MARANHHAY REVISTA LAZERENTA (REVISTA DO LÉO) EDITADA POR
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536
CONTRIBUIÇÃO DOS “PAULISTAS” PARA O ESPORTE, A EDUCAÇÃO FÍSICA, E O LAZER NO MARANHÃO
NUMERO 40 –
ABRIL - 2020
SÃO LUIS – MARANHÃO
A
presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.
EXPEDIENTE MARANHAY REVISTA LAZERENTA Revista eletrônica EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); Titular da UEMA (1977/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 14 livros e capítulos de livros publicados, e mais de 320 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Sócio-correspondente da UBE-RJ; Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luis (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Premio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Premio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IFMA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; editor da “ALL em Revista”, vol. 1 a 6, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras; Editor da Revista do Léo, a que esta substitui (2017-2019). Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.
REVISTA DO LÉO NÚMEROS PUBLICADOS VOLUME 1 – OUTUBRO DE 2017 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_1_-_outubro_2017 VOLUME 2 – NOVEMBRO DE 2017 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_2_-_novembro_2017 VOLUME 3 – DEZEMBRO DE 2017 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_3_-_dezembro_2017 VOLUME 4 – JANEIRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_4_-_janeiro_2018 VOLUME 5 – FEVEREIRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_5_-_fevereiro_2018h VOLUME 6 – MARÇO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_6_-_mar__o_2018 VOLUME 6.1 – EDIÇÃO ESPECIAL – MARÇO 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_especial__faculdade_ VOLUME 7 – ABRIL DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_7_-_abril_2018 VOLUME 8 – MAIO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8_-_maio__2018 VOLUME 8.1 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO: VIDA E OBRA – MAIO 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8.1_-__especial__fra VOLUME 9 – JUNHO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_9_-_junho_2018__2_ VOLUME 10 – JULHO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_10_-_julho_2018 VOLUME 11 – AGOSTO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_11_-_agosto_2018 VOLUME 12 – SETEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_12_-_setembro_2018 VOLUME 13 – OUTUBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_13_-_outubro_2018 VOLUME 14 – NOVEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_l_o_-_numero_14_-_novemb VOLUME 15 – DEZEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revisdta_do_l_o_15_-_dezembro_de_20? VOLUME 15.1 – DEZEMBRO DE 2018 – ÍNDICE DA REVISTA DO LEO 2017-2018 https://issuu.com/…/docs/Xndice_da_revista_do_leo_-_2017-201 VOLUME 16 – JANEIRO DE 2019 https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__16_-_janeiro_2019
VOLUME 16.1 – JANEIRO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: PESCA NO MARANHÃO https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__16_1__-_janeiro__20 VOLUME 17 – FEVEREIRO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_17_-_fevereiro__2019 VOLUME 18 – MARÇO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__18_-_mar_o_2019 VOLUME 19 – ABRIL DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__19-_abril_2019 VOLUME 20 – MAIO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__20-_maio_2019 VOLUME 20.1 - MAIO 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO E A QUESTÃO DO ACRE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__20.1_-_maio_2019_-_ VOLUME 21 – JUNHO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__21-_junho_2019 VOLUME 22 – JULHO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__22-_julho_2019 VOLUME 22.1 – JULHO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__22-_julho_2019_-_ed VOLUME 23 – AGOSTO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__23-_agosto_2019 VOLUME 23.1 – AGOSTO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: AINDA SOBRE A CAPOEIRAGEM MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__23.1-_agosto_2019_VOLUME 24 – SETEMBRO DE 2019 – LAERCIO ELIAS PEREIRA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec VOLUME 24.1 – SETEMBRO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: IGNÁCIO XAVIER DE CARVALHO: RECORTES E MEMORIA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec VOLUME 25 –OUTUBRO DE 2019 – https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__25_-_outubro__2019 VOLUME 26 –NOVEMBRO DE 2019 – https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__26_-_novembro__2019 VOLUME 27 – DEZEMBRO DE 2019 –
https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__27_-_dezembro___2019 VOLUME 27.1 – DEZEMBRO DE 2019 – suplemento – OS OCUPANTES DA CADEIRA 40 DO IHGM
https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__27.1_-_dezembro___2019 VOLUME 30 – edição 6.1, de março de 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_especial__faculdade_ VOLUME 31 – edição 8.1, de maio de 2018 EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO: VIDA E OBRA – MAIO 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8.1_-__especial__fra VOLUME 32 – edição 15.1, de dezembro de 2018 ÍNDICE DA REVISTA DO LEO 2017-2018 https://issuu.com/…/docs/Xndice_da_revista_do_leo_-_2017-201 VOLUME 33 – edição 16.1, de janeiro de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: PESCA NO MARANHÃO https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__16_1__-_janeiro__20
VOLUME 34 - edição 20.1, de maio de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO E A QUESTÃO DO ACRE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__20.1_-_maio_2019_-_ VOLUME 35 – edição 22.1, de julho de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__22-_julho_2019_-_ed VOLUME 36 – edição 23.1, de agoto de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: AINDA SOBRE A CAPOEIRAGEM MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__23.1-_agosto_2019_VOLUME 37 – edição 24.1, de setembrp de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: I. XAVIER DE CARVALHO: RECORTES E MEMORIA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec
MARANHAY – REVISTA LAZERENTA – 2020 VOLUME 28 – JANEIRO 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_maranhay__28_-_janeiro____2020b VOLUME 29 – FEVEREIRO 2020 https://issuu.com/home/published/revista_do_leo_-_maranhay__29-_fevereiro___2020b A PARTIR DESTE NÚMERO, CORRIGIDA A NUMERAÇÃO, COM SEQUENCIAL, DOS SUPLEMENTOS E EDIÇÕES ESPECIAIS: VOLUME 38 – FEVEREIRO DE 2020 – EDIÇÃO ESPECIAL – PRESENÇA AÇOREANA NO MARANHÃO https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_maranhay__39-_fevereiro___2020 VOLUME 39 – MARÇO 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_maranhay__39-_mar_o___2020 VOLUME 40 – ABRIL 2020
EDITORIAL A “MARANHAY – REVISTA LAZERENTA” é sucessora da “REVISTA DO LÉO”, e continua em seu formato eletrônico, disponibilizada através da plataforma ISSUU – https://issuu.com/home/publisher. Este número é dedicado aos “Paulistas”, o grupo de Professores de Educação Física e Administradores Esportivos, Atletas convidados... que vieram se instalar no Maranhão nos princípios dos anos 1970 e, juntamente com aqueles daqui da terra, contribuíram para a ressignificação do esporte escolar, da educação física e do lazer no Maranhão. Qual seu legado? Cláudio Vaz, o Alemão, foi quem começou a ‘importação’ desses paulistas, sendo o primeiro a chegar Laércio Elias Pereira, em 1973, seguindo-lhe Biguá, Sidney, Lino, Marcos, Viché, Demostenes, Salgado, Isisoro, Zartú... alguns outros, que vieram mas não ficaram... Não sou dessa ‘tchurma’; embora tenha me integrado ao trabalho, a partir de 1979, quando cheguei à São Luis, vindo de Imperatriz, onde atuei por três anos. A Universidade Federal do Paraná tinha um Campus Avançado/Projeto Rondon naquela cidade e foi por lá que cheguei aqui... Também do Paraná, vindos depois, Branco, Léa, Betão... e agora, há uma nova geração, de paranaenses, atuando junto à Universidade Federal do Maranhão... A grande contribuição, certamente, foi a implantação dos cursos de educação física – ogrande legado -, desde o do ITA, da FESM (nunca chegou a funcionar...), da ETFM, e o da UFMA... depois, seguiu-se-lhe os outros... As famosas ‘escolinhas de esportes’, que funcionavam das cinco da manhã, até a meia-noite, no Ginásio Costa Rodrigues, e a seguir, nas diversas escolas públicas da Capital – estado e município -, e por isso, as particulares tiveram que se adequar aos novos tempos, contratando aqueles jovens atletas, a elite do esporte maranhense de então, como ‘professores de educação física’, técnicos esportivos, tirnando os Jogos Escolares Maranhenses uma das maiories competições do Brasil... são essas ‘crias’ que estão ai, hoje; alguns, já se foram, outros aposentaram-se, mas a maioria ainda está aí, influenciando... afinal, já são quase 50 anos... Continuamos com os estudos do Lazer = esporte e cultura. Daí, uma revista lazeirenta, para usar uma expressão do Bramante... A Revista está aberta à contribuições.... LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EDITOR
SUMÁRIO 2 7 8 10
EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO
LAZERICES/LAZERENTOS AYMORÉ ALVIM
OS CARNAVAIS DE OUTRORA.
EUGES LIMA
VOCÊ ME CONHECE? ECOS DOS CARNAVAIS DE SÃO LUÍS (SÉC. XIX)
FERNANDO BRAGA DA SATURNÁLIA ÀS GAFIEIRAS DE SÃO LUÍS CERES COSTA FERNANDES TUDO É CARNAVAL ALDY MELLO A LIBERDADE NO CARNAVAL LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ CONTRIBUIÇÕES DOS “PAULISTAS” PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA, O ESPORTE, E O LAZER NO/DO MARANHÃO HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO MARÇAL TOLENTINO SERRA E FELIPÃO: CONQUISTAS, EXCENTRICIDADES E SIMILIARIDADES ENCONTRO MARANHENSE DE HISTORIADORES DO ESPORTE PARA ALÉM DA ESPUMA DESTES DIAS
NAVEGANDO COM JORGE OLIMPIO BENTO BANDEIRA DE UMA CULTURA COMUM BANDEIRA DA PROFISSIONALIDADE E AÇÃO PENSAMENTOS EXTRAINDO HISTÓRIAS COM O FARAÓ RAMSSÉS BRINCADEIRA DO BARALHO EM TEMPOS DE EPIDEMIA...
SOBRE LITERATURA & LITERATOS JOSÉ DE OLIVEIRA RAMOS PARA QUE SERVEM OS FARÓIS? LÍNGUA PORTUGUESA EM PERIGO? FERNANDO BRAGA COISAS DA VIDA [Memórias] ROBERTO FRANKLIN MINHA RUA GRANDE CERES COSTA FERNANDES O CARNAVAL DE CARDOSINHO OU AS BOLACHINHAS FOLHADAS ANTONIO AÍLTON SANTOS SILVA A CRÍTICA [LITERÁRIA] E SEUS DEMÔNIOS CERES COSTA FERNANDES
15 17 18
20 132 133 134 136
HISTÓRIA(S) DO MARANHÃO HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO O SITIO DOS SALGUEIROS, QUINTAS, PRAÇAS E O DIA DE FINADOS EUGES LIMA MUDANÇA DE TERRA: vida e morte de Silvério dos Reis em São Luís do Maranhão (1809/1819) ROBERTO FRANKLIN MINHA JOVEM GUARDA
OSMAR GOMES DOS SANTOS
13
19
ESPORTE & EDUCAÇÃO FÍSICA
JOSÉ MANUEL CONSTANTINO
11
COM UM TRAVO NA GARGANTA
POESIAS & POETAS ANTONIO AÍLTON SANTOS SILVA SAPÉ & TRANSITO – JOSOALDO LIMA RÊGO & ADRIANA GAMA DE ARAÚJO (Breve leitura)
137 138 140 142 143 144 147 149 150 151 153 154 155 157 159 161 163 165 166 167
BIOQUE MESITO
CISÃO AMÉM!
ANTONIO AÍLTON SANTOS SILVA
ÀS MULHERES
169 170
NOVIDADES 175
LAZERICES & LAZERENTOS
OS CARNAVAIS DE OUTRORA AYMORÉ ALVIM PLAC, ALL, AMM. Estamos em pleno reinado de Momo do ano de 2020. A festança, embora já bastante modificada, guarda, ainda, resquícios das suas primitivas características como a mais antiga das festas profanas e licenciosas que se tem notícia. As suas raízes, ao que parece, se estendem à antiga Grécia de uns três mil e quinhentos anos atrás. Eram três dias de luxuriosas danças que acabavam sempre em coletivas e promíscuas libações quando, então, cultuavam Dionísio, o deus grego protetor dos parreirais e da vindima Reprimidas, inicialmente, pelas elites dirigentes locais em face dos excessos e da irreverência com que eram satirizadas pelo povo, as festas foram por fim autorizadas, oficialmente, no século VI a.C., durante o governo de Pisístrato de Atenas que mandou erigir um templo à orgíaca divindade, na Acrópole, cujas ruínas lá se encontram ate hoje. Da Grécia, o culto a Dionísio chegou a Roma Antiga onde era conhecido por Baco. As bacanais, reprodução dos festivais gregos, foram se espalhando por diferentes regiões do império romano e, pelas suas características, guardam estreitas relações com o carnaval. Ao longo da Idade Média, esses folguedos populares, por influência da Igreja, passaram a ser realizados, nos três dias que antecedem a Quaresma. Tal cronologia, embora sem uma fundamentação histórica aceitável, parece ter dado origem ao termo Carnaval, do latim popular Carnevale ou adeus à carne, em alusão à proscrição desse alimento ao longo do período que se inicia, na quarta feira de cinzas. Isto, no entanto, não justifica a realização do tríduo momesco, fora dessa época do ano, em outras regiões ou países. No Brasil, o carnaval entrou, provavelmente, em fins do século dezesseis trazido pelo colonizador português. Desde então, vem sendo realizado, nos três dias que antecedem a quarta feira de cinzas. Inicialmente, se restringia a algumas festas populares à moda lusitana e às brincadeiras de rua conhecidas por entrudo, quando muita água de cheiro era jogada nas pessoas. Com o passar dos tempos e com o aumento da população, o entrudo foi se tornando muito violento e irreverente, passando, assim, a ser reprimido pelas autoridades coloniais, monárquicas e republicanas. Com a introdução do confete, da serpentina e do lança perfume, em fins do século dezenove, no Rio de Janeiro, o entrudo foi pouco a pouco sendo modificado, nos seus excessos de violência. Ao mesmo tempo, outros ingredientes passaram a enriquecer o carnaval. Sugiram o zé-pereira, os cordões carnavalescos, os blocos, os bailes de máscaras e os ranchos. Ao longo do século passado, foram incorporadas as sociedades carnavalescas, as escolas de samba e, por fim, os trios elétricos que atualmente vem regando de muita alegria os foliões. Os carnavais de São Luís, sempre os achei bastante animados, desde quando comecei deles participar, no final da década de 1950. Nessa época, pela manhã, trafegavam pelas ruas do Centro os blocos de fofões, de sujos, de índios e alguns grupos de Tambor de Crioula. Na parte da tarde, era a vez dos corsos. Caminhões cheios de moças fantasiadas e com uma pequena orquestra cantando as marchinhas do ano percorriam as ruas da cidade jogando confetes e serpentinas nas pessoas que estavam apreciando das janelas das residências e das calçadas. A seguir, vinha um desfile das famílias em seus carros também atirando serpentinas e água de cheiro. Depois passava a tradicional Casinha da Roça com suas cozinheiras preparando pratos típicos da culinária maranhense e os distribuindo para as pessoas. À noite, era hora de se preparar para os bailes. A opção era os clubes sociais: Cassino Maranhense, Clube dos Sargentos, Clube Jaguarema e o Lítero Recreativo Português, na praça João Lisboa e depois na sua sede, no Anil. Havia também os clubes ditos populares com seus famosos e movimentados bailes de máscara, realizados em velhos casarões da cidade, dos quais me lembro do Bigurrilho, Gruta de Satã, Saravá e o mais popular de todos, o do Moisés.
A partir de 1970, uma decisão do Poder Municipal, acabou com os bailes de máscaras. Os clubes sociais, pouco a pouco, foram desaparecendo. E, assim, o carnaval de São Luís passou por profundas modificações para se adequar aos tempos modernos com os circuitos carnavalescos da Madre Deus e do Reviver, além dos desfiles das Escolas de samba e dos blocos, no sambódromo do Aterro. Surgiram, também, com o modernismo, os blocos com os mais variados tipos de organização, os maracatus, os trio-elétricos que, com a incorporação dos mais variados ritmos, dão ao carnaval atual uma nova feição para a alegria dos inúmeros súditos do rei momo e incremento da nossa promissora indústria turística. Dos velhos tempos, creio que ainda devem existir o Tambor de Crioula e o tradicional lava-pratos, em São José de Ribamar, no domingo seguinte ao domingo de carnaval. Quem vivenciou os antigos carnavais sente a diferença, mas para essa turma de agora, tudo é novidade. E, assim, vamos acompanhando a marcha do tempo...
VOCÊ ME CONHECE? ECOS DOS CARNAVAIS DE SÃO LUÍS (SÉC. XIX) EUGES LIMA Num domingo gordo de Carnaval, no dia 12 de fevereiro de 1899, assim se manifestava “O Abelhudo” (uma espécie de folha satírica dos costumes e política sanluisense): “ Hoje é [...] o grande dia destinado á folia, á ratice, á patuscada; - é o inolvidável dia do celebre e burlesco – você me conhece ? – o impagável dia em que devemos esquecer tudo quando ha de grave, triste e sério n’este mundo de miserias, e nos lembrar somente das brejeirices, das momices, dos cantos alegres, das danças patuscas, de tudo em summa quanto possa divertir a humanidade.” O trecho acima citado demonstra que nesse último ano do século XIX, já na República, o entrudo era ainda uma das principais formas de diversão no Carnaval de São Luís, e significava na verdade, a própria concepção de Carnaval, a forma em voga de se brincar o Carnaval, ou seja, “entrudo” era sinônimo de Carnaval, assim como em outras províncias do Brasil. A origem do Carnaval no Brasil colonial se dá com o entrudo que consistia em uma série de variadas brincadeiras e folguedos que saiam pelas principais ruas das cidades, onde participavam desde escravos, libertos, ex-escravos, pessoas do povo, onde os foliões andavam mascarados e fantasiados pelas ruas, munidos de bisnagas e limões de ceras, carregados de líquidos e água de cheiro, jogando uns nos outros na maior “algazarra” e se realizava quarenta dias que antecedia a páscoa. O dia do célebre e burlesco “você me conhece?”, ressaltado pelo cronista de “O Abelhudo”, era quando o folião mascarado, com voz de falsete, indagava os passantes nas ruas sobre sua identidade, porém, geralmente essa pergunta, era um prelúdio a insultos, troças, jatos de águas e limões de cera na cara, era o momento da vingança dos desafetos e vizinhos indesejados. O comércio local, também aproveitava o período da folia momesca para faturar. Os jornais estão repleto de anúncios, oferecendo um sortido e variado estoque de produtos típicos do Carnaval. “Viva o Carnaval!... Mascaras de papelão, typos de bichos, luvas de diversas qualidades e tamanhos, Mascara de setim...Narizes de papelão e cêra...Barbas, bigodes e cabeleiras. Meias para homem e mulher branca e de côres... E tudo mais o que se possa desejar para o carnaval. Também receberam um completo sortimento de bisnagas e o magnifico pó de prata e ouro para o entrudo”. Assim anunciava no início dos anos de 1880, o seu Bazar Carnavalesco no Jornal Pacotilha o estabelecimento NEVES, PINHEIRO & C., localizado à Rua do Sol. Além do entrudo e do Carnaval de rua como já mencionamos, já se fazia presente na São Luís do final do século XIX a existência também de um outro modelo de Carnaval, com um perfil mais elitista, mais aos moldes dos carnavais veneziano e parisiense; dos préstitos - a exemplo dos “Arautos de Momo”-, dos bailes de máscaras, do corso, do zé-pereira, das batalhas de flores e das sociedades carnavalescas – como a “Mephistopheles” - responsáveis pela organização desses eventos e brincadeiras. Observa-se a partir daí a apropriação do Carnaval pelas elites, o surgimento do dito Carnaval “civilizado”, que agora estava “longe” das ruas, “desorganização” e permissividade do entrudo, mas mesmo quando ocupava as ruas, largos e praças, o fazia com “organização”, “critérios” o “horários”, cheios de regras de urbanidade e civilidade, eis aí o novo sentido do Carnaval em São Luís e também nas principais cidades do Brasil nessa virada de século. Quanto ao entrudo, passou então, a ser mal visto pelas classes abastadas, sendo a partir daí, marginalizado e criminalizado pela polícia e autoridades.
DA SATURNÁLIA ÀS GAFIEIRAS DE SÃO LUÍS FERNANDO BRAGA, in ‘Conversas Vadias’ [Toda prosa], antologia de textos do autor. Dizem alguns autores que o carnaval teve sua origem no Egito, há mais de 2000 anos a/C. Na Roma antiga, no dia 15 de fevereiro, realizavam-se danças em honra de Pã, chamadas Lupercais; os gregos festejavam a Baco. Primitivamente, os cristãos começavam as festas do carnaval a 25 de dezembro, compreendendo os festejos de Natal, Ano Bom e o de Reis. Jogos e disfarces predominavam nestas festas. Na Gália tais foram os abusos, que Roma proibiu por longo tempo o carnaval. Na Idade Média reaparece em Veneza, Turim e Nice, festejado com delirante alegria e excitação popular. No começo do cristianismo, a igreja deu nova orientação a essas festividades, punindo severamente aos que nelas se excediam. Os bailes de máscaras datam da Corte de Carlos VI; numa destas festas, esse rei foi assassinado por motivos políticos, quando se achava fantasiado de urso. O tempo carnavalesco começava com a festa de Santo Estevão, em 26 de dezembro. Afirma-se que em festas religiosas como a de Epifania, se usava máscaras. Em Veneza e Florença, no século XVIII, as damas elegantes fizeram delas instrumentos de sedução e disfarce para bem se servirem da carne, porque é esse o grande objetivo da festa. Época de festas e divertimentos que abrange os dias, entre o dia de reis [Epifania] e Quaresma, particularmente os três dias que precedem à quarta-feira de Cinzas, em fevereiro ou em março. Como exceção às festas carnavalescas realizadas fora do calendário oficial, convém lembrar, na França, a ‘mi-carême’ e, no Brasil, a ‘Serração da Velha’, cerimônia caricatural, muito em voga no século XVIII, em Portugal, que tinha lugar principalmente durante a Quaresma e consistia em uma festa popular, em que um grupo de foliões serrava uma tábua, aos gritos estridentes e prantos intermináveis, fingindo serrar uma velha que, representada ou não por algum dos vadios da banda, lamentava-se num berreiro ensurdecedor. Quem nos conta esse fato é o folclorista Luís da Câmara Cascudo. Segundo Antenor Nascente é duvidoso a origem do vocábulo ‘carnaval’, primitivamente designativo da terça-feira gorda, tempo a partir do qual a Igreja suprime [latim, levare] o uso da carne. Petrocchi dá como étimo o baixo latim [carnelevamen], modificado depois em [carne vale]. O velho pisano tinha [carnelevare], o napolitano [kanolevare], o siciliano [karnilivari]; é possível que tenha havido simples dissimilação. Stappers interpreta o baixo latim [carnelevamen] como [canis levamen], prazer da carne, antes das tristezas e continências da Quaresma. A etimologia [carrus navalis], dita por Körting, em 1697, se bem que foneticamente aceitável, não tem fundamento histórico. Quanto à origem, o carnaval também é objeto de controvérsia: frequentemente tem sido atribuído à evolução e à sobrevivência do culto de Ísis, das bacanais, lupercais e saturnais romanas, dos festejos em honra de Dionísio, na Grécia, e até mesmo às festas dos inocentes e dos doidos, na Idade Média, as quais, mediante sucessivos processos de deformação e abrandamento, teriam originado famosos carnavais dos tempos modernos, como os de Nice, Paris, Veneza, Roma, Nápoles, Florença, Colônia e Munique. Mas seja qual for a sua origem, o certo é que o carnaval já era encontrado na Antiguidade clássica, e mesmo pré-clássico, com suas danças barulhentas, suas máscaras e licenciosidades, traços que seriam mantidos praticamente até hoje. A Igreja Católica, se não adotou o carnaval, tolerou-o com certa benevolência. Embora Tertuliano, São Cipriano, São Clemente de Alexandria e o Papa Inocêncio II tenham sido inimigos do carnaval. Com o decorrer do tempo, entretanto, essas modalidades de bufonaria medieval entraram em declínio, e o carnaval tornou-se menos violento e grosseiro. O deboche, em parte, cedeu lugar ao tétrico e ao macabro. Ficaram célebres as famosas danças macabras, da alta Idade Média, quando pessoas de ambos os sexos desfilavam perante a Morte que, impassível, lhes ouvia as queixas e depois de chasquear em verso com os suplicantes, lhes descarregava a foice.
Hoje, desde o renascimento, o carnaval se reduz à celebração ordeira, de caráter artístico, com bailes e desfiles alegóricos, e sob essa forma é que iria aos poucos desaparecer na Europa em fins do século XIX e começos do século XX. Tais características, entretanto, mantêm-se ainda em carnavais de algumas cidades europeias, tais como Nice e Munique. II Concluindo estes apontamentos, me cabe dizer, particularmente, que em São Luís do Maranhão sempre existiu um divertido e excelente carnaval de rua e nos clubes sociais da cidade... Mas o que mais atraia a rapaziada eram os velhos ‘bailes de máscaras’ que lá tiveram fôlego de animação até 1966, quando então o Prefeito da Cidade, Epitácio Cafeteira, resolveu decretar o fim dos ‘bailes de máscaras’, ele que tanto, se me parece, brincou por lá... Logo ele, querido amigo, o ‘autor da emancipação política de São Luís’, um homem inteligente, espirituoso e de bom gosto! Eram alegres gafieiras; as mulheres, quando bonitas e que gostavam de mostrar os traços recortados do corpo, vestiam calças cumpridas e encobriam o rosto com máscaras de meia; outras, usavam fantasias de fofões para esconder o que àquelas gostavam de mostrar; e outras poucas, não escondiam de todo o rosto, apenas tapavam-no por detrás de uma meia máscara chamada ‘dominó’. Eram mulheres das mais diversas camadas sociais que gostavam de ‘brincar de modo airado e divertido’. Levavam seus apetrechos para casas de amigas, para que familiares não as vissem, ou não soubesse dessas aptidões, e lá se vestiam, rumando em seguida para os bailes, que começavam a funcionar desde os primeiros dias de janeiro, geralmente às noites, sendo que em dias de sábado e domingo os bailes ‘varavam’ os três turnos até às madrugadas. Esses bailes eram frequentados por todos. Só homens pagavam ingressos; o grande negócio era este: entre as mulheres, coberta pela máscara, poderia estar aquele velho conceito de que ‘ninguém é de ninguém’, porque ali a máscara não tinha o símbolo da tragédia, mas da comédia... aí o sujeito dançava a noite toda com aquele ‘carnaval’, assumia toda a despesa, e a grande surpresa vinha, quando, ao terminar o baile, a pessoa anônima, como regra do jogo, teria de se identificar ao parceiro... [E que diabo seria? Na maioria das vezes era mulheres, novas, ou velhas... ficava por conta da sorte... mas também havia qualhiras!...] E de lá rumavam para a ‘carnivalle’... Se é que valia alguma coisa, ou mesmo a pena! O que diriam agora sobre o assunto o Barão de Itararé, no alto de sua jocosidade nobiliárquica? o que pensaria Stanislaw Ponte Preta, lá na Casa da tia Zulmira, na Boca do Mato? ‘Só cantando o Abre Alas da Chiquinha Gonzaga’, com certeza diria Nelson Rodrigues, para esquecermos, se possível, essa ‘sacanagem’ que Cafeteira fez com nossa São Luís, tão Ateniense em sua Paideia, e tão Romana em sua Estroinice...
TUDO É CARNAVAL CERES COSTA FERNANDES
Pão e circo. Distribuir comida e oferecer espetáculos de lutas e jogos brutais no Circo Máximo e no Coliseu ao povo famélico, esbulhado pelas guerras e pela extrema corrupção dos patrícios, foi a fórmula que os imperadores romanos encontraram para acalmar a revolta do povo. Se alguém se lembrou da bolsa-família, do futebol e do Carnaval, não será mera coincidência: governante nenhum inventou, em tempo algum, um melhor cala-boca popular. Geniais esses romanos. São três dias, quatro, contando o sábado. Que digo? Quarta-feira de Cinzas desfila o bloco dos arrependidos; no primeiro domingo da Quaresma tem o lava-pratos (olha São José de Ribamar aí) e, na Bahia, é Carnaval o mês inteiro. Nos dias de Momo, invertemos os papéis, somos o que queremos ser, piratas, ciganos, reis, poderosos, transexuais, belos, incógnitos sob a máscara ou famosos por quinze minutos... Com esse circo, futebol e um pouco de bolsa-pão, vamos levando a vidinha. Anestesiados. Com a fama de “brasileiro cordial”, aceitamos o risco constante de perder a própria vida ou a de um ente querido por causa de um tênis ou de um relógio barato. Nossa conformação é tanta que, à noite, em casa, agradecemos ter escapado com vida, mais um dia, embora saibamos que dentro de casa também não estamos seguros. A anestesia afasta a indignação. Somos capazes de tomar o café da manhã assistindo pela TV ao rebolado das passistas e a cenas de chacina de jovens, espancamentos, torturas - e nem nos engasga o pãozinho com manteiga. Não foi conosco, dessa vez, nem com nossa família, ufa! Mas, de vez em quando, o horror é tamanho que não podemos fingir ignorá-lo, como no caso da familia queimada viva dentro do próprio carro, o pai, a mãe e o irmão de um monstro, uma moça chamada Ana Flávia, que, por oitenta e cinco mil reais, se candidata ao lugar ocupado por Suzane von Richtofen. Com o acréscimo que Ana Flávia matou também o irmão de dezesseis anos. Ela e sua amante planejaram o crime, ajudadas por marginais. Certamente dará um belo filme. Aí acordamos. Choramos, esbravejamos, exigimos justiça, para logo calar até o próximo terror. Mas nem todos dormem, em alguns lugares já acontece um despertar. Um despertar reverso do que seria uma tomada de consciência e que aponta para o retorno à barbárie. A justiça feita pelas próprias mãos. O recrudescimento dos justiceiros, das milícias, linchamentos perpetrados por pessoas comuns, tomadas de fúria contra a indecente impunidade ostentada pelos criminosos. Para maiores, a pena máxima por crimes hediondos, trinta anos, poderá ser cumprida em regime semiaberto depois do cumprimento de dois quintos em regime fechado. Quer dizer, depois de matar pai e mãe por causa de herança, o herói vai ter que esperar doze para poder usufruir o dinheiro legitimamente herdado. Que dureza, não é mesmo? A lei para menores é mais leniente ainda. A continuar assim, aconselho aos menores herdeiros de fortunas; aos que têm grande ódio de alguém; aos que têm pais e parentes muquiranas, duros de soltar um tostão para a droga de cada dia; aos que se deparam com os folgados que reagem ao serem assaltados, que acabem com esses safados! A lei protege vocês. Dentro de três ou cinco anos todos estarão livres para brincar o Carnaval.
A LIBERDADE NO CARNAVAL ALDY MELLO O Carnaval é o melhor tempo de alegria e de prazer no calendário anual. É a festa mais nacional do Brasil, e a liberdade é o principal sentimento humano no reinado de Momo. Liberdade, nesse período de alegria, significa principalmente o direito de agir e de ser conforme dita o livre arbítrio do indivíduo. Cada um se apresenta e se manifesta de acordo com os seus sentimentos e sua liberdade é posta em prática não como quer a filosofia, mas a independência do ser humano, prosperando sua vontade de folião. Através da liberdade, o homem demonstra sua inteligência, sua moral e ética, fazendo-se conhecer como um ser cultural que é. Foi através dessa conquista que o homem venceu todos os grilhões que lhe foram impostos, alcançando espaços e vencendo dificuldades, pois o homem nasceu para ser livre vencendo as forças estranhas que ameaçam sua liberdade. Ninguém trata tão bem esse assunto como Santo Agostinho em sua obra De Libero Arbítrio. Para ele, o livre arbítrio vem a ser a possibilidade de escolher entre o bem e o mal. A liberdade existe quando se faz uso do livre arbítrio. Na liberdade entra o elemento fundamental que é a verdade, o que no livre arbítrio é, antes de tudo, uma faculdade. Existe uma íntima relação entre liberdade e carnaval. Enquanto a liberdade demonstra uma ausência de submissão, o carnaval define-se como um conceito que designa ímpetos de alegria e prazer, mesmo que algumas pessoas extravasam seus sentimentos. Apesar disso, o ser humano é frágil e vulnerável por natureza perante às intempéries da vida cotidiana. Gostamos de encontrar o carnaval e nele sermos pessoas livres. Essa concepção de liberdade pode nos levar a alterar radicalmente nosso equilíbrio, fazendo-nos esquecer valores que nos pareciam os melhores. O ritmo carnavalesco segue em diferente trajetória à qual ou nos adaptamos ou seremos arcaicos e ultrapassados. A vida humana tem suas contradições, quase sempre, independentes da vontade do homem, da prática do seu livre arbítrio. Ao mesmo tempo em que o homem luta pela necessidade de ser livre, depara-se com as dificuldades de sê-lo. Se não atinge sua liberdade plena, deixa de atingir até sua liberdade satisfatória. O homem é livre, apesar de preso. Seus pensamentos são sempre livres, embora a liberdade continue a ser um sonho, mesmo que seja um sonho impossível, como diz a música de Chico Buarque e Ruy Guerra. A vida do homem tem várias exigências transitórias, aquelas que ocorrem em momentos diferentes, às vezes sem retorno, todavia, a liberdade é uma exigência permanente, adaptando-se aos tempos, aos fatos e ao ritmo da vida. Ninguém, num processo natural da vida, morre como nasceu, pois somos, enquanto vivemos, fabricantes de experiências. O tempo nos levou a fazer opções – ficamos com o passado, onde não há ruptura com a liberdade de nossos antepassados; vivemos no presente, sujeitos às vicissitudes da sociedade superindustrial ou marchamos rumo ao sol, caso de liberdade sem responsabilidade, vivendo a vida de um futuro incerto. Sabemos que a liberdade de decisão e a atração pelo novo levam o jovem à uma nova paixão rumo ao desconhecido. São jovens que se deixam levar por um novo ritmo acelerado de vida. Não há dúvidas de que a sociedade superindustrial liberará o homem de conexões e princípios do passado, sobretudo no âmbito familiar e na convivência social. Com a chegada do carnaval, vem-nos a alegria de viver livre. Vamos pular, dançar e gritar. O Carnaval não é uma ilusão, é uma realidade, mesmo com a fantasia. No entanto não podemos esquecer que sempre haverá um dia seguinte em que avaliamos nosso carnaval e nossa liberdade e que no próximo carnaval seremos diferentes. Das cinzas nascerá um novo Carnaval e uma nova liberdade.
ESPORTE & EDUCAÇÃO FÍSICA Espaço destinado às discussões sobre o Esporte e a Educação Física – antes, dedicado ao Atlas do Esporte no/do Maranhão.
CONTRIBUIÇÕES DOS “PAULISTAS” PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA, O ESPORTE, E O LAZER NO/DO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Academia Ludovicense de Letras Professor de Educação Física. Mestre em Ciência da Informação As tradições inventadas estabelecem uma relação artificial com o passado. Esse processo se estabelece através da formalização e ritualização (imposição e repetição), elementos que usados continuamente, se colocam no lugar da própria dimensão dos fatos, se confundidos com estes, assumindo o seu lugar e muitas vezes, sendo a única interpretação possível da história do ponto de vista do imaginário social. (José Henrique de Paula Borralho, 2004) 1.
Em recente evento acontecido em São Luís do Maranhão – a instalação do Conselho Regional de Educação Física: CREF-21/MA (31/01/2020) – tanto o Presidente do CONFEF quanto o Presidente do Conselho de Conselheiros do CONFEF exaltaram a participação de Antônio Maria Zacharias Bezerra de Araújo – o Professor Dimas -, como “o introdutor da Educação Física e Esportiva no Maranhão” 2... Em que pese a participação desse ilustre Professor nos acontecimentos recentes – últimos 50-60 anos - da revitalização das atividades físicas, esportivas e de lazer, não foi o único protagonista desta História3. Como diz o ditado popular: uma andorinha só não faz verão... No princípio dos anos 1970, alguns acontecimentos ligados à utilização de espaços destinados à prática esportiva levaram à administração pública um grupo de jovens que se destacaram no seio esportivo no início da década de 1950, provocando uma verdadeira revolução no meio educacional, em relação à Educação Física e às práticas esportivas, em especial o esporte escolar. Cláudio Vaz dos Santos4, levado à coordenação de esportes da Secretaria Municipal de Educação – 1
BORRALHO, José Henrique de Paula. TRADIÇÕES HISTORIOGRÁFICAS NO MARANHÃO. IN Conferência Ministrada durante a Reunião Regional da SBPC: uma reunião dedicada ao professores dos ensinos médio e fundamental, durante o período de 23 a 26 de março de 2004, cujo o tema foi: Educação, Cultura, Ciência para a Cidadania, na UEMA. Data da conferência: 26 de março de 2004, com o título de “Usos e Abusos das invenções e tradições no Maranhão”. Outros Tempos, www.outrostempos.uema.br, ISSN 1808-8031, volume 01, p.40-52 2 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; ARAÚJO, Denise Martins de; VAZ, Delzuite Dantas Brito. Querido professor Dimas (Antônio Maria Zacharias Bezerra de Araújo) e a educação física maranhense: uma biografia autorizada. In EDUCACION FISICA Y DEPORTES, Revista Digital - Buenos Aires - Año 8 - N° 48 - Mayo de 2002, disponível em http://www.efdeportes.com/ VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; ARAÚJO, Denise Martins de. QUERIDO PROFESSOR DIMAS – Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araújo e a educação Física maranhense: uma biografia autorizada. São Luís: EPP, 2014 3 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO. São Luis: SEDEL, 2016 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio - MEMÓRIA DO ESPORTE NO MARANHÃO – REV. do LÉO, 5, FEV. 2018, p. https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_5_-_fevereiro_2018h VAZ, Leopoldo Gil Dulcio - MEMÓRIA ORAL DOS ESPORTES, EDUCAÇÃO FÍSICA E LAZER MARANHENSE – 1930/1990 REV 11, AGOSTO DE 2018, p. 24 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_11_-_agosto_2018 4 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CLAUDIO VAZ, O ALEMÃO - E O LEGADO DA GERAÇÃO DE 53. São Luis, s.d., inédito, alguns capítulos publicados na REVISTA DO LÉO. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. MAS, QUEM É CLÁUDIO VAZ? In BLOG DO LEOPOLDO VAZ, Por Leopoldo Vaz • quartafeira, 05 de dezembro de 2012, disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2012/12/05/masquem-e-claudio-vaz/; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. HOMENAGEM A CLÁUDIO VAZ. BLOG DO LEOPOLDO VAZ. 12/05/2013. DISPONÍVEL EM http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2012/12/05/homenagem-a-claudio-vaz-o-alemao/
e depois, à Estadual – começa a trazer Professores de Educação Física, com formação em nível superior, para suprir a falta destes profissionais no Estado, e cria condições para a participação do Maranhão em eventos esportivos nacionais, destinados à escolares: os Jogos Escolares Brasileiros. È quando são instituídos os Jogos Escolares Maranhenses – JEMs -, em sucessão aos que então eram realizados, tanto os Jogos Interescolares, e os Jogos Colegiais (disputados desde a década de 1950 até os anos 1960) e já substituídos pelo Festival Esportivo da Juventude – FEJ (iniciados na década de 1970)5. Esses profissionais passaram a ser conhecidos como os “Paulistas” 6, pois oriundos daquele Estado. Laércio Elias Pereira7 foi o primeiro contratado, responsável pelo convite aos demais que aqui vieram se estabelecer. Alguns, retornaram, mas a maioria ficou na terra e deixaram um Legado: o(s) Curso(s) de Educação Física – técnico(s) e superior(es) -; a revitalização dos Jogos Escolares; o Esporte Escolar; a Pesquisa no Maranhão na área; a Profissionalização da Educação Física... Este artigo está assentado em uma serie de entrevistas realizadas em 2001, com vários dos protagonistas desta História: ALVES, José Faustino dos Santos. Entrevista com o jornalista J. Alves, realizada no dia 28 de março de 2001, no Departamento Acadêmico de Ciências da Saúde, no Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão, situado à Avenida Getúlio Vargas, n.º 04, Monte Castelo. ARAUJO, Antônio Maria Zacharias Bezerra de. ENTREVISTAS. Entrevista realizada dia 04 de fevereiro de 2001, na Escola de Natação Viva Água, localizada à rua das Gaivotas, quadra 2, lote 1, Conjunto Renascença II, na cidade de São Luís – Estado do Maranhão. ARAUJO, Eurípedes Bezerra de. Entrevistador: Leopoldo Gil Dulcio Vaz. Entrevista realizada no dia 21/02/2001, na residência do Coronel Eurípides Bezerra, à Travessa Parque Atenas, n° 25. BIGUÁ, Edivaldo Pereira. Entrevista com Edivaldo Pereira Biguá, realizada na Sede da Federação Maranhense de Voleibol, no Ginásio Costa Rodrigues, no dia 04 de julho de 2001 com inicio às 10:07hs. CAMARÃO, Phlip Mouses. Entrevista com Louis Philip Moses Camarão, gravada no dia 28.06.2001 com início às 8:17 na Sede da Cooperativa de Médicos do Maranhão, na rua do CEMA, 33. CASTELLANI FILHO, Lino. Entrevista realizada com o professor Doutor Lino Castellani Filho, realizada no dia 06 de abril de 2001, inicio às 18:06 horas, hotel Ouro Verde, em Maringá, Paraná. GONÇALVES, Marco Antonio da Silva . Entrevista com o professor, Marcos Antônio da Silva Gonçalves, realizada no Estádio Nhozinho Santos, 09:35. 5
MESQUITA, Raimundo Nonato Irineu. DOS FESTIVAIS AOS JEMs... UM SONHO CONCRETIZADO A MUITAS MÃOS! REV. DO LÉO, ABRIL 2018, P. 63. https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_7__abril_2018 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ASPECTOS HISTÓRICOS DO ESPORTE E DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO MARANHÃO. REV DO LEO, 8, MAIO 2018, p.13 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8_-_maio__2018 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. INTRODUÇÃO DO ESPORTE MODERNO EM MARANHÃO: Novos Apontamentos para sua História – 1907/1910 REV. DO LEO, 13, OUTUBRO 2018, p. 42 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__13_-_outubro_2018 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio.; VAZ, Delzuite Dantas Brito. OS ESCOLARES E OS JOGOS/ESPORTES NO MARANHÃO REV DO LEO, 14, NOVEMBRO 2018, p. 7 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_l_o_-_numero_14_-_novemb 6 PAULISTAS – grupo de profissionais trazidos por Cláudio Vaz dos Santos para incrementar a Educação Física e os Esportes no Maranhão, a partir do ano de 1973; faziam parte os seguintes professores: Laércio Elias Pereira, Edivaldo Pereira Biguá, Marcos Gonçalves, Sidney Zimbres, Vicente Calderoni Neto (Viché), Horácio Coimbra, Domingos Fraga Salgado, Lino Castellani Filho, Demosthenes Montovani, Nadia Costa, Jorelza Mantovani, José Carlos Conti, Zartu Giglio Cavalcante, Paschoal Bernardo, Isidoro Cruz Neto. 7 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio (Editor). REVISTA DO LÉO VOLUME 24 – SETEMBRO DE 2019 – LAERCIO ELIAS PEREIRA. Disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec
MARIZ, Emilio Feitosa. Entrevista gravada com o professor Emílio Mariz, na sua residência a rua Zoe Cerveira bairro Alemanha. Dia 29 de Agosto de 2001, às 2h e 52min da tarde. MENDES, Raimundo Aptígio. Entrevista com o prof. Raimundo Aprígio Mendes, realizada no dia 31/08/2001 com inicio às 15horas e 5 minutos no Ginásio de Esportes Rubem Goulart situado no bairro do João Paulo. MENDONÇA, José Geraldo Menezes de. Entrevista com o Prof. José Geraldo Menezes de Mendonça, realizada no dia 09/10/01com inicia às 9h e 40min, entrevista realizada no Centro Federal de Educação Tecnológica no Departamento Acadêmico de Ciências da Saúde. MESQUITA, Aldemir Carvalho de ENTREVISTA REALIZADA NO DIA 27/06/2001. LOCAL: CENTRO FEDERAL TECNOLOGICO - CEFET, NO PÁTIO ESPORTIVO COM O PROFESSOR ALDEMIR CARVALHO DE MESQUITA. NUNES, Ivone Reis. Entrevista com a Profa. Ivone Nunes, realizado no CEFET– MA na sala do DCS no dia 24/09/01 com inicio as 10hrs. PENHA, José Maranhão. Entrevista com o professor José Maranhão Penha, realizada no dia 26 de março de 2001, no Departamento Acadêmico de Ciências da Saúde, Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão, situado à Av. Getúlio Vargas nº 04 Monte Castelo. PEREIRA, Laércio Elias. ENTREVISTA. DEPOIMENTO ENVIADO ATRAVÉS DE CORREIO ELETRÔNICO De: Laércio Para: Leopoldo Brasília, 28 de fevereiro de 2001 VAZ DOS SANTOS, Cláudio. ENTREVISTA COM CLAÚDIO ANTÔNIO VAZ DOS SANTOS, REALIZADA NO DEPARTAMENTO ACADEMICO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - DCS -, DO CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO MARANHÃO - CEFET-MA, NO DIA 29 DE MARÇO DE 2001, COM INÍCIO AS 09:10 HORAS. ZIMBRES, Sidney Forghieri. Entrevista realizada com o professor Sidney Forghieri Zimbres, na residência do entrevistador, à rua Titânia n.º 88, Recanto dos Vinhais, no dia 24 de março de 2001, iniciando às 8:30 horas. Publiquei três edições da REVISTA DO LÉO em que aparecem depoimentos e documentos sobre o esporte, o lazer, e a educação física no Maranhão, edições especiais, sobre os 40 anos de criação da SEDEL – duas edições disponíveis em VOLUME 19 – ABRIL DE 2019 _abril_2019
https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__19-
VOLUME 20 – MAIO DE 2019 _maio_2019
https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__20-
REVISTA DO LEO REVISTA ELETRONICA EDITADA POR LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536
SÃO LUIS – MARANHÃO - NUMERO 19.1 – ABRIL – 2019 SEDEL – 40 ANOS SÃO LUIS – MARANHÃO - NUMERO 20 – MAIO – 2019 AINDA OS 40 ANOS DA SEDEL... e uma terceira, sobre o Prof. Dr. Laércio Elias Pereira, VOLUME 24 – SETEMBRO DE 2019 – LAERCIO ELIAS PEREIRA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec
SÃO LUIS – MARANHÃO - NUMERO 24 – SETEMBRO 2019 - EDIÇÃO ESPECIAL: LAÉRCIO ELIAS PEREIRA
A EDUCAÇÃO FÍSICA E OS ESPORTES NO MARANHÃO ANTES DOS PAULISTAS Como dito, o nome reverenciado é o do Prof. Dimas, como é conhecido Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araújo. Criado no interior do Maranhão na fazenda de seus pais, é mandado para a cidade de Mirador8 para estudar. O menino então conhece o futebol, jogado em peladas de rua. Buscando melhores condições de estudo, parte para a Capital, onde frequenta os colégios Maristas e São Luís, já na segunda metade dos anos 40. Conhece mais de perto, além do futebol, outras modalidades esportivas, como o Voleibol e o Basquetebol, esportes praticados no âmbito escolar e clubístico, incentivado por aqueles Professores de Educação Física recém-formados: Rubem Goulart, Rinaldi Maia, José Rosa, Júlio, Eurípedes Bezerra, e alguns esportistas, àquela época jovens, como Ronald da Silva Carvalho e Raul Guterres.
