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SEBASTIÃO CORRÊA
SEBASTIÃO CORRÊA 277 , 278
SEBASTIÃO DE MACEDO CORRÊA
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1911 # 1838 Detalhes sobre sua vida são poucos conhecidos. Autodidata, teria aprendido as primeiras letras na cidade onde nasceu, Rosário, e compôs os primeiros versos279. Empregado no comércio e na Estrada de Ferro, como telegrafista; e depois nos Correiros, com essa mesma função. Não fez a escola secundária, aprendendo através da leitura. Boemio, desfilava pelas ruas da cidade com um violino, que tocava bem. Foi membro de entidades culturais, como o Cenáculo Graça Aranha, e Renovação.
HOMEM
Quantos milhões de séculos viveste? A Atlântida esqueceste, e, hoje, andas triste, Comungando a ilusão que não pediste, Na sentença da dor que mereceste!
Como aquele filósofo ateniense, Interrogas as tímidas estrelas... Para quê? - ninguém sabe compreendê-las. Vence a luz a distância; e o homem, que vence?
Que me dirás das lâmpadas divinas? - Meu vendedor de lágrimas, das ruínas Do teu sonho forjaste um pensamento!
E andas pálido e triste, procurando O que há milênios vem te acompanhando: A vida - abençoado sofrimento!
SE ASSIM FOSSE...
Se a dura sorte me apontasse, um dia, Outro destino, a mim, outra ventura, E me arrancasse desta vida escura, Outra seria, então, minha alegria.
Se o coração de quem meus passos guia, Compreendesse a extensão desta amargura, Talvez sentisse a mesma desventura Que às vezes sinto, em transes de agonia.
Se essa visão querida, que meus olhos Viram, tivesse o coração humano, Um coração que conhecesse o amor,
Certo, me não teria entre os abrolhos, Nem eu padeceria o desengano,
277 http://www.patrimonioslz.com.br/pagina1054.htm http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/maranhao/sebastiao_correa.html 278 BRASIL, Assis. A POESIA MARANHENSE DO SECULO XX. Rio de Janeiro: IMAGO; São Luis: SIOGE, 1994. 279 Embora Brasil saliente que essa informação fosse contraditória, e tenha a cidade de São Luis como local de seu nascimento (p. 93).
REMINISCÊNCIA
À hora pensativa da tarde, Quando é quietude a terra e o céu miragem, Quando, na voz do vento, a alma de Schubert Soluça uma elegia, Irmã das sombras, solitária e fria, Vem a Saudade me falar de ti.
Recordo... Era no outono... As folhas amarelas, Trêmulas e tímidas, bailando, Fugiam no amplo cenário da tristeza... Tuas mãos níveas Tive-as Entre as minhas mãos, Num triste adeus, quando a noite "Com seu cortejo de monstros", veio Nos separar, E ai de nós! nunca mais Nos pudemos encontrar!
À hora pensativa da tarde, Quando, na voz do vento, a alma de Schubert Soluça uma elegia, Que embala a terra e os céus, Eu bendigo a Saudade Que me fala de ti, que me transporta Ao coração de Deus.
(Reminiscências/Obra Póstuma/1990)