A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor. EXPEDIENTE
MARANHA-Y REVISTA DE HISTÓRIA(S) DO MARANHÃO
Revista eletrônica
EDITOR
Leopoldo Gil Dulcio Vaz
Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com
Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luís – Maranhão (98) 3236-2076
98 9 82067923
CHANCELA
Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); Titular da FEI (1977/1979); Titular da FESM/UEMA (1979/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IFMA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 16 livros e capítulos de livros publicados, e mais de 430 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Academia Poética Brasileira; Sócio correspondente da UBE-RJ; Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luís (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Prêmio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Prêmio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; Editor da IHGM EM REVISTA, desde 2023; Editor da “ALL em Revista”, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras, números 1 a 10; Editor da Revista do Léo, desde 2017, e desta MARANHAY – Revista Lazeirenta, dedicada à(s) História(s) do Maranhão; Editor da Revista Ludovicus, dedicada à literatura ludovicense/maranhense, desde 2024; Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
UM PAPO
Quais são nossas origens? Um cadinho de várias raças/etnias... Nativos - indígenas tupis e tapuias chegaram primeiro. Os europeus, depois. E os africanos, mais tarde, na diáspora forçada... Somos uma entidade geográfica, assumida a mesma denominação – MARANHÃO -, como identificação de vários acidentes geográficos, em uma vasta região do continente sul-americano, ora espanhol, ora português, espanhol e português – União da Coroa Ibérica -, um estado colonial independente, e uma anexação por força das armas, a um império brasileiro; por fim, a Independência, a República e finalmente, o Maranhão. Pensado em divisão em dois...
Desde as primeiras tentativas de ocupação do vasto território, por quase três séculos, um ‘não-Brasil’. Isto é, a identificação do território como não fazendo parte do Brasil colonial. Depois dos indígenas, a ocupação foi portuguesa, com o abandono, passou a ser frequentada por franceses, holandeses, ingleses... mesmo, por força de Tordesilhas, a parte espanhola... Enfim, ocupada... ou tomada...
Efetivada a colonização – a princípio, francesa – e posteriormente, após o término da união das duas coroas ibéricas–portuguesa,seconstituiuemumestadocolonialseparadodoBrasil,que,comaparticipaçãojesuítica se estendeu até as atuais fronteiras, em quase sua totalidade... Uso posidetis... e temos o Grande Maranhão... Aidentidade é açoriana, efetivamente,dadoque agrande maioria dos primeiros colonizadores para cátrazidos eram originários das Ilhas, Os Açores, outra entidade geográfica, um arquipélago português localizado no Oceano Atlântico composto por nove ilhas. As principais são:
1. São Miguel - A maior ilha, conhecida pela Lagoa das Sete Cidades e as Furnas.
2. Terceira - Famosa pela cidade histórica de Angra do Heroísmo, Patrimônio Mundial da UNESCO.
3. Faial - Conhecida pela Marina da Horta e o Vulcão dos Capelinhos.
4. Pico - Lar da montanha mais alta de Portugal, o Pico.
5. São Jorge - Destaca-se pelas suas fajãs, planícies costeiras formadas por deslizamentos de terra.
6. Santa Maria - Conhecida pelas suas praias de areia branca.
7. Graciosa - Famosa pelas suas paisagens verdes e a Furna do Enxofre.
8. Flores - Destaca-se pelas suas cascatas e lagoas.
9. Corvo - A menor ilha, conhecida pela sua cratera vulcânica, o Caldeirão.
Com ocupação da Ilha do Maranhão – a Upaón-Açú, ou Ilha Grande – tornamo-nos a DÉCIMA ILHA...
Outras vieram, como a Ilha do Desterro – onde está a atual Florianópolis, em Santa Catarina – a 11ª Ilha? Assim como as comunidades do Canadá e Estados Unidos..., mas, fomos os primeiros...
O que nos interessa é a Ilha de São Luís, e sua cidade do Maranhão...
Somos, pois, Manezinhos...
E cumpre-se a professia
“elle como profetizando disse os primeiros pouoadores dessas Ilhas roçarão, e trabalharão, e seus filhos semearão, os netos uenderão, e os mais descendentes fugirão dellas o que assim aconteçeo, conforme o que ate aqui os tempos nos tem mostrados” (CORDEIRO; MADEIRA, 2003)
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
OS “MANEZINHOS” DA “DÉCIMA ILHA”
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
Academia Ludovicense de Letras
Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão
Academia Poética Brasileira
Centro Esportivo Virtual
E cumpre-se a professia
“elle como profetizando disse os primeiros pouoadores dessas Ilhas roçarão, e trabalharão, e seus filhos semearão, os netos uenderão, e os mais descendentes fugirão dellas o que assim aconteçeo, conforme o que ate aqui os tempos nos tem mostrados” (CORDEIRO; MADEIRA, 2003)
Frei Diogo das Chagas, por meados do século XVII, se socorria de um hipotético dito, em tom profético, atribuído ao infante D. Fernando, que parecia condensar o que já então era uma realidade nas ilhas
A participação açoriana na colonização do Estado do Maranhão e Grão-Pará foi significativa. No total, se acrescentarmos os de alguns recrutamentos militares que também se efetuaram nas ilhas açorianas, a documentação disponívelparaoséculo XVIIpermiteapontarparaumacorrentemigratóriaconsiderável, entre os 5.000 e os 6.000 indivíduos:
ANOS ILHAS
NÚMEROS
1618 Grupo Central 95 casais / 561 almas
1621 São Miguel ? 40 casais / 148 pessoas
1649 Santa Maria, São Miguel 52 casais / 365 pessoas
1666 Faial 50 casais
1675 Faial 234 pessoas
1677 Faial 223 pessoas
Quadro 1: Contingentes de povoadores dos Açores na Amazónia (século XVII). Rodrigues (2015)
Jorge de Lemos de Bettencourt, capitão e fidalgo da Casa Real, se ofereceu para, à sua custa, já em 1615, transportar duzentos casais dos Açores para o Pará, num total de mil pessoas. A leva de colonos partiu dos Açores em 1618 e, segundo os dados apresentados por frei Vicente do Salvador, chegaram ao Maranhão somente 95 casais, com alguns solteiros, num total de 561 almas, transportadas em três navios.
A primeira leva terá chegado somente em 11 de Abril de 1619: “A colónia do Maranhão prosperou constantemente: em 1621 duzentos colonos [casais?] dos Açores [possivelmente aqueles que terão chegado em 1619] aos quais seguiram mais quarenta, vieram reparar os danos causados pelas bexigas”.
Em terras amazónicas, o conflito estalou entre Jorge de Lemos de Bettencourt e os colonos, que, ao invés de seguirem para o Pará, ficaram no Maranhão. Os ilhéus não se mostraram disponíveis para acatar as ordens do chefe da expedição e, em requerimento feito em São Luís do Maranhão a 11 de Maio, assinado por 34 dos naturais das ilhas, apresentaram as suas razões, reclamando que ficasse no Maranhão a terça parte dos mil indivíduos que Jorge de Lemos de Bettencourt se obrigara a transportar e declarando que, aparentemente, o contratador pretendia que todos fossem para o Pará, o que eles recusavam, pois o Pará era então uma região em estado de guerra e sem “modo de povoar”. Devido a este insucesso e ao não cumprimento do estipulado, o rei questionaria mesmo Jorge de Lemos de Bettencourt acerca desta questão Martins (2002) afirma tratarse dos 40 casais que António Ferreira de Bettencourt se tinha proposto transportar para o Maranhão.
Nova proposta de transporte de ilhéus para a conquista. Desta vez, o licenciado António Ferreira de Bettencourt, natural de São Miguel, conseguiu a mercê do ofício de provedor da Fazenda Real dos Açores por três anos ao oferecer-se para trazer da Flandres dois mestres na arte do fabrico de salitre e pólvora e para colocar no Maranhão cinquenta casais, tudo à custa da sua fazenda.
Em 1621, é criado o Estado do Maranhão e Grão-Pará, com capital em São Luís do Maranhão, reconhecendose a importância estratégica e económica da foz e bacia do Amazonas, assim como das dificuldades de
comunicação que existiam entre o Maranhão e a sede do governo da América portuguesa, situada em São Salvador da Baía.
A 24 de Novembro 1622, , o provedor da Fazenda Real dos Açores apresentou o traslado autêntico de uma certidão emitida pelo escrivão da Fazenda na conquista do Maranhão, datada de 29 de Outubro de 1621, confirmando a chegada no navio São Francisco de quarenta casais, perfazendo 148 pessoas
Por alvará de 21 de Março de 1624, o Estado do Maranhão e Grão-Pará fosse separado do Estado do Brasil. No ano de 1628, estariam prontos mais 200 casais que aguardavam a chegada de navios que os transportassem para as “conquistas do Maranhão”
Após a expulsão dos Holandeses em 1644, o recém-criado Conselho Ultramarino defendeu a necessidade de povoamento do Estado do Maranhão e, em consulta de 29 de Julho desse mesmo ano, sugeriu a D. João IV que fossem concedidas passagens e mantimentos a todos aqueles que pretendessem seguir para aquela região de fronteira. Trata-se dos 40 casais que António Ferreira de Bettencourt se tinha proposto transportar para o Maranhão
Nos anos de 1648-1649, mais alguns casais das ilhas de Santa Maria e de S. Miguel eram conduzidos à capitania do Maranhão: pelo Decreto de 19 de Setembro de 1648, pretendia-se recrutar, em Santa Maria, 100 casais, “que constavam de quinhentas para seiscentas pessoas”. E a 23 de Abril de 1649, partiram, de Santa Maria e de S. Miguel, para o Maranhão 52 casais, com 365 indivíduos, onde terão chegado em Agosto do ano seguinte. Esta leva, em particular, não agradou ao Governador do Maranhão, Luís de Magalhães, que, solicitava lhe enviassem degredados para colmatar a falta de gente, porque “a q. elle se enuiou da Ilha de S.ta Maria não hauer sido de nenhum seru.ço, nem utilidade, por seu pouco prestimo, e coitadisse q. não presta para mais q. p.a fogir ao trabalho, e pedir esmolas p.las portas”.