Essa geração denominado de “GERAÇÃO ‘R’s” – Ruben, Rosa, Ronald, Tinha Luís Dr. Alfredo como do setor de física e da Secretaria Educação do
que tenho
RUBEM GOULART esporte no São Luiz, Luis Rego. quando cidade Guimarães, jogando "scratch"
TEIXEIRA iniciou-se no Colégio de do professor Em 1935, veio de sua natal, principiou futebol no do seu
DOS Rinaldi, Raul... Rego, e Duailibe, dirigentes educação esportes de Estado.
educandário, permanecendo no time até 1938. Nesse mesmo período, passou a jogar volley-ball, no Dourado,
8
A cidade de Mirador acha-se situada à margem direita do rio Itapicurú, em distância maior de 100 léguas [495 quilômetros] ao sul da capital. Pela Lei Provincial no. 386, de 30 de junho de 1855 foi elevada à categoria de vila, o que foi depois revogado. Elevada novamente à vila em 11 de julho de 1870, pela Lei Provincial de no. 898. Seus moradores criam algum gado e algodão. In MARQUES, César. DICIONÁRIO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DA PROVÍNCIA DO MARANHÀO. Maranhão: Tip. do Frias, 1870
melhor agremiação existente naquela época, sendo seus companheiros de "team" Boneca, Dias Carneiro, Furtado da Silva, Sócrates, Manola e alguns outros. Do Dourado, transportou-se para as fileiras do União, onde demorou pouco, tendo formado ao lado de Elba, Mitre, Álvaro, Rabelo, etc. Ainda em 1937, foi fundador do Brasil, composto exclusivamente por alunos do Colégio de São Luiz. Nesse mesmo tempo Alexandre Costa criou o Flamengo, o mais acérrimo rival de seu conjunto. Formava no seu "five" elementos do quilate de Mauro Rego, Tenente Paiva, Américo Gonçalves, Boneca, José Alves e Manoel Barros, tendo servido de padrinhos o Dr. Clodoaldo e Altiva Paixão. Encerrando como invulgar brilhantismo o seu curso de ciências e letras, locomoveu-se para a Capital do país, a fim de cursar a Escola Nacional de Educação Física, isto em 1942. Durante dois anos Rubem permaneceu na Cidade Maravilhosa. Seus dias naquele centro esportivo proporcionaram-lhe o ensejo necessário demostrar ao público "guanabarino" o valor de um atleta nortista. Na Escola Nacional de Educação Física conquistou títulos retumbantes. No seio da escola, era um atleta de escol, participando de todos os esportes ali praticados, tendo o seu lugar efetivo nas equipes de volley-ball, basketball e atletismo. Foi campeão interno de volley nas competições efetuadas na ENEF; vice-campeão de Halterofilismo, peso médio, além de ter participado das Olimpíadas Universitárias de 1942, nas representações de volley, basket, futebol e atletismo. Alcançou os seguintes lugares nas provas de Atletismo: 2º lugar nos 100 metros rasos, com a marca de 11,2s; 2 º em salto em distância num espaço de 6,25 metros; 2 º no salto em altura com 1,70 m (igualou também o record); obteve logar em arremesso do peso com 12 metros; sagrando-se ainda campeão por equipe no revezamento 4 x 100 metros. Depois da brilhante temporada em São Paulo, participou, no ano de 1943, de diversas competições atléticas no Rio, defendendo as cores do Fluminense, saindo-se vice-campeão do decatlo, com 5.007 pontos: 100 metros rasos Salto em distância Arremesso do peso Salto em altura 400 metros rasos 110 m. s/ barreiras Lançamento do disco Salto com vara Lançamento do dardo 1.500 metros rasos Total
11,0s 6,19m 10,23m 1,70m 54,1s 19,5s 30,16 m 2,70 m 29,25 m 5m29,0s
827 pts. 620 pts. 463 pts. 661 pts. 665 pts. 422 pts. 404 pts. 397 pts. 278 pts. 270 pts. 5.007 pts
Regressando a São Luís, ocupou o cargo de Inspetor de Educação Física do S.E.F.E., permanecendo nesse emprego de março de 1944 a março de 1945, quando foi transferido para a Escola Técnica de São Luís. Além de inspetor do S.E.F.E. foi instrutor de educação física do Colégio Estadual (Liceu ?) e do Colégio de São Luís. Preparou fisicamente os atletas de futebol que, em 1944, derrotou o Ceará por 2 x 0. Como professor na Escola Técnica de São Luís prestou sua valiosa colaboração ao Moto Clube, desempenhando a função de preparador físico da equipe de César Aboud (O ESPORTE, São Luís, 23 de abril de 1950, p. 5-6. ).
RINALDI LASSALVIA LAULETA MAIA, nascido São Luís do Maranhão no dia 05 de fevereiro de 1914, filho de Vicente de Deus Saraiva Maia e de Júlia Lauleta Maia; iniciou sua carreira esportiva como crack de futebol, no América - clube formado por garotos do 2 º ano do ginásio, e que praticava o "futebol com os pés descalços". Em 1939, o jovem atleta já era jogador do Liceu Maranhense, sagrando-se bi-campeão estudantil invicto, nos anos de 1941 e 1942. Apesar de jogar no Liceu, Rinaldi figurava em quadros da 1 ª divisão da Federação Maranhense de Desportos - FMD -, primeiramente no Vera Cruz (o clube que nunca perdeu no primeiro tempo...), onde fez "misérias" ao lado de Sarapó, Jenipapo, Cícero, Sales, etc. Depois, figurou na equipe do Sampaio Corrêa. No "Bolívia", Rinaldi foi elemento destacado, muito embora jogasse ao lado de um Domingão. Foi considerado "O Menino de Ouro" da "Bolívia". Em 1941, Rinaldi começa a praticar o Basquetebol, tendo ao lado Gontran Brenha e Eurípedes Chaves e outros, defendendo as cores do Vera Cruz. Nessa época, não havia campeonatos de bola-ao-cesto, contudo, era público e notório que o Vera Cruz era o campeão da cidade. O grêmio do saudoso Gontran apenas tinha como adversário perigoso o quadro do "Oito de Maio". Nas disputas de Volei levava sempre a pior, porém, vencia todos os encontros de bola-ao-cesto. O Vera Cruz era um campeão autêntico... O melhor ano do esporte para Rinaldi foi 1942. Nessa temporada o jovem atleta conquistou nada menos de três títulos sugestivos: campeão invicto de futebol pelo Sampaio Corrêa; campeão invicto de futebol, pelo Liceu Maranhense; e campeão de basquetebol, pelo Vera Cruz. Em 1943, coberto de louros, Rinaldi embarcou para o Rio de Janeiro, a fim de cursar a Escola Nacional de Educação Física. Na Cidade Maravilhosa, o filho de Vicente de Deus Saraiva Maia conseguiu seu objetivo, formando-se como Professor de Educação Física. Voltou a São Luís em 1945. Muita gente julgou que Rinaldi ainda fosse um crack da esfera. Contudo, mero engano! O jovem atleta apenas apareceu em campo, no dia de seu desembarque, para satisfazer o pedido de amigos, mas fez ver que havia abandonado o futebol em definitivo. Seu esporte predileto passa a ser a bola-ao-cesto. Em 1946, Rinaldi figurava na equipe de basquetebol do Moto, sagrando-se campeão do "Torneio Moto Clube". Quando da visita do "five" rubro-negro a Belém, Rinaldi teve oportunidade de brilhar na capital guajarina e colaborou naquela magnífica campanha dos motenses. Em 1947, Rinaldi tomou outra decisão. Deixou o Moto Clube e tratou de reorganizar o Vera Cruz, seu antigo clube. O seu sonho foi realizado, uma vez que o Vera reapareceu e hoje figura na liderança do campeonato de basquetebol da cidade. E Rinaldi é figura destacada no grêmio cruzmaltense. Atua na guarda, aonde se vem destacando, juntamente com o professor Luiz Braga, outra grande figura do basquete maranhense. Cabe ressaltar que o Vera Cruz foi campeão naquele ano. (O Esporte, São Luís, 25 de outubro de 1947, p. 2.)
EURÍPEDES BEZERRA, em depoimento, informou que fora professor do Colégio dos Marista, contratado quando retornou do Curso de Instrutor de Educação Física, feito na Escola de Educação Física do Exército: Em 1942, e fui logo indicado para lecionar no Colégio Marista e Colégio São Luís, do professor Luís Rego e do professor irmão Floriano, do Colégio Marista. Era responsável pela educação física, Diretor da educação física do Quartel [da PMMA) com os meus companheiros auxiliares, Emílio me auxiliava, Sargento Cirino, com serviço prestado, eles ajudavam no Quartel, também o Soares Nascimento, hoje dentista formado. [No colégio Marista, nessa época, o senhor era o único professor de educação física?] Era o único Professor de Educação Física especializado na escola, foi ai que os meus alunos foram, José Sarney, Pedro, Dejard Martins, Mauro Fecury, João Castelo, Ribamar Fiquene, e tantos outros daquela geração. [Como era a educação física nessa época?] Era o método francês, a modalidade de ensino era: os exercícios preparatórios e propriamente ditos, constituía-se evoluções de marchas e depois os exercícios de saltar, trepar, levantar, e despertar, correr, atacar e defender e volta a calma, exercícios progressivos sem solução de continuidade. Era o mesmo método [ da
Escola de Educação Física do Exército], trazido pela Colônia Francesa, pela Missão Francesa em 1922, para o Brasil. No colégio São Luís era a mesma coisa, 1943 a 1945. Deu aula no Colégio São Luís por três anos. No Colégio Marista permaneceu 27 (vinte e sete) anos, aposentado como professor pelo INPS.
LUIZ DE MORAES REGO - é natural do Maranhão. Nasceu em 28 de outubro de 1906, no lar de João Maia de Moraes Rego e Custódia Veloso de Moraes Rego, à rua da Palma, 14, tendo aprendido as primeiras letras na Escola Modelo Benedito Leite. Futebol para Luiz Rego começou muito cedo; ele fazia parte das peladas da Praça Antônio Lobo, em companhia de Antônio Frazão, José Ramos, Júlio Pinto, Marcelino Conceição, Totó Passos, Fernando Viana, e outros. Jogava na ponta canhota e muitos candieiros de gás andaram quebrando com seus violentos petardos. Luiz Rego nunca se esqueceu daqueles tempos de peladas, lembrando que os treinos aconteciam no corredor de um sobradão da Rua da Cruz, entre a rua do Alecrim e Santo Antônio, sob a luz de uma lamparina, às 4 horas da madrugada. Nessa época, tinha 14 anos de idade. Na Escola Normal, jogava no Espartaco, um clube formado exclusivamente por alunos daquele estabelecimento de ensino; seus colegas eram Oldir, Valdir Vinhaes, Carlos Costa, José Costa, José Ribamar Castro, Jaime Guterres, Peri Costa, e outros. E como adversário do Espartaco apareceu logo depois o "João Rego", clube formado por Antônio Lopes, que contava com Frazão, Penaforte, Aragão, Clodomir Oliveira e Luiz Aranha. Quando passou para a Escola de Farmácia, mudou para o time dessa escola, formando com Milton Paraíso, Chareta e Frazão. Em 1927, quando terminou a Escola de Farmácia, o endiabrado crack passou a ser o respeitado Professor Luiz Rego. Foi diretor da Escola Normal entre 1932 e 1936, tendo sido dono da parte da educação no Governo Paulo Ramos (Diretor de Instrução Pública). A fundação de seu colégio data de 1935. No Colégio de São Luiz sempre cuidou do esporte. Incentivava a prática de jogos, organizava clubes e embaixadas esportivas, que muitas das vezes saiam de São Luís a fim de fazer grandes apresentações em outras plagas vizinhas. Graças à disposição do Professor Luiz Rego, o Colégio de São Luiz formou destacados valores do nosso esporte, dentre os quais podem ser citados Rubem Goulart, José Rosa, José Gonçalves da Silva, Luiz Gonzaga Braga, Valber Pinho, Celso Cantanhede, Americano, Sales, David, Ataliba, Tent. Paiva, Rui Moreira Lima, e muitos outros. Inclusive Dimas, que foi aluno, e depois, professor do Colégio de
Esclarecendo: em 1942, o Governo Federal distribui bolsas para a recém-criada Escola Nacional de Educação Física9 e o então prefeito de São Luís, Pedro Neiva de Santana 10, convidou o jovem médico Alfredo Duailibe para cursar Especialização em Medicina Desportiva; também foram para 9
DECRETO-LEI N. 4.029, de 19 de janeiro de 1942, institui bolsas de estudos para a Escola Nacional de Educação Física e Desportos; PORTARIA 357, de 28 de julho de 1943, do Departamento Nacional de Educação, dispõe sobre a concessão de bolsas de estudos instituídas para a Escola Nacional de Educação Física e Desportos 10 PEDRO NEIVA DE SANTANA - médico; professor da Faculdade de Direito de São Luís; Catedrático da Faculdade de Filosofia de São Luís; Membro da Academia Maranhense de Letras, cadeira n. 39, substituindo Pedro Braga Filho; Reitor da Fundação Universidade do Maranhão (1967); Prefeito de São Luís (Interventoria Paulo Ramos 19371945); trabalhou no gabinete de identificação e Médico-Legal da Polícia; Secretário de Fazenda do Governo José Sarney (1966-70); Governador do Maranhão (1971-1974). IN NUNES, Patrícia Maria Portela. MEDICINA, PODER E PRODUÇÃO INTELECTUAL. São Luís: UFMA-PROCIN-CS, 2000
cursar Educação Física: Rubem Goulart, Mary Santos, Maria Dourado e Lenir Ferreira. Um ano antes, Eurípedes Bernardino Bezerra foi fazer o Curso de Sargento Monitor de Educação Física na Escola de Educação Física do Exército. ALFREDO SALIM DUAILIBE era maranhense, formou-se em Medicina pela Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro e foi professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), onde ministrou a disciplina de Embriologia e Histologia para os cursos de Medicina, Odontologia, Farmácia e Enfermagem. Além de professor, Alfredo Duailibe também exerceu os cargos de vice-governador na gestão de Newton Bello, entre os anos de 1961 e 1966; secretário da Educação Física, secretário do Interior e Justiça e Segurança do Maranhão na gestão de Pedro Neiva de Santana, entre os anos de 1971 e 1974; suplente do senador Alexandre Costa, entre os anos 1970 e 1978; deputado federal de 1951 a 1955; e senador pelo Maranhão de 1955 a 1962.
O jovem médico Alfredo Duailibe vai cursar especialização em Medicina Desportiva, em 1942, na Escola de Educação Física do Exército
Alfredo Duailibe, ao regressar de seu curso de especialização (1943), foi nomeado pelo Interventor Paulo Ramos para trabalhar no Departamento Geral de Instrução Pública, propondo ao Prof. Luiz Rêgo, então seu Diretor, a criação do "Serviço de Educação Física" 11. Em abril, dava início a uma nova fase da Educação Física no Maranhão: os alunos da rede pública e privada seriam submetidos a exames periódicos de saúde e a adoção da prática da educação física nas escolas... O Coronel Eurípedes lembra como foi esse início, e quais eram os professores que atuavam na época: Alfredo Duailibe... Formado em educação física médica, junto com Laura Vasconcelos, formado no Rio de Janeiro; quando ele chegou, eu o convidei para ser médico do Marista, reivindiquei ao Marista e o Marista o convidou, e ele ficou como médico especializado de educação física fazendo os exercícios... Exercícios não, exames biométricos; eu fazia os práticos e ele fazia o exame biométrico e dava para mim, eu tenho a relação de todos os alunos daquela época....
11 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O SERVIÇO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ESTADO. REV. DO LÉO 17, março 2019, p. 14 Disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_17_-_fevereiro__2019
http://futebolmaranhenseantigo.blogspot.com.br/2014_07_01_archive.html Em 1956 Eurípedes Bezerra esteve reunido com um grupo de amigos desportistas no Lítero, dentre eles Gedeão Matos, Rubem Goulart, Nego Braga, irmãos Marista Tárcisio e Pio, Nepumoceno, Cel. Júlio, Ten. Macedo e Cel. Riod.
Na década seguinte, vimos surgir uma geração de jovens esportistas, que disputavam diversas modalidades, enfrentando aqueles seus antigos professores: a “GERAÇÃO DE 53”, composta por Cláudio Vaz dos Santos e seu irmão Janjão, Mauro e Miguel Fecury, Jaime Santana, Alim Maluf, os Itapary, Aziz Tajra, dentre outros. É essa geração que na década de 1970 vai revitalizar, novamente, o esporte maranhense. No interregno – anos 50/60 – tivemos a geração de professores, a dos “Rs”, atuado firmemente juntamente com uma geração de professores normalistas, a grande maioria de mulheres, tendo à frente Mary Santos, coordenadora de educação física, do município e do estado, naqueles anos. Junto, a atuação do médico Carlos Vasconcelos. Ambos promoviam seus jogos, envolvendo escolares.
PALMÉRIO CAMPOS, JOSÉ REINALDO, CLÁUDIO ALEMÃO, AZIZ TAJRA E JOAQUIM YTAPARY REVISTA JOGOS DOS AMIGOS 2002 – XII JOGOS – ANO IV – 14/12/2002
CARLOS DE SOUZA VASCONCELOS – médico do 24º Batalhão de Caçadores, foi nomeado pelo Governador Eugênio Barros para substituir a Eduardo Viana Pereira na Prefeitura de São Luís. A decisão surpreendeu a cidade, pois Carlos Vasconcelos não tinha nenhuma vinculação partidária e dirigia o Departamento Regional do SESI. Em 23 de agosto de 1955, demitiu-se, por ter-se desentendido com o governador, que queria que demitisse alguns funcionários da prefeitura. Década de 1950 - delegado do MEC no Maranhão, médico da então Escola Técnica Federal do Maranhão, onde criou o serviço de biometria, criou os Jogos Intercolegiais . Fonte: BUZAR, Benedito. Prefeitos de São Luís no século XX. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 1 º de outubro de 2000, p. 10. Caderno Especial. - José Geraldo Mendonça comenta que o Ginásio Costa Rodrigues deveria ter o nome de Carlos Vasconcelos, pois era um grande batalhador, era um guerreiro, lutava para conseguir dinheiro, lutava para conseguir os espaços para realização dos jogos e cometemos uma injustiça muito grande, porque o ginásio Costa Rodrigues foi iniciado pelo Dr. Carlos Vasconcelos. Pedindo dinheiro daqui da escola. Primeiro ele fez uma quadra coberta, e ai ele foi levando, tirando um pedaço ali era o fundo do Liceu Maranhense ele conseguiu, construiu a quadra, depois ele cobriu a quadra, e aí foi que no governo de Pedro Neiva, sei lá qual foi, terminaram o Ginásio e deram o nome ao Costa Rodrigues quando poderia ser ginásio Carlos Vasconcelos. Fonte: VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; ARAÚJO, Denise Martins; VAZ, Delzuite Dantas Brito. QUERIDO PROFESSOR DIMAS (Antônio Maria Zacharias Bezerra de Araújo) e a Educação Física maranhense – uma biografia (autorizada). São Luís : (s.e.), 2003; 2014, (in ENTREVISTAS).
Dimas, por essa época, após servir como soldado ao Exército Brasileiro, é chamado para fazer o Curso de Sargento – havia feito seleção, antes da baixa – no Rio de Janeiro. Seu sonho era, então, cursar a Escola de Educação Física do Exército. O que faz. Dando baixa, retorna à São Luís, e começa a se envolver com a Educação Física e Esportes. Seu primo, Eurípedes Bezerra, o leva para seu antigo colégio, os Maristas, onde lhe arranja uma vaga de professor de educação física. Dimas participa daquelas magníficas apresentações de Calistenia12, que antecediam os eventos futebolísticos daquela época, organizadas pelo primo. É quando casa, e vai para o Pindaré administrar as fazendas do sogro, e depois a sua, e lá constitui sua imensa prole... Não deixa de se envolver com a Educação Física e os Esportes no Pindaré. Com a “quebra” do sogro – motivado pelas perseguições políticas, acesso aos financiamentos necessários – e já chefe de família, retorna à São Luís, voltando a exercer a função de professor de educação física (final dos anos 1960). Aqui, vai substituir Rubem Goulart como professor do Colégio Batista, retorna aos Maristas, e se integra àquele grupo de professores da SEDUC-MA. Passa a dar aulas no CEMA – TV Educativa do Maranhão, como apresentador dos programas-aulas de educação física e esportes, juntamente com Vanilde Leão; as aulas-roteiro eram preparadas pela professora Ivone Reis Nunes. Depois, Dimas e Vanilde passaram a planejar junto com Ivone as aulas que seriam transmitidas. As gravações ocorriam no Parque do Bom Menino... Dimas torna-se a imagem da educação física, posto que fosse quem estava diante das câmaras... IVONE REIS NUNES - nascimento em 19 de janeiro de 1941, em Barreirinhas; casada com José Ribamar Dutra Nunes; Foi Professora de Educação Física da antiga Escola Técnica, hoje aposentada e trabalhando em Barreirinhas. 1970 - envolvimento com a educação física - após o curso normal no Rosa Castro eu fui convidada pele Profa. Zuíla Cruz para fazer um curso que ia acontecer em São Luis; pela primeira vez se falava em handebol em São Luis. Ai eu fui convidada a fazer esse curso; logo depois desse, eu fiz um curso de recreação aonde nós tivemos um leque muito grande de disciplinas, nós fomos ver o que era anatomia, fisiologia aquela historia toda da educação física e logo depois naquela época nos tínhamos aqui é a antiga... Nós não tínhamos uma delegacia do MEC nós tínhamos uma inspeção do MEC e quem chefiava era o Dr. Carlos Vasconcelos, e Dr. Carlos Vasconcelos pediu a D. Zuíla para que indicasse algumas pessoas para participar de um curso, e eu fui uma dessas pessoas a partir daí eu fui convidada pelo Dr. Carlos Vasconcelos com o aval de D. Zuíla para ir até a Belém fazer um curso pela Inspeção; nessa época eu fui, lá eu adquiri o meu certificado, o meu registro para lecionar em São Luis, no Estado do Maranhão. E assim começou, desencadeou, então, esse processo, e eu comecei a trabalhar no Estado; logo depois, eu fui convidada a 12 Calistenia (do grego kallos, que significa beleza e sthenos, que significa força) é um conjunto de exercícios físicos onde se procura movimentar grupos musculares, concentrando-se na potência e no esforço. https://pt.wikipedia.org/wiki/Calistenia
trabalhar no Município e daí eu comecei a ter as oportunidades de curso de reciclagem, de aperfeiçoamento; eu fui acumulando, acumulando esses conhecimentos e cheguei no CEFET. - Curso de Suficiência, que formava professores para trabalhar a nível estadual, emergencial no Governo do Estado; depois, fiz pedagogia, depois, eu fiz pós-graduação em Planejamento Educacional pela Universidade Federal. 1972 - quando eu cheguei no CEMA apesar de ter sido no período da fundação, mas ocorreu o seguinte a educação física só foi montada depois do grupo, através da Profa. Claudete Ribeiro eu fui indicada para participar do grupo e a Profa... A irmã Éster Salomão que era coordenadora não é dessa área, fez uma entrevista comigo e eu engajei a partir daí, ai foi que eu cheguei no CEMA eu não fiz aquele treinamento que o grupo maior fez porque o pessoal de educação física não sei porque foi quase que esquecido. E foi feito concurso em que foi Dimas, Vanilde, Major Batista os primeiros aprovados; os primeiros aprovados, mas eu já estava lá! Eu fui quem organizou um pouco esse trabalho. Fonte: VAZ, ARAÚJO, 2003. in ENTREVISTAS).
Naqueles anos 1960 o setor de Educação Física está reorganizado: a Profa. Mary Santos dirigia o Departamento de Educação Física no Estado, e havia outro no Município, dirigido pela Profa. Dinorá. Já se cumpria a obrigatoriedade da Lei, com as três horas semanais, mínimo de 45 minutos, dentro da legislação vigente. Dimas lembra que a Educação Física, nessa época, era muito rudimentar, só mesmo na base da ginástica, [de esporte] só mesmo futebol de salão e um voleibolzinho. Por esse tempo o MEC/DED estava promovendo, em todo o país, uma série de cursos, visando à qualificação de professores de educação física. São Luís estava no roteiro, e aqueles professores – a maioria normalistas, professoras – passam a frequentar esses cursos. Dimas, recém-chegado do interior, com o curso de sargento-monitor de educação física, também os frequenta. Geraldo Mendonça se lembra de um Curso, realizado em 1967, em convênio entre o Estado do Maranhão e São Paulo, com 120 horas de duração, sendo Professor Nelson Gomes da Silva, e 25 alunos: Ana Rosa de Souza Silva; Benedita Duailibe; Clarice Barros Rosa; Dinorah Pacheco Muniz; Elena da Conceição Pereira; Florileia Tomasia de Araújo; Felicidade Mendes de S. Nascimento; Ivete D´Aquino Castro; Ivone da Costa Reis; Julio Elias Pereira (Major Julio); Maria José Reis Maciel; Maria das Graças R. Pereira; Maria da Conceição Sá Melo; Maria da Glória Castro Fernandes; Maria de Jesus Carvalho de Brito; Maria do Rosário Silva Maia; Maria do Rosário Silva; Maria da Conceição Santos Souza; Neide Moreira da Silva; Odinéia Trompa Falcão; Pedro Ribeiro Sobrinho; Reginaldo Heluy; Sebastiana de Carvalho Pires; Sonia Maria dos Santos Resende.
Álvaro Perdigão e José Geraldo JOSÉ GERALDO MENEZES DE MENDONÇA nasceu em São Luis, 12 de Janeiro de 1943; Graduação, bacharel em Matemática, e a pós-graduação é Engenharia de Sistema na UFRJ, e Educação Tecnológica, no
Centro Federal de Educação Tecnológica de Belo Horizonte - CEFET-MG. - foi chefe de gabinete do Professor Antônio Carlos Beckmann, na Secretaria de Educação, tendo assumido diversas vezes a função de Secretário de Educação, nos impedimentos do titular; trabalhou no CEFET-MA, onde foi Diretor de Relações Empresariais e Diretor de Ensino; com a aposentadoria, permaneceu trabalhando apenas na UEMA; ingressou no UniCEUMA, levado pelo prof. Beckman, de onde já saiu. Sempre incentivou o esporte, tendo sido presidente da Federação de Atletismo do Maranhão; nos anos 60, atuou como professor de Futebol de Salão, dos Maristas; foi o primeiro coordenador de esportes daquele colégio, fundando diversas escolinhas de esportes, no início dos anos 70. Década de 1950 – aluno dos Maristas - A educação física no Marista ela teve inicio eu acredito na época em que eu era aluno do colégio Marista... eu não me lembro, eu era interno no Seminário Santo Antônio, era seminarista, sai do seminário, fui para o Colégio Marista; lá no Colégio Marista eu trabalhei com essa equipe de educação física como aluno, era Eurípedes Bezerra, o Cel. Júlio, e havia um Coronel do Exército que depois foi embora, está reformado, ele mora em São Luis hoje, ele é maranhense, foi a equipe que trabalhava no Colégio Marista conosco, quando eu voltei; 59; ele então organizou uma demonstração de educação física no Estádio Municipal Nhozinho Santos... era uma educação física voltada para aquela parte de ginástica calistenica, como eles chamavam; nós fazíamos mais era exercícios de... Corrida, saltos, era vamos dizer assim flexões, agilidade houve ate um episódio nessa época que aconteceu no Colégio Marista: o Cel Eurípedes Bezerra mandou os alunos subirem em uma arvore e pular, e um dos alunos quando pulou, quebrou a perna - era o ex-deputado Ricardo Murad -, aí isto gerou uma polemica muito seria no Colégio Marista por causa do aspecto do tipo da educação física, então era uma educação física assim é... Subir uns canos, numa armação de madeira que havia, e era a educação assim um poucochinho puxado para o lado militar. 1960/1962 – estudou na Escola Técnica Federal do Maranhão; aluno de Educação Física do Prof. Rubens Goulart - nós só o chamávamos de Rubão, fui aluno do prof. Luis Gonzaga Braga, era coordenador de esportes, e eu não me lembro se tinha outro prof., eu me lembro fui aluno do Braga e fui aluno do Rubão, Educação física Militar, Calistenia, era a copia fiel por que inclusive a Escola Técnica nós tínhamos como se fosse assim uma copia do regime militar, nosso cabelo era cortado igual a um soldado, nós entravamos às 6 horas da manhã fazíamos educação física, café, obedecíamos tudo na base da corneta, e a Escola Técnica primava pela educação física, pela disciplina pela banda de musica, da qual eu também fiz parte; a Escola Técnica participava dos jogos estudantis do Carlos Vasconcelos, então o prof. Rubão, o Rubens Goulart, era como se fosse assim um auxiliar do Dr. Carlos Vasconcelos porque ele era medico da Escola Técnica; ...o prof. Rubens Goulart tomava conta do basquete, que por sinal ele foi um excelente atleta, e do voleibol; o prof. Braga tomava conta do futebol, do futebol de salão, e atletismo. Quando Dimas chegou (no Maristas) nós organizamos melhor ainda porque passamos a dar um cunho de organização mesmo de olimpíadas, a gente chamava de olimpíadas, mas na realidade funcionava como um torneio, quando Dimas chegou nós passamos a dar um cunho mais de olimpíadas mesmo, ele ensinou agente a fazer como fazer, e paralelo a isso durante o ano todinho nos organizam campeonatos inteiros entre as series está entre as series. Década de 1970 -então eu fiz um Curso de Educação Física, que era coordenado pelo Dr. Carlos Vasconcelos, aquele Exame de Suficiência; fiz os exames e ganhei a autorização para lecionar educação física, e por coincidência, fui colega de turma do professor Dimas, que também era professor do Colégio Marista como eu, era o coordenador eu era o chefe dele no Colégio Marista; Nesse curso de educação física, Major Leitão, mas também uma equipe que veio do Rio de Janeiro, três professores para ensinar Basquete que era o prof. Rui -, Atletismo - José Teles da Conceição - e Handebol - um professor de nome Wilson, na época do governo de Nunes Freire, coordenador de esportes - antigamente DEFER - era o Cláudio Vaz dos Santos... 69, 70, 71, 72, 73 - Nunes Freire entra em 74 vai até 79 quando Castelo entra - É foi de Pedro Neiva de Santana para Nunes Freire, funcionava num prédio do Caminho da Boiada a coordenação e havia umas secções, uns departamentos que funcionavam no Ginásio Costa Rodrigues que estava já em funcionamento. Fonte: VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; ARAÚJO, Denise Martins; VAZ, Delzuite Dantas Brito. QUERIDO PROFESSOR DIMAS (Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araújo) e a Educação Física maranhense – uma biografia (autorizada). São Luís : (s.e.), 2003. (Inédito) – (in ENTREVISTAS).
O Prof. Emilio Mariz, que foi coordenador de esportes do Colégio Batista e diretor do Liceu Maranhense, conta sobre a formação de professores, à época que chegou à São Luis: Eu tenho o curso de Matemática,... Antes de ter na faculdade estadual o curso de ciências exatas, nos fizemos CADES, muitos professores se qualificaram por intermédio dum programa mantido pelo Ministério da Educação, em que durante três anos, a gente fazia em períodos de recesso escolar cursos com um grupo de professores que vinham do sul e automaticamente fazíamos as provas chamadas de exames de suficiência e adquiríamos um registro de professor.
Então eu tenho um registro de matemático por esse curso de CADES e tenho também o Curso de Educação Física ministrado pelo Ministério da Educação, em vários períodos, aqui em São Luís, também tenho uma autorização como Professor de Educação Física. Ivone Reis Nunes, ao falar de seu envolvimento com a educação física, informa da realização de vários cursos que eram oferecidos aos professores daquela fase: após o curso normal, no Rosa Castro - eu estudava no Rosa Castro - surgiu de imediato à conclusão do meu curso de segundo grau, antigo... naquele tempo era curso normal. Então eu fui convidada pele Profa. Zuíla Cruz, para fazer um curso que ia acontecer em São Luis; pela primeira vez se falava em handebol em São Luis. Ai eu fui convidada a fazer esse curso, eu fiz esse curso logo depois desse, eu fiz um curso de recreação aonde nos tivemos assim, um leque muito grande de disciplinas onde então nos fomos ver, ai então que nós fomos ver o que era anatomia, fisiologia aquela historia toda da educação física e logo depois naquela época nos tínhamos aqui é a antiga... Nós não tínhamos uma delegacia do MEC nós tínhamos uma inspeção do MEC e quem chefiava era o Dr. Carlos Vasconcelos, e Dr. Carlos Vasconcelos pediu a D. Zuíla para que indicasse algumas pessoas para participar de um curso, e eu fui uma dessas pessoas a partir; daí eu fui convidada pelo Dr. Carlos Vasconcelos com o aval de D. Zuíla para ir até a Belém fazer um curso pela Inspeção; nessa época eu fui, lá eu adquiri o meu certificado, o meu registro para lecionar em São Luis... foi Profa. Odinéia, Profa. Helenina, Profa. Clotilde, Profa. Berenice, e Eu. Fomos as pessoas do Maranhão que fomos para Belém para fazer esse curso. E assim começou, desencadeou então esse processo, e eu comecei a trabalhar no Estado; logo depois eu fui convidada a trabalhar no Município e daí eu comecei a ter as oportunidades de curso de reciclagem, de aperfeiçoamento; eu fui acumulando, acumulando esses conhecimentos e cheguei no CEFET. Aldemir Mesquita lembra-se dos professores que atuavam na antiga Escola Técnica Federal do Maranhão - hoje, IF-MA: Aqui na época na Escola, eu fiquei assistente do Jafe 13 [Mendes Nunes], de futebol de salão... Jafe, radialista, um dos maiores cronistas do Maranhão. Jafe na parte de futebol de salão, eu ficava dando assistência a ele no futebol de salão, e ficava com o handebol, depois quando ele pouco só vinha em época de seleção para treinar, eu passei a assumir definitivamente o futebol de salão. Tinha o França 14 no vôlei que é engenheiro que também é professor de matemática; Celso Cavagnac, natação; Eldir15 [Campos Carvalho], a parte de educação física; Juarez16 [Alves de Sousa], que também ficava com educação física, depois no ano seguinte assumiu o handebol e também dirigiu um pouco o futebol de salão; Prof. Furtado! Excelente professor Furtado pioneiro atletismo no Maranhão, professor Furtado e deixa-me ver quem mais, aqui por enquanto é só; Tenente Jeremias na natação, futsal, basquete, vôlei, Handebol... Atletismo e tinha... Vôlei, handebol, basquete, futsal, atletismo, natação, só né? E ganhamos tudo, nós éramos a decisão era 1º, 2º e 3° lugar... (MESQUITA, Aldemir Carvalho de. Entrevistas). Conforme relata Ivone17: 13 JAFFE MENDES NUNES trabalhou como Professor de Educação Física na então ETFM, onde era funcionário; radiaista, foi um dos grandes incentivadores do Futebol de Salão (Futsal).
14 FRANÇA – professor de voleibol da ETFM – hoje IF-MA -; ex-aluno, foi um dos destaques do esporte estudantil nos anos 60; na década de 70 atuou como professor de Voleibol.
15 ELDIR CAMPOS CARVALHO – professor de educação física, ex-oficial do Exército, foi coordenador de educação física do IF-MA por muitos anos.
16 JUAREZ ALVES DE SOUSA – ex-sargento de educação física do Exército Brasileiro; ao se reformar, passou para o quadro de professores do IF-MA; onde foi técnico de Atletismo e Handebol; aposentado.
17 NUNES, Ivone Reis. ENTREVISTA. Concedida a Leopoldo Gil Dulcio Vaz. Entrevista com a Profa. Ivone Nunes, realizado no CEFET– MA na sala do DCS no dia 24/09/01 com inicio as 10hrs
Como eram as aulas de educação física - eram o seguinte, nós tínhamos a coordenação eu que controlava o trabalho, nós tínhamos sistematicamente as nossas reuniões, nessas reuniões a gente discutia o que iam ser trabalhado, nós tínhamos o nosso plano de ação para a educação física e ele se desencadeava todo a partir desse plano. Quanto ao conteúdo: Eram de ginástica mesmo, tínhamos realmente os professores. Na verdade nosso corpo docente, da equipe de professores de educação física, nos tínhamos aqueles mais voltados para o esporte e aqueles mais voltados para educação física. Então fazia um plano a partir da educação física, o olho clínico dos nossos técnicos iam já pegando os nossos alunos e montando as suas equipes de trabalho, então nos tínhamos equipe de trabalho da COHAB e dos vários postos de tele salas que nos tínhamos, os professores executavam e tinha no caso professores só para parte de educação física propriamente dito que eu acredito esses professores muitos deles ainda estão por ai trabalho, no antigo CEMA hoje eu não sei mais nem o que é, passou para Fundação Roquete Pinto passou não sei para que eu não sei bem; mais ainda temos alguns deles alguns já se aposentaram e outros continuam na ativa. O CEMA era uma televisão educativa - Tele aulas, era circuito fechado, era tudo ali concentrado ali realmente na Av. Kennedy naquele prédio e então depois que foi estudado que iria para a tele sala era os três orientadores de aprendizagem um para portuguêsinglês, outro para matemática-ciências, o outro para a parte de estudos sociais então eram três orientadores de aprendizagem. Ai onde esta a educação física? ai foi que a educação física chegou se fez presente e ai o Prof. Dimas exatamente junto com o Profa. Vanilde começaram também a fazer os trabalhos, as aulas eram produzidas... Aulas normais, Presenciais, No Parque do Bom Menino, começou no Parque do Bom Menino, ai eles tinham aulas na televisão, eles produziram aulas... Depois foram produzidas programas de educação física para televisão; ai executavam os exercícios todos na televisão; os alunos acompanhavam; a gente via tudo, depois a gente ia para praia, parque do Bom Menino, nos tínhamos aulas na televisão; a Profa. Vanilde era artista e o Prof. Dimas. Os produtores desses programas eram Dimas e Vanilde; Os dois faziam toda a produção e depois as apresentações; levavam crianças, treinavam essas crianças, levavam, executavam direitinho e tal, era um sucesso; nessa época eram trinta e duas salas; No auge da televisão educativa chegou a comportar 45 mil estudantes; houve um momento em que era circuito fechado, logo depois, dado o sucesso e já outros interesses começaram a surgir outros postos, ai foi na Cohab, um no Anjo da Guarda, um no Bairro de Fátima e um outro na Camboa; Ai ela começou então a expansão só que esse trabalho de ginástica, de educação física, continuava a terminar da mesma forma ai o quadro de professores aumentou. O Professor Emilio relata o inicio do esporte no Colégio Batista ... nós iniciamos com o Rubem Goulart - foi o professor fundador - o colégio, apesar de ter iniciado em 1957, só em 61 ele passou a ter um ginásio; então Rubens Goulart foi o professor fundador do departamento de educação física, depois ele trabalhou até a sua morte; ...depois, veio o Dimas, que trabalhou todo esse período, ai após o Dimas nós fomos Diretor de Esportes e vários professores trabalharam conosco Num período, no auge do esporte maranhense, no famoso período de inicio dos JEM's ... Nessa época, além da Escola Técnica - sempre foi um concorrente forte - nós tínhamos Marista, Batista, o Dom Bosco era apenas forte no voleibol (locutor interrompe “o Liceu Maranhense era muito forte nessa época”), o próprio Ateneu, e Meng (locutor interrompe “antes com o nome de Pituxinha”) ...diga-se de passagem, que os primeiros JEM’s terminou empatado entre o Batista e o Marista - foi a época também que o campeonato paulista houve empate entre a Ponte Preta
e outro time, que não me lembro agora - então adotamos o mesmo critério de considerar dois campeões e daí para essa época nos sempre tivemos fazendo um trabalho todo voltado ao JEM’s; foi a época da implantação da educação física voltada parta o esporte; basta lhe dizer que o Batista iniciou esse período com 480 alunos, mas sempre dávamos uma média de 200 alunos inscritos em esportes; toda a nossa educação física era voltada para esportes; havia ai, como ainda hoje há, um dos poucos colégios que trabalham, tem um bom trabalho de base, o Batista iniciava o aluno logo nas primeira series do ginásio a praticar o esporte, havíamos um trabalho bem consciencioso e professores dedicados, que iam observando o biótipo do aluno e automaticamente encaminhando para a modalidade que achava que ele podia desenvolver melhor .
