IHGM EM REVISTA
EDIÇÃO ELETRÔNICA
1574 ou 1576, Almodôvar, Portugal – outubro de 1643, Ilha de lha de Joanes)
A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.
EXPEDIENTE
DIRETORIA DO IHGM GESTÃO 2023-2025
Revista
Rua de Santa Rita, 230, Centro 65015-430 - São Luis – Maranhão
O Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM) é uma instituição da sociedade civil de estudos de caráter científico que tem como objetivos estudar, debater e divulgar questões sobre história, geografia e ciências afins, referentes ao Brasil e, especialmente, ao Maranhão, dentre outras finalidades.
Fundado em em 20 de novembro de 1925, na cidade de São Luís, em comemoração ao centenário do imperador D. Pedro II, sendo sócios fundadores da instituição: Antônio Lopes da Cunha, Justo Jansen, José Domingos da Silva, José Ribeiro do Amaral, Wilson da Silva Soares, Domingos de Castro Perdigão, Barros e Vasconcelos, Pe. Arias de Almeida Cruz, Pe. José Ferreira Gomes, José Pedro Ribeiro e José Eduardo de Abranches Moura.
Entre suas finalidades estão: estudar, debater e divulgar questões sobre história, geografia e ciências afins, referentes ao Brasil e, especialmente, ao Maranhão; cooperar com os poderes públicos em estudos que visem ao engrandecimento científico e cultural do Estado, colocando-se à disposição das autoridades para responder a consultas e emitir pareceres sobre assuntos pertinentes às suas finalidades; defender e velar pelo patrimônio histórico do Maranhão.
O IHGM possui um calendário cultural anual para comemoração das datas relevantes da história, promovendo palestras, seminários, conferências, simpósios, cursos, além de disponibilizar o acervo para consultas e promover visitas guiadas.
Atualmente o IHGM é composto por sessenta membros.
IHGM - Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão
SUMÁRIO
EXPEDIENTE
SUMÁRIO
FALA DA PRESIDENTE
FALA DA DIRETORA
HISTÓRIA
DILERCY ARAGÃO ADLER
DILERCY ARAGÃO ADLER
HOMENAGEADO DO ANO ANIVERSARIANTES
ACONTECEU
PRESIDENTE EM AÇÃO
08 DE MAIO, O DIA DA VITÓRIA
MESA REDONDA MEMÓRIAS DA CÂMARA: CONSERVAÇÃO E ACESSO AO ACERVO DOCUMENTAL DA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO LUÍS
DILERCY ARAGÃO ADLER
EDMILSON SANCHES
SANATIEL PEREIRA
LUIZ THADEU NUNES E SILVA
WYBSON CARVALHO
SAUDAÇÃO A PAULO FREIRE (1995) - CEUMA (São Luís/MA/Brasil)
IMPERATRIZ, 100 ANOS
CHÃO BENTO
DA ILHA DO AMOR A ILHA DA MADEIRA
IMPORTÂNCIA DA PRODUÇÃO LITERÁRIA LOCAL - PARA A IDENTIFICAÇÃO INTELECTUAL DE UM POVO E DO SEU LOCAL DE ORIGEM.
ALBERTO PESSOA
JOIZACAWPY COSTA
A OBRA POÉTICA DE SOUSÂNDRADE GANHA COLEÇÃO INÉDITA
CARTA ABERTA
ACADEMIAS DO INTERIOR MARANHENSE GANHAM FORÇA MEDIANTE DEDICAÇÃO DE SEUS ADEPTOS
LUIZ THADEU NUNES E SILVA
EDMILSON SANCHES
COMO DUAS PESSOAS QUE SE QUEREM, MAS NÃO SE PERTENCEM NOVO GUIA DE SÃO LUÍS
DE ÍNDIOS, LÍNGUA E LINGUAGEM: UMA QUESTÃO PLURAL
Paciência com a mudança necessária é pertinente para que não se perca nunca a esperança de sua efetivação.
Dilercy Adler
Neste segundo trimestre de 2024, acredita-se que o IHGM deu passos significativos, no sentido de consolidar a realização do sonho de Antônio Lopes, no que concerne ao desejo de que o IHGM fosse um dia um “Formoso Templo”. Essa afirmação, impregnada de esperança, foi colocada frente a algumas vicissitudes experienciadas por ocasião do 21º aniversário da Instituição. E esse sonho, de algum modo, também foi assimilado por esta Diretoria que está dando continuidade tanto aos bons projetosexistentes,quanto implementando alguns novos, além de providências que viabilizassem a consecução das ações necessárias.
No tocante a essa questão, uma dificuldade encontrada por esta Diretoria diz respeito aos recursos financeiros, por existir uma defasagem considerável entre receita e despesa, o que incentivou a busca de estratégias que amenizassem essa inadequação. Nessa perspectiva, objetivando atenuar essa desproporção, esta Diretoria recorreu à Fundação Sousândrade, para concessão de duas bolsistas. Esse pleito foi atendido e foram concedidas duas bolsistas, uma da área da biblioteconomia da UFMA, para reorganizar a Biblioteca Hédel Ázar e outra do Curso de Letras da UNIASSELVI. Paralelamente se buscou sanear a folha de pagamento, deixando apenas um funcionário, o que diminuiu, consideravelmente, os custos com encargos sociais.
Em abril, maio e junho, a Presidente do IHGM foi convidada para proferir palestras, participar de Mesas redondas em projetos da Via Mundo, do 24º Batalhão de Infantaria de Selva - Batalhão Barãode Caxias(24ºBIS),doArquivoda CâmaraMunicipaldeSão Luís,daFundaçãoMunicipal de Patrimônio Histórico (FUMPH) e do Institut Cultive Suisse Brésil, concretizando o estabelecimento de cooperação com outras instituições e no caso da FUMPH, contribuindo com a defesa e conservação do Patrimônio Histórico e Cultural do Estado.
O IHGM também foi convidado a participar da “Frente Parlamentar em defesa da Cultura e da Economia Criativa”, cooperando assim com os poderes públicos que visem ao engrandecimento científico e cultural do Estado.
Participou ainda do “I Simpósio de História e Geografia”, promovido pelo Instituto Histórico e Geográfico de Arari (IHGA), o que se materializa como fortalecimento das relações com os Institutos Históricos do Estado, assegurando o diálogo e a colaboração mútua nos interesses comuns, estabelecendo e fortalecendo parcerias.
No tocante às escolas do Ensino Fundamental e Médio, já estão sendo desenvolvidas ações direcionadas para a comunidade estudantil desses graus de ensino, tanto da esfera Municipal quanto da Estadual, principalmente por meio do Projeto “IHGM: Patronos nas escolas”. Foram iniciadas as ações em parceria com a UEB Justo Jansen (Municipal) e com o Centro de Ensino Cônego Ribamar Carvalho (Estadual).
Para finalizar o registro das principais ações do IHGM neste trimestre, propositadamente deixouse por último o alusivo à solenidade comemorativa do aniversário de 135 anos de nascimento de Antônio Lopes, Patrono da Instituição. A comemoração também contou com homenagens ao Patrono do Ano, eleito no ano em curso, Padre Luís Figueira, e a Justo Jansen, o primeiro Presidente do IHGM, por ter o seu nome na primeira escola contemplada pelo Projeto “IHGM: Patrono nas escolas”. Lembrando que esse projeto é sempre em parceria com as escolas. A
Confreira Edna Maria de Carvalho Chaves, ocupante da Cadeira de nº 30, patroneada por Justo Jansen, presenteou a escola com um busto de Justo Jansen e cópias das “Cartas da Ilha de São Luís”, executadas sob a coordenação de Justo Jansen.
Assim, este número está recheado de muito boas notícias, incluindo os cumprimentos aos aniversariantes deste sodalício, a divulgação de acontecimentos e, por meio de textos dos Sócios e dos Colaboradores do IHGM, a partilha de conhecimentos produzidos em áreas diversas. Dessa maneira, esta Revista cumpre a sua missão precípua, além de consolidar laços fraternos entre leitores e autores, a partir do estabelecimento do senso de pertencimento a um grupo mais amplo, marcado pelo interesseno engrandecimento da ciência, cultura e educaçãoda nossa cidade,estado e país e, também, pela consolidação da paz no mundo!
Que tenham todos uma Boa Leitura!
São Luís, 30 de junho de 2024.
Dilercy Aragão Adler !
Queridos leitores e leitoras,
PALAVRAS DA DIRETORA
É com muita alegria e gratidão que me dirijo a vocês nesta edição trimestral da nossa revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), referente aos meses de abril, maio e junho. Nestas páginas, encontramos não apenas histórias fascinantes, mas também um verdadeiro tributo à riqueza cultural e geográfica de nossa terra.
O Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, desde a sua fundação, tem como finalidades primordiais o estudo, debate e divulgação de questões sobre história, geografia e ciências afins, especialmente relacionadas ao Brasil e, mais intensamente, ao Maranhão. Nosso compromisso é cooperar com os poderes públicos em estudos que visem ao engrandecimento científico e cultural do Estado, colocando-nos à disposição das autoridades para responder a consultas e emitir pareceres sobre assuntos pertinentes às nossas finalidades. Além disso, assumimos a responsabilidade de defender e zelar pelo patrimônio histórico do Maranhão, garantindo que ele seja preservado e valorizado para as futuras gerações.
O IHGM possui um calendário cultural anual para a comemoração das datas relevantes da história, oferecendo ao público uma ampla gama de atividades, incluindo palestras, seminários, conferências, simpósios e cursos. Além disso, disponibilizamos nosso acervo para consultas e promovemos visitas guiadas, proporcionando uma experiência enriquecedora e educativa para todos os interessados. Essas iniciativas visam não apenas a difusão do conhecimento histórico e geográfico, mas também o fortalecimento dos laços culturais em nossa comunidade.
Como Diretora de Serviços de Divulgação, é uma honra poder contribuir para a disseminação de informações tão valiosas sobre o Maranhão. Este trabalho não seria possível sem a dedicação incansável de nossa equipe e o apoio contínuo de nossos colaboradores e pesquisadores, que compartilham conosco seu conhecimento e paixão pela nossa região. Cada um deles desempenha um papel essencial na nossa missão de explorar e compartilhar a história e a geografia do nosso Estado.
Ao longo deste trimestre, destacamos diversos eventos que enriqueceram nossa compreensão e apreciação da história e cultura maranhenses. Realizamos uma série de palestras inspiradoras que atraíram um grande público, estimulando debates profundos sobre aspectos importantes de nossa história. Os seminários e simpósios reuniram especialistas de diversas áreas, proporcionando um espaço valioso para a troca de conhecimentos e discussões sobre temas relevantes para o desenvolvimento cultural e científico do Maranhão.
Ao longo deste trimestre, cada artigo e ensaio reflete o respeito profundo que temos pela diversidade de experiências e pela riqueza cultural que define o nosso estado. Cada história compartilhada é uma celebração da nossa identidade coletiva, dos desafios superados e das conquistas alcançadas ao longo dos anos. É inspirador testemunhar como cada narrativa e cada imagem capturam não apenas os eventos históricos, mas também os momentos de alegria, luta e superação que moldaram nossa comunidade. Essas histórias não são apenas relatos do passado; são testemunhos vivos de como nossa história continua a moldar nosso presente e a inspirar nosso futuro.
Gostaria também de expressar minha sincera admiração por todos aqueles que contribuem para esta revista, seja através de escritos, pesquisas ou simplesmente através do apoio como leitores. Cada um de vocês desempenha um papel vital na preservação e na promoção do nosso patrimônio cultural, garantindo que as gerações futuras possam aprender e se orgulhar de suas raízes. O envolvimento e o entusiasmo de cada um são fundamentais para que possamos continuar a missão do IHGM de manter viva a memória histórica do Maranhão.
Neste sentido, cada página desta revista é um convite para explorar e apreciar a beleza única do nosso Maranhão, desde as paisagens deslumbrantes até as histórias emocionantes de seus habitantes. É um lembrete poderoso de que, ao conhecer nossa história e nossa geografia, nos conectamos mais profundamente com
nossa comunidade e com nossa própria identidade. Através de nossos esforços coletivos, estamos construindo um legado de conhecimento e respeito que perdurará por gerações.
Gostaria de dedicar um agradecimento especial a toda a diretoria do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Sem o trabalho árduo, a visão estratégica e o comprometimento de cada um dos membros da diretoria, não poderíamos alcançar nossos objetivos e continuar nossa missão de preservar e promover a história e a cultura do Maranhão. O apoio e a liderança de todos são fundamentais para o sucesso contínuo do nosso instituto.
Por fim, gostaria de agradecer a todos vocês por sua contínua dedicação e apoio ao Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Juntos, estamos construindo pontes entre passado e presente, inspirando um futuro onde o respeito pela nossa história e pela nossa terra seja sempre cultivado. É através do nosso trabalho conjuntoquepodemosgarantirquearicatapeçariadahistóriadoMaranhãocontinueasercontadaecelebrada.
Com sincera gratidão,
Rita Ivana Barbosa Gomes Diretora de Serviços de Divulgação
Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão
De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
O Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM)éumainstituiçãodasociedadecivilde estudosdecarátercientíficoquetemcomoobjetivosestudar,debateredivulgarquestõessobre história,geografiaeciênciasafins,referentesaoBrasile,especialmente,aoMaranhão,dentre outrasfinalidades.
Factos rápidos
Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM)
Lema "Casa de Antônio Lopes"
Tipo Instituto privado
Fundação 20denovembro de 1925 (98 anos)
Estado legal Ativa
Propósito estudar, debater e divulgar questões sobre história, geografia e ciências afins, referentes ao Brasil e, especialmente, ao Maranhão
Sede Rua de Santa Rita, 230, Centro – Ed. Prof. Antônio Lopes, São Luís - MA
Línguas oficiais Português
Presidente Dilercy Aragão Adler
Sítio oficial www.ihgm.org.br
Éainstituiçãocientíficamaisantigadoestado,tendosidofundadaem1925. OIHGMpossuiumcalendárioculturalanualparacomemoraçãodasdatasrelevantesdahistória, promovendopalestras,seminários,conferências,simpósios,cursos,alémdedisponibilizaro acervoparaconsultasepromovervisitasguiadas.
Luís Figueira foi um padre jesuíta de destacada atuação no Brasil colonial. Ele nasceu em Almodôvar, Portugal, em 1574 ou 1576 e faleceu na Ilha de Joanes, Grão-Pará, Estado do Brasil, em outubro de 1643.
Figueira entrou como noviço jesuíta no Colégio do Espírito Santo de Évora em 22 de janeiro de 1592, onde cursou humanidades, filosofia e teologia1. Ordenado padre, ele foi para o Brasil em 1602 e se instalou no Colégio Jesuíta da Bahia, localizado em Salvador da Bahia1
Ele é conhecido por ser o autor de uma das primeiras gramáticas da língua tupi, a partir do contato com potiguaras, tupinambás, tabajaras e caetés, denominada “Arte da Lingua Brasilica”, impressa pela primeira vez em 16211.
Entre janeiro de 1607 e 1608, Figueira acompanhou Francisco Pinto e 60 índios numa expedição ao Maranhão1. Infelizmente, a expedição foi atacada por índios tarairiús (tapuias), instigados pelos franceses, na região onde hoje se encontra o município de São Miguel do Tapuio, no estado do Piauí1. O padre Francisco Pinto foi morto pelos indígenas em 10 de janeiro de 1608; Luís Figueira conseguiu escapar e foi depois resgatado por outro jesuíta, Gaspar de Samperes, regressando a Pernambuco1 .
A gramática tupi de Luís Figueira, intitulada “Arte da Língua Brasilica”, teve um impacto significativo na época colonial do Brasil. Aqui estão alguns pontos importantes:
Educação e Ensino: A “Arte da Língua Brasilica” tornou-se a obra utilizada no ensino da língua tupi no Brasil1. Isso permitiu uma melhor comunicação e compreensão entre os colonizadores e os povos indígenas.
Preservação Linguística: A gramática ajudou a documentar e preservar a língua tupi, que era a língua indígena mais difundida na costa brasileira nos séculos XVI e XVII2 Isso é especialmente importante porque a língua tupi antiga deixou de ser falada no século XVIII, sendo suplantada pela língua portuguesa1.
Estudos Linguísticos: A obra de Figueira é uma fonte valiosa para os estudos linguísticos, fornecendo insights sobre a estrutura e o uso da língua tupi. Por exemplo, a análise de textos antigos que empregam formas do Tupi e do Tupinambá mostra variações gramaticais dentro do próprio Tupinambá2.
Portanto, a contribuição de Luís Figueira foi fundamental para a compreensão e preservação da língua tupi, além de ter desempenhado um papel importante na educação e na interação cultural durante o período colonial brasileiro.
Houve outras obras semelhantes à gramática tupi de Luís Figueira durante o período colonial no Brasil. Aqui estão alguns exemplos:
José de Anchieta: Anchieta foi um jesuíta espanhol que também trabalhou no Brasil durante o século XVI. Ele é conhecido por ter escrito a primeira gramática da língua tupi, chamada “Arte de Gramática da Língua Mais Usada na Costa do Brasil”, publicada em 15951.
Cristóvão Valente: Valente foi outro jesuíta que contribuiu para o estudo da língua tupi. Embora não haja muitos detalhes disponíveis sobre suas obras, sabe-se que ele fez anotações e traduções em tupi2.
João Filipe Bettendorf: Bettendorf foi um jesuíta que editou a segunda edição da “Arte da Língua Brasilica” de Luís Figueira, publicada em 16873.
Essas obras, juntamente com a gramática de Figueira, desempenharam um papel crucial na documentação e preservação da língua tupi, além de facilitar a comunicação entre os colonizadores e os povos indígenas durante o período colonial brasileiro.
Copilot com GPT-4 (bing.com)
Antônio Lopes da Cunha foi uma figura notável na história do Maranhão. Ele nasceu na cidade de Viana, em 25 de maio de 1889, e faleceu em São Luís, em 29 de novembro de 19501 Seus pais foram o desembargador Manuel Lopes da Cunha e Maria de Jesus Sousa Lopes da Cunha. Ele se formou em direito pela Faculdade do Recife1. Ao retornar a São Luís, ingressou no magistério e no jornalismo, duas formas de atividade intelectual em que superiormente exercitou o seu talento1. Ele regeu a cátedra de Literatura do Liceu Maranhense e a de Introdução à Ciência do Direito na antiga Faculdade de Direito do Maranhão, de que foi fundador juntamente com Henrique Couto, Domingos Perdigão, Fran Paxeco e outros
Antônio Lopes da Cunha foi secretário perpétuo e fundador do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, fundador e presidente da Associação Maranhense de Imprensa1. Em 1926, ele foi Intendente Municipal e dirigiu por muito tempo a Diretoria de Instrução Municipal.
Na imprensa, sagrou-se plumitivo dos mais amenos de se ler. Escrevia com fluência e precisão de argumentos e sabia, como poucos, dosar sua prosa límpida e ridente de um ar de velada ironia1 Comentador político atualizado com a história do mundo, pela coluna do “Diário do Norte”, órgão que fundou e de que foi redator principal, durante a Segunda Grande Guerra manteve a opinião pública bem informada dos sucessos e seus antecedentes históricos, fazendo comentários precisos e quase sempre confirmados pelos acontecimentos.
Na Academia Maranhense de Letras, ocupava a Cadeira nº 13, patrocinada por José Cândido de Morais e Silva
Ano 1924\Edição 00191 (1)
Ano 1908\Edição 00165 (1)
José Augusto Silva Oliveira é um renomado professor universitário e engenheiro agrônomo do Maranhão. Aqui estão alguns destaques de sua carreira:
• Ele é natural de São Luís, Maranhão1 .
• Graduou-se em Engenharia Agronômica pela Escola de Agronomia do Maranhão12
• É Mestre em Economia Rural (1984) pela Universidade Federal de Viçosa (UFV)12
• Especialista em Planejamento e em Comercialização Agrícola12 .
• Desenvolveu suas atividades profissionais junto à Comissão Estadual de Planejamento Agrícola do Maranhão, órgão vinculado à Secretaria de Agricultura, de 1975 a 198712
• Exerceu as funções de Assessor-Chefe da Secretaria de Agricultura do Maranhão, de 1987 a 19911 .
• Iniciou sua trajetória na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) em 197712 .
• Ocupou vários cargos de direção na UEMA, incluindo a Chefia do Departamento de Economia Rural, Diretor do Curso de Agronomia, Direção do Centro de Ciências Agrárias, Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão, Vice-Reitor e Reitor12 .
• Presidiu o Conselho Editorial da UEMA de 1996 a 20021
• Foi membro efetivo da Sociedade Brasileira de Economia Rural – SOBER, da Sociedade Brasileira de Econometria – SBE e da Associação Brasileira de Reitores das Universidades Estaduais e Municipais – ABRUEM1
• Atualmente, preside o Instituto Histórico Geográfico do Maranhão (IHGM)2
José Augusto Silva Oliveira tem uma carreira acadêmica e profissional notável, contribuindo significativamente para a educação e a agricultura no Maranhão.
ATENÇÃO: Curriculo capturado do BING – com auxilio do CO-PILOT , inteligência artificial do GOOGLE
José Belo Salgado Neto é um engenheiro civil e professor universitário com uma carreira acadêmica e profissional notável. Aqui estão alguns destaques de sua carreira:
• Ele é Doutor em Urbanismo pelo PROURB/UFRJ1
• Mestre em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)1
• Mestre Profissional em Engenharia Mecânica pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)1 .
• Engenheiro Civil formado pela FESM1
• Professor Adjunto dos Cursos de Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA)1 .
• Professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Computação do Centro de Ciências Tecnológicas da UEMA1 .
• Coordenador do Curso Técnico em Edificações a Distância pelo Programa e-Tec Brasil/UEMA1 .
• Foi Diretor do Centro de Ciências Tecnológicas da UEMA (1995-2006), também respondendo pela Direção do Curso de Oficial Bombeiro Militar, Prefeito da Cidade Universitária Paulo VI (2006-2007) e Pró-Reitor de Administração da UEMA (2007-2010)1 .
• É Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, desde março/201812
• Atualmente é Professor Adjunto IV do Quadro de Professores da UEMA1
Além disso, ele é autor do livro “Fundamentos de Topografia” disponível na Amazon3
ATENÇÃO: Curriculo capturado do BING – com auxilio do CO-PILOT , inteligência artificial do GOOGLE
ATENÇÃO: Curriculo capturado do BING – com auxilio do CO-PILOT , inteligência artificial do GOOGLE
Ana Luiza Almeida Ferro é uma promotora de justiça, escritora, poeta e jurista brasileira premiada nacional e internacionalmente1 . Ela nasceu em São Luís, Maranhão, em 23 de maio de 196612 . É filha única do professor universitário Wilson Pires Ferro, já falecido, e da contabilista Eunice Graça Marcilia Almeida Ferro12
Ana Luiza cursou licenciatura em Letras -Inglês, de 1984 a 1988, e bacharelado em Direito, de 1988 a 1993, pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) obteve mestrado e doutorado em Ciências Penais na Faculdade de Direito, em 2002 e 2006, respectivamente. Em 2018, defendeu pesquisa pós-doutoral em Derechos Humanos na Universidad de Salamanca (Espanha)1 .
