LUDOVICUS
MAGAZINE EDITADO POR
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
PREFIXO EDITORIAL 919536
DEDICADO À LITERATURA LUDOVICENSE//MARANHENSE
MAGAZINE EDITADO POR
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
PREFIXO EDITORIAL 919536
DEDICADO À LITERATURA LUDOVICENSE//MARANHENSE
Aos 74 anos, vítima de doença prolongada
Internado há três dias em Lisboa, depois de ter estado a primeira semana a acompanhar os Jogos de Paris 2024, faleceu, este domingo, vítima de doença prolongada, José Manuel Constantino, de 74 anos, presidente do Comité Olímpico de Portugal desde 26 de março de 2013, e ex-presidente Instituto de Desporto de Portugal (IDP), atualmente designado e já com outras valências, Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), e anteriormente liderou ainda a Confederação de Desporto de Portugal.
Nascido em Santarém, em 21 de maio de 1950, Constantino foi o primeiro licenciado em Educação Física (1975) a presidir ao COP, depois de uma vasta experiência na docência, tanto no ensino universitário (19942002), como no ensino básico, no início da carreira (1973-1986).
Com vários livros e inúmeros artigos publicados sobre desporto, era um dos grandes pensadores sobre o fenómeno em Portugal, algo que foi reconhecido com os títulos de Doutor Honoris Causa pela Universidade do Porto, em 2016, e pela Universidade de Lisboa, em 2023.
Neste último reconhecimento, em 22 de novembro de 2023, na Faculdade de Motricidade Humana (FMH), o Presidente da República dirigiu-se diretamente a Constantino, elogiando-o: "O desporto português aprendeu consigo".
«Não pode descansar, nunca descansou na vida. A sua vida foi feita de canseira ao serviço de Portugal. E, por isso, eu aqui estou para lhe agradecer, em nome de Portugal, esse passado de canseiras, mas apostar num futuro de canseiras que tem à sua frente», reconheceu, então, Marcelo Rebelo de Sousa.
Atleta federado de futebol nos Leões de Santarém (1962-1967), chegou ao dirigismo apenas em 1985 como secretário técnico da direção do Sport Algés e Dafundo, passando posteriormente a assessor da direção da Federação Portuguesa de Halterofilismo (1986-1990).
Em 2000, o seu primeiro projeto de âmbito nacional quando assumiu a presidência da Confederação do DesportodePortugal, cargoqueabandonouem2002paracomandaroInstitutodoDesportodePortugal(IDP). Entretanto, em 2001, foi membro do Conselho de Fundadores da Fundação do Desporto e de 2001 a 2005 integrou o Conselho Superior do Desporto.
Foi também presidente da Comissão de Coordenação Nacional do Ano Europeu de Educação pelo Desporto (2003–2004).
De 1996 a 2002, assumiu a direção do departamento dos Assuntos Sociais e Culturais da Câmara Municipal de Oeiras e entre 2006 e 2013 presidiu ao Conselho de Administração da Oeiras Viva, EEM.
Nota de pesar pelo falecimento de José Manuel Constantino | Município de Setúbal (mun-setubal.pt)U.Porto - Doutores Honoris Causa pela Universidade do Porto - José Manuel Constantino (up.pt)
Morreu José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal (rtp.pt)
Morreu José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal | Contacto
Jorge Bento
Não consigo calar este desabafo. Éramos deveras cúmplices. Ele era cúmplice com todos os amigos e preocupava-se com cada um. No dia 17 de julho telefonou a dar-me conta de que um amigo comum, nome ilustre, tinha sido ferrado por uma grave enfermidade. E pediu-me para o contactar; assim agi de imediato.
A última vez que falei com ele, ao telefone, foi durante a cerimónia de abertura dos Jogos de Paris. Liguei-lhe para saber se partilhava das minhas perplexidades em relação ao espetáculo que nos era oferecido. Dei-lhe a conhecer a posição que iria divulgar nas redes sociais; ficou contente e manifestou, mais uma vez, a sua inquietude com os descaminhos desta era. Não voltei a falar com ele. Todos os dias lhe enviava, pelo Whatsaap, as apreciações que o desenrolar dos Jogos me suscitava. Ele viu-as todas, exceto a que enviei após a conquista da medalha de ouro. Fiquei preocupado. Não sei se viveu a euforia desse momento, que tanto merecia. Isso dói muito.
Ficas comigo até o fim. Na lembrança, na fraternidade e na admiração e gratidão. Nunca faltaste nas horas de aperto e precisão. Foste o mais brilhante, lúcido, leal, generoso e solidário, o melhor da nossa geração.
A memória é contrária ao tempo. Este leva a vida como um vento; a memória traz de volta o que realmente importa e eterniza momentos, amizades e cumplicidades.
Com o tempo envelhecemos e muita gente parte. Para a memória continuamos a ser jovens, atletas, amantes e viajantes insaciáveis.
Quanto mais vivemos, mais eternidades criamos dentrodenós. Quandorevisitamos amemória,elaestárepleta de segredos, do que deixou saudade, do que doeu além da conta, do que permaneceu além do tempo. Afinal, para a memória o tempo não passa. Ela é agente de imortalização.
Mesmo que por fora tenhamos cabelos brancos, rugas e andar trôpego, a memória mantém-se jovem e não permite que percamos a lembrança da vida cheia, de tudo e de todos com quem vivemos em plenitude.
Por isso é tão difícil despedirmo-nos de alguém especial que deixou de fazer parte do nosso quotidiano.
Diz-se que o tempo cura tudo; não é assim, apenas acalma os sentidos, apara as arestas e coloca um bálsamo nas dores. Mas, paradoxalmente, aquilo e os que amamos têm o condão de emergir e romper os cadeados do passado e do esquecimento, e de criar assombro. E de nos fazer sorrir e chorar.
O professor catedrático Jorge Olímpio Bento lembrou esta segunda-feira o amigo “de toda a vida” e colega de curso José Manuel Constantino, que morreu no domingo, como o melhor de uma geração que pensou e pôs em prática o desporto.
Relacionados
Velório e funeral de José Manuel Constantino: as datas e os locais Fernando Pimenta chora morte de Constantino: "Olhamos para o céu e você já estava lá" "Como sabia que o tempo não perdoava, Constantino quis estar com todos em Paris'2024"
José Manuel Constantino (Créditos: Álvaro Isidoro / Global Imagens) “Isto é uma tragédia. Fomos colegas de curso. Ele já era o melhor de nós todos, na altura. Tinha uma visão cultural, sociológica, política das coisas. De certa forma, para mim, foi o iniciador. Iniciou-me. Constituímos uma cumplicidade até ao fim, ao longo da vida”, manifestou Jorge Olímpio Bento, em declarações à Lusa.
José Manuel Constantino morreu no domingo, aos 74 anos, devido a doença prolongada, deixando para trás quase quatro décadas no dirigismo desportivo luso, durante as quais liderou o Instituto de Desporto de Portugal, a Confederação do Desporto de Portugal e o COP, tendo sido eleito como sucessor de José Vicente Moura em 26 de março de 2013.
O catedrático da Universidade do Porto, que ali encerrou uma carreira académica em 2016, após 52 anos de serviço, lembra uma frase de Miguel Torga para falar de Constantino: “Malditos os que se negam aos seus nas horas apertadas”.
“O José Manuel Constantino nunca me faltou. Em nenhuma hora. É uma emoção muito grande”, declarou o companheiro de percurso.
Bento lembra as viagens pelo mundo lusófono que fizeram juntos, mas também as viagens “no sentido filosófico, existencial”, que o companheirismo de uma vida permitiu viver com outro apaixonado pela docência, que exerceu durante quatro décadas.
“Tenho um sentimento degratidãoeadmiraçãoque vai comigoatéaofim.Elefoi,indiscutivelmente,omelhor daminhageração. (...)A palavradeleeraumapalavracom umanormaestética,ética,queimpregnava também a sua atitude e comportamento, o seu pensamento”, reforça.
Autor de livros e artigos publicados sobre desporto, Constantino era considerado um dos grandes pensadores sobre o fenómeno em Portugal, sendo mesmo reconhecido com os títulos de Doutor Honoris Causa pelas Universidades do Porto (2016) e de Lisboa (2023).
O académico transmontano lembra como José Manuel Constantino “foi pioneiro na introdução do desporto nas autarquias”, no caso em Oeiras, com “um papel inaugural” que criou um exemplo seguido, depois, por outras câmaras municipais.
Também “fez um trabalho notável na Confederação do Desporto e no Comité Olímpico de Portugal”, nota, numa “vida toda de intervenção, de um cidadão inquieto, desassossegado”.
Partilhava mensagens diárias com impressões sobre o dia-a-dia dos Jogos com o líder do movimento olímpico nacional, que viu, em Tóquio'2020 e em Paris'2024, as melhores missões portuguesas de sempre, tendo falado pela última vez com Constantino após a cerimónia de abertura destes Jogos Olímpicos.
Trocadas impressões sobre a deriva do movimento olímpico internacional, “que anda por maus caminhos”, conversaram sobre o perigo do dinheiro, dos patrocinadores, que, lembra Jorge Olímpio Bento, Constantino já vinha a criticar em entrevistas na comunicação social.
José Manuel Constantino, que presidia ao Comité Olímpico de Portugal (COP) desde 26 de março de 2013, morreu no domingo, aos 74 anos, vítima de doença prolongada.
MAGAZINE EDITADO POR
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
PREFIXO EDITORIAL 919536
DEDICADO À LITERATURA LUDOVICENSE//MARANHENSE
A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.
LUDOVICUS
MAGAZINE EDITADO POR
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
DEDICADO À LITERATURA LUDOVICENSE /MARANHENSE
Revista eletrônica
EDITOR
Leopoldo Gil Dulcio Vaz
Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); Titular da FEI (1977/1979); Titular da FESM/UEMA (1979/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem livros e capítulos de livros publicados, e mais de 500 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Academia Poética Brasileira; Sócio correspondente da UBE-RJ; Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luís (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Prêmio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Prêmio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; Editor da “ALL em Revista”, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras; Editor das “Revista do Léo”, “Maranha-y”, e agora, LUDOVICUS; Condutor da Tocha Olímpica –Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.
Esta é uma Revista Eletrônica, dedicada à Literatura Ludovicense/Maranhense. Com a decisão de não mais publicar uma revista dedicada aos esportes no/do Maranhão, devido ao fato de os podres poderes públicos deste Bananão não se importarem com essa atividade rica, de Lazer = esportes + cultura, passo a utilizar este espaço, dedicado ao Lazer intelectual = leitura, para me manifestar sobre os esportes.
Assim, a decisão do (Des)Governo estadual = SEDEL & SEDUC, nos âmbitos estado e município em destruir umespaçodedicadoàpráticadoAtletismo,paraaliinstalarumarraialdosãojoãodobrandão –tãoimportante, aclamado como o melhor do mundo, que a rede Globo, nesse período junino não fez nenhuma inserção em suas chamadas, do são joão do brandão... Houve uma morte, de uma jovem promessa do esporte maranhense, quando procurava treinar-se para a participação nos Jogos Escolares Ludovicenses... a falta de espaço para a prática da educação física e dos esportes, nas diversas escolas públicas – sala de aula do professor de educação física!!!– fazcom queseprocureespaçodedicados foradaescola, parao desenvolvimentodos jovenstalentos. Não cumprem com os objetivos impostos por Lei, Regulamentos, Propostas Pedagógicas... descumprem a Lei, as mesmas Leis que instituíram, e fica por isso mesmo.
E agora, mais um atleta, jovem promessa, é alijado das competições... Onde fica o direito constitucional de educação, lazer????
Logo, logo, será proibido, também a Leitura, se continuar nesse (des)caminho...
Vejamos: objetivos dos JEM's e PARAJEM's, que são:
1. Fomentar a prática do esporte em instituições de ensino de todo o Maranhão; 2. Identificar talentos esportivos nas instituições de ensino;
3. Oportunizar o desenvolvimento de destaques esportivos paralímpicos; 4. Promover intercâmbio sociocultural e esportivo entre os participantes; 5. Contribuir para o desenvolvimento integral do aluno como ser social, independente e participante; 6. Garantir o acesso inclusivo à prática esportiva escolar em todo o Estado.
O Esporte maranhense morreu, assassinado, por inanição, por aqueles que deveriam fomentá-lo... Oremos, pois...
Ah, sim... recebo uma ‘esculhambação’ por uma postagem, que o respondente achou sem pé nem cabeça, assim como sem conteúdo... reclamara na ocasião da falta de comunicação entre os membros de uma confraria e a diretoria da mesma, pois passados três meses da posse, ainda não havia uma definição quando à edição de sua revista... só que... uma parte do comentário foi recebido e respondido agora... o comentário original foi em JANEIRO... e estamos, já, em JULHO e o ‘chefe’ diz que não há problema de comunicação...... pois é... seis meses para uma resposta ou posicionamento, não é tempo suficiente, e a revista continua a não ser publicada, pois os componentes da comissão de editoração não conseguem se reunir, para uma decisão em como vai ser, de hora em diante, nessa nova administração... nove meses... um parto abortado... ou falsa gravidez...
Lazer é um substantivo masculino que se refere a atividades agradáveis praticadas durante momentos de descanso ou entretenimento. Aqui estão algumas definições e detalhes sobre o termo:
1. Divertimento: Refere-se a momentos de prazer e entretenimento, como sair com amigos, praticar esportes, assistir a filmes ou ler um livro.
2. Descanso: Representa a interrupção de uma atividade, geralmente para recarregar as energias.
3. Folga: É o tempo usado para atividades agradáveis e prazerosas.
4. Área de Lazer: Espaço destinado a atividades recreativas e relaxamento. O termo “lazer” tem origem no latim “licere”, que significa “ser permitido”. Portanto, o lazer está relacionado com a liberdade de escolha e a ausência de obrigações. É um momento em que a pessoa pode fazer o que gosta, sem pressões ou responsabilidades, buscando satisfação pessoal e bem-estar
O lazer oferece diversos benefícios para a saúde física, mental e emocional. Aqui estão alguns deles: Redução do Estresse: O lazer proporciona uma pausa nas atividades diárias, permitindo que o corpo e a mente relaxem. Isso ajuda a reduzir os níveis de estresse e ansiedade.
Melhoria da Saúde Física: Participar de atividades de lazer, como caminhadas, natação ou dança, contribui para a saúde cardiovascular, fortalecimento muscular e flexibilidade.
Estímulo à Criatividade: O lazer permite explorar novos hobbies, interesses e talentos. Isso estimula a criatividade e a imaginação.
Fortalecimento de Relações Sociais: Participar de eventos sociais, clubes ou grupos de interesse comum ajuda a construir amizades e fortalecer laços familiares.
MelhoriadoHumor:Olazerproporcionamomentosdealegriaesatisfação,liberandoendorfinasemelhorando o humor.
Aumento da Produtividade: Descansar e se divertir durante o lazer ajuda a recarregar as energias, tornando as pessoas mais produtivas em suas atividades cotidianas.
Equilíbrio entre Vida Pessoal e Profissional: O lazer é essencial para manter um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal.
Lembre-se de que o lazer é pessoal e pode variar de acordo com os interesses individuais. Encontre atividades que você goste e aproveite os benefícios que elas proporcionam!
Encontrar mais tempo para o lazer pode ser desafiador, mas é fundamental para o bem-estar. Aqui estão algumas dicas para ajudar:
Agende o Lazer: Reserve um tempo específico na sua agenda para atividades de lazer. Trate-o como uma prioridade, assim como faria com outras tarefas.
Identifique Oportunidades: Analise sua rotina diária e identifique momentos em que você pode encaixar atividades de lazer. Pode ser durante o almoço, após o trabalho ou nos fins de semana.
Reduza Atividades Não Essenciais: Avalie suas obrigações e veja se há atividades que podem ser reduzidas ou eliminadas. Isso abrirá espaço para o lazer.
CombineTarefas:Àsvezes,épossívelcombinarlazercomoutrasatividades.Porexemplo,ouçaumaudiolivro enquanto faz exercícios físicos.
Defina Limites no Trabalho: Evite levar trabalho para casa ou trabalhar excessivamente. Defina limites claros para proteger seu tempo de lazer.
Priorize o Sono: Uma boa noite de sono é essencial para o bem-estar. Priorize o descanso para ter mais energia durante o dia.
Desconecte-se: Reduza o tempo gasto em redes sociais e dispositivos eletrônicos. Use esse tempo para atividades mais prazerosas.
Envolva-se em Hobbies: Encontre hobbies que você goste e que possam ser facilmente incorporados à sua rotina.
Lembre-sedequeolazernãoprecisaseralgograndioso;pequenosmomentosderelaxamentotambém contam. E o que dizer das OLIMPÍADAS PARIS 2024? Um absurdo... o verdadeiro protagonista, o ATLETA, foi esquecido... reverenciou-se a cidade, não os estádios; reverenciou-se a memória da cidade, não a dos atletas; enfim... começaram os jogos e o que se viu uma série de barbaridades- inclusive homem batendo em mulher -, arbitragem facciosa, favoritismos... e o total fracasso do esporte brasileiro... ganhamos alguma coisa, de onde não se esperava; perdemos muito, de onde se esperava... mas a culpa, ah, essa é do atleta, não é do sistema... Falta de politicas publicas, nos três níveis de governo... mas é o atleta o culpado...
Enfim, nada de novo no front...
Tinha feito uma capa, com os sócios-atletas que estão a colaborar nesta edição, quando fui surpreendido pela morte de Manuel Constantino, presidente do Comitê Olímpico Portugues, amigo que me foi apresentado por
Jorge Bento... então decidi homenageá-lo, pois sempre me mandava material para as revistas... conheci-o em um dos congressos de esportes, a que veio, no Brasil...
Vá em paz, e obrigado pela sua contribuição ao esporte mundial...
E recomeçam os Jogos: Paris 2024, agora com a Paraolimpíada!!! Temos seis atletas maranhenses na delegação brasileira: Atletismo: Bartolomeu da Silva Chaves (Caxias); e Rayane Soares da Silva (Instituto Athlon de Desenvolvimento Esportivo, Parnarama); Bocha: André Martins Costa (APBS Associação Paradesportiva da Baixada Santista, Santa Inês); Futebol de Cegos: Jardiel Vieira Soares (APACE Associação Paraibana de Cegos, Pinheiro), Tiro com Arco: Luciano Reinaldo Rezende (CETEFE Associação de Centro de Treinamento de Educação Física Especial, Balsas), Voleibol Sentado: Pamela Pereira (ASPAEGO Associação Paralímpica do Estado de Goiás, Balsas).
Nascidos em Caxias, Parnarama, Santa Inês, Pinheiro, e dois de Balsas...
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EDITOR
SUMÁRIO
Expediente
Editorial Sumário
R A Í Z E S
FALECEU JOSÉ MANUEL CONSTANTINO SEGUNDA CAPA
ATLETAS MARANHENSES NAS OLIMPÍADAS PARIS 2024
ASSIM FALOU MEU PRIMO PALAVRAS DO MESTRE JORGE
ACONTECEU
BAIXADEIROS
UMA GRANDE CELEBRAÇÃO PARA HOMENAGEAR DJALMA RODRIGUES
POSSE DE NOVA DIRETORIA DA ATHEART.
PRÉ-LANÇAMENTO - Joãozinho Ribeiro traduz neste poemário Safra de quarentena
ARTIGOS & CONTOS & CRÔNICAS & POESIAS
A DESPOLUIÇÃO DO RIO ANIL: uma questão urgente, por
MARCO ZERO
SOCIEDADE DOS POETAS ESQUECIDOS - LUÍS PIRES
ETERNO & PERPÉTUO
O DESABROCHAR DE UM NOVO AMOR.
UM POEMA DE MARIO LUNA FILHO
AINDA TEMOS POETAS POETANDO?
EU E NENÉM BRAGANÇA
165 ANOS DE NASCIMENTO DE RAIMUNDO CORREIA
JOSÉ CARLOS TEIXEIRA
DIOGO GUALHARDO NEVES
JOÃO BATISTA DO LAGO
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
ANTONIO GUIMARÃES DE OLIVEIRA
AYMORÉ ALVIM
JOSÉ NERES
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
ZECA TOCANTINS
NATALINO SALGADO FILHO
JOÃO BATISTA DO LAGO: UM MERGULHO NA ALQUÍMICA ÁGUA SURREALISTA DO ITAPECURU, EM BUSCA DA ESSÊNCIA DE GOETHE, BAUMAN E WERNER JAEGER
MHARIO LINCOLN
SALGADO MARANHÃO E A CICATRIZ NA POESIA DO SÉCULO XXI
PAULO RODRIGUES "EU, PESCADOR DE ILUSÕES", DE JOÃO BATISTA DO LAGO (APB/MA).
CATULO DA PAIXÃO CEARENCE
C’EST LA DÉCADENCE!
PEQUENAS PERDAS
MHARIO LINCOLN
Pavão Santana
CERES COSTA FERNANDES O INTELECTUAL REFINADO
Pavão Santana CAXIAS
JOAQUIM HAICKEL
LUIS AUGUSTO CASSAS
MARIO LUNA FILHO
VAMOS FALAR SOBRE AS OLIMPÍADAS!...
PRAIA GRANDE, CRÔNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA EDMILSON SANCHES
CERES COSTA FERNANDES
A CANÇÃO DO BRASIL
PEQUENAS PERDAS
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
JOSÉ CLAUDIO PAVÃO SANTANA
O MARANHÃO COMO ENTIDADE GEOGRÁFICA E ‘NÃO-BRASIL’
A CENSURA, A ESPADA E A BALANÇA JOSÉ CLÁUDIO PAVÃO SANTANA
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
JOSÉ CLAUDIO PAVÃO SANTANA
ROBERTO FRANKLIN F. DA COSTA
A PARTIDA DE TITO
SÃO RAIMUNDO, DE MULUNDUNS - Quem – ou o quê – festejar?
NOTA DE PESAR
MINHAS MÃOS
SAIU NO JORNAL PEQUENO - COLUNA ALL EDITOR: VINÍCIUS BOGÉA
VAVÁ MELO – DR. CLODOMIR CARDODO OSMAR GOMES – TRIBUTO AO BOM JORNALISMO
Editor: ANTONIO AÍLTON
FLOR DE MALAGUETA, DE NEURIVAN SOUSA, SOB O OLHAR DE BIOQUE MESITO, POR BIOQUE MESITO O POEMA “QUEM É?” – DIÁLOGO DE CÉSAR BORRALHO COM VIRIATO GASPAR, POR CÉSAR BORRALHO
CÉU UTÓPICO PARA FAMÍLIA AMARELA, De Antonio Aílton, por César Borralho*
ADEUS A UM PORTA-VOZ DA CULTURA, JOAQUIM ITAPARY, NATALINO SALGADO FILHO
DOS ESPORTES
PAI DE ATLETA TIMONENSE PORTADOR DE TEA EMITE NOTA DE REPÚDIO CONTRA ORGANIZAÇÃO DOS JEM'S DE IMPERATRIZ PARA O MUNDO
OLIMPÍADAS DE PARIS: WELINGTON MARANHÃO SE CLASSIFICA NO ARREMESSO DE PESO E COMEMORA ARY BORGES FICA FORA DA LISTA DA SELEÇÃO BRASILEIRA PARA AS OLIMPÍADAS DE PARIS 2024
CONFIRMADAS: IRMÃS GÊMEAS THALIA E THALITA COSTA NAS OLIMPÍADAS
CHAMA E TOCHA OLÍMPICAS: TRADIÇÃO INVENTADA
MINI-HANDEBOL EM BARRA DO CORDA
VAMOS FALAR SOBRE AS OLIMPÍADAS!...
ENTREGA DEVOCIONAL
JORGE BENTO
LEONARDO DELGADO
JOAQUIM HAICKEL
RENATO DIONÍSIO
MARTINS DE SOUZA
A mudança no perfil dos empregos exige a mudança do perfil do trabalhador
Penso que está muito claro a todos que vivemos tempos turbulentos nas mais diversas áreas da atuação humana. A mudança que é uma constante na vida transforma seus componentes: direção, velocidade e impacto, afetando a vida de todos. Dos componentes citados a velocidade é a mais assustadora; mal nos acostumamos a uma nova situação e, lá vem outra, alterando tudo que havíamos aprendido.
No cenário do mercado de trabalho não é diferente. Desde o final do século passado os eliminadores de empregos, como previram Jeremy Rifkin e William Bridges em seus respectivos livros – Fim dos Empregos e Um Mundo Sem Empregos – eliminam empregos com o consequente aumento de produtividade. Começou com a informatização e, na sequência, mecanização, robotização, virtualização e, agora, a Inteligência Artificial. Pela primeira vez na história da humanidade não há migração de empregos mas, eliminação de empregos.
A mudança no perfil dos empregos exige a mudança do perfil do trabalhador; desenvolver habilidades técnicas adequadas às exigências atuais e habilidades emocionais que lhes permitam caminhar em um mundo contraditório e novo. As escolas, defasadas e com professores vítimas do mesmo dilema, não darão a resposta esperada.
Os empresários, por questão de sobrevivência, buscam os recursos necessários para aumentar a produtividade sem se preocupar com a manutenção dos postos de trabalho. E ao trabalhador da era da informação, o que lhe cabe fazer para manter-se atualizado e competitivo?
O trabalhador tem que saber que só será aproveitado neste mercado se tiver as habilidades técnicas e emocionais que são exigidas. Oferecer aquilo que o mercado está demandando não significa, apenas, ter curso superior ou técnico, pós-graduação ou dominar idiomas mas, oferecer as qualificações que o qualifiquem para um mercado que exigirá capacidades como criatividade, agilidade no processo decisório, habilidade em desenhar cenários, de ser proativo e estar permanentemente atualizado.
O profissional do século XXI deve estar preparado para ser um agente de mudanças, operar com ideias novas, máquinas e equipamentos que não foram, ainda, inventados e, resolver os problemas que afligem o mundo atual, tais como, meio-ambiente, eventos climáticos extremos, redução de insumos, entre tantos outros que começam a ser percebidos pelos mais atentos.
Se você for proativo e encarar os desafios como oportunidades de crescimento pessoal e profissional terá lugar de destaque no mundo que está em construção.
“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mais o que melhor se adapta às mudanças.” A frase de Leon Magginson só confirma o que Charles Darwin descobriu na prática.
A crise da Previdência está só começando!
Mais de 92 mil japoneses ultrapassaram a casa dos 100 anos
Periodicamente o IBGE faz o censo da população e a partir deste faz projeções do que poderá acontecer. Quando jovem, a expressão que mais ouvia era que o Brasil seria o país do futuro, pois tem uma população jovem e um potencial de crescimento imenso. Hoje, os números identificam uma situação bem diversa da que foi desenhada em tempos idos.
As projeções do IBGE para o ano de 2050 são realistas e mostram o seguinte quadro: população total estabilizada em, aproximadamente, 259 milhões de habitantes com 29% deste total reconhecidos como idosos. Projeções anteriores do IBGE mostram que a idade média da população será de 46 anos.
Atualmente estamos vivendo no Brasil o período que é conhecido como Bônus Demográfico, onde a maioria da sua população encontra-se em idade de trabalho, portanto, entre 16 e 60 anos. Este período, segundo o IBGE, deve terminar em 2034. Esta é a fração de tempo em que o país deve fazer sua poupança para ter condições de garantir o que virá posteriormente, pois este período só acontece uma vez na vida dos países. Leia-se: poupança para reservar o necessário para garantir à população condição aceitável de vida aproveitando este momento para qualificar sua população e realizar obras de infraestrutura que demandem grandes investimentos.
Se formos buscar na atualidade um exemplo de como isto pode ser feito com sucesso basta olharmos para o Japão. As pessoas vivem, em média, 84 anos e, mais de 92 mil japoneses ultrapassaram a casa dos 100 anos; sua taxa de natalidade está em queda (em 2023 – 1,2 filhos por mulher) e não garante sequer a reposição da população ao nível atual. Em algumas de suas localidades as casas desabitadas estão sendo vendidas ao equivalente a R$5, e há um bônus de R$30.000, para aqueles que desejarem ocupá-las. Tudo para garantir a ocupação de espaços por japoneses e descendentes. O Bônus Demográfico japonês ficou no passado, mas o trabalho realizado garante a seus habitantes um país com infraestrutura moderna, desenvolvimento de indústria de alta tecnologia, educação de qualidade e, tornou-se um dos países mais tecnológicos do mundo onde a robotização é um fato real e um sistema primoroso de atendimento aos idosos, principalmente, porque muitos vivem sós. Estes são monitorados a distância e acompanhados por médicos e outros profissionais da área.
Enquanto isto, em certo país ao sul do Equador, em pleno Bônus Demográfico, quando se vive o auge do Bônus (2022-2924), em que para cada 10 habitantes existem 4 inativos, o país carrega 8,5 milhões de
desempregados, mais de 38,8 milhões em atividades informais e assiste a luta entre ideologias que, em essência, se preocupam com o poder e não em gerenciar um país de tantas potencialidades.
Se o futuro é planejado e construído a partir da realidade presente o que nos espera não é positivo e temo que o preço a ser pago pelas futuras gerações será altíssimo. Pensar na população parece não ser o objetivo dos políticos que elegemos para nos representar. A premissa de que a educação é a base da libertação em todos os sentidos mostra, com clareza, porque é tão deficiente no país!
Esta semana houve a divulgação de que, apenas 20% dos brasileiros pensam em investir para garantir sua vida pós-trabalho. O restante acredita que o sistema previdenciário garantirá seu futuro. Como seria bom ver este povo com o discernimento que a Educação de qualidade produz!
OS ATLETAS PAGAM A CONTA!
"O
DE ATLETAS DESDE A MAIS TENRA IDADE"
Por Prof. Ozinil Martins de Souza31 de Julho de 2024 | Atualizado 31 de Julho de 2024
Mais uma Olimpíada e, como em cada Copa do Mundo de futebol, temos que conviver com o ufanismo que toma conta da imprensa.
Em qualquer veículo de comunicação que sintonizamos vemos uma torrente de elogios aos nossos atletas. Somos os melhores do mundo em quase todos os esportes e as medalhas virão para o país aos borbotões.
Em tempos de afirmações ideológicas vale projetar atletas às alturas e carregá-los de uma responsabilidade absurda como se as já existentes não fossem suficientes. A imprensa faz a sua parte neste jogo e promove a estrelas atletas medianos e, sem nenhuma chance de pontuarem no quadro de medalhas.
Hoje, no quadro de medalhas vemos países como Japão, Coreia do Sul, Canadá e até Hong Kong a frente do Brasil. Países com populações bem inferiores a do Brasil mas, com forte tradição olímpica e, com investimentos pesados no incentivo à formação de atletas com políticas desenvolvidas para qualificar os jovens que assim o desejarem.
O Brasil carece de políticas públicas que incentivem a formação de atletas desde a mais tenra idade. Nossas Universidades públicas formam militantes políticos sem nenhum interesse aos esportes; as escolas de base têm, entre suas disciplinas, Educação Física mas, com o conceito muito mais de diversão do que de formação de atleta. A única luz no meio da escuridão de formação de atletas é o programa Bolsa – Atleta das forças armadas, que forma atletas de alto rendimento. É muito pouco para um país do tamanho e da importância do Brasil. Por isto nos contentamos, sempre, com poucas medalhas e transformamos seus ganhadores em ídolos em um país que crítica e ironiza os vencedores.
Dois pontos são fundamentais para a formação de atletas de alto rendimento. O primeiro é a existência de políticas de Estado que objetivem o incentivo à prática de esportes e segundo, a massificação da prática de esportes. Em Pindorama não temos nem um, nem outro!
Logo, transferir a responsabilidade para os atletas é de uma estultice absurda. Alguns atletas da esgrima, natação, atletismo, ciclismo treinam, por conta própria, fora do país em busca da excelência no que escolheu fazer. Assim continuamos e continuaremos a depender das individualidades com algum poder financeiro ou com algumas condições excepcionais inatas para nos fazer sentir orgulho de pertencer e ser brasileiro.
Recentemente a seleção brasileira de futebol sofreu severas críticas por ter sido eliminada na Copa América. As críticas variavam da falta de combatividade, de amor à camisa e de jogadores desconhecidos do grande público, entre eles, alguns que sequer jogaram no Brasil. Lembro que a malemolência que caracterizava nosso futebol através de Garrincha, Pelé, Dario, entre outros, era moldada em campos de pelada onde a criatividade era a única regra. Hoje, as escolinhas de futebol, ensinam as regras e táticas e engessam nossos futuros jogadores.
Recentemente pesquisa divulgada na Inglaterra (ECA – Associação dos Clubes Europeus) sobre o futebol mostrou que 13% dos jovens entre 16 e 24 anos declararam “odiar” o futebol e 27% não têm nenhum interesse no esporte. É bom, os gestores do esporte bretão, abrirem os olhos ou seremos todos atletas eletrônicos.
Como diria o Barão de Coubertin “o importante é competir”. Mas, o bom mesmo, é ganhar!
MUNICÍPIO: CÉLULA MÃE DA SOCIEDADE!
A Constituição federal de 1988, também conhecida como Constituição Cidadã, traz em seu bojo uma série de distorções que prejudicam o país de forma incalculável. Propôs benefícios, criou salvaguardas jurídicas e proporcionou a farra da criação de municípios, entre outras mazelas.
O Brasil tem, hoje, 5570 municípios e uma fila considerável de candidatos a novos municípios. A constituição de 1988 tirou do Congresso a responsabilidade pela criação de novos municípios e delegou esta responsabilidade aos Estados. As informações mostram que 1 em cada 5 municípios não arrecada o suficiente para pagar os custos da Câmara de vereadores; pior, 1 em cada 3 municípios não arrecada o suficiente para pagar suas despesas básicas com o funcionalismo público.
Quando a autorização para a criação de municípios ainda era prerrogativa do Congresso havia certo controle, mas a partir da transferência desta autorização para os Estados o caos se instalou com a criação de 1243 novos municípios.
Estes municípios vivem da transferência de dinheiro do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que a cada município criado divide os valores a serem distribuídos, pois o repasse de verbas não aumenta automaticamente. Chama-se a isso de distribuição da pobreza.
Mas, os cargos para alojar cabos eleitorais são, efetivamente, criados. Prefeitos, vereadores e, os famosos cargos de confiança que infestam a administração pública. Enfim, toda a estrutura para o funcionamento dos novos municípios a serviço de eleições e reeleições. Importante salientar que muitos municípios vivem, exclusivamente, do Fundo de Participação dos Municípios e dos repasses do INSS aos aposentados e beneficiários do sistema.
Em breve haverá eleições para prefeitos e vereadores. Importante que o eleitor procure conhecer o projeto de governo que seu candidato está propondo para seu período de mandato. O dinheiro nunca será suficiente para as necessidades apresentadas pelos municípios. Logo, a definição de prioridades é fundamental para a definição do eleitor.
Para ajudar no raciocínio é importante saber que dia 02.08.2024 encerrou o prazo para que as prefeituras eliminassem os lixões a céu aberto; o SNIS – Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico – nos informa que, de acordo com o Marco de Saneamento Básico, 1.593 municípios continuam a operar em lixões a céu aberto e 636 municípios praticam aterros inadequados para o meio-ambiente. Portanto, são 2.229 municípios em situação irregular.
Outro ponto importante a ser considerado pelos eleitores é a situação dos programas de aposentadoria dos municípios. Como são geridos e quais e onde são feitos os investimentos para sua sustentação. Não basta o candidato garantir que vai melhorar a vida do funcionalismo sem olhar para os passivos que, se eleito, vai gerenciar.
E, como não poderia deixar de tocar neste ponto, analise como vai ser administrada a Educação no seu município, pois esta é a prioridade das prioridades. Faça bom uso do seu voto!
COMO NOSSOS PAIS!
"Na moda surge a mini saia criada pelo estilista francês André Courrèges e popularizada pela inglesa Mary Quant"
Oorria os anos 60 do século passado e a mudança nos costumes acelerava o passo da humanidade. Foram, com certeza, os anos mais trepidantes vividos até então. A mudança atropelava tudo o que se entendia como normal.
Na música surgia um rapaz “caipira” norte-americano com um ritmo alucinante, rock and roll, que botava até os mais empedernidos conservadores a balançar o esqueleto. Elvis Presley era o nome deste jovem que com sua guitarra, seu jeito diferente de vestir, seu cabelo com o famoso topete, levava multidões à suas apresentações mundo afora; seus filmes eram sucesso de bilheteria e tinha o adicional das jovens fotografando, dentro do cinema, as cenas em que aparecia.
Logo em seguida surge os Beatles. Os rapazes de Liverpool, com uma música envolvente e que misturava o rock com letras românticas, levantam os jovens pelo mundo. Seus rivais, os Rolling Stones, ajudam a colocar fogo no mundo. A música revolucionava os costumes.
Em Terra Brasilis surge o movimento da Jovem Guarda capitaneado por Roberto Carlos e sua turma e, os domingos nunca mais foram os mesmos. O ie-ie-ie era ouvido em todos os cantos. A rebeldia era demonstrada no jeito de vestir, nos cabelos enfim, em tudo que questionava o “modus vivendi” de até então.
Na moda surge a mini saia criada pelo estilista francês André Courrèges e popularizada pela inglesa Mary Quant. A febre da mini toma conta de tudo e, a liberdade de expressar-se pelo modo de vestir e ser toma corpo. Os jovens respondem com as calças boca-de-sino e as calças jeans tornam-se objetos de desejo, principalmente, as marcas Lee e Levi’s. Como estas eram caras, a solução estava na Brim Coringa.
As festinhas americanas invadem as casas com anuência dos pais, na verdade as garagens. Jovens, tocadiscos, luz negra e paredes forradas com jornais, rostos colados e a música provocando a dança. Os rapazes levavam as bebidas e as moças se encarregavam da comida. Tudo era muito simples e, profundamente revolucionário!
No cinema, em meados dos anos 50, surge um jovem carismático que encarna o papel de rebelde e se transforma em ídolo pelo questionamento do estilo de vida que imperava na época. Morre prematuramente, aos 24 anos, quando filmava “Assim caminha a humanidade” e transforma-se em lenda. Seu nome: James Dean!
Hoje, quando vejo os jovens cobrindo seus corpos com as mais diferentes tatuagens, seus rostos transformados por aros, argolas, grampos, pinos, homens usando vestidos, cabelos tingidos por cores extravagantes, roupas as mais esdrúxulas possíveis e que tudo isto tem o propósito de chocar e dizer ao mundo, “Sim, eu estou vivo e estou aqui” eu entendo o que os pais dos anos 60 sentiam em relação à “revolta” de seus filhos.
A diferença fundamental que percebo está no fato que os jovens dos anos 60, ao mesmo tempo em que queriam mudar o mundo, prepararam-se para fazer parte das mudanças que se seguiram e construíram, bem ou mal, suas histórias. Não consigo perceber, nos jovens de hoje, esta ânsia por fazer parte das mudanças que “assolam” o mundo atual. Percebo-os alheios e entretidos com coisas que não os levarão a nada. São milhares de jovens espalhados pelo mundo que formam a geração nem – nem, Não estudam, não trabalham (segundo as pesquisas 1 em cada 5 jovens está nesta condição)! Esperar para ver!
"Deem tempo ao tempo, aprendam com pessoas mais experientes"
Acredito, piamente, que a melhor forma de educar é pelo exemplo. Ao longo da vida tive a oportunidade de conviver com pessoas que, naturalmente, ensinavam pelo exemplo. Daí surgiu uma crença, que carrego até hoje, de que o bom professor é o “Contador de Estórias.”
Este é o professor que deixa marcas e, é reconhecido pelos estudantes como um grande professor e carregado, em suas memórias pela vida. Se perguntarmos a qualquer adulto sobre os professores que o marcaram, nomes e estórias surgirão naturalmente.
Antes de começar escrever as estórias que passarei a relatar lembro que as influências recebidas me ajudaram a ser um professor comprometido. No Educandário Nossa Senhora Menina, em Curitiba, as Irmãs Passionistas Letícia e Alda, no Colégio Bom Jesus os professores Daniel Van Der Brooke e Osvaldo Arns e, na Faculdade, em Joinville, os professores Paulo Lago, Sílvio Coelho e Hélio Romito ajudaram a construir este que lhes escreve.
Outra importante consideração é que nem todo exemplo vem de um professor, há pessoas que nos ensinam, sem serem professores. Tive, em toda minha vida profissional, algumas pessoas que se transformaram em referências.
A primeira estória, que redundou em profunda aprendizagem, assim aconteceu. Recém-transferido para Florianópolis onde iria ocupar um cargo de maior relevância fui trabalhar com a pessoa que, em dois anos, se aposentaria e a quem substituiria. Substituição programada, com período de aprendizado, ação típica de grande empresa. Trabalhávamos e viajávamos, veterano e aprendiz, na mesma batida. É óbvio que, com o passar do tempo, ocorreram pequenos atritos, frutos da convivência diária. Determinado dia, já próximo de assumir o cargo, cheio de ideias e uma vontade imensa de voar só, procurei o diretor da área e falei que estava muito difícil trabalhar com meu tutor. O diretor respondeu-me: “O mais inteligente dos dois resolve”!
Sabe o que é ir a nocaute? Um soco no meio do rosto? Pois, foi assim que me senti. Eu, iniciando em uma posição de gestão, com todo um futuro pela frente, comportando-me com a imaturidade própria de um adolescente. Do outro lado um homem com uma história de vida sedimentada, cheio de respeito e de realizações. Lição assimilada!
A segunda estória se passa em Joinville. Eu, um jovem de 22 anos, oficial do Exército, do 13º Batalhão de Caçadores. O comandante da Cia um Capitão experiente e extremamente cuidadoso e profissional. Fui designado a conduzir a Cia a exercícios na região do Rio Piraí.
Deslocamento aproximado de 15 km em que a tropa iria a pé (aproximadamente 100 soldados). Um caminhão nos dava apoio no transporte das tralhas que acompanham o movimento da tropa. Após o caminhão levar o material, retornou e colocou-se a disposição. Na ânsia de ganhar tempo, decidi transportar parte da tropa no caminhão. Extrapolei a capacidade do caminhão e na primeira curva a carroceria cedeu e espalhou soldado por toda a pista. Gente machucada, sem grande gravidade, caminhão, temporariamente inutilizado e, um tenente desarvorado.
Apresentei-me ao Capitão, relatei o fato e assumi a responsabilidade. Sua resposta: “Tenente: você foi, pela sua juventude, inconsequente. Mas, a responsabilidade é minha e eu a assumo.”
Naquele momento eu aprendi o que é lealdade, equipe, respeito e camaradagem!
Aos jovens afoitos de hoje uma recomendação. Deem tempo ao tempo, aprendam com pessoas mais experientes, convivam com pessoas diferentes, não deixem que pessoas de seu convívio limitem seu crescimento. Reporto-me aqui a uma frase do Giovani Gavio, da seleção de voleibol, “Tem gente que diz que aprendemos com nossos erros e, isso é correto, mas é muito melhor aprender com erros dos outros”. A escolha sempre é nossa!
A culpa pela crise dos fundos de pensões estatais e do INSS é do povo que teima em continuar vivendo depois de se aposentar.
Talvez os brilhantes governos que estão espalhados por este mundão de Deus adotem o modelo exposto no livro "Admirável Mundo Novo" de Aldous Huxley: a morte por idade!
Não interessa se você tem saúde, está bem física e intelectualmente, contribuindo para a sociedade; atingiu a idade limite, vai para O hospital designado para cumprir a tarefa.
Os "gestores" continuarão dilapidando os fundos, o INSS continuará sendo a casa da Mãe Joana e você, que contribuiu a vida toda será culpado por viver demais.
Claro que é ironia, mas em tempos de turbulência é bom ressaltar
Enquanto o endividamento do governo se aproxima, perigosamente, de 80% do PIB as notícias que nos atropelam não são boas.
Segundo o próprio governo 600 mil crianças necessitam de vagas em creches. Enquanto os especialistas em Educação lembram que é nesta fase que se lançam as bases para uma boa formação, elas crescem a deriva.
O país do "Brasileiro Bonzinho" (quem lembra?) fez com que o Google desenvolvesse novos recursos para dificultar o roubo de celulares. Bloqueio de Detecção de Roubo, Bloqueio remoto e Bloqueio Off Line. Os testes estão sendo feitos no Brasil onde há a maior incidência de roubo de celulares.
Será que uma notícia tem a ver com a outra?
A verdade que não é dita:
O Brasil é, ainda, a 7ª economia do mundo. Produto Interno Bruto (PIB), em 2014, superior a 2 trilhões de dólares. Porém somos o 79º país no Índice de Desenvolvimento Humano(IDH). Saúde precária, Educação inexistente e saneamento básico... O que é isso mesmo?
Se somos um país rico, por que o povo é pobre?
- A corrupção corrói boa parte do PIB;
- A Educação precária do povo faz com que tenhamos baixa "massa crítica" (entre 11 e 12% do povo tem curso superior);
- A concentração de renda é brutal. Não porque quem a detém seja mesquinho, mas porque povo sem qualificação não valoriza seu "passe".
- A existência de políticos que se perpetuam no poder pela baixa educação do povo;
A Pátria Educadora cada vez mais requisitada!
"DEEM TEMPO AO TEMPO, APRENDAM COM PESSOAS MAIS EXPERIENTES"
Acredito, piamente, que a melhor forma de educar é pelo exemplo. Ao longo da vida tive a oportunidade de conviver com pessoas que, naturalmente, ensinavam pelo exemplo. Daí surgiu uma crença, que carrego até hoje, de que o bom professor é o “Contador de Estórias.”
Este é o professor que deixa marcas e, é reconhecido pelos estudantes como um grande professor e carregado, em suas memórias pela vida. Se perguntarmos a qualquer adulto sobre os professores que o marcaram, nomes e estórias surgirão natualmente.
Antes de começar escrever as estórias que passarei a relatar lembro que as influências recebidas ajudaram-me a ser um professor comprometido. No Educandário Nossa Senhora Menina, em Curitiba, as Irmãs Passionistas Letícia e Alda, no Colégio Bom Jesus os professores Daniel Van Der Brooke e Osvaldo Arns e, na Faculdade, em Joinville, os professores Paulo Lago, Sílvio Coelho e Hélio Romito ajudaram a construir este que lhes escreve.
Outra importante consideração é que nem todo exemplo vem de um professor, há pessoas que nos ensinam, sem serem professores. Tive, em toda minha vida profissional, algumas pessoas que se transformaram em referências.
A primeira estória, que redundou em profunda aprendizagem, assim aconteceu. Recém-transferido para Florianópolis onde iria ocupar um cargo de maior relevância fui trabalhar com a pessoa que, em dois anos, se aposentaria e a quem substituiria. Substituição programada, com período de aprendizado, ação típica de grande empresa. Trabalhávamos e viajávamos, veterano e aprendiz, na mesma batida. É óbvio que, com o passar do tempo, ocorreram pequenos atritos, frutos da convivência diária. Determinado dia, já próximo de assumir o cargo, cheio de ideias e uma vontade imensa de voar só, procurei o diretor da área e falei que estava muito difícil trabalhar com meu tutor. O diretor respondeu-me: “O mais inteligente dos dois resolve”!
Sabe o que é ir a nocaute? Um soco no meio do rosto? Pois, foi assim que me senti. Eu, iniciando em uma posição de gestão, com todo um futuro pela frente, comportando-me com a imaturidade própria de um adolescente. Do outro lado um homem com uma história de vida sedimentada, cheio de respeito e de realizações. Lição assimilada!
A segunda estória se passa em Joinville. Eu, um jovem de 22 anos, oficial do Exército, do 13º Batalhão de Caçadores. O comandante da Cia um Capitão experiente e extremamente cuidadoso e profissional. Fui designado a conduzir a Cia a exercícios na região do Rio Piraí.
Deslocamento aproximado de 15 km em que a tropa iria a pé (aproximadamente 100 soldados). Um caminhão nos dava apoio no transporte das tralhas que acompanham o movimento da tropa. Após o caminhão levar o material, retornou e colocou-se a disposição. Na ânsia de ganhar tempo, decidi transportar parte da tropa no caminhão. Extrapolei a capacidade
do caminhão e na primeira curva a carroceria cedeu e espalhou soldado por toda a pista. Gente machucada, sem grande gravidade, caminhão, temporariamente inutilizado e, um tenente desarvorado. Apresentei-me ao Capitão, relatei o fato e assumi a responsabilidade. Sua resposta: “Tenente: você foi, pela sua juventude, inconsequente. Mas, a responsabilidade é minha e eu a assumo.”
Naquele momento eu aprendi o que é lealdade, equipe, respeito e camaradagem!
Aos jovens afoitos de hoje uma recomendação. Deem tempo ao tempo, aprendam com pessoas mais experientes, convivam com pessoas diferentes, não deixem que pessoas de seu convívio limitem seu crescimento. Reporto-me aqui a uma frase do Giovani Gavio, da seleção de voleibol, “Tem gente que diz que aprendemos com nossos erros e, isso é correto, mas é muito melhor aprender com erros dos outros”. A escolha sempre é nossa!
UMA NO CRAVO, OUTRA NA FERRADURA!
"AS RAZÕES DO QUASE PLENO EMPREGO EM SANTA CATARINA SÃO BEM CONHECIDAS, MAS, É BOM RELEMBRÁ-LAS"
Novamente, em informação divulgada na semana passada pelo IBGE, o Estado de Santa Catarina pontua a estatística sobre o nível de desemprego no país; o Estado tem 3,2% de pessoas desempregadas. Na sequência situam-se Mato Grosso (3,3%) e Rondônia (3,3%). Os Estados com maior nível de desemprego são: Pernambuco (11,5%), Bahia (11,1%) e Distrito Federal (9,7%).
As razões do quase pleno emprego em Santa Catarina são bem conhecidas, mas, é bom relembrá-las. Empresários ousados e com visão voltada para o futuro, qualificação profissional, ambiente econômico diversificado, sistema universitário que privilegia as Universidades comunitárias, cidades de médio e pequeno porte e, um povo aguerrido e trabalhador não afeito as benesses governamentais. Só relembrando: para cada 10 trabalhadores formais há um usuário do programa Bolsa Família e isto coloca o Estado como o de menor número de usuários deste “benefício”.
Porém, como nem só de boas notícias vive o Estado, na mesma semana, a surpresa veio da divulgação do resultado do IDEB – Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico – do Ministério da Educação. O resultado geral mostra o seguinte quadro: entre 2021 e 2023 96% dos estados (26) melhoraram o desempenho nos anos iniciais; 59% (16 estados) nos anos finais; e 65% (17 estados) no ensino médio. Santa Catarina, infelizmente, caiu nos anos finais e, principalmente, no ensino médio. É óbvio que a Educação tem papel fundamental na qualidade de vida do povo catarinense e, esta queda, é preocupante. Como todo efeito tem uma ou mais causas é salutar analisá-las. Por partes: não podemos esquecer o efeito da pandemia no resultado apresentado; foram dois anos comprometidos. Primeiro pela paralisação das aulas e seu complicado retorno e, depois pela alternativa encontrada que foram as aulas a distância. Lembro de pais dividindo um telefone com vários filhos para acompanhar as aulas.
Outro ponto a ser considerado é o crescimento populacional. Segundo o censo de 2022, Santa Catarina foi o Estado que teve o maior crescimento populacional atrás apenas de São Paulo. De 2010 a 2022 a população cresceu 21,78%. Importante citar o fenômeno das migrações interna e externa. Lógico que as pessoas que deixam suas origens, ou por problemas econômicos ou sociais, buscam lugares que apresentam boa qualidade de vida e, principalmente, oportunidades. Santa Catarina os têm! Segundo a secretária de Assistência Social, Mulher e Família do governo catarinense no 1º Encontro de Articulação da Política Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia “Hoje, em Santa Catarina, temos mais de 110 mil imigrantes, muitos inclusive em situação de rua e, precisamos dar acolhimento de saúde, Educação e desenvolvimento” afirmou Maria Helena Zimmermann. Provavelmente, o Estado está recebendo mais pessoas do que sua capacidade de dar respostas adequadas.
Lembro que na gestão de Glauco José Côrte na FIESC – Federação do Estado de Santa Catarina – sua preocupação estava em elevar o nível dos trabalhadores da indústria catarinense tanto que desenvolveu um programa junto com a ABRH –Associação Brasileira de Recursos Humanos – no sentido de sensibilizar as empresas para este desafio. Participei ativamente do programa com palestras em Criciúma, Tubarão e Blumenau. A Federação sabe que sem qualificação profissional a indústria para!
O Estado e seus poderes constituídos têm que entender que Educação é a pedra fundamental para o crescimento e a manutenção do “status” que hoje ostentamos. O foco no Ensino Médio é obrigatório; reduzir o abandono e tornar o ensino atrativo é questão de sobrevivência em um mundo cada vez mais competitivo.
Observação: não há nesta coluna nenhum viés ideológico como, por exemplo, xenofobia. É apenas uma análise dos fatos!
"HOJE
Por Prof. Ozinil Martins de Souza04 de Setembro de 2024 | Atualizado 04 de Setembro de 2024
Arthur Laffer dá o nome à teoria econômica chamada de Curva de Laffer. Em síntese é o aumento de impostos de forma a cobrir despesas até chegar ao “pico da curva” quando começa a ocorrer perda de receita. São os empresários tentando salvar suas empresas da ganância governamental.
Tudo indica que o novo sistema tributário, quando completamente instalado, será um dos mais altos do mundo, se não o mais alto. Mas, como o Presidente há algum tempo afirmou que os livros de economia deveriam ser postos de lado por não mais serem úteis, vamos esperar as consequências.
Por outro lado, um ramo da economia que não para de crescer e, gerar empregos, é o crime organizado. Por omissão ou incompetência do Estado há locais em que o crime prepondera e exerce poderes que são típicos do Estado organizado. Em São Paulo onde as forças instituídas uniram-se para combatê-lo foram recentemente identificados mais de mil postos de gasolina como pertencentes a uma facção criminosa que desaguava a produção de suas usinas produtoras de álcool nestes postos; em ação policial/administrativa foram bloqueados 8 bilhões do crime organizado o que trouxe como consequência os incêndios rurais que abalaram o Estado de São Paulo. Investigações caminham neste sentido.
Hoje existem no país, segundo dados oficiais, 72 facções criminosas em atividade, inclusive, organizações internacionais que atuam na rota do tráfico de drogas e da lavagem de dinheiro.
Na semana passada em Manaus, um acidente de carro versus moto, provocou a morte do motoqueiro e, 30 outros ao tomarem conhecimento do acidente, perseguiram o motorista do carro (Uber) e o espancaram até a morte. Talvez, cansados pela incompetência do Estado, resolveram praticar justiça pelas próprias mãos o que não se justifica em nenhuma hipótese. O crime organizado, ao tomar conhecimento, divulgou sentença de morte para os motoqueiros que praticaram o ato de violência e ninguém, ninguém mesmo, coloca em dúvida que a decisão será cumprida, basta lembrar do ocorrido com o marginais que mataram os médicos em Copacabana e que foram assassinados, na sequência, pelo próprio crime organizado.
Também há que se considerar a explosão das apostas virtuais. Hoje, existem junto ao Ministério da Fazenda 108 empresas esperando para funcionar a partir de jan/2025. Como a preocupação do governo é arrecadar para fazer caixa, não interessa o que as pesquisas já concluídas mostram; famílias de baixa renda, grande contingente de apostadores, já comprometem 20% da renda em apostas. Os dados são do IBGE e XP.
Da economia ao crime organizado todos os atos praticados geram consequências. Os políticos e gestores públicos têm que entender que não existem milagres, mas trabalho e, este, necessita de definição de prioridades, planejamento, acompanhamento e conclusão. Para ter ideia do descaso com que o Estado trata a “coisa pública” existem mais de 8,6 mil obras inacabadas em todo o país; dados do TCU – Tribunal de Contas da União. E, para complicar, a nova regulação das emendas (acordo entre poderes) impede que o dinheiro seja direcionado para obras carentes de conclusão. Só para obras novas talvez para, futuramente, se transformarem em obras inacabadas.
No país do faz de conta, a realidade que se prenuncia pode ser muito dura!
Professor Catedrático Jubilado da Universidade do Porto
ORIGEM DO TERMO ‘DESPORTO’
DevemosaOrtegayGassetexplicaçõeseinterpretaçõesnotáveis.Quemnãoleudevialer,porexemplo,a ‘Missão da Universidade’; ficará encantado com a atribuição de fins ao ensino superior e lamentará a involução em curso. Não menos fascinante é a tese da origem desportiva do Estado, assente não em devaneios superficiais, mas devidamente sustentada. O filósofo propõe-nos igualmente uma empolgante elucidação da origem do termo ‘desporto’. A palavra terá sido criada e vertida na gíria corrente por marinheiros do Mediterrâneo. Aos duros e trabalhosos dias passados no mar contrapunham a estadia agradável e acolhedora nos portos. Assim, ‘desporto’ é ‘estar de porto’. Este modo de vida não consiste apenasempassarotemponomolheounaamuradadobarcocomasmãosnosbolsoseumpalitooucigarro naboca,fitandoalinhadohorizonteeesperandoemvãoquenelasurjamilhas.Oessencialsãoasconversas nos bares e tabernas entre marinheiros oriundos dos povos e países mais diversos e próximos ou longínquos.Essesdiálogos,emquesedãoaconhecereconvivemcriaturaseculturasdísparesedistantes, foram (e são!) um dos órgãos mais eficientes da civilização. É esta dimensão convivial, ecuménica, universalistaecivilizacionalqueperfazumdossentidosdodesporto.
A educação visa as dimensões do sujeito. Tomo por primeiras a educação da vontade e a do intelecto. A vontade permite mobilizar a aspiração, a coragem e a disponibilidade para correr atrás dos objetivos, superardificuldadeseobstáculos,irmaisaltoealém;semelanãoseaprendenemchegaapartealguma, sobretudo ao belo e ao bom que são custosos de alcançar. A medida do intelecto é a da indagação e compreensãodomundo,denósedooutro,dopensamentocrítico,doraciocíniológico,dacapacidadede síntese,dainsubmissãoaosenso-comum.Paradesenvolveraprimeiraháquerenunciaraofácilerecorrer aosinstrumentosdodifícil;odesportoéumdeles.Paracultivarasegundaoferece-secomomeiodeeleição aleituradelivros,ondeapalavrarespiraooxigéniodaelevaçãoesuscitaodesassossego,oinconformismo eareflexãointerrogativa.Talcomoocorpo,ainteligênciarequerexercitaçãoconstanteesuficiente;seesta faltar, aquela definha, o que hoje é evidente no abaixamento do QI, revelado por credíveis estudos longitudinais.
MERGULHOS DE RENASCIMENTO
OsJogosdeParisvêmnumaépocaemqueomundoseencontrafraturado,dispersoemcardumesávidosde secomerunsaosoutros.Aterraeosmaresestãoaarder,mas,emvezdatréguaolímpicaedasuspensãoda razia em curso, o que se encontra suspenso e escorraçado é o espírito olímpico, o sentido iluminista, ecuménico e congregador dos Jogos e do Desporto em geral. Urge acordar e renascer; e isso somente é possívelatravésdaarteedacultura.Sempreassimfoieserá.
AntónioJoséSilva,odiligentePresidentedaFederaçãoPortuguesadeNatação,sonhouaobra;MárioVitória realizou-a de maneira genial, excedendo os sonhos do idealizador. E nós, editores do livro e autores dos textos,limitamo-nosatentarsegui-los,penduradosnasasasdailusãoquealimentaaânsiadesublimação destahoratrágica.Fizemosdaspalavrasverbosenotasdohinodagratidãoecongregação.Esteecoouontem nasededoComitéOlímpicodePortugal,exaltandoosonhadoreogéniodacriação,eafirmandoquenãohá outraformadelinguagem,decantoetratoentreoshumanos;olinguajardaingratidãoedesagregaçãoé grunhidodeinfra-humanosetraiçãoàHumanidade.
Vivo uma fase de frustração. Sempre que vou a algum evento dedicado à reflexão de causas da Pólis, da cidadania e do devir do mundo, é raro encontrar jovens; parece que apenas os de cabelo branco ou sem nenhumsenteminquietudescomoavançodasforçasdoobscurantismo,comaespoliaçãodedireitos,com oregressoaumaépocaemqueunspoucoseramreisepríncipeseosrestantesescravoseservosdagleba.
Tudoenvelhece:aspessoasdaminhageração,osideais,princípioseutopias,asalmas,asconsciênciaseo intelecto,asensibilidadeperanteoentorno,aatençãoaoOutro.Estacaducidaderequerumanovidadeque asubstituaeedifiqueumfuturoquevalhaapena,masnãoavejo.Sim,nãovejoavindadonovo.Nãovejo najuventudearecusadacangaedocabresto;basta-lheumpratodelentilhasparanãoseimportardeser montada.Nãoouçovozesdeprotesto;sómeapercebodegenteacuada.