O padre António Vieira, em carta dirigida a D. João IV, escrita no Maranhão e datada de 4 de Abril de 1654, numa referência explícita à situação vivida em La Rochelle durante os conflitos religiosos em França: “O Maranhão e o Pará é uma Rochela de Portugal, e uma conquista por conquistar, e uma terra onde V. M. é nomeado, mas não obedecido”. 1666-1667, segunda leva por gente do Faial, terão transitado para ali 50 casais da ilha do Faial, que se estabeleceram no Pará. Comenta Rodrigues (2015)
[...] mesmo com a chegada de novos povoadores oriundos das ilhas, por meados do século XVII existiam apenas nove povoações portuguesas na região, com menos de 3.000 moradores brancos e, em 1663, o procurador do Estado do Maranhão, Manuel da Vide Souto Maior, afirmava que o número de moradores naquele território era de 700, uma cifra que incluía somente a população adulta e masculina. Por esse motivo, e face à apetência das nações rivais pelas riquezas das terras do Maranhão, Paulo da Silva Nunes, representante dos moradores, defendia que, para a defesa daquele Estado, eram necessários “muitos mil moradores brancos” e que a solução estaria em povoar o Estado do Maranhão com casais da Madeira, determinando a coroa que “em cada anno, sem duvida alguma, se lhe remetão sincoenta cazaes de moradores das ditas ilhas ou de outras partes, quando naquellas já os não haja”. [...] No Pará, o cenário era ainda pior: uma carta do governador do Estado informava, em 1674, que o número de moradores não excedia os duzentos casais e que as três companhias pagas aí existentes não atingiam os sessenta homens. Face a este panorama, o Conselho Ultramarino emitiu um parecer sublinhando o “quanto convinha, que V. A. mandasse cazais das Ilhas, para povoarem aquella Conquista”.
Devido às erupções que atingiram a Ilha de Faial, a 22 de dezembro de 1672, os oficiais da câmara da vila da Horta escreveram ao Infante D. Pedro, então curador do rei e governador dos reinos, solicitando que os moradores das freguesias do Capelo e da Praia, no norte da ilha, passassem ao Maranhão, devido à sua muita pobreza. Assim, a 7 de Outubro de 1673, a questão foi abordada em consulta do Conselho Ultramarino e, a 28 de Novembro, este órgão examinou a proposta de João Pereira Seixas de levar para o Maranhão os casais da ilha do Faial a bordo da sua fragata, assunto que foi retomado em consulta de 13 de Janeiro de 1674
Em consulta do Conselho Ultramarino é especialmente útil para a análise do mecanismo de transporte dos casais até terras sul-americanas na medida em que nos permite conhecer a relação de custos apresentada por João Pereira Seixas: os casais (marido e mulher), em idade útil e com filhos, num total de 400 praças,
implicariam um investimento de 1.600.000 réis, ou seja, 4.000 réis por casal; a roupa, 400.000 réis; as ferramentas e as armas, outros 400.000 réis; e o fretamento do navio, 600.000 réis. (RODRIGUES, 2015) Desconhece-se se este transporte de casais teve lugar, informa Rodrigues, 2015. O capitão-mor da ilha do Faial, Jorge Goulart Pimentel, tinha já prontos 100 casais que deveriam seguir no ano seguinte para o Brasil·. Exigia-se, então, que os casais fossem compostos “dos homens mais idoneos para o trabalho, cujas mulheres sejam capazes de propagação e tenham mais filhos para se formar uma nova povoação; para cujo effeito ordenareis sejam de todos os officios: lavradores, pedreiros, carpinteiros, e ferreiros, serralheiros, sapateiros e alfaiates” A 18 de Agosto de 1675 partia daquela ilha a fragata Nossa Senhora da Palma e São Rafael com 50 casais faialenses (234 pessoas), tendo por destino o Pará. O capitãomor Jorge Goulart Pimentel dava ainda conta de
“que os outros cincoenta cazais ficarão promptos, e muytos delles, por pobres, em cazas suas, sustentandoos à sua custa; e que alem destes 50 que estão promptos, se podem tirar daquella Ilha, e da do Pico (de que he Governador) cem cazais mais, sem todos estes fazerem falta”.
Em todo este processo, Jorge Goulart Pimentel contou com as prestimosas colaborações do provedor da Fazenda Real nos Açores, Agostinho Borges de Sousa, e do almoxarife do Faial, Jorge Furtado de Arês, motivo pelo qual seriam elogiados pelo Conselho Ultramarino, que, em consulta de 20 de outubro de 1675, sugeriu ao príncipe regente que a todos agradecesse .
Na charrua Nossa Senhora da Penha de França e São Francisco Xavier, propriedade de Francisco da Costa, da ilha Terceira, partia , em 1677, a segunda leva de colonos para o mesmo porto (Pará), num total de 50 homens, 47 mulheres e 126 “pessoas de família”, com uma ajuda de custo de 8.000 réis para cada casal e levando em sua companhia, por vontade do governador, o padre Carlos de Andrade. Nesse mesmo ano, encontravam-se também a aguardar transporte 200 casais de gente da ilha Graciosa, que “hera muyto pobre faltos de todo necessario”.
Para o período 1665-1706, Rafael Chambouleyron (2008) identificou cerca de 90 sesmarias concedidas pelos governadores e na sua maioria, confirmadas pelos monarcas portugueses, o que revela “uma lógica particular de ocupação do território pela agricultura, a partir do sistema fluvial composto pelos rios Acará, Moju, Capim e Guamá, na capitania do Pará; e principalmente na ilha de São Luís e na fronteira oriental da capitania do Maranhão”
Cordeiro e Madeira (2003) registram o sucesso desses colonos:
Independentemente do sucesso, ou não, destas movimentações, já havia, pelo menos na década de 1670, no Maranhão, açorianos que tinham arrecadado uma fortuna considerável. Numa dessas levas, provavelmente das primeiras décadas de seiscentos, terão chegado os irmãos Pereira de Lemos – Bartolomeu, António e Catarina –, filhos de João Pereira de Lemos e Isidra Gonçalves Vilalobos, naturais da freguesia de N. Senhora do Rosário (Topo), da ilha de S. Jorge. No testamento do primeiro, Bartolomeu Lemos, solteiro, realizado em São Luís do Maranhão, em 29 de Julho de 1676, é perceptível que tinha acumulado fortuna, constituída por terras, casas, escravos, engenhos de açúcar, gado e dinheiro. O numerário provinha, sobretudo, de actividades comerciais que mantinha, inclusivamente com a ilha Terceira, para onde enviava essencialmente açúcar. Encontrava-se perfeitamente integrado na sociedade de São Luís do Maranhão, sendo membro de várias irmandades, destacando-se, por exemplo, a Santa Casa da Misericórdia, de que tinha sido provedor. O irmão, António Pereira de Lemos, também solteiro, de posses um pouco mais modestas, pelo que se pode perceber do seu testamento, efectuado em 21 de Agosto de 1679, foi criador de gado e proprietário de algumas fazendas. Também foi irmão da Santa Casa da Misericórdia de São Luís do Maranhão
O recurso aos casais das ilhas foi interrompido no final da década de 1670, apesar de todos os obstáculos, uma dinâmica de ocupação e exploração do solo amazónico continuou a manifestar-se na viragem para o século XVIII, embora o fluxo emigratório açoriano foi mais contido na primeira metade do século. A promulgação
da lei de 20 de Março de 1730, com aplicação nas ilhas, constituiu forte entrave à livre circulação de pessoas entre o Reino e o Brasil, ao exigir uma justificação documental a todos os que para ali pretendessem deslocarse.Ao longo da primeira metade de Setecentos a Coroa continuou, contraditoriamente, a apoiar e a promover a saída de casais ilhéus. Interessava, sobretudo, povoar, explorar e defender as regiões fronteiriças do Sul –Sacramento, Santa Catarina e Rio Grande do Sul – e do Norte – Maranhão e Pará. CORDEIRO E MADEIRA, 2003).
Em 1747, alguns dos casais matriculados foram encaminhados para o Pará e Maranhão. E em 1751, encontravam-se alguns casais “que se tinhão alistado para irem para o estado do Pará e Maranhão”. As Instruções régias, de maio, para Francisco Xavier de Mendonça Furtado, que foi desempenhar o cargo de Governador e Capitão General do Estado do Grão Pará e Maranhão, davam conta da necessidade de se proceder, com a maior brevidade, à instalação daqueles casais. Em correspondência para seu irmão, Sebastião José de Carvalho e Melo, Mendonça Furtado afirma:
“achei já o navio do transporte dos casais das Ilhas dos Açores, que tinha chegado a êste porto em 29 de agôsto [de 1751], e entregou 486 pessoas [86 casais], não lhe morrendo na viagem mais do que quatro, porém, nas que trouxe da Ilha Terceira vieram alguns velhos e muitas crianças”.
Referindo-se aos povoadores, o Governador queixava-se: “não têm servido até o presente mais que de uma desordem contínua, e perturbação de esta terra”. Ainda assim, em janeiro, esses povoadores seriam instalados na nova povoação de São José do Macapá e o Governador aguardava a chegada de outro navio das ilhas. Em novembro, chegaram mais 430 pessoas das ilhas. Segundo Francisco Xavier de Mendonça Furtado, estes ilhéus participaram na colonização das vilas de Bragança e de Ourém, nas “margens dos rios Guaçu e Caeté” Em1753,JoséRodriguesEsteveseBentoJosé,propõem-searremataràcoroaotransportedegentedosAçores para o Brasil. Como muitos casais haviam desistido de partir, os armadores apresentam uma proposta para os substituirpelo transportede900soldadosaçorianos paraoPará 1754,setembro,outronavio com casais ilhéus naufragou já com o Pará à vista. Transportava 74 pessoas, das quais 38 acabaram por perecer 1758, a lei de 4 de julho é peremptória em limitar a emigração, sob o argumento da insuficiência de mão-deobra para assegurar o normalidade da vivência insular.
Judith Bogéa Bittencourt (2019), em correspondência pessoal, informa-nos, sobre os acontecimentos posteriores, já no século XIX:
[...] a vinda dos açorianos para a fazenda onde hoje está estabelecido o Povoado Colônia, em Mirinzal.
O Quilombo do Frechal em Guimarães, MA também pertenceu a Torquato Coelho de Souza, filho do colonizador açoriano Manoel Coelho de Souza como cita Souza Neto, 1976 depois foi propriedade por herança de família do Dr. Hugo Napoleão Coelho de Souza que foi Juiz em Vitória do Baixo Mearim e casou com Maria Raymunda Fernandes Bogéa (Bogéa Coelho de Souza, após casada). [...] Em pesquisas no Observatório de 24.08.1854 n. 549, a matéria Advertência relata que vieram açorianos para a Villa S. João de Cururupu e para o Alto Itapecuru e Gurupi para empresas do português Sr. Antonio Corrêa de Mendonça Bittencourt, esse empreendimento que buscava integrar pessoas da região e os açorianos não foi avante porém a proposta do Bittencourt além de pretender unificar portugueses e brasileiros dessa região almejava através de trabalhos diversificados contribuir para o desenvolvimento do Litoral Ocidental do Maranhão que na minha percepção poderia replicar sua ação a vizinha Baixada Maranhense e seus municípios lindeiros a esse setor do litoral maranhense. A saga desse português está sendo descrita pelo historiador Eulálio Leandro que esteve presente no recente Congresso dos 400 anos da vinda dos açorianos para o Maranhão.
