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NONNATO MASSON
NONNATO MASSON RAIMUNDO NONATO DA SILVA SANTOS221
28 de fevereiro de 1924222 # São Luis 08 de março de 1998 No Perfis Academicos, Jomar Moraes o dá como nascido em São Luis, a 28 de fevereiro de 1924, tendo militado na imprensa de São Luis até 1950, transferindo-se para o Rio de Janeiro, neste ano, onde permaneceu até 1980, quando se aposentou. Mas Buzar (2014)223 publica em seu Blog o seguinte: Nesta sexta-feira, 28 de fevereiro de 1924, há noventa anos, nascia na praia da Mamuna, no município de Icatu, uma criança que recebeu o nome de Raimundo Nonnato, o qual, tempos depois, o Maranhão e o Brasil passariam a conhecer por Nonnato Masson, sobrenome de origem controversa. Alguns dizem ser homenagem ao repórter-fotográfico da revista O Cruzeiro, Jean Mazon; outros atribuem à simpatia pela maçonaria. Os dois ss eram usados para disfarçar. Criado pelos avós, que lhe deram boa formação moral e educacional, fez o primário no colégio Sotero dos Reis, onde a professora Zila Paes descobriu a sua vocação para a escrita. Seus textos eram aproveitados no jornalzinho e no teatrinho da escola. O ginásio cursou no Liceu Maranhense. Quando não estava em sala de aula, aprendeu a tocar violino, telegrafia e tipografia. O primeiro emprego foi na Tipografia Teixeira, depois no cinema Eden, como operador. Para ganhar uma profissão definida, matriculou-se na Escola de Aprendizes Artífices, depois transformada em Escola Técnica Federal do Maranhão. Nessa época, o cine Rex, no bairro do João Paulo, oferecia o seu palco para quem gostava da arte cênica. Ali se apresentou como ator e autor de pequenas peças e constitui um grupo teatral que fez sucesso nos bairros da cidade. Como o teatro não lhe dava nenhum rendimento, procurou emprego em jornal. Foi parar no Correio da Tarde, onde o poeta Fernando Viana, dono da situação, aprovou um texto de sua lavra e lhe garantiu um lugar na redação. Depois foi levado pelo próprio Fernando Viana para o jornal O Combate. Deste, transferiu-se para A Pacotilha, dirigido por Miécio Jorge, graças a um concurso de reportagem em que tirou o primeiro lugar com a matéria “Fila para os mortos”. As excelentes reportagens publicadas em A Pacotilha chamaram a atenção do jornalista Pires de Saboia, vindo do Ceará para pilotar O Imparcial, que o convocou para com ele trabalhar. Com a instalação, em 1950, do Jornal do Povo em São Luis, montado pelo governador Ademar Barros para instrumentalizar o Partido Social Progressista, Nonnato recebeu convite de Neiva Moreira para fazer parte da equipe redacional. No Jornal do Povo não se deu bem e retornou aos quadros dos Diários Associados, onde chefiou a redação de A Pacotilha, mas sem deixar de produzir reportagens e textos teatrais, veiculadas pelas emissoras Timbira e Ribamar. Em 1956, São Luís recebe a visita da condessa Pereira Carneiro, proprietária do Jornal do Brasil. Masson entrevista-a e ela encanta-se com a sua matéria. Ela convida-o a trabalhar no matutino carioca. Topou a parada e no JB atuou como repórter, pauteiro, editor do Caderno B e correspondente em Brasília até a sua inauguração. Como repórter, fez parte da equipe que cobriu a participação do Brasil na Copa do Mundo, em que se sagrou como campeão na Suécia, bicampeão no Chile e tri-campeão no México. Também prestou serviços na revista Fatos e Fotos, onde publicou a reportagem “Aventura Sangrenta do Cangaço”, que lhe valeu o Prêmio Esso de Reportagem, em 1961.
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221 MORAES, Jomar. PERFIS ACADEMICOS. 3 ed. São Luis: AML, 1993. 222 MASSON, Nonnato. DEPOIMENTO, enviado ao autor via correio eletrônico em 05/05/2014, acerca das duvidas do local de nascimento de seu pai, o jornalista Nonnato Masson, confirma que ele – Nonnato pai, nasceu na praia da Mamuna, no município de Icatu, em 29.02.1924, falecendo em São Luis em 08.03.1998; morou no RJ trabalhando no Jornal do Brasil de 1957a1977; publicou livros de cronicas ines e morta e corpo de moça. 223 BUZAR, Benedito. NONNATO MASSON: UM JORNALISTA INESQUECÍVEL. BLOG DO BUZAR, domingo, 14 de fevereiro de 2014, disponível em http://www.blogsoestado.com/buzar/2014/02/23/nonnato-masson-um-jornalistainesquecivel/, acessado em 04/05/2014.
