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MÁRCIA MARANHÃO DE CONTI

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OLGA MOHANA

OLGA MOHANA

Marcia Maranhão De Conti, filha de Antonio do Rêgo Maranhão Neto e Zelair Mendes Maranhão (in memoriam), nasceu em São Luis (MA) em 27/04/1957 e mudou-se para Goiânia, onde reside, aos 7 anos. Morou por um período em São Paulo, época em que nasceram os filhos mais velhos. Estudou no Emmanuel, Liceu, Carlos Chagas, Instituto de Artes da UFG (piano) e Centro Cultural Brasil Estados Unidos. É formada em Nutrição pela UFG e em Direito pela UNIVERSO. Especializou-se em Nutrição Clínica na UFRJ e em Direito Processual na LFG. Trabalha no Ministério da Saúde e é membro da OAB-GO. Sua paixão é a poesia. Participou de antologias, de concursos regionais e nacionais, sendo várias vezes premiada, inclusive no 5° Prêmio Nacional de Poesia - Cidade Ipatinga com o 2° lugar (2007). Teve três poemas selecionados no concurso Poemas no Ônibus e no Trem, promovido pela prefeitura de Porto Alegre: "Flor" (2007), "Um Poema no Ônibus" (2009) e "Embalagem" (2011). "Flor" esta em camisetas de catadores de papel de Porto Alegre a pedido do professor universitário, canadense, Denis Beauchamp, que preside uma associação voltada para esses trabalhadores. Luar nos Porões (piano mudo) é seu livro de estreia.

“Cada poeta inventa ou sonha o seu próprio caminho. E, através deste, atira ao papel o grito verbal de suas emoções. Márcia De Conti se enquadra, poetante, à pomífera dimensão desse princípio; porque sabe o canto que arranca da alma e atiça-o à garganta das palavras, como quem pega com a mão uma faísca de sol e a transforma em chamas de poesia: "Agora entrego ao sol o mofo da minha cama/e, devagar, estendo os lençóis/que acompanharam a minha insónia". O seu recado de poeta é a voz de outros recados: os de ânsia metafísica fervilhantes nos subterrâneos da mente.” GABRIEL NASCENTE101

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PROGNÓSTICO

Agora desenho em meu quarto uma varanda E, da janela semi-cerrada, Um raio de luz me alcança.

Agora entrego ao sol o mofo da minha cama E devagar estendo os lençóis Que acompanharam minha insónia.

Agora pressinto uma brisa No interior do meu cómodo E a inspiro lentamente Até arejar minhas entranhas.

Agora decifro as letras Que se agarraram ao meu sangue, E solfejo pra elas uma melodia

100 http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/goias/marcia_maranhao_de_conti.html 101 DE CONTI, Márcia Maranhão. Luar nos porões (piano mudo). Goiânia: Editora Kelps; Editora PUC Goiás, 2011. 94 p. (Coleção

Agora revejo a minha agonia Como num quadro de Picasse. Pareço-me surrealista Ao expressar meu ocaso.

Agora tenho a fome dos dias Em que não quis comer nada. E contemplo o meu ser faminto A saciar-se do nada.

UM POEMA NO ÔNIBUS

Parece que a cidade passeia, E o pensamento espia a palavra. Há um poema que vagueia, Versos virando paisagem.

Parece que a janela me leva, E o poema levanta os olhos. Não sei se fico ou viajo. Vou nas palavras e volto.

Parece que tudo é passagem. O poema beija meus olhos.

VESTÍGIOS

Meus acasos não povoam Páginas de dicionários. São trilhas que transcendem A leveza dos passeios.

As palavras são rastros Deixados no cimento fresco. Nem que eu falseie os passos, Minto comigo, nos versos.

As palavras são pérolas De um colar que nunca tiro, Criadas nas conchas antigas Dos mares que habitam em mim.

PROCURA

I

Dentro da noite

Um pensamento calado

Vai sendo digerido.

Tem na cor o tom de' um céu Que decide o poema.

II

A poetiza testa palavras Como se experimentasse vestidos.

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