LUDOVICUS 45 -JANEIRO-FEVEREIRO 2025

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LUDOVICUS

MAGAZINE EDITADO POR

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

PREFIXO EDITORIAL 919536

DEDICADO AO LAZER – CULTURA & ESPORTES - LUDOVICENSE//MARANHENSE

150 ANOS DO NASCIMENTO DE FRAN PAXECO – VIDA E OBRA EXPOSIÇÕES

08 JAN A 22 FEV 2025

GALERIA MUNICIPAL DO 11

NASCIDO EM SETÚBAL A 9 DE MARÇO DE 1874 E FALECIDO A 17 DE SETEMBRO DE 1952, MANUEL FRANCISCO PACHECO, MAIS CONHECIDO POR FRAN PAXECO, É AUTOR DE MAIS DE 70 TÍTULOS SOBRE HISTÓRIA, LITERATURA E ECONOMIA, DISTRIBUÍDOS POR ARTIGOS EM JORNAIS, REVISTAS E LIVROS. DESEMPENHOU CARGOS DIPLOMÁTICOS EM PAÍSES COMO BRASIL E INGLATERRA E FOI SECRETÁRIO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA BERNARDINO MACHADO. A CÂMARA MUNICIPAL DE SETÚBAL PRESTA HOMENAGEM A UM DOS MAIS ILUSTRES FILHOS DA TERRA NUMA EXPOSIÇÃO. INAUGURAÇÃO ÀS 15H00. ORG.: CMS

A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.

EXPEDIENTE

LUDOVICUS

MAGAZINE EDITADO POR

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

DEDICADO AO LAZER – CULTURA + ESPORTES

MARANHENSE

Revista eletrônica

EDITOR

Leopoldo Gil Dulcio Vaz

Prefixo Editorial 917536

vazleopoldo@hotmail.com

Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); titular da FEI (1977/1979); Titular da FESM/UEMA (1979/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem livros e capítulos de livros publicados, e mais de 600 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Academia Poética Brasileira; Sócio correspondente da UBE-RJ; Premio “Antônio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luís (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Prêmio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Prêmio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; Editor da “ALL em Revista”, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras; Editor das “Revista do Léo”, “Maranha-y”, e agora, LUDOVICUS; Condutor da Tocha Olímpica –Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luís - Ma.

NOSSA CAPA – FRAN PAXECO – Exposição sobre sua vida e obra =SETÚBAL JANEIRO/FEVEREIRO 2025

‘Ad fontes!’

Esta é uma Revista Eletrônica, dedicada à Literatura Ludovicense/Maranhense. Com a decisão de não mais publicar uma revista dedicada aos esportes no/do Maranhão, devido ao fato de os podres poderes públicos deste Bananão não se importarem com essa atividade rica, de Lazer = esportes + cultura -, passo a utilizar este espaço, dedicado ao Lazer intelectual = leitura, para me manifestar sobre os esportes

A partir deste número, a periodicidade passa a ser bimestral...

Setúbal, em Portugal, presta homenagens a um de seus filhos mais ilustres: FRAN PAXECO, que viveu no Maranhão – São Luis -, e aqui constituiu família. Um dos responsáveis pelo renascimento, nos anos 1900 –princípio - da cultura maranhense/ludovicense. Meu Patrono na Academia Ludovicense de Letras... sua filha, Elza é minha Patrona na Academia Poética Brasileira.

E continua-se com a campanha contra a defenestração de Nina Rodrigues... a quem interessa essa campanha? Será que o infeliz autor dessa proposta – até agora não se conseguiu saber quem!!! – conhece um mínimo de história do Maranhão e da Medicina e Psicologia do Brasil? Certamente que não!!! Revisionismos são perigosos...

E acompanhando o final do ano passado, muitas postagens sobre o ano esportivo de 2024. Comemorações, competições, que não vimos anunciados, seja a realização, sejam os resultados, em nossas mídias... quase a totalidade sem apoio dos órgãos oficiais – as SEMDEL e SEDEL, e algumas Federações, mesmo... iniciativas de grupos de atletas... até onde vamos continuar?

Fran Paxeco, figura icônica da cultura maranhense, está sendo homenageado em sua terra natal, Setúbal, pelos 150 anos de nascimento. E o que faremos aqui, no Maranhão?

Uma pequena mudança na apresentação/colunas: iniciamos pelos lançamentos de diversos autores, que não os tradicionais sócios-atletas de nossas instituições literárias, como ALL, AML, IHGM, CEV, APB, E outras mais, como as notícias lá do Tocantins – em especial, as do Zeca... o que foi publicado no Jornal Pequeno por nossos sócios-atletas, além da Coluna da ALL; A Sacada Literária continua, com as primorosas criticas literárias sob a batuta do Antonio Ailton; seguindo-se das Palavras de Meu Mestre Jorge Bento, lá do Porto eAssim falou meu Primo, Ozinil Martins, lá de Santa Catarina; ambos, analisam a situação atual, do mundo e do Brasil, em especial a Educação, e a Educação Física. Segue-se os acontecimentos, atos e fatos. Finalizando, com o que conseguimos descobrir dos Esportes e Lazeres...

Iniciamos um novo projeto de pesquisa.

Boa leitura...

PEDRO HENRIQUE MIRANDA FONSECA

MEMBRO FUNDADOR DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE HISTÓRIA DA MEDICINA

Quem não conhece a História está condenado a repeti-la. Edmond Burke, historiador britânico.

A História não se repete, mas o homem sempre. Voltaire, filósofo francês.

Em 1888, o então jovem médico maranhense Nina Rodrigues, após se formar no Rio de Janeiro, radicou-se em São Luís, com consultório na Rua do Sol 17. Com clientela escassa usou o tempo livre para estudar o regime alimentar do Estado, publicando o resultado das suas pesquisas no jornal A Pacotilha, onde criticou o uso da farinha de mandioca como alimentação exclusiva, mas não só, pois identificou o problema e propôs a sua solução que seria a adição à farinha de feijão, fava e milho. Pois esse estudo teve como consequência ele ser apelidado de “Doutor Farinha Seca” pela maledicência dos seus conterrâneos, da qual ele se queixou no mesmo jornal do dia 1º de agosto de 1888: “... grande mágoa que me havia causado o procedimento injusto, desleal e pouco digno do colega, que, em porta de botica, procurava, em termos que não comentarei, chamar o ridículo sobre mim e a minha interessante propaganda.” Este episódio o magoou profundamente e fez com que se mudasse para a Bahia, docemente acolhedora, onde prestou concurso para professor da Faculdade de Medicina, e iria desenvolver suas pesquisas, que lhe granjearam renome internacional. Ele abrasileirou a Medicina Legal, estudou no Brasil, coisas brasileiras, sendo isto a sua grande originalidade.

A Bahia lhe foi tão acolhedora, que muitos biógrafos acham que ele era baiano, o que em parte é verdade, se considerarmos que ele foi adotado por este Estado. Se a então Província do Maranhão lhe foi madrasta, a Bahia lhe foi uma verdadeira mãe, tanto que deu o seu nome ao Instituto de Medicina Legal e jamais cogitou retirar essa homenagem.

E agora, em pleno século XXI, o seu Estado de nascimento volta a se comportar como padrasto, uma vez que se cogita mudar o nome do hospital com a alegação de ser ele racista. Tal alegação é fruto de uma leitura apressada e fora de contexto de parte de sua vasta obra. No final do século XIX e princípio do XX a ciência apregoava uma superioridade da raça branca e teorizava sobre o criminoso nato, cujo principal representante era o médico italiano Cesare Lombroso. Pois bem, ele acompanhava os preceitos dessa Escola, mas ao mesmo tempo não era um fiel seguidor dela, uma vez que ao longo das suas pesquisas percebeu fissuras em seus anunciados, sendo exemplar o caso de Antônio Conselheiro, que após autopsia do seu crânio concluiu ser normal e o diagnostica como acometido de transtorno delirante. Outro caso estudado por ele que também apresentava fissuras nos postulados da Escola Lombrosiana foi o de Lucas da Feira, que teve o seu crânio estudado por ele que o achou normal.

Essa questão de hierarquização entre raças só foi definitivamente derrubada, embora ainda apresente ressurgências, na década de vinte do século XX com a Antropologia Cultural de Franz Boas, quando Nina Rodrigues não estava mais vivo, pois falecera em 1906. Se substituirmos em sua obra o termo raça por cultura ela fica extremamente atual.

Por tudo isso não vejo razão, nem justificativa para a mudança do nome da instituição e espero que o Maranhão não seja mais uma vez ingrato com um dos seus rebentos ilustres.

Rio de Janeiro, quinta-feira, 9 de janeiro de 2025, às 18:15 horas.

Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão

Academia Ludovicense de Letras

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Centro Esportivo Virtual

A segunda modernidade é um conceito sociológico introduzido pelo teórico alemão Ulrich Beck 1. Este conceito refere-se a uma fase da modernidade em que as estruturas sociais, políticas e econômicas tradicionais começam a ser questionadas e reformuladas em resposta às rápidas mudanças tecnológicas, globais e ambientais.

Na primeira modernidade, a sociedade era caracterizada pela industrialização, urbanização e a crença no progresso contínuo através da ciência e da tecnologia. A segunda modernidade, por outro lado, lida com as consequências inesperadas desses processos, como a desigualdade social, os riscos ambientais e as crises econômicas.

Algumas características da segunda modernidade incluem:

1. Individualização: As pessoas têm mais liberdade para construir suas próprias identidades, em contraste com as normas sociais rígidas da primeira modernidade.

2. Globalização: A interconexão global e a interdependência aumentaram, resultando em uma maior troca cultural, econômica e social.

3. Reflexividade: A sociedade se torna mais consciente dos riscos e das incertezas associadas ao progresso tecnológico e econômico.

4. Desregulamentação e flexibilização: As instituições tradicionais, como o Estado e a família, passam por transformações para se adaptarem a uma sociedade mais dinâmica e complexa.

A segunda modernidade nos convida a reavaliar nossas estruturas sociais e buscar soluções mais sustentáveis e equitativas para os desafios contemporâneos.

Assim, segunda modernidade é um conceito que se refere a uma nova fase da modernidade, caracterizada por uma maior complexidade e pluralidade de perspectivas, influenciada por avanços tecnológicos, sociais e culturais. No contexto brasileiro, isso pode ser visto como uma fase de reavaliação e questionamento das narrativas históricas tradicionais 2 .

O revisionismo histórico no Brasil tem ganhado destaque, especialmente em debates sobre a representação de figuras históricas envolvidas em práticas como a escravidão e o colonialismo. Essa reavaliação tem levado à derrubada de monumentos que homenageiam essas figuras, como o caso do bandeirante Manuel de Borba Gato, cuja estátua foi incendiada em São Paulo em 20213 .

Esses protesto se iniciaram nos Estados Unidos, após uma ação policial que culminou na morte de George Floyd, um negro – ops, afrodescendente. Além dos protestos em solo americano, cidadãos de doutros países também se manifestaram, como na Inglaterra, onde uma multidão enfurecida derrubou a estátua de um traficante de escravos – Edwalr Colston; na Bélgica, foi a estatua do Rei Leopoldo II. O Brasil não ficou para trás: aqui, estátuas de personalidades históricas que atualmente seriam julgadas pelos mais diversos crimes habitam cidades de todos os tamanhos.

Esses atos são frequentemente vistos como uma forma de reparação histórica, buscando corrigir a glorificação de figuras que, segundo a perspectiva atual, cometeram atos condenáveis. No entanto, há também quem argumente que a destruição desses monumentos equivale a um vandalismo e uma tentativa de apagar a história.

1 BECK, U. Sociedade de Risco Mundial. Em busca da segurança perdida. Lisboa: Edições 70, 2018.

2 Combates pela História do Brasil: uma resposta ao revisionismo histórico – Jornal da USP

3 Derrubada de estátuas: vandalismo ou reparação his... | VEJA

O debate é polarizado, com alguns defendendo a remoção desses monumentos para museus ou a instalação de placas explicativas, enquanto outrosacreditam que devem serpreservados como partedopatrimônio histórico. No Maranhão, temos, atualmente o “Caso Nina Rodrigues”, onde se busca retirar o nome desse ilustre maranhense de nosso Hospital Psiquiátrico. Sim!!! É coisa de louco, mesmo...

Raimundo Nina Rodrigues foi um médico, antropólogo e professor brasileiro, nascido em 1862 em Vargem Grande, Maranhão.Ele é consideradoo fundadordaantropologia criminal noBrasil eum pioneironos estudos sobre a cultura negra no país4. Nina Rodrigues foi o primeiro estudioso brasileiro a abordar a questão racial como um tema social relevante para a compreensão da formação racial da população brasileira.

Ele escreveu vários livros importantes, como "Os Africanos no Brasil" e "As Raças Humanas e a Responsabilidade Penal no Brasil". Embora suas ideias fossem influenciadas por uma perspectiva racista e nacionalista da época, suas contribuições foram significativas para o desenvolvimento da medicina legal e da antropologia no Brasil

Nina Rodrigues foi uma figura controversa quando se trata de eugenia. Ele foi um dos primeiros a introduzir essas ideias no Brasil, influenciado pelas teorias europeias da época. A eugenia, que buscava "melhorar" a população através de práticas seletivas, foi amplamente criticada por suas bases racistas e pseudocientíficas5 . Rodrigues acreditava que a miscigenação poderia levar a uma "degeneração" da população brasileira, uma visão que hoje é amplamente desacreditada e condenada. Ele via a eugenia como uma forma de "melhorar" a sociedade, mas suas ideias refletiam os preconceitos e a falta de entendimento científico da época. Essas ideias tiveram um impacto duradouro e negativo, perpetuando estereótipos raciais e justificando políticas discriminatórias. Felizmente, a ciência moderna rejeita completamente essas teorias, reconhecendo a diversidade genética como uma força e não uma fraqueza6

Devemos considerar que Raimundo Nina Rodrigues viveu em centros urbanos onde o contingente de negros escravizados era notável. Nas ruas, nas portas das casas, nas lojas, nos portos. Negros e crioulos trabalhando, conversando, cantando, esmolando, esbravejando, negociando. Tudo parecia seguir o “ritmo natural” da vida. Mas, entre 1888, ano que se formou em Medicina; 1890, ano que foi aprovado em concurso público para professor da Faculdade de Medicina da Bahia e, 1906, ano em que morreu, Nina Rodrigues vivenciou várias transformações da sociedade brasileira que de escravocrata, passou a adotar o operariado assalariado incentivando a imigração europeia; de monarquia, passou a ser uma república; de agrária, passou por um crescente processo de urbanização. É justamente nesses cenários urbanos em transformação que se darão as principais discussões políticas e intelectuais em torno da nacionalidade brasileira7. Conforme Renato Ortiz8 e Lilia Shwarcz9 é nesse contexto que a questão racial revestida de um discurso científico passa a ganhar espaço e credibilidade. Para Shwarcz, o século XIX foi o século do estabelecimento da ciência e das instituições de pesquisa e ensino. O saber científico é revestido de grande poder ocupando um lugar central na reestruturação do Estado, e é nesse aspecto que a fala institucional se compõem num fator de grande importância, pois dá legitimidade e autoriza o discurso do intelectual atribuindo-lhe grande poder político e social.

Esse processo também acometeu o Brasil da época. O país foi passando de objeto a sujeito produtor de explicações científicas. A partir dos anos 70 dos oitocentos, toda uma nova configuração paradigmática e conceitual chega ao Brasil, reformulando as instituições, as formas de comunicação, a cultura, a política, o comércio, o ensino etc. O Brasil precisava mostrar-se moderno e, nesse projeto modernizador a ciência e seus distintos representantes exerciam um poder discursivo legitimador essencial, em que o lema “ordem e progresso” se torna possível graças ao paradigma evolucionista que predomina no pensamento ocidental. Teóricos como Lilia Schwarcz, Renato Ortiz e Wlamira Albuquerque discordam da ideia simplista de que os cientistas brasileiros de fins do XIX limitaram-se a copiar as teorias raciais europeias. Essas teorias se tornaram hegemônicas no Brasil justamente quando perdiam força na Europa. Há uma clivagem entre o momento de produção dessas teorias na Europa e as formas como são apropriadas no Brasil. Nem todos os

4 Raimundo Nina Rodrigues - Brasil Escola

5 Nina Rodrigues, a eugenia e a inauguração de um conceito de cultura afro brasileira

6 Racismo disfarçado de ciência: como foi a eugenia no Brasil

7 CAMPOS, Maria José. Arthur Ramos: luz e sombra na Antropologia Brasileira: uma versão da democracia racial no Brasil nas décadas de 1930 e 1940. Rio de Janeiro: Edições da Biblioteca Nacional, 2004

8 ORTIZ, Renato. Cultura brasileira e identidade nacional. São Paulo: Brasiliense, 2006

9 SCHWARCZ, Lilia Moritz. O Espetáculo Das Raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

referencias são aceitos, mas só os que dialogam com os referenciais já utilizados em diálogo com o contexto mestiço do Brasil.

Do resultado dessas aproximações de diferentes disciplinas, métodos e referenciais teóricos, Nina Rodrigues torna-se, com maior precisão, o inaugurador de uma tradição brasileira de invenção conceitual da cultura afrobrasileira numa perspectiva histórica oficial. A partir da materialidade de suas fontes e dados pesquisados, ele seleciona, distribui, organiza, estabelece continuidades e sentidos ao que ele está chamando de cultura negra no Brasil, ou nos seus termos, “sobrevivências das culturas africanas no Brasil”, estabelecendo que a cultura afro-brasileira vive das continuidades e não das rupturas das culturas africanas. Assim ele legitima através de seu discurso científico os autênticos lugares simbólicos da cultura negra: a linguagem; as “belas-artes” (música, dança, pintura e escultura); as festas populares e o folclore; a religião e suas mitologia e culto; indumentária e culinária. Com isso, Nina Rodrigues projetava não só palavras, mas também imagens de africanidades que sobrevivem, e que continuariam a existir nos descendentes mulatos e crioulos uma vez que os legítimos africanos estavam morrendo ou emigrando de volta para a África após a abolição. Dessa maneira, definia-se o que é ser negro e o que fazem os negros. Limitava-se a produção cultural e a inteligência negra a estes únicos lugares e práticas.

Enquanto intelectual, Nina Rodrigues é o inaugurador de uma tradição de representar conceitualmente, no Brasil, a cultura afro-brasileira. Embora essa representação parta de uma materialidade, de dados observados e analisados segundo os referenciais dispostos naquele momento histórico, esses conceitos não dão conta de toda a diversidade e complexidade que possui a cultura afro- brasileira. Tais conceitos formam fragmentos estereotipadosdaculturaafro-brasileira,selecionandoeelegendooquesedizserounão“típico”dessacultura, deixando de fora toda uma rede de sujeitos, eventos, intencionalidades e significações. Discrimina os lugares não só culturais, mas também políticos e econômicos dos negros. Esse processo de representação conceitual do que é o ser e o fazer negro, se construiu nos primeiros momentos do século XX num projeto de fortalecimento de uma identidade contrária àquela que é a do ser e fazer branco. Os argumentos, os métodos e as instituições dos intelectuais que os produzem fazem parte de uma complexa rede de significações interpeladas por relações de poder que legitimam esses dizeres.10 Combater o revisionismo histórico é uma tarefa importante e multifacetada, que exigem algumas estratégias:

1. Educação de qualidade: Promover uma educação que valorize a ciência, o pensamento crítico e o ensino da história baseada em evidências.

2. Acesso à informação: Garantir que as pessoas tenham acesso fácil a fontes confiáveis de informação e incentivar o consumo de mídia crítica e bem pesquisada.

3. Debate aberto: Fomentar o debate público e acadêmico sobre a história, incentivando que as vozes divergentes sejam ouvidas e respeitadas.

4. Memória coletiva: Valorizar e preservar a memória coletiva, através de museus, monumentos e comemorações que celebrem a verdade histórica.

5. Legislação e políticas públicas: Criar e implementar políticas que protejam o ensino e a preservação da história baseada em fatos.

10 ADICHE, Chimmammanda. O perigo de uma única história. Conferência ministrada em julho de 2009. Oxford, Inglaterra. Disponível em: www.youtube.com. Acesso em: 11 de maio de 2011.

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O CONGRESSO DO MULUNDÚS

Mas a harmonia não ficou sempre intacta; por quaisquer motivo desligaram-se os tupinambás da confederação e constituíram seu próprio congresso, ao lado ocidental do Parnaíba, em Mulundús.

Os tupinambás já eram grandes senhores, tinham ocupado a maior parte do interior do Maranhão, tinham fundado mais de cem colônias no Grão Para, Amazonas e Mato Grosso e precisavam dum centro nacional para conservar a unidade da nação dos tupinambás. Esse centro era Mulundús, onde se reuniam todo Os anos os delegados de todas as regiões, ocupadas pelos tupinambás. Nas cartas e relatórios do padre Antonio Vieira encontram-se muitos indícios desses factos. Ele relata que alguns dos seus amigos tupinambás lhe contaram que no interior do Maranhão se reúnem os delegado de todas as aldeias que falam a mesma língua geral, e pediram ao padre mandasse para lá um sacerdote católico para celebrar missa, dentro d grande reunião do povo. Assim o antigo congresso de Mulundús ficou transformado numa festa cristã, dedicada à memória de São Raimundo, como ainda agora se faz. Sempre, porém, essa festa conservou o caráter dum congresso popular, para onde veem de longe, de Goiás, Mato Grosso e Pará amigos, parentes e comerciantes daquelas regiões que pertenciam antigamente ao grande domínio dos tupinambás.

Ludovico Schwennhagen

Por volta dos anos 30 do século XIX, o tenente-coronel Antonio Bernardino Ferreira Coelho adquiriu o Engenho PrimaveraqueoutrorapertenceraamadrinhadovaqueiroRaimundoNonato. Naconstância do cargo de Deputado Provincial Antonio Bernardino transferiu a Vila de Olho d’Agua para Vargem Grande em 1845. No final dos anos cinquenta o deputado vendeu o Engenho Primavera ao coronel Francisco Solano Rodrigues. Ao comprar as terras adquiriu também a escravatura dos antigos proprietários com todos seus costumes e crendices. No local se estabeleceu com a família depois do casamento com a senhora Luíza Roza Nina Rodrigues, onde tiveram sete filhos: Djalma, Joaquim, Raimundo, Themístocles, Antônio, Saul, e Maria da Glória.

Muito religiosa Dona Luiza, quando chegou já encontrou a capelinha em Mulundus que fazia parte da propriedade da família. Passou a fazer a manutenção e incentivar o culto a São Raimundo Nonato. Em 1862, enquanto gestava um dos seus filhos se sentiu muito doente então fez promessa, que se tivesse um bom parto, o filho receberia o nome do Santo, porque além de protetor dos vaqueiros é invocado como patrono e protetor das parturientes e das parteiras, porque durante o seu nascimento a sua mãe faleceu e ele foi extraído vivo.

O pequeno Raimundo nasceu no dia 4 de dezembro de 1862, porém foi uma criança com a saúde frágil e mais uma vez Dona Luiza recorreu ao Santo pedindo proteção e saúde ao filho e em troca prometeu fazer vir da Espanha uma imagem autêntica confeccionada na oficina sacra da terra natal de São Raimundo.

Quando o filho atingiu a juventude a imagem foi encomendada. A trajetória da imagem foi difícil. Ela foi enviada à Portugal de lá foi feito o translado de navio para a capital, São Luís, depois foi levada de barco a vapor até Itapecuru –Mirim quando as autoridades locais e eclesiásticas a transportaram até a igreja de São Sebastião e depois à Mulundus. A chegada da imagem ocorreu no penúltimo quartel do século XIX.

O filho da promessa, Raimundo Nina Rodrigues o mais ilustre filho da terra, foi médico legista, psiquiatra, professor e antropólogo. Faleceu em 1906.

Dona Luíza figurou como responsável pela festa durante muitos anos sendo seguida por seu filho o capitão Saul Nina Rodrigues que mesmo residindo no Engenho São Roque em Anajatuba, gerindo os negócios da família mantinha negócios em Vargem Grande tendo continuado como Mordomo da festa. Dona Luiza faleceu em 17.12.1911.

O tenente- coronel Francisco Solano Rodrigues, foi juiz de direito, Comandante Superior da Guarda Nacional, da Vila de Vargem Grande, deputado constituinte, Presidente da Câmara de Anajatuba e grande benfeitor de Vargem Grande, tendo cedido uma das suas casas para servir de cadeia pública à Vila.

Desde o início do Século XX, começaram as campanhas pela imprensa, pelos moradores e principalmente pelos comerciantes para a transferência da festa para a sede de Vila de Vargem Grande. O povoado de Mulundus era desprovido de estrutura adequada para a celebração da festa que havia se tornado muito grande.

Porém os tradicionalistas resistiam, por achar que a festa deveria permanecer no local onde iniciou. Foram anos de negociações para solucionar o impasse. Somente em 1953, na gestão do arcebispo Dom JoséMedeiros Delgado, houve a transferência da festa para Vargem Grande, passando a ter uma maior projeção. Os conservadores, no entanto, inconformados continuaram celebrar São Raimundo Nonato em Mulundus, que em consenso a igreja fixou a data do evento no povoado para o mês de outubro e assim respeitando a religiosidade popular. A festa reúne féis de todo o Maranhão também de outros Estados, em pagamentos de promessas.

O Santo Espanhol, São Raimundo Nonato foi um doutor da igreja, um grande Bispo e mártir da fé católica. Rogapornós, SãoRaimundo! (em catalão: Ramon Nonat, em castelhano: Ramón Nonato)éum santo católico romano que viveu no século XIII e se rebelou contra a escravidão, que na época era tida como natural. Raimundo recebeu a alcunha de Nonato ("não nascido") porque foi extraído do ventre de sua mãe, já morta antes de dar-lhe à luz, ou seja, não nasceu de uma mãe viva, mas foi retirado de seu útero, algo raríssimo à época.

Por isso é festejado, no dia 31 de agosto, como o patrono das parteiras e obstetras. Em 1224 entrou na Ordem de Nossa Senhora das Mercês, que era dedicada a resgatar os cristãos capturados pelos muçulmanos levados para prisões na Argélia. Mas ele não queria apenas libertar os escravos, lutava também para manter viva a fé cristã dentro deles. Capturado e preso na Argélia, converteu presos e guardas, mas teve a boca perfurada e fechada por um cadeado para não pregar mais. Após sua libertação, foi nomeado em 1239 cardeal pelo papa Gregório IX, todavia no início de seu caminho a Roma padeceu violentas febres pela qual morreu.

Blog da Jucey Santana: SÃO RAIMUNDO DOS MULUNDUS

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio Vaz. São Raimundo, dos Mulunduns – o falso santo do Maranhão

São Raimundo Nonato - Diocese de São José do Rio Preto/SP (bispado.org.br)

Raimundo Nonato – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

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O revisionismo histórico pode ter um impacto significativo na história de vida de personagens históricos. Quando novas evidências ou perspectivas surgem, a interpretação dos eventos e das ações desses personagens pode mudar. Isso pode levar a uma reavaliação de suas motivações, intenções e legados. Por exemplo, figuras históricas que eram amplamente vistos como heróis podem ser reavaliados como vilões, e vice-versa. Isso pode afetar a maneira como são lembrados e ensinados nas escolas, bem como a forma como são retratados na mídia e na cultura popular.

Raimundo Nina Rodrigues foi um médico, antropólogo e professor brasileiro, nascido em 1862 em Vargem Grande,Maranhão.Eleé consideradoofundadordaantropologiacriminalbrasileiraeumpioneironosestudos sobre a cultura negra no Brasil.

Nina Rodrigues é conhecido por suas pesquisas sobre a influência das condições sociais e psicológicas na conduta humana, e por suas contribuições à medicina legal e à psiquiatria. Ele também foi um notório eugenista, o que significa que ele defendia a melhoria da raça humana através da seleção genética.

Seu trabalho foi influente, mas também controverso, especialmente devido às suas visões raciais e nacionalistas. Ele publicou vários livros importantes, como "Os Africanos no Brasil" e "As Raças Humanas e a Responsabilidade Penal no Brasil"

Um dos principais defensores da eugenia no Brasil, acreditava na ideia de que a raça e a hereditariedade influenciavam diretamente o comportamento humano e a capacidade intelectual Suas ideias foram influenciadasporteorias europeiaseamericanasdaépoca,quedefendiama"melhoria"daraçahumanaatravés da seleção genética.

Rodrigues argumentava que a miscigenação e a presença de indivíduos de "raças inferiores" eram prejudiciais para a sociedade brasileira. Ele acreditava que a população deveria ser "embranquecida" através da imigração europeia e pela promoção de casamentos entre pessoas de "raças superiores".

Essas visões foram amplamente criticadas e são vistas hoje como racismo disfarçado de ciência. No entanto, elas tiveram um impacto significativo na política e na cultura brasileira da época, influenciando leis e políticas públicas, especialmente nas primeiras décadas do século XX:

1. Imigração e Restrições: A eugenia influenciou políticas de imigração no Brasil, com a promoção da imigração europeia e a restrição de imigrantes de outras origens. Isso levou à implementação de cotas e restrições para imigrantes não brancos, como os japoneses.

2. Legislação: A Constituição de 1934 incluiu artigos baseados na teoria eugênica, como o Artigo 138, que incentivava a educação eugênica e a proteção da "pureza racial". Essas leis foram usadas para justificar práticas discriminatórias e a promoção de políticas de "higienização racial".

3. Esterilização Forçada: Embora menos documentado no Brasil do que em outros países, a eugenia também influenciou práticas de esterilização forçada, especialmente entre populações marginalizadas e consideradas "inferiores".

4. Discriminação Racial: As ideias eugênicas reforçaram estereótipos raciais e contribuíram para a discriminação sistemática contra pessoas de ascendência africana e indígena no Brasil.

5. Impacto Cultural: A eugenia também influenciou a cultura e a educação brasileira, promovendo a

Mas há outras contribuições para a formação da identidade brasileira, como "Os Africanos no Brasil", obra importante de Nina Rodrigues, publicada postumamente em 1932, mas escrita entre 1890 e 1905. O livro aborda a presença e a influência dos africanos na formação da sociedade brasileira, explorando aspectos culturais, sociais e raciais. Ele foi um dos primeiros estudiosos a tratar a questão dos negros no Brasil como um tema relevante para a compreensão da formação racial do país, analisando a contribuição dos africanos para a cultura brasileira, incluindo a religião, a música, e outras tradições culturais.

Já em "As Raças Humanas e a Responsabilidade Penal no Brasil", ensaio escrito e publicado em 1894, analisa a doutrina corrente e as opiniões de mestres reputados na área de psicologia criminal, abordando conceitos de criminalidade e imputabilidade à luz da evolução social e mental.

O livro é dividido em várias partes, incluindo:

1. Criminalidade e a imputabilidade à luz da evolução social e mental

2. O livre arbítrio relativo nos criminalistas brasileiros

3. As raças humanas nos códigos penais brasileiros

4. O Brasil antropológico e étnico

5. A população brasileira no ponto de vista da psicologia criminal - índios e negros

6. A população brasileira no ponto de vista da psicologia criminal - os mestiços

7. A defesa social no Brasil

Nina Rodrigues examina a população brasileira - índios, negros e mestiços - sob a perspectiva da psicologia criminal e do ponto de vista antropológico e étnico. Ele sugere uma reformulação no conceito de responsabilidade penal e defende a aplicação da perícia psiquiátrica nos tribunais.

No entanto, é importante notar que suas visões eram influenciadas pelas teorias raciais da época, que muitas vezes eram racistas e eugenistas. Isso significa que, embora ele tenha feito contribuições significativas para o estudo da cultura africana no Brasil, suas interpretações e conclusões devem ser vistas com um olhar crítico. Hoje, no Brasil, o movimento de revisão histórica tem se constituído em um processo contínuo de reavaliação e reinterpretar eventos e figuras históricas com base em novas perspectivas e conhecimentos. Esse movimento busca corrigir erros, preconceitos e distorções presentes nas narrativas históricas tradicionais, promovendo uma compreensão mais justa e inclusiva do passado.

Aqui estão alguns exemplos de revisões históricas no Brasil:

1. O "Descobrimento do Brasil": Muitos historiadores criticam o termo "descobrimento" porque o Brasil já era habitado por povos indígenas antes da chegada dos portugueses em 1500. Hoje, há um esforço para reconhecer a presença e a importância desses povos originários.

2. A "Inconfidência Mineira": Originalmente vista como uma traição pelos portugueses, essa revolta foi reavaliada e passou a ser chamada de "Conjuração Mineira", destacando o objetivo comum dos revoltosos sem os juízos de valor associados à visão colonial.

3. Tiradentes: Durante o período monárquico, Tiradentes não era tratado como herói nacional. Após a Proclamação da República, ele foi escolhido como símbolo da luta republicana.

4. Golpe de 1964: Originalmente referido como "Golpe Militar", o evento foi reavaliado como "Golpe Civil-Militar" para destacar o papel de civis, como políticos e membros do Judiciário, naquele processo.

5. República Velha: O termo "República Velha" foi usado durante a Revolução de 1930 para criticar a república anterior, mas hoje caiu em desuso, pois a interpretação histórica não exige mais esse contraste político.

Esses exemplos mostram como a história está sempre em movimento e como novas interpretações surgem à medida que olhamos para o passado com perspectivas diferentes. Isso enriquece nossa compreensão do que aconteceu e promove uma visão mais inclusiva e crítica da história.

A História está sempre em movimento. Esses exemplos mostram como a história é um campo dinâmico, onde novas interpretações surgem à medida que olhamos para o passado com perspectivas diferentes. Essa constante revisão não significa apagar o que já foi contado, mas sim enriquecer nossa compreensão do que aconteceu.

A mostra “150 Anos do Nascimento | Fran Paxeco Vida e Obra” está patente na Galeria Municipal do 11, até 22 de fevereiro.

É de entrada gratuita.

Texto Filipa Isabel Pereira

As homenagens são uma forma de preservar quem deixou marcas profundas em alguém, num sítio, ou em vários e foi mesmo isso que aconteceu com Manuel Fran Paxeco. O setubalense, com uma sólida carreira como escritor, jornalista e diplomata, com interesses na área da história e economia, foi autor de vários livros e estudos relevantes. Elevou o nome da cidade e deixou um legado que, agora, todos os interessados podem conhecer de perto.

No dia 8 de janeiro, quarta-feira, foi inaugurada a mostra “150 Anos do Nascimento | Fran Paxeco Vida e Obra”, na Galeria Municipal do 11. Por lá, vai encontrar dados bibliográficos e documentais, numa organização da Câmara Municipal de Setúbal, que “dá a conhecer o percurso pessoal e profissional” do autor do século XX, explica a autarquia.

“Estamos aqui a recordar e a homenagear este importante setubalense, a quem temos de continuar a agradecer o legado que nos deixou. Cumprimos assim, uma vez mais, o nosso dever de preservar a nossa história local e de valorizar a nossa identidade”, disse o presidente da Câmara Municipal, André Martins, na abertura da exposição, que fica patente até dia 22 de fevereiro.

Pretende-se ainda, “colmatar a falta de conhecimento mais amplo” sobre “o que fez este ilustre setubalense e os méritos que teve, e que foram notórios, ao longo da sua vida”, conclui o autarca. O investigador de história local, António Cunha Bento, contribuiu para a mostra com “um conjunto de obras produzidas por Fran Paxeco para constarem na exposição”, assim como “uma réplica do tríptico dos ilustres setubalenses onde o escritor e diplomata se encontra representado”.

Vai encontrar “bens pessoais doados e outros emprestados por Rosa Machado, neta de Fran Paxeco”, com destaque para “um relógio de bolso, o passaporte diplomático, a caderneta militar e um marcador de livros em prata, além da Medalha da Cidade e diploma honoríficos atribuídos pela autarquia em 2024”.

A exposição, “que conta com oito painéis com fotografias, documentos e recortes de jornais sobre a vida e obra do homenageado”, é de entrada gratuita. Pode ser visitada de terça-feira a sábado, das 11 às 13 horas, e das 14 às 18 horas, na Galeria Municipal do 11.

Fran Paxeco nasceu em Setúbal, a 9 de março de 1874. Morreu dia 17 de setembro de 1952, aos 78 anos. Escreveu “sobre história, literatura e economia, em jornais e revistas, publicou vários livros, desempenhou cargos diplomáticos no Brasil e na Inglaterra e foi secretário do presidente da República Bernardino Machado”. Morou em São Luís do Maranhão, no Brasil, onde “teve uma participação cívica” ativa: foi cofundador da Faculdade de Direito, da Escola de Belas-Artes e diversas associações e institutos.

Dedicou-se à investigação, ao estudo e à produção de conhecimento sobre diversas matérias. Foi responsável pelo discurso de inauguração da Glorieta a Luísa Todi, em Setúbal, em outubro de 1933.

Mostra sobre “uma das mais importantes figuras” da história contemporânea de Setúbal quer “preservar história local e valorizar identidade da cidade

A Galeria Municipal do 11 recebeu nesta quarta-feira a inauguração da exposição que evoca a vida e obra de Fran Paxeco. “150 Anos do Nascimento | Fran Paxeco – Vida e Obra” dá título à mostra biobibliográfica e documental, organizada pela Câmara Municipal de Setúbal, que dá a conhecer o percurso pessoal e profissional do jornalista, escritor e diplomata.

Para André Martins, autarca sadino, com esta exposição, sobre a vida de “uma das mais importantes figuras” da história contemporânea de Setúbal, é cumprido o “dever de preservar a história local e de valorizar a identidade”. Na inauguração da mostra que fica patente até 22 de Fevereiro, o edil realçou que Setúbal é uma cidade com “um passado riquíssimo, feito por muitos homens e mulheres notáveis, feito também por muita gente anónima que com o seu labor construiu esta grande cidade”.

No entender de André Martins, é este “passado riquíssimo” que permite adivinhar “um futuro ainda mais rico e promissor”, deixando a garantia que este vai continuar a ser construído “sempre com o saber colectivo de todos os que se empenham no processo de homenagear quem fomos, quem somos e quem seremos”.

André Martins indicou que o objectivo da exposição, integrada nas comemorações dos 150 anos do nascimento de Manuel Fran Paxeco, organizadas pela autarquia, é “colmatar a falta de conhecimento mais amplo” sobre “o que fez este ilustre setubalense e os méritos que teve, e que foram notórios, ao longo da sua vida”.

“Aqui estamos a recordar e homenagear este importante setubalense a quem temos de continuar a agradecer o legado que nos deixou. Um legado agora exposto nesta mostra, que resulta também do empenho dos trabalhadores da nossa câmara municipal”, referiu o autarca.

Deixou também um convite a todos e a todas que se interessam pela história da cidade de Setúbal, para que visitem esta exposição e “redescubram” no trabalho de Fran Paxeco. O autarca levantou ainda o véu para convidar a população a acompanhar um conjunto de outras iniciativas que estão já programadas e que serão divulgadas brevemente, no âmbito da vida e obra da figura setubalense.

A cerimónia de inauguração terminou com uma visita conduzida pelo investigador de história local António Cunha Bento, que emprestou à Câmara Municipal de Setúbal um conjunto de obras produzidas por Fran Paxeco para constarem na exposição, bem como uma réplica do tríptico dos ilustres setubalenses onde o escritor e diplomata se encontra representado.

Entre os conteúdos expostos estão bens pessoais doados e outros emprestados por Rosa Machado, neta de Fran Paxeco, em que se destaca um relógio de bolso, o passaporte diplomático, a caderneta militar e um marcador de livros em prata, além da Medalha da Cidade e diploma honoríficos atribuídos pela autarquia em 2024.

Esta exposição, que conta com oito painéis com fotografias, documentos e recortes de jornais sobre a vida e obra do homenageado, tem entrada gratuita e pode ser apreciada de terça-feira a sábado das 11 às 13 e das 14 às 18 horas na Galeria Municipal do 11.

Expediente

Editorial

SUMÁRIO

MANUTENÇÃO DO NOME NINA RODRIGUES NA INSTITUIÇÃO PSIQUIÁTRICA

PEDRO HENRIQUE MIRANDA FONSECA A SEGUNDA MODERNIDADE: O CASO NINA RODRIGUES E O NÃO AO REVISIONISMO HISTÓRICO

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

SE BUSCA NOVO MILAGRE PARA SALVAR NINA RODRIGUES - AGORA, DO REVISIONISMO HISTÓRICO

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

EXPOSIÇÃO RECORDA UMA “DAS MAIS IMPORTANTES FIGURAS DA HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA DE SETÚBAL” “150 ANOS DO NASCIMENTO | FRAN PAXECO VIDA E OBRA” , Sumário

LANÇAMENTOS

DEU NO JORNAL: JORNAL PEQUENO – OUTROS JORNAIS

LUIS THADEU – 2004: CONQUISTAS E PERDAS

– EDIÇÕES AOS DOMINGOS - EDITOR: VINÍCIUS BOGÉA

JOÃO FRANCISCO BATALHA – DE JOÃO DE LEMOS A MARIA SIMPLISMENTE

PEDRO HENRIQUE MIRANDA FONSECA - RUI BARBOSA POR ANDRÉ REBOUÇAS

LIVRO DE PEDRO FONSECA SOBRE O RIO DE JANEIRO DO SECULO XIX

DILERCY ARAGÃO ADLER - SOCIEDADE, HOMINIZAÇÃO E VIOLÊNCIA

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ – OS TUPIS

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ – O FUTSAL ‘NASCEU’ NO LICEU

JOÃO FRANCISCO BATALHA - ARARI

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ – DAS ‘TRAPASSAS’ DA VIDA – VEERDADES E MITOS NO HANDEBOL

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ – O FIM DA REPÚBLICA PROTESTANTE DO COMBRESSIVE

OSMAR GOMES - NÃO HÁ TERRA SEM LEI

LUIZ THADEU – ASSIM SOU EU. ASSIM É A VIDA

OSMAR GOMES – AINDA ESTOU AQUI

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ – ALGUMAS NOTAS SOBRE O ABOLICIONISMO NO MARANHÃO

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ – A SEGUNDA MODERNIDADE: O CASO NINA RODRIGUES E O “NÃO AO REVISIONISMO HISTÓRICO”

Editor: ANTONIO AÍLTON

CARTA AO EXCELENTÍSSIMO SR. PREFEITO DE SÃO LUÍS, EDUARDO BRAIDE – VERSÃO

AIRTON SOUZA entrevistado por PAULO RODRIGUES LUIZA CANTANHÊDE em antologia sobre TORQUATO NETO PALAVRAS DO MESTRE JORGE

ASSIM FALOU MEU PRIMO OZINIL ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS ANIVERSÁRIOS

FELIZ ANO NOVO!

O ESPIRITO DE NATAL

AYMORÉ ALVIM

CERES COSTA FERNANDES ARARI, 8 DE JANEIRO

A CIDADE E O CIRCO

A ALMA DE ESCRAVO: SOBRE ESTADO, DIREITO E DEMOCRACIA

A GLORIOSA HISTÓRIA DO MARANHÃO

JOÃO FRANCISCO BATALHA

JOSÉ CLÁUDIO PAVÃO SANTANA

JOSÉ CLÁUDIO PAVÃO SANTANA

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ PAU QUE DÁ EM CHICO, DÁ EM FRANCISCO

OSMAR GOMES DOS SANTOS SE EU ESCREVESSE AO REI LUIS XIII

JOSÉ CLÁUDIO PAVÃO SANTANA

NOSSAS TARDES DE SÁBADO

VOLTA À IGREJA DE SANTANA

MERETRICIO COMO INSTITUIÇÃO

ACADEMIA POÉTICA BRASILEIRA

ANELY GUIMARAES KALIL: A ESSÊNCIA DA POESIA NA VIDA

JOSUÉ MONTELLO MAIS UM VEZ IMORTALIZADO; DESTA VEZ, PELAS MÃOS DE SAULO FERNANDES

INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO

ROBERTO FRANKLIN

ROBERTO FRANKLIN

UBIRATAN TEIXEIRA

*MHARIO LINCOLN

Mhario LIncoln

MANIFESTO DE MEMBROS DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO ACERCA DA DEMANDA JUDICIAL EM DETRIMENTO DA MEMÓRIA DE NINA RODRIGUES

APENAS SEMEIE

COMUNICADO IHGM SOBRE AS MANIFESTAÇÕES EM DEFESA DE NINA RODRIGUES

EDMILSON SANCHES

TALENTOS MARANHENSES EM DESTAQUE NO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO ESPÍRITO SANTO

TIVEMOS GYMNÁSTICA SIM: ALGUNS PROFESSORES

CHE GUEVARA EM IMPERATRIZ

BOM DIA, BOA TARDE E BOA NOITE

VOCE CONHECE ADELINA CHARUTEIRA?

OUTRAS INSTITUIÇÕES LITERÁRIAS/CULTURAIS

EDMILSON SANCHES

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

RUY PALHANO

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

A SEMANA CULTURAL SAMUEL BARRETO É UM EXEMPLO PARA O MARANHÃO

INCENTIVO CULTURAL - ZECA TOCANTINS

EU E NENÉM BRAGANÇA – ZECA TOCANTINS

ASSIM NASCEU A PANELADA - - ZECA TOCANTINS

TIJUBINA EM REVISTA

A RESISTENCIA DA VINAGREIRA E DO JONGOME.

HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO “O PAU DA PACIÊNCIA”

POEMA EMBALADO P/ JOSÉ ERASMO FONTOURA ESTEVES DIAS

NINA RODRIGUES E O REGIME ALIMENTAR NO MARANHÃO

EVOCAÇÕES DE CURURUPU

A VOZ QUE AFAGA O SILÊNCIO

VIVA O TORRÃO, VIVA DEUS!...

MINHA DEMISSÃO DO SALÃO DO LIVRO

LUÍS MORAIS

LUIS AUGUSTO CASSAS

PEDRO HENRIQUE MIRANDA FONSECA

PEDRO HENRIQUE MIRANDA FONSECA

ACADEMIA ATHENIENSE DE LETRAS E ARTES – posse de Antonio Guimarães de Oliveira

MINHA DEMISSÃO DO SALÃO DO LIVRO

ZECA TOCANTINS

ZECA TOCANTINS A ESMO

LUZ NA CASA VELHA

CARNAVAL DESMANTELADO

TRADIÇÃO, BARES E A MEMÓRIA AFETIVA

ANTROPONÁUTICA, CINCO DÉCADAS DEPOIS, OU PARECE QUE FOI ONTEM

DOMINGOS BARBOSA

WANDA CUNHA

AZIZ JUNIOR

HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO

LUÍS AUGUSTO CASSAS

PROJETO CEV/e.MUSEU MARANHENSE DE ESPORTES

e.MUSEU MARANHENSE DE ESPORTES - BARRA DO CORDA

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ; LAÉRCIO ELIAS PEREIRA

LEONARDO DE ARRUDA DELGADO

Duna Open abre a temporada oficial do beach tennis no MA em 2025

LANÇAMENTOS

VIDA DE OFICIAL, MEU NOVO LIVRO

O livro VIDA DE OFICIAL (Era só uma intimação), oitavo de minha autoria, chega ao mercado no final de fevereiro. Nele descrevo histórias, envolvendo o cumprimento de diligências por oficiais de justiça de todo o país. Pela relevância da obra, estão programados vários lançamentos, com destaque para São Luís, dia 25/03, no Fórum do Calhau; Cuiabá/MT, dia 28/03, no CONOJUS; Salvador (data a ser definida) e Brasília (também em data a ser definida). O livro tem projeto gráfico de Megan Shakti, Prefácio de Érica Sakaki, do TRT/Salvador, e Orelha, assinada por Charles Glauber, Supervisor da Central de Mandados da Comarca da Ilha/São Luís. Os interessados na aquisição do livro devem fazer contato no whatsaap do autor.

LANÇAMENTO: MARIAS DOS NOSSOS DIAS

HOJE, 11 DE JANEIRO/25, ESSE BELO LANÇAMENTO NA AMEI - ASSOCIAÇÃO MARANHENSE DE ESCRITORES INDEPENDENTES, NO SÃO LUÍS SHOPPING.

PARABÉNS PARA A AMIGA, PROFA. IVANETE MAIA CARVALHO E PARA TODAS AS COAUTORAS DESSA BELA PUBLICAÇÃO: MARIAS DOS NOSSOS DIAS. MIRANDA DO NORTE, CADA VEZ MAIS LITERÁRIA!

STORIES FROM THE FARM: Have you ever been curious about life on a farm? This is a collection of short stories about farm animals. To read and to color... Um livro, em inglês, com histórias cheias de fantasias e imaginação para ler e ilustrações para colorir... Let's practice English and imagination! Nico Bezerra/coautor

Você encontra na LIVRARIA

AMEI, no SÃO LUÍS SHOPPING

SAIU NO JORNAL PEQUENO , NO

EDIÇÕES AOS DOMINGOS

EDITOR: VINÍCIUS BOGÉA, & OUTROS JORNAIS

RUI

BARBOSA

POR ANDRÉ REBOUÇAS

PEDRO HENRIQUE MIRANDA FONSECA

André Rebouças, engenheiro, abolicionista e um dos intelectuais mais importantes do século XIX, com inúmeros serviços prestados ao país, em carta escrita de Cannes, a João Carlos Rodrigues, editor do Jornal do Commercio, datada de 2 de novembro de 1891, uma segunda-feira, assim se refere ao Rui Barbosa: “... celerado, que desgraçou o Brasil e reduziu a fortuna pública a destroços ...” Ele se refere a desastrosa passagem do jurista famoso pelo Ministério da Fazenda, quando resolveu solucionar a crise de capitais do país emitindo dinheiro sem lastro, o que provocou a ruína da economia e ficou conhecido como Encilhamento, numa alusão à jogatina em corrida de cavalos. É esta a figura incensada pelo história oficial, que só apoiou o golpe da instalação da República, pensando em um dia ser Presidente, sonho que a vida lhe negou e a nós livrou, embora tenha dado o cargo a outras figuras também nefandas que só tem infelicitado o país. Os exemplos, infelizmente, são muitos.

FONTE – REBOUÇAS, André – Cartas da África: registro de correspondência 1891 – 1893, organização de Hebe Mattos, São Paulo, Chão Editora, 2022, página 34.

ATUALIDADE DE ANDRÉ REBOUÇAS

PEDRO HENRIQUE MIRANDA FONSECA

Em carta para o Visconde de Taunay, datada de 12 de novembro de 1891, uma quinta-feira, André Rebouças se referindo aos personagens políticos que, desde 16 de novembro de 1889, já gravitavam em torno do tosco Deodoro, se candidatando a serem o seu mentor, prestando-lhe vassalagem, desabafa: “O que falta, pois, à geração atual do Brasil é moral; é sentimento alto; é consciência; é compreensão grande de justiça, e da equidade.” Nada mais atual. Continuamos com as mesmas carências, E diz ainda que com o golpe da instalação da República por um militar bronco e despreparado o Brasil desceu ao nível das bárbaras republiquetas centro e sul-americanas, que foi imposta ao país por uma quartelada, sem apoio popular, com a justificativa pueril de que a Monarquia era flor exótica na América, como se a República também não o fosse.

Fonte: REBOUÇAS, André – Cartas da África: registro de correspondência, 1891 – 1893, organização de Hebe Mattos, São Paulo, Chão Editora, 2022, páginas 44, 45.

SOCIEDADE, HOMINIZAÇÃO E VIOLÊNCIA

Dilercy Aragão Adler

A sociedade não é apenas algo externo a nós, ela se faz presente no nosso ser mais íntimo. Durante o processo de nosso desenvolvimento, vamos, paulatinamente, internalizando muitas das suas conformações. Assim, a sociedade nos envolve, modelaa nossa forma depensar,sentir e agir.Logo, as estruturas dasociedade tornamse, também, as estruturas do nosso próprio ser. Nessa perspectiva, a nossa singularidade, resulta da forma que apreendemos e reelaboramos (individualmente) determinadas características (em suas intensidades) do contexto social mais amplo, introjetando-as.

Podemos afirmar que o processo de socialização é, na verdade, um processo de hominização. O indivíduo parte de um estágio bastante primitivo, para estágios mais avançados, nos quais se torna capaz de contatos verdadeiros com outro indivíduo, sentindo com ele, colocando-se em seu lugar e vendo as coisas por meio de suas perspectivas pessoais. Isto é, ele se torna capaz de amar, cooperar, compreender, acolher e respeitar o espaço do outro. Hominizar é, pois, simplesmente socializar. É fazer o projeto de homem alcançar, progressivamente, a configuração de homem, segundo o melhor parâmetro que o ser humano tenha alcançado.

No entanto, ao lado da cooperação imaginária, da qual resultou a vida em sociedade, o homem desenvolveu formas de violência e dominação. A história da humanidade comprova que a civilização humana se erigiu com o uso da força e da violência, tanto nas relações entre indivíduos quanto entre sociedades.

No caso do capitalismo, a necessidade de expansão de mercado e as suas leis, com vista à busca de lucros, resulta, em que, todos os valores autenticamente humanos sejam destruídos pelo capital, tudo passa a ser mercadoria, tudo pode ser comercializado.

A competitividade e o individualismo nesse complexo emaranhado de valores com ênfase no ter (em detrimento do ser) e no consumismo exacerbado, levam os indivíduos, independentemente da classe social, a buscar meios de obter reconhecimento social a partir da riqueza, mesmo que para isso precisem utilizar meios ilícitos ou recorrer à própria criminalidade. Assim, convivemos também hoje com um medo constante e uma insegurança que nos faz temer tudo e todos.

Um exemplo disso é testemunharmos hoje, no Brasil, um quantitativo considerável de crimes e transgressões cometidos por pessoas de classes sociais distintas, muitas vezes lado a lado. Convém lembrar que esse não é um fato novo; ele sempre existiu. Acredita-se, no entanto, que antes as barreiras para a elucidação e denúncia das corrupções e crimes envolvendo as elites eram mais difíceis de serem transpostas.

É necessário deixar bem claro que o indivíduo realmente socializado é aquele capaz de uma verdadeira interação, que compreende uma relação em nível horizontal, onde há reciprocidade, afetividade e respeito mútuo e um autêntico compartilhar de sentimentos e situações, sem perda da identidade e da consciência. A verdadeira interação será sempre caracterizada por trocas mútuas e conscientes. Indivíduos que estão juntos,

que “percebem” o outro, que cooperam entre si, que se doam, que se entregam, que se enriquecem, que compartilham emoções e sentimentos que participam de um mesmo clima emocional, com uma comunicação real entre si.

Finalmente, os indivíduos que interagem não devem estar contaminados por interpretações ideológicas da realidade (no sentido de inversão do real), mas capazes de uma comunicação plena de significado para ambos. Raramente em uma sociedade marcada pela desigualdade o diálogo verdadeiro é possibilitado. Isto porque o diálogo verdadeiro só é possível em uma relação entre iguais. Convém lembrar que a igualdade aqui referida passa, principalmente, pelo respeito às diferenças sem o que não se pode falar em igualdade.

Pode-se concluir, do exposto, que a maioria das pessoas na sociedade contemporânea, embora já adultas e maduras, encontra-se, ainda, em um grau muito grande de atraso no processo de socialização, incapaz de relacionar-se de forma autêntica e solidária. Por isso, é premente que reflitamos sobre essa situação e busquemos, coletivamente, formas alternativas de superação dessa condição.

OS TUPIS

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Academia Ludovicense de Letras

Vieira afirmou queos Tupinambáe Tabajara contaram-lhequeos povos Tupi migraram para oNorte doBrasil pelo mar, vindos de um país que não mais existia, e que o país Caraíba teria desaparecido progressivamente, afundando no mar. Os tupis salvaram-se, rumando para o continente. Já os tabajaras diziam-se o povo mais antigo do Brasil e se chamavam de "tupinambás", (homens da legítima raça tupi), desprezando parte dos outros tupis, com o insulto "tupiniquim" e "tupinambarana", (tupis de segunda classe), e sempre conservaram a tradição de que os tupis eram originados de sete tribos; e que o povo tapuia, do povo tupi, eram os verdadeiros indígenas brasileiros (RAHME, 2013).

POVOS TUPIS -Os tupis sãodiversos povos que viviam aolongo dacosta doterritório quehojecompreende o Brasil. Esses povos se originam de antepassados que saíram há milênios do centro amazônico, expandiramse ao norte do rio Amazonas, ao sul pelo Paraguai, a leste pelo Tocantins e a oeste pelo rio Madeira. Os tupis são apenas aqueles que migraram para o leste, e que, portanto, chegaram à costa leste do continente sulamericano. https://pt.wikipedia.org/wiki/Tupis

Conforme explica Eduardo Navarro, os diferentes povos tupis acreditavam descender de um personagem mitológico chamado Tupi. Por conta disso, muitas tribos tupis possuíam etnônimos que começavam com "tupi", como os tupinambás, os tupinaquis,os tupiguaés eos tupiminós Ostupis nomearamse para se distinguir, ao se tornarem grupos diferentes, mesmo sendo descendentes de uma mesma família. Como o povo Tamoio significa “os mais antigos” (os avós); os Tupinambás, “descendentes diretos dos Tupi”, os Tupiniquins, “parentes dos Tupi, que vieram dos Tupinambá”.

O escritor Eduardo Bueno, baseado nos escritos de Teodoro Sampaio, afirma que o termo "tupinambá" é oriundo do tupi tubüb-abá, que significa "descendentes dos primeiros pais", através da junção dos termos tuba (pai), ypy (primeiro) e abá (homem). Em sentido diverso, o tupinólogo Eduardo Navarro em seu Dicionário de Tupi Antigo (2013) sugere a etimologia "todos da família dos tupis", através da junção de tupi (tupi), anama (família) e mbá (todos). Tupinambás – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org) Os tupiniquins (também chamados de tupinaquis, topinaquis e tupiniquins) são um povo indígena brasileiro pertencente ao sub-grupo tupi O termo foi utilizado, no século XVI, para se referir a duas populações distintas: uma que habitava o sul do atual estado da Bahia e outra que habitava, grosso modo, a região da baixada santista e do planalto paulista, no atual estado de São Paulo Segundo Antenor Nascentes, no seu Dicionário Etimológico Brasileiro, o termo "tupiniquim" deriva da expressão tupin-i-ki, significando "tupi ao lado, vizinho lateral". Silveira Bueno, seguindo a mesmo linha, no seu Dicionário EtimológicoProsódico da Língua Portuguesa dá sua raiz na expressão tupinã-ki, ou "tribo colateral, o galho dos tupi". Eduardo de Almeida Navarro, por sua vez, sugere, no seu Dicionário de Tupi Antigo, que o termo signifique: "aqueles que invocam Tupi", pela junção de Tupi (nome de um personagem mítico ancestral) e ekyîa ou ikyîa (invocar). Tupiniquins – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Os tupiguaés eram uma etnia indígena que habitava o Brasil nos primórdios da colonização portuguesa. Sua área de distribuição ia do sertão de São Vicente até Pernambuco. "Tupiguaé" procede do tupi antigo tupigûaé, que significa "tupis diferentes" (tupi, tupi e aé, diferente). Tupiguaés – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Os tupiminós eram uma etnia indígena que habitava o Brasil no período colonial. Falavam a língua tupi antiga. "Tupiminó" é um termo tupi antigo que significa "netos dos tupis" (tupi, tupis e emiminõ, neto). Tupiminós – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Tabajara um povo indígena de origem do tronco tupi que habita o litoral do Brasil no trecho entre a ilha de Itamaracá e a foz do rio Paraíba, além de territórios em Piripiri e em Lagoa de São Francisco, no Piauí. Foram um dos primeiros da região nordestina que teve contanto com os colonizadores, passaram pelo processo de apagamento histórico e cultural; nos dias atuais o povo Tabajara vem resgatando toda sua história e cultura e seguem lutando pordemarcaçãodesuas terras. "Tabajara" procededotupi antigo tobaîara, "inimigos". Supõese que essa não seria uma autodenominação, mas uma exodenominação, atribuída aos tabajaras por seus inimigos. Tabajaras – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Os tupinambaranas ou tupinambaras foram um grupo indígena brasileiro composto por tupinambás que, no século 18, migraram do litoral para a região da foz do rio Madeira. O termo "tupinambarana" procede do tupi antigo tupinambarana, que significa "falsos tupinambás" (tupinambá, "tupinambá" + ran, "falso", + a, sufixo). Tupinambaranas – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org) Já o topônimo "Tupinambarana" é uma referência aos antigos habitantes do arquipélago, os índios tupinambaranas; A chamada Ilha Tupinambarana é, na verdade, um conjunto de ilhas que, antes, era considerado como sendo uma única ilha. É rodeada pelo sistema fluvial do Amazonas (rios Amazonas, Madeira, Sucunduri e Abacaxis). Situa-se no leste do estado do Amazonas Tupinambarana – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Os potiguaras, também conhecidos como potiguara, potiguares, petiguares, pitaguares, pitiguares e pitiguaras, são um grupo indígena brasileiro que,no século XVI,ocupavaáreashojepertencentesaos estadosde Pernambuco,da Paraíba,do Rio Grande do Norte e do Ceará [4] Foi uma das etnias tupis que resistiu por mais tempo aos invasores portugueses, utilizando um complexo sistema de alianças com ingleses e, principalmente, franceses comerciantes de pau-brasil No entanto, foram os potiguaras que melhor deram provas de reconhecido valor, inteligência e heroicidade no apoio que deram ao Reino de Portugal nas Batalhas de Guararapes, no contexto da Guerra Luso-Holandesa Potiguaras – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Kariri, cariri, kairiri ou kiriri (do tupi kiri'ri, "silencioso") é a designação da principal família de línguas indígenas do sertão do Nordeste do Brasil. Vários grupos locais ou etnias foram ou são referidos como pertencentes ou relacionados a ela. Na literatura especializada, existe uma larga discussão sobre os pertencimentos dos grupos indígenas do sertão à família Kariri ou a outras famílias como a Tarairiú. Além dessas, existem várias línguas isoladas na região (yathê, xukuru, pankararu, proká, xokó, natu etc.). Historicamente, os grupos indígenas da região aparecem denominados de modo genérico como tapuias, podendo ser vinculados ao tronco linguístico macro-jê Cariris – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Ludwig Schwennhagen (1924) justifica a origem do nome Tupi pela língua dos Cários, Fenícios e Pelasgos, onde o substantivo Thus, Thur, Tus, Tur e Tu significa sacrifícios de devoção. O infinitivo do verbo sacrificar é, no fenício, tu-na, originando tupã. “A origem de Tupã, como nome de Deus onipotente, recua à religião monoteísta de Car”. https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A1ria

Luciara Silveira de Aragão e Frota (2014) afirma que a dispersão da grande família Tupi-guarani parece ter sido das mais remotas. Bem mais remotaqueaverificadacom os Aruaques. Suaorigem seriados protomalaios . (paleontologiageral.blogspot.com) que, em várias correntes, acostaram no istmo do Panamá. Os tabajaras diziam-se os povos mais antigos do Brasil, isso quer dizer que eles foram aquela tribo dos tupis que primeiro chegou ao Brasil , e que conservou sempre as suas primeiras sedes entre o rio Parnaíba e a serra da Ibiapaba. Desse relato é de que os tabajaras foram precedidos pelos cariris no povoamento do Ceará, e antecederam aos potiguares dentro da divisão denominada de grupo Brasília (POMPEU SOBRINHO1955).