COMO TUDO COMEÇOU
FONTE: Revista Desportos & Lazer, in VOLUME 24 – SETEMBRO DE 2019 – LAERCIO ELIAS PEREIRA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec
Em “editorial” publicado na REVISTA DO LÉO 24, de setembro de 2019, edição especial dedicada a Laércio Elias Pereira18 escrevi: DANDO UM PITACO... O Maranhão é uma terra de contrastes: estado riquíssimo, com um povo miserável. Conforme as ultimas noticias divulgadas nacionalmente, o mais miserável de toda a 18 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio (Editor). REVISTA DO LÉO, VOLUME 24 – SETEMBRO DE 2019 – LAERCIO ELIAS PEREIRA, disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec
Federação brasileira... E atesta, essa miserabilidade, o Prof. Aldy Mello de Araújo, em seu ultimo livro, Homens e Gênios, sobre a vida e obra de Vieira e Ruy (2019). Dentre essa miserabilidade – que não é somente material, que é, sobretudo, moral – também a memória é curta e distorcida... Quase como já se disse, recentemente, sobre o Brasil, a cada 15 anos, esquecemos os últimos 15, e fazemos tudo de novo, só que como farsa... Aqui, o período de tempo, ou ciclo, é menor: geralmente um mandato – com ou sem reeleição – e a mudança do dono do mar...anhão... Pois bem, diz-se, por aí, que antes de Cláudio Vaz, o Alemão, a atuação do Dimas, e a chegada dos Paulistas, como no artigo acima, não havia conhecimento de Olimpíada no Estado. Entendendo-se, sim, como realização de jogos, tipo olímpico, com a realização de competições em várias modalidades, em especial as ditas olímpicas, O próprio Cláudio, quando se refere à sua vida esportiva, na juventude, afirma ter participado de vários desses eventos: os realizados por Mary Santos, e por Carlos Vasconcelos, que aconteciam desde os anos 1950. Antes disso, já havia realizações de competições, várias, envolvendo escolares, em particular: os que eram organizados pelo Prof. Luís Rego, desde os anos 40. Mesmo em cidades do interior, já se realizavam ‘olimpíadas escolares’ como as promovidas em Barra do Corda, durante a implantação da Colônia Agrícola Nacional, com a participação de 17 escolas, e várias modalidades esportivas... Mesmo algumas modalidades, em especial duas, que se diz introduzidas com a ida de Dimas aos Jogos Escolares de 1972, onde tomou conhecimento de ambas, e as trouxe para o Maranhão, implantando-as, de há muito vinha já existido por estas bandas, inclusive no interior... A Ginástica, dita à época Olímpica, por exemplo, vem desde o final dos 1800, como prática com aparelhos, nas aulas de educação física; em especial, a partir de 1903, com sua contratação de um professor estrangeiro, quem introduziu o Turnen no Maranhão... O Handebol, já havia conhecimento, seja pelos professores da então Escola Técnica Federal do Maranhão, que participavam dos JEBEI/JEBEM, que nos anos 60 a trouxeram e implantaram, seja com a vinda do Prof. Jamil, do Piauí, para ministrar aulas da modalidade aos professores, então atuantes na capital. Nos anos 60 já havia a disputa dessa modalidade nos jogos promovidos pela Secretaria de Educação, Mary Santos... Como aqui, no Maranhão, é a terra do ‘já teve’, fica fácil entender essas ‘viradas’ históricas de quem trouxe o que... Ou quem fez o que... Alunos de cursos de educação física, que frequentaram uma escola de formação de professores de educação física, também já tivemos, ainda na metade dos anos 1800... Outros, a partir dos anos 1900, no curso de educação física (disciplina) da Escola Normal, que funcionou no Liceu Maranhense, como anexo, e depois na Benedito Leite... E depois, nos anos 40, com a ida de diversos atletas já conhecidos, e médicos, para os cursos que funcionavam no Rio de Janeiro, junto à Escola do Exército, e a então Escola Nacional de Educação Física (hoje, UFRJ)... Alfredo Duailibe (médico), Eurípedes, Rubem, Rinald, Julio, Mary, Dinorah... E depois, nos anos 60, em Belém, nos famosos cursos de Eficiencia e Suficiencia em Educação Física... Essa era a formação de nossos professores, até então; e haviam os cursos ministrados em nível nacional – e os havia, assim, no Maranhão – em que é possível resgatar o nome de participantes deles, com mais de 60 pessoas atuantes... Mas, aqui já teve, e a partir da década de 1970, vamos reinventar a Educação Física e Esportiva no Maranhão... Um acontecimento, naquele inicio dos anos 1970, provoca uma reação daqueles jovens da “Geração de 53”, que chegavam ao poder. Ouçamos Cláudio Alemão:
... nós tivemos um problema em 1970 [...] nós precisávamos da quadra do Costa Rodrigues para treinar nossa seleção de basquete, para, em 1970, irmos para Porto Alegre, mais precisamente, Santa Cruz do Sul; e nós precisamos do Ginásio, o técnico era o Chico Cunha - Cearense -, era mineiro mas trabalhava no Ceará, e veio trabalhar com a gente aqui, na época do governo Sarney; nós fomos pedir; não podia ceder o Ginásio para nós treinarmos nossa seleção porque estava tendo jogral; aí depois do jogral, não podia porque ia ter um reunião - não vou declinar o nome da pessoa que dirigia, não interessa, só interessa o fato -, não podia porque tinha que fazer silêncio, porque ia ter uma reunião, e o Ginásio não podia ser ocupado para treino porque ia ter uma reunião na sala de reunião, e o barulho ia prejudicar ... então nós ficamos do lado de fora do Costa Rodrigues sem poder treinar... - Mas isso vai acabar, Alemão, te prepara que isso vai acabar; Quando em 1970, Neiva Santana assumiu o Governo, Jaime me chama: - olha, tu vai ser Coordenador de Esporte da Prefeitura; Haroldo Tavares - nós começamos primeiro na Prefeitura, foi nosso primeiro passo -, foi na Coordenação de Esportes, Haroldo Tavares, Prefeito de São Luís... então foi criada a Coordenação de Esporte da Prefeitura que eu fiz, procurei ... O Carlos Vasconcelos era da Coordenação de Educação Física, aí foi criada a Coordenação de Esporte, na área estudantil, era o ... na área do esporte aberto sem limites foi a Coordenação de Esportes; nós tivemos o direito de agir com a Ildenê, a gente fez esse trabalho, trabalhava só com esporte escolar. Por sinal, era o mesmo problema, era muito limitado, ele, o esporte escolar no Maranhão... Fomos funcionar onde é o Parque do Bom Menino; tem um açougue ali embaixo, ali que era a coordenação, alugamos de Antônio o prédio e fomos fazer a explanação, primeira medida, eu fiz uma equipe muito boa, foi Geografia, Fernando Sousa, Jaime Sampaio e Fernando Sousa, jornalista, Diretor Técnico; bom, foi minha diretoria, ai eu convoquei os professores; fiz o levantamento de quem é que podia ser útil, quem é que eu tenho para trabalhar, porque eu tinha o direito de formar escolinhas, que não tínhamos nada nesse sentido, de formação de atleta. Então veio o Dimas, veio o Major Alves, professoras... as duas professoras ... Maria José e Tarcinho; Odinéia; Maria José, Ildenê Menezes, Dinorah e Celeste Pacheco... Tinha uma que era funcionária do Ipem, era eu não sei o nome dela na memória, faz 31 anos, a professora eu não me lembro, mas eu sei que é de nome conhecido ... Graça Helluy, voleibol; viajou comigo para o primeiro JEB's em 72, ela foi a técnica; nós já fomos para os JEB's em Maceió, em 1972; em 71 foi que nós fizemos a escolinha com esse trabalho e criamos o primeiro FEJ. FEJ foi Prefeitura O FEJ foi a Coordenação de Esporte da Prefeitura de São Luís, em 1970. O primeiro FEJ (Festival Esportivo da Juventude): a Mary Santos fazia Jogos Intercolegiais do interior, ela nunca fez uns jogos na capital; ela fazia Jogos Intercolegiais, em que eu fui árbitro Roseana jogava; Carlos Vasconcelos era do MEC, tinha uma rivalidade com ela e fazia os jogos dele, ele fazia o dela, eram jogos isolados, com o pessoal da capital, e a gente trazia o pessoal do interior; A Mary Santos era do Estado, da Secretaria de Educação e Cultura, onde tinha uma Secretaria de Esporte, Secretaria de Educação Física do Estado, era serviço de Educação Física do Estado. Carlos Vasconcelos que pertencia ao MEC; A Mary estava no Estado, a Ildenê, no Município. A Ildenê era Secretaria de Educação e a Mary era de Educação Física, era diretora do Serviço de Educação Física Foi ai que eu entrei, fui dirigir pela primeira vez... Isso foi em 71, nós entramos no Governo, se não me engano, foi em março ou por aí; em setembro, nós tivemos o primeiro FEJ (Festival Esportivo da Juventude) - Semana da Pátria, onde o Colégio de São Luiz foi o primeiro campeão do FEJ, onde eu trabalhei...na época eram os leigos, eu fazia curso de
reciclagem e tal, mas dentro da área mesmo, com conhecimento de nível universitário, era o Dimas, o Laércio. Justo por essa época, como dito, Dimas estava regressando do Pindaré para São Luís: ... ai foi que eu fiz a minha equipe, aí foi que o Dimas entra com a parte principal, quando nós estávamos para fazer o segundo FEJ em 72, seria em setembro, Dimas foi a Belo Horizonte... Ai Dimas trouxe toda a informação, e o Maranhão podia participar do JEB's em 72; ele trouxe em 71, ele foi no JEB's em julho e trouxe... Dimas me trouxe, eu organizei a primeira equipe com o Dimas, era do Handebol, primeira equipe que nós viajamos para o JEB's; Ginástica Olímpica e Handebol, o Dimas; Coronel Alves, basquete; voleibol, Graça Hiluy; Coronel Alves - antes era Major -, foi isso para dar coletivo; que eu levei foram 52 pessoas que eu levei; não levamos atletismo, natação, não levamos nada; muito bem, com o que Dimas me trouxe, me presenciei muito ao DED. Muito bem, aí eu já tinha uma parte ativa comigo, porque eu precisava do Dimas, não só como técnico, mas também como conselheiro, porque como eu te falei eu não sou formado, eu sempre procurava olhar uma pessoa que tivesse um conhecimento acadêmico para poder me orientar; ... e uma de nossas iniciativas foi justamente essa de criar esses jogos escolares; foi o primeiro e o segundo, e depois nós o transformamos em JEM's, o primeiro JEM's foi em 73, sempre tem essa dúvida; o pessoal não guarda isso mais, o primeiro FEJ foi em 71. o segundo FEJ, em 72; e o primeiro JEM's, em 73, porque? Nós participamos do JEB's e a sigla pesava, mas por bem achamos melhor mudar para JEM's - Jogos Estudantis Maranhenses -, foi que veio ... nós já tínhamos passado o primeiro e o segundo FEJ com sucesso, com a mudança, com a formação das escolas, a conscientização, que é a primeira coisa a nascer numa escola, era a força, a Educação Física através dos esportes, foi a maneira que nós encontramos de valorizar o professor de Educação Física, ele que era praticamente um esquecido dentro da área educacional, achava-se que era desnecessária a Educação Física, onde não se praticava nem a Educação Física, nem os esportes; nós criamos esses jogos para provocar nos colégios essa necessidade de se formar atletas, assim como também transmitir Educação Física e valorizar o professor, porque nós não tínhamos campo de trabalho para eles, e passou a ter; esse foi o ponto marcante do nosso trabalho, que realmente hoje o que tem, começou ai, onde nós provocamos...". (VAZ DOS SANTOS, Cláudio. Entrevista).
OS “PAULISTAS” ESTÃO CHEGANDO19...
Da Esquerda para direita, Laércio (Laércio Elias Pereira, da cidade de São Caetano-SP), Zeca, Zé Pipa (José Carlos Conte, de São Paulo-SP), Sidney (Sidney Zimbres, de Atibaia-SP), Djalma Santos (da cidade de São Paulo-SP) foi contratado para ser técnico do Sampaio Correia Futebol Clube, Marcão (Marcos Antonio Gonçalves, de São Caetano do Sul-SP), Viché (Vicente Calderone Filho, de São Paulo-SP), Gil (Gilmário Pinheiro, de Fortaleza-CE) e Lino (Lino Castellani Filho, de Atibaia-SP). Todos faziam parte de um grupo de professores e Educação Física, envolvidos com duas modalidades esportivas, o handebol e voleibol. Montaram o time de futebol com o nome de Handvô-40.
Nas lembranças de Lino Castellani Filho: Pois é… Estávamos no ano de 1976 em São Luís do Maranhão… Nós – um grupo de professores de Educação Física repleto de utopias — e ele Djalma Santos, então contratado como técnico do Sampaio Corrêa Futebol Clube, um dos grandes do futebol maranhense, ao lado do Moto Clube e do MAC (Maranhão Atlético Clube). Boa parte de nosso grupo trabalhava vinculado ao Departamento de Esporte do Governo daquele Estado, basicamente envolvido com os afazeres de duas modalidades esportivas, o handebol e o voleibol. O contrato de trabalho era de 40 horas… Não deu outra: montamos um time de futebol e demos a ele o nome de… Handvô-40, homenagem ao handebol, ao voleibol e às 40 horas de trabalho – qualquer semelhança com outra expressão… Pois foi nesse time que Djalma Santos foi convidado a jogar e… Jogou! Se nossas conversas o assustavam às vezes (chegamos perto de comprar uma ilha, embalados pelas ideias de A.S. Neill, fundador da escola de Summerhill), a de participar do time foi recebida com o mesmo sorriso que ele estampa hoje em seu rosto… 19 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ANOS 70 NO MARANHÃO - "IMPORTAÇÃO" DE PROFESSORES, TÉCNICOS E ATLETAS.
REV. DO LÉO 17, março 2019, p. 70 Disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_17__fevereiro__2019
Duvidam? Pois aí vai a prova! O primeiro da fila é o diretor – presidente do CEV, Centro Esportivo Virtual… O último, este ponta-esquerda que vos escreve! No meio dela, Djalma Santos, junto com Viché, Sidney (ambos professores da UFMA), Gil, “Zé Pipa”, Marcão – o “Véio” – e outros cuja lembrança surge enevoada em minha cabeça… Para Cláudio Vaz: [...] não tinha professor de Educação Física no Maranhão e eu queria fazer um trabalho de nível, eu tinha de pensar primeira coisa que tinha de ter, era o professor tanto para quem quisesse transferir conhecimento, então eu não tinha nada acadêmico, nada elevado nessa área aqui, só tinha professor já superado, dois que já não trabalhavam mais, Braga que era professor daqui [ETFM, hoje IF-MA] e não sei se era formado, Braga, Zé Rosa, Rinaldi Maia. Aí foi que o Dimas começou, trabalhamos juntos, nós acumulávamos, nós éramos árbitros, técnicos. Tudo nós fazíamos, tanto o Dimas quanto o Laércio (de São Paulo) já me ajudou nessa época; foi o primeiro que veio para cá; o pessoal criou muito problema comigo porque eu estava enchendo de paulista. (VAZ DOS SANTOS, ENTREVISTA). Geraldo conta como foi o princípio: Bom essa fase de implantação... Olha o Cláudio Vaz levou o mérito mais na realidade que montava as estruturas por fora era o Dimas e depois não muito distante chegou o Laércio em 73. Fortaleceu mais ainda, o mérito do Cláudio foi a ter trazido Laércio. O mérito do Cláudio foi esse, com a chegada do Laércio quer dizer, o Dimas deu o pontapé inicial. Como o Dimas não tinha experiência muito longa de organização desses jogos nós tivemos alguns percalços como, por exemplo, protesto, negócios de idade, jogador que não era aluno, aquela estória toda está. Quando o Laércio chegou aí o cunho mais profissional do trabalho foi dado, o Laércio deu toda ênfase de uma competição aos modos de que hoje a gente tem aqui, o que se faz hoje aqui não é nada mais do que repetir o que o Laércio implantou junto com o Dimas há alguns anos atrás. Por isso mesmo que ele [Cláudio] se cercou de excelentes profissionais: primeiro Dimas, e depois do Laércio, e de ter dado liberdade para trabalharem e ter garantido todo suporte financeiro para que isso acontecesse porque ele era amigo dos filhos do governador e ele tinha acesso, conseguia os recursos. Agora uma coisa que pesou muito é que se não tinha o apoio dos colégios, essas competições não tinham saído. O que aconteceu, o Cláudio Vaz inteligentemente, junto com o Dimas e com o Laércio, trouxeram para dentro da equipe os representantes desses colégios. Então por exemplo, da Escola Técnica nós tínhamos o Altamiro Cavalcante, Eldir, o Jafé que tem nome no escudo do futebol de salão do Maranhão, do Marista o Dimas já estava lá eu participei como representante da equipe, inclusive a 1º competição que o Maranhão tomou parte em Brasília eu fui como convidado de uma instituição particular tomando conta do grupo da ala feminina, eu não fui como professor eu fui como se fosse assim um acompanhante, tipo um dirigente, tipo um diretor. Então eu tomava conta de um grupo de alojamento na parte disciplinar, na parte do comportamento na hora da pratica de esporte não. Então o quê que aconteceu ele trouxe do Liceu, a o Cel. Júlio estava no Liceu Maranhense. E o prof. Figueiredo não desgrudava do prof. Dimas, então o quê que acontece formou-se uma equipe... A do colégio Dom Bosco o prof., que foi o fundador esposo da atual dona do... Prof. Pinho, Prof. Pinho então o que acontece então eles faziam, nós apoiávamos, a coisa era executada. Então o quê que acontece, nós chegávamos no colégio e buscávamos o brilho dos atletas, das equipagens, das torcidas organizadas, da disciplina, então o quê que acontece a coisa foi crescendo... Até que chegou o momento em que o numero de atletas
superou a expectativa e aí houve a necessidade da organização do limite das idades, das seletivas ai foi que chegou ao nível que hoje está, aí foi a época que eu sai do Maristas e fui convidado para fazer a mesma coisa com os jogos universitários, mas aí eu me formei larguei o esporte porque eu fiquei mesmo na parte de prof. de calculo da escola de engenharia, mas o prof. Dimas foi mesmo um esteio. LAÉRCIO ELIAS PEREIRA foi o primeiro a chegar: era o ano de 1973: Tendo voltado da Olimpíada com vários cursos de handebol e sendo treinador de HB da General Motors EC e da Seleção Paulista Feminina e prof. de Handebol na Escola Superior de Educação Física de São Caetano, fui convidado a dar cursos pela Brasil pela ODEFE, onde eu já tinha contato através da Revista Esporte e Educação (escrevia o Rumorismo e dava palpites gerais). Houve um circuito de cursos que incluía Maceió, São Luís e Manaus. Era 1973 e eu treinava a seleção paulista feminina que ia para os Jebs. Acertei com o namorado de uma das minhas atletas (que ia apitar os Jebs) para cuidar de alguns treinos enquanto eu ia dar os cursos. Só manutenção, para o pessoal não ficar sem treinar. Dei o curso em Maceió e, em São Luís, enquanto dava o curso, ajudava a treinar o time de handebol que ia para os JEBs. Deu problema no curso de Manaus e o Cláudio Vaz pediu que eu ficasse treinando o time o tempo que estaria em Manaus. Depois pediu para que eu acompanhasse a equipe nos JEBs, em Brasília. Eu disse que não podia porque tinha compromisso com a seleção paulista. Quando voltei para São Paulo, o meu substituto tinha conseguido me substituir totalmente. Liguei para o Cláudio Vaz e acertei a ida para Brasília. Conseguimos classificar o time para as quartas de finais, mas no dia que ia começar essa fase o basquete levou todos para jogar o campeonato em Fortaleza, e ficamos em oitavo. Conversei bastante com o Dimas e Cláudio Vaz sobre a possibilidade de criar um curso de Educação Física no Maranhão. Em setembro do mesmo ano, fui convidado, junto com o Biguá, para apitar os jogos de Handebol dos JEMs. A final foi Maristas e Batista. Duas equipes treinadas pelo Prof. Dimas. Voltei em janeiro de 1974, para morar no Maranhão. Resolvemos, Cláudio e eu, chamar o Prof. Domingos Salgado20 para montar o processo de criação do curso de Educação Física na Federação das Escolas Superiores [do Maranhão - FESM -, hoje, Universidade Estadual do Maranhão - UEMA], o que aconteceu com o empenho do secretário Magno Bacelar e o Assessor João Carlos, ainda em 1974. Fiquei sem emprego e o Heleno Fonseca de Lima batalhou uma bolsa pelo antigo CND. Fui assessor da Secretaria de Educação e, como estava demorando para andar o curso no Estado, tivemos a iniciativa da Profa Teresinha Rego, do ITA, para montar o curso particular, com os professores que já tínhamos arrastado para o Maranhão. Aqui cabe um estudo mais apurado sobre quem trouxe quem, mas é bom juntar a listagem dos “paulistas”. Biguá, Viché, Horácio, Domingos Fraga Salgado, Demosthenes, Nadia Costa, Jorelza Mantovani, Marcos Gonçalves, Sidney Zimbres, Lino Castelani, José Carlos Conti, Zartu Giglio, (tem um dessa turma que eu esqueci o nome), o Paschoal Bernardo... Não lembro quem trabalhou no curso do ITA. O Sidney deve ter todos os nomes. Depois teve a entrada e saída da Escola Técnica [Federal do Maranhão - ETFM -, hoje, Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão - CEFET-MA]... mas essa não é a historia do Dimas... Simei Bilio, Rinaldi Maia e Dimas eram da Universidade, depois entrou o Domingos Salgado, que fez o velho trabalho de montagem do curso (tem que perguntar isso para o Dimas). Acho que teve a pressão na inação da Universidade enquanto o FESM e Pituchinha já tinham saído na frente em criar o curso de Educação Física. 20 DOMINGOS FRAGA SALGADO – professor de educação física foi um professor de Educação Física da UFMA; trabalhou no MEC, na África. Seu genro, Enzo Ferraz, médico ortopedista, atua em Medicina Esportiva, no Maranhão
Quando cheguei a Simei estava de saída, ou tinha acabado de sair. Rinaldi Maia era assessor da Secretaria de Educação e treinador famoso de Futebol. O Dimas era o mestre das Escolas e do Esporte Escolar. Felicidade Capela tinha o curso de Normalista Especializada no Rio. Rinaldi tinha se formado no Rio, com uma ótima geração de treinadores de Futebol, como os Moreira. Soube pelos professores – e depois pelo Rubinho [Rubem Teixeira Goulart Filho ]– que o Rubens Goulart tinha tido um papel importante, inclusive foi quem fez o primeiro contato com o Listello (deve ter feito um dos cursos de Santos). Teve também uma turma do DED, com o Ari Façanha e um pessoal do Rio. Bom recuperar também o curso de Medicina Esportiva... José [Pinto] Rizzo Pinto esteve ... Tem que puxar isso com o Cláudio Vaz e Dimas.
LAÉRCIO ELIAS PEREIRA:21 Doutor em Educação Física; Professor da Universidade Católica de Brasília, onde dirige o Laboratório de Informação e Multimídia em EF-LIMEFE; Coordenador do Projeto Centro Esportivo Virtual Unicamp/UCB; em suas próprias palavras, nascido há mais de meio século (11 de outubro de 1948) em São Caetano do Sul - SP, onde se formou e trabalhou como metalúrgico como quase todo mundo lá; veio para a vida a passeio - e não em viagem de negócios. Cursou Educação Física na USP [Faculdade de Educação Física da Universidade de São Paulo - FEF/USP], depois de um vestibular em Sociologia. Passou por várias universidades (São Caetano, Maranhão, Paraíba, Mossoró, Minas Gerais) e foi assessor da SEEDMEC. Atualmente é professor da Universidade Católica de Brasília, onde dirige o Laboratório de Informação e
21
REVISTA DO LÉO, VOLUME 24 – SETEMBRO DE 2019 – LAERCIO https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec
ELIAS
PEREIRA.
Multimídia em EF-LIMEFE, é pesquisador associado da Escola do Futuro - USP, coordena o Centro Esportivo Virtual no NIB-Unicamp e é Coordenador de Projetos Especiais da ESEF de Muzambinho ESEF. Gostou de ter escrito a "Parábola da Aula Final", ter sido secretário da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência SEC/MA e presidente do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte - CBCE. Fez doutorado na UNICAMP (a tese foi o CEV), é membro do Conselho Federal de Educação Física e goleiro de futebol de salão do Antigamente Futebol Clube há 30 anos. Para saber mais, acesse http://www.cev.org.br/grcev/laercio.
RETRATO EM 3x4 22 - Laércio Elias Pereira - filho de André Elias Netto e Maria José Elias, nascido em 11 de outubro de 1948, em São Caetano do Sul-SP, Desquitado; Filhos: Fábio Ricardo Costa Pereira (27.11.76) e Marcelo Apoena Costa Pereira (17.7.79); FORMAÇÃO: Área Industrial - Ajustador Mecânico - SENAI Santo André‚ - 1964; Ferramenteiro - SENAI São Paulo - 1966; Segundo Grau: Curso Técnico Industrial de Desenho de Máquinas e Eletrotécnica; Escola Técnica São Francisco de Bórgia - São Paulo - 1967; Ensino Superior - Licenciatura em Educação Física (Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo - 1970); Especialização em Técnico Desportivo em Handebol (Escola de Educação Física de Santos - SP - 1971); Mestrado em Educação Física (Escola de EF da USP "Mulher e Esporte: um estudo de Socialização de atletas Universitárias rias brasileiras" 1977/84); Doutoramento em Ciências da Comunicação (Escola de Comunicações e Artes da USP - "Fluxo de informação em Ciências do Esporte no Brasil" - inconcluso; 1985); Doutoramento em Educação Física (Faculdade de Educação Física da Unicamp - "Centro Esportivo Virtual: um recurso de informação em Educação Física e Esportes na Internet" 1995 - 30/4/98); Qualificação 19 de dez./ de 1997 Defesa: 5/6/1998; Outros cursos (principais): No exterior: . Alta Especialización e Balonmano (Handebol - INEF - Madrid Espanha - 1972); . Handebol Escolar (FIEP - CREPS Toulouse - França 1972); Stage Maurice Baquet - pesquisa e renovação ped. em EF e Esportes (FSGT - Sete França - 1972); ATIVIDADE ATUAL - Pesquisador Associado: Núcleo de Pesquisas de Novas Tecnologias de Comunicação Aplicadas em Educação - Escola do Futuro - USP; . Núcleo de Informática Biomédica - NIB - UNICAMP; Núcleo de Estudos Avançados em Jornalismo - LABJOR - UNICAMP; Editor de Educação Física e Esportes - Editora Autores Associados - Campinas; Coordenador do Projeto Centro Esportivo Virtual Unicamp/UCB; Professor da Escola Superior de Educação Física de Muzambinho MG, Disciplina "Informação em EF&Esportes" (Graduação e Pós); Coordenador de Projetos Especiais ; Professor da Universidade Católica de Brasília http://www.ucb.br/ - disciplinas História da Educação Física (Graduação); Produção do Conhecimento em Educação Física (Mestrado); Educação Física Brasileira (Mestrado) Especialização em Técnico Desportivo em Handebol (Escola de Educação Física ATIVIDADES DIDÁTICAS - Primeiro e segundo graus; Educação Especial; Ensino Profissional: Ginásio Estadual Vila Santa Clara- São Paulo - 69; Ginásio Vocacional de São Caetano do Sul - 69/70; Escola para Deficientes Audiovisuais São Caetano do Sul 1970; Escola SENAI de Vila Alpina SP 71/72; Escola SENAI de Mogí das Cruzes SP 1973; Escola SENAI de São Caetano do Sul - 1973; Escola Técnica Federal do Maranhão - 1975/1976 - 1980; Ensino Superior: Handebol - Escola Superior de Educação Física de São Caetano do Sul - 1973; Escola de Educação Física de Mossoró RN - 1975; Curso de Educação Física da U. Federal do Maranhão 75/85 - 90/91; Faculdade de Educação Física UNICAMP SP - 86/89; Escola de Educação Física da UFMG 1991/93 Informação em Educação Física & Esportes - FEF UNICAMP 1989 Educação Física/Prática Desportiva - Instituto Municipal de Ensino Superior - São Caetano do Sul - 1973; Escola de Administração do Maranhão -1974; Universidade Federal do Maranhão 1975/85 - 1990/91; Sociologia do Esporte - EEF UFMF 1992/93; Ensino Superior (Pósgraduação): Metodologia da Pesquisa, Especialização em Educação Física, PUCCAMP 1988; Informação em Educação Física e Esportes, Especialização em Ciências do Esporte - 1983, Universidade Federal do Maranhão; Especialização em Educação Física - 1988, Universidade Federal de Pernambuco; Especialização em Ciências da Motricidade Humana, Escola Superior de EF de Muzambinho - 1997/98; Especialização em Atividade Motora, TRABALHOS PUBLICADOS - "Algumas sugestões para o desenvolvimento da Educação profissional através de processos lúdicos" São Paulo: Edições Pesquisa, 1970. - "Endereçamento e tipos de arremates utilizados durante os jogos de Handebol dos III JEBs". São Caetano do Sul: Escola Superior de Educação Física, 1973 - "Handebol na Olimpíada de Munique" - Revista Esporte e Educação, 27, Mar/73 - "Handebol" - São Paulo: Editora Esporte e Educação, 1973.
22 PEREIRA, Laércio Elias. ENTREVISTAS: ENTREVISTA 2 - LAÉRCIO ELIAS PEREIRA. DEPOIMENTO ENVIADO ATRAVÉS
DE CORREIO ELETRÔNICO - De: Laércio Para: Leopoldo Assunto: respostas do questionário do Dimas Brasília, 28 de fevereiro de 2001
- "Planejamento de Ensino em Handebol" - In Col. EF Escolar. São Paulo: Ed. Esporte e Educação, 1975. - "500 exercícios em Handebol" - São Luís: Secretaria de Educação do Maranhão, 1975; Campinas: FEF UNICAMP, 1986. - "Índice da Revista Brasileira de Educação Física" - Brasília: SEED-MEC, 1983 - "Índice da Revista Stadium" (Co-Autor) - São Luís: SEDEL, 1985 (em microfichas) - "Carta de Belo Horizonte" - Membro da Comissão de Redação do Manifesto Brasileiro de Educação Física (oficializado como Carta de Belo Horizonte) Belo Horizonte: Federação das APEFs, 1984 Traduções: - Listello, Auguste. Educação pelas atividades físicas, esportivas e de lazer. São Paulo: EPU/EDUSP, 1979. - Wick, Werner. Marcação Individual em Handebol. Esporte e Educação, 29, p. 20-22, 1973. - Prefácio do Livro: Informática y Deporte, de Tulio Guterman, Barcelona: INDE -Publicaciones, 1998. PARTICIPAÇÃO EM PERIÓDICOS ESPECIALIZADOS - Revista "Esporte e Educação" (São Paulo) - Consultor 1970/76; Colaborador na coluna Rumorismo 1972/76; Editor 1976. - Revista "Desportos" (Rio de Janeiro) - Consultor 1973/74. - Revista "Desportos e Lazer" (Maranhão) - Editor 1981/83. - Revista "Corpo & Movimento" (São Paulo) - Colaborador/Conselho Editorial 1984/85 - Revista Brasileira de Ciências do Esporte - Supervisor como Presidente do CBCE 1985/87. - Revista Brasileira de Ciência & Movimento - Membro do Conselho Editorial 1988-. - Revista da Fundação de Esportes do Paraná - Membro do Conselho Editorial 1989-91. EDIÇÃO DE "NEWSLETTERS" E BOLETINS - "OPINIÃO" - Jornal do Centro Acadêmico Rui Barbosa, da Escola de Educação Física da USP - Editor 1968/69. - "POSOLOGIA", "+Educação -Física" e "Regratrês", boletins da Associação de Alunos de Pós-graduação em EF da USP - Editor 1978/79. - "Micro Esporte Clube" - Informativo sobre Micropublicações em EF&Esportes (microfilmes e microfichas) com o apoio da empresa IMS - Informações Microformas e Sistemas - Editor de 3 números. "Desportos e Lazer", informativo da SEDEL - Maranhão (9 números) - Editor 1981/82
Biguá23 vem junto, quase à mesma época, com Laércio, ainda em 1973, para apitar os Jogos, e em seguida, integrar as seleções maranhenses de handebol, conforme relata: Laércio Elias Pereira, em 1973... Para ser preciso ele contatou comigo no dia 08 de setembro de 1973, foi contato maluco... Eu queria era aventura, eu queria conhecer, eu tinha assim paixão, loucura para conhecer, viajar, eu sempre tive. Aí Laércio virou - dia 08 de setembro, virou para mim e disse: - "Quer ir para o Maranhão?” - Virei, "como?" - Vai ter os Jogos - primeiros JEM’s 73 -, e eu preciso levar uns caras para apitar, ai tu vai apitando Handebol, tu queres ir? Aí eu disse, "quando?" ele disse: - "Depois de amanhã nós teremos que estar lá, não dá nem tempo de tu pensares!" Ai eu disse: "tô nessa". Eu sei que no dia 10, eu estava aqui com o Laércio, desceu eu, Laércio... Eu, Laércio, o rapaz, o professorzinho de... Milton usava uns óculos pequeninho - o nome completo dele, eu não lembro. Milton, Laércio, eu, Milton, Laércio... Uns três, nós três, ai descemos; o primeiro cara que manteve contato comigo, foi o J. Alves (José Faustino Alves, jornalista esportivo, aposentado - ver entrevistas), chegamos e lá estava J. Alves com um fusquinha da Difusora, fazendo reportagem, já dando em primeira mão, que nós tínhamos chegado, ai chegamos aqui, coincidentemente eu fazia aniversário no dia 25 de setembro e o JEM’s estavam rolando, foi a primeira demonstração de carinho do Cláudio Vaz, comigo, aí o Ginásio Costa Rodrigues lotado, lotado, lotado, ai ele parou o jogo e me deu um agasalho completo do Maranhão, me fez de presente, o ginásio inteiro cantando parabéns à você e eu, eu comecei a me agradar desde o começo, porque eu vim apitar handebol, mas de tanto eu me envolver com esporte, os caras chegavam aqui, pôr tem que colocar o Biguá, porque eu estava, eu impunha respeito, mas respeito não era imposição, eu apitava independente, eu não sabia o que falavam A ou B ou C, para mim eu estava lá apitando, colaborando com todo mundo, eu acabei apitando as 3 finais de handebol, final de basquete e final de voleibol. Eu não vim para jogar Handebol, eu vim para arbitrar o JEM’s em setembro; ai 23 ENTREVISTA com Edivaldo Pereira Biguá, realizada na Sede da Federação Maranhense de Voleibol, no Ginásio Costa Rodrigues, no dia 04 de julho de 2001 com inicio às 10:07hs.
aconteceu o fato interessante, no último dia de JEM’s... nós tomamos conhecimento que iria ter o primeiro Campeonato Brasileiro de Juvenil de Handebol, até então - presta atenção -, em julho deste mesmo ano que eu cheguei. Ai é que quando o Laércio disse assim: vai ter o primeiro Campeonato Brasileiro de Handebol Juvenil, vai ser em Niterói, vai ser final de novembro, em Niterói. Nós estávamos em setembro. - Aí, por, tu queres ficar para jogar?... Ai o Laércio disse, "você não topa ficar? "Não, Laércio, eu trouxe pouca roupa, eu não trouxe nada para ficar aqui, eu não tenho nada para ficar aqui". Ai Alemão - Cláudio Vaz -, disse, "não seja por isso, eu te dou toda roupa, te dou tudo, vamos te dar tanto por mês, te damos comida, tudo o que quiser a gente te da". Só que nós temos que trazer mais, só você não vai dar para segurar essa barra, porque o seguinte, em julho no JEB's em Brasília, a Seleção Paulista foi campeão Brasileira e o Maranhão foi 18o com todos os gatos que você possa imaginar, com os Rubinhos da vida (Rubem Teixeira Goulart Filho), Gafanhoto (José de Ribamar Silva Miranda), Paulão (Paulo Roberto Tinoco da Silva), Carlos (Carlos Roberto Tinoco da Silva, irmão de Paulo) e Ermílio (Nina), todos os gatos que você possa imaginar, nós conseguimos 18o lugar. Ai Laércio disse: "Como é que a gente faz?”- Eu disse: "Faz o seguinte, me arruma passagem e vou até São Paulo, eu vou conversar com meus pais e eu trago o Turco e Dugo - que eram meus companheiros na General Motors. Laércio disse: " bem pensado". O Viché (Vicente Calderoni, professor de handebol da UFMA, hoje), nessa época jogava no Juvêncio, não jogava com a gente não. Ai Laércio disse: "Legal, legal". Ai, eu fui para São Paulo, contei a história para meu pai e minha mãe - eu vou voltar para o Maranhão -, convenci o Turco e Dugo. Ai o que acontece, o seguinte, eu vim na frente e eles ficariam de vir depois, eles estavam estudando - nós estudávamos no mesmo colégio, era no Colégio Barcelona, já nessa fase-, aí eles vieram; aí, nos fomos para o Brasileiro. Laércio, técnico; quando nós chegamos lá, para nossa belíssima surpresa, nós conseguimos o 3 º lugar do Brasil. Você sai do 18º em julho, em novembro você em 3º lugar no Brasil; ficou São Paulo, Minas e Maranhão, daí que começou a força do Handebol no Maranhão; ai onde entra o Laércio, com o Viché, eu fui para ... Marcão24, convidado por Laércio, veio em seguida. Fala sobre sua vinda para o Maranhão, de como foi o trabalho inicial, de implantar as escolinhas de esportes, trazer as pessoas para assumir os diversos cargos e funções e os primeiros jogos: Eu, já cansado de São Paulo, e tendo trabalhado com Laércio do SESI de São Caetano e Santo André - a mesma equipe que fazia os esportes do SESI -, eu decidi sair de São Paulo, quando de um JEB's que a gente apitou em Brasília, acho que handebol; em Brasília, e o Laércio estando por aqui em São Luís, nos convidaram para visitar; eu como já tinha intenção de sair de São Paulo não aguentava mais aquela cidade danada, acabei vindo visitar São Luís e em duas semanas como diz outro, fechei a conta e vim embora... Como eu me encontrei com o Laércio, que já estava aqui no Maranhão, em Brasília com a delegação do Maranhão. Ele nos fez esse convite para vir para conhecer São Luís foi à época de julho, eu vim; inclusive na época eu vim com Júlio, Júlio do Gás, Julinho, não sei se tu já fizeste algum detalhe sobre o Júlio também, foi a primeira vez que nós viemos para cá; viemos de ônibus de Brasília para São Luís e aqui nós ficamos duas semanas passeando e quando eu voltei para São Paulo, já voltei com alguma coisa acertada, na época com Carlos Alberto Pinheiro Barros; então, eu não vim para apitar o JEM's, vim já para trabalhar no antigo Departamento de Educação Física (DEFER, de São Luís-Maranhão) juntamente com o diretor na época o Carlos Alberto Pinheiro de Barros... Prossegue: 24 GONÇALVES, Marco Antonio da Silva. ENTREVISTA com o professor, Marcos Antônio da Silva Gonçalves, realizada no Estádio Nhozinho Santos, 09:35. 2001
Então eram somente elementos que estavam aqui, depois é que, através de Laércio, e de vir é que nós fomos trazendo todo esse pessoal, que foi Zartú, que foi Levy, que foi Júlio, que foi José Carlos Fontes, Sidney, toda a equipe se formou aqui, Demóstenes já estava. Demóstenes estava chegando à mesma época que eu... Domingos Fraga, já estava aqui também. Só que não no Departamento de Educação Física do Estado. Na verdade, a proposta que me fizeram para vim ao Maranhão, não tinha direcionamento nenhum. O que Laércio me propôs na oportunidade era que viesse para São Luís do Maranhão, onde já conheciam meu perfil, já conheciam o meu trabalho da época que nós estivemos juntos no SESI, conforme eu já disse - SESI São Caetano e Santo André, e lá ele era coordenador do SESI São Caetano e eu do Santo André; Nós já nos conhecíamos e ele sabia que ele podia contar comigo em qualquer frente de trabalho. Então, é como eu administrativa essa parte esportiva em Santo André e ele acreditava que eu pudesse me assenhorear dessa função aqui em São Luís do Maranhão, ele me convidou; mas lembro bem que a gente deixou claro que a gente teria que fazer um pouco de tudo, como nós acabamos fazendo realmente e assim os outros também, assim os outros foram convidados por mim, Sidney, Zartú, Lino, eles não vieram direcionados para algum emprego, vamos dizer assim, para algum setor, eles vieram e aqui nós fomos procurando como encaixá-los em algum lugar; então apareceu como, por exemplo, o Lino, apareceu alguma coisa no Maranhão [Atlético Clube], ele foi lá como preparador físico, recém-formado, como preparador físico do MAC, mas também trabalho em outros setores, na parte administrativa do JEM's, que a gente passava noites e noites, hoje a gente vê aí, todos os avanços que houve, no JEM's até o boletim é feito a nível de computador, etc. e tal. Na época a gente fazia era com mimeógrafo a álcool e dormindo debaixo da mesa, para poder o boletim ficar pronto no dia seguinte; então o Lino, nos ajudou em todos os sentidos; o Sidney também veio, a principio ficou conosco no Costa Rodrigues, com a escolinha de futebol e assim fomos todos, vindo sem um direcionamento efetivo. A gente veio para trabalhar, aonde, não sabia, onde tivesse lugar a gente ia se colocando e auxiliando e dinamizando de todas as formas, o esporte no Maranhão. (GONÇALVES, Marcos Antônio. Entrevistas). Em seguida, trazido por Marcão, Sidney Zimbres25, que ajuda a clarear a questão de quem trouxe quem, nessa época, para o Maranhão:
25 ZIMBRES, Sidney Forguieri. ENTREVISTA realizada com o professor Sidney Forghieri Zimbres, na residência do entrevistador, à Rua Titânia n.º 88, Recanto dos Vinhais, no dia 24 de março de 2001, iniciando às 8:30 horas.
Isidoro, Sidney, Dimas e Zartú
[Meu] Contato com o Maranhão foi com o Marcos [Marco Antônio Gonçalves], que me trouxe; o Marcos não terminou o curso [de Educação Física, da USP], veio embora... Quem trouxe o Marcos foi o Laércio; o Marcos ficou trabalhando aqui, ele me escreveu perguntando se eu não tinha a intenção de vir para cá, ai eu falei - me leva para dar um curso, para eu ver como é que é. Foi em 19... Em outubro vim aqui, no JEM’s em 1975, eu vim para dar um curso de voleibol; dei o curso de voleibol em outubro, ai eu coordenei o voleibol nos Jogos Escolares, e ai eu fiz um contrato de três meses... Lembro-me bem disso... Para ver se ia dar certo, na época quem estava à frente do DEFER era o Carlos Alberto Pinheiro26; já havia saído o Cláudio Vaz, o Governador do Estado era o Nunes Freire... O primeiro ano dele... Ai foi quando ele implantou, fez aquela reformulação do Serviço Público, criando [a função de] Técnico de Nível Superior - TNS -; foi que eu recebi o convite e eu fui contratado pela Secretaria de Educação em [19]76, entrei como TNS, técnico em nível superior, nível 3. Então era Laércio, eu e Lino; Lino já tinha vindo para cá; o Marcos me trouxe; eu trouxe o Lino; depois eu trouxe o Zartú; ai o Marcos ainda trouxe o Júlio, que veio antes do Zé Pipa... Júlio... O sobrenome eu não lembro mais, não é difícil de pegar... Julinho ficou pouco tempo aqui e foi embora, teve um problema no pulmão até numa aula minha... Depois veio o Zé Pipa, que era José Carlos [?], que trabalhou no futebol, no Sampaio Correia, era repórter da TV Bandeirantes... Esporte... Então ai nós criamos o curso de Educação Física no ITA... (ZIMBRES, Sidney. Entrevista). É Sidney quem convida Lino Castellani Filho27 - outro "paulista": Foi através do Sidney, que tinha ido para o Maranhão antes de mim na época eu estava, eu estava trabalhando em Ribeirão Preto, no Botafogo de Ribeirão Preto, e eles estavam montando equipe de trabalho no Maranhão: o Sidney estava empolgado, de férias em Atibaia, cidade onde ele morava, os familiares moravam, onde nós nos conhecemos, enfim. Ele fez alusão ao Maranhão, e me convidou para conhecer o Maranhão, e foi por ele então que eu fui no primeiro momento. Lá, montaram um esquema de visitas, todo ele sedutor, e eu fui totalmente seduzido pelo Maranhão. Foi em 76, começo de 76. Eu cheguei ao Maranhão, eles fizeram uma proposta, me colocaram algumas possibilidades de trabalho, nesse jogo de sedução, em janeiro de 76; eu voltei, desvinculei os compromissos que eu tinha em Ribeirão Preto e fui para lá, definitivo em Fevereiro, Março de 76; e os meus primeiros trabalhos no Maranhão foram no MAC, Maranhão Atlético Clube, como Preparador Físico; eu dava aula no CEMA, Centro Educacional do Maranhão, em primeiro e segundo grau, e logo naquele mesmo ano eu me envolvi na construção de um projeto para Educação Física, na Educação Superior, na... hoje UEMA, naquela época FESM; não tinha curso de Educação Física, tinha o setor de prática esportiva, por conta da implementação daquele decreto, daquela lei 6251 de 75 que já apontava, para a regulamentação de 77 que veio, que veio depois, e falava da parte esportiva obrigatória; e eu, o Zartú, que trabalhamos em torno do projeto. O Zartú era o coordenador na época, e eu tive essa associação. Eu entrei na Universidade Federal do Maranhão em 78, não era administrativo não, era um cargo técnico era... Técnico em Assuntos Educacionais, ligado a um projeto de desenvolvimento do esporte universitário vinculado a Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis. O DAC era o Departamento de Assuntos Culturais da Pró-Reitoria de Extensão, mas eu estava ligado ao DAE, Departamento de Assuntos Estudantis; e depois fui para o outro departamento, de 26 CARLOS ALBERTO PINHEIRO BARROS economista, dirigiu a Coordenação de Educação Física e Desportos, depois Departamento de Educação Física, Esportes e Recreação, em substituição à Cláudio Vaz.
27 ENTREVISTA realizada com o professor Doutor Lino Castellani Filho, realizada no dia 06 de abril de 2001, inicio às 18:06 horas, hotel Ouro Verde, em Maringá, Paraná.
Interiorização, que me levou a desenvolver projetos coletivos de políticas públicas pelo interior do Maranhão; Nesse meio tempo eu já fiz parte, mesmo como técnico em assuntos educacionais, do primeiro corpo docente, da criação do curso de Educação Física da UFMA; eu já assumi, de cara, a responsabilidade por duas disciplinas lá, lembro que uma delas era organização esportiva; a outra eu não sei, não lembro qual era; e todo processo de criação do curso, lá, eu me envolvi desde o primeiro momento, com o grupo; mesmo em eu formalmente na função de técnico, mas, eu, Mary, Sidney, Laércio, desenvolvemos a criação do Curso Educação Física do ITA, depois virou MENG né?; Hoje OBJETIVO, mas na época, o curso funcionou na época do ITA; tinha a Terezinha Rego, que era a dona do ITA; mas aí na época do Márcio já não tinha mais o curso, nós ficamos um pouco, e o curso cutucou o pessoal da Universidade Federal, a correr atrás do processo de criação do curso da Federal. Eu praticamente desenvolvi o projeto, mas eu, propriamente não trabalhei, eu só me envolvi no projeto, já naquela época a FESM, eu acho que foi um pouco depois da minha chegada não foi em 76 não, foi já em 77 depois do decreto 80.228, que sistematiza a questão do esporte Universitário, o que eu fiz quando eu cheguei, além do MAC, do CEMA, foi trabalhar no SESC, e foi aí o meu primeiro contato com o Dimas por que o Dimas era professor do SESC; Eu praticamente entro no lugar dele. (CASTELLANI FILHO, Lino. Entrevista).
Prof. Dr. Lino Castellani Filho
Sobre a participação de Laércio Pereira no desenvolvimento da educação física e dos esportes no Maranhão: Fui uma espécie de catalisador, convidado pelo Cláudio Vaz. A principio para o Handebol. Batalhei a vinda de muitos professores com o apoio do Cláudio Vaz (a gente chamava para apitar os JEMs e, quando o professor chegava, já tinha alguma coisa. Entrei e sai da Escola Técnica mais de uma vez para abrir vagas nesse processo. Na UEMA também. Procurei colocar o Maranhão no Mapa, especialmente com os congressos. Acho que o mais importante, que precisa ser resgatado pelo momento histórico, foi o de Ciências do Esporte. Depois teve o de Esporte para Todos. Ajudei a fundar a APEFELMA e forcei, em Brasília, o convênio com a Alemanha, com a ajuda do Manfred Loecken, que não vingou. O que garantiu o apoio - e as refregas que levaram a algum progresso - foi a grande dedicação e o sucesso das equipes de Handebol, com participação decisiva do Viche e Biguá, além dos “professores” que ajudávamos a treinar: Lister [Carvalho Branco Leão], Álvaro [Perdigão], Mangueirão... (o Viche pode dar essa lista; ele carregava o piano nesse departamento O LEGADO
O(S) CURSO(S) DE EDUCAÇÃO FÍSICA Não restam dúvidas que o grande legado dos “paulistas” foram os Cursos de Educação Física: o do ITA, o da UEMA (que nem chegou a funcionar, até hoje...), o da ETFM, e o da UFMA – daí surgiram os demais, em funcionamento até hoje... Cláudio – junto com Laércio, Simei, Domingos Salgado – são os responsáveis pela criação dos cursos de educação física no Maranhão. Houve uma tentativa da fundação de uma Escola de Educação Física na FESM, chegando ser baixado um Decreto 28, já com Magno Bacelar como Secretario de Educação. “Tínhamos um interesse de fazer uma Escola de Educação Física aqui, então trouxe Domingos Fraga Salgado para criar e Escola de Educação Física”.
