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ANTONIO MIRANDA
Maranhense nascido em 5 de agosto de 1940. Poeta, escritor, dramaturgo e escultor, já publicou romances, poesias e peças para teatro (gênero pelo qual é conhecido lá fora) em vários países. Em 1967, por decisão própria, exilou-se para viver intensamente um período de efervescente agitação cultural na América Latina, dedicando-se à produção literária e artística. Sua criatividade foi reconhecida com prêmios pela crítica internacional (Medellin - Colômbia, San Juan de Puerto Rico). Miranda viveu e publicou em Buenos Aires (Argentina), Caracas (Venezuela), Bogotá (Colômbia) e Londres (Inglaterra). Tu País Está Feliz, peça de teatro estreada em 1971, foi representada em mais de 20 países e só publicada no Brasil em 1979. Sobre a infância, juventude e a carreira do acadêmico e poeta Antonio Miranda: LILIANE BERNARDES apresentou uma versão do trabalho sobre Altas Habilidades e Superdotação, centrada na biografia do poeta Antonio Miranda (com destaque para a infância e juventude do autor) na 20th WORLD CONFERENCE – Louisville, KY, USA 10-13 August 2013 - WORLD COUNCIL FOR GIFTED AND TALENTED CHILDRENS, cujo texto e imagens estão disponíveis no repositório Prezi: http://prezi.com/eh9i5hynaffp/untitled-prezi/ Doutor em Ciência da Comunicação (Universidade de São Paulo, 1987), fez mestrado em Biblioteconomia na Loughborough University of Technology, LUT, Inglaterra, 1975. Sua formação em Bibliotecologia é da Universidad Central de Venezuela, UCV, Venezuela, 1970. Professor e ex-coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação do Departamento de Ciência da Informação e Documentação da Universidade de Brasília, Brasil, ministra aulas e cursos por todo o Brasil e países ibero-americanos. Também é consultor em planejamento e arquitetura de Bibliotecas e Centros de Documentação. Organizador e primeiro Diretor da Biblioteca Nacional de Brasília, de fev. 2007 a out. de 2011. Membro da Academia de Letras do Distrito Federal, foi colaborador de revistas e suplementos literários como o Suplemento Dominical do Jornal do Brasil e também o La Nación (Buenos Aires, Argentina) e Imagen (Caracas, Venezuela). POEMAS DE ANTONIO MIRANDA
A D E U S
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Para Pedro Almodóvar
Que seja com um machado.
Prefiro uma lâmina aguda
No Princípio era a Metafísica e a ela volveremos como Anti-Matéria aqui na Terra como no Céu.
Com palavras, não. Elas ferem muito mais penetram mais ainda mais fundo.
Nada de desculpas de explicações.
De um só golpe certeiro definitivo.
Se não, saia em silêncio.
Apague a luz. ... (Laura P.)
O FIM COMO PRINCÍPIO
Nós, degredados degradados filhos da terra — maçã, matéria malsã —, nós despossuídos postergados aos Sete Círculos do Inferno eterno —recapitulemos: antes do Juízo terrenal porque
Entretanto rezamos versículos e comeremos e cagaremos montículos que logo serão montanhas de terra sobre terra.
em canto em profissões de fé e desencanto.
Haja alívio, sortilégio haja paz neste vale de promessas inválidas como crisálidas jamais libertárias.
Nós, infames filhos de Eva filhos-da-Égua primeva — vexames!!! — exilados condenados a este
m a r a v i l h o s o a r a v i l h o s r a v i l h o a v i l h
v i l
h l i v a o h l i v a r s o h l i v a r a Afinal, vamos em busca do Prejuízo pré do pré do pré e pontificaremos — escrituras, constituições partituras em marcha-a-ré em procissões
Após, apenas pó.
Neste mundo —vasto mundo fim-do-mundo imundo, no fundo do poço.
mundo vil maravilhoso!
Extraído de PERVERSOS. Brasília: Thesaurus, 2003
A C A S A E M Q U E N A S C I Visito a casa em que nasci mas detenho-me no umbral sem penetrá-la, sem querer profaná-la: o irreconhecível!
Outras pessoas é que vivem nela e as tantas reformas e ampliações desfiguraram-na, tornaram-na invisível: só resta uma janela!!!
Onde morreu meu irmão Hélio? Em que desvão as visões de menino? E as acres lágrimas de minha mãe e os sonhos acanhados de destino?
Havia até mesmo um pátio, e flores e haveria nele rede e abano, e um quintal. A porta sempre aberta, visitas, licores, algum peixe frito no fogão a lenha.
Os avós estavam na parede, bisonhos. E o meu desatino, meus desvios Pressentidos antes que manifestos? E os rios de chuva, em correria
descendo a rua para, logo, gemendo, buscarem o Mearim, que seguiria seu curso ao mar. E eu achava que também me levava, e eu seguia...
Chácara Irecê, 14.01.2006