Enéas Barros (s.d.), ao analisar a obra de Ludwig Schwennhagen, considera que “Tupi” significa “Filho de Tupã”, e foi dado aos povos indígenas que habitavam a antiga Atlântida. Eram sete tribos, que fugiram para outra grande ilha, a Caraíba (situada no Mar das Antilhas), em função do desmoronamento da Atlântida. Essa outra ilha teve o mesmo fim, fazendo com que os indígenas fugissem para a região da Venezuela. O país Caraíba todos os anos desligava-se em pedaços até que desapareceu inteiramente afundado no mar. Contam que os tupis se salvaram em pequenos botes, rumando para o continente onde hoje está a República da Venezuela...

Para Ludwig Schwennhagen, os fenícios transportaram os tupis, palavra que significa filho de Tupan, de lugar onde está hoje o Mar das Caraíbas onde havia ”um grande pedaço de terra firme, chamado Caraíba (isto é, terra dos caras ou caris). Nessa Caraíba e nas ilhas em redor viviam naquela época as sete tribos da nação tupi que foram refugiados da desmoronada Atlântida, chamaram-se Caris, e eram ligados aos povos cários, do Mar Mediterrâneo...

O nome "Caraíbas" deriva dos "caraíbas" (ou "caribes"), nome utilizado para descrever a etnia ameríndia predominante na região na época do primeiro contacto com os europeus nos finais do século XV. O navegador italiano Américo Vespúcio afirmava que o termo Charaibi entre os indígenas significava

"homens sábios" e é possível que este fosse utilizado para descrever os europeus à sua chegada à América. Depois do descobrimento das Índias Ocidentais por Cristóvão Colombo, o termo espanhol Antilhas era comum paraestelugar; derivadodele,o"mardas Antilhas" temsidoum nomecomum paraomardas Caraíbas em vários idiomas europeus. Mar do Caribe – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Quando chegaram os primeiros padres espanhóis na Venezuela, contaram-lhes os piegas aqueles acontecimentos do passado. Disseram que a metade da população das ilhas, ameaçadas pelo mar, retirou-se em pequenos navios para a Venezuela, mas que morreram milhares na travessia. A outra metade foi levada emgrandesnaviosparaoSulondeencontraramterrasnovasefirmes.Aotomaremconhecimentodaexistência desses povos na Venezuela, os fenícios conseguiram levá-los em seus navios para o norte do Brasil. O local foi batizado pelos piagas (pagés) de Piagui, de onde originou-se Piauhy.

Para Ludwig, a palavra Piauí significa terra dos piagas, condenando a interpretação de que o nome provém do peixe piau, abundante nas águas do Rio Parnaíba.

Geograficamente, o lugar era Sete Cidades.

Varnhagem, Visconde de Porto Seguro, confirma na sua História Brasileira, que essa tradição a respeito da emigração dos Caris-tupis, da Caraíba para o Norte do continente sul-americano vive ainda entre o povo indígena da Venezuela.

Repetindo: o padre Antonio Vieira assevera em diversos pontos de seus livros que os Tupinambás, como os Tabajaras, contaram-lhe que os povos tupis imigraram para o Norte do Brasil pelo mar, vindos dum país que não existia mais; que os primeiros emigrantes teriam aportado em Tutóia e daí se dividiram em três povos: Tabajaras, entre o rio Parnaíba e a serra da Ibiapaba; os Potiguares além do rio Poti, e Cariris que tomaram as terra da Ibiapaba para o nascente. A segunda leva de emigrantes veio dar a um segundo ponto - escolhido pelos fenícios - a ilha do Maranhão que denominaram Tupaon (burgo de Tupan).

As hipóteses mais antigas de que o continente americano poderia ter sido povoado por fenícios foram propostas por Robertus Comtaeus Nortmannus em 1644 e por Georg Horn, historiador e geógrafo alemão, em 1652. Onffroy de Thoron escreveu sobre viagens das frotas do rei Hirão de Tiro, da Fenícia, e do rei Salomão, da Judeia, no rio Amazonas, nos anos de 993 a.C. a 960 a.C. Teoria da presença de fenícios no Brasil –Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org); Georgius Hornius – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Mito que começa a ser desvendado pela recente divulgação (2013; 2016) de uma descoberta do ano de 2000 ocorrida a noroeste da costa de Cuba: um grupo de cientistas canadenses descobriu uma cidade perdida a 700 metros de profundidade quando um robô submarino tirou as fotografias das ruínas de edifícios, quatro pirâmides gigantes e um objeto parecido com uma esfinge. Especialistas sugerem que os edifícios pertencem ao período pré-clássico do Caribe e da história da América Central. A antiga cidade podia ser habitada por uma civilização semelhante aos habitantes de Teotihuacán (cidade fantasma de cerca de 2000 anos, localizada a 50 km da cidade do México). (https://www.youtube.com/watch?v=-gKEU3kkeMQ.)

Já pesquisadores independentes afirmam que as ruínas provavelmente são de Atlântida, o lendário continente desaparecido mencionado pela primeira vez pelo filósofo Platão.

OSMAR GOMES

Embora, a princípio, a decisão da Meta de suspender a ferramenta de checagem de fatos em suas plataformas de redes sociais esteja limitada aos Estados Unidos e não atinja imediatamente o Brasil, ela gerou debates importantes. Esses debates ultrapassaram as fronteiras brasileiras, alcançando países da América Latina e da Europa, onde diversos setores da sociedade manifestaram preocupação com os riscos que essa medida representa para a democracia global.

Ao contrário do que alguns defendem, a checagem de fatos não constitui censura prévia, como muitos tentam fazer crer. Especialmente nas democracias ocidentais, modelo que melhor conhecemos pela proximidade, existem inúmeros mecanismos de controle para assegurar o funcionamento adequado das instituições. Um exemplo claro é o controle preventivo, amplamente adotado em nossa sociedade. Esse controle pode ser exercido por diversos órgãos, comissões e até pela própria sociedade. É algo que vai além das leis e está profundamente enraizado em nossa cultura. Afinal, quem sai de casa e deixa a porta aberta, correndo o risco de sofrer um furto e ter seus bens levados?

Por isso, não parece válido o argumento daqueles que dizem: “deixem publicar e falar o que quiserem; se algo estiver fora das normas, o responsável será punido conforme a lei.” Essa abordagem não é adequada, especialmente considerando a rapidez e o alcance potencial das redes sociais.

Ainda no exemplo da casa, embora existam leis que criminalizam o furto e o roubo, ninguém deseja que essas situaçõesocorramparasó depoisbuscarresponsabilizaçãoereparação.Emvezdisso,agimospreventivamente para proteger o que é valioso. No caso das redes sociais, o bem maior a ser protegido é a democracia, que há algum tempo vem mostrando sinais de fragilidade, inclusive por meio de representantes eleitos conforme as próprias regras democráticas.

Sabe-se amplamente que a internet não é uma “terra de ninguém” ou um espaço sem lei. Pelo contrário, as plataformas digitais apenas ampliam nossas interações, e as mesmas normas éticas e sociais que regem a convivência no mundo físico devem valer também no ambiente digital.

Antes da suspensão, a checagem de fatos funcionava por meio de uma estrutura composta por empresas, entidades da sociedade civil e mecanismos internos da própria Meta, que avaliavam o que seria ou não

publicado. Esse trabalho era certificado e orientado por princípios técnicos, e não político-ideológicos, seguindo diretrizes da Rede Internacional de Checagem de Fatos, uma aliança global com sede nos Estados Unidos. Entre as mais de 80 organizações participantes, em mais de 60 idiomas, estavam agências renomadas como Reuters, France Presse e Associated Press.

DeacordocomaMeta,osesforços agoraserão concentrados empublicaçõesconsideradasdemaiorgravidade. Porém, lembro-me das palavras da minha mãe: “Mentira é mentira, não importa o tamanho.” E sabemos que até mesmo uma mentira aparentemente inofensiva pode causar grandes danos.

Com o fim da checagem, analistas apontam um risco elevado de aumento da desinformação, por meio de mensagens falsas e discursos de ódio. Esses conteúdos podem ser mascarados sob o pretexto de uma suposta flexibilidade, que, na prática, não será suficiente para conter todas as publicações perigosas.

Espera-se que as publicações sejam disseminadas livremente e só sejam analisadas caso sejam denunciadas pelos próprios usuários da plataforma. Ou seja, a Meta optou por priorizar a remediação em vez da prevenção.

É fundamental alertar que, disfarçadas de publicações inofensivas, podem surgir manifestações graves, como pedofilia, assédio, discriminação, racismo e xenofobia. Além disso, há o risco de distorções de fatos políticos e informações que podem impactar negativamente todos os setores da sociedade, incluindo a economia.

Essa questão vai além da lógica binária que organiza nossas vidas, como verdade e mentira, certo e errado, homem e mulher, permitido e proibido. Afinal, o que é a verdade? Muitos poderiam questionar.

O fato é que precisamos de regras éticas e morais que orientem a conduta e a convivência, tal como acontece nas salas de cinema, nas bibliotecas, nas filas de mercado, no trânsito e em outros ambientes onde nos relacionamos. Essas regras existem para o bem comum da sociedade.

Se já era desafiador lidar com um ambiente tão permeado por desinformação e fake news, o cenário agora parece ainda mais grave, o que reforça a necessidade de regulamentar as redes sociais. É preciso esclarecer, no entanto, que não se trata de controlar os meios, mas de estabelecer, assim como no convívio social, regras de conduta claras, que sejam respeitadas por todos.

ADEUS A EMÍLIO AYOUB, O POETA DOS MUROS

"Na última segunda-feira (20), o Maranhão perdeu um de seus maiores expoentes literários. Emílio Ayoub, poeta, advogado e um dos pioneiros da poesia visual em São Luís, faleceu aos 87 anos no Hospital Guarás. A notícia de sua partida foi acompanhada pela perda de sua irmã, Lâmia Ayoub, que faleceu poucas horas depois e completaria 89 anos no próximo dia 26 de janeiro. As causas das mortes não foram divulgadas.

Com mais de 150 livros publicados e versos gravados nos muros da cidade, Ayoub transformou a paisagem urbana em um grande painel de poesia a céu aberto. Suas palavras, que já emocionaram gerações, ficarão para sempre marcadas na memória e nos corações dos ludovicenses.

O poeta dos muros

Em 2017, Emílio Ayoub concedeu uma entrevista exclusiva ao O Imparcial, revelando um pouco de sua essência como poeta e ser humano. Entre silêncios e reflexões, ele contou como sua poesia nasceu do desejo de compartilhar amor, calma e humanidade.

“Os muros são enfeites da cidade”

disse, descrevendo como começou a usar paredes como suporte para seus versos. Apesar de não lembrar o local do primeiromuroquerecebeusuapoesia,Ayoubafirmou queessapráticacomeçounajuventudeenunca cessou. “Somos eternos aprendizes”, refletiu."

Texto: @oimparcial

Editor: ANTONIO AÍLTON

[Pedido acerca do Prêmio Literário Cidade de São Luís, ao prefeito Eduardo Braide, por ocasião da posse do seu segundo mandato, em 01/01/2025. Intenção de voz coletiva dos poetas e escritores de São Luís]

Excelentíssimo Senhor, Prefeito Eduardo Braide, merecidamente eleito do povo desta cidade, São Luís do Maranhão, para que a todos agrade.

Prefeito não é perfeito, disso nós todos sabemos. Agradar a todo mundo, nem o Jesus Nazareno! Mas você já bem provou que não é homem pequeno.

Pois, bem, Sr. Eduardo, Prefeito de São Luís, venho trazer um assunto esquecido por quem quis fazer da nossa cidade um lugar menos feliz.

– Contudo permita, antes do miolo da questão, relembrar-lhe uma riqueza deste nosso Maranhão, que com certeza já guarda dentro do seu coração.

Expediente do livro A Travessia do Ródano, premiado no Concurso Literário e Artístico Cidade de São Luís, em 1996 (Em geral o livro era publicado no ano seguinte ao da premiação). Prefeito: Jackson Lago FUNC: Joãozinho Ribeiro e Nelson Brito.

Quero relembrar-lhe o imenso poeta Nauro Machado. Deve tê-lo visto andar antes de ser transladado e que hoje tem bela Praça no Reviver do passado.

Também deve conhecer um poeta festejado por seus recentes 100 anos: José Chagas foi chamado o Cantor de São Luís, de sobrados e telhados.

Falo apenas desses dois, para não causar-lhe aresta. Mas podia chamar uns cem poetas para essa Festa, ou mil versos da Athenas, de panteão que inda resta.

Sabe qual o maior livro escrito a esta Cidade dos azulejos do tempo para além da humanidade? Certo, Os Canhões do Silêncio, brado de uma eternidade.

Capa da 1ª edição de Os Canhões do Silêncio, de José Chagas
Capa da 3ª edição de Os Canhões do Silêncio, de José Chagas

Pois ali diz Chagas, como eu e você: “Ó minha cidade deixa-me viver a canção da saudade nesse entardecer”!

E sabe qual o poeta que maldisse São Luís, pra nos revelar o quanto ela tem de meretriz, que se vende a qualquer custo nos tornando seres gris?

“Ó terra má, flor de antraz, mãe madrasta e meretriz, dando à minha alma sem paz o que eu tenho e nunca quis, no corpo que ainda em mim jaz pisando o chão de São Luís”

Nauro disse – embora nunca deixasse a Ilha que amou. E cuja ingratidão dos seus governantes declarou, porque mais nos revoltamos contra os ingratos que amamos.

Mas também Chagas em seu “Patrimônio da Humana Idade” faz críticas de arrepiar não importa a quem desagrade, pois muitos não querem ouvir o triste lado da verdade.

A verdade é que poetas locais são desvalorizados, sobrenadam em elogios como se glorificados, mas os vivos rapam prato de recursos tão minguados.

Poeta nesta cidade devia ser coroado, pois assim deveria ser todo o bem que nos foi dado e este é um bem do Maranhão, superando outros estados.

Pois, caro Sr. Prefeito, fiquei só em dois poetas porque são representantes daquilo que nos afeta que é do que quero tratar para adentrar nossa meta.

Sabia que Os Canhões do Silêncio assim chamado por seu autor José Chagas de plano tão elevado foi por Lei em São Luís sumamente publicado?

E que mesmo aquele grande poeta Nauro Machado também teve livros seus na Cidade premiados? Que o poder Municipal cumpriu tão grande ordenado?

São exemplos, são exemplos! E ainda este menino que, puxando a cachorra, por andar mais peregrino, também recebeu a bênção desse Prêmio, em seu destino, podendo assim propalar o seu livro tão sonhado que de outro jeito, seus poemas eram enterrados, mas por conta do apoio teve-os também publicados.

Expediente do livro As Habitações do Minotauro, premiado no Concurso Literário e Artístico Cidade de São Luís, em 2000. Prefeito: Jackson Lago. FUNC: Nelson Brito e Josias Sobrinho.

Pois desde ’cinquenta e cinco, muito antes de nascerdes, alguns tiveram a visão de não deixar à mercê de brutos irresponsáveis a Poesia, nossa sede.

Então existe essa Lei literária e artística

que se bem realizada trará benesse política que deveria ser cumprida para não se tornar tísica.

Por que é que uma cidade em vez de andar para a frente há de andar para trás feito calango demente? A cabeça que não pensa torna o corpo mais doente.

Recorro ao senhor, Prefeito, – Eu e tantos outros mais que esperam o seu olhar –que restaure esse Concurso pois nos fará bem demais. Ao melhor do nosso estado é mais um passo que dais.

Sabia que neste ano [de 2025] já completarão uns dez que contamos com afinco com o Edital que esperamos, mas que a porta está no trinco?

Sabemos que há a FELIS que também Lei se tornou; que por ser mais portentosa muita grana arrebatou – Mas por que não coroá-la com este alto louvor?

Ou espalhar mais vitórias duas, três vezes por ano? e elevar São Luís em muitos diversos planos porque o que nosso é vosso, ganha o povo, e vosso é o ganho.

Desafio-o, Excelentíssimo Senhor Prefeito Eduardo, a tirar dessa cidade esse tão estranho fardo de cidade de poetas que se esquece dos seus Bardos.

Sem mais delongas, Prefeito, nosso Prêmio Literário Cidade de São Luís retome, em novo cenário… Porque poderoso é o terno mas, se um livro é eterno, eterno é seu corolário!

Antonio Aílton, poeta e professor, em nome dos poetas, demais escritores e educadores de São Luís do Maranhão, em 01/01/2025, dia da posse de segundo mandato do Sr. Prefeito Eduardo Braide. Válida, outrossim, ao Sr. Secretário Municipal de Cultura, responsável imediato.

Antonio Aílton (1968) é Doutor em Teoria da literatura (UFPE). Publicou: A camiseta de Atlas (EDUFMA/FAPEMA,2023), Ménage –Antologiatrilínguedepoesia(Helvetia,2020,emparceriacom o poetaSebastião Ribeiro); Cerzir – livrodos 50(Poesia,EditoraPenalux, 2019); Martelo & Flor: Horizontes da forma e da experiência na poesia brasileira contemporânea (EDUFMA, 2018); Compulsão agridoce (Poesia, Paco Editorial, 2015); Os dias perambulados & outros tOrtos girassóis (Prêmio Cidade do Recife. Fundação de Cultura do Recife, poesia, 2008); Humanologia do Eterno Empenho: conflito e movimento trágicos em A Travessia do Ródano de Nauro Machado (FUNC, Prêmio Cidade São Luis, ensaio 2003) e As habitações do Minotauro (FUNC, Prêmio cidade de São Luís, poesia, 2001). É atuante no panorama cultural da cidade de São Luís do Maranhão, membro da Academia Ludovicense de Letras e editor do portal Sacada Literária. e-mail: ailtonpoiesis@gmail.com

Romancista e poeta Airton Souza - Foto: divulgação.

AIRTON SOUZA entrevistado por PAULO RODRIGUES

PAULO RODRIGUES ENTREVISTA O AUTOR DE OUTONO DE CARNE ESTRANHA (PRÊMIO SESC/2023), POETA AIRTON SOUZA

Airton Souza é escritor e doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e professor da educação básica. Autor de Outono de carne estranha (Record, 2023), que venceu o Prêmio Sesc de Literatura e foi finalista do Prêmio Oceanos 2024 e Prêmio São Paulo de Literatura 2024. Com o livro Horóscopo de batizar brumas contra a solidão das asas venceu o Prêmio Cidade de Manaus e seu romance Fedor da carne de deus venceu o Prêmio FCP de Literatura, promovido pela Fundação Cultural do Pará.

1. Paulo Rodrigues – Poeta Airton Souza, você declarou em entrevistas pelo Brasil que se transformou em leitor tardiamente. Esse fato criou dificuldades para sua carreira de escritor?

Airton Souza – A pobreza é a pior coisa que existe nesse país. Ela nos priva de quase tudo. Vindo da extrema pobreza eu me vi, assim como vi todos os meus parentes, privados das coisas mais básicas e que, minimente, nos concederia a oportunidade de nos sentimos humanamente humanos, como escreveu Nietzsche. Foi a pobreza que me privou de poder ter tido acesso a leitura, aos universos que somente os livros e as palavras são capazes de criar. Por isso, não tenho nenhuma dúvida que ao me tornar um leitor tardio e um escritor prematuro, o que deveria ser o inverso, vi o trabalho com as literaturas trilhar um caminho mais dolorido. Não só imaginativa, mas corporal mesmo. Isso é tão cruel que é até difícil explicar em palavras.

2. Paulo Rodrigues – Você é um autor muito premiado. O prêmio SESC de romance 2023 deu uma nova dimensão par sua carreira? Como foi andar pelo país falando deste romance badalado?

Airton Souza – Na verdade eu achava que já tinha ido longe demais com as literaturas. Eram quase 50 livros publicados, vários prêmios e muitos projetos ligados ao livro e a leitura, somados mais de 20 anos de história lidado diariamente com isso. Tudo isso me levou a acreditar que eu já tinha ido muito longe. Mas, ai veio o Prêmio Sesc, conquistado pelo romance Outono de carne estranha evi portas quejulgavanem existirem serem

abertas. De certa forma o Prêmio ajudou a mostrar um pouco o que eu vinha construindo nos últimos 20 anos com a palavra e deu-me a oportunidade também de falar da minha experiência pessoal, através do Circuito do prêmio. Em parte, o circuito nos ajudou a mostrar um pouco daquilo que Achugar chama de país sem boca, daquilo que foi, historicamente, silenciado, que é a região Norte, as Amazônias. E, as viagens do circuito causaram grandes impactos na vida das pessoas que participaram, e também aguçaram a curiosidade sobre essa parte esquecida, propositalmente, do Brasil. Embora, não foi apenas isso também. Essas viagens contribuíram para realimentar o meu imaginário, constituindo em mim outras geografias sentimentais. 3.PauloRodrigues–OMarechal,querepresentaaforçadoEstado,diznoromanceOutonodeCarneEstranha: “A vida é só um caminho para a morte.” É isso mesmo, Airton?

Airton Souza – Para os bárbaros, os torturadores sim, como o Marechal. A vida se resume basicamente a isso. Amostradeforçaentreviveremorrer.Nãoàtoaem GrandeSertão:veredas, umadasfalasmaisemblemáticas e que se repete é viver é perigoso. Essa A vida é só um caminho para a morte é a máxima que tenta, a qualquer custo, nos manter mergulhados na extrema pobreza. Nos aparta dos sentidos e sentimentos de humanidade. Contudo, as literaturas estão aí para tentar nos mostrar que a vida é mais que isso. Que a vida pode, assim como aflor drummondianaromper um asfalto,ser também deafetos. Como eupasseimuitos anos mergulhado na extrema pobreza juntamente com os meus parentes tinha uma outra coisa que nos mobilizava a acreditar que a vida podia ser mais que um caminho para morte, que eram os sonhos. Foram eles que alimentaram os nossos dias tristes e são eles que me mantiveram de pé até aqui.

4. Paulo Rodrigues – O ensaísta Fábio Pessanha afirmou: “Há intervenções poéticas em Outono de Carne Estranha”. Há mesmo? Como você consegue trabalhar as imagens semióticas da poesia quando está produzindo o romance?

Airton Souza – Há muitas intervenções poéticas, coisa que deve ter causados diversas sensações nas pessoas que leram o Outono de carne estranha. Sensações de várias naturezas, acredito eu, inclusive de repulsa (risos), porque, em parte, nas literaturas brasileiras se convencionou a fazer determinadas divisões que, de alguma forma, prejudica a criação literária. Mas, como que vinha basicamente da experiência de mais de 20 anos lidando com a poesia, não tive como me desvencilhar dessa linguagem para escrever uma prosa pura, naquilo que se convencionou a pensar o que de fato é uma prosa, uma narrativa. Embora, isso não seja nada de novo ou revolucionário. E, todas as vezes que vejo alguém questionar a poética do livro, de imediato penso no incomodo que é poder ler um livro como aquele escrito (por alguém que vem de onde eu vim), isso também explica a repulsa, por mais que queiram negar. Mas, também como o romance traz uma história de barbárie a poética dentro do livro faz parte de um duplo jogo de sentido, contrabalanceando o horror, ou pelo menos tentando isso. Portanto, a linguagem poética está atrelada a essas condições, tanto de estética quanto da experiência que eu tive com a poesia como leitor e como escritor.

5. Paulo Rodrigues – Airton, o jornal Folha de São Paulo destacou numa matéria que o romance Outono de carne estranha sofreu censura. Aconteceu isso mesmo? Outros autores foram censurados no Brasil. Como você avalia a questão do livro nesta quadra histórica?

Airton Souza – Esse foi mais um dos episódios tristes que eu enfrentei ligado ao livro e as literaturas. Foi um momento de verdadeira incompreensão para mim, sobretudo ver o rompimento de uma parceria entre o Sesc e a Editora Record de mais de 20 anos sendo rompida motivada por esse episódio. Mas, enfim, isso já foi superado de minha parte. Sobre a questão da censura, eu sempre a vejo como ato político, como sempre foi no mundo inteiro. É a simbiose em torno do poder, do fundamentalismo e do extremismo que vêm cada vez mais avançando no mundo. Por isso, não há como pensar, antes de tudo, a censura como ato político. Em vários casos no país também está ligada a questão primordial de quem está escrevendo. Com a expansão das universidades públicas no país homens e mulheres pobres começaram a ter acesso ao processo de letramento que só os burgueses sempre tiveram e, com isso, começaram a usar a escrita de fato e de direito como ferramenta, mas isso causou e vem causando aquilo que a impressa, a grosso modo, denomina de incômodo. Nós que viemos da extrema pobreza, que vivemos a experiência de nossos pais sendo lavradores, empregadas domésticas, desempregados, autônomos, entre outros, começamos a escrever, e os burgueses acostumados a dominar o mundo da escrita não gostaram de ver que nós também sabíamos narrar, inclusive, contando as histórias que eles jamais contariam, porque eram justamente as histórias que eles esconderam e silenciaram por quase 400 anos nesses país.

6. Paulo Rodrigues – Henrique Rodrigues foi demitido após a leitura de alguns trechos do romance Outono de Carne Estranha na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Estamos falando sobre um romance gay ou um romance sobre o Brasil profundo?

Airton Souza – Nesses últimos anos eu venho pensando muito sobre o que significa esse conceito ou essa ideia de Brasil Profundo. Embora o que eu venho pensando sobre isso não tem muito a ver com o que vem sendo entendido ou pelos menos a pretensão de entendimento do que venha a ser o chamado Brasil Profundo. Por isso, o que tenho imaginado é um pouco polêmico, por que não seria esse conceito ou essa ideia mais uma maneirademascaráoudeenquadraasliteraturas?Nãoseriaessamaisumadaquelastentativas demenosprezar narrativasimportantessobreahistóriadopaís?Porisso,essadesconfiança. Porém, Outonodecarneestranha é uma narrativa que traz à tona uma história que é parte de nossa história. É um romance sobre feridas abertas. Mas, essas feridas foram cavadas em nós e elas continuam doendo. E os algozes que as cavaram nunca tentaram sarar, apenas nos amordaçar. E isso, tem a ver com os modos de violências perpetrados no Brasil. Com a maneira com que se olha para as Amazônias. Com a cobiça em torno dos territórios. Com a forma em que cada pessoa nas geografias amazônicas são compreendidas, em grande parte, apenas como força de trabalho. Eu diria que Outono de carne estranha é mais sobre nós do que propriamente qualquer outra coisa. 7. Paulo Rodrigues – Vamos caminhar para o final. O leitor quer saber como funciona o processo criativo do escritor Airton Souza?

Airton Souza – Na verdade eu fui criado para ser um trabalhador braçal, com no máximo o ensino médio concluído. Mas eu rompi essa lógica e fui além, somando esforço com as políticas públicas implantadas no Brasil com o Governo Lula e Dilma Rousseff. Isso favoreceu o meu letramento. Mas, o meu processo de escritaéomaiscaóticopossível,eunãotenhotempodeescrever.Nãotenhoumlugaremminhacasadestinado a ser o meu canto para escrever. Não tenho escritório e nem mesa, então eu tenho escrito nos mais diversos lugares, utilizando, inclusive o celular para isso. Para você ter uma ideia tanto Outono de carne estranha como Fedor da carne de deus foram escritos em um celular. Esse último iniciado a partir de uma simples frase que julguei ouvir meu pai dizer dias depois de sua morte, enquanto eu dormia.

8. Paulo Rodrigues – Airton Sousa, vem produção nova em 2025? Quais são os novos projetos literários?

Airton Souza – Nesse momento estou reescrevendo o romance Fedor da carne de deus, com o objetivo de poderlançaresseano,nosegundosemestre.Éummergulho sobrecomo apobrezaeoutrosmodos deviolência define vidas, mas também como os afetos, a coragem e as esperanças podem nos conduzir aquilo que Mohamed escreve em A mais recôndita memória dos homens, que é a possibilidade de sermos para sempre irracionalmente felizes.

9 Paulo Rodrigues – Deixe uma mensagem para os nossos leitores.

Airton Souza – É preciso continuar acreditando no poder dos livros, da leitura e das literaturas. Acreditar que cada livro move o mundo, assim como nos move. E essa movência será sempre contra as barbáries!

Trecho do romance Outono de Carne Estranha, de Airton Souza

A dor do cu de Zuza ao léu, crescente feito uma centopeia úmida. Com o corpo agoniado, ele sentiu vontade de balançar as mãos como se aquele gesto o ajudasse a amenizar um pouco aquela ardência. Sem saber exatamente por que a agonia provocada pela dor o fez lembrar imediatamente a vó, de cócoras, depenando o pescoço de um galo para degolá-lo. A lâmina da faca dilatando a extensão de qualquer ânsia. Zuza parecia enxergar perfeitamente os peitos moles da velha topando nas bolas dos joelhos. Nos olhos dele, a imagem da mulher. Da faca. Do galo. E do quintal cada vez mais diminuto reacendia as últimas sílabas proferidas na novena dedicada a santa bárbara. A velha, com o corpo totalmente curvado, aparentava ser o caminho que levaria qualquer borboleta a entender o que são dunas tristes. Com a metade do corpo fora da janela, era como seZuza fizesse um esforçomental para comparar a ardênciaquesentiapordentrocom adorqueogalo sentiria quando sua vó atravessasse, de um lado a outro, a faca no pescoço dele. “É pra fazer no molho pardo”, a velha diria, sem remorso, enquanto esfregava a faca na lima. As asas dobradas por debaixo de um dos pés da mulher. O pescoço despenado. A crista ainda mais vermelha. “O que pode fazer um salmo a favor de uma dor no cu?”

Aos poucos, a dormência foi tornando minúscula a única lembrança que Zuza nutria de cristo. Se soubesse ajoelhar de maneira menos triste e sem odiar ninguém, ele rezaria, de uma só vez, as três rezas que sua vó sabia de cor. Porém, a dor o impediu de preencher o peito de perdão, embora tivesse certeza de que aquilo

seria somente um incômodo passageiro. Sentiu desvanecer um pouco o forte cheiro de terra molhada grudado nas palhas do barraco.

Ao voltar a olhar as pernas enlameadas, Zuza pôs-se a rir baixinho. Quando parou de sorrir, deixou a boca entreaberta, alínguameio curvada.Sem querer,voltouasentirogostoquasedelodo emanar entreseus dentes. Ali mesmo, decidiu juntar as mãos, ambas espalmadas, na frente do rosto. Fechou os olhos como se quisesse ensaiar uma pequena reza, às pressas, mas pensou no que significaria uma pequena reza feita por um gay com o corpo fatigado. Manteve-se incrédulo, os olhos fechados. A garganta seca. Então disse: “Deus, semeia em meu corpo a misericórdia da palavra horizonte. Faz nascer nas mãos dos bárbaros a fome dos jardins, amém.”

Zuza passou a escutar murmúrios e o arrastar de pés se aproximando de seu barraco, ao mesmo tempo que sentia o cheiro forte de melechete e mercúrio. Eram os garimpeiros caminhando na direção da cava. Inconsolável, afastou-se rapidamente de onde estava. Inquieto, cruzou e descruzou os braços. Cerca de dois metros longe da janela, voltou a passar uma das mãos na barriga. Fez repetidos movimentos circulares por cima do umbigo. Ao longe ouviu a voz de sua vó, feito névoa, dizer que era preciso tomar leite de magnésio para o menino nascer branco. Pelo menos uns cinco litros antes do nono mês. A vó tinha mania de receitar isso para as mulheres buchudas. Ela mesma tomou magnésio quando estava prenha e nenhum de seus meninos nasceu branco. Outra vez naquele dia, voltou a sentir vontade de ter embuchado de outro macho. Queria ver sua barriga toda cheia com um menino dentro dela. Uma das coisas de que tinha certeza era que, se isso acontecesse, ele não tomaria nenhuma colher de magnésio.

Manteve a cabeça erguida. Depois, meneou-a levemente diante daquela ideia louca de parir um menino. Gerar em seu bucho a carne inteira de um corpo alheio. De onde estava, olhou, de maneira obtusa, na direção da janela aberta.

A intensidade do clarão vindo da rua irritou, momentaneamente, suas retinas. O barulho dos pés dos garimpeiros cada vez mais perto o deixou incrédulo. Sentindo o lameiro endurecido em suas pernas, pensou em voltar a cuspir entre as poças de lama dentro do buraco, mesmo tendo certeza de que aquilo nunca seria suficiente para matar todas as angústias abraçadas ao peito de deus, ou mesmo toda a vilania dentro dos olhos do marechal. “Parece que é a cor daqueles olhos que oculta a verdade.” Foi o que pensou.

Poemas

in memoriam de meu irmão Júlio Cesar

tombado ao léu do tombadilho o corpo [ nau sem porto ] é quilha entediada de enredos redobrando ecos

agora és fenda na senda tuas fibras imersas na rua da renda são outros dias de teu ser fechado quantas sílabas sonoras explicarão esse exílio?

colhe o irremediável conduz teu barco no rebento de vogais e consoantes consonantais

risca o abismo & não aporte na infância aquela bandeira de possíveis horizontes

conduzida nos peraus de outrora.

Para o poeta Carvalho Junior

asas crescem ao longe medram o norte [ geografia celeste de ilusões e carvalhos ]

nesse chão:

crava tua sombra ceifa tuas dores escreve teus fevereiros nas paredes que respiram bordas

mesmo que chova leva contigo o invisível branco de outras páginas e palavras

porque não te resta nada a não ser poesia estendida no estopim confessional de flores & ausências.

III

Para o poeta Ademir Braz onde estiver

a asa de ícaro fareja o nome relva faz amanhecer dentro do coração muros, carne e o equilíbrio da angústia como quem separa a infância das estrelas ou pincela nas unhas a terra campesina necessária para florescer ruínas na garganta solitário dos latifundiários

da disforme asa de ícaro emerge o cheiro enlevado pelos nomes retilíneos dos penhascos, dos quaradouros e do inverno que abraçam os que morrem, inocentemente, enredando-se de deus, pântano e quintais dos que estão incrustados de pirilampos e insônia & amanhã saberão alimentar pedras e umbrais

hoje ícaro sabe que os latifundiários nunca aprenderão o exato sentido das rezas porque eles sonham, incessantemente, com muros, carne e o equilíbrio solitário da angústia enquanto a terra campesina e seu equador transmutam-se em cais, nuvens e amor.

* Paulo Rodrigues é poeta com diversos livros publicados, entre os quais A claridade da gente, Cinêlândia e Cordilheira (em pré-venda pela Patuá), e importantes premiações.

LUIZA CANTANHÊDE

em antologia sobre TORQUATO NETO

A poeta Luiza Cantanhêde participa da antologia Só quero saber do que pode dar certo: oitenta vozes vezes Torquato Neto

A antologia Só quero saber do que pode dar certo: oitenta vozes vezes Torquato Neto foi organizada por Tarso de Melo e Thiago E. São 80 poetas de várias partes do Brasil, que representam muitas vozes, numa belíssima homenagem ao gênio Torquato Neto.

Os textos dialogam com a geografia humana e metafórica do Torquato. A obra é de uma profundidade discursiva imensa. Funciona como um grande documentário sobre a produção deste poeta e compositor que retirou o país do lugar comum.

Eu li. Fiquei profundamente tocado. A poesia contemporânea brasileira é um oceano de humanidades. A poeta Luiza Cantanhêde participa com o poema O RESGATE DA NOITE, na página 120:

À noite sinto a respiração dos homens violentos e a sombra sorrateira a farejar-me as calças.

Cubro meus passos com capas torquateanas e vago a espantar meus medos meninos.

Luiza, Ademir Assunção, Ailton Krenak, Arnaldo Antunes, Salgado Maranhão, Dalila Teres Veras e outros nos confirmam que Torquato continua sendo uma referência difusa e constante para a cultura nacional.

“Fiquei extremamente emocionada e honrada ao receber o convite do Thiago E para integrar a antologia Só quero saber do que pode dar certo: oitenta vozes vezes Torquato Neto. Esta obra é uma bela homenagem aoTorquato,umartistaincrível,quepensavaumpaíscheiodefuturo,juntocomfiguras como:GlauberRocha, José Celso Martinez, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Eu também fiquei muito feliz com a oportunidade de compartilhar páginas com grandes nomes da literatura brasileira”, comentou a poeta Luiza Cantanhêde.

PALAVRAS DE MEU MESTRE

JORGE OLÍMPIO BENTO

Professor Catedrático Jubilado da Universidade do Porto

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Poderemos supor que o seu nome do meio, Olímpio, lhe terá aguçado desde menino a curiosidade e o fervor por galgar montes e lançar o olhar para o alto, para o que está mais além, no que podemos sintetizar, já sabedores da sua experiência de vida e de pedagogo, para o citius, altius, fortius, para os jogos e o estádio, para a cultura grega, para a filosofia, a Paidéia e a areté, para a paidia e o ludus, para ética e a estética, para o homo sportivus, para a dedicação da vida à educação e ao desporto, irmanados na fé da perfectibilidade de um ser que se quer mais humano, numa fusão de corpo-alma, razão e paixão. Tal como Jorge, o cavaleiro que não renuncia à sua fé e enfrenta a besta luciferina para livrar o bem do cativeiro, o certo é que Jorge Bento (JB) tem na sua vida veios de um cavaleiro andante, de um paladino do desporto, que faz da palavra a sua espada, da escrita lavrada o seu campo de batalha e da ética e estética o seu mote essencial.

Jorge Olímpio Bento, o pedagogo do desporto; Zélia Matos; Amândio Graça, RPCD 16 (S1): 52-64

Renascimento e renovação

O Natal é tempo de festa familiar e também de meditação, avaliação e revisão do trajeto que nos trouxe até aqui. Traz para a ribalta a luz; e sussurra-nos que somos melhores e mais fortes com ela e por recusarmos a

escuridão. Igualmente nos convida a cultivar a inteligência e o humor, porquanto dissolvem o ódio e o espírito de vingança.

Aproveitemos estes dias para apurar a arte de colar os cacos dos reconhecidos defeitos e das irremediáveis imperfeições. Talvez seja o método apropriado da nossa renovação, para transformar os erros e fragilidades de ontem em desafios e sinais para os passos de hoje e em acertos e virtudes do amanhã. Seria uma vergonha se nos faltasse a coragem e a alma desistisse quando o corpo ainda tem forças, advertiu Marco Aurélio.

Bom Ano 2025!

Eis o que desejo aos Amigos e Familiares. Peço-lhes que vivam o dia-a-dia com leveza e sem uma sobrecarga de exigências em relação a si e aos outros. Protejamo-nos contra as doentias obsessões e programações, nomeadamente as da carreira e visibilidade. Um pouco de flutuação no espaço do acaso e da improvisação não nos faz mal; e também não nos prejudica uma dose razoável de observância do conselho de Agostinho da Silva: “Não faças planos para a vida, pois podes estragar os planos que a vida tem para ti.” Procuremo-los e não os deixemos fugir irremediavelmente.

Ano Novo!

O ano seria maravilhoso, se viesse conforme às realidades sonhadas, e se as posições assumidas por nós e pelos senhores do mundo fossem fiéis às palavras escritas e faladas. Quem dera que o deus Jano nos abrisse as janelas e portadas para um novo e sublimado recomeço da Humanidade!

Hoje, Dia Mundial da Paz, é duro constatar: NULLA IN MUNDO PAX SINCERA.

Do sabor do ano findo

O sabor é agridoce; e não vai desaparecer no tempo que vem pela frente. A memória de perdas dolorosas lembra que muito de mim ficou para trás; a desolação é irreparável. Resta cada vez menos para andar. Mas o ano vencido foi também deveras generoso na oferta de convivência com os amigos, sobretudo os de longe, talvez os mais fraternos. Eles aumentaram a razão e o prazer da gratidão. Cumpre-nos dar graças sempre, com o coração a rir e as palavras a cantar, pelas bênçãos recebidas.

Na avaliação do estado geral do mundo não constitui exagero comparar 2024 ao cenário de um cadáver putrefacto, disputado por abutres, chacais e necrófagos de outra índole. Decorreu rigorosamente assim. O espetáculo foi seguido, ao vivo e todos os dias, nos canais televisivos. A maioria dos jornalistas e comentadores deleitou-se a chafurdar ávida e sofregamente na carniça, sem o menor indício de estar farta e saciada. Desejosos de ver a Terra transformada em crematório, fizeram jus a figurar no elenco da tragédia, ao lado dos restantes protagonistas de um Annus Horribilis. A porta de entrada no novo ciclo abre para o território da incerteza. Todavia não se fecha nem volta as costas à esperança. A vida continua; temos que nos atar a ela com nós tão reforçados como os feitos de arame farpado. Fique bem longe e não se abeire, pois, de nós aquilo que nos quer destruir e perder!

Gratidão: um dom humano

Cícero (106-43 a.C.), o eminente jurista romano, proclamou que “nenhum dever é mais importante do que o da gratidão”. É realmente infra-humana a ingratidão. Como não estar grato por ter dons que possibilitam contemplar a beleza e o mistério da Natureza? Como não sentir gratidão por possuir um intelecto que permite imaginar e sonhar coisas e realidades elevadas e extraordinárias, elaborar leis explicativas do funcionamento do Universo, escrever poemas e compor canções que põem a alma nos olhos e a comoção na boca, inventar deuses e religiões, mitos e ficções que nos tiram do nada, não obstante a nossa pequenez, precariedade, transitoriedade e mortalidade? Como não agradecer, com o coração aceso e a vontade ensolarada, a quem nos atribui mérito e valor muito acima da avaliação efetuada pela autoconsciência? Como não reconhecer a conspiração das circunstâncias em nosso favor, para alcançar metas que a estação da partida inicial não se atrevia a perspetivar?

A gratidão não é apenas obrigação; é imanência, conaturalidade, linguagem e o estado mais alto da condição humana, que a animalidade, tanto a hominídea como a outra, não logra atingir. Estou ciente de que falho, não poucas vezes, nesse capítulo. Esta apreciação não pretende exaltar o cultivo da humildade; quer sim

promover o intuito de não perder o sentido do dar graças. Poderá haver maior e melhor bênção para um professor do que ser tratado por ‘Mestre’ pelos alunos de agora ou de antanho?! Não, não há.

Agradeço, pois, a tudo e a quantos me trouxeram ou caminharam a meu lado até aqui. Embora seja responsável pelos passos dados, as realizações conseguidas têm autoria plural. Nela figuram as condições de origem, crescimento, desenvolvimento, educação e formação, a família e demais criaturas e instâncias que, ao longo do trajeto, me ajudaram a ganhar asas para adejar os obstáculos e as contradições. Agradecerlhes constitui uma necessidade tão imperativa como a de respirar. Esta altura do ano incita-nos a edificar uma ponte, feita de memória e emoção, para ligar o passado, o presente e o futuro das várias margens do rio existencial. Apraz-me evocar hoje as pessoas e entidades coautoras da obra projetada e realizada no tempo transato. Umas estiveram diariamente próximas; outras lançaram de longe a rede da empatia, da cumplicidade e da solidariedade, apoiando assim a via escolhida e percorrida. Todas ofereceram o afeto de que carecemos nas horas boas e más. Bem hajam! Às que estão vivas desejo que continuem, por longos anos, a desempenhar a função de mensageiros da esperança e de luzeiros da paixão pela vida.

Pergunta ainda à espera de resposta Aquando do nascimento de Jesus, assinala a tradição cristã, Três Reis Magos (Baltasar, Gaspar e Melchior) puseram-se a caminho, guiados por uma estrela, com o intuito de encontrar e venerar o Deus Menino. Chegados à cidadezinha de Belém, ninguém soube dizer-lhes nada sobre a causa da sua viagem. Cansados e frustrados de procurar em vão, conforme o relato de Sophia de Mello Breyner Andresen (Os três reis do Oriente, Contos Exemplares), dirigiram-se à fonte de informação mais avalizada e credível, os sacerdotes. O rei Baltasar perguntou-lhes então: “Dizei-me onde está o altar do deus que protege os humilhados e os oprimidos, para que eu o implore e adore.”

A reação foi nua e crua: “Desse deus nada sabemos.” Ou seja, a pergunta não obteve da estrutura oficial a tão ansiada resposta; e também não a encontrou até hoje. Compete a cada um de nós insistir na interrogação e na exigência de solução. Se ficarmos à espera de que alguém nos substitua, continuaremos a ser redondamente enganados.

Descer à terra

Tenhamos um poucochinho de lucidez. Não adianta andar por aí a pormo-nos em bicos de pés, de nariz empinado e pescoço esticado. Há sempre, em todo o lado, gente mais alta, capaz e proficiente do que nós. Sabemos bem que isso é verdade. Assim, é melhor fincar os pés na terra. Se a realidade nos desagrada, impliquemo-nos na mudança do que é possível mudar; e vivamos serenamente aquém dos píncaros da egolatria. Esta não deve ser a via de progressão, sob pena de o tempo nos usar e reduzir a nulidades frustrantes, cuidando que somos astros perenemente rutilantes.

Atos humanos?! Parte I

A consciência é a “coisa mais assustadora que existe no mundo”, talvez por conter “memórias que não saram”, assevera Han Kang com a sua escrita brutal e luminosa. Os órgãos mediáticos alertam-nos constantemente para a violência que assola a Coreia do Norte; ocultamnos o horror cometido pelas ditaduras na Coreia do Sul. Atrevo-me a dizer que a barbárie subsiste em toda a parte, dissimulada em várias formas, algumas servidas por palavras reluzentes e concitadoras de aplauso e multiplicação. A vencedora do Prémio Nobel de Literatura 2024 arranca-nos da sonolência com um relato corajoso, arrebatador e tocante que analisa o estado da humanidade. O diagnóstico é devastador, precisamente porque retrata a realidade. Por mais perfeitas que sejam as intenções de não poucos humanos, estes são deveras imperfeitos; muitos deles são malévolos e pérfidos. Todos somos portadores de hibridez e ambivalência: capazes de atos generosos e de atos brutais, de atos sublimes e de atos rasteiros. Se tivermos a coragem de tirar as palas dos olhos e de quebrar as cadeias do intelecto, veremos que as feridas abertas no passado persistem no presente cobertas de ligaduras ilusórias. Continuamos a fazer cedências à noite e à escuridão; falta luz nos caminhos que andamos, nos ofícios e papeis que desempenhamos, nas instituições que supervisionam o viver, nos

cursos de educação e formação que frequentamos. A traição aos princípios e ideais, publicamente louvados, e a rendição à perversidade, que dizemos abominar, emergem como balizas do agir quotidiano. Falta de escrúpulos e uma terrível imoralidade colocam-nos na categoria de hominídeos. Canalhas e monstros dispõem de tribuna em nome da ‘liberdade de expressão’. Somos entes intermédios, precários e provisórios entre o caos, que deixamos para trás, e a utopia, que está muito à frente. Teremos algo para celebrar? O que é, afinal, a humanidade? O que urge fazer para que seja uma coisa e não outra, para que a flutuação ética desça sobre a realidade e se torne o padrão moral das multidões e estas não se afundem na repetida prática e exaltação da barbárie?

Não se trata de pessimismo. São inúmeros os indivíduos com elevado nível de altruísmo, coragem e nobreza de caráter. Ao lado deles há outros tantos ou até mais que aderem à destruição, à pilhagem, rapina, violação e mesmo chacina do semelhante. Será, pois, suficiente a razão para ter fé na humanidade? Infelizmente, as crenças no Deus do bem e as proclamações de direitos universais não garantem nada, não erguem muros contra as hordas do mal, nem põem freios às investidas da selvajaria animalesca. Continuamos encostados no parapeito das janelas abertas para o amanhã, perseguidos “por dúvidas irritantes e perguntas frias”. .../...

Atos humanos?! Parte II

A consciência e as memórias, que a perfazem, entregam-nos aos serviços de urgência, a autópsias psicológicas e a exercícios de exorcismo; e recomendam a implementação, à escala universal, de programas com uma nova visão da educação. Sobretudo, revelam que precisamos não de uma barrela, mas sobretudo de uma alquimia transformadora do teor do humano, sabendo que a modalidade da existência, de ser e estar, de agir e pensar, precede e determina a essência. Ora, a crueldade renasce em tipologias que se reinventam e mistificam na atualidade. Não são casos isolados; são contas de um rosário negro, sempre acrescentado e incompleto. O sangue continua a correr em rios que não cessam de aumentar o caudal. A Terra continua a ser solo fértil de aflições, de rangeres-de-dentes e vales-de-lágrimas, de humilhações e condenações, de degredos, suplícios, torturas e degradações, de corpos agredidos e esventrados, deformados e violentados, privados de integridade somática e rebaixados a cadáveres sem alma e identidade.

Há quem se embriague, realize e regozije com a angústia e a dor alheias. Onde e como é, aqui e agora, a morada do Ser Humano? A realidade recomenda que ponhamos luto por tantos crimes e que lutemos contra a versão corrente de humanidade, começando pela nossa. Seremos intrinsecamente maus e vorazes? Poderemos ser reduzidos a isso e ao inevitável destino de saber, ocultar e consentir que milhões de humanos, nossos contemporâneos, sofrem os horrores do aviltamento e esquartejamento, as mágoas da anulação e privação dos direitos mais elementares? Será isto que partilhamos enquanto espécie, assim como a desconfiança de olhar o outro e diferente e de o encarar como um ente à parte? É esta brutalidade e desesperança que se encontra impressa no nosso código genético? Podemos ver a história da humanidade como uma infindável alameda de cenotáfios desprovidos de nomeação e reparação das vítimas. Milhões e milhões são assassinadas com total impunidade dos sicários; nada impede estes de repetir a hedionda façanha. Em cada recomeço a humanidade reergue-se sobre o sangue dos que caíram. Os assassinos exibem um olhar vazio e um riso alarve; não riem, grunhem. Talvez fosse diferente, se o mundo e cada um de nós tivesse os olhos abertos, por mais amargo que seja observar e denunciar o entorno. Talvez isso nos levasse para dias em que a luz brilha e as flores alindam e perfumam o ambiente. Recuso a inexorabilidade. Quero-me aferrado ao livre-arbítrio e à convicção de que a morte não pode ser o remédio para a vida amargurada. O esforço de civilização da horda humana tem que prosseguir a sua marcha, visando alcançar a meta de mais e melhor vida. Temos que nos atar a este propósito, diz Han Kang, com um fio tão forte como o tendão de um boi. Convoquemos a consciência para exercer a função da lua, a de olho da noite. Façamos dela o luar que rasga a dissimulação e escuridão de breu, e dá coragem e voz ao afoitamento contra a omissão, o silêncio e o apagamento.

Processos de educação e formação

O ato de ensino e aprendizagem implica dois processos que decorrem em simultâneo: o de educação e o de formação. Do primeiro é sujeito o educador; do segundo são o aluno e o estudante, os educandos e formandos. O professor exerce uma influência com a transmissão da matéria, com os métodos e meios didáticos, com a conduta e linguagem. Cada um dos alunos e estudantes recebe essa influência de acordo com os pressupostos que congrega para o trabalho de apropriação que lhe compete desenvolver. Ou seja, o docente leciona e serve a mesma ementa a todos; o resultado formativo é individual e diferenciado. Este traduz-se nas notas obtidas e, sobretudo, nas atitudes adquiridas. O diagnóstico não anula e desresponsabiliza o professor, nem o liberta de pôr quanto é no mínimo que faça; mas suaviza a frustração perante um balanço aquém do esperado pelo empenho esforçado e suado. Há causas e culpas do fracasso a montante da sua atuação e da escola.

Exílio

Partiu, não se sabe para onde, e levou na bagagem a débil esperança de regressar dentro de quatro anos. Mas... voltará? Foi abusada e vilipendiada nos últimos tempos. Naquelas e noutras paragens o ambiente é insalubre; a água, o oxigénio, o sol e os demais bens essenciais à dignidade da vida encontram-se privatizados. A liberdade encolheu e anda moribunda. Ainda terá energias bastantes para reabilitar a saúde, recuperar o fôlego e encetar uma nova caminhada?

Ruína civilizacional e económica

Durante as últimas décadas a Comissão Europeia deixou de pensar estrategicamente o futuro da Europa. Atingida pela epidemia da incultura histórica, aderiu à patranha do fim da história e da política e conformouse aos ditames da finança e dos negócios. Assim, cuidou de moldar o espaço europeu como um mercado e atirou para o lixo os princípios da Modernidade, inspiradores do progresso da Humanidade. Os interesses compraram paus-mandados, assumiram as rédeas do poder e instituíram um governo assente na trepanação dos cérebros, na manipulação e mentira organizadas, onde nada separa a verdade da falsidade, os factos das opiniões. Acresce a falência moral, exemplarmente exposta pela omissão perante o genocídio em Gaza. Por mais que o caos seja manifesto, as vozes do protesto esbarram no paredão de uma ordem inamovível. A Europa colhe agora os resultados da deriva: falta de projeto político, estreitamento das fronteiras mediante o empurrão da Rússia para outras paragens, hipoteca da soberania em favor dos EUA, dependência industrial da China, perda de relevância no palco global, diluição dos marcos da identidade cultural, incapacidade de superar as óbvias e trágicas contradições e consequências do modelo ideológico que adotou.

Como se anuncia o porvir? Os novos patrões norte-americanos exigem que continue a andar de penico na mão a aparar-lhes as necessidades, com ar reverente e subserviente. Ademais, li algures que Muhammed é o nome mais usado no registo do nascimento de crianças na Inglaterra. E como se apresenta a conjuntura na Alemanha e na França? A ruína civilizacional e económica não é só uma ameaça; é já uma deprimente evidência. Enfim, ouvem-se os suspiros do corpo exangue da União Europeia, traído e entregue por Úrsula e os seus pares aos abutres do Clube de Bilderberg.

Ciência e arte ameaçadas

O labor científico e artístico assenta na curiosidade, necessidade e vontade de aprimorar o olhar sobre a natureza extrínseca e intrínseca, de compreender e aplicar as suas leis, de dar forma ao informe, de tornar menos incerta a incerteza, de diminuir a fealdade e acrescer o fascínio pela beleza. Toda a obra de criação deve ser apreciada do ponto de vista do seu contributo para formar o espírito inquieto, estético e ético da Humanidade; de instalar em nós o sentido da ‘artetude’. É sob esta luz que concebo e admiro a ciência e a arte como estruturas performativas do Ser Humano e de divinização da vida.

Ora o regresso de Trump e dos figurões por ele nomeados para cargos ministeriais e afins suscita viva inquietude. Os novos 'duces' dos EUA nutrem hostilidade e menosprezo pelos consensos da ciência; e anunciaram profusamente a vontade de desencadear purgas nas agências e instituições federais de investigação, de controle e regulamentação. Querem suprimir tudo quanto recomenda a colocação de freios à ‘eficácia’ da exploração dos recursos naturais, à destruição e predação do ambiente, ao uso de produtos

químicos e outros. A ignorância tem as portas abertas, a feiura foi institucionalizada, a saúde mental (e a outra) da sociedade corre sérios riscos. Estão sob grave ameaça a ciência e a arte e o papel de regulação e inspiração que ambas devem ter na vida pública e na qualificação da democracia A hora é de tocar os sinos a rebate em defesa das duas sublimes criações da humanidade.

Sentimento confuso

Obviamente, não me alegra o regresso do 'duce' Trump e dos seus ogres à Casa Branca. Mas também não me entristece a saída de cena dos atores dissimulados que, durante quatro anos, trouxeram desgraça e morte ao mundo ou foram cúmplices com elas. Os sujeitos de ambos os campos diferem no nome, nas palavras e nas medidas; porém são iguais nos embustes. O padrão de atuação atesta a captura da democracia e da política pelos senhores do dinheiro, da guerra e de outros negócios sujos; lá e aqui na Europa.

Conto do vigário

Há dias, recebemos uma chamada de um telefone de Lisboa. O casal era convocado para um rastreio de doenças cardiovasculares, a realizar, pelas 14,30 horas de ontem, nos Bombeiros de Leça do Balio, relativamente perto da nossa morada. Habitualmente a campanha de rastreio era realizada porta a porta, usando uma carrinha; dada a previsão de chuva, desta vez seria no salão dos referidos bombeiros. Foi-nos dito ainda para não tomar café na hora anterior ao início da sessão. Como se vê, parecia que a convocatória provinha de uma entidade pública, incumbida de zelar pela saúde.

Assim, à hora aprazada comparecemos no local. A sessão iniciou-se com respostas a um questionário de índole biomédica; seguiu-se o uso de alguns instrumentos preditores da massa corporal, da gordura visceral, dos batimentos cardíacos e do afluxo sanguíneo ao cérebro. Enfim, tudo enroupado numa simulação de seriedade. A conversa arrastou-se até que chegamos aos finalmente. As nossas mazelas recomendavam a terapia IVL (raios infravermelhos longos); e isso era muito simples e evitava os efeitos secundários dos medicamentos químicos. Excelente, pois! Fomos então levados a uma área tapada por cortinas, onde nos aguardava um colchão dotado da capacidade de aplicar a massagem de infravermelhos, mais um aparelho para massajar os pés e estimular a ascensão do sangue pelas pernas acima. A ‘consulta’ terminou com a proposta de aquisição do conjunto por metade do preço normal. Mas a compra tinha que ser decidida na ocasião! A insistência esbarrou na nossa recusa. Agora sorrimos face à ardilosa encenação; e rimos de nós mesmos, por termos caído na teia, bem urdida, de um conto do vigário!

Seleção de Andebol

Convenceram-se e convenceram os outros, inclusive os árbitros, de que são iguais aos melhores. Agora vão a jogo, não para perder por poucos, mas para tentar ganhar. E, se perdem, saem do campo com o orgulho a transbordar. Eis uma ínclita geração que nos faz vibrar e cantar! Ela encara os impossíveis como desafios a superar.

Abate da democracia e dos direitos fundamentais

Não temos mais Zygmunt Bauman entre nós. Mas persiste a clarividência das suas obras. Numa delas lança o alerta: “Uma das chagas mais evidentes dos regimes democráticos é a contradição entre a universalidade formal dos direitos (…) e a capacidade nem tão universal dos seus portadores de exercer de fato esses direitos; em outras palavras, a brecha entre a condição jurídica de um ‘cidadão de jure’ e a capacidade prática de um ‘cidadão de facto’ …”

A democracia está liquefeita. Os cidadãos descuidaram-se, julgaram-na adquirida para todo o sempre e não velaram por ela como soía. Colhem hoje os frutos da desatenção e passividade que ontem semearam.