SIMEY RIBEIRO BILIO – MISS JAGUAREMA 1956 – PROFESSORA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, FUNCIONÁRIA DO MEC, QUE VEIO IMPLANTAR AS PRÁTICAS ESPORTIVAS NA UFMA, AJUDANDO A CRIAR O CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA.
Foi Domingos Salgado quem obteve toda documentação, e o curso vingou na UFMA. Mas o objetivo era para ser na Federação das Escolas Superiores do Maranhão – a antiga FESM, hoje UEMA. Chegou a ser criada uma escola, em nível de segundo grau profissionalizante, no antigo ITA, da Professora Terezinha Rego. É quando chega a Simei Bílio para implantar a prática de Educação Física na UFMA e daí que se cria o curso de Educação Física: Eu sei que nós chegamos, avançamos, não foi concretizado, eu sei nós avançamos nesse ponto, o Salgado veio para cá fazer isso, eu trouxe ele para cá. No tempo eu tinha muita liberdade de pagar, Magno quando queria o serviço pagava do próprio bolso, não tinha o Wellington e ele me davam um cheque, hoje ele é um homem de porte limitado, na época ele era o mandão, então ele me apoiou demais. Quando o Magno assumiu eu fiquei muito forte na Secretaria.
28 LEI NO. 3.489, de 10 de abril de 1974. Cria a Escola Superior de Educação Física do Estado do Maranhão e dá outras providências. DIÁRIO OFICIAL, São Luís, Sexta-feira, 10 de maio de 1974, ano LXVII, no. 88, p. 1
Domingos Fraga Salgado Arquivo Jornal O Estado do Maranhão 1978
Em 1974, pela Lei no. 3.489, de 10 de abril, o Governo do Estado cria a Escola Superior de Educação Física do Estado do Maranhão, com o objetivo (art. 1º) de formar professores e técnicos de Educação Física e Desportos bem como desenvolver estudos e pesquisas relacionados com a sua área específica de atuação. O curso fora criando com toda a estrutura, com coordenação, área, dotação orçamentária... Mas não foi implantado. Na mesma época, a Universidade Federal estava implantando o dela e, parece, houve um acordo em que o Estado abriria mão então de iniciar o seu curso para dar oportunidade para que a Universidade Federal abrisse o dela29. Lino fez parte do grupo que criou os cursos, tanto do ITA, da ETFM, e depois, o da UFMA, conforme relata: ... fiz parte, mesmo como técnico e Educação Física em assuntos educacionais do primeiro corpo docente da criação do curso de Educação Física da UFMA, em já assumi de cara a responsabilidade por duas disciplinas lá , lembro que uma delas era organização esportiva, a outra eu não sei, não lembro qual era, e todo processo de criação do curso lá eu me envolvi desde o primeiro momento, com o grupo; mesmo formalmente na função de técnico mas, Eu, Mary, Sidney, Laércio, desenvolvemos a criação do Curso Educação Física do ITA... nós ficamos um pouco, e o curso cutucou o pessoal da Universidade Federal, a correr atrás do processo de criação do curso da Federal. Quanto ao curso da FESM, criado em 74, quando o Laércio chegou, ele foi o primeiro, e levou o Domingos Salgado depois para criar um curso, e chegou a ser criado esse curso, depois que criaram o do ITA, aí a Universidade correu para criar o dele, e houve um acordo, de que a FESM não abriria para dar chance da UFMA criar o dela: [...] nunca soube dessa história, não nunca tive notícias, a única relação com a FESM foi em função da prática esportiva. Eu praticamente desenvolvi o projeto, mas eu, propriamente não trabalhei, eu só me envolvi no projeto, já naquela época a FESM, eu acho que foi um pouco depois da minha chegada não foi em 76 não, foi já em 77 depois do decreto 80.228, que sistematiza a questão do esporte Universitário, o que eu fiz quando eu 29 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. MEMÓRIA ORAL DOS ESPORTES, DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DO LAZER MARANHENSE -
1940/1990. 2009. Volume III da Coleção Memória(s) do Esporte, Lazer, e Educação Física - Apontamentos para sua História no Maranhão (inédito) VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ARAUJO, Denise Martins. QUERIDO PROFESSOR DIMAS (Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araujo) e a Educação Física maranhense: uma biografia (autorizada). São Luis: EPP, 2014..
cheguei, além do MAC, do CEMA, foi trabalhar no SESC... eu administrava, gerenciava toda a parte esportiva, então existia uma demanda muito grande para quadra, uma única quadra e eu criei um mecanismo de ocupação daquela quadra no sentido de racionalizar o uso; utilizar o uso, mas fiquei pouco tempo porque aí eu tive alguns atritos com administração, por conta de falta de material, falta de trabalho e aí eu fui para Escola Técnica e me torno professor de segundo grau na Escola Técnica... Aí dentro da Escola Técnica, desenvolvemos o projeto de criação do curso de Formação de Magistério em Educação Física em nível de segundo grau, eu fui o primeiro coordenador do curso. Elaborei o projeto junto com os colegas que estavam presentes naquela ocasião e outros que foram para lá depois, inclusive você também não é, aí fiquei na coordenação... eu já estava na Universidade do Maranhão eu saí do Maranhão Atlético Clube, eu tive um outro trabalho de futebol no Tupã. No Tupã eu fui técnico, na verdade era uma perspectiva de um clube universitário, os dirigentes tinham toda uma formação universitária, tinham uma visão de profissionalização, no trabalho de não tratar o futebol, pelo o coração ou pelo fígado, mas dar um sentido de um trabalho de gestão, mas profissional, mas no sentido que hoje é prestado a profissionalização, éramos todos militantes, usávamos nossos tempos disponíveis para fazer isso. O Tupã, durante uma época foi referência de uma organização esportiva do Maranhão, um clube pequeno que do nada constrói uma sede lá no São Francisco... não é promovendo festas, bailes de carnavais, que repercutiram e o futebol começa a ganhar espaço. Clube pequeno que começa a ocupar espaço entre os principais times de Futebol , SAMPAIO, o MAC e o MOTO, nós passamos a ser a quarta força. Sobre a implantação do curso de Educação Física na UFMA, Laércio fala que houve o trabalho do Domingos Salgado, e Sidney diz que Domingos Salgado era contra a implantação do curso de Educação Física e o trabalho todo foi feito basicamente por ele, Sidney; já Dimas se refere a Simey Bilio. Para Sidney, ela veio para implantar a prática esportiva e não o curso de Educação Física. Dimas afirma que pouco participou da criação do curso, assim como Cecília. Cecília, depois do curso criado, é que foi se envolver... Lino afirma que ... o movimento de criação, a construção das instâncias, organizadoras, construtoras do material do processo necessário para a criação junto as instâncias Federais do curso, o envolvimento foi o Laércio, que era a pessoa mais antiga e com mais influência. Sidney, em sua entrevista com o Autor, dá maiores detalhes de quem foi quem na criação dos cursos, em especial, o da UFMA. Diz que à época, não havia curso de Educação Física na UFMA, mas não havia também interesse da UFMA em criar o curso, quem estava na Universidade era o Domingos Fraga Salgado, a professora Cecília o Rinaldi Maia, e o Laércio que foi o último a se contratar... Dimas e Laércio davam aulas de Prática Esportiva, pois na época não havia nenhum Núcleo de Esportes, então eles davam aulas no Clube Recreativo Jaguarema, e em alguns outros locais... O Núcleo foi constitui logo depois; quando foi construído o Núcleo quem foi ser o Diretor foi Domingos Fraga Salgado, que era o mais antigo lá dentro, tinha mais tráfico de influência, que tinha mais amizade com os Pró-Reitores e com o Reitor: ... com a implantação da Prática havia necessidade de professores e os três eram que tinham cursos superior, ai foi aberto o concurso, eles entraram nessa época; o Domingos parece que veio depois... Domingos era assessor, ele não deve ter passado no concurso, acho que ele ainda foi contratado como assessor como foi também o Demóstenes [Mantovani] foi contratado como assessor; o Paschoal [Bernardo] foi contratado como assessor; fizeram o concurso, Demóstenes e o Paschoal, depois de [19]81 junto comigo, que a gente fez o concurso, mas eles eram assessores, ligados à Reitoria e colocados à disposição do Núcleo de Esportes; bom, ai como não havia interesse da Universidade em criar o curso, havia até certo boicote...
Sidney faz uma “denúncia, até meio grave aqui”, conforme suas palavras: ... havia um boicote de Domingos Fraga Salgado em criar o curso dentro da UFMA, ele não queria nem trabalhar na Prática Esportiva dentro da UFMA, me lembro quando a gente começou a dar aula de Prática Esportiva, foi ai que eu entrei na UFMA, entrei como professor colaborador, na época foi colaborador, depois substituto, entrei em [19]77 para dar aula, eu não me lembro bem, se foi como colaborador ou substituto; eu entrei no melhor, como substituto na vaga do próprio Domingos Salgado, ele se afastou na época eu não me lembro para que... ele foi dar um curso lá [na África], e eu entrei na vaga dele como substituto para trabalhar Prática Esportiva, mas eu lembro que quando eu fui dar aula de Prática Esportiva, ele ainda era Diretor do Núcleo, eu e Isidoro, e houve muita dificuldade para dar aula, porque a gente dava aula à noite da Prática Esportiva lá e houve uma dificuldade muito grande, porque ele dava ordem aos guardas para não acender as luzes, fechava a porta da sala de material esportivo, então a gente teve um certo atrito com o Domingos; tivemos até uma reunião com o Reitor da época, que era José Maria Ramos Martins; nós fizemos até uma reunião com ele, com os professores da época, o Dimas, a Cecília Mas em 77, eu fui para lá, para dar aula como substituto, dar aula de Prática Esportiva, nesse tempo em 77 como a UFMA não queria, não tinha intenção de fazer o curso, o Laércio teve amizade com a professora Terezinha Rego, do ITA, Pituchinha, o Laércio convenceu a Terezinha em criar um curso de Educação Física... então era Laércio, eu e Lino; Lino já tinha vindo para cá, o Marcos me trouxe, eu trouxe o Lino, depois eu trouxe o Zartú, ai o Marcos ainda trouxe o Júlio, que veio antes do Zé Pipa... então ai nos criamos o curso de Educação Física no ITA... Instituto Tecnológico de Aprendizagem, era Pituchinha, ela mudou a razão social para ITA, ficou a parte do primário com Pituchinha e o 2º grau acho, que essa parte ficou como Instituto Tecnológico de Aprendizagem... vou contar uma história engraçada, dizem que ela usou o ITA porque é um Santo que tem ai em Ribamar, um famoso Pai de Santo ou um Santo... Eu também pensei que fosse o ITA de São José dos Campos, mas não tinha nada a ver, era mas ligado a questão religiosa, ela era adepta a um Santo ai em Ribamar, o tal ITA, foi por isso que ela colocou ITA. ...quem criou o curso do MENG foi Laércio, Sidney e Lino, nós três sentamos e montamos o currículo do curso, lógico, como a gente fez basicamente em cima do currículo do curso da USP na época ninguém tinha noção de currículo, ninguém tinha lido nenhum livro sequer sobre currículo a coisa foi feita de forma bem empírica; então montamos um curso que era feito em dois níveis; um nível era para formar um curso de curta duração, no primeiro modulo; e no segundo módulo, o aluno continuava, era curso superior; o curso chegou a ser aprovado no Conselho Estadual de Educação e estava em tramitação para ser aprovado no Conselho Federal de Educação; funcionou, acho que uns dois anos, não me lembro direito exatamente se 2 ou 3 anos, nesse período quase fez o curso aqui do ITA... 77 e 78 deve ter sido nesse período... foi 77, eu acho que foram um ano e meio e 2 anos a UFMA se sentiu provocada e iniciou um processo de criação do curso; ai que vem a história do curso, a formação quem fez o curso? Como é que começou? ... eu lembro de ter ouvido dizer já tem o curso na UEMA, mais a UEMA, FESM, eu cheguei a dar aula na FESM seis meses; dei aula de Prática Esportiva; eu me lembro que a Secretaria de Administração ficava lá no Santo Antônio, eu fui lá para assinar o contrato, dei aula 6 meses de Prática Esportiva lá, dei aula depois quando eu entrei na UFMA; não fui mais a FESM sempre era vista como uma Universidade mal organizada, vista assim de uma forma ruim. Laércio fala que o curso da UFMA só foi criado por pressão, curso da UEMA que estavam tentando implantar; depois, em seguida, foi criado o curso do ITA, e ai a Universidade se viu obrigada. Para Sidney,
... ai que entra a questão, quando ele coloca que foi criado por Cecília, Dimas e Rinaldi, os três não tiveram participação efetiva na criação do curso, tiveram uma participação mínima na criação do curso... Eu tenho a impressão, eu fui do curso do ITA, eu trabalhei, eu fui coordenador do curso do ITA, eu dava aula e era coordenador e fui contratado como coordenador, então eu tinha uma relação muito íntima com Terezinha, de trabalho; a gente trabalhava muito junto, conversamos muito e eu tenho a impressão que a Terezinha estava torcendo para que se criasse um curso da UFMA ela sentiu que na era vantagem (falha na fita) o interesse dela mesma que o curso da UFMA fosse criado, porque ela já estava com interesse de vender ou passar o ITA; e isso aconteceu; ela alugou a sala lá do 3º andar, eu lembro bem disso, ela alugou para o Márcio que fez um cursinho, o Márcio depois foi... vendeu o 2º grau, eu me lembro até hoje quando ele assinou um cheque lá e pagou para ela, comprar o 2º grau, ai ela foi passando, foi e vendeu tudo para Márcio, ele acabou adquirindo o ITA e transformou em MENG, ela mesma tinha interesse que esse curso passasse... INAUGURAÇÃO DO CURSO DO ITA COM AUGUSTE LISTELLO
Demostenes, Lino, Laércio, Listello, Karine (Sidney foi o fotógrafo) Os professores nessa época eram: o Domingos Fraga Salgado dava Organização Esportiva; tinha eu, que dava Voleibol, dava Ginástica, como ginástica tinha 1,2 e 3 a professora Cecília dava Educação Física Infantil e Ginástica Rítmica, Demóstenes dava Judô e teve uma época que deu Recreação; o Lino dava Recreação, depois foi embora, dava aula de Recreação, dava mais uma outra aula; tinha uma professora, era uma negra ... Dilmar ... dava Estrutura e Funcionamento, professora da UFMA; tinha uma aluna de Medicina, que dava Anatomia; mais ou menos o corpo era esse... Lopes era Atletismo; e a turma era essa, foi quando eu estava dando aula de Prática Esportiva na UFMA teve uma pessoa que foi fundamental para a criação do curso de Educação Física na UFMA, essa coisa que passou assim, a história apaga... Houve um envolvimento do Laércio; eu conversando lá no Centro, nós éramos lotados em Educação Física, nessa época a Educação Física era lotada no Departamento de Saúde Pública; o diretor do Centro, que ficava lá no CCS, em frente ao ITA, lá atrás da Igreja da Praça Gonçalves Dias, era um prediozinho que ficava ali atrás da Igreja, funcionava o Departamento de Saúde Pública, junto com o Departamento de Saúde Pública CCS, Centro
de Ciências da Saúde; o Diretor do CCS era o Carlos Borges, o Dr. Carlos Borges, médico, que tinha um grande poder político dentro da Universidade, era muito bem conceituado naquela época, e a companheira dele era Glória Leitão, que eram um enfermeira, tinha um cargo até de chefia como diretora, muito forte; e Glória Leitão, talvez por questões pessoais, que encabeçou a criação do curso de Educação Física... se não teria esse... ela, se não fosse política dela, não teria sido criado o curso, e ela foi assessorada por duas pessoas para montar o currículo: por mim e pelo Lino; e nessa época, o Lino não era professor da UFMA; ele técnico da UFMA; o Lino ele entrou (os dois falam ao mesmo tempo e não se entende nada) não como professor, o Lino trabalhava com futebol no MAC; ai se criou o Tupã, se tentou criar o Tupã, um modelo de Clube Esportivo, que o Mário Cella, foi trabalhar como Presidente; o clube foi criado com pessoas com competência, formadas e chegaram até a ter uma participação expressiva no Campeonato Maranhense, com sede lá no São Francisco, no bairro do São Francisco e tal. E com essa amizade do Lino com o Mário Cella, Mário Cella era chefe da PRECSAE, então Mário Cella levou o Lino para trabalhar na PRECSAE com Educação Física para trabalhar nesse Setor ai, DAC, Departamento não sei do que; o Lino dava aula, chegou a dar aula no curso não como professor - nunca deu aula como professor ligado ao Departamento ou ao Centro -, ele deu aula como... ele vinha pelo DAC, ele deu aula de Organização Esportiva no curso; então a criação do curso se deve pela... pela Glória pelo Lino e por mim, então nós trabalhamos o currículo todinho; o Dimas, a Cecília e o Rinaldi - Rinaldi nem aparecia, era um professor meio tímido, meio calado, que trabalhava com o futebol fora da Universidade. então ele não teve participação nenhuma... Era professor da UEMA, era técnico do Ferroviário, as vezes pegava o Sampaio, o Moto e então, ele não tinha nenhuma afinidade com isso, ele não gostava disso; o Dimas também, não tinha nenhuma afinidade com currículo, não tinha nenhuma experiência; a Cecília também ficava ali, ela não tinha nenhum conhecimento sobre o assunto, então foi eu... até gostaria de ressaltar, o curso da UFMA só saiu, só foi a frente, porque teve um padrinho muito forte que foi a Glória Leitão, que era esposa, a companheira, do Dr. Carlos Borges, que era um chefão dentro da Universidade; e ai começou o processo, o curso foi fundado em 1978, começou a primeira turma... isso eu me lembro bem, que a gente fez o currículo mínimo, que era ainda aquela resolução 69/69 do currículo mínimo; o curso era curso de licenciatura em Educação Física e Técnicas Esportivas; a Legislação só cabia para isso, então a pessoa fazia o curso e no final um esporte e se especializava entre aspas porque não seria especialização como hoje, em futebol, basquete; essa foi a origem do curso de Educação Física... O Dimas também, praticamente ele não participou, ele chegava lá, olhava e tal, mas ia embora, também a Cecília fazia a mesma coisa, pouco participava, porque também não entendia nada sobre o assunto, currículo é uma coisa
Conforme Lino: Sidney fazia parte desse grupo, eu fazia parte de outro grupo; eu não saberia dizer quem se envolveu mais, quem se envolveu menos. Naquela época o que mais ficou na minha memória foi o sentimento de trabalho colegiado, trabalho coletivo, trabalho em equipe, resistência por parte de Dimas e de Cecília, nunca explicitada, não é porque aquele receio dos paulistas ocuparem o espaço dos maranhenses, muito comum, numa postura muito regionalista, não é? E a gente apontando aquilo ali como seria bom para o desenvolvimento da Educação Física para o Maranhão, para a própria São Luís e para o interior, e que aquele medo não tinha sentido, mas eu diria que foi o esforço dessas pessoas aí, não saberia dimensionar ou quantificar, mais ou menos o esforço.
A REVITALIZAÇÃO DOS JOGOS ESCOLARES
Jogos envolvendo escolares, temos desde o inicio dos 1900, envolvendo alunos da Escola de Aprendizes Artífices e de alguns colégios, como o dos Maristas, Liceu Maranhense, e de alguns clubes esportivos, que começavam a ser fundados em São Luís30. Não podemos esquecer que a legislação, desde o final dos anos 1800, tornara obrigatória a prática da educação física nas escolas, sendo que em 1903 fora criado o departamento de educação física, com a contratação de um professor ‘alemão’, que introduz o Turnen no Maranhão31. Na década de 1910, eram comuns, sempre inciativas dos diversos clubes esportivos que então se formavam, e que promoviam atividades para os filhos dos sócios, ligados à algum estabelecimento de ensino; no período da Primeira Guerra Mundial, os estudantes promoviam competições 30 A série de artigos sobre a MEMÓRIA DA EDUCAÇ]AO FÍSICA, ESPORTES E LAZER. REV. LEO, n. 1, outubro 2017, p. 5. Disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_1_-_outubro_2017, tem inicio nesse ano VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CONTRIBUIÇÕES À HISTÓRIA DO ATLETISMO NO MARANHÃO. REV. LEO, n. 1, outubro 2017, p 8. Disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_1_-_outubro_2017 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio.. CICLISMO. REV. LÉO, n. 3, Dezembro de 2017, p. 84. Disponível em: https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_3_-_dezembro_2017 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ. CROQUET. REV. LÉO, n. 3, Dezembro de 2017, p. 89. Disponível em: https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_3_-_dezembro_2017 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio.; DELZUITE DANTAS BRITO VAZ. EDUCAÇÃO FÍSICA / GYMNÁSTICA / A GYMNÁSTICA NO MARANHÃO / LÚDICO E MOVIMENTO NO MARANHÃO COLONIAL / ATIVIDADES FÍSICAS NO SÉCULO XIX. REV. LÉO, n. 3, Dezembro de 2017, p. 90. Disponível em: https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_3__dezembro_2017 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ESGRIMA. REV. LÉO, n. 4, janeiro 2018, p. 66. Disponível em: https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_4_-_janeiro_2018 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. - A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES, E LAZER NO MARANHÃO E SUA CONTRIBUIÇÃO NO ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL – RER. do LÉO, 5, FEVE. 2018, p. . https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_5_-_fevereiro_2018h VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. - FUTEBOL – RER. do LÉO, 5, FEVE. 2018, p. . https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_5_-_fevereiro_2018h VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PRIMEIRO CAMPEONATO DE FUTEBOL NO MARANHÃO - – RER. do LÉO, 5, FEVE. 2018, p. . https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_5_-_fevereiro_2018h VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CRACKS & SPORTMAN MARANHENSES – RER. do LÉO, 5, FEVE. 2018, p. . https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_5_-_fevereiro_2018h VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. - DELZUITE DANTAS BRITO VAZ - ALUÍZIO AZEVEDO E A EDUCAÇÃO (FÍSICA) FEMININA REV .DO LÉO, 6, março 2018, p. . https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_6_-_mar__o_2018 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. JIU-JITSU, JUJUTSU, OU JUDÔ: O QUE SE PRATICAVA EM SÃO LUIS? REV .DO LÉO, 6, março 2018, p. .https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_6_-_mar__o_2018 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio.; DELZUITE DANTAS BRITO VAZ. “PERNAS PARA O AR QUE NINGUÉM É DE FERRO”: AS RECREAÇÕES NA SÃO LUÍS DO SÉCULO XIX REV .DO LÉO, 6, março 2018, p. . https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_6_-_mar__o_2018 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio.. A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NA EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO NO MARANHÃO REV .DO LÉO, 6, março 2018, p. . https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_6_-_mar__o_2018 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio.. AS CAVALHADAS E O MARANHÃO. REV .DO LÉO, 6, março 2018, p. .https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_6_-_mar__o_2018 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio.. O JOGO DAS ARGOLINHAS: O INÍCIO DO ESPORTE EM MARANHÃO , REV .DO LÉO, 6, março 2018, p. .https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_6_-_mar__o_2018 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. LEONARDO DE ARRUDA DELGADO . NATAÇÃO REV. DO LÉO, ABRIL 2018, P. 71 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_7_-_abril_2018 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio.. REMO REV. DO LÉO, ABRIL 2018, P. 93 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_7__abril_2018 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. UMA HISTÓRIA DO FUTEBOL NO MARANHÃO – POR SEUS PROTAGONISTAS... REV. DO LÉO, ABRIL 2018, P. 113 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_7_-_abril_2018 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. FRAN PAXECO – UM DOS PROPUGNADORES DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ REV DO LEO, 9, JUNHO 2018, P. ,18 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_9_-_junho_2018__2_ VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. JOGOS TRADICIONAIS INDIGENAS - Leopoldo Gil Dulcio Vaz REV DO LEO, 9, JUNHO 2018, P. , 24 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_9_-_junho_2018__2_ VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. JOGOS TRADICIONAIS E BRINCADEIRAS INFANTIS - LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ; REINALDO CONCEIÇÃO CRUZ REV DO LEO, 9, JUNHO 2018, P. ,29
esportivas, nessa época, geralmente partidas e torneios de futebol quase que exclusivamente, ora adotando o ‘partido’ francês, ora o ‘alemão’; nesses anos iniciais havia a promoção do basquetebol, do voleibol, do criket, do crokt, do tênis, do tiro, e de provas de atletismo. Sem esquecer os ‘concursos gaiatos’, com corridas de saco, cabo de guerra, e outras atividades atléticas. Nos anos 1920, essas atividades prosseguem, já com a fundação de ‘clubes esportivos’, em diversos bairros, para a prática do futebol, como foi o clube dos meninos do catecismo da Igreja de São Pantaleão. Na década de 1930, tivemos a fundação do Colégio de São Luís, pelo prof. Luís Rego, e que vai incentivar a prática esportiva em seu estabelecimento de ensino. A fundação do Grêmio “Oito de Maio”, por alunos do Liceu Maranhense, inicialmente para reinvindicações junto à diretoria, mas que acabou virando um clube esportivo, para a prática do voleibol, e depois do basquetebol. Na década seguinte, será uma das forças do esporte clubístico maranhense, sobrevivendo até hoje. O Serviço de Educação Física é recriado, com Luís Rego à frente. A década de 1940 nos trás o período de ouro do esporte maranhense, especialmente o futebol. Logo em seu inicio, Alfredo Duailibe é mandado cursar medicina esportiva, para a (re)implantação do Serviço de Educação Física do estado. A seguir vários professores são mandados cursar Educação Física, seja na Escola Nacional, seja na do Exército. É dessa década a atuação da Geração dos ERs... No interior, havia jogos envolvendo escolares, com a participação de cerca de 20 escolas, e diversas modalidades, criados por Eliézer Moreira32, quando da fundação de uma colônia agrícola. Nos anos 1950, prosseguem a realização de jogos envolvendo estudantes. Inclusive universitários, com a fundação da FAME, por Ronald de Carvalho. São disputados os Jogos Intermunicipais (Mary Santos), Olimpíadas Escolares (estas, desde os anos 1930, com Luís Rego), Jogos interescolares (Carlos Vasconcelos), sem contar com a atuação das diversas escolas: Liceu Maranhense, Maristas, Colégio de São Luís, Batista, e diversos outros. Esse movimento se estende para os anos 1960. Então... https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_9_-_junho_2018__2_ VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. REMO - Leopoldo Gil Dulcio Vaz REV DO LEO, 9, JUNHO 2018, P. , 31 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_9_-_junho_2018__2_ VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ZECA FLORIANO E AS ATIVIDADES ESPORTIVAS NO MARANHÃO - LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ REV DO LEO, 10, JULHO 2018, p. 16 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_10_-_julho_2018 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. 100 ANOS DE "FOOT-BALL" NO MARANHÃO REV 11, AGOSTO DE 2018, p. 42 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_11_-_agosto_2018 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A FUNDAÇÃO DOS CLUBES ESPORTIVOS EM SÃO LUÍS - LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ REV 11, AGOSTO DE 2018, p. 91 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_11_-_agosto_2018 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A MARINHA E A CAPOEIRAGEM - LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ REV DO LEO, 12, SETEMBRO 2018, p. 11 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_12_-_setembro_2018 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. INFLUENCIA MILITAR NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR - LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ REV DO LEO, 12, SETEMBRO 2018, p. 30 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_12_-_setembro_2018 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. MIGUEL HOERHANN - PIONEIRO DA EDUCAÇÃO PHYSICA NO MARANHÃO - LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ REV DO LEO, 12, SETEMBRO 2018, p.35 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_12__setembro_2018 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. INTRODUÇÃO DO ESPORTE MODERNO EM MARANHÃO: Novos Apontamentos para sua História – 1907/1910 REV. DO LEO, 13, OUTUBRO 2018, p. 42 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__13_-_outubro_2018 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. RUGBY REV. DO LEO, 13, OUTUBRO 2018, p. 49 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_13_-_outubro_2018 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. OS ESCOLARES E OS JOGOS/ESPORTES NO MARANHÃO. REV DO LEO, 14, NOVEMBRO 2018, p. 7 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_l_o_-_numero_14_-_novemb 31 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio.. MIGUEL HOERHANN - PIONEIRO DA EDUCAÇÃO PHYSICA NO MARANHÃO REV DO LEO, 12, SETEMBRO 2018, p.35 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_12_-_setembro_2018 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O professor alemão de Gymnastica, Esgrima, e Natação. In MARANHAY, revista lazeirenta, n. 39, março de 2020, disponível em 32 MOREIRA FILHO, Eliézer. MEMÓRIAS DO MEU TEMPO. São Luis, UNICEUMA, 2008. Coleção Cartas às minhas filhas, vol. 1
Segundo Cláudio Alemão, em 1970 no Gov. Pedro Neiva foi criada a Coordenação de Esporte da Prefeitura. Carlos Vasconcelos era da Coordenação de Educação Física, aí foi criada a Coordenação de Esporte, na área estudantil, área do esporte aberto sem limites, foi a Coordenação de Esportes: ... 71, eu estava só na Coordenação de Esporte na Prefeitura, e nós fizemos o primeiro FEJ; aí teve o segundo FEJ, foi quando o Jaime criou o Departamento de Educação Física e Desportos; Pedro Neiva me nomeou no lugar da Mary Santos; já foi no governo de Pedro Neiva, com Haroldo Tavares - que agora é que tu vais entender -, eu entrei primeiro na Prefeitura - que Haroldo Tavares era cunhado de Pedro Neiva, irmão da mulher de Pedro Neiva, que é a mãe de Jaime Santana -, então para que eu pudesse assumir o Estado, nesse tempo podia acumular então, criaram o Departamento de Educação Física e Deporto do Estado; saiu o Serviço para Departamento. Nesse tempo, na Secretaria de Cultura, o nível do Departamento era mais acima de Serviço, então para que eu fosse para o Estado... foi criado o Departamento de Desporto do Estado, para que eu pudesse assumir, acabar o Serviço; então era novo o cargo e aí que eu fui para o Estado, eu acumulei Coordenador de Esporte da Prefeitura e Diretor do Departamento de Educação Física e Desportos do Estado, ligado à Secretaria de Educação, do professor Luis Rego - era o Secretario na época -, professor Luís Rego, primeiro Secretario que eu trabalhei, depois eu trabalhei com o Magno Bacelar, que foi o Secretario, depois com o Pedro Rocha Dantas Neto, que também foi secretario... Já em 72, fui nomeado Diretor do Departamento, onde foi que ficou o Departamento? Lá no Costa Rodrigues... Ai eu transferi a Coordenação, acumulei no Costa Rodrigues, eu levei tudo para lá, ficou a Coordenação... Eu era Coordenador e Diretor do Departamento de Educação Física do Estado, e Presidente do C.R.D. ...como era cargo, quem era Diretor, era Presidente do C.R.D automático, não tinha vínculo político nisso, era uma tradição de desporto ligado ao C.N.D (Conselho Nacional de Desporto), onde era o Brigadeiro Jerônimo Bastos... (VAZ DOS SANTOS, Cláudio. Entrevista). .... nós tivemos o direito de agir com a Ildenê, a gente fez esse trabalho, trabalhava só com esporte escolar. Por sinal era o mesmo problema, era muito limitado o esporte escolar no Maranhão, fomos funcionar onde é o parque do Bom Menino, tem um açougue, ali em baixo, ali que era a coordenação, alugamos de Antônio o prédio e fomos fazer a explanação, primeira medida eu fiz uma equipe muito boa, foi Geografia, Fernando Sousa, Jaime Sampaio e Fernando Sousa, Jornalista Diretor Técnico, bom foi minha diretoria ai eu convoquei os professores, fiz o levantamento de quem é que podia ser útil, quem é que eu tenho para trabalhar porque eu tinha o direito de formar escolinhas, que não tínhamos nada nesse sentido de formação de atleta. ... em 71 foi que nós fizemos a escolinha com esse trabalho e criamos o primeiro FEJ, na Coordenação de Esporte da Prefeitura de São Luís, em 1970. O primeiro FEJ (Festival Esportivo da Juventude), ... a Mary Santos fazia jogos Intercolegiais do interior ela nunca fez uns jogos na capital, ela fazia jogos Intercolegiais, em que eu fui árbitro, Roseana jogava, Carlos Vasconcelos era do MEC, tinha uma rivalidade com ela e fazia os jogos dele, eram jogos isolados. Jogos Intermunicipais, que era voltado para o interior, com a Mary Santos, com o pessoal da capital, e a gente trazia o pessoal do interior. Era do Estado, da Secretaria de Educação e Cultura, onde tinha uma Secretaria de Esporte, Secretaria de Educação Física do Estado, era serviço de Ed. Física do Estado. A Mary estava no Estado, a Ildenê, no Município. A Ildenê era Secretaria de Educação e a Mary era de Ed. Física, era serviço... Foi ai que eu entrei, fui dirigir pela primeira vez... isso foi em 71, nós entramos no Governo, se não me engano, foi em março ou por aí; em setembro, nós tivemos o primeiro FEJ (Festival Esportivo da Juventude), semana da pátria, onde o Colégio São Luiz foi o primeiro campeão do FEJ; aí foi que o Dimas começou, trabalhamos juntos, nós acumulávamos, nós éramos árbitros, técnicos.
... aí teve o segundo FEJ, foi quando o Jaime criou o Departamento de Ed. Física e Desportos, Pedro Neiva me nomeou no lugar da Mary Santos. Já foi no governo de Pedro Neiva com Haroldo Tavares que agora é que tu vais entender, eu entrei primeiro na prefeitura, que Haroldo Tavares era cunhado de Pedro Neiva, irmão da mulher de Pedro Neiva que é a mãe de Jaime Santana, então para que eu pudesse assumir o estado, nesse tempo podia acumular então, criaram o departamento de Ed. Física e Deporto do Estado, saiu o serviço para departamento. Nesse tempo na Secretaria de Cultura o nível do Departamento era mais acima de serviço, então para que eu fosse para o Estado... Já em 72 fui nomeado Diretor do Departamento, onde foi que ficou o Departamento. Lá no Costa Rodrigues ai eu transferir a coordenação, acumulei no Costa Rodrigues eu levei tudo para lá ficou a coordenação. Eu era coordenador diretor do departamento de Ed. Física do estado e presidente do C.R.D. Isso em 72, como era cargo quem era diretor era Presidente do C.R.D automático não tinha vínculo político nisso, era uma tradição de desporto ligado ao C.N.D ( Conselho nacional de Desporto) onde era o Brigadeiro Jerônimo Bastos, ai foi que eu fiz a minha equipe, aí foi que o Dimas entra com a parte principal quando nós estávamos para fazer o segundo FEJ em 72, seria em setembro, Dimas foi a Belo Horizonte. Ele foi a Brasília acompanhando a seleção juvenil de Basquete, e de Brasília ele foi a Belo Horizonte, assistir o JEB's...ai Dimas trouxe toda a informação, e o Maranhão podia participar do JEB's em 72; ele trouxe em 71, ele foi no JEB's em julho e trouxe.... Dimas me trouxe, eu organizei a primeira equipe com o Dimas, era do Handebol, primeira equipe que nós viajamos para o JEB's; Ginástica Olímpica e Handebol, o Dimas Coronel Alves, basquete; voleibol, Graça Hiluy; Coronel Alves antes era Major, foi isso para dar coletivo que eu levei foram 52 pessoas que eu levei, não levamos atletismo, natação, não levamos nada Muito bem, aí eu já tinha uma parte ativa comigo, porque eu precisava do Dimas, não só como técnico, mas também como conselheiro, porque como eu te falei eu não sou formado, eu sempre procurava olhar uma pessoa que tivesse um conhecimento acadêmico para poder me orientar, é uma de nossas iniciativas foi justamente essa de criar esse jogos escolares, foi o primeiro e o segundo e depois nós o transformaremos em JEM's, ... o primeiro JEM's foi em 73, o pessoal não guarda isso mais, o primeiro FEJ foi em71 o segundo FEJ em 72 e o primeiro JEM's em 73, porque? Nós participamos do JEB's e a sigla pesava, achamos melhor mudar para JEM's... Jogos Estudantis Maranhenses, foi que veio, nós já tínhamos passado o primeiro e o segundo FEJ com sucesso, com a mudança, com a formação das escolas a conscientização que e a primeira coisa a nascer numa escola era a força da Ed. Física através dos esportes, foi a maneira que nós encontramos de valorizar o professor de Ed. Física, ele que era praticamente um esquecido dentro da área educacional, achava-se que era desnecessária a Ed. Física, onde não se praticava nem a ed. Física, nem os esportes, nós criamos esses jogos para provocar nos colégios essa necessidade de se formar atletas, assim como também transmitir Ed. Física e valorizar o professor, porque nós não tínhamos campo de trabalho para eles e passou a ter esse foi o ponto marcante do nosso trabalho, que realmente hoje o que tem começou ai, onde nós provocamos. ... não tinha professor de Ed. Física no Maranhão e eu queria fazer um trabalho de nível, eu tinha de pensar primeira coisa que tinha de ter, era o professor tanto para quem quisesse transferir conhecimento, então eu não tinha nada acadêmico, nada elevado nessa área aqui .. .só tinha professor superado: dois que já não trabalhavam mais, Braga que era professor daqui e não sei se era formado, era Braga, Zé Rosa, Rinaldi Maia... pessoal que tinha, já não era mais da ativa, Eurípedes nunca foi formado.... Tinham aquelas professora que trabalhavam com aqueles cursos de suficiência do MEC que preparavam os cursos emergências. Faziam aquele curso básico, fazia um exame pegava o Certificado que equiparava com o professor de Ed. Física, equiparado depois muito na frente, na época eram os leigos... eu faziam curso de reciclagem e tal, mas dentro da área mesmo com conhecimento de nível universitário era o Dimas e depois o Laércio.
Como vimos à maioria dos professores que atuavam à época, era constituído de normalistas, que davam as aulas de educação física, professores oriundos do Exército, a maioria sargentos do curso de monitoria de educação física, e aqueles que, na década de 1940, foram fazer os cursos na antiga Escola Nacional de Educação Física: Eurípedes (da Policia Militar, 1942), e depois Rubem Goulart, Rinaldi Maia, Júlio (não concluiu, mas voltou e continuo trabalhando na área, oficial da PMMA), e algumas professoras, como Mary Santos... tinham, sim, uma formação acadêmica, e que seria aquela formação de Curta Duração, depois equiparada à licenciatura, nos anos 1960. Fora essa formação, havia cursos de reciclagem, ofertados desde o final dos anos 1950, segundo alguns relatos, e que continuaram por todos os anos 1960, alguns deles promovidos pela própria SEDUC-MA, conforme informam Cláudio Vaz, Geraldo Mendonça, Ivone Nunes... Cláudio prossegue: Então veio o Dimas, veio o Major Alves, professoras as duas, professoras Maria José e Tarcinho, Odinéia, Clarice Lemos, Maria José, Ildenê Menezes, Dinorah e Celeste Pacheco... Tinha uma que era funcionária do Ipem, Graça Helluy, voleibol, viajou comigo para o primeiro JEBS em 72, ela foi a técnica, nós já fomos para os JEBS em Maceió, em 1972. Segundo Laércio: Era 1973 e eu treinava a seleção paulista feminina que ia para os Jebs. Acertei com o namorado de uma das minhas atletas (que ia apitar os Jebs) para cuidar de alguns treinos enquanto eu ia dar os cursos. Só manutenção, para o pessoal não ficar sem treinar. Dei o curso em Maceió e, em São Luís, enquanto dava o curso, ajudava a treinar o time de handebol que ia para os JEBs. Deu problema no curso de Manaus e o Cláudio Vaz pediu que eu ficasse treinando o time o tempo que estaria em Manaus. Depois pediu para que eu acompanhasse a equipe nos JEBs, em Brasília. Eu disse que não podia porque tinha compromisso com a seleção paulista. Quando voltei para São Paulo, o meu substituto tinha conseguido me substituir totalmente. Liguei para o Cláudio Vaz e acertei a ida para Brasília. Conseguimos classificar o time para as quartas de finais, mas, no dia que ia começar essa fase, o basquete levou todos para jogar o campeonato em Fortaleza, e ficamos em oitavo. [...] Conheci o Dimas no curso de handebol que eu vim dar. Me acolheu otimamente e me incentivou desde o primeiro momento. Junto com Jamil Gedeon, que não tinha formação especifica, mas deu todo o apoio, especialmente quando faltou salário por alguns meses. Além de ter ouvido um discurso futurista sobre o Maranhão – do Governador Pedro Neiva – o que me encantava e me atraiu para o Maranhão, além do pique do Cláudio Vaz, era a perspectiva do pioneirismo da Educação a Distancia do CEMA, que o Dimas comandava. Em que pese afirmativa corrente que o Handebol foi introduzido no Maranhão pelo Prof. Dimas, a verdade que desde os anos 1960 era praticado, no âmbito da então Escola Técnica Federal do Maranhão, trazido pelo Prof. Braga. A ETFM já participava dos Jogos Escolares Brasileiros do Ensino Industrial – JEBEI -, e o Handebol seria incluído entre as modalidades em disputa. Então trouxe todo o equipamento necessário e começou o treinamento na ETFM. O Prog. Jamil já coordenava o Handebol nos Jogos Intermunicipais (Mary Santos), vindo do Piauí. Foi técnico de Handebol de um colégio de freiras existente no João Paulo, São Vicente de Paula. Para Geraldo: ... a 1º exibição de handebol no Maranhão foi realizada na quadra da Escola Técnica em 1960 por dois grupos de atletas que o prof. Braga treinou, no dia 23 de setembro.
Prof. Braga foi participar de um treinamento de prof. das Escolas Técnicas fora do estado quando veio trouxe uma bola de handebol, selecionou dois grupos de atletas alunos dele de educação física. Marcou na quadra interna aqui onde hoje é o prédio grande, com fita esparadrapo no chão as áreas de gol do handebol e fez no dia 23 de setembro uma exibição que até então era desconhecida no Maranhão, mais só ficou nisso ele trouxe a ideia treinou dois grupos de educação física no dia 23 de setembro. Geraldo recorda que estava nesse grupo, junto com outros colegas, seus contemporâneos de ETFM, como Edir Muniz, sobrinho do Prof. Braga: ... estava nesse grupo Eldir eu acho que estava nesse grupo que Eldir foi meu contemporâneo de Escola Técnica; não sei se Abdoram participou, mais Abdoram era do grupo, Abdoram, Frazão deixa eu me lembrar de quem mais era do nosso grupo aqui, parece que Walmir também estava, Walmir, da mecânica. Há uma controvérsia de quem trouxe o handebol, porque na década de 50 foi dado um curso pelo Darcimires do Rego Barros aqui em São Luis e foi feito, foi visto o handebol nessa época. Geraldo diz que não... o jornalista J. Alves acredita que tenha sido em função de Braga estar sempre viajando, ter maior conhecimento, mas Aldemir diz que quem introduziu realmente foi naquele curso que fizeram com o Major Leitão. Sidney já chegou na fase dos Jogos Escolares Maranhenses, os JEMs: vim aqui no JEM’s em 1975 eu vim para da um curso de voleibol; dei o curso de voleibol em outubro, ai eu coordenei o voleibol nos Jogos Escolares, e ai eu fiz um contrato de três meses... me lembro bem disso... para ver se ia dar certo, na época quem estava à frente do DEFER era o Carlos Alberto Pinheiro; já havia saído o Cláudio Vaz, o Governador do Estado era o Nunes Freire... Já era JEM’s - Jogos Escolares Maranhense -, eu peguei essa fase do JEM’s, a fase áurea do JEM’s, era muito bonito, tem que levar em consideração o contexto... São Luís era uma cidade bem diferente do que é hoje, uma cidade menor, pequena; não era tão grande como é hoje, devia ter bem menos habitante do que tem hoje, talvez até metade do que tem hoje, só vendo; então, havia um envolvimento muito grande da sociedade nos jogos, da classe estudantil, principalmente das escolas públicas; era uma festa, era muito bonito, no Costa Rodrigues, no SESC... eram jogos muito bonitos e havia também, por traz disso, um apoio muito forte do poder público nos Jogos, havia muito dinheiro, trazia-se árbitros de fora, haviam árbitros de outros estados; o voleibol trazia pessoal do Pará, Belém, vinha árbitro de São Paulo, vinha árbitro do Brasil todo para fazer arbitragem, porque aqui não tinha árbitro; vinham de avião, ficavam em hotéis, nos melhores hotéis de São Luís, havia muito recurso, muito dinheiro para trabalhar. os JEM’s teve esse sucesso porque essas pessoas, e que tinham um grande tráfico de influência política, foram pessoas que tinham sido atletas e jogaram com o Rinaldi Maia, com o Dimas, eram pessoas que, depois, passaram a ser chefes de Secretarias, pessoas fortes; então por isso talvez tenha sido isso que o esporte tenha tido esse apoio tão grande nessa época. A PARTICIPAÇÃO E REALIZAÇÃO DE EVENTOS Havia a participação do Maranhão em campeonatos regionais e nacionais. Cláudio então começa a convidar atletas de outros estados para integrar as seleções maranhenses, em especial as de basquetebol, e depois as de handebol. Laércio é convidado para dirigir uma seleção de handebol num campeonato brasileiro, de juvenis, e convida alguns conhecidos atletas de São Paulo, dentre
eles Biguá, Turco, Viché... E que depois vêm ensinar nas escolinhas de esportes. De acordo com Biguá:
Eu saio daqui, antes de ir para o Campeonato Brasileiro, para encontrar com os caras em Niterói, eu fui para São Paulo: "Pô precisamos arrumar um cara para trabalhar para gente, como técnico", porque o Laércio sempre foi uma pessoa de ideias, sempre foi uma pessoa de execução, então ele nunca gostou de ser técnico de handebol, ele sempre em todo lugar que ele passou, o seguinte: ele monta uma equipe de handebol, ele vê quem é o liderzinho, quem é o cara que pode botar para frente, ele larga e vai embora; ele sempre foi de projetos; ai eu estava conversando com ele, ele disse: "P..., a gente podia trazer Viché para cá, aquele cara do Juvêncio, aquele cara sabe, conhece as coisas"; "Quando eu for agora em São Paulo, eu convido ele". E quando eu fui para São Paulo, para me encontrar com a Seleção lá em Niterói, ai eu falei com Viché, falei olha: "É assim, assim,... nós vamos disputar um campeonato, agora, você esta a fim de ir para o Maranhão?"; Viché vinha passando por uma serie de problemas... ele falou - "P... eu vou", aí ele veio comigo para Niterói; ele já começou a ajudar o Laércio na parte técnica, e de Niterói ele já veio com a delegação do Maranhão para cá Ai de repente Cláudio Vaz me liga, ele ligou: "Olha, nos estamos com um projeto aqui de trabalhar firme no Handebol, estamos querendo que você venha, você vai trabalhar com as escolinhas" - e era tudo que eu queria. (In ENTREVISTA).
