Reunião Regional de Antropólogos do Norte e Nordeste, organizada pela Associação Brasileira de Antropologia, UFPA/MEG, Belém 07-10/11/1999. In REVISTA PÓS CIÊNCIAS SOCIAIS - São Luís, V. 3, N. 5, Jan./Jul. 2006, disponível em http://www.pgcs.ufma.br/Revista%20UFMA/n5/n5_Sergio_Ferreti.pdf 153 O Tambor de Crioula é uma dança de origem africana praticada por descendentes de negros no Maranhão em louvor a São Benedito, um dos santos mais populares entre os negros. É uma dança alegre, marcada por muito movimento dos brincantes e muita descontração. Os motivos que levam os grupos a dançarem o tambor de crioula são variados podendo ser: pagamento de promessa para São Benedito, festa de aniversário, chegada ou despedida de parente ou amigo, comemoração pela vitória de um time de futebol, nascimento de criança, matança de bumba-meu-boi, festa de preto velho ou simples reunião de amigos. Não existe um dia determinado no calendário para a dança, que pode ser apresentada, preferencialmente, ao ar livre, em qualquer época do ano. Atualmente, o tambor de crioula é dançado com maior freqüência no carnaval e durante as festas juninas. Em 2007, o Tambor de Crioula ganhou o título de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Tambor_de_crioula". 154 10 de agosto de 2005 155 http://3.bp.blogspot.com/_VcRetvJqu_U/SwwhFACgp9I/AAAAAAAAGXo/K5DMEv_eNG0/s1600/img00025.jpg


Comme sports de combats traditionnels, les malgaches connaissent plus le Moraingy, la boxe du nord, et le Ringa, la lutte du sud. Pratiqué par l'élite, le diamanga est en passe de se démocratiser et espère de nombreux transfuges des autres disciplines.156

“A PUNGA DOS HOMENS NO TAMBOR DE CRIOULA” 157 É natural, portanto, que um evento que iria tratar da Punga dos Homens atraísse minha atenção; mais, promovida por Mestre Marco Aurélio e Mestre Serginho; e havendo uma mesa redonda reunindo os Mestres Patinho e Euzamor, com o tema “aspectos de semelhança da punga dos homens com a capoeira”. Mestre Marco Aurélio, como já dito, abriu o encontro, apresentando o que o motivou a apresentar projeto junto à SECMA. Disse dos objetivos. A seguir houve a exibição de documentário do cineasta Murilo Santos – Tambor de Crioula – filmado ainda no final dos anos 70, onde identifica alguns movimentos da punga; para, a seguir, uma roda de tambor de crioula. Na etapa seguinte – duas horas de atraso para seu inicio – o pesquisador João Batista Gomes Santos Junior – Jonero – pungueiro do Centro Grande, município de Axixá iria discorrer sobre “Ontem e hoje – refletindo a respeito da punga dos homens”. Pela demora em seu inicio – marcada para as 08:30 do dia 19/05, iniciada as 10:20 – me permitiu, nesse tempo de espera, uma conversa. Comecei por perguntar se já ouvira falar de ‘tarracá’, termo usado por Mestre Zulu, e na região da Baixada encontrando-se: “atarracado”, “atarracar’; e na região de Barreirinhas, conhecida como ‘queda” 158; informou que no Munin se usava do termo “queda” para o “atracamento” ou “atracado”; que se costuma praticar quando do “tapamento de palha” da cobertura das casas -, em mutirão; assim como a punga, corre solta nestas ocasiões, já com os participes ‘tomados’ da cachaça ou “cervejinha”, e embalados pelos “cantos dos velhos” passam 156

Diamanga é herdado de nossos ancestrais como os malaios, que importou os estilos" Pencak, ber-silat, calazar e Sikaran "budistas e indianos que impuseram" Kalaripayat. A pesquisa conduzida pela "Fototra Diamanga malgaxe" não ficar lá, parte histórica e filosófica já está concluída através de um manuscrito do livro. Mesmo se uma lista de diferentes estilos de técnicas "Diamanga" também já está estabelecido língua nacional da associação, esta continuará a ser procurado exaustivamente. http://www.madatsara.com/articles/detail-article/article/le-diamanga-fera-partie-des-arts-martiaux-pratiques-a-madagascar2/rubrique/sports/news-browse/1/ 157 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PUNGA DOS HOMENS NO TAMBRO DE CRIOULA, disponível em http://colunas.imirante.com/platb/leopoldovaz/2012/05/03/a-punga-dos-homens-no-tambor-de-crioulo/ ; http://colunas.imirante.com/platb/leopoldovaz/2011/03/29/3702/ 158 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. TARRACÁ, ATARRACAR, ATARRACADO... disponível em http://colunas.imirante.com/platb/leopoldovaz/2011/03/29/3702/ VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. TARRACÁ – Elástico aplicado pelo Mestre Marco Aurélio, disponível em http://colunas.imirante.com/platb/leopoldovaz/2011/03/22/tarraca-elastico-aplicado-pelo-mestre-marco-aurelio/


a desenvolver ‘as brincadeiras’: punga, atracado - ligado ou solto -, cangapé159, e às vezes o futebol. Jonero se refere às várias brincadeiras que realizam, além das citadas: Jaó, que é a pegada dentro da água, pegador, onde se suja a água e se mergulha aparecendo por detrás do oponente, subindo no mesmo; geralmente é ‘brincadeira’ de pescador, realizado nas crôas ou lavada, assim como o cangapé. Praticava-se também o ‘cacete’. Outras brincadeiras, que hoje estão praticamente desaparecidas, danças, como o Pela-porco e a Caninha Verde. Informa que essas brincadeiras vêm do ‘tempo do cativeiro’, como é o exemplo da Punga; sua organização, na região do Munin, se dava nos quilombos, e havia uma relação com os Terreiros de Mina. Praticavam-se três tipos de lutas: a punga, atracamento160, cangapé, sendo que a punga acontecia fora do tambor de crioula, na ‘área da punga’

. CANGAPÉ = Salto no ar, firula, acrobacia com o corpo, aquilo que alguns jogadores de futebol fazem na comemoração do gol e que os meninos do Nordeste sabem fazer sem nunca terem frequentado uma aula de acrobacia.

Da participação de ‘Seu” Miguel, de Arari, e do Mestre José Ribeiro, estes pungueiros, não ‘conhecem’ capoeira, tanto que pediram para ver uma roda, já que se estava tratando da punga como uma capoeira primitiva. Punga, como dito, tem significado de ‘pungar tambor’, isto é, a punga dos homens, que acontece ao lado da roda do tambor de crioula, esta das mulheres. Algumas expressões usadas por esses Mestres de Punga dos Homens, que chamam atenção, como ‘queda sem cair’, e o acordo que precede a entrada na roda – bater sem machucar. No tempo do cativeiro negro saia para as brincadeiras, mas não podia voltar machucado, pois o patrão não deixaria sair novamente, dai que vêm “os acordos”, de como será o combate. Caqueado, outro termo usado, é o aviso de que vai bater, onde vai bater – se na coxa, ou se vai ser no pé – rasteira: cambito!! – Em Arari, se bate só na coxa, e a alegria é cair junto: queda dos dois. Deixaram bem claro: não se punga em solo duro ou no cimento – só na areia. Pois bem, arma-se nova roda, esta de Capoeiras: Mestre Patinho161, Mestre Euzamor162, Mestre Serginho, Mestre Vânio163, Mestre Pezão164, Mestre Luis Senzala165, Mestre Baé166, 159 Cangapé - Sinônimos: cambalhota aquática Ato de mergulhar e dar uma cambalhota com uma das pernas batendo sobre a superfície da água. http://www.dicionarioinformal.com.br/cangap%C3%A9/ s.m. Pop. Ato de meter as pernas por entre as de outra pessoa para fazê-la cair. Rasteira. Fig. Laço, tramóia. 160 VER VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. TARRACÁ, ATARRACAR, ATARRACADO. Palestra apresentada no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão em 27 de abril de 2011; publicado na Revista do IHGM 37, março 2011. 161 MESTRE PATINHO - ANTONIO JOSÉ DA CONCEIÇÃO RAMOS - "Antonio, de Santo Antonio, José, de São José, Conceição, de Nossa Senhora da Conceição, Ramos, de Domingo de Ramos...". ESTILO: Capoeiragem; Contemporâneo (Josué); MESTRE:


Mestre Sapo; NOME: Antonio José da Conceição Ramos; FILIAÇÃO: Djalma Estafanio Ramos e Alaíde Mendonça Silva Ramos; NASCIMENTO: São Luis do Maranhão 14/09/1953; ACADEMIA: Escola Centro Cultural Mestre Patinho. In VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CONVERSANDO COM MESTRE PATINHO. Jornal do Capoeira - Edição 63 - de 05 a 11/Mar de 2006 disponivel em http://www.capoeira.jex.com.br/; Do LIVRO-ÁLBUM ‘MESTRES CAPOEIRA DO MARANHÃO’, em construção. 162 MESTRE EUZAMOR ALBERTO PEREIRA ABREU Estilo ANGOLA Mestre Luciel Rio Branco (falecido em 1984) Mestre Sapo (falecido em 1972) Mestre Rui Pinto Filiação Euzébio Ramos de Abreu – Maria da Conceição Pereira Abreu Local e Data de nascimento São Luis – Ma – 15 de janeiro de 1962. Academia Centro de Artes Japiaçú – Associação Cultural de Capoeira Angola Ludovicence – ACCAL – 60 alunos HISTÓRIA DE VIDA Funcionário público estadual; Concluiu o 2º. Grau na Escola do Comércio Centro Caixeiral; Alberto – Mestre Euzamor recebeu esse título em função de sua irmã que era conhecida pelo seu segundo mestre Anselmo Barnabé Rodrigues – mestre Sapo (falecido em 1972 em envolvimento de acidente automobilístico). Iniciou a capoeira aos 07 (sete) anos de idade na escolinha do Costa Rodrigues, antigo ITA (Instituto Tecnológico de Aprendizagem) depois passando a se chamar Meng, com seu primeiro mestre Luciel Rio Branco (falecido em 1984 vitima de homicídio), depois Mestre Sapo e por último o mestre e irmão Rui Pinto. Mestre Euzamor comenta que até 1930 só existia capoeira ou capoeiragem (palavreado maranhense). Era considerado esporte marginalizado devido à prática e ação de como era jogado. Distingue os tipos de capoeira como: Capoeira Regional que era praticado apenas no estado da Bahia e difundindo-se para as demais regiões, era jogada mais por pessoas que tinham certo poder aquisitivo; a Capoeira de Angola; Memoriza na Capoeira de Angola a existência de três tipos de ritmo mais jogado hoje: Angola (fase de preparação, aquecimento), São Bento Pequeno (fase intermediária) e São Bento Grande (fase de roda). Explica o motivo que levou a esta escolha que foi origem, habitat, vindo do sangue sob o fato de ter nascido num lugar de sobrevivência cotidiana “Madre Deus”. Com 35 anos dedicado a capoeira, agora e em primeiro momento foi formado o 1º. Mestrando que será chamado futuramente de mestre Cacá (Cláudio Lúcio), não costuma adotar a regra contra-mestre, e sim mestrando. Além desse, formou quatro discípulos. Fala que não vê a Capoeira como coisa aleatória, mas como um todo. Obtém como fonte inspiradora seus mestres: Luciel e Rui, este último como modelo de transparência, lealdade e responsabilidade e fora da Capoeira seu ídolo é o Steve Segal. É viajado pelo mundo afora, onde esteve duas vezes na Itália e duas na França, pretendendo voltar. O primeiro momento da existência na capoeira foi aos sete anos de idade com seu primeiro mestre: Luciel Rio Branco Rosa, depois com Mestre Anselmo Barnabé Rodrigues, vulgo Sapo. E, por último com Mestre Rui Pinto. Ensino médio completo, funcionário público estadual; motivo de escolha foi o sangue sob o fato de ter nascido num lugar de sobrevivência do dia-a-dia, ou seja “Madre-Deus”; até o momento formou um mestrando chamado Cláudio Lúcio, vulgo “Cacá” , além de quatro discípulos, não relacionados. Experiência de 35 anos dedicados a capoeira; distingue a capoeira em Regional (Mestre Bimba), mistura com outras técnicas de outras lutas; a Regional é mais competitiva, mais para lutar, disputar. Enquanto que a Capoeira Angola (Mestre Pastinha), o objetivo principal é formar cidadãos no todo, melhorar a auto-estima, além de proporcionar resistência muscular, mantendo o corpo com a mesma performance. Ritual da capoeira Angola ou ritmo: Angola (que é aquecer); São Bento Pequeno (que é a fase de intermédio); e São Bento Grande (que é o momento da roda). O objetivo do mestre em capoeira é deixar fluir o que tem dentro do ser, a fim de que possa identificar-se com o que realmente está querendo. A capoeira já lhe levou 2 vezes a Itália e duas a França, pretendendo voltar. Tem maior inspiração pelo seu irmão de afinidade, o mestre Rui Pinto, devido servir-lhe de modelo na transparência e responsabilidade. Do LIVRO-ÁLBUM ‘MESTRES CAPOEIRA DO MARANHÃO’, em construção. 163

MESTRE VÃNIO Edivan Martins Botão Estilo Capoeira. Mestre Raimundão. Filiação Paulino da S. Botão e Neide M.Botão Local e Data de nascimento São Luis, 23 de julho de 1962 HISTÓRIA DE VIDA Comecei a treinar capoeira no dia 16 de janeiro de 1982,numa sala do Colégio Universitário, no bairro de Vila Palmeira, com o Professor Raimundo, aluno do Mestre Sapo. Fui reconhecido Mestre no ano de 2002 pelo Mestre Ribaldo e reconhecido por outros mestres presentes. Ajudei a organizar o 1º Campeonato Maranhense de Capoeira em 1985; ajudei a organizar primeira federação maranhense de capoeira; ajudei a fundar a segunda federação oficial do estado do Maranhão. Quando ainda professor eu tinha um dos maiores grupos do Maranhão, o Grupo de Capoeira Cascavel. Participei das 1ª., 2ª., e 3ª. Mostra de capoeira, seminários, congressos, etc. Do LIVRO-ÁLBUM ‘MESTRES CAPOEIRA DO MARANHÃO’, em construção 164

MESTRE PEZÃO (2) Jadson Werbeth Figueiredo Estilo Regional Mestre Mestre Dedé (Denílson, não era mestre) Mestre Militar Filiação Joana Damasceno Figueiredo Local e Data de nascimento São Luis, 12 de agosto de 1981 Academia União de Moradores do Bairro Areinha, sede; existem mais quatro núcleos em São Luís e três em Axixá. Sempre usando alunos que treinou, pois dá autorização para os alunos dar aulas – tem cerca de 300 alunos HISTÓRIA DE VIDA Começou na capoeiragem, mas atualmente pratica e ensina a Regional, não deixando as raízes da capoeira Angola de lado. Para Pezão, o capoeirista maranhense se vira de acordo com o toque do berimbau. Começou com 10 anos, contra a vontade dos pais, que achavam a capoeira coisa de moleque e muito perigosa, e escondidamente começou a treinar com seu primo Dedé, que não era mestre. Aos 13 anos começou a treinar com o Mestre Betinho,obtendo sua primeira graduação, a corda verde. Com o aprendizado e conhecendo outros mestres, como Euzamor, Pato, Cibá, Jorge Navalha, Sena, Evandro e o finado Mestre Didi, entre outros. Aos 15 anos obteve sua segunda graduação, a corda amarela e teve a oportunidade de conhecer o Mestre Militar, que foi seu ultimo mestre, chegando com o mesmo a corda azul-amarela; hoje, aos 24 anos encontra-se na corda amarela-branca do Mestrando, aguardando chegar aos trinta anos para ser reconhecido como Mestre. O Mestre Pezão acha importante que por ocasião da iniciação dos seus alunos todos sejam questionados, do por que eles querem fazer capoeira, o mestre acha que falar da historia da capoeira é extremamente necessário,para que o aluno entenda o valor histórico e conheça suas raízes. Para o Mestre Pezão o verdadeiro capoeirista mostra sempre que é unido com seus companheiros de arte,prima pela história e pela conservação de valores ensinados pelos seus antepassados e antecessores, tirando do senso comum a visão de racismo e marginalidade criada dentro da sociedade em relação a capoeira. ;ao termino da entrevista o Mestre deixa a seguinte mensagem, para você que não admira a capoeira, aprenda sobre ela antes de falar e saiba que dentro de cada brasileiro tem um pouco de capoeirista, pois é herança do sangue dos negros brasileiros correndo na veia. Do LIVRO-ÁLBUM ‘MESTRES CAPOEIRA DO MARANHÃO’, em construção. Há outro Mestre com esse mesmo nome 165

MESTRE LUÍS SENZALA LUÍS AUGUSTO LIMA Estilo ANGOLA Mestre MESTRE MADEIRA (CERTIFICADO POR JOÃO PEQUENO) Filiação PAI: AUGUSTO DOS ANJOS LIMA - MÃE: MARIA MADALENA LIMA Local e Data de nascimento SÃO LUÍS – MA - 08 / 04 / 1971 Academia ESCOLA ACAPUS HISTÓRIA DE VIDA Em 1981, começou com o mestre Madeira, ingressou na capoeira devido as suas raízes e pelo seu interesse as artes marciais. O trabalho na capoeira se voltou para o social, isto é, tirando crianças das ruas onde já tem 5 anos com esse trabalho. Com a formação desses alunos, houve a divulgação da capoeira nos países da Europa, visando com isso não só expandir a arte como tirar daí seu próprio sustento, fazendo um intercâmbio entre Brasil e Europa. Do LIVRO-ÁLBUM ‘MESTRES CAPOEIRA DO MARANHÃO’, em construção.


Mestre Mizinho167, além dos Mestres pungueiros José Ribeiro e Miguel (de Arari). O tema “aspectos de semelhança da punga dos homens com a capoeira”. Patinho entre na Roda e apresenta seu caqueado: aos 9 anos, ouvia na noite o bater dos tambores. Sentia medo! Seu pai, um dia, para que perdesse esse medo, levou-o para ver de onde vinha e o que acontecia – conhece a Punga, dançado pelos homens. Passa a discorrer sobre a Punga e fala da “Punga de Peito”, em que os contendores saltam e batem de peito – feito no tempo da batida dos tambores para fazer a punga: ritmo.

Capoeira

Punga

Faz uma correlação entre a Capoeira e a Punga, tomando por base o ritmo e o movimento, apresentando que a base é a mesma – triangulo isóscele – três lados iguais - e que na capoeira a base se apresenta com os dois pés paralelos, com a mudança para três – vértice – a mudança de passo (base) se dá movimentando-se para trás; na punga há inversão, em que a base fica atrás e o movimento se faz para a frente.

166 MESTRE BAÉ – FLORISVALDO DOS SANTOS MENDONÇA COSTA - Estilo REGIONAL; Mestres *Mestre Alô - José Ribamar Viegas; *Mestre Paturi - Antônio Alberto Carvalho;*Mestre Patinho - Antônio José da Conceição Ramos *Mestre Edy Baiano - Edmundo da Conceição; Filiação Pai – Florisvaldo dos Reis Costa - Mãe – Inês da Graça Mendonça; Local e Data de nascimento Penalva - 01 de novembro de 1966 Academia Associação de Cultura Educacional Candieiro da Capoeira HISTÓRIA DE VIDA Iniciei a capoeira em fevereiro de 1977, na feira do João Paulo com o finado Alô, depois passei a treinar com o mestre Paturi até conhecer o mestre Patinho tendo me afastado devido o mesmo ter se dedicado só à capoeira de angola, e meu objetivo eram me aprofundar mais na capoeira, pois a mesma está no sangue. Em 1989, comecei a praticar e estudar a capoeira regional pelo Brasil inteiro. A partir de 1990, iniciei um trabalho de estudo e pesquisa da capoeira no Brasil. De forma geral, hoje sou mestre de capoeira e amo o que faço. Nasceu em Penalva, estado do Maranhão, no dia 01/11/1966, onde logo depois se mudou para a capital, São Luís. Teve uma infância comum como qualquer outra criança, jogava pelada, bola de gude, soltava pipa. Mas aos 11 anos ingressou na capoeira, mais precisamente no dia 17 de fevereiro de 77, na Feira do João Paulo, bairro popular de São Luís, começou com o já falecido Senhor Alô, que foi policial militar. Em 1980 até meados de 1984, seu mestre foi Paturi, 95 Mestre patinho, 89 Mestre Edy baiano o mesmo que o graduou contra-mestre juntamente com o conselho de mestres. Atualmente Florisvaldo ou Mestre Baé é bombeiro militar. Do LIVRO-ÁLBUM ‘MESTRES CAPOEIRA DO MARANHÃO’, em construção. 167 MESTRE MIZINHO - ALCEMIR FERREIRA ARAÚJO FILHO; Estilo REGIONAL Mestre: Mestre Evandro; Filiação Alcemir Ferreira Araújo – Amélia Marques; Local e Data de nascimento: São Luís – Ma – 21 de setembro de 1960; Academia Associação Nação Palmares HISTÓRIA DE VIDA Começou na Capoeira aos 12 anos, no PDT no Monte Castelo. É Mestre e tem mais de 500 alunos na Academia, fundada em 1º. de 2000; existem academias em vários bairros e conjuntos de São Luís, tais como Vila Palmeira, Anil, Cidade Operária, Caratatiua, Cohatrac; fazem apresentações me vários pontos da cidade. Aos 11 anos de idade eu praticava judô com um tio; certo dia, me levaram ao Teatro Artur Azevedo e eu fiquei puramente fascinado pela capoeira, mas quando pedi a minha mãe para treinar ela não permitiu, a capoeira era muito marginalizada mas eu tinha um professor particular chamado João Evangelista e minha mãe tinha uma grande confiança nele, ele era capoeirista e eu não sabia, um dia eu olhei ele armando um berimbau e me lembrei do teatro e perguntei para ele o que era aquilo e para que servia, ele me falou tudo, então pedi para ele falar com minha mãe para deixar eu treinar, ele foi e pediu. Minha mãe deixou, com a condição de que ele me levasse e trouxesse para casa de volta. Iniciei na capoeira aos 12 anos de idade na Rua 24 de Agosto no Bairro do Monte Castelo, São Luís-Ma. Em 1984, quem comandava era o Evandro conhecido hoje como Socó e nessa mesma academia conheci o mestre Evandro com quem eu comecei a treinar, onde treinei até o ano de 2000, onde cheguei até a graduação de mestrando. O seu reconhecimento de Mestre foi dado por um conselho de Mestre pertencente a federação, ou seja, reconhecimento dado pela nossa comunidade capoeirista. A Associação Nação Palmares de capoeira – ANPC – fundada em 1º. De maio de 2000, localizada na Rua Gabriel, 27, Fé em Deus, nasceu de uma junção de idéias de três contra-mestre, Mizinho, J.J. e José Manoel, este último não se faz mais presnete na ANPC, por isso o nome Associação Nação Palmares de Capoeira tem como mestre e coordenador geral o mestre Mizinho e outros professores que também fazem parte da diretoria da ANPC. Atualmente a academia conta com 1 corpo docente 1 mestre, 1 contra-mestre, 3 instrutores e 1 monitor e 11estagiários. A Associação Nação Palmares de Capoeira não se intitula só no estilo Angola e nem no estilo Regional mas sim capoeira, uma capoeira mista que engloba os dois estilos Angola e Regional, respeitando sempre seus seguimentos, fundamentos e tradições de cada uma. Os ensinamentos teóricos e práticos são transmitidos da melhor maneira possível aos seus integrantes, lembrando que este estilo não foi criado por nós sim a preservado do passado com algumas inovações para melhorar e facilitar a aprendizagem dos alunos. E este o estilo de nossa capoeira não é uma subdiferença da capoeira Angola e Regional, mas é o que chamamos de capoeira Maranhense, deixando como herança dos nossos antepassados. Do LIVRO-ÁLBUM ‘MESTRES CAPOEIRA DO MARANHÃO’, em construção.


Vê semelhança no ritmo de executar o movimento – se refere à pernada e alguns movimentos como o rabo de arraia, cangapé. Para Mestre Euzamor – Alberto Pereira Abreu – nos passeios que a família fazia para a Ponta D´Areia, nos finais de semana, ainda nos anos 60, ao final da tarde via as rodas de Tambor de Crioula e em dado momento os homens entravam na roda com o Jogo do Cacete; quando se tornou Capoeira, começou a perceber a semelhança da Capoeira de Mestre Sapo com aquelas lembranças de criança; Sapo falava de ritmo e movimento do cabloco de pena com a movimentação da capoeira; aprendeu, então, a jogar o cacete; acredita que a origem da capoeira do Maranhão esteja no Tambor de Crioula e no Bumba-Boi; fala sobre o jogo do cacete, e de como treinava. Houve intervenções dos Mestres pungueiros, reafirmando o que vinham falando nesses três encontros – ressaltando-se que Punga era ‘brincadeira’. Mestre Patinho pergunta-me por que não houve capoeira no Ceará. Respondo: houve, mas com outro nome, como aqui recebia a denominação de ‘carioca’, ou mesmo ‘punga’, capoeiras primitivas. Carlos Cavalheiro168, de Sorocaba afirma: “Cai por terra a teoria de que São Paulo conheceu capoeira somente no século XX. É preciso ter claro na mente como se desenvolveu a capoeira e separar em dois momentos históricos: o da informalidade e o da formalidade dessa prática. Primeiramente, devemos entender que a mesma apareceu entre os negros escravos de Angola e os primeiros registros dão conta de que se tenha desenvolvido entre os quilombolas de Pernambuco. Posteriormente, essa luta encontrou em todos os rincões do Brasil suas formas regionais: a capoeira Angola e a pernada no Rio de Janeiro, a punga no Maranhão, o bate-coxa em Alagoas, o cangapé ou cambapé no Ceará, a tiririca ou pernada em São Paulo, a capoeira de Angola (e posteriormente a Regional Baiana) na Bahia. “Notícias diversas também se tem do pessoal da pernada, a capoeira paulista simplificada. Em São Paulo, segundo Nenê da Vila Matilde e Geraldo Filme, era conhecida por tiririca. É a mesma pernada carioca. Sebastião Bento da Cunha, conhecido por “Carioca”, residente no bairro Santa Terezinha, em Sorocaba, alega que conheceu esse jogo com o nome de samba-de-roda, praticado em Valença e Barra Mansa, no estado do Rio de Janeiro. No Maranhão é conhecida por punga e está ligada ao Tambor de Crioula. Marcelo Manzatti fala da tiririca como sendo forma primitiva de Capoeira ou Pernada, praticada ao som do samba, sendo os golpes desferidos em meio aos passos da dança.”(grifos meu).

Mas vamos prosseguir com Mestre Cavalheiro, em correspondência pessoal (04/02/2006) quando me pergunta se ainda estou interessado na Punga; informa, então: Encontrei outra referência: "A punga entre homens não tem características de convite à dança como entre as mulheres. É uma espécie de briga que se assemelha, ligeiramente, à capoeira, onde o objetivo de cada um é derrubar o companheiro. Isto faz lembrar a hipótese de que o Tambor de Crioula inicialmente era um exercício de luta como a Capoeira. É aplicada no joelho ou dada em forma de rasteira nos pés. [...]". Há um pouco mais de informações, mas isto é o essencial. A referência? FERRETTI, Sérgio et al. TAMBOR DE CRIOULA, Cadernos de Folclore n. 31. RJ: Funarte/MEC, 1981, pp. 08 - 11.

168

CAVALHEIRO, Carlos Carvalho. A http://www.anovademocracia.com.br/1828.htm

HISTÓRIA

DA

CAPOEIRA

EM

SOROCABA.

Disponível

em


CADA QUÁ, NO SEU CADA QUÁ – A PUNGA DOS HOMENS NO TAMBOR DE CRIOULA Ao Sérgio Capoeira - Sergio Luis Aguiar da Costa Sérginho é velho conhecido; licenciado (Plena) em Educação Física e Especialista em Docência do Ensino Superior, um dia o vi como Artista Popular, tocando no Tambor de Mestre Felipe, ali no CEPRAMA. Fui cumprimentá-lo e conversamos um pouco. Logo depois vim a encontrá-lo no Matroá, de Mestre Marco Aurélio e soube-o Capoeira também. Temos conversado desde então... Nesse dia, ele e Serginho estavam conversando sobre o evento que estavam preparando – A Punga dos Homens do Tambor de Crioula. Pediram-me uma contribuição, meus escritos, sobre o tema proposto, uma vez que advogo: (1) a existência de uma capoeira genuinamente maranhense; (2) que essa Capoeira recebeu várias influencias, e também denominações diferentes ao longo do tempo, pelo menos desde o inicio dos anos 1800, conforme comprovado por fontes primárias; (3) que ao identificar o surgimento dessa modalidade da lúdica e do movimento, e sua singularidade no Maranhão, aparecem várias denominações e gestos que a caracterizam e a identificam, todos comprovados por pesquisas; (4) dentre as denominações da Capoeira – prefiro, no Maranhão, a utilização do termo ‘Capoeiragem”, para diferenciá-la da ‘Capoeira” de origem baiana, introduzida aqui por Mestre Sapo nos idos 1960 – e dentre essas denominações aparecem “carioca”, “pernada”, “punga”, que diversos pesquisadores identificam como ligadas à Capoeiragem maranhense. Sérginho me escreve, apresentando duas ressalvas em relação a meus escritos: 1 O debate de sábado à tarde, com a presença de mestres de Capoeira, não estava "tratando da capoeira como punga dos homens" e sim, tentando sensibilizar os Capoeiras a conhecer mais a fundo e valorizar algo que é nosso, está em nosso estado ainda de latente forma. Há muito tempo que nós do Laborarte, passamos por esse fogo cruzado com a comunidade de Capoeira. Dançamos Cacuriá, brincamos bumba-boi, dançamos Lele e felizmente, tivemos a graça de ter um MESTRE da qualidade de Mestre Felipe.

Bem, Serginho, o objetivo foi de: “[...] esclarecer se tal expressão corporal é remanescente de uma forma de luta, própria de povos africanos trazidos para o Maranhão e, se há uma relação com a Capoeira, bem como, os motivos pelos quais não se faz presente entre as brincadeiras de tambor de crioula, existentes na capital do estado.” (FOLDER DO EVENTO). Creio que se estava, sim, tratando da Punga dos Homens como uma Capoeiragem primitiva, e que possivelmente tenha sua origem no Tambor de Crioulo. Note que uso no masculino... E afirmo baseado em Câmara Cascudo, Carlos Cavalheiro, e outros pesquisadores do folclore brasileiro, que trazem a ‘punga’ como maranhense, ou melhor, identificada como maranhense, e sua descrição aparece em vários momentos e localidades, seus gestos, com outros nomes. Mas a raiz é uma só: a matriz africana, e sua simbiose com a indígena. Repetindo o que já escrevi: dizia Mestre Cavalheiro:


Das diversas lutas/jogos afro-brasileiras, tem-se informação das seguintes: Em Alagoas foi chamada de bate-coxa; em Pernambuco transformou-se no passo do frevo; na Bahia era a capoeira Angola e o batuque; samba de aboio em Sergipe; samba-de-roda no interior fluminense; pernada no Rio de Janeiro; punga no Maranhão; tiririca na capital paulista e pernada no interior de São Paulo. Isso não significa que não se encontrasse o nome genérico de capoeira nessas localidades. Não negamos, em momento algum, o que consta do folder: “[...] o aprendizado, a pesquisa e o debate em torno dessa expressão –[Punga dos Homens] -, que muito embora seja tema de interesse da Capoeiragem, também diz respeito ao público em geral, na medida em que pessoas ligadas à pesquisa, dança, artes cênicas e de lutas, audiovisual, dentre outras, buscam na arte e na cultura popular, elementos de composição para as suas mais diversas expressões.”

Eu fui buscar elementos que comprovassem a relação punga e capoeiragem no Maranhão; de ser a punga dos homens uma forma de capoeira primitiva; o que vi me dá essa certeza, dentro dessa hipótese levantada, e creio eu, comprovada... Sem descartar o ponto de vista, o teu, principalmente, que o vê como atividade eminentemente cultural, pertencente ao grupo de jogos dançados... Prossegue Serginho: “Quanto a esse aspecto, nos apaixonamos pelo Tambor de Crioula. Tocar tambor, não tem explicação, ainda mais quando os três tambores se emparelham, os tocadores se conhecem, sabem o que cada um vai fazer. Nesse aspecto, descobrimos que dançar, não é apenas rebolar ou fazer caras e bocas, como atualmente já se detecta. Observando os pés da tambozeira, percebemos que quanto melhor ela é, mais a mesma acompanha as pancadas do Tambor Grande, punga certinho no meião e ainda dá tempo de fazer uns quebrados no pererengue.

O que é reforçado quando fala de sua motivação a querer conhecer mais a punga dos homens: “Claro que a Capoeira nos levou ao tambor e como não poderia deixar de ser, também nos levou a punga dos homens. Mas, quero que leve em consideração, que embora amantes incondicionais da Capoeira, em momento algum, uma coisa tenta se tornar outra em nossos corpos. Evidente que o que aprendemos na Capoeira, pode facilitar e muito que pretendemos aprender na punga. Aquilo que possamos aprender na punga, com certeza se manifestará na Capoeira e, quem sabe, fortaleça nossa prática enquanto Capoeira do Maranhão, uma questão de identidade para uma localidade que quase tudo de novo que se aprende vem de fora.”

O Mestre Sérgio Capoeira afirma que o desejo não é divulgar que a punga seja a Capoeira primitiva do Maranhão; entende que “os diversos estados em nosso país desenvolveram algumas artes de luta e que localizadas no tempo passado, nunca foram denominadas de Capoeira. Preferimos deixar a punga onde ela está, dentro do Tambor de Crioula. O Capoeira que quiser aprender a punga, além de ser Capoeira, passará também a ser Coureiro, Tambozeiro ou Punga (como eles se denominam, e não "pungueiros").

Concordo plenamente!!! Onde está a divergência? Quanto ao uso do termo ‘pungueiro’ foram os próprios participantes – Junhero, o próprio Marco Aurélio, que o utilizou e assimilei... 2 Quando Mestre Patinho desenhou o triangulo no chão, ele estava se referindo somente a Capoeira. Quando inverteu o triangulo, ele estava abordando aquilo que o mesmo chama de


ginga invertida. Na punga não existe o triangulo e sim a base de pés juntos naquilo que denominam de "esperando" punga. Meu Mestre, Patinho me ensinou que Capoeira é prática, e só quem a pratica tem condições de discutir, com o que concordo; mas naquele momento, Patinho fez referencia à similaridade gestual, em que ‘ginga invertida’ se assemelha à punga, no momento em que vai levar o joelho – daí a necessidade do passo a frente – saindo da base paralela, passo a frente, para elevar a outra perna, a que vai golpear; deu o exemplo, riscando o triangulo no chão, e depois repetiu o gesto com o auxílio de outro capoeira, que recebeu o golpe... Até aí, concordamos... Claro, eu não sou Capoeira, escrevo sobre a História, daí minha dificuldade em entender e descrever o gestual... Prossegue Sérgio: “Estou plenamente de acordo com vossa pessoa, quando diz que a ascensão histórica da Capoeira "matou" diversas artes e brincadeiras de luta por esse Brasil afora. Acho que sim, a "invasão" cultural e apaixonante da Capoeira deve ter causado esse efeito. Por isso, quando detectamos que a punga dos homens sobreviveu, isto se torna mais um motivo para que tenhamos orgulho do Tambor de Crioula pertencer ao Maranhão e que mais pessoas passem a praticá-lo, inclusive nossos camaradas da Capoeira”

Já escrevi que concordo com Mestre Cavalheiro quando afirma que o fenômeno das academias baianas trouxe uma nova conformação à própria história da capoeira, uniformizando (no que tange às tradições, hábitos, costumes, rituais, instrumentação, cantigas etc.) sua prática, especialmente após a migração de mestres para o sudeste brasileiro. Isso foi um dos motivos pelos quais a capoeira conhecida e praticada hoje é a baiana. Infelizmente, por outro lado, foram-se apagando pouco a pouco as práticas regionais anteriores como a pernada, a tiririca, o cangapé, a punga, o bate-coxa... Que não puderam oferecer resistência e nem conseguiram criar condições para competir com a capoeira baiana. (Carlos Carvalho Cavalheiro, in Jornal do Capoeira). Vamos verificar algumas descrições, então, dos gestuais: BATE-COXA - manifestação das Alagoas, uma dança ginástica: “a dança do bate-coxa não se confunde com a capoeira. Os praticantes são da mesma origem, descendentes de escravos” - os dois contendores, sem camisa, só de calção, aproximam-se, colocando peito a peito, apoiando-se só nos ombros, direito com direito. Uma vez apoiados os ombros, ao som do canto de um grupo que está próximo, ao ouvir-se o “ê boi”, ambos os contendores afastam a coxa o mais que podem e chocam-se num golpe rápido. Depois da batida, a coxa direita com a coxa direita, repete a esquerda, chocando-se bruscamente ao ouvir o “ê boi” do estribilho. A dança prossegue até que um dos contendores desista e se dê por vencido. BATUQUE 169- dança com sapateados e palmas, ao som de cantigas acompanhadas só de tambor quando é de negros ou também de viola e pandeiro “quando entra gente mais asseada”. A tradição indica o batuque-boi170 como de procedência banto, tal e qual a capoeira, cujo nome tupi batiza o jogo atlético de Angola - a luta mobilizava um par de jogadores, de cada vez; dado o sinal, uniam as pernas firmemente, tendo o cuidado de resguardar o membro viril e os testículos. Dos golpes, cita-se o encruzilhada, em que o lutador golpeava coxa contra coxa, seguindo o golpe com uma raspa, e ainda o baú, quando as duas coxas do atacante devam um forte solavanco nas do adversário, bem de frente. Todo o esforço dos lutadores era concentrado 169

CARNEIRO, E.A Sabedoria Popular. Rio de Janeiro: Edição de Ouro (1948), Civilização Brasileira, 1978, citado por D.ÁVILA, Nícia Ribas in UNESCOM - Congresso Multidisciplinar de Comunicação para o Desenvolvimento Regional, São Bernardo do Campo - SP. Brasil - 9 a 11 de outubro de 2006 - Universidade Metodista de São Paulo, disponibilizado por Javier Rubiera para Conexoes da Capoeira Angola el 3/01/2010. 170 Batuque é denominação genérica de toda dança de negros na África. Com o nome de “batuque” ou “batuque-boi” há uma luta popular, de origem africana, muita praticada nos municípios de Cachoeira e Santo Amaro e capital da Bahia, uma modalidade de capoeira.


em ficar de pé, sem cair. Se, perdendo o equilíbrio, o lutador tombasse, teria perdido a luta. Por isso mesmo, era comum ficarem os batuqueiros em banda solta, equilibrando-se em uma única perna, e outra no ar, tentando voltar aposição primitiva. Havia golpes como a encruzilhada em que o atacante atirava as duas pernas contra as pernas do adversário, a coxa lisa, em que o jogador golpeava coxa contra coxa, acrescentando ao golpe uma raspa, o baú, quando as coxas do atacante davam um forte solavanco nas do adversário, bem de frente. O batuque era uma luta/dança parecida com a capoeira, onde os jogadores usavam as pernas para desequilibrar o adversário, jogada ao som de músicas, ritmada por pandeiros e bastante violenta, uma vez que muitos golpes tentavam acertar a região genital.171 Permita outra transcrição, e veja se lembra de algo: “Todos os dias no Morro da Favela (onde nasceu o samba, no Rio) havia Batuque, pernadas, pessoas caídas no chão até que surgisse a polícia. Na chegada dela, o batuque rapidamente virava meio dança lenta, meio ritual. As mulheres dos batuqueiros, para disfarçar, entravam na roda (tal qual a gira dos candomblés) e, num batuque mais lento, mole, com remelexos, trejeitos sensuais e umbigadas (= semba, em Loanda) no sexo oposto, - sendo estas consideradas o ponto culminante da dança -, demonstravam estar se divertindo. Segundo Elias Alexandre da Silva Correia 172o batuque é uma dança indecente que finaliza com umbigadas.”. (D´Avila, 2006)173.

Para D´Ávila (2006), assim nasceu o samba-de-roda na Bahia. Mistura de um batuque com as mulheres das rodas dos candomblés, com outro batuque representado pelos homens das capoeiras. É em virtude desta fusão que, ainda nos dias atuais, verificamos ser o samba-de-roda a única modalidade de samba em que a presença do berimbau se faz notar e é tocado, tradicionalmente, quando há mulheres presentes na roda: “[...] Quando a polícia se retirava, recomeçava o batuque bravo quando caprichavam na capoeiragem, com pernadas violentas, soltando baús, dourado, encruzilhada, rabo-de-arraia, que tiravam os conflitantes da roda. Corte difícil de defender para um batuqueiro era o da tiririca com o seguinte canto puxado pelo mestre: ‘tiririca é faca de cortar / quem não pode não intima /deixa quem pode intimá’. Um pé ficava no chão e o outro com violência, no pé do ouvido do adversário. Em consequência da tiririca = faca, surgiu no samba-de-roda o raspado de prato e faca, do modo dos reco-recos raspados nas batucadas. Um último tipo de batuque bravo (dança-luta) é o batecoxa em Alagoas, na cidade de Piaçabuçu, praticada exclusivamente por negros em que dois disputantes sem camisa, só de calção aproximam-se e colocam peito com peito, apoiando-se mais nos ombros. Soa a música... ‘são horas de eu virar negro / eh! boi.../ Minha gente venha ver / com meu mano vadiar /, eh! Boi.../ são horas de eu virar negro / tanto faz daqui pr.ali / como dali pr.acolá / eh! Boi.../ são horas de eu virar negro’. Afasta a coxa o mais que podem e quando 171

Vale aqui uma referencia a Mestre Tiburcinho, também conhecido como Tibúrcio de Jaguaripe, lembrado entre poucos capoeiristas como um mestre de batuque. Também foi um grande mestre de capoeira e figura importante da cultura popular brasileira. Tibúrcio José de Santana nasceu por volta de 1870 em Jaguaripe. Aprendeu o batuque com Mestre Bernardo, ali no Recôncavo mesmo. Foi um grande batuqueiro e um dos últimos a preservar essa arte. Chegou a Salvador de saveiro, como a maioria dos trabalhadores da região. Conheceu a capoeira de Salvador no Mercado Popular e se enturmou com os capoeiristas locais, se tornando um deles. Ficou famoso nas rodas de capoeira pela sua habilidade. Depois de algum tempo, Mestre Tiburcinho começou a freqüentar a academia de Mestre Pastinha e era muito visto por lá. Com mais de 80 anos, era um capoeirista malicioso, mandingueiro, perigoso. Cantava sempre músicas da outra luta que praticava, mantendo-as vivas, como: Ê loandê... Tiririca é faca de cortá... num me corta molequinho de sinhá... Outro fato importante para a cultura brasileira é que foi Mestre Tiburcinho, levado a Mestre Bimba por Mestre Decânio, quem ajudou o famoso criador da Capoeira Regional a lembrarse de muitas cantigas e até coreografias de maculelê. Graças a esse encontro, Mestre Bimba começou a colocar o maculelê em apresentações com seu grupo. Oo que fez com que o maculelê fosse estudado e apresentado por vários grupos de capoeira até hoje. Se o batuque Mestre Tiburcinho não conseguiu manter vivo, a "redescoberta" do maculelê teve uma grande força dele. Esse grande Mestre participou do “Dança de Guerra”, filme de Jair Moura. É citado entre outros capoeiristas no livro “Tenda dos Milagres”. E a gente faz questão de lembrar o nome dele por aqui. In http://zungucapoeira.blogspot.com/2009/06/mestretiburcinho-batuque-capoeira-e-o.html, disponibilizado por Javier Rubiera para Conexoes da Capoeira Angola el 3/01/2010. 172 SILVA, A. E. C. - História de Angola - I, 89, Lisboa, 1937, in Moura J. - MESTRE BIMBA. Salvador (BA): Prod. Zumbimba, 1993. 173 D.ÁVILA , 2006, obra citada. Disponível em http://encipecom.metodista.br/mediawiki/images/3/34/GT2-_FOLKCOM-_04_Fundamentos_da_Cultura_Musical_-_Nicia.pdf, publicado por Javier Rubiera para Conexoes da Capoeira Angola el 3/01/2010.


escutam o coro cantar eh! Boi...., chocam-se num golpe rápido, coxa direita com a direita do adversário. Repetem a esquerda chocando bruscamente ao ouvir o eh! Boi...Perde quem desistir, sentir-se vencido ou levar uma queda após a batida. O canto é acompanhado por um tocador de reco-reco [...]”D´Avila (2006)174.

Reis (1997) 175 informa que: O batuque baiano, segundo Câmara Cascudo (1988), era uma modalidade da capoeira. O acompanhamento musical assemelhava-se ao dela, com utilização de pandeiros, berimbaus e ganzás, além do que se entoavam cantigas. A luta envolvia dois jogadores por vezes, os quais deveriam unir as pernas com firmeza e aplicar rasteiras um no outro. O principal era evitar cair e “por isso mesmo era comum ficarem os batuqueiros de banda solta, isto é, equilibrado numa única perna, a outra no ar, tentando voltar à posição primitiva (...).” (p.129 – nota de número 12)

Para Sandroni, trata-se de: “[...] um jogo de destreza corporal, variante da capoeira, que foi popular no Rio de Janeiro. Pode ser considerada também como uma variante do samba-de-umbigada definido por Carneiro, pois consistia numa roda, como os usuais cantos responsoriais e palmas dos participantes, onde a umbigada era substituída pela pernada, golpe com a perna visando derrubar o parceiro, o qual, se conseguisse se manter de pé, ganhava o direito de aplicar a próxima pernada no parceiro que escolhesse. A batucada se diferencia dos outros sambas-de-umbigada por sua componente violenta (2001:103”).

PERNADA - Câmara Cascudo assistiu a uma pernada executada por marinheiros mercantes, no ano de 1954, em Copacabana, Rio de Janeiro; diziam os marinheiros que era carioca ou baiana. É uma simplificação da capoeira. Zé da Ilha seria o “rei da pernada carioca”; é o batecoxa das Alagoas. Ainda Edson Carneiro (Dinâmica do Folklore, 1950) informa ser o batuque ou pernada, bem conhecido na Bahia e Rio de Janeiro, não passa de uma forma complementar da capoeira. Na Bahia somente em arraiais do Recôncavo se batuca, embora o bom capoeira também saiba largar a perna. No Rio de Janeiro já se dá o contrário - a preferência é pela pernada, que na verdade passou a ser o meio de defesa e ataque da gente do povo. Por ter certa semelhança com uma luta, a “pernada” ou “punga dos homens” tem sido comparada à capoeira. A pernada que se constata no tambor de crioula do interior, lembra a luta africana dos negros bantus chamada batuque, que Carneiro (1937, p. 161-165) descreve em Cachoeira e Santo Amaro na Bahia e que usava os mesmos instrumentos e lhe parece uma variante das rodas de capoeira.

174

Conforme D.ÁVILA, R. N. ANÁLISE SEMIÓTICA DO FATO MUSICAL BRASILEIRO BATUCADA. Tese de doutorado em Ciências da Linguagem - Semiótica. Sorbonne, Paris III - França, 1987. Ver também D'ÁVILA, R. N.. Trabalho apresentado no II° Congresso Brasileiro de Musicologia e III° Congresso Internacional de Música Sacra, na Escola Superior de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Da contribuição afro-indígena na música do Brasil, promovido pela (SBM) SOCIEDADE BRASILEIRA DE MUSICOLOGIA, 1992; D.ÁVILA, R. N. - O SAMBA EM PERCUSSÕES - BATUCADA BRASILEIRA. Como tocar os instrumentos das Escolas de Samba, por música. Vol. I. Método com cassete. Santos (SP): Ed. A Tribuna, 1990; ARAÚJO, A. M. - BRASIL. HISTÓRIAS, COSTUMES E LENDAS. S. Paulo: Editora TRÊS; CARNEIRO, A. L. CANÇÕES E DANÇAS DE MONTE-Córdova. Sep. de Douro - Litoral, IV; 3a. Série. Porto. 1964; RODRIGUES, N. - Os africanos no Brasil - S.Paulo: Ed. Nacional - 5a. Edição. Vol.9, l977; MUNIZ JR., J. DO BATUQUE À ESCOLA DE SAMBA, S. Paulo: Ed. Símbolo - l976; CARNEIRO, E. - Samba de Umbigada, p. 33, in Mukuna, Kasadi Wa.- Contribuição BANTO NA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA. S. Paulo: Editora Global - s/d. 175 REIS, 1997, obra citada.


“Há muito tempo a esta parte tenho notado um novo costume no Maranhão; propriamente novo não é, porém em alguma coisa disso; é um certo Batuque que, nas tardes de Domingo, há ali pelas ruas, e é infalível no largo da Sé, defronte do palácio do Sr. Presidente; estes batuques não são novos porque os havia, há muito, nas fábricas de arroz, roça, etc.; porém é novo o uso d”elles no centro da cidade; indaguem isto: um batuque de oitenta a cem pretos, encaxaçados, póde recrear alguém ? um batuque de danças deshonestas pode ser útil a alguém?“(ESTRELLA DO NORTE DO BRASIL, n. 6, 08 de agosto de 1829, p. 46, Coleção de Obras Raras, Biblioteca Pública Benedito Leite).

Letícia Vidor de Souza Reis176, baseada em Câmara Cascudo, afirma que o “batuque baiano” era uma modalidade de capoeira que irá influenciar muito Manoel dos Reis Machado, o Mestre Bimba, na elaboração da Capoeira Regional Baiana177. Em entrevista ao Jornal Diário da Bahia, na sua edição de 13 de março de 1936, na matéria: “Titulo Máximo da Capoeiragem Bahiana”, Bimba, dá uma longa entrevista acerca de seus desafios públicos na divulgação da chamada Luta Regional. Da mesma destacamos o seguinte trecho: “Falando sobre o actual movimento d’aquele ramo de lucta, genuinamente nacional uma vez que difere bastante da Capoeira d’angola, o conhecido Campeão (Bimba) referindo-se a uma nota divulgada por um confrade matutino em que apparecia a figura do Sr. Samuel de Souza. Do Bimba, de referência aos tópicos ouvimos: Ao som do berimbau não podem medir forças dois capoeiras que tentem a posse de uma faixa de campeão, e isto se poderá constatar em Centros mais adiantados, onde a Capoeira assume aspectos de sensação e cartaz. A Polícia regulamentará estas exibições de capoeiras de acordo com a obra de Aníbal Burlamaqui (Zuma) editada em 1928 no Rio de Janeiro... . Nesta reportagem existem alguns itens que merecem uma atenção mais detalhada: (a) A confirmação da influencia de Zuma no trabalho implantado por Mestre Bimba; (b) O reconhecimento de Bimba ao trabalho de Zuma; (c) A afirmação de Bimba existia Centros mais adiantados em Capoeira que a Bahia, no caso, a Cidade de Rio de Janeiro; (d) O interesse de Bimba pela prática desportiva da “Luta Nacional”; (e) A integração de seu discípulo nesta inovação; (f) A adoção do regulamento de Zuma pela direção do Parque Odeon, onde se realizavam tais apresentações; (g) A liberação pela polícia, daquela forma de luta já existente no Rio de Janeiro. ( Fonte: Rego, op. cit., 1968. pág. 282 e 283; Diário da Bahia. Salvador 13 de março de 1936; Da Capoeira: Como Patrimônio Cultural - Prof. Dr. Sergio Luiz de Souza Vieira - PUC/SP 2004)178

Banda jogada, de Zuma179 176

REIS, 1997, obra citada. in http://www.capoeira-fica.org/PDF/Annibal_Burlamaqui.pdf 178 Disponível em http://www.capoeira-fica.org/ 179 Zuma fue un importante inventor de esta nueva capoeira carioca y afirmó que varios golpes fueron extraídos de los “batuques” y “sambas”, como en el caso del “baú”. Se trata de un golpe dado en el adversario con la barriga, siendo similar a los movimientos del “samba de ombligada”. El “baú” tam- bién era usado durante los “batuques lisos”, segundo Zuma, los más delicados. El 177


A afirmação traz um significado especial por tratar do batuque baiano na formação de Mestre Bimba, da qual seu pai era campeão na modalidade, porque implicava num jogo agressivo de pernas contra as pernas do oponente, já como uma forma característica de luta acompanhada por cânticos e instrumentos. Quanto a Anibal Burlamaqui – Mestre Zuma 180 - foi um importante inventor da nova capoeira carioca e afirmou que vários golpes foram extraídos dos “batuques” e “sambas”, como no caso do “baú”. Trata-se de um golpe dado no adversário com a barriga, sendo similar aos movimentos do “samba de umbigada”. O “baú” também era usado durante os “batuques lisos”, segundo Zuma, os mais delicados. O “rapa” havia sido um golpe usado nos “batuques pesados”. Ele também explica os golpes de “engano”, que serviam somente para burlar o adversário.181 Mestre André Lacé182, a esse respeito, lembra que a capoeira tradicional, na Bahia e pelo Brasil afora, tinham a mesma convivência com o batuque. Além do mais há registros autorizados jurando que a Regional nasceu da fusão da Angola com os melhores golpes das lutas europeias e asiáticas183. Segue a Roda...

“rapa” habría sido un golpe usado en los “batuques pesados”. Él también explica los golpes de “en- gaño”, que servían solamente para burlar al adversario. Correspondencia pessoal de Javier Rubiera [mailto:capoeira.espanha@gmail.com] Enviada em: quartafeira, 5 de agosto de 2009 22:49 Para: leopoldovaz@elo.com.br Assunto: [SPAM] [Sala de Pesquisa - Internacional FICA] Zuma, la Samba de Umbingada, el Morin... 180 VIEIRA, 2004, obra citada. Disponível em http://www.capoeira-fica.org/PDF/Annibal_Burlamaqui.pdf - A Capoeira Desportiva é o mais antigo segmento organizado da Capoeira. Surgiu no Rio de Janeiro após a Proclamação da República, no Brasil, em 1889. É resultante do reaproveitamento da corporalidade da antiga capoeiragem, em seus gestos e movimentos, para a construção de um método ginástico caracterizado por uma forma de luta sistematizada. Em 1904 surgiu um livreto anônimo, sob o nome: Guia do Capoeira ou Gymnastica Brazileira, com algumas propostas deste reaproveitamento, no qual se encontram as letras ODC, que significam “ofereço, dedico e consagro”, no caso “à distinta mocidade”. Foi somente em 1928 que a Capoeira Desportiva foi metodizada e estruturada por seu precursor, Annibal Burlamaqui, conhecido pelo nome de Zuma, o qual elaborou a primeira Codificação Desportiva da Capoeira, sob o título de: Gymnastica Nacional (Capoeiragem) Methodizada e Regrada. Sua obra. Ver ainda: http://saladepesquisacapoeira.blogspot.com/2009/08/zuma-la-samba-de-umbingada-el-moringue.html http://www.capoeira-fica.com/PDF/Capoeira_Origem_Historia.pdf http://www.capoeiraunb.com/textos/DOS%20ANJOS,%20ED%20%20Educacao%20fisica%20e%20reordenamento%20no%20mundo%20do%20trabalho.pdf http://www.capoeira.jex.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticia=848 181 http://4.bp.blogspot.com/_VcRetvJqu_U/SWfpDlAQZ6I/AAAAAAAAC68/mfXW2md8_IM/s1600-h/punga.gif, in Javier Rubiera para Sala de Pesquisa - Internacional FICA 182 LACÉ LOPES, 2004, obra citada. LACÉ LOPES, 2004, obra citada.. LACÉ LOPES, 2005, obra citada. LACÉ LOPES, 2005, obra citada. LACÉ LOPES, 2007, obra citada. LACÉ LOPES, 2006, obra citada. 183 LACÉ LOPES, André. Correspondência eletrônica enviada em 20 de agosto de 2009 a Leopoldo Gil Dulcio Vaz.


Mestre Pastinha com seus discípulos no Pelourinho/BA. No jogo: Na Atividade e Albertinho da Hora. Na bateria: Gildo Alfinete, Gaguinho, Nelson, Sapateiro, Genário Lemuscoto, Roberto Satanás, Rui Lemuscoto e Genésio Meio Quilo. http://paznomundocamara.blogspot.com.br/2010_08_01_archive.html


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E A “CARIOCA”?

Continuemos com a “carioca”. Buscando as origens da Capoeira no Maranhão185, encontrei referencia à prática da “carioca”. Fora proibida, em Código de Posturas de Turiaçú186, do ano de 1884: 1884 - em Turiaçú é proclamada uma Lei – de no. 1.341, de 17 de maio – em que constava: “Artigo 42 – é proibido o brinquedo denominado Jogo Capoeira ou Carioca. Multa de 5$000 aos contraventores e se reincidente o dobro e 4 dias de prisão”. (CÓDIGO DE POSTURAS DE TURIAÇU, Lei 1342, de 17 de maio de 1884. Arquivo Público do Maranhão, vol. 1884-85, p. 124).

Em conversa com Mestre Mizinho, ele informa que em uma de suas apresentações em Cururupu187 um senhor - já idoso e negro - disse que praticava aquela brincadeira, mas a conhecia como “carioca”, não como “capoeira”. Em aula da disciplina “História do Esporte no Maranhão” referi-me à capoeira e à carioca. Um dos alunos disse-me que o avô, ex-estivador no Portinho, dizia-lhe que já praticara muito aquelas ‘brincadeira’, mas era chamada pelos estivadores de “carioca”. A prática de Capoeira por estivadores é confirmada por Mestre Diniz, nascido em 1929, quando lembra que “na rampa Campos Melo, quando eu era garoto, meu pai ia comprar na cidade e eu ficava no barco. Eu via de lá os estivadores jogando capoeira”. Também em Codó, entre os antigos, a capoeira é denominada de “carioca”. Soares (2005) 188, em “Capoeira no Pará: resistência escrava e cultura popular, 1849-1890”, ao referir-se a acontecimentos na Corte, compara-o às situações vividas em Belém, no ano de 1849. Refere-se, mais adiante, a recente trabalho de Vicente Salles (A defesa pessoal do negro: a capoeira no Pará, 1994) 189 que revela a antiguidade da capoeira paraense, seu enraizamento, sua proximidade com a capoeira praticada no Rio de Janeiro e Bahia, e sua peculiaridade regional. Soares (2005) 190, se referindo a acontecidos nos anos de 1890, discorre:

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VAZ, 2009, obra citada. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Chronica da capoeira(gem); A Carioca. In XIII CONGRESS OF THE INTERNATIONAL SOCIETY FOR THE HISTORY OF PHYSICAL EDUCATION AND SPORT; XII BRAZILIAN CONGRESS FOR THE HISTORY OD PHYSICAL EDUCATION AND SPORT - ISHPES CONGRESS 2012 , Rio de Janeriro, 9 a 12 de julho de 2012… Coletâneas… 185 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira/Capoeiragem no Maranhão. In DACOSTA, Lamartine Pereira da (editor). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Disponível em http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/181.pdf; http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/192.pdf http://www.cefet-ma.br/publicacoes/artigos/atlas/ATLAS%2004%20-%20PUNGA%20DOS%20HOMENS.doc http://www.capoeira.jex.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticia=629 http://www.capoeira.jex.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticia=905 http://www.cefet-ma.br/publicacoes/artigos/atlas/ATLAS%2004%20-%20PUNGA%20DOS%20HOMENS.doc http://cev.org.br/comunidade/maranhao/debate/a-carioca-inicio-estudo http://colunas.imirante.com/leopoldovaz/category/capoeira/ 186 Turiaçu, antiga vila, foi elevado à condição de cidade e município pela lei provincial nº 897 de 11 de julho de 1870. http://pt.wikipedia.org/wiki/Turia%C3%A7u 187 Cururupu é um município do estado do Maranhão, fundado em 3 de outubro de 1841. http://pt.wikipedia.org/wiki/Cururupu 188 SOARES, Carlos Eugênio Líbano. Capeira no Pará: Resistência escrava e cultura popular (1849-1890). In COELHO, Mauro Cezar; GOMES, Flávio dos Santos; QUEIROZ, Jonas Marçal; MARIN, Rosa E. Acevedo; PRADO, Geraldo (Org). MEANDROS DA HISTÓRIA: trabalho e poder no Pará e Maranhão, séculos XVIII e XIX. Belém: UNAMAZ, 2005, p. 144-160. 189 SALLES, Vicente. A DEFESA PESSOAL DO NEGRO: A CAPOEIRA NO PARÁ. Micro-edição do autor, 1964, citado por SOARES, 2005, op. Cit. 190 SOARES, 2005, obra citada. p. 144-160.


“Sintomático também em Belém, muito precocemente, também fosse palco da Carioca, como nos mostra ofício […] descreve uma patrulha na região de Ver-O-Peso: ‘estive em patrulha […] quando vimos alguns indivíduos pulando jogando carioca.” 191

Para Albuquerque192, o êxito da economia paraense atraiu para a região amazônica, entre 1890 e 1910, trabalhadores nordestinos e imigrantes europeus, principalmente portugueses. A interação entre esses trabalhadores levou à incorporação pela capoeira paraense de armas próprias às lutas portuguesas, assim como golpes e hábitos dos capoeiristas baianos, cearenses e pernambucanos. No Rio de Janeiro, essa convivência entre negros, imigrantes pobres e migrantes de diversas regiões do país nas ocupações braçais, principalmente na estiva, ampliou, ainda mais, os tipos sociais que praticavam capoeira. Entre os praticantes estavam portugueses, espanhóis e italianos que trabalhavam no porto, operários nordestinos, soldados, brasileiros brancos e pobres. Não eram apenas os negros que podiam ser facilmente identificados como capoeiras pelo andar gingado, as calças de boca larga e a argolinha de ouro na orelha, sinais de valentia. Soares (2005) considera que a repressão desencadeada em 1890, a criminalização no novo código penal da República, teria obrigando os praticantes a encontrar novas formas de dissimulação, para ocultar-se da atenção das autoridades. Nos últimos anos do século XIX, no Rio de Janeiro teria aparecido a chamada Pernada Carioca, que consistia de golpes da capoeira tradicional, como a rasteira, camuflados em nova roupagem. Miltinho Astronauta, ao referir-se à Pernada de Sorocaba193, na Capital Paulista, e à outra "espécie de capoeira", a Tiririca, comenta que, aparentemente, com a repressão de algumas manifestações (ai inclui-se a Capoeira, o Batuque e até mesmo a Religião Candomblé), o povo era obrigado a mascarar suas práticas, mudando formas de execução e nome de tais práticas. Refere-se ainda ao Folclorista Alceu Maynard Araújo (1967) que relata que foi encontrada capoeira no interior paulista entre o final do século XIX e início do século XX. Trata-se de levas de capoeiras soltas nas pontas dos trilhos da Sorocabana, que tinha como destino final a cidade de Botucatu. Na verdade eram capoeiras desterrados do Rio em consequência do Código Penal de 1890 194. Na Bahia, o batuque era o escalão inicial para a capoeira; no Rio de Janeiro, era e é a pernada, banda ou batuque a forma de ataque e defesa preferida pelo carioca; no Maranhão, a punga, associada ao tambor de crioula, parece preencher a mesma função. Já no Recife, a capoeira, desaparecida em consequência de vigorosa reação policial, se transfigurou no passo.195. Soares (2005) 196 considera que a identificação da ‘capoeira’ como ‘carioca’, simplificação de ‘pernada carioca’ acontece pela dissimulação dos praticantes para fugir aos rigores da repressão do chefe de polícia Sampaio Ferraz, quando da criminalização da prática da capoeira, pelo Código de 1890. Gil Velho coloca que a capoeira do século XIX morre com o advento da República. Inimiga da capoeira, ela chega com uma proposta de reformas sociais e urbanas, criticando a organização e a expressão popular da sociedade brasileira, principalmente no que diz respeito à mestiçagem étnica e cultural. Sua proposta alternativa seria baseada no modelo cultural europeu

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(AE. Secretaria de Segurança Pública. Autos-Crimes, 22/09/1892). ALBUQUERQUE, Wlamyra Ribeiro de. UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL, nota enviada por Javier Rubiera para Sala de Pesquisa Internacional FICA el 8/19/2009, disponível em http://www.ceao.ufba.br/livrosevideos/pdf/uma%20historia%20do%20negro%20no%20brasil_cap09.pdf 193 CAVALHEIRO, Carlos Carvalho. Pernada de Sorocaba. In JORNAL DO CAPOEIRA, 29 de outubro de 2004, disponível em http://www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticia=3 194 MILTINHO ASTRONAUTA, CAPOEIREIRO CAPOEIRA, PERNADA & TIRIRICA NA TERRA DA GAROA in http://www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticia=713 195 CARNEIRO, Edison in FOLGUEDOS TRADICIONAIS disponível em http://www.capoeirainfos.org/ressources/textes/t_carneiro_capoeira.html 196 SOARES, 2005, obra citada, p. 144-160. 192


republicano – e positivista - e qualquer coisa que estivesse fora desses princípios era desconsiderada: Essas mudanças alteraram os nichos e a geografia culturais da cidade. Espaços de expressões culturais foram perdidos, desarticulando a forma de organização urbana e quebrando a dinâmica interativa das comunidades que a compunham. Assim, com a alteração de elementos essenciais do contexto social da capoeira, o processo que a personalizava se alterou. Desaparecidas, as maltas são substituídas pela solitária figura do malandro. Malandro é um indivíduo e a malta, um grupo social. (CAVALCANTI, 2008) 197. Mas seis anos antes (1884) aparece sua proibição no Código de Posturas de Turiaçú - Lei 1342, de 17 de maio de 1884 -, e já identificada como “o brinquedo denominado Jogo Capoeira ou Carioca”...

197

CAVALCANTI, Gil. DO LENÇO DE SEDA À CALÇA DE GINÁSTICA. Ter, 17 de Junho de 2008 16:44 Gil Cavalcanti (Mestre Gil Velho), disponível em http://portalcapoeira.com/Publicacoes-e-Artigos/do-lenco-de-seda-a-calca-de-ginastica


EVIDÊNCIAS DA CAPOEIRA(GEM) EM SÃO LUIS No recente lançamento do ‘livreto’ “RODA DE RUA – memória da Capoeira do Maranhão da década de 70 do século XX”, de Roberto Augusto A. Pereira198, Mestre Patinho199 falava do Renascimento da Capoeira no Maranhão nos anos 1960/70, através de Roberval Serejo e Sapo... Renascimento, porque desde os idos da década de 1820 temos referências sobre a lúdica e o movimento dos povos radicados no Maranhão, especialmente os negros.

Fonte: Javier Rubiera para Sala de Pesquisa - Internacional FICA

Mundinha Araújo200 fala de manifestação de negros em São Luís, através da prática do Batuque, aparecido lá pelo início dos 1800, referencia que encontrou no Arquivo Público do Estado, órgão que dirigiu. Perguntada sobre o que havia sobre ‘capoeira’ no Arquivo, respondeu que, além do ‘batuque’, encontrara apenas uma referência sobre a Capoeira, no Código de Posturas de Turiaçú do ano de 1884: 1884 - em Turiaçú é proclamada uma Lei – de no. 1.341, de 17 de maio – em que constava: “Artigo 42 – é proibido o brinquedo denominado Jogo Capoeira ou Carioca. Multa de 5$000 aos contraventores e se reincidente o dobro e 4 dias de prisão”. (CÓDIGO DE POSTURAS DE TURIAÇU, Lei 1342, de 17 de maio de 1884. Arquivo Público do Maranhão, vol. 1884-85, p. 124, grifos meus) 201.

198

PEREIRA, Roberto Augusto A. RODA DE RUA – memória da Capoeira do Maranhão da década de 70 do século XX. São Luis: EDUFMA, 2009 199 Antonio José da Conceição Ramos, ‘Antonio” de Santo Antonio; ‘José’, de São José; ‘Conceição’, de N. S. da Conceição, e ‘Ramos’, de Domingo de Ramos – herdeiro de Mestre Sapo - Anselmo Barnabé Rodrigues. 200 Mundinha Araújo é fundadora do Centro de Cultura Negra do Maranhão (1979) e, desde então, vem desenvolvendo pesquisas sobre a resistência do negro escravo no Maranhão (fugas, quilombos, revoltas e insurreições); Coordenou o Mapeamento dos povoados de Alcântara” (1985-1987) e foi diretora do Arquivo Público do Estado do Maranhão (APEM), de 1991 a 2002. In Nota de orelha de livro, ARAUJO, Mundinha. NEGRO COSME – TUTOR E IMPERADOR DA LIBERDADE. Imperatriz: Ética, 2008 201 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A CARIOCA. In REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO, São Luís, n. 31, p. 54-75, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/ihgm_31_novembro_2009


Encontrei, ainda, que em 1829, era publicada queixa ao Chefe de Polícia: “Há muito tempo a esta parte tenho notado um novo costume no Maranhão; propriamente novo não é, porém em alguma coisa disso; é um certo Batuque que, nas tardes de Domingo, há ali pelas ruas, e é infalível no largo da Sé, defronte do palácio do Sr. Presidente; estes batuques não são novos porque os havia, há muito, nas fábricas de arroz, roça, etc.; porém é novo o uso d”elles no centro da cidade; indaguem isto: um batuque de oitenta a cem pretos, encaxaçados, póde recrear alguém ? um batuque de danças deshonestas pode ser útil a alguém?“(ESTRELLA DO NORTE DO BRASIL, n. 6, 08 de agosto de 1829, p. 46, Coleção de Obras Raras, Biblioteca Pública Benedito Leite; grifos meus).

Para Mestre Marco Aurélio (Marco Aurélio Haickel), desde 1820 têm-se registros em São Luis do Maranhão de atividades de negros escravos, como a “punga dos homens”. Esclarece que, antigamente, a Punga era prática de homens e que após a abolição e a aceitação da mulher no convívio em sociedade passa a ser dançada por mulheres, apenas:. "Há registro da punga dos homens, nos idos de 1820, quando mulher nem participava da brincadeira sendo como movimentos vigorosos e viris, por isso o antigo ditado a respeito: "quentado a fogo, tocado a murro e dançado a coice" (Mestre Marco Aurélio, em correspondência eletrônica, em 10 de agosto de 2005).202

De acordo com Mestre Bamba, jogo que utiliza movimentos semelhantes aos da capoeira. Encontrou no Povoado de Santa Maria dos Pretos, próximo a Itapecurú-Mirim, uma variação do Tambor-de-Crioula, em que os homens participam da roda de dança – “Punga dos Homens”. Para Mestre Bamba esses movimentos foram descritos por Mestre Bimba - os "desafiantes" ficam dentro da roda, um deles agachado, enquanto o outro gira em torno, "provocando", através de movimentos, como se o "chamando", e aplica alguns golpes com o joelho - a punga203:

Fonte: LACÉ LOPES, André Luiz. CAPOEIRAGEM NO RIO DE JANEIRO E NO MUNDO. 2 ed. Amp. E list. Literatura de Cordel. Rio de Janeiro: 2005, p. 18

202 203

[Jornal do Capoeira] http://www.jornalexpress.com.br/ http://www.jornalexpress.com.br/


Para Ferreti (2006) 204, a umbigada ou punga é um elemento importante na dança do Tambor de Crioula205. No passado foi vista como elemento erótico e sensual, que estimulava a reprodução dos escravos. Hoje a punga é um dos elementos da marcação da dança, quando a mulher que está dançando convida outra para o centro da roda, ela sai e a outra entra. A punga é passada de várias maneiras, no abdome, no tórax, nos quadris, nas coxas e como é mais comum, com a palma da mão. Em alguns lugares do interior do Maranhão, como no Município de Rosário, ou em festas em São Luís, com a presença de grupos de tambor de crioula, costuma ocorrer a “punga dos homens” ou “pernada”, cujo objetivo é derrubar ao solo o companheiro que aceita este desafio. Algumas vezes a punga dos homens atrai mais interesse do que a dança das mulheres. Por ter certa semelhança com uma luta, a “pernada” ou “punga dos homens” tem sido comparada à capoeira. A pernada que se constata no tambor de crioula do interior, lembra a luta africana dos negros bantus chamada batuque, que Carneiro (1937, p. 161-165) descreve em Cachoeira e Santo Amaro na Bahia e que usava os mesmos instrumentos e lhe parece uma variante das rodas de capoeira. Letícia Vidor de Souza Reis206, baseada em Câmara Cascudo, afirma que o "batuque baiano" era uma modalidade de capoeira que irá influenciar muito Manoel dos Reis Machado, o Mestre Bimba, na elaboração da Capoeira Regional Baiana207: Em entrevista ao Jornal Diário da Bahia, na sua edição de 13 de março de 1936208, na matéria: “Titulo Máximo da Capoeiragem Bahiana”, Bimba, dá uma longa entrevista acerca de seus desafios públicos na divulgação da chamada Luta Regional. Da mesma destacamos o seguinte trecho: “Falando sobre o actual movimento d’aquele ramo de lucta, genuinamente nacional uma vez que difere bastante da Capoeira d’angola, o conhecido Campeão (Bimba) referindo-se a uma nota divulgada por um confrade matutino em que apparecia a figura do Sr. Samuel de Souza. Do Bimba, de referência aos tópicos ouvimos: Ao som do berimbau não podem medir forças dois capoeiras que tentem a posse de uma faixa de campeão, e isto se poderá constatar em Centros mais adiantados, onde a Capoeira assume aspectos de sensação e cartaz. A Polícia regulamentará estas exibições de capoeiras de acordo com a obra de Aníbal Burlamaqui (Zuma) editada em 1928 no Rio de Janeiro... .

Nesta reportagem existem alguns itens que merecem uma atenção mais detalhada: (a) A confirmação da influencia de Zuma no trabalho implantado por Mestre Bimba; (b) O reconhecimento de Bimba ao trabalho de Zuma; (c) A afirmação de Bimba existia Centros mais adiantados em Capoeira que a Bahia, no caso, a Cidade de Rio de Janeiro; 204

FERRETI, Sérgio. Mário De Andrade E O Tambor De Crioula Do Maranhão. (Trabalho apresentado na MR 07 - A Missão de Folclore de Mário de Andrade, na VI Reunião Regional de Antropólogos do Norte e Nordeste, organizada pela Associação Brasileira de Antropologia, UFPA/MEG, Belém 07-10/11/1999. In REVISTA PÓS CIÊNCIAS SOCIAIS - São Luís, V. 3, N. 5, Jan./Jul. 2006, disponível em http://www.pgcs.ufma.br/Revista%20UFMA/n5/n5_Sergio_Ferreti.pdf 205 O Tambor de Crioula é uma dança de origem africana praticada por descendentes de negros no Maranhão em louvor a São Benedito, um dos santos mais populares entre os negros. É uma dança alegre, marcada por muito movimento dos brincantes e muita descontração. Os motivos que levam os grupos a dançarem o tambor de crioula são variados podendo ser: pagamento de promessa para São Benedito, festa de aniversário, chegada ou despedida de parente ou amigo, comemoração pela vitória de um time de futebol, nascimento de criança, matança de bumba-meu-boi, festa de preto velho ou simples reunião de amigos. Não existe um dia determinado no calendário para a dança, que pode ser apresentada, preferencialmente, ao ar livre, em qualquer época do ano. Atualmente, o tambor de crioula é dançado com maior freqüência no carnaval e durante as festas juninas. Em 2007, o Tambor de Crioula ganhou o título de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Tambor_de_crioula". 206 REIS, 1997, obra citada. 207 in http://www.capoeira-fica.org/PDF/Annibal_Burlamaqui.pdf 208 (Fonte: Rego, op. cit., 1968. pág. 282 e 283; Diário da Bahia. Salvador 13 de março de 1936; Da Capoeira: Como Patrimônio Cultural - Prof. Dr. Sergio Luiz de Souza Vieira - PUC/SP 2004)


(d) O interesse de Bimba pela prática desportiva da “Luta Nacional”; (e) A integração de seu discípulo nesta inovação; (f) A adoção do regulamento de Zuma pela direção do Parque Odeon, onde se realizavam tais apresentações; (g) A liberação pela polícia, daquela forma de luta já existente no Rio de Janeiro. A afirmação traz um significado especial por tratar do batuque baiano na formação de Mestre Bimba, da qual seu pai era campeão na modalidade, porque implicava num jogo agressivo de pernas contra as pernas do oponente, já como uma forma característica de luta acompanhada por cânticos e instrumentos. Também há apontamentos de que o batuque se disputava entre "pernadas" durante os carnavais cariocas209. Quanto a Anibal Burlamaqui - Zuma210 - foi um importante inventor desta nova capoeira carioca e afirmou que vários golpes foram extraídos dos “batuques” e “sambas”, como no caso do “baú”. Trata-se de um golpe dado no adversário com a barriga, sendo similar aos movimentos do “samba de umbigada”. O “baú” também era usado durante os “batuques lisos”, segundo Zuma, os mais delicados. O “rapa” havia sido um golpe usado nos “batuques pesados”. Ele também explica os golpes de “engano”, que serviam somente para burlar o adversário.211. Tenho colocado que a Capoeiragem, no Maranhão, é tão antiga quanto as do Rio de Janeiro, Bahia, ou Recife... Fato contestado por alguns Capoeiras... Diz o ditado: “mata-se a cobra e mostra-se o pau”; prefiro mostrar a cobra morta... Venho trazendo ao conhecimento dos estudiosos da área várias evidências de que desde o principio dos 1800 já se falava – e se praticava – a capoeiragem por estas bandas. De acordo com Mario Meireles (2012) 212 até antes... Referindo-se à chegada do Bispo D. Timóteo do Sacramento (1697-1702) - homem intolerante -, e às suas brigas com a população, excomunhões, e enfrentamentos, inclusive físico – brigas nas ruas de seus correligionários e opositores, alguns de outras ordens religiosas: “[...] enquanto os escravos de ambos – do Bispo e do Prior – cruzando-se nas ruas tentavam decidir o desentendimento de seus senhores a golpes de capoeira.” (p. 98).

Segundo Coelho (1997, p. 5) 213 o termo capoeira é registrado pela primeira vez com a significação de origem linguística portuguesa (1712), não se visualizando qualquer relação com o léxico tupi-guarani. Em 1757 é encontrada primeira associação da palavra capoeira enquanto gaiola grande, significando prisão para guardar malfeitores. (OLIVEIRA, 1971, citado por ARAÚJO, 1997, p. 5) 214.

209

FREGOLÃO, 2008, obra citada. Disponível em http://www.capoeiraunb.com/textos/FREGOLAO,%20MS%20%20A%20capoeira%20na%20historia%20local.pdf 210 http://www.capoeira-fica.org/PDF/Annibal_Burlamaqui.pdf - A Capoeira Desportiva é o mais antigo segmento organizado da Capoeira. Surgiu no Rio de Janeiro após a Proclamação da República, no Brasil, em 1889. É resultante do reaproveitamento da corporalidade da antiga capoeiragem, em seus gestos e movimentos, para a construção de um método ginástico caracterizado por uma forma de luta sistematizada. Em 1904 surgiu um livreto anônimo, sob o nome: Guia do Capoeira ou Gymnastica Brazileira, com algumas propostas deste reaproveitamento, no qual se encontram as letras ODC, que significam “ofereço, dedico e consagro”, no caso “à distinta mocidade”. Foi somente em 1928 que a Capoeira Desportiva foi metodizada e estruturada por seu precursor, Annibal Burlamaqui, conhecido pelo nome de Zuma, o qual elaborou a primeira Codificação Desportiva da Capoeira, sob o título de: Gymnastica Nacional (Capoeiragem) Methodizada e Regrada. Sua obra. 211 http://4.bp.blogspot.com/_VcRetvJqu_U/SWfpDlAQZ6I/AAAAAAAAC68/mfXW2md8_IM/s1600-h/punga.gif, in Javier Rubiera para Sala de Pesquisa - Internacional FICA 212 MEIRELRES, Mário. ‘A cidade cresce e é posta sob interdito pelo Bispo (1697-1702)”. In HISTORIA DE SÃO LUIS (org. de Carlos Gaspar e Caroline Castro). São Luis: Licar, 2012, edição da Faculdade Santa Fé, póstuma, p. 93-99 213 ARAÚJO, 1997, obra citada. 214 ARAÚJO, 1997, obra citada,


Encontrei na correspondência do então Governador do Estado do Maranhão e Grão-Pará e o Ministro de D. José I. Marcos Carneiro de Mendonça215 em “A Amazônia na era Pombalina”, traz-nos carta de Mendonça Furtado216 a seu irmão, o Marques de Pombal, datada de 13 de junho de 1757, dando conta da desordem acontecida no Arraial do Rio Negro, com as tropas mandadas àquelas paragens, quando da demarcação das fronteiras entre as coroas portuguesa e espanhola. Afirma que os dois regimentos que foi servido mandar para guarnição eram compostos daquela vilíssima canalha que se costuma mandar para a Índia e para as outras conquistas, por castigo. A maior parte das gentes que para cá era mandada eram ladrões de profissão, assassinos e outros malfeitores semelhantes, que principiavam logo por a terra em perturbação grande: “[...] que estava uma capoeira cheia desta gente para mandarem para cá [...] sem embargo de tudo, se introduziram na Trafalha, soltando-se só do regimento de Setúbal, nos. 72 ou 73 soldados, conforme nos diz o Tenente-Coronel Luis José Soares Serrão, suprindo-se aquelas peças com estes malfeitores [...] rogo a V. Exa. queira representar a Sua Majestade que, se for servido mandar algumas reclutas (sic), sejam daqueles mesmos homens que Sua majestade, ordenou já que viesse nestes regimentos, e que as tais capoeiras de malfeitores se distribuam por outras partes e não por este Estado que se está criando [Capitania do Rio Negro] [...]” (p. 300). (grifos do texto).

Para Vieira (2004) 217: “[...] data a Capoeiragem de 1770, quando para cá andou o Vice-Rei Marques do Lavradio. Dizem eles também que o primeiro capoeira foi um tenente chamado João Moreira, homem rixento, motivo porque o povo lhe apelidou de ‘amotinado’.”

Em 1861 é publicado em A IMPRENSA218, de 11 de dezembro de 1861 o seguinte: “[...] Serafim é um jovem de cara lavada, moreno, barba a lord Raglan, desempenado de capoeira, e andar de cahe a ré, como marinheiro tonto, ou redactor do Porto Livre, nas horas em que o sol procura as ondas do mar [...]”

Antes, em 1860 esse mesmo jornal219 publica um artigo, dividido em partes, que apareciam em várias edições, como era costume na época, sob o titulo A FAZENDA, na coluna de variedades: “Jogos e danças dos negros – No sábado à noite, depois do ultimo trabalho da semana, e nos dias santificados, que trazem folga e repouso, concede-se aos negros uma ou duas horas para a dança. Reunem-se então no terreiro, chamam-se, grupam-se incitam-se, e a festa começa. Aqui, é a capoeira, espécie de dança física, de evoluções atrevidas e guerreiras, cadenciada pelo tambor do Congo; ali o batuque, posições frias ou lascivas, que os sons da viola aceleram ou demoram: mais além tripudia-se uma dança louca, na qual olhos, seios, quadris, tudo fala, tudo provoca; espécie de frenesi convulsivo e inebriante a que chamam lundu. 215

MENDONÇA, Marcos Carneiro de. A AMAZONIA NA ERA POMBALINA. Tomo III. Brasilia: Senado Federal, 2005, volume 49-C. 216 Francisco Xavier de Mendonça Furtado (1700 — 1769) foi um administrador colonial português. Irmão do Marquês de Pombal e de Paulo António de Carvalho e Mendonça. Foi governador geral do Estado do Grão-Pará e Maranhão de 1751 a 1759 e secretário de Estado da Marinha e do Ultramar entre 1760 e 1769. http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Xavier_de_Mendon%C3%A7a_Furtado 217 VIEIRA, 2004, obra citada. 218 OS ILUMORISTAS. PÁGINAS SOLTAS: o Sr. Primo, o Serafim e o Cavallo preto de Sua Excia. A IMPRENSA, 11 de dezembro de 1861, p. 4 219 CH RIBEYROLLES. VARIEDADES. A Fazenda (continuação do numero anterior), São Luis, 29 de setembro de 1860, p. 2


Alegrias grosseiras, volúpias asquerosas, febres libertinas, tudo isto é nojento, é triste, porém os negros apreciam estas bacanaes, e outros aí encontram proveito. Não constituirá isto um sistema de embrutecimento?”.

Meireles (2012) 220, no capitulo referente ao Serviço de iluminação pública – implantado em 1863 -, fala da falta de iluminação nas ruas, em que era dado toque de recolher às 21 horas, com o repicar dos sinos: “Os que não atendiam ao oportuno aviso dado pelos sinos, corriam o risco, aventurando-se mergulhados nas trevas das ruas estreitas, de ir ao desagradável encontro de animal vagabundo ou de defrontar um capoeira encachaçado, se não de emparelhar com um negro escravo que levasse à cabeça um daqueles fétidos tigres – que iam ser despejados na maré mais próxima.” (p. 222, grifo meu).

Em 1843, José Antônio Falcão, tenente-coronel reformado do Exército, organizador da Casa dos Educandos Artífices, diretor no período de 1841 a 1853, informa ao Presidente da Província que havia “outro problema”: a segurança dos alunos e do patrimônio da casa, em razão da existência de vários capoeiras, entre eles negros escravos, alguns fugitivos do interior da província e outros alforriados, o que resultava em atos de violência cotidianos, pela falta de intervenção policial no local221: “Capoeiras [...] cometessem por aqui crimes de toda a qualidade que por ignorados ficam impunes, tendo já sido espancado gravemente um quitandeiro, e já são muitas as noites em que daqui ouço pedir socorro, sendo uma destas a passada, na qual, às nove horas e quinze minutos, estando todos aqui já em repouso, ouvi uma voz que parecia de mulher ou pessoas moças, bradar que lhe acudissem que a matavam, e isto por vezes, indo aos gritos progressivamente a denotarem que o conflito se alongava pelo que pareceu que a pessoa acometida era levada de rojo por outra de maiores forças, o que apesar da insuficiência dos educandos para me ajudarem, atendendo as suas idades e robustez, e não tendo mais quem me coadjuvasse, não podendo resistir à vontade de socorro a humanidade aflita e não tendo ainda perdido o hábito adquirido na profissão que sigo, chamei dois educandos dos maiores e com eles mal armados, sai a percorrer as mediações desta casa, sem que me fosse possível descobrir coisa alguma, por que antes que pudesse conseguir por os ditos educandos em estado de me acompanharem, passou-se algum tempo e durante ele julgo que a vítima foi levada pelo seu perseguidor para longe daqui. Estes atentados são praticados pelos negros dos sítios que há na estrada que em consequência da má administração em que os tem, andam toda a noite pela mesma estrada, praticando tudo quanto a sua natural brutalidade lhe faz lembrar, e se V. Exa. se não dignar de tomar alguma providência a este respeito parece-me que não só a estrada se tornará intransitável de noite, como até pelo estado em que existem só os negros dos sítios e os vindos da Cidade se reúnem, entregues à sua descrição, podem trazer consequências mais desagradáveis [...] o que falo é para prevenir que este estabelecimento venha a ser insultado como me parecesse muito provável em as cousas como se acham. (FALCÃO, 1843). (citado por CASTRO, 2007, p. 191-192, grifos meus).

220 221

MEIRELES, 2012, obra citada, CASTRO, César Augusto. INFÂNCIA E TRABALHO NO MARANHÃO PROVINCIAL: uma história da Casa dos Educandos Artífices (1841-1889). São Luís: EdFUNC, 2007. (Prêmio Antonio Lopes (Erudição) do XXX Concurso Literário e Artístico Cidade de São Luis, 2006.


A área assinalada em vermelho é a área onde ocorreu a Balaiada222 O que nos leva à seguinte pergunta: Seriam esses Capoeiras remanescentes da Balaiada?

223

O evento que deu início à Balaiada224 foi a detenção do irmão do vaqueiro Raimundo Gomes, da fazenda do padre Inácio Mendes (bem-te-vi), por determinação do sub-prefeito da Vila da Manga (atual Nina Rodrigues), José Egito (cabano). Contestando a detenção do irmão, Raimundo Gomes, com o apoio de um contingente da Guarda Nacional, invadiu o edifício da cadeia pública da povoação e libertou-o, em dezembro de 1838. Raimundo Gomes teve o apoio de Cosme Bento, ex-escravo à frente de três mil africanos evadidos, e de Manuel Francisco dos Anjos Ferreira – o Balaio, dando início a maior revolta popular do Maranhão. Para combatê-los foi nomeado Presidente e Comandante das Armas da Província, o coronel Luís Alves de Lima e Silva, que venceu os revoltosos na Vila de Caxias.225 A Casa dos Educandos Artífices estava alojada em um edifício construído ainda no Século XVIII, situado num ambiente de “ares agradáveis, liberdade própria do campo, vista aprazível e fora do reboliço da cidade”, entre o Campo do Ourique e o Alto da Carneira – hoje, Bairro do Diamante, ocupado pelo Ministério da Agricultura. O Autor do relatório, José Antônio Falcão, era tenente-coronel reformado do Exército, e havia assentado praça em São Luís, juntamente com seu irmão Feliciano Antônio Falcão, em 1831, como cadete no Regimento de Linha. Antônio Falcão foi o organizador da Casa dos Educandos Artífices, e seu diretor no período de 1841 a 1853. Já Feliciano Antônio Falcão, seu irmão, comandou a força expedicionária para combater os Balaios em Icatu e comandou a terceira tropa por ordem de Luis Alves de Lima e Silva, depois Duque de Caxias, entre as localidades de Icatu e Miritiba (hoje, Humberto de Campos), até o fim da Balaiada. (CASTRO, 2007, p. 184).

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http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/balaiada/imagens/balaiada15.jpg&imgrefurl=http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/balaiada/balaiada-5.php&usg=__DOn8MqTHQ-t7idEdqXbDHwZffA=&h=389&w=373&sz=21&hl=ptBR&start=19&tbnid=UUiadDnIdBaH4M:&tbnh=123&tbnw=118&prev=/images%3Fq%3Dbalaiada%2B%252B%2Bmaranhao%2 6gbv%3D2%26hl%3Dpt-BR 223 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRA(GEM) EM SÃO LUIS DO MARANHÃO – NOVOS ACHADOS 224 A Balaiada foi uma revolta de caráter popular, ocorrida entre 1838 e 1841 no interior da Província do Maranhão, e que após a tentativa de invasão de São Luís, dispersou-se e estendeu-se para a vizinha província do Piaui. Foi feita por pobres da região, escravos, fugitivos e prisioneiros. (ARAÚJO, Maria Raimunda (org.). Documentos para a história da Balaiada. São Luís: FUNCMA, 2001) 225 http://pt.wikipedia.org/wiki/Balaiada


Cumpre lembrar que estes alertas foram feitos no ano de 1843, apenas um ano após o término da Balaiada – iniciada em 1838, originada com as lutas dos quilombolas na área de Codó (Distrito do Urubu) como antecedentes à eclosão da Revolta, até a condenação do Negro Cosme, em 1842226, estando envolvidos vários capoeiras, entre eles negros escravos, alguns fugitivos do interior da província e outros alforriados.

Mestre Baé e Mestre Índio

226 ARAÚJO, Maria Raimunda (org.). DOCUMENTOS PARA A HISTÓRIA DA BALAIADA. São Luís: FUNCMA, 2001 ARAUJO, Mundinha. EM BUSCA DE DOM COSME BENTO DAS CHAGAS – NEGRO COSME – Tuto e Imperador da Liberdade. Imperatr0z: Ética, 2008 ASSUNÇÃO, Mathias Röhrig. A GUERRA DOS BEM-TE-VIS – a balaiada na memória oral. São Luís: SIOGE, 1988 CRUZ, Mago José; CRUZ, Carlos César França. A GUERRA DA BALAIADA (a epopéia dos guerreiros balaios na versão dos oprimidos). 2 ed. São Luis: CCN-MA, 1998 SANTOS NETO, Manoel. O NEGRO NO MARANHÃO – a escravidão, a liberdade, e a construção da cidadania. São Luis, 2004 SERRA, Astolfo. A BALAIADA. 2ª Ed. Rio de janeiro: DEBESCHI, 1946 SERRA, Astolfo. CAXIAS E O SEU GOVERNO CIVIL NA PROVINCIA DO MARANHÃO. 2 ed. Rio de Janeiro, 1944 COELHO NETO, Eloy. CAXIAS E O MARANHÃO SESQUICENTENÁRIO. São Luis: 1990 OTÁVIO, Rodrigo. A BALAIADA – 1939. São Luis; EDUFMA, 1995


PARTIDO ‘CAPOEIRO’ EM SÃO VICENTE DE FERRER – 1868 227

Javier Rubiera Cuervo, presidente da “Agrupación Española de Capoeira Deportiva” e, também, da Federação Internacional de Capoeira (FICA www.capoeira-fica.org), enviou-me (2010) preciosa descoberta, garimpada nos “Annaes do Parlamento Brasileiro" (ver a seguir) percebi logo a importância de disponibilizar para os capoeiras pesquisadores o texto em questão. É o que vem a seguir.

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VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. PARTIDO ‘CAPOEIRO’ EM SÃO VICENTE DE FERRER – 1868. Rev. do IHGM, No. 34, Setembro de 2010 – Edição Eletrônica, p. 65-70. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. PARTIDO ‘CAPOEIRO’ EM SÃO VICENTE DE FERRER – 1868. In XIII CONGRESS OF THE INTERNATIONAL SOCIETY FOR THE HISTORY OF PHYSICAL EDUCATION AND SPORT; XII BRAZILIAN CONGRESS FOR THE HISTORY OD PHYSICAL EDUCATION AND SPORT - ISHPES CONGRESS 2012 , Rio de Janeriro, 9 a 12 de julho de 2012… Coletâneas…


O TEXTO “ANNAES DO PARLAMENTO BRASILEIRO” da Câmara dos Deputados, primeiro anno da décima quarta legislatura, sessão de 1869, Tomo 3, Rio de Janeiro, Typografia Imperial e Constitucional de J. Villeneuve & Co., 1869, p. 293-295228, referente à Sessão de 24 de julho de 1869, em que o Sr. Gomes de Castro229 esclarece os acontecimentos ocorridos no ano anterior, durante as eleições de Setembro, em resposta a pronunciamento – sessão de junho -, proferidas no Senado por representantes do Ceará e Piauí, referentes a acontecimentos nas províncias do Piauí e do Maranhão. O Senador Pompeo referia-se a crimes horrendos acontecidos, afirmando não ser exclusividade de seu Estado, e que o mesmo, segundo noticias do Jornal do Comercio, acontecia também em outras Províncias, citando os acontecimentos do Maranhão e que a polícia não agia, estando a soldo das autoridades: “O fato acontecido em São Vicente de Ferrer 230 é realmente grave, foi uma batalha campal travada entre os diversos grupos que dividem a população daquela freguezia, acontecimento que todos lamentam. Não pretendo, Sr. Presidente, loucura culpa exclusivamente a este ou aquello grupo. No meu conceito o crime teve por origem a rudeza, a falta de cultura de seus autores, em um momento de exaltação política, em que a reflexão é impossível, em que os bons sentimentos se calam no homem ignorante e mal educado. Conheço quasi todos os individuos que figurm neste fato, e peço licença a Câmara para expôr-lhe em poucas palavraa o estado politico daquela freguezia. “Tres são os partidos que alí existem e pleiteram as eleicões de Setembro, o partido conservador 231 , o liberal 232 e um terceiro, conhecido pela denominacão de capoeiro, completamente local, 228

http://books.google.com/books?id=WyBXAAAAMAAJ&pg=PA293&dq=capoeiro&hl=es&ei=l0A4TLa1D4m6jAfo3MWBBA& sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=8&ved=0CEkQ6AEwBzgy#v=onepage&q=capoeiro&f=false 229 Augusto Olímpio Gomes de Castro – nascido em 07/11/1836, em Alcântara - MA, era filho do Capitão Januário Daniel Gomes de Castro e Ana Francisca Alves de Castro; Falecimento: 31/1/1909. Histórico Acadêmico: fez o Secundário no Liceu do Maranhão; Direito - Faculdade de Direito; Cargos Públicos: Praticante da Tesouraria da Fazenda; Provedor da Casa da Misericórdia; Ministro da Marinha; Promotor Público (Alcântara); Exerceu as seguintes Profissões: Advogado; Magistrado; Jornalista. Mandatos: Deputado Provincial por dois mandatos: 1862 a 1863; 1876 a 1877; Deputado Geral por sete mandatos: 1867 a 1868; 1869 a 1872; 1872 a 1875; 1877 a 1877; 1882 a 1884; 1885 a 1885; 1886 a 1889; Presidente de Província - 1868 a 1869; 1870 a 1872; 1873 a 1875; Senador: 1894 a 1903; 1903 a 1909; Vice-governador - 1890 a 1890 230 São Vicente Ferrer é um município brasileiro do estado do Maranhão. Localiza-se a 280 quilômetros de São Luís, fica na região conhecida como Baixada Ocidental Maranhense. Foi freguesia pela Provisão Régia de 7 de setembro de 1805, e daí elevada a categoria de vila pela Lei Provincial no. 432, de 27 de agosto de 1856, e depois extinta pela Lei no. 625, de 27 de setembro de 1861, e, posteriormente restabelecida pela Lei Provincial no. 678, de 1º. De junho de 1864. Pela lei Provincial de 31 de maio de 1860 foi dividido em dois distritos, compreendendo o primeiro todo o território que pertencia ao terceiro distrito de São Bento dos Perizes, o qual era a cabeça deste novo distrito, e o segundo, toda a parte que pertencia à cidade de Viana, tendo por cabeça o lugar chamado Jabutituba. (CARDOSO, Manoel Frazão. O MARANHÃO POR DENTRO. São Luis: Lithograf, 2001, p. 528530). 231 O Partido Conservador foi um partido político brasileiro do Período Imperial, surgido por volta de 1836 e extinto com a Proclamação da República, em 1889. Foi evolução direta do Partido Restaurador, reunindo os antigos caramurus com a ala dissidente dos liberais moderados. Também se denominavam regressistas, em contraposição aos progressistas partidários do padre Feijó. O partido abarcava grandes proprietários rurais, ricos comerciantes e os altos funcionários do governo. A força política dos conservadores concentrava-se nas províncias do Nordeste. Entre suas realizações temos o restabelecimento do Conselho de Estado, a reforma do Código de Processo, e a Abolição da Escravatura (desde a supressão do tráfico de negros, sob a gestão de Eusébio de Queiroz, a Lei do Ventre Livre, de 1871, a Lei dos Sexagenários - preparada pelos liberais, mas promulgada por um gabinete conservador - e finalmente a Lei Áurea, do conservador João Alfredo). O Partido Liberal diferia do Partido Conservador quanto ao método ou ao modo de lidar com a realidade social. Os conservadores apostavam num poder central forte, enquanto os liberais defendiam a autonomia das províncias e valorizavam a representação nacional (deputados eleitos). Embora a diferença de posição entre conservadores e liberais não fosse grande nem irreconciliável, ambos adotavam processos absolutamente iguais, usando da máquina administrativa de acordo com suas necessidades eleitoralistas. Em 1862, um grupo de eminentes membros do Partido Conservador - Nabuco, Sinimbu, Saraiva, Paranaguá e Zacarias - formariam a "Liga Progressista", que a partir de 1868 se uniria ao Partido Liberal, gerando insatisfações dentro deste partido. Em 1870 os liberais "exaltados" do Partido Liberal lançaram o Partido Republicano. http://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_Conservador_(Brasil_Imp%C3%A9rio). 232 O Partido Liberal foi um partido político brasileiro do Período Imperial, surgido por volta de 1837 e extinto com a Proclamação da República, em 1889. Sua ideologia propunha a defesa dos interesses dos senhores rurais e das camadas médias urbanas sem compromissos diretos com a escravidão. Com base de apoio nas províncias do Centro-sul do país, pode ser considerado como um partido à esquerda de seu grande rival, o Partido Conservador, que tinha como bandeira a manutenção da dominação política das elites escravocratas rurais. Já em fins de 1860, o Partido Liberal deu lugar ao Partido Progressista, cujo fundador principal foi Joaquim Nabuco. O Partido Progressista, porém, logo teve nova cisão, mantendo-se nele os liberais moderados, ao passo que os liberais radicais uniram-se aos republicanos e um pequeno grupo mais conservador fundou o novo Partido Liberal, em 1870. http://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_Liberal_(Brasil_Imp%C3%A9rio) .


grupo volante, sem bandeira definida, que ora se aproxima de um ora de outro, segundo lhe aconselha o interese do momento. “Devo confessar que o chefe desto grupo é um cidadão pacifico; homem rude, mas de boa indole e estimado no lugar. Sempre o tive no melhor conceito. Entretanto, está averiguado, está fóra de duvida, que na véspera da eleição, a 6 de Setembro, este homem entrou na vila de S. Vicente acompanhado de seus sectarios, armados de cacetes, terçados e armas de fogo, e assinalaram-se por atos de inaudida violencia. “Achava-se urna pequena força de guardas nacionais ao lado da igreja para impedir que ela fosse tomada de véspera, como se propalava que era o plano. Esta força era de guardas nacionais, e não de policia, como se tem dito na imprensa, mas comandada por um oficial de policía, o alferes Gonçalves Ribeiro, segundo creio, parente proximo do Sr. senador Nunes Gonçalves233. Apenas entrado na vila, o grupo capoeiro investe contra a força, e toma de assalto a igreja, resultando da luta alguns ferimentos. Era o prologo da tragedia que mais tarde se devia representar. A agresâo, como se ve, não partiu da autoridade, não partiu dos conservadores, pelo contrario, foram eles as vitimas. “Não aventuro este juizo sem prova: tenho-a nas indagaçôes a que procedeu o Dr chefe de policia interino; e para não fastigar a atenção da casa lereí apenas um trecho do interrogatorio feito a Marcolino Antonio da Silva, pertencente ao grupo capoeiro, e outro do Dr. Manoel Alves da Costa Ferreira, chefe do grupo liberal, e que como tal não pode ser suspeito ao nobre senador pelo Ceará. “lnterrogado pelo Dr. chefe de policía, responde Marcolino Antonio da Silva: Que, chegando o partido capoeiro, capitaneado pelo tenente-coronel Lourenço Justiniano da Fonseca, no dia 6 ás 6 horaa da tarde pouco mais ou menos, dirigiu-se a frente da igreja, onde se achava postado o grupo vermelho ; fez um barulho e os vermelhos correram depois do emprego de cacete, etc. > “A confissão não podia ser mais completanem mais franca.A agressão não partiu dos conservadores; eles correram, cederam o campo aos seus adversários. Isto quanto à primeira parte da trama. Quanto à segunda, quando houve mortes e ferimentos graves, a camara vai ouvir, o depoimento do chefe liberal, o Dr. Manoel Alves da Costa Ferreira, parente, creio que sobrinho, do finado Barão de Pindaré234, nome grato ao partido liberal. Diz ele, que saindo da casa do vigário, ouvou um movimento de confusão,e dali a pouco estrondos de tiros, partindo da casa de D. Izabel Pinto,onde costuma se alojar o partido capoeiro, e das janelas da igreja;e foi contado a ele respondente por Agostinho José da Costa que da sacristia era de onde o fogo era mais vivo “[...]Vê a camara que a policia de S. Vicente de Ferrer portou-se bem[...] é injusta a a acusação[...] de quatro mortes e onze ferimentos. “E não pode sofrer a menor censura o presidente do Maranhão que então era o Sr. Leitão da Cunha (...)”(grifos nossos)

Passa a relatar os acontecimentos de Guimarães. Não há envolvimento de ‘capoeiros’... Percebe-se, do episódio que a formação de um ‘partido capoeiro’ – “grupo volante, sem bandeira definida, que ora se aproxima de um ora de outro, segundo lhe aconselha o interese do momento” – lembra a formação de uma “malta”, grupo de capoeiras do Rio de Janeiro que tiveram seu auge na segunda metade do século XIX.

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Antônio Marcelino Nunes Gonçalves, o Visconde de São Luis do Maranhão, (Itapecuru Mirim, 6 de abril de 1823 — 31 de maio de 1899) foi um juiz, promotor e político brasileiro. Filho do comendador Joaquim José Gonçalves e Isabel Marcelina Nunes Belfort. Visconde com grandeza por decreto de 13 de junho de 1888; comendador das imperiais Ordens de Cristo e da Rosa. Foi presidente das províncias do Rio Grande do Norte, de 18 de junho de 1858 a 4 de outubro de 1859, do Ceará, de ? de ? a 9 de abril de 1861, e de Pernambuco, de ? de 1861 a 20 de março de 1862. Foi deputado à Assembléia Geral pelo Maranhão na 12ª legislatura (1864-1866), bacharel em direito; senador pela província do Maranhão (1865), conselheiro de estado em 1889 e desembargador aposentado. 234 Antônio Pedro da Costa Ferreira, primeiro e único barão de Pindaré, (Alcântara, 26 de dezembro de 1778 — 18 de julho de 1860) foi um advogado e político brasileiro. Foi deputado provincial, presidente de província e senador do Império do Brasil de 1837 a 1860. Nasceu em Alcântara, a 26 de dezembro de 1778, filho do Tenente-Coronel Ascenço José da Costa ferreira e Maria Teresa Ribeiro da Costa Ferreira. Primeiras letras em São Luis, seguindo para Portugal, cursando o Seminário de Coimbra, Colégio das Artes, onde cursou Humanidades, formando-se em Cânones em 2 de junho de 1803. Em 1804 está de volta à Alcântara. Faleceu em 18 de julho de 1860


Para Soares (2005) 235, nas décadas seguintes a capoeira alcançou novo patamar na luta política, participando das rusgas eleitorais que dividiam liberais e conservadores. Essa presença político-partidária foi fruto do prestígio conquistado pelos capoeiras durante a Guerra do Paraguai. Voltando ao Brasil, foram convocados pelas elites políticas para participar das truculentas demandas eleitorais da época. No vizinho Pará, Salles (2005) 236 informa que nas rusgas políticas que dividiam partidários de Antonio Lemos e Lauro Sodré, nos alvores do século, capoeiras tiveram papel privilegiado: a capoeiragem só desapareceu de Belém quando atenuaram as lutas partidárias e, com a expulsão de Antonio Lemos liquidou-se a oligarquia que durante muitos anos dirigiu os destinos políticos do Pará; quando os bois, finalmente, foram proibidos de circular pela cidade [...]

A partir da década de 50 do século XIX se ampliam os espaços das diversas maltas para atividade secundária e terciária, e com ele a ‘viração’, com a formação de um de um mercado onde se ofereciam e compravam ‘experiências’, assim como já ocorria com o jogo da força de trabalho. Essas experiências adquiridas no cotidiano da viração e da vadiagem ganharam um valor de troca. Assim, as habilidades da capoeiragem passaram a ser compradas pelo jogo político partidário 237. A capoeira a serviço de liberais e conservadores foi um eficiente instrumento de pressão no processo eleitoral 238. Por vezes os poderes se misturavam como vemos neste comentário de cronista da Revista Ilustrada, 1878, n.º 124: "Acabaram-se as eleições, e a esta hora jazem a um canto o sabre do urbano e o cacete do capoeira, os dois reguladores da soberania nacional." 8. Devemos lembrar que em 1868 houve uma grande crise política, com a queda do gabinete liberal de 3 de agosto, comandado por Zacarias de Góis e Vasconcelos, e com a consequente ascensão dos conservadores. D. Pedro II sacrificou definitivamente a credibilidade do regime político que, árdua e tenazmente, havia sido construído ao longo de todo o seu reinado por duas gerações de estadistas brilhantes. Naquele momento, com aquela substituição do gabinete, começa a crescer a onda que vai derrubar a instituição monárquica.239 Voltando ao episódio, há que se destacar a identificação de um capoeiro: Marcolino Antonio da Silva, capitaneado pelo tenente-coronel Lourenço Justiniano da Fonseca...

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SOARES, 2005, obra citada.p. 144-160. SALLES, Vicente. A DEFESA PESSOAL DO NEGRO: A CAPOEIRA NO PARÁ. Micro-edição do autor, 1964, citado por SOARES, 2005, obra citada. 237 CAVALCANTI, 2008, obra citada. On line http://www.memocapoeirapernambucana.com.br/untitled5.html 238 DIAS, Luiz Sérgio. QUEM TEM MEDO DA CAPOEIRA? 1890-1904. Dissertação de Mestrado; Rio de Janeiro; UFRJ; 1993 239 MENCK, José Theodoro Mascarenhas. A Crise Política de 1868 e a Gênese do Manifesto Republicano de 1870. in CADERNOS ASLEGIS, maio/agosto, 2009 236


A GUARDA NEGRA240 Com um misto de alegria e surpresa, li na da Revista História Viva 25 241 um interessante artigo de Carlos Eugênio Líbano Soares e Flávio Gomes – p. 74-79 – sobre “O combate nas ruas pelo Ideal Abolicionista”. Alegria, por contar um pouco mais da história da/dos Capoeiras. Surpresa, por se referir à “Guarda Negra”. Por não ser da área, isto é, capoeira, e não se lhe conhecer a história, nunca ouvira falar da ‘guarda negra’; e mais, como estudioso da História do Maranhão, especialmente do esporte e da educação física, não encontrara nenhuma referência a esse assunto nos livros que tenho em minha biblioteca... Procurei o Prof. Jairo Ives de Oliveira Pontes, meu colega de magistério no Instituto Federal do Maranhão – ex-CEFET-MA -, e organizador de uma “Nova História Do Maranhão” 242, ed. em CD-ROM, e fiz-lhe a pergunta, a queima-roupa: - “Fale-me da guarda negra!”. Espantado, disse nada saber; nem na História do Brasil – da qual é professor -, nem na História do Maranhão, da qual é pesquisador... Mostrei-lhe o artigo em questão. Mostrou-se, qual, surpreso: “Precisamos investigar”. No artigo a que me refiro, da chamada consta “quilombolas, jornalistas e capoeiras foram personagens fundamentais do Rio de Janeiro contrários à escravatura”; e no corpo do artigo, inicia afirmando que: “[...] a abolição da escravidão não foi fruto apenas de uma suposta ação exclusiva de enfrentamentos parlamentares. Nas ruas – principalmente nas cidades -, abolicionistas de várias origens sociais, escravos, libertos, operários de fábricas que alvoreciam, capoeiras, jornalistas e pequenos negociantes transformaram a campanha pela liberdade dos cativos numa verdadeira batalha... [e mais adiante...] capoeiras se engalfinhavam com republicados contrários à abolição [...]”.

Isso, em cidades como Rio de Janeiro, Santos, Porto Alegre, Campinas, Salvador e Recife; não foram poucas as refregas nas ruas envolvendo polícia, abolicionistas, capoeiras, escravos e libertos. O dono das ruas, naquele momento em que o grito da abolição cortou os ares, era o capoeira. Para os autores, a participação dos capoeiras nesse memorável momento político da vida carioca ainda é plena de contradições e zonas de sombra, em virtude de as maltas – como eram chamados os grupos de capoeira – não se posicionavam somente de um dos lados da contenda. Estavam nas trincheiras dos que defendiam o fim imediato da escravidão, assim como no lado dos que postulavam uma transição lenta, gradual e segura, sem o grito das ruas. Mas os capoeiras se fizeram presentes, com suas correrias, suas lutas de rua, empastelamento de jornais – de ambos os lados – e os inesquecíveis golpes da capoeira, da rasteira e da navalha... Iniciando em 05 de janeiro de 1885, quando capoeiras de uma malta armada pelos inimigos da causa abolicionista invadiram o prédio da redação do jornal “Gazeta da Tarde”, dirigido por José do Patrocínio. Consta que essa invasão não teve nada relacionada com o movimento abolicionista, conforme a história passou a registrar o empastelamento do jornal, pelos capoeiras. 240

Este artigo foi publicdo no JORNAL DO CAPOEIRA - www.capoeira.jex.com.br Edições 52 - de 4/dez a 10/dez de 2005; 53 de 11/dez a 17/dez de 2005; 54 - de 18/dez a 25/dez de 2005 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A GUARDA NEGRA. Rev. IHGM n. 31, novembro 2009 ed. Eletrônica 20-33 241 REVISTA HISTÓRIA VIVA, edição 25, de novembro de 2005 242 PONTES, Jairo Ives de Oliveira (org.). NOVA HISTÓRIA DO MARANHÃO. São Luís: UEMA, edição eletrônica em CD-R.


Foi apenas um enfrentamento entre maltas rivais, colocada de um lado, grupo do Campo de Santana (identificada com os abolicionistas) formada por pequenos vendedores de jornais, e do outro lado (dos escravistas), a malta que dominava o Largo de Santa Rita, chefiada por tal de Castro Cotrim, junta com outros chefes de malta da região portuária de Santa Rita como Coruja e Chico Vagabundo. Os pequenos vendedores de jornal entraram na redação para fugir de seus perseguidores e foram apoiados pelos funcionários do jornal, que rebateram o ataque. Anos mais tarde, José do Patrocínio cria a “Guarda Negra”, em função da Lei Áurea, que abriu caminho para uma temporária unificação dos grupos em prol da novel agremiação, talvez a face mais conhecida da capoeiragem política dos últimos anos da monarquia. Mais tarde, Patrocínio a iria renegar, após a queda do gabinete João Alfredo, que concretizou o 13 de maio. Patrocínio foi quem introduziu os capoeiras no ninho abolicionista e circulava bem no complexo mundo das maltas de capoeira do Rio - José do Patrocínio era mulato, filho de uma africana e de um poderoso cônego do conservador clero católico, de Campos dos Goitacases -, algo muito raro entre as lideranças abolicionistas – Joaquim Nabuco e André Rebouças, dentre outros ... -, em geral compostas de moradores de classe média que nutriam verdadeira ojeriza à capoeiragem. O porta-voz da Guarda Negra escrevia seus manifestos nas páginas de “A Cidade do Rio”, o novo jornal de Patrocínio; as primeiras reuniões foram realizadas na redação do jornal; a polêmica na imprensa era travada entre o jornal de patrocínio e o “Paíz”, no qual Rui Barbosa vociferava os maiores impropérios contra a Guarda da Redentora. Após o incidente de 14 de julho de 1889 entre os capoeiras da Guarda Negra e militantes republicanos no coração do Rio, Patrocínio gradualmente se afastou da organização... A Guarda entraria em declínio, até ser completamente desbaratada pela repressão de Sampaio Ferraz em 1890. Informam os Autores que houve episódios da Guarda Negra em outras cidades, como Porto Alegre, Salvador e São Luís... São Luís? Daí nosso espanto, de Jairo e eu. Nunca ouvíramos falar... Procurei em Mário Meireles, nosso maior historiador, e não achei nada; em Vieira Filho, em seu “A Polícia Militar do Maranhão”, de 1975, e não consta nada; Navas-Toríbio, em seu “O negro na literatura maranhense”, também não há referência... Resta a Internet! Na Wikipédia, sob o título “Capoeira”, consta que, historicamente, capoeiristas têm sido utilizados em guerra e conflitos como na Guerra do Paraguai e na Revolta dos Mercenários, em 1828, e que em 1888 foi instituída pelo Exército Brasileiro a Guarda Negra, composta praticamente por capoeiristas. Em 1897, o general Couto de Magalhães disse que a capoeira não deveria ser perseguida mais sim dominada e ensinada em escolas militares. Em 1939, Mestre Bimba começa a ensinar a capoeira no quartel do CPOR de Salvador. Não se pode esquecer que como arte de guerra a capoeira foi utilizada contra a opressão da escravidão nos quilombos e posteriormente nas maltas243. Carvalho, em “HISTÓRIA DA CAPOEIRA”244, ao tratar da “repressão da capoeira” referese que, quando da chegada da família Real ao Brasil em 1808, começou o processo de repressão à cultura negra e foi intensificada a perseguição policial. Em 1809, foi criada a Guarda Real da Polícia na qual o Major Miguel Nunes Vidigal foi nomeado comandante. Major Vidigal foi o verdadeiro terror dos capoeiristas, perseguia-os, espancava-os e torturava-os na tentativa de exterminá-los. Apesar dos severos castigos, os capoeiras resistiam bravamente e em 1824, a punição tornou-se pior: além das trezentas chibatadas eram enviados por três meses para realizar trabalhos forçados na Ilha das Cobras.

