DEDICADO AO LAZER – CULTURA & ESPORTES - LUDOVICENSE//MARANHENSE
EM HOMENAGEM A MANUEL SÉRGIO
O professor catedrático Manuel Sérgio foi um dos grandes pensadores do desporto após o 25 de Abril de 1974, com décadas de pedagogia, filosofia, prática dirigente e política. Morreu, aos 93 anos de idade
A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.
EXPEDIENTE
LUDOVICUS
MAGAZINE EDITADO POR
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
DEDICADO AO LAZER – CULTURA + ESPORTES MARANHENSE
Revista eletrônica
EDITOR
Leopoldo Gil Dulcio Vaz
Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); titular da FEI (1977/1979); Titular da FESM/UEMA (1979/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem livros e capítulos de livros publicados, e mais de 600 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Academia Poética Brasileira; Sócio correspondente da UBE-RJ; Premio “Antônio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luís (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Prêmio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Prêmio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; Editor da “ALL em Revista”, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras; Editor das “Revista do Léo”, “Maranha-y”, e agora, LUDOVICUS; Condutor da Tocha Olímpica –Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luís - Ma.
NOSSA CAPA – NINA RODRIGUES – medalha comemorativa ao seu centenário
Manuel Sérgio Vieira e Cunha – o maior dos filósofos da Educação Física/Motricidade Humana de língua portuguesa
EDITORIAL ‘Ad fontes!’
Esta é uma Revista Eletrônica, dedicada à Literatura Ludovicense/Maranhense. Com a decisão de não mais publicar uma revista dedicada aos esportes no/do Maranhão, devido ao fato de os podres poderes públicos deste Bananão não se importarem com essa atividade rica, de Lazer = esportes + cultura -, passo a utilizar este espaço, dedicado ao Lazer intelectual = leitura, para me manifestar sobre os Esportes.
Previa que a partir do número 45, a periodicidade passaria a ser bimestral... Enganei-me. Só em janeiro, 240 páginas...já no ar; e fevereiro???????
Boa leitura...
Abrimos para outras Academias. E destacamos “NAS BARRANCAS DO TOCANTINS”, as crônicas do ZECA, para lembrar que nunca saí de Imperatriz, e que Imperatriz nunca saiu de mim... isso, porque banhei e bebi das águas do rio, ao cair da tarde, observando o pôr do sol na curva à direita...
Tivemos a audiência pública, para retirada do nome de Nina Rodrigues do Hospital Psiquiátrico. 17 entes se pronunciaram, e somente o IHGM apresentou moção de não retirada, muito bem justificada; as demais, a maioria advogados de entes ligados aos direitos humanos, igualdade racial, ongs, e outros quejandos, favoráveis à retida. Na verdade, a audiência se deu em razão de o Estado – Governador, a quem cabe a decisão – não ter se pronunciado, ainda, haja vista que a primeira audiência se deu em 21 de outubro do ano passado, comumprazoestabelecido.AAdvocaciadoEstadodissenãosaberdenada.EqueiriainterpelaroGovernador novamente. A Secretaria de Direitos Raciais, disse que a decisão cabe somente ao Governador.
Muito embora a AML tenha se manifestado contrário, não compareceu à audiência... será que enviaram seu posicionamento ao Juiz que cuida da questão?
Muitos acadêmicos se pronunciaram, também, sobre o assunto, dizendo-se ocupantes de cadeira em que Nina Rodrigues era o Patrono. Mas não fizeram nada, e nem se pronunciaram, e nem compareceram. Que defesa é essa?
A preocupação com a Memória do Maranhão é tamanha, neste (Des)Governo que o Arquivo Público Estadual está em ruínas, com o prédio prestes a desabar, sem manutenção, goteiras, colocando em risco o rico acervo. Mas, memória para que? Se se tenta apagar os grandes nomes que fizeram deste Estado a “Atenas brasileira”, passando para “Jamaica brasileira”, e agora, Apenas brasileira”...
Continuamos com o registro da Coluna da ALL, publicada no Jornal Pequeno, editada por Vinícius Bogéa. Aos domingos...
E agora me vem a notícia do falecimento do Manuel Sérgio, o maior dos filósofos da Educação Física/Motricidade Humana... grande perda para a área e para nós, brasileiros, que nos acostumamos a lhe ouvir os ensinamentos. Oremos, pois...
Conheci-o em 1986, durante congresso do CBCE. Tenho até hoje seu discurso, com suas anotações, guardado entre minhas preciosidades...
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EDITOR
Expediente
Editorial
Sumário
HOMENAGEM À MANUEL SÉRGIO
CERES COSTA FERNANDES – CIDADÃ MARANHENSE
PROFISSÃO - ESCRITOR
MAURÍCIO MÜHLMANN ERTHAL "QUERIDOS FORMANDOS, BURROS E JUMENTOS!"*_
HISTORIADORES REALIZAM MANIFESTAÇÃO EM DEFESA DO ARQUIVO PÚBLICO
LANÇAMENTOS
LÍNGUAS FRANCAS E LÍNGUAS GERAIS
DEU NO JORNAL: JORNAL PEQUENO – OUTROS JORNAIS
– EDIÇÕES AOS DOMINGOS - EDITOR: VINÍCIUS BOGÉA
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ – A SEGUNDA MODERNIDADE: O CASO NINA RODRIGUES E O “NÃO AO REVISIONISMO HISTÓRICO”
ROBERTO FRANCKLIN – VOLTA À IGREJA DE SANTANA
JOÃO FRANCISCO BATALHA – VOLTA A SÃO LUIS CONTINENTAL
DILERCY ARAGÃO ADLER – O TEMPO PRETÉRITO, PRESENTE E FUTURO: um movimento de autoconhecimento e de transformação
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ – O COLÉGIO MÁXIMO DO MARANHÃO
OSMAR GOMES – MAIS DINHEIRO PARA A PAZ
PEDRO HENRIQUE MIRANDA FONSECA – PAULO HENRIQUE CERQUEIRA FALCÃO – 1904-1987 – UM GIGANTE DA HISTORIA DA MEDICINA BRASILEIRA
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ – BUSCA-SE NOVO MILAGRE PARA SALVAR NINA RODRIGUES – AGORA, DO REVISIONISMO HISTÓRICO
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ – E NASSAU ATACOU OS PALMARES!
OSMAR GOMES – UM PAPO REAL SOBRE O ARTIFICIAL
Editor: ANTONIO AÍLTON
PALAVRAS DO MESTRE JORGE
ASSIM FALOU MEU PRIMO OZINIL
ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS AGO DE 31/05/2025
JOSÉ CLÁUDIO PAVÃO SANTANA - A PÍLULA DOURADA
ENTRE BANDAID, USAID E TRUTHAID
PESSOA E PESSOAS
A GRAVATA E A FORCA ANISTIA, FATO MATERIAL JULGADO, RANCOR E ÓDIO
OSMAR GOMES DOS SANTOS - TRIBUTO A GRAÇA ARANHA
ANTONIO AILTON – TRES POEMAS
ROBERTO COSTA - AVÔ PROFISSIONAL NOSSAS TARDES DE SÁBADO SEM TÍTULO
FESTEJAR O CARNAVAL NAS RUAS
VINÍCIUS BOGÉA - O CINEMA E O JORNALISMO INVESTIGATIVO NO DIA DO REPÓRTER
CERES COSTA FERNANDES - AS MASCARADAS NA TOCA DO ABRAÃO
ACADEMIA POÉTICA BRASILEIRA / FACETUBES – EDITOR: MHÁRIO LINCOLN
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - MÁRCIA DE QUEIROZ – CRONISTA ESPORTIVO E POETA
MHARIO LINCOLN - A POESIA LIVRE DAS REGRAS, DAS ESCOLAS LITERÁRIAS, DAS RIMAS E PRECONCEITOS CLÁSSICOS EXISTE?
ANTONIO DE OLIVEIRA - DIA INTERNACIONAL DA LÍNGUA MATERNA
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO
JOAQUIM HAICKEL - A CARTA O MUNDO DÁ VOLTAS
EDMILSON SANCHES - O BRASIL É DOS BRASILEIROS”. E DE QUEM É ESTA FRASE? A GENTE FAZ LEITURA, A LEITURA FAZ A GENTE
ANTONIO GUIMARÃES - POEMA & LAVRA GRÁFICOS & GRÁFICAS.
DIOGO GUAGLIARDO NEVES - A PRAÇA PEDRO II
LUIZ THASDEU
A LITERATURA NOS ETERNIZA
OUTRAS INSTITUIÇÕES LITERÁRIAS/CULTURAIS
ACADEMIA IMPERATRIZENSE DE LETRAS NAS BARRANCAS DO TOCANTINS – CRONICAS DE ZECA
EDMILSON SANCHES - TEXTO, PRETEXTO E CONTEXTO: POR UMA PRÉ-HISTÓRIA DA ACADEMIA IMPERATRIZENSE DE LETRAS
ZECA TOCANTINS - TÔ CERTO QUE TÔ ERRADO
ACADEMIA SAMBENTUENSE DE LETRAS ÁLVARO URUBATAN MELO - Homenagem da ACADEMIA SAMBENTUENSE DE ARTES E LETRAS E DA PREFEITURA DE SÃO BENTO - CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DR. ISAAC LOBATO FILHO
ÁLVARO URUBATAN MELO - RAYMUNDO PORCIÚNCULA DE MORAES, O DICO, ÁLVARO URUBATAN MELO - DR. CLODOMIR CARDOSO.
ÁLVARO URUBATAN MELO - JOÃO CLÍMACO LOBATO e a Virgem da Tapera.
ACADEMIA MARANHENSE DE CIÊNCIAS, LETRAS E ARTES MILITARES - AMCLAM
ACADEMIA DE LETRAS, CIENCIAS E ARTES PeRiMIrense
FUNDAÇÃO / OCUPANTES / PATRONOS / POESIA
ACADEMIA DE LETRAS DO MARANHÃO FUNDAÇÃO
DOS ESPORTES & LAZERES
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - "MISSÃO DO HANDEBOL" NO MARANHÃO
FUFUCA E BRANDÃO FIRMAM PARCERIA PARA RECONSTRUÇÃO E AMPLIAÇÃO DO COMPLEXO AQUÁTICO
CORRIDA ALEMA 190 ANOS REÚNE 3 MIL PARTICIPANTES EM CELEBRAÇÃO AO ESPORTE
BASQUETEBOL MASTERS – ETFM CAMPEÃ
BARILOCHE FUTEBOL CLUBE E O MURO DA CASA DE GEDEÃO
Na nota de pesar, a Federação Portuguesa de Futebol lembrava-o como "homem gentil e de grande sabedoria", duas qualidades que espalhou ao longo de décadas em todos os campos de trabalho a que se dedicou, da Assembleia da República, em que foi deputado pelo Partido da Solidariedade Nacional, de que foi o primeiro presidente, entre 1991 e 1995.
Manuel Sérgio Vieira e Cunha –
Manuel Sérgio – Wikipédia, a enciclopédia livre
Motricidade humana: o itinerário de um conceito | MOTRICIDADES: Revista da Sociedade de Pesquisa Qualitativa em Motricidade Humana
O protesto dos pobres é a voz de Deus (ADeus Manuel Sérgio, 19fev2025)
Por Manuel Sérgio (Autor)
Em A Bola, 2023. Futebol Filosofia História
Quando, em 1983, visitei, pela primeira vez o Brasil, a convite do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE), não esperava passar por uma experiência tão profunda, tão inesperada, como a que vivi, na pátria dos meus queridos Lino Castellani Filho e Laércio Elias Pereira, que foram esperar-me, em São Paulo, ao aeroporto e que assim me acolheram, num sorriso amplo, fraterno: “Nas nossas humildes pessoas, é o Brasil que o abraça”(sic).
Um país que, digo já, me proporcionou a revelação de mais latas dimensões da vida. Lino Castellani Filho e Laércio Elias Pereira continuam figuras respeitadas e prestigiadas da Educação Física brasileira e a eles devo o meu primeiro agradecimento pelo muito e belo e avassaladoramente humano, que aprendi no Brasil.
Não, não foi a vertigem da novidade, a curiosidade continuamente estimulada, os sentidos abertos, como pétalas frementes, de um certo erotismo. Eu levava na minha mala o resultado das minhas leituras de Michel Foucault, onde se me tornara evidente que a educação física nasce, como disciplina médica, no século XVIII, o século áureo do racionalismo, e sofrendo do dualismo antropológico cartesiano. A Razão era a imagem imperial do pensamento, a que o corpo, simples matéria, deveria subjugar-se.
Mas o que, francamente, me surpreendeu foi o trabalho tão religioso, como social e político, de toda a Igreja latino-americana. A Igreja Católica era (é) a “Igreja dos Pobres”, assim o pensam e o dizem os vários episcopados da América do Sul.
“O fundamento da própria opção preferencial pelos pobres e da própria solidariedade com os indigentes, descobre-o a Igreja no misterioso plano salvífico de Deus, revelado no exemplo de Jesus, que anuncia o reino aos oprimidos e marginalizados, nos quais a imagem divina se acha obscurecida e também escarnecida. Deus ama particularmente os pobres e defende-os. Eles são os primeiros destinatários da missão, porque a sua evangelização foi sinal e prova da missão de Jesus” (Brotéria, Novembro de 1985, p. 390).
A D. Helder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife, ouvi eu esta frase que nunca esqueci: ”O protesto dos pobres é a voz de Deus”. Ora, quando o Papa Francisco foi eleito, advindo da América Latina, logo me veio
à mente a “Igreja dos Pobres”, quero eu dizer: uma eclesiologia humilde, fraterna, de comunhão, intencionalmente diaconal e carismática, que fazia sua a luta dos pobres, dos marginalizados pela sociedade injusta, em prol da sua libertação social e política
A Igreja era pensada e sentida como missionária, como evangelizadora, mas o seu anúncio do Evangelho significava também compromisso com um “povo de Deus” concretamente condicionado por uma economia liberal que em si comporta princípios de exclusão e desigualdade crescentes”.
E quando o Papa Francisco proclama, logo no início do seu pontificado, que… “esta economia mata”; quando fez de Francisco de Assis o seu patrono, tomando o nome do Santo de Assis; quando deixou de viver nos faraónicos aposentos papais, para fazer seus os poucos metros do quarto de um colégio; quando o destino da sua primeira viagem, fora do Vaticano, em Julho de 2013, foi a ilha italiana de Lampedusa onde desaguavam, diariamente, milhares de refugiados africanos, alertando, então, emocionado, para a “globalização da indiferença”; e muito mais poderia lembrar, neste momento – tive a nítida sensação que a responsabilidade social da Igreja diante de situações económicas e sociais e políticas de extrema desigualdade, pois que uma reduzida minoria, na América Latina e no mundo todo, possui a esmagadora maioria dos recursos, tendo em conta as exigências do bem comum: seria o objetivo primeiro (não o essencial) do seu pontificado. Aliás, à imitação de Jesus Cristo que multiplicava, milagrosamente, os pãos e os peixes, para alimento das multidões que O queriam escutar…
É evidente que este Papa o que pretende dizer, sobre o mais, é que a Boa Nova de Jesus Cristo corresponde às aspirações mais profundas e universais da natureza humana e portanto, para ela, é também pecado a fome e todas as situações de violência e de miséria e de injustiça económica e social.
O que este Papa pretende dizer, sobre o mais (assim o penso eu) é que não se é cristão se não se é exemplarmente humano. Todos temos defeitos (cheguei ao fim da minha vida e reconheço e lastimo os meus).
Fiz a peregrinação pelas grandes escolas filosóficas, mormente do Iluminismo até hoje, e cheguei a descrer no Deus que os meus queridos pais me ensinaram a crer e a amar. Cheguei a descrer do Deus… em que, hoje, profundamente, quero crer!
Para mim (e digo o mesmo o que Jean Guitton já o disse, antes de mim) negar-se a existência de Deus é um absurdo assim como afirmar a existência de Deus é referir um mistério. Não acredito no “acaso criador” de algumas teorias científicas. Toda a aventura da vida me parece orientada por um princípio organizador.
Como estudei em Ilya Prigogine, a vida repousa sobre “estruturas dissipativas” que permitem a emergência de uma nova ordem, ou um nível superior de organização. Leio La nouvelle alliance, de Ilya Prigogine e Isabelle Stengers, editado pela Gallimard: “O que é espantoso é que cada molécula sabe o que as outras moléculas farão ao mesmo tempo que ela e a distâncias macroscópicas: nossas experiências mostram como as moléculas se comunicam. Todo o mundo aceita essa propriedade nos sistemas vivos, mas ela é no mínimo inesperada nos sistemas inertes”.
Portanto, para mim (e não estou só) o universo tem uma história que não se explica por mero acaso. Para mim, Deusexiste.MasqueméDeus–verdadeiramentenãosesabe.Noentanto,oatualPapa,eleitonanoitechuvosa de 13 de Março de 2013, afirma e reafirma “urbi et orbi”, convictamente, que Deus nos ama…
“Quem antes de Francisco esperaria ver um Papa dirigir-se a uma jovem transsexual tal como fez no passado dia 25, durante um podcast (popecast, no caso, produzido pela Rádio Vaticano) dizendo-lhe que Deus a ama tal como ela é?. Isto mostra o quanto a atenção de Francisco às periferias vai muito além da geografia. Abarca os casais “irregulares”, os que abortaram, os homosexuais.
Afinal, como este Papa foi repetindo ao longo dos anos, não compete aos padres o papel de fiscais da fé”. (Público, 2023/7/31). Mas… quem é este Deus de que nos fala o Papa Francisco? É (continuo a dizer: se bem penso) o Deus de Jesus de Nazaré, que nos quer pobres para podermos ser irmãos!
Mas, para o Papa Francisco, esta pobreza não significa miséria. “A pobreza é o permanente esforço para remover posses e interesses de qualquer tipo, para que daí resulte a verdadeira imediatez da fraternidade. Ser radicalmente pobre para poder ser plenamente irmão: este é o projeto de Francisco, no que diz respeito à pobreza” (Leonardo Boff, Francisco de Assis e Francisco de Roma, Pergaminho, Rio de Janeiro. 2014, pp.79/80).
Lembro o Papa Francisco: “A medida da grandeza de uma sociedade é dada pelo modo como trata os marginalizados”. Mas, no Parque Eduardo VII, o Papa ergueu esta certeza: “Não transformem a Igreja numa
alfândega”. Na Igreja, cabem justos e pecadores, bons e maus. E acentuou: na Igreja, cabem “todos, todos, todos”. E meio milhão de pessoas repetiu: “todos, todos, todos”.
Perguntava António Barreto, no Público (2023/8/5): “De onde vem o carisma formidável deste Papa?”. Permito-me avançar uma resposta: a sua fé inabalável no Deus de Jesus Cristo e porque, defensor de uma ecologia integral, se considera irmão de todas as criaturas. Não aceita, por isso, que o tratem por “Sua Santidade” pois que não é mais do que “irmão entre irmãos”. Rejeita, terminante, o luxo dos aposentos papais, mais próximo dos palácios dos imperadores romanos do que da gruta de Belém e da humilde casa de Jesus, em Nazaré.
Opodermonárquico-hierárquico, absolutistaedogmático,dos papas fezesqueceraopapadoeàprópriaIgreja, no seu todo, que os grandes representantes de Cristo, neste mundo (Mt. 25,45) são os pobres, os sedentos, os famintos e os que sofrem.
Por Cristo, há lugar na Igreja para a profecia, visando um mundo de Amor e de Paz. Vale por isso a pena estar dentro dela, com todos os defeitos que encontremos nalguns dos seus representantes “oficiais” (e incluo aqui a pedofilia) como estavam S. Francisco ce Assis, D. Helder Câmara, João XXIII e tantíssimos mais e… como está o Papa Francisco – o Papa Francisco que partiu da percepção nítida, insofismável de que a Igreja Católica, como ele a visionou do alto da sua cátedra, era uma Igreja sem saída e aqui e além até motivo de escândalo.
Por outro lado, o catecismo ensina as crianças que a Igreja nasceu pronta, inalterável, acabada da vontade de Jesus. Ora, como tudo o que é humano, também a Igreja é tempo, é processo e cabe-nos (a nós, católicos) com fé, com a fé cristalina do Papa Francisco, corporizar uma evangelização de todos e para todos – todos, todos, todos!
Na Jornada Mundial da Juventude, ele repetiu, com vigor: “Não tenham medo”. Que o mesmo é dizer: Não tenham medo de ser diferentes… porque amais os outros como a vós mesmos! Os outros, ou seja, todos, todos, todos! É verdade que o que venho de escrever não é especificamente desportivo. No entanto, para mim, mão há jogos, há pessoas que jogam. E, se há pessoas, o que o Papa Francisco disse, na JMJ, é para o Desporto também.
Eu o conheci em 1986, apresentado pelo Laércio, em um Congresso do CBCE realizado em Recife. Desde então, nos correspondemos. Tenho publicado, ao longo dos anos, seus escritos nas diversas revistas que edito. Uma grande perda para a Educação Física – e como ele preferia, a Motricidade Humana... Adeus, Mestre. Teve uma influência significativa na obra de Laercio Elias Pereira, criador do Centro Esportivo Virtual.
Em 6 dejunho de1986, defende asuatesededoutoramento,sob aorientação doProf.DoutorJoãoEvangelista Loureiro, vice-reitor da Universidade de Aveiro, no ISEF/UTL. Nesta sua tese, defende não só a existência da ciência da motricidade humana (CMH), que integra, no seu entender, o desporto, a dança, a ergonomia e a reabilitação, como também fundamenta, epistemologicamente, a criação da Faculdade de Motricidade Humana que, administrativa e politicamente, deveu-se ao Prof. Doutor Henrique de Melo Barreiros, então presidente do Conselho Científico do ISEF/UTL. A tese é antidualista, antipositivista e pós-moderna, dado queseintegranumatransiçãoparadigmáticaenum conhecimento-emancipação(Boaventurade SousaSantos) e portanto anticolonialista e anti-imperialista.
Do ponto de vista epistemológico, a tese é pós-cartesiana, pois rejeita o dualismo “res cogitans” versus “res extensa” (reflexo do dualismo social e político) e até as duas culturas sugeridas por C. P. Snow e aceita a complexidade humana. Manuel Sérgio cria mesmo uma definição nova de motricidade: "a energia para o movimento intencional da transcendência, ou superação”.
Trata-se de um “paradigma emergente”, mas que sabe que “o princípio da incompletude de todos os saberes é condição de possibilidade de diálogo e debate epistemológicos, entre diferentes formas de conhecimento” (Boaventura de Sousa Santos, “A Gramática do Tempo - para uma nova cultura política”, Edições Afrontamento, Porto, 2006).
A CMH é, para Manuel Sérgio e para a Sociedade Internacional de Motricidade Humana, uma nova ciência social e humana.
Para eles, a educação física, epistemologia e ontologicamente, não existe, porque não existe uma educação unicamente de físicos. No entanto, nas aulas e em conversas particulares, já vai chamando também à CMH um “híbrido cultural”, misto de ciência, tecnologia, arte, filosofia e senso comum.
De igual modo e de acordo com o que esse autor defende, há mais de 20 anos, a própria “preparação física” do desporto altamente competitivo não tem sentido, já que o treino se deve subordinar a um modelo de jogo, onde são trabalhados simultaneamente os vários aspetos do ser humano. É professor catedrático convidado aposentado da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa. Foi professor catedrático da Universidade Fernando Pessoa e do Instituto Universitário da Maia. É sócio fundadordaSociedade InternacionaldeMotricidadeHumanaedaSociedadePortuguesadeMotricidade Humana.
Os brasileiros Anna Feitosa (na Universidade do Porto), Ubirajara Oro (na Universidade Técnica de Lisboa), João Batista Tojal (na Universidade Técnica de Lisboa), Vera Luza Lins Costa (na Universidade Técnica de Lisboa), Luciana do Nascimento Couto e Ana Maria Pereira (na Universidade da Beira Interior), a espanhola
AnaRey Cao (na UniversidadedaCorunha),os portugueses Paulo DantaseAbel AurélioAbreude Figueiredo (na Universidade Técnica de Lisboa) e o chileno Sérgio Toro Arévalo (na Pontifícia Universidade Católica do Chile) fizeram as suas teses de doutoramento fundamentados na CMH, que Manuel Sérgio criou.
Outro tanto poderá dizer-se das teses de mestrado dos Mestres Vítor Ló e Carlos Pires (na Universidade da Beira Interior), do Prof. Doutor Gonçalo M. Tavares (na Universidade Nova de Lisboa), da Mestre Fernanda Sofia da Silva Gonçalves (na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro)[2] e do doutoramento de Ermelinda Ribeiro Jaques, doutorada em Ciências da Enfermagem (no ICBAS/Universidade do Porto).
Foi professor convidado, durante os anos de 1987 e 1988, da Universidade Estadual de Campinas (UnicampBrasil). Lecionou nos cursos de graduação da Faculdade de Educação Física e nos doutoramentos da Faculdade de Educação. O convite foi subscrito pelo Reitor Paulo Renato Souza (que seria depois o Ministro da Educação dos governos do presidente Fernando Henrique Cardoso), sob proposta do Prof. Doutor João Batista Tojal, ao tempo diretor da Faculdade de Educação Física da Unicamp. Foi depois conferencista, na 40.ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (S. Paulo, 10 a 16 de junho de 1988). Em 1988, foi patrono, eleito pelos alunos, do primeiro de curso de Educação Física da Unicamp.
Em 1989, o ISEF (Instituto Superior de Educação Física) passou a Faculdade de Motricidade Humana, à luz da Ciência da Motricidade Humana (CMH). A propósito, salienta-se que é Manuel Sérgio o primeiro a dizer em Portugal e não só que a Educação Física é um cartesianismo; que a CMH é uma ciência humana –tendo provocado uma verdadeira revolução na teoria e na prática do desporto. No livro “Motrisofia –Homenagem a Manuel Sérgio”, José Mourinho refere a importância das ideias de Manuel Sérgio, na sua carreira de treinador (pp. 119/120). Entre 2001 e 2009, foi diretor do ISEIT (Instituto Piaget - Almada). Em maio de 2013, foi nomeado Provedor da Ética no Desporto. "As Lições do Professor Manuel Sérgio" é uma síntese do seminário realizado no Museu Nacional do Desporto (Palácio Foz, Lisboa), de 27 a 31 de maio de 2013.
Manuel Sérgio Vieira e Cunha (20 de abril de 1933 – 19 de fevereiro de 2025) foi um filósofo do desporto, acadêmico, ativista e político português, especializado no campo da motricidade humana. Ele é amplamente reconhecido como um dos grandes pensadores do desporto em Portugal, especialmente após a Revolução dos Cravos em 1974
Vida e Carreira Nascimento e Educação:
Nascido em Lisboa, Sérgio começou sua carreira acadêmica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde se formou em Filosofia enquanto trabalhava no Arsenal do Alfeite
Carreira Acadêmica:
Ele lecionou em várias instituições, incluindo a Escola de Educação Física de Lisboa e a Faculdade de Motricidade Humana, onde foi professor de disciplinas como "Introdução à Educação Física" e "Epistemologia da Motricidade Humana"
Contribuições ao Desporto:
Sérgio foi um dos pioneiros na introdução de uma abordagem filosófica ao estudo do desporto e da educação física em Portugal. Ele também foi presidente da Assembleia Geral do Clube de Futebol Os Belenenses e vicepresidente da Direção desse clube
Atuação Política:
Na década de 1990, Sérgio foi o primeiro presidente do Partido Solidariedade Nacional e foi eleito para a Assembleia da República em 1991
Obras
Manuel Sérgio foi autor e coautor de 37 livros e inúmeros artigos em revistas nacionais e internacionais, contribuindo significativamente para a literatura sobre filosofia do desporto e motricidade humana:
1. "Para uma Nova Dimensão do Desporto" (1974) - Uma obra que propõe uma nova perspectiva sobre o desporto, integrando aspectos filosóficos e sociais
2. "Para uma Renovação do Desporto Nacional" (1974) - Foca na necessidade de reformar o desporto em Portugal, especialmente após a Revolução dos Cravos
3. "Desporto em Democracia" (1976) - Explora a relação entre desporto e democracia, destacando a importância do desporto em uma sociedade democrática
4. "Para uma Epistemologia da Motricidade Humana" (1987) - Considerada uma de suas obras mais importantes, esta obra estabelece as bases filosóficas para o estudo da motricidade humana
5. "O Futebol e Eu" - Uma reflexão pessoal sobre o futebol e sua importância na sociedade
Essas obras são fundamentais para entender a contribuição de Manuel Sérgio ao desporto e à educação física em Portugal. Também teve uma influência significativa no desenvolvimento da educação física e da motricidade humana no Brasil. Algumas de suas principais contribuições incluem:
1. Intercâmbio Acadêmico: Sérgio foi convidado para lecionar em várias universidades brasileiras, como a Universidade Gama Filho no Rio de Janeiro e a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
. Essas colaborações ajudaram a disseminar suas ideias e teorias sobre a motricidade humana no Brasil.
2. Obras Publicadas: Suas obras, especialmente "Para uma Epistemologia da Motricidade Humana", foram amplamenteestudadas eadotadas poracadêmicos eprofissionais brasileiros.Eleintroduziu uma nova perspectiva filosófica e científica sobre a educação física, que influenciou a formação de currículos e práticas pedagógicas no país.
3. Conferências e Palestras: Sérgio participou de diversas conferências e seminários no Brasil, onde compartilhou seu conhecimento e promoveu debates sobre a importância da motricidade humana e a necessidade de uma abordagem mais holística na educação física
4. Colaboração com Instituições Brasileiras: Ele colaborou com várias instituições brasileiras, contribuindo para o desenvolvimento de programas de educação física e motricidade humana que integravam aspectos filosóficos, sociais e científicos
Essas contribuições ajudaram a moldar a educação física no Brasil, promovendo uma visão mais ampla e integrada da motricidade humana.
As ideias de Manuel Sérgio Vieira e Cunha foram bem recebidas no Brasil, especialmente entre acadêmicos e profissionais da educação física e motricidade humana. Aqui estão alguns pontos sobre a recepção de suas ideias:
1. Adoção Acadêmica: Suas teorias e abordagens filosóficas foram incorporadas em currículos de várias universidades brasileiras. Instituições como a Universidade Gama Filho e a UNICAMP adotaram suas obras como referência em cursos de educação física e motricidade humana
2. Influência em Pesquisas: Muitos pesquisadores brasileiros utilizaram os conceitos de Manuel Sérgio em suas próprias pesquisas, contribuindo para o desenvolvimento de uma abordagem mais holística e interdisciplinar na educação física
3. Eventos e Conferências: Sérgio foi frequentemente convidado para palestrar em conferências e seminários no Brasil, onde suas ideias foram discutidas e debatidas, promovendo um intercâmbio de conhecimento entre Portugal e Brasil
4. Reconhecimento Profissional: Ele foi amplamente respeitado pela comunidade acadêmica e profissional no Brasil, sendo visto como um pioneiro que trouxe uma nova perspectiva para o estudo da motricidade humana e da educação física
Esses fatores mostram que as contribuições de Manuel Sérgio tiveram um impacto duradouro e positivo no campo da educação física, com a introdução de vários conceitos inovadores no campo da motricidade humana e da filosofia do desporto. Aqui estão alguns dos principais:
1. Motricidade Humana: Este é talvez o conceito mais significativo introduzido por Manuel Sérgio. Ele propôs que a motricidade humana deve ser entendida não apenas como movimento físico, mas como uma expressão integral do ser humano, que inclui aspectos biológicos, psicológicos, sociais e culturais
2. Epistemologia da Motricidade Humana: Sérgio desenvolveu uma abordagem epistemológica para a motricidade humana, argumentando que o estudo do movimento humano deve ser interdisciplinar, integrando conhecimentos de várias áreas como filosofia, sociologia, psicologia e biologia
3. Desporto e Transcendência: Ele explorou a ideia de que o desporto pode ser uma forma de transcendência, onde os indivíduos não apenas melhoram suas capacidades físicas, mas também encontram significado e propósito em suas vidas
4. Crítica ao Dualismo Corpo-Alma: Sérgio criticou o dualismo tradicional entre corpo e alma, propondo uma visão mais holística do ser humano, onde corpo e mente são inseparáveis e interdependentes
Esses conceitos ajudaram a transformar a maneira como a educação física e a motricidade humana são estudadas epraticadas, promovendoumavisãomais integradaehumanistadomovimentohumano. Tinhauma visão inovadora e abrangente do desporto, que integrava aspectos filosóficos, sociais e culturais. Aqui estão alguns pontos-chave de sua visão:
1. Desporto como Fenômeno Humano Integral: Sérgio via o desporto como uma expressão integral do ser humano, que vai além do simples movimento físico. Para ele, o desporto envolvia dimensões biológicas, psicológicas, sociais e culturais, refletindo a complexidade da condição humana
2. Desporto e Transcendência: Ele acreditava que o desporto podia ser uma forma de transcendência, onde os indivíduos não apenas melhoram suas capacidades físicas, mas também encontram significado e propósito em suas vidas. Essa visão está presente em sua obra "Para uma Nova Dimensão do Desporto"
3. Crítica ao Dualismo Corpo-Alma: Sérgio criticava a visão dualista tradicional que separa corpo e alma. Ele defendia uma abordagem holística, onde corpo e mente são inseparáveis e interdependentes, influenciando a maneira como o desporto e a educação física são praticados e estudados
4. Desporto em Democracia: Em sua obra "Desporto em Democracia", Sérgio explorou a relação entre desporto e democracia, destacando a importância do desporto em uma sociedade democrática e como ele pode contribuir para a formação de cidadãos mais conscientes e participativos
5. Educação pelo Desporto: Ele via o desporto como uma ferramenta educativa poderosa, capaz de promover valores como disciplina, respeito, cooperação e fair play. Sérgio acreditava que o desporto podia contribuir para o desenvolvimento integral dos indivíduos e para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa
Obras
• Entre o nevoeiro da serra (1963)
• Para uma nova dimensão do desporto (1974)
• Para uma renovação do desporto nacional (1974)
• Desporto em Democracia (1976)
• A prática e a educação física (1977)
• Homo Ludicus (1978)
• Heróis Olímpicos Do Nosso Tempo (1980)
• Filosofia das Actividades Corporais (1981)
• Ideário E Diário (1984)
• Para uma epistemologia da motricidade humana (1987)
• A Pergunta Filosófica e o Desporto (1991)
• Motricidade Humana – contribuições para um paradigma emergente (1994)
• Epistemologia da Motricidade Humana (1996)
• O Sentido e a Acção (1999)
• Um Corte Epistemológico: da educação física à motricidade humana (1999)
• Algumas Teses sobre o Desporto (1999)
• Da educação física à motricidade humana (2002)
• Alguns Olhares sobre o Corpo (2004)
• Para um novo paradigma do saber e… do ser (2005)
• Textos Insólitos (2008)
• Crítica da Razão Desportiva (2012)
• As Lições do Professor Manuel Sérgio (2013)
• O Futebol e Eu (2015)
• Futebol: ciência e consciência (2017)
MANUEL SÉRGIO: TODO UM PARADIGMA
Mais uma Prova de Vida, por António Araújo. António Araújo
Manuel Sérgio: todo um paradigma
Aos 22 anos, só tinha instrução primária. Hoje, quase sete décadas volvidas, é um dos maiores e mais aclamados pensadores portugueses, catedrático convidadoaposentado em MotricidadeHumana,disciplinaem que foi indiscutível pioneiro, pai mesmo, ou hoje talvez avô, tantas foram já as gerações formadas à luz desta scienza nuova, que recusa ser confundida quer com a velha ginástica das camisolas d’alças e das sapatilhas brancas, quer com a sua sucessora, a educação física dos fatos de treino e dos stôres de apito ao peito.
Na sua dissertação de doutoramento, discutida a uma sexta-feira, 6 de Junho de 1986, foi paladino da CMH, acrónimo de Ciência da Motricidade Humana, que qualifica como um “híbrido cultural”, feito de ciência, tecnologia, arte, filosofia e senso comum. Para fundamentar tal postura, afirmou-se, a saber, como “antidualista, antipositivista, pós-moderno, dado que se integra numa transição paradigmática e num conhecimento-emancipação (Boaventura Sousa Santos) e, portanto, anticolonialista e anti-imperialista”. A
motricidade, por sua vez, define-a como “a energia para o movimento intencional da transcendência, ou superação.”
É raro encontrar uma entrada da Wikipédia com palavras tão caras e conceitos tão complexos, densíssimos, coisa que não admira num homem que proclamou um dia que “a Motricidade Humana explica o absoluto do sentido e o sentido do absoluto no movimento intencional” e que gostava de esmagar os pacatos leitores d’A Bola apresentando-se como alguém que “há mais de quarenta anos encetou uma análise epistemológica do desporto que o levou, desenhando ainda tremulamente as palavras, pela consciência dos seus limites, ao seio das ciências hermenêutica-humanas.”
Não foi decerto ao acaso que, no final de uma das suas aulas, o aluno José Mourinho acercou-se dele para dizer, rendido, “O Sr. deu-me a volta à cabeça”. Tal como não foi por acaso que, num escrito em sua homenagem, António de Almeida Santos confessou, com desarmante candura, que “os seus textos, incluindo os pedagógicos, não são de fácil apreensão para o leitor comum” (“O meu amigo Manuel Sérgio”, in Motrisofia - Homenagem a Manuel Sérgio, Instituto Piaget, 2007, pp. 73-79).
A sua bibliografia, vasta e candente, espraia-se por dezenas de volumes, entre a filosofia (do desporto) e a poesia, ainda que uma e outra por vezes se confundam, numa salutar e louvável transumância de saberes. Poesia / minha bilha de água fresca / Com água para todos os desertos / Meu sumo concentrado de ternura / E de beijos / E de braços abertos / E de frutos maduros - assim homenageia Manuel Sérgio a sua arte lírica, começada com Chuva, de 1961, a qual, uma vez passada, deu lugar a Entre o Nevoeiro da Serra, de 1963, livrito que explora muito bem o filão telúrico de marca Aquilino-Torga. A este último, aliás, dedicou Sérgio alguns poemas, como “Aguarela Transmontana”, cuja primeira quadra reza que Os montes são ondas / A beijar-me os pés / Ondas redondas / Que o mar mundo fez e, na mesma senda, “A Miguel Torga”: Eh! Meu irmão transmontano / Fragoroso penedo / Que de tanto rolar / E se quebrar / Abriu em gumes de meterem medo. O autor de Contos da Montanha, a quem Sérgio enviou Chuva, agradeceu-lhe o gesto numa carta curta e simpática em que dizia, e cita-se, “poucas vezes, nos últimos anos, me senti molhado por tão promissora chuva poética.”
Manuel Sérgio, que é sócio da Associação Portuguesa de Escritores, tem dedicado vários poemas a muitos dos seus colegas no difícil ofício da escrita, como Camões, Torga, Ferreira de Castro, Teilhard de Chardin, Rabindranath Tagore, García Lorca, Pessoa, Saramago, Vergílio Ferreira, Manuel Alegre, José Tolentino de Mendonça, Miguel Real, Carlos Paredes, Abel Figueiredo (este brindado com os versos “Motricidade Humana”) ou Gonçalo M. Tavares (seu discípulo, assistente e orientando doutoral, merecedor de A inspiração é a seiva que te sustenta / Nos teus olhos molhados de alvorada / é bem visível o que te alimenta / flor que precede o fruto inconformada).
A sua obra literária cobre um arco temporal dilatado, que vai de Chuva, de 1961, já citado, até Terra de Vera Cruz, de 2007, passando por Uma Ligeira Brisa do Tempo, de 1972, Alguns Poemas de Natal… e Outros, de 1996, e Tanta Coisa Verdadeira, de 2004. O melhor da sua produção literária foi reunido há pouco em Antologia Poética, de 2017, com prefácio de José Eduardo Franco, para quem “ler a poesia de Manuel Sérgio é banhar-se em águas cristalinas e riachos suaves, como que realizando um movimento de regresso à infância e à inocência perdida” e para quem, também, “a poesia de Manuel Sérgio tem uma graça e uma força de palingenesia, de renovação, que vale a pena saborear.” É isso, na verdade, o que avulta logo na primeira estrofe de “Brinquedo”, poema de 1961, incluído em Chuva: Cavalinho de corda a galopar, Entre a branca alegria do meu filho Tu és na nossa casa de jantar Saudades desdobradas num só trilho.
Além da poesia, Sérgio é autor de uma impressionante obra científica e filosófica, que cobre títulos tão distintos como Ciência da Motricidade Humana - Uma Investigação Epistemológica, de 1985, Motricidade Humana - Uma Nova Ciência do Homem!, de 1986, Para uma Epistemologia da Motricidade HumanaProlegómenos a uma Ciência do Homem, de 1988, Motricidade Humana - Uma Nova Ciência do Homem, de 1989, Motricidade Humana - Contribuições para um Paradigma Emergente, de 1994, Epistemologia da Motricidade Humana, de 1996, Um Corte Epistemológico - da Educação Física à Motricidade Humana, de 1999, Para um Novo Paradigma do Saber… e do Ser, de 2005, ou Crítica da Razão Desportiva, de 2012. De
permeio, um título algo voyeur, Alguns Olhares sobre o Corpo, de 2004, Filosofia do Futebol, de 2009, e, mais recentemente, em modo Tonecas, As Lições do Professor Manuel Sérgio, dadas em 2013, ou O Futebol e Eu, jogado em 2015, bem como, já em 2021, a 6ª. edição de Algumas Teses sobre o Desporto (“um livro surpreendente” e “um livro necessário”, escreve Francisco Louçã no prefácio). Está em curso, de resto, a publicação da sua Obra Selecta, da qual veio já a lume o primeiro volume (Afrontamento, 2023), num empreendimento levado a cabo por investigadores de várias universidades portuguesas e que cobrirá quatro tomos, num total de mais de mil páginas, como anuncia no respectivo prefácio a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, para quem Manuel Sérgio introduziu um “corte epistemológico” na Educação Física e, ao fazê-lo, “criou um outro paradigma científico.”
Vejamos então o colosso: Manuel Sérgio Vieira e Cunha viu a luz a uma quarta-feira, dia 20 de abril de 1933, fazendo-o em Lisboa (Lisboa / Minha aldeia pequenina / Cidade do meu tamanho, Onde nasci) e, mais precisamente,nafreguesiadaAjuda(Na freguesia da Ajuda / onde eu menino adormecia a sorrir / Meu convés deslumbramento / Descante de um reino oculto). Aí passaria a infância e a adolescência, crescendo nas imediações do Campo das Salésias, d’Os Belenenses, clube do seu coração, do qual foi eleito sócio de mérito, em 1984 e por proposta de Acácio Rosa, além de ter sido presidente da sua assembleia-geral e, a convite do coronel Marcelino Marques, homem do MFA, vice-presidente da direcção, em 1975-1977 (foi também presidente da assembleia-geral da Associação de Basquetebol de Lisboa e presidente do conselho fiscal da Associação de Andebol de Lisboa). No auge da revolução, dirá: “não tenho dúvidas de que o Belenenses está em consonância com a revolução e considera que, acima de tudo, é ao serviço de um Portugal socialista (e não social-democrata) que pensa e organiza todas as suas actividades. Não, a contra-revolução não entrará no nosso país através do Belenenses.”
A família era pobre, de origens transmontanas, sendo o pai praça da GNR e a mãe doméstica, além de analfabeta e muito católica (“em minha casa não havia livros”), razão pela qual sonhou que o filho seguisse a via do sacerdócio, o que o levou a ser seminarista durante três anos, até se aperceber de que não tinha vocação para padre nem “jeito para o ambiente concentracionário do seminário”. Começou a trabalhar muito novo, com 19 anos, nos armazéns do Arsenal do Alfeite, onde esteve de 1952 a 1965, em convívio próximo com o operariado (“o contacto com os operários fez-me muito bem”, “cheguei a não ter dinheiro para comer, ao almoço comia um bocadinho de pão com uns torresmos, bebia um copinho de dois”).
Aos 22 anos, tomou aquelas que foram, muito provavelmente, as duas opções fundamentais da sua vida: casou e decidiu voltar a estudar, o que fez enquanto trabalhava no Alfeite. Na Faculdade de Letras, que frequentou com o estatuto de trabalhador-estudante, foi colega ou contemporâneo de Medeiros Ferreira, Sottomayor Cardia, Maria Filomena Mónica ou Eduardo Prado Coelho e, ao que consta, reunia às noites numa tertúlia estudantil existente na Pastelaria Roma, tão saudosa. Concluída a licenciatura (em Filosofia), foi, entre 1965 e 1968, professor de Português e de História na Escola Comercial e Industrial Emídio Navarro e de Filosofia no Colégio Padre António Vieira, ambos em Almada, localidade a que ficará sentimentalmente ligado para sempre e onde, anos volvidos, será docente do Instituto Piaget, fundado e presidido por António Oliveira Cruz (“A história trágico-telúrica de Oliveira Cruz, filho, neto, bisneto e tetraneto de obscuros cavadores e campónios, criado a ouvir as suas crónicas, ensopadas de suor e poesia, Sísifo ao natural, só podia acabar, para ele,homem culto, napoesia,como forma de renovara esperança,como formadepurificaro desejo”, escreverá Manuel Sérgio em António Oliveira Cruz - O poeta do desejo, 2008).
Em 1968, o director-geral da Educação Física, Desportos e Saúde Escolar, dr. Armando Rocha, nomeou-o responsável pelo Centro de Documentação e Informação do Fundo de Fomento do Desporto, que integrava a biblioteca do Instituto Nacional de Educação Física (INEF), funções que acumulou com a docência na Escola de Educação Física de Lisboa, que diplomava os professores dessa disciplina.
Politicamente, já era então da oposição, mas, como hoje diz, não podia sê-lo em excesso, nem correr demasiados riscos, pois tinha mulher em casa e três filhos para criar (“tão cauteloso fui que não cheguei a incomodar a polícia política”). Numa greve académica, chegou a ser preso e, como era funcionário do Estado, ficou apavorado com a hipótese de ser demitido, mas, felizmente, “não aconteceu nada.” Em resultado disso, limitou-se a colaborar esparsamente no suplemento desportivo do República, a convite de Raúl Rêgo. Um dia, afirmou a Armando Rocha que o regime estava por um fio. Rocha ouviu-o calado e imóvel, e concordou baixinho, acrescentando: “Mas não diga isso a muita gente.”
Em 1975, no calor do PREC, uma delegação de alunos do INEF (a que chamavam “Instituto Nacional de Estudantes Falhados”) foi a sua casa para o convidar para professor desse Instituto, onde começou por leccionar Introdução à Política. Mais tarde, daria aulas de Introdução à Actividade Física, Filosofia das Actividades Corporais e, já na Faculdade de Motricidade Humana, Epistemologia da Motricidade Humana (foi também catedrático daUniversidade Fernando Pessoa,em PontedeLima,e do InstitutoSuperior daMaia, na Maia). Por essa altura, integrou a célula de escritores do PCP, ao lado, entre outros, de José Saramago, a quem dedicaráum dos seus mais retumbantespoemas: A ti escritor genial / Herói do agro / De raiz gramatical / Este poema eu consagro
Começou então a participar em congressos e encontros no estrangeiro e a dar palestras em jornadas, colóquios e seminários de vária ordem, enquanto dava à estampa algumas obras de pendor mais político, em sintonia com o espírito do tempo, como Para uma renovação do desporto nacional de 1975, e Desporto em Democracia, de 1976, com prefácio de Batista-Bastos, que, no seu estilo muito próprio, definiu Sérgio como um “companheiro do mesmo barco, sob a mesma bandeira, escritor que enjeita as causas ocasionais porque o seu projecto está vinculado ao futuro.” No interior do livro, o autor não desmereceu, afirmando, entre o mais, que “o marxismo-leninismo se me afigura gritantemente como a formulação básica, inicial de qualquer desporto democrático e democratizador. Porque frontalmente anti-burguês e, como tal, anti-conservador, anticlassista, anti-capitalista; porque declaradamente a favor dos trabalhadores - só o marxismo denuncia e anuncia: denuncia a opressão, o inimigo imediato e concreto da justiça social; anuncia o mundo novo, o projecto histórico necessário à humanização de todos os homens.”
Defendia-se, de igual sorte, a ditadura do proletariado, na qual, segundo Sérgio, “há tanta ou mais liberdade para o povo como na ditadura burguesa (vulgo democracias ocidentais) dela usufrui a burguesia.” Motivos mais do que suficientes para Mário Castrim escrever, em 5/9/1977, nas páginas do Diário de Lisboa, que Manuel Sérgio se encontrava “na pista do futuro.” Por essa altura - mais precisamente, em 1980 - deu à estampa Heróis Olímpicos do Nosso Tempo, em cujo prefácio Urbano Tavares Rodrigues se insurgia contra o boicote às Olimpíadas de Moscovo, ditado pelas “forças da treva - os inimigos da paz, os produtores de material de guerra e os que da sua venda fazem negócios ultra-rendosos.” Alinhando pelo mesmo diapasão, Sérgio atacará, nesse escrito, a “cruzada medieval” do Presidente Jimmy Carter e as “grandes centrais de manipulação daopinião pública”,considerandooboicoteocidental aos Jogos, motivadopelainvasãosoviética do Afeganistão, uma “recusa insolente de um instrumento irrecusável da dignidade e da fraternidade humanas.”
Em 1980, e atendendo ao seu “currículo científico brilhante”, um júri de catedráticos da Técnica equiparou-o a professor auxiliar convidado, e, em 1986, a instâncias de Melo Barreiros, prestou provas de doutoramento, nas quais foi aprovado por unanimidade, mas sem louvor, facto que atribui ao “caciquismo, privado de sentido histórico” dominante na universidade portuguesa, a qual “só sabe defender os seus privilégios e que vai protelando, aqui e além, qualquer acto criador.” Quanto à escolha da sua área de especialização, Sérgio já garantiu que “não foi por questões profissionais, pelo rodopiar ladino do mais despudorado oportunismo, por contextos institucionais favoráveis que me deitei ao repensar epistemológico da Educação Física”. Graças a ele, e como observou Homero Serpa, “a motricidade humana não nasceu contra alguém no coiquinho do aviário, apareceu como ciência fundamentada.”
Devido ao estímulo do então ministro da Educação, João de Deus Pinheiro, em 1987 foi leccionar para o Brasil, mais precisamente para a Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp, onde, diz, “já era conhecido o meu pensamento”. Entregou-se então aos grandes prosadores brasileiros, lendo-os ao som da bossa, e, em resultadodisso, confessa tersentido“overdee amarelo domeucoraçãoanascer” (aomesmo tempoquerevela “eu ressoava Merleau-Ponty”).
Regressado a Portugal em finais de 1988, continuou a porfiar pela criação de um Centro de Lógica, Epistemologia e História das Ciências no Instituto Superior de Educação Física. No ano seguinte, enquanto veraneava ao trópico, foi informado de que, por despacho do ministro Roberto Carneiro, aquele Instituto fora convertido em Faculdade de Motricidade Humana. Logo acorreu a escrever ao pai da proeza, o doutor Melo Barreiros, dizendo-lhe, em carta prenhe de júbilo, e num registo muito típico, “passámos a integrar o corpoobjecto no corpo-sujeito, o anátomo-fisiológico na conduta motora, o neuronal no vivido, a natureza na cultura”.
Não muito depois, em 1990, foi um dos fundadores e o primeiro presidente do Partido da Solidariedade Nacional, o PSN, pelo qual concorreu às legislativas do ano seguinte. Na campanha, prognosticou que o
“partido dos reformados” iria eleger 20 deputados. Acabou sendo eleito só ele, pelo círculo de Lisboa, com 1,68% e 96.096 votos, esmagando o concorrente seguinte, o PSR de Louçã, com 64.159 votos. Esteve no parlamento de 1991 a 1995, fazendo aí bons amigos, como Barbosa de Melo, mas teve uma intervenção discreta, de escasso ou nenhum relevo, a ponto de até os admiradores o considerarem “um diletante na política partidária” (cf. João Relvão Caetano, “A Política na Vida e Obra de Manuel Sérgio”, in Pensar à Frente: Estudos sobre Manuel Sérgio - Corporeidade, Desporto, Ética, Cultura e Cidadania, 2021, p. 205) Em contraste, Almeida Santos entendeu que Sérgio “deixou em S. Bento uma imagem paradigmática” e, mais recentemente, José Eduardo Franco e Susana Alves de Jesus sustentaram que, na sua passagem pela política, Sérgio instaurou o que “podemos chamar política-cultura, sob o primado do homem como ser cultural.” Visionário, pugnou pela criação de um Provedor do Animal, proposta que então não vingou - anos mais tarde, acabaria, ele próprio, por ser nomeado Provedor da Ética do Desporto. Na altura, protagonizou um episódio algo caricato, mas quiçá revelador: em 1991, no rescaldo da maioria absoluta do PSD, o jornal Tal & Qual pôs o imitador Canto e Castro a fazer de Cavaco Silva, ligando para várias pessoas a convidá-las para o governo. Uma das vítimas foi Manuel Sérgio, que de imediato se dispôs a ser ministro e protestou subida honra pelo convite feito (e pela pessoa do primeiro-ministro). Recém-eleito, disse “ainda me sinto caloiro, mas desejoso de aprender” e justificou a escolha da filha mais nova para sua assessora com o argumento de que “é uma pessoa que tem a sagacidade, o quantum satis de sagacidade para o lugar e, sendo minha filha, dá-me confiança, logicamente” (RTP, 16/10/1996), o que corrobora a ideia, expendida anos mais tarde por Gustavo Pires, de que “Manuel Sérgio sustentou o seu sucesso profissional no sucesso da sua própria família, onde se destaca o sucesso dos próprios filhos.”
No partido, entretanto, começaram as desinteligências, com Sérgio a querer, em vão, levar mais jovens para o PSN. No congresso extraordinário de 1992, uma moção de apoio a Manuel Sérgio foi aprovada por maioria, mas, como os seus defensores se ergueram de pé para o aplaudir, o presidente do congresso deu a moção aprovadaporaclamação,comosadversáriosaosgritoseapupos.Nomesmo meeting,umdosvice-presidentes, Themudo Martins, acusou o outro, Nelson Mendes, de querer pôr o partido ao serviço da Igreja da Unificação, a seita do reverendo Moon. Nas autárquicas de 1993, o partido ainda teve um bom resultado, mas, nas europeias do ano seguinte, ficou em décimo, péssimo, pese o seu fulgurante candidato, o major na reserva Antunes de Sousa, que em campanha prometeu dar 20% do salário de eurodeputado para um fundo de apoio aos reformados; que, em Cacilhas perguntou a um vendedor de tomates como iam os dele; e que, pelo país fora, em minicomícios e sessões de esclarecimento, adoptou uma inflamada postura anti-Maastricht, berrando coisas tais como “no Parlamento Europeu, quero agarrar o touro pelos cornos, não quero ser rabejador!!”, “os milhões da Europa servem para alimentar uns certos pançudos!”, “os grandes partidos julgam que só eles têm a pele branca, e nós somos todos negros, de segunda, de segunda leva, nós constituímos a quarta leva do tomate!”, “nós não podemos permitir que seja por decreto, proveniente de Bruxelas, que se estabeleça o saber e o gosto do cozido à portuguesa!”.
A derrocada do PSN deu-se nas legislativas de 1995, com Sérgio já distante do partido, que ficou em oitavo lugar e fora do parlamento. Contudo, logo em 1992 - ou seja, ainda no tempo da sua presidência -, o PSN fora tomado de assalto por gente de vária ordem (naturistas, nacionalistas, moonies), com Sérgio a distanciar-se das facções em disputa e a garantir, em entrevista a Paula Magalhães, do Telejornal, que o PSN iria ser um “partido pós-moderno” (cf. Público, de 3/9/2012; RTP, 16/2/1992).
Anos volvidos, em 2001, o PSN voltaria a surpreender e a fazer História, desta feita por ter conseguido a proeza de ser o partido menos votado em décadas de democracia, já que, no sufrágio desse ano, obteve a módica quantia de sete votos - repete-se: sete votos -, assim distribuídos: dois em Valpaços, dois em Chaves, dois em Peso da Régua e um, solitário e onanista, em Vila Pouca de Aguiar. Soube-se, pouco depois, que, afinal, nem esses votos contaram, já que o candidato Josué Pedro apresentou a lista a tempo e horas, mas o presidente-proprietário do PSN, Barbosa da Costa, no último instante solicitou ao tribunal a desistência do partido, porque “certas coisas não estavam muito em conformidade”. Josué ficou danado, pois candidatara-se “para defender essa riqueza do mundo que é o vinho do Porto”, jurando que iria ser “um segundo marquês de Pombal”, pelo que a anulação da lista lhe pareceu “capricho, vaidade ou estupidez”. Barbosa da Costa, de seu lado, pese reconhecer que o PSN até tinha “um programa jeitosinho”, sentiu o partido “um pouco desmotivado” e, em consonância, apelou aos oito mil militantes para votarem em massa no PSD (lamentando mais tarde que “o PSD nunca tenha vindo a público agradecer essa dádiva”). Josué, porém, não era um qualquer, já tinha sido candidato a Belém, e, em entrevista a O Templário, afirmara, sem falsas modéstias, que “selero meu curriculum vitae,não considero que nenhum governante,depois deMarcelo Caetano, tenha feito
o que eu já fiz”, isto apesar de residir há 25 anos na Bélgica, onde se dedicava ao comércio de “bebidas e outras coisas”. Em número dois da lista, colocara uma professora primária, viúva, que tinha uma relação próxima com ele, divorciado, sendo isso, porventura, o que motivou a intervenção do presidente Barbosa, dono das empresas Fográfica e Imprexbrindes, ambas sitas no Porto, que fora eleito em congresso “num hotel de Lisboa”, depois reeleito por aclamação “num hotel de Aveiro” e que, em 2001, pensava voltar a reunir as suas hostes “num hotel de Lisboa”, isto apesar de o PSN ter, entretanto, mudado a sua sede para Porto de Mós (cf. Público, de 19/1/2002). Por não ter apresentado contas em três anos consecutivos - 2000, 2001 e 2002, o partido acabou extinto oficiosamente, a instâncias do Ministério Público. A sua mensagem, porém, parece continuar viva e, em 2015, foi constituído o PURP - Partido Unido dos Reformados e Pensionistas.
Quanto ao fundador, Manuel Sérgio considera hoje que “Salazar não era trouxa com uma ideologia reacionária, mas pessoa com certa formação” e que foi um “ditador especial, diferente de Hitler, Mussolini ou mesmo Franco, que mataram muito mais gente do que ele”; ainda assim, afirma que “não posso passar a vida a dizer que Salazar era bom” e continua a entender que “Marx faz uma crítica ao capitalismo como ninguém fez”. Em Textos Insólitos, de 2008, deu a lume um ensaio sobre o “socialismo para o século XXI”, assente em três eixos: “democracia participativa”, “economia de necessidades” e “cultura solidária”.
“É um profeta!”, bradou sobre ele José Maria Pedroto, podendo dizer-se que Manuel Sérgio tem desmentido o dito de Cristo (Mc 6:4, Lc 4:24) pois não lhe têm faltado homenagens na sua terra, sendo hoje um dos mais aclamados intelectuais do país, o que talvez diga alguma coisa sobre a força do nosso desporto, ou a fraqueza da lusa academia. Na competição pelo maior ditirambo, conclui-se que “falar de Manuel Sérgio não é fácil” (Gustavo Pires), embora já lhe tenham chamado, “navegador de pensamentos”, comparando-o aos “navegadores portugueses do século XV que navegavam os mares” (Vítor Serpa, director de A Bola), “contemporâneo dofuturo”(GustavoPires), “arauto dacidadania”(JoséEduardoFranco),“mestre,pedagogo, cidadão” (Guilherme d’Oliveira Martins), “homem grande entre os grandes da nossa cultura” (Oliveira Cruz) ou “o filósofo mais importante que o desporto hodierno produziu” (Abel Figueiredo). Dele disseram que “a sua utopia transformou o herdado em futuro. Numa palavra, iluminou” (Laurentino Dias, secretário de Estado da Juventude e Desporto), que “Manuel Sérgio é um animal social, como qualquer um de nós” (Luísa Frazão), que “em Manuel Sérgio a transcendência é o sentido da vida, pois viver é uma tentativa incessante de superação” (José Carlos Lima), que “Manuel Sérgio já está na história portuguesa como o homem que nos proporcionou e ensinou um novo olhar sobre o homem” (Luís Lourenço), que é um “pensador neo-olimpista”, que introdutor de uma “revolução epistemológica” (Miguel Real). Falam da “Obra sergiana”, com maiúscula, classificam-no como uma “figura poliédrica”, fazem-lhe antologias da obra poética e selectas da científica. Segundo José Eduardo Franco e Miguel Real, “Manuel Sérgio estabeleceu uma paideia para o desporto nacional” e, do mesmo passo, “recuperou e encarnou, nos séculos XX e XXI, o modelo clássico do sábio integral, reafirmado no Renascimento e perdido na deriva especializante do cientismo racionalista.” Por seu turno, a Enciclopédia Verbo, onde colaborou, classifica-o de “claro inovador em Portugal de uma antropocinesiologia”, mas o facto é que o seu labor se estendeu à quinantropologia, à ainantropologia, à cinefantasia, à psicocinética, à ludomotricidade e também, claro, à ergomotricidade. Depois de se avistar com ele,ojornalistaJucaKfouriescreveuna Folha de São Paulo,de24/9/2006:“Conheciummarciano.Edescobri que os marcianos falam português (…) Sim, o marciano em causa é um português. Dos bons. Um filósofo português.”
Namesmalinha, FernandoPaulo Baptistachamou-lhe“umaespéciedeSócratesandarilho, maduroe inquieto, atento, irónico e maiêutico, a espalhar desassossegos vários e a rasgar esperançosas e múltiplas clareiras na ágora do pensamento.” E, a partir de Palmela, Antunes de Sousa, seu discípulo dilecto (e, recordemos, cabeça de lista do PSN nas europeias de 1994), anotou que Manuel Sérgio trouxe consigo “uma verdadeira constelação anunciativa do humano”, para depois se referir ao “sopro de novos ventos que, em boa hora e em clima de ilusória acalmia, Manuel Sérgio, qual Éolo, soltou a partir das suas inquietantes aulas de Epistemologia.” Não contente, Antunes de Sousa chegou mesmo a afiançar, em transe místico, que, na obra de Manuel Sérgio, há “um halo de anúncio, de interpelação e de profecia que, de súbito, a todos nos convoca a uma integração consciencial e vivencial do irrecusável desígnio humano.” Ademais, “tudo isto sem a afectação da ideologia ou do dogma - tudo com a simplicidade heraclitiana de quem brinca e se entretém a criar.” Daí que haja “uma ontologia do sopro inspiracional que nele se decidiu e, por intermédio de cuja comunhão cósmica nele, decididamente, nos revemos todos.” Em síntese, e em suma, diremos, com Maria
Ermelinda Jacques, que “toda a obra de Manuel Sérgio é desfatalizadora, porque traz consigo o anseio de novidade histórica, traz consigo a força de desmontar certezas e limites havidos como intocáveis.”
