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BREVE OLHAR SOBRE A LITERATURA LUDOVICENSE

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Academia Ludovicense de Letras – Cadeira 21 Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – Cadeira 40

[...] Os ‘atenienses’ são, portanto, os vários grupos de intelectuais e homens de letras surgidos em torno da cidade letrada de colonização portuguesa, como São Luis[...] LEÃO, Ricardo. OS ATENIENSES – a invenção do cânone nacional. Imperatriz: Ética, 2011

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Antologia, de acordo com a Wikipédia3 , (ανθολογία ou "coleção de flores", em grego), é uma coleção de trabalhos literários (ou musicais) agrupados por temática, autoria ou período. A palavra vem do nome da mais antiga antologia que se tem conhecimento, organizada pelo poeta grego Meléagro. É usado para categorizar coleções de obras curtas, tais como histórias curtas e romances curtos, em geral agrupados em um único volume para publicação. Refe-se a coleção de trabalhos literários. T. S. Eliot, em O que é poesia menor? 4 , nos assegura que o valor primordial das antologias, como de resto de toda literatura, é “nos dar prazer, embora outras serventias possam prestar aos leitores interessados”. Entre elas, assinala o poeta-crítico, “as antologias são uteis porque ninguém tem tempo de ler tudo, e existem poemas dos quais apenas algumas passagens permanecem vivas” (in BARBOSA FILHO, 2004)5 . No Maranhão, foram publicadas, já, várias antologias que se tornaram clássicas, como: Parnaso Maranhense, de Gentil Homem de Almeida Braga; Panteon Maranhense, de Henriques Leal; Os novos atenienses – subsídios para a história literária do Maranhão, de Antônio Lobo (2008, 3 ed.), a do cinquentenário da Academia Maranhense de Letras, Antologia AML 1908-19586, de Mário Meireles; Arnaldo de Jesus Pereira; Domingos Vieira Filho (1958; 2008); para a construção da presente antologia recorreremos a elas, sempre que necessário, mas a principal fonte será Clóvis Ramos: Nosso céu tem mais estrelas – 140 anos de literatura maranhense (1972); Onde canta o sabiá – estudo histórico-literário da poesia do Maranhão (1972); Roteiro literário do Maranhão – neoclássicos e romanticos (2001); Rossi Corrêa, com O modernismo no Maranhão (1989); Formação social do Maranhão – o presente de uma arqueologia (1993); e Atenas Brasileira – a cultura maranhese na civilização nacional (2001); Jomar Moares com seu Apontamentos de literatura maranhense (1976); e quando necessário nos Perfis Academicos da AML (1993); Assis Brasil e A poesia maranhense no século XX (1994); Arlete Nogueira da Cruz, com o seu magistral Sal e Sol (2006); José Henrique de Paula Borralho, com Uma Athenas equinocial – a literatura e a fundação de um Maranhão no Império brasileiro (2010) e Terra e Ceu de Nostalgia – tradição e identidade em São Luis do Maranhão (2011); e por fim, Ricardo Leão: Os atenienses – a invenção do cânone nacional (2011). Leão (2011)7 refere-se à utilização do terno atenienses para definir a condição de literatos do Maranhão:

3 http://pt.wikipedia.org/wiki/Antologia 4 ELIOT, T. S. Ensaios de Doutrina Crítica. Lisboa: Guimarães Editores, 1977, citado por BARBOSA FILHO, Hildeberto. LITERATURA NA ILHA (POETAS E PROSADORES MARANHENSES). São Luis: Lithograf, 2004. 5 BARBOSA FILHO, Hildeberto. LITERATURA NA ILHA (POETAS E PROSADORES MARANHENSES). São Luis: Lithograf, 2004. 6 MEIRELES, Mário; FERREIRA, Arnaldo de Jesus; Vieira filho, Domingos. ANTOLOGIA DA ACADEMIA MARANHENSE DE LETRAS – 1908 – 1958. São Luis: AML, 1958 MEIRELES, Mário; FERREIRA, Arnaldo de Jesus; Vieira filho, Domingos. ANTOLOGIA DA ACADEMIA MARANHENSE DE LETRAS – 1908 – 1958. São Luis: AML, 1958. Edição fa-similar comemorativa do centenario de fundação da Academia Maranhense de Letras, AML, 2008. 7 LEÃO, Ricardo. OS ATENIENSES – a invenção do cânone nacional. Imperatriz: Ética, 2011