Vivemos, insiste Bauman, numa era liberticida, de fadiga ou suspensão da liberdade, expressa na aparente “placidez com que a maioria de nós aceita o processo de limitação gradual de nossas liberdades tão difíceis de conquistar (…) Num mundo tão inseguro como o nosso, a liberdade pessoal de palavra e de ação (…), de acesso à verdade – todas essas coisas que costumávamos associar à democracia e em nome das quais ainda fazemos guerra – precisam ser reduzidas ou suspensas. Ou pelo menos é o que declara a versão oficial, confirmada pela prática.”[1]

Estávamos à espera do quê? Caímos na esparrela de que tudo é meramente técnico; e de que este tempo é pós-ideológico. Recusamos ver a ideologia acoitada por detrás das aparências; e ajudamos a propagar a patranha de que as ideologias foram enterradas. Para encorpar o molho, fingimos não perceber uma das sórdidas volúpias do capitalismo contemporâneo: a do congelamento, estreitamento ou supressão da democracia. Cerramos os olhos à vigência de poderes não democráticos, empenhados em debilitar e tornar irrelevantes a democracia e a política.

O resultado do desmazelo não podia ser outro. Os direitos fundamentais são suprimidos, um a um; e a democracia é alvo de desmontagem ardilosa, peça a peça. Andamos de um lado para o outro como ratos esbaforidos, sem noção clara de quem comanda os nossos passos.

A involução é ilustrada pelo nepotismo dos sucessivos diretórios da União Europeia, em obediência às ordens do sistema financeiro. Em 1998, Hans Tietmeyer, então governador do Banco Federal Alemão, elogiou os governos por preferirem “o plebiscito permanente dos mercados globais (ao) plebiscito das urnas de voto”. Mário Monti, investido na Presidência do Banco Central Europeu, seguiu-lhe as pisadas e em 2012 proferiu esta preciosidade: “Os que governam não podem permitir-se estar completamente limitados por parlamentares”, isto é, pelos representantes dos cidadãos.[2]

A recomendação de limitar a democracia e as garantias constitucionais foi acolhida pelos órgãos e instituições nacionais, como uma excreção natural do metabolismo doutrinário prevalecente. É nesse ninho que renascem as víboras neofascistas. Não adianta chorar o leite derramado; importa agir. [1] Zygmunt Bauman, Danos Colaterais – Desigualdades sociais numa era global, p. 20-30. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.

2 Slavoj Zizek, PROBLEMAS NO PARAÍSO, p. 55. Lisboa: Bertrand Editora, 2015.

Ogres de volta

Sauron voltou e trouxe com ele um extenso exército de ogres. Incapazes de conceber e realizar coisas belas, os necromantes comprazem-se com a boçalidade e a predação. Têm a carantonha tingida de maldade, o olhar é concupiscente e da sua garganta imunda saem bramidos e grunhidos. As grotescas criaturas ameaçam apoderar-se de terras alheias e integrar no império os astros do céu. É mesmo para desconfiar do presente e recear os dias do futuro.

Final triste

Vivi 28 anos no regime fascista; ele não desapareceu. Os dirigentes de antanho, assim rezava a propaganda, eram ungidos de Deus, incumbidos de servir abnegadamente a nação e zelar pelo bem comum. Mas não era essa a intenção, muito menos a ação.

A vinda da democracia trouxe a esperança de melhoria do padrão; foi chuva de verão, não tardou a evaporarse. Muitos dos políticos de agora são escolhidos entre criaturas venais; aqui e pela Europa afora vigaristas profissionais são alçados a cargos oficiais. A capacidade de dissimular e tecer ardis com matreirice nos gestos e palavras credita-lhes o perfil ajustado e abre as portas à carreira de sucesso. Fingem e mentem para ascender ao poder. Santa Úrsula Von der Leyen é hoje a padroeira dos trágicos pantomineiros.

O areópago da Pólis está ocupado por sujeitos preocupados apenas com os interesses da casta e alheios ao destino da comunidade. Abusam da boa fé dos cidadãos, sem cuidar do decoro nas atitudes. Poucos dos

oficiantes em postos cimeiros do Estado têm mérito e condição bastantes para o exercício republicano da função.

Anuncia-se um final triste. A perversão da democracia em instrumento do canibalismo neoliberal, como avaliou Mário Soares, vai ficar como mais um capítulo negro na história da traição e do ludíbrio dos povos. Não estou a falar do futuro; o estertor está à vista de quem não recuse olhar.

Tempo de andebol: dias de sol!

O início da noite transata prenunciava que o dia viria soalheiro. O vaticínio cumpriu-se: hoje acordamos ensolarados.

Pois é, o desporto tem o condão de fazer milagres! A seleção de andebol operou muitos nos últimos tempos. A luz da alegria e euforia não deve obscurecer a memória e impedir-nos de evocar e valorar o passado do presente. A obra, que nos extasia, foi iniciada e erguida por vários obreiros. Celebremos os heróis de agora, sem esquecer os visionários de outrora. Não consigo nomeá-los a todos, mas não posso deixar de referir o sr. Luís Santos que presidiu, durante 21 anos, à Federação de Andebol de Portugal. Ele abriu os caminhos que estamos a andar. Ora, o começo, disseram os gregos, é a metade do todo.

ASSIM FALOU MEU PRIMO

OZINIL MARTINS DE SOUZA

Possui graduação em Geografia pela Fundação Universitária Regional de Joinville (1971). Atualmente é professor do Colégio São Paulo de Ascurra. Em 2017/18 exerceu o cargo de Secretário de Educação do município de Indaial - SC. De 2015/16 foi professor da Faculdade Metropolitana de Blumenau no curso de Administração. de 2012/13 foi Reitor do Centro Universitário Leonardo da Vinci; também exerceu o cargo de pró-reitor de ensino de graduação presencial do Centro Universitário Leonardo da Vinci e professor licenciado do Centro Universitário Leonardo da Vinci. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração, atuando principalmente nos seguintes temas: administração para resultados, avaliação e resultado, planejamento, negociação, competitividade e empreendedorismo

Meu primo, filho de Tia Negra, irmã de minha avó Alice.

CONVERSANDO COM OS JOVENS!

Ao projetar o futuro o jovem só encontra incertezas

Virada de ano é sempre interessante para refletir sobre o momento vivido. O mundo vive uma era de incertezas, convulsionado por mudanças sociais profundas e conflitos bélicos importantes e de consequências imprevisíveis e, assustado com os efeitos já sentidos pela Inteligência Artificial e com perspectivas de mudanças que revolucionariam as relações de trabalho e o futuro da humanidade. Neste meio de difícil harmonização está você, caro jovem!

Ao projetar o futuro o jovem só encontra incertezas; fruto de uma Educação precária e ancorada no passado o futuro que se desenha parece assustador. Então seguem as observações de um velho professor que já foi jovem e encarou desafios tão grandes quantos os que você enfrentará, salvaguardadas as diferenças de época.

Passeando pelo início do Século XX encontramos algumas similaridades. A invenção do carro e da energia elétrica, a 1ª e 2ª guerras mundiais e suas mudanças que mexeram com a estrutura social existente e o desenvolvimento tecnológico e, nossos antepassados saíram-se muito bem frente aos desafios enfrentados, tanto que chegamos até aqui.

Para entender o propósito da proposta que farei há uma regra que é fundamental ser entendida: “só há uma pessoa responsável por seu futuro: Você!” Você fará as escolhas que nortearão sua vida. Portanto, é fundamental que algumas competências sejam desenvolvidas desde o momento em que tenha a percepção que só você viverá sua vida.

A Suíça tem um dos melhores sistemas de estágios existentes no mundo e, além das mudanças processadas no ensino para adequar-se à IA, os jovens estão sendo orientados sobre as escolhas que serão obrigados a fazer. O que fica claro para os suíços é que “competências sociais” como criatividade, resolução de problemas e comunicação serão cada vez mais exigidas.

Nossas escolas, mesmo as de ensino superior, não preparam os jovens para que desenvolvam suas “competências sociais.” Esta, portanto, é uma tarefa que competirá ao jovem que esteja disposto a manterse habilitado para o mercado de trabalho que está se consolidando.

Dentre estas “competências sociais” é fundamental que o jovem seja capaz de desenhar Cenários, analisar problemas e tomar decisões, desenvolver a capacidade de resistir a frustações, ser criativo e inovador e tenha a capacidade de execução. Parece simples, mas não é. Com exceção de algumas escolas, a grande maioria preocupa-se em ensinar os jovens a enfrentar os vestibulares; nosso sistema educacional preocupase em memorizar e não a ensinar a pensar.

Logo, cabe a você, buscar as ferramentas que possibilitem o seu desenvolvimento. Se não estou exagerando seguem algumas dicas. Leia bons livros (os clássicos preferencialmente), conviva com gente que saiba mais que você (não deixe que o melhor amigo do grupo estabeleça seu nível de desenvolvimento), assista palestras com os mais variados temas, conheça o maior número de lugares possíveis (mochila nas costas e ande pelo mundo), faça, desde jovem, serviços voluntários, visite museus e galerias de arte, pratique esportes (os mais variados possíveis), enfim permita-se crescer em meio às dificuldades e aproveitando as oportunidades. O mundo pertence aos que ousam!

Coach e Influencer: novos tempos, velhos dias!

"O “coach” diz que você pode e, você, baseado em crenças e na sua precária formação educacional, acredita"

Impressiona-me o número de jovens lançando-se na carreira de “coach.” É comum, ao concluírem o ensino superior, lançarem-se a esta atividade, como se só o ensino superior fosse suficiente para iniciar uma carreira que, a princípio, servirá de apoio a decisões cruciais que outros tomarão em suas vidas.

De 1995 a 2002 exerci o cargo de Consultor em Gestão de Pessoas atuando, principalmente, no Rio Grande do Sul; depois de 30 anos dedicados a trabalho na área em organizações de ponta entendi que estava maduro para servir de apoio a outras empresas e, não foi fácil.

Hoje eu assisto palestras em que o que mais ouço, é: “Sim, você pode!” Dizer isso a quem está desempregado, sem dinheiro, com necessidades a bater na porta, chega a ser uma afronta! Quero dizer que sim, você só poderá, quando ofertar o que o mercado está solicitando; que sim, você poderá, quando se preparar para as necessidades futuras e desenvolver talentos que as empresas estão exigindo ou mesmo, em sendo empreendedor, o produto que o mercado está comprando. Não deixe se enganar; você não pode oferecer aquilo que não tem!

Óbvio que tudo é uma questão de dinheiro! O “coach” diz que você pode e, você, baseado em crenças e na sua precária formação educacional, acredita.

Por outro lado há algum tempo tomamos conhecimento da figura do “Influencer” Pessoas com boa aparência, montados em carros imponentes, usando roupas caras e ostentando um padrão de vida muito alto e, com um discurso de que, sim, você pode.

Com milhares de seguidores, estes poderosos influenciadores, orientam seus influenciados o que vestir, o que comer, como se comportar e como ficar ricos fazendo o mínimo esforço possível.

Cenas em que “Influencers” aparecem nas mídias sociais atirando dinheiro do alto de edifícios ou se propondo a encontros como o ocorrido em Balneário Camboriú, em que um “Influencer” em seu carro é seguido por uma multidão de jovens, são cada vez mais comuns e, mostram a que ponto chegou a miséria intelectual e moral de um povo que se contenta em acreditar em alguém que o manipula da maneira mais obtusa possível.

Enquanto isto acontece, estes mesmos influenciados, desconhecem as razões do por que o ensino no país é tão precário e os levam a correr pelas migalhas que a sociedade lhes oferece.

Esquecem que filhos de juízes têm direito a auxílio educação e os próprios juízes tem auxílio aluguel mesmo que tenham casa própria; esquecem dos privilégios atribuídos a milhares de funcionários públicos que recebem acima do teto salarial em função dos penduricalhos que são criados pelos próprios beneficiários e esquecem dos milhares de subnutridos intelectual e fisicamente mantidos pelos governos com migalhas deixadas cair para manter a massa na ignorância e acomodada por “coaches” e “influencers” que são partes da elite do país.”

Realidade ou ficção: República Federativa do Brasil!

"Se fosse possível definir o país em uma só palavra, talvez, a que melhor o definisse fosse desigualdade"

Sempre é bom lembrar que o Brasil é uma República Federativa composta por 26 estados, o Distrito Federal e 5.571 municípios. Se fosse possível definir o país em uma só palavra, talvez, a que melhor o definisse fosse desigualdade. Sim, vivemos em um país extremamente desigual e injusto socialmente. Dos 5.575 municípios que compõem o Estado brasileiro, um terço, aproximadamente 1.856, não arrecadam o suficiente para pagar os salários de prefeitos e vereadores. Estes municípios vivem basicamente dos repasses do Fundo de Participação dos Municípios e das aposentadorias/benefícios pagos pelo INSS. Por não terem atividades econômicas significativas estes municípios são exportadores de pessoas desqualificadas, criando um fluxo de movimentação de pessoas que acaba criando ilhas de miséria em todo país. Por um lado, municípios que não agregam valor nenhum à economia, por outro lado municípios que têm seus custos onerados por receber trabalhadores não produtivos e fora do perfil necessário em tempos de economia em mudança.

Importante lembrar que, esta semana, o governou cortou o benefício que autorizava a concessão da Bolsa Família a 1.194 pessoas por terem sido eleitas na última eleição; 7 prefeitos, 19 vice-prefeitos e 1.168 vereadores. Será que tem mau cheiro no ar?

Em verdade, o grande beneficiário, do modelo federativo atual, fruto da constituição de 1988, é o núcleo de poder instalado em Brasília. Já ouvimos de figuras importantes da República que é necessário ser “Mais Brasil e Menos Brasília.” Brasília, de há muito, é o grande devorador dos recursos que são produzidos em estados e municípios, sustentando um Estado pesado e lento em suas decisões, mas pródigo em conchavos que beneficiam, sempre, a porção mais aquinhoada da população brasileira. Vide o que, cotidianamente, a imprensa noticia a respeito dos abusivos salários de funcionários dos três poderes.

Um prosaico exemplo de como se retro alimenta o sistema aconteceu quando da presidência do Ministro Dias Tóffoli no STF. Em um gesto de bondade e as custa do dinheiro seu, meu, nosso, autorizou parte da transação dos 60 dias de férias que os magistrados usufruem (o que já é um privilégio odioso em relação aos demais trabalhadores) em dinheiro. Suas Excelências estão autorizadas a “vender” 20 dias das férias e receberão em troca o pagamento de 40 dias.

Por outro lado, quando qualquer Estado decide legislar em matéria polêmica o STF, através de ações instauradas, normalmente por partidos de esquerda, age prontamente para mostrar que a Federação é privativa de um só ente. Fato: o Estado de Santa Catarina autorizou o funcionamento do “homescholling.” O STF, acionado, definiu a ação como inconstitucional, pois somente o Ministério da Educação pode legislar a respeito.

Desta forma temos uma federação que retira recursos de Estados e municípios para manter uma Brasília em dissonância com que vivem os mortais comuns que os sustentam. O lema “Mais Brasil Menos Brasília” está cada vez mais na moda!

A quem pertence o futuro?

A frase de Kenichi Ohmae é de uma objetividade profunda – “As nações prósperas de hoje – Suíça, Singapura, Taiwan, Coreia do Sul e Japão – são caracterizadas por pequenas massas de terra, sem recursos naturais, mas com pessoas bem educadas e empenhadas em serem participantes da economia global.”

Enquanto o Brasil detém grandes jazidas de todo tipo de minério, tem extensão territorial imensa, pagamos o preço pelo descaso com a Educação precária que oferecemos à população.

O país com o maior volume de água doce do mundo (12%) tem 100 milhões de habitantes sem instalação de rede de esgoto. A falta de Educação somada ao descaso com que os governos tratam o bem público condena o país a ser um mero coadjuvante no concerto das nações.

Quando vamos entender que a Educação é a prioridade das prioridades?

Não verás país nenhum!

Em “Terra Brasilis” o que mais prolifera são as decisões que beneficiam os marginais em detrimento dos cidadãos comuns

Quando a moral e os costumes são relativizados, quando a inversão de valores permeia as instituições do Estado, quando assaltar para roubar um celular traz o benefício de tomar uma cervejinha, quando o Estado modifica e flexibiliza leis no sentido de beneficiar a quem as agride, quando a morte, por violência, é relativizada é possível concluir que se vive em um país em que a lei é nada mais que um pano de fundo para justificar as exigências de estruturas físicas e de pessoas.

O fato ocorrido em São Paulo é um exemplo didático de como está a situação em “Terra Brasilis”. A vereadora Amanda Vettorazzo apresentou projeto de lei na Câmara Municipal de São Paulo tendo como objetivo impedir a contratação, pela prefeitura, de cantores que façam em suas apresentações apologia ao crime organizado ou tráfico de drogas.

Foi o suficiente para o mundo desabar em sua cabeça e as ameaças proliferarem nas mídias sociais. A lei rotulada como “Anti – Oruam” mexeu com os fãs do “rapper” e levaram a vereadora a solicitar escolta armada da Guarda Municipal de São Paulo.

Estimulados pelo “rapper” que postou a seguinte mensagem: “Tropa do 22 – vamos dar fama pra ela!”’, seus fãs invadiram os espaços da vereadora com ameaças , inclusive de estupro, o que a obrigou a registrar Boletim de Ocorrência e solicitar segurança da Câmara. Só lembrando que Oruam é filho de Marcinho VP um dos líderes do Comando Vermelho.

Em “Terra Brasilis” o que mais prolifera são as decisões que beneficiam os marginais em detrimento dos cidadãos comuns. As decisões tomadas em instâncias iniciais nos processos judiciais são, normalmente, revisadas pela Corte Suprema, pelos mais simplórios motivos. O maior exemplo foi o que aconteceu com nosso atual presidente; condenado de forma unânime em três instâncias teve seu processo impedido de prosseguir porque o STF entendeu que Curitiba não era o foro adequado para seu julgamento. Bom lembrar que hoje não existe mais nenhum condenado pela Lava-Jato preso; todos estão livres e a postos para ocuparem lugares de destaque na política e na área empresarial.

Outro caso que explica as firulas da justiça em “Terra Brasilis” é a devolução do helicóptero de André do Rap. Em operação policial que prendeu André do Rap a polícia apreendeu junto o helicóptero e outros bens pertencentes a “laranjas.” A 6ª turma do STJ entendeu que a apreensão dos bens foi ilegal por não constar especificamente na ordem judicial e mandou devolver aos marginais o que a eles pertencia. O helicóptero, de mais de 7 milhões de reais e que estava sendo utilizado para o transporte órgãos, foi devolvido.

No livro, Não Verás País Nenhum, escrito em 1981, Ignácio de Loyola Brandão já nos alertava sobre o isolamento das pessoas de bem em condomínios e espaços fechados e que a vida seria difícil fora destes ambientes.

A premonição do autor mostrou-se, absolutamente, verdadeira!

ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS

FELIZ ANO NOVO!

Sim, Feliz Ano Novo!

Com esta saudação apraz-me externar a todos quanto esta coluna lerem e ao povo pinheirense os meus melhores augúrios de um ano de muita felicidade e que, ao longo dele, possamos todos viver com mais segurança, sem drogas, sem corrupção, com menos egoísmo, enfim, com muita paz e amor. É utopia? Talvez o seja, mas o bem-estar das sociedades depende de cada um que dela faz parte; enfim, depende de cada um de nós que as construímos.

Mas, o problema não acaba aí. Afinal, o que festejaremos mesmo a 31 de dezembro? Que 2024 cederá lugar, na sucessão dos tempos, ao ano 2.025, ninguém duvida ou questiona.

Mas, eis aqui a questão. A mídia e as agências de turismo aproveitando o impacto que a sequência dos números causa, no inconsciente popular, incutem-nos a certeza de que estamos, realmente, entrando em uma nova era.

As festas se multiplicam, os hotéis esgotam suas vagas, os preços disparam, a inflação começa avançar em linha ascendente. E, mesmo assim, acenam com votos de plena saúde, muita paz, emprego à vontade e bolsos repletos de dinheiro. Parece gozação, não é mesmo?

Mas, se iremos mudar de ano, o que importa? Afinal, quantas mudanças como esta já ocorreram, ao longo dos séculos?

Sentiram alguma diferença? O que mudou?

Perscrutando o passado recente, talvez cheguemos à conclusão de que pouco ou quase nada se alterou, na rotina do nosso dia a dia. Mas, se nos projetarmos um pouco mais além, no túnel histórico do tempo, constataremos que, nos atuais milênio e século, a humanidade, apesar de alguns retrocessos, avançou, na sua saga implacável, na sucessão das eras.

No início do milênio passado, ano 1.001, a situação não era muito diferente do que observamos atualmente. A peste dizimava em alguns centros europeus. As profecias sobre o fim do mundo se multiplicavam. O fanatismo religioso encontrava, naquelas comunidades, em plena Idade Média, terreno fértil para medrar. As escaramuças e brigas intestinas pelo exercício do poder eram frequentes, nas casas reais e entre grupos de nobres que lhes davam sustentação. A luta por ascensão social de classes marginalizadas já se fazia presente, enquanto se expandia e se firmava o regime feudal. As guerras para subjugar os mais fracos e ampliar possessões eram constantes. Por outro lado, o fortalecimento do fervor religioso e a liderança temporal que vinha fortalecendo o papado se não foram suficientes para impedir o cisma da Igreja Ortodoxa sustentaram por três séculos as Cruzadas. Estas, embora tenham acumulado mais fracassos que vantagens, trouxeram para o mundo ocidental uma nova ordem política e social que mantida em ebulição, ao longo do período medieval, explode com força, em meado desse milênio, com a Renascença.

Guttemberg revoluciona a imprensa. Tem início a época dos descobrimentos. Expande-se, através do mundo desconhecido, a Europa. Foi estabelecido o que passou a ser chamado de ciclo atlântico que levou, dentre outros feitos, à descoberta da América, do Brasil, do caminho para as Índias através da rota de contorno sul do Continente Africano com a exploração da sua costa oeste.

A Igreja perde parte da sua influência, no poder temporal. A reforma liderada por Lutero fere a sua unidade. Toma força o materialismo, na Europa.

Em fins do século 18, tem início, na Inglaterra, a Revolução Industrial resultado de uma conjunção de fatores que vinham evoluindo ao longo da Idade Média, tais como, o acúmulo de capital a partir da substituição das Corporações de Ofício pelas manufaturas, o crescimento do sistema bancário, a ampliação do mercado

consumidor resultante do incremento à densidade populacional, da implantação de colônias ultramarinas e do avanço tecnológico, principalmente, nos setores têxtil, comercial, agrícola e naval.

No campo, com a expropriação de suas terras pela burguesia, os camponeses migraram para os grandes centros urbanos onde, pelas condições que lhes foram impostas, concorreram para engrossar o grupo dos descontentes gerando sérios conflitos sociais.

Assim, a Revolução Industrial juntamente com a Revolução Francesa, fruto de insatisfações das camadas menos favorecidas e de políticos descontentes, são dois marcos, dentre tantos outros, que pela sua importância e implicações com o processo político-econômico-social, então vigente, impuseram uma ruptura, no comportamento dos povos ocidentais, apontando novos caminhos a serem trilhados pelas sociedades futuras.

Sob o impacto desses eventos, o mundo ocidental entrou, no século 20, vivenciando esses mesmos conflitos sociais, corolários de desmedidas ambições. A máquina estatal continua ainda emperrada pela pesada burocracia que lhe é imposta e pelo despreparo de políticos que incompetentes, no plano administrativo, insistem em querer conduzi-la. Somem-se a tudo isto o descompromisso, a corrupção e o tráfico de influência que lhe permeia as entranhas, numa frustração secular ou milenar de que, apesar de tudo, os vícios sociais permanecem os mesmos.

Mas nem tudo, felizmente, é só decepções. Ao longo do século, a humanidade superou muitas das suas limitações. A melhoria da qualidade de vida atingiu vários estratos sociais que se viam marginalizados com maior oferta de alimentos, empregos, recursos de saúde, educação e habitação. Avançamos em tecnologia de ponta. O homem mergulhou no espaço desconhecido com suas sondas, foguetes, satélites e plataformas. A lua foi visitada. As comunicações globalizaram as atividades do planeta, nos mais diversos setores da economia humana.

Tudo o que então conseguimos era o que queríamos? Com certeza que não; pois muito ainda nos falta para atingirmos as satisfatórias condições de vida que pretendemos.

Mas, parece que já contabilizamos mais sucessos do que fracassos ou frustrações. A tecnologia avança a passos largos. A Inteligência Artificial chega prometendo grandes novidades. Se para o bem ou para o mal ao futuro pertence ou está a depender da capacidade do Homo sapiens ou homem sábio que ainda não se libertou do poder de se autodestruir.

Por isso, aguardemos mais um pouco. O atual século, poderá trazer ainda para à humanidade muitas alegrias. Por isso, renovo a cada um de vocês os meus votos de um FELIZ ANO 2.025 com muito amor, prosperidade e, principalmente, com muita paz.

O ESPIRITO DE NATAL

Ceres Costa Fernandes

O Calendário – forma tão exata de marcar o desenrolar de nossas vidas – faz sucederem-se, repetitivos e inexoráveis: Ano Novo, Carnaval, Semana Santa, Dia da Mães, Dia dos Pais, Semana da Pátria, Finados e Natal, dentre os mais votados, a lembrar que mais um ano passou. E, tão rapidinho que, se não fosse o dito cujo, nem perceberíamos a passagem dos fatídicos 365 ou 366 dias E haja máscaras para afivelar aos nossos rostos na obrigação de estar de acordo com cada ocasião: hoje é dia de estar alegre e confraternizar, amanhã é dia de chorar os mortos ou de acender o sentimento patriótico, que anda meio apagado. Liga. Desliga. Ah, meu Deus, será que, inadvertida, coloquei a máscara trocada?

A propaganda das lojas nos vem preparando para o Natal, buzinando nos nossos ouvidos a contagem regressiva: faltam “apenas” 90, 60, 30, 15... zero dias para o Natal. Além de o ano passar correndo, ainda querem adiantar os eventos. E eu que ainda nem me recuperei das despesas das festas de fim de ano passado. Sejamos francos, para a maioria, em que consiste a festa de Natal? É para festejar o nascimento de Cristo ou a chegada de Papai Noel? Façamos uma enquete entre as crianças sobre o assunto e veremos que a última opção ganha de goleada. No Ano Novo, repetem-se as falácias de confraternização e resoluções de vida nova. Recebemos abraços apertados depessoassorridentes quesemordem pordentroenos morderiam sepudessem; enganamos a nós mesmos com promessas de mudanças mais vãs que aquelas feitas pelos homens quando pretendem as primícias dos favores de uma mulher.

O tal espírito natalino, alguém o viu por aí? Se ele for encontrado, deve estar participando de algum "amigo invisível", trocando presentes de 1,99, a se empanturrar de peru com farofa, presunto tender, frutas secas, acompanhadas de vinho barato - pra acordar com uma tremenda azia no dia 25.

E a festa familiar do Natal? Nas casas nas quais ainda se cultua o Nascimento, fazem breves orações, em outras nem isso. Mas, em ambas, o foco são os presentes e a ceia que se inicia. Lá estamos nós, cheios de uma alegria ensaiada, um ano mais gordos, a comer pavê, em meio àquela decoração anglo-saxônica, equilibrando debaixo do braço mais um presente que nunca vamos usar.

E, de repente, na sobremesa sorridente, o bocado engasga. Circulamos o olhar e sentimos a ausência de uma ou mais pessoas queridas, companheiras de tantos natais ensaiados e tantos anos novos sem graça. Um magote de infantes familiares, correndo como que perseguidos por demônios, tromba conosco, pondo em perigo a estabilidade de nosso pavê. A irritação herodiana, que nos quer assomar, desfaz-se ao vermo-nos reproduzidos naquele menino de bochechas coradas e cabelo repartido, assentado à força com gel ou naquela menina encapetada, que já tirou os sapatos e as meias e cuja ponta do laço do cabelo pende desmanchada em cima do nariz. Uma onda de ternura vinda de recordações gratas desce-nos pela garganta desmanchando o nó. E pensamos: vai ver que os natais-e-anos-novos-sem-graça-passados não eram tão sem graça assim. Discretamente pigarreamos, pra disfarçar que estamos emocionados, e, de esguelha, vemos o safado do espírito de Natal passar sorrindo, já curado do pifão. Alguma coisa boa nos invade, acho que é o tal sentimento de beatitude. Com a alma bailarina, nas pontas dos pés, de sapatilhas e tudo, descobrimos que a robotização do nosso ser não está completa. Há uma brecha que resiste e se alarga, um pouquinho mais, em cada um desses eventos repetitivos, para voltar a encolher nos outros dias do ano. E, assim, bendizemos Cristo por ter nascido, reinar entre nós, e 2025 por chegar. É, deve ser por essa razão que ainda fazemos calendários

Das informações orais colhidas, principalmente, de dona Inês, escrevo esta crônica sobre os reisados que ocorriam em Pinheiro.

Quando chegou, não há registros, mas desde a segunda metade do século XIX, a folia dos Santos Reis é celebrada em Pinheiro. É possível que a festa tenha chegado com os primeiros alcantarenses que vieram se instalar, nessa época, no Lugar do Pinheiro.

Não obstante os diferentes nomes que tem recebido esse folguedo popular do ciclo de Natal, o que chegou a Pinheiro foi mais a folia, caracterizada por grupos de pessoas com tambores, reco-reco, instrumentos de sopro e de cordas, cantando músicas ou toadas da época. Esses grupos com bandeiras tendo à frente o mestrecantador ou puxador de cantos e toadas começavam as visitas, na noite do dia 5 para o dia 6 de janeiro, dia dos Reis Magos, e a brincadeira se estendia até o dia 20, dia de São Sebastião, quando a última apresentação ocorria, na Praça da Igreja. Nesse período, nas casas das pessoas que já os esperavam eram preparados café com leite, chocolate de castanha de caju, bolos de tapioca e de macaxeira, beijus e doces. Após as representações à frente das casas, as pessoas presentes eram convidadas para entrar e degustar as iguarias.. Esses reisados, antes de iniciar as visitas às casas, era tradição visitarem primeiro a casa do Presidente da Câmara que era o chefe administrativo da vila, substituído após a Proclamação da República pelo Intendente e com a elevação da vila à categoria de cidade, em 1920, pelo Prefeito. Depois saiam em direção da casa do Delegado. Cumpridas essas formalidades, passavam a visitar as residências dos outros moradores que as havia solicitado.

Corria, em Pinheiro, nessa época, à boca pequena, que o sargento Abelardo, chefe da guarda municipal local, tinha um namoro com dona Doca, a mulher do Delegado.

No bairro de Alcântara, havia um reisado que costumava descer para o centro da Vila a fim de fazer as visitas. O grupo tinha como cantador ou puxador das toadas João de Sabina. João era um cantador muito requisitado, bastava alguém lhe dar um tema e ele criava uns versos que incluía no canto de toada do grupo.

Numa certa noite, o grupo de João parou em frente à residência do Delegado que já o aguardava com a mulher e o pessoal da casa sentados à porta.

Daí a pouco, João iniciou a festa:

- Nesta noite venturosa

Que Jesus Cristo nasceu

Por muitos foi visitado

E também pelos reis magos

Ganhando muitos presentes

Na noite dos Santos Reis

- Venha cá seu Delegado,

Abra a porta e traga a luz

Receba o nosso reisado

Que vem, na paz de Jesus,

Com as benções dos reis magos

Que a “estrela Dalva” conduz.

Nessa hora, alguém da assistência grita: Eh, João, olha a lua como ta bonita. Faz uns versos para ela.

- La pras bandas do São Carlos

A lua já vem luzindo

Empurrando o velho sol

Para tomar seu destino

É la pras bandas do Finca

Que ele vai escapulindo.

Outro grito veio da assistência: Agora, faz pro Rio Pericumã, João.

- Nosso Rio Pericumã

É um rio muito rico

Tem jeju, cabeça gorda

Mas também muito mosquito,

Nos campos por onde passa

Tem jacu e pirulico.

E, assim, cada um dava um tema e João fazia os versos. Nisto alguém diz: João faz uma homenagem pro Delegado e dona Doca.

- Dona Doca quando casou

Com o nosso Delegado

Era uma mulher formosa

Ele muito apessoado

Até que um dia surgiu

O sargento Abelardo.

Aí não prestou. O delegado puxou o revolver e saiu dando tiro: vem cá, João, filho de uma égua. Não ficou ninguém, mas a guarda conseguiu prender João que depois de tomar uma boa sova foi solto, no outro dia, quando resolveu encerrar para sempre sua carreira de cantador.

Por isso é que o povo diz: Cavalo morre pastando e burro morre aprendendo...

A CIDADE E O CIRCO

A PENA DO PAVÃO, publicado em Crônicas, Poesia

https://doi.org/10.5281/zenodo.14616878

Chegou o circo na cidade.

Anunciaram os alto-falantes:

• Hoje tem espetáculo!!!

A trupe insistia pelo rádio e televisão:

• Hoje tem espetáculo!

E seguia o anúncio das atrações.

Tudo parecia uma festa porque, há alguns dias, o rádio já anunciara que o circo, em breve, estaria se apresentando com novas atrações. Também o serviço de alto-falantes da paróquia anunciara com destaque o palhaço do circo, embora não fizesse alusão ao encantador de serpentes, pois biblicamente não convinha relembrar. Por via das dúvidas o vigário preferiu não desafiar o bispo.

A expectativa de todos no circo era grande, porque sempre a curiosidade aflora em terras em que abunda a precariedade de atrações; qualquer movimento diferente do cotidiano mobiliza meio mundo.

Mas a vida mostra coisas de que até o escritor duvida. Não é que a mobilização não atendeu às expectativas? Que frustração! Que decepção! Mesmo com as cortesias distribuidas a resposta foi pequena, para frustração do proprietário da lona.

Como em todo picadeiro não faltou a meninada, mas sem correr atrás do palhaço, porque o circo não dispunha de estabilidade suficiente para se manter em pé. A coisa era meio que improvisada e por isso era prudente criar uma área de isolamento. Melhor não arriscar.

Quero crer que a cidade, indiferente às atrações, preferiu ficar em casa porque o palhaço não trouxe novidade, o encantador de serpentes já se mostrou meio moribundo e o trapezista…, bom não havia propriamente um trapézio, mas uma corda armada sobre a qual o artista deveria caminhar com cuidado redobrado.

E foi assim que o alarde feito em torno do circo desencantou a população da cidadezinha, afinal, até para se ter vida de circo com alegria é preciso que o palhaço seja honesto em sua arte, puro e traduza inocência. Ao que parece, aquela maquiagem manjada não encantou dessa vez.

Sem trapézio, embora houvesse equilibrista, excesso de palhaços e um encantador de serpentes, o circo apresentou uma sessão extraordinária apenas para o vigário, o delegado, o prefeito, o magistrado, o promotor de justiça da cidade e o presidente da câmara municipal.

À míngua de plateia, no mesmo dia em que chegou, após a apresentação esvaziada, o circo e sua trupe bateu em retirada prometendo não mais voltar àquela cidadezinha, onde o povo sabe que nem só de pão e circo vivem os homens.

São coisas do circo mambembe que muitos testemunharam na infância em alguma cidadezinha do imaginário.

A ALMA DE ESCRAVO: SOBRE ESTADO,

A PENA DO PAVÃO

Ano 13 – Vol. 01 – N. 03/2025

A Constituição da República, como documento que institui e organiza o Estado Democrático de Direito, em inúmeras oportunidades tem sido objeto de acirradas e apaixonadas interpretações. Aliás, não se pode esconder: ela tem sido bem mais “interpretada” por indevidas manifestações pré-textuais diante de câmeras e flashs do que, propriamente, no recato de gabinetes, bibliotecas e tribunais.

É necessário compreender que é completamente equivocada a ideia de que há “donos” da Constituição. Isto remonta às estruturas hierárquicas e autoritárias que caracterizaram momentos sombrios de nossa história, em que a desigualdade era legitimada pela força e não pela justiça. Os tempos são outros mas, ao que parece, o autoritarismo apenas mudou de lado.

A “alma de escravo” como uma metáfora serve como meio de analisar o papel da Constituição em nosso ordenamento jurídico e o papel daqueles encarregados de interpretá-la. A expressão evoca a submissão forçada e a privacidade de autonomia de um indivíduo.

Quando trazemos essa ideia para o contexto jurídico, percebemos como é perigoso tratar a lei como algo a ser dominado por uma elite ou subordinado às vontades individuais de quem a interpreta. Isto, aliás, é desmentido pela própria Constituição ao tomar-se como exemplo o art. 23, inciso I, que atribui aos entes da federação a competência para “zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público”.

A Constituição: Um Pacto Coletivo de Liberdade

A Constituição da República é produto de um pacto social, elaborado para proteger os direitos fundamentais e estabelecer os limites do poder. O documento exprime a expressão mais elevada da vontade popular e reflete os princípios de igualdade, liberdade e justiça. Assim, não pertence a uma instituição específica ou a um grupo de indivíduos, mas à sociedade como um todo. Ou se a tem como declaração de comprometimento ou tudo não passará de uma “carta de alforria” depositada nos cofres dos “senhores de engenho” aguardando o tempo amarelar o papel.

No caso da Constituição de 1988, é bom que se reconheça, a transição mais ou menos pacífica traduziu o esforço de sepultar um sistema autoritário. Contudo, ultrapassada sua condição Balzaquiana, a Constituição já se encontra com 135 Emendas, com o requinte de alternar o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e a estranha compreensão de que o “mandonismo constitucional” é alçado à legitimidade em algum momento.

Nesse sentido, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que desempenham a função de guardiões (mas não donos) da Constituição, não podem ser confundidos com “senhores de engenho” ou “feitores” que impõem suas vontades sobre a população. Ao contrário, devem agir como servos da lei e da democracia, comprometidos em assegurar que a Constituição seja aplicada de maneira justa e imparcial.

O tempo do relho é pretérito porque a liberdade é um jardim que foi plantado e deve ser regado ininterruptamente, para que se possa contemplar as rosas sem os riscos dos espinhos. Quem pretenda, sob qualquer argumento, formular proposições autoritárias e monocórdias como solução apenas acirra embates entre compatriotas.

O Estado Democrático de Direito: A Lei Para Todos

Não há como falar em Estado Democrático de Direito sem a indispensável compreensão de que a lei é para todos e é um pilar fundamental. Traduzindo: nenhum cidadão ou instituição está acima da lei, principalmente aqueles encarregados de interpretá-la. Ao interpretar a Constituição da República os ministros do STF estão a serviço de toda a nação para exercer sua função interpretativa, sendo-lhes vedado

criar direitos ou deveres de forma arbitrária; eles elucidam os comandos da Constituição para que sejam aplicados em conformidade com seus princípios (da Constituição, não deles).

É crucial lembrar que o poder conferido aos ministros é derivado do próprio povo, que delega às instituições o dever de atuar em seu interesse. É assim que funciona a democracia representativa.

Portanto, não cabe à Suprema Corte agir como proprietária da Constituição, mas sim como guardiã daquilo que é de todos. Qualquer deliberação aditiva, que inove o núcleo fundamental da Constituição ou cuja existência dependa do processo legislativo, cabe ao Congresso Nacional, o que deve ser rememorado cotidianamente como “cláusula constitucional de temperância”, como tal compreendida a limitação que se inspira na teoria da separação dos poderes.

O Perigo da Centralização de Poder

A Constituição não pode ser tratada como propriedade exclusiva de uma elite. Isto se constitui um perigo, pois significa a centralização de poder como meio de enfraquecer o princípio da soberania popular. Ademais, é uma visão que não apenas desrespeita os princípios democráticos, mas também cria um distanciamento entre as instituições e os cidadãos, que podem sentir que suas vozes não são ouvidas ou respeitadas.

Isto, aliás, está presentemente acontecendo no Brasil, onde estranhamente a liberdade de manifestação está sendo posta em cheque por “escrivãs sonhoriais”, podendo assim ser chamados aqueles que têm o dever ético de defender as liberadades ameaçadas ou já suprimidas, mas que se esmeram ao por-se de joelhos diante dos senhores para receber o “indulto da alforria”, e insistem em ser chamados de jornalistas.

A Constituição é um instrumento que deve aproximar o Estado do povo, garantindo que a justiça seja acessível a todos e que nenhum indivíduo ou grupo seja tratado de maneira desigual perante a lei, sobretudo pelos que eventualmente se ponham acima dela.

A história deste país jamais registrou distância tão grande quanto a que hoje envolve as instituições e as organizações civis e militares que deveriam estar na defesa do povo, mas que têm negligenciado suas competências e prerrogativas em defesa da “Carta de Alforria dos Brasileiros” – a Constituição da República. Conclusão

A “alma de escravo” é uma metáfora poderosa para lembrar que a lei não deve estar submetida a interesses individuais ou de grupos privilegiados. O tempo dos senhores de engenho passou.

No Estado Democrático de Direito, a Constituição é um pacto coletivo, cujo verdadeiro dono é o povo.

Os ministros do STF, ao exercerem suas elevadas funções, devem ser guiados por esse princípio, reconhecendo que sua função é servir, não dominar; é esclarecer, não criar o que lhes é vedado pelo próprio documento constitucional.

Somente assim será possível construir uma sociedade em que a justiça prevaleça, a igualdade seja promovida e a liberdade seja garantida para todos. A Constituição é o alicerce de nossa democracia, e não há espaço para senhores ou feitores em uma nação verdadeiramente livre.

Academia Ludovicense de Letras

Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão

Academia Poética Brasileira

Centro Esportivo Virtual

A "gloriosa história do Maranhão" refere-se aos eventos históricos importantes e às conquistas da região do Maranhão, no Brasil. O Maranhão tem uma rica história que inclui a colonização portuguesa, a exploração do pau-brasil, a Revolta dos Bárbaros e a resistência indígena. Esses eventos moldaram a identidade cultural e social da região, tornando-a um lugar de grande importância histórica.

O período pré-colonial do Maranhão é marcado pela presença de diversas culturas indígenas que habitavam a região muito antes da chegada dos europeus. Aqui estão alguns pontos importantes sobre essa época:

1. Sambaquis: Os sambaquis são montes de conchas e outros resíduos acumulados ao longo do tempo, que serviam como locais de habitação e descarte. No Maranhão, sítios arqueológicos como os sambaquis do Bacanga, Panaquatira e Paço do Lumiar fornecem evidências de ocupações humanas que datam de cerca de 6.600 anos atrás2.

2. Cultura Mina: A tradição ceramista Mina é uma das principais culturas pré-coloniais do Maranhão. Essa cultura é caracterizada por sua cerâmica com padrões formativos distintivos, indicando um alto nível de organização social e habilidades artesanais1.

3. Diversidade Étnica: A Ilha de São Luís, em particular, era densamente habitada por uma diversidade de povos indígenas no momento do contato com os colonizadores europeus. Esses povos eram principalmente coletadores-pescadores-ceramistas, adaptados ao ambiente litorâneo1.

4. Pesquisas Arqueológicas: As pesquisas arqueológicas no Maranhão têm revelado muito sobre as ocupações pré-coloniais, embora ainda existam lacunas no conhecimento devido à falta de fontes e pesquisas extensivas. No entanto, projetos como o Projeto São Luís têm contribuído para a compreensão dessa história1.

Esses aspectos ajudam a compreender a rica história pré-colonial do Maranhão e a importância da região como um ponto de dispersão de populações amazônicas em direção ao Nordeste

Durante o período colonial, o Maranhão foi uma região estratégica para a Coroa Portuguesa devido à sua localização no nordeste do Brasil. Aqui estão alguns pontos importantes:

1. Colonização Portuguesa: Em 1534, o rei D. João III dividiu o Brasil em capitanias hereditárias, incluindo o território do Maranhão. No entanto, a região foi inicialmente ocupada pelos franceses em 1612, que fundaram a França Equinocial na ilha de Upaon-Açu (atual São Luís)2.

2. Expulsão dos Franceses: Em 1615, os portugueses expulsaram os franceses sob o comando de Jerônimo de Albuquerque Maranhão. A cidade de São Luís foi estabelecida como a capital da região2.

3. Invasões Holandesas: No século XVII, os holandeses tentaram invadir a região para expandir a produção de açúcar. Eles foram expulsos pelos portugueses em 16422.

4. Estado do Maranhão: Em 1621, o Maranhão foi elevado à categoria de estado dentro do Brasil colonial, com a capital em São Luís. Esse estado foi criado para melhorar a defesa militar e estimular a economia regional1.

5. Cultivo de Arroz e Algodão: No século XVIII, o Maranhão se destacou pelo cultivo de arroz e algodão, incentivado pela Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, fundada pelo Marquês de Pombal.

Esses eventos ajudaram a moldar a identidade cultural e econômica do Maranhão, deixando um legado que ainda é visível hoje.

O termo "Império" no contexto do Maranhão geralmente se refere ao Império do Brasil, que foi estabelecido após a independência do Brasil em relação a Portugal. O Maranhão aderiu à Independência do Brasil em 28 de julho de 1823, tornando-se parte do nascente Império do Brasil. Durante o período imperial, o Maranhão, assim como outras províncias, passou por mudanças significativas na administração e na estrutura política. A província foi incorporada ao Império e teve que reconhecer a autoridade do Imperador D. Pedro I. Esse período foi marcado por um processo de construção de uma identidade nacional e pela centralização do poder em torno do Imperador

Durante o período imperial do Brasil, o Maranhão foi palco de diversos eventos históricos importantes. Aqui estão alguns dos mais notáveis:

1. Adesão à Independência do Brasil (1823): O Maranhão foi a penúltima província a aderir à Independência do Brasil, em 28 de julho de 1823. Isso ocorreu após a resistência inicial da elite local, que mantinha vínculos estreitos com Portugal1.

2. Balaiada (1838-1841): Esta foi uma revolta popular liderada por Manuel de Balaio, também conhecida como "Guerra dos Bem-te-vis". A revolta envolveu cerca de 12 mil homens e foi uma resposta às medidas arbitrárias do governo imperial, como o recrutamento forçado e a concentração de terras nas mãos de poucos latifundiários2.

3. Revolta da Armada (1893-1894): Esta revolta foi liderada por militares e civis descontentes com o governo do presidente Floriano Peixoto. O movimento teve apoio significativo no Maranhão e resultou em um conflito armado que foi reprimido pelo governo imperial.

4. Revolução de 1930: Embora tecnicamente ocorra após o fim do Império, a Revolução de 1930 teve raízes no descontentamento com o governo imperial e resultou na deposição do presidente Washington Luís e na ascensão de Getúlio Vargas ao poder.

Manuel Francisco dos Anjos Ferreira, mais conhecido como Manuel de Balaio, foi um importante líder da Balaiada, uma revolta popular que ocorreu no estado do Maranhão entre 1838 e 1841. Ele era um fabricante de cestos de palha (balaios), o que lhe rendeu o apelido. Manuel Francisco dos Anjos Ferreira – Wikipédia, a enciclopédia livre

A Balaiada foi uma resposta às medidas arbitrárias do governo imperial, como o recrutamento forçado e a concentração de terras nas mãos de poucos latifundiários. Manuel de Balaio liderou um grupo de pequenos fazendeiros, lavradores, vaqueiros e até escravos que se rebelaram contra a elite conservadora. A revolta teve um impacto significativo na região, chegando a envolver cerca de 12 mil homens e se estendendo até as províncias do Piauí e do Ceará.

Apesar da repressão violenta pelo governo imperial, a Balaiada é vista como um movimento importante na luta por direitos fundamentais e cidadania. Manuel de Balaio é lembrado como um símbolo dessa resistência popular

MANUEL FRANCISCO DOS ANJOS FERREIRA nasceu em dia e mês incertos do ano de 1784, na localidade de Pau de Estopa, Maranhão. Morreu em dia e mês incertos do ano de 1840, na localidade de Caxias.

Um dos fomentadores do movimento revolucionário denominado “Balaiada”, que eclodiu no Maranhão no fim do período regencial (1838). Seu apelido se deve aos balaios que vendia entre as cidades de Coroatá e Itapicuru-Mirim. O movimento surgiu da luta entre os “bem-te-vis”, partido oposicionista, e os “cabanos”, governistas. Ao iniciar-se a rebelião armada, com o assalto à cadeia da Vila de Manga do Igará, pelo vaqueiro Raimundo Gomes, ele vivia pacificamente com a mulher e as duas filhas.

Mas um oficial da Força Pública maranhense, Antônio Rimundo Guimarães, abusando da sua hospitalidade, seduziu as moças. Jurou vingança. Não houve, daí em diante, quem o superasse em crueldade. A revolta se estendeu para o interior, que passou a ser dominado por grupos armados chefiados por ele. Raimundo Gomes (o “Cara Preta”) e o preto Cosme, um ex-escravo que se intitulava “tutor e imperador das liberdades bem-te-vis”, eram os seus lugares-tenentes. Crescendo em violência e audácia, os

revoltosos chegaram a cercar e tomar a Vila de Caxias. Foi a última das suas aventuras, pois morreu baleado por um fazendeiro a quem intimara a entregar todas as posses. Tiooda - Manuel Balaio, o líder da Balaiada

Para o historiador Matthias Assunção o principal motivo era o recrutamento forçado dos filhos de Manuel Francisco dos Anjos Ferreira, mais conhecido como Manuel de Balaio. “Essa versão do Balaio, vingador das suas filhas estupradas”, talvez tenha sido utilizada “pelas elites para explicar o ódio popular como resultado da conduta imprópria de um soldado individual, e nada mais”. Desse modo, “não se mencionava a razão mais profunda do conflito, opondo o Estado e seus agentes, e a população de cor livre, em torno do recrutamento”.

O outro grande líder popular da Balaiada foi Cosme Bento das Chagas, conhecido como “Negro Cosme”, o qual foi responsável por liderar mais de 3 mil escravizados. Era natural de Sobral, província do Ceará, e naquele período da revolta tinha mais ou menos quarenta anos. Em 1838, já era forro e teria sido preso por homicídio na comarca de Itapecuru. Ele foi preso na cadeia de São Luís, mas conseguiu fugir e retornar para a ribeira do Itapecuru. Segundo Assunção, por ser alfabetizado, Chagas sabia da importância da alfabetização, “tanto que estabeleceu, em plena guerra, uma escola de primeiras letras na Lagoa Amarela. Certamente foi uma liderança forte. Tinha fama de ‘feiticeiro’ e não hesitava em usar os adornos da igreja católica em procissões que organizara”.

Em 1840, a Balaiada começava a dar sinais de declínio; os seus líderes passaram a sofrer derrotas. Manuel Francisco dos Anjos Ferreira, o Balaio, foi ferido por ocasião da segunda tomada da cidade de Caxias, em outubro de 1839, falecendo poucos dias depois nas imediações da cidade. Já Raimundo Gomes apostou em uma aliança com os escravizados sob a liderança do Negro Cosme, mas não foi muito duradora. Gomes se rendeu confiando na lei de anistia, mas foi encaminhado para a província de São Paulo, aonde chegou morto. Já Negro Cosme e seus seguidores foram alvos da violência das forças do governo, que só consideraram a revolta debelada depois que Cosme e seu grupo foram derrotados.

Ruínas do Quartel da Balaiada. Imagem do Memorial da Balaiada, em Caxias, no Maranhão. Foto: Almanaque Lusofonista, Wikimedia.

A guerra dos Bem-te-vis não teve sucesso por vários motivos, dentre os quais a forte campanha militar liderada por Luís Alves de Lima e Silva, o futuro duque de Caxias, o vencedor da guerra, que no contexto da revolta ficou conhecido por ter “pacificado” as províncias que estavam envolvidas neste movimento. Entre as suas medidas está a estratégia de tentar minar a união entre os balaios, o qual teve êxito no momento

final, marcado pela fome, doenças, desgaste físico e muita perseguição aos rebeldes. O seu histórico de militar bem-sucedido nas missões que participou rendeu-lhe o título de Patrono do Exército Brasileiro. Em São Luís essa homenagem está exposta na estátua em frente ao quartel do exército, e na associação que é feita da sua imagem com a repressão da revolta, uma vez que escolheu o nome Caxias para seu título nobiliárquico, uma referência à cidade que representou a revolta dos balaios

A Balaiada foi reprimida pelo governo e pela memória. A forma como essa história foi contada sofreu várias tentativas de manipulação política conservadora. Para muitas narrativas sobre a revolta, a luta dos Bem-tevis foi condenada como uma luta criminosa, motivada pela violência e pilhagem, ou ainda, como uma página da história do Maranhão que deveria ser esquecida e renegada. Ao invés de compreender a luta por cidadania, as narrativas oficiais que circularam até meados do século XX exaltavam os agentes da repressão, considerados “pacificadores”, como o militar Luís Alves de Lima, o futuro duque de Caxias.

O primeiro autor a lançar impressões sobre a Balaiada foi o escritor Domingos José Gonçalves de Magalhães, secretário do presidente da Província do Maranhão, o militar Luís Alves de Lima e Silva. Magalhães publicou um artigo sobre a Balaiada em 1848, na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. A obra se intitula a Memória histórica e documentada da Revolução da Província do Maranhão desde 1839 até 1840. Nela, o autor conta a história da Balaiada pelo lado do “vencedor” e foi tomada como uma “verdade histórica”, já que o autor foi contemporâneo ao movimento e sua narrativa se apresenta como um “testemunho dos acontecimentos”. Suas impressões sobre essa revolta são de reprovação aos rebeldes e de acusação dos políticos liberais, vistos como os responsáveis pela disseminação das ideias que incentivaram os populares a pegarem em armas.

O ocultamento dos reais contornos Balaiada só começou a ser quebrado nas primeiras décadas do século XX, com a publicação da obra O Sertão, em 1924, da escritora Carlota Carvalho, no contexto do centenário da Independência política do Brasil. Neste livro, a autora traz um olhar diferente dos participantes da Balaiada, com motivações políticas que ligavam os anseios desses rebeldes às lutas da época da Independência.

Esses eventos ajudaram a moldar a história e a identidade do Maranhão durante o período imperial.

Durante a República Velha, o Maranhão também foi palco de eventos significativos. Aqui estão alguns dos principais fatos históricos desse período:

1. Adesão à República (1889): O Maranhão aderiu à Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, tornando-se uma das primeiras províncias a reconhecer o novo regime.

2. Política Oligárquica: Assim como em outras regiões do Brasil, o Maranhão foi dominado por oligarquias locais que controlavam o poder político e econômico. A política do café com leite também influenciou a região, com a alternância de poder entre São Paulo e Minas Gerais.

3. Movimento Abolicionista: O Maranhão foi um dos estados que mais se destacaram no movimento abolicionista. A Lei Áurea, que aboliu a escravidão no Brasil, foi assinada pelo então presidente maranhense Prudente de Morais em 1888.

4. Balaiada (1838-1841): Embora ocorra antes da República Velha, a Balaiada é um evento importante que influenciou a política local. A revolta popular liderada por Manuel de Balaio foi uma resposta às injustiças sociais e econômicas da época.

5. Revolta da Armada (1893-1894): Esta revolta militar ocorreu durante a República Velha e teve apoio significativo no Maranhão. A revolta foi liderada por marinheiros descontentes com o governo de Floriano Peixoto e resultou em um conflito armado que foi reprimido pelo governo imperial.

6. Revolução de 1930: Embora tecnicamente marque o fim da República Velha, a Revolução de 1930 teve raízes no descontentamento com o governo imperial e resultou na deposição do presidente Washington Luís e na ascensão de Getúlio Vargas ao poder.

Esses eventos ajudaram a moldar a história política e social do Maranhão durante a República Velha.

Durante a Revolução de 1930, o Maranhão foi um dos estados que apoiaram a deposição do presidente Washington Luís e a ascensão de Getúlio Vargas ao poder. Aqui estão alguns eventos históricos importantes que ocorreram no Maranhão durante esse período:

1. Apoio à Revolução: O Maranhão foi um dos primeiros estados a se alinhar com a Revolução de 1930, liderada por Getúlio Vargas. A região teve um papel significativo na derrubada do governo de Washington Luís.

2. Movimento Popular: A revolução contou com o apoio de diversos setores da sociedade maranhense, incluindo trabalhadores, pequenos agricultores e intelectuais que estavam descontentes com o governo imperialista e oligárquico.

3. Repressão e Conflitos: Houve episódios de repressão e conflitos armados entre os revolucionários e as forças leais ao governo de Washington Luís. Esses conflitos resultaram em vários confrontos e mortes na região.

4. Ascensão de Getúlio Vargas: Com a deposição de Washington Luís, Getúlio Vargas assumiu a presidência provisória e, posteriormente, a presidência constitucional. O Maranhão foi um dos estados que apoiou a nova administração.

Getúlio Vargas teve um impacto significativo no Maranhão durante sua presidência. Aqui estão alguns dos principais aspectos de sua era no estado:

1. Revolução de 1930: O Maranhão foi um dos estados que apoiou a Revolução de 1930, que resultou na deposição do presidente Washington Luís e na ascensão de Getúlio Vargas ao poder.

2. Políticas Trabalhistas: Vargas implementou várias reformas trabalhistas que beneficiaram os trabalhadores no Maranhão, incluindo a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 1943, que garantiu direitos fundamentais como jornada de trabalho de 8 horas e salário mínimo.

3. Industrialização: Durante o governo de Vargas, houve um esforço significativo para promover a industrialização do Brasil, incluindo o Maranhão. Isso ajudou a diversificar a economia da região e a criar empregos.

4. Políticas Sociais: Vargas também implementou várias políticas sociais que beneficiaram a população do Maranhão, como a criação do Instituto de Aposentadorias e Pensões (IAP), precursor do INSS.

5. Cultura e Educação: Vargas incentivou a educação e a cultura, o que teve um impacto positivo no Maranhão. Ele investiu na construção de escolas e na promoção da cultura local. Esses aspectos ajudaram a moldar a história e o desenvolvimento do Maranhão durante a era Vargas.

O período pós-Vargas no Maranhão, que corresponde à Quarta República Brasileira (1945-1964), foi marcado por diversos eventos e transformações importantes. Aqui estão alguns dos principais aspectos desse período:

1. Política Coronelista: Durante esse período, o Maranhão foi dominado pelo coronelismo, uma forma de política caracterizada pelo controle dos poderes locais por líderes regionais, conhecidos como coronéis. Um dos mais notáveis foi Vitorino Freire, que exerceu grande influência política no estado entre 1945 e 1965.

2. Movimento Vitorinista: Vitorino Freire, também conhecido como "Marechal da Balaiada", foi uma figura central na política maranhense. Ele liderou o movimento vitorinista, que se baseava em alianças políticas e clientelismo para manter o controle sobre a máquina pública estatal1.

3. Desenvolvimento Econômico: O período pós-Vargas também viu um crescimento econômico e industrial no Maranhão, embora desigual. Houve investimentos em infraestrutura e na diversificação da economia, mas as desigualdades sociais continuaram a ser um desafio.

4. Reformas Trabalhistas: Embora muitas das reformas trabalhistas tenham sido implementadas durante o governo de Vargas, seu legado continuou a influenciar a política trabalhista no Maranhão durante a Quarta República.

5. Conflitos Políticos: O período foi marcado por tensões políticas e disputas eleitorais, com figuras como Vitorino Freire e seus aliados enfrentando oposição de outros grupos políticos e líderes locais

A Quinta República Brasileira (1964-1985) foi um período de intensas mudanças políticas e sociais no Maranhão. Aqui estão alguns dos principais eventos e aspectos desse período:

1. Golpe Militar de 1964: O Maranhão, assim como outras regiões do Brasil, foi afetado pelo golpe militar de 1964, que resultou na deposição do presidente João Goulart e na instauração de um regime militar.

2. Política de Desenvolvimento: Durante a Quinta República, o governo militar promoveu políticas de desenvolvimento econômico e infraestrutura, incluindo investimentos em rodovias, portos e outras obras públicas no Maranhão.

3. Movimento Estudantil e Oposição: O período também foi marcado por movimentos estudantis e de oposição ao regime militar. No Maranhão, houve manifestações e protestos contra a ditadura, especialmente entre estudantes e intelectuais.

4. Reformas Agrárias: Embora o governo militar tenha implementado algumas reformas agrárias, como a Reforma Agrária de 1964, o impacto dessas políticas no Maranhão foi limitado e muitas vezes insuficiente para resolver os problemas de desigualdade de terras.

5. Retorno da Democracia (1985): O fim da Quinta República e o retorno da democracia em 1985 foram celebrados no Maranhão, assim como em outras partes do Brasil. Esse período marcou o início de uma nova era de liberdade e renovação política.

A Sexta República Brasileira (1985-presente) foi um período de transformações significativas no Maranhão. Aqui estão alguns dos principais eventos e aspectos desse período:

1. Redemocratização: A redemocratização trouxe o fim da ditadura militar e o retorno das eleições livres, marcando uma nova era de liberdade e democracia no Maranhão.