Ela é membro da Academia Maranhense de Letras (AML), ocupa a cadeira 12, que tem Joaquim Serra como patrono. Foi a primeira presidente da Academia Maranhense de Letras Jurídicas (AMLJ), de 2011 a 2013, e atua como promotora de justiça do Estado do Maranhão, conferencista e oradora1
Entre seus principais títulos estão “1612: os papagaios amarelos na Ilha do Maranhão e a fundação de São Luís”, “O Tribunal de Nuremberg: dos precedentes à confirmação de seus princípios” e “Crime organizado e organizações criminosas mundiais”, livro pelo qual foi entrevistada por Jô Soares, em 20101 .
ATENÇÃO: Curriculo capturado do BING – com auxilio do CO-PILOT , inteligência artificial do GOOGLE
Wanda Cristina da Cunha e Silva é uma escritora e poeta brasileira, nascida em São Luís do Maranhão, no dia 05 de junho de 1959123 . Ela é filha do escritor e jornalista Carlos Cunha e da professora Plácida Jacimira Cabral da Cunha123 . Wanda começou a escrever desde muito jovem. Aos dez anos, já escrevia trovas mimosas, típicas de sua idade12 Aos 12 anos, estreou na Literatura Maranhense com uma peça teatral em dois atos, publicada no Jornal Pequeno, intitulada “Sociedade Moderna”123 Ela é formada em Comunicação Social (Jornalismo) e Letras12 Na adolescência, escreveu várias poesias que foram publicadas em 1981, sob o título de “Uma Cédula de Amor No Meu Salário”, seu livro de estreia12 . Wanda publicou vários outros livros ao longo de sua carreira, incluindo “Engraxam-se Sorrisos” (1983), um livro de crônicas; “Rede de Arame” (1986), um livro de poesias; “Geofagia ruminante no sótão da preamar” (1989), um poema longo e de fôlego que canta as belezas de sua terra natal; e “Flor de Marias No Buquê de Costelas” (1993), um livro antológico que reúne mais de 20 autoras, todas sob o nome de Maria, que são, na verdade, heterônimos da escritora12
Em 2009, ela lançou o CD “Vida de Ouro e Amor de Prata”, com músicas de sua autoria, em homenagem aos seus 50 anos de idade e 25 anos de casada12 Ela também publicou o livro “Viagem às Ruas de São Luís” - Teatro, em 20121 Seu próximo livro, “Parede tem Ouvido”, literatura infantil, estava previsto para 2015/161 . As principais obras de Wanda Cristina Cunha são:
1. “Uma Cédula de Amor No Meu Salário” (1981): Este é o livro de estreia de Wanda, uma coletânea de poesias escritas durante sua adolescência123
2. “Engraxam-se Sorrisos” (1983): Este é um livro de crônicas123 .
3. “Rede de Arame” (1986): Este é um livro de poesias123 .
4. “Geofagia Ruminante no Sótão da Preamar” (1989): Este é um poema longo e de fôlego que canta as belezas de sua terra natal123
5. “Flor de Marias No Buquê de Costelas” (1993): Este é um livro antológico que reúne mais de 20 autoras, todas sob o nome de Maria, que são, na verdade, heterônimos da escritora123
6. “Viagem às Ruas de São Luís” (2012): Este é um livro de teatro1
7. “Parede tem Ouvido”: Este é um livro de literatura infantil, que estava previsto para ser publicado em 2015/161
Além disso, em 2009, ela lançou o CD “Vida de Ouro e Amor de Prata”, com músicas de sua autoria, em homenagem aos seus 50 anos de idade e 25 anos de casada
ATENÇÃO: Curriculo capturado do BING – com auxilio do CO-PILOT , inteligência artificial do GOOGLE
Washington Luiz Maciel Cantanhede nasceu em 1963 em Vitória do Mearim, MA1 Ele é filho de Antonio Duarte Cantanhede e Benedita Maciel Cantanhede1 É Bacharel em Direito e em Administração1 .
Washington Cantanhede é um promotor de Justiça e atualmente é o titular da 15ª Promotoria de Justiça Criminal – Crimes contra a criança e o adolescente2 . Ele foi promovido da entrância intermediária para a final no dia 29 de agosto2 . Antes de ser promovido à entrância final, através do critério de merecimento, Washington Cantanhede atuou na comarca de Pedreiras2 Recentemente havia sido removido para a comarca de Açailândia, onde não chegou a atuar, pois foi logo promovido2 Além disso, ele também é conhecido por sua contribuição à música, sendo o autor do Hino de Vitória do Mearim3
ATENÇÃO: Curriculo capturado do BING – com auxilio do CO-PILOT , inteligência artificial do GOOGLE
Edna Maria de Carvalho Chaves é uma figura ativa em instituições e pesquisas no Maranhão. Ela ocupa o cargo de Segunda Secretária no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), na gestão de 2023-20251 . Além disso, ela também realizou uma dissertação de mestrado intitulada “Gestão Democrática em uma Escola de São Luís do Maranhão - Um Estudo de Caso” na Escola Superior de Educação do Porto (ESE-IPP)2 Seu trabalho acadêmico também inclui estudos experimentais no período gestacional3 algumas realizações notáveis:
1. Atuação no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM): Ela ocupa o cargo de Segunda Secretária no IHGM, contribuindo para a preservação e divulgação da história e geografia do estado do Maranhão.
2. Dissertação de Mestrado: Edna Maria realizou uma dissertação de mestrado intitulada “Gestão Democrática em uma Escola de São Luís do Maranhão - Um Estudo de Caso” na Escola Superior de Educação do Porto (ESE-IPP). Esse estudo pode ter contribuído para o campo da educação e gestão escolar.
3. Estudos Experimentais no Período Gestacional: Além de suas atividades acadêmicas, Edna Maria também se envolveu em estudos experimentais relacionados ao período gestacional. Essa área de pesquisa pode ter impacto na saúde materna e fetal.
Essas são algumas das realizações de Edna Maria de Carvalho Chaves, demonstrando seu comprometimento com a educação, história e pesquisa.
ATENÇÃO: Curriculo capturado do BING – com auxilio do CO-PILOT , inteligência artificial do GOOGLE
Clauber Pereira Lima é um pesquisador e estudioso com uma trajetória multifacetada. Vou compartilhar algumas informações sobre ele:
1. Antropologia e Teologia:
o Clauber Pereira Lima é mestre em Antropologia e Teologia.
o Ele também é sacerdote diocesano e missionário junto aos migrantes portugueses no Canadá desde 19991 .
2. Filosofia Contemporânea:
o Clauber Lima escreveu um artigo intitulado “Sartre e a questão da Transcendência”, explorando a necessidade da transcendência na vida de Jean-Paul Sartre. Ele argumenta que, sem a transcendência, os seres humanos ficam presos na vida material, sem a capacidade de sonhar e capturar outras realidades1 .
o Além disso, ele reflete sobre a luminosidade da vida humana e os conflitos internos e externos de Sartre.
3. Outras Atividades:
o Clauber Lima também atua como professor de Espanhol no Curso de Bacharelado em Turismo da Universidade Federal do Piauí (UFPI)2 .
o Ele possui doutorado em Tradução e Ciências da Linguagem pela Universitat Pompeu Fabra2 .
4. Engajamento Social:
o Clauber Lima parece estar envolvido em questões sociais e filosóficas, especialmente relacionadas à espiritualidade e à busca por significado
5. ATENÇÃO: Curriculo capturado do BING – com auxilio do CO-PILOT , inteligência artificial do GOOGLE
Ruben Ribeiro de Almeida. Nasceu, viveu e faleceu em São Luís. Sua existência se deu entre 1896 e 1979. Fazia questão de ressaltar o gosto de morar na capital maranhense, nunca tendo feito muitos esforços, apesar das oportunidades, para fixar residência fora deste Estado.
Ruben Almeida foi escritor, jornalista, historiador, geógrafo e poeta. Ensinou em todas as escolas privadas existentes em São Luís de seu tempo. Destaco, dentre elas, Instituto Viveiros, Rosa Castro e Centro Caixeral. Ficou mais conhecido, porém, pela vaga de magistério que ocupou no Liceu Maranhense e na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Maranhão.
Rubem Almeida foi um ardoroso defensor dos direitos indígenas. Chegou a desenvolver densa pesquisa biográfica sobre o que concebeu como “indígenas notáveis”, publicado com o título de “Panteon das selvas”. Não há como deixar de destacar igualmente a relevante contribuição de Ruben Almeida como jornalista. Por praticamente quatro décadas, mais precisamente entre 1912 e 1951, redigiu religiosamente em diferentes jornais do Maranhão, como A Pacotilha, O Combate, A Folha do Povo, Diário do Maranhão, A Tribuna, O Diário de São Luís e O Imparcial.
No plano institucional, além das relevantes entidades de ensino às quais esteve vinculado, Ruben Almeida foi fundador da Cadeira de n. 29 da Academia Maranhense de Letras, patroneada por Felipe Franco de Sá. Neste Instituto Histórico e Geográfico, é patrono da cadeira de n. 51, tendo sido presidente do Instituto por quase uma década, de 1961-1972.
from MARANHAY 57 - MARÇO 2021: EDIÇÃO ESPECIAL - OS ATENIENSES, VOL. III by Leopoldo Gil Dulcio Vaz from MARANHAY 57 - MARÇO 2021: EDIÇÃO ESPECIAL - OS ATENIENSES, VOL. III, page 227
RUBEM ALMEIDA 09 de maio de 1896 # 09 de abril de 1979
Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão
Nasceu em São Luis a 09 de maio de 1896; fez todos os estudos nesta Capital, do Colegio são Francisco (primário) ao Liceu Maranhense e à Faculdade de Direito.
Verdadeira enhciclopedia ambulante, poliglota, falava fluentemente Frances, espanhol, italiano, inglês e, evidentemente, português, além de saber o latim e noções de grego e de alemão.
Escritor, jornalista, historiador, poeta, e professor, sendo o Magisterio sua verdadeira profissão. Catedratico do Liceu Maranhense, através de concurso publico para a cadeira de Lingua Portuguesa, onde defendeu a tese “Verbos fundamentais da Lingua Portuguesa e raízes e radicais gregos existentes no Portugues” (1930). Lecionou ainda em todos os colégios de seu tempo: São Francisco (onde estudou), Nossa Senhora Auxiliadora, Oscar Barros, Sinhá Nina, Rosa Castro, São Luis, Liceu Maranhense, Centro Caixeiral, Cisne, Minerva, Instituto Vieiros, e Escola Técnica Federal.
Foi um dos fundadores (1952) e professor da antiga Faculdade de Filoosofia de São Luis do Maranhão, que dentre seus cursos de Licenciatura ministrava o de letras neo-Latinas. Foi também professor da Faculdade de Direito, por concurso publico, onde apresentou duas teses: “O Indio brasileiro em fase do Codigo Civil”, e “Investigação na Paternidade – argumentos que a justificam e repelem, para a Cátedra de Direito Civil” (1934); e mais “Presidencialismo e Parlamentarismo”.
Não se preocupou com a publicação de livros.
Nos anos de 1912 a 1951 há artigos seus nos jornais “Diário do Maranhão”; “A Pacotilha”; “O Jornal”; “O Combate”; “Folha do Povo”; “Tribuna”; “Diário de São Luis”; e “O Imparcial”. Há, ainda, publicações em revistas especialoizadas, como os textos “A Constituição dos Antonimos para a História do Maranhão” (1947 – Revista de Geografia e História). Interessante seu trabalho intitulado “Panteon das Selvas”, onde traça biogtrafia dos mais extraordinários índios do Brasil, do Amazonas ao Rio Grande do Sul; muito bonito “Glorificação de Gonçalves Dias”, discurso laudatório, publicado em 1962; seu único livro publicado, postumamente, ‘Prosa, poesia, e Icnografia”.
Não constituiu família e nem deixou descendente. Foi membhro do Conselho Estadual de Cultura; AML, fundador da cadeira 29; sócio efetivo do IHGM, cadeira 9 e posteriormente patrono da cadeira 51; membro da Subcomissão nacional de Folclore; Consultor técnico do Diretorio Regional de Geografia.
Integrou por 17 anos a Sociedade Literaria Barão do Rio Branco; e a Legião dos Atenienses. Palestrante de valor, memória privilegiada. Detentos das medalhas do Merito Timbira, do Sesquicentenario da Independencia, e Cidade de São Luis; pela Academia maranhense de letras; as de Graça Aranha, e de Gonçalves Dias. A UFMA conferiu-lhe o titulo de professor Emerito; foi duas vezes Diretor do Liceu Maranhense e da Biblioteca Publica Benedito leite; Presidente do IHGM no período de 1967 a 1972. Faleceu em São Luis em 09 de abril de 1979.
A ÁGUIA E O ROUXINOL (ELEGIA AO PROF.
RUBEM ALMEIDA)
240 RUBEN ALMEIDA, O JORNALISTA O Mestre Ruben Almeida, não foi somente Professor. No período de 1912 a 1951, exerceu com raro brilhantismo as nobres funções de jornalista, tendo militado em quase todos os jornais de São Luis, vez que a sua verve o fazia disputado por aqueles que administravam os jornais locais à época. Além de artigos em jornais, teve ainda, publicações em revistas especializadas e algumas obras, dentre as quais destacamos: “Panteon das Selvas”, “Glorificação de Gonçalves Dias” e “Prosa, Poesia e Iconografia”. Aos 17 anos de idade Ruben Almeida integrou a Sociedade Literária “Barão do Rio Branco” e a Legião dos Atenienses. Foi membro do Conselho Estadual de Cultura, da Subcomissão Nacional de Folclore, Consultor Técnico do Diretório Regional de Geografia e Diretor do Liceu Maranhense por dois mandatos. Junto à Academia Maranhense de Letras, foi fundador da cadeira nº 29, e no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, foi patrono da cadeira nº 51, por nós atualmente ocupada, chegando a ser Presidente, entre
os anos de 1967 a 1972, secundado pelo brilhante Promotor de Justiça, Dr. José Ribamar Seguins, seu vice. A extraordinária vida intelectual do Professor Ruben Almeida foi sempre meteórica. O brilho da sua invulgar inteligência galgou-o à Academia Maranhense de Letras241 . Como Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão sempre se houve com desembaraço, levando a bom termo as metas que se propôs realizar. Não pode concluir seu mandato por motivo de saúde. Infelizmente, a saúde precária não lhe permitiu chegar até o fim do ano acadêmico de 1972. O vice-presidente, Dr. José Ribamar Seguins completou seu mandato, tendo sido eleito inicialmente para o biênio 1972/1974. A dinâmica do seu trabalho levou os confrades a reconhecerem seus méritos e elegerem-no para sucessivos mandatos, que só foram concluídos em 1994, sendo o único acadêmico a permanecer 22 anos no exercício da Presidência. E saiu porque entendeu que era hora de ceder lugar a outro. Pelos confrades ainda continuaria mais tempo na presidência. Hoje, aliás, não são poucos os que pensam no seu retorno à presidência da Casa de Antonio Lopes.
RUBEN ALMEIDA VISITANDO LIVRARIAS Peço permissão aos leitores para contemplá-los com um episódio que vivenciei em uma livraria desta Capital, ao lado do Prof. Ruben Almeida. Quem conhece São Luis, bem haverá de lembrar-se da Livraria “A Colegial”, que outrora foi parada obrigatória de estudantes e professores. A Livraria era localizada no Centro de São Luís, bem à praça João Lisboa. O Prof. Ruben Almeida era um visitante assíduo daquela fonte de saber que mantinha um considerável acervo de livros a oferecer aos estudiosos.
Estava eu a folhear um livro sobre discursos do grande Tribuno Romano Marco Túlio Cícero, quando ao meu lado escutei uma voz muito minha conhecida de sala de aula. Cumprimentei-o. Tratava-se do Prof. Ruben Almeida que pedia ao livreiro que por gentileza, lhe trouxesse um exemplar da mais recente obra que versasse sobre a língua pátria. Sendo Ruben Almeida um estudioso da língua portuguesa, nenhuma novidade havia na procura do último lançamento sobre o assunto. O que surpreendeu a todos que presenciaram o pedido foi a repentina tomada de posição do Professor Ruben. Depois de rápido manuseio do volume pedido, arrancou algumas páginas, pagou o valor do livro e pediu ao livreiro que jogasse o resto fora, vez que o livro de aproveitável só tinha as folhas que arrancara. Virando-se para mim, acrescentou: jovem leia de tudo, mas saiba escolher o que convém e só guarde o que interessa e possa lhe enriquecer. Era assim o Prof. Ruben Almeida. De certa feita, mandara que minha turma do Liceu Maranhense que ele tinha ao seu encargo, fizesse uma dissertação sobre o tema “Viagem Marítima”. Surpreendentemente, foi às raias da indignação quando um aluno menos avisado escreveu na abordagem do tema, que seria bom que a embarcação parasse no meio do mar para que os passageiros pudessem fazer outro passeio, saltando e empurrando a embarcação. O Prof. Ruben Almeida entendeu a dissertação em tela como um acinte à língua pátria e oriunda de uma imaginação doentia, acrescentando ironicamente que só faltou o autor dizer que seria bom e que os passageiros saltassem para empurrar a embarcação no próprio mar, cuja houvera parado o motor. Aí sim, completou o Mestre. A comicidade estaria completa.
DEPOIMENTOS SOBRE O PROFESSOR RUBEN ALMEIDA Contou-me o Professor Tácito da Silveira Caldas, que de certa feita indo o Prof. Rubem Almeida assistir a uma reunião do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, quando era então Presidente o Dr. Seguins, foi convidado por este para compor a mesa diretora dos trabalhos, ao que o Prof. Ruben teria pedido permissão para assistir a reunião do plenário, pois gostava de ouvir olhando o orador.
Em vão, o convite foi reiterado. De nada adiantaram as palavras do Dr. Seguins que tentava convencê-lo, dizendo-lhe que sua presença à mesa era uma honra das maiores. “Obrigado Presidente”, mas insisto em ficar aqui no Plenário. Despido de toda vaidade foi assim o Prof. Ruben Almeida.
A sua única honra, consistia no reconhecimento da sociedade pelo que ele era, pelo que ele foi, e neste particular em tudo superior ao que ele teve. Morador da Rua dos Afogados, em um histórico Mirante, bem próximo à Rua da Cruz, quem nos conta é o Dr. Seguins, ex-presidente do IHGM, vivia, nesta segunda moradia, entre livros, estantes e escrivaninha. Ambiente de estudo nunca bem arrumado, dizia ele que arrumação necessária era somente a que residia no seu intelecto. Na sua desarrumação de livros, sabia
contudo, onde estava o livro de que precisava. Havia mesmo quem dissesse que com autores já falecidos conversava ele durante o sono.
De vida familiar muito restrita, teve em a Sra. Justina, conhecida na intimidade por Da. Juju, sua inestimável colaboradora e companheira. Dessa convivência nasceu ao casal um filho que os amigos próximos chamavam de Rubinho, não sendo ele na verdade batizado sequer com o nome de Ruben, antes se chamava Silvio. Acredita-se que o diminutivo Rubinho era uma forma carinhosa de contrastar com o Rubão, tão temido Prof. de Português. A criança teve vida curta. O Pai Celestial chamou-o para o seu seio, ainda no albor da juventude, ele que parecia uma promessa intelectual.
É preciso ainda ressaltar que o Prof. Ruben Almeida foi Diretor da Biblioteca Pública Estadual Benedito Leite, nomeado para substituir a confreira Aryceia Moreira Lima, que mourejava também no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, ela que fora designada para exercer outra função importante no Estado.
Como Diretor da Biblioteca Pública iniciou uma campanha memorável de estímulo aos jovens, incentivandoos à leitura. Emprestou inúmeros livros da Biblioteca a todos que estavam interessados em ler. O leitor podia ou não ser cadastrado na Biblioteca para estar habilitado ao empréstimo. O leitor tendo cadastro já feito, o empréstimo do livro saía mais rápido. Se não tinha cadastro precisava preencher uma ficha, dizia dos seus dados básicos, tais como nome completo, pais, endereço, sexo, escola onde estudava. Era o bastante. O leitor saía com o livro desejado debaixo do braço com um prazo estipulado para devolução. Perguntei-lhe certa vez:
“Professor, esses jovens que levam livros por empréstimo o devolvem depois?” Ao que ele me responde que os poucos que não devolviam eram tão insignificantes que sequer deveriam ser lembrados. Desprovido de toda e qualquer vaidade, trajava-se, com roupas sempre limpas e sem rasgões. Sua vasta cabeleira era o seu ponto marcante. A sua identificação era, principalmente vasta cabeleira sempre cheia, onde os cabelos eram penteados no passar entre os dedos, servindo estes como se um pente fosse. Estava assim, a cabeleira era muito bem arrumada. Os últimos anos de sua vida foram vividos em uma residência à Rua das Hortas, nesta Capital. Várias vezes ali fui visitá-lo, ansioso por tirar dúvidas e aprender um pouco mais. Sempre fui por ele atendido com alegria e prazer, respondendo aos meus questionamentos e orientando-me. Para um estudante sempre foi momento de glória aquele em que conseguia conversar com o Mestre Ruben. Um fato pitoresco da vida do Prof. Ruben Almeida merece ser registrado: morreu sem nunca acreditar que o homem pisara na lua. Dizia sempre que aquela foi a mais fantástica história de que tomara conhecimento. Nunca pode ele se convencer do feito dos astronautas que revolucionaram o mundo morreu dizendo: “foi uma farsa”. Curioso é que hoje existem pesquisadores que põem sob suspeita a certeza que se tem. Missão cumprida na terra, ajudando a formar gerações, que logo ocuparam lugar de destaque quer no cenário estadual, nacional ou internacional, o Senhor Deus o chamou em 09/04/79, aqui mesmo nesta cidade, que foi do seu nascimento, contando ele com 82 anos e onze meses de idade. O Professor Ruben não morreu. Nós que fazemos o IHGM preferimos dizer que Deus, o Pai por Excelência, fez com ele o que fazemos com nossos filhos quando adormecem: Tomamos as crianças em nossos braços quando o sono as alcança, em qualquer parte e levamos para um lugar seguro, com todo conforto. Quando o Prof. Ruben Almeida adormeceu, entendemos não ter sido diferente. O Pai Celestial tomou-o nos seus braços e levou-o para o lugar seguro que lhe estava reservado na Mansão Celestial. Graças à proposta do Historiador e Confrade Luiz Alfredo Netto Guterres Soares, que na gestão do Presidente do IHGM, José Ribamar Seguins, propusera a criação de mais dez cadeiras, com as quais pretendia homenagear nomes ilustres que haviam partido, maranhenses de escol, que precisavam ser lembrados constantemente, foi que foram abertas mais 10 vagas no Sodalício, passando o Instituto de 50 para 60 sócios, cabendo à cadeira de nº 51 ser patroneada por Ruben Ribeiro de Almeida, “o último grande gênio da língua pátria”, no dizer daquele confrade. É esta cadeira que ocupo com indizível alegria, sendo enorme a responsabilidade de substituir o seu titular, de tão saudosa memória, a quem nos habituamos a render homenagens e a cultuá-lo pela enorme contribuição à cultura da nossa terra e da nossa gente. A grandiosidade dos serviços do Prof. Ruben Almeida prestados ao Maranhão foi indescritível, quem nos acrescenta é a “Biografia Resumida de Maranhenses Ilustres”, contida
na Revista nº 11 do IHGM, às fls. 41, dissertada pelo confrade Joaquim Elias Filho, em parceria com a confreira Maria dos Remédios Buna Costa Magalhães. Dessa biografia, obtivemos as informações de que ele recebeu “Medalha Cidade de São Luís”, “Medalha do Mérito Timbira” e “Medalha Maranhense do Sesquicentenário da Independência”, todas concedidas pelo Governo do Estado do Maranhão; que a Academia Maranhense de Letras, pelos seus elevados dotes intelectuais sobejamente reconhecidos, concedeu-lhe a “Medalha Graça Aranha” e a “Medalha Gonçalves Dias”; que a Universidade Federal do Maranhão, considerando os seus elevados méritos, conferiu-lhe a comenda de “Professor Emérito”; que O Imparcial, matutino desta cidade, vinculado aos Diários Associados, rendeu-lhe também homenagens, concedendo-lhe o título “Quem é Quem”; que do Ministério da Aeronáutica, recebeu o “Medalhão do Centenário de Nascimento de Santos Dumont”; que mourejou o Prof. Rubem Almeida como jornalista nos seguintes jornais desta capital: “Diário do Maranhão”, “A Pacotilha”, “O Jornal”, “O Combate”, “A Folha do Povo”, “O Diário de São Luís”, sobressaindo-se pela sua pena brilhante, a serviço do Maranhão, em todos eles, com destaque para “O Imparcial”, matutino que ainda circula até hoje em nossa cidade. Haurimos, ainda, da Revista nº 11, já referida, que o nome do Prof. Ruben Almeida saiu da esfera local, chegou à nacional e estendeu-se à internacional, haja vista o título de membro da “Member of That Society: The National Geographic Society – Washington District of Columbia in the United States”. Do livro “Cultura em Quadros” do poeta e historiador Luiz Alfredo Neto Guterres Soares colhi sobre o Prof. Ruben Ribeiro de Almeida as seguintes pérolas acerca do mestre que aqui estamos a prestar homenagens: “Ruben Almeida – estudioso, fez História com História, profundo e meticuloso – um prodígio de memória”. Luiz Alfredo nosso confrade no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, com estas palavras sintetizou uma vida. O exemplo do Prof. Ruben Ribeiro de Almeida ficou. Que Deus nos ajude a entende-lo e a reverenciar sua memória. Ele, pelo muito que fez, eternizou-se. Nunca morrerá. POPULÁRIO MARANHENSE A Secretaria de Cultura do Estado do Maranhão, sob o título “Série Inéditos”, cuja série foi iniciada com a publicação do livro “Populário Maranhense, legado que nos doou o saudoso Prof. Domingos Vieira Filho, trouxe a lume o lançamento da obra “Prosa, Poesia e Iconografia”, de autoria do Prof. Ruben Almeida. Nossa pesquisa tornou-se fácil com o manuseio da obra em referência, onde fomos buscar farto material para homenagear o Prof. Ruben Almeida. Neste oportuno trabalho vamos encontrar produções dispersas do Prof. Ruben Almeida, que estavam direcionadas para plaquetas, revistas e jornais e que sem dúvida, se perderiam no tempo e no espaço, não houvesse sido feito este trabalho. Ter-se-ia perdido também a sua inestimável colaboração a temas relacionados com a etnolinguística, etnologia, problemas indígenas, folclore, antropogeografia. Com a publicação de prosa, poesia e iconografia tem-se reunido os fragmentos dos seus valiosos trabalhos, registrando-se assim, para a posteridade, um pouco da inestimável contribuição de Ruben Almeida aos estudiosos maranhenses.