Assistoatónitoaocrescendodemuroseconómicosqueseparamoscidadãos,osobesosdeprivilégiosea maioriaandandonaapanhademigalhas.Hátambémosqueseparampaísesepovos,erguidoscompedras e troncos de inumanidade. Tudo a mando de um capitalismo carcomido que se serve da ciência e da tecnologia para se apresentar com o luzidio manto do neoliberalismo. Assim conquista e liquefaz as instituiçõesmaissólidas,nomeadamenteaescolaeauniversidade,ealienaosjovenscomumanovilíngua queosatraieaprisionanarededonarcisismo.‘Competir’tornou-seopressupostogarantedoprogredir;e esteoobjetivoprimeirodoexistir.Nadamaiséimportanteemerecedordeconsideração.Devoestaraficar cegoelouco.Emboralutecontraesseestado,éemvão;onaufrágioafigura-seinexorável.Acrençadeque os teares tecnológicos trariam o ócio criativo e cederiam a este a primazia esboroou-se. Dói-me ver Aristóteles contraditado; tal como Hegel, porquanto o trabalho deixou de ser libertador, antes se tornou campodeconcentraçãoqueosindivíduoscarregamnascostas,reduzindoavidaaumtrajetodeconstante imolação, visando satisfazer as exigências da sua avaliação e franquear as portas do mercado em que comprameseconsomematéàexaustão.
Estouvelhoeescassodeenergiasparaenfrentaramaréquesobeeameaçaafogarossonhoselaboradosno trajetoexistencial.Asociedadenãomelhoraeademocraciapiora.Nãotenhocompetênciaseapetênciapara iraojogodacompetitividade.Sei,decoresalteado,ofinaleométodo:somenteumhádeamealharoouro prometido;etodostêmquefazertudo,mesmotudo,paraeliminareexterminarospares.Éesteosistema deensinoeaprendizagememcena,quetantogalvanizaealucinaadolescentesejovens, incapacitando-os desetornaremadultos.
Sinto-meperdido.VimdeBragadaeoutrosvieramdeilhasebairros,deáreasdapobrezaecarestia.Subimos acordadavidaapulso.Hojenãolobrigamosorumo;nãosabemosmover-noseagirnestetempodeapologia das armas e ascensão das hordas neofascistas, de ressurgimento de fundamentalismos religiosos e retrógrados,emqueasmultidõescolocamnopoderbandidosdapiorespécie.Estãodevoltaainquisição,o pelourinhoeaforcaparaquemnãoadiraàconfissãovigente.
Oscabelosbrancoseafaltadelestrazemodesânimo.Todasasestaçõesdoanoparecemoinverno.Nenhuma seiguala à primavera promissora dodesabrochar defolhas, florese frutos.Paradoxalmente, crescem em mimaesperançaeavontadedeestarenganado;teimoemacreditarnaressurreiçãodosmortos.
DESPORTAR!
Nãomevenhammaisdizerqueodesportonãoéjogoeestenãoimplicarendimentoetreinocomváriose maravilhosos sentidos. Basta de asnices e disparates! Se queremos de volta ao quotidiano da vida e do mundoaalegriaeaconvivialidade,ensinemoseponhamosascriançasadesportar;edeixemo-nosencantar comocenárioqueelasoferecem!
Aapologiadocrescimentocomofimemsimesmoéaideologiadascélulascancerígenas.Nãoseiqueméo autordestaproposição,nemdestoutra:osmaioresproclamadoresdaliberdadesãonaatualidadeos esclavagistaseexploradores;nãoquerementravealgumàindecênciaquepraticam.
Escutemos os gritos carregados de dor e urgência, o último suspiro dos que morrem sob a metralha e o primeirochorodosquenascemeficamsempai.AUcrâniaprecisadesersalva,tantodainvasãorussacomo da instrumentalização norte-americana, da cegueira da Comissão Europeia e da corrupção endógena. A carnificina continua; e o que dói mais é que podia ter sido evitada. Quantas vidas têm ainda que ser sacrificadas para dar aos políticos carniceiros a oportunidade de salvar a decência e a honra perdidas? Acordai,óconsciênciasquevosdeixastesalienaretornarcúmplicesdetamanhacrueldade!
EstaNação,quehojepossuiumpoucomaisdedezmilhõesenaépocadasdescobertasumnúmeroarondar o milhão e meio de habitantes, é terra de aventureiros, idealistas, loucos e poetas. Todos eles são génios arrancados e levantadosdo chão contra a norma e a impossibilidade das circunstâncias. Ditosaé, pois, a nossaPátriaque,alémdopendãooficial,ostemaelescomobandeirasdoseureconhecimentointernacional. Temo-losnasartes,nanavegação,naciênciaetecnologia,naliteratura,namúsicaenodesporto.Noúltimo sãováriososquenosmantiveramacordadosemmuitasnoites,sejamasdosJogosOlímpicosououtrase nosfizeramchorardeemoçãoeorgulho.Lembro-osatodos;aquieagoraqueronomearum,nahoraemque caminhaparaoocaso:nasandançaspelasdistantespartesdaÁsia,daÍndiaaTimor,daTailândiaàChina, encontreiCristianoRonaldoemtodoolado,nasbermasdasestradasenasruasdascidades,comoumícone universalebandeiraviva,coloridaeveneradadePortugal.
Diz-sequeoamorécomoofogo:perduraenquantoháchama.Equeosfósforosardemenquantohápau.Já aestupidezdura,dura,dura..enãohávacinaparaela.
Lembrei-medistoaolereouvir,noFacebook,nosjornaisenoscanaisdetelevisão,osmuitosachismosda turbadetreinadoresecomentadoresdefutebol,feitosamartelo,acercadaprestaçãodanossaseleçãoedos seuselementosnocampeonatoeuropeu.Nodia,emqueaciênciadescobriroremédiocontraestapraga, Deusrejubilaránocéuporvernahumanidadeenaterraafértilcampinadalucidezedoverbocomqueas criou.
Tive a sorte de ser professor e, assim, contrair responsabilidade pelo destino de muitos. Por isso tento acompanhá-los. Nestes dias fico particularmente atento aos que mudam de pouso. Despedem-se com emoção daescola que osacolheue deixam paratrás;vão com a alma cantante para umnovolocal, como quem se aproxima da meta sonhada. Alegro-me com a sua alegria e atitude de poetas andaluzes. São caminhantes;cheguemondechegarem,continuarãoasonhar ecaminhar, aabrire fazercaminhoscom o andar.Felizesosalunosqueosvãotercomomestresdoensinar,transbordantesdevivênciasparacontare encantar!
Sesentiresdor,desconforto,frustração,alegriaeprazernocorpoenaalma,podescrerqueestásvivo.Mas… atenção:estassensaçõesnãosignificamquesejashumano!Paraacederatalestatutoérequeridoalgomais: precisasdesentir tristeza, pesar, compaixãoe solidariedadecom asamargurase agruras,osofrimentoe tormentodooutro.Oranãohá,noentornopróximoedistante,faltadecasosesituaçõesparacomprovares oteordatuahumanidade.Nãoteesqueçasdequeestadepende,emboamedida,daquiloquefazemosuns aosoutros.
União não equivale a unificação. A primeira é uma associação voluntária das partes, sem diluição da identidadedecadauma.Asegundaéumaaçãodeimposiçãoesubordinaçãoaospadrõesdomaisforte.Os alemãestentaramduasvezesunificaraEuropa;oprojetodaUniãoEuropeianasceudavontadedeobviara repetiçãodatentação.Sóqueodiaboéesperto:mudadecoreseatores.Poucoapouco,oprojetodeunião foipervertidoetornou-seprocessodeunificação,pormandojánãoalemão,masdepolvosoligárquicoscom tentáculosestendidosparaalémdasfronteirasnacionais.
A entronização de Úrsula von der Leyen na chefia da Comissão consagra a continuidade do esquema de unificação,oregimedospoderesnãoeleitosedamentiraorganizada,asubmissãodaEuropaainteresses alheiosàvisãouniversalistadoseucapitaliluminista,oarrastamentoeagravamentodaguerranaUcrânia, a cumplicidade com o massacre na Palestina, a genuflexão perante o sistema financeiro e a indústria do armamento,oprosseguimentodosnegóciosfalhosdetransparência.Atraiçãodaselitespartidáriasépaga comarepartiçãodecargoseprebendasentresi,soboruidosoaplausodosórgãosmediáticos,cooptados para aldrabar, manipular, entreter e envenenar a opinião pública. A democracia afunda-se e apodrece, o fascismorenasceeaextrema-direitacresce.Noquêpodemconfiarevotaroscidadãosquenãosereveem nestaderivadeperdição?!
OProfessorAdrianoMoreiraestavacarregadoderazão,aoafirmarem2014:“Sóporumaatitudecriativa de governantes, não de funcionários, a Europa será uma realidade com voz no mundo.” Se na altura a situação causava preocupação a um espírito lúcido, de então para cá o cenário piorou. A Presidente da Comissão Europeia é uma funcionária servente das aristocracias e oligarquias, de costas voltadas para o bem-estar e harmonia dos povos, investida na função de dividir para reinar. A desunião, a decadência, a ruínaeaperdadecredibilidadeerelevânciadaEuropaaosolhosdomundovãoacentuar-se.
Está chegandoodia inaugural. Paristorna-se, apar deLondres(1908, 1948e 2012), a segundacidade a sediartrêsedições.Celebra-seagoraocentenáriodosJogosde1924,osúltimossobapresidênciadoCOI porPierredeCoubertin,naturaldacapitalfrancesa.Naaltura,entreos3099atletasparticipantes135eram
mulheres. De então para cá a dominação masculina do desporto em geral e dos Jogos em particular foi atenuada,semterperdidoocetro.Aediçãodesteanoexibeoorgulhodaparticipaçãoequivalentedehomens emulheres.Aorganizaçãoprocurouatrairaatençãointernacionalcomaproclamaçãodocaráterinéditoe progressistadoevento:a‘paridadeperfeita’entreos10500atletasqualificadosparaamissaolímpica.É evidenteopropósitodemelhoraraimagemsocialdoOlimpismo.
Obviamente, a evolução é louvável e saudável. Porém as declarações do COI acerca da progressão da igualdadeentrehomensemulheresnainstituiçãoexigemrelativizaçãoetempero.Apresençafemininano desportoteveumincrementonotávelnasúltimasdécadas;todaviaaparidadeanunciadaestáaindalonge deserperfeita.OsJogosdeParisincarnammaisadinâmicadelongocursoerepresentammenosumsentido deruturaocasionadaporimpulsointernooupelabondadedosdirigentes.Seriaestulticedesconsiderara influênciaexercidapelasmudançasocorridasnoutrossetores.Enfim,ahistórianãoacabou;quemviververá nofuturomodificaçõeshojeconcebíveis,masdecontornosaindaimpercetíveis.
DESPORTO E AMABILIDADE
SegundoorelatocontidonaOdisseiadeHomero,umdia,naerrânciaparaalcançarÍtaca,ondeoesperavam PenélopeeTelémaco,amulhereofilho,UlissesencontraaterradosFeácios,povodebaixaestatura.Estes convidam-noaadmirarosseusfeitosatléticos;paraoefeitoorganizamcorridasapé,lutaseconcursosde levantamento de pesos. Um dos anfitriões jovens comenta que não existe maior glória para um homem, enquantovive,doqueasprestaçõesrealizadascomasmãoseospés.OutroadverteUlissesdequeavidade capitãodomaréinsensataenefastaparaaformafísica.Irritado,Ulissesolhaemredor,peganocalhaumais pesadoqueviuearremessa-oparaumadistânciaincomum.Surpreendida,aassistênciapedeaoforasteiro quedescrevaasproezasnotirocomarco,naslutasenolançamentododardo;elecorrespondeeelaescutao atenta e extasiada. O viajante, de saber ampliado e experimentado, com muito para contar e encantar, confessaqueosfrágeisepequenosFeáciosganhar-lhe-iamnascorridasdevelocidade.Alcínoo,oreilocal, agradece-lheadeferênciaeboavontadeedeclara:“Paramimnãoexistemlutadoresperfeitos,oqueconta sãoosbonscorredoresemarinheiros;eparaalegrarosnossoscorações,osbanquetes,aharpaeobaile,a roupalimpa,obanhoquente,oamoreosonho.”
Seguiu-seaconfraternização,destinadaadarosentidoúltimoàscompetiçõesejogoscorporais;ealembrar queprecisamosdemelhoraraaptidãoedisponibilidadeinclusiva,hospitaleira,ecuménicaeuniversalista, edeinstrumentalizarodesportoparaserviressefim.Éhojedeverasurgenteafirmareassumirafinalidade daamabilidade;estadesarmaaagressividade.
Aproxima-se o início dos Jogos na cidade-luz, num ambiente nublado. Quão medonho paradoxo! ContrariandooespíritodeOlímpia,aportaestávedadaadoispaíses.Nãomeparecebem.Tenhoclaranoção doriscoacopladoaestaafirmação:a legião doshabituaisfugitivosatomar posiçãonotocanteaosmales queassolamomundovaiapressar-seaatirarinsultosepedras.Sintooincómodo;masnãocalooprotesto contraaperversãodamensagemdeuniversalismo,depazeinclusão,ínsitanoOlimpismo.
Odesvarioàsoltaresponsabilizaosatletasepõenosseusombrosaculpaporalgoaquesãoalheios.Éfácil darpalpitesapartirdatranquilidadedanossacasaeignoraraameaçalatentesobreoscidadãos,residentes empaísesdeautocraciasouditaduras,queousamergueravozdadiscordância.Jácaiunoesquecimentoo quesepassouentrenósnaeradoEstadoNovo;etambémaexclusãoeoostracismoquehojevisamquem discordadoputrefactosistemaeconómicoefinanceirovigente.
Assuma-sequeodesportonãoépoliticamenteneutro;aneutralidadevariaaosabordascircunstâncias.Por exemplo,nofinalde2008,aPalestinafoiinvadidapelastropasdeIsrael;naocasiãoMuhammedAboutrika, futebolista da seleção egípcia, após marcar um golo, exibiu na t-shirt o apelo à solidariedade com a população sujeita a grande aflição e penúria. A FIFA puniu-o e justificou assim a punição: “Não se pode misturarofutebolcompolítica.”Ah,poisnão!
A mudança de outrora para agora é deveras significativa. Tal como o tempo, mudaram a consciência, a sensibilidade e as atitudes. Se a medida adotada nos Jogos de Paris fizer doutrina doravante, independentemente do nome e poderio do país violador da paz ou de qualquer direito fundador da Humanidade, e se o afã depurador for levado à risca, muitos serão futuramente excluídos do estádio olímpico.
Em dias incertos como os atuais, é crucial defender o sentido ecuménico do desporto e enfrentar a pusilanimidadealimentadapelaignorânciadahistória.Precisamosdeviasparasuperarenãoagravaras tragédias;oranão me pareceque a solução, tomada para agradar àspressõesmediáticas, contribua para essefim.Aoinvés,abestacampeia.
AnnaArendtadvertiuqueototalitarismoseoriginanaseliteseganhaconsolidaçãocomasubjugaçãodas massaspela propaganda. Tenhomedodainvolução em cena, daerosãodaCasaComum daHumanidade, assentenospilaresdaFraternidadeeUniversalidade.Nãoàperversãodoideáriodesportivoeàdiabolização doOutro!Aquieagora,ergoavozemdefesadoDesportoedosJogoscomoumreinodautopiaqueThomas Morepôs,em1536,nabocadomarinheiroportuguêsRafaelHitlodeu!
ESPORTO E AMABILIDADE
Segundoorelatocontidona Odisseia deHomero,umdia,naerrânciaparaalcançarÍtaca,ondeoesperavam PenélopeeTelémaco,amulhereofilho,UlissesencontraaterradosFeácios,povodebaixaestatura.Estes convidam-noaadmirarosseusfeitosatléticos;paraoefeitoorganizamcorridasapé,lutaseconcursosde levantamento de pesos. Um dos anfitriões jovens comenta que não existe maior glória para um homem, enquantovive,doqueasprestaçõesrealizadascomasmãoseospés.OutroadverteUlissesdequeavidade capitãodomaréinsensataenefastaparaaformafísica.Irritado,Ulissesolhaemredor,peganocalhaumais pesadoqueviuearremessa-oparaumadistânciaincomum.Surpreendida,aassistênciapedeaoforasteiro quedescrevaasproezasnotirocomarco,naslutasenolançamentododardo;elecorrespondeeelaescutao atenta e extasiada. O viajante, de saber ampliado e experimentado, com muito para contar e encantar, confessaqueosfrágeisepequenosFeáciosganhar-lhe-iamnascorridasdevelocidade.Alcínoo,oreilocal, agradece-lheadeferênciaeboavontadeedeclara:“Para mim não existem lutadores perfeitos, o que conta são os bons corredores e marinheiros; e para alegrar os nossos corações, os banquetes, a harpa e o baile, a roupa limpa, o banho quente, o amor e o sonho.”
Seguiu-seaconfraternização,destinadaadarosentidoúltimoàscompetiçõesejogoscorporais;ealembrar queprecisamosdemelhorara aptidão e disponibilidade inclusiva, hospitaleira, ecuménica e universalista,e deinstrumentalizarodesportoparaserviressefim.Éhojedeverasurgenteafirmareassumirafinalidade daamabilidade;estadesarmaaagressividade.
DO CORPO: DISTINTIVO E PILAR DO HUMANO
OtextodaautoriadeJoséGil(ComaIA“seremosmaissimplesepequenos,pobresefelizes”),divulgadopelo jornal Público em3dedezembro,édetantaacuidadeelucidezquenosiluminaetambémassusta.Ofilósofo fazaradiografiadosargumentostecidosafavoreemdesfavordainteligênciaartificial.Paraeleéevidente quetodasastarefasagoraexecutadaspeloshumanos,seoseudesempenhoforotimizadopeloempregode tecnologiasinteligentes,vãodesaparecer.Omercadonãoabremãodesseganhoóbvio.Ora,issoacarretao fim do antropocentrismo e do humanismo, do domínio do sujeito humano sobre o objeto composto pelos outrosseresdomundo.Eobrigaaredefinirtaisconceitoseatirarasdevidasilações.
Face a esta ameaça, os humanistas, que antes afirmavam o primado da racionalidade, tomam agora a afetividadecomoessênciaconcessionáriadahumanidadedoindivíduo,ouseja,abjuramadefiniçãoclássica destecomo‘serracional’,excludentedosaspetosinerentesàdimensãoanimal.Assim,osafetos,asemoções, osinstintoseaspaixões,devaliaanteriormenteapoucadaoususpeita,sãohojealçadasabandeiracontraa híper-racionalidade das máquinas e robôs. Portanto, o corpo e a animalidade nele ínsita vêem-se convocados para vir a terreiro e tentar salvar a visão que os tem depreciado em vários domínios, nomeadamenteodaeducação.
José Gilaborda as premissas dos apologistas daIA. Reconhece à máquina a capacidade de construir uma realidade paralela, quiçá mais perfeita, de produzir, replicar e superar os objetos e obras dos grandes autoresconhecidos.Nenhumdosprodutosdopassadoedopresenteescapariaaopoder‘criativo’daIA.Só que este poder, por ser referenciado ao contexto dado e finito, conduz ao seu esgotamento, ao fecho da criaçãodonovoedesingularidades;anula-senarepetição,istoé,naincapacidadedecriarinfinitamente, foradadeterminaçãofinita.
Asmáquinasnãopotenciameexponenciamacriação,aindaporqueestanãoassentaapenasnacognição, nemtampouconaunicidade.Aarteapoia-senasingularidadeenaaptidãodoartistaparacombinaracasos enexos,paraseligarasingularidadesoutrase,assim,darvida‘inorgânica’àobra.E“épelocorpoqueavida vemaoartistaequeelearecrianaobra–oqueamáquinainteligentenãopodefazer”.
Para as máquinas poderem ‘criar’, elaborar obras inovadoras dos caminhos andados e abrir vias inexistentes,imprevistaserevolucionáriasdacriaçãoartística,nãobastamasfaculdadesdoentendimento ourazão,dasensibilidade,daimaginaçãoedasimulaçãodeemoçõeseexpressõesdorostoedetimbresda voz.Acriatividadeeaoriginalidadeadvêmdaaptidãoparaexprimirsingularidades.Paraissoseriapreciso queosalgoritmosdasmáquinastivessemumcorpocomoodoshumanosenãootêm.
Afinal,oquediferenciaoentehumanodasmáquinassuperinteligentesnãosãoamente,aracionalidadeea inteligência;éocorpoeosseusheterónimos,dosquaissabemostãopouco:ocorpobiológico,filogenético, herdeiroeevolutivodacadeiaanimal,ocorpodeátomos,moléculasepartículascósmicas,ocorpofeitode plantas,ocorpocolonizadoemodeladopelascircunstânciasecolonizadoremodeladordelas,ocorpocom espaço interior e exterior, o corpo propriocetivo, sensorial, intuitivo e plástico que se adapta, excede e transcende, modifica e revela nas atividades performativas, o corpo denso e extenso que transporta histórias,formasememóriasimpossíveisdeconfigurarnoADNdorobô.Emsuma,oquedistingueeexalta a inteligência humana encontra-se adstrito à possibilidade do corpo se tornar outro, de estar em permanente devir animal, mineral, vegetal, morfológico, cultural, relacional. Este potencial subtrai-se à máquina;éúnicoepertençaexclusivadoSerHumano.Obailarino,opoeta,omúsico,opintor,oatletaetc. sãodiversidadesesingularidadesdocorpodiverso,mutávelesingular. Os gregos estavam devidamente avisados, quando nos definiram como seres ‘artísticos’, intimados a suplantarainumanidademediantea‘artificialização’,nosentidodadoporFernandoPessoaaotermo:“Éde meu natural ser artificial.” Esta conaturalização na arte é operada pelo corpo, pelos atos e gestos que executa,pelaspalavrasqueprofere,pelasexpressõesereaçõesqueassume.Sim,eleédistintivoepilardo humano. Urgeelevaroexercíciodessafunção, para limitarousoeobviar a vitória dasmáquinassobreo poderinventivodoshumanos.Paraimpedirqueelasestreitemocampodasexperiênciasevivênciasafetivas e cognitivas, das necessidades e desejos,ideias, inquietudes, pulsões e volições, nosreduzam ao teor das operaçõesqueconcebem,eeliminemtudoquantoépredisponenteàcriaçãolinguísticaecultural.Sobpena dederivarmosparaummododepensar,falaresentirigualaodelas,denosdesfazermosdacomplexidade eficarmos“simplesepequenos,pobresefelizes”.
09.12.2023
Jorge Bento
AFrançatemumpatrimóniocivilizacional,cultural,intelectual,artístico,político,socialetecnológicotão ricoquesuscitaaadmiraçãoeoreconhecimentodetodoomundo.Esperava-sequeaaberturadosJogos fosse uma justa homenagem e uma evocação bem conseguida desse historial. A expectativa era grande; ademais foram profusamente anunciadas a inovação e genialidade do cerimonial. Porém, não logrei perceberorumodetantosbarcos,nementendiofio-condutordoevento.Assim,foiemvãoquetentei,até aofim,entrarnojogo.Aculpaéminha;sintocadavezmaisfomedosagrado,pararelativizarocrescendo do profano ao meu redor. Creio que Prometeu não apreciou a quebra da tradição. Zeus, irritado com o abandonodosimbolismo,enviouachuvaparaestragarodesfilemediático.NasandançaspelasruasdeParis perdeu-seosentidododivino.Semelepodeconseguir-seumespetáculoreluzentedeglamoureopulência, masnãodegrandezaesublimidadehumana.
“Não é suficiente que os Jogos Olímpicos sejam festejados brilhantemente, de quatro em quatro anos, por uma elite. É mais importante que cada um, sem distinção de estado, receba na modéstia e monotonia da vida quotidiana os benefícios da cultura olímpica.”
BarãoPierredeCoubertin
1. NumacampasingeladocemitériodeLausannejazPierredeCoubertin.Oseucoraçãoencontrouaúltima moradalongedali,numlugarpredisponenteàmeditação,obosquedeOlímpia.Semprequenesteéacesaa chamaolímpica,opensamentovolta-separaobarãoeéevocadooseunome.
PierredeCoubertin,apósamorte,nãosuscitouapenasadmiração,respeitoefervor.Paraoshistoriadores foidemasiadoidealistaeinsuficientementeracionalecientista,paraosdirigentesepolíticosfoilongede maisnaexigênciadedesportoparatodos,paraosdedireitaexcedeu-seemhumanismoeliberalidade,para osdeesquerdanãoselibertoudaaristocraciaedoconservadorismo.Assim,detudooquefezpermaneceu o reconhecimento unânime pelo relançamento dos Jogos Olímpicos, muito embora o agradecimento não passe,muitasvezes,deumaformulaçãoplatónica.Mas,pelomenostodososquatroanos,omundorecordao,quandoédesfraldadaabandeiraporeleesboçadaesoamoscorosporeleinscritosnoprogramaolímpico, quandoajuventudeirrompeconvivialefestivanaágoraporeleredescobertaereinventada.
OsJogospoderãodesencadearpaixões,críticasereflexõespreocupantes;conservam,noentanto,aessência dafinalidadeoriginal.Continuamaserpalco,momento,motivoeestímulodoentendimentoentreospovos; perduram como pilar sólido do utópico templo da paz. Ou seja, os mensageiros ainda não destruíram a mensagem.RealmenteosJOconfiguramumaPedagogiadaFraternidadeUniversal,umcorpodeaspirações e exigências, princípios e valores de alto teor humanista. Importa repeti-los, aclamá-los e renovar o juramentodefidelidadequeascontingênciasdostemposvãocorroendo.
2. Contraaadulteraçãoeainstrumentalizaçãododesportoparaduvidosasfinalidadesextrínsecasergue-se oposicionamentodeCoubertin:“Oesforçoéaalegriasuprema;osucessonãoéumobjetivo,masapenas ummeiodevisarmaisalto”.Odesportoéexpressãodafelicidadeexperimentadanolaborsuadoenoêxito alcançado;congrega,emharmonia,competiçãoecooperação,oposiçãoeinterajuda,durezaesensibilidade, euforiaedramatismo,forçaebeleza,vontadedeganhareriscodeperder,regozijoeexaltaçãonavitóriae aceitaçãoserenadaderrota.
É para fazer Homens de boa vontade e reta intenção que Coubertin concebe o desporto como Fénix renascida. Foi a pensar neles que escreveu a ‘Ode ao Desporto’, inspirada na IX Sinfonia de Beethoven e no Hino à Alegria deSchiller,vertidonoquartoandamento.Coubertinconsiderouapeçamusicala“sinfonia olímpicaporexcelência”,porexpressar,demodoexemplar,aspotencialidades,asaspiraçõeseojúbiloda juventudeepornosdaralentonalutapelobemdahumanidade.
Sim, é contra o embotamento da consciência dos indivíduos que Coubertin compôs a sua Ode de enaltecimento do sentido maior do desporto. Na estrofe Vprocura, com um grito dealerta e repreensão, acordaranossaindiferençaeinsensibilidade: “Ó desporto, Tu és a honra!
Dados por Ti têm elogio e testemunho pleno valor,
Porque ganhos apenas em verdadeira honradez.
Competição desleal e truque ilícito
São rigorosamente proibidos
E seria castigado com desprezo
Aquele que quisesse conquistar a palma apenas com manha e ludíbrio.”
AestrofeVIarranca-nosdeumaexistênciaentorpecedoraelança-nosnasendadafestaedaespiritualização docorpoedavida:
“Ó desporto, Tu és a alegria!
Logo que o Teu grito ressoa estremece o corpo em glória, Os olhos brilham e o sangue irrompe tempestuosamente pelas veias,
As ideias voam claramente em direção ao etéreo,
A alma liberta-se de toda a pressão
E rejubila ruidosamente no gozo pleno da vida.”
Eis-nosperante odesportocomoexaltaçãoe exercitaçãodoHomem maiúsculo, dassuascapacidades, de todosossentidoseperspetivasderealizaçãoplenadatarefadavida!PorissoaestrofeVIIIconfigura-ocomo umcinzel,ajudandoaesculpiresublimarorascunhoeprojetodeHomem-atletaquemoradentrodecada umdenós:
“Ó desporto, Tu és o progresso!
Aquele que se quer mostrar dignamente ao Teu serviço Tem que se melhorar continuamente no corpo e na alma...”
Esteconviteaoaprimoramento,àsuperaçãoeafirmaçãoindividualintegra-oCoubertinnumcontextomais latodeenobrecimentoequalificação:“Oindivíduopossuivalorapenasnoquadrodetodaahumanidade”. Oêxitoévistocomoalicercedovínculodosujeitoaogrupo,sendorecusadotodaaconfusãocomumamoral vã,comsofrimentoexóticoemasoquista,comumarremedodeaventuraamputadadesociabilidade.Era, pois, inevitável que Coubertin idealizasse o cenário olímpico como santuário de oração pela paz e observânciada igualdade dos povos,oqueéconsagradodemodoinequívoconaestrofeIX:
“Ó desporto, Tu és a paz!
Tu entrelaças com um fio os povos, Que se sentem irmãos no culto conjunto Da força, da ordem e do autodomínio.”
Coubertin recusa o Panegírico pronunciado por Isócrates em Olímpia noano de 380 A.C.; não serevê no apelo veemente à retomada do combate contra os persas sob a direçãode uma Atenas de casasbrancas, escondendoachagasocialeamisériamoraldaimensalegiãodecriaturashumanamentedesqualificadas. Abjura o sentido restrito da amizade entre as nações e proclama a abertura dos Jogos à participação de todos,aosgregoseaosnão-gregos,estestidosoutroraporbárbaros,designaçãoqueagoraseescrevecom outrasletras,porémcomamesmasignificaçãoeintenção.Bem-avisadoeemjeitodepremonição,Coubertin coroaaestrofeIXcomaexortaçãoàaprendizagemdorespeitoedavalorizaçãodadiferença:
“Por Teu intermédio aprende a juventude a respeitar-se
E a apreciar e avaliar
Também as qualidades de carácter de outros povos. Medir-se e ultrapassar-se reciprocamente, este é o objetivo:
Uma competição na paz.”
Seráistoumautopiaplenamentefactívelouumaalienação?Coubertinlevantaataçadootimismo:“Osdias dahistóriasãolongos.Sejamospacientesepermaneçamoscheiosdeconfiança!”
JorgeBento
Pela calada da noite, Prometeu subiu aos céus e roubou o fogo do espírito, o intelecto, a razão, a linguagem, as artes e as técnicas, para acudir à nudez dos seres criados pelo seu irmão Epimeteu, desprovidos de tudo, incapazes de sobreviver. Com esses dons e próteses, os humanos tornaram-se entes animados pela ânsia de transcendência. Esta narrativa da mitologia grega oferece uma explicação prodigiosa da nossa propensão para superar os limites e possibilidades, para recusar existir rente ao chão e, ao invés, almejar a condição de criaturas aladas, quase perfeitas, quase felizes, quase divinas.
Os Jogos Olímpicos são um cerimonial de evocação e prestação de contas do uso da dádiva recebida. No acendimento da pira, na sessão de abertura, os atletas devolvem aquela chama, ampliada e multiplicada pelos feitos da humanidade. Aquando do roubo, os deuses enfureceram-se e condenaram Prometeu a cruel castigo; agora rejubilam e abençoam o sentido e fruto do furto prometeico, mas ficam espantados e até indignados ao verificar que persiste a hibridez original e que o bem se verga perante as forças e os ventos do mal. Que falta fazem Homero e todos os vates que educaram os povos, para exorcizar a deprimente conjuntura e dar continuidade à inventiva mitológica!
Instituído em 1924, o lema olímpico contém um apelo à transcendência dos limites e ao esgotamento das possibilidades. Fernando Pessoa acolheu-o: “A normalidade é uma ilusão imbecil e estéril.” Ora isto suscita interrogações.
Para que nos presta o salto com vara e este beirar os 6,20 metros? E correr os 100 metros planos em menos de 10 segundos? E todos os outros recordes? Sim, qual a utilidade de consagrar tempo e energias à realização de tais prestações? A resposta é clara: vale para o mesmo que a literatura e a norma culta da escrita e da fala, a música erudita e todas as modalidades de cultivo, de busca e configuração do belo e bom.
Tudo isso são coisas de minorias. Pois são! Mas, sem elas, sem a admiração e o apreço do difícil, do elevado, do impossível e requintado, sem o amor à arte, à beleza e à criação de obras invulgares e extraordinárias, as maiorias perderiam a atração e a sedução pelo que as excede, entregar-se-iam ao pasmo, condenariam a estesia, a imaginação, o sonho e o deslumbramento à morte. A tirania da feiura, da incúria, do marasmo e ruído tomaria conta da existência; e esta seria um manicómio insuportável.
Tal como a figura mitológica, somos seres ‘descontentes’ com o nosso estado e condição; ansiamos libertar-nos dos labirintos e torreões que nos enredam a existência. Queremos escapar deles, mas falta-nos a justa medida de sabedoria, de coragem e ousadia. Faltam-nos asas firmes e proficientes; as que temos são frágeis, suscetíveis de ser desfeitas pela inclemência dos ventos do mal, evadidos da Caixa de Pandora, e pelo calor do sol que tanto nos atrai e guia como derrete a cerra da arrogância e necedade em demasia. Mas não possuímos outras; é com elas que nos devemos fazer ao largo, enfrentar a altura e lonjura. Só assumindo o risco dessa aventura é que as melhoramos; e é também assim que cumprimos o destino de entes de ‘distantes’ e ‘excessivos’, fadados a correr atrás da realização de objetivos e metas situadas muito à frente, a exceder a sujeição ao presente e visar a libertação no futuro. Sabemos que quem tenta voar próximo do astro-rei, corre o perigo de queimar as asas e de se afogar no oceano; porém acreditamos em Fernando Pessoa: é no abismo do mar que Deus espelha o céu.
O historial dos Jogos Olímpicos tem capítulos fascinantes, protagonizados pelos atletas. Um deles foi escrito por James Cleveland Owens e Carl Ludwig Long nos Jogos de Berlim, em 1936. O norte-americano ganhou então quatro medalhas de ouro: 100 e 200 metros planos, 4x100 metros e salto em comprimento. Nesta última prova conheceu o alemão, recordista europeu e favorito na disciplina. Owens fez as primeiras tentativas e pisou em falso a tábua de chamada, correndo o risco de ser desclassificado. Long, que liderava o concurso, abeirou-se dele e deu-lhe conselhos no tocante ao modo de efetuar a corrida de balanço; Owens seguiu-os e alcançou assim o ouro, relegando Long para a prata. No final, abraçaram-se longamente, o que causou efusiva admiração e comoção no público presente no estádio, dada a discriminação na altura usual, motivada pela diferença na cor da pele.
Nasceu ali uma profunda amizade entre ambos. Jesse Owens viveu até 31 de março de 1980; com Luz Long a sorte foi madrasta: mobilizado para a guerra, tombou, a 14 de julho de 1943, na frente de batalha em San Pietro Clarenza, Itália.
ACERCA DO ETERNO
Não é à toa que a Ilíada e a Odisseia, sobretudo esta, são consideradas obras fundadoras da civilização ocidental. Todos os episódios e narrativas encerram propostas axiológicas. As várias aventuras vividas por Ulisses na errância pelos mares tecem uma densa rede de princípios salvíficos da existência. Atente-se, por exemplo, nas cenas decorrentes na ilha de Ogígia.
Ulisses encontra ali a capitosa ninfa Calipso, ele faminto e ela com insaciável vontade de comer. O romance acontece dia e noite, manhã e tarde. Até que, ao fim de sete anos, o navegante escuta a consciência e decide prosseguir a viagem. Comunica então a decisão à diva. Esta reage de pronto: “Não vás; se ficares comigo, concedo-te a eternidade!”
Como é sabido, os gregos não acreditavam na eternidade, mas desejavam ter nome para além da morte. A oferta era tentadora e deixa Ulisses deveras hesitante. Todavia, após refletir um pouco, responde: “A eternidade serve-me de pouco. Vou tornar-me velho, perder forças, habilidades e virilidade, adquirir rugas no rosto, etc.” Calipso não desiste e sobe a parada: “Não te dou apenas a eternidade, também te dou a eterna juventude!”
Aí, sim, Ulisses esteve prestes a ceder à tentação. Porém caiu novamente em meditação e encontra a resposta sábia: “O que me concedes é um atributo dos deuses. Não possuo esse estatuto nem pressupostos para o honrar. Sou humano; estou sujeito ao porfiado e suado labor para me realizar. Mais vale uma vida bem-sucedida de mortal do que
uma vida malsucedida de imortal!” Fez-se ao destino e cumpriu a obrigação de chegar a Ítaca, onde o aguardavam ansiosamente Penélope e Telémaco, a mulher e o filho, bem como o seu povo.
Lembro-me de vários Jogos Olímpicos. Diferentes no cerimonial de abertura e clausura, mas todos carregados de legado axiológico, puseram em estado de alvoroço e júbilo e inundaram de entusiasmo e paixão quem os viveu. Por exemplo, os de Barcelona foram uma celebração do encanto, do artístico e sagrado: trouxeram a mitologia e a filosofia, a cultura e a música, emoções e mensagens de fraternidade e universalidade que duram até hoje e, quiçá, para sempre. E os de Paris? Para já suscitaram polémica em demasia, inclusive a de criaturas biologicamente masculinas competirem com femininas. Estes jogos são mais um megafestival. O vento, que os varre, não é o de Prometeu e Zeus; é o de outro deus, afasta-os de Olímpia e arrasta-os para o caos. Apesar da profusão de luzes, o espírito está apagado ou submerso na aparência e no faz-de-conta. Há um vazio de essência. Oxalá a tendência se inverta, a excelsitude supere a rasura e, no final, fique algo valioso!
Pode-se obter o segundo, devido aos favores da sorte, da fortuna e herança, à inscrição no clube do amiguismo e alinhamento com os distribuidores de prebendas e privilégios. Obviamente, também pode ser conseguido com mérito, embora não seja no presente a via mais em voga. A razão é simples e disse-a sabiamente Hesíodo, o genial poeta oral, a par de Homero, da Antiguidade Grega: “À frente do mérito puseram os deuses o suor: o caminho para lá é longo e corre a pique; é árduo, ao princípio, mas quando se chega ao cimo, embora difícil, depois parece fácil.”
O mérito implica exercício intenso, que o digam os atletas. Não se alcança o pódio sem enfrentar a dor e dureza da dificuldade; mas é esta a fonte da genuína felicidade. Bendito seja quem anda esse caminho e não o deixa cair no esquecimento!
Vibro com as façanhas desportivas. Sou fiel à visão de Homero: não há proezas mais difíceis do que as realizadas com os pés e as mãos. Entendo-as como uma configuração da harmonia entre o espírito que as imagina e o corpo que as realiza; e, assim, como síntese da relação entre natura e cultura e intelecto ou comprovação da hipótese de que podemos melhorar e aprimorar a natureza, torná-la um artefacto. Talvez não falte quem rotule de alienação a minha paixão; não contesto a razão da acusação. Mas permitam-me uma explicação: julgo ter dado um contributo significativo para elevar o desporto a objeto de estudo na universidade, seja no nosso, seja noutros países. Estou convicto de que não confundem o justo orgulho com presunção fútil, nem chamam virtude à falsa modéstia.
Não há civilização sem trato Humano do outro. E este não vem no código genético; é um dos alvos cimeiros da educação e, obviamente, do desporto. Hoje recebemos uma lição eloquente na matéria. A gentileza enobrece quem a pratica e dulcifica quem a recebe; é uma atitude que beneficia ambos. Sim, o reconhecimento do mérito alheio não nos apouca; ao invés, eleva o nosso. Se fosse hábito comum e corrente em todas as áreas, o mundo seria um campo de florescimento da amabilidade e do sorriso; só haveria guerras no inferno.
DO IMPOSSÍVEL
Píndaro, nas Odes Olímpicas, proclamou mais ou menos assim: Ó alma querida, tu podes não acreditar na eternidade; mas isso não te dispensa de esgotar o campo do possível e cumprir o destino de aprimoramento, ínsito em ti!
William Shakespeare deu-se conta de que o desejo de ser extraordinário e admirado é um traço comum. E Nietzsche avisou-nos de que estamos obrigados a superar-nos até ao infinito, porquanto o absoluto e não o relativo é a medida do humano.
A ADIDAS pegou nestes lembretes e com eles construiu o lema de que “o impossível é nada.” Nesta conformidade, se não for para tentar fazer o impossível em cada dia, talvez não valha a pena que nos levantemos da cama no começo da manhã.
Tal como os de Olímpia, os Jogos Píticos eram pan-helénicos e realizavam-se de quatro em quatro anos, em data intermédia em relação à daqueles. Embora com designação distinta, inspiraram também a criação dos Jogos Olímpicos da Modernidade.
Segundo uma lenda, Diomedes, um dos mais valentes heróis gregos, depois de Aquiles, ao regressar da guerra de Troia, em 1194 a.C., parou em Delfos e instituiu os Jogos em honra da Apolo, por este ter matado e esquartejado a serpente Píton e instalado no local um oráculo. Outra lenda atribui a criação ao próprio Apolo para celebrar o seu feito. Documentos testemunham o início da versão definitiva dos Jogos na primavera de 582 a.C., por ação da Liga Anfictiónica, incumbida de proteger o santuário de Delfos e promover festividades em sua honra. Foram extintos pelo imperador romano e cristão Teodósio no ano 394, com o mesmo édito que decretou o fim dos Jogos de Olímpia.
O cenário situava-se em frente do Monte Parnaso, constituído por um teatro e um estádio. Para lá chegar havia uma escadaria com 500 degraus. Incluíam competições de música (canto, aulo e cítara), recitações de hinos e poesias, e danças de adolescentes em roda do altar, simbolizando a vitória de Apolo sobre a serpente. Em seguida surgiam as provas atléticas, similares às de Olímpia, tirando as quadrigas. Pretendia-se assim celebrar a saúde, coragem e beleza da juventude grega. Píndaro (552-443 a.C.), nas Odes Píticas, e Pausânias (110-180 d.C.), na Descrição da Grécia, referem os nomes de alguns vencedores nos vários concursos, bem como os prémios auferidos: dinheiro, coroas de ouro e louro ou ramos de carvalho.
Enfim, o frenesim do presente não deve obscurecer a admiração das origens e a visão do caminho andado.
A nossa vida é uma viagem, balizada por encontros e desencontros, chegadas e partidas, metas achadas e rotas perdidas, cabos dobrados, vivências e experiências acumuladas, exigências e provações vencidas. Ao longo do caminho colhemos sonhos e ilusões; e também desgostos e frustrações. Cumpre-nos, em toda a hora de desacerto ou infortúnio, renovar a esperança e retomar o andar de peregrino. No final temos que elaborar o balanço: ai de nós, se traímos o destino!
Jorge Bento
· IN MEMORIAM: URGÊNCIA DE RENASCIMENTO
Desceu o pano sobre os Jogos. É cedo para o balanço, mas não para apagar a impressão: enredados numa teia de autofagia, hipocrisia e polémica, findam e não deixam saudade. Num mundo em convulsão podiam ter feito a diferença; optaram por acirrar divisões e atiçar ódios. Salvam-se as atitudes dos atletas, embora tenham sido relegados para o papel de castiçais na mesa das agendas dos programadores. A manobra foi subtil, porém profunda. O que fica do evento?
Obviamente, suscitou a atenção; todavia assemelhou-se mais a megafestival e menos a uma celebração do espírito olímpico. Os problemas da convivialidade e salvaguarda de princípios e valores éticos viram-se agravados. O Sena continua com as águas turvas, tal como a França e o cenário internacional. Ao invés do anunciado, o Renascimento não aconteceu; e tanto precisamos dele! Disso o desporto não tem culpa; têm-na os que o ajoujam com fardos alheios à matriz de ócio criativo e civilizacional. Para os que andavam distraídos, os jogos revelaram que o desporto tem vindo a ser atingido por algo doentio. O coração ainda permanece pujante, porém sobejam as instrumentalizações abusivas e estas ameaçam adoecê-lo. Os fins intrínsecos estão a ser esmagados pelos extrínsecos. Exige-se harmonia.
A conduta do COI convida a desmascará-lo. Por exemplo, a invenção da equipa de atletas independentes, mais do que farsa, é crime. Por acaso teve o COI em conta o opróbrio e os riscos existenciais dos atletas que caíram na esparrela, junto dos países de pertença dos mesmos? Não dá para desenvolver aqui o assunto; espero que os leitores tirem dos olhos a poeira ideológica e teçam um juízo sereno sobre a perversidade de tal medida.
Urge enterrar a cobardia intelectual. O desporto não tem que ajoelhar aos pés do deus ‘mercado’ e da superestrutura dos interesses que abocanham o mundo e dificultam a amizade entre os povos. Como qualquer arte performativa, é bem axiológico, cultural e universal; serve o progresso comportamental, ético e moral. Viva o estádio de sagração da Humanidade!
HOMENAGEM
Hoje quero, propositadamente, homenagear a participação portuguesa nos Jogos de Paris. Dos atiradores de pedras e aproveitadores dos ventos de alguma frustração, cuidando que assim são levados para o cume da notoriedade, não se falará no futuro.
Saúdo um a um os membros da nossa delegação e, in memoriam, envolvo num comovido adeus o Presidente do COP. Recordo-o com emoção e veneração: nunca me faltou nas horas apertadas. Volto o olhar da admiração e gratidão para os atletas e treinadores. Todos sonharam e lutaram por medalhas, durante os Jogos e nos anos antecedentes. Todos deram o melhor de si para honrar o nome eterno e universal de Portugal. Bem hajam!
Acabou o clima de festa. Tudo vai continuar como dantes. Afinal, a chama de Prometeu não rasgou a escuridão, nem remediou os loucos devaneios de Epimeteu. A euforia deixa o lugar vazio para a incerteza e a resignação
A sociedade cansada, deprimida e esgotada continua a sua marcha. O indivíduo leva às costas um pesado campo de concentração; por mais que corra, chega sempre atrasado ao essencial. A exploração e a escravidão de si mesmo requerem a vinda do ócio criativo, da aptidão para saborear a calma, a demora, o devagar e o tempo, para contrariar a agitação, a correria e demasia da velocidade, e surgir o Homo Liber e soberano.
A Terra clama e reza por um novo Código de Hamurábi, por uma versão renovadora do Contrato Social de Rousseau (publicado em 1762), por uma Constituição Planetária que abarque todas as áreas da atividade, consagre e imponha normativos universais, visando defender a Humanidade dos que contra ela atentam. Sim, necessitamos de uma visão apurada e partilhada do futuro, e de um ousado plano de regeneração convincente. Para isso é imprescindível reconhecer que a crise ambiental e as políticas vigentes tornam insustentável o porvir dos humanos. Urge, pois, investir num desenvolvimento ambientalmente sustentável e socialmente inclusivo, ressuscitar um ímpeto democrático que aumente a participação e a deliberação dos cidadãos. E é igualmente importante colocar a cultura no centro da vida coletiva e individual; porque, onde ela não floresce, a violência torna-se espetáculo e instala-se a destruição.
Os Jogos de Paris mostraram que a janela de oportunidade é estreita, porém suscetível de ser alargada pelo conjunto de boas vontades. Estas têm que pôr termo às férias e ao remanso na apatia.
“Me engana, que eu gosto!” - eis uma exclamação ou imploração de uso corrente no Brasil. É assim em todo o mundo. Gostamos de ser ludibriados e detestamos quem apresenta os factos tal como eles se desenrolam. Para cúmulo, o portador de mensagens contrárias aos nossos desejos e ilusões sofre calúnias e insultos; enquanto aquele que nos aldraba intencional e objetivamente recebe encómios e aplauso. Somos deste jeito e não ganhamos emenda, por mais que a evolução das situações e da realidade contrarie a nossa propensão para o ledo engano. É disso que se aproveitam políticos e governantes descarados, bem como agências e órgãos de notícias sem compromisso com a verdade.
TERRA DE HIEROFANIA E COSMOGONIA
“Não te aproximes daqui, disse o Senhor a Moisés; descalça as sandálias, porque o lugar onde te encontras é uma terra sagrada.” Assim se lê no Êxodo, III, 5. É semelhante a esta a voz que escuto, quando entro e deambulo no Nordeste Transmontano. A sacralidade derrama-se por toda a parte, adentra os sentimentos, inebria o olhar e convida para uma postura de oração. Aqui levanta-se o reino do absoluto, balizado por sinais de orientação e delimitação, fundadores e estabelecedores da ordem cósmica, com abertura para o transcendente.
A sucessão contínua de ladeiras, montes, serras e vales configura uma arquitetura da repetição de hierofanias e cosmogonias. Não encontro uma definição suficientemente ampla e precisa do Nordeste Transmontano, sem o ver, entender e sentir cada vez mais como uma coreografia de hierofanias. O termo é apropriado, porquanto o sagrado manifesta-se em toda a parte. São sagrados os relevos naturais e igualmente pletóricas de sacralidade as árvores e as pedras, não em si mesmas, mas por conterem algo que as torna outra coisa e transmuda numa realidade sobrenatural. Sempre que vou a Bragada, reavivo este entendimento. A placa na estrada com o nome da aldeia, a ribeira quase seca no verão, a igreja com fachada e ossatura de granito, as ruas desertas, a casa esborralhada onde nasci, a escola abandonada onde aprendi a ler e escrever, os caminhos que andei na infância, os castanheiros e oliveiras seculares que resistem como duendes imperecíveis, enfim, tudo perfaz uma sinfonia de hierofanias e cosmogonias, de padrões de reconhecimento do centro do meu mundo. Tudo tem alma. Em tudo moram criaturas mágicas e ancestrais que se mostram nas noites escuras com candeias de azeite acesas nas mãos.
Circe, a deusa feiticeira, não vai ter sorte com os amigos e admiradores que granjeaste. Haverá sempre um Euríloco pronto a avisar Ulisses dos malévolos intentos da perversa deidade. Ela não nos tirará a memória, nem transformará em porcos. Continuaremos a citar o teu nome e a recordar a tua obra; esta não deixará de falar por ti.
PS: As fotos das capas dos livros e dos textos adjacentes foram tiradas do mural da Doutora Ana Luísa Pereira.
DA UTOPIA À CAPITAL
Eis o título da exposição patente no Instituto Pernambuco-Porto de 1 de agosto a 27 de outubro. A visita é imperdível, dado o vasto e riquíssimo acervo de maquetes, desenhos, projetos e fotos referentes à conceção e construção de Brasília.
Como se sabe, Brasília é Património da Humanidade. E é uma utopia desta, concebida na forma de arte e cidade pelo génio e engenho de dois imortais: o urbanista Lúcio de Lima Costa e o arquiteto Óscar Niemeyer Soares Filho. As frases, escritas pela mão do último em dois desenhos da sua autoria, revelam o teor da imaginação e da utopia. Uma reza assim: “Uma cidade diferente, sem discriminação, injustiça, opressão e violência, era o que imaginávamos estar construindo.” A outra afirma: “Um dia o povo ouvirá o que deseja e a liberdade e os direitos humanos serão conquistas irreversíveis.”
Brasília, síntese do povo brasileiro, constitui uma metáfora da Pólis Humana. O sonho e o projeto continuam em edificação, precisam da permanente revolução do espírito e do intelecto e jamais conhecerão a conclusão.
Esta fotografia, tirada em Bragada, no cimo das escaleiras da casa paterna, há algumas décadas, enternece-me vivamente; congrega a saudade e a gratidão.
A Helena Cristina dá hoje continuidade ao genuíno espírito transmontano dos avós: o apego à verdade e à inalienável obrigação de a dizer e defender. Não é coisa pouca. Muitos transmontanos, mesmo demasiados, esquecem e traem, na sua conduta cívica, o imaginário comumente associado às gentes de Trás-Os-Montes, de resto consagrado nas Ordenações Afonsinas, promulgadas pelo rei Afonso V em meados do século XV. Talvez o imaginário se tenha perdido no caminho; todavia, é mais dignificante afirmá-lo e tentar viver à altura dele do que ignorá-lo. Por isso evoco os meus pais e agradeço à minha filha.
Se fosse músico, comporia um requiem pela saúde. Ela deixou de ser bem público e de estar à guarda da Medicina e do Estado; passou a pertencer aos grandes negócios. Esta involução é evidente e chocante no mundo ‘civilizado’, nos países que tanto apregoam a democracia, os direitos, princípios e valores. O Ser Humano não é mais fim em si mesmo, mas apenas meio de rentabilizar investimentos. Em nome da liberdade... do Mercado!
Nunca se manipulou e mentiu tanto como hoje nos órgãos de comunicação social. Volto-me para os jornalistas, embora os comentadores não lhes fiquem atrás. É compreensível que assim seja, porquanto vivemos num tempo de tragédias e estas têm o condão de pôr a nu as mazelas que afetam a natureza humana: morte, sofrimento, fome, pânico, incerteza, sordidez, violência, preconceito, mentira e, sobretudo, a ambição de tirar partido da situação e do sofrimento alheio. A lista de iniquidades podia ser alongada.
Os atores mediáticos, não contentes com a formatação da opinião pública, dizem-se ‘imparciais’ e camuflam o credo ideológico que os guia e os interesses que servem. Pode desculpar-se que não defendam o bem público; dava-me por satisfeito se mostrassem um mínimo de sentido crítico da realidade.
Em 1914, Walter Williams, criador da Escola de Jornalismo da Universidade de Missouri, deu à luz o ‘Credo do Jornalista’. Dele constam estas passagens: “Creio na profissão do Jornalismo;/ Creio (…) em que todos com ele relacionados, na medida plena de suas responsabilidades, são fiéis depositários da confiança do público; e que a aceitação de um serviço menor que o serviço público é uma traição deste dever;/ Creio que pensamento e expressão clara, exatidão e imparcialidade são fundamentais para o bom jornalismo;/ Creio que um jornalista deve escrever somente o que considera com convicção ser verdadeiro…”
Confiamos nas palavras quando nos convencem de que cumprem a função de revelar e não a de esconder e distorcer. Ora o jornalismo cheira a podridão moral e a prostituição intelectual. Os raros jornalistas decentes que usam palavras claras e transparentes são atirados para o caixote do lixo; e alguns estão na prisão.
ERA DE PESTE E DOIDEIRA À SOLTA!
Já se sabia que a competitividade é doença gravíssima, mas agora ficou ao léu o estado da enfermidade: as instituições públicas de ensino superior, Universidades e Institutos Politécnicos, endoidaram de vez! E muitos dos docentes e responsáveis também. Face à crise financeira que as afeta, vêm para os jornais e as redes sociais gabar-se de ter ficado à frente das outras nas preferências dos novos estudantes. Não são ramos da mesma árvore, nem servem o mesmo fim. Cada qual que se desunhe, nem que isso implique depreciar e afundar a outra. Eis mais uma era em que os doidos guiam os cegos!
AINDA OS JOGOS DE PARIS
Os Jogos prestaram-se ao esclarecimento de vários aspetos. Quero destacar três.
Em primeiro lugar, o programa de abertura mostrou que o wokismo e a dita ‘civilização do espetáculo’ estão em crescendo. Muitas pessoas, quiçá a maioria por esse mundo afora, não compartilham as mensagens difundidas pelo cenário inaugural. A fratura da Humanidade alastra e o bom senso encolhe.
Em segundo lugar, o murro desferido por algumas mulheres consegue ser tão forte como o desferido por homens. Isto deu e vai continuar a dar pano para mangas.
Em terceiro lugar, a ideologia do mercado entranhou-se no olimpismo. Os Jogos foram um megafestival desportivo, com evidentes conotações políticas e comerciais. Hoje o COI equivale a uma multinacional de negócios. Representa quem e o quê? É difícil tecer uma resposta cabal: se for longa, é enfadonha; se for curta, é redutora.
Quem tiver dificuldades em compreender a multitude de sentidos ínsitos no conceito de ‘arété’, instituída pelos gregos como padrão e caminho de salvação da existência, pode valer-se da contemplação dos Jogos Paralímpicos. Eles constituem um cenário eloquente da transcendência, de sublimação das adversidades.
O esforço de aprimoramento não é ditado pela intenção de superar e vencer o outro ou ser melhor do que ele. Decorre da obrigação de hoje tentar ser mais do que ontem, de não nos vergarmos aos ditames das circunstâncias, da desdita ou sorte.
Como postulou Aristóteles, somos aquilo que fazemos repetidas vezes, continuamente. A transcendência não é um feito, mas um hábito. Ora os participantes nos Paralímpicos realizam diariamente esse exercício e adquirem essa rotina. São, pois, Seres exemplares, magníficos e quase divinos.
Até 9 de setembro vão exibir uma pequena amostra do que fazem todos os dias, elas e os companheiros que não foram a Paris.
Têm o rosto iluminado por um sol desaparecido na maioria das pessoas. A alma e o corpo transbordam de entusiasmo e fogo; e da fé que arrasa as montanhas da impossibilidade. Aprenderam, ao longo dos anos, a tomar o excesso e a ousadia como norma da conduta. Levantam-se diariamente e vão à luta carregados da ilusão que não se entrega, por mais que tropece na realidade. Nunca deixam de recomeçar e sonhar que amanhã será outro dia: promissor, belo e resplandecente. Com razão, porquanto a Humanidade encontra sempre maneira de se reerguer e exaltar. Elas não se cansam de dar provas disso.
Ponhamos os olhos nestes caminhantes do assaz estreito caminho dos princípios, ideais e utopias. Acenam e dizemnos que andar nele é a única modalidade de realizar ‘quem’ somos e ascender ao pódio da gratificação. Não fiquemos aquém de nós!
LEMA DO PROFESSOR
Há muitos lemas de vida, cada qual ajustado à particularidade das circunstâncias. Para os professores, neste tempo de aridez e secura da esperança, talvez seja apropriado o seguinte: tentar encantar-se no desencanto e ver claro no escuro.
Dedico esta reflexão à memória do Professor Manuel Ferreira Patrício, hoje evocado no Centro de Ciência do Café, em Campo Maior.
Sou recorrente e enfadonho, bem o sei. Também sei, por recurso a pensadores eméritos e experiência própria, que a ‘instrução’ e as ‘competências’, hoje tão apregoadas como mantras do sucesso, conduzem menos à humanização e mais à domesticação do sujeito como besta de trabalho e agente do conformismo aos parâmetros produtivistas. Não, a educação não deve privilegiar a preparação de quadros orientados exclusivamente para o desempenho profissional; deve ter igualmente como metas a qualificação da pessoa e a melhoria da sociedade e dos pilares em que assenta o edifício da comunidade. Venho, pois, reafirmar, contra a corrente, que a instrução em vigor, na escola e na universidade, não assume como objetivo prioritário a ´formação’ dos alunos. Não pretendo convencer ninguém, mas apenas participar numa discussão destinada a equacionar e alumiar o complexo problema e a separar as águas da confusão concetual.
O teor da ‘formação’ pode ser concebido à luz da proposição de Platão: “O que faz andar o barco não é a vela enfunada, mas o vento que não se vê.” A mestria instrumental e técnica, valorada pelos tenores desta hora como garante da
‘excelência’, não encaixa na visão de Platão, nem basta e habilita o sujeito para a realização da tarefa primeira, a da exaltação da vida e das suas diversas dimensões.
Goethe postulou: a coisa mais digna de que se ocupam os humanos é a sua formação. E Wilhelm von Humboldt, na esteira do seu amigo, elaborou o conceito. Qual é o destino do Homem? É ‘formar-se’. Consiste isto em quê? Em revestir-se de formas e forças novas, para substituir as que se gastam e vão ficando pelo caminho. Que formas e forças são essas? As que perfazem o EU, as que conferem identidade, elevação e dignidade ao Ser. Quais merecem a primazia? Todas devem ser formadas em igual medida e em harmonia; todas são imprescindíveis para agir condignamente no cenário existencial.
Ora, a ‘instrução funcionalizante’ inscrita no figurino da moda não capacita e encoraja a:
. Questionar o que deve ser questionado, alargar o olhar, enxergar o distante e o estranho, almejar a amplitude, a diversificação e imensidão do espaço;
. Perceber o perdurável, o intangível, o simbólico, o não revelado, os ‘a priori’ iluminadores e avaliadores dos ‘a posteriori’;
. Atribuir significados, admirar e cultivar o belo e bom, a amabilidade, amenidade e convivialidade, a suavidade e moderação, a empatia e simpatia, a compaixão, partilha e identificação com o outro, com o seu lugar e vivência.