2. Eleições Livres: Desde o fim da ditadura, o Maranhão tem participado ativamente das eleições livres, com figuras políticas locais ganhando destaque nacional, como Luiz Inácio Lula da Silva, que foi governador do estado antes de se tornar presidente do Brasil.

3. Desenvolvimento Econômico: O estado tem buscado diversificar sua economia, investindo em setores como agricultura, turismo e indústria. Houve um esforço contínuo para melhorar a infraestrutura e atrair investimentos.

4. Política e Corrupção: Assim como em outras regiões do Brasil, o Maranhão enfrentou desafios relacionados à corrupção política. Diversos políticos locais foram investigados e processados por corrupção.

5. Movimentos Sociais: O período também viu o surgimento de movimentos sociais e organizações comunitárias que lutaram por direitos sociais, ambientais e culturais. Esses movimentos desempenharam um papel importante na defesa dos interesses da população maranhense.

6. Cultura e Identidade: O Maranhão tem se esforçado para preservar e promover sua cultura e identidade, com iniciativas para valorizar a música, a dança e as tradições locais.

A identidade do maranhense foi moldada por uma combinação de fatores históricos, culturais e sociais ao longo dos séculos. Aqui estão alguns dos principais elementos que contribuíram para essa identidade:

1. Herança Cultural: A cultura maranhense é rica e diversificada, com influências indígenas, africanas e europeias. Manifestações culturais como o Bumba-meu-boi e o Tambor de Mina são exemplos de como essas influências se combinam para criar uma identidade cultural única.

• Bumba-meu-boi: Este é um dos folguedos mais tradicionais do Maranhão, com raízes na cultura indígena e africana. O Bumba-meu-boi é uma manifestação cultural que celebra a fertilidade e a vida, envolvendo danças, músicas e personagens coloridos.

• Tambor de Mina: Este é um ritual religioso afro-brasileiro que combina elementos da cultura africana e indígena. O Tambor de Mina é uma forma de expressão espiritual e cultural que envolve danças, cânticos e oferendas aos orixás.

• Culinária: A culinária maranhense é conhecida por suas delícias regionais, como o pão de queijo, o baião de dois, e o cuxá. Esses pratos refletem a mistura de influências indígenas, africanas e europeias na gastronomia local.

• Música e Dança: A música maranhense é marcada por ritmos como o forró, o baião e o xaxado. A dança também é uma parte importante da cultura, com festas e celebrações que envolvem coreografias tradicionais.

• Artesanato: O Maranhão é conhecido por seu artesanato, incluindo cestos de palha, cerâmicas e bordados. Esses produtos artesanais refletem a habilidade e a criatividade dos maranhenses.

• História e Memória: A história do Maranhão, com eventos como a Balaiada e a resistência indígena, é uma parte importante da identidade cultural da região. A memória desses eventos é preservada através de festivais, monumentos e tradições orais.

2. Língua e Dialeto: O modo de falar dos maranhenses, conhecido como maranhês, é uma variante do português brasileiro com características próprias. A língua é um elemento importante na identidade regional, refletindo a história e as influências dos diferentes povos que habitaram a região

Vocábulos e Expressões Locais: O maranhês possui uma série de palavras e expressões únicas que não são encontradas em outras regiões do Brasil. Por exemplo, a palavra "cuxá" refere-se a um prato típico da culinária maranhense.

Pronúncia e Entonação: A pronúncia do maranhês pode diferir da norma culta do português, com variações na entonação e na articulação das palavras. Isso contribui para a identidade linguística da região.

Influências Culturais: O maranhês incorpora influências das culturas indígenas, africanas e europeias que se misturaram ao longo dos séculos. Isso é evidente em palavras e expressões que têm origem em diferentes tradições culturais.

Uso Cotidiano: O maranhês é amplamente utilizado na comunicação diária entre os habitantes da região, tanto em contextos informais quanto formais. Ele é uma parte importante da identidade cultural e social dos maranhenses.

3. História e Resistência: A história do Maranhão é marcada por eventos de resistência e luta, como a Balaiada liderada por Manuel de Balaio. Esses eventos ajudaram a formar uma identidade de resistência e força.

• Balaiada (1838-1841): Liderada por Manuel de Balaio, a Balaiada foi uma revolta popular contra o governo imperial, motivada por injustiças sociais e econômicas. A resistência dos maranhenses durante essa revolta é um símbolo de sua força e determinação.

• Resistência Indígena: Antes da chegada dos colonizadores europeus, as tribos indígenas da região resistiram às invasões e tentaram preservar suas terras e modos de vida. Essa resistência deixou um legado importante na história do Maranhão.

• Movimento Abolicionista: No século XIX, o Maranhão foi um dos estados que mais se destacaram no movimento abolicionista. A luta contra a escravidão e a defesa dos direitos dos escravos contribuíram para a formação de uma identidade de resistência e justiça social.

Imprensa e Educação: A imprensa maranhense desempenhou um papel crucial na disseminação das ideias abolicionistas. Jornais e revistas publicavam artigos e debates que ajudavam a conscientizar a população sobre os horrores da escravidão e a necessidade de sua abolição1.

Movimentos Estudantis: Estudantes e intelectuais foram figuras importantes no movimento abolicionista no Maranhão. Eles organizavam comícios, palestras e outras atividades para promover a causa

abolicionista2. Um exemplo notável é Adelina Charuteira, uma escravizada que se juntou a movimentos estudantis e ajudou a libertar outras pessoas negras escravizadas.

Adelina Charuteira foi uma figura importante no movimento abolicionista no Maranhão durante o século XIX. Nascida em 1859 em São Luís, ela foi prometida à alforria aos 17 anos, mas essa promessa nunca foi cumprida1. Apesar disso, Adelina se envolveu ativamente na luta pela abolição da escravidão.

Ela trabalhou como vendedora de charutos, o que lhe deu a liberdade de circular pela cidade e ajudar na libertação de escravos. Adelina se juntou a um grupo de estudantes conhecido como Clube dos Mortos, que ajudava a libertar escravizados através da compra de alforrias ou da fuga1. Sua contribuição foi essencial para a libertação de muitos escravos, e ela continuou a lutar pela causa mesmo após conquistar sua própria liberdade em 1876. Adelina Charuteira é lembrada como uma mulher corajosa e determinada que fez uma diferença significativa na luta contra a escravidão no Maranhão

Adelina nasceu em 07 de abril de 1859 e foi batizada em 27 de novembro de 1859 pelo reverendo padre Antônio Francelino de Abreu na igreja Matriz. Seus padrinhos se chamavam Manuel Joaquim da Fonseca e Dona Maria Magdalena Henriques Viana. Adelina era filha de escrava com um senhor de escravos. Ela e sua mãe chamada de "Boca da Noite" mas seu verdadeiro nome era Josepha Tereza da Silva. As duas tinham tratamento privilegiado perante os demais escravos, por preferência do senhor.

Quando seu pai que se chamava João Francisco da Luz teve um revés financeiro, passou a fabricar charutos, encarregando a filha da venda avulsa pela cidade inclusive dizem as más línguas que se tratava de uma formidável vendedora onde tinha como clientes os alunos do Liceu Maranhense e muita gente famosa daquela época , o que lhe dava liberdade de movimentos em São Luís por grande parte de suas ruas . Ela aproveitou para trabalhar em prol da libertação dos escravos, ajudando uma associação de estudantes conhecida como Clube dos Mortos, que ajudava na libertação e fuga de escravos.

Frequentava o Largo do Carmo com muita frequência, onde eram promovidos comícios e palestras a favor da abolição. Seu oficio a levou a formar uma vasta rede de relacionamentos e a conhecer bem toda a cidade, seu ofício ajudava a não levantar suspeitas, ajudando na libertação de muitos escravos.

Clubes Abolicionistas: Clubes e associações abolicionistas foram formados para apoiar a causa da abolição. Esses grupos organizavam eventos, arrecadavam fundos e ajudavam a libertar escravos através da compra de alforrias ou da fuga. Alguns dos mais notáveis incluem:

1. Clube dos Mortos: Este clube foi formado por estudantes e intelectuais que se dedicavam a ajudar na libertação de escravos. Eles organizavam comícios, arrecadavam fundos e ajudavam escravizados a fugirem ou a comprar suas alforrias. Os membros do clube organizavam comícios, palestras e outras atividades para conscientizar a população sobre os horrores da escravidão e ajudar na fuga ou na compra de alforrias dos escravizados1. Adelina Charuteira foi uma figura importante nesse clube. Como vendedora de charutos, ela tinha a liberdade de circular pela cidade e usava essa oportunidade para ajudar na libertação de escravos1. Ela se tornou uma ligação vital entre os estudantes do clube e os escravizados, fornecendo informações e apoio para a fuga e a compra de alforrias

2. Clube do Cupim: Embora este clube tenha sido fundado em Pernambuco, ele teve membros maranhenses e desempenhou um papel importante na campanha abolicionista. O Clube do Cupim foi criado em 1884 e ajudou a organizar a fuga de muitos escravos para a liberdade.

Esses clubes foram fundamentais na mobilização da população e na pressão para a abolição da escravidão no Maranhão.

Legislação: O movimento abolicionista no Maranhão também envolveu a luta por mudanças legislativas. A pressão dos abolicionistas levou à aprovação de leis que gradualmente reduziram a escravidão e, eventualmente, à abolição completa da prática.

Resistência dos Escravizados: Os próprios escravizados também desempenharam um papel importante na luta pela abolição. Suas fugas, revoltas e outras formas de resistência ajudaram a chamar a atenção para a injustiça da escravidão e a pressionar por mudanças.

• Revolta da Armada (1893-1894): Durante a República Velha, a Revolta da Armada foi um movimento militar liderado por marinheiros descontentes com o governo de Floriano Peixoto. O Maranhão teve um papel significativo nesse conflito, que resultou em um confronto armado com o governo imperial.

• Revolução de 1930: O Maranhão foi um dos estados que apoiou a Revolução de 1930, que resultou na deposição do presidente Washington Luís e na ascensão de Getúlio Vargas ao poder. Esse evento marcou o fim da República Velha e o início de uma nova era política.

4. Relações Sociais e Econômicas: A estrutura social e econômica do Maranhão, com suas desigualdades e conflitos, também desempenhou um papel na formação da identidade maranhense. A relação entre diferentes grupos sociais e raciais contribuiu para a diversidade cultural da região1.

5. Identidade Regional: A identidade maranhense é construída em meio a dissensos, ambiguidades e tensões, refletindo as múltiplas diferenças e desigualdades existentes na região. Essa identidade é um processo contínuo de construção e redefinição1. Esses elementos ajudaram a moldar a identidade do maranhense, criando uma cultura rica e diversificada que é reconhecida tanto dentro quanto fora do estado

Referências Bibliográficas

ABRANTES, Elizabeth Sousa; PEREIRA, Jesus. Josenildo de; MATEUS, Yuri Givago Alhadef Sampaio (orgs.). Histórias e Memórias da Balaiada. 1. ed. São Luís: EDUEMA, 2022.

ASSUNÇÃO, Matthias Rohrig. A Guerra dos Bem-te-vis. São Luís: SIOGE, 1988.

ASSUNÇÃO, Matthias Röhrig. Quilombos Maranhenses. In: REIS, João José; GOMES, Flávio dos Santos. Liberdade por um fio: história dos quilombos no Brasil. São Paulo: Cia das Letras, 1996, p. 433-466.

CARVALHO, Carlota. O Sertão: subsídios para a história e a geografia do Brasil. 3. ed. Teresina: EDUFPI, 2011.

DIAS, Claudete Maria Miranda. Balaios e bem-te-vis: a guerrilha sertaneja. 3 ed. rev. atual. Teresina: EDUFPI, 2014.

MAGALHÃES, Domingos José de. Memória histórica e documentada da revolução da província do Maranhão desde 1839 até 1840. São Paulo: Siciliano, 2001.

MATEUS, Yuri Givago Alhadef Sampaio. A (Des)Ordem Imperial Brasileira: as lutas populares por cidadania no Maranhão no contexto de construção do Estado Nacional (1823-1841). 2023. 273 f. Tese (Doutorado em História) – Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2023. Como citar este artigo

ABRANTES, Elizabeth Sousa; MATEUS, Yuri Givago Alhadef Sampaio. A Balaiada: luta por cidadania no Maranhão Imperial (Artigo). In: Café História. Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/a-balaiada-luta-por-cidadania-no-maranhao-imperial/ Publicado em 28 set. de 2023. ISSN: 2674-5917.

Esses eventos ajudaram a moldar a história e a identidade do Maranhão durante o período imperial.

OSMAR GOMES DOS SANTOS

A expressão popular que dá título a este texto tem longa tradição na seara jurídica, evocando a imparcialidade que deve nortear a atuação do Poder Judiciário. Contudo, sua essência também se aplica ao senso de justiça em qualquer esfera.

Na última semana ocupei alguns minutos do leitor desta coluna para tratar da retirada do filtro de checagem de fatos nas redes sociais da Meta. Em que pese a autoridade máxima da empresa informar que a medida não alcança o Brasil, certamente nos preocupa.

Após a publicação desse texto, participei, ao longo da semana, de debates produtivos e enriquecedores.

Em alguns deles, meus interlocutores sugeriram incluir, no mesmo contexto, diferentes produções culturais que, segundo eles, também poderiam ferir os bons costumes.

Como julgador, a impessoalidade é um dos princípios que norteiam minha atuação, refletida no lema do Chico e do Francisco. Também, em alusão a um texto bíblico, este, nos ensina que devemos evitar dois pesos e duas medidas, aplicando um único critério que seja justo, honesto e transparente, tanto no julgamento quanto na ação.

Em relação aos debates travados, fui provocado e decidi estender o mesmo debate para quem sabe, levar a discussão para além das redes sociais, onde está polarizada entre lado A e lado B, verdade e mentira. Assim, da mesma forma como ocupei este espaço para defender a regulamentação, como forma de evitar desinformação, discursos de ódio, proponho a ampliação do debate a outras formas de manifestação. Existe a possibilidade de uma regulamentação geral?

Tal como não deve haver licença para declamar conteúdos que atentem aos bons costumes e contra o Estado democrático, sob o pano da liberdade de expressão, a discussão alcança a licença poética. Se a “tal liberdade” dá margem para manifestações que ferem valores, penso que podem atentar contra a ordem e, portanto, cabem “filtros”.Quais sejam: letras de músicas e enredos de tramas que fazem apologia à violência, à sexualidade, ao racismo estrutural e até mesmo à pornografia; expressões ditas de baixo calão, para amenizar os temos, são ditas e tocadas aos quatro cantos, ferindo espaços, horários e a classificação indicativa de idade; conteúdos livres para serem consumidos a qualquer tempo, muitas vezes nas redes sociais, noutras vezes até presentes em livros, canais abertos e outros meios de comunicação.

Não pode haver questionamento sobre isso?

Não se trata de estabelecer uma cruzada à caça de tudo e de todos, mas de estabelecer equilíbrio e coerência com o instituto da regulamentação. Entendo que o tema ainda renderá boas doses de reflexão.

Diante dessas ponderações, importante manter viva a seguinte indagação: caberia um modelo de regulamentação geral que alcançasse todos os bens culturais em nossa sociedade?

Diante dos argumentos acima reproduzidos, não acho difícil que um modelo de democracia “regulada” seja pensado.

Bom ou ruim, fato é que nossas atitudes precisam encontrar limites. Tudo no seu momento e no seu espaço. A expressão bom senso nunca fez tanto sentido como no atual contexto.

*JuizdeDireito da Comarcada IlhadeSãoLuís. Membrodas Academias LudovicensedeLetras; Maranhense de Letras Jurídicas; ALMA – Academia Literária do Maranhão e AMCAL – Academia Matinhense de Ciências, Artes e Letras.

OUTONO DE CARNE ESTRANHA

No início da década de 1980, eu era um dos tantos garotos que moravam no Parque Estrela D’Alva, que, naquela época, não passava de um incipiente loteamento ligado à cidade de Luziânia (GO).

Todo final de mês, uma das vizinhas - Chamada Maria de Lourdes (não declinarei o sobrenome), sabendo que eu estudava em Luziânia, pedia-me um favor: “Você pode ir até o banco e ver se tem algum depósito para mim?” Sem problema. Eu chegava ao banco, enfrentava uma pequena fila e fazia a pergunta ao caixa. A resposta era, invariavelmente, não.

Um dia, depois de muitos meses dessa angustiada espera, ela me falou o porquê daquele pedido mensal: seu marido havia partido para o garimpo de Serra Pelada e ficou de enviar-lhe dinheiro para o sustento da família.

A literatura tem o dom de despertar memórias afetivas que estavam jogadas nos desvãos do esquecimento. Digo isso por perceber que hoje, mais de quatro décadas depois, dona Maria de Lourdes, que, provavelmente, já deve ter feito sua viagem final, voltou à minha memória, como se eu ainda fosse aquele garoto na fila do banco

E como isso aconteceu? Simples, na leitura do livro Outono de carne estranha (Editora Record, 2023, 176 páginas), escrito por Airton Souza, vencedor do Prêmio SESC de Literatura em 2023.

Trata-se de um romance ambientado justamente em Serra Pelada, durante o período em que a esperança de enriquecer no garimpo levou milhares de pessoas àquele local. Muitos não conseguiram enriquecer e nem mesmo tiveram a sorte de voltar para o seio de suas famílias.

Utilizando uma linguagem que mescla a crueza de algumas descrições e metáforas carregadas de poeticidade, Airton Souza constrói sua narrativa a partir de uma relação homoafetiva e suas consequências dentro de uma sociedade explicitamente violenta e eivada de preconceitos.

Ao longo do romance, o leitor entra em contato com cenas que evocam assassinatos, torturas, desmandos e ameaças. Tudo em um tom realístico e repleto de dores, odores e fluidos corporais. O que pode chocar alguns leitores menos afeitos aos estilos adotados pelas narrativas contemporâneas.

Porém, quem se ativer apenas às cenas de sexo e/ou de violência irá perder a oportunidade de entrar em contato com um texto poeticamente bem elaborado e com discussões que podem ir além dos entornos de Serra Pelada e de uma época historicamente datada.

Embora o romance seja centrado em um ponto específico de um Brasil das décadas finais do século XX, as críticas e denúncias levantadas pelo autor assumem um caráter universal e não apenas regional. Um exemplo disso é a constante, porém quase sempre invisível presença do marechal e de seus bate-paus. Além de representarem a vigilante presença de um Estado que apenas explora, vigia e pune - sem nada oferecer em troca -, eles são também a viva metáfora de um medo que se apresenta diante do trabalhador em forma de armas brancas, armas de fogo, palavras e até de silêncios.

No livro, Zuza e Manel vão muito além de um casal homoafetivo. Eles são a representação icônica de uma parte da sociedade que se vê impotente diante de fatos e de ordens absurdas, mas que devem ser cumpridas. Representam também os passados silenciados pelos poderes e que só podem ser revividos pelas recordações. Contudo, diante das condições adversas, até mesmo as memórias passam a não serem confiáveis.

No livro, há espaço para quase todos os seres humanos a quem foram negadas condições básicas de vida. Há o padre desencantado com tudo. Há as prostitutas que se entregam em trocas de algumas cédulas. Há a família que ficou distante e que espera o retorno do ente querido. Há quem não possa assumir publicamente a própria sexualidade. Há quem não suporte as pressões do garimpo. Há o explorador e o explorado. Há quem apenas sonhe em um dia bamburrar…

Bamburrar - que significa enriquecer com o ouro encontrado no garimpo - é uma das palavras que norteiam o livro e as reações das personagens. Logo se descobre que bamburrar não é apenas questão de sorte ou de esforço próprio. É preciso também sobreviver às diversas formas de exploração. É preciso inclusive lutar para manter a sanidade mental.

Quase no final do romance, na página 172 do livro, é possível encontrar uma frase que resume tudo: “Em Serra Pelada, cada homem era apenas a continuação de sua própria desgraça”. Uma síntese perfeita para vidas que se reconhecem como vítimas constantes de tantos abusos. Ali, cada palavra dita pode se transformar em um permanente alvo colado a alguma parte essencial de quem ousou sonhar.

Outono de carne estranha é um livro para ser lido com calma. Antes de iniciar a leitura das primeiras páginas, seria bom trancar todos os preconceitos em um imaginário cofre e partir rumo a um terreno desconhecido, onde dores e odores se impregnarão em sua alma e em sua pele, mandando inclusive seu modo de encarar as realidades alheias.

Termino o livro e volto a pensar em dona Maria de Lourdes. Será que algum dia, depois que eu fui embora da cidade, apareceu algum dinheiro em sua conta? Será que o marido dela bamburrou e depois voltou para casa? Será que morreu no garimpo? Será que foi perseguido pelo marechal? Será que conheceu alguém parecido com Manel e Zuza? Será?

Nunca saberei… Mas pelo menos a literatura me permite imaginar e desejar que tudo tenha dado certo.

Airton Souza – Wikipédia, a enciclopédia livre

Airton Souza de Oliveira (Marabá, 23 de março de 1982) é um historiador, linguista, professor, ativista social e escritor brasileiro. Sua escrita contabiliza mais de 40 livros nos gêneros de poesia, crônica, conto, romance e literatura infantojuvenil.

Vida acadêmica e profissional Airton nasceu em 23 de março de 1982 na cidade de Marabá, filho de Maria Barbosa de Souza e Raimundo Gonçalves de Oliveira. Viveu sua infância e juventude no bairro das Laranjeiras, em Marabá.[1] Fez seus estudos fundamentais e médios na década de 1990 nesta cidade, respectivamente na Escola Municipal de Ensino Fundamental Deuzuita Melo de Albuquerque e na Escola Estadual Prof. Acy de Jesus Neves Pereira Barros.[2]

Em 2012 Airton licenciou-se em história pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci (Uniasselvi), e em letras no ano de 2014 pela Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). Em 2019 tornou-se mestre em letras pela Unifesspa.[3]

Neste ínterim, trabalhou como professor de história na Prefeitura de Marabá entre 2010 e 2014, e como coordenador da Biblioteca Municipal Orlando Lima Lobo de Marabá entre 2014 e 2016; concursou-se como professor de história na Prefeitura Municipal de Itupiranga em 2015, e mantêm vínculo com esta desde então.[4]

Como linguista e ativista social, tornou-se um dos principais organizadores do Sarau da Lua Cheia, do Papo Literário, do Projeto Tocaiúnas e do Projeto Poemando, eventos que realizam oficinas de leituras e escritas literárias, com forte incentivo a escrita de crianças e adolescentes.[5]

Carreira como escritor

Sua escrita poética iniciou-se aos 14 anos de idade[1] numa tentativa de descrever seu cotidiano,[2] e numa fuga do contexto de pobreza e violência que o cercava.[1] Aos 18 anos teve seu primeiro poema, denominado Sextilha do Nordeste, publicado num periódico de Marabá.[2] Continuou a divulgar sua escrita, participando de festivais e saraus regionais de poesia durante a década de 2000, granjeando reconhecimento principalmente em Marabá.[4]

Sua carreira como escritor porém viria tomar outra dimensão quando ingressou nas faculdades de história e letras. Ali buscou se integrar nos grupos de literatura que o incentivaram a reunir sua escrita em publicações. Este novo período inicia-se pelos livros "Incultações Noturnas", em 2009,[1] e "O cair das horas", publicado em 2011.[6]

A partir de então ganhou reconhecimento nacional por suas obras como o III Prêmio PROEX de Literatura da Universidade Federal do Pará (2012), por sua obra "Canto Solidão";[7] o Prêmio Dalcídio Jurandir de Literatura, em 2013 e 2019, respectivamente pelos livros "Ser não sendo"[8] e "Receita para angustiar o amor no coração da noite",[9] e; o III Prêmio Universidade Federal do Espírito Santo de Literatura (2015), por sua obra "Cortejo & outras begônias".[10] Pelo Concurso Internacional de Literatura da União Brasileira de Escritores (UBE), de 2019, Airton ganhoumedalhadeouropelolivroinfanto-juvenil"Quemtem medodeMatinta?".Além destes,diversos outrosprêmios e reconhecimentos vieram por suas obras.[3]

Airton é membro da Academia de Letras do Sul e Sudeste Paraense (ALSSP), ocupando a cadeira nº 15, que tem como patrono o poeta Max Martins; Airton foi o primeiro presidente da ALSSP.[3] É membro também da Academia de Letras de Marabá (ALMA), ocupando a cadeira nº 09, que tem como patrono o poeta Aziz Mutran Filho.[3] Com o livro Outro outono de carne estranha, ganhou o Prêmio Sesc de Literatura em 2023 como o melhor livro do ano na categoria romance. O livro foi publicado pela editora Record, com o título Outono de carne estranha [11][12]

Acusações de censura

Souza acusou a organização do Prêmio Sesc de homofobia, censura e boicote na promoção de Outono de Carne Estranha [13] O romance trata, entre outros temas, da relação homossexual entre dois garimpeiros em Serra Pelada, na década de 1980. Em novembro de 2023, a leitura pública de trechos do livro teria provocado "constrangimentos" entre os organizadores do prêmio. Em janeiro de 2024, Henrique Rodrigues, um dos idealizadores, foi demitido da organização do prêmio.[14] Após a repercussão negativa do caso, a editora Record rompeu a parceria com o Sesc em publicar os vencedores do prêmio. Em março, a organização publicou o edital da edição 2024 do prêmio, com uma série de alterações: a inclusão da categoria "poesia", a publicação dos vencedores pela Editora Senac Rio e a mudança inscrição de "livros destinados ao público adulto" a "livros destinados a todos os públicos"[15]

Obras

Se no início a poesia vinha como tentativa de retratar seu cotidiano e realidade numa periferia, Airton considera que no amadurecer de sua carreira como escritor seu ímpeto em escrever vem da necessidade de pôr para fora aquilo que seus antepassados e pessoas humildes de sua redondeza não puderam, pois não tiveram oportunidade de alfabetização ou condições financeiras; classifica como a escrita de um porta voz popular.[16]

As crônicas, poemas e contos, além de obras de literatura infantojuvenil de Airton são:[6]

• Receita para angustiar o amor no coração da noite (2021);

• Quem tem medo de Matinta? (2021);

• A porca de bobes (2021);

• O fazedor de borboletas (2018);

• Crisântemos depois da ausência (2018);

• Pragmatismo das Flores (2017);

• Cartas de amor e revolução (2016);

• Cortejo & outras begônias (2016);

• Quem guarda as chuvas? (2016);

• Quem Levou o dia? (2016)

• 100 Poemas & Prosas por Marabá (2016);

• A aranha Mariana e uma história de amor (2016);

• Mundico quer ser de ferro (2016)

• Aurorescer (2016);

• Olhos Vítreos (2015);

• Manhã Cerzida (2015);

• Psicografia (2015);

• Rota descampada (2015);

• Marias (2015);

• Último gole de ontem (2015);

• Setembrais (2015);

• Rios (Di)Versos (2015);

• Face dos Disfarces (2014);

• Pó é mar (2014);

• Rios que somos (2014);

• Amor à mostra (2014);

• Ser não sendo (2014);

• À boca da noite (2013);

• Rua Displicente (2013);

• Mormaços de Cinzas (2013);

• Habitação Provisória (2012);

• Infância Retorcida (2012);

• O cair das horas (2011);

• Incultações Noturnas (2009);

• Canto Solidão;

A PENA DO PAVÃO, publicado em Crônicas, Jurídico, Poesia https://doi.org/10.5281/zenodo.14726684

A minha terra querida

A minha terra que desterra, fazendo bater forte o peito, como se não houvesse jeito, senão quando regressar.

Se ao Rei-menino pudesse escrever talvez não conseguisse conter medidas, quem sabe desbordando em queixas., mas sem abdicar do devido respeito.

Se à Sua Majestade pudesse escrever, talvez fizesse loas às suas (nossas) Leis Fundamentais do Maranhão para rememorar que suas (delas) disposições, como caudalosas águas dos mares e rios desbravados, derramaram-se sobre normas diversas, condenadas por mentes perversas, a desbotar em gavetões bolorentos.

Ignoro que Sua Majestade a mim reservasse mínima atenção. Quisera!

Na dúvida acheguei-me a um escrivão obediente, sempre disposto a verter em letras o que da imaginação brota.

Posto que seja delírio, pura imaginação, talvez guarde em si o desejo sempre presente de não quedar inerte, indiferente, ao que ocorre nestas terras.

Se eu pudesse escrever ao Rei Luis XIII, talvez assim dissesse:

“Majestade Sereníssima,

Sob o augusto patrocínio de Vossa Majestade, lançamo-nos ao fito grandioso de erguer na distante América a luminosa bandeira da França Equinocial. Contudo, no curso de tão ardorosa empresa, permite-me, Soberano Rei, que vos escreva com franqueza e, quiçá, com um tom um tanto ácido, pois é em vão ocultar os desatinos que nos cercam como sombras em pleno dia.

Aqui, ao passo que desbravamos matas e enfrentamos perigos que a natureza selvagem nos reserva, é-nos enviado o rumor de um reino onde as excelsas prerrogativas de vosso trono são usadas não para proteger, mas para subjugar os bons filhos da França. Não bastasse o fardo já pesado dos tributos — esses incessantes tributaristas que, ao que parece, almejam até taxar o próprio ar que respiramos agora são as palavras que se encontram sob vigilância.

Dizem que em vossos domínios, qualquer suspiro de descontentamento, qualquer ânimo de contestar os desmandos que pesam sobre o povo, são sufocados pela maquinaria de um controle que se apresenta como benevolente. As redes de comunicação, que poderíamos chamar os panfletos do nosso tempo, tornam-se redes de captura, enredando aqueles que ousam emitir vozes discordantes. Tudo isto, justificam os cortesãos, é feito para preservar a ordem e o bem-estar. Mas pergunto-vos, Vossa Majestade: que ordem é essa, que se fundamenta no silêncio imposto e na supressão de toda crítica? Que bem-estar pode brotar de um terreno onde a liberdade de expressão é sufocada como erva daninha?

Ó Rei cristianíssimo, é vosso dever lembrar que as sementes da discordância, quando plantadas pela injustiça, germinam em rebeliões futuras. Assim como nos cabe preparar o solo desta nova colônia, cabe a vós preparar o vosso reino para que nele floresçam a paz e a prosperidade. Deveis ponderar: tributos excessivos e censuras não são alicerces de um reinado duradouro, mas o prenúncio de sua fragilidade.

Neste canto do mundo, onde nós vos representamos e onde erguemos vossa glória, lembramo-nos da grandeza da França, não apenas de sua força. Suplico-vos que a grandiosidade de vosso reinado se revele na sabedoria de governar com justiça, moderando os excessos de vossos ministros e conselheiros.

Por fim, envio-vos meus respeitos em nome de todos os que aqui labutam sob vossa bandeira. Que esta missiva vos encontre em reflexão, e que a memória de um reino guiado pela virtude inspire vossos atos futuros.

De vossa Majestade, sempre fiel servidor, ainda que com lábios mordazes,

Claude”, o que não é D’Abeville.

Se eu pudesse escrever ao Rei Luís XIII, enfim talvez pudesse, em quadra imperfeita confessar:

A minha terra querida

A minha terra que desterra, fazendo bater forte o peito, como se não houvesse jeito, senão quando regressar.

NOSSAS TARDES DE SÁBADO

Para muitos os dias felizes se perdem no esquecimento, para mim os dias felizes ainda guardo e vivo em total lembrança. Na adolescência, o dia da semana mais marcante eram os sábados, dia guardado para os esportes, as paqueras, um dia para conversar e rever nossos amigos e amigas, dia reservado para ver aquela menina que sem a coragem de chegar perto íamos nos olhando e assim, como se dizia na época, paquerando a mina. Assim eram os sábados no Clube Jaguarema.

Meus sábados eram maravilhosos, muito embora para chegar no Clube Jaguarema tínhamos que enfrentar uma verdadeira viagem de ônibus, enfrentar os coletivos cheios, porém valia a pena qualquer sacrifício, pois eram sábados fantásticos.

Ao entrar no clube com sua arquitetura supermoderna para a época, subíamos uma escada que nos dava entrada à área de piscina e salão de festa, assim como o acesso aos campos e quadras de esportes. Nos dirigíamos para o campo maior onde o diretor de esporte distribuía a camisa dos times para a nossa idade, times como o Patriota, Jaguar, etc. Como minha aptidão não era com as pernas, geralmente me sobrava a camisa do goleiro e assim iniciávamos nossos sábados com uma pelada muito bem disputada. Ora saíamos felizes, ora saíamos cabisbaixos por conta ou do goleiro ou dos goleadores que não marcavam os gols.

Terminada a partida, íamos todos para o vestiário, passando sempre pelas quadras de tênis e de vôlei, sempre muito disputada, onde após tomar um banho ou íamos para a piscina ou fazíamos uma sauna maravilhosa, intercalada por uma bela massagem do ex-jogador Baé. Terminando esse ritual, dirigíamo-nos até o bar onde tomávamos um belo sorvete de chocolate na casquinha, sempre muito bem servidos pelos excelente garçom Batatinha: marca registrada do clube, nosso amigo conhecia a todos os frequentadores assim como as nossas famílias, Batatinha era uma espécie de garçom amigo, além de nos servir tinha uma ótima conversa a respeito do clube e de futebol. Outro grande amigo e garçom que passava por todos e cumprimentava um por um era Menezes, que era um garçom seletivo, pois só atendia a bares da sinuca que era reservada para os decanos do clube, os fundadores, os mais abastecidos financeiramente, etc. Até as ruas em que passavas, os lugares que frequentavas em todas as fases de tua vida, clamam pela tua volta. Não sei quanto tempo faz. Dizem aqui que foi há quatro meses que partiste, sei sim que existe uma lacuna enorme em minha vida. Sabe, um dia escrevi uma poesia pedindo a Deus que transformasse essa saudade maldita que tenho por ti em lembranças, lembranças do que fizemos, do que passamos, e é assim que te homenageio hoje, meu irmão! As lembranças são de um tempo vivido em nossa cidade, são lembranças de carnavais, de futebol, de domingos na praia em companhia da Gabriela, lembranças das noitadas depois que saíamos das casas de nossas namoradas, lembranças do Filipinho, do Bairro de Fátima, da URBV, onde por motivos que até hoje não sei o porquê, ganhei a aposta quando fiquei com a rainha, lembras? Lembranças de expressões que eram só tuas, como: “EU QUERO É CEGAR!”, e aquela do carnaval em Salvador onde estavas com Socorro, Aida e toda a família: “BEBER, CAIR E LEVANTAR!”, e muitas outras. Lembranças não muito divertidas, das praias no dia de semana quando estávamos de férias, aquele churrasco com areia da praia, horrível. Dentre todas as lembranças, a que me dá mais saudade é a tua falta nos sábados lá em casa. Sinto muito, até hoje não tenho mais aquele pique para fazer algo a fim de nos encontrarmos. O tempo, senhor de tudo, apressou em realizar meu desejo, são quatro messes sem a tua presença, ainda bem que não consigo ficar mais triste, não consigo mais sofrer pela tua ausência, pois saiu a saudade e entraram as lembranças. Pois é assim que penso, meu irmão, não mais naquela saudade dolorida e sim nas boas lembranças. Sei que estás bem, e te confesso uma coisa, às vezes agradeço a Deus a tua partida tão rápida, não aguentarias ficar sofrendo com tratamentos que no fim não dariam em nada. É isso, perdi um grande amigo, perdi um irmão, perdi um companheiro, mas em compensação ganhei as lembranças que estavam adormecidas. Não sei se algum dia nos veremos, caso seja possível, com certeza sairei correndo ao teu encontro e dar-te-ei um enorme abraço, para compensar a falta que te fiz passar em não me despedir de ti naquele momento. Um beijo muito amado, meu irmão, ainda te amo muito!

VOLTA À IGREJA DE SANTANA

Um dia, depois de anos sem frequentar, tive a coragem de voltar a pisar naquele templo que por anos frequentei, templo que ficava perto de tudo para mim, da casa da minha avó e da minha casa. Foram dias de frequentar as missas, os festejos, dias que devidamente uniformizado de coroinha acompanhava as procissões carregando com muita fé e orgulho as lanternas com velas acesas.

Sempre passava por lá, porém a saudade, as lembranças ainda presentes não permitiam que entrasse. Um belo dia, quando me dirigi a ainda não reformada rua Grande, decidi pelo menos passar na porta da minha amada Igreja de Santana, localizada, como o nome afirma, na Rua de Santana.

Assim voltei para lembrar e sentir emoções, para colocar os pés novamente nas pedras de cantarias que formavam os três degraus, subi imediatamente, as emoções e as lembranças tomaram conta como num filme. Voltei para rever em pensamentos todos que um dia estavam presentes, e que faziam parte naquela época da vida daquele templo. Voltei, a saudade da celebração dominical que estava presente naquele dia, emocionado e sem forças para prosseguir, olhando para aquelas paredes que sempre me acolheram, senteime na segunda fila a qual sempre me sentava. De longe observei minha mãe sentada nas primeiras filas com seu véu negro a pedir por todos nós, a pedir a interseção de nossa mãe MARIA. Todas as lembranças presentes deram-me forças para prosseguir. Olhando para o altar mor ouvia as palavras do saudoso Dom di Angelis, que naquela época era pároco da igreja, mais tarde se tornando bispo da cidade de Viana. Ouvi e senti o som e as vibrações dos sinos a chamar para a missa dominical, imediatamente dirigi-me à sacristia, olhando para o corredor que dava acesso ao campanário, tomei coragem e subi aquela velha escada, que por muito tempo me levava até a torre onde os sinos estavam, lágrimas de saudades desciam, pude sentir aquela corda que com certeza já não era mais a mesma, porém era como se fosse, as cordas nas minhas mãos, eu como um músico em uma grande orquestra iniciei em pensamentos a tocar os sinos a fim de chamar os fiéis.

Acredito que já se passaram mais ou menos uns dez a vinte anos que ali não pisava, sentia-me aquele menino que aos domingos estava vestido com roupa nova, pois aos domingos naquela época era assim que nos vestíamos, sempre com as melhores roupas para aquela ocasião. Olhando em direção ao altar mor, ao lado avistei aquela que me fascinava na época: a menina que me tirava o sono e que mesmo sem falar nada namorávamos, seus lindos cabelos longos, e negros, com seu vestido branco bordado. Senti nossa igreja cheia, com a presença de todos que agora não estão mais presentes.

Fechei os olhos e consegui deslumbrar pessoas que juntamente participavam dos domingos na igreja, como Cotinha que, por ser madrinha de primos, todos nós a chamávamos de Dindinha, Luluca, Zeca, Socorro, os irmãos Acelino, Aquiles e Alberto. O poder de guardar momentos que vivi me é grato. A emoção de voltar ao passado, seria para constatar que realmente havia felicidade em tudo.

Terminada minha visita, ainda emocionado pelo que vi e pelo que guardei na memória, dirigi-me até o altar mor e em oração, rezei:

“Bênção minha mãe, bênção meu pai, sua bênção Dom di Angelis, padre Almir, sua bênção a todos que um dia fizeram parte da minha vida. Percorri todos os espaços, que um dia me fizeram feliz.”

Antes de sair, senti-me frustrado, por não conseguir tocar o sino, para chamar a todos. Um dia voltarei, pena que só, pois os meus que um dia me levaram, hoje não estão perto, e minha mão que um dia sentia o calor do amor materno a me acompanhar, já não está aqui, saudades...

Mesmo frustrado sai tocando em pensamento o sino da Igreja de Santana, Tin tão, tin tão...

ACADEMIA POÉTICA BRASILEIRA

A @academiapoeticabrasileira é uma instituição onde podemos encontrar alguns dos maiores valores culturais de nossa contemporaneidade. Tudo muito bonito e comandado com muito zelo e carinho pelo querido @mhariolincoln

Resposta Didática gerada pela GINAI, inteligência Artificial da Plataforma do Facetubes *GINAI@ é marca registrada do FACETUBES.

Para entendermos o “paralelo” que Elon Musk traçou para 2025 com relação a “nova Literatura Mundial” e a posição do ser humano criativo após o avanço das ferramentas de Inteligência Artificial (IA) generativas, precisamos primeiro examinar o que Musk tem aqui sobre o tema e como isso se relaciona com a produção literária (ou artística) baseada em IA.

1. Visão Geral: IA Generativa e Nova Literatura Mundial

Com o surgimento de modelos generativos de alto desempenho (como os grandes modelos de linguagem, estilo ChatGPT, ou os geradores de imagens), surgiram textos, narrativas e propostas artísticas criadas por algoritmos. Isso, impacta diretamente com a chamada “nova Literatura Mundial”, uma vez que:

Produção em escala:

a - Ferramentas de IA podem gerar milhares de páginas de conteúdo em pouco tempo.

b - Acesso mais democrático : Autores, leitores e criadores podem utilizar essas plataformas para acelerar processos criativos ou experimentar novos formatos.

c - Relação humano-máquina : Surge a questão: onde fica o papel criativo do ser humano quando uma máquina pode produzir textos plausíveis (ou mesmo complexos) quase instantaneamente?

2. O Que Elon Musk Diz Sobre IA e Sua Influência

a- 2.1. “ChatGPT é assustadoramente bom”. (Em 3 de dezembro de 2022, Elon Musk comentou em seu perfil no Twitter". “ O ChatGPT é assustadoramente bom. Não estamos longe de uma IA perigosamente forte.” (Fonte: Twitter oficial de Elon Musk , 3 /dez /2022 )

Nessas frases, Musk expressa admiração e ao mesmo tempo preocupação com o rápido progresso da IA. Para a literatura e produções criativas, esse avanço significa que a escrita inteligente pode alcançar um nível altíssimo de “fluência” e qualidade aparente, trazendo questionamentos sobre originalidade, autoria e valor artístico.

2.2. “IA é um dos maiores riscos para a civilização”. (Em fevereiro de 2023, durante a Cúpula Mundial de Governo em Dubai , Musk destacou: “Um dos maiores riscos para o futuro da civilização é a IA.” (Entrevista no World Government Summit, Dubai, em 15/fev/2023).

A fala evidencia a visão de Musk sobre o impacto potencial (positivo e negativo) das IAs de forma global. No contexto da literatura, a preocupação inclui a diluição do papel humano na criação de narrativas e a possibilidade de plágios em massa, perda de diversidade cultural e padrões que máquinas poderiam replicar sem limites.

2.3. “IA é mais perigoso do que um avião mal projetado”. Em entrevista a Tucker Carlson, exibida em abril de 2023, Musk afirmou: “A IA é mais perigosa do que, além disso, um avião mal projetado ou um carro mal fabricado, pois pode representar um risco existencial.” (Entrevista concedida a Tucker Carlson, transmitida pela Fox News, em abril de 2023).

Esta comparação enfatiza a dimensão do risco que Musk enxerga na IA. Em termos de “Literatura Mundial” embora não seja diretamente uma “ameaça existencial” a IA generativa pode rapidamente monopolizar certos espaços de criação, subjugando o elemento humano se não houver regulação e uso responsável .

3. O Paralelo: IA Gerando Narrativas vs. Em 2025 (contexto atual da pergunta), já conseguimos ver produtos literários e artísticos extremamente sofisticados criados por IA, extrapolando o que Musk alertou em 2022 e 2023. A grande questão é: como harmonizar o poder da automação com a singularidade do humano?

Possíveis Soluções?

Edição e Curadoria: O papel do escritor pode evoluir de autor “integral” para uma função de curador , onde ele orienta, refina e dá direção ética e estética ao material gerado por IA.

Identidade e Originalidade: Muitos autores buscarão diferenciar sua produção literária através de um toque pessoal, usando as ferramentas de IA apenas como auxiliares.

Coexistência: Assim como a fotografia não elimina a pintura, a IA pode coexistir com o criador humano, que mantém a capacidade de inovar, transgredir e, principalmente, criar novas referências culturais.

4. A Posição do “Humano Criativo”

Mesmo diante das preocupações de Musk sobre o potencial “descontrolado” da IA, há um entendimento de que o Humano criativo não perde seu valor. Pelo contrário:

Originalidade humana: Até que uma IA atinja (se é que atingirá) consciência ou criatividade “verdadeiramente autônoma”, uma vivência humana ainda se manifesta de forma única na arte. Experiências pessoais, emoções profundas e intuições são muito difíceis de serem replicadas artificialmente.

Senso Crítico e Ético: O humano continua responsável por trazer camadas de ética, empatia e valores na criação literária algo que a IA, em seu estado atual, não domina.

Ferramenta, não Substituto: Uma IA generativa desponta como uma poderosa ferramenta de apoio. No entanto, conforme Musk mesmo salienta, o maior risco é confiarmos cegamente ou deixarmos o desenvolvimento sem controle. Aplicada com responsabilidade, a IA pode ampliar horizontes criativos em vez de suplantá-los.

5. Conclusão

No paralelo que Elon Musk projeta (levando em conta suas declarações reais sobre IA), a “nova Literatura Mundial” em 2025 é fruto de uma produção híbrida: humanos e máquinas trabalham juntos, cada um com suas capacidades. A posição do humano criativo, portanto, não SE EXTINGUIRÁ, MAS se TRANSFORMARÁ E SE COMPLETARÁ. A criatividade humana passa a ser cada vez mais direcionada, reguladora e apurada, enquanto a IA expande possibilidades de produção textual em escala e velocidade sem precedentes. Contudo, Musk nos lembra que esse enorme potencial traz uma grande responsabilidade, exigindo cautela e regulamentação para que a IA não se torne um fator de desestabilização ou homogeneização exagerada da cultura literária mundial. "Em suma, o ser humano continua necessário no processo criativo — tanto na gestão das ferramentas quanto na essência emocional que faz da arte, arte", escreveu GINAI.

Referências (Fontes Reais)

Elon Musk no Twitter sobre ChatGPT :

- Tweet de 3 de dezembro de 2022, disponível em: twitter .com /elonmusk /status /1599180144551524353

Cúpula Mundial do Governo (Dubai, 2023)

- Entrevista e participação de Elon Musk em 15 de fevereiro de 2023. (Citações recuperadas de gravação do evento e cobertura em mídias internacionais, como Reuters e CNBC.)

“MERETRICIO COMO INSTITUIÇÃO”

Esse épico texto está às primeiras páginas do livro “ZBM: o reino encantado da boêmia”, do inesquecível José Ribamar Sousa Reis.

02/01/2025 às 09h34Atualizada em 02/01/2025 às 11h29

Por: Mhario LincolnFonte: Ubiratan Teixeira

A ZONA DO BAIXO MERETRÍCIO

*Mhario Lincoln

É incrível como há mudanças insofismáveis na vida, na quietude e na inquietude do complexo rolar do tempo. E é essa a temática que consigo vislumbrar nesse trabalho incansável de meu amigo Ribamar Reis (José Ribamar Sousa Reis), cuja obra, ZBM: o reino encantado da boêmia, integrou a famosa coleção "Memórias da Cidade". Vale relocar o texto de orelha que fala dessa grandiosa manifestação de apreço pela cidade, pelos seus, e pela magia ludovicense em cada canto da proa da saudade. "(...)

O QUE É A SERIE MEMORIA DA CIDADE?

Em cada canto, recanto da Ilha de São Luis, reluzem encantos, belezas e encantarias das eiras e beiras, uma verdadeira sequência de monumentos colossais. Beleza entre pedras de lios, sobrados casarões coloniais, becos, ladeiras e vitrais que, apesar de tanta riqueza histórico-cultural, quase nada tem registrado em algum documentário, com a finalidade de informar as gerações futuras elou aquelas pessoas que chegam, sedentas de conhecer os encantos, as lendas, as ruas, praças e largos desta cidade quase quatrocentona, onde seus azulejos e logradouros diversos formam rimas melódicas de um imenso poema, que é São Luis e todos os seus arrabaldes. Ilha repleta de lindas praias, bumba-boi, tambor-de-mina, tambor-de-crioula, componentes de um conjunto cultural sem igual, reconhecido aqui e além-mar, como Patrimônio do Mundo.

Assim, no intuito de somar e gravar para a história com reflexos e reflexões, visões, cantos e encantos da cidade de São Luis, propõe-se aqui contar um pouco doso com lirismo e olhar repleto de maranhensidade, não se dirigindo tão somente aos aspectos geo-politicos. Mas a alma com sabor dos bairros, ruas, botequins, bares, vilas e quebradas, restaurantes, matracas, pandeirões e tambores, terreiros, cultos e igrejas, ambientes e paisagens de um multicolorido ateniense impar e essencial. Somados a personagens reais, que comporão estes registros históricos são-luisenses, que aqui se propõem, retratando um inventário sentimental dos bairros e personagens da cidade, os quais serão, antes de mais nada, um estado de espirito, transformado em

escritos, confirmando que o livro é a principal referência da educação e aculturação no processo de desenvolvimento, indo mais além, graças aos instrumentais da modernidade e os avanços da globalização navegarão via Internet, mostrando a memória - história são-luisense para o Mundo, em uma radiografia viva da força cultural da Cidade-Poesia.

Livros da série publicados:

1-João Chiador: 50 Anos de Glória, Meio Século de Cantoria; 2- Praia Grande, Cenários: Históricos Turisticos e Sentimentais; 3-ZBM: O Reino Encantado da Boëmia. (...)".

Autógrafo de Reis.

Desta forma, com essas republicações, sem nenhum fim comercial ou publicitário, joga-se na nuvem, um pouco da história faminta (para ser lida e compartilhada) de nossa velha São Luís-Ma. Especialmente por centenas de maranhenses alocados em outros estados, cidade e países, como os comentários às publicações do facetubes.com.br tem demonstrado de forma real.

Portanto, compartilhe e comentem também. Obrigado.

O texto de Ubiratan Teixeira

MERETRICIO COMO INSTITUIÇÃO

*Ubiratan Teixeira

Falar da Zona de Meretrício como uma questão social aborda pelo prisma sofisticado dos cientistas que identificariam patologias, questões econômicas e morais, envolvimentos sociais e religiosos ou mesmo sei lá o quê, deve ser, quando pouco, extremamente complicado.

Essa expressão baixo meretrício por nós usada, não é comum em outros centros brasileiros, tampouco noutras culturas -usamo-la nós, o que de resto sempre me deixou com a suspeita de que, se existe um baixo, forçosamente haverá um alto.

Mas não e essa a tese que está sendo neste livro. O economista, pesquisador e escritor José Ribamar Sousa dos Reis, autor de outros excelentes ensaios sobre São Luís, fala da Zona de Baixo Meretrício como ponto de referência boemia, local de lazer, purgatório de mágoas desfeitas através da libido.

Reis fala, disserta, discorre – sem questionar ninguém: nem o processo econômico que instalou os cabarés naquele trecho da cidade, nem as quizílias de uma ditadura que confinou as putas nessa área histórica de São Luís.

Foi aí pela década de 40 que o interventor Paulo Martins de Souza Ramos, fortemente respaldado nos poderes ditatoriais que o garantiam no Palácio dos Leões, concordou com seu chefe de polícia Flávio Bezerra, em confinar as raparigas numa zona só delas. E assim, a venerada irmandade, disseminada por toda a cidade, em casas consideradas suspeitas, de mistura a vetustos sobrados da tradicional família maranhense, viu-se concentrada, de repente, em quatro quarteirões e algumas vielas de inestimável valor arquitetônico e cultural, que abrangiam as ruas da Estrela, Palma, 28, entre outras.

Aindamenino, levadopelo meujovempai parapasseardevelocípedeentre a PraçaBeneditoLeiteeaAvenida Maranhense, ficava olhando demoradamente para aquela área de grandes so-brados e foi aí que tive as primeiras informações sobre a existência dessas misteriosas senhoras.

Ao cair da tarde, da amurada da Benedito Leite, ali bem em frente onde foi o casarão da Companhia Telefônica, vislumbrava pela janela de um dos sobrados, algumas mulheres que se aproximavam de uma vitrola, onde colocavam discos e desapareciam, iam e voltavam e penso que indo e voltando deviam passar a noite inteira.

Funcionava ali, vim saber alguns anos mais tarde, a conceituada Pensão da Chicó "só para raparigas", expressão usada para recensear e sobretudo estigmatizar as moças "sem juízo", que passavam seus tempos entretendo, entre outros clientes, meritíssimos juizes.

Nagrandecidadenoturna fortementeguardadapor patrulhas doexércitoeda políciamilitar,tendoaChefatura de Polícia como marco de fronteira, imperavam Zilda Branca e Zilda Preta, Maroca (hoje glorificada num institucional do governo do Estado como patrimônio cultural da cidade), Honorina, Lolita, Chiquinha Navalhada, Zuca, Perpétua (que acabou criando o primeiro chatô da cidade, modelo primitivo dos atuais motéis), entre outras.

São Luís das noitadas de orgia, de solidariedade com a civilização de outras latitudes. Não sem propósito, talvez, uma das ruas desse distrito, se chamava 28 de Julho, data da Adesão do Maranhão à Independência do Brasil.

Com a dissolução da Zona Oficial e a consequente atomização do meretricio, as grandes damas da noite recolheram-seao ostracismoou entraram em processo depungentedecadência.Omesmo sistemaqueas gerou e as estimulou, condenou-as a um fim melancólico. Certa vez, conversando com Maroca, para uma série de reportagens que fazia para o Jornal do Povo, ela falou amargamente sobre seus concorrentes.

-Professor Berico, jornalista; elee essasescolasda noite, oculpadodo nosso fim. Osenhor vê? Todas saiticas, carregando prancheta debaixo do sovaco; tudo piranha concorrendo com a gente: as piranhas de pranchetas.

Não é exatamente desta, especificamente desta coisa, que fala o historiador José Ribamar Sou- sa dos Reis neste seu vivido depoimento: mas de todas as coisas folclóricas e reais, que envolveram este capítulo da vida social maranhense.

UBIRATAN TEIXEIRA é jornalista, ficcionista e membro da Academia Maranhense de Letras.

*MHARIO LINCOLN

Somos primos por parte familiar de minha mãe. Só alguns anos depois, no entretanto, pude conhecer Anely mais amiúde, pelas redes sociais. Eu morando em Curitiba; ela, também fora de São Luís. Mas, vez por outra, lá estamos nós nos abraçando na Associação Maranhense de Escritores Independentes (AMEI), lugar comum para nós dois.

Por isso, fiz questão de ter neste livro, um trabalho de Anely. Venho acompanhando a trajetória dela ao longo dos tempos e descoberto maravilhas em sua linguagem lírica, como mostro nessa bela poesia, que ora resenho. Na verdade, Anely, pedagogicamente, acabou por contar a história poética através de sua facilidade de escrever versos.

Então, ao ler esse trabalho, comecei a viajar pelo mundo encantado dos aedos, onde o próprio ato poético, sempre esteve associado à dimensão épica da humanidade. Não por acaso, a forma mais antiga de poesia que se conhece vem de relatos orais que, posteriormente, foram transcritos em tabuletas de argila ou pergaminhos, aexemplo da“EpopeiadeGilgamesh”,(queAnelycitacom propriedadeem suaobra),considerada pormuitos estudiosos como a mais antiga obra literária da humanidade.

E nossa poeta da Academia Poética Brasileira aproveita o insight e faz uma anamnese da poesia épica que se eternizou com Homero - “Ilíada” e a “Odisseia” - abrindo caminho para a tradição literária ocidental. Assim, fatalmente, não há como deixar de citar, também, Virgílio e sua “Eneida”, exaltando a fundação mítica de Roma. E, obviamente, impossível, igualmente, não ir ao encontro da “Ramayana”, ode oriental, atribuído a Valmiki, que possui forte cunho épico e espiritual.

Anely Guimarães esbanja conhecimento (leitura, vontade de saber mais e pesquisa abundante, além de seu talento e dom poético) nesta performance literária, que ora analiso. Tão inteligente sua forma de escrever que me obrigou aprofundar (mais) no tema e ir buscar novas ideias de ‘psicolírica’, onde o poder da poesia é tão forte, que influencia, de forma direta, no desenvolver do mundo interno do sujeito, seja pela musicalidade dos versos, seja pela força das imagens que evocam.

Confesso: eu viajo, repito, literalmente ao ler Anely. E com prazer, porque nesse contato íntimo com a poética dela, me vêm algo sensorial, isto é, a ratificação explícita de que a poesia mexe com a alma. A poesia dialoga com nossas emoções mais primitivas. Por exemplo, a poesia já transformou, em mim, o que poderia ser ‘apenas dor, amor ou saudade’, em algo que transcendeu minha linguagem cotidiana.

E isso é resultado claríssimo de que a poesia (bem estudada e construída) pode ser, sim, irmã gêmea da filosofia. Se não, pelo menos, ambas sempre mantiveram uma relação intensa. Platão, no diálogo Íon, menciona que “o poeta é feito por uma espécie de ‘ente divino’, que o faz criar além da razão. O poeta não

cria pela razão, mas por uma inspiração quase divina”. Interessante! Antes, o mesmo Platão tenha criticado os poetas em outros textos, como na República. Lembra?

Nestecontexto,amaisbonitadasdefinições emminhaopinião,poroutrolado,vemdeAristóteles, em Poética: “a poesia é algo mais filosófico e elevado do que a história; pois a poesia expressa o universal, enquanto a história expressa o particular”.

Uma grande verdade se chamarmos para a mesma mesa a experiência de Sigmund Freud e sua A Interpretação dos Sonhos. Nesse escrito, ele reconhece que os poetas, muitas vezes, “anteciparam insights que a psicanálise só depois alcançaria. (...). Onde quer que eu vá, encontro um poeta que esteve lá antes de mim”.

Ora, tudo isso estásintetizadonabelapoesiadeAnely Guimarães. Senão,háexplícita,repito, dimensão épica, psicolírica, filosófica e psicanalítica na poesia de minha confreira de APB, especificamente nos versos de “A POESIA PODE”, sem dúvida, um anacronismo curioso, talvez proposital, onde ela consegue diminuir uma temporalidade, citando apenas um registro, além do nosso presente.

Logo no início, a autora realça o caráter amplo e universal da poesia:

“A poesia pode porque é uma das sete artes tradicionais transmite todos os sentimentos desenha todos os amores e dores.”

É notável o tom assertivo de “A poesia pode”. Ela construiu, desde o primeiro verso, a ideia de potência da palavra poética. Assim, quer ver algo interessante e fora do comum lírico? A ideia de ‘potência poética’, acaba criando um efeito cumulativo: a poesia “pode” ser tudo, porque nasce da arte; e a arte abrange o sensível, o estético e o emocional. E isso não sou eu quem falou primeiro. Fernando Pessoa já havia dito isso. Hipoteticamente, isto é, a poesia “traduz em linguagem lírica aquilo que a vida comum muitas vezes não consegue expressar”. Incrível, não é mesmo?

Em seguida, surge a dimensão histórica:

“É antiga resplandeceu antes da escrita tem presença nas montanhas na lua nas estrelas no sol nas florestas... pousa no coração.”

É simplesmente emocionante entender essa conexão da confreira da APB entre cosmos e a natureza, enfatizando sua origem pré-escrita (evocando a oralidade). Lembra o berço mítico da arte poética. É como se a autora, por meio de uma enumeração poética (montanhas, lua, estrelas, sol, florestas), reiterasse o caráter arquetípico da poesia. Ah, Nely, aí não tem como não convidar para a mesma mesa, William Blake. Da mesma forma, Blake encontrava nas forças da natureza e da imaginação, a verdade última da arte.

E mais adiante, leia que beleza, que show de conhecimento e leitura:

“Está nos mais poemas antigos como

‘Epopeia Gilgamesh’ ‘Ilíada e Odisseia’ ‘Eneida’ ‘Ramayana’...”

Realmente aqui, fiz uma pausa para respirar porque é nesses versos, que Anely estabelece um elo direto com a tradição literária universal e mostra que sua poesia também se insere na longa linhagem das epopeias, reforçando a tese de que o fazer poético é, por si só, uma aventura heroica no interior da alma humana. Esse recurso intertextual me levou a entender como as raízes históricas e sua experiência poética, influenciaram na feitura deste poema.

Aí, chego, então a:

“A poética define como poesias mas na verdade é difícil defini-las porque elas são o 'Espelho de uma Alma' que do Inconsciente faz surgir os versos.”

Triste e saudoso, (sim, queria ler muito mais), chego a esses versos finais, onde nossa poeta aprofunda o sentido psicológico da poesia, revelando sua ligação íntima com o inconsciente. Ora, quer prova maior? Está explícito: “a poética define as poesias”, mas ao mesmo tempo “é difícil defini-las”, pois é o reflexo de uma interioridade que se manifesta em forma de verso. Seria uma possível (e necessária) alusão às reflexões de Jacques Lacan, no sentido de que o inconsciente se estruturaria como linguagem poética?

Sugiro que os leitores refletissem sobre esse ponto.

Mas, no meu entender, fica aqui a prova inconteste de que a poesia pode, sim, me devolver à ancestralidade, pode revelar recantos ocultos da mente e do coração. Como disseCecília Meireles: “Liberdade essa palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.”