Refere-se à Colonia Santa Izabel, assentada em Guimarães – (hoje, Mirinzal), mais duradoura, mesmo com a troca de direção devido à morte do coronel Torquato Coelho de Souza, seu fundador. Ainda em 1861 o presidente de província noticiava que esta continuava a “florescer”. Apesar de o contrato ter sido assinado em
abril de 1852, os colonos só se mudaram para as terras destinadas á colônia em dezembro de 1853, com 51 portugueses, mas o relatório de presidente de província de 1853 contava 48 indivíduos, devido à morte de uma mulher e dois recém-nascidos. Em outubro deste ano chegavam mais 11, aproximando se dos 80 que foram prometidos. Entre os 59 que iniciaram Santa Izabel, 40 eram homens e 19 eram mulheres, sendo entre eles 16 menores de ambos os sexos.
O mais antigo registro da área datada de 1792, quando por sesmaria foi concedido um quinhão ao português Manoel Coelho de Souza, havendo de tornar-se uma das mais prósperas lavouras de cana-de-açúcar' e algodão da freguesia de Guimarães, a quem a região pertencia geográfica e politicamente. José Coelho de Souza e Torquato Coelho deSouzaderam continuidadeaoflorescimento dessaprodução,entretantoem 1925ocorreria umfatoinusitado.O últimoherdeirodetalfamília,ArturCoelho deSouza, tendocontraídoumagrandedívida, hipotecou as Terras de Frechal. Conscientes das dificuldades, os negros trabalharam arduamente e, com uma só safra da lavoura de algodão, conseguiram saldar a dívida. Agradecido, o fazendeiro deixou em testamento parte das terras de Frechal aos negros.
ÁUREO VIEGAS MENDONÇA
nasceu em Viana-MA, em 1965. pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci, obteve a graduação como Geógrafo e pós-graduação lato sensu em Metodologia do Ensino em Geografia. Experiência na área de Ciências Sociais Aplicadas com ênfase em Gestão de Pessoas. Pesquisador, servidor público, ocupa o cargo de Técnico Administrativo em Educação, no IFMA Campus São Luís Monte Castelo.
Em sua árvore genealógica, Áureo tem descendência paterna do tronco português, em Sebastião José de Carvalho e Melo – o “Marquês de Pombal” que foi Secretário de Estado do Reino, durante o Reinado de Dom José I, sendo considerado uma das figuras mais controversas e carismáticas da história portuguesa. O autor é herdeiro da veia literária de Sávio Mendonça, autor do livro “História de um menino pobre”, e neto da famosa bordadeira de “lombo de boi” Olívia Mendonça.
tem se destacado por suas iniciativas para preservar e promover a história de Viana. Ele tem trabalhado em projetos que visam documentar e divulgar a história local, incluindo a publicação de artigos e a organização de eventos culturais. Além disso, ele tem colaborado com instituições locais para a preservação de documentos históricos e a promoção do patrimônio cultural da cidade.
Essas ações têm sido fundamentais para manter viva a memória histórica de Viana e para educar as novas gerações sobre a importância do patrimônio cultural da região.
Já recebeu diversos reconhecimentos por seu trabalho em Viana. Ele foi homenageado por instituições locais e regionais por suas contribuições para a preservação da história e cultura da cidade. Além disso, seu trabalho tem sido destacado em publicações e eventos acadêmicos, reforçando a importância de suas iniciativas para a comunidade.
Esses reconhecimentos são um testemunho do impacto positivo que ele tem tido em Viana e da importância de seu trabalho para a preservação do patrimônio cultural da região.
Publicou vários artigos e obras sobre a história de Viana. Um dos destaques é o livro “Resgate histórico de Viana”, lançado em 2022. Este livro é uma importante fonte de pesquisa sobre a história, os costumes e a cultura de Viana1 . Além disso, ele tem contribuído com artigos em revistas acadêmicas e participado de eventos como palestrante, compartilhando suas descobertas e insights sobre a cidade23
O premiado fotógrafo a nível nacional e internacional, vianense José Ribamar Alves, conhecido em Viana como Zé Alves foi homenageado pelo museu da memória, também está eternizado nas paginas do livro Resgate Histórico da cidade de Viana do escritor vianense Áureo Mendonça.
O fotógrafo Ribamar Alves, completou no dia 07 de setembro de 2024 seus 98 anos de idade.
Há poucos tempos passeando pelo Centro Histórico de São Luís, me deparei com o mural produzido pelo grafiteiro Beto Diniz, um artista plástico de Itapecuru-Mirim.
O mural está localizado em frente do Mercado do Peixe, no anexo do Museu da Memória Audiovisual do Maranhão (Mavan), o mural possui embarcações e vinte personalidades que fazem parte da história do Maranhão, os mesmos estão identificados pelos nomes.
Estão no painel, o fotógrafo Ribamar Alves, o radialista Roberto Fernandes, Coxinho cantador do bumbameu-boi de Pindaré, o missionário português padre Antônio Vieira, o compositor/músico João do Vale, o comerciante/político Nagib Haikel, o escritor Josué Montello, o engenheiro urbanista/ex-prefeito de São Luís Haroldo Tavares, o escultor Celso Antônio, a artista plástica Dila, o jornalista/poeta/escritor Bandeira Tribuzi, o lutador Zulu, o jogador de futebol Canhoteiro, o escritor/historiador Carlos de Lima, a folclorista/pesquisadora Zelinda Lima, a xilogravurista Tita, a professora/médica/defensora dos direitos humanos Maria Aragão, o compositor/cantor Mestre Antônio Vieira, a professora/farmacêutica/fitoterapeuta Terezinha Rêgo e o cinegrafista Lindberg Leite.
RUA PROFESSOR EGÍDIO ROCHA E AO FUNDO LAGO DE VIANA. MUNICÍPIO DE VIANA. ESTADO DO MARANHÃO. BRASIL.
Jarbas Braga Alves, nasceu em 29 de maio de 1961 na cidade de Viana, filho de Joaquim Santana Alves conhecido como Jaspi enãorecordo onome da sua genitora chamavam de donaMocinha. Estudou nos antigos Ginásio Bandeirante e Antônio Lopes.
Durante um determinado período morou na cidade maranhense de Sambaíba no sul do estado, onde participou efetivamente da equipe técnica e Audiência Publica na "Elaboração do Plano Municipal de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos" do município de Sambaíba e os componentes da equipe técnica eram Adriano Castro, Jarbas Braga, Mauricio Serejo Mayara Araújo, Sabino Neto, Watsom Saullo e Secretarias do Município.
Também residiu na cidade de São Paulo. Em Viana ocupou o cargo de chefe de Gabinete da gestão do prefeito Daniel do Nascimento Gomes Filho o Danielzinho no período de 01/01/1993 a 31/12/1997. Recordo-me dos seus irmãos Airton e Gladistone
Jarbas Braga tinha muita dedicação com a questão do turismo em nossa cidade. O turismólogo era o responsável por analisar e estudar o turismo em Viana para planejar, organizar e gerenciar produtos e atividades turísticas. Com suas atividades na área do turismo deixou uma marca na cidade de Viana. Até a data do seu falecimento ocupava a Superintendência de Turismo do município de Viana do governo Carrinho Cidreira e contribuiu para colocar a cidade de Viana no Mapa do Turismo Brasileiro na condição de polo turístico reconhecido pelo Ministério do Turismo. Jarbas foi pioneiro no ramo de restaurante no Parque Dilú Mello.
Era meu confrade e foi sócio fundador do Instituto Histórico e Geográfico de Viana – IHGV e participou do evento de fundação na sede da AVL ocorrido em 29 de abril de 2023, neste dia conversamos pela ultima vez e disse que quando viesse a São Luís íamos marcar para fazermos uma visita ao fotógrafo vianense Ribamar Alves.
Jarbas Braga Participou do programa Nosso Centro II na cidade de Viana que é uma das quatro cidades maranhenses tombadas pelo Patrimônio Histórico Estadual, com restauração das fachadas de algumas casas históricas. A cidade de Viana foi contemplada pelo Programa Nosso Centro, projeto criado pelo Governo do Estado, em parceria com a Prefeitura Municipal de Viana que teve por objetivo garantir o desenvolvimento sustentável, conservação e valorização da história e da cultura maranhense e revitalizar espaços de grande valor histórico para estimular o turismo na cidade.
O programa envolveu a Secretaria de Estado das Cidades, Desenvolvimento Urbano (Secid) e a Secretaria de Estado da Cultura (Secma) o programa Nosso Centro na cidade que é tombada pelo governo estadual, por meio do Decreto nº 10.899 de 17 de outubro de 1988, devido ao seu valor histórico para o Maranhão.
Entre as principais ações do Nosso Centro em Viana foi a implementação do Projeto Cores da Cidade, que consistiu na recuperação da fachada de edificações históricas. As cores e intervenções foram definidas de acordo com os órgãos de proteção ao patrimônio do município.
Jarbas foi um grande ser humano sempre cordial e humilde, sempre contribuía nas redes sociais com opiniões nos meus textos sobre a cidade de Viana.
Jarbas Braga faleceu em 19 de outubro de 2023 aos 62 anos de idade. Deixando um legado com relevantes serviços prestados a cidade de Viana e uma legião de amigos. Jarbas ficará na memória dos conterrâneos e deixou saudades eternas.
Texto aberto a contribuições dos leitores.
(*) Áureo Mendonça é pesquisador, escritor e membro fundador do IHGV.
NOTÍCIAS DA SERRA DE IBIAPABA
JOÃO BOSCO GASPAR
– poeta, pesquisador e historiador. Filho de Gerardo Vieira Gaspar e Perpétua das Neves Gaspar. Nasceu nos alcantis paradisíacos da Serra Grande (em Tianguá-Ce), numa manhã de inverno tipicamentefriaeneblinada,nodia14dejaneirode1964,precisamentenaresidênciadaparteiraAlcetyMoita, no quadrilátero que circunda a atual catedral de Santana.
De origem humilde, estudou no Ginásio Municipal de Tianguá e na Escola de 2º Grau Regina Coeli. Graduado em Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA, e Pós-Graduado (Lato Sensu) em História, Cultura e Patrimônio pelas Faculdades INTA (Instituto Superior de Teologia Aplicada), ambas de Sobral-CE. É casado com a Sra. Angelita Fontenele Magalhães, pai de dois filhos (João Victor e João Arthur Fontenele Magalhães Gaspar) e trabalha no Cartório do 1º ofício (Registro Civil das Pessoas Naturais e Tabelionato de Notas) da comarca de Tianguá, como Tabelião Substituto.