243 244

in http://pt.wikipedia.org/wiki/Discuss%C3%A3o:Capoeira. in http://www.geocities.com/projetoperiferia6/historia.htm


A partir da segunda metade do século XIX (1850), começaram a ocorrer sucessivas prisões de capoeiristas, os quais estavam formando maltas que atemorizavam a população e os governantes. Os principais focos da capoeira eram: Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. No entanto, no Rio de Janeiro é que a capoeira era motivo de maior preocupação (mesmo porque o Rio era a capital do país na época), era onde estava a maior concentração das maltas, sendo as mais temíveis os Guaiamuns e os Nagoas. Os Nagoas eram ligados aos monarquistas do Partido Conservador, agiam na periferia, e os Guaiamuns eram ligados aos Republicanos do Partido Liberal, controlavam a região central da cidade. (in Letícia Cardoso de Carvalho) 245. Maltas adversárias que por décadas se digladiaram pelas ruas da cidade; os Nagoas e Guaiamus sempre aparentavam estar imersos num universo imaginário, fronteira entre a ficção acadêmica e uma nebulosa tradição popular. Nesse processo de divisão da cidade em dois grandes grupos rivais estaria completo, definindo uma linha divisória que mantinha Nagoas e Guaiamus em lados opostos, e em permanente conflito pelo controle de cada área. O conflito político-partidário entre liberais e conservadores acabou se cristalizando como a clivagem mais importante entre as maltas de capoeiras, que assim se ligaram indelevelmente ao destino dos dois partidos principais do sistema político do Império. O ano de 1888 foi o da Abolição da Escravatura e de grandes mobilizações de capoeiras.246 Apesar da repressão que sofria, quando interessava, a capoeira servia também de instrumento nas mãos dos políticos. Ora para os liberais, ora para os conservadores. Um exemplo é a Guarda Negra, criada em 1888 por José do Patrocínio, composta por negros capoeiristas que tinham o objetivo de defender a monarquia e lutar contra a República (após a libertação dos escravos os capoeiristas ficaram ainda mais a favor da monarquia como agradecimento à Princesa Isabel por ter assinado a Lei Áurea). Logo após a Proclamação da República (1889), a capoeira foi proibida pelo Marechal Deodoro, permanecendo nessa situação até 1937 quando Mestre Bimba a tira do código penal e a leva a esporte nacional.247 A formação da Guarda Negra é precedida por violentos conflitos entre Nagoas e Guaiamus, retratados quase diariamente pela imprensa. Nunca como naquela época a atuação das maltas de capoeiras atingiu um impacto e uma sofisticação como se viu. O termo "fortaleza" para as tavernas deixa entender que aqueles eram locais típicos de reunião e conflito, e mais, pontos nervosos de uma geografia de bairro, constantemente em movimento pelo embate intermitente das maltas.248 Nos últimos dias do Império, os conflitos entre republicanos e monarquistas ocorreram frequentemente. A fim de proteger a Princesa Isabel, os monarquistas criaram a Guarda Negra (protetor preto), composto dos pretos, mulatos e muitos escravos libertos. Estes homens foram extremamente devotados à Princesa porque tinha assinado a lei que abolia a escravidão. A Guarda Negra combateu os republicanos até que a última faísca da vida do império morreu. Furiosos, os republicanos juraram matar seus membros; se a monarquia não conseguiu extinguir a capoeira, a república recém-estabelecida o faria. O ISABELISMO249 José do Patrocínio foi o mais fervoroso adepto do isabelismo, e procurou aliciar libertos para defender a monarquia ameaçada pela onda republicana que crescera após a Abolição. Não satisfeito em beijar os pés da Redentora, José do Patrocínio inicia a arregimentação de ex245

IN http://www.geocities.com/projetoperiferia6/historia.htm). SOARES, Carlos Eugênio Líbano. Dos nagoas e guaiamus: a formação das maltas In: A NEGREGADA INSTITUIÇÃO: OS CAPOEIRAS NO RIO DE JANEIRO. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, 1994.). 247 CARVALHO, Letícia Cardoso de. IN http://www.geocities.com/projetoperiferia6/historia.htm). 248 ELIAS, Larissa Cardoso. CAPOEIRA: REVOLTA E TEATRALIDADE, UMA PERSPECTIVA ARTAUDIANA, disponível em http://hemi.nyu.edu/unirio/studentwork/imperio/projects/Larissa/Larissawork.htm) 249 In http://www.vidaslusofonas.pt/jose_do_patrocinio.htm 246


escravos, capoeiras e marginais de um modo geral, para fundar a Guarda Negra. Esse ajuntamento tinha como finalidade impedir a propaganda republicana, inclusive com a tarefa de dissolver comícios pela violência. Essa posição dos elementos aliciados por José do Patrocínio deu muito trabalho às autoridades e impediu, em muitos casos, que os adversários da monarquia se manifestassem. Os seus membros conseguiram dissolver muitos comícios republicanos através da violência. Segundo registra a crônica da época, houve mesmo mortes em comícios republicanos pelas quais a Guarda Negra foi responsabilizada. Osvaldo Orico, biógrafo de José do Patrocínio, assim descreve a situação: Incompreensível por um lado, mas explicável por outro, essa famigerada Guarda Negra tivera um inspirador. Não fora outro senão José do Patrocínio. O fanatismo abrira-lhe na alma a ilusão desse recurso com que imaginava cercar de garantias o prestígio da Redentora de sua raça. Foi a gratidão que o moveu a provocar e a sugerir um movimento de solidariedade dos libertos para com a padroeira inesquecível. E, ao toque de reunir, acorreram de todo lado os antigos sentenciados do cativeiro, ansiosos de oferecer com a força material do peito aberto a flor do seu reconhecimento heróico. Os acontecimentos registrados na capital e no interior, durante a fase em que se fez sentir a influência da Guarda Negra e se apelou para a sua incontida violência, mostraram como fora infeliz a idéia de arregimentar no antigo holocausto das senzalas a força que deveria guardar o Trono. Inaugurou-se uma época de terror que deu à nação enormes prejuízos em dinheiro e em vidas. Onde quer que brilhasse a centelha da luz republicana, surgia aí o conflito das raças, desencadeado pela fúria dos libertos em louvor à rainha. E amiudaram-se os atentados e morticínios. Na rua do Passeio; em frente à Secretaria de justiça; em dias de março de 89, durante a agitação popular que a febre amarela e a falta de água provocaram, a Guarda Negra deixou indícios de sua lamentável influência250

Noel Nascimento, em ARCABUZES251, assim relata os acontecimentos daquele dia: “Xandô espantou-se e perguntou: - Que guerra? - Tu não sabes? Essa do fim da monarquia. Não sabes que está pipocando Brasil afora? Donde vens, então? Tem motim em toda parte, no Sul, no Norte. Eu vi brigas de grupos armados. Nas ruas do Ouvidor, do Teatro, de Luís de Camões e na Travessa do Rosário a cavalaria dispersou o povo a pranchadas. Houve mais de duzentos feridos. Não sabes que quase mataram o doutor Silva Jardim à saída da Sociedade Francesa de Ginástica? Ao almoçarem na mesa grande do refeitório, comentavam: - A guarda negra persegue os que mais lutaram contra a escravidão. - Ainda há quem defenda a monarquia por causa da Princesa Isabel. Não viram a multidão que se formou no dia treze de maio? - O pobre quer o direito do eleitor, até o negro deve ter o direito de votar. O funcionário que falou foi interpelado pelo estudante de medicina, o qual procurou esclarecê-lo: - Até os negros por quê? Eles em primeiro lugar, pois construíram o Brasil. Sabes? - prosseguiuos falsos abolicionistas é que, como alguns escritores, julgam o negro inferior. São uns racistas. - Muito bem falado - aplaudiu o português que acabara de consertar uma das poltronas, português abrasileirado e não da casta dos galegos. O mesmo pensionista indagou de Xandô: 250 251

in http://www.vidaslusofonas.pt/jose_do_patrocinio.htm. In www.astrovates.com.br/tese/arcabuze.htm


- Tu não sabias que na Bahia, em Ilhéus, bandidos tomaram a cidade, arrombando casas comerciais, aterrorizando a população? O império está em ruínas - concluiu convicto.”.

Ainda segundo Osvaldo Orico252, a Guarda Negra agiu com violência contra os republicanos, nas cidades de Campos e Lage do Murié: “Na primeira localidade em uma reunião republicana que se processava pacificamente, massa enorme de policiais e libertos abertos armados invadiu o edifício em que se realizava um banquete democrático, alarmou as senhoras, desrespeitou com ameaças a intervenção amistosa do pároco, que suplicava das janelas do templo ordem e clemência, disparou tiros, arremessou garrafas, espancou e feriu, tudo isto para levantar entre acompanhamentos bélicos vivas e saudações à rainha. “Na segunda, a polícia, após uma série de distúrbios, prendeu no tronco um honrado cidadão por suspeita de ideais republicanos.”

Natal também teve a sua Guarda Negra. Criação do Partido Conservador e instrumento de combate às ideias republicanas. Segundo os conservadores, os negros, por gratidão deveriam defender a monarquia. Em Natal, a Guarda Negra recebeu o nome de Clube da Guarda Negra. O seu presidente foi Malaquias Maciel Pinheiro. Instalada a 10 de fevereiro de 1889, com muita festa, essa organização, na apuração de Câmara Cascudo, nada fez de bom ou mal.253 Em Belém, uma Guarda Negra continuou prestando serviços como capangas a políticos locais. Esses capangas eram, em grande parte, pernambucanos.254 A Guarda Negra era um movimento contraditório e confuso. Apoiava a monarquia porque os escravos conseguiram libertar-se do cativeiro através da magnanimidade da princesa Isabel. Via a Abolição como um ato de munificência social praticado pela regente, sem analisar as estratégias ocultas nessa medida e as consequências negativas que a Abolição traria, feita da forma inconclusa como o foi. Por outro lado, deixaram de pressionar os republicanos, especialmente os mais democratas, como Silva Jardim, no sentido de radicalizar o seu programa, exigindo reformas sociais e econômicas estruturais, como a distribuição da terra aos ex-escravos. Foi, portanto, um movimento conjuntural e reacionário, e o próprio José do Patrocínio, ao ver proclamada a República, foi um dos primeiros a aderir ao novo regime. Com isto, a Guarda Negra se desarticulou completamente logo depois da proclamação da República, vindo a desaparecer sem maiores consequências. Nesse período de transição, os negros recém-saídos da escravidão passaram a se organizar de várias formas alternativas, especialmente em grupos de lazer, culturais ou esportivos. Por outro lado, levando-se em consideração a forma como a Abolição foi feita, descartando-os da participação naquelas reformas estruturais que as mudanças do momento estavam a exigir, as reminiscências do sistema escravista e da Redentora continuaram existindo como ideologia de apoio psicológico em diversos grupos negros de ex-escravos. Isto retardou ainda mais o processo, pois a Guarda Negra tinha uma ideologia de retrocesso, de volta ao passado e ao mesmo utópica (monarquia sem escravidão), quando devia exigir medidas de avanço social radicais255.

252

(in www.vidaslusofonas.pt/jose_do_patrocinio.htm .(in www.tribunadonorte.com.br/especial/histrn/hist_rn_7f.htm) 254 http://www.ceao.ufba.br/livrosevideos/pdf/uma%20historia%20do%20negro%20no%20brasil_cap09.pdf, informação mandada por Agrupación Española de Capoeira http://aecfica.blogspot.com/ www.capoeira-fica.org Javier Rubiera-Presidente, Vice Presidente General de FICA 255 (in http://www.vidaslusofonas.pt/jose_do_patrocinio.htm). 253


O isabelismo passa a avassalar José do Patrocínio e também milhares de africanos recémlibertos. Veem na Princesa a única e abnegada senhora que os redimira da escravidão. Arregimentados e orientados por José do Patrocínio, em várias cidades do Brasil organizam-se em Guarda Negra que dissolve, pela violência, comícios e manifestações de republicanos. Pensam mostrar assim eterna gratidão à Princesa... O isabelismo converte a razão apaixonada de José do Patrocínio em paixão irracional... Mas nada impede (nem sequer a Guarda Negra) que em 15 de Novembro de 1889 a República seja implantada no Brasil. Mas, e em São Luís? Dunshee de Abranches256, em suas memórias sobre a escravidão e o movimento abolicionista, em São Luís, se refere à guarda negra, naquele episódio que resultou na queda do gabinete Cotegibe257: “Voltando logo depois ao Rio [de viagem a São Paulo e Santos], assisti à agitação revolucionária que se fez em torno do gabinete organizado pelo Barão de Cotegipe. Participei dos memoráveis comícios em que, ao lado de Patrocínio, a mocidade das escolas civis e militares resistia heroicamente às investidas da guarda negra. E, em uma dessas reuniões subversivas no Largo da Lapa,um dos quartéis generaes da capoeiragem carioca, terminada em tremendo e sangrento conflitcto, sendo talves o vigésimo orador, que alli falava do alto do chafariz...”. (p. 228-229).

Ainda nada sobre a guarda negra em São Luís .. O FUZILAMENTO DO DIA 17 ”... o Brasil foi o último país a abolir a mão de obra escrava, criou e sustentou uma série de ambiguidades em seu discurso racial, como vemos em relação à chamada Guarda negra - um símbolo da integração negra ao contexto da luta abolicionista que, ao mesmo tempo, se torna um culto ao imperialismo e se torna uma ameaça ao debate democrático do próprio racismo.”. (Reginaldo da Silveira Costa (Mestre Squisito) 258

Os movimentos pela abolição da escravatura são iniciados a partir de alguns eventos ocorridos: a cessação do tráfico negreiro da África, em 1850; a volta vitoriosa de negros da Guerra do Paraguai, que se estendeu de 1865 a 1870, a promulgação da Lei do Ventre Livre; a criação da Sociedade Brasileira contra a Escravidão (tendo José do Patrocínio e Joaquim Nabuco como fundadores); a Lei Saraiva-Cotegipe (mais popularmente conhecida como a Lei dos Sexagenários). Dois conceitos históricos são entendidos por abolição da escravatura: o conjunto de manobras sociais empreendidas entre o período de 1870 a 1888 em prol da libertação dos escravos, e a própria promulgação da Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel, que promove a oficialização da abolição do regime. "As mudanças ocorridas afetavam diretamente a economia de produção neste período do Brasil. Os negros chegaram a participar da luta anti-escravista e muitos deles, perseguidos por seus atos insurrecionais ou mesmo fugindo do jugo escravista, reuniam-se em povoados como os quilombos. 256

in DUNSHEEE DE ABRANCHES. O CAPTIVEIRO (memórias). Rio de Janeiro : (s.e.), 1941 João Maurício Wanderley, primeiro e único barão de Cotejipe (Barra, então São Francisco de Chagas da Barra do Rio Grande, 23 de outubro de 1815 — Rio de Janeiro, 13 de fevereiro de 1889), foi um magistrado e político brasileiro. Descendente de neerlandeses[2], era filho de João Maurício Wanderley e de Francisca Antónia do Livramento, tendo desposado Antónia Teresa de Sá Rocha Pita e Argolo. Formado pela Faculdade de Direito de Olinda (1837), foi deputado provincial (1843), deputado geral, presidente da província da Bahia (nomeado por Carta Imperial em 21 de agosto de 1852, presidiu a província de 20 de setembro de 1852 a 1 de maio de 1855), senador do Império do Brasil de 1856 a 1889. A partir de 1865 passou a integrar o ministério, tendo ocupado as pastas da Fazenda (1865), da Marinha (1865 e 1868), dos Estrangeiros (1869, 1875 e 1885) e da Justiça (1887). Como presidente do Conselho de Ministros (1885-1888), fez aprovar a Lei dos Sexagenários (1885), proposta na gestão de José Antônio Saraiva, seu antecessor.(In http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Maur%C3%ADcio_Wanderley) 258 In http://bahia.port5.com/terreiro/racial.html 257


Após as medidas oficiais anti-escravistas determinadas pela Lei Áurea, os senhores escravistas, insatisfeitos com a nova realidade, intencionavam exigir indenizações pelos escravos libertos, não obtendo nenhum aval do Império. Desta forma, surgiram os movimentos republicanos, que foram engrossados com a participação dos mesmos senhores que eram antigos detentores da "mercadoria escrava" e que, descontentes com as atitudes do Império, acabaram por defender um novo sistema de governo, decorrendo daí um dos principais motivos da derrocada final do Império. Por outro lado, a mão de obra proveniente das novas correntes imigratórias passa a ser empregada. Os negros, por um lado libertos, não possuíam instrução educacional ou a especialização profissional que passa a ser exigida, decorrendo destes aspectos a permanência dos negros à margem da sociedade frente à falta de oportunidades a eles oferecidas. A liberdade dada aos negros anteriormente escravizados é relativa: embora não mais escravizados, nenhuma estrutura que garantisse a ascensão social ou a cidadania dos negros foi oferecida. 259

Nesse contexto, a Guarda Negra foi formada por José do Patrocínio em 28 de setembro de 1888, como um movimento paramilitar, composto por negros, que tinha passagem pelo Exército e com habilidade em capoeira. O objetivo dele era demonstrar gratidão à família real pela abolição e intimidar republicanos e tumultuar os comícios. A ação da Guarda Negra travava batalhas com os partidários do fim da Republica, sendo classificados como terroristas. Antonio Jardim, advogado abolicionista, chega a realizar suas palestras e comícios em posse de um revolver atento a ação dos capoeiristas da Guarda Negra.260 Muito embora Patrocínio, em virtude da Lei Áurea, seja identificado como monarquista e formado a Guarda Negra para defender a Princesa Izabel, aderiu às ideias republicanas, conforme informa Sergio Cavalcante, em “A Maçonaria e Proclamação da República": "Precisavam de um lugar para essa agitação. Procuraram um vereador para ver se era possível usar a Câmara... Paradoxalmente, procuraram o monarquista negro José do Patrocínio, detestado pelos republicanos, devido a suas ligações com a Guarda Negra. Estranhamente, Patrocínio havia aderido à República naquele dia e, na condição de mais moço vereador (conforme a regra exigia), convocou uma sessão na Câmara.” 261

O jornalista Renato Pompeu, em "Confissões de um trirracial", afirma saber que: "... a República foi proclamada porque o Império, ao proclamar a Abolição, ficou comprometido com o futuro dos negros recém-libertados, como prova o fato de que só guarnições militares compostas de negros, como a Guarda Negra da Princesa Isabel, resistiram ao golpe de Estado de 15 de novembro de 1889. O regime republicano, assim, nasceu, e continua, sem nenhum compromisso maior com as pessoas de pele mais escura."262

O que sabemos até agora? • •

259

Que capoeiras foram combatidos desde a chegada da família imperial ao Brasil em 1808; Que capoeiras sempre foram arregimentados para "lutaram" ao lado de alguma facção política - isso, desde o Império.

In http://bahia.port5.com/terreiro/racial.html In http://www.algosobre.com.br/ler.asp?conteudo=206 261 http://negro.www.marconegro.blogspot.com/ 262 http://www.salmo133.org/sal/Htm_Div/HinoProclamacaoRepublica BR_SergioCavalcante.htm http://carosamigos.terra.com.br/outras_edicoes/edicoes_especiais/eleicoes/renato_pompeu.asp 260


Que negros foram recrutados para lutarem na Guerra do Paraguai, muitos pela sua habilidade de luta corporal - capoeiras.

Que ao voltarem, muitos como heróis, não tiveram seus esforços reconhecidos e continuaram como cidadãos de segunda classe, ou sem classe alguma - ainda era a escória do reino.

Que grupos foram formados - maltas - e que esses grupos se enfrentavam entre si, pela posse de um território na cidade; que essa rixa entre capoeiras foi aproveitada, com a contratação de uma e outra, por partidos políticos, para dar surras nos adversários e impedir realização de comícios.

Que por ocasião da Abolição, e em gratidão à Princesa imperial, abolicionistas - José do Patrocínio - cria um corpo paramilitar, recrutando capoeiras com alguma experiência no Exército, o qual foi denominado de Guarda Negra.

A criação dessa Guarda Negra uniu as diversas maltas, que passaram a atacar os republicados e a defender a monarquia - a herdeira do trono brasileiro, Princesa Isabel.

Por essas ações, cada vez mais violentas, houve perseguição aos negros, em sua maioria capoeiras, e ligados à guarda negra, provocando sua marginalização, quando do advento da República, e a consequente criminalização do ato de praticar capoeira... (Logo após a Proclamação da República (1889), a capoeira foi proibida pelo Marechal Deodoro, permanecendo nessa situação até 1937 quando Mestre Bimba a tira do código penal e a leva a esporte nacional).

Em São Luís do Maranhão, encontramos um episódio relacionado com a participação dos negros no processo de combate à República recém-proclamada. Foi denominado de "o fuzilamento do dia 17", e ocorreu com uma manifestação de escravos, recém-libertos, contra Paula Duarte, o único republicano no novo governo, conforme informa Mario Meireles, e isso porque se dizia que o novo regime vinha para tornar sem efeito a Lei Áurea. Os manifestantes foram à redação de "O Globo", jornal republicano, e tentaram o empastelar. A polícia interveio, dispersando-os. Na boca do povo, e naquelas circunstâncias, teria ocorrido um massacre - os fuzilamentos do dia 17 263. Barbosa de Godois264 assim relata aqueles acontecimentos: "A" surpresa com que no Maranhão foi recebida a noticia da revolução de 15 de Novembro succedeo a adhesão de ambas as parcialidades políticas ao regime que se instituía... Feita abstração d´um grupo de libertos pela lei de 13 de maio que, imbuídos da idéagrosseira de que a republica viera para reduzil-os novamente ao captiveiro e no dia 17 percorreram desarmados algumas ruas, hasteando a bandeira imperial e dando vivas à princesa Isabel, nenhuma outra manifestação em contrario à nova instituição surgio em toda a província. "Esse grupo, porém, que viera por vezes á frente da officina do jornal "Globo", na Rua 28 de Julho, canto da dos Barqueiros, vociferava ameaças contra o redactor d´esse diário, o chefe republicado Dr. Francisco de Paula Belfort Duarte,debandou ás primeiras descargas d´um pequeno contingente, postado perto do edifício da mesma officina, para pol-a á salvo de qualquer aggressão...Ainda n´essa data não estava proclamada a adhesão d aprovíncia á forma republicana, o que só se realisou no dia 18 de Novembro." (p. 539-540.)

Note-se que a obra de Barbosa de Godois é de 1904. Os acontecimentos ainda eram recentes. E não faz nenhuma referência a uma "guarda negra" formada por libertos, para defender a 263

MEIRELES, Mário. HISTÓRIA DO MARANHÃO. 2 ed. São Luís: Fundação Cultural do Maranhão, 1980, p. 307. BARBOSA DE GODOIS, Antonio Baptista. HISTORIA DO MARANHÃO. São Luís: Mar. Typ. De Ramos d´Almeida & C., Suces., 1904, tomo II,

264


monarquia... Será que houve, mesmo, guarda negra no Maranhão? Conforme se referem Carlos Eugênio L. Soares e Flávio Gomes? Milson Coutinho265, ao descrever os acontecimentos daquele dia 17 de Novembro Maranhão, 1889: fuzilamentos e torturas na alvorada da república - afirmam que, após ler e reler inúmeros autores que se referiram aos fatos do dia 17 - Jerônimo de Viveiros e Mário Meireles "provocaram, no autor deste estudo, um grande desejo de examinar, à luz da documentação da época, a origem desses distúrbios, sua ocorrência, amplitude e consequências" (p. 16). Para Coutinho, as origens dos distúrbios provocados principalmente por ex-escravos, no Maranhão, com o advento da proclamação do regime republicado, tiveram origem em boatos que circularam por toda a cidade segundo o qual o regime recém-implantado iria revogar a Lei Áurea sancionada pela Princesa Isabel e os pretos teriam que voltar à condição de cativos. Esses boatos partiam dos sebastianistas, isto é, dos saudosos do monarquismo agonizante, e, mentira ou não, calaram fundo no espírito dos negros, que jamais poderiam aceitar a volta ao tronco, ao chicote do feitor, ao trabalho forçado. Não foi possível apurar o cabeça do movimento, informa Coutinho, nem nos livros de história e nem nas pesquisas que empreendeu. Nem mesmo a polícia, naquela época, deslindou a sedição contra o jornalista Paula Duarte, talvez porque, convenientemente elucidado o fato, "esboroassem seus resultados nos costados d´algum ex-barão do Império, já devidamente engastado no novo regime." (p. 17). O estopim, ao que parece, foi uma conferência na Câmara Municipal, que seria proferida por Paula Duarte, em que falaria sobre o novo regime doutrinando sobre matéria republicana. O povo da cidade fora convidado, através de comunicação do Dr. Sá Valle. "Grossa multidão formada em sua maioria por pardos e ex-escravos se acercou da redação do jornal de Paula Duarte, em atitude hostil, haja vista a gritaria, algazarra e berreiro próprios a esse tipo de manifestação. "Pessoas gradas intervierem, pedindo aos manifestantes que dissolvessem o aparato popular, enquanto Paula Duarte, acuado no prédio de sua tipografia, dali não pode se retirar, escoandose, consequentemente, a hora marcada para a que pronunciasse a sua conferência. "O grupo, cada vê mais reforçado, e sempre no maior alarido, retirou-se de frente da redação d´O Globo, passando a percorrer as ruas de São Luís dando vivas à Monarquia." (p. 18)

Prossegue Coutinho o seu relato, informando que a turba passou em frente à casa do Desembargador Tito de Matos, ainda respondendo pelo Governo da Província: “... estancou a passeata, com a finalidade de cumprimentar o Magistrado, derradeiro lampejo da Monarquia deposta e última esperança da malta enfurecida". (p. 18-19). Malta enfurecida? Coutinho a teria usado em que sentido? De identificar os manifestantes com as maltas de capoeira que agiam no Rio de Janeiro, dando vivas à monarquia e contra o novo regime? No-lo sabemos... Prosseguindo, O Desembargador pediu às massas que aguardassem a ordem, dissolvessem a passeata. Esses acontecimentos se deram pela manhã. Os espíritos serenaram e a tranquilidade pública volveu à Capital. Mas... “... Por volta das 15 horas do dia 17 os ânimos voltaram a se reacender, com novos grupos de anarquistas a percorrer as ruas e praças da capital, estocando todos os segmentos da balbúrdia em frente ao jornal de Paula Duarte, desaguadouro do contingente de alucinados que para ali convergiam, provindos de quantos becos se contassem, isto já em profusa massa humana.

265

COUTINHO, Milson. SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO MARANHÃO. São Luís: SIOGE, 1978.


"O Comandante do 5º. Batalhão de Infantaria destacou, para o local uma força devidamente embalada, tropa essa que se postou em frente à tipografia de Paula Duarte, a partir das 16 horas, a fim de garantir a segurança do jornalista e evitar a depredação do edifício.”. (p. 19, grifos meus).

Os revoltosos debandaram, proferindo gestos coléricos e invulgar alacridade, e assim se passou o resto da tarde, sem outras consequências que não o clima de total intranquilidade reinante. "Os relógios assinalavam pouco mais das 19 horas, quando a multidão enfurecida e com muitos de seus componentes já armados voltou à carga para tirar a prova de fogo. "Iniciou-se a fuzilaria, de que resultou a morte imediata de três manifestantes, ferimentos em 11 outros, lesões em vários soldados, cabo e sargento do destacamento, vindo a morrer depois, na Santa casa, um dos sediciosos ferido por balaço da tropa." (p. 20).

Nenhuma palavra sobre uma Guarda Negra... Nem no relatório do suboficial que ordenou o fogo... Encerro! Obrigado.


MITO DAS ORIGENS REMOTAS266 No prefácio do catálogo de uma exposição de Neves e Sousa em Angola, no ano de 1966 “Da minha África e do Brasil que eu vi”, Câmara Cascudo mencionava que o pintor “viu a ginástica do n´golo, batizada ‘capoeira’”. Estava se divulgando então, pela primeira vez no Brasil a teoria do ‘n´golo’ como luta ancestral da Capoeira. Encampada a teoria de Neves e Sousa por Câmara Cascudo em seu Folclore Brasileiro (1967) e as explicações no Dicionário do Folclore brasileiro (1972).

Para Assunção e Peçanha (2009) 267 o ‘n´golo’ acabou transformado num mito de origem – um “elo perdido” – da Capoeira. Até a década de 1960, ninguém tivera conhecimento dessa ancestralidade, quando Pastinha recebeu a visita do pintor angolano Albano Neves e Sousa. Este afirmou ter visto na África uma dança semelhante ao tipo de Capoeira que o Mestre baiano ensinava. A memória oral não registrava nenhuma prática ancestral específica. Em suas palestras pelo Brasil, Albano Neves e Sousa conseguiu convencer alguns brasileiros de sua teoria, entre eles o folclorista Câmara Cascudo, então presidente da Sociedade Brasileira de Folclore. 266

267

Mito das origens remotas. In VIEIRA, Luiz Renato; ASSUNÇÃO, Mathias Röhring. Mitos, controvérsias e fatos: construindo a história da capoeira. In ESTUDOS AFRO-ASIÁTICOS, 34, dezembro de 1998, p. 82-118 ASSUNÇÃO, Matthias Röhrig; PEÇANHA, Cinésio Feliciano (Mestre Cobra Mansa). Elo perdido: A dança da zebra. In REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL. Março 2008, p. 14-21, disponível em www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1445


Afirmam Assunção e Peçanha (2009) que se trata de um mito no mínimo questionável: “Para começar, não foi transmitido pelos mestres africanos aos seus alunos brasileiros via tradição oral. Aceitar literalmente o mito, um tremendo anacronismo, ou seja: como pode uma manifestação documentada apenas no século XX ser ‘a origem’ de uma capoeira que existe pelo menos desde o início do século XIX? Pensar que o n´golo teria sobrevivido inalterado desde a época do tráfico negreiro é ignorar as profundas mudanças pelas quais passaram as sociedades do território angolano nesse período”.[...] Surpreende que hoje, em Angola, o n´golo seja completamente desconhecido, assim como seu papel como mito fundador da capoeira.[...]”.

SÉCULO XVI 1577 primeiro registro do vocábulo “capoeira” na língua portuguesa: Padre Fernão Cardim (SJ), na obra “Do clima e da terra do Brasil”. Conotação: vegetação secundária, roça abandonada (Vieira, 2005) No entender de muitos capoeiristas, quando o primeiro escravo angolano pisou a Terra de Santa Cruz (hoje, Brasil), já o teria feito no passo da ginga e no ritmo de São Bento Grande. “numa noite escura qualquer, o primeiro negro escapou da senzala, fugiu do engenho, livrou-se da servidão, ganhou a liberdade... escapou o segundo e o terceiro, na tentativa de segui-lo,


fracassou. Recapturado, recebeu o castigo dos negros (...) as perseguições não tardaram e o sertão se encheu de capitães-do-mato em busca dos escravos foragidos. Sem armas e sem munições, os negros voltaram a ser guerreiros utilizando aquele esporte nascido nas noites sujas das senzalas, e o esporte que era disfarçado em dança se transformou em luta, a luta dos homens da capoeira. ’A capoeira assim foi criada’. (Jornal da Capoeira, n. 1, 1996)”. (Vieira e Assunção, 1998, p. 83)35.

SÉCULO XVII Com o advento das invasões holandesas, na Bahia e em Pernambuco, principalmente a partir de 1640, houve uma desorganização generalizada no litoral brasileiro, permitindo que muitos escravos fugissem para o interior do país, estabelecendo-se em centenas de quilombos, tendo como consequência o contato ora amistoso, ora hostil, entre africanos e indígenas. Tende-se a acreditar que o vocábulo, de origem indígena Tupi, tenha servido para designar negros quilombolas como “negros das capoeiras”, posteriormente, como “negros capoeiras” e finalmente apenas como “capoeiras”. Cabe ressaltar, que nunca houve nenhum registro da Capoeira em qualquer quilombo. Sendo assim, aquilo que antes etimologicamente designava “mato” passou a designar “pessoas” e as atividades destas pessoas, “capoeiragem”. (Vieira, 2005) 268. Pastinha (1988, p. 24-5) afirmou que entre os mais antigos mestres de Capoeira figura o nome de um português, José Alves, discípulo de africanos e que teria chefiado um grupo de capoeiristas na guerra dos Palmares (in Vieira e Assunção, 1998), muito embora esses autores considerem que não haja nenhum documento que permita concluir que os integrantes do famoso quilombo tenham praticado capoeira ou outra forma de luta/jogo. A origem africana da capoeira é defendida geralmente pelos praticantes da Capoeira Angola: ”Não há dúvidas de que a capoeira veio para o Brasil com os escravos africanos”. (Mestre Pastinha, 1988, p. 22, citado por Vieira e Assunção, 1998). A existência da capoeira parece remontar aos quilombos brasileiros da época colonial, quando os escravos fugitivos, para se defenderem, faziam do próprio corpo uma arma (Reis, 1997, p. 1) 269. SÉCULO XVIII 270 1769-1779 Joaquim Manoel de Macedo, em sua crônica “Memórias da Rua do Ouvidor”, relata fatos que aconteceram durante a administração do vice-rei, o Marques do Lavradio; nelas, relata a famosa história do tenente Amotinado, capoeirista que teria servido de auxiliar nas aventuras eróticas do vice-rei. Considera-se ser esta a primeira referência sobre a capoeira no Rio de Janeiro; provavelmente Macedo se aproveitou de memória oral de seu tempo (1820 a 1882), assim como de pasquins e cantigas que se fez a respeito na época. Em sua referência direta à capoeira Macedo (1988, p. 37) apenas comenta que “talvez fosse o mais antigo capoeira do Rio de Janeiro, jogando perfeitamente a espada, a faca, o pau e ainda e até de preferência a cabeçada e os golpes com os pés”. (Vieira e Assunção, 1998). 1770 a mais antiga referência da capoeira enquanto forma de luta surge neste ano, vinculado ao tempo do Vice-Rei Marquês do Lavradio no Rio de Janeiro, em que já havia o sentido de ‘amotinados’ aos seus praticantes (Edmundo, 1938, citado por Vieira, 2005) Afirma Hermeto Lima

268

in www.capoeira-fica.org REIS, Letícia Vidor de Sousa. Capoeira, Corpo e História. In JORNAL DA CAPOEIRA, disponível em www.capoeira.jex.com.br, capturado em 14 de abril de 2005, artigo com base na dissertação de mestrado "Negros e brancos no jogo de capoeira: a reinvenção da tradição" (Reis, 1993). 270 Onde não está indicado o estado/cidade, refere-se a fatos ocorridos no Município da Corte – Rio de Janeiro. 269


“[...] segundo os melhores cronistas, data a Capoeiragem, de 1770, quando para cá andou o Vice-Rei Marques do Lavradio. Dizem eles também que o primeiro capoeira foi um tenente chamado João Moreira, homem rixento, motivo porque o povo lhe apelidou de ‘amotinado’. Viam os negros escravos como o ‘amotinado’ se defendia quando era atacado por 4 ou 5 homens, e aprenderam seus movimentos, aperfeiçoando-os e desdobrando-os em outros dando a cada um o seu nome próprio. Como não dispunham de armas para sua defesa uma vez atacados por numeroso grupo defendiam-se por meio da ‘Capoeiragem’, não raro deixando estendidos por uma cabeçada ou uma rasteira, dois ou três de seus perseguidores” (Lima, Hermeto in “Os Capoeiras”, Revista da Semana 26 nº 42, 10 de outubro de 1925, citado por Vieira, 2004)

1788(?) as maltas dos capoeiras já inquietavam os cidadãos pacatos do Rio de Janeiro e se tornavam um problema para os vice-reis (Carneiro, 1977) 1789 12 de abril - primeiro aparecimento da palavra capoeira escrita no registro da prisão de Adão, pardo, escravo, acusado de ser capoeira. [Nireu Cavalcanti, O Capoeira, Jornal do Brasil, 15/11/1999, citando do códice 24, Tribunal da Relação, livro 10, Arquivo Nacional, Rio de Janeiro]. (texto disponível em www.capoeira-palmares.fr/histor) SÉCULO XIX 1808 quando da chegada da família Real ao Brasil começou o processo de repressão à cultura negra e foi intensificada a perseguição policial. 1809 criada a Guarda Real da Polícia na qual o Major Miguel Nunes Vidigal foi nomeado comandante. Major Vidigal foi o verdadeiro terror dos capoeiristas, perseguia-os, espancava-os e torturava-os na tentativa de exterminá-los. Apesar dos severos castigos, os capoeiras resistiam bravamente Segundo Barreto Filho e Lima, o Major Vidigal “era um homem alto, gordo, do calibre de um granadeiro, moleirão, de fala abemolada, mas um capoeira habilidoso, de sangue frio, e de uma agilidade a toda prova, respeitado pelos mais temíveis capangas de sua época. Jogava maravilhosamente o pau, a faca, o murro e a navalha, sendo que nos golpes de cabeça e pés, era um todo inexcedível”. (Barreto Filho, Melo & Lima, Hermeto. História da Polícia do Rio de Janeiro: Aspectos da Cidade e da Vida Carioca – 1565/1831, vol I. Rio de Janeiro: S/A A Noite, 1939, pg. 203).

Após prestar relevantes serviços policiais para D. Pedro I e D. Pedro II, veio a falecer a 10 de junho de 1853, galgando o posto de Marechal de Campo e Cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro. Ironicamente, talvez tenha sido o primeiro capoeirista a obter esta honraria. 1816 Koster, Travels in Brasil – não mencionou capoeira, mas descreve algo da vida dos negros (in Koster, Henry, Travels in Brazil, 1st edition, Longman, Hust, Rees & Brown, London, 181, disponível em www.capoeira-palmares.fr) A capoeira como luta aparece nas fontes de forma massiva a partir da segunda década do século XIX, justamente depois da transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro. A palavra “capoeira” era usada tanto para designar uma prática, quanto para um grupo de pessoas. Capoeira se referia então a um conjunto de técnicas de combate que envolvia tanto o uso de uma grande variedade de armas (facas, sovelões, navalhas, cacetes, estoques até pedras e fundos de garrafa) quanto o uso de golpes com as pernas ou a cabeça. Era praticada por indivíduos que eram, em sua grande maioria, escravos africanos, dos quais muitos provinham de áreas de cultura bantu. Ocasionalmente pessoas livres ou mesmo membros do Exército ou da Polícia, como no caso do Major Vidigal, também conheciam estas técnicas, ou pelo menos tal conhecimento era atribuído a eles. Ao mesmo tempo, o termo capoeira designava os integrantes


de grupos de “malfeitores”, que, segundo as fontes policiais, andavam pelas ruas, armados, atentando contra a ordem estabelecida. (Vieira e Assunção, 1998). Esses autores consideram que o uso indiferenciado do termo capoeira tanto para as técnicas de combate quanto para os grupos à margem da sociedade colonial sugere que o primeiro significado se tenha criado por extensão do segundo. Para Lacé Lopes (2006) 271, a origem africana, entretanto, é evidente e incontestável. Comprovada não apenas pelo perfil étnico predominante dos capoeiras brasileiros do passado, mas, sobretudo, pela existência na África, há séculos, de práticas similares. O Moringue no Oceano Índico – Ilha de Reunião272, Madagascar273, Moçambique274 etc. – sem dúvida, é um bom exemplo.

Fuente foto Silat: Martial arts of the world: an encyclopedia, Volume 2 Escrito por Thomas A. Green. http://books.google.es/books?id=v32oHSE5t6cC&pg=PA529&dq=pentjak+silat&as_brr=3#v=onepage&q=pentjak%20silat&f=fals e 275

271

LACÉ LOPES, 2006, obra citada, p. 10.2-10.4, disponível em http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/69.pdf Réunion ou Reunião é um departamento francês no Oceano Índico, localizado a leste de Madagáscar. A ilha principal é uma das duas maiores Ilhas Mascarenhas, sendo o seu vizinho mais próximo a outra: a Maurícia. Reunião tem, no entanto, várias dependências, espalhadas em torno de Madagáscar, no Índico e no Canal de Moçambique. Capital: Saint-Denis. In http://pt.wikipedia.org/wiki/Reuni%C3%A3o_(Fran%C3%A7a) 273 Madagáscar ou Madagascar é um país africano que compreende a Ilha de Madagáscar e algumas ilhas próximas. Está situado ao largo da costa de Moçambique, da qual está separado pelo Canal de Moçambique. Os vizinhos mais próximos de Madagáscar são a possessão francesa de Mayotte, a noroeste, a possessão francesa da Reunião, a leste, e as suas dependências Ilhas Gloriosas (noroeste), Juan de Nova (oeste), Bassas da Índia e Europa (sudoeste) e Tromelin (leste), as Comores a noroeste e as Seychelles a norte. Sua capital é a cidade de Antananarivo. In http://pt.wikipedia.org/wiki/Madag%C3%A1scar 274 Moçambique é um país da costa oriental da África Austral, limitado a norte pela Zâmbia, Malawi e Tanzânia, a leste pelo Canal de Moçambique e pelo Oceano Índico, a sul e oeste pela África do Sul e a oeste pela Suazilândia e pelo Zimbabwe. No Canal de Moçambique, tem vários vizinhos, as Comores, Madagáscar, a possessão francesa de Mayotte e o também departamento francês de Reunião, através das suas dependências Juan de Nova, Bassas da Índia e Ilha Europa. In http://pt.wikipedia.org/wiki/Mo%C3%A7ambique 275 Fonte: http://saladepesquisacapoeira.blogspot.com/2009/01/grabado-de-capoeira-siglo-xix.html 272


Fonte: Javier Rubiera [capoeira.espanha@gmail.com] Enviado em: sexta-feira, 4 de setembro de 2009 08:28 Para: leopoldovaz@elo.com.br Assunto: [Sala de Pesquisa - Internacional FICA] Capoera,el viaje de ida y vuelta.

Lacé Lopes: correspondência eletrônica

O mesmo raciocínio pode ser ajustado ao berimbau africano, instrumento musical que, no Brasil, acabou fortemente associado ao jogo da capoeira.

Images de l’histoire : Types Malgaches-Isla Reunión. (Berimbau) http://www.mi-aime-aou.com/photos_ile_reunion/disp_seriephotos.php?id_album=12


Le “Bobr” (Bobre) - Autre Nom : “Bob”- “Sonbrér”.Autrefois, surtout utilisé par les conteurs, il est aujourd’hui dans le Maloya , Maloya-Musica y danza de Islas Reunión al son del bobre (Berimbau) , la voix de cet esclave qui murmure sa complainte.

Danza Sega-Isla Reunión 1860-Observar el Bobre-Berimbau http://www.portail-ile-dela-reunion.fr/articles.php?lng=fr&pg=224


Tome 2 - Planche - dessin original de Debret (1826) Jean-Baptiste Debret - Voyage Pittoresque et Historique au Brésil, ou Séjour d’’un artiste français au Brésil, depuis 1816 jusqu’’en 1831 inclusivement, époques de l’’avenement et de l’’abdication de S.M. don Pedro, premier fondateur de l’’Empire brésilien. Paris, Didot Frères, 3 volumes in-Folio publiés en livraisons de 1834 a 1839


CHRONICA DA CAPOEIRA (GEM) - ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

http://saladepesquisacapoeira.blogspot.com/2009/03/bimba-cual-es-la-verdadera-historia.html LIBRO: Artes do corpo Escrito por Vagner Gonçalves da Silva


Zaqui, João, “Jiu-jitsu (attaque e defensa) contendo os requlamaentos japonés e brasileiro”, São Paulo, Brazil, Companhia Brasil Editora, 1936, Publicado por Javier Rubiera para Influências Asiáticas no Brasil el 3/01/2010

Agenor Sampaio – Sinhozinho - começa sua vida esportiva praticando a luta greco-romana: “Comecei a minha vida sportiva – disse o Sinhôzinho, preliminarmente – em 1904, no Club Esperia de S. Paulo; como socio-alumno. Ahi me mantive até 1905, quando fui para o Club Athletico Paulistano, que foi o primeiro club do Brasil que teve piscina. [...] Houve um movimento dissidente no football de então, de modo que me transferi para a Associação Athletica das Palmeiras, que havia feito fusão com o Club de Regatas São Paulo. Ahi, em companhia de Itaborahy Lima, José Rubião, Hugo de Moraes e mais alguns amigos, comecei a praticar com enthusiasmo a gymnastica, tendo por exemplo Cícero Marques e Albino Barbosa, que eram, naquelle tempo, os maiores athletas do Brasil.[...] Mais tarde ” prosseguiu o nosso entrevistado ” com a vinda de Edú Chaves da Europa, novos ensinamentos nos foram ministrados, dos quaes a luta greco-romana, box francez (savata) e a gymnastica em apparelhos foram os mais importantes. [... ] Em 1907, ingressei no Club Força e Coragem, que obedecia à direcção do professor Pedro Pucceti. Continuei os exercícios que sabia e outros mais, que aprendera com o referido mestre. [...] em 1907, obtive os meus primeiros sucessos nesta luta e tive occasião de vencer o torneio da minha categoria. [...] Em 1908, mudei-me para esta capital, de onde jamais me afastei. O Rio é uma cidade encantadora pelos seus recursos naturaes e captivante pela lhaneza dos cariocas, que são extremamente hospitaleiros.[...] Fui um dos fundadores do Centro


de Cultura Physica Enéas Campello, que teve o seu período de fastigio no sport carioca. Ali, ao lado de João Baldi, Heraclito Max, Jayme Ferreira e o saudoso Zenha, distingui-me em diversas provas em que tomei parte.” (in “Clube Nacional de Gymnastica: Uma grande Promessa” - Diário de Notícias, RIO, 1º de setembro de 1931)

ENTRANDO NA RODA Chronica (do latim) é termo que indica narração histórica, ou registro de fatos comuns, feitos por ordem cronológica; como também é conjunto das notícias ou rumores relativos a determinados assuntos 276. Javier Rubiera, da “Agrupación Española de Capoeira” e (ex) Presidente da FICA277 Federação Internacional de Capoeira convida-me a fazer uma análise de imagens sobre a Capoeira (gem), a partir das gravuras de Rugendas278, fazendo uma correlação entre os movimentos encontrados na(s) Capoeira(s) e outras manifestações da lúdica e do movimento, encontrada em outras terras. Vem reunindo uma série de “pranchas” buscando as raízes da Capoeira 279: Encontramos en nuestra pesquisa los artes marciales indicados en el mapa que se encuentran justamente en los lugares de las rutas de los navíos de los imperios coloniales así como en las ruta ancestra de los malayos e hindúes que poblaron Madagascar.280

Indo mais adiante, Rafael Rubiera envia-me mensagem eletrônica em que provoca: “[...] Se você concorda que uma raiz da Capoeira é a Ringa-Moringue malgache 281 depois dos fatos de minhas pesquisas relatemos num artigo” 282.

276

DICIONÁRIO AURÉLIO, 1986, p. 502, citado por BORRALHO, José Henrique de Paula. Literatura e política em A Chronica Parlamentar, de Trajano Galvão de Carvalho. In GALVES, Marcelo Cheche; COSTA, Yuri. O MARANHÃO OITOCENTISTA. Imperatriz: Ética; São Luis: Editoras UEMA, 2009, p. 371-403. 277 Federação Internacional de Capoeira 278 Johann Moritz Rugendas (Augsburgo, 29 de março de 1802 — Weilheim, 29 de maio de 1858) pintor alemão que viajou por todo Brasil durante 1822-1825 e pintou povos e costumes. Rugendas era o nome que usava para assinar suas obras. Cursou a Academia de Belas-Artes de Munique, especializando-se na arte do desenho. Pintor de cenas brasileiras, nasceu em Augsburg, em 29 de março de 1802 e faleceu em Weilheim, em 29 de maio de 1858. De família de artistas, integrou a missão do barão de Georg Heinrich von Langsdorff e permaneceu no Brasil três anos. IN http://pt.wikipedia.org/wiki/Rugendas 279 “[...] data a Capoeiragem, de 1770, quando para cá andou o Vice-Rei Marques do Lavradio. Dizem eles também que o primeiro capoeira foi um tenente chamado João Moreira, homem rixento, motivo porque o povo lhe apelidou de ‘amotinado’.” in VIEIRA, Sérgio Luis de Sousa. Capoeira – origem e história. Da Capoeira: Como Patrimônio Cultural. PUC/SP – Tese de Doutorado – 2004. Disponível em http://www.capoeira-fica.org/. 280 http://saladepesquisacapoeira.blogspot.com/; http://asi-afri.blogspot.com/; http://afroasia-bras.blogspot.com/ ; http://asia-brasil.blogspot.com/; http://cap-dep.blogspot.com/; http://cap-ang.blogspot.com/; http://cap-reg.blogspot.com/; http://ladja-martinica.blogspot.com/. http://moraingy-malgache.blogspot.com/; http://moringue-reunion.blogspot.com/; 281 O malgaxe (malagasy) é uma língua malaio-polinésia falada por praticamente toda a população de Madagascar. Em Madagascar, a língua malgaxe é considerada a língua nacional, mas divide a condição de língua oficial com o francês, que continua sendo a língua principal nos meios escritos e na educação. Existem também alguns falantes de malgaxe na ilha francesa de Mayotte e em comunidades originárias de Madagascar assentadas em Reunião (França), Comores e outros países. IN http://pt.wikipedia.org/wiki/Malgache 282 Correio eletrônico recebido de Javier Rubiera - Presidente, Vice-Presidente General de FICA www.capoeira-fica.org, Agrupación Española de Capoeira, http://aecfica.blogspot.com/,, NIF G74237405, através do endereço Vicepresidente - FICA. [capoeira.espanha@gmail.com], enviada dia 4/9/2009 13:30 para Leopoldo Gil Dulcio Vaz leopoldovaz@elo.com.br.


Respondi 283: “Tenho escrito sobre Capoeira(gem). E de repente, me vejo na contingência de escrever sobre a relação da Capoeira(gem) e as ‘capoeiras’ 284, melhor, sobre a lúdica e o movimento das populações trazidas para o que hoje chamamos de Brasil, dos diversos recantos do antigo império português - hoje, a comunidade lusófona. “Tem-se que a Capoeira é uma atividade física - vamos chamá-la por ora assim - de criação nacional. Alguns Capoeiras buscam suas origens na África, considerando ser esta a terra de origem dos escravos para cá trazidos, esquecendo-se de que, aqueles a que se chamava de ‘negros’ estavam para além dessa territoriedade - a Mãe-África! 285. “Acompanhando as colocações do Mestre André Lacé Lopes - Quilombo do Leblon - e do Javier FICA, e sua Sala de Pesquisa -, percebe-se que recebemos ‘negros’ não só da Mama-África, mas da Oceania e da Ásia - lembrando que Portugal foi o ‘primeiro império onde o sol nunca se punha’… depois, a Espanha, Holanda e, só depois, a Inglaterra… “Além das características da lúdica e movimento existentes na África, identificadas as semelhanças com os movimentos da(s) Capoeira(s) - Angola, Regional, e/ou Contemporânea -, além daquilo que chamei de capoeiras primitivas - tiririca, batuque, pernada(s), punga, carioca, etc. e mais recentemente, o ‘agarre marajoara’… N´golo, savate, fado português, frevo, semba, samba...os movimentos encontrados nas Reuniões, nas Antilhas… “Dá um bom caldo - traço de união? Portugal… Talvez aceite o desafio do Javier (FICA Espanha) de verificar essa relação… material, ele já me mandou… se o Mestre André (Republica Independente do Leblon) ajudar a deslindar essas influencias (mutuas…) já que foi o primeiro a chamar a atenção.”

283

http://cev.org.br/comunidade/lusofonia/debate/capoeira/ VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. JORNAL DO CAPOEIRA http://www.capoeira.jex.com.br/, Edição 47: 30 de Outubro à 05 de Novembro de 2005, Jornal do Capoeira - www.capoeira.jex.com.br; Edição 64 - de 12 a 18/Mar de 2006, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticia=905 JORNAL DO CAPOEIRA - Edição 44: 22 a 28 de Agosto de 2005, EDIÇÃO ESPECIAL estendida - CAPOEIRA & NEGRITUDE, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/ainda+sobre+a+punga+dos+homens+-+maranhao JORNAL DO CAPOEIRA Edição 42: 8 à 14 de Agosto de 2005, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/notas+sobre+a+capoeira+em+sao+luis+do+maranhao 285 FALCÃO, José Luiz Cirqueira. Fluxos e refluxos da capoeira: Brasil e Portugal gingando na roda. In ANÁLISE SOCIAL, vol. XL (174), 2005, 111-133, disponível em http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/aso/n174/n174a05.pdf 284


Essas manifestações aparecem na África – amplamente identificadas e estudadas – e em outras paragens, que pertenceu ao outrora Império português. Esse o amalgama que adotamos aqui para expor aos estudiosos da(s) Capoeira(s) uma possível correlação entre esses diversos movimentos.

Mapa do Império Português (1415-2002) 286

O Império Português foi o primeiro império global da história, com um conjunto de territórios repartidos por quatro continentes, sob soberania portuguesa. Foi também o mais duradouro dos impérios coloniais europeus modernos, sob o nome "Império Colonial Português" na primeira metade do Estado Novo; abrangeu quase seis séculos desde a tomada de Ceuta em 1415 à independência de Timor, em 2002.287 O Rio de Janeiro, desde 1816 tornara-se a capital do muito recente Reino Unido ao de Portugal e Algarves, com sede no Brasil. Recebe a Missão Francesa, integrada por artistas, artífices e homens de ciência, com um de seus objetivos, fundarem uma Academia de Belas Artes, à semelhança da francesa, segundo o agrado do Príncipe Regente D. João. A Corte portuguesa no exílio, instalada desde 1808, com a invasão napoleônica, buscava “civilizar” os trópicos: “Uma cidade situada entre o mar e a montanha se oferecia assim ao olhar deste “outros”, os franceses recém-chegados, portadores de outras referências de apreciação e que foram 286 In http://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Portugu%C3%AAs 287 BOXER, Charles. The Portuguese Empire: 1415-1825 in http://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Portugu%C3%AAs


confrontados com a exposição abrupta de uma diferença, no mais das vezes chocante, mesmo agressiva, seguramente inusitada. Tratava-se de uma alteridade impactante, detectável na natureza, nas gentes, nos costumes do povo e das elites. Era quase impossível não se sentir afetado por esta monarquia dos trópicos, onde os sentidos se viam estimulados pelas cores, tipos, cheiros, sons, sabores, praticas sociais inusitadas. Entre o exótico e o pitoresco, uma realidade nova se revelava às sensibilidades europeias.” (PASAVENTO, 2007) 288.

Para essa autora, este mundo das sensações físicas seria logo traduzido em discursos e imagens, onde os recém-chegados tentaram descrever, classificar e conferir significado àquilo que lhes chegava pela experiência dos sentidos. Tratava-se de reordenar a nova realidade através desta capacidade, mental e criativa, de representar o mundo. Em outras palavras, tais recémchegados construíram também, a seu modo, um imaginário sobre o Brasil, que muitas vezes perdurou muito depois de sua estadia na terra. Neste estudo, aceitamos a definição de Noronha, Oliveira Filho e Santos (2009), para o termo “iconografia”, como o processo de identificação, descrição, classificação e interpretação dos significados simbólicos dos fazeres, saberes e histórias de determinado grupo ou cultura e, ainda, as formas tangíveis desses significados – seus produtos, objetos, arquitetura e imagens – que também são camadas de cultura material.289 “[...] a iconografia é vista como o conjunto de signos e códigos pictóricos encontrados nos artefatos, nas produções artísticas, nas expressões visuais de todo tipo, na cultura popular, na rua, nos saberes e fazeres típicos de um lugar ou cultura, o que podemos chamar de vernacular.” (p. 6)

Já Araújo e Jaqueira (2008) consideram a icnografia como: “[...] a reescrita da realidade, compreendendo todo um universo de sinais não verbais de manifestação figurativa que vão do desenho à fotografia” ou Iconografia é o ramo da História da Arte que trata do conteúdo temático ou significativo das obras de arte, enquanto algo de diferente da sua forma “[...]. 290

Esses autores servem-se da metodologia de Erwin Panofsky291 para compreender a luta-jogo da(s) Capoeira(s) por suas diversas formas de expressão e vieses, através do método de estudo etnográfico, da interpretação de imagens (objeto) para comparações e associações postas na história das relações sociais, conforme registra Lamartine Pereira da Costa na apresentação da obra dos autores292. Explicam: “[...] abordagem de interpretação de imagens atribuídas diretamente ou mesmo indiretamente à luta/jogo da Capoeira, demanda de fatores distintos, onde destacamos a quase inexistência de análises imagéticas sobre a expressão referida, aliada ao fato de identificarmos na sua literatura específica, interpretações superficiais e pouco fundamentadas de algumas das iconografias que historicamente retratam a possível presença desta expressão corporal na sociedade brasileira dos séculos XIX e XX”. (ARAUJO e JAQUEIRA, 2008, p. 15).

288

PASAVENTO, Sandra Jatahy. Uma cidade sensível sob o olhar do “Outro”: Jean-Baptiste Debret e o Rio de Janeiro (18161831). In FENIX - REVISTA DE HISTÓRIA E ESTUDOS SOCIAIS, outubro/novembro/dezembro de 2007, vol. 4, ano IV, n. 4, disponível em www.revista fênix.pro.br – ISSN 180-6971 289 NORONHA, Raquel Gomes; OLIVEIRA FILHO, Hamilton Lima; A SANTOS, Camila Andrade dos (Organizadores). A CULTURA AFRO-MARANHENSE ATRAVÉS DE IMAGENS. São Luís: EDUFMA, 2009 290 Nota de “pé-de-página”, ARAUJO e JAQUEIRA, 2008, p. 15, obra citada. 291 ARAUJO, JAQUEIRA, 2008, obra citada.. 292 DaCOSTA, Lamartine Pereira. In Apresentação da obra de Araújo e Jaqueira (2008) obra citada, p. 9 a 12


OBJECTO DE INTERPRETAÇÃO ACTO DE INTERPRETAÇÃO

BAGAGEM PARA INTERPRETAÇÃO

Conteúdo temático primário ou natural (factual; expressivo) constituindo o mundo dos motivos artísticos

Conteúdo temático secundário, constituindo o mundo das imagens, histórias e alegorias

Significado intrínseco ou conteúdo, que constitui o mundo dos valores

Descrição pré-iconográfica (e análise pseudoformal)

Análise iconográfica , no sentido mais estrito da palavra

Interpretações iconográficas, em sentido mais profundo (Síntese iconográfica)

Experiência prática (familiaridades com os objetos e as ações)

Conhecimento das fontes literárias (familiaridade com os temas e conceitos específicos)

Intuição sintética (familiaridade com as tendências essenciais do espírito humano condicionadas pela psicologia

Adaptação do Quadro Sinóptico de Panofsky sobre interpretação de imagens. Araújo e Jaqueira, 2008, p. 20

Aqui reside o problema, ao aceitar o desafio proposto por Javier: bagagem para interpretação – experiência prática (familiaridade com os objetos e as ações). Não sou Capoeira, nem pratico Capoeira... Mas tenho desenvolvido estudos em que busco recuperar a memória dos esportes, do lazer e da educação física no/do Maranhão293. INICIO DOS ESTUDOS – muita dúvida, uma possível resposta...

Fonte Sala de Pesquisa - Internacional FICA] 1834-Capoeira de Rugendas: Moringy (R... VARIAS CITAS: http://saladepesquisacapoeira.blogspot.com/2009/05/mrenge-boxeo-de-la-isla-de-mayotte.html; http://saladepesquisacapoeira.blogspot.com/2009/05/malgaches-em-bahia-1720.html 294:

293 294

Ver www.atlasesportebrasil.org.br/maranhão Mensagem eletrônica De: Javier Rubiera [capoeira.espanha@gmail.com] Enviado em: domingo, 24 de maio de 2009 12:32 Para: leopoldovaz@elo.com.br Assunto: [SPAM] [Sala de Pesquisa - Internacional FICA] 1834-Capoeira de Rugendas


Aceitamos, para este estudo o que afirmam Adid (2009) 295 e Luiz Renato Vieira (1998) que antropólogos, como Herskovits, têm apontado para a existência de “danças de combate” que trazem semelhanças com aquilo que conhecemos hoje como capoeira, não só na África - como o Moringue, em Madagascar -, como também em vários pontos da América, nos locais em que a diáspora negra se instalou. Relatos sobre o Mani em Cuba, e a Ladja na Martinica são dois exemplos dessas práticas. Sobre a Ladja, Vieira mostra a impressionante semelhança com a capoeira, verificada não somente do ponto de vista da execução de movimentos e golpes, como, o que é mais importante, o fato de congregar aspectos lúdicos, musicais (pratica-se ao som de atabaques) e de combate corporal. Concordamos com Almeida e Silva (?) 296, para quem a história da capoeira é marcada por inúmeros mitos e “semiverdades”, conforme nos esclarece Vieira e Assunção (1998). Esses mitos e estórias dão base às tradições que se perpetuam e proporcionam a continuidade de um passado tido como apropriado. Na capoeira, a narrativa oral das suas “estórias” adquiriu uma força legitimadora tão forte que, por muitas vezes, podemos encontrar discursos acadêmicos baseados nelas297. Castro (2002) 298 nos esclarece esse fato e diz que em todos os casos de fenômenos da cultura corporal existe a tentativa, por parte dos seus atores, de expressar identidade, coesão e estabilidade social em meio a tantas situações de rápida transformação histórica/social, “através do recurso à invenção de cerimônias e símbolos que evocam continuidade com um passado muitas vezes ideal ou mítico” (p.11). Ela – capoeira - não nasceu na África 299. Ela foi formada com elementos africanos e articulada de forma inédita no território escravista. As diversas nações étnicas trazidas para o Brasil criaram uma coisa nova em cima de elementos já tradicionais. Foram muitos os elementos. A capoeira nunca foi uma prática de um grupo ou nação determinada. Ela sempre foi um polo de união de diversos grupos. É um espaço mais ou menos aberto. Você tem os grupos com diversas origens: os benguelas300, os cabindas301. Isso aponta que ela era um ponto de união de grupos diferenciados, e não uma coisa étnica, determinada. Ela foi transformada pelas interações africanas. Já Lussac 302 afirma que desde o final do século XIX, alguns intelectuais da época, observando o viés positivo da prática da capoeira sob um olhar patriótico e acompanhando o movimento inicial de esportivização e institucionalização dos esportes e jogos pelo mundo, defendia esta como uma ginástica e luta nacional, de origem brasileira, que deveria ser incentivada como prática regrada e aproveitada nos meios militares e na formação física dos jovens:

295

ABIB, Pedro Rodolpho Jungers. CAPOEIRA ANGOLA: CULTURA POPULAR E O JOGO DOS SABERES NA RODA. Origens de uma tradição, disponível em http://saladepesquisacapoeira.blogspot.com/2009/04/capoeira-angola_18.html 296 ALMEIDA, Juliana Azevedo de; SILVA, Otávio G. Tavares da. A CONSTRUÇÃO DAS NARRATIVAS IDENTITÁRIAS DA CAPOEIRA. Vitória; UFES. e-mail: julazal@yahoo.com.br 297 VIEIRA e ASSUNÇÃO (1998) apontam esse fato no seu artigo. 298 CASTRO, Celso. A INVENÇÃO DO EXÉRCITO BRASILEIRO. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2002. 299 ASSUNÇÃO, Matthias Röhrig; PEÇANHA, Cinésio Feliciano (Mestre Cobra Mansa). Elo perdido: A dança da zebra. In REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL. Março 2008, p. 14-21, disponível em www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1445 300 Benguela é uma província de Angola, com sede na cidade de Benguela. Ocupa uma área de 39 827 km² e tem cerca 2 110 000 habitantes. In http://pt.wikipedia.org/wiki/Benguela_(prov%C3%ADncia) 301 Cabinda, conhecida no passado como Congo Português, foi a parcela do antigo Reino do Congo atribuída a Portugal, por ocasião da Conferência de Berlim (1885), quando simultaneamente nasceram o Congo Belga (ex-Zaire e actual República Democrática do Congo) e o Congo Francês (ex-Congo Brazzaville e actual República do Congo). Na realidade, Cabinda originalmente era unida territorialmente a Angola, mas a Bélgica reivindicou uma saída para o Atlântico para o seu Congo Belga, o que foi concedido por Portugal através de um acordo, selando definitivamente a separação de Cabinda do restante de Angola. Nas vésperas da referida Conferência, os príncipes e os notáveis de Cabinda assinaram o Tratado de Simulambuco com Portugal, pelo qual o território de Cabinda passou a ser protectorado luso. In http://pt.wikipedia.org/wiki/Cabinda_(prov%C3%ADncia). 302 LUSSAC, Ricardo Martins Porto. CAPOEIRA: A HISTÓRIA E TRAJETÓRIA DE UM PATRIMÔNIO CULTURAL DO BRASIL. Universidade Castelo Branco – PROCIMH LABESPORTE, Avenida Salvador Allende nº 6700, Recreio dos Bandeirantes, CEP 22780-160, Rio de Janeiro-RJ. E-mail: ricardolussac@yahoo.com.br. Didponivel em http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/view/5815/3992


“Embora se possam encontrar referências no início do século XX que abordavam a capoeira de diferentes formas (CAMPOS, 1906; BARRETO, 1908), pode-se afirmar que o marco da iniciativa mais expressiva em promover a luta brasileira como esporte, defesa pessoal e ginástica foi a publicação da obra O Guia do Capoeira ou Ginástica Brasileira (OFEREÇO, DEDICO E CONSAGRO, 1907). Esta publicação foi seguida pela de Zuma, Aníbal Burlamaqui (1928) Ginástica Nacional (Capoeiragem) – metodizada e regrada - considerada um aperfeiçoamento e extensão da primeira. A publicação da obra de Zuma reacendeu mais vivamente um movimento da prática da capoeira como esporte-luta, sendo provavelmente esta uma influência para alguns personagens da história da capoeira começarem uma empreitada por mudanças na prática da arte-luta. No Rio de Janeiro podemos constatar principalmente o trabalho de Sinhozinho, que treinou jovens de Ipanema, como Tom Jobim, Rudolf Hermanny, Luiz Aguiar – o Cirandinha, Paulo Amaral, Neyder Alves – o Copacabana, os irmãos Pettezzoni, entre muitos outros.”

Esse autor também considera que: “[...] a publicação da obra de Zuma, o trabalho de Sinhozinho e suas respectivas repercussões teriam influenciado Mestre Bimba a criar a sua Luta Regional Baiana na Bahia, mais tarde conhecida como Capoeira Regional (LOPES, 2002; LUSSAC, 2004). O próprio nome Regional teria sido dado em oposição ao Nacional, utilizado para a denominação da prática esportiva da capoeira no Rio de Janeiro naquele período, no intuito de se desvencilhar da carga pejorativa que o termo capoeira ainda carregava, e assim obter uma melhor aceitação. As mudanças advindas da criação da Luta Regional Baiana na Bahia por Mestre Bimba geraram um novo movimento de capoeiristas naquela região, onde iriam denominar a capoeira praticada por eles como Capoeira Angola (LUSSAC, 2004), influenciados por pesquisadores da época que, por sua vez, pautaram seus estudos em autores que afirmavam um exclusivismo banto 303 na formação étnica brasileira (ARAÚJO; JAQUEIRA, 2004). Este movimento seria uma oposição às mudanças na capoeira realizadas por Bimba, somadas às reivindicações socioculturais e identitárias de seus praticantes. Tanto a Capoeira Regional como a Capoeira Angola mais tarde viriam a compor grande parte das matrizes irradiadoras da capoeira pelo Brasil e pelo mundo.” (in http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/view/5815/3992)

Ao longo dos séculos a diversidade cultural da Ilha de Reunião possibilitou a emergência de um esporte moderno, o “moring”, primo da Capoeira brasileira, tendo como origem comum a África, entendida como uma tradicional dança de guerra e arte marcial, tendo como antepassado a dança fabulosa “Combat” das Ilhas Reunião, Madagáscar e África. Transmitido de pai para filho, por tradição oral, a “moring” não é mais encontrada nos ouvidos de ouvir dizer que em todas as suas sutilezas e suas belezas, até que Jean Rene DREINAZA a tirou das sombras e o esquecimento cruel. Assistida no seu trabalho pelo historiador Sudel FUMA, ele encontrou nos escritos de viajantes e outros escritores (apenas o moring trilha, especialmente em Madagascar) a descrição de gestos, técnicas e rituais. Para SUDEL (2004) 304 “El moring: una capoeira criolla - El moring, arte marcial practicado todavía en Madagascar (moraingy), Comoras (mrengué), Mayotte, La Reunión y África, llegó a las islas del Océano Índico con los esclavos africanos y malgaches. Pariente cercano de la capoeira brasileña, el 303 Os bantos (grafados ainda bantu) constituem um grupo etnolingüistico localizado principalmente na África subsariana que engloba cerca de 400 subgrupos étnicos diferentes. A unidade deste grupo, contudo, aparece de maneira mais clara no âmbito lingüístico, uma vez que essas centenas de subgrupos têm como língua materna uma língua da família banta. A palavra bantu foi primeiramente usada por W. H. I. Bleek (1827-75) com o significado de povo como é refletido em muitos dos idiomas deste grupo - em muitas destas línguas, usa-se a palavra ntu ou dela derivada refrindo-se a um ser humano; ba- é um prefixo que indica o plural para seres humanos em muitas destas línguas In http://pt.wikipedia.org/wiki/Bantos 304 Artículo publicado el 20 de febrero de 2004 en el diario L’Express de Mauricio, disponível em http://portal.unesco.org/es/ev.phpURL_ID=23885&URL_DO=DO_TOPIC&URL_SECTION=201.html


moring permitió a los esclavos reestructurar sus vidas y resistir a la opresión cultural colonial. La supervivencia de este rito ancestral recuerda a diario la extraordinaria riqueza de la cultura creole de los esclavos negros de las islas del Océano Índico.”

(http://www.moringue-france.com/index.html ) Esse historiador se refere, ainda, em seu artigo, aos diversos povos envolvidos, tanto em África quanto em Madagascar: “Despojados de su linaje, nombre y genealogía, no se les permitía agruparse y, además, no siempre podían entenderse entre sí por hablar lenguas diferentes, poseer tradiciones distintas y pertenecer a etnias muy diversas del África y Madagascar –makuas, yaos, inhambanes, makondés, betsimisarakas, sakalavas, merinas, betsileos, etc.–, así como de la India, Malasia e Indonésia [...] Entre los tesoros legados por los esclavos que forman parte del milagro creole, tenemos la cocina, la artesanía, la farmacopea, los cuentos y leyendas, y sobre todo las músicas típicas de las islas del Índico – el sega y el maloya– que no sólo perpetúan la memoria de los antepasados en las ondas de las emisoras públicas y privadas de radio, sino que además se han puesto tan de moda entre los jóvenes como el arte marcial del moring [...] En la isla Borbón (La Reunión), las distintas etnias procedentes de Inhambanne (Mozambique) se designaron con el nombre de esta región geográfica.”305

As técnicas de combate são encadeamento de mãos e pés, seguindo o ritmo da música e surgiu nas fazendas da Ilha onde os escravos do século 18 a praticavam em segredo até à sua abolição em 1848. Posteriormente, a condição de muitos pequenos colonos brancos ou mestiços já não era melhor do que a dos negros libertos de suas correntes, o “moring” se tornou uma distração alegre da miséria nos bairros pobres de cidades ou campos de cana-de-açúcar. A tradição oral relatada “moringueurs” prestigiados, relacionados com a história da ilha. Personagens como o "Lorenzo, o diabo", "inferno" Coco”," Henry a seta”," Cadine," CouveFlor”, o café Marc, voltam muitas vezes nas narrativas de vida.

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“Despojados de sua linhagem, nome, e genealogia, não se permitia que se agrupasse e, além disso, nem sempre poderiam entender-se entre si por falar línguas diferentes, possuir tradições diferentes e pertencer a etnias muito diversas da África e Madagascar – makuas, yaos, inhambanes, makondés, betsimisarakas, sakalavas, merinas, betsileos, etc.–, assim como da India, Malásia e Indonesia [...] Entre os tesouros legados peloss escravos que formam parte do milagre ‘creole’, temos a cozinha, o artezanato, a farmacopedia, los contos e leendas, e, sobretudo as músicas típicas das ilhas do Índico – o sega e o el maloya– que não só perpetuam a memoria dos antepassados nas ondas das emissoras públicas e privadas de radio, assim como que além disso se tem colocado tão em moda entre os jovenes como a arte marcial do moring [...] Nas Ilhas Borbón (La Reunión), as distintas etnias procedentes de Inhambanne (Mozambique) se designarão com o nome desta região geográfica.”(tradução do autor).


http://www.moringue-france.com/index.html

Le Moringue - L’Île de la Réunion, les initiatives de Jean René DREINAZA ont permis la reconnaissance et l’adaptation à la modernité d’une activité culturelle et traditionnelle. Cette discipline reconnue par le Ministère de la Jeunesse et des Sports, a fait l’objet d’un Brevet d’Etat qui a permis la professionnalisation de jeunes laissés pour compte. 306

A la différence de mouvements, comme le Rap ou le Hip-HOP, produits culturels de consommation, portés par les médias et à la mode actuellement, le moring réunionnais est un art de combat rituel associant la musique et l’expression corporelle qui s’enracine dans les pratiques guerrières et les cultes afro-malgache. (http://www.moringuefrance.com/developpement.html). 306

Hoje, graças a seu trabalho pioneiro de Jean René DREINAZA, o moring é revivido como um esporte, cultura e espetáculo de folclore da ilha da Reunião, sob a forma de dança coreografada e muito espetacular. Desde 1996, o Comitê Reunião foi estabelecido e começou a oferecer cursos que tenham feito rapidamente na íntegra e escolas de toda a Ilha. Desde então, o moring tem investido na cidade. Ao expandir os esportes reconhecidos pelo Ministério da Juventude e Desportos estabeleceu uma estrutura para enfrentar o futuro com serenidade uma Federação Francesa de Moring. Um de seus principais objetivos é descobrir este desporto como muitos a localizar em diferentes regiões da metrópole.


L’Île de la Réunion, multiculturelle de par sa diversité de population, a permis au fil des siècles l’éclosion d’un sport moderne, le moring, se situant entre la danse guerrière traditionnelle et l’art martial. Cousine de la Capoèira brésilienne, de part ses origines communes, en provenance de l’Afrique, cette fabuleuse danse de combat des ancêtres réunionnais, malgaches et africains, enchaînant techniques de combat pieds et poings, tout en suivant le rythme de la musique, a vu le jour dans les exploitations agricoles de l’Île au 18éme siècle où les esclaves la pratiqueront en secret, jusqu’’à l’’abolition en 1848. Par la suite, alors que la condition de nombreux petits colons blancs ou déjà métissés n’’était guère plus enviable que celle des Noirs libérés de leurs chaînes, le moring est devenu un joyeux dérivatif à la misère, dans les quartiers populaires des villes ou dans les champs de canne à sucre. Si les règles de l’’art ne peuvent être transgressées, si les assaillants doivent être du même âge pour éviter les combats inégaux, les coups portent : il s’’agit surtout de démontrer sa force.La tradition orale fait état de moringueurs prestigieux ayant marqué l’’histoire de l’’île. Des célébrités tels que ““Laurent le diable””, ““Coco l’’enfer””, ““Henri la flèche””, ““Cadine””, ““Chou-fleur””, ““le Marc café””, reviennent souvent dans les récits de la vie. Le rhum est souvent mis à contribution pour motiver les combatants et échauffer leurs supporters. Une aubaine pour les boutiquiers et pour les jeteurs de sort, faisant commerce de philtres issus de distillations moins industrielles. Quand en 1946, la Réunion est érigée en département d’’outre-mer, les modes de vie changent. Tout ce qui évoque le passé est nié, dans un étonnant élan d’’oubli collectif. La seule expression culturelle ““correcte”” est celle qui vient de métropole. Le Moring perd aussi sa raison d’être: des loisirs nouveaux apparaissent, la Réunion découvre les sports modernes. Transmis de père en fils par la tradition orale, le moring n’a plus trouvé d’oreille pour l’entendre se raconter dans toutes ses finesses et ses beautés. Il s’en est allé, jusqu’à ce que Jean René DREINAZA, avec quelques-uns, se mette en tête de le sortir de l’ombre et de ce cruel oubli. Aidé dans son travail par l’historien Sudel FUMA, il a retrouvé dans les écrits des voyageurs et autres écrivains (tout en remontant la trace du moring, surtout à Madagascar) la description des gestes, des techniques et des rituels. Aujourd’hui, grâce à son travail de pionnier, le moring est relancé en tant que sport, culture et spectacle folklorique de l’Île de la Réunion, sous forme de danse très spectaculaire et chorégraphiée. En 1996, le Comité réunionnais a vu le jour et s’est mis à proposer des cours qui ont très vite fait le plein dans les écoles et sur toute l’Île. Depuis, le moring a investi la métropole, jusqu’’à mettre en place un Comité Métropolitain pour fédérer les énergies. En pleine expansion, ce sport, reconnu par le Ministère de la la Jeunesse et des sports, s’est doté d’une structure lui permettant d’aborder l’avenir avec sérénité : une Fédération Française de Moring. L’un de ses principaux objectifs consiste à faire découvrir ce sport au plus grand nombre en l’implantant dans les différentes régions de métropole. (http://www.moringuefrance.com/historique.html) Para Soares (2001) 307, há todo um debate envolvendo a origem da capoeira, de onde ela veio etc. Embora a capoeira do século 19 tenha passado por um período fortemente escravista, com uma população africana muito grande, a origem está no século 18, nos primórdios da sociedade 307 In http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/out2001/unihoje_ju167pag22.html


urbana. A capoeira é um fenômeno urbano, que anuncia uma leitura de negros africanos e crioulos para o mundo urbano colonial. HIPÓTESIS DE LA PESQUISA (RUBIERA CUERVO, 2009) A

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Jogo Malayo - Bersilat versión demostración (técnica de malicia) Lucha Malaya-Bersilat versión lucha-del juego malicioso a la Lucha (versión lucha)

B - Jogo Malgache (Hablar de malgaches es hablar de malayos, primeros habitantes de Madagascar (Lucha Diamanga, Ring-Morainguy afro-malgache-Bantú). C - Jogo de Angola - Moringue Malgache versión demostración (mantenida por Pastinha) D - Jogo de Regional - Moringue Malgache versión Lucha como escisión del Moringue Malgache promovida por Bimba por influencia de Cisnando buscando una Lucha Brasileña sin tener en cuenta el Fair Play. E - Jogo da Capoeira Deportiva: Rescate de la versión Juego de las dos técnicas ancestrales del Bersilat teniendo en cuenta el Fair Play. Recordando palabras de Canjiquinha” la capoeira no tiene fín hasta que no esté deportivizada”. REFLEXIÓN: Cuando la Capoeira Deportiva , como tal, sea reconocida como deporte a nivel mundial, podremos, rescatar la versión lucha del Bersilat, pero primero debemos tener en cuenta el FAIR PLAY y seguidamente rescataremos la Capoeira como Lucha en un contexto deportivo reglado. En esta situación Canjiquinha vería realizada su reflexión.

A escravidão foi a base de sustentação da economia brasileira desde o início da exploração do território pelos portugueses 308. Primeiro, o indígena (negro da terra), depois os ‘africanos’, substituídos pelos primeiros pelo avanço do tráfico transatlântico, que mobilizava diversos setores produtivos nos três continentes envolvidos nesse comércio: África, Europa e América

308

JACINTO, Cristiane Pinheiro Santos. Fazendeiros, negociantes e escravos: dinâmica e funcionamento do tráfico interprovincial de escravos no Maranhão (1846-1885). In GALVES, Marcelo Checvhe; COSTA, Yuri (org). O MARANHÃO OITOCENTISTA. Imperatriz: Ética; São Luis Editora UEMA, 2009, p. 169-194.


309

, com o tráfico se organizando enquanto empresa, numa rede de relações. No Brasil, inclusive, havia grandes traficantes nas praças do Rio de Janeiro, Salvador e Recife 310.

Descobrimentos e viagens portuguesas entre 1415-1543: principais rotas (azul), império sob D. João III (verde).

Segundo alguns autores 311, a escravidão negra no Brasil é iniciada em 1532, estendeu-se até 1888. Os africanos entravam no Brasil principalmente através dos portos do Rio de Janeiro, de Salvador, do Recife e de São Luís do Maranhão, de onde se espalhavam por todo o território brasileiro. Mas não foi o Brasil, então colônia portuguesa, a primeira nas Américas a receber o africano em tal condição. Em 1501, a ilha de São Domingos atual República Dominicana, por um ato do rei da Espanha, recebeu a primeira leva de negros, vindos com Nicolau Ovando, e a partir de 1517 o comércio negreiro para as colônias espanholas começou a ser feito regular e legalmente.

http://www.sohistoria.com.br/ef2/culturaafro/p5.php

309

ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O TRATO DOS VIVENTES – formação do Brasil no Atlântico Sul, Séculos XVI e XVII. São Paulo: Cia. Das Letãs, 2000; MELLO, José Antônio Gonçalves de. TEMPO DOS FLAMENGOS – influência da ocupação holandesa na vida e na cultura do norte do Brasil. 4 ed. Rio de Janeiro: Topbooks; Recife: Instituto Ricardo Brennand, 200(5). 310 COSTA E SILVA, Alberto da. UM RIO CHAMADO ATLÂNTICO – A África no Brasil e o Brasil na África. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003. 311 ALENCASTRO, 2000, obra citada. MELLO, 200(5), obra citada.


Fonte: CAMARGO NETO, 2002, p. 272312

É difícil saber a quem cabe à prioridade do tráfico - se a portugueses ou espanhóis, pois em meados do século XV ele constituía o meio regular de colonização de ambos os países313 e, a partir daí, durante os duzentos anos seguintes, foram abastecidas também, além das colônias espanholas e portuguesas, as possessões inglesas, francesas e holandesas.

312

CAMARGO NETO, Fernão Pompêo de. Tese de Doutoramento apresentada ao Instituto de Economia da UNICAMP para obtenção do título de Doutor em Ciências Econômicas –área de concentração: Política Econômica, sob a orientação do Prof. Dr. José Ricardo Barbosa Gonçalves. CPG, 22/02/2002, (p. 272) 313 Em Portugal, Antão Gonçalves, ao regressar em 1442 de uma expedição à África, ordenada por D. Henrique, levou alguns mouros como cativos que o Infante mandou libertar. No ano seguinte, Antão Gonçalves trocou seus prisioneiros por dez negros da Guiné, que Frei Francisco de São Luís afirma terem sido os primeiros escravos chegados a Portugal, provenientes da costa ocidental africana. Em 1445, Nunq Tristão transportou mais de 40 escravos africanos, entusiasmado pelas possibilidades econômicas do negócio. In http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/abolicao-da-escravatura-no-brasil/abolicao-daescravatura-no-brasil-4.php


Os negros eram vendidos pelos seus sobas - chefes de tribos africanas - aos portugueses, e trazidos para o Brasil vindos da costa e da contracosta da África 314. Até meados do século XVll eram eles adquiridos, em sua maioria, pelos senhores de engenho de Pernambuco e Bahia. No início do séc. XVIII seus maiores compradores passaram a ser o Rio de Janeiro e Salvador. Ainda no início do século XVIII os escravos negros foram introduzidos nas regiões cafeeiras, a princípio do Pará e do Maranhão, mais tarde do Rio de Janeiro e São Paulo.

Fonte: CAMARGO NETO, 2002, p.. 275315 314

ALENCASTRO, 2000, obra citada. COSTA E SILVA, 2003, obra citada. COSTA E SILVA, 2003, obra citada. REIS, Arthur Cezar ferreira. ÉPOCAS E VISÕES REGIONAIS DO BRASIL. Manaus: Governo do Estado do amazonas, 1966. CHALHOUB, Sidney. VISÕES DA LIBERDADE – uma história das últimas décadas da escravidão na Corte. 2 reimp. São Paulo: Cia das Letras, 1990. WEHLING, Arno; WEHLING, Maria José C. de. FORMAÇÃO DO BRASIL COLONIAL. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994. CAPISTRANO DE ABRU, J. CAPÍTULOS DA HISTÓRIA COLONIAL. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: USP, 1988. 315 Fernão Pompêo de Camargo Neto. 2002, obra citada, p. 275


A Coroa Portuguesa deixou que o comércio fosse dominado por baianos e pernambucanos, enquanto abastecia os mercados espanhóis. Durante o Consulado do Marquês de Pombal houve mudança dessa política, com a criação das companhias pombalinas, objetivando uma atuação mais intensa no tráfico negreiro.

Fonte: http://books.google.com/books?id=jCkXkbfROkEC&pg=PA40&dq=estimativa+de+desembarque+de+africanos+no+brasil+por+d% C3%A9cada&lr=&as_brr=3&hl=es#v=onepage&q=estimativa%20de%20desembarque%20de%20africanos%20no%20brasil%20po r%20d%C3%A9cada&f=false

A inserção do Maranhão no sistema agroexportador ocorreu a partir da criação da Companhia Geral de Comércio do Grão Pará e Maranhão, em 1755 316. A partir daí, São Luís – junto com os portos do Rio de Janeiro, Salvador e Recife – passa a receber navios chegados da África, “ainda que alguns se dirigissem, diretamente ou não, para os portos de Rio Grande, Desterro, Belém e outros” (JACINTO, 2009, p. 170) 317.

316

AZEVEDO, J. Lúcio d´. O MARQUÊS DE POMBAL E A SUA ÉPOCA. 2 ed. Com emendas. Rio de Janeiro: Annuario do Brasil; Lisboa: Seara Nova; Porto: Renascença Portuguesa, 1922. AZEVEDO, João Lúcio de. O MARQUES DE POMBAL E SUA ÉPOCA. São Paulo: Alameda, 2004. MAXWELL, Kenneth. MARQUES DE POMBAL – paradoxo do Iluminismo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996 317 JACINTO, Cristiane Pinheiro Santos. Fazendeiros, negociantes e escravos: dinâmica e funcionamento do tráfico interprovincial de escravos no Maranhão (1846-1885). In GALVES, Marcelo Checvhe; COSTA, Yuri (org). O MARANHÃO OITOCENTISTA. Imperatriz: Ética; São Luis Editora UEMA, 2009, p. 169-194.


Os negros escravos que vieram para o Brasil saíram de vários pontos do continente africano: da costa ocidental, entre o Cabo Verde e o da Boa Esperança; da costa oriental, de Moçambique; e mesmo de algumas regiões do interior. Por isto, possuíam os mais diversos estágios de civilização.

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O grupo mais importante introduzido no Brasil foi o sudanês 318, que, dos mercados de Salvador, se espalhou por todo o Recôncavo. Desses negros, os mais notáveis foram os iorubas 319 ou nagôs 320 e os jejes 321, seguindo-se os minas 322. Em semelhante estágio de cultura 318

Região imediatamente ao sul do Sahara é conhecida como Sudão, estas etnias são também chamadas de sudaneses - Costa da Mina corresponde a região do Golfo da Guiné de onde provieram grande parte dos escravos embarcados para as Américas. O mais famoso porte de embaque de escravos na região foi a feitoria de São Jorge da Mina, em torno da qual se desenvolveu a atual cidade de Elmina em Gana. O comércio de escravos na região foi mais intenso durante os séculos XVIII e XIX. Os escravos eram de diversas etnias: nagôs, jejes, fantis e axantis, gás e txis (minas), malês (islamizados), hauçás, kanuris, tapas, gruncis, fulas e mandingas. Como toda a região imediatamente ao sul do Sahara é conhecida como Sudão, estas etnias são também chamadas de sudaneses, embora não tenham qualquer ligação com o país atualmente chamado de Sudão. Portanto, para evitar confusão, é mais apropriado chamá-los de oeste-africanos. No caso específico do Brasil, os escravos desta região eram geralmente desembarcados na Bahia. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Costa_da_Mina). 319 Os iorubás ou iorubas (em iorubá: Yorùbá), também conhecidos como ou yorubá ou yoruba, são um dos maiores grupo étnolinguístico ou grupo étnico na África Ocidental. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Iorub%C3%A1s). Segundo diversos pesquisadores o termo iorubá é recente. Segundo Biobaku, aplica-se a um grupo linguístico de vários milhões de indivíduos. Ele acrescenta que,


encontravam-se também dois grupos de origem berbere-etiópica 323 e de influência muçulmana, os fulas 324 e os mandês325. Mais atrasados do que o grupo sudanês estavam os dos grupos da cultura chamada banto326, os angolas, os congos ou cabindas, os benguelas e os moçambiques. Os bantos foram introduzidos em Pernambuco, de onde seguiram até Alagoas; no Rio de Janeiro, de onde se espalharam por Minas e São Paulo; e no Maranhão, atingindo daí o GrãoPará. Ainda no Rio de Janeiro e em Santa Catarina foram introduzidos os camundás, camundongos e os quiçamãs.

1A expansão bantu espalhou as línguas bantu pela África. 2. Localização aproximada das 16 zonas bantu (com a zona J incluida)

"além da [língua] comum, os iorubas estão unidos por uma mesma [cultura] e tradições de sua origem comum, na cidade de Ifé, mas não parece que tenham jamais constituído uma única entidade política, e também é duvidoso que, antes do século XIX, eles se chamassem uns aos outros por um mesmo nome". A. E. Ellis mencionou-o, judiciosamente, no título do seu livro The Yorùbá speaking people ("O povo que fala iorubá"), dando a significação de língua a uma expressão que teve a tendência a ser posteriormente aplicada a um povo, a uma expressão ou a um território. Antes de se ter conhecimento do termo iorubá, os livros dos primeiros viajantes e os mapas antigos, entre 1656 e 1730, são unânimes em chamar Ulkumy ou Ulcuim, com algumas variantes. Depois de Snelgrave, em 1734, o termo Ulkumy desapareceu dos mapas e é substituído por Ayo ou Eyo (para designar Oyó). Francisco Pereira Mendes, em 1726, comandante do forte português de Ajudá, já mencionava em seus relatórios enviados à Bahia os ataques dos ayos contra os territórios de Agadjá, rei de Daomé chamado de "o Revoltoso" por haver atacado Allada em 1724, e que iria, posteriormente, conquistar Uidá, em 1727. Foi esse povo, chamado atualmente uidá (glébué para os daomeanos, igéléfé para os iorubás, ajudá para os portugueses, juda ou grégoy para os franceses, Whidah para os ingleses e fida para os holandeses) e habitado pelos hwéda, que se tornou o principal ponto de exportação dos escravos originários das regiões vizinhas, inimigos do Daomé. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Iorub%C3%A1s). 320 Termos étnicos como nagôs, jejes, angolas, congos, fulas, representavam identidades criadas pelo tráfico de escravo, onde cada termo continha um leque de tribos escravizadas de cada região. Nagô - adj. Nome que se dá ao iorubano ou a todo negro da Costa dos Escravos que falava ou entendia o Ioruba. Migeod (The Langs, of West Afri. II, 360) assinala que nagô é nome dado, no Daomé, pelos franceses ao iorubano: do efé anagó. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Nag%C3%B4s) 321 Os Jejes são um povo que habita o Togo, Gana, Benim e regiões vizinhas, representado, no contingente de escravos trazidos para o Brasil, pelos povos denominados Fon, Éwé, Mina, Fanti e Ashanti. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Jejes ) 322 Minas - denominação dada aos escravos que tinham sido embarcados no porto de Mina para as Américas. Esta denominação é imprecisa, pois podia abranger diversas etnias. 323 África subsaariana corresponde à região do continente africano a sul do Deserto do Saara, ou seja, aos países que não fazem parte do Norte de África. A palavra subsaariana deriva da convenção geográfica eurocentrista, segundo a qual o Norte estaria acima e o Sul abaixo (daí o prefixo latino sub). 324

Os fulas ou fulanis (em fula: Fulɓe) são um grupo étnico que compreende várias populações espalhadas pela África Ocidental, mas também na África Central e no Norte de África sudanês. Os países africanos por onde se encontram incluem a Mauritânia, o Senegal, a Guiné, a Gâmbia, o Mali, a Nigéria, a Serra Leoa, o Benim, o Burquina Faso, a Guiné-Bissau, os Camarões, a Costa do Marfim, o Níger, o Togo, a República Centro-Africana, o Gana, a Libéria, até ao Sudão, a leste. Os fulas não são o grupo maioritário em nenhum destes países, com excepção da Guiné. São povos tradicionalmente nômades que praticam a pastoreia. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Fulas ). 325 Mande ou Mandé é o nome dado a um grupo étnico da África Ocidental. Os falantes das línguas mandês são encontrados na Gâmbia, Guiné, Guiné-Bissau, Senegal, Mali, Serra Leoa, Libéria, Burkina Faso, Costa do Marfim e parte do norte de Gana. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Mand%C3%AA_(povo). 326 Os bantos (grafados ainda bantu) constituem um grupo etnolingüistico localizado principalmente na África subsariana que engloba cerca de 400 subgrupos étnicos diferentes. A unidade deste grupo, contudo, aparece de maneira mais clara no âmbito lingüístico, uma vez que essas centenas de subgrupos têm como língua materna uma língua da família banta. A palavra bantu foi primeiramente usada por W. H. I. Bleek (1827-75) com o significado de povo como é refletido em muitos dos idiomas deste grupo - em muitas destas línguas, usa-se a palavra ntu ou dela derivada refrindo-se a um ser humano; ba- é um prefixo que indica o plural para seres humanos em muitas destas línguas In http://pt.wikipedia.org/wiki/Bantos


Segundo Soares (1998) 327, entre os anos de 1720/1722, dezessete adultos da ilha de São Lourenço (antigo nome da ilha de Madagascar) 328 são batizados na Sé. Neste período são também batizados dois adultos moçambiques. A concentração de dezenove batismos num período de três anos indica a escala de uma embarcação vinda da contracosta. Mostra ainda que, quando se trata de proprietários que batizam seus escravos, estes recebem o sacramento num espaço de tempo relativamente curto. Dos dezessete escravos da ilha de São Lourenço quatro são batizados em 1720, onze em 1721 e apenas dois em 1722. Os dois moçambiques são batizados em 1720. Para essa autora, a contracosta não faz parte da rota dos negreiros que abastecem o Brasil. Mesmo assim existem, segundo Antonil, “... alguns (escravos) de Moçambique, que vêm nas naus da Índia”.

327

SOARES, Mariza de Carvalho. Mina, Angola e Guiné: Nomes d’África no Rio de Janeiro Setecentista. In TEMPO, Vol. 3 - n° 6, Dezembro de 1998 A ocorrência, no primeiro quartel do século XVIII, do contrabando de ouro e de diamantes brasileiros para a Costa da Mina – onde eram vendidos ou trocados por negros, em volumes que, sem levar em conta os diamantes, conforme um relatório da época, montavam em pelo menos duas arrobas de ouro em pó para cada um dos doze navios da Bahia que demandavam aqueles portos anualmente – levou a Coroa metropolitana a tomar a decisão de reagrupar em Angola, onde o controle do tráfico era maior, a procura por escravos originária do Brasil. Isto pode ser claramente compulsado através de carta régia enviada, em 31 de Agosto de 1730, ao Conde de Sabugosa, Governador da Bahia, determinando que fossem encontrados meios para “abastecer o Brasil de escravos sem para isso depender da Costa da Mina, extraindo-os do Cabo Verde, Cacheo, Angola, Madagascar e Moçambique”. Em conseqüência dos esforços feitos neste sentido pelos portugueses a partir da década dos 30 do século XVIII, como pode ser visto na Tabela 1, vai haver uma tendência de que, sustentadamente, as exportações para o Brasil de escravos angolanos passassem a superar as dos da Costa da Mina (ALENCASTRO, 1986:274a e 276b, in Fernão Pompêo de Camargo Neto. Tese de Doutoramento apresentada ao Instituto de Economia da UNICAMP para obtenção do título de Doutor em Ciências Econômicas –área de concentração: Política Econômica, sob aorientação do Prof. Dr. José Ricardo Barbosa Gonçalves. CPG, 22/02/2002). 328


BAGARRE D’’ESCLAVES À UN POINT D’’EAU PAR RUGENDAS

Dizem que o primeiro capoeira foi um tenente chamado João Moreira 329, homem rixento, motivo porque o povo lhe apelidou de ‘amotinado’. Viam os negros escravos como o ‘amotinado’ se defendia quando era atacado por quatro ou cinco homens, e aprenderam seus movimentos, aperfeiçoando-os e desdobrando-os em outros, dando a cada um o seu nome próprio. Como não dispunham de armas para sua defesa uma vez atacados por numeroso grupo, defendiam-se por meio da ‘Capoeiragem’, não raro deixando estendidos por uma cabeçada ou uma rasteira, dois ou três de seus perseguidores (Lima, 1925): Freyre (2004:653), ao encontrar “cabeçadas” de “homens de cor” nas milícias, supõe a operação de “técnicas de capoeiragem” alinhada às instituições: ‘[...] Sinal de que algumas milícias coloniais, na segunda metade do século XVIII, seguiram, com relação aos exercícios de capoeiragem, política ainda mais avançada que a dos capitãesgenerais com relação às danças de negros e aos batuques: a política de não só tolerá-los como de absorver-lhes valores e técnicas, no interesse da comunidade. À causa da segurança pública só podia ser útil à presença, entre oficiais das milícias, de homens de cor que fossem também campeões da capoeiragem. O caso, ao que parece, não só do tenente Moreira como do soldado Novais” (citado por SANTIAGO, 2000)330.

329

“a acção isolada de indivíduos, ou grupos de indivíduos turbulentos e desordeiros, que praticam ou exercem, publicamente ou não, exercícios de agilidade e destreza corporal, com fins maléficos ou mesmo por divertimento oportunamente realizado”, segundo ARAÚJO, 1997, obra citada. 330 SANTIAGO, Silviano. INTÉRPETRES DO BRASIL. (?): Nova Aguiar, 2000. Biblioteca Luso Brasileira, vol. 1


MÉTODO DE BURLAMAQUI –

CAPOEIRA REGIONAL (MESTRE BIMBA) –

A CABEÇADA:

A CABEÇADA:

A cabeçada é dada muito simplesmente. Aproximando-se do adversário e abaixando-se repentinamente faz-se com que a cabeça bata ou na parte inferior dos queixos ou no peito, na barriga ou ainda no rosto.

Este golpe é uma verdadeira “marrada” desferida com violentíssimo impulso no meio da cara ou no peito do indivíduo. Sua aplicação requer muita malícia. O golpe em causa já existia desde a Capoeira primitiva (Angola).

Este golpe é um segundo rabo de arraia pelas suas consequências porque, sendo bem dado, é demasiadamente terrível para quem o leva.

Fonte: SANTOS, Esdras Magalhães dos (Mestre Damião ). A VERDADEIRA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA LUTA REGIONAL BAHIANA DO MESTRE BIMBA in http://www.capoeiradobrasil.com.br/liga_2.htm


Gravura Cabeçada (Ilha Reunión) - Souvenirs D’’ un aveugle Escrito por Jacques Aragão. http://books.google.com/books?id=jBt5rS1S874C&printsec=toc&hl=es&source=gbs_v2_summary_r&cad=0

Gravura Cabeçada:(Moçambique) Viaje al rededor del mundo:(pag 60,61) recuerdos de un ciego ,Escrito por Jacques Aragão, François Aragão, Santiago Aragão, Publicado por Gaspar y Roig, 1851.http://books.google.com/books?id=y-Jh5z9lHeUC&hl=es


Com o fim do ‘infame comércio’ - a extinção do tráfico transatlântico de escravos, pela GrãBretanha, que em 1808 o tornou ilegal entre os súditos britânicos. A partir daí passa, essa nação, a se intitular defensora do fim desse comércio. Portugal era no início do século XIX a nação mais desenvolvida com o tráfico, por ser o Brasil um dos maiores importadores de escravos negros: 1810 assinado o Tratado de Aliança e Amizade entre Portugal e Inglaterra, em que pela primeira vez é mencionada a abolição do tráfico. 1815 Congresso de Viena, a Coroa portuguesa proibiu o tráfico ao norte da linha do Equador 1822 a Independência do Brasil muda os atores do conflito. A Inglaterra tem que negociar com a jovem nação, sendo sua primeira ação condicionar o reconhecimento da independência à abolição do tráfico. 1826 assinado entre Brasil e Inglaterra um tratado antitráfico que estabelecia a abolição total desse comércio em três anos. Em 1827, é ratificado, só em 1830 seria extinto definitivamente o tráfico transatlântico de escravos no Brasil, sendo que em 7 de novembro de 1831 era aprovada lei com esse objetivo. Cerca de 175 mil escravos entraram no país no período de três anos (1827-1830). 1831 Tentativa de proibição do tráfico no Brasil, sob pressão da Inglaterra. 1838 abolição da escravidão nas colônias inglesas 1843 ingleses são proibidos de comprar e vender escravos em qualquer parte do mundo 1845 Inglaterra aprova o Bill Aberdeen permitindo que as autoridades desse país apreendessem qualquer embarcação envolvida com o comércio de negros. 1850 primeiras experiências com a imigração estrangeira. aprovada sob pressão inglesa a lei Eusébio de Queirós, que proíbe o tráfico negreiro no Brasil 1865 escravidão é abolida nos Estados Unidos (13ªª. emenda Constitucional) 1869 Manifesto Liberal propõe a emancipação gradual dos escravos no Brasil 1871 Lei do Ventre Livre ou Lei Rio Branco 1885 Lei dos Sexagenários ou Lei Saraiva-Cotejipe 1888 Lei Áurea.


MOVIMENTOS DA CAPOEIRA(GEM)


CAPOEIRAGEM É UMA ARTE, CADA MOVIMENTO TEM UM NOME331 A ALMA ENCANTADORA DAS RUAS332 João do Rio Em 1908, iluminada pelas primeiras luzes da modernidade, o Rio de Janeiro já se revelava, aos olhos mais sensíveis, como uma cidade multifacetada, fascinante, efervescente na democracia da ruas. Nesse ano, um cronista lança o livro "A alma encantadora das ruas", em que observa, deslumbrado, as novas relações sociais que se desenham no coração daquela seria mais tarde chamada a Cidade Maravilhosa. Seu nome: João do Rio. — Sim senhor. Capoeiragem é uma arte, cada movimento tem um nome. É mesmo como sorte de jogo. Eu agacho, prendo V. Sa pelas pernas e viro — V. Sa virou balão e eu entrei debaixo. Se eu cair virei boi. Se eu lançar uma tesoura eu sou um porco, porque tesoura não se usa mais. Mas posso arrastar-lhe uma tarrafa mestra. — Tarrafa? — É uma rasteira com força. Ou esperar o degas de galho, assim duro, com os braços para o ar e se for rapaz da luta, passar-lhe o tronco na queda, ou, se for arara, arrumarlhe mesmo o bauú, pontapé na pança. Ah! V. Sa não imagina que porção de nomes tem o jogo. Só rasteira, quando é deitada, chama -se banda, quando com força tarrafa, quando no ar para bater na cara do cabra meia -lua. — Mas é um jogo bonito! Fiz para contentá-lo. — Vai até o auô, salto mortal, que se inventou na Bahia. Para aquela lição tão intempestiva, já se havia formado um grupo de temperamentos bélicos. Um rapazola falou. — E a encruzilhada? — É verdade, não disseste nada de encruzilhada? E a discussão cresceu. Parecia que iam brigar. SEGUNDO O REGULAMENTO INTERNACIONAL DE CAPOEIRA Artigo 1°- Os trabalhos desenvolvidos pela Federação Internacional de Capoeira e suas filiadas diretas ou indiretas se fundamentam no resgate e difusão da Cultura Física da Capoeira e se objetivam a construção de um mecanismo internacional de preservação e deste acervo, através da padronização de procedimentos técnicos, culturais e desportivos. Artigo 3°- A Capoeira passa a ser reconhecida internacionalmente como um Desporto de Criação Nacional, surgido no Brasil e como tal, integrante do patrimônio cultural do povo brasileiro, legado histórico de sua formação e colonização, fruto do encontro das culturas indígena, portuguesa e africana, devendo ser protegida e incentivada. Parágrafo 1°- A Capoeira por sua inserção no processo histórico da nação portuguesa no período colonial brasileiro, bem como por haver recebido da mesma suas influências culturais, também faz parte reconhecidamente do acervo cultural do povo português. 331

João do Rio. A ALMA ENCANTADORA DAS RUAS. MINISTÉRIO DA CULTURA. Fundação Biblioteca Nacional. Departamento Nacional do Livro. Disponível em http://cultvox.locaweb.com.br/livros_gratis/alma_encantadora_das_ruas.pdf 332 João do Rio (s.d.) obr citada. Disponível em http://cultvox.locaweb.com.br/livros_gratis/alma_encantadora_das_ruas.pdf


Parágrafo 2°- Em virtude da Capoeira ser concebida no Brasil passa a ser considerada também como um patrimônio cultural dos povos da América e da humanidade. Parágrafo 3°- Em virtude dos dispostos neste Artigo e Parágrafos anteriores, a Capoeira é reconhecida internacionalmente como: A-

Desporto Cultural;

B-

Desporto de Identidade;

C-

Desporto Tradicional.

Artigo 17- A Nomenclatura de Movimentos de Capoeira está estabelecida em duas partes: A-

Nomenclatura Histórica

B-

Nomenclatura Oficial

Artigo 18- A Nomenclatura Histórica de Movimentos foi colhida a partir da pesquisa nas obras dos primeiros autores a escreverem sobre a Capoeira, a saber: Plácido de Abreu, Coelho Neto e Annibal Burlamaqui (Zuma). A mesma poderá ser ampliada em função da evolução das pesquisas científicas.

Parágrafo 1°- Legado de Plácido de Abreu - 1886: Trastejar, Caçador, Rabo de Arraia, Moquete, Banho de Fumaça, Passo de Sirycopé, Baiana, Chifrada, Bracear, Caveira no Espelho, Topete a Cheirar, Lamparina, Pantana, Negaça, Ponta-pé e Pancada de Cotovelo. Parágrafo 2°- Legado Apócrifo - 1904: Pronto, Chato, Negaça de Inclinar, Negaça de Achatarse, Negaça de Bambear para direita ou esquerda, Negaça de Crescer, Pancada de Tapa, Pancada com o Pé, Pancada de Punho, Pancada de Tocar, Rasteira Antiga, Rasteira Moderna e Defesas.


Parágrafo 3°- Legado de Coelho Neto - 1928: Cocada, Grampeamento, Joelhada, Rabo de Arraia, Rasteira, Rasteira de Arranque, Tesoura, Tesoura Baixa, Baiana, Canelada, Ponta-pé, Bolacha Tapa Olho, Bolacha Beiço Arriba, Refugo de Corpo, Negaça, Salto de Banda e Banho de Fumaça.

Parágrafo 4°- Legado de Annibal Burlamaqui (Zuma), autor da primeira Codificação Desportiva - 1928: Guarda, Rasteira, Rabo de Arraia, Corta Capim, Cabeçada, Facão, Banda de Frente, Banda Amarrada, Banda Jogada, Banda Forçada, Rapa, Baú, Tesoura, Baiana, Dourado, Queixada, Passo de Cegonha, Encruzilhada, Escorão, Pentear ou Peneirar, Tombo da Ladeira ou Calço, Arrastão, Tranco, Chincha, Xulipa, Me Esquece, Vôo do Morcego, Espada e Suicídio.


Artigo 19- A Nomenclatura Oficial de Movimentos foi estabelecida com base nos referenciais obtidos pelos trabalhos de Manuel dos Reis Machado (Mr. Bimba), fundador da segunda Escola Técnica de Educação Física no Brasil e por Vicente Ferreira Pastinha (Mr. Pastinha), fundador do primeiro Centro Esportivo de Capoeira, entendendo como única a Capoeira, porém considerando-se distintos seus os padrões de jogo advindos do emprego dos ritmos do berimbau em cada um dos legados que nos foram deixados como herança cultural, a saber: PLÁCIDO DE ABREU MORAIS333 Na crônica da capoeiragem carioca, um vulto importante foi Plácido de Abreu Morais, de nacionalidade portuguesa. Nasceu a 12 de março de 1857 e foi assassinado em fevereiro de 1894, em represália à sua desassombrada atitude, de oponente às ações arbitrárias, ditatoriais de Floriano Peixoto, aderindo aos insurgentes que desencadearam a revolta da Esquadra. No Brasil, trabalhou no comércio, exerceu a arte tipográfica, salientando-se como homem de letras, militando no Correio do Povo. Republicano intransigente, incondicional, foi acusado de estar envolvido numa tentativa que visava suprimir o imperador D. Pedro II. Da sua bibliografia, ressalto o romance Os Capoeiras, publicado em 1886. No seu contexto, ele focaliza os rituais inerentes à capoeiragem no Rio e, prosseguindo, descreve as infelicidades, os sofrimentos de um jovem que, vindo do interior para capital, foi vitimado pelos perversos, pelos marginais, que infestavam as hordas capoeirísticas, mancomunadas com a prostituição. Na interessante e elucidativa introdução do seu romance, Plácido anuncia a publicação para breve, de outro trabalho da sua lavra, intitulado Guaiamus e Nagoas. Efetuei reiteradas buscas e pesquisas e cheguei à conclusão que o intento do malogrado escritor lusitano, de imprimir o referido Guaiamus e Nagoas, não foi concretizado. No preâmbulo de Os Capoeiras, Plácido de Abreu transcreve um vocabulário da gíria vigorante no seu tempo, que reputo de essencial importância para os capoeiras da atualidade e os pesquisadores que têm abordado esta temática: Banho de Fumaça - tombo. 333

MOURA, Jair. Um Titã da Capoeiragem –Plácido de Abreu disponível em: http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.revistacapoeira.com.br/dados/Image/placido.jpg&imgrefurl=http://www.re vistacapoeira.com.br/site/index.php%3Fm%3Dhistoria&usg=__oXJg98IBm1DxRhoPefzz4CQpeJg=&h=100&w=100&sz=6&hl=pt BR&start=6&tbnid=932hx83Iu4wh_M:&tbnh=82&tbnw=82&prev=/images%3Fq%3Dcapoeira%2B%252B%2Bplacido%2Bde%2 Babreu%26gbv%3D2%26hl%3Dpt-BR


Bracear - dar pancada com os braços. Caçador - tombo que o capoeira dá, arrastando-se no chão sobre as mãos e o pé esquerdo e estendendo a perna direita de encontro aos pés do adversário. Caveira no Espelho - cabeçada na cara Chifrada - cabeçada. Lamparina- bofetada. Moquete - marretada, soco Negaça Pancada de Cotovelo Pantana - volta sobre o corpo aplicando os pés contra o peito do adversário Passo de Sirycopé - pulo que dá o capoeira depois que faz negaça, para ferir Ponta-pé Rabo de Arraia - volta sobre o corpo, rodando uma das pernas de encontro ao inimigo Topete a Cheirar - cabeçada. Trastejar, - dar um golpe falso “Cambar, passar de um partido para outro. Arriar, deixar de jogar capoeiragem. Distorcer, disfarçar ou retirar por qualquer motivo. Tapear, enganar o adversário. Tungar e balear, ferir o inimigo. Trastejar, dar um golpe falso. Alfinete, biriba, biscate e furão, estoque ou faca. Sardinha, navalha. Caçador, tombo que o capoeira dá, arrastando-se no chão sobre as mãos e o pé esquerdo e estendendo a perna direita de encontro aos pés do adversário. Rabo de arraia, volta sobre o corpo, rodando uma das pernas de encontro ao inimigo. Moquete, marretada, soco. Banho de fumaça, tombo. Alto da sinagoga, rosto. Grampear, pegar à unha o adversário. Passo de constrangimento, vacilação do inimigo quando leva um tombo ou é vencido; ato de retirar-se cabisbaixo. Passo de siricopé, pulo que dá o capoeira depois que faz negaça, para ferir. Pegada, encontro de dois partidos inimigos. Marcha, procura de adversário. Vou ver-te cabra, ameaça para brigar. Carrapeta, pequeno esperto e audacioso que brama desafiando os inimigos. Bramar, gritar o nome da província ou casa a que pertence o capoeira. Senhora da cadeira, Santana. Velho carpinteiro, S. José. Velho cansado, S. Francisco. Senhora da palma, Santa Rita. Espada, Senhora da Lapa. Sarandaje, pequenos capoeiras, miuçalha. Endireitar, enfrentar com o inimigo. Mole, covarde. Leva, leva, grito de vitória, perseguição ao inimigo. Baiana, joelhada que se dá depois de se haver saracoteado para tapear o inimigo.


Chifrada, cabeçada. Encher, dar bordoada. Bracear, dar pancada com os braços. Melado, sangue. Firma, não foge. Caveira no espelho, cabeçada na cara. Porre, pifão, bebedeira. Topete a cheirar, cabeçada. Não venha, que sais do passinho mole, sê prudente, porque levas um tombo. Lamparina, bofetada. Pantana, volta sobre o corpo aplicando os pés contra o peito do adversário. Branquinha, aguardente. Está pronto, está ferido. Foi baleado, foi ferido. Quero estia, quero tasca, senão bramo, quero parte disto ou daquilo, roubado, senão denuncio. Deixa de saliências, não contes patranhas. Rujão, batalhão ou sociedade. Roda, vamos embora. Desgalhar, fugir da polícia. Jangada, xadrez de polícia. Palácio de cristal, detenção. Chácara, casa de correção. Fortaleza, capela, taverna. Piaba, sem valor. Dar sorte, (diversas aplicações) cair em ridículo ou cousa bem desempenhada. É direito, é destemido.”