Em maio de 1976 casou com a maranhense, de Anajatuba, Maria Elenir, com quem teve cinco filhos. Como desejava que os filhos nascessem em São Luis, retornou às origens, depois de uma bem-sucedida trajetória na imprensa carioca, época em que por ela passaram os maiores ícones do jornalismo brasileiro. Na volta às plagas maranhenses, em 1977, como o correspondente do Jornal do Brasil em São Luis, o conheci pessoalmente. À época, eu escrevia a coluna política Roda Viva, em O Imparcial. Procurou-me para saber sobre uma crise política deflagrada no governo de João Castelo. Depois dessa conversa, os nossos encontros passaram a ser rotineiros e a amizade entre nós consolidouse de modo firme e irreversível. Ao aposentar-se do Jornal do Brasil, mostrava-se disposto a abandonar definitivamente a imprensa. Aos poucos, consegui demovê-lo desse propósito e voltou a escrever crônicas no Caderno PH e, a convite de Antônio Carlos Lima, no “Hoje é Dia de”, em o Estado do Maranhão. Com a morte do médico e membro da Academia Maranhense de Letras, Salomão Fiquene, com o aval de Jomar Moraes, eu, PH e Antônio Carlos Lima fizemos um movimento para levá-lo à Casa de Antônio Lobo. Quebramos a sua resistência e a 24 de janeiro de 1986 ele tomou posse. Seu ingresso na vida acadêmica resultou na preparação de dois livros de crônicas – Inês é morta e Corpo de moça, publicados pelo Sioge. Por nunca haver exercido atividade na vida pública, recebeu convite de Joaquim Itapary para dirigir o Museu de Artes Gráficas da Secretaria da Cultura. No governo de João Alberto, eu, no exercício do cargo de Secretário da Cultura, o indiquei para integrar o Conselho de Cultura do Estado do Maranhão. Mas o coroamento da vida profissional de Masson deu-se quando José Sarney, na Presidência da República, o nomeou chefe da sucursal da Empresa Brasileira de Notícias. Com a extinção da EBN, seus problemas de saúde, sobretudo o diabetes, começaram a perturbálo, fazendo-o afastar-se de tudo e de todos. A perda parcial da visão e uma fratura do fêmur o impediram de movimentar-se e de ler e escrever. Para tentar recuperar a sua saúde, eu e Jomar conseguimos, pela ação de José Sarney, interná-lo no Hospital Sara, mas como tinha fobia a hospital, abandonou o tratamento e dali fugiu. Na noite de um sábado, 7 de março de 1998, o filho Elenato telefona-me para avisar que o pai fora internado no Socorrão. No dia seguinte, enquanto eu e Jomar tentávamos transferi-lo para o Hospital Universitário, somos informados de que ele não resistira à gravidade de uma implacável insuficiência respiratória. Naquele domingo, aos 74 anos, Nonnato Masson cumpria o que havia solenemente proclamado no dia de sua posse na Academia Maranhense de Letras: “Vim para São Luis para morar, viver e até morrer”.