Se nada tivesse nos legado o autor, os seus “Verbos Fundamentais da Língua Portuguesa” já o teriam imortalizado. Chagas Val comentando sobre o trabalho de Ruben Almeida, diz-nos que “é um sábio na última acepção da palavra, e os sábios preferem o silêncio à publicidade gratuita dos que escrevem. Aqui viveu os melhores dias de sua juventude e sofreu a infame perseguição dos tiranetes obtusos. Só porque convicto da verdade, e na mesma linha germânica de Tobias Barreto, sempre defendeu a Alemanha como país grandioso e eterno”. Registram os anais da História, que inimigos do mestre Ruben entendiam ser ele nazista e o prenderam.
Seus inimigos estão mortos, deles não se fala senão como verdugos que o tempo fez esquecer. O nome do Prof. Ruben Almeida sobreviveu às intempéries do tempo, sendo até hoje admirado e lembrado com muito respeito. O saudoso Prof. Mário Martins Meireles, imortal da Academia Maranhense de Letras, encarregado de traçar perfil necrológio do Prof. Ruben, em sessão do dia 09.05.1979 naquele Sodalício, refere-se ao Prof. Ruben dizendo que conquistou cargos, títulos e que executou serviços de valor inestimável para o Maranhão, ressaltando que “por três gerações consecutivas, todos vós o sabeis porque não há em São Luís, e no Maranhão por certo, quem não saiba o que foi e o que era, o que fez e o que fazia, o que sabia e o que ensinava”. Enfatiza ainda o Prof. Mário Meireles que merecem ser lembrados, pelo seu grande valor, “Uma
palestra sobre Henrique Leal”, datada de 1928, “Raízes e radicais gregos existentes no português”, “O índio brasileiro em face da legislação”, e um trabalho versando sobre doutrina política, intitulado “Presidencialismo e Parlamentarismo”, estes dois últimos datados de 1934. Pelos idos de 1962, juntamente com o autor desse seu necrológio, pronunciou um “discurso laudatório” à memória do autor dos Timbiras, publicado pelo Departamento de Cultura do Estado do Maranhão, sob o título “Glorificação de Gonçalves Dias”. Também o Prof. Sá Vale, que formava ao lado do Prof. Ruben Almeida o exercício do magistério no Liceu Maranhense, dizia sobre ele que se tratava “de um dos maiores maranhenses vivos pelo seu belo talento e enciclopédica cultura e denuncia que tinha então pronto para o prelo uma obra magnífica –“Panteon das Selvas”. O Prof. Ruben Almeida, inegavelmente, dominava a língua pátria com segurança, era um pesquisador e estudioso por excelência, acrescentando o Prof. Mário Meireles, “além do muito ou do pouco que sabia de tudo, ele era, sobretudo, como que a história viva desta terra”.
PROFESSOR RUBEN ALMEIDA – DIGNO
REPRESENTANTE DO ESTADO DO MARANHÃO Consta do Diário Oficial do Estado do Maranhão de 26.12.1932, Decreto que foi assinado pelo Senhor Francisco Lisboa Viana, Diretor, respondendo pela Secretaria de Estado do Maranhão, a designação do Prof. Ruben Ribeiro de Almeida para, sem prejuízo dos vencimentos do seu cargo e com o direito apenas à indenização pelos cofres públicos do Estado, das despesas que fizer com a viagem, proceder na zona compreendida entre os rios Turiaçú e Gurupi, aos estudos e investigações indicados nas instruções que lhe serão fornecidas pelo Secretário de Estado”. Recebidas essas instruções, o Prof. Ruben partiu para o cumprimento do Decreto, externando no seu relatório ter “o maior interesse de parte do Governo em reaver uma documentação cartográfica”, sendo de se ressaltar que tal documentação era portada pelo Prof. Ludovico Schwennagen, “insigne homem de ciência que veio a falecer, lamentavelmente aos 71 anos de idade” e que “se entregara com todo o ardor da sua atividade a passar a limpo os esboços dos rios, furos, ilhas, cidades, povoados e minas” que visitou com o Prof. Ruben.
Desse magnífico trabalho do Prof. Ruben teve-se uma visão geográfica dos limites dos Municípios de Turiaçú e Carutapera, passando-se por Maracassumé, Rio Tromaí, Rio Iriri-Assu, Iriri-Mirim e Gurupi. Significativo também foi o registro de que não havia lagos de importância e a descrição de cidades e povoados que pertenciam à época aos Municípios de Turiaçú e Carutapera. Importante participação teve o Prof. Ruben no estudo que procedeu sobre a geologia, quando deixou patente que o “litoral maranhense fez parte na época do cretáceo superior e do oceano chamado Tetis, um dos dois (o outro era Nereis), em que dividia o Atlântico fechado na sua parte equatorial pelo istmo da Arqueamazônia e na meridional, pelo da Arqueplata (prosa, poesia e iconografia), fls.33”.
Semelhante participação teve no estudo da mineralogia, donde se foi buscar a afirmativa de que “a crença geralmente aceita é que todo ouro do noroeste maranhense é ouro de aluvião, ou seja, descoberto pelo trabalho de erosão das águas pluviais ou fluviais, e por elas carreado”. Sem perder de vista a sua designação pelo Governo do Estado para proceder estudos no interior do Maranhão, teve também as suas atenções concentradas na Botânica, na Zoologia, tendo feito um profundo estudo da navegabilidade dos rios maranhenses, valendo-se no ensejo de um respeitável estudo sobre o povoamento dos municípios do Maranhão, e destacando as vias de comunicação existentes, entre elas as vias terrestres, marítimas e fluviais. Entre as vias de comunicação pessoal havia as estações telegráficas em Turiaçú e Carutapera, destacando um uso de telefone de Maracassumé para Engenho Central e Imperatriz, que embora precariamente era o que se dispunha àquela época. Ao apresentar o seu relatório, destaca o Prof. Ruben que nas diversas palestras que teve com o Exmo. Sr. Capitão Lourival Seroa da Mota este mostrava o seu desejo de visitar a afamada região maranhense, acrescentando o Prof. Ruben na parte final do seu relatório: ”passo a lembrar a V.Exa., as exeqüíveis medidas que acho necessárias e urgentes para que o Estado do Maranhão usufruindo inteligentemente os inomináveis tesouros que jazem no seu noroeste, logre enriquecer a sua economia, libertando-se de uma vez e quiçá para sempre, da dolorosa crise em que agoniza”. Do seu relatório destacase:
Quanto à Geografia – “sob esse ponto de vista, o primeiro trabalho do meu relatório,, a medida de maior alcance a tomar é o levantamento cartográfico maranhense”. Quanto à Geologia – “incidentemente figura o Maranhão nas apoucadas e imperfeitíssimas cartas geológicas da América do Sul e ainda nas menos apoucadas do Brasil”, o que levou pela imperfeição dos estudos existentes, a concluir que é preciso “reintegrarmos o Maranhão no seu verdadeiro e orgulhoso título de Atenas Brasileira, que soa como o vibrar de clarins nas alvoradas festivas”.
Quanto à Mineralogia: - “...nada mais vem a ser do que um simples capítulo da Geologia... lembro a V. Exa., que do mesmo passo se realizasse os trabalhos geológicos também o fossem os mineralógicos, para economia de tempo e norte do Governo”.
Quanto à Botânica – “... chega a ser um verdadeiro crime deixar-se ao abandono tão inestimável tesouro..., sobretudo na margem maranhense do Gurupi, para o que poderiam ser aproveitadas as grandiosas cachoeiras no fornecimento de energia”.
Quanto à Zoologia - “...sugiro a V. Exa., na dificuldade de organizar-se um Jardim Zoológico, o empalhamento por um especialista dos mais importantes tipos de nossa fauna, acompanhado o trabalho de um catálogo e fotografias”.
Quanto à navegabilidade dos rios, vias de comunicação e povoamento – “... a destruição de cachoeiras por explosivo... poderia permitir a navegação do Gurupi, no que poderia ser auxiliado pelo vizinho Estado do Pará”.
No tocante às vias de comunicação, “necessidade de novas estradas e melhoramento das antigas”, e no tocante ao povoamento, chamemos “os nossos irmãos cearenses... para colonização das nossas terras, dando todo o necessário em roupas, remédios, mantimentos para sua fixação, auxiliado pela Saúde Publica”.
Conclui o relatório do Prof. Ruben Almeida lembrando que não podem ser esquecidas as melhores atenções aos índios, entre eles os Guajás, Guajajaras, Gaviões, Iaaes, Manajós, Tembés, Timbiras, Urubus, e traduzindo textualmente suas próprias palavras, acrescentou o Prof Ruben Almeida: “julgando assim desobrigar-me da incumbência que me confiou o Governo, sou Exmo. Sr. Interventor, de V. Exa., patrício e admirador”.
A propósito do índio brasileiro, os cuidados do Prof. Ruben eram tão grandes que quando se submeteu a concurso de livre escolha para provimento da Cadeira de Direito Civil na Faculdade de Direito de São Luís, a sua tese versou sobre “O índio brasileiro em face da legislação”. Na exploração do tema, direcionou seu trabalho preliminarmente para o que a propósito encerrava o Direito Canônico, lembrando que a Santa Sé desde os idos de 1537, 1639 e 1741 procedeu a intervenções sobre o tema, destacando que o Papa Paulo III revelou o seu interesse pelo assunto. À época no Governo de Portugal encontrava-se o Rei Dom João III e na Espanha o Rei Carlos V.
Em 1639 a bula do Papa Urbano VIII confirmou o “Breve”, de Paulo III e duramente excomungava aqueles que vendessem ou escravizassem os índios.
Por outro lado, a bula papal de Benedito XIV, de 1741, intitulada “Immensa Pastorum Principis”, proibia terminantemente sob pena de excomunhão, “que qualquer pessoa, secular ou eclesiástica, possuísse índios como escravos e os reduzisse a cativeiro por qualquer forma e sob qualquer pretexto”.
Na abordagem do tema, o Prof Ruben foi se abeberar também da legislação portuguesa, que no tocante aos índios tinha uma vasta preocupação com os silvícolas, daí porque inúmeros eram as leis, cartas-régias, provisões, alvarás, éditos, decretos, regimentos e diretório tudo emitido para proteger os índios.
Lembra o Prof. Ruben que após a Proclamação da Independência, Lei de 20.10.1823 promulgada pela Assembléia Geral Constituinte, determinando que enquanto não fosse organizado um novo Código continuariam em vigor as Ordenações, Leis, Regimentos, Alvarás, Decretos e Resoluções promulgados pelo Rei de Portugal, no sentido de proteger os índios. Posteriormente, o Código Civil (Lei 3.071, de 01.01.1916),
emendada pelo Decreto-legislativo nº 3.725, de 15.01.1919), incluiu os silvícolas, esclarecendo que ficariam sob o regime tutelar, cujo regime cessará na medida em que forem se adaptando à civilização do país.
O espírito irrequieto e estudioso do Prof. Ruben levou-o a tratar de outro assunto que até hoje se constitui matéria de particular interesse no Direito da Família. Foi assim que apresentou uma segunda tese para provimento de uma Cadeira de Direito Civil na Faculdade de Direito de São Luís, e que tomou o nome de “Investigação da Paternidade, argumentos que a justificam e repelem”, lançando ainda no momento a indagação: adotou o Código Civil as cautelas necessárias? Trabalho de grande vulto sobre a investigação da paternidade, onde o Prof. Ruben concentrou suas atenções no direito à vida, no direito à paternidade, no direito à sociabilidade, no direito à reparação e no direito à sucessão.
No tocante aos argumentos que repelem a investigação, alinhou o Prof. Ruben o receio de escândalos, o perigo das explorações e as expectativas de abuso.
Preocupado com as cautelas necessárias ao adotar o Código Civil, o Instituto chegou a afirmar que tendo em vista a elaboração do Código à época, houveram cautelas necessárias ante as idéias “altamente retrógradas, ainda dominantes”.
Na exploração do tema Investigação de Paternidade, vale a pena registrar que se trata de um belíssimo trabalho em que foram concentrados os estudos no direito anterior, nos doutrinadores, nos projetos de código, na discussão dos projetos, no Código Civil Brasileiro em vigor à época e na legislação comparada.
RUBEN ALMEIDA O CONFERENCISTA Os registros históricos estão a consignar brilhante conferência proferida pelo Prof. Ruben Almeida no “Grupo Escolar Henriques Leal”, por motivo da comemoração do 1º centenário de nascimento do grande intelectual maranhense que o Grupo Escolar leva o nome. No preâmbulo de sua conferência diz o Prof Ruben que “homenagear os grandes homens é dever tão sagrado, é tão belo dever, que por isso mesmo, pela sacrossantidade que encerra e pela beleza que contem, escapa habitualmente a atenção dos contemporâneos, de contínuo solicitada por tantos e tão variados atrativos”. No decorrer desta sua conferência, o Prof. Ruben referiu-se a Antonio Henriques Leal, destacando seu comportamento como cidadão, médico, político, jornalista, amigo, tradutor, romancista, historiador, crítico, patriota, concluindo nos seguintes termos: ”E a ti, Antonio Henriques Leal, de joelhos, as nossas escusas se o preito esteve aquém do teu merecimento. Não foi nossa a culpa. Tua somente, que te alçaste a culminâncias tais, onde não podem chegar os espíritos das crianças para depor-te aos pés as palmas, os sons e as flores, a que tens inconteste direito pelo vulto do teu caráter, pelo brilho do teu gênio e pelo esplendor da tua obra”.
No Instituto dos Advogados do Maranhão foi igualmente brilhante o Prof. Ruben Almeida, quando discursou abordando “Presidencialismo e Parlamentarismo”, onde concluiu direcionando seu voto pelo presidencialismo. Pungente foi o discurso no enterro de Antonio Lobo, maranhense ilustre, onde o Prof. Ruben levou às lágrimas tantos quantos o escutaram naquele momento.
Nesse discurso traçou o Prof. Ruben o perfil da vida de Antonio Francisco Leal Lobo (Antonio Lobo), fazendo referências ao magistério que ele tão bem exerceu e o destacando como Segundo Oficial da Secretaria de Governo e ainda por ter sido comissionado Oficial de Gabinete dos Governos Cazimiro Dias Vieira Junior, Manuel Belfort Vieira e Cunha Martins.
Designado para prestar socorro à cidade de Codó, no interior do Maranhão, acometida que fora a cidade de uma grande enchente no Rio Itapecuru, para ali se deslocou, prestando relevantes serviços.
Foi Diretor da Biblioteca Pública do Estado, do Liceu Maranhense, do qual foi “abalizado lente” e para o qual foi nomeado vitaliciamente, em seguida a um brilhante concurso. Ao concluir seu discurso fúnebre, deixounos a seguinte palavra ”e o mestre acaba de morrer. Mas, como acaba de morrer o mestre? Triste, como nos foi dado assistir, majestoso como não o imaginamos. Hoje a pátria maranhense se reveste de luto pela perda do filho muito amado que sempre trabalhou pela sua grandeza, honra e prosperidade”.
RUBEN ALMEIDA – UM CULTOR DA LÍNGUA PORTUGUESA Visando ocupar a 2ª Cadeira de Português junto ao Liceu Maranhense, apresentou o Prof. Ruben Almeida à congregação da Escola, tese de sua livre escolha que intitulou “Verbos Fundamentais da Língua Portuguesa”. Tratava-se de um trabalho inédito que viria simplificar o estudo das conjugações. Na abordagem do tema, preocupou-se com a etimologia da palavra verbo, continuando a exploração desse mesmo verbo sob o ponto de vista téo-filosófico, passando pela teoria do verbo na téo-filosofia hindu, estendendo-se pela Pérsia, indo até à Caldaica, analisando à luz da Filosofia Ophita (uma das mais interessantes “pelas profundezas de suas cogitações”), detendose na Filosofia grega, na cristã, na druítica e na tupi. Com essas abordagens situou-se na conjugação do verbo, onde nos ensinou que os modos do verbo serão as múltiplas maneiras de manifestar-se mais acertadamente, porque “o verbo é a palavra de afirmação antes – a sua própria afirmação”.
PROF. RUBEN ALMEIDA – UM GRANDE ARTICULISTA Dentre os inúmeros artigos do Prof. Ruben Almeida destacaremos alguns para deleite dos leitores.
O intitulado “Nossa Casinha”, que se tratava da própria residência do ilustre Professor, que assim a definia: “Que simpática se apresentava, vista com olhos do passado nossa casinha da Rua do Alecrim nº 10, hoje 54, entre as do Ribeirão e Cruz, lado direito de quem sobe!” Em outro artigo que intitulou “Palacete do Comendador Leite”, nos diz que não era do seu desejo, nem de leve, “arrogar-se à nobreza de solar o palacete, como o dos Belfort ou do Comendador Leite”, lembrando-se aqui que a sua casinha, citada anteriormente em outro artigo, era uma paupérrima porta e janela, porém por ele muito amada. Não se poderia olvidar o seu artigo sobre “Nossa São Luís Histórica”, onde diz textualmente:”talvez se mostre ainda São Luís, das Capitais e cidades brasileiras, a detentora dos melhores e mais profundos vestígios do passado e conclui:”ao visitante, sincero apreciador de velharias, acima do presente movimento da ruas, bancos, comércio, indústria, edifícios, automóveis, estradas – interessa sentir e viver o passado, porque dele e somente de suas glórias vivem os sanluisenses.
Em outro artigo que intitulou “Festa do Divino Espírito Santo” (“na casa de Rosaguardamor”), deixa-nos informações sobre o desenvolvimento da festa e da dona da casa, assim chamada por ser de estatura mediana, gorda, de cara larga, em casa de quem valia a pena assistir aos festejos em honra do Divino).
“Rosaguardamor” tomou esse sobrenome por haver vivido com um guardamor do Estado. No artigo, o Prof. Ruben descreve a festa com a participação de caixeiras, muitas bebidas e comidas próprias da época, salientando que a festança era em homenagem ao Espírito Santo. Merece menção especial o artigo em comemoração ao 32º aniversário da Fundação de São Luís, onde faz uma descrição do descobrimento do Maranhão e do Brasil pelo ciclo espanhol, destacando a participação de Vicente Yañez Pinzon e sua segunda viagem.
RUBEN ALMEIDA E A MARINHA Os registros históricos relacionados com a SOAMAR – Sociedade dos Amigos da Marinha nos dão conta de que o Capitão de Fragata Fernando Moreira Godinho convidou o Prof. Ruben de Almeida para discorrer sobre o assunto “Marinha e Independência do Maranhão”. Destaca-se aqui a luta empenhada para reconhecer o Maranhão à Independência, entre as províncias da Bahia, Cisplatina, Piauí e Pará. Destaca o Prof. Ruben neste colóquio, entre as figuras notáveis na causa da independência de nossa província, o nome de Miguel Inácio dos Santos Freire e Bruce e no cenário nacional, Joaquim Gonçalves Ledo, educados no exterior, um na Inglaterra e outro em Coimbra, patriotas, que foram perseguidos, vítimas de queixas infundadas, despojadas do poder, embora mais tarde reintegrados, mas que são vultos que passaram para a história, merecendo toda a admiração e respeito.
RUBEN ALMEIDA – O HOMEM QUE RECONHECIA VALORES SUPERIORES E LHES PRESTAVA HOMENAGENS Aqui destacamos uma homenagem que foi prestada a Domingos Quadros Barbosa Álvares, ilustre Tabelião, além de jornalista e cronista, com prestação de serviços ao “Diário do Maranhão”, “Pacotilha”, “Revista do Norte”; festejado contista e novelista, com destaque para “Mosaicos” e “Contos de Minha Terra”. De igual modo deteve-se em atenções, também, na figura de Teixeira Mendes, que traz no “Ateneu” o seu nome, destacada Escola de 2º grau, desta Capital. Diz-nos o Prof. Ruben Almeida que a despeito de sua ranzinzice
e vaidade, era de uma grandeza de alma e uma finura de espírito raríssima em nossos dias. Ainda a propósito de Teixeira Mendes, diz-nos o Prof. Ruben que em 22.01.1916, no Rio de Janeiro, ao visitá-lo, na sua grandeza de espírito, recebendo a visita de um obscuro estudante que trazia como título apenas o ser maranhense, Teixeira Mendes não lhe permitiu que o chamasse de doutor, professor ou mestre, dizendo tratar-se de entendimentos entre membros da mesma fraternidade. E conclui o Prof. Ruben, tratava-se de homem de “caráter impoluto, coração generosíssimo, o maior e melhor intérprete das teorias de Augusto Comte no Brasil”. Iguais atenções dedicou também no fino trato a Coelho Neto, destacando ser ele possuidor do mais rico vocabulário já empregado pelos escritores brasileiros e portugueses, acrescentando que na oratória residia a sua maior vocação.