-
Os Biguás – Tânia, o neto, e Biguá -
Lino trabalha com o esporte universitário, junto ao DAC ... desenvolvi na Universidade um projeto de desporto universitário, me envolvi no refortalecimento da Federação Acadêmica, tinha o projeto de criação das atléticas, criei as atléticas para os centros: Estudos Básicos, Saúde, Ciências Humanas, aquela coisa toda. Fui chefe de delegação universitária maranhense em 77 para Natal, em 78 para Curitiba, em 79 para João Pessoa, em 80 para Florianópolis, e fui o coordenador geral dos XXX Jogos Universitários Maranhenses e foi minha última ação articulada nesse setor de desporto universitário. Em 83, eu me afastei para o mestrado, eu legitimei minha presença na Universidade a ponto do Reitor colocar obstáculos na minha saída para o mestrado na condição de Técnico, não era docente, e eu saí com todo respaldo do Cabral, na época, pelo trabalho desenvolvido nesse setor ...os jogos foram um sucesso, conseguimos recursos federais para fazer o restaurante que até hoje está lá, Universitário. Recurso para construir o complexo do Castelão, também
veio por conta dos jogos universitários. Lá, o Ginásio, a pista, a piscina, isso em 82, e foi uma experiência esportiva muito valiosa naquela época. Com relação aos JEM’S eu não participei dos primeiros JEM’S, não, Jogos Escolares Maranhenses, eu não estava no Maranhão ainda acho que os primeiros JEM’S foram em 73, 74, 75, e eu cheguei em 76 lá. E aí quem estava diretamente envolvido no DEFER, era o Laércio que era assessor do Carlos, e nos jogos ele me convidava para participar da comissão organizadora dos jogos, então eu era contratado para essas questões esportivas que foi uma área que eu sempre me envolvi. Foi um trabalho que desenvolvi no Ribeirão Preto em organizações esportivas, no Botafogo, e de alguma forma me levou para o Maranhão, então eu me envolvi no JEM’S. MISSÃO: HANDEBOL
O ano de 1972 foi o grande ano: foi ministrado um curso pelo MEC, em que diversos professores e técnicos participaram e foram dadas aulas das mais variadas modalidades esportivas. Em outro curso, sendo Coordenador de Esportes Cláudio Vaz dos Santos, veio uma equipe do Rio de Janeiro com três professores para ensinar: Basquete - que era o prof. Rui -; Atletismo - José Teles da Conceição -; e Handebol - um professor de nome Wilson (sic) Em 1973, Laércio Elias Pereira vem dar um curso em São Luís, e enquanto dava as aulas, ajudava o prof. Jamil a treinar o time de Handebol que ia para os JEBs. Deu problema no curso de Manaus e o Cláudio Vaz pediu que ficasse treinando o time. Depois, pediu para que acompanhasse a equipe nos JEBs, em Brasília. Quando da realização dos – agora - JEM´s, Laércio voltou ao Maranhão, como árbitro, em que apitou uma morável partida entre o Batista e os Maristas, ambas as equipes dirigidas por Dimas; Com Laércio veio – para ficar e virar cidadão maranhense – o seu atleta do General Motors: Biguá, e que naqueles JEMs apitou, além do handebol, várias outras modalidades. Em 1974, o Prof. Laércio Elias Pereira volta para morar no Maranhão, em janeiro; é estabelecida a “Missão” do Handebol; Laércio trouxe Horácio e Viché; o Projeto Handebol – a “Missão do Laércio” - foi estabelecida pelo Cláudio Vaz e apoiada pelo Secretário de Educação Magno Bacelar. Dimas, compreendendo suas limitações na modalidade, se afasta, passando a dar todo o apoio aos “paulistas” que estavam chegando, e se dedicando a sua outra paixão, a Ginástica Olímpica. O Maranhão participa do Campeonato Brasileiro Adulto Masculino, realizado em Fortaleza, conseguindo um terceiro lugar; jogaram: Álvaro Perdigão e Raimundo Nonato Vieira (Vieirinha) (goleiros); Luis Fernando Figueiredo, Vicente Calderoni Filho (Viché), Edivaldo Pereira da Silva (Biguá), Sebastião Sobrinho Pereira (Tião), Phillipe Moses Camarão (Phil), Rubem Goulart Filho (Rubinho), Manoel de Jesus Moraes, Antonio Luis Amaral Pereira, Joel Gomes da Silva, José Maria (Zeca); o técnico era Laércio Elias Pereira. Além do Adulto Masculino, o Maranhão participa do Juvenil Feminino – o primeiro brasileiro – em São Paulo, contando com reforços do time da GM. 1976 – o primeiro titulo nacional É realizado o II Campeonato Brasileiro de Handebol, no Rio de Janeiro, com o Maranhão sagrando-se campeão; a equipe era formada por: Luis Fernando, Mangueirão, Álvaro, Gilson, Rubinho, Ricardo, Joel, Moraes, Tião, Viché, e Ivan; o técnico, foi o prof.Laércio Elias Pereira, tendo como auxiliar, o Prof.José Maranhão Penha. O Prof.Laércio só pode chegar para os últimos jogos, e a equipe foi dirigida pelo prof. Maranhão.
Lembra Laércio que: “Para quem era do ramo, nenhuma surpresa; o Maranhão fora terceiro colocado no Campeonato realizado em Fortaleza, mas para nós, não estava nos planos; não era nosso objetivo imediato”. O Projeto Handebol-Maranhão, montado por encomenda do nunca suficientemente reconhecido Cláudio Vaz dos Santos, era sustentado por menos de dez heróicos professores. Os times – escolares - que deram projeção ao trabalho eram, na verdade, grupos de monitores em treinamento, planejados de modo a que pudessem ser repetidos nas escolas de primeiro e segundo graus (Hoje, fundamental e médio) e nas Escolinhas. “Cabe a comemoração e reverência aos bravos atletas”, diz Laércio. Aplausos para o Prof. Dimas, Prof. Jamil, Prof. Maranhão, Prof. Horácio, Viché, Álvaro, Biguá, Phil, Luís Fernando, Joel, Moraes, Vieira, Antonio Carlos, Zé Carlos, Gilson, Tião, Ivan, Ricardo, Rubinho, Mangueirão, Jorge; sem esquecer os jornalistas José Carlos Amaral, que acompanhava o time, e o Jota Alves, que gritava nos microfones daqui. E claro, Cláudio Vaz... Ah, o título, aconteceu em 18 de dezembro de 1976. Anexo, o Prof. Laercio encontrou entre seus guardados a convocação para aquela seleção: FEDERAÇÃO MARANHENSE DE HANDEBOL Convocação para treinamento OBJETIVO: II Campeonato Brasileiro Adulto Masculino Belo Horizonte - 2ª quinzena de outubro Apresentação: Domingo, 8 de agosto de 1976 – 7:00 horas Ginásio Charles Moritz Luis Carlos Ribeiro – BOI Sampaio Sebastião Pereira Sobrinho – TIÃO Sampaio José MURILO Sampaio João DAMASCENO Sampaio Manoel de Jesus Moraes Sampaio José LOPES Neto Sampaio FERNANDO Souza Sampaio IVAN Soares Telles Sampaio Francisco de ARRUDA Jaguarema Louis Phillip Camarão – PHIL Jaguarema Fernando Antonio Lima – TONHO Jaguarema ALEXANDRE Nonato Moraes Jaguarema José Castelo Branco – TADEU Jaguarema ALVARO Perdigão Lítero LUIS FERNANDO Figueiredo Lítero Vicente Calderoni Filho – VICHÉ Lítero Luis Verônico DUGUEIRA Lítero ANTONIO CARLOS Pereira Lítero José Henrique Azevedo – MANGUEIRÃO Moto José GILSON Caldas Moto Rubem Teixeira Goulart – RUBINHO Moto José Carlos R Santos – BAGAGE Moto Antonio ZACHARIAS Castro Moto JOEL Gomes Costa Maranhão LUIS HENRIQUE Neves Maranhão Sérgio Abreu – SERGIO ELÉTRICO Maranhão DEMERVAL Viana Pinheiro Maranhão
MARCIO Vasconcellos Técnico: Laércio Elias Pereira
Moto
Mas este não foi o único título conquistado pelo Maranhão. Aqui, em 1988, foram realizados os JEBs. José de Oliveira Ramos, quando da queda do telhado do Castelinho lembra: O CASTELINHO TREMEU!..... E AGORA CAIU!, POR JOSÉ DE OLIVEIRA RAMOS OLIVEIRA RAMOS 7 de março às 23:09 Corria o ano de 1988. Eu estava lá, profissionalmente, cobrindo as disputas dos JEBS (Jogos Escolares Brasileiros) que a visão e inteligência do então Governador Epitácio Cafeteira trouxeram para São Luís – era secretário de Esportes o então deputado Carlos Guterres. Gente do ramo. Conscientes – diferentemente dos outros que vieram depois – de que o “Esporte é ferramenta de inclusão social, e o mais simples e barato caminho para impedir que a juventude caminhe para o tráfico e consumo de drogas”, Epitácio Cafeteira e Carlos Guterres se envolveram de corpo e alma, para, não apenas proporcionar o melhor ambiente para receber jovens estudantes e professores da área do Brasil inteiro. Queriam “conquistas”. Queriam “resultados”. E tiveram. Na Natação, modalidade repleta de atletas de alto nível e reconhecimento nacional como Carlos Garcez, Ana Zélia Gomes, Evandro Rodrigues, Letícia Pacheco, Ana Carla Salazar, Catherine Rangel, Nadilson Rodrigues Filho, vieram dezenas de medalhas e troféus, graças à estrutura oferecida para treinamentos e conquistas no Parque Aquático e a sua então maravilhosa piscina olímpica. No Futebol, o título brasileiro da modalidade, recompensa pelo investimento e apoio concedidos para garantir o brilho dos técnicos Sebastião Silva (Baezinho) e Arlindo Azevedo e de jogadores como Didi, Santa Rita, Batuca, Tonho, Everaldo, Izaías, Preto, Walber, Zé Filho e Santana que justificaram a superlotação do estádio Nhozinho Santos, e, anos depois se consagraram, mostrando o brio e a qualidade do futebol maranhense. Pois, naquele inesquecível ano de 1988, com o Maranhão governado pelo paraibano Epitácio Cafeteira Afonso Pereira, nascido a 27 de junho de 1924 em João Pessoa; tendo como secretário de Esportes Carlos Guterres Moreira, o Ginásio Castelinho (que, anos depois receberia o nome da ex-atleta maranhense Georgiana Pflueger), tremeu. Literalmente “tremeu”. Numa manhã ensolarada de domingo, duas finais da modalidade Handebol foram disputadas, com o Castelinho literalmente lotado, sem lugar para mais ninguém, e com todos os espaços do estacionamento ocupados, obrigando que muitos veículos ficassem estacionados na Avenida dos Franceses ou ao lado da então fábrica de refrigerantes que ainda hoje funciona por ali. No primeiro jogo, a decisão da categoria feminina ocorreu entre o Rio de Janeiro e Sergipe, num dos jogos mais disputados e emocionantes que já aconteceram ali naquela praça de práticas esportivas. Após todas as disputas dos tempos normais, com prorrogações, a decisão foi para a cobrança de penalidades. Sergipe, pela excelência do elenco e do trabalho, sagrou-se campeão. No jogo de fundo, um dos mais disputados e cheios de “mumunhas”, que teve inclusive a participação direta do Governador Cafeteira (mostrando a importância que o “paraibano” dava à prática esportiva, reconhecendo-a como elemento vital em qualquer Governo), o selecionado maranhense comandado por Vicente Calderoni (Viché) venceu o excelente selecionado de Alagoas e sagrou-se campeão brasileiro de Handebol. Difícil esquecer a participação de atletas como Quibe, Murilo, Washington, Márvio, Talibe, Jailson e Kleverson, sem esquecer de contar os gêmeos Gustavo e Guilherme.
Naquele dia, superlotado, o Castelinho “tremeu”. Mas isso faz tempo, e o sujeito que valorizou tudo aquilo, todos aqueles momentos, sequer era maranhense. Foi Cafeteira, paraibano. Eis que, 31 anos depois de ter tremido com aquela decisão que garantiu o título ao selecionado maranhense de Handebol masculino, o Castelinho, em vez de “tremer”, caiu. E todos os responsáveis são maranhenses. São? Será que são mesmo? (JOR) AS ESCOLINHAS DE ESPORTES Geraldo conta que, ao assumir a Coordenação de Educação Física dos Maristas, deu nova dinâmica às atividades, constituindo a prática esportiva – escolinhas de esportes: ...a minha vida profissional começou no Colégio Maristas, trabalhando como professor de Matemática, e pelo fato de eu ser jovem demais e gostar muito de esportes, eu assumi um cargo de Coordenador de Esportes do Colégio Maristas; eu fui coordenador de esporte de 66 ate 72 quando, sai do Marista, e fui coordenar o esporte na Escola de Engenharia do Maranhão; ... quando eu assumi a coordenação, ela ainda seguia o modelo antigo, começamos a montar uma equipe de trabalho voltada para a pratica desportiva. Então nós começamos a montar as escolinhas, as escolinhas das diversas modalidades e para cada escolinha nós buscamos um professor experiente na área; já para pratica desportiva, era em função dos jogos que eram promovidos pelo Carlos Vasconcelos, ela já tinha o objetivo de preparar os alunos para a disputa até porque nós estávamos fazendo do esporte um Marketing promocional do Colégio, fazer com que o Colégio saísse das quatro paredes e marcasse presença na sociedade, o objetivo maior era esse. O Colégio Marista passou por uma fase de dificuldades financeiras, o numero de alunos reduzidos, a inadimplência grande, então nós fizemos do esporte um veiculo de fazer crescer a matricula do Colégio, fazer com que o Colégio marcasse presença na sociedade e aí houve realmente uma mudança muito grande dentro do Colégio Marista a partir daí; ...a equipe de professores, nós tínhamos o professor Eurípedes, com ginástica; o prof. Furtado, ficou com o atletismo, porque quando nós começamos a organizar este estilo foi a época também que o prof. Eurípedes se aposentou, mas ele nunca se desvinculou do Marista, ele se considerava ex-aluno Marista, mas deixou de dar aula, mas sempre estava conosco orientando, aconselhando, ele fazia parte da antiga associação de antigos alunos Maristas, ele era muito ligado à congregação; ...eu coordenava e dava futebol de salão, fui inclusive o 1º campeão de futebol de salão masculino e o 1º campeão de handebol feminino; eu Coordenava os esportes e tomava conta do futebol de salão e do handebol feminino, o handebol masculino era o prof. Dimas, a partir de 1969; Nesse período, em 66 tinha o irmão de um diretor, o Paulo Macedo, que dava futebol e voleibol. Aí nós começamos, montando as escolinhas, depois nós expandimos, começamos a oferecer bolsas para atletas que se destacavam nas competições nós levávamos para o Maristas Era a época do Festival Esportivo da Juventude, primeiro, as bolsas já foram nessa época, que daí nós levamos para o Colégio Marista, nós formarmos uma geração de atletas, nós contribuímos para uma formação de treinadores, por exemplo, nós levamos para o Colégio Marista como aluno Carlos Tinoco, Paulão, irmão dele, Paulo Tinoco, Gil - Gilmário Pinheiro, voleibol; e eles entraram no Maristas como atletas, Raul Goulart; que foi que aconteceu, nós formamos um time com esses atletas, depois eles deixaram de ser alunos, já estávamos na década de 70. Transformamos o Paulão em treinador de basquete, Carlos ficou com o vôlei, voleibol, levamos Biguá para o Colégio Marista para colaborar no handebol, e aí completou a equipe: comigo no futebol de salão com o Dimas - nessa época o Dimas acho que foi
levado para o Marista ou foi pelo Eurípedes ou foi pelo Furtado, um dos dois -, quando eu tomei conhecimento eu já fui apresentado ao Dimas como professor, ele já tinha sido contratado pelo Colégio, para trabalhar com o handebol e com a ginástica olímpica; ...aí pela experiência dele, ele passou a funcionar como conselheiro da gente porque nós éramos jovens. Você vê, que a maior parte da turma tinha saído da Escola Técnica, então o Dimas era o conselheiro da turma era o mais velho, Eurípedes já tinha se aposentado o Júlio tinha deixado o Colégio por causa de funções militares, e o Furtado sempre foi aquele prof. bem calmo, bem tranquilo; aí o quê que acontece ele não se abria muito com a gente e o Dimas não, o Dimas é mais aquele de dar conselho, de orientar de participar e de não ter ganância de aparecer. Houve mudança na maneira de ministrar a disciplina de educação física nesse período, nós estávamos trabalhando muito empiricamente, muito de improvisado, e o prof. Dimas chegou com os conselhos que ele deu, nós passamos a dar um cunho mais de profissionalismo na educação física; Dimas não podia assumir a coordenação do Colégio Maristas, porque o Dimas tinha outras atividades,o Colégio Batista; no Colégio Batista o Dimas era uma pessoa muito dedicada, tanto que criava ciumeira no Colégio Marista quando jogavam Marista e Batista; o diretor do Colégio Marista às vezes perguntava, cobrava ciumeira: “E aí prof. Dimas com quem o Sr. vai ficar?” ... nós institucionalizamos não só as escolinhas, como competições internas no Colégio Maristas, como As “Olimpíadas Marcelino Champagnat” foram institucionalizadas por nós, quando o Dimas chegou, ela já existia... Emilio Mariz se refere como era a prática da Educação Física no Batista, quando de sua implantação, e depois, já na fase dos JEMs, quando passou a ser Coordenador de Esportes: Nós começamos a educação física baseado na Portaria 501 33, antes da 1º Lei de Diretrizes e Bases34, então era um trabalho bem programado com o exame biométrico bem rigoroso e terminava com um exame de suficiência atestando que ele cumpriu aquele período do ensino e automaticamente tinha condições de passar de serie ... A educação física baseada na portaria 501, ela reprovava separadamente o aluno, havia muito rigor para com o percentual de faltas e foi muito antes do período de recuperação, o aluno ou era dispensado pelo medico encarregado e credenciado pelo Ministério de Educação fazer os exames, ou então ele tinha de cumprir a carga horária com a programação. Então era aquela época divertida da educação física, de pular corda, de trabalhar com o bastão, onde havia uma grande ênfase na modalidade Atletismo - que é a minha preferência, sempre foi -, então nós trabalhávamos nesse sentido, o aluno tinha de ser um bom corredor, um bom saltador e geralmente nós, que passávamos pela caserna, tínhamos ligação com as preparações de educação física nos cursos - nós chamamos a educação física de calistenica ... já com a chegada do Dimas ao colégio Batista, ele se adaptou muito bem no trabalho, especialmente por uma coisa bem concreta: o educador, o professor de educação, de educação física, era autoridade em pessoa, era o professor que gritava com aluno, que tinha toda aquela postura militar, então não era a matéria preferida de qualquer aluno que ingressasse no ginásio; então o Dimas se adaptou, por ser um rapaz muito educado, tivemos a oportunidade de presenciar, especialmente no Batista, o lançamento de duas modalidades, foi ele quem trouxe o Handebol e a Ginástica Olímpica para o Maranhão; então trabalhando com um colégio que recebia ajuda em dólares, convivendo com 33 PORTARIA MINISTERIAL N° 501, de 19 de maio de 1952. Expede instruções sobre o ensino secundário, tendo vários artigos referentes ?Educação Física, estabelecendo nos artigos 143 e 144 as condições destinadas ? concessão de autorização para funcionamento, equiparação e reconhecimento. http://cev.org.br/biblioteca/compilacao-legislacao-educacao-fisica-desportos/ 34 LEI Nº 4.024, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
americanos que gostavam de esportes, então nos davam toda condição de iniciar um trabalho novo, construir plinto, dando todas as condições; ...nós iniciamos essas duas modalidades além disso demos ênfase à parte de Atletismo ... geralmente o aluno que fazia educação física, ele podia não preferir nenhuma modalidade, mas fazia parte das equipes de atletismo, então, proporcionalmente ao numero de alunos que o colégio tinha, era um fenômeno inscrever e competir com tantos atletas em todas as modalidades. Emilio Mariz relata como se deu a implantação do Handebol e da Ginástica Olímpica no Batista: ele [Dimas] chegou aqui, se conheciam os grandes mestres como Rubens Goulart, Prof. Braga, aquele pessoal que veio diretamente de Universidade Federal; então Dimas tinha vindo de uma Escola do Exército, então tinha de ser primeiramente provado como professor; acontece que eu nessa época era diretor de disciplina do Batista, então o aluno tinha de fazer e cumprir a programação. Não era somente Phil Camarão é... (locutor interrompe dizendo: “Figueiredo, Chocolate, era toda uma geração de ouro do esporte maranhense”) - então, todo esse pessoal podia ate fazer 50 minutos de educação física com aquecimento, com volta calma, é, uma aula completa, mas tinha de jogar meia hora de... do futebolzinho ... nós tínhamos uma área em que se jogava um futebol de campo, que eu tinha o cuidado de mandar sempre gramar antes do inverno e toda essa turma ... Jogava um futebolzinho, depois das aulas, futebol de oito contra oito, devido o espaço. E eles ficavam forçando o Dimas para terminar a aula mais cedo O pai do Phil Camarão, que foi um grande nadador no Maranhão - e teve a gloria de ter atravessado a baia - ele falava sempre nisso, então quando se falava em competir fora da brincadeira comum do futebol poeira, ele dizia seus filhos apenas tomam parte em natação mais nada de basquete nem essas modalidades novas Mas eu contornei o problema,e geralmente quando ele implantou o handebol e a ginástica olímpica, ele já vinha com um trabalho cientificamente preparado; era capaz de chegar assim e dizer “Emílio, olha, vê o movimento do braço daquele garoto” - ele automaticamente era um bom lançador no handebol, etc., e eu ia ajudando a colocar, a convencer o aluno, e tivemos logo no inicio grandes equipes, grandes equipes, o primeiro JEM’s, que foi disputado os quatro finalistas, foi Batista, Marista, CEMA e Luis Viana. Sidney afirma que, ao chegar, foi contratado como TNS – Técnico de Nível Superior – da Secretaria de Educação, e começou a trabalhar com as escolinhas de voleibol: quando eu cheguei aqui eu trabalhava no Estado, meu contrato de Técnico Superior, eu dava aula nas escolinhas de voleibol no Costa Rodrigues; lá tinha várias escolinhas, eu trabalhava de cinco da manhã até onze e meia da noite, todos os dias dando aula, além das escolinhas, eu treinava as seleções de voleibol, eu trabalhava com o feminino e o Gil trabalhava com o masculino, tanto infantil como juvenil. Francisco Gilmário Pinheiro o nome dele, ele era atleta jogava no adulto, mas já estava começando a parar, já estava se envolvendo como técnico infantil, juvenil, adulto e tudo mais; aí foi na época não havia curso de Educação Física na UFMA...
A SEDEL
Quando a SEDEL-MA foi criada, em 1979, sucedeu à Coordenação de Educação Física, Esportes e Lazer, então na Secretaria de Educação e Cultura. As atividades então realizadas se limitavam ao funcionamento das Escolinhas de Esportes, treinamento de seleções estaduais (permanentes), e ao atendimento, através de aulas de esportes, junto às escolas da rede pública. Havia ampla participação de alunos em atividades físico-esportivas, consubstanciadas em ‘escolinha de esporte’, de onde se retiravam os alunos que iriam compor as seleções esportivas das escolas, que iriam participar dos Jogos Escolares. A participação nos Jogos Escolares àquela época era esmagadoramente das escolas públicas, tanto municipais quanto estaduais, existindo grande rivalidade entra elas. As disputas eram duas categorias – Infanto-juvenil: 12 a 16 anos; e Juvenil: 17 e 18 anos, nas classes masculina e feminina. Os professores estavam vinculados às escolas, sendo no Estado - SEDUC – lotados na Coordenação e exercendo a função em uma ou duas, alguns, até três escolas. Na sua maioria, ‘leigos’, isto é, sem formação superior em educação física, e se constituíam, a grande maioria, de ex-atletas que tinham se destacado nas suas modalidades, e que receberam um treinamento para exerce a função de monitoria. Ao tempo de Mary Santos, e Carlos Vasconcelos (na delegacia do MEC), foram realizados diversos cursos de capacitação desses professores; muitos, nessa época, com alguma formação pedagógica, posto que professores normalistas. Na década de 1960, o MEC/DED passou a ministrar cursos denominados de ‘eficiência’ que formavam esses professores para atuarem na educação física, além de militares, geralmente sargentos, que havia feito o curso de monitoria nas escolas de educação física militares, em especial a do Exército, receberam a equiparação com o licenciado. Quando Cláudio Vaz, o Alemão, assumiu a coordenação de educação física, primeiro do município, depois do Estado, intensificou esses cursos de aperfeiçoamento em esportes, com a ‘importação’ de professores qualificados, em especial de São Paulo, ao tempo em que criava as escolinhas de esportes, funcionando primeiro, no Ginásio Costa Rodrigues, depois, naquelas escolas que dispunham de equipamento esportivo.
Houve continuidade nesses programas, quando da criação da SEDEL-MA. Inclusive com o apoio à criação de cursos superiores – no caso, ao do Estado e o da UFMA – além de outras iniciativas, como os cursos em convenio com o MEC/SEED, com o CND, envolvendo a então Escola Técnica Federal do Maranhão – hoje IF-MA. Com consultorias a vários especialistas – a primeira, Ethel Bauzer de Medeiros, foram criados diversos eventos na área do Lazer, outros na área do Desporto, com ações conjuntas das coordenações-fim, além de eventos especiais, como a realização de campeonatos regionais, nacionais e participação em cursos e congressos35. Fui, então, requisitado para a SEDEL. Num primeiro momento, pela estrutura que havia anteriormente, DEFER – na SEDUC, todos os professores que atuavam eram ‘técnicos esportivos’, a grande maioria, sem qualquer formação, além da experiência de ter sido jogador de alguma modalidade, nos Jogos Escolares, e na passagem do Cláudio Vaz dos Santos pelo Departamento, criou-se uma estrutura para instrumentalizar os ‘técnicos’ e contrata-los como ‘professores de educação física’. Cursos e mais cursos, nas mais diversas modalidades... O Curso da UFMA ainda não estava formando ninguém; alguns desses ‘técnicos esportivos’ foram alunos daquelas primeiras turmas... Era o que se tinha e com que se contava. Com a criação da SEDEL, esses ‘técnicos’ que atuavam nas escolas, passaram todos para estrutura da SEDEL – menos eu, que não aceitei... A SEDUC ficou sem nenhum professor de educação física... Eram agora os funcionários da Coordenação de Desportos, que atuavam nas escolas, como técnicos das escolinhas e das seleções... Assim começou a SEDEL, responsabilizando-se pelas aulas curriculares da educação física de outra Secretaria, e esta sem nenhuma ingerência sobre o planejamento e os professores... O grande evento continuava sendo a realização dos Jogos Escolares, quase só com os estabelecimentos de ensino da Capital. Fiquei na Coordenação de Desportos, responsável pelo planejamento, em contato direto com a Assessoria Técnica do Secretário. Na Coordenação de Lazer, comandada pela Fátima Frota, a Socorro Araújo... Fiquei na SEDEL até 1982... Conflitos com a Coordenação Geral, dr. Olímpio Guimarães36... Quando retornei para a SEDUC e para a UEMA; logo a seguir sai da SEDUC, assumi 40 horas na ETFM, e em 1989, sai da UEMA, ficando só no então CEFET-MA... Participei da criação da SEDEL, e sua estruturação, e no estabelecimento de sua filosofia de trabalho. Em depoimento ao Autor, quando dos 40 anos de criação da SEDEL, Elir Jesus Gomes se manifesta: O então Governador eleito, João Castelo, recebeu do Pe. João Mohana, a sugestão para criar duas secretarias, a de Cultura, até então uma Fundação e a de Desportos e Lazer, que seria a primeira do Brasil, pedido que foi atendido. A ideia da criação foi muito bem aceita, embora causando enorme surpresa a indicação do meu nome para assumir a Secretaria de Desportos e Lazer, tendo em vista nunca ter ocupado nenhum cargo público, mas que foi sugerido pelo Pe. Mohana e aceito pelo futuro Governador. A partir dai, convidei o Sr. Mateus Antônio da Silva Neto para me ajudar na elaboração dos projetos que poderiam ser realizados na área de esportes e lazer. Após esse trabalho inicial, tomei conhecimento da professora Ethel Bauzer Medeiros 37, uma das pioneiras da necessidade do lazer aqui no Brasil. Depois de contato telefônico, respondeu-me para mandar sua passagem e que nada cobraria em troca de sua assessoria, tão entusiasmada ficou com a criação da SEDEL. Sua vinda à São Luís foi providencial, tendo aprovado tudo o que já havia sido planejado. Era considerada a maior autoridade em 35 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. VAZ in REVISTA DO LÉO VOLUME 20 – Maio 2019 - AINDA OS 40 ANOS DA SEDEL... disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__20-_maio_2019 36 Ver Algumas biografias 37 http://www.eeffto.ufmg.br/eeffto/DATA/defesas/20150710183009.pdf
lazer do Brasil, autora do livro "O lazer no planejamento urbano” 38, colaboradora da obra e construção do Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro.
O principal critério foi capacidade técnica. Na área de lazer recorri à Dra. Rosa Mochel, cuja competência já havia sido demonstrada através de diversos trabalhos realizados em nossa comunidade. Naquela ocasião, foram indicadas por ela Maria de Fátima Barbosa Frota e Amélia Buzar, tornando-se a primeira, a coordenadora de lazer da Secretaria.
Na área de esportes, escolhi José de Ribamar Miranda para ser o coordenador. Dessa forma, a secretaria ficou dividida em duas coordenadorias, tendo cada coordenador a liberdade de escolher seus auxiliares. Acima dessas coordenadorias, havia um coordenador geral, encarregado de toda a parte administrativa-financeira, ocupada por Olímpio Guimarães e uma assessoria técnica, encarregada do planejamento. Na área de esportes, pudemos contar com a colaboração de professores especialistas em diversas modalidades, como os professores Laércio Elias Pereira, Leopoldo Gil Dulcio Vaz, Manoel Trajano Dantas Neto, Zartu Giglio Cavalcante, Paulão 39, Vicente Caldeirone, professor Dimas e muitos outros. Na área de lazer, contamos com uma equipe formada por Amélia Buzar, Admée Duailibe, Dulce Colares Moreira, Ana Lourdes Lobato, Chico Pinheiro, Cosme Junior, Nazaré Jansen, Nazareth Saldanha, Ilva Lícia Saldanha, Fátima Campos e outros. A construção do Complexo Esportivo do Barreto veio atender não somente o esporte profissional, mas, principalmente, o esporte amador, através de moderna pista de atletismo, 38 MEDEIROS, Ethel Bauzer. o lazer no planejamento urbano. Rio de Janeiro. Fundação Getúlio. Vargas. Servo de publicações. 1971. 39 PAULO ROBERTO TINOCO DA SILVA - também daquela segunda geração de ouro do esporte maranhense; dentista, e professor de educação física; técnico de basquetebol chegou a atuar como assistente técnico da Seleção Brasileira Feminina.
um ginásio poliesportivo e um parque aquático onde eram treinados atletas através de suas escolinhas. Além do Complexo Esportivo, realizado com apoio e vontade do Governador do Estado, foram feitas reformas em todos os Ginásios da Capital e Caxias, módulos esportivos em vários municípios do interior do Estado, com verba fornecida pelo Ministério de Educação; Projeto Elo, com a LBA no bairro do Maracanã, Jogos Escolares Maranhenses (JEM's), Escolinha de Navegação, Feiras de plantas, comidas típicas e atividades culturais, Festival de bandas escolares e Fanfarra, Campeonato Inter Bairros de futebol, Ruas de lazer, Domingo em família, Exposição de artes na praça Deodoro, Exposição de moedas e carros antigos, Exposição de miniaturas também na praça Deodoro, Serestas na fonte do Ribeirão e Visitas orientadas ao Museu Histórico para deficientes visuais, Edição da revista da SEDEL, dirigida pelo Professor e Jornalista Sebastião Jorge. Em conversa telefônica, dia 14 de fevereiro de 2019, para esclarecer alguns pontos, o sr. Elir de Jesus Gomes afirmou: Sobre a vinda de Ethel Bauzer de Medeiros – foi a convite dele, que ela veio ao Maranhão. Ganhou de Cabral Marques um livro dela, gostou e, através de um parente de d. Zezé, que era amiga da família de Ethel, entrou em contato e falou de seus planos, em especial da área de Lazer. Ficou entusiasmada, e disse que viria ao Maranhão, bastando mandar as passagens. O que aconteceu. Sobre sua escolha: foi sugestão de Padre Mohana. Começou a planejar as ações na área de lazer, que conhecia mais; colocou o que se poderia fazer; Convidou, então Mateus Neto para auxiliar, e foram ao Maracanã conversar com Rocha Mochel, que tinha muita experiência na área, pois trabalhara na Cultura. Foi ela quem indicou Fátima Frota e Amélia Buzar. Mateus Neto teve participação importante, no inicio, ainda no Plano de Governo. Castelo fora indicado Governador e começou o planejamento. Quando aceitou, chamou Mateus Neto, colaborou nessa fase, ajudando a colocar no papel as ideias, que iam surgindo, Sobre esporte, não conhecia ainda pessoas envolvidas que pudesse ajudar. Com a indicação de Miranda para coordenador de esportes, esta área começou a ser montada. Miranda Gafanhoto, foi pedido de Castelo, atendendo à Fernando Sarney, para a área dos esportes. Mais tarde, Castelo já tomado posse, contou com alguns remanescentes da equipe do antigo DEFER/SEDUC, como o Laércio. Sempre delegou, aos técnicos e assessores, as responsabilidades, ouvindo a todos, e tomando as decisões, mantendo muita coisa que já havia, principalmente na área dos esportes, pois confiava na equipe formada; sempre foi mais próximo da área do lazer, pois atuava de muito, nessa área, e que lhe era mais familiar, e contava com uma equipe muito boa e competente: Fátima, Amélia, Dulce, Admée, e tantos outros. Sidney fala sobre a criação da SEDEL – Secretaria de Desportos e Lazer -, dentro do Plano de Governo de João Castelo, governador nomeado em substituição á Nunes Freire, quando os “Paulistas” foram ‘dispensados’ de seus serviços: ... quando terminou o governo de Nunes Freire e passou para o Governado de João Castelo; esse ano é um fato interessante que a história passa por cima, que poucas pessoas sabem; na época do Governo de João Castelo houve um movimento comandado por algumas pessoas - por Paulo Tinoco, por Carlos, Gafanhoto, aquela turma que tinha raiva do pessoal de fora, dos paulistas que vinham para cá; nós éramos chamados de forasteiros e a ordem era cortar as cabeças dos paulistas, mandar todo mundo embora, e eu fui praticamente despedido na época - era o DEFER, depois passou para CEFID Coordenação de Educação Física - de um Departamento passou a ser uma Coordenação dentro de uma secretaria...
... então nessa época eu fui praticamente demitido da Secretaria de Educação - eu e o Laércio -; me lembro muito bem que a gente foi lá na época, saiu do Costa Rodrigues e começou o movimento para se criar a SEDEL, havia a intenção de se criar uma Secretaria de Desportos e Lazer, ai que foi interessante nós, eu o Laércio, havíamos sido despedidos, eu já tinha programando a minha volta para São Paulo, já tinha ligado para São Paulo, já tinha até conseguido um emprego em São Paulo; a minha mãe tinha entrado em contato em Campinas, já tudo acertado em Campinas quando o governo tomou a iniciativa de criar a Secretaria de Desporto e Lazer e ao mesmo tempo, naquela época houve um convênio entre Brasil e Alemanha40 e entrou muito dinheiro; havia a perspectiva de fazer convênios, com muito dinheiro, mas quando se pensou em criar a Secretaria então foram dois momentos, quando se pensou criar a Secretária ninguém entendia de nada: como era que se fazia para se criar uma secretaria? e era necessário que tivessem professores em Educação Física formados, para poder tocar aquilo; foi ai que viram que Laércio e eu éramos imprescindíveis, tinham que ter a gente e convidaram, ai fomos recontratados. Ai foi que eu tive o contato com o pessoal, que foi o Elir 41, que foi convidado para ser secretário, quem criou a SEDEL; eu participei da criação da SEDEL, eu, Laércio e Mateus Neto, havia mais um, Carlos não sei o quê, uma pessoa muito forte na parte de administração; eu não me lembro mais o nome dele... o Dr. Olímpico que pegou... Mas quando se criou essa secretaria havia essa perspectiva de trazer muito dinheiro de fora, só que eu acredito que já estava em andamento esse convênio, Brasil, Alemanha ou Maranhão Alemanha. Ai foi quando se criou, por que se criou essa estrutura da SEDEL, de Secretário, Coordenador Geral, Divisão de Esporte, de Lazer e a Divisão de Estudos e Pesquisas? porque nesse convênio que havia com a Alemanha, fazia parte do convênio, que tivesse uma parte do recurso que fosse direcionada para estudos e pesquisa, foi ai que a gente entrou, eu fui ser o primeiro chefe da divisão de estudos e pesquisa da secretaria. Pois então, quando foi criada a SEDEL, esse movimento de mandar embora os paulistas, os forasteiros, a única pessoa do Maranhão, o único Maranhense que foi contra esse movimento foi o professor Dimas, que ficou ao lado da gente; ele não aceitava isso, foi inclusive até condenado pelos professores locais aqui - na época não era nem professores -, pelos técnicos locais, como traidor, então o professor Dimas, eu tenho essa gratidão por ele, na época, ter-nos apoiado. Ai depois a criação da SEDEL, em 81 eu era Técnico da SEDEL, tinha 40 horas na SEDEL, e trabalhava 20hs como professor substituto, colaborador horista na UFMA, dando aula; ai em 81 aconteceu o Concurso, eu fiz o concurso, fui aprovado, na época foi aprovado o Moacir, Demóstenes, eu, Laércio, Paschoal, Isidoro; Ulisses ficou em quinto lugar, mas não entrou; eram cinco vagas, ele ficou em sétimo, por causa do Currículo, embora tenha ficado em segundo lugar na classificação das provas, ele caiu para sexto ou sétimo, para o sétimo lugar por causa do currículo e ai foi quando nós ficamos efetivados como professores da Universidade; foi quando eu pedi demissão da SEDEL e fiquei com dedicação exclusiva na Universidade, a partir do Concurso em 81. Sidney faz uma análise das mudanças ocorridas com a criação da SEDEL, em relação aos JEMs: Os JEM’s mudaram porque o esporte mudou, tudo, hoje a sociedade mudou, então mudou tudo, então era época que se praticava o JEM’s, quando eu cheguei quando eu pratiquei 40 Aqui, Sidney está enganado. O Convenio envolvendo o Maranhão é alinhavado pelo Laércio já nos anos 1980/81, depois da volta dele da Colômbia. 41 ELIR DE JESUS GOMES, industrial, ligado à Igreja católica, indicado pelo Padre João Mohana, primeiro secretário de estado de Desportos e Lazer. VAZ Leopoldo Gil Dulcio (Editor). REVISTA DO LÉO VOLUME 19 – ABRIL DE 2019 - SEDEL – 40 ANOS, disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__19-_abril_2019 VAZ Leopoldo Gil Dulcio (Editor). REVISTA DO LÉO VOLUME 20 – Maio 2019 - 19 AINDA OS 40 ANOS DA SEDEL... disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__20-_maio_2019
esporte, o esporte era praticado por forma romântica, se praticava esporte por prazer; as crianças que jogavam, os jogadores jogavam, e havia um envolvimento da classe bem grande, mais assentados na classe média, classe média alta, os atletas, as escolas ricas, jogavam por prazer; tinha-se tempo para jogar, o grande passatempo do jovem era o esporte, era uma forma de sair de casa, de ficar fora de casa, de se relacionar com os amigos, era o esporte. Hoje a sociedade mudou, hoje os estímulos são outros, hoje o lazer e outros, os interesses são outros; então se você fizer com isso tudo hoje, o praticante do esporte nos jogos, eu tenho impressão que caiu em termos de nível social, houve uma queda grande, mudou a característica do estudante, que se envolve hoje com o JEM’s; outra questão também é que o esporte hoje passou a ser praticado como uma questão voltado mais como uma questão de trabalho, de emprego, de conseguir uma ascensão social. uma ascensão econômica, conseguir emprego; hoje, quem vai praticar esporte, vai para ganhar dinheiro, ninguém mais pratica por romantismo; então essa é a diferença, entre o atleta de hoje e do atleta daquela época, naquela época tinham seleções que jogavam... então, hoje não, quem vai praticar esporte vai para seguir carreira dentro do esporte. Vai para se profissionalizar dentro do esporte... Lino informa que não teve participação quando da criação da SEDEL: ... não tive participação política na criação da SEDEL, até porque o espaço político o espaço de intervenção política nunca foi um dos partidos que sempre tiveram poder no Maranhão, em São Luís em particular, sempre fiz organicamente às vezes sim, às vezes não, parte de grupos de oposição, aquela política maranhense de Sarney, o sarneismo, eu sempre fui oposição, sempre fiz parte do grupo que votava contra aquilo tudo, nem peguei exatamente o momento de organização do PT, que eu saí de lá enquanto o PT se organiza como partido político, vim vivenciar isso já em São Paulo, viver isso em São Paulo mas acompanho a criação, não sou chamado para compor a equipe, o que não foi surpresa para mim porque não havia muita sintonia de pensamento, mas acabo me envolvendo em uma coisa ou outra, por conta da presença do Laércio em algumas atividades por exemplo: eventos acadêmicos em 79, por exemplo nós fizemos o 1° Congresso Regional Norte – Nordeste, o CBCE, com o apoio da SEDEL, aí eu me envolvo na organização desses congressos. Foi em 79, em 81 foi ano impar, ano do Congresso Brasileiro em Londrina, que eu e o Laércio viemos para o congresso também, já naquela época envolvidos nisso não é? E em 79 eu me lembro que foi taxado como evento de comunistas, a SEDEL o secretário era o Jesus, não queria sequer assinar os certificados porque o MEC estava dizendo que aquilo era comunismo, o Laércio teve que fazer o meio de campo que era um papel que ele fazia muito bem. Ele acabou assinando o JUB’S no Maranhão com o Sarney, como o governador endossou o pedido para que os jogos fossem lá. Castelo, nós tivemos o trabalho de cobrar esse apoio. na hora de dar o apoio, todo mundo quis dar. Na hora de efetivar o apoio estavam tirando o corpo fora, aí foi uma relação muito difícil com o Elias, o Arimatéia presidente da FAME e eu da coordenação geral disso tudo porque na verdade o apoio não vinha, e nós fizemos denúncias públicas, exigindo apoio, eles tiveram por pressão que oficializar esse apoio todo e aí criou um clima muito tenso que reforçou até essas visões diferenciadas. Fizemos um encontro EPT lá também, que eu me envolvi. Lino Castellani Filho, em outro depoimento, via correio eletrônico, do dia 14 de fevereiro de 2019, assim se posiciona: Minha lembrança sobre o fato é vaga, sinal que das experiências vividas/apreendidas por mim no Maranhão, ela não faz parte das mais significativas. Me recordo que a notícia de sua criação trouxe, de imediato, uma expectativa de que a elevação da ação governamental sobre o Esporte e o Lazer, de Departamento da Secretaria de Educação para o nível de
Secretaria específica, significaria ampliação de seu status junto às demais áreas de presença governamental na elaboração e execução de políticas públicas. O nome indicado para secretariá-la foi como um balde de água fria. Ingenuamente, pensava que a indicação cairia em nome de pessoa com expertise no assunto. A presença do nome do Laércio (Elias Pereira) na equipe - não me recordo em que tempo se deu - me deixou menos chateado. Ele, àquela altura, era a pessoa que mais experiência acumulava na área, e seu modo de agir, conciliador, sinalizava um bom canal de interlocução com ela.... Meu maior contato com ela foi por ocasião da organização dos 32º Jogos Universitários Brasileiros, cuja coordenação geral coube a mim, por indicação da Federação Acadêmica Maranhense de Esporte, FAME. O relacionamento foi tenso, pois o Governador do Estado foi rápido em manifestar apoio à defesa da realização daqueles Jogos em São Luís, mas à medida que os compromissos assumidos para sua realização se avolumavam e explicitavam a grandeza do empreendimento, foi dando sinais de recuo. Tivemos que tornar público o que estava ocorrendo, o que contrariou - e muito - o Secretário e seu braço direito, o Senhor José Olímpio, a quem conhecia quando de meu trabalho no MAC - 'Maranhão Atlético Clube'. O entendimento de política esportiva e de lazer, presente à época, era bastante limitado se comparado com os dias atuais. A SEDEL, naquele início de sua presença no cenário governamental maranhense, se não fez feio, também não fez a diferença esperada. Nada mais posso dizer a respeito, pois em 1983 me afastei do Estado para dar início aos meus estudos de Mestrado.