O.D.C. Para Santos (2006) no final do século XIX e início do século XX, assistimos às tentativas de legitimar a capoeira. Em 1907, é publicado um folheto O Guia do Capoeira ou Ginástica Brasileira. Guia dividido em cinco partes: I) Posições; II) Negaças; III) Pancadas simples; IV) Defesas relativas; V) Pancadas afiançadas. O autor, que dedica o trabalho à “distinta mocidade”, coloca apenas as iniciais O. D. C. Segundo relatos, tratava-se de um oficial do exército que não quis revelar o nome devido ao preconceito com a capoeira.334

ZUMA Continuamos com Santos (2006), que afirma: “Em 1928, o capoeira-intelectual carioca Aníbal Bulamarqui, conhecido como mestre Zuma, publicou o livro Ginástica Nacional (Capoeiragem) metodizada e regrada, cujo prefácio de Mário Santos dizia: “Adotemos a capoeiragem, ela é superior ao box, que participa dos braços; ela é superior à luta romana, que baseia na força; é superior à 334

SANTOS, Eduardo Alves (Mestre Fálcon) CAPOEIRA NACIONAL: A Luta por Liberdade IV IN Jornal do Capoeira www.capoeira.jex.com.br Edição 61 - de 19 a 25/Fev de 2006 Sorocaba-SP, DISPONÍVEL EM http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.jornalexpress.com.br/gerencia/antigos/ver_imagem.php%3Fid_imagem%3 D4273&imgrefurl=http://www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php%3Fid_jornal%3D13170%26id_noticia%3D848&usg= __Sn7kJPy_YwGNzGjlIVhtUcf6xro=&h=414&w=287&sz=60&hl=ptBR&start=6&tbnid=q52S4xUiYR9MQM:&tbnh=125&tbnw=87&prev=/images%3Fq%3Dcapoeira%2B%252B%2Bodc%26gbv %3D2%26hl%3Dpt-BR


japonesa, pois que reúne os requisitos de todas essas lutas, mais a inteligência e a vivacidade peculiares ao tropicalismo dos nossos sentimentos pondo em ação braços, pernas, cabeça e corpo”. Em Negros e Brancos no Jogo da Capoeira: a Reinvenção da Tradição, Letícia Vidor de Sousa Reis descreve a tentativa de Burlamarqui, e de outros intelectuais do começo do século, de transformar a capoeira num esporte “branco” e “erudito”, ou seja, eles tinham para a capoeira um projeto nacional, implicando numa única nomenclatura dos movimentos corporais da capoeira e no estabelecimento de um único conjunto de regras. “Apellidei este methodo, puramente meu, de “ZUMA”, não só porque Zuma é a quarta parte do meu segundo nome, como também porque uma feliz coincidência faça com que se perceba nitidamente a letra Z no centro do campo de luta que adoptei para o meu método de capoeiragem, differenciando-o dos campos de sports communs. Primeiramente idealisei um campo de luta onde, com espaço suficiente, se pudesse realisar a GYMNASTICA BRASILEIRA. 335 OS GOLPES - Os golpes na capoeiragem são muitos e somente praticando-os, com treinos regulares, firmes e constantes, é que os poderemos aprender conscientemente. Os principais são: A RASTEIRA; O ESCORÃO; O RABO DE ARRAIA; O PENTEAR OU PENEIRAR; O CORTA CAPIM; O TOMBO DE LADEIRA OU CALÇO; A CABEÇADA; O ARRASTÃO; O FACÃO; O TRANCO; A BANDA DE FRENTE; A CHINCHA; O RAPA; A XULIPA; O BAHÚ; A BANDA AMARRADA; A THESOURA; A BANDA JOGADA; A BAHIANA; A BANDA FORÇADA; O DOURADO; O ME ESQUECE; A QUEIXADA (do autor); O VOO DO MORCEGO; O PASSO DE CEGONHA (do autor); A ESPADA (do autor); A ENCRUZILHADA; O SUICIDIO

335

Fonte: SANTOS, Esdras Magalhães dos (Mestre Damião). A VERDADEIRA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA LUTA REGIONAL BAHIANA DO MESTRE BIMBA in http://www.capoeiradobrasil.com.br/liga_2.htm



Método Amorós (Savate)

MOVIMENTOS DE CAPOEIRA REGIONAL: 1Açoite De Braço; 2 - Acoite De Braço Em Cruz; 3 – Apanhada; 4 – Armada; 5 – Armiloque; 6 – Arpinio; 7 – Arqueado; 8 - Arqueado De Costas; 9 – Arrastão; 10 – Asfixiante; 11 – Au; 12 - Au Batido; 13 – Baiana; 14 - Balão Cinturado; 15 - Balão De Lado; 16 - Banda De Costas; 17 - Banda Lisa; 18 - Banda Traçada; 19 – Baú; 20 – Benção; 21 - Boca De Calça; 22 – Bochecho; 23 – Buzina; 24 – Cabeçada; 25 – Calcanheira; 26 – Chapa; 27- Chapa De Costas; 28 - Chapéu De Couro; 29 – Chulipa; 30 - Cintura Robusta; 31 - Colar De Força; 32 – Cotovelo; 33 – Crucifixo; 34 – Cruz; 35 – Cruzilha; 36 – Cutila; 37 – Dentinho; 38 – Desprezo; 39 – Dubliesse; 40 – Escurinho; 41 – Escurrumelo; 42 – Esporão; 43 – Forquilha; 44 – Galopante; 45 – Ginga; 46 - Giro Da Sereia; 47 – Godeme; 48 - Gravata Alta; 49 - Gravata Baixa; 50 - Guarda Baixa; 51 - Guarda Média; 52 - Guarda Alta; 53 – Joelhada; 54 – Leque; 55 – Marrada; 56 – Martelo; 57 - Meia-Lua De Compasso; 58 - Meia-Lua De Frente; 59 – Mortal; 60 – Negativa; 61 – Palma; 62 – Pantana; 63 – Pescocinho; 64 – Ponteira; 65 – Presilha; 66 Quebra Mão; 67 - Quebra Perna; 68 - Quebra Pescoço; 69 - Queda De Rins; 70 – Queixada; 71


– Rasteira; 72 – Suicídio; 73 – Telefone; 74 - Tesoura De Costas; 75 - Tesoura De Frente; 76 Tombo Da Ladeira; 77 – Vingativa. MOVIMENTOS DE CAPOEIRA ANGOLA: 1– Au; 2 - Au Rolê; 3 – Cabeçada; 4 - Chamada Aberta De Costas; 5 - Chamada Aberta De Frente; 6 - Chamada Da Palma De Frente; 7 - Chamada De Entrada Na Barriga; 8 - Chamada Do Sapinho; 9 - Chapa De Costas; 10 - Chapa De Frente; 11 - Corta Capim; 12 – Cotovelada; 13 - Cutilada De Mão; 14 – Esquiva; 15 – Ginga; 16 – Joelhada; 17 - Meia-Lua De Costas; 18 Meia-Lua De Frente; 19 – Negativa; 20 - Queda De Rins; 21 - Rabo De Arraia; 22 – Rasteira; 23 – Role; 24 - Tesoura De Angola. MOVIMENTOS FUNDAMENTAIS - FICA 01Ginga; 02- Guarda Alta (Posição Base); 03- Guarda Média (Esquiva Lateral); 04Guarda Baixa (Cocorinha); 05- Aú; 06- Aú Batido; 07- Negativa; 08- Role; 09- Rasteira; 10Benção; 11- Martelo; 12- Chapa; 13- Xulipa; 14- Calcanheira; 15- Joelhada; 16- Chapa de Costas; 17- Meia Lua de Frente; 18- Queixada; 19- Esporão; 20- Ponteira; 21- Giro; 22Armada; 23- Rabo de Arraia; 24- Meia Lua de Compasso; 25- Queda de Rins; 26- Cabeçada; 27- Escorrumelo; 28- Palma; 29- Godeme; 30- Galopante; 31- Telefone; 32- Forquilha; 33Cutila; 34- Cotovelo; 35- Desprezo; 36- Bochecho; 37- Presilha; 38- Presilha de Rins; 39Arrastão; 40- Baiana; 41- Vingativa; 42- Baú; 43- Banda Lisa; 44- Banda Traçada; 45- Banda de Costas; 46- Tesoura de Frente; 47- Tesoura de costas; 48- Arpão de Giro; 49- Chapéu de Couro; 50- Tranco; 51- Amarrada; 52- Volta do Mundo; 53- Chamada da Palma de Frente; 54Chamada Aberta de Frente; 55- Chamada Aberta de Costas; 56- Chamada de Entrada na Barriga; 57- Chamada do Sapinho; MOVIMENTOS DE ESPECIALIZAÇÕES - FICA 58- Apanhada; 59- Arqueado; 60- Arqueado de Costa; 61- Açoite de Braço; 62- Açoite de Cruz; 63- Balão Cinturado; 64- Balão de Lado; 65- Gravata Baixa; 66- Gravata Alta; 67- Crucifixo; 68- Cruz; 69- Cruzilha; 70- Dentinho; 71- Giro da Sereia; 72- Cintura Robusta; 73- Tombo da Ladeira; 74- Arpínio; 75- Pescocinho; 76- Armiloque; 77- Buzina; 78- Leque; 79- Quebra Mão; 80- Quebra Perna; 81- Quebra Pescoço; 82- Colar de Força; 83- Dubliesse; 84- Escurinho; 85Sapinho; 86- Pantana; 87- Vôo do Morcego; 88- Mortal; 89- Suicídio; 90- Asfixiante. OS MOVIMENTOS DA CAPOEIRA336 - Ilustrações (e interpretação): E. Zolcsak, 2004. Fonte do manuscrito (ilustração): Angelo A. Decanio Filho. Manuscritos e desenhos de Mestre Pastinha. Os movimentos da Capoeira Angola são tradicionais, mas cada capoeirista os reproduz a partir de sua constituição física e gestualidade. Há uma série de movimentos (golpes) básicos que se desdobram em variações e combinações complexas, o que leva a compará-los com os sons musicais. A sequencia é opção de cada capoeirista, sempre em estreita dependência dos movimentos do parceiro de jogo.

336

http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.nzinga.org.br/incab/fig/cobr_gav.jpg&imgrefurl=http://www.nzinga.org.br/ incab/movi.htm&usg=__SRAZgkLtpoLsV_oNGoaP5TC8Ju4=&h=182&w=284&sz=17&hlptBR&start=55&tbnid=Zn3JP4Ja_0TTXM:&tbnh=73&tbnw=114&prev=/images%3Fq%3Dcapoeira%2B%252B%2Bmovimentos%2 B%252B%2Bangola%26gbv%3D2%26ndsp%3D20%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DN%26start%3D40


“Era eu era você Era você era eu Era eu era meu mano Era mano era eu Você não jogava sem eu.” (Mestre Pastinha)

O jogo se desenrola com a ginga, movimento de dança e de luta; de concentração e descontração, personalizado, e desconcertante. Mas muitas vezes começa com movimentos próximos ao chão. De pernas para o ar, o capoeirista está em posição de ataque e ao mesmo tempo defende tronco e cabeça... Pode girar as pernas, tendo a cabeça ou as mãos como eixo. As pernas no chão podem levar um golpe aos pés do parceiro ou formar uma tesoura para derrubá-lo.”

”Mãos no chão, como em falsa queda, as pernas continuam livres, de frente ou de costas. Já de pé, o capoeirista pode partir para uma cabeçada ou se agachar para uma rasteira. De frente para o parceiro, pode surpreendê-lo sendo direto ou desenhando um golpe no ar. Ou se esquivar e ao mesmo tempo golpear. E de repente girar e voltar, como pião. Se preciso, pode procurar espaço, dissimulado, de cabeça para baixo.


E logo rolar, protegendo a cabeça e preparando um ataque. Ou se afastar voando pra trás...”

CAPOEIRA ANGOLA DO MARANHÃO CARMO (2006) 337 em seu NA RODA DA CAPOEIRA – um estudo semântico-lexical da mandinga angoleira dentro do projeto ALiMA – o português falado no Maranhão, tem como objetivo contribuir para o conhecimento da realidade lingüístico-cultural do Maranhão. Dessa forma a autora investigou o universo da capoeira Angola em São Luís do Maranhão, elaborando, ao final um glossário da Capoeira Angola. Em visita a várias casas de capoeiras, realizou entrevistas, aplicadas a um aluno, um professor e três mestres de capoeira, cinco informantes, visando à elaboração do glossário. Está organizado em a) termos pertencentes aos campos semânticos selecionados: 1. Instrumentos musicais – composto de termos que nomeiam os tipos de instrumentos utilizados nas rodas de capoeira; 2. Movimentos – composto de termos que denominam os movimentos defensivos e desequilibrantes; 3. Golpes – composto de termos que nomeiam os tipos de golpes de ataque e defesa utilizados nas rodas de capoeira; 337

CARMO, Rosangela Maria Costa Pinto do. NA RODA DA CAPOEIRA – um estudo semântico-lexical da mandinga angoleira. In RAMOS, Conceição de Maria de Araújo; ROCHA, Maria de Fátima Sopas; BEZERRA, José de Ribamar Mendes. (Org.). A DIVERSIDADE DO PORTUGUÊS FALADO NO MARANHÃO: O Atlas Lingüístico do Maranhão em foco. São Luís: EDUFMA, 2006, p. 80-103.


4. Toques – composto de termos que nomeiam os tipos de toques feitos nos berimbaus e usados para entoar os cânticos na roda de capoeira. b) termos não inseridos nos campos selecionados, porém registrados durante a pesquisa. Os verbetes do glossário estão organizados obedecendo a seguinte estrutura: termo-entrada + categoria gramatical + gênero + definição + remissivas + variantes. A autora traz a seguinte classificação dos movimentos básicos, segundo o Mestre Bola Sete, em Capoeira na Bahia338: quinze movimentos (quatro defensivos, quatro desequilibrantes e sete golpes, sendo, respectivamente: ginga, negativa, role e aú; rasteira, banda, tesoura, boca-decalça; rabo-de-arraia; meia-lua, ponteira, chibatada, chapa, joelhada e cabeçada. MOVIMENTOS DEFENSIVOS E DESEQUILIBRANTES Aú. s.m. Consiste em um salto com as pernas para o ar, fazendo apoio com as mãos no solo, voltando, em seguida, à posição inicial. Usado para entrar na roda. É um movimento defensivo. Banda. s.f. o capoeira se aproxima encaixando uma perna atrás do corpo do adversário, calçando-o e procurando derrubá-lo com o auxílio do braço ou da cabeça. É um movimento desequilibrante. Boca-de-calça. s.f. o capoeira abaixa o corpo e segura a ‘boca de calça’ ou a perna do adversário, puxando-a em sua direção, derrubando-a para trás. É um movimento desequilibrante. Ginga. S.f. o principal movimento da capoeira. O capoeirista se movimenta com o corpo para a direita e para a esquerda, com a intenção de confundir o seu adversário e se colocar em posição adequada para o ataque. Movimento defensivo. Negativa. S.m. Movimento em que o capoeirista se abaixa, rapidamente, apoiando-se no chão com uma mão e um pé. Pode ser dado de lado ou de frente. É um movimento defensivo. Rasteira. S.f. O capoeirista aplica uma ‘varredura’, isto é, encaixa o pé na altura do calcanhar do adversário, procurando derrubá-lo no chão. É um movimento desequilibrante. Rolê. S.m. O capoeirista rola o corpo rapidamente no chão, com o auxílio das mãos e dos pés, afastando-se ou aproximando-se do adversário. É um movimento defensivo. Tesoura. S.f. É um movimento desequilibrante, em que o capoeirista encaixa as duas pernas na altura dos joelhos do adversário e, com uma girada de corpo, procura derrubá-lo no chão. GOLPES DE ATAQUE E DE DEFESA Cabeçada. S.f. Movimento de ataque em que o capoeirista lança a cabeça no abdômen, no peito ou no rosto do adversário. Chapa de costas. S.f. é um golpe de coxa erguida, desferido com a planta do pé, na altura do plexo solar, ou em qualquer parte do corpo do adversário. Pode ser aplicado de frente, de lado, ou solto (quando é aplicado sem apoio das mãos no solo), Chibatada. S.f. Golpe aplicado com o dorso do pé, de preferência à altura dos rins, do rosto e plexo solar do adversário. Joelhada. S.f. Só é aplicado quando o capoeirista está bem próximo do adversário. Os órgãos genitais e a coxa são os locais mais visados para aplicá-la. 338

BOLA SETE, Mestre. A capoeira na Bahia. 4 ed. Rio de janeiro: Pallas, 2003.


Meia-lua. S.f. è um golpe em forma de meia-lia nas combinações de golpes. Pode ser usado para tingir o adversário com as faces laterais do pé., de preferência, na cabeça. Pode ser dado de frente e de lado. Ponteira. S.f. É um golpe de fácil aplicação e bastante perigoso. O capoeirista leva a perna ao local desejado com bastante rapidez e a recolhe imediatamente. Desferido com a ponta do pé nos órgãos genitais, no joelho e embaixo do queixo do adversário. Rabo-de-arraia. S.f. O capoeirista gira o corpo na direção do adversário com uma perna flexionada, servindo de apoio no solo juntamente com as mãos e com a outra perna, completamente estirada, procura atingi-lo com o calcanhar na altura dos rins ou da cabeça. Esse golpe é, também, denominado, em outras vertentes da capoeira, de meialua de compasso.


PLÁCIDO DE ABREU - 1886

APÓCRIFO 1904

Chifrada

COELHO NETO

ZUMA

1928

ANGOLA

1928

ANGOLA/

REGIONAL

FICA

MARANHÃO

Cocada

Cabeçada

Cabeçada

Cabeçada

Rabo de Arraia

Rabo De Arraia

Rabo De Arraia

Rabo De Arraia

Cabeçada

Cabeçada

Topete a Cheirar Caveira no Espelho Rabo de Arraia

Pantana Negaça

Negaça de Inclinar,

Rabo de Arraia

Pantana

Pantana

Negaça

Negaça de Achatar-se, Negaça de Bambear para direita Negaça de Bambear para esquerda Negaça de Crescer, Banho de Fumaça Pancada de Cotovelo

Banho de Fumaça Pancada de Tapa, Pancada com o Pé, Pancada de Punho, Pancada de Tocar

Ponta-pé

Ponta-pé Rasteira Antiga Rasteira Moderna

Rasteira,

Rasteira

Rasteira

Rasteira

Rasteira

Rasteira

Thesoura

Tesoura De Angola

Tesoura

Tesoura De Costas

Tesoura de Frente

Tesoura De Frente

Tesoura de costas

Baiana

Baiana

Rasteira de Arranque

Tesoura, Tesoura Baixa

Baiana

Bahiana

Joelhada

Joelhada

Joelhada

Xulipa

Joelhada

Chulipa

Xulipa

Bahú

Baú

Baú

Tombo De Ladeira Ou Calço

Tombo Da Ladeira

Tombo da Ladeira

Arrastão

Arrastão

Arrastão

Banda De Costas

Banda Lisa

Banda De Frente Banda Amarrada Banda Jogada Banda Forçada

Joelhada

Banda

Banda Lisa Banda Traçada

Banda Traçada Banda de Costas;


PLÁCIDO DE ABREU - 1886

APÓCRIFO

COELHO NETO

1904

1928

ZUMA

ANGOLA

REGIONAL

FICA

Queixada (Do Autor)

Queixada

Queixada

Suicídio

Suicídio

Suicídio

1928

Corta Capim

ANGOLA/ MARANHÃO

Corta Capim;

Tranco

Tranco

Voo Do Morcego

Vôo do Morcego Au;

Au

Au;

Aú;

Au Batido

Aú Batido

Chapa

Chapa

Chapa De Costas

Chapa de Costas

Cotovelada

Cotovelo

Cotovelo

Cutilada De Mão

Cutila;

Cutila

Au Rolê; Chapa De Costas;

Chapa De Costas

Chapa De Frente

Ginga

Ginga

Ginga

Ginga

Meia-Lua De Costas

Meia-Lua

Meia-Lua De Compasso

Meia Lua de Frente

Meia-Lua De Frente

Meia Lua de Compasso

Negativa

Negativa

Queda De Rins

Queda de Rins

Meia-Lua De Frente Negativa

Meia-Lua De Compasso

Negativa

Queda De Rins Chamada Aberta De Costas;

Chamada de Angola

Chamada da Palma de Frente

Chamada Aberta De Frente;

Chamada Aberta de Frente

Chamada Da Palma De Frente;

Chamada Aberta de Costas

Chamada De Entrada Na Barriga;

Chamada de Entrada na Barriga

Chamada Do Sapinho;

Chamada do Sapinho;

Role

Role

Role Açoite De Braço

Açoite de Braço

Acoite De Braço Em Cruz;

Açoite de Cruz;

Apanhada

Apanhada

Armada

Armada

Armiloque

Armiloque

Arpinio

Arpínio

Arqueado

Arqueado

Arqueado De Costas

Arqueado de Costa

Asfixiante

Asfixiante


PLÁCIDO DE ABREU - 1886

APÓCRIFO

COELHO NETO

ZUMA

1904

1928

1928

ANGOLA

ANGOLA/

REGIONAL

FICA

Balão Cinturado

Balão Cinturado

MARANHÃO

Balão De Lado

Balão de Lado Benção

Benção

Bochecho

Bochecho

Buzina

Buzina

Calcanheira

Calcanheira

Chapéu De Couro

Chapéu de Couro

Cintura Robusta

Cintura Robusta

Colar De Força

Colar de Força

Crucifixo

Crucifixo

Cruz;

Cruz

Cruzilha

Cruzilha

Dentinho

Dentinho

Desprezo

Desprezo

Dubliesse

Dubliesse

Escurinho

Escurinho

Escurrumelo

Escorrumelo

Esporão

Esporão

Forquilha

Forquilha

Galopante

Galopante

Giro Da Sereia

Giro Giro da Sereia

Godeme

Godeme

Gravata Alta

Gravata Baixa

Gravata Baixa

Gravata Alta Guarda Baixa Guarda Média Guarda Alta

Guarda Alta (Posição Base); Guarda Média (Esquiva Lateral) Guarda Baixa (Cocorinha

Ponteira

Leque;

Leque

Martelo

Martelo

Mortal;

Mortal

Palma

Palma;

Pescocinho

Pescocinho

Ponteira

Ponteira

Presilha

Presilha Presilha de Rins


PLÁCIDO DE ABREU - 1886

APÓCRIFO

COELHO NETO

ZUMA

1904

1928

1928

ANGOLA

ANGOLA/

REGIONAL

FICA

Quebra Mão

Quebra Mão

Quebra Perna

Quebra Perna

MARANHÃO

Quebra Pescoço

Quebra Pescoço

Telefone

Telefone

Vingativa

Vingativa

Marrada

Amarrada

Trastejar, Caçador Moquete Passo de Sirycopé Bracear Lamparina Pronto Chato Defesas Grampeame nto Canelada Bolacha Tapa Olho, Bolacha Beiço Arriba Refugo de Corpo Salto de Banda Escorão Pentear Ou Peneirar Facão Chincha Rapa Dourado Me Esquece Passo De Cegonha Espada (Do Autor) Encruzilhada Esquiva Boca de calça

Boca De Calça Arpão de Giro Volta do Mundo Sapinho

Chibatada


DESCRIÇÃO DOS GOLPES FICA

REGIONAL

ANGOLA

05- AÚ

11 – AU

06- AÚ BATIDO

12 - AU BATIDO

1 - AU 2 - AU ROLÊ

ZUMA

Movimento que na Capoeira corresponde ao posicionamento do corpo apoiado nas mãos (“em representação ao desenho da letra ‘A”) com os pés erguidos e abertos (em representação ao desenho da letra “U”. É um movimento característico da capoeira, no qual o praticante leva as duas mãos ao chão,, subindo imediatamente as duas pernas, geralmente esticadas e caindo geralmente em pé. (MANO LIMA, 2007, P. 64). É um movimento de capoeira que pode ser aplicado de muitas formas: Em pé, agachado entre outros – AÚ AGULHA; AÚ AMAZONAS; AÚ BANDEIRA; AÚ BATIDO; AÚ CAMALEÃO; AÚ CHAPA DE FRENTE; AÚ CHAPA DE COSTAS; AÚ LATERAL; AÚ CHIBATA COM UMA PERNA; AÚ CHIBATA COM DUAS PERNAS; AÚ COICE; AÚ COM UMA DAS MÃOS; AÚ CORTADO; AÚ DE COLUNAS; AÚ DE ROLÊ; AÚ DUBLÊ; AÚ FININHO; AÚ GIRO COMPLETO; AÚ MARTELO; AÚ MORCEGO; AÚ MORTAL; AÚ PALITO; AÚ PARAFUSO; AÚ PICADO; AÚ PICO; AÚ PIRULITO; AÚ QUEBRADO; AÚ SANTO AMARO; AÚ SEM MÃOS; AÚ TESOURA; AÚ VIRGULINO. Aú é indispensável na pratica da capoeira, por ser um dos passos mais usados. Existem dois tipos de aú. Aú aberto: é utilizado no início e na saída da roda. É também conhecido como estrela. É só colocar as mãos no chão e depois os pés para o alto,e termina em pé. Aú fechado:semelhante ao rolê,acrescenta-se um pulo Aú dobrado: a entrada do movimento é semelhante ao aú aberto, mas na metade do movimento dobra-se a coluna para sair de frente. Aú trançado: movimento em que se entra no aú aberto mas troca-se as pernas "trançando-as", sendo a perna que impulsiona o corpo a primeira que vai tocar o solo. Aú sem mãos: mesmo movimento do aú aberto, mas executado sem o emprego das mãos. http://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%BA


http://www.capoeira.com/plugins/autogallery/Gallery/pv_AU_De_FRENTE._Grupo_Capoeira_Brasil.%5BSubmitted_By_LagartoP L%5D.JPG http://www.geocities.com/learncapoeira/aubatido.jpg

http://www2.webng.com/portaldacapoeira/au.html Techniques et apprentissage du moring réunionnais Résumé Sport de combat rituel, le moring associe la musique, l’’expression corporelle, les traditions guerrières et les cultes afro-malgaches. Cousin de la Capoeira du Brésil, le moring réunionnais dû affronter bien des préjugés et des interdits tout au long de son histoire. Ce livre contribue à réhabiliter cet art populaire. Il met en valeur les bienfaits de cette discipline où le corps et l’’esprit s’’épanouissent. Règles et techniques sont expliquées précisément, illustrées par de nombreux croquis de mouvements.

http://www.li

/vranoo.comlivre-ReunionTechniques-et-apprentissage-du-moring-reunionnais-252.html


http://4.bp.blogspot.com/_kL_C1q2fRZo/SairYBUBtsI/AAAAAAAAAFg/GyRpMviliGQ/S760/capoeira+03.jpg Pencak Indonésia

Seqüência de Bimba (8) Jogador 1 - bênção e aú de rolê. Jogador 2 - negativa e cabeçada.


http://angoleiro.files.wordpress.com/2008/12/traira.jpg Au Batido http://it.wikipedia.org/wiki/File:Lkick.jpg

.

Pintura do italiano Giovanni Battista Tiepolo, chamada Pulcinella and the Tumblers de 1797, época em que a ginástica renascia em apresentações públicas. A obra encontra-se no Museu Settecento Veneziano


FICA 26- CABEÇADA

REGIONAL 24 - CABEÇADA

ANGOLA 3 - CABEÇADA

ZUMA A CABEÇADA

Consiste em aplicarem-se pancadas com a cabeça contra o adversário (CBP, 1969). A cabeçada é um dos golpes preferidos na capoeiragem. Apesar de ser de simples execução, é dos mais perigosos, causando freqüentemente mortes. Para dar uma cabeçada, basta abaixar o corpo e lançar-se em direção ao adversário, atingindo-o pela cabeça (MANO LIMA, 2007, p. 73). A cabeçada é um golpe geralmente desferido para desequilibrar o adversário, atingindo no peito ou na barriga. Através da ginga o capoeirista lança sua cabeça pra frente contra o adversário. CABEÇADA VOADORA. A cabeçada é um golpe geralmente desferido para desequilibrar o adversário, atingindo no peito ou na barriga. Através da ginga o capoeirista lança sua cabeça pra frente contra o adversário. http://pt.wikipedia.org/wiki/Cabe%C3%A7ada_(capoeira) . Cabeçada: ato de empurrar o adversário com a cabeça. Também pode ser usado como golpe traumatizante, acertando com força o abdômen ou outra parte do corpo do adversário.

Gravura Cabeçada(Ilha Reunión) - Souvenirs D’’ un aveugle Escrito por Jacques Aragão. http://books.google.com/books?id=jBt5rS1S874C&printsec=toc&hl=es&source=gbs_v2_summary_r&cad=0


‘‘A NEGRO FIGHT IN SOUTH AMERICA’’ (VENEZUELA) herper´s weekli 1874. http://2.bp.blogspot.com/_VcRetvJqu_U/SxzxrdHOGaI/AAAAAAAAGbI/kTWDuR3_Qcc/s1600-h/bimba.bmp

(Moçambique) Viaje al rededor del mundo:(pag 60,61) recuerdos de un ciego ,Escrito por Jacques Aragão, François Aragão, Santiago Aragão, Publicado por Gaspar y Roig, 1851 http://books.google.com/books?id=y-Jh5z9lHeUC&hl=es


http://unicarportugal.no.sapo.pt/sequencia1.gif http://unicarportugal.no.sapo.pt/sequencia2.gif


MÉTODO DE BURLAMAQUI – A CABEÇADA: A cabeçada é dada muito simplesmente. Aproximando-se do adversário e abaixando-se repentinamente faz-se com que a cabeça bata ou na parte inferior dos queixos ou no peito, na barriga ou ainda no rosto. Este golpe é um segundo rabo de arraia pelas suas conseqüências porque, sendo bem dado, é demasiadamente terrível para quem o leva.

Fonte: SANTOS, Esdras Magalhães dos (Mestre Damião ). A VERDADEIRA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA LUTA REGIONAL BAHIANA DO MESTRE BIMBA in http://www.capoeiradobrasil.com.br/liga_2.htm

CAPOEIRA REGIONAL (MESTRE BIMBA) – A CABEÇADA: Este golpe é uma verdadeira “marrada” desferida com violentíssimo impulso no meio da cara ou no peito do indivíduo. Sua aplicação requer muita malícia. O golpe em causa já existia desde a Capoeira primitiva (Angola).

Fonte: SANTOS, Esdras Magalhães dos (Mestre Damião ). A VERDADEIRA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA LUTA REGIONAL BAHIANA DO MESTRE BIMBA in http://www.capoeiradobrasil.com.br/liga_2.htm


Gravura de um belo “furdunço” entre capoeiras ocorrido no Rio de Janeiro, no final do século XVIII, publicada em uma revista da época.. Fonte: SANTOS, Esdras Magalhães dos (Mestre Damião ). A VERDADEIRA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA LUTA REGIONAL BAHIANA DO MESTRE BIMBA in http://www.capoeiradobrasil.com.br/liga_2.htm

Credit: Studies of gestures and postures of wrestlers, from a Manga (colour woodblock print), Hokusai, Katsushika (1760-1849) Libraryhttp://www.bridgemanart.com/image.aspx?key=&categoryid=2ccd2910-


CapoeiraCabecada_ST_05.jpg (800 Ă— 600 pixel, tamanho do ficheiro: 110 KB, tipo MIME: image/jpeg) http://www.solbrilhando.com.br/Esportes/Capoeira/Golpes.htm


FICA

REGIONAL

12- CHAPA 16- CHAPA DE COSTAS

26 - CHAPA 27- CHAPA DE COSTAS

ANGOLA

ZUMA

9 - CHAPA DE COSTAS 10 - CHAPA DE FRENTE

Golpe aplicado com a planta do pé sobre o tórax do adversário (PASTINHA, 1988). A chapa inicia-se, com o martelo, numa negativa. Após o giro, quando o corpo se equilibra sobre os pés e as mãos, uma das pernas é lançada em direção ao oponente com o calcanhar à frente. (MANO LIMA, 2007, p. 850. Chapa é um golpe de capoeira executado com a ““chapa”” do pé. Pode ser de frente (chapa de frente) ou de costas (chapa de costas). A Chapa de Frente: Movimento semelhante a benção só que executado com lado do atacante. O atacante pode simular um martelo e esticar a perna abruptamente acertar com a chapa do pé o adversário. A Chapa de Costas: É o mesmo da Chapa de Frente só que com um giro. O atacante pode simular uma armada e abruptamente ainda com as costas para o adversário esticar a perna. CHAPA CONTRA AÚ LATERAL; CHAPA DE CHÃO; CHAPA DE CODSTAS; CHASPA DE FRENTE; CHAPA EM PÉ; CHAPA GIRATÓRIA; CHAPA NO CHÃO; CHAPA PULADA. Chapa é um golpe de capoeira executado com a "sola" do pé. Pode ser de frente (chapa de frente) ou de costas (chapa de costas). A Chapa de Frente: Movimento semelhante a benção só que executado com lado do atacante. O atacante pode simular um martelo e esticar a perna abruptamente acertar com a chapa do pé o adversário. Este golpe também pode ser conhecido como "esporão". A Chapa de Costas: É o mesmo da Chapa de Frente só que com um giro. O atacante pode simular uma armada e abruptamente ainda com as costas para o adversário esticar a perna. http://pt.wikipedia.org/wiki/Chapa_(capoeira) Chapa: também conhecida como chapa de chão. Coice aplicado com uma das pernas estando em posição de rolê (com as duas mãos e pés ao chão, com o corpo virado para o chão e as costas para cima).

[...] onde depreendemos estarmos diante de dois movimentos conhecidos no contexto atual da luta brasileira, como ginga e benção/escorão/chapa[...]”. (ARAÚJO e JAQUEIRA, 2008, p. 8087)12

Negroes fighting, Brazil”” c. 1824. Autor Augustus Earle (1793-1838) - Painting by Augustus Earle depicting an illegal capoeiralike game in Rio de Janeiro (1824)Fonte English Wikipedia, original: http://hitchcock.itc.virginia.edu/Slavery/detailsKeyword.php?keyword=NW0171&recordCount=2&theRecord=0


Diamanga malgache journal: 1936/01/29 (A3,N144). formato original: http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k54276490.r=diamanga.langES

http://cap-dep.blogspot.com/search/label/1890-BRASIL-Capoeiragem%20prohibido


Metodo Amor贸s (Savate)

Credit: Boxing Lesson by Charles Charlemont (1862-1942), 1906 (b/w photo), French Photographer, (20th century) / Bibliotheque des Arts Decoratifs, Paris, France / Archives Charmet / The Bridgeman Art Library


Gravura de um belo “furdunço” entre capoeiras ocorrido no Rio de Janeiro, no final do século XVIII, publicada em uma revista da época.. Fonte: SANTOS, Esdras Magalhães dos (Mestre Damião ). A VERDADEIRA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA LUTA REGIONAL BAHIANA DO MESTRE BIMBA in http://www.capoeiradobrasil.com.br/liga_2.htm

FOTO:http://saladepesquisacapoeira.blogspot.com/2009/05/juego-de-imagenes-mujeres.html


1724-MARTINICA-Ladja descrito port el Padre Labat. Fuente: libro: Padre LABATt ““Nouveau vogage ause iles de l’’Amérique””, París 1742 http://unesdoc.unesco.org/images/0003/000385/038520sb.pdf

FICA 34- Cotovelo

REGIONAL 32 - Cotovelo

ANGOLA

ZUMA

12 - Cotovelada

Cotovelada: golpe com o cotovelo em qualquer parte do corpo do adversário.

FICA 33- Cutila

REGIONAL 36 - Cutila

ANGOLA

ZUMA

13 - Cutilada De Mão

É o ato de aparar ou contragolpear um martelo com a mão fechada contra a perna do adversário. Faz-se um movimento de giro com o antebraço, de cima para baixo e de dentro para fora. A parte que apara ou golpeia é a lateral externa do punho (CBP, 1969). (LIMA, 2007, p. 95). CUTILADA DE MÃO – golpe que se aplica com a mão, em forma de cutelo, sobre numerosas partes do corpo (Pastinha, 1974).

FICA 01- Ginga

REGIONAL 45 - Ginga

ANGOLA

ZUMA

15 - Ginga

Movimento característico da capoeira que consiste na sincronia de braços e pernas, executada pelo capoeirista em vai-e-vem harmônico de avanços e recuos, iludindo o adversário e buscando a melhor oportunidade para desferir seus golpes e contragolpes (CBP, 1969) (LIMA, 2007, p. 113). A ginga é o movimento básico da capoeira. É a parte da "dança" da capoeira. É comum esconder na ginga a malandragem do capoeirista e enganar o adversário. O termo Mandingueiro é popularmente utilizado pelos capoeiristas como definição para um capoeirista malandro, que utiliza a ginga de uma forma que engana o adversário fanzendo-o pensar em um possível movimento caindo na tramóia e recebendo outro golpe diferente. A ginga serve também para descanso, mas não tirando a possibilidade de ataque e contra-ataque. É a dança que se usa antes de atacar o oponente, com objectivo de distraí-lo, e também uma oportunidade para raciocinar a luta (pensar nos golpes). http://pt.wikipedia.org/wiki/Ginga_(capoeira)

[...] O que mais podemos extrair desta imagem, é a presença de uma movimentação rítmica configurada pelo movimento alternado das pernas e conhecida contemporaneamente por ginga, isto, sem qualquer auxílio de instrumentos musicais para a sua exercitação, indiciando portanto, a não obrigatoriedade destes no seu contexto de expressividade, e muito menos a subordinação ao berimbau”. (p. 72-73).


ARAUJO, Paulo Coelho de; JAQUEIRA, Ana Rosa Fachardo. DO JOGO DAS IMAGENS ÀS IMAGENS DO JOGO – nuances de interpretação iconográfica sobre a Capoeira. Coimbra-Portugal: Centro de Estudos Biocinéticos, 2008

[...] onde depreendemos estarmos diante de dois movimentos conhecidos no contexto atual da luta brasileira, como ginga e benção/escorão/chapa[...]”. (ARAÚJO e JAQUEIRA, 2008, p. 80-87)12

Negroes fighting, Brazil”” c. 1824. Autor Augustus Earle (1793-1838) - Painting by Augustus Earle depicting an illegal capoeiralike game in Rio de Janeiro (1824)Fonte English Wikipedia, original: http://hitchcock.itc.virginia.edu/Slavery/detailsKeyword.php?keyword=NW0171&recordCount=2&theRecord=0


FICA

REGIONAL

ANGOLA

15- Joelhada

53 - Joelhada

16 - Joelhada

ZUMA

Movimento por meio do qual o capoeirista ataca a cabeça ou o abdômen do adversário com o joelho dobrado (LIMA, 2007, p. 126).

FICA

REGIONAL

ANGOLA

ZUMA

17- Meia Lua de Frente 58 - Meia-Lua De Frente 18 - Meia-Lua De Frente 24- Meia Lua de Compasso 57 - Meia-Lua De Compasso 17 - Meia-Lua De Costas Meia-lua é o nome dado a um movimento de capoeira, que se executa erguendo-se o pé, empurrando-o para fora e puxando para dentro em forma de uma meia lua. Quando chega à frente da outra perna encolhe-se. Este golpe tem duas formas de execução: Meia-Lua de Frente: A partir da posição com pés paralelos da ginga estica-se a perna (também o pé) do golpe e se faz um desenho de meia-lua acertando o alvo (cabeça) com a lateral interna do pé e depois retornando o pé paralelo ao outro continuando então a ginga. Meia-Lua de Compasso: A partir de ginga o atacante coloca as mãos entre as pernas para servir de apoio, então, impulsiona a perna de trás (esticada) fazendo um giro de 360° que projetada acerta com o calcanhar as costelas do adversário. O alvo do golpe pode variar conforme a situação. http://pt.wikipedia.org/wiki/Meia-lua Meia-lua de compasso: também conhecida por rabo-de-arraia, sendo a meia-lua de compasso uma variação do golpe rabo-de-arraia que vem da capoeira angola. Ficando de lado, agacha-se sobre a perna da frente, estendendo a perna de trás. Faz-se um movimento de rotação varrendo a horizontal com a perna de trás esticada, apoiando-se na perna da frente, terminando em posição de ginga. O corpo do aplicante fica rente à perna da frente sobre a qual ele está agachado. O aplicante pode colocar as duas mãos ao chão para aumentar a sua segurança, ou apenas uma ou nenhuma mão.

Sequencia de Bimba (1) Jogador 1 - meia-lua de frente, meia lua de frente, bênção e aú. Jogador 2 - Cocorinha, cocorinha, negativa e cabeçada.

Sequencia de Bimba (6) Jogador 1 - meia-lua de compasso, cocorinha, joelhada lateral, aú de rolê. Jogador 2 - cocorinha, meia-lua de compasso, negativa e cabeçada.


A meia-lua de base é um movimento de capoeira no qual é usado o calcanhar para se acertar o adversário A meia-lua de compasso é um movimento de capoeira no qual é usado o calcanhar para se acertar o adversário, girando-se com uma das mãos no chão, colocando-as para parte de dentro da ginga. A meia-lua de frente é um movimento de capoeira no qual é usado o calcanhar para se acertar o adversário.

http://www2.webng.com/portaldacapoeira/meialuadebase.html http://www2.webng.com/portaldacapoeira/meialuadecompasso.html http://www2.webng.com/portaldacapoeira/meialuadefrente.html

FICA 07- Negativa

REGIONAL 60 - Negativa

ANGOLA

ZUMA

19 - Negativa

Esquiva que o praticante de capoeira faz, descendo ao solo, apoiado em uma das pernas e com a outra esticada. As duas mãos vão ao chão, sendo que, se estivesse do lado da perna esticada, sua característica é quase que exclusivamente de defesa. Porém, se as mãos estiverem para o lado da perna dobrada, propicia ao executor a oportunidade de aplicar uma rasteira logo em seguida. Em uma de suas variações, quando as mãos estiverem viradas para o lado da perna dobrada, elas poderão não ir ao solo, permanecendo à altura do tronco e do tórax, em posição de defesa (II Simpósio de Capoeira, 1969, in LIMA, 2007, p. 151) Negativa de Angola – o capoeirista na posição da negativa, apóia as duas mãos no chão do lado da perna que está estendida e olha para o adversário por baixo do braço do lado da perna que está dobrada (HTTP://spaziowind.libero.ir, in LIMA, 2007, p. 151)

Sequencia de Bimba (8) Jogador 1 - bênção e aú de rolê. Jogador 2 - negativa e cabeçada.


FICA 25- Queda de Rins

REGIONAL 69 - Queda De Rins

ANGOLA

ZUMA

20 - Queda De Rins

Exercício de equilíbrio em que o capoeirista se apóia nos braços, encostando a cabeça no chão (Vieira, 1995, in LIMA (2007, p. 167). Esquiva em forma de rolamento, na qual o praticante de capoeira vai ao chão, rola por cima da cabeça, mas apoiado num dos braços à altura do seu rim. Ao final do golpe, estará normalmente em posição de negativa ou resistência (II Simpósio de Capoeira, 1969). Quebra de rins - Movimento de capoeira onde a pessoa finaliza um Aú, ou qualquer outro movimento similar, dobrando o braço de apoio (o que é usado para "sair" do aú) e levando o 'cotovelo' em direção ao abdomen, na altura dos rins, fazendo assim com que seu corpo fique apoiado sobre o braço dobrado, enquanto o outro braço permanece na altura da cabeça, até que um de seus pés cheguem a tocar no chão. Neste ponto, deve-se fazer o movimento chamado negativa para conseguir finalizar o movimento. Ao chegar nesta posição (negativa), pode-se levantar usando um outro movimento chamado rolê ou apenas "sair da negativa", se levantando mantendo a posição de base da capoeira, dando sequencia com outro golpe ou apenas gingando. Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Quebra_de_rins"

FICA 09- Rasteira

REGIONAL 71 - Rasteira

ANGOLA 22 - Rasteira

ZUMA A RASTEIRA

Movimento ardiloso, rápido e brusco, que consiste em meter o pé ou a perna entre as de outra pessoa, em luta, jogo ou simples brincadeira, e provocar-lhe a queda; calço, cambapé, pernada, rabanada, transpés, travessa (Rego, 1968). Há duas classes: antigas e modernas. A rasteira antiga applicada com o pé direito, quando o adversário nos apresentar toda a frente ou que estiver de flanco esquerdo avançado. É preciso tapeá-lo com a primeira negaça e em seguida atirar com a perna direita para deante, violentamente, de modo que a parte interior do tacão (ou calcanhar) vá bater com força sobre o lado exterior do pé esquerdo do adversário entre o ornozelo e o terreno, tentando deslocálo... A rasteira moderna é mais aplicável quando estiver o adversário com as pernas separadas uma das outra. Dá-se com qualquer dos pés lateralmente, do interior para o exterior ou vice-versa, sobre a cannela da perna avançada do adversário provocando-lhe dor além da contusão (ODC, 1907). MANO LIMA, 2007, p. 172). A rasteira é um golpe simples de capoeira que consiste em apoiar as mãos no chão e rodar a perna, num ângulo de 360º, ate que c encaixe por tras do pe do adversario e entao o arrasta pra voce com o objetivo de derrubar o adversário. RASTEIRA BAIANA; RASTEIRA DE ARRANQUE; RASTEIRA DE MÃO; RASTEIRA DE MEIA-LUA PRESA; RASTEIRA DEITADA; RASTEIRA EM PÉ. A rasteira é um golpe simples de capoeira que consiste em apoiar as mãos no chão e rodar a perna, num ângulo de 360º, ate que se encaixe por trás do pé do adversário e então o arrasta pra si com o objetivo de derrubar o adversário. http://pt.wikipedia.org/wiki/Rasteira Rasteira de mão: puxa-se a perna de apoio do adversário quando este está aplicando um golpe (normalmente, golpe de giro alto) usando as mãos. Golpe utilizado em raríssimas oportunidades. Rasteira: passa a perna rente ao chão em um movimento circular ou semicircular puxando a perna do adversário desequilibrando-o. Pode ser aplicada estando em pé ou abaixado.

fonte: SANTOS, Esdras Magalhães dos (Mestre Damião ). A VERDADEIRA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA LUTA REGIONAL BAHIANA DO MESTRE BIMBA in http://www.capoeiradobrasil.com.br/liga_2.htm


http://www.portalventrelivre.com/wp-content/uploads/2009/08/capoeira_escravos.jpg

MÉTODO DE BURLAMAQUI - A RASTEIRA: O jogador da capoeiragem póde dar a rasteira em pé ou descahido (quasi deitado). Dando este golpe descahido pode-se também dar á este golpe o nome de corta-capim. Para se chamar uma rasteira verdadeira é preciso que seja dada em pé, isto é, que o jogador esteja rijo, firme. No entretanto, é muito commum, ainda, entre nós, um bom capoeira abaixar-se e, apoiando-se nas mãos (á guiza de corta-capim) e no pé esquerdo ou direito, arrastar célere o pé direito (é conforme o pé que se apóia) estendido; naturalmente o contendor se fôr pouco esperto tomba a fio de comprido. Fonte: SANTOS, Esdras Magalhães dos (Mestre Damião ). A VERDADEIRA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA LUTA REGIONAL BAHIANA DO MESTRE BIMBA in http://www.capoeiradobrasil.com.br/liga_2.htm MÉTODO DE BURLAMAQUI - O RAPA: Rasteira dada pegando-se a guiza de rapagem nos calcanhares, isto é, no lado de fóra do pé do adversário (pé direito ou esquerdo).

Fonte: SANTOS, Esdras Magalhães dos (Mestre Damião ). A VERDADEIRA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA LUTA REGIONAL BAHIANA DO MESTRE BIMBA in http://www.capoeiradobrasil.com.br/liga_2.htm


CAPOEIRA REGIONAL (MESTRE BIMBA) – RASTEIRA DEITADA E EM PÉ: RASTEIRA: Comece gingando. Caindo para trás, apóie-se no solo com as mãos e procure derrubar o adversário, arrastando-o violentamente, com a perna bem estirada. BANDA TRAÇADA: Procure dar uma pancada com a coxa na perna do seu oponente, desequilibrando-o, para em seguida arrasta-lo com a mesma perna (RASTEIRA). Ele se defende com o ROLÊ ou SAÍDA-DE-AÚ defende com o ROLÊ ou SAÍDA-DE-AÚ.

Fonte: SANTOS, Esdras Magalhães dos (Mestre Damião ). A VERDADEIRA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA LUTA REGIONAL BAHIANA DO MESTRE BIMBA in http://www.capoeiradobrasil.com.br/liga_2.htm

Mestre Caiçara e Aluno – BAHIA – 1970


O calço ou a rasteira” .Kalixto, 1906.

http://www2.webng.com/portaldacapoeira/rasteira.html

WEST JAVA – PENCAK SIMPLI (serimpi) from d’Eerste Boeck 1579 PENCAK SILAT


FICA

REGIONAL

46- Tesoura de Frente

75 - Tesoura De Frente

47- Tesoura de costas

74 - Tesoura De Costas

ANGOLA 24 - Tesoura De Angola

ZUMA A THESOURA

Movimento no qual o praticante de capoeira procura envolver o corpo do seu adversário com as suas pernas em forma de tesoura, procurando desequilibrá-lo. A entrada poderá ser efetuada de frente u de costas (II Simpósio de Capoeira, 1969, in LIMA, 2007, p. 186). TESOURA DE AÚ; TESOURA EM AMBAS AS PERNAS; TESOURA EM UMA PERNA; TESOURA FECHADA; TESOURA DE CHÃO; TESOURA TRANCADA; TESOURA VOADORA. Tesoura: envolve o adversário com as pernas e depois gira o corpo para desequilibrá-lo. A mesma pode ser aplicada no chão por trás ou pela frente. Também pode ser aplicada no alto, salta-se antes de aplicar a mesma, que também pode ser pela frente ou por trás.

MÉTODO DE BURLAMAQUI – A THESOURA: É dada (o que vae dar a thesoura joga-se ao chão com a barriga para baixo ou para cima), cruzando ao mesmo tempo as pernas com as do adversário e, virando-as violentamente, faz com que o adversário caia para o lado esquerdo ou direito.

Fonte: SANTOS, Esdras Magalhães dos (Mestre Damião ). A VERDADEIRA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA LUTA REGIONAL BAHIANA DO MESTRE BIMBA in http://www.capoeiradobrasil.com.br/liga_2.htm

CAPOEIRA REGIONAL - (MESTRE BIMBA) - A TESOURA: A tesoura já existia desde quando Mestre Bimba praticava a Capoeira Angola. Com a criação da Regional ele instituiu a tesoura aberta (de costas) e posteriormente a de frente e a de lado. Note que nenhuma das pernas de quem aplica o golpe é introduzida entre as pernas do adversário.

Fonte: SANTOS, Esdras Magalhães dos (Mestre Damião ). A VERDADEIRA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA LUTA REGIONAL BAHIANA DO MESTRE BIMBA in http://www.capoeiradobrasil.com.br/liga_2.htm


FICA 22- ARMADA

REGIONAL

ANGOLA

ZUMA

4 - ARMADA

Golpe com a perna para desviar a mão armada do adversário. Aplica-se em pé e consiste em firmar-se um pé no chão e, com a outra perna livre, fazer um movimento de rotação, varrendo no horizontal, atingindo o adversário com a parte lateral externa do pé. (MANO LIMA, 2007, p. 51). A armada é um movimento de capoeira que pode ser aplicado pulando, duplamente, com as duas pernas ou apenas com uma. A armada é uma pernada giratória aplicada com o tronco ereto. O giro dado no golpe funciona como esquiva. Aplica-se estando em pé, e consiste em firmar-se com um pé no chão e com a outra perna livre, fazendo um movimento de rotação, varrendo na horizontal, atingindo o adversário com a parte lateral externa do pé : ARMANDA COM MARTELO; ARMADA DE COSTAS; ARMADA DUPLA; ARMADA PULADA; ARMADA SOLTA A armada é um movimento de capoeira que pode ser aplicado pulando, duplamente, com as duas pernas ou apenas com uma. A armada é uma pernada giratória aplicada com o tronco ereto. O giro dado no golpe funciona como esquiva. Aplica-se estando em pé, e consiste em firmar-se com um pé no chão e com a outra perna livre, fazendo um movimento de rotação, varrendo na horizontal, atingindo o adversário com a parte lateral externa do pé. In http://pt.wikipedia.org/wiki/Armada_(capoeira) Armada: também conhecida por meia-lua de costas, a armada aplica-se estando em pé. Através de um movimento de rotação, um pé fica firme ao chão enquanto o outro sobe varrendo a horizontal atingindo o adversário com a parte externa do pé.

Armada Pulada (Armada com Martelo)

Sequencia de Bimba (2) Jogador 1 - martelo, martelo, cocorinha, benção e aú de rolê. Jogador 2 - rasteira, rasteira, armada, negativa e cabeçada.


FICA 39- Arrastão

REGIONAL

ANGOLA

9 - Arrastão

ZUMA O ARRASTÃO

“Deixa-se cair para traz e apoiando-se nas mãos mettese-se aos pé à frente,m com violência, sobre o adversário” (Burlamaqui, 1928,m in LIMA, 2007, p. 52). ARRASTÃO-NEGATIVA; ARRASTÃO-NEGATIVA BATENDO; ARRASTÃO-NEGATIVA EMPURRANDO; Arrastão da negativa: estando em posição de negativa, coloca-se a perna estendida atrás de uma das pernas do adversário e aplica-se um puxão, visando derrubá-lo.

FICA 40- Baiana

REGIONAL 13 - Baiana

ANGOLA

ZUMA A BAHIANA

Joelhada que se dá depois de se haver saracoteado para tapear o inimigo (Abreu, 1886, in LIMA, 2007, P. 59). “Corre-se no adversário e assim se chega bem próximo delle, abaixa-se com a máxima ligeireza e o segurando com firmeza pelas pernas faz-se que elle caia repentinamente para traz, num arranco busco (Burlamaqui, 1928, im LIMA, 2007, p. 59). baiana ou abaianada é um golpe de capoeira em que o capoeirista num determinado momento da ginga, no meio da dança, abaixa bruscamente e com o movimento dos braços pega seu oponente pelas pernas, puxando para frente e derrubando-o. Uma espécie de rasteira com as mãos. É um golpe rápido e que pode pegar o oponente distraído. Apenas é um golpe neutralizante. em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Baiana_(capoeira)"


FICA 45- Banda de Costas 43- Banda Lisa

REGIONAL

ANGOLA

16 - Banda De Costas 17 - Banda Lisa 18 - Banda Traçada

ZUMA A BANDA DE FRENTE A BANDA AMARRADA A BANDA JOGADA A BANDA FORÇADA

44- Banda Traçada

É uma rasteira com a perna semiflexionada, aplicada em pé (Descrição da Terminologias, CBP, 1969, in LIMA, 2007, p. 61). BANDA AMARRADA; BANDA DE COSTAS; BANDE DE FRENTE; BANDE DE LADO; BANDA FORÇADA; BANDA JOGADA; BANDA LISA ACOMPANHADA; BANDA MENTAL; BANDA TRANÇADA; BANDA TRANÇADA DE FRENTE. Consiste em derrubar o oponente mirando nas pernas usando também as pernas. Também conhecida como rasteira. http://pt.wikipedia.org/wiki/Banda_(capoeira) Banda: estando em pé, aplica-se uma rasteira com a perna semi-flexionada. Também conhecida popularmente como “pé-de-rodo”. Banda de costas: também conhecida como banda trançada. Estando em pé, coloca-se uma das pernas atrás de uma das pernas do adversário, então puxa a perna podendo empurrar o adversário para frente com o corpo ou braço.

MÉTODO DE BURLAMAQUI - A BANDA DE FRENTE: É uma segunda rasteira, porém é dada sendo ajudada com o joelho da perna com que se dá a rasteira, isto é, o joelho empurra naturalmente as pernas adversárias, pegando-as pela frente.

Zuma Banda jogada

FICA 42- Baú

REGIONAL 19 - Baú

Zuma Banda amarrada

ANGOLA

ZUMA O BAHU

É dado com a barriga para o levantamento do adversário (auxilia na bahiana, banda e rapa). É muito praticado nos ‘batuques lisos’ e sambas (Burlamaqui, 1928, im LIMA, 2007, p. 59)


FICA 10- BENÇÃO

REGIONAL

ANGOLA

ZUMA

20 - BENÇÃO

No jogo da capoeira, golpe desferido com a sola dom pé em qualquer parte do corpo do adversário, preferencialmente no peito. Também chamada de ‘chapa de frente’. Golpe aplicado com o pé para jogar o adversário no chão; durante o batizado, depois de escolhido o nome do capoeirista, todos batiam palmas. Então, o mestre dizia ‘a bênção do padrinho’; assim, o calouro, ao estender a mão para o formado que o batizou, recebia uma benção. (MANO LIMA, 2007, p. 650. A bênção é um movimento da capoeira que visa acertar do abdômen para cima do adversário, cuja perna de trás da ginga é esticada para frente em linha reta visando empurrar ou deslocar o adversário e não bater (como alguns grupos fazem) – BENÇÃO DE LADO; BENÇÃO DE MÃO. A bênção é um movimento da capoeira que visa acertar do abdômen para cima do adversário, cuja perna de trás da ginga é esticada para frente em linha reta visando empurrar ou deslocar o adversário e não bater (como alguns grupos fazem). A "benção" era pronunciada pelos negros de "bença", este golpe pode ser traumatizante (bater), ou desequilibrante (empurrar). Dependendo do professor ele varia entre um ou outro. Em alguns casos são ensinados as duas possibilidades. http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%AAn%C3%A7%C3%A3o_(capoeira) Benção: estando em base de ginga, atinge-se o adversário com perna de trás, usando a planta dos pés. Assim, o aplicante empurra o adversário.

[...] onde depreendemos estarmos diante de dois movimentos conhecidos no contexto atual da luta brasileira, como ginga e benção/escorão/chapa[...]”. (ARAÚJO e JAQUEIRA, 2008, p. 8087)12

Negroes fighting, Brazil”” c. 1824. Autor Augustus Earle (1793-1838) - Painting by Augustus Earle depicting an illegal capoeiralike game in Rio de Janeiro (1824)Fonte English Wikipedia, original: http://hitchcock.itc.virginia.edu/Slavery/detailsKeyword.php?keyword=NW0171&recordCount=2&theRecord=0

Reminiscencias malayas en la Capoeira


foto: L’’école à l’’Ile de La Réunion entre les deux guerres Escrito por Paule Fioux, Louis Porcher http://books.google.es/books?id=Yrc-NTD2pYoC&dq=moringue&lr=&as_brr=3&source=gbs_navlinks_s

Sequencia de Bimba (8) Jogador 1 - bênção e aú de rolê. Jogador 2 - negativa e cabeçada.

http://www2.webng.com/portaldacapoeira/bencao.html


Cultura Malgache en BahĂ­a

foto:Young Malagasy boys wrestling ringa Madagascar 1900 http://saladepesquisacapoeira.blogspot.com/search/label/1720-***Malgaches%20bautizados%20es%20Brasil


http://4.bp.blogspot.com/_VcRetvJqu_U/SsTqVCUxgSI/AAAAAAAAGHM/MeMhLE8veiE/s1600-h/zzz34.jpg

FICA

REGIONAL

36- Bochecho

ANGOLA

ZUMA

22 - Bochecho

Com a parte frontal da mão (metatarso), o capoeirista cruza os dois braços no sentido do rosto do adversário e o atinge na altura do queixo (Goes, 2005, in Lima, 2007, p. 69).

FICA

REGIONAL

14- Calcanheira

ANGOLA

ZUMA

25 - Calcanheira

Contragolpe aplicado contra o adversário quando este tenta desferir uma cabeçada. Neste caso, o capoeirista joga o calcanhar para trás, buscando atingir a face do adversário (Saci, 2005, in LIMA, 2007, p. 74-75).

FICA

REGIONAL

ANGOLA

53- CHAMADA DA PALMA DE FRENTE

6 - CHAMADA DA PALMA DE FRENTE

54- CHAMADA ABERTA DE FRENTE

5 - CHAMADA ABERTA DE FRENTE

55- CHAMADA ABERTA DE COSTAS

4 - CHAMADA ABERTA DE COSTAS 7 - CHAMADA DE ENTRADA NA BARRIGA

56- CHAMADA DE ENTRADA NA BARRIGA 57- CHAMADA DO SAPINHO

ZUMA

8 - CHAMADA DO SAPINHO

Chamada – um dos rituais da capoeira tradicional, também conhecida como passagem (Rego, 1968, in LIMA, 2007, p. 85). CHAMADA AO PÉ DA CRUZ - chamada do jogo de Angola que tem como objetivo testar a técnica de seu oponente e, ao mesmo tempo, é usada para o capoeirista descansar; CHAMADA DE ANGOLA – ritual no jogo de Angola, destinado a diferentes funções, entre as quais quebrar a evolução do adversário que estiver em movimento; recuperar a energia e a evolução do jogo e testar os conhecimentos do adversário (Squisito, 2006, in LIMA, 2007, p. 85); Momento de ruptura na roda de capoeira quando os jogadores dançam abraçados para frente e para trás, até que um, subitamente, desarme a chamada, misto é, aplique um golpe qualquer sobre o adversário, reiniciando o jogo (Couto, 1999, in LIMA, 2007, p. 85).


FICA 49- Chapéu de Couro

REGIONAL

ANGOLA

ZUMA

28 - Chapéu De Couro

Golpe desferido na posição do aú. Com uma das pernas o capoeirista aplica um movimento de ataque sobre o outro, na forma de um chute de cima para baixo. (Squisito, 2006, in LIMA, 2007, p. 86). É o ato de sair de uma esquiva, ou seja, de ir para uma posição de queda de três, tirando uma mão do chão, esticando uma perna, lançando o corpo, enquanto uma perna serve de base, a outra ataca (Odilon, 2005, in LIMA, 2007, p. 86).


FICA 35- Desprezo

REGIONAL

ANGOLA

ZUMA

38 - Desprezo

Soco aplicado lateralmente, com o dorso da mão (LIMA, 2007, p. 98)

FICA 27- Escorrumelo

REGIONAL

ANGOLA

ZUMA

ANGOLA

ZUMA

41 - Escurrumelo

Não foi encontrada descrição

FICA 19- Esporão

REGIONAL 42 - Esporão

Golpe traumatizante em que o capoeirista cruza uma das pernas por trás da outra, deixando o corpo de lado, elevando a perna que está na frente, flexionando-a e batendo o calcanhar na cabeça do adversário (HTTP:/spazioinwind.libero.it) Esporão: também conhecido como chapa rodada ou chapa de costas. Aplica-se o escorão, porém a perna de trás passa por trás do aplicante em um movimento de giro semelhante à armada.

FICA 32- Forquilha

REGIONAL

ANGOLA

ZUMA

43 – Forquilha

Forquilha: é a ação de introduzir um ou mais dedos nos olhos do adversário.

FICA 30- Galopante

REGIONAL

ANGOLA

ZUMA

44 - Galopante

Tapa na cara. Galopante é um golpe deferido contra o adversário no qual o capoeirista utiliza da ginga para dar velocidade ao braço que atingirá o adversário tirando-o do compasso. É semelhante ao soco cruzado, mas com a mão aberta e com o impulso da ginga. http://pt.wikipedia.org/wiki/Galopante Galopante: aplica-se uma mão em forma de concha contra o ouvido do adversário

Sequencia de Bimba (4) Jogador 1 - godeme, godeme, arrastão e aú de rolê. Jogador 2 - 2 parada de godeme, galopante, negativa e cabeçada. http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://lh3.ggpht.com/_MARp4qSlMvU/SiRJDUmNnaI/AAAAAAAAAPA/O02nIzd1G 5o/sequencia6.gif&imgrefurl=http://omandinguero.blogspot.com/2009_06_01_archive.html&usg=__R477GbXv4MFJTojcTNYDN3M-A0=&h=261&w=481&sz=6&hl=ptBR&start=1&tbnid=xGLM7LmLEMqgzM:&tbnh=70&tbnw=129&prev=/images%3Fq%3Djoelhada%2B%252B%2Bcapoeira%26 gbv%3D2%26hl%3Dpt-BR


FICA

REGIONAL

21- Giro

ANGOLA

ZUMA

46 - Giro Da Sereia

Esquiva em que o praticante de capoeira executa, com a finalidade de sair da direção do golpe inimigo, mas mantendo-se me pé, limitando-se simplesmente a fazer um ‘giro’ em um dos pés, vindo a colocar-se quase que ao lado do inimigo, podendo assim desferir, em seguida, um golpe traumatizante de curta distância – cotovelada, tapa, etc. (II Simpósio de Capoeira, 1969, in LIMA, 2007, p. 113. Giro de cabeça é o movimento que o capoeirista coloca a cabeça no chão e da o impulso do giro fazendo um movimento giratorio similar ao giro de mão. http://pt.wikipedia.org/wiki/Giro_de_cabe%C3%A7a Giro de mão é um golpe semelhante a um pião, onde o capoeirista dá um impulso e gira com a mão no chão. Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Giro_de_m%C3%A3o"

FICA

REGIONAL

29- Godeme

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47 - Godeme

Golpe traumatizante aplicado com o cotovelo ou com as mãos sobre o adversário

Sequencia de Bimba (4) Jogador 1 - godeme, godeme, arrastão e aú de rolê. Jogador 2 - 2 parada de godeme, galopante, negativa e cabeçada.

FICA

REGIONAL

02- Guarda Alta (Posição Base)

52 - Guarda Alta

03- Guarda Média (Esquiva Lateral)

51 - Guarda Média

04- Guarda Baixa (Cocorinha)

50 - Guarda Baixa

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ZUMA

Nome genérico dado às posições defensivas na capoeira. A primeira posição da capoeiragem, é característica, é essencial, indispensável em toda sua integridade ao exercício de tão perseguida e tão útil gymnastica. E por essa bellica attitude que se começa a apre4ndizagem da capoeiragem. Preparar. Attenção. Em guarda (Burlamaqui, 1928, in LIMA, 2007, p. 115). GUARDA BAIXA

Zuma – Guarda


FICA

REGIONAL

11- MARTELO

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ZUMA

56 – MARTELO

Golpe que se caracteriza por um pequeno giro no quadril que, conseqüentemente, gira o calcanhar que servirá de base. Nesse momento, levante-se o joelho, estica-se a perna e o alvo é atingido com o peito do pé. (Freitas, 2005, in LIMA, 2007, p. 142). MARTELO CRUZADO; MARTELO EM PÉ; MAERTELO NO CHÃO; MARTELO RODADO; MARTELO VOADOR. Martelo é o nome dado a um movimento de capoeira , que se executa erguendo-se a perna ao mesmo tempo que o corpo é deixado de lado, batendo com a parte de cima do pé. Os principais alvos são costelas e cabeça sendo acertados pela lateral. http://pt.wikipedia.org/wiki/Martelo_(capoeira) . O martelo cruzado é um golpe de Capoeira. O jogador dá um salto, girando para o lado em que o oponente será atingido, para apanhar balanço. De seguida, o jogador utiliza a parte superior do pé para atingir a cabeça do adversário. Este golpe é baseado no martelo. Também conhecido como martelo rodado ou parafuso. Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Martelo_Cruzado_(capoeira)" Martelo: estando em pé, a perna de trás sobe lateralmente, flexionada depois estende-se para atingir o adversário. Também pode ser aplicado com uma mão apoiando-se no chão, onde a mão que vai ao chão é a oposta à perna que aplica o golpe.

Sequencia de Bimba (2) Jogador 1 - martelo, martelo, cocorinha, benção e aú de rolê. Jogador 2 - rasteira, rasteira, armada, negativa e cabeçada.

http://www.nupep.org/capoeiramistica/curso2_arquivos/aula10.jpg FICA 28- Palma

REGIONAL 61 – Palma

Não foi encontrada descrição

ANGOLA

ZUMA


FICA

REGIONAL

20- Ponteira

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ZUMA

64 – Ponteira

Ponteira é um golpe frontal em que o capoeirista usa a ponta do pé para atingir o adversário. É um golpe que sai de baixo para cima, semalhante ao martelo, diferindo por ser frontal e não lateral. Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Ponteira" Ponteira: golpe que atinge o adversário com a perna de trás utilizando a parte debaixo dos dedos, na planta do pé, semelhante ao bicão/bicuda do futebol. Normalmente, mira-se a região abdominal do adversário O capoeirista em base, procura atingir o adversário com a perna de trás, utilizando a parte abaixo dos dedos, na planta do pé.

FICA 37- Presilha

REGIONAL

ANGOLA

ZUMA

65 – Presilha

38- Presilha de Rins Não foi encontrada descrição

FICA 18- Queixada

REGIONAL 70 – Queixada

ANGOLA

ZUMA A QUEIXADA (do autor)

É um golpe traumático que se aplica de pé, estando-se em base uma das duas pernas e suspendendo a outra contra o oponente, visando especialmente no seu queixo. A perna é deslocada de maneira retesada e a parte que toca o oponente é a lateral externa do pé (CBP, 1969). Dá-se um passo à frentedo adversário e, (calculando-se sempre a distância), suspendendo-se a perna com ligeireza (Burlamaqui, 1928) (MANO LIMA, 2007, p. 168). QUEIXADA DE FRENTE; QUEIXADA DE GANCHO. A queixada é um golpe da capoeira com dois tipos de execução: lateral e frontal. Na queixada lateral, a perna de trás da ginga cruza com a da frente que simultaneamente é levantada fazendo um meio círculo. Na queixada frontal, a perna de trás da ginga faz um movimento circular de dentro para fora visando acertar o rosto do adversário com a parte externa do pé. A queixada frontal também é chamada de Meia-Lua de Frente. http://pt.wikipedia.org/wiki/Queixada_(capoeira) Queixada: também conhecida como queixada de costas. Aplica-se em pé, estando em base de uma perna e estendendo a outra contra o oponente em forma de giro, de dentro para fora. A parte que atinge o adversário é a parte lateral externa do pé.


MÉTODO DE BURLAMAQUI - A QUEIXADA: Dá-se um passo à frente do adversário e, (calculando sempre a distancia) suspendendo-se a perna com ligeireza, (direita ou esquerda) faz-se com que o pé (direito ou esquerdo) bata no queixo do adversário.

Fonte: SANTOS, Esdras Magalhães dos (Mestre Damião ). A VERDADEIRA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA LUTA REGIONAL BAHIANA DO MESTRE BIMBA in http://www.capoeiradobrasil.com.br/liga_2.htm

CAPOEIRA REGIONAL - (MESTRE BIMBA) –QUEIXADA: QUEDA-DE-COCORINHA (DEFESA) Consiste este golpe no levantamento circular da perna, de dentro para fora (vide linha pontilhada), objetivando atingir em cheio o queixo de uma pessoa com o pé. É praticamente um tapa com o lado externo do pé.

Fonte: SANTOS, Esdras Magalhães dos (Mestre Damião ). A VERDADEIRA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA LUTA REGIONAL BAHIANA DO MESTRE BIMBA in http://www.capoeiradobrasil.com.br/liga_2.htm

http://www2.webng.com/portaldacapoeira/queixada.html


FICA 23- Rabo de Arraia

REGIONAL

ANGOLA 21 - Rabo De Arraia

zuma O RABO ARRAIA

DE

Volta sobre o corpo, rodando uma das pernas de encontro ao inimigo (Abreu, 2003). O capoeira dará o rabo de arraia pondo as palmas das mãos no chão e, dando apparentemente um salto mortal, fará com que as palmas dos pés toquem no peito ou no rosto ou n’outra parte escolhida pelo jogador e resulta sempre cahir para traz. Esse golpe é um dos mais perigosos, tanto para o jogador que o pratica, como para o que recebe porem, sendo bem dado, é uma fatal conseqüência para aquelle que o recebe (Burlamaqui, 1928, in LIMA, 2007, p. 171). RABO DE ARRAIA AMARRADO; RABO DE ARRAIA AMARRADO CHAPA; RABO DE ARAIA AMARRADO MARTELO. Rabo-de-arraia é um conhecido golpe de capoeira , que consiste em fazer o corpo cair sobre as mãos e rodando-o ao encontro do adversário, de forma a derrubá-lo contra o solo. Existem três tipos de execução: de frente, com as pernas e com uma perna de lado. Rabo-de-arraia: golpe semelhante à meia-lua de compasso, porém no estilo da capoeira angola. Tecnicamente são o mesmo golpe, sendo um uma variação do outro. Rabo-de-arraia (2): salto mortal para frente, onde um ou os dois pés visam atingir o adversário com o(s) calcanhar(es). Também podem ser aplicado apoiando as mãos no chão. http://pt.wikipedia.org/wiki/Rabo-dearraia Rabo-de-arraia: golpe semelhante à meia-lua de compasso, porém no estilo da capoeira angola. Tecnicamente são o mesmo golpe, sendo um uma variação do outro. Rabo-de-arraia (2): salto mortal para frente, onde um ou os dois pés visam atingir o adversário com o(s) calcanhar(es). Também podem ser aplicado apoiando as mãos no chão.

http://www2.webng.com/portaldacapoeira/rabodearaia.html


MÉTODO DE BURLAMAQUI – O RABO DE ARRAIA: Este golpe é um dos mais perigosos, tanto para o jogador que o pratica, como para o que o recebe, porém, sendo bem dado, é de uma fatal consequencia para aquelle que o recebe. O capoeira dará o rabo de arraia pondo as palmas das mãos no chão e, dando apparentemente um salto mortal, fará com que as plantas dos pés toquem no peito ou no rosto ou n’outra parte escolhida pelo jogador e resulta sempre o adversário cahir para traz. O rabo de arraia tem diversos modos de se executar. Para pratical-o com precisão é preciso conhecer um pouco (pelo menos) de saltos, pois depende do salto e da ligeireza este golpe. (I) Com as duas pernas de frente – O jogador “peneirando” (...) ameaça rapido e, apoiando com rapidez as duas mãos no chão, bate com os dois pés no rosto ou no peito do adversário. Foi com este golpe que o nosso Cyriaco venceu o japonez com o jiu-jitsu, e assim tivemos a supremacia no jogo.

Fonte: SANTOS, Esdras Magalhães dos (Mestre Damião ). A VERDADEIRA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA LUTA REGIONAL BAHIANA DO MESTRE BIMBA in http://www.capoeiradobrasil.com.br/liga_2.htm

MÉTODO DE BURLAMAQUI – O RABO DE ARRAIA: (II) Com uma perna de lado – Este golpe é bello pelo seu estylo, pois depende somente de intelligencia. Dá-se ao adversário um dos pés (direito ou esquerdo); chama-se golpe de tapiação e depois delle segural-o, gyra-se de modo que as mãos se firmem no chão, e o outro pé bata horrivelmente no adversário, no rosto ou nos ouvidos. Este golpe é quasi sempre certo e de bôas consequencias.


CAPOEIRA REGIONAL (MESTRE BIMBA) – MEIA-LUA-DE-COMPASSO OU RABODE-ARRAIA: QUEDA-DE-COCORINHA (DEFESA):

Comece gingando. Coloque as duas mãos no chão, levante uma perna bem estirada, gire completamente o corpo, tentando atingir o adversário na cabeça, com o pé. Este se defende com a queda-de-cocorinha. O exercício deve ser praticado 4 vezes, com ambas as pernas.

FICA

REGIONAL

08- Role

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23 - Role

Movimento por meio do qual o capoeirista enrola o corpo rapidamente no chão com o auxílio das mãos e dos pés, afastando-se ou aproximando-se do seu oponente (Bola Sete, 1997, in LIMA, 2007, p. 175). Role ou rolo – esquiva que o praticante faz ao findar um golpe de ataque, um aú ao sentir que terá de continuar rolando pelo chão, ou mesmo quando, ele, depois de ter descido em uma cocorinha, negativa ou resistência , sente que terá que rolar pelo chão para galgar melhor posição em relação ao seu opositor. O praticante vai rolando sem deixar encostar o corpo no chão, usando as mãos e os pés alternadamente como apoio (II Simpósio de Capoeira, 1969, in LIMA, 2007, p. 175-176).

FICA 31- Telefone

REGIONAL

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73 – Telefone

Aplicação de pancada, com as duas mãos em forma de concha, no pavilhão auditivo do adversário, dos dois lados, simultaneamente (Saci, 2005, in LIMA, 2007, p. 185). TELEFONE (GALOPANTE0 ´-e um golpe traumático que consiste em aplicar-se uma das mãos em forma de concha no ouvido do adversário. Pode, também, ser aplicado com as duas mãos em forma de concha, contra os dois ouvidos, ou com as mãos fechadas ou espalmadas (Descrição da Terminologia, CBP, 1969, in LIMA, 2007, p. 185).


FICA

REGIONAL

41- Vingativa

77 – Vingativa

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É um dos poucos golpes usados em capoeiragem por aproximação. O lutador lança-se bruscamente ao adversário procurando encaixar-se lateralmente, ou seja, de maneira a ficar com uma das pernas apoiando-se pela coxa por tr5ás das pernas inimigas. Conseguindo aproximar-se destas forma, semiflexiona as pernas, baixando o tronco como se estivesse sentado no ar.. Nessa posição afastará o braço do mesmo lado de apoio e o retornará violentamente, atingindo com o cotovelo o estomago ou o plexo solar do adversário (Costa, s/d., in LIMA, 2007, p. 194). Movimento de capoeira em que o aplicante se aproxima rapidamente do adversário, coloca-se ao lado dele e, com uma das pernas atrás, servindo de apoio e um empurrão com o bgraço ou com o cotovelo., para trás. A perna que fica por trás do adversário é a que estiver lado a lado com a perna do oponente, quando o aplicante já estejactambém lado a lado (Ii Simpósio de Capoeira, 1969, in LIMA, 2007, p. 194). Vingativa: aproxima-se rapidamente do adversário (normalmente logo após um golpe), coloca-se lado a lado com ele e com uma das pernas atrás servindo de apoio e aplica-se um empurrão com o cotovelo, costas, ou cabeça para trás. A perna que fica por trás do adversário é a que estiver lado a lado com a perna do oponente.

FICA

REGIONAL

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1 - Açoite De Braço 2 - Açoite De Braço Em Cruz Não foi encontrada descrição

FICA 51-

REGIONAL

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ZUMA

REGIONAL

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ZUMA

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ZUMA

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Amarrada

Não foi encontrada descrição

FICA

3 – Apanhada Não foi encontrada descrição

FICA

REGIONAL 5 – Armiloque

Não foi encontrada descrição

FICA

REGIONAL

48- Arpão de Giro Arpão – movimento que o capoeirista executa, partindo da posição da ginga, lançando os dois braços para trás, enquanto projeta a cabeça em direção ao adversário (Goes, 2005, in LIMA, 2007, p. 51). Golpe desferido com o joelho contra o adversário, debaixo, para cima ou lateralmente (Descrição da Terminologia, CBP, 1969, In LIMA, 2007, p. 51). ARPÃO DE CABEÇA; ARPÃO DE JOELHO. Arpão: golpe desferido com as mãos em um movimento giratório. Com os braços abertos, o aplicante gira visando pegar a cabeça do adversário a arremessá-la ao chão com o auxílio do movimento giratório.


Sequencia de Bimba (5) Jogador 1 - arpão de cabeça, joelhada e aú de rolê. Jogador 2 - cabeçada, negativa e cabeçada.

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6 – Arpinio Não foi encontrada descrição

FICA

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7 – Arqueado 8 - Arqueado De Costas Movimento de projeção da cintura desprezada de Mestre Bimba, m que o capoeirista projeta o outro por detrás do seu corpo (Bamba, 2005, in LIMA, 2007, p. 52). Movimento de projeção criado por Mestre Bimba: quando um capoeirista dá meia lua de frente ou benção, o outro entra por baixo da perna que projeta o golpe e arremessa o adversário para cima e depois para baixo, como um balão. (Odilon, 1986, in LIMA, 2007, p. 52)

FICA

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10 – Asfixiante Golpe com a palma da mão no nariz do adversário, também conhecido como escala (Squisito, 2005, in LIMA, 2007, p. 53). Asfixiante: golpe aplicado com a mão fechada (soco) contra o nariz e/ou boca do oponente

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14 - Balão Cinturado 15 - Balão De Lado Balão – em lutas corporais, golpe em que o lutador lança o adversário por cima do próprio corpo. Balão cinturado – Movimento integrante da cintura desprezada, feito no aú. Quando o oponente vem por baixo, o capoeirista faz que vai dar uma cabeça ou benção e projeta no ombro o corpo do adversário (Odilon, 2005, in LIMA, 2007, p. 60). Balão de lado – movimento por meio do qual o capoeirista aplica uma gravata sobre o adversário, projetando o seu corpo para a frente (Bamba, 2005, in LIMA, 2007, p. 60)

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21 - Boca De Calça Boca de calça ou arrastão – golpe de capoeira no qual o praticante leva as duas mãos aos pés ou pernas do adversário e o desequilibra, puxando as duas pernas para a frente, fazendo com que ele caia para trás. A puxada poderá ser efetuada nosm pés, nas canelas, nas pernas e até mesmo por trás dos joelho do adversário. Uma cabeçada ajuda a derrubar. (II Simpósio de Capoeira, 1969, in LIMA, 2007, p. 69) Boca de calça: puxam-se as duas pernas do adversário com as mãos, podendo ajudar com uma cabeçada.


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23 – Buzina Não foi encontrada descrição

FICA Xulipa

REGIONAL 29 – Chulipa

A XULIPA

Aplica-se uma banda de frente no adversário, como se quisesse derrubá-lo. Se a banda for deferida com a perna esquerda, antes de se completar o giro, deve-se aplicar um telefone ou galopante com uma das mãos (Descrição da Terminologia, CBP, 1969, in LIMA, 2007, p. 88). Xulipa – é dada com as costas da mão ou com a palma. Antigamente para reconhecer se o inimigo era entendido no jogo, usava-se um estratagema interessante: depois de ligeira ginga levava-se, rápido, um pé a corpo, para desviar o golpe do pé punha naturalmente o rosto para a frente, expondo-o a uma xulipa reveladora. O capoeira que sabia deitar-se e levantar-se ligeiro merecia respeito (Burlamaqui, 1928, in LIMA, 200y7, p. 88)

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30 - Cintura Robusta Não foi encontrada descrição

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REGIONAL 31 - Colar De Força

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FICA

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ANGOLA 11 - Corta Capim

ZUMA O CORTA CAPIM

O CORTA-CAPIM: O corta-capim é um golpe sympathico pelo seu estylo, pois é dado de uma fórma toda especial. Abaixa-se o corpo repentinamente (ou na perna direita ou esquerda, conforme o treno individual do jogador), e esticando-se a perna não apoiada faz-se com que esta gyre violentamente. Este golpe quasi sempre é dado n’uma luta desegual, isto é, de um homem contra diversos. (Burlamaqui, 1928)

MÉTODO DE BURLAMAQUI - A RASTEIRA: O jogador da capoeiragem póde dar a rasteira em pé ou descahido (quasi deitado). Dando este golpe descahido pode-se também dar á este golpe o nome de corta-capim.


Fonte: SANTOS, Esdras Magalhães dos (Mestre Damião ). A VERDADEIRA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA LUTA REGIONAL BAHIANA DO MESTRE BIMBA in http://www.capoeiradobrasil.com.br/liga_2.htm

Gravura de um belo “furdunço” entre capoeiras ocorrido no Rio de Janeiro, no final do século XVIII, publicada em uma revista da época, onde se pode ver a eficiência de uma rasteira (estilo corta-capim) anulando completamente a pontaria de um tiro de revólver... Fonte: SANTOS, Esdras Magalhães dos (Mestre Damião ). A VERDADEIRA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA LUTA REGIONAL BAHIANA DO MESTRE BIMBA in http://www.capoeiradobrasil.com.br/liga_2.htm

FICA

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33 – Crucifixo Crucifixo: ao receber um golpe de perna alta, o aplicante aproxima-se do adversário, colocando a perna do adversário sobre seu ombro. Assim, o aplicante levanta ainda mais a perna do adversário desequilibrando-o. Normalmente aplicado contra golpes giratórios altos como a armada ou contra o martelo. Contragolpe aplica do pelo capoeirista, que consiste na reação a um golpe de martelo recebido (Mestre Bamba, 2005, in LIMA, 2007, p. 93)

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34 – Cruz Golpe desequilibrante no qual o capoeirista, ao receber um pé de giro alto, ‘entra’ no adversário, colocando o seu braço por baixo da perna elevada do oponente e lhe tira o equilíbrio ao elevar mais ainda a perna do adversário (II Simpósio de Capoeira, 1969, in LIMA, 2007, p. 93)

FICA

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35 – Cruzilha Não foi encontrada descrição

FICA

REGIONAL 37 – Dentinho

Dentinho de Angola – golpe assim descrito por Mestre Waldemar, citado por Abreu (2003): “é curvar o corpo e levar o salto do sapato ao gogó do adversário”


FICA

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39 – Dubliesse Não foi encontrada descrição

FICA

REGIONAL 40 – Escurinho

Não foi encontrada descrição

FICA

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ANGOLA ZUMA 14 - Esquiva 'Esquiva é o nome de um movimento de a defesa na capoeira, a forma de se livrar de um golpe. Podem ser ainda: ESQUIVA LATERAL, ESQUIVA DIAGONAL, ESQUIVA ATRÁS, ESQUIVA COM A MÃO NO CHÃO. Em seguida da esquiva pode-se complementar com algum outro movimento, floreio e/ou golpe. http://pt.wikipedia.org/wiki/Esquiva Abaixaqmento ou desvio do corpo para evitar um golpe, ação de evitar algo ou alguém indesejável. As esquivas são os recursos de um capoeirista para safar-se de um golpe e dar continuidade ao fluxo do jogo de capoeira: plástico, belo, coordenado e dialogado sem interrupções abruptas (Reis, 1997, in LIMA, 2007, p. 104). ESQUIVA FRONTAL; ESQUIVA LATERAL.

FICA

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48 - Gravata Alta 49 - Gravata Baixa Golpe sufocante, no pescoço, em algumas lutas esportivas. Movimento por meio do qual o capoeirista, apoiando-se no pescoço do adversário, arremessa-o para frente (Moreno, 2005, in LIMA, 2007, p. 115). GRAVATA ALTA; GRAVATA BAIXA; GRAVATA CINTURADA.

FICA

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54 – Leque Movimento de quase salto, por meio do qual o capoeirista dá um meio-salto, apoiando o corpo sobre uma das mãos, enquanto desfere uma pernada sobre o adversário (Pereira, in LIMA, 2007, p. 134); LEQUE DE COTOVELO

FICA

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55 – Marrada Não foi encontrada descrição

FICA

REGIONAL 59 – Mortal

Mortal chutado – movimento acrobático em que o individuo dá uma ponteira, virando em seguida, para dar um salto mortal de costas (LIMA, 2007, p. 146); MORTAL DE COSTAS; MORTAL DE FRENTE; MORTAL DE PERNA; MORTAL DUPLO; MORTAL ESTICADO; MORTAL MEIA-PIRUETA; MORTAL PIRUETA


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62 – Pantana Volta sobre o corpo aplicando os pés contra o peito d o adversário (Abreu, 1886, in LIMA, 2007, p. 158). O capoeirista, negaceando, simula um salto mortal e, com as mãos apoiadas no chão, desfere com os pés uma violenta pancada, que visa geralmente o rosto ou o peito do adversário (Moura, 1991, in LIMA, 2007, p. 158)

Capoeiragem: Articulo EEUU-Nueva York -1953 http://capoeira-utilitariacapoeiragem.blogspot.com/2010/03/1953-eeuu-articulo-de-capoeiragem-en.html FICA

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ZUMA

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63 – Pescocinho Não foi encontrada descrição

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REGIONAL 66 - Quebra Mão 67 - Quebra Perna 68 - Quebra Pescoço

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REGIONAL 72 – Suicídio

O SUICÍDIO

Benção aplicada pelo capoeirista quando o outro cai, com o objetivo de executar um mortal para frente, para cair sobre om peito do mesmo (Jesus, 2005, in LINMA, 2007, p. 184)


MÉTODO DE BURLAMAQUI – O SUICÍDIO: Avança-se peneirando, e rapido descai-se o corpo, fazendo com que os pés, curvos, rentes ao chão, mettam-se entre os pés do inimigo e, num brusco empurrão de pernas, faz-se com que o inimigo tombe sobre o que ataca e, mais rapido ainda, encolhe-se uma das pernas de maneira que o joelho anteponha-se entre os dois que lutam. (Este golpe é original e terrivel, porque se o inimigo estiver armado de punhal ou faca suicidase infallivelmente.) (Talvez faça mal em descrevel-o).

Fonte: SANTOS, Esdras Magalhães dos (Mestre Damião ). A VERDADEIRA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA LUTA REGIONAL BAHIANA DO MESTRE BIMBA in http://www.capoeiradobrasil.com.br/liga_2.htm

CAPOEIRA REGIONAL - (MESTRE BIMBA) - O SUICÍDIO: O suicídio é um golpe que só era ensinado no Curso de Especialização. Ao derrubar um indivíduo, pula-se com a máxima força com os dois pés em cima dele, procurando atingir o peito, a barriga ou a virilha. Trata-se de um golpe violentíssimo e perverso. FICA

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76 - Tombo Da Ladeira

ZUMA O TOMBO DA LADEIRA OU CALÇO

Tombo da ladeira: golpe que visa derrubar o adversário quando ele aplica um golpe com salto ou faz acrobacias. Pode ser através de um escorão, puxão no pé etc. Ato de derrubar o indivíduo que pula, tocando-lhe os pés quando estes estão no ar; este tombo é sempre desastrado (espécie de facão) (Burlamaqui, 1928, in LIMA, 2007, p. 188)

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50- Tranco Não foi encontrada descrição

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ZUMA O TRANCO


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ZUMA

52- Volta do Mundo Expressão usada na capoeira Angola que corresponde ao sinal para o inicio do jogo (Sodré, 1968, in LIMA, 2007, p. 194). Caminhar rapidamente em sentido anti-horário em volta dosm jogadores, esperando o momento oportuno para comprar o jogo. É também um recurso usado pelos capoeiristas para descansar sem precfisar dar o jogo por encerrado (Santos, 1993, in LIMA, 2007, p. 195). É um ritual existente no jogo da capoeira. Quando um dos capoeiristas bate palmas por trás das costas, está convidando o oponente para que o acompanhe. É obrigatório acompanhá-lo, sendo que o convidado não pode atacar. (Descrição de Terminologia, CBP, 1969, in LIMA, 2007, p. 195)

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ZUMA O FACÃO

Espécie de corta-capim, porém é dado pegando-se a perna do adversário no ar, golpe maravilhoso pelo seu efeito (Burlamaqui, 1928, in LIMA, 2007, p. 107). FACÃO BATEL EM BAIXO

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ZUMA O RAPA

Rasteira dada pegando-se à guiza de repagem nos calcanhares, isto é, no lado de fora do pé do adversário (pé direito ou esquerdo), (Burlamaqui, 1928, in LIMA, 2007, p. 172).


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ZUMA O DOURADO

Golpe assim descrito por Zuma: tranca-se a nossa perna (direita ou esquerda) na do individuo que se vai dar este golpe, e, descahindo-se o corpo para traz, até encostar as mãos no chão, e, com a máxima ligeireza possível, faz-se com que o adversário execute um semi-circulo no espaço, cahindo horrigvelmente para nossa retaguarda (Burlamaqui, 1928, in LIMA, 2007, p. 100)

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ZUMA O PASSO DA CEGONHA (do autor)

Contragolpe aplicado contra a armada. Aplica-se, primeiramente o gancho (descrição da terminologia, CBP, 1969, in LIMA, 2007, p. 158). O passo da cegonha parece ter sido introduzido na capoeira carioca por Aníbal Burlamaqui, o Zuma, e consiste em contra-atacar o adversário quando este lança um pontapé. Nesse momento entra-se por debaixo da perna opressora e prende-se a mesma com o pescoço ou braço e aplica-se, na perna de apoio, uma rasteira, rapa ou banda (Binates, 1999, in LIMA, 2007, p. 159). Quando o adversário suspender a perna (direita ou esquerda) para abatel-a sobre nós entra-se debaixo da mesma e, prendendo-a com uma das mãos ou o pescoço, dá no momento, a rasteira, a rapa ou a banda (Burlamaqui, 1928, in LIMA, 2007, p. 159)

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ZUMA A ENCRIZILHADA

Golpe em que o atacante atira as duas pernas contra as pernas do adversário (Moura, 1991, in LIMA, 2007, p. 102). A encruzilhada é semelhante ao corta-capim (Costa, s.d.). Golpe originário do batuque, incorporada na capoeira regional (Rego, 1968, in LIMA, 2007, p. 102). Cruza-se um dos pés a frente do adversário e descahindo o corpo completamente para traz, leva-se o adversário num arranco forte, fazendo-o cahir para o lado (Burlamaqui, 1928, in LIMA, 2007, p. 102).


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ZUMA ESCORÃO

Escorão: também conhecido como pisão, chapa, ou chapa de frente. Aplica-se em pé distendendo a perna de trás em movimento de coice acertando o adversário com a planta do pé. Este golpe pode visar empurrar (derrubando) o adversário o traumatizá-lo. Movimento por meio do qual o capoeirista, com as mãos no chão, empurra o adversário para trás com o pé (Roxinho, 2005, in LIMA, 2007, p. 102) Encolhe-se o pé simulando recuo manda-se com rapidez, o pé em cheio sobre o ventre do inimigo (Burlamaqui, 1928, in LIMA, 2007, p. 103)

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ZUMA O PENTEAR PENEIRAR

OU

Joga-se os braços em todos os sentidos em ginga, de modo a perturbar a attenção do adversário e preparar melhor o golpe decisivo (Burlamaqui, 1928, in LIMA, 2007, p. 161)

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ZUMA A CHINCHA

Movimento da capoeira assim descrito por Aníbal Burlamaqui: Corre-se para o inimigo como a abraçal-o e, agachando-se rápido, pucha-se as pernas, abaixo dos joelhos, ajudando-a a cahir com uma reveladora cabeçada (Burlamaqui, 1928, in LIMA, 2007, p. 87)


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ZUMA O ME ESQUECE

Este golpe é uma espécie de banda, porém não é firmado nos joelhos do adversário; avança-se para o inimigo, levando-se a perna rija (direita ou esquerda), faz-se com que fique collada nas pernas do mesmo, isto é, que corresponda dos pés a cintura, à frente do corpo do adversário e, ajudando-a com um impulso, isto é, o bahu, levanta-se violentamente fazendo com que o mesmo caia de frente para nós. Este golpe, é dos que sendo bem dado, surtem muito efeito, pois é de uma firmeza pouco vulgar (Burlamaqui, 1928, in LIMA, 2007, p. 143)

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ZUMA O VOO DO MORCEGO

Vôo do morcego: dá um salto e estende-se uma ou as duas pernas visando atingir o adversário. Este golpe também é popularmente conhecido como “voadora”. Golpe de capoeira assim descrito por Burlamaqui: Para surtir effeito este golpe é preciso uma espantosa ligeireza. Toma-se uma certa distancia do adversário e, num pulo certo e rápido, deixa-se o corpo voar, de forma que quando tocar-se no adversário os braços estiquem-se e façam empurrar o mesmo. Deve-se argumentar o effeito do golpe, batendo-se com as pontas dos pés nos joelhos ou nas canellas do adversário (Burlamaqui, 1928, in LIMA, 2007, p. 195).

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ZUMA A ESPADA (do autor)

Golpe de capoeira assim descrito por Burlamaqui: este golpe é puramente para desarmar o inimigo que ataque o seu adversário com faca, navalha ou coisa semelhante. Avança-se, peneirando, olhos fixos nos dos inimigo, estudando os menores gestos e quando elle de certo quizer ferir, levanta-se rapipido uma das pernas, faznedo com que o pé curvado para dentro, vá bater fortemente na mão, armada ficando a mesma entre o pé e a barriga da perna (Burlamaqui, 1928, in LIMA, 2007, p. 103)


Concordamos com Assunção e Peçanha (2009) 339 quando afirmam que o n´golo acabou transformado num mito de origem – um “elo perdido”. Como esses autores, talvez o mais correto seja imaginar o n´golo e as outras lutas e jogos de combate ainda existentes na Angola contemporânea como primos mais ou menos distantes da capoeira brasileira. Concluem que: “[...] findo o tráfico negreiro, as técnicas de combates corporais que existiam dos dois lados do Atlântico teriam evoluído em direções diversas, o que explicaria não só suas semelhanças, mas também suas tremendas diferenças.”.

339

ASSUNÇÃO, Matthias Röhrig; PEÇANHA, Cinésio Feliciano (Mestre Cobra Mansa).Elo perdido: A dança da zebra. In REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL. Março 2008, disponível em www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1445


http://nzambiangola.blogspot.com.br/p/nossos-mestres.html

Mestre AberrĂŠ de Santo Amaro/Ba 1895 a 1945

Mestre Canjiquinha/Ba 1925 a 1994


O “CHAUSSON/SAVATE” INFLUENCIOU A CAPOEIRA?340 Prezado Leopoldo: Já insisti em varias ocasiões nesta citação seguinte que pode ter relação com a de mais abaixo do colégio da Imaculada Conceição. Todos os Capoeiras conhecidos que estudou no Colégio Pedro II do Rio, eles praticaram sua capoeira (Savate) e nestas datas destas citações pode ter a competição de capoeira de 1877 como uma do SAVATE. Se consegue se orientar e procurar a fonte primaria disto e "chave" pela história da Capoeira desportiva. E. JAVIER RUBIERA CUERVO - Presidente General de FICA/Espanha341 RESUMO Em uma série de artigos em que se busca a ancestralidade da Capoeira, comprovada africana não apenas pelo perfil étnico predominante dos capoeiras brasileiros do passado, mas, sobretudo, pela existência na África de práticas similares, como o Moringue, no Oceano Índico nas Ilhas de São Lourenço (Madagascar), Reuniões e em Moçambique. Assim como encontramos uma influencia europeia, configurada através da Chausson/Savate, praticado por marinheiros no porto do sul de Marselha, do século XVII. Segundo os historiadores, foram aprendidos pelos 'leões marinhos' em suas viagens aos países do Oceano Índico e o Mar da China. Houve intenso tráfico entre os portos brasileiros - Rio de Janeiro, Salvador, Recife, São Luis e Belém - e Marselha. Palavras-chave: Capoeira. História. Chausson. Savate. Recebi nova correspondência do Javier Rubiera, atual presidente da Federação Internacional de Capoeira. Faz algumas citações de trabalhos meus, sobre a Capoeira do Maranhão: MARTINS (1989) 342 aceita a capoeira como o primeiro “esporte” praticado em Maranhão tendo encontrado referência à sua prática com cunho competitivo por volta de 1877. Considera que tenha sido praticada antes, trazida pelos escravos bantu-angoleses. Fugitivos, os negros a utilizavam como meio de defesa, exercitando-se na prática da capoeira para apurarem a forma física, ganhando agilidade: "JOGO DA CAPOEIRA: "Tem sido visto, por noites sucessivas, um grupo que, no canto escuro da rua das Hortas sair para o largo da cadeia, se entretém em experiências de força, quem melhor dá cabeçada, e de mais fortes músculos, acompanhando sua inocente brincadeira de vozarios e bonitos nomes que o tornam recomendável à ação dos encarregados do cumprimento da disposição legal, que proíbe o incômodo dos moradores e transeuntes". (p. 179).

Outra citação é a que se refere à criação de um novo colégio em São Luis: 1869 - é anunciada a criação de um novo colégio - o Collégio da Imaculada Conceição -, sendo seus diretores os Padres Theodoro Antonio Pereira de Castro; Raymundo Alves de France; e Raymundo Purificação dos Santos Lemos. Internato para alunos de menor idade seria aberto em 07 de janeiro de 1870. Do anúncio constava o programa do colégio, condições de admissão dos alunos, o enxoval necessário, e era apresentado o Plano de Estudos tanto do 1º grau como do 2º 340

Palestra apresentada no Papoético, organizado pelo Jornalista Paulo Melo, em 2011; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CHRONICA DA CAPOEIRA (GEM): O “CHAUSSON/SAVATE” INFLUENCIOU A CAPOEIRA? ; REVISTA IHGM, no. 38, setembro de 2011 – Edição Eletrônica, p 146 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_38__setembro_2011

341

Correspondência eletrônica pessoal, enviada por FICA-Espanha- [capoeira.espanha@gmail.com] sáb 12/6/2010 13:16 para Leopoldo Gil Dulcio Vaz [leopoldovaz@elo.com.br] assunto: A Galhina dos ovos de ouro (Muito Importante). 342 MARTINS, Dejard. ESPORTES: UM MERGULHO NO TEMPO. São Luís: (s.n.), 1989.


grau, da instrução primária; o da instrução secundária; e da instrução religiosa. No que se referia às Bellas Artes – desenho, música vocal e instrumental, gymnástica, etc., mediante ajustes particulares com os senhores encarregados dos alunos. O novo colégio situava-se na Quinta da Olinda, no Caminho Grande, fora do centro da cidade, e possuía água corrente, tanque para banhos, árvores frutíferas, jardim, bosque e lugar de recreação. (A ACTUALIDADE n. 28, 28 de dezembro de 1869).

Pergunta, então: “Será a mesma fonte?”. Não, são fontes diferentes, embora tenham aparecido em jornais publicados em São Luís no período estudado. Encontrei a referencia no “Diário do Maranhão”, edição de 10 de janeiro de 1877. Javier levanta duas questões: a semelhança dos golpes da capoeira com a savate; as referencias que se faz aos praticantes da capoeira em colégios de elite carioca, dentro das aulas de “gymnástica”; o uso de métodos ginásticos no Brasil, da escola francesa, em especial a de Amóros. Indícios de ‘gymnástica’ no Maranhão Os sistemas ginásticos começam a aparecer a partir da segunda metade do século XVIII. São eles: “[...] a ginástica alemã, imbuída de propósitos nacionalistas e destinada ao adestramento físico, alicerçada na fundação do Philantropinum343 por Basedow (1723-1790); a nórdica, sistematizada por Ling (1478-1839) que deu à mesma sentido formativo e higiênico, criando um sistema de quatro divisões para a realização das atividades: pedagógica, médica, estética e militar; a ginástica inglesa, baseada nos esporte e nos jogos, sendo a única a não possuir uma orientação ginástica, e a francesa. Amorós (1770-1848) fundamentou a ginástica francesa nos conhecimentos da natureza humana e na análise do movimento. Seu método privilegiava o desenvolvimento das qualidades físicas e aperfeiçoamento das qualidades morais. Desses sistemas, surgiram, na Europa, três movimentos doutrinários: o movimento germânico (ginástica alemã), o sueco (ginástica sueca) e o francês (ginástica francesa).(AGUIAR e FROTA, on line)344 Grifos nossos).

Em 1841 aparece o registro da palavra “ginástica” em São Luís do Maranhão, conforme anúncio no “JORNAL MARANHENSE” 345 sob o título de: “THEATRO PUBLICO “Prepara-se para Domingo, 21 do corrente huma representação de Gimnástica que será executada por Mr. Valli Hércules Francez, mestre da mesma arte de escola do Coronel Amoroz em Paris; e primeiro modelo da academia Imperial de Bellas Artes do Rio de Janeiro, que terá a honra de apresentar se pela primeira vez diante d’este Ilustrado público, a quem também dirige agradar como já tem feito nos principais Theatros de Europa, e deste Império. “Mr. Valli há contractado o Theatro União, para dar sua função, junto com Mr. Henrique, e tem preparado para este dia um espetáculo extraordinário que será composto pela seguinte maneira: - Exercícios de forças, Agilidade e posições Acadêmicas 343

O Philantropinum foi fundado em 1774 por J. B. Basedow, professor das escolas nobres da Dinamarca. O Philantropinum foi a primeira escola dos tempos modernos a ter um cunho fundamente democrático, pois, seus alunos provinham indiferentemente, de todas as camadas sociais. Foi também, a primeira escola a incluir a ginástica no curriculum, no mesmo plano das matérias chamadas teóricas ou intelectuais. As atividades intelectuais ficavam lado a lado às atividades físicas, como equitação, lutas, corridas e esgrima. Na Fundação Philantropinum havia cinco horas de matérias teóricas, duas horas de trabalhos manuais, e três de recreação, incluindo a esgrima, equitação, as lutas, a caça, a pesca, excursões e danças. A concepção Basedowiana contribuía para a execução de atividades a fim de preparação física e mental para as classes escolares maiores. 344 AGUIAR, Olivette Rufino Borges Prado Aguiar; FROTA, Paulo Rômulo de Oliveira Frota. EDUCAÇÃO FÍSICA EM QUESTÃO: RESGATE HISTÓRICO E EVOLUÇÃO CONCEITUAL. On line, disponível em http://www.ufpi.br/mesteduc/eventos/iiencontro/GT-1/GT-01-05.htm 345 JORNAL MARANHENSE,, São Luís, n. 36, 12 de novembro de 1841


- Exercícios no ar e muitas abelidades sobre colunnas assim como admiraveis sortes nas cordas “Nos intervalos de Mr. Valli, se apresentará Mr. Henrique, para executar alguns exercícios de fizica, em quanto Mr. Valli descansa.”(Grifos nossos).

O método francês de ginástica, idealizado por Amoros (1770-1848), constituía-se de 17 itens, e incluía exercícios elementares ou movimentos graduados em diferentes ritmos, visando à resistência à fadiga e um direcionamento moral para o método. Esses exercícios seriam o andar e o correr sobre terrenos fáceis ou difíceis; o saltar em profundidade, extensão e altura, com ou sem ajuda de materiais; a arte de equilibrar-se em traves fixas, o transpor barreiras; o lutar de várias maneiras; o subir com auxilio de corda com nós ou lisa, fixa ou móvel; a suspensão pelos braços; a esgrima e vários outros procedimentos aplicáveis “a um grande número de situações de guerra ou de interesse público” 346. Nova chamada é publicada em 16 de novembro daquele ano de 1841347, sob o mesmo título, em que eram anunciadas as novas atrações do programa a ser apresentado: “Theatro Publico “Domingo 21 do corrente 1841, 1ª apresentação gimnastica dirigida por Mr. Valli, Herculez Francez, que tem a distinta honra de apresentar-se diante deste ilustre publico para executar seis noites de divertimentos: 1ª noite – exercícios gimnasticos, malabares, fizica 2ª dita – grande roda gyratoria 3ª dita – jogos hydraulicos como existem em Europa 4 dita – a grande luta dos dois gladiadores”. (Grifos nossos).

Método Amorós (Savate) 346

SOARES, Carmen Lúcia. IMAGENS DA EDUCAÇÃO NO CORPO – ESTUDO A PARTIR DA GINÁSTICA FRANCESA NO SÉCULO XIX. Tese (Doutorado em Educação) – Unicamp, Campinas, 1996. SOARES, Carmen Lúcia. RAÍZES EUROPÉIAS E BRASIL. Campinas, Autores Associados, 2001. 2a edição revista 347 JORNAL MARANHENSE,, São Luís, n. 37, 16 de novembro de1841


Outra ocorrência que solicita nossa atenção refere-se à presença de 31 (trinta e um) nomes de brasileiros identificados pela origem de nascimento nos arquivos de Schnepfenthal348, e como tais incluídos no corpo discente daquela instituição nas primeiras décadas do século XIX349: -

Emanuel Bernhard; Louis Stockmeyer; Christiano Stockmeyer Guillermo Frohlich Tito de Sá; Julio de Sá José Antonio Moreira; Joaquim Moreira; João Antonio Moreira Francisco Pereira; Manuel Moreira; Antonio Moreira Adolfo Klingelhoefer; Eduard Klingelhoefer Constancio Pinto; Alberto Pinot Johan Reidner; Franz Reidner - Jean de La Roque; Auguste de La Roque; Henri de La Roque; Guilherme de La Roque; Louis de La Roque; Carlos de La Roque - Paul Tesdorpf; Ludwig Tesdorpf - Cuno Mathies - Waldemar Krug; Eberhard Krug - James Otto. Os LaRocque - importante família estabelecida no Pará -, procedem de dois irmãos: I - HENRIQUE de LaROCQUE (c. 1821 – Porto ?), que deixou geração do seu casamento, em 1848 – Pará -, com Matilde Isabel da Costa ( ? – 1919); e II – LUIZ de LaROCQUE (c. 1827 – Porto ?), que deixou geração de seu casamento, em 1854 (Pará) com sua cunhada Emília Ludmila da Costa.

Ambos, filhos de JOÃO LUIZ de LaROCQUE (c. 1800 – a. 1854) e de Rosa Albertina de Melo. Entre os membros dessa família registra-se o senador maranhense Henrique de LaRocque Almeida350. No Dicionário das Famílias Brasileiras é dada como sobrenome de origem escocesa, o que é contestado por Henrique Artur de Sousa, genealogista estabelecido em Brasília, que está escrevendo um livro sobre o Senador LaRocque 351, família estabelecida no Brasil de origem portuguesa, da cidade do Porto. O falecimento de dois membros dessa família – os irmãos Henrique e Luís, filhos de João Luís de LaRocque e sua mulher Rosa Albertina de Melo – se dão na cidade do Porto, no século XIX... (vide Dicionário...). Informa-nos Henrique Artur de Sousa que alguns LaRocque se estabeleceram no Maranhão, a partir de 1832. Se encontrou documentos no Arquivo Público do Estado do Maranhão “firmados de próprio punho” de três membros da família LaRocque, quando de sua chegada, “de que haviam estudado na Alemanha”, numa cidade chamada Schnepfenthal ! Filhos de Jean Francoise de LaRocque: 348

Carolina – depois Baronesa de Santos; Henrique de La Rocque; Guilherme de LaRocque; João Luís de LaRocque; Luís de LaRocque; Rosa;

Schnepfental Educational Institute, criado por Salimann, um ex-professor do Philantropinum, instituição que atravessaria séculos e seria a herdeira dos sistemas que celebrizaram Basedow. 349 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A FAMÍLIA LaROCQUE, DO MARANHÃO: QUESTÃO DE PESQUISA. In REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, São Luis, Volume 06, Número 01, jan/jun/2003 (Disponibilizado em dezembro de 2006), on line www.cwfwt-ma.br/revista . 350 in DICIONÁRIO DAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS, vol. II, BARATA, Carlos Eduardo de Almeida; CUNHA BUENO, Antônio Henrique da. Arquivos da Biblioteca Pública “Benedito Leite”. 351 Informação encontrada no Arquivo Público, sobre a existência desse pesquisador; viria publicar, posteriormente, ENTRELAÇOS DE FAMÍLIA. Brasília, 2003. Meu exemplar é o de número 288.


- Amélia; - Antônio de LaRocque. Deixemos no ar os conhecimentos adquiridos pelos LaRocque... Voltemos aos questionamentos de Javier. Chamamos a atenção para o item quatro do programa do quarto dia: “a grande luta dos dois gladiadores”, seguindo o Método de Amóros. (Grifos nossos). A capoeira do século XIX, no Rio, com as maltas de capoeira 352, e em Recife, com as gangues de Rua dos Brabos e Valentões, foram movimentos muito semelhantes aos das gangues de savate (boxe francês) 353 em Paris e das maltas de fadistas354 de Lisboa do século XIX. Chama atenção é que os gestuais dessas lutas também são parecidos, ou seja, os golpes usados na aguerrida comunicação gestual eram análogos. O ‘savate’ surgiu na França, praticado por alguns marinheiros no porto do sul de Marselha, do século XVII. Segundo os historiadores, foram aprendidos pelos “leões marinhos”, em suas viagens aos países do Oceano Índico e o Mar da China. Posteriormente, em cada rixa da barra em portos franceses era comum ver chutes infligidos em qualquer parte do corpo. Os marinheiros chamavam "Chausson" este tipo de combate, em referência à chinelos normalmente usados a bordo. Marinheiros gauleses e espanhóis eram instruídos com estas formas de ataques e defesas. Na época de Napoleão Bonaparte, os soldados do imperador exibiam publicamente suas "aptidões" chutando a bunda de seus prisioneiros. A punição era conhecida como “Savate”, que pode ser traduzido como "sapato velho” 355.

http://cap-dep.blogspot.com/search/label/1890-BRASIL-Capoeiragem%20prohibido

352

As Maltas eram grupos de capoeiras do Rio de Janeiro que tiveram seu auge na segunda metade do século XIX. Compostas principamente de negros e mulatos (os brancos também se faziam presentes), as maltas aterrorizavam a sociedade carioca. Houve várias maltas: Carpinteiros de São José, Conceição da Marinha, Glória, Lapa, Moura entre outras. No período da Proclamação da República havia duas grandes maltas, os Nagoas e os Guaiamús. http://pt.wikipedia.org/wiki/Malta_(capoeira) 353 On line http://pt.wikipedia.org/wiki/Savate 354 SOARES, Carlos Eugenio Líbano. Dos fadistas e galegos: os portugueses na capoeira. In ANÁLISE SOCIAL, vol. xxxi (142), 1997 (3.º), 685-713 disponível em http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1221841940O8hRJ0ah8Vq04UO7.pdf 355 On line http://saladepesquisacapoeira.blogspot.com/2009/01/pelea-de-marinos-savate.html


O Savate ou boxe francês, é um desporte de combate na qual os pés e as mãos são utilizados para percutir os adversários e combina elementos de boxe com técnicas de pontapé. O “Box Savat” é uma luta corpo a corpo que também era uma forma de treinar os soldados franceses nos tempos das guerras napoleônicas, sendo o vigor físico a principal qualidade exigida do soldado. Assemelha-se a um Kata de luta marcial, o qual é composto de golpes de pernas, pés e punhos.

Zaqui, João, “Jiu-jitsu (attaque e defensa) contendo os requlamaentos japonés e brasileiro”, Sao Paulo, Brazil, Companhia Brasil Editora, 1936, Publicado por Javier Rubiera para Influências Asiáticas no Brasil el 3/01/2010


1. Negroes fighting, Brazil�� c. 1824. Autor Augustus Earle (1793-1838) - Painting by Augustus Earle depicting an illegal Capoeira - like game in Rio de Janeiro (1824) Fonte English Wikipedia, original: http://hitchcock.itc.virginia.edu/Slavery/detailsKeyword.php?keyword=NW0171&recordCount=2&theRecord=0.

2. 2. Diamanga malgache journal: 1936/01/29 (A3,N144). formato original: http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k54276490.r=diamanga.langES

3.