O PÃO ROUBADO224
(Jornal Pequeno, 11/08/1957) Toma-se o pulso do mundo e sente-se, apesar de não sermos médico, que ele está a precisar de coramina, tal qual o governador do Estado receitou ao Maranhão, após fazer-lhe um diagnóstico de aniversário de um aninho de mando. Agente que trabalha em jornal quase não percebe, de chofre, que Washington Luís morreu no sanatório, depois de ter sido presidente da República, depois de ter sido exilado, depois de ter tido a rara vergonha do nosso século de não se meter mais em política, refugiando-se em si mesmo e renunciando, em testamento, toda e qualquer honraria que lhe devesse o Estado. Estado, aliás, que, quando vivo era o “de cujos”, nada mais fez do que humilhá-lo e espezinhá-lo. Quase não se nota que Oliver Hardy, aquele fabuloso cômico (“o Gordo”), que vivia em constantes encrencas com Stan Laurel (“o Magro”), dos filmes mudos que nos alegraram a infância, faleceu vítima de paralisia. Assim como chega à redação do jornal, nos pontos e traços nervosos da
224 JORNALISTAS MARANHENSES - NONNATO MASSON. Disponível em http://sobrinhoeducacaotecnologia.blogspot.com.br/2012/04/jornalistas-maranhenses-nonnato-masson.html
telegrafia sem fio, desaparece dos nossos pensamentos a notícia de que foi assassinado o presidente da Guatemala e o seu matador suicidou-se após o magnicídio. Quase não se tem tempo para sentir a morte desse poeta brejeiro que foi Bastos Tigre e que nos acostumamos a ler as suas trovas no Almanaque de Bristol. Sabe-se que Zé Lins do Rêgo, de tantos romances que nos plasmaram a formação literária, está entre a vida e a morte, o pensamento não demora (é justo confessar) no seu drama agônico. Tem-se a certeza de que a gripe asiática paira, ameaçadora, sobre a cabeça do mundo, como se fora uma nova espada de Dámocles, e o fato não nos faz sair da rotina. Acontece, porém, que a gente sabe que uma menina de 11 anos tenta o suicídio e o episódio nos assalta o sentimento e nos surpreende em todos os sentidos. Amenina se chama Sônia. Sônia é nome de fada, está nos contos da caronchinha e com essa criança, que dorme em cada um de nós, configura-se o nosso desejo de saber de maiores detalhes acerca do caso de Sônia, pois Sônia poderia ser a nossa irmã caçula, os quindins da mamãe, a alegria da casa, de perninhas grossas, vestidinho curto, fazendo beicinho de malcriação, tão cheia de encanto e malcriação, e despertava depois os risos escondidos dos mais velhos. Procurando saber, descobrimos que Sônia (Soninha), tendo a mãe viúva e irmãzinha passando fome, num subúrbio do Rio de Janeiro (na faixa da capital da República dos Estados Unidos do Brasil), entrou em uma venda e pediu um pão fiado. O pão com a graça de Deus mataria a fome de sua mãe e de sua irmãzinha. Não sendo atendida, Sônia, réplica menina de Jean VaIjean, que Vitor Hugo fixou nas páginas de Os Miseráveis, roubou o pão. Foi descoberta e a sua situação tornou-se mais terrível do que a do menino Humberto de Campos quando roubou um brinquedo. No Brasil, um pão roubado é coisa mais séria do que um brinquedo roubado. E a dona da venda prendeu Sônia. Envergonhada (e foi isso que nos comoveu, pois Sônia com 11 anos teve vergonha e muita gente barbada não tem nestes brasis imensos), como íamos dizendo, envergonhada Sônia (Soninha) atirou-se da janela do cômodo. Atirou-se à rua, no gesto desesperado, para morrer, para evitar o escândalo, pois ela teve vergonha de ser presa, como ladra, pela Rádio Patrulha, que a vendeira já havia chamado pelo telefone, Depois de tudo isso, depois desse tremendo drama, o “fantasma voador”, que gere o nosso destino republicano, com uma bateria de fotógrafos, apresenta-se no seu terno mais impecável, com a barriga cheia, os bolsos transbordando, em casa da pobre viúva e da menininha, cuja miséria impulsionara Soninha ao duplo gesto do crime e da morte voluntária, com a promessa de ajudar aquelas criaturas a ter uma vida menos desgraçada. Étarde! Tarde demais, presidente. Devera Vossa Excelência ter compreendido antes que muito mais importante do que Brasília é o destino dessa multidão de Sônias que existem do Oiapoque ao Chuí, se nos permitem o lugar comum. Depois do caldo derramado, nada mais adianta. E a vida de Sônia, símbolo da desamparada infância brasileira, está marcada por estigmas indeléveis que toda vossa ajuda não conseguirá remediar. E é pena. sabe?