Foi chefe do Grupo de Escoteiros Mons. Agesilau de Aguiar (hoje Dom Timóteo); apresentador de programa de rádio; projetista cinematográfico (Cine Santana); representante da juventude da Paróquia de Santana, junto à diocese de Tianguá; membro fundador da Pastoral de Juventude do Meio Popular (PJMP) na diocese de Tianguá; participou deváriosencontros,seminários, palestras, assembleias e cursosrepresentandoajuventude da diocese de Tianguá junto ao Regional Nordeste I da CNBB; foi presidente do Centro Cívico da Escola de 2º Grau Regina Coeli; membro fundador do Grupo de Artes e Tradições Folclóricas Serra Grande; presidente da comissão permanente de licitação e assessor administrativo da câmara municipal de Tianguá; foi membro da Comissão Censitária municipal de Tianguá em 2007, e é membro do Conselho de Sentença do Tribunal Popular do Júri da Comarca de Tianguá.
Foi um dos autores da Lei Municipal nº 473/2007, que dispõe sobre a preservação mediante tombamento, do patrimônio (material e imaterial) histórico, artístico, ambiental e cultural do município de Tianguá, e “autor” da Lei Municipal nº 487/2007 que instituiu o Ipê-Amarelo (Pau-D’arco-Amarelo) como árvore símbolo do município de Tianguá. É autor do pedido de tombamento da tanajura como patrimônio imaterial do município de Tianguá.
CIDADE DE SÃO BENEDITO CEARÁ.
Monumento aos índios TABAJARAS. O rio Arabê, ou "rio das Baratas" em São Benedito, marca o fim da marcha de Pero Coelho de Sousa e Martim Soares Moreno na conquista dos altiplanos da Ibiapaba no ano de 1604. Por João Bosco Gaspar.
O histórico Vale do Lambedouro em Viçosa do Ceará, trajeto da bandeira de Pero Coelho de Sousa e Martim Soares Moreno na conquista da Ibiapaba nos idos de 1604.
MARTIM
(texto de Licínio Nunes de Miranda - Fortaleza Antiga). "Pintura <<A espada e a cruz>> representando o momento da chegada do jovem capitão Martim Soares Moreno à barra do Ceará, em 1611. Ao lado dele, o padre Baltasar João Correia, primeiro clérigo secular a ser enviado pela coroa ao Ceará. Eles estão acompanhados de seis soldados portugueses e alguns indígenas potiguares da tribo do chefe Jacaúna. Vieram todos de onde hoje é o estado do Rio Grande do Norte. A imagem mostra o encontro do grupo de viajantes com outra tribo de índios potiguares, que ali havia se estabelecido em 1607, e convertidos ao cristianismo pelo padre Luís Figueira, da ordem dos jesuítas. É a fundação do Ceará (e os primórdios da cidade de Fortaleza). É de autoria de Rodval Matias e pertence a min
Os holandeses, já estabelecidos em Pernambuco, tentaram invadir o Ceará em 1631. A primeira tentativa fracassou. Em 1637, o território foi finalmente tomado, graças a uma parceria com os índios nativos. Os portugueses foram feitos prisioneiros e levados para Recife. Os holandeses chegaram a usar o Ceará como ponto de apoio à conquista do Maranhão. O Forte da Barra foi reformado e outro foi construído em Camocim. Pesquisas foram feitas para exploração das salinas e, em 1639, George Marcgraf fez uma expedição que percorreu o oeste cearense. Os holandeses permaneceram no Ceará até 1644, quando Gedeon Morris e sua tropa, retornando do Maranhão, foram mortos em emboscada pelos índios. O Fortim de São Sebastião foi destruído. Gaspar Barléu assim descreve a capitania (*):
“O Ceará se acha entre as capitanias do Brasil setentrional, com um âmbito somente de dez ou doze léguas, depoucos habitantes, os quais ocupavam o próprioforte.Tem portopouco idôneopara navios degrandeporte, e não é regado por nenhum rio notável. Somente à raiz do monte sobre o qual está assentado o forte, corre do continente um ribeiro. Próxima da fortaleza está a casa do governador português, a qual é rodeada de algumas habitações esparsas dos moradores portugueses, nada resistentes contra as investidas dos inimigos. Produz a região cana-de-açúcar, o qual, entretanto, não se fabrica ali em nenhum engenho. Vivem os bárbaros dos arredores emdiscórdiaselutasperpétuascomosportugueses.Aquelesque,em1609,chegaram aesseslugares disseram que lá se viam homens de corpo avantajado, catadura deforme, cabeleira comprida, orelhas furadas e pendentes quase até os ombros, com a cútis tingida de cor negra, desde os olhos até a boca. Tinham alguns o lábio inferior esburacado, e outros também as ventas, em que metiam para ornato pedrinhas e ossinhos.”
(*) Fonte: BARLÉU, G. História dos feitos recentemente praticados durante oito anos no Brasil e noutras partes sob o governo do Ilustríssimo João Maurício Conde de Nassau etc. Brasília: Senado Federal, 2005. Imagem: Arnold Montanus: “Siara” – Gravura em cobre aquarelada a partir de Frans Post; 25,5 x 36 cm; 1671" Texto e imagem: Brasil Holandês
A HISTÓRIA DO "GADO DO VENTO".
No período colonial a expressão "gado do vento" era atribuída ao gado encontrado nos campos sem marcação (sem ferro), desacompanhado e sem dono conhecido. Na capitania do Ceará-Grande, a expressão "gado do vento" ganhou ênfase a partir do ano de 1654, quando os holandeses abandonaram o Forte Schoonenborch e deixaram para trás centenas de reses vagando ao léu nos campos do rio Siará. Essa é a história do "gado do vento".
Fonte: Arquivo Histórico Ultramarino de Portugal, AHU-Ceará, Cx. 4, Doc. 263. Por João Bosco Gaspar.
A
MISSÃO JESUÍTICA DA IBIAPABA DEDICADA A “NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO”.
No ano de 1691, por ordem do provincial da Companhia de Jesus no Brasil, é fundada a Missão Jesuítica da Ibiapaba, com os padres Ascenso Gago e Manuel Pedroso. Foi o período mais longo dos inacianos no planalto da Ibiapaba, durou do ano de 1691 ao ano de 1757, quando os jesuítas foram expulsos do Brasil por ordem do Marquês de Pombal.
Nomes como Ascenso Gago, Manuel Pedroso, João Guedes, entre outros, deixaram marcas indeléveis na história do Ceará colonial. Ascenso Gago e Manuel Pedroso se instalaram definitivamente na Ibiapaba no ano de 1693.
Em 1695 o padre Ascenso Gago envia ao padre Alexandre de Gusmão, provincial do Brasil, a “Carta Ânua” referente ao período 1693/1695. Ascenso Gago colocou a Missão da Serra de Ibiapaba sob o patrocínio de “Nossa Senhora da Assunção”, conforme declara na carta. No trajeto entre a serra e o mar, na iminência de ser assassinado pelos tapuias reriús, cujo maioral era o índio Arapá, Ascenso Gago relata o seguinte:
“Deus, por cujo amor trazemos a vida arriscada todos os que andamos em missões por este sertão encomendando o sucesso à Virgem Senhora Nossa da Assunção, a quem prometi dedicar a Igreja desta missão”.
Fonte: “Carta Ânua do que se tem obrado na Missão da Serra de Ibiapaba, desde 1693 até o presente de 1695, para o padre Alexandre de Gusmão da Companhia de Jesus, provincial do Brasil”. Por João Bosco Gaspar.
ANO DE 1691... A MISSÃO JESUÍTICA DA SERRA DA IBIAPABA, CAPITANIA DO CEARÁ, É ELOGIADA PELO REI DE PORTUGAL, DOM PEDRO II “O PACÍFICO”.
Consta no Arquivo Histórico Ultramarino de Portugal (AHU-PE Cx. 15, Doc. 1550 de 1691), a Ordem Régia do teor seguinte:
“Por carta de vinte e oito [28] de janeiro do corrente ano [1691], ordena Vossa Majestade faça praticar de novo suas Reais Ordens para que as aldeias dos índios se reduzam a oito [8], com fundamento de que sendo menos o número delas, ser mais bem assistidas de Missionários, e que os cem [100] tapuyas que cativaram os paulistas em guerra por ordem do governador e capitãomor, e que como presa dela [guerra] se tinham vendido, se torne a resgatar pela Fazenda de Vossa Majestade, e entregar aos Superiores dos padres da Companhia, para os repartirem pelas aldeias, fixando-se editais para que tenha a notícia de todos que eles são livres na forma da lei de Vossa Majestade, pelos que os manda se reputem só por prisioneiros de guerra, e não por cativos, e o mesmo fizesse a saber ao Mestre de Campo dos Paulistas que assiste naquela guerra, e que agradecesse muito em nome de Vossa Majestade, aos padres da Companhia, o zelo e trabalho incansável com que se tem havido NA MISSÃO DA SERRA DA IBIAPABA, PERTENCENTE A CAPITANIA DO CEARÁ, e os podres de São Phellipe de Neri, na outra missão que fez o padre João Lobo com os tapuyas do Ararobá, reduzindo-os a aldeias. E respondendo a todos estes pontos, digo-vos que quanto a reformação das aldeias, de serem reduzidas todas ao número de oito [8], conferi com o Bispo, e foi de parecer que visto ele ter já visitado as capitanias do norte [Paraíba, Rio Grande e Ceará], e haver de visitar este ano [de 1691] as do sul, examinará com a vista e ouviria os Missionários que assistem nelas, e com toda a madureza e circunspeção [ato de observar com cautela], e sugeria [propunha] os sítios mais convenientes para se estabelecer as ditas oito [8] aldeias (...)”.
Fonte: Arquivo Histórico Ultramarino de Portugal (AHU-PE Cx. 15, Doc. 1550 de 1691). Por João Bosco Gaspar – Tianguá-CE.
ANO DE 1693 - O governador do Maranhão, diz que "As Serras de Ibiapaba" pertenciam ao Ceará. Existe no Arquivo do Conselho Ultramarino de Portugal - AHU-MA. Cx. 8, Doc. 870 do ano de 1693, o documento do teor seguinte: Carta do governador do Maranhão, Gomes Freire de Andrade, ao Secretário do Conselho Ultramarino:
Transcrição Integral
“Nesta carta, representa a Sua Majestade o Provincial de Nossa Senhora do Carmo, Frei Antônio da Piedade, que se acha governando o Bispado do Maranhão, como os índios das Cerras de Goapaba [Serras de Ibiapaba] pediram Missionário ao governador, e que pelo não haver da Companhia de Jesus, lhe mandara um da Ordem do Carmo, que se recolheu com pouco efeito; porém, que os mesmos índios instam [instar = pedir com instância] que não tem Missionário, queixando-se de que Sua Majestade não ocupe nas Missões os seus religiosos, para o que alegam muitas razões, e ultimamente pede a Sua Majestade lhe conceda as Missões daquelas Cerras [Serras].