Por essas colocações de Lino, esses confrontos ideológicos, com o pessoal da UFMA – os paulistas! – sendo taxados de “comunistas” que o CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DOS ESPORTES – REGIÃO NORTE/NORDESTE 42, que ocorreu em 1980 acabou sendo organizado pelo CEDEFEL: 42 http://cev.org.br/eventos/congresso-brasileiro-ciencias-esporte-regiao-norte-nordeste
CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE REGIÃO NORTE-NORDESTE De 10-09-1980 até 13-09-1980 Brasil. São Luís -MA Programa Organização: Centro de Estudos e Documentação em Educação Física, Esportes e Lazer CEDEFEL Colaboração: SEDEL, UFMA, ETFM, FMTVE, SEED-MEC APRESENTAÇÃO Ao conquistar uma linha prioritária para a Educação Física, Esportes e Lazer para a Região Nordeste, os profissionais das Ciências das Atividades Físicas desencadearam um processo de valorização do seu trabalho junto ao Ministério de Educação. Foi dado o primeiro passo para que os educadores que utilizam a atividade física e conhecem a região comecem a participar efetivamente das ações que lhes dizem respeito. O Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte - Norte/Nordeste, do qual apresentamos aqui os resumos dos trabalhos, é um encontro de pessoas que, utilizando o esporte como meio, acreditam poder contribuir para a valorização do homem dentro de um contexto educacional em que educador e educando estejam cada vez menos em conflito e sempre com os pés e espíritos fincados na realidade. COMISSÃO ORGANIZADORA CONGRESSO N/NE 80 COMISSÃO DE HONRA GOVERNADOR DO ESTADO DO MARANHÃO João Castelo Ribeiro Gonçalves REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO José Maria Cabral Marques PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO DAS ESCOLAS SUPERIORES DO MARANHÃO Francisco Sousa Bastos Freitas SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS DO MEC Péricles Cavalcanti SECRETÁRIO DE DESPORTOS E LAZER DO MARANHÃO Elir Jesus Gomes SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO MARANHÃO Antonio Carlos Beckman DIRETOR DA ESCOLA TÉCNICA FEDERAL DO MARANHÃO Ronald da Silva Carvalho PRESIDENTE DO COLÉGIO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE Victor Matsudo COMISSÃO ORGANIZADORA Laércio Elias Pereira Lino Castellani Filho Nádia Eclélila Costa Pereira SECRETARIA GERAL Sandra Regina Moreno Castellani
COORDENAÇÃO ADMINISTRATIVA COORDENADOR - José Alberto Campos SUB COORDENAÇÃO DE FINANÇAS - José Ribamar Baldez Goiabeira COMISSÃO DE RECEPÇÃO E CERIMONIAL Maria de Fátima Campos Costa Maria Nazareth Cardoso Saldanha Maria do Socorro Araújo PROMOÇÃO E DIVULGAÇÃO Isidoro Cruz Neto Jorelza Mantovani Pascoal Bernardo Neto PROGRAMAÇÃO SÓCIO-CULTURAL Maria de Fátima Barbosa Frota Dulce Maria Colares Moreira de Souza Terezinha de Jesus Barros da Silva Maria de Nazaré Jansen Cursos Paralelos COORDENADORA - Nádia Eclélia Costa Pereira SECRETARIA GERAL – John Herbertt Araújo Teixeira José Alberto Campos Maria de Fátima Moreira Lima Maria Irene Araujo Morais CURSO: Sociologia dos Esportes PROFESSORAS: Maria Izabel de Sousa Lopes e Maria Helena Basile SUPERVISOR DA SEED/MEC: Jorge Rodrigues Muniz COORDENADOR: Laércio Elias Pereira SECRETÁRIO: José Alberto Campos CURSO: Recreação e Lazer PROFESSOR: Mauricio Roberto da Silva COORDENADORES: Manoel Trajano Dantas Neto e Ricardo Moisés SECRETÁRIA: Sheila Maria Meira Martins CURSO: Planejamento em Educação Física e Esportes PROFESSORAS: Glauce Ruiz e Ilma Castro Alencastro Veiga COORDENADORA: Ivone Reis Nunes SECRETÁRIIO: Luis Antonio Seba Salomão CURSO: Fisiologia do Esporte PROFESSOR: Claudio Gil Soares Araujo COORDENADORA: Nádia Eclélia Costa Pereira SECRETÁRIA: Maria de Fátima Moreira Lima CURSO: Crescimento e Atividade Física PROFESSOR: Victor Matsudo SUPERVISOR DA SEED/MEC: Jorge Rodrigues Muniz SECRETÁRIO: José Alberto Campos COORDENADOR DO CONGRESSO Lino Castellani Filho
SECRETARIA Creuza de Moraes Pacheco Sandra Regina Moreno Castellani COMISSÃO CIENTÍFICA Sidney Forghieri Zimbres CORREIO CIENTÍFICO Concceição Silvane Rodrigues Sá AUDIOVISUAL Arindo de Jesus Azevedo Joaquim Henrique Cortez PUBLICAÇÃO Cristóvam de Lima Araújo HOSPEDAGEM E ALIMENTAÇÃO Demosthenes Mantovani TRANSPORTE Benedito Ubaldo Araujo Morais MECANOGRAFIA Josemar Pinto Pereira Programa 10.9.80 - Quarta-feira 18:30 - Reunião do CBCE 20:00 - Apresentação Folclórica na Fonte do Ribeirão com comidas e bebidas típicas, BumbaMeu-Boi da Liberdade, Tambor de Criola de Mirina e Tambor de Mina de Jorge Babalaô 11.9.80 - Quinta-Feira 9 às 14 horas - Inscrição e Distribuição de material 16:00 - Abertura Oficial do Congresso 17:00 - Mesa Redonda: O Esporte e as Regiões em Desenvolvimento. Coordenador: José Carlos Sabóia Secretaria: Nádia Eclelia Costa Pereira Relatores: Maria izabel de Souza Lopes Sanclair de Oliveira Lemos Victor Keihan Rodrigues Matsudo 20:00 - Programação social D12.9.80 - Sexta-Feira 14:00 - Painel sobre o Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte 15:00 - Temas Livres - Coordenador Sidney F. Zimbres 15:00 - O problema do auxilio ao desenvolvimento pelo esporte Manfred Loecken (coordenador do Convênio Brasil-Alemanha de Intercâmbio Esportivo 15:20 - Educar para assumir e criar ou para aceitar e repetir. TAFFAREL, C.N.Z. CAVALCANTI, I; MELO, M.T; SENA, S.M.A; BARBOSA, T.L; MAIA, V.;CAVALCANTI, R.A; ALMEIDA, R.S.; SILVA, R.V.S, UCFR(sic) 15:40 - "A Educação Física e o Desporto na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência". LOPES, M.I.S. Núcleo de Estudos em Educação Física e Desporto de São Paulo - SP
16:00 - Pesquisa em andamento. "Ascenção social do negro através do desporto". CRUZ NETO, I. UFMA 16:20 - "Análise dos aspectos de envolvimento política/desportos face aos XXII Jogos Olímpicos". CASTELLANI FILHO, L. UFMA 16:40 - "Prevenção e compensação de debilidades em crianças de 6 a 12 anos através da ginástica escolar". TAFFAREL, C.N.Z (Universidade Catolica Federal de PErnambuco. 20:00 - Mesa-Redonda Opções em esportes e lazer para regiões em desenvolvimento Coordenador: Victor K. R. Matsudo Secretário: Lino Castellani Filho Relatores: Maria Izabel de Souza Lopes Waldir Pagan Peres Person Cândido Mathias da Silva João Bosco Araujo Teixeira 13.9.80 - Sábado 13:00 - Correio científico 14:00 Temas livres Coordenador: Laércio Elias Pereira 14:00 - Assistencia e levantamento médico-biometrico dos escolares de 1º e 2º graus da rede oficial do estado da Bahia". OLIVEIRA, G.N; SANTOS, O.S. e outros. Seção de pesquisas/DEF 14:20 - Prescrição do trabalho aeróbico levando em consideração somente a distância percorrida no teste. MANTOVANI, D. (UFMA) 14:40 "Volibol infanto-juvenil do Maranhão: características das qualidades físicas, dados antropométricos e aspectos gerais" ZIMBRES, S.F. - Divisão de Estudos e Pesquisas da Secretaria de Desportos e Lazer do Maranhão 15:00 - "Pliometria: variação no tipo de impacto mecânico salto vertical em universitários de ambos os sexos" Laboratório de Biomecânica da Universidade Federal de Vioçosa - MG 15:20 -Valores de dobras cutâneas em escolares de 7 a 10 anos. MATSUDO, V.K.R; SESSA, M. Laboratório de Aptidão Física de São Caetrano do Sul - SP 15:40 - Interiorização - fundamento para o ensino-aprendizagem esportivo. ESCOBAR, M.O; BUCKHAT, R. Agua Viva Center - Centro Especializado de Natação - Pernambuco 16:30 - Mesa Redonda - Iniciativas institucionais em Educação Física, Esportes e Lazer no Brasil. Coordenador: Antonio José Borges Secretário: Sidney F. Zimbres Relatores: José Pinto Lapa Victor K.R. Matsudo Eliana de Melo Caran Cecy Marlene de Melo 20:30 - Coquetel de Encerramento. INICIO DA PESQUISA EM EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES E LAZER NO MARANHÃO: "Ascenção social do negro através do desporto". Pesquisa em andamento - CRUZ NETO, I. UFMA "Análise dos aspectos de envolvimento política/desportos face aos XXII Jogos Olímpicos". CASTELLANI FILHO, L. UFMA
Prescrição do trabalho aeróbico levando em consideração somente a distância percorrida no teste. MANTOVANI, D. (UFMA) "Volibol infanto-juvenil do Maranhao: características das qualidades físicas, dados antropométricos e aspectos gerais" ZIMBRES, S.F. - Divisão de Estudos e Pesquisas da Secretaria de Desportos e Lazer do Maranhão Para Laércio Elias Pereira Uma figura central na criação da SEDEL foi o Borges, que eu acho que morreu. Ele fazia os planos de governo e me procurou quando viu um esquema que eu tinha desenhado para o esporte no Maranhão. O Borges dirigiu os trabalhos de análises dos documentos de proposta de governo para a Sedel. Acho que foi o Mateus que escreveu, mas o Borges pilotou a análise ponto a ponto. Eu já tinha ido para Paraíba e voltei pra discutir o plano da SEDEL com ele e o Elir. Bom depoimento (que eu gostaria de ler) é o do Elir. Outra figura central foi a Fátima Frota. Os 40 anos seriam uma ótima oportunidade para relançar no CEV todos os números da Revista Desportos e Lazer. Também o jornalzin Desportos e Lazer. Um grande evento da SEDEL foi um dos maiores Congressos Regionais de Ciências do Esporte de todos os tempos. Era apenas o segundo ano do CBCE. O presidente (primeiro) era o Victor Matsudo. Nesse congresso tivemos cinco presidentes do CBCE: Victor Matsudo, Claudio Gil, Laércio, Celi e Lino. O Sidney e o Claudio Gil têm algumas fotos. O Congresso foi esse: http://cev.org.br/eventos/congresso-brasileiro-ciencias-esporte-regiao-norte-nordeste A SEDEL fez também o de Esporte para Todos http://cev.org.br/eventos/i-congresso-norte-nordeste-esporte-para-todos
Iº Congresso Norte/Nordeste de Esporte para Todos De 24-08-1982 até 28-08-1982 Brasil. São Luis -MA
Programa 25/AGOSTO - QUARTA-FEIRA 0900 h. - Inscrição e Entrega de Material 14:00 h. - Reunião da Rede EPT 18.-00 h. - Solenidade de Abertura 25/AG0ST0 - QUARTA-FEIRA 18:30 h. MESA REDONDA: Evolução Histórica do EPT Coordenador: Laércio Elias Pereira Secretaria de Desportos e Lazer do Maranhão Palestrantes: Inezil Penna Marinho Universidade Federal do Rio de Janeiro Person Cândido M. da Silva Universidade Federal do Rio de Janeiro Dante Silvestre Júnior Serviço Social do Comércio - S.P. Lenea Gaelzer Universidade Federal do Rio Grande do Sul 26/AGOSTO - QUINTA-FEIRA 15.O0h. MESA REDONDA: Dimensão Social do EPT Coordenador: Lino Castellani Filho
Universidade Federal do Maranhão Palestrantes: Dante Silvestre Júnior Serviço Social do Comércio - S.P. Lenea Gaelzer Universidade Federal do Rio Grande do Sul Person Cândido M, da Silva Universidade Federal do Rio de Janeiro João Bosco Araújo Teixeira Secretaria de Educação e Cultura - Natal • RN 26/AGOSTO - QUINTA-FEIRA - 18.00h. Coordenador: Leopoldo Gil Duleio Vaz Universidade Estadual do Maranhão Secretário : José Faustino da Silva Filho TEMAS LIVRES: 18.O0 h. - Montagem de Publicidade do EPT no Maranhão Edivaldo Pereira da Silva - REDE EPT/MA 18:20 h. - Grupos de Lazer Maria de Lourdes Matos da Silva - SEDEL/MA. 18.40 h. - Desenvolvimento Cultural Francisco Manuel Baia da Silva - MOBRAL/MA. 19.00 h. - Artes Plásticas como Opção de Lazer José João S. Lobato - Sec. de Cultura/MA. 19:20 h. - Eventos de EPT no Maranhão Maria de Fátima Costa Martins - SEDEL/MA. 19.40 h. - Meios de Divulgação do EPT Edivaldo Pereira da Silva - REDE EPT/MA 20:OO h. - O Emprego do Cinema como Lazer Cultural João Ubaldo Serra de Moraes - SEDEL/MA 20:20 h. - Projeto Procópio Ferreira Cosme da Silva Jr. - SEDEL - SEC. CULTURAL/MA. 20.40 h. - Jornada de Trabalho x Tempo Livre: um Dilema para a existência do Lazer Maria Izabel de Souza Lopes - PUC/SP 27/AGOSTO - SEXTA-FEIRA 09:00 h. - Evento de EPT "Manhã Alegre" Parque Bom Menino Coordenador: Maurício Roberto da Silva Universidade Federal de Sergipe 27/AGOSTO - SEXTA-FEIRA Coordenador: Leopoldo Gil Dulcio Vaz Universidade Estadual do Maranhão Secretário : José Faustino da Silva Filho TEMAS LIVRES:15.00 h. - EPT no Amapá Raimundo Nonato da S. Sousa - DEFER/AP 15:20 h. - 0 Lazer através da Escola e a Educação através do Lazer*-Valter Soares - DEFlD/PI 15:40 h. - Jogos Comunitários no Amapá Raimundo AIdo Siqueira - DEFER/AP 16.00 h. - O IPEM e o Desenvolvimento do Esporte e Lazer Francisco Carlos Sena Silva - IPEM/MA. 16:20 h. - Experiências na área de Pesquisa para o Lazer Maria Angela de Faria J. Leite - SEDEL/MA 16.-40 h. - A Recreação no Curso de E. F. na UFMA António Maria Zacharias B. Araújo - UFMA 17.00 h. - O Universitário e o Desporto na UFMA Lino Castellani Filho - UFMA 17:20 h. - Da Cultura no Turismo ao Turismo na Cultura Maria Izabel de 5. Lopes - PUC/SP 27/AGOSTO - SEXTA-FEIRA - 20:00 h. MESA REDONDA: Experiências em EPT Coordenador: Dulce Maria Collares Moreira de Sousa Secretaria de Desportos e Lazer do Maranhão Palestrantes: Roberto Gesta de Melo Superintendência de Desportos do Amazonas Maria de Fátima Barbosa Frota Secretaria de Desportos e Lazer do Maranhão Nilton Agra de V. Galvão Fundação de Desenvolvimento de Esporte de Pernambuco Maurício Roberto da Silva Universidade Federal de Sergipe
28/AGOSTO - SÁBADO - 09:00 h. MESA REDONDA: O EPT em face da Política Nacional de Educação Física e Desportos Coordenador: Lino Castellani Filho Universidade Federal do Maranhão Palestrantes: Orlando FerradoIIi Filho Secretaria de Educação Física e Desportos do MEC - DF João Bosto Araújo Teixeira Secretaria de Educação e Cultura - Natal - RN. Nilton Agra V. Galvão Fundação de Desenvolvimento do Esporte de Pernambuco Roberto Gesta de Melo Superintendência de Desportos do Amazonas 28/AGOSTO - SÁBADO 12.00 h. - ENCERRAMENTO 20.00 h. - Jantar de Confraternização, com apresentação de compositores maranhenses.
Trabalhos apresentados: = Edivaldo Pereira da Silva - REDE EPT/MA - Montagem de Publicidade do EPT no Maranhão; - Maria de Lourdes Matos da Silva - SEDEL/MA. - Grupos de Lazer; - Francisco Manuel Baia da Silva - MOBRAL/MA. - Desenvolvimento Cultural; - José João S. Lobato - Sec. de Cultura/MA. - Artes Plásticas como Opção de Lazer; - Maria de Fátima Costa Martins - SEDEL/MA. - Eventos de EPT no Maranhão; - Edivaldo Pereira da Silva - REDE EPT/MA - Meios de Divulgação do EPT; - João Ubaldo Serra de Moraes - SEDEL/MA - O Emprego do Cinema como Lazer Cultural; - Cosme da Silva Jr. - SEDEL - SEC. CULTURAL/MA. - Projeto Procópio Ferreira; - Francisco Carlos Sena Silva - IPEM/MA. - O IPEM e o Desenvolvimento do Esporte e Lazer; - Maria Angela de Faria J. Leite - SEDEL/MA Experiências na área de Pesquisa para o Lazer; - António Maria Zacharias B. Araújo - UFMA - A Recreação no Curso de E. F. na UFMA; - Lino Castellani Filho - UFMA O Universitário e o Desporto na UFMA.
Acho que devemos citar também a Ethel Bauzer Medeiros e a Lenea Gaelzer, teve uma convergência do começo da SEDEL com o programa de pós-graduação em Educação Física da UFMA: http://cev.org.br/eventos/curso-de-especializacao-em-ciencias-do-esporte http://cev.org.br/eventos/especializacao-recreacao-lazer e esse encontro A criança no Maranhão http://cev.org.br/eventos/a-crianca-maranhao Em depoimento à Canhoto Ribeiro (2018), Leopoldo Gil Dulcio Vaz esclareceu como se deu o processo de criação da SEDEL: Plano de Governo de João Castelo, localizado no Bequimão-CSU Bequimão; lá estavam, além do Secretário Elir de Jesus Gomes, que coordenava o grupo de estudos, Laércio Elias Pereira, Sidney Zimbres, Gafanhoto, Paulão, e depois, cheguei, eu, em janeiro de 1979; Socorro Araújo, Fátima Frota, Gigi de parte do Lazer. E um primo do Castelo, não lembro o nome, que fazia o elo entre a Coordenação do Plano de Governo e o grupo de trabalho. Trabalhamos, em especial Laércio e eu, Fátima e Socorro, na elaboração da estrutura, missão, objetivos... Os demais, apenas faziam número...
Das conversas - Laércio, Lino (não fazia parte do Plano, mas estava sempre presente.., Fátima, Socorro, decidíamos como deveria funcionar, e Elir tambem sempre presente ouvíamos e aprovava as sugestões. Em maio de 1979, foi criada a Secretaria, com duas coordenações – de Desporto, e Lazer; cada uma com três departamentos, e uma Assessoria (com oito membros, sendo o assessor chefe o Laércio... Promovemos um Congresso Brasileiro de Lazer. O primeiro do Brasil!!! Trazemos pessoas de todo o País, para alimentar e validar as propostas... daí a importância... no CEV você encontra os anais desse congresso....logo depois, o CONBRACE N/N, também para apresentar a SEDEL, validar as propostas e ouvir sugestões.... Na época, ainda no Plano de Governo, trouxermos Ethel Bauzer de Medeiros, uma das maiores autoridades em Lazer Urbano do Brasil, para uma palestra e validar, também, as propostas. Eu já tinha uma experiência do Paraná-Curitiba- quando de meus estágios, na implantação de uma estrutura de Lazer urbano, com as propostas de Jaime Lerner - as praças esportivas - que tentamos implantar aqui - sai a revitalização do parque do Bom Menino (projeto meu...), o Complexo Social e Esportivo de São Luís (do qual participei desde a concepção, escolha de local, negociações junto à AL, e fiscalização das obras...). Socorro Araújo e eu fizemos inúmeros projetos - éramos os encarregados da elaboração... tanto na área dos esportes como nos de lazer... Laércio, Fátima, Socorro e eu éramos os responsáveis por todo o planejamento da SEDEL, no tempo em que fiquei por lá 1979 até 1982... sai por divergência com o Coordenador geral, Olímpio Guimarães, que só visava o futebol e em especial o MAC...- mas continuei prestando consultoria, mesmo no tempo de Nam, do Phil. 43. DA DIVISÃO DE ESTUDOS E PESQUISAS AO CEV... Na estrutura da SEDEL havia uma Divisão de Estudos e Pesquisa, em cada uma das áreas-fim, Desportos e Lazer. Sidney era o coordenador da área de esporte. Inquirido porque a divisão não funcionou, responde: Olha, por um motivo simples: a Educação Física na época, não tinha... Nós professores de Educação Física, não tínhamos tradição em pesquisa, isso era uma coisa nova, porque eu não defendi minha tese de mestrado? Porque quando eu entrei no mestrado em 81/82 – as primeiras turmas do mestrado, a primeira turma entrou em 80, a turma do Laércio, parece que foi em 80/81, eu entrei em 82 -, então as primeiras turmas, nos cinco/seis anos, isso tem até um trabalho, numa revista do CBCE, quase 70; 80% de quem fez o mestrado ninguém defendeu tese, porque não havia tradição de pesquisa dentro da área de Educação Física, o mestrado era novo, professores de fora, de outros países, não havia orientação; nós tínhamos dificuldades para realizar, então não havia tradição em pesquisa, a pesquisa era feita, era muito ligada a questão biológica, menarca da criança, estudos de qualidade física; foi a época da criação dos laboratórios de Fisiologia, então era uma coisa assim, não havia essa tradição de pesquisa, então houve trabalhos de pesquisa na divisão, foram feitos trabalhos de pesquisa, eu fiz um trabalho, foi até publicado naquela revista, você até divulgou, houve um trabalho interessante que não foi levado ao final, porque eu acabei saindo da divisão, ficou para outra pessoa, que ficou na divisão, mas não tocou isso em frente, foi um trabalho, um levantamento dos dados antropométricos, feitos pelo Osmar Rio, da UNB, no Estado de Brasília, ele tinha um trabalho que fazia sobre a caracterização, tipo do atleta em relação ao esporte (o entrevistador interrompe e lembrando sobre o JEM’s e o JEB’s) se pegou a seleção, houve um trabalho enorme todo tabulado todo em cima do, foi 43 Entrevista concedida a Canhoto Ribeiro (2018) por Leopoldo Gil Dulcio Vaz, em 6 de setembro de 2017, na cidade de São Luís MA.
feito pelo Osmar Rio, só que não foi levado ao fim, foi quando eu acabei saindo da divisão, ficou esse trabalho, ficaram esses dados na divisão, quem entrou depois na divisão eu acho até que foi até [Tânia ?]. Acho que deve ter sido ela. O Prof. José Carlos “Canhoto” Ribeiro, em sua dissertação de Mestrado: “MEMÓRIAS DA ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL DO CAMPO E HABITUS ESPORTIVO MARANHENSE: ASSOCIAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES E LAZER DO ESTADO DO MARANHÃO – APEFELMA (1980-2000)”, entrevista o Prof. Laércio Elias Pereira, em 10 de setembro de 2017, na cidade de São Luís-MA: Outro entrevistado neste rol de personalidades que ajudaram a reconstruir as memórias da Associação no Maranhão foi o professor Laércio Elias Pereira. Segundo os dados da tese de Laércio Pereira, a trajetória de atuação profissional em Educação Física teve como ponto de partida, uma participação dedicada em todas as formas de disseminação da informação que estiveram direcionando a área do jornal do centro acadêmico a internet (PEREIRA, 1998). O seu trabalho continuou sempre entre as publicações e as instituições de preparação e de organização profissional. “Opinião” a coluna do Jornal do CA foi aceita como “Rumorismo” na Revista Esporte e Educação, “Revista na (sic) Associação dos Professores de Educação Física do Estado de São Paulo”. O último número da Revista Rumorismo perdurou até o ano 1977, “que teve como editor o autor da coluna, apostando na esperança de que o mestrado então recém-implantado na Universidade de São Paulo - tema da capa nunca mais iria deixar desaparecer revistas de Educação Física por falta de artigos” (PEREIRA, 1998, p. 3). Em 1978, participou da criação do CBCE, e da composição das diretorias até 1985, que, também, serviu como campo de atuação na informação cientifica no campo esportivo. A organização de congressos, o acompanhamento da Revista Brasileira de Ciências do Esporte, o Boletim Brasileiro de Ciências do Esporte e o informativo da Diretoria “Pensando Alto” exigiram um aprofundamento importante no universo dessa informação cientifica. Em 1984, ainda segundo o autor, a seção Rumorismo voltou em outra revista “Corpo e Movimento” da APEF-SP. Para professor Laércio Elias Pereira, o Estado do Maranhão vivenciou uma das mais ricas experiências com televisão educativa do Brasil na década de 1970: “a televisão era um recurso a ser explorado pela Educação Física. A produção e as aulas eram grandes recursos de informação para os professores”. Entre 1984 a 1985, contribuiu, também, na participação das discussões sobre as publicações da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, e na reativação de secretarias estaduais, como responsável pela secretaria regional da SBPC na Região Norte (PEREIRA, 1998). No âmbito acadêmico, a participação na busca de um adequado suporte de informação para a primeira turma de mestrado da Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo (EEFUSP) - na medida em que integrávamos a Comissão de Pós-Graduação como representante discente - levou a busca de disciplinas (Mídias Alternativas e Cibernética Pedagógica) na Escola de Comunicações e Artes (ECAUSP), onde se deu o início do contato com as „mídias alternativas‟ (que mais tarde, com o aumento da capacidade de processamento dos computadores, permitindo a maior interatividade entre as pessoas e as maquinas, passariam a ser chamadas de „mídias interativas‟) (PEREIRA, 1998, p. 4). Nos dados de sua tese o professor Laércio Elias Pereira afirma que nas disciplinas da ECA “entrei em contato com o que mais tarde passou a ser chamado de “mídias interativas”. Em 1985, durante o doutorado em comunicação, que não concluí - apresentei com o professor Gabriel Munoz Palafox – que veio do México para estagiar no Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (CELAFISCS) que, na época, cursava o mestrado em
Educação, tinha na bagagem um moderno computador de 8 bits - a proposta de um calendário esportivo em videotexto, que todavia, “não encontrou patrocinador, mas serviu para um bom treinamento na iniciação com a informática e as perspectivas do uso do computador na comunicação, já que o videotexto foi um precursos da WWW”. (PEREIRA, 1998, p. 5). Entre 1985 a 1986, na Comissão Ministerial, elaborou as propostas de uso do satélite Brasilsat I pela Educação, além da responsabilidade de coordenar, pelo lado do Ministério da Educação e Cultura, o projeto que implantou o Sistema Brasileiro de Informação e Documentação Esportiva (PEREIRA, 1998). Na década de 1980, precisamente na segunda metade, a convite formulado por João Batista A. G. Tojal, Diretor da recém-instituída Faculdade de Educação Física da Universidade de Campinas (UNICAMP), para submeter-me ao processo de seleção e depois trabalhar como professor de Handebol na UNICAMP - 1986/1990 - trouxe um novo folego ao trabalho, com informação em Educação Física servindo como ponto catalisador das experiências anteriores (PEREIRA, 1998). Com promoção da Faculdade de Educação Física e do Núcleo de informática Biomédica (NIB) - da Unicamp, coordenamos o I Simpósio Brasileiro de informática em Educação Física e Esportes - chancela do CBCE - em 1987, e o segundo como satélite do Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte (CONBRACE) de 1989, em Brasília. Enquanto isso, como parte das atividades do doutorado na ECA-USP, estreitamos os contatos - iniciados no CBCE - com os pesquisadores de Educação Física e Esportes (EFE) - no exaustivo trabalho de entrevista-los para estudar o „Fluxo de Informação entre os Pesquisadores de Educação Física e Esportes no Brasil‟. A convivência na Escola de Comunicações e Artes da USP serviu, também, para participarmos dos trabalhos de implantação do Núcleo de Estudos e Pesquisas de Novas Tecnologias de Comunicação Aplicadas a Educação - Escola do Futuro, USP, inaugurado em 1988 (PEREIRA, 1998, p. 6-7). Em 1990, retornou ao Maranhão, mas no ano seguinte, transferiu-se para a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com o intuito de reintegrar-se aos trabalhos do Sistema Brasileiro de Documentação e Informação Desportiva (SIBRADID). O QUE ERA O CEDEFEL-MA44 Ainda em 1979, quando Laércio e eu planejávamos o que fazer na SEDEL, em uma reunião na casa dele, e ouvindo Som Brasil – com o Rolando Boldrin, e ao fundo Chitãozinho e Xororó e Pena Branca e Xavantinho -, criamos um Decálogo, do que seria nossa atuação naquela recémcriada Secretaria de Desportos e Lazer do Maranhão... Não sei onde esta esse documento, mas foi por ele que baseamos nosso trabalho desde essa época; e um deles estava a criação de um sistema (ferramenta) para disseminação de informação – dai o CEDEFEL… O artigo que falei que foi um dos primeiros a tratar do assunto, não como um tesauro, mas como um vocabulário controlado – lembrei do termo! – que estávamos construindo, a partir do estudo da Stella Vercesi publicada na revista Paulista de Educação Física vol.3, n. 4, jun 198945. Lembrando: Em 1979 foi criada a Secretaria de Desportos e Lazer do Maranhão – SEDEL – a primeira do Brasil, com um Departamento de Estudos e Pesquisas; Laércio era assessor especial; eu estava lotado na Coordenação de Esportes, depois passei a assessorar o assessor… Sai em 1981 – voltei para a Secretaria de Educação, mas continuei prestando ‘consultoria’ – isto é, trabalhando sem receber… 44 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. 30 ANOS DO I SIMPÓSIO BRASILEIRO DE INFORMÁTICA EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES (19 a 20-11-1987 - Brasil. Campinas – SP) – 27/11/2017 /CONSTRUÇÃO DE UM TESAURUS EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES. Leopoldo Gil Dulcio Vaz - Escola Técnica Federal do Maranhão 45 SILVA, Maria Stella Vercesi. Adaptação da Classificação Decimal de Dewey para Educação Física. REVISTA PAULISTA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, 3 (4): 43-49, jun. 1989.
Logo em 1980 a I Conferencia Latino-americana de Informação e Documentação Esportiva – a segunda seria em São Luís, em 1981… O Laércio foi um dos representantes do Brasil – fez uma exposição sobre o CBCE e sobre o CEDEFEL-MA – ai que ele passou a existir… Foi ‘inventado’ para esse encontro, na Colômbia46. O problema seguinte – a SEDEL-MA, e o CEDEFEL-MA, junto com a UFMA, UEMA, e CEFET-MA ( hoje IF-MA) - seriam os responsáveis pela organização do evento – seja, Laércio e eu… Mas… Não tínhamos pesquisas… Passamos a incentivar alguns professores a produzirem alguma coisa para apresentar no ano seguinte… Foi o inicio da pesquisa em Educação Física e Esportes no Maranhão47… Para atacar o problema da dispersão da Informação em Ciências do Esporte foi desencadeado um trabalho de indexação de artigos de revistas no início da década de 80 que serviu de base para a implantação de um Centro de Estudos e Documentação em Educação Física, Esportes e Lazer CEDEFEL. As ações do CEDEFEL estavam voltadas para um processo de criação de um modelo de "Centro Referencial" - informação sobre a informação - com o objetivo de recuperar e organizar as informações básicas em Educação Física, Esportes e Lazer e efetivar a comunicação entre especialistas (VAZ, PEREIRA, 1992) 48. Criamos – Laércio e eu – um Centro de Estudos 49 que funcionou em uma pasta de papelão que tínhamos, e era itinerante – funcionava onde estávamos – em minha casa, na casa dele, na SEDEL, na ETFM, na UFMA, na UEMA. Locais onde trabalhávamos – era um “centro virtual”, pois só existia em nossa mente – dai considerar como a base do CEV 50. Laércio jamais abandonou a ideia e a aprofundou… Mas fizemos acontecer… A ideia surgiu da necessidade. Laércio foi para um congresso internacional de documentação esportiva acontecido na Colômbia – Medelín51; por conta disso, o 2º viria para o Brasil – Maranhão… Nunca aconteceu… Como não sei se aconteceram os demais conforme programado…52. Mas o Heiz Guiberhienz do Convenio Colômbia-Alemanha (veio, junto com o Ulrich Jonathan – técnico da seleção olímpica de atletismo da Alemanha; viveu alguns anos da Argentina…) …chegaram a vir ao Maranhão para tratar desse assunto e vendo o trabalho de ‘organização da informação’ que fazíamos, propôs outros convênios… (1980)53. 46 I CONFERENCIA SOBRE DOCUMENTACION E INFORMACION DEPORTIVA EM LATINOAMERICA, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de feveriero de 1980. MAIER, Jürgen (Editor). I CONFERENCIA SOBRE DOCUMENTACION E INFORMACION DEPORTIVA EM LATINOAMERICA, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de feveriero de 1980. ANAIS... 47 “DECLARACION DE MEDELLIN...”, em seu Acuerdo 2, decide-se pela realização dos próximo eventos: 1981 II conferencia en SAN Luis, Maranhão, Brasil; 1982 III Conferencia em BUENOS AIRES, Argentina; 1983 IV Conferencia en CARACAS, Venezuela. (p. 255 (in. MAIER, Jürgen (Editor). I CONFERENCIA SOBRE DOCUMENTACION E INFORMACION DEPORTIVA EM LATINOAMERICA, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de feveriero de 1980. ANAIS.. 48 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PEREIRA, Laércio Elias. ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO EM CIÊNCIAS DO ESPORTE: A EXPERIÊNCIA DO CEDEFEL-MA. Tema livre apresentado no XVIII SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CI ÊNCIAS DO ESPORTE, São Caetano do Sul, outubro de 1992 49 VAZ, PEREIRA, 1992, citado 50 PEREIRA, Laércio Elias. CENTRO ESPORTIVO VIRTUAL: Um Recurso de Informação em Educação Física e Esportes na Internet. Tese apresentada a Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas como requisito para a obtenção do titulo de Doutor em Educação Física, área de Educação Motora, por Laércio Elias Pereira, Orientador Prof. Dr. Joao Batista Andreotti Gomes Tojal, Campinas, 1998. Disponível em http://cev.org.br/biblioteca/centro-esportivo-virtual-umrecurso-informacao-educacao-fisica-esportes-internet/ 51 ). I CONFERENCIA SOBRE DOCUMENTACION E INFORMACION DEPORTIVA EM LATINOAMERICA, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de feveriero de 1980. ANAIS... 52 “DECLARACION DE MEDELLIN...”, em seu Acuerdo 2, decide-se pela realização dos próximo eventos: 1981 II conferencia en SAN Luis, Maranhão, Brasil; 1982 III Conferencia em BUENOS AIRES, Argentina; 1983 IV Conferencia en CARACAS, Venezuela. (p. 255 (in. MAIER, Jürgen (Editor). I CONFERENCIA SOBRE DOCUMENTACION E INFORMACION DEPORTIVA EM LATINOAMERICA, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de feveriero de 1980. ANAIS... 53 Dos acordos – 1981 – II Conferencia en São Luis –Maranhão – Brasil!!!! I CONFERENCIA SOBRE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO DESPORTIVA NA AMERICA LATINA; Literatura Desportiva latino-americana; Declaração de Medellín. EDUCACIO FISICA Y DEPORTE – n.2, ano 2, maio 1980 – Órgão oficial do Instituto de Ciências do Desporto – Universidade de Antioquia – Convenio Colombia-Alemanha;
O CEDEFEL-MA – Centro de Estudos e Documentação em Educação Física, Esportes e Lazer do Maranhão, integrado pelas UFMA e SEDEL (Laércio) e ETFM e UEMA (eu) teve uma importante e vasta produção científica… cinco trabalhos apresentados naquele I Encontro de Pesquisadores 54; depois, dois trabalhos na SBPC, e mais dois trabalhos apresentados nos encontros do CELAFICS, além de alguns CONBRACEs… tudo virtual, de dentro daquela pastinha55... Começamos a elaborar a indexação de periódicos especializados – o primeiro saiu da minha coleção da Revista Brasileira de Educação Física, editado pela SEED/MEC e feito pelo Laércio, publicado pelo MEC/SEED; depois comecei a adquirir a coleção da Stadium, um ano por mês, e a indexar – fizemos 23 anos da revista… (PEREIRA, 1983) 56. Por fim, junto com o pessoal da ETFM (VAZ, ANDRADE FILHO, FERREIRA NETO, 1991) 57, criamos um banco de dados, utilizando (dinossauro) DBase, depois o DBase III, e utilizando Clipper e DBase III Plus; o LTI da 54 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio & PEREIRA, Laércio Elias. Coleta de bibliografia para processamento por computador. ENCONTRO DE PESQUISADORES DA UEMA, I, São Luís, 1986. ANAIS... São Luís, 1986. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio & PEREIRA, Laércio Elias & Outros. Indexação: em busca da construção de um thesaurus em Ciências do Esporte. ENCONTRO DE PESQUISADORES DO MARANHÃO, I, São Luís, 1990. ANAIS... São Luís, 1990. PEREIRA, Laércio Elias; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio, e Outros. Organização da Informação em Ciências do Esporte veiculada em periódicos de língua portuguesa. ENCONTRO DE PESQUISADORES DO MARANHÃO, I, São Luís, 1990. ANAIS...São Luís: UFMA, 1990. PEREIRA, Laércio Elias; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; REIS, Lúcia; ANDRADE FILHO, Santiago Sinésio; PEREIRA NETO, Francisco Dias. Organização da informação em ciências do esporte veiculada em periódicos de língua portuguesa. In: ENCONTRO DE PESQUISADORES DO MARANHÃO, 1., 1990, São Luís. Anais… São Luís: EDUFMA, 1990. v.1, p. 49. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias; REIS, Lúcia. Indexação: em busca da construção de um tesauro em ciências do esporte. In: ENCONTRO DE PESQUISADORES DO MARANHÃO, 1., 1990, São Luís. Anais… São Luís: EDUFMA, 1990. v.1, p. 50. 55 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PEREIRA, Laércio Elias. ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO EM CIÊNCIAS DO ESPORTE: A EXPERIÊNCIA DO CEDEFEL-MA. Tema livre apresentado no XVIII SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CI ÊNCIAS DO ESPORTE, São Caetano do Sul, outubro de 1992 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Memórias da Documentação Esportiva No/do Brasil. In CEV/BIBLIOTECONOMIA E CIENCIA DA INFORMAÇÃO EM EF & ESPORTES; 06/05/2016, disponível em http://cev.org.br/comunidade/biblioteca/debate/arquivo/tema/tesauro VAZ, L. G. D. ; ANDRADE FILHO, S. S. ; FERREIRA NETO, F. D. Implantação da Informática no CEFET-MA. Seminario De Informatização Da UEMA, I, 1991. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias. A produção do conhecimento na Escola de Educação Física da UFMG. ANAIS Da 45ª Reunião Anual Da SBPC, Recife, 11 a 16 de julho de 1993, Vol. 1 p. 394, A.11 Motricidade Humana e Esportes, 6- A. 11 (Resumo). VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias. A produção do conhecimento na Escola de Educação Física da UFMG. ANAIS CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, Belém – Pará, 06 a 10 de setembro de 1993, Universidade Federal do Pará, p. 136 (Resumo) VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Produção do conhecimento em Educação Física e Desportos no Nordeste Brasileiro. JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA DA UFMA, III, São Luis, 05 a 08 de dezembro de 1995. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Produção do conhecimento em Educação Física e Desportos no Nordeste Brasileiro in REVISTA MOVIMENTO HUMANO 7 SOCIEDADE, n. 5, ano II, Edição Especial. ANAIS…, p. 14-21 PEREIRA, L. E. ; VAZ, L. G. D. . Centro Esportivo Virtual – CEV. In: Lamartine Pereira da Costa. (Org.). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. 1 ed. Rio de Janeiro: Shape, 2005, v. 1, p. 769-770. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CONSTRUÇÃO DE UM TESAURUS EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES. IN I SIMPÓSIO BRASILEIRO DE INFORMÁTICA EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES De 19 a 20-11-1987 - Brasil. Campinas - SP 56 PEREIRA, Laércio Elias. INDICE DA REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS. Brasília : SEED/MEC, 1983 VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Indice Da Revista Stadium. São Luis: SEDEL, 1984 (Edição em microficha). A “Stadium”, da Argentina, cujo índice foi publicado no formato de microficha, e distribuído através de um ‘clube de microficha’ inventado pelo Prof. Laércio Elias Pereira e distribuída a edição por todo o Brasil, aos “assinantes”; VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Indice Da Revista Corpo & Movimento. São Luis: UEMA, 1987 (inedito); VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Indice Da Revista Desportos & Lazer. São Luis: UEMA, 1987 (inédito); VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Indice Da Revista Comunidade Esportiva. São Luis: UEMA, 1987 (inédita); VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Índice da Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Revista Brasileira De Ciencias Do Esporte 10 (1): 33-45, set. 1988. VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Handebol – Bibliografia básica. Encontro De Treinadores De Handebol, I, Campinas, 1988. ANAIS..., Campinas, 1988. VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Indice Da Revista Kinesis. Santa Maria: UFSM, 1990.