1. FOTO:http://saladepesquisacapoeira.blogspot.com/2009/05/juego-de-imagenes-mujeres.html


2. Gravura de um belo “furdunço” entre capoeiras ocorrido no Rio de Janeiro, no final do século XVIII, publicada em uma revista da época. Fonte: SANTOS, Esdras Magalhães dos (Mestre Damião). A VERDADEIRA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA LUTA REGIONAL BAHIANA DO MESTRE BIMBA in http://www.capoeiradobrasil.com.br/liga_2.htm

foto:Le moring connaît aujourd’hui une reconnaissance internationale. Ici lors de la Fête de la liberté 2008 à Aix-en-Provence disponible em http://sala-prensa-internacional-fica.blogspot.com/search/label/Moring-Capoeira

O "Chausson" era do sul da França e usava somente os pés; já no Norte, usava-se a combinação de pés e mãos abertas - "savate”. Enquanto os homens se reúnem em um duelo de tiro com espadas ou bastões, as classes mais populares lutavam com os pés e batendo com os punhos, de modo que o Savate, esgrima, pés e punhos, tornaram-se a prática de "Thugs" no momento, para citar apenas Vidocq356, Chefe simbólico do fim do século XVIII. 356

Eugène François Vidocq (23 de julho de 1775 - 11 maio de 1857) foi um criminalista francês cuja história de vida inspirou vários escritores, incluindo Victor Hugo e Honoré de Balzac. Um ex-bandido que posteriormente se tornou o fundador e primeiro diretor do combate ao crime Sûreté Nationale bem como a cabeça do primeiro conhecido agência privada de detectives, Ele é hoje considerado pelos historiadores como o pai da moderna criminologia e da polícia francesa. Ele também é considerado como o primeiro detective privado. Na prisão de Bicêtre Vidocq era de esperar vários meses para a transferência para o Bagne em Brest ao trabalho no cozinhas. Um companheiro preso lhe ensinou a arte marcial savate que mais tarde foi muitas vezes útil para ele. No final de 1811 Vidocq informalmente organizado uma unidade à paisana, o Brigada de la Sûreté (Brigada de Segurança). O departamento de polícia reconheceu o valor dos agentes civis, e em outubro de 1812 o experimento foi oficialmente convertido em uma unidade da polícia de segurança sob a égide da Delegacia de Polícia. Vidocq foi apontado como seu líder. Em 17 de


O contato com essas formas de luta se dá, também, com a interação entre marinheiros, nas constantes viagens entre os dois lados do Atlântico, pois navios da marinha francesa entre 1820 e 1833 foram de Brest (cidade natal de Savate) para Portos do Brasil (Capoeira), Martinica (Ladja) e Bourbon (Moringa):

Fonte: Tratado de hygiene naval, ou, Da influencia das condições physicas e moraes ... Por J. B. Fonssagrives, on line http://eu-bras.blogspot.com/search/label/1820-1833-BREST%28Cuna%20del%20SAVATE%29Navios%20de%20la%20Armada%20frecuentando%20BRASIL%28Capoeira%29%20MARTINICA%28Ladja%29%20Y%20BOURBON%28Moringue%29

dezembro de 1813 Napoleão Bonaparte assinou um decreto, que fez a brigada de um estado policial de segurança. On line http://en.wikipedia.org/wiki/Eug%C3%A8ne_Fran%C3%A7ois_Vidocq


Fonte: LIBRO:Souvenirs d'un aveugle Escrito por François Arago, Jules Janin Edición: 4 - 1868 - http://books.google.com/books?id=5hGQK-QrB8QC&hl=es&source=gbs_navlinks_s, on line:Ç http://eubras.blogspot.com/search/label/1840-RIO-Savate%20y%20Bast%C3%B3n%20en%20Rio%20de%20Janeiro

De luta de rua passa a esporte regulamentado quando o médico Michel Casseux, em 1825 abriu o primeiro centro de treinamento para o ensino e a prática regulamentada dessas habilidades. Ele tentou criar um sistema de combate menos desajeitado, enfatizando o “roundhouse kick”, laterais e frente ao joelho, canela e peito do pé. Em 1832, Charles Lecour combinou as técnicas do boxe clássico Inglês com os princípios formulados por Casseux. Esta mistura foi chamada de "savate” - boxe francês - e atraiu tanto a elite da sociedade como os jovens, o que beneficiou o esporte como a aptidão muscular e autodefesa. Em 1850, a primeira luta de boxe francês com as regras estabelecidas por Casseux, para diferenciá-lo de uma rixa da rua. Louis Vignezon foi o primeiro campeão de Savate ao derrotar seu adversário com a batida de apenas quatro chutes.


Credit: Boxing Lesson by Charles Charlemont (1862-1942), 1906 (b/w photo), French Photographer, (20th century) / Bibliotheque des Arts Decoratifs, Paris, France / Archives Charmet / The Bridgeman Art Library

Fuente: DEPORTES DE COMBATE - BOXEO FRANCES Y ESGRIMA DE PALO, BADENAS, MADRID 1934 - Título Deportes de combate: boxeo inglés, boxeo francés, lucha grecorromana, lucha libre, esgrima de palo, jiu-jitsu, kuatsu; Autor José Bádenas Padilla; Editor s.n., 1934, On line http://eu-bras.blogspot.com/


Em 1852, a Academia Militar Ecole De Joinville incluiu o Savate no treinamento de recrutas. Em seguida, essas mesmas regras foram estendidas para outras partes do Velho Continente, África, Canadá e Estados Unidos.

O Box Savat também foi introduzido em nossa Escola pela missão militar francesa357 tanto no Colégio Pedro II358 no Rio e no exército e da polícia francesa através de diversas missões ao Brasil e em 1885 uma missão brasileira viajou para Paris para obter informações sobre o Sistema policial francês (Savate Vidocq) 359: A referência a aparelhos e peças próprias aos exercícios gymnasticos faz pensar que Pedro Guilherme Meyer tenha desenvolvido um trabalho diferenciado daquele que até então acontecera no CPII que, de um modo geral, esteve centralizado no conteúdo da esgrima. Neste sentido, é esclarecedor o relatório do Inspetor Geral da Instrução Pública do Município da Corte, enviado ao Ministro do Império em 1859: apraz-me declarar a V. Exa. que durante o anno passado começou a funccionar com a possível regularidade o gymnasio do internato. Com pequena despeza se acha provido de um portico regular com varios apparelhos supplementares que permittem a maior parte dos exercícios da gymnastica pratica de Napoleon Laisné, ensinados pelo alferes Pedro Guilherme Meyer. (MINISTÉRIO DO IMPÉRIO, 1858, p.18). De acordo com o Inspetor, Pedro Meyer teria ministrado lições de exercícios gymnasticos inspiradas na ginástica do francês Napoleon Laisné. Este era discípulo do Coronel Francisco Amorós y Ondeano, a principal figura Organização e cotidiano escolar da Gymnastica (CUNHA JUNIOR, 2004, 2008) 360

Em 1928, a Missão Militar Francesa passou a contar entre seus integrantes com um oficial encarregado exclusivamente de dirigir a instrução de educação física. Escolhido entre os instrutores da escola de Joinville, o major Pierre Ségur ficou encarregado de ministrar educação 357

http://www.policiamilitar.sp.gov.br/noticias.asp?TxtHidden=144 on line http://sala-prensa-internacionalfica.blogspot.com/search/label/1906Mission%20Francesa%20para%20en%20Brasil%20para%20formaci%C3%B3n%20de%20la%20Fuerza%20P%C3%BAblica 358 O Imperial Collegio de Pedro Segundo (CPII) foi fundado no Rio de Janeiro em 1837. O principal objetivo do governo brasileiro ao organizar o CPII foi oferecer aos filhos da boa sociedade imperial (Mattos, 1999) uma formação secundária abrangente e distintiva, própria à elite da época. A distinção pode ser avaliada pelo título conferido aos alunos que finalizavam o curso de estudos do Colégio, o de Bacharel em Letras, cuja posse garantia lugar em qualquer uma das Academias Superiores brasileiras. CUNHA JUNIOR, Carlos Fernando Ferreira da História da Educação Física no Brasil: reflexões a partir do Colégio Pedro Segundo. IN EDUCACION FÍSICA Y DEPORTE, Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 123 - Agosto de 2008 http://www.efdeportes.com/; CUNHA JUNIOR, Carlos Fernando Ferreira da Organização e cotidiano escolar da “Gymnastica” uma história no Imperial Collegio de Pedro Segundo. In PERSPECTIVA, Florianópolis, v. 22, n. Especial, p. 163-195, jul./dez. 2004, on line, disponível em http://www.ced.ufsc.br/nucleos/nup/perspectiva.html 359 Para saber mais sobre Vidocq e a criação do Savate, ver http://www.arras-online.com/celeb_vidocq.php 360 CUNHA JUNIOR, 2004, obra citada, disponível em http://www.ced.ufsc.br/nucleos/nup/perspectiva.html CUNHA JUNIOR, 2008obra ciatada http://www.efdeportes.com/


física na Escola Militar do Realengo. O relatório do chefe da Missão Militar Francesa referente ao ano de 1928, ao comentar a situação da educação física nas escolas do Exército (Militar, de Sargentos, de Cavalaria e de Aviação), informava que, apesar de nelas ser desenvolvido um trabalho intenso e de muito boa vontade, faltavam os meios práticos e a aplicação de um método firme referência óbvia ao Método Francês361. Também na Escola de Educação Física da Polícia Militar de São Paulo, criada em 1910, o Savat é introduzido:

Pg. II. Executivo - Caderno 1. DOSP de 25/02/2010 http://www.jusbrasil.com.br/diarios/5135262/dosp-executivo-caderno-1-25-02-2010-pgii/pdfView#xml=http://www.jusbrasil.com.br/highlight/5135262/missao%20francesa – Publicado por AEC para Influencias Européias no Brasil 361

VIEIRA, Luis Renato. Educação e autoritarismo no Estado Nobo. In EDUC E FILOS. Uberlândia, 6 (12): 83-94, jan./dez. 1992, disponível em http://capoeira-utilitaria-capoeiragem.blogspot.com/2010/03/1921-adop-metodo-ed-fisica-ejercito-br.html


Para Costa (2007) 362, no Rio de Janeiro, no Recife e na Bahia, a capoeira seguia sua história, e seus praticantes faziam a sua própria. Originavam-se de várias partes das cidades, das áreas urbanas e rurais, das classes mais abastadas às mais humildes, de pessoas de origem africana, afro-brasileira, européia e brasileira, inserindo-se em vários setores e exercendo várias atividades de trabalho, profissões e ofícios. Alguns exemplos que fundamentam essa constatação: Manduca da Praia, empresário do comércio do ramo da peixaria, Ciríaco, um lutador e marinheiro (CAPOEIRA, 1998, p. 48) 363; José Basson de Miranda Osório, chefe de polícia e conselheiro (REGO, 1968)364 ; mais recentemente, Pedro Porreta, peixeiro, Pedro Mineiro, marítimo, Daniel Coutinho, engraxate e trabalhador na estiva; Três Pedaços, que trabalhava como carregador (PIRES, 2004, p. 57, 61, 47 e 73)365; Samuel Querido de Deus, pescador, Maré, estivador e Aberrê, militar com o posto de capitão (CARNEIRO, 1977, p. 7 e 14)366. Todos eram capoeiristas. Muitos dos mais influentes personagens da história do Brasil e da capoeira estudaram no Colégio Pedro II, existindo informações sobre a prática da Capoeira entre eles. O ano de 1841 é considerado como o marco inicial da história da gymnastica no Colégio Pedro Segundo. Exatamente no dia nove de setembro, Guilherme Luiz de Taube, ex-capitão do Exército Imperial, entrou em exercício no cargo de mestre de gymnastica do Colégio.367 Outro professor, Pedro Meyer, para além da esgrima, desenvolveu um trabalho mais abrangente no CPII: Nesse sentido, é esclarecedor o relatório apresentado pelo inspetor geral da Instrução Pública do Município da Corte em 1859: Durante o anno passado começou a funccionar com a possível regularidade o gymnasio do internato. Com pequena despeza se acha provido de um portico regular com varios apparelhos supplementares que permittem a maior parte dos exercicios da gymnastica pratica de Napoleon Laisné ensinados pelo alferes Pedro Guilherme Meyer 17. De acordo com o inspetor, Pedro Meyer teria ministrado lições de exercicios gymnasticos inspiradas na ginástica do francês Napoleon Laisné, discípulo do coronel Francisco Amoros y Ondeano, a principal figura da ginástica francesa, falecido em 1848. Laisné tornou-se um dos principais continuadores da obra de Amoros, desenvolvendo seu trabalho na Escola de Joinville-le-Point, local para o qual Foi transferido em 1852, o principal ginásio antes dirigido pelo Coronel Amoros (Baquet, 199-). Segundo Carmen Lúcia Soares (1998), no método organizado por Amoros destacavam-se os exercícios da marcha, as corridas, os saltos, os flexionamentos de braços e pernas, os exercícios de equilíbrio, de força e de destreza, bem como a natação, a equitação, a esgrima, as lutas, os jogos e os exercícios em aparelhos, tais como as barras fixas e móveis, as paralelas, as escadas, as cordas, os espaldares, o cavalo e o trapézio. No CPII, atividades desse tipo foram implementadas por Pedro Meyer, mestre que introduziu na instituição os exercicios gymnasticos em aparelhos.368

362

COSTA, Neuber Leite CAPOEIRA, TRABALHO E EDUCAÇÃO. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Educação, 2007. 363 NESTOR CAPOEIRA: PEQUENO MANUAL DO JOGADOR. 4. ed. Rio de Janeiro: Record. 1998. 364 REGO, Waldeloir. CAPOEIRA ANGOLA: UM ENSAIO SÓCIO-ETNOGRÁFICO. Salvador: Itapuã, 1968. 365 PIRES, Antonio Liberac A. CAPOEIRA NA BAHIA DE TODOS OS SANTOS: ESTUDO SOBRE CULTURA E CLASSES TRABALHADORAS (1890 - 1937). Tocantins: NEAB/ Grafset. 2004 366 CARNEIRO, Edson. Capoeira. 2 ed. 1977 (CADERNOS DE FOLCLORE). 367 Guilherme de Taube, como a maioria dos mestres de gymnastica que passariam pelo CPII ao longo dos oitocentos, era um exoficial do Exército. Sua experiência com os exercícios ginásticos no meio militar serviu como um atestado de sua aptidão para o emprego no Colégio. Durante todo o período imperial não haveria concurso para esse cargo, sendo os profissionais contratados diretamente pelo Reitor ou pelo Ministro do Império, de acordo com a necessidade da instituição. A gymnastica era considerada uma atividade eminentemente prática. Ao contrário dos responsáveis pelas outras cadeiras oferecidas pelo CPII, os pretendentes ao cargo de mestre de gymnastica não eram avaliados por seu conhecimento teórico, mas por sua perícia e experiência de trabalho com esta arte no meio militar ou nas instituições escolares civis. [...] (CUNHA JR, C F F. Organização e cotidiano escolar da “Gymnastica” - uma história no Imperial Collegio de Pedro Segundo. Perspectiva, Florianópolis, v. 22, n. Especial, p. 163-195, jul./dez. 2004) on line, disponível em http://eu-bras.blogspot.com/search/label/1841Gymnasia%20militar%20en%20el%20Colegio%20Pedro%20II 368 CUNHA JUNIOR, 2004, obra citada, disponível em http://www.ced.ufsc.br/nucleos/nup/perspectiva.html CUNHA JUNIOR, 2008, obra citada http://www.efdeportes.com/


Um aluno, reconhecido como capoeira, foi José Basson de Miranda Osório, nasceu em Parnaíba a 17 de novembro de 1836, faleceu a 17 de abril de 1903, na Estação de Matias Barbosa, Estado de Minas Gerais. Cursou humanidades no tradicional Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, seguindo para São Paulo e ingressando na Faculdade de Direito. Filho do Coronel José Francisco de Miranda Ozório, um dos chefes emancipacionista do Piauí no movimento parnaibano de 19 de outubro de 1822, Comandante das forças legalistas na guerra dos Balaios e um dos raros monarquistas brasileiros a resistir ao golpe republicano de 1889. Ocupou dentre outros, os seguintes cargos: Inspetor, Tesoureiro da Alfândega, Promotor e Prefeito de Parnaíba, Deputado Provincial e Vice-Presidente da Província do Piauí por longos anos, Presidente da Província da Paraíba, Inspetor da Alfândega do Pará e do Ceará, Chefe de Polícia da Capital do Império. (PASSOS, 1982) 369:

Para Carvalho (2001) 370, entre os capoeiras havia muitos brancos e até mesmo estrangeiros. Em abril de 1890, ainda em plena campanha de Sampaio Ferraz, foram presas 28 pessoas sob a acusação de capoeiragem. Destas, apenas cinco eram pretas. Havia dez brancos, dos quais sete estrangeiros, inclusive um chileno e um francês. Era comum aparecerem portugueses e italianos entre os presos por capoeiragem. E não só brancos pobres se envolviam: “A fina flor da elite da época também o fazia. Neste mesmo mês de abril de 1890 foi preso como capoeira José Elísio dos Reis, filho do conde de Matosinhos, uma das mais importantes personalidades da colônia portuguesa, e irmão do visconde de Matosinhos, proprietário do jornal O Paiz. Como é sabido, a prisão quase gerou uma crise ministerial, pois o redator do jornal era 369

PASSOS, Caio. Cada rua sua história. Parnaíba: [s.n.], 1982. citado por , SILVA, Rozenilda Maria de Castro COMPANHIA DE APRENDIZES MARINHEIROS DO PIAUÍ E A SUA RELAÇÃO COM O COTIDIANO DA CIDADE DE PARNAÍBA. on line, http://www.ufpi.br/mesteduc/eventos/ivencontro/GT10/companhia_aprendizes.pdf 370 CARVALHO, José Murilo De. BESTIALIZADOS OU BILONTRAS? (do Livro Os Bestializados – O Rio de Janeiro e a República que não foi”, Cia das Letras, págs. 140-164, ano 2001). On line, http://www.cefetsp.br/edu/eso/lourdes/bestializados.html


Quintino Bocaiúva, ministro e um dos principais propagandistas da República. Outro caso famoso foi o de Alfredo Moreira, filho do barão de Penedo, embaixador quase vitalício do Brasil em Londres, onde privava do convívio dos Rothschild. Segundo o embaixador francês no Rio, Alfredo era "um dos chefes ocultos dos capoeiras e cabeça conhecido de todos os tumultos". O representante inglês informava em 1886 que José Elísio e Alfredo Moreira eram vistos diariamente na rua do Ouvidor, a Carnaby Street do Rio, em conversas com a jeunesse dorée da cidade.

http://web.tiscalinet.it/canneitaliana/italo.htm

CAPOEIRAS PRESOS SEGUNDO A COR Brancos

36

32,7%

Pretos

33

30,0%

Outros*

41

37,3%

TOTAL

110

100,0%

* Inclui Fulos, Pardos, Morenos e Pardos Escuros Fonte: BRETAS, 1989, p. 58


CAPOEIRAS PRESOS SEGUNDO O LOCAL DE NASCIMENTO Rio de Janeiro

47

42,3%

Estado do Rio

10

9,1%

Nordeste

16

14,5%

Sudeste

8

7,2%

Sul

4

3,6%

Europa

17

15,4%

Paraguai

1

0,9%

Açores e Cabo Verde

2

1,8%

Não identificados

5

4,5%

110

99,3%

TOTAL Fonte: BRETAS, 1989, p. 58

CAPOEIRAS PRESOS SEGUNDO A IDADE Menores de 18 anos

1

De 18 a 23 anos

61

De 24 a 29 anos

25

De 30 a 35 anos

9

De 36 a 41 anos

10

Maiores de 41 anos

4

TOTAL

110

Fonte: BRETAS, 1989, p. 58

No início do século XX, no Brasil começou a se tornar mais comum a prática da luta romana, notadamente desafios entre atletas cariocas e de São Paulo. José Floriano Peixoto foi um dos mais renomados dessa modalidade naquele momento.


No seu livro de memórias, comenta Luiz Edmundo, captando bem o momento de transição: Não se pratica a ginástica do corpo. A do sentimento basta. E nesse particular, ninguém supera o jovem desse tempo... Vive ainda da lírica do poeta Casimiro de Abreu, acha lindo sofrer-do-peito, bebe absinto e, de melenas caídas nas orelhas, ainda insiste em recitar ao piano. Toda uma plêiade de moços de olheiras profundas, magrinhos, escurinhos, pequeninhos... Tipos como o do atleta José Floriano Peixoto, são olhados, por todos, com espanto. (Edmundo, 1957, p.833)

Zeca Peixoto, como era conhecido, destacava-se não só pelo seu corpo forte, como também pelo fato de ser praticante e campeão de muitos esportes diferentes. Ganhou ar de herói quando salvou diversas pessoas em um naufrágio que ocorrera na Bahia, ocasião em que retornava de excursão à Europa. Nos primeiros anos da década de 1900, Peixoto já estava envolvido com o grupo de Paul Pons, um francês muito atuante nos primeiros momentos do halterofilismo no Brasil e no mundo. No decorrer da década esteve envolvido com apresentações em teatros, fazendo parte da "Companhia Ginástica e de Variedades" e chegando a ser proprietário de um circo (Circo Floriano), que fez sucesso na cidade371.

O escritor maranhense Coelho Neto, tido como grande capoeirista é citado como um dos precursores da Capoeiragem, haja vista que no Artigo 17 - do regulamento da FICA, quando trata da Nomenclatura de Movimentos de Capoeira estabelecida em sua parte “A- Nomenclatura Histórica”, colhida a partir da pesquisa nas obras dos primeiros autores a escreverem sobre a Capoeira, aparecem Plácido de Abreu, Coelho Neto e Annibal Burlamaqui (Zuma): Parágrafo 1°- Legado de Plácido de Abreu – 1886[...] Parágrafo 2°- Legado Apócrifo – 1904 [...]. Parágrafo 3°- Legado de Coelho Neto – 1928 [...]. Parágrafo 4°- Legado de Annibal Burlamaqui (Zuma, autor da primeira Codificação Desportiva – 1928[...].

371

On line http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01882007000200008&script=sci_arttext


Para Pol Briand372, dois termos da capoeira baiana têm origem certamente francesa, são o “aú” que em português é “pantana” como escrito nos artigos de 1909 descritivos da luta de Ciríaco contra Sada Miako no Pavilhão Pascoal no Rio de Janeiro e “role”; é provável que os nomes usados na capoeira venham de instrutores militares de ginástica das Missões francesas. A expressão francesa "faire la roue" designa um movimento similar ao “aú” da capoeira, e o "roulé-boulé" é uma técnica para amortecer um choque (pulando de uma altura) rolando sobre si mesmo, com alguma semelhança ao “role” da capoeira: “Suponho que a influência francesa se deu através do serviço militar obrigatório no Brasil a partir de 1908. Foi promovido pelos mesmos militares e intelectuais nacionalistas favoráveis à educação física (e ao ensino da capoeira como esporte nacional 373. Antes da vinda dos franceses em 1908, a influencia alemã predominava do exército brasileiro. Os franceses tiveram não somente atuação direta em S. Paulo, como também indireta, com difusão de um manual de educação física no Brasil inteiro. 374. Ainda estou a recolher elementos sobre a sua presença na Bahia. Há de ressaltar, pista ainda não seguida, que a Marinha também praticava educação física e que os famosos mestres de capoeira Aberrê e Pastinha foram Aprendizes Marinheiros no início do sec. 20. Como indica Loudcher (op.cit), o exército e a marinha de guerra francesa fizeram ao inventar o esporte como preparação física para a guerra no final do século 19, interpretação muito particular do jogo de desordeiros que era a savate, transformando-la em largas proporções. É certo que a escola de polícia de Joinville, situada perto da École normale militaire de gymnastique de Joinville, tinha um uso mais prático para o combate sem armas ou com armas improvisadas. Entretanto, os instrutores militares sempre dominaram o ensino. Os instrutores de educação física da missão militar francesa foram pouquíssimos. Se influência tiveram, foi geralmente indireta, através de pessoas por eles [in] formados. Portanto, os ensinos franceses foram interpretados e adaptados pelos brasileiros, e, notadamente, pelos adeptos da capoeiragem e do jogo de capoeira, sempre interessados em novos “truques” (outra palavra francesa que substitui o português 'ardil' nos Ms. de mestre Pastinha).Os franceses, como os ingleses e alemãs, participaram também da promoção da idéia esportista no Brasil. Passar, no conceito dos praticantes, de brinquedo e da vadiação a esporte de competição, transtornou a capoeira, como quem sabe ler pode constatar nos debates consecutivos à organização de campeonato no palanque do Parque Odeon em Salvador em 1936. Hoje se procura recuperar o sentido e a sabedoria associadas à atividade antes desta fase. Aparentemente, o esporte de competição não atende às necessidades de todo mundo. Como sempre com essa fonte, o artigo citado375 traz erros na grafia dos nomes (dos franceses) e uma inconguidade: "O Bailado Joinville Le Pont: dança folclórica, hoje extinta na França e só praticada pela Polícia Militar do Estado de São Paulo." Não faz sentido. "La danse de Joinville Le Pont" não pode ser dança folclórica. É obviamente piada de militares para designar o seu treino, sendo que Joinville, situada perto no rio Marne próximo de Paris, era o subúrbio onde no espaço onde não se construía por causa das enchentes, vinha dançar o povo (e malandros) parisiense em barracões chamado “guinguettes" (o termo, de mesmo origem que 'ginga', evoca o ato de mexer as pernas “jambes” ou popularmente 'gambettes'-- como também 'gigolette' e 'degingandé'. O que foi extinta é a École normale militaire de Gymnastique, chamada 'de Joinville' embora o terreno em que se situava, no Bois de Vincennes, tivesse sido anexado pelo município de Paris em 1929.

372

On line in http://saladepesquisacapoeira.blogspot.com/search/label/Ginga-SAVATE KUHLMANN, Paulo Roberto Loyolla (Major), SERVIÇO MILITAR OBRIGATÓRIO NO BRASIL: CONTINUIDADE OU MUDANÇA? Campinas: Núcleo de Estudos Estratégicos – Unicamp / Security and Defense Studies, vol. 1, winter 2001, p.1. 374 SOUSA, Celso. LA MISSION MILITAIRE FRANÇAISE AU BRÉSIL DE 1906 À 1914 ET SON RÔLE DANS LA DIFFUSION DE TECHNIQUES ET MÉTHODES D'ÉDUCATION PHYSIQUE MILITAIRE ET SPORTIVE. Thèse Histoire contemporaine, Université de Bourgogne, 2006 in [http://www.esefex.ensino.eb.br/atual_trab/%40cap I.PDF 375 Bailado Joinville Le Pont -SESC Pompeia Dia(s) 26/04 Domingo, às 17h. O “Bailado Joinville Le Pont” é uma dança folclórica, originalmente extraída de uma dança camponesa do interior da França, posteriormente sistematizada pela Escola de Joinville Le Pont. Com o advento das Guerras Napoleônicas essa dança foi utilizada pelos comandantes franceses como forma de treinamento e entretenimento de seus soldados. Em 1906, uma missão composta por 19 oficiais da gerdarmarie francesa introduziu a dança na Academia de Polícia Militar do Estado de São Paulo, com a finalidade de reforçar o condicionamento físico dos soldados brasileiros. Hoje em dia este bailado está extinto na França, contudo ainda é praticado no Brasil pela Academia de Polícia Militar do Barro Branco. DECK SOLARIUM. In http://www.sescsp.org.br/sesc/programa_new/mostra_detalhe.cfm?programacao_id=149568 373


PANTANA

Capoeiragem: Articulo EEUU-Nueva York -1953 http://capoeira-utilitaria-capoeiragem.blogspot.com/2010/03/1953-eeuu-articulode-capoeiragem-en.html PANTANA - Volta sobre o corpo aplicando os pés contra o peito d o adversário (Abreu, 1886, in LIMA, 2007, p. 158).

O capoeirista, negaceando, simula um salto mortal e, com as mãos apoiadas no chão, desfere com os pés uma violenta pancada, que visa geralmente o rosto ou o peito do adversário (Moura, 1991, in LIMA, 2007, p. 158) O “AÚ” é descrito como: Movimento que na Capoeira corresponde ao posicionamento do corpo apoiado nas mãos (“em representação ao desenho da letra ‘A”) com os pés erguidos e abertos (em representação ao desenho da letra “U”. É um movimento característico da capoeira, no qual o praticante leva as duas mãos ao chão, subindo imediatamente as duas pernas, geralmente esticadas e caindo geralmente em pé. (MANO LIMA, 2007, p. 64): É um movimento de capoeira que pode ser aplicado de muitas formas: Em pé, agachado entre outros – AÚ AGULHA; AÚ AMAZONAS; AÚ BANDEIRA; AÚ BATIDO; AÚ CAMALEÃO; AÚ CHAPA DE FRENTE; AÚ CHAPA DE COSTAS; AÚ LATERAL; AÚ CHIBATA COM UMA PERNA; AÚ CHIBATA COM DUAS PERNAS; AÚ COICE; AÚ COM UMA DAS MÃOS; AÚ CORTADO; AÚ DE COLUNAS; AÚ DE ROLÊ; AÚ DUBLÊ; AÚ FININHO; AÚ GIRO COMPLETO; AÚ MARTELO; AÚ MORCEGO; AÚ MORTAL; AÚ PALITO; AÚ PARAFUSO; AÚ PICADO; AÚ PICO; AÚ PIRULITO; AÚ QUEBRADO; AÚ SANTO AMARO; AÚ SEM MÃOS; AÚ TESOURA; AÚ VIRGULINO.


Pintura do italiano Giovanni Battista Tiepolo, chamada Pulcinella and the Tumblers de 1797, época em que a ginástica renascia em apresentações públicas. A obra encontra-se no Museu Settecento Veneziano

Aú é indispensável na pratica da capoeira, por ser um dos passos mais usados. Existem dois tipos de aú. Aú aberto: é utilizado no início e na saída da roda. É também conhecido como estrela. É só colocar as mãos no chão e depois os pés para o alto,e termina em pé. Aú fechado:semelhante ao rolê,acrescenta-se um pulo Aú dobrado: a entrada do movimento é semelhante ao aú aberto, mas na metade do movimento dobra-se a coluna para sair de frente. Aú trançado: movimento em que se entra no aú aberto mas troca-se as pernas "trançando-as", sendo a perna que impulsiona o corpo a primeira que vai tocar o solo. Aú sem mãos: mesmo movimento do aú aberto, mas executado sem o emprego das mãos. http://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%BA

Techniques et apprentissage du moring réunionnais


Résumé Sport de combat rituel, le moring associe la musique, l’’expression corporelle, les traditions guerrières et les cultes afro-malgaches. Cousin de la Capoeira du Brésil, le moring réunionnais dû affronter bien des préjugés et des interdits tout au long de son histoire. Ce livre contribue à réhabiliter cet art populaire. Il met en valeur les bienfaits de cette discipline où le corps et l’’esprit s’’épanouissent. Règles et techniques sont expliquées précisément, illustrées par de nombreux croquis de mouvements. http://www.livranoo.com/livre-Reunion-Techniques-et-apprentissage-du-moring-reunionnais-252.html

1.

http://www2.webng.com/portaldacapoeira/au.html// 2. Pencak Indonésia

Seqüência de Bimba (8) Jogador 1 - bênção e aú de rolê. Jogador 2 - negativa e cabeçada.

1. http://angoleiro.files.wordpress.com/2008/12/traira.jpg; 2. http://4.bp.blogspot.com/_kL_C1q2fRZo/SairYBUBtsI/AAAAAAAAAFg/GyRpMviliGQ/S760/capoeira+03.jpg

O pesquisador francês está a buscar evidencias de que a Marinha “também praticava educação física e que os famosos mestres de capoeira Aberrê e Pastinha foram Aprendizes Marinheiros no início do sec. 20” haja vista que a “influência francesa se deu através do serviço militar obrigatório no Brasil a partir de 1908”, tendo sido “promovido pelos


mesmos militares e intelectuais nacionalistas favoráveis à educação física (e ao ensino da capoeira como esporte nacional”.

Em artigo publicado no Jornal do Capoeira questão:

376

em 2005, já havia respondido parte dessa

“Em "A Pacotilha", São Luís, segunda feira, 14 de junho de 1909, há uma noticia que tem por titulo "JIU-JITZÚ" - certamente transcrita de "A Folha do Dia" - do Rio de Janeiro (ou Niterói): "Desde muito tempo vem preocupando as rodas esportivas o jogo do Jiu-Jitzú, jogo este japonês e que chegou mesmo a espicaçar tanto o espírito imitativo do povo brasileiro que o próprio ministro da marinha mandou vir do Japão dois peritos profissionais no jogo, para instruir os nossos marinheiros. "Na ocasião em que o ilustre almirante Alexandrino cogitava em tal medida, houve um oficialgeneral da armada que disse ser de muito melhor resultado o jogo da capoeira, muito nosso e que, como sabemos, é de difícil aprendizagem e de grandes vantagens. "Essa observação do oficial-general foi ouvida com indiferença. "A curiosidade pelo jiu-jitzu chega a tal ponto que o empresário do "Pavilhão Nacional", em Niterói, contratou, para se exibir no seu estabelecimento, um campeão do novo jogo, que veio diretamente do Japão. "Ha alguns dias esse terrível jogador vem assombrando a platéia daquela casa de diversões com a sua agilidade indiscritível, com os seus pulos maquiavélicos. Todas as noites o campeão japonês desafia a platéia a medir forcas com ele, sendo que, logo nos primeiros dias de sua exibição, se achava na platéia um conhecido "malandrão". "Feito o desafio, o "camarada" não teve duvidas em aceitar, subindo ao palco. "Depois de tirar o paletó, colete, punhos, colarinho e as botinas, o freguês "escreveu" diante do campeão, "mingou" abaixo do "cabra"; este assentou-lhe a testa que o japones andou amarrotando as costelas no tablado. A coisa aqueceu, o japonês indignou-se, quis virar "bicho", mas o brasileiro, que não tinha nada de "paca" foi queimando o grosso de tal maneira que a policia teve que intervir para evitar ... o japonês. “'A Folha do Dia' narra o seguinte: 'Diversos freqüentadores do Pavilhão Nacional vieram ontem a esta redação apresentar o Sr. Cyriaco Francisco da Silva, dizendo-se o mesmo senhor vencido o jogador japonês que se exibe atualmente naquela cada de diversão. "O Sr. Cyriaco é brasileiro, trabalhador no comercio de café e conseguiu vencer o seu antagonista aplicando-lhe um "rabo de arraia" formidável, que no primeiro assalto o prostrou. "O brasileiro jogou descalço e o japonês pediu que não fosse continuada a luta. "Ficam assim cientes os que se preocupam com o novo esporte que ele é deficiente. Basta estabelecer o seguinte paralelo: no jiu-jitzu a defesa é mais fácil que o ataque; na capoeiragem a grande ciência é a defesa, a grande arte é saber cair. "Sobraram razões ao nosso oficial general quando dizia que o brasileiro 'sabido, quando se espalha, nem o diabo ajunta'.". (Grifos nossos).

Em 1972, o General Jayr Jordão Ramos377 apresenta seu “Parecer sobre a CapoeiraDesporto”, em relatório do Conselho Nacional do Desporto do Ministério da Educação e 376

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Jiu-Jitsu no Maranhão. In JORNAL DO CAPOEIRA Edição 45: 29 de Agosto à 04 de Setembro de 2005, 0on linme. Diospon[ível em http://www.capoeira.jex.com.br/

377 RAMOS, Jayr Jordão. OS EXERCICIOS FISICOS NA HISTORIA E NA ARTE. Rio de Janeiro: IBRASA, 1983 O General Jayr Jordão Ramos nasceu em 14 de julho de 1907, no Rio de Janeiro. Cursou a Escola Militar do Realengo, e foi declarado aspirante a oficial em 1930. Ao longo de toda a sua carreira militar dedicou-se às questões relacionadas à prática e ao ensino de Educação Física. Como aluno, recebeu Menção Honrosa na Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx). É importante ressaltar que esta instituição balizava os rumos da Educação Física no Brasil à época. Em 1935, é nomeado instrutor da


Cultura (MEC), ressaltando a importância de dar à capoeira “formas e regras desportivas”, com o objetivo de reabilitá-la enquanto luta. Nesse mesmo parecer citado acima, o General aponta que pela falta de incentivo público, a capoeira serviu, por muitos momentos, à malandragem e desordem. Assim, só teria restado para a capoeira, fixar-se no campo do folclore (FONSECA, 2009) 378. Entretanto, ainda para o General Ramos, se tivesse sido devidamente fomentada: “[...] seria modalidade ginástica bastante praticada (...). Ao lado do Judô, do Boxe, do Karatê e de outras formas de luta, deve ser a capoeira estimulada. Como desporto, ela apresenta no seu aspecto, um misto de semelhança com a luta francesa “Savate” e com a japonesa do Karatê (...). (FONSECA, 2009)

Ainda segundo essa autora, Vicente Ferreira Pastinha nasceu em Salvador, na Bahia, em 05 de Abril de 1889. Filho de uma mulata baiana e de um comerciante espanhol, aprendeu capoeira ainda na infância, através dos ensinamentos de um africano chamado Benedito, buscando aprender a se defender depois de muito apanhar de um menino de seu bairro. Aos 12 anos entrou, em Salvador – onde morou a vida toda – na Escola de Aprendizes de Marinheiro e, posteriormente, na Marinha, lá permanecendo até os 20 anos. Em 1910 dá baixa e começa a dar aulas de capoeira em um espaço onde funcionava uma oficina de ciclistas. Ainda na Marinha, teve contato com esgrima, florete e ginástica sueca, o que nos mostra que conheceu outros estilos de luta que não a capoeira. Já Manoel dos Reis Machado, Mestre Bimba, como ficou conhecido, nasceu em 23 de novembro de 1899, na freguesia de Brotas, em Salvador, Bahia. Era filho de Luiz Cândido Machado, ex-escravo, e Maria Martinha do Bonfim, descendente de índios. Iniciou a capoeira com cerca de 12 anos, mas nessa época já tinha familiaridade com as técnicas do batuque379, uma vez que seu pai era muito famoso nessa modalidade. Seu professor, segundo relata Muniz Sodré (2002) 380, era um mestre da ‘capoeira antiga’, anterior à divisão em diferentes estilos, chamado Bentinho. Na realidade, não é novidade um membro das Forças Armadas Brasileiras estar envolvido com questões relativas à capoeira, principalmente no intento de enquadrá-la enquanto atividade esportiva. No início do século XX, como demonstrado anteriormente, setores militares defenderam a criação de um Método Nacional de Educação Física baseado na capoeira, além de serem feitas as primeiras propostas acerca da regulamentação da capoeira enquanto esporte. (FONSECA, 2009). Em 1906, a luxuosa Kosmos, Revista Artística, Scientifica e Literária, do Rio de Janeiro, publica um artigo de Lima Campos: "A Capoeira", ilustrada por Kalixto. Este artigo é um registro da construção da capoeira moderna, sua arquitetura tem como base o movimento nacionalista do final do século XIX, o qual se estenderá até meados do século XX. Lima Campos enaltece a vocação cultural mestiça da capoeira carioca e mostra a destruição da capoeira de movimento social, pela República e a gênese da proposta moderna da capoeira; A ginástica Nacional. "Das cinco grandes lutas populares: a savata francesa, o jiu-jitsu japonês, o box inglês, o pau português e a nossa capoeira, temíveis pelo que possuem de acrobacia intuitiva de elastério e de agilidade em seus recursos e avanços táticos e em seus golpes destros é, sem duvida, a última, EsEFEx e começa a estabelecer contato com outras Escolas importantes internacionais, como a Escola Superior de Educação Física Joinville-Le-Pont, lá realizando cursos FONSECA, Vivian Luiz. CAPOEIRA SOU EU: MEMÓRIA, IDENTIDADE, TRADIÇÃO E CONFLITO. Rio de Janeiro: GFV/CPDOC, 2009. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil – CPDOC como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em História, Política e Bens Culturais. 379 O batuque é uma mistura de dança e luta, na qual os jogadores usam as pernas para desequilibrar o adversário. 380 SODRÉ, Muniz. Mestre Bimba: corpo de mandinga. 2002. Citado por FONSECA, 2009, obra citada. 378


ainda desconhecida fora do Brasil, mesmo na América, a melhor a mais terrível como recurso individual de defesa certa ou de ataque impune. Nas outras (com bem limitada exceção de apenas alguns golpes detentivos ou de tolhimento no Jiu-jitsu e a limitadíssima exceção do célebre círculo defensivo descrito pelo movimento giratório contínuo do pau no jogo português) o valor está no ataque; na capoeira porém, dá-se o contrario: o seu mérito básico é a defesa; ela é por excelência e na essência defensiva. Lima Campos: "A Capoeira", 1906 Kosmos, Revista Artística, Scientifica e Literaria."

Santos (2006) 381 informa que em 1928, o capoeira-intelectual carioca Aníbal Bulamarqui, conhecido como mestre Zuma, publicou o livro Ginástica Nacional (Capoeiragem) metodizada e regrada, cujo prefácio de Mário Santos dizia: “Adotemos a capoeiragem, ela é superior ao box, que participa dos braços; ela é superior à luta romana, que baseia na força; é superior à japonesa, pois que reúne os requisitos de todas essas lutas, mais a inteligência e a vivacidade peculiares ao tropicalismo dos nossos sentimentos pondo em ação braços, pernas, cabeça e corpo”.

Em Negros e Brancos no Jogo da Capoeira: a Reinvenção da Tradição, Letícia Vidor de Sousa Reis descreve a tentativa de Burlamarqui, e de outros intelectuais do começo do século, de transformar a capoeira num esporte “branco” e “erudito”, ou seja, eles tinham para a capoeira um projeto nacional, implicando numa única nomenclatura dos movimentos corporais da capoeira e no estabelecimento de um único conjunto de regras: “Apellidei este methodo, puramente meu, de “ZUMA”, não só porque Zuma é a quarta parte do meu segundo nome, como também porque uma feliz coincidência faça com que se perceba nitidamente a letra Z no centro do campo de luta que adoptei para o meu método de capoeiragem, differenciando-o dos campos de sports communs. Primeiramente idealisei um campo de luta onde, com espaço suficiente, se pudesse realisar a GYMNASTICA BRASILEIRA. 382 Aproximadamente na mesma época em que Bimba criava na Bahia a Luta Regional, no Rio de Janeiro, se tem notícias de Agenor Moreira Sampaio, conhecido como Sinhozinho de Ipanema. Sinhozinho nasceu em 1891, em Santos, filho de um tenente-coronel e chefe político local, e descendente de Francisco Manoel da Silva, autor do Hino Nacional Brasileiro. Esses dados nos permitem perceber que Sinhozinho, como seu próprio apelido sugere, não provinha das classes baixas, fazendo parte das camadas mais favorecidas. Sua clientela também era composta por rapazes de classe média, em geral jovens de Ipanema e Copacabana (FONSECA, 2009). Segundo André Lacé Lopes (2005) 383, ele aprendeu capoeira nas ruas da cidade do Rio de Janeiro, para onde se mudara com sua família. Aprendeu boxe e luta greco-romana, e achando que a capoeira se mostrava pobre para a luta, principalmente a ‘agarrada’, resolveu aplicar alguns dos golpes aprendidos nas outras lutas à capoeira.

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SANTOS, Eduardo Alves (Mestre Fálcon) CAPOEIRA NACIONAL: A Luta por Liberdade IV IN JORNAL DO CAPOEIRA - www.capoeira.jex.com.br Edição 61 - de 19 a 25/Fev de 2006 Sorocaba-SP, disponível em http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.jornalexpress.com.br/gerencia/antigos/ver_imagem.php%3Fid_imagem%3 D4273&imgrefurl=http://www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php%3Fid_jornal%3D13170%26id_noticia%3D848&usg= __Sn7kJPy_YwGNzGjlIVhtUcf6xro=&h=414&w=287&sz=60&hl=ptBR&start=6&tbnid=q52S4xUiYR9MQM:&tbnh=125&tbnw=87&prev=/images%3Fq%3Dcapoeira%2B%252B%2Bodc%26gbv %3D2%26hl%3Dpt-BR 382 Fonte: SANTOS, Esdras Magalhães dos (Mestre Damião). A VERDADEIRA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA LUTA REGIONAL BAHIANA DO MESTRE BIMBA in http://www.capoeiradobrasil.com.br/liga_2.htm 383 LOPES, André Luiz Lacé. CAPOEIRAGEM NO RIO DE JANEIRO, NO BRASIL E NO MUNDO. Literatura de Cordel, 2ª edição. Rio de Janeiro, 2005.


Agenor Moreira Sampaio, mais conhecido como Sinhozinho, ao centro, e alunos. Ano: 1940 (Paulo Azeredo é o último à esquerda). Sinhozinho, que sempre enfatizou o treinamento de força, foi um grande treinador e formador de campeões na capoeira e em outros esportes no Rio de Janeiro, na primeira metade do século XX. A capoeira de Sinhozinho, também conhecida como Capoeira Utilitária, era uma capoeira voltada para a eficácia como luta, inspirada na violenta capoeira carioca e não era acompanhada por instrumentos musicais.

Agenor Sampaio – Sinhozinho - começa sua vida esportiva praticando a luta greco-romana: “Comecei a minha vida sportiva – disse o Sinhôzinho, preliminarmente – em 1904, no Club Esperia de S. Paulo; como socio-alumno. Ahi me mantive até 1905, quando fui para o Club Athletico Paulistano, que foi o primeiro club do Brasil que teve piscina. [...] Houve um movimento dissidente no football de então, de modo que me transferi para a Associação Athletica das Palmeiras, que havia feito fusão com o Club de Regatas São Paulo. Ahi, em companhia de Itaborahy Lima, José Rubião, Hugo de Moraes e mais alguns amigos, comecei a praticar com enthusiasmo a gymnastica, tendo, por exemplo, Cícero Marques e Albino Barbosa, que eram, naquelle tempo, os maiores athletas do Brasil.[...] Mais tarde ” prosseguiu o nosso entrevistado ” com a vinda de Edú Chaves da Europa, novos ensinamentos nos foram ministrados, dos quaes a luta greco-romana, box francez (savata) e a gymnastica em apparelhos foram os mais importantes. [... ] Em 1907, ingressei no Club Força e Coragem, que obedecia à direcção do professor Pedro Pucceti. Continuei os exercícios que sabia e outros mais, que aprendera com o referido mestre. [...] em 1907, obtive os meus primeiros sucessos nesta luta e tive occasião de vencer o torneio da minha categoria. [...] Em 1908, mudei-me para esta capital, de onde jamais me afastei. O Rio é uma cidade encantadora pelos seus recursos naturaes e captivante pela lhaneza dos cariocas, que são extremamente hospitaleiros.[...] Fui um dos fundadores do Centro de Cultura Physica Enéas Campello, que teve o seu período de fastigio no sport carioca. Ali, ao lado de João Baldi, Heraclito Max, Jayme Ferreira e o saudoso Zenha, distingui-me em diversas provas em que tomei parte.” (in “Clube Nacional de Gymnastica: Uma grande Promessa” - Diário de Notícias, RIO, 1º de setembro de 1931) Grifos nossos

Segundo Jorge Amado (VASSALO, 2003) 384 Mestre Bimba foi ao Rio de Janeiro mostrar aos cariocas da Lapa como é que se joga capoeira. E lá aprendeu golpes de catch-as-catch-can, de jiu-jitsu, de boxe. Misturou tudo isso à Capoeira de Angola, e voltou falando numa nova capoeira, a ‘Capoeira Regional’. Em 1962 é criada a Federação Brasiliense de Pugilismo385, 384

VASSALO, Simone Ponde. “Capoeiras e intelectuais: a construção coletiva da capoeira autêntica”. ESTUDOS HISTÓRICOS. Rio de Janeiro, 2003, v.2, n.32, p 106-124 DOU (Diário Oficial da União), de 21/12/1962, pg. 61. Seção 1., disponível em http://www.jusbrasil.com.br/diarios/3100574/dou-secao-1-21-12-1962-pg-61 , Publicado por AEC para Conexoes da Capoeira Desportiva el 8/03/2010 02:25:00 AM

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A CAPOEIRA NO/DO MARANHÃO: ALGUMAS QUESTÕES PARA REFLEXÃO Gostaria inicialmente de agradecer ao convite para estar aqui este dia falando sobre Capoeira. O convite é muito especial para mim; talvez, mais do que ter coisas a falar, eu tenha muito a apreender sobre Capoeira, principalmente com os Mestres, Professores, demais Capoeiras e com o público presente. Tenho a pretensão de levantar algumas questões sobre a Capoeira... Agradeço, então, ao Contramestre Baé e à Federação de Capoeira do Estado do Maranhão. Também gostaria de aproveitar a oportunidade para de público citar alguns Capoeiras que contribuíram para meus estudos sobre essa nobre arte de luta: Índio do Maranhão, Mizinho, Cláudio (meu ex-aluno no CEFET-MA), e claro, Baé, com que tive contato maior e ouvi muito sobre a Capoeira; ao meu Mestre Patinho – meus respeitos e sua licença para me manifestar – com quem tive algumas conversas recentemente e me mostrou que não sabia nada de Capoeira – porque Capoeira é vivência, e eu não vivo a Capoeira; disse-me o Mestre: Capoeira só se aprende na prática. Bela lição para quem tem a pretensão de escrever sobre Capoeira, sem a praticar... Obrigado, Mestre Pato386; ainda, Marco Aurélio387, Domingos de Deus, Acinho, Bamba388, Senzala e, sobretudo, André Lacé (do Rio de Janeiro) e Miltinho Astronauta e o Cavalheiro, ambos de Sorocaba, meus “colegas” do Jornal do Capoeira 389 ... Pensei em fazer uma fala que tivesse como preocupação de fundo a atuação e talvez a própria formação dos educadores de capoeira – termo que ouvi de vários Mestres e Professores durante as entrevistas realizadas por meus alunos da UEMA, do Curso de Educação Física, quando estávamos construindo o Livro-Álbum dos Mestres Capoeira do Maranhão – ainda inconcluso390. Compreendi a importância do uso desse termo – educadores de capoeira – para chamar a atenção para a responsabilidade daqueles (as) que ensinam Capoeira391. Parto do entendimento de que a Capoeira é uma prática cultural392 no sentido mais dinâmico possível do termo. Mas, o que é a Capoeira? Como podemos defini-la? Tenho encontrado as mais variadas respostas: capoeira é luta; capoeira é um esporte; capoeira é folclore; outros dizem que é um lazer; é uma festa; é vadiação; é brincadeira; é uma atividade educativa de caráter informal.393. Não me conformo com essas classificações simplistas e reducionistas; compreendi que a Capoeira é tudo isso... Compreender a Capoeira como sendo uma prática cultural394 representa um salto qualitativo para além das visões essencialistas, que, por vezes, apelam para um mito de origem reivindicando a pureza ou a tradição de certo antigamente da Capoeira. 386

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CONVERSANDO COM MESTRE PATINHO. Jornal do Capoeira, edição 63, de 05 a 11/mar de 2006, in www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=881 387 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Notas sobre a Punga dos Homens – capoeiragem no Maranhão. In Jornal do Capoeira, edição 43, 15 a 21 de agosto de 2005, in www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=609 HEICKEL, Marco Aurélio. Breves observações sobre o Tambor de Crioula. In Jornal do Capoeira, edição 43, 15 a 21 de agosto de 2005, in www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=626 388 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio Vaz. Punga dos Homens e a capoeira no Maranhão: Mestre Bamba, do Maranhão. In Jornal do Capoeira, julho 2005, in www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=589 389 www.jornalexpress.com.br 390 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio Vaz. Capoeiragem no Maranhão – Atlas da Capoeiragem. In www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=342 391 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O vôo do Falcão. Jornal do Capoeira, edição 74, de 21 a 27 de maio de 2006, in www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticia=1 392 CORTE REAL, Márcio Penna. A CAPOEIRA NA PERSPECTIVA INTERCULTURAL: QUESTÕES PARA A ATUAÇÃO E FORMAÇÃO DE EDUCADORES(AS). 2004 393 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira no Maranhão – afinal, o que é Capoeiragem? In www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=379 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O que é a Capoeira ? In www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=675 394 CORTE REAL, 2004, obra citada.


Quero chamar a atenção para o entendimento de que as práticas culturais, como a Capoeira, não estão paradas no tempo e, por isso mesmo, a transformação constante é inevitável. As necessidades e os problemas dos (as) Capoeiras de outrora não são os mesmos de hoje. A cada dia se joga uma Capoeira diferente. A Capoeira de hoje é diferente da Capoeira de ontem e da de amanhã – esse exemplo de constante transformação demonstra suficientemente bem que a cultura está em permanente mudança. Assim, práticas culturais são aquelas atividades que movem um grupo ou comunidade numa determinada direção, previamente definida sob um ponto de vista estético, ideológico, etc. 395. O que importa é dizer que seja qual for a forma de entendermos a Capoeira, seja como luta, esporte, dança ou outra maneira aqui não pensada, um ponto fundamental pode estar na relação dessas ideias com a prática da Capoeira. O que quero questionar é o seguinte: quais consequências uma Capoeira compreendida como esporte, como luta pode ter para seu ensino?396 Ou quais consequências a capoeira entendida como cultura, como vadiação pode ter para o seu ensino e para sua prática? Ou melhor, qual dessas opções queremos? Essas questões estão relacionadas com a defesa de uma capoeira enquanto prática cultural e tem a ver com um pensamento que procura chamar atenção para a necessidade de diálogo com as diferenças. Nesse sentido, até poderíamos falar da existência não de uma capoeira, mas de capoeiras: capoeiras danças; capoeiras lutas; capoeiras esportes; capoeiras culturas; capoeiras angolas, regionais, contemporâneas e assim por diante397. Assim como Corte Real398, devemos adotar a noção de interculturalidade ao se tratar da Capoeira. A educação intercultural é uma forma de educação que: “requer que se trate nas instituições educativas os grupos populares não como cidadãos de segunda categoria, mas que se reconheça seu papel ativo na elaboração, escolha e atuação das estratégias educativas”. A mesma visa a promover processos integradores que conciliem os direitos de igualdade dos cidadãos e o direito de diferenças das culturas 399. Pergunta, então Corte Real: “será que uma roda de capoeira não é um bom exemplo de processo integrador, no qual todos são iguais no direito à participação, como no direito à diferença de ter seu jeito próprio de vadiar?”. Nesses mais de dois anos que tenho me dedicado mais a fundo ao estudo da Capoeira maranhense, tenho visto algumas experiências no contexto da capoeira que mostram a possibilidade da construção de projetos coletivos baseados na participação solidária próxima a essa visão de educação intercultural, caracterizadas como a troca de saberes entre universidade/capoeira. Trago aqui exemplos dessa interação: Primeiro, o Convênio entre UFMA e uma universidade espanhola – Universidad de Múrcia - que realizaram um encontro de Capoeiristas em São Luís, no ano de 2002 – o I Encontro Maranhão-Múrcia de Capoeira Angola (EMAMUR) que 395

COELHO, T. DICIONÁRIO CRÍTICO DE POLÍTICA CULTURAL. São Paulo: Iluminuras, 1999 SOUZA, Thiago Vieira de. Aspectos didáticos e metodológicos no processo de ensino aprendizagem da Capoeira. In Lecturas: Educacion Física y Deportes, Revista digital – Buenos Aires - ano 11, no. 96, maio de 2006, disponible em www.efdeportes.com – http://www.efdeportes.com/efd96/capoei;htm 397 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira no Maranhão: Angola ou Regional? In www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=425 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira no Maranhão: Capoeira Angola In www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=438 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira no Maranhão: Capoeira Regional? In www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=498 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira no Maranhão: A Capoeira “Carioca” In www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=509 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Qual Capoeira? In www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=535 398 CORTE REAL, M.P. INTERCULTURA E DIALOGICIDADE: INVESTIGANDO ESTRATÉGIAS EDUCATIVAS E PRÁTICAS DE RESISTÊNCIA CULTURAL NA CAPOEIRA. Florianópolis: PPGE/CED/UFSC, Projeto de Tese, 2002. 399 FLEURI, R.M. (org). INTERCULTURA E MOVIMENTOS SOCIAIS. Florianópolis: MOVER/NUP, 1998. FLEURI, R.M. Desafios a educação intercultural no Brasil. Porto Alegre: 2000, III SEMINÁRIO PESQUISA EM EDUCAÇÃO REGIONAL SUL/ANPED 396


aconteceu em setembro daquele ano. Vocês tomaram conhecimento? Foi firmado convênio entre as duas universidades. Participaram do encontro o professor doutor Jesus Molina Saorín, da Universidade de Múrcia, e mais sete acadêmicos e profissionais espanhóis das áreas de Serviço Social, Educação Física, Educação Musical, Psicologia e Direito, todos adeptos da Capoeira Angola. Eles integram o Grupo de Pesquisa na Diversidade numa Perspectiva Transdisciplinar, daquela universidade. Realizado através do Núcleo de Estudo/Pesquisa e Análise Social do Movimento Humano (Nepas), ligado ao Departamento de Educação Física da UFMA, o I Emamur consiste na primeira dentre muitas outras atividades a serem desenvolvidas pelo convênio. O objetivo deste acordo é estabelecer o intercâmbio entre as duas universidades para qualquer área do conhecimento. Não se tem notícias de houve continuidade... Outro exemplo foi a defesa de duas monografias de graduação em áreas distintas de conhecimento: - a de Mestre Nelsinho, em Educação Física, que resgata a importância de Mestre Sapo na implementação da Capoeira baiana no Maranhão e resgata parte da história da Capoeira maranhense. Esse trabalho de Nelsinho tem que ser divulgado entre todos os que amam a Capoeira, pois se trata de uma pesquisa de suma importância que deve extrapolar os muros da Universidade; - o outro, na área da Economia, me é especialmente caro: a monografia de minha filha, Loreta Brito Vaz, que estudou a capoeira na perspectiva de fonte de renda e emprego em São Luis. Acredito que muitos de vocês foram participantes-respondentes da pesquisa que empreendeu. Tenho notícias que outras duas pesquisas foram feitas, uma na área de História, também relatando a vida de Mestre Sapo – ainda não consegui cópia – e outra, em Educação Física, aprovada junto ao colegiado do curso, que estava se iniciando. Com isso, gostaria de colocar a questão sobre qual poderia ser a contribuição da relação universidade – especialmente de pesquisadores concreta e politicamente envolvidos – com a Capoeira? E mais, qual a contribuição de momentos como este que estamos vivendo hoje aqui? Qual a importância da Capoeira estar dentro do espaço acadêmico? E indo mais longe, por que a Capoeira não tem sido objeto de estudo de nossas universidades? Outra questão que gostaria de levantar, diz respeito à música... Mestre Patinho chamou-me a atenção para o aspecto educacional que a música tem dentro da Capoeira. Para ser, realmente, um Capoeira, a musicalidade deve ser desenvolvida, não apenas através do saber executar as ladainhas, os cantos, as chamadas, mas de saber os seus significados, o que dizem... Mais, aprender a executar os instrumentos, a cantar, o ritmo... Tudo é questão de ritmo, e é o ritmo que determina os movimentos; se você não dominar o ritmo, não executará os movimentos... Temos observado que a música, na Capoeira, tem assumido um caráter de protesto e contestação social; observamos que as músicas são sempre improvisadas, e em geral falam do negro na senzala, do negro livre, da religião, da comunidade, seus hábitos, seus feitos, etc., algumas vezes são cantos de louvor, tristeza, revolta, desafio400 A musica organiza uma série de práticas educativas informais na Capoeira ao ditarem normas da dinâmica do jogo; e ao assumirem a narrativa das lutas da cultura popular, especialmente negra. Como Mukuna (1980) 401, a capoeira hoje reivindica ser patrimônio da cultura brasileira, podemos afirmar que essa prática cultural ainda potencializa uma dimensão crítica de protestos e contestação social? Qual é ou qual tem sido o papel da musica na atuação dos educadores de capoeira? A musica é um saber que está ao alcance de todos e todas na capoeira? As temáticas tratadas nas musicas tem favorecido ideias comunitárias? 400 401

In CAPOEIRA: arte marcial do Brasil. Rio de Janeiro: Grupo de Comunicação Três, 1983 MUKUNA, K. CONTRIBUIÇÃO BANTÚ NA MUSICA POPULAR BRASILEIRA. São Paulo: Global, [ca. 1980]


E por fim, outro questionamento seria sobre a atuação daqueles que são responsáveis por aquilo que se constitui um conjunto de práticas educativas informais, ou seja, aqueles que chamamos de professores e professoras ou para lembrar educadores de capoeira. Como esses educadores desenvolvem informalmente seus processos de formação? Como desenvolvem estratégias de organização educativa, por exemplo, mediadas pela musica? Quais são as suas visões e opiniões sobre as atuais discussões sobre a regulamentação dos profissionais da capoeira? Gostaria de concluir - com Corte Real -, fazendo um balanço das ideias e questões levantadas402. Penso que seja válida a visão da capoeira como sendo dinâmica, inserida no processo histórico e em constante transformação. Portanto, como uma prática cultural, que engloba os aspectos de arte, luta, dança, esporte, educação, resistência entre outros. Lembrar também da possibilidade de compreender a capoeira na perspectiva intercultural da educação significa reconhecer a riqueza dessa prática cultural em suas múltiplas formas. Por isso mesmo, a perspectiva intercultural chama atenção para necessidade de reconhecimento das diferentes formas de manifestação da capoeira. Necessidade também de reconhecer a individualidade de cada pessoa e sua contribuição, seja para realização de uma roda de capoeira, seja na luta por seu reconhecimento. Mas, sobretudo, a ideia de intercultura chama atenção para necessidade de lidarmos com todos os tipos de conflitos presentes numa prática cultural como a capoeira que mostram que a capoeira é, de fato, uma luta, assim como a cultura é um campo de lutas sociais. Termino, então, com as questões: •

Quais consequências de compreender a capoeira como prática cultural em transformação que engloba esporte, luta, arte, resistência, educação entre outros aspectos? Quais opções dessas queremos?

Até que ponto a roda ou a capoeira como um todo é um exemplo de educação intercultural? Ou seja, a capoeira pode ser um espaço de participação de pessoas diferentes unidas por objetivos comuns?

Qual pode ser a contribuição da relação da universidade com a capoeira? Acadêmicos e capoeiras podem ter algo a aprender juntos?

Qual tem sido o papel da música na atuação e formação dos educadores de capoeira?

Se alguma de todas essas palavras que disse conseguiu mexer um pouco com os pensamentos de vocês, assim como o capoeira se mexe quando o berimbau chora, terei cumprido o meu propósito em estar nesta roda. Segue o jogo. Obrigado

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CORTE REAL, M.P. CÍRCULOS DE CULTURA NA INVESTIGAÇÃO TEMÁTICA DE MUSICAS NEGRAS. PPGE/CE/UFSM, dissertação de mestrado, 2001 CORTE REAL, M.P. A CAPOEIRA PODE TER SEU ESPAÇO NA ESCOLA? Texto apresentado no evento O negro e o currículo escolar. Santa Maria: 8ª. Delegacia de Educação, 1999


ATLAS DA CAPOEIRAGEM EM SÃO LUÍS – MARANHÃO TRADIÇÕES Formada pelos três esportes principais de origem nacional: - CAPOEIRA; PETECA; RODEIO. CAPOEIRA/CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ DEFINIÇÕES Por Capoeira deve-se entender “... Desporto de Criação Nacional, surgido no Brasil e como tal integrante do patrimônio cultural do povo brasileiro, legado histórico de sua formação e colonização, fruto do encontro das culturas indígena, portuguesa e africana, devendo ser protegida e incentivada” (Regulamento Internacional da Capoeira); assim como Capoeira, em termos esportivos, refere-se a “... um jogo de destreza corporal, com uso de pernas, braços e cabeça, praticado em duplas, baseado em ataques, esquivas e insinuações, ao som de cânticos e instrumentos musicais (berimbau, atabaque, agogô e reco-reco). Enfocado em sua origem como dança-luta acabou gerando desdobramentos e possibilidades de emprego como: ginásticas, dança, esporte, arte marcial, folclore, recreação e teatro, caracterizando-se, de modo geral, como uma atividade lúdica”. (Atlas do Esporte no Brasil, 2005, p. 39-40). “Capoeiragem”, de acordo com o Mestre André Lace: ” uma luta dramática”(in Atlas do Esporte no Brasil, 2005, p. 386-388). “CARIOCA” - uma briga de rua, portanto capoeiragem (no sentido apresentado por Lacé Lopes) – outra denominação que se deu ‘a capoeira, enquanto luta praticada no Maranhão, no século XIX e ainda conhecida por esse nome por alguns praticantes no início do século XX. 1884 em Turiaçú é proclamada uma Lei – de no. 1.341, de 17 de maio – em que constava: “Artigo 42 – é proibido o brinquedo denominado Jogo Capoeira ou Carioca. Multa de 5$000 aos contraventores e se reincidente o dobro e 4 dias de prisão”. (CÓDIGO DE POSTURAS DE TURIAÇU, Lei 1342, de 17 de maio de 1884. Arquivo Público do Maranhão, vol. 1884-85, p. 124) 2003 Mestre Mizinho, natural de Cururupu, informa que naquela cidade também se praticava uma luta, semelhante a Capoeira, a que denominavam “carioca”: 2005 Dilvan de Jesus Fonseca Oliveira informa que seu avô, falecido aos 92 anos, estivador do Porto de São Luís – Cais da Sagração, Portinho, Rampa Campos Melo – sempre se referia á “capoeira” como “carioca”, luta praticada em sua juventude. Mestre Diniz, nascido em 1929, lembra que “na rampa Campos Melo, quando eu era garoto, meu pai ia comprar na cidade e eu ficava no barco. Eu via de lá os estivadores jogando capoeira”. - em Codó, entre os antigos, a capoeira é denominada de “carioca”. 1697-1702 Mario Meireles – Historia de São Luis, org. de Carlos Gaspar e Caroline Castro Licar, 2012, edição da Faculdade Santa Fé. Edição póstuma. No capitulo ‘A cidade cresce e é posta sob interdito pelo Bispo (1697-1702)”, p. 93-99, referindo-se à chegada de D. Timóteo do Sacramento (1697-1702), homem intolerante. Das suas brigas com a população, excomunhões, e enfrentamentos, inclusive físico – brigas nas ruas de seus correligionários e opositores, alguns de outras ordens religiosas, destacamos: “[...] enquanto os escravos de ambos – do Bispo e do Prior – cruzando-se nas ruas tentavam decidir o desentendimento de seus senhores a golpes de capoeira.” (p. 98).


1757 encontrada primeira associação da palavra capoeira enquanto gaiola grande, significando prisão para guardar malfeitores. (OLIVEIRA, 1971, citado por ARAÚJO, Paulo Coelho de. ABORDAGENS SÓCIO-ANTROPOLÓGICAS DA LUTA/JOGO DA CAPOEIRA. (Porto: Instituto Superior Maia, 1997, p. 5). - Encontrei a citação a que se refere o Mestre Baiano, Catedrático de Capoeira da Universidade de Coimbra em Marcos Carneiro de Mendonça (em “A Amazônia na era Pombalina”. Tomo III. Brasília: Senado Federal, 2005, volume 49-C). Trata-se de uma carta de Mendonça Furtado a seu irmão, o Marques de Pombal – datada de 13 de junho de 1757 -, dando conta da desordem acontecida no Arraial do Rio Negro, com as tropas mandadas àquelas paragens, quando da demarcação das fronteiras entre as coroas portuguesa e espanhola. Afirma que os dois regimentos que foi servido mandar para guarnição eram compostos daquela vilíssima canalha que se costuma mandar para a Índia e para as outras conquistas, por castigo. A maior parte das gentes que para cá era mandada eram ladrões de profissão, assassinos e outros malfeitores semelhantes, que principiavam logo por a terra em perturbação grande: “[...] que estava uma capoeira cheia desta gente para mandarem para cá [...] sem embargo de tudo, se introduziram na Trafalha, soltando-se só do regimento de Setúbal, nos. 72 ou 73 soldados, conforme nos diz o Tenente-Coronel Luis José Soares Serrão, suprindo-se aquelas peças com estes malfeitores [...] rogo a V. Exa. queira representar a Sua Majestade que, se for servido mandar algumas reclutas (sic), sejam daqueles mesmos homens que Sua majestade, ordenou já que viesse nestes regimentos, e que as tais capoeiras de malfeitores se distribuam por outras partes e não por este Estado que se está criando [Capitania do Rio Negro] [...]” (p. 300). (grifos do texto). 1820 registra-se nesta década referência a “punga dos homens”, jogo que utiliza movimentos semelhantes à capoeira. 1825 Em “O Censor”, edição de 24 de janeiro - Garcia de Abranches ao comentar o posicionamento político do Marques governante – Lord Cockrane – compara alguns portugueses com os desocupados do Rocio – em sua maioria caixeiros – que “pela sua péssima educação, muitos brancos da Europa são tão vis, e tão baixos, como esses mulatos que andam a espancar, a roubar e a matar, pelas ruas da Cidade...” (p. 12-13). Estaria o Censor referindo-se aos capoeiras? 1829 registram-se certas atividades lúdicas dos negros. Nesse ano é publicado no jornal “A Estrela do Norte” a seguinte reclamação de um morador da cidade: “Há muito tempo a esta parte tenho notado um novo costume no Maranhão; propriamente novo não é, porém em alguma coisa disso; é um certo Batuque que, nas tardes de Domingo, há ali pelas ruas, e é infalível no largo da Sé, defronte do palácio do Sr. Presidente; estes batuques não são novos porque os havia, há muito, nas fábricas de arroz, roça, etc.; porém é novo o uso d’elles no centro da cidade; indaguem isto: um batuque de oitenta a cem pretos, encaxaçados, póde recrear alguém ? um batuque de danças deshonestas pode ser útil a alguém ? “(ESTRELLA DO NORTE DO BRASIL, n. 6, 08 de agosto de 1829, p. 46, Coleção de Obras Raras, Biblioteca Pública Benedito Leite) 1835 na Rua dos Apicuns, local frequentado por "bandos de escravos em algazarra infernal que perturbava o sossego público", os quais, ao abrigo dos arvoredos, reproduziam certos folguedos típicos de sua terra natural:“A esse respeito em 1855 (sic) um morador das imediações do Apicum da Quinta reclamava pelas colunas do 'Eco do Norte" contra a folgança dos negros que, dizia, 'ali fazem certas brincadeiras ao costume de suas nações, concorrendo igualmente para semelhante fim todos pretos que podem escapar ao serviço doméstico de seus senhores, de maneira tal que com este entretenimento faltam ao seu dever...' (ed. de 6 de junho de 1835, S. Luís.” (ECCHO DO NORTE – jornal fundado em 02 de julho de 1834, e dirigido por João Francisco Lisboa, um dos líderes do Partido Liberal. Impresso na Typographia de Abranches & Lisboa, em oitavo,


forma de livro, com 12 páginas cada número. Sobreviveu até 1836 in VIEIRA FILHO, 1971, p. 36). - Mestre Militar afirma que a capoeira no Maranhão tem seu inicio em 1835 (Costa, 2009) 403. 1843 o Diretor da Casa dos Educandos Artífices do Maranhão em relato ao Presidente da Província informava que havia “um outro problema”: a segurança dos alunos e do patrimônio da casa, em razão da existência de vários capoeiras, entre eles negros escravos, alguns fugitivos do interior da província e outros alforriados, o que resultava em atos de violência cotidianos, pela falta de intervenção policial no local. Sobre os Capoeiras reclamava esse Diretor: “Capoeiras que nem os donos das tavernas derrubam, nem a Câmara Municipal os constrange a derrubar, apesar das proximidades em que estão a respeito da Cidade cometessem por aqui crimes de toda a qualidade que por ignorados ficam impunes, tendo já sido espancado gravemente um quitandeiro, e já são muitas as noites em que daqui ouço pedir socorro, sendo uma destas a passada, na qual, às nove horas e quinze minutos, estando todos aqui já em repouso, ouvi uma voz que parecia de mulher ou pessoas moças, bradar que lhe acudissem que a matavam, e isto por vezes, indo aos gritos progressivamente a denotarem que o conflito se alongava pelo que pareceu que a pessoa acometida era levada de rojo por outra de maiores forças, o que apesar da insuficiência dos educandos para me ajudarem, atendendo as suas idades e robustez, e não tendo mais quem me coadjuvasse, não podendo resistir à vontade de socorro a humanidade aflita e não tendo ainda perdido o hábito adquirido na profissão que sigo, chamei dois educandos dos maiores e com eles mal armados, sai a percorrer as mediações desta casa, sem que me fosse possível descobrir coisa alguma, por que antes que pudesse conseguir por os ditos educandos em estado de me acompanharem, passou-se algum tempo e durante ele julgo que a vítima foi levada pelo seu perseguidor para longe daqui. Estes atentados são praticados pelos negros dos sítios que há na estrada que em consequência da má administração em que os tem, andam toda a noite pela mesma estrada, praticando tudo quanto a sua natural brutalidade lhe faz lembrar, e se V. Exa. se não dignar de tomar alguma providência a este respeito parece-me que não só a estrada se tornará intransitável de noite, como até pelo estado em que existem só os negros dos sítios e os vindos da Cidade se reúnem, entregues à sua descrição, podem trazer consequências mais desagradáveis [...] o que falo é para prevenir que este estabelecimento venha a ser insultado como me parecesse muito provável em as cousas como se acham. (FALCÃO, 1843). (citado por CASTRO, 2007, p. 191-192). A Casa dos Educandos Artífices estava alojada em um edifício construído ainda no Século XVIII, situado num ambiente de “ares agradáveis, liberdade própria do campo, vista aprazível e fora do reboliço da cidade”, entre o Campo do Ourique e o Alto da Carneira – hoje, Bairro do Diamante, ocupado pelo Ministério da Agricultura. O Autor do relatório, José Antônio Falcão, era tenente-coronel reformado do Exército, e havia assentado praça em São Luís, juntamente com seu irmão Feliciano Antônio Falcão, em 1831, como cadete no Regimento de Linha. Antônio Falcão foi o organizador da Casa dos Educandos Artífices, e seu diretor no período de 1841 a 1853. Já Feliciano Antônio Falcão, seu irmão, comandou a força expedicionária para combater os Balaios em Icatu e comandou a terceira tropa por ordem de Luis Alves de Lima e Silva, depois Duque de Caxias, entre as localidades de Icatu e Miritiba (hoje, Humberto de Campos), até o fim da Balaiada. (CASTRO, 2007, p. 184). Cumpre lembrar que estes alertas foram feitos no ano de 1843, apenas um ano após o término da Balaiada – iniciada em 1838, originada com as lutas dos quilombolas na área de Codó (Distrito do Urubu) como antecedentes à eclosão da Revolta, até a condenação do Negro Cosme, em 1842404, estando envolvidos vários capoeiras, entre eles negros escravos, alguns fugitivos do interior da província e outros alforriados. Seriam esses Capoeiras remanescentes da Balaiada? 403

COSTA, C. A. A. História da Capoeira no Maranhão. In: < http://associaogrupokdecapoeira.blogspot.com/2009/07/capoeira-domaranhao.html>. 404 ARAÚJO, Maria Raimunda (org.). Documentos para a história da Balaiada. São Luís: FUNCMA, 2001


1860 A IMPRENSA - CH RIBEYROLLES. VARIEDADES. A Fazenda (continuação do numero anterior), São Luis, 29 de setembro de 1860, p. 2 publica um artigo, dividido em partes, que apareciam em várias edições, como era costume na época, sob o titulo A FAZENDA: “Jogos e danças dos negros – No sábado à noite, depois do ultimo trabalho da semana, e nos dias santificados, que trazem folga e repouso, concede-se aos negros uma ou duas horas para a dança. Reúnem-se então no terreiro, chamam-se, grupam-se incitam-se, e a festa começa. Aqui, é a capoeira, espécie de dança física, de evoluções atrevidas e guerreiras, cadenciada pelo tambor do Congo; ali o batuque, posições frias ou lascivas, que os sons da viola aceleram ou demoram: mais além tripudia-se uma dança louca, na qual olhos, seios, quadris, tudo fala, tudo provoca; espécie de frenesi convulsivo e inebriante a que chamam lundu. Alegrias grosseiras, volúpias asquerosas, febres libertinas, tudo isto é nojento, é triste, porém os negros apreciam estas bacanaes, e outros aí encontram proveito. Não constituirá isto um sistema de embrutecimento?“. 1861 publicado em A IMPRENSA - OS ILUMORISTAS. PÁGINAS SOLTAS: o Sr. Primo, o Serafim e o Cavallo preto de Sua Excia., p. 4, de 11 de dezembro de 1861 o seguinte: “[...] Serafim é um jovem de cara lavada, moreno, barba a lord Raglan, desempenado de capoeira, e andar de cahe a ré, como marinheiro tonto, ou redactor do Porto Livre, nas horas em que o sol procura as ondas do mar [...]” 1863 Josué Montelo, em seu romance “Os degraus do Paraíso”, em que trata da vida social e dos costumes de São Luis do Maranhão, fala-nos de prática da capoeira neste ano de 1863 quando da inauguração da iluminação pública com lampiões de gás; ao comentar as modificações na vida da cidade com as ruas mais claras durante a noite: "Ninguém mais se queixou de ter caído numa vala por falta de luz. Nem recebeu o golpe de um capoeira na escuridão. Os antigos archotes, com que os caminhantes noturnos iluminavam seus passos arriscados, não mais luziram no abandono das ruas." O que é confirmado por VIEIRA FILHO (1971) quando relata que no famoso CantoPequeno, situado na Rua Afonso Pena, esquina com José Augusto Correia, era local preferido dos negros de canga ou de ganho em dias de semana, com suas rodilhas caprichosamente feitas, falastrões e ruidosos. Em alguns domingos antes do carnaval, costumavam um magote de pretos se reunirem em atordoada medonha, a ponto de, em 1863, um assinante do "Publicador Maranhense" reclamar a atenção das autoridades para esse fato. Mario Meireles – Historia de São Luis, org. de Carlos Gaspar e Caroline Castro Licar, 2012, edição da Faculdade Santa Fé. Edição póstuma, no capitulo referente ao Serviço de iluminação pública (1863-1918), p. 222-225, referindo-se a falta de iluminação nas ruas, em que era dado toque de recolher às 21 horas, com o repicar dos sinos: “Os que não atendiam ao oportuno aviso dado pelos sinos, corriam o risco, aventurando-se mergulhados nas trevas das ruas estreitas, de ir ao desagradável encontro de animal vagabundo ou de defrontar um capoeira encachaçado, se não de emparelhar com um negro escravo que levasse à cabeça um daqueles fétidos tigres – que iam ser despejados na maré mais próxima.” (p. 222). 1877 MARTINS (1989). In ESPORTES: UM MERGULHO NO TEMPO. São Luís: (s.n.), aceita a capoeira como o primeiro “esporte” praticado em Maranhão tendo encontrado referência à sua prática com cunho competitivo por volta de 1877. "JOGO DA CAPOEIRA "Tem sido visto, por noites sucessivas, um grupo que, no canto escuro da rua das Hortas sair para o largo da cadeia, se entretém em experiências de força, quem melhor dá cabeçada, e de mais fortes músculos, acompanhando sua inocente brincadeira de vozarios e


bonitos nomes que o tornam recomendável à ação dos encarregados do cumprimento da disposição legal, que proíbe o incômodo dos moradores e transeuntes". (179). 1883 PACOTILHA – 24 fev. – “Publicações a pedido: Negócios do Maranhão: [...] Outro facto do correspondente Eugenio Pavolide é de um preto capoeira, quem em junho passado, pôz em sobressalto a praça do Mercado e ruas adjacentes. Espancara um pobre homem e também as praças da policia [...]Até lá que viva que viva entregue à defesa dos Pavolides, os quais um deles talvez saldoso, o espera no hotel onde neste momento começou a purgar as suas façanhas de capoeira...” - PACOTILHA - 17 mar. – “(...) Pelas linguagens e pelas expressões de que nos temos servido nas diversas vezes que temos vindo à imprensa discutir negócios daquella sociedade evidencia-se que não temos aprendizagem de capoeira e nunca descemos ao circo de operações physicas.”. PACOTILHA - 25 junho – “(...) Os outros vaiaram no. Afinal accudiram em chusmas. Genibaldo fazia milagres de capoeira, sem conseguir approximar se delles, que o instigavão.” - PACOTILHA – 20 ago. – “(...) No sábbado a noite um marinheiro da “Lamego” fez proezas no largo do Carmo (...) Armando de cacete, fazia trejeitos de capoeira e dizia a uns soldados de policia – que chegasse, que elle queria esbodegar um, dar muita pancada (...)”. - PACOTILHA - 25 set. “(...) sem mais interrogações, pó-se na perna, à frente da tropa, a sacudir o corpo n’ uns movimentos de capoeira, gingando de alegria e enchendo o ar de assovios silvantes.” 1884 PACOTILA – 31 mar. “ O magarefe Serafim, um crápula de força, cheio de insolência (...) Mas sendo o Serafim um capoeira traquejado, sahiu incólume da pendencia”. - PACOTILHA – 21 jun: “THEATRO SÃO LUIZ 22 DE JUNHO DE 1884 – Terceiro e ultimo espetáculo – função de D. Máxmo Rodriguez, o invencível Sansão do Seculo XX – primeiro Hercules do mundo... terminará o espetaculo com o”

- PACOTILHA – 31 jul. “N’uma estação de urbanos: - Sr. Tenente, tenho seguro um capoeira. – Traga-o a minha presença. – Bem o quero fazer, meu tenente, mas o maldito não me quer largar.” 1885 PACOTILHA – 31 out. – em crônica acerca de estreia de uma peça de Artur Azevedo, no Rio de Janeiro – O mandarim – o comentarista refere-se aos tipos e a interpretação dos artistas: “(...) Barreto não foi infeliz em alguns tipos - o do capoeira e o do Jornal do Commercio optimos”.” - PACOTILHA – 30 nov. – sobre o lançamento da nova obra de Aluizio de Azevedo:


1886 – PACOTILHA – 22 mai. -

1887 PACOTILHA – 17 set.


1888 PACOTILHA - 6 fev.


1889 PACOTILHA 23 jul. -

- No mês de julho desse mesmo ano teriam ocorrido outras duas conferências em que os republicanos foram apedrejados pelos libertos de 13 do maio (denominados capoeiras) insuflados pelos monarquistas. (Fonte: Luiz Alberto Ferreira - Escola Caminho das Estrelas O MOVIMENTO REPUBLICANO NO MARANHÃO - 1888-1889). 1890 PACOTILHA – 27 agosto


1899 PACOTILHA 14 jun, em Carolina

SÉCULO XX 1900 PACOTILHA 15 fev. em Cururupu


1901 PACOTILHA 24 jan – Um conto de Viriato Correa:

- PACOTILHA 20 mai, sobre a passagem de um cometa:


1902 PACOTILHA 21 abr.

- JORNAL A CAMPANHA 20 set, p. 2 in “Sombrinhas – [...] Si tu fores homem, salta pr’á cá, torneou Eudamidas, tirando o palitot, e fazendo gestos de capoeira”. 1903 JORNAL A CAMPANHA 04 set, p. 2 in “Traças e Troças – de Geraldo Cunha: [...] Meus senhores, apesar de minha horripilante figura, do meu gingado de capoeira que faz lembrar o andarzinho do Godois, sempre me soube colocar na sociedade do homem [...]”. 1904 PACOTILHA 16 fev. uma crônica: O Travesseiro:


1909 – PACOTILHA 14 jun. JIU-JITZU: Noticia sobre a luta de Ciriaco com Maeda, ocorrida no Rio de Janeiro e adequação da Capoeira como luta nacional:


1911 DIÁRIO DO MARANHÃO 3 mar. PUF

1915 NASCIMENTO DE MORAES, em uma crônica que retrata os costume e ambientes de São Luís em fins do século XIX e início do XX, publicada em 1915, utilizam o termo capoeiragem: “A polícia é mal vista por lá, a cabroiera dos outros também não é bem recebida e, assim, quando menos se espera, por causa de uma raparigota qualquer, que se faceira e requebra com indivíduo estranho ali, o rolo fecha, a capoeiragem se desenfreia e quem puder que se salve”. (NASCIMENTO DE MORAES. Vencidos e Degenerados. 4 ed. São Luís : Cento Cultural Nascimento de Moraes, 2000, p. 95). Em outro trecho é mostrada com riqueza de detalhes uma briga, identificada como sendo a capoeira: “Ninguém melhor do que ele vibrava a cabeça, passava a rasteira. Armado de um ‘lenço’ roliço e pesado, espalhava-se com destreza irresistível, como se as suas juntas fossem molas de aço. Força não tinha, mas sabia fugir-se numa escorregadela dos pulsos rijos que avidamente o tentassem segurar no rolo. Torcia-se e retorcia-se, pulava, avançava num salto, recuava ligeiro noutro, dava de braço e pés para a direita e para a esquerda, aparando no ‘lenço’ as pauladas da cabroiera, que o tinha à conta dos curados por feiticeiros de todos os males. Atribuíam-lhe outros, a superioridade na luta, a certos sinais simbólicos feitos em ambos os braços, sinais que Aranha, muito de indústria, escondia ao exame dos curiosos, o que lhe aumentava o valor”. (in MARTINS, Nelson Brito. UMA ANÁLISE DAS CONTRIBUIÇÕES DE MESTRE SAPO PARA A CAPOEIRA EM SÃO LUÍS. São Luís: UFMA, 2005. Monografia de Graduação em Educação Física (Licenciatura), defendida em abril de 2005 1918 O JORNAL – 27 abr. – A ESMO “Não a duvida: o Maranhão conquistou agora um dos elementos civilizadores de que carecia para ser uma cidade genuinamente moderna. (...) Já tínhamos, é certo, muitos outros: a pedra da memória, os bondes, o cais, o sorvete em carrocinha, a guarda noturna, o refresco de maracujá chupado por canudo, etc, etc. (...) No gênero esporte tínhamos já o foot Ball, com jogos adjacentes e diversões anexas,e já tivemos até a luta romana. (...) Faltava o Box. (...) Pois vamos ter o Box! [...] Acho que a coisa ficaria melhor assim: o Smith de maiollot e luvas de coiro, boxando; o João Pedro, de calça arregaçada e chapéu a ré, espalhando-se na cabeçada e na rasteira... Ai sim o meu entusiasmo vibraria, como vibrou quando eu li, nos telegramas da imprensa, aquela excelsa vitoria que, no Rio, sobre um mestre japonez de jiu jitsu, ganhou um capoeira do bairro da Saude, por meio de um genial e glorioso rabo de arraia! [...]”


- O JORNAL - 18 jul – Como se conta a História “Há muito o Martiniano Santos apregoava o seu incomensuaravel valor na capoeira, no rabo de arraia, etc. No bairro da Camboa ele era tido e havido como o campeão e, por isso, temido e respeitado em extremo. ([...]” 1920 O JORNAL – S. Paulo e os Jogos Olympicos da Antuerpia – [...] Em todas as (lutas) que conheço, que são, o jiu jitsi, a greco-romana, a livre, as cat-as-catche-can, a turca e até a ... capoeira se quizessem um numero genuinamente brasileiro.[...]” - DIÁRIO DE SÃO LUIZ, 02 de dezembro – “Nos meandros da politicagem – O Urbano diz que tem medo do Machado e não confia no Domingues, o primeiro porque é um estratégico, o segundo porque é um capoeira...” 1921 O JORNAL – 1 fev - Entreatos “[...] Dei-lhe esperanças, v. avançou, pulou daqui pra acolá, fez capoeira e veio afinal, envergonhado, cair debaixo da verdade. [...] - PACOTILHA 18 OUT – DESPORTOS

1922 O JORNAL – 3 jun – A INCONFIDFENCIA DO ICARAHY – Jil Veloso: “[...] Porque, Oldemar de Lacerda, cedo ou tarde, é fatal, fará de Sansão na tragicomédia reaccionaia. Não a (?) templos, compensal-o á, contudo que desbarate a barricada do messias de Pindotiba, a coices de capeira enfezado...”. - DIÁRIO DE SÃO LUIZ, 26 de agosto – “Os industriaes de commissões – [...] Já o burocrata, entre apavorado e espavorido, enxugara, por tres vezes, o suor escachoante do rosto e mãos, quando o Chico Páo Pombo aproximando-se-lhe, em requebros de capoeira aposentado, propoz -: Prá que lado qué aderná, seo dotô!? (...) E, estendendo-lhe o braço esquerdo à altura do hombro direito, acurvou-se, rápido, para a direita – joelhos em flexão – e, retezando a perna d’esse flanco, impulsionou-a em sime-circulo para a frente! (...) E quando o pé de Páo de Pombo tocou o artelho esquerdo do misero Sancho, toda a assistência applaudiu, freneticamente, a queda desastrada de seu corpo cevado e flácido como uma bola de borracha... “. - DIÁRIO DE SÃO LUIZ, 06 out – “Guarda Avançada – Hontem, às 21 horas, os senhores Carlos Burnett e Murilo Serra foram estupidamente agredidos por um guarda civil que terminou por convidar aqueles senhores para um ‘joguinho’ de capoeira ali mesmo na Praça Deodoro onde se deu o facto. (...)”. 1923 DIÁRIO DE SÃO LUIZ, 23 ago – “Um sportmen excêntrico – O quitandeiro da rua dos Affogados, canto com a da Cruz, tem lá as suas excentricidades. A de nosso homem, porém, não é das mais plausíveis, dado o seu gênero: insuflar garotos de pouca idade para


“treinarem” o “box” e a capoeira, etc.(...) Hontem, às 18:15 horas tivemos ocasião de assitir um desses desagradaveis “treinos”, em sua casa comercial, por dois pequenos que ali foram comprar kerozsene e outros gêneros. (...) A assistência era enorme e composta dos mais intrangisentes ‘habiutés’. O exercício era um mixto de capoeira e ‘box’ importando em sérias quedas no chão encimentado [...]”. - A PACOTILHA – 05 set – OS DESORDEIROS

1924 – PACOTILHA – UMA REVELAÇÃO


- A PACOTILHA – 02 AGO – UMA TRADIÇÃO QUE DESAPARECE – O ULTIMO CAPOEIRA...



1925 DIÁRIO DE SÃO LUIZ, 31 jan – “LITERATURA – Serenata – [...] Assentados em bancos, numa bizarria interessante, estavam o Militão Gallinha, desdentado e morfanho, o Zezinho Côxo, o compadre Paulo – o Rei da Capoeira -, o Nenê de Adriana, o Paulinho das abacattelas e outros.” 1927 – 08 SET – NA POLICIA E NAS RUAS


1928 – PACOTILHA – 08 MAI

ANOS 30/40 Mestre Firmino Diniz – nascido em 1929 – que é considerado o mestre mais antigo de São Luís, teve os primeiros contatos com a capoeira na infância, através de seus tios Zé Baianinho e Mané. Lembra ainda de outro capoeirista da época de sua infância, Caranguejo; Mestre Diniz teve suas primeiras lições no Rio de Janeiro com “Catumbi”, um capoeira alagoano. Diniz era o organizador das rodas de capoeira e foi um dos maiores incentivadores dessa manifestação na cidade de São Luís. 1933 NOTICIAS 14 jul – JANUARIO MIRANDA – Junius Viactor:


1935 A PACOTILHA 24 JAN – ‘BOM CRIOULO’ – nascimento Moraes – critica a livro de Adolpho Caminha:

1948 DIÁRIO DE SÃO LUIZ, 23 jul – “A OBRA SOCIAL DO P.S.T. – [...] Essa atitude desprimorosa, que caracterisa antes de tudo a mentalidade de capoeira dos seus autores, vem mostrar ao Maranhão e ao Brasil que aqui, na terra gonçalvina (...)” ANOS 50 –Firmino Diniz conheceu a capoeira ainda na primeira metade do século XX no Maranhão, deu prosseguimento ao seu aprendizado no Rio de Janeiro com o Ms Catumbi, e retorna à São Luís, ainda nos anos 50. Anos depois se tornou um dos maiores incentivadores da capoeira ao popularizar a arte em infindáveis rodas que realizava nas ruas e praças de São Luís (PEREIRA, Roberto Augusto A. Roda de Rua: memórias da capoeira do Maranhão da década de 70 do século XX. São Luís: EDUFMA, 2009. ANOS 60 “Renascimento” da capoeira em São Luís, com a chegada de ROBERVAL SEREJO no início dos anos 60. Criação do Grupo “Bantus”, do qual participavam, além de Mestre Roberval Serejo (graduado por Arthur Emídio); Mestre Diniz (aluno de Catumbi, de Alagoas), Mestre Jessé Lobão (aluno de Djalma Bandeira), de Babalú; Gouveia [José Anunciação Gouveia]; Ubirajara; Elmo Cascavel; Alô; Patinho [Antonio José da Conceição Ramos]; e Didi [Diógenes Ferreira Magalhães de Almeida]. 1965 Mestre Paturi (Antonio Alberto Carvalho, nascido em 1946, o Mestre mais velho em atuação, hoje), inicia-se na Capoeira com os Mestres Manoelito e Leocádio, e após a chegada de Mestre Sapo, passa a treinar com este. Foi o primeiro a registrar uma Associação de Capoeira (?). - MONTELO, Josué. OS DEGRAUS DO PARAÍSO. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1965. 1966 Mestre Canjiquinha [Washington Bruno da Silva, 1925-1994], e seu Grupo Aberrê passam pelo Maranhão, apresentando-se em Bacabal, no teatro de Arena Municipal; e em São Luís do Maranhão: Palácio do Governador; Jornal Pequeno; TV Ribamar; Residência do Prefeito da capital; Ginásio Costa Rodrigues. (in REGO, Waldeloir. Capoeira Angola: ensaio sócio-etnográfico. Salvador :Itapuã, 1968). Acompanhavam Mestre Canjiquinha Sapo [Anselmo Barnabé Rodrigues]; Brasília [Antônio Cardoso Andrade]; e Vitor Careca, os três, ‘a época, menores de idade:


- Locais das exibições de Canjiquinha fora da Bahia, dentre elas: “1966 – Maranhão – Bacabal, no teatro de Arena Municipal; São Luís do Maranhão: Palácio do Governador; Jornal Pequeno; TV Ribamar; Residência do Prefeito da Capital; Ginásio Rodrigues Costa”. (Rego, 1968, p. 277 citado por MARTINS, 2005) 405. Capoeira no ginázio Será, finalmente, hoje, no Ginázio Costa Rodrigues, a exibição de Canjiquinha o rei da capoeira baiana que juntamente com Brasília, Careca e Sapinho formam um discutido quarteto... Entusiasmo do Governador Sexta-feira última Canjiquinha e seus colegas fizeram uma demonstração no Palácio dos Leões para o governador José Sarney e sua família... (JORNAL PEQUENO, 16 de junho de 1966, citado por MARTINS, 2005) 406; FOI SUCESSO ABSOLUTO A APRESENTAÇÃO DOS CAPOEIRISTAS BAIANOS Na noite de ante ontem, foi realizada a primeira apresentação em público dos "capoeiristas da Bahia" que se encontram em São Luís, tendo a apresentação dos mesmos agradado a seleta platéia que compareceu ao ginásio coberto do Campo do Ourique. Aplaudido delirantemente Os "capoeiristas" foram aplaudidos delirantemente pelo público, durante a hora e meia de apresentação de um sem números da luta de "capoeira" e do folclore africano, o que veio demonstrar o alto grau cultural do nosso público, para apresentações dessa espécie, quando <<Canjiquinha>> mais uma vez com seus pupilos brilharam em seus esmerados trabalhos. Nova apresentação Dado o êxito alcançado artisticamente pelos representantes baianos no esporte-folclore da "capoeira", os patrocinadores da referida temporada resolveram fazer nova apresentação, desta vez na noite de domingo vindouro, proporcionando assim que maior número de ludovicenses possam presenciar a difícil arte de luta de <<capoeira>>, que cada dia vem tomando vulto em todo o território nacional, no emprego da defesa pessoal.(O IMPARCIAL, 18 de junho de 1966, citado por MARTINS, 2005)407. 1968 primeira academia de capoeira em São Luís, chamada de Bantu; liderada por Roberval Serejo, um escafandrista da Marinha que aprendeu capoeira no Rio de Janeiro e que veio para o Maranhão nos anos 60. Roberval aprendeu capoeira com um mestre Arthur Emídio, baiano de Itabuna. Desde então, a capoeira deixou de ser praticada em frente ao boteco de cachaça e quitanda, e começou a ganhar novos espaços em escolas, ginásios e academias de ginástica. A academia Bantu funcionou até 1970, ano em que Roberval Serejo faleceu quando mergulhava a trabalho na construção do Porto do Itaqui de São Luís. Depois de Roberval Serejo, Anselmo Barnabé Rodrigues, o mestre Sapo, passou a ser a maior referência na capoeira angola de São Luís, já que os alunos do mestre Roberval passaram a treinar com Sapo (Martins, 2005, pág. 36 in REVISTA CAMBIASSU Ano XVIII, Nº 4 Janeiro a Dezembro de 2008). - Mestre Sapo retorna ao Maranhão, para ensinar capoeira. Vai se tornar a maior referência da capoeira do Maranhão, formando inúmeros alunos e graduando vários mestres, até sua morte, em 1982: 405

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“Mestre Pato pontua que, durante a passagem do grupo de Canjiquinha, denominado quarteto Aberrê, em homenagem ao seu Mestre, Canjiquinha recebeu uma proposta de Alberto Tavares - um membro do Governo na época - e do professor de boxe Tacinho, para que deixasse um de seus alunos na cidade no intuito de implantar a capoeira na capital. Foi então que Sapo (Anselmo Barnabé Rodrigues) voltou com o grupo para Salvador para pedir autorização para seu pai, pois ainda era menor de idade (tinha 17 anos), retornando em seguida a São Luís para ensinar capoeira.” (MARTINS, 2005) 408. ANOS 1970 As rodas de rua de São Luís continuaram acontecendo durante boa parte da década de 70, lideradas pelo Mestre Diniz e freqüentada pelos capoeiras remanescentes da Bantu e pelos alunos mais velhos e experientes do Mestre Sapo, como: Jessé, Alô, Loirinho e Manuel Peitudinho. Segundo Mestre Pato, Mestre Sapo proibia seus alunos mais jovens de participarem das rodas de rua, pois os que a freqüentavam eram os que já tinham mais autonomia. As rodas de rua aconteciam em vários pontos da cidade, como o Parque do Bom Menino, Madre Deus e Praça Gonçalves Dias, mas o local preferido era a Praça Deodoro. Segundo Mestre Patinho, essas rodas eram muito violentas e havia uma estreita relação de alguns participantes com a criminalidade. Daí a preocupação do Mestre Sapo em relação à participação de seus alunos nessas rodas. A partir de 1970, Mestre Sapo começou a formar seu grupo de capoeira, passando a ministrar aulas em uma academia de musculação localizada na Rua Rio Branco; é também nesse ano que se dá a morte de Roberval Serejo; seus alunos, da academia Bantú, passam a treinar com Mestre Sapo: “[...] faziam parte do grupo os alunos Manuel da Graça de Jesus da Silva (Manuel Peitudinho), “Alô”, “Elmo” e Antônio José da Conceição Ramos (Patinho), de acordo com o testemunho de Mestre Patinho”. Seu Gouveia contou que a academia Bantu funcionou até aproximadamente 1970, data suposta em que o Mestre Roberval Serejo faleceu, enquanto mergulhava a trabalho na construção do Porto do Itaqui.” (MARTINS, 2005)409. 1971 a Secretaria de Educação e Cultura do Estado, através do Departamento de Educação Física, Esportes e Recreação – DEFER/SÉC – coordenado por Cláudio Antônio Vaz dos Santos, criou um projeto que consistia na implantação de várias escolinhas de esportes no Ginásio Costa Rodrigues. Dentre as atividades esportivas, estava a capoeira, e o Mestre Sapo fora convidado para ministrar as aulas. A partir desse momento, houve um crescimento muito grande do número de praticantes de capoeira em São Luís. Havia várias turmas que funcionavam com aproximadamente 30 alunos cada. Mestre Sapo deu aula nessas turmas até o seu falecimento em 1982, mesmo com as trocas de Governos e Coordenadores: Mestre Sapo passou a dar um caráter esportivizante à capoeira ensinada no supracitado ginásio, minimizando sua conotação enquanto manifestação da cultura popular. Atribuiu-se a esse processo de esportivização, dentre outros fatores, os objetivos do projeto e o contexto no qual estavam inseridos o mundo da educação física e o esporte, em que eram realizadas várias outras atividades como futsal, vôlei, handebol, basquete e caratê. Diante desse contexto, Mestre Sapo passou a sistematizar as aulas, adotando o uso de uniformes, e deu muita ênfase à preparação física dos alunos. Segundo Mestre Índio (Oziel Martins Freitas), ele utilizava exercícios como corrida, polichinelo e flexões para essa preparação. Mestre Sapo se ele se definia como angoleiro ou regional, encontramos o seguinte: 9 alunos responderam angoleiro e os outros 6 responderam que ele não se definia unicamente como angola ou regional, pois ensinava as duas vertentes. De acordo com Antônio Alberto de 408 409

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Carvalho (Mestre Paturi), ele falava em capoeira de angola, mas ensinava misto, ou seja, angola e regional. Segundo o Mestre Pato, ele se definia somente como capoeira e que ensinava “as três alturas, as três distâncias e os três ritmos”. Nestes aspectos, ele se referia ao jogo alto, baixo e médio; ao longe, perto e o médio; e aos toques de angola (lento), São Bento pequeno (médio) e São Bento grande (acelerado). Acreditamos que esses fundamentos em capoeira que Mestre Sapo praticava são heranças de seu Mestre (Canjiquinha) que também os usava, de acordo com a confirmação de Mestre Pato. Além dessas influências, Mestre Sapo utilizava alguns movimentos da Capoeira Regional que ganhou muito mais projeção na década de 70 do que a de angola. (MARTINS, 2005) 410 Em uma de suas viagens, no final dos anos 70, Mestre Sapo, conheceu o Mestre Zulú, em Brasília. Foi quem o graduou Mestre. A partir de então, Mestre Sapo implantou em São Luís o sistema de graduação, através de cordas ou cordel, seguindo as cores adotadas pelo Mestre Zulú. Mas quem o iniciou na capoeira foi Mestre Pelé de Salvador [Natalício Neves da Silva, nascido em 1934] 1972 Mestre Índio: “Quando eu comecei em 1972 até 1984, a capoeira era marginalizada dentro de São Luís, que todo capoeira era vagabundo, marginal, maconheiro, desordeiro”. (in SOUSA, Augusto Cássio Viana de Soares. A capoeira em São Luís: dinâmica e expansão no século XX dos anos 60 aos dias atuais. 72 f. Monografia (Graduação em História) – Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2002) 1976 A CAPOEIRA e sua origem. O Imparcial. São Luís, 20 fev. 1976. 1977 - Academia de Capoeira Angola Tombo da Ladeira. Regis de Sá Almeida conhecido como “Gavião”, é o responsável pela Academia. O estilo de capoeira adotado pelo grupo é a capoeira angola, justificado pelo uso dos fundamentos e a tradição dos movimentos. Gavião nasceu e cresceu no bairro do Desterro e, em 1977, juntamente com um grupo de jovens da Igreja do Desterro, conheceu a capoeira. A trajetória de Gavião na capoeira é parecida com a de muitos mestres e professores daqui de São Luís. Já foi aluno de Mestre Sapo64 e Mestre Patinho65, viajou para Rio de Janeiro, São Paulo, e Salvador em busca de novos conhecimentos. 1978 Mestre Sapo, juntamente com o seu discípulo Pato, participaram do primeiro troféu Brasil, o que seria o primeiro campeonato brasileiro de capoeira, promovido pela Confederação Brasileira de Boxe (CBB). Ambos foram vice-campeões em suas respectivas categorias, sendo que o resultado do Mestre Sapo foi muito contestado pelo público e pelos Mestres presentes, fazendo com que a organização do evento lhe homenageassem com uma medalha de ouro. Nesse período, já aconteciam várias competições de capoeira pelo Brasil, assim como encontros, simpósios e seminários, com o objetivo de organizar e regulamentar a capoeira e suas competições. O Mestre Sapo, por sua vez, sempre viajava para esses eventos e sua participação nesse movimento trouxe mudanças para a capoeira ao longo dos anos 70 e início dos anos 80. - Mestre Sapo criou a Associação Ludovicense de Capoeira Angola com o intuito de oferecer uma melhor estrutura física e organizacional à capoeira em São Luís. No depoimento de José Ribamar Gomes da Silva (Mestre Neguinho), nos anos seguintes a 1978, Mestre Sapo, através da referida Associação, na qual era presidente, passou a realizar uma série de competições em São Luís. 1979 Mestre Robervaldo Sena Palhano funda, no bairro da Alemanha, a “Associação Cativos de Capoeira”, com estilo e características próprias, com o objetivo de divulgar e motivar a 410

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prática da capoeira; atualmente, possui as seguintes filias e locais de treinamento: São Luís – Mestre Murilo; Paço do Lumiar – Instrutor Genivaldo; Imperatriz – Mestre Miguel; Porto Franco – Instrutora Luiza; Bacabal – Instrutor Fábio; Buriti de Inácia vaz – Instrutor Roberto; Araguaina (TO) – Formado Pessoa; Cachoeirinha (TO) – Instrutor Pedro; Resende (RJ) – Mestre Ricardo; Penedo (RJ) – Mestre Ricardo; Porto Murtinho (MS) – Mestre Robervaldo; Correspondente na Suiça – Aluno URS. - No final dos anos 70, Mestre Sapo, em uma de suas viagens, conheceu o Mestre Zulú, em Brasília, que o graduou Mestre. Essa graduação não se deu de forma comum, ou seja, através de um Mestre para o seu discípulo, e sim através de cursos e exames para avaliar os seus conhecimentos. A partir de então, Mestre Sapo implantou em São Luís o sistema de graduação, através de cordas ou cordel, seguindo as cores adotadas pelo Mestre Zulú. A adoção do sistema de graduação para a capoeira foi um fenômeno comum nos anos 70 influenciado pelas artes marciais do oriente. DÉCADA DE 1980 1981 realizado o 1° CAMPEONATO MARANHENSE JUVENIL DE CAPOEIRA CLÁSSICA): Capoeira clássica juvenil terá campeonato dia treze A SEDEL, juntamente com a Federação Maranhense de Pugilismo e ALCA, Academia Ludovicense de Capoeira Angola, estarão promovendo na próxima quarta-feira, dia 13 de maio, no Ginásio Costa Rodriguas, o 1° CAMPEONATO MARANHENSE JUVENIL DE CAPOEIRA CLÁSSICA, em comemoração ao aniversário da Abolição da Escravatura. Poderão participar quatro componentes e mais um técnico em cada representação. A competição começará às 20 horas e membros do Conselho Técnico de Capoeira farão o julgamento dos participantes da competição. (O Imparcial, 06 maio de 1981). - inserção nos Jogos Escolares Maranhenses (JEM’s), tornando realidade um dos principais objetivos do Mestre Sapo. 1982 Morte de Mestre Sapo. Encerra-se um ciclo na capoeira no Maranhão, inciado por ele: [...] poucos dentre [seus] alunos tornaram-se capoeiras de fato, o que é muito comum. Desses que se tornaram capoeira, três discípulos já estavam dando aulas quando do falecimento de Mestre Sapo: Pato (Antônio José da Conceição Ramos), Raimundão (Raimundo Aprígio Mendes) e Neguinho (José Ribamar Gomes da Silva). Enquanto outros alunos ficaram organizando as rodas da Praça Deodoro, a roda de rua mais tradicional da cidade. Dentre eles, Alberto (Alberto Pereira Abreu), Rui Pinto (Rui Pinto Chagas) e De Paula (Francisco de Paula Bezerra). E, assim, a capoeira do Mestre Sapo continuou a ser disseminada por São Luís. Posteriormente, outros alunos começaram a dar aulas, como o próprio Alberto Euzamor e Paturi. (MARTINS, 2005) 411 1985 fundado o Grupo de Capoeira Filhos de Ogum por Mestre Indio Maranhão, na Casa de Minas Mãe Angela. 1987 o Grupo de Capoeira Filhos de Ogum muda de nome para Associação Cultural de Capoeira São Jorge, sob a coordenação do Mestre Indio Maranhão ANOS 90 1990 em 26 de julho é fundada a Federação Maranhense de Capoeira, pelo Mestre Robervaldo Sena Palhano, com as seguintes associações fundadoras: Cativos da Capoeira; Filhos de Aruanda; Capoeira Cordel Branco; Grupo de Apoio à Capoeira. Sua primeira diretoria foi assim constituída: Presidente: Robervaldo Sena Palhano; Vice: Jorge Luis Lima de Sousa; 411

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Primeiro Secretário: Roberto Edeltrudes Pinto Cardoso; Segundo Secretário: Antonio Alberto Carvalho. - Após a primeira gestão, assumiram a Federação: Jorge Luis Lima de Sousa e depois Evandro Costa. – a Capoeira volta aos Jogos Escolares Maranhenses por interveniência de Mestre Robervaldo Sena Palhano, da Associação Cativos de Capoeira; 1997 - A Escola de Capoeira Angola Mandingueiros do Amanhã nasceu em 12 de abril de 1997, no Bairro da Madre Deus. Surgiu a partir de um trabalho voluntário com a capoeira realizado em plena praça pública pelo seu fundador Kleber Umbelino Lopes, o “Bamba”. Na época, foi realizado junto à comunidade um trabalho de “resgate” das raízes culturais com o objetivo de difundir e preservar a filosofia da capoeira de angola e realizar projetos que pudessem beneficiar crianças e adolescentes. Os Mandingueiros do Amanhã vem dedicando seus trabalhos à educação através da capoeira angola com crianças e adolescentes. Essas atividades envolvem a pedagogia do esporte priorizando o resgate da cultura negra e o ensino do respeito entre as pessoas, diz Bamba. A escola encontra-se na Rua Portugal, Praia Grande, desde junho de 2008, e divide o espaço com a Academia de Capoeira Angola Catarina Mina. Os dois grupos dividem o mesmo casarão, sendo que a Escola Mandingueiros do Amanhã ocupa a parte superior do casarão e a Academia de Capoeira Angola Catarina Mina fica na parte inferior do prédio. Bamba criou a “Orquestra de Capoeira Angola Mestre Patinho”, que engloba diversos ritmos maranhenses com o som de berimbaus, e com grande repercussão na mídia local e nacional. E nesse ano, foi aprovado um projeto de Bamba, que leva o mesmo nome da orquestra promovido pela Fundação Gregório de Mattos (FGM), com patrocínio da Petrobras, idealizado pelo Ministério da Cultura. O “Projeto Capoeira Viva”, que tem se dedicado a fomentar políticas públicas para a valorização e promoção da capoeira como bem constituinte do patrimônio cultural brasileiro, está apoiado na diretriz de política cultural da atual gestão do Ministério da Cultura, encaixou o projeto de Bamba na Categoria de Apoio a Ações Sócio-educativas 1998 - A Escola de Capoeira Angola Cortiço do Abelha, fundada em 11 de julho é uma entidade civil que congrega angoleiros sob a responsabilidade de Júlio Sérvio Coelha Serra, o “Abelha”. Criado no bairro da Madre Deus, o Cortiço tem como referência a preservação dos aspectos culturais, filosóficos e sociais que envolvem a capoeira angola, referência esta, seguida do ensinamento do Mestre João Pereira dos Santos ou "João Pequeno de Pastinha", o qual foi o grande tutor que batizou a escola. A escola teve vários endereços no Centro Histórico, na Rua João Vital de Matos, no Beco da Pacotilha e atualmente, no Casarão do Saber, sendo que este último também agrega outras atividades culturais em um mesmo espaço. O Cortiço do Abelha tem 66 A A escola teve vários endereços no Centro Histórico, na Rua João Vital de Matos, no Beco da Pacotilha e atualmente, no Casarão do Saber, sendo que este último também agrega outras atividades culturais em um mesmo espaço. O Cortiço do Abelha tem 66 A escola já foi considerada academia de capoeira, mas mudou para escola por ser mais educacional no sentido de preservação dos fundamentos. desenvolvido trabalhos em outras escolas da Europa, mais precisamente em Itália, na cidade de Milão, Torino e Palermo, França na cidade de Perpignan e Holanda em Amsterdã, Leiden, Maastricht e Helmond, na Suíça, em Basel; Bélgica, em Bruxelles; França, em Lille; e na Itália, Milão, por meio de workshops e oficinas com outros grupos. Aqui no Brasil, Abelha já ministrou oficinas e workshops em Belém, Fortaleza, Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Teresina. Além das aulas e fundamentos da capoeira angola, Abelha fabrica e comercializa instrumentos com outros grupos no exterior, sendo que o mais solicitado é o berimbau decorado com a ajuda de um pirógrafo, instrumento elétrico que serve para decorar o berimbau. Abelha criou o chamado berimbau do futuro, um berimbau constituído em três partes, facilitando o transporte do instrumento sem grandes riscos de danificação. 1999 - Escola de Capoeira Angola Acapus recebeu este nome em homenagem a uma árvore, da qual partiu a sigla ACAPUS, cujo significado é Academia de Capoeira Angola Pequeno


Urucum da Senzala. Fundada em 09 de Setembro de 1999, na Rua dos Acapus bairro Renascença, mudou-se para um prédio na Rua Portugal, Praia Grande no Centro Histórico e seu responsável é Luís Augusto Lima, conhecido como “Senzala”, pelo seu estilo de jogo. Senzala pratica capoeira há vinte anos. Trabalhou em projetos sociais como: Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua (MNMMR) e, atualmente, pretende levar as aulas de capoeira para dentro dos quilombos maranhenses. A Escola de Capoeira Angola Acapus possui convênio com uma academia de capoeira na Europa (Associação na Espanha – Murcia), onde alunos mais avançados da escola de São Luís ministram aulas fora do Brasil. - Mestre Abelha realiza 1ª Clinica de Capoeira Angola em São Luis do Maranhão com a presença do meu Mestre, Jõao Pequeno e a sua neta Nane. ANOS 2000 2000 NASCIMENTO DE MORAES. VENCIDOS E DEGENERADOS. 4 ed.São Luís : Cento Cultural nascimento de Moraes, 2000 - Fundada em maio a Associação Nação Palmares de Capoeira; vem desenvolvendo um trabalho forte na capital e em várias outras cidades do Estado. Principalmente na Baixada Ocidental maranhense, onde se concentra a maioria de suas unidades de ensino. Fundada através da união de oito professores e contramestres, atualmente sob a coordenação geral do ContraMestre Jota Jota, a Nação Palmares de Capoeira atravessou as fronteiras do Estado e do país se instalando na França, na Bélgica. Núcleos no Maranhão: Barreirinhas (Formado: Feiticeiro); Paulino Neves (Formado: Feiticeiro); São Mateus (Estagiários: Cinô e Paturi); Viana (Formado: Zequinha); São João Batista (Formado: Zequinha); Pindaré-Mirim (Formado: Ventania). - A Academia de Capoeira Angola Catarina Mina surgiu como projeto da Companhia Catarina Mina. Instituição sem fins lucrativos, de caráter sócio-cultural e educacional, localizada em um casarão na Rua Portugal, morada 302, Praia Grande. Foi fundado pelo professor de capoeira e dançarino popular Ivan Madeira e pela arteeducadora e dançarina popular Zayda Costa. De acordo com Ivan Madeira, o Catarina Mina tem desenvolvido vários trabalhos de “resgate” da cultura popular maranhense. Desde sua abertura, a capoeira já estava nos planos da Companhia, mas ainda não desenvolvia atividades nesta modalidade em decorrência da parceria com outra academia de capoeira angola, o Cortiço do Mestre Abelha. Em 2004, a Capoeira Angola foi incluída no quadro das oficinas da Companhia, passando a denominarse “Escola de Capoeira Angola Catarina Mina” dirigida pelos professores Luciano Serra “Caracol” e Carla Lima “Índia”. O grupo de capoeira Catarina Mina desenvolve, concomitantemente, oficinas com confecções de instrumentos, e já realizou oficina de capoeira com grandes personalidades da Capoeira Angola aqui na cidade, que foram a I e a II Oficina Catarina Mina de Capoeira Angola trazendo Mestre Valmir (FICA – Fundação Internacional de Capoeira Angola), Mestre Jogo de Dentro (Grupo de Capoeira Semente do Jogo de Angola) e Mestre Poloca (Grupo Nzinga de Salvador). 2001 VAZ, Leopoldo Gil Dúlcio. O LÚDICO E O MOVIMENTO NO MARANHÃO. Lecturas: Educacion Física y Deportes - Revista Digital. Buenos Aires, v. 7, n. 37, jun. 2001. - VAZ, Leopoldo Gil Dúlcio. - LE LUDIQUE ET LE MOUVEMENT AU MARANHÃO/ O lúdico e o movimento em Maranhão (Brasil). Disponível em www_capoeira-infos_org Le Ludique et le mouvement au Maranhão.htm 2002 SOUSA, Augusto Cássio Viana de Soares. A CAPOEIRA EM SÃO LUÍS: DINÂMICA E EXPANSÃO NO SÉCULO XX DOS ANOS 60 AOS DIAS ATUAIS. Monografia (Graduação em História) – Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2002


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AZEVEDO, Luis Augusto R. A DIVERSIFICAÇÃO DA CAPOEIRA E DESENVOLVIMENTO, HISTÓRICO DA ABADÁ-CAPOEIRA DE (SÃO LUIS – MARANHÃO). http://www.flogao.com.br/augustoabadacapoeira/84044433

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. A INTRODUÇÃO DO ESPORTE (MODERNO) EM MARANHÃO. In CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES, LAZER E DANÇA, VIII, Ponta Grossa - Pr, 14 a 17 de novembro de 2002. Coletâneas ... Ponta Grossa : UEPG, 2002. Publicado em CD-ROOM. - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. A INTRODUÇÃO DO ESPORTE (MODERNO) EM MARANHÃO – A CAPOEIRA. IN REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, REVISTA ELETRÔNICA, Volume 05, Número 01, jan/jun/2002. www.cefet-ma.br/revista 2003 SANTOS, Darliete Barbosa. ESCOLA DE CAPOEIRA ANGOLA MANDIGUEIRA DO AMANHÃ: UMA PERSPECTIVA DE CIDADANIA PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO BAIRRO DA MADRE DE DEUS. São Luís, 2003 (Monografia para o grau de Licenciatura em Educação Artística) Universidade Federal do Maranhão. 2005 BRITO, Nelson Brito. UMA ANÁLISE DAS CONTRIBUIÇÕES DE MESTRE SAPO PARA A CAPOEIRA EM SÃO LUÍS, monigrafia de graduação em Educação Física orientado pelo Prof° Drdo. Tarciso José Melo Ferreira. - PIMENTA, Eli. CAPOEIRA EM SÃO LUIZ DO MARANHÃO. In JORNAL DO CAPOEIRA, acessado em 26 de abril de 2005, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. NOTAS SOBRE A CAPOEIRA EM SÃO LUIS DO MARANHÃO. Jornal do Capoeira - Edição 42: 8 à 14 de Agosto de 2005. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/notas+sobre+a+capoeira+em+sao+luis+do+maranh ao - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRAGEM E A GUARDA NEGRA: Parte I. Jornal do Capoeira Edição 52 de 4/dez a 10/dez de 2005. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeiragem+e+a+guarda+negra+parte+i - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRAGEM, GUARDA NEGRA & ISABELISMO: Parte II. Jornal do Capoeira - Edição 53 - de 11/dez a 17/dez de 2005. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeiragem+guarda+negra+isabelismo+parte+i i - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRAGEM, GUARDA NEGRA & O FUZILAMENTO DO DIA 17 : Parte III. Jornal do Capoeira - Edição 54 - de 18/dez a 25/dez de 2005. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeiragem+guarda+negra+o+fuzilamento+do +dia+17+parte+iii - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. NOTAS SOBRE A CAPOEIRA EM SÃO LUIS DO MARANHÃO. Jornal do Capoeira - Edição 42: 8 à 14 de Agosto de 2005. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/notas+sobre+a+capoeira+em+sao+luis+do+maranh ao - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PUNGADA DOS HOMENS & A CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO - MESTRE BAMBA, do Maranhão. Jornal do Capoeira - Edição 41: 8 à 14 de Agosto de 2005 http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/pungada+dos+homens+a+capoeiragem+no+maran hao


- CORRÊA, Dinacy. GALERIA DE ANÔNIMOS ILUSTRES (MESTRE BAMBA). In JORNAL PEQUENO, São Luís, Sábado, 14 de junho de 2005, p.8. www.jornalpequeno.net - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PESQUISA: A CAPOEIRA NA ECONOMIA. Jornal do Capoeira Edição 40: 2005 http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/pesquisa+a+capoeira+na+economia - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. NOTAS SOBRE A PUNGA DOS HOMENS - CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO. Jornal do Capoeira - Edição 43: 15 a 21 de Agosto de 2005, EDIÇÃO ESPECIALCAPOEIRA & NEGRITUDE. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/notas+sobre+a+punga+dos+homens++capoeiragem+no+maranhao - HAICKEL, Marco Aurélio. BREVES OBSERVAÇÕES SOBRE TAMBOR DE CRIOULA. Jornal do Capoeira - Edição 43: 15 a 21 de Agosto de 2005, EDIÇÃO ESPECIALCAPOEIRA & NEGRITUDE. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/breves+observacoes+sobre+tambor+de+crioula - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. AINDA SOBRE A PUNGA DOS HOMENS – MARANHÃO. Jornal do Capoeira - Edição 44: 22 a 28 de Agosto de 2005, EDIÇÃO ESPECIAL estendida CAPOEIRA & NEGRITUDE. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/ainda+sobre+a+punga+dos+homens+-+maranhao -

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRAGEM NO http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeiragem+no+maranhao

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VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRA NO MARANHÃO http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeira+no+maranhao+-+parte+ii.

