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JOSÉ NASCIMENTO MORAES

São Luis / 19 de março de 1882 # 22 de fevereiro de 1958

José do Nascimento Moraes nasceu em São Luis do Maranhão, no dia 19 de março de 1882 e faleceu em 22 de fevereiro de 1958, aos 76 anos. Foi poeta, romancista, cronista, ensaísta e jornalista. Além disso, alcançou os cargos de presidente da Academia Maranhense de Letras e professor do tradicional Liceu Maranhense. Descendente de escravos, Nascimento Moraes lutou, por meio de artigos jornalísticos, muitas vezes publicados sob pseudônimo, contra o mesmo preconceito de cor que precisou superar para obter o reconhecimento profissional e literário. Também em sua literatura, o escritor abordou de maneira crítica a temática do preconceito racial, sendo que seu livro de maior destaque, Vencidos e degenerados, primeiramente publicado no Maranhão em 1915, discute as consequências do 13 de Maio de 1888. Sobre a obra, afirma Manoel de Jesus Barros Martins: O cotidiano de São Luis, subsequente à abolição da escravatura, foi por ele mapeado anatomicamente, analisado sociologicamente e narrado com sagacidade e rigor dialético. Isso permitiu-lhe a montagem de um retrato multifacetado da vida ludovicense, no qual foram gravados com tinta naturalista (...) suas tensões sócioculturais subjacentes, nuances da atmosfera abafadiça da decadência, reveladoras do desequilíbrio vigente em todo o corpo social tomado como objeto da narrativa. (MARTINS: 2002, 36). José do Nascimento Moraes casou-se com Ana Augusta Mendes Moraes, com quem teve sete filhos: Nadir, Raimundo, João José, Ápio Cláudio, Talita, Paulo e José Os dois últimos, Paulo Nascimento Moraes e José do Nascimento Moraes Filho, obtiveram reconhecimento como importantes poetas e jornalistas. José do Nascimento Moraes Filho foi, inclusive, responsável pela descoberta e publicação de Úrsula, de Maria Firmina dos Reis, provavelmente o primeiro romance escrito por uma afrodescendente no Brasil. O autor foi uma grande figura do cenário maranhense do início do século XX, destacando-se por suas obras jornalísticas e literárias, que focavam, sobretudo, a contraposição das questões elitistas e abolicionistas. Lutou contra os conceitos racistas da época, atraindo aliados e inimigos à sua causa. NASCIMENTO DE MORAES em uma crônica que retrata os costumes e ambientes de São Luís em fins do século XIX e início do XX, publicada em 1915, utiliza o termo capoeiragem214 : “A polícia é mal vista por lá, a cabroiera dos outros também não é bem recebida e, assim, quando menos se espera, por causa de uma raparigota qualquer, que se faceira e requebra com

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213 http://pt.wikipedia.org/wiki/Nascimento_Moraes http://www.letras.ufmg.br/literafro/data1/autores/109/dados.pdf 214 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. ESPORTE & LITERATURA – MARANHÃO.

indivíduo estranho ali, o rolo fecha, a capoeiragem se desenfreia e quem puder que se salve”. (2000, p. 95); em outro trecho da obra de Nascimento de Moraes, em que é mostrada com riqueza de detalhes uma briga, identificada como sendo a capoeira: “Ninguém melhor do que ele vibrava a cabeça, passava a rasteira. Armado de um ‘lenço’ roliço e pesado, espalhava-se com destreza irresistível, como se as suas juntas fossem molas de aço. Força não tinha, mas sabia fugir-se numa escorregadela dos pulsos rijos que avidamente o tentassem segurar no rolo. Torcia-se e retorcia-se, pulava, avançava num salto, recuava ligeiro noutro, dava de braço e pés para a direita e para a esquerda, aparando no ‘lenço’ as pauladas da cabroiera, que o tinha à conta dos curados por feiticeiros de todos os males. Atribuíam-lhe outros, a superioridade na luta, a certos sinais simbólicos feitos em ambos os braços, sinais que Aranha, muito de indústria, escondia ao exame dos curiosos, o que lhe aumentava o valor”.

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