RUBEN
ALMEIDA REVELANDO PREOCUPAÇÕES
QUANTO À MEMÓRIA HISTÓRICA DA CIDADE DE SÃO
LUÍS Cultor da língua pátria, estudioso da história do Maranhão e particularmente da cidade de São Luís, algumas curiosidades a título ilustrativo revelamos ao público leitor, destacando a Igreja do Carmo, a Rua do Sol, aspectos da vida de Gonçalves Dias, e de alguns vultos que nas áreas das suas atividades profissionais deixaram a marca de suas presenças na história do Maranhão. No tocante à Igreja do Carmo, registra o Prof. Ruben que lamentavelmente a igreja que mantinha torres de ornamentação foram arruinadas por falta de conservação. E no que diz respeito às escadarias hoje laterais, nem sempre foram assim. Anteriormente era apenas uma escada central e que as exigências sociais ante o crescente número de fiéis, indicava a necessidade de duas escadas para facilitar o acesso dos fiéis à nave do templo e a saída ao término das celebrações religiosas.
Essas mudanças ocorreram quando da famosa festa de Santa Filomena, que rivalizava com a festa dos Remédios. O acesso à praça da Igreja, entre outros meios de transporte, dava-se também através dos bondes, que lamentavelmente alguns anos depois seriam retirados de circulação. A retirada dos bondes ocasionou também, a retirada dos trilhos, aguçando a curiosidade dos estudiosos que apelaram a ilustres homens públicos engenheiros de obras, para que cavassem subterrâneos, tentando descobrir, por essa via, uma comunicação que se dizia existir, ligando a Praça do Carmo com a Fonte do Ribeirão. Para decepção do Prof. Ruben, o subterrâneo foi descoberto, mas fechado por ordens superiores, perdendo-se assim uma inestimável parte da história que os engenheiros o faziam “com inocência angelical e candidez voltaireana”. No que respeita à Rua do Sol, o historiador maranhense consigna assim ter sido batizada em virtude dos trabalhos desta rua terem sido executados em época equinocial, “em que o sol central a ilumina por inteiro como a todas as paralelas”.
UM EPISÓDIO A QUE SE REFERIA SEMPRE COM MUITA ALEGRIA Constituiu-se verdadeiro orgulho para o Prof. Ruben ter ficado de posse, por uma semana “do livro de almaço azul inglês, no qual Gonçalves Dias copiara na Torre do Tomo, os originais da história da Companhia de Jesus na Vice-Província do Maranhão e Pará”. Registra ainda o Prof. Ruben, da sua luta para fazer a doação de tal trabalho junto à Biblioteca Pública do Rio de Janeiro, não tendo conseguido seu intento por falta de autoridades que estivessem interessadas na recepção do valoroso original, o qual acabou sendo entregue, por ordem superior, a pessoas pouco letradas, tomando então destino ignorado. Entre os vultos que mereceram destaques expressivos, está o farmacêutico Antonio Ferreira Garrido, já à época considerado o decano dos farmacêuticos maranhenses. Este farmacêutico de renomada, produzia ele mesmo, em seu laboratório, milagrosos produtos infalíveis quanto à malária, febre, queimaduras, vermífugos, pílulas intestinais de D. Lavínia, que ficou conhecida porque uma senhora de nome Lavínia apresentou-se a ele como portadora de verme e que os médicos não lograram resultado. O Dr. Garrido preparou uma fórmula com pílulas que 24 horas depois, chamado às pressas à casa de D. Lavínia se assombrou com o que viu: a expulsão, em enorme quantidade, de “ascáridas lombricóides e helmintos”. Os farmacêuticos à época de 1977 eram chamados também de boticários e apresentavam seus produtos a preços acessíveis. Com a mudança dos costumes, os farmacêuticos outrora tão prestigiados não se dão ao luxo ou trabalho de anunciar coisa alguma, vez que as receitas médicas agora prescritas são apenas atendidas pelos farmacêuticos que compram dos laboratórios para repassar os produtos aos clientes.
INFORMES JORNALÍSTICOS SOBRE O PROF.RUBEN ALMEIDA
(reproduzida pelo ´Correio Atividade” ) Registram os anais históricos que o Prof. Ruben Almeida, nascido a 09.05.1890, ainda aos 81 anos de idade era homem de robustez física e que mesmo nessa faixa etária mantinha um peso de 90 kg e que conservava por trás de um ar fleumático, muito de bom caboclo maranhense, apresentando-se com seus cabelos grisalhos e fartas sobrancelhas, guardando ainda nessa idade uma memória privilegiada, que lhe permitia conceder entrevistas e delas se sair muito bem. Foi assim que ao “Correio Atividade “ do Rio de Janeiro, prestou memorável recordação que serviu de base para que se soubesse que foi ele bacharel em direito e advogado, professor da língua portuguesa no Liceu Maranhense e no Instituto de Letras e Artes, além de ter exercido seu magistério, também como Catedrático de Direito Civil junto à Faculdade de Direito de São Luís, por onde se formou, isto sem falar que foi colaborador em todos os jornais da Capital maranhense, dele ressaltando o Dr.Pires de Sabóia no seu discurso de posse na Academia
Graças ainda a essa entrevista ficou esclarecido ter o Prof. Ruben Almeida publicado “O índio brasileiro perante o Código Civil”, “Investigação de Paternidade”, “Esforço biográfico de Antonio Henriques Leal”, “A vida do barão de Coroatá”, “O Palacete”, “Porque é grande e gloriosa a história do Maranhão”. Era o Prof. Ruben avesso à poesia moderna, dizendo ser intolerável, pois “é uma nebulosidade a toda prova”. Respondendo a uma indagação do porque de ser um solteirão inveterado, relatou na entrevista que tinha uma família numerosa para sustentar, daí porque a constituição de uma família legítima iria trazer sérios problemas domésticos, tendo por essa situação optado pelo celibatarismo. Dentre as suas entrevistas concedidas para inúmeros jornais no Rio de Janeiro, os entrevistadores, descobrindo nele o poeta que era, além de o cognominarem de “um sábio vivo”, um “sábio de Atenas”, fizeram publicar alguns sonetos, entre os quais, para deleite dos leitores, nos deteremos em um que versa poeticamente sobre os corvos e que por ser inédito, transcrevemos:
VENDO PASSAR CORVOS Vendo o corvo passar, asas espalmas, Asas espalmas pelo espaço afora, Espaço níveo em que se agitam palmas, Saudando Apolo que anuncia a aurora; E vendo-o, mais subindo está agora Voando em meio às glaucas zonas calmas, Além das nuvens, onde o raio mora, Quase bem perto de onde moram as almas,
-Dá vontade cismar (vai pontinho, lento, lento,assumir devagarinho, -mercê do vento, sem destino, ao léo), se melhor não seria, como corvo, ter feio o aspecto, negro, imundo e torvo, mas ser feliz como ele – andar no céu.
Espero que estas anotações sirvam para relembrar alguns momentos da vida do intelectual maranhense, que sem a menor sombra de dúvidas, enriqueceu a língua pátria, a literatura maranhense, e continua ainda hoje sendo lembrado como uma águia e um rouxinol da nossa querida Atenas Brasileira.
CONTRIBUIÇÃO NA REVISTA DO IHGM ALMEIDA, R. GASPAR DE SOUSA NO MARANHÃO Ano 2, n. 1, novembro de 1948, p. 0511
239 OSTRIA DE CAÑEDO, Eneida Vieira da Silva; FREITAS, Joseth Coutinho Martins de; PEREIRA, Maria Esterlina Mello; e CORDEIRO, João Mendonça. PATRONOS & OCUPANTES DE CADEIRA. São Luís: FORTGRAF, 2005
240 OLIVEIRA, Edomir Martins de. A Águia e o Rouxinol (eLEGIA AO pROF. rUBEM aLMEIDA). São Luis: Orlimar Grafica e Editora, 2011. 241 O imortal poeta Carlos Cunha, em seu livro “Poesia Maranhense de Hoje”, traçou um perfil biográfico do Prof. Ruben Almeida, digno da melhor das atenções, onde se refere a ele como um mestre que engrandece qualquer Instituição à qual esteja vinculado.
PRESIDENCIA EM AÇÃO
Imagens da celebração do aniversário de 193 anos da Biblioteca Pública Benedito Leite, ocasião em que pessoas físicas e instituições foram homenageadas com.a certificação Amigo da Biblioteca.
A solenidade aconteceu no salão nobre da Academia Maranhense de Letras, na terça-feira, 28 de maio. Na oportunidade foi entregue ao presidente AML o resultado da pesquisa sobre a Academia Maranhense de Letras contada através do acervo da Biblioteca Pública Benedito Leite.
O último espaço que a Biblioteca Pública Benedito Leite ocupou antes de ter seu prédio próprio, foi o que hoje abriga a Academia Maranhense de Letras.
5dejunho,aCâmaraMunicipaldeSãoLuísdoMaranhãopromoveuarodadeconversa“Memóriasda Câmara:conservaçãoeacessoaoacervodocumentaldaCâmaraMunicipaldeSãoLuís”,comoparteda8ª SemanadeArquivo.
Oeventocontoucomasilustrespresençasdaprofa.Dra.DilercyAragãoAdler,presidentedoInstituto HistóricoeGeográficodoMaranhão(IHGM),KátiaBogéa,PresidentedaFundaçãoMunicipalde PatrimônioHistórico-(FUMPH)eSóciaHonoráriadoIHGM;ManueldeJesusBarrosMartins,professorda UniversidadeFederaldoMaranhão(UFMA)eHelidacyMunizCorrêa,professoradsUniversidadeEstadual doMaranhão(UEMA).
Simpósio de História e Geografia do Maranhão, em Arari, evento promovido pelo IHGA
InstitutoHistóricoeGeográficodoMaranhãoParticipadeSimpósioemArari
Namanhãdaúltimasexta-feira, 21dejunhode2024, oColégio ArariensefoipalcodoISimpósiode HistóriaeGeografiadoMaranhão.Oevento,promovidopeloInstitutoHistóricoeGeográficodeArari, CasaPe.ClodomirBrandteSilva,tevecomotemáticacentrala“HistóriaeTerritorialidadeMaranhense noPeríodoColonialeseusDesdobramentos”.
A professora doutoranda Terezinha Maria Bogéa Gusmão, presidente do Instituto Histórico e GeográficodeArari,foiaanfitriãdoeventoeconvidouadiretoriadoInstitutoHistóricoeGeográfico do Maranhão (IHGM) para participar dessa importante discussão. Representando o IHGM, estiveram presentesapresidenteDilercyAdler,ovice-presidenteJoséAugustoOliveiraeassóciasefetivasClores HolandaeAbiancíAlves.
Osimpósiocontoucompalestrasderenomadosespecialistasnaárea.AProfa.Dra.HelidacyCorrêa,a Profa.DoutorandaTerezaBogéaeoProf.Me.PedroNetocompartilharamseusconhecimentossobrea história e a territorialidade do Maranhão no período colonial, abordando os desdobramentos desse períodonaformaçãodoestado.
Duranteoevento,oIHGMfezumasignificativacontribuiçãoculturalaodoarumexemplardaRevista da Instituição e dois livros sobre Gonçalves Dias, escritos pelo sócio correspondente Weberson FernandesGrizoste.EssesmateriaisserãodegrandevalorparaoacervodaCasaPe.ClodomirBrandte Silvaeparatodososestudiososeentusiastasdahistóriamaranhense.
O simpósio foi um sucesso, promovendo a troca de conhecimentos e fortalecendo os laços entre as instituiçõesdedicadasaoestudoepreservaçãodahistóriaegeografiadoMaranhão.
ARTIGOS & NOTAS
Dilercy Aragão Adler é uma psicóloga, educadora e poeta brasileira. Ela nasceu em São Vicente Férrer, Maranhão, Brasil, em 07 de julho de 195012 . Ela é formada em Psicologia pelo Centro de Ensino Unificado de Brasília (CEUB/DF), Doutora em Ciências Pedagógicas pelo Instituto Central de Ciências Pedagógicas (ICCP) em Cuba (com revalidação pela Universidade de Brasília - UnB), Mestre em Educação, Especialista em Pesquisa em Psicologia e Especialista em Sociologia13 Dilercy publicou treze livros de poesia, três livros acadêmicos, dois biográficos e um de história infantil1 . Ela também organizou doze antologias poéticas e participou de mais de cem antologias nacionais e internacionais1 . Ela recebeu vários prêmios, troféus e menções honrosas por seus trabalhos poéticos e culturais13 . Dilercy é membro efetivo (Cadeira Nº 1, desde 2007) e Presidente (biênio 2021-2023) do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM)1 Ela também é membro fundador (Cadeira de nº 8) e Presidente (biênio 2016-2017) da Academia Ludovicense de Letras (ALL)13 Além disso, ela é Presidente fundadora da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão (SCLMA, 2007-2017), Presidente da Sociedade de Cultura Latina do Brasil (desde 2013) e Senadora da Cultura do Congresso da SCL do Brasil1 . Ela também é Vice-Presidente da Academia Maranhense de Trovas (AMT), 2ª Diretora de Fomentos da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil e 2ª Diretora Cultural da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil- Coordenadoria Maranhão, Diretora de Educação Cívica e Cultural e Relações Públicas da ANVEB -São Luís1 .
Dilercy Adler é uma figura proeminente na literatura e na educação, contribuindo significativamente para a cultura e a academia brasileiras.
DILERCY ARAGÃO ADLER
ACADEMIA JOANINA DE LETRAS, CIÊNCIAS E SABERES CULTURAIS - AJOLECIS
ELOGIO DA ACADÊMICA DILERCY ARAGÃO ADLER AO PATRONO RAIMUNDO ARANHA ARAGÃO, CADEIRA Nº 09 (06 de abril de 2024)
Excelentíssimo Sr. Emerson Livio Soares Pinto, Prefeito de São João Batista
Excelentíssimo Sr. Raimundo Correa Cutrim, Presidente da Academia Joanina de Letras, Ciências e Saberes Culturais
Demais Autoridades
Senhores Acadêmicos e Senhoras Acadêmicas
Meus familiares e meus amigos!
Minhas Senhoras e meus Senhores!
Com Tua mão, segura bem a minha Pois eu tão fraco sou, oh Salvador! (Poeta e Hinista Fanny Crosby, Reino Unido, 1879).
É com o coração tomado por imensurável júbilo que neste final de tarde, nesta Casa de Fran Costa Figueiredo, estou como protagonista de um dos mais nobres rituais, se não o mais nobre, desta instituição que tem entre as suas finalidades homenagear homens e mulheres que durante as suas vidas empreenderam ações em prol do desenvolvimento desta cidade, contribuindo assim, de forma expressiva, no âmbito das Letras, das Ciências, da Educação, da Cultura e da História joanina, maranhense e, quiçá, brasileira. E assim se imortalizaram na história da nossa querida cidade de São João Batista.
Talvez os caríssimos ouvintes estejam se perguntando: Por que esta oradora iniciou a sua fala com as palavras desses dois versos do hino da poeta e hinista Fani Crosby, do Reino Unido, datado de 1879? Para mim é fácil satisfazer essa natural curiosidade: a inspiração reside exatamente no fato de que Raimundo Aranha Aragão era um fiel presbítero da Igreja de Maravilha, outra localidade da região, e ainda quis a providência divina que eu estivesse no mesmo dia destas primeiras homenagens a Patronos e Patronas, com o Pastor Evandro Cutrim Sousa, quevai homenagearoseuPatrono,oigualmentePastor,ReverendoArthurdaSerraFreire.Daí justifico esse pedido a Deus para que, ao segurar a minha mão, ilumine o meu coração para que eu fale as minhas melhores palavras, reconhecendo a minha pequenez diante da Sua amorosa grandiosidade. E acrescento: tudo isso me faz sentir muito honrada, e, ao mesmo tempo, experienciar o peso da responsabilidade dessa insigne missão a mim designada.
Como reforço a essa minha argumentação, tem o fato de que Raimundo Aranha Aragão viveu grande parte da sua vida no povoado chamado Alegre, onde também eu nasci, e que, segundo Luiz Raimundo Costa Figueiredo, irmão do patrono desta casa, na página 99 do seu livro (2010), “São João Batista, suas lutas, conquistas e vitórias” explicita:
O Alegre foi sempre local abençoado por Deus, não só pela beleza natural, mas principalmente pela comunidade que ali se desenvolveu, a maioria formada por evangélicos, o que transformou aquela localidade num ambiente de cordialidade de fraternidade entre os seus habitantes, destacando-se os primeiros moradores [...]
E dentre os primeiros moradores, o autor cita Verano Aragão que era casado com Antonina Aranha Aragão e pai de Raimundo Aranha Aragão (o homenageado de hoje e do ano), Maria Bárbara e Saturnino.
Raimundo Aranha Aragão, Seu Nhozinho, como era carinhosamente chamado, casou-se com Maria da Anunciação Cutrim Aragão e estabeleceu-se na Ilha Grande, sua segunda morada, e eu, assim me refiro a essa ilha, no meu livro (2005) intitulado: “Joana Aragão Adler uma história de amor e de fé.... uma história sem fim...”, na página 14 faço uma bucólica descrição da Ilha Grande, seus campos e encantos:
O início desta história dá-se numa ilha... “A Ilha Grande” encravada entre os campos da baixada maranhense que possuem uma beleza singular.
Aves e peixes povoam os campos enfeitados de mururus, aguapés, vitórias-régias, pajés, junco, algodão bravo e outras vegetações exóticas, próprias desses campos.
Para o tráfego nessas águas é necessário que sejam abertos caminhos entre as plantas e, como resultado, surgem verdadeiras estradas de águas limpasentre avegetação espessa,por ondepodem deslizar canoas empurradas com longas varas, já que a profundidade da água, em média era de 80 centímetros, não ultrapassando dois metros.
No verão, esses campos secam e o meio de transporte passa a ser o cavalo, e a paisagem fica entrecortada de regiões secas, com o solo rachado pelo sol causticante do verão (onde antes era cobertopelaságuas)edeoutrasverdejantescom frondosasárvores e capim ondealgunsbois ficam soltos para pastar.
NessaIlhaviviaumafamíliacujopatriarcachamava-seRaimundoAranhaAragãocomsuaEsposa Maria da Anunciação Cutrim Aragão, chamada carinhosamente de Maroca. Tinham oito filhos: Jonas, Antonina, David, Joana, Madalena, Verano, Zila e Raimundo.
Falarei agora um pouco mais de Raimundo Aranha Aragão. Inicio pelo dia do seu nascimento, em 02 de fevereiro de 1894 (este ano comemoramos 130 anos do seu nascimento), segundo seus documentos em São Vicente Ferrer - Maranhão, mas convém esclarecer que o seu lugar de nascimento foi, de fato, São João Batista, que, à época, pertencia à Comarca de São Vicente Ferrer. Faleceu em 02 de setembro de 1974, aos 80 anos de idade (este ano também é aniversário de 50 anos do seu falecimento)
Como já referido, era filho de Verano Aragão e Antonina Aranha Aragão e tinha mais uma irmã e um irmão: Maria Bárbara e Saturnino. Casou-se em primeiras núpcias com Maria da Anunciação Cutrim Aragão, com a qual teve 8 filhos: Jonas, Antonina, David, Joana, Madalena, Verano, Zila e Raimundo. Viúvo, casou-se em segunda núpcias com Miriam Dominici Castro Aragão, com a qual teve uma filha, Eunice, que está nesta noite com familiares prestigiando este preito ao pai.
No tocante às atividades laborativas, era proprietário de considerável gleba de terra no povoado Alegre onde exercia atividades agrícolas e pecuárias. Ademais, era artesão e proprietário de oficina, cujos principais produtos se destinavam às necessidades dos habitantes, confeccionava celas e arreios para animais e calçados em geral. Exercia também atividade religiosa na Igreja Presbiteriana Independente, em Maravilha - São João Batista, na qual era Presbítero e cristão bem conceituado por todos que o conheciam. Como Presbítero, fez sermões e orações que, com certeza, provavam o seu dom de orador e autor de textos religiosos. E, como pessoa, cristão reconhecido e estimado por todos aqueles com os quais convivia.
Os caríssimos ouvintes podem pensar em inquirir esta oradora, pela segunda vez: O Patrono da Cadeira nº 09 e ainda Patrono Homenageado do Ano 2024 faz jus a esta portentosa honraria? Ao que lhes reponde uma neta
diligente,tendoemvista serpossuidoradeumaatitudedecomprometimento,esforçoededicaçãoporqualquer situação, objeto ou pessoa de considerável significação e, neste caso específico, além de afeição e apreço pelo homenageado, manifesta admiração e respeito pelo trabalho intelectual do autodidata que foi. Essa compreensão se torna imperativa por vivermos em uma sociedade, cujas condições estruturais, na esfera do trabalho, deixa clara a divisão radical entre o trabalho intelectual e o trabalho manual, pois, via de regra, esse trabalho é desprestigiado e essa disposição se estende às produções intelectuais dessa camada social. Considero Seu Nhozinho um autodidata, um intelectual orgânico, na linguagem gramsciana, como Maria Firmina dos Reis e muitos outros homens e mulheres ilustres da historiografia educacional e cultural maranhense e nacional, mas que, lamentavelmente, foram alijados dos respectivos cânones, não sendo consideradas as suas prodigiosidades. No entanto, na contramão da história desenvolveram as suas potencialidades, mesmo sem terem frequentado a escola regular, por apresentarem inteligências privilegiadas. Nesse sentido, esta Academia, de algum modo, de forma louvável, está desconstruindo esse paradigma.
No caso de Raimundo Aranha Aragão, Seu Nhozinho, uma das fontes de leitura e reflexão privilegiada foi a Bíblia Sagrada, na qual buscava elementos que eram reproduzidos na expressão de premissas lúcidas e inspiradoras para quem com ele convivia. Nessa perspectiva, Evandro Cutrim Souza registra nas páginas 164165, do seu livro (2018), “O Evangelho em Maravilha: A história de Arthur Serra Freire e do presbiterianismo independente na baixada maranhense entre os anos de 1900 e 1950”:
OpresbíteroArthurSerratambémescreveusobreavisitapastoraldoRev.ManoelMachado.Nessa visita à igreja do Maravilha, fez sua profissão de fé e batismo Raimundo Aranha Aragão [...]. Raimundo Aragão morou na Ilha Grande, lugar que fica em frente ao templo da IPI de S. Vicente Ferrer (Maravilha). Esse senhor era mais conhecido como Nhozinho Aragão e contribuiu muito para a causa do Evangelho (grifo nosso).
Por conseguinte, foi principalmente por meio do evangelho, que Seu Nhozinho desenvolveu a sua inteligência abstrata, entendida como capacidade de examinar problemas de forma ampla, e estabelecer conexões entre conceitos distintos. Assim, aprimorou a sua inteligência prática, por meio das atividades agrícolas, pecuárias e artesanais.