Não faltam também os livros de homenagem ou reflexão em torno do seu legado científico - ou, melhor, epistemológico -, alvo de colóquios, seminários e dissertações académicas. Entre o abundante corpus congratulatório, destaque para Ciência da Motricidade Humana - A definição de Manuel Sérgio ante a de ciência em Mário Bunje, da autoria de Ubirajara Oro, 1993, mas também para A Motricidade Humana em Manuel Sérgio,tesedeEduardaMaria PereiradeSousa,orientadapelo próprio doManuel Sérgio, Covilhã, 2006, para A Educação Física em Portugal - Contributo da obra pedagógica de Manuel Sérgio no âmbito do ensino da Educação Física no ensino básico, secundário e superior, de Fernanda Gonçalves, mestrado em Trás-os-Montes, 2010, para Motrisofia - Homenagem a Manuel Sérgio, Instituto Piaget, 2007, e, naturalmente, para Pensar à Frente - Corporeidade, Desporto, Ética, Cultura e Cidadania - Estudos sobre Manuel Sérgio, o qual, sob coordenação de José Eduardo Franco, foi dado à estampa em 2021 pelo Instituto Português do Desporto.
Em 2016, a Escola Básica n.º 118, ao Alto da Ajuda, passou a ser designada Escola Professor Manuel Sérgio, em cerimónia oficiada por Fernando Medina, presidente da CML, que no ensejo destacou “o carácter profundamente humanista de toda a sua intervenção”, lembrando ainda que o homenageado nunca deixou de “pensar na análise da realidade, da vida que nós temos, a partir do ângulo único, principal, absoluto, que é a dignidade da pessoa humana.” À saída, depois de descerrar a placa, um emocionado Manuel Sérgio diria aos jornalistas que, para si, aquele tributo era mais valioso do que um Prémio Nobel. No ano seguinte, em Março de 2017, foi feito comendador da Ordem da Instrução Pública pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, distinção que se juntou à Medalha de Mérito Desportivo, atribuída pelo Presidente Sarney em 1990, à Honra ao Mérito Desportivo, dada pelo governo português em 2007, à Medalha de Ouro da cidade de Almada, à medalha “Reconhecimento”, conferida em 2004 pela Associação Portuguesa dos Árbitros de Futebol, e a uma homenagem da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, em Novembro de 2007, por iniciativa do deputado Simão Pedro, líder parlamentar do Partido dos Trabalhadores. A convite do PT, fez uma palestra sobre Paulo Freire, em São Paulo, em 2001, e, antes disso, discursou na celebração dos 500 anos do “achamento” do Brasil organizada pela prefeitura de Passo Fundo, onde foi recebido como Hóspede Oficial do Município.
Nos dias 20 e 21 de Março de 2017, na Sala do Senado da Assembleia da República e no Auditório 2 da Fundação Gulbenkian, teve lugar o “Colóquio Internacional Professor Manuel Sérgio - Obra e Pensamento”, com presenças de Luís Filipe Vieira, Toni e Simões, e intervenções de dois Jorges, Jesus (“é um homem, em minha opinião, com uma inteligência acima da normalidade”) e Lacão (“bem-haja professor!).
OcolóquiofoiorganizadopelaUniversidade AbertaepelasuaCátedra InfanteDomHenriqueparaos Estudos Insulares Atlânticos e Globalização e contou com a presença de uma delegação cabo-verdiana de alto nível, encabeçada pelo próprio Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, que na ocasião afirmou, entre o mais, que “Manuel Sérgio sempre nos interpelou para a urgência de um saudável diálogo entre a interioridade e a exterioridade.” E mais disse, deixando a plateia em cuecas, que “é como se o nosso amigo procurasse, ao longo do seu vasto e frondoso magistério, ignorar permanentemente a astuciosa e valente resposta de Ulisses ao desafio de Laodamante, o belo filho de Alcínoo.” De seu lado, o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, enalteceu a “homenagem a um dos nossos melhores, alguém que, na mais pura das verdades, se homenageou em si em toda, e por toda, a sua vida e o continua a fazer em toda a sua dinâmica acção e em todo o seu acutilante pensamento”, rematando, a concluir, bem formiguinha, “olhamos para Manuel Sérgio com a admiração que apenas conseguimos votar aos que - por melhores que tentemos ser - serão sempre maiores do que nós.”
Ao congresso associaram-se diversas instituições - além da Gulbenkian, da Assembleia da República e da Universidade Aberta, o Governo de Portugal, a Faculdade de Motricidade Humana, o CLEPUL (Centro de Literaturas de Expressão Portuguesa da Universidade de Lisboa), o Instituto de Ciências da Cultura Padre Manuel Antunes, a Câmara Municipal de Lisboa - e distintas personalidades, como João Paulo Rebelo, secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Augusto Baganha, presidente do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), Paulo da Silva Dias, reitor da Universidade Aberta, Guilherme d’Oliveira Martins, José Carlos de Vasconcelos, José Barata-Moura, Viriato Soromenho-Marques, Aurélio Pereira, Vítor Serpa, José Lourenço Pinto, presidente da Associação de Futebol do Porto, Patrick Morais de Carvalho, presidente de Os Belenenses, José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal, os vice-
presidentes da Assembleia da República Jorge Lacão e António Filipe, os deputados Laurentino Dias, Edite Estrela, Emídio Guerreiro, João Azevedo Castro e last but not the least, Eduardo Lourenço, Francisco Louçã e Gonçalo M. Tavares.
O homenageado reciprocou, agradecendo a “homenagem que visa inserir o meu nome no friso dos raros autores que fizeram filosofia e ciência”. Revelou que, não podendo estar presente, o Presidente Marcelo (um “homem universal”) ligou-lhe a partir do estrangeiro, sempre simpático. Ao primeiro-ministro António Costa, também ausente, chamou “pessoa de fulgurante perspicácia”, patente na escolha do ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, “um cientista de autêntica craveira internacional”. Para o Presidente de Cabo Verde, a saudação a uma “inteligência ágil, incisiva” e a um “humanismo servido por uma verdadeira sensibilidade poética”. Também o “sortilégio do talento, da sensibilidade e da cultura do Dr. Guilherme d’Oliveira Martins”, o cumprimento a Luís FilipeVieira, “presidente de impressionante e singular ressonância do Sport Lisboa e Benfica” (de Pinto da Costa já dissera, em tempos, que era um “homem livre de uma liberdade que não deserta nunca!”), à “inteligência de excepcional amplitude” de Eduardo Lourenço, “um dos maiores ensaístas da nossa história literária e filosófica”, e ao poeta António José Borges, “que me parece marcado pelo signo do êxito e pelo estudo ousado que fez à minha poesia.”
Em 2019, e por proposta do actual cardeal Tolentino Mendonça, a Universidade Católica Portuguesa criou a Cátedra Manuel Sérgio - Desporto, Ética e Transcendência (“o desporto actual reproduz as taras do capitalismo”, disse Sérgio aos jornalistas, na cerimónia de instituição), que já realizou três “Colóquios Internacionais Manuel Sérgio” e vários “Seminários Manuel Sérgio” (já antes, tinham sido organizadas pela LIDEL as “Conferências Manuel Sérgio”, por iniciativa do advogado Luís Miguel Henrique, causídico de Jorge Jesus e comentador da SportTV, de Vítor Serpa e do arquitecto José António Saraiva).
Aconsagraçãomáxima,definitiva,surgiuhápoucosmeses,sobaformadeentrevistadevidaaFátimaCampos Ferreira para o programa “Primeira Pessoa” (RTP, 15/5/2023, em cujo genérico se diz, vá-se lá saber porquê, queSérgionasceu no Porto).Logo aabrir, anunciando “uma viagem ao mundodeManuel Sérgio”, ajornalista afirmou que “a sua obra maestra é ter pensado o corpo e o espírito em conjunto e ter feito do desporto uma das mais nobres artes do pensamento”; depois, virando-se para o entrevistado, atirou-lhe à cara, olhos nos olhos: “o senhor é o primeiro em Portugal a abandonar a filosofia cartesiana, o espírito para um lado, o corpo para outro”. Em réplica, Sérgio desfiou os nomes das lendas que conheceu no futebol e no hóquei, com Matateu em realce, deixando ainda afirmado que “para mim, o universo é um vasto pensamento onde tudo caminha porque um pensamento o norteia” e, sobre a questão cruciante do Tempo, “o tempo anda, tudo caminha, e tudo o que não caminha à vista de todos, caminha por baixo”, como é comprovado, segundo ele, pelos “cortes epistemológicos”. A meio do programa, por volta do minuto vinte, já Fátima estava a arfar, prostrada aos pés do profeta.
Manuel Sérgio considera-se um agnóstico devoto (“não sei quem é Deus, mas vivo como se o conhecesse”), descrê dos Evangelhos (“não acredito muito no Evangelho que deve ter cortes na vida sexual de Cristo, é uma estupidez…”), afirma, contudo, que vai morrer católico (“não tenho outra saída”), mas “se Cristo não estiver à minha espera, o problema é dele”. Possui o bilhete de identidade n.º 0125296, vitalício, mora num segundo andar na Avenida de Berna, está casado há décadas, tem filhos, netos e bisnetos, ainda usa termos de outros tempos, referindo-se aos jovens como “a mocidade”. À esposa, cujo nome não conseguimos apurar, dedicou o poema “A Mestra de Lavores”, que termina assim: E vejo-te mulher fada encantada / Num fulgor de linhas e de tons / Adorada por anjos e por aves. Como confessou a Fátima Campos Ferreira que é ela, à maneira antiga, quem cuida por inteiro da frente doméstica, sendo ele “um homem que só lê, só lê e escreve”.
Nunca praticou desporto, mas teorizou-o muito, e como poucos. Ou seja, e talvez sem se aperceber disso, incarna em si mesmo o dualismo que se propôs combater, pois se é possível teorizar o desporto sem praticálo, por simetria e justiça também será possível praticá-lo sem o teorizar.
É vil e desajustado caracterizar Manuel Sérgio como um fala-barato, até porque ele aprecia e maneja palavra caras, mas de belo efeito. De resto, o uso e abuso das mesmas compreende-se no quadro de uma disciplina bebé ou teenager, ainda insegura da sua própria cientificidade, falha que procura colmatar seja através da proclamaçãoreiteradadoseuestatutoacadémico,sejaatravésdorecursoaumsem-fimdeexpressões-conceito inacessíveis aos comuns mortais e, logo, de escassa ou nula operatividade prática para a obtenção do fim a que se propõe, a construção de uma “cidadania”. Isto dito, e além do respeito devido a uma pessoa da sua
provecta idade - e ao trabalho e esforço que o levaram onde chegou -, importa reconhecer que Manuel Sérgio deu um contributo ímpar, inestimável, para a renovação do ensino do desporto em Portugal, agora feito à luz da disciplina da Motricidade Humana, e, com isso, para a refundação e afirmação de uma escola de reconhecida qualidade e modernidade.
Simplesmente, ao instaurar um novo paradigma na sua área de especialização, Manuel Sérgio converteu-se ele próprio num paradigma, produto e reflexo - e logo, estudo de caso - da vida académica portuguesa e do campo cultural nacional, ambos dominados por lógicas paroquiais e endogâmicas de autoelogio mútuo (“tu és um génio, eu sou um génio”) e por um sistema de trocas e de favores baseado na tríplice aliança dos colóquios de homenagem, das apresentações de livros e prefácios laudatórios (é extensa e impressionante a lista dos seus prefaciadores, num espectro que vai de Francisco Louçã a Roberto Carneiro, passando por Medeiros Ferreira, Batista-Bastos, Urbano Tavares Rodrigues, Carlos Fiolhais, José Barata-Moura, José Mourinho, etc., sendo também impressionante, claro está, a quantidade de prefácios que ele próprio escreveu). O seu caso é ainda ilustrativo dos cruzamentos, nem sempre sadios, entre universidade, política e desporto, patentes na suruba de académicos, governantes, deputados, atletas, treinadores e dirigentes desportivos que se acotovelaram para o preitear, fazendo-o, uma vez mais, de acordo com o velho princípio toma lá, dá cá, ou seja, homenageandose a eles próprios através do celebrado. Quanto a este, teve, em suma, a ventura de ser reconhecido em vida, coisa que entre nós tem faltado a tantos outros, alguns bem mais merecedores do que ele.
Nota de Pesar
O Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE) lamenta profundamente o falecimento do Professor Manuel Sérgio, ocorrido em 19 de fevereiro de 2025, em Lisboa. Filósofo e referência no pensamento crítico sobre a motricidade humana, Manuel Sérgio esteve marcantemente presente no processo de reestruturação da Educação Física brasileira e, através dela, na redemocratização do país.
Leitor atento da nossa realidade, foi um interlocutor qualificado de nossas buscas e desafios, deixando um legado que transcende gerações. Sua obra segue como inspiração para aqueles que veem na Educação Física um campo de transformação social.
Manifestamos nossa solidariedade aos familiares, amigos e colegas.
Jorge Bento
Sentidos pêsames
Acabei de saber que o Professor Doutor Manuel Sérgio partiu. Apresento as mais vivas condolências à família e aos amigos. Descanse em paz, Professor, porquanto obteve nota muito elevada no exame da sua passagem pela vida!
Laercio Elias Pereira
Repetindo alguém: A morte é uma coisa com a qual eu não concordo. ADeus Mestre Manuel Sérgio
Rafael Moreno Castellani
Partiu hoje uma das mentes mais brilhantes da Educação Física e, especificamente, do futebol: o filósofo português Manoel Sérgio!
Um fato que talvez muitos não saibam é que a minha ligação com o Manoel Sérgio extrapola, e muito, os livros e a paixão pela Educação Física.
Manoel Sérgio foi quem me acolheu em Portugal quando fui jogar futebol. Tive o privilégio de morar algumas semanas na sua casa. Nos meses que estive em sua companhia em Portugal, aprendi com ele MUITO sobre a vida e sobre o futebol!
Ele é, sem dúvidas, o grande responsável por eu ter voltado da Europa não mais querendo ser um jogador profissional de futebol, mas querendo estudar e compreender essa apaixonante modalidade esportiva!
Descanse em paz, meu amigo e grande mestre!
Juca Kfouri
MANUEL SÉRGIO: UMA LEMBRANÇA QUE NÃO ESQUECE
Manuel Sérgio, filósofo e professor português Imagem: Divulgação
LINO CASTELLANI
"Eu vim de longe, de muito longe, Quanto eu andei para aqui chegar..."
Recebi agora há pouco a triste notícia do falecimento do Professor Manuel Sérgio.
Tinha 93 anos. Quem o conheceu, não o esquecerá. Não é isso, Juca?
Ele faz parte dos imprescindíveis de Brecht. Não deveria morrer nunca!
Recupero, em sua homenagem, e em homenagem à nossa amizade, texto que escrevi faz tempo, resgatando momentos de sua estada entre nós.
Vamos a ele:
Silvia, Laércio e eu estávamos no saguão do Aeroporto de Congonhas já há algum tempo à espera da saída dos passageiros do voo da Varig que trazia Manuel Sérgio de Lisboa, de onde embarcara com destino ao nosso país para participar, a nosso convite, do III Congresso Brasileiro promovido pelo CBCE, Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte. Nas mãos da Sílvia o Livro A Prática e a Educação Física, que trazia na contracapa uma foto sua, a qual ostentávamos como forma de nos fazermos visíveis aos seus olhos...
Vivíamos o ano de 1983. Era setembro. O Brasil traduzia nas ruas a ebulição de um país em ritmo de redemocratização, timidamente anunciada no final dos anos 70 pelo presidente Geisel, principal mentor da
transição lenta, gradual e irrestrita a partir da qual os militares articularam a devolução dos destinos do país à sociedade civil brasileira, propondo se afastarem do protagonismo político exercido desde 1º de abril de 1964. Certamente não por bondade ou algo parecido, mas sim pela percepção do esgotamento do modelo econômico e político que lhes deu sustentação ao golpe e aos governos que se estenderam até 1984.
Os esforços para trazer Manuel Sérgio ao Brasil foram muitos. A Direção do CBCE tinha sido clara: abriria um espaço no Congresso para a participação do professor e arcaria com as despesas de sua estada entre nós durante o período do evento. Já a passagem aérea Lisboa/São Paulo/Lisboa deveria ser providenciada por nós. Não tivemos dúvidas. Reunimos um grupo de pessoas e assumimos coletivamente o custo da passagem. O crediário saiu em meu nome. Dez prestações...
Naquele III Conbrace (Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte), realizado em Guarulhos, SP, ao lado de uma programação forjada majoritariamente por debates circunscritos a abordagens biomédicas do esporte e das práticas corporais, constituiu-se uma Mesa Redonda intitulada Desporto e Desenvolvimento Humano. Medina (João Paulo Subirá) e Laércio (Elias Pereira) a compuseram com ele, cabendo a mim a sua coordenação.
O nome da Mesa fora desavergonhadamente extraído de um livro editado em Portugal pela Seara Nova. Fazia parte de uma lavra de publicações que começara a chegar às nossas mãos a partir do final dos anos 70, início dos 80. Mãos ávidas por textos que nos ajudassem a construir bases teóricas sólidas às reflexões que começávamos a arriscar fazer sobre a problemática da educação física e do esporte à luz de uma realidade brasileira vista por nós, marcados pelos anos passados no nordeste brasileiro mais precisamente em São Luiz do Maranhão , como sinônima do que por aqui foi batizado de Belíndia, expressão da divisão do país em dois Brasis, um rico como a Bélgica, outro pobre como a Índia...
Manuel Sérgio foi agraciado naquela ocasião com o título de sócio benemérito daquela sociedade científica único ofertado por ela até hoje , que nunca mais foi a mesma depois daquele Congresso. Às portas de seus trinta anos (foi fundada em 1978) é hoje referência obrigatória para os que se inscrevem na área acadêmica denominada Educação Física, notadamente para aqueles que assumiram ao longo desses anos uma postura comprometida com uma prática profissional e acadêmica sintonizadas com a construção de um Brasil mais justo e democrático. Manuel Sérgio foi partícipe dessa construção...
Pois foi um gesto de arrojo do já então garimpeiro da informação, Laércio, de escrever ao Manuel Sérgio, mais ao final da segunda metade dos anos 70, que nos colocou em contato com ele. Foi através dele e de duas distribuidoras brasileiras de livros, a Ebradil e a Século XXI, que passamos a saciar nossa ânsia por estudos sobre a educação física e o esporte a partir dos referenciais epistêmicos próprios às ciências humanas e sociais, às artes e à filosofia.
MAURÍCIO MÜHLMANN ERTHAL
"Se alguém ainda tinha alguma dúvida, o ranking do Pisa provou de uma vez por todas que a tal "pátria educadora", que encheu péssimas universidades com péssimos alunos formados por péssimos professores, era apenas um embuste.
Distribuir diplomas a pessoas de baixa inteligência, nenhum talento, estúpidas, cotistas etc., é como marcar a ferro o traseiro de bois e vacas que estão indo para o abate. Neste caso justificável.
Na nossa cultura deformada pelo "coitadismo", ou para falar mais academicamente, pelo "ethosigualitarista moderno", teimamos em achar que a Universidade é para todos.
Nunca foi e nunca será .
Essa é uma das maiores mentiras da modernidade.
A decadência da civilização se iniciou com a universalização do ensino, com a troca da formação espiritual e intelectual puras, "ars gratia artis", no sentido aristotélico, pelo adestramento meramente utilitarista para fins de sobrevivência.
Universidade é para uma elite intelectual. É para quem realmente tem talentos, gosta de estudar e tem uma inteligência privilegiada. Sua prioridade é produzir conhecimento e não formar mão de obra ... e, muito menos ainda, formar militantes revolucionários que pretenderão implantar no País regimes ultrapassados e falidos, como o comunismo para proveito de poucos, por exemplo.
Para formar profissionais e mão de obra, existe o ensino profissionalizante e técnico.
As oportunidades que devem ser oferecidas a todos, é a de uma boa formação de base onde, por meio da meritocracia, serão revelados aqueles mais capazes de ir para a Universidade e, lá, PRODUZIREM CONHECIMENTO.
Transformar todo mundo em universitário apenas para não ferir a autoestima do jovem maconheiro que usa piercing no nariz e alargador na orelha, é algo completamente estúpido !
Tudo que os governos do PT conseguiram, foi queimar centenas e centenas de bilhões de reais, para produzir o pior, o mais idiota, o mais ignorante, o mais analfabeto, e por consequência, o mais mimado, alienado e arrogante aluno do mundo !
Nivelaram todo mundo por baixo, destruíram qualquer possibilidade de formar uma verdadeira elite intelectual para o País. São mais de duas décadas jogadas inteiramente no lixo ! Trocaram a meritocracia (de alunos e professores) pela "universalização", pela "política de cotas" e pela "ideologização".
Nunca reconhecendo que as pessoas são essencialmente diferentes, umas mais inteligentes, mais capazes, mais interessadas e mais esforçadas que as outras. E tentam enfiar, goela abaixo de todos, o maldito igualitarismo que sempre favorecerá o vulgar, o grosseiro e o ignorante. Sempre nivelará por baixo, rebaixará a tudo e a todos, e produzirá os piores resultados.
Reúna vários alunos inteligentes e todos se tornarão mais inteligentes ainda.
Cerquem um gênio de medíocres e vulgares, e testemunhará sua lenta e gradual decadência.
Numa era em que a humanidade enfrenta a sua mais radical transformação tecnológica, a civilização cibernética põe em xeque toda a cultura humanista, havendo uma mudança profunda de quase todos os paradigmas científicos, sociais e econômicos. Nanotecnologia, microbiologia, projeto genoma, matriz energética, 5G e 6G, Internet das coisas etc.
Nós gastamos trilhões em 20 anos para produzir uma geração “Nem-Nem” de mimados, estúpidos, deprimidos, feminilizados ou masculinizadas, vazios, idiotas e arrogantes, que votam num PT, num PSOL e morrem de medo de se tornar adultos.
Uma legião de falsos graduados sem possibilidade de emprego, endividados com o FIES, caminhando para a meia idade, morando com os pais e frequentando a marcha da maconha porque precisam urgentemente se alienar e legalizar seu suicídio."
Historiadoresrealizarammanifestaçãoem
defesadoArquivoPúblicodoMaranhão
O local não possui equipamentos de segurança contra incêndio, como extintores e sistema de sinalização e iluminação de emergência no local.
(Foto: Instagram)
Por: João Pedro Castro21 de Fevereiro de 2025
Na manhã desta sexta-feira (21), professores, estudantes e historiadores realizaram uma manifestação em defesa do Arquivo Público Estadual do Maranhão (Apem), localizado na Rua de Nazaré, no Centro Histórico de São Luís.
O local não possui equipamentos de segurança contra incêndio, como extintores e sistema de sinalização e iluminação de emergência no local. A situação permanece coloca o prédio e seu acervo em risco iminente. Leia também:
MPF cobra do estado do Maranhão cumprimento de decisão para recuperar Arquivo Público Estadual
A Secretaria de Estado da Cultura (Secma) informou, por meio de nota, que os projetos de recuperação estrutural do Apem já foram protocolados no IPHAN, e que está sendo alinhado com a equipe técnica e a equipe de engenharia do mesmo nesse trabalho.
A nota continua afirmando que outros projetos, principalmente os de manutenção da edificação após a estrutura, adequação a combate a incêndio, e todas essas questões para deixar o prédio em perfeitas condições para guardar parte da história do Maranhão, estão sendo feitos com todo cuidado.
O Secma conclui que o prédio do IEMA é o lugar mais próximo ao Centro, mais acessível e com boas condições para receber provisoriamente o Arquivo Público.
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O Ministério Público Federal (MPF) oficiou, na última sexta-feira (17), o estado do Maranhão, por meio das Secretarias Estaduais de Infraestrutura e de Cultura, para o cumprimento de decisão judicial que determinou a recuperação do Arquivo Público Estadual do Maranhão (Apem).
Além disso, o MPF requereu, na última quinta-feira (16), que a Justiça Federal intime o governo maranhense sobre o descumprimento da medida.
A decisão liminar, concedida pela Justiça Federal em ação civil pública ajuizada pelo MPF em 2023, determinou que o estado do Maranhão submetesse ao Iphan, em até 180 dias, o projeto de recuperação do imóvel que abriga o Apem e que, em até 90 dias, regularizasse todos os equipamentos e meios de combate a incêndios do prédio, que fica no centro histórico de São Luís. Entretanto, até o momento, nada foi feito.
O MPF ressalta a importância da preservação do Apem, já que ele abriga um acervo documental de valor inestimável para a história do estado. O órgão assegura que seguirá acompanhando o caso de perto e adotará todas as medidas judiciais cabíveis para garantir a recuperação do prédio e a proteção do patrimônio histórico e cultural do Maranhão.
Apem em risco
O MPF tem atuado, desde 2023, para garantir a recuperação do prédio onde funciona o Arquivo Público do Estado do Maranhão, localizado no centro de São Luís e tombado pelo Iphan.
Em agosto daquele ano, o MPF propôs ação civil pública contra o estado do Maranhão, com pedido de liminar, visando a realização de obras de conservação e restauração do prédio, que passava por graves problemas estruturais, como rachaduras, infiltrações, mofo e risco de incêndio.
Uma vistoria feita pelo Corpo de Bombeiros constatou, na época, falta de equipamentos de segurança contra incêndio, como extintores e sistema de sinalização e iluminação de emergência no local. Mesmo com a
decisão judicial favorável, a situação permanece a mesma, o que coloca o prédio e seu acervo em risco iminente.
Histórico
O Apem foi criado em 1974 e tem como missão institucional, segundo o governo federal, recolher, organizar, preservar e divulgar os documentos de valor histórico ou permanente, provenientes dos órgãos integrantes da administração direta e indireta do estado do Maranhão.
Ele reúne um acervo do século XVIII aos nossos dias oriundos do Arquivo da Secretaria do Governo (17281914) e suas sucessoras (1914-1991) e do Arquivo da Polícia (1842-1963). Está constituído por aproximadamente 1,5 km de documentos textuais (manuscritos, datilografados e impressos) dos períodos Colonial, Imperial e Republicano, além de mapas, plantas, partituras musicais e discos.
LANÇAMENTOS / comemorações
Já está no ar o v. 27, n. 4 (2024) da Revista Licere!
Nesta edição, Victor Melo (UFRJ) homenageia Pablo Waichman, que nos deixou em dezembro. Autor do livro Tempo Livre e Recreação: um Desafio Pedagógico, foi professor e reitor do Instituto Superior de Tiempo Libre y Recreación de Buenos Aires, além de palestrante em diversos eventos na América Latina e Europa. Mestre de várias gerações, Waichman marcou sua trajetória com um olhar crítico e irônico, deixando um legado inestimável.
Acesse a nova edição (link na bio): https://periodicos.ufmg.br/index.php/licere/issue/view/2389
Primeira romancista brasileira dá nome à biblioteca inaugurada na sede da Prefeitura do Rio
Biblioteca inaugura na sede da Prefeitura do Rio leva o nome da primeira romancista brasileira, Maria Firmina dos Reis - Secretaria Municipal de Cultura
Considerada a primeira mulher romancista brasileira, a maranhense Maria Firmina dos Reis (1822-1917) dá nome à nova biblioteca inaugurada nesta sexta-feira (28/6/24), na sede da Prefeitura do Rio, na Cidade Nova. Pioneira na crítica antiescravista da literatura nacional, ela lançou “Úrsula” em 1859, com um feito impensável: um instrumento de crítica à escravidão por meio da humanização de personagens escravizados. A homenageada também foi a primeira mulher aprovada em um concurso público no Maranhão para ser professora de escola pública.
Na biblioteca estão reunidos cerca de 2,5 mil títulos literários, disponíveis para empréstimo. O mais novo equipamento oferece ainda internet e programação cultural frequente.
-A crueldade do racismo que existe nesse país é um projeto que infelizmente deu certo. Maria Firmina sofreu esse processo de apagamento de modo que nós não temos nem uma foto dela. Muitas pessoas não sabem que Maria Firmina era uma mulher negra, filha de uma mãe branca de um pai negro. Então, dentro desse contexto também que o prefeito Eduardo Paes sempre fala, me permito aqui como homem branco militar na luta antirracista. Nós precisamos ficar atentos a isso. Por isso nós fizemos questão de colocar a imagem da Maria Firmina aqui para que todos possam ver – comentou o secretário municipal de Cultura, Marcelo Calero.
Na literatura de Maria Firmina, os escravos são nobres e generosos. Estão em pé de igualdade com os brancos e, quando a autora dá voz a eles, deixa que eles mesmos narrem suas tragédias.
O contato de Firmina com a literatura começou em 1830, quando mudou-se para a casa de uma tia rica, na vila de São José de Guimarães. Aos poucos, a jovem travou contato com referências culturais e com outros parentes ligados ao meio cultural, como Sotero dos Reis, um popular gramático da época. Foi daí, e do autodidatismo, que veio o gosto pelas letras.
Esquecida por décadas, sua obra só foi recuperada em 1962 pelo historiador paraibano Horácio de Almeida em um sebo no Rio. Ainda hoje, seu rosto continua desconhecido. Se naquela época era praticamente impossível para uma mulher expor sua opinião contra a escravidão, imagine para uma mulher negra. Foi a estabilidade e o respeito alcançados como professora que abriram espaço para o lançamento de “Úrsula”, no qual enfim publicaria seu ponto de vista sobre o tema. O primeiro livro brasileiro a se posicionar contra a escravidão e a partir do ponto de vista dos escravizados – antes mesmo de “Navio negreiro”, de Castro Alves (1880), e “A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães (1875).
Pouco se sabe sobre outros possíveis textos de Firmina, bem como os detalhes de sua vida ou como uma mulher negra de origem pobre alcançou tanto sucesso em pleno regime escravocrata. A única certeza é de que seu nome continua rendendo frutos, sendo perpetuado na história e abrindo portas.
Serviço
Biblioteca Maria Firmina dos Reis
Funcionamento: De segunda a sexta
Horário: Das 9h às 17h
Local: Rua Afonso Cavalcanti, 455 – térreo da Prefeitura do Rio – Cidade Nova
LÍNGUAS FRANCAS E LÍNGUAS GERAIS
Quando uma língua acaba sendo mais difundida do que as demais e torna-se o meio de comunicação mais usado é chamada pelos especialistas de língua franca.
Ela permite que povos com diferentes culturas e línguas consigam se comunicar.
A língua Tukano, que pertence à família Tukano Oriental, é um exemplo.
Ela tem uma posição social privilegiada entre as demais línguas dessa família, porque se converteu em língua franca da região do Alto Rio Negro.
Há casos em que é o Português que funciona como língua franca.
Já em algumas regiões da Amazônia, por exemplo, diferentes povos indígenas e populações ribeirinhas falam o Nheengatu, a Língua Geral Amazônica, para conversar entre si.
O QUE É NHEENGATU?
A Língua Geral Amazônica, ou Nheengatu (ie’engatú = “língua boa”), foi desenvolvida entre os séculos XVII e XVIII, no que é hoje o Maranhão e o Pará, a partir da língua Tupinambá.
Falada em uma enorme extensão da costa brasileira O idioma serviu como meio de dominação religiosa exercida pelos portugueses durante a colonização, expandindo-se pela Amazônia junto com as missões, chegando até a alcançar as fronteiras com a Colômbia e a Venezuela! Isso aconteceu entre os séculos XVII e XVIII, no Maranhão e no Pará.
Aos poucos, o uso dessa língua intensificou-se e generalizou-se de tal forma que, a partir do início do século XVIII, ele acompanhou a expansão portuguesa na Amazônia, estendendo esse uso a todo o vale do rio Amazonas e afluentes. Subindo pelo rio Negro, o Nheengatu alcançou também a Amazônia venezuelana e colombiana.
A língua foi aprendida por grande parte dos colonos e missionários, e foi ensinada aos indígenas nos aldeamentos através da catequese.
O Nheengatu foi a língua mais falada na Amazônia durante todo o período colonial.
Ao longo dos séculos, o Nheengatu passou por muitas transformações, mas continua sendo falado atualmente.
Deixou influências tanto no português como nas línguas indígenas da região. Nos dias de hoje, essa língua geral é falada, especialmente na região do Rio Negro, por povos como os Baré e os Arapaso.
LÍNGUA GERAL PAULISTA:
Em São Paulo existiu outra língua geral que teve sua origem na língua dos povos Tupiniquim de São Vicente e do planalto de Piratininga, no atual Estado de São Paulo, que era um pouco diferente da língua dos Tupinambá.
No século XVII, já era falada pelos exploradores dos sertões, conhecidos como bandeirantes.
Por intermédio deles, a Língua Geral Paulista penetrou no interior de São Paulo, em Minas Gerais, sul de Goiás, Mato Grosso e norte do Paraná.
Fonte:
José Ribamar Bessa Freire
A língua que somos (2013)
Pesquisador, compositor, violonista e cantor filho de Cajari, na Baixada Maranhense, com 50 anos de carreira, músicas gravadas por tantos cantores ilustres daqui e de alhures, com uma discografia que honra a música e a cultura maranhense; lugar de primazia em festivais e teatros; prêmios de naturezas diversas; apresentações dentro e fora do País; um dos coordenadores do Festival Internacional de Música de São Luís, de 2022, de saudosa memória; a par de tudo isso, seu amor pela cultura do nosso Estado é de tal grandeza que ainda teve e tem tempo para exercer com a dignidade que lhe é própria cargos públicos em sua área de atuação.
Todo esse acervo imaterial que somente os grandes conseguem produzir fazem do mestre JOSIAS merecedor de homenagens pelo mundo afora. O IESTI sente-se honrado e feliz pela aceitação do convite que fez ao JOSIAS para ser patrono de sua Escolinha de Música a ser inaugurada logo mais. Uma humilde homenagem para um artista que reconhece que somos todos iguais perante Deus, mas, “não tira o chapéu para qualquer vagabundo...porque é cidadão do mundo”.
Registros do Sarau Pedra-Viva, em homenagem ao centenário de nascimento de Dagmar Desterro, realizado pela Academia Maranhense de Trovas, em parceria com a Academia Maranhense de Letras.
EDIÇÕES AOS DOMINGOS
EDITOR: VINÍCIUS BOGÉA, & OUTROS JORNAIS
VINÍCIUS BOGÉA
Listamos três filmes que mostram como o jornalismo vai além de noticiar fatos.
Filmes retratam os desafios do dia a dia de repórter (Foto: Reprodução)
Neste domingo, 16 de fevereiro, é comemorado o Dia do Repórter, uma homenagem aos profissionais que dedicam suas carreiras na busca pela verdade e à produção de informação.
O jornalismo, além de informar, muitas vezes desafia poderes e revela histórias que impactam sociedades inteiras. No cinema, algumas produções retratam esse universo de maneira intensa e envolvente, destacando os dilemas éticos e os desafios enfrentados pelos repórteres.
Entre os filmes que capturam essa essência, três obras se destacam: “O Abutre” (2014), “Spotlight – Segredos Revelados” (2015) e “Zodíaco” (2007). Cada um, à sua maneira, apresenta diferentes facetas do jornalismo investigativo, desde a ética profissional até a obsessão pela notícia. Todos os títulos estão disponíveis no catálogo da plataforma MAX.
“O Abutre” (2014) – O lado sombrio do jornalismo sensacionalista
Protagonizado por Jake Gyllenhaal, o filme retrata a ascensão de Louis Bloom, um homem que descobre no jornalismo policial uma oportunidade lucrativa.
Sem limites éticos, ele começa a registrar cenas de crimes e acidentes para vender a canais de TV, chegando ao ponto de manipular eventos para obter imagens ainda mais impactantes.
“O Abutre” levanta um debate sobre os limites do sensacionalismo na mídia e como a busca por audiência pode distorcer a informação.
“Spotlight – Segredos Revelados” (2015) – A força do jornalismo investigativo
Vencedordo OscardeMelhorFilme,“Spotlight”acompanhaaequipedo BostonGlobe queexpôsoescândalo de abuso infantil na Igreja Católica.
Com um elenco de peso, incluindo Mark Ruffalo, Michael Keaton e Rachel McAdams, o longa mostra a importância da investigação minuciosa e do compromisso com a verdade, mesmo diante de pressões externas.
A narrativa destaca o papel essencial do jornalismo na denúncia de injustiças e crimes sistêmicos.
“Zodíaco” (2007) – A obsessão pela verdade
Baseado em uma história real, “Zodíaco” acompanha repórteres e investigadores na busca pelo cruel serial killer que aterrorizou São Francisco nas décadas de 1960 e 1970.
O jornalista Paul Avery (Robert Downey Jr.) e o cartunista Robert Graysmith (Jake Gyllenhaal) mergulham na investigação, revelando como a obsessão por um caso pode consumir a vida de um repórter.
O filme de David Fincher é um estudo sobre o impacto psicológico do jornalismo investigativo e a frustração diante de mistérios não resolvidos.
O papel do repórter e o impacto da informação
Esses filmes mostram que o jornalismo vai além de noticiar fatos: ele pode influenciar sociedades, revelar verdades ocultas e até desafiar instituições poderosas.
No Dia do Repórter, vale refletir sobre a importância desse trabalho e como ele molda nossa compreensão do mundo. Seja através de grandes investigações ou da cobertura do cotidiano, a informação bem apurada continua sendo uma ferramenta essencial para a democracia e a justiça.
Para quem deseja se aprofundar no tema, essas produções são uma ótima escolha para entender os desafios e dilemas da profissão.
Editor: ANTONIO AÍLTON
PALAVRAS DE MEU MESTRE
JORGE OLÍMPIO BENTO
Professor Catedrático Jubilado da Universidade do Porto
jorge-olimpio-bento.pdf
Poderemos supor que o seu nome do meio, Olímpio, lhe terá aguçado desde menino a curiosidade e o fervor por galgar montes e lançar o olhar para o alto, para o que está mais além, no que podemos sintetizar, já sabedores da sua experiência de vida e de pedagogo, para o citius, altius, fortius, para os jogos e o estádio, para a cultura grega, para a filosofia, a Paidéia e a areté, para a paidia e o ludus, para ética e a estética, para o homo sportivus, para a dedicação da vida à educação e ao desporto, irmanados na fé da perfectibilidade de um ser que se quer mais humano, numa fusão de corpo-alma, razão e paixão. Tal como Jorge, o cavaleiro que não renuncia à sua fé e enfrenta a besta luciferina para livrar o bem do cativeiro, o certo é que Jorge Bento (JB) tem na sua vida veios de um cavaleiro andante, de um paladino do desporto, que faz da palavra a sua espada, da escrita lavrada o seu campo de batalha e da ética e estética o seu mote essencial.
Jorge Olímpio Bento, o pedagogo do desporto; Zélia Matos; Amândio Graça, RPCD 16 (S1): 52-64
Tempo de andebol: dias de sol!
O início da noite transata prenunciava que o dia viria soalheiro. O vaticínio cumpriu-se: hoje acordamos ensolarados.
Pois é, o desporto tem o condão de fazer milagres! A seleção de andebol operou muitos nos últimos tempos. A luz da alegria e euforia não deve obscurecer a memória e impedir-nos de evocar e valorar o passado do presente. A obra, que nos extasia, foi iniciada e erguida por vários obreiros. Celebremos os heróis de agora, sem esquecer os visionários de outrora. Não consigo nomeá-los a todos, mas não posso deixar de referir o sr. Luís Santos que presidiu, durante 21 anos, à Federação de Andebol de Portugal. Ele abriu os caminhos que estamos a andar. Ora, o começo, disseram os gregos, é a metade do todo.
Dia de sublimação
Tinha que pôr um bálsamo no desconsolo de ontem: os dinamarqueses foram perfeitos; para nós foi um dia não. Nada melhor do que vir à feira da caça em Macedo de Cavaleiros num exercício de sublimação. O almoço no restaurante Dona Antónia esteve supimpa: costelas e costelinhas de javali assadas na brasa, mais o arroz do mesmo com repolgas, sem falar na sobremesa, tudo um hino ao paladar para servir a vingança aos deuses e lhes fazer a merecida provocação. Sei que vos causo inveja; não é essa a intenção. Convocovos para vir a estas paragens; não delapidem a vida em vão!
Um nome!
Não tenho a pretensão de ser analista, nem de entender o bastante do jogo de andebol. Sou apenas um adepto apaixonado que não descarta a razão e gosta de dar a sua opinião. Todos se transcenderam, mas o Victor Iturriza foi o mais regular ao longo do torneio. Saúdo-o vivamente e nele os restantes!
Testemunho
O Paulo Pereira e o Paulo Fidalgo formam uma dupla extraordinária à frente da seleção de andebol, o primeiro como técnico principal e o segundo como adjunto. Isso é amplamente reconhecido; não venho, pois, aboná-los, nem pretendo colar-me ao seu mérito e sucesso. Quero apenas testemunhar que já eram ótimas pessoas, quando os conheci como estudantes. De então para cá melhoraram muito, graças à insatisfação e vontade, à inteligência, inquietude, ousadia e exigência que inspiram e afeiçoam a sua conduta. Não admira que hoje sejam como o vinho do Porto. Eis o subido privilégio e o enorme orgulho de ter sido professor de ambos. Bem hajam em todo o tempo e lugar!
Errar de novo, errar menos, errar melhor!
Não temos hipóteses de escapar ao cometimento de faltas, nem de atingir a perfeição: mas não estamos dispensados de procurar esta afincadamente. Creio que andaremos no bom caminho da vida, da educação, do treino, do jogo e da competição desportiva, se aproveitarmos os erros e falhanços como fonte de aprendizagem. Importa, pois, que não choremos sobre eles, mas que os lembremos para não repetir sempre os mesmos, para cometer outros menos grosseiros e para construir o património da experiência. Ficou para trás o Campeonato do Mundo de Andebol. Os nossos atletas foram bem-sucedidos por terem falhado várias vezes ao longo da carreira. Doravante, assim lhes desejo, vão errar de novo e de uma nova maneira, vão errar menos, vão errar melhor. É este o método para ascender ao pódio.
Instrumentalização do desporto O desporto é uma categoria antropológica e civilizacional. Na sua matriz inscreve-se a função de transcendência técnica, ética e estética, corporal, gestual e moral, ao serviço da melhoria do índice de civilidade. Como qualquer bem cultural e social é suscetível de instrumentalização para vários fins: ao lado dos intrínsecos e matriciais perfilam-se os extrínsecos, tais como: educação, socialização, saúde, reabilitação, inclusão, recreação, lazer, espetáculo, convivialidade, comércio etc. A proliferação de objetivos e ofícios não o desvirtua, exceto quando os fins primeiros são sufocados por abusos e perversões. Estão neste rol negócios sujos, corrupção, incivilidade, agressividade, conflitualidade e violência. O futebol tem sido terreno fértil desta involução. De resto, os seus agentes de topo não apreciam que ele seja designado como desporto;
preferem vê-lo tratado como uma indústria. Assim, ouvi com preocupação o discurso proferido por Pedro Proença na recente apresentação da candidatura a Presidente da FPF; nenhum parágrafo vinculou a entidade aos alvos primaciais do jogo desportivo. Insuflada pelos ventos da FIFA e da UEFA, a FPF parece ciosa de pertencer a um universo à parte dos ideais do olimpismo.
Urgência de substituição
Ouve-se e lê-se que o Ocidente se encontra em declínio, sobretudo a Europa. É necessário fazer uma distinção. Os interesses das elites defensoras do mundo eurocêntrico estão em alta; nunca como hoje elas concentraram tanto dinheiro e poder. Para isso recorrem à destruição dos bens que lhes asseguraram a hegemonia: a democracia, o humanismo e o universalismo, os direitos humanos, o primado da decência, da justiça e equidade, a aceitação do outro e diferente etc. Este património axiológico está a ser queimado na fogueira da avidez financeira; é isso que está em declínio e não o poderio acumulado pelo restrito grupo que tem nas mãos o destino europeu. A cegueira e a demência dos possidentes assemelham a Europa a uma cobra. Ela concitou o apreço universal à custa do sistema de princípios e valores da Modernidade; agora deita-os fora, quebrando o compromisso com os ideais que sustentaram a sua ascensão durante o século passado e não servem mais aos perversos interesses instalados no presente. Assim, a cobra não muda só de pele; morde com a língua venenosa o próprio rabo. Ora, a chefe da Comissão Europeia personifica os agentes mortíferos da Europa.
A criatura foge da prestação de contas ao tribunal da verdade, como um gato da água fria. Dissimula-se e esconde-se na floresta de atoardas e mentiras propaladas sempre que abre a boca em público. Mas não consegue eliminar o rasto de fraude que deixa no seu caminho; e talvez o pior ainda esteja para vir à luz do dia. Com esta senhora ao leme, a UE vai naufragar no mar de pirataria em que a política internacional se transformou.
Privilégio de competir
A competição é uma prerrogativa exclusivamente humana. Aos deuses está vedada essa oportunidade; não podem sujeitar-se à dor, à incerteza, ao insucesso, à tensão da vitória e ao amargor da derrota. Eles só sabem triunfar, sob pena de abdicar da divindade. Nós os humanos constituímo-nos e deleitamo-nos com o esforço, o risco e o suor. Nascemos predestinados a ganhar algumas vezes e a fraquejar muitas outras, a ter que aprender a fracassar, sem perder a face e a vontade de insistir, de recomeçar e de voltar a partir, de tentar e falhar uma e outra vez e jamais desistir. A isto chama-se viver: competir, exercitar e treinar com o sonho e a ilusão de progredir e florir. Escuta, ó agente e amante de espetáculos propensos a ofender e ferir: o desporto foi inventado para nos afastar do grunhir e afeiçoar ao sorrir!
Missão e destino
Quem elegeu e propôs o desporto para a designação de uma Faculdade, não fez essa escolha e proposta por recreação. Quis atribuir um objeto claro e uma exaltante missão à instituição. E aos quadros nela formados apontou um destino com muitos caminhos, todos conducentes a plena realização. Sim, foi com ousadia e, sobretudo, com visão que encerrou linhas reduzidas e abriu vias largas e multiplicadas de estudo e formação. Valeu a pena? Desde então o panorama científico, intelectual e profissional da área tornou-se uma espantosa floração.
Ensinamentos da idade
Os anos são professores que dão lições de vida. Ensinam que devemos procurar sempre a graça, jamais a artimanha. Devemos aprofundar as amizades, mas não podemos tratar todos por amigos. A tolerância do diferente é um valor; e a intolerância face à indecência e sordidez uma obrigação. O retiro no silêncio e na solidão recomenda-se para aprimorar o pensamento e o sentido da comunhão. A palavra não existe para adormecer no regaço da omissão; sai de cena apenas para se entregar à exercitação da melhor expressão. Ser agradável, generoso e gentil é uma busca de superação da congénita brusquidão; porém a ginástica para agradar a toda a gente é oportunismo e enganação.
Dois ditadores: Moisés e Kant
Moisés não imaginava os insultos que iria receber no futuro, quando inscreveu nos Dez Mandamentos uma série de obrigações e proibições. Hoje a legião dos vigaristas, onzeneiros e aldrabões, dos apagadores da memória e dos pregadores da mentira como verdade acusa o profeta, nos comícios, televisões, jornais e redes sociais, de ser ditador, por ter criado entraves à liberdade ou, melhor dizendo, à libertinagem de expressão e ação.
A acusação também atinge Kant, devido aos imperativos éticos que formulou e aos quais atribuiu valia universal e supratemporal.
Despedida e homenagem
Estive nas finais de Sevilha e Gelsenkirchen e noutros eventos, a convite dele. Adorava declamar o 'Cântico Negro' de José Régio. Talvez este poema lhe servisse de bússola. Recordo-o como vencedor de muitas batalhas. Perdeu hoje a última; não tinha condição para a ganhar. Ficam as inúmeras tardes e noites de triunfos que inundaram de emoção a cidade e levaram os nomes do Porto e Portugal a todo o mundo. E fica também o seu exemplo de edificador do impossível, que inspirou as instituições locais a transcender-se e adquirir dimensão internacional. Gratidão eterna!
Atenção às paixões!
As paixões são as forças mais importantes, poderosas e perigosas dos humanos. A sua hibridez requer a constante supervisão da razão, sob pena de se tornarem destrutivas e as diferenças descambarem para inimizade, ódio, raiva e aversão. O perigo e o potencial de desagregação estão sempre na ordem do dia; hoje não é exceção.
Palavras em tempo de guerra
Os tempos de guerra não são bons para as coisas humanas. Nem tampouco favorecem as palavras. Estas perdem a forma, sujeitam-se a metamorfose e convertem-se em sinais de agressão. E os textos assemelhamse a muros feitos de espesso betão. As bocas e as mãos andam sempre armadas de maniqueísmo, prontas a disparar contra as de contrária e discordante argumentação. Cheiram a pólvora e os olhos não veem para além da linha de discussão. Os que tentam usar vocábulos de conciliação, sofrem apedrejamento das hostes da desarmonia e desagregação. O dicionário de ontem caiu em desuso; o novo não tem verbos, apenas há nele grunhidos que significam desejos de exterminação.
Necessidade de aprender a nadar
O jornal ‘Der Spiegel’ (online), de hoje, contém uma análise de Markus Becker deveras interessante: “A Europa tem que aprender a nadar, ou vai afundar-se”. O autor discorre sobre a cimeira de ontem em Paris e conclui que os líderes europeus, mesmo após o choque recebido na Conferência de Segurança de Munique, realizada no passado fim-de-semana, preferem discutir em vez de se unir. Ora, é imperioso que isso mude; e o mais rapidamente possível.
P A Z
Não é apenas uma ausência de guerra. É, sobretudo, um ambiente de prevalência da justiça. Esta tem vindo a ser posta de lado; não é mais um marco orientador da política e da ação governativa nos países de regime dito democrático. Nos outros nem se fala.
Sentidos pêsames
Acabei de saber que o Professor Doutor Manuel Sérgio partiu. Apresento as mais vivas condolências à família e aos amigos. Descanse em paz, Professor, porquanto obteve nota muito elevada no exame da sua passagem pela vida!
Mercadores da morte
Nenhuma guerra é justa. Todas são expressões da cobardia, cedências à barbárie e atentados contra a civilização. A vida é um valor absoluto, sem preço e graduação.
Os dirigentes europeus proclamaram o apoio à Ucrânia “até ao último ucraniano”. A este lema, de uma crueldade fria e assustadora, contraponho: a mortandade tem que acabar; ninguém mais deve morrer!
Desejo o termo do conflito e que os vivos falem do horror experimentado e da perda injustificável dos mortos. Exige-se que os responsáveis, quer os políticos quer os adeptos da beligerância, prestem contas à consciência da Humanidade. A guerra podia ter sido evitada ou parada; preferiram vê-la prosseguir em nome de interesses que a história condenará severamente. Os acordos de paz não vão ressuscitar as centenas de milhar de vítimas, nem apagar os traumas dos estropiados e fugitivos; mas soltarão as vozes e os gritos de acusação. O dinheiro ensanguentado garante aos recetores uma existência refastelada; não será bastante para lhes limpar a alma surrada.
Dias de Don Quijote
“Sabe-te, Sancho, que todas estas borrascas que nos acontecem são sinais de que presto tem de serenar o tempo e as coisas devem acontecer-nos bem; porque não é possível que o mal nem o bem sejam duráveis; e daqui se continua que, tendo durado muito o mal, o Bem esteja perto... ” Miguel de Cervantes anteviu estes dias.
Aniversário do Padre Fontes
António Lourenço Fontes completa hoje 85 anos. É um barrosão que, por fora, veste a batina e, por dentro, possui uma alma cheia da escarmentada sabedoria transmontana. Sendo membro do clero e, por isso, preso à obrigação de celebrar missa e rezar, afirmou-se mais pelas atitudes de duvidar, interrogar e desafiar as leis de papas e bispos tomadas por divinas. Por exemplo, questionou a patética invenção e manutenção do celibato e a inerente sonegação aos padres do direito à integridade de Ser Humano. E entendeu que o ministério sacerdotal não se exerce apenas no interior de uma igreja e da sacristia; estende-se à animação da vida da comunidade que lhe está confiada.
O Padre Fontes nunca prescindiu de dizer o que pensava e fazer o que devia. Enfrentou a hierarquia e cuidou de se salvar, salvando as circunstâncias da sua terra e das gentes. Percebeu que a fé em Deus não implica virar costas à inteligência, às artes e aos saberes dos ancestrais. Assim, reavivou a cultura tradicional, as rezas, benzeduras e mezinhas e criou o Congresso de Medicina Popular de Vilar de Perdizes. Pregou ao país o regresso ao campo, convicto de que Portugal carece de renovar a identidade, de voltar às origens, às aldeias, casas e terras abandonadas. Tardou a ser escutado, mas o apelo vai, pouco a pouco, encontrando concretização. De tanto lidar com bruxas e ser acusado de bruxedo, tornou-se um confiável oráculo do futuro. Talvez por não tolerar freios nas palavras e ter a cabeça povoada de ideais e sonhos de bem-querer.
Epitáfio
Os chefes traíram-na; trocaram a autonomia política pelo servilismo ao imperador senil. Seguiram-no no caminho da mortífera confrontação. Jamais buscaram a via diplomática para matar à nascença a guerra ou para lhe pôr termo após a eclosão. Viram-na como rara oportunidade de humilhar e pôr os russos em genuflexão. Entretanto o imperador foi apeado. Os EUA e a Rússia sentaram-se à mesa e dividiram os despojos. A UE ficou com a criança nos braços, obrigada a prover-lhe o alojamento e sustento. Cega e descalça, guiada por líderes insanos e desconfiados uns dos outros, continuou a dar passos para o abismo mortal, perante o desdém universal.
TETA SECA
Percebe-se a desilusão de muitos atores mediáticos perante o possível encerramento da USAID pela administração Trump. A agência foi criada pelos ‘democratas’ para financiar a propaganda dos EUA no estrangeiro, para difundir e impor a democracia ou ‘pax norte-americana’. Conforme dados vindos a público, vários milhares de jornalistas e comentadores, largas dezenas de órgãos de (des)informação e ONGS, pelo mundo afora, nomeadamente no espaço europeu, têm recebido verbas daquela entidade. Se a teta secar, muita gente vai ter que procurar outra para continuar a mamar.
PS: O jornal ‘Berliner Zeitung’, do passado dia 14, revelou que a Comissão Europeia, antes das últimas eleições para o Parlamento Europeu, apoiou órgãos mediáticos com 132 milhões de euros. Qual a finalidade? A propaganda e a desinformação são hoje uma prática universal.
Guerra de procuração e traição
Quem, no início, tentasse olhar com ampla visão, via facilmente que se tratava de uma guerra de procuração. Ao afirmar isso, sujeitava-se a ser premiado com uma difamatória adjetivação. Todavia, houve gente que não se vergou à intimidação.
O povo ucraniano foi usado, como carne para canhão, pelos EUA e os líderes europeus que cotejaram o imperador e lhe lambuzaram a mão. Para eles era leve o custo: a juventude dos seus países não ia para o campo de matança e dizimação. Hoje coloco-me na pele dos dirigentes da Ucrânia e sinto a dor pela perda de soberania e de parcelas sagradas da Nação. Mas não desculpo a instrumentalização, que tenham caído no logro das promessas e persistido numa estratégia que conduzia à perdição. Deslumbraram-se com o papel de herói cioso de ouvir, em todo o lado, urras e aclamação. Não perceberam o enredo da tragédia: no final seriam rebaixados à figura de vilão. Agora de nada lhes vale pôr cara de surpresa e indignação. Tinham obrigação de conhecer o guião. Já havia sucedido o mesmo com outros atores e nenhum aprendeu a velha lição: Roma e os seus cônsules angariam prosélitos, porém nunca cumprem o combinado e, sem o mínimo remorso, cravam o punhal da traição.
O dever de falar
Não calarás! O silêncio vale apenas como tempo de aprender e escolher palavras, as melhores e mais necessárias para cumprir o mandamento de falar e nomear.
As palavras são charruas para amanhar a terra da Humanidade. Pedras para edificar a sua casa. Espadas para a defender. Olhos para a guiar. Tochas para a iluminar. Janelas para ela respirar. Mãos para a elevar.
As palavras dão sentidos ao sentido do viver. E este nasce do dizer. São o fio-do-prumo da construção da nossa Torre de Babel, e o ascensor da ânsia de subir ao Olimpo. Temos a medida das que falamos. As que ignoramos e calamos tiram altura à vida. Somos palavras; elas fazem-nos. São o nosso princípio e fim.
Visita ao Mestre
Vim, como romeiro, novamente à Barca d’Alva, pedir bênçãos e orientações ao Mestre Agostinho. Após as saudações habituais e a prestação de contas em relação ao tempo transato, perguntei-lhe como devo viver daqui para a frente. Ele não se enredou nos floreados da linguagem e foi direto e seco na resposta:
Inspira-te no exemplo dos ancestrais e duendes destes locais. Esborraçaram as fragas e pedras dos montes e ladeiras, arrotearam o chão áspero e nele plantaram amendoeiras, oliveiras e vinhas que carregam os úberes de amêndoas, azeite e vinho. Procura dizer, escrever e fazer, todos os dias, coisas com beleza semelhante à dos anfiteatros que nos circundam, extasiam e iluminam os olhos e a alma. Se assim procederes, quando chegar o teu final, alguém há de exclamar: morreu um poema; calou-se uma sinfonia!
ASSIM FALOU MEU PRIMO
OZINIL MARTINS DE SOUZA
Possui graduação em Geografia pela Fundação Universitária Regional de Joinville (1971). Atualmente é professor do Colégio São Paulo de Ascurra. Em 2017/18 exerceu o cargo de Secretário de Educação do município de Indaial - SC. De 2015/16 foi professor da Faculdade Metropolitana de Blumenau no curso de Administração. de 2012/13 foi Reitor do Centro Universitário Leonardo da Vinci; também exerceu o cargo de pró-reitor de ensino de graduação presencial do Centro Universitário Leonardo da Vinci e professor licenciado do Centro Universitário Leonardo da Vinci. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração, atuando principalmente nos seguintes temas: administração para resultados, avaliação e resultado, planejamento, negociação, competitividade e empreendedorismo
Meu primo, filho de Tia Negra, irmã de minha avó Alice.
LIMITE À LINGUAGEM E TERÁS UM POVO SUBMISSO
As mídias sociais estão, a cada dia, nos mostrando o nível de alheamento e ignorância do povo
Há livros que merecem ser lidos e relidos ao longo do tempo para que não nos esqueçamos, nunca, das mensagens expostas. Seus autores são pessoas que, com certeza, conseguiram visualizar o futuro e o deixaram expressos em livros. Neste elenco de escritores cito, sem esquecer os demais que ousaram no tempo, George Orwell e Aldous Huxley.
Só para citar um exemplo, o livro Admirável Mundo Novo foi escrito em 1932 e ambientado na Londres de 2540. A produção de crianças em série e com destinação do que farão na sociedade (Alfa, Beta e Gama), a eutanásia obrigatória e espontânea ao atingir a idade limite de vida independente de seu estado de saúde e, a dose diária de soma que ajuda a manter elevado o espírito de todos. A visão do autor começa a se tornar realidade em um mundo cada vez mais tecnológico e, digamos, que se desumaniza a passos largos.
Em 1984, livro de George Orwell, mais atual que nunca, há um conceito que propõe a limitação da linguagem como forma de submissão do povo. Portanto, nada mais natural do que regimes autoritários induzam o povo ao uso de linguagem chula e aceitem como normal os erros gramaticais alegando que a forma como se fala deve ser respeitada e aceita. Assim começa o “nivelar por baixo”.
Outro conceito exposto no mesmo livro é o de duplipensar. Faça com que as pessoas sejam confundidas invertendo a ordem das coisas. O que se vê hoje, em vários locais pelo mundo, são estes conceitos se transformando em realidade. Inverta-se o que está acontecendo; transforme a mentira em verdade; repitaa tantas vezes que ela se transformará em realidade.
As mídias sociais estão, a cada dia, nos mostrando o nível de alheamento e ignorância do povo. Jovens com telefone celular e uma pauta estão realizando entrevistas rápidas com outros jovens pelas ruas das grandes cidades. Perguntas óbvias, respostas esdrúxulas! Ao perguntar qual a sequência de uma música, a entrevistada respondeu incontinenti; ao pedir para cantar o início do Hino Nacional, silêncio!
Poderia ficar relatando inúmeros casos que, diariamente, são publicados nas mídias sociais. Triste é ver a juventude, totalmente, alienada. Enquanto a Inteligência Artificial começa a fazer parte do cotidiano e a substituir humanos nas atividades profissionais, os jovens cada vez mais aprofundam sua ignorância deixando-se levar por influenciadores.
Ainda bem que tem países que acordaram a tempo para o problema. Retornar à velha e boa escrita, ler bons livros, debater os assuntos atuais e que interferirão em suas vidas parece ser um bom caminho. Os países nórdicos largaram na frente, quem sabe o Brasil segue o exemplo. O idioma pátrio agradecerá a cada brasileiro que dele fizer bom uso!
Foto: Freepik
Floripa em um sábado pela manhã!
"Importante chamar a atenção para os artesãos, que com suas barracas, trazem vida à cidade"
9 horas e, dentro de um ônibus em direção ao centro, passo a fazer o que aprendi há tempos: observar!
Primeiro a beleza da paisagem ao longo de toda beira-mar norte. Sol forte, céu azul sem nenhuma nuvem e o povo se exercitando ao longo da avenida. Uns, mais jovens, fazendo sua corrida em busca da forma física perfeita, os mais vividos caminhando mais ou menos aceleradamente, aproveitando as delícias proporcionadas pela natureza. Ciclistas utilizando a estrutura disponível tiravam o máximo das suas bicicletas. É a vida, vivendo!
Ah! Importante chamar a atenção para os artesãos, que com suas barracas, trazem vida à cidade.