EB-UFMG – Luizinho – ajudou muito na fase final, com os programas e as ferramentas computacionais (VAZ, PEREIRA; LOUREIRO, 1993) 58; lembro que a Escola de Engenharia da UFMG tinha acesso, já, à Internet; fizemos nossos endereços e começamos a utilizá-la; depois já era possível o acesso através do LTI-EB e por fim, da EEF/SIBRADID59… Chegamos a ter 5.013 artigos indexados, de 13 revistas dedicadas em português/Brasil… ( VAZ, PEREIRA, 1993, a, b)60. O principal problema era o resgate da informação; dai termos desenvolvido empiricamente, um tesauro61 – somente eu dominava, pois era o responsável pela catilografia(gração) (hoje, seria digitação); começamos com aquelas fichinhas de referência bibliográfica, que se aprende nos cursos de iniciação a pesquisa, depois passamos a utilizar um COBRA 286 – o máximo da tecnologia da época; e poderia haver consulta on line via MANDIC – quem lembra? era préinternet, só depois (final de 92) havia acesso via internet…. VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Natação – Bibliografia Básica. Cadernos Viva Água, São Luis, Escola de natação Viva Água, 1991, vol. 1 VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Natação – Bibliografia. Cadernos Viva Água, São Luis, Escola de natação Viva Água, 1991, vol. 2 VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Psicologia aplicada ao esporte. Cadernos Viva Água, São Luis, Escola de natação Viva Água, 1991, vol. 3 Seguiram-se as indexações dos seguintes periódicos: ‘Arquivos’ da Escola Nacional de Educação Física (1992); ‘Boletim da FIEP’ (1992); ‘Artus’ (1992); ‘Homo Sportivus’ (1992); ‘Motrivivencia’ (1993), e o vol 4 dos “Cadernos Viva Água”, sobre Natação para Crianças, com a produção de Stephen Langersdorff (1994). 57 VAZ, L. G. D. ; ANDRADE FILHO, S. S. ; FERREIRA NETO, F. D. Implantação da Informática no CEFET-MA. SEMINARIO DE INFORMATIZAÇÃO DA UEMA, I, 1991. 58 VAZ, L. G. D. ; PEREIRA, L. E. ; LOUREIRO, Luis Henrique. Protocolo De Indexação De Periódicos Dedicados A Educaçao Fisica, Esportes E Lazer Em Lingua Portuguesa. 1993. Software sem registro de patente. 59 SIBRADID - O Sistema Brasileiro de Documentação e Informação Desportiva - SIBRADID é uma rede de informações cuja unidade central, está sediada na Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG. A parceria com Instituições de ensino superior e de pesquisa (denominados Centros Cooperantes) é realizada através da assinatura de convênios de cooperação técnica. O objetivo da unidade central é prestar serviços e fornecer produtos de informação em Ciências do Esporte, Educação Física e áreas afins à comunidade e aos demais setores da sociedade, promovendo e disseminando o uso das informações contidas nas bases de dados do Sistema, possibilitando a prestação de serviços de acesso a documentos através da Comutação Bibliográfica (Biblioteca da EEFFTO). O principal serviço do Sistema é disponibilizar, através da Internet, a seguinte base de dados: SIBRA - Base de Dados Bibliográficos Nacional – que contém referências bibliográficas da produção científica nacional (monografias, artigos de periódicos, capítulos de livros, anais de congressos, dissertações e teses). https://www.bu.ufmg.br/bu/index.php/base-de-dados/sibradid Oficialmente o SIBRADID teve as suas atividades encerradas no dia 5 de dezembro de 2011, conforme ata da congregação da EEFFTO. PEREIRA, Laércio Elias. O Sibradid Encerrou Suas Atividades em Dezembro de 2011. CEV/ Biblioteconomia e Ciência da Informação em EF & Esportes, 04/05/2014, http://cev.org.br/comunidade/biblioteca/debate/o-sibradidencerrou-suas-atividades-dezembro-2011/ 60 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias. A produção do conhecimento na Escola de Educação Física da UFMG. ANAIS Da 45ª REUNIÃO ANUAL DA SBPC, Recife, 11 a 16 de julho de 1993, Vol. 1 p. 394, A.11 Motricidade Humana e Esportes, 6- A. 11 (Resumo). VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias. A produção do conhecimento na Escola de Educação Física da UFMG. ANAIS CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, Belém – Pará, 06 a 10 de setembro de 1993, Universidade Federal do Pará, p. 136 (Resumo) 61 BARRETO, Aldo. UM TESAURO CONSTRUIDO COM PALAVRAS. In VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CEV/BIBLIOTECONOMIA E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO EM EF & ESPORTES; 13/09/2010, disponível em http://cev.org.br/comunidade/biblioteca/debate/um tesouro-construido-palavras/ O Thesaurus de Roget teve grande sucesso de público nos países de língua inglesa e foi também traduzido para diversas línguas. A palavra thesaurus etimologicamente significa tesouro tendo sido usado durante muitos séculos para designar um léxico, ou um tesouro de palavras. Esta palavra popularizou-se a partir da publicação do Thesaurus of English Words and Phrases, de Peter Mark Roget, em Londres, 1852. O subtítulo de seu dicionário expressa bem o objetivo: classsified and arranged so as to facilitate the expression of ideas and to assist in literary composition (Roget, 1925) O sentido actual da palavra remete a um catálogo classificado de palavras, reunindo-as pela ordem alfabética, de acordo com as “ideias que exprimem: conceitos abstractos, espaço, matéria, intelecto, vontade e afeição. O Thesaurus de Roget expressa bem o que o autor pretendia com sua obra: classificar e ordenar para facilitar a expressão de ideias e auxiliar na narrativa. A questão é colocada da seguinte forma:um catálogo de palavras mostrando significados análogos vai sugerir, por associação, outras imagens de pensamento. Na adaptação da obra de Roget para o francês o seu título ficou Dictionnaire idéologique: recueil des mots, des phrases, des idiotismes et des proverbes de la langue française classés selon l’ordre des idées. Assim nos países
Para os primeiros trabalhos de indexação foi criada uma “ficha de Coleta de Bibliografia” a partir do modelo e das sugestões oferecidas pela Sra. Ofélia Sepúlveda, documentalista do BIREME62. Os artigos eram indexados63 com ate cinco palavras-chave, que poderiam ser recuperadas, remetendo ao artigo; e por autores: ATLETISMO – CORRIDAS – VELOCIDADE – TREINAMENTO – TECNICA – numa ordem hierárquica, da mais ampla para a mais especifica – recuperável por qualquer uma das palavras… BASQUETEBOL – FUNDAMENTOS – PASSES – PASSE DE PEITO – TREINAMENTO EDUCAÇÃO FISICA – METODOLOGIA DE ENSINO – JOGOS PRE-DESPORTIVOS – JOGOS COM BOLA – MINI-HANDEBOL Desde o início o trabalho sofreu a dificuldade da inexistência de um tesauro 64 que servisse de repertório para obtenção de palavras-chave essenciais à indexação. Construiu-se um glossário a partir da listagem acumulada em 20 anos de experiência da Escola de Educação Física da USP pela documentalista Maria Stella Vercesi da Silva 65, que recebeu modificações por parte dos dois autores, já que a “Terminologia aplicada à Educação Física ” 66 de Tubino (1985)67, que se mostrou insuficiente. Silva (1989), em seu estudo, refere-se a trabalho anterior também desenvolvido na USP, com a extensão da classe 796 da CDD, já insuficiente para atender a uma biblioteca específica. Essa extensão foi apresentada por Irene Meneses Dória, durante o I Congresso Paulista de Educação Física, realizado no ano de 194068, aplicada na Biblioteca do Departamento de Educação Física e Esportes. Durante 15 anos essa extensão atendeu às necessidades de classificação de livros da Biblioteca da EEF/USP: “Há algum tempo, com o acumulo de novos documentos ficou patente o desdobramento de itens que estavam defasados na área de Educação Física e Recreação. Este fato levou-me a idealizar uma nova ampliação, em colaboração com
62
63
64
65 66
67 68
de língua latina os thesaurus e dicionários analógicos são também conhecidos como dicionários ideológicos no sentido de aumentação de ‘ideias’. O Thesaurus de Roget é um peça importante na história da informação e sua técnicas e pode ser visto ou baixado integralmente no site: Roget’s Thesaurus of English Words and Phrases. http://www.gutenberg.org/files/10681/10681-h-body- pos.htm BIREME – Centro Latino americano e do Caribe de Infortmação em Ciências da Saúde, é um Centro Especializado da Organização Pan Americana de Saúde - OPAS, estabelecido no Brasil desde 1967, em colaboração com Ministério de Saúde, Ministério da Educação, Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo e Universidade Federal de São Paulo. In http://www.bireme.br/local/Site/bireme/homepage.htm) A indexação é a operação que consiste em descrever e caracterizar um documento com o auxilio de representações dos conceitos contidos nesses documentos, isto é, em transcrever para linguagem documental os conceitos depois de terem sido extraídos dos documentos por meio de uma análise dos mesmos. A indexação permite uma pesquisa eficaz das informações contidas no acervo documental (in http://joaquim_ribeiro.web.simplesnet.pt/Arquivo/pdf/class_index_pdf.pdf) . O tesauro tem sido considerado como uma linguagem de indexação. Isto é verdade, quando ele está em uso num serviço de recuperação de informação, e destinado ao uso para o qual é desenvolvido, com regras para sua utilização. (in GOMES, Hagar Espanha; CAMPOS, Maria Luiza de Almeida. Tesauro e normalização terminológica: o termo como base para intercâmbio de informações. DATAGRAMAZERO - Revista de Ciência da Informação - v.5 n.6 dez/04, disponível em http://www.dgzero.org/dez04/Art_02.htm) SILVA, Maria Stella Vercesi. Adaptação da Classificação Decimal de Dewey para Educação Física. Revista Paulista De Educação Física, 3 (4): 43-49, jun. 1989 Terminologia, em sentido amplo, refere-se simplesmente ao uso e estudo de termos, ou seja, especificar as palavras simples e compostas que são geralmente usadas em contextos específicos. Terminologia também se refere a uma disciplina mais formal que estuda sistematicamente a rotulação e a designação de conceitos particulares a um ou vários assuntos ou campos de atividade humana, por meio de pesquisa e análise dos termos em contexto, com a finalidade de documentar e promover seu uso correto. Este estudo pode ser limitado a uma língua ou pode cobrir mais de uma língua ao mesmo tempo (terminologia multilíngüe, bilíngüe, trilíngüe etc.). (in BARROS, L. A. Curso Básico De Terminologia. 2002. KRIEGER, Maria da Graça; FINATTO, Maria José B. Introdução À Terminologia. São Paulo: Contexto, 2004). TUBINO, Manoel José Gomes. Terminologia Aplicada Á Educação Física. São Paulo: IBRASA, 1985. DORIA, Irene Meneses. Sugestões para uma classificação decimal de educação física e esporte. In Congresso Paulista De Educação Física, 1, São Paulo, 1940. ANAIS. São Paulo, 1942, p. 243-6.
Olga S. Martucci69, que atendesse à demanda atual. Essa ampliação das classes 790 e 796 é divulgada com o intuito de auxiliar os bibliotecários que atuam na área de Educação Física e Esportes (p. 43) “[...] O Índice de Assuntos, inicialmente foi adotado o ‘Sears listo f subject headings’ (Frick, 59 e Westby, 72)70 que foi idealizado para auxiliar as bibliotecárias e unificar os assuntos nas Bibliotecas, mas a convivência na área fez sentir a necessidade de inúmeras adaptações para atender o interesse do usuário. Criou-se um Thesaurus, vocabulário específico de uma área do conhecimento, apropriado para Educação Física e Esportes, que poderá ser solicitado à Biblioteca da Escola de Educação Física da Universidade, pelos interessados”. (p. 45). (grifos nossos). Iniciou-se então um cotejamento71, primeiro com o tesauro da EEFUSP, e, depois com o “Thesaurus em Ciências do Esporte” da UNESCO, o da IASI 72, e outros73, dos quais tomamos conhecimento a partir daquela participação do Prof. Dr. Laércio Elias Pereira na “I Conferencia sobre Documentacion e Informacion Deportiva em Latinoamerica”. Lá, se discutiram problemas relacionados com a “Terminologia deportiva” 74, e foi apresentado um “Informe sobre La X reunión internacional de la comisión ‘Thesaurus’ de la I.A.S.I. - 11 a 17 de nov., 79. Macolin (Suiza)75: “El Thesaurus del deporte em lengua alemana – proyecto de investigacion a cargo de W. Kneyer – BISP (Colônia); “Control por computadora del Thesaurus Basico y de Facetas terminadas em IBM-Viena”; e “Solicitud de financiacion del proyecto ‘Thesaurus multilíngüe’ por El CIEPS-UNESCO” (p. 97-98). Ainda, daquele informe, foi apresentado o programa de trabalho para o biênio 1980-1981 (item 2) dos aspectos e resultados mais importantes da 10ª Reunião da Comissão “Thesaurus”: elaboração e aprovação da estrutura básica (Thesaurus Básico) do Thesaurus e suas partes e facetas, as normas para confecção das distintas facetas (já em fase de conclusão); e o inicio de uma segunda fase, cujos aspectos fundamentais seriam terminar o Tesauro do esporte em língua alemã; e traduzir o Tesauro alemão a outros idiomas. O Item (3) referia-se ao “Tesauro do esporte em língua alemã, projeto de pesquisa a cargo de Kneyer, em colaboração com o Instituto Federal de 69 Bibliotecário Supervisor de Seção do SSD da EEFUSP 70 FRICK, B. M. Sears List F Subject Headings. 8. ed. New York, H. W. Wilson, 1959; WESTBY, B. M. Sears List F Subject Headings. 10a. ed. New York, H. W. Wilson, 1972, citados por SILVA, 1989. 71 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Organização da Informação em Ciências do Esporte - a experiência do CEDEFELMA. In: Encontro De Bibliotecários Do Estado Do Maranhão, 8, 1991, São Luis - MA. Anais - APBEM. São Luís: CRB-13, 1991. V. 1; VAZ, L. G. D. ; PEREIRA, L. E.; LOUREIRO, Luis Henrique. Protocolo De Indexação De Periódicos Dedicados A Educação Física, Esportes E Lazer Em Língua Portuguesa. 1993. (Software sem registro de patente). 72 INTERNATIONAL ASSOCIATION FOR SPORTS INFORMATION. World Index Of Sportperiodicals. Holanda: IASI, 1984. 73 BUNDSINSTITUT FÜR SPORTWISSENCHAFT KLN. Literatur der Sportwissenchaft. Sportdokumentation 1/78. COMITE DE INFORMACION Y DOCUMENTACION DEPORTIVA DE LATINO AMERICA. Declaracion de Medellín sobre información y documentación deportiva en Latinoamérica. Educación Física Y Deporte 2 (2): 39-43, maio de 1980. GARCIA ZAPATA, Francisco; MAIER, Jorge; MEDINA, Baltazar; SONNESCHEIN, Werner.. Bibliografia Deportiva: Artículos De Revistas. Medellín: Universidad de Antioquia, 1979. Serie Bibliografia 2; SONNESCHEIN, Werner. Literatura deportiva em latinoam,erica. Educacion Física Y Deporte 2 (2): 29-37, maio 1980. BRASIL, Universidade Federal de Minas Gerais. Introdução Ao Sistema Minisis. Belo Horizonte: EEF/UFMG, 1989 (Mimeo). GASPAR, Anaiza Caminha. Biblioteca. Curso De Atualização Em Documentação E Ciência Da Informação. São Luis: UFMA; Brasília: Associação dos Arquivistas Brasileiros, 1989 (Mimeo). GOMES, Hagar Espanha (Coord.). Manual De Elaboração De Tesauros Monolíngües. Brasília: Programa nacional de Bibliotecas de Instituições de Ensino Superior, 1990. 74 SCHWARZ, Erika. Terminologia deportiva. Características y problemas en el área de habla española. in. MAIER, Jürgen (Editor). Conferencia Sobre Documentacion E Informacion Deportiva Em Latinoamerica, I, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de fevereiro de 1980. ANAIS... p. 81-93. 75 SCHWARZ, Erika; ROMERO, Daniel. Informe sobre La X reunión internacional de La comisión ‘Thesaurus’ de La I.A.S.I. - 11 A 17 DE NOV., 79. Macolin (Suiza). In MAIER, Jürgen (Editor). Conferencia Sobre Documentacion E Informacion Deportiva Em Latinoamerica,, I, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de fevereiro de 1980. ANAIS... p. 97-100
Ciências do Esporte/Colônia”; e o item (4) “Generacion y control em computadora del Thesaurus Básico, a ser desenvolvido pela IBM-Viena sob a direção de Lang”. Ouvia-se falar, no âmbito das Ciências do Esporte no Brasil, de “Thesaurus”. Estava lançada a semente... Assim, descobrimos depois, poderia vir a ser um tesauro – cheguei a apresentar um trabalho na UFMG sobre isso…; tomamos conhecimento da IASI; depois, do trabalho de uma bibliotecária da USP, o que levou o Laércio para a UFMG – estava-se implantado o SIBRADID -; e depois, eu, para o Curso de Mestrado em Ciência da Informação… (VAZ, 2009, a, b)76. Ainda tenho esse material, em disquete de 8! (quem lembra?) e depois em cinco de 3 1/2! O máximo da tecnologia – caros…; perdi o arquivo, junto com um com-puta-dor que tinha – um 286! Perdi na mudança de tecnologia, para um 386!!! E nunca mais vi quando fui para um 486… Mas ainda guardo os artigos em casa, brigando com o mofo e as traças e cupins… Tenho alguns dos índices em papel… Depois, vi trabalho semelhante sendo apresentado pelo Victor Melo (1998, a, b)77 Estava-se reinventando a roda… Quem manda trabalhar na periferia? (Maranhão…) Agora, quase 38 anos depois – começamos em 1979!!! Voltamos a ouvir falar em tesauro em educação física… Sobre a Conferencia de Medellin – foi de 4 a 7 de fevereiro de 1980. Lá foram representados vários centros: Espanha – INEF; Paulo Medina – Centro de Documentação e Informação do ISEFL (1971/72) (Portugal?); Juan Angel Maañon – a informação e documentação esportiva na Argentina; Jesus Diaz Zurita – idem, Venezuela; Eduardo Garraez – idem, México; Alberto Pereja Castro – Centro de documentação e informação desportiva do Instituto de Ciências do Esporte – Colômbia Do/pelo Brasil: Laércio Elias Pereira – O CBCE – inicia em 1968: olimpíada escolar Tijucurru Clube – São Caetano; 1972 I Simpósio de esporte escolar; CELAFISCS; 1977 Congresso Brasileiro de Medicina Desportiva; os professores de educação física não poderiam se filiar à Federação Brasileira de Medicina Desportiva – surge a ideia do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte – VI Simpósio de esporte escolar 1978 e criado o CBCE78 Laércio Elias Pereira – Centro de Estudos e Documentação em Educação Física, Desportos e Recreação do Maranhão – CEDEFEL79 76 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. DEPOIMENTO. In CEV/BIBLIOTECONOMIA E CIENCIA DA INFORMAÇÃO EM EF & ESPORTES. 03/08/2009, DISPONÍVEL EM HTTP://CEV.ORG.BR/COMUNIDADE/BIBLIOTECA/DEBATE/DEPOIMENTO-1/ VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PIONEIRISMO. In CEV/BIBLIOTECONOMIA E CIENCIA DA INFORMAÇÃO EM EF & ESPORTES. 03/08/2009, DISPONÍVEL EM HTTP://CEV.ORG.BR/COMUNIDADE/BIBLIOTECA/DEBATE/PIONEIRISMO/ 77 GENOVEZ, PATRICIA DE FALCO, MELO, VICTOR ANDRADE DE. Bibliografía brasileña sobre Historia de la Educación Física y del Deporte. LECTURAS: EDUCACION FÍSICA Y DEPORTES, Buenos Aires, ano 2, n.10, 1998 PAIVA, Fernanda Simone Lopes de; GOELLNER, Silvana Vilodre; MELO, Vitor Andrade de. Revista Brasileira de Ciência do Esporte – Bibliografia e perfil. RBCE, número especial, 20 anos CBCE, setembro 1998. PAIVA, Fernanda Simone Lopes de; GOELLNER, Silvana Vilodre; MELO, Vitor Andrade de. Revista Brasileira de Ciência do Esporte – Bibliografia e perfil. LECTURAS: EDUCACION FÍSICA Y DEPORTES, Buenos Aires, Año 3. Nº 11. Buenos Aires, Octubre 1998, http://www.efdeportes.com/ 78 PEREIRA, Laércio Elias. O Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte. In MAIER, Jürgen (Editor). Conferencia Sobre Documentacion E Informacion Deportiva Em Latinoamerica,, I, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de fevereiro de 1980. ANAIS... P. 191-193. 79 PEREIRA, Laércio Elias. Centro de estúdios y documentacion em Educacion Física, Deportes y Recreacion de Maranhão. In MAIER, Jürgen (Editor). Conferencia Sobre Documentacion E Informacion Deportiva Em Latinoamerica,, I, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de fevereiro de 1980. ANAIS... p. 197-198.
Renate V. H. Sindermann – Documentação e Informação do esporte no Brasil –CEDIME (Porto Alegre) – Inicia em 1974 – CEDIME – Centro de Documentação e Informação em medicina desportiva – Porto Alegre – DeRose, Henrique80 Maria Licia Bastos Marques e Manfred Loecken – Situação atual da documentação em ciências do desporto no Brasil81: (Bibliotecaria-chefe da EEF-UGMG) – ate cinco anos atrás, produção, coleta, organização e difusão da informação bibliográfica em ciência do desporto era desconhecida (1975) Maria Licia Bastos Marques – Documentação para ciência do desporto – um problema brasileiro; – artigo Suplemento Apoio do Boletim Informativo da Escola de Educação Física da UFMG (ano 1, n. 3)82. Ha uma Declaração de Medellín83 sobre a informação e documentação desportiva na América Latina. Assinam-na, pelo Brasil: Laércio Elias Pereira (SEDEL-MA) e Manfred Loecken (SEED/MEC) -. adido cultural da Alemanha que prestava consultoria à SEED/MEC na época
80 SINDERMANN, Renate V. H. Documentacion e Informacion Del Deporte em El Brasil. In MAIER, Jürgen (Editor). Conferencia Sobre Documentacion E Informacion Deportiva Em Latinoamerica,, I, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de fevereiro de 1980. ANAIS... p. 169-173 81 BASTOS M., Maria Licia; LOECKEN, Manfred. Situação atual da documentação em ciência do desporto no Brasil. In MAIER, Jürgen (Editor). Conferencia Sobre Documentacion E Informacion Deportiva Em Latinoamerica,, I, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de fevereiro de 1980. ANAIS... p. 177-182 82 BASTOS M., Maria Licia. Documentação para ciência do desporto – um problema brasileiro. In MAIER, Jürgen (Editor). Conferencia Sobre Documentacion E Informacion Deportiva Em Latinoamerica,, I, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de fevereiro de 1980. ANAIS... p. 185-187; MARQUES, Maria Lícia Bastos. Situação atual da informação desportiva na America Latina. Revista Brasileira De Ciências Do Esporte, 11(2): 123, jan. 1990. 83 “DECLARACION DE MEDELLIN...”, (in. MAIER, Jürgen (Editor). I CONFERENCIA SOBRE DOCUMENTACION E INFORMACION DEPORTIVA EM LATINOAMERICA, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de feveriero de 1980. ANAIS...
FONTE: REVISTA DESPORTOS & LAZER, ano 1, numero III, abril/junho 1981
Em entrevista com Laércio Elias Pereira a cargo da pesquisadora Christiane Garcia Macedo para o Projeto Garimpando Memórias do Centro de Memória do Esporte84, declarou que Então, o CEDEFEL foi uma criação da Secretaria de Esporte, no começo da década de 1980. Quando eu me transferi, com o meu automóvel e meus livros para a Paraíba e deixei 84 LAÉRCIO ELIAS PEREIRA (depoimento) 2016 PROJETO GARIMPANDO MEMÓRIAS CENTRO DE MEMÓRIA DO ESPORTE ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/153109/001015238.pdf?sequence=1&isAllowed=y
um monte de documento que a gente tinha que era da Secretaria de Educação, que a gente tinha que criar uma Secretaria de Esportes e tal. Daí o pessoal ligou da Paraíba, aquelas histórias abriram concurso para a Paraíba, eu fiquei na casa do João Freire incomodando três meses, fiquei treinando o time de handebol e já era um paraibano, quando o pessoal diz: “Volta que criaram a secretaria e, você precisa trabalhar na ideia que você ajudou a criar”. Daí eu peguei meu carro velho, enchi de livro de novo e voltei para o Maranhão. Daí quando eu cheguei lá, como eu cheguei nessa circunstância do cara que ajudou a criar, eu pude fazer bastante coisa, eu fui para a assessoria do secretário direto, e aí puxei a história da documentação, informação e tal, e ele deu toda a força, aí que foi o CEDEFEL. A gente, Leopoldo Gil Dulcio Vaz e eu, criamos uma sessão dentro da secretaria que daria apoio ao CEDEFEL, para você ter uma idéia o Research Quarterly, que era a maior revista da época de Educação Física, pesquisa e tal, a gente comprou a coleção inteira para o Maranhão, o único lugar que tem esse periódico. Estava tudo em microfilme, a gente comprou o microfilme desde 1930. Assim... sumiu depois, mas para você ter uma ideia eles me apoiaram na ida para a Colômbia, para esse encontro de documentação esportiva, foi a secretaria que me apoiou. E aí escrevi no telex, eu lembro de escrever lá de Medelin ... “Olha, pode ser a segunda aí no Maranhão?” e o Jota Alves da Comunicação falou: “Falei com o secretário, pode assumir aí, que a segunda conferência vai ser em São Luís”. Mas aí tem mudança política, já não era mais o secretário, não consegui dar continuidade. Mas lá foi legal que eu conheci bastante gente da IASI, que hoje eu ainda estou. Para você ter uma ideia, essa reunião da IASI que eu consegui fazer no Brasil, em 2006. Vinte e seis anos de batalha [risos], desde essa época que eu tentei levar para o Maranhão, eu vinha batalhando e não tinha jeito, para ver se eu fazia a reunião no Brasil, só consegui fazer isso em 2006. Que eu já te contei que foi um desastre a reunião etc, etc. Mas foi legal, foi um quarto de século de luta [risos].
O CENTRO ESPORTIVO VIRTUAL 85 Lá, no distante (e isolado...) Maranhão, dos anos 1970 (século passado), em que a correspondência pedestre (via ECT) levava pelo menos 15 dias para ir – e outro tanto para voltar -, a São Paulo, por exemplo, e que uma ligação telefônica era feita através de ‘dona’ TELMA – ligava-se e a telefonista, a quem chamávamos de D. Telma, mas na realidade era a sigla de Telecomunicações do Maranhão (depois Telemar, hoje OI), e isso lá no posto para interurbanos localizados nos baixos do Hotel Central, na Praça Benedito Leite - que o hoje Professor Doutor Laércio Elias Pereira idealizou o Centro Esportivo Virtual, ainda numa era pré internet; tinha-se - ligado à Escola de Engenharia da UFMG -, uma ferramenta de comunicação interpares Bitnet86 – onde 85 PEREIRA, Laércio Elias. CENTRO ESPORTIVO VIRTUAL: Um Recurso de Informação em Educação Física e Esportes na Internet. Tese apresentada a Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas como requisito para a obtenção do titulo de Doutor em Educação Física, área de Educação Motora, por Laércio Elias Pereira, Orientador Prof. Dr. Joao Batista Andreotti Gomes Tojal, Campinas, 1998. Disponível em http://cev.org.br/biblioteca/centro-esportivo-virtual-umrecurso-informacao-educacao-fisica-esportes-internet/ 86 A BITNET (acrônimo de "Because It's Time to NETwork" ou "Because It's There NETwork") foi uma rede remota criada em 1981 a partir da ligação entre a Universidade da Cidade de Nova Iorque e a Universidade Yale, que visava proporcionar um meio rápido e barato de comunicação para o meio acadêmico.[1] Era administrada pelo CREN (Corporation for Research and Educational Networking) em Washington D.C., e usada para fornecer serviços de correio eletrônico e de transferência de arquivos entre computadores de grande porte em instituições educacionais e de pesquisa na América do Norte, na América do Sul, Europa e Japão. Chegou a alcançar mais de 2 500 universidades e institutos de pesquisa em todo o mundo. A BITNET utilizava um software da IBM chamado RSCS (Remote Spooling Communication Subsytem) e o protocolo NJE (Network Job Entry) em vez do TCP/IP, mas podia trocar mensagens de correio eletrônico com a Internet. Até o início da década de 1990, a BITNET tinha alguma importância na conectividade mundial, mas foi definitivamente suplantada pela maior abrangência da Internet. A principal aplicação da BITNET foi a manutenção de listas de distribuição. A diferença mais visível entre a BITNET e a Internet está nos endereços dos servidores. Os domínios da BITNET eram formados por dois caracteres que identificavam o país, seguidos imediatamente pelo nome do servidor (geralmente a sigla da instituição), sem separadores. Os domínios localizados nos Estados Unidos eram exceção, por não possuirem o código de identificação do país. São exemplos de endereços típicos da BITNET:
atuavam os gatekeepers87, os ‘sentinelas da tecnologia’, para diferenciar dos membros do ‘colégio invisível’88, que ocorre principalmente na área das ciências sociais. Só tempos depois se falaria de Internet, e da rede mundial de computadores. Como futuro ex-jornalista – abandonou o curso de comunicação pela educação física – começou com a publicação de um jornal mural – o BOLETEFE – Boletim de Educação Física, Esportes e Lazer, pregado nas paredes do Curso de Educação Física da Universidade Federal do Maranhão – UFMA -, lá pelo ano de 1980. Crescia, na medida que surgiam noticias, datilografadas, e depois colada ao final da página... Depois, com a mudança do seu editor/redator chefe para a UFMG, lá foi ele, o Boletefe, com o nome de O PEREBA89... Antes, Pereira se dedicara à redação de uma revista dedicada aos Desportos e Lazer – esse o título – órgão oficial da então recém-criada Secretaria de Desportos e Lazer do Maranhão – SEDEL (1979) -; Pereira, no Maranhão desde 1973, quando da criação da tal secretaria de estado, participa desde a sua implantação ainda no Plano de Governo de João Castelo, instalado em novembro de 1978, culminando com a criação da Secretaria em maio de 1979; passa a assessorar o Secretário, até sua saída em 1989... Com as dificuldades de comunicação, naquela época, com os centros mais adiantados, e sentindo a necessidade de informações, e sua disseminação, uma de suas bandeiras de vida, afinal seu projeto de vida, participa, em 1980, de um encontro sobre informação desportiva na Colômbia 90. O segundo encontro deveria ocorrer no Maranhão, no ano de 1982... A grande questão da época: qual a produção científica originada no Maranhão? Que pesquisa? Que experiências poderíamos apontar? Então, ainda no final de 1979, Pereira criou um “decálogo”: dez pontos que deveria abordar, para produção, circulação de informações da/sobre as Ciências do Esporte. Pouco antes desse encontro na Colômbia, Laércio Elias Pereira e Leopoldo Gil Dulcio Vaz criaram o CEDEFEL-MA - Centro de Estudos e Documentação em Educação Física, Esportes e Lazer do Maranhão:
87
88
89
90
XXXXX@BRLNCC (Laboratório Nacional de Computação Científica, no Brasil) ou XXXXX@CUNYVM (Universidade da Cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos). https://pt.wikipedia.org/wiki/BITNET “a person whose job is to open and close a gate and to prevent people intering without permission; someone who has the power to decide who gets particular resources and opportunities, and who does not” http://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles/gatekeeper#translations O termo surgiu em 1947, no campo da psicologia, criado pelo psicólogo Kurt Lewin. Foi aplicada ao jornalismo em 1950 por David Manning White. Essa teoria surgiu nos anos 50, nos Estados Unidos, como forma de deferência ao jornalismo e ao seu poder. Acredita que o processo de produção da informação é um processo de escolhas, no qual o fluxo de notícias tem que passar por diversos "gates" (portões) até a sua publicação. Entende que há intencionalidade no jornalismo e que o processo é arbitrário e subjetivo. A teoria esbarra em alguns limites: (1) A análise da notícia apenas a partir de quem a produz; (2) Esquece que as normas profissionais interferem no processo; (3) Desconsidera a estrutura burocrática e a organização. http://teoriadojornalismouniube.blogspot.com.br/2010/11/teoria-do-gatekeeper.html. A diferença básica entre este e aquele tempo é, entretanto, a dimensão que essas escolhas tomaram. Com a popularização do uso da internet, em âmbito mundial, muito tem se discutido sobre o trâmite de informações nas novas redes de relacionamento, sites de pesquisa e empresas que veiculam conteúdo online. https://pt.wikipedia.org/wiki/Gatekeeping . A expressão Colégio Invisível, ou muitas vezes encontrada no plural como, Colégios Invisíveis, foi criada por Robert Boyle (1627-1691) define um grupo de pesquisadores que trabalham juntos, mas não estão fisicamente próximos, não trabalham na mesma instituição, podem ter nacionalidade diferentes e falar língua diversas. O que os une é o objeto da pesquisa. Hoje pode-se também usar a expressão Colégios Virtuais. https://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%A9gio_invis%C3%ADvel VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias. A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NA ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Tema-livre apresentado Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, 45, Recife-Pe, julho de 1993; Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte, 8, Belém-Pa, setembro de 1993; 1ª CONFERÊNCIA SOBRE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO ESPORTIVA NA AMÉRICA LATINA, realizada em Medellin, no ano de 1980. COMITÊ DE INFORMACION Y DOCUMENTACION DEPORTIVA DE LATINO AMÉRICA. Declaracion de Medellin sobre informacion y documentacion deportiva en latinoamerica. Educacion Fisica y Deporte, Medellin, v. 2, n. 2 : 39-43, maio 1980.
Para atacar o problema da dispersão da Informação em Ciências do Esporte foi desencadeado um trabalho de indexação de artigos de revistas no início da década de 80 que serviu de base para a implantação de um Centro de Estudos e Documentação em Educação Física, Esportes e Lazer - CEDEFEL. As ações do CEDEFEL estão voltadas para um processo de criação de um modelo de "Centro Referencial" - informação sobre a informação - com o objetivo de recuperar e organizar as informações básicas em Educação Física, Esportes e Lazer e efetivar a comunicação entre especialistas.(VAZ, PEREIRA, 1992)91 Assim, como consta no resumo de sua tese de doutoramento, na Escola de Educação Física da UNICAMP, Partindo da necessidade de facilitar a disseminação e busca da informação para profissionais, estudantes e pesquisadores da preparação profissional em Educação Física e Esportes, num ambiente em que a quantidade de informação duplica a cada dois anos, buscou-se a alternativa dos recursos da Internet, elegendo para este trabalho um experimento de potencialização de três canais de informação: 1) Sítio W3; 2) Lista de discussão e 3) Gatekeepers (pessoas, vetores de tecnologia). Optou-se pela construção de um centro referencial (informação sobre a informação), a partir de tecnologias Internet utilizadas pelos projetos do Núcleo de Informática Biomédica da Unicamp e, como modelo inicial, a proposta do Hospital Virtual, uma metáfora de um hospital real, para a montagem do Centro Esportivo Virtual - CEV. (PEREIRA, 1998) 92. Hoje, para as novas gerações, essa história até pode aparecer engraçada, mas exigiu anos de trabalho e aperfeiçoamento, na medida em que as tecnologias da informação evoluíam. Primeiro o que é (era) informação93, em especial, em Educação Física e Esportes – Ciências do Esporte; ênfase na sua evolução no Brasil. Quais recursos disponíveis, e com o advento da Internet, quais as possibilidades e como utilizá-los. Como funcionavam, até então, os sistemas de ‘gatekeepers’ e ‘colégios invisíveis’, e qual e como sua utilização na área em questão. Construiu-se, então, uma versão experimental do CEV; e em sua versão atualizada constantemente, na medida da evolução tecnológica, partindo-se da interação dos três canais de informação escolhidos para o trabalho: 1) Sítio W3; 2) Lista de discussão e 3) Gatekeepers. Desta forma ao criar o CEV optou por trabalhar a informação enquanto saber, ao mesmo tempo representacional e performático, cujo ciclo de vida sofre as seguintes metamorfoses: percepção, pensamento, registro, circulação, acesso, decodificação, pensamento, uso (SCHNEIDER, 2013) 94. Para esse autor, caberia à Ciência da Informação 95 estudar e gerenciar esse ciclo, minimizando seu potencial entrópico, tecendo a crítica e propondo soluções para os problemas relacionados à 91 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias. ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO EM CIÊNCIAS DO ESPORTE: A EXPERIÊNCIA DO CEDEFEL-MA. Tema livre apresentado no XVIII SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, São Caetano do Sul, outubro de 1992. 92 PEREIRA, Laércio Elias. Centro esportivo virtual: um recurso de informação em educação física e esportes na internet. Tese de Doutorado em Educação Física: Campinas: UNICAMP, Orientador: João Batista Andreotti Gomes Tojal, disponível em http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000215735 , acessado em 13/02/2017 93 Informação é a resultante do processamento, manipulação e organização de dados, de tal forma que represente uma modificação (quantitativa ou qualitativa) no conhecimento do sistema (humano, animal ou máquina) que a recebe. Le Coadic, pesquisador da área da Ciência da Informação, destaca que o valor da informação varia conforme o indivíduo, as necessidades e o contexto em que é produzida e compartilhada. (LE COADIC, YvesFrançois. A ciência da informação. Brasília: Briquet de Lemos 1996). Uma informação pode ser altamente relevante para um indivíduo e a mesma informação pode não ter significado nenhum para outro indivíduo. Informação enquanto conceito carrega uma diversidade de significados, do uso quotidiano ao técnico. Genericamente, o conceito de informação está intimamente ligado às noções de restrições, comunicação, controle, dados, forma, instrução, conhecimento, estimulo, padrão, percepção e representação de conhecimento. https://pt.wikipedia.org/wiki/Informa%C3%A7%C3%A3o 94 SCHNEIDER, Marcos. ÉTICA, POLÍTICA E EPISTEMOLOGIA: INTERFACES DA INFORMAÇÃO. In ALBAGLI, Sarita (Org.). FRONTEIRAS DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO.Brasília-DF: IBICT, 2013, p. 57-77.
qualidade, ao uso, à restrição, à circulação e ao acesso, o que envolve questões de ordem política, econômica, técnica e cognitiva: Por essa via, chegamos a uma conclusão um tanto surpreendente: a “informação”, em si mesma, não seria o principal objeto da CI, e sim a OS [organização dos saberes] 96, enquanto conjunto de práticas e teorias voltadas à produção, gestão e crítica da “metainformação” 97, da informação sobre a informação. (SCHNEIDER, 2013, p.60) 98. Schneider (2013) serve-se de Saldanha (2012) 99 para delimitar os campos, entre a CI e os demais, pois: A diferença deste campo, a CI, para os demais, no trato com a informação, está na preocupação com a elaboração de uma “metainformação”. O pedagogo, o historiador, o físico também “transferem” informação e “geram” conhecimento. No entanto, o organizador dos saberes está preocupado em desdobrar as possibilidades de preservação, representação e de transmissão desta “informação” do pedagogo, do historiador, do físico. (SALDANHA, 2012, p. 23-4). Continuamos com Schenider (2013) para caracterizar o ‘organizador de saberes”: O “organizador dos saberes”, portanto, deve executar suas tarefas não apenas munido de competências técnicas, mas principalmente de erudição crítica – Saldanha (2012) remonta essa erudição à ecdótica 100 dos primeiros bibliotecários – e de uma perspectiva humanista. Aqui, a interdisciplinaridade do campo mostra-se absolutamente necessária. E é aqui também que a CI aproxima-se mais intimamente de nosso objeto, dado que a ética, a filosofia política e a epistemologia podem ser concebidas como metainformação, metadiscursos, enquanto discursos – que são um momento do ciclo de vida dos saberes – sobre os discursos (e sobre seus referentes) de natureza moral, política e científica. A CI, então, pode produzir um metadiscurso crítico sobre a história da relação entre esses metadiscursos. Nessa história, a propósito, a informação, a metainformação e a OS – localização, classificação, arquivamento, disponibilização, reprodução, legitimação, hierarquização, eliminação, restauração, combinação, confrontação etc. –, ainda que com outros nomes, têm desempenhado papéis nada desprezíveis. O CEV é um “centro referencial de informação em Educação Física, Esportes, Lazer”. Centro referencial – informação sobre a informação!! Baseado na vivencia de Pereira (1998) 101 na área de informação em educação física e esportes, tomando como base os três canais de comunicação, a
95 A Ciência da informação é um campo interdisciplinar principalmente preocupado com a análise, coleta,
classificação, manipulação, armazenamento, recuperação e disseminação da informação. Ou seja, esta ciência estuda a informação desde a sua gênese até o processo de transformação de dados em conhecimento. Alguns profissionais afirmam que a Ciência da Informação pode ser dividida em seis correntes teóricas[2]. Elas são: (1) Estudos de natureza matemática (incluindo a recuperação da informação e a bibliometria); (2) Teoria sistêmica (origem em princípios da biologia); (3) Teoria crítica (fundamentam-se principalmente nas humanidades – particularmente na filosofia e na história); (4) Teorias de classificação e representação; (5) Estudos em produção e comunicação científica; (6)Estudos de usuários (seu objetivo era o de mapear características de determinada população para planejar as informações mais adequadas a serem oferecidas com fins de educação e socialização). https://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia_da_informa%C3%A7%C3%A3o 96 OS - organização dos saberes 97 Metadados ou Metainformação são dados sobre outros dados. Um item de um metadado pode dizer do que se trata aquele dado, geralmente uma informação inteligível por um computador. Os metadados facilitam o entendimento dos relacionamentos e a utilidade das informações dos dados. https://pt.wikipedia.org/wiki/Metadados 98 SCHNEIDER, Marcos, 2013, p. 57-77, obra citada. 99 SALDANHA, Gustavo Silva. 2012, citado por SCHNEIDER, Marcos. 2013, p. 57-77, obra citada. 100 Ciência que busca, por meio de minuciosas regras de hermenêutica e exegese, restituir a forma mais próxima do que seria a redação inicial de um texto, a fim de que se estabeleça a sua edição definitiva; crítica textual. 101 PEREIRA, Laércio Elias, 1998, obra citada
partir das tecnologias da Internet utilizadas nos projetos do Núcleo de Informática Biomédica da Unicamp (SABBATINI, 1997) 102: O envolvimento com a Informação e Documentação Esportiva vinha da criação do Centro de Estudos e Documentação em Educação Física, Esportes e Lazer CEDEFEL, em 1980 no Maranhão, com o Prof. Leopo1do Gil Dulcio Vaz, que mais tarde viria a cursar o mestrado em Ciência da Informação na Escola de Biblioteconomia da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais -, que valeu urna apresentação na I Conferencia Latinoamericana de Informação e Documentação Esportiva- Medellín, Colômbia- e uma função na primeira diretoria da Associação Latinoamericana e do Caribe para Documentação e Informação Esportiva (1980). Na segunda metade da década de oitenta, o convite, feito pelo Diretor da recém criada Faculdade de Educação Física da Unicamp, João Batista A. G. Tojal, para submissão ao processo de seleção e depois trabalhar como professor de Handebol na Unicamp - 1986/1990 - trouxe um novo alento para o trabalho, com informação em Educação Física, servindo como ponto catalisador das experiências anteriores. Com promoção da Faculdade de Educação Física e do Núcleo de Informática Biomédica - NIB da Unicamp, coordenamos o I Simpósio Brasileiro de Informática em Educação Física e Esportes- chancela do CBCE - em 1987, e o segundo como satélite do Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte – CONBRACE - de 1989, em Brasília. A organização da informação em Ciências do Esporte teve seu início em 1947, na Europa. Em 1959 foi criada a "INTERNATIONAL ASSOCIATION FOR SPORTS DOCUMENTATION" IASI -, sendo Cuba o primeiro país latino-americano a se filiar (1964), seguindo-se o México, Colômbia, Venezuela e Brasil, em 1981 103. O "WORD INDEX OF SPORTPERIODICALS" (IASI, 1984) - surgido da necessidade levantada durante o encontro da "COMISSIOM INFORMATION SOURCES" da IASI, realizada na Holanda em 1979, concluído em 1984 - apresenta 2.196 títulos de periódicos da área das Ciências do Esporte de 54 diferentes países. É organizado combinando-se título do periódico e país de origem, sob uma entrada principal. Neste índice aparecem apenas os títulos das revistas, endereço, periodicidade, país de origem. Há uma relação de unitermos (keywords) utilizados e um índice de assuntos, onde o número de entrada, da IASI, remete às referências104. O sistema utilizado pelo Instituto de Ciências del Deporte, da Universidad de Antioquia Colômbia105, baseia-se na classificação apresentada pelo "SPORTWISSENCHAFT" (1978)106. No Brasil, a organização da informação na área tem seu início com o Centro de Documentação e Informação do ISEFL. De acordo com MEDINA (1980) 107, em 1940 foi criado o Instituto Nacional de Educação Física e em 1964 foi instalado o seu setor de Documentação, Informação e Divulgação, com recursos do Fundo de Fomento do Desporto Nacional. Em 1972 este setor é transformado em Centro de Investigação, Documentação e Informação e, em 1974, recebe nova denominação: Centro de Documentação e Informação, com o objetivo de: a) fornecer apoio documental aos cursos, trabalhos de pesquisa e às ações de formação permanente de docentes; b) editar documentação de caráter científico, técnico e pedagógico no âmbito da Educação Física e Esportes; e c) manter relações de intercâmbio com centros congêneres nacionais e internacionais 102 SABBATINI, Renato. A horae a vez da Internet. Intermedic. Campinas: Nucleo de Informatica Biomedica da Unicamp. V.1 n.l. jul/ago 1997. SABBATINI, Renato. WebWacker. Intermedic. v.1, n. 1. P.l9, 1997. SABBATINI, Renato. Brasil: aplicaciones de Internet en Salud. In OLIVERI, N. (Org) Internet, Te1ematica y Salud. Mexico: Editorial Medica Panamericana, 1997, p.441-442 103 MARQUES, Maria Lícia Bastos. Situação atual da informação desportiva na América Latina. REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, Campinas, v. 11, n. 2 : 123, jan. 1990. 104 INTERNATIONAL ASSOCIATION FOR SPORTS INFORMATION. WORLD INDEX OF SPORTSPERIODICALS. Holanda: IASI, 1984. 105 GARCIA ZAPATA & OUTROS. Bibliografia deportiva . Medellin : Universidad de Antioquia, 1979. 106 BUNDSINSTITUT FUR SPORTWISSENCHAFT KLN. Literatur der Sportwissenchaft. SPORTDOKUMENTATION 1/78. 107 MEDINA, Paulo. O Centro de Documentação e Informação do ISEFL. CONFERÊNCIA SOBRE DOCUMENTACION I INFORMACION DEPORTIVA EN LATINOAMERICA, I, Medellin, 1980. ANAIS... Medellin : Convenio Colombo-Aleman de Educacion Fisica, Deporte y Recreacion, 1980, p. 135-153.