Entende-se por ‘atenienses’ um grupo de intelectuais surgidos durante o século XIX, mais especificamente em São Luis do Maranhão, decorrente do epíteto de ‘Atenas Brasileira” que a cidade recebeu em função da movimentada vida cultural e do número expressivo de intelectuais e literatos ali nascidos ou residentes - depois em parte migrados para a Corte no Rio de Janeiro -, com um papel muito importante na configuração da vida politica e literária do país que tinha acabado de emancipar-se da antiga metrópole portuguesa. Os ‘atenienses’ são, portanto, os vários grupos de intelectuais e homens de letras surgidos em torno da cidade letrada de colonização portuguesa, como São Luis, a qual teria sido um dos poucos centros de intensa atividade intelectual do primeiro e segundo periodo imperial brasileiro. [...]. (p. 33).

Esclarece, ainda, que a adoção do tropo ateniense também se inspira na obra do crítico maranhense Frederico José Correia, em seu Um livro de crítica (1878)8, no qual critica a invenção em torno da Atenas

Brasileira, particularmente endereçada ao biógrafo maranhense Antonio Henriques Leal, autor do Pantheon Maranhense.

Esse autor utiliza o conceito de “cânone” que é, com efeito, uma seleção de obras que atende critérios de eleição e exclusão, os quais podem: [...] orientados pela questão da representatividade histórica e da fundação e formação de uma literatura, compondo, enfim, a arqueologia do campo intelectual e dos letrados de um país ou, no caso específico da literatura, seguir uma orientação de acordo com a representatividade estética dos textos. (p. 34). [...] O cânone, portanto, é uma lista de textos, autores e obras, coadjuvada por uma elaborada narrativa historiográfica que, apesar de sua pretenção em ser verídica, como se resto o é toda historiografia, traz consigo motivações que, pelo fato de incluir excluindo, trai e solapa a sua pretenção histórica enquanto verdade absoluta, natural e indubitável. (p. 36).

Reis Carvalho (citado por DURANS, 2012)9 dividiu a literatura maranhense em três ciclos, admitindo que, para essa classificação, não houve “na realidade fatos decisivos e característicos na sua evolução, capazes de representar as linhas divisórias de cada ciclo”. Ele, porém, demarca cronologicamente a literatura da seguinte maneira: “o primeiro ciclo vai de 1832 a 1868”; “o segundo ciclo da literatura maranhense abrange a geração nascida das duas primeiras décadas do último semi-século, de 1850 a 1870”; “O terceiro ciclo [...] compreende os escritores nascidos nas duas primeiras décadas da última geração do século passado, 1870 a 1890” (CARVALHO, 1912, v. 4, p. 9737, 9742 e 9748)10 . Mário Meireles11, seguindo e citando a periodização de Reis Carvalho, admite, no século XIX, a presença de três grandes ciclos, embora ressaltando que, no início daquele século, ocorreu um ciclo de transição (1800-1832) que, para ele, não apresentava relevância para a história literária do Maranhão. No prefácio da Antologia da AML apresentam as seguintes fases: Primeira fase: de maior extensão de tempo, que vai dos séculos XVII a XVIII, da “literatura sobre a terra”; Segunda fase: de transição, do primeiro quartel do seculo XIX, de características essencialmente coimbrão,

8 CORRÊA, Frederico José. UM LIVRO DE CRÍTICA. São Luis: Tip. Do Frias, 1878. 9 DURANS, Patrícia Raquel Lobato. A LITERATURA MARANHENSE NA HISTORIOGRAFIA LOCAL: representações e contradições. In LITTERA ON LINE, Número 05 – 2012, Departamento de Letras | Universidade Federal do Maranhão, disponível em file:///C:/Users/Leopoldo/Downloads/1270-4439-1-PB%20(1).pdf , acessado em 08 de março de 2014 10 CARVALHO, Antônio dos Reis. A literatura maranhense. In: BIBLIOTECA Internacional de Obras Célebres. Rio de Janeiro: Sociedade Internacional, 1912. v. 20. (citado por DURANS, 2012). 11 MEIRELES, Mário. Panorama da literatura maranhense. São Luís: Imprensa Oficial, 1955; MEIRELES; FERREIRA; e vieira filho, 1958; 2008, obras citadas;

periodo do romantista classicista12 ; Terceira fase: do segundo ao terceiro quartel da centúria oitocentista, quando surge a imprensa periódica, regresso dos doutores de Coimbra, que em constituir o chamado Grupo Maranhense do romantismo brasileiro13; São Luis torna-se a Atenas Brasileira; Quarta fase: do terceiro ao ultimo quartel do seculo passado (o livro é de 1958...), com o surgimento do naturalismo14, do parnasianismo15, do simbolismo16; os intelectuais da terra são afastados para fora dela, reconhecidos como literatos nacionais; Quinta fase, e para os Autores, a penultima, dos ultimos anos do seculo XIX para o primeiro quartel do seculoo XX, ciclo do

