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MARIA VILMA MUNIZ VERAS

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OLGA MOHANA

OLGA MOHANA

(pseudônimo: MARIA SCOTT MUNIZ)

Nasceu em São Luís do Maranhão, Brasil. Escritora, pesquisadora e poeta. Publicou “Voo Inquieto” em 1982, em São Luís.

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Poemas extraídos da II Antologia de poetas Lusófonos. Leiria, Portugal: Folheto Edições & Design, 2009:

BALADA PARA SÃO LUÍS

Lá está a velha praça. Lá está a criança brincando, o mundo parece de paz. Cheia de graça, com a chuva vespertina nas pedras da Cantareira. E lá vem o bonde, dançando nos trilhos, uma miragem. Pisando paralelepípedos soam meus pés, dispostos a uma boa caminhada. O coração quer rever tudo, sentir o passado bem de perto, dos Afogados aos Remédios, do Passeio do Carmo, da Cruz à Alegria. A cidade definida, contorno do casario, moradas-inteiras, meias-moradas e uma fileira de portas-e-janelas abraçadas na rua do Sol, eiras faceiras, negras beiras, se retorcendo na ladeira. Telhados promíscuos cobrem o perfil, primoroso e arcaico, rosto azulejado d´além mar, adorno de cores tão nossas e de eternos valores. Real é o porte de São Luís na rotina secular.

Entre palmeiras reais e sabiás imaginários encontro a poesia. Estro perene, imortal Canção. Ali no centro da praça a imagem do maranhense ilustre. Mar revolto, ao longe, derradeiro Exílio.

Lusa e sorridente tarde, minha avozinha encantada. Vem a noite, bem brasileira, com sons ludovicenses de Bumba-Meu-Boi e Tambores, e outros ruídos mais. É a capital do Maranhão, semi-despertando no tempo

MEU ESPÍRITO REPOUSEI

Meu espírito repousei, o pensamento a buscar todos os cantares, Dócil me tornei, e em recolhimento. Desde então tenho como morada o mundo tumultuado, insólito e penitente; da ferocidade da espada que dilacera aos mistérios que nos fala da Luz, pois há um, tempo da procura da verdade, conquanto ela nos ultrapasse com sua sutileza, mas o pródigo da sabedoria daquele que se fez forasteiro não se encontra em parte alguma. E diz a prudência de agora que do passado foi a incúria e muita coisa há de ser destruída, outras restauradas, para que se construa algo de aproveitável, antes que seja tarde e retornemos ao nada de onde viemos, se assim acontecer, pois a promessa é de castigo ao incauto, ao ocioso, ao descontente, a todos que se puseram em desassossego.

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