Enquanto olhava tudo que acontecia fora do ônibus percebi que, dentro, os passageiros esqueciam as maravilhas que estavam disponíveis para fixar seus olhos nas telas dos celulares que, provavelmente,
mostravam algo menos interessante. Mundo moderno! Esquece-se o que se oferece gratuitamente e o obriga a pensar, para fixar-se em algo que limita seu pensamento e o doutrina sem que o autor perceba. Como uso o transporte coletivo com alguma frequência as observações são inevitáveis. O número de usuários que param o ônibus para perguntar aonde vai é crescente; são pessoas, ou que não sabem ler ou não enxergam o que está escrito no letreiro. Também a se ressaltar o tratamento educado dispensado pelos motoristas aos usuários do sistema.
O destino, no centro, eram os Sebos da João Pinto e adjacências. Aí aparece a outra face da cidade. Apesar das obras de revitalização feitas pela prefeitura no centro, o efeito estético ainda não se faz notar. A aparência é de sujeira e algum abandono a começar pelo prédio dos Correios.
Ressalte-se a figura dos moradores de ruas. Problema que se agrava em todo o país, principalmente, nas grandes cidades. Do Mercado Público a João Pinto, grupos de moradores de rua começavam a se movimentar. Na Praça da Figueira em cada banco encontrava-se alguém que ali tinha passado a noite ou estava programando seu dia. Este é um problema sério e que deve ser encarado com soluções que atendam as necessidades da cidade e do povo ou, em pouco tempo, não será mais possível caminhar pelo centro da cidade.
Com o surgimento dos Shoppings, as grandes lojas migraram do centro das cidades para estes ambientes mais sofisticados e com recursos de segurança e lazer que o centro não oferecia. Com isto o centro foi entregue ao comércio popular, tipo tudo por 5 ou 10 reais e, mudou o perfil dos consumidores atraindo os moradores de rua que do centro fizeram sua casa. Esta observação é absolutamente sobre o que acontece e não tem nenhum juízo de valor.
Enfim, a cidade e seus contrastes!
Foto de Cassiano Psomas na Unsplash
É a tecnologia chegando ao trabalho intelectual
Sei, apesar de estamos em meio a uma crise econômica e política este não é o momento de abordar assuntos sérios. Estamos vivendo o tríduo de Momo que, em função de interesses comerciais e turísticos, passou a ser, em alguns lugares, de uma quinzena e, como é corrente em “Terra Brasilis”, o ano só começa depois do carnaval. Porém, como o mundo que trabalha não para, vamos aos assuntos que incomodam.
O governo, já visando a eleição de 2026, lançou dois programas com cunho eleitoreiro; o Pé de Meia e Farmácia Popular. No Pé de Meia foi feito o mais fácil, pois ao invés de investir em melhorias para a Educação como a infraestrutura de salas, tecnologias que aprimorem o aprendizado e qualificação de professores, decidiu-se pela compra da presença dos alunos, o que inflará o número de alunos formados e não garantirá uma formação adequada aos tempos que vivemos.
No Programa Farmácia Popular o governo garante, mediante receita médica, a entrega de 41 medicamentos gratuitos a quem tem e a quem não tem dinheiro para comprá-los. Recentemente vi um vídeo de uma proprietária de farmácia se queixando de comprar o medicamento por um preço e o governo reembolsá-la por um valor menor. Caridade com chapéu alheio…
Enquanto a China estende suas mãos em todos os segmentos da economia transformando-se, rapidamente e com o forte declínio da Europa, em grande rival dos Estados Unidos, “Terra Brasilis” continua dormindo em berço esplêndido e acreditando que o amanhã será igual ao hoje.
Estamos vivendo o auge da 4ª Revolução Industrial. A grande maioria das pessoas ainda não entendeu o alcance das mudanças e como elas serão atingidas. Há uma preocupação com o presente e não temos pressa ou interesse em analisar o futuro. Dois exemplos recentes sobre a evolução tecnológica e a eliminação de empregos.
O primeiro vem de Vacaria – RS; a empesa Rasip Agropastoril S/A, produtora de maçã (previsão de colheita para 2025 – 55 mil toneladas), selecionava cada fruta utilizando-se da observação visual de 100 trabalhadores. Atualmente esta seleção é feita eletronicamente; cada fruta é fotografada 200 vezes por um scanner que coleta os dados referentes a peso, cor, tamanho, defeitos e as direciona para o canal correto de armazenamento.
O segundo exemplo vem dos escritórios de advocacia! O Ross, primeiro advogado robô do mundo: ele seleciona, em segundos, milhões de documentos e sugere linhas de ação a serem seguidas; O Kim mostra os casos em andamento nos escritórios e o seu status; O Luminance lê com extrema velocidade documentos complexos e o Legal Cognitive que analisa dados de processos jurídicos. É a tecnologia chegando ao trabalho intelectual. Fonte: Exame Ed. 1129. São exemplos antigos e que afetam o mercado de trabalho de forma significativa.
Enquanto nossos políticos ficam brincando de olhar o mundo, ele continua a girar e a provocar mudanças profundas. A China está planejando lançar revolucionária usina de energia solar e produzir energia a partir do espaço e, a Xiaomi produz um carro a cada 74 segundos sem que haja necessidade de nenhuma pessoa no processo produtivo.
Enquanto a China forma 1, 4 milhão de engenheiros por ano, em “Terra Brasilis, pagamos r$200/mês para comprar a presença dos estudantes do Ensino Médio em sala de aula. Futuro? Que futuro?
A PÍLULA DOURADA
fevereiro 4, 2025 por A PENA DO PAVÃO, publicado em Crônicas, Opinião, Política https://doi.org/10.5281/zenodo.14802713
Nem tudo o que aparenta SER naverdade É.Ao menos aos olhos e imaginaçãodos queteolham esubestimam a capacidade dos outros de compreender as coisas.
É claro que de médico, advogado, economista e louco todo mundo tem um pouco. Mas alto lá! Nem tudo que reluz é ouro e quando a bijuteria é mal produzida dá pra perceber – mesmo quem não seja um expert na causa.
Recentemente, uma autoridade, num surto de criatividade semântica, decidiu que prejuízo não pode ser chamado de rombo. Talvez, se indagado, quem sabe dissesse que não pode ser chamado de “problema”, e sim de “desafio fiscal”, que “a coisa está feia” deveria ser substituído por “ajuste estrutural em andamento”, e que “ferrou-se” pode ser sutilmente traduzido como “necessidade de resiliência orçamentária”.
Afinal de contas, que diferença há em saber se é rombo ou roubo, diante da tentativa de explicar o que (propositalmente ou não) a confusão é grande, e há um esforço institucional para deixar tudo ainda mais nebuloso?
O ROMBO: COMO MÁGICA
“Onde está o dinheiro que estava aqui? O gato comeu?” Não! Ele estava mas não estava, porque apesar de ser dinheiro não se sentia como tal. É tudo uma questão de linguagem de gênero, no caso, generosa. Rombo é quando o dinheiro desaparece do cofre público, mas ninguém sabe direito como. “Foi o mercado”, dizem uns. “Foi a queda na arrecadação”, dizem outros. “Foram os juros”, diz um economista que parece sempre saber de tudo, menos como resolver o problema, por mais que a única alternativa encontrada seja taxar tudo. O importante é que o dinheiro sumiu, e agora falta para hospitais, escolas e aquele seu asfalto novinho que nunca chegou.
Como de hábito, a culpa, claro, não é de ninguém. O rombo é um fenômeno místico, algo entre a aparição do Saci e a tempestade perfeita no mar das contas públicas. “Não foi erro nosso, foi o destino”, grita um burocrata desesperado, enquanto tenta mudar os números para algo menos assustador. Lembra a criança que se defende da não acusação da mãe: Não fui eu!
O ROUBO: A MAIS
ANTIGA DAS INSTITUIÇÕES
Já o roubo, bem… Esse tem nome, sobrenome, apelido, alcunha e até partido. Roubo é quando o dinheiro desaparece, mas a diferença é que sabemos (ou imaginamos saber) exatamente para onde foi. Muitas vezes, para um paraíso fiscal, um apartamento com malas de dinheiro, um acervo de obras de artes, uma coleção de joias ou uma empresa de fachada registrada em nome de um laranja. O roubo não é um acaso do destino (ou seria um destino do ocaso?), é um plano meticulosamente executado com a dedicação de um artesão renascentista.
No roubo, há intenção, com vício, como já confessou um larápio que hoje ri dos seus eleitores ao se por como influenciador digital. No rombo, há incompetência, dessas que assistimos por mais de uma década como “nunca antes na história deste país”. No roubo, há dolo. No rombo, há um time de engravatados tentando entender onde erraram. Em ambos, o resultado é o mesmo: você, contribuinte, acordando cedo para pagar um boleto maior e no trajeto do trabalho ouvindo que é preciso que você “entenda como isso é bom pra você”.
QUANDO A POLÍTICA VIROU UM CARNAVAL (MAS SEM ALEGRIA)
Políticos adoram brincar com palavras. Eles não mentem, apenas “recalibram a narrativa”. Eles não estão quebrados, estão “passando por uma transição fiscal desafiadora”. E agora, rombo não é mais rombo, e talvez, um dia, roubo também deixe de ser roubo, quem sabe, por quimera (quem sabe!) você, também, deixe um dia de ser otário e vire definitivamente eleitor.
Mas a real é que, enquanto eles brincam de malabares com as palavras, a sua (nossa) vida, caro pagador de impostos, não é um carnaval. Seu orçamento não tem deficit, tem buraco. Seu dinheiro não some, ele é arrancado. E no final do dia, entre rombos e roubos, a conta sempre chega para quem trabalha de verdade.
Boa sorte. Você vai precisar, até para chupar laranja, comer picanha e, quem sabe, ter a consciência de que rombo é rombo, roubo é roubo, não há como dourar a pílula que já não é mais remédio: virou veneno.
fevereiro 6, 2025 por A PENA DO PAVÃO, publicado em Crônicas, Opinião, Política
Ano 13 – vol. 02 – n. 10/2025
https://doi.org/10.5281/zenodo.14825901
Revolvendo o passado a memória me remete ao Rio de São João onde passei boa parte de minha infância subindo em árvores, colhendo frutas, inventando brinquedos, pegando bicho de pé. Aliás, foi lá onde minha foto de infância tirada pelo meu pai em sua Roliflex, nu e segurando a alavanca de uma bomba que puxava água do poço, adornava a cada de meus pais ao lado das fotos dos meus irmãos.
O sítio de meu avô Pavão foi por onde vi passar patrulhas do exército em busca de comunistas. Para mim o alerta era que se não me comportasse eles me levariam.
Foi lá que vi, pela primeira vez, um pacote de leite dessa entidade que ganhou as manchetes no Brasil e no mundo (a USAID[1]) pelas denúncias feitas por mr. Michael Benz[2]. Era o programa muito conhecido com o slogan “Aliança para o Progresso” que a todos fazia curiosos e admirados pela potência americana.
Muito a propósito é bom esclarecer que AID, por si, se traduz como socorro, portanto, um substantivo que se tornou próprio quando o Bandaid invadiu as nossas vidas como curativo revolucionário. Ninguém mais buscava esparadrapo e gaze se podia usar o Bandaid que ganhou cores e formatos à disposição em supermercados e farmácias.
Mas vamos à AID que ganhou as manchetes.
A USAID é uma agência americana que foi criada em 1961 com propósitos humanitários e assistencialistas distribuindo ajuda das mais diversas naturezas envolvendo bilhões de dólares do contribuinte americano. Não se duvide que entre a solidariedade inicial, com fortes doses de influência ideológica contra o comunismo[3], essa organização tem visíveis propósitos assistencialistas que ajudou muita gente pobre e faminta no mundo. Mas não se trata de discutir aqui seu papel, útil e necessário, em um mundo tão desigual. Trata-se, sim, de saber da subversão de sua instrumentalização como um mecanismo de interferência nos destinos de povos soberanos ou não.
É claro que a tentativa de influenciar regimes é uma prática de qualquer superpotência, sendo lícito, assim, que se observe no viés humanitário de uma agência desse porte utilidade e necessidade como instrumentos de solidariedade. Mas parece que a coisa degringolou no governo que encerrou seu ciclo nos Estados Unidos. Assisti, ontem, à porta-voz da Casa Branca lendo uma breve lista de destinação de recursos da USAID para financiar eventos em que a diversidade sexual estava em destaque. É estarrecedor. Mas vi mais. Vi mr. Michael Benz fazer graves denúncias quanto a influências políticas, eleitorais e midiáticas no Brasil, fato tão grave que ontem mesmo (dia 05.02) foi iniciada a coleta de assinaturas na Câmara de Deputados para a instalação de uma CPI[4]
É claro que seria leviano neste momento atribuir responsabilidades falando de indícios como provas, forma habitual usada pela imprensa quando se opõe a pessoas que se opõem aos mantras dos programas de televisão. Mas indícios se graduam entre leves e fortes. Quando demonstrados, viram provas. Mas onde há fumaça há fogo.
Se reavivarmos a memória lembraremos que nos últimos anos a limitação de compra de álcool, a proibição do uso de determinados medicamentos, a imposição do uso de máscara, a obrigatoriedade de cartão de vacinação, a proibição de questionamentos de processos e procedimentos de pleitos eleitorais, a limitação e impedimentos impostos a candidatos e a eleitores, a proibição do uso de roupas com determinadas cores, a detenção desenfreada de pessoas, enfim, um apanágio de circunstâncias e fatos, inevitavelmente chegaremos a uma conclusão: mais do que um curativo o AID passou a ser um veneno porque erraram na
dose e por não saberem e nem terem como responder os discursos nos Estados Unidos passaram à fala de desqualificação de mr. Elon Musk, porque o mesmo estaria a destruir a USAID sem ser detentor de mandato eletivo.
Pois bem, esse senhor já fez pela humanidade bem mais do que a classe política inteira. Descobriu que há algo de errado. Se não houvesse os empregados da organização não teriam resistido a prestar as informações necessárias para acesso ao acervo. Como se o sujeito que consegue dar marcha à ré em um foguete não conseguisse acesso a registros digitais!
Não sei se as denúncias que assisti ontem em relação ao nosso país se confirmarão. Uma coisa, porém, eu espero: que não sejam varridas para debaixo do tapete como foi feito pela CPI da pandemia que agora foi desmentida pelo Congresso dos Estados Unidos, não passando de um picadeiro em que fanfarrões, covardes, oportunistas e mal-educados agrediram pessoas que ousaram discordar do enredo da pantomima.
Um país à deriva, fruto da cumplicidade engravatada, onde a sinalização é de tragédia, mais uma ferida surge. Acho que dessa vez não será coberta por um Bandaid. Mexeram com a liberdade e isso é uma lesão que causa danos irreversíveis em toda uma nação que sangra.
Than’ks Elon pelo TRUTHAID!
[1] https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/entenda-o-que-e-a-usaid-agencia-que-pode-ser-fechadapelo-governo-trump/?utm_source=chatgpt.com <Consulta em 06.02.2025>
[2] https://www.poder360.com.br/poder-congresso/bolsonaro-era-visto-como-trump-tropical-pelausaid/?utm_source=chatgpt.com<Consulta em 06.02.2025>
[3] https://www.scielo.br/j/rbh/a/wjJXsMbDd4tYt344xJss8sn/?utm_source=chatgpt.com <Consulta em 06.02.2025>
[4] https://www.gazetadopovo.com.br/republica/deputados-articulam-cpi-para-investigar-se-usaidinterferiu-nas-eleicoes-brasileiras/?utm_source=chatgpt.com <Consulta em 06.02.2025>
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PESSOA E PESSOAS
fevereiro 7, 2025 por A PENA DO PAVÃO, publicado em Crônicas, Poesia
Ano 13 – vol. 02 – n. 11/2025
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.
Mar Português, Fernando Pessoa
https://doi.org/10.5281/zenodo.14833658
Difícil não se apaixonar pela poesia de Fernando Pessoa. Mesmo quem não seja um ser com sensibilidade apurada, daqueles que continuam a afirmar que “homem não chora”. Mesmo esses terão sentido um dia a fagulha da alegria ao sentir o amor, por mais que em silêncio o sufoquem.
Mas há aqueles que se apaixonam pelo olhar sabendo que ele nunca envelhece, não importa o tempo. Só estes sabem, que poesia e paixão são como lençol e travesseiros, desarrumados por corpos ardentes e molhados. Por isso, é difícil não se apaixonar pela poesia de Pessoa, quando a pessoa passa por sua vida, singrando veias, ultrapassando o Bojador, deixando dor, levando alegria.
Nas nossas vidas muitas outras passam, mas há Pessoa e pessoas que, como diz Pessoa, precisam não ter alma pequena para que tudo valha a pena.
Quantos corações foram feridos? Quantos amigos despedidos? Quanta distância se alargou?
Eu lhes indago com incontida aflição, porque hoje o revelado ao mundo (posto que poeta eu não seja) é imundo, nefasto, abjeto e desprezível!
Lembram-se do tempo quando, com dedo em riste, os que se fingindo “santos”, indumentados em alvejantes batas, se proclamavam bem-intencionados, propunham uma única fala, como se ungidos fossem pela imensurável régua da ignorância desmedida, atrevida até, pela dimensão da arrogância.
Bem que eu vi; bem que eu disse; bem que ouvi, de poucos, mas não loucos, a reação enérgica e contundente de quem se sente gente e não abdica do bom senso para emoldurar cenários.
Parti de portos sem deixar saudades supondo que fossem amizades os desvairados devaneios de, outrora conhecidos, mas que se revelaram com o tempo apenas servis escravos ajoelhados a ideias nefastas, diria mesmo, criminosas.
Ah, Pessoa, nem sempre vale à pena quando a pessoa é pequena, porque atravessar o Bojador impõe segurar o leme, sem que se deixe escorrer a lágrima da saudade.
Mas o porto que se mostra no horizonte, nova vida se revela – quisera bela – para irradiar a verdade…, apenas a verdade, porque, mesmo na amizade, se lhe faltar pudor e firmeza, com certeza, foi apenas uma centelha que apagou.
Hoje, quando o mundo sabe o que nós poucos dissemos, gerando rastilhos de pólvora, eu me ajoelho a teus pés, Pessoa, para confessar que na agonia, dia a pós dia, eu quis saber se era amizade pura.
Não valeu a pena, então, posto pequena ser a ciência e o saber de quem amigo se dissera. Restou a quimera? Nem isso, porque a amizade foi manchada pela nódoa profunda.
Afinal, a ciência chega com revelações imundas para uma multidão moribunda, desmentida e traída, como que descartada por quem a fez serviu.
Que pena! Foi pequena, o que supus ser uma amizade.
Hoje, os que pautaram o mundo, sorriem da disputa, vendo a multidão inculta desnorteada e tonta, aos escândalos assistirem, como quem desejasse retornar no tempo e reaver momentos que, desmedidamente, não souberam viver.
Pessoa, são pessoas, afinal, mas sem a fina e bela alma de acalentar a calma para dizer contigo, que por mais que singre os mares, por mais que a tempestade abale, sempre haverá um porto a reservar um cenário, belo, calmo e alvo, onde tudo valerá sempre a pena.
Só hei de lamentar, Pessoa, pelos que tiveram a alma pequena.
GRAVATA E A FORCA
fevereiro 10, 2025 por A PENA DO PAVÃO, publicado em Crônicas, Opinião O uso do pano ao redor do pescoço dista no tempo[1]. Há quem atribua sua origem aos soldados mercenários croatas a serviço da França na guerra dos Trinta Anos. Eram só pedaços de tecidos usados para enxugar o suor nas batalhas. Só no século XX passou a ser usada como adereço, uma febre que logo foi incorporada à Europa francesa.
Nós que militamos no mundo jurídico a ela (a gravata) nos submetemos por necessidade e obediência formal e solene, afinal, o hábito faz o homem. Mas já imaginou esse adereço nos trópicos? Bom, nem discuto quanto inapropriado é exceto se o material de fabricação for uma boa seda.
Eu, particularmente, me adaptei ao uso da gravata borboleta, preferivelmente aquelas que demandam a feitura do nó. É um desafio prazeroso diante do espelho e, não há como negar, sinaliza um certo charme e distinção.
Não integro a horda dos estilistas e muito menos me insiro em um departamento que me forneça as gravatas. Se eu não lutar não as terei, como tudo em minha vida, como muitos outros contribuintes.
A quem possa supor diferente não pretendo, com minhas considerações, reprovar (não tenho competência) a manifestação mais exótica que se possa ter tido notícia durante todos os anos de existência do Supremo TribunalFederal. Em sessãoformalo presidenteresolveucomunicar queo STFteriaum novo “departamento” que havia lançado gravatas para os homens e lenços para as mulheres, todos com o logotipo da Corte e que teria ficado muito “bonitinho”. Pelo visto, o destino é de troca institucional de presentes como ocorre entre os chefes de estado ou governo em suas visitas.
Fez mal? Bom, a cada um cabe a opinião própria. A minha é de que bem não fez. Mas é preciso que eu diga para que o leitor não tenha a sensação de que sou dos que apenas critica por deleite, sem indicar os motivos Um tribunal com a dimensão do STF deve se preocupar principalmente com a sua função de guardião da Constituição, coisa que não tem feito com a propriedade adequada como minha cátedra permite afirmar. Além das competências e funções magnas o STF precisa se apresentar com observância ao eco que produz pelos seus membros. Há uma contribuição pedagógica a ser oferecida ao jurisdicionado e contribuinte e é indispensável que a autoridade compreenda que bons exemplos devem ser postos à disposição para que todos sigam.
Lembro de um conselho paterno de que “quem não pode dar exemplos não se meta a dar conselhos”. Pois é. A crítica contra si, muitas vezes reclamada pelo próprio STF, decorre (tirados os abusos) da reação aos exemplos mal dados por autoridades que se esforçam por abusar de aparições na mídia, como se estivessem sendo renumerados para exposição dessa ordem.
Não se engane o leitor. Em nenhum outro lugar do mundo que se possa considerar exemplo de admiração se vê membros da principal corte do país tão expostos quando no Brasil. Já os vimos até em palanques políticos. Que os adereços sejam produzidos não vejo nada demais. Mas o lugar disso ser informado não é o plenário, como se estivéssemos em um cenário de circuito de moda em passarelas de Milão, Nova York ou Paris, cenários de exibição de exuberantes veludos, sedas e algodões egípcios, adornados por joias de valores elevados. É uma corte de justiça e como tal demanda postura, discrição e recato dos seus membros, principalmente em um país que passa por momento de delicada situação econômica e social.
Para mim melhor mesmo seria produzir a Constituição da República, encadernada em couro, a ser distribuída para as autoridades. Ela dá a dimensão exata da soberania nacional do propalado Estado Democrático de Direito. Apenas incluiria na apresentação o reconhecimento expresso de que Constituição só se efetiva com respeito e cumprimento, o que demanda como requisitos o compromisso eo comprometimento constitucional.
A gravata, como o lenço, envolve o pescoço compondo a indumentária exigida pelo formalismo solene. Mas meios e modos são o laço que pode adornar a admiração pelo STF e que, se mal traspassado, vira um nó contra todos os que assistiram, atônitos, ao comunicado no mínimo inoportuno. E nó, registra a história em abundância, até a forca possui.
fevereiro 17, 2025 por A PENA DO PAVÃO, publicado em Ensaios, Jurídico, Política
“STF vai analisar aplicação da Lei da Anistia em casos de desaparecimento de pessoas na ditadura militar”[1]
A notícia desperta a atenção diante da coincidência (ou não) com o momento em que é discutida uma anistia para os fatos ocorridos no famoso 8 de janeiro, data à qual atribuem ter havido tentativa de golpe contra as instituições democráticas do Brasil.
Também coincide com a indicação de um filme ao prêmio do Oscar (Ainda estou aqui) que relata uma das páginas mais violentas da história do Brasil envolvendo um deputado federal, cujo desaparecimento permanecerá para sempre na memória dos familiares como daqueles que se interessaram pelo assunto.
Este breve ensaio destaca alguns aspectos apenas de problemas que trazem na bagagem a insistência em manter viva a lembrança do que a sociologia e a história devem preservar como fatos, mas que o direito já definiu objetivamente como esquecimento.
Por mais que se deseje indumentar o assunto de fantasia nova – o período é momesco, aliás – um fato é incontestável, como a Quarta-feira de Cinzas que chegará: o assunto é a Lei de Anistia – Lei Federal n. 6.683/1979, portanto, anterior ao advento da Constituição da República de 1988.
Vale registrar que a mesma lei já foi objeto de apreciação e decisão do mesmo Supremo Tribunal Federal, ao enfrentar a ação denominada de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n. 153, movida pelo conselho federal da OAB.
Na oportunidade a OAB pretendeu que fosse dada intepretação da lei conforme à Constituição de 1988, para declarar que “a anistia concedida pela citada lei aos crimes políticos ou conexos não se estende aos crimes comuns praticados pelos agentes da repressão contra opositores políticos, durante o regime militar”.
A lei, por sua vez, prevê:
Art. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 02 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou conexo com estes, crimes eleitorais, aos que tiveram seus direitos políticos suspensos e aos servidores da Administração Direta e Indireta, de fundações vinculadas ao poder público, aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciário, aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais, punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares.
§ 1º – Consideram-se conexos, para efeito deste artigo, os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes políticos ou praticados por motivação política.
§ 2º – Excetuam-se dos benefícios da anistia os que foram condenados pela prática de crimes de terrorismo, assalto, seqüestro e atentado pessoal.
[…]
O assunto, portanto, já foi equacionado pelo Supremo Tribunal Federal que, agora, ao pretender, obliquamente, encontrar na ocultação de cadáveres a hipótese de não incidência da lei de anistia reabre armários, para buscar ossadas, com categorias semânticas que dê a possibilidade de punição e, portanto, afastamento de incidência de uma lei aprovada pelo Congresso Nacional.
Juridicamente amatériaé daquelasqueexcitam adiscussãoquanto aoquese chamajustiça detransição,muito bem examinada em obra singular traduzida e expandida pelo meu caríssimo professor de doutorado Dimitri Dimoulis[2]
A temática gira em torno de saber qual lei aplicar aos fatos ocorridos durante um estado de exceção que veio a se tornar democrático. Autoridades são convidadas a opinar e o fazem de diversas maneiras, servindo ao meio acadêmico como rica fonte de estudos.
Afinal, no caso do Brasil, essa justiça de transição acolheu a recepção da lei de anistia, por entender que o período de transição impunha uma interpretação política dos acontecimentos, sendo certo que a recepção constitucional foi a solução encontrada majoritariamente.
Quando do julgamento da ação da OAB o voto condutor e majoritário foi produzido pelo então ministro Eros Grau, que optou por uma interpretação histórica e política também, enfatizando que “o legislador procurou estender a conexão aos crimes praticados pelos agentes do Estado contra os que lutavam contra o Estado de exceção. Daí o caráter bilateral da anistia, ampla e geral.”
Penso, neste breve ensaio, que o assunto, por mais que possa desagradar a tantos dos que com ele se envolveram e neste momento se envolvem, não deve impor censura ao que já foi declarado pelo próprio Supremo Tribunal Federal e que se tornou, gostemos ou não, fato material julgado, o que o torna não mais sob o crivo de elucubrações semânticas a produzirem nada além do que a reabertura de feridas, o sangramento de corações e o estímulo a um interminável sentimento de rancor.
Objetivamente o Direito declarou a validade da lei que antecedeu a Constituição, adotando os parâmetros do inexcedível Hans Kelsen, para consignar que a recepção se convalida pelo reconhecimento da ordem jurídica vigente.
Por outro aspecto, sociológica e historicamente, os acontecimentos merecem abordagens como memória, mas politicamente é necessário que se eduque as pessoas, para que compreendam de uma vez por todas que, nos sistemas democráticos e representativos, a última palavra do Poder Judiciário se cinge ao plano da validade. O conteúdo escapa à competência do Supremo Tribunal Federal.
Por fim, embora não por último, o que é inaceitável diante dos acontecimentos são manifestações que obstem uma proposta de anistia hoje sobre fatos que mereceram avaliações divorciadas de mínima razoabilidade e proporcionalidade.
O batom que sujou o monumento pode até levar à punição, mas não sob a espada desmesurada de uma pena alheia a qualquer individualização.
O império da lei é a única alternativa que deve ser aceita em uma sociedade cujo nível de civilização permita ser chamada de Estado Democrático de Direito. Ninguém pode se por acima da lei.
Ou há a definitiva compreensão de que não se apagará da história o que houve no passado e dele se recolha os exemplos que nos possam fazer evoluir ou mergulharemos nesse pântano de ódio e rancor, produzindo vinganças.
[1] https://noticias.stf.jus.br/postsnoticias/stf-vai-analisar-aplicacao-da-lei-da-anistia-em-casos-dedesaparecimento-de-pessoas-na-ditaduramilitar/#:~:text=O%20Supremo%20Tribunal%20Federal%20(STF,permanecem%20até%20hoje%2 0sem%20solução. <Consulta em 17.02.2025>
[2] O caso dos denunciantes invejosos: introdução prática às relações entre direito, moral e justiça, 4ª. ed., rev. e atual. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, “Com tradução de texto de Lon L. Fuller parte da obra The morality of Law”.
TRIBUTO A GRAÇA ARANHA
OSMAR GOMES DOS SANTOS
No último dia 2 de fevereiro de 2025, tive a honra de ser empossado como membro fundador da Academia Literária do Maranhão (ALMA), em cerimônia realizada no auditório da Associação dos Magistrados do Maranhão. Oevento contou com apresençadopresidentedaAcademiaMaranhensedeLetras, desembargador Lourival de Jesus Serejo Sousa, que nos prestigiou assinando os 25 (vinte e cinco) diplomas dos acadêmicos empossados.
Foi umanoitededomingo memorável, marcando o nascimento grandiosodaALMA,compostaporum quadro de literatos da mais alta qualidade, todos comprometidos com a missão de honrar seus pelerines, colares e, sobretudo, a história cultural e literária de São Luís e do Maranhão.
Salve a ALMA!
Nesta ilustre instituição cultural e literária, coube-me a honrosa missão de ocupar a Cadeira de número 5 (cinco), cujo patrono é o notável intelectual e imortal Graça Aranha. A ele dedicarei, doravante, algumas palavras, ainda que sucintas, pois sua relevância transcende este singelo tributo e certamente continuará sendo objeto de estudo e reflexão ao longo do tempo.
Graça Aranha: José Pereira da Graça Aranha nasceu em 21 de junho de 1868, na cidade de São Luís, Maranhão. Filho do advogado e político José Maria da Graça Aranha e de Maria do Socorro Pereira da Graça Aranha, oriunda de uma tradicional família maranhense.
Foi advogado, diplomata e escritor, destacando-se como uma das figuras centrais do Modernismo no Brasil. Formou-se em Direito pela Faculdade do Recife e, posteriormente, estabeleceu-se no Rio de Janeiro, onde exerceu a advocacia.
Como diplomata, foi secretário da Embaixada do Brasil em Paris de 1904 a 1910. Durante esse período, teve a oportunidade de conviver com uma notável plêiade de artistas e intelectuais europeus, o que influenciou profundamente sua trajetória intelectual e literária.
Graça Aranha demonstrou grande interesse por psicologia e filosofia, sendo o Modernismo um marco essencial em sua produção literária. Sua primeira obra, o romance “Canaã”, publicada em 1902, explora a relação entre o homem e a natureza. Em 1911, lançou “Malazarte”, uma narrativa que aborda questões como memória, loucura e identidade. Já em 1921, publicou “Estética da Vida”, obra fundamental que discute arte e existência.
Graça Aranha, um dos principais nomes do Modernismo Brasileiro e da Semana da Arte Moderna de 1922, influenciou expoentes como Oswald de Andrade e Mário de Andrade, ao mesmo tempo em que foi impactado pelo pensamento de grandes nomes da filosofia e literatura europeias, como Friedrich Nietzsche e Henri Bergson.
Antes de suas grandes obras, escreveu artigos e contos em jornais, destacando-se a coletânea “Contos entre Amigos”, publicada em 1899. Seu legado permanece vivo, inspirando as gerações presente e futura.
Viva Graça Aranha! Viva a ALMA, que já nasceu gigante!
Osmar Gomes dos Santos
Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras, Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.
ByRevista Incomunidade
CÉU UTÓPICO PARA FAMÍLIA AMARELA
família, pano de parteiras e toalha de mesa rasgada és a única que carrego na ausência da mãe
estranho os sobrenomes em árvores que os formulários de carreira exigem para sondarem meu pedigree se sou joão-de-barro ou se sou joão-ninguém
pedem-me isto e aquilo e vendem-me um apartamento micro: que eu não seja prolífico em filhos nem transgrida os quadrados que eu seja dado a prazo como quem confere paraísos ao relento
margens de um horizonte pré-determinado tudo quanto flui seja morno e destroçado que não tenham portos os postes da noite no mais, insistem que eu banque o previamente imputado amanheça inseto transformado e esconda em algum lugar de mim meus sonhos, minhas libertinagens
que meu chip de compras seja um título rastreado on-line a escorraçar meu braço de ciborgue que à noite eu faça ponto na zona de conforto – depois de esbanjar afeto num velho comercial de televisão
dois cliques e nos colocam na moldura para estarmos lá, pendurados em um banco amarelo família, cifrão cortado trago o teu riso congelado folder, utópica flâmula tremulando aos poucos minha casa se retira nas beiradas que prenunciam a distância
CARTA À FILHA
O mundo é sujo, filha, estende o teu vestido e então por dois dias espera teu marido se ele não vier, vive tua lenda respeita a ti mesma e costura tua renda
Que dos maridos o inferno está cheio o inferno, o Outro da ordem caseira De muitas mulheres eu mesmo fui vampiro eu mesmo fui o estrago, o pinto o trouxa o pato
Toda palavra pode ser mais doce e algumas são tão doces quanto a passa da madura fruta e refletida
Explode as palavras, e o silêncio insiste em que trabalhe a teu favor para ouvires o que nasce e pulsa em ti
PREPARAÇÃO
os homens estão limpando as canaletas caiando o meio-fio dos dois lados da rua ainda não é novembro, mês em que também se limpam os cemitérios e deixam as tumbas brancas para visitas é agosto, 02 de novembro é o dia de finados 15 de novembro é o dia da república adiantado para outubro agora os homens se alegram e limpam as canaletas e os meios-fios por onde descem os esgotos que sepultavam as ervas das calçadas desde há muito nossos avós limpam os cemitérios para que os defuntos possam respirar e receber flores em novembro há dias em que se deve estar limpo e colocar roupa de festa, um vestido de cor é como se ressuscitássemos para colocar brilho nos olhos antes de nos casarmos com a morte.
ANTONIO AÍLTON (1968) é poeta, professor e pesquisador na área de Crítica Literária. Tem 6 livros de poemas publicados, entre os quais alguns premiados, sendo o último A Camiseta de Atlas (2023). É atuante no panorama cultural da cidade de São Luís, Maranhão. Membro da Academia Ludovicense de Letras (ALL) e editor do site Sacada Literária. e-mail: ailtonpoiesis@gmail.com site: https://sacadaliteraria.com.br
Roberto Costa
Emabrilde2020,apósumasemanadeinternação emumhospitalemSãoLuís,tomeiumadecisãoimportante: depois de quarenta anos como cirurgião-dentista, decidi me aposentar. Essa escolha surgiu devido à contaminação que sofri ( COVID) aliada ao fato de que meu consultório estava aberto a todos e eu não poderia identificar quem estava ou não contaminado, além de não ter sintomas. Após minha recuperação, optei por fechar meu consultório e minha clínica, com o apoio da minha esposa e da minha filha, que estava grávida na época.
A decisão, à primeira vista, foi simples, movida pelo medo de uma nova contaminação, especialmente porque a crise ainda estava no início. Durante a quarentena em casa, minha esposa Lu e eu nos sentíamos como monges isolados, sem sair para nada. Nesse período, comecei a refletir sobre o que fazer agora que estava aposentado, temendo o tédio e a possibilidade de depressão. Pensei em várias alternativas, não relacionadas à odontologia: escrever um livro, reunir poemas que já tinha escrito, ou até mesmo viajar mais. Quando comuniquei minha decisão a Lu, ela logo respondeu que era “impossível”. Lu não é uma pessoa que gosta de ficar em casa; ela ama seu trabalho, seus pacientes e vive para isso. Compreendi sua perspectiva, e ela acabou assumindo a direção de um hospital pediátrico, enquanto eu buscava novos caminhos. Assim, decidi me reinventar. Escolhi ser “donos de casa” (risos). Com isso, estabeleci uma nova rotina: todas as manhãs, Lu e eu fazíamos uma caminhada de cinco quilômetros na orla. Depois disso, enquanto ela se preparava para o trabalho, eu cuidava de algumas tarefas domésticas, como fazer café, lavar louças e organizar a casa. O dia passava entre conversas e risos durante o café da manhã, e, após a saída de Lu, eu preparava o almoço, aproveitando as saladas que ela preparava à noite. Depois de um banho, eu iniciava meu dia acadêmico, dedicando-me a leituras e escritos. À tarde, limpava e organizava a casa, para finalmente relaxar em uma rede, lendo crônicas, poesias ou contos. Adaptar-me a essa novarotinafoiumaprendizadoe,atéhoje,nãoreclamo;acabeimeacostumandoe,surpreendentemente,gostei da experiência.
Agora, uma das minhas maiores alegrias é ser avô profissional. Não há nada mais gratificante do que essa função. Recebo mensagens dos netos pelo WhatsApp todos os dias, perguntando se posso buscar a Lara no piano, levar o Theo para a natação e judô, ou pegar a Lais (minha fashion) na escola e depois levá-la ao vôlei. Cada pedido da Sophia, minha pequena artista e escritora, é recebido com felicidade. Também tenho dois netos texanos, Nicholas e Júlia, que visito uma vez por ano, dedicando tempo somente a eles. Espero ansiosamente que o Lucas, que tem apenas cinco meses, possa ser liberado pela mãe para passar dias comigo. Mal posso esperar para levá-lo para a natação, sua primeira atividade esportiva já escolhida por mim. Entre todas as minhas mudanças, ser avô profissional é a mais gratificante. E não posso esquecer do nosso dia especial, o "Dia dos Netos". Todas as sextas-feiras, busco cada um deles na escola, e juntos vamos almoçar e nos divertir. Estou ansioso pelo momento em que o mais novo, com apenas cinco meses, se junte a nós. Assim serei, sem dúvida, o avô mais feliz do mundo – aposentado, dono de casa e avô profissional.
NOSSAS TARDES DE SÁBADO
ROBERTO COSTA
Para muitos os dias felizes se perdem no esquecimento, para mim os dias felizes ainda guardo e vivo em total lembrança. Na adolescência o dia da semana mais marcante eram os sábados, dia guardado para os esportes, as paqueras, um dia para conversar e rever nossos amigos e amigas, dia reservado para ver aquela menina que sem a coragem de chegar perto íamos nos olhando e assim, como se dizia na época, paquerando a mina. Assim eram os sábados no Clube Jaguarema.
Meus sábados eram maravilhosos, muito emborapara chegarnoClubeJaguarematínhamos queenfrentaruma verdadeira viagem de ônibus, enfrentar os coletivos cheios, porém valia a pena qualquer sacrifício, pois eram sábados fantásticos.
Aoentrarnoclubecomsuaarquiteturasupermodernaparaaépoca,subíamosumaescadaquenosdavaentrada à área de piscina e salão de festa, assim como o acesso aos campos e quadras de esportes. Nos dirigíamos para o campo maior onde o diretor de esporte distribuía a camisa dos times para a nossa idade, times como o Patriota Jaguar, etc. Como minha aptidão não era com as pernas, geralmente me sobrava a camisa do goleiro e assim iniciávamos nossos sábados com uma pelada muito bem disputada. Ora saíamos felizes, ora saíamos cabisbaixos por conta ou do goleiro ou dos goleadores que não marcavam os gols.
Terminada a partida, íamos todos para o vestiário, passando sempre pelas quadras de tênis e de vôlei, sempre muito disputada, onde após tomar um banho ou íamos para a piscina ou fazíamos uma sauna maravilhosa, intercalada por uma bela massagem do ex-jogador Baé. Terminando esse ritual, dirigíamo-nos até o bar onde tomávamos um belo sorvete de chocolate na casquinha, sempre muito bem servidos pelos excelentes garçons Batatinha: marca registrada do clube, nosso amigo conhecia a todos os frequentadores assim como as nossas famílias, batatinha era uma espécie de garçom amigo, além de nos servir tinha uma ótima conversa a respeito do clube e de futebol. Outro grande amigo e garçom que passava por todos e cumprimentava um por um era Menezes, que era um garçom seletivo, pois só atendia a ares da sinuca que era reservada para os decanos do clube, os fundadores, os mais abastecidos financeiramente etc.
Até as ruas em que passavas, os lugares que frequentavas em todas as fases de tua vida, clamam pela tua volta. Não sei quanto tempo faz. Dizem aqui que foi há quatro meses que partiste, sei sim que existe uma lacuna enorme em minha vida. Sabe, um dia escrevi uma poesia pedindo a Deus que transformasse essa saudade maldita que tenho por ti em lembranças, lembranças do que fizemos, do que passamos, e é assim que te homenageio hoje, meu irmão!
Aslembrançassãodeum tempovividoemnossacidade,sãolembrançasdecarnavais,defutebol,dedomingos na praia em companhia da Gabriela, lembranças das noitadas depois que saíamos das casas de nossas namoradas, lembranças do Filipinho, do Bairro de Fátima, da URBV, onde por motivos que até hoje não sei o porquê, ganhei a aposta quando fiquei com a rainha, lembras?
Lembranças de expressões que eram só tuas, como: “EU QUERO É CEGAR!”, e aquela do carnaval em Salvador onde estavas com Socorro, Aida e toda afamília: “BEBER,CAIR E LEVANTAR!”, e muitas outras. Lembranças não muito divertidas, das praias no dia de semana quando estávamos de férias, aquele churrasco com areia da praia, horrível.
Dentre todas as lembranças, a que me dá mais saudade é a tua falta nos sábados lá em casa. Sinto muito, até hojenãotenhomaisaquelepiqueparafazeralgoafimdenosencontrarmos.Otempo,senhordetudo, apressou em realizar meu desejo, são quatro messes sem a tua presença, ainda bem que não consigo ficar mais triste, não consigo mais sofrer pela tua ausência, pois saiu a saudade e entraram as lembranças. Pois é assim que penso, meu irmão, não mais naquela saudade dolorida e sim nas boas lembranças. Sei que estás bem, e te confesso uma coisa, às vezes agradeço a Deus a tua partida tão rápida, não aguentarias ficar sofrendo com tratamentos que no fim não dariam em nada. É isso, perdi um grande amigo, perdi um irmão, perdi um companheiro, mas em compensação ganhei as lembranças que estavam adormecidas. Não sei se algum dia nos veremos, caso seja possível, com certeza sairei correndo ao teu encontro e dar-te-ei um enorme abraço, para compensar a falta que te fiz passar em não me despedir de ti naquele momento. Um beijo muito amado, meu irmão, ainda te amo muito!
ROBERTO COSTA
Mais um dia se encerra e, assim devo retornar ao meu lar. Ao chegar, encontro a casa na escuridão, onde o silêncioéoúnicomoradoremeacolhe.Asluzesestãoapagadas;nãoouçonada,nãovejonada. Imediatamente paro e, para minha surpresa, me vêm à mente as lembranças de risos, da televisão ligada, do choro de alguém e das vozes que ecoavam. Agora, só há um mundo de penumbra e silêncio ao meu redor. Sinto uma vontade imensa de voltar no tempo e, mais uma vez, optar pela paciência em vez do estresse das situações de fim de dia. Tenho saudades do barulho que antes me incomodava, da agitação, das queixas e reclamações. Assim são nossas noites ao voltar para casa: um vazio sem nada para reclamar. O que antes era irritante agora me falta, e o silêncio me consome, levando-me às lágrimas. Vejo apenas lembranças dos meus filhos, que hoje são adultos, capazes de construir uma família linda. Como pai, percebo a importância de ter alguém que me irrita, que ocupa meu espaço. O silêncio, essa eterna companhia consome meus Setenta anos, sufoca e machuca mais do que um grito, uma birra ou um choro. Sinto falta do choro, do colo ocupado por alguém. Trocar meu silêncio pela algazarra dos meus filhos seria um desejo realizado.
E assim, aviso que a reclamação de hoje será a falta de amanhã. Aquele que tem não valoriza; quem perde, apenas vive de arrependimentos e memórias.
Passando pela casa que morei na adolescência juntos dos meus pais vejo que ali mora atualmente só as lembranças, como se o tempo quisesse guardar a história dos momentos bons que vivemos. Sempre paro em frente ao portão, olho para o corredor que me leva de volta à casa dos meus pais, onde passei tanto tempo. Eu sonhei em me libertar da convivência familiar e formar minha própria família, mas foi lá que aprendi sobre a vida. Naquele lar, derramei minhas primeiras lágrimas e vivi sorrisos verdadeiros e falsos. A casa foi minha escola, onde cresci e completei meus quinze anos, onde iniciei a adolescência cheia de sonhos.
A lembrança da convivência com meus irmãos e pais traz uma carência que terei que carregar por toda a vida. Dentre os muitos dias que passei lá, o que mais sinto falta são os domingos, depois que nos tornamos adultos e formamos nossas famílias. Era quando nos reuníamos para compartilhar segredos, mostrar afinidades e diferenças, e sentir o calor que um dia nos uniu.
A casa dos meus pais traz alegria e tristeza. Sinto falta dos dias vividos, da palavra reconfortante de mãe e pai, das almoços em família, do lanche da tarde e das bolachas com cola e manteiga. Também recordo as tradições, como o ritual do meu pai, que, após visitar o cemitério, voltava para casa e se acomodava para desfrutar de sua bebida favorita. A ausência do riso da minha mãe me marca, como se seu sorriso só existisse para ela. Por que sentimos saudade do que passou? Acredito que a saudade é a confirmação de que vivemos momentos gloriosos. Mas, ao revisitar essas recordações, percebo que deveríamos ter vivido cada instante com mais atenção, como se assistíssemos a um filme, para não perder nenhum detalhe.
Casa da minha vida, casa dos meus pais, casa da minha família, guarde para sempre minhas lembranças. Estas jamais serão esquecidas.
ROBERTO COSTA
Faço parte de uma geração de maranhenses que aprendeu a festejar o carnaval nas ruas, nos corsos, com o mela-mela, o rodó com sangue do diabo, a maizena, as escolas de samba, blocos tradicionais e tribos de índio, alémdas casinhasdaroça.Tiveasortedeviverem umtempoemquenossocarnaval eraconsideradooterceiro melhor do país. Lembro-me dos bailes do Lítero, do Jaguarema e do Cassino Maranhense. Naquela época, não existiam desfiles de escolas de samba, passarelas ou as imitações que hoje fazem do carnaval maranhense algo sem originalidade, perdendo sua verdadeira essência.
A rivalidade entre o Jaguarema e o Lítero era uma característica marcante dos carnavais de clube. Eu costumava frequentar o Jaguarema nas festas noturnas e o Lítero nas matinais, sempre aos domingos. Após as festas, íamos para as ruas, para o circuito carnavalesco da nossa cidade. No Jaguarema, a festa era realmente grandiosa, com desfiles de fantasias e eventos muito concorridos. O carnaval nas ruas era maravilhoso, sem a necessidade de passarelas; nosso carnaval era genuinamente de rua.
Na minha infância, o carnaval acontecia na Praça D. Pedro Segundo, em frente ao edifício João Goulart, onde estavam os estúdios da Rádio Difusora 680 AM e da TV Difusora, de propriedade do Dr. Magno Bacelar. Nos microfones, ouvíamos FernandoSousa,JoséBranco,JotaAlves, entreoutros,edepois assistíamos aosdesfiles pela TV Difusora, canal 4.
As festas do Jaguarema eram sempre lotadas. Era difícil conseguir entrar, e precisávamos chegar cedo, pois a fila muitas vezes se estendia da porta do clube até o Educandário Santo Antônio. Assim que chegávamos e encontrávamos nossa mesa, esperávamos meu amigo, o famoso garçom Batatinha, que trazia as garrafas de cerveja em sua sacola de pano. Que saudade! Fazíamos nossos pedidos, sempre acompanhados do melhor camarão no espeto do mundo e sua inesquecível farofa. Olhares trocados, paqueras, amores, sorrisos e acenos trazem lembranças fantásticas.
Os desfiles eram uma festa à parte, com renomados cabeleireiros e estilistas de São Luís se apresentando. O mais aclamado, que recebia aplausos e até gritos pejorativos, era o famoso Bezerra, um dos cabeleireiros mais conhecidos da cidade. Nosso carnaval era incrível, especialmente o carnaval de rua, com blocos sujos, escolas de samba e blocos tradicionais. Assistíamos a tudo na rua e na praça, onde o circuito começava na Praça Deodoro e descia pela Rua do Sol, onde morava a avó da minha Lu, sempre uma parada obrigatória para um lanche. Tudo era deslumbrante. A violência quase não existia; tudo era carnaval, tudo era brincadeira. Íamos vestidosdefofão,bermudaeroupasdivertidas.Nãopossoesquecerdanossavelhamaizena,ofamoso carnaval mela-mela; quem não queria se sujar ficava em casa.
As lembranças de um carnaval não tão distante doem quando assistimos na TV às imitações dos carnavais do Rio e São Paulo. Hoje, o poder público gasta trazendo artistas de outros estados e promovendo um carnaval detrioelétrico, esquecendonossocircuito:“PraçaDeodoro,RuadoPasseioeMadreDeus”.Éprecisorepensar isso; nosso carnaval, que já foi considerado o terceiro do Brasil, precisa voltar às suas origens. Devemos ressuscitar
Existe uma relação entre o careto do folclore português e a figura do fofão do Carnaval de São Luís, no Maranhão. Ambos os personagens compartilham a tradição de usar máscaras e trajes coloridos para animar as festividades.
Os caretos são figuras tradicionais do Carnaval em Trás-os-Montes, Portugal, conhecidos por suas máscaras assustadoras e roupas coloridas. Eles saem às ruas durante o Carnaval, realizando travessuras e animando a população
Já o fofão é uma figura emblemática do Carnaval de São Luís, caracterizado por suas máscaras grotescas e roupas feitas dechitacom bordados coloridos. Atradiçãodos fofões temraízes portuguesas, eháuma conexão com personagens como os caretos, que também usam máscaras e trajes elaborados para celebrar o Carnaval Essa relação mostra como as tradições culturais podem se transformar e adaptar a diferentes contextos, mantendo elementos essenciais ao longo do tempo.
AS MASCARADAS NA TOCA DO ABRAÃO
CERES COSTA FERNANDES
Tomadas de excitação quase infantil, as três mulheres explicam à costureira como desejam os dominós de seda, de modo que eles lhes cubram totalmente os corpos, não esquecendo o capuz a envolver a cabeça e as máscaras para os rostos. Querem estar seguras de que, assim disfarçadas, não serão reconhecidas. Das três, duas são jovens e atraentes e a terceira, já um tanto madura, não é de se jogar fora. E já que as estou apresentando, deixem-me dizer que uma chama-se Rosinha, casada com o juiz de direito da comarca e a outra, Iolanda, é esposa do poderoso chefe político local. A mais velha das três, uma solteirona (hoje, seria "coroa enxuta") Atende pelo apelido de Naná, e é, ao que parece, a líder inconteste do trio.
Ora, que me adianto, pois devia ter-lhes dito que esta história se passa nos anos cinquenta, no interior do Maranhão, quando, por todo Estado, costumavam acontecer bailes secretos de máscaras, frequentados por rapazes folgazões, homens abonados, moças pobres e moças não tão moças, nem tão pobres, conhecidasnão sabemos bem porque - como as "da pá-virada". E, por misteriosa razão, esses eram os bailes prediletos dos homens casados, mesmo daqueles que declaravam às conformadas mulherzinhas (estamos nos anos 50) serem avessos a festas e saracoteios.
O que ocorria por debaixo dos panos nesses misteriosos bailes não posso relatar - que esta coluna prima pelo recato -, mas sabe-se que era qualquer coisa de inominável. Por conta disso tudo, as mulheres casadas e as solteiras recatadas roíam um enorme desejo de saber o que rolava nesses templos de luxúria e prazer, algo assim - mal comparando - do mesmo calibre da curiosidade do vulgo em relação às cerimônias da maçonaria. Pois bem, as componentes desse ingênuo grupo feminino, que conseguiram dobrar o cabo do maravilhoso Terceiro Milênio, tiveram a ansiada revelação: o que rolava nos famosos e proibidos "bailes de segunda" era, nada mais nada menos, o mesmo que rola, hoje, nos bailes de carnaval da alta sociedade. Só que, agora, as coisas são feitas abertamente. Vamos às nossas meninas. O móvel da atitude das duas senhoras casadas, Rosinha e Iolanda, era o desejo de flagrar os maridos em um desses ambientes deletérios, comprovando a safadeza dos adúlteros e, de quebra - ó prazer inconfessável! -, gozar do pecado que levou Pandora a abrir sua malfadada caixa. Não preciso dizer que Naná foi o diabinho a soprar a idéia no ouvido das duas e que, de quebra, estava à frente da operação. Os dois maridos, o egrégio juiz e o impoluto chefe político, deram o mote: arrumaram, respectivamente, uma diligência e um comício, em diferentes distritos da comarca, exatamente para o mesmo dia, o Sábado Magro de Carnaval. A par da louvável intenção de trabalho em dia tão esdrúxulo, a viagem de ambos coincidiu com o anúncio de um grande baile de máscaras "com garotas escolhidas vindas da capital", a acontecer no bairro de Arriba Saia, na Toca do Abraão, bem nos arredores da cidade. Sábado Magro. Os operosos esposos, como em interpretação ensaiada, despedem-se compungidos, lamentando tão árduo trabalho a separá-los das esposas, ao que foram correspondidos, à altura, por ambas: Filho, não vai pegar um resfriado, te agasalha bem. Levou teu pijaminha? E a outra, não sabemos se com estudada malícia: Olha, cuidado com essas comidas de interior. Vê lá o que tu vais comer.
À noitinha, correm para a casa da costureira. Vão vestir-se lá para não despertar suspeitas. Noite fechada, saem os três dominós, à pé mesmo, que a casa da modista fica no arrabalde, perto da Toca. Cosidas às paredes, procuram os lugares escuros das ruas sem calçamento e cheias de borocotós. Ah, ia esquecendo de dizer que, antes da partida, tinham ensaiado longamente a voz de falsete e as diversas nuanças do " eu te conheço, carnaval", única conversa permitida às duas esposas. Pois ficou combinado: em caso de emergência, apenas Naná teria a palavra.
Aproximam-se da porta do baile, O aumento do tom da música torna-se diretamente proporcional ao aumento dos batimentos cardíacos do trio. Súbito, que é isso? Quem vem lá? São quatro rapazes a caminho da festa. A fim de já entrarem acompanhados, acercam-se dos dominós. Rosinha e Iolanda, transidas de medo, repetem qual papagaios de corda partida: Eu te conheço carnaval, Eu te conheço... Naná, tenta levar os meninos no bico. Ensaia uma piada, mas nesse exato momento, um de topete e bigodinho pespega um
beliscão na polpa da bunda de Rosinha. Foi o que bastou. A pobre abandona o falsete e começa a gritar esganiçada: Me larguem, eu sou a mulher do juiz! Ele manda prender vocês! E aquela ali é a mulher do poderoso Quincas Araújo. Ele mata vocês! Rápida, Naná esbraveja: Essa barata de branco não se enxerga? Ô saco! Toda vez que bebe, cisma que é mulher de juiz! Decidida, puxa Rosinha pelo braço e sacode Iolanda que, em transe, está muda e de pés colados. Finalmente, as três arrancam e, rápidas, somem de vista. Os rapazes riem, sem entender, e vão procurar outras presas menos loucas. Para rematar a história, que história sem remate é como gato sem rabo, tenho a dizer que Iolanda e Rosinha ainda curtem o desapontamento daquele dia. Tanto sacrifício para conhecer o tal baile e quando já estavam na boca do pote... Jamais teriam a certeza do que realmente fizeram os seus maridos naquele Sábado Gordo! Quanto a Naná, no ano seguinte, matou seu desejo, não com aquelas pamonhas, mas acompanhada da valente viúva de um deputado. E seja dito aqui que, depois disso, não perdeu mais nenhum baile da Toca do Abraão.
ceresfernandes@superig.com.br
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Especial: LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
MÁRCIA DE QUEIROZ – CRONISTA ESPORTIVO E POETA
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão
Centro Esportivo Virtual Academia Ludovicense de Letras Academia Poética Brasileira
O Maranhão tem uma rica tradição de jornalistas esportivos que contribuíram para a evolução do campo. Esses profissionais, tanto da "nova" quanto da "antiga" geração, ajudaram a moldar o jornalismo esportivo local, adaptando-se às mudanças tecnológicas e às novas demandas do público, contribuindo para a evolução do campo.
Desde o início do século XX, o jornalismo esportivo em São Luís, capital do estado, tem desempenhado um papel importante na cobertura de eventos esportivos e na formação da opinião pública sobre o esporte. Nas primeiras décadas do século XX, era caracterizado por narrativas literárias sobre os esportes, com jornalistas conhecidos como "literatos" que empreendiam narrativas detalhadas e envolventes. Esses jornalistas ajudaram a criar uma marca distintiva para as notícias esportivas, destacando a importância cultural e social dos esportes na região.
Com o passar do tempo, a incorporação de novas tecnologias, como o rádio, a televisão e, mais recentemente, a internet, transformou significativamente o jornalismo esportivo. Essas mudanças permitiram uma cobertura mais ampla e imediata dos eventos esportivos, além de possibilitar a emergência de novos perfis de jornalistas.
Ele não apenas registra acontecimentos esportivos, mas também expressa valores, ideologias e transformações sociais de cada época. Ele desempenha um papel crucial na construção de narrativas e identidades coletivas, especialmente em um estado onde o esporte é uma parte importante da cultura local.
No livro "Almanaque do Futebol Maranhense Antigo: Pequenas Histórias" de Hugo Saraiva, lançado em 2024, menciona alguns dos principais personagens e histórias do futebol maranhense, incluindo jornalistas e cronistas que contribuíram significativamente para a cobertura esportiva na época.
Na década de 1940, a crônica esportiva no Maranhão contava com diversos jornalistas e cronistas que contribuíam para a cobertura dos eventos esportivos locais. Infelizmente, informações específicas sobre os nomes desses cronistas não são amplamente documentadas.
A Associação dos Cronistas Esportivos do Maranhão (ACEM), atualmente conhecida como ACLEM, foi fundada em 1941. A entidade foi criada para organizar e representar os cronistas esportivos do estado do Maranhão. Alguns jornais mantinham seções dedicadas à crônica esportiva. Entre eles, destacam-se:
• O Imparcial: Fundado em 1926, este jornal é um dos mais antigos do Maranhão e tinha uma seção dedicada ao esporte, onde cronistas locais publicavam suas análises e histórias. Rubem Braga: Embora mais conhecido por seu trabalho em outros jornais, Rubem Braga publicou crônicas em diversos veículos ao longo de sua carreira
• O Estado do Maranhão: Outro jornal importante da época, que também incluía crônicas esportivas em suas edições. Tinha entre seus cronistas esportivos, Márcia de Queiroz, poetisa e cronista publicava suas crônicas desde o final dos anos 1920 até os anos 1960. é provável que elas tenham aparecido em jornais locais de grande circulação na época, como "O Imparcial" e "Jornal Pequeno".
MÁRCIA DE QUEIROZ – Pseudônimo de ENÓI SIMÃO NOGUEIRA DA CRUZ (1908/1969. Jornalista, cronista e poetisa. Para proteger-se do preconceito , adotou o nome literário de Márcia de Queiroz.
Nasceu em Cantanhede, interior do Maranhão, em 1908 e faleceu no Rio de Janeiro, em 1969. Filha do libanês Paulo Antônio Simão com a descendente de portugueses Celina Rodrigues Simão. Recebeu, em regime de internato, uma sólida formação cultural no Colégio Santa Tereza, na capital maranhense. Após os estudos, retornou à cidade natal, de onde continuou a escrever e publicar nos jornais de São Luís. Em Itapecuru-Mirim, conheceu o itapecuruense Raimundo Nogueira da Cruz, com quem se casou em 1934 e teve seis filhos. Um deles, Arlete Nogueira da Cruz, tornar-se-ia, precocemente, uma grande escritora brasileira.
De volta à São Luís, publicou em vários jornais locais estabelecendo-se como jornalista, cronista e poeta, num tempo em que o destino possível reservado à mulher era o matrimônio e a maternidade. Exatamente por isso e para proteger-se do preconceito com as raras mulheres que ousavam contrariar tal destino, Enói adotou o nome literário de Márcia de Queiroz. Assim, dos anos vinte aos anos sessenta assinou, com este pseudônimo, toda sua produção literária em verso e prosa. Intelectual politizada, atuante e de esquerda, transmitiu aos filhos sua paixão pelas artes, seu interesse pelas causas sociais e sua indignação contra os desmandos políticos, mais particularmente, no Maranhão. Teve importante participação na campanha política em prol das Oposições Coligadas, em 1950. Concorreu ao Prêmio Cidade de São Luís, em 1957, no qual foi agraciada com uma Menção Honrosa. Dentre seus escritos, destaca-se o soneto Exaltação. Suas crônicas refletiam sobre o cotidiano da cidade e sua poesia, predominantemente de sonetos parnasianos, desvelava a alma romântica, delicada e insatisfeita de quem tinha, inerente, o zelo técnico sobre a prosa e o verso, próprios do parnasianismo, como bem e belamente disse a escritora Arlete Nogueira da Cruz.
Foi no ano de 1969, no Rio de Janeiro, que essa voz feminina, que abriu importante caminho para que outras mulheres escritoras pudessem advir, silenciou. Contudo, permanece bem viva e ecoante na memória dos que lhe conheceram em vida e, sobretudo, em sua escrita indelével. O plano editorial do SIOGE, em 1993, publicou seu livro intitulado POEMAS.
Algumas de suas crônicas mais famosas incluem:
1. "A Bola e o Sonho" - Uma crônica que explora a paixão pelo futebol e como ele se entrelaça com os sonhos e aspirações dos jovens. Nesta crônica, a autora explora a paixão pelo futebol e como ele se entrelaça com os sonhos e aspirações dos jovens. A narrativa é rica em detalhes e emoções, capturando a essência do esporte como uma metáfora para a vida e os desafios que enfrentamos. A crônica destaca a importância do futebol na cultura brasileira e como ele pode ser um meio de escape e realização para muitos. Márcia de Queiroz utiliza uma linguagem poética e envolvente para transmitir a intensidade dos sentimentos dos personagens, tornando a leitura uma experiência profunda e reflexiva.