Uma doce lembrança vivificada no coração de grande parte dos seus netos, que conviviam com ele em período de férias, era a grande mesa da sala de jantar, onde todos reunidos às refeições compartilhavam orações fervorosas, naquela sua voz forte e cálida, no sentido da expressão de intensa paixão pelo seu Criador. Ainda nos cultos domésticos, pela manhã e à noite, hinos eram entoados e estudos bíblicos realizados.
Em conversa recente com a sua filha Eunice, minha tia-irmã, ela citou dois hinos que o lembram muito:
Bem de manhã
Bem de manhã, embora o céu sereno
Pareça um dia calmo anunciar
Vigia e ora, o coração pequeno
Um temporal pode abrigar.
Bem de manhã e sem cessar
Vigiar e orar [...]
Finda-seestediaquemeupaimedeu-Oraçãodanoite
Finda-se este dia que meu Pai me deu Sombras vespertinas cobrem já o céu Ó Jesus bendito, se comigo estás
Eu não temo a noite, vou dormir em paz [...]
Esses hinos denotam muita fé, confiança e gratidão que se sustentam em um amor devotado a Deus. Bons exemplos, bons testemunhos, boas palavras que deixaram marcas... Marcas inapagáveis, que fazem Raimundo Aranha Aragão ser merecedor desta magnânima homenagem e que eu, em nome de toda a família, emocionadamente agradeço!
Finalmente, entramos nós, eu e ele, meu amado avô, nesta novel Academia. Estamos juntos na Cadeira nº 09, que honrarei por ele, por nossa família e pelos nossos concidadãos. Afinal, esta Academia tem por finalidade o desenvolvimento e a difusão do saber em geral, e um especial diferencial, que muito me chama a atenção se encontra na sua própria denominação “Saberes Culturais”, que diz respeito à valorização daqueles conhecimentos resultantes de lucubrações de homens e mulheres sábios desta terra. Ademais, como todas as instituições congêneres, se propõe à difusão da cultura, da literatura, da história; à defesa das tradições e, igualmente, à renovação e revitalização do legado herdado dos nossos ancestrais; culto às origens da cidade e à sua formação, à valorização do vernáculo e ao intercâmbio com os centros de atividades culturais, científicos e educacionais desta cidade e para além dela.
Muito obrigada a todos pela atenção e por compartilharem deste caro momento da minha vida!
Admiração, respeito e gratidão definem o nosso sentimento. Força Expedicionária Brasileira A Cobra Fumou!
Com essas palavras quero saudar a todos desta Mesa, em nome do Tenente-Coronel Bruno Krepke Leiros Peixoto, Comandante do 24º Batalhão de Infantaria de Selva (24º BIS), Batalhão Barão de Caxias, e agradecer o convite, que para mim é uma grande honra e, ao mesmo tempo, tenho a clareza da imensurável responsabilidade, para neste dia reverenciar a todos aqueles homens e a todas as mulheres que participaram efetivamente de operações bélicas, na Segunda Guerra Mundial, como integrantes da Força Expedicionária Brasileira, da Força Aérea Brasileira, da Marinha de Guerra e da Marinha Mercante
Hoje é um dia de comemoração, é o “Dia da Vitória”, da vitória da “II Guerra Mundial”, dia de celebração, porque determinante para se glorificar a paz. No entanto, é igualmente pertinente lembrarmos que a este dia antecederam vários eventos dolorosos, eventos durante, aproximadamente, seis longos anos (setembro de 1939 a maio de 1945), longos e angustiantes para quem estava, de uma forma ou de outra, vivendo esse episódio total ou parcialmente.
É de fundamental importância que se conheça a história e esta é uma história que merece ser estudada, preservada, compartilhada e comemorada!
No ano de 2016, São Luís sediou o “XXVIII Encontro dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira - FEB,” de 19 a 22 de outubro. A proposta do evento foi de iniciativa do 24º Batalhão de Infantaria Leve(24º BIS)“Batalhão BarãodeCaxias”edaAssociação dos Veteranos daForça ExpedicionáriaBrasileira – Regional São Luís/Maranhão. A vasta e rica programação contou com o lançamento do livro “Pelos Caminhos da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial: condições e contradições de uma época” , de iniciativa da Academia Ludovicense de Letras e da Sociedade de Cultura Latina do Brasil.
A publicação, organizada por Dilercy Adler, filha de Francisco Dias Adler, Veterano da Força Expedicionária Brasileira – FEB, apresenta dois Prefácios: um do Tenente - Coronel Carlos Frederico de Azevedo Pires, Comandante do 24º Batalhão de Infantaria Leve - Batalhão Barão de Caxias - Maranhão, e outro, de Anselmo Alves, Veterano da FEB e Presidente da ANVEFEB/Regional São Luís/Maranhão.
O Tenente Coronel Carlos Frederico de Azevedo Pires, acerca da Antologia, explicita que
[...] ensejava exatamente a intenção de percorrermos o passado, relembrando fatos e mantendo viva a memória da campanha vitoriosa da FEB, preservando-a no futuro para que novos leitores e pesquisadores pudessem conhecer um pouco mais dessa epopeia. Se para o poeta português “navegar é preciso; viver não é preciso”, para nós, “foi preciso caminhar!”
O Presidente da ANVEFEB/Regional São Luís/Maranhão, Anselmo Alves, declarou em seu Prefácio, acerca da citada Antologia:
[...] tem como objetivo precípuo homenagear os veteranos maranhenses que participaram da Segunda Guerra Mundial; coroar o esforço dos mesmos com seus familiares e admiradores em manter viva no Brasil a memória Febiana, evitando assim o esquecimento daqueles que tão bravamente defenderam a “Pátria amada Brasil.
Os objetivos da Antologia são os que seguem:
- Conhecer a história da participação da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial, na Itália.
- Cultivar a Memória da Força Expedicionária Brasileira, realçando as relações e a integração dos soldadosbrasileiroscomapopulaçãoitaliana,queeraprofundaeespecial,diferentedasdemaisrelações dos integrantes das forças Aliadas.
- Analisar as condições e contradições desse momento da história do Brasil,
- Resgatar a grandeza desses heróis brasileiros e a sua humanidade em tempos de guerra.
- Apreender a importância do conhecimento das condições de combate dos expedicionários brasileiros, tanto na dimensão objetiva quanto subjetiva.
- Evidenciar o reconhecimento dos feitos dos pracinhas brasileiros, pelos italianos, contrapondo-o ao esquecimento dos brasileiros.
- Apreender e aprender por intermédio da história da guerra, os caminhos da Paz.
- Divulgar os conhecimentos produzidos e as fontes existentes relativos ao tema.
- Compreender a urgência de otimização do potencial criador da criança e do adolescente, bem como o papel de mediação da escola, da família e das Instituições culturais nessa perspectiva.
- Aprender e aprender, por intermédio da história da Guerra, os caminhos da Paz.
Sobre o fato histórico em si, temos a relembrar que o cenário era de devastação e conflito global, e o dia 8 de maio de 1945 se firma como o marco do fim da Segunda Guerra Mundial na Europa. Essa data é celebrada como o “Dia da Vitória”, especialmente pelos países vitoriosos, incluindo a Rússia e outras nações do leste europeu, que comemoram esse Dia em 9 de maio
Arendição alemãfoiassinadaàs23h01min(horáriodeBerlim)em8demaiode1945.Noentanto, devido aos fusos horários, o fim da guerra para a Rússia ocorreu somente no dia seguinte.
A capitulação definitiva foi assinada em Berlim, capital do derrotado regime nazista na Alemanha, diante de representantes da União Soviética, Estados Unidos, Reino Unido e França.
Com o suicídio de Adolf Hitler, o ditador alemão, em 30 de abril de 1945, os seus representantes finalmente concordaram em assinar a rendição incondicional em 7 de maio, na cidade francesa de Reims, perante o general Dwight Eisenhower, comandante das tropas aliadas (Estados Unidos, Inglaterra, França e posteriormente a União Soviética).
A inserção do Brasil no campo de batalha europeu, na Segunda Guerra Mundial, teve início com aDeclaraçãodeGuerra,nodia22deagostode1942,apóstorpedeamentodenaviosbrasileirosporsubmarinos alemães e italianos. No dia 31 de dezembro de 1942, Getúlio Vargas declarou que as forças brasileiras seriam treinadas para operar fora do Hemisfério.
Em continuação, a Portaria de 9 de agosto de 1943 criou as bases da Força Expedicionária Brasileira. O general Mascarenhas de Moraes foi designado para ser o comandante da Primeira Divisão de Infantaria de Exército - DIE.
A organização da FEB, na ITÁLIA, era alicerçada pela 1ª DIE, comandada pelo general Mascarenhas de Moraes, que integrava as seguintes tropas: Infantaria Divisionária, comandada pelo general Zenóbio da Costa, e estruturada pelos 1º, 6º e 11º Regimentos de Infantaria; Artilharia Divisionária, comandada pelo general Cordeiro de Farias; 9º Batalhão de Engenharia; 1º Batalhão de Saúde; 1º Esquadrão de Reconhecimento e pela 1ª Companhia de Transmissões.
A presença do corpo feminino no Batalhão de Saúde da FEB foi um marco na valorização da mulher dentro da sociedade brasileira. O trabalho anônimo das nossas heroínas foi destacado por diversos chefes militares durante a Campanha na Itália.
Os embarques das tropas foram efetivados a partir do mês de julho de 1944; o último foi em fevereiro de 1945.
O Brasil desempenhou um papel significativo nesse momento histórico, como o único país da América Latina a participar diretamente dos conflitos na Europa, e os militares brasileiros enfrentaram o exército alemão por 239 dias ininterruptos. Vale ressaltar que o Brasil ainda era um país pobre, com um
exército inexperiente e sem o equipamento adequado para combater no inverno italiano, à época, um dos mais rigorosos.
No dia 13 de setembro de 1944, o Destacamento da FEB, comandado pelo General Zenóbio da Costa, entrou na linha de frente substituindo o contingente americano. Iniciou seu movimento ofensivo, conquistando, na mesma jornada, a cidade de Massarosa e, no dia 18, a cidade de Camaiore No dia 26 de setembro, mesmo combatendoem terreno montanhoso, os “pracinhas” conquistaram o Monte Prana e, no dia seguinte, se deslocaram para realizar operações no vale do rio Serchio. Em 29 de setembro, as tropas brasileiras atingiram, com seus elementos avançados, a linha Stazzema-Fornoli, liberando, durante o avanço, as cidades de Pescaglia e Borgo a Mozzano.
No início de outubro, o Destacamento da FEB libertou as localidades Chivizzano e Bolognana. No dia 6 de outubro, os “pracinhas” liberaram a cidade de Coreglia Antelminelli e a localidade Fornaci di Barga, onde estava uma importante fábrica de munições italiana.
No dia seguinte, patrulhas da FEB entraram, sem encontrar resistência, nas cidades de Gallicano, Fabbriche di Vergemoli, bem como na localidade de Cardoso. Finalmente, em 11 de outubro, o Destacamento da FEB conquistou a cidade de Barga e no dia 24 de outubro, ocupou a cidade de Sommocolonia.
Devido às conquistas iniciais da FEB, nos meses de setembro e outubro, o comando do IV Corpo de Exército determinou que o Destacamento iniciasse seu deslocamento para realizar operações no vale do rio Reno.
A partir de 1º de novembro de 1944, a 1ª DIE estava completa, assumindo, em 10 de novembro, as posições no vale do rio Reno. A missão da FEB era expulsar as tropas alemãs dos Apeninos Setentrionais que, por meio do fogo de artilharia dessas posições, impediam o avanço dos aliados no setor principal da frente italiana, sob responsabilidade do VIII Exército Britânico (localizado entre o centro da Itália e o mar Adriático). Iniciava-se assim a ação mais longa da FEB em terras italianas, quando foi incumbida de tomar o complexo de elevações, com destaque para Monte Castello, e outras posições montanhosas em seus arredores, no espaço de alguns dias.
As ações nos meses de novembro e dezembro de 1944 foram infrutíferas, o que levou à conclusão da necessidade de um ataque conjunto e coordenado pelo efetivo de duas divisões, simultaneamente, na direção das elevações Monte Belvedere, Monte Della Torraccia, Monte Castello e Castelnuovo.
Durante o rigoroso inverno entre 1944 e 1945, nos Apeninos, a FEB enfrentou temperaturas de até vinte graus negativos, não contando a sensação térmica. Neve, umidade e contínuos ataques por parte dos alemães, que pretendiam também afetar tanto a resistência física quanto a psicológica das tropas brasileiras. As condições climáticas e reações físicas se somavam ao longo de mais de três meses de campanha ininterrupta, sem pausa para recuperação.
Entre o fim de fevereiro e meados de março de 1945, como havia sugerido o comandante da FEB, deuse a “Operação Encore”, um avanço em conjunto com a recém-- chegada 10ª Divisão de Montanha Americana. Assim, foram tomados, entre outras posições, por parte dos brasileiros: Monte Castello, em 21 de fevereiro de 1945; La Serra-Cota 958, em 23 e 24 de fevereiro de 1945; e Castelnuovo, em 5 de março de 1945, enquanto os americanos tomaram os Montes Belvedere e Della Torraccia. A conquistadestas posições pelasdivisões brasileira eamericana foram muito importantespara as tropas aliadas. No dia 9 de abril de 1945, iniciou-se a fase final da ofensiva da primavera com o intuito de romper definitivamente a linha de defesa alemã, que recuara constantemente desde setembro de 1944, mas ainda impedia o avanço das tropas aliadas. No dia 14 de abril, a FEB atacou e conquistou a cidade de Montese. A ação da 1ª DIE foi avassaladora, contando com intensa preparação de fogos de Artilharia e utilização de carros de combate M8, M4 e M10.
ComafracassadatentativaalemãderetomarMontese eoconsequenteavançodastropasdas10ª Divisão de Montanha e 1ª Divisão Blindada americanas, efetivou-se o desmoronamento das defesas germânicas naquele setor, ficando evidenciada a impossibilidade, por parte das tropas alemãs, de manterem, a partir daquele momento, a Linha Gótica, tanto no setor a oeste, próximo ao mar da Ligúria, quanto no setor a leste, próximo ao mar Adriático
Após a vitória em Montese, a FEB iniciou o seu aproveitamento do êxito sobre as tropas alemãs. No dia 22deabril,o6º RegimentodeInfantaria (6ºRI)conquistouacidadede Zocca.Comacapturadestalocalidade, a 1ª DIE iniciou o avanço para o vale do rio Pó.
As últimas batalhas ocorreram nos dias 26 e 27 de abril, em Collecchio, e no dia 28 em Fornovo di Taro. Nessa ação, os efetivos da FEB, que se encontravam em inferioridade numérica aos alemães, cercaram e, após combates infrutíferos por parte do inimigo, seguidos de rápida negociação, obtiveram a rendição, no dia 29 e 30 de abril, dos efetivos remanescentes de quatro divisões inimigas: duas alemãs (a 148ª Divisão de Infantaria e a 90ª Divisão Blindada) e duas italianas fascistas (a 1ª Divisão BersaglierI e a 4ª Divisão de Montanha “Monte Rosa”). Em sua arrancada final a FEB ainda chegou à cidade de Turim, e, em 2 de maio de 1945, à cidade de Susa, onde fez junção com as tropas francesas na fronteira franco-italiana.
Uma das batalhas cruciais em que a Força Expedicionária Brasileira (FEB) se destacou foi a tomada de Monte Castello. A FEB enviou cerca de 25 mil soldados ao norte da Itália, onde lutaram ao lado do Exército Americano para romper a “Linha Gótica”, uma das últimas estratégias de defesa alemã. Durante três meses intensos, os “pracinhas brasileiros” enfrentaram o inimigo em Monte Castello, além de outras batalhas em Massarosa, Camaiore, Monte Prano e Castelnuovo. Essa vitória brasileira foi a prova de que, com força e determinação, o Brasil alcançou seus objetivos na Segunda Guerra Mundial.
E “A cobra fumou”, apesar de terem perdido a vida na batalha mais de 400 militares brasileiros, os quais são considerados heróis da nação.
A FEB atuou em um Teatro de Operação montanhoso, que reduzia o potencial das forças, ainda mais combatendo um inimigo aguerrido, bem equipado e experiente, considerado o exército mais profissional do mundo. Após os êxitos iniciais na aproximação dos montes Apeninos, atuaram contra a poderosa Linha Gótica para conquistar o Monte Castello.
A conquista do Monte Castelo em 21 de fevereiro de 1945 despertou a confiança na FEB, consolidada nas vitórias de Castelnuovo, Montese e Fornovo, onde a FEB aprisionou a 148ª Divisão Alemã, primeira força de tal magnitude a se render na Itália.
A grande batalha da FEB foi a da Linha Gótica, rompida de fevereiro a abril de 1945. Batalhas que duraram meses, em uma sucessão de combates, com avanços e interrupções temporárias e, às vezes, recuos. Monte Castelo, um dos pontos fortes no limite avançado da Linha Gótica, foi um dos duros combates.
O general Mark Clark, Comandante do 5º grupo de Exércitos dos Estados Unidos, declarou ao general Mascarenhas de Moraes:
Esta Força pelo senhor comandada, demonstrou-se capaz de enfrentar situações desconhecidas, sendo disciplinada e treinada para o combate, no qual teve uma valiosa participação.
A FEB foi o reflexo das altas qualidades da Nação brasileira, que enviou seus filhos melhores para lutar em terra estrangeira, longe da Pátria, para estabelecer os princípios da justiça e da Liberdade.
O general Willis Crittemberguer, Comandante do quarto Corpo de Exército dos Estados Unidos, declarou;
Os soldados da FEB combateram com coragem e com honra, contribuindo efetivamente para a conquista da vitória dos aliados. Podem se orgulhar de terem cumprido integralmente a missão, que o povo brasileiro lhes confiou, quando os enviou para uma terra estrangeira.
A seguir quadro Efetivo da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial (dados quantitativos):
1 - EFETIVO DA FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA
Tropa em ação 15.069
Deposito Pessoal 10.265 TOTAL 25.334
2 - PRISIONEIROS DE GUERRA CAPTURADOS
Generais 2 Oficiais 892
Soldados 19.679 TOTAL 20.573
3 - TOMBADOS, FERIDOS, ACIDENTADOS
Mortos
- Oficiais 13
- Soldados 422
- Oficiais (FAB) 8
TOTAL 443
Feridos
- em ação de combate 1.577
- acidentados em combate 487
- acidentados 658
TOTAL 2.722
4 - MILITARES BRASILEIROS CAPTURADOS
Oficiais 1
5 - DESAPARECIDOS
23
Obs: Dez (10) foram sepultados como desconhecidos. Os mortos foram inicialmente sepultados no Cemitério MilitarBrasileirodePistoia.Em1960,osrestosforamtransladadosparaoBrasiledepositadosnoMonumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Rio de Janeiro. In: Revista Impressa por ocasião do 70º aniversário da FEB na Itália. Aditância do Exército Brasileiro com a colaboração do Sr. Mário Pereira, 2015. Vinte anos depois, em Brasília, o Presidente da República, sancionou a Lei Nº 4.623, decretada pelo Congresso Nacional com o seguinte teor:
Art. 1º - Fica instituído o "Dia Nacional do ex-Combatente". Parágrafo único: É fixado o primeiro domingo de maio para sua comemoração. Art. 2º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 3º- Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília 6 de maio de 1965; 144º da Independência e 77º da República. H. CASTELLO BRAnco Paulo Bosísio Arthur da Costa e Silva Eduardo Gomes (Diário Oficial da União - Seção 1 - 7/5/1965, p. 4425).
Assim, anualmente, no primeiro domingo de maio, deve ser prestada “continência” a todos os heróis brasileiros que serviram a Pátria durante a Segunda Guerra Mundial. Essa é uma justa homenagem aos “Pracinhas” que representaram bravamente o País, deixando sua marca na história no Teatro de Operações da Itália, ao final daquela Grande Guerra. Hoje, em referência ao dia 5 de maio de 2024, prestamos simbolicamente esta homenagem, in memoriam.
O Dia da Vitória se consolida como uma lembrança solene e um tributo à coragem daqueles que lutaram pela liberdade e pela paz. A celebração continua, e a memória desses eventos históricos permanece viva, honrando aqueles que sacrificaram suas vidas para a instauração de um mundo melhor.
Mais de 25 mil militares brasileiros embarcaram para lutar na Europa. Cerca de 450 morreram em combate. Hoje, menos de sessenta estão vivos, segundo a Casa da FEB.20 de fev. de 2024
Segundo o Censo permanente da FEB (atualização de 06/05/2024): 60 veteranos vivos e 193 veteranos falecidos durante a pesquisa (desde 01/04/2020).
Para concluir quero compartilhar um poema de um combatente brasileiro da Segunda Guerra Mundial, Mário Montanha Teixeira,
PRACINHA
Meus pés sangraram, gelados, nas sombrias, ignoradas caminhadas que tinham por destino a morte.
Meu corpo cansado, foi fustigado pelas chuvas, se arrastou na lama, e, sangrando, tombou várias vezes sobre a neve enquanto mortíferos estilhaços voavam pelo espaço e a orquestração louca dos combates afogava o doloroso gemido dos feridos.
Eu tive medo, senti fome e frio, e com a alma quase agonizante passei trágicos momentos na vigilância impressionante dos noturnos fox - holes
Lutei, sofri. E nas horas calmas de repouso, a sós comigo, no abandono interior do meu silêncio (profundo como.um generoso abrigo), os meus cansados olhos, úmidos de lágrimas, se enchiam da tua presença ó Pátria! Eu te recordava, entre as névoas da distância e da saudade, contemplando a imagem cheia de vida daquelas pessoas tão minhas que me queriam para sempre vivo.
Lutei. Sofri. Chorei por ti,
ó Pátria!
(in: Pelos Caminhos da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial: condições e contradições de uma época, 2016, p. 134 apud “A Tocha” )
Eu tenho uma Carteira de Identidade da Associação Nacional dos Veteranos da FEB - RJ, datada de 05 de maio de 1978, que muito me honra e que traz registrado em seu verso: “Dilercy:
Seu pai FRANCISCO DIAS ADLER é um herói da FEB. ORGULHE-SE DELE!”
ADLER, Dilercy Aragão (org.)
Obrigada!
REFERÊNCIAS
PELOS CAMINHOS DA FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA
NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL: condições e contradições de uma época. São Luís: ALL ,2016. ALVES, V. C. O Brasil e a Segunda Guerra Mundial: história de um envolvimento forçado. Rio de Janeiro: Editora PUCRJ, 2002.
Diário Oficial da União - Seção 1 - 7/5/1965, p. 4425.
PEREIRA. O Brasil naSegunda Guerra Mundial. Impresso porocasiãodo 70ºaniversário da FEB na Itália. https://adiexitalia.org/index.php/pt/forca-expedicionaria-brasileira-feb
Paulo Freire é, sem dúvida, uma das personalidades, de maior relevância no campo da educação brasileira e com forte projeção no exterior.
É bom lembrar que a construção do seu pensamento sobre a questão da educação originou-se na sua prática educacional junto à população adulta e pobre do Recife.
O desenvolvimento e a coerência do seu pensamento teórico são resultantes da busca incansável por várias áreas do conhecimento científico aliada à força da sua intuição e de muita reflexão.