Assim também é a poesia: todos a sentem, ainda que seja impossível defini-la apropriadamente. Destarte, faço um apelo: que permaneça, pois, a arte poética como fundamento atemporal da condição humana, ressoando nas montanhas, na lua, nas estrelas, no sol, nas florestas e, sobretudo, pulsando no coração.

Mhario Lincoln

Jornalista e poeta, Editor-Sênior da Plataforma do Facetubes e presidente da Academia Poética Brasileira.

Referências Principais (Fontes Reais)

• Epopeia de Gilgamesh : Trad. Andrew George. The Epic of Gilgamesh: A New Translation . Londres: Penguin Classics, 2003.

• Homero : Ilíada e Odisseia . Trad. Haroldo de Campos (para trechos selecionados). São Paulo: Editora Mandarim, 2002.

• Virgílio : Eneida . Trad. Pérsio Arida (trechos selecionados). São Paulo: Penguin Companhia, 2012.

• Freud, S. (1900). A Interpretação dos Sonhos . Trad. Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1972.

• Lacan, J. (1966). Escritos . Paris: Seuil.

• Platão : Íon e República . Trad. Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2010.

• Aristóteles : Poética . Trad. Eudoro de Souza. Brasília: Editora da UnB, 1990.

ANELY GUIMARÃES SANTOS (KALIL)

Nasceu em Pedreiras-MA. Economista, Mestra em Desenvolvimento Urbano pela UFPE e em Comércio Exterior pela Universidade de Barcelona. Especialista em Planificação Econômica Espacial pela ONU/CEPAL/ILPES e em Políticas e Estratégias pela ADESG. Professora, escritora, poeta e cronista. Obras publicadas: Bailando nos Sonhos,Tecendo Poesias, Espelho de uma Alma, Ecos do Silêncio e Voz do Inconsciente, Participou em mais de 50 antologias, coletâneas e revistas no Brasil, Portugal, Alemanha e Suíça. Membro fundador da ABARS, Membro efetivo da AIC, AMCL, APB, Membro Correspondente da ALL, ABLAC, AVLA. Participa de vários grupos literários.

JOSUÉ MONTELLO MAIS UM VEZ IMORTALIZADO; DESTA VEZ, PELAS MÃOS DE SAULO FERNANDES

A obra foi a grande vencedora do 19º Prêmio FAPEMA na categoria Dissertação, na área de Linguística, Letras e Artes.

Editoria de Cultura do Facetubes/siupervisão Mhario LIncoln(*)

Em uma conquista marcante para a pesquisa acadêmica e a literatura maranhense, a dissertação muito aguardada e agora adaptada em livro com o título “Diários de Josué Montello: as urdiduras da criação romanesca e a busca da fluidez do eterno inacabado”, elaborada pelo pesquisador e Mestre em Teoria Literária Saulo Barreto Lima Fernandes, foi anunciada como a grande vencedora do 19º Prêmio FAPEMA na categoria Dissertação, na área de Linguística, Letras e Artes.

A obra, que foi orientada pelo pós-doutor em Literatura, Douglas Rodrigues de Sousa (UEMA), acaba de ser publicada em formato de livro pela editora paulista UICLAP, elevando ainda mais o seu significado.

O prêmio, considerado o “Oscar” da ciência no estado do Maranhão, ressalta a excelência da pesquisa e o compromisso com a valorização da cultura local. A dissertação de Saulo Barreto examina de forma profunda e crítica os diários do romancista maranhense Josué Montello, um dos principais nomes da literatura brasileira do século XX.

A obra “Diários de Josué Montello: as urdiduras da criação romanesca e a busca da fluidez do eterno inacabado” vai emocionar muitos leitores. Vai provocar reflexões sobre a rica obra literária maranhense, sob a luz do talento inigualável de Josué Montello.

Para resumir o trabalho “Diários de Josué Montello: as urdiduras da criação romanesca e a busca da fluidez do eterno inacabado”, vale destacar, especialmente, os aspectos centrais do texto, em linguagem crítica e humanista, mantendo uma análise clássica e refinada.

O autor, Saulo Barreto Lima Fernandes, explora a relevância dos diários de Josué Montello como expressões literárias singulares, onde o diário emerge como uma manifestação íntima e confessional, transcendente ao simples registro cotidiano.

Este gênero literário (diário), muitas vezes subestimado, ganha em Montello uma complexidade artística que vai além da introspecção pessoal para alcançar a reflexão criativa e histórica. (Alguns impolutos preferem "Cartas Íntimas e/ou Pessoais", à "Diários".

Montello, um mestre do romance brasileiro, é reconhecido por sua meticulosa disciplina literária e erudição clássica. Seus diários – como "Diário da Manhã" e "Diário do Entardecer" – representam um esforço contínuo de mais de quatro décadas. Nessas obras, o autor não apenas narra sua trajetória como romancista, mas também reflete sobre o processo criativo, unindo a fluidez temporal ao rigor da escrita. Seus registros, ao

invés de serem meras confissões, tornam-se verdadeiros espelhos de uma época e testemunhos de um artista.

Críticos e pesquisadores, como Sheila Dias Maciel, destacam que os diários de Montello configuram um painel vasto mostrando tanto o homem quanto o escritor em diálogo com seu tempo. A escolha simbólica de percursos que remetem às fases do dia reflete a plenitude de sua jornada criativa.

Essa unidade simbólica, segundo o autor, ressalta o esforço do escritor em transformar experiências pessoais e coletivas em narrativas de alto teor artístico. Assim, Montello foi além das convenções do gênero diarístico, imprimindo em seus escritos uma dinâmica criativa que dialogava com a tradição clássica, a modernidade e a vivência maranhense.

São Luís, capital do Estado do Maranhão, sua terra natal, figura não apenas como cenário, mas como coautora de seus textos, compondo uma sinfonia de realidades urbanas e imaginárias. Este vínculo visceral entre o autor e sua cidade confere aos seus romances uma deficiência cultural e histórica inigualável.

O crítico Alberto Giordano identifica nos diários de escritores um espaço vital para a experimentação narrativa, algo que Montello utilizou como laboratório literário. Tal prática revela um escritor atento e profundo conhecedor de sua arte. Esse rigor técnico, fascina quaisquer leitores. ainda mais por combinar entrega emocional com riqueza de detalhes.

Finalmente, a análise de Fernandes destaca o conceito de “eterno inacabado”, presente na obra de Montello, onde o processo criativo nunca cessa, mas continuamente se renova. Este "palimpsesto montelliano" reflete a luta do autor contra os bloqueios criativos e a busca incessante por um ideal de perfeição literária.

Parabéns, portanto, ao Mestre em Teoria Literária Saulo Barreto Lima Fernandes, em cuja abordagem celebra um Montello não apenas como romancista, mas como um arquiteto de memórias e um curador de sua própria história, iluminando a literatura brasileira com sua voz única. Viva o Maranhão!

(*) Jornalista e poeta Mhario Lincoln é presidente da Academia Poética Brasileira e editor-sênio da Plataforma Nacional do Facetubes

Especial: LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

MÁRCIA DE QUEIROZ – CRONISTA ESPORTIVO E POETA

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão

Centro Esportivo Virtual Academia Ludovicense de Letras Academia Poética Brasileira

https://www.facetubes.com.br/galeria/544/especial-leopoldo-gil-dulcio-vaz

O Maranhão tem uma rica tradição de jornalistas esportivos que contribuíram para a evolução do campo. Esses profissionais, tanto da "nova" quanto da "antiga" geração, ajudaram a moldar o jornalismo esportivo local, adaptando-se às mudanças tecnológicas e às novas demandas do público, contribuindo para a evolução do campo.

Desde o início do século XX, o jornalismo esportivo em São Luís, capital do estado, tem desempenhado um papel importante na cobertura de eventos esportivos e na formação da opinião pública sobre o esporte. Nas primeiras décadas do século XX, era caracterizado por narrativas literárias sobre os esportes, com jornalistas conhecidos como "literatos" que empreendiam narrativas detalhadas e envolventes. Esses jornalistas ajudaram a criar uma marca distintiva para as notícias esportivas, destacando a importância cultural e social dos esportes na região.

Com o passar do tempo, a incorporação de novas tecnologias, como o rádio, a televisão e, mais recentemente, a internet, transformou significativamente o jornalismo esportivo. Essas mudanças permitiram uma cobertura mais ampla e imediata dos eventos esportivos, além de possibilitar a emergência de novos perfis de jornalistas.

Ele não apenas registra acontecimentos esportivos, mas também expressa valores, ideologias e transformações sociais de cada época. Ele desempenha um papel crucial na construção de narrativas e identidades coletivas, especialmente em um estado onde o esporte é uma parte importante da cultura local.

No livro "Almanaque do Futebol Maranhense Antigo: Pequenas Histórias" de Hugo Saraiva, lançado em 2024, menciona alguns dos principais personagens e histórias do futebol maranhense, incluindo jornalistas e cronistas que contribuíram significativamente para a cobertura esportiva na época.

Na década de 1940, a crônica esportiva no Maranhão contava com diversos jornalistas e cronistas que contribuíam para a cobertura dos eventos esportivos locais. Infelizmente, informações específicas sobre os nomes desses cronistas não são amplamente documentadas.

A Associação dos Cronistas Esportivos do Maranhão (ACEM), atualmente conhecida como ACLEM, foi fundada em 1941. A entidade foi criada para organizar e representar os cronistas esportivos do estado do Maranhão. Alguns jornais mantinham seções dedicadas à crônica esportiva. Entre eles, destacam-se:

• O Imparcial: Fundado em 1926, este jornal é um dos mais antigos do Maranhão e tinha uma seção dedicada ao esporte, onde cronistas locais publicavam suas análises e histórias. Rubem Braga: Embora mais conhecido por seu trabalho em outros jornais, Rubem Braga publicou crônicas em diversos veículos ao longo de sua carreira

• O Estado do Maranhão: Outro jornal importante da época, que também incluía crônicas esportivas em suas edições. Tinha entre seus cronistas esportivos, Márcia de Queiroz, poetisa e cronista publicava suas crônicas desde o final dos anos 1920 até os anos 1960. é provável que elas tenham aparecido em jornais locais de grande circulação na época, como "O Imparcial" e "Jornal Pequeno".

MÁRCIA DE QUEIROZ – Pseudônimo de ENÓI SIMÃO NOGUEIRA DA CRUZ (1908/1969. Jornalista, cronista e poetisa. Para proteger-se do preconceito , adotou o nome literário de Márcia de Queiroz.

Nasceu em Cantanhede, interior do Maranhão, em 1908 e faleceu no Rio de Janeiro, em 1969. Filha do libanês Paulo Antônio Simão com a descendente de portugueses Celina Rodrigues Simão. Recebeu, em regime de internato, uma sólida formação cultural no Colégio Santa Tereza, na capital maranhense. Após os estudos, retornou à cidade natal, de onde continuou a escrever e publicar nos jornais de São Luís. Em Itapecuru-Mirim, conheceu o itapecuruense Raimundo Nogueira da Cruz, com quem se casou em 1934 e teve seis filhos. Um deles, Arlete Nogueira da Cruz, tornar-se-ia, precocemente, uma grande escritora brasileira.

De volta à São Luís, publicou em vários jornais locais estabelecendo-se como jornalista, cronista e poeta, num tempo em que o destino possível reservado à mulher era o matrimônio e a maternidade. Exatamente por isso e para proteger-se do preconceito com as raras mulheres que ousavam contrariar tal destino, Enói adotou o nome literário de Márcia de Queiroz. Assim, dos anos vinte aos anos sessenta assinou, com este pseudônimo, toda sua produção literária em verso e prosa. Intelectual politizada, atuante e de esquerda, transmitiu aos filhos sua paixão pelas artes, seu interesse pelas causas sociais e sua indignação contra os desmandos políticos, mais particularmente, no Maranhão. Teve importante participação na campanha política em prol das Oposições Coligadas, em 1950. Concorreu ao Prêmio Cidade de São Luís, em 1957, no qual foi agraciada com uma Menção Honrosa. Dentre seus escritos, destaca-se o soneto Exaltação. Suas crônicas refletiam sobre o cotidiano da cidade e sua poesia, predominantemente de sonetos parnasianos, desvelava a alma romântica, delicada e insatisfeita de quem tinha, inerente, o zelo técnico sobre a prosa e o verso, próprios do parnasianismo, como bem e belamente disse a escritora Arlete Nogueira da Cruz.

Foi no ano de 1969, no Rio de Janeiro, que essa voz feminina, que abriu importante caminho para que outras mulheres escritoras pudessem advir, silenciou. Contudo, permanece bem viva e ecoante na memória dos que lhe conheceram em vida e, sobretudo, em sua escrita indelével. O plano editorial do SIOGE, em 1993, publicou seu livro intitulado POEMAS.

Algumas de suas crônicas mais famosas incluem:

1. "A Bola e o Sonho" - Uma crônica que explora a paixão pelo futebol e como ele se entrelaça com os sonhos e aspirações dos jovens. Nesta crônica, a autora explora a paixão pelo futebol e como ele se entrelaça com os sonhos e aspirações dos jovens. A narrativa é rica em detalhes e emoções, capturando a essência do esporte como uma metáfora para a vida e os desafios que enfrentamos. A crônica destaca a importância do futebol na cultura brasileira e como ele pode ser um meio de escape e realização para muitos. Márcia de Queiroz utiliza uma linguagem poética e envolvente para transmitir a intensidade dos sentimentos dos personagens, tornando a leitura uma experiência profunda e reflexiva.

2. "Corrida Contra o Tempo" - Aborda a temática das competições de atletismo e a busca incessante por superação e recordes. A narrativa é envolvente e poética, capturando a intensidade das corridas e a determinação dos atletas. A crônica explora não apenas o aspecto físico das competições, mas também o emocional e psicológico, mostrando como os atletas lidam com a pressão e os desafios. Márcia de Queiroz utiliza metáforas e descrições vívidas para transmitir a sensação de urgência e a luta contra o tempo que caracteriza o atletismo.

3. "O Jogo da Vida" - Uma reflexão sobre como os esportes podem ser uma metáfora para os desafios e vitórias da vida cotidiana.

4. "Nas Águas da Vitória" é uma crônica onde a autora explora a determinação e a disciplina dos nadadores, destacando os desafios e as conquistas que enfrentam em suas jornadas. A crônica é conhecida por sua linguagem poética e envolvente, capturando a essência do esforço e da superação no esporte. Márcia de Queiroz utiliza metáforas e descrições vívidas para transmitir a intensidade das competições de natação e a sensação de vitória que acompanha o sucesso.

5. "O Vôlei Brasileiro" - Uma crônica que aborda a trajetória e os desafios das seleções brasileiras de vôlei, tanto masculina quanto feminina, em competições internacionais; E

"Vôlei Feminino – Quase Novamente!" - Nesta crônica, Márcia de Queiroz discute os erros e desfalques que afetaram o desempenho da seleção feminina de vôlei em um torneio importante. Essas crônicas refletem a paixão da autora pelo esporte e sua habilidade em capturar as emoções e os desafios enfrentados pelos atletas. Se você estiver interessado em ler essas crônicas completas, recomendo procurar em coletâneas de crônicas maranhenses ou em bibliotecas que possuam obras de Márcia de Queiroz.

Ela explorava não apenas as competições em si, mas também as histórias humanas e os desafios pessoais dos atletas. Essas crônicas foram publicadas em diversos jornais maranhenses e são apreciadas por sua sensibilidade e profundidade.

INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO

MARANHÃO

MANIFESTO

ACERCA DA DEMANDA JUDICIAL EM DETRIMENTO DA MEMÓRIA DE NINA

MARANHÃO

RODRIGUES

“Nina Rodrigues lançou os fundamentos da antropologia e etnologia do negro brasileiro. Neste campo de pesquisas tudo o que se tem feito e poderá realizar não prescindiu, não prescinde, nem prescindirá dos trabalhos do insigne maranhense como ponto de partida ou de referência.”

(Antônio Lopes em texto de 1946, intitulado “Instituto Histórico”)

Os membros do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão abaixo assinados, cientes da existência de processo judicial/ação popular movida por um advogado com o propósito de retirar, da denominação do famoso hospital psiquiátrico do Estado do Maranhão mantido na Capital, o nome do grande maranhense Nina Rodrigues, por entender o referido causídico que a homenagem, mantida há mais de 80 anos, feriria o princípio da moralidade administrativa, qualificando aquele cientista do passado como apologista de teorias eugenistas;

Considerando que existe, no bojo do processo, audiência pública convocada para o dia 18 de fevereiro de 2025;

ConsiderandoacontribuiçãodeRaimundoNinaRodriguesparaaantropologia,apsiquiatria,amedicinalegaleacultura brasileira, enfim, destacando-se ele em estudos seminais sobre alimentação, sexologia, epidemiologia etc.;

Considerando ser ele reconhecido como fundador da antropologia criminal brasileira e pioneiro nos estudos sobre a importância do negro na formação do Brasil;

Considerando que Raimundo Nina Rodrigues viveu de 1862 a 1906, sendo, pois, a sua atuação científica informada, como não poderia deixar de ser, pelas teorias do seu tempo, algumas reconhecidas hoje como racistas, mas que então eram predominantes no mundo científico;

Considerando que o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, segunda instituição cultural mais antiga do Maranhão, fundada em 1925, tem por missões estatutárias (art. 1º): I – estudar, debater e divulgar questões sobre História, Geografia e ciências afins, referentes ao Brasil e, especialmente, ao Maranhão; II – cooperar com os poderes públicos que visem ao engrandecimento científico e cultural do Estado, colocando-se à disposição das autoridades para responder a consultas e emitir pareceres sobre assuntos pertinentes às suas finalidades; III – defender e velar o patrimônio histórico do Maranhão;

Considerando a lição legada pelo principal fundador do IHGM, o erudito Antônio Lopes (1889–1950) – “Cultuar a tradição, venerar o passado, estudar o Maranhão, eis para que foi criado o Instituto. Bendito culto, que evoca o passado para o brilho do presente e torna cada vez mais entranhado o amor à terra maranhense e suas glórias”;

Considerando a obrigação, que temos, como membros do IHGM, de defender esse patrimônio imaterial, no qual o nome de Nina Rodrigues, patrono de uma de suas cadeiras, assim como de cadeiras de outras entidades respeitáveis do Estado, a exemplo da Academia Maranhense de Letras, figura como uma das mais notáveis figuras do nosso passado cultural;

Considerando que cada personagem histórico deve ser estudado e entendido no contexto da época em que viveu, sem lhe negar os méritos que tenha eventualmente demonstrado, embora refutando a reprodução de suas condutas que hoje se choquem com os mais elevados ideais consagrados pela marcha da civilização; e

Considerando que a iconoclastia irresponsável, representada pela injustificada demolição de estátuas e monumentos, pela supressão de símbolos e homenagens, é a tradução de um ingênuo desejo de modificar o passado, e não a expressão do maduro desejo de discuti-lo e entendê-lo, visando à sua superação, pelo aproveitamento do que resultou de positivo e pela refutação do que se revelou nefasto para o mundo hodierno,

CONCLAMAM OS INTELECTUAIS E ESTUDIOSOS MARANHENSES E BRASILEIROS A CERRAR FILEIRAS CONTRA A PUERIL TENTATIVA, porém, potencialmente danosa para a memória nacional, de suprimir o nome do médico maranhense Raimundo Nina Rodrigues do homônimo Hospital Psiquiátrico Estadual, por considerarem que será perigoso precedente, apto a gerar o fortalecimento do desiderato de reescrever a história a partir da destruição do patrimônio cultural e da supressão da memória hoje consolidados.

São Luís – Maranhão, dezembro de 2024.

APENAS SEMEIE

EDMILSON SANCHES

O invisível sustenta o visível.

Qual o invisível que sustenta uma pessoa que nem você, em seu desiderato de servir, lutar, melhorar?

Neste final de ano tão metido e repetido em seu querer criar clima para extrair de nós pensamentos, promessas e ações relacionados a algo melhor ---, quem sabe coubesse perguntar:

Qual o invisível que visivelmente te sustenta e, sobretudo, te move?

Fé?

Ética?

Amor?

Capital?

Não podemos estar na Vida e na Terra apenas para comer, beber, dormir, trabalhar e fornicar e às vezes fazendo tudo isso mal... (rs).

Para comer, beber, dormir e fornicar, Deus não precisava ter feito o Ser Humano; bastar-Lhe-ia parar a criação nos porcos, que com um charco de lama e um cocho de cuim já se dão por satisfeitos...

Deve haver um algo a mais, não sabido pela Ciência nem intuído pela Consciência, que justifique a perfeição do funcionamento de um corpo, o mister e mistério do cérebro, a beleza de todos os cálculos astronômicos e dos infinitesimais infinitos das contas microscópicas, subatômicas...

Quanto ainda nos falta conhecer!...

Qualquer que seja a resposta que tu tenhas, que ela seja do Bem, do Bom e do Belo.

Faz tu, de tua vida, uma boa História, daquelas que possam terminar em livro e que valham a pena ser contadas e, se possível, seguidas.

Seja livre.

Se possível, seja livro.

Pois uma coisa é você ter história. A outra, é a História ter você. Irradie, espalhe positividade.

Já disseram: A vida é curta demais para ser miúda...

Some, multiplique e divida o Bem.

Lance-o em todo lugar. Quem sabe vingue, nasça, brote, floresça.

Lance o Bem, o Bom e o Belo. Em qualquer lugar. Não importa o lugar. Pois não é responsabilidade da semente a fertilidade do solo. Apenas semeie.

E seja feliz lembrando que felicidade é autogeração.

Felicidade não se transmite.

É uma escolha não um vírus.

TALENTOS MARANHENSES

EDMILSON SANCHES,

Quem diria que, nos séculos 19 e 20, dois filhos de Caxias, no Maranhão, iriam prestar relevantíssimos serviços a mais de 1.700 quilômetros de distância de sua terra natal, em Vitória, capital do Espírito Santo, no Sudeste brasileiro?

Um dos caxienses, que era médico, professor, historiador, pesquisador, tradutor, escritor, escreveu, a convite do governo capixaba, o primeiro grande livro da antiga província espírito-santense. O outro, advogado, economista, escritor, artista plástico, com estudos em Sociologia e Artes na Universidade de Sorbonne, em Paris, foi advogado, vereador, presidente da Câmara e prefeito da capital, Vitória, além de professor de Direito por mais de 30 anos, na Universidade Federal do Espírito Santo.

Foram esses dois nomes e homens, os escritores caxienses César Augusto Marques (século 19) e Ferdinand Berredo de Menezes (século 20), foram eles e seus talentos, eles e seus trabalhos pelas causas capixabas, o destaque em grande evento, com a palestra que marcou a sessão de encerramento das atividades de 2024 do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo (IHGES), em 11/12/2024, na sede da Entidade, em Vitória.

A convite do presidente do IHGES, o escritor, pesquisador e magistrado Getúlio Neves, o acadêmico e pesquisador caxiense Edmilson Sanches fez aplaudida palestra para parte do mundo intelectual da capital capixaba e convidados. Antes da palestra, Sanches fez a entrega de livros e fotografias de maranhenses, entre os quais a edição impressa mais recente da revista-livro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, a “Obra Reunida” do escritor maranhense Adailton Medeiros (Caxias, 1938 – Rio de Janeiro, 2010) e um conjunto de dez grandes fotografias preparado especialmente pelo fotógrafo e pesquisador David Sousa, membro da Academia Caxiense de Letras.

Aos aplausos ao final da palestra seguiu-se uma série de cumprimentos e abraços pessoais, trocas de números de telefones para mais contatos e câmbio de informações, doação de livros com dedicatórias e autógrafos, declarações de pessoas que foram conhecidas e amigas de Berredo de Menezes ou que com ele haviam trabalhado,eo convitedo presidentedoGetúlio Neves paraSanches integrar oquadrodo IHGES,como futuro sócio correspondente. Em mensagem para Edmilson Sanches, o presidente Getúlio Neves confirmou: “Bom dia, meu amigo. Obrigado por abrilhantar nosso evento [...]. A repercussão está sendo muito positiva. Enviarei por aqui o certificado pela realização da palestra.” *

Sobre César Marques e a grande obra que escreveu, o “Dicionário Histórico, Geográfico e Estatístico do Espírito Santo”, de 1878), Sanches observou: “Sem querer fazer ‘blague’, o conhecimento do maranhense César Marques sobre o Estado espírito-santense só não foi completo porque não foi de ‘A’ a ‘Z’: terminou na letra ‘X’, de ‘Xapiranga’, um outro nome dado quem sabe ao rio Santa Maria da Vitória, de 122 quilômetros, que nasce no município capixaba de Santa Maria de Jetibá.”

O maranhense Edmilson Sanches lembrou, antecipadamente, o primeiro meio milênio de vida do progressista Estadocapixaba:“[...] estagrandeUnidadedaFederaçãoestará,daqui adezanos,completandoseusprimeiros 500 anos de existência, considerada o batismo da terra com o nome de ‘Espírito Santo’, com a chegada, em 23 de maio de 1535, do donatário Vasco Fernandes Coutinho, um ano depois da concessão da área”. E recomendou: “Se o segredo do sucesso é planejamento, talento e trabalho, é cabível começar a pensar e preparar o futuro e receber o quingentésimo aniversário desta terra no melhor estilo, e com o maior orgulho.” Edmilson Sanches lembrou as obras e a pessoa do caxiense César Marques, seus “trabalhos de grande esforço redacional e editorial que enriquecem a variada lavra do médico que assistia carentes e deles não lhes cobrava nada, nem o tempo nem os medicamentos. Dedicado à Medicina, como doutor, e à Educação, como professor, na sala de aula repassava as feridas da História, e, na sala de cirurgia, reparava a história de feridas.” Ainda falando sobre César Marques, o palestrante de Caxias trouxe à memória o nome do poeta Gonçalves Dias, também caxiense. Disse Sanches aos capixabas: “O local onde nós caxienses acreditamos que tenha ele [César Marques] nascido é ao lado da Praça Gonçalves Dias, logradouro no centro da cidade, em homenagem ao grande poeta caxiense da ‘Canção do Exílio’ e iniciador da Literatura genuinamente brasileira em nosso

País. Gonçalves Dias nasceu em 1823 e, três anos depois [1826], César Marques, que veio ao mundo quando o a região da Praça Gonçalves Dias era chamada ‘Largo do Poço’. Dias e Marques são, portanto, contemporâneos no Tempo e no Espaço -- e assim, sem nada premeditado, anos depois, com a praça recebendo o nome de Gonçalves Dias, uniu-se na geografia urbana o que, anos antes, já estava unido na História. E o que nem de longe se atinaria como uma união, um vínculo, uma ligação, esta também ocorreu: os fios invisíveis do talento e da competência realizadora de César Marques chegaram até aqui, ao Espírito Santo, e chamaram a atenção do governante estadual / provincial da época, Domingos Monteiro Peixoto, e, ao final, resultou no portentoso ‘Dicionário Histórico, Geográfico e Estatístico’ de 1878. Uma vitória, considerando-se, até, que menos de oito anos antes César Marques saíra do estafante mister de entregar impresso ao seu Estado o seu próprio ‘Dicionário’ [‘Dicionário Histórico-geográfico da Província do Maranhão’], considerado desde então um marco na historiografia maranhense, nordestina e brasileira.”

Prendendo a atenção dos ouvintes, aos quais chamou de “meus novos Amigos brasileiros no Espírito Santo”, Edmilson Sanches trouxe um pouco sobre o mais capixaba dos caxienses, Berredo de Menezes. Ressaltou Sanches: “[...] nascido mais de um século depois de César Marques ou exatamente 104 anos, na mesma cidade de Caxias , Ferdinand Berredo de Menezes é um homem de agora há pouco. Faleceu em Vila Velha aos 86 anos, mas foi, como a maioria de nós ainda somos, uma pessoa de dois séculos (20 e 21) e dois milênios.”

Continuando, Sanches lamentou a curta permanência, em vida, de Berredo de Menezes em Caxias: “De Berredo de Menezes nós seus conterrâneos temos muito a saber e não tanto a informar. Ante o nomadismo profissional do pai, que era juiz de Direito e também poeta, Berredo deve de ter saído ainda criança ou menino de Caxias e, inicialmente, foi para Coroatá, município maranhense cujo nome se registra com relativa frequência nos textos de vários dos livros da bibliografia berrediana.”

Edmilson Sanches prosseguiu: “Como já escrevi, ‘esse talentosíssimo maranhense de Caxias serviu e lutou. Fez por Vitória e fez pelo Espírito Santo o que não pôde fazer por sua própria terra natal. De todo modo, fez pelo Brasil.’ ‘Foi com o poder do Conhecimento que Berredo de Menezes chegou aqui em Vitória, partindo em uma viagem que se iniciou com seu nascimento a pelo menos 1.700 quilômetros de distância, no Nordeste do País’. ‘Esse homem jogava no futebol da vida nas onze posições: advogado, economista, professor, político, administrador público, poeta, contista, pintor, militante partidário, conselheiro, pai de família’.

"Destaco apenas uma dessas múltiplas atividades, no âmbito do Ensino, como já disse: ‘Sendo um agente da Educação, sendo um professor, Berredo de Menezes sabia que só se transmite o saber se souber, mas só se ensina se animar, isto é, colocar ânimo, vida, alma naquilo que, em doses homeopáticas, é inoculado, a partir da mente, na alma dos alunos. Ensinar não é só uma ATIVIDADE DE DOCÊNCIA. Ensinar também é uma ATITUDE DE DECÊNCIA. Pois, se conteúdos de saber são importantes, modos de ser são indispensáveis...’”

Edmilson Sanches encerrou sua fala aos capixabas convidando para uma reflexão, adequada tanto em relação ao espírito de conhecimento, vontade e realizações dos seus dois conterrâneos históricos quanto apropriada para os repensares de fim de ano. Disse Sanches:

“O invisível sustenta o visível. Qual o invisível que sustentava pessoas que nem César Marques e Berredo de Menezes em seu desiderato de, longe de sua terra natal, servir, lutar, melhorar?

“Neste final de ano, tão metido e repetido em seu querer criar clima para extrair de nós pensamentos, promessas e ações relacionados a algo melhor, quem sabe coubesse perguntar: Qual o invisível que visivelmente te sustenta e, sobretudo, te move? Fé? Ética? Amor? Capital? Não podemos estar na Vida e na Terra apenas para comer, beber, dormir, trabalhar e fornicar e às vezes fazendo tudo isso mal... (rs). Para comer, beber, dormir e fornicar, Deus não precisava ter feito o Ser Humano; bastar-Lhe-ia parar a criação nos porcos, que com um charco de lama e um cocho de cuim já se dão por satisfeitos... Deve haver um algo a mais, não sabido pela Ciência nem intuído pela Consciência, que justifique a perfeição do funcionamento de um corpo, o mister e mistério do cérebro, a beleza de todos os cálculos astronômicos e dos infinitesimais infinitos das contas microscópicas, subatômicas... Quanto ainda nos falta conhecer!...

“Qualquer que seja a resposta que tu tenhas, que ela seja do Bem, do Bom e do Belo. Faz tu, de tua vida, uma boa História, e que ela termine em livro e valha a pena ser contada e, se possível, seguida.

“Seja livre. Se possível, seja livro. Pois uma coisa é você ter história. A outra, é a História ter você.

“Irradie, espalhe positividade. Já disseram: A vida é curta demais para ser miúda...

“Some, multiplique e divida o Bem. Lance-o em todo lugar. Quem sabe vingue, nasça, brote, floresça.

“Lance o Bem, o Bom e o Belo. Em qualquer lugar. Não importa o lugar.

"Pois não é responsabilidade da semente a fertilidade do solo.

"Apenas semeie.”

(EDMILSON SANCHES)

Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Academia Ludovicense de Letras Academia Poética Brasileira Centro Esportivo Virtual

Ontem, 08/01/2025, fuiaumaapresentaçãodepesquisasobreo IHGM, em um órgãocultural denossoEstado, e ao falar daquelas que já havia feito sobre o mesmo assunto, fui questionado pelo coordenador dessa nova pesquisa, pelo fato de ser Professor de Educação Física! – o que um professor de Educação Física fazia em um Instituto Histórico!!! Após explicar que trabalho com memória e histórias de vida, especialmente a memória das atividades físicas e esportivas do/no Maranhão, disse a ele que, além de professor, tinha um Mestrado na área da Ciência da Informação. A Ciência da Informação (CI) é um campo interdisciplinar que estuda a informação desde a sua geração até a sua transformação em conhecimento. A CI analisa, coleta, classifica, manipula, armazena, recupera e dissemina a informação. É isso que faço...

Acho estranho o comportamento das pessoas quando digo que sou professor e reagem com um AHHHH! E quando informo que de Educação Física, reagem com outro AAAAH! De decepção, como se nós, Professores de Educação Física e Esportes não fossemos, ou não tivéssemos capacidade, de elaborar alguma coisa, intelectualmente, além de fazer ginástica e ensinar a jogar bola. Sim!!! Também pensamos!!! Afinal, somos PROFESSORES. Isso me lembra Woody Allen quando parafraseando um importante pensador, afirmou que “quem não saber fazer, ensina, e quem não sabe ensinar, ensina educação física”. Lamentável...

Mas vamos ao que interessa: desde o inicio da escolarização, a Educação Física é matéria importante na alfabetização das crianças e orientação para a vida das pessoas. Recomendo a leitura de “Do homo movens ao homo academicus – rumo a uma teoria reflexiva da Educação Física”, de Juliano de Souza, Editora LiberArs,São Paulo, 2021. Procurem...

A GYMNÁSTICA/EDUCAÇÃO FÍSICA NO MARANHÃO – UM POUCO DE SUA HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO

O primeiro registro encontrado onde aparece a palavra “ginástica” data de 1841, conforme anúncio no “JORNAL MARANHENSE” sob o título de:

“THEATRO PUBLICO - Prepara-se para Domingo, 21 do corrente huma representação de Gimnástica que será executada por Mr. Valli Hércules Francez, mestre da mesma arte de escola do Coronel Amoroz em Paris; e primeiro modelo da academia Imperial de Bellas Artes do Rio de Janeiro, que terá a honra de apresentar se pela primeira vez diante d’este Ilustrado público, a quem também dirige agradar como já tem feito nos principais Theatros de Europa , e deste Império. “Mr. Valli há contractado o Theatro União, para dar sua função, junto com Mr. Henrique, e tem preparado para este dia um espetáculo extraordinário que será composto pela seguinte maneira: Exercícios de forças, Agilidade e posições Acadêmicas Exercícios no ar e muitas abelidades sobre colunnas assim como admiraveis sortes nas cordas “Nos intervalos de Mr. Valli, se apresentará Mr. Henrique, para executar alguns exercícios de fizica, em quanto Mr. Valli descansa.”

Aulas de Dança e Música faziam parte dos currículos escolares, lembrando que na legislação de ensino da época, já constava o de ginástica, dentro do núcleo das Belas Artes, que compreendia o desenho, música, dança, esgrima, e ginástica. Aparecem desde 1842 e 1843, quando eram anunciadas as matriculas, sendo que estas, já desde aquela época, seriam pagas à parte.

A referência dos primeiros professores é de 1844, quando da abertura do “Colégio das Abranches”, para meninas, com aulas de gimnástica e dança), ministradas pelas professoras D. Amância Leonor de Castro

Abranches, e tinha, ainda, como professora, D. Emília Pinto Magalhães Branco, mãe dos escritores Aluizio, Artur e Américo de Azevedo.

“... não somente sobre as disciplinas escolares com também sobre o preparo physico, artístico e moral das alumnas. Às quintas-feiras, as meninas internas participavam de refeições, como se fossem banquetes de cerimônia, para que se habituassem 'a estar bem á mesa e saber como se deveriam servir as pessoas de distinção'. Uma vez por semana, à noite, havia aula de dança sob a rigorosa etiqueta da época, depois de uma hora de arte, na qual ouviam bôa música e aprendiam a declamar." (ABRANCHES, 1941, p. 113-114)

Antônio Francisco Gomes propunha, em 1852, que além da ginástica, os exercícios de natação, esgrima, dança, jogo de malha e jogo da pella para ambos os sexos (CUNHA JÚNIOR, 1998, p. 152). Mas vimos que no “O Observador”, edição de 25 de abril de 1853,que o Inspetor da Instrução Pública publica seu relatório, na parte em que trata das escolas particulares de primeiras letras e médio da capital, constata que nos dois colégios existentes não havia aula de Ginástica.

Em 1861, o Sr. Alfredo Bandeira Hall lecionava inglês (1861), tendo inclusive publicado uma gramática adotada pelo Lyceo Maranhense, e exerceu a função de Inspetor de Ensino, atuando em vários exames da 2ª Freguesia. No guia de profissionais, do Almanaque do Maranhão, aparece como Professor de Esgrima e ginástica - Alfredo Hall, residente na Rua do Alecrim, 17. Além dele, outro professor de dança é identificado

No Instituto de Humanidades, em 1861, eram oferecidas aulas de gymnastica, esgrima, dança, tendo o Professor Hall como responsável.

No período de 1861 a 1871 verifica-se a presença de alunos de nacionalidade brasileira no Philantropinum, sediado em Schnepfenthal; dentre esses alunos vamos encontrar alguns membros da Familia LaRoque, estabelecidos no Maranhão e no Pará. Essa escola, sediada na Alemanha, destinava-se a formar professores de gymnastica, porém não encontramos, ainda, evidencias de que tenham se dedicado ao ensino de educação física, seja no Maranhão, seja no Pará.

Éde1869oanunciodecriaçãodoCollégioda ImaculadaConceição -sendoseusdiretoresosPadres Theodoro Antonio Pereira de Castro; Raymundo Alves de France; e Raymundo Purificação dos Santos Lemos. No que se referia às Bellas Artes – desenho, música vocal e instrumental, gymnástica, etc., mediante ajustes particulares com os senhores encarregados dos alunos. (A ACTUALIDADE n. 28, 28 de dezembro de 1869).

AGinástica, especialmenteaquefaziauso deaparelhos, seprestavapara espetáculos circenses, como jávimos em anúncios do princípio do século. No jornal O Apreciável, edição de 1876 se comentava o espetáculo de ginástica dado pelos ginastas portugueses Pena e Bastos. Nos anos 1880, pelo menos três companhias circenses visitavam São Luis, com apresentações de ginástica, o mesmo acontecendo na década seguinte, comoem1890,emqueo cidadãoCandidodeSáPereirasolicitavaoTeatrodeSãoLuisparatrês apresentações de Ginástica, sendo lhe deferido o pedido e ser aviso o administrado do Teatro (A República, expediente de 12 de abril de 1890).

Instigante anuncio encontrado em 27 de agosto de 1877: o Clube de Gimnástica e Esgrima se reuniria em sessão. Símbolo da modernidade que se implantava, o Club de Ginástica e Esgrima era referido como uma das evidências dos avanços que a cidade apresentava. No Publicador Maranhense, de 5 de dezembro de 1879 anunciava-se as aulas do colégio espanhol, que iniciara suas atividades já em 1848; incluída entre as matérias a ginástica

Aluísio Azevedo, tanto em "O Mulato" - publicado em 1880 -, como em uma crônica publicada em 10.12.1880, propõeuma educaçãopositivistapara as mulheres maranhenses: "... é dar à mulher uma educação sólida e moderna, é dar à mulher essa bela educação positivista ... é preciso educá-la física e moralmente ... dar-lhe uma boa ginástica e uma alimentação conveniente ...".

Em 1883, é publicado anúncio em que Virgilio Tavares de Oliveira se propunha a ensinar gimnástica, oferecendo-se a ensinar gratuitamente nos colégios da rede pública.

Também no interior, os colégios ofereciam, em seus programas de ensino, a Ginástica, como se vê desse anuncio no Diário do Maranhão de 7 de março de 1884, do Colégio Popular, em Barra do Corda.

O Dr. Gouveia Filho, na edição de A Pacotilha, jornal da tarde, de 24 de abril de 1886 trazia um artigo, numa coluna ‘Litteratura”, com o título “Educação Physica”, onde afirma que essa palavra não tinha significação entre nós. Em outro artigo, em edição seguinte, também é ressaltado – desta vez por Ramalho Urtigão – a ginástica como parte do processo educacional

O Jornal A Pacotilha de 7 de dezembro de 1887 traz nota sobre a reforma da instrução pública, em que em que é aprovado o programa de ginastica para todas as escolas de 1ª. a 4ª , apresentado pelo professor Pedro Manoel Borges. Informava-se que seria o primeiro programa, desse gênero, apresentado no Brasil.

O Sr. Sabino Erres, que fundara uma Escola de Ginástica – a 15 de novembro – em 1889, e que funcionou em diversos lugares nesta cidade, apresentando-se no Teatro com seus alunos, assim como na sede de sua escola, com programas de trapézio e barras, cordas. Em 1890 – no Diário de 1º de abril - publica aviso que estava disposto a concorrer à cadeira de ginástica, que se abria no Liceu, em função da reforma do ensino O “artista” Sabino Erres continuava a apresentar-se em funções de circo, executando números de gymnástica, utilizandose de cordas, trapézios e barras, junto com outros ‘artistas’ ginastas – como Diocleciano Belfort. Continuava com sua escola, a 15 de novembro, de ginástica; pelo que se depreende, na formação de ‘artistas de ginástica’, para apresentação em espetáculos.

A adaptação das escolas estaduais às novas normas da instrução pública não se dá de forma a contentar a todos. Assim, em a Pacotilha de 29 de março de 1890 um certo Reginaldo faz um comentário, onde exalta a necessidadedessas aulas. Reginaldo voltaàcarga, em suacoluna “De relance”,fazendo suaanáliseda reforma da instrução pública. Volta a falar sobre a inclusão das disciplinas de música e ginástica. Queria saber que espécie de ginastica seria implantada, se a de corpo livre ou se a de aparelhos. Isso, a propósito de que a 23 de abril de 1890, fora publicada a nova lei da reforma da instrução pública, em que é criada a Escola Normal, anexa ao Liceu Maranhense, constando a cadeira de Ginástica.

Em outubro de 1891, a Pacotilha começa a publicar uma série de artigos sobre a Ginástica em diversos países, apresentando análise de suas vantagens na educação das crianças. Passa a relatar os inúmeros métodos que estavam aparecendo – francesa, sueca, dinamarquesa, alemã, e era introduzida a “ginástica educativa”, em bases fisiológicas ehigiênicas. Logo aseguir –edições seguintes – aindafalandoda Itália, refere-se à ginástica Feminina; passa a discutir a ginástica na Alemanha, e a sua obrigatoriedade na escola. Ao mesmo tempo, o vice-governadorCarlos Peixoto(inACruzada,28 deoutubrode1891),em telegrama aoMinistroda Instrução Pública, relata a situação do Liceu Maranhense e as dificuldades do curso preparatório. Fala das cadeiras e da falta de professores. O Ministro diz que a oferta de disciplinas deve obedecer à legislação vigente, caso contrário não serão reconhecidos os estudos. José Rodrigues, ao comentar o telegrama e a resposta a ele, pergunta se no Maranhão não há professores habilitados para ensinar diversas disciplinas, do Ginásio, dentre as quais, cita a Ginástica.

Pouco antes era publicada poesia, nesse mesmo jornal - A Cruzada, em agradecimento, ao Grande Tenor que se despedia da terra; lá é colocado que, além de canto e musica, era também professor de Esgrima e Ginástica No ano de 1894 aparecem notas sobre uma literatura específica – manuais de ginástica, italianos, que são analisados, em virtude de conferencias que estavam acontecendo naquele país. Comentários sobre a ginástica nas escolas, em especial as alemãs. Por aqui, uma escola oferecia aulas de Ginástica, dentre outras matérias; Tratava-se da Escola Lopes Trovão, dos professores João da Matta Lopes e Trajano Viveiros Raposo. As críticas às aulas de Ginástica no currículo do Liceu Maranhense – seu anexo, a Escola Normal -, voltam à baila,naediçãodeAPacotilhade7dejunhode1894.Dizoarticulistaqueascríticasfeitasatravésdaimprensa pela inclusão dessa cadeira, até aquele momento, que justificava sua não oferta, e a consequente nomeação do professor, pois os senhores Cunha Martins e Casimiro haviam deixado a cadeira de Ginástica, pois nunca

havia se tornado sério a criação da dita cadeira. Mas, nessa mesma edição, consta a ‘aclamação’ (nomeação) do professor de ginástica: o senhor João da Mata Lopes. Edição de 27 de julho de 1894, voltava à carga a questão da nomeação do professor. Ele, nomeado Lente do Liceu, com base na Lei da Instrução Publica de 1893, não tinha reconhecido assento na Congregação, por julgar, a direção da escola, matéria técnica.

Em janeiro de 1895 saem novas normas para a instrução pública, estabelecida provas práticas para algumas das novas disciplinas, dentre estas, as de Ginástica. Parece-nos que em julho a questão do professor estava resolvida; João da Mata Lopes assumira sua cadeira, e iniciava suas aulas... No Almanaque Administrativo de 1896 constava no quadro de docentes tanto do Liceu Maranhense como da Escola Normal, o professor João da Mata Lopes como titular da cadeira de Ginástica. Em 1910, esse professor requer a aposentadoria, por ser professor vitalício (Correio da Tarde, 30 de agosto de 1910).

Mas aparece outro problema: os uniformes para as aulas práticas de ginástica, em especial, a das alunas. Em novembro de 1895, os primeiros exames das cadeiras incluídas na reforma de 1893, e depois de toda a polemica - da contração do professor, de sua participação na Congregação, de as provas serem práticas, e dos uniformesdosalunos -, observa-sequeapenas alunosdoLiceu –sexomasculino...–sesubmeteram àsprovas.

Já na Escola Normal, eram aprovadas, nas aulas de Gymnástica, as alunas: Filomena Perpedina de Almeida, Adelaide Euzebia Magalhães, e Maria Izabel de Magalhães. Um ano depois, 1896, novos exames das alunas da Escola Normal: Blandina Eloisa dos Santos, Eugenia Tolentino Serra, Genesia Maria dos Santos, Henriqueta de Freitas Belchior, Joanna Raimunda de Mello, Maria da Anunciação Ribeiro, Maria Augusta Viera dos Reis, Maria José Costa, e Thomasia Correia de Aquino.

Em 1898, o Governador do Estado faz uma visita ao Liceu Maranhense e observa as aulas de Ginástica.

1899, nova adaptação do currículo tanto do Liceu quanto da Escola Normal, para se adaptar à nova Lei do Ensino Secundário. Novamente, necessária a adequação curricular para que houve a equiparação com o Colégio Pedro II; essa a discussão da edição de 27 de abril.

No dia 17 de outubro de 1899 é criado o Clube de Ginástica e Esgrima, sendo Secretário Orfila M. Cavalcante. em março, seu Estatuto é encaminhado à imprensa, e fica-se sabendo quem são os seus fundadores e principais dirigentes: Achiles de Farias Lisboa, Orfila Machado Cavalcante e José Gomes de Castro.

Em 1900, ocorre nova reforma do ensino, identificando-se como professor de ginástica, João da Matta Lopes. No “Regimento para as Escolas Estadoaes da Capital” (Decreto nº16 de 04 de Maio de 1901; Nascimento, 2007a, 2007b,) instituía, no seio de suas diretrizes gerais, questões referentes a “inspecção e asseio” normatizando desde a entrada dos alunos em que caberia às professoras proceder á uma revista do asseio dos mesmos “tomando as providencias necessárias em ordem a estarem todas as condições regulares de limpeza de mãos, unhas, rosto e penteado do cabello, no momento de serem iniciados os exercícios escolares” (Regimento, 1901, p.80) conforme a classe a que pertence o estudante. Percebem-se nítidos traços de influência militar em termos de linguagem e recomendações na modelagem deste corpo escolarizado, quando instituem os exercícios abaixo descritos

a) Os da primeira classe constarão de marchas e contramarchas com variações apropriadas a darem facilidade de movimento dos alumnos;

b) Os da segunda versarão sobre movimentos em varios tempos, com e sem flexão dos membros, desacompanhados de instrumentos;

c) Os da terceira se comporão dos mesmos exercicios das segunda, mas com instrumentos;

d) Os da quarta de exercicios de barra de extremidades esphericas, barra fixa, apparelhos gyratorios (Regimento, 1901, p.80, grifos nosso).

Nova reforma da instrução pública, ajustando-a ao currículo do Ginásio Nacional, o Governo divulga o salário pago aos professores, tanto do Liceu Maranhense quanto da Escola Normal; nota-se que o numerário do Professor de Ginástica e Esgrima – duas disciplinas!!! – era 50% menor do que a dos outros mestres

Na Escola Normal, as alunas eram chamadas para os exames de Ginástica. A banca, formada por três professores, contava com o Dr. Achiles Lisboa, o professor de Ginástica João da Mata Lopes, e Luis Ory: Amalia Ribeiro Fonseca, Orythia Satyra dos Santos, Thereza de Jesus Carreira, Amelia C. F. Cerveira, Paschoa Galvão Advincula, Ignez de Castro Pinto, Arthusa Maria da Fonseca, Celeste Bayma, Justina

Gregoria dos Santos, Henriqueta Enaudina dos Santos, Maria José Parelles, Emilia Jorge da Silva, Fernanda de Oliveira, Ursilla Santos, Ganevry Mattos, Adelaide Magalhães, Zila Angele Paes.

Na edição de A Pacotilha de 8 de novembro de 1901 era anunciado a morte de Pedro Nunes Leal, fundador do Instituto de Humanidades. Da relação dos seus professores, o Sr. Alfredo Hall, de Esgrima e Ginástica –contratado em 1861 - que já faziam parte daquele notável estabelecimento de ensino

Na edição de 19 de maio de 1903, de A Pacotilha – Jornal da Tarde – é anunciada a chegada do Sr. Miguel Hoerhann, contratado pelo Governo do Estado para reorganizar o serviço de educação física, voltado para o Liceu, Escola Normal e Modelo, escolas estaduais e do município. Na Gazeta de Petrópolis, edição de 15 de setembro de 1903, informa-se que Miguel Hoerhann estava em São Luis, nomeado que fora Diretor da Educação Physica, conforme a edição 204 de “A Pacotilha”, da capital do Maranhão Em maio, a educação física é tornada obrigatória em todos os estabelecimentos de ensino, não apenas no Liceu e Escola Normal, e Escola Modelo Em 11 de agosto, o Professor Miguel recebe os aparelhos de ginástica, solicitados para o Liceu Maranhense.

No dia 04 de junho de 1903 aparece anuncio n´A Pacotilha em que Miguel Hoerhann, como já fizera em Petrópolis eNiterói, oferece seus serviços como professorparticular de ginástica -Logo nodia 05/06,anuncia o início das aulas; e a 30 de junho, outro aviso, convocando os alunos inscritos

Nosso Diretor da Divisão de Educação Física começa a publicar artigos. Efetivamente, nas edições seguintes aparece o artigo prometido, dividido em várias seções, publicados ao longo do tempo, tratando da ginástica médica. - No mês de agosto novo anuncio em A Pacotilha, do dia 31, já assinado como Diretor da Divisão de Educação Física do Maranhão, sobre a realização de um concurso poético, tendo por tema a Ginástica. Verifica-se que se referia ao Turnen, haja vista a citação dos “4 Fs”, como a divisa da ginástica: “Abre-se aos cultores das musas uma produção poética, em que entrem as palavras que constituem a divisa da gymnastica: FIRMA,FORTE,FRANCO,FIEL,equetenhaportemaaglorificaçãodaabnegação,dotrabalhoperseverante enobre, dovigordo espírito como consequênciados exercícios physicos [...]” Nãosetem notíciasdoresultado desse concurso, mas em Janeiro de 1904 aparecem os mesmos anúncios de, provavelmente, novo concurso, com prazo de inscrições até o dia 31 de janeiro daquele ano. Na primeira semana de fevereiro, novos anúncios, nova data de termino das inscrições: 18 de fevereiro. No mês de março, foram entregues os prêmios aos vencedores do concurso poético, não se informando, no entanto, os nomes e nem se dá notícias dos poemas

A "gymnástica" era praticada pelas elites, que tomavam aulas particulares, conforme se depreende desse anúncio, publicado em 1904:

PARA OS ALUMNOS DE AULA PARTICULAR DE GYMNÁSTICA

A Chapellaria Allemã acaba de despachar: camizas de meia com distinctivos

Distinctivos de metal com fitas de setim e franjas d'ouro

Distinctivos de material dourado para por em chapéus

Chapellaria Allemã de Bernhard Bluhnn & Comp. 23 - Rua 28 de julho – 23.

(A CAMPANHA, 6ª feira, 8 de janeiro de 1904, p. 5).

Em crítica apolítico eminente –Benedito Leite– com otítulode“Pestede Caroço”, oautor fazum retrospecto do governo e, do momento, se refere às escolas e a introdução das aulas de Ginástica e a contratação de professor estrangeiro – de nome alemão:

Escolas particulares, de educação primária, como o Instituto Rosa Nina oferecem seus cursos, enfatizando o conteúdo deles. Nesse anuncio, chama-nos a atenção o método utilizado no Jardim de Infância – o de Froebel, em que é enfatizado os ‘dons’: jogos, movimentos graduados acompanhados de canto.

Miguel Hoerhan publica um livreto sobre o uso da baioneta: Esgrima de Baioneta; refere-se ao estudo comparativo que fizera, cotejando-o com as instruções para a infantaria do Exército brasileiro, guia oficial publicado pela imprensa oficial, no Rio de Janeiro em 1897. Não pretendeu, mesmo, escrever uma obra

totalmente original. Pereira da Costa considera ser esse o primeiro livro de didática da educação física publicado, em 1903, no Maranhão. http://www.cultura.ma.gov.br/portal/bpbl/acervodigital/Main.php

O sexo feminino também tinha suas aulas de ginástica, pois fazia parte do currículo da Escola Normal, conforme resultado dos exames publicados, como era comum à época:

CURSO ANEXO

Foi este o resultado dos exames de hontem: GYMNÁSTICA

Núbia Carvalho, Maria Varella, Neusa Lebre, Hilda Pereira, Margarida Pereira, Almerinda Parada, Leonor Rego, Rosilda Ribeiro, Fanny Albuquerque, Agrippina Souza, Cecilia Souza, Roza Martins, Esmeralda Paiva, Neusa Silva, grau 10 Faltaram 12.

(O MARANHÃO, Sexta-feira, 15 de novembro de 1907).

Embora Djard MARTINS (1989) - em seu já clássico “Esporte, um mergulho no tempo” traga Miguel Hoerhann como nosso primeiro professor de Educação Física, verificamos que havia vários professores atuando em diversos estabelecimentos, inclusive oficiais – tanto na Escola Normal, Escola Modelo, Liceu Maranhense

CHE GUEVARA EM IMPERATRIZ

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão

Academia Ludovicense de Letras

Academia Poética Brasileira

Centro Esportivo Virtual

Quando Ernesto Rafael Guevara de la Serna chegou em Imperatriz, foi recebido numa pensão ali nas imediações do mercado Bom Jesus por alguns guerrilheiros e uns poucos apoiadores, entre eles meu amigo Carlos Lima.

A imagem do grande comandante deitado numa rede cometido pela asma é contraditória àquela de empunhar um fuzil e dá ordens a seus comandados, pior ainda,Chenão concordava com aguerrilhaimplantada naregião de Xambioá Tocantins, motivo pelo qual ficou guardado no esquecimento de nossa história.

Sempre que encontrava o historiador Adalberto Franklin aproveitava para dar-lhe uma cutucada sobre o assunto, ele vinha mergulhando na história e até já concordava comigo. Adalberto se foi sem desvendar o mistério... Z T.

Vamos à História, pois. Com a provocação do Zeca Tocantins, buscamos algumas informações sobre essa passagem de Che Guevara por Imperatriz.

Devo esclarecer que, vindo de família de político, pai preso pela revolução de 1964 (declaro como morto, com certidão de óbito e tudo), nunca conseguiu perdão – anistia!. Eu vim para Imperatriz em 1976, logo após a minha formatura. Projeto Rondon, passar trinta dias e acabei ficando. Voltei para Curitiba, e resolvi retornar ao Maranhão. Um colega da Faculdade de Direito, da Policia Federal, me visitou, querendo saber o que iria fazer em Imperatriz. Falei do convite para integrar a equipe de implantação da Educação Física... Uns dois anos, já em Imperatriz, fui chamado à Segunda Seção do 50º BIS, por um Tenente – apelido de Chê, gaúcho – e lá, junto com o comandante da época, fui informado que eu estava sendo observado, desde que chegara à região, pois pensavam que eu iria me integrar à Guerrilha do Araguaia, dado os antecedentes familiares... foi nessa ocasião, lendo meu prontuário, que tomei conhecimento da passagem de Che Guevara por Imperatriz...

As notas e identidades aqui relatadas, são extraídos de Kayla Pachêco Nunes in GUERRILHEIROS EM IMPERATRIZ: ENTREVISTA COM O JORNALISTA DOMINGOS IZAIAS CÉSAR RIBEIRO, TESTEMUNHA DA GUERRILHA DO ARAGUAIA. Revista São Luís Orione online, Araguaína-TO, volume 1, nº15, jan/jun, 2020. ISSN: 2446-5062.

Relata Domingos Izaias Cezar Ribeiro, jornalista, escritor, ativista ambiental e cultural, membro da Academia Imperatrizense de Letras – AIL que : em agosto de 1967, Che Guevara veio embora, saiu de Cuba, chegou em Belém, pegou a rodovia Belém-Brasília (BR 010), passou por Imperatriz e reuniu com eles (os guerrilheiros) numa pensão na XV de Novembro. Perto do Mercado Municipal tinha uma pensão chamada “Pensão de Dona Cotinha”, e lá eles se reuniram numa noite de agosto, sob a luz da lamparina, e Che, com Maurício Grabois, João Carlos Haas Sobrinho, Osvaldão, e Dina e tantos outros companheiros, inclusive tudo indica que o Carlos Lima deveria estar nessa reunião, muito embora ele negue.

O Che Guevara, ele tentou dissuadir a todos para não fazerem essa guerrilha, não fazerem essa revolução porque eles não iam ter êxito. E ele explicou que lá em Cuba, eles tiveram êxito junto com Fidel porque é um país, pequeno, é uma ilha, e aí eles tiveram êxito, mas no Brasil, com um território do tamanho desse país, eles não iam ter sucesso, como de fato aconteceu. Só que eles teimaram, não obedeceram às ordens de Che.

No dia seguinte, Che já bastante doente, debilitado, foi ao único posto de saúde que tinha em Imperatriz. É onde hoje funciona a Casa da Criança (abrigo mantido pela Prefeitura para crianças sob tutela judicial), ali ao lado da igreja matriz de Santa Teresa. Ele foi lá se consultar e foi atendido pelo seu Fernando Cunha, laboratorista, foi quem atendeu ele e quando ele olhou,

o reconheceu, porque era uma figura que já aparecia nas revistas como a Cruzeiro. Conversaram, trocaram algumas palavras, e o Che com sotaque castelhano e ele reconheceu. Che foi embora, saiu novamente na Belém-Brasília, quando foi morto dia 06 de outubro do mesmo ano na Bolívia.

Corrobora essa informação sobre a passagem de Guevara por Imperatriz, notas de suas viagens, pois além da visita oficial ao Brasil em 1961, para ser condecorado pelo então presidente Jânio Quadros, há narrativas de que Che tenha entrado no Brasil outras vezes, durante o regime militar, quando movimentos como o da guerrilha lutavam para derrubar o governo ditatorial.

“Uma dessas incursões teria sido a Imperatriz, cidade que foi o centro de efervescência política na segunda metade dos anos 1960 e na primeira metade dos anos 1970. O presidente estadual do PMDB, Remi Ribeiro, esteve na reunião com o suposto Che, mas nem ele sabia com quem iria conversar, pois o máximo que lhe informaram era que seria alguém muito importante de Cuba. Anos depois disseram a ele ter sido o revolucionário, mas isto nunca foi confirmado, tampouco desmentido categoricamente”.

OS PERSONAGENS

Guerrilha do Araguaia teve lugar nas regiões sudeste do Pará e norte do então estado de Goiás (atual Tocantins), também abrangendo terras do Maranhão, na área conhecida como 'Bico do Papagaio'. Ocorreu entre meados dos anos 1960, quando os primeiros militantes do Partido Comunista do Brasil chegaram à região, e 1974, quando os últimos guerrilheiros foram caçados e abatidos por militares, treinados para combater a guerrilha e determinados a não fazer prisioneiros.

Xambioá Tocantins - Município situado às margens do Rio Araguaia, no norte do Estado. Entre 1970 a 1976 ocorreram na região ações guerrilheiras organizadas pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), contrárias ao regime militar. Seus integrantes pretendiam combater a ditadura militar e implementar o comunismo, iniciando o movimento pelo campo.