Sim, chama-se ‘formação’ à aspiração de buscar a verdade; é avessa ao fingir, mentir e omitir. Ela associa meios e fins, avalia as ações e as respetivas consequências, estimula a escolher as boas e a rejeitar as más. Confere ‘amplidão ao Ser’ e caracteriza o sujeito de saber experimentado, o ente propenso a compreender e entender, explicar e integrar o que se lhe opõe, o antagónico, o diverso, o inesperado, a valorizar o que até aí não tinha valor dentro dele.
A ‘formação’ pressupõe contemplação, concentração, cultura, demora, estudo e leitura, autoexame, reflexão, serenidade, escuta e silêncio. Sem estes ingredientes, a existência enreda-se no frenesim estapafúrdio e na hiperagitação letal. Os indivíduos afogam-se em assuntos pequenos e ‘particulares’, caem no desvão do ‘imbecil especializado’, como alertou Ortega y Gasset.
Nesta conjuntura é o tempo que comanda e amesquinha o pensar, reduzindo-o a cálculo, e tornando-o efémero, frágil, volátil, sem contacto com o sólido e o duradoiro. O alarido e o espalhafato generalizados e a falta de tranquilidade acarretam repulsa e até ódio às posições divergentes, inviabilizam o aprofundar da laboração mental, impedem-na de sobrepujar e influenciar a realidade com algo genuinamente diferente, novo e ‘outro’.
Ao pensamento pertencem a asa da liberdade e o luxo de se distanciar da necessidade e da unicidade, de fugir e despir o hábito da quadratura. Ao invés, a hodierna ‘fábrica escolar e universitária’ fomenta a aversão à inquietação e promove o feitiço que induz a criatura a afazer-se ao cabresto de ‘animal laborans e eficiens’, escravo de imposições voluntariamente aceites.
Somente os cegos, mudos e surdos, por opção, não percebem estes sinais na atualidade:
. Inaptidão para imaginar o diferente, o utópico, o lugar e a realidade inexistentes, porém possíveis.
. Regozijo por ter chegado a lugar nenhum, e decidir não mais sonhar.
Esta é uma era de peste: os loucos guiam os cegos. Desapegados da meditação, imersos nos números e estatísticas que funcionam como os postes para os bêbados, viciados nos índices e rankings, deitamos fora a utopia. Estamos reféns de coisas sem altura. Ainda haverá vontade de parar para pensar?!
Louvo os poetas, os músicos, os repentistas nordestinos, a arquitetura de Niemeyer, a linha curva da harmonia universal, os capitães da areia de Jorge Amado, os sertões e veredas de Guimarães Rosa, as igrejas e ladeiras de Minas, o sebastianismo de António Conselheiro, o acordeão e a voz de Luís Gonzaga, a sabedoria popular de Ariano Suassuna e a alma do Brasil.
Saúdo Macapá, São Gabriel da Cachoeira, Letícia, Rio Branco, Foz do Iguaçu, Santana do Livramento, Chuí, o país imenso, uno e plural.
Saboreio a doçura e graça da linguagem, a generosidade dos gestos, o verde e amarelo da natureza e as cores de todos os rostos. Ajoelho e rezo perante o Cristo do Corcovado. Sinto o vento da esperança e vejo nela o império da luz que há de vir numa aurora boreal. Canto a minha utopia política e sentimental.
Em momentos deveras importantes da vida senti Deus ao meu lado, qualquer que seja o Seu nome. Chamei-O e pareceu-me que Ele escutou a chamada e encarnou em várias pessoas. E não tenho brasão ou coisa parecida para exibir e reclamar créditos; sou tão-somente filho de Bragada, da família do cantoneiro da estrada nacional. Ali nasci e cresci rente ao chão, com braços estendidos à esperança. O que aconteceu depois não estava escrito na guia de remessa.
Estou na UNICAMP até 5 de outubro, a convite do Instituto de Estudos Avançados. Vim conviver com os Amigos caríssimos que conto nesta eminente Casa da Ciência e Cultura, do Intelecto e Saber. Nela encontrei, no passado recente, porto seguro para ancorar o barco da denúncia da captura da Universidade pelo neoliberalismo, bem como da traição à missão e obrigação de pensar os descaminhos da Humanidade e Sociedade. Aqui tive as portas abertas para expor ideias e publicar livros de anticonformismo, quando elas se fechavam nas paragens indígenas. Enfim, ninguém é profeta na sua terra.
Voltei agora em romagem de saudade, movido pela necessidade de conversar e escutar. ‘Ouvinte’ é profissão com futuro no mundo de surdos e mudos que estamos a construir. No final da estadia partirei com o ânimo renovado e o coração adoçado. Bem hajam os meus anfitriões!
Lusofonia e Universidade: em viagem para um mundo novo
Lusofonia e Universidade: em viagem para um mundo novo
O professor Jorge Olímpio Bento, da Universidade do Porto, promove um ciclo de atividades, em setembro de 2024, como convidado do Programa “Cesar Lattes” do Cientista Residente do Instituto de Estudos Avançados (IdEA) da Unicamp. Licenciado em educação física pelo Instituto Nacional de Educação Física (INEF) e doutorado pela ErnstMoritz-Arndt-Universität Greifswald, foi professor catedrático e o primeiro diretor da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. É doutor honoris causa pela Universidade Federal do Amazonas e pela Kasetsart University, Bangkok (Tailândia). Em 2016, foi condecorado com a Ordem Olímpica Nacional pelo Comitê Olímpico de Portugal. A programação é composta por três palestras e encontros diversos com docentes, pesquisadores e alunos da Unicamp relacionado aos temas da lusofonia, da educação superior e do esporte.
Palestra “Lusofonia, bússola para outros futuros possíveis”
A palestra abordará o papel da cooperação entre países lusófonos como estratégia de construção de alternativas para o desenvolvimento humano, econômico e social frente aos desafios do mundo contemporâneo.
Data: 13/09/2024
Horário: 10h
Local: Auditório Raízes – EA² – Unicamp – Campinas
Endereço: Rua Sérgio Buarque de Holanda, 800, Cidade Universitária “Zeferino Vaz”, Campinas
Inscrições: Clique no formulário
Palestra “Esporte, sociedade e futuro”
A palestra discutirá a evolução, as oportunidades e os desafios do esporte na viabilização do desenvolvimento social, cultural e político nos países lusófonos.
Data: 16/09/2024
Horário: 14h30
Local: Auditório da Faculdade de Educação Física (FEF) da Unicamp – Campinas
Endereço: Avenida Érico Veríssimo, 701, Cidade Universitária “Zeferino Vaz”, Campinas
Inscrições: Clique no formulário
Palestra “Nossa Casa Comum em Mares Revoltos: que papel cabe à universidade?”
A palestra tratará da importância de preservar o papel civilizatório da universidade em tempos de crises diversas, algumas das quais ameaçam a própria sobrevivência dessa fundamental instituição, vetor de construção de utopias possíveis.
Data: 25/09/2024
Horário: 14h
Local: Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Unicamp – Limeira
Endereço: Rua Pedro Zaccaria, 1300, Limeira
Inscrições: Clique no formulário
METÁFORA ELOQUENTE
No campus da UNICAMP há muitos ipês; na altura da floração constituem um ambiente deslumbrante. Trata-se de uma belíssima metáfora da Universidade. Os ramos da árvore configuram as diversas áreas do conhecimento; este tem a obrigação de ir mais além e alindar-se com as flores do saber.
Refira-se que não há matas de ipês, mas apenas florestas onde eles despontam, crescem e florescem. O mesmo acontece com os amigos: surgem no meio da floresta de gente, à nossa volta. Dou graças aos Céus por possuir inúmeros aqui.
SONHAR OS SONHOS
Os sonhos só vêm se forem sonhados e chamados. Sem eles, estás muito aquém de Ser. Se os tens, dá-te por agraciado. Mas não basta tê-los. É preciso pô-los no comando da vida, à frente dos olhos e seguir atrás deles com passos estugados e braços diligentes. A partir daí, é provável que os ventos das circunstâncias e da fortuna se conjuguem e soprem em teu favor. Todavia, presta atenção: não te contentes com a estação alcançada; os sonhos gastam-se, carecem de constante renovação e de estar sempre a caminho.
A vida não presta sem milagres. A minha conta com muitos. Um deles é o da aproximação e do amor ao Brasil, ontem renovado na Câmara Municipal de Piracicaba. Comovido e grato, imploro aos céus que o Brasil, grande por natureza, por afeto, por arte, por ciência e tecnologia, por esperança, por música, por poesia e por generosidade, se torne cada vez mais justo, mãe gentil de todos os seus filhos, assuma protoganisno universal e seja sempre irmão de Portugal!
GANHOS E PERDAS
A vida é um caminho. Nas margens dele há inúmeros quadros com lições até ao fim.
Podemos aprender a ganhar ‘coisas’ que elevam: o sentido da admiração, a confissão e emenda do erro, o dever de trocar as convicções por outras mais fundadas, a humildade das asserções e posições, a tolerância da diferença, o reconhecimento do mérito alheio, o trato humano, a coragem da verdade e da indignação contra a indecência e a mentira, a doçura e harmonia dos gestos, a lucidez, maturidade e serenidade das avaliações.
Podemos também aprender a perder pesos que nos apoucam: a arrogância e o orgulho vão, a egolatria e a pesporrência, a ganância e a inveja, o ódio e rancor, a raiva e sede de vingança, o frenesim e a impaciência, a amargura e dureza, o desânimo e desespero.
Quando elaboramos o relatório dos ganhos e perdas, não temos preferência pelo lado para onde se inclina a balança, tão gratificante, preciso e fiável é o equilíbrio.
Derepente,pego-meemreminiscênciastantaseserenas,asquaismeremetemaosbonstemposemminha queridacidadedePinheiro,ondeafelicidaderealmentecristalizava-seembrinquedossimplesefuncionais, geralmenteimprovisadoscomquinquilhariasencontradasnasruas,nasdespensasenosimensosquintais das casas de nossos pais e arquitetados na nossa mais profícua engenharia pueril; em "peladas" diárias, "labutadas"nosterrenosbaldios,nasquadras,naspraças,nasruasouàsmargensdorio;embanhosnorio, nossoregaçosagrado,saudadopelofulguranteluscofuscodemaisumdia,bemvivido;embanhosnachuva, nomêsdemaio,nas"biqueiras"fantásticas, quefaziam a nossa alegria erenovavamasnossasvidas;em festejos,quermesses,showdecalouros,quenosirmanavaminapelavelmenteemumapegosemlimitespor nossaterra(...)
Entretanto,àsnossasjornadas,estavaasseguradoumfuturopromissor;eessapazperene,abruptamente, era quebrada, com a necessidade que tínhamosde alçar vôosmaispromissores,novas conquistas, novos conhecimentos; quando, aí, sim, começava uma verdadeira odisseia: a viagem à capital do estado, com o intuitodefazercursinhoebuscarumavagaemumauniversidadepública(UFMAouUEMA).
"Ocordãoumbilical",enfim,erairremediavelmentequebrado,enosdeparávamoscomarealsituação:sem o cotidiano pinheirense, sem irmãos, sem amigos, sem aurora, sem horizonte "infinito", sem brinquedos, semportoseguro.Eisquesurgeaprimeiraviagemlongaeamaisdoridaseparaçãodosnossos,oqueantes nuncahaviasido,sequer,cogitado.
Nessecenário,omeudesenlacedeu-senosanos80,aomemudarparaSãoLuís,comointuitodeestudar, uma prática "normal", naqueles tempos, quando tínhamos de enfrentar o Itaúna e ser massacrados por maruins, sedentos e implacáveis. Entretanto, omaior e mais apavorante desafio era atravessar o temível "bouqueirão",embarcosoulanchas,demadeira,rangentes,chorososeinsanos,emumatravessiainsalubre, emumambientedantescamentesufocantepeloarpesado,impregnadocomóleoqueimado,nauseabundo, provocador de vômitos, dores de cabeça, ânsias (... ) misturado aos odores, nem sempre agradáveis, de farinha,porcos,bodes,camarão,bodumetantoseindecifráveisperfumesbaratos,minâncora(...) Eram sacolejares frenéticos, principalmente nastardesbravias de agosto, quando os ventostornavam-se rebeldes e as ondas gemiam em sinal de protesto, por serem interrompidas em suas sestas, sagradas e guardadaspelasbênçãosdelreiSebastião.
Somente após essa aventura, estávamos "batizados", para enfrentar nova vida, novas descobertas, novos conhecimentos.
(TextodolivroRAÍZES-recortesdeminhaexistência) ZéCarlos
ZÉ CARLOS (José Carlos Gonçalves Filho) é natural de Pinheiro, na Baixada Maranhense. Compositor e letrista. Estudou o curso “primário” no Grupo Escolar Odorico Mendes e o “ginásio” e o “curso científico” no Colégio Pinheirense. Formou-se em Letras Modernas, pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). É membro da Academia de Letras, Artes, Ciência e Agremiação de Saberes Culturais (ALEART), fundador da cadeira de número 10, tendo como patrono Odorico Mendes. Atualmente, desempenha as funções de revisor, escritor, letrista e professor de Redação, Língua e Literatura Brasileira e Portuguesa, para o ensino médio. Função, esta, desempenhada em diversos estabelecimentos de ensino do Maranhão.
Livros publicados: GERA: entre as fontes das emoções e as trilhas que me levam a mim (prosa-poética, em que faz um resgate de sua infância e dos encantos e magia da terra-mãe e CANTO CALADO, de poesia.
Olivro"Oorfãoeojornalista",deDjalmaRodrigues,serálançado,provavelmente,nofinaldeagosto, numagrandecelebraçãodeamigos,familiareseadmiradoresdojornalista,falecidonoúltimodia22de junho.Escritoemprimeirapessoa,olivroéumaespéciedeautobiografia.NeleDjalmanarraosfatos quemarcaramasuavida,desdeainfânciaatéafaseadulta,incluindoospersonagensquecontribuíram paraasuavitoriosacarreiraprofissional.OórfãoeojornalistatemacoordenaçãoeditorialdeNonato ReiseapresentaçãodojornalistaeadvogadoCarlosNina.
REPRESENTANDO A ALL, ONTEM A NOITE, NO SALÃO DE EVENTOS DA AMEI, EM SOLENIDADE DE POSSE DE NOVA DIRETORIA DA ATHEART.
OPresidentedaAcademiaMaranhensedeCiências,LetraseArtesMilitares,Cel.CarlosFurtado, compareceunestedia01dejulhode2024,àsolenidadedepossedanovadiretoriadaATHEARTpara operíodode2024-2025,naLivrariaeEspaçoCulturalAMEI,noSãoLuísShopping.
Anovadiretoriaéintegradapelosseguintesmembros:-Presidente:MariadasNevesOliveiraeSilva Azevedo;-Vice-presidente:PedroOliveiraDutraNeto;-1ºSecretário:WellingtonSantanadaSilva;-2ª Secretária:JoanadeFátimaSilvaReis;-Tesoureiro:HilmarRibeiroHortegal;-Diretordeeventos:Eloy MeloniodoNascimento;-DiretoradeCerimônias:MárciadaSilvaSousa.
Acerimôniacelebrouocompromissocontínuocomapromoçãodaliteraturaedasarteseoresgate dastradiçõesartísticasdaAthenasBrasileira. Estiverampresentesnoevento,representantesdeoutrasacademiasAMT,ALEART,ALL,SOBRAMES, AMML.
PossedanovadiretoriadaATHEART(AcademiaAtheniensedeLetraseArtes),ontem,naAMEI(São LuísShopping
“Manejandoaspalavrascomalevezaeapaixãodeumservidorpúblicodoamoredapoesia,Joãozinho RibeirotraduznestepoemárioSafradequarentenaosaresdomundoatual,ondeoslimitesdavidase esgarçaramparaoconflito.Trata-sedoversejardeumnotávelcultordacançãomaranhense,quetem tambémnolivro,umavitalextensãodesuavoz:‘Minhaesperançaéurgente/Felicidadepraagora/Que sejaametadodia/Presenteatodahora/Quecheguecomtodaalegria/Enuncamaisváembora’.”Salgado Maranhão
“Todasessasabordagens,universalizadas,sãonecessáriaseatuaisnessestemposmodernos,cujas palavrasdeordenssãoapressaeoafrouxamentodoslaçoscomunitários,queresultamnomitodo individualismo,gerandoisolamentoesolidãoemummundofragmentadoedisperso,comonosé lembradonosversos:‘Entremurosdesilêncio/vaiselandoumpacto/comamudezdashoras’.”Silvana Pantoja
Sobreoautor
JoãozinhoRibeiroépoetaecompositor,titulardacadeiranº26daAcademiaLudovicensedeLetras.Autor demaisdecemmúsicasgravadasporrenomadosartistasbrasileiros,comoZecaBaleiroeChicoCésar,é detentorrecentedosprêmiosméritocultural,pelaUniversidadeFederaldoMaranhão(2022)emedalha comemorativadobicentenáriodopoetaGonçalvesDias(2023),outorgadapelaAcademiaMaranhensede Letras.
Paraadquirirestelivroempré-lançamento,acesse:https://caravanagrupoeditorial.com.br/.../safra-de.../
Nodia6dejulhode2019abrimosanossacasapararecebercompanheirosecompanheirasepara alémdefestejar,compartilharesseespaçoquenasceudanecessidadedecoletivizarsonhoseideias, dedebaterideias,vivenciarefortaleceraculturapopular,eainda,partilharasconquistasedesafiosde construçãopermanentedaReformaAgráriaPopular.
Porissoteconvidamosparanestesábado,dia6dejulho,festejarcomumaprogramaçãoquese estendedurantetodoodia:
8h-IniciamoscomaaberturadaFeiradoArmazémdoCampoedeMangás
12h-ShowdeNicoleealmoçodaReformaAgrária,oferecendoasopções:feijoada,bodeegalinha caipira.
20h-AfestacontinuacomoShowcomoTrioMulundus.
Vemcomagentefestejaros5anosdoSolar!
EntradaGratuita
RuaRioBranco420,CentrodeSãoLuís-MA
ComJoseleneNegraBlack,durante olançamentodoseulivro"OArco-írisdeJose",noespaçoinfantil daBibliotecaPúblicaBeneditoLeite.
EVENTO OCORRIDO 08/07 NA BPBL, EM SLZ, COM PALESTRA PROFERIDA PELA
PRESIDENTE DO IHGMA, PROFESSORA DILERCY ADLER, CONTOU COM A PRESENÇA DE JOÃO BATALHA, DA ACADEMIA LUDOVICENSE LETRAS; VAVÁ MELO, DA ACADEMIA DE LETRAS DE SÃO BENTO; CÉSAR BRITO, PRESIDENTE DA FALMA; E ROQUE PIRES
MACATRÃO DA ACADEMIA DE LETRAS DE BREJO.
KEILA MARTA (APB-MA) RECEBE O PRÊMIO ARIANO SUASSUNA PELA MATÉRIA "A LETRA DA MÚSICA 'PISA NA FULÔ' SOFREU RESPINGOS DE ALGUNS GRUPOS ANTI-AGRESSÃO FEMININA", PUBLICADA NA PLATAFORMA DO FACETUBES, CHEGANDO A MARCA
RECORDE DE MAIS DE 7.500 ACESSOS, EM 3 ANOS. (ACIMA, ELA JÁ HAVIA RECEBIDO O
SELO EXPERTISE POR TER ULTRAPASSADO 3.500 ACESSOS, ANO PASSADO. PARA RELER A MATÉRIA, SIGA O LINK: HTTPS://WWW.FACETUBES.COM.BR/NOTICIA/5370/VOCESABIA-QUE-A-LETRA-DA-MUSICA-PISA-NA-FULO-SOFREU-RESPINGOS-DE-ALGUNS-
GRUPOS-ANTI-AGRESSAO-FEMININA
Alcântara cria Academia de Letras, Ciências, Artes e Filosofia
Imagem: A ALCAF terá uma composição eclética de membros fundadores / Foto: Oziel Pereira Nesse sábado, dia 20 de julho, às 18 horas, no auditório do IFMA Alcântara (rua do Forte, s/nº – Centro), acontecerá a solenidade de fundação da Academia Alcantarense de Letras, Ciências, Artes e Filosofia –ALCAF, que será cognominada Casa de Agostinho Pereira Reis e de José Araújo Castro. Sonho antigo
acalentado por muitos entusiastas, a instituição cultural finalmente será criada na cidade Monumento Nacional.
A própria Academia Maranhense de Letras – AML, há mais de 30 anos, através do então presidente, Jomar Moraes, chegou a cogitar a compra de um imóvel na rua Grande, centro da cidade, para ser a sede da academia alcantarense. Contudo, a iniciativa não prosperou, assim como algumas outras antes dessa e após a mesma.
No início do ano passado, no âmbito do projeto “Pão, Música & Poesia”, proposta do Museu Histórico de Alcântara – MHA, foi convidada pelo Diretor do Museu (escritor Paulo Melo Sousa), a então presidente da Federação das Academias de Letras do Maranhão – FALMA, a escritora Jucey Santana, para ministrar a palestra “O processo de Formação de uma Academia de Letras”. Esse evento motivou artistas, intelectuais de Alcântara e moradores que desenvolvem trabalhos culturais na cidade a se mobilizarem em reuniões para a construção da instituição.
Foram realizados vários encontros, mês a mês, às vezes quinzenalmente ou semanalmente, nos quais foi criada uma Comissão Organizadora que agilizou o andamento da demanda. Discutido e aprovado o estatuto da futura instituição, foi organizada toda a logística da fundação da Academia, que será custeada graças às doações de mais de trinta sócios beneméritos, moradores de Alcântara, de São Luís e de outros estados, sensibilizados com a proposta cultural alcantarense.
Na solenidade de fundação, será composta uma Mesa de Honra, com a presença de representante da Diretoria da Academia Maranhense de Letras – AML e membro da Academia Ludovicense de Letras – ALL, escritor José Ribamar Neres Costa, presidente da Academia Ludovicense de Letras – ALL, escritor Sanatiel Pereira, Subsecretário de Turismo do Estado, escritor Luiz Thadeu Nunes e Silva, presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM, escritora Dilercy Aragão Adler, presidente da Federação das Academias de Letras do Maranhão, escritor César Brito (que presidirá a cerimônia), e Myrlene Ribeiro Santos, Diretora de Administração e Planejamento em exercício, representando o Diretor Geral do IFMA, que gentilmente cedeu o auditório para a cerimônia.
Em reunião realizada na Sala Diógenes Ribeiro, do Museu Histórico de Alcântara – MHA, no último sábado, dia 13 de julho, foi eleita a primeira Diretoria da ALCAF, que ficou assim constituída: Presidente: Paulo Roberto Melo Sousa; Vice-Presidente: Fátima Diniz Ferreira; Primeira Secretária: Maria Benita Moraes Dias; Segundo Secretário: Hugo Leonardo Moraes Coelho; Primeiro Tesoureiro: Pedro Jader Bandeira Souza; Segundo Tesoureiro: José Flávio Ferreira Pinheiro; Diretor Cultural: Valdecy Onilton Coelho Cantanhede; Diretor de Relações Públicas: Maxuel Pinheiro Boaes; Conselho Fiscal: Domingos Pedro Amorim Vieira, Tayla Cristina Ferreira Oliveira, Valdinei Benedito Ribeiro, Valmir Ribeiro Campelo e Zuleide Flora do Amaral Castro. “Trata-se de um momento histórico para esta cidade viva de cultura, um antigo sonho que agora se torna realidade; a ALCAF irá contribuir para iluminar cada vez mais a história e a cultura da cidade, e somar com as contribuições que já estão sendo feitas por outras instituições congêneres”, declara o presidente da ALCAF, o escritor e jornalista Paulo Melo Sousa.
Entusiasmados com a iminente fundação da ALCAF, alguns membros da ALCAF se pronunciaram a respeito, como o Dr. Raimundo Soares, ex-prefeito de Alcântara, Bacharel em Direito, Odontólogo formado em Letras, artista plástico e escritor: “a 20 de julho de 1897 foi criada a Academia Brasileira de Letras – ABL, e por feliz coincidência Alcântara, que completará neste ano 376 anos de vida terá a fundação da sua academia justamente num dia 20 de julho, numa feliz coincidência. Este é um sonho que agora irá se concretizar, neste lugar no qual se respira arte e cultura; trata-se de um passo gigantesco para contribuir com o resgate da nossa história e da nossa cultura”.
Zuleide Castro, Pedagoga e Servidora Pública Federal, por sua vez, diz que “vamos contribuir com o resgate do prazer de ler, para se conhecer e entender a história de Alcântara, ajudando a nossa cidade a ter um futuro melhor, contribuindo com a construção da identidade das novas gerações”. Hugo Morais, formado em Filosofia e graduando em Letras, afirma que “a expectativa é a de que, juntos, coletivamente, possamos contribuir com a cultura de Alcântara, conclamando a juventude a participar desse importante processo”. “A ALCAF será mais uma ferramenta para a educação e cultura de Alcântara, servindo para que a comunidade
possa expandir seus conhecimentos”, conclui Maria Benita Moraes Dias, professora aposentada, Bacharel em Direito, ex-tabeliã, atualmente juíza de casamento. A entrada para o evento é franca. Ao final da solenidade será servido um coquetel aos presentes.
COM PRAZER, INFORMO QUE FUI CONFIRMADO PARA PARTICIPAR DA ANTOLOGIA: 122
POETAS BRASILEIROS CONTEMPORÂNEOS. TRATA-SE DE UMA HOMENAGEM AOS 122 ANOS DO POETA CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, O MAIOR POETA PÚBLICO DO BRASIL.
RECEBI TAMBÉM O CERTIFICADO DE MÉRITO LITERÁRIO, EMITIDO PELA ACADEMIA DE LETRAS, CIÊNCIAS E ARTES DA AMAZÔNIA BRASILEIRA - ALCAAB.
UMA PARCERIA DE MUITO SUCESSO COM O SELO EDITORIAL "ANTOLOGIAS BRASIL", NA PESSOA DO EDITOR E POETA ZECCA PAIM.
MUITO OBRIGADO!
REUNIÃO GERAL EXTRAORDINÁRIA DA ACADEMIA LUDOVICENSE PARA DISCUTIR O PROJETO "SARAU INSÓLITO", COM A DIREÇÃO DO PRESIDENTE SANATIEL PEREIRA, OS ACADÊMICOS DA ALL ANTONIO AILTON, DILERCY ADLER, CLORES HOLANDA, JOÃO FRANCISCO BATALHA, IRANDI MARQUES, JADIR LESSA, JOSÉ CLÁUDIO PAVÃO E AGENOR ALMEIDA; CÉSAR BRITO, PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO DAS ACADEMIAS DE LETRAS DO MARANHÃO (FALMA); JOSÉ EWERTON, ESCRITOR E MEMBRO DA AML; BIOQUE MESITO, POETA; E A POETA E DESIGNER DE LIVROS MEGAN SHAKTI.
ACONTECEU HOJE, 6 DE AGOSTO, NO PALÁCIO CRISTO REI, PRAÇA GONÇALVES DIAS, SÃO LUÍS, MARANHÃO.
"A LITERATURA É A EXPRESSÃO DA SOCIEDADE, ASSIM COMO A PALAVRA É A EXPRESSÃO DO HOMEM."
A ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS - 11 ANOS DE HISTÓRIA E CULTURA
NESTE 10 DE AGOSTO, CELEBRAMOS COM ORGULHO OS 11 ANOS DA FUNDAÇÃO DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS - ALL. HÁ MAIS DE UMA DÉCADA, A ALL VEM PROMOVENDO A LITERATURA, A CULTURA E A HISTÓRIA.
NESSES ANOS, NOSSOS ACADÊMICOS TÊM CONTRIBUÍDO INCANSAVELMENTE PARA O ENRIQUECIMENTO CULTURAL, MANTENDO VIVA A TRADIÇÃO LITERÁRIA.
HOJE, MAIS DO QUE NUNCA, RENOVAMOS NOSSO JURAMENTO DE CONTINUAR HONRANDO A MEMÓRIA DOS GRANDES NOMES DA LITERATURA. PARABÉNS À
ANA LUIZA ALMEIDA FERRO
NA QUARTA-FEIRA, 7 DE AGOSTO, TIVE A HONRA DE MINISTRAR A PALESTRA "O MITO FUNDACIONAL PORTUGUÊS COMO INSTRUMENTO DE EDIFICAÇÃO DO IMPÉRIO: O CASO MARANHENSE" EM SESSÃO DA CEPHAS, DO IHGB (INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO), NO RIO DE JANEIRO, COM SELETO E ATENTO PÚBLICO PRESENTE E TRANSMISSÃO PELO YOUTUBE, TENDO COMO MEDIADORA A SIMPÁTICA PROFESSORA LUCIA MARIA PASCHOAL GUIMARÃES. AGRADECIMENTOS AO IHGB PELO HONROSO CONVITE, NA PESSOA DO PRESIDENTE VICTORINO CHERMONT DE MIRANDA, E AOS PESQUISADORES E INTERESSADOS QUE PARTICIPARAM DO EVENTO PRESENCIAL OU VIRTUALMENTE
COMPARTILHANDO "CARTA DE ACEITE" DO TRABALHO INTITULADO: MARIA FIRMINA
DOS REIS E NLIDA PIÑON: DOIS ÍCONES DA HISTORIOGRAFIA LITERÁRIA NO BRASIL, BREVE ENSAIO, NO XIX SEMINÁRIO INTERNACIONAL MULHER E LITERATURA, NO RIO DE JANEIRO.
Confrades Alexandre Lago e Bruno Tomé entrevistando o escritor de Cabo Verde Joaquim Arena.
Em andamento na Academia Maranhense de Letras
Na tarde de ontem (21/08) aconteceu na Casa de Cultura Josué Montello a abertura da XIII Semana Montelliana em homenagem ao aniversário de nascimento do Patrono da CCJM o escritor Josué
A programação contou com o encontro literário do Clube de Leitura do GEPPLEM UFMA, realizado em parceria com a CCJM, que teve como protagonista a obra "Os Tambores de São Luís". A abertura da Exposição "Uma fotobiografia de Josué Montello" e a apresentação do Tambor de Crioula "
Quinta das Laranjeiras" formado por alunos do IEMA - São Luís e sorteio de livros. Além ser anunciado o lançamento do E-book do livro se crônicas disponível na plataforma da Amazon que em breve terá também os romances e contos do escritor Josué Montello.
Foi um momento muito rico com registros emocionantes carregados de afeto, com a participação de escritores, bibliotecários, professores, alunos do IEMA Centro, representantes de Academias de Letras, leitores de Josué Montello e amantes da literatura maranhense.
A programação continua até o dia 30 de agosto de forma itinerante.
Com agendamento de visita na Casa.
Redação / 21 de agosto de 2024 Por Ana Creusa
Ontem tivemos a grata oportunidade de participar de uma reunião com a equipe de direção da Biblioteca Central da UFMA, a convite do Prof. Manoel Barros do Curso de História, com participação de César Castro e Carlos Martins, dirigentes da Biblioteca.
A proposta será efetivar um Convênio entre a UFMA e a Federação das Academias do Maranhão, a fim de realizar diversos eventos, utilizando o local privilegiado onde será instalado o Prédio da Biblioteca. Decidimos ir trabalhando no planejamento para que já na inauguração da Biblioteca (em outubro), como atividade prevista para o início do ano letivo do ano que vem, provavelmente em abril de 2025, sejam implementadas algumas ações. A perspectiva é de que as obras da Biblioteca da UFMA serão finalizadas a qualquer momento, para ser entregue o prédio em outubro.
Depois disso é que será programada a inauguração
Várias ideias foram debatidas: 1) Café Literário; 2) Biblioteca itinerante; 3) Clube de Autores; 4) Visibilidades Baixadeiras (Baixada em tela); 5) Ano que vem (2025) terá uma ação com duração de um mês tematizando a Baixada; 6) Espaço para lançamento de livros e 7) Restaurante.
Presentes: Manoel Barros, Expedito Moraes, César Brito, Ana Creusa, Ana Régia, José Carlos e Alexandre Abreu.
O primeiro passo é fazer o Convênio com a Federação das Academias (FALMA), César Brito, presidente da entidade vai propor o Convênio imediatamente.
A ideia foi bem aceita pelos participantes da reunião que se disponibilizaram para trabalhar para que essas ideias sejam concretizadas.
Tive o prazer imenso de conhecer Carlos Wellington Soares Martins (Diretor de Cultura e Convivência da Biblioteca da UFMA), que é neto de Procório Martins. Ele é bisneto de João de Deus, assim como eu. Conversamos bastante.
Os confrades fundadores e ex presidentes da FALMA, João Batalha e Vavá Melo com o presidente César Brito, visitaram hoje os confrades Macatrão e Adelson Lopes, fundadores da FALMA.
Dando continuidade a Agenda da ALL, hoje à tarde estivemos reunidos com o Presidente, Sanatiel Pereira e o poeta Bioque Mesito para tratarmos especificamente sobre o Sarau Insólito. A reunião foi proveitosa e estamos tomando as providências para o início desse grande projeto da ALL, que tem as parcerias da AML, FALMA, o poeta Bioque Mesito e à confirmar, da UFMA. Avante ALL…
DIOGO GUALHARDO NEVES
NãoadiantareclamardabalneabilidadeelimpezadaspraiasdeSãoLuíssemseenfrentarumproblema de grandes proporções, que é a despoluição do rio Anil. Ele é o principal curso d’água da capital maranhense, mas, nosdias atuais, tem sido, infelizmente, um gigantesco coletor de material sólido e esgotoinnaturaquesãodespejadosdiretamentenabaíadeSãoMarcos.
Nãoespantaqueachamada“Península”tenhasuapraiaimprópriaparabanhoesuasareiasdepósito de resíduos, oqueéumavergonhaparauma capitalquesequerturística:afoz estáamenosdeum quilômetrodedistância.
No período das chuvas, quem passa pelas pontes, como a do Carataitua, se espanta com a coluna de imundíciequesedescolanasuperfíciedoAnilequesedepositaemseuleito.
Poderíamos tomar o exemplo de Recife, que tem grandes rios com estuário na zona urbana e praias limpas,mas,nãohá,agora,qualquerplanonessesentido.
ApesardaimportânciaeurgênciadadespoluiçãodorioAnil,otema,deformaespantosa,nãoédebatido seriamenteemnossacidade.
. . .
Nasimagens,fotosdeminhaautoria,guarás(Eudocimusruber)procuramalimentoentreolixosólidona baixa-mardorioAnil.
Temosalertadosobreissohátempos.ParatransformaraReservadoRangedoremparqueforamgastos pelaSECMMAmaisdedezenovemilhõesdereais,enquantoomeioambientedealtarelevânciasocial dacapitalestavaentregueaoabandono.
Defato, orio Anilfoi mortoaolongodosanos pelolançamentodeesgotoin naturaedestruiçãodas nascentesedeseusafluentes.Agora,setransformounumimensodepósitodeplástico,formandouma das maiores marés deste tipo de lixo no Brasil, e bem nas reservas legais de mangue, um dos ecossistemasmaisimportantesparaavidanosoceanose,portanto,paraomundo!
Mas,comoosafetadosporestatragédiasãoospobrese“invisíveis”,nadaéfeito.
A despoluição do rio Anil não está na pauta dos poderes públicos. Ou a população e os organismos ambientaisindependentesselevantam,ouessacatástrofeapenasseagravará. Fotografiasde@litho44
Por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ, Academia Ludovicense de Letras
Aos poucos, vamos acrescentando mais nomes – e rostos – à Sociedade dos Poetas Esquecidos... LUÍS PIRES, poeta barra-cordense que, em abril, fez 100 anos do seu nascimento. Poeta, jornalista, redator, editor, locutor, promoter, ator e figurinista, o último sabiá do Bonfim, aquele que, como poucos, soube transformar sua dor em arte, em beleza estética: ““Assisto, assim, meu ser se destruindo,/ E nada de chorar – sempre sorrindo –/ Espero o sopro tétrico da morte”.
Assim se expressou aquele que sentiu na pele, literalmente, as piores amarguras da vida, e, o que é mais incrível, na mais absoluta e soberba resignação.
Luís Nascimento Pires nasceu em Barra do Corda, no dia 19 de abril de 1917, filho de Francisco Chagas do Nascimento, indígena egresso de Alto Alegre, e de Raimunda Oliveira Nascimento.
Naquela época, o sarampo grassava por toda Barra do Corda, de modo que a população muito sofreu com a perda precoce de seus entes queridos, sobretudo crianças. O próprio pai de Luís Pires fez o registro de alguns óbitos ocorridos no seio de sua família, sendo dois numa mesma semana. Luís Pires não teve a felicidade de conhecer seus genitores, porque aos três meses de nascido, perdeu a mãe e, um mês depois, perdeu também o pai, que faleceu em Montes Altos,municípiode Imperatriz. Desta forma,opequenoLuís,órfão e sobrevivente da epidemia, foi entregue às mãos de D. Josefa Nascimento Pires, irmã de seu pai, também aborígene, e esposa de Ricardo Leão Pires, um filho de Portugal descrito por Luís Pires como sendo um “aleijadinho que se locomovia por meio de uma cadeira de rodas e lecionava para crianças” (Se bem que não chegou a conhecêlo, visto que Ricardo faleceu em 10 de agosto de 1910). (in LUÍS PIRES – O ÚLTIMO SABIÁ DO BONFIM, Por Kissyan Castro).
Ardalião Américo Pires, filho do casal que o adotou e que seria mais tarde figura de destaque na vida política de Barra do Corda, foi quem inculcou nele os conhecimentos elementares e a “Carta de ABC”. Aos sete anos, matriculou-se no “Colégio São José da Providência”. Sua primeira professora foi a Irmã Rita, freira franciscana de quem guardou boas recordações. Depois vieram Irmã Estefânia e Irmã Paula, “não menos carinhosas, pacientes e boas que Irmã Rita”. Sua última professora formal foi Irmã Helena de Acaraú, sobre quem dá o seguinte testemunho: “Oh! Como gostei dos conhecimentos e ensinos desta minha ultima professora! Com ela eu aprendi a arte de representações teatrais”. Galeno Brandes, em seu magistral “Barra do Corda na História do Maranhão”, à pág. 401, diz-nos que “entre os anos de 1937 e 1943, [Luís Pires] liderou um grupo de jovens que fizeram o melhor teatro da nossa historia. No Salão Pio XI, além de dramas litúrgicos e sacros, foram apresentados espetáculos inesquecíveis, no satírico e no sentimental”.
Antes disso, isto é, em 12 de agosto de 1933, morreu também D. Josefa Pires, obrigando-o a interromper os estudos para “viver buscando aprender outros meios de enfrentar os ritmos da vida”. Assim, “cedo teve que abandonar sua terra natal e caminhar pelas estradas do mundo, exercendo, então, um sem-número de
profissões, inclusive a de saltimbanco da companhia circense dos Irmãos Garcia. Depois, percorreu o interior do nosso Estado, representando peças teatrais que ele próprio criava”.
De suas andanças e devido a falta do mínimo de condições de higiene, consequência direta da ausência de políticas voltadas para a saúde pública, Luís Pires contrai Hanseníase, comumente chamada lepra, morfeia e mal-de-lázaro. Doença estigmatizada desde os tempos bíblicos e tida mesmo como um castigo do céu. Por isso, nosso multifacetado artista sofreu injúrias, agravos e privações, contudo sem nunca abater-se, a inteligência sempre viva e cintilante.
Seus padrinhos, Vitória Olinda Pires e Manoel Pirangi, por causa da proximidade constante e avizinhada, logo também contraíram o mesmo infortúnio. Pirangi era homem de posses e tinha uma filha chamada Legízia, que também ficou leprosa. Vitória Pires, que mais que madrinha, era também prima/irmã, também a adquiriu, transmitindo-a, por sua vez, a seus filhos Dioneia e Juarez. D. Fausta, que também era aparentada de Luís Pires e tinha duas filhas, Raimunda e Epifânia, também se contagiou e foi morar distante do centro da cidade, no hoje bairro “Cai N’água”, onde antigamente funcionava o depósito de dejetos públicos e leprosário. Raimunda, conhecida como Mundica da Fausta, era quem ia lá cuidar da mãe, levar comida, carregá-la nos braços até a beira do rio para o banho matinal. Epifânia, por sua vez, evitava qualquer aproximação, pois temia contaminar-se. Seu medo, porém, também foi sua fé: acabou ficando leprosa, enquanto Mundica, que preferiu arriscar-se a ter que abandonar a mãe à própria sorte, escapou sã e ilesa. Enfim, a população barra-cordense sentia-se ameaçada por uma doença até então incurável e que se alastrava impiedosamente. Luís Pires, tornouse, por isso, um notívago. Só saía de casa à noite para fazer serenata e beber sua “aguardente”. Sentava-se nas calçadas, mantendo sempre distância das pessoas. Lá vinha ele todas as noites com seu copo para a casa comercial do Sr. Oton Mororó Milhomem. Enquanto despejavam o conteúdo etílico ele mantinha o copo a certa distância para que o gargalo sequer tocasse na borda do copo. Enquanto a lepra carcomia sua pele, em sua alma desabria um ileso pássaro canoro.
Luís Pires amava nossos rios. Passava boa parte do dia imerso em suas águas, apenas com a cabeça para fora. Os moradores achavam que ele estava contaminando a água. A situação foi se agravando a tal ponto que a população passou a exigir que fossem tomadas providências urgentes. “Fora com estes leprosos!” – era o grito que soava a um só coro. Entre estes estavam amigos íntimos de Luís Pires que, na sua frente, lhe asseguravam apoio e proteção, mas que, no final das contas, iriam traí-lo covardemente.
O pesquisador e poeta Kissyan Castro nos dá mais detalhes da vida de Luís Pires no asilo-colônia do Bonfim: Foi nesse ambiente de isolamento social compulsório, segregação, preconceito, animalização e destruição do que há de humano no homem que viveu Luís Pires, por 57 longos anos. Aí travou suas lutas, destacou-se e ganhou o respeito e a admiração de todos da Colônia.
Foi professor de Português e Literatura no Colégio Paulo Ramos durante décadas; foi locutor da “Voz do Bonfim”, na rádio Dagmar Brito; escrevia editais que eram lidos por Hélio Lisboa de Morais Brito, da Rádio Timbira, em São Luís; redator-chefe e diretor do jornal “Alvorada”, fundado, mantido e dirigido pela UGA –União Gráfica Ateniense, de cuja diretoria foi membro, chegando a presidi-la; Publicou dois livros: o primeiro, de memórias, intitulado “Hecatombe de Alto Alegre”, que foi o primeiro relato do massacre feita por um barra-cordense; o segundo, de poemas, intitulado “Farrapo”; Artista plástico, pintou o Rio Jordão e Pia Batismal na Primeira Igreja Batista e uma magnífica paisagem na parede de fundo do cinema. Escreveu várias peças teatrais que fizeram história no Bonfim; ele era quem organizava as festas e eventos sociais, desenhava e confeccionava todo o figurino, pois era também alfaiate. As peças eram apresentadas em datas especiais da Colônia e durante a visita de autoridades políticas e religiosas.
Luís Pires casou-se duas vezes e sobreviveu às duas esposas. A primeira foi Nair Mendes Oliveira, interna, proveniente de Caxias, e que se tornou “figura conceituada” naquela sociedade. Após sua morte, Luís Pires escreveu um documento à direção da Colônia (isso já na década de 60, quando houve a mudança na política de internação, com maior abertura), pedindo para passar um tempo na Colônia Antônio Diogo, no Ceará, com um único propósito: arrumar uma nova esposa. Voltando, trouxe consigo Anelita Sardinha Sousa, a que seria sua segunda esposa e mãe de seu filho.
Convém destacar também que, naquela época, todos os bebês de pais hansenianos que nasciam no Bonfim eram levados para educandários no momento em que nasciam; as mães não podiam tocar, nem sequer ver o próprio filho. Assim aconteceu com o filho de nosso poeta, o pequeno Joel de Jesus Nascimento Pires.
A despeito de tudo, Luís Pires jamais perdeu a alegria, o ânimo, a esperança, como o demonstra este soneto:
SÚPLICA A JESUS / De Luiz Pires // Senhor Jesus, que há séculos passados / Salvaste o bom ladrão e foste embora, / Tem compaixão dos filhos deserdados, / Da humanidade mísera que chora. // Não me deixe no rol dos condenados... / Oh! Vem, Senhor Jesus, / vem sem demora, / Aliviar do peso dos pecados / A quem o teu perdão, humilde, implora. // Quero ser teu e sempre andar contigo, / Meu defensor das garras do inimigo / Que sempre ruge na infernal caverna. // Estou certo de que, contigo andando, / Hei de passar, Senhor meu Deus, cantando, / Das torturas da morte à vida eterna.
Umhomemparadonomarcozerodacidade refleteoluzirdetodososespíritossanguinários ambulantesdeilusõesfractais zumbisdesuasmiseráveismodernidades todossãopatológicosvisionários eelealiparadocomoestátuacentenária observaoabsurdodetodaexistência detodosquepassamsemamínimaconsciência dopântanoondefazemmoradas efestasnosnobressalõesdosmiseráveis edançamfortuitostodaadesgraça segredadanoúberedavacadedeus comseusmamiloscheiosdefantasias ondeseembebedamfeitofoliõesalucinados emcarnavaisorgiásticosdeimpurassantidades
Entreoeternoeoperpétuohámuitadiferença.Vejamos:oeternonãoteminício,nemfim.Estamos falandodeDeus.
Operpétuoteminícioefim,eisohomem.
Avida,dissePlatão:éumsopro,umatormenta,daqualpensamosusufruir.Naverdade,elanosusa comosefôssemosumobjeto.Aristóteles,porsuavez:avidanãosedefine.Simplesmenteexistee pronto.Efoimaisalém:tudoaquiloquesemovimenta,évivente.Atémesmoalgoinvoluntárioumcometanoespaçosideral,porexemplo.
Eeu,milharesdeanosdepois,procureiummédicograduadoaquinaesquina,eindaguei.Disse-me aquele estudioso: é o estado de atividade dos seres organizados. Achei interessante aquela colocação...
Dr.equantoàmorte?Meucarorapaz,estaéatragédiadavida,éafalênciamúltipladosórgãos vitais...
EumSantopadre,dessesmodernos,semhábito,disse-me:avidaéumafonte,eessafonteéJesus. Amorteéumsonoprofundo,doqualvocêvaiacordaralgumdia.
Opastorevangélico,vestidoemseupaletóegravataimpecáveis,disse:concordocomovigário. Discordamosemmuitascoisas,masnessa,tenhoamesmaopinião.
Quandoaconversaestavaquasechegandoaofim,passaumhomemcuriosoeouveatratativa. Disse,então:equemsãoosfantasmasdasesquinas,dasencruzilhadas?
Opadreeopastor,foramsemanifestando,afimdeopinar,masaquelehomem,convicto,disse:são espíritoserrantes-nemvivos,nemmortos.Estãoemoutrarealidade. Resumo:nãosabemosnadadenósmesmos.Oquehásãoapenasconjeturas.Pontocontinuando... (ANTONIOGUIMARÃESDEOLIVEIRA.DATA:02.07.2024.SÃOLUÍS-MA).
Não obstante os trabalhos de estudiosos como Antônio Henriques Leal (O Pantheon Maranhense), Antônio Lobo (Os novos atenienses), Antônio dos Reis Carvalho (A Literatura Maranhense), Francisco José Correa (Um livro de crítica), Mário Martins Meireles (Panorama da Literatura Maranhense), Jomar Moraes (Apontamentos da Literatura Maranhense), Clóvis Ramos (Minha terra tem palmeiras / As Aves que aqui gorjeiam), Carlos Cunha (As lâmpadas do sol), Nauro Machado (Campo Ladeado / As esfera lineares), Arlete Nogueira da Cruz (A atual poesia do Maranhão / Nomes e nuvens), Dinacy Mendonça Corrêa (Da Literatura Maranhense: o romance do século XX), Rossini Corrêa (O Modernismo no Maranhão), Henrique Borralho (Terra e céu de Nostalgia / A Athenas Equinocial), a Literatura Maranhense ainda se ressente da falta de estudos que versem sobre algum tipo de sistematização sobre suas obras, autores e momentos históricos. Quase sempre, quando alguém se propõe a estudar a Literatura Maranhense, costuma-se ouvir os seguintes questionamentos: “Como iniciar esses estudos?”, “Será que há referências suficientes para iniciar um trabalho sobre Literatura Maranhense?”, “Que autores estudar?”, além de tantas outras perguntas que nem sempre recebem uma resposta adequada.
Porém, as respostas são muitas e podem suscitar inúmeros debates. De modo geral, todo texto, autor ou temática pode dar origem a um ou a vários trabalhos sobre toda e qualquer literatura. Nesse rol de opções, podem ser incluídos até mesmo as leituras, as memórias afetivas, as influências e o olhar interpessoal de poetas, dramaturgos, prosadores e pesquisadores, conforme pode ser visto no poema Caderneta de Chamada, escrito por Mario Luna Filho e publicado no livro Viver, Cuidar e Escrever, 5ª Antologia da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, seção do Maranhão.
Na referida antologia, que teve o médico e escritor Michel Herbert Alves Florencio como organizador, o leitor encontra crônicas, contos, estudos literários e poemas de diversos autores que fazem parte dessa agremiação cultural. Entre esses autores se encontra o médico e escritor Mario Luna Filho, membro da Academia Ludovicense de Letras e autor dos seguintes livros: Do sapato aos pés descalços e Do granito e do infinito. Autor de um estilo que mescla a leveza das palavras com a contundência das imagens poéticas, Mario Luna foi descrito pelo crítico e professor Carlos Cunha como sendo “um poeta bastante impregnado dos dilemas, sofrimentos e angústias do homem”, dada a simbiose que ele costuma fazer em seus versos entre as peculiaridades de uma carga às vezes autobiográficas e as bifurcações nos terrenos da crítica social. Mas qual a relação desse poema em específico com os estudos literários maranhenses? Acontece que nesse texto, que vai da página 193 até a 197 do livro, o poeta simula uma chamada na qual os nomes aludidos são de importantes personagens da história recente da Literatura Maranhense. O poema começa com um monóstico com a seguinte frase: “Em um tempo da vida.” A partir daí, os nomes de escritores falecidos são chamados, sempre seguidos de uma interrogação. E quais são esses nomes? – Erasmo Dias, Bandeira Tribuzi,
Fernando Viana, Domingos Vieira Filho, Paulo Nascimento Moraes, Bernardo Almeida, Wolney Milhomem e Valdelino Cécio.
Não há respostas para os nomes chamados. Não há possibilidade de nenhum desses poetas responder com um simples “presente”. Todos já estão falecidos e habitam as recordações de um eu lírico que aproveita o vácuo das ausências para tecer alguns comentários sobre a vida e a obra das personalidades nominadas ao longo do texto. E é nesse aparente silenciamento que se desdobram os espaços para as pesquisas. A partir das dicas deixadas por Mario Luna Filho, uma pessoa interessada na produção literária maranhense a partir da década de 1940 pode ampliar o levantamento inicial e realizar estudos sobre algum dos autores citados, sobre os livros mencionados, sobre o período como um todo, sobre os grupos poéticos que se formaram até a década de 1990 ou até mesmo sobre as ausências, pois a lista se fecha nas preferências leitoras e afetivas do poeta.
Para exemplificar, abaixo está reproduzida a estrofe no qual o poeta remete à figura de Bandeira Tribuzi, poeta que, para muitos pesquisadores, foi o responsável por trazer a estética modernista para o Maranhão. Sobre ele, Mário Luna escreveu:
– Bandeira Tribuzi?
Agora concreto armado, ponte sobre o mundo desmemoriado.
Da “SAFRA” de sonhos autofágicos apenas sobrou “PELE E OSSO” para nossa gente lamentavelmente, para sempre, ausente. (pág. 193) Conforme pode ser visto no trecho acima, o autor tece suas leituras com títulos, estilos e referências sobre a vida e a obra de Bandeira Tribuzi, inclusive remetendo à ideia de que hoje o poeta do Breve memorial do longo tempo é mais lembrado por emprestar seu nome a uma ponte do que por sua vasta e importante obra.
Em cada uma das estrofes do poema é possível encontrar motes para variados estudos relacionados com as letras maranhenses – tanto em prosa quanto em verso. Inclusive o próprio poema em si pode ser estudado por seus aspectos intertextuais, históricos e/ou metafóricos. Trata-se de um poema riquíssimo no qual as imagens se multiplicam e as ausências se tornam presentes a partir da leitura de uma chamada sem respostas, das vozes silenciadas pela morte, mas ainda altissonantes por uma produção que imortalizou cada um desses poetas. No final do poema, o silêncio toma conta da página, da sala e da própria literatura, como pode ser visto a seguir: Vazia, a sala apenas espera a noite. Definitivamente há silêncio neste lugar. (pág. 197) O que não falta quando o assunto é a Literatura Maranhense (e a de todos os Estados) são obras e autores para estudar. Então parodiando a frase final de muitas crônicas de Ivan Sarney, que sempre dizia “É preciso amar a cidade”, pode-se dizer que é preciso ler a Literatura Maranhense.
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
Academia Ludovicense de Letras
Recentemente, na Coluna da Academia Ludovicense de Letras, publicada no Jornal Pequeno, sob a responsabilidade de Vinícius Bogéa, o Prof. Dr. Sanatiel de Jesus Pereira, presidente da ALL, ressentiu-se de que não temos mais poetas! A perambular pelas ruas, acessíveis aos transeuntes, para um bom papo, ou um simples aperto de mão, ou mesmo um cumprimento, mear de cabeça... Poetas esquecidos, temos aos borbotões... poetas vivos, á mão-cheia... o que falta mesmo é incentivo para publicações de locais, maranhenses, e mesmo aqueles que, por descuido geográfico, nasceram alhures, mas fazem do Maranhão seu lócus
Mas sempre vai depender de que ruas estamos falando... pois estão, esses poetas, espalhados por todos os cantos... Vejamos, pois:
ADRIANA GAMA DE ARAÚJO. Poeta, mestre em História. Vencedora, no ano de 2017, do III Festival Poeme-se de Poesia Falada e do I Festival Maranhense de Filosofia (categoria: aforismo/poema). Publicou, em 2018, pela Editora Penalux, seu primeiro livro de poesia, Mural de nuvens para dias de chuva. Mora em Raposa, município da grande ilha de São Luís, é professora da rede pública municipal e estadual. Publica seus textos desde 2010 no blog Pólen Radioativo. Publicou, em 2019, pela Olho D’água Edições, o livro de poemas: Transito
Adriana Gama de Araújo Nasceu em São Luís. Historiadora formada pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), com mestrado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Escreve desde os 15 anos, quando começou a ter seu nome associado à poesia pelos mais próximos. Em 2010 criou o blog “Pólen Radioativo”, e passou a ter contato com poetas e escritores do Brasil e do mundo, hábito que mantém até hoje. Em 2017 venceu o III Festival Poeme-se de Poesia Falada e o I Festival Maranhense de Filosofia (categoria: aforismo/poema). Mora em Raposa, município da grande ilha de São Luís, é professora da rede pública municipal e estadual.
O DUPLO | Adriana Gama de Araújo
eu sou um pássaro agora estendo meus tapetes sobre o vento o assobio da liberdade é infinito meu corpo brilha sobre os córregos e vejo uma criança correr solta na paisagem imune à morte
eu sou um pássaro agora o tempo é das melodias das nossas mãos abertas livre da ascensão e da queda da qual acordamos no último segundo.
SAMARA VOLPONY. Professora e poeta brasileira. Vencedora do 4º Concurso Internacional Poesia Urbana (Centro Universitário de Brusque – UNIFEB) e 2ª colocada no II Concurso Internacional de Poesia da Casa de Espanha. Tem poemas publicados no livro da Tribo (edições 2017 e 2018), em revistas e jornais nacionais/ internacionais. É coautora de Poesia Arariense: coletânea poética em rede. Publicou o livro de poemas Contramaré (Patuá, 2017).
Samara Volpony é o pseudônimo de Samara Laís Silva, artista nascida na cidade de Arari, no interior do estado do Maranhão, à beira do rio Mearim, no dia 28 de agosto de 1990. É professora, pesquisadora e artista. Também é coautora do livro “Poesia Arariense: coletânea poética em rede”, vencedora do 4º Concurso Internacional Poesia Urbana, promovido pelo Centro Universitário de Brusque – UNIFEB e a 2ª colocada no 2º Concurso Internacional de Poesia da Casa de Espanha. Tem poemas publicados na Revista de Literatura e Arte – Walking In Briarcliff, no livro da Tribo/2017-2018 e nas edições 11 e 12 do Jornal de Poesia Contemporânea - O Casulo.
SOB[RE] AS MÃOS E UNHAS DE SANDRA |Samara Volpony
as mãos de sandra rezam meu destino em breves traços e a grande mão do deus me guia
as unhas de Sandra cobrem a pele pulem as páginas do meu livro de engano
são visões apocalípticas de bingen cartas escritas a ninguém passagens de monja entregue à fogueira
as unhas de sandra escondem minha confissão: tão rentes na pele de quem sente tão frágil no cravo das suas unhas no crivo de sua mão
FRANCINETE BRAGA SANTOS
Brasileira nascida em Chapadinha, no Maranhão. É pedagoga, professora e mãe. Iniciou no ensino trabalhando com crianças da Educação Infantil e do Ensino Fundamental a partir de 1983. Em seguida graduou-se em Pedagogia, depois fez mestrado e doutorado em Ciências da Educação.
E desde 2000 escreveu obras com poemas, contos e crônicas, sendo o Calidoscópio: ranhuras, sussurros e outros sentidos, sua primeira publicação. Depois, em 2013, surge o Papel em Branco. 2014, Receitas para Amar. Em 2017, participou da obra Chuva literária, uma Antologia de autores nordestinos. Em 2018 lança seu primeiro livro infantil As aventuras de Pedrinho e de sua turma no Jardim dos Sonhos, concretizando seu desejo de escrever para crianças
Foto: http://www.bpp.pr.gov.br/
LILA MAIA A maranhense Lila Maia é graduada em Pedagogia e tem três livros publicados: A Idade da águas, Céu despido, vencedor do II Prêmio Literário Livraria Asabeça 2003 e As Maçãs de antes, livro vencedor do Prêmio Paraná de Literatura 2012 na categoria poesia e semifinalista do Prêmio Portugal Telecom de Literatura 2013.
GERMINA - REVISTA DE LITERATURA & ARTE (germinaliteratura.com.br)
Vidência
Já me curvei o suficiente para entender a vida.
Nem quero o velho ofício que passa de pai pra filho.
Gosto das frutas que amadurecem secretamente conheço o que dentro de mim se fecha e é esculpido diariamente.
Desde que nasci tenho um verbo presente: morrer e tantas vezes me sinto montada na fera, outras apenas arrastada como a cômoda de peroba que não cabe no quarto.
Acreditar naquela pequena luz de uma estrela anã é dizer sem pressa uma reza mansa.
Inesgotável
Já fui tão antiga querendo ser feliz.
Mas ele chega louco demais para o meu corpo. Me arrasta, porque sabe que serei magma Neste doce deslumbramento das marés altas.
E feito um guerreiro suas mãos tocam Onde só existe falta.
Esse homem me habita com fúrias e pássaros.
Uma vigília
Quarenta anos depois o silêncio da chaleira que ferve. Na infância, sempre acendi uma vela na outra. As surras que levei não se enraizaram. Cada dia soletrei um tempo do verbo partir. Vivi com a indiferença e a saudade presas ao calendário.
Quarenta anos depois não sei me despedir da saudade: continuo ouvindo o arrastar daquele chinelo número trinta e três pela casa.
POESIA SEMPRE - Ano 6 – Número 9 - Rio de Janeiro - Março 1998. Fundação BIBLIOTECA NACIONAL – Departamento Nacional do Livro - Ministério da Cultura. Ex. bibl. Antonio Miranda
Canto intermitente
Celebro uma ferocidade plena. Furo com os dedos teu peito nu. Parto que nem vento
e saio da boca do leão para a do lobo.
Janeiro me trai feito sol.
Tudo que podia brotar não é flor.
Desejo
A árvore que persigo é alta e mordo seus frutos como quem mata. Mas meu peito selvagem quer a outra metade.
Fala-me
Aprendo agora a palavra engolida, o alvo certo que os loucos têm se atiram pedras.