Ao utilizar, ainda, os conhecimentos metodológicos disponíveis conhecidos, aliados à sua forma de pensar, Paulo Freire criou respostas adaptadas às situações concretas da realidade na qual trabalhava.
É, no entanto, a partir da sua experiência alfabetizadora em Angicos-RN que começou a ser conhecido nacionalmente.
Assim, noBrasil, segundoJoséCarlosBarreto, a marcamais fortedePaulo Freireéade“inventor de um método de alfabetização”, enquanto no exterior, “a essência do seu pensamento tende a ser utilizada como sustentação da inspiração de grupos que se dedicam ao estudo da formação do conhecimento ou grupos que lutam em frentes diversas”. Podem ser citados como exemplos, grupos que se empenham contra a discriminação racial, como ocorre nos Estados unidos, extensionistas rurais no Japão, revolucionários em países da África, resistentes das Filipinas e América Latina, e até mesmo, a Teologia da Libertação, que agitou o pensamento teológico conservador dos países do terceiro mundo.
O que Paulo Freire construiu não foi um método de alfabetização simplesmente, mas um sistema de pensar o fenômeno educativo. O seu pensamento inclui uma visão ampla da educação e uma opção política, que deve estar, neste caso, comprometida com as camadas populares. E nesse sentido, contribui para o desenvolvimento da prática educativa de qualquer educador, esteja ele ligado ao ensino formal de 1º, 2º ou 3º graus, esteja ele trabalhando na formação de mão de obra ou militando em movimentos populares.
Assim, segundo Paulo Freire, pensar o mundo é julgá-lo, e o alfabetizando ao começar a escrever não deve copiar palavras, mas expressar juízos.
Alfabetizar é também, aprender a escrever a própria vida como autor e testemunha de sua história, isto é, biografar-se, existenciar-se, historicizar-se. Alfabetizar é ensinar o uso da palavra. É aprender a dizer a sua palavra. E a palavra humana imita a palavra divina: é criadora!
O monólogo enquanto isolamento, é a negação do homem, é fechamento de consciência, uma vez que consciência é abertura.
Em regime de dominação de consciências, os que mais trabalham (e multidões nem sequer têm condições de trabalhar), menos podem dizer a sua palavra. Os dominadores mantêm o monopólio da palavra e com ele mistificam, massificam, dominam.
A liberdade que é uma conquista, e não uma doação, exige uma permanente busca. Busca que só existe no ato responsável de quem a faz. Ninguém tem liberdade para ser livre: pelo contrário, luta por ela, precisamente porque não a tem. Não é também a liberdade um ponto ideal fora dos homens. É sim, a condição indispensável do movimento de busca em que estão inscritos os homens como seres inconclusos.
Mas, os oprimidos enquanto acomodados e adaptados à estrutura dominadora temem a liberdade enquanto não se sentirem capazes de correr o risco de assumi-la. Sofrem, assim, uma dualidade: querem ser livres para chegar a ser autenticamente, mas temem ser. É a libertação, portanto, um parto. Parto doloroso! Mas, quem nasce desse parto é um homem novo!
A violência dos opressores leva os oprimidos, cedo ou tarde, a lutar contra a opressão. Mas, essa luta só tem sentido quando os oprimidos na busca da recuperação da sua liberdade não se tornam opressores
dos opressores, mas restauradores da humanidade de ambos. É esta a grande tarefa humanista e histórica dos oprimidos: Libertar-se a si, e aos opressores.
A existência, porque humana, não pode ser muda, silenciosa, nem pode nutrir-se de falsas palavras. Dizer a palavra verdadeira é práxis, é transformar o mundo. Dizer a palavra não é privilégio de alguns homens, mas direito de todos. Se é dizendo a palavra, com que pronunciando o mundo, os homens o transformam, o diálogo se impõe como caminho pelo qual os homens ganham significação enquanto homens. O diálogo se faz numa relação horizontal. O diálogo é este encontro dos homens mediatizados pelo mundo.
O amor sendo necessariamente fundamento do diálogo é também diálogo. O ato do amor está em comprometer-se com a sua liberdade. Mas, este compromisso, porque amoroso, é dialógico.
Somente com a supressão da situação opressora é possível restaurar o amor que nela estava proibido (FREIRE, 1983, esp. caps. I, II, III)..
Para finalizar, repetiremos o que já disseram mil vezes: "Paulo Freire é um pensador comprometido com a vida, não pensa ideias, pensa a existência. É também educador, existencia seu pensamento numa pedagogia em que o esforço totalizador da práxis humana busca na interioridade desta, retotalizar-se como prática da liberdade". E ousamos acrescentar: Paulo Freire é também poeta. Ele transforma a opressão e a esperança na poesia maior da liberdade e justiça entre os homens, em um mundo melhor!
Não há esperança na pura espera nem tampouco se alcança o que se espera na espera pura, que vira assim, esperança vã!
Paulo Freire
Notas:
1-Saudação proferida em homenagem ao professor doutor Paulo Freire em 22/05/1995. no Centro Universitário do Maranhão-CEUMA (hoje UniCEUMA).
2-Dilercy Aragão Adler: Psicóloga, Professora doutora do Departamento de Educação das Faculdades Integradas do CEUMA (à época).
3- In: ADLER, DilercyAragão(org.). Cadernode Educação. Enfoques teóricosem SociologiadaEducação: estudos de sala de aula. Vol. l, N° 1. Paulo Freire, pp.75-77, 1998.
DA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO LUÍS
Bendito culto, que evoca o passado para o brilho do presente e torna cada vez mais entranhado amor à terra maranhense e suas glórias. Guardamos um tesouro feito de recordações de fatos e ressurreição de vultos.
Antônio Lopes Nossos cumprimentos à Mesa, a todas as autoridades aqui presentes, a todos os arquivistas ou funcionários de arquivos das diversas instituições e, ainda, aos que estão neste auditório para ouvir-nos nesta Roda de Conversa sobre um tema que deveria estar mais em foco, por sua grande importância, Os Arquivos. Quero agradecer o convite e igualmente dizer do prazer de estar nesta Mesa junto a pessoas ilustres, que, dentre outros traços, prezam por nossa história, nossa cidade, nossa gente. Parabenizo também à equipe do Arquivo da Câmara Municipal de São Luís, pela iniciativa de promover um evento próprio, pela primeira vez, na programação da Semana Nacional de Arquivos.
É motivo de. regozijo saber que esta primeira participação formal do Arquivo da Câmara dá-se a partir de um convite do Professor Manoel Barros, da UFMA ao professor Carlos Netto, para participar da 7 ª Semana Nacional de arquivos, no ano passado (2023). São dois os motivos do meu regozijo: de um lado, por termos dois professores de história como protagonistas, e de outro, o nascimento de parcerias, de criação de pontes entre pessoas e instituições com objetivos de ganhos para o bem comum.
Por que estou falando isso? Porque acredito em parcerias, acredito na necessidade de criação de Pontes entre pessoas, povos e nações, para não sermos ilhas isoladas.
Para falar hoje da questão quis conhecer in loco as condições físicas e a história do próprio Arquivo daCâmaradeSãoLuís.Paratal,fuiontemàsuasedeenãopossodeixarde mereportaraofundador, Secretário Perpétuo e Patrono do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, Antônio Lopes, que no dia 25 de maio completou 135 anos de nascimento, e na segunda – feira, dia 3 de junho, fizemos a comemoração do seu aniversário. Ele afirma: “Guardamos um tesouro feito de recordações de fatos e ressurreição de vultos.”
A Câmara Municipal, órgão legislativo do Município de São Luís, no Maranhão, apresenta uma história de 405 anos por ter sido instalada de forma efetiva em 1619. Ao longo desses séculos, vem assumindo responsabilidades e competências segundo as condições dos distintos períodos históricos: o Colonial, o do Império do Brasil, até ao da República, quando foi criado o cargo de intendente e, posteriormente, o de prefeito, e as prefeituras, que passaram a exercer as funções executivas do município, e as Câmaras Municipais, as funções legislativas. É, pois, a Câmara Municipal o primeiro parlamento do Maranhão.
De outro lado, 1925 foi considerado um ano significativo para a concretização do desejo de fundação do Instituto Histórico no Maranhão, por se materializar também como forma de homenagear o Imperador D. Pedro II.
Desse modo, em 20 de novembro foi realizada a sessão inicial, que teve como Presidente da Assembleia Geral José Ribeiro do Amaral, na qual foi apresentado discutido e votado o Estatuto e eleita a primeira Diretoria, cujo Presidente foi Justo Jansen. A data escolhida para realização da primeira sessão cívica dessanovasociedade e,portanto, dasuainauguração,foiodia02dedezembro,em homenagem aoaniversário do centésimo ano de nascimento do Imperador, e a cerimônia ocorreu no Salão da Câmara Municipal de São Luís, às 10 horas da manhã.
Isso posto, podemos afirmar que existem alguns pontos de intercruzamento da Câmara Municipal com o IHGM. Segundo LOPES (1973), para realizar as tarefas inerentes ao Instituto, a fim de que dessem fruto a novas colheitas, foram trazidos à baila nomes que lançaram as primeiras sementes, entre outros: Simão Estácio da Silveira, Claude D'Abeville, D'evreux, Diogo de Campos, César Marques, João Lisboa, que, além de patronos de Cadeiras no IHGM, se constituíram em importantes fontes de inspiração para a criação do Instituto de História e Geografia do Maranhão.
Simão Estácio da Silveira é o patrono da Câmara Municipal de São Luís e, igualmente, é Patrono da Cadeira de nº 04 do IHGM, que teve como primeiro ocupante Raimundo Clarindo Santiago, seguido por Dr.Alfredo Bena, Dr. Clodoaldo Cardoso, Comandante Ramos e, atualmente, a Profa. Dra. Ana Lívia Bomfim Vieira.
Simão Estácio da Silveira é de origem açoriana. Foi um dos pioneiros da colonização portuguesa no Maranhão. Foi juiz da primeira Câmara de São Luís. Escreveu a obra "Relação Sumária das Cousas do Maranhão"(1619),publicadaem1624em Lisboa,comopropósitodeatraircolonosportuguesesparaaregião.
Há quase 99 anos, repito, o Instituto esteve nesta Casa para a realização da sua primeira sessão cívica e hoje, para a reafirmação da importância do seu arquivo para o estado do Maranhão, por meio da salvaguarda do precioso conjunto de documentos produzidos e acumulados por esta instituição pública, há 405 anos
O IHGM não possui atualmente um arquivo, mas mantém com dificuldades uma biblioteca, a Hédel Azar, a qual, além de livros, possui documentos históricos, a exemplo das “Cartas de São Luíz do Maranhão” executadas sob a orientação do Dr. Justo Jansen, fundador e primeiro Presidente da Instituição.
Constato a dificuldade que é manter o acervo histórico documental ou de livros. Sei que no Arquivo da Câmara Municipal existem documentos valiosos da história do Maranhão, até por ter sido por alguns séculos a instituição que assumiu responsabilidades e competências específicas, como já referido, segundo as condições dos distintos períodos históricos
Quero trazer a esta minha fala, a constatação, salvo engano, de que todos os componentes desta Mesa, pertencem a instituições públicas, e o IHGM, me parece ser a única de natureza privada. No entanto, mesmo os Arquivos públicos, em sua grande maioria, não gozam de situação confortável. Em agosto de 2022, o IHGM e outras instituições, entre as quais, as universidades públicas UFMA e UEMA, participaram de um movimento em defesa do Arquivo Público do Estado do Maranhão – APEM, reivindicando uma intervenção Emergencial e prolongada do Poder Público, de modo a restabelecer a instituição como lugar por excelência para a realização de pesquisa pública de interesses variados.
Na minha visita ao Arquivo desta casa, tinha e tenho interesse em pesquisar documentos que possam ter relação com o IHGM, com fatos históricos do Maranhão, do Brasil e de outros países, a exemplo de Portugal, África, e feitos de alguns Patronos.
Parafinalizar,parabenizo opessoaldoDepartamentodeDocumentaçãoeArquivodaCâmaraMunicipal de São Luís pela participação nesta “8ª Semana Nacional de Arquivos” e ao ensejo apelo, em nome do IHGM, e do meu próprio, para que os vereadores da Casa de Simão Estácio da Silveira trabalhem no sentido de dotar o Arquivo da Casa de condições adequadas de funcionamento, entre as quais, espaço físico apropriado, documentos abrigados e acondicionados convenientemente, que conte com especialistas para tratar a documentação acertadamente e se torne, assim, um espaço de memória!
O sonho de Antônio Lopes era que “O Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão será um dia um “Formoso Templo” diante de cujo pórtico as gerações futuras de maranhenses possam compreender o valor e significação dos versos de Sousândrade:
Dobrai os joelhos, beijai esta terra
De nobre passado, sabei ter-lhe amor!
E esse sonho compartilho hoje com a Casa de Simão Estácio da Silveira, que, para tal, guarde e compartilhe com as futuras gerações o seu rico acervo!
Obrigada!
NEM SÓ DE LITERATURA
JOAQUIM HAICKEL
UM PAÍS SEM LUMINARES
Sempre quis ter uma máquina do tempo, para poder constatar a veracidade de alguns fatos históricos, mas hoje eu queria poder viajar para um passado não muito distante e perguntar para Ulisses Guimarães, o senhor constituinte, o que ele pensa sobre tudo isso que está acontecendo em nosso país, sobre as atitudes perpetradas pelos atuais ministros do STF, sobre a conivência do Congresso Nacional.
Por falar nisso por onde andará Fernando Henrique Cardoso, que nada faz para defender nossa Constituição que está sendo dilacerada? Por onde anda o eterno candidato a presidência da república, Ciro Gomes, que nada diz sobre os desmandos do STF? Nem pergunto sobre o paradeiro dos presidentes das casas legislativas federais, pois esses são coniventes com toda essa usurpação de poder.
Sabem o que é pior nisso tudo? É que aqueles que se levantam contra as arbitrariedades que estão sendo cometidas em nosso país, são tidos como bolsonaristas, quando eles são na verdade verdadeiros cidadãos e patriotas que abominam os atos inconstitucionais cometidos pelo STF, e repudiam as idiotices perpetradas por Bolsonaro.
Daqui a algum tempo, olharemos para essa quadra de nossa história e veremos uns envergonhados por não terem dito ou feito nada em defesa do estado democrático de direito e do devido processo legal, veremos outros arrependidos por terem aceitado e até apoiado essa absurda tirania que está sendo praticada em nosso país, mas aqueles que se posicionaram contra essas ações infames que atentam contra a lei constitucional e a justiça, esses serão reconhecidos como defensores do Brasil.
O que se dizer de um país que não tem luminares que possam servir de guia, de parâmetro para seu povo, que possa se manifestar em defesa daquilo que é correto e contra as atrocidades cometidas pelos poderosos de todo e qualquer tipo. Saudade de Ulisses, de Teotônio, de Tancredo... Pelos nomes parece estarmos falando da Grécia Antiga, mas falamos é daqui do Brasil, um país sem líderes que possam se levantar contra as iniquidades que estão sendo cometidas diariamente contra a lei constitucional, o regime republicano e o devido processo legal.
Que líderes nos restaram? Com quais luminares podemos contar? Dois ex-presidentes cassados pelo congresso nacional, um outro, substituto, que depois foi preso, outros dois, acadêmicos nonagenários, no crepúsculo da vida, sem contar com um outro que se alguma luz tiver não alumia nem como um vagalume. Quem pode servir de guia, de líder de voz, de luz do povo, neste momento?
Um país sem líderes, sem luminares, é presa fácil para o tipo de gente que vem destruindo a nossa democracia, e o que é pior, agem na desculpa de protegê-la.
EDMILSON SANCHES
IMPERATRIZ, 100 ANOS
Quem foi Godofredo Viana, o governador que elevou Imperatriz à categoria de cidade
FOTOS: Godofredo Viana e seu autógrafo em dedicatória de abril de 1934, na obra "Terra de Ouro" (exemplar da biblioteca de Edmilson Sanches): “Ao velho e querido amigo Arthur Moreira, com o meu apreço e admiração de sempre. // Rio, abril de 1935.”
Até 1924 Imperatriz, o segundo maior município do Maranhão, era apenas uma vila. Embora já contasse mais de 70 anos de fundada (em 1852), ainda não havia conquistado a mudança definitiva de "status", como reconhecimento de sua condição de localidade detentora de alguma estrutura urbana, política, econômica e social, considerados os padrões da época nesta parte do Estado.
Foi naquele ano de 1924, em 22 de abril um dia que lembra a data histórica de chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil, em 1500 – que Godofredo Viana firmou o ato oficial que mudava a categoria de Imperatriz, de vila para cidade.
Godofredo Viana era o presidente do Estado do Maranhão (em 1924 chamava-se "presidente" o cargo que hoje corresponde a governador). Nessa condição ele assinou o Decreto-Lei nº 1.179, de 22 de abril de 1924 e, assim, Imperatriz chegava ao último estágio que uma localidade pode atingir: a categoria de cidade. 100 anos depois, quando Imperatriz está chegando aos 172 anos de existência (em julho de 2024), Godofredo Viana não é tão lembrado, exceto pelo fato de ser nome de uma das principais ruas da cidade. Quem foi Godofredo Viana?
O maranhense Godofredo Mendes Viana foi advogado, juiz, professor de Direito, político, jornalista e escritor.
No campo político, foi senador (duas vezes), governador (presidente de Estado), deputado constituinte, deputado federal. Jornalista e escritor, teve vários trabalhos publicados, de livros de Direito a obras literárias (romance, novela, poemas).
Tenho um raríssimo exemplar de algumas das obras de Godofredo Viana, uma delas com dedicatória datada coincidentemente de abril de 1935 (é o livro "Terra de Ouro", onde Godofredo Viana incursiona pela contística: 25 contos, que, segundo ele na apresentação, até podem ser “mera fantasia", mas, os documentos que os sugeriram, são "perfeitamente autênticos". Esta obra tem cerca de 250 páginas e foi publicado por Calvino Filho Editor, Rio de Janeiro, 1935.
Filho de dona Joaquina de Pinho Lima Mendes Viana e de Torquato Mendes Viana, magistrado e desembargador, Godofredo Viana nasceu no dia 14 de junho de 1878, em Codó (outras fontes dão-no como nascido em São Luís, mas consolida-se o registro de que ele nasceu no município codoense, quando o pai, juiz de Direito, atuava naquela cidade).
*
Godofredo Viana, o governador que elevou Imperatriz à categoria de cidade em 1924, estudou em São Luís, no colégio Liceu Maranhense, onde fez os cursos primário e secundário (hoje, Ensino Fundamental e Ensino Médio). O curso superior foi realizado no Estado da Bahia, na Faculdade Livre de Direito, onde se formou em dezembro de 1903, aos 25 anos. Seu brilhantismo no curso levou seus colegas a elegerem-no, por aclamação, orador da turma. O discurso de formatura, considerado “notável”, foi publicado pela imprensa do Maranhão e do Rio de Janeiro, que era, então, a capital do Brasil. Suas qualidades de orador o tornariam admirado, a ponto de ser chamado de “boca de ouro” ou “o novo CRISÓSTOMO maranhense”, uma referência a Díon Crisóstomo, orador e filósofo grego. (Em grego, “criso” é “ouro” e “stoma” é “boca”).
Em 1905, jovem ainda (27 anos) é nomeado promotor público na cidade de Alcântara (MA). Nessa cidade também seria juiz, além de juiz federal substituto na capital, São Luís. Exerceu essas duas funções até 1918. Em 1921, aos 43 anos, foi eleito senador pelo Maranhão.
No ano seguinte, 1922, Godofredo Viana é eleito presidente do Maranhão. Substitui Urbano Santos, que falecera. Fica até 1926, quando assume novo presidente do Maranhão, e volta para o Senado, onde
permanece até 1929. Em maio de 1933, elege-se deputado pelo Maranhão e assume, em novembro do mesmo ano, na Assembleia Nacional Constituinte, onde, em junho de 1934, é nomeado membro da Comissão de Redação da Constituição. Já no mesmo mês apresenta os critérios para a elaboração do texto constitucional. A Constituição é promulgada no mês seguinte, em 16 de julho de 1934. E, no dia seguinte, os constituintes elegem Getúlio Vargas presidente do Brasil.
Godofredo Viana volta a se eleger deputado pelo Maranhão, em outubro de 1934. O mandato é interrompido em 1937 pelo Estado Novo, que dissolvera o Poder Legislativo em todo o País (deputados federais, estaduais e vereadores). Godofredo Viana volta às suas atividades profissionais, agora na Justiça Federal do Rio de Janeiro, que era a capital federal.
Godofredo Viana faleceu no dia 12 de agosto de 1944, no Rio de Janeiro. Antes disso, exerceu outros cargos e atividades no Maranhão e no Rio. Escreveu para jornais e revistas, escreveu diversos livros e foi eleito membro da Academia Maranhense de Letras, onde ocupou a cadeira número 15.
Casado com Joviliana Mendes Viana, teve dois filhos, que também se distinguiram na vida pública e profissional: um deles, Evandro Mendes Viana, foi senador pelo Maranhão, com mandato de 1948 a 1941; o outro filho, Antônio Mendes Viana, foi diplomata.
*
O QUE DISSE GODOFREDO VIANA:
“O ceticismo, a descrença, o motejo, a indiferença, nunca fizeram obra digna da grandeza humana. (...) Só a energia serena e confiante, cheia de jovialidade e encanto, (...) pode guiar os povos a gloriosos destinos. Para isso se faz preciso corporificar ideias e pôr de Aldo os homens. Os homens passam (...). O que fica, o que é duradouro, o que é eterno, é a semente que nasceu da ideia e vai esplendendo em florações sucessivas, no infinito do tempo e do espaço.” (Trecho do discurso de agradecimento, após sua eleição, por aclamação, à presidência do Estado do Maranhão, em 15 de abril de 1922, em São Luís).
*
NOME DE RUA E CIDADE
RUA – Além de dar nome a uma das mais conhecidas ruas de Imperatriz, Godofredo Viana é nome de rua em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro (RJ), onde morou, na época em que a cidade era Capital Federal. A rua recebeu seu nome em 1934; antes, chamava-se Caminho do Sapé. Foi um amigo de Godofredo Viana, Galdino José da Silva, funcionário do Senado, que tomou a iniciativa da mudança de nome. Godofredo Viana frequentava a região da Praça Seca e sempre visitava Galdino, de quem era hóspede costumeiro, na rua Albano. A homenagem foi prestada ainda em vida.
CIDADE – O nome de Godofredo Viana também é dado a um município maranhense fundado em 1964. Tem 720 km2 de área e 10.186 habitantes, segundo o Censo do IBGE em 2022.
*
CRONOLOGIA DE GODOFREDO VIANA
1878 – Nasce, em 14 de junho, no Maranhão.
1903 – Conclui em dezembro o curso de Direito, na Bahia.
1905 – Nomeado promotor público de Alcântara (MA).
1918 – Deixa de exercer as funções de juiz em Alcântara e juiz federal substituto em São Luís.
1921 – Eleito senador pelo Maranhão.
1922 – Eleito presidente do Maranhão. Assume o governo só em 1923.
1924 – Assina decreto-lei que eleva Imperatriz à categoria de cidade.
1926 – Termina seu mandato no Maranhão, em 1º de março. Reassume o Senado, onde integra a Comissão de Finanças.
1928 – Elabora, no senado, parecer sobre o Ministério das Relações Exteriores.