Golpe Militar É o nome que se dá à articulação golpista que, entre 31 de março e 9 de abril de 1964, realizou a tomada de poder, subvertendo a ordem existente no país e dando início à Ditadura Militar, regime ditatorial que se estendeu no Brasil de 1964 até 1985 e foi caracterizado por censura, sequestros e execuções cometidas por agentes do governo brasileiro. Durante o golpe realizado em 1964, o presidente então empossado, João Goulart, foi destituído de seu cargo

CHE GUEVARA - Médico, jornalista, escritor, diplomata e líder revolucionário, Ernesto Guevara, mais conhecido como "Che" Guevara, nasceu na Argentina e foi um revolucionário marxista. Conheceu Fidel e Raúl Castro, outros dois importantes líderes da Revolução Cubana, em julho de 1955, durante o exílio dos irmãos no México. Foi durante esse encontro que se juntou ao Movimento 26 de Julho e partiu para Cuba com o objetivo de derrubar o ditador Fulgêncio Batista, autocrata que governava a ilha com o apoio dos Estados Unidos. Che rapidamente ganhou destaque entre os guerrilheiros. Foi segundo comandante, tendo exercido um papel fundamental na guerrilha que sairia vitoriosa em janeiro de 1959. Após o triunfo revolucionário, Che assumiu uma série de cargos-chave no novo governo. Entre outras funções, foi ministro das Indústrias, embaixador e presidente do Banco Central de Cuba. O líder revolucionário é constantemente lembrado como uma das figuras mais importantes do século 20. Data correta da morte de Che, segundo a imprensa é 09 de outubro. No dia 9 de outubro de 1967, tropas da Bolívia mataram o líder revolucionário Ernesto Che Guevara.

MAURÍCIO GRABOIS Participou do movimento de guerrilha na região do Araguaia, no Sul do Pará, onde passou a viver. Fazia viagens frequentes a São Paulo para estabelecer contatos políticos e visitar seus familiares. Em 1972, o Exército descobriu o núcleo do PC do B no Araguaia e iniciou os preparativos para erradicá-lo. As tropas enviadas à região - que envolveram grandes recursos em efetivos e equipamento e chegaram a implicar a abertura de estradas - eliminaram 50 guerrilheiros, entre os quais Maurício Grabois. Seu último contato com sua mulher foi em janeiro de 1972 e, de acordo com sobreviventes da guerrilha, sua morte ocorreu em dezembro de 1974. Até hoje, entretanto, Grabois não foi dado oficialmente como morto, sendo considerado desaparecido. Era uma das 15 pessoas que se encontravam no acampamento da Comissão Militar na hora do ataque das forças armadas ocorrido em 25/12/1973, episódio conhecido como “Chafurdo

de Natal”. Em 1967, deputado constituinte, veio morar em Porto Franco (localizada a 100 km de Imperatriz, quase na divisa com o Tocantins) Maurício Grabois – Memorias da Ditadura

JOÃO CARLOS HAAS SOBRINHO "Dr. Juca" foi um médico e guerrilheiro brasileiro, integrante do Partido Comunista do Brasil, morto em combate na Guerrilha do Araguaia. É considerado desaparecido político por não terem sido entregues os seus restos mortais aos familiares. O relatório da Comissão Nacional da Verdade aponta que ele morreu em 30 de setembro de 1972, nas redondezas da área do Franco, por uma rajada de tiros de militares.

DINA- ageóloga DinalvaOliveirados Santos tinha29anos em 1974,quandodesapareceuduranteaguerrilha do Araguaia. Ela foi a única mulher, entre os guerrilheiros do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) que enfrentaram o Exército, a comandar um destacamento militar insurgente. Segundo seus companheiros e até alguns militares, Dina era valente, atemorizava os soldados com sua audácia e saiu ilesa de vários combates. Seu desaparecimento é um dos maiores mistérios do Araguaia.

OSVALDO ORLANDO DA COSTA, o Osvaldão, um negro de 1,98m, engenheiro metalúrgico, especialista em pedras preciosas, com formação guerrilheira na extinta Tchecoeslováquia, na Polônia e na China. Por sua formação e coragem era um dos líderes do movimento. Foi caçado pelos militares até ser assassinado por um informante conhecido com Piauí. Foi um dos primeiros participantes da Guerrilha do Araguaia, na região do Bico do Papagaio, próxima da fronteira entre o Pará e o Tocantins, local onde foi visto com vida pela última vez. Segundo registros oficiais, é dado como morto, embora seus restos mortais nunca tenham sido encontrados Osvaldao – Memorias da Ditadura

CARLOS LIMA - Por combater abertamente o regime militar, foi perseguido, cassado, preso e torturado. Participou ativamente da Guerrilha do Araguaia dando apoio aos guerrilheiros. Atendendo a pedido do deputado Neiva Moreira, Carlos Lima hospedava os guerrilheiros que passavam por Imperatriz rumo ao Araguaia no final da década de 60. Em sua chácara, localizada na foz do riacho Cacau, guardava armamentos. Tinha uma chácara lá na beira do Riacho Cacau, onde criava porcos cultivava algumas plantações. Mas na verdade era só de “h”, a chácara dele era onde ele guardava as armas e o dinheiro que o pessoal que começou fazer essa revolta contra os militares, que eram chamados terroristas, guerrilheiros, enfim, eles começaram a migrar pra essa região, porque os guerrilheiros botaram na cabeça, a partir de 1966...67, que eles iam fazer a revolução a partir daqui da região do Tocantins e do Araguaia, principalmente do Araguaia, então eles vinham pracá.AportadeentradaprairpraláproAraguaia,era Imperatriz.Nãotinhacomo, nãotinhaestradas naquela época, certo? As estradas eram os rios, era o Tocantins e o Araguaia. Então eles vinham pra cá.

REMI RIBEIRO OLIVEIRA (Dom Pedro, 22 de outubro de 1941) é um político brasileiro filiado ao PMDB, com base no Maranhão. Foi senador da República pelo Maranhão, após a renúncia do primeirosuplente, Edison Lobão Filho.

Outra matéria, esta não disponível: O dia que Che Guevara veio ao Maranhão: Mito ou verdade? Revista Maranhão Hoje aborda o fato. http://www.aquilesemir.com.br/2015/03/o-dia-que-che-guevara-veio-aomaranhao.html

BOM DIA, BOA TARDE E BOA NOITE

. Psiquiatra. Membro da AMM, AMC, ACL, SOBRAMES

Os cumprimentos acima, são certamente, uma das expressões mais usadas pela humanidade, ao longo de nossa história. Eles estão presentes em quase todas as culturas, com adaptações linguísticas e culturais, como: Inglês: Good morning, Good afternoon, Good evening. Espanhol: Buenos días, Buenas tardes, Buenas noches. Francês: Bonjour, Bon après-midi, Bonsoir. Independentemente do idioma, o conceito de saudar com base nos períodos do dia é universalmente compreendido.

Às expressões “bom dia”, "boa tarde" e "boa noite" têm raízes históricas que remontam às primeiras formas de comunicação estruturada entre os seres humanos. Isto é, são expressões muito antigas que vem ocorrendo ao longo de nossa história. Provavelmente, se origens de civilizações antigas, pois as primeiras sociedades organizadas, como na Mesopotâmia, Egito Antigo, Grécia e Roma, já havia práticas de saudações que variavam dependendo do contexto, muitas vezes associadas ao sol, à luz do dia ou às divindades que regiam esses ciclos.

Por exemplo, na Roma Antiga, expressões como "Salve" ou "Ave" eram usadas como cumprimentos gerais, mas muitas vezes acompanhadas de referências ao dia ou à noite. Como se pode ver, tais expressões ou cumprimentos têm influências religiosa muito antigas. Durante a Idade Média, com a disseminação do cristianismo e do islamismo, cumprimentos passaram a incorporar desejos de bênçãos e bem-estar: o cristianismo enfatizava a saudação como um ato de desejar paz e prosperidade, o que pode ter contribuído para o formato de "bom dia" como uma saudação benévola.

No mundo islâmico, expressões como "As-salamu alaykum" (a paz esteja com você) reforçavam o desejo de harmonia em qualquer momento do dia. Com a estruturação do tempo a divisão do dia em períodos como manhã, tarde e noite se consolidou nas civilizações agrárias, onde os ciclos do sol e do trabalho ditavam a organização das atividades humanas.

Com isso, cumprimentos específicos para cada período do dia começaram a surgir naturalmente, como uma forma de reconhecimento dos ciclos naturais. Com a evolução na linguagem na idade moderna especialmente nos séculos XVI e XVII, o uso de saudações mais refinadas e específicas começou a ganhar popularidade nas cortes europeias.

Frases como "Good morrow" ou simplesmente “morning” (uma forma antiga de "bom dia" em inglês) e "Bon jour" (em francês) eram ditas como formas de etiqueta e respeito. A influência da revolução Industrial no século XVIII e XIX, com a urbanização e o aumento das interações sociais, cumprimentos baseados no tempo do dia se tornaram mais formais e frequentes, além do mais a necessidade de distinções claras entre os momentos do dia, para organizar encontros e negócios, reforçou o uso de saudações específicas como "bom dia", "boa tarde" e "boa noite".

Portanto, é enorme a importância histórica na evolução dos cumprimentos, pois estas saudações surgiram e evoluíram como uma necessidade humana de marcar o tempo e demonstrar respeito, gentileza e conexão social. Desde os tempos antigos até hoje, os cumprimentos baseados nos períodos do dia têm sido um reflexo do desejo humano de se comunicar e criar laços, adaptando-se às diferentes culturas e contextos históricos.

Embora tenham ganhado novos formatos e significados, essas saudações continuam a ser uma parte essencial da interação social no mundo moderno. As expressões "bom dia", "boa tarde" e "boa noite" têm significados que vão além de simples saudações no contexto dos seres humanos. Elas carregam valores culturais, sociais e emocionais, sendo formas universais de interagir e estabelecer conexões interpessoais.

São cumprimentos e conexão sociais os quais representam saudações que representam forma de reconhecimento mútuo entre as pessoas, demonstrando atenção e respeito. Ao dizer "bom dia", por exemplo, você reconhece a presença do outro e estabelece um vínculo momentâneo. Em muitas culturas, essas expressões refletem a boa educação e a cordialidade, sendo esperadas em encontros, ao chegar em um lugar ou iniciar uma conversa.

Desejo de Bem-Estar, o "bom" em cada saudação representa o desejo de que o outro tenha uma experiência positiva naquele período do dia. Assim, essas expressões são também votos de felicidade, saúde e harmonia. Elas simbolizam cuidado e empatia, mesmo em interações breves.

Essas expressões ajudam a situar as interações no tempo. O uso de "bom dia" pela manhã, "boa tarde" à tarde e "boa noite" à noite facilita a comunicação e organiza o contexto das conversas. Na realidade, em muitassociedades, dizer "bom dia","boatarde" ou "boanoite" éum ato que refletebons modos econsideração pelo outro. O silêncio ou a ausência de cumprimento pode ser interpretado como falta de educação ou desinteresse ou mesmo um sinal de indiferentismo com as presenças dos outros. Embora o significado básico seja universal, o uso dessas expressões varia entre culturas. Em algumas regiões, são ditas de forma calorosa e enfática; em outras, podem ser mais formais ou reservadas.

Essas saudações não são apenas palavras. Elas carregam energia emocional e podem impactar positivamente o dia de alguém. Um "bom dia" dito com um sorriso, por exemplo, pode transmitir alegria e entusiasmo, enquanto um "boa noite" pode ser um gesto reconfortante no fim de um dia difícil.

Por que essas expressões são importantes? Em princípio as mesmas fortalecem vínculos sociais, pois elas ajudam a criar e manter boas relações interpessoais. Podem transmitir emoções, já que o tom de voz, a expressão facial e o contexto podem transformar essas palavras em gestos de apoio, de carinho, conforto ou celebração. Tais cumprimentos promovem empatia e demonstram interesse no bem-estar do outro. Eis porque é importante que as cultivemos.

VOCE CONHECE ADELINA CHARUTEIRA?

Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão

Academia Ludovicense de Letras

Academia Poética Brasileira

Centro Esportivo Virtual

No século XIX, o Maranhão foi um dos estados que mais se destacaram no movimento abolicionista. A luta contra a escravidão e a defesa dos direitos dos escravos contribuíram para a formação de uma identidade de resistência e justiça social.

Estudantes e intelectuais foram figuras importantes no movimento abolicionista no Maranhão. Clubes e associações abolicionistas foram formados para apoiar a causa da abolição. Esses grupos organizavam eventos, arrecadavam fundos e ajudavam a libertar escravos através da compra de alforrias ou da fuga. Um dos mais notáveis foi o Clube dos Mortos, formado por estudantes e intelectuais que se dedicavam a ajudar nalibertaçãodeescravos.Elesorganizavamcomícios,arrecadavamfundoseajudavamescravizadosafugirem ou a comprar suas alforrias, dentre outras atividades para conscientizar a população sobre os horrores da escravidão e ajudar na fuga ou na compra de alforrias dos escravizados

AdelinaCharuteirafoiumafiguraimportantenesseclube.Comovendedoradecharutos,elatinhaaliberdade de circular pela cidade e usava essa oportunidade para ajudar na libertação de escravos Ela se tornou uma ligação vital entre os estudantes do clube e os escravizados, fornecendo informações e apoio para a fuga e a compra de alforrias. Com a tomada de consciência da vida de escrava que tinha, a jovem ouvia os comícios e palestras promovidos pelos estudantes no Largo do Carmo e identificou características de sua vida, assim como de sua mãe e do povo negro.

Adelina Charuteira nasceu em 07 de abril de 1859 em São Luís. Batizada em 27 de novembro de 1859 pelo reverendo padreAntônio Francelinode Abreu naigrejaMatriz.Seus padrinhos sechamavam Manuel Joaquim da Fonseca e Dona Maria Magdalena Henriques Viana. Adelina era filha de escrava com um senhor de escravos. Sua mãe era chamada de "Boca da Noite", mas seu verdadeiro nome era Josepha Tereza da Silva., comprada e escravizada para serviços domésticos na casa de João Francisco da Luz, um homem poderoso e que constantemente a abusava. Desa forma, ela engravidou, em 1859. Ensinada a ler e escrever, habilidades incomuns e altamente desestimuladas na época, Adelina foi prometida à alforria aos 17 anos, o que nunca aconteceu.

Quando seu pai teve um revés financeiro, passou a fabricar charutos, encarregando a filha da venda avulsa pela cidade, inclusive dizem as más línguas, que se tratava de uma formidável vendedora onde tinha como clientes os alunos do Liceu Maranhense e muita gente famosa daquela época, o que lhe dava liberdade de movimentos em São Luís por grande parte de suas ruas .

Frequentava o Largo do Carmo, onde eram promovidos comícios e palestras a favor da abolição. Seu oficio a levouaformarumavastaredederelacionamentos eaconhecerbemtodaacidade,oqueajudavaanãolevantar suspeitas, ajudando na libertação de muitos escravos.

Sua contribuição foi essencial para a libertação de muitos escravos, e ela continuou a lutar pela causa mesmo após conquistar sua própria liberdade em 1876. Adelina Charuteira é lembrada como uma mulher corajosa e determinada que fez uma diferença significativa na luta contra a escravidão no Maranhão

A data de sua morte é desconhecida, assim como seu rosto. Ilustrações que a referenciam foram feitas a partir de fotografias de outras mulheres negras escravizadas da região na época.

https://www.terra.com.br/nos/adelina-charuteira-a-escravizada-que-lutou-pela-abolicao-nomaranhao

Adelina Charuteira, a escravizada que lutou pela abolição no Maranhão

Guerreiras pretas: sem fardas nem armas!

https://www.dw.com/pt-br/consci%C3%AAncia-negra-adelina-a-charuteira-a-escravizada-que-ajudavaabolicionistas/

OUTRAS INSTITUIÇÕES

LITERÁRIAS/CULTURAIS

O escritor maranhense Vicente Sá, de 68 anos, faleceu na última sexta-feira (24) em Brasília. Poeta, compositor, cronista e jornalista, ficou conhecido por sua contribuição significativa à chamada poesia marginal.

Nascido em Pedreiras, ele mudou-se para Brasília ainda criança e adotou a cidade como sua musa e fonte de inspiração. Publicou diversos livros de poesia, romances e crônicas, além de compor músicas e participar de grupos musicais como a Liga Tripa. Figura central na cena cultural de Brasília, especialmente durante as décadas de 1970 e 1980, será lembrado por sua capacidade de transformar o cotidiano em poesia.

Com o nome ao estado onde nasceu em sua certidão de nascimento, Vicente Tadeu Maranhão Gomes de Sá, faleceu devido a complicações de uma pneumonia agravada pelo tratamento contra um câncer na garganta.

Sua obra e legado continuam a inspirar muitos na capital federal e no país. Dentre seus livros publicados estão: Diário de Ánis, O Engenho da Loucura, Anjo Carmim, Crônicas S/A, Beijo de Hiena, A Teus Pilotis, Tumbatatá e Outros Poemas, Vamos Nessa, Vovô etc.

Vicente Sá deixa uma reflexão rica à literatura brasileira com textos caracterizados por uma linguagem poética que capturava o cotidiano de forma profunda e reflexiva. Transformava cenas e situações comuns em poesia, trazendo à tona a beleza e a complexidade da vida diária.

Sua escrita era muitas vezes carregada de emoção e sensibilidade, refletindo suas próprias experiências e observações da vida em Brasília e no Maranhão.

O corpo de Vicente Sá foi velado inicialmente no Espaço Cultural Renato Russo (508 Sul), em Brasília. No domingo (26), aconteceu o velório na cidade de Pedreiras, onde o corpo foi cremado.

A SEMANA CULTURAL SAMUEL BARRETO É UM EXEMPLO PARA O MARANHÃO.

O Prêmio de poesia foi de alto nível.

Os municípios do nosso estado devem copiar o exemplo da terra de João do Vale. Em tempo, é preciso destacar a força da poesia do Coletivo Vozes do Vale, que classificou cinco poetas para a grande final: Anna Liz, Luiza Cantanhêde, Luís Henrique, Evilásio Júnior e Paulo Rodrigues. Eu tenho orgulho dos poetas do Vale do Pindaré. Em 2025 tem mais aventuras poéticas pelo Brasil.

ZECA TOCANTINS

Uma esperança inútil, poucas são as cidades que possuem secretaria de cultura habilitada a promover incentivo aos artistas, mesmo estes precisando submeter-se aos critérios rigorosos dos editais para, enfim, serem beneficiados com algum recurso.

Imbuídos do fazer cultural que aprimora os gostos, prima-se pela qualidade do que é produzido, isso significa mais investimento. As vezes somos até conscientes das deficiências, mas nada podemos fazer em virtude dos minguados recursos. Que exigem gestão eficiente para não se diluir no meio do caminho. Afinal de contas, não se pode colocar no orçamento aquilo que se leva à mesa.

Nosso fazer artístico divide-se entre a eficiência econômica, na tentativa de agradar um público que não existe. Todos os olhos, todos os ouvidos, estão voltados para o mercado e as secretarias de culturas nunca tiveram o cuidado de abrirem espaço nos meios de comunicação para que a arte tivesse visibilidade. Cultivamos a ilusão de sermos artistas quando na verdade ninguém conhece nosso trabalho. Somos estranhos em nosso próprio ninho.

Nossa produção nunca consegue uma autonomia financeira, embora a qualidade seja superior a oferecida pelo mercado, ela permanecerá em estado de ineditismo. É como se nada tivesse acontecido. Nenhuma escola, nenhuma universidade, nem rádio, nem televisão tomará conhecimento. Nenhum público dará notícia desse trabalho produzido com grandes esforços e parcos recursos, embora sejam citados em roda de amigos o nome do artista, mesmo que seja para exibirem algum conhecimento.

As prestações de contas são verdadeiros suplícios, a escassez de orientação no desenrolar do projeto provoca danos enormes, não há acompanhamento da instituição patrocinadora, muito menos do órgão fiscalizador orientando o desenrolar do projeto. E, naturalmente, a prestação de contas.

A arte humaniza, quando consumida. Mas sem público, sem consumo, morre a arte e morre o que há de humano em nós. Fica a superficialidade das redes sociais e a imposição do mercado com seu produto descartável, que aos poucos vai nos transformando também em seres descartáveis. A futilidade das coisas vai nos conduzir a um mundo também fútil onde a própria estrutura familiar nos parece ser desnecessária, essa ilusão impacta a sociedade e seus valores. Z T.

EU E NENÉM BRAGANÇA

Nos encontramos no ginásio Bernardo Sayão, ali na Dorgival Pinheiro de Sousa, onde hoje funciona o Centro de Ensino Estado de Goiás. Ele, paraense da cidade de Bragança, mas sem nenhum vínculo com a cidade de nascimento. Eu, goiano da cidade de Xambioá, também sem vínculo com a cidade de nascimento. Na verdade nossos pais se aventuraram pelos garimpos e se deslocavam constantemente.

Eu fazia teatro e ele tocava violão, nossas vozes unidas produzia um timbre agradável e muito original. Fundamos o grupo Trempe de Barro com o propósito de criarmos a nossa própria música. Creio que essa decisão tenha causado prejuízo a meu parceiro que cantava como ninguém as músicas de Fagner, Alceu Valença, Ze Ramalho, artistas de grandes sucessos naquele tempo. A formação inicial de nosso grupo era eu, ele e Dudu, grande compositor, mas também caminhoneiro. Na sua ausência, tinha José de Iramar, Hudson Frota e Conrado saxofonista e diretor da fanfarra da Escola Amaral Raposo, orgulho de todos daquela instituição.

Nosso primeiro festival foi em 80, onde arrebatamos os dois primeiros lugares com as músicas Logojofando e Peneira. Daí por diante viramos caçadores de festivais, chegamos participar de quatro no mesmo mês. Fazíamos shows em Imperatriz para uma plateia ansiosa por novidades e éramos muito queridos pela turma do projeto Rondon, estudantes universitários que vinham do sul do país.

Acabou-se o grupo, mas continuamos na estrada, juntos ou separados, rodamos esse Brasil por mais de trinta anos com nossa música. Carentes de espaço para a música autoral, criamos o FMI - Festival de Música de Imperatriz, que já dura onze anos e atrai compositores de todas as regiões. Sabemos das polêmicas existentes em torno dos festivais, mas sem eles não teríamos percorrido esse continente chamado Brasil. Com ou sem a minha presença, com ou sem a minha música, o grande Neném Bragança trouxe a nossa cidade setenta e seis troféus. O apresentador teve a obrigação de destacar o nome de Imperatriz, onde fincamos nossas raízes e esperamos florescer os nossos sonhos. Z T

NASCEU A PANELADA

Seu Acrisio já foiapessoamais esperada nahoradoalmoçonaminha Imperatriz,claroque a cidade eramenor e todo mundo se conhecia. Ele morava na rua Souza Lima, vizinho de seu Olívio pai de Lambau.

. É preciso apertar o zoom da memória para chegar até esse tempo. Era menino, minha mãe cozinhava arroz, feijão e ficava esperando seu Acrisio. De longe se via as panelas brilhando, era tudo muito bem ariado. Tinha outras iguarias, mas a vedete era a panelada. Quando levantava o texto da panela o cheiro invadia a rua, as famílias compravam porções para complementar com o que já estava feito.

Ele saía empurrando seu carrinho pela rua, a meninada de água na boca. Era um adversário imbatível, sua panelada não tinha comparação. Os concorrentes tiveram muitas dificuldades para atingir aquela qualidade e se manterem no mercado. Foi graças a esse homem que a nossa iguaria se ergueu aos olhos do mundo e se transformou na mais saborosa de todas as outras.

Tudo tem seu nascimento, foi assim que nasceu o nosso patrimônio mais querido. Já lhe experimentei em diversas regiões, nenhuma pode ser comparada com a nossa. Todas daqui, tem o tempero e as mãos zelosas daquele que andava pelas ruas da cidade, vendendo a comida que se tornou a nossa mais rica iguaria.

Z T.

Existe uma grande disputa no mundo contemporâneo e particularmente nos canais fechados de televisão, uma guerra sem fronteiras entre os adeptos da alimentação tipo fast food e os adeptos da alimentação natural, refletindo adisputa,naquantidadedeprogramase derealityshowsnatelevisão.Aqui emSãoLuísestadisputa é bem mais antiga e a mistura de ingredientes culinários parece ser da nossa herança cultural e multirracial.

Confesso que sou de uma época em que lanche era merenda, lancheira era merendeira, professor era professor e tia era irmã da minha mãe ou do meu pai. A hierarquia era preservada e a alimentação preparada sem alternativos. A merenda que eu levava para a escola era preparada pela minha mãe, pão com ovo ou pão com goiabada, refresco de maracujá ou laranjada. Não existia suco. Suco é contemporâneo. Cola Jesus fugia o gás e ficava sem sabor.

A contemporaneidade gastronômica ludovicense está relacionada com a chegada do milk shake de chocolate e do misto quente na lanchonete da Loja Acácia e com o Restaurante Palheta no Aeroporto do Tirirical. O pão com manteiga ou com goiabada foi substituído pelas novidades da Loja Acácia. Aos poucos os hábitos provincianos ganharam feição americanizada e aos poucos íamos deixando de ser maranhense. O café da manhã agora é breakfast. Substituiu-se o mingau de milho ou de tapioca, o cuscuz e beiju, por granola, pão integral, queijo branco e geleia. Alguns teimam em comer panquecas no café da manhã. Cará, macaxeira e bolo frito aos poucos saíram de cena. Entraram novos ingredientes no cardápio. O famoso e inigualável Cuscuz Ideal cedeu lugar aos cereais, e a primeira vez que ouvir alguém falar de cereais matinais, foi através do meu amigo Adolfo Paraiso há muito tempo, quando ainda fazíamos judô com o Professor Major Vicente Leitão da Rocha.

Atradicional juçara com farinha d’aguae camarão seco,ganhou umaversão sofisticada,agora é açaí e passouse a tomar com mel, banana, guaraná e com a indigesta granola. Combinações saudáveis, porem aculturais.

Substituir o peixe pedra, a pescadinha boca-mole ou o uritinga por salmão de cativeiro, além de ser um absurdo, não tem o sabor da nossa maranhensidade gastronômica. Trocar a vinagreira, o jongome ou cheiro verde por acelga, brócolis ou alho-poró, é fugir das nossas raízes, é deixar o bumba-meu-boi e sair dançando a cumbia como se estivéssemos em Bogotá.

Proponho uma resistência gastronômica, uma guerra aos invasores da nossa cultura gastronômica, para não se trocaronossotradicional cachorro-quente comagrifedoinimitávelCompanheiro,peloinvasorhot-dogoucachorro quente gourmetizado; o nosso tradicional caldo de cana pelo sulista e capitalista suco de frutas vermelhas; o azeite de coco babaçu pelo condenado óleo de canola ou o famosíssimo e delicioso pão cheio pelo igualmente capitalista, invasor e dominante hambúrguer. Não troque sua pitomba pelo transgênico morango e muito menos sua seriguela pelo azedo kiwi. Resista!

“O

PAU DA PACIÊNCIA”

A expressão “Pau da Paciência” é comumente usada no Brasil para nomear árvores centenárias, que resistem ao tempo e aos predadores nos locais onde estão fincadas.

Em Pindaré-Mirim, uma figueira conhecida como o “Pau da Paciência”, que durante muito tempo serviu de moradia para vários bichos-preguiças - e até virou notícia nacional -, não resistiu e a sua copa robusta de outrora, o seu volumoso tronco e os bichos foram vencidos por impiedosos motosserras, em 2013.

Segundo a história, essa árvore servia de abrigo e sombra para pescadores e viajantes que aguardavam embarcações para seguirem para a Baixada Maranhense.

Mas, Viana também já teve o seu “Pau da Paciência”, de um jeito bem inusitado e cenário de muitos causos vivenciados no Bairro da Matriz, onde a cidade nasceu.

E, o monumento vianense não era uma árvore viva, de pé, e sim um velho tronco de pau d’ arco, deitado, e que não se sabe como foi parar do lado de fora do muro do velho sobrado do lendário farmacêutico Ozimo de Carvalho. O sobrado que foi vendido e depois dilapidado, hoje abriga a sede da Academia Vianense de Letras, após um arrojado projeto de reconstrução, mantendo suas características arquitetônicas.

O “Pau da Paciência”, da Praça da Matriz foi por quase duas décadas o local de encontro de centenas de jovens do bairro que na época era o caldeirão cultural da cidade.

Nessa comunidade nasceram inúmeras brincadeiras de carnaval como o bloco “Turma da Mangueira”, o “Fluminense”, a tribo de índios “Timbira eu Sou” e o bloco alternativo “Vai e Volta” ambos comandados por Germano Soeiro e o “Os Impossíveis Boys”, liderado por Stélio Carvalho, neto de Ozimo de Carvalho. E foi no famoso “Pau da Paciência” a inspiração para a criação de outro pitoresco bloco carnavalesco da Cidade dos Lagos: “Os Nadinhas”, que depois sofreu dissidências para a criação de outra agremiação: o “Bloco Álcool íris”.

Sobre os “Nadinhas”, uma nota memorável: a primeira placa abre alas do bloco, um velho pedaço de taboa, teve o letreiro pintado por “Nego Pará” (in memoriam), que se atrapalhou todo e grafou o nome com o “N” de “Nadinhas” ao contrário, para gracejo de todos, mas assim permaneceu enquanto o bloco sobreviveu no carnaval vianense.

O velho tronco ainda testemunhou casos hilários entre seus fiéis frequentadores da boca da noite, e aqui citamos os engraçados apelidos de alguns jovens que batiam ponto no local: Futuca, Zé Toquinho, Barrão, Jacaré, Pilão, Mandí, Coroca, Miruca, Zé Abóbora, Corrote, Pixiu, Carrapeta, Queco, Jambu, Manelão, Couro de Gato, Sarará, Coelhinho, Bimbô, Taxinha, Bassi, Burracheiro, dentre outros.

Certa noite, com a turma reunida em peso, Coelhinho foi buscar em sua residência uma sobra do almoço, uma gordagalinhacaipiraao molhopardo.Aoabrirem orecipiente,oex-jogadorSoeiro,elemesmo -aquelecraque de futebol do que brilhou no MAC da capital -, ainda muito jovem em Viana, ao notar somente os pés e costelas da ave cozida, se saiu com essa gaiatice: - Ué, Coelhinho, tiraram a carne pra fazer torta? Risos de todos.

Outro causo envolvendo uma galinha caipira: a turma se reuniu para uma “meia noite” no “Pau da Paciência”. Alguém “furtou”umagalinhaem algum quintal, eestafoipreparadaporFutuca,ocozinheirooficialdagalera. Na hora da divisão da iguaria, Taxinha, todo esperto, separou para o seu prato as duas coxas, o peito e logo foi questionado: - Come costela também, Taxinha! – Não quero mais essa porra! E zangado, praguejou e se retirou do encontro, deixando o acontecido para diversão do resto da noite.

Em mais uma reunião noturna, a pauta era qual dos quintais seria a vitima da subtração de uma galinha ou um pato para servir de lanche noturno. Desconfiado, Zequinha Bassi saiu apressado para checar o galinheiro do quintal dos seus pais, na rua da Igreja Matriz. Só que, o esperto Miruca já tinha antecipado a ação e já voltava por outro caminho, com uma gorda galinha só no ponto de depenar, temperar e cozinhar. E, claro, Bassi ainda comeu da galinha sem saber qual a origem.

Hoje, no local, foi implantado um prédio que serve de coleta de sangue para Viana e cidades vizinhas. Um local muito útil para a sociedade, porém um tanto frio e antagônico em relação aos registros das noitadas de

alegres bate-papos, piadas e brincadeiras, regados com sambas e goles de cachaça, nesse inesquecível local de convívio da juventude vianense residente no Bairro da Matriz: o famoso “Pau da Paciência”.

*Jornalista, Publicitário, Membro da Academia Vianense de Letras

“ POEMA EMBALADO PARA JOSÉ ERASMO FONTOURA ESTEVES DIAS.”

Erasmo Dias foi um tipo raro na virginiana ilha, lírica e crítica, de São Luis do Maranhão. Novelista ( Maria Arcângela), ensaista ( Páginas de Crítica), autor de caso raro de ineditismo e editismo ( Rapsódia de Muitas Teresas, presumido existencialismo amoroso) que muitos leram e outros sequer creditaram-lhe a existência. Arranchado na casa dos Apicuns, onde todos passaram, por lá, figurões, medalhados, marginais e aspirantes a vagas de academias de letras para melhorar sua situação pessoal e social- e lá beber sua cachaça e cicuta, Erasmo se notabilizou mais pelo delírio existencial. Nesse poema, tento retratar o perfil daquele que não se submeteu a burocracia literária mas desfiou o seu teatro de iconoclastia que lhe rendeu mais méritos que sua obra escrita.

POEMA EMBALADO P/

Luis Augusto Cassas

JOSÉ ERASMO FONTOURA ESTEVES DIAS

(1º Movimento da Rede) descansa nessa rede de linho branco de são bento que mãos santificadas pela pobreza trançaram com amor & suor enquanto o último bando de guarás incendeia o céu & sangra o voo das garças descansa ouvindo a 2ª sinfonia dos gatos vira-latas nos telhados a ópera bufa dos grilos nos quintais os conselhos do companheiro wladimir ilitch que sussurra algumas palavras em teu ouvido esquerdo descansa os reis magos da noite já depositaram em oferenda cachaça de santo antônio dos Lopes mandubés do mearim & incenso pra expulsar os espíritos inferiores que rondam a tua casa e aporrinham o teu sono descansa fernando já chamou o barbeiro do pompeu a manicure dos apicuns & mandamos confeccionar no mário um terno de tropical inglês para assistires condignamente às exéquias dos azulejos descansa não vai faltar papel no mundo & apesar da crise de celulose os escritores só morrerão quando o último cupim roer a última letra dos livros & ainda assim a memória roerá o derradeiro cupim (2º Movimento da Rede) repousa teus familiares passam bem: teresa estuda letras modernas com o prof. fred williams na universidade da Califórnia & mariarcângela desmanchou o casamento com um engº da alumar e se amigou com o cantador do boi da Madre-de-deus repousaos teusirmãos judeusserãovingados pelos maîtres dos restaurantes franceses queservirãoaos algozes um cardápio à base de carne de porco à moda yom kippur com vinho tinto extraído dos campos de concentração repousa a humanidade continua a morrer pela boca o amor morre pela boca a boca (planta carnívora) continua a mastigar chineses russos e americanos com mau hálito dispensa a tua pasta de dentes repousa os direitos autorais de tua solidão serão depositados no banco de pasárgada pagaremos a conta de água e luz & converteremos os vales do quitandeiro em convite pro réveillon de todos os mendigos da cidade (até a tua lua burguesa servirá de sobremesa) repousa a última gaveta do móvel de jacarandá se fechou dispenso as lamparinas? já estão aí o oficial de registro civil a passista do quinto e o garçom do hotel central com a última taça de xerez mando-os entrar? (3º e Último Movimento da Rede) descansa (repousa) oh tutankamon sem maldição em Paz.

NINA RODRIGUES E O REGIME ALIMENTAR NO MARANHÃO

PEDRO HENRIQUE MIRANDA FONSECA

Membro fundador da Sociedade Brasileira de História da Medicina

O ilustre maranhense Nina Rodrigues fez um estudo sobre o regime alimentar vigente em seu estado natal, no final do século XIX, que será o tema do texto a seguir. Vamos à história:

Após se formar em medicina no Rio de Janeiro com tese defendida em 10 de fevereiro de 1888 (Das amiotrofias de origem periféricas), Nina Rodrigues seguiu para São Luís do Maranhão, onde pretendia radicar-seeclinicar.Estabeleceu-seemconsultórioemumsobradodeazulejosesacadas deferros,localizados na rua do Sol, 17 (descrito em Breve história das ruas e praças de São Luís de Domingos Vieira Filho).

Faltando-lheclientelas sobrando-lhetempo,estudioso queera,NinaRodrigues dedicou-seàanálisedo regime alimentar do Maranhão, cuja base era a farinha de mandioca. Em seguida publicou os resultados do seu estudo no jornal maranhense A Pacotilha, dividido em cinco partes publicados nos dias 5, 9, 18 de junho e 6 e 9 de julho de 1888. Como achasse oportuno abordar o assunto no momento em que o país havia decretado o fim do regime escravocrata, nessa publicação ele insurgia-se contra “todos aqueles erros que sancionados por uma prática de muitos séculos e aceitos sem exames pela nossa indiferença rotineira (grifo nosso), haviam adquirido o valor de uma verdade inatacável ou de uma necessidade iniludível”.

Iludiu-se achando que os espíritos estavam abertos para adoção de novas ideias e reformas. Nessas publicações, Nina Rodrigues denuncia a agricultura então praticada que “tinha, transformando-a em um pacto, criado uma necessidade econômica de produtos altamente condenados pela ciência e de consequências desastrosas imediatamente para a saúde e mais de espaço para o progresso do país” dizia que a farinha de mandioca era insuficiente, em seus princípios alimentares, para fornecer vigor físico à população local e defendendo a substituição da farinha de mandioca por outro cereal mais rico.

Cabia ao clínico dr. José Lourenço de Magalhães, do Rio de Janeiro a prioridade nesse entendimento, mas Nina Rodrigues estava ciente do quão seria árdua a empreitada de ambos em pretender combater um erro a que se vinculavam grandes interesse econômicos e um “legado de três séculos”. Consciente das dificuldades ainda afirmaria “A medicina não estaria na altura de sua missão e mentiria ao seu objetivo se, antepondo-se estas considerações, problemas vitais da saúde pública e progresso social se deixasse sucumbir, desconhecendo que a propaganda da verdade acaba sempre por convencer...”.

Nina Rodrigues tem como objetivos nesse estudo demonstrar o valor nulo da farinha de mandioca como alimento exclusivo e determinar qual o produto que a pode substituir e a possiblidade desta substituição. Na segunda parte do estudo (A Pacotilha de 9 de junho de 1888) demonstra a ausência de produtos nitrogenados na farinha de mandioca, e responsabiliza a alimentação quase exclusiva por esta como “uma das causas principais da anemia e da fraqueza de reação que constitui o fundo de nossa patologia, muitas vezes obrando ao mesmo tempo como causa provocadora importante.”

Fundamentando-se no professor Fourragrives quando diz que se deve “garantir às populações, nos limites do possível, uma nutrição suficiente e proteger a saúde pública contra as especulações culposas da fraude e da sofisticação, tal é o duplo fim que num Estado bem organizado deve mirar a administração pública”, ele defende a substituição da farinha de mandioca pela de trigo, além de uma outra composta de mandioca e de feijão ou fava, em proporções recomendadas pela ciência e preparados de milho.

Infelizmente este estudo serviu apenas para que seus conterrâneos o apelidassem de “Dr. Farinha Seca”, achando queo seu autorestavasepreocupando com questõesmenores. Aessepropósitoqueixava-se em artigo publicado na mesma A Pacotilha de 1 de agosto de 1888, da “grande mágoa que me havia causado o procedimento injusto, desleal e pouco digno do colega que, em porta de botica, procurava, em termos que não comentarei, chamar o ridículo sobre mim e a minha interessante propaganda.” Profundamente magoado com este episódio, mudou-se para Salvador, que lhe acolheu docemente, e onde iria obter respeito e admiração. Sete anos antes, Aluísio Azevedo também já havia sido hostilizado por seus conterrâneos, quando da publicação do romance O mulato, que o consagrou como romancista e, no entanto, o incompatibilizou com a gente de sua terra. Esta mesma sociedade burguesa e clerical de São Luís do Maranhão do final do século XIX repetia o fato com outro de seus rebentos ilustres.

EVOCAÇÕES DE CURURUPU

Cururupu do pescado, da gastronomia, das palmeiras imperiais que lá chegaram oriundas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro no princípio do século XX , dos pés frondosos de oitis, das mangueiras de sombras fartas; das mulheres bonitas; da migração sírio-libanesa que deixou marcas; das festas juninas, do Carnaval, da festa de São Benedito e de São Jorge, do bumba-boi, do tambor de crioula; dos missionários canadenses e norteamericanos que muito contribuíram para a educação da juventude; dos apelidos bem colocados; das chuvas torrenciais que causavam erosões nas ruas não pavimentadas; dos vários filhos ilustres que não cito para não cometer o pecado involuntário da omissão; dos poetas, dos cronistas, dos compositores, dos artistas plásticos; da carpintaria naval; da cana de açúcar por onde tudo começou; da presença africana que fundo marcou a cultura; do ambiente rural dentro do urbano; dos maus tratos por quem deveria cuidar dela; da vanguarda na assistência hospitalar com a inauguração da Santa Casa em 14 de fevereiro de 1943; de preclaros e ineptos gestores públicos; da natureza pré-amazônica e atlântica, enfim, Jardim do Maranhão à beira-mar plantado onde nasci e formei meu caráter existindo muito em mim que recende a terra.

A VOZ QUE AFAGA O SILÊNCIO

Era um quinze de janeiro, o sol ainda revisava as baterias para espalhar sua claridade no dia, e a aurora bocejava cores no painel sagrado do infinito. Quando a brisa serena da manhã deu a notícia: Neném Bragança morreu. DEZ ANOS SEM NENÉM.

Padre Felinto Elisio Correia Neto acolheu a ideia e seu corpo de nosso artista foi velado na igreja de Santa Tereza, onde seu canto já tinha animado dezenas de festejos. Foi uma peregrinação de muito sofrimento, o câncer havia se alojado no seu paladar, antes mesmo de sua despedida já havia pedido a voz, justamente seu instrumento de trabalho. Venceu a doença. Então o dia se abriu e os verdadeiros amigos de várias cidades vieram dar seu adeus.

Numa cidade Cultural, certamente hoje seria um dia onde todos seguimentos culturais celebrariam. É através desse reconhecimento que vamos construindo um calendário de atividades culturais e de valorização àqueles que se foram. Não é endeusamento, é reconhecimento.

Neném foi o artista que mais trouxe troféus para Imperatriz, em cada vitória a projeção do nome de Imperatriz no cenário cultural, é justo que a cidade tenha reciprocidade mantendo seu nome vivo. Neném foi um artista autêntico e sua interpretação arrebatadora encantou o público e consagrou os palcos onde pisou. Viva Neném! Viva a Arte!... Z T.

VIVA O TORRÃO, VIVA DEUS!...

Que esse viva se propague pelas esferas celestiais e chegue aos ouvidos do Criador. Hoje passei em revista ao meu batalhão; fiz questão de ir de casa em casa, apenas alguns gatos e cachorros esquecidos pelos donos que correram com medo da enchente, todos desertores.

Além da proximidade da água tem o bombardeio de falsas notícias, ontem por exemplo, era dia da gente fazer um churrasco comemorando a vazão do rio depois de tantos dias de cheias. Acontece que disseram que agora era que ia encher, eu mesmo vi o gerente da Pipes encaixotando seus pertences e botando no barco. Fiquei apavorado, mas botei as mãos nos bolsos e saí assobiando.

Tentei pegar um barco para ir até onde Julinho está acampado, sua casa já está submersa. A ideia era tomar uma gelada, cortaram a energia de minha casa, com argumento que os fios estavam se aproximando das águas. Encontrei Fernando, meu vizinho, numa canoa a remo debaixo de chuva, tem nada não, sou versado na profissão. Fui até o acampamento de Julinho, me acolheu com alegria, perguntou se eu já tinha corrido da cheia, respondi que ainda estava resistindo, embora boa parte de meus vizinhos tenham aproveitado meu descuido e pegaram o barco rumo a cidade de Imperatriz.

A ameaça era subir mais um metro, segundo as informações da secretaria do meio ambiente, para quem já estava perto, não subiu graças a Deus. Foi uma dormida com um olho fechado e o outro aberto, mas para nossa alegria a água sequer chegou alcançar a marca anterior, ou seja, tivemos um pequeno saldo. Mas pode está certo, logo mais começa aparecer visitantes com suas notícias extravagantes fazendo que mais combatentes emagressa o batalhão já tão desnutrido.

Enquanto um gato miar no telhado, um cachorro latir no terreiro e o Torrão se manter firme, estaremos por aqui apreciando o sol brincar com o espelho d'água. Z T.

ACADEMIA ATHENIENSE DE LETRAS E ARTES

Em umabonitasolenidade,eu,Antonio Guimarães deOliveiratomei possenaAcademiaAtheniensedeLetras e Artes - uma Academia que reúne um seguimento da intelectualidade maranhense.

É gratificante ocupar a cadeira número 13, dessa augusta academia, tendo como patrono o médico/cientista

Raimundo Nina Rodrigues.

Viva esse espaço de letras e artes que encanta e seguramente brilhará para sempre na subsequência do inclemente, mas necessário, passar do tempo.

(ANTONIO GUIMARÃES DE OLIVEIRA. DATA: 17.01.2025. SÃO LUÍS-MA).

MINHA DEMISSÃO DO SALÃO DO LIVRO

Do alto dos meus 65 anos de existência, me dou ao direito de me abrigar na tranquilidade dos meus últimos dias, anos talvez. Essa estratégia exige meu afastamento de discussões que me tirem o sono, de rodas de conversas maliciosas que acabam desaguando em inimizades. Essa conduta tem me ensinado a relevar várias situações que, antes naturalmente, me levariam a alguma discussão. Nesse sentido, posso dizer que cheguei à melhor idade.

Apesar dessa decisão, meu ano passado foi de insônia e atrito, tudo por que o prefeito Assis Ramos faltou com o seu compromisso para com o Salão do Livro de Imperatriz. O acordo garantia ao esse evento um patrocínio de cem mil reais, recursos que foram empenhados no contrato dos prestadores de serviço. Esse dinheiro saiu depois de muita luta e com mais de um ano da realização do Salão, ou seja, durante todo esse tempo fomos cobrados por àqueles que de fato estávamos devendo e que não foram pagos virtude desse atraso. Como todo ruim pode piorar, algumas línguas maledicentes andaram a espalhar que havíamos recebido esse dinheiro.

Das dezoito edições, estive pelo menos metade como um dos coordenadores, um dos, são vários e não podia ser diferente. Inclusive é impossível se realizar o Salão do Livro sem as parcerias do governo do estado e do município, seus apoios são imprescindíveis. A grandeza do Salão é o resultado vitorioso do trabalho coletivo, conduzido pelo poeta Trajano Neto, presidente da Academia Imperatrizense de Letras, que tem mostrado competência e assina a realização do evento.

Claro que situações como essa afetam a nossa credibilidade, até porque a Academia não dispõe de recursos que possam bancar situações como essa, o Salão é uma prestação de serviço dessa instituição que acredita que os livros é uma avenida arborizada por onde deve caminhar todo estudante na direção de um futuro bem melhor.

Minha companheira é técnica na elaboração de projetos, portanto, o para-choque desse carro alegórico tão bonito e tão necessário para a vida de nossos alunos. Em virtude desse contato, as cobranças foram constantes, graças a Deus conseguimos sair desse laço. Estou me demitindo voluntariamente, da mesma forma que entrei, espero ter contribuído, mais ainda, quero que o Salão depois de ter alcançado sua maior idade, encontre as condições necessárias para se manter vivo e precioso aos olhos de todos nós, amantes dos livros e das artes. Z T.

Domingos Barbosa, doravante, às quartas-feiras, a publicação de primorosas crônicas de sua autoria.

A ESMO, O Jornal – 01/08/1916.

Debalde o utilitarismo, o mercantismo e outras coisas sordidamente práticas que, com desinência em ismo conspurcam a dignidade da alma humana e afetam o lindo dizer vernáculo, se esbofam para provar que o genial, para fazer a felicidade das coletividades, é menos apto que o hábil sinônimo delicadamente forçado e experto.

A prova do cenário é Ruy Barbosa.

Não há brasileiro que, pelo amor à sua terra mereça esse nome, que num frisson de orgulho e entusiasmo, não sentisse ontem n’alma com que um eco das ovações que estrugiram na capital do país em torno do glorioso, imaculado e querido do patrício extraordinário.

Mais entusiasmo e orgulho pelo brilho imenso que ele deu ao nome do Brasil como seu embaixador a Argentina.

E tanto mais merece esse seu novo feito o orgulho e o entusiasmo nacionais, quando Ruy, saindo mais uma vez do seu campo habitual de ação, revelou que, fora dele, embora, é o mesmo super-homem que há mais de trinta anos nos envaidece como ser nosso patrício.

Porque Ruy não é nem pode ser um diplomata, na acepção comum e burguesa do vocábulo.

Nãooé,porqueomaquiavelismoqueosorrisofranzinodasmissõesdiplomáticasmaldisfarça,nãosecoaduna com a claridade límpida do seu gênio e da sua moral.

Não o pode ser, porque, apertá-la dentro das malhas estreitas e prementes do protocolo e das fórmulas, seria tão estúpido quanto querer apertar uma águia dentro o posponto gris perle duma luva de pelica, almiscarada a sachel.

Fora, porém, dos hábitos funcionais do seu espírito ciclópico, o seu engenho e o seu saber rutilam com a mesma magnificência com que fulguram nas pelejas em que tem sempre triunfado.

É que são as celebrações como a sua tal qual o sol, que igualmente aquece e doura, na mesma plenitude, uma porção da natureza em toda a sua estonteante beleza nativas e um retalho d’arte em todo seu sutil encanto de fantasia bizarra que o gerou.

E, medindo com comovida vaidade a altura a que maus uma vez ascendeu ele, erguendo consigo o nome da terra que lhe é e nos é pátria, não pode deixar de ser a gente de confrontar o seu alto e sereno voo d’água cm o grazinar de um pássaro ensinado com que, em vez dele, nos iria de certo fazer ouvir o nome frágil e débil passarelho dos muitos que temos na nossa diplomacia e boulevard e garden-party.

Confronta, e sente que, quando um estrangeiro nos vier querer esbarrondar com citação dum nome ilustre da sua terra, nós cá do Brasil temos também, a pôr lhe diante dos olhos, como um brasão sem nódoa ou falha alguma, um nome – o de Ruy Barbosa – como não há as dezenas por todo este vasto mundo afora.

Será uma puerilidade.

Será, mas será uma puerilidade santa, porque nos faz feliz.

D. B.

REUNIÃO COM A COMISSÃO ESPECIAL PARA PLANEJAMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DA AMLAC (EDITAL N° 001/24) FOI ESCLARECEDORA E NECESSÁRIA PARA AJUSTES NO PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DA AMLAC.

POUCO A POUCO A ACADEMIA MIRANDENSE VAI TOMANDO FORMA.

AOS DEMAIS INTEGRANTES DESTE GRUPO, SOLICITAMOS QUE AGUARDEM OS PRÓXIMOS PASSOS PARA QUE, CONFORME OS CRITÉRIOS ESTABELECIDOS NO ESTATUTO, ESTES POSSÍVEIS CANDIDATOS A MEMBROS DA AMLAC ESTEJAM APTOS A INTEGRAREM ESSE SODALÍCIO, AOS QUAIS INFORMAMOS QUE BREVEMENTE PARTICIPARÃO DE UMA REUNIÃO ESPECÍFICA PARA MAIORES ESCLARECIMENTOS DO PROCESSO DE MEMBRESIA.

Comissão nomeada (Edital CM001/2024) para Planejamento e Implementação da ACADEMIA MIRANDENSE DE LETRAS, ARTES E CULTURA (AMLAC):

1. Graciliano Mendonça

2. Nicodemos Bezerra

3. Diego Amorim

4. Abimael Costa

5. Rosa Lemos

6. Alberto Carvalho

7. Ronilson do Nascimento

8. Leopoldino Freire

9. Levi Sampaio

Publicado em 26 de janeiro de 2025, às 10:05

Ela desceu do avião. No aeroporto, ninguém a esperava nem mesmo as lembranças. Tudo estava diferente. A cidadezinha do interior de sua infância era uma ilustre desconhecida, com ares de cidade grande. E o que Maria da Luz foi fazer ali, naquele cemitério de emoções? Tudo era estranho, até que chegasse à rua da ladeira onde tinha nascido. A casa, com duas janelas e uma porta na fachada, precisava de reformas. Havia teia de aranha por todo canto. A porta de entrada rangia as dores da idade. Engraçado! A cidade tinha crescido, mas a casa em que vivera só envelheceu. A sala empoeirada. Atravessou o corredor: passou pelo quarto dos pais. Passou pelo quarto que fora seu e da irmã caçula. Passou pelo banheiro… Na cozinha, sentiu um cheiro forte de café.

– Tem pão quentinho com manteiga – disse sua mãe.

Não houve abraços nem cumprimentos de chegada. A impressão era a de que nunca tivera saído dali. O pai, na cabeceira da mesa, nem levantou a cabeça. Só pediu o adoçante. Tudo ainda amargo. A mãe volta a quebrar o silêncio:

– Hoje tua irmã faz 20 anos de falecida. Vou ao cemitério. Me acompanhas?

Luz fitou os olhos sem brilho de sua mãe, semblante amarrotado de rugas, faces cheias de caminhos sem volta, cabelos cheios de fios de luares amanhecidos em vigília.

– A senhora quer que eu vá? – perguntou como se respondesse.

– Tanto faz! Perguntei por perguntar. Já faz tanto tempo que acendo minhas velas sozinha, que rezo sozinha, que choro sozinha….

Talvez seja a hora de deixar a solidão de lado – comentou Luz.

A mãe deu um sorriso sarcástico:

– Passaste vinte anos ausente e vens querer tirar de mim a única companhia que eu tive durante todo esse tempo?

– Chega! – gritou o pai, dando um murro na mesa.

– Vivi todo esse tempo ao lado de uma mulher sem alma, defunta, finada em suas emoções… E agora vocês vêm falar de solidão! – era um marido e pai bravio saído do silêncio.

– Por que um não deu um pouco de companhia ao outro? Por que um não deu o ombro ao outro? – indagou Luz.

Interrompeu o pai:

– E por que não deste a tua mão para esses dois pobres velhos desesperados que perderam sua filha caçula por tua causa?

– Não digas isso, Alfredo! – Retrucou a mãe – Luz não teve culpa de nada.

– Teve, teve sim! – Continuou o pai – Sua irmã só tinha 17 anos, cheia de sonhos…

Luz interrompeu:

– Eu só tinha 20. Eu também tinha sonhos.

– Tinha, sim, um namorado libidinoso que seduziu sua irmã… Só uma menina. – continuou o pai.

– Ele não a seduziu. Ela que ficou tresloucada de amor por ele! Ela sempre quis tudo meu: minhas bonecas, meu melhor vestido, meu sapato alto…

– Não macule a imagem de sua irmã! – a mãe gritou aos prantos.

Luz fechou os olhos em lágrimas:

– Marcelo me amava, mãe. Ele gostava de Luzia como se ela fosse sua irmã caçula. Mas Luzia fantasiou tudo.

– Não é mais tempo de levá-la ao tribunal. De vítima, você quer levá-la a sentar-se no banco de ré, logo você!… – o pai argumentou.

Como assim, pai? Por que vocês me odeiam?

O pai dirigiu-se à filha rispidamente:

Você foi a culpada de ela ter morrido.

– Eu, culpada? Como assim? Ela me disse que amava meu noivo, e eu disse a ela que aquilo era uma ilusão, que eu e Marcelo estávamos em vésperas de nos casarmos.

– Você foi egoísta, fria!…. Incompreensível. Ela era apenas uma menina apaixonada que mal sabia o que era o amor, mas que precisava muito ser amada. – disse o pai.

– Você também pensa assim, né, mãe? Vocês acham que eu matei Luzia por tentar dizer a ela que aquela paixão era um devaneio infantil. – concluiu Luz.

– Não! Não penso assim. Mas você, na condição de irmã mais velha, poderia ter ponderado. – a mãe opinou.

– Você a matou. – sussurrou o pai.

– O quarto era dela, minhas roupas… O amor de vocês era dela. Ela queria viver a minha vida. Será que vocês não entendem? Ela queria a minha vida, o meu noivo, as minhas amizades… A minha vida!…

– E por isso você a matou? – Insistia o pai.

Os olhos de Luz encheram-se de lágrimas. Seu grito ecoou em toda a casa:

– Eu não a matei. Será que não entendem? Ela se suicidou. ELA SE SUICIDOU…. – gitou.

Alguém bateu à porta da frente, em ritmo de desespero. Maria da Luz correu para abri-la. Um homem de meia-idade, cabelo grisalho. Olharam-se profundamente. – Luz? Você voltou!

Luz chora copiosamente nos ombros de Marcelo:

Eles insistem em dizer que eu a matei. Eles continuam me culpando pela morte de Luzia.

Marcelo acaricia os cabelos encaracolados de Luz, amparando-a num abraço quase fraterno:

Eles já não a culpam. Você se culpa. Você sempre se culpou e me culpou. Foi embora, me deixou sozinho na dor. Luzia morreu, mas ficou entre nós, nos separou. –

Meus pais ainda não me perdoaram.

– Já a perdoaram, sim! Sentiram sua falta. Eles sabiam que te fizeram sofrer.

– Nao! Eles ainda me odeiam. Acabaram de brigar comigo na cozinha, os dois…

Marcelo acariciou o rosto de Luz:

– Luz! Seus pais já morreram. Você nunca deu notícia desde que saiu de casa, depois daquela briga que vocês tiveram, após o enterro de Luzia. Seus pais a acusaram pela morte de sua irmã, e você foi embora, sumiu sem deixar vestígio.

– Então… – Luz percebeu que ainda estava no sótão escuro de suas lembranças.

Marcelo perguntou curioso:

– Então, o que veio fazer aqui? Você voltou muito tarde!…

– Aqui é um fim de trilho, mas vim acabar de vez com as tristes lembranças, vim vender a casa. E você ainda mora na casa ao lado?

– Sim! – respondeu Marcelo de forma monossilábica.

– Casou? – ainda havia restos de amor na pergunta de Luz.

– Sim, casei. E você?

Luz olhou para todos os lados daquela casa velha cheia de espantalhos de lembrança:

– Eu? Eu voltei.

– Tenho um presente que seus pais me entregaram para dar a você, caso voltasse.

– Um presente? – Luz perguntou ansiosa.

– Sim! Um presente.

Marcelo tira do bolso uma carta amarelada pelo tempo. Era apenas um parágrafo: ”Perdão, filha Luz! Nós te amamos muito e sentimos tua falta. Papai Gustavo e mamãe Rita.”

Luz deu um leve sorriso molhado.

– Entao! Eles encontraram uma carta de despedida da Luzia. Ela era só uma menina mimada e depressiva que queria chamar atenção. – explicou Marcelo – Foi aí que seus pais perceberam que nós dois não tínhamos culpa de nada.

– Eu a amava tanto!… Minha irmãzinha…. – confessou em prantos Luz.

– É hora de recomeçar, Luz!

– E você? Já recomeçou?

– Sim! Casei… Descasei… Me juntei com outra garota, mas não deu certo.

– Por que será que até agora não deu certo? – Luz buscava respostas. Marcelo a beijou com ternura.

Alguém volta a bater na porta insistentemente. Maria da Luz percebe que sempre esteve só. Com as cartas dos pais e da irmã na bolsa. Ela rola o trinco da porta. Era o corretor. A casa tinha sido vendida para uma construtora. O corretor estava acompanhado da ex-mulher de Marcelo e sua filha Dora. Elas também tinham

vendido a casa ao lado. Ali iam fazer um condomínio. Os dois terrenos eram enormes, bem como os lotes de outros ex-vizinhos, também vendidos.

– Meu nome é Tereza. Esta é minha filha Dora. Marcelo falava muito de você. Ele casou comigo, mas nunca deixou de amar a sua eterna Luz. Creio que por isso nosso casamento não deu certo. Ele conseguiu entrar em contato com você antes de morrer? Tinha umas cartas pra entregar… Foi, então que Luz, com os olhos cheios de lágrimas, voltou ao presente:

– Sim! Ele conseguiu meu telefone. Falamos por telefone. Ele me enviou as cartas via correio.

A filha de Marcelo, então, intrometeu-se na conversa:

– Uma semana depois, ele morreu. Parece que ele só precisava falar com você para morrer. Ele me confidenciou que ele nunca mais tinha sido feliz. Aquele foi um dos dias mais felizes de sua vida: o dia em que ele falou com você pelo telefone, mas foi como se ele tivesse falado pessoalmente, como se tivesse podido abraçá-la, enxugar as lágrimas de seu rosto…

Maria da Luz percebeu que sua volta era um último encontro.

– Sim! Abraçamo-nos. Choramos juntos. Ele me consolou…

Luz assinou todos os papéis. Resolveu tudo com o corretor. Já podia voltar. Despediu-se de Tereza e Dora. – Foi bom conhecer vocês. Lamento que não tenha dado certo com Marcelo, Tereza! Ele era um homem bom.

-Também lamento por vocês. E agora? Aonde você vai?

– Vou voltar pra onde eu estava.

– Papai disse que você estava morando na França.

– Sim! Moro na Cidade das Luzes.