O momento exato de refletir sobre teu silêncio com a fala
FRANCK SANTOS Geógrafo e professor, cultiva tanto a poesia em verso quanto a prosa poética, com ênfase na busca de um Eu. Obra: Os mapas sinalizam ilhas submersas
Franck Santos, maranhense do interior e mora em São Luís há mais de três décadas, professor de geografia, bancário, editor e escritor (sendo este Os blues que não dançamos, sua segunda prosa longa).
Franck Santos, escritor/poeta maranhense, libriano com ascendente em peixes (talvez por isso goste tanto do mar), 52 anos, escreve para extravasar a solidão. Tem cinco livros publicados nos gêneros poesia e romance.
Eu Prefiro Regar as Plantas
Leio que Marte e Saturno estão se alinhando no céu
Que Júpiter está cada dia mais próximo.
Penso que enquanto os planetas se conectam
Nos hemisférios tudo é vermelho
Deito no chão da casa quase em desespero e sinto falta de um dia de janeiro
Quando fazíamos coisas mais divertidas.
Nesses dias de tédio e readaptar-se à casa
Trajetos curtos
Repetir assuntos por telefone
Olho a planta baixa da cidade
As rosas que desabrocham no jardim
E prefiro regar as plantas
Mesmo que a loja de discos feche
Porque do sul um amigo canta Maria Bethânia pra mim
Recita um poema
Enquanto as vozes silenciam no rádio e na vizinhança
E nos permitimos essas pequenas fugas.
Banho de Mar
Imóvel na sua cadeira de rodas
Mamãe disse que queria um banho de mar.
Pensei nos afogados
Dizem que são os olhos o primeiro elemento do corpo que se desintegra.
Envelhecer é chorar com o corpo todo?
Mesmo um corpo imóvel?
Mamãe queria um banho de mar
Pensei nos piratas que enterravam os prisioneiros até o pescoço na areia da praia. E essa sua imobilidade de prisioneiro, mãe?
Você que já foi ave de folego
Que me fascinava com sua capacidade de resistência aos longos voos
Ou atravessar rios a nado.
Agora se contenta com um banho de chuveiro.
Nos seus olhos de pupilas castanhas, não irão nadar enguias,
Há coisas da ordem da superfície
Há coisas da ordem das profundezas.
Feito os sonhos que você repetidamente vive.
Cena 6:
Desde o ano passado cuido dos cactos, da pitangueira e do jardim.
As lagartas comeram as rosas e as abelhas não aparecem mais, dizem que elas têm um radar nas asas e nos cérebros.
Dentro da casa silêncio: perfeito, completo, permanente branco.
Na cama eu e a gata, imóveis, mas ainda há espaço para o amor, para meus cabelos que são brancos desde os vinte e poucos anos, para os machucados nos dedos dos espinhos das roseiras e das ervas-daninhas o tempo outro fosse eu cobriria com babosa macerada e mel.
O jardim explode em brotos e ainda nem iniciaram as chuvas, a gata olha em silêncio os passarinhos que não mais voltaram, como as abelhas e os beija-flores.
Desde o ano passado ouço estalar de asas no lado esquerdo do peito meu corpo é uma lâmina afiada de cartilagens, mas continuo acreditando em ossos, sonhos, verões, mar e felinos.
Desde o ano passado dentro de casa tudo é branco.
Dentro do jardim nenhuma estação definida.
Dentro de mim quase vermelho.
Do Lugar Onde Estou já fui Embora
“Logo, sou/O menino que abriu a porta do Zoo”
(Gilberto Gil)
Na série ‘Big Ben- A teoria’
O personagem de Jim Parsons disse que teria uma tartaruga, como animal de estimação
Que tartaruga seria menos rápida que ele numa fuga
Não tinha pelos
Nas festas a fantasiaria de paralelepípedo.
Pensei nos animais de estimação e porque as pessoas os escolhia
Minha mãe teve um bezerro
Ficou cuidando dele quando a mãe do mesmo morreu no parto
Os vizinhos se incomodavam com sua dedicação
E o ápice foi quando o bezerro entrou numa casa e estragou o jantar de uma família derrubando louças.
Um amigo tinha um zoológico no quintal com papagaios, bicho preguiça, macaco,
Até ser denunciado
Não tinha autorização para tê-los.
Uma amiga de uma amiga tinha cobras no apartamento, entre plantas,
Um dia descobriu uma das cobras, talvez faminta, engolindo outra.
Há quem adote coelhos, ratos brancos, peixes, calopsitas
Alguns animais exóticos.
Tive vários gatos até nos perdermos uns dos outros
Um era quase sombra
Outro subia no carro porque gostava de brisa
A gata Tulipa ficava comigo na cama silenciosa e imóvel.
Não tive nenhum cão
E saio decidido a recuperar meus bichinhos de estimação
Como os velhos que passeiam sob o sol de domingo
E falam dos seus netos, das suas dores e máquinas de lavar roupas.
INÊS PEREIRA MACIEL Graduada em Direito, auditora fiscal, cronista, poetisa e romancista, seus poemas trabalham metalinguagem e lirismo. Obra: Despida
INES PEREIRA MACIEL, natural de Caxias do Maranhão. Advogada, Professora, Poeta e Escritora. É membro efetivo da Academia Caxiense de Letras (ACL), cadeira nº 18; Associada do quadro efetivo da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil – Coordenadoria do Maranhão (AJEB/MA) e Membro da Sociedade de Cultura Latina do Estado Maranhã (SCLMA). Uma das escritoras homenageadas no IV Colóquio Internacional de Literatura e Gênero, promovido pela Universidade Estadual do Piauí – UESPI (2018). Sua atração pelo mundo literário manifestou-se desde a infância. Aos doze anos de idade escreveu sua primeira poesia, intitulada “Quimera”, e que integra seu primeiro livro nesta modalidade. Auditora Fiscal do Trabalho do MTE (Inativa desde 2002), fez parte da Equipe de Fiscalização Móvel do Combate ao Trabalho Escravo e Infantil desse Ministério. Concomitante, foi Professora Assistente da Universidade Estadual do Maranhão (1981-1990). Obras publicadas: Ramas do Tempo (2003) - Crônicas / Despida (2008) – Poesia / Virna (2014) –Romance / A Menina dos Olhos de Peteca (2014) - Literatura Infantil / Recôndito (2016) – Poesia.
Um poema de INÊS MACIEL
PROVINCIANA
Sou provinciana, sou como uma abelha, E se assim sou, assim gosto de ser...
Sou rústica, sou da terra, sou cabreira, Mas sou livre em minha forma de viver...
Sou como a chuva que molha o campo, Sou como a jabuticaba, pau d’arco, jatobá,
Sou como faísca passageira de um relâmpago, Sou como um bicho, sou do mato, sou de lá...
Sou como uma nuvem que passa errante, Sobre um entrelaçado de vida abundante
Onde a natureza e a poesia são as tecelãs...
Mas trago nos olhos o piscar dos vaga-lumes, E entranhado na alma eu guardo o perfume,
JOSELITO VEIGA Servidor público federal e poeta, escreve poemas sobreo cotidiano e sobre os costumes . Obras: Devaneios na Atenas Brasileira; Pensamentos… poesias e reflexões fugazes Joselito Veiga, nasceu 1961, formado em agronomia e odontologia, é servidor público federal, autor de dois livros. O primeiro chamado de “Pensamentos…. Poesias e Reflexões fugazes” que foi lançando em maio de 2016. O autor já promete um terceiro volume. “Gosto muito de escrever, e sempre aproveito as inspirações para isso. Muita coisa me inspira durante o meu dia a dia, a noite me tranco no quarto e começo a escrever. Agora começo a pensar em uma próxima edição, que quem sabe próximo ano”, finalizou Joselito Veiga.
Os poemas de Joselito Veiga retratam seu romantismo exacerbado e sua visão realista ou mesmo utópica do mundo, com pitadas sarcásticas sobre a política e a falta de segurança. Não ficaram de fora também poemas que fazem referência a uma das grandes paixões do escritor, o time de futebol Botafogo do Anil. Servidor público desde 1984, Joselito Veiga sempre foi ligado ao clube de futebol do bairro Anil. Na agremiação esportiva desempenhou diversas funções – foi desde jogador, passando por técnico até dirigente. Sua dedicação à poesia se intensificou em 2014, quando passou a se dedicar mais à leitura e escrita. As primeiras poesias foram publicadas em redes sociais e, com o incentivo dos amigos, decidiu reuni-las em livro dando origem “Pensamentos...Poesias e reflexões fugazes”.
RITA DE CÁSSIA OLIVEIRA Professora de Filosofia, ensaísta e poetisa, sua poesia é voltada para o universo feminino e traz críticas sociais. Obra: (Re)Nascer Mulher
Possui Graduação em FILOSOFIA pela Universidade Federal do Maranhão (1993), Mestrado em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas (2003) e Doutorado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2009). Atualmente é Professora Associada lll da Universidade Federal do Maranhão. Vice-Coordenadora do GT Hermenêutica da Associação de Pós Graduação em Filosofia - ANPOF no período de 2020 à 2021. Consultora ad hoc da FAPEMA. É Professora Permanente do Mestrado em Letras-PGLetras, com linha de pesquisa em Estudos Teóricos e Críticos em Literatura. Professora Permanente do Mestrado Acadêmico em Filosofia-PPGFIL, com linha de pesquisa em : Linguagem e Conhecimento. Atualmente, faz Estágio Pós-Doutoral na Universidade Federal do Piauí. Tem experiência nas área de filosofia atuando principalmente nos seguintes temas:Hermenêutica, Literatura, Memória, Tempo, História, Metáfora, Educação e Ensino.
e minha ogiva concêntrica
NATÉRCIA MORAES GARRIDO Professora, ensaísta e poetisa, escreve sobre temas relacionados ao tempo e à essência feminina. Obra: Poesia em 3 tempos
Graduação em Letras Português/ Inglês e Respectivas Literaturas pela Universidade Estadual do Maranhão - UEMA (2003). Especialização Latu Sensu em Ensino-Aprendizagem de Língua Portuguesa pela Faculdade Santa Fé (2006). Mestrado e Doutorado em Literatura e Crítica Literária pela PUC-SP (2016; 2023). Professora de Língua Inglesa e Língua Portuguesa do Instituto Federal do Maranhão Campus Caxias (MA); professora das disciplinas Morfossintaxe de Língua Latina, Filologia Românica, Lusofonia e Literaturas de Língua Portuguesa e Inglesa na Universidade Estadual do Maranhão - UEMA Campus Caxias (MA). É tradutora e revisora de textos de Língua Inglesa e Língua Portuguesa. Atua como intérprete Inglês / Português e Português/Inglês.
THEOTÔNIO FONSECA Professor de Língua Portuguesa e poeta, tem uma poesia voltada para as estruturas clássicas e com temas variados. Obra: Poemas itapecuruenses & outros poemas Theotonio Fonseca é um bom nome das letras do Maranhão, com formação sólida e com alguma caminhada já realizada. Seu poema se apresenta com uma tónica corpulenta, dentro de uma poética de alto fôlego. Dialoga com a tradição, com o clássico, com a mitologia universal e bíblica, trazendo, por vezes, matizes de uma linguagem com sabor das raízes do chão natalício e, desse modo, nuances que tomam por empréstimo as cores das nossas aves.
Um conjunto de referências, de variado repertório, conflui nas camadas theotônicas do rio literário do bardo itapecuruense. É prazeroso sentir, no seio deste novo livro, As bodas de Sapequara, uma evocação de elementos ancestres. Chamou-me a atenção, também, uma seção inteira de poemas que refletem sobre o processo misterioso de nascimento do texto poético, mas que vai além da simples metalinguagem no seu enredamento, assim notamos uma poesia com fome de infinito e que executa recitais para todas as plateias.
THEOTONIO FONSECA DE SOUSA nasceu dia 11 de abril de 1985. na adolescência descobre o fascínio pela literatura, produzindo seus primeiros textos em prosa e verso. graduado em letras pela faculdade atenas maranhense e especialista em língua portuguesa e literatura brasileira.
LUÍS INÁCIO OLIVEIRA nasceu em São Luís do Maranhão, em dezembro de 1968. É professor do curso de filosofia da Universidade Federal do Maranhão. Publicou em 2012 o livro de poemas Forasteiro rastro e em 2008 o ensaio Do canto e do silêncio das sereias – um ensaio à luz da teoria da narração de Walter Benjamin, nascido de uma pesquisa de mestrado.
ARREBOL
o que não mata a sede do aguardente o que afoga dentro da voz da cantora o violão de 7 cordas o que naufraga a tempo de virar gesto e degringola cacos de vidro assim chamados madrigais noturnos o que te espera na próxima esquina e nem te lembras com alarde o que se deve à cicatriz de uma palavra e é alado e ilegível
FILIGRANA na página o luto do alecrim passeia
como fora a luta do afogado a haste da lua o jasmim na veia quando aflora alheia a noite o silêncio onde a puta cheia de dedos tateia
RESTO DE MANIFESTO palavras mais secas sem esses enfeites a não ser os assim esfarelados esfarinhados ao gosto do despejo limpar o terreno uns poucos cacos 3 rolos de arame farpado só nessa tarde já provaste a Praça Deodoro armada assim entre os teus dentes? encouraçada: croas do sábado? escancarar a porta dos fundos abrir espaço beber abril nenhum oboé nenhuma verbena um escangalho alguns latidos e uma máquina de esburacar à noite
BOTECO
de onde espias a curva que um corpo faz antes do mais irrisório rio e bebes chispas uivos baratos comes dilúvios muvucas ovelhas negras comes com os olhos sem pressa e mesmo dardejas sessões de cinema esquecidas já no fundo, farelos do sanduíche relâmpagos mesquinhos que sem jeito ainda ateias assim ateu no rosto de quem passa como se nem selva súbita fosse
SEBASTIÃO RIBEIRO (São Luís – MA, 1988) é poeta e professor de Língua Inglesa, graduado em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão. Componente da obra Acorde (Scortecci, 2011), com Igor Pablo Dutra e Weslley S S Costa. Autor de & (Scortecci, 2015), Glitch (Scortecci, 2017) e Memento (Penalux, 2020). GAVETA, GALÁXIA: www.sebastiaoribeiro.blogspot.com
Provisório um motivo não tenho pronto nem palavra calma que circunde
o que não é este espaço desinteressante e o que dele espera algo do espaço e afinal
de que espaço falamos? gritos tenho alguns e mesmo que cheguem até o outro lado da matéria pouco dirão
alguns esperam daqui algo como ‘barco feroz em cabeleira azul’ ou ‘tessitura molhada duma alma’ mas …
o poema consome parte do tempo que me faria pegar um lotado menos cheio o poema consome o homem abatido queimando seu espírito fora do prazo de validade sim o homem é a fruta podre que nutre a árvore sob o sol desfigurante o homem em tudo que se conhece sou eu que procura outros homens numa dúzia de maneiras tristes maneiras que me pedem uma casa com plantas sem metáfora em seu terraço e mato surgido debaixo do concreto bocejando uma flor de cor aparentemente eterna vejam pois que o escrito e os ossos que o imprimem são um algo só precisos & parados num ou outro instante do dia enfim somos uma erva que índios evitam
Progressão harmônica atrás dos olhos a mínima lealdade que me faz virar as costas ao trajeto branco caminhado comensal do futuro inventam-se ermos de possibilidade mínima
mais à frente cordilheira pálida mascara terreiros onde moram as convenções: os sonhos e os planos e o silêncio que me magoa me faz esquecer aquele homem considere-se a coerência o mote benfazejo à azia dos dias em nuvens cretinas – perdi o senso para escolhas na imagem de uma mãe e seu filho na embalagem de sabonete antibacteriano motoristas de lotação insolentes
me giram a) mude de emprego b) compre um apartamento
c) se apaixone e consisto em tomar do mesmo caldo de fracassos de ordem ancestral ao fim do dia meu centro dói ossos e artérias me vigiam com notas promissórias as mãos entupidas no barro amarelo me fazem tão da terra como de qualquer outra coisa o destino parece perder as calças pareço sempre dizer a mesma coisa para a mesma louça qualquer parte lá em cima me ajude qualquer acordo aqui me alumie
Yosuke Yamashita
Se estou o músico insistente na última nota pétrea perfurante / sou o piano aberto flamejante querendo voar
Propósito
Herdeiro do próprio reflexo em meus termos sorvo o fruto mundano da árvore néscia tramo uma dor supérflua acessória ao único corpo que posso queimar fracionado apesar do piso dos índices cinemáticos do governo cresci além do broto pisado de meu sorriso metálico protubera a mesquinhez Cogito ascese com um pedaço de filé na boca descalço maldigo o nome do que desistiu de mim Descalço consulto o tempo costuro as órbitas do afeto em rede social sustento: o que tenho é fascículo de destinos – o que não –mostras do eterno longe dos corpos que tive das partículas do que fui imagino em meu caminho algo do suspiro daqueles deuses convulsivos entranhados nas paredes da Unidade 731
Brasil
Uma questão me rastreia –onde caibo nessa boneca mutilada que o moleque serra a boca algum plano aqui me cultiva vizinho as florestas de vinil queimadas geração a geração por nada foram fábulas epístolas bulas sermões aqui onde sou peso o barro molha a chuva a pedra come o mar são ossos a tua carne onde me imprenso me insinuo onde que distante anúncio é esse que extravia a vida neste eterno maio há nuvens de milhões que negam o espelho dissolvem vergalhões a cada bravata sugam-se o miolo absorto dando de comer ao grito pio onde sou quando todo quanto do todo estou eu
DÉA ALHADEFF Déa Alhadeff, escritora maranhense é bacharel em direito. Lançou o primeiro livro com 21 anos, o primeiro da série Os segredos de uma jovem espiã, que inicialmente começou na internet e ganhou preferência para mais de 500 mil pessoas, Déa é premiada pela Academia Brasileira Poética e sócia da Associação Maranhense de escritores independentes. tem três livros lançados e mais 2 para lançar em 2021. Faz trabalhos sociais e dá palestras em diversas escolas com incentivo à leitura. Seus personagens são fortes e destemidos, assim ela acredita que pode inspirar e incentivar jovens e adultos.
Déa Beatriz Lobato Alhadeff Natural de São Luís do Maranhão. Aos 17 anos começou a escrever, concluindo seu primeiro livro aos 19 anos de idade. Filha do engenheiro civil Ben-Hur Pestana Alhadeff jr, cuja a família provem de nobre linhagem da cidade de Tel Aviv. Sua mãe pedagoga, Maria Benedita Lobato Alhadeff, descende de família portuguesa, a qual teve como representantes grandes escritores brasileiros. Cursou todo o ensino fundamental na instituição privada Colégio Educator, e ensino médio no Colégio Educallis. Atualmente, acadêmica do curso de direito em prestigiada universidade de São Luís. Livro originado da história e série virtual 'Forever a young spy'.
EVILÁSIO JUNIOR Evilásio Júnior, filho de Evilásio Alves de Morais e Lusia Rosa Cunha Morais; nascido em Santa Inês-MA, em 10/09/1984; graduado em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão - Campus Santa Inês; Acadêmico de Filosofia pela Universidade Estadual do Maranhão - UEMANET. Foi descoberto para a produção literária por uma professora de Língua Portuguesa, no Ensino Médio, aprendeu a importância de vestir com as letras a alma nua. Tem poemas, crônicas e contos publicados por antologias no Brasil. Autor do livro de poesia Pulsões de vida e morte.
GABRIELA LAGES VELOSO é escritora, poeta, crítica literária e mestranda em Letras pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Atualmente, é colunista do Feminário Conexões. Já colaborou com coletâneas e revistas no Brasil e no exterior. É autora dos livros Através dos Espelhos de Guimarães Rosa e Jostein Gaarder: reflexos e figurações (Editora Diálogos, ensaio, 2021) e O mar de vidro (Caravana Grupo Editorial, poesia, 2023). Além disso, é organizadora da Antologia Poéticas Contemporâneas: uma cartografia da escrita de mulheres (Brecci Books, 2023).
(Re)ver
Enquanto vivemos desatentos, valorizamos coisas banais, a rotina se transforma em nossa maior prioridade. O essencial se torna invisível aos olhos, consciente ou inconscientemente. Nosso olhar não se fixa em nada que não nos diz respeito, e, apesar de compreendermos a existência e injustiça da desigualdade, tudo que se refere ao Outro torna-se Nada.
Foto: https://www.recantodasletras.com.br
ALDEMIRA AGUIAR Aldemira da Costa Aguiar. Viúva, aposentada, artista plástica, maranhense de Bacabal, mas mora há 38 anos em Marabá-PA VII ANUÁRIO DA POESIA PARAENSE. Airton Souza organizador. Belém: Arca Editora, 2021. 221 p. ISBN 978-65990875-5-4 Ex. Antonio Miranda
Escolhi o céu, fui morar
As portas não se abriram
Escolhi a Lua, São Jorge
Não me recebeu
O Sol, não deu... era muito quente
As nuvens não me seguraram
Das montanhas, não gostei
Nos vales, não me adaptei
Segui o caminho dos ventos
Me perdi, não alcancei
Amei a praia, mas me resfriei
Parei no tempo... e agora?
Sou pedra sem limo
Sou flor sem perfume
Sou folha caída
Sou barco sem leme.
Pelo mar da vida, a vagar
Nascida na cidade de Poção de Pedras, Maranhão, passou toda a vida no Distrito Federal. Nesse Plano, nasceram seus filhos - Sofia e Armandinho - expressões da sua própria alma e espiritualidade. Formou-se Professora de linguagens e é psicanalista em formação. Na dança, tudo aquilo que revela revela-se em expansão. Na condição de escritora encontrou na poesia sopros de vida e novos movimentos de integração com a palavra, com o outro, com o mundo. Na figura inquieta e em constante construção, fundem-se a oficineira de artefatos manuais, a editora em progresso, a mulher das vivências de sabores e saberes e a paixão pelas experiências de trocas com os semelhantes. Nesse primeiro livro reside uma busca constante tecida ao longo de toda vida: modos de entender, de amar e de respeitar cada existência.
OLIVEIRA, Ebê Jaqueline. Poemas para divã. Brasília, DF: Avá Editora Artesanal, 2019. 55 p. 15 x 21cm. Capa: Nestor Jr. e Edward Bonasser Jr. Posfácio: Iryna Maia. ISBN 978-85- 54295-19-6 Ex. bibl. Antonio Miranda terapia à parte
parto de realidades nem concretas nem reais fantasias luxidadas no divã
Foto: https://almanaqueliterario.com/ ENEIDA CRISTINNA Reside em Colinas/MA. Eneida Cristinna, natural da cidade de Colinas, Maranhão. Poetisa nata, autodidata, foi bancária, e agora dedica-se à sua paixão, a arte da escrita, especialmente à poesia. Escreve há dois anos em sites e páginas virtuais, publicando textos filosóficos e poesias.
ANTOLOGIA POÉTICA. Sarau Brasil 2016. Concurso Nacional de Novos Poetas. Organização e apresentação Isaac Almeida Ramos. Cabedelo, Paraíba: VIVARA Editora Nacional, 2016. (Série Novos Poetas no. 19. 446 p. ISBN 978-85-920158-2-1 Ex. bibl. Antonio Miranda
Em fios de ouro e emoção
Minha doce alma se vestiu de sonhos, maravilhada de amor e versos encantados das mãos ternas a tecer a vida em fios de ouro e emoção...
Ao percorrer a sina, a sonhadora alma de menina não encontrou flores pelo caminho, as pedras cortantes e o sol ardente, ressequiram a sua frágil ilusão...
Doce alma vestida de quimeras, a felicidade que procuras não é daqui, é dos céus, ela mora dentro de ti, nas entrelinhas do teu coração tecido de emoções e esperas...
GILDEAN FARIAS
Natural do município de São Bernardo do Maranhão, Gildean Farias, tem 34 anos e reside atualmente no município de São Luís. Graduado em Jornalismo e pós-graduando em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais, atuou como repórter dos jornais O Imparcial e Aqui-MA, de 2012 a 2015 e como repórter e editor do portal O Imparcial, por igual período. Atualmente, atua como assessor da Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal do Maranhão (APCEF/MA). Poeta e pensador, tem dezenas de poemas e crônicas escritos, sendo hoje membro fundador da Academia Bernardense de Letras e Artes (Abela). Além disso, participa ativamente, há mais de 18 anos, da Pastoral da Juventude e de outros movimentos sociais voltados para a causa da juventude.
"Quando os homens fracassam, o que lhes faltou não foi inteligência: Foi Paixão!"
A flor mais bela
Lá no meio do jardim
Ao dia vem saudar
Risonha e radiante
Irradia alegria no ar Seu perfume e Sua beleza
A todos vem mostrar
Assim é a flor mais bela Misteriosa e de encantos diversos
Alegre como a aquarela
Nesses pequenos versos
Deveras agora confesso
Amor é o que sinto por ela
Poemas extraídos de:
IGOR GUIMARÃES L. ARTHURO (São Luis – Maranhão )
IX COLETÂNEA SÉCULO XXI – 2019. Homenagem ao escritor Alexei Bueno. Jean Carlos Gomes (Organizador). Volta Redonda, RJ: Gráfica Drummond, 2019. 110 p. ISBN 978-85-43913-99-9 Ex. bibl. Antonio Miranda.
AMOR ILUSÓRIO
Pereceste crendo que amavas, Com uma adaga ceifaste pensando que era amor, Na rosa pétalas com palavras arrancaste, Com atitudes o brilho de uma estrela se apagou.
Ódio em teu peito alastrou-se, indo aos olhos,
Amor em ciúmes se tornou, Egoísmo vestido de paixão, Obsessão maquiada à veneração acabou.
Tua máscara o vento levou, Revelando a todos que teu coração de verdade nunca amou, Sentimentos puros ao decesso jogaste, A quem por ti no amo sempre mergulhou.
DOR
Sentimentos, sentimentos, Sempre os mesmos, Mas de forma diferente Cada um os sente no peito.
Dor grande, dor pequena, Ilusão é crer que existe uma mais amena, Ferida minha, sofrimento meu, Comparar meu fardo ao que outros passam Não alivia ou ajuda meu coração que o caos corrompeu.
A História Conta Especial Leopoldo Vaz: texto "Sociedade dos Poetas Esquecidos" resgata Aurora Felix
EspecialLeopoldoVaz:texto"SociedadedosPoetasEsquecidos"resgata
AuroraFelix
Leopoldo Gil Dulcio Vaz é da Academia Poética Brasileira.
Por: Mhario LincolnFonte: Leopoldo Gil
Em nossa busca por aqueles poetas que pertencem à Sociedade dos Poetas Esquecidos – em contraposição à Sociedade dos Poetas Mortos – e aproveitando o dia, apresento AURORA CORREIA LIMA FELIX.
Nasceu em São Luís do Maranhão, a 15 de setembro de 1919. Fez o curso preparatório no antigo Liceu Maranhense, onde foi aluna de Nascimento de Moraes, Mata Roma e Rubem Almeida, eméritos professores e homens de letras. Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de São Luís, em 1940, tendo escolhido a carreira do Ministério Público. Serviu como promotora de Justiça nas comarcas de Flores, Rosário e Codó, respectivamente de primeira, segunda e terceira entrâncias, sendo depois promovida para a Comarca da Capital, de quarta entrância. Desta foi afinal promovida para o cargo de Procurador de Justiça do Estado, o último cargo de sua carreira no qual funcionou durante dez anos antes de se aposentar, por tempo de serviço, em 1973.
Escreveu seu primeiro poema aos 11 anos, mas os poemas da adolescência se perderam.
Publicou pela primeira vez alguns poemas no Anuário de Poetas do Brasil 1982 e 1983. O apresentador deste livro Dr. Ramiro Azevedo, “Toda a poesia de Aurora é uma exaltação mística: “Elevamos para o Azul/o nosso pensamento; ou a reafirmação do Bem Absoluto”... / “Ó formas, cores e sonhos/ que me encantam e me inspiram / O mundo é belo tal como aparece / aos nossos olhos / Isto me basta.” FÉLIX, Aurora Correia Lima. Poemas brancos. Capa: José Franklin. Apresentação: “Aurora e Lirísmo Místico”, pelo Dr. Ramiro Azevedo. São Luís – Maranhão SIOGE, 1988. 67 p.
Versosescritosàmão,norodapédopoemaPERCEPÇÃO”,nolivro“Poemasbrancos”,em1968: “confundirme na unidade infinita /de ser tudo e nada ser.”
In POETAS BRASILEIROS DE HOJE 1985. Rio de Janeiro: Shogum Ed. e Arte, 1985. 114 p. Ex. bibl. Antonio Miranda - MEUS OITO ANOS // A poesia vem com a tarde / que, lenta, desce do céu; / há sombras claras entre as mangueiras / e a leve areia zune sob um pé-de-vento, / a água é uma constante / como as espirais de fumo anunciando o jantar. // Tempo d´infância perdido / eu venho te procurar, / com meus pés de sonho eu piso / os caminhos doutra idade, / com os olhos do meu sonho eu busco as nuvens de carneirinhos / que em rebanho enchiam o azul. // Hoje tudo está mudado, / e eu mudei, já não sou; / serão de outras infâncias os caminhos que busquei.
NOSTALGIA AZUL // A janela aberta / mostra um retângulo do céu no entardecer, / um retalho de nuvens / suavemente azul: / belo, puro e distante / como a perfeição inatingível... // São Luís, no mirante em 20.O7.1957
É membro da Academia Anapolina de Filosofia, Ciências e Letras de Anápolis Goiás.
Nota do editor do Facetubes Aurora Felix era casada com o irmão de minha mãe, Wilson Felix. Portanto, minha dileta tia. Convivi muito pouco com ela. Mas tenho, com dedicatória a minha mãe Flor de Lys Felix, seu livro "Poemas Brancos". Guardo-o com um significado imenso, na mais alta prateleira de minha biblioteca do coração. Assim, uma das Salas Poéticas (será publicada na semana que vem) da APB, terá seu nome, honrosamente, em razão de ter sido (e ainda é) um dos grandes nomes da poesia maranhense, também esquecido para a Academia Maranhense de Letras, numa época em que homens, era maioria absoluta. Vale agradecer o confrade Leopoldo Gil (APB), por essa surpresa sentimental e importante resgate.
Aliás, abaixo, o prefácio completo do professor Ramiro Azevêdo, no livro "Poemas Brancos" e a reprodução de um dos poemas curtos (e fortes) de Aurora. Ela recitou esse mesmo poema em uma reunião de família na casa de Tio Vicente, no Tirirical, em meados de 63 ou 65. Não me lembro ao certo. Mas ficou na memória. O poema reproduzo abaixo, junto com a apresentação de Ramiro. (Mhario Lincoln).
Não vejo mais a chama dessa rosa vermelha que o vento consumiu; ausente do mar distante, cujo fragor ainda ressoa nos meus ouvidos mortos, sem ti, perdida estou, onde e quando? Em vão tento encontrar-me.
Prof. Ramiro. AURORA E LIRISMO MÍSTICO
Ramiro Azevêdo (a).
Os anos não desfiguraram nem embotaram a poesia idilicamente expansiva, mas fincadamente mística e cristã, cristã, universalista, de Aurora Correia Lima Felix!
Seu comprometimento permanece único: Verdade, Beleza, Expressão.
Em todos os poemas respira-se luz, paz (ainda quando pervague ligeira agitação amorosa) exaltação do Belo e ternura cristã. O passar dos anos não lhe desfigurou o estro. Em 1934 escreveu.
Vês, ao longe, as montanhas, douradas pelo sol que morre?
Como são belas na sua grandeza impassível! Sentinelas do Infinito, a fronte nimbada de luz, tocando as nuvens, fogem do mundo enganador para as alturas.
Em 1979, trinta e cinco anos depois, escrevia ainda:
Ponde-me entre as mãos postas uma rosa vermelha ou amarela, as cores da alegria e na vitrola uma berceuse que eu apenas durmo e logo despertarei.
Toda a poesia de Aurora Correia Lima Felix é uma exaltação mística:
elevemos para o Azul/o nosso pensamento; ou a reafirmação do Bem Absoluto: As estrelas brilharão sempre, os mares rolarão suas vagas pela eternidade, a terra produzirá sementes que irão novamente fecundá-la e assim os homens mo e todos os seres viventes.
Mas também sai de Aurora, nossa tempestade habitual do viver cotidiano, um arrebatamento lírico, terno, forte:
Amo!
E sou feliz por viver deste amor, que deu a minha vida, apagada, sem cor, o brilho da primavera,
Há momentos em que o universalismo de Aurora transfigura-se num universalismo induísta:
... o profundo e apaixonado anseio de me dar inteiramente, de confundir-me na unidade infinita, de ser tudo e nada ser.
Diria, enfim, que, como Tagore, ela busca nas coisas pequeninas vários motivos para o seu estro, várias inspirações para lavrar sua poesia:
O Pato Selvagem Ei-lo:
Asas desfraldadas, em pleno voo; os pés retesados no esforço de subir....
Ó Liberdade.
bendita liberdade.
Paisagem:
Um perfume de trevo na límpida manhã, de céu azul e o sol dourado.
'Beautiful Night' Noite, toda vestida de estrelas, cheia de encantamento e mistério!.
(a) Dr. Ramiro Azevedo
Professor da Universidade Federal do Maranhão
NosencontramosnoginásioBernardoSayão,alinaDorgivalPinheirodeSousa,ondehojefuncionao CentrodeEnsinoEstadodeGoiás.Ele,paraensedacidadedeBragança,massemnenhumvínculocom a cidade de nascimento. Eu, goiano da cidade de Xambioá, também sem vínculo com a cidade de nascimento.Naverdadenossospaisseaventurarampelosgarimposesedeslocavamconstantemente. Eufaziateatroeeletocavaviolão,nossasvozesunidasproduziaumtimbreagradávelemuitooriginal. FundamosogrupoTrempedeBarrocomopropósitodecriarmosanossa própriamúsica.Creioque essadecisãotenhacausadoprejuízoameuparceiroquecantavacomoninguémasmúsicasdeFagner, Alceu Valença, Ze Ramalho, artistasde grandes sucessos naqueletempo. A formação inicialde nosso grupoeraeu,eleeDudu,grandecompositormastambémcaminhoneiro.Nasuaausência,tinhaJoséde Iramar,HudsonFrotaeConradosaxsofonistaediretordafanfarradaEscolaAmaralRaposo,orgulho detodosdaquelainstituição.
Nosso primeiro festival foi em 80, onde arrebatamos os dois primeiros lugares com as músicas LogojofandoePeneira.Daípordianteviramoscaçadoresdefestivais,chegamosparticipardequatrono mesmomês.FazíamosshowsemImperatrizparaumaplatéiaansiosapornovidadeseéramosmuito queridospelaturmadoprojetoRondon,estudantesuniversitáriosquevinhamdosuldopaís.
Acabou-seogrupo,mascontinuamosnaestrada,juntosouseparados,rodamosesseBrasilpormaisde trintaanoscomnossamúsica. Carentesdeespaçoparaamúsica autoral, criamosoFMI -Festivalde Música de Imperatriz, que já dura onze anos e atrai compositores de todas as regiões. Sabemos das polêmicas existentes em torno dos festivais, mas sem eles não teríamos percorrido esse continente chamadoBrasil.
Comousemaminhapresença,comousemaminhamúsica,ograndeNenémBragançatrouxeanossa cidadesetentaeseistroféus.OapresentadorteveaobrigaçãodedestacaronomedeImperatriz,onde fincamosnossasraízeseesperamosflorescerosnossossonhos.ZT.
O Acadêmico poeta Raimundo Correia, um dos fundadores da ABL, faria hoje - 13 de maio - 165 anos. Nascido nas agitadas águas da Baía de Mangunça, Arquipélago de Maiaú, município de Cururupu, nas Reentrâncias maranhenses, era, segundo Manuel Bandeira, o “maior artista do verso que já tivemos”.
Natalino Salgado Filho, médico nefrologista, professor universitário, ex-reitor da Universidade Federal do Maranhão, membro titular da Academia Nacional de Medicina e integrante da Academia Maranhense de Letras, ocupante da cadeira 16, cujo patrono é Raimundo Correia, escreveu um texto sobre a vida e a obra desse grande artífice da palavra.
Natalino Salgado Filho
Em 13 de maio de 1859, veio ao mundo Raimundo de São Luís de Azevedo Correia Sobrinho, eternizado como Raimundo Correia, durante uma viagem marítima de Turiaçu à capital do Maranhão, a bordo do vapor São Luís Nasceu aos sete meses, embalado ao ritmo das águas da Baía de Mangunça, Arquipélago de Maiaú, município de Cururupu, nas Reentrâncias maranhenses.
Por onde Raimundo passou, provocou gratas surpresas. A começar pela família, com seu ingresso prematuro, alegre e ruidoso; depois, nos colegas e amigos da Faculdade de Direito de São Paulo que leram, em primeira mão, seus versos sérios e suas composições jocosas desconcertantes que fez estampar nos jornais acadêmicos; e, por fim, no público e na crítica, quando se renderam ao seu talento poético, consagrando-o como fenômeno raro de fina poesia.
O zelo do industrioso artífice da palavra mereceu de Manuel Bandeira esta honrosa apreciação: “é o maior artista do verso que já tivemos”. Ou mesmo esta de Ronald de Carvalho: “entre os românticos não houve um só poeta que tivesse a profundidade da arte de Raimundo.” Ou ainda esta outra, de Carlos de Laet, que a ele se referiu como “o mais completo e significativo símbolo da perfeição, e não somente no soneto, como em tantas outras formas de expressão poética”.
Bastante conhecido no meio literário nacional de fins do século XIX, o originalíssimo poeta de Sinfonias foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira de n.º 5, cujo patrono é Bernardo Guimarães. E já às vésperas do aniversário de 165 anos de nascimento de um dos virtuoses de nossa literatura, trazemos algumas linhas sobre sua vida e obra, de modo a prestar tributo à sua memória e, especialmente, a seu brilhante legado poético.
AtrajetóriadeRaimundo Correia estevedivididaem duas frentes, umamais exigenteque aoutra: ado Direito, que lhe garantiu o pão de cada dia, e a da poesia, a alimentar-lhe a alma. As leis e os tribunais foram a espinha dorsal de sua família paterna, a cuja tradição não escaparia o próprio poeta parnasiano. Pelo menos cinco gerações de familiares graduaram-se nos bancos da Universidade de Coimbra. Entre esses estão seus tetravô, trisavô, bisavô, avô e pai; assim como formados em escolas brasileiras de ciências jurídicas constam tios, primos e um irmão. Seu pai, José da Mota de Azevedo Correia, foi advogado, político, promotor, juiz e desembargador. Maria Clara Vieira da Silva, sua mãe, descendia de rica e influente família do Maranhão. Ele cresceu em lar de educação rigorosa. No início da vida escolar, teve carolas e sacerdotes por professores, para os quais a boa educação dependia menos da qualidade do aprendizado do que da quantidade de tarefas e castigos aplicados aos deslizes. Juntou-se ao conjunto de sua formação a devoção fervorosa dos familiares à fé católica. Raimundo cursou o ensino médio no Imperial Colégio de Pedro II, no Rio de Janeiro, tempo em que já se via atraído por grandes obras da literatura e ensaiava os primeiros passos na arte de versejar.
Ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo em 1878, e deixou-a em 1882, com o título de bacharel. O que ele viveu nos espaços acadêmicos foi intenso e transformador. Raimundo entrara no curso um conservador, na política, e um romântico, nos versos; ao deixá-lo, era republicano, na política, e parnasiano, na arte poética. Naquele tempo, a faculdade da Pauliceia era um caldeirão em plena ebulição, fustigado pela onda “revolucionária” republicana, e contrário a tudo que cheirasse a regime imperial, inclusive as orientações vindas da escola romântica, que tantos serviços prestara à causa da Monarquia. Raimundo publicou diversas poesias nos jornais da Faculdade, assim como versos jocosos, que achincalhavam com qualquer um, dos amigos mais próximos a personalidades e autoridades do Império.
Tornara-se conhecido e apreciado, na Faculdade, como poeta talentoso. Mas não se dedicava aos estudos. Diziam os muito próximos que ele era um notório vadio. Ali encontrara o espaço, e as motivações, para se entregar, sem meias medidas, à torrente incontrolável do labor poético. Salvava-o, nos afazeres acadêmicos, a inteligência fina, a primorosa organização intelectual (clara, lógica, ousada) e a rara capacidade de memorizar uma enxurrada de escritos e de saber utilizá-los com precisão.
Raimundo conseguiu juntar, da minguada mesada enviada pelo pai, o dinheiro necessário para publicar seu primeiro livro. Contratou os serviços da tipografia da Tribuna Liberal, que lhe imprimiu os Primeiros sonhos, lançados em meados de 1879. O primeiro de vulto a ressaltar o talento do poeta-infante foi Machado de Assis. O Bruxo do Cosme Velho viu em seus versos, malsaídos da adolescência, o “cheiro romântico da decadência” e certa “flacidez”, mas em meio às fragilidades e afetações, percebeu a fluidez, assim como “o movimento e a melodia” que surgem de cada estrofe, a marcar a fina presença da individualidade do poeta.
Raimundo deixou a Pauliceia em direção à Corte em dezembro de 1882, para iniciar a caminhada que o levaria à magistratura. No início desse ano, lança seu segundo livro de poesias, as Sinfonias. O opúsculo veio prefaciado por Machado de Assis, e dedicado ao amigo Valentim Magalhães. Fez enorme sucesso, e foi a mais bem-sucedida obra do poeta nascido em águas maranhenses. A maior parte das poesias de Raimundo que conquistou a alma popular pertence a este livro, como o “Mal Secreto”, “O Anoitecer”, “O Vinho de Hebe”, “Plena Nudez”, “A Cavalgada” e, a mais lembrada de todas, “As Pombas”. Esta composição foi reproduzida em diversos jornais do país, uma ou mais vezes. O soneto inspirou toda uma série de decalques e paródias, que deixaram o poeta irritado, a ponto de Raimundo não mais falar dele.
Então com 23 anos, escreveu o biógrafo Valdir Ribeiro do Val, Raimundo já era um “poeta-filósofo”, a pressagiar o “grande poeta-filósofo” de nossa língua, só equiparável a Antero de Quental. Raimundo revelarase um agudo e sensível garimpeiro dos dramas humanos da consciência. De sua pena privilegiada desabrocharam encantadoras composições de filosofia pessimista. Mas o poeta não só cantou as dores de consciência e os flagelos da amargura. Não. Seu segundo livro mostra composições vivas e alegres, como os sonetos “No Jardim”, “Na Penumbra”, “Après le Combat” que trazem notas um pouco mais ousadas, ainda que o pudor as domine.
Em 1883, assumiu as funções de promotor público, em São João da Barra, no litoral Norte fluminense. Passou um ano e meio na cidade litorânea. Deixou-a por causa de um novo encargo: foi nomeado juiz de direito da comarca de Vassouras. Antes, porém, resolveu se casar com Mariana de Abreu Sodré. A cerimônia ocorreu em 21 de dezembro de 1884, na fazenda Aurora, em São Vicente Ferrer, município de Resende. Ele com 25 anos, ela com 20.
A vida em Vassouras favoreceu bastante suas atividades literárias. O ambiente se agitava com os escritores locais, também amantes da literatura, que publicavam nos jornais vassourenses. Em 1886, Alberto de Oliveira visita Raimundo Correia, e decidem escrever juntos o folhetim intitulado “Olavo Bilac”, em que apresentaram o vate de vinte anos aos leitores do Vassourense. Alguns anos depois, os três poetas formariam a conhecida “trindade parnasiana”. Mas ali, naquela quadra, nenhum deles poderia ser tido como parnasiano, na exata expressão da palavra.
Neste ponto, é preciso assinalar que o autor de Sinfonias foi originalíssimo, e pouco do que compôs se enquadra nos estritos moldes do parnasianismo, em que prevalece o impessoalismo doutrinário, a substituição do subjetivo pelo objetivo. No afã de eliminar da matéria poética qualquer extrato emocional do eu lírico, a escola francesa pretendeu deixar, em seu lugar, a descrição do meio ambiente, a correção gramatical e de estilo. Ele nunca aceitou tais princípios e, algumas vezes, queixou-se aos amigos de que os produtos parnasianos “são aleijados e raquíticos”, “literatura tão falsa, postiça e alheia da nossa índole” e “pressinto-o,
é uma triste e lamentável esterilidade”. Raimundo jamais abriu mão de pôr-se por inteiro em sua poesia, tanto que se disse ser, ele, um parnasiano lírico ou um lírico parnasiano.
Em São Paulo, Olavo Bilac fez a revisão das provas do novo livro de Raimundo Correia, Versos e versões. A obra saiu em junho de 1887, e foi um acontecimento literário da maior expressão. Os amigos que moravam no Rio de Janeiro fizeram-lhe uma honrosa homenagem, quando lhe ofereceram um almoço no Hotel Globo, em 3 de julho de 1887, em que compareceram diversas personalidades do mundo artístico-literário. Com o lançamento de Versos e versões, o poeta passava a integrar a galeria dos nossos mais distintos escritores. Em 1889, despediu-se do município serrano em meio a muitos protestos de estima, e lhe prestaram calorosas homenagens. Em 22 junho, Raimundo foi nomeado secretário da Presidência da Província do Rio de Janeiro, queocupou atéaderrubadadoGoverno Imperial, pelos militares, em novembrodaqueleano.Então, ogoverno federal nomeou-o juiz de direito da comarca de Santa Isabel, São Gonçalo do Sapucaí, Minas Gerais. Enfermo dos olhos, em agosto de 1891, Raimundo se dirigiu ao Rio de Janeiro, e lá permaneceu por 3 meses. Aproveitouestetemponacapitalfederalepublicouseuquartolivro, Aleluias.Aobra,porém,nãoentusiasmou o meio literário. Jornalistas, críticos e escritores quase nada disseram do mais recente cometimento do poeta. Em 1892, Raimundo é nomeado diretor da Secretaria de Finanças do Estado de Minas Gerais, na então capital Ouro Preto. E em dezembro daquele ano foi criada a Faculdade Livre de Direito de Minas Gerais, em Ouro Preto,eRaimundosetornouumdeseuseducadores,primeirocomoprofessorsubstituto,e,emseguida,passou a professor catedrático de Direito Criminal. É nesta época que escreve um longo artigo sobre antiguidades romanas, que traz um denso e bem fundamentado apanhado sobre a história da cultura latina e suas instituições. O ensaio, porém, não foi concluído. Também foi incumbido de escrever uma memória histórica da Faculdade Livre de Direito, que compreendeu o período letivo de 1894 a 1895, e saiu publicada no segundo número da Revista da Faculdade Livre de Direito de Minas Gerais.
Assoberbado, queixava-se à família e aos amigos de haver abandonado a lida poética. Eram seis horas diárias de trabalho na Secretaria de Finanças, sem descanso e sem férias, as aulas na Faculdade, os estudos de Direito. Dedicava-se, então e por força das circunstâncias, à elaboração da prosa jurídica. Publicava versos, sim, mas somente os antigos, corrigidos, alguns de ocasião e os traduzidos.
Opoetatinhasaúdefrágil eadoecedeneurastenia, quandodeixa acapital dos mineirosem direçãoa Fortaleza, em busca de cura. Lá, encontra-se com diversos escritores, e firma algumas amizades de que jamais se esqueceria. Retornou ao Rio, em setembro de 1894. Em janeiro de 1895, Raimundo recebe o duro golpe da notícia do falecimento de seu pai, José da Mota de Azevedo Correia, na Corte.
Os ares da capital lhe fariam muito bem. Seu espírito fechado, macambúzio, concentrado em excesso se transformava em centros mais movimentados. Apreciava muitíssimo a companhia dos poucos e sinceros amigos, as conversas intermináveis nos cafés da cidade, em que se falava de literatura, recitava poemas seus e de outros, contava-se anedotas e casos. Nesses momentos de agradável irmandade, com velhos e queridos companheiros, nada tinha daquele sujeito esquisito e calado, cigarro entre os dedos, a fumar desesperadamente. Era outro homem. Sociável, falante, descontraído, espirituoso.
Na sede da Revista Brasileira, ele se encontrava com os escritores mais destacados do país, que haviam recentemente fundado a Academia Brasileira de Letras. E na última sessão em que se tratou da efetivação da ABL, no dia 28 de janeiro de 1897, fizeram-se presentes: Machado de Assis, Joaquim Nabuco, Inglês de Sousa, Rodrigo Otávio, Silva Ramos, Escragnolle Taunay, Olavo Bilac, Lúcio de Mendonça, José Veríssimo, Teixeira de Melo, Graça Aranha, Artur Azevedo, Pedro Rabelo, Guimarães Passos, Araripe Júnior e Medeiros e Albuquerque.
Nessa mesma reunião foram eleitos os dez acadêmicos restantes: Aluísio Azevedo, Raimundo Correia, MagalhãesdeAzevedo, EduardoPrado,BarãodeLoreto,ClóvisBeviláqua,OliveiraLima,DomíciodaGama, SalvadordeMendonçae Luís Guimarães Júnior.E,então,sedeuporfundadaaAcademiaBrasileiradeLetras. A 20 de julho foi solenemente instalada, em sessão presidida por Machado de Assis, nas dependências do edifício Pedagogium, na qual a ABL funcionaria por muitos anos.
Em 1897, Raimundo deixa o país para prestar serviços em Lisboa, no cargo de 2º. Secretário da Legação Brasileira. Foi trabalhar com Assis Brasil, seu velho amigo de faculdade, nomeado Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciário. No ano seguinte, resolveu publicar Poesias, em Lisboa, que contou com o prólogo
assinado pelo escritor português João Câmara, e teve a revisão de Assis Brasil. O livro traz 100 poesias, quase todas publicadas em outros livros, excetuando-se as que constam de os Primeiros sonhos, sua obra inaugural. Seu cargo, na Legação em Lisboa, foi extinto, volta ao Rio de Janeiro em 1898, trazendo na mala um sério dilemaaresolver: estava desempregado.Esperava umpostonamagistratura.Passam-semeses.Esóconseguiu emprego no ano seguinte, quando foi nomeado vice-diretor do recém-criado Ginásio Fluminense, em Petrópolis. E em outubro de 1903, ele assume o cargo de pretor do Distrito Federal. Ao sair de Petrópolis, retornava à magistratura, após afastamento de mais de dez anos. Em janeiro de 1907, o poeta e magistrado foi nomeado juiz de direito da 2.ª Vara Criminal.
Naqueles anos, o vate andava melancólico, irritado. O número crescente de processos, de audiências e julgamentos tomavam tempo demais, deixando-o inquieto, perturbado. O poeta não mais criava. Além disso, a saúde delicada de Raimundo preocupava a família. Aqui e ali era acometido de alguma doença que o inabilitava por dias.
A família, então, decidiu partir para a Europa, no navio Amazonas, em maio de 1911, em busca de cura para o marido e pai carinhoso. Deixava o país em direção a Paris, adoecido pelo acúmulo de ureia no sangue. Mas ele estava não só doente do corpo, seu espírito andava flagelado. Viajou à cidade de Émile Zola desiludido de tudo, a alma amarga de pessimismo e melancolia, e com o sobrepeso das crises de uremia a castigá-lo sem piedade.
O tratamento avançava, enquanto aumentava a confiança de que logo voltaria ao Brasil. Passeava pela cidade parasedistrair,sempre acompanhadodaesposaedas três filhas: Lavínia,StelaeAlexandrina.Foi aLausanne, na Suíça, à procura de tratamento mais eficaz, e de lá retornara melhor, aumentando as esperanças de plena recuperação
Mas a doença inclemente não dava trégua, e, dois dias depois de voltar da Suíça, os olhos do poeta fecharam de vez, às 23 h do dia 13 de setembro de 1911. Morreu reclinado no ombro de sua Zinha, a companheira amantíssima que estivera a seu lado até o último suspiro. Na manhã do dia seguinte, o corpo foi trasladado para a Église Saint-Augustin, e lá permaneceu até o dia 20 de setembro. Neste dia rezou-se missa de corpo presente, e em seguida o corpo desceu à sepultura no Cemitério de Saint-Ouen.
Os jornais de todas as regiões de nosso país repercutiram a notícia da morte do poeta de Versos e versões, prestando homenagens ao artista e juiz. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal renderam-lhe tributos, e falaram em nome das casas legislativas os deputados Augusto Lima e Rodolfo Paixão.
Os seus restos mortais permaneceram na Cidade das Luzes até 1920, quando foram trasladados para o Brasil por iniciativa da Academia Brasileira de Letras, e depositados em jazigo, no Cemitério de São Francisco Xavier, Rio de Janeiro.
Raimundo nunca foi homem de posses. Viveu de seu trabalho, mas deixou um gigantesco patrimônio: a honradez de seus méritos de homem da Justiça e a riqueza de seus versos.
Ao se encerrar o ligeiro apanhado da vida e obra de um dos versejadores mais brilhantes de nossa literatura, trago à lembrança uma passagem que dá uma pálida ideia de que matéria foi feito o escritor de que estivemos falando. Quando Raimundo Correia publicou, em Lisboa, a 2.ª edição das Poesias, em 1906, aplicou-lhe algumas correções, burilando, com cuidado, as imperfeições que mais o incomodavam. Fez, como assinalou Valdir Ribeiro do Val, o papel de crítico literário de sua própria produção. Por essa, e por outras de mesma importância, é que se pode dimensionar a sua consciência de engendrador refinado de versos. A mudança de um pronome,deum verbo,aretirada deuma palavra,a menor alteraçãodaformamuda aintensidade do verso, dão ritmo à estrofe, o que demonstra percepção literária no mais elevado grau.
Por aí se entende melhor o trecho poético, publicado em Versos e versões, em que Raimundo aconselha Olavo Bilac, então com 20 anos de idade: “Tu, artista, com zelo, / esmerilha e investiga”. O fragmento ilustra, em síntese exemplar, o modus como o poeta Raimundo Correia entendia o seu labor e o fruto de seu empenho literário.
Devotou-se, com todas as energias, à palavra impressa, a que se perpetua, atravessa séculos, sulcada em letra de forma e sangrada em tinta tipográfica. Nunca foi homem de improvisar palavras, quando se tratava de reproduzi-las em boa quantidade de papel. Raimundo não nascera para a palavra pouco refletida. Tinha também ojeriza de discursos longos, de preleções cansativas, assim como não gostava de falar em público, muito em razão de sua personalidade retraída e índole exigente. Talvez por isso, e por causa disso, fosse
escrupuloso demais com o que escrevia para dar-se ao descuido da palavra pública engastada de última hora. Ele era obcecado pela forma perfeita, essa espécie de figura metafísica que consome todo perfeccionista. Ediferentedo quemuitos imaginaram, os versosnuncalhevieram fáceis. ContaGastãoEscragnolle, em artigo intitulado “Raimundo Correia”, publicado no Jornal do Comércio, logo após a morte do poeta: “Certa vez, na rua do Ouvidor, pensando lhe ser agradável, alguém lhe observou: Ora, isso para o senhor é tão fácil como fazer versos.” Meigamente revolto, Raimundo replicou: “Fácil, fácil, quem lhe disse tal? Meu amigo está enganado, perdoe-me. O verso me custa muito a fazer.”
Raimundo esculpia os versos horas a fio com obstinada paciência. Derramava-se sobre eles devagar, polindoos com sofrimento e pertinácia, no silencioso combate íntimo entre a ideia e a forma, até entregá-los nítidos à apreciação alheia.
Poeta João Batista do Lago é membro-efetivo da Academia Poética Brasileira.
Por: Mhario LincolnFonte:
Esse cara, no meu bestunto, é uma das mais ricas vozes vivas da poesia brasileira. Porque João Batista do Lago é um poeta maranhense com solstícios constantes de Brasil. Ele emerge da sua caverna platônica em busca do ontem renovado, agregando, de forma esplendidamente moderna, as experiências das sombras de sua vida.
Ele não morre. Mas mata a angústia e a solidão, com a frieza de uma caneta que escreve com o suor de sua imaginação, enquanto usa a linguagem jâmbica. Há dentro dele uma coleção de Dante's, há Infernos e Céus que se confundem com o Olimpo, cheio de confusos deuses; quem sabe, com zunidos gravídicos para além do Deus de Spinoza.
João Batista, enquanto poeta, é; a sua poesia, é! E em sendo, vira mito, Touro Encantado nos Lençóis Maranhenses. Desta forma, corro um risco imenso tentando penetrar nas entranhas desse João - um Muro de Jericó, quase intransponível - com os portões da alma muito bem fechados, a fim de que hipócritas não consigam entrar. Porém, em meu auto-niilismo, vou usar as trombetas da coragem e enfrentarei (mesmo sendo o último mensageiro inorgânico), esse desafio.
Destarte, enfileiro os poemas enviados por ele em ordem aleatória e vou mergulhar nesse infinitório agregado de Goethe, Heidegger, Leo Strauss, Habermas, Ludwig Wittgenstein, Hannah Arendt, Maurice Blondel, Emmanuel Levinas, Zygmunt Bauman, Edmund Husserl, Henri Bergson... Nem necessário falar que quando se trata de João Batista Gomes do Lago, "o gozo é mais embaixo", como me disse certa vez o poeta Manoel Serrão da Silveira Lacerda um amigo comum, ao se referir que a gente precisa mergulhar mais fundo na poética de JB do Lago, para entendê-la, como também, por osmose, tentei fazer com Anaximandro, Anaxímenes, Heráclito, Pitágoras de Samos, Xenófanes de Cólofon, Parmênides de Eleia, James Lovelock...
Com tanta bagagem, Serrão me confidenciou sobre o poeta dos Itapecurus: "Feito dor./ Feito verbo./ Feito carne./ Feito nós infestos de agruras abstêmias,/ Idem inglórios epítetos insultuosos". Então lancei minha rede ao mar e recorri aos salvadores citados acima, tateando com a vara bussólica, a fim de iluminar meu caminho de linotipista, para interpretar os versos de João Batista.
Com "Paideia: A formação do homem grego", do imortalíssimo Werner Jaeger, senti-me suficientemente preparado para vociferar: "Eu posso, eu vou fazer!". Não sei se acertei nessa minha tentativa.
Assim, fiz-me polígrafo para entender as entranhas imaginárias do poeta João Batista do Lago, batizado que foi nas águas surrealistas do rio Itapecuru.
SER
De João Batista do Lago
“Não!
Eu não nasci dos meus pais.” Sou filho do complexo nada; do Caos mais que perfeito.
O poema “SER” de João Batista do Lago é uma exploração profunda da identidade e existência humanas. Ele desafia anoção convencional denascimento eancestralidade, proclamando-secomo “filho do complexo nada; do Caos mais que perfeito”. Corajosamente indo aonde poucos poemas e pensadores do século XX foram, JB desafia a noção convencional de nascimento e existência, propondo que somos filhos do “complexo nada; do Caos mais que perfeito”.
Imediatamente chamei à mesa o filósofo Jean-Paul Sartre, para compactuar essa 'matrix batista' com o que o francês afirmou: “a existência precede a essência”. Segundo Sartre, primeiro existimos e só então definimos quem somos, através de nossas ações e escolhas.
Desta forma, Lago parece sugerir que não somos meramente produtos de nossos pais biológicos, mas sim seres complexos moldados pelo caos existencial, fato que me levou a considerar a possibilidade de que nossa verdadeira origem esteja além da biologia: no reino metafísico do “nada” e do “caos”. Aterrorizante?
Nem tanto para quem estudou Theodore Adorno, sociólogo alemão, que abordou o conceito de 'Caos' de diferentesmaneiras. Em umadelas,"(...) as palavras sãopequenas formas nomaravilhoso caos queé omundo; formas que focalizam e prendem ideias, que afiam os pensamentos, que conseguem pintar aquarelas de percepção". As ideias de Lago e Adorno parecem xifópagos quando há sensibilidade única de entender o ‘caos’ como algo comum ao Mundo e a quaisquer que sejam as experiências humanas.
ESPELHO FRAGMENTADO
De João Batista do Lago
Quem sou eu!? Que lugar é este!? (...) Eu não consigo lembrar…
Tudo está muito fragmentado… Meus pensamentos estão todos quebrados...”
Passei algumas boas horas tentando escrever algo que me parecesse coerente ao todo (fragmentado aqui) desse poema entranhesco - “Espelho Fragmentado”, de João Batista do Lago. Ao princípio se fez dúvida se eu escrevia o que estava sentindo. Depois se fez verbo quando chamei para a mesma mesa Albert Camus - o conceito do absurdo. Sim, seria absurdo a ideia de que a vida é inerentemente sem sentido e que qualquer tentativa de encontrar ordem ou propósito é em vão?