12 O Classicismo teve início na Itália no século XIV e apogeu no final do século XVI, espalhando-se rapidamente pela Europa, com a criação da imprensa as informações eram divulgadas com maior rapidez - ocorreu dentro do Renascimento. É uma literatura antiga que sofreu várias influências principalmente greco-latinas, devido à criação das primeiras universidades. Em 1527, quando Francisco Sá de Miranda retornava a Portugal, vindo da Itália, trazendo o doce estilo novo (soneto + medida nova). Clóvis Monteiro assinala que o Classicismo em Portugal durou três séculos de atividades literárias: iniciado em 1527 e encerrado em 1825. No Brasil Colônia, o Classicismo português do período cultista também influenciou a literatura, como por exemplo, na obra Prosopopéia de Bento Teixeira, que imitava os versos de Camões, até meados do século XVIII, quando surgiria uma literatura nacional ou brasileira. http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_classicista 13 O Romantismo no Brasil teve como marco fundador a publicação do livro de poemas "Suspiros poéticos e saudades", de Domingos José Gonçalves de Magalhães, em 1836, e durou 45 anos. Ainda no mesmo ano, no Brasil momento histórico em que ocorre o Romantismo, 14 anos após a sua Independência - esse movimento é visível pela valorização do nacionalismo e da liberdade, sentimentos que se ajustavam ao espírito de um país que acabava de se tornar uma nação rompendo com o domínio colonial. Três fundamentos do estilo romântico: o egocentrismo, o nacionalismo e liberdade de expressão. O egocentrismo: também chamado de subjetivismo, ou individualismo. Evidencia a tendência romântica à pessoalidade e ao desligamento da sociedade. O artista volta-se para dentro de si mesmo, colocando-se como centro do universo poético. A primeira pessoa ("eu") ganha relevância nos poemas. O nacionalismo: corresponde à valorização das particularidades locais. Opondo-se ao registro de ambiente árcade, que se pautava pela mesmice, vendo pastoralismo em todos os lugares, o Romantismo propõe um destaque da chamada "cor local", isto é, o conjunto de aspectos particulares de cada região. Esses aspectos envolvem componentes geográficos, históricos e culturais. Assim, a cultura popular ganha considerável espaço nas discussões intelectuais de elite. A liberdade de expressão: é um dos pontos mais importantes da escola romântica. "Nem regra , nem modelos " - afirma Victor Hugo, um dos mais destacados românticos franceses. Pretendendo explorar as dimensões variadas de seu próprio "eu", o artista se recusa a adaptar a expressão de suas emoções a um conjunto de regras préestabelecido. Da mesma forma, afasta-se de modelos artísticos consagrados, optando por uma busca incessante da originalidade. Primeira geração - Indianista ou Nacionalista; Segunda geração - Ultrarromantismo ou Mal do Século; Terceira geração – Condoreira. http://pt.wikipedia.org/wiki/Romantismo_no_Brasil 14 Naturalismo - literária conhecida por ser a radicalização do Realismo, baseando-se na observação fiel da realidade e na experiência, mostrando que o indivíduo é determinado pelo ambiente e pela hereditariedade. O naturalismo como forma de conceber o universo constitui um dos pilares da ciência moderna, sendo alvo de considerações também de ordem filosófica. No Brasil, as primeiras obras naturalistas são publicadas em 1880, sendo influenciada pela leitura de Émile Zola. O primeiro romance é O mulato (1881) do maranhense Aluísio de Azevedo, o escritor que melhor representa a corrente literária do naturalismo brasileiro. Além dessa obra, foi o responsável pela criação de um dos maiores marcos da literatura brasileira: O cortiço. http://pt.wikipedia.org/wiki/Naturalismo#Naturalismo_em_Portugal_e_no_Brasil 15 O parnasianismo é uma escola literária ou um movimento literário essencialmente poético, contemporâneo do Realismo-Naturalismo. Um estilo de época que se desenvolveu na poesia a partir de 1850, na França. No Brasil, o parnasianismo dominou a poesia até a chegada do Modernismo brasileiro. A importância deste movimento no país deve-se não só ao elevado número de poetas, mas também à extensão de sua influência, uma vez que seus princípios estéticos dominaram por muito tempo a vida literária do país, praticamente até o advento do Modernismo em 1922. http://pt.wikipedia.org/wiki/Parnasianismo#No_Brasil 16 Simbolismo é um movimento literário da poesia e das outras artes que surgiu na França, no final do século XIX, como oposição ao Realismo, ao Naturalismo e ao Positivismo da época. Movido pelos ideais românticos, estendendo suas raízes àliteratura, aos palcos teatrais, às artes plásticas. Não sendo considerado uma escola literária, teve suas origens de As Flores do Mal, do poeta Charles Baudelaire