1929 – Final do mandato no Senado.
1933 – Eleito deputado pelo Maranhão à Assembleia Nacional Constituinte, onde é empossado em novembro.
1934. Em junho, é designado membro da Comissão de Redação da Constituição do Brasil. Os outros membros são os deputados Homero Pires e Raul Fernandes.
1934 – Em outubro é eleito deputado federal pelo Maranhão. Torna-se presidente da Comissão de Diplomacia e Tratados, membro das comissões de Legislação, de Justiça e de Finanças e da Comissão Especial do Código Criminal e da Lei das Falências.
1937 – Em novembro, o mandato é interrompido. Torna-se distribuidor da Justiça Federal, no Rio de Janeiro.
1944 – Morre em 12 de agosto, no Rio de Janeiro (RJ).
*
LIVROS PUBLICADOS, DE AUTORIA DE GODOFREDO VIANA
- “Teoria e Prática do Direito Constitucional”
- “No País do Direito”
- “Formas e Fórmulas Processuais”
- “Prática do processo Criminal”
- “Terra de Ouro” (romance, 1935)
- “Ocasião de Pescar” (romance, 1939)
- “Musa Antiga” (poemas)
- “Poemas Bárbaros”
- “Paixão de Caboclo” (romance)
- “Padre Francisco Pinto” (novela)
- “Código do Processo Criminal”
LUIZ THADEU NUNES E SILVA
Após uma semana no Porto, a fascinante cidade do norte de Portugal, e a segunda do país, embarquei para a Ilha da Madeira, conhecida mundialmente como a terra do jogador Cristiano Ronaldo.
Há tempos planejava conhecer a Ilha da Madeira. Como ilhéu, nascido na Ilha do Amor, tenho fascínio por ilhas. Já visitei algumas ao redor do mundo: Sheichellys, Ilha de Páscoa, Zanzibar, Ilhas Maurícios, Bali, Maldivas, algumas na Oceania, na Nova Zelândia e Austrália, Havaí; além de Vitória e Florianópolis, que juntamente com São Luís são as capitais brasileiras que são ilhas.
Acordei às 6:00 hs em um hotel no Porto, desci para o café da manhã; fiz check out. Deixei a mala no hotel, viajei somente com a mochila nas costas. Caminhei apenas duas quadras e desci na estação de metrô de Bolhão. Paguei 2,5 euros e peguei o metrô até o aeroporto. Meia hora depois estava no aeroporto internacional Francisco Sá Carneiro. Fiz check in e embarquei para Funchal, Ilha da Madeira. No aeroporto peguei um ônibus, paguei 5 euros até o centro da cidade; desembarquei a uma quadra do hotel em que me hospedei por dois dias. O motorista do ônibus se comunicava em português, espanhol e inglês. Como sabem ando com muletas, e todas essas coisas facilitam a vida de quem tem mobilidade reduzida.
Antes que algum incauto me chame de deslumbrado por narrar tais fatos, digo que não tenho deslumbramento com as coisas belas que vejo em minhas andanças pelo mundo. Apenas as admiro, e sei que tudo foi fruto de construção dos que ali moram. Narro esses fatos para mostrar como devemos evoluir em nosso país. Como estamos atrasados em comparação com o primeiro mundo. Precisamos avançar.
Durante dois dias visitei Funchal, uma cidade linda e surpreendente. Limpa, com seu casario de séculos passados bem conservado, cheia de turistas, Funchal é uma torre de Babel com pessoas do mundo todo e com diferentes idiomas. Vi grupos de alemãs, ingleses, italianos, franceses, americanos e orientais, em grande parte, idosos, a contemplarem as belezas desta ilha vulcânica, localizada no oceano Atlântico. Desde menino queria visitar a Ilha da Madeira, que já conhecia dos livros. É na Madeira que sai a cortiça onde são confeccionadas as rolhas dos vinhos portugueses. Na estadia em Funchal fui entrevistado pelo canal de TV RTP, onde falei de minhas andanças pelo mundo e do livro “Das muletas fiz asas” que lançarei na próxima sexta-feira, 24/05, no Clube Fenianos no Porto.
Como sempre faço em minha andanças pelo mundo, estou sentado em um café no centro de Funchal, em um final de tarde ameno, a observar o frenesi das pessoas a retornarem para suas casas após um mais um dia de trabalho, e aproveito para escrever a crônica. Peço mais um pingado com pastel de nata e um pedaço de bolo de coco, uma iguaria deste lugar especial que desejo voltar com mais calma. Estar em diferentes lugares do mundo é um privilégio, que em pensamentos, agradeço ao Criador, a oportunidade de conhecer esse mundão que ele fez.
Como disse Mário Quintana, com sua simplicidade certeira, “Viajar é renovar a roupa da alma”. Embarco de volta para o Porto de alma renovada.
WYBSON CARVALHO
Caxias do Maranhão é uma cidade que, ainda hoje, serve de referência para o país quando o assunto é a Literatura, é o berço de uma considerável plêiade de escritores e poetas de grande expressão e produção literária no cenário nacional, a exemplo de Gonçalves Dias, Coelho Neto, Teófilo Dias, Vespasiano Ramos, Raimundo Teixeira Mendes, César Marques e muitos outros de uma constelação que brilha desde meados do século XIX. Dois dos quais - Gonçalves Dias e Teófilo Dias - são patronos de cadeiras na Casa de Machado de Assis, a Academia Brasileira de Letras. Mas, Caxias insiste em dar à luz a novos escritores e poetas e pode ser chamada, sem exageros, de “cidade maranhense dos escritores e poetas”, dentre os quais: Salgado Maranhão, Jacques Medeiros, Edison Vidigal, Firmino Freitas, Libânio da Costa Lobo, Gentil Meneses, Luis Carlos Santos Sales, Maria Gema de Carvalho, Adailton Medeiros, Déo Silva, Cid Teixeira de Abreu, José de Ribamar Cardoso, Antônio Augusto Ribeiro, Anecy Calland Serra, Maria das Graças Costa e Costa, José de Ribamar Corrêa, Glória Corrêa, Antônio Pedro Carneiro, Edmilson Sanches, Raimundo Borges, Arthur Almada Lima Filho, João Machado, José Ribamar R. Brandão, Joseane Maia, Iris Nendes, Frederico Ribeiro Brandão, Wybson Carvalho, Raimundo Nonato Medeiros, José Ribeiro Brandão, Naldson Carvalho, Inês Maciel, Elany Moraes, Renato Meneses, Jotônio Viana, Morano Portela, Jorge Bastianni, Silvana Meneses, Quincas Villaneto, Isaac Sousa, Ezíquio Barros Neto, Raimundo Palhano, Ruy Palhano, Alzenira Pinho, Raquel Pinho, Deusimar Serra, Ana Rosária, Alberto Pessoa, Carvalho Jr. e outros tantos...
Dois desses escritores com uma produção literária reconhecida, nacionalmente, Gonçalves Dias e Raimundo Teixeira Mendes, através de suas produções literárias, nos eternizaram em dois dos principais símbolos nacionais: a Bandeira Nacional Brasileira e o Hino Nacional Brasileiro.
Na nossa Bandeira há a insígnia "Ordem e Progresso" extraída do lema positivista religioso brasileiro, ou seja: proclamada a republica em 1989, o filósofo e escritor caxiense, Raimundo Teixeira Mendes, além de idealizar a nossa flâmula oficial escreveu a ela um lema: - "o povo brasileiro, assim como a maioria dos povos ocidentais, se acha, vivamente, solicitado por duas necessidades, ambas imperiosas, e que se resumem em duas palavras: "Ordem e Progresso".
E no nosso hino nacional há em uma das suas estrofes dois versos extraídos da "Canção do Exílio"; escrita pelo poeta Gonçalves Dias...
- "nossos bosques têm mais vida e em nossa vida " em teu seio" mais amores". Tais características cívicas são uma unicidade da produção literária caxiense que nos dá orgulho para nossa nação e para o canário mundial intelectual.
Portanto, podemos afirmar que a literatura é uma poderosa ferramenta de transformação. Quando carrega referências capazes de criar uma identificação com o leitor, esse poder se torna ainda mais expressivo. A
literatura é capaz de criar, com maestria, um intenso entendimento empático, responsável por uma formação mais consciente que nos remete a um pertencimento do contexto produtivo quando usufruímos dela, através da leitura.
A produção literária, através de todos os gêneros da literatura: romance, poesia, prosa, crônica, conto, novela e outros... é essencial para a construção de uma nova, e, no entanto, permanente sociedade caxiense local instruída e produtiva porque a literatura se confunde com a própria humanidade. Na literatura são reveladas as dores, as angústias, as alegrias, as tristezas do ser humano. Então, sem literatura não se pode ter humanismo e sem humanismo não há uma sociedade local justa, correta, e principalmente, avançada. Então, o que a gente quer é difundir o autor local e colocar esse esses livros na escola pública como base curricular. Mas para isso, precisamos do apoio do poder público, das prefeituras e do estado. Nossa história, cultura e tradições têm que ser contadas por um de nós.
Como é possível realizar uma mediação adequada para formação de novos leitores? Para isso, precisamos de apoio maior do poder público municipal, estadual e federal. Mesmo assim, a Academia tem feito sua parte, não só para o público infantil, como também para o público adulto. Em época de fácil acesso à internet, é preciso apresentar a leitura como algo prazeroso. O escritor argentino Jorge Luis Borges dizia que devemos sentir prazer na companhia do livro. Para isso, pode ser o tipo de escrita que cause identificação, pode ser romance, biografia, literatura de ficção.
O importante é que se incentive o hábito de leitura em qualquer idade, em qualquer época e em qualquer local. A produção literária não deve ficar presa aos espaços acadêmicos, a uma elite cultural. Temos que ir à praça, como dizia Castro Alves... "a praça è do povo" , portanto, temos que plantar a poesia na praça, o romance no parque, nas ruas, nas avenidas, nas escolas públicas e privadas. Porque é como ressaltou Monteiro Lobato: “um país se faz com homens e livros”.
A Poesia e o Poeta
“A poesia é a arte da linguagem humana, do gênero lírico, que expressa sentimento através do ritmo e da palavra cantada. Seus fins estéticos transformaram a forma usual da fala em recursos formais, através das rimas cadenciadas. A poesia faz adoração a alguém ou a algo, mas pode ser contextualizada dentro do gênero satírico também. Há três expressões de poesias: as existenciais, que retratam as experiências de vida, a morte, as angústias, a velhice e a solidão; as líricas, que trazem as emoções do autor; e a social, trazendo como temática principal as questões sociais e políticas”.
Mas, eminentemente, a poesia é arte e exercício humano/espiritual. Quanto ao questionamento conceitual sobre esse contexto, temos a certeza: Bertoldo Breath se fosse questionado por alguém a respeito do conceito de o quê é a poesia, certamente o questionador já obteria sua resposta - “poesia é o próprio homem/trabalhador e, em realidade, há homens que trabalham anos e anos; esses são considerados bons / há homens que trabalham anos e anos; esses são considerados muito bons / e há homens que trabalham sempre; esses são imprescindíveis...”.
Portanto, a poesia é um produto do esforço psicofísico humano. O mesmo questionamento, feito a Henfil, é claro, também, ele já nos responderia: - “poesia é arvore de vida e, em realidade, se dela não houver frutos, valerá o perfume e a beleza das flores; se dela não houver flores, valerá a sombra e o abrigo das folhas; e, se, dela não houver frutos, flores e folhas, valeu a intenção da semente...”. Embora a poesia, é claro, também, produto natural do esforçado cio da terra.
Mas, ser poeta é ser o quê?
Segundo o sábio professor, poeta e jornalista maranhense, Alberico Carneiro, se é atualíssima, ainda hoje, a teoria de Aristóteles sobre a arte da poesia ou da poética, apresentando-a como imitação, transformação ou mutação da realidade vista por outro ângulo, o poeta é uma espécie de mago, feiticeiro, bruxo ou
encantador. Desse ponto de vista, ele, o poeta, pode transfigurar a linguagem da semântica, isto é: fazer com que as palavras, à maneira dos camaleões, passem por um processo mimético ou do mimetismo. E, assim, como camaleão, que, para preservar-se dos predadores mais perigosos, adapta a coloração da pele à cor do ambiente, para fingir e confundir-se com a paisagem, também o poeta faz com que as palavras imitem a realidade, procurando inseri-las no contexto semântico que corresponda à contemporaneidade. O poeta Português, Fernando Pessoa, traduz esse paradoxo ou ambigüidade aristotélica sobre o ato da imitação à realidade: - “o poeta é um fingidor/finge tão completamente/ que chega a fingir que é dor/ a dor que deveras sente”.
Já o poeta ludovicense, Nauro Machado, outro ser humano-cultural incompreendido em seu tempo, se confessa e, portanto, explica: - “a dor de ser poeta/ do ser fatal/ a dor de ser feroz/ é instante só/ mas que no ser demora e dura e fere/ para que mais doa”.
E o conterrâneo e poeta-camaleão, Salgado Maranhão, se faz poetar nas coisas: - “As coisas querem vazar o poema/em sua crosta de enredos, as coisas querem habitar o poema/para serem brinquedos. Chove nas fibras de alguma essência secreta e o poema rasga a arquitetura do poet
o ser e a poesia advindos de mim minha poesia veste-me com essência sabedora ao interior a mim e emudece meu grito ensurdecedor à negação que há nela. é a prisão na qual sou condenado e estou a extrapolar-me liberto à ambiência alheia. é a imensidão em sal oceânico e chão cáustico, solitariamente, desértico... é a diversidade de todas minhas linguagens artísticas sem platéia alguma... é a obra que, humildemente, ofereço à humanidade... é o ser a querer-se compartilhado a quem me necessitar... e meus versos?
- são partes extraídas de minha alma inteira a se mostrarem inibidas aos outros seres sem aceitação nenhuma! o que é minha poesia? é a somatória das imagens etárias do passado encontrado no presente, são escritas na negação imagética do futuro. obrigando-me, fielmente, a negá-la em mim tal qual confissão ausente.
analfabetismo editorial
há em mim poemas para o mundo condenados ao desconhecimento profundo escondidos esquecidos sem algum encanto ganharam na gaveta do móvel só um canto imundo vagabundo quais enterrados à sepultura pois lhes fora negada a leitura!
o quê é para ser falado minha alma brada a voz.
o quê é para ser calado minha atitude cala à vos.
o quê não pode ser almejado minha razão desistiu de nós.
ANTICÍTERA
A Editora Anticítera lança uma coleção inédita dedicada à obra do renomado poeta maranhense Joaquim de Sousa Andrade, mais conhecido como Sousândrade. Composta por seis volumes, a coleção apresenta títulos que marcaram a literatura brasileira, incluindo O Guesa, sua magnum opus, além de Harpas Selvagens, Harpas Eólias, Novo Éden, Harpa de Ouro e Liras Perdidas.
Sobre Sousândrade
Sousândrade nasceu em 1832, em Guimarães, Maranhão, e faleceu 1902, no Rio de Janeiro. Sua trajetória literária começou ainda jovem, quando foi estudar na Europa. Lá, ele se inspirou no romantismo e em outras correntes literárias, moldando uma poesia inovadora e vanguardista. Seu trabalho é conhecido pela complexidade linguística, inovação formal e crítica social, antecipando elementos do modernismo e concretismo.
Detalhes da Coleção
Os seis volumes da coleção, com capas ilustradas pelo artista maranhense Anderson Bogéa, oferecem uma imersão profunda na mente criativa de Sousândrade, revelando a evolução de seu estilo e pensamento ao longo dos anos.
O Guesa: Renascimento de uma Obra-Prima
Organizado pela renomada especialista Luiza Lobo, O Guesa foi reintroduzido ao público em 2023. A nova edição, com 600 páginas, segue a publicação original londrina e inclui uma introdução detalhada, notas explicativas e um glossário, proporcionando uma compreensão aprofundada da obra. O Guesa é um poema épico que narra a jornada de um jovem indígena pelas Américas, simbolizando uma crítica às opressões coloniais.
Harpas Selvagens: Uma Odisseia Poética
Publicado originalmente em 1857, Harpas Selvagens captura as transformações poéticas e sociais do século XIX no Brasil. Esta edição resgata a originalidade criativa de Sousândrade e sua visão avant-garde, que antecipa técnicas modernistas e concretistas. A obra é um marco literário, destacando-se pela crítica social e política vigorosa.
Harpas Eólias: A Evolução Poética
Lançado em 1874, Harpas Eólias reafirma Sousândrade como um visionário literário. Este volume destaca sua capacidade de inovar dentro dos padrões poéticos de sua época, trazendo uma rica tapeçaria de imagens e sonoridades que desafiam e inspiram.
Novo Éden: A Visão Republicana
Publicado em 1893, Novo Éden é um poema épico que simboliza o anseio por um renascimento social e político. A obra mistura lírico, épico e dramático em uma linguagem simbólica que dialoga entre tradição e modernidade, refletindo as esperanças e desilusões de uma nação em transformação.
Harpa de Ouro: A Canção Republicana
Harpa de Ouro testemunha o fervor republicano de Sousândrade. Publicado com base no trabalho de resgate de Williams e Moraes, o livro entrelaça louvor à República com críticas à sua implementação, repleto de referências históricas e neologismos.
Liras Perdidas: A Essência Poética de Sousândrade
Liras Perdidas abrange textos de 1855 a 1890, resgatados por Jomar Moraes e Frederick G. Williams. Com 46 poemas, o volume mostra a amplitude e profundidade do talento de Sousândrade, refletindo sua evolução como artista e pensador.
Convite aos Leitores
A Editora Anticítera convida apaixonados por literatura, estudiosos e interessados na rica tapeçaria cultural e histórica do Brasil a explorar esta coleção sem precedentes. Adquira seus exemplares e embarque nesta jornada literária inesquecível, celebrando a genialidade de Sousândrade e sua contribuição inestimável à poesia brasileira.
Saiba mais no vídeo:
Inauguração do Salão Ana Luiza Almeida Ferro na AABB São Luís para treinamento da equipe de tênis de mesa da entidade. Honra enorme e orgulho de integrar essa equipe vitoriosa.
CARTA ABERTA
QUE BELO ÉS TU RIO: TEJO. HÁ MILHARES DE ANOS INSPIRANDO OS POETAS E RESPIRANDO AMOR. ENCANTANDO AS MENTES DOS AMANTES E CONTAMINANDO OS CORAÇÕES E AS ALMAS COM A BELEZA DA ESPERANÇA E
A HERANÇA ETERNA DA VIDA.
ALBERTO PESSOA
Olá meu amigo. Aqui nesta aeronave, novo Zeppelin da modernidade fico a pensar (como dizem os lusitanos, e ouvindo música de uma tal Billue Eilish, Caetano e Naturits), nos momentos de descontração proporcionados pela nossa sadia amizade em terras de além-mar.
A Cultura une, junta as gentes e garante a vida. Foi maravilhoso viver aqueles momentos na Capela dos Ossos na cidade mediaval de Évora e pelas ruas de Lisboa. Pensando quantos monges morreram para emprestarem costelas e crânios, fêmur e sei lá o que mais para construir paredes e enriquecer a paróquia? Sacanagem!".
Quanto conhecimento adquirido: a engenharia dos romanos com suas construções magníficas - o Aqueduto, as igrejas, prédios imponentes, ruas e travessas estreitas e eternas que guardam segredos milenares. Casas estilosas e seguras, e bonitas, que abrigam as mais belas histórias e resquícios de práticas culturais invejáveis e inimagináveis, como as pinturas rupestres que se imagina serem representantes de lendas e vivências realizadas nos antepassados.
As imponentes e inacreditáveis construções da Igreja Católica e suas mirabolantes práticas como as edificações de Mosteiros, Conventos, templos majestosos, onde se articulavam as cartas convencionais da Inquisição. Pois é meu amigo, muitas coisas nós entendemos muito bem, afinal, você é um estudioso íntimo da história, da filosofia e da arte e da cultura. Eu, um pesquisador e amante do conhecimento. Recordações também fixam-se em nossas memórias e ficam encravadas nos corações.
Não poderíamos esquecer as figuras emblemáticas que cruzaram nossos caminhos. Como aquele português que insistia em comercializar seus chapéus do "Panamá" que trazia pequenas etiquetas com as inserções descaradas " produzido na China ", o "cabra" ainda frisava que aquilo era produto de contrabando. Porém por sua falta de opção na vida ostentava dois dentes na boca. Entretanto tinha a cara da felicidade cheguei a perguntar-lhes em clima de descontração e falta de humildade se os dois caninos eram: um pra doer e outro para abrir Coca-Cola: sacanagem. Mas, depois lhe agradei com duas moedas de um Euro e fizemos fotografias com ele.
Encontramos também aquele italiano bêbado com um imenso chapéu mexicano (soleiro), "morto" de feliz. Ah! lhe faltava um dos membros inferiores. Porém o mais marcante foi a abordagem daquele "portuga" na estação de trem querendo nos vender perfume falsificado em fundo-de-quintal, análogo aos que o meu amigo Raimundinho do jogo das tampinhas fabricava para vender no Mercado Central de Caxias-MA nas manhãs de domingo e depois tinha que se esconder para não ser visto pelos incautos que ele "empurrava" o tal perfume vagabundo. Teve também outro Italiano que vive pelas ruas de Évora do Alentejo há anos o qual me confessou que, ao chegar a Portugal teve de mentir dizendo que era brasileiro para não ser mandado de volta para seu país.
E ainda aquelas duas freiras com suas vestes pretas que se mostravam querendo ser fotografadas. E tu meu amigo, "tirando onda" da cara dos gringos com perguntas esfarrapadas. Eita, como foi divertido. Só nos faltou a companhia de nossas companheiras para nos regular nas horas de exageros.
Contudo o que mais me frustrou foi não ter visto o meu amigo, um autêntico Gaucho, caractetizado com sua Picha, bombacha e seu caneco de chimarrão. Mas, bem sei que a fé em nosso Deus, o qual você respeita e acredita haveremos de nos encontrar novamente, a qualquer dia pelas estradas da vida. AMÉM!
Sanatiel de Jesus Pereira é um acadêmico notável com uma vasta gama de realizações e contribuições em várias áreas. Aqui estão alguns detalhes sobre sua vida e carreira:
Nascimento e Infância: Sanatiel nasceu em São Bento, Maranhão, Brasil, em 17 de agosto de 1950. Ele se mudou para São Luís com um ano e meio de idade devido à transferência de sua família1
Educação: Sua educação primária e secundária foi realizada em São Luís. Ele é graduado em Engenharia Civil pela Universidade Estadual do Maranhão (1974), possui mestrado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1984) e doutorado em Engenharia Florestal pela Universidade Federal do Paraná (2001)2.
Carreira: Sanatiel é engenheiro civil, professor universitário, pesquisador, escritor, cronista, contista, novelista e romancista1. Ele tem experiência na área de Engenharia de Materiais, com ênfase em Compósitos de Madeira e Cimento2
Publicações: Ele publicou cinco livros de crônicas, dois de conto, um de novela e um romance. Além dos livros de literatura, publicou dois livros de ciência na sua área de conhecimento e tem diversas participações em obras de literatura com outros autores1.
Posições Atuais: Atualmente, ele é o diretor da Editora da Universidade Federal do Maranhão e também o presidente do Conselho Editorial1.
Descendência: A árvore genealógica de Sanatiel Pereira, pelo lado materno, tem origem na cidade de São Martinho de Recezinhos, em Portugal1.