2. "Corrida Contra o Tempo" - Aborda a temática das competições de atletismo e a busca incessante por superação e recordes. A narrativa é envolvente e poética, capturando a intensidade das corridas e a determinação dos atletas. A crônica explora não apenas o aspecto físico das competições, mas também o emocional e psicológico, mostrando como os atletas lidam com a pressão e os desafios. Márcia de Queiroz utiliza metáforas e descrições vívidas para transmitir a sensação de urgência e a luta contra o tempo que caracteriza o atletismo.
3. "O Jogo da Vida" - Uma reflexão sobre como os esportes podem ser uma metáfora para os desafios e vitórias da vida cotidiana.
4. "Nas Águas da Vitória" é uma crônica onde a autora explora a determinação e a disciplina dos nadadores, destacando os desafios e as conquistas que enfrentam em suas jornadas. A crônica é conhecida por sua linguagem poética e envolvente, capturando a essência do esforço e da superação no esporte. Márcia de Queiroz utiliza metáforas e descrições vívidas para transmitir a intensidade das competições de natação e a sensação de vitória que acompanha o sucesso.
5. "O Vôlei Brasileiro" - Uma crônica que aborda a trajetória e os desafios das seleções brasileiras de vôlei, tanto masculina quanto feminina, em competições internacionais; E
"Vôlei Feminino – Quase Novamente!" - Nesta crônica, Márcia de Queiroz discute os erros e desfalques que afetaram o desempenho da seleção feminina de vôlei em um torneio importante. Essas crônicas refletem a paixão da autora pelo esporte e sua habilidade em capturar as emoções e os desafios enfrentados pelos atletas. Se você estiver interessado em ler essas crônicas completas, recomendo procurar em coletâneas de crônicas maranhenses ou em bibliotecas que possuam obras de Márcia de Queiroz.
Ela explorava não apenas as competições em si, mas também as histórias humanas e os desafios pessoais dos atletas. Essas crônicas foram publicadas em diversos jornais maranhenses e são apreciadas por sua sensibilidade e profundidade.
A
Mais um vídeo de Mhario Lincoln sobre “A Poesia é”. (Em anexo).
06/02/2025 às 16h23 Atualizada em 06/02/2025 às 16h42
MHL
*Mhario Lincoln
"(...) a beleza de um poema, repito, está em sua autenticidade e na maneira como ele ressoa com o leitor. A verdadeira poesia, então, é aquela que toca a alma e desperta emoções, sem se prender a convenções ou normas preestabelecidas". (MHL).
Manoel de Barros, um dos grandes poetas brasileiros, frequentemente expressou que a beleza de um poema não depende de sua forma ou estilo, mas sim de sua capacidade de capturar a essência das coisas simples e cotidianas. Ele acreditava que a poesia reside na simplicidade e na observação do mundo ao nosso redor.
Além disso, o filósofo Friedrich Nietzsche, em suas reflexões sobre a arte, argumentou que a beleza não está nas formas ou nas regras, mas na expressão autêntica e na capacidade de provocar emoções e pensamentos profundos.
Fernando Pessoa, em seus escritos, também explorou a ideia de que a beleza de um poema não está necessariamente em sua conformidade com estilos literários tradicionais. Em seu poema “Em busca da beleza”, ele sugere que a busca pela perfeição estética é uma jornada interna e pessoal, que transcende as limitações impostas por qualquer escola literária.
Essas perspectivas destacam que a beleza de um poema, repito, está em sua autenticidade e na maneira como ele ressoa com o leitor. A verdadeira poesia, então, é aquela que toca a alma e desperta emoções, sem se prender a convenções ou normas preestabelecidas.
VÍDEO-BÔNUS
Mhario Lincoln e presidente da Academia Poética Brasileira.
Por: Mhario Lincoln Fonte: Mhario Lincoln
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE O FALAR PORTUGUÊS NO DIA INTERNACIONAL DA LÍNGUA MATERNA
Convidados: Jones Cavalcante (radialista), Marco Neves (escritor e especialista) e Antonio Guimarães de Oliveira (pesquisador, escritor e membro/imortal da APB-MA).
Por: Mhario Lincoln Fonte: editoria do Facetubes/Jones Cavalcante
ANTONIO DE OLIVEIRA
DIA INTERNACIONAL DA LÍNGUA MATERNA
Minha língua, minha pátria. Como me orgulho dela - falando e escrevendo. Surgem do "nada" poemas, artigos, crônicas e romances históricos ou não... Enfim, histórias de homens e seus sonhos que se materializam nos "esconderijos", aparentemente escuros e inacessíveis.
Mas tudo é luz - liberdade, e meus folhetos, brochuras, opúsculos, guias, livretos, livros, éclogas, canções, redondilhas, sextinas, elegias, epístolas, oitavas, odes, manuais e rituais, obras impressas ou não, emergem e são frutos de tudo isso, sobretudo da minha amada e inseparável língua pátria - portuguesa.
Fico às vezes a imaginar, sem ainda escrever, quantos filhos ainda me darão a língua que falo, minha mãe que me compreende e vice-versa. Pobre, infeliz, eu diria: é aquele que não compreende sua fala, sua escrita, seus pais e mães - seus meandros.
Ai de mim se não tivesse que falar e escrever essa língua tão linda, complexa, mas como mãe e pai, compreensível esempre acessível. Aosprimeiros -pioneiros, sobretudo aquelesque estudam epreservam e fazem dela sua cama, seu trabalho e seu aconchego - descanso. Eu dou viva à língua que falo, a Língua Portuguesa. Saúdo a todos! Viva nossa pátria! Viva nossa Língua Portuguesa!!!
( ANTONIO GUIMARÃES DE OLIVEIRA - 21.02.2025. SÃO LUÍS-MA)
Texto enviado por JONES CAVALCANTE
PORTUGUÊS NÃO É PARA AMADOR:
(Um poeta escreveu):
Poeta livros autografados
"Entre doidos e doídos, prefiro não acentuar".
Às vezes, não acentuar parece mesmo a solução.
Eu, por exemplo, prefiro a carne ao carnê.
Assim como, obviamente, prefiro o coco ao cocô.
No entanto, nem sempre a ausência do acento é favorável...
Pense no cágado, por exemplo, o ser vivo mais afetado quando alguém pensa que o acento é mera decoração.
E há outros casos, claro!
Eu não me medico, eu vou ao médico.
Quem baba não é a babá.
Você precisa ir à secretaria para falar com a secretária.
Será que a romã é de Roma ?
Seus pais vêm do mesmo país ?
A diferença na palavra é um acento; assento não tem acento.
Assento é embaixo, acento é em cima.
Embaixo é junto e em cima separado.
Seria maio o mês mais apropriado para colocar um maiô ?
Quem sabe mais entre a sábia e o sabiá ?
O que tem a pele do Pelé ?
O que há em comum entre o camelo e o camelô ?
O que será que a fábrica fabrica ?
E tudo que se musica vira música ?
Será melhor lidar com as adversidades da conjunção ”mas” ou com as más pessoas ?
Será que tudo que eu valido se torna válido ?
E entre o amem e o amém, que tal os dois ?
Na sexta comprei uma cesta logo após a sesta.
É a primeira vez que tu não o vês.
Vão tachar de ladrão se taxar muito alto a taxa da tacha.
Asso um cervo na panela de aço que será servido pelo servo.
Vão cassar o direito de casar de dois pais no meu país.
Por tanto nevoeiro, portanto, a cerração impediu a serração.
Para começar o concerto tiveram que fazer um conserto.
Ao empossar, permitiu-se à esposa empoçar o palanque de lágrimas.
Uma mulher vivida é sempre mais vívida, profetiza a profetisa.
Calça, você bota; bota, você calça.
Oxítona é proparoxítona.
Na dúvida, com um pouquinho de contexto, garanto que o público entenda aquilo que publico.
E paro por aqui, pois esta lista já está longa.
Realmente, português não é para amador!
Se você foi capaz de ENTENDER TUDO, parabéns!! Seu português está muito bom.
VÍDEO-BÔNUS COM MARCO NEVES
As diferenças entre o português do Brasil e o de Portugal.
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A CARTA
JOAQUIM HAICKEL
Leiam abaixo a mensagem que recebi de um amigo meu e me digam o que vocês acham disso.
“Prezado amigo Joaquim,
Como ainda não nos falamos este ano, aproveito a oportunidade para desejar a você e a toda sua família, paz, saúde e felicidade, não só neste ano, mas por toda a vida.
Mas vamos ao que interessa. Chegou recentemente em minhas mãos o argumento de um filme que eu gostaria que você analisasse a possibilidade de me ajudar a realizar. É um filme de baixo orçamento, com uma única locação, com um elenco reduzido, apenas dois ou três atores. Nele serão usadas muitas imagens de arquivo, além de animação e efeitos especiais gerados por inteligência artificial.
Uma coisa eu posso lhe garantir, meu amigo, se realizarmos esse filme, ele certamente irá gerar grande controvérsia e imensa polêmica.
O argumento, que me foi trazido por um professor de história, um amigo meu, da época do colégio, prevê que a obra deve ser narrada em primeira pessoa por um personagem que testemunhou grande parte dos acontecimentos que relata, e que se encontra refugiado na embaixada de um país europeu.
O filme é um drama político onde um determinado povo, que não será identificado, precisa tomar providências urgentes e enérgicas, no sentido de levar os membros da suprema corte de seu país, que deveriam ser unicamente responsáveis pela preservação de sua ordem constitucional, a voltar ao âmbito de sua circunscrição e pararem de interferir, quase sempre de maneira danosa e negativa, no equilíbrio dos poderes da república e na estabilidade política e democrática de sua nação.
Em meio a tudo isso acontecem ações contra diversos direitos constitucionais dos cidadãos, como o de livre manifestação de opinião, além da quebra do devido processo legal e o ataque ao estado democrático de direito.
Em seu depoimento, o personagem diz que a forma correta de fazer as coisas que precisam ser feitas para resolver parte dos problemas daquele país, é através de ações eficientes, eficazes e efetivas do poder legislativo, que infelizmente demonstra ser inapetente e incompetente para tal, preferindo trilhar o caminho da facilidade gerada pela concessão de recursos provenientes de verbas destinadas aos parlamentares, que poderiam ser corretas e justas, mas são usadas e operacionalizadas de maneira danosa e corrupta, através de uma relação espúria com o poder executivo.
Já o governo no comando do poder executivo se aproveita de todas essas mazelas para aparelhar política e ideologicamente o Estado, como forma de controle sobre a vida do povo.
Estabelecendo políticas assistencialistas, o governo transforma o povo em pessoas totalmente dependentes do Estado, fazendo com que todas essas irregularidades se perpetuem, e se retroalimentem, gerando assim uma total incapacidade de reação de cada uma das camadas que são atingidas por todas essas ações, planejadas e executadas no sentido de atingir o controle total do país.
Ele relatatambém a existência de um grupo opositor àquelequese encontrano poder, ecomenta que eletambém comete diversas formas de desvios de conduta e arbitrariedades, deixando claro que não há quem seja totalmente inocente em toda aquela história.
Relata também a participação nefasta da imprensa que vem sistematicamente agindo de forma a desinformar mais que informar, pendendo sempre para um lado em detrimento dos outros.
Como agravantes nesse cenário, o narrador comenta sobre os graves problemas de segurança que abalam de forma decisiva toda aquela situação e discorre também sobre o panorama mundial e a vertiginosa polarização política que está em curso e que tudo indica irá perdurar ainda por algum tempo.
Um interlocutor do personagem principal, usa trechos das coisas que ele relata e recorre às redes sociais como o Google e o Chat GTP para apurar as suas declarações e vê que aquilo que ele relata realmente acontece.
No final se descobre que tudo aquilo não passou de um sonho de um jovem advogado, que aparece em cena acordando, assustado, em sua cama.
Aguardo seu retorno no sentido de podermos marcar uma hora para conversarmos pessoalmente.
Abraço,
Val.”
Bem, o que me dizem sobre isso?
O MUNDO DÁ VOLTAS
JOAQUIM HAICKEL
Tenho a honra de ostentar em meu modesto currículo o fato de ter sido um dos deputados federais constituintes que ajudaram a elaborar a nossa Carta Magna, essa mesma que anda sendo tão vilipendiada hoje em dia.
DuranteostrabalhosdaANC,entre1987e1988,euintegrei naqualidadedemembrotitular,aSubcomissãodosDireitos e Garantias Individuais, vinculada à Comissão da Soberania e dos Direitos e Garantias do Homem e da Mulher.
Essa subcomissão foi responsável por discutir e elaborar propostas relacionadas aos direitos e garantias individuais que seriam incorporadas na nossa Constituição, e uma de minhas missões foi auxiliar o relator daquela subcomissão, o deputado Darcy Pozza, no tocante ao projeto que propunha a instauração da pena de morte em nosso país. Durante aquele trabalho acabei fazendo muitos amigos, entre eles, o deputado Fernando Gasparian do PMDB-de SP.
Cid Carvalho, deputado pelo Maranhão, assim como eu, havia comentado com Gasparian, de quem era amigo, que eu tivera uma revista, a “Guarnicê” e que tinha uma pequena e deficitária editora de livros, ramo de atividade da qual ele era oriundo, e por isso ficamos bem próximos.
Certa tarde o “Gaspa” me convidou para ir com ele até a Comissão de Ordem Social, mais especificamente na Subcomissão de Direitos e Garantias Individuais e Coletivos, para conhecer uma amiga sua, que estava prestando assessoria lá.
Antes de chegarmos, ele me disse de quem se tratava: “Joaquim, você vai conhecer a Eunice, uma mulher extraordinária que trabalha em defesa dos povos indígenas, mas além disso ela é viúva de Rubens Paiva e mãe de Marcelo Rubens Paiva.”
Eu sabia quem era Rubens Paiva e já havia lido o livro de Marcelo, agora iria conhecer a viúva de um e mãe do outro.
Conheci dona Eunice naquela tarde e pensei que nunca mais iria ouvir falar dela novamente, mas passados 36 anos de quandoeuaconheci, volteia encontrá-la como personagem central dofilme“Ainda estouaqui”,dodiretorWalter Sales.
Ocorre que eu fui indicado pela Academia Brasileira de Cinema como um de seus associados que teriam a missão de escolher o filme que iria representar o Brasil na disputa por uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro de 2025, e “Ainda estou aqui” era um dos concorrentes.
Na verdade, ressaltando todo o respeito que os outros onze filmes da lista de concorrentes merecem, preciso dizer que nenhum deles,nenhumdosfilmesbrasileirosquedisputaramessaindicação,excetuando-se“CentraldoBrasil”,“Cidade de Deus” e “Tropa de Elite, estão no mesmo nível de ‘Ainda estou aqui”.
O trabalho do elenco, em especial o de Fernanda Torres, é extraordinário. A direção de arte, a direção de fotografia, o figurino e o roteiro são magníficos. E para coroar tudo isso, a maestria de Walter Sales é impecável, principalmente no que diz respeito a sua capacidade de fazer com que uma história tão dura e triste não desaguasse em um melodrama pesado e se tornasse mais um filme de mero apelo político.
“Ainda estou aqui” não é meramente um filme que fala de um difícil momento político de nossa história, ele fala da vida de uma família, dilacerada por aqueles acontecimentos, e é assim que ele deve ser visto e entendido.
Trinta e seis anos depois de ter sido apresentado formalmente a dona Eunice Paiva, eu fui apresentado a sua história. Bem que o “Gaspa” me disse que eu iria conhecer uma mulher extraordinária.
JOAQUIM HAICKEL
Hoje venho a público reconhecer que sou um viciado, que sofro de um vício avassalador, e o que é pior, segundo minha esposa, eu preciso de tratamento sério e imediato, sob pena de prejudicar muito minha saúde física, minha sanidade mental e até o nosso relacionamento.
Depois de muitos anos lutando contra esse vício, do qual não consigo me livrar, que tem me consumido e me feito perder noites e noites de sono, um vício que me fez passar as últimas 8 horas com os olhos esbugalhados nafrentedatelevisão,maratonandouma minissérie,doprimeiroaoúltimosegundo...Souviciadoem filmes!...
Mas o desta madrugada não foi qualquer filminho, não!... Trata-se da nova minissérie da Netflix, “Dia Zero”, que precisa ser vista por todos, pois ela esclarece de maneira perfeita e definitiva a loucura que tem sido essa maluca e radical polarização política que está acontecendo em todo mundo e muito especialmente em nosso país.
“Dia Zero” é um libelo sobre os sentimentos, os posicionamentos e as ações que envolvem ideologias políticas nos dias atuais, com grande ênfase para o uso das novas tecnologias, que tomaram completamente conta da vida das pessoas.
Ao assistir essa minissérie, é possível claramente que se identifique padrões, comportamentos e posicionamentos das pessoas e dos grupos nos quais nossa sociedade está dividida e comprovarmos o quanto é ruim todas essas coisas.
Ninguém ficará incólume depois assistir “Dia Zero”.
EDMILSON SANCHES
Quem respeitará os mais velhos, a existência antiga das frases, das expressões ancestrais, das nossas avós linguísticas!...
IMAGENS: Em 1940, jornal destaca a frase “O Brasil é dos brasileiros”, dita por Getúlio Vargas. O escritor José Veríssimo e seu livro “A Educação Nacional”, onde essa frase aparece em 1890. A mesma frase usada por um advogado e por uma entidade empresarial, em 2016.
“O Brasil é dos brasileiros”.
Neste primeiro fim de semana de fevereiro de 2025, dias 1º e 2, essa frase foi para o alto da cabeça de alguns brasileiros em um boné azul cor de sangue...
A frase “O Brasil é dos brasileiros” foi tornada destaque em grande parte, senão a maior parte, senão em toda parte da mídia brasileira, da tradicional (impressa, eletrônica) às digitais (“sites”, “blogs”, vídeos, redes sociais, plataformas de mensagens instantâneas etc.).
Cinco palavras, 22 letras e 10 sílabas de puro truísmo, platitude, obviedade... e repetição, e cópia, e plágio. Sim, pois esses mesmos caracteres e termos se fazem aparecedores, nessa mesma ordem, há muito tempo. Por escrito e verbalmente, simples personagens e sofisticadas personalidades já se apropriaram apropriada e inapropriadamente dessas palavras.
A diferença é que, nos dias atuais, tem-se menos caráter e mais descaramento. E, se envolve Governo, há uma ruma de dinheiro para adubar $olo$ onde, em se implantando, tudo dá. Em terras venais assim, até pedra floresce. É muito desplante!...
Quando algo é de todos, não é de ninguém. Mas poderá ser daquele que com esperteza, com o poder do dinheiro ou com o dinheiro do Poder tentar se legitimar, ou ser legitimado, como “dono” pela força da repetição, pela fraqueza da bajulação, pelo compadrio do corporativismo.
Portanto, repita-se: Quando algo é de todos, não é de ninguém. Um exemplo é o dinheiro que é gasto pelo Governo: todos sabemos que o dinheiro é público, que o dinheiro é do povo, que o dinheiro é de todos e também sabemos o quanto esse dinheiro não é devolvido para todos... nem mesmo sob a forma de obras feitas bem feitas, nem como prestação de serviços que prestam.
Mas se o dinheiro não retorna, as palavras, sim, vão e voltam... E aí, em certos (maus) exemplos e com certos (maus) modos, entram a “esperteza” do malandro que se autoproclama autor de uma frase ou, melhor e mais malandramente, joga-a como farelo para os áulicos de plantão, para que estes digam, repitam, repliquem uma falsaautoria,pelosmeios quepuderemenosmeios quedispuserem redes sociais,mídiadigital,Imprensa..., neste caso sobretudo os “jornalistas de cifrões”, pessoas e profissionais que se tornaram mentes amestradas, mãos mercenárias. (A expressão aspeada é do jornalista fluminense “aclimatado” paulista Jânio Sérgio de Freitas Cunha, o Jânio de Freitas, 92 anos, 45 deles na “Folha de S. Paulo”, da qual é membro do conselho editorial, que já escreveu: “[...] os meios de comunicação brasileiros nunca deixaram de ser parte ativa nos esforços deconduziroeleitorado.Suaorigem esuatradiçãosãodeligações políticas, como agentesdefacções ou partidos. [...]”).
Parece que muitos governantes e seus assessores e asseclas confinam a existência de suas ações e de seu Governo aos limites da mancha gráfica de uma publicação impressa, ao contorno das telas de televisão e de vídeo, e, ainda mais, ao espalhamento digital remunerado, à esparramação internética terceirizada. O que indivíduos assim, servidores servis, deveriam fazer é trabalhar com transparência, para transformarem-se ou fazerem-se (novas) realidades que produzam bons resultados e verdadeira satisfação no conjunto maior da população.
Mas não fazem... E quando apelam para as palavras, o que apresentam e do que se jactam são frases (já) feitas. Cafetões de ideias... Gigolôs do pensamento alheio...
A frase “O Brasil é dos brasileiros” não é nenhuma novidade, como não é novidade a adulação, a sabujice em torno dela, de dois dias para cá. Veja, não se está querendo aqui que governantes e ministros ou quem quer que seja, mesmo escritores, sejam permanentes e eternos poços de criatividade verbal, frasal, literária. Não é isso. Aqui apenas se (re)lembra que a ATRIBUIÇÃO INDEVIDA DE AUTORIA é próprio de quem é pago para fazer isso ou de quem, por ignorância que é grosseria ou por ignorância que é desconhecimento, dá como autoria de fulano o que há muito tempo foi dito por beltrano e sicrano, gregos e goianos. Se servir de lenitivo, digo: Eu sei bem sei que às vezes e incertas vezes se escreve o que já foi escrito, aqui ou alhures, neste ou em qualquer lugar do planeta e também os marcianos escritores... São apenas 26 letras para com elas escreverem-se todas as mais apaixonantes cartas de amor e as mais apavorantes declarações de guerra... E, ademais, quem pode ler tudo o que todos escrevem em e por todo canto no mundo todo?... Repetecos, portanto, hão de ocorrer. Mas, aquelas cópias descaradas, assim, na maior, com explícita atribuição de (falsa) autoria... Aí já querer brincar com o que talvez haja de “intelligentzia” em terras brasílicas... Vejam-se as seguintes manchetes, títulos ou chamadas ontem e hoje, os dois primeiros dias do segundo mês do terceiro ano da atual administração federal brasileira. Tem a ver com ministros e outros bichos felpudos do “Gunverno”:
“SIDÔNIO CRIA FRASE, E MINISTROS DE LULA USAM BONÉ AZUL ‘BRASIL É DOS BRASILEIROS’”
“'O BRASIL É DOS BRASILEIROS': FRASE DE SIDÔNIO ESTAMPA BONÉ DE PADILHA E RANDOLFE NA ELEIÇÃO PARA O SENADO”
“SIDÔNIO ESTÁ POR TRÁS DE FRASE DE BONÉ ‘A LA TRUMP’ QUE ENALTECE ‘BRASIL É DOS BRASILEIROS’”
“’O BRASIL É DOS BRASILEIROS’ FRASE DE SIDÔNIO ESTAMPA BONÉ DE PADILHA E RANDOLFE NA ELEIÇÃO PARA O SENADO”
Aí acima, apenas quatro de centenas senão milhares de conteúdos com a repetição da frase de euforia (indevida) e atribuição de autoria (igualmente indevida). Publicações houve que, se não copiaram e colaram logo de cara a frase, deram-na no curso do texto, como se lê em “site” que “historia” e “revela” a “revelação” de um ministro: “O ministro revelou ainda que a criação do ‘slogan’ contou com a ajuda do chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira. // “Eu tive a ideia (do boné), mas pedi para o Sidônio pensar na frase. Seguindo o nosso novo ministro da comunicação, que é um craque, surgiu ‘O Brasil é dos brasileiros’”, completou.”
Que “craque” é esse que faz o gol porque recebeu a “bola” de outro(s) e o goleiro está amarrado as palavras que não se “soltam” ante inacessibilidade dos livros e o desábito da leitura?! Veja-se o verdadeiro “gol de letras”... contra. Veja-se quando e quantos foram autores da frase do boné vermelho que, por ilusionismo, se via azul (o destaque da frase, em maiúsculas, é nosso):
1890 – Um dos registros mais antigos da frase “O Brasil é dos brasileiros” veio a público há 135 (cento e trinta ecinco) anos, em 1890,nolivro“AEducaçãoNacional”,de1890, donotável historiador,escritor eacadêmico paraense José Veríssimo (1857-1916). escreveu: “[...] ‘Há baianos, há paraenses, há paulistas, há riograndenses. Raro existe o brasileiro. É frase comum: Primeiro sou paraense (por exemplo) depois sou brasileiro. Outros dizem: a Bahia é dos baianos, O BRASIL É DOS BRASILEIROS’." O livro de Veríssimo, nesse quase século e meio de existência, teve apenas quatro edições, uma delas, de 2013, com introdução do igualmente afamado José Murilo de Carvalho (1939-2023), nascido em Minas Gerais, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, historiador, cientista político, escritor e acadêmico. Em outubro de 2008, a “Revista Brasileira de História”, digital, publica o texto “D. João e as histórias dos Brasis”, de José Murilo de Carvalho, que cita a passagem acima, de José Veríssimo. Em 13 de março de 1940, uma quarta-feira, o jornal “A União”, de João Pessoa (PB), destaca em manchete principal: “O BRASIL É DOS BRASILEIROS”. Foi essa a ideia-força que o jornal selecionou da íntegra do discurso do à época presidente Getúlio Vargas, que visitava Santa Catarina e, recebido em Blumenau, no Teatro Carlos Gomes, no dia 10 de março de 1940, disse, entre outras palavras: “[...] O Brasil, sim, não é inglês nem alemão. É um País soberano que faz respeitar suas leis e defende seus interesses. O BRASIL É DOS BRASILEIROS.” (Na transcrição da Casa Civil da Presidência da República está: “O Brasil é brasileiro.”) // “[...] ser brasileiro, não é somente respeitar as leis do Brasil e acatar as suas autoridades. // Ser brasileiro é amar o Brasil. E' possuir o sentimento que permite dizer: ‘O Brasil nos deu o pão; nós lhe daremos o nosso sangue’. E' cultivar o sentimento de brasilidade, pela dedicação, pelo afeto, pelo desejo de concorrer para a realização da grande obra, na qual todos somos chamados a colaborar, porque só assim poderemos, contribuir, na marcha ascensional da prosperidade e da grandeza da Pátria.”
Em campanha de 2016, a favor de “impeachment” da presidente da República, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – FIRJAN adota o lema “O BRASIL É DOS BRASILEIROS”, como está em seu “site”. Alguns trechos do texto, que muitos podem crer que se está descrevendo i ambiente político-ideológico e socioeconômico de hoje: “A Nação está cansada. O Brasil não pode mais esperar. É hora de olhar para o futuro novamente com esperança. Sem receio. [...] A paralisia e o desgoverno do Brasil têm ceifado milhões de empregos, quebrado empresas e penalizado a população enquanto os escândalos de corrupção se acumulam diante dos olhares perplexos dos brasileiros. Está na hora de colocar um ponto final nessa história do Brasil de direita ou de esquerda, de A ou de B, do norte ou do sul, de rico ou de pobre. O BRASIL É DOS BRASILEIROS e ponto. A democracia brasileira não pode mais ser ameaçada por uma minoria que aposta no confronto. A voz de milhões de brasileiros não pode ser calada. [...]”.
Em 9 de maio de 2016, o espírito-santense Marcos Antônio Pereira, advogado, professor, político e presidente de partido, deputado federal por São Paulo, em seu “site”, finaliza texto de dez parágrafos com a frase: “O BRASIL É DOS BRASILEIROS!”.
Em8dejulhode2016,o “site”Migalhastrazemdestaqueafraseditapelonotáveladvogado,jurista, professor e político Hélio Bicudo: "O BRASIL É DOS BRASILEIROS". Em conjunto com o jurista Miguel Reale Jr. e a professora Janaina Paschoal, Bicudo foi o autor do pedido de “impeachment” da presidente Dilma Roussef. Em 3 de novembro de 2017, o “site” Defesa Aérea & Naval reproduziu texto de Marcos Coimbra, professor, escritor, acadêmico, escreveu: “[...] Preservar para os nossos filhos aquilo que foi tão duramente conquistado pelos nossos antepassados. Afinal, O BRASIL É DOS BRASILEIROS! Caso permaneçamos indiferentes, ausentes, medrosos, nossos filhos terão o direito de cobrar-nos: por que não fomos capazes de, além de doar nossas vidas em defesa do que recebemos, dar-lhes razão para continuarem a viver dignamente? // O momento é de União. O passado foi-se. Nossos descendentes dependem daquilo que conseguirmos legar para eles. Sequer temos um Projeto Nacional de Desenvolvimento. Chega de ódio e sentimento de vingança! Houve excessos de ambos os lados e, em nome do futuro, devemos lutar ombro a ombro contra as formidáveis ameaças existentes ao nosso Progresso. Chega de traição à Pátria!”
Em 8 de setembro de 2020, o “site” da ANABB - Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil publicava texto acerca de mobilização em favor do Banco. O “mote” da campanha, há quatro anos e cinco meses, era: “Não mexe no BB. É DO BRASIL. É DOS BRASILEIROS”. Como se lê, bem próximo da frase “O Brasil é dos brasileiros”:
Em 6desetembro de2021,oPortal Únicotraztexto“Omelhordo Brasil aindaéobrasileiro”,desua colunista Maria Ritah, atleta ultramaratonista e radialista, que escreve: “[...] Eu não tinha entendido a inferência sobre política e minha amada camisa verde-amarelo. Eu a vesti por ser brasileira, e não como defensora de qualquer partido político. // OmelhordoBrasil ainda éos brasileiros.[sic] // [...] OmelhordoBrasil não está estampado nas páginas dos jornais. [...] Se tivermos a consciência de que O BRASIL É DOS BRASILEIROS podemos chegar a outro patamar de uma sociedade, porque a esperança ainda não morreu.”
Em 25 de novembro de 2021, o jornalista e radialista paulistano Eduardo Oinegue, da Rádio e TV Band, no canal do YouTube da Rádio BandNews FM, defendeu: “[...] Nós queremos um país. Primeiro, nós precisamos tomar posse: o país é o Brasil. O BRASIL É NOSSO, o Brasil não é deles. ‘Nosso’, eu digo, É DOS BRASILEIROS; não é dos políticos [...].” Em resumo escrito, o canal registra: “[...] Oinegue mostra que, no Brasil,não temos umaagendanacional,quediscutepossíveis melhoriasemeios dedesenvolveropaís, sempre ficamos à mercê dos interesses do partido político em vigor. // Para o âncora, isso é um problema, pois O BRASIL É DOS BRASILEIROS, não dos políticos, que vêm e vão a cada eleição. [...]”.
Em 29 de julho de 2023, o “site” da Câmara dos Deputados, sobre “criação do marco temporal da ocupação de terras por povos indígenas”, traz comentário de Carlos Pereira dos Santos: “O BRASIL É DOS BRASILEIROS [...]”.
Em 15 de janeiro de 2025, Calebe Garbin, vereador em Caxias do Sul (RS), escreve em sua rede social (Instagram): “O pix é do Brasil, e O BRASIL É DOS BRASILEIROS.” Nesta mesma data, Moisés Trindade, treinador, escreve também no Instagram: “BRASIL É DOS BRASILEIROS que produzem.” Uma semana depois, em 22 de janeiro, Paulo Santiago, da área de Marketing Digital, escreve e fala em seu canal no YouTube: “O BRASIL É DOS BRASILEIROS; aproveita essa vantagem”.
As reproduções poderiam ir sendo relacionadas aqui até a exaustão. O certo é que, sejam pessoas simples, sem vínculo com os Poderes os quais mantêm , sejam personagens políticas e personalidades públicas, professores, historiadores, entre outros, a frase “O Brasil é dos brasileiros” é ou tornou-se um daqueles patrimônios “imateriais”, linguísticos, anímicos, sentimento de pertença. Deixa de ser de alguém para ser de todos.
Tanto isso pode ser uma verdade que, em outros idiomas, a mesma afirmação de pertencimento ocorre é claro, trocando-se o nome do País. Por exemplo, em língua inglesa, americanos dizem "America belongs to the Americans". Vale observar que, em Língua Portuguesa, a frase “O Brasil é dos brasileiros” traz o verbo “ser” (representado por sua flexão “é”) como predicativo, ou seja, o verbo tem, digamos assim, um sentido de “ter identidade, característica ou propriedade intrínseca”, como relaciona o “Dicionário Houaiss”. É essa ideia de “propriedade” que, em inglês, se mostra logo, com a flexão verbal “belongs” (pertence), do verbo “to belong” (pertencer).
A ideia de a América (os Estados Unidos) “serem dos americanos” toca nos princípios da doutrina anticolonialista de James Monroe, que, de 1817 a 1825, foi o quinto presidente dos Estados Unidos e que, em
1823, posicionou-se fortemente contra a Europa colonizadora, no que ficou conhecido como “Doutrina Monroe”, resumida na frase "América para os americanos", inclusive “a não intervenção nos assuntos internos dos países americanos
O “site” Vanipedia.org. traz pronunciamentos de Abhay Charanaravinda Bhaktivedanta Swami Prabhupada (1896-1977), ou apenas Srila Prabhupada (que significa aproximadamente “eminente servidor aos pés de Deus"), líder religioso indiano, fundador da Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna (o conhecido Movimento Hare Krishna). Uma das falas, de setembro de 1972, faz referência à frase “A América é dos americanos”. Ei-la: “[...] Esta terra, esta terra da AMÉRICA, PERTENCE AOS AMERICANOS; A TERRA DE ÁFRICA PERTENCE AOS AFRICANOS”. Não. Toda terra pertence a Deus. [...]”) (no original: [...] ‘This land, this land of America, belongs to the Americans; the land of Africa belongs to the Africans’. No. Every land belongs to God. [...]”).
Em fevereiro de 1889, era publicado pela primeira vez “In the Year 2889” (“No Ano 2889”), texto do escritor francês Júlio (Jules) Verne que também se credita a seu filho Michel Verne. Como se sabe, Verne (1828-1905) é considerado o pai da ficção científica e influenciou grandes nomes como Arthur C. Clarke, Ray Bradbury, H. G. Wells e muitos outros. Verne vaticinou boa coisa para daqui a oito séculos; escreveu que “as pessoas deste século vinte e nove vivem continuamente na terra das fadas”, estão “fartas de maravilhas”. Que se diga “Amém!”...
Em um trecho desse “In the Year 2889” lê-se: "Nós, em casa, pensamos que o seu povo deve agora estar saciado. A doutrina Monroe é totalmente aplicada; toda A AMÉRICA PERTENCE AOS AMERICANOS. O que mais você quer? Além disso, pagaremos pelo que pedirmos" (Em inglês: "We at home think that your people must now be sated. The Monroe doctrine is fully applied; the whole of AMERICA BELONGS TO THE AMERICANS. What more do you want? Besides, we will pay for what we ask.”)
Em junho de 2024, o “site” Chronicles Magazine.org registra comentário de leitor no texto “Citizenship degraded” (“Cidadania degradada”). Ele elogia o texto e escreve: “A AMÉRICA PERTENCE AOS AMERICANOS, como a França pertence aos franceses e a Polónia pertence aos polacos” (“America belongs to the Americans, as France belongs to the French and Poland belongs to the Polish”).
Franceses também dizem “A França pertence aos franceses”. Em 21 de março de 2017, diz comentário de leitor no “site” Le Orient – Le Jour (lorientlejour.com): “A França pertence antes de mais nada aos franceses. Estou chocando você? Bem, se eu disser que a Argélia ou a China ou o Catar ou o Líbano etc.... pertencem aos chineses do Catarouaos argelinos libaneses, issoochocariatanto?Certamentenão.Então...”(No original: “La France appartient aux français en priorité. Je vous choque? Eh bien si je dis l'Algérie ou la Chine ou le qatar ou bien le Liban etc.... appartiennent aux algériens chinois qataris ou libanais, est ce que cela vous choquerait autant ? Assurément non. Alors...”).
Em 22 de janeiro de 2019, no “site” Le Grand Débat National (granddebat.fr) registra-se: “A França pertence ao povo francês. Não cabe às potências estrangeiras, aos políticos, mesmo aos funcionários eleitos, impor as suasescolhasaosfrancesesemquestõesdeimigração!”(Nooriginal:“LaFranceappartientaupeuplefrançais. Ce n'est pas aux puissances étrangères, aux politiques, même élus, d'imposer leurs choix aux Français en matière d'immigration!”).
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Pois é, aí estão alguns registros acerca da ancestralidade da frase “O Brasil é dos brasileiros”, que nada tem de nova, nem em sua grafia nem, muito menos, nas suas intenções, no que ela quer dizer. Os dizeres semelhantes em outros idiomas talvez digam que uma nação ser dos seus nacionais, como um município é de seus munícipes, é só uma expressão vocal ou gráfica de um (in)consciente coletivo, esse patrimônio imaterial comum que voluntária e involuntariamente, consciente e inconscientemente nós, os humanos de boa vontade, dividimos entre nós, sem nos considerarmos autores ou donos do que quer que seja. Tem algo a ver com o falado sentimento de pertença (“ownership”).
Como (in)certas pessoas que estão no Poder se acham oniscientes e onipotentes (não são onipresentes porque, nos últimos tempos, não estão nas ruas...), é pule de dez ou bola cantada que não vão aparecer os fazedores de cópias, os escrevedores de bonés.
Mas, se restar algum senso, aquele que distingue o certo do errado, o verdadeiro do falso, o que é próprio e o que é inadequado... enfim, a isso que a Filosofia chama de “bom senso” ou “senso moral”, se houver algo
dele, não tirará nenhum pedaço o reconhecimento de que há séculos que existe a frase “O Brasil é dos brasileiros”.
Então, está na hora de alguém pedir desculpas.
Ou de pedir o boné...
Verdadeiramente, e apesar de tudo, não é de hoje que o Brasil é dos brasileiros...
A GENTE FAZ
LEITURA, A LEITURA FAZ A GENTE
EDMILSON SANCHES
O papel transformador das bibliotecas e dos papéis com letras (livros, revistas, jornais... e até bula de remédios)
Fotos: 1) Edmilson Sanches criança. 2) Fazendo palestra no Senado Federal (Brasília - DF). 3) No Quartier Latin (Paris, França). 4) Fazendo palestra em Salão de Livro. 3) Prédio da Livraria Catilina, em Salvador (BA), e o livro “Versas”, do caxiense Coelho Netto, edição da Catilina, exemplar autografado para o escritor, jornalista e dramaturgo maranhense Antônio dos Reis Carvalho (1874-1946).
Hoje, 7 de fevereiro, é o dia em que, em 1835 portanto, há 190 anos , em Salvador (BA), era fundada a primeira livraria do Nordeste do Brasil a Livraria Catilina, que também imprimia livros e teve entre seus autores, por exemplo, os escritores Rui Barbosa, baiano, e o maranhense Coelho Netto, filho de minha cidade (Caxias).
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Quando eu estudava o Ensino Fundamental, não via a hora de chegar a casa e, após o almoço, ir para a Biblioteca Pública Municipal de Caxias, ali na rua Aarão Reis, no centro da cidade (do outro lado, os muros da quadra de esportes do Cassino Caxiense, um clube social da elite da cidade, que hoje é nada o prédio do
Clube e a pompa da elite...). O responsável pela biblioteca era o Inocêncio Gomes, um moreno empertigado, sempre perfumado e bem vestido, fala mais ou menos empostada. Atencioso, discreto, prestativo.
Creio que quase todo dia eu estava lá; às vezes lia na parte de baixo, entre as estantes, às vezes subia para o pavimento acima, onde havia diversos quadros (pinturas) na parede. Se ainda existirem os velhos livros de registro de frequência, deve haver neles muitas assinaturas minhas.
Eu lia de tudo. Livros como "Os Irmãos Corsos" e outros de Alexandre Dumas, os de Monteiro Lobato, as enciclopédias "Delta Júnior" (capa avermelhada, edição de 1972) e as duas "Delta Larousse", da década de 1960, uma de capa marrom, com conteúdo por assunto, e a de capa cinzento-esverdeada, em ordem alfabética. Só tempos depois vim a conhecer a "Delta-Larousse Universal", a "Larousse Cultural", a "Barsa" e a "Mirador Internacional", que ainda (man)tenho em meu acervo.
Quando em 1975 saiu a primeira edição do "Dicionário Aurélio", o chamado “Aurélio de fardão” (pois vinha com capa acolchoada, luxuosa), comprei um exemplar em prestações e praticamente li o livrão todo, anotando uma razoável quantidade de erros e inconformidades, além de listar um bom número de achegas, que são palavras de uso comum não dicionarizadas. Fiz uma carta para o professor Aurélio Buarque encaminhando as contribuições. Não sei se não a enviei ou se não mereci resposta do velho lexicógrafo alagoano…(Conservo até hoje aquele pesado exemplar do "Aurélio", bem como cópia da carta original endereçada ao mestre das Alagoas que, na verdade, para a realização de seu trabalho, contou com a insuperável contribuição do maranhense Joaquim Campelo Marques).
Lembro-me da biblioteca do Colégio São José, no final (ou no começo) do segundo pavimento, naqueles idos de 1975 a 1977, três anos em que fui presidente do Grêmio Santa Joana d’Arc, até porque o Roldão, que ganhara a eleição de 1975 (eu ficara em segundo lugar; era anual o mandato) renunciou semanas depois e eu assumi a presidência. Com o apoio da diretora, Irmã Clemens (ou Maria Gemma de Jesus Carvalho, confrade da Academia Caxiense de Letras), criei o "Gremural - Jornal Mural do Grêmio” e o "Jorgrem - Jornal do Grêmio”, que eu fazia após as aulas, à tarde, entrando madrugada a dentro, pois tinha de redigir e, depois, datilografar com cuidado os estênciles em máquinas de escrever, com compridos carros (aquela parte que corria horizontalmente, onde se punha o papel ou o estêncil). Depois, o jornal era rodado, impresso, e distribuído para o alunado. Guardo exemplares desses jornaizinhos.
Lembro ainda da pequena biblioteca do Serviço Social do Comércio, o SESC, onde eu, na condição de menor estagiário do Banco do Brasil, fora especialmente admitido, até porque eu criei e redigia o jornalzinho da casa "NÓS - Notícias Organizadas do SESC", de que tenho alguns exemplares ainda. Recordo-me de alguns servidores do SESC: a Consolação (Consola); o lutador Elias, segurança, negrão forte e boa praça o fotógrafo Sinesinho (Sinésio Santos, o filho) e eu fomos dois dos diversos alunos do grande Elias, que nos treinava em artes marciais ali na quadra do Serviço. A sede do SESC se mantém até hoje na Praça Cândido Mendes, bem atrás da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição e São José, no centro caxiense.
Lembro da biblioteca do Vítor Gonçalves Neto, na verdade livros amontoados e espalhados na redação do jornal "O Pioneiro", ali na praça dos Três Corações. Muito de referências da literatura maranhense, brasileira e universal obtive ali, na década de 1970, folheando dezenas de livros, muitos deles com dedicatória de seus autores ao jornalista e escritor Vítor, o mais caxiense dos piauienses. Eu lia de tudo, dentro e fora de bibliotecas públicas e particulares. Não eram só leituras de livros escolares ou paradidáticos. Lia bula de remédios, os chamados "bolsilivros" ou livrinhos de bolso "pulp" (isto é, feitos de papel barato) do Marcial Lafuente Estefânia, Miguel Chucho Santillana, Ell Sov (pseudônimo do lusobrasileiro Hélio do Soveral), Clark Carrado, Corin Tellado, Horace Young Kirkpatrick, K. O. Durban (o homem, um espião da CIA, vivia com seis mulheres numa ilha, às quais era reservado um dia da semana para cada;descansavaaosdomingos),livrosdaBrigitteMontfort esuamãe,Giselle,“aespiãnuaqueabalouParis”, retratadas nas capas com mestria pelo desenhista Benício, nome artístico do gaúcho José Luiz Benício da Fonseca, que foi pianista e que, como ilustrador das capas daqueles livrinhos, não economizava em forma, beleza, sensualidade e que tais.
Autores e personagens que se fundem e davam vida a livros e livrinhos...
A Editora Monterrey, do Rio de Janeiro (RJ), que publicava diversos desses livrinhos e coleções (tinha uma concorrente forte, a Editorial Bruguera), instituiu um concurso, chamado "Homenagem à Inteligência do
Leitor". Era simples: para cada erro de Português ou outro lapso de revisão o leitor que o apontasse ganharia um livro de bolso. Não demorou muito para os Correios estarem entregando periodicamente volumosos pacotes em meu endereço, lá na rua Antônio Pereira Neto (a Nova Rua), em Caxias.
Danado, tive acesso a uma vizinha, que me emprestava os livrinhos de bolso da coleção "Olho Mágico", de literatura erótica, série pioneira que se lançava no país.
Curioso, não deixei passar sem ver ou ler os livros de "São Cipriano", seja o capa preta ou o capa vermelha, os "Quinhentos Pontos Cantados e Riscados em Umbanda e Candomblé". Verdadeira traça de celulose e tinta impressa, ia traçando revistas de fotonovelas do tipo "Grande Hotel", "Sétimo Céu", "Sétimo Céu - Série Amor", "Contigo", "Capricho", "Ilusão", "Jacques Douglas", "Lucky Martin" e sai da frente e de baixo. Só escapava o que não estivesse ao alcance do meu radar (ou faro) para papel com letras impressas. Claro que não faltavam as revistas de histórias em quadrinhos, de editoras como Abril, Rio Gráfica e EBAL (Editora Brasil-América Ltda., de Adolfo Aizen e Naumin Aizen) etc.
Do "Pato Donald" ao "Super-Homem", do "A" do "Akim" ao "Z" do "Zorro", não escapava ninguém, nenhum título. Afora os itens de coleções (alguns deles até hoje guardados), os demais eram levados para trocar em tardes de exibição de filmes, na porta do Cine Rex e, principalmente, na do Cine São Luís, ali perto do Excelsior Hotel, na Rua Dr. Berredo, no centro de Caxias.
Muitos desses livros e revistas ou não se vêem ou desapareceram, embora se encontrem à disposição em sebos e preservados carinhosamente por colecionadores.
O tempo passa… o tempo voa, e a gente vai mudando de canoa.
Mudam-se, aperfeiçoam-se (!) os gostos (livros e publicações periódicas), mas não se muda o hábito (leitura). Embora o enorme avanço da Internet e sua infinita capacidade de documentação e arquivo de textos, imagens e sons, nada assegura que estejam em seus dias finais a revista e o livro físico, de papel, com cheiro de novo ou de mofo.
Ao contrário, estão-se lançando mais e mais títulos, aperfeiçoando os métodos e suportes de impressão, com papéis especiais e muitos triquetriques nas capas.
Vida longa ao livro, à revista, aos jornais e, claro, aos leitores... e às livrarias.
Antonio Guimarães De OLiveira Guimarães
2 h · POEMA & LAVRA
Um poema deve ser muito tocante (e amargo) - com uma redação impecável. Pelo menos era assim, em escolas literárias que passaram...
As vezes, ainda, olho alguns poetas perdidos na noite ou em busca de musas inspiradoras, embora para alguns, tudo está perdido numa ilusão real...
Éramos tísicos românticos e com verves inesquecíveis, repletas de amores e emoções à flor da pele... Hoje, mente-se, conforme o poeta dos heterônimos!
(Hoje) não temos nada igual...
O tempo muda, e nas noites já não existem vermelhas lanternas...
Tudo torna-se (falso) em tempo desigual sem tavernas...
Por isso (penso que) vivo de amores perdidos e recordações do passado...
Tudo é marcado por solidão e arrependimento, pois tudo torna-se tempo pueril...
Saudades!
(ANTONIO GUIMARÃES DE OLIVEIRA. DATA: 06.02.2025. SÃO LUÍS-MA).
GRÁFICOS & GRÁFICAS.
Máquinas e homens que mudaram o mundo. Esse profissional denominados de gráfico, e comemora-se seu dia em 07 de fevereiro.
Em São Luís, no Centro Histórico, principalmente na Praia Grande e Desterro, encontramos ainda gráficos mansamente trabalhando em suas velhas máquinas de prensas litográficas, linotipos, encadernações e colagens.
O trabalho dos profissionais gráficos é essencial para a sociedade. Lembro-me ainda de nomes:João Lito, José Fernandes (in memoriam), Júlio Rodrigues, José de Ribamar (in memoriam - seu Riba), Lúcio, Paulinho, Marinalda, Eustáquio, Pio, César Roberto Trindade, Maria José (Zezé), Pastor Juvenal, Marcos Cerveira, Antônio Carlos, Francisco Marciel, Glairton, Cordeiro, Wilson Martins, José Ribamar Amorim dos Passos (Motor), Antônio José dos Santos (Bomsó, do Jornal Pequeno), José Santos, Januário Máximo Da Silva (proprietário da JanuGraf, cidade de Presidente Dutra), Domingos Sodré, Oswaldo Martins Filho Diário Oficial), Marcos Ferreira, Sérgio, e outros.
Encontramos gráficos nas ruas 14 de Julho (Pastor Juvenal), rua Henriques Leal (Glairton), rua Antônio Rayol (César Trindade), rua Jacinto Maia, rua da Palma, rua do Giz, travessa da Lapa, beco Deserto, beco da Pacotilha, e outros logradouros.
Prensas tipografias ou máquinas gráficas antigas: Typhografia Teixeira, Pacotilha (Lobato), O Globo, O Conciliador (primeiro Jornal do Maranhão), O Censor, O Progresso, O Telegrapho, O Farol, A Actualidade, Alavanca, A Cruzada, O Norte, O Rosariense, O Ser, O Alcantarense, Anapuru, O Martello, O Coroatá, A Ordem, O Cruzeiro, A Semana, A Pátria, O Jornalzinho, O Pharol, Jornal de Balsas, Trabalhista, Gazeta Popular, Folha de São Mateus, Tribuna de Barra do Corda, O Bentivi (Lago Verde), O Curioso, Jornal Oficial dos Municípios do Estado do Maranhão, O Debate, O Estado do Maranhão, O Imparcial, Jornal do Povo, O Diário, Jornal Pequeno.
Gráficas: Gráfica Set, Gráfica Apolo, Gráfica e Editora Augusta ltda, Gráfica Minerva, Gráfica Escolar, Gráfica Grassatíma, Gráfica Norgraf, Gráfica São Francisco, Gráfica São Luís, Gráfica São Tarcísio, Allan Gráfica, Nowgraf, Gráfica Tricasil, Gráfica Tupy Sousa, Gráfica Estação, Gráfica Trindade, Gráfica Rápida 2.000. Saudamos esses desbravadores.
(ANTONIO GUIMARÃES DE OLIVEIRA - 07.02.2025 - SÃO LUÍS-MA).
A PRAÇA PEDRO II
Diogo Guagliardo Neves é advogado, historiador e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM.
Celebra-se em 7 de Setembro, data magna da Nação, o que seria o ato principal de sua Independência em relação a Portugal – o Grito do Ipiranga –, protagonizado pelo príncipe Pedro de Alcântara às margens daquele regato da então Província de São Paulo, em 1822. Já em São Luís, a data antecede outro importante feriado: o que rememora a fundação da cidade pelos franceses em 1612.
Não há, então, época mais propícia para a entrega de uma das mais importantes obras de requalificação de bens culturais da capital maranhense: a praça Pedro II. Conduzida pela Prefeitura de São Luís, durante a administração do sr. Edivaldo Holanda Júnior, ela devolverá restaurada, aos ludovicenses, a estátua da “Mãed’água Amazonense”, obra em bronze produzida em 1940 e último trabalho de Newton Sá, escultor nascido em Colinas em 1908, que faleceria ao final daquele ano.
O logradouro em questão, bem defronte a Igreja da Sé, e indo até o parapeito donde se mira a foz dos rios Anil e Bacanga, é circundado pelos prédios que simbolizam (ou simbolizavam) os poderes públicos: o próprio templo, o principal da Igreja Católica no Maranhão, e que no início dos Oitocentos hospedou em suas dependências a Assembleia Provincial (atualmente Legislativa); a Casa de Câmara e Cadeira, hoje Palácio Daniel de La Touche, que sedia a governança da municipalidade e que antes também era a dos vereadores; à sua frente o Tribunal de Justiça e, mais adiante, o Palácio dos Leões, onde habita o governador do Estado. Poucos sabem, no entanto, o porquê da praça chamar-se Pedro II.
Com efeito, a monarquia brasileira foi abolida por um golpe – que também se transformaria em feriado – no dia 15 de novembro de 1889, tocado por alguns militares que desejavam novo regime em que pudessem participar da política, motivados por ex-escravocratas rancorosos com a Lei de 13 de Maio de 1888 e outros setores modernizantes que acreditavam que para o Brasil virar uma espécie de Estados Unidos dos trópicos, bastava instalar a “República”. O fim da monarquia, porém, marcaria o começo da primeira ditadura da história pátria.
De fato, o país não conheceria o lema posto na nova bandeira: “Ordem e Progresso”. A Crise do Encilhamento trouxe a inflação, até então coisa desconhecida, a Guerra de Canudos e o cangaço nos sertões, o surgimento das favelas, a não integração do negro à sociedade e a falta de liberdade, essa solapada por sucessivos governos de oligarquia, cujos interesses não eram outros senão os altos privilégios fornecidos pela República.
A insatisfação popular aliada ao primeiro centenário da Independência, fez ressurgir, em meados da década de 1910, a memória do extinto monarca morto em 1891, quase esquecido por todos, num modesto quarto de hotel em Paris.
D. Pedro II, referência de moral, foi avesso a luxos. Chamado de “O Imperador Cidadão”, durante seus mais de cinquenta anos de reinado, proibiu que a Assembleia Geral do Império (o atual Congresso Nacional) reajustasse seu “salário”, sob a alegação de que o dinheiro não era exatamente seu, mas público, e que por isso deveria ser gasto apenas com o estritamente necessário. Mesmo assim, da própria remuneração custeava o estudo de jovens e o trabalho de cientistas. Ele e sua esposa, a Imperatriz Teresa Cristina (cujo nome batizou a segunda maior cidade do Maranhão e a capital do Piauí), contribuíram sobremaneira para formar o acervo do Museu Nacional, inteiramente perdido, após anos de descaso, no incêndio do dia 2 de setembro último.
Maneira tal que diversos espaços públicos nas principais cidades ou passaram a ostentar monumentos em honra de sua pessoa, ou adotaram seu nome. Em 5 de fevereiro de 1911, Petrópolis entrega a estátua do Imperador (autoria de Jean Magrou, o mesmo daquela de João Francisco Lisboa, que se encontra no Largo
do Carmo); A 7 de setembro de 1913 foi inaugurada uma na capital do Ceará, defronte à Catedral de Fortaleza, e no início dos anos 1920, a Praça da Independência em Belém do Pará torna-se Praça D. Pedro II. O Presidente da época, Epitácio Pessoa, revogou, em janeiro de 1921, o decreto de banimento da família imperial, o que então possibilitou a vinda dos restos mortais do Imperador e da Imperatriz, e o retorno do Conde d’Eu para a principal comemoração do Centenário, mas infelizmente, já bastante idoso, sucumbiu durante a viagem de navio. A Princesa D. Isabel, que seria a estrela do evento, faleceu mesmo na Europa meses antes, sem poder rever em vida a própria terra.
Os ventos do reconhecimento e da memória chegaram ao Maranhão, e foram personificados no centenário do Imperador a 2 de dezembro de 1925. A edição n.º 177 do jornal O Combate noticiou: “Está despertando interesse a comemoração, aqui, do centenário do grande brasileiro, que foi D. Pedro 2º”. Começaria a festividade durante a alvorada com salva de foguetes e missa campal às sete da manhã em frente ao Palácio Episcopal, celebrada pelo Arcebispo D. Otaviano Pereira de Albuquerque, informando logo que a Avenida Maranhense passaria a “ter o nome do homenageado” a partir daquele dia. Na programação são citados desfiles cívicos de estudantes, operários do comércio e indústria em volta da Pedra da Memória (naquela época ainda não localizada na Avenida Beira-Mar), sob a guarda da força armada policial, matinées, recitais de poesia, dentre outras atividades conduzidas por personalidades importantes da cidade, como a educadora Rosa Castro. Posteriormente, o periódico informava da incorporação ao evento do 24º Batalhão de Caçadores e do apoio da classe empresarial. Todas as embarcações estacionadas no porto de São Luís “embandeirarão em arco durante o dia”, incluso o destroier “Amazonas”, da Marinha do Brasil.
O natalício do Imperador foi declarado feriado e rebatizado o espaço, conforme a nota: “A Câmara Municipal em sessão de ontem decretou feriado o dia de amanhã bem como a lei que manda substituir o nome de Avenida Maranhense pela de D. Pedro Segundo, atos esses que foram ontem mesmo sancionados pelo prefeito municipal”.
O Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM, fundado naquele mesmo ano, teve papel importantíssimo nessa memorável homenagem pública. Um de seus cofundadores, o padre Arias Cruz, proferiu belo discurso em deferência ao Imperador após a celebração religiosa. Mas não só. Ali ocorreria a primeira reunião da entidade na sede da Câmara Municipal, às dez horas, com o mesmo propósito.
Foram palavras do orador católico: “E D. Pedro II, meus amigos, nasceu para perdoar: não sabia ter resentimentos, não aprendera a guardar rancor. ‘Sofreu ingratidão, injúrias, decepções tremendas – escreve um dos seus intimos – viu-se de repente despojado do trono, expulso da Pátria como um réprobo, privado de tanto quanto amava, de tudo aquillo a que se achava acostumado!... E nunca uma recriminação, uma queixa, uma expansão menos majestosa, que de leve lhe desconcertasse a serenidade olímpica da compostura!...’ Coisa difícil, conterrâneos meus, o exercício da tal fineza; é predicado que a mui poucos singulariza, e com alarmante escassez em nossos dias. Aquele que não encontra obstáculos em remittir, manifesto é que nenhum estorvo o detém na desobriga de quaisquer outros mandamentos cristãos.”
Nascia, assim, a 2 de dezembro de 1925, a praça (D.) Pedro II, em plena comemoração àquele que é, sem dúvida, a maior referência da ética pública, desprendimento e civismo da História do Brasil. Acerta a municipalidade de São Luís em devolver reformado aos habitantes da urbe, sob o balançar das altas folhas das palmeiras imperiais, tão significativo logradouro, mais ainda nesta época obscura e triste, em que o legado dos monarcas e de todo um povo é literalmente lançado nas chamas.
EUGES LIMA
“Não é apenas nos Apontamentos para a História do Maranhão e na Vida do Pe. Antônio Vieira que podemos conhecer o historiador João Francisco Lisboa, pois o historiador se faz conhecer em tudo o que escreve, mesmo numa correspondência particular[...]”.
Maria de Lourdes M. Janotti (1977)
O jornalista, político e historiador maranhense do século XIX, João Francisco Lisboa (1812-1863), de indiscutível talento, um dos principais nomes do Panteão Maranhense, “sacralizado” após sua morte por seus conterrâneos e contemporâneos, além de sucessivas gerações de pósteros maranhenses, sempre foi reconhecido pela crítica literária, pelos historiadores da literatura e historiadores em geral, como um dos maiores historiadores brasileiros do Brasil imperial. Silvio Romero, em sua História da Literatura Brasileira, chega mesmo a afirmar que a obra de João Lisboa foi superior à de Vanhagen, pois acreditava que a obra do autor da História Geral do Brasil era pobre de interpretação e sentimento nacional, ao contrário da de Lisboa, muito crítica e interpretativa.
Sendo assim, no universo da historiografia brasileira, o Timon maranhense é lembrado por sua crítica social afiada, sobretudo dos costumes políticos do Maranhão e do Brasil de seu tempo, além de sua escrita elaborada, prosa viva e cativante. Portanto, os historiadores e biógrafos, principalmente, os mais contemporâneos, que se debruçaram sobre sua vida e obra, perceberam na escrita e no fazer historiográfico de João Lisboa, em muitos aspectos, um historiadorforadacurvanoBrasil do século XIX,ondeoparadigmahistoriográfico eraa história positivista, factual, cronológica e dos acontecimentos.
Lisboabuscavaescrever umahistóriados costumes, umahistóriadas mentalidades políticas doBrasil império, uma história temática, crítica, não cronológica; uma história mais social e cultural que factual, que rompia com a tradição dos cronistas coloniais e dos novos historiadores positivistas. Tentava escrever uma nova história do Maranhão e do Brasil, a partir de novos temas, novos objetos, novos métodos e novas abordagens. Mas algo que os leitores e estudiosos do autor do Jornal de Timon parecem que nunca conseguiram explicar ou entender direito, como se faltasse uma peça de um quebra-cabeça, foi o porquê ele tinha essa narrativa e historiografia tão inovadora para o século XIX. Quais as inspirações e influências que o levaram a abordagens historiográficas que no Brasil só vão chegar e se popularizarem no século XX, mais precisamente nas últimas décadas desse século. Isso nunca ficou muito claro. Talvez, de fato, nem teria como se chegar a essas conclusões, sem o surgimento de alguma prova documental, mais direta e explícita, ou seja, sem um dado novo.
É sobre isso, esse dado novo, a respeito de João Lisboa, suas leituras e influências, que queremos neste artigo, discorrermos edivulgarmos em primeiramão,para acomunidadeacadêmica, os pesquisadores eparao grande público, pois recentemente, uma descoberta inédita e incrível, de um manuscrito, que chegou até o nosso conhecimento, revela que o historiador maranhense, era leitor do historiador francês, Jules Michelet, seu contemporâneo, porém no contexto da França.
No entanto, até hoje, não havia qualquer evidência direta de que Lisboa tivesse lido ou se inspirado em Jules Michelet (1798-1874), o renomado historiador francês do século XIX que é comumente conhecido como um dos principais precursores do que hoje chamamos de nova história cultural.
É no século XIX, em meio a uma história positivista, norteada por uma metodologia inspirada nos moldes das ciências experimentais, onde o elemento básico era o fato histórico, ou seja, o acontecimento que Michelet surge como um historiador que busca outros modelos de explicação da sociedade, uma história da moda alimentar, da sensibilidade, do comportamento das elites francesas no século XVIII, das mentalidades, enfim, uma história etnológica. Nesse sentido, afirma Jacques Le Goff (1993): "Lucien Febvre ontem, um Fernand
Braudel hoje, que primeiro viram em Michelet o pai da história nova, da história total que quer abarcar o passado em toda a sua totalidade, desde a cultura material até às mentalidades".