O governador [do Maranhão] tem dado conta pela Junta das Missões do que tem sucedido com estes índios, e creio que o Bispo de Pernambuco contenha as oito [8] Missões do Ceará, A QUE PERTENCEM AS CERRAS [Serras] REFERIDAS, e como não tenho verdadeira notícia do cotado [quantia] em que se acham estas Missões, nem de que religião são os operários que andam nelas, e instantemente ignoro o que o governador tem obrado nesta matéria, não posso informar nela. S. L. 24 de novembro de 1693 [assinado] – Gomes Freire de Andrade”.
Fonte: Arquivo Histórico Ultramarino de Portugal – AHU-Maranhão, Caixa nº 08, Documento nº 870, de 24 de novembro de 1693.
Por João Bosco Gaspar – Tianguá-CE.
NOTA: Durante boa parte do período colonial, a capitania do Ceará viveu uma situação dúbia... era parte integrante do território do Estado Colonial do Maranhão, porém, a partir de 1656 (capitulação holandesa) passou a ser “provida e administrada” pela capitania de Pernambuco, a qual fazia parte do Estado do Brasil. No âmbito espiritual não era diferente. A capitania do Ceará fazia parte de dois Bispados: Pernambuco e Maranhão. Criado em 1676, o bispado de Pernambuco começava no Rio São Francisco e terminava na “Fortaleza do Seará”. Criado em 1677, o Bispado do Maranhão começava no Cabo do Norte (atual Amapá) e terminava na “Fortaleza do Ceará”. De modo que, a “Fortaleza do Ceará” era assistida pelo bispado de Pernambuco, e as “Serras da Ibiapaba” localizadas no oeste da capitania do Ceará eram parte do Bispado do Maranhão.
Por: João Bosco Gaspar.
DA IBIAPABA [o primeiro gado do norte do Ceará].
A introdução do gado vacum nas cercanias da Ibiapaba foi um intento do padre Ascenso Gago. Por volta do ano de 1694, Ascenso Gago viajou para Pernambuco com o objetivo de requerer a “piedosa liberalidade do El-Rei” através do governo de Pernambuco, para conseguir “alguma esmola para com ela comprar em o Ceará [Fortaleza] 20 ou 30 novilhas para levar para a missão, porque multiplicando estas em aqueles campos que são novos poderiam os religiosos, que ali assistem, sustentar-se da carne, e os couros, que se podiam conduzir ao Ceará, se venderiam para se remediarem das ferramentas necessárias para os índios”. Em outra ocasião Ascenso Gago ratifica o pedido: “Que V. Majestade deve ser servido que lhe assine terra bastante para nela se plantarem dois currais de gados, que tenha cada um até quatrocentas cabeças de gados. Com cujos rendimentos possam sustentar os padres que assistem no hospício”. De fato, por volta do ano de 1695, o padre Ascenso Gago “situou alguns gados no Rio Camuci, no lugar hoje denominado “Missão”. Foram os primeiros, diz Ascenso Gago, "que se levantaram naqueles sertões”. Por volta de 1721, segundo o padra João Guedes, então superior da missão, “eram três fazendas, e opulentas” e no ano de 1759, quando os jesuítas foram expulsos do Brasil, a riquíssima Missão Jesuítica da Ibiapaba contava com quatro fazendas: Imbueira, Missão, Tiaia e Pitinga, que somavam “4.709 cabeças de gado vacum, 470 de gado cavalar e 200 de gado miúdo”. Fonte: “Documentos Para a História Colonial, Especialmente a Indígena no Ceará”, de Francisco José Pinheiro. Por: João Bosco Gaspar
"Vinculados ao grupo Tapuia, os Caratiús habitavam, em maiores contingentes, regiões localizadas a oeste da Capitania ou precisamente, entre a Serra da Ibiapaba e a Serra da Joaninha, preenchendo vastos espaços sertanejos. Nesse contexto geográfico, abrangiam terras convergentes da Serra da Mata e Serra do Caloji, nas cabeceiras do rio Poti. (...) Outro contingente ocupava certas porções da faixa litorânea, até que em 1704, por determinação do Capitão-Mor Ferrão Carrilho, foram expulsos (...) Retornariam aos seus pontos de origem, não propriamente como cearenses, mas naturais do Piauí, considerando que nessa época o território por eles ocupado ainda não havia sido objeto de permuta.
Em ocasiões não raras, os Caratiús associaram-se a outras Nações também sofridas e provocaram sérios distúrbios. No final participariam das guerras de extermínio (Guerra dos Bárbaros), juntamente com outras Nações insatisfeitas e seriam igualmente eliminados ou desapareceriam por efeito de deserção" (ARAGÃO, 1994, p.70). Por João Bosco Gaspar
A CAPITANIA DO CEARÁ NA CONQUISTA DA BARRA DO RIO PARNAÍBA - DESCRIÇÃO FEITA PELO PADRE ASCENSO GAGO.
"Certifico eu, padre Ascenso Gago da Companhia de Jesus e missionário dos índios que habitam a Serra da Ibiapaba e seus contornos no distrito do Ceará Grande e Vila de São José de Arribamar, em como o capitão maior Francisco Gil Ribeiro se tem havido no governo desta capitania com toda a satisfação (...) e zelo do serviço de Deus e Sua Majestade, sem vexações nem queixas dos moradores ou qualquer outra pessoa desta capitania, o que tudo há mostrado em várias ocasiões em o serviço de Deus, conservando-se em boa amizade com os missionários que nesta capitania [do Ceará] assistem na cultura dos índios, ajudando quanto pode na devoção e cultura dos mesmos, impedindo o horrível mal que os brancos costumam fazer aos índios, e principalmente os dos soldados, não lhes permitindo ir as aldeias senão à negócio necessário, e sem companhia de outro soldado, por evitar os excessos que faziam quando iam acompanhados; e ultimamente não é consentido ter mancebas (...) como estavam em tempo de seus antecessores. Enquanto ao serviço de Sua Majestade, se viu ter seu incansável zelo na expedição que fez para o descobrimento [do rio] da Parnaíba, em que constou a tropa de mais de mil homens entre brancos e índios de sua jurisdição; que não se havendo nesta ocasião sondado a barra, por inconvenientes que para isso houve, expediu imediatamente cem homens, pouco mais ou menos, a sonda-la, o que tudo se conseguiu sem se receber dano algum dos bárbaros que habitam aquela ribeira, e à custa de grandes desvelos do dito capitão maior, em conciliar e ajuntar os índios e capitães desta capitania para acompanharem os soldados brancos nesta expedição. O que tudo juro IN VERBO SACERDOTIS [pela palavra do Senhor]. Ceará, e Villa de São José de Arribamar, 24 de janeiro de 1706. [assinado] Padre Ascenso Gago”.
Fonte: Arquivo Histórico Ultramarino de Portugal, AHU-Ceará, Caixa nº 01, Documento nº 52, página 12. Por João Bosco Gaspar.
IGREJA DE ALMOFALA, ITAREMA CEARÁ, BERÇO DA MISSÃO DOS ÍNDIOS
NUNCA FOI UM TEMPLO JESUÍTICO.
Construída entre os anos de 1702 e 1712. Os índios Tremembés (peixes racionais), habitavam a costa do mar, entre o Ceará e o Maranhão. Raimundo Girão diz em “Evolução Histórica Cearense” que os tremembés “dominavam as praias que vão de Camocim até além do Parnaíba” e o padre João Felippe Bettendorf afirma que eles “tinham repulsa pelas coisas da religião”, lembrando que o padre Pedro de Pedrosa que missionava na Serra da Ibiapaba, “tinha tratado muito com os tremembezes sem nunca poder converter um só deles à nossa Santa Fé”.
Em 1679 foram massacrados (nas proximidades de Tutóia) por Vital Maciel Parente, alguns sobreviventes fugiram para o Ceará. “Foi tal o furor dos assaltantes que não perdoaram o sexo nem idade. Os índios aliados travando as crianças pelos pés, matavam-nas cruelmente dando-lhes com as cabecinhas pelos troncos das árvores, e de uma maloca de mais de 300, só escaparam 37 inocentes". Por volta de 1697 o padre Ascenso Gago tinha um projeto de assentá-los entre o Ceará e o Maranhão. Em 1702 o padre José Borges de Novais (não era jesuíta) estabeleceu a Missão dos Tremembés em Almofala (Ceará) e em 1722 o jesuíta João Tavares inaugurou a “Redução dos Tremembés das bocas do rio Parnaíba”, em Tutóia-MA. A Igreja de Almofala (Itarema-CE) não foi construída pelos Jesuítas, conforme registra o padre Serafim Leite (Tomo III).
-
E PERNAMBUCO. Ano de 1713.
A freguesia de Santo Antônio dos Alongazes (Campo Maior) estava sob a jurisdição do bispado de Pernambuco, e o governo temporal (capitão-mor) estava sob a jurisdição do Estado do Maranhão. Carta Patente passada a Francisco Gonçalves de Carvalho.
“Cristóvão da Costa Freire (...), Governador e Capitão General do Estado do Maranhão, faço saber aos que esta Carta Patente virem, que tendo respeito aos merecimentos (...) que concorrem na pessoa de Francisco Gonçalves de Carvalho, e haver servido a Sua Majestade, que Deus Guarde, muitos anos na capitania do Piauhy, ocupando o posto de Alferes de Infantaria da Ordenança com grande satisfação, acompanhando o Sargento-mor Manoel Nogueira na guerra que foi dos gentios de corso (...) pelos grandes danos que continuamente fazem aos moradores destas capitanias (...), hey por bem de o nomear, como por esta o nomeio, no posto de Capitãomor dos moradores da freguesia de Santo Antônio dos Alongazes, que servirá enquanto o houver por bem (...), e gozará de todas as honras, privilégios, liberdades, isenções e franquezas que em razão do dito posto lhe pertencerem. Pelo que mando ao Mestre de Campo da Conquista, Bernardo Carvalho de Aguiar, lhe dê a posse (...) na forma de estilo (...). Dado nesta cidade de São Luís do Maranhão, aos vinte dias do mês de julho do ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo, de mil setecentos e treze [1713]”.
Fonte: Arquivo Histórico Ultramarino de Portugal. Por João Bosco Gaspar – Tianguá-CE.