MARANHÃO. PARTE

II.

- VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRA NO MARANHÃO - ANGOLA OU REGIONAL. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeira+no+maranhao+-+angola+ou+regional+ - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO - PARTE IV - CAPOEIRA ANGOLA. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeiragem+no+maranhao++parte+iv+-+capoeira+angola - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO. PARTE V "CAPOEIRA REGIONAL". http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeira+no+maranhao 2006 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. NOTAS SOBRE A CAPOEIRA EM SÃO LUIS DO MARANHÃO. In X CONGRESSO NACIONAL DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER, EDUCAÇÃO FÍSICA E DANÇA, e II CONGRESO LATINOAMERICANO DE HISTÓRIA DE LA EDUCACIÓN FÍSICA. Curitiba-PR, 30 de maio a 04 de junho de 2006, ANAIS: UFPR, 2006... - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ARTUR EMÍDIO E A CAPOEIRAGEM EM SÃO LUÍS DO MARANHÃO. IN REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, Volume 9, Número 01, jan/jun/2006 www.cefet-ma.br/revista - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PUNGA DOS HOMENS / TAMBOR-DE-CRIOULO (A) “PUNGA DOS HOMENS” - IN REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA,Volume 09, Número 02, jun/dez 2006 www.cefet-ma.br/revista - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. OS HOLANDESES E OS PALMARES: Nassau atacou os Palmares! IN REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, Volume 9, Número 01, jan/jun/2006 www.cefet-ma.br/revista - GOUVEIA Poliana Coqueiro. A CAPOEIRA EM SÃO LUÍS DO MARANHÃO: O Projeto “Mandigueiros do Amanhã” como exemplo de inclusão social (1995 a 2002). Monografia apresentada ao curso de História da Universidade Estadual do Maranhão, para obtenção do


titulo de Licenciada em História. Orientador: Prof. Ms. Paulo Roberto Ribeiro Rios. http://www.outrostempos.uema.br/curso/monopdf2006/monopoliana.pdf - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRA/CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO. DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). A T L A S D O E S P O R T E N O B R A S I L . RIO DE JANEIRO: CONFEF, 2006. http://atlasesportebrasil.org.br/textos/181.pdf - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O VÔO DO FALCÃO. Jornal do Capoeira - Edição 74 - de 21 a 27 de Maio de 2006. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/o+voo+do+falcao - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A CAPOEIRA NOS CONGRESSOS DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES, LAZER E DANÇA. Jornal do Capoeira - Edição 73 - de 14 a 20 de Maio de 2006. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/a+capoeira+nos+congressos+de+historia+da+ed ucacao+fisica+esportes+lazer+e+danca - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. OS HOLANDESES E OS PALMARES. Jornal do Capoeira Edição 71 de 30/Abril a 06/Maio de 2006. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/os+holandeses+e+os+palmares - PEREIRA, Irapuru Iru. CAPOEIRA EM CONSTRUÇÃO: Sobre a construção coletiva da capoeira do "Grupo Angoleiros da Barra" - GABA - Maranhão, que conta com a participação especial dos Índios Guajajaras. Jornal do Capoeira - Edição 69 - de 16 a 22 de Abril de 2006. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeira+em+construcao - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ATLAS DAS TRADIÇÕES & CAPOEIRA E CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO. Jornal do Capoeira - Edição 64 - de 12 a 18/Mar de 2006. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/atlas+das+tradicoes+capoeira+e+capoeiragem+no+ maranhao - PEREIRA, Irapuru Iru. E A CORDA, QUEM INVENTOU? Jornal do Capoeira - Edição 63 de 05 a 11/Mar de 2006. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/e+a+corda+quem+inventou+ - PEREIRA, Irapuru Iru. ANGOLEIROS DA BARRA. Jornal do Capoeira - Edição 63 - de 05 a 11/Mar de 2006. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/angoleiros+da+barra - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ATLAS DA CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO: Conversando com Antônio José da Conceição Ramos, o MESTRE PATINHO. Jornal do Capoeira Edição 63 de 05 a 11/Mar de 2006. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/atlas+da+capoeiragem+no+maranhao - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ANGOLEIROS EM BARRA DA CORDA (MA). Jornal do Capoeira Edição 59 de 05 a 11/Fev de 2006. http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/angoleiros+em+barra+da+corda+ma+ - assume a Federação Maranhense de Capoeira -“gestão volta ao mundo” – como Presidente: Murilo Sérgio Sena Palhano (988806 54 89); Vice: Cláudio da Conceição Rodrigues; Primeiro Secretário: José Antonio de Araújo Coelho; Comunicação Social: Genivaldo Mendes; Diretor Técnico: Juvenal dos Santos Pereira; Tesoureiro: Márcia Andrade Sena Palhano; Diretor de Arbitragem: Jorge Luis Lima de Sousa. Associações filiadas: Cativos da Capoeira; Filhos de Aruanda; Jeje Nagô; Mara Brasil; Amarauê; Art Brasil; Sheknah. 2007 A Associação Maragñon Capoeira nasceu na comunidade de Pedrinhas "zona rural de São Luís" através do Mestre Ribaldo Branco que percebeu a falta de políticas públicas na comunidade que lhes proporcionasse uma opção de esporte, cultura e lazer. O grupo Maragñon surgiu através do Mestre Ribaldo Branco, com a finalidade educativa após ter observado um grande vazio que existia entre as crianças, jovens e adolescentes da comunidade do bairro de Pedrinhas. Hoje vem buscando cada vez mais o conhecimento e educação de todos para que possa divulgar o seu grande trabalho. O primeiro trabalho do


grupo foi realizado no pátio da escola do bairro com o intuito de divulgar mais e mais a arte da capoeira. - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A CAPOEIRA NO/DO MARANHÃO: ALGUMAS QUESTÕES PARA REFLEXÃO IN REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, Volume 10, Número 01, jan/jun/2007 www.cefet-ma.br/revista - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRA/CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO IN REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, Volume 10, Número 02, jul/dez/2007 www.cefet-ma.br/revista - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRA (GEM) EM SÃO LUIS DO MARANHÃO – NOVOS ACHADOS... WEBARTIGOS\Capoeira (Gem) em São Luis do Maranhão.htm 2008 MENEZES, Giselle Adrianne Jansen Ferreira de. A INDÚSTRIA CULTURAL DA CAPOEIRA ANGOLA NA CIDADE DE SÃO LUÍS, MARANHÃO. REVISTA CAMBIASSU, Publicação Científica do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão - UFMA - ISSN 0102-3853 São Luís - MA, Ano XVIII, Nº 4 - Janeiro a Dezembro de 2008. - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRA(GEM) EM SÃO LUIS DO MARANHÃO – NOVOS ACHADOS... IN REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, Volume 11, Número 01, jan/jun 2008 www.cefet-ma.br/revista - primeiro CD de capoeira do estado, intitulado de ‘Capoeira do Maranhão – Mestre Patinho’, com sete faixas de sua autoria e mais seis de grupos da Escola de Capoeira Angola do Laborarte. 2009 PEREIRA, Roberto Augusto A. RODA DE RUA: MEMÓRIAS DA CAPOEIRA DO MARANHÃO DA DÉCADA DE 70 DO SÉCULO XX. São Luís: EDUFMA, 2009.

2010 PEREIRA, Roberto Augusto. O MESTRE SAPO, A PASSAGEM DO QUARTETO ABERRÊ POR SÃO LUÍS E A (DES)CONSTRUÇÃO DO “MITO” DA “REAPARIÇÃO” DA CAPOEIRA NO MARANHÃO DOS ANOS 60, revista Recorde: Revista de História do Esporte Volume 3, número 1, junho de 2010


- 11 e 12 de setembro de 2010, 1 INTERCAMBIO INTERESTADUAL DE CAPOEIRA DO MARANHÃO com as presenças dos mestres: Marcão (CE), Sabiá (BA), Jabiraca (PI) e Beto (PA), e também a presença de vários mestre maranhenses. Durante o evento ocorreu varias oficinas, intercambios, roda de mestres e professores. 2011 - BOÁS, MÁRCIO ARAGÃO. O ENSINO DE MÚSICA EM ESCOLAS DE CAPOEIRA DE SÃO LUÍS – MA. Monografia apresentada ao curso de Música da Universidade Federal do Maranhão para obtenção de grau de Licenciado em Música. Orientadora: Profª. Dr. Maria Verónica Pascucci. http://musica.ufma.br/ens/tcc/04_boas.pdf - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRA EM SÃO LUÍS: ASPECTOS HISTÓRICOS E SÓCIO-CULTURAIS. In III ENCONTRO DE ESTUDOS CULTURAIS - CULTURA & SUBJETIVIDADES – Processos e Conexões. São Luís – 16 a 18 de novembro de 2011. Mesa redonda 1: CAPOEIRA EM SÃO LUÍS: ASPECTOS HISTÓRICOS E SÓCIOCULTURAIS – debatedores: Leopoldo Gil Dulcio Vaz (IHGM); Alberto Greciano (Univ. Autonóma/ES); Bruno Pimenta (PGCult); Gabriel Kafure (Crisol/UFMA). AUDITÓRIO DO JORNAL O IMPARCIAL. - 16 e 17 de julho 1º. ENCONTRO DE BAMBAS DA CAPOEIRA NO MARANHÃO. - 20 setembro I CAMPEONATO DE CAPOEIRA DE SÃO LUÍS DO MARANHÃO, I Jogos Especiais de Capoeira, IV Encontro Maranhense das Entidades, Apoio: Prefeitura de São Luís/ Secretaria Municipal de Desporto e Lazer (Semdel); Entidades: Abadá-Capoeira; Escolinha da Semdel; Programa PPD (Secretaria Municipal da Criança e Assistência Social) CDPAE; AMA; Pestalozzi; Associação São Benedito (Bairro de Fátima); Escolinha Comunitária Cazulo (João de Deus); Escolinha do Ipase (Vila Cristalina e Japão); Escola Nossa Senhora de Aparecida (Monte Castelo); Programa Escola de Vida; Unidade Integrada Julio de Mesquita; Unidade Integrada Ercilda Ramos; Unidade Integrada Helena Hantipoff; Unidade Integrada Arnaldo Ferreira; Organizador: Luís Augusto Rabelo. Fonte: http://kamaleao.com/saoluis/1512/i-campeonato-de-capoeira-de-sao-luis-domaranhao#ixzz2jcIzMSPp 2012 - SILVA, Adalberto Conceição da (Zumbi Bahia); e SANTOS FILHO, José Alípio Assis dos. A RELIGIOSIDADE DA CAPOEIRA NO MARANHÃO. IN REVISTA SAPIENTIA. Edição IV, vol IV, nº 4, ano 3. abril/2012. - VAZ, Delzuite Dantas Brito; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CHRONICA DA CAPOIRAGEM – A CARIOCA. in XIII INTERNATIONAL SOCIETY FOR THE HISTORY OF PHYSICAL EDUCATION AND SPORT CONGRESS, Rio de Janeiro, 9 a 14 de julho de 2012. - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CHRONICA DA CAPOIRAGEM – UMA RAIZ DA CAPOEIRA É A RINGA-MORINGA MALGACHE? in XIII INTERNATIONAL SOCIETY FOR THE HISTORY OF PHYSICAL EDUCATION AND SPORT CONGRESS, Rio de Janeiro, 9 a 14 de julho de 2012. - VAZ, Delzuite Dantas Brito; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PARTIDO CAPOEIRO EM SÃO VICENTE DE FERRER – 1868. in XIII INTERNATIONAL SOCIETY FOR THE HISTORY OF PHYSICAL EDUCATION AND SPORT CONGRESS, Rio de Janeiro, 9 a 14 de julho de 2012. - Na capital maranhense existem vários grupos de capoeira, atuais, onde o estilo é variado, porém a modalidade predominante ainda seja o de Angola, entre as associações existentes que se pode citar: Associação de Capoeira Angola Maré de Chão – Marinheiro Academia Companhia do Corpo Centro de Treinamento Herança Brasil Capoeira


Associação Grupo "K" de Capoeira Associação Cultural de Capoeira São Jorge Centro Cultural Arte de Capoeira Escola Tradicional de Capoeira Angola - Grupo Brinquedo de Angola Escola de Capoeira Angola do Laborarte Grupo Comunitário Semente da Esperança Grupo de Capoeira Nova Vida Grupo de Capoeira Filhos de Ogum Grupo de Capoeira Irmãos da Beira-Mar de Angola (SILVA; SANTOS FILHO, 2012) 412. - A Secretaria de Estado da Cultura (Secma) apresenta projeto contemplado no Edital Universal de Apoio à Cultura, na categoria Artes Populares, denominado "Capoeira Angola: Arte e Cultura", representado por Júlio Sérvio Coelho Serra, conhecido como Mestre Abelha. O projeto visa inserir os jovens na cultura capoeirista, tendo como públicos-alvo adolescentes acima de 15 anos. Segundo Mestre Abelha, o projeto tem como objetivo redirecionar os adolescentes ao livrá-los do ócio, das más companhias e ambientes propícios à violência, os levando aos caminhos da capoeira. O Mestre enfoca a importância de um projeto como tal preocupado em recuperar a educação não recebida por esses jovens no ambiente familiar. Como parte da programação do projeto "Capoeira Angola: Arte e Cultura" estão aulas práticas e teóricas de Capoeira Angola, oficinas musicais e de Berimbal, confecção dos instrumentos Caxixi, Berimbau, Baqueta e Reco-Reco, Exibição de filmes e documentários sobre a Capoeira Angola, além de avaliação a aplicação de texto sobre a História do Brasil e do Negro na Capoeira Angola. O programa disponibiliza ao aluno todo o material didático necessário para as atividades, além de lanches para os adolescentes. 2013 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dants Brito. A CARIOCA. in III SIMPOSIO DE HISTORIA DO MARANHÃO OITOCENTISTA, Grupo de Pesquisa, Diretório CNPq - Núcleo de Estudos do Maranhão Oitocentista (NEMO), São Luis, UEMA, 2013. - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dants Brito. PARTIDO ‘CAPOEIRO’ EM SÃO VICENTE DE FERRER – 1868 in III SIMPOSIO DE HISTORIA DO MARANHÃO OITOCENTISTA, Grupo de Pesquisa, Diretório CNPq - Núcleo de Estudos do Maranhão Oitocentista (NEMO), São Luis, UEMA, 2013 - VAZ, Delzuite Dants Brito; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CHRONICA DA CAPOIRAGEM – A CARIOCA. In HOFMANN, Annete; VOTRE, Sebastião (Organizadores). ESPORTE E EDUCAÇÃO FÍSICA AO REDOR DO MUNDO – PASSADO, PRESENTE E FUTURO. Rio de Janeiro: Gama Filho, 2013, p. 67-78. ANAIS do XIII CONGRESSO DA ISHPES – International Society for the History of Physical Education and Sport, Rio de Janeiro, 9 a 14 de julho de 2012. - VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CHRONICA DA CAPOIRAGEM – UMA RAIZ DA CAPOEIRA É A RINGA-MORINGA MALGACHE? In HOFMANN, Annete; VOTRE, Sebastião (Organizadores). ESPORTE E EDUCAÇÃO FÍSICA AO REDOR DO MUNDO – PASSADO, PRESENTE E FUTURO. Rio de Janeiro: Gama Filho, 2013,

412

SILVA, Adalberto Conceição da Silva (Zumbi Bahia); SANTOS FILHO, José Alípio Assis dos. A RELIGIOSIDADE DA CAPOEIRA NO MARANHÃO. REVISTA SAPIENTIA. Edição IV, vol IV, nº 4, ano 3. abril/2012.


p.173-202, ANAIS do XIII CONGRESSO DA ISHPES – International Society for the History of Physical Education and Sport, Rio de Janeiro, 9 a 14 de julho de 2012. - VAZ, Delzuite Dants Brito; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PARTIDO CAPOEIRO EM SÃO VICENTE DE FERRER – 1868. In HOFMANN, Annete; VOTRE, Sebastião (Organizadores). ESPORTE E EDUCAÇÃO FÍSICA AO REDOR DO MUNDO – PASSADO, PRESENTE E FUTURO. Rio de Janeiro: Gama Filho, 2013, p. 203-208, ANAIS do XIII CONGRESSO DA ISHPES – International Society for the History of Physical Education and Sport, Rio de Janeiro, 9 a 14 de julho de 2012. - MESTRE PATINHO – CAPOEIRA – Jogo e Fundamento. Documentário sobre a Capoeira: MESTRE PATINHO – o novo no velho sem molesdtar raízes. DVD. 2013 - 22 a 24 de outubro SEMINÁRIO RODA DE CONVERSA COM QUEM ENTENDE DA HISTÓRIA - Projeto de Extensão A Capoeira como elemento formador do indivíduo, do Departamento de Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Maranhão, UFMA no Auditório Mário Meirelles (Auditório A), do Centro de Ciências Humanas, CCH. O objetivo do evento é compartilhar com a Universidade e o público o conhecimento dos antigos mestres que começaram a jogar capoeira há aproximadamente 50 anos, com a presença do mestre Patinho, do grupo Laborarte; presentes o mestre Paturi, da Associação Capoeira Angola do Maranhão e mestre Zumbi Bahia, que é considerado patrimônio Imaterial da Humanidade, da Oficina Afro; encerramento com a presença dos mestres Manuel Peitudinho, Curador e Jacaré. Os organizadores do evento são: o aluno do curso de Ciências Sociais da UFMA, Washington Luiz, e o professor do Departamento de Sociologia e Antropologia, Cláudio Zanonni. Segundo Washington Luiz, todos os mestres que estarão no Seminário, com exceção do mestre Zumbi Bahia, foram formados pelo mestre Sapo, que chegou a Maranhão em 1966 e é considerado uma referência da Capoeira no Maranhão. http://portais.ufma.br/PortalUfma/paginas/noticias/noticia.jsf?id=42445 - VI ENCONTRO NACIONAL DE CAPOEIRA EM SÃO LUIS DO MARANHÃO - Assoc. Cultural de Capoeira São Jorge comemorando seus 26 Anos de existencia sob a coordenação do Mestre Indio Maranhão tem a honra de convidar todos os Mestres e seus discípulos para o VI Encontro Nacional de Capoeira em São Luis do Maranhão que será realizado nos dias 29, 30 de Nov e 01 de Dez de 2013. - início do CURSO DE CAPACITAÇÃO DE MESTRES DE CAPOEIRA DO MARANHÃO; parceria da Fundação Cultural de São Luis – FUNC /Fórum Permanente da Capoeira no Maranhão /UFMA/NEPAS-DEF; nasceu de um desafio feito pelo NEPAS ao Fórum da Capoeira em 2008; ao longo destes anos este curso foi discutido e enriquecido com ideias e propostas. Curso ministrado a 25 mestres, previamente escolhidos em reuniões do Fórum da Capoeira. https://www.facebook.com/CapoeiraMaranhense/posts/475531545825676 http://saojorgerj.blogspot.com.br/ http://www.corticodoabelha.com/br/Site_2/Biografia.html

2014 – VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O CHANSON/SAVATE INFLUENCIOU A CAPOEIRA? XIII Congresso Brasileiro de História do Esporte, Lazer e Educação Física. Londrina-Pr, 19 a 22 de agosto de 2014. Anais...


CAPOEIRA/CAPOEIRAGEM EM AÇAILANDIA 1996 o introdutor da Capoeira em Açailândia foi Roberth Francisco de Sousa Cruz (Piabão); vem fazendo, desde então, um trabalho de divulgação da modalidade junto às crianças de várias escolas locais; 1997 outubro Piabão representou Açailândia na cidade do Rio de Janeiro. [Nascimento informa, em seu livre, a pág. 147, quando se refere à introdução da Capoeira, que esta é “uma modalidade esportiva que surgiu na Bahia, em 1649. Naquela época, Vicente Ferreira Pastinha juntou-se em uma capoeira com os negros africanos que vieram para o Brasil, fazendo uma luta disfarçada de dança, para defender suas colônias e aldeias. Daí originou-se a dança Abada-Capoeira e a Maculelê.”.]. Fonte: NASCIMENTO, Evangelista Mota. AÇAILÂNDIA E SUA HISTÓRIA. Imperatriz: Ética, 1998


CAPOEIRA/CAPOEIRAGEM EM BACABAL 1974 o professor João José da Silva Montou uma academia de capoeira na Praça Silva Neto no centro da cidade de Bacabal. Capoeirista por opção e Engenheiro Agrônomo de profissão, trabalhava na empresa EMAPA e em suas horas vagas ensinava a arte da capoeira. Com o decorrer dos anos a academia deixou de existir. 1979 inaugurado o Centro Social Urbano de Bacabal (CSU); entre suas atividades educativas incluía-se a capoeira, com as aulas ministradas por João José, único professor de capoeira, e contratado para ministrar aulas de capoeira neste Centro, o ensinamento ocorreu sem problemas nos anos que se seguiram. 1980 surgimento do Grupo de Capoeira Escravos de Angola, do Sr. Roberto (?). O grupo tinha 08 pessoas que treinavam na casa do Instrutor Roberto, que ficava na Rua Osvaldo Cruz, enfrente a fábrica do Café Bacabal. O principal objetivo do grupo era compor músicas, tocar, cantar e fazer farra nas suas apresentações; participaram do ultimo Festival de Musica Popular de Bacabal. 1981 chegou de São Luis – MA o Sr. Almir dos Santos, aluno de Capoeira do Professor Neguinho, que na época ensinava nos Centros Sociais Urbanos de São Luis. Chegando a Bacabal se instalou na casa de sua avó, na Rua da Mangueira, e com o passar do tempo começou a ensinar capoeira aos seus vizinhos e conhecidos no quintal da casa. Foi então que veio a conhecer o professor João José que através do mesmo veio também a ser contratado para ensinar capoeira auxiliando-o no Centro Social Urbano de Bacabal. 1982 chegava a Bacabal o senhor Mariano Pereira Lopes, baiano, Se instalou na casa de seus pais e começou a por em prática a sua experiência na arte da capoeira, tentando formar grupos de capoeira na cidade e assim permaneceu por vários anos, mas devido a seu péssimo gênio não chegou a lugar algum com seus grupos. 1984 por um tempo os mestres locais se ausentaram da capoeira em Bacabal; neste período, os discípulos destes professores formaram o Grupo de Capoeira CORDÃO DE OURO, composto por quatro pessoas: Antonio dos Reis Machado, Arapoã Evangelista Lopes, Iralde Ferreira da Costa, e Isabela da Silva. Realizaram várias apresentações de Capoeira pela cidade, com a intenção de divulgar o esporte. Mais tarde o grupo fora desarticulado por falta de estrutura e apoio das autoridades. Algum tempo depois alguns capoeiristas deste grupo se destacaram com trabalhos individuais dentro e fora da cidade, como foi o caso de Antonio dos Reis Machado – Mestre PINTA - que fundou a Escola de Capoeira Zâmbi, na Rua 10, casa 74, Bairro Vila São João e Iralde Ferreira da Costa – BIRIMBAL - que após ter tentado fazer alguns trabalhos em Bacabal, como o caso do grupo que montou no pátio do Colégio Nossa Senhora dos Anjos e em sua casa que durou pouco tempo por causa de sua profissão que o obrigava a viajar muito, em dessas viagens parou na cidade de Paulo Ramos – MA onde fundou o grupo SUCURI, que mais tarde veio para Bacabal ficando localizado no G.N.P.R., mais durou pouco tempo fechando suas portas após pouco mais de um ano. - O Grupo de Capoeira Zâmbi surgiu com a finalidade de difundir e divulgar a cultura e a arte da defesa pessoal, a capoeira. Nesta época, os treinamentos eram realizados no campo do Conjunto Habitacional Aracati, nos horários das 16:00 às 18:00, todos os dias; era constituído de 14 pessoas. O grupo durou cerca de um ano e se extinguiu temporariamente. 1985 ressurgimento do Grupo Zâmbi, no bairro da Areia, com sede provisória no CSU sendo o instrutor Antonio dos Reis Machado convidado pela senhora Maria José “ZEZE,” diretora na época do CSU, para que ele ensinasse capoeira no Centro. O grupo tinha 20 integrantes e resistiu por um período de seis meses, quando então o instrutor precisou viajar, assim sendo o grupo se extinguiu por mais um período. 1986 - retomada do Grupo Zâmbi, no Clube Recreativo Icaraí, quando Antonio dos Reis Machado foi convidado pela diretora do clube a lecionar capoeira juntamente com os professores de ginástica e karatê. O programa da


instituição durou pouco tempo e também por motivos particulares, como emprego, viagens o instrutor teve que abandonar por mais algum tempo o ensino da capoeira. 1987 18 de janeiro - O Grupo de Capoeira Zâmbi volta nesse ano, agora com mais experiência e maturidade, e inaugura sua sede oficial, no antigo Clube Imperial na Rua 10, Casa 74, Bairro Vila São João. A inauguração foi feita pelo Grupo Cordão de Ouro, constituído pelos srs: Almir dos Santos, Iralde Ferreira da Costa, Arapoã Evangelista Lopes, Mariano R. Sousa e Antonio dos Reis Machado – PINTA -, na função de Instrutor e Coordenador geral do grupo. Na época o grupo contava com 15 participantes que divulgavam a capoeira em Bacabal. - participação no aniversario do Frei Evaldo, Diretor do Colégio Nossa Senhora dos Anjos. O grupo se apresentou no palco do auditório do CONASA com a participação de vários alunos da escola que aproveitaram para homenagear o seu diretor. - Abril - Após quatro meses de treinamento, participaram da “1ª AMOSTRA DE CAPOEIRA DO MARANHÃO“ no Ginásio Costa Rodrigues, com o objetivo principal de mostrar qual dos grupos de capoeira se apresentava melhor no Jogo Regional e Angola. - Agosto, 21 e 22 - a primeira apresentação do Grupo Zâmbi, em Bacabal, durante a EXPOABA; a Terceira Roda Aberta de Capoeira de Bacabal; houve outra apresentação no pátio do Colégio Nossa Senhora dos Anjos; com ajuda da Prefeitura de Bacabal foram trazidos vários integrantes dos Grupos de Capoeira Aruandê, e Cascavel, de São Luis, com a participação da Casa de Cultura de Bacabal. - Agosto, 29 o Grupo de Capoeira Zâmbi participou do 3º MOVIMENTO PRÓ CAPOEIRA DO MARANHÃO que se realizou no Teatro Itapicuraíba, no bairro do Anjo da Guarda, em São Luis – MA. O evento foi coordenado pelos grupos de capoeira Aruandê e Filhos de Aruanda, com a participação do Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN). - setembro, 27 - o Grupo de Capoeira Zâmbi integra-se oficialmente ao movimento negro em Bacabal, patrocinado pelo GNPR - Grupo Negro Palmares Renascendo. O evento aconteceu na Praça Chagas Araújo, onde teve várias apresentações culturais como: “a canga”, peça teatral realizada pelo grupo de teatro de São Luis, bumbameu-boi de Piratininga, afoxé pelo grupo local “Geafro”, show de musica com o cantor Negro Hamilton do CCN, e capoeira pelos Grupos de Capoeira Zâmbi e Sucuri, de Bacabal, e Raízes de Palmares, de São Luis – MA. - outubro - convidado a participar dos Festejos de São Francisco, no Povoado do Copem, no município de Bacabal; o grupo se apresentou no dia 30 no salão de festas do povoado, onde o instrutor falou da importância da capoeira na comunidade. - primeiro evento oficial, o 1° TORNEIO DE CAPOEIRA CLASSE EXTREANTES, que aconteceu entre os primeiros integrantes do grupo, onde se destacaram os seguintes alunos: Antonio Carlos da Silva (1° lugar individual, categoria médio juvenil), Antonio Carlos Andrade da Silva (2° lugar individual, categoria médio juvenil) e Charles Augusto França (3° lugar individual, categoria médio juvenil). 1994 Em 23 de outubro Associação de Capoeira Zâmbi realiza o 1° FESTIVAL REGIONAL DE CAPOEIRA DE BACABAL, realizado no GNPR, com a participação do Núcleo de Cultura, representantes de Imperatriz e Comissão Julgadora de São Luis, constituído por Mestre Pirrita, Mestre Índio, Mestre Patinho, Mestre Jorge, Mestre Evandro e Mestre Roberval Seno. 1995 em meados de 1995, o grupo se dissipa; motivo: uma discussão entre Mestre Pinta e seu aluno formado Raimundo da Silva Reis, conhecido como Ratinho. Ratinho monta um outro grupo em Bacabal, de nome Aruanda, composto por seus companheiros de treino e seus alunos, para quem já dava aulas nos bairros de Bacabal. O grupo era independente, sem sistema de graduação, e funcionava no GNPR, situado no bairro Madre Rosa. - Outra discussão, desta vez no Grupo Aruanda, faz também o mesmo se dividisse. Os instrutores desta divisão começaram a se filiar com outros grupos de fora, para obterem um sistema de graduação, algo inexistente no grupo que participavam. 2000 dezembro, 19 – é formado o Grupo Escravos Brancos quando Irlan Alves Veloso (Facão) se filiou a este grupo de Teresina – PI, de Mestre Albino. Antes, Irlan treinava na ACZ, hoje é estagiário no grupo Escravos Brancos, e treinam no Clube da AABB, com 45 alunos, ministrados por ele e seus instrutores.


2002 inicio das atividades do Grupo Guerreiros do Quilombo com uma filiação de João Filho (Filão), ex-aluno de Ratinho e Jose Filho Marcos (Marcio), este ex-aluno de Irlan, com o grupo de Delmar (Zumbi) aluno formado por uma junção dele com o grupo Escravos Brancos para obtenção de graduação. O grupo iniciou seu treinamento no Centro Comunitário no Bairro Alto do Assunção; atualmente está instalado na sede provisória do Clube Melhor Idade Anos Dourados, no centro de Bacabal.Conta com 28 alunos; 2005 a Associação de Capoeira Zâmbi, instalada na Rua Santa Terezinha, liderado por Mestre Pinta e seu aluno formado Huston (Caverna), tem alunos espalhados por toda Bacabal, totalizando mais de 80.


ANEXO I

LIVRO-ÁLBUM DOS MESTRES CAPOEIRAS DE SÃO LUIS DO MARANHÃO


MESTRE SAPO Estilo

Mestre

Nome ANSELMO BARNABÉ RODRIGUES Filiação Local e Data de nascimento Endereço Endereço Eletrônico Academia HISTÓRIA DE VIDA Em 1965, um quarteto baiano denominado Aberrê fiz uma demonstração de Capoeira no Palácio dos Leões – sede do governo estadual -, trazidos que foram pelo então governador José Sarney – que precisava de um guarda-costas. Desse grupo participavam Anselmo Barnabé Rodrigues – Mestre Sapo -, o lendário Mestre Canjiquinha, Vítor Careca, e Brasília. Após essa apresentação, receberam convite para permanecer no Estado, para ensinar essa arte marcial brasileira. Em 1966, Mestre Sapo – incentivado por Alberto Tavares, aceita o convite e passa a fazer parte do Departamento de Educação Física, Esportes e Recreação – DEFER -, onde trabalha até sua morte, em 1982. In RODRIGUES, Inara. Patinho: vida dedicada à capoeira. In O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 14 de setembro de 2003, Domingo, p. 6. Caderno de Esportes


MESTRE PATINHO Entrevista realizada por Allyson Ricardo Dias Nunes Erodax Rocha Caldas Filho Priscila Souza Alves Pereira Josué Paiva Gomes Marco Antonio Pires da Silveira Leite Manoel Maria Pereira Estilo

Mestre

CAPOEIRAGEM

MESTRE SAP0

CONTEMPORÂNEO (Josué) Nome ANTONIO JOSÉ DA CONCEIÇÃO RAMOS Filiação PAI: DJALMA ESTAFANIO RAMOS - MÃE: ALAÍDE MENDONÇA SILVA RAMOS Local e Data de nascimento SÃO LUÍS – MA / 14 / 09 / 1953 Endereço SÃO PANTALEÃO, 513 - CENTRO – 65000-000 Telefone (098) 9968-2525 Endereço Eletrônico Mestrepato@uol.com.br Academia ESCOLA CENTRO CULTURAL MESTRE PATINHO HISTÓRIA DE VIDA Foram os movimentos da capoeira, a ginga que o encantou aos 9 anos. Vendo como um rapaz jogava, passou a imitá-lo. O Mestre Sapo foi quem o ensinou e o graduou. Observando, que seu conhecimento muito restrito, foi estudar a capoeira na Bahia, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. Trabalhou no Ginásio Costa Rodrigues, na Academia Senzala. A capoeira o influenciou a ser um ginasta (olímpica); e um dançarino pelas escolas Pró-dança, Lítero e Gladys Brenha. Hoje divulga capoeira no Laborarte e em sua escola Centro Cultural Mestre Patinho. Em entrevista concedida a Erodax Rocha Caldas Filho Se interessa pela capoeira aos 9 anos de idade, e através do movimento, da ginga que ele começa a jogar. O mestre Sapo faz sua graduação, mas como fica muito restrito em relação a


fundamentos, viaja para lugares onde a capoeira é mais fluente e trabalhando a história. A capoeira ajudou no balé e na ginástica, divulgando seu trabalho no Pró-dança, Lítero e Gladys Brenha como dançarino e ginasta, tornando-se mais tarde técnico para ginastas. E por fim abre sua própria escola chamada, Centro Cultural Mestre Patinho. Onde seu maior desejo é que a exerça seus fundamentos. Em entrevista concedida a Priscila Souza Alves Pereira Começou com 9 anos, tinha uma pequena noção da existência da capoeira e se encantou pelos movimentos. Sendo o décimo filho, nasceu raquítico, logo a capoeira o ajudou a se desenvolver. Observando os movimentos de um rapaz (hoje mestre Jessé) que com o tempo tornou-se um dos seus grandes amigos, passou a imita-lo na capoeira, mais foi com o mestre sapo que aprendeu os fundamentos e foi graduado. A partir daí passou a estudar a capoeira, viajando para Bahia, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, onde esses lugares eram berço da capoeira. Foi por conta do esporte que se tornou ginasta e dançarino de Ballet, e muito tempo depois passou a ser técnico de ginastas. Trabalhou no Costa Rodrigues, Academia Senzala, divulgou seu trabalho no Parque Bom Menino e depois foi convidado a trabalhar no Laborarte e por fim abriu sua própria escola chamada de Centro Cultural Mestre Patinho. Em entrevista concedida a Josué Paiva Gomes Começou a capoeira em 1975 em São Luis do Maranhão, se interessou pela arte marcial mas não deu certo, foi ai que conheceu a capoeira o mais interessante foi uma técnica chamada corta capim, daí para a frente começou a treinar na praia com os amigos, um aluno lhe mostrou alguns movimentos, chamado bombonzeiro e mais tarde conheceu o berimbau instrumento musical. Logo depois foi a procura de mestres para melhorar sua performance na capoeira. Passou a dar aulas em 1983 no Laborarte e logo foi contratado, recrutou alunos de periferia, onde trabalhou sempre com crianças e adolescentes e hoje trabalha na GDAM e no Colum Entrevista concedida a Marco Antonio Pires da Silveira Leite Começou com 9 anos, com Jessé Lobão, em São Luís, depois conheceu Roberval Serejo, e posteriormente teve aulas com Firmino Diniz (descendente da capoeira do Rio de janeiro). Finalmente conheceu o Mestre Sapo, membro do famoso quarteto Aberre, que viria a ser seu grande mestre. Atualmente coordenada a escola de capoeira de angola do Laborarte com cerca de 300 alunos. Entrevista concedida a Manoel Maria Pereira Tinha medo dos meus amigos, pois apanhava cascudo, rasteira, todos da mesma idade simplesmente porque tinha o corpo raquítico, tudo isso as nove anos de idade. Por coincidência bem aqui na Quinta, bem no SIOGE. Década de 60 era um grande reduto da capoeira principalmente na São Pantaleão onde nasci. Pois bem, um amigo que tinha recém chegado do Rio de Janeiro, Jessé Lobão, que treinou com Djalma Bandeira na década de 60, Babalú, um apaixonado pela capoeira, outro amigo que era marinheiro da marinha de Guerra, também aprendeu com o mestre Artur Emídio do Rio, Roberval Serejo; juntamos Jessé, Roberval Serejo, Babalú, Artur Emídio e eu formamos a primeira academia de capoeira, Bantú, e estava sem perceber fazendo parte da reaparição da capoeira no Maranhão. Também participaram Firmino Diniz e seu mestre Catumbi, preto alto descendente de escravo. Firmino foi ao Rio e aprendeu a capoeira com Navalha no estilo Palmilhada e com elástico, nos repassando. Daí por volta de 62 e 63 esteve aqui em São Luís o Quarteto Aberrê com o mestre Canjiquinha e seus discípulos: Brasília, hoje Mestre Brasília, que mora em São Paulo; e o nosso querido Mestre Sapo; Vitor Careca. Quando Vitor Careca e seus amigos chegaram aqui em São Luís não foram bem sucedidos.


Por sorte do grupo, na Praça Deodoro, na apresentação, estava assistindo o Mestre Tacinho, que era marceneiro e trazia gaiola. Era campeão sul-americano de boxe no estilo médio ligeiro e gostava da capoeira. Vendo que o grupo tinha um total domínio da capoeira, apresentavam modalidades circenses, mas ligadas a capoeira, como navalha, faca, etc. Tacinho convidou-os para uma apresentação no Palácio do Governo, pois era motorista do Palácio. O Governador da época era Sarney, gostando muito da apresentação, convida um deles para ministrar aula de capoeira no Maranhão, pois não foi possível porque eram de menor. Anos depois, Mestre Barnabé (Mestre Sapo), Anselmo Barnabé Rodrigues, volta ao Maranhão. Por volta de 66 ou 67, está tendo uma roda de capoeira no Olho d´Água com o Mestre Sapo, coincidentemente estando na praia, entrei na roda, conheci o Mestre Sapo e nos tornamos amigos e comecei a estudar com eles. Através do Professor Dimas. Como a capoeira era mal vista na época r cheia de preconceito, parti para a Ginástica Olímpica, volto para a capoeira e participo com o Mestre Sapo do primeiro e segundo Troféu Brasil e fomos campeões, eu no peso pluma e Sapo no peso pesado. Me intensifiquei pela capoeira e fui para Pernambuco, Bahia e São Paulo, estudar capoeira. Eu recebi muita influência de Mestre Sapo, Artur Emídio, Catumbi e Djalma Bandeira que todos foram alunos de Aberrê. Quando eu conheci Sapo, eu me defini no estilo Capoeiragem da Remanecença, fundamentada. Eu vivo do fundamento de que, apesar de ser baixo, mas na capoeira se vive pela altura. Existem três alturas, três distancias e três ritmos. O termo capoeira vem do chapéu que os mercadores usavam para vender seus produtos, com abas longas, botavam sues produtos dentro do chapéu, e com berimbau na mão vinham a chamar a atenção. Eu quero deixar uma ressalva na entrevista. A capoeira por ser um jogo de guerra, o golpe estratégico era o disfarce. O Capitão-do-Mato, quando ia prender o negro que fugia das senzalas, e via o negro ‘gingar’, dizia: “Preto ta disfarçando de angola”, quando investia pegava um ponta-pé ou rasteira. O risco que tem pela perca (sic) dos fundamentos pelo grau de dificuldade de execução ou falta de conhecimento. Temos que ter forma de viver e formas e meios de sobreviver. A capoeira saiu dos quilombos e hoje está nos shopings. Digo, querem transformar a capoeira em jogo de competição que é um risco. A capoeira tem golpes perigosos que pode até matar. A facilidade que você aplica um golpe mortal é muito grande. No século XIX, em Tutóia, Caxias, Pindaré e Codó se vê a capoeira com influência bahiana, só se vê na forma capoeiragem, no folclore, como o Boi da Ilha, por exemplo.O caboclo de pena, pela sua malicia, seu gingado e vadiagem em estilo defensivo da capoeira. O miolo do boi, que é a pessoa que fica debaixo do boi, pela forma de artimanha utilizando na coreografia de luta. No tambor de crioula, não só pelos componentes mas pela primeira colocação antropóloga (sic) afinado do afogo (sic) tocado a mucê (sic) e dançado a foice, que vem provar a chamada pernada. Me casei, aumentando o meu ensino voltado para academias, me separei indo ministrar no Bom Menino, voltando para a dança, também para o Lítero e depois para o Gladys Brenha e percebi que não tinha nada a ver com academias e fundei a primeira escola de capoeira do Maranhão, que foi a escola de capoeira do Laborarte. Meus últimos trabalhos que realizei aberto ao público foi “Quem nunca viu, venha ver” e outros que me deram prêmios, como a gravação de um CD. Hoje tenho minha forma de ensinar, buscando sempre a forma indígena que tem na capoeira, pois estudei com os índios samangó – só o berimbau dos instrumento participa e tem uma só batida de marcação iúlna (sic) – a batida do berimbau é mudada e tem uma formação de entrada dos instrumentos. O Mestre chama, colocando ritmo e ordenando a entrada de cada instrumento – agogô, atabaque, berimbau contra-baixo, berimbau viola, berimbau violinha, reco-reco e pandeiro; entra também as palmas.


Santa Maria – uma batida que diferencia das outras duas é que tem duas batidas de marcação, sempre acompanha cm as palmas. Marvana – com 3 palmas Caudaria – com 2 toque e 3 batidas Samba de roda – neste ele explica que não precisa tocar bem, pois cabe a cada um o seu interesse pelo aperfeiçoamento. Angola – é mais compassada e cheia de ginga. Cabe ressaltar que a ‘ iúlna’ é destinada a recepção de pessoas na roda e momentos fúnebres. Ladainha – é uma louvação a Deus e as formas de vida e espírito que queiram citar. O mestre não participa da roda, ele coordena, ensina, dando ritmo e puxando as músicas. Mestre Pato ou Patinho ANTÔNIO JOSÉ DA CONCEIÇÃO RAMOS – MESTRE PATINHO Nasceu em 1953, tendo como seu grande Mestre o Sapo – Anselmo Barnabé Rodrigues. Patinho, além da capoeira, praticou ginástica olímpica, sendo aluno de Dimas, e judô. Aos 9 anos, franzino, procurava uma atividade que lhe desse força nos braços e pernas. Ao observar um vizinho fazendo exercícios de capoeira, apaixona-se pela atividade e passa a observar seus movimentos e a imitá-los, aprendendo sozinho os vários golpes e movimentos. Depois de algum tempo, passa a ter aulas com ele. Mais tarde, teve outro mestre – um escafandrista chamado Roberval Serejo, com quem treinou por dois anos. Foi quando assistiu à demonstração dos baianos, no Palácio dos Leões ... no ano seguinte, quando Sapo se estabeleceu no Maranhão, Patinho estava entre seus primeiros alunos... In RODRIGUES, Inara. Patinho: vida dedicada à capoeira. In O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 14 de setembro de 2003, Domingo, p. 6. Caderno de Esportes


ABERRÊ | Djalma Bandeira

Catumbi

Canjiquinha

Cais do Porto

Jessé

Firmino Diniz

Sapo

Roberval Serejo

| MESTRE PATINHO | Costa Rodrigues

Academia Senzala

Marquinhos

Bigu

Tião Carvalho

Gavião

Parque do Bom Menino

Pró-Dança

Robert

Lítero

Carlos César

Jacaré

Gladyz Brenha Brenha Neto

| ESCOLA LABORARTE | Laborarte Nelsinho

Mandigueiros do Amanhã

Centro Matroá

Escola Criação

Maré do Chão

Klebinho

Marco Aurélio

Same

Marinheiro

Serginho

Nestor

Bamba

| CENTRO CULTURAL MESTRE PATINHO

N´Zambi

Brinquedos de Angola

Elma

Frederico


ENTREVISTA COM MESTRE PATINHO. BOÁS, MÁRCIO ARAGÃO. O ENSINO DE MÚSICA EM ESCOLAS DE CAPOEIRA DE SÃO LUÍS – MA. Monografia apresentada ao curso de Música da Universidade Federal do Maranhão para obtenção de grau de Licenciado em Música. Orientadora: Profª. Dr. Maria Verónica Pascucci. http://musica.ufma.br/ens/tcc/04_boas.pdf Nome completo: Eu nasci, mestre Patinho nasceu Antonio José da Conceição Ramos Profissão: Eu sou formado em Educação Física licenciatura, tenho especialidade em ginástica olímpica masculina e feminina, né? Exerci minha vida quase inteira como arte-educador na área do corpo, né? E tenho, fiz quinze anos na ginástica olímpica como atleta, depois como técnico da seleção maranhense, fiz dez anos de judô, oito anos de balé clássico, oito anos estudando a educação física mesmo, né? E quatro anos de jiu jitsu, dois anos de boxe, nove anos de caratê, cinqüenta anos de capoeira que eu vou fazer ano que vem, né? Dançarino popular também, danças populares, sonoplasta, sou ator, né? E vim de uma aborrecência muito difícil, então pra ti entender mais essa questão tem que ter o portifólio... Nome da escola de capoeira: Bem eu fundei a primeira escola de capoeira do mundo, né? Que a capoeira tava na academia e eu sempre me senti, insaciei com essa questão da academia porque eu já sentia ser restrito só a questão do corpo, né? então eu fui, fundei a primeira escola do mundo da capoeiragem, inclusive é o segundo grupo de capoeira angola registrado no mundo, né? Que o primeiro é o GECAP, é dirigido pelo mestre Moraes que é da Bahia, mas o GECAP foi fundado no Rio de Janeiro, e hoje em dia em Salvador, aonde o coordenador e diretor é o mestre Moraes, que é uma pessoa muita querida e desenvolto também nessa questão da musicalidade, né? e dos fundamentos da capoeiragem, e a escola de capoeira angola que eu criei no LABORARTE, que é o segundo grupo de capoeira angola registrado no mundo, mais antigos. E a primeira como escola, porque escola? Porque agente não só trabalha a questão do corpo, agente trabalha a história, a geografia, essa questão da musicalidade, né? a pesquisa e tal, e no intuito de formar pessoas com capacidade pra trabalhar com a capoeira como a educação escolar E a escola funciona aqui? Não a escola funciona no Laborarte, nós temos nove pontos, pra você entender melhor nós temos aqui a nossa árvore genealógica, seria legal que eu te respondas as perguntas mas que você também tirasse fotos, olha aqui está a minha trajetória, a raiz vem ser onde eu comecei, quem foram meus netos e tal... e aqui nos temos aqui a Escola de Capoeira do Laborarte e hoje eu estou aqui no Centro Cultural Mestre Patinho, então quem são as pessoas que estudam no centro cultural, quem está dando aula, quem são os alunos formados, que aqui é sobre a minha trajetória, né? É a árvore genealógica dos nossos trabalhos, hoje aqui nós somos sabe quantas escolas no Maranhão? somos nove escolas no Maranhão regidas pela escola do Laborarte... Aqui é Bamba? Aqui é Bamba, é o Mandingueiros, né? Aí você vai ver aqui Mandingueiros do Amanhã quem é, Escola do Laborarte quem é? Nelsinho, e todos eles vão passando, Escola Criação quem é o cara? Mestre Serginho, né? Aí aqui, Centro Matroá? Marco Aurélio e contra-mestre Júnior, então assim tu vai vendo aonde agente tá aqui no Maranhão, e lá fora uma mestra Elma que trabalha em Brasília, Florianópolis e Rio Grande do Sul, né? e também a galera nossa que está dando aula lá fora como o Bruno Barata que está no Rio de Janeiro, que está trabalhando com a capoeira, aí tem uma galera da gente que tá trabalhando aí, e agente que mora em São Luís, que vai nos Estados Unidos e volta, em Portugal e volta, mas não fazemos questão de estarmos lá, porque o importante é que agente estude a capoeira no Brasil pra entender o que é jogar


capoeira, pra depois ir lá fora fazer uma oficina porque vai ser difícil pra ver o que vai ser mal empregado lá fora. Qual é o público atendido? Bem na minha versão, até porque eu tenho uma sacação de que a capoeira é uma arte cultural desportiva hoje que tá no mundo aí, né? então em cento e cinqüenta países, então é muito né? e a capoeira era a única essência de corporal e educacional que a comunidade tinha acesso sem ônus e hoje é muito caro pra se fazer capoeira, e meu trabalho é o trabalho com a questão da educação inclusiva, né? não só como a questão do mongolóide, especial, como nós temos lá o Bamba você vê, tem os meninos, eu aqui infelizmente ainda não tenho condição de atender essa demanda, mas assim há muitos anos que a galera vai pra rua aí fazer besteira, se distanciam da leitura escolar, então eu acho muito importante meu trabalho é muito voltado pra isso, pela questão do social, agora eu tenho que me sustentar, eu tenho alguns padrinhos, esses padrinhos são meus companheiros de estudo, são aquelas pessoas que pagam cinqüenta reais que é barato, né? Meu trabalho é um dos trabalhos mais baratos que existem nesse país porque se você vai no Rio, São Paulo é cento e cinqüenta é duzentos reais uma mensalidade de capoeira, e aqui quem pode pagar paga cinqüenta reais, e quem já passou da aborrecência e não tem condições de pagar, eu faço a permuta, chega mais cedo e dá uma varrida na sala, tem uma hora que eu chamo a atenção dos alunos para afinar os instrumentos, porque as pessoas acham que os instrumentos da capoeira não tem afinação, está entendendo, então essa coisa toda que agente faz questão de ser diferente mesmo, de respeitar as diferenças, pra poder entender melhor a diversidade. Como é que feita a divisão dos trabalhos no ensino da capoeira? É muito interessante a tua pergunta, até porque eu não vejo essa questão da musicalidade dentro da sala de aula na hora do ensinamento, eu vejo mais as pessoas fazendo seqüência e tal, eu não me importo muito com essa questão de seqüência, apesar de respeitar muito a luta regional baiana que Bimba criou, que não é a capoeira regional, a capoeira que se chama a capoeira regional é a capoeira pós-moderna, então eu respeito muito essa questão, mas aqui eu tenho uma forma metodológica que eu acho que é a única parte que eu tenho a contribuir pra a capoeira, até porque eu nunca ousei criar nenhum fundamento, inventar nada no mundo da capoeira, a não ser o que me da direito de fazer uma construção de uma ladainha que é minha, um corrido meu, uma chula, uma quadra, tá entendendo? minha, que eu faço questão de que as pessoas percebam que agente não tem que ficar no tin tin tin don don don da capoeiragem antiga, a musicalidade da capoeira é muito imensa como o jogar da capoeira é muito imenso, como diversos números, você a formata e consegue registrar infinitas numeralidades, em questão de quantidade, a capoeira através de seus fundamentos ela consegue fazer a leitura de inúmeras necessidades, que cabe entender pra que significa cada um dos fundamentos, a família que cada um tem, a forma como se relaciona, que quando isso bem inserido, que é aquela inteligência sacou, leu, inseriu, aí vira sabedoria, aí fica o jeito e a hora a seu mercê, de acordo com a necessidade de cada um. Assim eu acho muito legal que agente tenha essa consciência do social com a capoeira que ela é muito importante. Em relação à musica, tens em média o tempo destinado à musicalidade durante a semana? Eu tenho, por exemplo, assim, dentro da minha aula eu tenho um processo, na segunda, terça e quinta que eu costumo dar aula, nos demais horários eu vou no Laborarte, eu vou no Maré de Chão, no Matroá, eu vou no Brinquedo de Angola, entendeu? então eu faço assim, na segundafeira eu dou um exercício ligado aos fundamentos da capoeira, só fundamentos, até de certa forma vim descartando a educação física corporal, usando o próprio recurso da capoeira, chamado despertar o que tá dormindo, porque tem muita coisa dentro da gente que está adormecido, que agente não sabe que tem, nem sabe da função que precisa pra acordar e ser mais feliz, ser mais saudável, e no segundo dia na terça-feira treinar pra jogar, na quinta-feira jogar pra treinar. Então, sempre que eu estou no treinar pra jogar, sem instrumento nenhum, o corpo como instrumento e o cântico: “oh nêga! que vende aí? que vende aí?”, gingando, jogando de três, no médio plano, no rasteiro plano, no jogo de dentro, no jogo de fora,


cantando inclusive pra facilitar o momento que ele for, porque é o seguinte, no meu ritual de jogo, saiu do jogo foi pro instrumento, não tá com o instrumento na orquestração, não tá tocando instrumento, tá ao redor da roda, tá fazendo o coro, porque isso te mantém aquecido, te mantém, facilita quando você for tocar cantando, porque é um terror quando a agente se desgarra, a pessoa que toca muito bem o instrumento, mas já viu aquela pessoa que não sabe tocar o instrumento sem estar com a partitura na frente? né? mas na capoeira não tem partitura, mas tem a simbologia que eu fiz que um tempo eu vou te mostrar como foi que eu fiz, que é pra exatamente contribuir nessa questão, eu posso te mostrar no toque que eu tenho aqui, que é uma coisa que ainda não está registrado mas agente já estuda isso aqui, já pratica isso aqui, né? Dentro do meu grupo, e eu vejo assim muito pouco novos tocadores, tem poucos instrumentos, as pessoas não lida mais com essa questão e o cd e a fita cassete evitou que muita gente desenvolvesse essa questão porque ficou bebendo do cassete e na aula só o instrumental, eu aqui por exemplo não joga ninguém, não joga capoeira aqui se não tiver tocando, se não estiver fazendo o canto, que é pra exatamente manter o equilíbrio do instrumental, o corpo e o canto. Em relação ao auxiliares nos seus trabalhos, você tem? Ah, eu tenho, tenho vários, todos são os auxiliares, só de citar uns auxiliares, porque há um revezamento do instrumental, por exemplo, assim tem alunos meus que estão restritos ao gunga, quando não sou eu é um aluno que tá bem desenvolvido, que está estudando pra se tornar professor, aí ele vem pra cá pra aprender regência, que hoje não é separado do mestre de capoeira, o mestre de capoeira ele também é um mestre de regência, ele tem que saber da musicalidade, ele tem que saber do ritual, ele tem que saber como se formata esse item de suma importância, pra que o jogo continue sendo o jogo. Como é que você vê essa relação entre a energia com a capoeira e com a música? Bem, é peculiar do jogo da capoeira essa unção divina, na verdade isso é uma unção é uma massagem através do solfejo, do seu próprio solfejo, suas nuances, por exemplo, você canta uma ladainha “Riachão tava cantando olha ai meu Deus”, você fala de Riachão você vê ele que é o guerreiro, né? “Riachão tava cantando olha ai meu Deus, na ilha de Upaon Açu, quando apareceu um negro, quando apareceu um negro olha ai meu Deus da espécie de urubu, vestia calça de couro, camisa couro cru, tinha um olho encarnado, ai ai ai outro bastante amarelo, tinha o beço virado, olha ai meu Deus, igual a sola de um chinelo, veio convidar Riachão olha ai meu Deus para vir cantar martelo, para vir cantar martelo com negro desconhecido, ele pode ser escravo olha ai meu Deus e tá por aqui fingido, ê viva meu Deus!”, aí isso é uma louvação, aí isso tem que ter unção, essa unção é uma energia dessa que você tá falando, essa energia ela tem que contagiar o círculo da roda, pra poder enaltecer os jogos e até proteger pra que agente, jogador, os jogadores não se machuquem, né? que tenham o instinto deles consciente, e eu vejo muito o capoeira hoje mais moderno aí, com o espírito incosciente fazendo coisas sem saber, que um calcanhar do malá, é afundamento do malá, uma rasteira sem ser ritmada, vai machucar um, vai bater num, vai fazer um acidente. A forma que você elabora a forma de passar os toques e as diferenças entre eles... Bem, isso é muito na prática, primeiro que eu não comercializo o berimbau, o berimbau é uma pesquisa do aluno, o berimbau pra mim não é um elemento de comercialização, e sim de estudo, então como você tem sue livro de inglês, você tem seu livro de português, seu livro pra ajudar na tua escola, na capoeira você tem que ter seu instrumental, então seu berimbau, eu digo olha o berimbau é feito do arco de biriba e tal, que nos vamos ao mato numa certa data buscar, inclusive fazer o remanejo dessa essência, pra poder agente uma horas dessas se surpreender, já tem um arco de berimbau feito de fibra de vidro e uma cabeça feita de recipiente de manteiga, tu tá entendendo? Então é fazer o próprio aluno fazer o instrumento dele, começa a tocar, e mostrar pra ele como é que corta a caixa acústica do jeito que é, o tamanho da abertura da boca que vai fazer a acústica sonora na barriga, enfim... tocar com a pedra que é uma pedra de seixo, então uma pesquisa pra ele não ter esse instrumento como um acessório de decoração, que eu acho horrível, um acessório de decoração que você coloca ele


na parede, deixa cheio de traça, não é tocado, não é prestigiado, então ele fazendo esse instrumento, ele vai ter zelo com ele, ele vai andar com ele, vai tocar com ele, vai aprender com ele, eu tenho instrumento aqui cara que tem trinta anos comigo, que me acompanha, eu to com cinqüenta anos que estudo capoeira, infelizmente alguns instrumentos eles caem e quebram, eu to com minha viola aqui a trinta anos toda arrebentadinha mas ela vai viajar comigo, sabe ela tem um som especial, eu queria ter assim um tempo contigo pra poder mostrar isso na prática, colocar a galera pra sentar, tocar, cantar, tá entendendo? e no dia da sua apresentação agente combinar, agente pode levar uma bateria só pra fazer o canto, não é pra ter jogo, um painel pra você mostrar a importância de se ter, ceder alguns instrumentos pra você possa expor, tá entendendo, eu acho interessante. Quanto ao aspecto simbólico, o que é ensinado acerca de cada instrumento e de movimentos essências na capoeira? Oh, a simbologia ela não existia, eu fiz a forma de como registrar não só o andamento como também o toque, né? através de símbolos como eu te falei, que é uma coisa inédita que faz parte do meu trabalho, que inclusive ainda não está registrado, que eu só utilizo com meus alunos, ou então quando eu tenho uma pessoa muito interessada em aprender, tá entendendo? pra que ele não esqueça eu ensino a registrar, mas é muito prático, é muito da leitura prática, eu digo assim olha esse instrumento é grave, esse aqui é médio, esse aqui é um agudo, o médio toca assim, o grave toca assim, é uma coisa muito prática, como nós falamos. Quando eu falei relacionado ao aspecto simbólico é assim mais ou menos sobre o significado de cada instrumento, relacionado a tradição, a história... Ah sim, sim... isso aí é o seguinte, primeiro na questão do berimbau eu costumo falar assim, o berimbau é um instrumento que descende dos arcos musicais, onde antigamente a caixa acústica não era uma cabaça, não era uma coitela, coitela que eu falo é uma cuia, que a ressonância de uma cuia não é um berimbau é uma marimba, a marimba aí está a grande diferença, mas todos dois descendem dos arcos musicais, como o violino, a rabeca, a viola, todos nasceram dali, então como era o arco musical primeiro? O arco musical primeiro era um buraco no chão, uma verga de fibras retilíneas de tronco, porque não pode ser de galho,você não pode fazer um arco de um berimbau de galho, porque um galho anelar não dá brando, esse brando é a envergadura que dá, então um arco anelar vai quebrar, então tem que ser com troco, que as linhas são retilíneas que assim ele retoma esse brando, então não tinha na época arame, esse arame que hoje é retirado dos pneus dos carros usados, esse pneu de automóvel, antigamente essa corda era feita da tripa de macaco, ou tripa de porco seca bem trabalhada pra fazer a ressonância... Eu já ouvi falar não sei onde que tem gente que já usa corda de piano... É, mas isso aí não tem sentido, porque a corda de piano ela emite um harmônico que não tem controle (ããããã), fica no harmônico que ninguém sabe porque, agora que ele não vai mais mudar essa corda por resto da vida, isso não vai porque a corda de piano não desgasta, mas no ato você vai ver que ele dá a nota, meus berimbau eles todo tem a afinação e a nota certinha, eu converso com meus instrumentos, né? eu sei onde ele tem um grave, onde ele tem um agudo, isso requer muita comunhão com instrumento, muita prática, muita prática. Agora indo pro canto, como é que é feito o trabalho com canto aqui nas tuas aulas e com as letras das músicas? Geralmente, eu sugiro que cada um faça o seu repertório, e nenhum tem o mesmo repertório, mas eu, por exemplo, eu canto em algumas línguas para despertar, ensinar a liturgia popular, por exemplo , eu vou no dito do Leo Bahia que era o principal musicista do meu tempo, que aborda um tema em ioruba que era cantando pelos escravos que remavam nas embarcações negreiras que é assim... (tema em iorubá) que eu canto isso pra poder ensinar eles a ter memorização, aprenderem nunca, e também você ter um momento de você ter uma atenção de unção divina, ele fala assim os negros que tavam no açoite, por conta do açoite e não tinham força pra remar, quando as embarcações não tinham motor, era à vela, né? e a vela, dava a


calmaria, não tinha vento, na calmaria eles baixavam a vela e iam no remo, então eles cantavam assim (canção ioruba), então através do ritmo eles remavam ao mesmo tempo, e diminuíam a força de todos, somavam pra tirar o esforço daqueles que estavam sequelados, e eu botei assim na minha aula um repertório que é pra poder eles se desinibirem, perderem a vergonha de cantar, porque isso tudo acontece na roda, a roda tem esses fundamentos que tem suma importância pra vida, não é só pra jogar capoeira, capoeira não só é essa questão de jogo, os cânticos são também uma denuncia, você pode denunciar cantando na roda de capoeira, pode desafiar, pode falar de uma pessoa, como também pode fazer seu corpo fechar pra não apanhar. Como se dá a relação entre a música e o jogo na roda? Bem o jogador tem que ter seu corpo musical, porque ele tá jogando e tem que está ouvindo e muitas das vezes até respondendo o coro, também pra não perder a cadência do ritmo, e não ser um risco nem pra ele nem pra quem tá jogando com ele. Isso é uma questão do próprio fundamento que exige que o jogador tenha essa interatividade no campo, porque eu posso está no campo e incentivando o outro a fazer o mal pro outro, faz isso com ele, e o cara não estar ouvindo, então ele tem que estar ligado, tem que ter o instinto dele bem trabalhado, na verdade é a proteção bem trabalhada no deredor, entender o círculo da roda tem que está ligado em tudo o que acontece pra não vacilar, como é na vida né? Pra você qual o significado da roda e qual é o significado das palmas? Bem as palmas ela é uma grande indutora de novos adeptos, não só na resposta do coro como também no ritmo da energia da roda, ela é um instrumento musical, inclusive eu falei antes, ela foi o primeiro depois do corpo na capoeira... Você até falou sobre a utilização de material escrito para aprendizado dos toques... Pois bem, existe vários, agora, eu tenho um dos, a maioria são ligados ao pentagrama, e nem todo mundo se interessa em fazer, então eu busquei uma outra forma que vai de encontro a essa questão do pentagrama, essa questão do academicismo, inclusive eu não uso esses termos acadêmicos dentro da capoeiragem que eu pratico, exatamente para facilitar o que agente acha que é impossível, sem perceber que é impossível porque agente nunca tentou, que é difícil, porque agente confunde com edifício que é bem alto, porque não existe padre nosso sem seu vigário, nem ave maria sem beata, nem capoeira sem mestre patinho Nas suas aulas há algum momento específico destinado ao ensino dos fundamentos da capoeira e como isso é realizado? Bem isso é através da prática dentro da sala de aula, o nome desse dia é jogar pra treinar, é o tempo, não é uma roda aberta, eu paro a roda, eu induzo as pessoas a revezarem o canto, o instrumental, o jogo, não é um ensaio, é uma vivência, que é uma aula. Você faz alguma divisão por faixa etária? Não, nem por nível. Você observa o comportamento dos alunos perante a música. Como é que eles se comportam perante a música? Alguns ficam dispersos, intimidados com o coro, né? aí eu vou e dou um incentivo, pra que ele cante e explico porque ele tem que tá interagindo no coro, eu digo: ó você vai jogar as pessoas cantaram e responderam o coro pra você, agora os outros vão jogar e você não vai tocar, cantar e responder o coro pros seus colegas? Eles cantaram pra você, então é uma recíproca, é uma permuta... então, incentivando e dando a importância, até porque o cara que não canta, ele vai entrar sem ritmo, ele vai ficar com dificuldade ele vai levar rasteira, que a tomada de centro é um dos principais objetivos do jogo.


Quais os reais motivos que as pessoas procuram a capoeira? A maioria vem porque levou uma surra na rua, “eu quero dar porrada no sacana que me bateu”, aí eu mudo essa história né? porque eu não ensino ninguém a brigar, a capoeira no seu próprio fundamento faz com que você não apanhe mais, eu mesmo levei muita porrada sabe? mas com um detalhe eu nunca apanhei, levei porrada, mas não apanhei, apesar de ter o corpo franzino mas você com os fundamentos bem formatados você não apanha, mas também não bate, mas também não apanha. A última é uma coisa bem subjetiva assim... Pra você o que significa a figura do mestre na capoeira? O mestre é uma figura que tem que ter na sua consciência com a lida, com a arte que ele pratica no caso a capoeira, a capoeiragem, é estar pronto a aprender, aprender sempre, nada mais, porque não se sabe, né? então continuar a aprender é um dos principais objetivos do mestre de consciência.


O CAPOEIRA. POETA DAS EXPRESSÕES CORPORAIS “A capoeira me trouxe o artista que sou. Eu vou além da capoeira, mas sem me descartar dela, ela é o carro-chefe. Assim que eu sou feliz". Mestre Patinho. FÁBIO ALLEX (Publicada no Jornal Pequeno em 11 de fevereiro de 2012) http://fabio-allex.blogspot.com.br/2012/02/o-capoeira-poeta-das-expressoes.html “[...] Ê, volta do mundo, camará. Ê, o mundo dá volta, camará [...]”. Estes versos constantes em rodas de capoeira parafraseados pelo cantor e compositor Gilberto Gil para criar a música “Parabolicamará”, do disco homônimo, de 1991, nada mais é do que uma ilustração da certeza sobre o mundo possibilitar voltas, em idas e vindas, onde nessa perspectiva há também a possibilidade de conquistas para quem um dia precisou conviver com o acre gosto de desventuras. Para Gil, o neologismo, uma aglutinação das palavras parabólica – da antena onipresente até em redutos carentes do Brasil – e camará – maneira como os adeptos do jogo lúdico afro-brasileiro adotaram para chamar seus parceiros, contempla ainda o mundo globalizado que o tropicalista vislumbrara há mais de 20 anos. “Tudo muda o tempo todo. E só quem sabe entender a mudança pode conquistar a vitória, ou melhor, vitórias, sempre parciais”, disse o então ministro da cultura, em 2006, no Rio de Janeiro, durante o iSummit, evento voltado para tratar de direitos autorais sobre criações artísticas e intelectuais.

Patinho autografando 1º CD de Capoeira do Maranhão E é nessa atmosfera, nessa filosofia de superação, de mudança que se encaixa e bebe um dos personagens vivos mais emblemáticos da cultura maranhense e brasileira, onde “o novo no velho sem molestar as raízes” se faz facilmente presente: Antônio José da Conceição Ramos, o Mestre Patinho. O ‘capoeira’, como gosta de ser chamado (por achar o termo capoeirista pejorativo), é um desses homens que escolhe (ou é escolhido por) uma causa para abraçar, defender e que se confunde com a própria história e com a própria causa. É daqueles homens que se perpetuam a partir do contexto ao qual se propôs a erigir e desbravar, perpassando por um passado que não poderá se calar diante de contribuições atemporais.


Patinho na casa onde nasceu e vive até hoje O pato rouco, outra alcunha do Mestre recebida após a retirada das amígdalas e ter feito quatro raspagens nas pregas vocais, nasceu em São Luís, na casa onde mora até hoje, na Rua São Pantaleão, casa 513, Centro, em 14 de setembro de 1953. É lá, próximo à igreja concluída em 1817, de mesmo nome da sua rua e de seu berço esplêndido, que surge para o mundo o 15º filho de Djalma Stefânio Ramos e Alaíde Mendonça Silva Ramos. É por lá, em 1962, os primeiros passos para a vida e para a capoeira, do menino que veio raquítico, com deficiência respiratória e febre reumática. Apenas 9 anos de idade foram suficientes para conhecer e deslumbrar-se com a manifestação artística que se tornaria sua missão e sua trajetória. “Fugi de casa num sábado, de manhã. Vi dois galos brigando, próximo à Rua da Palha [divisa com a São Pantaleão]. Eu nunca tinha visto aquilo, cara”, conta entusiasmado. “Em seguida, do outro lado, olhei Jessé [Lobão, capoeirista maranhense que havia sido treinado por Djalma Bandeira, no Rio de Janeiro, e, ao retornar para o Maranhão, passou a promover brigas entre galos], fazendo meia lua (golpe tradicional da capoeira), batendo em uma lata pendurada em um arame preso [em duas extremidades]. De imediato tirei a atenção dos galos que estavam brigando e, numa atitude divina, imitei esse momento. E foi justamente por meio de Jessé Lobão, que Patinho descobriu, encantou-se e pôde agregar os primeiros valores oriundos da capoeira. MESTRE SAPO Em 1965, Mestre Patinho, já totalmente inserido e embriagado pela fonte da capoeira, conhece Anselmo Barnabé Rodrigues, o Mestre Sapo, discípulo do baiano Washington Bruno da Silva, o Mestre Canjiquinha (1925-1994), em oportunidade de demonstração realizada no Palácio dos Leões. Por conseguinte, Sapo, de acordo com relatos populares, fixa residência em São Luís, possivelmente a convite de integrantes da gestão do então governador do Estado José Sarney. O intuito seria promover a capoeira, o que o colocaria no posto de referência mais efusiva e responsável pela reaparição do jogo-arte durante a década de 1970, no Maranhão, além de ter sido também o mais proeminente incentivador e professor de Patinho. Sapo, que participava do Quarteto Aberrê (nome em homenagem ao mestre de Canjiquinha), juntamente com Vitor Careca e Brasília, além do próprio Mestre Canjiquinha, líder do grupo baiano, de fato, depois de estabelecido em São Luís, a partir de 1966, segundo o artigo O Mestre Sapo, a passagem do Quarteto Aberrê por São Luís e a (des)construção do ‘mito’ da ‘reaparição’ da capoeira no Maranhão dos anos 60 (2010), do professor de História Roberto Augusto Pereira, passa a ministrar aulas de capoeira somente após cinco anos, no Ginásio Costa Rodrigues, já no governo Pedro Neiva de Santana. ORIGEM DA CAPOEIRA NO MARANHÃO Considerada patrimônio imaterial da cultura brasileira desde 2008, por decisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a manifestação artística, e luta de


outrora, oriunda das senzalas, dos guetos, sob a tutela de escravos negros a fim de protestar contra mazelas sociais, tem indícios de ter aparecido no Maranhão na década de 1870, na região da Baixada. Todavia, há também registros que narram sua aparição entre 1830 e 1840, reaparecendo, já na capital maranhense, aproximadamente, 100 anos mais tarde.

Árvore genealógica de Patinho A partir daí esquiva-se para ressurgir no início da década de 1960, representada pela Academia Bantu, pioneira em capoeira no estado. À frente do projeto estava o aluno do Mestre Artur Emídio (1930-2011), o Mestre Roberval Serejo (1936-1971), um marinheiro que serviu a Marinha de Guerra do Rio de Janeiro e foi morto quando trabalhava na construção do Porto do Itaqui. Há vários relatos, portanto, inclusive de Mestre Patinho, que afirmam que Mestre Roberval Serejo foi antecessor de Sapo. Também de acordo com o artigo do professor Augusto Pereira (2010), é possível destacar, ainda, como antecessor de Mestre Sapo, Firmino Diniz, aluno de mestre Catumbi, no Rio de Janeiro. Posteriormente, tornar-se-ia um dos expoentes mais expressivos e fomentadores da capoeira em rodas de rua realizadas em praças da capital. Além do Mestre Roberval Serejo, participavam da Bantu, Mestre Diniz, Mestre Jessé Lobão, Babalú, José Anunciação Gouveia, Ubirajara, Elmo Cascável, Alô, Mestre Patinho. Com a missão de dar continuidade ao legado e ao conhecimento buscado e adquirido com esforço, sempre “na barganha do aprender”, por meio de vários mestres como João Pequeno (1917-2011), João Grande, Curió, Jaime de Margrante, Artur Emídio, sobretudo após a morte de Mestre Sapo (em decorrência de atropelamento no trânsito do Bairro da Cohab, em 1982), Mestre Patinho delineia sua sina na capoeiragem, desde que fora aluno e colaborador de Sapo, no Departamento de Educação Física, Esportes e Recreação; da Secretaria de Educação do Estado. “Pra eu ter o armazenamento mais aproximado do que é o jogo [da capoeira] foi necessário ir buscar a brasilidade em muitos mestres”, garante. "A CAPOEIRA É UMA SÓ" Sobre essa brasilidade, dentre tantos mestres respaldados na arte, pesquisada a fundo e com exclusividade durante cerca de cinco décadas, Patinho torna-se credenciado, não apenas por especialistas célebres da manifestação afro-descendente que o antecederam, mas também pelo empirismo e pela incansável disciplina que lhe revigoram a cada dia, trafegando por infindáveis amálgamas imbuídas na capoeira e na coletividade a qual ela proporciona. “A minha preocupação não é em ser sistemático, mas exigente. A minha exigência é prática, lúdica e vem de uma perseverança muito grande. Eu lido com a capoeira em primeiro plano e a maioria das pessoas que lidam: mestres, contramestres, professores, trainees têm outra função, porque a capoeira para elas é para um espaço de tempo quando estão livres, e não vão à capoeira quando ela precisa. Somos diferentes, mas precisamos entender as diversidades”, enfatiza. Envolto em ‘jogadas’, como meia lua, chapéu de couro, chapa, meia lua de compasso, aú, benção, rabo de arraia e dois pandeiros, um agogô, um reco-reco, três berimbaus (de três


tons) e um atabaque, as práticas e conceitos aprendidos e adotados por esse lendário gigante da arte e da vida, de 1,60 m, são vastos e estão disponíveis por considerar que “reter conhecimento é crime”. Patinho, portanto, ensina que a capoeira não é uma dança tampouco luta, e sim um jogo por que contém fundamentos, “como os números de zero a nove que formatam uma quantidade infinita de números”, todos com alguma função. “Não é dança, é estratégia de jogos para a guerra”. Fala ainda sobre a função dos fundamentos, caracterizados pela ‘família’ que possuem, resultando em “mistura por excelência”, “diálogo corporal”, “xadrez do corpo”, além de seus andamentos: lento, intermediário, acelerado. Das alturas: rasteira, intermediária e alta. Das distâncias: dentro, fora, à distância. “Para jogar capoeira é necessário ter uma gama enorme de saberes”, afirma.

1. Aula realizada no Centro de Criatividade Odylo Costa, filho 2. Aula no Laborarte

Para quem, de alguma forma, já teve contato sobre o jogo corporal, deve ter tido notícia quanto aos estilos da capoeira: regional e angola. Todavia, Patinho afirma com convicção que a capoeira, o seu ritual do dia a dia, é uma só. “No estilo regional, só há uma altura, em cima; na de angola, em baixo e lento. E não é isso. A capoeira que eu conheço tem fundamentos: tem três alturas, três andamentos e três distâncias, para que se venha a perceber a diversidade e a importância de se dominar de forma bem lenta, bem equilibrada, de forma ambidestra. A Psicomotricidade fica de cabeça pra baixo, onde tórax vira cervical, mão vira pé, pé vira mão, perna vira braço. E não é aleatório. O que aprendi em 50 anos, posso ensinar em cinco. Hoje eu consigo colocar leigo na leitura da capoeira e em três meses dentro da roda”. POETA DAS EXPRESSÕES CORPORAIS O multifacetado poeta das expressões corporais, sempre com uma visão além do seu tempo, não se contentou apenas em adquirir seus conhecimentos técnicos, práticos, artísticos e filosóficos


por meio da capoeira, por mais rica que ela possa ser. Patinho mergulhou fundo em outras áreas afins com o objetivo de multiplicar possibilidades e agregar valores que possam se complementar. Concluiu curso de dança primitiva, moderna e contemporânea, balé clássico, dança folclórica, expressão corporal, fez cursos de atualização em educação física, além de ser percussionista e ter lançado, em 2008, o primeiro CD de capoeira do estado, intitulado de ‘Capoeira do Maranhão – Mestre Patinho’, com sete faixas de sua autoria e mais seis de grupos da Escola de Capoeira Angola do Laborarte.

O Mestre contemplando a árvore genealógica das escolas de capoeira O reconhecimento que já ultrapassou fronteiras, como a participação com seu grupo no Festival Internacional de Expressões Ibéricas (FITEI), na cidade de Porto, em Portugal, em 1990, foi ainda mais ratificado com o ‘Prêmio Viva Meu Mestre’, em 2011, uma política de reconhecimento e valorização de mestres com o objetivo de reconhecer e fortalecer a tradição cultural da capoeira e homenagear mestres com igual idade ou superior a 55 anos. “A minha praia é preservá-la, torná-la mais fácil e que todos percebam a importância que ela tem nas nossas vidas. E perceber que não se muda ninguém. Cada um tem que perceber e se permitir a aceitar os discernimentos. Uma roda de fundamento em harmonia, não só encanta como eleva, como massageia, espiritualiza, autoafirma a personalidade. É muito triste as pessoas julgarem o que nunca tiveram ideia do que é”, filosofa o homenageado. Assim, a capoeira, a clássica expressão popular, o jogo, o balé rústico, que tanto Patinho cultiva e compartilha, faz da sua própria existência um acervo cultural percebido em cada palavra, gesto, na plasticidade e comunhão dos movimentos. Arte, artista, trajetória e presente se confundem. Eis que a força do berimbau faz ecoar de São Luís ao mundo afora, o canto, o equilíbrio e o mais singelo amor pelos dias, pelos camaradas, pela capoeira. Eis o Mestre que proclama: “Ser mestre é estar pronto para aprender, não esconder conhecimento e torná-lo em uma leitura ao alcance de todos”.


MESTRE BAÉ Entrevista realizada por: Raimunda Lourença Correa Witaçuci Khlewdyson Reis Bezerra Maria do Socorro Viana Rego José César Sousa Freire Hermílio Armando Viana Nina Roberval Santos Corrêa Estilo

Mestre

REGIONAL

*Mestre Alô - José Ribamar Viegas; *Mestre Paturi - Antônio Alberto Carvalho; *Mestre Patinho - Antônio José da Conceição Ramos *Mestre Edy Baiano - Edmundo da Conceição

Nome FLORISVALDO DOS SANTOS MENDONÇA COSTA Filiação Pai – Florisvaldo dos Reis Costa - Mãe – Inês da Graça Mendonça Local e Data de nascimento Penalva - 01 de novembro de 1966 Endereço Rua Santa Rosa, n° 82 – Forquilha - CEP: 65054-210 – Telefone (098) 3244 6292 Endereço Eletrônico Academia Associação de Cultura Educacional Candieiro da Capoeira Comanda 588 alunos no Estado e 22 na Capital Filiado à federação de Capoeira do Estado do Maranhão


HISTÓRIA DE VIDA Iniciei a capoeira em fevereiro de 1977, na feira do João Paulo com o finado Alô, depois passei a treinar com o mestre Paturi até conhecer o mestre Patinho tendo me afastado devido o mesmo ter se dedicado só à capoeira de angola, e meu objetivo eram me aprofundar mais na capoeira, pois a mesma está no sangue. Em 1989, comecei a praticar e estudar a capoeira regional pelo Brasil inteiro. A partir de 1990, iniciei um trabalho de estudo e pesquisa da capoeira no Brasil. De forma geral, hoje sou mestre de capoeira e amo o que faço. Entrevista realizada por: José César Sousa Freire Nasceu em Penalva, estado do Maranhão, no dia 01/11/1966, onde logo depois se mudou para a capital, São Luís. Teve uma infância comum como qualquer outra criança, jogava pelada, bola de gude, soltava pipa. Mas aos 11 anos ingressou na capoeira, mais precisamente no dia 17 de fevereiro de 77, na Feira do João Paulo, bairro popular de São Luís, começou com o já falecido Senhor Alô, que foi policial militar. Em 1980 até meados de 1984, seu mestre foi Paturi, 95 Mestre patinho, 89 Mestre Edy baiano o mesmo que o graduou contramestre juntamente com o conselho de mestres. Atualmente Florisvaldo ou Mestre Baé é bombeiro militar e presidente da Federação de Capoeira do Estado do Maranhão, segundo ele o número de mestres da capoeira no Maranhão não passa de 16, a maioria são contramestres.


MESTRE ÍNDIO DO MARANHÃO Entrevista realizada por Cláudio José Reis Brito Estilo

Mestre

MISTA – tanto Angola como Regional, inclusa na Capoeira de São Bento Grande

Firmino Diniz – Velho Diniz, que foi aluno do Mestre Catumbi, do Rio de Janeiro

Nome OZIEL FREITAS Filiação Aurino Marques Freitas – Izilda Maria Freitas Local e Data de nascimento São Luís – Ma Endereço R. Manoel Castelo Alencar, 32 – Planalto Aurora Fone 8126 1850 Endereço Eletrônico Academia Associação Cultural de Capoeira São Jorge, fundada em 07 de junho de 1987 HISTÓRIA DE VIDA Começou com 15 anos, no Bairro de Fátima. Seus Mestres foram Velho Diniz, Mestre Sapo, Mestre Gouveia. Jogou muito com Mestre Pato. Existem cerca de 95 alunos em sua academia; algumas cidades em que também tem filiais de sua academia: Pinheiro, São bento, Palmeirandia. Geralmente se apresenta em São José de Ribamar, aos domingos a tarde, na praia.


MESTRE MIZINHO Entrevista realizada por Cláudio José Reis Brito José César Sousa Freire Maria de Lourdes A. Araújo Estilo

Mestre

REGIONAL

Mestre Evandro

Nome ALCEMIR FERREIRA ARAÚJO FILHO Filiação Alcemir Ferreira Araújo – Amélia Marques Local e Data de nascimento São Luís – Ma – 21 de setembro de 1960 Endereço Rua São Gabriel, 27 – Bairro Fé em Deus Fone 3232 45 39 (d. Denise, vizinha) Endereço Eletrônico Academia Associação Nação Palmares HISTÓRIA DE VIDA Começou na Capoeira aos 12 anos, no PDT no Monte Castelo. É Mestre e tem mais de 500 alunos na Academia, fundada em 1º. de 2000; existem academias em vários bairros e conjuntos de São Luís, tais como Vila Palmeira, Anil, Cidade Operária, Caratatiua, Cohatrac; fazem apresentações me vários pontos da cidade Obs. Mestre Mizinho estava viajando para a França e as informações foram prestadas por sua esposa Entrevista concedida a Maria de Lourdes A. Araújo Aos 11 anos de idade eu praticava judô com um tio; certo dia, me levaram ao Teatro Artur Azevedo e eu fiquei puramente fascinado pela capoeira, mas quando pedi a minha mãe para treinar ela não permitiu, a capoeira era muito marginalizada mas eu tinha um professor particular chamado João Evangelista e minha mãe tinha uma grande confiança nele, ele era capoeirista e eu não sabia, um dia eu olhei ele armando um berimbau e me lembrei do teatro e perguntei para ele o que era aquilo e para que servia, ele me falou tudo, então pedi para ele falar com minha mãe para deixar eu treinar, ele foi e pediu. Minha mãe deixou, com a condição de que ele me levasse e trouxesse para casa de volta. Iniciei na capoeira aos 12 anos de idade na Rua 24 de Agosto no Bairro do Monte Castelo, São Luís-Ma. Em 1984, quem comandava era o Evandro conhecido hoje como Socó e nessa mesma academia conheci o mestre Evandro com quem eu comecei a treinar, onde treinei até o ano de 2000, onde cheguei até a graduação de mestrando.


O seu reconhecimento de Mestre foi dado por um conselho de Mestre pertencente a federação, ou seja, reconhecimento dado pela nossa comunidade capoeirista. A Associação Nação Palmares de capoeira – ANPC – fundada em 1º. De maio de 2000, localizada na Rua Gabriel, 27, Fé em Deus, nasceu de uma junção de idéias de três contramestre, Mizinho, J.J. e José Manoel, este último não se faz mais presnete na ANPC, por isso o nome Associação Nação Palmares de Capoeira tem como mestre e coordenador geral o mestre Mizinho e outros professores que também fazem parte da diretoria da ANPC. Atualmente a academia conta com 1 corpo docente 1 mestre, 1 contra-mestre, 3 instrutores e 1 monitor e 11estagiários. A Associação Nação Palmares de Capoeira não se intitula só no estilo Angola e nem no estilo Regional mas sim capoeira, uma capoeira mista que engloba os dois estilos Angola e Regional, respeitando sempre seus seguimentos, fundamentos e tradições de cada uma. Os ensinamentos teóricos e práticos são transmitidos da melhor maneira possível aos seus integrantes, lembrando que este estilo não foi criado por nós sim a preservado do passado com algumas inovações para melhorar e facilitar a aprendizagem dos alunos. E este o estilo de nossa capoeira não é uma sub-diferença da capoeira Angola e Regional, mas é o que chamamos de capoeira Maranhense, deixando como herança dos nossos antepassados. A nossa ANPC pertence à Federação de Capoeira do Estado do Maranhão (FECAF-MA) que é reconhecida pela Confederação Brasileira de Capoeira (CBC). A Associação Nação Palmares de Capoeira possui vários núcleos de treinamento para a prática da capoeira só em São Luís são 11 núcleos em diferentes bairros: Monte Castelo, Vila Palmeira, Ivar Saldanha, Coroadinho, Anil, Jardim América, Madre Deus, Lagoa da Jansen, Cidade Operária, Caratatiua, e outros. Em municípios do Maranhão também temos ações atendendo a uma clientela de crianças, jovens e adultos.


MESTRE NELSINHO Entrevista realizada por Felipe Albuquerque Barboza Neto Estilo

Mestre

ANGOLA

Patinho

Nome NELSON BRITO MARQUES Filiação José Carlos Castro Martins – Cíntia de brito Martins Local e Data de nascimento Rio de Janeiro – 19 de abril de 1975 Endereço Rua Oscar Galvão, 35 – Centro Fone: 8126 99 04 Endereço Eletrônico Academia LABORARTE HISTÓRIA DE VIDA “Nasci no Rio de Janeiro; vim de uma família pobre, mas os meus pais sempre tiveram cuidado com meu estilo de vida. Quando criança fiz tudo o que uma criança saudável faz. Eu estudava na escola Ronald Carvalho, uma das grandes escolas da época.” COMO COMECEI, QUEM ME INCENTIVOU “Como eu moro perto do Laborarte e o Mestre Patinho era amigo de meus pais e do meu tio, conheci o Mestre. Logo, meus familiares me levaram para assistir a capoeira; com isso, em 1986, pela primeira vez eu entrava em uma roda; e como eu tinha de dividir o tempo entre estudar e jogar capoeira, me afastei, em 87. Em 1990, tive uma passagem de dois meses e parei novamente. “Em 1992, voltei novamente, pois até hoje jogo capoeira; passei a estudar a fundo, inclusive a história da capoeira é controversa, mas o que eu sei através da pesquisa dos livros do professor Leopoldo, apesar de não conhecê-lo, mais digo que admiro muito; a capoeira nasceu no Rio de Janeiro no século ( ) que era chamada capoeiragem. Outro registro nos mostra que 1877 a capoeira tinha adeptos aqui em São Luis especialmente na rua das Hortas, também falava-se na mesma época em Turiaçú, inclusive era proibida.” CAPOEIRA – LUTA OU DANÇA “Eu definiria como luta, dança e jogo; ela é tudo isso e muito mais. Não dá para defini-la só em uma coisa”. “A capoeira é muito dinâmica, tanto é que ela mexe com toda parte do corpo, com todos os grupos musculares.” A CAPOEIRA AJUDA NO MEIO SOCIAL


“Depende de quem trabalha a capoeira e como trabalha, não basta só ensinar a criança a movimentar-se, o professor tem que mostrar a história, a realidade dos fatos, o cotidiano.” OS INSTRUMENTOS “A capoeira como é dança também,precisa dos seus instrumentos, como: três berimbaus chamados de gunga (grande), viola de centro (médio), a violinha, e ainda tem a cabaça pequena. Os instrumentos dão um diferenciamento entre os dois estilos de capoeira, a de Angola e a Regional. Na Regional pode-se usar um berimbau e dois pandeiros.” DIFERENÇAS ENTRE ANGOLA X REGIONAL “Há várias diferenças, hoje a Regional é apenas o conteúdo luta, é mais voltada para o esporte. O criador da Regional foi o Mestre Bimba, ele era baiano”. “A capoeira Angola é mais folclórica, voltada aos nossos costumes. Outra diferença básica é que a Regional é jogada alta e rápida e a Angola é um jogo mais lento, mas pode acelerar. A roda de Angola é sentada, a Regional, os integrantes ficam em pé.” O SOM ENCANTA E O GINGADO TAMBÉM “Quando eu escuto, e olho uma roda de capoeira eu me emociono, ainda mais quando o jogo tem um som melódico, uma roda harmônica com uma música bem tocada e um bom coro, é muito legal para a alma.” QUANTOS ALUNOS VOCE ENSINA “Atualmente 60 alunos: 15 no Laborarte, 30 no Projeto Criação no bairro do São Francisco e 15 na Universidade Federal do Maranhão onde eu faço o Curso de Educação Física e graças a Deus estou me formando”. “Agora fui convidado para o Projeto 2º. Tempo com mais de 100 alunos, vou pegar sete turmas de capoeira sempre pela manhã e tarde.” A CAPOEIRA COMO TERAPIA “A capoeira, assim como qualquer ocupação que leve o cidadão a ser reconhecido como cidadão também dá sua contribuição nas questões de ajuda aos problemas através do envolvimento com o grupo, trazendo o mesmo para atividade de conhecimento. Pode também ser usado nas atividades físicas, por exemplo, uma pessoa obesa pode praticar capoeira.” DISCRIMINAÇÃO “A falta de conhecimento sobre a capoeira faz que muitos tenham impressão inversa da modalidade. Às vezes, nós mesmos somos culpados por exemplos muitos professores não procuram estudar e visam à capoeira como arma, no entanto a capoeira é uma arte que envolve a música, dança, luta e o jogo, mais tudo nos conformes”. “Eu me sinto privilegiado, pois sou universitário, tenho um estudo avançado, isso me dá uma visão e um respaldo perante a sociedade.” OS MOVIMENTOS “A capoeira é complexa, o mesmo movimento tem três ou mais nomes, dependendo da vontade do Mestre, tem movimentos que ao ser executado se transforma em outra série, são exercícios que o aluno faz na roda sem que tenha exercitado.” A MUSICA “As músicas da capoeira são de conteúdo simples e são transmitidas de mestre para mestre. Tem música que são criadas na roda e a letra é cantada de acordo com o acontecimento do dia”. “A roda sempre começa com a ladainha, são usados cânticos corridos, como “ ia, ia, deu uma volta só ...”


“As quadras são músicas usadas na roda, geralmente quando termina usa-se o corrido: “adeus, adeus seria, eu já vou embora, adeus, adeus sereia eu já vou embora !... A ROUPA “A calça chama-se abada, não é obrigatória o uso, se a pessoa quiser entrar na roda com outro tipo de calça, pode fazer a capoeira normal, só não é permitido a entrada de pessoas com bermuda.” CONSIDERAÇÕES FINAIS “Graças à capoeira eu me vi de uma forma diferente. Hoje, trabalho dentro dela, fiz amigos, tive conhecimento e exercito o meu corpo. “A capoeira também é uma ocupação e ajuda muito na formação das pessoas.”


MESTRE FRED Entrevista realizada por Fábio Luiz B. Silva Enéas do Espírito Santos Estilo

Mestre

MARANHENSE PARA ANGOLA

Patinho

Nome FREDERICO PIRES Filiação Flavio Pires – Delci Pires Local e Data de nascimento São Luis – 03 de fevereiro de 1963 Endereço Rua do Mocambo, 158 – Centro Fone 098 8115 3104 Endereço Eletrônico Academia Brinquedo de Angola – Fonte das Pedras Projeto Capoeira Arte & Ação – Rua do Giz, 158 – Centro HISTÓRIA DE VIDA Quando começou a jogar capoeira tinha apenas 17 anos de idade. Possuiu apenas um mestre conhecido pela alcunha de Patinho, José da Conceição Ramos. Motivo que o levou a jogar capoeira foi lúdico, o musical de apreciação a vida, natureza, espírito, alma, não viver isolado, mas sempre em contato com eterno. Principiou a capoeira no Parque Bom Menino; instituidor da capoeira Angola no Laborarte com Mestre Patinho e Mestre Telmo. Inspirado no seu único mestre devido a lucidez que tem em seu poder.


MESTRE MARCO AURÉLIO Entrevista realizada por Alzira Dias da Silva Estilo

Mestre

ANGOLA

Mestre Patinho

Nome MARCO AURÉLIO HAIKEL Filiação José Antonio Haikel – Maria dos Ramos Jansen Haikel Local e Data de nascimento 11 de março de 1963 Endereço Rua Santa Izabel, q. L, c. 14 – Sítio Campinas – São Francisco Fone 8118 5127 Endereço Eletrônico marcohaikel@bol.com.br Academia MATRO-A HISTÓRIA DE VIDA Começou na Faculdade; conheceu seu mestre lá, tem 21 anos de roda. Conhece a capoeira desde 0s 7 anos, mas não praticava porque sua mãe não deixava, daí quando entrou na faculdade conheceu Mestre Patinho, e com os seus amigos influenciaram começou a praticar. Ele conta que, como sua mãe achava a capoeira coisa de marginal ele entrou na turma de basquete pois ele achava legal as manhas dos dribles, as gingas e as formas que o basquete tem, então achava parecido com a capoeira. Hoje tem a sua própria academia Matro-A, perto da Poemese e agora nesses últimos meses por motivo de saúde doença (problema no joelho) sua academia está sem o Mestre jogando, mas comanda a roda.


MESTRE BAMBA Entrevista realizada por Ismênia de Abreu Mendes Mayara Mendes de Azevedo Sâmia Valéria Madeira Irineu José Maranhão Diniz Manoel Maria Pereira Estilo

Mestre

ANGOLA

Mestre Patinho

Nome KLEBER UMBELINO LOPES FILHO Filiação Kleber Umbelino Lopes - Marinildes Pinheiro Braga Local e Data de nascimento São Luís – 12 de abril de 1966 Endereço Rua João Vital 0 Beco da pacotilha -129 – Centro Histórico Endereço Eletrônico quilombomusica@bol.com.br centromandiqueira@bol.com.br Academia Escola de Capoeira Mandigueiros do Amanhã HISTÓRIA DE VIDA Começou na capoeira aos 12 anos de idade. A partir de 1995 conheceu o Mestre Patinho com quem aprendeu as técnicas. Ele trabalha com a capoeira Angola. Na capoeira Angola seu título através dos graus e pela comunidade. Há um grande respeito pela comunidade. Jána capoeira Regional seu título vem através de cordéis que dependendo da graduação vai mudando de cor. Entrevista concedida a Manoel Maria Pereira Em 1978, eu tinha 12 anos via a capoeira como uma forma de brincadeira; como sou baixinho e magro, na época eu tinha 39 quilos mais ou menos, os meninos do bairro impunham a soberania, não podia jogar bola que apanhava, até para ir na quitanda, eu tinha que arrudiar (sic) uma pracinha que tinha em frente da minha casa, por que tinha um menino que se eu passasse por lá, apanhava. Eu via a capoeira na rua com o som dos birimbaus (sic), a música, a ginga, a movimentação, me fascinava. Como morei sempre na Madre-Deus, um bairro periférico, na época mais ainda, eu sentia a necessidade de me proteger mais ainda. Na época de 60 e 70 tinha a imagem de malandragem e vagabundagem que perdura até hoje, não com a mesma intensidade. Os pais não deixavam aos filhos entrarem, sempre morei com a minha mãe e dois irmãos; só fui ter o apoio de minha mãe depois de ser contra-mestre e fundar a academia e trabalhar com crianças do bairro; antes vinha a cobrança para estudo, mas o meu padrinho era aluno do Mestre Sapo, o Mestre Eusamô, hoje. Me levava para as rodas e me iniciou na capoeira.


O Mestre Sapo, para mim, foi o Mestre que mais propagou a capoeira no Maranhão na década de 80. O que trouxe de benefício? As melhores coisas de minha vida. Um rico sem dinheiro no bolso. Antes de viver da cpoeira não tinha nada. Com a capoeira tive a felicidade de concer a minha esposa que me deu dois filhos e me fez superar a morte de minha mãe. O espírito foi superado com a capoeira. A Valdira Barros me deu força para superar a capoeira, não ficando só no jogar pernas para o alto. Jandira Barros é a minha esposa. Me incentivou a pesquisar, me integrar a modernidade e não esquecendo de onde a capoeira surgiu. Antigamente um mestre para chegar a mestre, treinava 4 a 5 anos, montava uma academia e se intitulava mestre, com a modernização isso mudou. Existe duas vertentes. A capoeira regional que tem algumas linhas intitulada de capoeira contemporânea, criada pelo Mestre Bimba na década de trinta. Como é o negro na capoeira? A capoeira de 1880 a elite era branca e sempre praticou, no Rio de janeiro na década de 30. O Mestre Bimba, por participar e ter uma influencia branca de amizade na sociedade, a capoeira Regional era praticada por influencia do mestre Bimba, que trouxe seus amigos para a prática, levando a capoeira para o lado do esporte. Enquanto a Angola, praticada por 80% dos negros se constituía cada vez mais como arte afrobrasileira, como forma de brincadeira lúdica,pois a Angola é mais próxima a religiosidade, e o negro, que se escondia para praticar suas religiões, mostrava também na capoeira suas crenças, em formas de suas músicas e ladainhas. Na década de 30 a 50, com a adoção do estilo de educação física francesa, a capoeira foi se levando mais para o gueto. Valorizando uma herança que é nossa,o capoeirista só, não pode esperar ela se valorizar, caindo do céu. Apesar de não ser universitário, mas com o trabalho social que faço, me adequando ao que tenho, me valorizo. Existe academia que vê mais o corpo, eu ao contrário trabalho mais a mente, no natural, não importando se você e alto, magro, baixo, gordo o importante é você aprender além dos meios de fazer é entender como fazer. Eu após conhecer o Mestre Pato é que fui seguir a linha da mentalidade correta da pratica da capoeira na roda, até mesmo na briga. Após conhecer o Mestre Pato é que me transformei em um devoto da capoeira


MESTRE SENA Entrevista realizada por Henrique de Jesus Sousa Diniz Estilo

Mestre Graduado Mestre pela CBP, RJ

Nome ROBERVAL DE SENA PALHANO Filiação Márcio Palhano – Cláudia de Sena Palhano Local e Data de nascimento São Luís – Ma – 27 de janeiro de 1976 Endereço Av. Kennedy – Vila Militar Endereço Eletrônico Academia Associação Cativeiros da Capoeira HISTÓRIA DE VIDA Formado em Educação Física; Curso de Organização e Métodos, pela UFMA; Curso de Musculação pela CBS – SP; Curso de Árbitro de Capoeira, tendo participado do I Campeonato Maranhense de Capoeira Juvenil, 1981; I Campeonato Maranhense de Capoeira Adulto, 1981; I Campeonato de Capoeira de Volta Redonda,1986; I Festival de Capoeira da AABB, Niterói, 1988; funddor da Liga Imperatrizense de Artes Marciais, 1992; Fundador da Federação Maranhense de Capoeira;


MESTRE LUÍS SENZALA Entrevista realizada por Allyson Ricardo Dias Nune Pedro Henrique Silva De Brito Marco Antonio Pires da Silveira Leite Estilo

Mestre

ANGOLA

MESTRE MADEIRA (CERTIFICADO POR JOÃO PEQUENO)

Nome LUÍS AUGUSTO LIMA Filiação PAI: AUGUSTO DOS ANJOS LIMA - MÃE: MARIA MADALENA LIMA Local e Data de nascimento SÃO LUÍS – MA - 08 / 04 / 1971 Endereço RUA PORTUGAL - 229 CENTRO HISTÓRICO / 65010-480 Telefone (098) 3232-4238 / 8804-3808 Endereço Eletrônico luissenzala@htm.com.br luisenzala@hotmail.com Academia ESCOLA ACAPUS HISTÓRIA DE VIDA Em 1981, começou com o mestre Madeira, ingressou na capoeira devido as suas raízes e pelo seu interesse as artes marciais. O trabalho na capoeira se voltou para o social, isto é, tirando crianças das ruas onde já tem 5 anos com esse trabalho. Com a formação desses alunos, houve a divulgação da capoeira nos países da Europa, visando com isso não só expandir a arte como tirar daí seu próprio sustento, fazendo um intercâmbio entre Brasil e Europa. Entrevista realizada por Pedro Henrique Silva De Brito Mestre Senzala começa em 1981 com o Mestre Madeira, porém, é graduado por João Pequeno. Seu interesse pela capoeira surge através de suas raízes africanas e das artes marciais. O trabalho na capoeira é puramente social, é ajudando crianças de rua que a mais de 5 anos forma alunos e divulga seu trabalho na Europa com a finalidade de formar cidadãos com propósito na vida. Entrevista realizada por Marco Antonio Pires da Silveira Leite Luiz Senzala começou na capoeira com 12 anos, em São Luís, com o Mestre Madeira, com quem permaneceu por uns 15 anos, abandonando por divergências. Viajou a Salvador por diversas vezes em busca de ensinamentos. Na capital baiana passou a ter aulas com o mestre João Pereira dos Santos, o João Pequeno.


Luiz Senzala possui um trabalho de inclusão social através da capoeira, com crianças carentes em São Luís. Viaja periodicamente a Europa onde ministra cursos em filiais de sua associação. Associação Acapus (www.ono.com/acapus) Possui atualmente 25 alunos em São Luís.


MESTRE MIRINHO Entrevista realizada por: Raimunda Lourença Correa Witaçuci Khlewdyson Reis Bezerra Maria do Socorro Viana Rego Hermílio Armando Viana Nina Estilo

Mestre

CAPOEIRA MISTA:

Ivandro Costa

ANGOLA E REGIONAL.

Mestre Baê

Nome CASEMIRO JOSÉ SALGADO CORREA Filiação Pai – Pedro Alcântara Correa. - Mãe – Rosires Salgado Correa. Local e Data de nascimento Cururupu – Ma – 08de outubro de 1966. Endereço Rua Porto Caratatiua, n° 23 – Ivar Saldanha. Telefone – 3249 – 4862 Endereço Eletrônico Academia Academia – Rua Santa Rosa, n° 82 – Forquilha. CEP: 65037-200


HISTÓRIA DE VIDA Iniciou a capoeira em 03 de março de 1982, com 15 anos, na Rua do Poço – Bairro da Liberdade, passando poucos dias. Depois mudou para o Laborarte. Na época, não podia colocar o nome identificando capoeira, pois era discriminada. Do Laborarte, passamos para o CCN (Centro de Cultura Negra) com o mesmo estilo (capoeira mista) que durou até 1986. Comecei a dar aulas em Cururupu, onde fui o pioneiro fundando o grupo de capoeira Águia Negra.Posteriormente viajei para Vargem Grande fundando o grupo “Grito de Liberdade”, depois vim para São Luís ficando parado, só estudando a origem da capoeira e da cultura negra para a comprovação dos fatos e a discriminação racial, mas sempre participando de rodas de capoeira.Em 2000, conheci o mestre Baé e até hoje ele é o meu instrutor. Escolhi a capoeira, porque sempre fui voltado para a origem negra, pois a mesma me fascina, está no meu sangue. Nunca lutei outro estilo, só a capoeira; não só pela luta, mas pelos rituais. Considero que o capoeirista é um artista e um artesão, pois o mesmo confecciona seus próprios instrumentos. A capoeira no Maranhão é muito boa, é a das melhores existentes no Brasil, precisando apenas ser lapidada. O meu objetivo em relação a capoeira é resgatar aquela que os negros praticavam na época, a essência da verdadeira capoeira que hoje ficou muito estilizada. Entrevista realizada por Hermílio Armando Viana Nina O Mestre Mirinho nasceu no dia 8 de outubro de 1966 na cidade de Guimarães (MA). Quando se iniciou na capoeira já contava 16 anos, isto em 1982, pelas mãos de Mestre Evandro, daquela cidade. Em São Luís praticou inicialmente na Rua do Poço da Liberdade e também no Laborarte. Em 1986 montou seu primeiro grupo na cidade de Cururupu (MA), especificamente no Palácio das Festas. No ano seguinte, 1987, cria o denominado grupo Grito da Liberdade na cidade de Vargem Grande (MA). Atualmente Mestre Mirinho é membro do grupo Candieiro. Este grupo desenvolve a capoeira no interior do Estado, já estando nas cidades de Tutóia, Icatú, Paulino Neves, Cachoeira Grande e Morros. O próximo passo é a cidade de Presidente Juscelino. A função de Mestre Mirinho no grupo é transmitir sobre o desenvolvimento e a história da capoeira no Brasil, sua origem, etc. Compreende também o ensino dos rituais, músicas e ritmos, tirados dos diversos instrumentos utilizados. O Mestre Mirinho é casado e tem dois filhos, Ruan de 13 e Carla de 11 anos. Já estão sendo iniciados na capoeira pelo Mestre. Quando na está atuando na Capoeira, o Mestre Mirinho é um comerciante autônomo. Como pessoa é extremamente educada e gentil, conhecedor das origens e importância da Capoeira. Ele defende que a origem da capoeira no Maranhão se deu com o finado Roberval Serejo, quando fundou o grupo “Bantos”, em época remota. Este grupo praticava a capoeira na antiga guarda municipal no Parque Veneza. Para o mestre Mirinho, aquele que transmite a capoeira tem que estar preparado para transmitila. É ter uma completa visão do que ser educador. É preciso ser um poeta, um compositor e um cantor também, além de instrumentista. Resume-se em se dar completo, em uma só palavra, amor pela capoeira. Entrevista realizada por: Witaçuci Khlewdyson Reis Bezerra Iniciou-se na capoeira em 1982, com 15 anos de idade, na Rua do Poço, na Liberdade, depois mudou-se para o Laborarte. Do Laborarte passou para o Centro de Cultura Negra, permanecendo até 1986. Começou a dar aulas em Cururupu, fundando o grupo de capoeira Água Negra, depois foi para Vargem Grande, fundando então o Grupo grito de Liberdade.


Voltando a São Luís, onde se prendeu aos estudos da Cultura Negra e origem da capoeira. Desde 2000 está com o Mestre Baê. Buscou a capoeira devido a origem negra, onde a mesma o extasiara. Se identificou muito com os rituais, a música. Compara o Capoeirista como um artesão, um artista onde consegue confeccionar sues próprios instrumentos. Acha a Capoeira do Maranhão de excelente qualidade necessitando somente ser lapidada, onde sua meta é regatar a real essência deste maravilhosa arte. Entrevista realizada por: Maria do Socorro Viana Rego Iniciou a capoeira em 03 de março de 1982, com 15 anos, na Rua do Poço – Bairro da Liberdade, passando poucos dias. Depois mudou-se para o Laborarte. Na época não podia colocar o nome identificando capoeira, pois era discriminada. Do Laborarte passamos para o CCN (Centro de Cultura Negra) com o mesmo estilo (capoeira mista) que durou até 1986. Comecei a dar aulas em Cururupu, onde fui o pioneiro fundando o grupo de capoeira Águia Negra. Posteriormente viajei para Vargem Grande fundando o grupo Grito da Liberdade, depois vim para São Luís ficando parado, só estudando a origem da capoeira e da cultura negra para a comprovação dos fatos e a discriminação racial, mas sempre participando de rodas de capoeira. Em 2000, conheci o mestre Baé e até hoje ele é meu instrutor. Escolhi a capoeira porque sempre fui voltado para a origem negra, pois a mesma me fascina, está no sangue. Nunca lutei outro estilo, só a capoeira; não só pela luta, mas pelos rituais. Considero que o capoeirista é um artista e um artesão, pois o mesmo confecciona seus próprios instrumentos. A capoeira no Maranhão é muito boa, é das melhores existentes no Brasil, precisando apenas ser lapidada. O meu objetivo em relação a capoeira é resgatar aquela que os negros praticavam na época, a essência da verdadeira capoeira que hoje ficou estilizada.