Esse cenário muda radicalmente agora com essa recente descoberta desse documento, um bilhete manuscrito, autêntico, assinado por João Lisboa, no qual ele menciona diretamente o autor da História da Revolução Francesa (1847-1853). O destinatário da referida correspondência era o seu amigo e futuro biógrafo, Antônio Henriques Leal (autor do Panteon Maranhense). O conteúdo em linhas gerais é sobre Lisboa escrevendo para Henriques Leal, alegando não poder comparecer a certo encontro, pois estaria enfermo, no entanto, pede ao amigo que envie o “Michelet.’’ Ora, parece evidente que Lisboa está usando uma figura de linguagem, uma metonímia, ou seja, trocando o autor pela obra.
O documento foi encontrado por acaso, esquecido no interior de um livro raro do século XIX, adquirido há uns dez anos em um sebo do Rio de Janeiro por um bibliófilo maranhense, mas que somente agora, há uns nove meses, que sua transcrição foi finalmente feita por este autor, tendo seu conteúdo surpreendente, revelado.
Em abril de 2024, o colecionador,ao nos mostrar a fotodopequenomanuscrito,viaWatsApp, cujatranscrição fizimediatamente.Percebitratar-sedetextoautêntico,inéditoedeconteúdoincrivelmenterevelador.Oalertei à época, sobre a possível dimensão do achado.
Um bilhete original, autêntico e inédito de João Francisco Lisboa, perdido, por si só, já se constituía em algo muito valioso, como percebeu desde o início o referido bibliófilo, mesmo que seu conteúdo fosse trivial e não trouxesse nenhuma revelação mais especial. Porém, decididamente não era o caso. Tal foi minha surpresa ao concluir a transcrição que levou alguns poucos minutos.
Como que por um átimo, um filme passou em minha cabeça e rapidamente, imaginei tudo que aquelas poucas linhas poderiam revelar e trazer luz aos estudos de João Lisboa. Seria o elo perdido, a pedra angular, aquela peça do quebra-cabeça que faltava, que há pouco nos referimos? Finalmente, depois de tanto tempo esquecido no interior de um livro, mas não um livro qualquer e sim: “Obras de João Francisco Lisboa”, edição póstuma, revisada e publicada em São Luís por Luiz Carlos Pereira de Castro e Henriques Leal, no ano de 1864 (1.ª edição).
Fiz imediatamente as conexões da obra do nosso Timon, do seu fazer historiográfico tão desconcertante para época e seu contexto com o historiador francês, Jules Michelet. A conclusão, para mim, parecia clara. Na verdade, aquele bilhete era uma evidência. Lisboa lia Michelet! Era seu leitor e isso, em grande medida, explica o tipo de historiografia fora dos padrões, praticada por ele no Maranhão. Essa correspondência comprova isso, é a prova documental, cabal. Lisboa era leitor do historiador francês que na França rompia com a história positivista e buscava fazer uma nova história dos franceses e da nação francesa. João Lisboa, por seu turno, no Maranhão, ao mesmo tempo, influenciado provavelmente pelas ideias e historiografia do seu colega francês, pelos seus livros, tentava fazer o mesmo aqui, se inspirando e readaptando à nossa história, realidade social, cultural e a sua própria visão de mundo e de história.
Exceção à regra, esse achado confirma o que a historiadora e professora emérita da USP Maria de Lourdes Mônaco Janotti já sugeria nos anos de 1970, inicialmente em sua tese de doutoramento (1971) e depois em livro: “João Francisco Lisboa: jornalista e historiador”, publicado pela editora Ática, em 1977. Ela foi a primeira e única estudiosa a traçar paralelos entre a historiografia do maranhense e a do historiador francês em questão (ou sua corrente historiográfica), mas até então sua tese carecia de mais evidências diretas. Agora, com este bilhete, sua hipótese ganha um novo fôlego.
Acerca disso, afirma Janotti (1977, p. 50 a 51): “[Lisboa] ainda promete explorar a “índole” do nosso povo, no que demonstra ligar-se aos anseios do movimento romântico [...] Assim, a Historiografia romântica francesa, para tomar um exemplo, tem em Michelet o historiador da “Alma francesa”, de uma idealização onde os fatos históricos perdem a sua real dimensão [...]. Ainda, e de conformidade com o espírito romântico, não hesita Lisboa em considerar a possibilidade de prever os acontecimentos históricos [...] (grifo nosso)”.
Para Janotti, a visão de história de João Lisboa estava associada à visão da historiografia romântica francesa e destaca como principal nome dessa corrente historiográfica do século XIX, o historiador Jules Michelet, estabelecendo assim de alguma forma, se não diretamente, mas indiretamente uma ligação entre esses dois historiadores.
Não citando de forma categórica que Lisboa era leitor da obra de Michelet, mas sugerindo sua filiação à historiografia românica europeia, da qual Jules Michelet era o grande expoente. Ela percebe também a leitura por parte do historiador maranhense de historiadores românticos franceses e ingleses, cujas referências, estão na bibliografia citada no Jornal de Timon. Demonstrando assim, a autora, imaginação e perspicácia. Em que pese saber da grande circulação de livros importados, traduções e da literatura francesa e europeia em geral no meio intelectual maranhense dos oitocentos.
Tanto João Lisboa quanto Michelet, escreveram histórias impregnadas de análises sobre a sociedade e a cultura. Enquanto este último revolucionou a historiografia europeia com uma abordagem que incluía a história das mentalidades e dos sentimentos, Lisboa, em sua obra, Jornal de Timon, demonstrou um olhar crítico sobre os costumes sociais e políticos do Maranhão e do Brasil. Essa descoberta sugere que João Lisboa não apenas conhecia a obra de Michelet, mas pode ter sido influenciado por suas ideias e visão acerca da história.
A revelação desse documento abre um novo campo de investigação para os historiadores. O impacto desse achado pode levar a novas pesquisas sobre as influências europeias na historiografia brasileira e, especialmente, sobre como João Lisboa absorveu e reinterpretou as ideias de Michelet. Esse manuscrito reforça a importância de João Lisboa no cenário intelectual do Brasil e destaca a conexão do Maranhão com o pensamento historiográfico europeu do século XIX. A expectativa agora é que esse bilhete seja publicado e analisado em detalhes. O documento pode não apenas confirmar a leitura de Michelet por João Lisboa, mas também revelar nuances inéditas sobre sua visão de história e sociedade.
OUTRAS INSTITUIÇÕES LITERÁRIAS/ CULTURAIS
TEXTO, PRETEXTO E CONTEXTO: POR UMA PRÉ-HISTÓRIA DA ACADEMIA
IMPERATRIZENSE DE LETRAS
EDMILSON SANCHES
Referência cultural de Imperatriz, a AIL foi fundada na década de 1980 e teve a participação de representantes de vários segmentos da sociedade como professores, médicos, artistas e intelectuais.
Num artigo denominado “Texto, pretexto e contexto: por uma Pré-História da Academia Imperatrizense de Letras”, o jornalista Edmilson Sanches conta a história com alguns detalhes inéditos. Confira: Como era o “mundo cultural” de Imperatriz nas décadas de 1970/1980? INTRODUÇÃO – Década de 1980. Um marco na ebulição cultural e na movimentação socio comunitária de Imperatriz. Como era Imperatriz na década 1980/1989? Na área social e econômica, viam-se ações e movimentações de entidades reivindicando mais linhas aéreas (1988); empresas e entidades juntando-se para fazerem um bolo de 135 metros de extensão, pelos 135 anos da cidade (1987); criação da Associação de Defesa Ecológica da Região Tocantina (ADERT), à frente José Geraldo da Costa (1989); prefeitura anuncia que lançará “Guia Turístico de Imperatriz” (julho de 1987); os carroceiros (condutores de veículos a tração animal) criam seu sindicato (1987); vigilantes particulares fundam sua associação e também os médicosveterinários (1987).
Na área da Imprensa, fundação de novos veículos de comunicação e muito bate-boca entre colegas jornalistas e radialistas e, se não bastasse, diversas ameaças e agressões verbais a comunicadores e jornais.
Foi criada a Fundação Cultural Ernesto Geisel, responsável pela TV Educativa (canal 4, presidida por Marcelo Rodrigues; 1987); o jornal “O Estado do Maranhão”, em editorial, proclama “Imperatriz, já” e instala sua sucursal no município (18 de dezembro de 1984); a TV Karajás (SBT) e a TV Tropical (Band) produzem programas jornalísticos locais (“Noticentro” e “Canal Livre”, respectivamente; 1984); a Diocese de Carolina, em Imperatriz, reestrutura o setor de jornalismo (1985); inauguram-se as rádios Terra FM e Karajás AM e prevê-se a inauguração da TV local da Rede Manchete e retorno da revista “Os Fatos”, do jornalista Nílson Santos; o jornalista Wilton Alves Ferreira, que fundara a “Gazeta de Imperatriz” e a “Tribuna de Imperatriz”,
interrompe temporariamente a circulação desta última, à qual se dedicava (1988). De 1984 a 1988 jornais, jornalistas e políticos imperatrizenses alimentam brigas, faladas e impressas.
Na área artístico-cultural mais específica, o jornal “O Progresso” anuncia, em 07/04/1989, um ”time de escritores que farão uma nova coluna diária” (a escalação era, literalmente: “José Geraldo da Costa, Tasso Assunção, Lourenço Pereira de Sousa, Edmilson Sanches, Jucelino Pereira e Ulysses Braga”.
Em 23/04/1986 o diretor do “departamento científico-literário” da secretaria municipal de Cultura, Jucelino Pereira da Silva, anuncia a promoção de um “grande concurso de redação sob [sic] o tema ‘Imperatriz’”.
Em 15/04/1987, “O Estado do Maranhão” noticia que “desinteresse dos artistas frustra a classe”, sobre movimento organizado pelo músico Henrique Guimarães.
Membros e apoiadores da ASSARTI (Associação Artística de Imperatriz) realizam o show-manifesto “Da Política à Arte da Embromação”, onde reivindicam a continuidade da construção do Teatro Ferreira Gullar (agosto de 1988).
Em 19/07/1987, “O Progresso” registra: “Ribamar Silva revoltado com população”, que, segundo o escritor e professor, à época presidente da ASSARTI, “não sabe cultivar os valores espirituais”. Ribamar Silva, apesar disso, é responsável pela página “Janela Literária” e, com Gilberto Freire de Sant’Anna, a “In Mural”, além da “Página de Cultura”, do GRULI (Grupo Literário de Imperatriz) (1987), todas em “O Progresso”. Também em 1987 os músicos têm sua delegacia regional sindical.
Entre os apressados documentos que coletei, dois chamam especial atenção: o título do artigo do jornalista e político Neiva Moreira, no jornal “O País” (Rio de Janeiro, 15/05/1986): “Imperatriz, a Chicago do Tocantins”. O outro, uma charge de Cabral, publicada no “O Estado do Maranhão”: a figura da morte vestida de preto, como um pistoleiro, revólver à vista e o cabo de sua foice (na verdade, uma segadeira) como letra inicial do nome “Imperatriz”. Para arrematar, o “T” é uma cruz, projetando ao chão uma sombra também em cruz…
Como jornalista, eu noticiava as coisas ruins da cidade, mas, ao mesmo tempo, como jornalista e cidadão, eu brigava por coisas e causas melhores.
Também por isso iniciei o movimento que resultou na Academia Imperatrizense de Letras.
Tenho certeza de que, também por isso, a cidade está, ao menos um pouco, melhor do que antes.
Nofuturo, os pesquisadores eoutrosestudiosos confirmarão: adécadade1980(1980/1989)foiprovavelmente a mais fértil da história de Imperatriz até antes do final de século e milênio, em 2000.
Naqueles oitentas (1980′) havia uma busca ou afirmação de identidade do município. Claro, isso não era planejado, sistêmico e sistemático, orgânico ou organizado. Era uma necessidade, mal explicada, porém sentida em pessoas, nos mais diversos estratos e com os mais diversificados interesses.
Imperatriz entrava os anos 1980 herdando os mais de duzentos mil habitantes atingidos em 1979. (Depois, com a independência de Açailândia, a população reduziu-se para a casa dos 160 mil e 170 mil, recuperando em meados da década, 1985, com 235 mil e, no final, 1989, com 272 mil).
Para Imperatriz acorreram gentes tantas, de tantos lugares, com formações e aspirações as mais díspares. Um documento “Mapa Demonstrativo da Influência Migratória no Município de Imperatriz” – registrava a vinda, para cá, de pessoas de pelo menos 24 estados e também de outros países. Pessoalmente, como funcionário e investigador do Banco do Nordeste do Brasil e sujeito metido em quase tudo quanto era movimento e movimentação nos anos 1970, 80 e 90, pude constatar e cadastrar homens e mulheres procedentes dos diversos continentes do mundo alemães, árabes, argentinos, bolivianos, chilenos, chineses, espanhóis, gregos, italianos, japoneses, libaneses, mauritano, moçambicanos, norte-americanos, portugueses, sírios, turcos… Do “A” do Afeganistão ao “Z” do Zimbábue, quase todo o alfabeto da geografia política mundial passou ou provou ou ficou em Imperatriz. Eram (são) comuns sobrenomes como Altrochi, CanicobaRodríguez, ChaoKuang,Flecha(argentino),Freitas eRodrigues (portugueses),Ghader,Holthouser, Karalis (grego), Milesi, Sabbag, Stein, Vedova, Wada, Yamamoto, Yusuf…
Em quantidade e diversidade demográfica, Imperatriz era, nos idos dos anos 1970 e 1980, mais brasileira e cosmopolita que hoje. A sociedade era ainda flutuante. Muita gente amanhecia e não anoitecia. Éramos o “melting pot”, o cadinho ou caldeirão étnico e cultural da pré-Amazônia.
Foi nesse ambiente, nos anos 1970, que me fixei definitivamente em Imperatriz. Os anos 1980 logo chegaram e, com ele, as mais férteis atividades sociais e culturais de Imperatriz antes do 3º Milênio.
Mesmo podendo transferir-me para Teresina (perto de Caxias, minha cidade-natal), preferi ficar em Imperatriz, que diziam era violenta. Eu vinha com as sadias inquietudes caxienses, onde, a partir dos 13 anos de idade, como menor-estagiário do Banco do Brasil, assumira a diretoria cultural da AABB (o clube dos funcionários daquele banco), presidira por anos Grêmio estudantil, criara e dirigira jornais (Colégio São José, SESC, empresas), assumira a condução de três programas de rádios na Rádio Mearim de Caxias; escrevera em jornais locais e do Rio de Janeiro; ganhara concursos locais e estaduais.
Como não encontrava essa atmosfera cultural em Imperatriz, fui criando uma. Não demorei muito e já fui publicando um jornal cultural “Safra – Jornal de Literatura”, que reunia diversos escritores imperatrizenses. Depois, no curso de Letras, organizei e lancei a “Antologia Literária dos Universitários de Imperatriz”, criei a UNIARTI – Mostra Universitária de Arte de Imperatriz, trouxe para cá, pela primeira vez, o Congresso Universitário, que se realizava apenas em São Luís; passei a escrever em jornais (em “O Progresso”, desde o início da década de 80; também na “Tribuna de Imperatriz” e em outros mais). Promovi concursos de redação para estudantes, fazia palestras.
Participei das tentativas de criação de um “Clube de Imprensa” (com Sérgio Antônio Mesquita Macedo, Sebastião Negreiros, Marcelo Rodrigues, Osvaldo Nascimento, Nilson Santos, Wilton Alves Ferreira, José Rodrigues, JurivêMacedoeHéliode Alfeu) ede uma“Associação dos Profissionais deComunicação Social”, com Jurivê Macedo, Antônio Costa, Aldeman Costa, Marcelo Rodrigues e Roberto Chaves (1985).
Criei e participei da criação de entidades, movimentos e eventos: em junho de 1983, apoio a criação da Associação dos Gráficos de Imperatriz. Em agosto de 1987 acontece momento cultural multimídia, no Poseidon Hotel, com lançamentos conjuntos de Henrique Guimarães (música), Livaldo Fregona (literatura) e Nilson Takashi Hamada (caricaturas, incluindo-se uma com meu rosto). Fundei, com Sérgio Antônio Nahuz Godinho àfrente,WiltonAlves Ferreiraeoutros,aAssociaçãodos Jornais doInteriordoMaranhão(ADJORIMA).
Minhas participações se estendem por todos os cantos e encantos, aspectos e espectros da cidade: concursos literários do 50º BIS (Batalhão de Infantaria de Selva), do Banco do Nordeste, de empresas locais, do FEMUSDI(festival demúsicasacra),EXPOART (Teatro Ferreira Gullar), programas culturais eprofissionais daAIRT(AssociaçãodeImprensadaRegiãoTocantina),ComitêComunitáriodaTELMA(Telecomunicações do Maranhão),diretoriadoJuçaraClubeedoBalneárioEstânciadoRecreio, diretorianoDiretórioAcadêmico da UEMA, Associação de Corredores de Rua de Imperatriz, exposição de “art nouveau”, criação do Instituto Histórico de Imperatriz (com Sebastião Negreiros, jornalista e diretor da sucursal imperatrizense do jornal “O Imparcial” / Diários Associados, de São Luís), ações e realizações da ASSARTI, doações várias de milhares de livros para a biblioteca pública municipal e outras entidades; inauguração da Rádio Cultura de Imperatriz e do Centro Cultural Luiz Ponchet Meireles (no curso de idiomas Yázigi, da profª Maria de Fátima Nunes Meireles); direção de jornalismo da Rádio Terra FM e apresentação do programa de entrevistas “Radioatividade”; criação de jornais universitários; prefácio a diversos livros de autores da terra etc. etc. etc.
O que é mais importante: o texto ou o contexto? Como o contexto será sempre maior e verdadeiramente irreproduzível “in totum” pelo texto, paremos por aqui.
O certo é que, a partir dos contatos com os produtores culturais e outros humanistas de Imperatriz, fui conversando e convencendo-os a integrarem-se à ideia de criação de uma academia de letras. Como mostram uns raros registros em jornal, pelo menos duas tentativas já haviam sido feitas, mas, segundo um dos antigos participantes (hoje membro da AIL), foram “abandonadas por desinteresse, comodismo, ocupações”. Houve resistências e agressões à minha defesa de uma Academia mais “acadêmica” e menos “política”. Como eu era o “cabeça” da “oposição”, as pancadas foram dirigidas a mim. Coisa pesada. Tanto que, no jornal “O Estado do Maranhão”, em 02/04/1989, dois anos e 25 dias antes de eu fundar a Academia Imperatrizense de Letras, o jornalista Jurivê Macedo escrevia, sob o título “ACADEMIA”: “ACADEMIA – A verdade é que uma falada academia de letras imperatrizenses tá provocando pruridos de vaidade em muita gente. // Até nomes já são citados para o elenco da casa de letras. // De mim, pobre escriba rabiscador de mal traçadas linhas, ela já se pode considerar livre, até porque só eu sei até onde vai o meu braço; mas em compensação o que tem de mortal querendo se imortalizar por aqui, num tá no gibi, alguns até
que podem chegar à imortalidade pela matança das letras. E que vão acabar chegando lá, o que é ainda mais mortalizante” (Jurivê Macedo).
Três dias depois, com o título “ELE SÓ”, o mesmo Jurivê escreve no mesmo jornal:
“ELE SÓ – Tô lendo duas notas de Edmilson Sanches. Uma sobre o bla-bla-blá que já se criou na terra em torno da falada Academia de Letras. A outra sobre a retirada do ar do programa radiofônico “Radioatividade”, da Terra FM. // Para efeito externo, nunca Edmilson Sanches foi tão ele próprio do que nessas duas notas onde botou pra fora tudo aquilo a que tem direito. (…)” (Jurivê Macedo)
Pois bem: “Y así pasáran los años”…
De 1989 chegamos a 1991. Como eu já havia criado diversas outras entidades, fiz o que é mais pragmático fazer: primeiro, fui ao Cartório do 1º Ofício, onde o Rosseny Marinho, o Miguel Bandeira (estes dois já falecidos) ou o Antônio Carlos da Mota Bandeira me informavam da existência ou não de algum registro de entidade nos moldes que eu mencionava; depois, elaborei o estatuto e, por último, reuni os que foram “convencidos” (isto é, vencidos pela conversa) e formalizava o ato de fundação.
Foi assim que a Academia de Letras de Imperatriz foi fundada, às 10h30 da manhã de 27 de abril de 1991.
Um dia escrevo os detalhes, as dúvidas, as reações, o não-querer-querendo de uns, a boa vontade de outros, ânsias e ignorâncias no debate e na trajetória até a realidade da Academia. Por serem fatos antecedentes, e não correlatos ou consequentes, tem pouco texto sobre a Academia e mais contexto sobre o ambiente pregresso em que ela foi gerada, gestada e gerida.
Por enquanto, sem mais minudências (“a página não é de borracha”), essa é mais ou menos a “pré-história” da Academia Imperatrizense de Letras.
A partir daí, no bom sentido, é história.
Parabéns à AIL, pelos seus 31 anos.
E o abraço espiritual deste que, mais que ninguém, lhe conhece os verdadeiros incômodos e as verdadeiras dores de seu parto…
EDMILSON SANCHES
TÔ CERTO QUE TÔ ERRADO
Quando o Bebe Óleo anunciou que a bolsa de valores tinha sofrido uma queda de três por cento, assustei. Àquilo impactaria negativamente as transações comerciais de Bela Vista, não somos o Rio de Janeiro, mas temos por aqui nossos problemas. Bebe Óleo é a bem dizer a nossa rede globo, aliás, muito mais eficiente, a emissora precisa de uma equipe de profissionais formados em várias áreas, e ele nunca estudou e sabe da vida de todo mundo, seu anúncio ninguém questiona.
Procurei meu secretário de finanças, mas o Bal se encontrava num estado avançado de embriaguez, vi quando aquelas pernas heroicamente conseguiram atravessar a rua carregando aquele corpo na direção do boteco do João. Aquela cabeça devia estar pesando toneladas, melhor deixar quieto. Lembrei do Raimundo que todo domingo engana as galinhas, as pobres aves vestem suas mais belas penas pensando que vão passear. Na verdade ele as coloca em carroça puxada pela moto e vem pro mercado vender as coitadas a preço de peru.
Tem o Vanderlei, outrograndecomerciantequelidacom avendadepeixes, basicamentecompraos tambaquis no criatório para revenda. Mas sua criatividade surpreende, foi pego várias vezes maquiando os queixos do peixe com tinta de urucun, depois vende pelo dobro do preço dizendo que é caranha. Mas o cara é boa praça, dia desses fui lá comprar um peixe, na prosa acabei me queixando de gripe, de imediato ele me receitou uma dose, sacou uma garrafa de uma prateleira com uns dentes de alho dentro, e colocou uma dose graúda. Pra mostrar que eu era macho, deixei aquele líquido descer queimando de goela abaixo. Pois não é que esqueci o peixe em cima do balcão.
No Barbaricanas a garçonete gentilmente me ofereceu uma cerveja dizendo que o Juca tinha mandado, espio na direção que ela me aponta e vejo o Juca, todo bonitão curtindo a música ao vivo. Pois não é que o cara fechou seu shopping center pra curtir o fim de tarde. Era domingo e ninguém é de ferro. Bebe Óleo não esquenta não, amanhã a gente recupera estes três por cento e a bolsa volta a funcionar dentro da normalidade. Z T.
AOS MEUS SESSENTA ANOS
Do alto deste edifício de sessenta andares, estendo os olhos e vislumbro a beleza da paisagem, depois visito cada andar de minha construção. Na cidade de Xambioá, onde nasci, ainda não havia concluído o primeiro andar, peguei um barco no rio Araguaia na direção da cidade de Marabá, quase morri na perigosa cachoeira de Santa Izabel, meu pai era pescador e garimpeiro em fim de carreira.
Antes de completar o quinto andar, mais uma vez pegamos um barco e subimos o rio Tocantins rumo a cidade de Imperatriz. Aqui vivi minha infância, mesclando brincadeiras, estudo e o trabalho nas olarias. Quando concluí o 18º andar fui ler o mundo, cada página era uma descoberta interessante. Depois, minha mãe adoeceu gravemente, optei por ficar do lado dela até sua morte.
Nessas alturas da vida meu edifício se encontrava com mais de quarenta andares e eu havia perdido meu espírito aventureiro, mas era preciso construir. Reencontrar estimulo para a construção era meu objetivo, escrevi, gravei, produzí e fui dando forma a novos andares.
Não teria chegado até aqui se não fosse a proteção divina e a presença amiga de pessoas que fazem parte de minha existência, deixei muitos amigos nessa estrada, mas muito deles fiquei junto até o último momento. Não me considero vencedor mas também não posso me considerar um derrotado, minha poesia me deu o pão e o vinho sem nunca precisar pedir ninguém, pelo contrário, muito desse pão e muito desse vinho ofertei a quem precisava mais que eu.
Chego mais satisfeito que cansado e, se o Criador me permitir seguirei construindo, abrigando em cada andar de minha vida as pessoas que tive o prazer de conhecê-las e tê-las como amigas. Z T.
ZECA - CHEFE DA NAÇÃO
Dei ordens a todos os órgãos do governo que fosse tomada providências com urgência sobre a situação calamitosa vivida pelo povo yanomami. É inconcebível que se passe fome pisando em cima de ouro. Fica determinada a retirada dos garimpeiros invasores, todo material encontrado na extração ilegal, não será destruído, será confiscado. Um país pobre como o nosso não se pode dar ao luxo de destruir até aeronaves. Todo material confiscado será doado às instituições que prestam serviços voluntário a nação.
Haverá licitação para contrato de empresa mineradora para exploração do ouro nas terras indígenas, sendo determinado porcentagens para os povos yanomami, para a nação e para um fundo de reflorestamento após a exploração. Podemos criar uma mata com milhares de castanheiras para extração de seus frutos, garantindo assim o futuro destes povos. Boa parte dos garimpeiros será utilizada na exploração pela mineradora contratada. Queremos garantir mão de obra a esse povo trabalhador, bem como uma extração com o mínimo possível de agressão a floresta e aos nossos rios.
Acreditamos que ações como esta trará paz e prosperidade aos nossos irmãos indígenas, bem como a toda nação. Com o fundo criado destinado ao reflorestamento toda parte degradada será restabelecida. Devolveremos a terra uma nova floresta, muito mais exuberante e mais produtiva. Garantiremos ainda aos animais nativos o conforto das árvores e das águas sem a presença de mercúrio, usado de maneira criminosa. É assim que queremos o nosso Brasil, vendo todos os seus filhos vivendo com dignidade, usufruindo do conforto adquirido pela força de seu trabalho. Só o trabalho honra o pão que nos alimenta, esse é o novo país, feito pela força de nossos braços e a criatividade de nossos cérebros. Vivemos pois esse novo Brasil!... Z T.
Blog – ACADEMIA SAMBENTUENSE DE ARTES E LETRAS
Homenagem da ACADEMIA SAMBENTUENSE DE ARTES E LETRAS E DA PREFEITURA DE SÃO BENTO - CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DR. ISAAC LOBATO FILHO, médico sãobentuense que contribuiu, sobremaneira, com progresso da medicina catarinense, homenageado em São Bento, dando nome ao Centro Cirúrgico do Hospital Municipal.
ÁLVARO URUBATAN MELO
Nasceu em São Bento, no bairro Porto Grande, a 7 de agosto de 1924.Filho de Isaac Napoleão Lobato (1888 a 1954), nascido na região do Munin, município de Axixá, negociante e embarcadiço chegou a São Bento vendendo produtos de sua região. Desportista, um dos fundadores do time de futebol TUPAN. Político, elegeu-se vereador em 1924. Casou-se com srta. Martiminiana Rosa da Costa Lobato, filha do sr. José de Adriano Costa. Entre os primos vivos, sobressai-se o mais importante brasileiro do Século, o Presidente José Sarney, a quem chamava de Zequinha; as médicas Joseth Sarney e dos são-bentuenses, médica Ana Maria Sarney Bastos, bacharéis Ronaldo e Norma Furtado Sarney
Aos dezesseis anos, concluído primário em São Bento, o ginásio em São Luís, no Liceu Maranhense. A chamado do irmão primogênito, médico Milton José Lobato, seguiu sozinho de navio para o Rio de Janeiro. Por aquele influenciado e com a mesma vocação, bacharelou-se pela Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro, atual UFRJ.
Formado, fiel a missão de cuidar da saúde, o menino da pequena cidade de São Bento, expressão dele, dava plantão num Pronto Socorro, hoje o Hospital Presidente Vargas, chegou a fazer jornadas de 24 horas, com pacientes nos finais de semanas.
Com dois empregos no Rio, ganhava 8 mil cruzeiros. Para atender a falta em Santa Catarina de cardiologistas e pneumologistas, área que foi um dos precursores, convidado pelo Governador Aderbal Ramos, ofereceu-lhe 6 mil, recusado. Para evitar prejuízos financeiros retornou. Para não o perder, o IPASE, na pessoa do Dr. Benedeth, solicitou que o retornasse, complementou a diferença. Santa Catarina precisa dele.
Na cidade, responsável pela introdução e desenvolvimento do serviço de cirurgia de tórax e a cardíaca, o que levou o governador Celso Ramos construir novo hospital.
De sua entrevista concedida extraímos:
“Em 1957, Associação Catarinense de Medicina (ACM), instituição que presidiu de 1963/1965, o nomeou membro para criar o curso de Medicina. Foi, também, um dos criadores do Instituto de Cardiologia de Santa Catarina. Em julho, primeiro ano de funcionamento da ACM, cometeu a loucura – expressão dele -.de criar a Faculdade de Medicina, desafiando a descrença geral, decidida em Assembleia Geral de julho de 1957, comissão formada pelos médicos Roldão Consoni – presidente; Isaac Lobato Filho –tesoureiro; Henrique Prisco Paraíso – secretário. Realizada em 1960, com
“Nos primeiros anos, a Associação Catarinense de Medicina funcionava em duas salas alugadas na rua João Pinto. Ali, num sobradinho modesto, um grupo de médicos cometeu a “loucura” (expressão do próprio Isaac Lobato) desafiando a descrença geral da própria categoria de criar a Faculdade de Medicina, antes mesmo da UniversidadedeSantaCatarina,professoratéaposentar-se. AACMerapresididapelomédicoAntônioMoniz de Aragão quando, em julho de 1957, uma assembleia geral extraordinária foi realizada com a finalidade de fundar a Faculdade. A comissão organizadora era formada pelos médicos Roldão Consoni (presidente), Isaac Lobato Filho (tesoureiro) e Henrique Prisco Paraíso (secretário), o único “não estrangeiro” (como eram chamados os profissionais de outros Estados) da equipe.
Não havia recursos para implantar a faculdade, mais eles encontraram uma saída. Lobato conta: Ele dizia o seguinte: Nós conseguimos um lugar na rua Ferreira Lima. Tinha um grupo de 200 pessoas espíritas que não tiveram mais dinheiro [para erguer o edifício] e consegui comprar aqueles títulos, e assim tomamos conta daquele prédio”.
Com passagem pelo Gabinete do Planejamento Estadual, Lobato e os demais membros do grupo contaram também com recursos do governo de Santa Catarina, do Ministério da Saúde, de doações espontâneas de pessoas físicas e jurídicas para concluir a obra.
Superintendeu a Federação Catarinense de Saúde, responsável pelos Institutos de Diagnóstico Precoce do Câncer a Hemoterapia, transformado em Fundação Hospitalar de Santa Catarina.
No caso do Hemoterascopias (Centro de Hematologia e Hemoterapia de SC), a gênese foi com o Centro Seroterápico Catarinense.
Em 1964, quando começou a fazer cirurgias de tórax precisava de sangue e de um hemoterapeuta para dar conta do trabalho.
“A capital catarinense não tinha anestesista, teve que convencer o amigo Danilo Duarte Freire a passar uma temporada para estagiar no Rio de Janeiro e voltar como especialista na área”
Para melhor desenvolver suas atividades, com colegas comprava cachorros para operar e aprender técnicas de cirurgias pulmonares e cardíacas extracorpóreas com o coração parado. Tornou-se, assim, pioneiro na área de cirurgias cardiotorácicas.
Dono do registro nº 23 no Cremesc (Conselho Regional de Medicina), ele lembra com lucidez de muitos momentos da carreira, desde que deixou o Maranhão até se tornar o pioneiro na área de cirurgia cardiotorácica em Florianópolis. Figuras como o dr. Francisco Benedetti, sócio do hospital onde o governador Aderbal Ramos da Silva foi fazer um tratamento pulmonar, e colegas das iniciativas heroicas de cinco ou seis décadas atrás, são sempre lembradas por ele.
Uma das primeiras cirurgias feitas no hospital Nereu Ramos foi tirar um pulmão atacado pela tuberculose – um acontecimento extraordinário para o tamanho da cidade. Um repórter da época publicou no jornal uma reportagem de página inteira dizendo: “sete médicos salvam a vida de um paciente”.
Superintendeu a Federação Catarinense de Saúde, responsável pelos Institutos de Diagnóstico Precoce do Câncer e de Hemoterapia, transformados em Fundação Hospitalar de Santa Catarina.
Sócio vitalício da SIMEC;
Em reconhecimento a relevância e avanço dados à Medicina, recebeu 1986, o título de cidadão Honorário de Florianópolis.
O Dr. Isaac, viúvo, deixa quatro filhos e vários netos e o nome eternizado na história da medicina catarinense, anteriormente marcada pela atuação de outro médico são-bentuense, Urbano Ferreira da Mota.
Faleceu em Florianópolis, 16 de setembro de 2020, e a cerimônia de cremação ocorreu no Cemitério Jardim da Paz.
O irmão supracitado, MILTON JOSÉ LOBATO nasceu a 3 de maio de 1914 e faleceu no Rio em 2004. Médico cirurgião pneumologista e fisiologista no Rio de Janeiro, formado pela Faculdade de Medicina do Rio. Líder comunista de Luis Carlos Prestes, e vereador no Rio de Janeiro. Escreveu o livro Cigarro: invalidez ou morte.
Dr. Isaac Lobato foi o segundo médico são-bentuense a atuar em Santa Catarina. O primeiro foi Urbano Ferreira da Mota, considerado dos melhores profissionais com atuação nesse Estado
Homenagem do acadêmico Álvaro Urubatan (Vavá Melo) proferido na Câmara Municipal de São Bento, local final das solenidades oferecidas pelo Secretário de Saúde, Dr. Moises Rodrigues Barros.
RAYMUNDO PORCIÚNCULA
DE MORAES, O DICO, ÁLVARO URUBATAN MELO
Nasceu em 6 de maio de 1892, na Vila de São Bento, no Maranhão. Foi o 12° dos 17 filhos (13 homens e 4 mulheres) de José Alípio de Moraes – Professor, músico, compositor e regente, – e de Teresa dos Anjos Porciúncula de Moraes, professora (cantora e musicista amadora). Seu pai ensinou todos os filhos e filhas a tocarem instrumentos musicais, formando uma verdadeira orquestra familiar.
Aos 10 anos, morando na vila de Cururupu e com vocação para a pintura, já manifestada em desenhos nos cadernos e nas paredes e muros da casa, recebeu do irmão e padrinho, o cirurgião dentista, o primeiro fotografo noturno do Maranhão, poeta, Dr. Celino Porciúncula de Moraes, o que considerou o seu primeiro grande incentivo: uma caixa de lápis com doze cores. As flores e frutas, temas preferidos do talento precoce, sempre muito coloridas, passaram a figurar com mais frequência no material escolar e a serem requisitadas por amigos e admiradores.
O Verdadeiro Original
Com 15 anos, outra habilidade de Dico, como era conhecido em família, também chamava a atenção: a de calígrafo. Por desenhar bem todos os tipos de letra, era procurado por comerciantes para fazer cartazes e outros trabalhos de propaganda. Ao candidatar-se a uma vaga de desenhista na editora A Revista do Norte, surpreendeu pela pouca idade. Para testá-lo, o proprietário lhe pediu que reproduzisse um quadro “de uns dos bons mestres de Paris”. No dia combinado, o jovem Porciúncula entregou a sua versão como sendo o original e disse não ter conseguido cumprir a tarefa. À reação compreensiva do homem, mostrou o verdadeiro original, cuja cópia que fizera era idêntica. Foi contratado na hora.
O encontro com aquele que define como seu “primeiro mestre”, o espanhol Antônio Rabasa, recém-chegado à São Luís, deu-se após Porciúncula ver paisagens do artista ornamentando a decoração de um novo bar da cidade. Não hesitou em pedir umas aulas a Rabasa, que o acolheu e foi um grande incentivador da sua ida para o Rio de Janeiro, cuja efervescência cultural e a possibilidade de convívio com grandes artistas reputava como fundamentais para o seu aprendizado. Entre 1916 e 1917, antes de conhecer a então capital federal, Porciúncula foi visitar um irmão em Belém. Lá, passou cerca de um ano e meio e encontrou “um ambiente de arte mais adiantado que em São Luís” e teve aulas com José Girard, pintor paraense que havia estudado em Paris.
O Sol nas Montanhas
Em 19 de março de 1918, desembarcou no Rio de Janeiro e não tardou a buscar novos mestres e locais para estudos. Como aluno livre da Escola Nacional de Belas Artes, frequentou o Atelier dos irmãos Bernadelli –Henrique, pintor e Rodolpho, escultor – onde se reuniam expoentes da arte brasileira. À noite participou das aulas de Modelo Vivo, no Liceu de Artes e Ofícios, orientadas pelo pintor Eurico Alves. Estudioso e dedicado, conseguiu, por concurso, o cargo de desenhista no Instituto Oswaldo Cruz, o que lhe garantiu
tranquilidade para prosseguir com sua pintura. Foi um dos criadores do setor de desenho técnico daquele Instituto, então, Manguinhos. Tornou-se amigo de Oswaldo Cruz e, como não tinha família no Rio, passou uma temporada vivendo em seu local de trabalho.
Em 1920, estreou no Salão Nacional de Belas Artes com o quadro O Último Beijo, “grande paisagem fixando o anoitecer, o último beijo do sol nas montanhas, pintado de Manguinhos, vislumbrando toda a paisagem até a Tijuca”. À primeira participação seguiram-se muitas outras como Menção Honrosa, de segundo grau, em 1924, Medalha de Bronze em 1925 e Medalha de Prata em 1954, com o quadro A Sesta, de 1950. Por fim, recebeu o título de hors-concours -Concours tornando-se expositor assíduo naquele Salão. De 1923 a 1925, insatisfeito com os rumos do Salão, reuniu colegas expositores e organizou o Salão da Primavera do Impressionismo, realizado no Liceu de Artes e Ofícios.
Participou de inúmeras exposições nacionais e internacionais (Estados Unidos, Argentina) e obteve diversas premiações e medalhas (ver em Exposições Premiações e Medalhas)
Em 5 de janeiro de 1933, casou-se com a professora normalista Edwiges Cecy Peixoto Porciúncula de Moraes (falecida em 1976), com quem teve três filhos: Maria Aparecida, José Henrique e Maria Teresa. Teve, também, três netos: Leonardo, Alexandre e Cecília, filhos de Maria Aparecida e Rucemah Leonardo Gomes Pereira.
Encontro com os Impressionistas e cotidiano
Em 1972, com sua obra já consolidada, viajou pela primeira vez à Europa, onde teve a oportunidade de conhecer os principais museus, em Londres, Paris e Amsterdam. Além de pintor, aquarelista, desenhista e ceramista, Porciúncula de Moraes foi escritor, crítico de arte, ensaísta e poeta. A familiaridade com as letras pode ser conferida em ensaios para O Jornal, do Rio de Janeiro, nos livros Estética Desfigurada e Palheta Sonora, publicados, respectivamente, em 1967 e 1980, e nas poesias que produziu nos anos 70, publicadas em Palheta Sonora e no Anuário de Poetas do Brasil, editado entre 1975 e 1979 (ver em Poesia). Seguindo a tradição musical da infância, nas horas vagas arranhava um violão e tocava piano, instrumentos sempre presentes em seu Atelier. Chegou a compor uma valsa, Falando aos Anjos, para Cecy, sua esposa (ver livro Palheta Sonora). Tornou-se desenhista-chefe do Instituto Oswaldo Cruz, em Manguinhos, cargo que exerceu até a sua aposentadoria. Foi também professor de desenho da rede de escolas públicas de segundo grau do Estado do Rio de Janeiro, tendo trabalhado, por vários anos, na Escola Orsina da Fonseca, na Tijuca. Também ensinou desenho em colégios particulares como Mello e Souza e Mallet Soares, em Copacabana. Deu cursos livres de arte na Escola Nacional de Belas Artes e em seu Atelier, aberto em 1952, nos fundos de sua casa, na Rua Bolívar 168, em Copacabana, com exposição permanente de suas obras. O artista fazia questão de estar presente para tirar dúvidas, ouvir opiniões e debater com os visitantes. Faleceu em 14 de novembro de 1981, no Rio de Janeiro.
DR. CLODOMIR CARDOSO.
ÁLVARO URUBATAN (VAVÁ MELO)
, membro das Academias: Sambentuense de Artes e Letras, Ludovicense de Letras, FALMA
Publicado ontem, Jornal Pequeno, página 7, Coluna Academia Ludovicense, Casa Maria Firmina dos Reis.
Aprovado que os acadêmicos ocupantes de cadeiras patroneadas por vultos nonatos em São Luís, façam alusões à memória de importantes personagens ludovicenses, que pelo brilho merecem ser glorificados.
Por ter sido a proposta de minha iniciativa, peço-lhes permissão para iniciar com a figura insigne do político, jornalista, professor e jurista Clodomir Serra Serrão Cardoso.
A preferência por ele, origina-se pela forte ligação com o meu São Bento dos campos de peris de Alcântara. Descendente da honrada família Serrão, segundo o memorialista Joaquim Silvestre Trinta, estudou lá.
Tido são-bentuense por muitos, diversas vezes o monsenhor Arias Cruz, o jornal o Combate, seus adversários políticos os atacavam por defeitos nas obras feitas em São Bento - terra dele - [energia elétrica e mercado central].
Elisabetho Barbosa de Carvalho, promotor de São Bento, em crônica: Clodomir Cardoso, tido por sãobentuense, embora não muito assíduo, já formado fazia nas reuniões narrativas curiosas sobre sua primeira vitória eleitoral – presidente do Diretório Acadêmico da Faculdade de Direito de Recife,
O discurso necrológico solicitado pelo deputado e amigo Fernando Viana, proferido pelo ferrenho adversário deputado Newton Belo, ao enaltecer as nobres qualidades, expressou-se: meu conterrâneo.
Ao assumir o posto de Interventor Federal, distinguiu São Bento, concedeu audiência no expediente no dia seguinte ao juiz de Direito Dr. Joaquim Itapary – e ao correligionário Joaquim Silvestre Trinta.
Clodomir Serra Serrão Cardoso nasceu em São Luís, Rua da Saavedra, dia 29 de dezembro de 1879. Filho de José Ferreira Serrão Cardoso e da veneranda professora concursada dona Maria Benjamim Serrão Cardoso. Órfão de pai, voltou para São Luís, trazido pelo tio mais velho, quem o custeou os estudos, o respeitado guarda-livros e sócio da Firma Bastos Lisboa, o Sr. Odorico Serrão Cardoso, pai do poeta e trovado Carlos Cardoso, quem me prestou essas informações, e foi ele quem escreveu bela artigo quando do centenário de nascimento desse seu ilustre primo;
Cursou com inequívoco brilho Humanidades no Liceu Maranhense, e com invulgar inteligência o curso de Ciências Jurídicas, na Faculdade de Recife – 1904, premiado com viagem à Europa. Apontado entre os primeiros alunos de todas as turmas dessa Faculdade por todos os mestres, enterais Clóvis Beviláquia. Antes abandonou o curso de medicina.
Por desavenças com o governador Benedito Leite, começou a vida profissional como promotor de Justiça da Comarca de Maracanã, no Pará. De lá convocado pelo Partido Republicano Federal, eleito deputado estadual em outras legislaturas.
Residindo no Rio, convidaram-no a candidatar-se Intendente de São Luís, eleição de 30.10.1915, com 1100 votos, derrotou o adversário Raul Machado, 810. Aplaudida gestão, com importantes obras. Em 25 de setembro de 1918, inauguração da energia elétrica.
Reconhecido homem de letras, completou com honras de fundador, o quadro da Academia Maranhense de Letras. Com grupo de jovens poetas e prosadores, funda um grupo literário – Oficina dos Novos.
Conciliado com as forças situacionistas, de comum acordo, foi eleito deputado federal, em 2 de setembro de 1925, vaga com a morte do ocupante, reeleito, mandato extinto pela Revolução de 1930. Eleito senador 14 de outubro de 1934, rompe com o parceiro, o governador Aquiles Lisboa, e promove contra ele o impeachment,
referente habeas corpus. Extinto seu mandato pelo Golpe de 10 de novembro de 1937, foi convidado a integrar o Conselho do Estado.
Pelo desempenhono Congresso Nacional,conhecimentojurídico,foiconvidadopessoalmente pelo Presidente Getúlio D. Vargas para ser o Interventor Federal do Maranhão, em virtude da renúncia do Dr. Paulo Martins de Sousa Ramos, que optara pela candidatura do Brigadeiro Eduardo Gomes, empossado de 23 de abril de 1945.
Homem de caráter, leal, ao saber da deposição do presidente Vargas, em 29 de outubro desse ano, expediu o telegrama:
Presidente da República.
Acabando saber Presidente Vargas, por quem fui nomeado interventor do Maranhão, apresso-me pedir V. Exª, me conceda exoneração do cargo.
Atenciosas saudações.
Clodomir Cardoso.
Na reorganização dos novos partidos foi um os fundadores do PSD, pelo qual elegeu-se senador no pleito de 2 de dezembro de 1945, mais votado – 43.507.
Com o rompimento político com Vitorino Freire, que impôs candidato à sucessão ao governador, lançou “Carta aos maranhenses” – para repelir uma afronta enquanto não é tarde, nos devemos reunir todos”. Não aconteceu – lançaram três candidatos, Vitorino elegeu Sebastião Archer da Silva.
Com o falecimento do Senador Antônio José Pereira Júnior, seu aliado, o diretório do PSD ficou dividido em duas alasdedozemembros. V.F.valendodeprestigiopolíticos situacionistaestadual efederal, com manobras conseguiavitórias najustiçamaranhense,derrubadas noSupremo, pelo elevadosaberjurídico,lutaqueperdeu devido o grave estado de saúde falecimento em 30 de julho de 1953.
A maioria da imprensa nacional e diversos homens públicos renderam-lhes elogiáveis referências, até os mais ferrenhos adversários -. Vitorino de Brito Freire – “As leis jurídicas do País perderam um dos seus melhores representantes
Um dos professores fundadores da Faculdade de Direito de São Luís, posteriormente os acadêmicos reconhecem os valores que ostentou, em justo preito, denominaram o Centro Acadêmico Clodomir Cardoso, berço de dezenas de talentosos jovens, orgulho do Maranhão em todos os tempos.
Consultor jurídico do Estado, do Instituto do Sal, Procurador do Cotonifício Cândido Ribeiro, . Senador constituinte, com vasta participação nas duas brasileiras e algumas inseridas de países sulamericanos. Reconhecido e respeitado jornalista, redator e proprietário de Pacotilha.
Membro da OAB – Brasil
A mulher e o direito ao voto, antes da constituição de 1926.
Cláusula ouro nos contratos internacionais mútuos.
Intervenção Federal nos Estados.
Rui Barbosa, a integridade moral e unidade da obra.
JOÃO CLÍMACO LOBATO e a Virgem da Tapera.
ÁLVARO URUBATAN MELO
O lançamento no dia 18 da corrente, na AMEI, do festejado livro Virgem da Tapera, joia rara da literatura maranhense, a mais importante obra do autor, cabe-me, como são-bentuense, felicitar e agradecer aos insignes historiadores Professores Maria Aparecida Ribeiro, o privilégio de localizá-lo em Coimbra; e ao Henrique Borralho, a honra de coordenar esse portentoso trabalho, constituindo-se relevante, esperado e aplaudido evento do mês.
Com a publicação de Mistérios da Vila de São Bento, a peça Mãe D’água, por Álvaro Urubatan Melo; e Cera de Vela, Antonio Melo (membros da Academia Sambentuense de Artes e Letras), e a localização de o Diabo, urge que publique a síntese de sua biografia. Permitam-me JOÃO CLÍMACO LOBATO nasceu em São Bento, a 6 de agosto de 1829. Faleceu no Rio de Janeiro em 1897. Formou-se pela Faculdade Jurídica do Recife, turma de 1851. Primeiro advogado são-bentuense, assumiu em 8 de dezembro de 1857, o recente Juizado Municipal e Órfãos criado no Termo de São Bento, pelo Decreto n. 1977, de 23 de setembro de 1857. Casado com dona Rita Pinto Acioly, filhos: Carlos Lobato, Ermilinda Acioly, Raimundo Felipe e Cândida Acioly Lobato. Filho deRaimundo FelipeLobato, nascido nazona rural deAlcântara,regiãoquepassou aintegrara Freguesia de São Bento dos Peris de Alcântara. Conselheiro da Província, deputado provincial, desembargador, presidenteinterinoduas vezes doMaranhão,casadocom suaconterrânea, donaMariaCustódiadaCostaLeite, na igreja matriz do Sr. São Bento, em 25/02/1827.
Neto paterno de Felipe Nery Lobato, sobrinho de Carlos Guilherme Lobato, autoridade local e do arcediago cônego deputado provincial Antônio Lobato Araújo, bispo interino Diocesano.
Materno de Miguel Arcangelo Costa Leite, sobrinho das ilustres personalidades: ten. c. el Marcolino Costa Leite, Major Felipe Augusto e Mestre Escola Conego Luís Raimundo Costa Leite. Irmãos: Raimundo Felipe Lobato Júnior, casado com irmã materna do Artur, Aluísio e Américo Azevedo, pais de Vitor Lobato.
Miguel Huáscar Lobato, avô de Emilio Lobato Azevedo, bisavó de Maria Tereza Azevedo Neves e Américo Azevedo Neto, trisavô de Eugenia Azevedo Neves.
Atahualpa Franklin Lobato, avô dos irmãos Fernando Ribamar, Luís Lobato Viana e Waldemiro Lobato Viana, bisavódeWaldemiroAntônio Lobato VianaedaconfreiraMariadeLourdes Lobato França. - ASBAL. Exerceu o cargo de procurador fiscal, notário em São Luís, jornalista, professor do Seminário, contista, romancista, teatrólogo, sócio efetivo do Ateneu Maranhense. Colaborou no Constitucional de São Luís, redator do Belo Sexo do Recife. O primeiro maranhense a publicar romance em São Luís – O Diabo, em 1856. Outras obras publicadas – A Cigarra brasileira – A Virgem da Tapera, dedicado à amiga Maria Firmina do Reis, quem lhe havia ofertado um poema. O Rancho de Pai Tomé, O Cego de Pojucã, O Belo Sexo, Mistério da Vila de São Bento -1862, o primeiro romance urbano lançado no Maranhão, reorganizado e publicado por Álvaro Urubatan Melo, em 2012. Peças para teatro em três atos, Maria, A Doida ou a Justiça de Deus; A Neta do Pescador; Mãe D’agua, O Roubo e a Tomada de Paissandu. Em dois atos –Paranguira e Duas Fadas. O Diabinho no meu quarto de dormir. O notável Fernando Lobato Viana, ao saudar na AML, o primo Emilio Lobato Azevedo, em sua posse na noite de 21 de dezembro de 1979, chama atenção da advertência do Professor Viveiros, Jornal do Dia, 15 de out, 63, que ninguém, nem mesmo os Lobatos Azevedo, Lobatos Padilha e os Lobatos Viana o estudaram. Patrono da Cadeira 28, da Academia Sambentuense de Artes e Letras, fundada por Mílson de Sousa Coutinho, quem contribui para longa biografia desse vulto. Os dados pessoais dos mencionados encontram nos livros – São Bento dos Peris –água e vida. Álvaro Urubatan (Vavá Melo), membro fundador da ASBAL, ALL e FALMA.
A ALCAP, Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense, é uma associação civil, de caráter cultural, sem fins lucrativos, de duração ilimitada, regida pelo seu estatudo e subsidiariamente, pelo Código Cívil e demais leis em vigor no país. Faz parte do Projeto Academias na Baixada do Fórum em Defesa da Baixada Maranhense (FDBM), arquitetado pelo professor doutor em história, Manoel Barros, tendo como principal finalidade, criar Academias Populares no território da Baixada Maranhense, voltadas à cultura e a historiografia da cidade.
A Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense foi fundada no dia 20 de maio de 2018. Tendo escolhido como patronesse da Academia a Professora Naisa Amorim.
AALCAPéformadapor29membros;escritores,compositores,cantores,poetas,cronitaseamantesdacultura local, imbuídos de compartilhar experiências no largo campo das Letras, Ciências e Artes interligados nos saberes de nossa gente
Categoria: Acadêmicos
Destina-se à biografia dos acadêmicos da ALCAP
FLÁVIO BRAGA SERÁ UM DOS PALESTRANTES NO EVENTO “DIÁLOGOS BAIXADEIROS” PROMOVIDO PELA UFMA
Ana Creusa / 13 de setembro de 2023
A Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) parabeniza o acadêmico Flávio Braga pela sua participação, no próximo dia 14/09/2023 (quinta-feira) às 17h30, no evento denominado “Diálogos Baixadeiros – Falas sobre a Baixada” promovido pelo Departamento do Curso de História da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
A palestra de Flávio versa sobre o “Linguajar típico da Baixada”. Nada mais oportuno, pois, Flávio Braga é autor do livro Dicionário do Baixadês, obra de registro literário do linguajar típico da Baixada Maranhense que tem o escopo de valorizar a sabedoria cabocla e contribuir para a preservação do modo peculiar de comunicação entre os nativos dessa microrregião, sobretudo nestes tempos de massificação da televisão e da internet
A referida obra imortalizou o autor, que é membro da Academia de São João Batista e da Academia de PeriMirim, sua terra natal. Ele também é o idealizador do prestigiado Fórum em Defesa da Baixada Maranhense (FDBM), sendo seu primeiro presidente. Diversos olhares, percepções, vivências e memórias marcam o evento “Diálogos Baixadeiros – Falas sobre a Baixada”, Projeto de Extensão do Departamento de História da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) que ganhará nova edição em São Luís, a partir desta quinta-feira (14), das 14h às 17h30, com entrada gratuita.
Com o eixo central “Falas sobre a Baixada”, em cada um dos seis encontros, a segunda edição terá sempre quatro temas centrais, com convidados especiais, autoras e autores oriundos da Baixada. No primeiro encontro, os temas são: “A Baixada do Maranhão em serões e outras falas”, com Gracilente Pinto (de São Vicente Ferrer); “Vislumbres de Viana sob o olhar de Assis Galvão”, com Adalzira Galvão e Michela Galvão (de Viana); “Anajatuba e nossas esperanças”, com Mauro Rêgo (de Anajatuba); e “Linguajar típico da Baixada”, com Flávio Braga (de Peri Mirim).
Sob organização do professor Manoel de Jesus Barros Martins, do Departamento de História da UFMA, o evento conta com o apoio do Departamento de História, do Curso de História, do Centro de Ciências Humanas e do Centro Pedagógico Paulo Freire – local onde será realizado o evento, na sala 101, Asa Norte, a partir das 14h.
Para Manoel Martins, o evento é um importante espaço para que professores, alunos e o público em geral possa debater e conhecer mais sobre essa importante região do Maranhão.
“A Baixada conta com um quantitativo expressivo de autoras e autores cujas obras remetem ao entendimento de facetas muito caras à formação social maranhense, porém essa produção e seus autores nem sempre são reconhecidos”, afirma o professor.
“Diálogos Baixadeiros – Falas sobre a Baixada” será realizado em formato presencial, na UFMA. As Rodas de Conversa serão gravadas e disponibilizadas a seguir pelo canal oficial do evento no YouTube, pelo link: https://youtube.com/@BaixadadoMaranhao.
Histórico dos Diálogos Baixadeiros
Apartirdemaiodesteano,foramrealizadasasprimeirasRodasdeConversa,noâmbitodadisciplina“Baixada do Maranhão: trajetórias e perspectivas”, com o tema “Diálogos Baixadeiros”. Diferente da atual edição, que
será realizado em seis datas, às quintas feiras, de 14.09 a 09.11, o evento de estreia foi realizado em cinco datas – nos dias 5, 12, 19 e 26 de maio e 2 de junho. Os vídeos da primeira edição podem ser encontrados no YouTube, no canal @BaixadadoMaranhao. Para mais informações, entre em contato pelo e-mail baixadadoma@gmail.com.
Antônio João França Pereira
Ana Creusa / 24 de junho de 2020
Ocupante da Cadeira nº 06 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), que tem como patrona Cecília Euzamar Campos Botão É natural de Peri-Mirim (MA). Nasceu em 24 de junho de 1947. Filho de Antônio João Pereira e Mercedes França Pereira (ambos in memoriam). Casado com a Sra. Graça Maria França Pereira. Teve quatro filhos, atualmente só tem três, todos formados em Direito, quatro netos sendo um homem e três mulheres e duas bisnetas. Estudou em Guimarães no Seminário S. José e em S. Luís no Seminário Santo Antônio viabilizado por Pe. Gerard. Cursou o 2.º grau no Liceu Maranhense. Formado em Letras. Ministrou cursos Intensivos de Matemática e Educação Física, curso de Formação de Gerente de Agência da Caixa Econômica Federal. Lecionou Português e Matemática no Ginásio Bandeirantes de Peri-Mirim, Anajatuba, e nos colégios Coelho Neto, Escola Normal e colégio Caxiense em Caxias e Escola Normal em Barra do Corda. Hoje, é aposentado da Caixa Econômica Federal e empresário. É sincero, gosta da verdade, ama Peri-Mirim, em especial Portinho. Não é omisso, é otimista, filantrópico, solidário, veio para ajudar. Não consegue ter raiva, nem rancor de ninguém. Tem noções de inglês, francês e latim. Acredita que todos nós nascemos para fazer o bem.
Agradecimentos a todos que se engajaram na fundação desta Academia, hoje, “ALCAP” Pensamento: “Enquanto eu era feliz tinha vários amigos, quando as coisas foram ficando difíceis, fiquei sozinho.”
Jaílson de Jesus Alves Sousa
Ana Creusa / 29 de outubro de 2019
Ocupante da Cadeira nº 28 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), que tem como patrono Raimundo João dos Santos. Nasceu no dia 4 de dezembro de 1994, no hospital São Sebastião em PeriMirim/MA.
Filho de José Maria Melo Sousa e Maria do Livramento Alves, que se separam na época do meu nascimento. Foi criado pela sua mãe e avós maternos: Manoel de Jesus Martins e Albina Alves. É o caçula de quatros irmãos, tem o prazer de citar o seu irmão mais velho José. Sua segunda irmã é Josenete e a terceira é Joselia. Iniciou sua vida estudantil com quatro anos de idade no Jardim de Infância” O Pequeno Príncipe” na sede de Peri Mirim. Ingressou no Ensino Fundamental na Escola Carneiro de Freitas, cursando a primeira série no ano de 2001; tendo como professora durante os quatros anos do fundamental menor a docente Terezinha Almeida (Terezinha de Galêgo), pela qual tem grande estima e admiração por ter lhe iniciado no mundo das letras. Cursou o Ensino Fundamental maior na escola Artur Teixeira de Carvalho, concluindo essa modalidade de ensino no ano de 2009. Tenho a honra de prestar homenagens a professora Maria da Luz Nunes, vulgo Marizinha de Teca, que durante todo o percurso de aprendizagem aprendeu a admirá-la, pois, além dos quesitos pertinentesadisciplinadeLínguaPortuguesa,mostrouoquãorelevanteéorespeitoparaa construção do ser humano como cidadão de bem, tornando-se construtor da sua própria história. Na referida escola continuou os estudos do Ensino Médio, concluindo essa etapa no ano de 2012.
Iniciou o curso de Licenciatura em Pedagogia à distância no ano de 2013 pela Instituição Reunida de São Paulo, encerrando o curso acadêmico no ano de 2016.
O seu maior sonho é publicar um livro sobre as culturas perimirienses, e essa é uma das razões pelas quais candidatou-se a uma cadeira da Academia Perimiriense.
Elinalva de Jesus Campos
Ana Creusa / 29 de outubro de 2019
Ocupante da Cadeira nº 27, que tem como patrona Júlia Silva. É Natural de Peri-Mirim, nascida no dia 17 de fevereiro de 1993, às 08:00 horas em sua residência no povoado Beira do Campo. É a primeira filha do casal
Ednaldo de Jesus Campos e Maria Antônia Campos, ambos são pescadores e têm dois filhos sendo o caçula Elinaldo de Jesus Campos. Seus pais não concluíram o primeiro grau e por esse motivo, em 1995 vieram residir no centro da cidade em busca de uma qualidade de vida melhor para os filhos e uma boa educação. Em 1997 deu-se início à sua vida estudantil, passando pelos primeiros processos de ensino aprendizagem da educação infantil no Jardim de Infância Pequeno Príncipe. No ano de 2000 ocorreu a primeira mudança de escola para cursar o ensino fundamental menor, que por sua vez chamava-se Unidade Escolar Carneiro de
Freitas, na época a escola pertencia ao Estado. Nesta unidade de ensino permaneci por quatro anos até está apta a cursar o ensino fundamental maior.
No ano de 2004 ingressou na escola Artur Teixeira de Carvalho com 11 anos de idade. Frequentou esta instituição por sete anos, cursando também o ensino médio. Durante sua vida escolar básica fiz muitos cursinhos preparatórios e profissionalizantes como Secretariado, Rotinas administrativas, Saúde e prevenção, além deoficinasdeartesanato. Em 2008participeido cursodeOperadorde AmbienteWindows (Informática), onde a escola fazia uma seleção dos melhores alunos para um estágio e, fui uma das alunas selecionadas e durante o ano de 2009 fez o estágio obteve um bom êxito, passando a fazer parte do quadro dos professores da escola aos 17 anos em 2010.