decadentismo17 ; Sexta, e ultima fase analisada pelos antologistas da AML, atual, para eles, que que corresponde ao ciclo do modernismo18 .

Meireles (1980)19 caracteriza, os ciclos literários maranhenses através dos títulos dos capítulos de sua obra: “Séculos XVI e XVII – Literatura sobre o Maranhão”; “Século XVIII – Ainda literatura sobre a terra”; “Século XIX – O ciclo de transição do seu primeiro quartel (1800-1832)”; “Século XIX – Segundo Ciclo (1832-1868) – O grupo maranhense no Romantismo brasileiro. O Maranhão Atenas Brasileira”; “Século XIX – o ciclo de 1868 a 1894. Os homens de letras do Maranhão passam a ser, essencialmente, literatos nacionais”; “Século XX: o ciclo de 1894 a 1932, o decadentismo; a reação local para estabelecer, no Maranhão, os foros de Atenas Brasileira”; “Os tempos atuais”. Na primeira edição de História do Maranhão20 - no capítulo intitulado Panorama Cultural do Maranhão no Império -, aponta os ciclos literários maranhenses, traçando um esquema parecido com os dos autores supracitados. Ele, porém, associa características econômicas a esses ciclos :

Este Grupo Maranhense abrange, no tempo, o ciclo que vai de 1832 a 1868 e corresponde assim, no campo econômico, ao ciclo do algodão”. E continua: “Com o ciclo do açúcar, sobrevém o ciclo literário de 1868 a 1894 [...] desfazendo-se o Grupo local, os nossos homens de letras passam a emigrar cedo para o Sul, onde, granjeando justo renome, fazemse essencialmente literatos nacionais (MEIRELES, 1980, citado por DURANS, 2009; 2012)

21 .

Durans (2009; 2012) 22 afirma que no século XVII, inicia-se uma literatura descritiva acerca do Maranhão produzida pelos colonizadores, a fim de identificar, caracterizar, relatar e descrever a terra conquistada:

Essa produção inicial é denominada ‘literatura de viajantes’, ‘relatos de viajantes’, entre outras denominações. Esses textos tinham como função descrever os aspectos naturais, econômicos e sociais das terras descobertas, com o fim de servir como fonte de informação

17 Decadentismo é uma corrente artística, filosófica e, principalmente, literária que teve sua origem na França nas duas últimas décadas do século XIX e se desenvolveu por quase toda Europa e alguns países da América. A denominação de decadentismo surgiu como um termo depreciativo e irônico empregado pela crítica acadêmica, mas terminou sendo adotada pelos próprios participantes do movimento. http://pt.wikipedia.org/wiki/Decadentismo 18 O modernismo brasileiro foi um amplo movimento cultural que repercutiu fortemente sobre a cena artística e a sociedade brasileira na primeira metade do século XX, sobretudo no campo da literatura e das artes plásticas. O movimento no Brasil foi desencadeado a partir da assimilação de tendências culturais e artísticas lançadas pelas vanguardas europeias no período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial, como o Cubismo e o Futurismo. Considera-se a Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo, em 1922, como ponto de partida do modernismo no Brasil. Porém, nem todos os participantes desse evento eram modernistas: Graça Aranha, um prémodernista, por exemplo, foi um dos oradores. Não sendo dominante desde o início, o modernismo, com o tempo, suplantou os anteriores. Foi marcado, sobretudo, pela liberdade de estilo e aproximação com a linguagem falada, sendo os da primeira fase mais radicais em relação a esse marco. Didaticamente, divide-se o Modernismo em três fases: a primeira fase, mais radical e fortemente oposta a tudo que foi anterior, cheia de irreverência e escândalo; uma segunda mais amena, que formou grandes romancistas e poetas; e uma terceira, também chamada PósModernismo por vários autores, que se opunha de certo modo a primeira e era por isso ridicularizada com o apelido de Parnasianismo. http://pt.wikipedia.org/wiki/Modernismo_no_Brasil; http://www.infoescola.com/literatura/modernismo/ 19 MEIRELES, 1955, obra citada; 20 MEIRELES, Mário. HISTÓRIA DO MARANHÃO. 2 ed. São Luís: Fundação Cultural do Maranhão, 1980. 21DURANS, Patrícia Raquel Lobato. OS NOVOS ATENIENSES E O IMAGINÁRIO DE DECADÊNCIA: as representações em Missas negras, de Inácio Xavier de Carvalho. São Luis, 2009. Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira da Universidade Federal do Maranhão para obtenção do título de Especialista em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira. Orientadora: Prof. Dra. Maria Rita Santos. Disponível em http://www.geia.org.br/pdf/Monografia_Patr%C3%ADcia_Normalizada.pdf , acessada em 11 de março de 2014. DURANS, 2012, obra citada; 22 DURANS, 2009; 2012, obras citadas;