PEDRO BRAGA FILHO225
16 de abril de 1918 Meireles, Ferreira e Vieira Filho (1958; 2008) trazem que Pedro Braga Filho nasceu em São Luis a 18 de abril de 1918. Formou-se em Medicina e tem exercido cargos de destaque na administração local. Foi Diretor da Colonia Nina Rodrigues, do Serviço de Assistencia aos Menores, Conselheiro dfo IPEM, e diretor de divisão da LBA. Atualmente (1958) representa o Maranhão na camara dos Deputados. Na Academia Maranhense de Letras fundou a cadeira 39, patrocinada pelo Conselheiro Gomes de Castro. Porém Barros (2005?) 226 traz em sua obra que Pedro Braga Filho teria nascido em Barra do Corda/MA, em 1918. Médico diplomado em 1945. Exerceu a profissão em diversos órgãos municipais, estaduais e federais. Deputado federal pelo Maranhão. Jornalista, diretor dos jornais O Norte, de Barra do Corda, e Diário da Manhã, de São Luís (FARIA, 2005, p. 599)227. Empossado na AML em 1948.
Bibliografia – Discurso de recepção do acadêmico Arnaldo Ferreira in Dias carneiro e Sousa brito (1954); Discurso de recepção do acadêmico Paulo de Freitas (s.d.); Morfologia do homem maranhense (Inédito).
NOVOS RUMOS À NOSSA EDUCAÇÃO
Ninguém melhor que o moço, aluno de uma Escola Superior, pode dizer das condições em que se encontram os que sonharam um dia com a vitória pela Inteligência!!! A velha Escolástica, embora prestes a exalar o ultimo suspiro, ainda se debate no cérebro cansado dos velhos. O dogma ainda se impõe ao espírito que parou, extasiado, assistindo à vertiginosa marcha da humanidade. O espírito do sistema persegue, nos nossos dias, aos que, tímidos e imbeles, não se afastaram da costa dos arcaicos ensinamentos, temendo os vagalhões que há lá por fora, em pleno oceano do Pensamento. Os métodos arcaicos que, na hora que passa, têm apenas valor histórico, ainda são seguidos pelos conservadores, pelos rotineiros, que permanecem alheios à evolução, querendo fazer ciência sem ciência. Só isso era suficiente para fazer desanimar ao mais vontadoso estudante de qualquer dos nossos cursos superiores, se avalanchas outras de preocupações não lhe viessem martirizar diáriamente! O universitário brasileiro anda sempre às voltas com vários e complexos problemas. E, o primeiro e o principal dles é o problema econômico, pois ao lado do preço exorbitante dos livros e da subsistência, vem o preço da Escola, que esgota todas as verbas que, com esforço inaudito, lhe foram reservadas no orçamento do estudante medianamente abastado. A instrução jamais deve ser privilegio do rico. Deve ela estar ao alcance de todos pois só assim poderemos contar com aquela aristocracia de valores de que nos fala Nordau!
225 http://www.academiamaranhense.org.br/blog/centenario-de-pedro-braga-filho/ MEIRELES, FERREIRA, VIEIRA FILHO, 1958; 2008, obra citada, p. 251-252 226 BARROS, Antonio Evaldo Almeida. INVOCANDO DEUSES NO TEMPLO ATENIENSE: (Re) inventando tradições e identidades no Maranhão (1940-1960). Outros Tempos, www.outrostempos.uema.br, volume 03, p.156-181, O tema enfocado neste artigo foi discutido na monografia “Renegociando Identidades e Tradições: cultura e religiosidade popular ressignificadas na maranhensidade ateniense”, defendida no curso de História da UFMA, em julho de 2005 (BARROS, 2005) e também em eventos (BARROS, 2004a, 2004b, 2004c). As fontes históricas citadas podem ser localizadas na Biblioteca Pública Benedito Leite (Setor Arquivo), em São Luís/MA. Disponível em http://www.outrostempos.uema.br/volume03/vol03art10.pdf, acessado em 02/05/2014 227 FARIA, Regina Helena Martins de; BUZAR, Benedito Bogéa. Apêndice C: Índice de verbetes de pessoas citadas nas entrevistas. In.: FARIA, Regina Helena M. de; MONTENEGRO, Antonio Torres (Orgs.). Memória de professores: histórias da UFMA e outras histórias. São Luís: UFMA; Dep. de História; Brasília: CNPq, p. 559-611, 2005.
Necessitamos não de declamadores fantasistas que pelas colunas dos jornais lançam projetos monstros! Não precisamos de demagogos, sempre dispostos a batalhar pela instrução técnica, enquanto as coisas lhe andarem bem pelo estomago. Não construirão coisa alguma os que se batem pela educação profissional, nacional e pratica, sem que antes trabalhem, de maneira eficiente, para tornar estável a vida do Estudante! Gratuita será a instrução e o Estudante logo saberá escolher, com segurança, a estrada a seguir, consoante vocação!