MINA DE PRATA E COBRE DE UBAJARA, CAPITANIA DO CEARÁ - ANO DE 1744:
João Cristóvão Hesprogel, Jean Fontenelle, João de Oliveira Carnide, Estevam Gomes Madeira e demais mestres fundidores: “Aos vinte e um dias do mês de abril de mil e setecentos e quarenta e quatro anos neste sítio das Freixeiras ribeira do Curuaiú, onde estava o doutor ouvidor-geral Manoel José de Faria aí por ele foi encarregado o juramento dos Santos Evangelhos em um livro deles a todas as pessoas atrás declaradas para que estivessem atentos a todas operações que visem fazer pelos estrangeiros mestres fundidores a respeito dos ensaios de prata e cobre que na presença dele doutor ouvidor-geral pretendiam os mesmos mestres executar, para que pudessem debaixo do mesmo juramento assinar o que ele doutor ouvidor-geral pretendia mandar escrever à vista do que visam os mesmos estrangeiros obrar e recebido por eles o juramento assim o prometeram fazer como lhes era encarregado de que fiz este termo em que assinou ele doutor ouvidor-geral com os sobreditos. E eu, Manoel Rodrigues da Costa escrivão o Escrevi”. Fonte: “Memória Colonial do Ceará”, Tomo V. Por João Bosco Gaspar
O
PATRIMÔNIO DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DAS FRECHEIRAS - AS VINTE VACAS PARIDEIRAS DOADAS POR DIOGO ALVES FERREIRA, NO ANO DE 1781.
“Certifico eu abaixo assinado, em como as vinte vacas de que trata a escritura do patrimônio retro, se acham marcadas com a marca [registrada] a margem [da certidão], sobre a antiga [marca] que tinham do mestre de campo Diogo Alves Ferreira. É verdade o referido, que afirmo debaixo do juramento dos Santos Evangelhos, que me foi dado para bem e fielmente fazer vezes de escrivão, por se achar ausente o atual. Nossa Senhora do Rosário do Pacuti, 11 de outubro de 1781 (assinado). Manoel Pires Ferreira. Por João Bosco Gaspar.
A MINA DE PRATA DE UBAJARA, “DEFRONTE DA POVOAÇÃO DE ÍNDIOS DENOMINADA BAYAPINA”.
ANO DE 1789.
Ofício do capitão-mor do Ceará, Luís da Motta Feo e Torres, sobre as minas de prata de Ubajara: “(...) o sítio desta produção é na Serra Grande, denominada da Ibiapaba, no lugar chamado Ubajara, defronte da povoação de índios denominada Bayapina (...)”. Fonte: Arquivo Histórico Ultramarino de Portugal, AHUCE, Cx. 12, documento nº 670, ano de 1789.
NOTA: O lugar “chamado Ubajara” citado no ofício, não se refere a atual cidade de Ubajara que por essa época ainda não existia. A cidade de Ubajara originou-se do sítio denominado “Lagoa do Jacaré” localizado em cima da serra, entre as vilas de Viçosa e Ibiapina, “uma extensa baixada brejosa plantada de canas, com bastante casas ao pé” conforme descrição de Freire Alemão feita no ano de 1860. Somente no ano de 1915, em virtude da elevação do então distrito da paz do Jacaré à categoria de município, a cidade passou a chamar-se “Ubajara”, por influência da gruta existente na encosta da Serra, no antigo "Sítio Ubajara", de que trata a sesmaria de Antônio Gonçalves de Araújo. Por João Bosco Gaspar
INÁCIO LUÍS DE ALMEIDA... UM "FERREIRA DE VERAS".
Ignacio Luís d’Almeida, filho de Antônio de Almeida Portugal e dona Sebastiana Maria do Rosário (Ferreira deVeras)deAlmeidaPortugal;netodeJoséAlves FerreiradeVerasedonaDomingasMariadeVeras;bisneto do mestre de campo do Piauhy, Diogo Alves Ferreira e da cearense (da Granja) dona Francisca Thomazia Ferreira de Veras (essa, filha de Thomaz Ferreira de Veras, um dos primeiros sesmeiros do norte do Ceará). Os últimos, são os construtores da Igreja de Nossa Senhora do Rosário das Frecheiras da Lama (atualmente localizada em Cocal-PI), obra iniciada no ano de 1781, após deferimento do bispado do Maranhão. No início do século XX, o coronel Ignacio Luís d’Almeida recebeu uma incumbência grandiosa... a de “fabriqueiro” do patrimônio da Igreja de Nossa Senhora do Rosário das Frecheiras da Lama, cargo que desempenhou com dedicação. Um dos “mimos” do coronel Ignacio Luís d’Almeida, era o “Leilão do Rosário”, evento realizado anualmente durante os festejos das Frecheiras (mês de outubro). O “Leilão do Rosário” foi instituído com o fito de “angariar fundos para as obras de restauração da Igreja”, quando “joias e outros bens eram arrematados por elevados valores”. Entre os “melhoramentos” realizados pelo coronel Ignacio Luís d’Almeida no templo das Frecheiras, destacam-se a construção da sacristia e o reboco feito com barro e cal, por volta do ano de 1916, data consignada no frontispício do suntuoso templo. Por João Bosco Gaspar.
ARQUITETURA COLONIAL NAS CAPITANIAS DO CEARÁ E PIAUHY... IGREJAS IRMÃS.
Igreja de Nossa Senhora do Rosário, localizada nas Frecheiras da Lama, Cocal-Pi (Imagem 01), e Igreja de Nossa Senhora da Soledade, localizada no distrito de Siupé, município de São Gonçalo do Amarante-Ce (Imagem 02), templos quase idênticos... o do Siupé, porém, quase meio século mais antigo que o das Frecheiras. O templo das Frecheiras foi construído em 1781 pelo mestre de campo Diogo Alves Ferreira e sua esposa Thomazia Ferreira de Veras, e o do Siupé foi construído entre os anos de 1730 e 1737 pelo capitão Antônio Marques Leitão. Por João Bosco Gaspar.
A SESMARIA DE HEYTOR CORREIA DE MIRANDA, NO “RIO DOS MATTOS”, ANO DE 1724. HEYTOR CORREIA É UM DOS LEGATÁRIOS DO PATRIMÔNIO DE NOSSA SRA. DO CARMO DA PIRACURUCA.
“Joao' da Maya da Gama [sinal público] Faço Saber aos que esta minha Carta de datta e [sismaria] virem que a mim me enviou a dizer por Sua petição Heytor Correa de Mir.da morador na Capitania do Piauhy destricto da Jurisdiçao' do Governador geral deste Estado do Maranhão, que elle Suplicante muito a Custa de Seu trabalho, e despeza de Sua fazenda povoasse hum Citio a que chamao' de Sao' Joao' do Reacho chamado dos Mattos na dita Capitania o qual estava dezerto e devoluto fazendo nelle cazas para Sua Vivenda e plantando Curraes de Gado Vacum, e algum Cavallar para Cituaçao' dos quaes necesitava o Suplicante de tres Legoas de terra de Cumprido, e hua' Legoa e meya de Largura por todo o dito Cumprimento fazendo piao' no mesmo Citio em que o Suplicante tinha fundada a Sua Caza, e tinha possses e Cabedaes Sufficientes para continuar a Cultura da dita terra que esperava aumentar Com a multiplicaçao' dos ditos Gados, e por Ser em utilidade publica tanto da Real fazenda, Como do bem comum da dita Capitania povoaremsse, Cutivaremsse as terras dezertas pelos Livros que Rezervarao' aos direitos Reaes, Correndo a dita ssesmarias de Norte a Sul, me pedia fosse Servido Concederlhe as ditas tres Legoas de terra de Cumprido, e Legoa e meya de Largura em todo o Comprimento no Lugar, e Com as Confrontaçoens nesta declaradas, mandando Se lhe paçasse Carta de datta e sismaria da dita terra, e Citio na forma do Estillo: E attendendo as Rezoes que allegou, Como tambem ao que Respondeo o Doutor Provedor mor da fazenda Real a quem mandei informar. Hey por bem conceder em nome de Sua Majestade que Deos Guarde por Carta de datta e sismaria ao dito Heytor Correa de Miranda tres Legoas de terra de Cumprido, e hua' Legoa de Largo por todo o Comprimento na Capitania, do Piauhy no Citio que chamao' de Sao' Joao' no Reacho Chamado dos Mattos, Correndo do Norte para o Sul para que as haja Logre e pesssua Como Couza pRopRia, e todos Seus Erdeiros Ascendentes, e descendentes Sem pença'o, nem tributo algum, mais que o Dizimo a Deos nossso Senhor dos fructtos que nella tiver, a qual Concessao' lhe faço, nao' pRejudicando a terceiro, e Rezervando os pao's Reaes que nellas houver para Embarcaçoens', Com declaraçao' que mandara' Confirmar esta Carta por Sua Magestade dentro de tres annos pRimeiros Seguintes, e cultivara' as ditas terras de maneira que dem fruttos, e dara' Caminhos publicos e particulares aonde forem necesssarios para pontes, fontes, portos, e pedreiras, e Se demarcara' ao tempo da possse por Rumo de Corda e braças Craveiras Como he estillo, e Sua Majestade manda, E outro Sim nao' poderao' nellas Suceder Relligioes' por nenhum tittollo, e aContecendo possuhillas, Será Com o encargo de pagarem dellas Dizimos a Deos Como Se fossem possuidas por Secullares e faltandosse a qualquer destas Clauzullas sse haverao' por devolutas, e Se darao' a quem as denunciar Como o dito Senhor Ordena. Pello que mando ao Doutor Provedor mor da fazenda Real maes Menistros, e pesssoas a que tocar que na forma Refferida, e Com as condiçoens' declaradas, deixem ter possuhir as ditas tres Legoas de cumprido, e hua de Largo nas partes ja mencionadas ao dito Heytor Correa de Miranda, para elle, e todos Seus Erdeiros ascendentes, e descendentes, Como Couza pRopria: CumpRam, e guardem esta Carta tao' inteiramente Como nella Se Conthem, a qual lhe mandey passsar por mim aSinada e Sellada Com o Sinette de minhas armas, que Se Regisarâ aonde tocar, e Se passsou por duas vias. Dada nesta Cidade de Sao' Luiz do Maranhão aos vinte e Sinco de Abril. Anno do Nascimento de Nossso Senhor Jezus Christo de mil Sette Centos e vinte e quatro. Jozeph Duarte Cardozo Secretario do Estado a fes [sinal público] Joao' da Maya da Gama”. Fonte: Livros de Sesmarias do Estado do Maranhão, nº 01, documento nº 110. Por João Bosco Gaspar.