CONTRA-MESTRE “LOURO” Entrevista realizada por Hirlon Pires Braga Estilo

Mestre

ANGOLA.

Mestre Pato (Patinho)

Nome ANTÔNIO DE CARVALHO ALVES BAIMA Filiação pai: Raimundo Alves Baima - mãe: Conceição de Maria Carvalho Baima Local e Data de nascimento - 30 de outubro de 1962 Endereço Rua 17, casa 17 Cohab-Anil III Endereço Eletrônico Academia Associação Cultural Pirilampo Laborart - Rua Jansen Miller, n° 42. Centro aulas particulares em minha residência HISTÓRIA DE VIDA Comecei a praticar a capoeira com 26 anos. Treinei bastante e treino até hoje. Além disso, treinei Karatê aos 23 anos, treinei Tae kwon-do aos 28 e sou professor de Tae Shi Shuan onde me especializei no Rio de Janeiro.


ANEXO II

ATLAS DA CAPOEIRA NO BRASIL


ATLAS DA CAPOEIRA (GEM) NO BRASIL André Luiz Lace Lopes (RJ) Leopoldo Gil Dulcio Vaz (MA) Milton César Ribeiro (Miltinho Astronauta) (SP) DEFINIÇÕES Vernaculização do tupi-guarani caá-puêra: caá = mato, puêra = que já foi; no Dialeto Caipira de Amadeu Amaral: 'Capuêra, s.f. – mato que nasceu em lugar de outro derrubado ou queimado. Temos, assim: capoeira = capoeirista, o lutador; e capoeira = a luta, o jogo de agilidade corporal. “Por capoeiragem devemos entender: o ato de jogar a capoeira.”. Por Capoeira deve-se entender “... Desporto de Criação Nacional, surgido no Brasil e como tal integrante do patrimônio cultural do povo brasileiro, legado histórico de sua formação e colonização, fruto do encontro das culturas indígena, portuguesa e africana, devendo ser protegida e incentivada” (Regulamento Internacional da Capoeira);

assim como Capoeira, em termos esportivos, refere-se a “... um jogo de destreza corporal, com uso de pernas, braços e cabeça, praticado em duplas, baseado em ataques, esquivas e insinuações, ao som de cânticos e instrumentos musicais (berimbau, atabaque, agogô e reco-reco). Enfocado em sua origem como dança-luta acabou gerando desdobramentos e possibilidades de emprego como: ginásticas, dança esporte, arte marcial, folclore, recreação e teatro, caracterizando-se, de modo geral, como uma atividade lúdica”. (Atlas do Esporte no Brasil, 2005, p. 39-40).

Considera-se como prática do desporto formal da Capoeira sua manifestação cultural sistematizada na relação ensino-aprendizagem, havendo um ou mais docentes e um corpo discente, onde se estabelece um sistema de graduação de alunos e daqueles que ministram o ensino, havendo uma identificação indumentária por uniformes e símbolos visuais, independentemente do recinto onde se encontrarem. Considera-se como pratica desportiva não-formal da Capoeira sua manifestação cultural, sem qualquer uma das configurações estabelecidas pelo Artigo anterior, e que seja praticada em recinto aberto, eminentemente por lazer, o que caracterizará a liberdade lúdica de seus praticantes. Capoeira – “jogo atlético de origem negra, ou introduzida no Brasil por escravos bantos[1] de Angola, defensivo e ofensivo, espalhado pelo território e tradicional no Recife, cidade de Salvador e Rio de Janeiro, onde são reconhecidos os mestres, famosos pela agilidade e sucessos. Informa o grande folclorista que, na Bahia, a capoeira luta com adversários, mas possui um aspecto particular e curioso, executando-se amigavelmente, ao som de cantigas e instrumentos de percussão, berimbaus, ganzá, pandeiro, marcando o aceleramento do jogo o ritmo dessa colaboração musical. No Rio de Janeiro e Recife não há, como não há notícia noutros Estados, a capoeira sincronizada, capoeira de Angola e também o batuque-boi. Refere-se, ainda, à rivalidade dos guaiamus e nagôs, seu uso por partidos políticos e o combate a eles pelo chefe de Polícia, Sampaio Ferraz, no Rio de Janeiro, pelos idos de 1890. O vocábulo já era conhecido, e popular, em 1824, no Rio de Janeiro, e aplicado aos desordeiros que empregavam esse jogo de agilidade.” (Câmara Cascudo, Dicionário do Folclore).


Capoeira(s) – “indivíduo(s) ou grupo de indivíduos que promoviam acções criminosas que atentavam contra a integridade física e patrimonial dos cidadãos, nos espaços circunscritos dos centros urbanos ou áreas do entorno” (ARAÚJO, 1997, p. 65).

Para esse autor, capoeiras era a denominação dada aos negros que viviam no mato e atacavam passageiros (p. 79), em nota registrando a Decisão (205) de 27 de julho de 1831, documentada na Coleção de Leis do Brasil no ano de 1876, p. 152-153; “manda que a Junta Policial proponha medidas para a captura e punição dos capoeiras e malfeitores).

Capoeirista: “[...] os indivídos que praticam ou exercem, publicamente ou não, exercícios de agilidade e destreza corporal conhecida como Capoeira, nas vertentes lúdica, de defesa pessoal e desportiva.” (ARAÚJO, 1997, p. 70).

Capoeiragem: “a acção isolada de indivíduos, ou de grupo de indivíduos turbulentos e desordeiros, que praticam ou exercem, publicamente ou não, exercícios de agilidade e destreza corporal, com fins maléficos ou mesmo por divertimento oportunamente realizado”. (ARAÚJO, 1997, p. 69).

Capoeira: Expressão brasileira surgida nos guetos negros há mais de um século como forma de protesto às injustiças sociais, arte que se confunde com esporte, mas que já foi considerada luta, a capoeira foi reconhecida como patrimônio imaterial da cultura brasileira. A decisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) foi concretizada terça-feira (15) [de julho de 2008] no Palácio Rio Branco, em Salvador (BA). http://www.cultura.gov.br/site/2008/07/16/capoeira-e-registrada-como-patrimonio-imaterialbrasileiro/

“Capoeiragem”, de acordo com o Mestre André Lace: ”uma luta dramática” (in Atlas do Esporte no Brasil, 2005, p. 386-388). “Capoeira escrava” foi a denominação utilizada por Carlos Eugênio Soares para identificar a capoeira praticada nas primeiras décadas do século XIX. Ver: SOARES, Carlos Eugênio Libano. A capoeira escrava no Rio de Janeiro (1808-1850). 1998. Tese (Doutorado em História) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas. “CARIOCA” - uma briga-de-rua, portanto capoeiragem (no sentido apresentado por Lacé Lopes) – outra denominação que se deu à capoeira, enquanto luta praticada no Maranhão, no século XIX e ainda conhecida por esse nome por alguns praticantes no início do século XX.


Ver também: AYROSA, Plínio. CAPOEIRA. Revista do Arquivo Municipal de São Paulo, São Paulo, VII, v. LXXXIV. Jul.-Ago. 1942 p. 344-346, in COELHO, 1997, p. 62. ORIGENS – (Mito das origens remotas. In Vieira e Assunção, 1998) SÉCULO XVI – “numa noite escura qualquer, o primeiro negro escapou da senzala, fugiu do engenho, livrou-se da servidão, ganhou a liberdade... escapou o segundo e o terceiro, na tentativa de segui-lo, fracassou. Recapturado, recebeu o castigo dos negros (...) as perseguições não tardaram e o sertão se encheu de capitães-do-mato em busca dos escravos foragidos. Sem armas e sem munições, os negros voltaram a ser guerreiros utilizando aquele esporte nascido nas noites sujas das senzalas, e o esporte que era disfarçado em dança se transformou em luta, a luta dos homens da capoeira. ’A capoeira assim foi criada’. (Jornal da Capoeira, n. 1, 1996)”. (Vieira e Assunção, 1998, p. 83). - no entender de muitos capoeiristas, quando o primeiro escravo angolano pisou a Terra de Santa Cruz (hoje, Brasil), já o teria feito no passo da ginga e no ritmo de São Bento Grande; SÉCULO XVII – - Com o advento das invasões holandesas, na Bahia e em Pernambuco, principalmente a partir de 1640, houve uma desorganização generalizada no litoral brasileiro, permitindo que muitos escravos fugissem para o interior do país, estabelecendo-se em centenas de quilombos, tendo como conseqüência o contato ora amistoso, ora hostil, entre africanos e indígenas. Tende-se a acreditar que o vocábulo, de origem indígena Tupi, tenha servido para designar negros quilombolas como “negros das capoeiras”, posteriormente, como “negros capoeiras” e finalmente apenas como “capoeiras”. Cabe ressaltar, que nunca houve nenhum registro da Capoeira em qualquer quilombo. Sendo assim, aquilo que antes etimologicamente designava “mato” passou a designar “pessoas” e as atividades destas pessoas, “capoeiragem”. (Vieira, 2004, in www.capoeria-fica.org). 1687 sendo governador Matias da Cunha, o sertanejo, estacionado no sertão da Bahia, ofereceu os serviços ao governo para exterminar os palmares, exigindo como premio as terras conquistadas e os escravos que aprisionasse. Aceita a proposta pelo governo, a três de Março de 1687, foi assinado o respectivo contrato. Domingo Jorge Velho, comandando 7.000 homens bem armados e equipados, dirigiu-se á serra da Barriga, onde iniciou os primeiros combates com os negros [...] ”O escravo se mostrava superior na luta [...] A causa dessa superioridade, que, na luta corpo a corpo mostrava o refugiado na capoeira, explicavam os da escolta, que diziam saber e aplicar o foragido um jogo estranho de braços, pernas, cabeça e tronco, com tal agilidade e tanta violência, capazes de lhe dar uma superioridade estupenda. Espalhou-se, então, a fama do “jogo do capoeira” que ficou sendo a capoeiragem.( Burlamaqui,A.-“Ginástica Nacional (Capoeiragem),Metodizada e reglada” ,Rio de Janeiro,1928, in MARINHO, 1.980:66). http://www.docpro.com.br/Linkultural/Acervo/Acervo24.html Pastinha (1988, p. 24-5) afirmou que entre os mais antigos mestres de Capoeira figura o nome de um português, José Alves, discípulo de africanos e que teria chefiado um grupo de capoeiristas na guerra dos Palmares (in Vieira e Assunção, 1998), muito embora esses autores considerem que não haja nenhum documento que permita concluir que os integrantes do famoso quilombo tenham praticado capoeira ou outra forma de luta/jogo;


- a origem africana da capoeira é defendida geralmente pelos praticantes da Capoeira Angola: ”Não há dúvidas de que a capoeira veio para o Brasil com os escravos africanos”. (Mestre Pastinha, 1988, p. 22, citado por Vieira e Assunção, 1998); - a existência da capoeira parece remontar aos quilombos brasileiros da época colonial, quando os escravos fugitivos, para se defenderem, faziam do próprio corpo uma arma (Reis, 1997, p. 1) SÉCULO XIX a capoeira como luta aparece nas fontes de forma massiva a partir da segunda década do século XIX, justamente depois da transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro. A palavra “capoeira” era usada tanto para designar uma prática, quanto para um grupo de pessoas. Capoeira se referia então a um conjunto de técnicas de combate que envolvia tanto o uso de uma grande variedade de armas (facas, sovelões, navalhas, cacetes, estoques até pedras e fundos de garrafa) quanto o uso de golpes com as pernas ou a cabeça. Era praticada por indivíduos que eram, em sua grande maioria, escravos africanos, dos quais muitos provinham de áreas de cultura bantu. Ocasionalmente pessoas livres ou mesmo membros do exército ou da polícia, como no caso do Major Vidigal, também conheciam estas técnicas, ou pelo menos tal conhecimento era atribuído a eles. Ao mesmo tempo, o termo capoeira designava os integrantes de grupos de “malfeitores”, que, segundo as fontes policiais, andavam pelas ruas, armados, atentando contra a ordem estabelecida. (Vieira e Assunção, 1998). Esses autores consideram que o uso indiferenciado do termo capoeira tanto para as técnicas de combate quanto para os grupos à margem da sociedade colonial sugere que o primeiro significado se tenha criado por extensão do segundo. - antes do final do século XIX não se encontraram até hoje fontes que se refiram à existência de capoeira ou outra luta na Bahia. (Vieira e Assunção, 1998). - para a capoeira, apresentam-se três momentos importantes: finais do século XIX, quando a prática da capoeira e criminalizada; décadas de 30/40, quando ocorre sua liberação; década de 70, quando se torna oficialmente um esporte. CAPOEIRA ANGOLA a proposta explícita da capoeira Angola é tradicionalista, no sentido de manter, o quanto possível, os “fundamentos” ensinados pelos antigos mestres. Está intimamente ligada a figura de Mestre Pastinha – Vicente Ferreira Pastinha -; aprendeu a capoeira antes da virada do século XIX (nasceu em 1889) com um velho africano. 1910-1922 Pastinha já ensina capoeira a seus colegas aprendizes da Marinha (ingressou na escola em 1902), e depois para estudantes que viviam nas redondezas; 1941 assume a direção de uma academia, após ter deixado de ensinar por vários anos; a capoeira Regional já se encontrava em pleno desenvolvimento; Pastinha percebeu a necessidade de inovação dentro da tradição para garantir que a modalidade de capoeira ensinada por ele permanecesse uma alternativa viável à Regional. Ao introduzir essas mudanças, passou a denominar sua luta de esporte, para distanciá-la da marginalidade e legitimar o seu ensino; adotaram uniformes, fomentando o espírito de grupos e introduziu a graduação formal para mestre. DÉCADAS DE 1940 – 1960 passou a se apresentar – a semelhança de Bimba – com seu grupo pela Bahia e pelo Brasil, garantindo à Angola um mínimo de espaço público. DÉCADAS DE 1950-1970 a capoeira Regional conseguiu maior projeção no período, e a Angola teve que se definir em oposição a esta para justificar a sua existência, investindo naqueles aspectos que estavam perdendo importância na Regional, como a teatralidade, a espitirualidade, o ritual, a tradição; mesmo os movimentos foram estilizados numa determinada direção com o intuito de distanciar nitidamente do estilo Regional.


DÉCADA DE 1980 a partir desse período, a Angola conseguiu inverter a situação desfavorável em que se encontrava em relação à Regional. (Vieira e Assunção, 1998). CAPOEIRA REGIONAL - BIMBA DÉCADA DE 1920 é a partir do final da década que Mestre Bimba – Manoel dos Reis Machado – desenvolveu na Bahia a sua famosa capoeira Regional, que, apesar do nome, foi a primeira modalidade de capoeira a ser praticada em todo o Brasil e no exterior. Bimba partiu de uma crítica da capoeira baiana, cujo nível técnico considerava insuficiente, sobretudo se confrontado com outras lutas e artes marciais, que começavam a ser difundidas então no Brasil. 1928 Bimba explica, em entrevistas a jornais (Tribuna da Bahia, 18 de novembro de 1972; Diário de Notícias, 31 de outubro e 1º. de novembro de 1965) que neste ano já havia finalizado a criação da nova modalidade de capoeira, a Regional, que é o “batuque misturado com a Angola, com mais golpes, uma verdadeira luta, boa para o físico e para a mente”; faz ainda um esclarecimento importante, fornecendo uma pista para o aparente hiato entre as tentativas de esportização da capoeira do Rio de Janeiro e da Bahia, ao dizer que “introduziu ensinamentos dos livros de jiu-jitsu, judô e livre, aproveitando apenas a ginga da Angola”, e acrescenta que a Regional poderia ser disputada sem berimbau e pandeiro. (Reis 1997, p. 133) 1932 Decidiu então criar um estilo novo, que passou a ensinar em sua academia, fundada em 1932. 1937 a Secretaria de Educação, Saúde e Assistência Pública do Estado da Bahia reconheceu oficialmente a sua academia, outorgando-lhe um certificado de professor de Educação Física. Bimba transferiu a prática da capoeira da rua para um recinto fechado, a academia; a fragmentou em “exercícios fundamentais” a serem praticadas diariamente, “seqüências” e a roda propriamente dia: criou um método de ensino formal para uma prática até então predominantemente informal. Introduz novos golpes e uma série de movimentos (cintura desprezada) que usavam o contato físico direto para treinar a flexibilidade da coluna e a capacidade do capoeirista de cair em pé quando projetado em um “balão”; a capoeira regional definia-se, do ponto de vista técnico, por ser um a luta praticada numa posição mais ereta do que a capoeira baiana tradicional e de usar golpes mais altos e geralmente mais rápidos. Foi introduzida também uma hierarquia até então inexistente na vadiação baiana, onde se distinguiam calouros, formados e formados especializados (mestres). Outra inovação – fundamental – foi a mudança radical do meio social onde recrutava seus alunos, passando a exigir-lhes carteira profissional, e conseguiu atrair alunos da classe média. 1939-42 chegou a ensinar a capoeira no quartel do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Exército Brasileiro – CPOR. As mudanças introduzidas pela Regional resultaram na esportivização da arte, destacando-se a crescente burocratização, a incorporação de elementos das artes marciais orientais, a cooptação ideológico e política pelo sistema, provocando um embranquecimento de uma arte negra (Vieira e Assunção, 1998). CAPOEIRA CONTEMPORÂNEA o panorama da capoeira no Brasil e no exterior se tornou de tal maneira complexa que é impossível, atualmente, distinguir apenas a capoeira Angola e a Regional, pois surgiram estilos que se pretendem intermediários e que têm sido denominados de “Contemporânea” ou mesmo “Angonal”. - CONTEMPORÂNEA é a denominação dada por Mestre Camisa a capoeira praticada no Grupo Abada, com sede no Rio de Janeiro; - ANGONAL é o nome de um grupo, também do Rio de Janeiro – Mestre Boca e outros; - ATUAL denominação que seria usada por Mestre Nô de Salvador, para designar esta terceira via (Vieira e Assunção, 1998).


“CAPOEIRA(S) PRIMITIVA(S)” ou, formas primitivas de/da capoeira – outras capoeiras: O fenômeno das academias baianas trará uma nova conformação à própria história da capoeira, uniformizando (no que tange às tradições, hábitos, costumes, rituais, instrumentação, cantigas etc.) sua prática, especialmente após a migração de mestres para o sudeste brasileiro. Isso foi um dos motivos pelos quais a capoeira conhecida e praticada hoje é a baiana. Infelizmente, por outro lado, foram-se apagando pouco a pouco as práticas regionais anteriores como a pernada, a tiririca, o cangapé, a punga, o bate-coxa... Que não puderam oferecer resistência e nem conseguiram criar condições para competir com a capoeira baiana. (Carlos Carvalho Carvalhedo, in Jornal do Capoeira). BATE-COXA manifestação das Alagoas, uma dança ginástica: "a dança do bate-coxa não se confunde com a capoeira. Os praticantes são da mesma origem, descendentes de escravos". Acredita Câmara Cascudo que o bate-coxa seja mais violento, onde os dois contendores, sem camisa, só de calção, aproximam-se, colocando peito a peito, apoiando-se só nos ombros, direito com direito. Uma vez apoiados os ombros, ao som do canto de um grupo que está próximo, ao ouvir-se o ê boi, ambos os contendores afastam a coxa o mais que podem e chocam-se num golpe rápido. Depois da batida, a coxa direita com a coxa direita, repete a esquerda, chocandose bruscamente ao ouvir o ê boi do estribilho. A dança prossegue até que um dos contendores desista e se dê por vencido. BATUQUE dança com sapateados e palmas, ao som de cantigas acompanhadas só de tambor quando é de negros ou também de viola e pandeiro "quando entra gente mais asseada". Batuque é denominação genérica de toda dança de negros na África. Batuque é o baile. De uma descrição de um naturalista alemão, em visita às Gerais, em 1814/15, ao descrever a dança, fala da umbigada [punga]. Com o nome de "batuque" ou "batuque-boi" há uma luta popular, de origem africana, muita praticada nos municípios de Cachoeira e Santo Amaro e capital da Bahia, uma modalidade de capoeira. A tradição indica o batuque-boi como de procedência banto, tal e qual a capoeira, cujo nome tupi batiza o jogo atlético de Angola. É descrita por Edson Carneiro (Negros Bantos) - a luta mobilizava um par de jogadores, de cada vez; dado o sinal, uniam as pernas firmemente, tendo o cuidado de resguardar o membro viril e os testículos. Dos golpes, cita o encruzilhada, em que o lutador golpeava coxa contra coxa, seguindo o golpe com uma raspa, e ainda o baú, quando as duas coxas do atacante devam um forte solavanco nas do adversário, bem de frente. Todo o esforço dos lutadores era concentrado em ficar de pé, sem cair. Se, perdendo o equilíbrio, o lutador tombasse, teria perdido a luta. Por isso mesmo, era comum ficarem os batuqueiros em banda solta, equilibrando-se em uma única perna, e outra no ar, tentando voltar aposição primitiva. O batuque na Bahia se chama batuque, batuque-boi, banda, e raramente pernada - nome que assumiu no Rio de Janeiro... Ficaram famosos como mestres na arte do batuque, Angolinha, Fulo, Labatut, Bexiga Braba, Marcelino Moura... Do vocábulo "batuque-boi", registra: espécie de Pernada. Bahia. A orquestra das rodas de batuque era a mesma das rodas de capoeira - pandeiro, ganzá, berimbau. PERNADA Câmara Cascudo informa que assistiu a uma pernada executada por marinheiros mercantes, no ano de 1954, em Copacabana, Rio de Janeiro. Diziam os marinheiros que era carioca ou baiana. É uma simplificação da capoeira. Zé da Ilha seria o "rei da pernada carioca"; é o bate-coxa das Alagoas. Ainda Edson Carneiro (Dinâmica do Folklore, 1950) informa ser o batuque ou pernada, bem conhecido na Bahia e Rio de Janeiro, não passa de uma forma complementar da capoeira. Informa, ainda, que na Bahia, somente em arraiais do Recôncavo se batuca, embora o bom capoeira também saiba largar a perna. No Rio de Janeiro já se dá o contrário - a preferência é pela pernada, que na verdade passou a ser o meio de defesa e ataque da gente do povo.


VER AINDA: Pernada de Sorocaba - ver crônica do folclorista Carlos Cavalheiro, em que faz uma análise da relação entre danças-luta (pernada, tiririca etc.) com a Capoeira no interior Paulista. In http://www.capoeira.jex.com.br/ O ensino da capoeiragem no início do século XX, ver crônica do folclorista Carlos Cavalheiro onde comenta a repercussão em jornal de Sorocaba, São Paulo, sobre a abertura de Academia de Capoeira no Rio de Janeiro, em 1920. A matéria trouxe a chamada "Um Desporto Nacional", disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/ Capoeira, Pernada e Tiririca in Crônica sobre Capoeira, com algumas informações sobre a Pernada de Sorocaba e a Tiririca da capital paulista, ambas uma espécie de "capoeira primitiva" do Estado de São Paul, por Miltinho Astronauta, in Jornal do Capoeira Edição AUGUSTO MÁRIO FERREIRA - Mestre GUGA (n.49) de 13 a 19 de Novembro de 200, disponível em www.capoeira.jex.com.br Tiririca, Capoeira & Barra funda, por Elaine Muniz Pires, sobre a história dos bairros paulistanos, em especial a Barra Funda, onde acontecia a Tiririca, uma espécie de Capoeira Primitiva, disponível em www.capoeira.jex.com.br Notas sobre a Punga dos Homens - Capoeiragem no Maranhão: crônica por Leopoldo Gil Dulcio Vaz, in Jornal do Capoeira - Edição 43: 15 a 21 de Agosto de 2005, EDIÇÃO ESPECIAL- CAPOEIRA & NEGRITUDE, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/ Ainda sobre a Punga dos Homens – Maranhão - Visita à Câmara Cascudo: crônica por Leopoldo Gil Dulcio Vaz, in Jornal do Capoeira - Edição 44: 22 a 28 de Agosto de 2005 EDIÇÃO ESPECIAL estendida - CAPOEIRA & NEGRITUDE, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/ ONDE NÃO ESTÁ INDICADO O ESTADO/CIDADE, REFERE-SE A FATOS OCORRIDOS NO MUNICÍPIO DA CORTE – RIO DE JANEIRO 1577 primeiro registro do vocábulo “capoeira” na língua portuguesa: Padre Fernão Cardim (SJ), na obra “Do clima e da terra do Brasil”. Conotação: vegetação secundária, roça abandonada (Vieira, 2005) 1620/1624 Descritos comportamentos de indivíduos em São Paulo em que muitos aspectos se assemelham a outros evidenciados em períodos posteriores (Império e República); nos casos específicos, esses movimentos não eram praticados somente por negros na Guiné, mas também aos negros da terra (indígenas!). in ARAÚJO, 1997, citando BRUNO Ernani Silva. Histórias e tradições da cidade de São Paulo, vol. I (1554-1828). São Paulo, 1984, Atas da Câmara da Vila de São Paulo, II, p. 436; e Atas da Camara de São Paulo, III, p. 129.) 1626 “Com base nas Ordenações Filipinas, isto em 1626, se organiza uma Polícia no Rio de Janeiro que: Munida de um instrumento jurídico, pode a Polícia dar vazão aos seus instintos, massacrando a torto e a direito os capoeiras que encontrava: estivessem ou não em distúrbios, a ordem era o massacre”. In ARAÚJO, 1997, p. 59, citando Rego, 1968, p. 123, in OLIVEIRA, 1971, p. 78). 1640 Início das invasões holandesas. Desorganização social no litoral brasileiro. Evasão dos escravos africanos para o interior do Brasil. Aculturação afro-indígena. Organização de dezenas de quilombos. Surgem as expressões: ‘negros das capoeiras’, ‘negros capoeiras’, e ‘capoeiras’. (Vieira, 2004, 2005)


1687 sendo governador Matias da Cunha, o sertanejo, estacionado no sertão da Bahia, ofereceu os serviços ao governo para exterminar os palmares, exigindo como premio as terras conquistadas e os escravos que aprisionasse. Aceita a proposta pelo governo, a três de Março de 1687, foi assinado o respectivo contrato. Domingo Jorge Velho, comandando 7.000 homens bem armados e equipados, dirigiu-se á serra da Barriga, onde iniciou os primeiros combates com os negros [...] ”O escravo se mostrava superior na luta [...] A causa dessa superioridade, que, na luta corpo a corpo mostrava o refugiado na capoeira, explicavam os da escolta, que diziam saber e aplicar o foragido um jogo estranho de braços, pernas, cabeça e tronco, com tal agilidade e tanta violência, capazes de lhe dar uma superioridade estupenda. Espalhou-se, então, a fama do “jogo do capoeira” que ficou sendo a capoeiragem.(Burlamaqui,A.-“Ginástica Nacional (Capoeiragem), Metodizada e reglada”, Rio de Janeiro, 1928, in MARINHO, 1.980:66). http://www.docpro.com.br/Linkultural/Acervo/Acervo24.html 1697-1702 Mario Meireles – Historia de São Luis, org. de Carlos Gaspar e Caroline Castro Licar, 2012, edição da Faculdade Santa Fé. Edição póstuma. No capitulo ‘A cidade cresce e é posta sob interdito pelo Bispo (1697-1702)”, p. 93-99, referindo-se à chegada de D. Timóteo do Sacramento (1697-1702), homem intolerante. Das suas brigas com a população, excomunhões, e enfrentamentos, inclusive físico – brigas nas ruas de seus correligionários e opositores, alguns de outras ordens religiosas, destacamos: “[...] enquanto os escravos de ambos – do Bispo e do Prior – cruzando-se nas ruas tentavam decidir o desentendimento de seus senhores a golpes de capoeira.” (p. 98). 1712 segundo Coelho (1997, p. 5) o termo capoeira é registrado pela primeira vez com a significação de origem lingüística portuguesa, não se visualizando qualquer relação com o léxico tupi-guarani. 1757 encontrada primeira associação da palavra capoeira enquanto gaiola grande, significando prisão para guardar malfeitores. (OLIVEIRA, 1971, citado por ARAÚJO, 1997, p. 5): Marcos Carneiro de Mendonça (em “A Amazônia na era Pombalina”. Tomo III. Brasilia: Senado Federal, 2005, volume 49-C), traz-nos carta de Mendonça Furtado a seu irmão, o Marques de Pombal – datada de 13 de junho de 1757 -, dando conta da desordem acontecida no Arraial do Rio Negro, com as tropas mandadas àquelas paragens, quando da demarcação das fronteiras entre as coroas portuguesa e espanhola. Afirma que os dois regimentos que foi servido mandar para guarnição eram compostos daquela vilíssima canalha que se costuma mandar para a Índia e para as outras conquistas, por castigo. A maior parte das gentes que para cá era mandada eram ladrões de profissão, assassinos e outros malfeitores semelhantes, que principiavam logo por a terra em perturbação grande: “[...] que estava uma capoeira cheia desta gente para mandarem para cá [...] sem embargo de tudo, se introduziram na Trafalha, soltando-se só do regimento de Setúbal, nos. 72 ou 73 soldados, conforme nos diz o Tenente-Coronel Luis José Soares Serrão, suprindo-se aquelas peças com estes malfeitores [...] rogo a V. Exa. queira representar a Sua Majestade que, se for servido mandar algumas reclutas (sic), sejam daqueles mesmos homens que Sua majestade, ordenou já que viesse nestes regimentos, e que as tais capoeiras de malfeitores se distribuam por outras partes e não por este Estado que se está criando [Capitania do Rio Negro] [...]” (p. 300). (grifos do texto). 1769-1779 Joaquim Manoel de Macedo, em sua crônica “Memórias da Rua do Ouvidor”, relata fatos que aconteceram durante a administração do vice-rei, o Marques do Lavradio; nelas, relata a famosa história do tenente Amotinado, capoeirista que teria servido de auxiliar nas aventuras eróticas do vice-rei. Considera-se ser esta a primeira referência sobre a capoeira no Rio de Janeiro; provavelmente Macedo se aproveitou de memória oral de seu tempo (1820 a 1882), assim como de pasquins e cantigas que se fez a respeito na época. Em sua referência direta à capoeira Macedo (1988, p. 37) apenas comenta que “talvez fosse o mais antigo capoeira do Rio de Janeiro, jogando perfeitamente a espada, a faca, o


pau e ainda e até de preferência a cabeçada e os golpes com os pés”. (Vieira e Assunção, 1998). 1770 a mais antiga referência da capoeira enquanto forma de luta surge neste ano, vinculado ao tempo do Vice-Rei Marquês do Lavradio no Rio de Janeiro, em que já havia o sentido de ‘amotinados’ aos seus praticantes (Edmundo, 1938, citado por Vieira, 2005) - ainda segundo Vieira, citando Hermeto Lima, ao nos afirmar que “segundo os melhores cronistas, data a capoeiragem, de 1770, quando para cá andou o Vice-Rei Marques do Lavradio. Dizem eles também que o primeiro capoeira foi um tenente chamado João Moreira, homem rixento, motivo porque o povo lhe apelidou de ‘amotinado’. Viam os negros escravos como o ‘amotinado’ se defendia quando era atacado por 4 ou 5 homens, e aprenderam seus movimentos, aperfeiçoando-os e desdobrando-os em outros dando a cada um o seu nome próprio. Como não dispunham de armas para sua defesa uma vez atacados por numeroso grupo defendiam-se por meio da ‘capoeiragem’, não raro deixando estendidos por uma cabeçada ou uma rasteira, dois ou três de seus perseguidores” (Lima, Hermeto in “Os Capoeiras”, Revista da Semana 26 nº 42, 10 de outubro de 1925, citado por Vieira, 2004) 1788(?) as maltas dos capoeiras já inquietavam os cidadãos pacatos do Rio de Janeiro e se tornavam um problema para os vice-reis (Carneiro, 1977) 1789 12 de abril - primeiro aparecimento da palavra capoeira escrita no registro da prisão de Adão, pardo, escravo, acusado de ser capoeira. [Nireu Cavalcanti, O Capoeira, Jornal do Brasil, 15/11/1999, citando do códice 24, Tribunal da Relação, livro 10, Arquivo Nacional, Rio de Janeiro]. (texto disponível em www.capoeira-palmares.fr/histor) SÉCULO XIX 1800/1810 o reconhecimento da Capoeira enquanto prática de luta/jogo se dá durante a primeira década do século XIX (ARAÚJO, 1997, p. 63). 1808 quando da chegada da família Real ao Brasil começou o processo de repressão à cultura negra e foi intensificada a perseguição policial. 1809 foi criada a Guarda Real da Polícia na qual o Major Miguel Nunes Vidigal foi nomeado comandante. Major Vidigal foi o verdadeiro terror dos capoeiristas, perseguia-os, espancava-os e torturava-os na tentativa de exterminá-los. Apesar dos severos castigos, os capoeiras resistiam bravamente Segundo Barreto Filho e Lima, o Major Vidigal “era um homem alto, gordo, do calibre de um granadeiro, moleirão, de fala abemolada, mas um capoeira habilidoso, de sangue frio, e de uma agilidade a toda prova, respeitado pelos mais temíveis capangas de sua época. Jogava maravilhosamente o pau, a faca, o murro e a navalha, sendo que nos golpes de cabeça e pés, era um todo inexcedível”. (Barreto Filho, Melo & Lima, Hermeto. História da Polícia do Rio de Janeiro: Aspectos da Cidade e da Vida Carioca – 1565/1831, vol I. Rio de Janeiro: S/A A Noite, 1939, pg. 203). Após prestar relevantes serviços policiais para D. Pedro I e D. Pedro II, veio a falecer a 10 de junho de 1853, galgando o posto de Marechal de Campo e Cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro. Ironicamente, talvez tenha sido o primeiro capoeirista a obter esta honraria. 1816 Koster, Travels in Brasil – não mencionou capoeira, mas descreve algo da vida dos negros (in Koster, Henry, Travels in Brazil, 1st edition, Longman, Hust, Rees & Brown, London, 181, disponível em www.capoeira-palmares.fr) 1817/1819 “Leão Angola, escravo de José Pedro de Sousa, por ser encontrado em ajuntamento de capoeiras, achando-se-lhe um tambor pequeno”, Códice 403, vol. II, Arquivo Nacional, ano 1817/1819, in ARAÚJO, 1997, p. 65


- Códice 403, Vol II. Arquivo Nacional, de 1817 a 1819. Do Livro de Polícia – prisões de 1817 a 1819 encontram-se também registradas prisões de 1820. Registro de 15 prisões de indivíduos capoeiras. (Araujo 1997) DÉCADA DE 1820 – o castigo comum de um escravo preso devido à capoeira era de trezentos açoites e prisão de três meses (Holloway, 1989) - registra-se no Maranhão referência a "punga dos homens", jogo que utiliza movimentos semelhantes à capoeira. 1821 a partir deste ano, foram baixadas inúmeras as seguintes legislações que proibiram a prática da Capoeira, algumas denominadas de Decisões, as quais se comparam às atuais Resoluções e as Posturas, que correspondem atualmente às Deliberações, a saber: Decisão de 31 de outubro de 1821 determinou sobre a execução de castigos corporais em praças públicas a todos os negros chamados capoeiras. Decisão de 05 de novembro de 1.821: determinou providências que deveriam ser tomadas contra os negros capoeiras na cidade do Rio de Janeiro. Decisão de 06 de janeiro de 1.822: mandava castigar com açoites os escravos capoeiras presos em flagrante delito. Decisão de 28 de maio de 1.824: dava providências sobre os negros denominados capoeiras. Decisão de 14 de agosto de 1.824: mandava empregar nas obras do dique os negros capoeiras presos em desordem, cessando as penas de açoites. Decisão de 13 de setembro de 1.824: declara que a portaria de número 30 do mês de agosto compreende somente escravos capoeiras. Decisão de 09 de outubro de 1.824: declara que os escravos presos por capoeiras devem sofrer, além da pena de três meses de trabalho, o castigo de duzentos açoites. - A portaria de cinco de novembro criticando a proliferação dos capoeiras que estão perpetrando mortes e ferimentos; a portaria afirmava que o castigo do açoite era o único que aterroriza e aterra, e ordena a Guarda Real a administrar castigos corporais logo que os pretos fossem presos em desordem, ou com alguma faca ou com instrumento suspeito. (Holloway, 1989); - Augustus Earle “Negroes fighting. Brazils” (Nègres combattant. Brésils) aquarelle sur papier, 16.5x25.1 cm, date approximative 1821...1823 (disponível em www.capoeirapalmares.fr); - Representação apresentada pela Comissão Militar designada para estudar a questão dos capoeiras, cujas sugestões foram mandadas pôr em vigor pelo Príncipe Regente, por portaria do Ministério da Guerra de 5 de dezembro de 1821 (disponível em www.capoeira-palmares.fr); – álbum do Tenente Chamberlain contém primeira imagem do berimbau no Brasil de que se tem conhecimento (Views and Costumes of the City and Neighbourhood of Rio de Janeiro, Brazil, from Drawings taken by Lieutenant Chamberlain, Royal Artillery, During the Years 1819 and 1820, with Descriptive Explanation, London:Printed for Thomas M'Lean, No. 26 Haymarket, by Howlette and Brimmer, Columbian Press, No. 10, Frith Street, Soho Square 1822, disponível em www.capoeira-palmares.fr ) 1823 – dezembro; a ordem de castigo corporal foi confirmada por Portaria (Holloway, 1989) 1824 28 de maio, a capoeira era objeto de proibição e sanção dispostas em portaria do Ministério da Justiça do Império (Silva, 2007);


- a punição tornou-se pior: além das trezentas chibatadas eram enviados por três meses para realizar trabalhos forçados na Ilha das Cobras. - nessas primeiras décadas, os capoeiras majoritariamente, escravos, tinham como principal motivo de sua prisão a própria prática da capoeira, ou sejam, eram presos “por Capoeira” – Portaria 450, de 9 de outubro. (Reis 1997) 1825 Os últimos meses de Rugendas no Brasil em 1825; Rugendas permaneceu 48 dias na Bahia na viajem de volta (disponível em www.capoeira-palmares.fr) 1825 Em “O Censor”, Maranhão, edição de 24 de janeiro, Garcia de Abranches ao comentar o posicionamento político do Marques governante – Lord Cockrane – compara alguns portugueses com os desocupados do Rocio – em sua maioria caixeiros – que “pela sua péssima educação, muitos brancos da Europa são tão vis, e tão baixos, como esses mulatos que andam a espancar, a roubar e a matar, pelas ruas da Cidade...” (p. 12-13). Estaria o Censor referindo-se aos capoeiras? 1826 março – o Intendente de polícia da Corte mandou que todo escravo preso por capoeira sofresse sumariamente cem açoites, sendo depois mandado ao Calabouço, a cadeia para escravos no morro do Castelo. 1827 A Rúgendas devemos a mais antiga descrição publicada do jogo de capoeira, sem tratá-lo de atividade mais ou menos criminosa. Ferdinand Denis citou Rúgendas no seu Le Brésil publicado em Paris em 1839, o que faz da Viagem Pitoresca no Brasil a fonte provável para todos os demais autores franceses do século 19 (disponível em www.capoeirapalmares.fr) 1828 a força do capoeira se fez presente na ocasião da revolta dos militares estrangeiros contratados pelo exército brasileiro para lutar na guerra do Prata. Os rebelados tomaram as ruas e o exército teve que lançar mão do poder de enfrentamento das maltas para debelar a confusão. - O Governo convoca a Capoeira: "A 9 de julho de 1828, o segundo batalhão de granadeiros alemães revoltou-se, protestando contra o espancamento de um de seus soldados. D. Pedro I prometeu atendê-los no prazo de oito dias, mas no dia seguinte o batalhão de irlandeses insubordinou-se e poucos depois o dos granadeiros alemães. E os mercenários iniciaram o saque na cidade. A população teve de correr para a rua, a fim de defender a sua propriedade. Vidigal congrega os capoeiras e os comanda no ataque à soldadesca desenfreada; consegue assim que os soldados retornem ao quartel onde tinham refúgio certo e poderiam ficar resguardados das cabeças, taponas, pontapés, rabos de arraia e navalhadas" (ver Marinho referenciado em 1945, p. 21 do livro original, in Lace Lopes, 2005) - História de um mito da capoeira considerada como uma arte marcial brasileira. Em francês, por Pol, 25 novembro 2004. resumo: Afirma-se que "os capoeiras" do Rio de Janeiro teriam participado à derrota do levante das tropas imperiais estrangeiras, em 1828. Nenhum relatório da época leva tal interpretação, que parece a invenção de um escritor, em 1871, quando os capoeiras eram alvo de atenção da imprensa na capital do Império brasileiro. Refletimos sobre o sentido de tal mito. Com os textos dos relevantes documentos. (disponível em www.capoeira-palmares.fr) - O Reverendo Walsh dá algumas informações: Walsh's Notices of Brazil in 1828 and 1829. The reverend Robert Walsh, C.E., travelled to Brazil for Church duties in 1828-1829. His account, published 1830, gives special attention to British and Irish settlers, but includes Negro uses and customs. Writing about love and war dances, Walsh cites no vernacular names, so the term capoeira cannot appear. (disponível em www.capoeira-palmares.fr) 1829 no Maranhão, registram-se certas atividades lúdicas dos negros. Nesse ano é publicado no jornal "A Estrela do Norte" a seguinte reclamação de um morador da cidade: "Há muito tempo a esta parte tenho notado um novo costume no Maranhão; propriamente


novo não é, porém em alguma coisa disso; é um certo Batuque que, nas tardes de Domingo, há ali pelas ruas, e é infalível no largo da Sé, defronte do palácio do Sr. Presidente; estes batuques não são novos porque os havia, há muito, nas fábricas de arroz, roça, etc.; porém é novo o uso d"elles no centro da cidade; indaguem isto: um batuque de oitenta a cem pretos, encaxaçados, póde recrear alguém ? um batuque de danças deshonestas pode ser útil a alguém ? "(ESTRELLA DO NORTE DO BRASIL, n. 6, 08 de agosto de 1829, p. 46, Coleção de Obras Raras, Biblioteca Pública Benedito Leite) DÉCADA DE 1830 Decisão de 27 de julho de 1.831: manda que a junta policial proponha medidas para a captura e punição dos capoeiras e malfeitores. Postura de 17 de novembro de 1.832: proibia o Jogo da Capoeira: “... trazem culto em um pequeno pau escondido entre a manga da jaqueta ou perna da calça uma espécie de punhal...” “tomam providências contra todo e qualquer ajuntamento junto às fontes, onde provocavam arruaças e brigas; próximo a Igreja do Rosário, no Largo da Misericórdia, onde à noite as mulheres de reuniam...” Decisão de 17 de abril de 1.834: solicita providências a respeito dos operários do arsenal de marinha que se tornarem suspeitos de andar armados (fez referência a uma acusação de assassinato feita contra um negro, e mencionou que já haviam sido dadas ordens ao chefe de polícia sobre os capoeiras). Decisão de 17 de abril de 1.834: dá providências a respeito dos pretos que depois do anoitecer forem encontrados com armas ou em desordens. Postura de 13 de dezembro de 1.834: dá mais providências contra os capoeiras. 1830 A prática de delegar às patrulhas policiais o direito de castigar com açoites no ato da prisão continuam até a promulgação do Código Criminal do Império, que condicionava a aplicação de açoites nos escravos a uma ordem escrita de uma autoridade policial, ou seja, depois de um processo judicial, sumário que fosse. “Praticar capoeira” não constava da lista “tradicional” de crimes do Código Criminal, mas mesmo assim havia repressão aos escravos e dentre os mais sérios estava o de prática da capoeira; as autoridades policiais emitiram uma série de restrições de intuito de acabar ou pelo menos reduzir a incidência de um fenômeno considerado nefasto (Holloway, 1989). 1831 o Regente Feijó impôs castigos corporais e desterro aos capoeiras cariocas (Carneiro, 1977). - outubro – através de um aviso, Diogo Feijó então Ministro da Justiça, logo depois da abdicação de Pedro I, emitiu várias restrições legais à disciplina particular, mandando também que o castigo correcional no Calabouço à requisição do dono não devia exceder cinqüenta açoites (Holloway, 1989). - decisão de 27 de julho no Rio de Janeiro: manda que a junta policial proponha medidas para a captura e punição dos capoeiras e malfeitores (Vieira, 2005) 1832 17 de novembro – o Intendente fez comunicar ao comandante da policia Militar advertindo que os pretos capoeiras e outros indivíduos de semelhante ordem costumavam trazer sovelões e outros instrumentos desta natureza ocultos dentro de marimbas, de pedaços de cana de açúcar, e no cabo de chicotinhos pretos feitos no país. Insistiu que as rondas praticassem a maior vigilância, e examinassem escrupulosamente tais indivíduos, prendendo-os no caso de achada dos referidos instrumentos, para serem punidos na conformidade das leis (Holloway, 1989).


- introdução do Código de Processo Penal do Império, promulgado sob os auspícios do político liberal Diogo Antonio Feijó, então a frente do Ministério da Justiça, a aplicação de açoites fica sujeita à ordem expressa de uma autoridade criminal ou policial, pressupondo-se um processo judicial (Reis 1997) 1833 Eusébio de Queiroz torna-se chefe de polícia, nos anos de 1833 e 1834; em junho, inconformado com as restrições das novas leis, pede instruções ao ministro da Justiça: “os capoeiras, que sempre mereceram aqui a maior vigilância da Polícia, hoje infestam as ruas da cidade de um modo sobremaneira escandaloso, e não será fácil evitar as funestas conseqüências que daí resulta, enquanto a Polícia a respeito dos escravos não for como antigamente autorizada a fazer castigar, sem mais formalidades de processo, aqueles que forem apanhados em flagrante, ainda contra vontade dos senhores, que a experiência tem mostrado serem pela maior parte os primeiros a quererem desculpar o mau procedimento dos escravos. A petulância destes (capoeiras) tem chegado ao ponto de apedrejar-se no Campo de Honra (hoje, Campo de Santana) com manifesto perigo aos pacíficos cidadãos que por ali passam”. (Holloway, 1989). O ministro da Justiça, Aureliano de Sousa de Oliveira Coutinho, respondeu que a lei devia ser respeitada. 1833 Posturas Municipais da cidade de São Paulo, que a requerimento do Presidente da Província, Cel. Rafael Tobias de Aguiar, sorocabano de escol, foi apresentado no dia 24 de janeiro de 1833 e aprovado pelo Conselho Geral em 1º de fevereiro do dito ano e publicado a 14 de março. Rezava parte da Postura que: "Toda pessoa que nas praças, ruas, casas públicas ou em qualquer outro lugar também público, praticar ou exercer o jogo denominado de capoeira ou qualquer outro gênero de luta, (...). (...).” (Fonte: Briand, Pol – Anotações em ficha de estudo. O pesquisador buscou tais informações na tese de doutorado de Paulo Coelho de Araújo, Porto (Portugal), 1996.) 1834

Jean-Baptiste Debret - Voyage Pittoresque et Historique au Brésil, ou Séjour d'un artiste français au Brésil, depuis 1816 jusqu'en 1831 inclusivement, époques de l'avenement et de l'abdication de S.M. don Pedro, premier fondateur de l'Empire brésilien. Paris, Didot Frères, 3 volumes in-Folio publiés en livraisons de 1834 a 1839 (disponível em www.capoeira-palmares.fr)

1835 Em São Luís do Maranhão, na Rua dos Apicuns, local freqüentado por "bandos de escravos em algazarra infernal que perturbava o sossego público", os quais, ao abrigo dos arvoredos, reproduziam certos folguedos típicos de sua terra natural: - "A esse respeito em 1855 (sic) um morador das imediações do Apicum da Quinta reclamava pelas colunas do 'Eco do Norte’ contra a folgança dos negros que, dizia, 'ali fazem certas brincadeiras ao costume de suas nações, concorrendo igualmente para semelhante fim todos pretos que podem escapar ao serviço doméstico de seus senhores, de maneira tal que com este entretenimento faltam ao seu dever...' (ed. de 6 de junho de 1835, S. Luís." (ECCHO DO NORTE - jornal fundado em 02 de julho de 1834, e dirigido por João Francisco Lisboa, um dos líderes do Partido Liberal. Impresso na Typographia de Abranches & Lisboa, em oitavo, forma de livro, com 12 páginas cada número. Sobreviveu até 1836 in VIEIRA FILHO, 1971, p. 36). 1836 os problemas relatados por Eusébio de Queiroz, ainda em 1933, continuavam, conforme pedido do Juiz de Paz da freguesia de Santana ao comandante da Policia Militar, no sentido de reforçar as patrulhas no mesmo Campo de Honra, onde os capoeiras tem se apresentado armados de ferros e praticados desordens a atentados. (Holloway, 1989). 1837 Ferdinand Denis e a capoeira – « Le brasilianiste Ferdinand Denis, au Brésil de 1816 à 1819, publie un livre, sans capoeira, en 1822, et un autre, avec capoeira, en 1839. Entre temps, il a lu et apprécié Rugendas. Son deuxième ouvrage sera largement diffusé : il a certainement influencé tous les auteurs français du 19° siècle ». (disponível em www.capoeira-palmares.fr)


1838 embora não constasse do Código das Posturas Municipais da cidade do Rio de Janeiro, o sistema policial encarava a capoeiragem como um problema de comportamento inadmissível, a ser restringido e castigado na medida do possível ao nível das atividades policiais, ou seja, dispensando as formalidades de processo judicial. (Holloway, 1989) DÉCADE DE 1840 1840 um dos raríssimos registros iconográficos dessa época em que é registrada uma cena da vida carioca, dois guardas conduzem três “negros que vão levar açoites”, um dos quais exibe uma tabuleta com a inscrição “capoeira” (Moura, 1980, citado por Reis, 1997, p. 42) 1843 o Diretor da Casa dos Educandos Artífices do Maranhão, em relato ao Presidente da Província informava que havia “um outro problema”: a segurança dos alunos e do patrimônio da casa, em razão da existência de vários capoeiras, entre eles negros escravos, alguns fugitivos do interior da província e outros alforriados, o que resultava em atos de violência cotidianos, pela falta de intervenção policial no local. Sobre os Capoeiras reclamava esse Diretor: “Capoeiras que nem os donos das tavernas derrubam, nem a Câmara Municipal os constrange a derrubar, apesar das proximidades em que estão a respeito da Cidade cometessem por aqui crimes de toda a qualidade que por ignorados ficam impunes, tendo já sido espancado gravemente um quitandeiro, e já são muitas as noites em que daqui ouço pedir socorro, sendo uma destas a passada, na qual, às nove horas e quinze minutos, estando todos aqui já em repouso, ouvi uma voz que parecia de mulher ou pessoas moças, bradar que lhe acudissem que a matavam, e isto por vezes, indo aos gritos progressivamente a denotarem que o conflito se alongava pelo que pareceu que a pessoa acometida era levada de rojo por outra de maiores forças, o que apesar da insuficiência dos educandos para me ajudarem, atendendo as suas idades e robustez, e não tendo mais quem me coadjuvasse, não podendo resistir à vontade de socorro a humanidade aflita e não tendo ainda perdido o hábito adquirido na profissão que sigo, chamei dois educandos dos maiores e com eles mal armados, sai a percorrer as mediações desta casa, sem que me fosse possível descobrir coisa alguma, por que antes que pudesse conseguir por os ditos educandos em estado de me acompanharem, passou-se algum tempo e durante ele julgo que a vítima foi levada pelo seu perseguidor para longe daqui. Estes atentados são praticados pelos negros dos sítios que há na estrada que em conseqüência da má administração em que os tem, andam toda a noite pela mesma estrada, praticando tudo quanto a sua natural brutalidade lhe faz lembrar, e se V. Exa. se não dignar de tomar alguma providência a este respeito parece-me que não só a estrada se tornará intransitável de noite, como até pelo estado em que existem só os negros dos sítios e os vindos da Cidade se reúnem, entregues à sua descrição, podem trazer conseqüências mais desagradáveis [...] o que falo é para prevenir que este estabelecimento venha a ser insultado como me parecesse muito provável em as cousas como se acham. (FALCÃO, 1843). (citado por CASTRO, 2007, p. 191-192). 1845 abril – o Chefe de Polícia propôs e o Ministro da Justiça aprovou uma nova política para lidar com os capoeiras; os escravos presos por essa prática deveriam ser conduzidos ao Calabouço e recebessem 100 açoites e empregados em trabalhos forçados por um mês (Holloway, 1989). - agosto - depois de reclamações de proprietários, privados dos serviços dos escravos presos por capoeira, essa portaria foi mudada no sentido de aumentar a numero de açoites para 150, e eliminar a sentença de trabalhos forçados por um mês (Holloway, 1989). - das prisões registradas pelo sistema policial, dentre os motivos mais freqüentes constava “capoeira” – 44 prisões, 4,8% do total e “pertencer a malta de capoeiras”, 14 prisões, 1,5% do total (Holloway, 1989).


1846 Portarias 446, de 30 de agosto – dá as razões que acompanham a alegação principal da prisão de capoeiras – promoverem desordens, que acarretavam a perturbação da ordem pública e de cometer ferimentos, as vezes durante o confronto de maltas rivais. (Reis 1997) 1849 com o objetivo de liberar a cidade do aspecto sombrio provocado pelas nuvens de capoeiras e desordeiros que alarmavam a população, o zeloso chefe de policia do Rio de Janeiro põe em ação um plano ardiloso; na dificuldade de fazer acusações criminais, mandou prender 60 homens, obrigando-os a assinar promessa de trabalho honesto e de bom comportamento; mais tarde, quarenta deles foram presos sob alegação de não haverem cumprido com as condições exigidas, sendo então recrutados para o serviço militar (Reis, 1997, p. 45) DÉCADA DE 1850 1850 começaram a ocorrer sucessivas prisões de capoeiristas, os quais estavam formando maltas que atemorizavam a população e os governantes. Os principais focos da capoeira eram: Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. No entanto, no Rio de Janeiro é que a capoeira era motivo de maior preocupação (mesmo porque o Rio era a capital do país na época), era onde estava a maior concentração das maltas, sendo as mais temíveis as do Guaiamuns (termo que designa um crustáceo pantanoso, identificava uma parcela que residia próxima à antiga área pantanosa da Cidade do Rio de Janeiro, que depois, no início do século XX, seria aterrada, pelo Prefeito Pereira Passos, por conta do Movimento Higienista, desencadeando a chamada Revolta da Vacina Obrigatória.) e dos Nagoas (significava gente da nação nagô, escravos originários da África Ocidental e que falavam ou entendiam o ioruba, ou seja, das regiões do Benim e da Nigéria. Estes representavam cerca de 65% da população escrava.). Os Nagoas eram ligados aos monarquistas do Partido Conservador, agiam na periferia, e os Guaiamuns eram ligados aos Republicanos do Partido Liberal, controlavam a região central da cidade. (in Letícia Cardoso de Carvalho http://www.geocities.com/projetoperiferia6/historia.htm) - localização geográfica de algumas maltas: Cadeira da Senhora: freguesia de Sant´Anna; Três Cachos: freguesia de Santa Rita; Franciscianos: freguesia de São Francisco; Flor da Gente: freguesia da Glória; Espada: Largo da Lapa; Guiamum: Cidade Nova; Monturo: Praia de Santa Luzia. (Reis, 1997) - Em Pernambuco, “acompanhando o desfile de bandas musicais desde os primeiros anos da segunda metade do século XIX, os nossos capoeiras eram, no dizer de Mário Sette, figuras obrigatórias à frente do conjunto ‘ gingando, pirutrando, manobrando cacetes e exibindo navalhas. Faziam passos complicados, dirigiam pilhérias, soltavam assobios agudíssimos, iam de provocação em provocação até que o rolo explodia correndo sangue e ficando os defuntos na rua’” (Silva, 2007); – dos registros de prisões na Secretaria de Policia da Corte, neste ano, a de capoeiras superavam em muito os motivos de prisão de escravos; 1850 Em 26 de agosto, a Câmara Municipal de Sorocaba enviou ao Presidente da Província um ofício anexando a este o Código de Posturas Municipais de Sorocaba, com a finalidade de ser aprovado, o que de fato ocorreu no dia 07 de outubro de 1850. No Título 8º desse Código de Posturas, no artigo 151 está explícito: “Toda a pessoa que nas praças, ruas, casas públicas, ou em qualquer outro lugar tão bem público praticar ou exercer o jogo denominado de Capoeiras ou qualquer outro gênero de luta, sendo livre será preso por dois dias, e pagará dois mil reis de multa, e sendo cativa será preso, e entregue a se o senhor para o fazer castigar naquela com vinte cinco açoites e quando não faça sofrerá o escravo a mesma pena de dois dias de prisão e dois mil réis de multa”.(Código de Posturas da cidade de Sorocaba – 1850 – Arquivado na Divisão de Acervo Histórico da


Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Documento encontrado por Dainis Karepov a pedido do Deputado estadual Hamilton Pereira.) 1852 essa portaria ainda continuava em vigência: 150 açoites aos presos por capoeira (Holloway, 1989). 1854 Relatório 1853, A.N. Ij6 217, Ofícios do Chefe de Polícia da Corte, 20 jan. 1854, apud Holloway, Policia no Rio de Janeiro 1996:209 -- Trad. Policing Rio de Janeiro -Repression and resistance in a 19th century city, Stanford University Press 1993 (disponível em www.capoeira-palmares.fr ) 1855 registro de que pelas 5 horas da tarde passou um magote de capoeiras em correria pela rua da Guarda Velha (atual 13 de maio) 1856 no Recife, durante os desfiles, devido à grande rivalidade existente entre as duas bandas locais, o grande trunfo da disputa era conseguir furar o bumbo da banda rival. Para isso, e também como proteção dos seus próprios instrumentos, as bandas desfilavam no carnaval pernambucano, protegidas pela agilidade, valentia e também pelos cacetes (pequenos porretes) e facas dos capoeiras, que desafiavam os oponentes 1857-1858 registro de junho de 1857 a maio de 1858, das prisões de escravos no Calabouço, dános de que quase 25% destas se deram por motivo de prática de capoeira (Holloway, 1989). 1859 como era costume, já, de grupos de capoeiras aproveitarem os dias festivos para fazerem suas correrias pelas ruas da cidade, perpetrando crimes e pondo em alarme os cidadãos pacíficos, e dentre os capoeiras havia soldados de la. Linha a paisana, o chefe de policia solicitava ao ministro da Justiça que não permitisse que os soldados que não estivessem de serviço deixassem o quartel, por ocasião da festa de São Sebastião, padroeiro da cidade (Holloway, 1989). - Charles Ribeyrolles, escritor e jornalista francês, republicano (1812-1860), Diretor do jornal republicano La Réforme, se exilou na Inglaterra para escapar da repressão depois dos eventos de junho 1849. Permaneceu em Jersey até 1855. Em 1858 ou 59, enquanto vivia dificilmente em Londres recebeu encomenda de um livro sobre o Brasil para acompanhar um álbum de ilustrações litografadas a partir de fotografias de Victor Frond. Viajou para o Brasil onde publicou em 1859 o primeiro dos três tomos do seu Brasil Pitoresco, um inquarto em duas colunas, o texto francês à esquerda, a tradução portuguesa no lado oposto. O tomo 1 resume a história do Brasil desde a chegada dos Europeus; o tomo 2 descreve a viagem, a cidade do Rio e parte do interior da mesma província; o tomo 3 devia tratar da Bahia e do Pernambuco, mas Ribeyrolles morreu antes de completá-lo. No estado em qual fica, descreve o interior campista da província do Rio, e a Fazenda, em geral. E' neste capítulo que Ribeyrolles interessa-se aos Negros, e que menciona a capoeira. Ribeyrolles conclui o livro, certamente no sentido da encomenda oficial, com uma chamada demorada à imigração européia no Brasil. (disponível em www.capoeira-palmares.fr) DÉCADA DE 1860 1862 Charles Expilly e a dança capoeira - EXPILLY, Charles (Salon-de-Provence 1814--Tainl'Hermitage 1886), Le Brésil tel qu'il est, Paris 1862. . (disponível em <www.capoeirapalmares.fr>) 1864 O Diário de Pernambuco, em sua edição de 15 de dezembro de 1864, transcreve ofício enviado pelo coronel comandante do Exército, acerca dos capoeiras: Pelo reprovado costume adotado pelos escravos nesta cidade, de acompanharem as músicas militares, dando a uma ou a outra vivas e morras, apareceram desagradáveis conflitos e isto há muito. Ontem, o partidista de uma dessas músicas - Melquíades - preto, escravo, deu, no meio dos gritos de um e outro lado, uma facada no pardo, também escravo, Elias, dizendo-se ser o ofensor partidista de uma das músicas e ofensor de outra. E seguiam-se


os desafios cantados, acentuando-se quando da execução do dobrado Banha Cheirosa. Esta peça, restaurada na edição do livro Carnaval do Recife (2000), e hoje executada pela Banda da Polícia Militar de Pernambuco, levava os capoeiras ao delírio, cantando a plenos pulmões: Quem quiser / Comprar banha cheirosa, /Vá na casa /Do Doutor Feitosa/ Quem quiser / Comprar banha de cheiro/ Vá na casa / Do Doutor Teixeira / Banha cheirosa / Para o cabelo/ Banha de cheiro / Pro corpo inteiro... No calor desses desfiles e do repertório em uso pelas bandas militares sediadas no Recife, na segunda metade do século XIX, foi sendo gerado o embrião da marcha-carnavalesca pernambucana, que veio dar origem ao nosso frevo, e, de sua forma coreográfica única, o passo, originário dos golpes marciais dessa luta de origem angolana e do gingado dos praticantes da capoeiragem. (Silva, 2007). 1865 com ou sem soldados, o problema de capoeiragem durante as festas de São Sebastião continuavam; o chefe de policia recomendou ao comandante da Policia Militar toda vigilância sobre os capoeiras no intuito de reprimir suas costumeiras correrias em tais ocasiões (Holloway, 1989). 1865 o tópico referente à proibição da capoeira em Sorocaba-SP, figurou no artigo 127: "Toda e qualquer pessoa que em praças, ruas, ou outro qualquer lugar exercer o jogo denominado capoeiras, ou qualquer outra luta, será multado em 4$ e dois dias de prisão". (Fonte: CÂMARA MUNICIPAL DE SOROCABA - Posturas da Câmara Municipal da cidade de Sorocaba acompanhadas do regulamento par o cemitério da mesma cidade - Tipografia Imparcial - SP - 1865.) 1865/1870 O exército voltaria a usar o capoeira a seu favor por ocasião da guerra do Paraguai (1865-1870), quando grupos de capoeiras foram alistados e seguiram para a guerra como os Voluntários da Pátria. Tiveram participação fundamental para a triste vitória do exército brasileiro. - as maltas da Bahia foram desorganizadas por ocasião da guerra do Paraguai, pois o governo da província recrutou a força os capoeiras que fez seguir para o Sul como “voluntários da Pátria”. (Carneiro, 1977) - Marcílio Dias, herói que defendera o Brasil a bordo do Parnahyba, fora recrutado para a guerra por ser capoeira – “capoeirava a frente de uma banda de musica”. (Reis, 1997) - nas companhias dos Zuavos Baianos é enaltecida por infringir derrota aos paraguaios no assalto ao forte de Curuzu, destacaram dois capoeiras no combate corpo a corpo, os Alferes Cesário Álvaro da Costa e Antonio Francisco de Melo; este, teve sua promoção retardada devido a seu comportamento. Observando o comandante que “o cadete Melo usava calça fofa, boné ou c hapéu à banda pimpão e não dispensava o jeito arrevesado dos entendidos em mandinga”. (Reis, 1997, p. 55) 1867 Bahia « première documentation écrite de capoeira à Bahia dont nous ayons connaissance, article du journal O Alabama » (in www.capoeira-palmares.fr) DÉCADA DE 1870 1871 é preso por capoeira um cidadão francês – José Croset – na Lapa, e processado por violação do artigo 116 do Código Criminal que previa o desrespeito a autoridade e resistência a prisão. (Reis 1997) 1872 levantam-se as primeiras vozes pedindo a criminalização da capoeira (Reis, 1997) - nas eleições deste ano, quando conservador gabinete “Ventre Livre” corria o risco de ser alijado do poder, os liberais denunciaram a presença de 65 guardas nacionais que estariam atuando como capoeiras na freguesia da Glória, para lá deslocados pelo juiz de paz da região, o deputado Duque-Estrada Teixeira; em bilhete, de sua ordem, consta “ai vai o reforço pedido, este é de lei, é parte da Flor da minha gente, desejo-lhes triunfo e


felicidade...”. Nascia a malta Flor da Gente, a qual tendo colaborado com para a vitória do Partido Conservador nessa ocasião, tornar-se-ia, a partir daí, sinônimo de capangagem política (Reis, 1997, p. 52) 1871 o artigo 73 do Código de Posturas da Cidade de Sorocaba apresenta o seguinte texto: "Jogar capoeiras ou qualquer gênero de luta em publico: penas, 4$ de multa e 2 dias de prisão". (Fonte: CÂMARA MUNICIPAL DE SOROCABA - Código de Posturas da Câmara Municipal da cidade de Sorocaba - Tipografia Americana - Sorocaba - SP 1871.) DÉCADA DE 1880 1882 o termo "capoeiras" deixa de figurar no texto legal, dos Códigos de Postura de SorocabaSP- "Art. 72. É proibido jogar pelas ruas e lugares públicos qualquer espécie de jogos ou luta, os infratores incorrerão na multa de vinte mil réis e cinco dias de prisão". (Fonte: CÂMARA MUNICIPAL DE SOROCABA - Código de Posturas da Câmara Municipal da cidade de Sorocaba com regulamentos para a Praça do Mercado e Cemitério, Annexos. Tipografia Americana - Sorocaba - SP - 1882. 1884 em Turiaçú – Maranhão - é proclamada uma Lei - de no. 1.341, de 17 de maio - em que constava: "Artigo 42 - é proibido o brinquedo denominado Jogo Capoeira ou Carioca. Multa de 50 aos contraventores e se reincidente o dobro e 4 dias de prisão". (CÓDIGO DE POSTURAS DE TURIAÇU, Lei 1342, de 17 de maio de 1884. Arquivo Público do Maranhão, vol. 1884-85, p. 124) 1885 05 de janeiro - capoeiras de uma malta armada pelos inimigos da causa abolicionista invadiram o prédio da redação do jornal "Gazeta da Tarde", dirigido por José do Patrocínio. Consta que essa invasão não teve nada relacionada com o movimento abolicionista, conforme a história passou a registrar o empastelamento do jornal, pelos capoeiras. Foi apenas um enfrentamento entre maltas rivais, colocada de um lado, grupo do Campo de Santana (identificada com os abolicionistas) formada por pequenos vendedores de jornais, e do outro lado (dos escravistas), a malta que dominava o Largo de Santa Rita, chefiada por um tal de Castro Cotrim, junta com outros chefes de malta da região portuária de Santa Rita como Coruja e Chico Vagabundo. Os pequenos vendedores de jornal entraram na redação para fugir de seus perseguidores e foram apoiados pelos funcionários do jornal, que rebateram o ataque. - Machado de Assis publica “Balas de Estalo” em que se refere aos capoeiras (texto disponível em www.capoeira-palmares.fr) 1886 o cronista francês Émile Allain, em visita ao Rio de Janeiro, após acusar os capoeiras de serem “uma macha na civilização da grande cidade (...) quase todas as pessoas de cor estão organizadas em ´maltas´, e divididas em dois ou mais grupos rivais” (Holloway, 1989; Reis 1997). - “Emile Allain - Rio de Janeiro: quelques données sur la capitale et sur l'administration du Brésil 2ème ed., Frinzine & Cie. Paris -- Lachaud & Cia, Rio de Janeiro, 1886 (Notre transcription respecte l'orthographe et les fins de ligne de l'édition originale) : »(p. 143) Capoeira [première acception : forêt de repousse Dans une autre acception très connue à Rio-de-Janeiro, le même terme désigne une classe de bandits dont la police insuffisamment aidée par la loi, n'a pas encore pu débarrasser la ville. Nous ignorons, dans ce dernier sens, quelle est son étymologie. [troisième acception : sorte de perdrix] » ; (p. 271) - Les capoeiras, presque tous gens de couleur, sont organisés en maltas et en badernas, et se divisent en deux ou plusieurs groupes rivaux. L'arme des capoeiras est le couteau, et souvent le rasoir, dont ils se servent, soit dans leurs combats entre eux, soit contre leurs ennemis ou ceux qui sont désignés à leur vengeance. Il arrive parfois, que (texto disponível em www.capoeira-palmares.fr)


- ABREU, Plácido de. Os capoeiras. Rio de Janeiro: Escola Serafim Alves de Souza. Português radicado no Rio de Janeiro onde tornou grande escritor e jornalista. Exímio e valente capoeira, cidadão militante, acabou covardemente assassinado. Seu livro - Os Capoeiras considerado um livro cult, está sendo adaptado para um especial para TV. Para escrevê-lo, D`Abreu usa o recurso de adiantar um resumo do seu livro seguinte - Guaiamus e Nagoas - (que deixou incompleto), e, ainda, listar uma relação de gírias próprias da capoeiragem da época. Estratégia apropriada posto que um dos personagens principais do romance Fazenda (ou Albano...) - era um respeitável capoeira guaiamu; e, ao longo do romance, ocorrem confrontos entre os guaiamús e os nagoas, as duas mais poderosas e temidas maltas de capoeiragem de então. (Lace Lopes, 2005) 1887 uma correspondência diplomática francesa relata que “a maior parte [dos capoeiras] é de mulatos; suas associações com um certo número de brancos e, às vezes, estrangeiros (Italianos, gregos, portugueses, mas não espanhóis) (Bretãs, 1991; Reis 1997) -

Uma notícia interessante, colhida no Diário de Sorocaba, em 1887, diz: CARTEIRA DA POLÍCIA - Á ordem do sr. delegado de polícia, foi a 16 do corrente recolhido à cadeia João de Almeida, vulgo Brizolla, por provocar desordens. "Á mesma ordem, no mesmo dia e pelo mesmo motivo foi recolhido o preto Antônio José da Silva, que trouxe mais agravante de, no corredor do mosteiro de S. Bento fazer um grande rolo. Ah está no que dão os valentões. (Fonte: Diário de Sorocaba, 18 de outubro de 1887 pág. 03). NOTA: A palavra rolo, que os dicionários atuais apresentam como sendo sinônimo de confusão ou perturbação da ordem, era, no século XIX, comumente associada a tumultos provocados pelos capoeiras ou por suas maltas.

- um representante diplomático francês lamenta que os capoeiras fossem verdadeiros agentes eleitorais que votavam um número indefinido de vezes, impedindo de votar os adversários de seu chefe e, em caso de reclamação ou de resistência, recorriam a ultima ratio, certos da impunidade, garantida pelos chefes políticos influentes. Manduca da Praia, por vezes, era eleitor crônico da freguesia de São José, onde dava as cartas, pintava o diabo com as cédulas; embora tenha respondido a 27 processos por ferimentos leves e graves, fora sempre absolvido por influencia pessoal e dos seus amigos (Reis, 1997, p. 53) 1888 aparece um verbete escrito por Macedo Soares: “dá-se o nome de capoeira a um jogo de destreza que tem as suas origens remotas em Angola” (in CARNEIRO, 1977, p. 3). - Lei Áurea. Abolição da escravatura em 13 de maio (Vieira, 2005) - quando os ideais republicanos se faziam presentes mais do que nunca, os monarquistas, preocupados com o surgimento das novas idéias e aproveitando-se da popularidade da figura da princesa Isabel, criaram a chamada Guarda Negra (ver Jornal do Capoeira www.capoeira.jex.com.br, edições: 52 - de 4/dez a 10/dez de 200; 53 - de 11/dez a 17/dez de 2005; 54 - de 18/dez a 25/dez de 2005). Esta foi uma organização para-militar que uniu os negros capoeiristas contra as idéias republicanas. A partir da criação deste movimento, não houve uma reunião fechada ou comício público dos republicanos que não fosse dissolvido. Onde quer que fosse, estavam lá os capoeiras para criar confusão e impedir a propagação das novas idéias. (http://paginas.terra.com.br/arte/angolangolo/textos/texto_05.htm) - além da Guarda Negra, há ainda a atuação clandestina da Tocha Vermelha, associação antiescravista de Pernambuco, formada majoratoriamente por capoeiras “que aterrorizavam oficiais de polícia favoráveis a escravidão”. (Reis, 1997, p. 71) - surge o primeiro livro sobre a Capoeira: o romance ‘Os Capoeiras’, de Plácido de Abreu, em que aparece a primeira nomenclatura dos movimentos (Vieira, 2005) 1889 Proclamação da República. A caça aos capoeiras foi incrementada. Não haveria espaço para nada que pudesse pôr a perder toda uma nova postura de governo, e as maltas, desde muito tempo vinham perturbando a situação com suas brigas pelo centro da cidade. Foi


quando assumiu importância a figura dum delegado de polícia a quem foi dada total liberdade para prender e deportar os capoeiras para bem longe, mais precisamente para a ilha de Fernando de Noronha. Seu nome, João Batista Sampaio Ferraz, o "cavanhaque de aço". Foi com a participação deste homem que a república colocou a capoeiragem em xeque. Aos poucos, Ferraz foi prendendo cada um dos chefes de maltas da cidade. Por decisão sua, praticar a capoeira transformou-se em contravenção. Em seus primeiros 40 dias na frente da polícia do Rio de Janeiro, Sampaio Ferraz prendeu e deportou nada menos que 1500 capoeiras. O mais curioso foi o autoritarismo com que Ferraz se vestiu para prender, na tentativa de assegurar a ordem pública e o sucesso da república: praticamente toda a sua estada à frente da polícia se deu antes que entrasse em vigor o código penal da república que data de 11 de outubro de 1890-, onde a capoeira foi penalizada. Sampaio Ferraz assumiu a chefia da polícia em novembro de 1889. (Art. 402. Fazer nas ruas e praças públicas exercícios de agilidade e destreza corporal conhecida pela denominação capoeiragem: andar em carreiras, com armas ou instrumentos capazes de produzir lesão corporal, provocando tumulto ou desordens, ameaçando pessoa certa ou incerta, ou incutindo temor de algum mal; Pena de prisão celular de dois a seis meses. Parágrafo único. É considerado circunstância agravante pertencer o capoeira a alguma banda ou malta. Aos chefes ou cabeças, se imporá a pena em dobro.” (Código Penal da República dos Estados Unidos do Brasil de 1890.) A obstinação do governo republicano em acabar com a capoeira, enquanto movimento popular ameaçador, foi tanta que Sampaio Ferraz trabalhou com total liberdade de ação, tendo exigido carta-branca por ocasião da sua posse na direção da polícia do Rio. Um episódio curioso, que exemplifica bem seu poder, deu-se quando da prisão de um capoeira de linhagem nobre, um "menino bonito" (como eram chamados os capoeiras de melhor condição social), conhecido pelo nome Jucá Reis. Jucá era filho do conde de Matosinhos e andava pela Europa a mando da família que não mais suportava ter um filho praticante da arte da ralé. Ferraz já havia lhe mandado um recado dizendo para não voltar ao Brasil porque seria preso. Jucá, no entanto, não obedeceu e embarcou de volta para o Rio e na mesma tarde em que chegara fora preso pelo próprio Ferraz no centro da cidade. O pai de Jucá, então, intercedeu junto a Quintino Bocaiúva, Ministro das Relações Exteriores do governo de Deodoro e seu amigo íntimo. Deodoro, por sua vez, intercedeu a Sampaio Ferraz pela soltura de Jucá. O delegado, então, jurou que se soltasse Jucá também soltaria todos os outros capoeiras presos e ameaçou o governo com um pedido de demissão. Diante deste impasse, Deodoro optou por fazer valer a decisão do delegado, ainda mais que havia um certo rancor no ar contra os representantes da monarquia recentemente deposta. Jucá foi preso e deportado para a ilha de Fernando de Noronha, de onde partiu, mais tarde, para a Europa. Com a atuação deste homem, a capoeira do Rio de Janeiro enquanto movimento de grupo corporificada nas maltas foi aniquilada. A capoeira sobreviveu por força de capoeiristas individualmente, nas tabernas e ruelas da cidade. Não mais em correrias pelo centro do Rio ferindo e matando. Desta época, a primeira década deste século, a capoeira só se ergueria por ocasião do surgimento do desporto capoeira, lá pelas décadas de 20 e 30. Mais por força da emergente Capoeira Regional de mestre Bimba do que pela capoeira tradicional dos negros de Angola e seus descendentes. (http://paginas.terra.com.br/arte/angolangolo/textos/texto_05.htm) – Na Casa de Detenção, por ação de Sampaio Ferraz, Chefe de Polícia do Rio de Janeiro, há registros de prisão de 110 capoeiras no período de 15 de novembro de 1889 a 13 de janeiro de 1890; chama a atenção da presença de grande número de “capoeiras brancos”, dos quais a metade era de não brasileiros (Bretas, 1989, p. 58) :


Brancos Pretos Outros* TOTAL

CAPOEIRAS PRESOS SEGUNDO A COR 36 32,7% 33 30,0% 41 37,3% 110 100,0% * Inclui Fulos, Pardos, Morenos e Pardos Escuros Fonte: BRETAS, 1989, p. 58 CAPOEIRAS PRESOS SEGUNDO A IDADE

Menores de 18 anos De 18 a 23 anos De 24 a 29 anos De 30 a 35 anos De 36 a 41 anos Maiores de 41 anos TOTAL Fonte: BRETAS, 1989, p. 58

1 61 25 9 10 4 110

CAPOEIRAS PRESOS SEGUNDO O LOCAL DE NASCIMENTO Rio de Janeiro Estado do Rio Nordeste Sudeste Sul Europa Paraguai Açores e Cabo Verde Não identificados TOTAL Fonte: BRETAS, 1989, p. 58

47 10 16 8 4 17 1 2 5 110

42,3% 9,1% 14,5% 7,2% 3,6% 15,4% 0,9% 1,8% 4,5% 99,3%

- O chefe de polícia do primeiro governo republicano – Sampaio Ferraz - teve de usar a sua energia para prender os últimos capoeiras – Manduca da Praia e Juca Reis e desterrá-los para Fernando de Noronha (Carneiro, 1977). - Após o incidente de 14 de julho entre os capoeiras da Guarda Negra e militantes republicanos no coração do Rio, Patrocínio gradualmente se afastou da organização... a guarda entraria em declínio, até ser completamente desbaratada pela repressão de Sampaio Ferraz em 1890; houve episódios da Guarda Negra em outras cidades, como Porto Alegre, Salvador e São Luís... - Natal também teve a sua Guarda Negra, instalada a 10 de fevereiro de 1889, com muita festa; Criação do Partido Conservador e instrumento de combate às idéias republicanas. Segundo os conservadores, os negros, por gratidão deveriam defender a monarquia. Em Natal, a Guarda Negra recebeu o nome de Clube da Guarda Negra. O seu presidente foi Malaquias Maciel Pinheiro.(in www.tribunadonorte.com.br/especial/histrn/hist_rn_7f.htm). - em São Paulo, a 11 de fevereiro, o “Jornal Província de São Paulo” publicava colocava em foco o problema de “conflito entre raças” questionando a posição desses novos cidadãos libertos, dentro os quaia encontra-se os capoeiras: “(...) que elementos são esses que concitam a raça negra ao crime e a prórpia desgraça? Quando no futuro escrever-se a história acidentada do fim do segundo reinado, há de ser não pelas navalhadas dos capoeiras que há de se aferir a cooperação da raça negra”. (Reis, 1997, p. 62)


- a 05 de abril, nasceu Vicente Ferreira Pastinha, em Salvador. Foi o maior nome da Capoeira Angola e hoje é citado como exemplo e referência da Capoeira Angola por vários escritores. Faleceu em 13 de novembro de 1981. DÉCADA DE 1890 1890 o Código Penal previu penas corporais e desterro para os que se entregassem a capoeiragem (Carneiro, 1977) - A capoeira quase derruba o Gabinete Ministerial do Marechal Deodoro. No dia 12 de abril deste ano, todo ministério reunido, o Ministro de Relações Exteriores, Quintino Bocaiúva pede a palavra: ou o famoso capoeira Juca Reis, filho do Conde de Matosinho, seria solto ou ele pediria exoneração. Todos os demais ministros intervêm, especialmente Rui Barbosa, tentando uma solução conciliatória. Episódio que está nos Anais da História da República do Brasil. (Fonte: Marinho, 1945, p. 27 , in Lace Lopes, 2005) - Data da primeira edição de AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço (30a. edição). Rio de Janeiro: Ática, 1997. No capítulo X, há um confronto do capoeira Firmo com o português Jerônimo que se socorreu de um "varapau minhoto" na parte final da luta. (Lace Lopes, 2005) 1890 O delegado de polícia de São Paulo e escritor João Amoroso Neto, na biografia do célebre bandido Dioguinho, publicada em 1949, afirma, comentando sobre fato ocorrido por volta de 1890, que “O delegado de polícia de Mato Grosso de Batatais (região de Ribeirão Preto) estava furioso, porque os soldados haviam deixado fugir um preto capoeira que se metera numa briga”. Disso se depreende que a capoeira já era conhecida no Estado de São Paulo no século XIX e mesmo em 1949, ano da publicação referida, era manifestação conhecida, eis que com naturalidade foi citada sem que nem mesmo houvesse a necessidade de explicação em nota. Portanto, não há como imaginar que a capoeira tenha aparecido em São Paulo somente na década de 1960. Em outro livro sobre o mesmo Dioguinho, encontramos referência a capoeira praticada na cidade de Botucatu, em meados do século XIX: “Dioguinho... Freqüentava assiduamente as rodas de capoeira no largo da Igreja São Benedito, onde se tornou um exímio capoeirista, um dos melhores lutadores dessa luta-arte da cidade e região”. (Fontes: Amoroso Netto, João. – História Completa e verídica do famoso bandido paulista Diogo da Rocha Figueira, mais conhecido pelo cognome de DIOGUINHO, por um delegado de Polícia – Oficinas Gráficas da Rua do Hipódromo – SP – 1949; Bernardo, Moacir – A vida bandida de Dioguinho – ed. do autor – 2000 – pág. 13.) 1890(?) João Amoroso Neto, em livro sobre o bandido Dioguinho da luta deste com um negro capoeira na cidade de Mato Grosso de Batatais, hoje Altinópolis, região de Ribeirão Preto. (in AMOROSO NETO, Alceu. Dioguinho, São Paulo, 1949, conforme informa Cavalheiro em correspondência pessoal). (Ver ainda Cavalheiro, 2007, http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm) - um historiador de Porto Feliz (SP), mas natural de Tatuí (SP) de nome João Campos Vieira disse conhecer tradição oral que o Dioguinho era bom capoeira e navalhista, usando a navalha no pé para dar seus golpes. (Cavalheiro, em correspondência pessoal; e in Cavalheiro, 2007, http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm) - tem-se notícias de um capoeira chamado Mané, carioca é desterrado para Botucatu (SP) nas perseguições de Sampaio Ferraz; aparece depois em 1927 ensinando capoeira (in ARAUJO, Alceu Maynard. Folclore Nacional, 1964). 1891 Nasce Agenor Moreira Sampaio - Sinhozinho de Ipanema -, era paulista, nascido em Santos – São Paulo; filho do Tenente-Coronel José Moreira de Sampaio e de Ana I. de Moreira Sampaio, chefe político e Intendente da cidade de Santos. Teve muitos irmãos: José, Lycurgo, Nilamon, Maria da Conceição, Maria da Glória, Maria Thereza e Maria


Luiza, esta casada com J. Altenfelder da Silva. Consta que entre os ascendentes ilustres de Sinhozinho, destacava-se Francisco Manoel da Silva, autor do Hino Nacional Brasileiro. 1892 Em março houve um confronto entre os “morcegos” (praças da polícia fardada) e soldados do exército paulista que eram capoeiristas, ocasionando distúrbios na cidade de São Paulo. (Fonte: http: //www.institutocariocadecapoeira.hpg.ig.com.br/historico.htm 31.01.2004.

acessado

em

1892 As crônicas paulistas dizem respeito a um conflito entre capoeiras e a polícia da capital. (Cavalheiro, 2007, http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm). 1893 o governo baixa um decreto regulamentando a criação de colônias correcionais para correção, pelo trabalho dos vadios, vagabundos e capoeiras que fossem encontrados e, como tais, processados na Capital Federal (Rego, 1968, citado por Reis 1997) 1897 o general Couto de Magalhães disse que a capoeira não deveria ser perseguida mais sim dominada e ensinada em escolas militares. (189?) na obra de Alceu Maynard Araújo entitulada "Folclore Nacional", relata que foi encontrada capoeira no interior paulista entre o final do século XIX e início do século XX. Trata-se de levas de capoeiras soltas nas pontas dos trilhos da Sorocabana, que tinha como destino final a cidade de Botucatu. Na verdade eram capoeiras desterrados do Rio em consequência do Código Penal de 1890. 1899 a 23 de novembro, nasceu Manuel dos Reis Machado, o Mestre Bimba, no bairro de Engenho Velho, freguesia de Brotas, em Salvador, Bahia. SÉCULO XX 1901 José Alexandre Melo Morais Filho, em seu “Festas e tradições Populares do Brasil”, Rio de Janeiro, descreve os Tipos de rua - Capoeiragem e Capoeiras Célebres (disponível em www.capoeira-angola.fr ) 1904 edição do livro apócrigo ‘Guia do Capoeira ou Gymnástica Brasileira’. Nele a autoria é feita pelas iniciais ‘O.D.C.’, que significada a época: ofereço, dedico e consagro’. (Vieira, 2005) 1906 CAPOEIRA. Kosmos, Rio de Janeiro, v. 3, n. 3, mar. 1906. Artigo escrito pelo cronista Lima Campos que vale como registro de memória da luta e da época; ilustrações do famoso Calixto Cordeiro com valor iconográfico. (Lace Lopes, 2005) - a luxuosa Kosmos, Revista Artistica, Scientifica e Literaria, do Rio de Janeiro, publica uma série de artigos sobre os costumes populares cariocas, ilustrada por Kalixto. O texto tem três partes; a primeira define a capoeira como uma luta defensiva, de esquiva; a segunda esboça uma história da capoeira no Rio de Janeiro; e a última, voltando aos princípios, destaca a observação, fundamental na defesa, nota o caráter escarnecedor do capoeira carioca. As seis caricaturas de Kalixto representam situações de luta, com forte caraterização dos participantes (texto disponível em www.capoeira-angola.fr) - L.C., na revista Kosmos, se refere à suposta origem brasileira da capoeira. Diz o artigo: Por que, quando, e como nasceu a capoeira? Na transição provavelmente do reinado português para o Império livre, pela necessidade do independente, phisicamente fraco de se defender ou agredir o expossessor, robusto, nos distúrbios, então freqüentes em tavernas e matulas por atrictos constantes de nacionalidade, tendo sua gênese em dois pontos diversos [...] criou-a o espírito inventivo do mestiço porque a capoeira não é portuguesa, nem mesmo é negra, é mulata, é mestiça, é cafuza, e é mameluca, isto é, é cruzada, é mestiça [...] a navalha do fadista da mouraria lisboeta, alguns movimentos


sambados e simiescos do africano e, sobretudo, a agilidade, a levipidez felina e pasmosa do índio nos saltos rápidos, leves e imprevistos (L.C., 1906 apud PIRES, 1996, p. 198). - LIMA CAMPOS. CAPOEIRA, esgrima de olhos. In REVISTA KOSMOS, Rio de Janeiro: Kosmos, 1906, p. 191-194 1907 as notícias sobre a capoeira em Sorocaba aparecem com mais clareza, informando, com alguns detalhes, sobre a existência do jogo e da prática dessa luta. Uma das publicações nos jornais sorocabanos alerta para a existência de um barbeiro no início do século XX, cujo salão estava localizado na rua Direita (hoje Boulevard Dr. Braguinha), e que seria um "capoeira ‘desconjuntado’". É esta a nota: MEUS REPAROS - Assisti aos festejos do 13 de Maio. Estiveram assim... Parabéns ao Daniel de Moraes, a quem se deve o não ter ficado "em branco", a data. Vendo passar os manifestantes, conduzidos pela palavra do Ramiro Parreira, vieram-me á mente cenas dos 13 de Maio de alguns anos atraz, uns 20 talvez, época em que tínhamos aqui diversos oradores fogósos entre os homens de côr. Destes o mais entusiasmado e verbo rrhagico era o popular Benedicto Gostoso, mulato escuro, physionomia viva, cabelo encaracolado e repartido "de banda", capoeira "desconjuntado" e barbeiro de profissão. Era proprietário de um salão ali na rua Direita (...) Mas se o Gostoso era hábil no desbastar uma gaforinha, os seus maiores êxitos eram numa tribuna popular a 13 de Maio. Ante a multidão ávida dos seus arroubos oratórios, tomava attitudes empolgantes e "soltava o verbo": "Os escravos, meus senhores, vinham para o Brasil em grandes ‘trasatraticos’". Mais adeante: "O dr. Antônio Bento, senhores, era um homem tão importante, mas tão importante mesmo, que nem devia ser "doutor" mas sim ‘coronel da Guarda Nacional’". E por ahi seguia. K.D.T. O articulista acima, que assina por iniciais, reportou-se a fato ocorrido cerca de 20 anos antes, o que nos remete a data aproximada de 1907. Benedito Gostoso era residente e estabelecido em Sorocaba. É provável que outros capoeiristas tenham sido seus contemporâneos nessa mesma cidade. (Fonte: Cruzeiro do Sul, 18 de maio de 1927 - nº 6151 - 2ª página.) 1907 O.D.C. Guia do Capoeira ou Ginástica Brasileira (2a. edição). Rio de Janeiro, Livraria Nacional. Livro duplamente misterioso. Pelo seu autor que não quis aparecer e, sobretudo, pelo seu desaparecimento da Biblioteca Nacional. Por sorte, antes desta ocorrência, Annibal Burlamaqui teve a chance copiá-lo (sem ter como reproduzir as ilustrações). Enquanto o original não reaparece é esta cópia que está correndo o mundo. Segundo alguns estudiosos, "ODC" não representa as iniciais do possível nome do misterioso autor; "ODC" significa simplesmente, "Ofereço, Agradeço, Consagro". Corre, ainda, uma curiosa versão em que a autoria do livro é atribuída ao primeiro tenente da Marinha José Egydio Garcez Palha. Tendo esse oficial falecido em 1898, seu livro sobre capoeira foi publicado posteriormente sobre a sigla ODC. (Lace Lopes, 2005) - João do Rio - "Presepes" - João do Rio (João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto, Rio de Janeiro, 5 agosto 1881 -- id. 23 junho 1921), jornalista e escritor, publicou Presepes em 1907, depois incluído em A alma encantadora das ruas, de 1908. Embora não consagrado primeiramente à capoeiragem, o texto apresenta uma geração de capoeristas posterior aquela que mobilizou a atenção de Melo Morais Filho em 1893 (disponível em www.capoeira-angola.fr ): “Mas por que, continuo eu curioso, põem vocês junto do rei Baltasar aquele boneco de cacete? - Aquele é o rei da capoeiragem. Está perto do Rei Baltasar porque deve estar. Rei preto também viu a estrela. Deus não esqueceu a gente. Ora não sei se V. Sa conhece que Baltasar é pai da raça preta. Os negros da Angola quando vieram para a Bahia trouxeram uma dança chamada cungu, em que se ensinava a brigar. Cungu com o tempo virou mandinga e S. Bento. - Mas que tem tudo isso?...-- Isso, gente, são nomes antigos da capoeiragem. Jogar capoeira é o mesmo que jogar mandinga. Rei da capoeiragem tem seu lugar junto de Baltasar. Capoeiragem tem sua religião.” 1908 Ano da primeira edição de RIO, João do (João Paulo Barreto). A alma encantadora das ruas. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura,Departamento de Documentação e Informação Cultural, Divisão de Editoração, 1995 (Biblioteca carioca). Neste livro, João


do Rio registra a presença do berimbau no Rio. Significativa a leitura do diálogo do capítulo PRESEPES: "Isso, gente, são nomes antigos da capoeiragem. Jogar capoeira é o mesmo que jogar mandinga. Rei da Capoeiragem tem o seu lugar junto de Baltasar. Capoeiragem tem sua religião. Abri os olhos pasmados. O Negro riu". "V. S ªnão conhece a arte? Hoje está por baixo. Valente de verdade só mesmo uns dez: João da Sé, Tito da Praia, Chico Bolívar, Marinho da Silva, Manuel Piquira, Ludgero da Praia, Manuel Tolo, Moisés, Mariano da Piedade, Cândido Baianinho, outros... Esses "cabras" sabiam jogar mandinga como homens. Então os capoeiras estão nos presepes para acabar as presepadas...". (lace Lopes, 2005) - No Recife, Pereira da Costa em seu Folk-Lore Pernambucano assim o define: ‘o nosso capoeira é antes o moleque de frente de música em marcha, armado de cacete, e a desafiar os do partido contrário, que aos vivas, e morras de outros, rompe em hostilidade e trava lutas, de que não raro resultam ferimento, e até mesmo casos fatais...”. Pela descrição de Pereira da Costa é nos desfiles das bandas de música do Recife que os capoeiras criaram o ambiente necessário ao exercício e à prática da capoeiragem. Ao contrário da Bahia, onde os capoeiras se reuniam em torno de um conjunto de berimbaus, no Recife eles tiveram como o seu habitat no desfile das bandas militares, do 4º Batalhão de Artilharia e do Corpo da Guarda Nacional, esta última uma organização paramilitar, criada por Lei Imperial de 18 de agosto de 1831, com ramificações em todo o Brasil. Em seu depoimento faz Pereira da Costa (1908) observação preciosa para o entendimento das raízes do nosso frevo e, por conseguinte, da sua coreografia única e contagiante, o passo: "Levavam os capoeiras partidários de música o seu entusiasmo por certas peças, a ponto de comporem versos apropriados ao canto de alguns passos dobrados. E estes outros, cantados no trio de um dobrado do 4º Batalhão de Artilharia, a quem denominavam de Banha Cheirosa, dobrado que levava ao delírio os partidários do Quarto, principalmente quando chegava a parte de uma pancada em falso dada pelo bombo no trio da peça...". (Silva, 2007); 1909 o primeiro confronto entre um capoeirista e um lutador oriental deu-se no Rio de Janeiro, quando apareceu por lá um campeão japonês de jiu-jitsu, Miaco, dando exibições. Um grupo de estudantes de medicina convidou-o a enfrentar um conhecido capoeirista, carregador do Café Saúde, chamado Ciríaco, que vivia pelas docas. No momento da luta, o japonês abaixou-se para cumprimentar Ciríaco e o capoeirista, pensando já ser um ataque, toca-lhe um violento rabo-de-arraia, liquidando-o mesmo antes de começar a briga. (Jornal do Capoeira:www.capoeira.jex.com.br: Andre Luiz Lacé Lopes, Edição 45: 29 de Agosto à 04 de Setembro de 2005; Leopoldo Gil Dulcio Vaz, Edição 45: 29 de Agosto à 04 de Setembro de 2005. 1909 Dentre as notícias de portadores de navalha, como arma, há a de um soldado "indisciplinado" que foi preso em Sorocaba. Eis a notícia: “Indisciplinado - Ontem, pelas 04 e 45 da tarde o praça do destacamento local de nome Francisco Cândido dos Santos, n. 111, da 4ª Companhia do 3. batalhão, sendo repreendido pelo Comandante, revoltou-se contra este e, puxando por uma navalha, desafiou a todos que o prendessem. O Comandante, então, ordenou sua prisão o que foi conseguido a muito custo. O soldado Marcos Antônio Moreira foi ferido com uma navalhada pelo soldado indisciplinado. O sr. dr. Delegado fez lavrar auto de prisão em flagrante e vai instaurar o competente processo”. (Fonte: Cruzeiro do Sul, 29 de julho de 1909 - 2ª página. Notícia encontrada pela historiadora Adilene Ferreira Carvalho Cavalheiro) DÉCADA DE 1910 em Salvador, deste esta década assiste-se à criação de “escolas de capoeira” – clandestinas, evidentemente – das quais, duas décadas depois, uma se tornaria a primeira a receber a licença oficial para seu funcionamento; - no Rio de Janeiro, os capoeiras também possuíam espaços dedicados aos treinamentos de sua luta, alguns freqüentados inclusive pela fina flor da elite; segundo Inezil Penna Marinho


(1945), aluno assíduos de um deles, “aqui no Rio, Sinhozinho mantém uma academia em Ipanema, destinada aos moços grã-finos que desejam ter algum motivo para se tornar valentes”; nessa “academia” haveria aparelhos que o mestre inbeta para o treinamento de seus alunos, inclusive os que dão soco e passam rasteiras. (Reis, 1997, p. 103) 1910 o maranhense Coelho Neto apresenta um projeto de lei para a Câmara dos Deputados tornando obrigatório o ensino da capoeira nas escolas civis e militares; usa de dois argumentos para sua proposta pedagógica: o primeiro, era de que a capoeira, como excelente ginástica, promovia um desenvolvimento harmonioso do corpo e dos sentidos; o segundo atribui a capoeira um sentido estratégico de defesa individual (Reis, 1997, p. 8889). - O escritor Coelho Neto, segundo Francisco Pereira da Silva, era exímio na arte: “Ágil na pena quanto destro na rasteira, duas vezes publicamente se valeu do ensino da capoeiragem recebido nos tempos de rapaz. Josué Montello refere a um destes episódios, precisando a data de 6 de agosto de 1886, quando à noite em meeting de abolicionistas no Teatro Politeama do Rio de Janeiro, discursava Quintino Bocaiúva. A certa altura, capoeiristas a soldo dos escravocratas irrompem das galerias e armam tremendo salseiro. Luzes apagadas, vem Coelho Neto e realiza a incrível proeza de desarmar o chefe do bando, que outro não era senão Benjamim - o mais temível capoeira carioca.”. De outra feita, em episódio também narrado por Josué Montello e aqui transcrito de Pereira da Silva, demonstrou seus atributos de destreza e valentia: “Na Academia Brasileira de Letras, fizera o tribuno maranhense referência em desfavor de um colega de imortalidade. Dias depois lhe apareceu um filho do suposto ofendido exigindo satisfação. Gravemente desentenderam-se e o jovem, que era atleta, não retardou seu golpe de jiu-jitsu. Instantaneamente e com agilidade felina, partiu Coelho Neto para o rabo de arraia levando o insolente a beijar o pó da calçada e a sumir no oco do mundo...” (in ADORNO, Camile. A Arte da capoeira) 1912 a hora final chegou para as maltas do Recife, coincidindo com o nascimento do passo ou frevo, legado da capoeira. As bandas rivais do Quarto (4º. Batalhão) e do Espanha (Guarda nacional) desfilavam no carnaval pernambucano protegidas pela agilidade, pela valentia, pelos cacetes e pelas facas dos façanhudos capoeiras. A polícia foi acabando, paulatinamente, com os “Moleques de banda de música” e com seis líderes, Nicolas do Poço, João de Totó, Jovino dos Coelhos, até neutralizar o maior de todos eles, Nascimento Grande (Carneiro, 1977) 1914 é veiculada na imprensa sorocabana uma nota ligando a capoeira com a prática de desordens, ou, em outras palavras, a capoeira como prática comum de desordeiros: Notas policiais (...) Foram presos hoje as 10 ½ por estarem promovendo graves desordem na Rua do Votorantim, os incorrigíveis valentes, Olympio Monteiro e Antônio Francisco da Silva (vulgo Grão de Bico) sendo que este armado de uma enorme pernambucana tentou ferir o primeiro. Mas Olympio num zig-zag de verdadeiro capoeira soube desviar os golpes contra ele dirigidos e em sua defesa descascou no "purungo" do "Grão de Bico" a cacetadas.” (Fonte: Diário de Sorocaba, 21 de janeiro de 1914 - nº 10 - 1ª página.) 1916 Manuel Raimundo Querino, o primeiro historiador negro no Brasil (1854-1923) deu a primeira descrição da capoeira baiana no seu último livro, A Bahia de Outrora, em 1916. (texto disponível em www.capoeira-angiola.fr ) DÉCADA DE 1920 surge na Bahia um perseguidor das manifestações culturais do povo negro. Pedro Azevedo Gordilho, ou Pedrito como era conhecido, foi encarregado de acabar com os "malandros" da Bahia. A permanência de Pedrito com delegado, figura muitas vezes contraditória, é relatada por cerca de 20 anos de implacáveis batidas aos terreiros de candomblés, se valendo de porrete e facão;


- Ainda sobre a década de 1920 mais duas notícias da imprensa escrita autorizam a afirmação da inquestionável existência de capoeiras em Sorocaba. Uma delas, trata de um sutil comentário do jornalista acerca de fato policial de ordem doméstica: FATOS POLICIAIS NO BOM JESUS Jovita da Silva levou á autoridade do distrito, queixa seu marido, que a esmurra. Jovita declarou á autoridade que, por sua vez, enfrenta o marido, passando-lhe rasteiras. Se é assim, não há de que zangar-se a Jovita, que se diverte em capoeiragem com o inexperto marido...”. (Fonte: Cruzeiro do Sul, 03 de abril de 1927 - nº 6116 - 1ª página.); - A outra notícia é mais esclarecedora, fornecendo alguns outros dados, a despeito de ter redação parcimoniosa: Delegacia Regional BRINCADEIRA DESASTRADA - No páteo da estação Sorocabana os operários Joaquim Diniz Costa e Orlando di Fogni brincavam de "capoeira", cada qual empunhando sua faca, quando por uma rasteira errada ambos cairam, ferindo se também cada qual com sua faca. A polícia teve conhecimento do fato. (Fonte: [13] Cruzeiro do Sul, 08 de fevereiro de 1927 nº 6072 4ª página.) 1922 Publicação de PEDERNEIRAS, Raul. Geringonça carioca: verbetes para um dicionário da gíria. 2. edição revista e aumentada. Rio de Janeiro: Officinas Graphicas do Jornal do Brasil. Referindo-se a capoeira diz o autor: "Geringonça carioca nasceu do vulgo hybrido, da mestiçagem que formou a nacionalidade. A primeira a destacar-se foi a do capoeira, essa entidade que teve foros de instituição, esse exercício que alcançou as principaes camadas da sociedade" (Duas Palavras, p. 3). Grande parte do livro de Pederneiras baseiase na gíria específica dos capoeiras da época. Daí a sua importância como memória. (Lace Lopes, 2005) 1923 o escritor Monteiro Lobato escreveu o conto “O 22 da ‘Marajó’” em que denota a familiaridade com termos típicos da capoeira, afirmando mesmo que “Antes do futebol, só a capoeiragem conseguiu um cultozinho entre nós e isso mesmo só na ralé”. Mais adiante revela a intimidade com a gíria dos capoeiras: “—Só uma besta destas dá soltas sem negaça...”. (Fonte: Lobato, Monteiro. – A onda verde – Ed. Brasiliense – SP – 9ª ed. – 1959.) 1924 NETTO, Coelho, Nosso Jogo, do livro BAZAR. Livraria Chardron, de Lello & Irmão Editores, Rua das Carmelitas, 144, Porto, Portugal, 1928. Este livro foi publicado em 1928 (Porto), mas o artigo Nosso Jogo foi publicado, pela primeira vez, em 1924, no Rio de Janeiro.(Lace Lopes, 2005) - HOPFFER, Frederico. Duas palavras sobre o Jogo de Pau. Lisboa: J. Rodrigues & Cia, 1924 1926 foi publicada uma série de artigos sobre "Capoeira e Capoeiragem" no Jornal Rio Sportivo, edições de 16/06, 19/07, 6 e 16/09, 18/10, escritos por Adolfo Morales de Los Rios. (Câmara Cascudo) 1927 O folclorista Alceu Maynard Araújo (in Folclore Nacional, 1964) registrou a presença da prática e do ensino da Capoeira na cidade de Botucatu, em algum momento após o Código Penal de 1890 e o ano de 1927. O autor não deixa claro, com precisão, qual o momento em que ele detectou a chegada dos capoeiras na cidade, mas afirma que no ano de 1927 um capoeira carioca chamado Mené ensinou alguns jovens estudantes no Clube Pedrotibico Orfeu. O próprio Maynard declara que ele fez parte daquela turma de "alunos"; - OLIVEIRA, Valdemar de. FREVO, CAPPOEIRA E PASSO. Recife: Cia Ed. Pernambuco, 1927 1928 Annibal Burlamaqui apresenta uma das primeiras tentativas de sistematização da luta para fins desportivos realizadas na primeira metade deste século. Em seu livro “Gimnástica Nacional (Capoeiragem) metodizada e regrada (Rio de Janeiro, ed. Do autor, 1928)”


apresenta um sistema de competição, uma classificação de golpes e um esboço de metodologia de treinamento (Vieira e Assunção, 1998). 1929 Capoeiragem e Capoeiras. Revista Criminal, no. 28. Rio de Janeiro, 1º de maio do ano assinalado. Artigo escrito pelo jornalista e capoeira Paulo Várzea: "Madrid tem o chulo; Buenos Aires, o compadron; Lisboa, os fadistas, o Rio de Janeiro, a Capoeiragem..." (Lace Lopes, 2005) - 13 de janeiro, depois do adiamento e de tantas chamadas e matérias nos jornais da cidade finalmente realiza-se o confronto tão esperado entre o capoeirista brasileiro Feitosa e o campeão japonês de jiu-jítsu Geo Omori no clube de São Bento: “Géo Omori, campeão japonês de jiu-jítsu e Argemiro Feitosa, temível capoeira cearense, são agora os nomes do dia nos meios esportivos. Raras vezes nos tem sido dado apreciar um interesse tão intenso como o que se verifica agora pela realização do grande combate, destinado a marcar época na historia das nossas grandes lutas livres, como a do moleque Cyriaco e outros. Feitosa, participando dessa luta, só tem um mente uma cousa: pôr o japonês fora de combate, quebrando a invictibilidade que a tanto tempo ele vem mantendo em São Paulo. Ele rejeitou qualquer bolsa e fez questão de lutar calçado de sapatos para maior eficiência de seus golpes, e sem kimono, o que foi aceito por Omori que deu, assim, uma bela demonstração da sua coragem. A luta efetuar-se-á no campo do São Bento, como foi noticiado, sendo os ingressos cobrados a preços bem populares para que o público possa acorrer em massa afim de aplaudir o capoeira patrício. (...) Sabemos que virão do Rio de Janeiro especialmente para assistirem a luta, diversos entusiastas da capoeira e os companheiros de Feitosa que vêm torcer para o valoroso capoeira patrício. Tudo promete pois fazer da tarde de domingo, um dos acontecimentos mais sensacionais até agora registrados na nossa historia cívico-esportiva.” “A sensacional luta de domingo, no campo do S. Bento”, A Gazeta, 9 de janeiro de 1929. “(...) Inicia-se a...luta. Omori espreita. Feitosa “dança” e dá...um saltinho com as mãos apoiadas na grama...Hum!... - O Homem parece que não vai... - Está ensaiando, dizem. Omori ataca...Feitosa começa a...fugir. É agarrado! Lutam um pouco e o tempo escoa...debaixo de grande decepção. Segunda fase – Omori espera. Omori ataca. Omori tenta dar rasteira, porque Feitosa só...afasta! Omori não liga...pulinhos... Assobios, apupos! Um novo saltinho de Feitosa e Omori agarra-o...e, pouco depois, termina o tempo! O povo está desiludido. Vira o logro... Terceira fase – Omori começa a correr atrás de Feitosa... Uma espécie de...corrida de ganso... Pachuchada. Novo salto de Feitosa e...Omori derruba-o, facilmente, e o domina! O juiz levanta o braço de Omori que é carregado em triunfo!