Participou também do projeto do governo do Estado Pro-Jovem, projeto este vinculado à Secretaria de Assistência Social do município, que tinha como capacitar os jovens e suas famílias com cursinhos e oficinas para que pudessem realizar atividades lucrativas que ajudassem na economia familiar. É batizada, crismada e consagrada, sua vida religiosa se deu com a participação em vários grupos e pastorais da igreja católica atuando em vários cargos, como a Catequese onde foi Catequista por três anos, após receber o sacramento da Crisma, a Legião de Maria Juvenil atuando como secretária e depois vice-presidente, a Liturgia, Grupo de Coroinhas, Grupo de Música e a Pastoral da Juventude onde permanece até o presente momento como assessora daJuventudedo SetorBequimão(o setorBequimãoé composto por cinco paróquias e uma área pastoral que são Peri-Mirim, Palmeirândia, São Bento, Bequimão, Alcântara e Oitiua) atuando no processo de formação e educação da juventude da Diocese de Pinheiro. Em 2011, após fazer o exame nacional do ensino médio recebi a notícia que foi aprovada pela Universidade Federal do Maranhãocampus dePinheironoturnonoturnoparao curso Interdisciplinarde Ciências Humanas. O curso tinha duração de quatro anos e durante sua formação teve a necessidade de se afastar para duas cirurgias, por esse período o curso passou por uma avaliação do MEC onde sofreu alterações na quantidade de anos para a formação completa do universitário. Essa alteração permitiu aos estudantes escolher uma habilitação em uma área específica, optou pela área de História. Concluiu a faculdade em 2018 com nota 9,5 sendo a primeira da família a possuir o ensino superior.
Durante sua formação acadêmica atuou na área da educação como professora do ensino fundamental menor na escola Cecília Botão-Anexo onde estive por dois anos como professora contratada. Fui coordenadora do projeto da Secretaria de assistência social Jovens em Ação onde coordenava uma equipe de professores que trabalhavam com aulas, palestras, atividades físicas e oficinas para desenvolver e qualificar jovens. O projeto também acompanhava adolescente com problemas familiares e problemas com as drogas. É amante e incentivadora da cultura popular maranhense, tendo participado de vários grupos folclóricos do município de Peri-Mirim em que os objetivos eram resgatar e preservar a cultura popular local. Participou como índia do Bumba-meu-boi Brilho da Baixada, foi dançarina por 10 anos na companhia de Dança Laço de Prata, índia no Bumba-boi dos Idosos, dançarina em grupos de quadrilhas juninas, integrante da companhia de Arte e Teatro “Nossa arte”, dançarina no grupo de dança de rua, integrante da banda de fanfarra da escola do município de Peri-Mirim e do município de Palmeirândia. Atualmenteéprofessora nomeadade6.º ao9.ºano,atuandonaEscolaMunicipalCecíliaBotão-Anexo,realiza pesquisas na área de história e religião tendo uma publicação no livro de resumo da Universidade Estadual do Piauí e cursando a pós-graduação em Docência da Educação Básica. Elinalva de Jesus Campos se considera apta a ocupar uma cadeira na Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense devido a sua contribuição na educação do município como professora, pesquisadora, formada em História, pelo trabalho realizado com a juventude na Baixada Maranhense e por fim, valorizar e incentivar a cultura popular brasileira, encolhendo a senhora Julia Silva para homenageá-la como sua patrona.
Diêgo Nunes Boaes
Ana Creusa / 29 de outubro de 2019
Ocupante da Cadeira nº 26, que tem como Patrono João Garcia Furtado. Filho único da relação entre Dulcilene Pereira Nunes e Júlio César Campos Boaes. Nasceu no dia 26 de abril de 1992, num domingo, dia em que seu avô materno, chegava de jogar futebol da cidade de São Bento-MA. Sua mãe queria que seu nome fosse Wesley e naquela época seu avô materno, Domingos (Duro), era fã de Diego Maradona, e com mais a desculpa de não saber chamar Wesley, pediu a ela que o nomeasse Diêgo, em homenagem a um dos maiores jogadores de futebol daquela época. Sua mãe lhe teve ainda nova, na flor da juventude, aos 16 anos de idade, período onde seus avós acabavam de mudar-se do povoado Canaranas para o centro da cidade, em busca de melhores condições de vida. Em todo esse tempo, até os dias atuais Diêgo reside em companhia de seus avós maternos. Isso resume o porquê de ele ser mais apegado aos familiares maternos.
Foi matriculado aos 03 anos de idade no Jardim de Infância o Pequeno Príncipe, aos 06 anos ingressou na Unidade Escolar Carneiro de Freitas, teve como professora, durante os 04 anos do fundamental menor, Delcy Pereira Nunes (in memoriam), e concluiu o fundamental maior e o nível médio no Centro Educacional Artur Teixeira de Carvalho, antigo CEMA.
A história de Diêgo se resume em sonhos, desafios e fé, sempre conseguia o que queria, pois persistia em seus objetivos, desistir jamais, esse sempre foi o seu lema. Estudou por toda sua vida em escola pública. Mesmo assim sempre se dedicou aos estudos, nunca obteve notas vermelhas em seus boletins e no meio acadêmico nunca repetiu nenhuma cadeira na Universidade.
Graduado do Curso de Licenciatura em Ciência Humanas com habilitação em História pela Universidade Federal do Maranhão-UFMA e em Pedagogia pela Faculdade Maranhense-FACAM. Foi integrante do grupo de estudos de história sobre cultura, memória e identidade da baixada maranhense, integrante do Centro Acadêmico do curso de Ciência Humanas da Universidade Federal do Maranhão no Campos de Pinheiro (2010-2012). Especialista em História e Cultura Afro-brasileira pela Faculdade de Tecnologia Padre Antônio PropicioAguiarFranco-FAPAF. EemCoordenação,SupervisãoeGestãoEscolarpelaFaculdadedeTeologia Hokemah-FATEH.
Foi selecionado pormeio doENEM-2009paraocursodeLicenciatura em CiênciasHumanas daUniversidade Federal do Maranhão- UFMA, Campus de Pinheiro, com habilitação em História, na qual cursou durante 05 ano. Aluno da primeira turma de graduação em licenciatura da baixada maranhense. No mês de maio de 2012, conseguiu aprovação em um seletivo para atendimento ao cliente pela Companhia Energética do MaranhãoCEMAR, atual Equatorial Energia, na sua cidade natal, Peri-Mirim, onde presta serviços até hoje. Sempre foi muito católico, de família religiosa, exercia diversos cargos na Igreja Católica: foi catequista por vários anos, Coordenador Geral da Pastoral da Juventude, vice-líder do Terço dos Homens, Coordenador do Grupo de Jovens, Presidente da Legião de Maria, Membro da Liturgia e Coroinha. Atualmente é membro da Igreja Evangélica Assembleia de Deus, a qual faz parte desde 2013, é Secretário-Geral da UMADPM- União de Mocidade da Assembleia de Deus em Peri Mirim. Foi coordenador do Programa Mais Educação e Coordenador-Alfabetizador do Programa Brasil Alfabetizado, atuou como supervisor pedagógico da Secretaria Municipal de Educação- SEMED em Peri-Mirim, tem experiência como professor da educação Infantil ao Ensino Superior, Gestor escolar, Tutor. Em setembro de 2023 foi nomeado Secretário de Juventude, Trabalho e Economia Solidária, onde ficou até julho de 2024. Sempre é convidado pelas escolas para ajudar em projetos e dar palestras.
Diêgo sempre se identificou com as artes, história e cultura perimiriense, o seu TCC em 2015 pela UFMA, teve como título: Tradição e identidade no festejo de São Sebastião na cidade de Peri-Mirim-MA (1958-
2014). Onde conta a trajetória do festejo na cidade natal, no sentido de analisar os avanços, desafios, possibilidades e dificuldades de uma festividade centenária.
Seu primeiro contato com as artes foi na quinta série, aos 11 anos de idade, nos trabalhos em sala de aula, sobre orientação da professora Ildenira França, quando fez a peça teatral: O aluno que comia caca de nariz da peça de Naum Alves de Souza, a partir daí começava um amor em dublar, encenar e dramatizar. Outra apresentação também em sala de aula foi: O Ato da Compadecida, na qual ele dublou o João Grilo. Daí em diante continuou fazendo apresentações na igreja católica, como José o pai de Jesus, nas apresentações de natal; Pedro, o ladrão da cruz e até mesmo Jesus, nas Via Sacra. Atualmente ainda faz apresentações, coreografias, jogral e encenações na igreja evangélica.
Diêgo significa conselheiro, e amigo. Se identifica com a simplicidade e humildade, gosta de ajudar ao próximo, não lhe cansa em poder ajudar seus irmãos. Faz parte da história da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), como primeiro-secretário (2018-2022) e membro-fundador pela qual tem maior apreço e carinho por esta referida instituição, exerceu o cargo de vice-presidente (2023-2024), tesoureiro (2024) e com a dissolução da diretoria, faz parte da comissão provisória até dia 15 de novembro de 2024, juntamente com as confreiras Jessythannya Carvalho Santos e Edna Jara Abreu Santos
Edna Jara Abreu Santos
Ana Creusa / 29 de outubro de 2019
Ocupante da Cadeira nº 25, que tem como patrona Raimunda França. Nasceu em 24 de junho de 1991 no Município de Peri-Mirim. De família humilde.
Membro fundador da Academia de Letras, Ciências e Artes perimiriense – ALCAP, ocupante da Cadeira nº 25. Tem como patrona sua bisavó Raimunda França. Ocupou a função de 1ª Tesoureira durante o período de 2009 – 2023 na mesma entidade.
Nasceu em 24 de julho de 1991 no Município de Peri-Mirim, porém com erro de registro em cartório para junho do mesmo ano. De origem humilde, tendo como principal meio de sobrevivência a roça. Morou com meus pais, Ana Cleide Abreu e Edvaldo de Jesus Santos, no Povoado Torna até os 9 (nove) anos de idade quando veio a separação. Tem três irmãos, sendo a primogênita Cleide Ane Abreu Santos, Leidivaldo Pereira Santos e Reginaldo Pereira Santos, sendo os dois últimos do segundo casamento do seu pai. É bisneta de Raimunda França, mãe de Francisca do Carmo França (vó materna) e José Ribamar Abreu (vô materno) e paternos: Raimundo dos Santos (in memoriam) e Domingas do Rosário Câmara dos Santos (in memoriam). Depois da separação dos seus pais foi morar com os avós maternos no centro da cidade. Aos 20 (vinte) anos casou-se e tornou-se mãe da Alice.
Em 2009 tomou posse no concurso Público Municipal como Agente Administrativo. Os primeiros 8 (oito) anos deefetivação trabalhounoprédio daPrefeituraonderealizavaserviços derecepção,buscas eorganização de documentos antigos, pesquisa de tempo de serviço de servidores e outros. De 2010 a 2016 foi membro, secretária da Comissão Permanente de Licitação e Pregoeira do Município. A partir do ano de 2017 começou a exercer suas funções docentes por meio de contratos em escolas públicas municipais, colégio privado “Alda RibeiroCorrêa – ARC”e no CentrodeEnsino “ArturTeixeiradeCarvalho” deâmbito pública do Estado/MA. Iniciou seus estudos de formação geral na Escola Municipal “Padre Gerard” no Povoado Torna, onde cursou a 1ª e a 2ª série (7 e 8 anos); de 2000 a 2001 fez a 3ª e 4ª Série na Unidade Escolar “Carneiro de Freitas”, sede, e a partir do ano de 2002 a 2008 estudou no C.E. “Artur Teixeira de Carvalho”.
Graduou-se em 2015 pela Universidade Estadual do Maranhão – UEMA no curso Letras Licenciatura, com habilitação em Língua Portuguesa, Língua Inglesa e respectivas literaturas.
Finalizou o Curso de Pós-graduação Latu Sensu, Especialização em Educação Especial Inclusiva pela Faculdade de Tecnologia Antônio Propício Aguiar Franco – FAPAF em 2016.
Concluiu o curso de Administração Bacharelado, tendo colado grau em 14 de setembro de 2023, e atualmente, está no processo de finalização do Curso Pós-Graduação em Informática na Educação, pelo Instituto Federal do Maranhão. Possui outros diversos cursos no currículo inclusive aprofundamentos em Linguagens e melhorias no ensino-aprendizagem.
Gosta de estar em constante evolução, de aprender coisas novas, de se inovar e reinventar. Se considera uma pessoacriativa, principalmenteutilizandorecursos tecnológicos. Acreditanaimportânciadouso datecnologia na educação e aposta na qualificação contínua, pois sabe que as necessidades do mundo se modificam e é preciso reciclagem e acompanhar essas mudanças.
Um dos seus hobbies é escrever crônicas em seu blogger “Memórias escritas (https://bloggernapontadalingua.blogspot.com/), que, por meio de vivências enraíza o passado mediante os registros escritos; estima leituras de textos narrativos em contos, crônica, poemas e outros; adora viajar e desbravar terras desconhecidas e colecionar momentos felizes ao lado de sua família.
José Sodré Ferreira Neto
Ana Creusa / 29 de outubro de 2019 Ocupante da Cadeira nº 24, que como como Patrono José Santos. Nasceu em São Luís/MA, no dia 20 de abril de 1986, no Hospital Universitário Materno Infantil, filho de Antônio Campos Sodré Ferreira (Tozinho de Zé Sodré) e de Ana Cléres Santos Ferreira (Cléres de Zé Santo), ambos naturais de Peri-Mirim/MA. Avós paternos: José Sodré Ferreira (Zé Sodré) e Maria José Campos Ferreira (Maria Sodré) e avós maternos: José Santos (Zé Santos) e Maria Amélia Martins Santos.
Em 1988, antes de completar dois anos, foi morar com seus avós maternos, no Outeiro da Cruz. Em 1989, ingressou no maternal do Colégio Menguinho, ainda com dois anos. Em seguida, em 1992, passou a integrar a família Marista, onde permaneceu até a conclusão do Ensino Médio, no ano de 2003.
Desde menino pretendia cursar Medicina, mas, após a conclusão do Ensino Médio, os ventos o levaram para o curso de Direito, na cidade do Rio de Janeiro, tendo concluído a graduação em 2010, mesmo ano que logrou a aprovação no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Em 2013 foi aprovado no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) para o Curso de Ciências Contáveis para a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), tendo escolhido esse curso em homenagem sua tia e madrinha Ana Creusa e seu tio Carlos Magno (in Memoriam), este a quem chamava de pai, cursando apenas um período.
Em 2014, durante uma ida a cidade de Fortaleza/CE para assistir aos jogos da Copa do Mundo, conheceu a sua esposa, Cibelle Rocha. Em 2015, decidiu morar no Ceará, onde casou, em uma cerimônia bela e inesquecível, em 2016.
O ano de 2017 foi marcado por dois acontecimentos antagônicos: a perda irreparável daquele que foi a sua grande inspiração, seu avô paterno José Santos, a quem sempre teve como pai e exemplo – o seu eterno Papaizão – e a sua aprovação no concurso para Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado do Piauí. Em 2018, para dar sentido a tudo que trilhou, veio ao mundo a sua primogênita, Manuela, cujo nome significa – Deus está conosco.
Apesar de ter nascido em São Luís, sempre teve Peri-mirim como sua terra natal e, sempre que possível, está presente a este tão aconchegante pedaço de chão. Por isso, muito lhe honra e felicita ocupar uma cadeira na Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP).
Jessythannya Carvalho Santos
Ana Creusa / 29 de outubro de 2019
Ocupante da Cadeira nº 23 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP)que tem como Patrono Agripino Marques. Nasceu na cidade de Peri-Mirim, estado do Maranhão, em 19 de julho de 1981, é servidoratécnicadoTribunaldeJustiçadoMaranhão(TJMA),comformaçãoemAdministraçãodeEmpresas, especialista em Controladoria e Gestão pública. É filha do professor e político Raimundo João Santos, nascido em Peri-Mirim, popularmente conhecido como Taninho, e de Maria de Jesus Cardoso Carvalho, nascida em Chapadinha, Maranhão.
Fez o curso pré-escolar no Jardim de Infância “Pequeno Príncipe” e todo o Ensino Fundamental na Escola Municipal “Cecília Botão”. Em 1998 concluiu sua habilitação profissional de magistério na Escola Comunitária “Cenecista Agripino Marques”.
Ainda na adolescência engajou-se nas atividades da sua comunidade, Paróquia de São Sebastião. Foi catequista e integrante das pastorais da criança, da liturgia e da juventude.
Iniciou a vida profissional em Peri-Mirim, em 1999, como professora de matemática e professora voluntária de alfabetização de jovens e adultos. Em 2000 foi diretora da Escola Municipal “João Garcia Furtado”, no povoado Tucunzal.
Aos 20 anos, foi para São Luís, MA, residindo na casa da família do Pastor Claudionor Gomes da Silva, onde preparou-se para o vestibular e foi aprovada no vestibular da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), ingressando no curso de Administração de Empresas em 2003.
Durante a graduação residiu com a família do tio paterno João Raimundo Santos (Cacá) e realizou três estágios: estágio extracurricular como Trainee nas Lojas Americanas (2006); estágio curricular na Delegacia Regional do Trabalho (DRT) (2006) e nas Centrais Elétricas do Norte (ELETRONORTE) (2007), sendo contratada pela ELETRONORTE no final do estágio como prestadora de serviço de assistente administrativo, atuando na Assessoria de Gestão.
Realizou em 2008 atividade voluntária de capacitação de servidores municipais e do comércio de bens e serviços no município de Capitão de Campos, Piauí, por meio do Projeto Rondon – Operação Grão-Pará, realizado pelo Governo Federal, Ministério da Desesa. Em 2009, após aprovação no concurso público do município de Peri-Mirim para o cargo de Agente Administrativo, voltou a residir com a família, trabalhando na Escola Municipal “Cecília Botão”, tendo sido também professora de inglês na mencionada escola. No mesmo ano, foi aprovada em 1.º lugar no concurso realizado pelo município de Presidente Sarney, MA, para o cargo de Administrador. Foi professora de qualificação profissional em administração pelo Programa Projovem Urbano, na cidade de Pinheiro, MA (2010-11) e tomou posse no cargo de Administrador no município de Presidente Sarney em 2011, momento em que voltou a prestar serviços na Assessoria de Gestão da ELETRONORTE em São Luís, por meio da empresa The Logical, Informática e Engenharia Elétrica Ltda., sediada em Belém, estado do Pará. Em 2012, foi aprovada em 1.º lugar no concurso do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA), Pólo de Pinheiro, para o cargo de Técnica Administrativa, tomando posse em 2013. Possui os seguintes cursos de especialização, ambos realizados pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA): Especialização em Controladoria (2011-13) e Especialização em Gestão Pública (2014-2016). Emseutempolivre,dedica-se,especialmente, àmúsica(violão),eaoaprimoramentodoaprendizadodalíngua inglesa.
Liliene da Glória Costa Ferreira
Ana Creusa / 29 de outubro de 2019
Ocupante da Cadeira nº 22 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), que tem como patrono Edmílson Ferreira Ribeiro. Brasileira, maranhense, casada, professora do Ensino Infantil, graduada em Pedagogia; História, cursando Licenciatura em Música; pós graduada em Docência da Educação Básica e Ensino de História. Nasceu em 27 de março de 1980, no Povoado Pontal – Bequimão, filha de José Castro Costa e dona Maria Amorim Costa, ambos lavradores, fui uma criança autônoma, não tive muitos amigos em sua infância, pois sofria de bullyng, o que muitas vezes a fazia ficar retraída.
Todavia, tinha grandes sonhos a conquistar, dentre estes dois que pareciam inalcançáveis diante das circunstâncias, queria ser cantora e professora, com esse sonho nascendo dentro de si, passou a escrever músicas e poemas, e com as mesmas alegrava os dias da sua mãe, cantando de frente para a brisa do campo, sentada em um curral. Enquanto isso, anos e anos se passavam e distante do pai, ela e seus quatros irmãos eram educados unicamente pela mãe, pois o seu pai teve que viajar para outro estado em busca de trabalho para adquirir o sustento da família.
Cursou o antigo primário na Escola “Eusébio da Costa Rodrigues”, localizada no povoado supracitado com as professoras normalistas Maria Vitória Alvares Castro; Marlinda Olinda e Rosa de Lima Costa Amorim, aos onze anos de idade conclui o antigo primário, por falta de escola no povoado tive que repetir a 4.ª série 2 anos para que não ficasse sem estudar.
No ano de 1994, sem opção e sem escola para estudar na época no povoado, fez um pedido especial à sua mãe, pediu a ela que lhe desse um voto de confiança e que a colocasse para estudar em algum outro município, onde tivesse escola, falou a ela dos meus sonhos, a sua mãe diante do meu apelo procurou uma casa de família no município de Peri Mirim/MA, onde a colocou para morar e a matriculou no (CEMA) “Artur Teixeira de Carvalho”, todo esse esforço da sua mãe foi feito sem o conhecimento e consentimento do seu pai, pois o mesmo não aceitava que ela saísse de casa para morar em casa de estranhos, como bom pai que sempre foi, essa era uma forma de proteger a filha.
Aos 14 anos de idade, passou a viver um novo tempo e uma nova história, muitos desafios a serem superados, passou por casas de famílias, derramou muitas lágrimas, teve que caminhar muitos quilômetros com a finalidade de alcançar seus objetivos, sofreu saudades dos familiares, a sua maior alegria era quando via a mãe no bloco da escola e os meus colegas em coro chamando pelo seu nome para avisar. Sua mãe, como sempre uma grande mãe, parceira, amiga de todas as horas, dando forças para continuar os estudos. Durante esse período pessoas amigas abriram as portas de sua casa e a receberam em seu lar, dentre estes a irmã Maria Lúcia Diniz, Jadiel França Pereira e Walton França Martins. Durante esse processo da sua vida tomou muitas decisões dentre estas a de se converter ao Cristianismo, pela vertente Assembleia de Deus Missões, cujo pastor Claudionor Gomes da Silva, onde a sua intimidade om Deus só cresceu, na época ainda adolescente de 14 anos de idade.
Em 1997, cursando a 8.ª série, contraiu matrimônio com Marcio Roberto Martins Ferreira, morador desta cidade (Peri Mirim), natural de São Luís/MA, que abraçou a sua causa e seus sonhos, um grande amigo inseparável, contribuinte e participante de todas as suas conquistas, desse matrimônio Deus deu a eles a graça de três filhos, a primogênita Sara Vitória Costa Ferreira em 2001, João Vitor Costa Ferreira, 2004 (in memoriam) e o caçula Davi Costa Ferreira em 2008. Mesmo com toda a responsabilidade matrimonial continuou a perseguir os seus sonhos e por muitas vezes sofreu críticas, de pessoas que achavam não ser possível, concluiu o segundo grau pelo Cenecista “Agripino Marques” em 2000.
No ano de 2005, quando tudo parecia não ter mais solução, uma luz se ascendeu para ela e para muitos colegas quealmejavam aoportunidadederealizarum curso superior,pela InstituiçãoCEERSEMA(CentrodeEstudos Religiosos Superiores do Maranhão), curso de Ensino Religioso com Habilitação em Pedagogia pela FAVIX (Faculdade de Ciências Humanas de Vitória), cuja conclusão deu-se em abril de 2013. No ano de 2009 prestou concurso municipal sendo contemplada com o primeiro emprego público, um dos meus sonhos realizados por Deus, em fim professora do Ensino Infantil, depois de uma vasta vida autônoma e como lavradora para adquirir o sustento familiar e para pagar os estudos. Nesse intervalo o Senhor lhe concedeu a oportunidade de passar no vestibular da UEMA (Universidade Estadual do Maranhão), para o curso de História, turno noturno pelo Programa Darcy Ribeiro, cuja conclusão aconteceu em novembro de 2014, durante esse processo, passou por situações difíceis, sofreu acidente na estrada, juntamente com uma amiga de caminhada Edna Jara Abreu, que junto com outros colegas como o Lourivaldo Diniz Ribeiro e Daniele, foram imprescindíveis na sua conquista, louva a Deus pela vida deles. A partir de então a intimidade com a Academia foi cada vez mais estreita, muitas oportunidades tanto de estudo, como de trabalho passaram a surgir. Em 2015 iniciou a pós graduação em Docência da Educação Básica, concluindo em 2016,pelaFaculdadeSanta Fé; Em 2014,iniciou pós graduaçãoem Ensino de História, pela Universidade Cândido Mendes, cuja conclusão se efetuou em 2016, era uma mulher mãe, profissional realizada, porém para cumprimento das promessas do senhor no final de 2016 prestou vestibular para Licenciatura em Música pela Universidade Estadual do Maranhão, cursando atualmente o segundo período, e grandes sonhos passaram a se tornar realidade, seu sonho de infância, o amor pela música cresceu, tenho visto o cumprimento das promessas do Senhor não só em si mais na vida dos meus filhos, seus bens preciosos que o Senhor me entregou para cuidar nessa Terra. Muito breve a Levita Sara Vitória e o Davi Ferreira estarão gravando seu primeiro CD gospel que será lançado na cidade de Peri-Mirim, se Deus assim permitir em 20 de outubro de 2018. Dentre as composições estão duas que Deus me permitiu compor: Deus Majestoso e Tremendo e Filho.
Enfim hoje tem um sonho a perseguir, diante de tantos atos de superação, depois de ter sido livrada por Deus da morte em várias circunstâncias, afogamento, fogo, acidentes, doenças dentre outros, hoje agradece a Deus e almeja cursar o mestrado e chegar ao doutorado, tem vários artigos escritos, e a história da Assembleia de Deus em Peri-Mirim, que meu sonho é publicar um dia, pois creio que uma conquista se dá a partir da construção dos sonhos, neste sentido o que tem a vos dizer é: nunca pare de sonhar, pois é possível que sonhos se tornem reais assim como os sonhos de José se tornaram realidade, sonhe como José sonhou.
Ataniêta Márcia Nunes Martins
Ana Creusa / 29 de outubro de 2019
Ocupante da Cadeira nº 21 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), cujo patrono é José Carneiro de Freitas Nasceu no dia 16 de março de 1979, no povoado Cametá, cidade de Peri MirimMA. Filha de Antônio João Martins e Ana Luísa Nunes Martins, união esta que gerou 6 filhos: Antônio João Martins Filho, Luís Jorge Nunes Martins (in memoriam), Antonieta Maria Nunes Martins, Ataniêta Marcia Nunes Martins, Ataniânea Nunes Martins Prazeres e Arílio Jorge Nunes Martins. Católica, batizada no dia 15 de janeiro de 1983, por Padre Gerárd Gagnon, teve como padrinhos Raimundo Martins Nunes e Rosália Martins Silva.
Iniciou os estudos na Escola Municipal Inácio de Sá Mendes, no ano de 1986, cursando a primeira série, no povoado Cametá. Em 1987 ingressou na Unidade Escolar Carneiro de Freitas cursando da segunda série até a
quarta série. Em 1992 iniciou os estudos da quinta a oitava série na Unidade Escolar Artur Teixeira de Carvalho, sob direção de Walton França Martins.
De uma família simples e humilde que muito batalhou para sobreviver, ajudava na lavoura, pesca, confecção de rede, carvão e com dificuldades sempre vencia na vida. Antes de seu nascimento, mais precisamente no ano de 1976, seu pai adoeceu, perdendo os movimentos e neurônio motor, mesmo assim ainda lutava nos serviços da lavoura junto de sua mãe Ana Luísa.
Como seu pai não podia mais trabalhar por conta da paralisia, junto com sua família tiveram que deixar sua terra natal (Cametá), e mudou-se em 1987 para o centro da cidade de Peri-Mirim, onde estão residindo até hoje, com ajuda do seu tio e padrinho Raimundo Martins Nunes, que junto com sua mãe e seus irmãos uniram forças para superar as necessidades.
Quando já residia no centro da cidade, continuava a ajudar no sustento da família, na venda de lanches no campo de futebol, torcendo fio para confecção de redes artesanais, somente na execução dessas atividades é que encontrava tempo para estudar para prova e fazer as lições para o dia seguinte.
Em 1997 teve sua primeira filha, Thátyla Hemanuely Martins Melo. Em 2001 cursou o Ensino Médio até 2003, na escola Tarquínio Viana de Sousa, na direção do professor João Batista Pinheiro Martins. No ano de 2002 teve seu segundo e último filho Márcio José Martins Câmara. Cursou o Magistério na Unidade Escolar Carneiro de Freitas, sob direção de Ana Maria Silva, no turno da noite, no ano de 2008 a 2011, ocasião esta que a levou ao desejo de uma profissionalização. Após concluir o ensino do magistério, concretizou alguns cursos de informática, como: introdução à educação digital e operadora em informática, e ainda esporte recreativo e lazer, empreendedor e gestão de empresas. Optou em fazer os cursos acima citados, por falta de oportunidade, pois naquele período, não havia o Ensino Superior no município.
Em 2012 ingressou na faculdade Montenegro, cursando Letras, na qual se iniciava uma nova busca por seus ideais. Vale a pena ressaltar que além dos estudos, sempre trabalhou nos afazeres domésticos, trabalhou como balconista, empregada doméstica, prestou serviço no cartório ofício único de Peri Mirim e ainda leciona as turmas do primeiro ao nono ano desde 2013. Em 2015 participou do seletivo municipal para ingresso na UFMA (Universidade Federal do Maranhão), na qual obteve êxito, onde atualmente cursa Licenciatura em Filosofia.
Pessoas inesquecíveis:
Sua mãe, Ana Luísa Nunes Martins, que lutou sem cessar por todos os filhos e conseguiu educá-los; seu irmão mais velho, Antônio João Martins Filho, que abdicou sua infância para assumir o papel de adulto pela sobrevivência de sua família; Maria Rosa Martins Duailibe (In Memoriam), que tanto os ajudou dividindo o pouco que tinha; a Elísia Coqueiro da Silva, pessoa esta que ajudou no sustento da família; a sua professora, Maria Lucinda Silva Oliveira, que contribuiu com sua alfabetização e a seu tio e padrinho, Raimundo Martins Nunes, como foi mencionado acima, ajudou na luta pela sobrevivência da família. É conhecedora de contos e lendas, que durante as suas férias passava alguns dias com seus avós maternos, José Evaristo Nunes (in Memoriam) e Antônia Paula Martins Nunes, no povoado Canaranas, onde aprendeu inúmeras histórias contadas pelo seu avó, José Evaristo Nunes (In Memoriam) na qual ele repassava o que tinha aprendido com seus antepassados, por conta disso, Atanieta, se identificou pelos poemas, contos, fábulas e lendas.
Dedica-se ao máximo a realizar suas atividades, procura terminar tudo que começa e quando encontra dificuldades, busca conhecimento e solução para os problemas, como ensinamento sempre diz coisas positivas, e se falar de dificuldades, fala o que aprendeu com elas.
Categoria: Patronos
Destina-se à Biografia dos Patronos da ALCAP
é homenageado na obra “Vultos Ilustres Baixadeiros da Baixada Maranhense”
Ana Creusa / 22 de novembro de 2024 O escritor Flávio Braga, ocupante da Cadeira 16 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), lançou a obra “Vultos Ilustres da Baixada Maranhense: Histórias e Legados de Grandes Personalidades”. Segundo ele, o livro é uma homenagem às contribuições de figuras proeminentes da Baixada Maranhense, apresentando o registro literário das trajetórias de personagens que marcaram a história da região, destacando seus feitos, lutas e o impacto duradouro de seus legados. O primeiro volume da obra – que faz parte de uma trilogia – foi lançado na Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB), no último dia 19 de novembro de 2024, em um evento belíssimo que contou com a presença massiva de baixadeiros e amigos, especialmente os membros do Fórum em Defesa da Baixada Maranhense (FDBM), do qual qual Flávio é idealizador e primeiro presidente. A história magnífica do patrono da ALCAP, João Garcia Furtado, está nas página 104 a 106 do livro. Vale a pena ler, pois apresenta fatos inéditos, que não constatam biografia disponível na ALCAP e que demostram o porquê de o perimiriense estar entre os vultos ilustres da Baixada Maranhense, que passou pela seleção cuidadosa e justa do escritor Flávio Braga, a este nossas homenagens.
Presidentes do FDBM: João Martins, Ana Creusa, Flavio Braga e o atual presidente, Expedito Moraes. • Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela)
Patrono da Academia de Peri-Mirim
SECUNDINO MARIANO PEREIRA
Diêgo Nunes Boaes / 24 de outubro de 2024 Por Diêgo Nunes Boaes
Nasceu no povoado Meão, não sabia ler e escrever, mas obtinha uma inteligência admirável, nunca havia frequentado escola, mas seus saberes e conselhos eram temidos por todos. Na comunidade era tido como um profeta. É patrono da Cadeira número 08 (oito) da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Graça de Maria França Pereira Casou-se com a senhora Alaíde Pereira, quando construiu família mudou-se para o bairro do Portinho. Em sua união com a Alaíde teve 09 filhos: João Pereira, Antônio Pereira, José Pereira, Macico Pereira, Constâncio Pereira, Donízia Pereira, Anicolina Pereira e Raimunda Pereira, e de outro casamento, Raimunda Azevedo, todos já falecidos. Secundino criou seus filhos e muitos de seus netos, adorava fumar charuto.
Secundino Mariano Pereira foi vereador em Peri-Mirim, ele também gostava da cultura, fazia blocos carnavalescos e bumba-boi. Conforme depoimento do seu neto João Pereira Amorim: “lembro de um dos blocos, chamado BLOCO DOS MARINHEIROS, no bloco tinha um barco de buriti de 2 e meio metros, era muito bonito, para minha felicidade quando acabou a festa fui apresentado pelo meu avô com aquele barquinho“.
Em 1977 na gestão de um de seus netos: João França Pereira, teve a praça do bairro do Portinho construída em sua homenagem, e em 2003 na gestão do seu outro neto: Geraldo Amorim Pereira, reformada e ampliada além da construção de uma escola no povoado Centro dos Câmaras.
Secundino tem umageraçãodenetos ebisnetos, doutores, professores, advogados epessoasilustres. Opróprio era uma das pessoas ilustres de Peri Mirim, dono de barcos, canos, gado, carros de boi e de muitas terras. Ele tinha um barco chamado “formosa”, um barco famoso, quando chegava na Beira Mar em São Luís, o povo já avistava de longe, com suas belas cores nas tonalidades: amarelo, azul, branco e preto, cores prediletos do Secundino, que pintava anualmente, abrilhantava seu belo barco que se destacava em meio a muitos naquela época.
O Secundino era quem construía o seu próprio barco, o consertava e pintava. Além de fabricar canoas e pneus dos carros de boi, na época eram muito utilizado no translado de lenhas para as olarias, além de outros tipos de cargas. Secundino e Gaudêncio eram os únicos, na época que transportavam mercadorias de São Luís, atracavam na Beira Mar, pegavam as compras dos comerciantes perimirienses, traziam até o armazém, na Vala ou barragem do defunto (atual barragem Maria Rita) para abastecer os comércios de Peri Mirim, praticamente 05 dias de viagem, eles reversavam, um dia Secundino (barco Formosa) e no outro Gaudêncio (barco França Filho, depois mudou para Lucimar).
Um fato importante é que hoje o bairro do Portinho tem o padroeiro São João Batista graças ao Secundino Mariano Pereira, que fez a primeira capela para abrigar a imagem doado pela senhora Gertrudes Pinheiro, conterrânea do povoado Minas, que morava no Rio de Janeiro e mandou a imagem pra São Luís de avião, Secundino trouxe em seu barco formosa, deixou na residência do senhor Egídio Martins, no povoado Jaburu, e assim organizou uma procissão do povoado Jaburu até a capela de São João Batista no bairro do Portinho, no dia 24 de setembro de 1952, procissão esta que marcou a vida do Secundino, além de ser devoto de São João Batista, o mesmo começou a ser um cristão assíduo nas missas e rezas da igreja local. Com isso, há 72 anos o bairro do Portinho tem como padroeiro São João Batista.
No dia 14 de janeiro de 1960, aos 78 anos, Secundino Pereira faleceu em São Luís onde foi sepultado no Cemitério do Gavião.
Nunes Boaes / 25 de fevereiro de 2023 Por Diêgo Nunes Boaes
Agora irei iniciar, falando aqui minha gente de pessoas que fizeram história e ficarão na memória, eternamente.
Tem a professora Naisa
Que foi prefeita, professora e mulher de garra
E por nossa educação, dedicou-se e Sempre lutou na marra
Foi uma mulher além do seu tempo
Competente sem forçar a barra
Conheci um senhor modesto de cartório foi escrivão
Olegário Martins é o seu nome que sempre ajudou a população.
Temos também
O senhor João Botão,
O hino de Peri-Mirim criou, Com esforço e dedicação
Temos o Edmilson que na saúde e no esporte
Fazia tudo com determinação
Em melodia vou me expressar
Contando a história de um músico de aptidão
Me refiro ao amigo de todos
O senhor Rafael Botão
Os políticos competentes
Vou mencionar aqui então
Carneiro de Freitas
Agripino Marques e Raimundo João
Trabalharam sempre em prol
Da nossa querida população
Diêgo
E o jogador Jacinto Pinto?
foi um simples carpinteiro do bum-meu-boi como José Santos se tornou herdeiro
Um médico ousado que era muito inteligente
Vou falar de doutor Sebastião Pinheiro
Que ajudou muita gente.
Tem ainda uma professora que fez história sim foi a famosa Cecília Botão
Que abrilhantou Peri-Mirim
Além dela temos Helena, Nazaré e Jarinila Mulheres de fibra e muito admiradas mulheres fortes e de atitude
Inteligentes e compromissadas
Foram por todos sempre muito respeitadas
Professores renomados que fizeram muita história
Alexandre Botão e João Furtado
Que até hoje estão em nossa memória
Deixaram um grande legado
Peri Mirim a fora
Pessoas ilustres
Que foram líderes de comunidade
Secundino Pereira
Julia Silva e João de Deus Deixaram grande saudade
Temos ainda
Isabel Nunes
Tetê Braga
José Silva
Uma verdadeira irmandade.
Quando se trata de fé Não podemos estes deixar de falar
Venceslau Pereira
Furtuoso Corrêa
Temos que citar
E a história de vida de Maria Sodré e Raimunda França mencionar.
Estes foram os patronos
Que a ALCAP sim tem
Onde nossa Peri-Mirim
Da vasta memória vai além
Trazendo e fazendo história
Para contar! Amém?
Raimunda França
Ana Creusa / 19 de agosto de 2021 Por Edna Jara Abreu Santos
Patrona da Cadeira nº 25 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Edna Jara Abreu Santos. Nasceu em 1919 davam-se o fim da 1ª Guerra Mundial e vinte anos depois (1939) davamse início à 2ª Guerra no mundo. Já no Brasil, o ano de 1934 foi considerado o divisor de águas na história devido as inúmeras alterações que Vargas fez no país tanto no setor social quanto no setor econômico. Criou leis que beneficiaram a educação, saúde, trabalho e cultura, o qual ficou conhecido como a promulgação da Constituição brasileira.
E nesse cenário, nascia nesse mesmo ano (1934) no interior do Maranhão, em 05 de fevereiro, a Raimunda França na Povoação Macapá atual Peri-Mirim, filha de José Valeriano França e Atanázia Martha França, naturais e residentes desta cidade, sendo a segunda mais velha dos 6 (seis) filhos do primeiro casamento da sua mãe. Atanázia Martha França, sua mãe, era doméstica e vinha de uma linhagem de 6 (seis) filhos de João Francisco dos Inocentes e Francisca Romana da Silva, casal que vivia maritalmente, porém não eram casados no Civil. Os seus irmãos eram: João Príncipe dos Inocentes, Francisca Paula dos Inocentes, Hilário Bispo dos Inocentes, Marcolina Rosa dos Inocentes e Juvencio Raimundo dos Inocentes. Grande parte da povoação que até 1943 se chamava Macapá pertencia ao seu bisavô passando para seu avô João Francisco dos Inocentes – conhecido como “Carabá” (redução de “cabra brabo”) – o qual fez as doações de terras, ainda em vida para seus seis filhos. Já o seu pai, José Valeriano França, herdou dos pais Inocencio França e Petronila França grande parte do Povoado Portinho (residia onde hoje é conhecida a Passagem dos padres) e a sua esposa Anastásia era dona das terras das proximidades do Povoado Conceição (da ponte de Anastácio para o centro). Com o passar do tempo, foram vendendo grandes lotes de terras por pequenas quantias. Sem saberem ler nem escrever deixavam as suas digitaisem documentos devendaetransferênciasdeterrenos emuitasvezes eram enganados por quem tinham estudos e más lábias. E assim foram perdendo terrenos e consequentemente ficando pobres. José Valeriano, era moreno, lavrador que faleceu em casa aos trinta e seis anos mais propriamente em 01 de julho de 1946. Teve seis filhos com Atanázia, assim sendo: Raimunda, Antônia, Maximo, João, Floriano e Maria dos Inocentes França. Não deixou testamentos nem bens a inventariar. Atanázia se casou novamente e teve mais três filhos.
‘Raimunda de Atanázia’ como era conhecida na cidade, estudou a cartilha do ABC que hoje consideramos o 1º Ano. A criança, o adolescente, ou até mesmo o adulto que concluía a tal cartilha era considerado alfabetizado. E era o maior nível de ensino na época.
Na cidade não havia médicos nem hospitais; quando se tinha alguma enfermidade que os remédios caseiros e os macumbeiros não conseguiam a cura, os doentes precisavam ser transportados em redes ou a cavalos até cidades vizinhas como São Bento, Pinheiro e de canoa para São Luís. Sem vacinas e antibióticos as doenças dizimavam milhares de seres humanos inocentes.
Tinha doze anos quando foi eleito Prefeito o Sr. Agripino Marques (1946 a 1949), que muito trabalhou nos seus quatro anos de governo. Não havia estradas, e o único meio de locomoção era na sela de um cavalo. Aliás,quem possuíaum cavalo de“seladecilico”tinha-secomo barão.OprefeitoAgripino Marques mandava
abrir caminhos nas estradas, assim aconteceu com o Campo de Pouso que era mata fechada com apenas um caminho estreito no meio. Construiu o prédio da atual Prefeitura que servia também de escola.
Ainda jovem, Raimunda foi duas vezes a São Luís; era uma viagem de canoa que demorava dias e noites e tinham como acompanhantes indesejáveis as temidas muriçocas.
No tocante à juventude de Raimunda sentiu que precisava de liberdade então decidiu sair de casa, pensou que deveria buscar formas para viver melhor a sua vida, já que o estado de pobreza extrema imperava na cidade onde nascera. São tantas possíveis justificativas que a fizeram sair de casa, no entanto, o que buscava mesmo era a sua liberdade, ser independente. Porém, mal ela sabia que ao sair de casa, teria um futuro de muita dor e miséria com os seus nove filhos. Três destes vieram a falecer por conta de complicações na gravidez e no parto e em razão da falta de recursos médicos e hospitais, todos os serviços de pré-natal e parto eram feitos pelas mãos das parteiras em suas próprias residências.
Criou os seus seis filhos sem as assistências dos pais, visto que, eles foram concebidos por pais diferentes e muitos dos filhos cresceram, se tornaram adultos sem saberem quem eram os seus ascendentes.
Desde cedo teve que assumir o difícil papel de ser mãe e pai, se preocupando com as terríveis doenças e com a tão preocupante fome e miséria fazendo muitos sacrifícios para criá-los. Talvez por isso tinha uma postura rígida com as proles, ou era apenas um reflexo das judiações e dos hábitos brutos dos seus próprios pais.
Logo após o nascimento dos filhos, ela pedia um caderno e lápis à parteira e escrevia apenas os seus nomes, data e hora do nascimento, depois guardava aquelas anotações como forma de registro. O registro civil em Cartório saia caro e a viagem para o Município de São Bento era muito difícil. Por essa razão, quando tinha a possibilidade de pedir ajuda a algum candidato a Prefeito ou vereador e conseguia a ajuda ela tirava as certidões de nascimento dos filhos.
Todos os filhos tinham a obrigação desde cedo de ajudar o (s) pai (s) ora na roça, ora nos afazeres domésticos e na criação dos irmãos menores.
A sua primeira casa foi erguida com muita dificuldade assim como todas naquela época em que hoje é conhecidoo“Caminhodafrieira”.Colocavamnos quatrocantososesteios eparacercá-laformandoas paredes eram colhidas e abertas as “pindovas brabas” que são conhecidas como palhas verdes, encontradas na mata das famílias das palmas.
De tempos em tempos havia a necessidade de repor algumas dessas palhas que secavam e apodreciam. Para cobrir as casas utilizavam as palhas secas estaladas, ou seja, abertas, os cômodos eram divididos em duas partes, assim sendo: sala e quarto. As duas únicas portas eram fechadas com “mensabas” e não havia janelas. A cozinha fazia-se na sala, suas louças eram escassas, fazendo jus a falta de alimentos e simultaneamente à fome. Enfincada no chão batido da casa havia uma forte estaca de três pontas com um pote que se armazenava água do poço, havia uma panela, um caldeirão, “caiambucas”, cuias feitas de cabaças que serviam de pratos e colheres na contagem exata com números de pessoas e ao meio diversas redes penduradas nos esteios de ponta-a-ponta.
Aprendera a “sacudir barriga” de mulheres grávidas, ou seja, ‘mexia’ na barriga para ver a posição dos fetos, tamanhos, data do possível nascimento e foi parteira algumas vezes também. Raimunda viveu por 81 anos (03/05/2015), era vigorosamente protestante e sem dúvidas uma mulher virtuosa, que dedicou sua vida em prol dos seus filhos. Lutou contra a pobreza extrema há mais de seis décadas de sua existência e só depois de se aposentar pelo Sindicato dos trabalhadores rurais que conseguiu construir uma casa de barro para morar.
Esta é uma singela homenagem a esta mulher guerreira, que com seus braços nus ajudou de alguma forma erguer a cidade de Peri-Mirim e/ou contribuiu para o seu crescimento. Em reconhecimento às suas lutas, grandeza e valor a esta verdadeira filha de Peri-Mirim demonstro aqui a minha eterna saudade e gratidão.
Jarinila Pereira Campos
Ana Creusa / 19 de agosto de 2021 Por Adelaide Pereira Mendes
Patrona da Cadeira nº 11 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Adelaide Pereira Mendes. Nasceu no dia 28 de maio de 1929, no Município de Peri-Mirim-MA, nasceu uma linda menina que recebeu o nome de Jarinila, filha de Benedito Pereira e Sebastiana Gomes de Castro Pereira, tevequatroirmãos etrês irmãs. Aosseis anos deidade,foipara companhiadeseus pais adotivos Sr.Raimundo Leocádio Corrêa e Florinda Castro Alves Corrêa, os quais faleceram em 1978 e 1979. Foi alfabetizada em casa pelos seus pais adotivos e, do 1º ao 5º ano – antigo primário, cursou na cidade de São Bento, na Escola Paroquial, sob a direção da professora Luciana Ramos Batista.
Depois que término do seu primário em 1945, deixou de estudar cinco anos por falta de condições financeiras de seus pais adotivos e, durante esse período, trabalhou como Professora Leiga na referida cidade de “São Bento”. Em 1950 foi para São Luís em companhia de seus pais adotivos a fim de continuar seus estudos mesmo com muito sacrifício. Nesse mesmo ano começou a trabalhar durante o dia no Laboratório Jesus, à noite iniciou Curso Ginasial fazendo o Exame de Admissão, a 1ª série no Colégio São Luís, os demais anos, no Liceu Maranhense.
Fez o Normal na Escola Normal, formando-se em 1957. Em 1958 foi nomeada para trabalhar em São José de Ribamar onde lecionou quatro anos no Convento: depois foi transferida para São Luís, trabalhou no Grupo Escolar Sotero dos Reis. No dia 17 de dezembro de 1963, casou-se com o Sr. Deusdete Gamita Campos, como não foi genitora, o casal decidiu adotar como filho uma criança a qual passou a ser chamado José de Jesus Pereira Campos, que por sua vez estudou e lhe agraciou com os seguintes netos: Romário Willian Amorim Campos, Deusdete Gamita Campos Neto, Maria Elis Campos e Jhonatan Silva Melo. Removida para sua terra natal como Professora trabalhou no Grupo Escolar “Carneiro de Freitas”, turno matutino. Em fevereiro de 1977, foi chamada e enquadrada como Professora de 1º Grau, Classe A – referência I. Desde a fundação (1968) do Ginásio Bandeirante ela exerceu duas funções: de Diretora e Professora até 1980 quando foi extinto e emancipado para a Instituição Roquete Pinto (CEMA). Com a extinção dessa UnidadedeEnsino, foicontratadaparatrabalharnoSupletivo o1ºgrau ànoiteexercendo afunçãodeDiretora. Em 1979 foi convidada pelo Secretário de Educação para fazer o Vestibular da FESMA com a finalidade de uma Licenciatura Curta em Pedagogia e Administração Escolar. Foi aprovada, e no dia 25 de janeiro do mesmo ano ingressou na Faculdade de Caxias, concluindo e colando Grau no dia 02 de maio de 1980. No dia 26 de dezembro do mesmo ano foi transferida de cargo, assumindo área de Administração Escolar, classe A, referência VII. Durante esses períodos de atividades nunca deixou de se qualificar participando de seminários, cursos e outros eventos.
Fez os seguintes Cursos:
Diretores de Ensino Médio de 1º a 10 /07/1968 – 70 horas.
Matemática Moderna de 08 /01 a 03/02/1968 – 150 horas.
Formação Pedagógica de 1º a 31 /06/1969 – 200 horas.
Ensino Global de 06/01 a 01 /02/1969.
Treinamento de Liderança de 26 a 30 /12/1971 de 1º a 10 /07/1968 – 70 horas.
III encontro de Unidades Bandeirantes de 10 a 12 /127/1975 – 24 horas.
III Encontro Livros Didáticos de 13 a 15 /12/1976 – 24 horas.
Seminário sobre Reforma de Ensino de 25 a 29 /10/1976 – 40 horas.
I Curso de Pessoal de Apoio de 08 a 10 /09/1976- 24 horas.
Curso Formação Religiosa de 02 a 07 /02/1976- 36 horas.
Seminário para Diretores de Unidade Bandeirantes de 28/11 a 02 /12/1977-40 horas.
Curso de Atualização em Avaliação e Planejamento de 20 a 24 /06/1977-40 horas.
V Encontro Livro Didático de 25 a 27/09/1979-24 de 28/11 a 02 /12/1979-40 horas.
Curso de Aperfeiçoamento de Professores de 5º a 8ª série de 13 a 31/07/1978. Porém, a nossa vida é uma dádiva de Deus, então nos lembramos deste como exemplo de mulher, esposa, e Mãe, ensinou não só o seu filho como tantas e tantas crianças a seguir no caminho certo, digno e verdadeiro, enquanto pôde, foram incapazes de baixa os braços, a cabeça para a luta que Deus lhe ofereceu, mulher com princípios fortes, tratamento especial para todos. Faleceu no dia 18 de junho de 2015, deixando seu legado que muito contribuiu para nossa Cidade e para os cidadãos Perimirienses Dona: Jarinila Pereira Campos tinha uma habilidade ímpar de lidar com as pessoas.
Júlia Silva
Ana Creusa / 18 de agosto de 2021 Por Elinalva de Jesus Campos
Patrono da Cadeira nº 27 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Elinalva de Jesus Campos. Natural do município de Peri-Mirim, nascida no dia 28 de julho de 1919. Filha do casal Águida Botão Silva e Luís Silva. Seus pais a criaram no povoado chamado Serra hoje considerado um local extinto devido a migração de seus moradores para outros locais em busca de melhores condições de vida. Júlia ficou conhecida popularmente como “Júlia da Serra”, titularidade adquirida devido ao local onde residia. Familiares acreditam que em 1959 aos 40 anos de idade ela migrou com sua família para o centro da cidade saindo do povoado que ficava a quatro quilômetros de distância e foi formado por integrantes de uma mesma família, após sua mudança para o centro e com a extinção de seu povoado, Júlia passou a ser referência no município como fonte de saber e informações sobre essa localidade.
A família da Dona Júlia era devota de Santa Terezinha por ser a santa que sua comunidade celebrava e festejava e assim como as pessoas de lá se deslocaram para outros locais com eles também saíram, costumes etradições como afestividadereligiosaqueteve acompanhamentodamissãocanadenseequehoje é celebrada pela comunidade Campo de Pouso, pois é nessa capela que a Santa Terezinha trazida pelos moradores é festejada seguindo uma tradição que sobreviveu ao tempo e a extinção de muitas lembranças.
Júlia da Serra não foi alfabetizada e sempre trabalhou no cultivo da terra, ou seja, era lavradora, além do serviço braçal na roça fazia também suas atividades domésticas e cuidava de sua família. Ela nunca foi casada e teve quatro filhas dedicando seu tempo livre para educá-las.
Suas filhas são oriundas de relações diferentes: Marilda (in memoriam) e Matilde são filhas do seu Osvaldo; Maria de Jesus e Domingas são filhas de Raul Mendes. Após crescerem e construírem família duas delas permaneceram na cidade e outras duas fixaram morada em São Luís capital do Maranhão.
De suas filhas a Dona Júlia ganhou dezesseis netos que são; Maria Lucinda, Claudenice, Carlos, Claudinel, Claudia Regina (in memoriam), Claudilene, Claudenir, Jailton, Edmundo Filho (in memoriam), Edmeyre, Jerferson, Poliana, Paloma, Elieide, Silvancilda e Edglébson. Netos estes pelos quais a avó possui afeto e um carinho enorme vivendo sempre rodeada de muito amor e cuidados.
Além dos netos, Júlia tem os seguintes bisnetos: Kedson, Rhayanne, Jhonata, Ana Carolina, Paulo Henrique, Carla, Kauany, Junior, Agatha Carolina, Alice Sofia, Jailton Júnior, Iara, Rebeca, Isabela, Ana Lívia, Rafael, Thamyla, Sâmilla, Caio Nohan, Cássio, Margarida, Kerllyson e Kelly. Tem nove tataranetos, Rhayk, Kayla, Yamilla, Enzo, Ana Julia, Maria Clara, Maria Eduarda (in memoriam), Pedro Kauã e Dhyovana.
No livro Curiosidades Históricas de Peri-Mirim, o autor fala um pouco de Júlia e de seu povoado do qual carinhosamente recebeu seu apelido. Ela faleceu em 01 de julho de 2015 com seus 96 anos.
Edmilson Ferreira Ribeiro
Ana Creusa / 18 de agosto de 2021 Por Liliene da Glória Costa Ferreira
Patrono da Cadeira nº 22 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Liliene da Glória Costa Ferreira. Filho de Clovis da Silva Ribeiro e Valeriana Ferreira Ribeiro, natural de Peri- Mirim/MA, nasceu em 29 de Agosto de 1945.
Aos 4 anos de idade mudou-se para Pericumã, juntamente com seus familiares. Aos 7 anos de idade iniciou seus estudos na Escola Urbano Santos, com a professora Helena Ribeiro, sua tia. Aos 10 anos e idade deu continuidade aos seus estudos na sede onde concluiu o 5º ano na Escola “Carneiro de Freitas”, durante todo esse período, sua família continuou morando no Pericumã, onde o mesmo ajudava seu pai no comércio, criação de animais, plantio de bananas, colheita de babaçu dentre outros para o sustento da família. Em 1965, voltaram a morar no Centro da cidade, onde continuaram com a comercialização para atender as necessidades básicas da família. Na época, o jovem Edmilson Ribeiro ainda iniciou um curso por correspondência (Daltro), para concluir o Ginásio, o jovem supracitado trazia consigo o desejo de ajudar a sociedade perimiriense, foi incansável nessa luta, fez a diferença na cidade de Peri-Mirim, pois foi incansável ejamaisdesistiudeseusobjetivos.Observandoasituaçãoprecáriadapopulaçãodoreferidomunicípio,iniciou sua carreira política com vitória garantida para o cargo de Vereador no ano de 1972, numa legislatura que se iniciou em 1973-1976, momento histórico onde não havia renumeração para essa função, mesmo assim o Edmilson Ribeiro não mediu esforços em busca de um novo tempo, de uma sociedade mais justa e igualitária, sendo assim, esse digníssimo cidadão e representante da sociedade lutou por uma educação de qualidade, melhorias na saúde, nas estradas, deixando assim um legado para a nossa sociedade a partir de suas contribuições sociais.
Após seu primeiro mandato tentou continuar na política, porém, no momento não foi bem sucedido, após ter se passado um tempo e em 1992, foi eleito vereador para pleito de 1993-1997. Durante o pleito realizou mais de vinte ações legislativas tornando-se desde sua emancipação a município, Peri-Mirim a mais atuante, destacando-se dentre outros: Projeto de Lei, constituindo-se o Conselho Municipal de Saúde; Lei de Complemento à Educação, incluindo os portadores de necessidades especiais; Lei da Agricultura, responsabilizando a prefeitura com apoio financeiro e técnico. Foi responsável por importantes indicações: construção da praça São Sebastião, asfaltamento do ramal da Boca do Campo, estradas e pontes de Inambu a Palmeirândia, construção de postos de saúde e escolas em vários povoados e reformas significativas, iluminação pública e abastecimento de água. Cabe ressaltar que das 902 das Leis aprovadas foram de sua autoria como versa em seu memorial.
Suas atribuições não pararam por aí, em 1984, Edmilson Ribeiro destacou-se quando assumiu a liga de esportes do município, bons campeonatos até montar uma das melhores seleções do momento, consequentemente, obteve os melhores resultados, sendo campeões respectivamente: 1985- “Juventude” (sede); em 1986- “União” (Portinho); 1987- “Botafogo” – (Inambu). Nesse mesmo período, assumiu a presidência da comissão da igreja São Sebastião, que, segundos relatos escritos passava por um momento de desmotivação. Com sua humildade, coragem e comprometimento com a obra de Deus o Sr. Edmilson Ribeiro bastantepopularnomeiosocialqualestavainserido,conseguiu elevaroânimodosfiéis,dando-lhesincentivos e promovendo atrações aos festejos de São Sebastião o qual é considerado o padroeiro da cidade.
No período de três anos conseguiu muitos benefícios para a igreja, dentre estes a reforma desde a cor da Praça até o alto da igreja. O mesmo criou um livro que tinha como objetivo prestar contas do arrecadado ao aplicado,
teveumagranderepresentaçãoeprestígioparaaIgrejaCatólica,vistoàssuascontribuiçõesparaocrescimento desta, que se destacou notadamente pela sociedade religiosa apostólica romana.
No campo profissional o biografado destacou-se na saúde, com participação em Congressos e Conferências, diretor do Posto de Saúde Santa Tereza, no Centro, entre 1989 a 1993. Em 1994 -1996, atuou coo secretário de Saúde, nomeado pelo então prefeito Vilásio Pereira, onde desenvolveu várias ações, destacando-se um profissional lícito, fez junto à sua equipe, um grande trabalho de atendimento e prevenção, ressaltando não houve nenhum óbito por negligência, atuou ainda no tratamento da Hanseníase, uma doença muito temida pela população, inclusive atendendo pessoas dos município circunvizinhos, dando-lhes uma nova perspectiva de vida diante do tão terrível preconceito que sofriam.
Em 1997 mudou-se para a capital São Luís em busca de melhores condições de vida para seus filhos, sua família, e transferido por conveniência para o posto de saúde Genésio Rego na Vila Palmeira e no Posto e Saúde Central (municipal), onde prestava serviço com o mesmo amor e dedicação, primando pela qualidade, confortando a todos que o procuravam, pois seu lema é ” servir o público e ser útil ao maior número de pessoas”.
Ainda é muito forte a lembrança de todos que acompanharam seus passo a passo, sua família, seus amigos, compadres e sua extensa lista de afilhados.
Estavapróximoem requerersuaaposentadoriaeoseuprojetoseriavoltarparasuaterranatal,darcontinuidade a sua história, agora alicerçada e acompanhada por outras pessoas que, direta ou indiretamente fazem parte de todo contexto, pois tinha como centro de sua religiosidade e de sua vida o primeiro e o segundo mandamento da Lei de Deus: Amar a Deus sobre todos as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Mas, de repente, em 12 de maio de 2011, nos chega a notícia: Edmílson faleceu! Nesse momento, as palavras se empobrecem porque não dá para transmitir tudo o que está cheio o nosso coração. O chão parece que se abre debaixo dos nossos pés e nos traga. Ficamos zonzos. Não se trata de um sonho ou de um pesadelo. É triste, mas verdadeira realidade.
Sempre imaginamos a possibilidade da morte de outro, como se ela nunca chegasse para nós. E, de repente, perdemos um ente querido, ficamos privados de sua presença física no meio de nós. Nessa hora, precisamos de gente que nos saiba ouvir e assim como Jesus chorou na morte de Lázaro, não nos envergonha chorar, sofrer, pois Deus não está indiferente às nossas lágrimas ele também sabe o que é sofrer.
Este é um registro de alguns momentos da história de vida de Edmílson Ribeiro, Missinho, para os mais íntimos, que viveram juntos. Já que, nada pode ser mudado, desfeito ou refeito, pensemos nas coisas boas feitas por ele e agradeçamos por estes momentos tão preciosos! Temos certeza que parte do que somos hoje é a soma deste relacionamento: mais maduros, completos, vemos a vida de outra maneira, pois Deus estava em cada uma delas! (Palavras contidas no memorial produzido pela família do patrono Edmilson Ferreira Ribeiro), o qual foi o maior referencial de pesquisa para produção desta Biografia.
Maria Isabel Martins Nunes
Ana Creusa / 18 de agosto de 2021 Por Eni do Rosário Pereira Amorim
Patrona da Cadeira nº 14 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense, ocupada por Eni do Rosario Pereira Amorim. Nasceu em 15de abril os de1892,nopovoado chamado Feijoal nomunicípiodePeri-MirimMA. Filha de João de Deus Martins (Dedeus) e Maria Rosa Pinheiro Martins (Mãe Cota). Foi Lavradora, doméstica, arteira leiga. Maria Isabel Martins casou-se aos dezenove anos com Domingos Nunes, ficando
então seu nome Maria Isabel Martins Nunes, se mudando então do Feijoal para a comunidade onde seu marido morava, que mais tarde veio a se chamar Santana dos Nunes, localidade formada principalmente pela família dos Nunes e dos Silvas.
Era uma mulher franzina fisicamente, mas tinha um forte espírito de liderança, usava vestidos longos, nos cabelos um cocó no qual colocava uma estrela (flor muito cheirosa do seu jardim).
Uma marca muito forte na Isabel era a “partilha”, tudo o que ela tinha era partilhado com outras pessoas, talvez por isso, nunca faltava nada em sua casa, principalmente gêneros alimentícios; Ela tinha um “baú” onde guardavatudooquelheeraespecial,algoassimcomoa“canastrinha”daEmíliadoSítiodoPica-PauAmarelo, e a cada visita que recebia ela sempre tinha algo a lhe oferecer, algum “mimo” que tirava do seu baú: frutas, ovos, bombons, chocolates, farinha etc…
A casa de Isabel sempre teve as portas abertas para a comunidade, abrigava: amigos, vizinhos, visitantes, forasteiros, ciganos em passagem pela comunidade e até saltimbancos que faziam seus espetáculos na varanda da sua casa. Ela tinha o hábito de fazer bastante comida, porque ela sabia que sempre chegaria algum visitante, e este não podia sair sem se alimentar.