Como se sabe, o Ceará era uma área de confluência de duas vias de penetração de gado e de homens no nordeste, egressos especialmente da Bahia e de Pernambuco. O sertão baiano – “sertão de dentro” –compreendia a margem ocidental do rio São Francisco mais o Piauí, que seguindo a oeste, envolvia o alto Itapecuru alcançando até mesmo a longínqua terra de Pastos Bons, no Maranhão. No sentido contrário, a leste, abrangia toda área das Serras de Ibiapaba, estabelecendo-se na bacia do rio Poti, onde hoje está a cidade de Crateús, antes pertencente ao Piauí, atingindo também o sul cearense, nos Cariris Novos; o sertão pernambucano – “sertão de fora” – atingira o Ceará pelo litoral atlântico em direção ao interior, ocupando efetivamente a bacia do rio Jaguaribe (PRADO JR., 1997, p.62-63). Sertão de Fora (cor verde), Sertão de dentro (cor lilás).
FRECHEIRAS
DA LAMA, O BERÇO DA BALAIADA NO PIAUHY.
Nosso próximo livro irá tratar da Revolta dos Balaios nas Províncias do Piauhy e Ceará (1839-1841). Embasado em fontes primárias, iremos percorrer os caminhos dos revoltosos liderados por Domingos Ferreira de Veras, o neto do mestre de campo Diogo Alves Ferreira. O epicentro desses fatos será a pequena Frecheiras da Lama (Cocal Piauí) e seu templo histórico, ou seja, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário construída no ano de 1781 pelo mestre de campo Diogo Alves Ferreira e sua esposa Tomazia Ferreira de Veras. "Frecheiras da Lama... apogeu e queda" será o título do livro.
Mulher diz ser dona de cerca 80% das terras da Vila de Jericoacoara. Documentos dos arquivos do Ceará dizem o contrário. No ano de 1811 já existia no termo de Granja a "Povoação de Jericoacoara". Como se pode observar, há exatos 213 anos as terras da Vila de Jericoacoara já eram de domínio público.
Resposta do governador do Ceará, Luiz Barba Alardo de Menezes, ao rei D. João, datada do ano de 1811: “Em virtude, pois, desta regia determinação, sou justamente obrigado a levar à presença de Vossa Alteza Real o seguinte relatório: (...). A VILLA DA GRANJA, no seu districto se comprehendem as pequenas povoações de Santo Antônio do Ibuassú, S. Antônio do Olho d’agua, Nossa Senhora do Livramento, Jericócuara, Morêas, Taipú, Camoropim de Baixo, Eruaú e Amarração, que é aonde acaba o seu termo, que confina com o do Piauhy na villa de S. João da Parnahiba; é orago da sua matriz S. José; tem quatro companhias de ordenanças e trêz do regimento de infantaria de milicias do Acaracú (...)”.
Fonte: livro “Memória sobre a Capitania Independente do Ceará” de Luiz Barba Alardo de Menezes, concluído no ano de 1814, p. 28-43. Trecho da Carta Topográfica da Capitania do Ceará, 1812. Por João Bosco Gaspar.
O ENCONTRO ENTRE OS GRUPOS GEOLÓGICOS SERRA GRANDE (verde escuro) E CANINDÉ (verde claro).
O Planalto cuestiforme da Ibiapaba faz parte do Grupo Geológico Serra Grande, o mais antigo da bacia sedimentar do Parnaíba.
PEDRO
THÉBERGE FALA SOBRE O RELEVO “CUESTIFORME” DA IBIAPABA.
“(...) Chama-se Serra da Ibiapaba à quebrada de um vasto platô, que da margem oriental do rio Parnaíba, vem se levantando quase insensivelmente, até que termina bruscamente por uns talhados à pique, e muito elevados acima dos sertões do Ceará, d’onde apresenta realmente o aspecto de uma serra bastante alta, ao passo que vista da parte do poente não dá demonstração de serra (...)”. Trecho do livro “Esboço histórico sobre a província do Ceará” Tomo I, do Dr. Pedro Théberge, p. 59.
UMA DO CORONEL CHICO ELIAS
Os sertões adjacentes ao grande platô da Ibiapaba ainda trazem consigo resquícios dos séculos passados; marcas indeléveis que, embora cobertas pela poeira do tempo, teimam em povoar as nossas divagações. Estes “sertões fascinantes” foram palcos de inúmeras tragédias que envolveram os grandes clãs cearenses; famílias que, na condição de detentoras dos poderes político-eleitoral e econômico, se digladiaram em contendas sanguinárias com requintes de crueldade. Entre esses clãs que protagonizaram “as barbáries dos sopés da Ibiapaba”, destacamos a família de Francisco Elias Fontenele, o lendário coronel “Chico Elias” do CurralGrande (termo de Granja), neto do francês Jean Fontenele.
Entre as inúmeras contendas que envolveram esse potentado coronel e seus familiares, destacamos o assassinato de Joaquim Ribeiro de Brito, ocorrido por ocasião da eleição do dia 29 de julho de 1861, conforme relata o “Cearense” na sua edição de nº 1473: “Vindo nosso amigo Joaquim Ribeiro de Brito e seu irmão João Ribeiro de Brito de sua casa na Ubatuba, para a eleição, passou das 9 para as 10 horas da noite no lugar CurralGrande, morada do facínora Francisco Elias Fontenele, aí, saindo-lhes dito Elias com uns trinta sicários que tinha reunidos, assassinaram à faca e cacete a Joaquim Ribeiro (...) e esfaquearam e esbordoaram a seu irmão. O que mais admira, é, este facínora levasse para a carnagem seu filho Domingos Anselmo Fontenele e seu genro Raimundo Benício Fontenele Filho”.
Prossegue a matéria:
“Joaquim Ribeiro foi morto somente, porque antes da eleição alguém disse, que ele havia de ser mesário, e sóporesteditoseexpediramasordensdemorte(...)”.Numcenárioondeainjustiça[quase]sempreprevalecia, o caso dos irmãos Ribeiro não fugiu à regra... Dona Anna Francisca Ribeiro (mãe das vítimas), sertaneja de fibra e dona de vultoso cabedal, movida pelo sagrado instinto materno e pela perda irreparável do filho querido, não mediu esforços para punir os culpados, e na sessão do júri do dia 12 de dezembro de 1862, foi testemunha ocular do julgamento dos acusados:
“No dia 12 entraram em julgamento os réus presos Francisco Elias Fontenele, Domingos Anselmo Fontenele e mais outros 5 réus, acusados por Anna de Brito como autores do assassinato do seu filho Joaquim Ribeiro de Brito e tentativa de homicídio na pessoa do outro seu filho, João Ribeiro de Brito” (Pedro II, edição do dia 19.12.1862). E como diz a velha máxima “a justiça é cega”, após acalorados debates entre a defesa e a acusação, veio o triste veredicto: “Era meia noite quando se retirou o Conselho para a sala de suas conferências, e as 5 horas da manhã voltou, respondendo a todos os quesitos sobre os réus por 6 votos, pelo que foram estes absolvidos pelo voto de minerva. A autora [Anna Francisca de Brito], apelou desta decisão para a relação do Districto”. (Pedro II, edição do dia 19.12.1862).
O conflito entre os Fontenele e os Brito que ocorreu em 1861, deu-se no contexto da eleição realizada naquele ano, quando os “Caranguejos-Conservadores”, apoiados pelo coronel Chico Elias e os “Chimangos-Liberais”, apadrinhados pelo fazendeiro Joaquim Ribeiro de Brito, disputavam o poder naqueles sertões. Foto: imagem de ilustração colhida na Internet.
ALGUMAS NOTAS PARA ENTENDER NOSSA HISTÓRIA
DANÇA DOS ÍNDIOS TUPINAMBÁS. GRAVURA DE TEODORE DE BRY (1592) SEGUNDO RELATOS DE JEAN DE LÉRY NO RIO DE JANEIRO (1556) FOTO: VOYAGES AU PAYS DES INDIEN DU BRÉSIL EXTRAITS DES RÉCITS DE VOYAGES AU BRÉSIL DE HANS STADEN ET JEAN DE LERY, ILLUSTRÉS PARA LE GRAVURES DE THÉODORE DE BRY, EN 1592
A MÚSICA DOS ÍNDIOS
A influência indígena sobre a nossa música popular é muito grande e pouco explorada. Os índios tinham uma comunhão com o Cosmos, e não havia separação entre céu-terra- mar
Os índios eram ótimos flautistas. Os Tamoios tocavam a Inúbia, uma flauta ou trombeta feita com o osso da perna do inimigo.
Os Parecis tocam uma flauta com o nariz, a tsin-kali, que soava suave e melodiosa.
O som agudo do Boré, a trombeta de bambú ou taquara
A cangoêra , talhada dos ossos dos guerreiros valentes.
O memi tinha a forma de ums flauta dupla
Onfuá, trombeta reta de madeira
Os tambores feitos feitos com troncos ocos e leves : Vatapís, curuquis, vatis
A Flauta uruá , instrumento essencial para o índio, que sem ela não realiza seus rituais e missa. Os índios Totomai Yawalapiti tocam essa flauta, um dos instrumentos musicais considerados sagrados pelos povos indígenas
O chocalho, o maracá, o curugú.
O chatê e o bapo, chocalhos feitos com cabaças à semelhança do maracá
A dança é feita ao som de conchas, seixos, sementes , dentes , presos em fibras atados aos tornozelos.
Os maracás índígenas , os chocalhos africanos também têm função religiosa. Também usado no candomblé.
Os furos em alguns chocalhos representam olho, nariz , boca
DDamata Costa João da Mata Costa - Etnógrafo #indios #instumentosmusicais
Canibalismo dos Tupinambás.
Entre as tribos indígenas que viviam no Brasil na época do início da colonização portuguesa, no século XVI, os Tupinambás tornaram-se amplamente conhecidos por uma característica peculiar: a antropofagia, ou seja, o ato de comer carne humana, também conhecido como canibalismo. É certo que os Tupinambás não foram os únicos que praticavam tal prática, mas principalmente pelos relatos de alguns viajantes europeus que presenciaram os rituais de canibalismo desta tribo, sua fama se espalhou pelo mundo.
O principal relato escrito sobre o canibalismo dos Tupinambás é do aventureiro alemão Hans Staden (1525-1579) e está registrado na obra Duas Viagens ao Brasil, publicada em 1557. Essa história circulou amplamente entre os círculos literários da Europa por várias décadas. ., contribuindo para a composição de um imaginário exótico denominado “Novo Mundo”.
CANANEUS, FENÍCIOS E ROMANOS PÚNICOS,
No atual ������������, o país dos cedros, viviam os que se autodenominavam cananeus, e os gregos chamavam fenícios e os romanos púnicos, embora estes últimos fossem fenícios da Cartago Africana.