A confusão se apossou de minha pena, da mesma forma que o ‘eu poético’ construiu esse poema, especialmente quando li: “Não, eu não tenho esses rostos; esses rostos que estou vendo não são meus!”. Seria uma forma lírica de expressar, o autor, sensações de desconexão e confusão? Ou o 'eu lírico' passou a questionar, durante a feitura da escrita, a (frágil) identidade do autor (“Quem sou eu!?”) e do seu ambiente real (“Que lugar é este!?”)? A imagem do “espelho fragmentado” pode ser um símbolo da identidade fragmentada do 'eu lírico' de João Batista, que não consegue reconhecer a si mesmo ou entender seu lugar no mundo? No fundo, um excepcional uso da liberdade poética. ******
De João Batista do Lago
De tudo que há na vida
A morte sempre será Única certeza vívida
Que por certo findará (...)
No útero da terra mãe
Finalmente retornados
Ao eterno peito das mães
Entre certezas e incertezas, “Soneto do Fim” de João Batista do Lago me força a trazer à mesa o existencialista Martin Heidegger, um dos grandes pensadores do século XX. Foi exatamente ele que argumentou se a consciência da morte é fundamental para a compreensão da existência humana. E respondeu: "(...) ao nos confrontarmos com a morte, somos levados a questionar o significado e o propósito de nossas vidas (...)".
Então, se todos nós sustentamos que somos radicalmente livres e responsáveis por dar sentido as nossas vidas, por que nos deixamos influenciar pela certeza da morte? A resposta do próprio João Batista é intrigante, mas maravilhosa: “útero da terra mãe”, sugerindo um retorno à natureza após a morte, uma ideia que tem paralelos com muitas crenças espirituais e filosóficas.
Entra aqui, de forma genial, o inglês James Lovelock, o primeiro a propor uma forma científica da palavra 'Gaia', cuja máxima seria o conceito de homeostase biológica, onde os seres vivos são 'sistemas reguladores do Planeta' e assim, estão sempre vivos, mesmo que em constantes mudanças e transformação. Daí, minha ideia do 'pós-mortem-húmus', nas subliminares do poema.
De João Batista do Lago
No meio da sala velo minh’alma
Que me olha com dentes escancarados
Abrigada nos quatro cantos do mundo
Donde sorri das minhas dores
E qual punhal que sangra ventos
Rasga o meu profundo nada (...)
No meio da sala velo minh’alma que aos poucos se afasta…
E de mim voa.
Confesso meu bestunto ao revelar aqui que foi nesse poema de JB que pela primeira vez consegui visualizar, efetivamente, o desencarne de um 'eu lírico', do corpo físico do poeta. Isso acontece em “Velório”. Mais uma vez, o autor se vê em encruzilhadas existenciais quando tenta lidar com temas de morte, perda e a natureza efêmera. Aí, como disse acima, vi o 'eu lírico' pairando sobre o corpo e velando sua própria representação física. Há claríssima desconexão entre o corpo e o 'sujeito lírico'. Na doutrina espírita, Alan Kardec diria: "o cordão fluídico, que liga o corpo físico ao perispírito, estaria rompido".
Zygmunt Bauman, a quem convido agora para a mesa, também falou extensivamente sobre a modernidade líquida ou, "um tempo caracterizado pela transitoriedade e pela incerteza". Destarte, ouso-me afirmar, no contexto dos versos batistas, serem esses, expressões de máxima ansiedade e incerteza. Fato também não tão desastroso, pois acompanham nossas vidas neste Mundo em constantes mudanças.
Finalmente, peço a opinião de Arthur Schopenhauer, aqui do meu lado, sobre o seguinte verso: “No meio da sala velo minh’alma que aos poucos se afasta…”. E ele, imediatamente responde: "(...) pode ser visto como um momento de percepção aguda da natureza dolorosa da vontade. A alma, ou a vontade individual, está se afastando, talvez sugerindo um desejo de escapar do sofrimento inerente à existência".
Em tempo: Schopenhauer também foi influenciado pelas filosofias orientais e acreditava na possibilidade de negação ou renúncia à vontade como um caminho para a libertação do sofrimento. Assim, na carona, e conhecendo muito bem meu amigo João Batista como o conheço, acredito que esses versos (metáfora) estejam ligados diretamente à crescente desigualdade e alienação na sociedade moderna.
De João Batista do Lago “Deus está morto” gritou o poeta. Verberou o louco. Assim falou Zaratustra. (...)
Contudo, ninguém lhes emprestaram ouvidos; todos imersos estavam em seus afazeres. E todos zombaram do velho filósofo: uns sorriram; outros, pilhérias disseram; uns meneavam a cabeça em plena gozação, outros acreditavam que ouviam um louco, que teimava em insistir no seu axioma: “Deus está morto!”.
Meu caro amigo João Batista do Lago. Até agora não havia lhe respondido essa correspondência porque mergulhei em dias constantes, a fim de tentar entender o que está aí escrito. Óbvio que eu começaria com 'Zaratustra'. Mas não! Quis ir um pouco além da margem cálida do rio Itapecuru. Por isso me aventurei mergulhar nas profundezas da mente de quem ora leio e sempre admirei. Para isso, tive que convidar para se sentar ao meu lado o magnífico Slavoj Žižek, esse filósofo esloveno que se envolveu muito com as ideias de Nietzsche. Ou seja, alguém que - com certeza - segue a mesma linha de pensamento expresso por JB, nesse poema: a proclamação de Friedrich Nietzsche “Deus está morto”! Slavoj Žižek, em um ensaio, publicado na internet, por sua vez, falava sobre as críticas feitas ao proclamo de Nietzsche - "Deus está morto" - com indiferenças e zombarias. Žižek respondeu a essas críticas argumentando que “(...) vivemos em uma era pós-ideológica, onde as grandes narrativas ou sistemas de crenças (como a ideia de Deus) não têm mais o poder que costumavam ter”. E complementa: "(...) essa indiferença, invés de nos libertar, nos aprisiona mais do que nunca aos sistemas de poder e controle que são ainda mais difíceis de perceber e resistir porque eles são apresentados como ‘naturais’ (...)”.
Consciente, JB alerta através desses belos versos acima, algumas vezes incompreendidos. Contudo, mesmo que grite no deserto, seus versos sempre serão como as pedras sonoras, assentadas nas grandes e solitárias paredes das igrejas antigas, ondequalquer ruído,produzreverberaçãoconstante,servindodetrilhasonorapara o ato de expulsar demônios ou anjos, dependendo da linguagem almática de cada privilegiado leitor.
A mim, caro poeta, esses versos me fizeram um bem danado!
Mhario Lincoln Presidente da Academia Poética Brasileira.
PAULO RODRIGUES*
“Vestígios de pólvora nas palavras. E quando há voz, é a cicatriz que canta”.
[Salgado Maranhão]
Salgado Maranhão é filho de Caxias (MA), mas vive no Rio de Janeiro desde o ano de 1973. Fora publicado pela primeira vez na antologia Ebulição da Escrivatura (Civilização Brasileira, 1978). É autor de Aboio ou saga do nordestino em busca da terra prometida (1984), O beijo da fera (1996), Solo de gaveta (2005) e outros livros importantes para a literatura contemporânea brasileira. Ganhou o prêmio Jabuti (com Mural de ventos, em 1999) e o Prêmio de Poesia da Academia Brasileira de Letras (2011, com A cor da palavra).
Lançou, em 2017, pela Editora 7 Letras, o livro A Sagração dos Lobos. Em 2021. Publicou Pedra de Encantaria ( 7Letras ) que reafirma a inventividade, a força da sua voz e a alta capacidade de preparar os sabores da linguagem.
Seus poemas foram traduzidos para o inglês, italiano, francês, alemão, sueco, hebraico e o japonês. Como compositor, tem gravações e parcerias com grandes nomes da MPB, como Alcione, Ney Matogrosso, Dominguinhos, Paulinho da Viola, Ivan Lins e Elba Ramalho
A primeira letra do Salgado a fazer sucesso nacional foi Caminhos de Sol, que ele próprio comentou na Revista Revestrés (em março de 2017): “Numa tarde ensolarada – tipicamente carioca – atendi ao telefonema do compositor Herman Torres, que me convocava, às pressas, para ir à sua casa ajudá-lo a compor uma canção a fim de reconquistar sua mulher, que tinha ido embora. Em 30 minutos nasceu “Caminhos de Sol”, que, milagrosamente, cumpriu sua missão. A música foi um sucesso absoluto na voz de Zizi Possi, e – mais tarde – com o grupo Yahoo virou tema da novela “A Viagem”, da TV Globo”.
Vou abordar um texto do autor de A Casca Mítica que coletei publicado em suas redes sociais. Foi muito comentado por seus seguidores. Fiquei comovido com a leitura do poema Tigres:
Vejo que nos vês, agora.
Foram cinco séculos entre a Senzala e a Casa Grande. Cinco duros séculos carregando fezes de tua alcova; lavando o sangue do teu mênstruo.
Morreram sem promessa os nossos ancestres; cresceu sem nome a nossa linhagem.
E continuamos. Lavados em nove águas, com a branquíssima flor dos dentes para sorrir.
E morder!
A poesia de Salgado Maranhão nunca esqueceu o som de um reino chamado Congo. No Mapa da Tribo há um culto aos ancestrais, que nos chama para refletir sobre o universo da cultura afro-brasileira. Aliás, todo o tecer poético salgadiano incendeia a desobediência. Ele dá golpes de linguagem como o faz um bom mestre de capoeira.
Tigres não é um canto. É denúncia. Grito sufocando as correntes, enterradas no chão. No início, uma voz alforriada, esquece a mitologia e os orixás para despir a sociedade escravista, em nosso país:
Vejo que nos vês, agora.
Foram cinco séculos entre a Senzala e a Casa Grande. Cinco duros séculos carregando fezes de tua alcova; lavando o sangue do teu mênstruo.
Vivemos num país escravista desde o zero ano de sua fundação. Dominamos o tráfico de homens e mulheres negras. Sem piedade, o colonizador aprendeu a bater e humilhar os que foram arrancados da Costa da Guiné, da Costa da Angola e da Costa da Mina. Não tinham alma, dizia a Santa Igreja. Por isso, “os cinco duros séculos carregando fezes”. O poeta consegue, com um golpe, retirar o mito da democracia racial (entre nós).
Máscaras africanas – Nairóbi. Fonte: wikipedia Em seguida, Salgado Maranhão diz que nunca existiu solidariedade e irmandade com os homens afrobrasileiros. Relendo o discurso sociológico de Jessé Souza, pesquisador contemporâneo, autor de A Elite do Atraso da Escravidão a Bolsonaro encontro: “a condição de não humanidade dos escravos não permitia que eles acessassem algum direito ou tivessem participação social, portanto, a eles era renegado qualquer tipo de dignidade ou reconhecimento”. Salgado segue a vigília:
Morreram sem promessa
os nossos ancestres; cresceu sem nome a nossa linhagem.
Morreram mesmo, poeta. Morreram sem nome e sem promessas. O mais trágico é que continuam morrendo homens e mulheres negras (invisíveis). Pesquisa do Atlas da Violência 2023, ligado ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública, aponta que setenta e um por cento dos assassinados por ano são pretos. Há uma guerra de cor, entre nós.
O Prof. Doutor José Vicente, reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, disse em conferência que fez na Academia Brasileira de Letras (06/06/2019): “lutamos para tonar legal a cota de dez por cento de alunos negros nas universidades federais. Queríamos dar oportunidade intelectual aos nossos irmãos excluídos historicamente. Observem o seguinte aspecto. Só no Rio de Janeiro tivemos quatrocentos mandatos de segurança contra as cotas”. A exclusão continua na perversão histórica, da república antidemocrática do Brasil.
Salgado Maranhão é universal. Um ser que ganha o mundo através da poesia. No entanto, nunca esqueceu os espaços do olhar coletivo. Tem consciência da luta do nosso povo. Enfim, ele é um tigre com flores nos dentes para sorrir e morder.
MHARIO LINCOLN
(*)
QuemlerJoãoBatistadoLagoteráaoportunidadedeembarcarnumaviageminesquecívelpelocérebro deumhomemnascidonointeriordoMaranhão,emItapecuruMirim,masfugaznohábitoderevirara terrabrasilis,daAméricaLatinaoumesmonainspiraçãoproscritadeCríticadoJuízo,deKant(1790), daTeoriadaCiênciadeFichteoudoBildungroman,deGoethe,naincessantebuscaparaencontrarsuas minhocas fantasmas, escondidas em montinhos de terra-santa nas velhas meias colegiais, transformadasemboladechuteeescondidasnofundodeseusarmáriosdepau-d’arcoroxo".(Mhario Lincoln).
Big-Bang: fez-se luz à sombra hermética do todo poético. Fez-se lua à poesia moderna, sem varinha mágica, à classitude ferina dos sonetos e poemas esparramados n’alma e ejaculados por força perceptíveldotalentoedaexperiênciaintelectualdeJOÃOBATISTADOLAGO.
Eiso'explícito-legítimo'daalmadolivro EU, PESCADORDEILUSÕES.Às vezesconstruções poéticas imprudentes,masliteralmenteracionais:
–"Ah,comoeuqueriaterpodidoficarcomtodasasputas…"(JB).
SeemGênesis,“nocomeçoeraoVERBO”,paraJoãoBatistadoLago,opoeta,aPalavratempastolivre, ama e odeia feito besta fera. Mas meiga, paterna e alertante: "A los niños desesperanzados (…) são indulgentes(…)delcapitalismocarrasco".
EisumJoãoBatistadetodososLagosmaismaduroeimpecável.Beloantepostadarima,masprofundo conhecedor da Filosofia e Poesia, apoiando-se na disciplina, na supradisciplinar e em momentos transnacionais, para prender-se aos elos da poética filosofal e da poética factual, num metabolismo quântico,fixadoemtrêsgrandesmomentosdevivência:solidão,protestoeoauto-renascimento.
Desta feita, após EU, PESCADOR DE ILUSÕES, os críticos terão que incluir a poesia filosófica de João BatistadoLago,nareservadalistadegrandesnomesdepoetas,filósofosecríticos,comoumHegel,um Vico,umBaudelaire,umValery,umRilkeeporquenãodizer,umMáriodeAndradecomsuaespetacular obra"PaulicéiaDesvairada",livropioneirodoMovimentode22.
Aoarregaçaraspáginasdolivro–EU,PESCADORDEILUSÕES–chegoàconclusãoincomum:sóescreve tais versos quem tem asas de homem–pássaro; ou, paradoxalmente, quem consegue numa ponta livreira cativar-se com Edgar Allan Poe e Franz Kafka; Fernando Pessoa, Machado de Assis e Marx; sonharcomMigueldeCervantesefazê-lolaboratórioparaassuasagrurasdantescas.
–"Nomeulaboratóriodevisões/buscotodasuapresença./Nelanãomehá."
E numa outra ponta intelectual encontrar e conviver pacificamente com a pedra filosofal, desde os Milésimos – Tales, Anaximandro e Anaxímenes, passando pelos ensinamentos de Sócrates, Platão e Aristóteles; pelos sofistas Protágoras e Górgias; por entre os cínicos e céticos Diógenes e Pirro; os EstóicoseEscolásticos;chegandoporfimaKant, Nietzsche, SchopenhauereKierkegaard, atéatingir todaahistóriadopensamentodosfrankfurtianoseseuspós:
-"Apenasosidiotaspensamqueo'Eu'éoúnicodossujeitos".
Ouainda,simplesmente,chorarouvindoGardel,paracomporseualertaparaosdesuagente:
– Essa ambígua ordeiricidade brasileira (…) Sob este manto praticam-se o terrorismo social e econômico, o político e o cultural, abstrusos (…) Prestai atenção, ó brasileiros! (…) Povo deserdado, vexadoeproscrito.Oumais:Irmãosdoscampos(…)éhoradeguarnecer.
Eisoexplícitolegítimodaalmadolivro:IntimidadecomsuainfâncianasbarrancasdorioItapecuru,no Maranhão:
-SapoCururu,/NabeiradoItapecuru,/Hátantasaudademirim,/DoItapecuru-mirim).
Umafantásticaregressãopoética,comestrumeecheirodememoráveispicardias.
PoetasJoãoBatistadoLagoeMharioLincoln.
Assim é João Batista do Lago. Homem-Bala no picadeiro da vida. Do Sul ao Norte poético em alguns segundos. Da infância ribeirinha ao cosmos filosofal, num dobrar de página. Assim é João Batista do Lago:numpiscard’olhosvaidotelúricoaoestadodenirvana:
–"Estoudebruçadonajaneladomundo".
Ouarrasaconceitosedogmasemconstruçõesmagníficasdesprovidasdeconcorrênciacristã:
–"Ocadáverdavida/floresceuentreosparreirais/ODiabolhofizeraprece/Deuseodiabobeberam/ domesmovinhodionisíaco".
EisemEU,PESCADORDEILUSÕES,ummomentorarodeproximidadecomoperfeitoecomararidade daorquestraçãodeformaeconteúdo:
–"morro-meacadainstante".Ou(…)"Ocantonãocanta/arimanãoversa".
JoãoBatistadoLago,aolongodesuaproduçãopoético-filosóficanavegasobabússoladoordenamento gradualeimperceptível.Acumulainsightsleveseconceituaisemdeterminadosmomentos;maseisque derepente,explodenumarimaempíricatextual:
–"Nenhumadorétamanha/Quenelanãomecontenha".
Quem vai ler este João Batista de todos os Lagos, nesses devaneios e hipóteses poéticas, sentirá imediatamente sua energia magnética corroendo o bestunto dos incrédulos e moendo a medula dos hipócritas(Enganarépreciso;votarnãoéprecisonão…comprecisão).
Terá,sobretudo,aoportunidadedeembarcarnumaviageminesquecívelpelocérebrodeumhomem nascidonointeriordoMaranhão,emItapecuruMirim,masfugaznohábitodereviraraterrabrasilis, daAméricaLatinaoumesmonainspiraçãoproscritadeCríticadoJuizo,deKant(1790),daTeoriada CiênciadeFichteoudoBildungroman,deGoethe,naincessantebuscaparaencontrarsuasminhocas fantasmas,escondidasemmontinhosdeterra-santanasvelhasmeiascolegiais,transformadasembola dechuteeescondidasnofundodeseusarmáriosdepau-d’arcoroxo.
QuemvailerJoãoBatistadoLago,tambémviajaránumtempoeespaçointermináveisparasalvareste apêndicedapoesiabrasileira,ondeEmmanuelKanteMariodeAndradesejuntamparacompororaro cenáriodestamagistralpescadeilusões,ondemuitacoisapodeaindasersalva.Inclusiveoautor: –"nasasasdaliberdadesereisalvo".
Eiso'explícito-legítimo'daalmadolivro:JoãoBatistadoLagoestásalvo,sim!Poisdáàpoesiabrasileira umaabissalchancedeserecompor.
(*)MHÁRIOLINCOLNéjornalista,poetaepresidentedaAcademiaPoéticaBrasileira.
Opoeta,compositor,cantor,violonistaeteatrólogo,CatulodaPaixãoCearenseéoquepodemoschamarde nordestinoraíz.Aquelequecarregaemsuaassinaturaareferênciadoestadoemqueviveu,tendonascido emoutrodamesmaregião.
NaturaldeSãoLuís,noMaranhão(1863),CatulofoiparaosertãodeMaranguape/CE,aosdezanos, batizadocomosobrenomedeCearense,apelidorecebidoporseupai,oourivesAmâncioJosédaPaixãoe adotadoparaosseusfilhos.
Em1880,quandoafamíliafoimorarnoRiodeJaneiro,CatuloestudounoColégioTelesdeMenezes,onde, entreoutrasdisciplinas,aprendeucommuitafluência,oidiomafrancês,chegandoatraduzirparao portuguêsobrasdediversospoetasinternacionaisrenomados.
Porpossuirmuitaforçafísica,trabalhoucomoestivadornocaisdoportoe,nashorasvagas,estudava música,tocandoinstrumentoscomoflautadecincochaveseviolão.Nanoiteboêmia,tinhacomo companheirosocompositorCalado,oflautistaViriato,oregenteecompositorAnacletodeMedeiros,além deAlbano,QuincasLaranjeiraeocantorCadete.
ComeçoujuntandoasletrasdesuascançõeseaspublicoupelaLivrariadoPovo.Dentreasmais conhecidas,estão:Floramorosa(emparceriacomAntônioCallado-1880),Luardosertão(comJoão Pernambuco-1914),Ontemaoluar(comPedroAlcântara,em1907eletraem1913),Porumbeijo(com AnacletodeMedeiros-1906),Rasgaocoração(comAnacletodeMedeiros-1887),Talentoeformosura (comEdmundoOctávioFerreira-1904).Elecostumavaadaptarassuaspoesiasàscançõesde compositoresfamososcomoChiquinhaGonzaga,JoãoPernambuco,PedroAlcântara,AntônioCallado,e tambémnasvozesdeCadete,VicenteCelestinoeoutros.
Dentreos15livrosdepoesiaqueescreveu,estão;Meusertão(em1918),Sertãoemflor(em1919), Poemasbravios(em1921),MatailuminadaeAospescadores(em1923),MeuBrasil,Umboêmionocéue Almadosertão(em1928),ePoemasescolhidos(em1944).
CatulodaPaixãoCearensemorreuaos83anos,nodia10demaiode1946,noRiodeJaneiro.
#PersonalidadedaVilla#Fundaj#Acervo
Publicado em 22 de julho de 2024, às 8:46
Fonte: José Neres – Professor. Membro da AML, ALL, APB e da Sobrames-MA
A noite de 20 de julho de 2024 tem todos os motivos para entrar para a história da cidade de Alcântara. Essa foi a data escolhida para a fundação da Academia Alcantarense de Letras, Ciências, Artes e Filosofia (ALCAF), uma instituição que congregará pessoas com os mais diversos conhecimentos em prol da cultura do município, da região, do Estado e do Brasil.
A oficialização do nascimento da Academia e a posse de seus primeiros 21 integrantes ocorreu no auditório do Instituto Federal de Educação do Maranhão (IFMA) e contou com uma plateia seleta e com uma mesa composta pelas seguintes personalidades: o escritor César Brito (Presidente da Falma – Federação de Academias de Letras do Maranhão), a professora, escritora e psicóloga Dilercy Aragão Adler (presidente do IHGM – InstitutoHistóricoeGeográficodoMaranhão),oengenheiroagrônomo eescritorLuizThadeu Nunes e Silva (Subsecretário de Turismo do Estado), o professor e escritor Sanatiel Pereira (Presidente da ALL –Academia Ludovicense de Letras), o professor José Neres (da Academia Maranhense de Letras) e a advogada Myrlene Ribeiro Santos (representante do corpo diretivo do IFMA), além do poeta e jornalista Paulo Melo Souza, primeiro presidente da nova Academia.
O evento foi uma realização conjunta dos membros da ALCAF e contou com o apoio de diversas pessoas e instituições que colaboraram para que o sonho saísse do papel e se tornasse realidade. Inicialmente, sob uma forte chuva e depois banhada pela luz de um magnífico luar, a fundação da ACALF, diante de uma plateia embevecida pela beleza da cerimônia, comprovou que as artes, as letras e todas as demais formas de conhecimento podem (edevem) aproximar-seda comunidadee servir como pontedediálogo entreos diversos saberes que compõem a beleza e a complexidade da essência humana.
Antes do início das formalidades acadêmicas, o público foi agraciado com uma apresentação de Dona Marlene Silva, a Caixeira-mor da Festa do Divino Espírito Santo. Em total silêncio, a plateia acompanhou os cânticos de Dona Marlene e depois a aplaudiu de pé. Foi uma feliz escolha dos organizadores, que conseguiram unir em uma mesma cerimônia a potência e a beleza da cultura popular e a tradição da liturgia acadêmica.
Demonstrando que nasceu com o objetivo de fazer a diferença, dois detalhes chamaram a atenção durante a festividade. O primeiro foi o fato de, pelo menos na cerimônia de fundação, os novos acadêmicos não utilizaram as já tradicionais vestes talares ou pelerines, optando por uma camisa que valorizava o símbolo da Academia. O segundo detalhe foi o fato de a nova Academia haver escolhido dois patronos principais, que darão nome a essa casa de cultura: Agostinho Pereira Reis e José Araújo Castro. A singeleza, a simplicidade e o brilho nos olhos de cada um dos participantes da cerimônia foram marcantes em cada segundo dessa festividade alcantarense.
Embora somente agora tenha sido efetivada e trazida à luz, a Academia era um sonho antigo de muitos intelectuais ligados à Alcântara, uma cidade cercada de história e de cultura. Agora que o primeiro passo foi dado, após esse festivo momento inicial, os imortais da ALCAF, mais do que nunca, agora estão vestidos com a responsabilidade de promover, divulgar e disseminar para a atual e para as próximas gerações o prazer e o respeito pelas tradições, pelo conhecimento popular e formal, pela leitura e pela história do município.
Certamente, daqui a alguns anos ou décadas, cada um dos participantes dessa noite de luz e de alegria –membros da ALCAF, familiares ou convidados – vão se lembrar do evento e terão a mais absoluta certeza de que contribuíram para a escrita de mais uma página da gloriosa história de Alcântara.
Vida Longa à ALCAF!
julho 27, 2024 por A PENA DO PAVÃO, publicado em Crônicas, Opinião
Ano 12 – VOl. 07 – N. 38/2024
É a esse cenário que chamam de cultura? É a essas pessoas que chamam de progressistas? É esse macaquinho que representa o Brasil? Lamento dizer: vocês são doentes.
França sempre foi sinônimo de civilização. A literatura, a música apaixonada, a alta costura, a perfumaria, enfim, o bom gosto. Mesmo com os excessos que gerações passadas acharam esquisito, como a queima de soutiens – para mencionar o mínimo- as escolas e academias sempre destacavam como exemplo aquele país-museu.
As ações libertárias como referencial icônico plantaram em minha geração a admiração de que ali era possível desafiar padrões com a certeza de que a evolução humana seria empurrada um passo adiante. Mas isso foi passado. O presente desmente o que mentira foi. Ninguém desmente verdade. Desmentir é sempre desmascarar a mentira presente em mentes verdadeiramente dementes.
O Olimpo hoje deve estar estarrecido com a imbecilização de uma nação subjugada por uma parcela considerável de um povo que perdeu a identidade e com ela o bom senso.
Sempre soube que os jogos olímpicos tinham na abertura um espetáculo de celebração e elegia às virtudes que celebram a humanidade. Já não sei o que esperar do encerramento.
Essa gente parece ser a mesma que fala em proteger florestas embora indiferente esteja com o inferno que o Pantanal e a Amazônia vivem hoje. Essa gente é a mesma que aponta o dedo e se põe acima do bem e do mal. Não o povo francês, mas parcela de celerados que passaram a destruir com discursos o que não conseguiram com as armas.
Não assisti à abertura dos jogos, mas vi picotes da tragédia que hoje compreendi o significado. Nem os gregos foram capazes de conceber.
Há um mundo doente. Há uma humanidade que retrocedeu e nem percebeu. Se percebeu se imbecilizou e acha que vilipendiar crenças e culturas é demonstrar sinal de civilização. É uma decadência, ou como eles mesmos dizem: C’EST LA DÉCADENCE!
CERES COSTA FERNANDES
O motorista baixo e entroncado, de vastos bigodes, e o seu carro, um ônibus jardineira daqueles abertos, todo colorido, impõem-se lhe na memória. Simultâneos. Unos. Indivisíveis. Estranho centauro de bigodes e anca de arco-íris. Do homem, não consegue recordar o nome, mas o veículo, com certeza, chamava-se Três Irmãos. Curiosa lembrança. Com a lembrança do nome, vem-lhe a de uma história real, quase uma anedota que o pai contava sobre a ocasião em que o motorista comprou a jardineira, acontecida em uma cidade do sertão maranhense. Efetuada a compra do veículo, vai nosso herói, pressuroso, telegrafar para a esposa dando-lhe a boa nova. No correio, o telegrafista pergunta-lhe o nome do destinatário. Ele diz: Emília, minha mulher. O funcionário, prestativo, ensina: Não precisa colocar "minha mulher", basta Emília, o senhor economiza duas palavras. Não senhor, Emílias são muitas, minha mulher é só uma! E complementa bote aí o recado: comprei Três Irmãos ventando por todos os lados!
Ri a essa ingênua lembrança. A recordação do motorista e de seu carro veio-lhe assim, sem mais, quando pensava numa frase apanhada no ar em meio a uma conversa: "viver é acumular perdas". Tenta avaliar a afirmação sumária. Uma tentativa simplista a mais de definição do ato de existir. Nem melhor nem pior do que muitas outras, decide. E certamente formulada por um pessimista. Pois não vivemos a perder coisas? Perdemos dentes, cabelos, viço, bens materiais, amizades, amores, sonhos, entusiasmos, vergonha, parentes, e - opa! -, também acabamos por perder a vida. A questão maior é se sabemos como elaborar essas perdas, ao modo e receita freudianos.
. Aí está o pequeno mistério desfeito. A palavra perda fez a ponte - o pensamento voando rápido em associação livre - para a lembrança inicial. E a relação perda/motorista/carro a remete aos quatro anos, à sua primeira perda registrada: um pacote de bolachas. Na verdade, não era bem um pacote, mas um saco de papel pardo de padaria, dos pequenos. As bolachas, daquelas de polvilho, grossas, maciças e doces, que qualquer padaria de cidade de interior tem, e as que, nas quitandas, costumavam ficar dentro dos potes de vidro, espicaçando o desejo das crianças. O acontecimento infausto deu-se em uma acidentada viagem com os pais, na jardineira Três Irmãos, numa estrada do interior do Maranhão. Não lembra de onde nem para onde.
Vê-se de pé, à beira da estrada, de mãos dadas com a mãe. A estrada de piçarra, depois de muita chuva, transformara-se em um imenso lamaçal vermelho, cheio de enormes bitolas, que parecia perder-se ondeando no próprio horizonte. O motorista bigodudo, ajudado por uns quantos caboclos das redondezas, tentava desatolar a jardineira. Desinteressada do esforço humano, observava a máquina. O enorme pneu a girar, girar, num movimento contínuo, hipnotizador, reproduzido ao infinito, espirrava gotas de lama que iam brilhar nas faixas luminosas dos raios de sol. Tão bonito!...
Súbito, o movimento cessa. Os homens se afastam da jardineira. A mãe puxa-a pelo braço e lhe diz: Vem! Vão pegar o carro que, livre do atoleiro, rosna como cachorro peado. Quer libertar-se e pegar estrada. Correm. Não podem arriscar-se a uma nova armadilha da lama. Na corrida, tropeça numa bitola e deixa cair o saco precioso, que, aberto espalha pelo viscoso chão todas, TODAS, as bolachas! Para, estatelada, e ouve a voz impaciente do pai dizer: Deixe. Não tem importância. Compramos outras mais tarde. Como não tem importância!? Sente na boca o gosto do não provado. Lágrimas quentes chegam-lhe aos olhos. As pessoas dentro do ônibus pedem pressa. Embarcam.
No ônibus que se afasta, espia pela janela. As claras bolachas, destacadas no chão vermelho, vão ficando para trás Despedese delas como de um amante querido ou de uma pátria deixada pelo exílio. Exageros de criança, julga, agora, com um benevolente sorriso.
Da perda ficou-lhe um hábito, melhor dizendo, uma compulsão. A de entrar em padarias novas ou desconhecidas e pedir as tais bolachas, tão corriqueiras e baratas - não mais exibidas em potes vidro -, tentando descobrir-lhes o mesmo gosto das que apertava ao peito naquela manhã vermelha. Não é estranho serem as de hoje sempre de uma outra receita? Vai ver que as últimas bolachas da espécie foram mesmo as abandonadas no lamaçal daquela estrada..
agosto 1, 2024 por A PENA DO PAVÃO, publicado em Crônicas, Poesia
Ano 12 – Vol. 08 – N. 39/2024
Ser intelectual nos dias de hoje já pode ser considerado artigo raro. A imbecilização tornou-se a regra. Basta assistir aos contorcionismos jornalísticos militantes, como tentar ouvir as músicas de hoje que fizeram da “Eguinha Pocotó” uma obra de arte. Os apelos de performances teatrais tiveram o ápice no antigo centro da civilização. Tudo matéria plástica.
Lá em casa de meus pais, quando se queria desprezar ou desvalorizar algo, dizia-se: Ah, mas isso é de matéria plástica! Talvez porque o vidro fosse a tradução do que era melhor. Creio que ainda seja, porque há pessoas que são cristais no trato.
Bom, mas homens são feitos de carne e osso, à imagem e semelhança do Criador, e repletos de virtudes e defeitos. Uns, claro, mais do que outros.
Falo, hoje, de virtudes, não pela despedida, porque de um verdadeiro intelectual – Ad Imortalitatem – não nos despedimos. Sua vida pessoal e sua integridade intelectual perdurarão para sempre. Nada é mais ajustado ao que digo do que este breve trecho que transcrevo:
“VENCENDO A MORTE
[…]
Em bar que ali havia, Amaral gostava de tomar a cerveja de cada dia. E, como escreveu Bernardo Almeida, seu velho confrade de saudável boêmia, naquele canto ele ficou, apesar de ter partido para o mundo da morte, o único capaz de obrigá-lo a não viver fisicamente em sua cidade querida.
Tragamos de volta a alma de Amaral”. – Joaquim Itapary, Armário das Almas, Ed. AML, 2015.
A crônica, parte de uma coletânea feita por Joaquim – 2000/2015 – ao jornal O Estado do Maranhão, apresentada pelo intelectual – e, costumo falar com carinho: O GUARDIÃO DAS LETRAS DO MARANHÃO –Benedito Buzar. Basta a mim e a ele sabermos o motivo.
Não desejo, porém, traçar linhas de um inventário literário, mas escrever uma “ata sumariada de assembleias da vida”. Daquelas em que o acaso proporciona ou que os acontecimentos literários produzem. Não foram muitas, embora várias e ricas, todas as vezes em que me encontrei e tive a oportunidade de conversar (ou só cumprimentar) Joaquim Itapary. Aliás, Joaquim Salles de Oliveira Itapary Filho.
Em uma dessas ocasiões, em que presentes Benedito Buzar, Joaquim Itapary, Natalino Salgado, Eliezer Moreira e este aprendiz que lhes escreve, no Boteco, num sábado fortuito, disse-me ele que havia lido meu livro. Fez uma síntese do que havia gostado e me encheu de orgulho. Dali em diante falamos de eu ocupar a cadeira patroneada por Bandeiraa Tribuzzi na Academia Ludovicense de Letras, de quem ele, como meu pai, tinha sido amigos. Mas também falou de trabalhos que ambos realizaram para a concepção de uma das Constituições do Estado do Maranhão.
Mas a admiração pelo intelectual também despertou em mim uma característica que ainda cultivo nas pessoas: a elegância.
A par de ser um intelectual valoroso – sua vasta obra é a prova – foi uma pessoa de refinado trato e de trajes elegantes, embora isso não fizesse dele nenhum homem soberbo. Ao contrário. O “Zé Cláudio” me era dito com o carinho de quem guardava histórias do Apeadouro, onde nasci e onde ele frequentou pelo parentesco dele ali residente, como às amizades que ali viviam, como a que ele dedicava a Yedo Saldanha. Joaquim era assim, entre um intelectual exuberante e um ser humano elegante. Firme em convicções pessoais, escorreito na escrita e refinado no trato.
Guardo memórias. Guardo lembranças. Guardo palavras, como as que iniciavam nossos cumprimentos: Poeta, como estás?
Não nos encontrávamos com frequência, mas há uma frequência que ficou como em ondas médias da “Difusora Opina”, programa diário que tinha na voz de Cordeiro Filho (estarei enganado?!) o timbre tão belo quanto o da voz do caríssimo José Salim.
Hoje, já sem a presença do poeta, resta a lembrança da jaqueta, dos óculos, da barba, do olhar sereno e do tom de voz. Quem sabe para me dizer: “Poeta, estou em outra academia. A mais bela de todas” – ao que eu responderia: Certamente, por merecimento!
Meu apreço e meu abraço, Joaquim Itapary. Como dissestes um dia de Bernardo Almeida, falando sobre Amaral, a morte pode privar-nos todos da presença física, mas a imortalidade intelectual e a grandiosidade humana estarão em cada esquina desta cidade de poetas e paixões.
JOAQUIM HAICKEL
Cem anos depois os Jogos Olímpicos voltam a ser disputados em Paris e desde o início eles vêm se notabilizando pela grande quantidade de polêmicas que têm causado.
A maior delas, graças ao bom Deus, seja ele Zeus, Posseidon, Krishna, Javé ou qualquer outro, as polêmicas não têm sido quanto aos jogos, às competições em si, mas principalmente quanto a solenidade de abertura, que conseguiu, pelo visto incomodar nove entre dez pessoas que a assistiram.
O título desta matéria poderia ser outro. Ao invés de “Vamos falar sobre as Olimpíadas”, poderia ser “Vamos falar da falta de bom gosto e bom senso dos organizadores da abertura dos Jogos Olímpicos de Paris-2024”. Se por um lado, fazer a abertura fora de um estádio foi uma iniciativa maravilhosa e monumental, por outro lado, aparelhar a abertura com ingredientes e componentes ideológicos, seja do ponto de vista político, social ou religioso, demonstrou ser um verdadeiro desastre, isso pra dizer o mínimo e não dizer que foi ofensivo e grosseiro, e o que é pior, sem nenhuma necessidade, sem nenhuma aplicabilidade prática ou positiva.
Quem me conhece sabe que não sou afeito a religiões, sabe que sou agnóstico, mas, da mesma forma que tio Albert, creio piamente no Deus de Espinosa, um Deus pragmático, que não admite dogmas, mas seus ensinamentos são no sentido de que devemos respeitar a todos, independentemente de concordarmos com eles ou não, portanto afrontar quem não pensa como nós, não é o melhor caminho para vivermos em harmonia e paz.
A abertura desses jogos foi uma verdadeira palhaçada lacradora. Os organizadores resolveram partidarizar uma coisa que deveria ser universalizada, dando espaço para todos os pensamentos e todos os posicionamentos e não a desvalorização e ridicularização de uns em detrimento de outros.
O ponto alto da discórdia sobre a abertura dos Jogos de Paris-2024 foi e será sempre a encenação da Santa Ceia, cultuada pelos cristãos, como um momento sagrado de sua crença, onde Cristo e seus apóstolos foram representados por personagens bizarros, reconfigurando de forma grotesca e desrespeitosa aquilo que para quase 40% das pessoas do mundo, é algo importante e sagrado.
Para que isso? O que ganharam com isso? Alguém imaginou que o mundo iria achar legal ou engraçado tamanha palhaçada? Será que os franceses acreditam que o mundo acha que o que aconteceu na Revolução Francesa lhes dá o direito de tentar ditar o rumo e o destino da humanidade, ou será que eles já sabem que depois que se estuda a fundo a sua famosa revolução se descobre que o que aconteceu ali foi meramente uma encruzilhada temporal circunstancial da humanidade, algo que se descontrolou, se tornou sangrento e que apenas a intenção contida em suas palavras de ordem sobreviveu: Igualdade, fraternidade e liberdade, que foram as coisas que menos tiveram naquele movimento assim como na abertura desse jogos.
A abertura dos Jogos Olímpicos de Paris-2024 ficará na história como sendo a prova viva de que a cultura woke deve ser deplorada, não devendo ser admitida por ninguém que tenha respeito aos verdadeiros valores que representam a igualdade, a fraternidade e a liberdade, que são coisas que não devem e não podem sofrer deformidades causadas por ideologias ou modismos.
Não tive ainda oportunidade de falar com alguém que não tenha achado desastrosa a abertura desses jogos olímpicos, e até gostaria de achar quem tenha gostado para tentar entender aquilo que em meu ponto de vista é algo completamente desnecessário, chegando às raias da idiotice.
Alguém observou que os wokes não são completamente idiotas, tanto que não fazem essas presepadas com a religião islâmica, não profanam as imagens de Maomé e de Alá. Eles não fazem isso porque sabem que sofreriam represálias violentas.
PS: Há uma outra coisa acontecendo nestes Jogos Olímpicos que tem me deixando muito triste. É a constatação de que muitas pessoas não estão torcendo por nossos atletas e nossas equipes, apenas para que o resultado ruim deles reflita mal na imagem de um governo do qual discordam. Não é que essas pessoas
estejam torcendo contra. Elas simplesmente não estão torcendo a favor ou estão completamente desinteressadas. É muito triste que as coisas tenham chegado a esse ponto.
O prédio azulejado, que alojava a antiga Secretaria da Cultura do Estado, está só fachada: seus funcionários foram dispersados ou transferidos para a Secretaria da Educação – Foto: Divulgação
1.Em São Luís desde maio, em peregrinação lírico-espiritual, lançar novos livros de poemas, revisitar origens, família, amigos, lugares, curtir cores, odores, sabores, enfim, deleitar-me com as curvas e reentrâncias da Ilha. Dois acontecimentos marcaram minha observação logo à chegada. O amplo trabalho desencadeado pela Prefeitura para melhoria do tráfego com novo visual e remanejamento, ampliação e melhoria de espaços públicos. E o escândalo que se abateu sobre um dos mais famosos logradouros, a Praia Grande, precisamente sobre o Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, importante equipamento cultural, saqueado por marginais, que surrupiaram-lhes as vísceras, já que todo o corpo, esqueleto e ossos, havia sido roubado, ao longo dos anos de abandono. Fato escancarado pelas mídias sociais há poucos meses e que indignaram o maranhense.
Aspecto de abandono total em que se acha o Centro de Criatividade Odylo Costa, filho – Foto: Divulgação
Foi para entender essa tragédia, que percorri a pé, a Praia Grande, conversando com técnicos, urbanistas, artistas, intelectuais, artesões, visando a compreender as origens desse funesto desacontecimento, que macula nossas mais ricas tradições. Venha comigo. Cidadãos e usuários da Cultura Maranhense, ao comentarem a publicidade governamental, convidando turistas para um dos mais representativos São Joões do mundo, em São Luís confessam sua perplexidade. Como acreditar que turistas virão divertir-se nas festanças juninas, tendo como carro-chefe, o boi e seus múltiplos sotaques, sem estender a visita ao berço cultural (ao menos para uma selfie) que sintetiza a ampla variedade de sons, ritmos, cores, e que encontra refletida no sítio histórico da Praia Grande, a moldura mais fiel? Ora, era ali, entre brechós, saraus, lojas de artesanatos, galerias, restaurantes, Mercado das Tulhas, museus, circulação de diversas tribos e o rico aparato de beleza e entretenimento, que a cidade acionava as cores da sinfonia que seduzia a todos. Hoje, terrivelmente, o quadro, é outro. Até as festas juninas de 2024 não se realizaram na Praia Grande, por insuficiência de estrutura básica para o evento. Embora bandeirinhas coloridas possam sinalizar o contrário. Viva o Boi! Mas viva mais também a Praia Grande e seu rico patrimônio histórico e cultural!
Aos que amam a cidade ou a visitam para conhecer a riqueza arquitetônica da Cidade Patrimônio da Humanidade, reconhecida pela Unesco, desde a gestão Roseana Sarney, em 1977, encontrarão no prédio do Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, o típico exemplo de tombamento posto em ação, pelo poder público. A destruição das instalações do prédio, por omissão e incúria, proposital, para outros, do qual foi preservada apenas a fachada, além da desvalorização do legado da casa, corpo de funcionários, largados ao esquecimento. Composto de Teatro, Biblioteca, Sala de Dança, Anfiteatro, Espaços de Exposições, Cinema, Sala para Cerâmica e Azulejaria, Galeria, além de eventos significativos como o Café Literário, dentre outros, o Odylo tornou-se dos mais importantes endereços culturais da cidade, além de fábrica de difusão das técnicas de fazer artístico. Nada restou que pudesse servir de memória desse tempo de júbilo multicultural.
Luís Augusto Cassas, na volta do exílio, reencontrou São Luís central jogada ao caos – Foto: Divulgação 4 Gosto da Praia Grande. Tenho um caso amoroso com ela. Em 1999, lancei no Canto do Tonico, confluência da Rua Portugal, com a Rua Djalma Dutra, onde está o Beco Catarina Mina, meu livro Bhagavad – Brita: A Canção do Beco. Outro dos meus livros, O Vampiro da Praia Grande, foi escrito ouvindo as palpitações do personagem central que se escondia nos mirantes dos velhos sobrados. Mas sou testemunha presencial do massacre contra o Odylo. Por quê? Foi lá, em 2013, que lancei A Poesia Sou Eu, minha Poesia Reunida, 2
volumes encadernados e vinte livros de poemas, em megaevento e multidão de amigos. E o Centro de Criatividade operava integralmente, em todos os seus segmentos. Somente a Biblioteca já contava com 3500 exemplares.
Logo em seguida, o Governo do Estado, a partir do primeiro mandato de Flávio Dino, inexplicavelmente, iniciou o processo de desmantelamento dos órgãos da Secretaria da Cultura e desvalorização das entidades e corpos funcionais. Estranha atitude, que culminou neste ano de 2024, já em outra gestão, com a retirada dos seguranças e vigias que mantinham o resto da incolumidade dos vestígios do Centro de Criatividade Odylo Costa, filho. E que gerou, como frisei acima, um apocalipse, que feriu a todos. Ao que o cartunista e ex-vereador Cordeiro Filho, disparou: “A chave do Centro Histórico foi entregue na mão dos bandidos”. Nenhuma academia chiou, nenhum deputado reclamou, nenhum senador engasgou. Mas após o escândalo ganhar intensa repercussão, o Governo resolveu amaciar a questão, exibindo placa, que está lá, informando a reforma do prédio,sem todavia, informar o valor da obra e suas especificações técnicas, de acordo com a lei.
Mas o desmonte que figura o Odylo, como personagem central, não se resume apenas a ele. Foi estendido, pasmem, a todas as casas de cultura e museus nesse período de aproximadamente dez anos. O Domingos Vieira Filho, de portas fechadas, está com a varanda escorada, com o acervo dentro. O Solar dos Vasconcelos está em péssimas condições físicas. Os saques atingiram ainda o Museu do Reggae e a Casa de Nhozinho. A própria Secretaria da Cultura foi transferida para prédio próximo à Fribal, enquanto seu belo sobrado, está desde aquela época, com sérios problemas estruturais e de telhados. No começo do atual Governo, foi colocado tapume sinalizando começo de obras, mas em seguida foi retirado. Há problemas de toda ordem e se estende a outras entidades do setor público. O prédio da Defensoria Pública, abandonado, também foi saqueado. E o prédio do Arquivo Público sofre o mal da desassistência, vírus dos dias atuais. O importante setor de patrimônio está completamente esvaziado, sem pessoal. Como poderá exercitar seu trabalho de fiscalização de um patrimônio histórico gigantesco de mais de seis mil imóveis, sendo que mais de quatro mil são de responsabilidade do Estado e o restante do Iphan? Senhoras e senhores, onde está o Ministério Público de nossa terra? “A Praia Grande está muito maltratada!” resume, desolado, o artesão Sotero Vital. (*) Luís Augusto Cassas, 71, poeta, é autor de 30 livros de poemas, dentre os quais O Retorno da Aura e Quatrocentona: Código de Posturas e Imposturas Líricas da Cidade de São Luís do Maranhão.
Texto resenhado e organizado pelo jornalista Mhario Lincoln, sob poema do poeta Maneol Serrão.
Por: Mhario LincolnFonte: Manoel Serrão/Mhario Lincoln
NAURO & LAGO [Manoel Serrão]
Com uma lírica estilística de vigor verbal criador, Um me atira de corpo e alma em versos para o alto. O Outro de uma mestria poética de grandeza abissal, Me ensina: Baudelaire, Musset, Gaston e François.
Um com a visceral idade do dentro das coisas E a internalidade fraccionada dos seres, Me atira nas águas profundas do verbo ser carne.
O Outro num versejado sóbrio e dorido de Quasimodo, Me ensina a pungente angustia do "Sou um homem só, Um só inferno" – nas terras entranhas do Ser cavo.
Amo Nauro. Amo Lago.
Transcendência Poética
*Mhario Lincoln
O poema de Manoel Serrão, (+2020) com sua "lírica estilística de vigor verbal criador", evoca uma força expressiva que eleva o eu-lírico a uma dimensão transcendental, destacando a alma criativa de poetas como Nauro Machado e João Batista do Lago. Essa projeção poética em busca da transcendência, semelhante à explorada por Rainer Maria Rilke em "As Elegias de Duíno", uma obra que trata da angústia existencial e da relação entre vida e morte.
Serrão também faz referências a grandes mestres literários como Baudelaire e Musset, evidenciando a aprendizagem poética profunda que se conecta à tradição literária, semelhante à visceralidade presente nos trabalhos de Sylvia Plath, especialmente em "Ariel", onde a imersão nas profundezas do ser é explorada de maneira intensa.
A declaração de amor a Nauro Machado e JB do Lago revela uma ligação emocional e intelectual entre esses poetas, demonstrando uma conexão profunda com suas influências contemporâneas, semelhante à admiração de Walt Whitman por outros escritores e, portanto, reflete uma linha sócio-filosófica que busca compreender a condição humana através da tensão entre os próprios eus-líricos
Por fim, revela uma saudade profunda e uma homenagem sentida pelo poeta Nauro Machado, cuja presença e impacto continuam a ressoar. A tristeza por sua perda é acompanhada por um reconhecimento de sua contribuição à literatura, descrita com carinho e respeito, como evidenciado pela citação do cordelista Pedro Sampaio, que disse: "o perdemos, para o Céu ganhar."
O admirável, o corajoso - é isso que significa o pré-nome NAURO. Exímio poeta, lúcido e insano, quando queria. Pai de muitos títulos e lógico, pensamentos dignos de serem "pensados" e entendidos...
Escrever como escreveu - complexo - mas inteligível, a gente compreendia e entendia o que ele queria dizer, em meio à filosofia de Nietzsche.
É peculiar de seres com essas características inquietas, usarem adjetivos e/ou palavras fortes e contundentes, o que ele praticava com maestria.
Quantas vezes o vi passar ao largo "pensando e falando sozinho". Às vezes acompanhado do Frederico. Estava mentalmente fazendo os versos, que mais tarde estariam nos inúmeros livros.
Homem de vasta obra e de temática instigante, angustiante, até...Teve o reconhecimento de grandeza, ainda vivo.
... mas o que estou dizendo? Poeta não morre, não tem idade, nem barreiras... Acredito que esteja "dando trabalho à eternidade". Essa, deve estar arrependida, pois se precipitou em acolhê-lo e quer mandá-lo de volta. Certamente que o receberemos...
Parabéns, NAURO. Você tem, sempre teve o meu respeito e minha admiração. Na minha biblioteca, não é difícil achar um livro teu.
Perdão - o respeito e admiração não estão restritos somente a mim. Tens um mundo de leitores de norte a sul do nosso país e até fora dele.
Eu te saúdo em nome dos que não tiveram, por algum motivo, oportunidade. Parabéns.(ANTONIO GUIMARÃES DE OLIVEIRA. DATA: 02.08.2024. SÃO LUÍS-MA).
Vilela de Abreu pelo caricaturista E. Rocha. Fonte: O Combate, Maranhão, 11 de junho de 1932, página 4.
Raimundo Vilela de Abreu, que assinava simplesmente Vilela de Abreu (talvez assim como Nina Rodrigues não apreciasse o Raimundo), nasceu em Cururupu – Maranhão no dia 7 de julho de 1901 e faleceu em 28 de maio de 1955, assassinado pelo Juiz Jeronimo Viana Fontes em frente ao Hotel Central na Praça Benedito Leite, São Luís. A Justiça sempre leniente com os ricos, poderosos e seus próprios membros não puniu como devia o assassino. A verdadeira punição veio através de uma das suas filhas que sempre que encontrava o homicida gritava: “assassino do meu pai, assassino do meu pai.”
Foi professor do Aprendizado Agrícola; Diretor do Instituto Cururupuense, cargo para o qual foi nomeado em 11 de fevereiro de 1936; exerceu o cargo de Oficial de Gabinete do Governo do Estado na gestão de Achilles Lisboa; Jornalista (foi Diretor de Redação do jornal O Combate); Advogado provisionado (redigiu o Estatuto da Santa Casa de Misericórdia de Cururupu) e Poeta.
A sua obra jornalística se pautou pelo combate político (era militante do Partido Republicano). A sua obra poética encontra-se dispersa em jornais e clama por uma reunião e estudo crítico. Em livro publicou um Soneto intitulado SAUDADES na obra coletiva Sonetos maranhenses (TAVOLA DO BOM HUMOR –Sonetos maranhenses, São Luís, Imprensa Oficial, 1923, página 154) onde é possível aquilatar o grande Poeta que foi.
Os seus atributos literários me levaram a escolhê-lo como Patrono da Cadeira que irei ocupar na Academia Cururupuense de Letras, posto honroso e de grande responsabilidade, que me foi conferido por gentileza dos meus confrades e conterrâneos, na formação da novel Instituição.
Agradecimentos especiais aos eminentes cururupólogos Jeane Melo e Ribamar Flavio Silva pela inestimável ajuda na coleta de dados.
Rio de Janeiro, domingo, 4 de agosto de 2024, às 21:00 horas.
Anuviam-se as lembranças da alfabetização. Uma dolorosa e imperdoável lacuna em minha jornada escolar. Uma pena!
Entretanto, trago as minhas escolas sempre comigo. São duas. Odorico Mendes (O M, Ovo Mole) e Colégio Pinheirense (C P, Cu de Pinto)
Da primeira carrego lembranças fortes. Desde a saída de casa até a chegada ao imenso portão de ferro. De casa, vinha com o uniforme impecável. Não sabia até quando. Camiseta e calção, respeitados. Como complemento, uma "chulipa", que engolia a meia, que engolia as canelas secas e cinzentas. O cabelo, baixinho, cortado a máquina manual, o que "doía pra dedéu", trazia a sua marca registrada, uma "pastinha", que era a nossa vergonha. Desta não podia escapar, papai era o barbeiro. Os livros e apetrechos, geralmente, estavam "enfiados" em um saco plástico. Quem não teve o seu?! Saco grosso e resistente era uma jóia. Era ouro puro. Era nosso orgulho. Lembro bem a minha lancheira, branca, com uma alça e um copinho vermelho, "até a boca" de ki-suco de morango ou groselha ou abacaxi e um pão massa fina, recheado de manteiga. Até aqui não existia a merenda escolar.
O portão de ferro, imponente, imenso, assustava um pouco. Mas, ao se abrir, abria um mundo novo a ser sorvido. Mundo em que suas áreas livres ofereciam-se como palcos de sadias brincadeiras. As salas de aula, com suas pesadas carteiras, ofertavam as primeiras amizades, fora do ambiente família-rua. Os corredores testemunhavam planos e segredos, ainda inofensivos. O recreio. Ora o recreio era divino. Sinto até o cheiro. A merenda, aí, sim, já vinha inundada de sopas, mingaus ou sucos. A "bolachinha da merenda escolar", de uma doçura especial, a enjoar, era bem vinda, com suas belas figurinhas. A professora Fátima Correia resiste em minha memória.
Da segunda escola, mais nítidas, apresentam-se as recordações. O universo, o interesse e a percepção são outros. A ligação continua forte. Foi lá que encontrei as linhas certas para um novel escrivinhador, não tão ávido por conhecimentos. Foi lá que desfrutei das melhores amizades. Das camaradagens e das colegagens, também. Foi lá que vivi a sapiência dos mais brilhantes mestres: Cici Amorim, no mais perfeito português; Frei José, em suas "perspectivas", a traçar "nossos nortes"; padre Risso, a "desbravar" a Mecânica e a Óptica; Dilu Freitas, a martelar PA e PG, no nosso cotidiano matemático, com a sua paciência única, por um semestre inteiro; Maria do Carmo, a desfilar heróis e acontecimentos, em aulas históricas e marcantes; De Jesus Menezes, a "matematicar" expressões, em todos os seus graus; Anísia, em sua elegância a distribuir "goog afternoon". É bom parar por aqui. Lágrimas vêm. E o que dizer de Regina Durans?! Verdadeiramente, a mestra que mais marcou a minha trajetória escolar. Uma guerreira em seu ofício. Com o livrinho do Mário Meirelles a desvendar o nosso Maranhão. Que saudades!
Mas ... ganhei mundo ... e ganhei outras escolas. Escolas, que serão outros papos!
(Texto do livro RAÍZES - recortes de minha existência)
Zé Carlos Gonçalves
Às vésperas do aniversário de 116 anos da Academia Maranhense de Letras, a Biblioteca Pública Benedito Leite homenageia no quadro "Curiosidades sobre Escritores", o presidente desta centenária instituição das letras maranhenses, Lourival Serejo.
Através de seu presidente, parabenizamos a todos os membros da Casa de Antônio Lobo, fundada em 10 de agosto de 1908.
Lourival de Jesus Serejo Sousa nasceu na cidade de Viana, Maranhão, em 18 de julho de 1951
Escritor e Desembargador. Ao longo de sua carreira na magistratura, foi Auditor da Justiça Militar, Diretor da Escola Superior da Magistratura do Maranhão; Ouvidor do Tribunal de Justiça; Juiz Auxiliar da Corregedoria; Presidente do Tribunal Regional Eleitoral e Presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão.
Éo atual presidente da Academia Maranhense de Letras, onde ocupa a Cadeira nº 35. É membro fundador das seguintes academias: Academia Imperatrizense de Letras, onde ocupa a Cadeira nº 4; da Academia Vianense de Letras, onde ocupa a Cadeira nº 10; e da Academia Maranhense de Letras Jurídicas, onde ocupa a Cadeira nº 10.
Algumas publicações: jurídicos: Contribuições ao estudo do Direito; Direito Constitucional da família, em três edições; Provas ilícitas no Direito de Família; Programa de Direito Eleitoral; Direito Eleitoral; Magistratura e ética: comentários ao Código de Ética da Magistratura Nacional; e Formação do juiz: anotações de uma experiência. É co-autor de cinco obras coletivas sobre Direito de Família, Direito Eleitoral, Vitimologia e a História da cidade de Imperatriz (MA); literários: O presépio queimado; Rua do Porto; Do alto da Matriz; O baile de São Gonçalo; Da aldeia de Maracu à Vila de Viana; A família partida ao meio; Entre Viana e Viena; Aluísio Azevedo sempre; Casablanca; O tormento de Santiago; Mistérios de uma cidade invisível; Literatura no Espelho; Eco dos sinos sobre as cidades.
É Amigo da Biblioteca Pública Benedito Leite, com certificação recebida em maio de 2024, em comemoração aos 193 anos da Casa.
O motorista baixo e entroncado, de vastos bigodes, e o seu carro, um ônibus jardineira daqueles abertos, todo colorido, impõem-se-lhe na memória. Simultâneos. Unos. Indivisíveis. Estranho centauro de bigodes e anca de arco-íris. Do homem, não consegue recordar o nome, mas o veículo, com certeza, chamava-se Três Irmãos. Curiosa lembrança.. Com a lembrança do nome, vem-lhe a de uma história real, quase uma anedota que o pai contava sobre a ocasião em que o motorista comprou a jardineira, acontecida em uma cidade do sertão maranhense. Efetuada a compra do veículo, vai nosso herói, pressuroso, telegrafar para a esposa dando-lhe a boa nova. No correio, o telegrafista pergunta-lhe o nome do destinatário. Ele diz: Emília, minha mulher. O funcionário, prestativo, ensina: Não precisa colocar "minha mulher", basta Emília, o senhor economiza duas palavras. Não senhor, Emílias são muitas, minha mulher é só uma! E complementa bote aí o recado: comprei Três Irmãos ventando por todos os lados!
Ri a essa ingênua lembrança. A recordação do motorista e de seu carro veio-lhe assim, sem mais, quando pensava numa frase apanhada no ar em meio a uma conversa: "viver é acumular perdas". Tenta avaliar a afirmação sumária. Uma tentativa simplista a mais de definição do ato de existir. Nem melhor nem pior do que muitas outras, decide. E certamente formulada por um pessimista. Pois não vivemos a perder coisas? Perdemos dentes, cabelos, viço, bens materiais, amizades, amores, sonhos, entusiasmos, vergonha, parentes, e - opa! -, também acabamos por perder a vida. A questão maior é se sabemos como elaborar essas perdas, ao modo e receita freudianos.
. Aí está o pequeno mistério desfeito. A palavra perda fez a ponte - o pensamento voando rápido em associação livre - para a lembrança inicial. E a relação perda/motorista/carro a remete aos quatro anos, à sua primeira perda registrada: um pacote de bolachas. Na verdade não era bem um pacote, mas um saco de papel pardo de padaria, dos pequenos. As bolachas, daquelas de polvilho, grossas, maciças e doces, que qualquer padaria de cidade de interior tem, e as que, nas quitandas, costumavam ficar dentro dos potes de vidro, espicaçando o desejo das crianças. O acontecimento infausto deu-se em uma acidentada viagem com os pais, na jardineira Três Irmãos, numa estrada do interior do Maranhão. Não lembra de onde nem para onde.