Já Jomar Moraes é responsável por consolidar a demarcação da literatura maranhense em ciclos, uma vez que se propõe a atingir o objetivo de [...] apreciar a evolução da literatura maranhense, assim como o papel que lhe cabe no contexto da literatura brasileira, examinando a questão sob seus aspectos mais relevantes [...]: o da importância pessoal de certas figuras e o da repercussão que como grupo geracional foi possível alcançar [...]. (MORAES, 1976, grifo nosso)23 .

Para Durans (2012) 24 esse objetivo fica mais evidente com a própria organização do livro, em capítulos e tópicos, apresentados de forma temporalmente linear e delimitando momentos literários. A partir da segunda parte, intitulada Autonomia literária, aparecem os seguintes capítulos: “1832-1868 – Grupo maranhense”; “1870/1890 – Um vigoroso sopro renovador”; ”1899/1930 – Os Novos Atenienses”; “Depois de 1922”. Prossegue Durans (2012) 25 , para quem:

A literatura maranhense apresenta três grandes ciclos, nascendo de fato com a geração romântica, uma vez que antes dela somente existiam relatos sobre o Maranhão e não uma literatura do Maranhão propriamente dita. Didaticamente, muitos autores que se debruçam sobre a crítica, análise e história da literatura maranhense dividem-na em ciclos e gerações que encerram especificidades consoantes ao tempo em que foram produzidos.

A versão oficialmente estabelecida da história da literatura maranhense, com a recente renovação dos debates sobre esse tema, está sendo revista. Lacunas e contradições têm sido apontadas nas investigações históricas até então empreendidas, instigando novos estudos, novas versões, novos olhares – às vezes olhares desconfiados (DURANS, 2009; 2012). É Ramos (1972, p. 9-10)26 quem afirma que “o Maranhão sempre participou dos grandes movimentos culturais surgidos no Brasil, dando ele mesmo, em muitas ocasiões, o grito de renovação que empolga”. Esse autor classifica nossa literatura em nove fases: 1ª fase – de extensa duração, é “a da literatura sobre a terra”, feita pelos cronistas a contar dos padres capuchos d´Abbeville e d´Evreux; 2ª fase – a do ciclo de transição, em que desapareceram os ultimos cronistas e ensaia-se a literatura da terra, já no primeiro quartel do século XIX, literatura que se caracteriza pela feição coimbrã, fruto do classicismo; 3ª fase – a que surge a imprensa periódica – “o Conciliador”, “O Argos da Lei”, e “O Censor”, e que os filhos da terra, formados em Coimbra, de regresso da Europa, constituem o chamado Grupo Maranhense do romantismo brasileiro, justamente a geração de Odorico Mendes, Sotero dos Reis, João Francisco Lisboa, e Gonçalves Dias; 4ª fase – a partir de 1865, a que possibilitou o surgimento do naturalismo, do parnasianismo e do simbolismo, de poetas e escritores levados por força do fator economico a se transferirem para o Sul do país, e foram, muitos deles, literatos nacionais: Teixeira Mendes, Teófilo Dias, Adelino Fontoura, Artur e Aluisio Azevedo, Coelho Neto, Dunshee de Abranches;

23 MORAES, Jomar. APONTAMENTOS DE LITERATURA MARANHENSE. São Luis: SIOGE, 1976 24 DURANS, 2009, obra ciatada. 25 DURANS, 2012, Obra citada. 26 RAMOS, Clovis. NOSSO CÉU TEM MAIS ESTRELAS – 140 anos de literatura maranhense. Rio de Janeiro: Pongetti, 1972.

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