Na fotografia de destaque, é possível visualizar o perfil de Maria Isabel, liderança importante para a implantação da Comunidade de Santana e o surgimento dos festejos de Sant`Ana na comunidade. Maria Isabel era muito religiosa, segundo relatos de alguns moradores, dizia-se que “ela tinha uma fé inabalável”. Ela fez promessa a Sant’Ana para engravidar. Comenta-se que durante suas gestações, Isabel se apegava a essa Santa para lhe ajudar e lhe conceder sempre um bom parto. Isabel teve 12 (doze) filhos gerados e protegidos por sua Santa protetora. Seus filhos Legítimos: Joanita Nunes Pereira, Terezinha de Jesus Nunes Pereira, Edna Nunes Gamita, Maria José Nunes Silva, Maria Rosa Martins Nunes, Adotino Martins Nunes, Izidório Martins Nunes, Raimundo Martins Nunes, José Martins Nunes, Emanoel Martins Nunes, João Martins Nunes, Domingos Sebastião Martins Nunes. Filhos Adotivos: Inacia Rosa Pereira e Magnaldo Amorim.
A gestação da prole de filhos e filhas contribuiu significativamente para a devoção e admiração de Isabel por Santa Ana. Para agradecer a proteção e as bênçãos concebidas por intermédio da Santa, ela começou a organizar, no ano de 1939, as novenas e as ladainhas em louvor a Santa Ana. O novenário e as ladainhas aconteciam durante nove noites em sua residência. No início das festividades, as ladainhas começavam somente com a presença da família e vizinhos, mas ao longo dos anos foi tomando uma proporção maior e novos visitantes passaram a frequentar o festejo em louvor a Santa Ana, que se homenageia em 26 de julho.
Isabel Martins Nunes, além de fazer novenário para Santa Ana, organizava também, no dia 13 de junho, ladainhaparaSanto Antônio, porém com menosintensidade.Atualmente,duas desuas filhas TerezinhaNunes e Edna Gamita fazem as novenas para Santo Antônio em suas casas Edna Nunes em São Luís-MA e Teresinha de Jesus na varanda de sua residência, no centro da cidade em Peri-Mirim.
As orações de Isabel não aconteciam só uma vez ao ano, todas as noites ela se reunia na sala de sua casa para rezar com sua família. Uma de suas filhas, Terezinha de Jesus Nunes, relatou que sua mãe tinha sonhos com orações. Conforme seu depoimento: “Às vezes durante a noite mamãe tinha sonhos onde ela se via fazendo orações e assim que acordava não importava a hora ela saia chamando seus filhos e todos que estavam em casa para escreverem a oração que ela tinha sonhado e para juntos rezarmos.”
Essas orações eram feitas em momentos com a família, nos festejos ou quando a procuravam solicitando orações. Foi assim que Isabel construiu uma família muito religiosa. Na casa, havia uma mensaba, na qual todas as noites, reunia os filhos; todos se colocavam de joelhos com as mãos postas para juntas rezarem o terço e agradecer pelo dia concebido por Deus.
Outro momento forte era a hora do almoço, momento mais sagrado do dia para a família, pois todos iam para a mesa e novamente se colocavam de joelhos para agradecer pelo alimento de cada dia, e assim a cena se repetia dia após dia.
Domingos, seu esposo, ficava responsável pelas orações da Sexta-feira Santa. Nesse dia, era ele quem dirigia as orações. Segundo os relatos da família, ele tentava reproduzir do jeito que Jesus fez na Santa Ceia, rezava e depois se alimentavam, não só com alimentos para o corpo, mas também com orações que traduziam-se em sustento para a alma.
A comunidade admirava a fé de Isabel e iam até ela sempre que precisavam de orações, pois como dizia o povo: “Dona Isabel pede e a Santa atende…”. Essa admiração era tão grande que naquela época era comum quando as mulheres estavam com dores do parto de seus filhos, os familiares saíam em busca de parteiras e também dela, pois enquanto a parteira fazia seu serviço de ajudar a mulher a ter a criança, Isabel ficava no
cantinho rezando e pedindo proteção para que tudo ocorresse bem, tanto para a mãe como para o filho que estava chegando.
As pessoas acreditavam no poder das orações de Isabel. Muitas vezes iam até ela levando crianças, jovens e até adultos para que ela fizesse orações e os benzesse. Esses benzimentos eram feitos por meio de suas orações e através de sua fervorosa fé.
Os gestos de Isabel demostravam seu jeito simples e carinhoso de viver, No sitio onde foi sua morada existem muitas árvores frutíferas e plantas medicinais. Ela na sua iluminação divina produzia remédios naturais que curavam várias doenças (lambedor excelente para expectoração de catarro, vermes, erisipela, cobreiro, gripes em geral, dores de barriga…) tudo produzido pelas plantas medicinais da sua horta.
Isabel era semiletrada e a única coisa que aprendeu a escrever foi o seu nome, mas era dona de uma sabedoria única, sua solidariedade não tinha tamanho e nem preço, estava sempre pronta para servir a hora que precisassem e, muitas vezes, deixava de fazer suas atividades pessoais para ir ajudar o próximo. Contribuiu significativamente para construção da Comunidade de Santa Ana.
Os anos se passavam e ela seguia firme sua caminhada de Fé. Ela presenciou, segundo as narrativas, um momento histórico para o povo, que foi a emancipação do município de Peri-Mirim; festas, bailes e todas as comemorações que foram feitas em honra as conquistas do povo perimiriense em razão de sua nova condição. Em 1919, a Vila de Macapá foi declarada município pela Lei nº 850 de 31 de março de 1919. O povo se organizou e fez uma grande festa no dia 07 de agosto do mesmo ano para comemorar sua emancipação.
Quando Deus a chamou de volta ao seu regaço, subiu como um raio de sol, iluminada pelo bem que praticou aqui na terra, deixando na sua trajetória de vida, um rastro de bondade, solidariedade, humildade e fortaleza a ser seguido por quem conviveu com ela. Faleceu de morte natural em 24 de fevereiro de 1989, estava rezando na rede e foi deitando devagarinho e se apagando como uma vela, assim foi o seu ultimo momento neste plano material.
Furtuoso José Corrêa
Ana Creusa / 16 de agosto de 2021 Por Paulo Sérgio Corrêa
Patronoda Cadeira nº 18 daAcademiadeLetras, CiênciaseArtesPerimiriense(ALCAP),ocupada porPaulo Sérgio Corrêa. Nasceu no dia 08 de janeiro de 1933, no povoado Conceição, Peri Mirim/MA. Filho de Manoel Paciência Corrêa e de Maria Raimunda Martins. De uma família de 4 irmãos, sendo ele caçula. Iniciou sua vida escolar no povoado vizinho Pericumãzinho onde estudou até o 4º ano do ensino Fundamental em 1945, após passou a estudar na sede do município, onde concluiu o 5° ano, ensino máximo oferecido no município na época e que teve como professora a Senhora Maria Guimarães. Após concluir o 5º ano mudouse para São Luís (capital do estado do Maranhão), a fim de aprender uma profissão. Pois até o momento só conhecia como profissão o trabalho na agricultura que aprendera com seu pai que era lavrador. Em São Luís, aprendeu aprofissão depedreiro ecarpinteiro,profissões quepassou aexercerpara asuasobrevivência.Nesse mesmo período, Furtuoso que tinha paixão pela música, passou a estudar música com os professores Nélio e Godofredo, onde aprendeu a ler partituras e tocar Saxofone e Saxtenor. Voltou a Peri-Mirim onde passou a trabalhar de tudo que tinha aprendido como profissão: pedreiro, marceneiro, carpinteiro, músico e lavrador. Formou com uns amigos uma banda a qual era composta por: Furtuoso no Saxfone, Amadeu no Banjo, Ribamar na Bateria, Biné no Pandeiro, Crescenço no Violino, banda que animava as os bailes de toda a região. Nesse período conheceu Eunice Alves, que foi seu primeiro relacionamento sério, relacionamento este que
deu frutos, dois filhos: José Marçal e José Orlando, mas este relacionamento não foi muito longo e deu-se a separação do casal. Em seguida, conheceu Altair, Tazinha, como era conhecida, moradora do povoado vizinho Pericumãzinho, filha de um dos músicos de sua banda, Amadeus, namoraram e em 13 de margo de 1959 casaram-se e em 30 de dezembro de 1959, nasceu a primeira filha do casal a primogénita dos 11 filhos (Célia, Dilce, Manoel, Deujanira, José Luís (falecido) Ana Cristina (falecida), João Batista, Paulo Sérgio, Ronaldo, Clodoaldo, Claudiane (falecida).
Furtuoso como um homem trabalhador continuou seu trabalho como pedreiro, carpinteiro, construindo casas e outros serviços e como marceneiro fazia móveis, portas, janelas, calçados (chamató) e até urnas funerárias (caixões). Mas não deixou a música de lado, passou a integrar o que chamou o 3° conjunto de Peri-Mirim, que era composto por Rafael Botão (Flauta), Joao Picola (banjo), Botão (bateria e vocal) Furtuoso Corrêa (saxofone) e Constantino (Trombone), era a banda xodó dos bailes perimirienses. Mais tarde junto com o irmão Constantino e Lauro Modego passa a integrar um dos melhores conjuntos musicais da cidade de Pinheiro onde permaneceram tocando juntos até a década de 80.
Como pessoa dedicada, no meado dos anos 70 ele conheceu o Instituto Universal Brasileiro, uma Escola a distância de cursos profissionalizantes e supletivos, Furtuoso com todas as dificuldades da época, conseguiu concluir o Ensino Fundamental pela instituição e o curso de Rádio Técnico, e não parou com os estudos, sempre querendo aperfeiçoar-se. Em 1981, concluiu também à distância o curso de mestre de obras da Construção Civil. Vale lembrar que os cursos à distância na época eram todos feitos via correios, material de estudo e avaliações, era necessária muita dedicação.
Como Pedreiro e Mestre de Obras, Furtuoso construiu muitos prédios no município e fora dele, pode-se citar alguns Prédios públicos: Escola do povoado Conceição, Escola do povoado Baiano, Escola do povoado Pericumã, Escola do povoado São Lourenço, Ampliação da Escola Cecília Botão, Escola do povoado Torna, Posto de saúde do povoado Conceição (hoje demolido para construgâo da UBS no local), Escola do povoado Tijuca, além de inúmeras residências.
Como lavrador gostava muito do trabalho na roça, a agricultura também fazia parte do sustento da família. Deixou este trabalho quando em 1991 e mudou-se definitivamente para a sede do município, onde já possuía residência, após uma doença de sua esposa que a deixou surda. No lado Religioso como católico, praticante Furtuoso sempre dedicou também seu trabalho em frente à igreja no povoado Conceição. Como dirigente comunitário e alguns moradores, fundaram a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, com a construção da igreja local e transformou esse festejo na época como um dos maiores festejos comunitários do município de Peri-Mirim.
Furtuoso José Correa faleceu no dia 08 de agosto de 2014, aos 81 anos de idade.
Olegário Mariano Martins
Ana Creusa / 16 de agosto de 2021 Por Raimundo Martins Campelo
Patrono da Cadeira nº 03 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP). Nasceu em 06 de março de 1878, na cidade de Macapá, atualmente Peri-Mirim, filho de Cássio Mariano Martins e Filomena Rosa de Melo Martins, tinha sua residência fixa na Praça São Sebastião no centro de Peri-Mirim-MA. Estudou apenas o terceiro ano primário. Casou-se aos 32 anos de idade com Amélia Gomes de Castro, com 23 anos, no dia 21 de abril de 1910. Amélia era filha de José Trajano Gomes de Castro e Clarinda Aurora de Melo.
Foi político, conceituado e respeitado pela população, assumindo a responsabilidade de conciliador das famílias, foi escrivão do segundo ofício de Peri-Mirim, comarca de São Bento pela seguinte Apostila: Apostila
O vencimento do cargo de escrivão do segundo ofício do termo de Peri-Mirim, Comarca de São Bento, do qual étitularinterinoosenhorOlegárioMarianoMartins, foifixadonopadrãoB,naconformidadedo disposto da Lei nº 491 de 30 de dezembro de 1950, a contar do dia 1º janeiro.
Secretário de Estado dos Negócios do Interior Justiça e Segurança, em São Luís, 13 de março de 1951.
Doutor Elizabeto Barbosa de Carvalho
Secretário do Interior Justiça e Segurança
Teve uma das ruas do centro da cidade de Peri-Mirim em sua homenagem.
Faleceu no dia 29 de dezembro de 1955, aos 77 anos, deixando os seguintes filhos: Valderice Martins dos Santos com 46 anos; Odete Castro Martins com 44 anos; José Ribamar Castro Martins com 42 anos; Ocino
de Castro Martins com 40 anos; Zuila de Castro Martins Azevedo com 39 anos; Maria José Martins Campelo com 37 anos; Benedito de Castro Martins com 31 anos e Itaci de Castro Martins com 21 anos.
Helena Ribeiro Corrêa
Ana Creusa / 23 de junho de 2021 Por Alda Regina Ribeiro Corrêa
Helena Ribeiro Corrêa é patrona da Cadeira nº 17 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Alda Regina Ribeiro Corrêa. Nasceu no dia 29 de outubro de 1934, na cidade de Peri Mirim- MA. Filha de família tradicional da região, sendo seu pai o senhor Justino e a mãe senhora Rosa Silva Ribeiro. Seus pais vieram da zona rural atraídos pelas ricas terras Macapá. Hoje atual cidade de Peri Mirim, uma vez que eram agricultores. Dos quatro filhos ela era a 3ª. Estudou na Escola Reunida, naquela época, aonde hoje é a Escola Carneiro de Freitas (Escola Municipal Cecilia Botão- anexo II), teve como Professoras Maria Guimarães, Naísa Amorim, Matilde (cujo nome popular Matilde Perigosa), Margarida…, conta-se em relatos que era uma das melhores alunas. Aos sete anos de idade, a então menina Helena Ribeiro ingressava na escola primária, frequentando na época o Grupo Escolar de sua cidade natal.
Quando concluiu o curso primário, matriculou-se no mesmo estabelecimento de ensino para frequentar o Curso Complementar, formando-se assim como Professora Complementarista, e que a mesma recebia seu honorário em valor de conto de reis, conta-se que aos dezesseis anos de idade, no ano de 1951. Como era muito dedicada ao ensino, naquela época o responsável pela Escola Municipal Urbano Santo no Povoado Picumã, onde, a pedido do senhor Clovis Ribeiro (seu irmão), a convidou, a título de estímulo para ser funcionária municipal, na função de Professora de Ensino, atividade esta que desenvolvia com remuneração de 50 conto de reis. Nessa época (1951), Helena ingressava no Curso Normal Regional, formando-se Professora Regionalista no ano de 1954.
Em primeirodemarço de 1954,HelenaSilvaRibeirofoinomeadaProfessoraComplementarista,para lecionar no estabelecimento onde estudava, passando assim a trabalhar oficialmente como professora nomeada, recebendo uma remuneração conto de reis, realizando dessa forma um de seus maiores sonhos o de ser “professora nomeada”. Em dezembro de 1954, formara-se no Curso Normal Regional. Formada normalista Regional, Helena Silva Ribeiro continuava exercendo suas atividades docentes, conquistando a simpatia das pessoas que com ela trabalhavam bem como de seus alunos e que a chamava de minha mestra.
A professora Helena Silva Ribeiro, em 20 de janeiro de 1960, casou-se com o Senhor Anastácio Florêncio Corrêa, na época Lavrador, onde mais tarde passou a exercer também a profissão de Vigilante de Portaria do CEMA.ApartirdessadatapassouaassinarHelenaRibeiroCorrêa,passaaresidirentãonopovoadoPericumã, na cidade de Peri Mirim. Dessa união, nasceram dez filhos: José Reinaldo Ribeiro Corrêa, Renivaldo Ribeiro Corrêa, Rosângela Ribeiro Corrêa, Rosélia Ribeiro Corrêa, Rubem Ribeiro Corrêa, Rui Ribeiro Corrêa, Alda Regina Ribeiro Corrêa, Everaldo Ribeiro Corrêa, Roseane Ribeiro Corrêa e Herbeth Ribeiro Corrêa. Decorrente da atividade de seu marido, Helena Ribeiro Corrêa, transferia sua residência para sede do município no ano de 1969, conseguindo também a transferência do exercício de seu cargo para esta cidade, onde exerceu o cargo de professora na sede do município, fora nomeada com a função de Diretora da Escola Municipal Cecília Botão no período compreendido de 1976 a 1982. Como professora e diretora, Helena Ribeiro Corrêa teve atuação marcante, era responsável e dedicada, apresentava grande capacidade administrativa e pedagógica, sempre pronta para solucionar os mais diversos problemas inerentes ao cargo que ocupava, atraindo dessa forma a simpatia de todos que com ela trabalhavam: colegas, alunos e a comunidade em geral.
Durante a sua vida profissional Helena Ribeiro Corrêa, procurava frequentar todos os cursos de aperfeiçoamento que eram ministrados em sua cidade em outras localidades pertinentes. E assim superar os obstáculos e realizar uma das tarefas que ela mais gostava, dedicar-se a educação.
Com 35 anos de serviços, se aposentou, na então gestão do Prefeito João França Pereira, e a mesma depois de aposentada continuou na profissão de rendeira que antes em suas folgas exercia, com suas belezas de estampas e transados do tear de madeira onde os fios de cores variadas, sobre saídas e entradas, entre fios e outros fios e dava origens de suas belezas incalculáveis.
Em 1983, o casal Anastácio Florêncio Corrêa e Helena Ribeiro Corrêa que viviam 25 anos de bodas de prata, no dia 11 de setembro seu casamento chega ao fim depois de tantos tempos de amores e namorados. Preocupada com seu aperfeiçoamento e tendo em vista que possuía apenas uma vida normal, a professora, rendeira e mãe separada, Helena Ribeiro Corrêa, mãe de 10 (dez) filhos, continuou a sua inteira vida trabalhando para o sustendo da sua família. Com o passar do tempo alguns filhos foram morar em São Luís, no ano de 1985 muda-se também para lá.
Logo a sua família foram aumentando com 23 (vintes três) netos e 7 (sete) bisnetos, tinha uma vida bastante dedica à Igreja Católica e com o passado tempo entrega a sua inteira dedicação em outra religião, ou seja, converte-seà IgrejaEvangélicaBatistaaondemorava. Pelavidaregressadetantos trabalhos, suaidadeetantas outras coisas, seu estado de saúde de Helena se agravava, mas, sempre visitava sua cidade natal que tanto amava.
Um ano após, mesmo sofrendo muito em relação a doença (diabete, pressão alta, dificuldades de locomoção) acreditando que haveria de vencer a própria doença, mesmo dependendo da cadeira de rodas para se locomover, ficou internada na UTI do Hospital de São Domingos em São Luís, seis meses e dezoito dias. Porém, no dia 18 de março de 2016, falecia a professora, rendeira e mãe Helena Ribeiro Corrêa deixando entre todos que a queriam bem uma imensa saudade, que nem mesmo o tempo conseguirá apagar tendo em vista ser ela uma pessoa batalhadora, competente, que não mediu esforços em prol da educação e, principalmente pelo estabelecimento que dirigia, seus filhos que sempre almejavam de dedicação de uma mulher mãe dedicada, carinhosa e muita atenciosa.
Raimundo João Santos
Ana Creusa / 9 de agosto de 2020 Por Jaílson de Jesus Alves Sousa
PatronodaCadeiranº 28 daAcademiadeLetras, CiênciaseArtes Perimiriense(ALCAP),ocupadaporJaílson de Jesus Alves Sousa. Nasceu no povoado Cametá, do município de Peri-Mirim, MA, no 07 de dezembro de 1946, foi servidor público estadual, professor, político, e esportista. Era filho dos lavradores Raimundo João Pinheiro Martins (Santinho) e Maria dos Remédios Santos. Tinha 11 irmãos, dentre os quais, foi o terceiro. Fez os primeiros estudos na Ilha Grande, Cametá, na casa da professora Maria de Lourdes Pinheiro Martins. Visando continuar os estudos, foi morar na casa de Dico de Álvaro, no centro da cidade, onde trabalhou cortando capim e lavando cavalos. Cursou até a 5° série na Escola Carneiro de Freitas, tendo como professora a senhora Miriam Costa Pereira, sob a Direção da professora Cecília Botão.
Em 1966 foi para o Seminário São José na Cidade de Guimarães, onde continuou os estudos. No final desse mesmo ano, com o fechamento do seminário, foi transferido para o Seminário Santo Antônio em São Luís, MA, permanecendo como interno até o fechamento deste seminário em 1969, por problemas financeiros.
Durante os períodos das férias, juntamente com alguns companheiros de seminário, realizou a missão de alfabetizar jovens e adultos nos povoados de Poções e Feijoal, em Peri-Mirim.
Deixando a vocação religiosa, permaneceu em São Luís e foi morar com a família do irmão mais velho, José João Santos, tornando-se coordenador do clube de jovens da Igreja São Paulo no bairro João Paulo.
Em 1970 concluiu o 1.º ano científico no Colégio Marista e diante das dificuldades financeiras foi transferido para o Colégio Estadual Nina Rodrigues, onde concluiu o colegial científico em 1972. Ainda no 2.º ano científico teve seu primeiro contrato de trabalho, tendo sido vendedor de livros pela Livraria Editora Pilar S.A. em São Luís, MA, até 1972.
Em 1973 foi aprovado no seletivo para operador de raio X pela Secretaria de Saúde Pública de São Luís, estagiando no Hospital Universitário Presidente Dutra. Nesse mesmo ano, por intermédio do ex-deputado estadual Dr. Sebastião (in memoriam), foi transferido para a cidade de Chapadinha, trabalhando no Hospital Antônio Pontes Aguiar. Em 1974 contraiu matrimônio com Domingas Ramos Maciel Nascimento, tendo dois filhos,FranklinWanderNascimentoSantos(1974)eWanyaMariaNascimentoCardoso(1976). Nessacidade, cursou o 4.º ano adicional; foi professor de Matemática na Escola Estadual Manoel Viera Passos e diretor e proprietário da escola Raimundo Bacelar.
Em 1977 contraiu união estável com Maria de Jesus Cardoso Carvalho, tendo três filhas, Athannya Santos Melo (1978), Thannyjôse Carvalho Santos (1979) e Jessythannya Carvalho Santos (1981).
Em 1982 retornou a Peri-Mirim, especialmente pela vida política, candidatando-se à prefeito, ao lado do candidato à vice-prefeito, Zacarias França Pereira (Botilho), a convite do ex-prefeito João Pereira. Apesar de não obter êxito, fixou moradia na cidade natal, exercendo a função de chefe de gabinete e transporte durante o governo de Benedito de Jesus Costa Serrão até 1988.
Em 1989 passou a integrar o quadro de cargos e funções estatutárias do Estado do Maranhão como técnico em radiologia.
No governo de Carmem Martins (1989 a 1992) exerceu a função de secretário de administração, tendo sido tambémdiretoreprofessordaEscolaComunitáriaColégio“CenecistaAgripinoMarques”pordezanos(19831993).
Amante do esporte, Taninho teve participação marcante no meio esportivo de Peri-Mirim como atleta, dirigente e organizador. Foi atleta de várias equipes de futebol, sendo fundador do Blumenau Esporte Clube, atleta e dirigente do Gelol, clube que se consagrou bi-Campeão de FUTSAL do município.
Foi Presidente da Liga de Desportos Perimiriense (LDP), tendo organizado vários campeonatos e levado a seleção de futebol a disputar torneios intermunicipais, inclusive em São Luís, MA. Foi presidente da Liga Perimiriense de Futebol de Salão (LPFS), sendo diretamente responsável pelos primeiros e mais bem organizados campeonatos de FUTSAL do município.
Taninho, sempre motivado pela política, nas eleições de 1992 candidatou-se novamente a prefeito de PeriMirim, aoladodacandidataàvice-prefeita MariaJoséCamposFerreira,eem1996,candidatou-seavereador. Apesar de não obter êxito nessas disputas políticas, continuou exercendo função de confiança na gestão municipal, sendo admirado pela competência, dedicação e transparência.
No segundo governo de Benedito de Jesus Costa Serrão (1997 a 2000), exerceu novamente a função de secretário de administração, foi técnico de raio-x no hospital São Sebastião e foi secretário do Diretório do PMDB.
Taninho, enquanto secretário de administração, organizou várias festividades no município, como a festa do padroeiro da cidade, São Sebastião, e as festividades de São João. Em 1998 organizou a primeira corrida de cavalos de Peri-Mirim, realizada no povoado Cametá. Ainda no povoado onde nascera, construiu o campo de bola, que após seu falecimento, foi homenageado com a fixação de uma placa intitulada Estádio Raimundo João Santos (Taninho). Faleceu em Três Marias, povoado de Peri-Mirim, MA, no dia 12 de maio de 2005. No ano do seu falecimento (2005) era atleta do Veterano Clube de Futebol de Três Marias e co-organizador do Campeonato de Futebol juntamente com a Liga Esportiva Independente de Três Marias; exercia a função de tesoureiro da Câmara de Vereadoresdomunicípio etrabalhavanaAgênciaEstadualdeDefesaAgropecuáriadoMaranhão –Aged/MA.
Manoel Sebastião Pinheiro
Ana Creusa / 8 de agosto de 2020 Por José Ribamar Martins Bordalo
Patrono da Cadeira nº 04 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por José Ribamar Martins Bordalo. Nasceu em Peri-Mirim/MA, em 21 de novembro de 1929, filho de Claudino Paulo Pinheiro e Maria de Fátima Cunha. Teve dois filhos: Alexandre e Georgina. Depois desposou com a Srª Maria José Sales com quem teve dois filhos chamados Felipe Manoel e Catarina. Em meados dos anos de 1935, com seis anos de idade, o garoto Manoel Sebastião, via em sua terra natal, as mulheres davam à luz, morrerem de trabalho de parto.
Sua vocação de tornar-se médico, advém desta data. Filho de família de classe média, Manoel disse ao pai que iria ser médico como propósito primordial de vida.
Sua trajetória de estudante passou pelo município de São Bento, onde cursou o primeiro grau maior, no Grupo Escolar Mota Júnior, tendo se transferido, ao final do 1.0 grau, para São Luís, estudou no Colégio Liceu Maranhense, onde com muito brilho, colou grau indo atrás de seu propósito na capital da Bahia, Salvador, na Universidade Federal de Medicina da Bahia, onde colou Grau em Medicina em 15 de dezembro de 1962. Tendo em vista que a ajuda que lhe era dado por seus pais não cobria suas despesas para custear seus estudos, engajou-se no corpo de bombeiros daquela cidade, que foi uma forma de complementar sua bolsa de estudos e concluir o tão sonhado mérito de médico.
Ao formar-se, em dezembro do ano de 1962, fez de imediato especialização em ginecologia obstetrícia e cirurgia geral, dando baixa então, na corporação do Corpo de bombeiro. Ao voltar para São Luís, fixou residência e ingressou no sistema Público de Saúde do Estado, tendo sido aprovado em concurso público para o quadro de médicos do Instituto Nacional de Seguro Social INSS e, paralelamente, desempenhou a função de Diretor Geral do Hospital Djalma Marques.
Em Peri-Mirim desempenhou vários papéis de vital relevância, como Secretário de Saúde do Município em 1993, indicado pelo vice-prefeito daquela cidade, o senhor José Ribamar Bordalo, tendo sido também, diretor do Centro Médico Maranhense, e Secretário de Saúde da cidade de Chapadinha.
Chegou a Chapadinha no ano de 1969, por ocasião da inauguração do Hospital Antônio Pontes de Aguiar HAPA.
Ingressou na política em 1974 ficando na suplência de deputado estadual e assumindo o mandato em 1976. Reelegeu-se deputado em 1978 e ocupou uma cadeira da Assembleia Legislativa até 1982. No mesmo ano, foi agraciado com o Título de Cidadão Chapadinhense pela Câmara Municipal. Participou ativamente da vida política sendo candidato a prefeito por duas vezes. Também foi secretário de Saúde em Vargem Grande no início da década de 90.
Doutor Manoel Sebastião Pinheiro dedicou 47 anos de sua vida à saúde do povo de Chapadinha e nos deixa, mas também deixa um legado não só na medicina, com a sua capacidade científica, mas também com seus critérios de humanidade e cristandade, pois mesmo depois desta jornada em chapadinha não esqueceu sua cidade natal, onde ainda elegia uma casa de amigo, para receber seus fieis pacientes.
Faleceu no dia 27 de abril de 2017, aos 87 anos, depois que prestou excelentes serviços prestados às comunidades por onde percorria.
Registre-se neste momento, esta homenagem àquele que deixou um marco muito importante em nossas vidas. Esta é, portanto, uma singela, mas sincera homenagem da Família Bardalo e da ALCAP.
José Carneiro de Freitas
Ana Creusa / 18 de março de 2020 Por Ataniêta Márcia Nunes Martins
Patrono da Cadeira nº 21 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Ataniêta Márcia Nunes Martins. Nasceu em São Luís/MA em 1879. Filho de José Martins Freitas e Rosa Maria Carneiro de Freitas e irmão de Etelina Carneiro de Freitas; casou-se com a são-bentuense Estelíta Reis de Freitas, com esta gerou sete filhos: general Celso Aurélio Reis de Freitas, Luís Reis de Freitas, general Lívio Reis de Freitas, Rosa Reis de Freitas, Jaime Reis de Freitas, Ana Luís Reis de Freitas e Rui Reis de Freitas; cunhado e pai de criação do doutor Carlos Humberto Reis; genro do Coronel Luís Antônio Reis e Ursulina A. Soares Reis.
Residiaem São Luís,mudou-separaSãoBento em 15desetembrode1906,em companhiadesuairmãEtelina Carneiro de Freitas, instalou a firma comercial guarda-livros, que tinha como função fazer registros da contabilidade e das transformações de uma empresa de negócios. Profissional autônomo, foi correspondente e representante geral no Maranhão da Revista do Comércio e da Industria; publicou o Centro de Comércio e Industria de São Paulo; tesoureiro da Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional; coronel da guarda nacional (só recebia esse cargo os mais ricos fazendeiros ou os comerciantes que exerciam em cada município o comando em chefe da guarda nacional); o mesmo tinha controle sobre empregos públicos, nomeações ou demissão das autoridades; amigo do promotor e juiz de Direito em São Bento, deputado, senador, governador do Maranhão e vice-presidente da República que muito contribuiu em sua trajetória política, Urbano Santos da Costa Araújo. Viveu aPrimeira Guerra Mundial, 28/07/1914a11/11/1918; sob PresidênciadaRepúblicadeVenceslauBrás; em 06/10/1915 a Sociedade Literária Dom Luís de Brito, de São Bento, realizou na praça municipal uma sessãosoleneem suahomenagem devido aacertada escolhafeitapelo governadordo nomeCarneirodeFreitas para a chapa ao Congresso Estadual. Sessão presidida pelo juiz de direito, sendo orador oficial o senhor Joaquim Silvestre Trinta. No manifesto agradeceu a adoção de sua candidatura, unânime, pelo povo sãobentuense (nessa época Peri Mirim e Palmeirândia eram anexadas a São Bento.
Em 10/05/1915 retorna a São Bento juntamente com o governador Herculano Purga e Leôncio Rodrigues e fundaram o Partido Republicano Maranhense. Foi Secretário do Estado ao lado de Domingos Quadrados Barbosa Alvares (secretário do estado). Urbano Santos da Costa Araújo, Coronel Brício de Araújo, Doutor Raul da Cunha Machado, Carlos Reis e outros, foram os propugnadores da elevação da Vila Macapá à categoria de município pela Lei nº 850 de 31 março de 1919. Em homenagem e reconhecimento à sua generosidade, o atual município de Peri Mirim, tornou-se proêmio de uma Unidade Escolar, o antigo Grupo Escolar Carneiro de Freitas. Teve seu nome em uma das ruas do centro e ainda em São Bento é homenageado pela contribuição e grande avanço do município com o nome Carneiro de Freitas em uma de suas principais ruas, onde fica situada os principais órgãos do centro da cidade.
Em 30/10/1915 foi eleito Deputado Estadual exercendo o cargo em 1916, com (11.563) votos em vigésimo segundo lugar, sendo o quarto candidato mais votado no Maranhão com 143 dígitos, e ocupou a primeira secretaria da mesa diretora. Após assumir como deputado em 1916 mudou-se para São Luís. Em 16/04/1918 assumiu a Secretaria da Fazenda no governo de Urbano Santos da Costa Araújo, representando o Maranhão
no Congresso de Geografia em Belo Horizonte. Patrono da Cadeira nº 01 da Academia São-bentuense, conforme conta no livro apontamentos para a literatura de São Bento página 182 do autor Álvaro Urubatan Melo, Academia São-Bentuense 2012. Projetos apresentados:
• Comoprojeto(12)apresentou,paraoalargamentoeoaprofundamentodaVilaCanduru,noqualfalava da benignidade do clima, da hospitalidade, da fertilidade do solo, município invejável por tamanho fartura. E por dificuldade e falta de um porto não são aproveitadas e é desconhecido seu grande valor. Projeto autorizado pelo presidente Venceslau Brás, que concede a contratar uma das companhias de navegação do estado, para fazer doze viagens por ano para São Bento, sendo uma viagem por mês nas chamadas marés de lua cheia ou lua nova, devido ao respectivo vapor permanecer vinte e quatro horas no ancoradouro;
• Solicitação da mudança na maneira como era feita a escritura da pagadoria do estado em razão das partidas obras, não deixava tudo esclarecido em 17/02/1916;
• Tornando obrigatório o armazenamento de todo o algodão entrado no estado;
• Criou sessão de registros civil, nascimento e óbito em diversas povoações do estado;
• Para comprar e construir armazéns para o estado;
• Criação de função de fiel na pagadoria do estado. Posicionou-se contrário o projeto que mandava contar em dobro o tempo de serviço de Godofredo Viana que era funcionário público e professor na Escola Modelo (direitos iguais).
Discurso do Deputado Estadual José Carneiro de Freitas no Congresso Legislativo – sessão 01/03/1916 ao apresentar Projeto nº 12, para o alargamento e o aprofundamento da Vala Canduru.
O Sanatório Maranhense
Senhor presidente, existe um município neste Estado, que pela benignidade do seu clima, pela fertilidade do seu solo, pela hospitalidade dos seus habilitantes, pela abundância de seus produtos, pela existência de alguns destes, que renome invejável conquistaram, pelo dote grandioso com a natureza pródigo não se fartou cumulálo, cercando de várzeas ubérrimas e fertilíssimas que a mão ignorante do indígena e o braço forte do capitalista desconhece o valor, porque senão o arroteamento intensivo do seu lado, já as teriam transformado em extenso arrozais, imitação que faz a Califórnia em terrenos de estrutura idêntica ou pelo menos o seu aproveitamento para o campos de pastagens, já se teriam modificado para melhor, se a tudo isso de bom e de grande. Todos estes predicados e ótimas qualidades, de uma dificuldade imensa não superassem e fizessem recuar todo o progresso tentando, um obstáculo insuportável que precisa ser arredado o qual é a falta de um porto em que todas as marés pudessem ser aproveitadas, pelo menos por pequenas embarcações a vela para ali navegarem. Faleceu em 18 de junho 1924 aos 45 anos.
Naisa Ferreira Amorim
Ana Creusa / 13 de março de 2020 Por Maria Isabel Martins Veloso
Patrona da Cadeira nº 01 e da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), denominada Casa de Naisa. A Cadeira nº 01 é ocupada por Maria Isabel Martins Veloso. Nasceu em PeriMirim-MA, em 15 de setembro de 1914 e faleceu em São Luis-MA em 29 de dezembro de 2007, aos 93 anos. Foi casada com Antônio Lopes Amorim (Totó) e desse matrimônio tiveram quatro filhos: Walter William Ferreira Amorim (advogado); Ruy Renato Ferreira Amorim (faleceu aos 18 anos); Cléber Nilson Ferreira Amorim (pintor) e Douglas Ayrton Ferreira Amorim (Juiz de Direito) radicado em São Luís. Seus dois filhos formados em Direito cursaram a Faculdade Gama Filho e Universidade Federal Fluminense no Rio de Janeiro,
onde a mesma foi morar no início dos anos 70, residindo na Rua Andrade Pertence no Catete, junto com ela e seu outro filho, Cléber Amorim.
Dona Naísa iniciou seus estudos em Peri-Mirim e concluiu em São Luís-MA, onde formou-se professora normalista, retornando para lecionar no Feijoal e em Peri-Mirim nos anos de 1937 e 1938. Foi vice-prefeita de Peri-Mirim na primeira gestão do Prefeito Agripino Álvares Marques em 1946. Em 1952 elegeu-se Prefeita, tendo como vice o Sr. Agripino Marques conforme um contrato entre ambos, para, caso ela se elegesse devolveria o cargo a ele em troca de uma nomeação de professora para o Grupo Escolar Carneiro de Freitas, criado em 1951, pois anos antes, em 1951, por motivos pessoais, ela se viu obrigada a abandonar sua cadeira de professora. E também porque o Sr. Agripino querendo novamente se reeleger Prefeito, não poderia candidatar-se por força da legislação eleitoral vigente. O acordo vingou, ela se elegeu, assumiu a Prefeitura e seis meses depois, renunciou ao cargo e o Sr. Agripino assumiu a Prefeitura. Depois ele foi a São Luis e conseguiu a nomeação para ela conforme o combinado. Naisa Amorim exerceu outras atividades em Peri Mirim: foi secretária da Associação Rural do município, cargo que mais tarde foi repassado à Maria Isabel Martins Veloso, onde a mesma foi treinada para que pudesse substituí-la, sendo que esta também duas vezes ao ano realizava e fiscalizava as provas de todas as escolas municipais. Foi uma educadora que encarou a educação como uma missão; ensinava os valores necessários e onde afirmava que as mulheres poderiam ocupar cargos públicos. Naísa Amorim desafiou uma cultura em que as mulheres não eram valorizadas tendo superado alguns opositores. Antes de Naisa Amorim entrar na política, fundou por iniciativa própria um jornalzinho intitulado de Panelinha, escrito à mão, criticando a política, principalmente o Prefeito. Denunciou o atraso que se encontrava a instrução. Para ela, as causas que atrapalhavam os progressos na educação eram a falta de interesse e a negligência, por parte do governo da época, o descaso das autoridades que não pensavam nos métodos, não elaboravam as leis e tampouco criavam mais escolas, ou seja, não se preocupavam com a educação. Isso chamou a atenção do Sr. Agripino, que a convidou para o seu lado. Os dois formaram uma dupla imbatível onde aliavam coragem, inteligência e competência. Naisa Amorim foi uma mulher forte e corajosa, à frente do seu tempo e, segundo as pessoas que tiveram a honra de a conhecerem, ela foi mestra, amiga, confidente, modelo de justiça e honradez. Sabia ser simples como uma criança e forte como um baobá. Com a inteligência nata que Deus lhe deu tinha o dom da palavra e quando falava de improviso, era com tamanha eloquência que todos a admiravam. Deus a chamou para a sua morada eterna e hoje lá no céu ela é mais uma Estrela …
Documento de Naisa
Poema para o Dia das Mães –
escrito por Naisa
Letra de Naisa
João de Deus Paz Botão
Ana Creusa / 12 de março de 2020 Por Giselia Pinheiro Martins
Patrono da Cadeira nº 20 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Giselia Pinheiro Martins. Nasceu no bairro Diamante em São Luís, no Estado do Maranhão, no dia 01 de junho de 1923 e faleceu aos 07 de fevereiro de 2018 em Peri-Mirim. Filho de Alice Paz Botão. Cresceu em uma família de cinco irmãos: Fernando, Maria da Graça, Nelson, Maria e Sousa e ele. Estudou até o 5.º ano do antigo primário. Aos20anosdeidadecasou-secom aSenhoraRomanaJoanaMartinsCosta,Estacom apenas14anos.Ligados pelo amor, tiveram 8 filhos. Era carpinteiro e trabalhou com o Senhor Manduca na fabricação de caixões. Artista e poeta nato compôs o hino em homenagem a Peri-Mirim (letra e música); além de outros escritos, compunha toadas de bumba-meu-boi, participou de vários festivais da cultura popular maranhense. Grande entusiasta e amante da cultura popular maranhense deixou registrado na história de nossa Peri-Mirim, toadas, poesias e poemas que ilustravam o seu amor por esta terra.
Venceslau Pereira
Ana Creusa / 10 de março de 2020 Por Venceslau Pereira Júnior
Patrono da Cadeira nº 19 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Venceslau Pereira Júnior. Nasceu no povoado Privado, município de Bequimão no dia 28 de setembro de 1945, filho de Olegária Mariana Nogueira Pereira, tendo com avós Roberta Nogueira e Simplício. É segundo filho de uma prole de quatro, tendo como irmãos Maria da Conceição Pereira, Eleotério Bispo Pereira e Alda Agripina Pereira tendo como padrinhos Alexandre Custódio Pereira de Abreu e Francisca Pereira. Sua primeira alfabetização foi com a senhora Lucimar Abreu Pereira no povoado Geniparana. Cursou O Ensino Fundamental na escola até o terceiro ano sendo seu professor o senhor Clemente Pereira no povoado Privado em Bequimão/Maranhão.
Nos anos de 1965 a 1967 mudou-se para a Casa Paroquial De Bequimão, onde aprendeu o ofício de dentista prático.
No ano de 1970 iniciou os trabalhos de Pastoral em Peri Mirim, onde conheceu D. Mirian, quem se casou no dia 12 de fevereiro de 1972 na Fazenda Maracujá em uma terça-feira de Carnaval, casamento celebrado pelo Pe. Gerard Gagnon, desse matrimônio tiveram dois filhos, Venceslau Pereira Junior no dia 10 de março de 1973 E Mercedes Costa Pereira no dia 17 de fevereiro de 1975.
No ano de 1975 organizou uma brincadeira carnavalesca. Era lavrador e tornou-se dentista. Finalizou o segundo grau, Magistério no Colégio Cenecista Agripino Marques com sua diplomação no ano de 1984. Depois tornou-se professor de religião dessa mesma escola. Foi candidato a vereador por duas ocasiões. Iniciou a criação de abelhas sem ferrão nos anos 80 juntos com o senhor José João Dos Inocentes, Francisco Júlio de Oliveira e outros companheiros Cultivou abacaxi e acerola, pois acreditava que a acerola por ter maior quantidade de vitamina C deveria ser cultivado por todas as pessoas. Foi fundador do Encontro De Casais Com Cristo – ECC – nomês de novembro de 1995, sendo um dos dez primeiros casais Na Paróquia De São Sebastião.
Organizava anualmente um encontro de seus parentes chamado “Encontro da Família Pereira” para reunir os parentes visto que a família era muito grande e ele achava importante que todos os primos deveriam se conhecer e que os parentes não deveriam se encontrar somente no falecimento de uma parente e sim para confraternização.
Cavou inúmeros açudes e ajudou na construção de barragens em diversas comunidades como: Enseada do Tanque, da Mucura. Foi Fundador Do PT e posteriormente do PDT.
Faleceu no dia de 28 de julho de 2001, de úlcera e leucemia, ambas provenientes do uso de produtos químicos durante o seu trabalho na preparação de próteses.
Alexandre de Jesus Botão Melo Ana Creusa / 10 de março de 2020 Por Wewman Flávio Andrade Braga
Patrono da Cadeira nº 16 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Wewman Flávio Andrade Braga. Nasceu em Peri-Mirim (MA), em 13 de outubro de 1941, filho de Raimundo Martins Melo e Margarida Botão Melo, iniciou os primeiros estudos no Grupo Escolar Carneiro de Freitas, em sua terra natal e, em seguida, no Colégio Pinheirense, em Pinheiro (MA), onde estudou e ingressou no seminário menor, obtendo as primeiras noções de latim e de outras disciplinas, que influenciaram profundamente sua formação intelectual.
Casou-se com Elenice Bezerra Melo em 30/12/1967, dessa união nasceram três filhos: Flávia Regina Bezerra de Melo, Sérgio Alexandre Bezerra de Melo e Alessandra Bezerra Melo.
Completouosestudosnacapital,SãoLuís,noColégioMaranhense,atualMaristaenoantigoColégioEstadual do Maranhão, hoje Liceu Maranhense, instituição da qual viria a tornar-se diretor em duas ocasiões, durante o Governo Pedro Neiva de Santana (1971-1974) e o Governo Cafeteira (1987-1990).
Dedicou toda sua vida ao magistério como professor de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, ensinando várias gerações de maranhenses, em escolas públicas e privadas como o Colégio Batista, Colégio Marista e o extinto Colégio Meng.
Graduou-se em Letras pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em 1977 e, em 1981, foi aprovado em concurso público para ingresso na instituição para ministrar as disciplinas de Literatura Portuguesa e Língua Portuguesa.
Ocupou o cargo de chefe do Departamento de Letras da UFMA, de 1987 a 1989. Foi membro da antiga Comissão Permanente de Vestibular (COPEVE) da Universidade Federal, elaborando e corrigindo provas e redações.
Ocupou cargos nas Secretaria de Estado da Educação, Planejamento e Indústria e Comercio. Especializou-se em Semiologia Aplicada ao Ensino de Língua e Literatura e escreveu as obras “A Oração e seus Termos” e “Amor: elemento irônico da obra de Proust”. Faleceu em São Luís no 25 de maio de 2017.
Maria José Campos Sodré Ferreira
Ana Creusa / 7 de março de 2020 Por Cleonice de Jesus Martins Santos
Patrona da Cadeira nº 09 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Cleonice de Jesus Martins Santos. Nasceu no 20 de março de 1930, em Peri- Mirim-MA, filha de Sérgio Martins Campos e Eugênia Costa Campos. Era conhecida como Maria Sodré. Iniciou os estudos em sua a cidade natal, formando-se normalista. Conheceu e apaixonou-se por José Sodré Ferreira, casando-se com este em 21 de setembro de 1951, com quem teve cinco filhos: João Campos Sodré Ferreira (in memorium); José Sodré Ferreira Filho; Antônio Campos Sodré Ferreira (casado com uma irmã de Cleonice, a quem tem como irmão); Alcides Campos Sodré Ferreira e Sheila Campos Sodré Ferreira. Também crioueamouigualmenteaseusfilhosdecriação,AnaTeresaMacedoFerreira,PedroCastroLopeseCafeteira. Por ser uma pessoa bastante influente na sociedade perimiriense, teve mais de trezentos afilhados, pois os pais a levavam como madrinha de seus filhos na certeza de que eles estariam seguros e protegidos de quaisquer adversidades.
Em 1955, aos 25 anos, prestou concurso público para tabeliã no Cartório de Ofício Único em seu município, onde permaneceu por 47 anos, passando o cargo ao seu filho José Sodré Ferreira Filho. Foi uma pessoa comprometida e muito caridosa, ajudando as pessoas carentes com seus serviços gratuitos, registrando certidões e celebrando casamentos indo às comunidades juntamente com o Juiz de Paz, Jorge Maia, utilizando como transporte canoas ou cavalos, já que na época eram os únicos meios de transporte disponíveis.
Tinha como hobby reunir-se nos finais de semanas com amigos para jogar canastra e buraco, sempre acompanhados de café com biscoito ou refresco de frutas da estação, onde sorriam muitos com as piadas e assuntos referentes à sua cidade e seu povo. Também gostava muito de ler romances e bordar toalhas para preencher o tempo e não se sentir sozinha.
Sempre organizada e perfeccionista, com uma caligrafia belíssima e um raciocínio que impressionava a todos. Um exemplo de mãe, esposa e amiga que viveu muito além do seu tempo.
Aos 65 anos, infelizmente, para tristeza de todos que a amam, foi acometida pela doença de Alzheimer. Faleceu no dia 21 de setembro de 2016, aos 86 anos, deixando com legado um exemplo de sentimentos puros para seja lembrada como alguém que viveu feliz, vencendo desafios, lutas e conflitos sempre de maneira sábia e prudente, partilhando e participando dos eventos sociais, vivendo em comunhão com o próximo.
Ignácio de Sá Mendes
Ana Creusa / 27 de fevereiro de 2020 Por Itaquê Mendes Câmara
Patrono da Cadeira nº 5 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Itaquê Mendes Câmara. Ignácio de Sá Mendes, nasceu em 16 de setembro de 1868, 4º filho do casal Antônio Jorge Souza Mendes, que veio de Portugal em 10 de agosto de 1841 com 9 anos, e Thereza Augusta de Sá. Casou-se em 30 de dezembro de 1894 com Maria Botão Mendes, ela com 17 anos e ele com 26 anos e três meses. Veio de mudança para Macapá em 15 de março de 1897.
Ignácio de Sá Mendes e Maria Botão Mendes tiveram os seguintes filhos: Antônio Botão Mendes nascido em 28/10/1895, Raimundo Botão Mendes nascido em 20/05/1897, Marina Botão Mendes nascida em 25/11/1900,
Mercedes Botão Mendes nascida em 03/12/1904, Margarida Botão Mendes nascida em 26/02/1907 e Marieta Botão Mendes nascida em 13/12/1909.
Ignácio principiou a negociar em 1888. Em 15 de junho de 1919, Ignácio de Sá Mendes foi eleito prefeito de Macapá e na mesma data foi instalada a Câmara Municipal, que empossou o prefeito eleito Ignácio Mendes e o vice-prefeito João Maia.
JOÃO
DE DEUS MARTINS
Ana Creusa / 24 de fevereiro de 2020 Por Ana Creusa Martins dos Santos
Patrono da Cadeira nº 12 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Ana Creusa Martins dos Santos. João de Deus Martins, conhecido como Dedeus, filho de Benvindo Mariano Martins e Ana dos Santos Martins. Segundo a acadêmica Maria Isabel Martins Veloso, ele era português, nascido em Açores, cuja data de nascimento ainda não foi identificada, Porém, na Certidão de Óbito consta que ele é maranhense. Segundo a mesma fonte, ele veio para o Brasil no final do século XIX, aos 18 anos, com seu pai, Benvindo Mariano Martins.
Chegaram em São Luís, depois foram para Alcântara, de lá para Sacoanha em Peri-Mirim, pois pretendiam comprar terras para morar e trabalhar. Souberam que havia algumas terras não muito distantes; foram ver, gostaram, compraram e ali fixaram residência, em um lugar chamado Santa Severa, cujo nome mudaram mais tarde para Feijoal, porque de tudo que plantaram o que mais prosperava era feijão. Mas, Santa Severa continuou sendo a padroeira do lugar, tanto que a primeira escola estadual fundada em 1936 e chamava-se “Escola Santa Severa”.
Plantandomandioca,milho,algodão,arroz,cana-de-açúcaretodasashortaliças,estesportuguesescomeçaram a comprar mais terras (Centrinho, Boca do Rio e Umbaubá) e também começaram a comprar gado, pois as terras eram férteis e os campos maravilhosos para criar tudo que se quisesse.
Dessa maneira, foram construindo patrimônio, conseguiram seus primeiros escravos e se tornaram um dos maiores fazendeiros do lugar.Logo que ogado aumentou,oseu pai Benvindocomeçou a fazer queijoevender em São Bento. Foi aí que depois todos os outros fazendeiros aprenderam a fazer o queijo e começaram a chamar “Queijo de São Bento” (pura invenção, pois o queijo é português, feito à mão pelo pai de João de Deus; portanto, de Peri-Mirim).
Quando seu pai Benvindo faleceu, João de Deus Martins (Dedeus), já estava casado com Maria Rosa Pinheiro Martins (Cota), assumiram tudo com muita sabedoria e garra. Do seu casamento com a esposa foram gerados 24 filhos, dos quais, criaram-se 18, sendo 9 homens e 9 mulheres. Os filhos de João de Deus são: Raimundo Amâncio Martins (Mundico); João Venâncio Martins; Benvindo Mariano Martins Neto; João Bertoldo Martins; Antônio Raimundo Martins; Pedro Alexandrino Martins; Manoel de Jesus Martins; Procório José Martins; Raimundo Guilherme Martins (Santo) e José Martins. As filhas são: Francisca Martins Campos (Chiquinha); Senhorinha Martins Melo; Ana Paula Martins Gonçalves (Anica); Mariana Martins Gonçalves; Maria Isabel Martins Nunes; Maria Joana Martins Pinheiro; Catarina Martins Pinheiro; Plautila Martins Ferreira (Florzinha) e Ana Teresa Martins Pinheiro (Donana).
Ignácio deSáMendes Sobrinho,filho deManoel GonçalvesdeSá Mendes e de Maria Clara Martins Mendes.
Nessa época não havia escolas no interior, mas João de Deus contratava professores particulares para lecionar em sua casa para seus filhos e amigos. Um dos professores foi Opílio Lobato. Ele era à frente do seu tempo, muito inteligente, correto, sua palavra era lei. Outra professora foi Naisa Amorim, patrona de Maria Isabel Martins Veloso, detentora da Cadeira nº 01 da ALCAP e neta de João de Deus.
Depois que ele adquiriu as terras da Ilha Grande e Cametá, levou para esses povoados a Escola Sá Mendes –que subsiste até os dias de hoje – nome dado em homenagem a Ignácio de Sá Mendes, seu grande amigo e primeiro Intendente de Macapá, título que equivale a Prefeito. Percebe-se, ao longo da história de João de Deus que ele dava muito valor para a Educação e ao Meio Ambiente, pois sempre conseguia uma forma de instalar escolas para seus filhos e netos e outras pessoas do lugar. Também mantinha uma floresta com árvores nativas, denominada “Mata”, que servia para retirada de madeiras e extrativismo, que também foi cenário de muitas histórias de visagens.
João de Deus faleceu no dia 10 de julho de 1943, em consequência de problemas na próstata. Seu túmulo está na entrada do cemitério de Peri-Mirim, junto de sua esposa Cota, de alguns filhos e netos.
CERTIDÃO DE ÓBITO DE JOÃO DE DEUS MARTINS (faltam as informações da data de nascimento e faltam listar alguns filhos). •
Cecília Euzamar Campos Botão
Ana Creusa / 7 de novembro de 2019 Por Antônio João França Pereira
Patrona da Cadeira nº 06 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Antônio João FrançaPereira.Nasceu em São Luís, nodia22denovembrode 1912,filha deTorquata Campos, esta natural de São Vicente Ferrer, sem condições econômicas suficientes para criá-la e educá-la, decidiu deixá-la aos cuidados do Sr. Domingos Vieira, seu padrinho, não por falta de amor, mas como uma oportunidade de que Cecília viesse a ter melhores oportunidades na vida, tão difícil naquela época, principalmente para uma mãe solteira. E garças a Deus, assim aconteceu! Cecília teve uma boa criação e educação como prometeu seu padrinho. Formou-se Professora Normalista, curso máximo do magistério na época. Como as dificuldades de trabalho no Estado eram grandes, só foi possível conseguir sua nomeação como Professora Normalista para o Município de Peri-Mirim, cidade da Baixada Maranhense. Chegou a Peri-Mirim em 1930, aos 18 anos, normalista, nomeada para licenciar no Grupo Escolar Carneiro de Freitas, o qual dirigiu e ensinou gerações até 1970.
Logo que lá se estabeleceu, mandou buscar para o seu convívio sua mãe e seus irmãos, que moravam em São Vicente Ferrer. A família consanguínea passou a viver junta até o casamento dos irmãos e morte de sua mãe, compensando, dessa forma, os anos que estiveram separados. Profissionalmente, Cecília realizou-se na área educacional. Por muitos anos exerceu a função de Diretora e Professora do Grupo Escolar Carneiro de Freitas e ao se aposentar foi a primeira a oferecer seus dadivosos préstimos à Fundação do Ginásio Bandeirante, como Secretária. Foi também coordenadora das professoras
leigas da Escola que leva a seu nome: “Escola Municipal Cecília Botão”, homenagem recebida depois de aposentada.
Naquele interior tão pequeno, e desprovido de tantas coisas, Cecília foi um pouco de tudo: professora, advogada, médica, parteira, conselheira e tantas outras atividades, consideradas de grande importância para suavizar as carências ali existentes.
A verdade é que ela adotou Peri-Mirim como sua, pelo amor que passou a lhe ter. E sempre dizia: “São Luís não me quis, mandou-me embora aos 18 anos, numa idade tão bonita para uma jovem! Esta cidade, PeriMirim, me acolheu e aqui sou feliz!”.
Casou-se no dia 26 de dezembro de 1940, com Antenor Botão, comerciante da cidade e tiveram três filhos biológicos: José de Ribamar, Maria das Graças e Conceição de Maria e dois de “coração”: João Furtado (que faleceu muito cedo) e João Felipe. Teve três netos: Cecília, filha de José, Giovana e Eduardo filhos de Graça e Eduardo que quando nasceu ela já havia partido. Faleceu aos 64 anos de idade em 10 de setembro de 1976, ironicamente no dia que estava marcada a mudança definitiva do casal para São Luís.
Como primícias da notável Escola Normal do Maranhão, sua vida foi um desfilar de bons exemplos como mestra, mãe e amiga. Pregou pela palavra e pelos atos de vida. Esposa irreverente, a mulher forte de quem falam as escrituras.
Emprestando seu nome a uma instituição educacional à cidade que ela adotou e na qual semeou verbo e vida, o povo perimiriense só faz justiça àquela que, como muitos outros, merece ter seu nome gravado na pedra e na alma das grandes e pequenas mentes claras.
Jacinto Pinto Pinheiro
Ana Creusa / 7 de novembro de 2019 Por Carlos Pereira Oliveira
Patrono da Cadeira nº 02 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada Carlos Pereira Oliveira. Nasceu no dia 30 de janeiro de 1932, no Povoado de Inambu – Peri-Mirim. É o segundo filho do casal Bonifácio Pinheiro e Patrocina Pinto. Na fase pré-escolar, a família mudou-se para o povoado Poções e mais tarde para a sede do município, com o propósito de colocar os filhos para estudarem.
Jacinto foi matriculado no Colégio Coronel Carneiro de Freitas, onde cursou até o quinto ano do primário. Fazia um turno de aula e outro na oficina de carpintaria, sendo seus mestres Manduca (Armando Leôncio Paz) e Tácito Nunes. Aprendeu a profissão rapidamente e se tornou um dos melhores marceneiros da região. Com a competência demonstrada na marcenaria e o carinho que tinha pelas pessoas, atraiu muitos discípulos, para aprenderem a profissão.
Jacinto gostava muito de cantar e tocar pandeiro, o que desempenhava com maestria e altivez. Sendo cobiçado para cantar na Igreja, na Escola de Samba e no Conjunto Musical de Rafael Botão.
Tudo que fazia tinha a marca da sua dedicação, compromisso e perfeição. Era um homem muito tratável, respeitoso e amigo. Por isso, tinha 360 (trezentos e sessenta) afilhados. Uma marca difícil de ser ultrapassada em qualquer localidade da Baixada Maranhense e, principalmente, da sua terra natal Peri-Mirim. O acadêmico da ALCAP, Francisco Viegas Paz foi o seu primeiro afilhado.
Jacinto era um dos principais articuladores do time de futebol Santa Cruz Esporte Clube da cidade de PeriMirim, do qual era um exímio jogador. Por ser um homem muito forte, tinha um chute potente e a cabeçada, mais ainda.
Ele teve uma vida dedicada às artes locais e, por isso, convidado para fazer parte até das ladainhas, muito comum nas décadas passadas e que até hoje ainda algumas pessoas pagam suas promessas nos festejos.
Duas moradoras da sede do município tinham horror aos seus apelidos, mas faziam maior elogio aos irmãos
Jacinto e Raimundo Pinto que as respeitavam e de certo modo se sentiam amadas por eles. Um bom exemplo para os outros que, por acaso, agiam ao contrário dos bons costumes.
Quando os padres canadenses chegaram a Peri-Mirim, em 15 de agosto de 1958, o contrataram para renovar os bancos da Igreja e construir um parapeito que separava a nave principal da igreja do altar, deixando aberto um espaço para o deslocamento. Os padres ficaram satisfeitos em ver o cantor do coro da igreja executar com maestria as referidas obras.
Em 31 de dezembro de 1962 ele estava ensaiando a Escola de Samba, do qual era membro efetivo e, antes de sair cantou pela última vez uma música de Ataulfo Alves “Me dá meu paletó”, que diz:
O general chegou Aurora
Me dá meu paletó
Que eu vou me embora
Quem se arrumou se arrumou
Quem não se arrumou se arrumasse
Eu não sou daqui sou de fora
Me dá meu paletó
Que eu vou me embora.
Jacinto foi assassinado no dia 31 de dezembro de 1962 e deixou a cidade de Peri-Mirim perplexa e os seus trezentos e sessenta afilhados órfãos da sua bênção.
Walter da Silva Braga
Ana Creusa / 7 de novembro de 2019 Por Manoel de Jesus Andrade Braga
Patrono da Cadeira nº 13 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Manoel de Jesus Andrade Braga. Conhecido como Tetê Braga, nasceu em Pericumã, povoado pertencente ao município de Peri-Mirim (MA), no dia 08 de agosto de 1911, filho de Antônio Florêncio Diniz Braga (o Velho Braga) e de Joana Regina da Silva Braga (Nhá Resna). Teve como irmãos Constantino Braga e Valdivino da Silva Braga. Filho de fazendeiro, herdou do pai a profissão de criador. Criava, além de gado bovino, outros animais como porcos, patos, galinhas, paturis, catraios, perus, cabras, cavalos e peixes. Tinha um tanque em frente à sua casa que dava farturas de peixes. No início de sua vida adulta, Tetê Braga teve uma pequena barraca e também foi pequeno agricultor, mas a paixão pela criação de gado falou mais alto, fazendo-o optar por essa atividade deixando aquelas outras definitivamente.