Vê-se de pé, à beira da estrada, de mãos dadas com a mãe. A estrada de piçarra, depois de muita chuva, transformara-se em um imenso lamaçal vermelho, cheio de enormes bitolas, que parecia perder-se ondeando no próprio horizonte. O motorista bigodudo, ajudado por uns quantos caboclos das redondezas, tentava desatolar a jardineira. Desinteressada do esforço humano, observava a máquina. O enorme pneu a girar, girar, num movimento contínuo, hipnotizador, reproduzido ao infinito, espirrava gotas de lama que iam brilhar nas faixas luminosas dos raios de sol. Tão bonito!... Súbito, o movimento cessa. Os homens se afastam da jardineira. A mãe puxa-a pelo braço e lhe diz: Vem! Vão pegar o carro que, livre do atoleiro, rosna como cachorro peado. Quer libertar-se e pegar estrada. Correm. Não podem arriscar-se a uma nova armadilha da lama. Na corrida, tropeça numa bitola e deixa cair o saco precioso, que, aberto espalha pelo viscoso chão todas, TODAS, as bolachas! Para, estatelada, e ouve a voz impaciente do pai dizer: Deixe. Não tem importância. Compramos outras mais tarde. Como não tem importância!? Sente na boca o gosto do não provado. Lágrimas quentes chegam-lhe aos olhos. As pessoas dentro do ônibus pedem pressa. Embarcam.
No ônibus que se afasta, espia pela janela. As claras bolachas, destacadas no chão vermelho, vão ficando para trás Despede-se delas como de um amante querido ou de uma pátria deixada pelo exílio. Exageros de criança, julga, agora, com um benevolente sorriso.
Da perda ficou-lhe um hábito, melhor dizendo, uma compulsão. A de entrar em padarias novas ou desconhecidas e pedir as tais bolachas, tão corriqueiras e baratas - não mais exibidas em potes vidro, tentando descobrir-lhes o mesmo gosto das que apertava ao peito naquela manhã vermelha. Não é estranho serem as de hoje sempre de uma outra receita? Vai ver que as últimas bolachas da espécie foram mesmo as abandonadas no lamaçal daquela estrada..
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
Academia Ludovicense de Letras
Academia Poética Brasileira
Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão
Centro Esportivo Virtual
Temos duas Histórias para o achamento do Maranhão e a fundação de São Luís: a oficial, e a que a precede. Miganville já existia quando da proclamada fundação da França Equinocial; aliás, a França Equinocial, e a sua Cidade do Maranhão são frutos da ocupação destas plagas de há muito.
Se formos considerar quem descobriu, ocupou, ou fundou algo, temos que dar os créditos aos indígenas. Aqui chegados há mais de 3.000 anos, segundo estudos arqueológicos. Seriam os primitivos tupinambás, vindos de uma cidade afundada na costa da Cuba, provavelmente de origem fenícia. Diziam os remanescentes, da segunda leva aqui chegados, ao tempo dos descobrimentos/achamentos, que vinham de uma cidade que afundara, e foram resgatados por grandes barcos, e trazidos para a costa, provavelmente Venezuela, Guianas e, de lá, iniciado uma trajetória de descolamentos que os trouxeram Amazonia abaixo, até chegar à Ilha Encantada – que seria a de Upaó-Açú.
Por essa mesma época, já se registrava a passagem e o comércio desses mesmos Fenícios pelo Maranhão –True-Tóia, a Verdadeira Tróia, e mesmo Upaon, além da presença no lago Cajari, e as minas de salitre de Ubajara.
O Historiador Euges Lima registra a passagem de Holandeses, em 1610. As incursões holandesas ao norte do Brasil eram frequentemente financiadas por homens ricos e politicamente influentes, como Jan de Moor, um burgomestre1 de Flessingue que capitaneava uma companhia destinada a explorar a colonização do Amazonas. Flessingue ou Flissinga (em neerlandês: Vlissingen) é um município e uma cidade localizada no sudoeste dos Países Baixos. A cidade está localizada na ilha de Walcheren entre o rio Escalda e o Mar do Norte, onde teve um grande porto que facilitava o vai-vem de produtos para a Coroa Neerlandesa por séculos. O burgomestre de Flassinge tinha uma feitoria por aqui:
Os tivemos por aqui bem antes... há registro de passagem de mercadores dessa nacionalidade já nos 1590, coabitando com franceses, portugueses, ingleses.
Antes de 1621, quando é criado o Estado do Maranhão e Grão-Pará, separado da jurisdição do Estado do Brasil, a região do Maranhão era conhecida por diversos nomes ou títulos: 'terra do rio das Amazonas', 'terra dos tupinambás', ou mesmo 'terra dos caraíbas'. Muitas Crônicas, Cartas, Memoriais e Planisférios chegam a representar o Maranhão como uma espécie de 'não-Brasil'.
Na representação da 'América do Sul', feita no final do século XVI pelo cartógrafo Arnoldus Fiorentinus, o Maranhão aparece como uma região completamente integrada ao Vice-reinado do Peru, separada fisicamente do Estado do Brasil.
(PDF) Navigator 13 A América do Sul na cartografia renascentista A América do Sul na cartografia renascentista (researchgate.net)
Nas últimas décadas do século XVI, esse território era quase sempre identificado como zona de transição, nem propriamente parte formal do Estado do Brasil, nem ainda Índias de Castela. Mesmo sem definição formal, estamos falando de uma área que corresponderia mais ou menos aos atuais Estados 'brasileiros' de Pará, Amazonas, Acre, Amapá, Tocantins, Piauí, Maranhão e Mato Grosso (ao Norte do paralelo 16º). Além disso, em certos períodos do século XVII também fazia parte do Maranhão o Ceará, este último considerado a fronteira natural do Estado do Brasil. Quase toda essa região está localizada a Oeste do meridiano de Tordesilhas, limite que começava a ser francamente ignorado.
É possível dizer, assim, que o Maranhão era concebido como uma 'entidade geográfica' (O que é : Entidade Geográfica (aeroengenharia.com), que fazia parte do império hispano-luso, mas ainda não havia sido dominado militar e politicamente. Na própria cartografia do século XVI, o nome Marañón é utilizado para definir o limite das terras luso-brasileiras ou para nomear o rio que faz essa divisão. Essas fontes confundem o rio Marañón, na bacia do Vice-reinado do Peru, com o rio Amazonas, às vezes chamado de 'Mar Dulce' ou 'rio de Orellana'.
Não se fala ainda claramente sobre um 'Maranhão português', diferente de um 'Marañón español'. Entretanto, sabemos que cronistas como Carvajal, Lopez de Gómara, Cieza de León, Oviedo y Valdés e, ainda, António Herrera, entre outros, já tinham informações sobre a ligação entre as 'Indias' e o Atlântico, feita através de uma região portuguesa localizada entre o Vice-reinado do Peru e o Estado do Brasil.
Além disso,o nome Marañón,mesmo designando algo impreciso, passaráa sercomum nas crônicas daépoca. O Maranhão já aparece em 1535 como uma das 'capitanias donatárias', criadas pelo rei d. João III para incrementar a defesa e aproveitamento produtivo da costa luso-brasileira. Originalmente o Maranhão faria parte de um tríplice seção de terras que deveria ser administrada por João de Barros, famoso historiador da Índia portuguesa, Ayres da Cunha, antigo capitão-mor de Malaca, e ainda Fernando Álvares de Andrade. Apesar de algumas tentativas de ocupação, organizadas por esses donatários, o Maranhão permanecerá como região virtualmente desconhecida até a época de Felipe III (1598-1621). Portugueses e espanhóis sabiam da existência de outros projetos europeus para a América Portuguesa, com ênfase sobre o norte do Estado do Brasil. Tais projetos tinham potencial suficiente para concorrer com as iniciativas hispano-lusas. As autoridades da Península Ibérica conheciam esses 'planos' através de diversos documentos que informam sobre o avanço militar, o comércio oceânico, e as tentativas de implantação de pequenas fortalezas e entrepostos comerciais em zonas de fronteira. Após 1580, o quadro não faz mais que agravar-se, e o topos da ameaça dos concorrentes europeus ganha uma dimensão bem maior na documentação luso-espanhola.
Esses concorrentes na guerra pelo domínio do comércio atlântico são principalmente identificados como: 'invasores' (franceses), 'piratas' e traficantes (ingleses e irlandeses), 'rebeldes' (holandeses) e, ainda,
'aventureiros' (italianos). Para as autoridades hispano-lusas todas essas categorias tinham seu nível específico de perigo, de acordo com certas circunstâncias internacionais. Assim, se nas últimas décadas do século XVI os informes falam bem mais sobre a ameaça inglesa e francesa, a partir, sobretudo, das primeiras duas décadas do século XVII, o grande perigo a ser extirpado será a presença holandesa.
É apenas em 1583 que os navios franceses começam a ir nessa direção para negociar com os selvagens. Essa informação é dada por Sir Walter Raleigh, mas é provável que tenha tomado pelo “Marañon-Amazonas”, o “Maranhão” mencionado por dois capitães franceses que encontrara. Os holandeses aparecem no Amazonas antes de 1598.
O estabelecimento de feitorias no Maranhão nos remete a 1590, em 1594, navios franceses comandados por Jacques Riffault visitam a ilha de Maranhão e um nobre de Touraine, Charles des Vaux, aí permanece entre os selvagens, O estabelecimento de Miganville, em 1594, é fruto das ações de Jacques Riffalut, Charles Des Vaux, e de David Migan, antecessores de Daniel DeLa Touche e sua troupe, os Sancy e Rassilys.
Em 1605, Henrique IV nomeou La Ravardière “tenente-general do rei para as terras da América, desde o rio das Amazonas até a ilha de Trinidad”, região descoberta pelos espanhóis, na qual haviam tentado algumas vezes se estabelecer, especialmente em Caiena, onde se situavam as terras compreendidas entre o Vicente Pinzón e o Amazonas, reivindicadas pelos portugueses e ocupadas, nessa data, em vários pontos, por ingleses e holandeses. Mas foi encarregado, logo em seguida, de verificar no Maranhão dos portugueses o que havia de verdadeiro nos relatos de Charles des Vaux a propósito das riquezas do país e das excelentes intenções dos índios, que, dizia Des Vaux, queriam “receber o Cristianismo” e pediam ao rei da França que lhes “enviasse alguma pessoa de qualidade para defendê-los de todos os inimigos”
Ao voltar, La Ravardière desistiu de sua concessão na Guiana e “solicitava outras Cartas patentes para fundar uma colônia ao sul da linha equinocial. As cartas lhes foram concedidas em 1º de outubro de 1610, com a condição expressade ocuparapenas cinquenta léguas de cadalado do primeiroforte que construísse. Foi então que, extrapolando seus poderes, empreendeu a “grande tentativa frustrada de uma França equinocial” (C. da Silva, § 34). A companhia que devia arcar com as despesas da expedição só pôde ser organizada em 1612, com o apoio da família Razilli. Numerosos cavaleiros alistaram-se. La Ravardière, François de Razilli e Nicolas de Harlay de Sancy foram nomeados “tenentes-generais do rei nas Índias Ocidentais e nas terras do Brasil” pela regente Maria de Médicis, que lhes concedeu ao mesmo tempo estandartes e divisa.
Desde que me entendo por gente escutava em minha casa: agosto é o mês do desgosto. Pelo sim ou pelo não a história, o imaginário e o cotidiano estão repletos de exemplos no Brasil. O mais emblemático, até ontem, havia sido o suicido de Vargas.
Ontem o país foi sacudido por uma troca de mensagens entre auxiliares de um ministro do STF, com orientações às avessas ao direito, inobservado um procedimento adequado, legal e moralmente. Uma espécie de troca de figurinhas que já foi condenada pelo mesmo tribunal. Eu fiquei estarrecido com o fato, devo registrar.
O que virá mais adiante talvez seja mais explosivo do que qualquer artefato bélico usado no conflito do Oriente Médio. Basta avaliar pela introdução dos seis gigabytes alardeados pela imprensa. Parte dela, contrariada, aliás.
Uma coisa é certa. Ninguém pode buscar na origem a desqualificação do assunto, pois o fato não veio a público pela delação premiada, estimulada, combinada ou paga de alguém. A fonte é o mesmo jornalista que ficou conhecido no episódio da “vazajato”.
Não é sem razão que eu tenha escrito sobre o criativismo judicial. Sim, criativismo é tudo aquilo que excede o ativismo judicial próprio (aquele que visa dar concretização ao fundamento da dignidade humana quando urgente o fato determinado). Tudo que importar em humor, vindita, impulso, vingança, abuso etc. também pode ser configurado como criativismo judicial, com sinalização de abuso de poder.
Assisti, com muita atenção, na véspera dessa notícia, a uma entrevista concedida pelo ministro aposentado do STF, Nelson Jobim, na qual ele, com bom senso e precisão categórica penal, viu nos acontecimentos do 8 de janeiro uma espécie de réquiem de pessoas revoltadas. Algumas com impulso mais agressivo depredaram e até pintaram monumentos. Nada além disso, porque faltaram elementos mínimos para os tipos penais em que apenados os presos políticos. Sim, são presos políticos na minha percepção.
Portanto, agosto, porque no calendário traz desgosto, não deixou por menos. Revelou mais um acontecimento impróprio a uma sociedade civilizada, afinal, ou as regras de direito devem ser cumpridas ou se estará diante um caldeirão de barbáries, “com pitadas de psicopatia”, a misturar instituição com crime, como alhos com bugalhos. Dia 13 de agosto, emblematicamente, descobriu-se que existem pessoas temperamentais que submetem pessoas fracas a conveniências absurdas. Pouco importam as instituições. Basta que se garanta à casta dos impunes a segurança do bem viver.
Que venham mais gigabytes. Ficou bem mais claro (para quem não queria enxergar) que regular internet não é defesa de democracia coisa alguma. Não passa de normalizar a penumbra em que vivem os homens maus, os mesmos que oprimem em nome da democracia.
À gosto o mês de agosto nos revela um sistema que se reorganiza se o combate a ele não for sistemático. Quando tínhamos imprensa empenhada e comprometida era mais fácil. Hoje ela é apenas porta-voz dele. Quem sabe mais tarde pagarão uma conta cara: a privação da liberdade de escrever.
O Maranhão não poderia ficar de fora do desgosto do mês de agosto. Hoje os “Uber da PF” se espalharam pela cidade em busca de provas de mais escândalos entre togas e becas. Mais um capítulo de uma espécie de thriller que assisto há mais de quarenta anos. Uma verdadeira tara pela delinquência!
Agosto é um mês que traz desgosto para todos quantos não aprenderam a lição de que cumprir a Constituição da República não é só prestar compromisso. É, sobretudo, ter comprometimento com ela. Quem a ela não se submeter deve ter subtraída a competência para o exercício do cargo em que investido.
Passa da hora de o STF ser uma corte constitucional exclusiva, com mandatos e sem possibilidade de recondução. Passa do tempo de acabar com a reeleição para presidente da república e o impedimento de concorrer para o cargo mais de uma vez. Passa da hora do Senado Federal dar a cara e cumprir seu papel constitucional, ou seguiremos sendo apenas “Manés” de um séquito, como dito em palestra por mim, uma nova oligarquia do século XXI: a Juristocracia
A vida é uma caminhada repleta de desafios e aprendizados. Ao olhar para trás, vejo experiências que moldaram quem sou hoje. Na adolescência, a poesia era minha companhia e esses momentos me desafiaram a crescer, mesmo que a timidez me impedisse de compartilhar meus versos, que agonizavam em caixas fechadas.
Em 2002, essas caixas foram jogadas fora, levando consigo os poemas de uma vida inteira. O luto e o silêncio se instalaram em mim. A perda dos meus escritos foi devastadora; lembro de me sentir perdida, como se navegasse em um mar revolto sem rumo. Com o tempo, minhas inseguranças e medos se transformaram em força e coragem, mesmo que eu hesitasse em seguir em direção aos meus sonhos. Foi nesse momento de vulnerabilidade que comecei a perceber que a literatura sempre fez parte da minha vida e que meus textos nunca mais ficariam confinados em caixas, mas seriam compartilhados e guardados no coração de cada leitor.
Assim, em 2010, oficialmente me tornei escritora. Cada pequeno passo foi uma vitória; cada desafio superado, uma chance de renascimento. Descobri, através da literatura, o amor e a força que havia (e há) dentro de mim, uma força que eu não sabia que possuía.
Hoje, ao refletir sobre minha história, percebo que cada experiência me trouxe até aqui. Minha transformação não é apenas sobre quem sou agora, mas sobre tudo que percorri para me tornar essa pessoa. Sou grata por cada lição aprendida e por cada desafio enfrentado.
E assim sigo em frente, com o coração aberto para novas experiências e transformações. Minha história continua a ser escrita, e, através de mim, muitas outras histórias nascerão. Confesso que estou animada para compartilhar os próximos capítulos dessa linda história chamada vida, e com certeza, vocês fazem parte dela. Aproveito para agradecer por todo o amor recebido de cada um de vocês, meus leitores.
Em uma das mãos, triste flor suspensa;
Na outra suspende solitário livro;
A seus pés, toda uma obra imensa
Lembra o tempo usando um eterno crivo.
A praça guarda história intensa:
Dor, olvido, gritos de compaixão…
Uma negra que todo dia pensa
Em perder seus filhos pra escravidão.
Úrsula e Tancredo bem ali estão
Eternizados em suave história
De dor, morte, desespero e paixão.
Gupeva ali vive em cada memória,
E aves lá cantam todas as manhãs
Louvando a Firmina de Guimarães.
(José Neres)
Censura, no Brasil, já não é uma prática distante, ainda quando, expressamente, a proíba, sob qualquer forma, a Constituição da República. Basta navegar pela internet e lá estará um grupo de juristas, jornalistas e palpiteiros militantes pondo sob risco o que a Constituição de 1988 pretendeu blindar.
Ora vejam só. Essas estultices são paridas por pessoas que se autoproclamam democratas, propugnando o que chamam de impulso civilizatório e a isto denominando de novo iluminismo. Nem com Diógenes (o da lanterna) se parecem. Estão mais para Simão Bacamarte. Explico.
Não se pode pretender que o alicerce de um edifício seja retirado sem que ele desabe. Aliás, nenhuma edificação sólida possibilitaria isso. Nem mesmo na estória infantil dos Três Porquinhos. Só na casinha de pedras foi possível conter o sopro do Lobo Mau.
No Brasil de hoje, não se pode negar, de lobo e doido há um caleidoscópio de opções imaginárias. A mim o mais insano é aquele que lê o que está escrito e pretende dar uma interpretação diversa do que o enunciado contém, pretendendo que ele contemple o que não diz.
Ora vejam só! Isto é um acinte à inteligência do homem médio, capaz de saber que aquelas listras brancas no solo dos cruzamentos expressam a regra de passagem de pedestres, ou a regra que diz: proibida a entrada de pessoas estranhas possa ser lida com a exceção: Exceto se for amigo do vigilante.
Esse estapafúrdio cenário do teatro jurídico do Brasil dessas últimas décadas traduz o que foi feito na Academia. Nada há que não tenha sido feito propositalmente, de modo a alcançar aquilo que, sem armas, não foi conseguido.
Ao término da semana passada veio a público a decisão de um magistrado que suspendeu redes sociais na internet de um dos candidatos ao cargo de prefeito de São Paulo. Ou seja: o objeto da sentença final foi antecipado por uma medida liminar, que não pode encontrar alinho no texto constitucional. E não há de se exercer um esforço hercúleo para compreender.
O mais grave de tudo é que o mesmo magistrado, em clara e evidente comprovação de abuso eleitoral de um outro candidato, entendeu que improcederia a pretensão do Ministério Público. Notem, houve comprovado abuso em que foi pedido voto para o candidato pelo ungido presidente da república. O mesmo magistrado. O mesmo pleito. Fatos semelhantes com soluções diferentes no mesmo ordenamento jurídico. É norma fundamental a liberdade. Ela é a norma geral da qual derivam as outras. Locomoção, manifestação etc., todas as ações humanas se constroem sobre o parâmetro da liberdade.
É claro que o leitor pode indagar: E isto significa que se possa fazer tudo o que se deseja? Em tese, sim, desde que os manifestantes estejam cientes de que devem responder pelos seus atos abusivos, tudo conforme o devido processo legal, claro.
Não conheço o processo em que foram suspensas as redes sociais de um dos candidatos, mas tenho o discernimento para saber ler a Constituição que não contempla essas possibilidades que estão sendo construídas no Brasil por afoitos de toga.
Registre-se: eles não traduzem a essência da magistratura, cuja atribuição é indispensável para uma sociedade civilizada. Mas em todas as funções que o homem desempenha nós encontraremos a serenidade e o bom senso em luta contra a precipitação e a imoderação.
Se a pretensão foi parametrizar candidatos, lamento pensar diferente. Isto acirra os ânimos, não devolve nenhuma igualdade a ninguém, desprestigia a ordem jurídica e, o que é inevitável e parece claro: beneficia o potencial infrator.
É preciso que se diga que a Justiça Eleitoral existe para conduzir o processo eleitoral observando parâmetros que estão na Constituição da República, mas não imiscuindo-se em valores pessoais e subjetivos dos intérpretes, porque, aí, ele estará virando as costas ao estado democrático e, ainda, o que é pior,
desacreditando a própria atividade jurisdicional, o que é um desserviço a qualquer estado que pretenda se anunciar como democrático e de direito.
Sopesar se traduz por temperança. Esta é uma necessidade inarredável para que se compreenda que todo excesso deve ser debelado, mas com a Constituição e as leis existentes e vigentes. Qualquer medida que desatenda a esse parâmetro é o uso de uma arma tão perigosa quando o um fuzil: a caneta.
Ainda é livre pensar? Espero que sim, caso contrário só já existirá a força da espada, porque perdido o equilíbrio da balança.
Amanheci com a notícia da morte de Tito Soares. Seu Tito, assim o chamava no começo da frequência de sua casa na Rua do Passeio. Com o tempo, apenas Tito ou “Titão”.
Fui colega de seus filhos Fernando e Oswaldo (Deco) no Colégio Batista, mas a amizade com Titinho, Cláudio, Pedro Paulo e Fábio foi uma consequência. Tempos memoráveis.
Com o passar dos anos, já advogado, dele recebi inúmeras lições, mas, também, apresentei uma contribuição que até hoje tem sido usada: a primeira escritura pública de divórcio feito em cartório em São Luís. Lembro que à época, ao consultá-lo, a resposta foi: Nunca fizemos, mas sendo filho de quem tu és se preparares eu confio.
Muitos foram os bons papos na porta do cartório quando nos encontrávamos ele, papai e eu. Muitas distinções me foram reservadas por ele e pelo seu fiel escudeiro Viegas, pessoa de minha estima pessoal. Hoje eles se reencontram no céu.
Poderia falar muita coisa sobre Tito, porque me viu crescer e, à época, com dona Lucy, sempre me deram muita atenção e carinho. Mas tenho na memória uma eterna gratidão por um gesto ímpar comigo.
Deu-me a mão quando estava em dificuldades de moradia. Apenas por um contrato verbal (ele na estrada aceitou a proposta) simplesmente dizendo: considere seu o apartamento. Um gesto impagável.
Como escrivão foi dos mais corretos que já conheci. Como homem um exemplo para os filhos. Como marido um apaixonado eterno.
Hoje o dia amanheceu triste pela partida dessa figura humana ímpar. Mas hoje, para ele, certamente, é um dia de reencontros.
Que fique na memória de todos quantos o conheceram a alegria que teve em vida. A mim fica o privilégio de tê-lo conhecido e convivido.
Fica a saudade e meu abraço em cada um dos filhos e familiares.
*LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
O Dia do Vaqueiro é 29 de agosto (Lei Federal 11.797/2008). No terceiro domingo de julho é comemorado o Dia Nacional do Vaqueiro Nordestino. O vaqueiro é responsável por realizar o tratamento de pastos e outras plantações para ração que alimentam o gado, também realiza ordenha e mantém todos os cuidados com o animal. Dia Nacional do Vaqueiro - 29 de Agosto - Calendário 2023 (calendario.online)
Já no Maranhão, o festejo de São Raimundo Nonato dos Mulundus, o santo vaqueiro, protetor e padroeiro dos vaqueiros, é um novenário – de 22 a 31 de agosto, dia em que ele faleceu (ou foi encontrado morto?), na antiga fazenda, hoje povoado, Mulundus, a 30 km de Vargem Grande (MA).
A ORIGEM DOS MULUNDUNS
Para o austríaco Ludovico Schwennhagen, o Maranhão existia, como a república dos tupinambás, já antes da fundação de Tupaón. Os sete povos tupis, que tomaram posse do norte do Brasil, cerca de 1500 anos A.C., entram pela foz do rio Parnaíba, procurando as serras em ambos os lados desse rio. Do lado oriental ficam os tabajaras, do lado ocidental os tupinambás; os outros cinco povos estenderam-se para o sul e sudeste. Todos os sete povos formaram uma confederação e as Sete Cidades (no Piauí) eram a capital federal, isto é, o lugar, onde se reunia todos os anos o Congresso dos Sete Povos. (Schwennhagen, 1925).
Mas a harmonia não ficou sempre intacta; por quaisquer motivo desligaram-se os tupinambás da confederação e constituíram seu próprio congresso, ao lado ocidental do Parnaíba, em Mulundús. Os tupinambás já eram grandes senhores, tinham ocupado a maior parte do interior do Maranhão, tinham fundado mais de cem colônias no Grão Para, Amazonas e Mato Grosso e precisavam dum centro nacional para conservar a unidade da nação dos tupinambás.
Esse centro era Mulundús, onde se reuniam todo os anos os delegados de todas as regiões, ocupadas pelos tupinambás. Nas cartas e relatórios do padre Antonio Vieira encontram-se muitos indícios desses factos. Ele relata que alguns dos seus amigos tupinambás lhe contaram que no interior do Maranhão se reúnem os delegados de todas as aldeias que falam a mesma língua geral, e pediram ao padre mandasse para lá um sacerdote católico para celebrar missa, dentro da grande reunião do povo. Assim o antigo congresso de Mulundús ficou transformado numa festa cristã, dedicada à memória de São Raimundo, como ainda agora se faz. Sempre, porém, essa festa conservou o caráter dum congresso popular, para onde veem de longe, de Goiás, Mato Grosso e Pará amigos, parentes e comerciantes daquelas regiões que pertenciam antigamente ao grande domínio dos tupinambás. Ludovico Schwennhagen
A região que compreendia Itapecuru Mirim, Vargem Grande, Chapadinha, Brejo, Anajatuba, Manga do Iguará (Nina Rodrigues), Araioses, Cantanhede e outras existia grandes fazendas de gados o que justifica as centenas de vaqueiros devotos do Santo espanhol, que segundo a lenda, enquanto fazia suas orações a Virgem Maria esta enviava um anjo para guardar os rebanhos sob os seus cuidados, daí a ter um “representante” conterrâneo melhor ainda.
Muito propícia a criação de gado, comercializados no Arraial da Feira, atual Itapecuru Mirim ou transportada para São Luís via rio Munim. As crianças desde muito cedo começavam a aprender o mister de vaqueiro, que era a função de maior status entre os escravos. A profissão de vaqueiro passava dos pais para os filhos.
O festejo de São Raimundo Nonato dos Mulundus
Mas, qual ‘Raimundo Nonato’??? O Vaqueiro, morto, e reverenciado como santificado? O filho da fazendeira, curado por intercessão do Santo (vaqueiro)? Ou o santo espanhol?
RAIMUNDO NINA RODRIGUES, O FILHO DA PROMESSA
O filho da promessa, Raimundo Nina Rodrigues o mais ilustre filho da terra, foi médico legista, psiquiatra, professor e antropólogo. Faleceu em 1906.
O pequeno Raimundo nasceu no dia 4 de dezembro de 1862, porém foi uma criança com a saúde frágil e mais uma vez Dona Luiza recorreu ao Santo pedindo proteção e saúde ao filho e em troca prometeu fazer vir da Espanha uma imagem autêntica confeccionada na oficina sacra da terra natal de São Raimundo. Quando o filho atingiu a juventude a imagem foi encomendada. A trajetória da imagem foi difícil. Ela foi enviada à Portugal de lá foi feito o translado de navio para a capital, São Luís, depois foi levada de barco a vapor até Itapecuru –Mirim quando as autoridades locais e eclesiásticas a transportaram até a igreja de São Sebastião e depois à Mulundus. A chegada da imagem ocorreu no penúltimo quartel do século XIX. Blog da Jucey Santana: SÃO RAIMUNDO DOS MULUNDUS
Por volta dos anos 30 do século XIX, o tenente-coronel Antonio Bernardino Ferreira Coelho adquiriu o Engenho Primavera que outrora pertencera a madrinha do vaqueiro Raimundo Nonato. Na constância do cargo de Deputado Provincial Antonio Bernardino transferiu a Vila de Olho d’Agua para Vargem Grande em 1845. No final dos anos cinquenta o deputado vendeu o Engenho Primavera ao coronel Francisco Solano Rodrigues. Ao comprar as terras adquiriu também a escravatura dos antigos proprietários com todos seus costumes e crendices. No local se estabeleceu com a família depois do casamento com a senhora Luíza Roza Nina Rodrigues, onde tiveram sete filhos: Djalma, Joaquim, Raimundo, Themístocles, Antônio, Saul, e Maria da Glória. Blog da Jucey Santana: SÃO RAIMUNDO DOS MULUNDUS
Dona Luíza figurou como responsável pela festa durante muitos anos sendo seguida por seu filho o capitão Saul Nina Rodrigues que mesmo residindo no Engenho São Roque em Anajatuba, gerindo os negócios da família mantinha negócios em Vargem Grande tendo continuado como Mordomo da festa. Dona Luiza faleceu em 17.12.1911.
O tenente- coronel Francisco Solano Rodrigues, foi juiz de direito, Comandante Superior da Guarda Nacional, da Vila de Vargem Grande, deputado constituinte, Presidente da Câmara de Anajatuba e grande benfeitor de Vargem Grande, tendo cedido uma das suas casas para servir de cadeia pública à Vila.
Desde o início do Século XX, começaram as campanhas pela imprensa, pelos moradores e principalmente pelos comerciantes para a transferência da festa para a sede de Vila de Vargem Grande. O povoado de Mulundus, era desprovido de estrutura adequada para a celebração da festa que havia se tornado muito grande.
Porém os tradicionalistas resistiam, por achar que a festa deveria permanecer no local onde iniciou. Foram anos de negociações para solucionar o impasse. Somente em 1953, na gestão do arcebispo Dom José Medeiros Delgado, houve a transferência da festa para Vargem Grande, passando a ter uma maior projeção. Os conservadores, no entanto, inconformados continuaram celebrar São Raimundo Nonato em Mulundus,
que em consenso a igreja fixou a data do evento no povoado para o mês de outubro e assim respeitando a religiosidade popular. A festa reúne féis de todo o Maranhão também de outros Estados, em pagamentos de promessas.
O Santo Espanhol, São Raimundo Nonato
Foi um doutor da igreja, um grande Bispo e mártir da fé católica. Roga por nós, São Raimundo! (em catalão: Ramon Nonat, em castelhano: Ramón Nonato) é um santo católico romano que viveu no século XIII e se rebelou contra a escravidão, que na época era tida como natural. Raimundo recebeu a alcunha de Nonato ("não nascido") porque foi extraído do ventre de sua mãe, já morta antes de dar-lhe à luz, ou seja, não nasceu de uma mãe viva, mas foi retirado de seu útero, algo raríssimo à época. São Raimundo NonatoDiocese de São José do Rio Preto/SP (bispado.org.br)
Por isso é festejado, no dia 31 de agosto, como o patrono das parteiras e obstetras. Em 1224 entrou na Ordem de Nossa Senhora das Mercês, que era dedicada a resgatar os cristãos capturados pelos muçulmanos levados para prisões na Argélia. Mas ele não queria apenas libertar os escravos, lutava também para manter viva a fé cristã dentro deles. Capturado e preso na Argélia, converteu presos e guardas, mas teve a boca perfurada e fechada por um cadeado para não pregar mais. Após sua libertação, foi nomeado em 1239 cardeal pelo papa Gregório IX, todavia no início de seu caminho a Roma padeceu violentas febres pela qual morreu. Servilio Conti. O santo do dia.- 10. ed revisada e atual - Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. Raimundo Nonato – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)
Em “A história de São Raimundo Nonato dos Mulundus”, a professora Dolores Mesquita diz que Mulundus era uma fazenda de “umas brancas da família Faca Curta”, ricas e donas de muitos escravos. O racismo é impedimento à santificação de negros no Brasil (geledes.org.br)
O fato: Raimundo Nonato, com outros vaqueiros, caçava uma rês desgarrada e sumiu. Dois dias depois foi encontrado morto: o corpo conservado e exalando um perfume! O povo entendeu que virara um santo. Não houve enterro. O corpo sumiu! É um mistério! Segundo os escravos Raimundo, Secundio, Quirino, Martiniano, Macário, Zé Firino, Militão e José Cabral, os padres levaram o corpo para Roma. Mistérios e farsas sobre são Raimundo Nonato dos Mulundus | O TEMPO
No local do acidente foi feita uma capela de palha (depois o santuário de são Raimundo dos Mulundus, hoje em ruínas), e, chefiados por Macário Ferreira da Silva, criaram um novenário, que se encerrava no dia de sua morte, 31 de agosto. “Isso pelos anos de 1858, mais ou menos” (Dolores Mesquita).
Em 1858, já era rezada a novena, e havia uma capela de palha para o santo vaqueiro, a partir da qual foi erguido o Santuário de são Raimundo Nonato dos Mulundus, de rara beleza; e entre 1901 e 1908, o padre Custódio José da Silva Santos, de Vargem Grande, celebrava a festa em Mulundus “Apesar do abandono em que vive, o altar onde celebram as solenidades religiosas permanece firme, sendo resistente ao sol e à chuva; diz o povo que não cai porque são Raimundo protege aquele santo lugar”. O racismo é impedimento à santificação de negros no Brasil (geledes.org.br)
Muito religiosa Dona Luiza, quando chegou já encontrou a capelinha em Mulundus que fazia parte da propriedade da família. Passou a fazer a manutenção e incentivar o culto a São Raimundo Nonato. Em 1862, enquanto gestava um dos seus filhos se sentiu muito doente então fez promessa, que se tivesse um bom parto, o filho receberia o nome do Santo, porque além de protetor dos vaqueiros é invocado como patrono e protetor das parturientes e das parteiras, porque durante o seu nascimento a sua mãe faleceu e ele foi extraído vivo.
Após a Proclamação da República (1889), Mulundus foi comprada pelo coronel Solano Rodrigues, cuja mulher, dona Luíza, em pagamento a uma promessa ao santo vaqueiro, mandou fazer em Portugal uma imagem dele que custou 1 conto e 700 réis, pela cura da pneumonia de seu filho Saul Nina Rodrigues, advogado, irmão do médico Nina Rodrigues.
Até 1908, os padres celebravam missa no santuário de Mulundus. Em 1930, o arcebispo de São Luís proibiu o festejo, alegando ser profano! As perseguições do oficialato católico ao santo vaqueiro beiram a insanidade e a ganância. O povo manteve a devoção, sem padre e sem missa.
Em 1954, o arcebispo dom José Delgado, acoitado pela polícia, “mudou”, como se fosse dono de uma obra popular, o Santuário de Mulundus para Vargem Grande, dando-lhe novo nome: Santuário de São Raimundo Nonato, bispo espanhol da ordem dos mercedários (1204-1240), santificado! Os romeiros não arredaram de Mulundus!
A arquidiocese decidiu disputar com Mulundus e dividir a fé do povo: “Comprou 180 hectares da fazenda Paulica, a 7 km de Vargem Grande, e fez uma capela para onde os romeiros em procissão conduzem a imagem de São Raimundo Nonato (o bispo espanhol) no dia 22 e a trazem de de volta para igreja no final do dia” (professora Dolores Mesquita).
O VAQUEIRO RAIMUNDO NONATO
Para Marcus Ramusyo de Almeida Brasil, A história de São Raimundo Nonato dos Mulundus está envolta em narrativas de mistério, fé e devoção, no contexto das crenças populares e das práticas performáticas socioculturais que as engendram. São Raimundo Nonato dos Mulundus, o santo vaqueiro: travessias da religiosidade em movimento | Domínios da Imagem (uel.br):
Raimundo Nonato Soares Cangaçu nasceu em 31 de outubro de 1700, no povoado de Vargem Grande. Veio a falecer no dia 31 de agosto de 1732. Revela a memória coletiva que o vaqueiro Raimundo Nonato estava cavalgando em velocidade pelas matas quando bateu com seu cavalo em uma árvore. Tanto ele quanto seu cavalo ficaram combalidos, ali pereceram e morreram. No entanto, ao entrar em estado de decomposição, em vez de feder e ser comido pelos vermes, o corpo de Raimundo Nonato se santificara, emanava, então, perfume de flores. Nasceu, ali, linda vegetação. O local de sua morte tornou-se lugar de peregrinação com o passar do tempo. Seu nome se manteve forte no imaginário popular do sertanejo da região, vindo a se tornar o santo protetor dos vaqueiros e daqueles que vivem nos rincões do Maranhão profundo, através de quase 300 anos de tradição. (MELO, 2016, Nágela Mila de. São Raimundo Nonato dos Mulundus em Vargem Grande – MA: uma experiência estética. Licenciatura em Artes Visuais – Departamento da Licenciatura em Artes Visuais do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – Campus Centro Histórico, 2016. Monografia em Artes Visuais.)
*Leopoldo Gil Dulcio Vaz, escritor e pesquisador, faz parte das seguintes instituições literárias: Academia Poética Brasileira, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e Academia Ludovicense de Letras.
Postado por Blog da Jucey Santana às 05:25
Dois dias de muita alegria e oportunidade de conhecer novas pessoas ligadas ao mundo das artes e da literatura, e com elas desfrutar momentos ímpares, partilhando ideias e discutindo as questões mais pertinentes ao engrandecimento cultural do nosso Estado, no Paraíso Cultural Baial Ramos, em Barreirinhas, que recepcionou representantes de todo Estado do Maranhão. Parabéns, Dr. Baial Ramos! Parabéns, César Brito e Ronildo Calisto, Presidentes da FALMA (Federação das Academias do Maranhão) e da Academia de Barreirinhas! Parabéns a todos que gentilmente nos oportunizaram momentos tão gratificantes e felizes! Meu sentimento é de imensa gratidão!
JOSÉ CLAUDIO PAVÃO SANTANA
Comunicar a morte sempre nos causa dor. Sobretudo quando o de cujus dispôs, em vida, de destacada notoriedade. Mas no Direito (ciência) persona e res são categorias distintas – aquela vive, esta é o cadáver gélido ou sob decomposição.
No caso, ela deixou um legado, é verdade, mas cumpri-lo é tarefa apenas para os que possuam dignidade, compreensão e comprometimento.
De postulados já não se fala. De princípios, muito menos. Que dirá das regras! Por onde andarão os preceitos?
Projeta-se no espaço, como um raio laser, conduzido por satélites que orbitam, um filete de perfídia. Ódio? Quem sabe?
Lamento comunicar que a ressurreição não é provável. Impossível? Quisera saber!
Insurreição, talvez, vislumbrem apaixonados viúvos? Não tenho como avaliar a dor de cada um, senão a minha. Preservo o discernimento, por isso já sei quais repositórios não buscar.
Guardo memórias, boas memórias, de tudo quanto aprendi e ensinei. Longa vida ao que aprendi. Vida eterna ao que ensinei!
Do valer, do valor, do vigor, dos juramentos, das promessas…, sequer restaram as cinzas do compromisso. Se um dia este houve, faltou comprometimento.
Pós baionetas e tanques a alvorada apareceu com canetas e máquinas datilográficas. Quanta esperança! Frustrada esperança!
Sobrevindo os “PCs” (e os PCCs) o delete virou verbo, sem que importasse a conjugação. Transitivo ou intransitivo é direto, quando suprime a essência da dignidade humana: a liberdade.
O testamento era único. Firmado em cartório com força e fé pública. Até que muitas retificações foram feitas, sem que hoje se saiba qual dos assentamentos, à margem da escritura, se deva ler. Há onze notas, borradas e com sobrescritos.
Desde quando o original foi depositado em mãos de quem se elegeu, por desafeto, talvez – suponho – foi o último exemplar. Tantos outros, como almas penadas, vagam pelos átrios, corredores e portais. Lamento comunicar, mas não haverá missa de sétimo dia. Nem será permitido o envio de flores. O réquiem será por nós todos, enterrados na mesma cova. Ausentes, apenas, os desterrados involuntariamente. Esses lamentarão à distância de onde poderão ecoar os gritos dos seus irmãos.
Carpideiras baixarão suas câmeras e microfones ao compreenderem, embora tarde, que hoje servem apenas para segurar as alças do ataúde.
Fica comunicado o falecimento, por deficiência múltipla dos órgãos, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, com todas as suas emendas e rasuras posteriores.
Deixa órfãos a Assembleia Nacional Constituinte, o povo que a legitimou como, também, os filhos não naturais, antigos bastardos, cujo status, legal e isonômico, desapareceu da ordem, pela pá de cal jogada sobre a mesma, pelos coveiros que a história jamais esquecerá.
Que a terra lhe seja leve! Que o mau seja breve.
ROBERTO FRANKLIN F. DA COSTA
Displicentemente, deparei-me observando minhas mãos. Algumas manchas, a pele um pouco ressecada, as veias dilatadas, senti nelas a presença do tempo. Imediatamente veio à mente a imagem das mãos dos meus netos. Comparando uma com as outras, confirmei que o que acontecera foi exatamente a ação implacável do tempo. Aquela situação mostrava-me que o tempo andou, aquelas mãos que tanto contribuíram para minha vida estavam começando a cansar, dando lugar ao tempo que por elas passava. Pensei naqueles versos de Carlos Drummond de Andrade: “Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo”.
Fiz a leitura do quanto elas as contribuíram para minha profissão, para meus escritos... imaginem quanta dor minhas mãos puderam cessar, aliviar, quantas tarefas elas realizaram, quantas pessoas boas e más elas cumprimentaram. Nos meus quarenta e um anos de profissão, cheguei também à conclusão de que minhas mãos eram assim como as mãos de tantos outros cirurgiões-dentistas, eram abençoadas. Fui de uma época que não usávamos luvas, era pele pura, os atos cirúrgicos realizados nos nossos consultórios eram assim mesmo, sem proteção, imaginem como ficavam as mãos depois de pequenas cirurgias, como a exodontia. Quantas vezes, em oração e de joelhos, agradeci a Deus, juntando-as.
Com minhas mãos carreguei meus filhos, netos, sobrinhos; pude transmitir amor, dedicação. Podem até achar que não, mas tenho certeza de que com elas nunca provoquei dores físicas em meus filhos.
Quantos carinhos minhas mãos puderam propiciar, quantos lugares prazerosos e não prazerosos elas percorreram, quantas aproximações ao serem estendidas elas realizaram, quantos desprezos também. Minhas mãos serviram, ainda, a despedidas, ao tocar meus pais quando partiram, elas foram responsáveis pelo último contato com eles. Como também na minha eterna despedida de meus dois irmãos, no meu último adeus àqueles que se foram.
Minhas mãos, quero que continuem por muito tempo assim, como prova de tudo que realizei, quero-as sempre como um testemunho. Quando preocupado, levo-as até a minha cabeça pensando que farão milagres a fim de cessarem as preocupações. Quantas palavras colocaram no papel com a ajuda de uma caneta, e hoje, com a ajuda de um teclado, obedecem aos comandos dos meus pensamentos, escrevem o que o meu coração manda, nunca escreveram ódio, foram sempre adeptas do amor.
Lembro quantas portas abriram e quantas fecharam, ao amanhecer na casa dos meus pais, abriam as janelas do meu quarto, a fim de ver o quão lindo era o início de mais um dia, escolhiam as minhas roupas, seguravam mesmo de maneira errada os talheres para que eu pudesse me alimentar. Acredito que nunca foram testemunhas de atos falhos, de corrupção, de falcatruas de minha parte, foram, sim, testemunhas de muitas alegrias, amores, paixões, quantas lágrimas vocês, com a ajuda de um lenço, enxugaram minha face e a face de outros.
Minhas mãos, ao terminar este texto, levanto-as com auxílio dos meus braços e em direção aleatória aceno ao tempo que passou. Saldando o futuro, sabendo que se nunca testemunharam o fracasso, não será agora que o irão presenciar. Obrigado, companheiras de tantos momentos!
Luiz Thadeu na praia da Ponta D’Areia
SÃO LUÍS, MINHA ILHA DO AMOR, FAZ 412 ANOS
Luiz Thadeu Nunes e Silva (*)
Sou ilhéu, nascido na Ilha do Amor. Assim me apresento por onde ando. Não gosto do ludovicense, designação para quem nasce em São Luís.
Tenho encantamento pela cidade em que nasci, São Luís do Maranhão. Para mim, um privilégio viver em um lugar tão fascinante, rico em cultura, folclore, diversidade e com a melhor gastronomia do mundo. Terra de magia e encantos. Onde se acha o melhor sorvete de côco? E, caranguejo no toc toc? Arroz de cuxá com torta de camarão? Só aqui, na Ilha do Amor.
A única capital brasileira fundada por franceses, no dia 8 de setembro de 1612, invadida por holandeses, colonizada pelos portugueses.
Moro na Ilha de Upaon-Açu, banhada pelo Oceano Atlântico. Patrimônio Cultural da Humanidade. Aqui me criei, estudei, me formei, constitui família, criei meus filhos. Em breve é aqui que nascerá meu neto Heitor. Tive a oportunidade de andar pelo mundo, viajei pelos mais distantes e longínquos lugares da terra. Pisei em todos os continentes. Já estive, a passeio, em 151 países dos 194 que fazem parte da ONU. A meta é conhecer todos. Com minhas andanças pelo mundo, tornei-me o cidadão mais viajado do mundo com mobilidade reduzida.
Faço esse preâmbulo para dizer que o São Luís é a minha casa; o mundo meu quintal. É aqui que estão minhas raízes, meus amigos, meus amores. Aqui está a minha identidade, minha história. Mesmo com a cidade ultrapassando um milhão de habitantes, ainda esbarro em conhecidos, nos mais diferentes lugares desta linda e caliente ilha.
Em andanças pelo mundo, meus olhos viram coisas belas, grandiosas, encantadoras. Mas tudo que vi era deles, dos povos que visitei. Nada me deslumbrou. Sempre que retorno, só desembarcar em São Luís, respirar o ar, vejo que aqui é o meu lugar.
“Então quer dizer que São Luís é um lugar perfeito?”, alguém me pergunta. “Não”, estamos longe disso. Temos problemas seculares e urgentes que precisam ser resolvidos, para melhor usufruir de nossa bela ilha. Acredito que precisamos mudar com urgência o olhar com nossa cidade.
Centro histórico ornamentado em São João
Em breve teremos eleição para prefeito e vereadores. Temos que escolher com responsabilidade os nossos gestores, que administrarão nossa Ilha do Amor pelos próximos quatro anos. Nós moradores temos que ter amor e zelo com a cidade. Temos que nos conscientizar de que a cidade é um organismo vivo, que precisa de cuidados constantes. É urgente preservar nossos sítios históricos, nossas praças; fazer calçadas, limpar as portas das casas; ter onde armazenar o lixo e descartar nos locais apropriados. Cuidar de nossa segurança; não precisamos nos transformar em uma cidade violenta. Somos uma terra serena, acolhedora, aprazível, de homens e mulheres de boa índole.
Conhecida como Athenas brasileira pelo número de poetas e escritores que aqui nasceram, é em São Luís que se fala o melhor português do Brasil.
Quando foi fundada a Academia Brasileira de Letras, no centro do Rio de Janeiro, em 20 de julho de 1897, tinha quatro maranhenses: Aloísio de Azevedo, Raimundo Corrêa, Arthur Azevedo e Graça Aranha.
Convidado pelo governador Carlos Brandão, sou o subsecretário de Turismo do Estado, e com os olhos de gestor público, o desafio é tornar nossa cidade mais acessível a todos. Melhorando a acessibilidade dos que moram aqui, assim atrairemos turistas de todas as partes.
Precisamos resgatar coisas que fazem parte de nossa história. Nosso centro histórico, com seus casarios precisam ser melhor utilizados, para não se transformarem em cortiços; deteriorados pela ação do tempo e por nossa omissão. Com olhos benfazejos vemos o futuro sem esquecer o passado.
Caro leitor, amiga leitora, lhe faço um convite, caso não conheça São Luís do Maranhão, venha nos visitar; se você já conhece, volte, venha ser feliz em São Luís. Venha se surpreender, conhecer um lugar singular e plural ao mesmo tempo. É impossível conhecer a Ilha do Amor e não se apaixonar.
Parabéns, minha velha e amada São Luís pelos seus primeiros 412 anos.
Arquimedes Vale
Se és terra és fêmea, se mãe, eterna porquanto, efêmera te faço amante. Te amo com o amor em dúvida de um querer não identificado.
No teu peito molho a garganta com o leite que me incha ou acaricio mamas impudicas turgindo tesão.
De beijo em beijo me aconchego ao teu corpo de proteção.
De beijo em beijo lambo essa pele tostada, com travor indecente.
Conduzir-me por teu desígnio quando, mão firme, segura a minha em frente aos tropeções, a outra, maliciosamente, levanta a tua saia de atlântico e passeia nas tuas intimidades.
Ao teu acalanto, mãe amada, meus sonhos são lendas. aos teus tambores, francesinha amante , mon amour eu sonho com gineceu em corpos de prazer e suor evoluindo em volúpia pelas pedras que descem a devassidão das ladeiras.
Se és terra és fêmea entre cio e parturição enches de amor e de gente o teu pequeno corpo, pendurado no equador, onde guardo minha vida e os pedaços fecundos deste incesto.
LUIS AUGUSTO CASSAS
Acorda, São Luís, Cidade Património da Humanidade, filha do bem, da beleza e da verdade, onde o poeta na palmeira abre as asas, celebrando aos ventos a liberdade! Onde passaremos a eternidade?
Estão a demolir paredes e tetos, memórias e sonhos, caibros e afetos, que guarneciam tua casa histórica. Mas o povo perderá sua memória pela página rasgada da História! Onde passaremos à eternidade?
Tudo vem do pó mas na Praia Grande cartões-postais vão sendo arrancados, onde a cidade nasceu – apressam-se os poderosos a torná-la ao pó, exibindo a poeira da vaidade! Onde passaremos a eternidade?
Séquito colonial de moradas-inteiras, portas e janelas meias-moradas, escadarias e sacadas desfiguradas, canhões e utopias envergonhadas nem percebem se é sol ou madrugada! Onde passaremos a eternidade?
Acorda, São Luís, cidade amada, musa fugidia, rosa imaculada. Repousa na posição dos faraós, porta dos céus, imortaliza tua alma e perdoa o inimigo que em ti mora. Acende teus faróis, é chegada a hora!
E
BICHOS ou reminiscências da minha casa na praia.
Ceres Costa Fernandes
Todos os dias, às seis da manhã, por volta do meio-dia e á tardinha, podemos esperar: lá vêm elas. Em bando, lindas, coloridas, fazendo grande algazarra, atacam as juçareiras, comendo suas minguadas frutinhas –, que assim nunca vão para adiante; deliciam-se com aa pitangas recém- amadurecidas e bicam as mangas que ficam no alto da mangueira. São as famintas ararinhas desta banda do Olho d’Água. A mangueira, que floria em novembro para dar manga em dezembro, agora, só em fevereiro atinge o auge de sua produção. Entenda-se. Acrescento que se trata de uma mangueira frondosa, bonita, de mangas comuns, de fiapo, a princípio meio salobras – que mangueira perto do mar dá nisso – e agora, doces e deliciosas. Que o digam as ararinhas.
No princípio, as ararinhas eram apenas duas, depois quatro e, logo, graças à comida farta, aumentaram em progressão geométrica, acho que já são mais de doze. Não consigo contá-las direito, são muito rápidas, trocam incessantemente de lugar e me confundem. Segundo Malthus, logo serão 24, 56, 112, 224 ... 1340! Meu Deus! Outro dia, sonhei que, esgotadas todas as frutas, elas invadiam a casa em busca de comida e acabavam nos atacando, como no filme “Os Pássaros”. Continuo admirando-as, chamo meus netos para curtir suas cores e a frenética coreografia. Só que...
O terreno de minha casa não é tão grande, mas, mercê de meu companheiro, que não pode ver um centímetro quadrado livre sem plantar algo nele, abriga uma variedade interessante de espécimes da vida animal. Temos os tranquilos lagartões, que passeiam impassíveis nos muros ao sol, sobem em árvores e devoram a folhagem tenra de determinadas plantas. Não de todas, eles têm predileções. São tão entrosados na família que possuem até nome próprio. Lorenzo é o mais simpático. É curiosa a sobrevivência desses seres pré-históricos, enquanto seus parentes dinossauros repousam sob a forma de fósseis.
Darwin – agora no pique da moda pelos 150 anos da publicação da Origem das espécies – , como sabem, é negado pelos criacionistas, contrários à teoria da evolução. Para os partidários do criacionismo o mundo é novinho, novinho – tem só um pouco mais de 6000 anos. E aí? Como explicar a extinção dos dinos há milhões de anos atrás? Não dando o braço a torcer, eles colocaram a responsabilidade em Noé, o do Dilúvio. De acordo com as medidas restritas da Arca ( 300 côvados de comprido, 50 de largo e 30 de alto) definidas pelo próprio Deus – sabendo-se que um côvado mede 50 cm –, Noé teria optado por não acolher nenhum casal das muitas espécies dos sáurios gigantes. Assim eles morreram todos no Dilúvio, atolados na lama, que virou pedra e de onde dão, hoje, um trabalho danado para serem desenterrados. Sobre esse item, não disfarço meu alívio. Já pensaram nesses bichinhos vagando por aí?
Pra não insinuar que Noé seria antiecológico, arrisco até um palpite sobre o assunto: prefiro pensar que ele encolheu todos os bicharocos para poder abrigá-los na Arca. E, assim, eles estão entre nós: jacarés, iguanas, lagartixas, osgas, camaleões, dragões de komodo, tatus, e mais um centilhão de répteis que enchem o mundo.
Dando sequência à arca familiar, temos também sapos: do cururu, o folgadão que come a ração do cachorro e ainda se abanca na sua vasilha, às rãs que se postam nas rodas de conversa, como se visitas fossem, e têm que ser enxotadas com a vassoura de piaçaba. Só assim retornam ao cano de escoamento da água de chuva, onde moram. Aliás, há uma grande falta de respeito com a comida dos mastins, todos tiram sua provadinha, sapos, bem-te-vis, ratos e doninhas. Essas dois últimos, se forem pegos, pagam a refeição com a morte. Há uma família de gatos vira-latas debochados que mora do lado de fora do muro numa toca de plantas espinhosas. Esses não são da casa nem foram convidados. Adoram provocar os cachorros: ficam andando em cima do muro conscientes de sua agilidade de acrobatas. Semana passada, um se excedeu na confiança, escorregou e... foi-se.
Pensando bem, a característica da bicharada frequentadora da casa é a falta de temor ante os moradores. Passarinhos passam por sobre nossas cabeças enquanto almoçamos – gostamos de comer na varanda em uma enorme mesa de azulejos que abriga a família toda –, e comem os farelos que caem no chão. Há até um beija-flor burrinho que confunde telha de vidro com espaço aberto e fica engatado, toda vez, entre o caibro
e a telha. Nosso caseiro põe em ação a operação resgate e, pacientemente, desengata o ceguinho.Que volta a ficar preso e... Tenho a impressão que, com tanta mataria ao redor, eles devem achar que somos as visitas e eles os proprietários. Não deixam de ter razão.
Confesso que sinto falta dos pardais, que vinham, chilreando, às centenas no fim da tarde, dormir nos bambus. Isso foi antes de eu dar o ultimato ao meu cônjuge: ou eu ou os bambus. Em tempo, ele tirou os bambus. Mas essa é outra historia.
Editor: ANTONIO AÍLTON
Os sutis traços do prazer na poesia fenomenológica e erótica de NEURIVAN SOUSA
Por Bioque Mesito
Poeta
Neurivan Sousa – foto: editorapatua.com.br
A poética elaborada no livro Flor de malagueta (Patuá, 2023), de Neurivan Sousa, revela uma profunda exploração da obscenidade como uma desmontagem que busca desnaturalizar a compreensão humana sobre o sagrado. Mergulha em uma reflexão que coloca em destaque o desconhecimento inerente do homem em relação ao divino, apresentando-o como uma busca incessante, permeada pela experiência corporal e culminando no limiar persuasivo do prazer.
A desmontagem proposta por Neurivan neste livro desafia as concepções preestabelecidas sobre o sagrado, expondo a fragilidade do conhecimento humano em relação ao divino. A busca incessante que permeia a obra sugere uma procura constante, uma jornada existencial que se desdobra na experiência corporal. Ao explorar ainterseção entreabuscapelo sagradoeasensualidadedocorpo,destacaacomplexidadedacondição humana e sua relação intrínseca com o divino. Essa abordagem sugere uma reflexão sobre o sentido da existência humana e as motivações subjacentes à procura incessante por experiências que desafiam as normas sociais e religiosas.
beber na tua boca a bauxita de tua babilônia a nicotina desta noite de víboras em núpcias
e no suor do teu êxtase exercer a minha súplica volúpia na voltagem do que glorifica a carne.
(Orgasmo, p. 18)
Aportadaangústiaedaviolênciaabertanas construções poéticas estabelecem um espaçoparaacontemplação das contradições inerentes à conduta humana. Ao questionar a dicotomia entre a conduta proba e o escárnio do adultério, desafia as normas sociais, apresentando o profano não apenas como uma transgressão, mas como uma expressão complexa que amplia os horizontes morais.
A reflexão sobre o obsceno como uma profanação do divino, uma desconstrução e remontagem da noção do sagrado, constitui uma abordagem literária provocativa. Por meio do jogo positivo-negativo da degradação, que destaca e exalta a sexualidade no corpo humano, se estabelece um tom duro e pragmático, simultaneamente crítico da moral religiosa e provocador ao soar como uma pergunta que fere a sacralidade.
A desconstrução do sagrado emerge como um elemento central, desafiando as concepções tradicionais que envolvem a divindade. Ao invés de manter o divino em um pedestal inalcançável, tenta-se aproximá-lo da experiência humana, expondo a vulnerabilidade e a sensualidade inerentes ao corpo. Essa estratégia não apenas subverte as expectativas, mas também questiona as bases da moral religiosa ao trazer à tona a riqueza e complexidade da sexualidade como parte intrínseca da condição humana.
resistem as mãos em se afastar desse desatino
teimam em se perder entre tuas pernas na altura do enigma
que te consagra dádiva do nilo elétrica do niágara
bruta pedra brita onde meu relâmpago cospe a sua fúria.
(Ante teu enigma, p. 31)
A linguagem franca e direta desafia as convenções estabelecidas, desvelando as contradições presentes nos dogmas e nos tabus associados à sexualidade. Ao mesmo tempo, esse tom pragmático serve como uma ferramenta literária que transcende a mera provocação, incitando o leitor a refletir sobre as implicações mais amplas dessa relação entre o sagrado e o profano.
A pergunta que soa obscena, incorporada ao tom de Flor de malagueta, funciona como um instrumento provocador quetranscendeotextoese projetadiretamenteparaoleitor. Aolevantarquestõesdesconcertantes, Neurivan estimula uma análise íntima das crenças e valores pessoais, transformando a leitura em uma experiência não apenas intelectual, mas também emocional e existencial.
Aobraemquestãorevelaumaanáliseprofundasobreorisível,destacando-ocomoumavertigemcaracterística do grotesco. Essa vertigem não é apenas uma expressão do mal-estar civilizatório, mas uma incorporação de rituais como os de Baco, como um protesto puro da zombaria intrínseca do ser. Neurivan explora a experimentação do caráter transgressivo das normas sociais, apresentando um panorama complexo e multifacetado da condição humana.
ao play da tua voz os botões da minha blusa se abrem como pétalas
à luz das más motivações
o zoom do teu olhar alcança o zíper as alças do meu sutiã na força de um ciclone
e sinto teu hálito expandindo a elastan da minha lingerie numa malignidade álacre. (Start, p. 34)
A ideia de um ruminar contraditório entre indivíduos normalmente separados destaca a função transformadora do risível. Esse hiato, que permite a temporária abolição de barreiras sociais, cria um espaço para a liberação do corpo em êxtase. É nesse momento que ocorre a transgressão das normas, uma libertação temporária da verdade dominante e do regime vigente. Nesse contexto, a transgressão torna-se meio de desconstruir as relações hierárquicas, privilegiadas, regradas e de tabus.