Vaias! A cavalaria que estava agindo em campo desde o inicio da luta, continua agindo... Assobios, gritos, protestos, gente escoiceada e gente que corre por todos os cantos! Escândalo. Desses inomináveis escândalos que, de vez em quando, vêm enodar as páginas de nossos esportes. Amoralidade. Amoralidade elevada a máxima potencia. ...E o publico, desconsolado, tungado, fica por aí a comentar, a comentar até que se anuncie o desafio de um outro famoso! E foi assim que ruiu o box. Foi. E será assim que o jiu-jitsu de braço com a luta livre e a capoeira irá, também, pelo mesmo caminho. Irá? Não! Já foi! Convenhamos, isso não está direito, isso não é sério. Deve ser caso de policia...”. A Gazeta, 14 de janeiro de 1929. - O ESTADO DE SÃO PAULO: “...Feitosa é vergonhosamente batido por Omori, mostrando ignorar qualquer coisa de capoeiragem – E o publico invadiu o campo, onde entrou e passeou a cavalaria. Data de muitos anos já, a firme convicção, generalizada por todo o país de que o sistema de luta livre que espontaneamente surgiu das camadas populares e foi cultivado, com relativo êxito, por alguns “brigadores” mais destacados – a capoeira, enfim – pode com vantagem ser comparada a qualquer outro tipo de embate corporal. É, esta, talvez, a mais antiga e forte das falsas lendas do nosso esporte. Está fora de duvida, reconhecemos, que a capoeiragem, quando desenvolvida e aplicada pelos seus mais profundos conhecedores, tem serias possibilidade de se igualar, se não exceder a qualquer outro gênero de luta, seja o pugilismo, seja o jiu-jitsu, seja este ou aquele, enfim. Não está provado, porém, que os capoeiras que têm vencido um ou outro campeão, afamado cultor de um gênero de luta de importação, fizeram-no mais por efeito de uma grande superioridade física pessoal – força e destreza combinadas – a despeito mesmo de uma técnica incerta e deficiente, ou se deveram seus triunfos a uma real superioridade dessa singular esgrima de pés e mãos que nasceu espontaneamente no meio da gente desordeira. Desta incerteza provém, sem duvida, o vivíssimo interesse que os esportistas tomam sempre por tudo quanto diz respeito aos capoeiras e ao seu jogo, pois tomados de louvável nacionalismo, esperam e acreditam tratar-se de possibilidades a definir e a desenvolver. A definir, dizemos bem, pois ainda, não foi fixado um só principio importante de capoiragem, parecendo que ela consiste, principalmente, em fintas de pulos e dança perante o adversário, em rasteiras passadas com o apoio das mãos sobre o solo e em cabeçadas aplicadas no corpo-a-corpo. E a desenvolver, também, porque tais processos ainda se apresentam susceptíveis de ser melhorados. Em tais condições, pois, qualquer luta de capoeira sempre consegue atrair e prender a atenção do publico. E quando hábil e intensamente anunciada, numa época de férias parciais do futebol, como estamos agora, não é de admirar que sirva de chamariz para grande numero dos esportistas habituados a contentar e a aplaudir qualquer coisa em


torno de um gramado qualquer, movimentando, mesmo, uma certa proporção dos esportistas mais ariscos, já um tanto ou quanto ressabiados com os frequentes “sururus” do futebol. (...) Sucede, porém – antecipemos um pouco – que tal “professor” nem era ao menos, um amador medíocre. Podia ser, quando muito, um espertalhão audacioso, melhor diríamos, despudorado. E que os elementos do júri estavam inteiramente estranhos aos méritos dos concorrentes, só tendo aceito figurar na luta para fiscalizar a lisura dela, no interesse do publico e não para atestar a eficiência técnica dos competidores.(...)” O Estado de São Paulo, 15 de janeiro de 1929. DÉCADA DE 1930 Neste período, Agenor Moreira Sampaio (SP/1891 - RJ/1962), paulista, de Santos, mais conhecido como Sinhozinho, inicia sua carreira na capoeiragem. Ainda adolescente, ele mudara-se para o Rio de Janeiro, onde virou uma lenda e uma legenda. Embora com respeitável número de cursos básicos, inclusive de História e Francês, foi um autodidata em Educação Física, esporte em geral e capoeiragem em particular. Extremamente criativo desenhava um método para cada aluno e, com isto, especializou-se em formar campeões. Assim como livros (ODC, Zuma etc) e dezenas de artigos voaram do Rio, então capital, para os demais estados, o estilo Sinhozinho também viajou através de inúmeros de seus alunos. André Jansen, por exemplo, considerado na década de 1940 o melhor capoeira do Brasil, visitou vários estados demonstrando a eficácia de sua arte marcial. Outro grande campeão, para ficar só em dois, é o professor Rudolf Hermanny, que não satisfeito em vencer apenas como capoeira nos anos de 1950, sagrou-se também campeão por equipe no III Pan-Americano de Judô, no México, em 1960. (Lace Lopes, 2005) - A pratica da "Tiririca" na capital paulista, décadas de 30(?), 40 e 50, era um tipo de capoeira primitiva, praticada sem a presença do berimbau, mas acompanhada pelo ritmo do samba paulistano. Acredita-se na tese de que algo possa ter sido registrado sobre a prática na cidade de Bom Jesus do Pirapora, uma vez que diversos sambistas e praticantes da Tiririca frequentemente deixavam a capital para sambar nas festas que por lá tomavam corpo; 1931 "Escola Typica de Agressão e Defeza"- Entrevista com Jayme Ferreira, Noite Ilustrada, junho 24, 1931. Reportagem pela qual se pode perceber a existência de várias academias, nas décadas de 1920 e 1930 no Rio de Janeiro: "A Capoeiragem tem no Rio, o seu período áureo. Foi quando praticada no "batuque", apenas pelos chamados "malandros" , se irradiou pela cidade toda, descida da Favela e de outros morros mais ou menos célebres, na pessoa do "capoeira" que se servia della para levar a bom termo as suas proesas de certo modo arriscadas". - "Combates que despertam Emoção". Jornal dos Sports, 3 de julho de 1931: "As gymnasticas nacionais (capoeiragem) e japoneza, face a face...". A matéria termina da seguinte maneira: "Os juizes serão os srs. Carlos Gracie. Director da Academia de jiu-jitsu, e Jayme Ferreira, director da Academia de Capoeira". - "Club Nacional de Gymnastica (capoeiragem): uma grande promessa". "Agenor Sampaio, Sinhozinho, fala ao Diário de Notícia". Referência do Diário de Notícias, 1º de setembro de 1931, à capoeiragem. Depois de vários centros informais de treinamento, Sinhozinho montou sua "academia" de capoeiragem na Rua do Rosário 185, 2º andar, Centro, Rio.(Lace Lopes, 2005) 1932 EDMUNDO, Luís. O Rio de Janeiro no Tempo dos Vice-Reis. 2a. edição revista e atualizada. Rio de Janeiro: Athena, [1932]. Cap. 4: Aspectos da cidade e das ruas, p. 3140, descreve um capoeira: "Socialmente é um quisto, como poderia ser uma flor. Não lhe


faltam, a par de instintos maus, gestos amáveis e enternecedores. É cavalheiresco para com as mulheres. Defende os fracos. Tem alma de D. Quixote". (Lace Lopes, 2005) - NINA RODRIGUES. OS AFRICANOS NO BRASIL. São Paulo: Nacional, 1932 - Manuel dos Reis Machado – mestre Bimba –conseguiu que a então Secretaria da Educação, Saúde e Assistência Pública da Bahia expedisse o Alvará nº 111: “O Inspetor Técnico do Ensino Secundário Profissional, tendo em vista o que lhe requereu o Sr. Manuel dos Reis Machado, Diretor de Curso de Educação Física, sito a rua Bananal, 4 (Tororó), distrito de Sant’Anna, município da capital, concede-lhe para o seu estabelecimento, o presente título de registro, a fim de produzir os devidos efeitos. Inspetoria do Ensino Secundário e Profissional Bahia, 9 de Julho de 1937. O Inspetor Técnico Ass: Dr. Clemente Guimarães.” Alvará n º 111, IN REGO, Waldeloir. Obra citada. 1934 Segundo testemunho da senhora Thereza Henriqueta Marciano, 71, nascida em Tietê e residente em Sorocaba desde 1934, seu pai, o senhor João André era praticante dessa arte, a qual aprendeu com José André, seu pai, na fazenda Parazinho em Tietê. Da época em que viveu em Sorocaba, ou seja, a partir de 1934, João André sempre brincou de capoeira e de maculelê (dança de paus, como disse dona Thereza). João André era negro e nasceu em 1889. Além da capoeira e do maculelê, conhecia o tambú, ou samba caipira. Faleceu em Sorocaba em 1965, aos 74 anos de idade. (Fonte: Entrevista de dona Thereza Henriqueta Marciano cedida a Adilene Ferreira Carvalho Cavalheiro e a Carlos Carvalho Cavalheiro em 14.12.2003.) 1935 "André Jansen em Salvador". Rio de Janeiro, Diário de Notícias. 30 outubro: "O público carioca conhece sobejamente o sportista André Jansen, considerado o mestre absoluto da luta brasileira (a capoeiragem). Várias vezes André teve ocasião de brilhar em nossas arenas, demonstrando sua technica admirável, servida por uma valentia e uma resistência extraordinária. ...Jansen, o maior discípulo de Agenor Sampaio, Sinhozinho... O hospitaleiro povo bahiano vae ter occasião de apreciar o espírito combativo,a intelligência, dextreza e sagacidade do jovem sportista brasileiro..." - "André Jansen em Salvador". O Imparcial, Salvador, 25 de outubro. Breve, mais importante registro de uma das passagens de André Jansen por Salvador. Promotores de um grande evento de pugilismo, inspirados em promoções similares realizadas no Rio de Janeiro, convidaram Jansen para inaugurar as apresentações num confronto com Ricardo Nibbon (também do Rio, aluno dos Gracie). Como preliminar, Mestre Bimba fez uma exibição com seus alunos. (Lace Lopes, 2005) 1936 Jornal Gazeta da Bahia, Salvador, 13 de março, publica entrevista com Manoel dos Reis Machado, Mestre Bimba, em que este declara que as exibições de capoeira deveriam ser regulamentadas pela polícia com base na obra de Annibal Burlamaqui, editada em 1928 no Rio de Janeiro. (Lace Lopes, 2005) - AYROSA, Plinio. Capoeira. Revista do Arquivo Municipal de São Paulo, São Paulo, 10/22, 1936, p. 335-347. 1937 atendendo a uma representação de Mestre Bimba, da Bahia, Getúlio Vargas “revogou” a “Lei Sampaio Ferraz”, passando a permitir a Capoeira como manifestação folclórica. - Mestre Bimba consegue licença oficial (Alvará no. 111, da Prefeitura de Salvador) que o autoriza a ensinar a capoeira em seu “Centro de Cultura Física e Capoeira Regional”; recebe, ainda, o título de professor de educação física. A partir daí a capoeira sairia das ruas e passaria ao interior dos “centros de cultura física” ou “academias”, como ficariam conhecidos (Reis, 1997; Vieira, 2005) - Edison Carneiro, Negro Bantus, 1937. Negro Bantus-- notas de etnografia religiosa e de folclore (Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1937), témoigne de la capoeira à Bahia à cette époque, vue par un sympathisant. Son amie américaine Ruth Landes (City of Women, 1947) décrit Edison Carneiro comme un mulâtre baianais "aristocrate" qui


maintient toujours une certaine distance avec les "Nègres". Reconnu ensuite comme une autorité en matière de folklore, Edison Carneiro (1912-1972) a écrit sur la capoeira dans plusieurs ouvrages, notamment A Sabedoria Popular (Rio de Janeiro:Instituto Nacional do Livro, 1957). (disponível em www.capoeira-angola.fr ) - “A luta brasileira”. O Malho, 29 de julho de 1937. 1938 EDMUNDO, Luís. O Rio de Janeiro do meu tempo (1a. edição). Rio de Janeiro: BNH, [s/d, circa 1990]. Edição especial. A primorosa edição produzida pelo extinto Banco Nacional da Habitação inclui caricaturas de J. Carlos, Calixto, Armando Pacheco, Raul Pederneiras e vários outros. Neste livro, o carioca Luis Edmundo (1878/1961) resume a história do lendário capoeirista Manduca da Praia (Capítulo 12 - A Vida de Cortiço, págs. 137/139). Luís Edmundo, boêmio, poeta, escritor e brilhante jornalista, pertenceu à Academia Brasileira de Letras e ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. (Lace Lopes, 2005) - QUIRINO, Manuel. COSTUMES AFRINAOS NO BRASIL. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 1938 - Os desafios que faziam da capoeira um espetáculo continuassem a chamar a atenção do público, ainda que acontecessem de uma forma diversa. É o que se nota em uma notícia do Jornal dos Sports, periódico esportivo de maior sucesso na cidade do Rio de Janeiro neste período: “Miguel Marquez, conhecido como Miguelzinho da lapa, por intermédio do Jornal dos Sports, lança um desafio ao lutador português Manoel Crillo para uma luta de capoeiragem pelo novo regulamento da Federação brasileira de Pugilismo, mas com a condição de valer o “tapa”. As condições da luta ficam ao critério do adversário” “Capoeiragem – Luta brasileira”. Jornal dos Sports, 7 de Julho de 1938. 1939 mestre Bimba começa a ensinar a capoeira no quartel do CPOR de Salvador. Não se pode esquecer que como arte de guerra a capoeira foi utilizada contra a opressão da escravidão nos quilombos e posteriormente nas maltas DÉCADA DE 1940 Decada de 1940 - É recente o estudo sobre a capoeira antiga no Estado de São Paulo, embora haja algumas informações esparsas sobre a sua prática em diversas localidades do solo paulista. Segundo o professor Rubini essa prática ocorria na década de 1940 a 1950, na cidade de Porto Feliz. O professor Olivério Rubini informa, por exemplo, que praticava a pernada a qual "era uma brincadeira que antecedia a chegada de todos, onde algumas crianças procuravam derrubar outras com rasteiras. Talvez a diferença com a capoeira era a espontaneidade e a ausência de regras e acompanhamento musical". A pernada parece, então, ser a capoeira primitiva. O local onde se praticava a pernada portofelicense era um terreno baldio usado como campo de futebol e que hoje é a avenida Capitão Joaquim de Toledo, ao lado da Escola Monsenhor Seckler. (Carlos Carvalho Cavalheiro, in La Insignia, 2007. Carta ao autor datada de 04 maio 2006, disponível em http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm). 1940 Decreto 2848. Institui o novo Código Penal Brasileiro. Neste ato não é citada a Capoeira. A partir desta data o uso da palavra ‘capoeira’ tem transitado sem conotações policiais (Vieira, 2005) - Lorenzo Turner, 1940-41 - Probablement pas les premiers enregistrements sonores de capoeira, mais les premiers que nous connaissons. Mestre Bimba, et son groupe, Mestre Cabecinha et son groupe "Capoeira Angola Esperança", " Luciano, Manoel et Juvenal" sur disque 78 tours, par un linguiste nord-américain. Consulter nos fiches (en anglais et portugais, disponível em www.capoeira-angola.fr ).


1941 Decreto 3.199 que estabeleceu as bases do esporte no Brasil. Com apoio neste ato foi constituída a Confederação Brasileira de Pugilismo –CBP – que já na fundação instituía o Departamento nacional de Luta Brasileira, que foi o embrião da Confederação Brasileira de Capoeira. Este foi o primeiro reconhecimento esportivo oficial da modalidade (Vieira, 2005) - FONSECA, Gondim de. Biografia do jornalismo carioca - 1808/1918. Rio de Janeiro: Quaresma. Contem a relação de todos os jornais e revistas cariocas que surgiram de 1808 a 1908, e um dicionário de caricaturistas. Fonte para pesquisa de fundamental importância para a memória da capoeira: "Muitas coleções de jornais que consultei na Biblioteca Nacional estão quase desfeitas. Se não forem restauradas acabarão em poucos anos, e o leitor do futuro só terá notícias delas através deste cartapácio". (Lace Lopes, 2005) - Renato Almeida, "O Brinquedo da Capoeira" 1941. Renato Almeida (1895-1981), décrit une "capoeira" dans sa ville natale de Santo Antonio de Jesus, Bahia, en 1941, dans "O Brinquedo da Capoeira", Revista do Arquivo Municipal de S. Paulo, vol LXXXIV (1941), pág. 157-162; reédité dans Tablado Folclórico, São Paulo:Record Brasileira, 1961, in-8o p. 125-136. (disponível em www.capoeira-angola.fr ) - "Histórico da Fundação do Centro Esportivo de Capoeira Angola" 1.3.1 - "Em principio do ano de 1941”..."em 23 de fevereiro de 1941. Fui a esse locar como prometera a Aberrêr", e com surpresa o Snr. Armósinho dono da quela capoeira, apertando-me a mão disse-me: Há muito que o esperava para lhe entregar esta capoeira para o senhor : mestrar. Eu ainda tentei me esquivar disculpando, porem, toumando a palavra o Snr. Antonio Maré: Disseme; não há jeito, não Pastinha, é você mesmo quem vai mestrar isto a qui. Como os camaradas dero-me o seu apoio, aceito." (3b,12-23;4a.1). Em 23 de fevereiro de 1941. No Jingibirra fim da Liberdade, la que naceu este Centro; porque? foi Vicente Ferreira Pastinha quem deu o nome de "Centro Esportivo de Capoeira Angola". Fundadores: Amosinho, este era o dono do grupo, os que lhe acompanhavam, Aberrêr, Antonio Maré, Daniel Noronha, Onça Preta, Livino Diogo, Olampio, Zeir, Vitor H.D., Alemão filho de Maré, Domingo de Mlhães, Beraldo Izaque dos Santos; Pinião, José Chibata, Ricardo B. dos Santos." (4a,7-18) 1.3.3 - ..."o falicimento do Snr. Amôsinho"... "Depois, quando ò correu o falicimento do Snr. Amôsinho: Dai em diante ficou o centro sem finalidade, porque foi abandonado por todos os mestres, hoje são disertores."(4b,1-4) No longo trajeto do C. E. de Capoeira Angola encontramos vários períodos de inatividade pelo abandono dos seus participantes, suplantados sucessivamente pelo esforço e persistência do Mestre Pastinha, sempre recomeçando e prosseguindo. Exemplo de perseverança, coragem e firmeza de vontade como ele sempre recomendava aos seus discípulos. (disponível em Mestre Decanio on.line <htpp://paginas.terra.com.br/esporte/capoeiradabahia/ > 1942 AYROSA, Plínio. Capoeira. REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL DE SÃO PAULO, São Paulo, Ano VII (LXXXIV0, JULHO-AGOS. 1942, p. 344-346, in COELHO, 1997) - ALMEIDA, Renato. O brinquedo da capoeira. REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL, São Paulo, ano VII, vol. LXXXIV, julhjo-agosto, 1942 1944 AMADO, Jorge. Bahia de todos os santos (1º Edição). 21a. edição revista e atualizada. São Paulo: Martins, 1971. O livro foi publicado pela primeira vez no ano de 1944. Como todas as obras de Jorge Amado, esta também vem sendo reeditada constantemente e lançada em várias outras línguas pelo mundo afora. A partir da 22º edição, entretanto, um substancial e revelador parágrafo foi suprimido. Justamente o que menciona uma visita de Mestre Bimba ao Rio de Janeiro onde foi surpreendido pela alta eficácia da capoeira carioca. Especialistas em Bimba e em Amado defendem que o trecho foi apenas uma fantasia do grande escritor. (Lace Lopes, 2005) – Inezil Penna Marinho, em trabalho classificado em 1º. lugar em concurso de monografia da Divisão de Educação Física do Ministério da Educação e Cultura, faz nova tentativa de sistematização da capoeira; seus textos têm como principal enfoque a metodologia do


treinamento da capoeiragem, dando enfase nos aspectos ginásticos e uma tentativa de organizar sessões de treinamento de capoeira para fins educacionais (Vieira e Assunção, 1998). 1945 MARINHO, Inezil Penna. Subsídios para o estudo da metodologia do treinamento da capoeiragem. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1945. Melhor livro escrito sobre capoeiragem segundo opiniões correntes de especialistas. Leitura altamente recomendável para qualquer mestre de capoeira ou pesquisador. - "Malandragem nasceu com a própria cidade: do capoeira de ontem ao malandro de hoje". Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 19 janeiro. - OLIVEIRA, Valdemar de. Frevo, capoeira e passo (1a. edição). Recife: Editora de Pernambuco, 1971. Referindo-se ao histórico episódio da prisão do capoeira Juca Reis, na pág. 81 de seu livro, Oliveira comenta: "O exemplo repercutiu no país inteiro. A liquidação foi geral. As polícias estaduais se movimentaram, apoiadas no primeiro código Penal da República". A História da Capoeira e da capoeiragem (luta de verdade), passa por Pernambuco, e esse livro é uma das leituras de fundamental importância para bem entendê-la. A base do livro foi um trabalho produzido pelo autor, em 1945, e publicado, com destaque, no volume VI, do ano VI, do Boletim Latino-Americano de Música. (Lace Lopes, 2005) 1946 MORAIS FILHO, Alexandre José de Mello. Festas e tradições populares do Brasil. Revisão e notas de Câmara Cascudo. 3a. edição. Rio de Janeiro: F. Briguiet, 1946. "Capoeiragem e Capoeiras Célebres - Rio de Janeiro" é, certamente, uma fonte de memória. Dois exemplos: "No Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, há uma subclasse que reclama distintíssimo lugar entre as suas congêneres e que tem todo o direito a uma nesga de tela no quadro da história dos nossos costumes - a dos capoeiras (p. 444)". "Os capoeiras, até quarenta anos passados, prestavam juramento solene, e o lugar escolhido para isso eram as torres das igrejas (p. 446)". (Lace Lopes, 2005) 1947 Ruth Landes City of Women, 1947. - Ethnologue américaine, Ruth Landes a séjouné à Bahia de septembre 1938 à février 1939, elle lia amitié avec Edison Carneiro. Son livre contient une description de capoeira pendant la fête de la Ribeira, et surtout, une étude des relations de genres à Bahia. Des hommes pratiquent la capoeira, remise en cause de l'ordre ici-bas, à l'extérieur et en public; tandis que les femmes dirigent le candomblé dans des cérémonies privées qu'elles réalisent dans des temples fermés, et qui vise à rétablir l'ordre dans l'au-delà. (disponível em www.capoeira-angola.fr ) - Outra informação sobre a capoeira em Porto Feliz é o relato do senhor José Aparecido Ferraz, conhecido por Zequinha Godêncio. Desde o ano de 1946 ele acompanhava as brincadeiras de capoeira. Aos vinte anos, por volta de 1951, começou a participar das brincadeiras e treinar a capoeira. Havia em Porto Feliz um capoeirista conhecido por Toninho Vieira. Vendo esse capoeirista treinar e jogar, Zequinha começou a praticar imitando-o. "O professor foi só mais ver...", afirmou. (Carlos Carvalho Cavalheiro, in La Insignia, 2007. Carta ao autor datada de 04 maio 2006, disponível em http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm). 1948 KANTOR, Manoel. BAHIA. São Paulo: Melhoramentos, 1948 1948-1949 Mestre Bimba veio para São Paulo para apresentar suas habilidades, nas lutas combinadas, para o povo paulistano. Foi a sensação daquele momento, lotando Pacaembus e chamando a atenção de toda a imprensa. Mestre Damião, Perez e Garrido fizeram parte daquela equipe de jovens aventureiros 1949 "Os capoeiristas estão brilhando em São Paulo". A Tarde, Salvador, 25 fevereiro. Embora - agora já sabe - os resultados fossem combinados, mesmo assim houve uma razoável divulgação da capoeira regional baiana no evento foco da notícia.


- "Regressou Mestre Bimba". A Tarde, Salvador, 7 março: não concordando, mas também não proibindo lutas combinadas, Mestre Bimba voltou a Salvador demonstrando satisfação com os resultados alcançados. - "O Sensacional cotejo de Capoeiragem". Jornal dos Sports, 2 de abril: a luta de Luiz Aguiar "Ciranda" (aluno de Sinhozinho, foto) com Jurandir (aluno de Bimba); "Hoje no Estádio Carioca - o capoeira carioca Hermanny (capoeira de Sinhozinho) em confronto como Perez (capoeira de Mestre Bimba)". Globo Esportivo, 7 abril de 1949. (Lace Lopes, 2005) Décadas de 1940-1950 É recente o estudo sobre a capoeira antiga no Estado de São Paulo, embora haja algumas informações esparsas sobre a sua prática em diversas localidades do solo paulista. Segundo o professor Rubini essa prática ocorria na década de 1940 a 1950. O professor Olivério Rubini informa, por exemplo, que praticava a pernada a qual "era uma brincadeira que antecedia a chegada de todos, onde algumas crianças procuravam derrubar outras com rasteiras. Talvez a diferença com a capoeira era a espontaneidade e a ausência de regras e acompanhamento musical". A pernada parece, então, ser a capoeira primitiva. O local onde se praticava a pernada portofelicense era um terreno baldio usado como campo de futebol e que hoje é a avenida Capitão Joaquim de Toledo, ao lado da Escola Monsenhor Seckler. (Carlos Carvalho Cavalheiro, in La Insignia, 2007. Carta ao autor datada de 04 maio 2006, disponível em http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm). 1946 Outra informação sobre a capoeira em Porto Feliz é o relato do senhor José Aparecido Ferraz, conhecido por Zequinha Godêncio. Desde o ano de 1946 ele acompanhava as brincadeiras de capoeira. Aos vinte anos, por volta de 1951, começou a participar das brincadeiras e treinar a capoeira. Havia em Porto Feliz um capoeirista conhecido por Toninho Vieira. Vendo esse capoeirista treinar e jogar, Zequinha começou a praticar imitando-o. "O professor foi só mais ver...", afirmou. Outra informação interessante de Zequinha Godêncio diz respeito a perseguição policial à prática da capoeira, embora nessa época já não constasse mais no Código Penal. A mesma reclamação fez um capoeirista de Sorocaba, conhecido por Chiu, que disse que por volta da década de 1950 a polícia ainda perseguia quem praticasse a capoeira. Zequinha informou que havia um bar de um "turco" onde se reuniam os capoeiristas e ficavam jogando. O delegado, Barreto, prendia os capoeirista. "No outro dia cedo ele soltava e elevava ao Porto do Martelo. Chegava lá tinha que lutar com ele. Se a gente jogava ele dentro d'água, saía. Não voltava pra cadeia" (5). O delegado, segundo Zequinha, gostava de desafiar os capoeiristas para uma luta. Aqueles que levassem a melhor poderiam ir. Caso contrário, ficariam mais alguns dias na cadeia. Zequinha lembra alguns nomes de capoeiristas de Porto Feliz: Orides, Pedro (sobrinho de João Xará), Faísca. Também informou que a capoeira era brincada sem acompanhamento musical. "A gente só ia gritando: Aeh!, olha lá, Ah!, Opa! Ia gritando e dando giro". O pessoal de Porto Feliz, na década de 1950, costumava vir a Sorocaba onde no bairro da Árvore Grande brincavam a capoeira com os sorocabanos. "Era lá na Árvore Grande. De lá tinha um chamado Aparecidinho. Tinha Aparecido, um chamado Paulinho. Era os mais chegados". (Carlos Carvalho Cavalheiro, in La Insignia, 2007. Entrevista concedida em 02 nov 2006, disponível em http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm). - Ainda sobre a capoeira antiga de Porto Feliz, o colecionador Rubens Castelucci informa que havia um pessoal que brincava no largo da Laje, antiga rua da Laje. Segundo Rubens, o prefeito Lauro Maurino promovia muitas apresentações de capoeira e congada em comícios políticos e em festas. Vinham pessoas de Capivari para auxiliar o grupo de Porto Feliz nas apresentações. (Cavalheiro, 2007, http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm) 1948/49 com relação à capoeira regional baiana, a documentação até agora angariada nos dá conta de ter chegado a São Paulo por volta de 1948/49 e ter seu ensino formalizado em academia a partir de 1950


DATA - livro de João Amoroso Neto sobre o bandido Dioguinho da luta deste com um negro capoeira da região de Ribeirão Preto. (Cavalheiro, 2007, http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm) data - O folclorista Alceu Maynard Araújo informou que a capoeira era ensinada em Botucatu por um carioca chamado Menê (DATA) (Cavalheiro, 2007, http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm) DATA - O historiador João Campos Vieira, natural de Tatuí, mas radicado em Porto Feliz, afirma que a tradição popular dizia que (data)"Dioguinho usava navalha no pé e dava rabo de arraia. Era uma capoeira defensiva" (Cavalheiro, 2007, http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm) DATA - No programa Terra Paulista, foi citado que na cidade de Bananal, Vale do Paríba, ainda se praticava uma "capoeira diferente". (Cavalheiro, 2007, http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm) 1947 CARNEIRO, Edison. O QUILOMBO DE PALMARES 1630-1695. São Paulo : Brasiliense, 1947 DÉCADA DE 1950 Ao longo desta década notabilizou-se Sinhozinho, na área mais influente do Rio de Janeiro, adotando uma Capoeira eclética e utilitária (Vieira, 2005) - Em Sorocaba, o pessoal da pernada também acompanhava os cordões. José de Campos Lima lembra do famoso Zé Jaú, negro esguio, alto (cerca de 1,90 metro de altura), magro, e muito bom de pernada. Era ágil e ninguém podia com ele. Foi o mais famoso e valente negro da pernada sorocabana. Isso lá pelos idos de 1950. Seu nome completo era José de Barros Prado e nasceu em Tietê por volta de 1927. Segundo o cururueiro Daniel Araújo, que trabalhou com Zé Jaú nas Indústrias Barbéro, a partir do ano de 1955, a pernada era um “tipo de capoeira, com bastante agilidade”. Quem praticava a pernada conseguia lutar com relativa facilidade com três ou quatro oponentes. Apesar de não ser praticante da pernada, Daniel Araújo foi muito amigo de Zé Jaú, antes mesmo de trabalharem juntos, e presenciou várias brigas em salões de baile envolvendo o pessoal da pernada. Era chute, cabeçada, rasteira... (Fonte: Cavalheiro, Entrevista cedida por telefone dia 14.12.2003, às 21 horas.) - Em Sorocaba ou nas cidades da região em que houvesse baile, lá estava o pessoal da pernada. Também nos blocos carnavalescos como no Cordão dos Farrapados, nas escolas de samba 28 de Setembro, Terceiro Centenário, Estrela da Vila. Era o carnaval sorocabano da década de 1950, quando quem não possuía dinheiro para comprar lança perfume (permitido na época) jogava água com pó de café num eufemismo de entrudo. Zé Jaú morou no bairro do Vergueiro e era filho de Chico Gato. Casou-se com Luzia Arruda e foi morar na Rua Santa Rosália. Faleceu em 1964. Ainda pequeno veio para Sorocaba. Fazia parte do pessoal da pernada em Sorocaba ainda o Mula, o Vadeco, o Luizão entre outros. (Fontes: Entrevista feita por Carlos Carvalho Cavalheiro com Daniel Araújo e sua esposa Inês, realizada no dia 21.02.2004; Sobre o Zé Jaú: entrevista com Luzia Arruda no dia 20.02.2004 feita por Adilene Ferreira Carvalho Cavalheiro e entrevista com Daniel Araújo e sua esposa Inês, realizada no dia 21.02.2004 por Carlos Carvalho Cavalheiro e Adilene Ferreira Carvalho Cavalheiro. Ainda, entrevista por telefone com Maria José Lima no dia 20.02.2004 feita por Carlos Carvalho Cavalheiro.) 1950 Luis R. de Almeida, "Capoeira e capoeiragem" Rapport pour la Commission de Folklore de Bahia, (sans date, vers 1950). Cité à partir de la deuxième éditions de Sobrados e Mocambos, de Gilberto Freyre, 1950. Réédité, traduit et disponible. (in www.capoeiraangola.fr )


- No ano de 50 e 51, Mestre Damião ministrou primeiro curso oficial de Capoeira que em São Paulo se registrou, na academia de Kid Jofre; Waldemar Zumbano da CBP atestou. (ASTRONAUTA, 2004). 1950/51 de setembro de 1950 a maio de 1951 funcionou em São Paulo a primeira Academia de Capoeira (Luta Regional Baiana)..." (SANTOS, 1996). Para Cavalheiro, a despeito de, no futuro, surgir qualquer outra informação diferente desta, o que se deve considerar é que o fato de Mestre Damião ter ensinado capoeira regional baiana em São Paulo, em academia - portanto, de maneira formal - está amplamente documentado. Entretanto, isso não exclui a existência da prática da capoeira (em suas formas e vertentes) em solo paulista antes do final da década de 1940 ou início de 1950 1951 "O Destino da Capoeira". Globo Esportivo, 7 de julho de 1951. Longa e substancial entrevista com Sinhozinho e Rudolf Hermanny, Rio de Janeiro. "Trabalha-se no Brasil pela Sobrevivência da Capoeira". Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 23 de setembro de 1951. Outra longa e reveladora entrevista com Sinhozinho. (Lace Lopes, 2005) 1952 criou-se a Fundação do Centro Esportivo Capoeira Angola, em Salvador, tendo a frente o Mestre Vicente Ferreira Pastinha. Seu enfoque é eminentemente esportivo e cultural da Capoeira. (Vieira, 2005) - CATUNDA, Eunice, Capoeira no Terreiro de Mestre Waldemar, Fundamentos—Revista de Cultura Moderna, nº30, São Paulo, 1952 (Eunice Catunda (ou Katunda), musicienne brésilienne (1915--1956) rend visite au terrain de Maître Waldemar da Paixão et décrit sa capoeira et sa musique. Trad. fr. "La capoeira au terrain de Waldemar" et notes par P. Briand, disponível em www.capoeira-angola.fr ) 1953 O Conselho Nacional de Desporto – CND - expede a Resolução 071, estabelecendo critérios para a prática desportiva da Capoeira, sendo este o segundo reconhecimento oficial. (Vieira, 2005) - em julho, Bimba vai ao Rio de janeiro, sendo recebido pelo então Presidente Getulio Vargas no Palácio do Catete, onde realiza demonstrações. Nessa ocasião, Vargas exaltaria a capopeira, como “nossa luta nacional”. (Reis, 1997, p. 135) - ANTÔNIO, Carlos. A Arte dos moleque de Sinhá - Camarada bota sentido! Capoeira vai te Batê.... Flan, Rio de Janeiro, 31 maio, 1. cad.:9; Última Hora, São Paulo, 25 abril de 1956: "Neste mundo cada vez mais dependente do marketing, parece que só existiu e que só existe quem está todos dias na mídia. Mídia paga ou não. Daí a ignorância sobre a extraordinária Capoeira de Sinhozinho de Ipanema. Outro bom exemplo, ou melhor, outra boa injustiça pode ser registrada em relação ao Sr. Antenor dos Santos, mineiro, vicepresidente da Portela e um 'animador da capoeira' ". Nas décadas de 1940/1950 o Senhor Santos coordenava um grupo de bons angoleiros, na prática, comandados por Joel Lourenço do Espírito Santo. - "Rudolf Hermanny e Carlson Gracie, impressionantes". O Jornal, 18 março. Confronto de Rudolf Hermanny (Sinhozinho) com Guanair Vial (Gracie). "O sangue dos valentes ensopou a quadra de cimento do Estádio do Vasco". Revista O Cruzeiro, 4 de abril. Outra manchete do confronto de Rudolf Hermanny com Vial. "Vitória Espetacular de Hermanny". O Popular, 30 de junho. Confronto entre Rudolf Hermanny e Artur Emídio de Oliveira (Itabuna). Artur Emídio aprendeu capoeira com Mestre Paisinho, em Itabuna, Bahia. (Lace Lopes, 2005) 1953 Luizão (Luiz Gonzaga Rodrigues), nascido em Cesário Lange, em 1938, chegou a Sorocaba em 1953, tendo contato com o samba e a pernada com o pessoal da Escola de Samba Guarani, por volta de 1965. Era passista, ou seja, pertencia a ala do pessoal da pernada. Para ele a pernada “...é o tipo de movimento de quem pudesse mais chorava menos. Então era, propriamente para mim, uma capoeira que a gente fazia com um tipo mais simples, não tinha assim um preparo mesmo para dizer: “− Você dá assim e eu saio...”, tipo combinado, não. Se errasse, caia mesmo. Era pernada, tinha rabo de raia,


tinha um chute de pé, chute de lado, valia cotovelada, cabeçada, não interessa... E o sujeito tinha que bancar bem a rasteira, né”. Luiz Gonzaga Rodrigues lembra de mais alguns nomes do pessoal da pernada: Lamparina, Ardano, Pedro Fuminho, Tavinho, Tião Preto, Lazinho, Nardo, Dito Vassoura, Darci Branco, Maurinho Meia Lua, Vartinho, Sapatão... (Fonte: [33] Entrevista realizada em 03.03.2004 com Luiz Gonzaga Rodrigues por Carlos Carvalho Cavalheiro.) 1954 Alexandre Robatto Filho Vadiação, 1954 - Le film dirigé par le bahianais Robatto Filho présente entre autres les maîtres Bimba (regional) et Traíra (capoeira traditionnelle). (disponível em www.capoeira-angola.fr ) - CAMARA CASCUDO, Luis da. DICIONÁRIO DO FOLCLOORE BRASILEIRO. Rio de Janeiro, 1953 1956 OLIVEIRA, Albano Marinho de. BRIMBAU O ARCO MUSICAL DA CAPOEIRA. In REVISTA DO IHGB, salvador, no. 8, 1956, p. 229-251 1958 Josias Alves, conhecido por Chiu, foi outro capoeirista que, nascido na Fazenda Lulia em Maristela, passou a residir em Sorocaba a partir de 1958. Alega que brincava capoeira na fazenda e em Sorocaba, juntamente com um grupo de negros capoeiras, no clube 28 de setembro, entre os anos de 1958 a meados de 1960. As brincadeiras eram acompanhadas por um berimbau e um pandeiro. Chiu informou que a capoeira era reprimida pela polícia, mesmo em 1958 (anos depois de ser tirada do Código Penal). Não era perseguição a capoeira em si, mas a qualquer reunião festiva de negros, segundo sua concepção. Aliás, os rituais afro-brasileiros também eram vistos com muitas reservas, conforme seu depoimento. Depoimentos similares apontam para a perseguição policial aos sambistas e jogadores da tiririca em São Paulo. Geraldo Filme chegou a afirmar: “A tiririca é o jogo da pernada. Naquela brincadeira, na época, não podia fazer samba na rua em São Paulo. Quem fazia samba ia em cana”. (Fonte: Cavalheiro, Carlos Carvalho. – Folclore em Sorocaba – Prefeitura Municipal de Sorocaba – 1999.) DÉCADA DE 1960 migram para São Paulo, no decorrer da década, vários mestres de capoeira baianos em buisca de melhores condições de vida (Reis, 1997) 196(?) NEVES E SOUSA, Albano. Da minha África e do Brasil que eu vi, Angola, (s.d.) (196?) 1961 DA COSTA, Lamartine Pereira. Capoeiragem: a arte da defesa pessoal brasileira. Rio de Janeiro: [s.n.], 1961; Capoeira sem mestre. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1962. Lamartine Pereira Da Costa praticou capoeira, introduziu oficialmente a capoeiragem na Marinha, escreveu vários artigos e um livro específico sobre o assunto. Como professor de Educação Física escreveu dezenas de artigos, coordenou dezenas de projetos a nível nacional e internacional. Com doutorado em Filosofia, além de professor universitário, tornou-se um consultor internacional em sua área profissional - LYRA FILHO, João. Sinais de sociologia dos desportos. [S.l.]: Confederação Brasileira de Desportos (Gestão João Havelange), 196l. Cap. 3: Miscigenação e capoeiragem: pequeno libreto contendo a palestra de João Lyra Filho, realizada no dia 25 de agosto de 1960, relacionando a capoeiragem com a Sociologia dos Esportes. (Lace Lopes, 2005) 1962 é publicado o livro “Capoeira sem Mestre”, de autoria de Lamartine Pereira da Costa; propunha uma espécie de ensino de capoeira por correspondência, pois a luta poderia ser a sós, como no box, dispensando a figura do mestre (Reis, 1997, p. 156); COSTA, Lamartine Pereira da. Capoeira sem mestre. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1962. - Morre Sinhozinho


1963 "Batismo de capoeira em Copacabana". Jornal A Noite, 23 junho. Mestre Caboclo forma mais uma turma da capoeira: Turma Artur Emídio. - "Capoeira renasce no Rio com suas velhas tradições". Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 22 de dezembro. Reportagem de página inteira, com duas ilustrações (uma delas inspirou a capa do livro "A Volta do Mundo da Capoeira"). Gira em torno de uma "Operação Capoeira" deflagrada no Rio de Janeiro; registra a importância de Sinhozinho, Artur Emídio e outros. - BIMBA, Mestre. Curso de capoeira regional - em CD ROM. Salvador: [s.n.]. Tanto o disco inicial (1963) como o CD que saiu anos depois faziam-se acompanhar por um libreto, espécie de manual. Ambos quase totalmente iguais, exceto por uma única linha que foi suprimida na segunda edição. Justamente a linha que definia a criação da Capoeira Regional Baiana: "Seu espírito criador (de Bimba) fez um aproveitamento da savata, jiujitsu, greco-romana e do judô, compondo um método próprio...". A segunda edição reduziu a frase: "Seu espírito criador compôs método próprio, hoje conhecido como a Regional da Bahia...". A primeira versão apresenta, claramente, a capoeira regional como uma capoeira estilizada reforçada com movimentos e golpes de várias lutas estrangeiras. (Lace Lopes, 2005) 1963 Coulisses de l'Exploit, 1963, "Capoera" - Reportage de 5mn 10s dont 3mn 25s de présentation de capoeira par le groupe de Mestre Pastinha. De la capoeira à la télévision française en 1963 - En 1963, la télévision française diffuse un reportage qui montre une présentation du groupe de capoeira de mestre Pastinha sur la plage déserte près du phare d'Itapoan, près de Salvador, Bahia. Vous pouvez télécharger la vidéo de 5 mn La Capoera sur le site de l'Institut National de l'Audiovisuel (www.ina.fr). (disponível em www.capoeira-angola.fr ) 1964 Pastinha publica seu livro “Capoeira Angola”. - CARNEIRO, Edison. LADINOS E CRIOULOS; ESTUDOS SOBRE O NEGRO NO BRASIL. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 1964 1965 CARNEIRO, Edison.Dinâmica do folclore. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965. Na década de 1970, no programa radiofônico "Rinha de Capoeira" (Radio Roquete PintoRJ, produção de André Lacé), o saudoso Professor Edson Carneiro discutiu um tema que dá significado à sua contribuição ao estudo da capoeiragem: "como diferenciar a dinâmica do folclore da estilização folclórica da capoeira contemporânea?" - LEMOINE, Carmem Nícias de. Jogo de capoeira. Tradições da Cidade do Rio de Janeiro do século 16 ao 19. Rio de Janeiro: Pongetti, 1965. p. 226-233. Lemoine cita Mestres Leopoldina, Bimba e outros. (Lace Lopes, 2005) - MARINHO, Inezil Penna. SUBSÍDIOS PATRA A HISTÓRIA DA CAPOEIRAGEM NO BRASIL. Rio de Janeiro: Tupy, 1965 1966 Participação dos representantes da chamada Capoeira Angola, sob a liderança de Mestre Pastinha, no Primeiro Festival de Artes Negras de Dakar. A delegação brasileira volta do Senegal afirmando que não existia Capoeira na África. Passam então a reivindicar uma posição nacional, afirmando que a “Capoeira Angola” é a verdadeira “Luta Brasileira”, uma vez que Mestre Bimba havia registrado com o nome “Luta Regional”. - "Dança de negros e arma de malandros: capoeira oficializada na Marinha". Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 30 março, tablóide: Lamartine Pereira da Costa, com a cooperação dos Mestres Artur Emídio e Djalma Bandeira promove um curso de capoeira especialmente para oficiais e praças da Marinha. Aliás, um grande mote, ainda virgem, é o papel das marinhas - de guerra e mercante - na propagação e no intercâmbio capoeirístico nos portos brasileiros e do mundo. (Lace Lopes, 2005) - Pierre Kast: Carnets Brésiliens n. 3, 1966. Documentaire de 58mn comportant une séquence de 6mn présentant l'académie de mestre Bimba. Lire notre description de la capoeira dans


les Carnets Brésiliens, premier film en couleur et avec son synchrone que nous connaissions. (in www.capoeira-angola.fr) 1967

é fundado o Grupo Cordão de Ouro por Mestre Suassuna, em São Paulo. É um dos grupos de capoeira mais antigos do mundo. Tem núcleos em vários países do mundo e em Florianópolis é coordenado pelo Contramestre Habibis.

1967 A Força Aérea Brasileira organizou o Primeiro Congresso Nacional de Capoeira. - CAMARA CASCUDO, Luis da. FOLCLORE DO BRASIL. PESQUISAS E NOTAS. Portugal: Fundo de Cultura, 1967, cap. 7 – Capoeira, p. 179-189. 1968 "Simpósio quer mudar capoeira". Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, 28 agosto: "Simpósio chegou ao final sem decidir se capoeira é luta ou apenas folclore". Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 28 agosto. O evento, presidido pelo Professor Alberto Latorre Faria, reuniu altas autoridades do governo, do esporte e da capoeira: Ministro Lyra Filho, os Doutores Waldemar Areno e Ângelo Decânio, e os Professores Edison Carneiro, Maria Lenk, Lamartine Pereira da Costa, Rudolf Hermanny, Luis Peixoto e André Luiz Lacé Lopes. Trata-se possivelmente do primeiro debate sobre a capoeiragem em evento universitário. (Lace Lopes, 2005). Primeiro evento acadêmico sobre Capoeira em universidade brasileira (Vieira, 2005) - PASTINHA, Vicente Ferreira. CAPOEIRA DE ANGOLA. 2 ed. Salvador: Academia de Capoeira aAngola, 1968 - Waldeloir Rego, Capoeira Angola - ensaio sócio-etnográfico – 1968. Waldeloir Rego, reconhecido estudioso da cultura afro-baiana, nasceu no dia 25 de agosto de 1930, na cidade de Salvador, e faleceu na mesma cidade no dia 21 de novembro de 2001. O seu Capoeira Angola, de 1968, é geralmente reconhecido como um livro fundamental para o estudo da capoeira. Infelizmente, não é fácil encontra-lo. Esgotada a esperança de ver Capoeira Angola -- ensaio sócio-etnográfico reeditado pelo autor ou mesmo reimpresso, não podendo entregar cópia digital à comunidade devido à continuação dos direitos autorais, só podemos incentivar a procura em bibliotecas públicas colocando aqui um índice detalhado do livro e a conclusão (capítulo XVII. Mudanças Sócio-Etnográficas na Capoeira), esta na sua integra. (disponível em www.capoeira-angola.fr ) - Jair Moura, Dança de Guerra, 1968 - Le documentaire de Jair Moura enregistre un peu de la capoeira de la vieille génération, Tiburcinho, Totonho, Noronha, déja âgée à l'époque de plus de soixante ans. Jeu de capoeira de João Grande et João Pequeno sur les quais, avec couteau. Présence de mestre Bimba (in www.capeoria-angola.fr) 1969 A Força Aérea Brasileira organizou o Segundo Congresso Nacional de Capoeira. Nestes dois eventos, aviões da FAB trouxeram mestres de todo o Brasil com o objetivo de dar uma organização nacional efetiva à prática da luta (Vieira, 2005) 1969 SALLES, Vicente. Bibliografia crítica do folclore brasileiro: capoeira. Revista Brasileira de Folclore. Rio de Janeiro: Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, v. 8, n. 23, p. 79103, jan./abr. Pesquisa pioneira. Vicente Salles, além de redator chefe da Revista era um dos principais pesquisadores da Campanha citada.Vicente Salles já publicou vários trabalhos sobre a Capoeiragem e trabalha, atualmente, na Universidade Federal do Pará. (Lace Lopes, 2005) DÉCADA DE 1970 iniciou-se a fundação das federações Estaduais de Capoeira, sob a jurisdição da CBP. E nesta mesma década começa a expansão da Capoeira por todo o país, a qual antes estava limitada a poucas iniciativas e localizações. Neste estágio, passam a convergir e se consolidar vários suportes para o desenvolvimento da Capoeira tais como a institucionalização da luta (livros e publicações, gestão por federações, etc.); multiplicação de mestres (imigração entre regiões do Brasil e para o exterior, festivais de


grupos renomados, etc.); melhoria do conhecimento (pesquisa,, ensino em universidades, etc.); e reconhecimento público do seu valor cultural e esportivo (Vieira, 2005) - em Blumenau, a capoeira como outras manifestações Afros, começam a aparecer no cenário do Vale; e daí em diante ganham grande ênfase na região; as aulas sistematizadas começam a partir da década de 80; mas por enquanto, as confirmações são de que as aulas sistematizadas em grupos, nas academias, projetos sociais, surgiram a partir da década de 90. - CAMARA CASCUDO, Luis da. VISÃO DO FOLCORE NORDESTINJO. In Revista de Etnografia, Museu de Etnografia e História, Porto, v. 15, n. 29, out. 1970, p. 69-75 1971 o prédio 19, do Largo do Pelourinho, onde funcionava o “Centro Esportivo de Capoeira Angola” (hoje, abriga o restaurante do SENAC) foi fechado para reforma e Pastinha, já cego e quase paralítico, acabou sendo despejado sem receber qualquer indenização; do material de que dispunha, nada foi devolvido. (Reis, 1997, p. 146-147) - inaugurada a primeira sede da Academia e |Grupo de Capoeira Capitães d´Areia, situado no bairro da Barra Funda; em seguida, o grupo mudou-se para o Bom Retiro e depois para o Brás; abriu-se uma filial nos Campos Elíseos - OLIVEIRA, Valdemar de. Frevo, Capoeira e passo. Pernambuco, 1971 - ESCARIZ, Fernando. Squindin-din. É a capoeira. Salvador. In TRIBUNA DA BAHIA, 1 de Nov. 1971, p. 5 - SALLES, Vicente. O NEGRO NO PARÁ SOB O REGIME DA ESCRAVIDÃO. Rio de janeiro: FGV/UFPA, 1971 1972 a capoeira é reconhecida como esporte através de portaria do então Ministério da Educação e Cultura, iniciando-se um processo de institucionalização e burocratização (Reis, 1977, p. 155). Terceiro reconhecimento oficial da Capoeira como uma modalidade desportiva, por ato do Conselho Nacional de Desportos. Inicia-se a fundação das Federações Estaduais de Capoeira, sob a jurisdição do Departamento Nacional de Capoeira da Confederação Brasileira de Pugilismo. - SANTOS, José Francisco dos. Memórias de Madame Satã: (conforme narração a Sylvan Paozzo).: Lidador, 1972. "Minha pessoa estava muito feliz naquela noite" - assim começa o livro de Satã. Obra que deve ser lida, também, como importante registro social e sociológico do Rio de Janeiro Antigo. Merece especial registro a maneira como o jornalista Sylvan Paezzo desempenhou o seu papel. SATÃ foi um verdadeiro capoeira street fighter lutador de rua). (Lace Lopes, 2005) - em 11 de agosto, é fundado o Grupo de Capoeira Beribazu, no Distrito Federal pelo Mestre Zulu. Atualmente possui núcleos espalhados pelo país e em diversas regiões do mundo. A estimativa é de que o Grupo Beribazu tenha hoje cerca de 2.000 integrantes. Em Florianópolis, o mestre do grupo é o professor Dr. Luiz Falcão, do Centro de Desportos da UFSC. O Grupo Beribazu tem como lema o binômio "Arte-Luta" e procura elaborar uma síntese que busca a superação da divisão: Capoeira Angola e a Capoeira Regional, procurando difundir a capoeira da forma mais abrangente possível, através da análise crítica dos seus valores históricoculturais. 1972 acredita-se que Blumenau conhece a capoeira e suas vertentes pela primeira vez, com a apresentação do grupo Oludamaré no teatro Carlos Gomes. - REVISTA O CRUZEIRO. Capoeira. Malicia, mandinga, malemolência, 28 de junho, 1972 1973 – João Lyra Filho, Elementos de uma Sociologia dos Desportos, 1973 - L'auteur, qui a occupé des fonction officielles à Rio de Janeiro, présente dans un même ouvrage le football et la capoeira, avec quelques détails sur les modes de pratique et les croyances des pratiquants. (disponível em www.capoeira-angola.fr )


1974 Fundação da Federação Paulista de Capoeira, precursora no País (Reis, 1997) - por essa época, surge o Grupo de Capoeira Capitães d´Areia, em São Paulo (Reis, 1997) - LYRA FILHO, João. Introdução à sociologia dos desportos. 3a. edição. Rio de Janeiro: Bloch, [19-]. Leitura recomendada - não sendo possível ler o livro todo -, pelo menos, do capítulo dedicado à capoeira. Trata-se de um texto que necessita de revisão atualizada por especialistas. (Lace Lopes, 2005) - Curso PM. DN, Salvador, 2 agosto: "A Polícia Militar da Bahia realizou ontem a Aula Inaugural do Curso de Instrutores e Monitores da Capoeira, que foi ministrado pelo professor André Lacé Lopes, Diretor do Departamento Especial de Capoeira da Confederação Brasileira de Pugilismo". Curso e palestra foram noticiados, também, em jornais do RJ, alguns de circulação nacional: "Carioca é quem abre curso de capoeira na Bahia". Última Hora, Rio de Janeiro, 30 julho 1974; "Capoeira, Professor Lacé ministra aula em Salvador". A Notícia, 30 julho 1974; "Começou Curso de Capoeira" - Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 3 agosto 1974; "Institucionalização da Capoeira será debatida em seminário nacional".Diário de Notícias, Salvador, 15/16 novembro 1974. Divulgação, na Bahia, do seminário realizado no Instituto Brasileiro de Administração Municipal, de nos dias 7 e 8 de dezembro, sob a coordenação de André Luiz Lacé Lopes, então, Diretor de Capoeira, da Confederação Brasileira de Pugilismo. (Lace Lopes, 2005) 1975 BRASIL - Histórias, costumes e lendas. São Paulo: Ed. Três. Levantamento sobre cultura popular brasileira, com destaque para danças e jogo, e com menção da capoeiragem, permite perceber a existência de íntimo parentesco do batuque, com o bambelô (Rio Grande do Norte), o caxambú (Minas Gerais),o bate-coxa (Alagoas), o jongo, o côco ou zambê, a chula e a pernada carioca. (Lace Lopes, 2005) 1977 CURVELO, Ivan. Capoeira: a falta de rumos é processo de embranquecimento. Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, 24 abr. 1977.(4)f . Entrevista com André Luiz Lacé, então Superintendente Administrativo do Clube de Regatas do Flamengo, sobre o processo de institucionalização da Arte Afro-Brasileira da Capoeiragem. (Lace Lopes, 2005) - CARNEIRO, Edison. CAPOEIRA. CADERNOS DE FOLCLORE, n. 1, 2ª., Brasília, MEC/DAC/FUNARTE, 1977 - SHAFFER, Kay. O BERIMBAU DE BARRIGA E SEUS TOQUES. Brasília: MEC, 1977. Monografias Folclóricas, 2. 1979 apresentação de um projeto de lei, encaminhado à Câmara Federal, por um mestre de São Paulo, propondo a mudança de “capoeira” para “luta nacional” (Projeto-lei 2.249-A, folheto da Associação de Capoeira Iuna) (Reis, 1997) - em março, Pastinha reabriria sua academia numa sala de um casarão da rua Gregório de Matos, auxiliado por seus discípulos João Pequeno, João Grande e Ângelo - em fins desse ano, Pastinha sofre um derrame cerebral e, após um ano de internação num hospital público, é recolhido ao Abrigo D. Pedro II, onde viria a falecer aos 92 anos, a 14 de outubro de 1981. -MOURA, Jair. Capoeira, a luta regional baiana. CADERNOS DE CULTURA, Salvador, n. 10, 1979, p. 9-39 - ZUMBI BAHIA e VESTRUZ. História da Capoeira no Recife. Recife, 1979 DÉCADA DE 1980 em princípio da década, surge o Grupo de Capoeira Cativos, em São Paulo (Reis, 1997) 1980 PEIXOTO, Mário. Ipanema de A a Z: dicionário da vida ipanemense. [S.l.]. Rio de Janeiro: A.A. Cohen. Fonte de informações básicas para os estudiosos da capoeiragem no Rio de Janeiro. (Lace Lopes, 2005)


- BADARÓ, Ramagem. Os negros lutam suas lutas misteriosas: Bimba é o grande rei negro do misterioso rito-africano. In Cadernos de Cultura, no. 2, PM de Salvador, SEDUC, DAC, Divisão de Folclore, Salvador, 1980, p. 45-51 - MUNIZ, João. De Wildeberger a “besouro”, CADSERNOS DE CULTURA, n. 2. PM Salvador/ SEC/DAC/Divisão de Folcloore. Salvador, 1980, p. 59-61 1981 a 14 de outubro, morre aos 92 anos, Mestre Pastinha. - SENA, carlos. Capoeira: arte marcial brasileira. Anteprojeto de Regulamentação. CADERNOS DE CULTURA, n. 3, Prefeitura Municipal de Salvador, 1980 - MOURA, Jair. Capoeiragem – arte e malandrage. CADERNOS DE CULTURA, salvador, n. 2, 1980 - Inezil Penna Marinho apresenta o Projeto Técnico-Científico da Ginástica Brasileira, inspirada na Capoeira, ao Congresso Mundial da Associação Internacional de Escolas Superiores de Educação Física, realizada no Rio de Janeiro (Universidade Gama Filho). (Vieira, 2005) - GOMES, Paulo, Mestre. Capoeira: a arte brasileira. [S.l.]. Rio de Janeiro: Centro de Capoeira Ilha da Maré. O baiano Paulo Gomes fez-se mestre no Rio de Janeiro e teve seu melhor momento em São Paulo onde, infelizmente, foi covardemente assassinado. O livro é o escritor falando, simple, sicero e direto. Respeitado e admirado. Valente e destemido, assim como Plácido d`Abreu, morreu lutando bravamente. (Lace Lopes, 2005) - Nestor Capoeira, Pequeno Manual do Jogador de Capoeira, 1981 - Ouvrage destiné à l'origine aux élèves rencontrés dans des stages, et laissé ensuite seuls. Souvent, les livres sur la capoeira sont écrits par des jeunes, tandis que les anciens préfèrent garder le silence. Nestor Capoeira (1946--) tente de faire partager la sagesse qu'il a acquise dans une vie dédiée à la capoeira, avec la familiarité avec l'écriture que lui ont donné ses études supérieures; au fil des années et des éditions, il a enrichi et amélioré son ouvrage et l'a poursuivi par plusieurs autres, notamment Capoeira, os Fundamentos da Malícia (1992), approfondissant sa réflexion culturelle. Disponible et traduit en français. (in www.capoeira-angola.fr ) - a 14 de outubro, morre aos 92 anos, Mestre Pastinha. 1982 CARNEIRO, Edison. FOLGUEDOS TRADICIONAIS. Rio de Janeiro: FUNARTE/INF, 1982 - MARINHO, Inezil Penna. A ginástica brasileira (Resumo do projeto geral), Brasília, 1982. - ALMEIDA, Raimundo Cesar Alves de (mestre Itapoan). Bimba, o perfil do Mestre. Salvador: Centro Editorial e Didático da UFBA, 1982. 1983 AREIAS, Almir de. O QUE É CAPOEIRA. São Paulo: Brasiliense, 1983 1984 PINATTI, Djamir; e SILVA, Gladson Oliveira de. Capoeira – a arte marcial do Brasil. Revista CAPOEIRA, Sãon Paulo, 2 vols. Ed,. Três, 1984 1985 NESTOR CAPOEIRA. GALO JÁ CANTOU. CAPOEIRA PARA INICADOS. Rio de Janeiro: Calicieri, 1985 - DIAS, Luiz Sérgio. Capoeira, nmorte e vida no Rio de Janeiro. REVISTA DO BRASIL, Rio de janeiro, 2 (4), 1985, p. 106/115 - SANTANA, Mestre. IINICIAÇÃO Á CAPOEIRA. 2 ed. São Paulo: Ground, 1985 1985-1989 - inclusão da Capoeira no currículo dos graduandos em Educação Física na Faculdade de Educação Física – FEF - da Unicamp, segundo a Profª Eliana Ayoub; responsável pelas aulas, o Profº Adilson do Nascimento, fazia questão de enfatizar o lado lúdico e criativo do jogo da Capoeira, sem negar sua origem escrava e suas possibilidades de recriação.já para Profº Dr. José Júlio Gavião de Almeida, a inclusão da Capoeira no currículo dos graduandos em Educação Física na Faculdade de Educação Física – FEF -


da Unicamp ocorreu na primeira metade da década de 90, como um dos conteúdos abordados na disciplina Artes Marciais, para o cumprimento do curso dos alunos interessados em se especializar em lutas no programa de bacharelado em treinamento esportivo 1986 MACARTY, José.Quand la Capoeira rencontre lê Moringue. Jornal Témoinages Quotidien du parti communiste reunionnais. Ilha de Reunião, 8 outubro. Da mesma fonte, datado de 9/10/1986: L`histoire de la capoeira au Brésil. Entrevista com André Luiz Lacé Lopes (Ilha da Reunião, Oceano Índico - 1986). Idem, datado de 11/12 outubro mesmo ano LE MORINGUE (CAPOEIRA!) à la Reúnion - sortir du fénoir une pratique culturel le authentiquement réunionnaise. Jornal Témoignages. (Lace Lopes, 2005) - Mestre Acordeon Capoeira, a Brazilian Art Form -- , 1986 - Ouvrage destiné à ses élèves américains, auquels il enseigne depuis 1978. Bira Almeida, mestre Acordeon (1942--) insiste sur ce que les Brésiliens savent et que les étrangers ne savent pas en général. Disponible et traduit en français. In www.capoeira-angola.fr - SOUZA, Walce (mestre Deputado). Capoeira, arte, folclore. [Goiânia: s.n.], [1986?]. 1987 CHIAVENATTO, Julio José. O negro no Brasil – da senzala à Guerra do Paraguai. 4 ed. Rio de Janeiro : Brasiliense, 1987 - REVISTA VISÃO. Capoeira não se aprende na escola – Academais exigem diploma universitário para capoeiristas. São Paulo, 8 de julho de 1987 - CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p. 91-139. 1988 haviam 36 academias filiadas a Federação Paulista de Capoeira, 12 delas pertencentes a capital - CD FUNARTE ATR32077 Documento sonoro do folclore brasileiro, Vol. V; Berimbau e Capoeira / BA, 1988. in www.capoeira-angola.fr - NESTOR CAPOEIRA. O PEQUENO MANUAL DO JOGADOR DE CAPOEIRA. 2 ed. São Paulo: Ground, 1988 - RAPOSO, Lucas; capoeira. Na mesma roda a arte do corpo e da mente. REVISTA MINAS GERAIS, belo Horizonte, n. 7, junho 1988, p. 298-34 - PASTINHA, Vicente Ferreira. Capoeira Angola. 3. ed. (fac similar). Salvador: Fundação Cultural do Estado da Bahia, 1988. - ALGRANTI, Leila Mezan. O feitor ausente: estudos sobre a escravidão urbana no Rio de Janeiro (1808-1822). Petrópolis, RJ: Vozes, 1988. p. 164 -172. Em seu trabalho a capoeira é citada como um “padrão de criminalidade escrava” no início do século XIX, no Rio de Janeiro. 1989 FRIGÉRIO, Alejandro. Capoeira: da arte negra a esporte de branco. I BRASILEIRA DE CIENCIAS SOCIAIS, n. 10, vol. 4, junho 1989, p. 85-98

REVISTA

- HOLLOWAY, Thomas H. O saudável terror : repressão policial aos capoeiras e resistencia dos escravos no Rio de janeiro no século XIX. In CADERNOS CANDIDO MENDES, Rio de Janeiro, 16, 1989 SILVA, Gladson de Oliveira. Clínica de esportes: capoeira. 2. ed. São Paulo: Centro de Práticas Esportivas da Universidade de São Paulo, 1989.


DÉCADA DE 1990 1990 BACHMANN, Bruno, La capoeira du Brésil, Favre, 1990, premier livre en français. Épuisé, mais se trouve en bibliothèque in www.capoeira-angola.fr - ARAUJO, Paulo Coelho de. A Capoeira. De arte marcial a actividade gimnica e folclórica. In Revista Horizonte, Lisboa, VII (39), set.-out. 1990, p. 83-87. - CAMPOS, Hélio J. B. ; CARNEIRO, Mestre Xeréu. CAPOEIRA NA ESCOLA. Salvador : Presscolor, 1990 . - RABO DE ARRAIA. Jornal de Divulgação da Associação de Capoeira Negrinhos de Sinhá, Belo Horizonte, n. 0, out/90, 1990 - SALVADORI, MARIA Angela Borges. Capoeiras e malandros. Pedaços de uma sonora tradição popular (1890-1950). UNICAMP, Tese de Mestrado em História, 1990 - SANTOS, Luis Silva. EDUCAÇÃO. EDUCAÇÃO FÍSICA. CAPOEIRA. Maringá : UEM, 1990 - VIEIRA, Luis Renato. Da vadiação à capoeira regional : uma interpretação da modernização cultural no Brasil. Brasília : UNB/departamento de Sociologia, 1990 - SANTOS, Luiz Silva. Educação, educação física, capoeira. Maringá: Fundação Universidade Estadual de Maringá, 1990 - ROCHA, Maria Angélica. Capoeira uma proposta para a educação física escolar. 1990. Monografia (Especialização em Educação Física Escolar) - Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas. - LIMA, Luiz Augusto Normanha. A Capoeira: um discurso em extinção. 1990. Pesquisa realizada com mestres de Capoeira em Salvador, BA, São Paulo 1991 PINTO, Tiago de Oliveira, Capoeira, Samba, Candomblé. Afro-brasilianische Musik im Recôncavo, Bahia, 1991. Berlin:Dietrich Reimer Verlag -- Basé sur une enquête à Santo Amaro (Bahia) en 1985-1988, décrit avec précision la musique de capoeira qui se jouait en ce lieu et à cette époque. Avec un CD. Disponible en allemand. Les musiques de capoeira et un court texte en portugais se trouvent dans le CD FUNARTE ATR32077 Documento sonoro do folclore brasileiro, Vol. V; Berimbau e Capoeira / BA, 1988. in www.capoeira-angola.fr - BRETAS, Marcos Luiz. A queda do império da navalha e da rasteira (a República e os capoeiras). In Estudos Afro-asiáticos, Centro de Estudos Afro-asiáticos, , Rio de Janeiro, n. 20, junho de 1991, p. 239-256. -ALMEIDA, Raimundo Cesar Alves de. Mestre Atenilo, o Relampago da Capoeiras regional. 2 ed. Salvador, Depoimento, 1991. - PETIT, J. J. La Capoeira – une activité originale pour une pédagogie differecnieee. REVUE E.P.S., n 230, jul-ago, 1991, p. 34-38 1992 Fundação da Confederação Brasileira de Capoeira através do desmembramento do Departamento Nacional de Capoeira da CBP (Vieiria, 2005) - LEWIS, James Lowell, Ring of Liberation -- Deceptive Discourse in Brazilian Capoeira, 1992 Chicago:University of Chicago Press. -- C'est l'ouvrage le plus intéressant de ces dernières années.Disponible en anglais. In www.capoeira-angola.fr - CORDEIRO, Izabel Cristina de Araújo. Bota mandinga ê... a esportivização da capoeira em questão. 1992. Monografia (Especialização em Recreação e Lazer) - Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas. - CAPOEIRA, Nestor. Capoeira: os fundamentos da malícia. Rio de Janeiro: Record, 1992


1993 realização do Primeiro Congresso Técnico Nacional de Capoeira, na cidade de GuarulhosSP. Objetivo: padronização de procedimentos técnicos, culturais e esportivos (Vieira, 2005) - Primeiro Seminário Técnico de Elaboração do Regulamento Nacional de Capoeira, ocorrido, na Cidade de Salvador. - DIAS, Luiz Sérgio. Quem tem medo da capoeira? Período 1890-1904. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Luiz Sergio Dias, escritor, trabalho de longos nos no Arquivo Municipal do Rio de Janeiro. Trata-se de um trabalho premiado - primeiro lugar - num concurso de monografias. (Lace Lopes, 2005) ARAUJO, Paulo Coelho de. A falta de rigor científico nos estudos sobre capoeira. In A Ciência do desporto e a Cultura do Homem, Porto, 1993, p. 215-226. Publicação da Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física. - ARAUJO, Paulo Coelho de. Análise historiográfica da bibliográfica básica utilizada nos estudos sobre a capoeira. In A Ciência do desporto e a Cultura do Homem, Porto, 1993, p. 207-213. Publicação da Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física. - SOARES, Carlos Eugênio Líbano. A negregada instituição: capoeiras no Rio de Janeiro (1850-1890). 1993. Dissertação (Mestrado em História) - Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCH), Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 1994 SOARES, Carlos E. L. A negregada instituição: os capoeiras no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Coleção Biblioteca Nacional, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura, Deptº Geral de Documentação e Informação Cultural, 1994. 1995 Reconhecimento da capoeira e vinculação da Confederação Brasileira de Capoeira ao Comitê Olímpico Brasileiro (Vieiria, 2005) - SANTOS, Esdras M. dos. Conversando sobre capoeira.. São Paulo: JAC. Livro emocionado, desassombrado e extremamente informativo. Preciosa fonte de informações e esclarecimento sobre a trajetória da Capoeira Regional. (Lace Lopes, 2005) - NESTOR CAPOEIRA. CAPOEIRA. A DANÇA MORTAL DO BRASIL. I Revista Cinturão Negro, Lisboa, ano II, n. 19, 1995, p. 28-31. - RODRIGUES, Elinaldo. Capoeira. CORREIO, de 11 de janeiro de 1995, Paraíba, secção de variedades, 1995 - ZULU, Mestre. Idiopráxis da capoeira. Brasília, 1995 - VIEIRA, Luiz Renato. O jogo de Capoeira: cultura popular no Brasil. Rio de Janeiro: Sprint, 1995 - SILVA, Gladson de Oliveira. Capoeira: do engenho à universidade. 2. ed., São Paulo, 1995. 1996 BIBLIOTECA AMADEU AMARAL. Capoeira: fontes multimídia. Rio de Janeiro: Fundação Nacional de Arte, Coordenação de Folclore e Cultura Popular. Oportuno desdobramento da pesquisa de Salles, Vicente (ver 1969). A Biblioteca Amadeu Amaral está situada dentro do complexo cultural do Palácio do Catete (Rua do Catete, 179, Rio de Janeiro-RJ). (Lace Lopes, 2005) - ANGELO, Decânio Filho. A herança de Mestre Bimba: filosofia e lógica africanas da capoeira. Salvador: [s.n.]. Edição do autor. Apresentação de Jorge Amado e Esdras Magalhães dos Santos. Ângelo Decânio foi aluno e médico de Mestre Bimba, e conviveu com Cisnando Lima ("foi o primeiro aluno branco da classe social dominante em Salvador; Cisnando logo induziu o Mestre Bimba a enriquecer o potencial bélico da luta negra...". Pág. 112). Com profunda admiração, mas com singular realismo, Decano exalta a figura de Bimba. Com autoridade, às folhas tantas, chama atenção para graves distorções que estão ocorrendo, atualmente, com a Capoeira Regional. Leitura recomendada. (Lace Lopes, 2005)


- PIRES, Antônio Liberac Cardoso Simões. A capoeira na jogo das cores: criminalidade, cultura e racismo na cidade do Rio de Janeiro (1890-1937). Dissertação (Mestrado em História), Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCH), Universidade Estadual de Campinas, 1996 - FALCÃO, José Luiz Cirqueira. A escolarização da capoeira. Brasília: ASEFE Royal Court, 1996. 1997 homologação do Superior Tribunal de Justiça Desportiva da Capoeira pela Ordem dos Advogados do Brasil. - Organização do Segundo Congresso Técnico Nacional de Capoeira (Vieira, 2005) - ARAUJO, Paulo Coelho. ABORDAGENS SÓCIO-ANTROPOLÓGICAS DA LUTA/JOGO DA CAPOEIRA. Maia (Portugal): Inst. Sup. Da Maia, 1997. série Estudos e monografias. - REIS, Letícia Vidor de Sousa. O mundo de pernas para o ar: a Capoeira no Brasil. São Paulo: Publisher Brasil, 1997. - REIS, André Luiz Teixeira. Brincando de Capoeira: recreação e lazer na escola. Brasília: Valcy, 1997. - FALCÃO, José Luiz Cirqueira; VIEIRA, Luiz Renato (Orgs.).Capoeira: história e fundamentos do grupo Beribazu. Brasília: Starprint, 1997 BRASIL. Congresso. Senado. Secretaria Especial de Editoração e Publicações. Parecer nº 735, de 1997. Dispõe sobre a prática desportiva da capoeira e dá outras providências. Diário do Senado Federal. Brasília, DF, 13 nov. 1997. 1997 a 2000 a Capoeira passou a ser oferecida pela Coordenação de Desenvolvimento do Esporte Universitário (CODEU), atual Coordenadoria de Desenvolvimento de Eventos e Esportes (CODESP), através dos Projetos de Extensão da FEF. O responsável por este projeto foi o Profº Dr. José Júlio Gavião de Almeida, que contava com a Profª. Marta Lima Jardim (Martinha) para ministrar as aulas. 1999 realização do Terceiro Congresso Técnico Nacional de Capoeira e Primeiro Congresso Técnico Internacional de Capoeira, na cidade de São Paulo. Aprofundamento das padronizações técnicas e difusão para o exterior. - Fundação da Federação Internacional de Capoeira, em São Paulo. - Fundação da Associação Brasileira de Árbitros de Capoeira, em São Paulo (Vieira, 2005) - LACÉ LOPES, André Luiz. A Volta do Mundo da Capoeira. Rio de Janeiro: Markgraph. Seleção de artigos, cartas e reflexões sobre a Arte Afro-Brasileira da Capoeiragem. O primeiro artigo selecionado data de 1962. O livro focaliza a marcha da capoeira pelo mundo, mas com especial ênfase na capoeira do subúrbio do Rio de Janeiro, nas décadas de 1960/1970. (Lace Lopes, 2005) 2000 CASTRO, Ruy. Ela é carioca: uma enciclopédia de Ipanema. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. Fonte de informações para interpretações do ambiente onde viveu a capoeiragem utilitária do Rio de Janeiro. Leitura recomendável. (Lace Lopes, 2005) - Decanio, Capoeira da Bahia on-line. Une sagesse de la capoeira, par le Docteur Decanio, l'héritage de Mestre Bimba, les manuscrits de Mestre Pastinha, mis en ligne par le Docteur Decanio. - FALCÃO, José Luiz Cirqueira. Os movimentos de organização dos capoeiras no Brasil. Revista Motrivivência, vol. 11, n. 14, maio 2000. - FALCÃO, José Luiz Cirqueira. A esportivização da capoeira: a trama do poder em jogo. Florianópolis: mimeo, 2000


- BRUHNS, Heloisa Turini. Futebol, carnaval e capoeira: entre as gingas do corpo brasileiro. Campinas: Papirus, 2000. - RODRIGUES, Antonio E. M. João do Rio: A cidade e o poeta o olhar de flâneur na Belle Époque tropical. Ed. FGV. Rio de Janeiro: 2000. - KARASCH, Mary. A vida dos escravos no Rio de Janeiro (1808-1850). São Paulo: Companhia das Letras, 2000. SÉCULO XXI 2001 - Segundo dados fornecidos pelo presidente da Confederação Brasileira de Capoeira (CBC), Sr. Sérgio Luiz de Souza Vieira. Para administrar a modalidade existem hoje, no Brasil, 78 Ligas Regionais e Municipais, 24 Federações Estaduais, uma Confederação Brasileira, uma Associação Brasileira de Árbitros, uma Associação Brasileira de Capoeira Especial e Adaptada. No âmbito internacional, existe a Federação Internacional de Capoeira (FICA), que coordena os trabalhos das Federações Nacionais de Capoeira, existentes no Canadá, Portugal, Argentina, França, além da Confederação Brasileira de Capoeira. A FICA está organizando também Federações Nacionais nos EUA, Espanha, Noruega, Japão, Israel, Colômbia, Inglaterra, Bélgica, Singapura, Estônia, Rússia, Alemanha, Itália e Suíça. VIEIRA, S. L. S. Publicação eletrônica (mensagem pessoal). Mensagem recebida por <falcao@ufba.com.br>, em 30 set. 2000. Esses dados foram obtidos em CAPOEIRA Lista de discussão. Lista de discussão do Centro Esportivo Virtual, mantida pelo Laboratório de Informação e Multimídia em Educação Física e Esporte (LIMEFE), na Universidade Católica de Brasília. Disponível em: http://www.cev.org.br/listas/index.html - SOARES, C.E.L. A capoeira escrava e outras tradições rebeldes no Rio de Janeiro (1808 – 1850). Campinas: UNICAMP/Centro de Pesquisa em História Social da Cultura, 2001 - PIRES, Antônio Liberac Cardoso Simões. Movimentos da cultura afro-brasileira: a formação histórica da capoeira contemporânea (1890 – 1950). 2001. Tese (Doutorado em História) - Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCH), Universidade Estadual de Campinas, Campinas. BRASIL. Tribunal Regional Federal. Vara da Seção Judiciária de Belo Horizonte - MG. Obrigatoriedade de inscrever-se nos quadros do Conselho Regional de Educação Física 6ª Região instituída através da Lei 9.696/98. Apelante: Paulo César Leite dos Santos (mestre Pintor). Apelado: Conselho Federal de Educação Física. Advogada Dra. Júnia de Souza Antunes. Belo Horizonte, 21 de agosto de 2001. 2002 introdução da Capoeira como modalidade oficial nos Jogos Regionais e Abertos do Interior dos Estados de São Paulo e de Goiás. - Realização do Quarto Congresso Técnico Nacional e Segundo Congresso Técnico Internacional, realizado em novembro, na cidade de Vitória-ES. Estabelecimento do Regulamento Internacional de Capoeira e dos saberes, competências e habilidades para os técnicos, treinadores e alunos. - LEAL, Luiz Augusto Pinheiro. Deixai a política da capoeiragem gritar: capoeiras e discursos de vadiagem no Pará republicano (1888-1906). 2002. Dissertação (Mestrado em História) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal da Bahia, Salvador. 2003 A Federação Internacional de Capoeira torna-se fundadora da União Mundial de Artes Marciais, em evento ocorrido em outubro, na Cidade de ChungJu, Coréia do Sul. – A Federação Internacional de Capoeira sagra-se bicampeã no VI Festival Mundial de Artes Marciais realizado na Cidade de ChunJu, Coréia do Sul.


– A Federação Internacional de Capoeira funda a Universidade Livre de Capoeira e Artes Marciais. - LACÉ LOPES, André Luiz. Capoeiragem no Rio de Janeiro, Sinhozinho e Rudolf Hermanny. Editora Europa, Rio de Janeiro. Obra relacionada com esta referência: "RUDOLF HERMANNY". Coleção GENTE, Editora RIO, Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, 2003. - Il Papa della Capoeira Brasiliana. Reportagem realizada pelo Professor Alfredo Apicella. MAK (Martial Arts Kombat) Adventures. Itália, abril/maio Black Panther Production, Via Sant`Evasio 55 - 14100 Asti: "Già esiste uma grande letteratura sull`argomento Capoeira, essendo alcuni articoli e libri di André Luiz Lace Lopes, letteratura obligada per chi vuole immergersi nell`argomento a fondo. Questo perché Lace, non há paura del contraddittorio, ossia, oltre a essere amante della capoeiragem (arte di chi pratica), non ricerca affatto fama distorcndo la storia Del passato, modificando date e testimonianze importanti". - Capoeira - La force cachée de Rio. Revista Karaté Bushido, julho/agosto 2003. Editora Européene de Magazines, 44, Avenue George V 75008 Paris, France. Grand reportage (p. 22): La Capoeira ao coeur de Rio de Janeiro. Entrevista com André Lace (p. 30): ..."Dans son bureau, ou dês centaines de livres et dês dizaines de cassettes vídeo ou CD sont empilés, dans son salon, ou lês meubles sont poussés ´pour "les demonstration avec les visiteurs" (dixit as femme, dans um sourire), son appartement respire la Capoeira." - "Arte e História também em livros". Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, 11 novembro. "Dois livros estão provocando intensos debates nas rodas de capoeira do Rio de Janeiro, do Brasil e do resto do mundo: 'Capoeiragem no Rio de Janeiro' e 'Rudolf Hermanny', da série GENTE que a Universidade Estácio de Sá vem publicando". - CD "Os Bambas do Rio Antigo",Mestre Grilo e seu Grupo Arte Nobre. Naldo Studio Produções Musicais, Rio de Janeiro-RJ, dezembro de 2003. Trata-se de um marco musical na história da Capoeira, em que a extraordinária figura de Agenor Sampaio (e alguns de seus discípulos) é lembrada e louvada. O texto da contra-capa oferece informações valiosas para compreensão do tema e correspondentes registros de memória. (Lace Lopes, 2005). 2004 lançado Crônicas históricas do Rio colonial, de Nireu Oliveira Cavalcanti, editora Civilização Brasileira/FAPERJ. Reúne os acontecimentos no Rio de Janeiro entre os anos de 1700 e 1810. Os textos foram publicados originalmente no Caderno B do Jornal do Brasil, todas as semanas ao longo do ano de 1999. Os textos do livro são resultado de meticulosa busca nos arquivos da cidade. - BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria da Promoção de Políticas da Igualdade Racial. Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana. Brasília, 2004. - PIRES, Antônio Liberac Cardoso Simões. A capoeira na Bahia de Todos os Santos: um estudo sobre cultura e classes trabalhadoras (1890 – 1937). [Palmas]: NEAB, 2004 - OLIVEIRA, Josivaldo Pires de. No tempo dos valentes: os capoeiras na cidade da Bahia. Salvador: Quarteto, 2005, 2005 - DIAS, Adriana Albert. Mandinga, manha e malícia: uma história sobre os capoeiras na capital da Bahia (1910-1925). Salvador: EDUFBA, 2006 2006

fundado o Grupo Gunganagô, pelo Mestre Kadu, que reside em Florianópolis desde 1994. Tem trabalhos desenvolvidos em diversos bairros da cidade. Desenvolve uma significativa experiência de capoeira com cegos


2008 ARAUJO, Paulo Coelho de. JAQUEIRA, Ana Rosa Fachardo. DO JOGO DAS IMAGENS ÀS IMAGENS DO JOGO – nuances de interpretação iconográfica sobre a Capoeira. Coimbra-Portugal: Centro de Estudos Biocinéticos, 2008. - FONSECA, Vivian Luiz. A capoeira Contemporânea: antigas questões, novos desafios. RECORDE – Revista. Revista de História do Esporte, v. 01, num 1, 2008. 2009 ABREU, Frede e CASTRO, Maurício Barros de. (Org.). Capoeira. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2009. OLIVEIRA, Josivaldo Pires de; LEAL, Luiz Augusto Pinheiro. CAPOEIRA, IDENTIDADE E GÊNERO - Ensaios sobre a história social da Capoeira no Brasil. Salvador: EDUFBA, 2009 2010 PEREIRA, Ana Beatriz de Oliveira. A capoeira como espetáculo: Sentimento nacional, esporte e identidade (1909 – 1938). Monografia apresentada ao Departamento de História da PUC-Rio como parte dos requisitos para obtenção de grau de licenciatura em História. Orientador: Leonardo Affonso de Miranda Pereira Departamento de História Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, Dezembro de 2010 2013 VIDOR, Elisabeth; REIS, Letícia Vidor de Sousa. CAPOEIRA – UMA HERANÇA CULTURAL AFRO-BRASILIRA. São Paulo: Selo Negro, 2013 Situação atual CAPOEIRAGEM A Capoeira com cantoria e ritmo, nos dias presentes, pode ser encontrada no mundo inteiro. Apresentada, na maioria das vezes, em palco, em conjunto com danças e rituais afro-brasileiros adaptados para show - maculelê, samba de roda, dança de orixás, puxada de rede etc. Já a Capoeiragem do Rio Antigo parece ser uma prática em extinção, com os mestres mais velhos aposentados e uns poucos mestres mais jovens migrando para outras lutas similares, como Muay Thay, Caratê ou Box Tailandês. Não sendo de se desprezar, entretanto, alguns esforços que estão surgindo no sentido de revitalizar este tipo de capoeira, como, por exemplo, o Projeto Capoeira Arte Marcial (ver neste particular a parte final do livro "Capoeiragem no Rio de Janeiro, Sinhozinho e Rudolf Hermanny", Lace Lopes, 2003, p. 267). Em termos de fontes, e de acordo com pioneira pesquisa realizada pela Federação Italiana de Capoeira, já existem mais de 500 trabalhos sobre capoeira, sobretudo, sobre sua parte rítmica e cantada. Estando incluídos neste levantamento, não apenas CDs, mas gravações em vinil, K-7, vídeos-tapes e filmes técnicos ou romanceados. Em dezembro de 2003, no Rio de Janeiro, foi editado um CD especificamente sobre Agenor Sampaio, Sinhozinho: "Homenagem aos Bambas do Rio Antigo". Neste particular, cabe mencionar, a primeira gravação, ainda em vinil, do CD "Curso de Capoeira Regional", uma vez que, o libreto que acompanhava o disco, mencionava outras lutas (ver BIMBA, 1963). Mais informações podem sr obtidas no capítulo de Capoeira neste mesmo volume. (Lace Lopes, 2005) CAPOEIRA Após três décadas de expansão no Brasil e no exterior, a capoeira tornou-se uma das principais práticas esportivas do país, contando um total estimado de seis milhões de praticantes em cerca de 35 mil núcleos de ensino em todas as regiões brasileiras. Há também 24 federações estaduais e 92 ligas regionais e municipais, vinculadas à Confederação Brasileira de Capoeira. Por sua vez, a Federação Internacional de Capoeira já soma sete federações nacionais (Canadá, Argentina, Portugal, Holanda, França, Alemanha, e Austrália), além de identificar a presença da luta em outros 156 países (Vieira, 2005)


BOX 1 – OS PRECURSORES JOÃO MOREIRA (TENENTE AMOTINADO) O primeiro capoeira foi um tenente chamado João Moreira, homem rixento, motivo porque o povo lhe apelidou de ‘amotinado’. Viam os negros escravos como o ‘amotinado’ se defendia quando era atacado por 4 ou 5 homens, e aprenderam seus movimentos, aperfeiçoando-os e desdobrando-os em outros dando a cada um o seu nome próprio. Como não dispunham de armas para sua defesa uma vez atacados por numeroso grupo defendiam-se por meio da ‘capoeiragem’, não raro deixando estendidos por uma cabeçada ou uma rasteira, dois ou três de seus perseguidores” (Hermeto Lima, 1925). Macedo, afirma que “o Tenente ‘Amotinado’ era de prodigiosa força, de ânimo inflamável, e talvez o mais antigo capoeira do Rio de Janeiro, jogando perfeitamente, a espada, a faca, o pau e ainda de preferência, a cabeçada e os golpes com os pés”. (Lima, Hermeto in “Os Capoeiras”, Revista da Semana 26 nº 42, 10 de outubro de 1925. Macedo, Joaquim Manoel. Memórias da Rua do Ouvidor. Rio de Janeiro: Perseverança, 1878, pg. 99. O texto em tela se relaciona também com o Tenente João Moréia.) BESOURO VENENOSO (MANGANGÁ) Ver ainda : Mandinga no Exército - Matéria sobre Mestre Besouro Mangangá, publicada no Jornal Correio da Bahia - Jornal do Capoeira - http://www.capoeira.jex.com.br/ - Edição 68 de 09 a 15 de Abril de 2006 CYRÍACO VER AINDA: CAPOEIRA LUTA - DEBATE ABERTO E FRANCO artigo de Andre Lace Lopes: in Jornal do Capoeira www.capoeira.jex.com.br Edição 45: 29 de Agosto à 04 de Setembro de 2005 JIU-JITSU NO MARANHÃO, artigo de Leopoldo Gil Dulcio Vaz in Jornal do Capoeira www.capoeira.jex.com.br, Edição 45: 29 de Agosto à 04 de Setembro de 2005 O ENSINO DA CAPOEIRAGEM NO INÍCIO DO SÉCULO XX, artigo de Carlos Carvalho Cavalheiro, in Jornal do Capoeira www.capoeira.jex.com.br , 08.02.2005 JUCÁ REIS Ver ainda: Juca Reis mulherengo e a Mulher Africana. Crônica de Mestre André Luiz Locé Lopes, versando sobre Juca Reis, com transcrição de um artigo publicado em jornal de 1890 Jornal do Capoeira - www.capoeira.jex.com.br Edição 58 - de 29/Jan a 04/Fev de 2006 MANDUCA DA PRAIA Ver ainda: Manduca da Praia. Crônica escrita por Luciano Milani em 7-fev-2005, disponível em Jornal do Capoeira - www.capoeira.jex.com.br


BOX 2 - FUNDADORES BIMBA Manuel dos Reis Machado, o Mestre Bimba , nascido a 23 de novembro de 1899 no bairro de Engenho Velho, freguesia de Brotas, em Salvador, Bahia. Filho de Maria Martinha do Bonfim, e de Luiz Cândido Machado, grande "batuqueiro". Seu apelido, Bimba, ganhou logo ao nascer, em virtude de uma aposta feita por sua mãe e pela parteira que o "aparou". Sua mãe dizia que daria luz a uma menina; a parteira afirmava que seria um homem. Perdeu dona Maria Marinha, e o Manuel, recém-nascido, ganhou o apelido que o acompanharia para o resto da vida. Bimba é, na Bahia, um nome popular do órgão sexual masculino em crianças. (http://www.capoeira.esp.br ). PASTINHA Vicente Ferreira Pastinha, nasceu em 05 de abril de 1889, em Salvador. Foi o maior nome da Capoeira Angola e hoje é citado como exemplo e referência da Capoeira Angola por vários escritores. Faleceu em 13 de novembro de 1981 e deu muito de si para a Capoeira, mas morreu na miséria, sem ter sequer onde morar. Enquanto viveu para a Capoeira, ele procurou manter os fundamentos da Capoeira Angola e até implantou alguns de sua própria criação. Vale dizer até que ele implantou alguns fundamentos como as "Chamadas" para o passo à dois, as composições dos instrumentos e outros. Escolhendo a Capoeira como a sua maneira de viver, praticou e ensinou a Capoeira Angola por muitos anos e fundou o Centro Esportivo de Capoeira Angola, em Salvador/BA. Pastinha já foi a África mostrar a nossa Capoeira, no 1° Festival de Artes Negras no ano de 1966, com ele foram também: Mestre João Grande, Mestre Gato, Mestre Gildo Alfinete, Mestre Roberto Satanás e Camafeu de Oxossi. Divulgou a Capoeira de Angola por quase todo País. Citado nos livros do grande Jorge Amado, Mestre Pastinha apareceu sempre como uma figura carismática.(in http://www.capoeira.esp.br).


SINHOZINHO A CAPOEIRA DE SINHOZINHO - SINHOZINHO E A CAPOEIRA CARIOCA Por Rudolf Hermanny – Ipanema, RIO 1891 - Agenor Moreira Sampaio, mais conhecido como Sinhozinho de Ipanema, era paulista, nascido em Santos, e tendo falecido em 1962. Agenor Moreira Sampaio era filho do Tenente-Coronel José Moreira de Sampaio e de Ana I. de Moreira Sampaio, chefe político e Intendente da cidade de Santos. Teve muitos irmãos: José, Lycurgo, Nilamon, Maria da Conceição, Maria da Glória, Maria Thereza e Maria Luiza, esta casada com J. Altenfelder da Silva. Consta que entre os ascendentes ilustres de Sinhozinho, destacava-se Francisco Manoel da Silva, autor do Hino Nacional Brasileiro. Dotado de extraordinário vigor físico, destacou-se em várias modalidades esportivas. Embora tenha terminado seus dias em Ipanema, morou muitos anos em S. Cristóvão e em Copacabana. Aprendeu sua capoeira observando os bambas de sua época, convivendo com os boêmios, com os valentes e os malandros do Rio de então. Tendo praticado outras formas de luta, como o box e a luta grecoromana, via a capoeira como luta, sem se dedicar a seus aspectos de música, folclore e atividade acrobática. Os capoeiras do Rio de Janeiro usavam sua arte para brigar, enfrentar seus adversários sem nenhum espírito esportivo, antes, frequentemente, em disputa de seus territórios. A navalha e a faca eram seus companheiros constantes, causando ferimentos e mortes ao final das contendas. Provavelmente por isto, a capoeira é pobre em recursos para a luta agarrada e se completava com estas armas. SINHOZINHO - Agenor Moreira Sampaio foi um conhecido instrutor de atividades atléticas e lutas que manteve seu centro de instrução em Ipanema durante cerca de duas décadas. No Clube do Sinhozinho se praticava levantamento de pesos, ginástica em aparelhos, box, capoeira etc.Existiam, então, muito poucas academias no Rio de Janeiro e a rapaziada de Ipanema tinha aí oportunidade de cuidar do físico e aprender diversas modalidades desportivas. À noite, os atletas se reuniam nos bares próximos para o papo e as cervejas, daí muitos terem se especializado mais nos chopes do que nas atividades físicas. Mas aqueles que se dedicavam aos treinamentos recebiam atenções especiais do mestre e muitos se tornaram atletas destacados, tendo alguns se orientado para o magistério. Entre os que se exercitaram sob a orientação de Sinhôzinho podemos destacar: Paulo Azeredo, Paulo Amaral, Sílvio M. Padilha, André Jansen, Bruno e Rudolf Hermanny, Luiz Pereira de Aguiar (Cirandinha), Eloy Dutra, Carlos Alberto Petezzoni Salgado, Joaquim Gomes (Kim), Telmo Maia, Tom Jobim, Carlos Madeira, Darke de Mattos, Comandante Max, Paulo Lefevre, Paulo Paiva, Bube Assinger, Wanderley Fernandes (Paraque-das), José Alves (Pernambuco), Roberto Gomes, Bob Onça, Carlos Pimentel, Lucas e Haroldo Cunha, Manoel Simões Lopes, Flávio Maranhão, Carlos Alberto Copacabana, e numerosos outros. Foram gerações sucessivas, daí a dificuldade de citar todos. Selecionados os golpes que lhe pareciam mais eficazes, Sinhozinho impunha a seus alunos um rígido treinamento repetitivo, fazendo-os aplicar os golpes em sacos e bolas, até que alcançassem precisão e eficiência, além de usar artifícios engenhosos para desenvolver suas habilidades. Sem canto ou ritmo marcado, sua capoeira revela, apenas, a face de luta desta atividade. Sacrifica a beleza do som e da imagem na busca de objetividade marcial.


POLÊMICA Muitos apaixonados pela bela capoeira da Terra do Bonfim têm dificuldade em aceitar a Capoeira de Sinhozinho como sendo ¨capoeira¨, devido á falta de música e de ritmo marcado por atabaque, pandeiro e principalmente, berimbáu. A ginga,que é a alma da capoeira artística baiana, comanda o jogo de capoeira, mas , num combate real,tem que ser adaptada a esta situação,a fim de evitar a exaustão que apressará a derrota. O mesmo pode ser citado em relação aos lances acrobáticos que enchem os olhos mas têm pouca eficácia para dominar os adversários, além de tornarem seus executores mais vulneráveis. Qualquer capoeira que se proponha a participar de uma luta de verdade deve fazer uma crítica de seus recursos e selecioná-los à luz de sua eficiência. Logo perceberá que seu repertório ficará mais reduzido e que terá que economizar em sua movimentação. Salvo se seu adversário lhe for muito inferior, quando poderá enfeitar as jogadas. A capoeira de Sinhozinho era baseada na capoeira das antigas maltas que tanto perturbaram as autoridades do Rio de Janeiro durante longos anos e teve pouca influência das modalidades praticadas ao som do berimbáus . CANJIQUINHA O Mestre Canjiquinha levou a capoeira e o show folclórico por todo o Brasil, foi ele que induziu Maculelê nas academias de capoeira, fundou o Grupo Folclórico Aberrê. Participou de diversos filmes nacionais entre eles: O Pagador de Promessas, Capitães de Areis, Terra em Transe, A Grande Feira, O Cangaceiro, Senhor dos Navegantes, Deus e o Diabo na Terra do Sol. Participou também de fotonovela (sétimo céu). M 1963 foi premiado no festival de Cannes com a Palma de Ouro, além da capoeira foi cantor de Orquestra e goleiro do Esporte Clube Ipiranga. In http://www.zambiacongo.com.br/jornal.htm#2 PELÉ Natalício Neves da Silva, o mestre Pelé, nasceu em 1934. É do tempo em que se jogava capoeira nos finais de feira e nos dias de festa. Também fez parte de uma geração dividida entre a marginalizada capoeira de rua à institucionalizada capoeira nas academias. Conheceu a capoeira aos 12 anos de idade, quando ia às feiras e às festas populares do recôncavo baiano. . Era o povo que dava para o capoeirista o título de mestre, que disputava o título ali no jogo, jogo duro", lembra. O aprendizado da maioria dos capoeiristas dessa época era mesmo nas grandes rodas na rampa do Mercado Modelo e nas chamadas festas de largo, que começavam na festa de Nossa Senhora da Conceição da Praia - coração da cidade baixa, próxima ao elevador Lacerda — no dia 1º de dezembro e se prolongavam até o dia 8 do mesmo mês. Depois, vinha a festa de Santa Luzia, freqüentada pelos estivadores (trabalhadores do cais do porto), muitos deles, capoeiristas. Foi Bugalho, carregador de embarcações que, nas horas de descanso e nas noites de lua-cheia, ensinou o menino Natalício a gingar nas areia da praia da Preguiça. Além das rodas da Liberdade nas tardes de domingo, em que o guarda civil Zacarias Boa Morte "tomava conta", Pelé mostrava sua arte nas rodas de Valdemar da Liberdade, num galpão de palha de dendê, cercado de bambu. Durante 25 anos Pelé deu aulas de capoeira e, também, no V Batalhão da Policia Militar. Além dessas atividades, mestre Pelé participou, ao mesmo tempo, de importantes grupos folclóricos da Bahia como o Viva Bahia. Fez apresentações com o grupo de mestre Canjiquinha, no Belvedere da Praça da Sé, shows para turistas, onde mostrava a capoeira, o maculelê, a puxada de rede e o samba de roda.In http://www.capoeiramalungo.hpg.ig.com.br/mestres.htm CAMISA (contemporânea) BÔCA (angonal) NÔ (atual)


BOX 3 - ANNIBAL BURLAMAQUI (ZUMA) - PATRONO DA CAPOEIRA DESPORTIVA.

Segundo depoimento de um dos baluartes da Capoeira, o Almirante e Professor de Educação Física Dr. Lamartine Pereira da Costa, o nosso patrono era um funcionário público estadual do Estado da Guanabara, atual Rio de Janeiro. Residia no Bairro de Copacabana e na década de 30 foi procurado pelos baianos. Em meados de 1961 e 1962, o mesmo contava com cerca de 60 anos, ocasião em que procurou o Dr. Lamartine. Igualmente, que fora inspirado pela Capoeira da Lapa e pelo livreto Gymnastica Brazileira, editado em 1904. A Capoeira Desportiva é o mais antigo segmento organizado da Capoeira. Surgiu no Rio de Janeiro após a Proclamação da República, no Brasil, em 1889. É resultante do reaproveitamento da corporalidade da antiga capoeiragem, em seus gestos e movimentos, para a construção de um método ginástico caracterizado por uma forma de luta sistematizada. Em 1904 surgiu um livreto anônimo, sob o nome: Guia do Capoeira ou Gymnastica Brazileira, com algumas propostas deste reaproveitamento, no qual se encontram as letras ODC, que significam “ofereço, dedico e consagro”, no caso “à distinta mocidade”. Foi somente em 1928 que a Capoeira Desportiva foi metodizada e estruturada por seu precursor, Annibal Burlamaqui, conhecido pelo nome de Zuma, o qual elaborou a primeira Codificação Desportiva da Capoeira, sob o título de: Gymnastica Nacional (Capoeiragem) Methodizada e Regrada. Sua obra impressiona até hoje os Profissionais de Educação Física, justamente pelo vanguardismo que encerra. A mesma foi dividida em cinco partes: I- História; II - considerações sobre os Sports; III- Methodos e Regras; IV- Os Golpes e os Contra-Golpes; V- Exercícios e Requisitos para a Aprendizagem da Gymnastica Nacional. Este trabalho, que englobou dois conceitos distintos para a Capoeira, o da “Luta” e o da “Ginástica”, foi prefaciado em 1927 pelo advogado Mário Santos. Apresentava como inovação, a área de competição, estabelecida em um círculo de 2,0 m de raio, critérios de arbitragem, de empate e de desempate, uniforme pugilístico, uma relação de 28 golpes, sendo três deles de autoria do próprio autor, uma posição base, a guarda, e o que é mais importante, um processo pedagógico de todos os movimentos, descritos e ilustrados, contendo as estratégias de contragolpes e uma relação de exercícios de aquecimento e de treinamento para uma rápida adaptação da população leiga aos padrões de movimentos da


capoeiragem. Trata-se de um manual técnico-desportivo que até hoje é considerado uma obra extraordinária. Burlamaqui, considerando que a Capoeira, enquanto Ginástica e Luta, era também um esporte categorizado como pugilístico, adotou os padrões do Boxe, adaptando-os à mesma. Esta situação encontra ressonância em Elias, ao nos afirmar que “estas características do boxe enquanto desporto permite explicar o motivo por que a forma inglesa de boxe foi adaptada como padrão em muitos outros países, substituindo, muitas vezes, formas de pugilato tradicionais, específicas de uma região, como sucedeu em França... A transição dos passatempos a desportos,a “desportivização”, se é que posso utilizar esta expressão como abreviatura de transformação dos passatempos em desportos, ocorrida na sociedade inglesa, e a exportação de alguns em escala quase global, é outro exemplo de um avanço de civilização” (Elias & Dunning, 1995: 34). Embora transposta do boxe, esta obra de Burlamaqui foi extraordinária para os padrões da época causando ainda hoje muita admiração pela riqueza de detalhes técnicos apresentados, assim como, por seus processos pedagógicos devidamente ilustrados. Como um desporto pugilístico, a Capoeira trilhou um novo caminho no qual fora aceita socialmente, e a contribuição de Annibal Burlamaqui para a organização desportiva da Capoeira nesta área foi tamanha, que ele conseguiu introduzir a mesma, enquanto “Luta Brasileira”, já em suas fundações, na Federação Baiana de Pugilismo, em 11 de novembro de 1930, na Federação Carioca de Pugilismo, em 05 de março de 1933, bem como na Federação Paulista de Pugilismo, em 04 de novembro de 1936, de modo que em ambas foram criados, já no primeiro momento, os “Departamentos Estaduais de Luta Brasileira”, situação esta que teria desdobramentos futuros. A necessidade do estabelecimento de uma legislação desportiva era uma exigência que vinha do exterior, em especial do Comitê Olímpico Internacional. Deste modo, surgiu em 14 de abril de 1941, através do Presidente Getúlio Vargas, o Decreto 3.199/41 que regulamentava as práticas desportivas e dava outras considerações. Esta legislação organizou as Confederações Brasileiras segundo suas áreas específicas. A Capoeira, entendida como luta, passou a integrar, também, desde sua fundação, a Confederação Brasileira de Pugilismo – CBP, através do Departamento Nacional de Luta Brasileira. Este foi o primeiroreconhecimento oficial da Capoeira como uma prática desportiva. Ou seja, Getúlio Vargas liberou a Capoeira para que a mesma se transformasse em um desporto pugilístico, graças e tão somente aos trabalhos que Annibal Burlamaqui desenvolveu na Bahia, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e em São Paulo. Muito embora desde o final do século XIX, a Capoeira Desportiva já estivesse liberada pela polícia, as contribuições precursoras de Annibal Burlamaqui, organizaram este segmento, sendo considerado por tais razões o seu patrono. Além disto, lançaram as bases da moderna Capoeira, a partir de Zuma, pois de sua atuação, também surgiram outros dois Eixos, ambos institucionalizados enquanto práticas esportivas na Cidade de Salvador, Bahia, conforme veremos adiante. O Eixo Desportivo, buscado pelos Positivistas de Vanguarda e que foi codificado por Burlamaqui, tornou-se institucionalizado, obtendo, a cada época, avanços em suas propostas. A Capoeira passa a sofrer grandes modificações principalmente a partir dos anos 30 e 40, e os capoeiristas que tanto terror causavam na população e tanto trabalho davam à polícia “vão sendo substituídos em importância na cena principal da Capoeira por mestres que com zelo vão exercer uma nova ação civilizadora”. Através deste processo civilizador a ”Luta Brasileira” passou a estar atrelada aos dispositivos legislativos que, como vimos, foram vitais para esta legitimação, os trabalhos desenvolvidos por Burlamaqui. Sua importância para este processo não pararia por ai, pois ainda exerceu grande influência num dos mais profícuos professores de Educação Física do Brasil, o Prof. Inezil Penna Marinho, que em 1945 publica a obra “Subsídios para o Estudo da


Metodologia do Treinamento da Capoeiragem”, elaborada a partir de um trabalho científico que no ano anterior fora premiada em 1° lugar no Concurso Nacional de Monografias do Ministério da Educação e Saúde. Em sua página dedicatória encontramos o seguinte: “Dedicamos este pequeno trabalho aos capoeiras do Brasil, entre os quais Agenor Sampaio (o velho Sinhozinho) e Annibal Burlamaqui (Zuma), que tanto têm trabalhado para que a capoeiragem não desapareça”. Graças ao trabalho desenvolvido por Annibal Burlamaqui, estruturando os Departamentos de Luta Brasileira (Capoeiragem), nas Federações Estaduais de Pugilismo, em 1953, o governo brasileiro expediu a Deliberação 071/53 do Conselho Nacional de Desportos – CND, órgão do Ministério da Educação e Saúde Pública. Esta medida que tinha como objetivo exercer um controle sobre o cidadão que praticava atividades esportivas, em especial as Artes Marciais, enquadrando a Capoeira nesta categoria, determinava o cadastramento de todos os seus praticantes e sua comunicação aos órgãos governamentais. Esta medida, a despeito da sua natureza, caracterizou o segundo reconhecimento oficial da Capoeira como uma modalidade desportiva. Encontramos, também a partir de Annibal Burlamaqui, a estruturação do segundo segmento organizacional da Capoeira, o da Luta Regional Baiana, devido à grande influência que o mesmo exerceu sobre a pessoa de Manoel dos Reis Machado, o Mestre Bimba, e seus primeiros discípulos, que buscando uma aceitação social para seu trabalho, encontra no Método Desportivo de Zuma um diferencial de ensino garantidor desta projeção almejada. O Método de Zuma, como vimos, tinha o nome de “Ginástica Nacional” e deu origem à “Luta Brasileira”. Embora sejam diferentes os conceitos de “Ginástica” e de “Luta”, ocorre que ambas provinham da mesma orientação: civilizar e difundir a Capoeira. Bimba, utilizandose deste método e fazendo uso da legislação de sua época, registrou sua academia na Inspetoria do Ensino Secundário e Profissional da Secretaria da Educação, Saúde e Assistência Pública, do Estado da Bahia, obtendo em 09 de julho de 1937, o Alvará n° 1117, para o funcionamento de sua academia como Curso de Educação Física, sob o nome de “Centro de Cultura Física e Luta Regional”. Ou seja, a Capoeira, que na década anterior já estava liberada pela polícia no Rio de Janeiro, sob o nome de “Luta Brasileira”, agora estava registrada em Salvador sob o nome de “Luta Regional”. Desta forma um modelo desportivo nacional fora registrado por Bimba como sendo regional. Iniciou-se, a partir de então grandes desentendimentos sobre a mesma. Esta situação de registro na capital nacional como “nacional” e nas demais capitais como “regional” era comum naquele período histórico. Este fato foi registrado no Jornal Diário da Bahia, na sua edição de 13 de março de 1936, na matéria: “Titulo Máximo da Capoeiragem Bahiana”, onde Bimba dá uma longa entrevista acerca de seus desafios públicos na divulgação da chamada Luta Regional. Da mesma destacamos o seguinte trecho: “Falando sobre o actual movimento d’aquele ramo de lucta, genuinamente nacional uma vez que difere bastante da Capoeira d’angola, o conhecido Campeão (Bimba) referindo-se a uma nota divulgada por um confrade matutino em que apparecia a figura do Sr. Samuel de Souza. Do Bimba, de referência aos tópicos ouvimos: Ao som do berimbau não podem medir forças dois capoeiras que tentem a posse de uma faixa de campeão, e isto se poderá constatar em Centros mais adiantados, onde a Capoeira assume aspectos de sensação e cartaz. A Polícia regulamentará estas exibições de capoeiras de acordo com a obra de Aníbal Burlamaqui (Zuma) editada em 1928 no Rio de Janeiro... Antes de deixar a nossa redação Bimba, apresentou-nos um seu discípulo Manoel Rozendo Sant’ana, que aproveitou para lançar de público um desafio ao Sr. Samuel de Souza para uma lucta pelas normas traçadas pela direção do Parque Odeon, conforme se tem verificado”. Nesta reportagem existem alguns itens que merecem uma atenção mais detalhada: _ A confirmação da influencia de Zuma no trabalho implantado por Mestre Bimba; _ O reconhecimento de Bimba ao trabalho de Zuma; _ A afirmação de Bimba existia Centros mais adiantados em Capoeira que a Bahia, no caso, a Cidade de Rio de Janeiro; _ O interesse de


Bimba pela prática desportiva da “Luta Nacional”; _ A integração de seu discípulo nesta inovação; _ A adoção do regulamento de Zuma pela direção do Parque Odeon, onde se realizavam tais apresentações; _ A liberação pela polícia, daquela forma de luta já existente no Rio de Janeiro. Esta competição de Capoeira teve na época uma significação importante. Durante algumas décadas estes fatos foram de desconhecimento dos capoeiristas, posto que os biógrafos de Bimba omitiam esta situação, procurando manter uma imagem de que o mesmo fora o grande organizador da Capoeira. Hoje esta realidade acabou vindo à tona, gerando novas pesquisas sobre este assunto de grandiosa importância. Tratava-se da primeira competição desportiva ocorrida em Salvador, e demonstrava uma nova linha de conduta entre os capoeiristas a partir do seu reaproveitamento desportivo conforme se constata a partir do próprio depoimento de um de seus alunos e biógrafo: “Essas lutas foram realizadas no dia da inauguração do Parque Odeon, na Praça da Sé. No dia 7 de fevereiro de 1936 o Diário de Notícias publicava: ‘O Esporte Nacional no Stadium Odeon, o capoeirista Bimba venceu brilhantemente o seu adversário Henrique Bahia”. Bimba venceu todos os lutadores e estava convencido de que ganharia um cinturão de campeão, o que não se efetivou. Esta frustração acompanharia sua vida. Ao realizar esta ação, Bimba acrescentou à Capoeira o acompanhamento musical em algumas solenidades, mantendo, porém, uma linha de trabalho caracterizada pela desafricanização de seus rituais. Note-se que a música se encontrava somente em algumas solenidades e não no treinamento, posto que Bimba considerava isto um fator de degeneração da luta. O acompanhamento musical que também não se configura na obra de Burlamaqui precisa ser entendido como outra etapa no processo civilizador, pois o que estava em jogo naquele momento era o total esvaziamento da cultura africana, sendo aproveitado somente o gestual da Capoeira, ou seja, apenas o que era pertinente à aptidão física e aos exercícios de agilidade corporal. Em função desta intervenção de Bimba na “Ginástica Nacional” ou na “Luta Brasileira”, passou a existir uma ruptura estrutural na Capoeira, gerando também uma das maiores confusões ocorridas na mesma no século XX e que ainda hoje trás fortes conseqüências. Cabe enfatizar que desde o início do século, a Capoeira também estava ludificada em Salvador, sob o nome de “Vadiagem” ou mesmo de “Capoeiragem”, entretanto, após Bimba implantar o novo método, afirmando-o como uma “Luta Regional”, esta ação gerou fortes divergências sobre a mesma nos anos que se seguiriam. Assim, tivemos a seguinte situação: o nome “Luta Regional”, que surgiu atrelado a capoeiragem a partir da “Luta Brasileira”, começou a sofrer uma derivação popular para “Capoeira Regional”, nome que não foi registrado, mas pelo qual se consagraria. Este nome acabou também gerando o entendimento de que a Capoeira por ser “regional” era da região. Por outro lado muitos também tinham o entendimento de que aquela introdução derivava da “Ginástica Brasileira”, que vinha do Rio de Janeiro, e por sua vez, uma indesejada influência carioca, se opondo radicalmente a estas duas situações, havendo quem considerasse a Capoeira de Bimba uma Capoeira carioca, a exemplo de Mestre Samuel de Souza, o famoso Samuel Querido de Deus. Fica evidente que a preeminência da Capoeira no Rio de Janeiro se deveu a Burlamaqui. Não é à toa que este sentimento estivesse na Bahia. Bimba, por sua vez, incentivado por Cisnando, procurou tirar vantagem daquela situação, afinal, o Rio de Janeiro era a Capital Nacional. Assim a desafricanização, ou seja, a institucionalização da Capoeira, de luta para jogo e esporte, a tornava palatável à sociedade e com isto a mesma conseguiu obter seu desenvolvimento até os nossos dias.


A Regional exploraria mais o aspecto da luta propriamente dita, e sob o prisma de seu aspecto lúdico caracterizou-se por uma maior ênfase em seu fator “competição”, gerando outras relações quanto à vertigem, à fantasia e à aventura. Esta característica da Regional contribuiu para torná-la conhecida por sua belicosidade, sendo este um efeito que, em teoria de jogo, é chamado de corrupção do lúdico, a ser estudado oportunamente. Tal fato gerou um crescimento da busca de sua prática desportiva, principalmente nos grandes centros do país, fato este que se alinharia com a busca e o crescimento de outras Artes Marciais, tais como o Judô, o Karatê, o Kung Fú, o Jiu-Jítsu, o Tae Kwondo entre outras. A Regional neste cenário contribuiria para enfatizar a Capoeira como a Arte Marcial Brasileira. Com o apoio governamental, Bimba passou a excursionar com seus alunos para os grandes centros, demonstrando “sua” luta regional, o que serviu para divulgar a Capoeira como um todo, em grande parte do território nacional. Por estas entre outras razões, a memória de Annibal Burlamaqui, o Zuma, é aqui resguardada, assim como, por méritos pessoais, é considerado o Patrono da Capoeira Desportiva. Fonte: DA CAPOEIRA: COMO PATRIMÔNIO CULTURAL - Prof. Dr. Sergio Luiz de Souza Vieira - PUC/SP 2004, disponível em http://www.capoeira-fica.org/


BOX 4 – REFLEXÕES DE MESTE ANDRÉ LACÉ 413

De:

André Lacé - Enviada: segunda-feira, 11 de novembro de 2013 14:45:46

Para:

Leopoldo Gil Dulcio Vaz

Prezado Leopoldo Vaz, Continuo aguardando mais informações do Professor João Alberto Barreto. [...] Mas, data venia, a clássica e tradicional manipulação dos governos, especialmente os ditatoriais, das culturas populares mereceria, pelo menos, alguns parágrafos. Em que pese ser assunto que muitos preferem colocar para debaixo do tapete da História. Leia o Manual do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda, por exemplo. Não tenho dúvida que interferiram também na afro-capoeira, cooptando alguns, perseguindo os demais (veja foto). Se não fosse embranquecido e aburguesado, o ensino da capoeira poderia também formar perigosos líderes populares. Urgia, pois, localizar um símbolo negro e embranquecer o seu trabalho. A Capoeira Regional não existiria não fosse a fundamental contribuição de dois médicos maçons, um deles, do mesmo estado do interventor na Bahia, na época, com problemas em relação à protestos estudantis na Faculdade de Medicina. Essa contribuição está bem clara no livro de Decânio, inclusive substituição de parte da liturgia afro-brasileira pela liturgia acadêmica, cuja fonte era a fantástica Universidade de Coimbra. Com base, então, na Gyminastica Nacional” de ZUMA e outros, foi criada a “Regional”. Que, ao meu juízo, nem é luta eficaz nem é, obviamente, folclore autêntico. Já existem alguns “papers” sobre isso, mas, atenção, é tema explosivo, abominado por algumas vestais deste templo da fantasia. Minha sugestão é apenas tocar de leve nessa versão, diplomaticamente, pois é de interesse pesquisatório. Outro tópico que me parece interessante é a possibilidade do Moringue ser o avozinho da afrocapoeira e, também, do savate e do chausson. Em Marselha, setembro passado, tive a sorte de conversar cm um aluno do Mestre Camaleão, nascido na Ilha de Reunion, no Oceano Índico, onde eu também já estive. Reflexão I Curiosa e sintomática a pergunta [...]que me fez: Quando e como a Angola começou a renascer superando a pressão da regional?

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Correspondencia pessoal - From: alace@alternex.com.br To: vazleopoldo@hotmail.com Capoeiragem & Reviews & Criticism.docx


Em certa medida, através de algumas crônicas, publicadas até em jornais no exterior e veiculadas também na Internet, já andei refletindo sobre esse tema. Entendo que os "regionalistas" têm uma relação de Amor e Ódio com os "angoleiros". De ÓDIO porque tentaram de todos os modos venderem a Regional como a melhor capoeira do mundo, a capoeira definitiva, podendo as demais serem jogadas no lixo. A rigor ainda tentam e tentarão sempre, mas, jamais conseguirão. E relação de AMOR, pois, sempre que acusada de alienada e alienante, a Regional corre para debaixo da saia da Angola e da Negritude. Quem contribuiu, de maneira brilhante e talentosa, para a Angola não sucumbir ao massacre marqueteiro de sua "rival", sem sombra de dúvida, foi o Pedro Moraes Trindade. Para começar, assim como Rafael Flores fez a Regional refluir no Rio de Janeiro, Moraes fez o mesmo trabalho com a Angola (sem negar o mérito de grandes “angoleiros”, muito antes dele, como o grupo Joel Lourenço de Almeida e outros, favorito disparado do grande e saudoso baiano Edison Carneiro). Foi no Rio que as duas, no período estipulado pela sua pergunta, começaram a ressoar mais fortemente para o resto do Brasil e pelo mundo afora. Haja vista para o caso mais recente, do extraordinário Minotauro, excelente lutador na Bahia, à medida que veio para o Rio, ficou ainda melhor e estourou para o mundo. Queiram ou não, sem negar as crescentes mazelas da Cidade Maravilhosa, é ainda onde os sucesso regionais ressoam para o mundo. Assim como os irmãos Minotauro & Minotouro, Moraes já chegou mestre no Rio, mas, foi no Rio que, dando voltas do mundo com exímios capoeiras, aprimorou ainda mais seu talento. Quem assistiu a "volta do mundo" que o Moraes fez com Artur Emídio, no Terreiro São José Omulu & Omolocô, lá no Pantanal, em Duque de Caxias, concordará plenamente com o que estou afirmando. Do Rio, Moraes ganhou o mundo, especialmente Estados Unidos, onde realizou palestras e exibições que impressionaram a todos. Até porque, além de jogar, tocar e cantar muito bem, Moraes tem realmente fundamento, tem ideologia, tem militância. Além do Morais, eu salientaria também outro extraordinário nome, João Grande! Quem assistiu a uma aula do Mestre em sua academia em Manhattan, concordará também comigo. Bueno, fico por aqui, mas sem negar jamais a contribuição dos grandes mestres de angola, começando pelo extraordinário e saudoso Pastinha e seu outro fiel e brilhante seguidor João Pequeno, passando por Mestre Caiçara e tantos outros, e já valendo dedicar um bom espaço para o talento capoeirístico e o trabalho social do Cobra Mansa Sendo também oportuno lembrar que, uma resposta completa, teria que dar igual destaque a vários outros estilos de Capoeira. Reflexão II Parece mesmo a lenda do "menino que acabou com a hipocrisia do povo deslumbrado com a roupa do rei que desfilava, simplesmente, pelado". - O Rei está nu, exclamou ele. Claro o angoleiro dinamarquês Hans Christian Andersen conta essa história bem melhor. O resumo que você apresenta sobre a Capoeira Regional, muito correta, permite perceber as contradições que caracterizam a sua gênese e evolução, vejamos dois simples exemplos: 1. Como sempre se apresenta, ao mesmo tempo, duas versões conflitantes entre si: Primeiro, que a Regional nasceu do Batuque; Segundo, que a Regional nasceu do enriquecimento da capoeira tradicional praticada em Salvador, enriquecida com vários golpes e movimentos de lutas estrangeiras. 2. O terrível Departamento de Imprensa e Divulgação, DIP, e similares, da Era Vargas.