Luiz Thadeu Nunes e Silva é um engenheiro agrônomo, palestrante, cronista, estudante de jornalismo e viajante1. Ele é conhecido como o sul-americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida1. Em 2003, Luiz sofreu um grave acidente de carro no interior do Rio Grande do Norte23. Ele ficou internado por quatro meses e sua perna esquerda teve osteomielite (infecção óssea). Ele passou por 43 cirurgias e ficou quatro anos sem conseguir colocar os pés no chão2.
Contrariando todas as perspectivas médicas e pessoais, Luiz já visitou 143 países21, foi homenageado com uma placa no aeroporto de sua cidade natal, São Luís, no Maranhão, e até estampou um selo dos Correios como "o brasileiro com mobilidade reduzida mais viajado"2
Ele é autor do livro “Das muletas fiz asas”41 e atualmente exerce o cargo de subsecretário de Turismo do Estado do Maranhão4. Luiz Thadeu é uma inspiração para muitos, mostrando que mesmo com adversidades, é possível realizar sonhos e alcançar grandes feitos.
Décima Ilha
AS CASAS DOS AÇORES NO BRASIL
A primeira do Brasil e a segunda do Mundo é a CASA DOS AÇORES DO RIO DE JANEIRO, fundada em 1952. Curiosamente, 25 anos depois da primeira, em Portugal, e 25 anos antes da terceira, nos Estados Unidos. A sua criação foi impulsionada pelo importante escritor português Vitorino Nemésio, natural da Praia da Vitória, e a sua primeira Diretoria foi presidida pelo comendador da República Portuguesa João Soares de Medeiros, ainda nascido em Angra do Heroísmo. O seu atual presidente é João Leonardo Soares, um jovem filho de emigrantes terceirenses.
Vinte e oito anos depois do Rio de Janeiro, em 1980, é criada a CASA DOS AÇORES DE SAO PAULO, a segunda do Brasil, em Vila Carrão. Na nova associação, como no Estado em geral, os açorianos são maioritariamente provenientes da ilha de São Miguel. Esta Casa nasceu por obra e graça do Espírito Santo, já que a sua organização decorreu de uma festa realizada em louvor do Divino, e o seu primeiro presidente foi o emigrante micaelense Comendador Manuel de Medeiros. Cinco décadas depois, a Festa do Divino continua sendo o ponto alto do seu calendário anual, a par da Semana Cultural, mas a CASP conta também com um grupo folclórico, fundado logo em 1981, além do mais recente grupo coral “Cantares do Basalto”. Preside à sua diretoria o advogado paulista Marcelo Guerra.
Contemporânea de São Paulo é a CASA DOS AÇORES DA BAHIA. Foi fundada também em 1980, na cidade de Salvador, e é maioritariamente constituída por açorianos provenientes da pequena ilha Graciosa. Mais do que para reunir os naturais dos Açores, esta Casa foi criada para que os descendentes de açorianos se pudessem conhecer e conviver em torno das suas referências identitárias. Por isso promove convívios regulares, na sua vivenda ajardinada, a pretexto de uma alcatra, um bacalhau ou um polvo, e por isso organiza anualmente uma festa em louvor do Divino Espírito Santo. O seu cofundador e atual presidente é o empresário graciosense Orlando Souza da Silva.
Mas a rede mundial das Casas dos Açores chegou também ao Sul do Brasil. Em 1999, foi fundada a CASA DOS AÇORES DE SANTA CATARINA, primeiramente presidida por Francisco do Vale Pereira e agora dirigida por Sérgio Luiz Ferreira. Trabalha em estreita cooperação com o Núcleo de Estudos Açorianos da Universidade Federal de Santa Catarina. Tem sede provisória numa sala cedida pelo governo estadual, em Florianópolis, mas prepara a sua instalação definitiva no ambiente açoriano de Santo António de Lisboa. Assegura o Grupo Folclórico Raízes Açorianas, desde 2010, e participa na organização anual do “Açor – Festa da Cultura Açoriana de Santa Catarina”, que percorre há três décadas as cidades brasileiras de povoamento açoriano no litoral catarinense.
Quatro anos depois de Santa Catarina, em 2003, nasce a CASA DOS AÇORES DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Régis Albino Marques Gomes foi o seu primeiro presidente, e o mais duradouro, até 2015. Sucederam-lhe Célia Silva Jachemet, Carla Marques Gomes e, agora, Viviane Peixoto Hunter. Mas a casa da Casa também tem a sua história. O Casarão dos Fonseca é um prédio de caraterísticas únicas –provavelmente, a mais açoriana das Casas dos Açores – que foi construído por Manuel Fonseca, filho de açorianos, em 1877. O grupo dinamizador da futura Casa dos Açores, liderado por Régis Gomes, recuperou o prédio arruinado nos anos 90 e transformou-o em imóvel tombado por lei municipal, hoje reconhecido como património arquitetónico e cultural do Município de Gravataí. É nesta “embaixada cultural açoriana” que a mais representativa instituição dos Açores no extremo sul do Brasil promove a sua intensa atividade, designadamente, dinamizando um grupo de danças gaúchas e um rancho folclórico de raiz açoriana. No outro extremo do país, vamos encontrar a segunda Casa mais recente do Brasil, mas que, historicamente, devia ter sido de todas a primeira. A CASA DOS AÇORES DO MARANHÃO foi fundada em 2019, por ocasião do congresso comemorativo do quarto centenário da primeira emigração açoriana para terras brasileiras. Está formalmente sedeada na capital estadual de São Luís do Maranhão e prepara a sua instalação efetiva
com uma sede própria. Foi seu cofundador e primeiro presidente Paulo Matos, atual presidente honorário, que, entretanto, assumiu responsabilidades como Secretário de Turismo do Governo do Estado. A “caçula” destas associações brasileiras é a CASA DOS AÇORES DO ESPÍRITO SANTO, com sede no município de Apiacá, em pleno Vale de Itabapoana, próximo da divisa com o Estado do Rio de Janeiro. Foi fundada e é presidida pelo açordescendente Nino Moreira Seródio. A sua inauguração oficial ocorreu a 25 de julho de 2022, curiosamente, na sequência imediata da comemoração oficial do 70º aniversário da pioneira e vizinha Casa dos Açores do Rio de Janeiro.
José Andrade
Diretor Regional das Comunidades no Governo da Região Autónoma dos Açores
Baseado num texto do seu livro Transatlântico – As Migrações nos Açores (2023)
ACADEMIAS
DOINTERIORMARANHENSEGANHAMFORÇAMEDIANTE
DEDICAÇÃODESEUSADEPTOS
Joizacawpy Costa
Natividade, presidente ACLAJOL, Joiza Costa, doutora Ediana, poeta Maura Luza
Sementes plantas em solo fértil e regadas com cuidado, florescem e frutificam. E assim é a história do clube do livro Maria Firmina dos Reis no município de João Lisboa.
Esse projeto é uma ação concreta de compromisso da literatura de João Lisboa, a Academia de Ciência Letras e Artes de João Lisboa, (ACLAJOL) se desdobra sobre tão importante trabalho, liderado pela incansável presidente da academia Maria Natividade Silva Rodrigues, que num esforço incansável e mediante ajuda de colaboradores, tem feito com que um plano saia do papel e torne-se realidade.
Na visita feita ao município por conta do aniversário da academia, a professora Maura Luza Frazão ganhou homenagem especial do clube do livro, essa ação visa aproximar os alunos dos escritores e envolve-los ainda mais no gosto pela leitura e pelos livros.
Notamos ainda melhor o desempenho e a realidade dessa ação, filha da ACLAJOL, quando nos deparamos com os frutos que a mesma já deu, crianças declamando poesias e crianças já escrevendo a ponto de participarem de antologias por meio do projeto, encontramos um verdadeiro jardim e um imenso pomar literário no clube do livro Maria Firmina dos Reis.
Iolete Dino na homenagem a Salvio Dino, patrono da ACLAJOL
A academia estava em festa no mês de maio, e a programação seguiu com um momento solene de comemoração muito bem planejado no sentido de oferecer a academia aquilo que ela merece. Nessa cerimônia foi apresentado o busto de Sálvio Dino, o momento foi de muita emoção, visto que a esposa do patrono que fez a doação do busto, não conseguiu engolir as emoções ao rememorar sua história. A cerimônia seguiu com homenagem a várias pessoas da cidade que se empenham em colaborar com o sodalício.
As atrações foram uma verdadeira demonstração de cultura pertencente a esse espaço, com apresentação de teatro e atração musical de tirar o fôlego. Houve o momento solene de lançamento da antologia da acadêmica acompanhada de muita emoção e sentimento de dever cumprido, enfim a festa iniciou, culminou e terminou numa atmosfera regada a literatura e cultura de forma geral. A ACLAJOL, personifica a possibilidade das cidades interioranas do Maranhão de se organizarem enquanto academia e de poderem não só fundar, mas alimentar as suas atividades de forma concreta. A referida academia está de parabéns.
DROPS LITERÁRIO
(Trecho do poema premiada no Chile, FLOR E ABOLIÇÃO, de Maria Natividade Silva, atual presidente da ACLAJOL)
FLOR ABOLIÇÃO
Ela nasceu no Limiar
Da independência
E claramente
Seguiu os passos da docência.
Maria Firmina é o nome dela
Que cantou poetizou e pintou
Uma aquarela
Nesse grande Maranhão...
Membros ACLAJOL em noite solene de comemoração alusiva ao aniversário da academia.
Ele se falam todos os dia. O primeiro bom dia dela é ele quem envia.
Querendo fazer surpresa não avisou que estaria em Salvador.
Instalado no hotel, enviou uma mensagem para ela: “Almoça comigo hoje?”, “Como assim?”, respondeu ela. “Estou em Salvador, cheguei cedo, vim a trabalho”.
“Já tenho compromisso para o almoço, você não avisou nada”.
“Compromisso é compromisso, podemos jantar?”.
“Já tinha marcado de almoçar com minha mãe, ela está adoentada”.
“Melhoras para ela, lhe aguardo as 20:00 hs, no local de sempre”.
“Combinado, bom trabalho, bjs”.
Ele tomou banho, colocou o blazer e desceu para o café da manhã.
Passou o dia em reunião, comeu em fast food próximo ao local de trabalho, -tinha pouco tempo para nova reunião, já pensando na iguaria do jantar.
Terminado o dia, foi até o hotel, tomou banho, trocou de roupa, e foi para o restaurante combinado. Às 8:05 hs ela chegou. Vestido estampado, colar e brincos de pérolas, scarpin dourado. O perfume de sempre, La Vie est Belle da Lâncome.
Ele levantou-se, deu dois beijos na face, puxou a cadeira, ela acomodou-se.
-Você não avisou que estaria hoje em Salvador.
-Foi tudo muito rápido, vim em um giro pelo nordeste, a empresa me avisou ontem.
-Como é ser CEO? Voce está importante!
-Muita responsabilidade, muita cobranças, metas, metas, metas.
-Mas tem o lado bom, disse ela.
-Sim, viagens, bons hotéis, bons restaurantes. Ir a lugares que dificilmente iria pagando.
-Nada na vida tem os dois lados bons, a não ser o disco do Pink Floyd “The dark side of The moon” que é todo bom.
-Você continua gostando de música?
-Sim, sem música não funciono.
-Tenho três alexas espalhadas pela casa. Não sou eu que dou “bom dia, Alexa”, elas que me dão “Bom, dia”, e perguntam o que quero ouvir.
Ela não conteve o sorriso, -você é mesmo envolvente, conquistou até as alexas. Novo riso.
-Como está sua mãe?
-Mais ou menos, depois que papai morreu ela ficou deprê, todo dia é uma dor nova; acho que perdeu um pouco a alegria de viver.
-Como está tua esposa?
-Na dela.
-Você está muito bonita, tua pele está ótima. Você está embelezando esse vestido, e como sempre muito cheirosa. Amo teu perfume.
-Obrigado, você está muito bem, os cabelos grisalhos te fazem ficar mais bonito.
-Obrigado, faz tempo que não ouço um elogio.
-Tua mulher não te elogia?
Ele pegou o cardápio:
-O que vamos beber? Não responde, deixa eu adivinhar, vinho branco, uva Chardonnay ou Sauvignon blanc?
-Chardonnay, você conhece meu gosto.
-Garçom, uma garrafa de vinho branco Chardonnay e água Perrie.
-E, para comer?
-Fettuccine para ela e Rigatoni alla Carbonara para mim.
-Você conhece como ninguém o meu gosto.
Terminado o jantar, o garçom retira pratos e talheres.
-Para sobremesa, senhores.
-Para ela Banoffee pie, e para mim Crème brûlée.
-Acertou novamente.
Saíram do restaurante, pegaram um táxi e foram para o hotel.
Ele abriu outra garrafa de vinho branco, ela sentou-se na cama.
Beberam mais uma taça. Ela ficou em pé, e começou a despi-lo. Isso era quase um ritual. Lingerie no chão, agora era a vez dela realizar os desejos dele. Ela tinha o comando.
Nus, ela começou a cavalga-lo. O côncavo e convexo se encaixam perfeitamente, após roçarem-se, lamberemse, melarem-se, até ficarem exaustos.
Como dois seres que se querem, mas não se pertecem, chegaram ao Nirvana.
Adormeceram, cansados, em êxtase. Ela acordou com os primeiros raios solares. Olhou para o lado, ele dormia, nu, relaxado.
Elaocobriucom o lençol, beijou-olevemente,foiparabanheiro.Tomou um banhoquente,relaxante. Escovou os dentes com a escova dele. Pegou o batom na bolsa, passou nos lábio, em seguida escreveu no espelho: “Foi maravilhoso, adeus”.
Ele acordou, olhou para o lado, não a viu, foi ao banheiro, leu o que estava escrito no espelho e pensou: “Adeus, nada, até a próxima“.
Feliz Dia dos Namorados
Luiz Thadeu Nunes e Silva, Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista e viajante: o latino americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes da terra. Autor do livro “Das muletas fiz asas”.
Membro do IHGM, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. ABLAC, Academia Barreirinhense de Letras, Artes e Ciências, ATHEAR, Academia Atheniense de Letras e Artes
Na última terça feira 10, foi lançado o novo Guia de São Luís, pela FUMPH - Fundação Municipal de PatrimônioHistórico,órgãodaPrefeituradeSãoLuís,tendoafrenteadinâmicaPresidenteKátiaBogéa. EstelançamentoocorreunoTeatrodaCidade(antigoCineRoxy),alinaRuadoEgito.
Umafestabonitadesever,ondeforamapresentadosgruposculturaisdeTambordeCrioulas,BumbaBoie DançadeReggae.
Este Guia era necessário porque as pessoas que nos visitam e até mesmo os moradores dessa cidade histórica,precisamdeumroteirocomtextosexplicativosdanossahistória. Parabéns a iniciativa do Prefeito Eduardo Braide e dos vários parceiros, que tem apoiado esse trabalho importantedaFumph.
ARQUIVO APRESENTA O INVENTÁRIO
OArquivoapresentouhoje(13/6)oInventárioAnalíticodeDocumentosparaapresidênciadoTJMA.A entregadosinstrumentosdepesquisafoirealizadapeloDes.LourivalSerejo,presidentedaComissãode Memória,paraoDes.FrozSobrinho,presidentedaCorte.
Naoportunidade,oDes.FrozSobrinhorecebeuostomos1e2dovolumerelativoàComarcadeViana,que recentementerecebeutratamentoarquivísticoconformepadrõesdoConselhoInternacionaldeArquivose cujosdocumentosestãoemprocessodedisponibilizaçãoviaRDC-Arq.
Atéofinaldagestãoserãopublicadosmais6tomos,relativosàscomarcasdeViana,GuimarãeseLoreto.
Temposatrás,liemseçãodeerrosdeumjornalaobservaçãodequenomesdetribosindígenasnãotêm plural.Ojornal,pressurosamente,sepenitenciavadeerrocometidoemmancheteprincipaldeumade suasedições.
Não. Nesse caso, ao colocar o nome “guajajaras” no plural, o jornal não errou. Quando devidamente adaptadasànossagrafiae,até,legitimadaspelohábito,aspalavrasprocedentesdeumidiomaquenão sejaoportuguêssãoflexionadasdeacordocomanossalíngua.Tantoéquenãodizemosouescrevemos ospluraisdalíngualatina nafartaexemplificaçãodeNapoleãoMendesdeAlmeida,emseuDicionário de Questões Vernáculas “os mapae mundi”, “os onera do processo”, “os veredicta”. Dizemos e escrevemos“osmapas-múndi”,“osônusdoprocesso”,“osveredictos”.
Háuma"ConvençãoparaaGrafiadeNomesTribais",setentã,estabelecidaem14denovembrode1953 pela Associação Brasileira de Antropologia. A convenção é criticada por alguns antropólogos. O documentofixagrafiamaiúsculaparaosnomesdasnações/povosindígenaseausênciadeplural.Háos queobservamqueanotaçãomaiúsculaésóimportaçãodocostumedaLínguaInglesa,queescreveem caixa-altaaletrainicialdaquelesnomes.Outros,inclusiveoantropólogoJulioCezarMellatti,falamda pretensão dessa convenção de talvez querer "constituir-se numa nomenclatura científica para as sociedades indígenas, como se fossem espécies animais e vegetais". Nas duas edições que tenho do MapaEtno-históricodeCurtNimuendaju(1981e1987,doIBGE),emboraaimensamaioriadenomes grafadosnosingular,registram-sediversoscomoplural:botocudos,ocren-sacracrinhas,emerillons(do grupotupi-guarani),rodellas(tambémchamadostuxás)etc.
Aexplicaçãoparaousodemaiúsculaenãousodepluralteriaavercomofatode,emboranãosendo ounãotendoumpaísnostermosdacultura"branca",osindígenasreferem-seasimesmoscomouma nação,comoseumpaísfossem enomesdepaísesgrafam-senosingular,namaioriadoscasos:Brasil, Argentina...
Éatalcoisa.Certavez,emFortaleza,emumencontrosobreLínguaPortuguesa,fizumquestionamento ao professor Napoleão Almeida sobre a não existência da palavra “extraordinariedade” (pois existe “contrariedade”, “temporariedade” etc.). Ele disse-me para usar o bom senso. Observei-lhe que, em relação ao uso da língua, se prevalecer a regra do bom senso, correremos o risco de ter idiomas individuais.Eleconcordou.
Talsedáarespeitodopluraldosnomesdeorigemindígenajáaportuguesados.Estoucomateseea prática de que sobre eles, nomes, devem recair as normas que disciplinam o uso correto da Língua Portuguesa.Casocontrário,abre-seapossibilidadedeocorreremtantasexceçõesou“usosparticulares” quantas forem as instituições humanas. Agora, se o Governo Brasileiro e as Entidades acreditadas oficializarem, passando o nome de tribos indígenas a não ter plural, eu seguiria sem problema. Se permanecessem em todos os casos apenas no singular, os nomes de nações/povos/tribos indígenas passariam a ser um substantivo singulare tantum, que é aquele que só se escreve no singular, em contraposição aos substantivos pluralia tantum, que são escritos sóno plural (por exemplo, núpcias, exéquias). ***
Décadasatrás,nossosmelhoresjornalistas,nossosmaioresjornaiserevistascolocaramempautaquase permanenteosmuitosproblemaseanenhumasoluçãoqueafligiamosíndiosianomâmis.
SeficavaintrigadocomaomissãocriminosadoGoverno,tambémmeintrigavaofatodaImprensaquase nunca escreveroupronunciarnopluralapalavra“ianomâmi” que, aliás, tambéméesquecidapor algunsdenossosdicionários.
Gramáticos,dicionaristaseescritoresconsultadossempredãopluralparaosnomesdetribosenações indígenas. Afinal, pronunciamos e escrevemos timbiras, tupis, tapuias, guaranis, nhambiquaras e txucarramães.Porquenão“ianomâmis”e,também,“guajajaras”?Agrafiaéboa,oouvidonãoreclama decacofonia...então,porquenão?
EscreveNAPOLEÃOMENDESDEALMEIDA:“Unicamentequandoinadaptávelaovernáculo,quandode terminaçãoestranhaàsnossas,équecertaspalavrasobedecemparaopluralàsregrasdoidiomade queprocedem”.
MeuconterrâneodeCaxiasGONÇALVESDIAS,queconheciaosíndiosesualínguacomoninguém,deu a uma obra sua o título pluralizado de Os Timbiras. Veja-se, no Dicionário Aurélio, o verbete “timbira”:“Indivíduodostimbiras,grupoorientaldastribosindígenasjêssetentrionais”.
Timbiras,jês...tudonoplural.
Em1954,NUNESPEREIRApublicounoRiodeJaneiroolivroOsÍndiosMauês.Mauês...
TAUNAYeVONHERING,emépocasdistintas,deramtítuloepluralparaostrabalhossobreOsGuaianãs (viviamentreoParanáeoUruguai)eOsCaingangues(grupoindígenadosEstadosdeSãoPaulo,Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e observe-se os plurais “são chamados, também, em parte, 'coroados','camés'e'xoclengues'”).Guaianãs...caingangues...coroados...camés...xoclengues...
JOSÉAUGUSTOCALDASescreveu,háquaseumséculo,oVocabuláriodaLínguadosBororos-Coroados (osbororossãoíndiosdoMatoGrossoeoscoroadossãosuafamílialinguística).
Osexemplosseavolumam.NaEnciclopédiaBarsa(1997,volume“DatapédiaeAtlas”,pág.11):“(...)os índioscambebas”.Cambebas...
Na Enciclopédia Ilustrada do Conhecimento Essencial (1998), do Reader’s Digest, pág. 195: “A tradicional imagem dos índios norte-americanos, com ornamentações na cabeça, o arco e a flecha, baseia-se nas tribos indígenas das planícies, como os sioux, os cheyennes e os crows”. Cheyennes... crows...
Está-sevendo:atéeminglêsfaz-seoplural.Estamosemboacompanhia...
OsíndioseramtrêsmilhõesnoBrasil,em1500.Pelasviasdasdoençaseviolênciasvárias,teriamsido reduzidos para algo em torno de duzentos mil. Ou seja, considerados, estaticamente, apenas esses números,extinguiram-se2milhõese800milíndios 560milporséculo,5.600acadaano,maisde15 índiosmortosoumorrendotododia.
Podemos concluir: Em todo o mundo, os índios, tanto na grafia quanto na sobrevivência, são uma questãoplural.
JásãopoucososíndiosnosolodoBrasil;nãovamosacabarcomelestambémnagramática.
P.S.-Falandoemíndioeindígena,valelembrarqueagrafiacorretaé“aborígine”,com“i”depoisdo“g”, enão“aborígene”,com“e”.Apalavravemdolatimaborigine(“deorigem”);portanto,nadaavercom “indígena”.Esta,etimologicamente,tampoucotemavercom“índio”:apalavra“indígena”vemdolatim indigena, que é formado de inde (significa “dali”) e gena (“gerado”), ou seja, “indígena” significa “do lugar”,aquelegeradonolugar.Osubstantivo“índio”,sim,vemdonomedopaísÍndia,nomecujaorigem passapelolatimegrego,comosignificadode“orioIndo”,e,ainda,pelaslínguaspersa(hind)ezenda (heñdu)e,maisremotamente,chegaaosânscritosindhu,comosignificadode“rio”.Aindahoje,naÍndia, háumaregiãodenomeSindh,ondeestáorioIndo.