Flor de Malagueta traz à tona a concepção da pura exterioridade da língua, estabelecendo uma ruptura radical entre as palavras e as coisas. Essa dicotomia, destacada por Agamben, é apresentada como um desafio incontornável com o qual toda linguagem deve confrontar-se. Onde se destaca a separação entre a “língua e a fala”, sublinhando a natureza intrínseca dessa divisão que, mesmo com a pureza da existencialidade, permanece como uma barreira intransponível.
A ruptura radical entre a língua e a fala, conforme enfatizado por Agamben, destaca a impossibilidade de uma passagem direta entre essas duas dimensões. Mesmo que a existencialidade seja tratada com a máxima pureza, a linguagem continua a enfrentar o desafio de traduzir a complexidade do mundo.
em teu esmalte mato a timidez que me normatiza
na minha carne ardem os rasgos do teu domínio
são tuas unhas extratores de regras espinhos de acácia.
(Subversão, p. 42)
A análise crítica dessas ideias sugere que a linguagem, como meio de comunicação, é inerentemente limitada. A obra aponta para a dificuldade intrínseca de expressar completamente as nuances da experiência humana por meio das palavras. Essa reflexão profunda sobre a natureza da linguagem tem implicações significativas para a filosofia e a teoria linguística, provocando uma reconsideração da relação entre a linguagem e a realidade.
Ao abordar a pura exterioridade da língua, a obra nos convida a contemplar a complexidade e os desafios inerentes à comunicação verbal. A impossibilidade de uma passagem direta entre a língua e a fala ressalta a fragilidade da linguagem como um instrumento representativo. O autor não apenas destaca as limitações da expressão verbal, mas também incita a uma reflexão mais profunda sobre a natureza da comunicação e a busca constante por uma linguagem que possa capturar plenamente a riqueza do mundo que nos rodeia.
A poesia, vista como a música de um cantor soturno, revela um domínio peculiar de desnudar as paisagens do prazer. Neurivan Sousa, através de sua escrita, consegue criar uma atmosfera que transcende o mero ato físico e penetra nos recessos mais profundos da experiência humana. O “mundo micro de suas inquietações fenomenológicas do sentir” sugere uma introspecção íntima e uma exploração cuidadosa das nuances emocionais associadas ao erotismo.
A poesia erótica de Neurivan Sousa, embora talvez lhe falte o “escracho das palavras” típico desse gênero, revela-se como uma exploração profundamente fenomenológica do sentir. Mesmo quando opta por uma abordagem por vezes “conservadora” ao escrever sobre temas tão visceralmente carnais, o livro não apenas evidencia a sua habilidade em transcender convenções, mas também revela a capacidade de desbloquear um microcosmo desuas inquietações sobreoprazer.NeurivanSousa,aoescolheressaviamenostrilhada, convida o leitor a abandonar as expectativas convencionais e a se entregar a uma exploração mais sutil, porém não menos impactante, das complexidades do prazer humano.
Flor de Malagueta, apesar de sua escolha aparentemente “conservadora” na lírica erótica, é uma jornada poética que transcende as limitações do gênero. Sua capacidade de criar um “mundo micro de inquietações fenomenológicas” revela uma profunda compreensão das nuances do sentir, enquanto sua escrita sutil e musical revela um talento singular para desnudar as complexidades das paisagens humanas do prazer. A obra convida o leitor a uma viagem sensorial e emocional, demonstrando que a poesia erótica pode ser, ao mesmo tempo, refinada e profundamente penetrante.
Bioque Mesito, poeta. Autor de A inconstante órbita dos extremos (Litteralux, 2021), entre outros livros de poemas)
QUEM É?
Ei, alto lá! Quem vem de lá? Quem vem rufar, de longe, o ramerrão dos sapos? Quem vem puxar, em mim, estes farrapos?
CÉSAR BORRALHO
A morte? Deus? Os céus? Ninguém? Quem? QUEM? Quem pisa tão de leve nos meus ossos que é como um algodão numa ferida? Quem vem rasgar o siso dos remorsos, fazer doer a alma, a carne, a vida? Um fantasma talvez, retardatário, cumprindo a pena imposta a seu fadário, por ter sido mesquinho, vil, ruim?
Ou uma fada que chama e que pretende escancarar na noite um largo alpendre, plantar em minha alma o seu jardim?
Ou um Anjo que passeia, pervagante, e vem pousar a Voz no meu instante, salvar um grão de luz que escorra em mim?
Quem, do fundo de mim, me chama assim?
(Viriato Gaspar, 14/06/2024)
Poeta Viriato Gaspar, *São Luís – MA, 07/03/1952
O poema Quem É? de Viriato Gaspar é uma obra que reflete a meticulosa dedicação do poeta, que levou três anos para compô-lo. A profundidade e a complexidade emocional do texto revelam uma meditação intensa sobre a existência, a mortalidade e a busca pelo sentido.
O poema é composto por uma única estrofe de quatorze versos, sugerindo uma forma sonetista, embora não se prenda estritamente à métrica clássica. Essa escolha dá ao poema um ritmo quase musical, uma cadência que ecoa a inquietação e a urgência da pergunta central: “Quem é?”. A rima é rica e variada, criando uma textura sonora que enriquece a leitura.
A temática central gira em torno da busca e do questionamento existencial. A repetição de “Quem?” e “QUEM?” no primeiro verso estabelece imediatamente um tom de incerteza e urgência. A identidade do ser ou entidade que se aproxima é indefinida, criando um suspense que se mantém ao longo do poema. Gaspar utiliza imagens poderosas e contrastantes: de um lado, a leveza do “algodão numa ferida” e, do outro, a intensidade de “fazer doer a alma, a carne, a vida”. Essa dualidade reflete a complexidade da experiência humana, oscilando entre o sofrimento e a esperança.
A obra é rica em simbolismo. A “morte”, “Deus”, “céus” e “Ninguém” representam as várias facetas da busca humana por sentido e redenção. A leveza com que o ser pisa nos ossos do eu lírico sugere uma presença que é ao mesmo tempo benigna e dolorosa. As figuras do “fantasma”, da “fada” e do “Anjo” introduzem elementos do sobrenatural e do espiritual, ampliando o espectro de interpretação. O fantasma pode simbolizar arrependimentos passados, enquanto a fada representa uma promessa de renovação e o anjo, a possibilidade de salvação.
A linguagem de Gaspar é simultaneamente lírica e filosófica. Ele utiliza perguntas retóricas e imagens vívidas para explorar temas profundos de maneira acessível e emocionalmente ressonante. A escolha de palavras é cuidadosa, evocando sentimentos de incerteza e introspecção. A presença do “alpendre” e do “jardim” no texto oferece uma visão de abertura e fertilidade espiritual, contrastando com a escuridão da dúvida e do medo.
Quem É? é um poema que reflete a maestria de Viriato Gaspar em capturar a essência da condição humana. Através de sua linguagem evocativa e simbolismo profundo, ele nos convida a uma jornada introspectiva sobre a existência e a espiritualidade. A dedicação de três anos para a composição desta obra é evidente na sua complexidade e na sua capacidade de ressoar profundamente com o leitor. Gaspar nos deixa com uma pergunta que, talvez, não tenha resposta, mas cuja exploração é, por si só, uma viagem reveladora.
A Altura da Existência
Espírito atordoado por barulho, convicto da incerteza e resoluto, não esconde a tristeza que há na festa nem a alegria que há no luto, amplia ao desvelar os mistérios deste mundo.
Em cada verso busca a luz perdida. Na dúvida, encontra e canta a sua lida pela palavra que paga a sua dívida ao morrer semente e nascer planta.
Essa entidade não cria poesia, clareia o escuro. Sua luminosidade nos apalpa e nos resgata do nosso verbo infinitivo e imaturo.
Viriato é o tempo em sua procura, piano que alforria a melodia. Gaspar é o jovem que nos envelhece com ternura.
(César Borralho, 15/06/2024)
´César Borralho, poeta e filósofo
Campo de Trigo com Sol, Van Gogh, 1890
CÉU UTÓPICO PARA FAMÍLIA AMARELA poema vencedor do 1º Concurso de Poesia da SOBRAMES –MA/2024, no comentário de César Borralho
A Cor da Utopia: uma análise do poema
CÉU UTÓPICO PARA FAMÍLIA AMARELA de Antonio Aílton por César Borralho*
Antonio Aílton revela, em seu laureado poema vencedor do 1º Concurso de Poesia da SOBRAMES-MA/2024, intitulado CÉU UTÓPICO PARA FAMÍLIA AMARELA, uma sensibilidade aguda para com as intricadas complexidades da existência moderna. Destacando-se por sua habilidade em tecer críticas sociais profundas, Aílton constrói uma estrutura lírica ao mesmo tempo densa e multifacetada. Este poema emerge como uma composição onde indivíduo e sociedade se entrelaçam de maneira indissociável, delineando uma crítica pungente ao capitalismo e às dinâmicas familiares que marcam a contemporaneidade. Dar nome a um poema é uma arte em si. É o primeiro encontro do leitor com o texto, uma introdução que carrega em si a promessa do que está por vir. O título CÉU UTÓPICO PARA FAMÍLIA AMARELA não é apenas uma designação para um poema; é uma entrada para um universo de significados.
A solução encontrada para o título do poema opera como um portal para uma narrativa poética que investiga as tensões entre o ideal e a realidade, a esperança e a desilusão, a fragilidade e a resistência. O título é irônico, contrapondo a ideia de um paraíso perfeito (céu utópico) à realidade opressiva vivida pela “família
amarela”. A cor amarela pode ser associada a várias interpretações, incluindo a ideia de algo doente ou deteriorado (amarelo como sinal de doença) ou ainda um sinal de advertência. Tradicionalmente associada à alegria, luz e otimismo, aqui a cor amarela é subvertida para simbolizar a fragilidade e a precariedade da condição familiar. Este uso irônico da cor reforça a disparidade entre a aparência e a realidade, entre o que é prometido e o que é realmente vivido. A família, ao invés de encontrar refúgio em um “céu utópico”, enfrenta um mundo de exigências, conformidades e vigilância, onde suas necessidades emocionais e existenciais são constantemente negligenciadas e suprimidas.
Céu Utópico para Família Amarela não é apenas um nome, mas uma narrativa condensada, uma abertura para um mundo de significados que Antonio Aílton habilmente desdobra em seu poema. É um testemunho da habilidade do autor em capturar a complexidade da experiência humana e transformar uma frase em um reflexo profundo das aspirações e desafios que todos enfrentamos. Ao dar nome ao seu poema, Aílton não apenas define seu tema, mas também convida o leitor a embarcar em uma jornada de introspecção e descoberta, desvendando as camadas de significado que residem sob a superfície de suas palavras.
Passemos ao poema:
família, pano de parteiras e toalha de mesa rasgada, és a única que carrego na ausência da mãe
estranho os sobrenomes em árvore que os formulários de carreira exigem para sondarem meu pedigree se sou joão-de-barro ou se sou joão-ninguém
pedem-me isto e aquilo e vendem-me um apartamento micro: que eu não seja prolífico em filhos nem transgrida os quadrados que eu seja dado a prazo como quem confere paraísos ao relento
margens de um horizonte pré-determinado tudo quanto flui seja morno e destroçado que, segundo sua panóptica, não tenham portos os postes da noite
no mais, insistem que eu banque o previamente imputado amanheça inseto transformado
e esconda em algum lugar de mim meus sonhos, minhas libertinagens
que meu chip de compras seja um título rastreado on-line
a escorraçar meu abraço de ciborgue que eu faça ponto em sua zona de conforto depois de esbanjar afeto num velho comercial de televisão
dois cliques e nos colocam na moldura para estarmos lá, pendurados em um banco amarelo família, cifrão cortado trago por meu signo o teu riso congelado folder,
utópica flâmula tremulando aos poucos minha casa se retira nas beiradas que prenunciam a distância
(Antonio Aílton)
Na edificação do poema, Aílton emprega uma estrutura livre, característica de uma modernidade que rejeita as amarras da métrica clássica. Contrapondo-se à rigidez das estruturas sociais impostas, a forma livre reflete a própria busca por liberdade e autenticidade do sujeito lírico. Despida de rimas convencionais, a estrutura é rica em aliterações e assonâncias que conferem musicalidade ao texto. A ausência de pontuação tradicional intensifica a fluidez e a riqueza da ambiguidade, convidando o leitor a explorar múltiplas camadas de significado. A linguagem coloquial, impregnada de imagens fortes e significativas, cria um contraste entre o cotidiano e a profundidade das reflexões propostas. A repetição da palavra “família” no início e no final do poema atua como um recurso anafórico que sublinha a centralidade desse tema. O poema aborda temas como alienação, consumismo, e a busca por identidade em um mundo fragmentado. A família é apresentada como um “pano de parteiras” e “toalha de mesa rasgada”, metáforas que evocam tanto o acolhimento quanto a precariedade. Aílton critica os imperativos sociais que transformam indivíduos em meros produtos, ajustados a “um apartamento micro” e a um “chip de compras”. Há uma clara referência à desumanização e à vigilância, refletida no uso do termo “panóptica”, que remete à teoria do controle social de Michel Foucault.
Aílton exibe um domínio notável sobre a imagética e o simbolismo, criando cenas vívidas e perturbadoras. A metáfora do “joão-de-barro” versus “joão-ninguém” questiona a meritocracia e os valores atribuídos ao trabalho e à linhagem. A “flâmula utópica tremulando” sugere um ideal inalcançável, um lar que se distancia conforme se tenta agarrá-lo.
A riqueza intertextual presente no poema Céu Utópico para Família Amarela se revela nas múltiplas alusões e referências a grandes obras literárias e seus temas centrais, magistralmente entrelaçadas na narrativa poética do autor. Aílton, com habilidade singular, estabelece um diálogo eloquente com os pensamentos de Franz Kafka, George Orwell e Aldous Huxley, entre outros mestres da literatura.
A referência a Franz Kafka é particularmente evidente na metáfora da metamorfose em inseto: “amanheça inseto transformado”
Essa linha remete diretamente à obra A Metamorfose de Kafka, onde o protagonista, Gregor Samsa, acorda transformado em um inseto, simbolizando a alienação e desumanização que ele enfrenta na sociedade e dentro de sua própria família. Aílton utiliza essa metáfora para expressar a sensação de perda de identidade e a imposição de papéis desumanizantes pelo sistema social e econômico.
A crítica ao capitalismo desenfreado e à vigilância lembra as distopias de George Orwell, especialmente 1984:
“que, segundo sua panóptica, não tenham portos os postes da noite”
A palavra “panóptica” remete ao conceito do panóptico de Jeremy Bentham, popularizado por Michel Foucault em Vigiar e Punir, e utilizado por Orwell em 1984 para descrever a vigilância onipresente do Big Brother. Aílton critica a sociedade de controle que monitora e regula os comportamentos dos indivíduos, subjugando-os a um sistema de vigilância que sufoca a liberdade e a privacidade.
Embora menos explícita, a influência de Aldous Huxley, autor de Admirável Mundo Novo, também pode ser percebida na crítica ao consumismo e à conformidade social:
“que eu não seja prolífico em filhos nem transgrida os quadrados que eu seja dado a prazo como quem confere paraísos ao relento”
Huxley, em sua obra, descreve uma sociedade futurista onde os indivíduos são condicionados a aceitar suas posições sociais e a buscar prazer e consumismo acima de tudo. Aílton reflete essa crítica ao mostrar como os indivíduos são moldados para se ajustarem às expectativas sociais, evitando a proliferação de filhos e mantendo-se dentro dos “quadrados” ou limites impostos pelo sistema, sempre à mercê de um consumismo incessante.
Aílton dialoga com esses autores ao explorar temas de vigilância, controle e desumanização, criando uma rica tapeçaria intertextual que amplifica a profundidade de seu poema. A crítica ao capitalismo desenfreado e à conformidade social lembra as distopias de Orwell e Huxley, enquanto a metamorfose em inseto remete diretamente à alienação kafkiana. Assim, o poema Céu Utópico para Família Amarela não só se sustenta como uma obra poderosa por si só, mas também ganha camadas adicionais de significado ao se engajar com essas influências literárias.
Céu Utópico para Família Amarela é um poema que não só captura a complexidade da experiência humana, mas também nos desafia a refletir sobre nossas próprias vidas e as estruturas sociais que habitamos. Aílton, com sua linguagem rica e evocativa, nos conduz a uma jornada de introspecção e crítica, revelando as profundezas de nossas aspirações e frustrações. Ao fazê-lo, ele se consolida como uma voz poderosa e necessária na poesia contemporânea, oferecendo uma perspectiva que é ao mesmo tempo pessoal e universal, íntima e expansiva.
*César Borralho é poeta e filósofo.
“Foi aqui que encontrei a matéria-prima para minha escrita, e é para este lugar que dirijo minha eterna devoção”, essas foram algumas das palavras do discurso de Joaquim Itapary ao tomar posse na Academia Maranhense de Letras, referindo-se ao nosso Estado.
Perdi um amigo, um confrade, mas a perda maior é, sem dúvida, do Maranhão e de nossa gente, que tinham na figura dele um ardoroso defensor de nossa cultura, fato provado pelas contribuições como professor, historiador, poeta e escritor.
Essa sua paixão foi sua guia quando assumiu um dos mais altos cargos do país, o de ministro da cultura no governo do então presidente José Sarney. Como um Dom Quixote moderno, empreendeu guerra renhida contra a ignorância e o descaso com nosso patrimônio imaterial. Com vistas a preservar nossa identidade e história, implementou diversos projetos de restauração e conservação de sítios arqueológicos em várias regiões do Brasil e também monumentos históricos.
Também projetou e executou uma gama de programas para incentivar a produção artística em diversas áreas. Abraçou projetos diversos que contemplavam a literatura, música, teatro, cinema e artes visuais, incentivando jovens artistas num período marcado pela redemocratização.
Itapary era contra a centralização da cultura. Sempre defendeu a capilarização de manifestações artísticas nos mais diversos rincões do país e, particularmente, a cultura popular, como as festas tradicionais de norte a sul desse imenso Brasil, sem descuidar das produções indígenas.
Faltar-me-ia espaço para discorrer sobre sua saga pela criação de bibliotecas públicas, campanhas de doação de livros e a realização de férias literárias. Um país de leitores – essa era sua meta, visionária até nos padrões atuais entre aqueles que sonham de forma plural.
Por seu ineditismo, por seus sonhos que conseguiu transformar em realidade, por sua paixão que o acompanhou em toda sua trajetória, Itapary se assemelha à fala de Manoel de Barros, ao descrever homens
de sua têmpera: “Os sonhos são a matéria-prima dos sonhadores, e eles constroem castelos no ar com a leveza de quem conhece a fragilidade do próprio sonho. E, ainda assim, persistem. Pois sabem que é nos sonhos que reside a essência da vida, a centelha que mantém acesa a chama do existir”.
Aqui externo minha gratidão pelo legado desse sonhador-idealizador ao mesmo tempo que lamento profundamente a perda que todos nós sentimos. Para encerrar, evoco o trecho final do discurso de Itapary, a que me referi no início deste texto. De forma profética, ele anteviu o cenário no qual estamos imersos, onde a defesa da palavra e da cultura urgem e que requerem de nós posturas mais firmes e tenacidade da luta.
Disse nosso confrade: Finalizo com um apelo à união e à perseverança. Que possamos, juntos, continuar a celebrar e a promover a cultura maranhense, mantendo vivas as tradições e o espírito criativo que sempre nos caracterizou. Que as letras sejam sempre uma ponte entre o passado e o futuro, iluminando nosso caminho e enriquecendo nossas vidas.
Joaquim Salles de Oliveira Itapary Filho (23/04/1936 – 29/07/2024). Fonte: Academia Maranhense de Letras, https://academiamaranhense.org.br
Natalino Salgado Filho é escritor, cronista, ex-reitor da UFMA (2007-11/2011-15/2019-23), professor titular em Nefrologia e médico nefrologista. Membro da Academia Nacional de Medicina e da Academia Marenhense de Letras.
“Safra de quarentena” – novo livro de JOÃOZINHO RIBEIRO em pré-lançamento “Manejando as palavras com a leveza e a paixão de um servidor público do amor e da poesia, Joãozinho Ribeiro traduz neste poemário Safra de quarentena os ares do mundo atual, onde os limites da vida se esgarçaram para o conflito. Trata-se do versejar de um notável cultor da canção maranhense, que tem também no livro, uma vital extensão de sua voz: ‘Minha esperança é urgente/Felicidade pra agora/Que seja a meta do dia/Presente a toda hora/Que chegue com toda alegria/E nunca mais vá embora’.”
Salgado Maranhão
“Todas essas abordagens, universalizadas, são necessárias e atuais nesses tempos modernos, cujas palavras de ordens são a pressa e o afrouxamento dos laços comunitários, que resultam no mito do individualismo, gerando isolamento e solidão em um mundo fragmentado e disperso, como nos é lembrado nos versos: ‘Entre muros de silêncio/vai selando um pacto/com a mudez das horas’.”
Silvana Pantoja
Nascente
Janeiro nasce na quarta
Sem trombetas anunciando A existência dos dias, Assim como um calendário
Cujas folhas vão verdejando Até despencarem na primavera E descansarem de suas levezas.
Muros de silêncio
Conversa feita de distância, Entre muros de silêncio, Vai selando um pacto sinistro Com a mudez das horas.
Um pássaro distante
Inaugura, na tarde,
Um canto triste de esperança
Que cisma em balançar nos galhos.
País moribundo
Enquanto a escrita
Decifra o papel,
A página vira capítulo
De uma outra aventura
Que é inventada
Pela imaginação.
A invenção do futuro
É projetada nos muros,
Enquanto panelas ensandecidas
Ensaiam um novo desconcerto,
Cravando o aço de um punhal
Nas entranhas
De um país moribundo.
*
O AUTOR
Joãozinho Ribeiro é poeta e compositor, titular da cadeira nº 26 da Academia Ludovicense de Letras. Autor de mais de cem músicas gravadas por renomados artistas brasileiros, como Zeca Baleiro e Chico César, é detentor recente dos prêmios mérito cultural, pela Universidade Federal do Maranhão (2022) e medalha comemorativa do bicentenário do poeta Gonçalves Dias (2023), outorgada pela Academia Maranhense de Letras.
*
Para adquirir este livro em pré-lançamento, acesse: https://caravanagrupoeditorial.com.br/produto/safra-de-quarentena/
Foi em um mês de julho que um jovem poeta, em 1843, fez (ou datou) sua mais conhecida composição: a “Canção do Exílio”. Sim, é aquela poesia que, se alguém disser “Minha terra tem palmeiras”, é quase certo que outra pessoa, ouvindo, completará, no silêncio da mente ou audivelmente: “Onde canta o sabiá”.
Das poesias mais populares que se possa lembrar (quais são?), a “Canção do Exílio” é a que logo é lembrada. Parece até que, “ab initio”, desde a formação embrionária do ser humano, em um dado momento lhe é inserido um neurônio ou grupo deles com versos dessa “Canção”. Já fiz palestras, discursos, participei de conversas em eventos em capitais e dezenas de municípios de 18 Estados e, em momento apropriado puxo assunto, refiro-me a Caxias e confirmo: a “Canção do Exílio” é conhecida de todos. É a canção “de fora” mais interna ao solo e ao sentimento pátrio, brasílico. A “Canção do Exílio” é a “Canção do Brasil”.
Embora não seja uma medida científica de todo modo dispensável , mas uma simples consulta por meio de um serviço de busca na rede mundial de computadores (Internet) diz um pouco da força desse poema, inclusive comparado a outro de muitas referências “No Meio do Caminho”, de Carlos Drummond de Andrade. Por exemplo, à zero hora de 1º de agosto de 2020, no “site” do buscador mais acessado do mundo, o Google, a expressão “No meio do caminho tinha uma pedra” estava com 50.700 registros. A expressão “Minha terra tem palmeiras” aparecia 62.700 vezes, e “Canção do exílio”, 147.000 vezes. A frase “No meio do caminho” aparece 7,7 milhões de vezes, com certeza por ser expressão de uso comum, inclusive em sentido figurado, com o sentido de “no percurso da vida / de um tempo / de algo”, ou “durante o decorrer de algo / do tempo / da vida” etc.), De qualquer modo, em todos os casos, nem sempre as expressões “No meio do caminho tinha uma pedra”, “No meio do caminho”, “Canção do exílio” e “Minha terra tem palmeiras”, devidamente aspeadas, referem-se aos títulos e/ou versos dos poemas do escritor maranhense e do escritor mineiro. Aqueles números, pois, considere-se uma curiosidade, um “divertissement”.
Nascido no dia 10 de agosto de 1823, o caxiense Antônio Gonçalves Dias ainda não completara 20 anos quando, em julho de 1843, teve à frente de seus olhos, feita, a “Canção do Exílio”. Três anos depois, de volta ao Brasil, agora morando no Rio de Janeiro (RJ), Gonçalves Dias fica sabendo, em agosto de 1846, que já está em fase de provas, na tipografia dos irmãos Laemmert (Eduardo e Henrique), o seu primeiro livro, não sem razão “Primeiros Cantos”. E neste livro primeiro, o canto primeiro é uma canção a “Canção do Exílio”, que é, sem favor, a canção do Brasil, tal o modo como naturalmente “grudou” na alma e na memória dos brasileiros, em especial o primeiro quarteto e, neste, os dois primeiros versos: “Minha terra tem palmeiras, / Onde canta o Sabiá”.
Registre-se que, antes de desembarcar no Rio de Janeiro, em 7 de julho de 1846, Gonçalves Dias, pode-se dizer assim, matou a saudade de sua terra natal, o Maranhão, pois, tendo saído de Porto (Portugal) em janeiro de 1845, chegou aos primeiros dias de março a São Luís, sendo recebido e hospedado pelo seu maior e melhor amigo Alexandre Teófilo de Carvalho Leal... e já no dia 6 daquele mês viajou para Caxias, onde ficou na casa da sua madrasta. Enquanto em Caxias, por cerca de dez meses, prestou alguns serviços profissionais, fez algumas declamações e vivenciou algumas chateações... Decide retornar a São Luís, o que ocorre em janeiro de 1846, sendo novamente acolhido por Alexandre Teófilo, que mais tarde providencia para o Poeta, por meio de autoridade estadual, a passagem para o Rio de Janeiro, dia 14 de junho daquele ano.
Ressalte-se que foi em seu período de permanência em Caxias que Gonçalves Dias começou a escrever, em junho de 1845, seu livro “Meditação”, que teve partes publicadas em jornal, em 1850. “Meditação” é um diálogo entre um velho e um jovem, uma explícita crítica política e social a diversos aspectos do Brasil daqueles meados do século 19, entre os quais a escravidão.
Em “Meditação”, conforme desde 2017 já escrevi e publiquei em jornais, livro e meios digitais, há parte de uma fala do ancião que trata de “ordem e progresso” (Capítulo Terceiro, XII): “E não pelejais por amor do progresso, como vangloriosamente ostentais. // “Porque a ORDEM E PROGRESSO são inseparáveis: e o que realizar uma obterá a outra.” (Destaque meu).
Isso foi escrito em 8 de maio de 1846, seis anos antes da publicação, em 1852, do livro “Système de Politique Positive”, de Auguste Comte, onde o tema/lema “ordem e progresso” retorna e é posteriormente apropriado pelo filósofo, matemático e escritor caxiense Raimundo Teixeira Mendes no seu projeto da Bandeira do Brasil, entregue por ele no dia 19 de novembro de 1889 e adotado pelos marechais da recémnascida República brasileira, proclamada quatro dias antes, em 15 de novembro.
O “LOCUS” TERRITORIAL E ANÍMICO
O ambiente espaço-temporal onde foi escrita a “Canção do Exílio” é, o ano, 1843, e o lugar, Coimbra, uma das mais antigas cidades da Europa, fundada em 1111, mas existente como Condado de Coimbra desde o ano 871.
Desde 1840 Gonçalves Dias estudava na Universidade de Coimbra (fundada em 1290). Em 1842 ele dividia com amigos o número 5 da Rua de São Cosme. Depois, nesse mesmo ano, mudou para o número 170 da Rua de São Salvador, na região da Sé Nova, onde está a Universidade de Coimbra e sua Faculdade de Direito, curso que o caxiense concluiu. Somente em outubro de 1843 Gonçalves Dias voltou a trocar de endereço, para morar com amigos na Rua do Correio, número 60.
Então, em julho de 1843, quando compôs a “Canção do Exílio”, o caxiense morava na Rua de São Salvador. Perto dessa rua também passa o rio Mondego, de 258 quilômetros, que é o Itapecuru de Portugal, ou seja, é o maior rio genuinamente português, como o Itapecuru, com 1.041 km (quatro vezes a extensão do Mondego) é o maior entre os que nascem e desaguam dentro do território maranhense. (Mondego vem de “Munda”, palavra latina que significa “puro”, “transparente”, e foi o nome que os romanos deram ao rio, que devia ser bem limpo, no início da Era Cristã, quando César Augusto, fundador do Império Romano, fundou a cidade, com o nome “Aeminium” (Emínio = “elevação”, em Latim), na área da atual Coimbra).
Claro, não se sabe onde exatamente ocorreram os processos de inspiração, reflexão, elaboração, reelaboração e a forma final da “Canção do Exílio”. Foi um Gonçalves Dias observando o rio Mondego mas olhando mais para dentro de si? Ou foi andando da Rua de São Salvador e passando por diversas quadras até a Universidade ou por uma dúzia de quarteirões, mais ou menos, até o rio? Ou foi no quarto, na residência da estreita Rua de São Salvador, quem sabe no silêncio da noite ou em meio a algazarras de colegas e amigos jovens, bons maranhenses, que tanto tinham apreço pelo Poeta e que o convidaram para morar com eles e lhe custearam despesas? Ou foram pedaços de tudo isso “y otras cositas más” que nós, os que escrevemos, sabemos como “a coisa” é mas não sabemos como se explica se é que tem explicação...?
Esses processos criativos dão-se pelo cultivo de áreas no imenso latifúndio da mente. Não há, lamentavelmente, quiçá, uma disciplina ou estudo chamado Etiologia Poética, que pesquise e determine causas, origens, princípios, razões do fazer literário, poético sobretudo, e de tudo o mais antes e depois disso lembrando que, além da desnecessidade de explicações, na arte de escrever com arte, a última coisa que se faz é... escrever.
*
(Trechos do livro “A CANÇÃO DO BRASIL”, de Edmilson Sanches. Interessados em adquirir exemplares desse e de outras obras do autor, contatem por e-mail (edmilsonsanches@uol.com.br) ou página de Facebook / Instagram / X-Twitter)
EDMILSON SANCHES
ITAPARY (1936-2024)
Publicado em 12 de agosto de 2024, às 10:21
Fonte: José Neres (Professor. Membro da AML, ALL, APB e da Sobrames-MA)
Imagem cedida pelo autor do artigo.
29 de julho. Logo no início da noite, uma notícia passou a circular nos grupos de pessoas ligadas à literatura e nas páginas das redes sociais: “Lamento informar o falecimento agora à noite de nosso confrade Joaquim Itapary”. Imediatamente, o comunicado passou a ser compartilhado e todos os amigos, admiradores e confrades daquele admirável intelectual sambentuense passaram a lamentar seu passamento. Semanas antes, a notícia de sua internação já havia deixado as pessoas de seu entorno preocupadas com seu estado de saúde. Mas foi no final daquela segunda-feira, logo após o pôr-do-sol, imagem que ele muito admirava, que ele fez sua viagem final rumo à eternidade.
Joaquim Salles de Oliveira Itapary Filho, ou simplesmente Joaquim Itapary, como assinava seus livros de crônicas e poemas, nasceu na cidade de São Bento, no dia 23 de abril de 1936, era bacharel em Direito e pós-graduado em Problemas de Desenvolvimento Econômico. Ao longo de mais de cinco décadas de atuação no serviço público, exerceu diversas funções, como, por exemplo, escriturário do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão, Secretário de Urbanismo da Prefeitura de São Luís, Secretário de Cultura do Maranhão, Secretário-Chefe do Gabinete da casa Civil do Governo do Maranhão, Coordenador Regional do Incra, Secretário-Geral do Ministério da Cultura e ministro interino, representando o Brasil no Conselho Interamericano de Educação, Ciência e Cultura da OEA, entre outros.
Eleito deputado estadual, passou todo o seu mandato – de 1971 a 1974 – a defender a cultura de seu estado, lutou pelo desenvolvimento da região e por uma educação de qualidade.
Homem ligado às letras, Joaquim Itapary teve relevante atuação no campo do jornalismo na capital maranhense. Além de articulista e cronista, foi também diretor do Jornal do Povo, O Combate, Diário da Manhã, O Estado do Maranhão e da Revista Legenda. Seus textos sempre foram considerados elegantes, bem escritos e carregados de sólidas e bem articuladas críticas sociais. Muitas de suas crônicas foram reunidas em livros como “Crônicas tapuiranas” (2007), “Onde andará Willy Ronis?” (2014) e “Armário de palavras” (2015). Nesses livros é possível o leitor entrar em contato com o estilo escorreito de um dos mais talentosos cronistas da transição do século XX para o século XXI no Maranhão.
Além de excelente cronista, Joaquim Itapary também enveredava pelos campos da ficção e da poesia, como pode ser verificado em “Seis Poemas de Joaquim Itapary” (1987) e “Hitler no Maranhão ou O Monstro de Guimarães” (2011). Mas não se pode esquecer também da atração de Joaquim Itapary para a pesquisa de cunho histórico e econômico. Como resultado desse interesse vieram à luz livros como “O subdesenvolvimento e a Universidade no Maranhão” (1962), “Projeto do Maranhão: notas sobre o problema da propriedade” (1965), “Identificação preliminar dos polos de desenvolvimento no Nordeste” (1965), “Terras devolutas e colonização” (1972), “A falência do Ilusório: Memória da Companhia de Fiação e tecidos do Rio Anil” (1995), além de haver organizado o livro “Dez estudos inéditos de Bandeira Tribuzi” (2017).
Em 1987, com o falecimento do professor Luiz de Moraes Rêgo, Joaquim Itapary se candidatou à vaga da cadeira número 04, da Academia Maranhense de Letras. A eleição ocorreu no dia 04 de junho daquele ano e, aos 51 anos de idade, o autor de “Sob o Sol” foi aceito para fazer parte de AML, sendo empossado no dia 07 de agosto do mesmo ano, quando foi recebido pelo escritor Jomar Moraes. Na Academia Maranhense de Letras, Joaquim Itapary teve intensa atividade, tornando-se, inclusive, presidente da Instituição no biênio 2006-2008, período no qual a AML passou por diversas mudanças físicas e estruturais.
Em sua crônica “Do banho de cuia à Academia”, o escritor relembra o episódio de sua eleição para a AML e a emoção que teve em substituir seu antigo professor Luiz Moraes Rêgo na Cadeira 04. Na solenidade de posse, o imortal brindou o público com um bem elaborado discurso e com o lançamento de seu livro “Seis poemas de Joaquim Itapary”, do qual destacamos o seguinte trecho:
Não chores a estrela que apagaram; veste a tua túnica branca, imaculada, e vem comigo em busca da aurora.
Nossa viagem será só de ir, como a de quem não sabe caminhos de retorno.
E foi em busca dessa metafórica aurora que Joaquim Itapary partiu, aos oitenta e oito anos, deixando para os futuros leitores um armário repleto de crônicas, de críticas e de bons ensinamentos.
A Ti, neste Dia!
MEU DILETO AMIGO!
Aymoré Alvim. APLAC, AMM, ALL.
Quanto tempo faz que não te vejo
E meu desejo era estar sempre contigo.
Meu grande amigo, quanta falta inda sinto
Desde o momento que de mim partiste.
A nossa convivência foi tão curta,
Logo te foste e eu fiquei sozinho
Mesmo assim indo recordo com carinho
Como me preparaste para a luta.
Luta cruel que na vida não tem preço
O nosso êxito é estar bem-preparado
E isso eu devo a ti, eu reconheço.
Hoje eu me confesso agradecido
Não importa quanto tempo hei passado
Tu serás sempre meu Pai, meu grande amigo.
O sonho francês em estabelecer uma colônia em terras do Maranhão, remonta a viagem de Jacques Riffault ao Norte do Brasil, em 1594 e principalmente ao interesse do náufrago Charles des Vaux em convencer o rei da França, Henrique IV, em empreender projeto de colonização na Ilha dos Tupinambás. Além desses, Daniel de la Touche, Senhor de la Ravardière e François de Razilly, Senhor de Aumelles se interessaram e deram continuidade ao projeto, associando-se à vários nobres.
Antes da partida dessa empresa para o Maranhão, ainda no porto de Cancale, na França, os principais integrantes, resolveram fazer votos de protesto e promessa para que tudo desse certo. Os comandantes estavam imbuídos de não cometerem os mesmos erros de desunião que contribuíram para o fracasso da experiência francesa anterior, em terras do Brasil meridional, a França Antártica de Villegagnon.
Previamente, selaram acordo para o sucesso da expedição. Segundo as diretrizes contidas em tal documento, o êxito da colônia francesa no Maranhão, dependia de três ações essenciais: obediência aos chefes, união entre os franceses e o bom governo entre os índios. Nestes termos, estava firmado em 1.º de março de 1612, o protesto da companhia, para o bom estabelecimento da colônia.
Os franceses estavam convictos que o sucesso do empreendimento só lograria êxito se houvesse uma convivência pacífica, não só entre eles, mas também entre nativos e europeus. Para os conquistadores gauleses em terras americanas, o bom tratamento dispensado aos indígenas era estratégia imprescindível para captar apoio, tanto para os objetivos econômicos, quanto bélicos. Tinham consciência, que sem a ajuda dos índios Tupinambás, a possibilidade de implantação de uma colônia no Maranhão ficava inviável, para isso buscavam sempre o bom trato com essas nações indígenas.
Havia uma exigência real que o catolicismo deveria ser a única religião a ser implantada nesse novo estabelecimento. A expansão do catolicismo em terras do Novo Mundo era também um dos objetivos da expedição, seja para dar um “colorido” religioso, conforme revelação de Razilly, contida no manuscrito do anônimo de Turim ou uma manobra política da Rainha Regente, Maria de Médicis, buscando legitimar-se junto ao Papa.
A preocupação da Rainha em enfatizar que não deveria haver outra religião se não a católica nas novas terras a serem conquistadas no Norte do Brasil, explica-se também pela duplicidade de comando e a diferença religiosa entre Razilly e Ravardière, católico e huguenote, respectivamente.
João Lisboa, em seu Jornal de Tímon, sugere que o estabelecimento francês no Maranhão, pudesse servir de abrigo para exilados calvinistas: “não é impossível também que Ravardière, sectário de Calvino como o mais da gente da expedição, traçasse em ânimo dispor nas novas conquistas um abrigo seguro em que pudesse os seus correligionários acolher-se, para diante, das perseguições, a que então andavam continuamente expostos no próprio país”.
A especulação de Lisboa faz sentido, pois um dos líderes era adepto do calvinismo. De repente, no íntimo de Ravardière e demais huguenotes, que deslocaram-se até o Maranhão, existisse a ideia que a pretendida
França Equinocial pudesse tornar-se um refúgio dos calvinistas na América. No entanto, o que demonstra os documentos existentes sobre esse período é que a expedição francesa no Maranhão foi do ponto de vista oficial uma empresa imperativamente católica e a religião que deveria predominar era de fato o catolicismo, porém, sabe-se que nesse estabelecimento, coabitaram católicos e protestantes.
Como deve ter sido a convivência entre comandantes e comandados? Entre católicos e huguenotes? Conviveram estes franceses em plena harmonia na França Equinocial? Segundo Bernardo Pereira de Berredo − autor de “Anais Históricos do Estado do Maranhão [1749]” − Não, este, insinua possíveis dissídios na incipiente colônia, possivelmente de origem religiosa. O autor chama a atenção para o silêncio de Claude d’Abbeville, acerca dessas prováveis divergências religiosas, classificando-o de “culpável política”. Para Berredo, a diversidade de religião entre os colonos, era motivo de crescente discórdia.
Embora Abbeville em sua crônica, “História da Missão dos Padres Capuchinho na Ilha do Maranhão...”, mantenha certa posição de silêncio sobre possíveis divergências, por outro lado, em alguns momentos, o capuchinho francês deixa escapar indícios da existência de divergências entre seus compatriotas, quando, por exemplo, antes do embarque para o Maranhão, ainda na Bretanha, atribui ao demônio um caso de rivalidades entre os tripulantes, gerando assim facções contrárias: “[...] não deixou [o diabo] de perseguirnos, revolvendo para isso céus e terras, semeando a maldita intriga da divisão no coração dos franceses, para esmorecer o sr. Rasilly”.
Há também evidências dessas divergências nos depoimentos de trabalhadores artífices que vieram ao Maranhão na nau Regente comandada pelo Capitão Du Pratz, em 1614 e que foram aprisionados pelos portugueses durante a Batalha de Guaxenduba. Nesses depoimentos, prestados diante de Jerônimo de Albuquerque e Diogo de Campos Moreno, não se percebe que na colônia prevalecesse um clima de harmonia entre governantes e governados, ao contrário, a insatisfação por parte dos colonos, parecia generalizada. Sobre isso, ressalta Sérgio Buarque de Holanda (2004): “Muitos desses prisioneiros mostraram claramente seu despeito contra Daniel de la Touche, o qual deveria ter regressado à França na mesma nau Regente, ou até antes da chegada desta, e não o fizera, conduzindo todos a uma desastrosa peleja. Um desses homens, que tinha vindo da Europa com a esposa, diz do Senhor de la Ravardière que “se intitula lugar-tenente general do rei da França” como se não fosse.”
Embora haja fortes indícios que a convivência entre os franceses não fora tão harmônica, como desejara Maria de Médicis, não podemos afirmar, entretanto, que tivesse havido algum tipo de desentendimento sério a ponto que “a recíproca tolerância entre os chefes” não conseguisse contornar.
Não há dúvida, que a pluralidade de chefia gerou um mal estar na França Equinocial, tanto em relação aos indígenas, quanto em relação aos franceses, no entanto, deve-se admitir que a forma como os chefes resolveram essa questão, deixa transparecer a vontade mútua de Ravardière e Razilly de solucionar o impasse, sem colocar em risco a segurança do projeto de colonização. A França Antártica era uma experiência que eles não queriam repetir.
Ficou acertado entre os dois comandantes que La Ravardière permaneceria no comando da expedição só até a chegada de Razilly, que teria ido à França em busca de ajuda para continuidade do projeto. La Ravardière se mostra favorável em consentir que todo o poder passasse finalmente às mãos de Razilly, dando demonstração que ao contrário de possíveis atritos entre ambos, havia um relacionamento sempre tolerante.
Mesmo tendo havido tolerância entre os chefes da colônia, como podemos explicar a capacidade de desprendimento de um La Ravardière? Em aceitar renunciar a sua chefia, em favor de Razilly e segundo ele próprio, “em benefício da colônia, que ganharia com a existência de um único chefe, o Senhor de Rasilly?” Como poderia La Ravardière, abandonar um projeto de colonização, tendo sido ele o primeiro a ser convidado por Sua Majestade de empreender tal estabelecimento?
Para Sérgio Buarque de Holanda, a explicação do gesto de renúncia de La Ravardière, reside no fato de que Razilly, apesar de nomeado loco tenente general das Índias Ocidentais posteriormente a Ravardière e por ter sido convidado por este a associar-se a essa empresa, de fato, não ocuparia lugar secundário nos
trabalhos de preparação e manutenção na França Equinocial. Seu papel teria sido muito mais importante do que aparentemente tem sido tradicionalmente demonstrado pelos historiadores.
Foi a morte de Henrique IV, que provocou a modificação no projeto de ocupação e colonização do Maranhão. Sem querer arcar com todos os custos da expedição como prometera seu falecido marido, a Rainha Regente, Maria de Médicis, não deixara alternativa a La Ravardière se não buscar apoio junto a nobres influentes da corte.
A modificação do projeto original, com a entrada de Razilly, provocara a duplicidade de chefia, assim como o papel imprescindível que ele ocupara para viabilização, manutenção e administração do estabelecimento francês no Maranhão. Favorecido por uma conjuntura existente na França, onde ainda havia divergências entre reformados e católicos, Razilly, merecedor da credibilidade dos católicos, ao contrário de La Ravardière, ligado aos protestantes, reunia as melhores condições para obter apoio e patrocínio para o projeto de colonização do Norte do Brasil e aprovação da Coroa francesa. São essas condições favoráveis que reunia o Senhor de Razilly que o respaldava para que pudesse vir a assumir definitivamente posição de liderança única na França Equinocial. Portanto, uma explicação possível e plausível para renúncia sem contestação de Daniel de la Touche ao comando da colônia francesa na Ilha do Maranhão.
Mesa composta por Benedito Buzar, Lourival Serejo e Claunísio Amorim
Na noite de 05 de setembro de 2024, na sede de Academia Maranhense de Letras, diante de mais de uma centena de pessoas, o jornalista e escritor Benedito Bogéa Buzar apresentou ao público seu novo livro, intitulado Roda Viva – 1972, dividido em dois volumes (o primeiro com 373 e o segundo com 426 páginas, perfazendo um total de 799 páginas), no qual faz um mergulho nos movimentos sociais, políticos e culturais daquele ano e traz de volta aos olhos do público, mais de meio século depois, algumas notícias que frequentaram as páginas dos jornais maranhenses.
Muitas das pessoas presentes na plateia viveram a época retratada no livro e possivelmente leram as notícias e observações que eram publicadas em uma das mais importantes colunas políticas da história do jornalismo maranhense. Outras, porém, nem eram nascidas quando aquelas linhas foram escritas divulgadas. De qualquer modo, agora, com a publicação desses textos no formato de livro, torna-se possível um breve retorno no tempo para que todos possam (re)ler e analisar – sem as paixões, temores e tremores da época – alguns detalhes que talvez não tenham chamado tanto a atenção no momento em que frequentaram as páginas dos jornais.
O estilo elegante e escorreito de Benedito Buzar chama a atenção do leitor desde as primeiras linhas do livro. As frases são breves e refletem exatamente aquilo que o escritor “quis dizer” em determinada situação. Ao passar os olhos pelas notas, artigos e observações que compõem o material recolhido, temos a impressão de entrar em um túnel do tempo e reviver algumas passagens e acordos que foram decisivos para a compreensão de diversos pontos das conjunturas políticas atuais. Interessante que, quando nos deparamos com livros dessa natureza, percebemos a quantidade de acontecimentos que passam por nós de modo aparentemente imperceptível, mas que impactam diretamente na vida de cada um de nós.
O editor e organizador da obra – o historiador Claunísio Amorim – foi muito feliz em dividir a obra em dois volumes, em não censurar passagens que hoje poderiam parecer comprometedoras e em organizar o texto dia a dia. Com isso, o leitor tanto pode ir direto a determinada data de interesse, como pode também seguir a linha cronológica e mergulhar nos altos e baixos da vida social-cultural-política daquele início de década de 1970, época de profundas transformações em todas as esferas da vida pública do Maranhão e do Brasil como um todo.
Provavelmente, durante a leitura de Roda Viva – 1972, alguns leitores poderão considerar uma ou outra passagem desnecessária e/ou supérflua. Mas é importante notar que, quando foi publicado em jornais, aqueles textos faziam parte de um painel prismático que trazia em seu bojo diversos interesses. Desse modo, ao serem lidas, mais de cinquenta anos depois, cada uma dessas notinhas pode despertar emoções e interesses também distintos, podendo todo mundo sentir-se contemplado em alguma página. Assim, quem tiver interessado nas mudanças paisagísticas da cidade poderá encontrar algumas preciosas observações; quem tiver como foco de pesquisa a educação poderá se deparar com o tom crítico, e até certo ponto desesperançoso, de Buzar com relação aos aspectos educacionais do período descrito. Da mesma forma, o livro pode atingir pessoas interessadas em política, economia, sociedade em geral, literatura, picuinhas e articulações eleitoreiras, personalidades, querelas jurídicas etc. Tudo isso e muito mais tem presença garantida nas quase oito centenas de páginas que compõem a obra.
A parte ruim do livro é que ele desperta no leitor o desejo de saber como se desenrolaram algumas questões que tiveram início naquele ano, mas que devem ter se arrastado por meses a fio. Fica então duas soluções para equacionar esse problema: 1) frequentar a hemeroteca da Biblioteca Pública Benedito Leite para ler a coluna nos jornais dos anos seguintes; ou 2) torcer para que os demais volumes não demorem muito a chegar em nossas mãos. Certamente eles serão recebidos com o mesmo entusiasmo e com os aplausos que iluminaram o são nobre da Academia Maranhense de Letras. Parabéns ao escritor e jornalista Benedito Bogéa Buzar, por deixar esses registros para a posteridade!
Acabei de receber um exemplar da antogia "Brasil em Cordel", publicação do selo Off Flip, resultado de uma chamada pública nacional em que tive o poema "O futuro é pra ontem" selecionado.
(Joãozinho Ribeiro)
O futuro um dia chega
Com atraso e apressado
De passaporte vencido
Permanente e carimbado
Querendo carona na hora
Para alcançar o passado
Desde que o planeta é mundo
Que se anuncia o presente
O fundo do poço é mais fundo
Que a vontade da gente
De emparedar o instante
E sequestrar o repente
O agora é hoje e aqui
Colado na existência
Que segue desafiando
Os trilhos da humanidade
Com suor e resistência
E o viço da novidade
Quantas vidas anuladas
Homens, mulheres, meninos
Por fora do combinado!
Sinal dos tempos? Destino?
Ou sanha de dirigentes
Dementes e desalmados?
Minha esperança é urgente
Felicidade pra agora
Que seja a meta dos dias
Presente a toda hora
Que chegue com alegria
E nunca mais vá embora
Com a morte do parceiro Neném Bragança, em janeiro de 2015, ele trouxe para Imperatriz quase uma centena de troféus, resultado de suas andanças pelos festivais de músicas que continuam acontecendo por todo Brasil. Comecei a construir a galeria que levaria seu nome, com auxílio de alguns amigos. A ideia é manter seu nome vivo, bem como abrir espaço para novos talentos no cenário artístico.
No final do ano de sua morte, o palco da galeria já apresentava os primeiros resultados, realizando apresentações de Sarau Poéticos, com lançamento de livros e Sarau Musicais, sempre valorizando o trabalho autoral, Estimulando assim novos e antigos compositores a continuar acreditando em suas próprias criações. Assim, realizamos vários eventos.
Estamos localizados às margens do rio Tocantins, no pequeno povoado de Bela Vista, distrito de São Miguel, com 13. 241 habitantes, conforme o último censo. Este espaço, no entanto, fica em frente a cidade de Imperatriz, onde também desenvolvemos atividades culturais, servindo a Galeria de abrigo para os artistas que se deslocam de suas cidades para participarem do Salão do Livro ou do Festival de Música, produzidos em parceria com a Fundação Rio Tocantins.
Esta Fundação é responsável pelas atividades culturais realizadas na galeria. Eu me chamo Zeca Tocantins e integro a instituição desde sua criação. Tenho mais de sessenta músicas gravadas e dezesseis livros editados, essa produção acabou me rendendo o troféu Papete pela contribuição a música maranhense e a medalha Graça Aranha pela contribuição a literatura também do Maranhão.
Estamos requerendo deste Ministério a denominação de Ponto de Cultura para ampliarmos as ações até alcançar os alunos da rede pública em nossas atividades. Acreditamos que a Cultura e a Educação são forças transformadoras capazes de mudar o destino de nossos jovens. Z T.
JEM'S
O pai e advogado do atleta de skate Rubens Silva Costa, de 9 anos, publicou uma nota de repúdio contra a organização dos Jogos Escolares Maranhenses(JEM's) em decorrência da limitação por faixa etária denotando clara violação dos princípios dos Jogos, que é a inclusão e a revelação de novos talentos, bem como o descontentamento quanto aos valores das premiações da modalidade skate.
Timon - MA, 27 de junho de 2024
Nota de Repúdio
Rubens Silva Costa, através de sua assessoria jurídica, abaixo-assinada, vem manifestar seu veemente repúdio à organização dos Jogos Escolares Maranhenses (JEM's), Jogos Paralímpicos Escolares Maranhenses (PARAJEM's) e à Federação Maranhense de Skate pela exclusão do jovem skatista de 9 anos, autista com hiperatividade, morador da cidade de Timon-MA, das competições de 2024, e pelo descontentamento quanto aos valores das premiações da modalidade skate.
A decisão de limitar as categorias às faixas etárias acima de 12 anos desconsidera o talento, dedicação e trajetória de superação do jovem atleta. Rubens Silva Costa é um exemplo notável de como o esporte pode transformar vidas, especialmente de crianças com necessidades especiais. A exclusão de Rubens vai contra os próprios objetivos dos JEM's e PARAJEM's, que são:
1. Fomentar a prática do esporte em instituições de ensino de todo o Maranhão;
2. Identificar talentos esportivos nas instituições de ensino;
3. Oportunizar o desenvolvimento de destaques esportivos paralímpicos;
4. Promover intercâmbio sociocultural e esportivo entre os participantes;
5. Contribuir para o desenvolvimento integral do aluno como ser social, independente e participante;
6. Garantir o acesso inclusivo à prática esportiva escolar em todo o Estado.
Os Jogos Escolares Maranhenses (JEM's) e os Jogos Paralímpicos Escolares Maranhenses (PARAJEM's) têm como propósito incentivar crianças e adolescentes a praticarem esportes nas escolas, descobrirem novos talentos e promoverem a inclusão.
A exclusão de Rubens, um skatista talentoso que participou da competição experimental de skate dos JEM's 2023, onde alcançou a segunda colocação na categoria sub-8, é uma clara violação desses princípios.
História de Rubens Silva Costa
Rubens Silva Costa, filho da nutricionista Mylene Silva Costa e do advogado Murilo Ferreira Costa, nasceu em Teresina, Piauí, em 18 de março de 2015. Desde cedo, seus pais perceberam desafios em seu desenvolvimento, especialmente na alfabetização e comunicação. Aos 4 anos, havia dúvidas sobre sua capacidade de alfabetização devido à dificuldade de manter o foco. Aos 5 anos, sua fala ainda era pouco clara e, aos 6 anos, tinha dificuldade em relatar eventos de seu dia a dia.
Na escola, Rubens destacou-se em competições de corrida, o que proporcionava grande prazer. Percebendo suas habilidades, seus pais o incentivaram a praticar diversas atividades esportivas, como futebol, natação, skate e judô.
Em 2023, Rubens participou de 10 campeonatos, destacando-se em várias competições, o que o qualificou para o campeonato nacional de skate em Belém do Pará, onde alcançou a décima quinta colocação na categoria sub-8.
Benefícios do Esporte para Crianças com Autismo e Hiperatividade
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por desafios na comunicação social, comportamentos repetitivos e interesses restritos. A prática esportiva, como o skate, oferece diversos benefícios para crianças com autismo, como a melhora na socialização, desenvolvimento de habilidades motoras, redução de comportamentos repetitivos e aumento da autoestima.
Desafios da Exclusão
A exclusão de Rubens Costa dos Jogos Escolares Maranhenses de 2024 não só desmerece seu talento e esforço, mas também vai contra os objetivos de promover inclusão e desenvolvimento integral dos alunos. Além disso, a premiação nas categorias de skate, que oferece apenas brindes (acessórios para skate), troféu e/ou medalha até a 3ª colocação, inviabiliza a participação de muitos competidores, desvalorizando a importância do esporte.
Rubens Costa é um exemplo vivo de como o esporte pode transformar vidas, especialmente de crianças com necessidades especiais. Seu talento, dedicação ehistória de superação fazem dele um candidato nato a participar de todos os eventos esportivos na modalidade skate. Este reconhecimento não só celebrará suas conquistas, mas também inspirará outras crianças e suas famílias, mostrando que, com apoio e determinação, qualquer desafio pode ser superado.
Conclusão
Deixar Rubens Costa fora dos Jogos Escolares Maranhenses de 2024 é uma afronta aos objetivos dos jogos e uma perda para toda a comunidade esportiva. Pedimos que a organização dos JEM's, PARAJEM's e a Federação Maranhense de Skate reconsiderem sua decisão e incluam Rubens nas competições, proporcionando-lhe a oportunidade de continuar sua trajetória de sucesso e inspirar outras crianças.
Atenciosamente, Acessória jurídica do atleta.
Adv. Murilo Ferreira Costa
OAB/MA 14. 375
DEIMPERATRIZPROMUNDO!
Oatletaimperatrizensedearremessodepeso,WelingtonMorais,de27anos,foiconvocadoparaosJogos OlímpicosdeParis.Aclassificaçãoocorreuatravésdeumrankingmundialquesomavampontospara32 vagasnasolimpíadas.
. Welingtonalcançoua20°posiçãonorankingdosclassificadosevairepresentaroBrasilnosJogos Olímpicos.AscompetiçõesemParisvãocomeçarnodia26dejulhoeseguematéodia11deagosto. Parabéns,@welington_maranhao! DesejamosboasorteemParis!
PorVanessaCarvalho
OLIMPÍADAS DE PARIS: WELINGTON MARANHÃO SE CLASSIFICA NO ARREMESSO DE PESO E COMEMORA
Welington Silva Morais, o "Maranhão", se classifica para as Olimpíadas de Paris, após 15 anos de dedicação ao arremesso de peso
As Olimpíadas de Paris terão a participação do maranhense Welington Silva Morais, mais conhecido como “Maranhão”, na modalidade de arremesso de peso. A Federação Internacional de Atletismo confirmou a classificação do atleta para o evento esportivo.
Welington Maranhão estará nas Olimpíadas – Foto: Instagram @wellington.maranhao “Hoje recebi a convocação para os Jogos Olímpicos de Paris. É uma felicidade enorme porque foram 15 anos da minha vida e dedicação total”, declarou Welington Silva Morais, conforme publicado pelo portal GE. O atleta destacou o esforço e a trajetória que o levaram a essa conquista. Segundo Welington, o anúncio veio por meio de um e-mail informando que ele havia alcançado seu objetivo de obter resultados expressivos até o fechamento do ranking mundial. “O ranking fechou hoje, terminei em 20º do ranking mundial e é o ranking Olímpico. Fiquei feliz de ter alcançado essa posição e ainda estou contando”, afirmou o atleta.
Artilheira da Copa do Mundo de 2023, Ary Borges não foi convocada para os Jogos Olímpicos, surpreendendo fãs nas redes sociais
Por Luiz Henrique Oliveira
Ary Borges fora dos Jogos Olímpicos
Ary Borges, meio-campista e um dos grandes destaques da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2023, não participará dos Jogos Olímpicos de Paris 2024. A ausência da jogadora na lista final do técnico Arthur Elias surpreendeu e chocou o público, especialmente nas redes sociais, onde a reação foi imediata.
Any Borges está fora das Olimpíadas – Foto: Instagram
Na divulgação oficial das convocadas, Ary Borges, que brilhou no Mundial da Austrália ao marcar três gols e se destacar como uma das artilheiras do Brasil, não apareceu entre as 18 jogadoras chamadas para a competição.
Arthur Elias anunciou a lista nesta terça-feira, incluindo também quatro suplentes que poderão substituir alguma convocada em caso de lesão antes do início dos Jogos.
A decisão do técnico gerou questionamentos e debates entre os torcedores e especialistas, que esperavam ver a maranhense em ação nas Olimpíadas. “Meu único desejo era Lele em Paris, mas ficar sem Ary Borges eu também não esperava”, questionou um deles pelo Twitter. “Senti falta da Ary Borges. Ela está com algum problema ou foi opção?”, perguntou outra.
AsYarasestãoprontasparaosJogosOlímpicos.Àsvésperasdaviagemda SELEÇÃO FEMININA DE RÚGBI
SEVENS FEMININO paraaclimataçãoemSaint-Affrique(França),nestaquinta-feira(04),otreinadorWill Broderickdefiniuas12jogadorasquerepresentarãooBrasilemParis2024.