Luz despediu-se de todos. Deu uma última olhadela para a casa velha. Tinha prestado conta com o seu passado. Seus fantasmas agora poderiam descansar sem culpas. Carregava uma mala cheia de lembranças e perdões. Agora ela poderia luzir em paz.

Imagem: Site Região Tocantina.

SOBRE A AUTORA – Wanda Cristina da Cunha é escritora (poetisa, cronista, contista, romancista), radialista, jornalista, professora, compositora. Nascida em São Luís do Maranhão, em 05.06.1959, filha do escritor, professor e jornalista Carlos Cunha e da professora Plácida Jacimira Cabral da Cunha. Formada em Comunicação Social (jornalismo) pela UFMA e em Letras pela UEMA; especialista em Língua Portuguesa e em Comunicação e Reportagem; especialista em Teoria Literária e Produção de Texto pela Faculdade Batista de Minas Gerais; especialista em Educação Musical e Ensino da Artes pela Faculdade Batista de Minas Gerais. Licencianda do Curso de Música Pela Uniasselvi. Nove libros publicados. Já conquistou vários prêmios literários e musicais.

CARNAVAL DESMANTELADO

O anunciado maior Carnaval do Maranhão nada tem a ver com as verdadeiras tradições do famoso carnaval de São Luís. Para os que não sabem, e ocupam postos de projeção nos governos estaduais e municipais na área da cultura, é bom que se diga que o nosso carnaval contribui para reafirmar a tradicionalidade, ao mesmo tempo em que lembra, reinventa, traz significações e ressignificações constantes de uma cultura viva, em movimento, a partir dos grupos sociais locais.

O privilégio de brincar a especificidade do Carnaval maranhense ainda engloba a vivência de muitas outras particularidades expressivas da cultura e patrimônios culturais imateriais, como é o caso do Tambor de Crioula, e, também de um samba maranhense característico, com qualidade musical diversa do padrão hegemônico do Rio de Janeiro e São Paulo, sendo um samba mais curto, por vezes irreverente, com a genialidade de compositores como Cristóvão Colombo, Patativa Silva, Joãozinho Ribeiro, Josias Sobrinho, César Teixeira, o “Mestre” Antônio Vieira e Lopes Bogéa e tantos outros, que retratam, de maneira simples e despretensiosa, o cotidiano do maranhense e as coisas belas e simples que a vida nessa Ilha oferece. No carnaval, a força viva dos sambas, ritmos, danças e musicalidades maranhenses traz uma performance temporal, com significados amplos aos patrimônios culturais em interação, assumindo novas faces e funções. A importância do elo com o “passado”, bem como a ideia de sua singularidade permanece viva nos foliões da cidade. Contudo, sua singularidade tradicional é preservada pela “recriação na contemporaneidade” e não por uma permanência estática. "O novo no antigo sem molestar a raíz", como diria o saudoso Mestre Patinho. Já o poeta Joãozinho Ribeiro nos ensina que os turistas não vêm para o Carnaval de São Luís para ver Anitta, Chiclete com Banana, Kaká & Pedrinho, Gloria Groove, Xanddy Harmonia, Ávine Vinny, Felipe Amorim, Jorge & Mateus, Nattan, Xand Avião e Jonas Esticado.

De forma bem específica, como integrante do Bloco Serpentina, com 8 anos de folia pelas ruas da cidade, nunca viu um centavo do poder público.

É meus caros foliões, apesar deles, AINDA ESTAMOS AQUI.

HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO

No último final de semana conversei com meu cunhado e afilhado, o cineasta Beto Maatuck, sobre a perda de referências na cidade ou a despreocupação do maranhense em conservar as mais autênticas identidades do povo e da cidade de São Luís. Comparamos com Belo Horizonte e ali se preservou uma cultura rigorosamente mineira: a cultura do pão de queijo, cachaça, leitão a pururuca, torresminho e doce de leite.

Certa vez neste espaço de convivência social, comentei sobre o pão cheio, o primeiro fast food genuinamente maranhense, sobre o quebra-queixo e do sorvete de coco na casquinha. Tudo isto deveria ser preservado como patrimônio cultural, histórico e gastronômico de São Luís. Uma identidade alimentar popular que o americano costuma chamar de comida de rua.

A nossa conversa contou com a participação do meu sogro, Ribamar Mathias, padeiro de profissão e filho do imigrante libanês Neif Mathias, antigo proprietário da Farmácia Popular, situada no Largo do Carmo. Nas proximidades da Farmácia Popular, a paisagem urbana e humana oferecia ao ludovicense o indiscutível sanduiche de peru, vendido na entrada do Edifício São Luís pelo empreendedor e futurólogo Moacir Neves, responsável por diversos empreendimentos imobiliários na cidade, dotado de inúmeras funções sociais e uma chamava atenção, a capacidade de vidência, que lhe fez guru de diversas autoridades.

O Bar do Castro situado no final da Rua do Sol, além da cerveja antártica estupidamente gelada na salmoura, o bar dispunha de mesas de sinuca para lazer e apostas. Reduto de boêmios, jornalistas, intelectuais e mortais comuns, fez época e não se fez tradição.

O Moto Bar o mais tradicional reduto boêmio da cidade fechou com o falecimento de Serafim Tavares Roque. Poucos se lembram do Moto Bar e do português Serafim, e muito menos das especialidades da casa: refresco de maracujá, azeitona portuguesa no azeite, pernil de porco, queijo de cuia e presunto de fabricação caseira.

O Bar do Hotel Central o mais eclético bar de São Luís, ponto de encontro de juristas, jornalistas, boêmios e da sociedade. O bar oferecia muito além de uma cerveja gelada ou do cigarro importado, oferecia o melhor sorvete de ameixa e de chocolate do mundo, nada se compara com estes sorvetes, nem isto restou como tradição.

Na Rua Grande, em frente da Padaria Cristal, ficava um dos bares mais tradicionais de São Luís, o Bar do Narciso, famoso por sua cerveja gelada e que disputava a preferência com o Bar do Castro. A Padaria Cristal rivalizava com Padaria Portuguesa a preferência por pães e doces na Rua Grande. Restaurantes famosos existiram, todos simples e com comida honesta, e cito o Restaurante Colombo, situado em frente ao Edifício Caiçara, com o seu famoso bife acebolado ou bife a cavalo, que saciou a fome de muitos e não fez tradição.

O Bar do Chico com seus pasteis e do suco de laranja da terra não existe mais e nem fez tradição, assim como o Bar do Cajueiro na Rua Afonso Pena, restou apenas o espaço material e a falta de memória.

O abrigo da Praça João Lisboa sobreviveu sem o olhar da vigilância sanitária e sem a lembrança da lanchonete do Guará com sua famosa abacatada e pão com ovo frito. Nada mais existe e muito menos a tradição.

LUÍS AUGUSTO CASSAS

1972. Tinha 19 anos. Amava os Beatles, Drummond, Caetano, Gullar e os Rolling Stones. E queria mudar o mundo pela poesia.

O nome Antroponáutica, título de um dos mais belos poemas de Bandeira Tribuzi encerrado com o antológico “o infinito maior é o próprio homem”) foi a senha que nos agrupou (eu, Valdelino, Fontenele, Viriato e Chagas Val) em torno de objetivo comum: derrubar os falsos moinhos de vento da velha ordem que pretendia restabelecer o caos e o atraso quando se comemorava o cinquentenário da Semana de Arte Moderna. E, claro, vender o nosso peixe lírico-atômico assado nas brasas interiores.

Ademais, Tribuzi tinha cara de guerrilheiro-zen. Trazia na travessia coimbrã de retorno à urbe a memória da revelação do sol português e repovoava a nossa imaginação com a encarnação moderna de outro grande incompreendido que comera o pão que o diabo amassou: Antonio Gonçalves Dias. Poeta, jornalista, consultor econômico de programas governamentais, esse perfil não o cindira da provedoria doméstica. Era comum cruzarmos com ele, na travessia para o Liceu Maranhense, retornando do mercado, trazendo em uma das mãos um côfo de legumes, e na outra, uma galinha viva. Essa simplicidade franciscana exibia rico simbolismo: era um mestre em repartir a luz.

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O ambiente de 1972 era tóxico, mas alegre. Éramos felizes, mas não sabíamos. Erasmo Dias arranchado nos Apicuns, chorava desolado no enterro de Natasha Trupskaia, gata vadia que Erasmo proclamava de elite e Sérgio Brito, retrucava, afirmando que transava com todos gatos vagabundos dos telhados. Carlos Cunha em verve hecatômbica deixara empenhado o filho, Carlos Anaxímenes, no Bar Athenas e demorara resgatar o vale, o que valeu choro e ranger de dentes dos clientes. O velho sábio Rubão Almeida desanovelava aos ventos, a bola branca com cinco carreteis de linha zero, que alavancava os “bodes” de Zezé Caveira, até depositá-los no colo de Deus.

Era questão de modernidade ou morte. A nossa juventude – todos estávamos no vintenário – exigia posição a altura. Afinal, tínhamos o necessário: duas mãos e o sentimento do mundo. Mas estávamos mais para desbunde poético-tropical que movimento, essa coisinha andróide, com manifesto, programação, parecendo pré-vestibular acadêmico. Éramos na anti-rotação da ordem, um contramovimento. Nossa sede eram os bares da vida.

Fontenele e Viriato, mais afoitos, passaram O comunicado de guerra aos jornais. Valdelino, era o public relation da guerrilha. Eu e Chagas Val nos especializamos em bastidores, operações especiais e profecias de bar. Todas deram certo. Depois, seguidos pelas mulheres, seguimos adiante para as nossas milionárias carreiras-solo. O IML não registrara nenhum cadáver passadista. Na verdade, já estavam mortos. O que fizemos foi cuspir o último gole na cova.

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50 anos depois, releio a Antologia Poética do Movimento Antroponáutica (lançada pelo Departamento de Cultura do Estado, em 72),com capa do compositor César Teixeira. E um frio saudoso percorre-me a espinha. Tribuzi, o patrono virou adubo de rosas. Valdelino foi brincar de boi no céu. Chagas Val pulou nas águas do encantamento. O tempo que converte tudo em elegia, desfalcou-nos do “técnico” e “torcedor de bar”, José Ribamar Estrela Vasquez, que nos legitimava pela maturidade da presença etílica, compensando nossa jovialidade.

4

Refletindo na poesia os nossos enigmas, estigmas e paradigmas – o louco, o filosófico, o palhaço, o visionário, – vivendo e anti-vivendo nossa ira de ser, a lembrança do Antroponáutica sempre foi um sinalizador do menino interior. Cincoenta anos depois, através de mergulho na psicoterapia, ascese do azul, cavalgado os portais do manicômio e paraíso, redescobrimos a essência do real, a poesia.

Em 1972, éramos poucos. Agora somos muitos. Arrependimentos? Deveríamos ter amado mais, ousado mais, errado mais, e ter cumprido a promessa feita a Tribuzi, no poema “Compromisso”, de “ República dos Becos.” Tocar fogo nessa Academia. Teria prestado serviço de utilidade às gerações vindouras. Em 1972, minha utopia era mudar o mundo pela poesia. Hoje, véspera de emplacar 70, nos idos de março, única certeza é que o mundo só poderá mudar pela poesia.

Antroponáutica: éramos 5,em 1972. Valdelino Cécio, Chagas Val, Raimundo Fontenele,Viriato Gastar e Luis Augusto Cassas, este que vos escreve. 50 anos depois e duas baixas, Chagas Val e Valdelino Cécio, numa foto comigo em final da década de 90, o Antroponáutica retorna às bocas. Eis o meu depoimento.Rsilvana

NOVA ACADEMIA, FUNDADA EM 02 DE FEVEREIRO DE 2025

DOS ESPORTES

QUAL É A DIFERENÇA ENTRE DESPORTO E MODALIDADE DESPORTIVA?

Embora os termos "desporto" e "modalidade desportiva" sejam frequentemente usados como sinônimos, eles têm significados diferentes e desempenham papéis distintos no mundo esportivo. Vamos entender melhor!

Desporto

O desporto (ou esporte) é um termo amplo que engloba todas as atividades físicas organizadas e regulamentadas, realizadas de forma competitiva ou recreativa.

Características do Desporto:

Envolve esforço físico ou habilidade mental.

Pode ser praticado individualmente ou em equipe.

Tem regras pré-estabelecidas.

Promove benefícios físicos, mentais e sociais.

Exemplos de desporto: futebol, basquete, natação, ciclismo, entre outros.

Modalidade Desportiva

Já a modalidade desportiva refere-se a uma categoria específica dentro de um desporto. Cada desporto pode ter diversas modalidades, com variações nas regras, equipamentos ou formatos de prática.

Características da Modalidade Desportiva:

É uma divisão ou variação dentro de um desporto maior.

Possui características e regras próprias.

Exemplos:

No atletismo, existem modalidades como corrida de 100m, salto em altura e arremesso de peso.

No futebol, temos modalidades como futebol de campo, futsal e futebol de areia.

Exemplo Prático:

O desporto é o atletismo.

As modalidades desportivas do atletismo incluem corrida, salto, lançamento e marcha atlética.

Por que entender a diferença é importante?

Compreender a distinção entre desporto e modalidade desportiva ajuda a organizar competições, promover o desenvolvimento de atividades específicas e incentivar a prática de diversas formas de esporte.

Seja qual for o desporto ou modalidade, o mais importante é participar, aprender e aproveitar os benefícios que a prática esportiva proporciona!

PROJETO

A iniciativa tem como objetivo documentar e contar a trajetória da educação física no município.

Por: Mhario Lincoln Fonte: Secom Piauí

A cidade de Picos se prepara para um evento que promete resgatar e valorizar a história da educação física local. Será no dia 17 de dezembro, a partir das 14h. O projeto Raízes, idealizado pela professora Patrícia Ribeiro e alunos do Curso de Educação Física da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), tem como objetivo documentar e contar a trajetória da educação física em Picos, abordando suas origens, evolução e personalidades marcantes.

Com uma trajetória de duas décadas na cidade, Patrícia Ribeiro revela que a motivação para desenvolver o projeto surgiu de um profundo desejo de entender e registrar como o esporte e a atividade física foram implantados em Picos. “Quando cheguei aqui, 20 anos atrás, eu era a única profissional formada em educação física. A primeira turma da Uespi estava se formando naquele ano, mas ainda não possuía diploma. A cidade já mostrava certa organização na área de atividade física, mas eu me perguntava como tudo havia começado”, relata a professora.

O projeto não apenas destaca a história das primeiras academias da cidade, mas também busca dar voz àqueles que foram pioneiros no esporte em Picos. A falta de registros formais sobre os primeiros professores e a evolução do Curso de Educação Física na Uespi torna o projeto Raízes ainda mais relevante. Patrícia afirma que, ao assumir a cadeira como professora efetiva em 2016, iniciou sua busca por documentar essa história, que, segundo ela, é essencial para que os alunos compreendam sua profissão e seu impacto na comunidade. “O que eu vejo é que a origem é muito importante. Se hoje, os alunos estão nesse espaço, isso se deve a quem trilhou esse caminho antes deles. Saber a história os ajuda a valorizar mais o lugar onde estão e a trajetória que ainda vão percorrer”, explica Patrícia Ribeiro.

O evento de lançamento do projeto raízes incluirá a apresentação de um e-book, que reunirá as narrativas e informações coletadas ao longo do projeto, trazendo à tona personagens e momentos significativos na história da educação física em Picos. A professora ressalta que a atividade física e o exercício são aspectos marcantes na cultura local, e compreender sua origem é fundamental.

O Projeto Raízes não apenas documenta a história, mas também visa inspirar novas gerações a valorizarem sua profissão. “Para os alunos, é crucial entender a trajetória profissional e as marcas que deixam na comunidade e na cidade. Essa valorização é o que vai fortalecer nossa profissão”, conclui Patrícia Ribeiro.

O evento promete ser um marco na relação da cidade com sua história esportiva e educacional, e convida todos os interessados a participarem desse resgate cultural que, sem dúvida, contribuirá para o fortalecimento da educação física em Picos e para a construção de um futuro mais consciente e valoroso para as próximas gerações.

Link para inscrições: projeto Raízes da Educação Física

O artigo "Pesquisadores escrevem livros para crianças" discute a motivação de cientistas para escrever livros para crianças e os desafios que enfrentam. Alguns cientistas são motivados pelo desejo de tornar a informação científica mais acessível ao público. Outros são inspirados por perguntas de crianças. Os cientistas usam humor, ilustrações e narrativa para envolver os jovens leitores.

O artigo explica as motivações dos cientistas e os desafios que enfrentam, e também fornece exemplos de livros escritos para crianças por cientistas de várias universidades brasileiras.

Sobre - Editado pelo Departamento de Educação Física e Desportos do Ministério da Educação e Cultura com assistência técnica e impressão da Abril S.A Cultural e industrial - São Paulo - 1972

Cartilha - Criação de Octavio Teixeira Dedinho - Criação de Roberto Jinkins de Lemos

Roteiro - Mirna Pinsky Ilustrações Randal Adorno Letreiros - Roberto Fragoso

Urilização orientada pelo professor de Educação Física para crianças a partir de dez anos de idade Campanha Nacional de Esclarecimento Desportivo Série Cartilhas Desportivas - nº 2

Distribuição gratuita

ACERVO E DIGITALIZAÇÃO: Joelcio Fernandes Pinto

Centro Esportivo Virtual | CEV | Dedinho e Sua Turma: O Pulo do Gato

O jornal "L'Osservatore Romano" afirma que os inventores do desporto rei foram nada mais nada menos que... os paraguaios.

O Vaticano, cujo jornal oficial é "L'Osservatore Romano", publicou um artigo intitulado "Os guaranis inventaram o futebol", no qual o jornalista Gianpaolo Romanato sublinha que o desporto rei nasceu no século XVII no que é hoje o Paraguai.

As informações baseiam-se na história de um jesuíta catalão chamado José Manuel Peramás, que esteve vários anos na Redução de San Ignacio de Miní, a sul da cidade de Assunção, uma das 30 Reduções que existiram no Paraguai colonial.

Na sua obra "De vita et moribus tredecim virorum paraguaycorum", publicada em 1793, descreveu alguns dos divertimentos que tinham os guaranis, com quem convivia.

"Também costumavam brincar com uma bola que, embora fosse feita de borracha maciça, era tão leve e rápida que cada vez que lhe batiam, continuava a saltar durante algum tempo, sem parar, impulsionada pelo seu próprio peso.

Não lançavam a bola com as mãos, como nós, mas com a parte superior dos pés descalços, passando e recebendo com grande agilidade e precisão", escreveu.

"L'Osservatore Romano" observa que "os guaranis de há três séculos já jogavam certamente futebol com mestria. Na sua essência, são descendentes dos verdadeiros inventores do futebol".

A controvérsia está resolvida e em caso de dúvida, há sempre o recurso da infalibilidade.

Transcrição JALG

Quem criou o futebol?

Escrito por

Redaçãoproducaodiario@svm.com.br

25 de Fevereiro de 2011 - 02:01

Arquivo

Jurava ter sido os ingleses. Desde meus tempos de gol a gol com bola de meia. Dos jogos suburbanos do 5 de Julho Futebol Clube. Da Escolinha do Fortaleza. E, até hoje, contaram-me que o "pebol" nasceu na terra do fog. Agora, vem história diferente. Há pouco, lendo a revista Conmebol nº 122, de novembro - dezembro de 2010, publicação oficial da Confederación Sudamericana de Fútbol, deparei-me com a matéria "Los guaraníes jugaban a la pelota desde hace siglos". De autoria de Pedro Servín Fabio, contém entrevista com o antropólogo jesuíta Bartolomeu Meliá ao L´Osservatore Romano. Nela, o religioso, graduado doutor pela Universidad de Estrasburgo, com tese sobre a língua dos guaranis, dá o chute inicial no que promete tornarse emocionante disputa.

O jornal de Roma entrou de chapa com o título: "Los guaraníes inventaron el fútbol". E citou como fonte a obra "De vita et moribus tredecim virorum paraguaycorum", escrita em 1793 pelo catalão, também jesuíta, José Manuel Paramás, que viveu em San Ignácio Miní, ao sul de Assunção.

O livro narra os procedimentos da feitura das bolas, os materiais retirados da natureza e empregados na confecção e formas da prática do jogo. Sobre o movimento da pelota, descreve como "tão ligeiro e rápido que quicava sem parar, impulsionada por seu próprio peso. Os guaranis não lançavam a bola com a mão, mas com a parte superior do pé descalço".

O sacerdote Bartolomeu nasceu em Mallorca e, desde 1954, trabalha no Paraguai, realizando pesquisas antropológicas e o estudo da língua guarani. Interessante ressaltar que aquela gente habitava o Território do Guairá, pertencente ao Paraguai colonial e, atualmente, integra o Paraná.

Informações outras enriquecem o tema. Mostram que o jogo na América do Sul antecede a 1863, data na qual o futebol separou-se do rugby na Inglaterra, criando regulamentos próprios. Comenta, ainda, sobre jogos na China, na Grécia, em Roma, no Egito, bem como, entre os astecas, maias e outros povos, entretanto, todos utilizando as mãos.

Com os pés, à época, somente os guaranis.

Afinal, quem é o inventor?

Geraldo Duarte - advogado, administrador e dicionarista

LAÉRCIO ELIAS PEREIRA

JUSTIFICATIVA

Eis que Laércio Elias Pereira provoca, mais uma vez, para a construção de um Museu do Handebol no Maranhão. E que Lamartine Pereira da Costa apoiava a ideia. Seria uma construção junto com o Álvaro Perdigão, que tem um livro pronto sobre a modalidade no Estado. Ao que informei que, a idéia de se construir um Museu do Esporte no Maranhão, não é nova! Já na administração de Joaquim Haickel na SEDEL-MA, havia essa proposta, chegando a ser apresentado, por mim, um projeto. Seria constituído em parceria com o MAVAM – Museu de Artes Virtuais, administrado pelo Joaquim, que chegou, inclusive, a tomar vários depoimentos sobre o surgimento de algumas modalidades no Maranhão. A ideia não foi em frente... E agora, retorna...

A construção de um Museu que resgate a memória e a história dos esportes, em seu sentido amplo, do lazer, da educação física, e das atividades físicas – ufa! – é mais plausível. Haja vista que já temos uma base, com o Atlas dos Esportes no Maranhão, e o livro de história de vida do Prof. Dimas – Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araújo. Além de que, na Revista Maranha-y, eletrônica, de História(s) do Maranhão, existem diversas matérias em que é resgatada a memória/história dos esportes em várias cidades maranhenses, a exemplo de Barra do Corda (Leonardo Delgado) e Viana (Álvaro Mendonça).

METODOLOGIA

Seguir-se-á o que já consta no CEV/Educação Física Maranhão, CEV/Biblioteca, e CEV/Atlas com algumas adaptações:

PROJETO MEMÓRIA DO ESPORTE NO/DO MARANHÃO

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Não há dúvidas que as práticas corporais e esportivas configuram, hoje, um fenômeno cultural com grandeabrangênciaevisibilidadenocenáriomundial. Eenvolvemsujeitosem diferentescontextos culturais, seja como praticante, seja como espectadores. Ainda que estas sejam práticas que adquiriram centralidade na vida moderna, há que referenciar que não são invenções do presente, mas possuem história. História feita pela ação de diferentes homens e mulheres, que a seu tempo realizaram ações que consolidaram estas práticas influenciando, de certa forma, o que hoje vivenciamos. Entendendo a memória como a capacidade humana de reter fatos e experiências do passado, este projeto pretende não apenas agrupar dados e experiências individuais, mas, fundamentalmente, preservá-las e transmiti-las às novas gerações dada sua significação social[1] Parto de dois projetos em execução. O primeiro, o ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO, nos mesmos moldes do Atlas do Esporte no Brasil (DaCosta, 2005, disponível em www.atlasesportebrasil.org.br); formato impresso (Shape Editora, 2005) e o formato eletrônico. A ideia é publicar em formato papel o ATLAS DO MARANHÃO e ao mesmo tempo disponibilizar no formato eletrônico, com possibilidades de acesso via Internet e com atualizações periódicas.

O outro projeto, foi-me apresentado pelo Mestre André Lace, do Rio de Janeiro, em que propunha “DEZ Projetos para o Rio de Janeiro“[2] chamando-me a atenção para o “Projeto Livro Álbum dos Mestres de Capoeira no Rio de Janeiro“, em que propõem o cadastramento dos aproximadamente 150 mestres capoeiras do Rio de Janeiro; uma página para cada mestre, com foto. Haverá uma parte Introdutória com resumo daHistóriadaCapoeiranoRio deJaneiroe,também,resumo crítico dos principais livros sobre o assunto.

Em outra correspondência, ao indagar sobre um aspecto da Capoeira no Maranhão, sugeriu-me a elaboração do “Livro-Álbum dos Mestres de Capoeira de São Luís do Maranhão“, assim como anteriormente já havia sugerido a criação de um “Centro de Capoeiragem do Maranhão“. Os demais projetos, devidamente adaptados, são:

1. Projeto SEIS RODAS ESPECIAIS de CAPOEIRA – Idealização (através de concurso para arquitetos urbanistas), construção e implantação de uma Programação Anual. Rodas especiais, concha acústica de cimento para a “orquestra”, roda acimentada de apresentação e arquibancada tipo anfiteatro.

2. Projeto “CENTRO DE MEMÓRIA DA ARTE-AFRO-BRASILEIRA DA CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO” – um espaço que poderá abrigar o “Centro de Memórias da Arte Afro-Brasileira da Capoeiragem”.

3. Projeto CONCURSO LITERÁRIO ANUAL – Redação, para o Ensino Médio; Monografia, para o Ensino Superior – Tema Básico: Capoeiragem no Maranhão, no Brasil e no Mundo.

4. Projeto FUNDAÇÃO MARANHÃO CAPOEIRA – Criação de um Organismo que realmente contemple todos os múltiplos aspectos da Arte Afro-Brasileira da Capoeiragem. O Projeto incluirá a criação de um PONTO DE ENCONTRO DOS CAPOEIRAS que, em princípio, será calcado na experiência vitoriosa do Espaço dos Capoeiras.

5. Projeto LABORATÓRIOS DE CAPOEIRAGEM – Série de experiências práticas testando a real eficácia da Capoeiragem enquanto Luta Marcial.

6. Projeto FUNDAMENTOS DA CAPOEIRA – Criação de um grupo multidisciplinar para estudar, sem fantasias, os fundamentos da Capoeiragem em todos seus múltiplos aspectos: religioso, filosófico, ritmo e cantado, histórico, sociológico etc.

7. Projeto UNIVERSIDADE DA CAPOEIRA – Projeto, inicialmente, apresentado do Governo Federal e, depois, à Universidade Estácio de Sá.

8. Projeto HOMENAGENS ESPECIAIS – Exemplo: reforma completa do túmulo do Sr. Anselmo Barnabé, Sapo, com colocação solene de uma Placa de Agradecimento.

9. CAPOEIRA EDITORIAL – Republicação enriquecida por uma avaliação crítica dos principais livros escritos Capoeiragem – ODC, Plácido de Abreu, ZUMA, Inezil Penna Marinho etc.

Dentro dessa perspectiva, a proposta é colher depoimentos de Esportistas – não só da capoeira –transformando em documento suas memórias (registros descritivos e datados) e não de história (processo de interpretação sob forma de narrativa com base temporal). Daí não caber digressões nem análises pormenorizadas. Ou seja: trabalha-se com marcos histórico, mas não se faz história. Oferecendo-se base para o trabalho de historiadores embora seja focado para a gestão do esporte e atividades similares. Há que então reduzir ou evitar juízos de valor do autor(es) sobre o tema enfocado, isto é, comentários de que algo é bom ou mau no presente ou para o futuro contextualizado do tema.

Outra abordagem a evitar é a de críticas ou denúncias diretas a pessoas ou instituições, que não são próprias de um banco de dados com registros a serem interpretados por terceiros com interesses múltiplos e que está proposto para contínua revisão de dados.

A base de conteúdo de cada depoimento (capítulo) é a ordem cronológica dos fatos descritos começando por referência ao ano (s) do acontecimento, a décadas se o período focalizado é mais longo, ou até mesmo século(s) em casos excepcionais. Não se usa hífen depois da data na abertura de cada fato examinado: ano, década e século são subtítulos no Atlas.

O padrão geral de formato dos capítulos sugere uma listagem cronológica de fatos relevantes que tiveram consequências no desenvolvimento (crescimento, mudança de direção, estagnação e/ou retrocesso) do esporte ou da manifestação relacionada aos esportes, à educação física ou atividade física de saúde e/ou lazer.

O parágrafo inicial de cada capitulo também é padrão, levando o título de “Origem(s) e Definição (ões)” ou Definições primeiro e depois Origens. Se aceita também a separação entre “Origem” e “Definição”, pois às vezes há maior clareza quando há dois enfoques.

Ao final da ordem cronológica temos “Situação Atual” que não deve ser conclusão. O Atlas não trabalha com conclusões, mas sobretudo com tendências. Em síntese, “Situação Atual” refere-se a um conjunto de dados que oferece uma ideia de como se desenvolve presentemente o tema examinado no capítulo. Em certos casos é tolerável uma pequena interpretação dos dados destacados, ou alguma crítica que possa explicar uma determinada situação. Não se pode priorizar, entretanto a crítica porque os capítulos devem ser bem mais descritivos do que analíticos, dando pouca margem a interpretações pormenorizadas.

Em termos do modelo Atlas para orientação de conteúdos, a crítica não é própria porque se lida com um banco de dados de amplo acesso e consultas variadas. O Atlas, assim sendo, oferece bases para críticas, mas evita aprofundamentos críticos, não se tratando de um espaço de discussão acadêmica, política, religiosa ou ideológica. Contudo, a margem válida de interpretações dos autores incide sobre etapas selecionadas do desenvolvimento no tempo do esporte, atividade ou área de saber ou de suporte de atividades físicas. Este tipo de análise deve ser bem resumida e bem objetiva, posta no texto com título de parágrafo “Décadas de tal a tal – Interpretações” ou mesmo “Interpretações das décadas de tal a tal”, se assim for opção do autor (es).

O Atlas não é diagnóstico nem plano, portanto não cabem nos capítulos sugestões ou projeções para o futuro. As abordagens projetivas são responsabilidade das pessoas que consultam o Atlas para trabalhos diversos. Porém, algumas interpretações trazem à luz evidências e tendências, e estas, se resumidas, podem ser mantidas uma vez que se referem a interpretações do desenvolvimento. Nesta opção de roteiro de redação não se deve eliminar dados numéricos mesmo que aparentem inconsistência, pois estes constituem um dos objetivos principais do Atlas (base para estudos econômicos na área esportiva). Assim, aceitam-se estimativas rotulando-as sempre como provisórias. Note-se que todos os dados são submetidos a cruzamentos e revisão continuamente nas diferentes versões do Atlas, o que oferece segurança no trato quantitativo dos temas. As revisões e atualizações deverão progressivamente melhorar a base de dados, tendo a versão livro de 2005 uma função demarcadora. Comentários sobre o grau de fidedignidade de certos dados são pertinentes sobretudo quando são provenientes de fonte confiável (geralmente especializada e identificada) e há condições de se verificar o modo de coleta, organização e/ou tratos estatísticos.

Cada capítulo ou Box, por padrão, termina com o subtítulo “Fontes”, excetuados aqueles que constituem experiência pessoal, descrição direta ou levantamento e pesquisa presencial produzidos pelo(s) autor (es) do texto (levantamento de academias ou clubes em determinado município, por exemplo). Como o Atlas é um repositório de memória em contínua revisão, as fontes incluem testemunhos pessoais e indícios em objetos, edifícios, monumentos etc., além de documentos, jornais, livros e outros meios de fidedignidade mais evidentes. As fontes são relacionadas nos capítulos por qualquer meio de referenciação ou normatização, sugerindo-se, entretanto sempre que possível seguir os padrões ABNT (nacional) e o APA (internacional). As fontes de testemunhos pessoais são relacionadas pelo(s) nome(s) do(s) informante(s) e data da obtenção da informação. A referenciação dos Atlas regionalizados como unidade de publicação (site, livro, CD etc.), entretanto, deve seguir a ABNT e a APA, tendo seus editores ou organizadores citados em conjunto com o título “Atlas do Esporte no Rio Grande do Sul” (assumindo-se o exemplo do primeiro Estado a produzir uma versão local).

Padrões do Atlas: Referências gerais ou específicas para elaboração de contribuições para o Sistema Atlas, sujeitas a reformulações sucessivas de acordo com necessidades surgidas na editoração das informações, nos procedimentos de programação visual e nos ajustes à mídia de cada versão em preparo (formatos e softwares).

Dados do Atlas: Informações produzidas por fonte identificada que são reelaboradas em forma, mantidas no seu conteúdo e verificadas sempre que necessário, e possível pelo Sistema Atlas. O propósito básico é de coletar e expor informações como memória e para uso seletivo de interessados, constituindo basicamente um meio de gestão.

Direitos autorais: O Sistema Atlas tem como marcos conceitual a legislação em vigor no Brasil sobre direitos autorais e sobre a atuação de voluntários conforme descrito no Atlas livro, versão 2005, página 6.

Cevatlas: Lista de discussão do Centro Esportivo Virtual – CEV (visitar em www.cev.org.br) que opera como ponto de encontro dos participantes e dos interessados no ATLAS – Sistema de Informações e Gestão em Esporte e Atividades Físicas, cuja primeira manifestação foi o livro “Atlas do Esporte no Brasil” e que na fase atual se desdobra em outras mídias e diversos segmentos de localização geográfica, memória e temas de abordagem. A inscrição no Cevatlas é feita via http://listas.cev.org.br/mailman/listinfo/cevatlas

Esporte: Expressão genérica, eventualmente completada com palavras de significados congêneres – em especial das áreas de lazer, saúde e educação física -, usada no Sistema Atlas como síntese das atividades físicas praticadas como manifestação pessoal, grupal e comunitária, ou como promoção de instituições privadas e públicas. Por padrão, esta expressão adota a grafia mais comum de ser encontrada no Brasil: “esporte” (sem o “d” da palavra “desporto”).

TEMAS – Em linhas gerais, os temas abordados pelos Atlas estaduais, regionais e de cidades são os mesmos do Atlas nacional, edição 2005, porém respeitando-se a especificidade local está prevista a adição de novos temas nestas novas versões do Atlas no caso de existir informações suficientes para um capítulo próprio. Como a base dos Atlas estadual é constituída de municípios, as informações sobre determinada atividade / esporte ou meio de geração de conhecimento (Ensino Superior de Educação Física, associações científicas, áreas de saber etc.) podem ser alocadas nos municípios onde acontecem se não houver condições de se organizar um capítulo próprio.

Inovações locais na prática de esportes, invenções de equipamentos e protocolos, biografias de atletas de renome regional, história de cursos locais de formação em educação física, memória de clubes e de entidades esportivas, e outras formas de resgate da identidade local esportiva são exemplos a realçar para a pauta de trabalhos de um Atlas regionalizado.

CAPÍTULOS – A unidade básica dos Atlas de Estado, região ou cidade, é o ‘capítulo’ tal como acontece no Atlas nacional em livro, cujo conteúdo é mantido na versão na Internet que dá formato básico ao Sistema ATLAS. Porém, ao contrário do Atlas nacional que se regulou por tamanho padrão (10.500 – 10.700 caracteres contando espaços), os seus desdobramentos seguintes poderão ser maiores ou menores. Tanto a expansão como e a redução apóiam-se na experiência do projeto Atlas original pelo qual se demonstrou a existência de alguns temas cujo tamanho padrão limitava ou excedia em demasia sua compreensão; outro motivo prende-se ao fato de que na Internet não há limitações de tamanhos de texto como no formato livro. Assim, o capítulo nos Atlas regionalizado possui tamanho variado dependendo da existência de conteúdo e disponibilidade de autoria e editoração. E o padrão, nestas circunstâncias, é ditado por um texto mínimo que possa dar validade à criação de um capítulo e atribuir importância ao tema focalizado, ou seja: 10.500 caracteres contando espaços. Os complementos de cada capítulo adotam o formato Box (caixa) e podem se desdobrar na medida em que surjam atualizações e reajustes.

A disposição dos capítulos em seções temáticas tal como encontrada no Atlas nacional, pode ser seguida nas versões regionalizadas, contudo a especificidade de cada Estado, região ou cidade, indica a pertinência de flexibilidade nestes temas e da adoção do município como base. Nestes termos, por padrão, a seção principal do Atlas de cada Estado e de região, inclui todos os municípios pesquisados (cada município, um capítulo), numa composição similar à seções “Lazer – Cidades e Regiões” encontradas no Atlas nacional de 2005.

Os capítulos relacionados a municípios incluem dados sobre clubes, instalações esportivas, academias, locais para atividades físicas de lazer e de saúde, registros históricos sobre atividades e instituições esportivas e de lazer locais, levantamentos e estimativas de número de participantes, faculdades de educação físicae outras circunstâncias também mapeadas na seção “Lazer –Cidades e Regiões” do Atlas nacional. Além de documentos e registros, os dados coletados serão aqueles disponíveis no município ou estimados por dirigentes, líderes, técnicos, professores, atletas

veteranos e outras pessoas com experiência de vida no esporte e lazer locais. Para auxiliar esta pretendida coleta, um dos futuros documentos de padrões será orientado como roteiro para obtenção de dados no município.

A única ilustração permitida em cada capítulo é o mapa do município, da cidade ou da região focalizada em seus vários municípios, consolidando padrão já adotado no Atlas nacional. Por sua vez, as fotos e figuras coletadas serão incluídas numa seção final à parte, denominada de “Quem fez acontecer – Fotos e figuras” (ver seção original no Atlas nacional), que no Sistema Atlas via Internet aglutinarão as fotos e figuras por municipios, destacando-se regiões e cidades quando apropriado. A prioridade absoluta, neste caso, pertence a fotos e figuras de mais de 30 anos na temática esportiva, de educação física, lazer e saúde, que constituem os registros de maior possibilidade de perda na atualidade.

METODOLOGIA

Ao mesmo tempo em que se atualiza os dados e informações já coletadas e ordenadas no formato do Atlas, deve-se iniciar a coleta de depoimentos de esportistas, que participaram da implantação dos esportes modernos no Maranhão, registrando-se em vídeo, esses depoimentos, constituindo-se como fonte primária para os trabalhos de história.

História Oral é a designação que se dá “ao conjunto de técnicas utilizadas na coleção, preparo e utilização de memórias gravadas para servirem de fonte primária” [3]. Já na definição de CAMARGO[4], é o “conjunto sistemático, diversificado e articulado de depoimentos gravados em torno de um tema“, ou como ensino a própria ALBERTI (1990), é o “método de pesquisa … que privilegia a realização de entrevistas com pessoas que participam de, ou testemunham, acontecimentos …”.

Em qualquer pesquisa se parte da questão de que há algo a investigar. Ao decidir-se pelo emprego da técnica da história oral, como sendo o mais apropriado, estabelece-se também os tipos de fonte de dados, tendo em vista que a história oral vale-se de outras fontes, além das entrevistas [5]. Dois tipos de fontes de dados:

1. Reportagens de jornais, crônicas, relatos e literatura acadêmica, que nos permite o estudo do processo de implantação da educação física escolar e o desenvolvimento do esporte moderno em Maranhão;

2. Entrevistas com pessoas que viveram esses processos.

Para esse item, deve-se verificar se, no universo de estudo, há entrevistados em potencial, se é possível entrevistá-los e se estão em condições físicas e mentais de empreender a tarefa que lhes é solicitada.

Estabelecidos os métodos e as entrevistados, resta definir as entrevistas. Serão estabelecidas algumas categorias simples, empiricamente, utilizadas como pretexto para o entrevistado se lançar noesforçoderememoração.Sãoperguntasdeordemgenealógica, históriapessoal,sobreeducação, educação física, esportes, pessoas conhecidas, enfim, lembranças “daqueles bons tempos”.

JANOTTI (1988) identifica dois tipos de memória no cultivo de reminiscências sobre o passado recente, e sobre os antepassados. Produzem-se histórias que podem tanto pertencer às memórias individuais como às coletivas. O indivíduo participa desses tipos de memória e, conforme sua participação, ou do seu conhecimento dos fatos. Poderá adotar duas atitudes diferentes e mesmo contraditórias.

Já ASSUNÇÃO (1988) identifica três tipos de memórias: “No primeiro nível, uma memória oral individual, quando o informante nos dá notícias biográficas de sua família. Essa memória permanece em virtude de seu interesse que as pessoas mostram pela vida e façanhas dos antepassados. Às vezes, pode ser também contada pode ser contada por uma pessoa que não pertence à família, mas conheceu-a; no segundo nível, a memória oral de uma comunidade: a história de sua origem … Essa memória que é uma propriedade coletiva … é preservada em virtude de sua função dentro da comunidade …; no terceiro nível, uma memória oral mais geral: é o que poderia chamar de memória regional“. (p. 215)

Os depoimentos do primeiro tipo, evidentemente, são os mais subjetivos, os menos suscetíveis de controle pelo pesquisador. O episódio contado não pode, em geral, ser verificado por outras fontes. A sua verificação se dá pela coerência interna e pela confrontação com episódios semelhantes. Já os depoimentos do segundo e, sobretudo do terceiro tipo, constituem já um documento mais “objetivo”. Referem-se à existência de um fundo comum na memória oral (ASSUNÇÃO, 1988; VAZ, D., 1990 [6]).

O trabalho que se pretende é o de integrar a uma estrutura social elementos e fatos isolados, procurando uma explicação causal, sem esquecer a descrição histórica [7]. Para Berkoffer Jr. (citado por CARDOSO, 1988, p. 77), “… a História (entendida como explicativa, respondendo aos porquês ?) não pode explicar totalmente à ‘crônica’ (que responde a perguntas do tipo ‘o que’, ‘quem’, ‘quando’, ‘onde’, ‘como’?)”.

Chronica (do latim) é termo que indica narração histórica, ou registro de fatos comuns, feitos por ordem cronológica; como também é conjunto das notícias ou rumores relativos a determinados assuntos [8].

Para o levantamento dos possíveis depoentes se utilizará do que já foi escrito, do Atlas do Esporte no Maranhão, além dos citados durante os depoimentos.

Os depoimentos serão gravados em vídeo, utilizando-se dos estúdios do MAVAM – Museu de Artes Visuais do Maranhão – contratada sua utilização para tal fim, devendo-se colher, inicialmente, 100 (cem) depoimentos, sendo 60 (sessenta) relacionados aos esportes, em especial o escolar, relacionadosaos FEJ/JEMs – pelo menos 60%-,eos demais 40 depoimentos, constituirá o Livro-Álbum dos mestres Capoeiras.

CUSTOS

FINANCIAMENTO

LISTAS DE ENTREVISTADOS

ESPORTES ESCOLARES

Ainda, se buscará apoio do INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO, do qual sou membro efetivo; e do JORNAL PEQUENO, através do seu editor Vinícius Bogéa. Esclareça-se que solicitaremos a digitalização do JORNAL DOS SPORTES, idealizado por Ribamar Bogéa, antecessor do Jornal Pequeno. Além disso, buscaremos as informações nos diversos outros jornais editados no Maranhão, em especial em O ESTADO DO MARANHÃO, com a coluna editada por Biguá e Tânia, ONDE ANDA VOCE? Que procurou registrar a biografia dos maiores esportistas maranhenses. Tal qual foi feito no Jornal dos Sports...

[1] GOELNER, 2004, X Congresso de Ciências do Desporto e de E. F. dos Países de Língua Portuguesa. Os desafios da renovação. Disponível em http://www.fade.up.pt/rpcd/_arquivo/rpcd_vol.4_nr.2.pdf

[2] A VOLTA AO MUNDO DA ARTE AFRO-BRASILEIRA DA CAPOEIRAGEM – Ação Conjunta com o Governo Federal –Estratégia 2005 – Contribuição do Rio de Janeiro – Minuta de André Luiz Lace Lopes, com sugestão de Mestre Arerê (ainda sem revisão).

[3] CORRÊA, Carlos Humberto P. HISTÓRIA ORAL – Teoria e prática. Florianópolis : UFSC, 1978

[4] ALBERTI, Verena. HISTÓRIA ORAL – a experiência do CPDOC. Rio de Janeiro : FGV/CPDOC, 1990

[5] SILVA, M. Alice Setúbal: GARCIA, M. Alice Lima: FERRARI, Sônia C. Miguel. MEMÓRIAS E BRINCADEIRAS NA CIDADE DE SÃO PAULO NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX. São Paulo : Cortez, 1980

[6] VAZ, Delzuite Dantas Brito. PARAIBANO NA MEMÓRIA ORAL – da chegada de Antônio Paraibano à região do Brejo –Município de Pastos Bons – à fundação da cidade de Paraibano-Ma. São Luís : UFMA, 1990. (Monografia de graduação em História). (Mimeog.)

[7] CARDOSO, Ciro Flamarion. UMA INTRODUÇÃO À HISTÓRIA. 7 ed. São Paulo : Brasiliense, 1988.

[8] DICIONÁRIO AURÉLIO, 1986, p. 502, citado por BORRALHO, José Henrique de Paula. Literatura e política em A Chronica Parlamentar, de Trajano Galvão de Carvalho. In GALVES, Marcelo Cheche; COSTA, Yuri. O MARANHÃO OITOCENTISTA. Imperatriz: Ética; São Luis: Editoras UEMA, 2009, p. 371-403.

BARRA DO CORDA

LEONARDO DE ARRUDA DELGADO

nascido em 04 de Fevereiro de 1976, filho de Elizete de Arruda Delgado e Gedmilson Medeiros Delgado, estudou na Universidade Federal do Maranhão UFMA (1998-2004), graduando-se em Educação Física pela Faculdade Albert Einstein de Brasília/DF (2012), Profissional de Educação Física, registrado no CREF21 (001764 G/MA), com Especialização em Educação Física e Esporte: Planejamento e Gestão, pela Faculdade das Águas Emendadas (FAE -2014). Foi professor de natação da Associação Atlética Banco do Brasil (2006-2020), técnico da seleção maranhense de natação nos jogos escolares da juventude (2012-2014-2016), coordenador pedagógico no Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social - ISETED em Barra do Corda/MA (2012-2018). Atualmente é Presidente e membro fundador da Liga Desportiva Escolar e Cultural de Barra do Corda, desde 2020, mestrando profissional em Educação Física Escolar em Rede Nacional (PROEF), professor da rede pública municipal de Barra do Corda, desde 2015 e da Rede Estadual de Ensino do Maranhão desde 2016, sócio e responsável técnico pela Academia Fitness Club (CREF 000711-PJ/MA), desde 2018. Tem experiência na área de Educação Física e Informática, com ênfase em Aptidão Física, atuando principalmente em natação e informática educacional.

ESPORTE E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR EM BARRA DO CORDA

Primeiros Relatos e Documentos

O esporte em Barra do Corda, tem origem com os índios Canelas período colonial, através da Corrida de Toras – pertencente ao grupo de provas de revezamentos – dos Índios Kanelas Finas – pertencente à etnia Jê, presentes por estas terras há pelo menos cinco mil anos.

Figura 1: Competidor na primeira edição dos Jogos dos Povos Indígenas. Fonte: https://pt.wikipedia.org

Das famílias lingo culturais, destaca-se a JÊ, grupo mais populoso; de maior expansão territorial; e de melhor caracterização étnica. Os Jês caracterizam-se pela ausência da cerâmica e tecelagem, aldeias circulares, organização clânica e grande resistência à mudança cultural, mesmo depois de contato, como se observa entre os Kanelas, ou RANKAKOMEKRAS como se denominam os índios da aldeia do Escalvado (DICKERT & MEHRINGER, 1989).

Os Jê são conhecidos no Maranhão com a denominação de "TIMBIRAS", e se dividem em dois ramos principais, segundo seu habitat - Timbiras do Mato e Timbiras do Campo -, estes apelidados de canelas finas "pela delicadeza de suas pernas e pela velocidade espantosa que desenvolvem na carreira pelos descampados", conforme afirma TEODORO SAMPAIO (1912, apud CORREIA LIMA & AROSO, 1989, p. 41), confirmando SPIX e MARTIUS (1817, citados por CORREIA LIMA & AROSO, 1989, p.59) quando afirmam, sobre os Canelas, "... gaba-se a sua rapidez na corrida, na qual igualariam a um cavalo.".

O Colégio Popular, de Issac Martins, oferecia em seu programa aulas de Ginástica, de corridas e de natação, esta realizada no Rio Corda, como se vê desse anuncio no Diário do Maranhão de 7 de março de 1884:

Figura 2: Anuncio no Diário do Maranhão de 7 de março de 1884.

Ao expor seu programa, Issac Martins informa que para as aulas de ginástica dispunha de amplo pátio para os exercícios de ginástica e ‘correria’ – Atletismo? – e para a natação, as águas puras e cristalinas do Rio Corda. Temos aqui outra informação importante – as aulas de natação, em escola do interior do Estado –Barra do Corda – em uma escola popular:

Figura 3: Descrição das práticas corporais em Barra do Corda, em 1884.

Como podemos observar as práticas corporais, relacionadas a educação física, inicialmente eram representadas quase que exclusivamente, pela ginástica militar.

Olimpíadas Escolares de Barra do Corda

Na década de 1940, foi criada a Colônia Agrícola Nacional do Maranhão, em Barra do Corda. Seu administrador, Eliezer Moreira, manda construir escolas em cada um dos núcleos agrícola que contasse com 50 crianças em idade escolar; foram criadas escolas nos núcleos do Naru, Barro Branco, Unha de Gato, Cateté de Cima e Cateté de Baixo, Canafistula, Passagem Rasa, Suja Pé, Seridó, Uchoa, Conduru, Mamui, Centro do Ramos, e outros.

Em períodos certos de tempo concentrava na sede do município os alunos das escolas da Colônia para as Olimpíadas Escolares da CANM (Colônia Agrícola Nacional do Maranhão).

O Moises da Providência Araújo era um dos coordenadores do evento. Centenas de crianças e de jovens disputam na velha Praça da Matriz – Praça Melo Uchoa, hoje – jogos de Voleibol, Futebol, Atletismo em suas várias modalidades, e brincadeiras tais como corrida de saco, cabra cega e outras.

A cidade parava para apreciar tais competições. Essas Olimpíadas iniciavam-se sempre com um grande desfile das escolas que contava com a ajuda das irmãs capuchinhas (MOREIRA FILHO, 2008, p. 97/98).

Na década de 1950, o Colunista Osmar Monte, lembra o seu tempo de atleta e estudante, escreve a crônica titulada “A educação cívica e física na Barra (Da série Lembranças da Barra) ”, o autor conta que estudou no Grupo Escolar Frederico Figueira e teve o prazer de estudar com a professora Guaraci Milhomem; e a diretora era a professora Zenóbia. Segundo Osmar Monte (202111):

A educação física era um destaque: jogos de voleibol, basquetebol, futebol de campo e futebol de salão. Jovens meninos e meninas se esmeravam para alcançar os melhores índices de desempenho. Na ala feminina, a professora Helena Silva comandava os exercícios. As garotas vestidas de camisetas e shorts eram verdadeiras modelos fotográficos.

No grupo masculino, o professor João Pedro exigia muito dos garotos; exercícios pesados, corridas em grandes distâncias e provas de resistências. Alguns atletas eram destaques: Gelásio Franco, Chico Ribimba, José Hipólito, Ornilo Melo, Tomaz Miranda, Elias Cavalcante, Djauma Brito e outros mais... Como é bom lembrar dos ensaios preparativos para as comemorações de 7 de setembro. Durante vários dias os alunos treinavam; uma menina baliza com corpo perfeito e rosto angelical, à frente dos muitos alunos, fazia o gesto imperativo; e logo os tambores rufavam, os tarois ziniam e a corneta tocada pelo Manoel Clemente, soava convocando o povo para comemorar a Independência do Brasil. A educação física preparava o corpo; e a educação cívica preparava a mente, e agregava valores para os alunos fortalecerem o sentimento de patriotismo.

A quadra de esportes do colégio Pio XI brilhou por décadas, de 50 à 70, como palco de futsal, de vôlei, basquete, também de quadrilhas juninas e shows de cantores como Waldick Soriano e até bandas de rock.

Figura 4: Quadra do CE Pio XI

Outras quadras importantes foram a da maçonaria e da Associação atlética Banco do Brasil, que ainda hoje são descobertas.

Jogos Escolares de Barra do Corda (JEBC)

Com o crescimento das práticas esportivas, nas décadas de 1960, o prefeito Sr. Alcione Guimarães Silva, cria em 1978 os JEBC (Jogos Escolares de Barra do Corda), tendo o colégio Nossa Senhora de Fátima, como a primeira escola campeã, dos jogos, onde manteve-se campeã até o ano de 1981, pendendo o título para o Centro Educacional Cenecista de Barra do Corda – CNEC.

5: Prefeito Alcione Guimarães, prefeito de Barra do Corda de 1977 a 1982, em seu gabinete de trabalho.

É importante lembrar que a entrega das medalhas e troféus, ocorria durante o desfile de 7 de setembro. Temos abaixo uma foto da ex-primeira da dama do município, Isamor Guimarães, no governo de Alcione Guimarães Silva, condecorando a Jaraci, filha de dona Graci e Macedo no dia 7 de setembro.

Figura
Figura 6: Dona Isamor esposa do Sr. Alcione Guimarães

Com relação à história da Educação Física e Esporte de Barra do Corda é importante citar, os anos 1989 a 1992, administração de Darci Terceiro, como sendo a figura pública que mais incentivou o esporte em Barra do Corda, entre suas principais ações temos: Em 1991, a inauguração do Estádio Leandro Claudio da Silva, com capacidade para receber cerca de 1.400 pessoas. O primeiro gol no estádio foi marcado por Netão (n° 9), filho do Teodorico do Araticum, que atualmente reside no povoado Arranca.

Darci Terceiro
Figura 7: Darci Terceiro - Seu mandato foi de 1989 a 1992. Seu vice foi Marcos Pacheco.
Figura 8: Na foto Benedito Terceiro ao Lado do Jogador número 9 – Neto

Figura 9: Nessa foto temos como Juiz o saudoso Timbó, e o bandeirinha Valdomiro, segundo Benedito Terceiro

No mesmo ano construísse o primeiro ginásio coberto de Barra do Corda (1991), Ginásio Poliesportivo Raimundo Medeiros da Cunha, próximo a maçonaria.

Figura 10: Imagem de Epitácio Cafeteira e benedito terceiro na Inauguração do Ginásio Raimundo Medeiros da Cunha.

Tivemos aqui também a primeira capacitação para instrutores de educação física, com o objetivo de implantação de várias modalidades esportivas, como basquetebol, handebol e atletismo.

A Administração Darci Terceiro, além da revitalização das praças de Barra do Corda, foi muito importante para nossa cultural, além da música popular cordinha (Festival de Música Popular Cordina – FEMUC), também incentivou outras atividades, como bumba meu boi e carnaval de rua.

Avelar Sampaio

Raimundo Avelar Sampaio Peixoto nascido em Exu estado de Pernambuco em 19 de abril de 1949, foi prefeito de Barra do Corda entre 1° de janeiro de 1997 a 31 de dezembro de 2000, pelo Partido da Frente Liberal (PFL)

Como prefeito apoio as mais diversas manifestações esportivas de vaquejada a jogos escolares. Foi no seu mandato, que Barra do Corda, participou pela primeira vez, dos Jogos escolares maranhense (JEM’s), conquistando medalhas na capoeira, atletismo e ciclismo.

Figura 11: Sr. Avelar Sampaio - Prefeito de 2001 a 2004

Ex-prefeito Avelar Sampaio faleceu aos 69 anos, vítima de infarto na UPA de Barra do Corda, na manhã do dia 10 de julho de 2018.

Avelar Sampaio tinha forte influência política em Barra do Corda e seu filho, Leandro Sampaio, foi o viceprefeito da cidade.

Figura 12: Manoel Mariano de Sousa - Nenzim (25 de março de 1939 à 6 de dezembro 2017)

Manoel Mariano de Sousa, o Nenzin, nasceu em Pastos Bons em 25 março de 1939, era casado com dona Santinha (Francisca Teles), no início da década de 60 estabeleceu moradia em Jenipapo dos Vieiras. Sua primeira profissão foi de alfaiate.

Essa profissão, muito comum e cobiçada naquela época, deu lhe alguns passos de vantagem diante dos outros moradores de Jenipapo dos Vieiras, pois ele não ia como os demais, depender exclusivamente dos produtos advindos da roça para o sustento de sua família que, evidentemente estava crescendo.

Com a confecção das roupas de seus clientes, Nenzin tinha como certo o dinheiro das despesas da casa e ainda para comprar "Gêneros na folha", isto é pagar os lavradores pelos produtos, muito antes de serem colhidos (algodão, arroz, feijão, milho).

Havia uma enorme satisfação por ajudar àqueles que dependiam exclusivamente das roças para o sustento de suas famílias.

Talvez essa admirável e irrestrita confiança nos semelhantes, tenha sido o embrião da formação do público; do político por vocação, que veio a se manifestar em Manoel Mariano de Sousa, o Nenzin,

Como os negócios da família iam crescendo cada vez mais, Nenzin montou um pequeno comércio, no qual além de vendas normais com moeda corrente, havia também a troca por produtos, os chamados "gêneros", para receber somente no tempo da colheita.

Os negócios cresceram ainda mais e a família resolveu morar em Barra do Corda, para proporcionar estudos aos filhos, onde Nenzin tomou se com o tempo um empresário bem sucedido.

Manoel Mariano de Sousa Nenzin, apesar de pouco estudo, tinha visão de investir na educação dos filhos, onde foram estudar em boas escolas e formação profissional em São Luís MA.

A política veio em seguida. Foi eleito vereador de 1993 a 1996 e como tal, vivia fazendo serviços de prefeito; ora era construindo reservatório de água para a comunidade, doutra feita era recuperando estradas vicinais e etc...

Atividades que uns gostavam e aplaudiam, mas outros criticavam. Começou a pintar postes com o nome Nenzin, confeccionar placas de veículos, com isso, alimentar o sonho de poder se candidatar a prefeito de sua cidade, a que escolheu para morar.

Candidatou-se e foi eleito com larga margem de votos à frente dos seus adversários políticos à época. Manoel Mariano de Sousa, o Nenzin, em primeiro de janeiro de 1997, assumiu a prefeitura de Barra do Corda para mandato até 2000. O vice de Nenzin era Izael Lobão.

Como reconhecimento de sua administração profícua e inovadora, Nenzin conquistou o direito de ser prefeito por mais duas vezes (de 2004 a 2007 e 2008 a 2011), totalizando doze anos de administração para o bem de Barra do Corda é o prefeito com maior número de obras na história de Barra do Corda.

Com relação ao esporte podemos citar: o ginásio do Tamarindo (Raimundo José Pereira da Silva) e Ginásio Senador Edison Lobão.

Na administração de Manoel Mariano de Sousa (Nenzim), 8 de março de 2010, foi fundado o Cordino Esporte Clube, sendo o mesmo campeão do "Copão Maranhão do Sul", torneio intermunicipal da região. Entusiasmados, os dirigentes e a prefeitura resolveram profissionalizar a equipe, conquistado no mesmo ano uma vaga para a 1ª divisão do Campeonato Maranhense.

No final de 2012 a Lei Orgânica do Município de Barra do Corda (LOM- nº10/2012) promulgada em 1990 foi alterada pela emenda 010/2012, de 25 de junho de 2012, foram incluídos vários complementos ao artigo 130 de “A” a “P”, estruturando o sistema municipal de ensino, que partir de então passou a contar obrigatoriamente, com a organização administrativa e técnico pedagógica do órgão municipal de Educação, bem como projetos de lei complementares como o plano de carreira do magistério municipal; o Estatuto do Magistério Municipal; a organização da gestão democrática do ensino público municipal; o Conselho Municipal de Educação (CME) e o Plano Municipal Plurianual De Educação (PME).

O artigo 130-O, trata da Educação Física, como obrigatória nos estabelecimentos municipais de ensino e nos particulares que recebam auxilio do município.

Art. 130-O. O Município orientará e estimulará por todos os meios a educação física, que será obrigatória nos estabelecimentos municipais de ensino e nos particulares que recebam auxílio do município. (Incluído pela Emenda à LOM nº 10/2012, de 25 de junho de 2012)

Erick Costa

Wellryk Oliveira Costa da Silva, nascido em Barra do Corda no dia 02 de junho de 1984 é advogado e empresário, atualmente deputado estadual, foi vereador eleito em 2008 a 2012 e prefeito em Barra do Corda por dois mandatos consecutivos.

De 1° de janeiro de 2013 a 31 de dezembro de 2016 pelo PSC (Partido Social Cristão), com um percentual de 55,80% dos votos válidos e no período de 1° de janeiro de 2017 a 31 de dezembro de 2020 pelo PCdoB (Partido Comunista do Brasil) eleito em sufrágio universal.