Das suas principais cidades Sidon, Tiro e Biblos negociaram com o papiro egípcio, com suas corantes vermelhas e sua fantástica madeira de cedro sem a qual os egípcios não poderiam construir seus navios.
Os fenícios foram peritos navegantes e chegaram com os seus navios a todas as costas do Mediterrâneo e, claro, às costas ibéricas no primeiro milênio antesda nossa era e fundaram colônias comerciais, Gadir (Cádiz), Malaca (Málaga) e Sexi (Almuñécar).
A colônia mais importante e icônica foi Gadir, fundada no século IX A.C. Este assentamento tornou-se um importante centro comercial e ponto estratégico nas rotas marítimas fenícias.
Além das colônias mencionadas, os fenícios também fundaram cidades como Ebusus (Ibiza), Abdera (Adra) e Qart Hadasht (Cartagena). Essas cidades desempenharam um papel crucial no intercâmbio cultural e comercial entre fenícios, iberos e outras civilizações do Mediterrâneo.
A presença dos fenícios na Península Ibérica deixou um legado cultural significativo. Eles introduziram escrita, metalurgia, navegação e técnicas agrícolas avançadas. Além disso, sua influência se reflete na toponímia, arquitetura e gastronomia da região.
Suas colônias serviram de ponte de intercâmbio cultural entre o Mediterrâneo Oriental e o Ocidente.
A influência fenícia perdurou na Península Ibérica mesmo após o seu declínio como potência comercial.
Link para a publicação original: https://www.facebook.com/photo/?fbid=3990892611138990&set=gm.3850275715209086&idorvanity= 1828699094033435
A NOSSA MÃE ÁFRICA, JÁ FOI CHAMADOS POR
MUITOS NOMES
Nome antigo da África
Antes de os europeus se contentarem com a palavra África, o continente era chamado de muitos outros nomes. Eles incluem Corphye, Ortígia, Líbia e Etiópia, Alkebulan
Outros nomes, como a terra de Ham (Ham significa peles escuras), a mãe da humanidade, o jardim do Éden, os reinos no céu eaterradecuchoukesh (referindo-seaos cuchitas queeram antigos etíopes)foramutilizados. Ninguém sabe a origem dos nomes com certeza. No entanto, as teorias abaixo lançam alguma luz sobre como este segundo maior continente ganhou o seu novo nome.
Teoria romana
Alguns estudiosos acreditam que a palavra se originou dos romanos. Romanos descobriram uma terra em frente ao Mediterrâneo e deram-lhe o nome da tribo berbere que residia na área da Carnificina, atualmente referida como Tunísia. O nome da tribo era Afri.
Teoria do tempo
Alguns acreditam que o nome foi enrolado do clima do continente. Derivando de afrike, uma palavra grega quesignificaumaterralivredefrio ehorror.Umavariaçãodapalavraromanaaprica,quesignificaensolarado, ou mesmo a palavra fenícia longe, que significa pó.
Teoria Africus
Isto afirma que o continente derivou seu nome de Africus. Africus é um chefe iemenita que invadiu a parte norte no segundo milênio a.C., argumenta-se que ele se estabeleceu em sua terra conquistada e a chamou de Afrikyah.
Teoria fenícia
Outra escola de pensamento sugere que o nome é derivado de duas palavras fenícias friqi e pharika. As palavras significam calos e frutas quando traduzidas. Hipoteticamente, o fenício batizou o continente como a terra dos milhos e frutos.
Alkebu-lan "mãe da humanidade" ou "jardim do Éden". ” Alkebulan é a mais antiga e a única palavra de origem indígena. Foi usado pelos mouros, núbios, núbios, númidas, khart-Haddans (Cartagenianos) e etíopes. Muitos historiadores, já mencionaram que o lugar exato do Jardim do Éden é no atual Iraque. No mapa está escrito bem nítido o nome dos filhos de Noé.
Ham ou Cam deu origem aos Africanos.
Shem ou Sem deu origem as Hebreus e Japhet ou Jafe deu origem aos Europeus.
Em relação ao nome Jardim do Éden, a tal península arábica( próxima a região do atual Iraque.), fazia parte do nordeste da África.
HAMILTON RAPOSO
Acompanhar a procissão do Senhor Morto ou do Encontro já foi um evento imperdível e obrigatório para a sociedade de São Luís. As festas do largo de São Benedito em devoção ao Santo, nas proximidades do Colégio Santa Teresa, ou a festa em devoção a Nossa Senhora dos Remédios do largo dos Remédios, eram programações aguardadas e que mobilizavam toda a cidades. A festa de Nossa Senhora da Conceição que ganhou folego e importância com a transferência da igreja da Rua Grande para o bairro do Monte Castelo. Santa Teresinha sempre teve sua importância religiosa e festiva com a inauguração do conjunto residencial do bairro do Filipinho. A festa de São Roque no bairro do Lira mobilizava todos os bairros adjacentes. Todos participavam, São Luís era predominantemente católica. A cidade funcionava de acordo com as festas religiosas.
Na década de 1960 um evento ganhou projeção e mobilizou a cidade, o aniversário de São Luís, os 350 anos de fundação da cidade. O prefeito da cidade Dr. Antônio Euzébio da Costa Rodrigues e o Governador do Estado, Dr. Newton de Barros Belo, não mediram esforços para tornar a data, 08 de setembro, inesquecível para os ludovicenses e uma inauguração, uma piscina na Praça Gonçalves Dias, foi o grande marco para as festividades de aniversário de São Luís. A piscina, felizmente não existe mais, mas a memória da inauguração, com diversos meninos se jogando ou caindo na piscina, permanece resistente ao tempo, a bizarrice do ato e a surpresa com a obra são inesquecíveis!
O Colégio Marista, instituição de ensino religioso, concentrava no turno convencional a classe média maranhense, o internato era reservado para a classe social emergente vindo do interior do estado. A arquitetura belíssima do Colégio, tinha um fato relevante e significativo para a época, um enorme tanque no pátio de entrada, entre o internato e a capela, que servia de cativeiro para um peixe poraquê. Ao lado, encostado do muro da AABB, havia um viveiro com macacos pregos, tudo ecologicamente incorreto, mas fantástico para a época. A capela era sempre prestigiada pela figura mais carismática da igreja católica maranhense, o festivo e pop-star Padre Paulo, figura queridíssima e respeitadíssima em São Luís.
Além do calendário festivo religioso, havia o calendário festivo cívico, que culminava com o desfile dos colégios na semana da Pátria e o esperado, por não dizer o mais aguardado, o ponto culminante do desfile, era o pelotão de honra do Colégio Marista, ensaiado o ano todo pelo rígido e disciplinador Irmão Anselmo, educador de uma geração de ilustres maranhenses.
Afestado Divino Espírito Santo semprefoiecumênica,lúdicae miscigenada,nunca foiexclusividadecatólica e por conta disso incluída no roteiro turístico de São Luís. A Casa das Minas e a Casa de Nagô davam o toque das caixas ao sincretismo maranhense. Em junho São Pedro dá cores e religiosidade a baía de São Marcos, mostrando a beleza singular de uma cidade alegre e resistente ao tempo.
AO IRMÃO ANSELMO MAIS UM PERSONAGEM DA VIDA DE SÃO LUIS. IRMÃO ALCELMO FOI UM EDUCADOR E FORMADOR DE CARÁTER, MINHA HOMENAGEM!
BENEDITA SILVA DE AZEVEDO
A Casa São Pedro, foi construída em 1942 por Bernardo Thiago de Mattos, quando resolveu urbanizar a cidade de Itapecuru Mirim. Lá passou a funcionar o comércio de secos e molhados de Jamil Munbarak, que mais tarde, em 1948, construiu ao lado, sua residência, segundo anotações no texto de Jucey Santana.
Era uma das casas onde fazíamos compras. Principalmente, os aviamentos para as costuras de mamãe. Quando não tinha na casa de Helena, como era conhecida a Casa São Pedro, comprávamos na casa de Raimundo (Mundico) Mendes, na Rua do Egito.
Os irmãos Jamil e Nazaré Munbarak eram os padrinhos de minha irmã caçula, Maria do Socorro. Não sei precisar a data, mas lembro quando Jamil se casou. Eu era pequena, doze ou treze anos.
Um dia, entrei com mamãe no comércio, ela cumprimentou o compadre e parabenizou-o pelo casamento. A esposa estava com ele no comércio e foi apresentada à comadre.
Ele pediu à esposa que mostrasse a casa para mamãe. Saímos do comércio e entramos na residência. Nos fundos, após uma área interna, contornamos uma pilha de tijolos, para chegarmos aonde estavam sendo construídas novas dependências para Helena e Nazaré, já em fase de conclusão.
As duas irmãs se revezavam no Comércio, ao lado do irmão. Após o casamento, mesmo Maud sendo professora no Grupo Escolar Gomes de Sousa, eu a vi muitas vezes, ao lado do marido trabalhando na Casa São Pedro.
Em dois mil e onze, numa das minhas idas a Itapecuru, fiquei hospedada no Hotel Brasil, frente com a Casa São Pedro. A cor, o letreiro, as portas, tudo continuava como sempre! Tive curiosidade de saber como estavam aquelas pessoas que eu conhecia há tanto tempo.
Fui visitá-los. Lá estavam Jamil e Maud, no comércio. Perguntei se lembravam de mim e disse meu nome. Na hora, ele falou: “- Você não é a filha do compadre Euzébio e da comadre Rosinha que foi para o sul?”
Diante da minha afirmativa, ele começou a contar a história da morte do meu irmão, em 1954, quando eu tinha apenas dez anos. Na conversa, ele falou da tristeza que sentiu quando soube da morte de meus pais: mamãe, em 09/12/1993 e, papai, em 07/04/1996.
No dia seguinte, voltei com Jucey Santana, a quem acabara de conhecer e andava pesquisando a vida de Mariana Luz. Jamil sabia de tudo. Parecia uma enciclopédia. Os olhos brilhavam diante das nossas perguntas. Antes de sairmos, tiramos fotos do casal e nossas. Ele me disse: “- Vem aqui amanhã que quero te mostrar os instrumentos de tortura da época da escravidão.”
No dia seguinte, voltei, tirei fotos dos objetos e foi o último contato que tive com os amigos.
Ao retornar, em 2016, a casa estava fechada. O casal estava em São Luís em tratamento de saúde. Infelizmente, em 2018 soube a notícia de que a casa seria demolida, sangrou meu coração...
Ontem, li a notícia do falecimento da Professora Maud.
Em minha memória, naquela esquina da Av. Brasil, em Itapecuru Mirim, permanecerá a Casa São Pedro, dos irmãos, Jamil, Helena e Nazaré Munbarak. Conservada pelo casal inseparável, Maud e Jamil Munbarak, Rio de Janeiro, 27 de outubro de 2024.