“Nossotimeestámotivadoepreparadoparamaisessedesafio.Estoumuitoanimadocomospróximos treinamentosporquevamospoderimplementarnovidadesaonossoestilodejogo.Mantivemosoelenco quejávinhaatuando,apesardetermossofridocomalgumaslesõesaolongodatemporada.Foiocasoda RafaelaZanellato,quenãoserecuperouatempodosJogos”,explicaocomandantedasYaras,quehavia divulgadoumalistainicial,com18nomes,hátrêssemanas.
DentreasconfirmadasparaParis2024,estãoacapitãLuizaCamposeRaquelKochhann,primeiraatleta brasileiranahistóriaolímpicaadisputarosJogosapósserecuperardeumcâncer.Ambasparticipamdo eventopelaterceiravez.OutrasseisconvocadastambémjádisputaramaomenosumaediçãodosJogos: BiancaSilva,MarianaNicolau,MarinaFioravanti,MilenaMarianoeasirmãsgêmeasThaliaeThalitaCosta, todaspresentesemTóquio2020.JáparaGabrielaLima,GiseleGomes,MarcelleSouzaeYasmimSoares, Paris2024seráaestreiaolímpica.Alémdelas,LeilaSilvaeAlineFurtadoficamcomosuplenteseserão acionadas,nessaordem,emcasodelesãodeumadas12selecionadas. Listadeconvocadas:
MarianaNicolau–SãoJosé(SP)
LuizaCampos–Charrua(RS)
MilenaMariano–SãoJosé(SP)
GiseleGomes–LeoasdeParaisópolis(SP)
Thalia Costa – Delta (PI)
Thalita Costa – Delta (PI)
YasmimSoares–El-Shaddai(RJ)
MarinaFioravanti–Poli(SP)
GabrielaLima–El-Shaddai(RJ)
RaquelKochhann–Charrua(RS)
BiancaSilva–LeoasdeParaisópolis(SP)
MarcelleSouza–El-Shaddai(RJ)
Suplentes:
LeilaSilva–LeoasdeParaisópolis(SP)
AlineFurtado–USP(SP)
Divulgação/BrasilRugby
Ao todo, 8 caratecas maranhenses estão confirmados na Seleção Brasileira que competirá em solo japonês no fim do mês.
Maranhenses confirmados no Mundial de Karatê Shotokan no Japão (Gilson Ferreira)
Por: Da Redação04 de Julho de 2024
O Maranhão estará presente na 6ª edição do Campeonato Mundial de Karatê Shotokan, competição que será realizada entre os dias 26 e 28 de julho na cidade de Tóquio, no Japão. Ao todo, 8 caratecas maranhenses estão confirmados na Seleção Brasileira que competirá em solo japonês no fim do mês. São eles: Marco Aurélio Mota (5º Dan), Gilbert Demousseau (3º Dan), Garance Demousseau (2º Dan), Elvacy Júnior (1º Dan), Radhyja Costa (1º Dan), Daniel Caripunas (2º Kyu), Vitor Augusto Moraes (3º Kyu) e João Guilherme Maciel (3º Kyu).
PUBLICIDADE
Os caratecas maranhenses foram destaques na última edição do Campeonato Brasileiro de Karatê Shotokan, realizado em outubro de 2023, na cidade de Goiânia. O desempenho obtido no evento nacional foi determinante para que os atletas do Maranhão fossem convocados pela Confederação Brasileira de Karatê Shotokan (JKS Brasil) para a disputa do Mundial da modalidade no Japão.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Apesar de 8 maranhenses estarem confirmados no Campeonato Mundial, esse número poderia ter sido bem maior. A JKS Brasil chegou a convocar 19 atletas do Estado, mas, por falta de patrocínio, alguns perderam a oportunidade de competir fora do país.
“É um evento de nível mundial, que será realizado no Japão, oportunidade mais que única. Os principais atletas do Brasil estarão presentes. Estamos confiantes e vamos dar o nosso melhor no Mundial. Poderíamos ter mais atletas do Maranhão na competição, mas infelizmente não foi possível devido ao elevado custo das
despesas. Muitos dos nossos caratecas não conseguiram patrocínios para viajar para o Japão”, afirmou o sensei Marco Aurélio Mota.
Apesar das dificuldades financeiras enfrentadas pelos atletas maranhenses para participar desta edição do Campeonato Mundial de Karatê Shotokan, a preparação da equipe seguiu a todo vapor. E o sentimento dos caratecas é um só: buscar bons resultados no Japão.
“Vamos fazer de tudo para conquistar os melhores resultados possíveis no Mundial lá no Japão. Passamos por dificuldades nos últimos meses, mas seguimos treinando forte para fazer bonito do outro lado do planeta. Vai ser minha primeira competição fora do país e estou muito animado em poder competir com os melhores do mundo. Assim como eu, meus companheiros também estão prontos e vamos fazer uma grande competição”, disse Vitor Augusto Moraes.
Shotokan (松涛館?) ou xotocã é um dos estilos de caratê que surgiu dos ensinamentos ministrados pelo sensei Gichin Funakoshi e por seu filho, Yoshitaka Funakoshi[a]. O repertório técnico do estilo foi baseado no do Shorin-ryu, mas, devido aos estudos empreendido pelo filho do mestre e sua influência, várias técnicas foram incorporadas e/ou modificadas, de modo a refletir o escopo almejado, que era o de valorizar mais o lado desportivo e físico como forma de promover o desenvolvimento pessoal.
O estilo Shotokan caracteriza-se por bases fortes e golpes no corpo inteiro.[8] Os giros sobre o calcanhar em posição baixa dão fluidez ao deslocamento e todo movimento começa com uma defesa. Este é um estilo em que as posições têm o centro de gravidade muito baixo, e em que técnicas como um "simples" soco direto são difíceis de se dominar, porém quando a técnica é dominada, o seu poder é impressionante.
Alguns tendem a classificá-lo como uma evolução do estilo shuri-te ou shorin-ryu. Entretanto, há divergências porque as bases do shotokan são precipuamente baixas, enquanto que em shuri-te são altas. Ademais, há golpes como mae geri e ushiro geri, que não são comuns nos estilos shorin, mas estão presentes no estilo de Funakoshi.
Neste estilo, os movimentos defensivos também são movimentos ofensivos. A título de exemplo, se um adversário lhe desfere um soco, seu movimento deve buscar ferir o braço ou mão dele com as partes duras do seu próprio braço: isso não só redireciona o golpe adversário como também o debilita.
NYEME NUNES COMEÇOU SUA CARREIRA COMO PONTEIRA ANTES DE SE FIRMAR COMO UMA DAS PRINCIPAIS LÍBEROS DO BRASIL.
Reprodução Por: Da Redação05 de Julho de 2024
A maranhense Nyeme Nunes foi convocada pelo técnico da Seleção Brasileira de Voleibol Feminino, José Roberto Guimarães, para disputar os Jogos Olímpicos de Paris.
Esta será a primeira vez que a líbero de 25 anos participará da competição.
Nyeme, que recentemente foi campeã da Superliga 2023/2024 pelo Minas, também conquistou a Supercopa Brasil e o Campeonato Sul-Americano.
A jogadora foi titular durante toda a campanha que levou o Brasil ao quarto lugar na Liga das Nações.
Natural de Barra do Corda, Nyeme Nunes mede 1,73m e iniciou sua carreira profissional atuando por ADC Bradesco, Barueri e Sesi Bauru antes de se juntar ao Minas na temporada 2022/23.
Nyeme começou sua trajetória no voleibol ainda na barriga da mãe, que também jogava em campeonatos locais.
Ela se destacou nos Jogos Escolares Maranhenses (JEMs) e jogou pela seleção maranhense. Aos 13 anos, treinava no Maranhão Vôlei, mas devido à idade, não podia disputar a Superliga.
Isso a levou a tomar a difícil decisão de se mudar para São Paulo para continuar sua carreira, onde jogou em Barueri e Osasco, destacando-se e sendo convocada várias vezes para as seleções de base.
De acordo com o site olympics.com, Nyeme Nunes nasceu em 11 de outubro de 1998, em Barra do Corda, Maranhão, e começou sua carreira como ponteira antes de se firmar como uma das principais líberos do Brasil.
Esperança de medalha para o Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, o kitesurfista maranhense Bruno Lobo está de volta a São Luís após duas semanas de treinamentos na marina de Marselha, local onde será realizada a inédita competição olímpica de Fórmula Kite.
Bruno que é patrocinado pelo Grupo Audiolar e pelo governo do Estado por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte , além de contar com os patrocínios do Bolsa Atleta e da Revista Kitley, falou sobre a preparação em águas francesas e demonstrou otimismo em um grande desempenho no maior desafio de sua vitoriosa carreira.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
“A disputa dos Jogos Olímpicos é um grande sonho que está se aproximando. Foram semanas boas em Marselha, treinamento bem intenso com outros atletas, conhecendo o local onde vão ser as regatas. As condições são maravilhosas, com o mar um pouco mexido, eu gostei bastante porque é semelhante ao que tem em São Luís. Também tivemos várias condições de ventos fortes, é o que a gente espera na competição, mas as condições no geral se assemelham muito com o nosso quintal de casa aqui em São Luís. Estou me sentindo bem preparado, agora é intensificar ainda mais os treinos nessa reta final em São Luís. Vamos com tudo para representar o Maranhão e o Brasil”, declara Bruno Lobo.
Além de detalhar os últimos ajustes para a briga por medalha nos Jogos Olímpicos, Bruno Lobo recordou o início de sua carreira na Fórmula Kite, saindo de São Luís para conquistar sete títulos brasileiros e se tornar o kitesurfista número 1 das Américas, em uma trajetória brilhante que ajudou a desenvolver a modalidade no Maranhão.
“Realmente, é um filme que passa pela cabeça, principalmente nessa reta final para os Jogos Olímpicos. A gente começa a repensar, olhar para trás e ver que todo o nosso esforço valeu a pena. Quando comecei na Fórmula Kite, não tinha ninguém competindo, fui o primeiro a fazer em São Luís, tive que aprender só, treinar só, fui competir na Europa sem nenhuma referência e sem técnico.
O começo foi muito difícil, mas valeu a pena, são sementes que a gente planta. Agora estão vindo outros atletas, como a Socorro Reis, que virou minha parceira de treino, e o Lucas Fonseca, atleta júnior que agora está no Mundial, para representar o Maranhão em alto nível”, afirma o kitesurfista.
Para o heptacampeão brasileiro de Fórmula Kite, esse espaço será fundamental na formação de novos talentos maranhenses para o esporte.
Por fim, Bruno Lobo destacou a criação do Centro de Alto Rendimento de Vela Olímpica, que foi lançado oficialmente na última segunda-feira (8), em São Luís, em iniciativa do Ministério do Esporte com parceria da Confederação Brasileira de Vela (CBVela).
“O Centro de Alto Rendimento vem para fomentar e dar continuidade em tudo o que a gente tem feito no kitesurf. Teremos mais suporte na parte técnica, além de todo o apoio da CBVela, para que a gente trabalhe nessa renovação e auxilie quem quer entrar na modalidade, porque a gente tem muito potencial e condições perfeitas para a prática do esporte.
Desse Centro, vão vir outros representantes olímpicos para o Maranhão”, ressalta Bruno, que vai disputar a competição olímpica da Fórmula Kite em Marselha entre os dias 4 e 8 de agosto.”
Resultados em 2024
Antes do período de treinos para os Jogos Olímpicos em Marselha, Bruno Lobo conquistou um excelente resultado em outra competição na França, ficando em nono lugar no Campeonato Mundial de Fórmula Kite, realizado em maio, na cidade de Hyères.
O kitesurfista maranhense teve um ótimo desempenho diante dos principais nomes da modalidade no planeta, chegando até as semifinais e garantindo presença no Top 10 do Mundial pelo segundo ano consecutivo.
Sétimo colocado no ranking mundial de Fórmula Kite, Bruno Lobo também registrou grandes performances em dois eventos na Espanha no início da temporada de 2024.
O kitesurfista maranhense conquistou o quarto lugar no Campeonato Europeu de Fórmula Kite, realizado em março, em Los Alcázares, e garantiu a 11ª posição do Troféu Princesa Sofia, que foi válido como etapa da Copa do Mundo e disputado em abril, em Palma de Mallorca.
Temporada anterior
Em 2023, Bruno Lobo colecionou resultados históricos, com destaque para a vaga antecipada em Paris 2024, o hepta brasileiro de Fórmula Kite e a conquista de seu segundo ouro na história da modalidade nos Jogos Pan-Americanos, em Santiago, no Chile.
O maranhense também alcançou o Top 10 do Mundial de Vela, foi o nono colocado na Allianz Regatta e colocou o Brasil em sétimo lugar na disputa por países do Troféu Princesa Sofia, na Espanha.
*da assessoria
A Revista Brasileira do Desporto Eletrônico, é um periódico multidisciplinar com periodicidadde semestral que tem por missão disseminar o conhecimento científico produzido por estudos atualizados por diversas areas do conhecimento humano sobre os Esportes Eletrônicos no Brasil.
PUBLICADO: 10-07-2024
ARTICLES
Editorial
CARLOS GAMA (Autor)
01 - 01
As relações trabalhistas vínculadas ao esports: a problemática da falta legislativa
Arthur M.M. Julião (Autor)
02 - 28
O que é o Esporte eletrônico?
Arthur Ribeiro (Autor)
27 - 45
Considerações sobre a estruturação de um programa de Sócio-torcedor no mercado de esports brasileiro
Thiago de Mattos, Otávio Freitas (Autor)
46 - 69
Brasil nos E-sports:Os caminhos para o país se tornar uma referência em performance nosesportes eletrônicos
Rodrigo Lodi (Autor)
70 - 94
RESENHA: “Esports, Comunidade e Eventos Digitais”
Rafael Mocarzel (Autor)
95 - 95
JORGE BENTO
Não se acendia a chama nos Jogos de Olímpia. Portanto não existia, nem fazia sentido na época, o percurso da tocha transportadora da mesma. O atual cerimonial olímpico não teve um equivalente no passado; constitui uma tradição inventada, o que nada retira de sublimidade ao ritual e aos ideais nele incorporados. Os humanos são entes ficcionais: tudo na história da civilização é inventado para corresponder às ficções reguladoras do funcionamento social.
Oritual agoravigentesurgiu nos JogosdeBerlim(1936),realizados noTerceiro Reichdemalfadada memória. Apareceu como corolário da evolução do ideário e projeto olímpico e não tanto como instrumento da propaganda nazi, embora ela o tenha aproveitado. É, pois, questionável e ambivalente o historial do ritual dos Jogos e da sua simbologia. Por favor, sigam-me nas várias etapas da longa explanação!
Os Jogos deOlímpiaduravam cincodias.Abriamcom ojuramentodos atletas edos seus próximos;noterceiro dia efetuavam-se os rituais sacrificiais aos deuses. Em nenhum dia acontecia o acendimento da chama, fosse porvirgensoumedianteosraiosdosol.Esteéumimaginárioelaborado,nacontemporaneidade,pelos artífices do Olimpismo.
Os criadores do cerimonial colheram a inspiração na Antiguidade, nos jogos de algumas cidades, nomeadamente os de Atenas. Neles havia a corrida de tochas por equipas, ou seja, uma competição e não uma cerimónia! Esta é uma criação relativamente recente, posterior às primeiras edições dos Jogos da era moderna: Atenas (1896), Paris (1900), São Luís, EUA (1904) e Londres (1908). Neles não houve chama nem trajeto da tocha.
Os ideais da paz e fraternidade universais, tão caros a Pierre de Coubertin, ganham força e adesão após o trauma causado pela Primeira Guerra Mundial. A bandeira com os cinco anéis, a saudação, o juramento e o lema dos Jogos são oficializados em 1920 (Antuérpia) e 1924 (Paris). A dinâmica do espírito olímpico cresce paulatinamente. Assim, o comité dos Jogos de Amsterdão (1928) manda construir um estádio olímpico, com uma torre de 46 metros encimada por uma caldeira, na qual, pela primeira vez, a chama se acendeu e ardeu durante todo o certame. Começa ali o cerimonial do fogo sagrado, evocativo das dádivas de Prometeu aos humanos. Não foram então instituídos o percurso e a entrega da tocha, embora a medalha mandada cunhar pelos organizadores fizesse alusão a esse ideal apresentado por Coubertin nos Jogos de Estocolmo (1912). Foi preciso esperar pelos Jogos de Berlim (1936) para se assistir ao nascimento do cerimonial atual.
A Berlim tinham sido atribuídos os Jogos de 1916, anulados devido à guerra. Os alemães, excluídos das edições de 1920 e 1924 e readmitidos em 1928, receberam, em 1931, a incumbência de organizar a décima primeira olimpíada. Emerge na ocasião a figura de Carl Diem como secretário-geral da organização. O prestigiado teorizador do desporto e paladino dos ideais aristocráticos de Coubertin sugere a introdução do trajeto da tocha, ensaiado nos jogos germânicos de 1922, alternativos aos olímpicos. Vai mais longe e propõe um percurso, no total de 3 075 quilómetros, que ligaria o local arqueológico de Olímpia e Berlim. Para fundamento da sua proposta formula o conceito entusiasmante de que o fogo do espírito grego seria reavivado para resplandecer nos Jogos e iluminar a humanidade. O conceito obteve, em maio de 1934, o aval do COI, fascinado pela ideia de filiação do presente no passado. É oportuno referir que Carl Diem não pertencia ao partido nazi; tinha-o por indesejável, devido à questão judaica. Todavia, a ascensão de Hitler ao poder, em janeiro de 1933, põe em perigo a realização dos Jogos; Diem e os seus pares convencem-no a utilizá-los como meio de afirmação internacional. A introdução do percurso da tocha é inclusive encarada como genial por Joseph Goebbels, ministro da propaganda. É fácil perceber a razão: o enredo da chama encaixava perfeitamente na ideologia nazi, segundo a qual os arianos tinham origem nos antigos gregos; vinha, pois, beneficiar e reforçar os laços com a Antiguidade e a tentativa de ligar Hitler a Zeus.
A chama chegou a Berlim no dia 1 de agosto de 1936, levada de Atenas num voo no final de 30 de julho. A entrada no estádio decorreu em clima de festa e exaltação nacional. A partir daquela altura o cerimonial do
percurso da tocha e do acendimento da chama passa a figurar no programa adotado pelo COI para o decurso dos Jogos. Não cabe aqui abordar a quadratura ideológica nem as reações suscitadas por aquele facto na opinião internacional; pretendemos apenas registar o nascimento de uma tradição. Os dirigentes do COI saudaram a grandeza simbólica da iniciativa; e Coubertin viu nela a consumação da sua visão. Estava acrescentado um novo e excitante elemento à magia dos Jogos, não obstante a ambivalência dos fins que na ocasião serviu.
Não houveJogos em 1940e1944, porcausadaIIGuerraMundial. Voltaram em 1948; aaberturafoi precedida pela viagem da chama de Olímpia a Londres, sem se levantar qualquer polémica em relação aos Jogos de 1936, como se não tivessem existido. Impôs-se a vontade de esquecer algo doloroso e de não beliscar um dos símbolos mais fortesemagnificentes do legadoda Antiguidade; foipor isso suprimidaasaudação, introduzida nosJogosdeParis(4demaio-27dejulhode1924),dadaamanifestaafinidadecomocumprimento hitleriano. Enfim, a chama e a tocha olímpicas alumiam hoje a mensagem do cenário olímpico; e este prossegue o caminho da sua constante reinvenção.
(Para compor esta exposição recorri a dados contidos no ensaio de William Audureau: Le relais de la flamme olympique est-il une invention des nazis? Jornal Le Monde online, 5 de maio de 2024).
Jorge Bento
16.07.2024
A história do mini-handebol em Barra do Corda, teve início logo após a pandemia, mais precisamente no dia 18 de setembro de 2021, via reunião google meet, sábado às 9h no horário de Brasília, onde o professor Leonardo de Arruda Delgado, fez a inscrição da Liga Desportiva Escolar e Cultural de Barra do Corda, ao Programa de Desenvolvimento Nacional do Mini-Handebol oficial da Confederação Brasileira de Handebol, para categoria de polo futuro.
Selecionado para local do projeto a quadra da UI Izabel Cafeteira, no Bairro Tresidela, na avenida Rio Amazonas, na cidade de Barra do Corda, de lá pra cá foram várias reuniões e cursos sobre mini-handebol, no entanto nada da quadra ficar pronta.
Então resolvemos iniciar o trabalho com as crianças de 12 a 17 anos, nas aulas de educação física escolar, nas escolas, onde atuo como professor, no início foi difícil, pois os alunos só queriam jogar futsal e a gestão obrigou a realizar o interclasse de futsal primeiro, então os alunos que não foram selecionados no futsal, foram convidados a participar da modalidade handebol.
Fomos campeões do handebol, nos jogos escolares de Barra do Corda em 2023 e como a cidade foi sede regional dos Jogos Escolares Maranhenses, os meninos participaram de sua primeira competição oficial de Handebol, sendo campeões da série prata.
Motivados pelo resultado, em 2024, resolvemos investir na formação humana, a liga desportiva escolar e cultural de Barra do Corda e a Federação Maranhense de Handebol, promovem no dia 31 de março, a I Clinica de Arbitragem de Handebol e Mini-Handebol Barra do Corda/MA.
A clínica foi coordenada pelo Profº Leonardo Delgado – Presidente da Liga Desportiva Escolar e Cultural e teve como professores ministrantes Willyam Martins - Diretor Geral de Arbitragem FMAH & Rosangela Diniz – embaixadora do mini-handebol no Maranhão.
O evento contou com a presença de professionais de educação física, acadêmicos e atletas e posteriormente, nos dias 04 a 07 de abril de 2024, a prefeitura de Barra do Corda, por meio da secretaria de esportes e juventude, em parceria com a secretaria de estado do esporte e lazer (SEDEL), por meio do Projeto SEDEL CAPACITA, realizou o curso de qualificação técnica em handebol.
O curso foi ministrado pelos professores Dr. José Carlos Ribeiro - o Canhoto (ex-presidente da FMAH) e Willian Melo arbitro e ex-atleta de handebol.
Em 2024, participamos dos jogos escolares de Barra do Corda, com seis equipes (uma infantil masculina, uma infantil feminina e duas infanto masculina e duas infanto feminina) e classificamos 4 equipes para regional do JEM’S participando de todas as finais e sendo segundo colocado no infantil masculino e infanto feminino e terceiro colocado no infantil feminino, na série ouro da competição.
Após o salto em quantidade e qualidade, recebemos a confirmação da Secretaria de Esportes, que teremos a nossa tão sonhada quadra coberta, para iniciarmos o nosso projeto de mini handebol, a previsão é para setembro, iniciaremos com 30 crianças de 7 a 11 anos, do ensino fundamental menor da escola Izabel Cafeteira.
IRMÃOS NO PÓDIO!
OslutadoresdejudôItaloMazziili,de26anos,eRanieriSegundo,de21anos,foramcampeõesnosJogos UniversitáriosMaranhenses,queocorreunestefimdesemana,emSãoLuís.
Italoconquistouamedalhadeouronacategoria73kgeoseuirmãoRaniericonquistouoourona categoria66kg.AgoraosdoisatletasforamclassificadosparaosJogosUniversitáriosBrasileiros(JUBs), quevaiaconteceremBrasília,nomêsdeoutubro.
RayssaLealfazhistóriaoutravezeconquistaobronzenosjogosdeParis
Aimperatrizenseéaprimeiraatletanahistóriaaconquistarduasmedalhasolímpicasantesdos 17anosemduasOlimpíadasdiferentes
Thalia e Thalita Costa fizeram 10 dos 12 pontos do Brasil nos Jogos Olímpicos franceses. Eduardo Lindoso / Imirante Esporte 29/07/2024 às 11h12 - Atualizada em 29/07/2024 às 15h26
PARIS - A Seleção Brasileira feminina de rugby sevens perdeu para o Japão na manhã desta segunda-feira (29) e não tem mais chances de medalhas no Jogos Olímpicos de Paris. O Brasil foi superado por 39 a 12, em jogo disputado no Stade de France, na capital francesa. O time brasileiro perdeu três partidas e as gêmeas maranhenses Thalia e Thalia Costa deixam suas segundas participações em Olimpíadas como as maiores pontuadoras do país. Na derrota para os EUA, por 24 a 5, Thalia fez os únicos cinco pontos da equipe brasileira no duelo. Já na derrota para as japonesas, foi a vez de Thalita fazer um try, ação que garante cinco pontos no rugby sevens. Dos 12 pontos que o Brasil fez em Paris, 10 foram das maranhenses.
Despois de estrear perdendo para a França por 26 a 0, o Brasil perdeu para os EUA por 25 a 5 e encerrou caindo para o Japão por 39 a 12. Na partida desta segunda-feira, Ccm apenas um minuto de jogo, o Japão fez o seu primeiro try e em seguida marcou a primeira conversão, abrindo o placar. Três minutos depois, mais uma vez a jogada se repetiu e as japonesas fizeram 14 a 0. Entretanto, faltando poucos segundos para o fim da primeira parte, o Brasil marcou um try, com a maranhense Thalita, mas errou sua conversão.
No início da segunda etapa, o Japão se lançou ao ataque e marcou o primeiro try do período, com apenas dois minutos. Um minuto depois, marcou mais uma vez, porém não fez a conversão. Faltando dois minutos, o Brasil conseguiu escapar da pressão asiática e fez seu segundo try do jogo e logo depois converteu os dois pontos extras. Por fim, nos últimos segundos, o Japão fez seu último try na partida e decretou a derrota brasileira.
Maisumprodígioimperatrizense!
OatletaimperatrizenseHalleyEdsonTavaresdosSantosTavares,de15anos,ganhoumedalhade pratanoCampeonatoBJJInternacionalEsportivoCBJJE,emSãoPaulo.Acompetiçãoocorreunesse domingo(28)eHalleylutounascategoriasGieNogi.
Halleyparticipadecompetiçõesháquasetrêsanos,enesseperíodojáconquistoucincomedalhasde ouro,cincodeprataeumadebronze.ApróximacompetiçãodoatletaseránoCampeonatoIIICircuito Paulista,tambémemSãoPaulo,nodia18deagosto.
ParabénsHalley,desejamossucessonopróximocampeonato PorvalériaCristina
LembramdessegrandetimedefuteboldeViana.OCapimAçu.
EntreosdestaquesozagueiroZéChaprão,goleiroJúnior,MagnoeRobertoBarros. TécnicoJoãoBarros(falecido)
Kaká,Marcelo,Junior,Magno,Marcão,Johnatan,Chaprão(falecido),JúniorBaiano,Geovane,Mixura, Bill,Edinelson,Marcelio,RobertoeMundinho. ContribuiçãodocraqueMagno.
Fotos:JerfsonAndradeFrazao
Nasegunda-feira(5)estãoprevistasmaisquatroregatasdafórmulakitenaBaíadeMarselha.As provasacontecemapartirdas7h23,nohoráriodeBrasília.
Maranhense,BrunoLoboéorepresentantedoBrasilnacategoria.(Divulgação/WorldSailing)
Por:DaRedação*04deAgostode2024
Nestedomingo(4)começaramasdisputasdaFórmulaKite(kitesurfe),provadavelaquefazaestreiano programa olímpico neste Jogos de Paris. Maranhense, Bruno Lobo é o representante do Brasil na categoria.AsregatassãodisputadasnaBaíadeMarselha,nolitoralsuldaFrança.Aotodoserão16 corridasenestedomingoaconteceramasquatroprimeiras.
Nacorrida1,Brunoterminouna3ªposição.Nasegundaregatadodia,teveumdesempenhoinferior, cruzandoalinhadechegadaem7ºlugar.Acorridadenúmerotrêstambémnãofoiboaparaobrasileiro, queficouna10ªposição.MasBrunoLoboserecuperounaregataseguinte,efechouodiacomuma4ª colocação.Naclassificação,osatletaspodemdescartaropiorresultado.Assim,aofimdasquatro primeirasregatas,okitesurfistamaranhenseocupaa4ªposiçãogeral.
Nasegunda-feira(5)estãoprevistasmaisquatroregatasdafórmulakitenaBaíadeMarselha.Asprovas acontecemapartirdas7h23,nohoráriodeBrasília.
Outrosbrasileiros
NaclasseNacra17foramdisputadastrêsregatasnestedomingo,comaparticipaçãodaduplabrasileira JoãoBulhõeseMarinaArndt.Naprimeiracorrida,elesterminaramna11ªposição.Aduplaconseguiu umdesempenhomelhornasegundaregata,aocruzaralinhadechegadana5ªposição.Efecharamas disputascomumnovo11ºlugar.Naclassificaçãogeralelesocupama11ªposição.
Faltamaindaseiscorridas,alémdaregatadamedalha.Naclasse470,IsabelSwaneHenriqueHaddad passaramda17ªparaa13ªposiçãogeralapósseisregatasjádisputadas.Duascorridasforamrealizadas nestedomingoeelesobtiveramum9ºeum8ºlugares.
Faltandoduasprovasparaofimdasregatasregulares,GabrielaKiddéapenasa27ªcolocadanaclasse Ilca6.Elaprecisaterminarentreasdezprimeirasparaparticipardaregatadamedalha.NaIlca7,Bruno Fontesfoio25ºnaprimeiraregatadestedomingo.Nasequência,serecuperouechegouem6ºlugar nasegundacorridadodia.Eleéoatual28ºcolocado,faltandoduasprovasparaaregatadamedalha.
Comdoisouroseumbronze,DaviHermessedestacanoMeetingBrasileiro Nadadormaranhenseconquistou16medalhasnasúltimascincoediçõesdacompetiçãonacional.
Okitesurfisraficouemsétimolugarnaprimeirafaseevaidisputarmedalhanestaquinta-feira(8).
OmaranhenseBrunoLobolutaporumainéditamedalhanosJogosOlímpicos.(Divulgação/World Sailing)
Por:DaRedação07deAgostode2024
OkitesurfistamaranhenseBrunoLobocontinuanabrigapormedalhanosJogosOlímpicosdeParis 2024.BrunotevesuaclassificaçãoconfirmadaparaassemifinaisdaFórmulaKitenatardedestaquartafeira(7),apósgarantirasétimaposiçãonafaseclassicatória,com28pontosperdidosemseteregatas realizadasnaMarinadeMarselha,noSuldaFrança.
AdisputadaprimeirafasedaFórmulaKitenosJogosOlímpicosfoiprejudicadapelaausênciadevento entresegunda-feira(5)equarta-feira(7):apenassetedas16regatasprevistasnoiníciodacompetição foramrealizadaspelos20atletasdacategoriamasculina.BrunoLoboatéchegoualargarparaaoitava regatanamanhãdestaquarta,masacorridafoiinterrompidaporfaltadecondiçõesclimáticas,assim comotodasasdemaisprovasdacategoria.
ComocancelamentodasúltimasprovasdaprimeirafasedaFórmulaKite,BrunoLoboseclassificou paraassemifinaispelodesempenhoobtidonasseteregatasqueforamdisputadasemMarselha,onde conquistouasétimaposiçãonaclassificaçãogeral.Okitesurfistamaranhenseapresentouuma performancedealtonívelemuitaregularidadeemMarselha,chegandonoTop10emseisregatas, comdestaqueparaaterceiraposiçãonaprimeiraprova.
“Agradeçoatodosqueestãonatorcida,recebimuitasmensagensduranteessesquatrodiasde competição,essaenergiadáumaforçaamaisevamoscomtudoparabuscaressamedalhaparao Brasil” ,afirmaBrunoLobo.
Classificado,BrunoLobovaicompetirnasemifinalAdaFórmulaKitenamanhãdestaquinta-feira(8), às7h13(horáriodeBrasília),naMarinadeMarselha.Oatletamaranhensevaidisputarseisprovas contraRiccardoPianosi(Itália),AxelMazella(França)eQibinHuang(China).Ovencedordessa semifinalavançaparaafinaldosJogosOlímpicos,tambémnestaquinta,ondeenfrentaráToniVodišek (Eslovênia),MaximilianMaeder(Singapura)eomelhorcolocadodasemifinalB,quecontacom ValentinBontus(Áustria),JannisMaus(Alemanha),ConnorBainbridge(Grã-Bretanha)eMarkus Edegran(EstadosUnidos).
JOAQUIMHAICKEL
CemanosdepoisosJogosOlímpicosvoltamaserdisputadosemParisedesdeoinícioelesvêmse notabilizandopelagrandequantidadedepolêmicasquetêmcausado.
Amaiordelas,graçasaobomDeus,sejaele Zeus,Posseidon,Krishna,Javéouqualqueroutro,as polêmicas não têm sido quanto aos jogos, às competições em si, mas principalmente quanto a solenidadedeabertura,queconseguiu,pelovistoincomodarnoveentredezpessoasqueaassistiram. Otítulodestamatériapoderiaseroutro.Aoinvésde“VamosfalarsobreasOlimpíadas”,poderiaser “VamosfalardafaltadebomgostoebomsensodosorganizadoresdaaberturadosJogosOlímpicos deParis-2024”.
Seporumlado,fazeraaberturaforadeumestádiofoiumainiciativamaravilhosaemonumental,por outrolado,aparelharaaberturacomingredientesecomponentesideológicos,sejadopontodevista político,socialoureligioso,demonstrouserumverdadeirodesastre,issopradizeromínimoenãodizer quefoiofensivoegrosseiro,eoqueépior,semnenhumanecessidade,semnenhumaaplicabilidade práticaoupositiva.
Quemmeconhecesabequenãosouafeitoareligiões,sabequesouagnóstico,mas,damesmaforma quetioAlbert,creiopiamentenoDeusdeEspinosa,umDeuspragmático,quenãoadmitedogmas,mas seus ensinamentos são no sentido de que devemos respeitar a todos, independentemente de concordarmoscomelesounão,portantoafrontarquemnãopensacomonós,nãoéomelhorcaminho paravivermosemharmoniaepaz.
A abertura desses jogos foi uma verdadeira palhaçada lacradora. Os organizadores resolveram partidarizarumacoisaquedeveriaseruniversalizada,dandoespaçoparatodosospensamentosetodos osposicionamentosenãoadesvalorizaçãoeridicularizaçãodeunsemdetrimentodeoutros.
OpontoaltodadiscórdiasobreaaberturadosJogosdeParis-2024foieserásempreaencenaçãoda SantaCeia,cultuadapeloscristãos,comoummomentosagradodesuacrença,ondeCristoeseus apóstolos foram representados por personagens bizarros, reconfigurando de forma grotesca e desrespeitosaaquiloqueparaquase40%daspessoasdomundo,éalgoimportanteesagrado.
Paraqueisso?Oqueganharamcomisso?Alguémimaginouqueomundoiriaacharlegalouengraçado tamanhapalhaçada?Seráqueosfrancesesacreditamqueomundoachaqueoqueaconteceuna RevoluçãoFrancesalhesdáodireitodetentarditarorumoeodestinodahumanidade,ouseráqueeles jásabemquedepoisqueseestudaafundoasuafamosarevoluçãosedescobrequeoqueaconteceu alifoimeramenteumaencruzilhadatemporalcircunstancialdahumanidade,algoquesedescontrolou, setornousangrentoequeapenasaintençãocontidaemsuaspalavrasdeordemsobreviveu:Igualdade, fraternidadeeliberdade,queforamascoisasquemenostiveramnaquelemovimentoassimcomona aberturadessejogos.
AaberturadosJogosOlímpicosdeParis-2024ficaránahistóriacomosendoaprovavivadequeacultura wokedeveserdeplorada,nãodevendoseradmitidaporninguémquetenharespeitoaosverdadeiros valoresquerepresentamaigualdade,afraternidadeealiberdade,quesãocoisasquenãodevemenão podemsofrerdeformidadescausadasporideologiasoumodismos.
Nãotiveaindaoportunidadedefalarcomalguémquenãotenhaachadodesastrosaaaberturadesses jogosolímpicos,eatégostariadeacharquemtenhagostadoparatentarentenderaquiloqueemmeu pontodevistaéalgocompletamentedesnecessário,chegandoàsraiasdaidiotice.
Alguémobservouqueoswokesnãosãocompletamenteidiotas,tantoquenãofazemessaspresepadas comareligiãoislâmica,nãoprofanamasimagensdeMaoméedeAlá.Elesnãofazemissoporquesabem quesofreriamrepresáliasviolentas.
PS:HáumaoutracoisaacontecendonestesJogosOlímpicosquetemmedeixandomuitotriste.Éa constataçãodequemuitaspessoasnãoestãotorcendopornossosatletasenossasequipes,apenaspara queoresultadoruimdelesreflitamalnaimagemdeumgovernodoqualdiscordam.Nãoéqueessas pessoas estejam torcendo contra. Elas simplesmente não estão torcendo a favor ou estão completamentedesinteressadas.Émuitotristequeascoisastenhamchegadoaesseponto.
*Renato Dionísio
*Historiador, Poeta, Compositor e Produtor Cultural
O mundo vive sob o impacto da trigésima primeira olimpíadas da era moderna. Os números dizem muito: esta edição registra a inscrição do maior número de países com um recorde de atletas inscritos. Pela primeira vez a abertura do evento aconteceu fora de um estádio. Não houve veto à participação de nação alguma. Nestes jogos o número de homens e mulheres participantes aproxima-se da igualdade. O evento é assistido, simultaneamente, em pelo menos metade do globo e por estrondosa parcela de seus viventes.
Este acontecimento esportivo, sabidamente o maior e mais antigo de todo mundo, é repleto de encantos e desencantos: Como não se maravilhar pelo esforço dos atletas na luta pela superação buscando novos recordes? Como não chorar ou sorrir com a emoção dos competidores, independentemente de seres estes compatriotas ou não, após um recorde quebrado ou uma tentativa frustrada? É muita emoção, aguenta coração! Como diria um certo Galvão.
Como não classificamos nossa seleção masculina de futebol para as olimpíadas, ao assistir à derrota de nossa seleção feminina, inclusive com a expulsão de nossa rainha Marta, para o escrete espanhol, passei, como forma de compensar meu sofrimento, a recorrer a nosso passado e revisitar nosso panteão, repleto de ídolos, cuja entrega e devoção inspiram, ou deveria, a muitos que hoje no mar em terra ou no ar, o caso do kitesurf, representam nossa glória esportiva.
Ainda de olho na “telinha”, me veio a memória a figura lendária de nosso rei Pelé, que há pouco deixou este plano para morar na história e em nossos sentimentos. Como a majestade não foi atleta olímpico, de pronto, a câmera de meus sentidos estacionou em nossa Rebeca Andrade, em sua história e sua luta para se constituir neste fenômeno. Lembrando Antoine de Saint-Exupéry. - Tu te tornas eternamente responsável pelo que cativas-, penso: quanto peso, quanta responsabilidade esta menina acaba de colocar sobre os próprios ombros.
Cada competidor, somente pelo fato de ali ter chegado, merece nosso respeito e reconhecimento, cada medalha, pode representar, além do talento, o quanto de recursos e planejamento foi despendido para este objetivo; neste sentido, não é obra do acaso o fato dos países mais desenvolvidos ficarem em destaque no ranque de premiação. O talento, entretanto, pode descobrir um Caio Bonfim, que prata na marcha atlética, honra o legado familiar de uma mãe atleta e de um pai treinador, que são parte indissolúvel desta conquista. Minha irrequieta alma de prosador me manda e, de pronto, obedeço, revisitar meus guardados, para lembrar de Pedro Laurindo Filho que no dia 31, passado, nos abandonou sem despedidas ou cerimônias. Categoricamente, entretanto, afirmo, que sua existência representou rotunda declaração de amor ao jogo de damas, esporte que, embora praticado em muitos países, não alcança número suficiente para ser incluído nas olimpíadas. Isto mesmo, o DOTINHA dedicou parte considerável de sua existência a um esporte, que embora não sendo olímpico, fez dele um amoroso "escravo” e devotado cultor.
O ano é 1969, o estado do Maranhão, ainda sob o Governo José Sarney, faz a entrega do segundo conjunto da Cohab Anil. Muito jovem, acompanho o recebimento, por minha mãe, dona Catarina, de uma banca na recém-criada feira, do nascente bairro. Logo a seguir, no centro comercial se instalaria uma academia, onde se praticava jogos de damas e similares. No local, inclusive, eram organizados muitos campeonatos. Durante anos seu Pedro, pai do comentado, organizador dos campeonatos, se mostrava preocupado, quando as decisões, volta e meia, ficava entre os filhos Dotinha e Maior. Este clássico movimentava muitos e as torcidas ficavam inflamadas. Eu, que vivi as medalhas da Rebeca e os campeonatos da academia na Cohab, consigo enxergar um traço comum: a imensa disposição de alguns, para fazerem do esporte motivo e razão de suas vidas. Parabéns aos nossos medalhistas olímpicos, e vivas a quem fez de sua vida dedicada uma medalha.
Mestre Dotinha, assim eu o chamava, por várias vezes campeão maranhense, foi campeão brasileiro e mundial nas damas de vinte e quatro pedras. Sem patrocinador, sem bolsa atleta ou qualquer outra forma de incentivo a não ser seu amor àquele esporte, orgulhosamente representava o Estado do Maranhão. Que
ficou menor com sua partida e triste muitos admiradores que não tiveram do poder constituído, sequer uma notinha de lamento e despedida. Povo sem memória acaba ficando sem alma. Triste. Lamentavelmente triste.
Como, enquanto uns descansam outros carregam pedras, voltemos a Paris, com seus múltiplos segredos e encantos e entre a Torre Eiffel e o Rio Sena, ainda que em pensamento, vejo o sol da liberdade, neste momento estacionado sobre a “cidade luz”, proporcionando, pelo menos, até o momento em que escrevo, momentos únicos e significativos de convivência e respeito, apesar da Ucrânia e da Palestina, ao povo que cada atleta representa. Que os Deuses zelem pelo exitoso final.
São279atletasbrasileirosnosJogosParalímpicos.
PRINCIPAISCONQUISTASOuronos400mnoMundialdeKobe2024;ebronzenos400mnoMundial Paris2023.(Foto:ComitêParalímpicoBrasileiro)
Por: da redação17 de Agosto de 2024
Parte da delegação brasileira embarcou na quinta-feira (15) rumo à França para disputar os Jogos Paralímpicos de Paris 2024.
A cerimônia de abertura está marcada para o dia 28 de agosto, e o evento se estenderá até 8 de setembro. CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Entre os 279 atletas brasileiros que competirão, seis são do Maranhão. Um dos destaques é o caxiense Bartolomeu da Silva Chaves, de 22 anos.
Segundo o Comitê Paralímpico Brasileiro, Bartolomeu foi diagnosticado com deficiência intelectual durante a infância. Iniciou no atletismo na classe T20, mas foi reclassificado para a classe T37 (paralisado cerebral) após desenvolver dores durante os treinos.
Bartolomeu já acumula importantes conquistas, como a medalha de ouro nos 400 metros no Mundial de Kobe 2024 e o bronze na mesma prova no Mundial de Paris 2023.
Confira os atletas maranhenses nas Paralimpíadas:
Atletismo: Bartolomeu da Silva Chaves (Caxias)
Atletismo: Rayane Soares da Silva (Instituto Athlon de Desenvolvimento Esportivo, Parnarama)
Bocha: André Martins Costa (APBS Associação Paradesportiva da Baixada Santista, Santa Inês)
Futebol de Cegos: Jardiel Vieira Soares (APACE Associação Paraibana de Cegos, Pinheiro)
Tiro com Arco: Luciano Reinaldo Rezende (CETEFE Associação de Centro de Treinamento de Educação Física Especial, Balsas)
Voleibol Sentado: Pamela Pereira (ASPAEGO Associação Paralímpica do Estado de Goiás, Balsas)
Autor:Leonardo de Arruda Delgado.
Nomedopolo:Liga Desportiva Escolar e Cultural de Barra do Corda.
Cidade:Barra do Corda.
Estado:Maranhão.
Colaboradoresdoprojeto:Professores Nilvan e Weyla.
A história do mini-handebol em Barra do Corda teve início logo após a pandemia, mais precisamente no dia 18 de setembro de 2021. Em uma reunião pelo Google Meet, realizada no sábado às 9h no horário de Brasília, o professor Leonardo de Arruda Delgado fez a inscrição da Liga Desportiva Escolar e Cultural de Barra do Corda no Programa de Desenvolvimento Nacional do Mini-Handebol oficial da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb), para a categoria de polo futuro.
Selecionado para o projeto, foi escolhido o local da quadra da UI Izabel Cafeteira, no Bairro Tresidela, na Avenida Rio Amazonas, na cidade de Barra do Corda. Desde então, foram realizadas várias reuniões e cursos sobre mini-handebol, mas a quadra ainda não estava pronta.
Mas o que é o mini-handebol? É um projeto de ensino do handebol da CBHb que abrange todo o Brasil, baseado em uma filosofia que valoriza a prática lúdica e integrativa do jogo, com distintas adaptações metodológicas e didáticas, voltadas para atender crianças do primeiro ciclo do ensino básico (5 a 10 anos de idade). O projeto preza pelo desenvolvimento das capacidades e habilidades físicas, motoras, cognitivas, socioafetivas, educacionais e esportivas.
Devido aos aspectos culturais da modalidade handebol e à falta de local e recursos materiais específicos para desenvolver o projeto, resolvemos iniciar o trabalho com crianças de 12 a 17 anos nas aulas de educação física escolar nas escolas, onde atuo como professor. No início foi difícil, pois os alunos só queriam jogar futsal, e a gestão obrigou a realizar o interclasse de futsal primeiro. Assim, os alunos que não foram selecionados no futsal foram convidados a participar da modalidade handebol.
Fomos campeões de handebol nos Jogos Escolares de Barra do Corda em 2023, e como a cidade foi sede regional dos Jogos Escolares Maranhenses (JEM’s), os meninos participaram de sua primeira competição oficial de handebol, sendo campeões da série prata.
Motivados pelo resultado, em 2024 decidimos investir na formação humana. A Liga Desportiva Escolar e Cultural de Barra do Corda e a Federação Maranhense de Handebol promoveram, no dia 31 de março, a I Clínica de Arbitragem de Handebol e Mini-Handebol Barra do Corda/MA. A clínica foi coordenada pelo Prof. Leonardo Delgado – Presidente da Liga Desportiva Escolar e Cultural – e teve como professores ministrantes Willyam Martins, Diretor Geral de Arbitragem da FMAH, e Rosângela Diniz, embaixadora do mini-handebol no Maranhão. Contou com a presença de profissionais de educação física, acadêmicos e atletas.
Posteriormente, de 04 a 07 de abril de 2024, a Prefeitura de Barra do Corda, por meio da Secretaria de Esportes e Juventude, em parceria com a Secretaria de Estado do Esporte e Lazer (SEDEL), através do Projeto SEDEL CAPACITA, realizou o curso de qualificação técnica em handebol. O curso foi ministrado pelos professores Dr. José Carlos Ribeiro – o Canhoto (ex-presidente da FMAH) – e Willian Melo, árbitro e ex- atleta de handebol.
Ainda em 2024, participamos dos Jogos Escolares de Barra do Corda (JEBC’s) com seis equipes (uma infantil masculina, uma infantil feminina, duas infanto masculinas e duas infanto femininas) e classificamos 4 equipes para a fase regional dos JEM’s, participando de todas as finais
e obtendo o segundo lugar no infantil masculino e infanto feminino, e o terceiro lugar no infantil feminino, na série ouro da competição.
Após o salto em quantidade e qualidade, recebemos a confirmação da Secretaria de Esportes de que teremos a nossa tão sonhada quadra coberta para iniciarmos o nosso projeto de mini-handebol. A previsão é para setembro, quando iniciaremos com 30 crianças de 5 a 10 anos do ensino fundamental menor da Escola Izabel Cafeteira e continuaremos com o trabalho nas categorias infantil (11 a 14 anos), infanto (15 a 17 anos) e implantaremos a categoria adulta para maiores de 18 anos, com participação em competições oficiais de handebol.
Créditos - Reprodução
Por: Redação*03 de Setembro de 2024
Raissa Machado lançou em 23,51m e ficou atrás somente dos 24,99m de Diana Krumina, da Letônia. Essa é a segunda medalha de Raissa em Jogos. Em Tóquio 2020, ela também foi prata na mesma prova. No Mundial de Kobe 2024 ela conquistou a medalha de ouro.
“Acordei sabendo que uma medalha seria minha, não importava a cor. Agora é começar a me preparar para buscar o ouro em Los Angeles (nos Jogos Paralímpicos de 2028)”, disse Raissa
A maranhense Rayane Soares avançou à final dos 100m T13 (deficiência visual) com o tempo de 11s90, novo recorde das Américas. O anterior era de 11s99, feito pela cubana Omara Duran em Guadalajara 2011.
O maranhense Bartolomeu Chaves garantiu sua vaga na final dos 400m T37 (paralisados cerebrais) ao vencer a sua bateria com o tempo de 52s34. A final acontece às 06h05 (de Brasília) desta quarta-feira.
Por: Redação*03 de Setembro de 2024
O ala maranhense Jardiel teve uma excelente atuação na vitória do Brasil por 3 a 0 sobre a França. Um dos destaques da Seleção Brasileira, que busca o hexacampeonato paralímpico, Jardiel fez o segundo gol na vitória sobre os donos da casa, em uma cobrança perfeita de tiro livre a 37 segundos do fim do primeiro tempo.
O Brasil venceu a França por 3 a 0 nesta segunda-feira (2), na Arena da Torre Eifell, em Paris, na segunda rodada da fase de grupos do futebol de cegos nos Jogos Paralímpicos de 2024. Um dos destaques da vitória brasileira foi o maranhense Jardiel, que marcou o segundo gol dos atuais pentacampeões paralímpicos em cobrança de tiro livre direto.
Além de Jardiel, o Brasil contou com gols de Ricardinho e Nonato para derrotar os donos da casa e encaminhar a vaga nas semifinais da competição.
Com a segunda vitória consecutiva, o Brasil chegou aos seis pontos e ocupa a liderança isolada do Grupo A do torneio de futebol de cegos dos Jogos Paralímpicos, bem perto de confirmar a vaga nas semifinais. A França, por sua vez, está na terceira posição da chave, com os mesmos três pontos da vice-líder China, que A última partida do Brasil na fase de grupos do futebol de cegos será contra a China, na tarde desta terçafeira (3), às 13h30 (horário de Brasília), novamente na Arena da Torre Eifell.
Para avançar às semifinais, a Seleção Brasileira precisa de um empate contra a China. Caso perca, o Brasil só fica de fora da briga por medalha se a França vencer a Turquia e tirar uma grande diferença no saldo de gols.
O Brasil tenta manter a hegemonia no futebol de cegos. Todas as edições da modalidade até hoje disputadas em Jogos Paralímpicos foram vencidas pela Seleção Brasileira: Atenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020.
Passarinho – como é conhecido o caxiense – fez voo para seu primeiro pódio em Jogos Paralímpicos na manhã desta terça (3)
Comitê Paralímpico Brasileiro - Reprodução
Por: Redação04 de Setembro de 2024
A primeira medalha do Brasil nos Jogos Paralímpicos de Paris-2024 nesta quarta-feira (4) saiu no atletismo –e para um maranhense.
O caxiense Bartolomeu Chaves entrou na pista do Stade de France credenciado ao pódio por ser o atual campeão mundial dos 400m da classe T37 (paralisados cerebrais).
Créditos – Reprodução
O maranhense iniciou a disputa com tudo e ficou a maior parte da prova na liderança, porém foi ultrapassado na reta final por Andrei Vdovin e cruzou a linha de chegada em segundo, conquistando a prata.
“Foi muito bom a prata. Eu achava que eu nem ia medalhar. Eu fiz o impossível, pois quando cheguei em Troyes, estava com joelho inflamado. Treinei apenas quatro dias e o joelho inflamou mais ainda. Eu estava sem andar, muito ruim do joelho, com a parte de trás dele muito inflamado. Até então, pelo período que eu fiquei parado, eu achei que eu não ia correr nem 50 (segundos). E agora, falar que eu melhorei a minha marca, eu mesmo não acreditei”, disse Bartolomeu Chaves ao OTD.
Prata com recorde pessoal
Bartolomeu Chaves, mais conhecido no meio do atletismo como Passarinho, largou com tudo e imprimiu ritmo intenso desde o começo dos 400m T37. Na metade da prova já estava claro que a disputa seria entre ele e Vdovin, russo que compete com a bandeira neutra
Os dois entraram nos 100m finais com o brasileiro na frente, mas o atleta nascido na Rússia acelerou as passadas e superou o corredor maranhense nos metros derradeiros e ficou com o ouro.
Créditos – Reprodução
Apesar de ter sido ultrapassado, Bartolomeu Chaves conquistou a medalha de prata ao registrou sua melhor marca pessoal na carreira. Ele finalizou a prova com tempo de 50s39, superando os 50s74 do título mundial de 2024, em Kobe, no Japão.
Vdovin ficou com o ouro com 50s27, seu melhor desempenho em 2024. O russo foi o campeão paralímpico dos 400m T37 em Tóquio-2020, quando fez também o recorde mundial e paralímpico, marca que permanece. Na ocasião, o europeu correu para 49s34.
Créditos – Reprodução
Bartolomeu Chaves conquistou a 49ª medalha brasileira nos Jogos Paralímpicos de Paris-2024. Nas eliminatórias, Passarinho se garantiu na final dos 400m T37 em primeiro lugar em sua bateria correndo em 52s34, deixando para trás dois atletas: o ucraniano Mykola Raiskyi, segundo, com 52s53, e Anton Feoktistov, russo que compete com bandeira neutra, terceiro, com 52s56. O tunisiano Amen Tissaoui ganhou o bronze da prova com tempo de 50s50.
“Dei tudo o que eu tinha. Eu me joguei. Foi f***. Deu certo. Primeira medalha. Melhorei minha marca. Estou muito feliz. Significa muito essa medalha. Achei que nem ia medalhar, porque cheguei à aclimatação em Troyes com o joelho inflamado, treinei só quatro dias lá, mas o CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro) cuidou bem de mim. Fiz o impossível. Tô sem acreditar ainda”, disse Passarinho.
Confronto repetido
Bartolomeu Chaves e Vdovin tiveram nos Jogos Paralímpicos o segundo confronto em 2024. Se em Paris o russo se deu melhor, no Campeonato Mundial deste ano, em Kobe, no Japão, o brasileiro foi quem ficou com o ouro e deixou o rival em segundo.
Em solo japonês, o atleta do Maranhão fechou a prova em 50s74, que era sua melhor marca pessoal. Já Vdovin cruzou a linha de chegada em 50s84. Assim como na atual Paralimpíada, o pódio do Mundial foi completado pelo tunisiano Amen Tissaoui, com 51s32.
Natural de Caxias, Bartolomeu Chaves está com 22 anos e, além do título mundial e da prata dos Jogos Paralímpicos, ele tem em seu currículo a medalha de bronze no Campeonato Mundial de Paris, em 2023.
O brasileiro teve deficiência intelectual diagnosticada ainda em período escolar e começou no atletismo disputando pela classe T20. No entanto, durante os treinos foi reclassificado para a classe T37 (paralisado cerebral) devido às dores que sentia na prática da modalidade.
Rayanecompletouopercursoem53s55,superandoos54s46daestadunidenseMarlaRunyan,que duravadesde2dejaneirode1995,háquase30anos.
Por:DaRedação07deSetembrode2024
AcorredoramaranhenseRayaneSoares,27,setornoucampeãparalímpicanestesábado,7,aovencer os400mdaclasseT13(deficiênciasvisuais)noatletismo.Alémdamedalhadeouro,Rayanequebrouo recordemundialdaprova,umamarcaqueduravadesde1995.
Rayanecompletouopercursoem53s55,superandoos54s46daestadunidenseMarlaRunyan,que duravadesde2dejaneirode1995,háquase30anos.Apratanestesábado,noStadedeFrance,ficou comLamiyaValiyeva,doAzerbaijão,quecompletouaprovaem55s09,eobronzeficouparaa portuguesaCarolinaDuarte,comotempode55s52.
EssafoiasegundamedalhadeRayanenosJogosdeParis,esuasegundaparalímpica.Elaconquistoua pratanos100mdaclasseT13,provarealizadanaterça-feira,3.
AatletaestevenosJogosParalímpicosdeTóquio2020eteveumciclomuitobomparachegaraParis. Elafoiouronos200m,pratanos100mebronzenos400mnoMundialdeKobe2024;ouronos100me 400mnosJogosParapan-AmericanosdeSantiago2023,ebronzenos400mnoMundialParis2023.
Rayanenasceucegaporcausadeumamicroftalmiabilateralcongênita,queéamá-formaçãonos globosoculares.Elaentrounoesporteparalímpicoem2015.
Evento teve participação de José Carlos “Codó” Moreira, velocista brasileiro especialista nos 100 metros rasos, e Ronaldo Santos, campeão da Maratona de Berlim no ano de 1998
Com 4,5 mil inscritos, a segunda edição da Meia Maratona Internacional SLZ marcou a manhã de domingo (8) com as comemorações pelo aniversário de 412 anos da capital maranhense.
A competição ocorreu na Avenida Litorânea e contou com circuito fechado de 5 km, 10 km, 21 km e os 600 metros que foi destinado ao público infantil.
Todas as categorias foram premiadas. O governador Carlos Brandão entregou as premiações e destacou a projeção do evento esportivo que marca as comemorações pelo aniversário de São Luís.
Ele ressaltou que agora o Maranhão escreve uma nova história com destaques positivos para serem vistos dentro e fora do estado.
“Uma vez que a gente valoriza o esporte a gente valoriza a saúde. Eu fico mais feliz ainda porque a gente valorizou todas as categorias, em especial as pessoas com deficiência, pois o nosso governo é inclusivo. Além disso, sete estados participaram da nossa Meia Maratona Internacional e, também, outros países. Isso mostra que estamos colocando o Maranhão no cenário nacional e internacional”, frisou o governador.
O evento esportivo é realizado pelo Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado do Esporte e Lazer (Sedel), com o patrocínio do Governo Federal, por meio do Ministério do Esporte.
O secretário da Sedel, Naldir Lopes, salientou que em apenas um ano, o número de inscrições quase dobrou, saltando de 2,5 mil para 4,5 mil.
“Este é o segundo ano da Meia Maratona Internacional, um evento idealizado pelo governador Carlos Brandão. Fizemos o primeiro ano com 2.500 inscrições e esse ano batemos recorde com 4.500 inscrições. Então só temos a agradecer ao Ministério do Esporte, através do ministro André Fufuca, e ao governador Carlos Brandão. É mais um presente para os 412 anos da cidade”, frisou o secretário.
Entre os mais de 4 mil participantes estavam pessoas como a aposentada Islandia Maria Luz Loureiro, que aproveitou o aniversário da cidade para manter hábitos mais saudáveis.
“É a minha primeira maratona e isso é especial para mim. Gostaria de agradecer ao governador pois é um grande incentivo e traz vida e saúde para nós. Estou muito feliz por amanhecer com esse clima de energia positiva”, relatou.
O cadeirante e atleta profissional Valdir Simão de Souza ficou em segundo lugar no circuito de 5 km para pessoas com deficiência e parabenizou a realização de um evento esportivo para celebrar os 412 anos da cidade.
“Como atleta profissional posso dizer que é um evento muito bom, ainda mais em comemoração à nossa cidade com seus 412 anos, foi muito gratificante fazer essa corrida”, declarou.
Estiveram presentes no evento também José Carlos Moreira mais conhecido como Codó, velocista brasileiro especialista nos 100 metros rasos, e Ronaldo Santos, campeão da Maratona de Berlim no ano de 1998. Premiação
Na categoria kids, nos 600 metros, os competidores receberam medalhas de participação. Nas demais modalidades de corrida 5 km, 10 km e 21 km (feminino e masculino), os cinco primeiros colocados receberam troféus e premiação em dinheiro de até R$ 9 mil.
Os atletas com deficiência disputaram o circuito de 5 km com oito subcategorias (deficiente intelectual, cadeirante, visual, auditivo, membros superiores, membros inferiores, Síndrome de Down, autismo).
O primeiro lugar recebeu a premiação de mil reais, segundo lugar levou 900 reais. Já 3º lugar 800 reais, 4º lugar 700 reais e 5º lugar o valor de 600 reais.
Classificação do circuito de 21 kmMASCULINO1º lugar – Nicolas Kiptoo Kosguei 2º lugar – Justino Pedro da Silva 3º lugar – Joilson Bernardo da Silva 4º lugar – Josimar da Conceição Silva 5º lugar – Noel dos Reis Alves Silva FEMININO1º lugar – Viola Jelagat Kosguei 2º lugar – Kleidiane Barbosa Jardim 3º lugar – Aline Prudencio de Freitas 4º lugar – Laís Dias da Silva 5º – Dilma Raimunda Braga Cantanhede