Uma das estratégias desse departamento era identificar e cooptar lideranças populares. Especialmente na Bahia, onde, com certa razão, o povo baiano não gostou da nomeação de um tenente cearense para governá-los. Ora, Cisnando (Sisnando? Vejo o nome gravado dessas duas maneiras), conhecedor de várias lutas estrangeiras, também cearense, foi fundamental na formulação do convite que Bimba recebeu para se apresentar no Palácio do Governador. E, também, no seu contrato para trabalhar no CPOR baiano. Embora não seja especialista em biografia, registro que a trajetória o Senhor Sisnando, uma vez formado em medicina, foi extremamente vitoriosa, inclusive ocupando cargos públicos e, salvo engano, elegendo-se prefeito em alguma cidade baiana, o que, para um municipalista convicto como eu, o torna pessoa ainda mais importante). 2.1 Foi lá, no Exército, onde Bimba tomou conhecimento das "Emboscadas", exercício militar tão antigo quanto o mais antigos dos exércitos. Já li, entretanto, tese "doutorá" jurando que foi ao contrário, Bimba é que teria ensinado ao Exercício, o exercício secular das Emboscadas dramatizadas. 2.2 O CPOR, aliás, e a propósito, parece mesmo ter sido um marco na gestação da “Regional”. Coincidindo com a exigência de pagamento e teste para entrar na “academia”, com o objetivo de afastar os vagabundos e melhorar a imagem da capoeira, pode-se perceber que os novos alunos estavam mais para o CPOR do que para o serviço militar do povão, como simples soldado (“reco”). A nova exigência pode ter impedido a entrada de vagabundos, mas acabou impedindo também o ingresso de candidatos pobres, geralmente afrodescendentes, com grande potencial de patriotismo e liderança (constante preocupação dos órgãos de inteligência de todas épocas pelo mundo afora). Repare, Matthias, que, salvo engano, o próprio Sisnando, no retrato colocado no Quadro de Honra de formados por Mestre Bimba, aparece fardado. 2.3 Em longa e extremamente simpática e reveladora entrevista que fiz com Mestre Bimba demonstrando excelente percepção e grandeza ainda maior contou detalhes sobre o aluguel (atrasado) que pagava para uma instituição religiosa: cria-se filho para a vida, mas o fato é que, hoje em dia, ao invés de arriscarem vir ao Pelourinho (na época, realmente, muito abandonado) os pais preferem matricular seus filhos em locais mais apropriados e aprenderem capoeira com um de meus ex-alunos. Impossível discordar, mas, sem dúvida, esse quadro é que provocou o seu “exílio” para Goiás (leia as cartas de Mestre Oswaldo de Souza, em anexo). 2.4 Outro fato significativo, mas, muito pouco explorado, é que o tenente Juracy, assim como tratou de freqüentar a cultura baiana, inclusive candomblés, era também informante do FBI. Da mesma forma que, segundo vários pesquisadores, alguns mestres de capoeiras mais modernos foram informantes da chamada Ditadura Militar. Não se trata aí de reviver fantasmas e ideologias, mas, convenhamos, a História da Capoeira, desde África (Costas Ocidental e Oriental) está pontilhada de tais exemplos. [...] A verdadeira História da Capoeira acabará aflorando. Antes, porém, teremos que aturar a publicação bilíngüe de alguns livros luxuosos, patrocinados por verbas públicas, provando por


mais A mais B, de maneira surrealista que “a Regional, não só veio do Batuque, como, também, não veio do batuque”. E que Tenente Juracy Magalhães, autor da famosa frase "O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil", era um comunista da pesada, filiado ao POLOP, e defensor da linha sino-cubana. Creio que na tradução do seu livro para o português, tais reflexões – sem ironia e de maneira bem acadêmica - deverão merecer algum espaço. “The History of an afro-brazilian Martial Art” (Matthias Röhrig Assunção)

[...] dizer que seu trabalho foi uma grata surpresa, um dos mais completos que li, até com coragem, não de agradecer minha modesta colaboração quando da sua primeira visita aqui em casa, mas, de comentar algumas de minhas afirmações e citar alguns dos meus livros ao final do seu. Coisa raríssima, seguramente você desagradou a muita gente, especialmente aos meninos de recado da tal liga do dendê.. Alguns deles, aliás, também citados e elogiados em seu livro. Não o estou culpando, Matthias, você deve ter sido muito bem recebido por eles e, seguramente, teve a oportunidade de também vivenciar a parte boa da Bahia, que é realmente fascinante e majoritária. Bueno, o que interessa agora é que você tem planos de verter seu livro para o português. Excelente idéia! Chance milagrosa e oportuna para serenamente mergulhar fundo, refletir muito e escrever sobre os aspectos absolutamente fundamentais para a melhor compreensão do fenômeno Capoeiragem. Com prazer, nessa sua nova visita ao Quilombo do Leblon, passei-lhe as mãos, um CD-ROM com o Power Point que utilizei como apoio em longa palestra (quase dez horas) que realizei num curso sobre Capoeiragem, nível de pós-graduação (?), promovido pela Universidade Estácio de Sá. Aliás, palestra que você também fez e igualmente, até hoje, não recebeu o que prometeram pagar. Tenho certeza que os temas abordados merecerão a sua atenção. A seguir, como simples sugestão, adianto alguns desses temas: 1. A “Luta Regional Baiana” não é eficaz como LUTA nem pode ser considerada folclore puro. Afirmação tão antipática e surpreendente para muitos, quanto absolutamente verdadeira.


Como luta, se posta à prova, perderá para lutador de qualquer outra arte marcial. Em condições de igualdade, é claro, quanto à idade, peso, preparo físico, tempo de treinamento etc. Sua gestação, tendo de pano de fundo a ERA VARGAS, sem dúvida alguma se fundamenta na capoeiragem – teoria e prática - do Rio de Janeiro Antigo. A parte teórica fica por conta de “ODC”, Cyriaco, ZUMA, Coelho Netto, Pederneiras, Plácido de Abreu, Calixto & Lima Campos, Sinhozinho e alguns outros. Além de intercâmbios e publicações do Rio de Janeiro que corriam todo o Brasil, muitas das quais acabavam na mão de capoeiras que as tomavam como fonte e inspiração. Foi assim com a criação da Regional. 3. Que se fundamentou também nas primeiras academias de capoeira que surgiram, Matthias, pioneiristicamente, no Rio de Janeiro! Em termos práticos, o exemplo de Cyriaco é emblemático. – veja o Power Point: tinha sua metodologia própria, ensinava aos acadêmicos de medicina, fez luta histórica com japonês, campeão de judô. Os feitos de Cyriaco correram todo o Brasil, muito especialmente a Bahia. Você negaria isso? 3.1 A famosa luta foi realizada em 1909, local público, com bilheteria, presença de autoridades e da sociedade em geral, com autorização legal, estaria a Capoeira proibida nessa época? Teria a capoeira saído da ilegalidade somente décadas mais tarde com a exibição-show que Bimba fez para Vargas? Como diria o talentoso e saudoso Bussunda, “fala sério”. Veja no Power Point como até a liturgia acadêmica ajustada pelos acadêmicos de medicina do Rio à Capoeira, décadas mais tarde, inspirou ajustes semelhantes na Bahia, quando os acadêmicos de medicina de lá, tendo o momento político de fundo, elegeram um Cyriaco local. 4. A marca nazistóide da Regional Parabéns, você mencionou o terrível DIP. Na versão do seu livro para o português, entretanto, sugiro que você mergulhe mais nessas águas podres, de escafandro, mas, mergulhe. A criação da Regional está intimamente ligada a essas circunstâncias. Até hoje. O jovem tenente cearense Juracy Magalhães, que Vargas impôs ao povo baiano, era informante do FBI, certo? O jovem Sisnando, acadêmico de medicina, conhecedor de lutas estrangeiras e aluno conceituado de Bimba, também cearense, era conhecido de Juracy, certo? O DIP (da época) usava a velha estratégia de cooptar lideranças populares para poder fortalecer o próprio Poder, evitando, no berço, qualquer tendência a rebeldia. Escolheram, então, um grande líder popular e uma bandeira negra, para diabolicamente embranquecer e aburguesar manifestação popular sócio-cultural-esportiva potencialmente perigosa. Daí o emprego no CPOR (salvo engano, Sisnando também andou por lá, fazendo seu serviço militar) onde Bimba, entre outros aprendizados, tomou conhecimento do exercício de Emboscadas, secularmente praticado pelos exércitos do mundo. O fanatismo, entretanto, jura de pé junho que foi Bimba que ensinou a Emboscada ao Exército Brasileiro. E nem vou mencionar as palmas nazistóides e a mudança radical no significado das letras, dos apelos sociais passaram para a bravata pessoal. Tudo que o DIP (da época) queria. O “confronto” de lutas promovido no Parque Odeon, em Salvador, está embutido aí. Evento coordenado por um major do Serviço de Inteligência, com Mestre Bimba assessorando a elaboração do Regulamento das Lutas programadas. Além disso, como você sabe muito bem, Mestre Bimba funcionou ainda como Árbitro de algumas lutas e – last but not least – lutou algumas outras, saindo vitorioso em todas elas. Claro, o evento do Parque Odeon foi também cópia do Rio, mais precisamente dos eventos promovidos por Paschoal Segreto, no seu Pavilhão Internacional (onde Cyriaco lutou). No seu livro você preferiu ficar com as interpretações do carioca (Baixada Fluminense, “naturalizado” baiano ) - “Bimba é Bamba”. Ora, imagine – releve a insistência - um pesquisador assessorando a elaboração de um “Regulamento para um Concurso de


Pesquisas”, participando da Comissão de Julgamento dos trabalhos apresentados (“árbitro”) e concorrendo a esse mesmo concurso! E quanto às lutas “magistralmente” vencidas pela Regional em São Paulo, cantadas em prosa e versos, em artigos e trabalhos doutorais? Narrativas que deixam sempre de fora um pequeno detalhe: Todas essas lutas em São Paulo foram, simplesmente, combinadas. Foi um espetáculo de “marmelada”. Não importa, em função de tais “vitórias” decretaram e espalharam pelo mundo que a Regional era a luta mais eficaz do mundo. Simplesmente, não é, jamais foi e jamais será.

Depois dessa “vitoriosa” passagem por São Paulo, já sem Bimba (que retornou à Salvador declarando à imprensa local que o confronto tinha sido um sucesso), o grupo de alunos selecionados da Regional seguiu para os confrontos no Rio de Janeiro, onde a os capoeiras cariocas tiveram vitórias acachapantes (embora comicamente negadas em cartório). O nome do famoso Sinhozinho, mais do que nunca, ficou a merecer louvação, um formador de campeões! Matthias, não foi intencional, mas considero um absurdo o pouco espaço, quase nenhum, que você, em seu livro, dedicou à inestimável contribuição do Seu Agenor Sampaio para com a capoeira em sua função luta (luta de verdade). Sinhozinho merecia capítulo inteiro, onde você aproveitaria e daria detalhes sobre a vida e obra do não menos extraordinário Rudolf Hermanny. Afinal, Matthias, quem, no mundo da Capoeira, lutou capoeira, sem marmelada, contra um dos melhores alunos dos Gracie? Por mais de uma hora, tudo devidamente documentado? Bimba, Besouro Cordão de Ouro, Jair Moura, Fred Abreu, Camisa? Não estou sugerindo criticar esses nomes, e sim, passar a valorizar também aqueles outros. O livro ficará mais justo e completo. Sem esgotar o assunto, eu lembraria ainda o eterno impasse sobre a gênese da Regional. Até hoje, os novos livros, parecendo até coisa combinada (“marmelada”!?) ora dizem que veio do Batuque, ora juram que veio do enxerto de movimentos e golpes de outras lutas na tradicional capoeira que então se jogava na Bahia. Sendo que começa a tomar corpo uma terceira versão pela qual a Regional viria lá da Ilha de Reunião. By the way, você sabe quando começou essa nova especulação? Tem muito mais, como você verificará através do Power Point que ora lhe ofereci, paro por aqui. Estou encaixotando todo meu pequeno acervo para mandar para o novo MIS RJ; antes, porém, salvei em DVDs registros que me pareceram mais relevantes, todos eles sempre a


disposição de pesquisadores inteligentes, com bom back ground e, sobretudo, bem intencionados. Seu caso. REVIEWS & CRITICISM ON CAPOEIRAGEM HISTORIOGRAPHY 414 por CAPOEIRAGEM CARIOCA “Capoeiragem Carioca” dedica o presente espaço especialmente para os casos de excessão de pesquisa de boa qualidade, a propósito da historiografia da capoeiragem; mas também, para notas críticas, dirigidas ao trabalho de baixa qualidade. O objetivo geral é aquele de fomentar atitude de pesquisa séria, respeitosa, rigorosa e objetiva, diante do tema, dentre futuras gerações de pesquisadores e autores, assim como no contexto acadêmico. É claro, deixamos o debate sobre qualquer dos tópicos discutidos aberto àqueles que venham a discordar, desde que venham a apresentar argumentos e/ou sólidas evidências a favor de seus pontos levantados. Será suficiente abrir um tópico de discussão, na página, e estaremos contentes em prosseguir com a discussão (todos os fãs da página estando convidados a tomar parte dela). Estamos abertos a reconsiderar qualquer crítica aqui publicada, desde que razões boas e suficientes para tal sejam apresentadas, para tal. Também iremos publicar, nesta nota, referências a trabalhos gerais sobre a historiografia, considerados relevantes para as discussões críticas, a propósito do que tem sido feito com a capoeiragem, ao longo dos anos. A Capoeiragem Carioca (e a em geral) tem ocasionalmente recebido boa excelentes pesquisadores, quanto a sua história. sido vítima, porém, de publicações de péssima qualidade, quase surreais. Tal inclui não apenas o domínio popular, mas trabalho acadêmico. É difícil de compreender sido normalmente aprovado por universidades de publicado por reputados editores.

Capoeiragem, atenção de Ela tem também historiográficas tendência infeliz também, teses e como isto tem reputação e/ou

Eric Hobsbawm's work on the topic of "invented traditions", sets up the discussion of the subject of supposed traditions, which are not traditions, at all, and the role of historiography, in dealing with them "Invented traditions" is a now universal expression in technical discussions on historiography. This book by Brithsh historian, E. J. Hobsbawm has brought the expression into use & analysis. There is a urgent need of serious historiography on capoeiragem, since most of the academic works, following popular capoeira group mythology take purely invented traditions for plain facts, at the expense of the historical facts of capoeiragem.. DISPONÍVEL EM http://www.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fbooks.google.c om%2Fbooks%2Fabout%2FThe_invention_of_tradition.html%3Fid %3DsfvnNdVY3KIC&h=aAQHiKzyVAQEA09c-bug4m8AQS-kRXqGV2voMsdxEF2jYyQ

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CAPOEIRAGEM CARIOCA - http://www.facebook.com/CapoeiragemCarioca


DIAS, Luiz Sérgio: Quem Tem Medo da Capoeira? Rio de Janeiro, 1890-1904. Book (2001) Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Academic Ph.D. Thesis (1994) UFRJ. In this excellent historiographical work, totally out of the "official" mainstream, Prof. Dias presents documented facts about the feared "capoeiras" of Rio de Janeiro, in the turn to the 20th century. The full book may be accessed, here: http://openlibrary.org/books/OL3721750M/Quem_tem_medo_da_capoeira

PONTES, Samantha E. de M. (UNIRIO). Very interesting research article (2005) on 19th century newspapers on Rio's capoeiras & maltas http://www.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.unirio.br%2Fmorpheusonline%2Fnumero072005%2Fsamantha.htm&h=tAQEUkA6_AQFewJFca29tblj4N-SAI35iL73Pbtk4jos8kQ

SILVA, Cristina da Costa (UNICAMP, 2002) physical education Master Degree dissertation. An impressive (almost surreal) effort to minimize the importance of Rio de Janeiro's developments in modern capoeiragem. Following the recipies of the "official" academic research, she underestimates pioneer's efforts such as O.D.C. Manual, Zuma & Sinhozinho and follows the ritual of praising similar (but posterior) efforts by Master Bimba. Almost magically, the author mentions the defeat of Bimba's student's to Sinhozinho's, without mentioning the first being Bimba's students. Right after that, she uses as a sort of "proof" of Bimba's capoeira's surpassing to Sinhozinho's, the news about Bimba's students "victories" in São Paulo... Two problems, here. First, the fights in São Paulo were FIXED, a fact well documented by the students themselves. Second, in REAL fights in Rio, those were the very students severely defeated by Sinhozinho's students, fight after São Paulo. As one would expect (but not justify), there is not a single mention to André Lacé's seminal book on capoeiragem in Rio de Janeiro http://books.google.com/books?id=sfvnNdVY3KIC&printsec=frontcover&hl=ptBR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false

http://www.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.oocities.org%2Fbr%2Fcapoeiranomade2%2FA _Educacao_Fisica_na_roda_de_capoeira_entre_a_tradicao_e_a_globalizacaoPaula_Silva.pdf&h=XAQGzWjK3AQEVnS7Lm9Pxkzwq9GOZD8XbL2L7eQpfZfJPvg

PEREIRA, Ana Beatriz de Oliveira: A Capoeira como Espetáculo: Sentimento Nacional, Esporte e Identidade (1909 – 1938). Graduation in History Monography, PUC, Rio de Janeiro, 2010.


Cyríaco's 1909 Fight as the the turning point of capoeiragem, now conceived as a "national art" & viewed positively by society "Descrita como um fato que “ecoou pelo Brasil inteiro”, a vitória do “moleque Cyriaco” aparecia, na matéria, como um verdadeiro ponto de partida de sua ascensão. A memória construída pela matéria deixa clara, assim, a importância daquela singela disputa de 1909 para a consolidação de uma imagem positiva para a capoeira. Pode-se constatar até o momento, por meio da análise das notícias de imprensa da luta de 1909 entre o capoeirista Cyriaco e o campeão de jiu-jítsu, o japonês Miaco, os primeiros momentos da construção de um discurso que identificava a capoeira como nacional – apropriada aqui como uma dicotomia / superioridade de nacionalidades. Também fica evidente o processo de popularização que esta vinha atravessando – como mostrava tanto a repercussão da luta, quanto o prestígio posterior do próprio capoeirista, que chegou a fazer exibições numa faculdade de medicina para a elite carioca." In this very interesting study, the author deviates completely from the "official" sources on capoeiragem, according to which Cyríaco's fight & other events from Rio were of minor importance for capoeira's modern history. In spite of that,following a sort of academic ritual, she only makes reference (& reverence) to the usual ("official") sources, not considering the works of authors such as André Luiz Lacé Lopes, who has been defending the importance of Cyríaco's fights for decades, in his numerous books & articles. What is the most impressive is that the author, in her "Conclusion" states the widely known wrong ("official") thesis, according to which Master Bimba has been the first person to open a capoeiragem school, ever, when he opened his school in Salvador, in 1932. Lacé's books have been out for almost a decade, plainly documenting that there were at least two schools functioning in Rio de Janeiro, by 1931: Master Sinhozinho's Academia de Luta Nacional Brasileira & Master Jayme Ferreira's Escola Typica de Agressão & Defesa. The last one received capoeiras from Bahia, in Rio for military service, who were defeated in similar events as those mentioned in her thesis. How can an academic thesis including false statements at the conclusion, totally lacking information on capoeiragem in Rio de Janeiro, be approved by a Jury, at an important University in Rio de Janeiro??? Weak up, RIO!!! http://www.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.lambda.maxwell.ele.pucrio.br%2F16831%2F16831.PDFXXvmi%3Dkx6sPD6lAs9AUbvmae9UmJtEWjf3COkXnrrd5xAF2JfXV Mk61t2new2cQift7Bsu3UJ8tjOv44t1RP7Sj9hzGkLxD23LEvhHr2QVlFrqKWrCMAv7KNHq8s0Mv4za AQS3SJZfprGap9NcJjkt82VhvV420DdBu6EoPEEf6lqvufJfA5JJ8G1ED6HEKUff1UERzj8GFAcbPWrq 2baaSbPviwa3sqjtmZlWiuDZ5QbUODmRPw2IJSf2pq6SRpnfpKcJ&h=tAQEUkA6_AQHn1XZBEV55 KFiiiosoRhaWBdPNrag4LLt0tw

How NOT to do a serious historiographial work. Check out, how capoeiragem carioca is deliberately excluded from this chronology, or presented in a fully distorted way. Such a joke should not be at a Wikipedia source! There is no mention to Cyríaco's victory in 1909, the main landmark of capoeiragem as a "national art" and as a modern practice. Bimba's students FIXED fights in São Paulo (1949) are kept (as usual in "official" research) highly praised as means to prove "efficiency" and associated with valetudo... At the same time, the fights in Rio are poorly considered, Sinhozinho's students are not mentioned by name, and there is no mention to the fact that all the Bimba students were defeated by K.O., either to Sinhozinho's students ("Cirandinha" and Hermanny, in capoeiragem matches) or to Hugo Mello (in the only REAL valetudo match a Bimba student ever passed through).


Most impressively, now that there are solid documents that capoeiragem schools were functioning in Rio de Janeiro, since at least 1931, the author of the "Chronology" states that there were capoeira schools in Salvador, since 1910, without presenting a single evidence to such a surprising (and never stated before) thesis. http://www.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwiki.portalcapoeira.com%2Findex.php%3Ftitle%3DHist%25C 3%25B3ria_Cronol%25C3%25B3gica_da_Capoeira&h=MAQH236bUAQGIQzPUqAix8DM7d9atL_6mGBZ0p4m VdBdz_Q

In this book, ANDRÉ LACÉ starts a revolution, bringing Rio de Janeiro's capoeiragem to the center of all discussions on traditional and modern capoeira. There is interesting information on Cyríaco's 1909 fight, Zuma's manual, and the survival of capoeiragem in the 20th century. The book carries a good investigation on capoeiragem carioca, in the 1930's (Sinhozinho's 1st group, André Jansen, Jayme Ferreira and his school etc.) and brings up the subject of its influence upon Salvador's capoeira practice. The book is probably the best source for Sinhozinho's outstanding capoeiragem in the 1940's, 1950's and 1950's, and on his main student, Rudolf Hermanny and his main feats in the fighting arts.

http://books.google.com.br/books?id=RpgkAQAAIAAJ&q=Andr%C3%A9+Lac%C3%A9&dq=An dr%C3%A9+Lac%C3%A9&hl=ptBR&ei=4dkfToS0L8jj0QGulZHWAw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=5&ved=0CD8Q6AEwBA

Cordialmente, André Luiz Lacé Lopes - Quilombo do Leblon


BOX 5 – MAIS ALGUMAS REFLEXÕES DE

MESTE ANDRÉ

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Francisco da Silva Ciríaco, mais conhecido como Macaco Velho, nascido em Campos, foi um dos mais afamados capoeiristas no Rio de Janeiro, na virada do século 19 para o 20. Era o mestre preferido pelos acadêmicos de medicina, fenômeno que se repetiu na Bahia, décadas mais tarde, com Mestre Bimba. Foram esses estudantes que insistiram no confronto da Capoeira (Macaco Velho) com o jiu-jitsu (Sada Miyako, campeão japonês). Evento que acabou ocorrendo, no dia 1º de maio de 1909, com um fulminante desfecho: aplicando um literalmente surpreendente rabo-de-arraia, Ciriaco encerrou a luta em alguns segundos. Mesmo existindo uma versão – jamais comprovada - de que Ciriaco teria utilizado um recurso, digamos, de rua, mesmo assim, luta é luta, vale-tudo é vale-tudo, e ninguém jamais poderá negar o mérito da vitória. Tanto assim, que Mestre Ciriaco saiu vitorioso do Pavilhão Internacional Paschoal Segreto, com o povo cantando pelas ruas “a Ásia curvou-se ante o Brasil”. No dia seguinte, a Capoeira foi notícia em quase todos os jornais, valendo registrar, por oportuno, a ocorrência de algumas redações cautelosas, quase envergonhadas da própria cultura brasileira, como a nota do jornal do Commercio (02.05.1909, pág. 7): “O sportman japonez do tão apreciado jogo jiu-jitsu foi hontem vencido pelo preto campista Cyriaco da Silva, que subjugou o seu contendor com um passo de capoeiragem”. A nota, curiosamente, não menciona o nome do “sportman” perdedor. Mais adiante, entretanto, no mesmo jornal garimpei o seguinte anúncio: “JIU-JITSU: Mr. Sada Miyako, professor contratado para leccionar na marinha brasileira encarrega-se de dar lições

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Correspondencia pessoal - From: alace@alternex.com.br To: vazleopoldo@hotmail.com Capoeiragem & Reviews & Criticism.docx


particulares a domicílio. Cartas para a Rua Gonçalves Dias n. 78 ou para a Fortaleza de Willegaignon”... Ou será que a nota, de modo até sutil, protesta a respeito do tal recurso de rua acima levemente mencionado? Décadas se passaram, estamos dos anos 40, com a capoeira utilitária (Agenor Moreira Sampaio) subindo aos renegues e colhendo significativas. Valendo relembrar os jovem Rudolf Hermanny com alunos do (Perez) e dos Gracie (Guanair).

agora, no final de Sinhozinho ressurgindo, vitórias confrontos do Mestre Bimba

Nesta mesma época, Artur Emídio de Oliveira, um dos mais talentosos capoeiristas que vi jogar, deixa sua Itabuna, na Bahia, e vem para o Rio disposto a divulgar sua arte em qualquer arena. Realiza uma série de lutas, vence algumas, perde outras (inclusive para o Hermanny), mas deixa, sem sombra de dúvida, exemplo de coragem para os capoeiras-lutadores e, também, escreve seu nome na História da Capoeira.

Mais algumas décadas se passaram, quase meio século, estamos agora nos dias de hoje. Mestre Hulk acaba de vencer, valentemente, o I Tira-Teima Nacional de Vale-Tudo. Já no tempo do nosso saudoso e famoso Sinhozinho (Ipanema, RIO), que formou um respeitável número de “brigadores de capoeira”, discutia-se até onde a Capoeira poderia ser eficaz no enfrentamento com outras lutas, recolocando, portanto, a questão da capoeira ser ou não ser uma “luta marcial”. Já no tempo do nosso saudoso e famoso Sinhozinho (Ipanema, RIO), que formou um respeitável número de “brigadores de capoeira”, discutia-se até onde a Capoeira poderia ser eficaz no enfrentamento com outras lutas. Reascende-se a discussão. Discussão que, fatalmente, ensejará algumas questões preliminares. Como por exemplo, que tipo de Capoeira joga Mestre Hulk, quem foi o seu mestre, joga angola ou regional (aliás, uma falsa dicotomia), que golpes de capoeira mais utiliza em suas vitórias? Devo adiantar que não acho uma “traição”, neste tipo de combate vale-tudo, utilizar recursos de outras lutas. Todos fazem isto, inclusive o jiu-jitsu, não há alternativa. Será desejável, entretanto, que a base técnica do cada lutador não fique irreconhecível. No caso em tela - Mestre Hulk - ficou clara sua base capoeirística. Vendo e revendo o teipe da sua luta final, analisando a troca de socos com o campeão de jiu-jitsu Amaury Bitetti, não tenho dúvida que Hulk utilizou, inconscientemente que seja, a incrível noção de distância e de tempo que a Capoeira permite desenvolver. Valendo registrar,


ainda, a grande diferença entre um mestre de capoeira que joga e luta e os “mestres” estilizados que lutam quando é para jogar e dançam quando é para lutar (sempre em palcos, jamais em ringue). A discussão está aberta. Ficando claro, desde já, que o Sr. Sidney Gonçalves Freitas, Mestre Hulk (foto), com o seu talento e com sua valentia, já colocou seu nome na História da Capoeira do subúrbio do Rio (Rocha Miranda!), do RIO/RJ e do próprio Brasil. Que outros bons exemplos apareçam; ou capoeira não é “também” uma luta marcial?

Com base no artigo publicado no Jornal dos Sports, Rio (03. Set. l995) e republicado, em jan/2001,no site do CONI/BRASILE/AICS.


ATLAS DA CAPOEIRA(GEM) EM SANTA CATARINA Leopoldo Gil DulcioVaz DÉCADA DE 1970 – 1970 em Blumenau, a capoeira como outras manifestações Afros, começam a aparecer no cenário do Vale; e daí em diante ganham grande ênfase na região; as aulas sistematizadas começam a partir da década de 80; mas por enquanto, as confirmações são de que as aulas sistematizadas em grupos, nas academias, projetos sociais, surgiram a partir da década de 90. 1972 acredita-se que Blumenau conhece a capoeira e suas vertentes pela primeira vez, com a apresentação do grupo Oludamaré no teatro Carlos Gomes. 1975 Em 10 de maio, o Jornal Santa Catarina, demonstra a dificuldade das manifestações afrosbrasileiras para sua fixação como manifestação no local. DÉCADA DE 1990 a capoeira desperta o interesse da população blumenauense. Começa a aparecer no cenário da cidade pessoas que ajudariam a mudar o percurso social, cultural e esportivo da capoeira. É a época que a capoeira, através das aulas sistematizadas ganhava ênfase. As aulas Implantadas no início da década de noventa, na Fundação Cultural de Blumenau pelo professor Carlos José da Silva, conhecido como “Tigre” despertam interesse do povo blumenauense. Mas ele não estava sozinho neste trabalho de implantação; Claudiney Márcio Serafim, o “Neizinho” inicia um trabalho de capoeira na Universidade Regional de Blumenau. Eles começam aos poucos a ganhar adeptos, realizar exibições e atrair capoeirístas de outras regiões do país. Com isso aparecem outros personagens da história da capoeira em Blumenau. Primeiro, vindo da Bahia; Raimundo Nascimento dos Santos, “Mestre Sardão”, que junto com o professor Tigre, fundaram a 1º Associação de Capoeira Blumenauense “Os Bambas da Capoeira”. Logo em seguida devido o trabalho ganhar muitos adeptos e campo na cidade, chega Adriano de Jesus Paixão - “ Contramestre Bião” -, também vindo da Bahia através do Mestre Sardão. 1994 chega a cidade mais um capoeirista para se juntar ao grupo de baianos que vieram divulgar a capoeira: Valter Alves de Oliveira, o “Mestre Serpente” ajuda a divulgação da capoeira e com a partida do Mestre Sardão para Espanha, supervisiona o trabalho da associação. 1996 Mestre Serpente, convida seu irmão, também baiano, Ismael de Oliveira, “Contramestre Dendê” a participar do trabalho já em andamento. O grupo ganha adeptos, vários alunos, surgem assim os primeiros graduados , agora representado pela “Associação Filhos dos Bambas”; e as exibições pela cidade, como também pelas cidades vizinhas começam a serem exploradas. Devido a incompatibilidade de políticas de organização, o grupo se separa, e começa um a nova fase da capoeira na cidade. Surgem várias associações, com novos trabalhos de capoeira; entre elas “ Corpo e Movimento”, “Muzenza” e a já citada “Filhos dos Bambas” derivada da Associação “Os Bambas da capoeira”. E mais tarde no final dos anos noventa e início do século XXI, surgem outras associações como “Magia da Bahia” tanto como o


ressurgimento da antiga associação “Os Bambas da Capoeira” e novos trabalhos, como do grupo Abadá, Bimbas do Sul, e Grupo Mestre Buda Capoeira 1997 A Fundação Cultural de Blumenau realiza uma política de descentralização da cultura no início de 1997, surgindo vários focos das oficinas espalhadas pela cidade. - A partir de 1997, a cidade começa a ser palco de muitos eventos de capoeira, não que antes não aconteciam, mais a partir desta data, os eventos são maiores, com dimensões nacionais. Isso se deve a participação de grupos de capoeira de nível nacional e internacional como o Grupo Muzenza de Capoeira. - Blumenau segue com uma equipe para o 1º Mundialito de Capoeira, que se realizaria em Curitiba. Na equipe improvisada, a presença de quatro atletas. A blumenauense Michele Rafaela Ramos, a “Estrela”, conquistou o segundo lugar no I Mundialito da Superliga Brasileira de Capoeira; Michele tem 18 anos, competiu na categoria feminino livre, com quase 80 atletas de 13 países, entre eles o Canadá, Inglaterra, Itália, Argentina, Uruguai, Chile, Estados Unidos, Portugal e Espanha. A “Estrela” de Blumenau é vice-campeã mundial na categorial individual, vice campeã mundial em dupla, e medalha de “destaque do Mundialito”. Aluna graduada do Grupo Muzenza de Capoeira da Fundação Cultural de Blumenau, Michele pratica o esporte desde os 9 anos de idade. 2007 realizado o I Festival: Blumenau Mostra Capoeira, no dia 01 de Dezembro; onde haverá amostras do ano de 2007 sobre a Capoeira, apresentações dos grupos de diversas idades, batizado e troca de graduação dos novos alunos.


ATLAS DA CAPOEIRA(GEM) NO BRASIL – SÃO PAULO André Luiz Lace Lopes (RJ) Carlos Carvalho Cavalheiro (SP) Leopoldo Gil Dulcio Vaz (MA) Milton César Ribeiro (Miltinho Astronauta) (SP) DEFINIÇÕES PERNADA - Câmara Cascudo informa que assistiu a uma pernada executada por marinheiros mercantes, no ano de 1954, em Copacabana, Rio de Janeiro. Diziam, os marinheiros, que era carioca ou baiana. É uma simplificação da capoeira. Zé da Ilha seria o "rei da pernada carioca"; é o bate-coxa das Alagoas. Ainda Edson Carneiro (Dinâmica do Folklore, 1950) informa ser o batuque ou pernada, bem conhecido na Bahia e Rio de Janeiro, não passa de uma forma complementar da capoeira. Informa, ainda, que na Bahia, somente em arraiais do Recôncavo se batuca, embora o bom capoeira também saiba largar a perna. No Rio de Janeiro já se dá o contrário - a preferência é pela pernada, que na verdade passou a ser o meio de defesa e ataque da gente do povo. Pernada de Sorocaba – Em Sorocaba, a Pernada era praticada nas rodas de samba do clube 28 de Setembro ou no campo de futebol de chão de terra batida da Água Vermelha, próximo da Igreja de João de Camargo. A pernada, diferente da capoeira, era apresentada durante os desfiles de carnaval, acompanhando os blocos que saiam às ruas. Ao invés do berimbau, a pernada era jogada ao som de samba tocado por instrumentos de percussão como pandeiro, reco-reco e zabumba. O movimento acontecia em Sorocaba, é derivante das lutas e jogos afrobrasileiros trazidos para o Brasil pelos negros no tempo do Brasil colônia, assim como o batecoxa de Alagoas, o passo do frevo em Pernambuco, o samba de aboio em Sergipe, a tiririca na capital paulista e a também chamada pernada do Rio de Janeiro. Na década de 70, com a chegada das escolas que ensinavam a capoeira baiana, o movimento foi se perdendo e caindo no esquecimento. (ver crônica do folclorista Carlos Cavalheiro, em que faz uma análise da relação entre danças-luta (pernada, tiririca etc) com a Capoeira no interior Paulista. In http://www.capoeira.jex.com.br/ ) Capoeira, Pernada e Tiririca in Crônica sobre Capoeira, com algumas informações sobre a Pernada de Sorocaba e a Tiririca da capital paulista, ambas uma espécie de "capoeira primitiva" do Estado de São Paul, por Miltinho Astronauta, in Jornal do Capoeira Edição AUGUSTO MÁRIO FERREIRA - Mestre GUGA (n.49) de 13 a 19 de Novembro de 200, disponível em www.capoeira.jex.com.br Tiririca, Capoeira & Barra funda, por Elaine Muniz Pires, sobre a história dos bairros paulistanos, em especial a Barra Funda, onde acontecia a Tiririca, uma espécie de Capoeira Primitiva, disponível em www.capoeira.jex.com.br

1833 os vereadores da cidade de São Paulo editaram uma Postura Municipal proibindo a prática da Capoeira


1850 Carlos Carvalho Cavalheiro, folclorista da cidade interiorana de Sorocaba (SP), um dos mais empenhados historiógrafos de algumas das Capoeiras praticadas no Estado de São Paulo, tem encontrado alguns documentos (registros!) preciosos referente à presença da capoeira a partir de meados do século XIX (1850) em solo paulista. É dele a descoberta da existência de Posturas Municipais de Sorocaba, datada de 1850 que proibiam o jogo da capoeira; reeditadas nos anos de 1865 e 1871, mantiveram a proibição; 1860 Um capoeira de nome Diogo – Dioguinho – em sua infância, praticava capoeira com negros nas proximidades da Igreja de São Benedito (in Bernardo, Moacir. A vida bandida de Dioguinho. Ed. Do Autor, 2000, p. 13, conforme informa Carlos Cavalheiro em correspondência pessoal). 1889 em São Paulo, a 11 de fevereiro, o “Jornal Província de São Paulo” (hoje, O Estado de São Paulo) colocava em foco o problema de “conflito entre raças” questionando a posição desses novos cidadãos libertos, dentro os quaia encontra-se os capoeiras: “(...) que elementos são esses que concitam a raça negra ao crime e a prórpia desgraça? Quando no futuro escrever-se a história acidentada do fim do segundo reinado, há de ser não pelas navalhadas dos capoeiras que há de se aferir a cooperação da reça negra”. (Reis, 1997, p. 62) 1890(?) João Amoroso Neto, em livro sobre o bandido Dioguinho da luta deste com um negro capoeira na cidade de Mato Grosso de Batatais, hoje Altinópolis, região de Ribeirão Preto. (in AMOROSO NETO, Alceu. Dioguinho, São Paulo, 1949, conforme informa Cavalheiro em correspondência pessoal). (Ver ainda Cavalheiro, 2007, http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm) - um historiador de Porto Feliz (SP), mas natural de Tatuí (SP) de nome João Campos Vieira disse conhecer tradição oral que o Dioguinho era bom capoeira e navalhista, usando a navalha no pé para dar seus golpes. (Cavalheiro, em correspondência pessoal; e in Cavalheiro, 2007, http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm) - tem-se notícias de um capoeira chamado Mané, carioca é desterrado para Botucatu (SP) nas perseguições de Sampaio Ferraz; aparece depois em 1927 ensinando capoeira (in ARAUJO, Alceu Maynard. Folclore Nacional, 1964). 1892 - Em março houve um confronto entre os “morcegos” (praças da polícia fardada) e soldados do exército paulista que eram capoeiristas, ocasionando distúrbios na cidade de São Paulo. (Fonte: http: //www.institutocariocadecapoeira.hpg.ig.com.br/historico.htm acessado em 31.01.2004. (189?) na obra de Alceu Maynard Araújo entitulada "Folclore Nacional" (1964), relata que foi encontrada capoeira no interior paulista entre o final do século XIX e início do século XX. Trata-se de levas de capoeiras soltas nas pontas dos trilhos da Sorocabana, que tinha como destino final a cidade de Botucatu. Na verdade eram capoeiras desterrados do Rio em consequência do Código Penal de 1890. 1927 O folclorista Alceu Maynard Araújo (in Folclore Nacional, 1964) registrou a presença da prática e do ensino da Capoeira na cidade de Botucatu, em algum momento após o Código Penal de 1890 e o ano de 1927. O autor não deixa claro, com precisão, qual o momento em que ele detectou a chegada dos capoeiras na cidade, mas afirma que no ano de 1927 um capoeira carioca chamado Mené ensinou alguns jovens estudantes no Clube Pedrotibico Orfeu. O próprio Maynard declara que ele fez parte daquela turma de "alunos"; Década de 1930 - A pratica da "Tiririca" na capital paulista, décadas de 30(?), 40 e 50, era um tipo de capoeira primitiva, praticada sem a presença do berimbau, mas acompanhada pelo ritmo do samba paulistano. Acredita-se na tese de que algo possa ter sido registrado sobre a prática na cidade de Bom Jesus do Pirapora, uma vez que diversos sambistas e praticantes


da Tiririca frequentemente deixavam a capital para sambar nas festas que por lá tomavam corpo; Decada de 1940 - É recente o estudo sobre a capoeira antiga no Estado de São Paulo, embora haja algumas informações esparsas sobre a sua prática em diversas localidades do solo paulista. Segundo o professor Rubini essa prática ocorria na década de 1940 a 1950, na cidade de Porto Feliz. O professor Olivério Rubini informa, por exemplo, que praticava a pernada a qual "era uma brincadeira que antecedia a chegada de todos, onde algumas crianças procuravam derrubar outras com rasteiras. Talvez a diferença com a capoeira era a espontaneidade e a ausência de regras e acompanhamento musical". A pernada parece, então, ser a capoeira primitiva. O local onde se praticava a pernada portofelicense era um terreno baldio usado como campo de futebol e que hoje é a avenida Capitão Joaquim de Toledo, ao lado da Escola Monsenhor Seckler. (Carlos Carvalho Cavalheiro, in La Insignia, 2007. Carta ao autor datada de 04 maio 2006, disponível em http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm). 1944 AMADO, Jorge. Bahia de todos os santos (1º Edição). 21a. edição revista e atualizada. São Paulo: Martins, 1971. O livro foi publicado pela primeira vez no ano de 1944. Como todas as obras de Jorge Amado, esta também vem sendo reeditada constantemente e lançada em várias outras línguas pelo mundo afora. A partir da 22º edição, entretanto, um substancial e revelador parágrafo foi suprimido. Justamente o que menciona uma visita de Mestre Bimba ao Rio de Janeiro onde foi surpreendido pela alta eficácia da capoeira carioca. Especialistas em Bimba e em Amado defendem que o trecho foi apenas uma fantasia do grande escritor. (Lace Lopes, 2005) 1946 Outra informação sobre a capoeira em Porto Feliz é o relato do senhor José Aparecido Ferraz, conhecido por Zequinha Godêncio. Desde o ano de 1946 ele acompanhava as brincadeiras de capoeira. Aos vinte anos, por volta de 1951, começou a participar das brincadeiras e treinar a capoeira. Havia em Porto Feliz um capoeirista conhecido por Toninho Vieira. Vendo esse capoeirista treinar e jogar, Zequinha começou a praticar imitando-o. "O professor foi só mais ver...", afirmou. (Carlos Carvalho Cavalheiro, in La Insignia, 2007. Carta ao autor datada de 04 maio 2006, disponível em http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm). 1948-1949 - Mestre Bimba veio para São Paulo para apresentar suas habilidades, nas lutas combinadas, para o povo paulistano. Foi a sensação daquele momento, “lotando Pacaembus” (Estádio do Pacaembu) e chamando a atenção de toda a imprensa. Mestre Damião, Perez e Garrido fizeram parte daquela equipe de jovens aventureiros - com relação à capoeira regional baiana, a documentação até agora angariada nos dá conta de ter chegado a São Paulo por volta de 1948/49 e ter seu ensino formalizado em academia a partir de 1950. 1949 "Os capoeiristas estão brilhando em São Paulo". A Tarde, Salvador, 25 fevereiro. Embora - agora já sabe - os resultados fossem combinados, mesmo assim houve uma razoável divulgação da capoeira regional baiana no evento foco da notícia. - "Regressou Mestre Bimba". A Tarde, Salvador, 7 março: não concordando, mas também não proibindo lutas combinadas, Mestre Bimba voltou a Salvador demonstrando satisfação com os resultados alcançados. Década de 1950 Outra informação interessante de Zequinha Godêncio diz respeito a perseguição policial à prática da capoeira, embora nessa época já não constasse mais no Código Penal. A mesma reclamação fez um capoeirista de Sorocaba, conhecido por Chiu, que disse que por volta da década de 1950 a polícia ainda perseguia quem praticasse a capoeira. Zequinha informou que havia um bar de um "turco" onde se reuniam os


capoeiristas e ficavam jogando. O delegado, Barreto, prendia os capoeirista. "No outro dia cedo ele soltava e elevava ao Porto do Martelo. Chegava lá tinha que lutar com ele. Se a gente jogava ele dentro d'água, saía. Não voltava pra cadeia". O delegado, segundo Zequinha, gostava de desafiar os capoeiristas para uma luta. Aqueles que levassem a melhor poderiam ir. Caso contrário, ficariam mais alguns dias na cadeia. Zequinha lembra alguns nomes de capoeiristas de Porto Feliz: Orides, Pedro (sobrinho de João Xará), Faísca. Também informou que a capoeira era brincada sem acompanhamento musical. "A gente só ia gritando: Aeh!, olha lá, Ah!, Opa! Ia gritando e dando giro". O pessoal de Porto Feliz, na década de 1950, costumava vir a Sorocaba onde no bairro da Árvore Grande brincavam a capoeira com os sorocabanos. "Era lá na Árvore Grande. De lá tinha um chamado Aparecidinho. Tinha Aparecido, um chamado Paulinho. Era os mais chegados". (Carlos Carvalho Cavalheiro, in La Insignia, 2007. Entrevista concedida em 02 nov 2006, disponível em http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm). - Ainda sobre a capoeira antiga de Porto Feliz, o colecionador Rubens Castelucci informa que havia um pessoal que brincava no largo da Laje, antiga rua da Laje. Segundo Rubens, o prefeito Lauro Maurino promovia muitas apresentações de capoeira e congada em comícios políticos e em festas. Vinham pessoas de Capivari para auxiliar o grupo de Porto Feliz nas apresentações. (Cavalheiro, 2007, http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm) - No ano de 50 e 51, Mestre Damião ministrou primeiro curso oficial de Capoeira que em São Paulo se registrou, na academia de Kid Jofre; Waldemar Zumbano da CBP atestou. (ASTRONAUTA, 2004). 1950/51 de setembro de 1950 a maio de 1951, funcionou em São Paulo a primeira Academia de Capoeira (Luta Regional Baiana)..." (SANTOS, 1996). Para Cavalheiro, a despeito de, no futuro, surgir qualquer outra informação diferente desta, o que se deve considerar é que o fato de Mestre Damião ter ensinado capoeira regional baiana em São Paulo, em academia portanto, de maneira formal - está amplamente documentado. Entretanto, isso não exclui a existência da prática da capoeira (em suas formas e vertentes) em solo paulista antes do final da década de 1940 ou início de 1950 1956 Última Hora, São Paulo, 25 abril de 1956: "Neste mundo cada vez mais dependente do marketing, parece que só existiu e que só existe quem está todos dias na mídia. Mídia paga ou não. Daí a ignorância sobre a extraordinária Capoeira de Sinhozinho de Ipanema. Outro bom exemplo, ou melhor, outra boa injustiça pode ser registrada em relação ao Sr. Antenor dos Santos, mineiro, vice-presidente da Portela e um 'animador da capoeira' ". Nas décadas de 1940/1950 o Senhor Santos coordenava um grupo de bons angoleiros, na prática, comandados por Joel Lourenço do Espírito Santo. DÉCADA DE 1960 – migram para São Paulo, no decorrer da década, vários mestres de capoeira baianos em busca de melhores condições de vida (Reis, 1997) - informa Hamilton Jackson Dias (hamiltonjackson@walla.com) que nos anos 1960 via muitas pessoas que brincavam de capoeira nas ruas mesmo não existindo academias em Sorocaba. “...eu vi Zé Jaú, vi Luizão, João Pantera, Maurinho Meia Lua e tantos outros que brincavam de capoeira aqui em Sorocaba antes de 1970”. (ver box) 1969 é fundada a Associação São Bento Pequeno, uma parceria dos mestres Pinatti, Paulão e o saudoso Paulo Limão, tem endereço certo: Rua do Vergueiro, 2684, próximo ao metro Ana Rosa O Mestre Djamir Pinatti é um dos veteranos da capoeira paulista. Ao lado de Paulo Limão, Paulo Gomes, Suassuna, Silvestre, Brasília, Joel, Gilvan, Grande e tantos outros, fez com que a capoeira adentrasse no seleto cardápio cultural e desportivo da Terra da Garoa, principalmente nos idos dos anos 60 e 70. Em seu acervo particular mantém documentos preciosismos da História da Capoeiragem paulista e paulistana. Será impossível, apenas para dar pequeno exemplo, conhecer a história completa da Federação Paulista de Capoeira (FPC), fundada em 1974, sem recorrer a seu acervo.


1969 Historicamente, desde pelo menos o final dos anos 60, a Capoeira está na Universidade, senão como disciplina, está pelo menos como atividade cultura e desportiva. Na USP (Universidade de São Paulo), Capital, Butantã, os mestres Eli Pimenta e Gladson são os precursores. O primeiro por dar aulas aos alunos e funcionários, com atividade de lazer (1969), e o segundo por ter inserido a capoeira no currículo escolar da Usp (1970/71). Mestre Eli Pimenta, que iniciou Capoeira com Mestre Suassuna, depois passou pelo Cativeiro (de Mestre Miguel Machado), deu aulas na USP entre os anos de 1969 à 1982 (não sei precisar se houveram interrupções nos treinos de capoeira). Uma das fases de Mestre Eli na USP foi no antigo "Barracão", posteriormente demolido. DÉCADA DE 1970 – iniciou-se a fundação das federações Estaduais de Capoeira, sob a jurisdição da CBP. E nesta mesma década começa a expansão da Capoeira por todo o país, a qual antes estava limitada a poucas iniciativas e localizações. Neste estágio, passam a convergir e se consolidar vários suportes para o desenvolvimento da Capoeira tais como a institucionalização da luta (livros e publicações, gestão por federações, etc.); multiplicação de mestres (imigração entre regiões do Brasil e para o exterior, festivais de grupos renomados, etc.); melhoria do conhecimento (pesquisa,, ensino em universidades, etc.); e reconhecimento público do seu valor cultural e esportivo (Vieira, 2005) 1970/71 A Capoeira é introduzida por mestre Galdson no currículo escolar da USP. Mestre Gladson continuou seu trabalho no CEPEUSP - Centro de Praticas Esportivas da USP onde ensina até hoje. Sobre a história da capoeira na USP, tem-se conhecimento dos trabalhos ali desenvolvido por diversos mestres, contramestres e professores como Gladson de Oliveira Silva, Pingüim (Luis Antônio Nascimento Cardoso), Vinícius Heine, João Sarará (João Luis Uchoa Passos), Thiaguinho (Thiago Uchoa Passos), Nego Folha (Márcio Custódio de Oliveira), o grupo Nzinga (M.Janja); o pessoal do Abada e da Malungos. 1971 inaugurada a primeira sede da Academia e Grupo de Capoeira Capitães d´Areia, situado no bairro da Barra Funda; em seguida, o grupo mudou-se para o Bom Retiro e depois para o Brás; abriu-se uma filial nos Campos Elíseos 1974 Fundação da Federação Paulista de Capoeira, precursora no País (Reis, 1997) - por essa época, surge o Grupo de Capoeira Capitães d´Areia, em São Paulo (Reis, 1997) 1975 ARAÚJO, Alceu Maynard. BRASIL - Histórias, costumes e lendas. São Paulo: Ed. Três. Levantamento sobre cultura popular brasileira, com destaque para danças e jogo, e com menção da capoeiragem, permite perceber a existência de íntimo parentesco do batuque, com o bambelô (Rio Grande do Norte), o caxambú (Minas Gerais),o bate-coxa (Alagoas), o jongo, o côco ou zambê, a chula e a pernada carioca. (Lace Lopes, 2005) 1979 apresentação de um projeto de lei, encaminhado à Câmara Federal, por um mestre de São Paulo, propondo a mudança de “capoeira” para “luta nacional” (Projeto-lei 2.249-A, folheto da Associação de Capoeira Iuna) (Reis, 1997) DÉCADA DE 1980 em princípio da década, surge o Grupo de Capoeira Cativos, em São Paulo (Reis, 1997) 1988 haviam 36 academias filiadas a Federação Paulista de Capoeira, 12 delas pertencentes a capital - mestre Alcides funda o Centro de Estudos e Aplicação da Capoeira - CEACA. Ambos formam-se mestres em 1992, pelas mãos de Mestre Eli Pimenta. Já em 1969 integra-se ao grupo de capoeiras o jovem Alcides de Lima, hoje Mestre Alcides. Pouco depois (1971) chega também o Dorival dos Santos - Mestre Dorival


DÉCADA DE 1990 1993 realização do Primeiro Congresso Técnico Nacional de Capoeira, na cidade de GuarulhosSP. Objetivo: padronização de procedimentos técnicos, culturais e esportivos (Vieira, 2005) 1995 SANTOS, Esdras M. dos. Conversando sobre capoeira.. São Paulo: JAC. Livro emocionado, desassombrado e extremamente informativo. Preciosa fonte de informações e esclarecimento sobre a trajetória da Capoeira Regional. (Lace Lopes, 2005) 1995 é fundado o primeiro grupo feminino de Capoeira, pelas professoras Cenira Briz, Viviane Briz e Cristiane Briz (Mãe e filhas, respectivamente), quando criaram uma filial da Associação de Capoeira Ginga Almada Santos de Mestre Ananias Tabacou. Cinco anos mais tarde, no ano de 2000, elas desligam-se do "Almada Santos" e fundam sua "Escola de Capoeira Ginga dos Ventos". 1997 Organização do Segundo Congresso Técnico Nacional de Capoeira (Vieira, 2005) 1999 realização do Terceiro Congresso Técnico Nacional de Capoeira e Primeiro Congresso Técnico Internacional de Capoeira, na cidade de São Paulo. Aprofundamento das padronizações técnicas e difusão para o exterior. - Fundação da Federação Internacional de Capoeira, em São Paulo. - Fundação da Associação Brasileira de Árbitros de Capoeira, em São Paulo (Vieira, 2005) SÉCULO XXI 2002 introdução da Capoeira como modalidade oficial nos Jogos Regionais e Abertos do Interior dos Estados de São Paulo e de Goiás. 2003 No programa Terra Paulista, foi citado que na cidade de Bananal, Vale do Paraíba, ainda se praticava uma "capoeira diferente". (Cavalheiro, 2007, http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm) 2006 Mestre Gladson, professor do Centro de Práticas Esportivas da Universidade de São Paulo (CEPEUSP), realizará um Curso de Difusão Cultural: Aspectos Pedagógicos da Capoeira, dias 10 e 11 de Junho de 2006, com carga horária de 20 horas - o Grupo Nzinga promove o "Primeiro Encontro de Angoleiras de São Paulo". Situação atual CAPOEIRAGEM A Capoeira com cantoria e ritmo, nos dias presentes, pode ser encontrada no mundo inteiro. Apresentada, na maioria das vezes, em palco, em conjunto com danças e rituais afro-brasileiros adaptados para show - maculelê, samba de roda, dança de orixás, puxada de rede etc. Já a Capoeiragem do Rio Antigo parece ser uma prática em extinção, com os mestres mais velhos aposentados e uns poucos mestres mais jovens migrando para outras lutas similares, como Muay Thay, Caratê ou Box Tailandês. Não sendo de se desprezar, entretanto, alguns esforços que estão surgindo no sentido de revitalizar este tipo de capoeira, como, por exemplo, o Projeto Capoeira Arte Marcial (ver neste particular a parte final do livro "Capoeiragem no Rio de Janeiro, Sinhozinho e Rudolf Hermanny", Lace Lopes, 2003, p. 267). Em termos de fontes, e de acordo com pioneira pesquisa realizada pela Federação Italiana de Capoeira, já existem mais de


500 trabalhos sobre capoeira, sobretudo, sobre sua parte rítmica e cantada. Estando incluídos neste levantamento, não apenas CDs, mas gravações em vinil, K-7, vídeos-tapes e filmes técnicos ou romanceados. Em dezembro de 2003, no Rio de Janeiro, foi editado um CD especificamente sobre Agenor Sampaio, Sinhozinho: "Homenagem aos Bambas do Rio Antigo". Neste particular, cabe mencionar, a primeira gravação, ainda em vinil, do CD "Curso de Capoeira Regional", uma vez que, o libreto que acompanhava o disco, mencionava outras lutas (ver BIMBA, 1963). Mais informações podem sr obtidas no capítulo de Capoeira neste mesmo volume. (Lace Lopes, 2005) CAPOEIRA Após três décadas de expansão no Brasil e no exterior, a capoeira tornou-se uma das principais práticas esportivas do país, contando um total estimado de seis milhões de praticantes em cerca de 35 mil núcleos de ensino em todas as regiões brasileiras. Há também 24 federações estaduais e 92 ligas regionais e municipais, vinculadas à Confederação Brasileira de Capoeira. Por sua vez, a Federação Internacional de Capoeira já soma sete federações nacionais (Canadá, Argentina, Portugal, Holanda, França, Alemanha, e Austrália), além de identificar a presença da luta em outros 156 países (Vieira, 2005) FONTES: ASTRONAUTA, Miltinho - Capoeiras do Vale do Paraiba e Litoral Norte - Ed. do Autor - 2004 RIBEIRO, Milton César – MILTINHO ASTRONAUTA. (Editor). JORNAL DO CAPOEIRA, São José dos Campos-SP, disponível em www.capoeira.jex.com.br (Artigos publicados) CARNEIRO, Edson. Capoeira. In CADERNOS DE FOLCLORE 1. Rio de Janeiro: MEC/FUNARTE, 1977 CAVALHEIRO, Carlos Carvalho in RIBEIRO, Milton César – MILTINHO ASTRONAUTA. (Editor). JORNAL DO CAPOEIRA, São José dos Campos-SP, disponível em www.capoeira.jex.com.br (Artigos publicados) CAVALHEIRO, Carlos Carvalho. Capoeira em Porto Feliz. in La Insignia, 2007 disponível em http://www.lainsignia.org/2007/julio/cul_037.htm). CAVALHEIRO, Carlos Carvalho - Cantadores - o folclore de Sorocaba e região (encarte de CD) - Linc 2000 DIAS, Maria Odila Leite da Silva - Quotidiano e poder em São Paulo no século XIX " Brasiliense " 2001 PEREIRA DA COSTA, Lamartine (org.). ATLAS DE ESPORTES NO BRASIL. Rio de Janeiro: Shape, 2005 REGO, Waldeloir. CAPOEIRA ANGOLA – ENSAIO SÓCIO-ETNOGRÁFICO. Salvador, Itapuã, 1968. p. 298-313 REIS, Letícia Vidor de Sousa. O MUNDO DE PERNAS PARA O AR – A CAPOEIRA NO BRASIL. São Paulo: Publisher Brasil; FAPESP, 1997 REIS, Letícia Vidor de Sousa. Capoeira, Corpo e História. In JORNAL DA CAPOEIRA, disponível em www.capoeira.jex.com.br, capturado em 14 de abril de 2005, artigo com base na dissertação de mestrado "Negros e brancos no jogo de capoeira: a reinvenção da tradição" (Reis, 1993). REIS, Letícia Vidor de Sousa. In RIBEIRO, Milton César – MILTINHO ASTRONAUTA. (Editor). JORNAL DO CAPOEIRA, Sorocaba-SP, disponível em www.capoeira.jex.com.br (Artigos publicados) VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. In RIBEIRO, Milton César – MILTINHO ASTRONAUTA. (Editor). JORNAL DO CAPOEIRA, São José dos Campos-SP, disponível em www.capoeira.jex.com.br (Artigos publicados) VIEIRA, Luiz Renato; ASSUNÇÃO, Mathias Röhring. Mitos, controvérsias e fatos: construindo a história da capoeira. In ESTUDOS AFRO-ASIÁTICOS, 34, dezembro de 1998, p. 82-118 VIEIRA, Sérgio Luiz de Souza. Capoeira. in PEREIRA DA COSTA, Lamartine (org.). ATLAS DE ESPORTES NO BRASIL. Rio de Janeiro: Shape, 2005, p. 39-40.


ATLAS DA CAPOEIRA(GEM) EM SOROCABASOROCABA-SP CARLOS CARVALHO CAVALHEIRO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Origens da Capoeira no estado de São Paulo - Grande parte dos estudiosos da Capoeira insiste na tese de que o Estado de São Paulo só conheceu essa manifestação afro-brasileira a partir de meados do século XX, quando capoeiristas baianos como Mestre Ananias, Mestre Esdras Santos, Mestre Suassuna e outros fundaram seus grupos e academias na capital paulista. À luz da análise de documentos e pela analogia dos fatos históricos essa afirmação parece insustentável. Primeiro, porque o número de escravos negros no Estado de São Paulo foi relevante, especialmente nos séculos XVIII e XIX. Segundo, é fato notório e conhecido que após a proibição do tráfico negreiro (que coincide com a expansão cafeeira) a mão-de-obra escrava da lavoura paulista será buscada na importação do escravo de outras regiões brasileiras em que o ciclo econômico esteja em decadência, como foi o caso da cultura açucareira do Nordeste e a exploração de minérios em Minas Gerais. A presença da cultura africana e afro-brasileira no Estado de São Paulo é antiga. Mas, isso seria suficiente para autorizar, por analogia, a declaração de que em São Paulo já se tinha notícia da capoeira antes do século XX? 1833 Posturas Municipais da cidade de São Paulo, que a requerimento do Presidente da Província, Cel. Rafael Tobias de Aguiar, sorocabano de escol, foi apresentado no dia 24 de janeiro de 1833 e aprovado pelo Conselho Geral em 1º de fevereiro do dito ano e publicado a 14 de março. Rezava parte da Postura que: "Toda pessoa que nas praças, ruas, casas públicas ou em qualquer outro lugar também público, praticar ou exercer o jogo denominado de capoeira ou qualquer outro gênero de luta, (...). (...).” (Fonte: Briand, Pol – Anotações em ficha de estudo. O pesquisador buscou tais informações na tese de doutorado de Paulo Coelho de Araújo, Porto (Portugal), 1996.) É preciso ter claro na mente como se desenvolveu a capoeira e separar em dois momentos históricos: o da informalidade e o da formalidade dessa prática. Primeiramente, devemos entender que a mesma apareceu entre os negros escravos de Angola e os primeiros registros dão conta de que se tenha desenvolvido entre os quilombolas de Pernambuco. Posteriormente, essa luta encontrou em todos os rincões do Brasil suas formas regionais: a capoeira Angola e a pernada no Rio de Janeiro, a punga no Maranhão, o bate-coxa em Alagoas, o cangapé ou cambapé no Ceará, a tiririca ou pernada em São Paulo, a capoeira de Angola (e posteriormente a Regional Baiana) na Bahia. O fluxo de escravos de uma região a outra, depois da proibição do tráfico negreiro, e atendendo as demandas econômicas de cada localidade, deram a capoeira à possibilidade de eficazmente se difundir por várias partes do Brasil, sempre mantendo algumas características básicas como o jogo de pernas, alguns golpes e a música como elemento rítmico e dissimulador da belicosidade. Essa forma de capoeira era informal, ou seja, não se aprendia em academias (até porque desde 1890 estava proibida pelo Código Penal, pena que perdurou até 1937). Notícias diversas também se têm do pessoal da pernada, a capoeira paulista simplificada. Em São Paulo, segundo Nenê da Vila Matilde e Geraldo Filme, era conhecida por tiririca. É a mesma pernada carioca. Sebastião Bento da Cunha, conhecido por “Carioca”, residente no Bairro Santa Terezinha em Sorocaba, alega que conheceu esse jogo com o nome de sambade-roda, praticado em Valença e Barra Mansa, no Estado do Rio de Janeiro. No Maranhão é conhecida por punga e está ligada ao Tambor de Crioula. Marcelo Manzatti fala da


tiririca como sendo forma primitiva de Capoeira ou Pernada, praticada ao som do Samba, sendo os golpes desferidos em meio aos passos da dança. Na capital paulista, especialmente na Praça da Sé, se praticava a tiririca. Os mais destacados nessa brincadeira foram Caco Velho, Germano Mathias, Geraldo Filme, Inocêncio Thobias, Pato N’Água, Osvaldinho da Cuíca, Sinval Guardinha, Perdigão entre outros. Esse pessoal acompanhava os blocos e cordões carnavalescos, protegendo o grupo dos rivais. (Carlos Cavalheiro) 1890 O delegado de polícia de São Paulo e escritor João Amoroso Neto, na biografia do célebre bandido Dioguinho, publicada em 1949, afirma, comentando sobre fato ocorrido por volta de 1890, que “O delegado de polícia de Mato Grosso de Batatais (região de Ribeirão Preto) estava furioso, porque os soldados haviam deixado fugir um preto capoeira que se metera numa briga”. Disso se depreende que a capoeira já era conhecida no Estado de São Paulo no século XIX e mesmo em 1949, ano da publicação referida, era manifestação conhecida, eis que com naturalidade foi citada sem que nem mesmo houvesse a necessidade de explicação em nota. Portanto, não há como imaginar que a capoeira tenha aparecido em São Paulo somente na década de 1960. Em outro livro sobre o mesmo Dioguinho, encontramos referência a capoeira praticada na cidade de Botucatu, em meados do século XIX: “Dioguinho... Freqüentava assiduamente as rodas de capoeira no largo da Igreja São Benedito, onde se tornou um exímio capoeirista, um dos melhores lutadores dessa luta-arte da cidade e região [14]”. (Fontes: Amoroso Netto, João. – História Completa e verídica do famoso bandido paulista Diogo da Rocha Figueira, mais conhecido pelo cognome de DIOGUINHO, por um delegado de Polícia – Oficinas Gráficas da Rua do Hipódromo – SP – 1949; Bernardo, Moacir – A vida bandida de Dioguinho – ed. do autor – 2000 – pág. 13.) 1892 Em março houve um confronto entre os “morcegos” (praças da polícia fardada) e soldados do exército paulista que eram capoeiristas, ocasionando distúrbios na cidade de São Paulo. (Fonte: http: //www.institutocariocadecapoeira.hpg.ig.com.br/historico.htm 31.01.2004.

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1923 o escritor Monteiro Lobato escreveu o conto “O 22 da ‘Marajó’” em que denota a familiaridade com termos típicos da capoeira, afirmando mesmo que “Antes do futebol, só a capoeiragem conseguiu um cultozinho entre nós e isso mesmo só na ralé”. Mais adiante revela a intimidade com a gíria dos capoeiras: “—Só uma besta destas dá soltas sem negaça...”. (Fonte: Lobato, Monteiro. – A onda verde – Ed. Brasiliense – SP – 9ª ed. – 1959.) 1927 O folclorista Alceu Maynard Araújo informa que nessa época aprendeu capoeira com um dos desterrados cariocas, chamado Menê, na cidade de Botucatu / SP. No mesmo ano o jornal Cruzeiro do Sul publica nota em que dois capoeiras se ferem mutuamente durante a brincadeira da capoeira. 1930/1950 Com a fundação de academias de capoeira, em fins dos anos 1930 e início de 40, pelos Mestres Bimba e Pastinha, surgiu aí o modelo baiano de prática formal da capoeira. Antes, era brincadeira de rua, aprendida nos becos e nos quintais, escondida. A partir das primeiras academias muda-se o paradigma. E essa capoeira formal, baiana, esse modelo de prática é que vai ser exportado para São Paulo a partir de fins da década de 1940 a início de 1950. VILA DE SOROCABA – Em Sorocaba, embora não fosse atingida pela expansão cafeeira, antes, possuía economia esdrúxula para a época, calcada no comércio de tropas, o número de escravos era relativamente grande, embora concentrados nas mãos de poucos proprietários.


1778/1836 A Vila de Sorocaba no período 1778 a 1836: verificou-se um rápido crescimento no número de fogos, o que denota expansão proporcional da Vila, na qual se evidenciou uma variada atividade, tanto agropecuária como de comércio e serviços; apesar do grande número de escravos ali existente, a maioria dos fogos não contava com os mesmos”. (in Luna, Francisco Vidal. Posse de Escravos em Sorocaba (1778-1836). Primeiro Seminário do Centenário da Abolição do Escravismo: Da Época Colonial à Situação do Negro na Atualidade, São Paulo, FEA/USP-IPE, 1986, 21 p.) Não há como negar, portanto, a presença marcante do escravo negro na história de Sorocaba. Luiz Mott, pesquisando os arquivos da Torre do Tombo, encontrou mesmo documentos referentes à prisão do escravo João Mulato, em 1767, pelo Tribunal da Inquisição, que estava em visita Pastoral a Sorocaba. A prisão do escravo foi pelo motivo do mesmo portar uma “bolsa de mandinga”, ou seja, um patuá. Esse amuleto é conhecido por sua fama em “fechar o corpo” de quem o carrega. Dessa forma protege-se de agressão física produzida por quaisquer instrumentos. Com relação à cidade de Sorocaba, inúmeros documentos demonstram o conflito entre senhores e escravos, desmentindo a lenda de que nessa cidade os escravos eram pacíficos porque eram “bem tratados e quase todos domésticos”. 1832 no dia 27 de junho, Bento, escravo do Padre Reverendo João Vaz de Almeida, agrediu numa luta a Manuel José de Campos, ferindo-o com uma facada. 1833 Francisco, escravo do alferes Bernardino Jozé de Barros respondeu a processo crime por desferir uma pancada em Manoel Antonio de Moura. 1835 o escravo Salvador, de propriedade de José Joaquim de Almeida, foi ferido a espadada por Thomaz de Campos, depois do escravo cobrar uma dívida[18]. O fato ocorreu no dia 12 de agosto de 1835. 1836 no dia 06 de abril, Salvador, escravo de Manoel Claudiano de Oliveira resistiu a voz de prisão do Comandante e dos praças da Patrulha, mesmo depois de desarmado da faca que carregava, tendo mesmo lutado com os soldados e disparado com arma de fogo contra os mesmos. 1875 o escravo Generoso desferiu um tiro alvejando e matando o seu senhor Tenente Coronel Fernando Lopes de Sousa Freire. Escravos valentes, lutadores, fortes. As crônicas judiciárias da cidade de Sorocaba estão recheadas de informações a esse respeito. Reporte-se ainda ao caso dos escravos Antônio, Roque e Amaro que foram enforcados depois de condenados pelo Júri de Sorocaba por terem matado o senhor Joaquim Rodrigues da Silveira, no dia 14 de novembro de 1850. É interessante notar que dos depoimentos colhidos à época dos fatos, soube-se que Antônio era natural de Pernambuco, Vila de Catolé, e que Roque “viera vendido da Bahia”. Não só reforça a afirmativa de que para cá vieram escravos vendidos do nordeste, bem como os dois estados dos quais eram naturais os escravos são tradicionalmente terras em que se deu a gênese da capoeira! Portanto, em que pese as diferenças regionais (Mestre Bimba mesmo nomeou o seu estilo como Capoeira Regional Baiana), não é impossível que elementos que conheciam a capoeira em seus estados natais tivessem sido vendidos para o sudeste e continuado aqui sua prática. Aliás, é mais que provável. 1850 Em 26 de agosto, a Câmara Municipal de Sorocaba enviou ao Presidente da Província um ofício anexando a este o Código de Posturas Municipais de Sorocaba, com a finalidade de ser aprovado, o que de fato ocorreu no dia 07 de outubro de 1850. No Título 8º desse Código de Posturas, no artigo 151 está explícito: “Toda a pessoa que nas praças, ruas, casas públicas, ou em qualquer outro lugar tão bem público praticar ou exercer o jogo denominado de Capoeiras ou qualquer outro gênero de luta, sendo livre será preso por dois dias, e pagará dois mil reis de multa, e sendo cativa será preso, e entregue a se o senhor


para o fazer castigar naquela com vinte cinco açoites e quando não faça sofrerá o escravo a mesma pena de dois dias de prisão e dois mil réis de multa”.(Código de Posturas da cidade de Sorocaba – 1850 – Arquivado na Divisão de Acervo Histórico da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Documento encontrado por Dainis Karepov a pedido do Deputado estadual Hamilton Pereira.) - As leis municipais de Sorocaba repressivas à prática da capoeira continuaram sendo editadas nas Posturas Municipais durante as décadas subseqüentes: 1865

o tópico referente à proibição da capoeira figurou no artigo 127: “Toda e qualquer pessoa que em praças, ruas, ou outro qualquer lugar exercer o jogo denominado capoeiras, ou qualquer outra luta, será multado em 4$ e dois dias de prisão". (Fonte: CÂMARA MUNICIPAL DE SOROCABA - Posturas da Câmara Municipal da cidade de Sorocaba acompanhadas do regulamento par o cemitério da mesma cidade Tipografia Imparcial - SP - 1865.)

1871 o artigo 73 do Código de Posturas da Cidade de Sorocaba apresenta o seguinte texto: "Jogar capoeiras ou qualquer gênero de luta em publico: penas, 4$ de multa e 2 dias de prisão". (Fonte: CÂMARA MUNICIPAL DE SOROCABA - Código de Posturas da Câmara Municipal da cidade de Sorocaba - Tipografia Americana - Sorocaba - SP - 1871.) 1882 o termo "capoeiras" deixa de figurar no texto legal: “Art. 72. É proibido jogar pelas ruas e lugares públicos qualquer espécie de jogos ou luta, os infratores incorrerão na multa de vinte mil réis e cinco dias de prisão". (Fonte: CÂMARA MUNICIPAL DE SOROCABA Código de Posturas da Câmara Municipal da cidade de Sorocaba com regulamentos para a Praça do Mercado e Cemitério, Annexos. - Tipografia Americana - Sorocaba - SP - 1882. 1887 Uma notícia interessante, colhida no Diário de Sorocaba, em 1887, diz: CARTEIRA DA POLÍCIA - Á ordem do Sr. delegado de polícia, foi a 16 do corrente recolhido à cadeia João de Almeida, vulgo Brizolla, por provocar desordens. "Á mesma ordem, no mesmo dia e pelo mesmo motivo foi recolhido o preto Antônio José da Silva, que trouxe mais agravante de, no corredor do mosteiro de S. Bento fazer um grande rolo. Ah está no que dão os valentões. (Fonte: Diário de Sorocaba, 18 de outubro de 1887 - pág. 03). NOTA: A palavra rolo, que os dicionários atuais apresentam como sendo sinônimo de confusão ou perturbação da ordem, era, no século XIX, comumente associada a tumultos provocados pelos capoeiras ou por suas maltas. 1907 as notícias sobre a capoeira em Sorocaba aparecem com mais clareza, informando, com alguns detalhes, sobre a existência do jogo e da prática dessa luta. Uma das publicações nos jornais sorocabanos alerta para a existência de um barbeiro no início do século XX, cujo salão estava localizado na Rua Direita (hoje Boulevard Dr. Braguinha), e que seria um "capoeira ‘desconjuntado’". É esta a nota: MEUS REPAROS - Assisti aos festejos do 13 de Maio. Estiveram assim... Parabéns ao Daniel de Moraes, a quem se deve o não ter ficado "em branco", a data. Vendo passar os manifestantes, conduzidos pela palavra do Ramiro Parreira, vieram-me á mente cenas dos 13 de Maio de alguns anos atraz, uns 20 talvez, época em que tínhamos aqui diversos oradores fogósos entre os homens de côr. Destes o mais entusiasmado e verbo trhagico era o popular Benedicto Gostoso, mulato escuro, physionomia viva, cabelo encaracolado e repartido "de banda", capoeira "desconjuntado" e barbeiro de profissão. Era proprietário de um salão ali na rua Direita (...) Mas se o Gostoso era hábil no desbastar uma gaforinha, os seus maiores êxitos eram numa tribuna popular a 13 de Maio. Ante a multidão ávida dos seus arroubos oratórios, tomava attitudes empolgantes e "soltava o verbo": "Os escravos, meus senhores, vinham para o Brasil em grandes ‘trasatraticos’". Mais adeante: "O dr. Antônio Bento, senhores, era um homem tão importante, mas tão importante mesmo, que nem devia ser "doutor" mas sim ‘coronel da Guarda Nacional’". E por ahi seguia. K.D.T. O articulista acima, que assina por iniciais, reportou-se a fato ocorrido cerca de 20 anos antes, o que nos remete a data aproximada de 1907. Benedito Gostoso era residente e estabelecido em Sorocaba. É provável que outros


capoeiristas tenham sido seus contemporâneos nessa mesma cidade. (Fonte: Cruzeiro do Sul, 18 de maio de 1927 - nº 6151 - 2ª página.) 1909 Dentre as notícias de portadores de navalha, como arma, há a de um soldado "indisciplinado" que foi preso em Sorocaba. Eis a notícia: “Indisciplinado - Ontem, pelas 4 e 45 da tarde o praça do destacamento local de nome Francisco Cândido dos Santos, n. 111, da 4ª Companhia do 3. batalhão, sendo repreendido pelo Comandante, revoltou-se contra este e, puxando por uma navalha, desafiou a todos que o prendessem. O Comandante, então, ordenou sua prisão o que foi conseguido a muito custo. O soldado Marcos Antônio Moreira foi ferido com uma navalhada pelo soldado indisciplinado. O sr. dr. Delegado fez lavrar auto de prisão em flagrante e vai instaurar o competente processo”. (Fonte: Cruzeiro do Sul, 29 de julho de 1909 - 2ª página. Notícia encontrada pela historiadora Adilene Ferreira Carvalho Cavalheiro) 1914 é veiculada na imprensa sorocabana uma nota ligando a capoeira com a prática de desordens, ou, em outras palavras, a capoeira como prática comum de desordeiros: Notas policiais (...). Foram presos hoje as 10 ½ por estarem promovendo graves desordem na Rua do Votorantim, os incorrigíveis valentes, Olympio Monteiro e Antônio Francisco da Silva (vulgo Grão de Bico) sendo que este armado de uma enorme pernambucana tentou ferir o primeiro. Mas Olympio num zig-zag de verdadeiro capoeira soube desviar os golpes contra ele dirigidos e em sua defesa descascou no "purungo" do "Grão de Bico" a cacetadas.” (Fonte: Diário de Sorocaba, 21 de janeiro de 1914 - nº 10 - 1ª página.) DÉCADA DE 1920 Ainda sobre a década de 1920 mais duas notícias da imprensa escrita autorizam a afirmação da inquestionável existência de capoeiras em Sorocaba. Uma delas trata de um sutil comentário do jornalista acerca de fato policial de ordem doméstica: FATOS POLICIAIS NO BOM JESUS - Jovita da Silva levou á autoridade do distrito, queixa seu marido, que a esmurra. Jovita declarou á autoridade que, por sua vez, enfrenta o marido, passando-lhe rasteiras. Se é assim, não há de que zangar-se a Jovita, que se diverte em capoeiragem com o inexperto marido...”. (Fonte: Cruzeiro do Sul, 03 de abril de 1927 nº 6116 - 1ª página.); - A outra notícia é mais esclarecedora, fornecendo alguns outros dados, a despeito de ter redação parcimoniosa: Delegacia Regional BRINCADEIRA DESASTRADA - No páteo da estação Sorocabana os operários Joaquim Diniz Costa e Orlando di Fogni brincavam de "capoeira", cada qual empunhando sua faca, quando por uma rasteira errada ambos cairam, ferindo se também cada qual com sua faca. A polícia teve conhecimento do fato. (Fonte: [13] Cruzeiro do Sul, 08 de fevereiro de 1927 - nº 6072 - 4ª página.) 1934 – Segundo testemunho da senhora Thereza Henriqueta Marciano, 71, nascida em Tietê e residente em Sorocaba desde 1934, seu pai, o senhor João André era praticante dessa arte, a qual aprendeu com José André, seu pai, na fazenda Parazinho em Tietê. Da época em que viveu em Sorocaba, ou seja, a partir de 1934, João André sempre brincou de capoeira e de maculelê (dança de paus, como disse dona Thereza). João André era negro e nasceu em 1889. Além da capoeira e do maculelê, conhecia o tambú, ou samba caipira. Faleceu em Sorocaba em 1965, aos 74 anos de idade. (Fonte: Entrevista de dona Thereza Henriqueta Marciano cedida a Adilene Ferreira Carvalho Cavalheiro e a Carlos Carvalho Cavalheiro em 14.12.2003.) DÉCADA DE 1950 - Em Sorocaba, o pessoal da pernada também acompanhava os cordões. José de Campos Lima se lembra do famoso Zé Jaú, negro esguio, alto (cerca de 1,90


metros de altura), magro, e muito bom de pernada. Era ágil e ninguém podia com ele. Foi o mais famoso e valente negro da pernada sorocabana. Isso lá pelos idos de 1950. Seu nome completo era José de Barros Prado e nasceu em Tietê por volta de 1927. Segundo o cururueiro Daniel Araújo, que trabalhou com Zé Jaú nas Indústrias Barbéro, a partir do ano de 1955, a pernada era um “tipo de capoeira, com bastante agilidade”. Quem praticava a pernada conseguia lutar com relativa facilidade com três ou quatro oponentes. Apesar de não ser praticante da pernada, Daniel Araújo foi muito amigo de Zé Jaú, antes mesmo de trabalharem juntos, e presenciou várias brigas em salões de baile envolvendo o pessoal da pernada. Era chute, cabeçada, rasteira... (Fonte: Cavalheiro, Entrevista cedida por telefone dia 14.12.2003, às 21 horas.) - Em Sorocaba ou nas cidades da região em que houvesse baile, lá estava o pessoal da pernada. Também nos blocos carnavalescos como no Cordão dos Farrapados, nas escolas de samba 28 de Setembro, Terceiro Centenário, Estrela da Vila. Era o carnaval sorocabano da década de 1950, quando quem não possuía dinheiro para comprar lança perfume (permitido na época) jogava água com pó de café num eufemismo de entrudo. Zé Jaú morou no bairro do Vergueiro e era filho de Chico Gato. Casou-se com Luzia Arruda e foi morar na Rua Santa Rosália. Faleceu em 1964. Ainda pequeno veio para Sorocaba. Fazia parte do pessoal da pernada em Sorocaba ainda o Mula, o Vadeco, o Luizão entre outros. (Fontes: Entrevista feita por Carlos Carvalho Cavalheiro com Daniel Araújo e sua esposa Inês, realizada no dia 21.02.2004; Sobre o Zé Jaú: entrevista com Luzia Arruda no dia 20.02.2004 feita por Adilene Ferreira Carvalho Cavalheiro e entrevista com Daniel Araújo e sua esposa Inês, realizada no dia 21.02.2004 por Carlos Carvalho Cavalheiro e Adilene Ferreira Carvalho Cavalheiro. Ainda, entrevista por telefone com Maria José Lima no dia 20.02.2004 feita por Carlos Carvalho Cavalheiro.) 1953 Luizão (Luiz Gonzaga Rodrigues), nascido em Cesário Lange, em 1938, chegou a Sorocaba em 1953, tendo contato com o samba e a pernada com o pessoal da Escola de Samba Guarani, por volta de 1965. Era passista, ou seja, pertencia a ala do pessoal da pernada. Para ele a pernada “...é o tipo de movimento de quem pudesse mais chorava menos. Então era, propriamente para mim, uma capoeira que a gente fazia com um tipo mais simples, não tinha assim um preparo mesmo para dizer: “− Você dá assim e eu saio...”, tipo combinado, não. Se errasse, caia mesmo. Era pernada, tinha rabo de raia, tinha um chute de pé, chute de lado, valia cotovelada, cabeçada, não interessa... E o sujeito tinha que bancar bem a rasteira, né”. Luiz Gonzaga Rodrigues se lembra de mais alguns nomes do pessoal da pernada: Lamparina, Ardano, Pedro Fuminho, Tavinho, Tião Preto, Lazinho, Nardo, Dito Vassoura, Darci Branco, Maurinho Meia Lua, Vartinho, Sapatão... (Fonte: [33] Entrevista realizada em 03.03.2004 com Luiz Gonzaga Rodrigues por Carlos Carvalho Cavalheiro.) 1958 Josias Alves, conhecido por Chiu, foi outro capoeirista que, nascido na Fazenda Lulia em Maristela, passou a residir em Sorocaba a partir de 1958. Alega que brincava capoeira na fazenda e em Sorocaba, juntamente com um grupo de negros capoeiras, no clube 28 de setembro, entre os anos de 1958 a meados de 1960. As brincadeiras eram acompanhadas por um berimbau e um pandeiro. Chiu informou que a capoeira era reprimida pela polícia, mesmo em 1958 (anos depois de ser tirada do Código Penal). Não era perseguição a capoeira em si, mas a qualquer reunião festiva de negros, segundo sua concepção. Aliás, os rituais afro-brasileiros também eram vistos com muitas reservas, conforme seu depoimento. Depoimentos similares apontam para a perseguição policial aos sambistas e jogadores da tiririca em São Paulo. Geraldo Filme chegou a afirmar: “A tiririca é o jogo da pernada. Naquela brincadeira, na época, não podia fazer samba na rua em São Paulo. Quem fazia samba ia em cana”. (Fonte: Cavalheiro, Carlos Carvalho. – Folclore em Sorocaba – Prefeitura Municipal de Sorocaba – 1999.)


DÉCADA DE 1960 - No início da década de 1960 apareceu em Sorocaba o capoeirista Dorival Dutra. Nascido em 19 de setembro de 1926 em Cosmópolis / SP, viveu muitos anos em Sorocaba. Teve alguns problemas com a justiça por motivos de agressão. Era conhecido pelo apelido de Cuíca. Em meados da década de 1960 já estava em Sorocaba Pedro Feitosa de Almeida, que, embora criança aprendesse capoeira no nordeste com o capoeirista Zuza. 1969 No final da década de 1960 e início da de 1970 surge a primeira academia de capoeira de Sorocaba, de propriedade do empresário Jorge Melchíades de Carvalho Filho. Já não era mais a capoeira informal, mas o modelo de formalidade criado pelos baianos. Jorge Melchíades realizou apresentações de capoeira, incluindo a de 1970, no programa Cidade contra Cidade, apresentado por Sílvio Santos na TV Tupi. Essa academia durou poucos anos. (Fonte: “Em 1969 trouxe pela primeira vez espetáculos de capoeira e montou academia onde a ensinou alguns anos”. Carvalho Filho, Jorge Melchíades. – Seja feliz já. Onde? Como? – Ed. Martin Claret – 1998 – pág. 177 – Sobre o autor.) DÉCADA DE 1970 1976 ou pouco mais, um professor conhecido por Sabugo (Luiz Carlos Rafaldini) abriu na cidade de Sorocaba uma filial da Academia Nova Luanda, do Mestre Valdenor. Em pouco tempo a academia fechou. Consta que antes disso Sabugo formou-se mestre. (Fonte: Cavalheiro, in Santos, Valdenor Silva dos. – Conversando “nos bastidores”com o capoeirista – 1ª ed. – 1996.) 1978 Pedro Feitosa de Almeida e Luiz Sabugo abriram a academia “Netos de Luanda”. Testemunha desse fato é o hoje mestre Jeová, que iniciou a prática da capoeira naquela época. (Fonte: Entrevista por telefone com Mestre Pedro Feitosa de Almeida no dia 20.02.2004; Entrevista com Jeová Silva Nascimento (Mestre Jeová) no dia 04.01.2000 por Carlos Carvalho Cavalheiro.) DÉCADA DE 1980 1981 Mestre Pedro Feitosa traz para Sorocaba a filial do Grupo Cativeiro. Em 10 de julho de 1981, Eduardo Alves Santos, o Mestre Fálcon, registra a sua Associação de Capoeira Ginástica Nacional (antiga filial da Cordão de Ouro do Mestre Suassuna), na Rua Miguel Giardini, nº 72[39]. Mestre Fálcon continua com seu trabalho a frente da Associação Nacional e é o atual presidente da ASCA (Associação Sorocabana de Capoeira). (Fonte: Cavalheiro, Carlos Carvalho. – Folclore em Sorocaba – Prefeitura Municipal de Sorocaba – 1999; Declaração de contribuinte do imposto sobre serviços de qualquer natureza da Prefeitura Municipal de Sorocaba – documento registrado em 08.08.1984. Ver também publicação no DOE, em 28.05.1981, pág. 19.) DÉCADA DE 1990 – Mestre Pedro saiu do Grupo Cativeiro, o qual passou a ser comandado pelo Mestre Cuco (Manoel Troiano dos Santos), e em 1994 fundou a Associação de Capoeira Liberdade. (Fonte: Cavalheiro, Carlos Carvalho. – Folclore em Sorocaba – Prefeitura Municipal de Sorocaba – 1999. Ver também “Jornal da Capoeira” – nº 03 – junho de 2000, página 02.) SÉCULO XXI 2002 Mestre Pedro deixou o comando da Associação de Capoeira Liberdade para os Mestres Cupim, Jeová e Jaime; para fundar a Associação Cultura Brasileira de Capoeira Angola.


BOX – REVELAÇÕES INÉDITAS DA HISTÓRIA DE SOROCABA... (enviado por correio eletrônico por Hamilton Jackson Dias, domingo, 25 de novembro de 2007 18:34, aos autores - hamiltonjackson@walla.com) Gosto da coluna do Marvadão, especialmente quando ele trata da memória de Sorocaba, quando ele publica as histórias contadas pelo povo, as histórias que não estão nos livros, aqueles aspectos pitorescos que nenhum historiador se preocupou em registrar. Esses dias, porém, me deparei com alguns escritos assinados por um senhor chamado Jorge Melchiades e por outro chamado Wellington Figueredo numa coleção de jornais com o nome "Nossa Posição" e descobri coisas interessantíssimas da história de Sorocaba. E não só isso: descobri através desses dois expertes "PHDs" o que é e o que não é história. Não é história, por exemplo, o que não foi escrito no passado por nenhum historiador e também não é história o que é recolhido em depoimento, mesmo que as pessoas tenham sido as únicas testemunhas de um fato. Fiquei muito intrigado porque já escrevi para a Folha Nordestina de Sorocaba afirmando o que vi na década de 1960, que muitos brincavam de capoeira na rua mesmo não existindo academias em Sorocaba. Mas esses senhores disseram que quem diz isso está delirando, ou é bêbado ou louco ou sei lá. Tudo porque sustentam que o primeiro a saber capoeira em Sorocaba foi o tal do Jorge Melchiades! Isso em 1970! Antes dele ninguém. Ai eu aprendi sobre a História de Sorocaba: A) Havia uma porteira nas entradas da cidade impedindo que escravos que soubessem capoeira entrassem em Sorocaba; B) Os negros de Sorocaba eram incapazes de desenvolver capoeira porque ainda não havia nascido o senhor Jorge; C) Os baianos e nordestinos que vieram para Sorocaba, especialmente na década de 1950, eram mandados embora para sua terra se soubessem capoeira; D) Tudo o que contaram sobre a capoeira aqueles que a viram antes do Jorge é mentira; E) Os baianos que comercializavam na época dos tropeiros com os sorocabanos não podiam saber capoeira porque senão eram mortos, porque ninguém poderia saber capoeira antes do Jorge nascer; F) Todas as citações, fotos, relatos que existirem sobre capoeira em Sorocaba antes do Jorge são pura mintira. Fico indignado como para prevalecer a sua mentira alguém pode desmoralizar as outras pessoas, desqualificando elas, dizendo impropérios, chamando-as de bêbadas. Pois eu vi Zé Jaú, vi Luizão, João Pantera, Maurinho Meia Lua e tantos outros que brincavam de capoeira aqui em Sorocaba antes de 1970. Então tudo o que vi é mentira? Não posso admitir tanto preconceito com relação aos negros de Sorocaba! Afirmar o que se está dizendo é o mesmo que dizer que os negros daqui foram incapazes de desenvolver a capoeira e que precisou de um branco para que isso acontecesse. E isso não tem cabimento. Hamilton Jackson Dias

FONTES: CAVALHEIRO, Carlos Carvalho. FOLCLORE EM SOROCABA. Sorocaba: Prefeitura Municipal de Sorocaba – 1999. CAVALHEIRO, Carlos Carvalho. APONTAMENTOS PARA A HISTÓRIA DA CAPOEIRA EM SOROCABA . disponível em http://www.jornalmundocapoeira.com/?pg=noticia&id=486 CAVALHEIRO, Carlos Carvalho. - Apontamentos para a história da capoeira em Sorocaba in: A NOVA DEMOCRACIA nº 18 - RJ - Maio de 2004. CAVALHEIRO, Carlos Carvalho NOTAS PARA A HISTÓRIA DA CAPOEIRA EM SOROCABA (1850 – 1930). Disponível em http://www.jornalmundocapoeira.com/?pg=noticia&id=495


ANEXO III

O ESPORTE E AS ATIVIDADES FÍSICAS COMO GERADORES DE RENDA - ESTUDO DE CASO: CAPOEIRA EM SÃO LUÍS 416 LORETA BRITO VAZ RESUMO No presente estudo procurou-se verificar qual a importância do esporte e das atividades físicas como fonte geradora de renda, através de um estudo de caso: a Capoeira em São Luís do Maranhão (Brasil); se existe um mercado de trabalho, qual a renda gerada por este mercado, capacitação desse trabalhador, determinação de seu perfil. Como metodologia, utilizou-se de pesquisa de campo – survey -, e de questionários estruturados e entrevistas para a coleta de dados e, para sua análise, o método hipotético-dedutivo. Encontrou-se, considerando a amostra, que o PIB da Capoeira representa em torno de 0,67% do PIB de serviços de São Luís. Quanto ao perfil do Capoeira se determinou que esse profissional é homem (90%), com idade superior a 35 anos (56,6%), dos quais mais de 20 deles dedicado à sua prática (46,6%), e ao ensino por pelos menos 10 anos (86,65%); possui um nível de escolaridade de ensino médio (76,67%); seu nível de renda é de, em média R$ 817,94 ao mês, com uma jornada de trabalho de 69,99 horas semanais, das quais 66,6% são remuneradas e as restantes são dedicadas a trabalhos voluntários (33,34%), evidenciando uma forte preocupação com a inclusão social e a preservação da cultura negra, uma vez que essas atividades geralmente são desenvolvidas com comunidades periféricas. Ainda, atuam na informalidade (60%), enquanto apenas 13,3% dos locais de prática e ensino possuem alvará de funcionamento, portanto, plenamente legalizado. Quanto ao reconhecimento do Capoeira como Profissional de Educação Física, apenas dois (6,6%) têm registro junto ao sistema CREF/CONFEF, com registro provisório (leigo atuando com autorização); e um (3,3%) tem seu registro por ser licenciado em Educação Física, o que possibilita atuação junto ao Sistema Esportivo Escolar Estadual. Os demais atuam na ilegalidade (90,03%). Palavras chave – Renda; Capoeira; São Luís do Maranhão. DISCUSSAO DOS RESULTADOS Trata-se de um estudo de caso: Capoeira em São Luis do Maranhão, onde se procurou verificar a existência de um mercado de trabalho, renda gerada por este mercado, capacitação deste trabalhador, se determinado seu perfil. Por se tratar de pesquisa de campo – survey - utilizou-se de questionários estruturados e entrevistas, adotando-se, para analise dos dados, o método hipotético-dedutivo. Para determinação da amostra, e aplicação dos questionários e entrevistas, utilizou-se de Vaz (2005, 2005b), que catalogou 68 (sessenta e oito) Mestres e Contramestres de Capoeira atuantes em São Luis; a amostra, composta de 30 (trinta) indivíduos, das mais variadas graduações, identificando-se Mestre (46,67 %), Contramestre (13,33 %), Instrutor (26,67 %), e Monitor (13,33 %); a primeira parte dos questionários visou traçar um perfil dos Capoeiras atuantes nos diversos núcleos de ensino. 416

VAZ, Loreta Brito. O ESPORTE E AS ATIVIDADES FÍSICAS COMO GERADORES DE RENDA - ESTUDO DE CASO: CAPOEIRA EM SÃO LUÍS. Monografia de Graduação em Economia, apresentada à Universidade Federal do Maranhão, como requisito para conclusão de curso. São Luís: UFMA/CURSO DE ECONOMIA, abril de 2006. Orientador: Felipe de Holanda /Mestre Em Economia; Co-orientador: Leopoldo Gil Dulcio Vaz / Mestre em Ciência da Informação.


PERFIL DO CAPOEIRA Muito embora os Capoeiras identificados atuem, em sua maioria, na informalidade (60%) (Tab. 1); utilizou-se de tipologia para determinação do perfil dos trabalhadores formais, analisando-se alguns dados como: sexo, idade, formação escolar formal, formação na capoeira, etc., os diferenciais salariais, a durabilidade do vínculo empregatício, entre outros. A realização desses estudos evidencia a evolução e algumas características do mercado de trabalho brasileiro e, além disso, podem orientar a formulação de políticas públicas.

Tabela 3. LEGALIZAÇÃO DOS NÚCLEOS DE ENSINO

LEGALIZAÇAO OCORRENCIA NÃO SÃO LEGALIZADOS 18 CNPJ 12 CNPJ +INSCRIÇAO ESTADUAL 7 CNPJ+INSC. ESTADUAL+ALVARA 4 Dos indivíduos pesquisados, encontraram-se apenas três mulheres (10%) atuando, o que determina a predominância do sexo masculino. Gráfico 1.

10% 90%

MULHERES

HOMENS

GÊNERO Quadro 4. GRADUAÇÃO x IDADE IDADE MESTRE CONTRA MESTRE INSTRUTOR MONITOR 20 a 25 0 0 3 2 26 a 30 1 0 2 0 31 a 35 2 0 2 1 36 a 40 4 4 1 1 mais de 40 7 0 0 0 TOTAL 14 4 8 4

% 16,67 10,00 16,67 33,33 23,33 100,00


Verifica-se que as duas maiores graduações representam 60% dos Capoeiras atuantes em Núcleos de Ensino, o que está de acordo com o Regulamento Internacional da Capoeira417, que adota um Sistema Oficial de Graduação, de natureza obrigatória para todas as entidades integrantes do Sistema Desportivo da Capoeira. Para se ser Docente de Capoeira são necessários algumas qualificações, além de certo tempo mínimo de prática, em cada uma das etapas de sua formação, estabelecidos no artigo 31 de seu Regulamento Internacional: Tabela 4. NÍVEIS DE GRADuAÇÃO X IDADE X TEMPO DE CAPOEIRA - SEGUNDO FICA NÍVEIS DE GRADUAÇÃO

IDADE MÍNIMA

TEMPO DE CAPOEIRA

Aluno do 1° ao 7° estágio (infantil)

03 aos 12 anos

De ano em ano

Aluno do 1° ao 7° estágio (normal)

13 anos em diante

4 anos e 11 meses

18 anos

5 anos

8° estágio: Formado 9° estágio: Monitor

20 anos

7 anos

10º estágio: Instrutor

25 anos

12 anos

11° estágio: Contramestre

30 anos

17 anos

12° estágio: Mestre

35 anos

22 anos

13°estágio: Integrante – CSM

45 anos

30 anos

14° estágio: Efetivo – CSM

55 anos

40 anos

15° estágio: Honra – CSM

65 anos

50 anos

Comparando-se a Tabela 3 com os Quadros 1, 2 e 3, verifica-se que os Capoeiras atuantes em São Luis se enquadram dentro da idade mínima para cada uma das graduações, estabelecidas pela FICA; assim como os anos de prática na Capoeira exigidos para se dedicar ao seu ensino. No Quadro 3 evidencia-se que a maioria daqueles que se dedicam ao ensino, o fazem entre 0 a 05 anos (63,3%), acreditamos que após receberem o título de Mestre (40%) ou de Instrutor (26,6%), sendo que estes têm até 15 anos de prática (23,3%) e aqueles, 20 anos ou mais (36,6%).

Quadro 4. VIVÊNCIA NA CAPOEIRA VIVENCIA 0a5 6 a 10 11 a 15 16 a 20 Mais de 20 Mais de 30 TOTAL

417

mestre 0 0 1 1 9 3 14

VIVENCIA DE PRATICA contra mestre instrutor 0 1 0 2 1 4 1 1 2 0 0 0 4 8

monitor 0 2 2 0 0 0 4

% 3,33 13,33 26,67 10,00 36,67 10,00 100,00

II Congresso Técnico Internacional de Capoeira, realizado na Cidade de Vitória, ES, Brasil, nos dias 15, 16 e 17 de novembro de 2001.


Quadro 3. VIVÊNCIA DE ENSINO DE CAPOEIRA VIVENCIA 0a5 6 a 10 11 a 15 16 a 20 Mais de 20 Mais de 30 TOTAL

VIVENCIA DE ENSINO contra mestre instrutor 3 8 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 8

mestre 4 7 2 1 0 0 14

monitor 4 0 0 0 0 0 4

% 63,33 26,67 6,67 3,33 0,00 0,00 100,00

Tabela 5.. FICA/IDADE MÍNIMA X TEMPO DE CAPOEIRA X PRÁTICA DE ENSINO DADOS TABELA 1 - IDADES MÍNIMAS ESTABALECIDAS PELA FICA IDADE %

TEMPO DE CAPOEIRA %

ANOS

(1)

(2)

IDAD E MÍNI MA

TEMP O DE CAPOEI RA

Moni

20 anos

7 anos

25 anos

2

3

4

5

1

2

3

4

5

6

1

2

3

4

5

6

6,6

-

3, 3

3, 3

-

-

6,6 6

6,6 6

-

-

-

13, 3

-

-

-

-

-

12 anos

13, 3

3. 3

6, 6

3, 3

-

3, 3

6,6

13, 3

3, 3

-

-

26, 6

-

-

-

-

-

30 anos

17 anos

-

3, 3

-

5, 0

-

-

-

3,3

3, 3

6, 6

-

10

3,3

-

-

-

-

35 anos

22 anos

-

-

6, 6

1 0

23, 3

-

-

3,3

3, 3

3 0

1 0

13, 3

23, 3

6, 6

3, 3

-

-

tor

Mestre Mestre

PRÁTICA DE ENSINO

1

tor

Contra-

TEMPO DE VIVÊNCIA

INTERVALO NÍVEIS DE GRADU A-ÇÃO

Instru

DADOS DA PESQUISA

(1) 1= 20 A 25 ANOS; 2= 26 A 30 ANOS; 3 = 31 A 35 ANOS; 4= 36 A 40 ANOS; 5= MAIS DE 40 ANOS (2) 1=0 A 5 ANOS; 2=6 A 10 ANOS; 3= 11 A 15 ANOS; 4= 16 A 20 ANOS; 5= MAIS DE 20; 6= MAIS DE 30 Outro fator que merece destaque, é o Nível de Escolaridade Formal – diferente do sistema de formação da Capoeira – em que 16,67% dos sujeitos têm curso em nível superior – sendo 6,67% com pós-graduação – e que a grande maioria – 76,67% - possui uma formação de nível médio (de segundo grau, segundo a legislação de ensino anterior), contradizendo o sensocomum de que os praticantes de Capoeira têm baixo nível de instrução (escolaridade formal), constituindo-se de indivíduos semi-analfabetos, negros e pobres ... Quadro 6. NIVEL DE ESCOLARIDADE NIVEL DE ESCOLARIDADE MESTRE CONTRA MESTRE INSTRUTOR MONITOR POS- GRADUADO 2 0 0 0 SUPERIOR 1 1 1 0 MEDIO 9 3 7 4 FUNDAMENTAL 2 0 0 0 TOTAL 14 4 8 4

% 6,67 10,00 76,67 6,67 100,00

Assim, tem-se como perfil do praticante de Capoeira no/do Maranhão, como sendo homem (90%), com idade superior a 35 anos (56,6%), dos quais mais de 20 dedicado à sua


prática (46,6%), e ao ensino por pelos menos 10 anos (86,65%), e possui um nível de escolaridade de ensino médio (76,67%). COMPOSIÇÃO DA RENDA Quanto ao nível de renda, auferem em média R$ 817,94 (oitocentos e dezessete reais e noventa e quatro centavos), com uma jornada de trabalho de 69,99 horas semanais, conforme expresso nos Quadros 4 e 5, abaixo: Quadro 7. RENDA MÉDIA MENSAL DO CAPOEIRA COMPOSIÇAO DA RENDA PROVENIENTE DA CAPOEIRA AULA PALESTRA OFICINA INSTRUMENTO APRESENTAÇAO HORAS REMUNERADAS 40,08 0,22 1,97 1,23 3,16 VOLUNTARIADO 23,33 0 0 0 0 RECEITA 666,68 45,21 63,77 93,33 54,86 RENDA NÃO MONETARIA 109,17 0 0 0 0 CUSTOS 88,98 0 0 16,93 0 RENDA MONETARIA 466,53 45,21 63,77 76,4 54,86 HORA/ AULA 9,68 9,81 32,34 13,5 11,64 RENDA MENSAL HORAS TRABALHADAS

TOTAL 46,66 23,33 923,85 109,17 105,91 708,77 76,97 817,94 69,99

Para a composição da renda, utilizou-se das seguintes variáveis: a. renda monetária – remuneração em dinheiro para as seguintes atividades: aula, palestra, oficina, venda de instrumentos musicais, e apresentações (incluindo-se batizados), perfazendo R$ 708,77; b. renda não-monetária - remuneração sobre outras formas de valor, como serviços de limpeza, manutenção da escola, afinação dos instrumentos, organização da roda, doação de material de expediente e limpeza, prestação de serviços, perfazendo R$ 109,17; c. custos – alugueres, luz, água, telefone, material de limpeza e conservação, manutenção de instrumentos, perfazendo R$ 105,91; o que determina uma renda líquida ao mês de R$ 708,77, correspondendo a 2,28 saláriosmínimo418. Quadro 8. DISTRIBUIÇÃO DAS HORAS TRABALHADAS

ATIVIDADE AULA PALESTRA OFICINA FABRICAÇAO DE INSTRUMENTO APRESENTAÇAO TOTAL

% 90,33 0,59 2,81 1,76 4,51 100,00

Da jornada de trabalho semanal, 66,6% são remuneradas e as restantes são dedicadas a trabalhos voluntários (33,34%) em igrejas, escola publica e comunidades carentes, o que mostra que apesar de forte influencia do capitalismo ainda há preocupação com aspectos de inclusão social e preservação da cultura negra, uma vez que essas atividades geralmente são desenvolvidas com comunidades periféricas. 418

R$ 310,00


Quadro 9. TRABALHO VOLUNTÁRIO

HORAS NÃO REMUNERADAS RENDAO NÃO MONETARIA TRABALHO VOLUNTARIO PALESTRA OFICINA APRESENTAÇAOES

% 16,37 33,33 83,33 56,67 69,57

Outra variável a ser considerada refere-se à escolaridade formal x receita, e se a graduação do Capoeira influencia nessa composição da sua receita em confronto com a escolaridade formal (Tabela 7). A receita média do Mestre Capoeira é 4,18 vezes maior do que a do Monitor; decompondo-se os níveis de receita pelo nível de escolaridade formal percebe-se que uma independe da outra, e que a graduação é que determina a composição da receita. Vejamos o caso do Mestre Capoeira: a média salarial em relação à escolaridade formal não tem correlação – quanto maior a escolaridade, maior a receita, pois se verifica que a média salarial do pós-graduado é menor daqueles que têm apenas o nível fundamental, sendo de 24,3% essa diferença; o mesmo se dando com relação à escolaridade do Contramestre: os que detêm escolaridade de nível médio recebem 38,4% a mais que os que têm curso superior. Não se nota uma variação nessas proporções nos níveis de graduação do Instrutor (7,8% a mais para o nível médio em relação ao superior); quanto aos Monitores, encontraram-se portadores apenas com escolaridade de nível médio Quadro 10. ESCOLARIDADE FORMAL X RENDA NIVEL DE ESCOLARIDADE MESTRE CONTRA MESTRE INSTRUTOR MONITOR RECEITA MEDIA X GRADUAÇAO POS- GRADUADO SUPERIOR MEDIO FUNDAMENTAL

1.059,92 917,50 682,50 1.098,71 1.212,45

1.045,73 0,00 712,50 1.156,80 0,00

260,37 0,00 210,00 266,66 0,00

253,33 0,00 0,00 253,30 0,00

Gráfico 2. FONTE DE RENDA Fontes de Renda

SOMENTE CAPOEIRA CAPOEIRA + OUTRAS ATIVIDADES SOMENTE OUTRAS ATIVIDADES

56,6% dos Capoeiras atuante no mercado de trabalho de São Luís do Maranhão têm como única fonte de receita atividades ligadas à Capoeira – aulas (90,3%), palestras (0,59%),


oficinas (2,81%), fabricação de instrumentos (1,76%), e apresentações (4,51%), incluindo-se nesta atividade os batizados. (Q. 5). 43,4% ou tem outras atividades paralelas (30%), ou sobrevivem apenas de outras atividades (13,4%).

ATIVIDADE Advogado Bombeiro Estivador Funcinafio Publico Motoboy Produtor Cultural Professor Segurança Vendedor Vigilante

1 1 1 1 1 1 1 2 2 1

PARTICIPAÇÃO DA CAPOEIRA NO PIB LUDOVICENSE De acordo com Da Costa (2005), existem 6.000.000 de praticantes ocasionais de Capoeira no Brasil, projetando-se 170 participantes por local de prática (núcleo); existem, ainda, 35 mil locais de prática e ensino, gerando 35 mil empregos, com 24 federações e 96 ligas regionais. No Maranhão, ainda segundo o ATLAS 2005, existem 550 núcleos (locais de prática e ensino). Pelos dados levantados, cada um dos 16 núcleos com seus 49 locais de prática e ensino, têm, em média, 41,8 praticantes (alunos), o que nos dá 2.049 praticantes para São Luís e projetando-se para o Estado, 24.244 praticantes de Capoeira. Quanto ao número de professores desses núcleos, foram identificados pela pesquisa 30 indivíduos. Dos 2.049 praticantes levantados pela amostra, não estão incluídos os 30 professores – mestres, contramestres, monitores e instrutores. Desse total de praticantes, apenas 972 contribuem com uma mensalidade de, em média, R$ 20,58; assim temos, não pagantes, um total de 1.077 praticantes. O montante perfaz R$ 20.000,50 apenas com as aulas; o valor total se complementa com venda de produtos (indumentárias) R$ 3.619,00, instrumentos, R$ 840,42 e renda de apresentações R$ 111,98, perfazendo uma renda mensal de R$ 25.696,90, o que totaliza R$ 308.363,80 anuais, que corresponde a 0,67% do PIB de São Luís do Maranhão419. CONCLUSÃO Pela amostragem, não foi possível se determinar a quantidade de núcleos de ensino de Capoeira em atividade em São Luís do Maranhão, assim como o quantitativo de seus Mestres, Contramestres, Professores e/ou Instrutores. 419

Tabela 6. PIB a preço de mercado, percentual de participação no PIB, população, PIB per capita, valores agregados a preços correntes. Ano de 2002.02 MARANHÃO 11.419,65 100% 5.858.415 1.949,27 1.929,23 2.703,24 6.084,05 MUNICÍPIOS Nº PIB % População PIB per VA Agro VA Indústria VA Serviços milhões R$ do PIB capita R$ milhões R$ milhões R$ milhões R$ S. LUIS

1

4.542,29

39,78%

919.856

4.938,04

6,02

1.575,21

2.341,73

Fonte: SEPLAN – MA / Superintendência de Estudos e Pesquisas Econômicas e Sociais, 2005 Fonte: ESTADO DO MARANHÃO. Secretaria de Estado de Planejamento, Orçamento e Gestão. Superintendência de Estudos e Pesquisas Econômicas e Sociais. PRODUTO INTERNO BRUTO DOS MUNICÍPIOS DO MARANHÃO. São Luís: SEPES, 2005


Da Costa (2005) considera a existência de 35.000 locais de prática no Brasil, e para cada local de prática pelo menos um trabalhador remunerado. No Atlas do Esporte (2005) consta a existência de 550 núcleos existentes no Maranhão. Por analogia com os estudos de Da Costa (2005), constantes do Atlas dos Esportes (2005), pode-se inferir que existam, pelo menos, 550 indivíduos dedicados aos vários locais de prática e ensino da Capoeira em todo o Maranhão, no mínimo. Por outro lado, Vaz (2005, 2005b) encontrou 68 indivíduos atuando em São Luís, e esse levantamento está incompleto; no presente estudo foi analisados 30 indivíduos. Considerando a amostra, o PIB da Capoeira deve estar em torno de 0,67% do PIB de serviços de São Luís. Foi possível se determinar o perfil desse profissional, como sendo homem (90%), com idade superior a 35 anos (56,6%), dos quais mais de 20 deles dedicado à sua prática (46,6%), e ao ensino por pelos menos 10 anos (86,65%); possui um nível de escolaridade de ensino médio (76,67%). Quanto ao nível de renda, auferem em média R$ 817,94 por mês, com uma jornada de trabalho de 69,99 horas semanais, sendo que dessa jornada de trabalho semanal, 66,6% são remuneradas e as restantes são dedicadas a trabalhos voluntários (33,34%) em igrejas, escola publica e comunidades carentes, o que mostra que apesar de forte influencia do capitalismo ainda há preocupação com aspectos de inclusão social e preservação da cultura negra, uma vez que essas atividades geralmente são desenvolvidas com comunidades periféricas. Ainda, verificar se esse mercado atua na informalidade (60%), enquanto apenas 13,3% possuem alvará de funcionamento, portanto, plenamente legalizado. Quanto ao reconhecimento do Capoeira como Profissional de Educação Física, apenas dois (6,6%) têm registro junto ao sistema CREF/CONFEF, com registro provisório (leigo atuando com autorização); e um (3,3%) tem seu registro por ser licenciado em Educação Física, o que possibilita atuação junto ao Sistema Esportivo Escolar Estadual. Os demais atuam na ilegalidade (90,03%) Da análise dos dados levantados, percebe-se que o Mestre Capoeira atua de modo semelhante ao Mestre Artesão (Rugiu, 1998; Vaz, Vaz e Vaz, 2003)420, uma vez que detém o conhecimento prático do fazer Capoeira – seus golpes, gestos, musicalidade, instrumentos, história, etc.), enfim, detém o saber fazer (know how), assim como o local da prática (o atelier do mestre artesão), os instrumentos musicais e o seu processo de fabricação (suas ferramentas. O processo de ensino da “profissão”, também se dá da mesma forma – prática, através da execução dos gestos, seu conhecimento e segredos, não só dos gestos, como da fabricação dos instrumentos necessários à execução da capoeira ...; o “aprendiz” – graduações inferiores a de mestre e contramestre – passa vários anos junto ao Mestre, aprendendo seu “metier”, até atingir a mestria, e, com a “autorização” da “corporação”, poder abrir seu próprio “atelier” – núcleo ou local de prática e ensino, tornando-se independente, podendo receber seus próprios alunos aprendizes e outorgar títulos. Tal qual se deu a transformação das Corporações de Ofício com seus Mestres (Artesão), seus locais de produção (oficinas) pelas transformações das relações de trabalho a partir da Revolução Industrial421, o Mestre (Capoeira) também tem sido influenciado inserção da capoeira em tais complexos econômicos – empresariamento, mercadorização, esportivização, espetacularização, privatização da Capoeira -, enfim, pela transformação da Capoeira de um produto cultural em mercadoria.

420

O Mestre Artesão se constituiu em produtor independente, dono da matéria-prima e das ferramentas de produção, que vende diretamente o produto de seu trabalho e não a sua força de trabalho. (em nota de pé-de-página in VAZ, VAZ e VAZ, 2003, p. 27) 421 “... Com a ampliação do mercado, esse regime é substituído pelo “sistema doméstico” que não altera o sistema produtivo, mas os mestres já não são mais independentes; mantém a propriedade dos instrumentos e produzem em suas próprias casas com o auxílio de um ou dois ajudantes, mas passam a depender de um empreendedor que lhes fornece a matéria-prima, transformando-os em tarefeiros assalariados.” (Rugiu, 1998, citado por Vaz, Vaz e Vaz, 2003, em nota de pé-de-página).


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