Foi presidente interino da Federação dos Municípios do Estado do Maranhão (Famem), em 2020. Assumiu também como adjunto da Secretaria de Estado das Cidades e Desenvolvimento Urbano (Secid) em 2022.

Figura 13: Lei Orgânica Municipal de Barra do Corda.
Figura 14: Erick Costa

Transformou bairros, implantou a Escola Cívico Militar, que, atualmente, está entre as dez melhores do Maranhão, de acordo com os números do IDEB. Foi responsável pela implantação de uma unidade do Corpo de Bombeiros Militar em Barra do Corda.

Rigo Teles

Rigo Alberto Telis de Sousa nascido em São Domingos do Maranhão, no dia 8 de junho de 1963 é um político brasileiro, atualmente filiado ao PL é prefeito de Barra do Corda desde 1º de Janeiro de 2021.

Foi eleito deputado pela primeira vez em 1998, sendo reeleito em várias oportunidades. Nas eleições de 2014 obteve 41.016 votos, ganhando uma vaga pelo quociente eleitoral.

Seu pai, Manoel Mariano de Souza (Nenzin), foi prefeito de Barra do Corda é marido da deputada estadual Abigail Cunha.

Assumiu a prefeitura de Barra do Corda, no final da pandemia do covid-19, por isso nos dois primeiros anos não houve nenhuma atividade esportiva.

Os jogos escolares de 2022, Barra do Corda bate recordes em números de medalhas no Jems, destaque para natação, atletismo e voleibol.

A partir do terceiro ano, tivemos as reformas dos ginásios do tamarindo (Raimundo José Pereira da Silva) e do ginásio poliesportivo Raimundo Medeiros da Cunha.

De 14 a 19 de julho de 2023, Barra do Corda foi primeira vez na história sede de uma etapa Regional dos Jogos Escolares Maranhenses.

Figura 15: Rigo Teles
Figura 16: Ginásio Raimundo Medeiros, recentemente reformado pelo prefeito Rigo Teles 2023.

Figura 17: Barra do Corda, Sede da Regional dos Jem's 2023.

Além de Barra do Corda (que sedia a etapa), Colinas, Tuntum, Passagem Franca, Balsas, Buriti Bravo, Dom Pedro, Presidente Dutra, São João dos Patos e Mirador completam os municípios para disputas nas modalidades de atletismo, basquete, futsal, handebol, voleibol e vôlei de praia.

Futebol

Década de 50

Cordino Esporte Clube em 1955

Figura 18: Em pé da esq. p/direita: Nezildo, Dirceu, D. Marina Salomão, Dinda, Sousa, Moreno Queiroz, Americano, Ariosvaldo Cruz, Dom Rato, Bombardo, Macedão, Dico da Horácia e professor Leonardo Raimundo da Silva.

Chico Ribimba escreveu: "Francisco Fernandes

O meu CORDINO em 1955, quando eu tinha escassos 12 anos. Reconheço: Americano (o craque do time), Dom Ratinho, Macedo, "Goipim" (Sebastião Miranda), "Machadinho" (Astrogildo Machado), Ditinha (goleiro) e Zé Barbosa.

O "Campo" do Cordino ficava na Trizidela (em frente à igreja de Sta. Terezinha.) Não era gramado e sim um "areão" pesado. Na Tresidela, na época, havia poucos moradores: seu Chico Soares, Firmo, Jacobino, Damásio, Rufino, Martim Lagoa.

Quando havia jogo a "portaria" era uma corda esticada na ponte do Mearim. Eu e a maioria dos meninos q não podiam pagar "varava" atravessando o R. Mearim na altura do pomar da Colônia (atual Incra). Dependendo da estação, a gente aproveitava pra comer algumas goiabas, limas ou cajus (abundantes e saborosas no pomar q a gente chamava "horta").

Depois de atravessar o Mearim, a nado, entravamos na catingueira (dominante na Trizidela) e a gente chegava de mansinho pra beira do campo pra torcer pro Cordino.

Quando Ganhávamos, ao som do sax maestro Moisés, das clarinetas dos Bílios e da percussão dos Rosas, a multidão descia p cidade, alegre e cantando: "Canta meu Cordino Esporte Clube. Canta de amor à tua gloria. Canta com tua voz altaneira....que bem alto tremula o pavilhão da vitória.... Era uma festa!"

Fluminense de Barra do Corda (Ano 1956)

Texto de Luís do Mica

Nosso time da esquerda para direita: Rubens, Arnaldo, Luís Rosa, Corinto, Evandro, Zé Rui, Luís do Mica, Rosalvo, Armando, Zé Rossine e Ednan. Apelidos, em pé: Mangangá, Tia Conga, Campeão, Estudante, Caniço, Zé Macaco; Agachados: Cão do Mica, Boca, Cachorrinho, Carcamano e Jumentinha; Esse timaço foi fundado por nós em 1956 na residência do José Rossine, com ajuda do Fernando Falcão. O uniforme conseguimos na troca por 60 quilogramas de limão. Os treinos eram na Altamira, no campo do Cruzeiro, rebatizado de Ariosvaldo Cruz, atual Caic e Uema. Nosso Fluminense derrotamos o Santa Cruz, onde jogavam Americano, Ari, Bombardão, Zé Menezes, Moreno Queiroz e outros. Ganhamos de 1x0 e provocamos choradeira nas margens do rio Mearim Saudades!

Um adendo o time do Santa Cruz representava a Seleção Cordina, que ganhou de Pedreiras. Ipixuna, Dom Pedro Presidente Dutra e Grajaú. Só perdeu para a seleção de Floriano. A madrinha do Fluminense de BDC era Laura Carvalho Martins

Figura 19: Fluminense de BDC (ANO 1956)

Década de 70

Grêmio

Fundado como Ginásio em 1968 por estudantes do Diocesano, em maio de 1970 passa ser chamado Grêmio Esporte Clube, nome do diretório estudantil do colégio Nossa Senhora de Fátima.

Figura 20: Ginásio. Em pé, da esquerda para direita: Antonio Carlos do Moreno, Iriodes Ramos Mandu, José Eládio, Milne Jorge, Ednar Melo e Valdenir (Cabeça de Gato). Agachados: Mário Helder, Arildo Pacheco, José Edno, Raimundo Nonato Mourão (Padim) e Carlinhos do do Doca Ferreira.

O time era formado por um grupo de estudantes da escola Nossa senhora de Fátima. Inicialmente na presidência Leandro Cláudio da Silva, que também comandava o Cartório do 1º Ofício. o Grêmio e o Cartório foram comandados por Raimundo José, filho do senhor Leandro, e professor do colégio Nossa Senhora de Fátima.

Fgura 21: De pé, Profº. Raimundo José (Presidente), Cloudes, Tácito, Washington, Riba, Euriquinho, Benones, João Bileu( Vereador ). Agachados: Raimundo Nonato (técnico), Zé Lino, João Filho, Batista, Zé Rui e Antônio Carlos Durante a década de 70, dominou cenário do futebol inicialmente com o rival Águias (de 1970) e depois com o Santos (de 1972), ambos também criados entre estudantes do Diocesano. Outro bom time da época era o Guarani, time da Tresidela, sob comando do professor Bizeca do Diocesano.

O Grêmio, sua gestão e organização, foram itens que o levaram a se tornar um dos mais longevos do futebol cordino. Mais de 20 anos.

22: Essa foto é no estádio Frei Jesualdo Lazzari (Estádio Jesualdão), ao lado do Colégio Nossa Senhora de Fátima.

O estádio Aliança do colégio Nossa Senhora de Fátima, o Diocesano, também é conhecido como Jesualdão, homenagem ao frei Jesualdo, que foi pároco de BDC na década de 70.

Figura
Figura 23: Estádio Aliança, Av. Eliéser Moreira, 320, bairro vila Canadá -Incra

Liga Esportiva de Barra Do Corda (1974)

A data de fundação da liga esportiva é 03 – 08 – 1974 e foi filiada à Federação Maranhense de Desportos, Inscrição no C.G.C ( M.F ) nº 06899652/000196

Com a criação da liga a equipe do Ginásio, para poder fortalecer ainda mais o time, o professor Raimundo José, propôs que o time se desligassem do Colégio Nossa Senhora de Fátima, para fundarem o Grêmio de Futebol Barra-Cordense, tornando-se depois, um time semi-profissional e muito conhecido, inclusive por ter sido comandado também pelo Sr. Leandro Cláudio da Silva.

Figura 24: Estão nessa foto, da esquerda para direita: Raimundo José (filho do Leandro Cláudio); João Pedro Freitas (tabelião); Leandro Cláudio da Silva e Iriodes Ramos Mandu. Foto do acervo de Luciane, filha de Raimundo José.

A partir desta data começou a ser organizado o campeonato municipal a onde o Grêmio ganhou os primeiros campeonatos, na época a media era de 10 equipes, o primeiro presidente da liga foi o senhor Luís Fernando filho de Leandro Cláudio da Silva e irmão do Professor Raimundo José, depois de um período já nas décadas de 80 pra 90 quem assumiu a presidência da liga foi o senhor Raimundo Nonato (Padim) que foi jogador do time do grêmio de Barra do Corda.

Guarani Esporte Clube (1975)

Fundado em 16 de Setembro de 1975, com sede na rua Rio Juruá Nº 390– Bairro Trezidela, Barra do Corda – MA

Aos dezesseis dias do mês de setembro do ano de 1975 ( mil e novecentos e setenta e cinco), às 15:00 horas na casa de propriedade particular, situada na Rua Rio Juruá nº 390, Bairro trizidela na cidade de Barra do Corda – Estado do Maranhão, reuniram-se em assembléia Geral, os membros fundadores do clube de futebol amador, ficando assim denominado como nome oficial “GUARANI ESPORTE CLUBE ”, que a partir desta data ficou oficialmente fundado, assumiu a presidência dos trabalhos por aclamação unânime o Sr. ANTONIO MENDES GALVÃO e tendo sido designado pela Assembléia para secretariar ao trabalhos o Sr. MILTO DA CONCEIÇÃO. Lida a ordem do dia para qual foi convocada a Assembléia Geral, que é de seguinte teor: Fundação do Clube de Futebol “GUARANI ESPORTE CLUBE ”, com sede na cidade de Barra do Corda – Maranhão, na Rua Rio Juruá nº 390, Bairro Trizidela. O clube foi fundado com um plantel de 25 (vinte e cinco) atletas e uma diretoria composta de um Presidente, Vice-Presidente, 1º Tesoureiro, 1º Secretário, Diretor de esportes e Diretor Social. Na oportunidade o Sr. Presidente passou a discorrer sobre as finalidades e objetivos a que se propõe o clube ali fundado, tendo como conseqüência das qualidades do desenvolvimento individual e coletivo de competições e de espírito esportivo, participar na forma que vier a ser estabelecida de competições oficiais do esporte amador, participar de certames ou torneios municipais ou intermunicipais, promovido pela Liga Esportiva de Barra do Corda – LEBC, regulamentar e fazer

cumprir as legislações, decisões e aplicação das regras oficiais futebolísticas etc. Em seguida o Sr. Presidente franqueou a palavra para quem quisesse fazer uso a respeito do evento, tendo os participantes manifestado suas opiniões. O Presidente então declarou oficialmente a fundação do clube. Dando seguimento aos trabalhos o Sr. Presidente determinou que fosse lavrada a presente ATA, a qual após lavrada foi lida e aprovada unanimente por todos os presentes, sendo a mesma assinada pelo Sr. Presidente e seu secretário.

Década de 80

Em 09/1983 Luiz Gonzaga é levado por Leandro Cláudio ao estádio Frei Jesualdo para dar o pontapé inicial no jogo do Grêmio 2 x 1 Seleção de Dom Pedro.

Time de veteranos do clube Maçonaria de Barra do Corda

Em pé, da esquerda para direita: Zé Meneses, Olson, Antonio Pezão, Hamilton Croinha, Valdomir, Riba Bode, Coronel Alcino e Raimundo Leite;

Agachados: Fernando, Ornilo Melo, João Pedro, Azelino, Manoel Mariano Nenzim e Bombardo;

Figura 25: Leandro Claudio da Silva e Luiz Gonzaga - O rei do Baião
(MA).

Década de 1990

Seleção de Barra do Corda

Primeiro jogo da Seleção Intermunicipal de Barra do Corda, pelo campeonato de 1991, contra a equipe de Presidente Dutra.

Figura 26: Em pé: Cheiro, Celso do Batucada, Adelman, Flávio, Arnóbio, Casagrande e Murilo. Estádio Leandrão.

1992 - A seleção de Barra do Corda conquistou, no último dia 8 de fevereiro de 1992, o Campeonato Intermunicipal Maranhense, derrotando Itapecuru por 4 x 3, no Estádio Nhozinho Santos em São Luís. A vitória foi obtida nos pênaltis, depois de um atribulado primeiro e segundo tempos, e de uma prorrogação que quase leva a torcida cordina à loucura.

Década 2000

Escolinha de Futebol Super Campeões, instituída em Barra do Corda, pelo ex-jogador de futebol profissional Wernan Silva Reis, o “China”.

No final dos anos noventa e inicio dos anos 2000, China promoveu um excelente trabalho com a juventude da época, encabeçando vários projetos de incentivo e apoio ao esporte, sobretudo o futebol, destacando-se a participação de Escolas do nosso município nos Jem’s – Jogos Escolares Maranhenses do ano 2000, da seleção Cordina na Copa Mirante, o envio de vários jovens a times profissionais de futebol.

Década 2010

Cordino Esporte Clube

Cordino Esporte Clube é um clube de futebol da cidade de Barra do Corda, no estado brasileiro do Maranhão. Sua fundação é em 8 de Março de 2010.

O Cordino conquistou seu primeiro título em 2017, valendo a Taça do Primeiro Turno do Campeonato Maranhense de Futebol, conseguiu uma vitória sofrida diante a equipe do Sociedade Imperatriz de Desportos por 2-1.

Em 2020 a Onça de Barra do Corda é rebaixada pela primeira vez em sua história no Campeonato Maranhense após dez temporadas ininterruptas na elite do maranhense, mas em 2021 venceu a segunda divisão maranhense e voltou à elite do futebol maranhense. É o único clube profissional do município de Barra do Corda - MA, Daí a história de ser ''Os heróis de Barra do Corda''.

Figura 27: Brasão do Cordino Esporte Clube
Figura 28: Equipe do Cordino - 2021

Voleibol em Barra do Corda

O primeiro registro fotográfico do voleibol em Barra do Corda é datado de 1958. Esporte incentivado na época por D. Ercília, esposa do Administrador do Incra, Dr. Eudes Simões. Na foto temos: Maria Emídia Brandes, Glair Resende, Dona Ercília, Delta Martins e outras.

Outra foto que também confirma a existência do voleibol, cedida por Elza Hossoe melhorada pelo Sueid, onde podemos observar o time de volleydo normal contea, de 1966.

Figura 29: Professora Delta Martins, 1958
Figura 30: Voleibol na década de 60 em Barra do Corda
Estão na foto o Frei Virgínio e as meninas do Volley da Barra nos Anos 60. Iana(falecida), Elza Hossoe, Pitu, Rosa Goipim, Graças Nava, Dulce viúva do Guará. Essa em pé é Geneci.

Desde o início o voleibol sempre foi o esporte mais praticado por mulheres na Barra do Corda. Nos clubes, AABB, por exemplo e colégios como NSF, CNEC e Dom Marcelino, a quadra era sempre muito disputada. Acredita-se que o inicio de competições de voleibol tenha sido na década de 1950, no Colégio Nossa Senhora de Fátima – Diocesano e na quadra da AABB de Barra do Corda. No final da década de 1980, foi construído o primeiro ginásio de esportes de Barra do Corda, aonde ainda hoje é praticado o voleibol.

Figura 31: "Moças do Volley - 1988." Campeonato da Maçonaria. Esse time foi o Campeão!

Em pé: Abigail Cunha (atual primeira Dana – esposa de Rigo Teles, Adísia Maia, Chirlene. Agachadas: Jezane Palma (Bimbas), Vanuza Nunes e Ana, irmã do Caboquinho. Atrás: Themmis e Jordânia Amorim, irmã da Aline.

De 1986 a 1991, no voleibol masculino, temos a equipe do Mutucão do Sítio dos Ingleses, quase imbatível na década de 1990, tinha como levantador o poeta e escritor Rubinho Milhomem.

Figura 32: Em pé da esquerda para direita: Assis, Maurício e Zigomar. Agachados: Gilson, Rubem Milhome (de Branco segurando o troféu) e Adalto (falecido).

Em setembro de 2010, foi realizado na AABB, O 1º aberto de vôlei de areia de Barra do Corda, organizado pela professora Sabrina Arruda.

Em 2017, a atleta barra-cordense Nyeme Victoria atuando como líbero12 é considerada a maior revelação maranhense dos últimos anos. No inicio de 2021, atuando como ponteiro13 conquista também o Troféu Viva Vôlei por obter 75% de eficácia no fundamento recepção.

Personalidades e curiosidades do Voleibol

Antônio Filho

Antônio Bezerra de Sousa Filho nascido em 28 de agosto de 1967, é Profissional de Educação Física (Cref 002054 G/MA), Graduado em Educação Física e Pós Graduado em Educação Física e Esporte: Planejamento e Gestão, professor da rede municipal desde 2002. Foi campeão dos jogos escolares pelo CEC de Barra do Corda no período de 2005 a 2011 e pela Escola Frederico Figueira no ano de 2016. No total foram 8 (oito) títulos nos jogos escolares de Barra do Corda.

Atualmente trabalhando na Escola Municipal Unidade Integrada Frederico Figueira com projetos de escolinhas de Futebol Voleibol. Iniciou no voleibol ainda na adolescência, frequentando a Escola particular Centro Cenecista de Barra do Corda-CNEC, nas antigas séries denominadas de ginásio.

12 O líbero é um atleta especializado nos fundamentos que são realizados com mais frequência no fundo da quadra, isto é, recepção e defesa.

13 O atacante de ponta (também chamado de ponteiro) é uma posição do voleibol. Possui talvez o papel mais difícil de todos em uma equipe porque exige que o jogador seja apto a recepcionar, defender (mesmo quando ele está na zona de ataque, posições 2, 3 e 4) e atacar.

Figura 33: Jogadora maranhense exibe premiação individual conquistada no México.
Figura 34: Antônio Filho

Estabeleceu-se seu primeiro contato com essa modalidade esportiva, não nas aulas de Educação Física, mas nas práticas de voleibol de rua na frente à escola CNEC, com colegas e vizinhos, aonde aprendeu os fundamentos básicos do voleibol, somente observando e praticando, posteriormente começou a participar de jogos escolares de Barra do Corda, quase sempre disputando as finais da modalidade.

Foi campeão na modalidade dos anos de 1984 a 1988, sendo tetra campeão pela escola CNF no torneio dos 500 anos do Brasil.

Como jogador desde 1988 participou diversos campeonatos realizados na cidade até os dias atuais na equipe da Trizidela, com 29 anos de existência, a única equipe que participou de todos os campeonatos realizados na cidade conquistando nesse período 14 títulos entre campeonato cordino e torneio de férias, sendo considerado durante vários anos o melhor atleta da cidade de Barra do Corda na década de 1990, com participação na seleção de Barra do Corda durante os anos de 1995 a 2010.

Sabrina Arruda

A professora Sabrina Arruda nasceu em 24 de março de 1989. Em 2007, aos 18 anos mudou-se para São Luís onde teve a oportunidade de treinar em algumas equipes e defender o estado em algumas competições nacionais pelo vôlei e graduar-se em Educação Física pelo CEUMA, pós graduou-se em treinamento desportivo e atualmente atua como professora da rede municipal de Barra do Corda e é proprietária da SA Sports.

Quando mais jovem tinha o sonho de ser jogadora de vôlei e acredita que este foi o motivo maior que a impulsionou na sua profissão a qual exerce com maior prazer e paixão. "Quando pequena foi apaixonada por esportes". Sempre esteve em algumas ruas ou quadras esportivas jogando, defendeu o estado do Maranhão em algumas competições nacionais pelo vôlei.

Sua trajetória na prática esportiva iniciou durante o período escolar e estendeu até o ensino superior, destaque nos anos de 2011, onde o Maranhão obteve até então uma conquista inédita na história do voleibol feminino em competições nacionais. "Representando a equipe do Pitágoras conquistou a medalha de bronze nos jogos universitários brasileiros, realizado em campinas.

Neste mesmo ano consagrou-se campeã no Campeonato Brasileiro dos Institutos Federais e Vice Campeã, no voleibol de praia nas areias do Rio de Janeiro.

Em 2013, foi vice-campeã dos Jogos Universitários Brasileiros realizados na cidade de Goiânia, chegando pela primeira vez as finais nacional.

Retrospectiva e Principais resultados:

- Tricampeã jogos escolares de Barra do Corda (Escola Estadual Professor Galeno Edgar Brandes (CEM) e Centro Educacional Cristão (CEC).

- Eneacampeã - Jogos Cordino (Os que estou conseguindo lembrar no momento).

- Penta campeã (Campeonato Cordino )

Figura 35: Sabrina Arruda

- 2008 e 2009 - 6° lugar nos Jogos Universitários Brasileiros pela faculdade Ceuma nas cidades de Maceió e Fortaleza

- 2009 - Campeã da Copa Primavera

- 2010 - 5° lugar nos Jogos Universitários Brasileiros pela Faculdade Pitágoras na cidade de Blumenau

- 2010 - Campeã da Copa Primavera

- 2011 - 3° lugar nos Jogos Universitários Brasileiros pela Faculdade Pitágoras na cidade de Campinas. E participação na liga do Desporto Universitário

- 2012 - 8° lugar nos Jogos Universitários Brasileiros pela Faculdade Pitágoras na cidade de Foz de Iguaçu

- 2012 - 1° lugar nos Jogos Brasileiros dos Institutos Federais em Brasília

- 2012 - Vice - Campeã vôlei de areia nos Jogos Brasileiros dos Institutos Federais.

- 2013 - 2° lugar nos Jogos Universitários Brasileiros pela faculdade Pitágoras em campinas

- 2013 - Participação na Liga Nacional em Fortaleza

- 2015 - 2° lugar copa primavera pela equipe Vôlei Clube

Vanusa Nunes

Professora graduada em educação física e pós graduada em treinamento desportivo, foi atleta de várias modalidades esportivas e ex-diretora da escola Maria Lenir.

Campeã varias vezes dos jogos escolares de Barra do Corda, comandando escolas como Dom Valentino Lazarro e Maria Lenir.

Sandro Maciel

Professor Sandro Maciel, Nasceu em 22 de Abril de 1988. Profissional de Educação Física- CREF 2512/G-MA, Graduado em Educação Física.

Pós-graduado em Educação Física Escolar e Treinamento Esportivo.

Figura 36: Vanusa Nunes
Figura 37: Sandro Maciel

Professor da Rede Municipal de ensino de Barra do Corda, Professor da rede Estadual de Ensino do Maranhão e Tutor dos Cursos de Licenciatura em Educação física da Universidade Anhanguera - Pólo Barra do Corda-MA.

Apesar da paixão desde sempre por esportes, conheceu o Voleibol tardiamente, apenas no final do ensino Médio, em 2007.

Está à frente do projeto VÔLEI CORDINO MASCULINO desde 2016, atuando em competições regionais do Maranhão e estados vizinhos.

Nyeme Victoria Alexandre Costa

Figura 38: Nyeme Nascida em Barra do Corda no dia 11/10/1998, é considerada uma das melhores atletas da atualidade. Nyeme Costa é filha do Técnico da MAPANETE, Nelinho e da professora e Jogadora de Voley Nívea Maria.

Nyeme iniciou no vôlei em sua cidade (Barra do Corda, no Maranhão) aos 9 anos de idade, porém apenas como lazer, depois foi para São Luís, onde atuou pelo Upaon-Açu, logo depois recebeu a grande oportunidade de integrar o elenco do Maranhão Vôlei em uma Superliga (2013), também passou pelo Barueri e a partir do começo de 2015 no ADC Bradesco, onde permanece atualmente. Suas principais conquistas na carreira são as seguintes:

- Campeã Invicta por Barueri (na categoria Infantil).

- Vice campeã Estadual Infanto pelo Bradesco em 2014.

- Vice-campeã do Paulista Infanto pelo Bradesco em 2015.

- Bi Campeã do Torneio Inicio pelo Bradesco (2015 e 2016).

- Vice campeã do Brasileiro de Seleções (2ª Divisão) pelo Maranhão.

Nyeme também integrou a Seleção Brasileira Infanto no Mundial Sub 18 no ano passado (ficando nas estatísticas como a 7a melhor passadora).

Em 2013, a barra-cordense Nyeme Victória, com apenas 15 anos, é premiada como a melhor atleta do voleibol maranhense. Ao lado de 24 outras categorias do esporte amador e profissional, Nyeme faturou o troféu da empresa de comunicação Mirante, o qual a cerimônia de premiação foi realizada no teatro Artur Azevedo, em São Luís.

Beatriz Alves

Beatriz é a mais nova revelação do voleibol cordino, iniciou seu treinamento em Barra do Corda, mas logo teve que mudar-se para São Luís, participou dos Jogos Escolares Brasileiros, foi escolhida na 10ª edição do Troféu Mirante Esporte de 2015, como melhor jogadora de voleibol do estado do Maranhão.

Em 2002, o professor Antônio José Gonçalves da Conceição – SEDUC, veio a Barra do Corda, capacitar professores de Educação Física, participaram dessa formação Betânia Ferreira, Vanuza Nunes, João Monteiro, Irapuru Iru, Rosane Sena e outros.

Capoeira

Mestre Marreta14

No dia 14 de fevereiro nasce o filho de José Basílio e Maria Firmina de Jesus. Ele não sabia, mas a vida deste menino reservava um destino muito especial voltado a uma arte presente nas raízes brasileiras desde o tempo da escravidão: a Capoeira. Nasce então, Edvaldo Jesus dos Santos que mais tarde se tornaria Mestre Marreta!!!

Figura 40: Mestre Marreta

Ainda criança, Edvaldo morou no Bairro Periperi na cidade de Salvador – BA, juntamente com seus pais e seis irmãos. Estudou e conclui o Ensino Fundamental e o Ensino Médio na Escola Almirante Barroso. Aos 14 anos trabalhou numa oficina de pintura; três anos depois, alistou-se no exército, onde ficou de excesso contingente no período de um ano, tendo recebido posse da carteira de reservista em 1982. Ainda com 17 anos de idade, Edvaldo entrou no Grupo de Capoeira Obalafom (seu primeiro contato com o mundo da capoeira), tendo como professor Djalma Marinho de Sá, que o treinava na Escola Castelo Branco em Salvador, no Bairro da Urbes às 2ª, 4ª e 6ª feiras.

14 Disponivel On Line: http://www.flogao.com.br/capoeiraflecha/78944277

Figura 39: Beatriz Alves

Aos 18 anos, pôde exercer a função de pintor de auto. No período de 1987 a 1990, trabalhou como coordenador de eventos no Maritim Club Hotel, uma empresa internacional, possuindo 25 hotéis espalhados em toda a Europa. Lá, ele desenvolvia um trabalho de Capoeira, uma capoeira show, unicamente para apresentações ao público turístico; onde havia danças, como Maculelê, Dança dos Cafezais, entre outras muitas danças do folclórico baiano.

No mesmo ano, viajou para Brasília tendo permanecido por três anos, onde trabalhou no STJ (Supremo Tribunal de Justiça). Em 1993 a 1996 voltou para Salvador onde trabalhou como segurança de valores da Raimundo Santana S.A.

Em, 1995, aos 32 anos casou-se com Joelma Moreira da Silva, sendo que no dia 10 de março de 1997 nasce Éderson Silva Santos, seu filho. Edvaldo ainda trabalhou como segurança no Hotel Só Bahia Atlântico, nos anos de 1996 a 1999.

Em julho de 99, recebeu de um amigo a proposta de vir ao Maranhão com o objetivo de desenvolver um trabalho voltado à capoeira. Em 8 de agosto do mesmo ano ele chegou à Barra do Corda. Criou-se, então, a Escola de Capoeira Flecha, no dia 22 de agosto de 1999, onde pôde desenvolver um trabalho voltado à Capoeira Regional juntamente com um pouco do folclórico baiano.

No dia 19 de junho de 2000 e 2001, foi desenvolvido o Projeto Ginga, uma parceria do governo municipal com o Grupo favorecendo 90 alunos da rede municipal de 1º a 8º séries.

No mesmo ano Escola de Capoeira Flecha juntamente com o Projeto Ginga, participam dos Jogos Escolares Maranhenses JEM’s, onde conquistaram 12 medalhas para município de Barra do Corda.

Em junho de 2001, ao trabalhar 15 dias consecutivos em uma barra de festejos juninos, exaustado, Mestre Edvaldo sentou-se no para-peito de sua casa, onde sofreu uma terrível queda fraturando sua coluna cervical, tendo atingido a C.5 – C.6.

No dia seguinte foi contatado que o Mestre Marreta havia também quebrado o pescoço. Sendo assim, foi transferido para São Luis e submetido a duas cirurgias, tendo passado 28 dias hospitalizado.

Graças a Deus e a seu preparo físico, pela prática da capoeira, Mestre Marreta recuperou-se rapidamente (por milagre), pois o prazo mínimo que o médico deu para que ele voltasse a praticar o esporte foi de 2 anos. Mas, com apenas quatro meses após a sua saída do hospital, o mestre já estava treinado e dando aulas. A vida nos ensina muitas coisas, e esse é um exemplo que todos nós devemos seguir: não nos deixarmos abalar pelos obstáculos da vida!!!

Hoje, além de continuar dando aulas na Escola de Capoeira Flecha e no Projeto Ginga, Mestre Marreta ainda ensina a arte da capoeira regional em três outros projetos com a parceria do governo municipal: Agente Jovem, Resgate e Cidadania e Cacooper (Copaíba).

É a capoeira atravessando fronteiras e mostrando sua história à sociedade, tirando os jovens do mundo das drogas, incentivando a educação e a inclusão social.

GABA (Grupo Angoleiros da Barra)15

Figura 41: GABA Fundado em outubro de 2005, o Grupo Angoleiros da Barra, o GABA CAPOEIRA ANGOLA, nasceu da iniciativa coletiva de vários capoeiristas cordinos que viram na Capoeira Angola importante elemento de aproximação e compreensão da cultura afro-brasileira. O GABA, de forma pioneira, vem ao longo de seu relativo pouco tempo de existência se dedicando com afinco às pesquisas e estudos sobre a Capoeira Angola, tanto em seus aspectos práticos quanto em seus

15 Fonte: http://www.barradocorda.ma.gov.br/cidade/gaba.php

aspectos teóricos, e ao longo dessa caminhada já deu várias contribuições para o desenvolvimento da Capoeira Angola em nossa cidade através da realização de seminários, fóruns, encontros e oficinas de Capoeira Angola com a participação de figuras expressivas da Capoeira Angola do Maranhão, do Brasil e do mundo.

Fundador e atual Coordenador do GABA, Irapuru Iru Pereira, estudioso da capoeira desde a adolescência, licenciado em história, especialista em história do Brasil, professor de educação física da rede municipal de ensino e escrivão de polícia civil, afirma que o Angoleiros da Barra possui várias singularidades, uma delas está no fato de o GABA ser um grupo de auto gestão, ou seja, não se dispõe a ensinar Capoeira Angola, mas sim aprende-la, desenvolve-la e divulgá-la de forma coletiva, onde todos os seus participantes estão em pé de igualdade, os mais velhos dividem seus conhecimentos com os novos que vão chegando e novos e antigos juntos contribuem para a construção do conhecimento coletivo do grupo. O GABA (Grupo Angoleiros da Barra) realizou, em dezembro de 2005, o primeiro seminário que se propôs debater sobre "a Educação Física e a prática da Capoeira, buscando instrumentalizar o aprendizado da Capoeira com fundamentos práticos e pedagógicos da Educação Física sem contudo, deixar de ter a clareza de que tais elementos são apenas alguns dos variados aspectos do rico universo que se constitui a capoeira na atualidade".

Esse primeiro trabalho teve como principal incentivador o professor Irapuru Iru Pereira, grande amigo, que muito contribui em prol da educação física e esporte de Barra do Corda. Outra particularidade se trata de o GABA ser o único grupo de capoeira angola em funcionamento no interior do Maranhão.

Figura 42: Irapuru Iru Pereira
Figura 43: Roda do Grupo Argoleiros da Barra

As oficinas de Capoeira Angola do GABA, acontecem todas as segundas, quartas e sextas-feiras, a partir das 18 horas na sede do grupo na Rua Vanda Vieira, n.º 8, Bairro INCRA, próximo ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais e qualquer pessoa independente de sexo e idade pode participar.

Já a “Vadiação”, a Roda de Capoeira Angola”, acontece às 18 hora dos sábados, também na sede do grupo. Nas oficinas do GABA, coordenadas por Irapuru além das atividades corporais, os participantes realizam momentos de musicalidade e de abordagens teóricas e lúdicas acerca da Capoeira Angola.

Mestre Macaco

Sanção Ribeiro Barroso, nascido em 05/05/1978, conhecido na capoeira como mestre macaco, iniciou seus estudos de capoeira em 1985, com sete anos de idade, na cidade de Rondon no estado do Pará, sua cidade natal, acompanhado os passos de seu irmão mais velho mestre Bené, dez anos mais velho, onde em 1991, fundaram a Associação de capoeira Descendentes de Bimba, tendo como mestre Raimundo Nonato de São Luís/MA.

Em 12 de abril de 1999, seguindo rumos diferentes, Mestre Macaco resolve criar seu próprio grupo, hoje conhecido como: Associação Cultural Mundo Capoeira. No ano de 2000, viajou a trabalho para a cidade de Luís Eduardo Magalhães/BA, levando seu conhecimento a um grupo de jovens da cidade e residindo por dez anos realizando vários eventos em prol da educação, cultura e esporte. Em 2010, mudou-se para a cidade de Barra do Corda/MA, onde reside atualmente, trabalhando com a arte da capoeira e motivando a prática de esportes e incentivando a cultura. Recentemente, em 2018, recebe o titulo Mestre de Capoeira das mãos do seu Mestre, após 32 anos do seu inicio na capoeira.

Natação

As provas de natação, em Barra do Corda, eram realizadas no rio corda, com travessias, geralmente do porto das pedrinhas até o Guajajara, percurso de aproximadamente 1.000m, no período dos jogos escolares, agosto ou setembro, promovido pela prefeitura municipal.

Figura 44: Mestre Macaco

Figura 45: Competições de Natação no Rio Corda, com chegada no porto Guajajara.

A natação em piscina de Barra do Corda, tem início, com a implantação da Escola de Natação Aquabarra, nas dependências da Associação Atlética Banco do Brasil, em março de 2006. Em junho é iniciado o primeiro projeto social, mediante convênio firmado entre Petrobrás e Prefeitura Municipal de Barra do Corda, atendendo 48 crianças carentes da comunidade cordina.

Figura 46: A Aquabarra é a primeira Escola de Natação de Barra do Corda.

No dia 26 de agosto de 2006, é realizado o primeiro festival de natação “Leonardo Delgado”, que contou com mais de 60 alunos, sendo essa a primeira competição de natação segunda as regras adotadas internacionalmente. Durante o ano de 2006, ainda, ocorrem mais dois festivais internos de natação no dia 12 de novembro, e nos dias 16 – 17 de dezembro, na piscina da AABB de Barra do Corda.

Figura 47: Projeto Aquabarra com apoio da Prefeitura Municipal e Petrobras

HANDEBOL EM BARRA DO CORDA

O handebol em Barra do Corda teve início no final da década de 1980 e início na década de 1990, na administração Darci Terceiro juntamente com o basquetebol, no ginásio Raimundo Medeiros da Cunha.

Sendo praticado nos anos 2000 e praticamente extinto de 2007 a 2012, nos anos de 2020, volta a fazer parte do programa dos jogos escolares, sendo campeão na série B, da etapa regional dos jogos escolares maranhenses em 2023, sobre o comando dos professores Leonardo Delgado e Nilvan Rodrigues.

Figura 75: Imagem de Epitácio Cafeteira e Benedito Terceiro na Inauguração do Ginásio Raimundo Medeiros da Cunha.
Figura 76: Equipe Campeã da Série B, nos Jogos Escolares de 2023.

No dia 31 de marco de 2024, a liga desportiva escolar e cultural de Barra do Corda e a Federação Maranhense de Handebol, promovem a I Clínica de Arbitragem de Handebol e Mini Handebol Barra do Corda/MA.

Figura 77: I Clinica de Arbitragem de Handebol e Mini-Handebol Barra do Corda/MA.

A clínica foi coordenada pelo Profº Leonardo de A. Delgado – Presidente da Liga Desportiva Escolar e Cultural e teve como professores ministrantes Willyam Martins - Diretor Geral de Arbitragem FMAH & Rosangela Diniz – embaixadora do mini-handebol no Maranhão.

Figura 78: Primeira Formação de Árbitros de Handebol de Barra do Corda.

Nos dias 04 a 07 de abril de 2024 a prefeitura de Barra do Corda, por meio da secretaria de esportes e juventude, em parceria com a secretaria de estado do esporte e lazer (SEDEL), por meio do Projeto SEDEL CAPACITA, realizou o curso de qualificação técnica em handebol.

Figura 79: Curso de Qualificação Técnica em Handebol

O curso foi ministrado pelos professores Dr. José Carlos Ribeiro - o Canhoto (ex-presidente da FMAH) e Willian Melo.

O handebol é uma das modalidades esportivas presentes nos Jogos Escolares Maranhenses (JEMs), que abrangem diversas cidades do estado, incluindo Barra do Corda. Os JEMs são uma importante vitrine para o esporte escolar e proporcionam a prática e o desenvolvimento do handebol entre os jovens Barra do Corda sediou a terceira e última fase das etapas regionais dos Jogos Escolares Maranhenses em 2023 e 2024. Isso demonstra a importância do município no cenário esportivo escolar do Maranhão e sua infraestrutura para receber eventos esportivos.

A Liga Desportiva Escolar e Cultural de Barra do Corda é um polo futuro reconhecido pela Confederação Brasileira de Handebol (CBHb). Essa designação indica o potencial da cidade para o desenvolvimento do handebol e o trabalho de organizações locais em prol do esporte.

A história do mini-handebol em Barra do Corda, teve início logo após a pandemia, mais precisamente no dia 18 de setembro de 2021, via reunião google meet, sábado às 9h no horário de Brasília, onde o professor Leonardo de Arruda Delgado, fez a inscrição da Liga Desportiva Escolar e Cultural de Barra do Corda, ao Programa de Desenvolvimento Nacional do Mini-Handebol oficial da Confederação Brasileira de Handebol, para categoria de polo futuro. Selecionado para local do projeto a quadra da UI Izabel Cafeteira, no Bairro Tresidela, na avenida Rio Amazonas, na cidade de Barra do Corda, de lá pra cá foram várias reuniões e cursos sobre mini-handebol, no entanto nada da quadra ficar pronta. Mas o que é o mini-handebol? É um projeto de ensino do handebol da CBHb (Confederação Brasileira de Handebol), que abrangem todo o Brasil, baseado em uma filosofia que valoriza a prática lúdica e integrativa do jogo, com distintas adaptações metodológica e didáticas, voltadas para atender crianças do primeiro ciclo do ensino básico (5 a 10 anos de idade), prezando pelo desenvolvimento das capacidades e habilidades físicas, motoras, cognitivas, socioafetivas, educacionais e esportivas.

Devido aspectos culturais da modalidade handebol e pela falta de local e recursos materiais especifico, para desenvolver o projeto, resolvemos iniciar o trabalho com as crianças de 12 a 17 anos, nas aulas de educação física escolar, nas escolas, aonde atuo como professor, no início foi difícil, pois os alunos só queriam jogar futsal e a gestão obrigou a realizar o interclasse de futsal primeiro, então os alunos que não foram selecionados no futsal, foram convidados a participar da modalidade handebol.

Fomos campeões do handebol, nos jogos escolares de Barra do Corda em 2023 e como a cidade foi sede regional dos Jogos Escolares Maranhenses (JEM’s), os meninos participaram de sua primeira competição oficial de Handebol, sendo campeões da série prata.

Motivados pelo resultado, em 2024, resolvemos investir na formação humana, foi então que, a liga desportiva escolar e cultural deBarradoCorda ea Federação MaranhensedeHandebol,promoveram nodia31demarço, a I Clinica de Arbitragem de Handebol e Mini-Handebol Barra do Corda/MA.

A clínica foi coordenada pelo Profº Leonardo Delgado – Presidente da Liga Desportiva Escolar e Cultural e teve como professores ministrantes Willyam Martins - Diretor Geral de Arbitragem FMAH & Rosangela Diniz – embaixadora do mini-handebol no Maranhão, contou com a presença de professionais de educação física, acadêmicos e atletas e posteriormente, nos dias 04 a 07 de abril de 2024, a prefeitura de Barra do Corda, por meio da secretaria de esportes e juventude, em parceria com a secretaria de estado do esporte e lazer (SEDEL), por meio do Projeto SEDEL CAPACITA, realizou o curso de qualificação técnica em handebol. O curso foi ministrado pelos professores Dr. José Carlos Ribeiro - o Canhoto (ex-presidente da FMAH) e Willian Melo arbitro e ex-atleta de handebol.

Aindaem 2024, participamos dos Jogos Escolares deBarradoCorda (JEBC’s),com seis equipes(umainfantil masculina, uma infantil feminina e duas infanto masculina e duas infanto feminina) e classificamos 4 equipes para regional do JEM’s participando de todas as finais e sendo segundo colocado no infantil masculino e infanto feminino e terceiro colocado no infantil feminino, na série ouro da competição.

Após o salto em quantidade e qualidade, recebemos a confirmação da Secretaria de Esportes, que teremos a nossa tão sonhada quadra coberta, para iniciarmos o nosso projeto de mini handebol, a previsão é para setembro, iniciaremos com 30crianças de5a10anos, doensino fundamental menordaescola Izabel Cafeteira e continuaremos com o trabalho nas categorias infantil (11 a 14 anos), infanto (15 a 17 anos) e implantaremos o adulto para maiores de 18 anos, com participação de competições oficiais de handebol

FUTEBOL EM BARRA DO CORDA

Um dos principais representantes do futebol de Barra do Corda é o nobre professor Arthur Arruda, radialistas, poeta, filosofo, historiador e servidor público municipal, além de um apaixonado pelo futebol de Barra do Corda.

Segundo ele, havia a necessidade de se criar uma liga esportiva em Barra do Corda, pois apesar de existir o futebol desde as décadas de 50 e 60, não havia espaços para se praticar o futebol nem disputar competições, e muito menos quem organizassem as competições entre os times.

Foi então que no dia 20 de maio de 1970, um grupo de jovens da escola Nossa Senhora de Fatima (Diocesano), incentivados por dom Marcelino de Milão, criaram um time de futebol com o nome de “Ginásio”, sedo que no regimento interno da escola só poderia jogar na equipe aluno da própria escola. Esse time, formado por jovens dedicados, disciplinados, sem técnico para orientá-los, foi conquistando o torcedor com suas vitórias e a simplicidade dos seus atletas em jogarem um futebol alegre.

Figura 49: Estádio Frei Jesualdo ou campo do Diocesano

Naépoca, o Ginásio eraquaseimbatível, pois todosos seus jogadores eram dequalidadefoi,quandoo saudoso professor Raimundo José Pereira da Silva resolveu se entranhar nesse time e com outros colegas fundaram no dia 03 de agosto de 1974, a liga esportiva de Barra do Corda e filiaram na Federação Maranhense, podendo assim disputarem competições a nível estadual.

Figura 48: Professor Arthur Arruda

Figura 50: Da esquerda para direita: Em pé: Ednar Melo, Ronaldo Pereira, Milne Jorge, Pedoca Melo, Valdenir Silvino e Francisco de Assis (Chico do Louro) Agachados: Arildo Pacheco, Edmilson Barros (falecido), José Edno, Raimundo Nonato (Padim) e Carlinhos. Fonte: Turma da Barra.

Com a criação da liga a equipe do Ginásio, para poder fortalecer ainda mais o time, o professor Raimundo José, propôs que o time se desligassem do Colégio Nossa Senhora de Fátima, para fundarem o Grêmio de Futebol Barra-Cordense, tornando-se depois, um time semi-profissional e muito conhecido, inclusive por ter sido comandado também pelo Sr. Leandro Cláudio da Silva.

A partir desta data começou a ser organizado o campeonato municipal a onde o Grêmio ganhou os primeiros campeonatos, na época a media era de 10 equipes, o primeiro presidente da liga foi o senhor Luís Fernando

Figura 51: Nessa foto, temos de costas o professor João Pedro Freitas, Leandro Claudio da Silva, o senhor Airton Alencar e de camisa branca Luís Gonzaga o rei do Baião.

filho de Leandro Cláudio Da Silva e irmão do Professor Raimundo José, depois de um período já nas décadas de 80 pra 90 quem assumiu a presidência da liga foi o senhor Raimundo Nonato (Padim) que foi jogador do time do grêmio de Barra do Corda.

A partir dos anos 90, o esporte de Barra do Corda teve uma grande crescente na administração da prefeita da época, a senhora Darci Terceiro, principalmente o futebol cordino que até hoje é o carro chefe dos esportes em nosso município, construiu também o Estádio Municipal Leandro Cláudio da Silva, o Ginásio de esporte José Justino Pereira e varias quadras pole esportivas em nossa cidade, empregando varias pessoas para trabalhar vários esportes com os jovens de Barra do Corda

Nos anos de 1991 foi criada a Seleção Cordina para disputar o torneio intermunicipal, a onde a mesma foi campeã, a seleção de Barra do Corda conquistou, no último dia 8 de fevereiro de 1992, o Campeonato Intermunicipal Maranhense, derrotando Itapecuru por 4 x 3, no Estádio Nhozinho Santos em São Luís. A vitória foi obtida nos pênaltis, depois de um atribulado primeiro e segundo tempos, e de uma prorrogação que quase leva a torcida cordina à loucura. Só com atletas de nossa cidade a diretoria valorizando mais ainda os atletas do nosso município, depois desse titulo a seleção ainda disputou outras competições mais não teve o mesmo sucesso.

Em 1995 quem assumiu a presidência da Liga Esportiva foi o senhor José Priamo Lemos ficando a frente da entidade até o ano de 1997.

Na gestão de Priamo foi criada mais uma competição que foi a 2ª divisão de futebol em 1995 tendo como campeão a equipe da maçonaria, a partir de 1998 de quatro em quatro anos ficou havendo eleições para presidente da liga esportiva.

Em 1998 foi eleito o senhor Edilson Sousa Araújo ficando afrente da liga apenas três anos, nos anos de 2001 quem ficou a frente da liga foi o senhor Gerson Pinho de Melo, na sua gestão a liga assumiu mais uma competição que foi o Torneio de Inverno, que antes era organizado pelo senhor bentinho, esta competição não fazia parte do quadro da liga, também foi criada a Copa Cidade, hoje uma das maiores competição de Barra do Corda, a onde se homenageia a nossa cidade fazendo sua final no dia do aniversário, 3 de maio.

Figura 52: Professor Priamo Lemos, diretor da Escola Dom Marcelino de Milão.

53: Ulisses artilheiro do cordino e Antonio Marcos, ex-presidente da liga esportiva de Barra do Corda.

De 2005 a 2008 o presidente foi o senhor Antonio Wilson Lucena Mota (dety). De 2009 a 2012 foi eleito o senhor Antonio Marcos Franco de Oliveira, a onde o mesmo acrescentou mais duas competições de master, que foram, copa dos quarentões (Almir Silva Neto) em homenagem ao senhor Almir Neto, advogado e exatleta da maçonaria e a copa master de 35 anos, sendo reeleito para um segundo mandato ficando apenas dois anos no segundo mandato, assumiu então o senhor Amarildo Rodrigues da Cruz, ficando mais um ano, depois assumiu o senhor Wiris Pereira Silva terminando este mandato no ano de 2016, hoje o presidente atual da liga esportiva de barra do corda é o senhor Jaldo Moura Silva.

Liga esportiva de Barra do Corda ficou filiada a federação maranhense até os anos de 1999, deixando de pagar as taxa para a federação ficando inadimplente, perdendo o direito de voto perante a federação e o direito de disputar torneiros intermunicipal, hoje a liga só representa as equipes a nível municipal.

Figura
Figura 54: Jaldo Moura e Mauro Rodrigues

LEONARDO DE ARRUDA DELGADO* Barra do Corda 17 de Dezembro 2023

Manoel Gomes de Castro “o Mike Tayson de Barra do Corda”, pioneiro nas artes marciais da cidade, nasceu no dia 17 de março de 1963, na rua Florêncio Brandes, no Bairro cai n’água próximo ao centro da cidade. Foi o primeiro fisiculturista de Barra do Corda, iniciou seu treinamento de forma rudimentar ainda na década de 1970, com sacos de areia e cremalheira de carro (Espécie de Engrenagem de Ferro), onde treinava de três a quatro horas por dia, três vezes por semana, pulava corda, corria, geralmente nos finais de semana, pois trabalhava de segunda a sexta para companhia elétrica do maranhão (antiga Cemar).

Figura 55: Mike Tayson de Barra do Corda – Grande Lutador de Caratê, Boxe, Luta Livre e Primeiro Halterofilista de Barra do Corda Segundo ele seu início nas lutas se deu com o caratê, com o professor Eraldo Cardoso do Shotokay em São Luís, chegando a graduar-se como faixa preta, primeiro dan, foi também o primeiro lutador de vale tudo (telecatch) e professor de artes marciais de Barra do Corda.

Início seus treinamentos no Boxe na cidade de Açailândia, com o Professor Mauricio e lá realizou suas primeiras lutas, voltou para Barra do Corda e trouxe com ele o Boxe e a luta livre, durante sua carreira foram 17 lutas e 17 vitórias, as lutas aconteceram em São Luís, Teresina, Imperatriz, Açailândia, João Lisboa, Tocantinópolis, Grajaú, Presidente Dutra, Dom Pedro e Barra do Corda.

O Apelido de Mike Tyson, foi atribuído graças ao seu contato com os militares do Batalhão de Engenharia de Construção (BEC) do Exército Brasileiro, segundo eles havia uma aparecia devido ao grande porte físico e por também ser negro, o certo é que o apelido pegou.

O BEC esteve em Barra do Corda da década de 1950 até final da década de 1980, prestou vários serviços, como implantação de estradas vicinais, construção da ponte Nova do rio Mearim e da ponte que dar acesso ao centro da cidade, postos médicos, escolas municipais e implantação e pavimentação da BR 226 entre Barra do Corda e Grajaú/MA, nos anos de 1988 e 1989, os militares eram amantes das lutas e brigas, que eram comuns na década de 1980.

No final da década de 1980, o nosso já conhecido Mike Tyson, foi desafiado pelo Índio Matador chamado de Zé Mario, que não passou do primeiro roud, foi nocaute, na época tivemos várias lutas preliminares e o evento foi patrocinado pela prefeitura municipal de Barra do Corda, gestão Darci Terceiro, lembro que na

* Professor da Rede Pública Municipal e Estadual de Barra do Corda, Mestrando em Educação Física pelo Proef, polo UESPI de Teresina.

época o professor Luis Ribeiro da Academia Corpus, que na época era alunos do Myke Tayson lutou e também foi campeão.

A luta mais memorável foi contra o Tigre Guarani da Rede Tupi de São Paulo (o rei da tesoura voadora), foi uma das melhores lutas realizadas em Barra do Corda, onde lotou o Circo Mágico Alakazam, que se instalou no bairro Tresidela, onde é hoje o espaço cultural na frente do The Noite, antigo Kadlak, na ocasião o Mike Tyson foi o grande campeão, sendo carregado nos braços pelo público do picadeiro até a saída, essa foi uma das maiores alegrias que um lutador trouxe para Barra do Corda.

Outra grande luta foi com o lutador Zoma, em ringe montado no bairro tresidela, na ocasião Tyson deferiu um direto, tão forte que o lutador passou entre as cordas e lançou seu oponente, para fora do ringe e caiu sobre as mesas de uma altura de mais de 2 metros, na ocasião a mãe do Zoma disse: “Nego da peste matou o meu filho”.

Manoel também trabalhou por vinte e nove anos, prestando serviço para Companhia Elétrica do Maranhão (CEMAR), como eletricista no setor de corte, foi então que no dia 5 de novembro de 1990, sofreu um atentado contra sua vida, sendo alvejado com cinco disparos de arma de fogo, que quase tiraram a sua vida, perdeu a visão do olho esquerdo e passou anos para se recuperar, na ocasião eles estava se preparando para a luta com o Diabo Louro do Maranhão e Walkman lutador de imperatriz, teve então sua carreira encerrada e atualmente trabalha em sua empresa que presta serviços de tele mensagens.

57: Mike Tyson em seu trabalho atual com tele mensagens

Figura 56: Circo PernambucanoAlakazam
Figura

Pai de dez filho, entre eles o Evander Holyfield é avô de 22 netos e alguns bisnetos, foi recentemente homenageado com cinturão de ouro no Cordino Fight Combat (CFC), por ter sido o primeiro atleta boxeador de Barra do Corda.

58: Cinturão de Homenagem por ter sido o primeiro boxeador de Barra do Corda

O nosso querido Manoel é uma pessoa muito querida em Barra do Corda, fascinado pelo cinema, música e lutas, que leva alegria as casas das pessoas como homenagens e declarações de amor e também acompanha cortejos fúnebres em nossa cidade.

Figura
Figura 59: Mike Tyson e o Professor Pesquisador Leonardo Delgado - Barra do Corda 17 de dezembro de 2023.

BIOGRAFIA - EDELSON OLIVEIRA

Edelson Oliveira Chaves solteiro, natural da cidade de Barra do Corda Ma, nasceu no dia 23 de junho de 1981. Profissão Técnico de Futebol, atualmente ,Técnico da categorias de base do Cordino Esporte Clube da cidade de Barra do Corda Ma. Graduado em Educação Física.

O futebol da cidade de Barra do Corda, de alguns anos atrás até nos dias de hoje, se deu uma boa alavanca, quando se trata no sonho de ser jogador de futebol profissional, antigamente quando o futebol da cidade era so mas visado no futebol amador ,onde tinham ótimas equipes entres elas citadas, como Sampdoria, Guarani, Grêmio, São Paulo, o futebol já eram as movimentação nos finais de semanas ,eu lembro antes de atuar por algumas equipes, como Cola cola e Assisterc, assisti várias vezes os grandes jogos na cidade, até quando percebi que tinha um grande dom de ser Técnico de Futebol, olhava os grandes times do futebol brasileiro, via TV ,onde sempre pensava que um dia iria mi tonar um Técnico de Futebol profissional. Antes de chegar no clube Cordino, tive passagens por times amadores da cidade ,entre esses times Araticum. Após de passar por times da cidade ,iniciem a minha passagem por clubes do futebol Maranhense e até de outros estados. Vejo até hoje no futebol, como sustento de vida ,e sempre procurar a fazer excelentes trabalhos ,por que sabemos em que todas as profissões, não importa quais for ,sempre precisamos ser profissionais. ‘Edelson Oliveira “

Aquele garoto ,nos anos de 1997, como se inicia a su1a Trajetória como Técnico de Futebol, em uma cidade no interior do Maranhão, Edelson Oliveira, sempre sonhava de ser um Técnico de Futebol profissional, correu atras ,sempre estudado ,fazendo novas amizades no meio esportivos nos grandes centros do futebol brasileiro. No ano de 2010 após fazer ótimos trabalhos no futebol Maranhense, Edelson Oliveira, foi trabalhar no futebol gaúcho, lá passou por algumas equipes entres elas Inter de Arroio Grande. Quando retornou no fim do ano de 2010 ,para Barra do Corda. No ano de 2011 Edelson Oliveira, assumiu comando do Cordino para estadual daquele ano . No mesmo ano de 2011 ,Edelson Oliveira, assumiu a categoria de base do Cordino.

A cada ano que passava o jovem Treinador , iria adquirindo experiencia ,e chamando atenção de grandes dirigentes do futebol brasileiro, sempre com muita dedicação, a cada clube que assumia ,o Técnico Edelson Oliveira, ira demonstrando a sua capacidade nas beiras de grandes estádios no brasil a fora. Em 2011 Edelson Oliveira trabalhou em clubes do futebol piauiense ,como Piauí EC ,na função de auxiliar Técnico. Em 2012 se transferiu para o Marília de Imperatriz. Já no Marília, ficou com Vice-campeão do campeonato Imperatrizense.

No ano de 2013 Edelson Oliveira, retornou para a base do Cordino, em 2014 o jovem Treinador, assumiu o comando do Ideal FC, foi campeão no interior de São Paulo e logo após assumiu o comando Técnico do Clube Atlético Lençoense também do interior de São Paulo, da cidade de Lenções Paulista. E retornou para futebol Maranhense, exatamente para cidade de Imperatriz, onde assumiu o comando do EG SPORTS. Em 2015 o Técnico trabalhou no futebol baiano no Desportivo Dias D Avila e no futebol mineiro ,no Grêmio Esportivo Brasil. Edelson Oliveira sempre por passou fez U excelente trabalho, com muita dedicação e compromisso com os clubes, isso mostrava a sua qualidade profissional. No ano de 2016, Edelson Oliveira foi para o Jalesense do interior de São Paulo, e em 2017 no primeiro semestre foi o Garça Futebol Clube e no segundo semestre retornou para base do Cordino, ficando até a temporada de 2018 . Após a pandemia no ano de 2021 ,Edelson Oliveira recebeu o convite para ser o auxiliar Técnico, e acertou e foi campeão Maranhense Série B de 2021.

Em 2022 , Edelson Oliveira assumiu novamente a categoria de base Cordino, onde está no cargo até hoje.

Titulos

1997 – Campeão do regional de São Domingo/MA (Lubrax Esporte Clube/MA)

2002- Campeão regional de Barra do Corda/MA (HB Futebol Clube/MA)

2003- Campeão sub-17 com a (Seleção de Barra do Corda/MA)

2007-Campeão da Copa Regional invicto com o (HB Futebol Clube/MA)

2007-Campeão da Taça Cidade de Grajaú em Grajaú –MA (Seleção principal de Barra do Corda/MA)

2008- Campeão dos jogos de férias com Blitz (Blitz /MT)

2014 – Campeão da Copa cidade de Ibiúna – SP ( Ideal FC/SP)

2014 Campeão sub – 17 Copa Imperatrisense ( EG Sport/MA )

2018 Campeão invictos da Copa BDC sub 20 (Cordino /MA)

2018 Campeão invictos da Copa Associação Sub 18 ( Cordino/MA)

2021 Campeão do Campeonato Maranhense Série B ( Cordino /MA)

2022 Campeão da Copa Fenix Sub 17 Invicto ( Cordino/MA)

Acessos

EdelsonOliveira,éúnicotreinadorquetemacessos peloCordino,citadoacima, ondefoicampeãoMaranhense Série B do ano de 2021, Edelson Oliveira, conquistou mas um acesso pelo clube em 2023 ,o Cordino, jogando o campeonato Cordino série B, com a categoria de base U 20 , conquistou o terceiro lugar da competição, e garantido a 1 primeira divisão do futebol amador de Barra do Corda, e o jovem Treinador Edelson Oliveira ficando na história do futebol do município ,conquistando dois acessos, com profissional e com base do Cordino Esporte Clube.

Duna Open abre a temporada oficial do beach tennis no MA em 2025

Torneio corresponde à 1ª etapa do Campeonato Maranhense Oficial de Beach Tennis e vale pontos para o ranking estadual.

Duna Open abre a temporada oficial do beach tennis no MA em 2025. (Laécio Fontenele/AP Assessoria)

Por: Da Redação15 de Janeiro de 2025

Tudo pronto para o início da temporada 2025 do beach tennis no Maranhão. A partir das 17h desta quintafeira (16), começam as disputas do Duna Open, torneio que corresponde à 1ª etapa do Campeonato Maranhense Oficial de Beach Tennis, evento chancelado pela Federação de Beach Tennis do Maranhão (FBTM), entidade que representa oficialmente a modalidade no Estado. Todas as partidas desta etapa vão ocorrer na Arena Premium, no Olho d’Água, em São Luís.

Jogos mundiais universitários de inverno TORINO 2025 e reunião do comitê executivo da FISU.

Não é dia de #TBT, mas recebi há pouco esse jornal de quando eu tinha uns 14/15 anos e fui bi campeão maranhense de duatlo (natação + corrida). Bons tempos!

Para quem não sabia, fui nadador por muitos anos, fui da seleção maranhense, recordista e campeão maranhense / norte-nordeste, campeão de JEMs etc. Devo muito do que sou hoje ao esporte. Isso é prioridade pra mim: dar oportunidades a atletas amadores e profissionais como forma de agradecimento. Daqui a pouco vou postar uma outra foto menos antiga, mas de outra fase da minha vida.

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