Em sua pequena propriedade, produzia bastante leite, que servia como base da alimentação de sua família e para a produção de queijos e manteiga. O que era produzido na propriedade, queijos, manteiga, ovos era vendido para comerciantes de Peri-Mirim (Mundico Botão) e de São Bento (Adrião) que levavam para revender em São Luís. Na propriedade havia grande produção de coco babaçu, donde eram extraídas as amêndoas para vender aos comerciantes locais (Ademar Peixoto). A receita da vendas desses produtos era a principal fonte de renda para sustentação da família. Tetê Braga aprendeu a aplicar injeção e servia a comunidade de Pericumã, aplicando injeção nos enfermos do lugar, inclusive na veia. Desde jovem, era um homem muito conceituado e cobiçado por muitas mulheres da região. Casou-se aos 32 anos com a jovem Maria José Andrade Braga de apenas 16 anos, no dia 23 de dezembro de 1944 (no civil) e no dia 24 do mesmo mês no religioso, na cidade de Pinheiro. Viveram por 45 anos em uma relação profícua que gerou vários frutos. Dessa bela união, nasceram 13 filhos, que são pela ordem cronológica: João Batista, Maria Regina, Valtemar, Walter da Conceição, Maria do Rosário, José Maria, Manoel de Jesus, Valber do Socorro, Leônia Maria, Wewman Flávio, Lidiane da Graça, além dos falecidos Maremaldo e Verionaldo. Complementando a família adotaram e criaram cerca de 10 filhos, dentre eles: Aristo, Ernesto, Cota, José de Cananã, Beatriz, Coronel, Erenice, José Maria e Clenilde. Ouvindo os conselhos de dona Almerinda Gonçalves e por suas próprias ideias, Tetê Braga alimentou um nobre e grande sonho que era deixar seus filhos bem encaminhados na vida. Para isso, sabia que só tinha um caminho: o estudo. E foi se agarrando com amigos e contando com a ajuda dos padres e freiras que conseguiu realizar seu sonho.
Dona Almerinda Gonçalves, descendente de portugueses e matriarca da destacada família Gonçalves da cidade de Pinheiro, era sua grande amiga e conselheira. Foi através dela que conseguiu uma vaga no Patronato São Tarcísio para seu filho mais velho (João Batista) e uma no Convento das Irmãs para sua filha mais velha (Regina). Noano seguinte,obtevevagas para ValtemareposteriormenteparaWaltinho. Eassim foicolocando os filhos no caminho certo.
Todos os filhos da dona Almerinda eram seus compadres. O Sr. Américo Gonçalves deu hospedagem para Regina por algum tempo, o mesmo aconteceu com Rosário que foi hospedada na casa do Sr. Raimundo Gonçalves, seu padrinho. E assim as portas da educação foram se abrindo para esse agricultor, que com muito orgulho conseguiu que todos os filhos estudassem e se formassem em cursos de nível superior.
A religiosidade do casal Tetê Braga e Maria José era notável. Como membros da Legião de Maria, participavam das reuniões e cultos dominicais e das missas que aconteciam na comunidade. Uma missão que eles faziam questão de exercitar eram as visitas aos enfermos, idosos e pessoas que estavam passando por momentos dedificuldades, levandoapalavradaBíbliaeas orações paraconforto dessaspessoas.Outraprática religiosa da família, era a oração do santo terço diariamente.
Por ser muito religioso, conquistou a amizade e o respeito dos padres canadenses que tinham missão em PeriMirim, notadamente Padre Edmond Poliot e Padre Gérard Gagnon. Essa amizade abriu as portas para que seus filhos Regina e Valtemar fossem estudar em Guimarães no Convento das Irmãs de Assunção e no Seminário São José, respectivamente. Do mesmo jeito aconteceu com filho Waltinho que foi estudar no Seminário Santo Antônio em São Luís. Sem essas ajudas, dificilmente Tetê Braga teria tido condições de oferecer a seus filhos a oportunidade de estudarem.
Embora nunca tenha frequentado uma sala de aula regular, foi alfabetizado por seu tio André Avelino Mendes, irmão de sua mãe, Tetê desenvolveu uma verdadeira paixão pela educação. Apesar do pouco estudo, tinha um grande prazer pela leitura. Lia a Bíblia, os catecismos da Igreja Católica, livros, revistas, histórias infantis, até bulasde remédios, tudo queaparecia em sua frente elelia.Essapaixãopelaleiturafoi passadaparaseus filhos, podendo está aí, uma explicação para o sucesso destes, em concursos e vestibulares.
Alguns valores muito caros até hoje e que se fossem mais observados, as pessoas viveriam muito melhor, eram cultivados pelo homenageado: Gratidão, Perdão, Tolerância e Serenidade. Em tudo dava Graças a Deus, mesmo quando parecia algo ruim (Gratidão); não guardava rancor de ninguém, perdoava mesmo os ladrões de seus cavalos e gado (Perdão); mesmo sendo muito católico, abria as portas para irmãos de outras religiões que passavam evangelizando, ouvia atentamente sem mudar suas convicções (Tolerância); por pior que fosse a situação, nunca perdia a calma, não exaltava a voz, nunca se exasperava (Serenidade). Outro ponto que merece ser destacado em sua vida é que nunca teve vícios. Não ingeria bebida alcoólica, nunca fumou e não participava de jogos de azar.
Durante os 45 anos de casado, com Maria José Braga, viveu um clima de harmonia, de respeito, de diálogo, de compreensão, de abnegação, de renúncia e de um amor verdadeiro. Faleceu no dia 10 de novembro de
1989, em São Luís, aos 78 anos, deixando um legado de homem honesto, educado, católico praticante e que gostava de conversar com os filhos, a esposa e os amigos.
Quando morreu todos os filhos estavam casados e quase todos, bem empregados. Portanto, morreu com a missão de educar os filhos cumprida. Viva Tetê Braga!
João Garcia Furtado
Ana Creusa / 7 de novembro de 2019 Por Diêgo Nunes Boaes
Patrono da Cadeira 26 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Diêgo Nunes Boaes. Nasceu em Peri-Mirim, no dia 15 de setembro de 1944. Filho de Paulo Pereira Furtado e de Domingas Garcia Furtado, ambos naturais de Peri-Mirim. Filho mais velho de uma geração de 10 filhos, teve como irmão: Benta Garcia Furtado, Maria do Socorro Furtado Câmara, José Maria Garcia Furtado, Raimundo Garcia Furtado, Geraldo Garcia Furtado, Francisco Garcia Furtado, Inês Garcia Furtado, Cecília Garcia Furtado (in memoriam) e Pedro Garcia Furtado. Sua avó, Teresa Almeida, era descendente de português, oriunda da cidade de Luzitânia.
Foi batizado no dia 15/05/1945 pelo vigário padre René Carvalho, teve como padrinhos: Francisco Mendes e Celina Gonçalves; crismado no dia 22/05/1959 na Igreja Matriz de Guimarães pelo bispo Dom Afonso Ungarelli. Alistou-se no dia 24 de agosto de 1964, na cidade de Fortaleza (CE), porém não serviu o exército. Cursou o primário do Ginásio Bandeirantes, por cinco anos na cidade de Peri-Mirim-MA, aos 15 anos de idade mudou-se para Guimarães, em busca de uma boa educação, onde ingressou no ginasial por 4 anos na cidade de Guimarães-MA. O Científico por 3 anos na cidade de Guimarães-MA, ambos no Seminário São José, além de aluno, ele também ensinava na cidade para fins de ajudar nas despesas com o seminário, deixou a batina com um mês antes de sua ordenação. Cursou Filosofia por 3 anos no Seminário em Fortaleza (CE) e se formou Bacharel em Letras Modernas durante 3 anos em São Luís (MA), pela UFMA. Foi professor de língua portuguesa nos colégios “Conceição de Maria”, “Nina Rodrigues”, “Rosa Castro”, “Ateneu Teixeira Mendes”, “Dom Bosco”, “Colégio Batista”, “Santa Teresa”, “Maristas”, “Instituto Divina Pastora” todas em São Luís-MA e “Ginásio Bandeirante” de Peri-Mirim-MA (1968-1976); professor de francês nos colégios “Conceição de Maria” e “Nina Rodrigues” (1969-1971); professor de língua portuguesa, literatura luso-brasileira e história geral do Brasil nos cursos preparatórios de vestibular “Castro Alves”, “CMV”- Centro Maranhense de Vestibulares, sob direção de Carlos Cunha e “VECTOR”. Fundador e administrador do Cursinho Papa João Paulo, último até sua morte. Aprovado pelo concurso de professor de latim pela UFMA, não assumindo por conta do baixo vencimento e do seu curso ser mais alto e mais lucrativo em relação à vaga. Ofertava de graça seu curso às pessoas que ele via que tinha interesse e força de vontade de estudar, mas não tinham uma boa condição financeira. Foi diretor do “Ginásio Bandeirantes” de Peri-Mirim (1968); 3 anos secretário e tradutor de cursos agrícolas pela Caritas Brasileira (órgão ligado ao Vaticano) e por 2 anos exerceu o cargo de Auxiliar de Escritório da Ação Social da Prelazia de Pinheiro. Cursado em datilografia manual e elétrica; diretor de escolas do 1.º grau (intensivo) e de dinâmica em grupo. Falava e escrevia fluentemente o português, francês, inglês, espanhol, latim e italiano e estava já se adaptando ao russo.
Fundou a ASFIP- Associação dos Filhos de Peri-Mirim no dia 27/09/1987 com sede na Rua Rio Branco Nº 276, Centro e no Conjunto Newton Bello, Quadra B, Casa 12 AL, São Luís-MA. Sendo nomeado vicepresidente da associação. Criou o Jornal na ASFIPE, onde publicava os seus pasquins denunciando a política
perimiriense, escreveu contos, poemas e crônicas além de ter seus escritos em participação de jornais, como O Estado do Maranhão e revistas como ISTOÉ, considerado um dos melhores professores do Maranhão, escritor de discursos para políticos, iniciou seu primeiro livro, porém, faleceu antes de concluir. As madrugadas eram pequenas para tanta tarefa, era onde ele se preparava para as aulas do dia seguinte, não utilizava os livros para ministrar suas aulas, a memória e o conhecimento os supriam naqueles momentos. Se sentia bem em ajudar o próximo, não gostava de mídia, se expor suas tarefas para querer se “esnobar”, era contrário a política, mas em 1992, para o bem da cidade de Peri-Mirim, resolveu ser um patrocinador na campanha à prefeitura da cidade, foi atuante na campanha da chapa de Vilásio França Pereira e vice José Ribamar Martins Bordalo, na qual foram vitoriosos. Faleceu de forma trágica no dia 24 de junho de 1993. No município de Peri-Mirim foi homenageado com um prédio da Escola Municipal do povoado Tucunzal e o farol da educação no bairro Campo de Pouso. Em relação a sua grande contribuição para com o município não somente na área da educação, mas em todas as áreas, pois ajudava na saúde, administração, ministrava aulas de catecismo durante a noite em alguns povoados, como Tucunzal, Santa Maria. Atualmente recebe merecida homenagem pelo confrade Diêgo Nunes Boaes.
Rafael Paz Botão
Ana Creusa / 7 de novembro de 2019 Por Francisco Viegas Paz
Patrono da Cadeira nº 07, ocupada por Francisco Viegas Paz. Filho de João Albino Paz Botão e Domingas de Castro Botão, nascido em 30 de outubro de 1905 na localidade Santo Antônio do Acre (hoje Xapuri – terra de Chico Mendes) e faleceu em 23 de junho de 1986. Seu pai era conhecido como Coronel Albino Paz, (dono de seringal) e descendente de holandês. O seu título vem do holandês Boton, que foi aportuguesado para Botão.
Como Rafael Botão veio para o Maranhão? Em 1918 surgiu a gripe espanhola (H1N1). E a probabilidade que ela chegasse aos seringais era inevitável, haja vista que os europeus vinham constantemente comprar seringas na região, inclusive em Santo Antônio do Acre. Antes que a gripe se alastrasse na região, o Coronel Albino Botão, combinou com a família para enviá-la ao Maranhão o mais rápido possível, devido esta localidade não está incluída na rota da gripe. Então arrumou uma mala com dinheiro, roupas e outros utensílios e mandou toda a família junta. Fazia parte da expedição os seguintes membrosda família: amãe DomingasdeCastro Botãoeos filhos Marsonilo PazBotão (mais velho), Rafael Paz Botão (segundo filho, com 13 anos de idade), Albino Paz Botão, Artemízia Paz Botão, Alice Paz Botão (Santinha) e Osório Paz Botão (filho caçula).
Todos viajavam numa embarcação de porte pequeno e, no Golfão Maranhense, com a maré enchendo provocou o desvio da rota, rumando para o Itaúna e de lá até São Bento. Com o dinheiro que a família trouxe alugou uma casa e começou a tocar a vida livre daquela peste, que dizimou muitos índios na Região Amazônica. O dinheiro estava reduzindo a cada dia e a mãe preocupada com as despesas, para que sua economia não desaparecesse. Então era “um olho no gato e o outro no peixe”. Rafael começou a se enturmar com os pescadores e foi à luta, garantindo o sustento da família com o auxílio dos outros irmãos.
A mãe de Rafael o matriculou no Seminário de São Bento. Ele não era interno. Ia às aulas e depois vinha para casa. Foi lá que ele aprendeu música com o padre Felipe Condurú Pacheco. Mais tarde um amigo de Rafael, residente em São Luís lhe mandou uma carta aconselhando que ele viesse para a capital maranhense e escolhesse o Bairro Diamante por possuir opções de adquirir um imóvel para residir e que, na cidade havia maior possibilidade de arranjar emprego. O aconselhamento foi muito bemvindo pela família. Imediatamente Rafael viajou para São Luís e fez a opção de comprar uma casa. Voltou a São Bento comunicou àsuamãe,queprecisavada quantiaajustadapara compradoimóvel. Amãeque possuía joias vendeu algumas e deu o dinheiro ao seu filho para fechar o negócio com o proprietário da casa. A família toda se mudou para o Diamante e, mais tarde, colocou o nome da rua onde morava de Preciosa –existente até hoje. Lá nasceram os irmãos: João de Deus Paz Botão e Fernando Paz Botão. Rafael arranjou um emprego na Fábrica Fabril, localizada no canto da Fabril, próximo a Receita Federal. Lá aprendeu um pouco de mecânica realizando manutenção das máquinas. Depois ele se apaixonou por uma jovem chamada Elisa, residente no mesmo bairro em que residia (Diamante) e começaram um relacionamento que durou pouco tempo.
A vinda de Rafael para Peri-Mirim.
Rafael adoeceu de um problema no fígado e já havia tomado muito remédio receitado por farmacêuticos e médicos, mas nenhum deles tinha a eficácia esperada. Então lhe informaram uma senhora em Peri-Mirim, de nome Quitéria e residente entre Portinho e Jaburu, que poderia curá-lo. Ele se dispôs a experimentar os préstimos da dona Quitéria, que realmente o curou, alegando coisa feita. Na recomendação da dieta pediu ao cliente (Rafael Botão), que não comece mais jerimum. Com o resultado alcançado, ele disse a dona Quitéria que ia retornar para São Luís, mas a vidente senhora profetizou dizendo que o seu lugar atual era no Portinho e depois em Macapá. “Ou por tralhas ou por malhas”, como diziam os mais velhos, Rafael ficou um pouco mais no município e se apaixonou pela senhorita Odineia França, com quem casou em 30 de junho 1934. E dessa forma cumpria-se a primeira parte da profecia de dona Quitéria. Em função do casamento, a esposa passou a assinar o nome como Odineia França Botão. O casal teve os seguintes filhos: Benedita Marta Botão França (falecida), Maria Lúcia Botão de Oliveira, Lindoura Botão Martins, Raimunda Lélia Botão de Oliveira, Emanoel França Botão e Odinésio França Botão. (Odineia morreu de parto).
Rafael casou-se novamente, cumprindo o que determinava a profecia de dona Quitéria e veio morar na sede do município. A esposa do segundo casamento era Elizabeth Castro Botão, com a qual tiveram os seguintes filhos: Dulcilene Castro Botão, João Albino Paz Botão Neto, Marsonilo da Paz Botão Sobrinho, José Ribamar Castro Botão (falecido), Maria da Graça Castro Botão, Maria Vitória Castro Botão (falecida) e Maria Marta Castro Botão.
Rafael Paz Botão foi Delegado de Polícia e Suplente de Juiz, autorizado, portanto, a realizar casamentos e questões do dia a dia do município.
Como entusiasta e conhecedor de música, Rafael reuniu alguns amigos e parentes com conhecimentos afins para criarem um Conjunto Musical no município, com a participação dos seguintes músicos: Rafael Paz Botão (tocava saxofone alto); José Ribamar Pereira Bahury– Nana (tocava trombone); Herbert de Jesus Abreu –Bebê (tocava saxofone tenor); Furtuoso José Corrêa (tocava saxofone alto); Constantino Corrêa (tocava trombone); Valter Guterres (tocava tuba); João Picola (tocava banjo); João de Deus Paz Botão (tocava pandeiro) e José Ribamar Castro Botão – Sebinho, o caçula dos músicos (tocava bateria).
Por ocasião da visita do Núncio Apostólico canadense a Peri-Mirim, em 1959, que coincidiu com a primeira comunhão da primeira turma de alunos educados para esse fim, o conjunto musical de Rafael Botão tocou o Hino do Canadá e em seguida um dobrado composto e arranjado pelo próprio Rafael. Os canadenses gostaram imensamente da composição ao ponto de solicitarem ao seu compositor uma cópia. Rafael, então, deu o original para o padre Edmundo, que o levou para o Canadá.
Foi uma festa muito animada, realizada no canto da casa Paroquial de São Sebastião, com muito folclore, inclusive com o tambor de crioula do mestre Gervásio do Pontal, que cantava várias músicas do reportório do tambor e uma das letras dizia o seguinte:
Balanceia, balanceia, quero ver balancear, balança de pesar ouro não pode pesar metá. Refrão: balanceia, balanceia, quero ver balancear.
Menina casa comigo, que eu sou um nego trabalhador: com chuva não vou na roça, com sol também não vou. Rafael foi um homem extremamente dedicado a cultura perimiriense, a ponto de inovar cada vez mais as brincadeiras de bumba meu boi, com a sua criatividade de dar gosto. Ele confeccionava o boi, construía os personagens e ensaiava a comédia de mãe Catirina e Pai Francisco. Cada cena era cuidadosamente elaborada por ele. Como em uma novela, onde o diretor diz como deve ser o enredo, proposto para aquele ato.
A Escola de samba do Portinho tinha sempre a sugestão e autocrítica de Rafael, para que ela fizesse bonito no desfile. Em 1951 o prefeito Agripino Marques, em desavença com Rafael patrocinou um bloco da sede, chamado de “Só prá nós” e, em desafeto, seu Rafa, como era chamado carinhosamente, fez o “Bloco Popular” do Portinho. Muito criativo conseguiu um carro de boi e sua equipe enfeitou da melhor forma possível. Nele os músicos se agruparam e tocavam, como se fosse num trio e os demais brincantes e a população os seguia, com muito entusiasmo, cantando a música:
“Vem cá ioiô, vem cá iaiá, não sejam tolinhos que este bloco é popular (bis)”.
“É assim que a rosa respira, seja o caipira ou o general, seja o doutor, seja o pobre, seja o rico, todos caem no fuxico deste carnaval”.
Quando o Bloco Popular chegou à Praça de São Sebastião, Agripino Marques foi embora para casa. Então sua esposa dona Julieta Marques lhe disse: você deixa a animação na praça e vem se esconder em casa? – Ele refletiu deixou o orgulho de lado, vestiu uma bermuda e foi brincar no meio da multidão.
No que diz respeito a bens e serviços ele não poderia ser melhor do que era. Consertava tudo que fosse necessário,mesmo com os míserosrecursosdaépoca.Como provaaindapoderáservista oCrucifixo da Igreja de São Sebastião, que lá chegou avariado e Rafael o deixou como fora esculpido o original. Enfim, a sua vinda para Peri-Mirim, foi traçada por um destino que só fez bem para a população. O acadêmico Francisco Viegas Paz é muito grato em poder prestar-lhe esta homenagem com o esmero que o seu Patrono merece.
Maria de Nasaré Serra Maia
Ana Creusa / 6 de novembro de 2019 Por Nani Sebastiana Pereira da Silva
É patrona da Cadeira nº 10, ocupada por Nani Sebastiana Pereira da Silva. Natural da cidade de São BentoMA, nasceu em 21 de fevereiro de 1925, filha legítima de Bernardino Serra e Nila Carvalho Serra, tinha mais três irmãos: Bento Carvalho Serra, José Ribamar Carvalho Serra e Walton Brígido Carvalho Serra, todos naturais de São Bento, depois naturalizados macapaenses, hoje perimirienses. Iniciou seus estudos em São Bento-MA, mais tarde mudou-se para São Luís para ingressar no magistério no Colégio Rosa Castro, onde se formou como professora normalista. Sua vida profissional iniciou -se como professora leiga em Peri-Mirim, depois como normalista do Estado onde trabalhou em diversos povoados, enfrentando preconceitos em relação a sua cor da pele, pois nessa época era latente na sociedade perimiriense, mas em todas as suas lutas era sempre vitoriosa. Permaneceu durante 33 anos no Grupo Escolar Carneiro de Freitas, onde encerrou sua carreira profissional.
Casada com Jorge Antônio Maia, o qual amava muito, dessa união nasceram 12 filhos, sendo 8 mulheres e 4 homens, gerando assim 22 netos e 11 bisnetos. Filhos todos formados com nível superior. Com 91 anos, no dia 25 de maio de 2016, encerra sua jornada aqui na terra, deixando um legado forte de sabedoria na sua família de amor, respeito, companheirismo e acima de tudo fé, muito católica e perseverante. Assim foi sua estada no meio de vós.
Agripino Álvares Marques
Ana Creusa / 5 de novembro de 2019 Por Jessythannya Carvalho Santos
Patrono da Cadeira nº 23 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada Jessythannya Carvalho Santos. Foi comerciário, político, nasceu na Fazenda Santo Agostinho, Macapá, 4.º Distrito de São Bento, atualmente Peri-Mirim, MA, em 16 de março de 1905, e faleceu na mesma cidade, em 22 de fevereiro de 1970. Filho de José Antônio Marques e de Maria Álvares Marques. Fez os primeiros estudos com um professor particular, na fazenda onde nascera.
Ainda jovem, mudou-se para São Bento-MA, onde se empregou nas Casas Pernambucanas, grupo de lojas que vendia tecidos, viajando posteriormente para uma cidade no interior do estado de Pernambuco para gerenciar uma das filiais da empresa. Também gerenciou uma loja do grupo no município de Piancó, estado da Paraíba, por três anos.
Em 1933, começou a gerenciar o próprio negócio, uma casa comercial, na cidade de Palmares, Pernambuco, onde permaneceu por sete anos. Nessa cidade, casou-se com Julieta de Almeida Castro Marques, professora
normalista, nascida em Pernambuco, com a qual não teve filhos, tendo criado Maria Tereza Leite Amorim, nascida no município de Pesqueira, estado de Pernambuco e posteriormente Lígia Maria Amorim Câmara, filha de Maria Tereza com Raimundo João Lopes Amorim (Doca Amorim).
Em 1939 retornou à Macapá, já elevado à categoria de município naquela época, onde instalou uma casa comercial, fixando residência na Fazenda “Cruzeiro do Sul”. A casa comercial foi instalada na rua Desembargador Pereira Júnior, onde hoje é o sindicato dos lavradores.
Restaurada a democracia, ingressou na política em 1947, sendo eleito ao cargo de prefeito de Peri-Mirim pelo partido Republicano, ao lado da vice-prefeita professora Naísa Ferreira Amorim (1948-50). Naquela época, já havia ocorrido alteração da toponímia Macapá para a denominação Peri-Mirim.
Em 1951, foi eleito à vice-prefeito, ao lado da cadidata à prefeita professora Naísa Ferreira Amorim. Um mês após tomarem posse, diante da renúncia da prefeita, Agripino Marques assumiu a cadeira de chefe do executivo (1952-55).
Em 14 de setembro de 1952, inaugurou o prédio do centro administrativo da Prefeitura Municipal, o qual permanece ativo até os dias atuais, e a Usina de Luz e Força da Cidade, um possante motor de energia elétrica. Na época, em matéria publicada no Diário Popular, Agripino Marques foi exaltado pela operosidade, descortino e pela administração modelar, realizando obras de vulto incontestáveis no município, sendo considerado, nas palavras do senador Vitorino Freire, “o mais dinâmico auxiliar do atual governo, no interior do Maranhão”.
Nas eleições municipais de 1955, foi eleito vereador e presidente da Câmara Municipal de Peri-Mirim (195660).
Em 1960, foieleito novamenteprefeitodePeri-Mirim,aoladodovice-prefeitoPedroAugusto deMelo (196165). No término desse mandato, Agripino Marques ficou licenciado várias vezes para tratamento de saúde, e encontrando-se seriamente enfermo e impossibilitado de exercer suas atividades, recolheu-se à vida privada, na sua fazenda, onde faleceu em 22 de fevereiro de 1970.
Dentre os benefícios realizados no município de Peri-Mirim nos governos de Agripino Marques, destacam-se ainda: construção do colégio “Carneiro de Freitas”; construção de escolas nos povoados Jaburu, Santana, Inambu e outras; construção da Barragem dos Defuntos; construção da Praça São Sebastião; construção do mercado público; construção de um campo de pouso na Boa Vista; construção da Barragem Vitorino Freire (Portinho); início da construção da cadeia pública; construção de tanques nos campos, construção da Igreja São Sebastião, com auxílio dos munícipes, através do concurso de bonecas e de rainha.
JOSÉ DOS SANTOS
Ana Creusa / 1 de novembro de 2019 Por José Sodré Ferreira Neto
É patrono da Cadeira nº 24 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por José Sodré Ferreira Neto. É natural de Palmeirândia, terra de seus pais. Foi criado no Povoado Cametá, no Sítio Jurema – Peri-Mirim/MA, nasceu em 02/02/1922, filho de Ricardina Santos e Máximo Almeida, o nome do seu pai não consta no seu registro de nascimento, pois não eram casados. Sua mãe era negra e seu pai, louro de olhos azuis. Pelos padrões da época, não havia casamento entre essas raças.
Na época predominava os bailes separados pela cor da pele. José na adolescência, apesar de não ser negro, geralmente, sofria resistência para entrar nos “bailes dos brancos”, por ser filho de Ricardina.
Sua mãe teve 8 filhos, mas faleceu muito jovem, quando José tinha apenas 18 anos. Na época, sua mãe não tinha nenhum companheiro – criava os filhos sozinha.
Homem de poucas letras, estudou apenas 03 meses. Naquela época não tinha escolas, os professores eram contratados pelos fazendeiros para educar apenas os seus filhos. João Guilherme e Mariana Martins contrataram uma professora para ensinar seus filhos e Ricardina pediu para que os amigos deixassem seus filhos maiorzinhos estudarem na casa deles.
Com três meses José já sabia ler e rabiscar algumas letras. A professora mandou comprar-lhe livro de 2.º Ano, porém, a professora teve que ir embora, por se envolver em um triângulo amoroso que contrariava a vontade dos patrões.
A professora pediu a Santoca (alcunha da mãe de José), para que levasse José consigo, para que ele pudesse aprender mais. Mas a mãe não podia deixar: José era seu filho mais velho e já lhe ajudava nas tarefas da vida. Sem a professora, mas com o Livro de 2.º Ano nas mãos, José leu e releu o livro. Memorizou todas as lições, que mais tarde viria a contar para seus filhos e netos: ele sabia os afluentes da margem direita e esquerda do Rio Amazonas e várias lições como: “Vá e entrega-se ao vício da embriaguez” e tantas outras. Antes de falecer Ricardina pediu a José e Maria Santos que cuidassem dos seus irmãos. O irmão mais novo, Manoel Santos, tinha apenas 4 anos de idade. Os filhos de Ricardina são: 1) Joelzila; 2) Maria Santos; 3) José Santos; 4) João Pedro; 5) Alípio; 6) Antônio; 7) Izidoro e 8) Manoel. Destes, apenas João Pedro ainda está vivo. José tinha muitos sonhos, o mais forte deles era servir a Pátria Amada. Ele gostaria de seguir a carreira militar no Exército Brasileiro e tocar clarinete na Orquestra do Exército, mas com a missão de continuar a criação dos seus irmãos, não pôde realizar esse sonho. Com esse sonho ainda vivo, José estimulou três dos seus irmãos a servir o Exército, foram eles: 1) João Pedro, 2) Alípio e 3) Antônio. Todos eles ao cumprirem o tempo obrigatório, engajaram na Polícia Militar do Maranhão. João Pedro e Antônio foram destacados para o município de Coelho Neto, para dar segurança à família Duque Bacelar e depois deixaram a PM e por lá casaram-se e tiveram seus filhos. Alípio permaneceu na PM, galgando a maior posição que um Praça pode alcançar, cargo em que se reformou. José e Maria Santos criaram seus irmãos com princípios e valores sólidos: todos lhe tomavam a bênção e lhes deviam respeito. Os irmãos homens tinham o hábito de somente sentar-se à mesa na cabeceira, mas quando Zé Santos os visitava, na hora das refeições, todos eles cediam o lugar da cabeceira da mesa a José, que comandava a Família do irmão naquele momento solene, sempre antecedido de orações. Pode-se ver que José cumpriu muito bem a missão que a sua mãe lhe confiou.
JosénaMocidade, cumpreregistrar,eraum jovem simpático,forteemusculoso,campeão de “cana-de-braço”, amansador de burro bravo, pé de valsa, ´brincante de bumba-meu-boi, comparecia às festas com terno de linho belga “arvo”, sapatos de couro, sorriso fácil, era muito cobiçado pelas moças do lugar.
Josécomeçou a namorar umamoça, filhado fazendeiroBenvindo Mariano Martins. Ela éMariaAmélia,sabia ler, escrever, fazer belas costuras e bordados e tinha um belo jardim, que costumava cuidar no final da tarde, quando Zé Santos já saía do trabalho e por ali conversavam.
Casaram-se e tiveram muitos filhos: 1) Francisco Xavier; 2) Ademir de Jesus (in memoriam); 3) Cleonice; 4) Edmílson José; 5) Ricardina; 6) Ademir; 7) Maria do Nascimento; 8) Ana Creusa; 9) Ana Cléres; 10) José Maria e 11) Carlos Magno (in memoriam).
José era um exímio educador, pois educava com amor, carinho e, principalmente pelo exemplo, pois era líder comunitário em Peri-Mirim, juntamente com Pedro Martins. José Santos era um homem de Fé.
Antes de falecer José ainda queria realizar um sonho: construir uma casinha no exato lugar onde fora criado (na Jurema), para que fosse celebrado o seu aniversário, com uma missa em homenagem à sua mãe Ricardina. Ele realizou esse sonho como idealizou, aos seus 94 (noventa e quatro) anos.
Também idealizou que uma vez por ano fosse feita uma reunião na Comunidade de Cametá, na casa que construiu para homenagear a sua mãe, para que todos se reunissem para celebrar a união e gratidão pelas pessoas do lugar.
José faleceu antes que fosse realizada a 1.ª Ação de Graças que idealizou para que fosse realizado todo ano no último sábado do mês de julho. No dia 29 de julho de 2017 foi realizada a 1.ª Ação de Graças na Jurema; a 2.ª Ação de Graças 28 de julho de 2018 e a 3.ª em 27 de julho de 2019.
José dos Santos era um líder, um educador nato, possuidor de uma inteligência ímpar, um homem digno, que merece entrar para a imortalidade ao ser escolhido para ser um dos patronos da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense, para que sua história seja contada às futuras gerações – foi um homem exemplar, motivo de orgulho para toda a sua descendência.
José dos Santos sempre pregou a União, vivia na graça, era um Homem Feliz, faleceu no dia 25 de fevereiro de 2017, aos 95 (noventa e cinco) anos, em São Luís, onde está sepultado juntamente com seu filho Carlos Magno.
Poema de Rosinha à ACADEMIA DE LETRAS E CIÊNCIAS PERIMIRIENSE
Ana Creusa / 6 de dezembro de 2024
Maria Rosa Gomes Soares nasceu no povoado Santana, Peri-Mirim/MA, em 03 de fevereiro de 1942, filha de Eduarda Gomes e Albertino Nunes, perdeu sua mãe muito cedo, sendo criada por Romana Campos e Lúcio Campos. Teve 09 filhos, dois falecidos. Foi professora por 40 anos, atualmente aposentada, também ensinou particular por um período. É católica, muito engajada na igreja e uma líder religiosa com um bonito trabalho prestado à comunidade.
Rosinha, como é conhecida, fez um poema em homenagem à Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) que seria declamado por ela durante o II Festival ALCAP de Cultura que ocorreu no dia 14 de novembro de 2024, porém, um problema de saúde a impediu de declamar seus versos durante o evento. O belíssimo poema segue abaixo:
ACADEMIA DE LETRAS E CIÊNCIAS PERIMIRIENSE
Quero falar a todos
Povo perimiriense
Sobre a academia do Fórum
Da baixada maranhense
Em 20 de março de 2018
Eram grandes as influências
Afim de que fosse fundada
A academia de letras e ciências
Criar academia de letras
Era um sonho almejado
Início
Por João Garcia Furtado
Que faleceu antes do sonho realizado
Mais seus companheiros lutaram
Por esse meio inesperado
Que com força, luta e coragem
Fomos todos agraciados
Pois com trabalho e dedicação
Coragem, paz e união
Chegamos ao desejado
Alcançamos a conclusão
A posse da acadêmicos e patronos
Ainda bem que eu lembro
Foi no ano de 2018
No dia 15 de dezembro
O brasão da academia de letras
Aconteceu há vários anos
Pela senhora acadêmica
Edna Jara Abreu Santos
O desejo era para criar
E despertar muitos lares
Para assim formar um grupo
De academias populares
A academia do FDBM
Posso lembrar com certeza
Arquitetada na presidência
Da senhora Ana Creusa
Era um sonho muito lindo
Mas não foi realizado
Da patrona e professora
Que nos deixou legado
Por dona Naisa Ferreira Amorim
Que não está mais ao nosso lado
A ALCAP tem projetos
São trabalhados excelentes
Como atuar no plantio de árvores
E preservar algumas ainda existentes
No ano de 2020
Um grande golpe o grupo sentiu
Com o adeus do senhor Bordalo
Que nos deixou saudade e partiu
Todos os projetos
E atividades culturais
Por João de Deus Martins
Homem de sabedoria e paz
Vanguarda do conhecimento
Um trabalho bem capaz
Pelo senhor acadêmico
Francisco Viegas Paz
E também o companheiro
Diêgo Nunes Boaes
A academia foi realizada
Pela senhora se não me atrapalho
Jessythannya Carvalho
Agora vou concluir
Desculpe se não lhe agradar
E com fé no senhor Deus
Vamos continuar
Você é o nosso convidado
Venha participar.
ACADEMIA MARANHENSE DE CIÊNCIAS, LETRAS E ARTES MILITARES - AMCLAM.
Após a pacificação da Balaiada em 1841, o Maranhão atravessou uma época de estabilidade e grande crescimento econômico. Os principais produtos maranhenses eram o algodão, a cana-de-açúcar e o arroz, entretanto, o primeiro se destacou como grande produto de exportação da Província, já que, com a Guerra de Secessão (1861-1865), os Estados Unidos, viu seu algodão entrar em decadência.
Nesse contexto histórico, a vida cultural no Maranhão ganha em intensidade e expressividade. “Uma enorme quantidade de jornalistas inimitáveis, poetas estelares, célebres plutarcos, enfim, uma verdadeira preciosidade de intelectuais, segundo Márcio Diniz Costa, em opinião publicada no Jornal Pequeno de 30/07/2006 – Os talentos maranhenses do Século XIX, floresce.
Emanuel Souza em artigo: O Desenvolvimento no Maranhão, publicado em seu blog em 03/11/2010, nos traz à baila que alguns desses pensadores viviam em São Luís e ministravam aulas no Liceu Maranhense, portanto, é neste período que o Maranhão se torna a “Athenas Brasileira”, reunindo grandes intelectuais do país. Integram ainda essa plêiade, escritores, músicos e compositores, destacando-se: Manuel Odorico
Mendes (o maior especialista em línguas antigas), Francisco Sotero dos Reis (o maior gramático e filólogo brasileiro), João Francisco Lisboa (um dos mais respeitados historiadores e jornalistas brasileiros), Cândido Mendes de Almeida (jornalista), Antônio Gonçalves Dias (o maior poeta brasileiro), Pedro Nunes Leal (jornalista, filólogo e lexicógrafo), Antônio Henriques Leal (jornalista e escritor), Joaquim Gomes de Sousa (o maior matemático brasileiro), Joaquim Manuel de Sousa Andrade “Sousândrade” (escritor e poeta), Teófilo Odorico Dias de Mesquita (jornalista e poeta), Raimundo Teixeira Mendes (filósofo e matemático), Artur Nabantino Gonçalves de Azevêdo (Dramaturgo, poeta, contista e jornalista), Antônio Carlos dos Reis Rayol (Compositor, tenor, violonista e regente), Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevêdo (Romancista, contista, cronista, caricaturista e jornalista), Benedito Pereira Leite (jornalista), Adelino Fontoura Chaves (Jornalista, ator e poeta), Raimundo da Mota de Azevedo Correia (poeta), Raimundo Nina Rodrigues (pesquisador, antropologista e etnólogo), Catulo da Paixão Cearense (Poeta, músico e compositor), Henrique Maximiano Coêlho Netto (Escritor, cronista, folclorista, romancista, crítico e teatrólogo) e tantos outros.
Importantes realizações, já haviam se desenvolvido nessa época e que contribuíram para transformar o Maranhão, no grande cenário da poesia, da prosa e da produção jornalística no século XIX, destacando-se a inauguração do Teatro Artur Azevedo (01/07/1817), a fundação da Biblioteca Pública Benedito Leite (03/05/1831), a fundação do Colégio Liceu Maranhense (24/07/1838) e a Associação Literária do Ateneu Maranhense.
Mais adiante na transição para o século XX, um outro grupo de intelectuais maranhenses destacou-se na vida cultural brasileira: João Dunshee de Abranches Moura (Jornalista e polígrafo), José Pereira da Graça Aranha (Escritor), Antônio Francisco Leal Lobo (Jornalista e poeta), Humberto de Campos Veras (Jornalista e escritor).
E mais recentemente, a grande cantora e compositora Maria de Lourdes Argollo Oliver “Dilú Melo” e os poetas e escritores Josué de Sousa Montello, José Sarney de Araújo Costa, José de Ribamar Ferreira “Ferreira Gullar”, Nauro Diniz Machado, Arlete da Cruz Machado que fazem de nossa literatura um marco na história da cultura brasileira.
Nessa digressão artística e literária, ao longo do tempo, várias entidades floresceram em plagas maranhenses, reforçando o glorioso passado da Athenas Brasileira com a fundação de várias Academias como a Academia Maranhense de Letras, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e mais recentemente as Academia Maçônica de Letras, Academia Maranhense de Ciências Contábeis, Academia Maranhense de Medicina, Academia de Letras Jurídicas, Academia Ludovicense de Letras e tantas outras como as Academias Municipais. Entretanto, faltava preencher uma lacuna, pois a Polícia Militar do Maranhão como instituição quase bicentenária, já emprestara ao longo do tempo alguns de seus integrantes para se tornarem imortais nesses sodalícios.
O Cel Carlos Augusto Furtado Moreira que em 1981 ao ingressar na Polícia Militar do Maranhão no Curso de Formação de Sargentos, compôs e eternizou a Canção do CFAP (Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças), mais tarde, entre os anos de 1985 a 1987, experimentou a formação em terras mineiras, vivenciando na Polícia Militar de Minas Gerais, a produção de obras técnicas e de outros ramos literários, desenvolvidos por policiais militares que eram estimulados e tinham recebiam o reconhecimento de suas obras, consideradas de cunho técnico-profissional ou literário e passavam a usufruir da divulgação institucional que ultrapassava os muros dos quartéis mineiros, para ganharem o Brasil e o mundo. Desta forma, estimulou alguns colegas e chefiou a redação da Revista Comemorativa dos Aspirantes 1987 da Academia de Polícia Militar de Minas Gerais, sua turma, fazendo a entrega de exemplares no dia da formatura. Retornando ao Maranhão, passou a sonhar com a criação de um sodalício que pudesse aglutinar policiais e bombeiros militares escritores, mestres e doutores universitários e artistas, bem como personalidades naturais que com a PMMA e o CBMMA possuem estreitos laços fraternos e ao se transferir para a reserva remunerada, com estes, criou e fundou a ACADEMIA MARANHENSE DE CIÊNCIAS, LETRAS E ARTES MILITARES – AMCLAM “A Casa do Brigadeiro Falcão”, no dia 31 de maio de 2018.
NOVA ACADEMIA, FUNDADA EM 02 DE FEVEREIRO DE 2025
Primeira reunião de trabalho da diretoria da ALMA, ontem, na sede da AMPEM. Sob o camando do confrade Régis Furtado, definimos e consolidamos nossa visão, nossos propósitos, nossos primeiros projetos, entre outras coisas importantes. E o primeiro SARALMA, o sarau da ALMA, em 28 de março, com uma programação de "arrepiar".
As escritoras DIOMAR MOTA e MÍRIAM ANGELIM, e o pesquisador DINO CAVALCANTE deram valiosas contribuições para o documentário LAURA ROSA, A VIOLETA DO CAMPO.
O documentário é fruto do curso
ORGANIZAÇÃO DE PRODUÇÃO
voltado para os técnicos em Áudio e Vídeo, com direção geral do Prof. Emilson Ferreira, com direção de pesquisa do Prof. Nico Bezerra e da bibliotecária Nice Goulart.
Escritor, pesquisador e membro da Academia Maranhense de Letras (AML), Prof. JOSÉ NERES foi o nosso convidado de hoje para o documentário LAURA ROSA, A VIOLETA DO CAMPO.
Documentário produzido pelos alunos do curso de ORGANIZAÇÃO DE PRODUÇÃO, com direção geral do Prof. Emilson Ferreira e direção de pesquisa do Prof. Nico Bezerra e da bibliotecária Nice Goulart.
A atriz LINDA BARROS nossa convidada a participar com uma performance artística no documentário LAURA ROSA, A VIOLETA DO CAMPO. Convite aceito.
A reunião da Comissão da AMLAC, de 07/01/25, foi muito proveitosa. Excelente os esclarecimentos feitos pelo confrade César Brito, presidente da FEDERAÇÃO DAS ACADEMIAS DE LETRAS DO
MARANHÃO, a respeito do processo de criação de um Sodalício, o papel social dos membros efetivos, tipos de membros e importância de uma Academia para um município.
Como o processo está em plena construção e, sob esclarecimentos e orientações da FALMA duas mudanças foram aprovadas: a AMLAC recebe em sua nomenclatura as Ciências: ACADEMIA MIRANDENSE DE LETRAS, ARTES E CIÊNCIAS e a lista de Patronos da AMLAC sofre alterações.O nome do Sr. Walter Bezerra Barros, primeiro gestor municipal de Miranda do Norte, foi incluído no rol de Patronos, enriquecendo ainda mais nossa história local, e outros nomes sugeridos anteriormente foram retirados para posterior análise e possível aceitação.
Após análise dos 21 currículos recebidos, a Comissão, seguindo os critérios estatutários, selecionou 18 candidatos que integrarão a lista dos membros fundadores da AMLAC. É importante frisar que a Academia é um organismo de acesso democrático e que sempre haverá novas oportunidades para novos membros, mesmo àqueles que em algum momento não tenha atendido aos critérios necessários para ingresso.
Reitero nossos agradecimentos a @Cezar Brito pela presença e colaboração, a todos que enviaram seus currículos - manifestando assim seu apoio e confiança na AMLAC, e a todos os demais envolvidos neste desafio que certamente colocará Miranda do Norte no cenário cultural e científico do Maranhão.
Um abraço a todos! Nico Bezerra
LISTA, EM ORDEM ALFABÉTICA, DOS CANDIDATOS A MEMBROS FUNDADORES DA AMLAC, EM CONFORMIDADE COM OS CRITÉRIOS ESTATUTÁRIOS:
Abimael Costa
Alberto Carvalho
Alexsandro Araújo
Aracy Moreira
Diego Amorim
Graciliano Mendonça
Jonhatan Camilo
José Jorge Marvão
Leo Freire
Levi Sampaio
Nicodemos Bezerra
Raimunda Oliveira
Renato Moreira
Ronilson Nascimento
Rosa Lemos
Rosângela Nascimento
Valmira Martins
Walter Barros Filho
PATRONOS DA ACADEMIA MIRANDENSE DE LETRAS, ARTES E CIÊNCIAS (AMLAC), COM SUAS RESPECTIVAS CADEIRAS:
1. JOSÉ CLEMENTINO BEZERRA
2. RAIMUNDO ABRAÃO BEZERRA
3. MICHEL CANDAS
4. GUMERCINDO PAIXÃO FERNANDES
5. MARTINHA ELIZA RODRIGUES
6. ANTONIO MONTELO CORRÊA
7. ELIAS MONTELO BEZERRA
8. PEDRO VERA-CRUZ BEZERRA
9. JOSEMAR BEZERRA RAPOSO
10. MARIA DA GLÓRIA SOARES
11. MARIA DA GRAÇA CARNEIRO
13.
14. MARIANA LUZ
15. JOÃO FRANCISCO LISBOA
16. JOAQUIM GOMES DE SOUZA
17. WALTER BEZERRA BARROS
18. FRANCISCO PONTES LINHARES
Um novo desafio e uma nova experiência: estreando como Diretor do documentário LAURA ROSA, A VIOLETA DO CAMPO, junto com minha parceira de pesquisa Nice Goulart. Com produção do Prof. Emilson Ferreira. Em fase de finalização. Confesso que ver meu nome, enquanto os créditos sobem na tela, é realmente emocionante.
Brevemente faremos o lançamento.
Brasão/Medalha AMLAC
⚜Flor de Lis: remonta à antiguidade como símbolo de luz, pureza e virtude, refletindo ideais nobres que a Academia deve buscar e defender. Um emblema amplamente utilizado em heráldica, brasões e instituições literárias.
A identificação AMLAC fazendo referência à Academia Mirandense de Letras, Artes e Ciências.
E os desenhos como símbolos gráficos representando as Letras (livro), Artes (paleta) e as Ciências (átomo).
Alguns Patronos da AMLAC participando do 5° aniversário da Emancipação Política de Miranda do Norte: Walter Bezerra Barros, Pe. Michel Candas, Prof. Dr. Josemar Raposo, Pr. Manoel Bentivi Filho.
Academia Maranhense de Trovas (AMT) realiza oficina no CE Maria Firmina dos Reis Cerca de 15 alunos do nono ano da Escola Maria Firmina dos Reis participaram da I Oficina de Trovas da AMT promovida neste 2025. As oficinas, desde a revitalização da Academia, são ministradas em escolas públicas e privadas, na capital e no interior. Para abrir o ciclo de oficinas do ano cultural de 2025, que tem como patrona Dagmar Desterro, a AMT agendou duas oficinas para fevereiro, ambas na escola Maria Firmina, nos dias 25 e 26.
A equipe da AMT que ministrou a oficina foi formada pela presidente, Wanda Cunha; pela vice-presidente, Dilercy Aragão Adler; pela diretora de eventos, Clores Holanda e pela trovadora Joana Bittencourt. No intervalo das oficinas as trovadoras doaram seus livros para a Biblioteca "Ursula", nome oficial da biblioteca da escola. Entre os livros doados, destacam-se "Ecos da Academia Maranhense de Trovas: novos trovadores", antologia da Academia organizada por Wanda Cunha e "Meu primeiro livro de trovas", de autoria de Dilercÿ Adler. Ao final da oficina, os alunos produziram suas trovas e as declamaram para a plateia, em momento de muita descontração. https://www.instagram.com/share/reel/_zxgFLlHY
DOS ESPORTES
NO I ENCONTRO DE EX-ATLETAS DO MA NO GINÁSIO COSTA RODRIGUES. NA FOTO COM JAIME
SANTANA, LEÔNIDAS ARAÚJO, CARLOS BRANDÃO, JOSÉ REINALDO TAVARES E PHIL CAMARÃO.
HERMILIO, ARAUJO E GAFANHOTO
GAFANHOTO,
HERMILIO E
PROFISSIONAIS DA VITALMED QUE ORGANIZARAM O ENCONTRO
Hoje é o dia do Atleta Profissional - O Dia do Atleta Profissional é comemorado anualmente em 10 de fevereiro no Brasil. A data homenageia todas as pessoas que fazem do esporte a sua profissão. É desde o dia 24 de março de 1998 que o desporto pode ser considerado uma prática profissional, de acordo com a lei nº 9.615. Os atletas existem há cerca de 3 mil anos. O princípio do esporte como uma forma de "ganhar a vida" aconteceu nos Jogos Olímpicos antigos (os que inspiraram as Olimpíadas modernas, criadas em 1896). Inicialmente os jogos aconteciam em Olímpia, na Grécia, quando os atletas eram "patrocinados" por pessoas para treinarem a tempo integral...
CORRIDA ALEMA 190 ANOS REÚNE 3 MIL PARTICIPANTES EM CELEBRAÇÃO AO
ESPORTE
A prova contou com diferentes categorias e premiações, além de promover a inclusão de pessoas com deficiência (PcD).
Vencedores da corrida da Alema celebraram iniciativa da Casa em favor do esporte (Foto: Divulgação)
A corrida “Alema 190 anos” marcou o início das comemorações de aniversário da Assembleia Legislativa do Maranhão com um evento esportivo que reuniu cerca de 3 mil participantes, entre atletas profissionais, amadores e servidores da instituição. A prova contou com diferentes categorias e premiações, além de promover a inclusão de pessoas com deficiência (PcD).
Competição e premiação
A corrida foi dividida nas categorias: PcD, 6 km (masculino, feminino e 50+), 10 km (masculino e feminino), servidor (masculino e feminino), master (masculino e feminino) e kids.
Os vencedores de cada categoria receberam prêmios de R$ 3 mil, R$ 2 mil e R$ 1 mil, além de troféus. Todos os participantes ganharam medalhas personalizadas.
Destaques da prova
Vencedor da prova de 10 km, Josimar da Conceição Silva celebrou a organização e a valorização do esporte no Maranhão.
“Queria agradecer à Assembleia por ter aberto as portas para um esporte que vem crescendo muito no Maranhão. Estou muito feliz por vencer essa prova tão bem-organizada.”
Karolainy Facundo, vencedora dos 6 km feminino, também elogiou a iniciativa.
“Foi umacorridaqueincentivoutantoos esportistas quanto aquelesque correm esporadicamente.Éum evento que estimula a prática esportiva e a superação.”
Categoria Servidores
Os servidores da Assembleia também tiveram uma categoria exclusiva. No masculino, o vencedor foi Antonio César Azevedo Leal, cinegrafista da TV Assembleia, conhecido como Acerola.
“Foram mais de 3 mil inscritos e correr junto com os colegas de trabalho fortalece a confraternização. Ganhar foi uma consequência do meu cuidado com a saúde.”
Na categoria PcD, Valdir Simão de Sousa destacou a importância da inclusão na prova.
“Muitas vezes a inclusão é apenas teórica, mas aqui ela aconteceu de verdade, com premiações iguais para todos. Isso é um avanço e um exemplo a ser seguido.”
Lista dos vencedores
Categoria PcD
Valdir Simão de Sousa
Rodrigo Costa dos Santos
Andre Bianco Gomes Goulart Coelho
Categoria PcD Visual
Antonio Carlos Cavalcante Neves
6 km (masculino)
Kleiton da Silva Sousa
Werison Rodrigues
Nonato Mota
6 km (feminino)
Erislany do Nascimento Fonseca
Theandra de Jesus Costa
Karolainy Facundo
10 km (masculino)
Josimar da Conceição Silva
Eric Adriano Silva Santos
Robenilson dos Santos Vale Muniz
10 km (feminino)
Dilma Raimunda Braga Cantanhede
Gesselma Andrade Mendes
Clereiane Dias da Silva
Categoria Servidor (feminino)
Ana Clara Fialho Alencar Façanha
Naiana Araújo Torres
Kadja Nobel Sousa Braga
Categoria Servidor (masculino)
Antonio César Azevedo Leal
Francisco Anderson Santana Leitão
Caio Carvalhal Pinheiro Carneiro
Categoria Master (masculino)
Edivaldo Pereira dos Santos
Antonio Renato Cruz Nonato
Darlan Soares
Categoria Master (feminino)
Elys Gardenia Rabelo Curvina
Silvera Martins
Maria José Viana Santos
A corrida “Alema 190 anos” reforçou o compromisso com o incentivo ao esporte e à inclusão social, proporcionando um evento que uniu atletas, servidores e a comunidade em uma grande celebração.
Está no ar a página do XXIV CONBRACE e XI CONICE no site do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte!
As informações sobre o maior evento científico da Educação Física já estão disponíveis
Para acessar basta escanear o QR code da imagem, ou acessar o link https://cbce.org.br/evento/conbrace25/apresentacao
Fique por dentro e não esqueça de fazer a sua inscrição!
Seleção do Maranhão adulto no Zonal Norte em Belém PA. Em pé Murilo, Pezê, Agenor, Hermilio, Spirro, Paulão tec. Rubinho Ch da Delegação. Agachados: Albino, Zeca, Josimar, Eduardo e Filomeno.
ETFMA CAMPEÕES DA COPA APCEF 60+M.
BARILOCHE FUTEBOL CLUBE E O MURO DA CASA DE GEDEÃO
HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO
O transporte coletivo de São Luís sempre foi um problema. Houve um tempo, em decorrência da falta de ônibus, que a maioria dos veículos de transporte eram kombis, a simpática van da Volkswagen, chamadas pela população de lotação e que hoje seriam as vans de transporte alternativo. E justamente nestas Kombis é que o Bariloche Futebol Clube embarcava e desembarcava para as suas partidas de futebol no Jaguarema ou na Ponta D’Areia.
O Bariloche era um time de pelada que foi formado durante as férias de julho em São José de Ribamar na década de 1970 e permanecido como time de pelada por alguns anos.
Jogavam no Bariloche Rui e Rubem Lamar, Stelinho, Geraldo Mathias, Paulo, Paulista, Valois, eu, Zé Lopes, Gedeão, Afonso e outros que passavam temporariamente para reforçar o time em algum clássico de “pernas de pau”.
A dissolução do Bariloche aconteceu por absoluta falta de vitórias e nas poucas que aconteciam, tivemos a providencial ajuda de São Pedro, sempre chovia nos dias em conseguimos vencer algum adversário. O desempenho do time era sofrível se comparado com o Fluminense de Ricardo Dualibe, Paulo Sérgio Oliveira e Fred; do Flamengo de Fernando Sarney, Tininho e Lobatinho. Resolvemos acabar o time, afinal de conta não queríamos ser um Íbis da vida, considerado como o pior time do mundo!
Após a dissolução do time, eu, Rubem e Rui fomos jogar na Medicina; Paulo e Paulista formaram um grupo de pagode e resolveram estudar, na música eram piores que no futebol, Paulo é administrador em Belém e Paulista trabalha em São Paulo; Geraldo é engenheiro aposentado; Valois foi escrivão da Polícia Federal e foi descansar no céu; Zé Lopes e Stelinho são comerciantes; Gedeão é advogado. Penso que o Bariloche além de formar amigo, serviu também para formar cidadãos e profissionais. Éramos muitos unidos e aprendemos a dirigir ao mesmo tempo e da maneira mais irresponsável e menos recomendável que existe. Rubens Lamar sabia passar a marcha ré no automóvel do seu pai. Retirávamos escondido o carro sempre depois das 22 horas, enquanto dormia embalado pela brisa de São José, e nos revezarmos na direção. O percurso era grande, contornávamos a Igreja, subíamos a Rua Grande até o Cruzeiro e voltávamos pela Rua Grande repetindo o percurso com cada um na direção, sem nenhuma responsabilidade ou orientação.
Essa autoescola improvisada e ilegal acabou quando Paulo e Rubens derrubaram o muro da casa de Gedeão. A confusão estava formada. Todos foram punidos, inclusive Gedeão, vítima e algoz ao mesmo tempo. O assunto foi amplamente discutido entre as meninas, companheiras das férias: Lucia e Fátima Mathias, Celinha irmã de Paulo, Fátima Queiroz, Maria Estela, Lídia e Liduina, Raquel, Helena, Gracinha, Mônica e Ana Maria irmã de Stelinho.
As férias acabaram, nossos pais tiveram que pagar o prejuízo e o grupo nunca mais se encontrou com o fim do Bariloche Futebol Clube, uma pena, mas ficou a lembrança e o meu casamento com a Lúcia anos depois
ATLETA MARANHENSE DISPUTARÁ MUNDIAL DE ATLETISMO ESCOLAR NA SÉRVIA
Especialista no lançamento de disco, Antônia Fidalgo garantiu vaga após uma sequência de bons desempenhos.
Antônia Fidalgo é especialista no lançamento de disco (Foto: Divulgação)
A jovem atleta Antônia Karinny Fidalgo de Sousa, de 14 anos, foi convocada para representar o Brasil no ISF U15 Gymnasiade 2025, o Mundial de Atletismo Escolar Sub-15, que acontecerá entre 4 e 14 de abril, em Zlatibor, na Sérvia. Elaé alunado Colégio Militar2 deJulho-Unidade IX, em Caxias,ondeobteve apoio e suporte para alcançar mais esta conquista.
Especialista no lançamento de disco, Antônia garantiu a vaga após uma sequência de bons desempenhos em competições nacionais e internacionais. Em 2024, conquistou o título dos Jogos Escolares Brasileiros (JEBs) na modalidade e ficou em 3º lugar no lançamento de martelo, assegurando presença nos Jogos SulAmericanos, realizados na Colômbia.
A atleta se destacou também nos Jogos Escolares Maranhenses (JEMs) e no Campeonato Brasileiro Sub16, além de estabelecer o recorde maranhense no lançamento de disco, com a marca de 42,85 metros. Antônia, que treina intensamente para a competição, celebrou a convocação: “Representar o Maranhão e o Brasil em um torneio mundial é um grande reconhecimento pelo meu esforço e dedicação. Quero dar o meu melhor e aprender muito com essa experiência”, frisou.
Mundial de Atletismo Escolar Organizado pela International School Sport Federation (ISF), o ISF U15 Gymnasiade reúne atletas de diversas partes do mundo, disputando 25 modalidades esportivas, incluindo quatro paradesportivas. Além das competições, o evento promove atividades educacionais sobre segurança no esporte, saúde mental e trabalho em equipe, além de um intercâmbio cultural com as tradições sérvias.
Antônia Fidalgo integra a delegação brasileira ao lado de 25 atletas e dois técnicos, na segunda edição do torneio. A primeira foi realizada em 2021, em Belgrado, também na Sérvia. Com essa nova conquista, a jovem maranhense segue consolidando seu nome no atletismo nacional e agora se prepara para um dos maiores desafios de sua carreira.
• Colégio Militar 2 de julho, maranhense, mundial de atletismo, Sérvia
CHUVA DE MEDALHAS PARA O BRASIL!
Neste fim de semana, o #TimeBrasil dominou as disputas do Campeonato Sul-Americano Indoor de #Atletismo, na Bolívia, terminando a competição com 28 medalhas, sendo 14 de ouro, 10 de prata e 4 de bronze.
Além dos pódios, o país também conquistou os melhores índices técnicos individuais com Ana Azevedo, campeã dos 60m rasos com 7s16, e Welington Morais, o Maranhão, vencedor do arremesso do peso, com 20.92m.
SAMPAIO BASQUETE APRESENTA ELENCO E COMISSÃO TÉCNICA PARA A LBF 2025
Bolívia Querida inicia a sua caminhada na competição nacional no dia 10 de março, diante do Cerrado Basquete, no Ginásio Castelinho. Gustavo Arruda / Imirante Esporte
Elenco do Sampaio Basquete inicia atividades de pré-temporada nesta terça-feira (25). (Divulgação / Sampaio Basquete)
SÃO LUÍS - O Sampaio Basquete apresentou oficialmente o elenco e a comissão técnica para a disputa da Liga de Basquete Feminino (LBF) 2025 na noite desta segunda-feira (24), em um evento realizado no Hotel Luzeiros, em São Luís. Além de terem o primeiro contato com a imprensa, as atletas da Bolívia Querida se reuniram com o presidente Murilo Dias e o técnico David Pelosini para alinharem alguns detalhes do planejamento em busca do tão sonhado tetracampeonato nacional.
Durante a pré-temporada e a disputa do primeiro turno da fase classificatória da LBF 2025, o Sampaio Basquete contará com 11 atletas: as armadoras Lays e Karina, as alas-armadoras Tainá Paixão, Cacá, María Delgado e Carol Ribeiro, a ala Edvânia, a ala-pivô Sassá e as pivôs Gabi Guimarães, Gabriellem e Duda. No decorrer do segundo turno da competição nacional, a Bolívia Querida vai se reforçar com a ala-pivô Thayná Silva e as pivôs Letícia Josefino e Isabela Jourdain, que chegam a São Luís quando encerrar a temporada de seus clubes na Europa.
"Diferente de outros anos, vamos começar com um time bem completo, não 100%, mas creio que 70%, faltando apenas três jogadoras que vão compor o elenco lá para o final de abril ou início de maio, mas o Sampaio Basquete que inicia a competição já é um time muito forte", declarou Murilo Dias, presidente do Sampaio Basquete.
De acordo com o planejamento estabelecido pela diretoria e pela comissão técnica do Sampaio Basquete, as 11 atletas iniciam os trabalhos de pré-temporada nesta terça-feira (25), com avaliações físicas e médicas, além de um teste cardiológico. Em meio a essas análises clínicas, o técnico David Pelosini se reunirá com todos os integrantes do projeto da Bolívia Querida para fazer algumas considerações sobre a LBF 2025. Depois disso, sem perder tempo, o elenco do Sampaio vai participar de um treino tático e técnico com bola.
De volta ao Sampaio Basquete para a LBF 2025, a ala-armadora Tainá Paixão falou da expectativa para defender novamente a camisa tricolor e fez uma projeção da temporada. "Acho que vai ser um ano bem legal, bem competitivo. O Sampaio Basquete sempre tem um projeto para ser campeão, e esse ano não é diferente,
fizeram um projeto e contrataram as meninas com o objetivo de ser campeão, e a gente vai em busca desse título", destaca a camisa 8.
A estreia do Sampaio Basquete na LBF 2025 será no dia 10 de março, a partir das 19h30, contra o Cerrado Basquete, no Ginásio Castelinho, em São Luís. O duelo entre a Bolívia Querida e a equipe do Distrito Federal terátransmissão aovivo no canal do ImirantenoYouTube,com narração deClauberVinicius e comentários de Gustavo Arruda.
I TORNEO PROMOCIONAL
Tive a honra de representar o Brasil abrindo o revezamento que conquistou o recorde brasileiro da prova do Revezamento 4 x 200 Metros Indoor, na categoria M40, no dia 16/02/2025, no I Torneo Promocional de Atletismo Master en Pista Cubierta, disputado na altitude de 2589 metros da cidade de Cochabamba, na Bolivia.
Rayssa Leal derrotou 7 japonesas e se tornou CAMPEÃ do Mundial de Skate Street em Roma.