Ainda em 1974 é criado, pela Federação Brasileira de Medicina do Esporte, o Centro de Documentação e Informação de Medicina do Esporte - CEDIME -, com sede em Porto Alegre-RS, hoje Centro de Documentação e Informação das Ciências do Esporte. De acordo com SIDERMANN (1980)108 os objetivos do CEDIME são: a) organizar e fomentar a informação e documentação das Ciências do Esporte e influir na pesquisa, ensino e prática profissional; b) coletar, organizar e divulgar bibliografias; c) publicar com regularidade um bibliografia seletiva; e d) editar a Revista de Medicina do Esporte. O SISTEMA BRASILEIRO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO DESPORTIVA SIBRADID -, funcionando junto à Biblioteca da Escola de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais - EEF/UFMG - desde 1985 utiliza um sistema de informação bibliográfica denominado de "MINISIS", adotado pela IASI e pelo "SPORT INFORMATION RESOURCE CENTER" - SIRC -, base de dados localizada no Canadá 109. Há uma tentativa de implantação do programa "MICRO-ISIS" pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia - IBICT - com a finalidade de padronizar o uso do computador por parte das universidades universitárias 110. O sistema adotado pelo SIBRADID utiliza terminologia extraída do SportThesaurus do SIRC e permite interagir com seus usuários, fornecendo e recebendo dados, através de uma rede de vinte núcleos regionais e setoriais 111, sendo a base central a EEF/UFMG, interligada ao SIRC/Canadá. Para atacar o problema da dispersão da informação técnico-científica em Educação Física, Esportes e Lazer foi criado, em 1980, o Centro de Estudos e Documentação em Educação Física, Esportes e Lazer do Maranhão - CEDEFEL-MA-, que reuniu profissionais da Universidade Federal do Maranhão - UFMA; da Escola Técnica Federal do Maranhão - hoje Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, IF-MA; da Universidade Estadual do Maranhão UEMA; e da Secretaria de Desportos e Lazer do Maranhão - SEDEL-MA, sob a coordenação dos professores Laércio Elias Pereira e Leopoldo Gil Dulcio Vaz 112. A formação desse grupo de trabalho deu-se pelo fato de a II CONFERÊNCIA SOBRE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO DESPORTIVA NA AMÉRICA LATINA ter sido programada para São Luís-Ma, em 1982. A conferência não foi realizada, mas estudos sobre documentação esportiva foram levados adiante, aparecendo, em 1983, o "ÍNDICE DA REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS", seguindo-se o "ÍNDICE DA REVISTA STADIUM" (1986) 113. A criação de um modelo de Centro Referencial - informação sobre a informação - para facilitar a comunicação entre especialistas e a procura de formas alternativas de editoração, que permitam a
108 SINDERMAN, Renate. Documentacion y informacion del deport en el Brasil. CONFERÊNCIA SOBRE DOCUMENTACION E INFORMACION DEPORTIVA EN LATINOAMERICA, I, Medellin, 1980. ANAIS... Medellin: Convenio Colombo-Aleman de Educacion Fisica, Deporte y Recreacion, 1988, p. 135-153. 109 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Introdução ao sistema MINISIS. Belo Horizonte : EEF/UFMG, 1989 (mimeog). 110 GASPAR, Anaiza Caminha. Biblioteca. CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM DOCUMENTAÇÃO E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, São Luís: UFMA/Associação dos Arquivistas Brasileiros, 1989. (anotações de aula).(mimeog). 111 MARQUES, Maria Lícia Bastos. Situação atual da informação desportiva na América Latina. REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, Campinas, v. 11, n. 2 : 123, jan. 1990. 112 PEREIRA, Laércio Elias. INDICE DA REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS. Brasília: SEED/MEC, 1983. PEREIRA, Laércio Elias; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; e Outros. Organização da Informação em Ciências do Esporte veiculada em periódicos de língua portuguesa. ENCONTRO DE PESQUISADORES DO MARANHÃO, I, São Luís, 1990. ANAIS... São Luís: UFMA, 1990. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio & PEREIRA, Laércio Elias. ÍNDICE DA REVISTA STADIUM. São Luís: SEDEL, 1984 (edição em microficha). VAZ, Leopoldo Gil Dulcio & PEREIRA, Laércio Elias. Índice da Revista Brasileira de Ciências do Esporte. REVISTA BRASLEIRA DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, Campinas, v. 10, n. 1: 33-45, set. 1988. 113 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio & PEREIRA, Laércio Elias. Coleta de bibliografia para processamento por computador. ENCONTRO DE PESQUISADORES DA UEMA, I, São Luís, 1986. ANAIS... São Luís, 1986. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio & PEREIRA, Laércio Elias. ÍNDICE DA REVISTA STADIUM. São Luís: SEDEL, 1984 (edição em microficha).
apropriação de grandes quantidades de informações pelos centros de menor poder aquisitivo é a proposta do CEDEFEL-MA, criando em 1980 114. O desenvolvimento de um sistema gerenciador de banco de dados próprio solucionou uma das principais dificuldades encontradas na indexação de periódicos. A utilização de uma listagem de palavras-chave, acumulada pela Escola de Educação Física da USP e que vem recebendo modificações nos últimos anos, resolveu em parte outra dificuldade, a inexistência de um "thesaurus" em Ciências do Esporte115; e iniciar um cotejamento com o "SPORTS THESAURUS" do SIRC para construir/adaptar um "thesaurus” 116 brasileiro em Ciências do Esporte. Mas Pereira (1996) recua ainda mais, considerando como marco inicial o seu trabalho de editor do jornal Opinião "Informativo Oficial do Centro Acadêmico – CA - Ruy Barbosa", da Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo - USP - na época ainda pertencente à Federação das Escolas Superiores do Estado de São Paulo e que dividia as instalações do Ginásio do Ibirapuera com apresentações de circos e músicos populares, o que fornecia grandes temas de protesto para o vibrante informativo, que chegou a manter o editor alguns dias longe da Escola e da sede do CA, vasculhada pela policia política. O primeiro número ostentava uma época combativa: maio de 1968: O trabalho continuou sempre entre as publicações e as instituições de preparação e de organização profissional. A coluna "Opinião" do Jornal do CA foi aceita como "Rumorismo" na Revista Esporte e Educarão, "Revista na(sic) Associação dos Professores de Educação Física do Estado de São Paulo" - APEF-SP. 0 Rumorismo duraria ate o ultimo numero dessa Revista (1977), que teve como editor o autor da coluna, apostando na esperança de que o mestrado então recém implantado na Universidade de São Paulo - tema da capa- nunca mais iria deixar desaparecer revistas de Educação Física por falta de artigos (PEREIRA, 1985)117. A seção Rumorismo voltaria em outra revista da APEF-SP "Corpo e Movimento", em 1984. No intervalo, houve a tentativa de manter periódicos técnicos de Educação Física no Maranhão - Jornal Desportos e Lazer (10 números) e Revista Desportos & Lazer (9 números), sempre como co-editor anônimo por conta da ação do sindicato dos jornalistas, que exigia registro profissional aos integrantes da redação. Em São Luis do Maranhão, o Rumorismo também chegou a ser uma coluna das paginas de esporte do "Jornal Pequeno". (PEREIRA, 1992, p. 4) 118. Para Laércio Elias Pereira (1992, obra citada) o que mais o motivou a ir para o Maranhão, naquele inicio da década de 1970 foi uma das mais fecundas experiências de televisão educativa do Brasil. Tele-salas de recepção dos programas longe da sede São Luís, e animadas por professores com baixa formação escolar, levados, então, a modernas concepções pedagógicas de terem que discutir o conteúdo das emissões com os alunos, premidos pelas circunstancias. A emissão das aulas era 114 PEREIRA, Laércio Elias; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; Organização da Informação em Ciências do Esporte veiculada
em periódicos de língua portuguesa. ENCONTRO DE PESQUISADORES DO MARANHÃO, I, São Luís, 1990. ANAIS... São Luís: UFMA, 1990. 115 DORIA, Irene Meneses. Sugestões para uma classificação decimal de Educação Física e Esportes. (IN) CONGRESSO PAULISTA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, I, São Paulo, 1940. ANAIS... São Paulo, 1942, p. 243-246 (citada por SILVA, Maria Stela Vercesi, op. cit.). SILVA, Maria Stela Vercesi. Adaptação da classificação decimal de Dewey para Educação Física. REVISTA PAULISTA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, São Paulo, v. 3, n. 4: 43-46, jun. 1989. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio & PEREIRA, Laércio Elias & Outros. Indexação: em busca da construção de um thesaurus em Ciências do Esporte. ENCONTRO DE PESQUISADORES DO MARANHÃO, I, São Luís, 1990. ANAIS... São Luís, 1990. GOMES, Hagar Espanha (Coord.). MANUAL DE ELABORAÇÃO DE TESAUROS MONOLINGUES. Brasília: Programa Nacional de Bibliotecas de Instituições de Nível Superior, 1990. 116 GOMES, Hagar Espanha (Coord, 1990, obra citada. 117 PEREIRA, L.E., MUNOZ PALAFOX, G. Curso Paralelo: Informática e Educação Física e Esportes. IN: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIENCIAS DO ESPORTE, 4, 1985, Poços de Caldas: Escola Superior de Educação Física de Muzambinho, p.8. 118 PEREIRA, Laércio Elias, 1992, obra citada, p. 4
intermitente, prevendo o trabalho com os conteúdos nos intervalos. O contato com a Televisão Educativa do Maranhão - TVE-MA marcaria um fecundo encontro com os professores que estavam no processo de criação do Curso de Educação Física da Universidade Federal do Maranhão. O Pro£ Dimas (Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araujo) 119, responsável pela Educação Física no sistema TVE, e um pioneiro na EF do Estado, fazia parte do grupo de implantação do curso. A televisão era um recurso a ser explorado pela Educação Física. A produção e as aulas eram grandes recursos de informação para os professores: A participação na criação do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte - CBCE, em 1978, e a integração das diretorias até 1985 também serviram como campo de atuação na informação cientifica na área. A organização de congressos, o acompanhamento da Revista Brasileira de Ciências do Esporte, o Boletim Brasileiro de Ciências do Esporte e o informativo da Diretoria "Pensando Alto" (PAIVA, 1994) 120 exigiram urna imersão importante no universo dessa informação cientifica. Contribuiu, também, a participação nas discussões sobre as publicações da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, e a reativação de secretarias estaduais, como responsável pela secretaria regional da SBPC na Região Norte entre 1984-85. (PEREIRA, 1992) 121. No âmbito acadêmico, a participação na busca de um adequado suporte de informação para a primeira turma de mestrado da Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo EEFUSP - na medida em que integrava a Comissão de Pós-Graduação como representante discente - levou a busca de disciplinas (Mídias Alternativas e Cibernética Pedagógica) na Escola de Comunicação e Artes - ECAUSP, onde se deu o inicio do contato com as "mídias alternativas" (que mais tarde, com o aumento da capacidade de processamento dos computadores, permitindo a maior interatividade entre as pessoas e as maquinas, passariam a ser chamadas de "mídias interativas"): Nas disciplinas da ECA, foram iniciados, também, os contatos com o que passou a ser chamado de "mídias interativas". Durante o doutorado em comunicação - 1985, não concluído - apresentamos, com o professor Gabriel Munhoz Palafox - que tinha vindo do México para estagiar no Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (CELAFISCS) e, na época, cursando o mestrado em Educação, trazendo na bagagem um moderno computador de 8 bits - a proposta de um calendário esportivo em videotexto, que não encontrou patrocinador, mas serviu para um bom treinamento na iniciação com a informática e as perspectivas do uso do computador na comunicação, já que o videotexto foi um precursor da WWW. Com Gabriel Palafox, foi iniciada urna serie de cursos de "Informática em Educação Física e Esportes” (PEREIRA, L. E., PALAFOX,G.M.,1985) 122 Gabriel abordava a parte referente a Informática e nos tratávamos da informação - a "telemática", como passou a ser chamado o avanço marcado pela união da informática com os meios de comunicação. Estávamos envolvidos pelo entusiasmo do recém contato com o Prof. Fredric Litto, então chefe do Departamento de Radio e Televisão da ECAIUSP, e que viria a criar e dirigir a Escola do Futuro e a Associação Brasileira de Educação a Distância. Também teve influencia nesse trabalho a nossa passagem funcional pelo Ministério da Educa;;ao – MEC (1985-86), na Comissão Ministerial criada para elaborar propostas para a utilização do satélite Brasilsat I pela Educação, alem da responsabilidade de coordenar, pelo lado do Ministério da Educação e Cultura, o projeto de implantação do Sistema Brasileiro de Informação e Documentação Esportiva. (PEREIRA, 1992) 123.
119 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; ARAÚJO, Denise Martins. QUERIDO PROFESSOR DIMAS (Antonio Maria Bezerra de Araujo) e a educação física maranhense: uma biografia (autorizada). São Luis: EPP, 2014. 120 PAIVA, Fernanda. Ciência e poder simbólico no CBCE. Vitória: CEFD-UFES, 1994 121 PEREIRA, Laércio Elias, 1992, obra citada 122 PEREIRA, L. E., MUNOZ PALAFOX, G, 1985, obra citada 123 PEREIRA, Laércio Elias, 1992, obra citada
Na UFMG, um dos polos pioneiros da implantação de redes eletrônicas no Brasil, inicia-se a utilização da Bitnet, em 1991, intensificando os contatos com o Núcleo de Informática BiomédicaNIB/Unicamp e a Escola do Futuro- USP: Com a aposentadoria em 1994, volto para Campinas e integro-me ao recém criado Laborat6rio de Estudos Avançados em Jornalismo - LABJOR em uma serie de projetos de Jornalismo Esportivo, juntamente com o Prof. João Tojal. Estava formado o tripé - Escola do Futuro, Núcleo de Informática Biomédica e Laborat6rio de Jornalismo - que daria sustentação a uma proposta de trabalho no doutoramento em Educação Física na Unicamp: "A Criação de um repertório de Informação para a Formação e Atualização Profissional em Educação Física- uma base de dados em CDROM', sob a orientação do Prof. João Tojal, culminando urna proposta que vinha sendo trabalhada desde o "I Simpósio Brasileiro de Informática em EF&Esportes ", em 1987. Como suporte técnico fundamental no tripé citado, e preciso registrar que o Núcleo de Informática Biomédica já oferecia, desde 1986, um curso de verão para professores universitários da área de saúde quase que exclusivamente para Medicina – que estivessem interessados em implantar a disciplina Informática em Saúde nos cursos das instituições de ensino superior. Como o curso era caro, nunca tinha havido a oportunidade de financiamento de uma atividade do gênero para a Educação Física. Tampouco tínhamos profissionais, em número suficiente, para montar a infra estrutura de um curso especifico. Em 1996, recebemos convite para participarmos desse curso, como parte das atividades do doutorado. Durante o curso, nas discussões que se seguiram a exposição do Prof. Renato Sabbatini sobre o Hospital Virtual, que ele havia criado no NIB, surgiu a ideia: "por que não um Centro Esportivo Virtual na Internet, em vez do trabalho documental e restritivo da criação do CD ROM?". (PEREIRA, 1992) 124. Estava lançada urna proposta e iniciados os trabalhos que culminaram, com o apoio do Instituto Nacional do Desenvolvimento dos Desportos- INDESP, na implantação da fase experimental do Centro Esportivo Virtual, trabalho de preparação iniciado em março e foi para o ar com domínio próprio em agosto de 1996. Como na sua concepção original o Centro Esportivo Virtual - CEV1 – tinha uma característica mais de uma base de informação documental (teses, revistas, endereços de instituições e ligações para outras páginas); então se voltou à atenção para o lançamento de páginas experimentais, que tinham a função de testar tecnologia e atacar setores específicos de usuários, em busca de mobilização. CENTRO ESPORTIVO VIRTUAL, HOJE·. A maior comunidade acadêmica e de pesquisa em Educação Física, Esportes e Lazer da Internet: Comunidades é o ponto de encontro para troca de informações sobre conceitos, livros, congressos e artigos entre pesquisadores, professores e estudantes da área de Educação Física, Esportes e Lazer; hoje, está migrando para o Facebook Quem é Quem Procurando alguém? Aqui você encontra uma extensa lista de nomes dos atores da Educação Física, Esportes e Lazer. http://cev.org.br/qq Comunidades Ponto de encontro para troca de informações sobre conceitos, livros, congressos e artigos entre pesquisadores, professores e estudantes da área de Educação Física, Esportes e Lazer. Comunidade Participantes Anatomia em Educação Física ANPPEF - Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação Física APEF - Associações de Profissionais em
Badminton Basquete Biblioteconomia e Ciência da Informação em EF & Esportes
124 PEREIRA, Laércio Elias, 1992, obra citada
Capoeira Ciclismo Corpo e Educação Indígena Corporeidade - Estudos Transdisciplinares
Educação Física Aprendizagem Motora Artes Atividade Física no Programa Saúde na Família Atividade Motora Adaptada Atletismo Avaliação em Educação Física e Esporte Dança Dança e Educação Física: Diálogos Desportos Aquáticos Dirigentes de IES em Educação Física e Esporte Dopagem na Atividade Física e Esportes
Biomecânica Bioquímica do Exercício
Criança
EAD - Educação a Distância Economia Editores de Publicações Científicas Educação Educação Física do Trabalhador & Ergonomia Educação Física e Circo Educação Física e Esporte Educação Física Escolar Educação Física Militar
Educação Física na Paraíba Educação Física no Acre Educação Física no Amapá Educação Física no Amazonas Educação Física no Ceará Educação Física no Distrito Federal Educação Física no Espírito Santo Educação Física no Maranhão
Educação Física no Mato Grosso Educação Física no Mato Grosso SulEducação Física no Pará Educação Física no Paraná Educação Física no Piauí Educação Física no Rio de Janeiro Educação Física no Rio Grande do Norte Educação Física no Rio Grande do Sul Educación Física en Latinoamerica Gênero e Esporte Genética e Atividade Física Gestão Desportiva Ginástica Ginástica Laboral
Educação Física em Alagoas Educação Física em Goiás Educação Física em Minas Gerais Educação Física em Pernambuco Educação Física em Rondônia Educação Física em Roraima Educação Física em Santa Catarina Educação Física em São Paulo Educação Física em Sergipe Educação Física na Bahia Esporte Escolar Esporte para Todos Esporte Universitário Esportes de Aventura Esportes Diferenciados Esportes Náuticos Esportes Paralímpicos Estudos Olímpicos Ética e Moral no Esporte Handebol História da Educação Física e dos Esportes
Fisiologia do Exercício Fisioterapia Esportiva Fitness e Qualidade de Vida Futebol Futsal Filosofia do Esporte Idoso Instalações Esportivas Legislação Desportiva - CEVLeis Lusofonia Nutrição em Educação Física e Esportes
Jiu-Jitsu Judô Marketing Esportivo Mídia e Esportes Musculação Oftalmologia Esportiva ONGs e Esporte
Rádio CEV Recreação e Lazer Rugby
Sociologia do Esporte Surfe
Volei
Wushu
do
Karate Lusofonia
Pedagogia do Esporte Políticas Públicas Professores Universitários em EF Psicologia do Esporte Tecnologia no Esporte Tênis Tênis de Mesa Treinamento Desportivo Triathlon Xadrez
Envolvimento com o CBCE. Lembrando que, quando desses acontecimentos, Laércio já se encontrava no Maranhão. Então, essa é ouytrea contribuição: Então, eu sou amigo do Victor Matsudo, de juventude, sou de São Caetano como ele. Eu admiro muito o Victor, tem isso. Para você ter uma ideia a importância do Victor, quem foi o grande idealizador do CBCE foi o Victor. Quando a gente fez o Mestrado na primeira turma, todos os estrangeiros que vinham, e eram pessoas importantes dentro das áreas, eles achavam que o mestrado era em São Caetano. Eles não sabiam, eles falavam: “Não, como USP? Não é São Caetano?”. E eles davam aula e corriam para São Caetano para ver o banco de dados de São Caetano. A gente tinha lá, tem até hoje, o CELAFISCS, o que era: eu era o diretor do SESI na época, bem no começo... Eu era diretor do SESI e eu fiz com o Victor, ajudava o Victor a fazer uma olimpíada colegial. Essa olimpíada colegial foi crescendo, a gente fazia o Simpósio de Esportes Colegiais de São Caetano, era um grande simpósio e tal, ao mesmo tempo... era ditadura, lembra... Era difícil de se reunir e o pessoal que a gente chamava, que era os torturadores, isso é intriga [risos], se reuniram na Federação de Medicina Esportiva [risos], e aí o que acontecia o pessoal de São Caetano era.... E os amigo da volta, o pessoal
que era do Rio que iam para São Caetano, que conhecia, São Caetano produzia muito e, nos Congressos de Medicina Desportiva quem produzia era o pessoal da Educação Física. E aí o que aconteceu? A gente falou: “Olha, não podemos nem ser sócio e a gente está dando força para esses caras da federação, vamos encarar”. E aí teve a reunião que eu já contei, não sei se você chegou a ver o vídeo que eu contei como foi a reunião [...] Então, o que aconteceu, em 1976 ia ter um Simpósio de Esportes Colegiais, a gente chamou o presidente da Federação de Medicina Esportiva, a ideia era assim: vamos dar uma prensa, que o professor de Educação Física apresenta a maioria dos trabalhos e não pode nem ser sócio. E aí estávamos nós cinco, que aí consideramos fundadores do Colégio, que é o Victor Matsudo, o Paulo Chagas, do Rio de Janeiro, eu, o Cláudio Gil e a Fátima Duarte que está hoje em Santa Catarina. Chamamos o presidente para a reunião, dentro do Simpósio de Esportes Colegiais, e aí quando começou a reunião o presidente já sabia que a gente ia fazer isso, para a nossa surpresa, ele começou disse: “Olha, eu sei que vocês apresentam os trabalhos, vocês são o máximo, não sei o que, mas quero dizer que a partir de hoje vocês vão poder ser sócios da Federação de Medicina Desportiva”. Aí deu aquele branco geral: “Uau, e agora?”. E aí eu me considero o arremessador da pedra fundamental do Colégio, porque eu perguntei assim: “Bom, legal, nós vamos ser sócios, como nós somos maioria o próximo presidente da Federação de Medicina Esportiva vai ser um professor de Educação Física, o que o senhor acha?”. Quando eu falei isso ele levantou, derrubou a cadeira, fez uma esculhambação geral. Foi legal, nós cinco saímos para outra sala, o Victor já estava preparado com a criação do colégio, falou: “Então está bom, o presidente da Federação acaba de fundar o Colégio Brasileiro de Ciência do Esporte”. E aí formamos logo.... Isso foi em São Caetano, depois fizemos uma reunião oficial em Londrina, onde a gente pegou todo mundo que tinha se reunido também. Fizemos algumas reuniões na casa do Victor, em São Sebastião, tem umas fotos históricas da criação, e aí oficializamos em Londrina e, daí para frente foi... o Victor foi o presidente, o Claudio Gil, a turma que estava lá mesmo, o Claudio Gil foi vice e eu fui o vice de Educação, não sei como se chamava na época, mas foi para a Educação. [...] Fui do Colégio desde sempre, significa desde o primeiro dia, ajudei a fazer Revista, ajudei a levar para a UNICAMP, fui presidente depois em 1985. Porque nos primeiros anos eu fiquei muito, que eu fui vice-presidente da Educação, depois uma gestão do Cláudio Gil que ia para o Rio de Janeiro eu não fiquei, mas eu voltei como presidente eleito do Osmar, eu fui presidente eleito na gestão do Osmar. E aí quando eu assumi, a gente achou... Foi um desastre, isso acho que você sabe, foi um desastre essa história do Cláudio Gil, porque tem sempre essa briga horrorosa Rio-São Paulo, e aí o que aconteceu o Claudio Gil era presidente eleito na gestão do Victor, e virou presidente. Quando ele quis eleger a diretoria, São Paulo se rebelou, e fez uma diretoria de São Paulo, daí o Claudio Gil começou a administrar, ele também não é muito paciente, você ou alguém deve ouvir a opinião dele... [risos] E aí o que aconteceu, ele renunciou e o Osmar assumiu antes da hora, mas ficou claro que essa história de presidente eleito tinha esse perigo, um presidente com uma diretoria em outro lugar, não é possível isso. Então, a gente decidiu que na minha gestão acabaria a história do presidente eleito, como não tinha ainda o estatuto antigo, a Celi era vice-presidente, era presidente eleita, ela renunciou assim que assumiu e criou a coordenação das secretarias regionais, que era a grande mobilização que a gente queria fazer e realmente fez, fez muitos pontos de difusão e foi bem legal. E assim, normalmente ela foi depois a presidente, porque ela era a presidente eleita tinha esse acordo tácito, ela inclusive tinha ido para o doutorado na UNICAMP, como eu era professor da UNICAMP tinha uma sede do Colégio na UNICAMP...
CONGRESSO DE LAZER (ESPORTE PARA TODOS) O primeiro congresso de lazer, no Brasil, foi feito em São Luís, antes do oficial, no ano seguinte, em Curitiba, com esse nome... Por pressão da SEED/MEC acabou sendo de “Esporte para Todos” porque o EPT praticamente, em São Luís pelo menos, antes da SEDEL, ele não desenvolveu, era outra filosofia, outra política, embora se pegasse o dinheiro do EPT, na Coordenação de Lazer, mas era uma filosofia ditada, mais por Lino, por Laércio, que faziam certa oposição ao EPT, e quando se falou em se fazer um congresso de lazer aqui, não era para ser Esporte para Todos; eu lembro que a SEED, só admitia financiar um congresso de lazer se fosse com o nome de Esporte para Todos; aí houve aquela confusão, que nós convidamos pessoas que eram contrarias ao movimento EPT, foram proibidas de vir... Nas rememorações de Sidney: Na época do Esporte para Todos, estava na moda no Brasil o Esporte para Todos, uma campanha nacional, era o Takahashi, Lamartine, Takahashi ... Vem lá do fundo do poço esses homens aí, e depois estava começando o movimento do Colégio Brasileiro [de Ciências do Esporte].... Foi a época que se começou, a Educação Física começou a ter um... saiu daquela fase de esporte romântico passou já a ter um cunho mais científico, uma preocupação mais com o aspecto do estudo, da Pesquisa. Tem dois aspectos aí que talvez tenha influenciado o EPT a não ter ido para a frente aqui, naquela época; nós, o pessoal da Universidade, os professores, éramos chamados de, é um termo até antiquado, até ridículo: da esquerda, tínhamos uma visão diferente... Todos usavam barba, eram comunistas (risos) ... É engraçado falar isso, a gente era comunista, então, Laércio, Lino, eu, nós éramos contra o EPT, contra a filosofia do EPT, porque o EPT era isso, Esporte para Todos; só que não era para todos , era para uma classe elitizada, que tinha bicicleta, era a classe burguesa, mas a classe pobre, a classe que não era privilegiada, ficava fora do processo; então o esporte não era para todos, a gente via na época o EPT mais como uma forma desse pessoal de Brasília de ganhar dinheiro; rolava muito dinheiro só que fazendo eventos e passeatas na rua, andando de bicicleta e com uma faixinha do EPT e tal; a gente era bem contra isso aí, esse foi o aspecto de não ter ido. O segundo aspecto é que dentro da SEDEL havia duas coordenações, a Coordenação de Esportes e a Coordenação de Lazer. A Coordenação de Lazer era coordenada pela Fátima Frota e a de Esporte era pelo Gafanhoto; então havia uma diferença de competência brutal entre a Fátima Frota e a equipe do Gafanhoto. A equipe do lazer era uma equipe muito competente, começando pela Fátima Frota e a equipe dela eram pessoas muito competentes, tanto é que depois, essas pessoas, que trabalharam com ela, acabaram fazendo mestrado. Hoje tem a Profª. Socorro [Araújo] no Departamento de Turismo; era um pessoal muito bom; então eles faziam eventos espetaculares, preocupados com essa questão da cultura, de preservação da cultura, era um trabalho científico, um trabalho com embasamento teórico, então esse era o lazer, a gente até trabalhava, até ajudava, ia lá, até porque a gente se envolvia no trabalho da Dona Fátima, Laércio, eu e Lino, porque a gente via lá, a competência estava lá. No desporto, era o Gafanhoto. Gafanhoto era símbolo do que era a incompetência... Lembro de uma reunião do Gafanhoto - foi muito engraçada, ele fez uma reunião, reuniu o pessoal todo e disse que ia atacar problemas do esporte do Maranhão de A a Y, quer dizer ficou alguém de fora (risos) o Z não estava. Ai eu levantei o braço e falei assim: Gafanhoto alguém vai ficar de fora desse teu projeto de atacar o esporte, ai ele falou porque? Porque o Z ficou de fora ai do teu alfabeto. Era muito difícil trabalhar ali, tinha muitos entraves, a coisa era voltada para escolinha; ainda se cultua até hoje, eu vejo ainda se preservar aquela coisa que o grande segredo de fazer o esporte é fazer escolinha, isso era aquela coisa do Cláudio Vaz, isso foi uma coisa que na época deu certo, que tinha muito dinheiro, tinha muitas pessoas poderosas, lá, com o tráfico de influência, e deu certo; hoje não é mais isso ai, hoje é totalmente diferente, hoje ainda falam - Ah! Na época do Cláudio Vaz tinha
escolinha; só que hoje não é mais a época do Cláudio Vaz, hoje é outra época, tem que fazer outro trabalho, trabalho de comunidade, departamentos de bairros, com sindicatos, é outra visão do mundo; então foi por isso que o EPT não deu certo aqui, além da questão da competência, que está na frente, há a questão da filosofia do EPT; tinha as pessoas que não podia tocar para frente, que eram contra o Esporte Para Todos... Sobre esse Congresso, Lino lembra que “Fizemos um encontro EPT lá também, que eu me envolvi”: Primeiro não era para ser um congresso do EPT... Era pra ser um congresso sobre lazer mesmo porque a política... Eu acho que foi um pouco isso, a ideia era um encontro de lazer com algumas pessoas que faziam parte do nosso grupo já brasileiro de discussão a partir de uma lógica de política de lazer de ???? de esporte, de esquerda onde a Maria Isabel tinha, na época, um papel importante, ela foi para o congresso em 79 e aí por questões de vinculação com o Governo Federal esse evento se tornou o evento EPT... Tinha a Sub-Secretaria de Esporte para todos como sub-secretaria da secretaria de Educação Física e esportes do MEC, a SEED, tinha SUEP, subsecretária de EPT com a comandante Lamartine Pereira, como coordenador central, o Jorge Takaachi, como dirigido do Lamartine, o Person Cândido Matias de Sousa como outro membro... e aí sim na programação que nós emcaminhamos houve votos, houve censura, por parte de Lamartine e da equipe dele, não saberia dizer se foi bem Lamartine... foi da SUEPT, aí o nome da Maria Isabel não foi aceito. A Kátia Brandão Cavalcante não foi aceita, e aí nós conseguimos trazer esse pessoal eles; não participaram da mesa porque os nomes deles não foram aprovados. Para suas mesas, mas na plenária eles se envolveram no debate, isso criou também todo um espaço de discussão de bronca da gente, o que reforçou o estigma que acabou criando em torno de nós, de pessoas de oposição, esquerda porque apenas...? aceitavam aquele tipo de visão de Governo Federal que na área de esportes, de Educação Física, mais do que nuca tinha dificuldades em perceber que o momento político já não era aquele dos anos 70, não é? Já era um momento de abertura, que para eles é muito difícil de entender. A política da SEDEL na época era mais Lazer que EPT, quem trabalhava no EPT efetivamente ,com os eventos, era a UFMA, pois Dimas foi agente EPT, sempre teve uma relação, era professor de Recreação da Universidade... Dimasfalou que sempre entrava em choque Lino em função do EPT, sempre criticava. Isso ficou bem claro durante o Congresso, quando Lino chama Dimas de ingênuo, numa das manifestações: Eu acho que tem haver com o jeito do Dimas, o Dimas é uma das pessoas que aprendi a respeitá-lo, uma pessoa extremamente boa, coração puro não é? Mas talvez por conta dessa pureza ele explicitava uma ingenuidade das construções das relações que estabelecia, que tinha um sentido político para ele porque a medida que ele não questionava muito as relações construídas colocava tudo sempre à disposição, não importa da onde viesse o convite, ele garantia espaços e intervenção que talvez se ele assumisse um papel com uma postura política mais evidente, mais clara de posição significaria fechar algumas portas, talvez mais portas do que abrir outras e ele sempre quis fazer um trabalho de estar de bem com todo mundo e eu deixava claro que assumi uma posição. Era assumir a oposição, a outras posições e necessariamente a unanimidade não era possível de ser construída a partir dessa lógica, e eu mostrava o quanto o trabalho dele tinha carga de ingenuidade que ele se varia dela oportunisticamente para tirar proveito de estar sempre em lugares de destaque não é? A medida que ele nuca queria fazer uma leitura crítica do significado do EPT, que já nos anos 80 nós fazíamos. Lembra de uma revista Corpo e Movimento, que teve artigo de Kátia, um artigo de Lamartine, um artigo de Apolônio, a própria Desportos & Lazer, publicada pela SEDEL... Então nós fazíamos, já vivíamos uma época de uma postura crítica sobre a realidade de
Educação Física e do esporte que ele não acompanhava, ele tinha sempre uma visão romântica do processo e eu sempre, naquela época, até por toda, talvez aí o processo mesmo de crescimento, uma outra fase menos madura ...Eu não só fazia a crítica como criava espaços de atrito, de conflito porque não admitia aquela postura extremamente apolítica de neutralidade. A PÓS-GRADUAÇÃO Ainda em 1982, deu-se inicio a um programa de qualificação dos professores de educação física, aqueles já graduados, pois houvera a implantação do Curso de Educação Física no âmbito da UFMA. A maioria dos pioneiros eram aqueles ‘paulistas’ que vieram na fase de renovação do quadro de pessoal, provocado por Cláudio Vaz, o Alemão, e que foram aproveitados, de uma forma ou outra, quando da implantação da SEDEL-MA. Por já terem vínculo com a UFMA, a maioria com jornada de 40 horas, pouco puderam colaborar com a SEDEL-MA, a não ser em projetos especiais, ou algum evento, de interesse mútuo. As ações, então, eram realizadas, sempre, com o apoio ou mesmo o patrocínio da SEDEL-, com a justificativa de preparar uma massa crítica, para sua implementação, além de qualificar o quadro de pessoal atuante no Estado. Um primeiro curso de especialização – sem relacionamento com esse programa, mas necessário foi realizado, com a participação de alguns professores, na cidade de Manaus: "Agora, o primeiro curso para docente, que nosso Departamento fez, foi em Manaus; esse curso foi dado para toda a Região, do Centro-Sul e Norte-Nordeste; foi feito um no sul, e outro no norte; então fomos daqui eu, Moacir [Moraes da Silva, professor de Atletismo], Isidoro [Cruz Neto, professor de Voleibol], Cecília [Moreira, coordenadora do Curso de Educação Física, professora de Ginástica], Rinaldi Maia [professor de Futebol]... nós fomos os primeiros que fizemos o curso a nível de Especialização, em Didática da Educação Física; esse curso nós fizemos em dois módulos, então fomos nós os primeiros, deve ter sido em 82, 83 - depois eu posso te dar esta data. Depois disso é que os outros começaram a fazer, começaram a sair para fazer mestrado, que você já falou, que a maioria deles só ia [Laércio Elias Pereira, em 82 fazer mestrado em Educação Física; em 83, foi Lino Castellani Filho, que levou 6 anos para terminar o mestrado na PUC] ... se ele não foi, não apresentou monografia, nem Demóstenes [Mantovani], mas a partir daí os que têm ido tem cumprido...". (DIMAS, entrevistas). Sidney se lembra das condições em que foram para Manaus, fazer a especialização, e a convivência com os colegas, especialmente Rinaldi Maia, à época, chefe do departamento: "... quando nós fizemos esse curso de especialização em Manaus, nós ficamos juntos, nós alugamos um apartamento, o pessoal do Maranhão alugou um apartamento com exceção da Cecília e o Dimas que ficaram morando no... a Cecília ficou num Hotel, e o Dimas no apartamento de um amigo; eu, Isidoro, Moacir mais um pessoal de Goiás, ficamos num apartamento juntos, durante algum tempo, o professor Rinaldi Maia, foi quando o conheci bastante, a gente conviveu durante dois meses morando juntos, uma pessoa muito integra, uma pessoa muito séria, talvez o infarto dele tenha sido por causa disso, por que ele era uma pessoa muito integra, e não aceitava uma série de coisas. É professor de futebol, foi a experiência que eu tive dele, sempre jogava Basquete na Escola, Eu já peguei o Rinaldi já com uma idade bastante já, na época eu tinha 28, ele já devia ter uns 55, 60 anos, não me lembro." (ZIMBRES, Sidney. Entrevistas). Depois disso, nos anos de 1982/85 e 1984/86, foram realizados dois cursos de especialização: o primeiro, em Ciências do Esporte, com grande procura, professores de renome nacional e
internacional, e que no entanto, não foi concluído: duas das disciplinas não foram ministradas, não se complementando a carga horária e, anos depois, ainda não se tinham professores para orientar as monografias. Principalmente do primeiro. Esse curso contou com alguns professores do Maranhão: Laércio (que estava no Mestrado, já; deixara a coordenação com Sidney para o Mestrado), Sinclair Lemos, Orlando Medeiros:
Curso de Especialização em Ciências do Esporte De 22-12-1982 até 15-03-1985 Brasil. São Luis -MA
Programa Coordenadores: Laércio Elias Pereira e Sidney Forghieri Zimbres Disciplinas Avaliação em Educação Física e Esportes 10.12 a 22.12.1982 Biomeânica 10.12 a 22.12.1982 Caracterização Profissional Filosófica da Educação Física e dos Desportos 10.12 a 22.12.1982 EPB - PPPG Fisiologia Desportiva 10.12 a 22.12.1982 Fisiologia do Esforço 10.12 a 22.12.1982 Informação e Documentação em Educação Física e Esporte 14.01 a 21.01.1983 Intercorrências de Saúde em EF e Esporte 10.12 a 14.12.1983 Metodologia da Pesquisa 14.01 a 21.01.1983 Metodologia do Ensino Superior PPPG Medicina Física 20.02 a28.02.1985 Nutrição e Atividade Física 03.02 a 14.02.1985 Organização em Administração em EF e Esporte 20.05 a 30.06.1984 Organização Médico Desportiva 10.12 a14.12.1983 Psicologia Desportiva 13.06 a 18.06 de 1983 Saúde Escolar 04.03 a 15.03.85 Treinamento Desportivo 01.06 a 30.06.83 Professores Fredric Michel Litto Glacilda Telles de Menezes Stewin João Batista Freire da Silva José Guilmar Mariz de Oliveira José Luis Fraccaroli Laércio Elias Pereira Luciene Marques Lima Orlando Lopes Medeiros Raimundo Antonio da Silva Rubens Rodrigues Ruy Jornada Krebs Sanclair de Oliveira Lemos Vilmar Baldissera Estudantes Antonio Carlos Nascimento Pereira Carlos Eduardo Tinoco Silva Cesar Roberto Cruz Maia David Moisés Ladeira Denise Martins Araujo Francisco das Chagas F. Nunes Henrique Augusto Machado Veloso Joaquim Rodrigues A Neto Nunes José Carlos do Amaral José Maranhão Penha José de Ribamar Simões Neto Julio Cesar Saraiva Liana Maria O. Rodrigues Manoel Trajano Dantas neto Maria Aparecida de Oliveira Dantas Maria de Fátima Andrade Calderoni Maria José Pereira Coutinho
Raimundo Francisco Rabelo Reinaldo Conceição da Cruz Ruben Teixeira Goulart Filho Silvana Cardoso Ramos Cintra Tania Maria Araujo da Silva Vespasiano Abreu da Hora Vicentr Calderoni Filho Viviane Martins Araújo Zartu Giglio Cavalcante
O outro curso, Lazer e Recreação, seguiu o mesmo critério – o de dotar o Estado de especialistas na área, já que o anterior fora na área dos esportes. Mesmos problemas, começando com a coordenação do Laércio, depois passando para o Sidney. Trinta e cinco inscritos, e apenas um completou, com a apresentação da monografia: eu!!!
Especialização em Recreação e Lazer De 18-12-1984 até 07-02-1986 Brasil. São Luis -MA
Programa Recreação, lazer e Esporte não-formal - Kátia Brandão Cavalcante 27/1 a3/2/86 Metodologia do Ensino Superior - Leoisa Correa Lobão 15/4 a 7/5/85 Informações Básicas em Receração e lazer - Lusimar Silva Ferreira 8/5 a 10/6/85 Especialização - Maria da Conceição Brenha Raposo 18/3 a 10/4/85 Lazer e Cultura Popular - Maria do Socorro Araújo 5 a 21/8/85 e 7/10 a 4/11/85 Esportes para Todos - Kátia Brandão Cavalcante 27//1 a 7/2/86 Recreação - Lenea Gaelzer 10 a 17/2/84 Metodologia da pesquisa - Kátia Brandão Cavalcante 21/7 a 7/2/86 Estudo de Problemas Brasileiros - Claudete de Jesus Ribeiro 11 a 22/11/85
Como se observa, a maioria dos professores já eram do Maranhão: Leoisa Lobão, Lusimar Ferreira, Conceição Raposo, Socorro Araújo, Claudete Ribeiro; de fora, apenas Kátia Brandão Cavalcante e Lenea Gaelzer… Concluida a carga horária, não havia professor para orientar, seja porque não tinham mestrado – da Educação Física apenas Laércio – mestrado em 1978 e voltando em 1980. se defendendo da banca de mestrado no último minuto do prazo, em 1984 125, quando aproveitou para começar o doutorado da ECA USP (que virou o DR da FEF Unicamp. -; Lino – também fora; Sidney – fazendo o Mestrado, que não chegou a concluir. Mesmo assim, foi meu orientador… Ligados à área, apenas Socorro Araújo, que fizera seu mestrado defendendo dissertação na área da cultura popular, sobre o bumba-meu-boi, e à época era da SEDEL, ligada à Coordenação de Lazer; logo após o retorno, foi para a UFMA… Ambos os cursos foram planejados ainda ao tempo da administração de Elir Jesus Gomes…
125 https://bs.cev.org.br/biblioteca/show/4012263/
CONSTRUÇÃO DAS PRAÇAS ESPORTIVAS Laércio pede que comente os projetos/propostas de construção de espaços para a prática de esportes e de lazer, em especial o projeto do Parque do Bom Menino126. Considerávamos que os locais para a prática de atividades de lazer eram, em quase sua totalidade, construídos sob a perspectiva de atividade física de lazer e seguem as exigências do esporte de competição e elaborados a partir somente dos conhecimentos de arquitetos e engenheiros, que tornam esses ambientes monofuncionais e não oferecidos para a maioria da população. Pois bem, a Eliana Caran, então no DED/MEC liga informando que havia uma verba disponível, dentro do programa de ‘Parque Esporte para Todos’. São Paulo recusara o valor disponibilizado para aquele estado, alegando ser insuficiente; daí que haveria um valor – creio que meio milhão do dinheiro da época – que poderia ser usado por outro estado: o Maranhão não quer? Problema – o prazo encerraria dali a dois dias e havia a necessidade de apresentar um projeto, incluindo a contrapartida, que seria a área em que seria implantado o tal Parque. Tínhamos, de imediato, o Parque do Bom Menino, da Prefeitura Municipal, que àquela época era chamado de ‘parque de fazer menino’, utilizado por... bem, fazer menino, e usuários de drogas, marginais, que se escondiam em suas ‘matas’, de difícil acesso... em pleno centro da cidade. Sem qualquer manutenção!!! O dr. Elir, tonando conhecimento da oferta, determinou, imediatamente, a elaboração do projeto. Sugerimos, então, o Parque e lá fomos conversar com o Prefeito. Concordando, pois haveria recuperação da área, com uma utilização compartilhada com a SEDEL-MA, passamos a elaborar o projeto de aplicação, sem as plantas arquitetônicas. Baixamos os projetos disponíveis 127, elaboramos um croqui da área, com a pista de corridas/caminhadas e a distribuição dos equipamentos, todos feitos de madeira, medindo o percurso com uma trena de 50 metros... Lá fui eu, para Brasília, com esses esboços e propostas, com papel timbrado do Estrado e da Prefeitura, alguns assinados em branco, pelo governador e o prefeito, pois não sabíamos das exigências... A Eliana ajudou na montagem do mesmo, com declarações do prefeito, de cessão da área para a sua implantação, tudo escrito lá... e entregamos o projeto, sem o projeto arquitetônico, que seria remetido depois... o que foi feito, por uma arquiteta chamada Judith, morada duas quadras acima da minha, no Recanto Vinhais... Como disse, na elaboração do projeto consideramos, na justificativa, os critérios do movimento denominado “Esporte para Todos". Segundo PEREIRA DA COSTA (1981) "Esporte para Todos - EPT - é apenas um nome entre vários que convergem para pontos de identificação comum - esporte de massa; desporto de lazer; esporte recreativo; esporte comunitário; lazer esportivo; iniciação esportiva; educação física permanente..."128. O Parque "Esporte para Todos": iniciado na Alemanha, o "Programa Trimm Dich" corresponde ao projeto " Esporte para Todos", e desenvolve programas com corridas, passeios a pé, de bicicleta. Foi desenvolvido também um programa denominado "TRIMM PARK" para aproveitamento de áreas disponíveis em todos os centros urbanos. O "Trimm Park" é constituído de: 1 percursos de 1.000 a 3.000 metros, aproveitando a topografia do terreno; 2 um total de 1.000 a 3000 metros quadrados para um grupo de aparelhos naturais feitos de troncos de árvores, cordas, argolas e construções simples; 3 áreas definidas para grandes jogos e descanso; 4 pequenas construções 126 Consideramos, eu e Laércio, que o uso dos espaços abertos urbanos é essencial para o desenvolvimento de atividades comunitárias de caráter recreativo, pois além de permitir o uso social desses espaços por uma parcela da população, permite a urbanização e manutenção de áreas consideradas como problemas para as administrações públicas. GODBEY, Geoffrey. Espaço Aberto Urbano - perspectivas norte-americanas. in ENCONTRO INTERNACIONAL DE PESQUISADORES DE LAZER, I, Bertioga-SP, 1986. Anotações de conferência . GUIMARÃES, Hélio .O Lazer. Comunidade Esportiva, n.8, p.8-10, 1980. 127 BRASIL, Ministério da Educação. Parque “Esporte para todos". Brasília MEC/USP, 1979. 128 PEREIRA DA COSTA, Lamartine (ed). Teoria e prática do esporte comunitário e de massa. Rio de Janeiro: Palestra, 1981.
rústicas para proteção contra chuva, lanchonete, vestiários, sanitários e fiscalização do Parque. Constituído de um conjunto de áreas, equipamentos e instalações que proporcionam aproveitamento total de áreas verdes disponíveis com objetivos de: lazer, esporte, ginástica e saúde. Constitui-se em um percurso de 1 a 3 quilômetros, acompanhado de estações (pequenas áreas livres para exercícios com e sem aparelhos); áreas para utilização de construções de apoio; vestiários, chuveiros, sanitários, salão de jogos recreativos, lanchonete, que deverão ser feitas de material rústico; áreas de grandes jogos: de acordo com o tamanho da área disponível e o número de frequentadores, serão demarcadas áreas para realização de jogos que dispensem o uso de quadras oficiais; áreas para desenvolvimento de costumes regionais; áreas para "playground" e estacionamento. Todos sabem, conhecem e usam, o Parque do Bom Menino, depois da intervenção da SEDELMA... Quanto às Quadras e Praças Esportivas que foram construídas – lembro as da Alemanha, do Recanto Vinhais, do Renascença, do Colégio Sá Valle, no Anil. Tomamos por base projeto implantado pelo arquiteto Jaime LERNER em Curitiba-Pr, e estendido a outras cidades, como Florianópolis-SC129, e que consiste na construção de equipamentos esportivos e de recreação em praças e quadras, com atividades voltadas para a comunidade. Os programas de Praças e Quadras de Esporte têm como objetivos: 1. oportunizar a iniciação esportiva e a recreação orientada para as mais variadas faixas etárias; 2. orientar a prática esportiva e recreacional ao ar livre, principalmente às crianças, de maneira a darem valor e a preservarem áreas verdes, parques, quadras e praças; 3. criar oportunidade de melhoria de saúde do povo, no que se refere à prática de atividades físicas de lazer. Funcionando nos períodos de 8 a 12 horas e das 14 as 18 horas para as populações infantil e juvenil e das 18 as 22 horas para a adulta, a programação proporciona o funcionamento de Escolinhas de Esportes (atletismo, basquete, futebol suíço, ginástica olímpica, handebol, volibol); Recreação (jogos e brincadeiras); Criatividade (desenho, pintura, colagem); Torneios inter e intra praças e quadras (visando a integração dos participantes) e outras atividades. Todas as atividades são orientadas por professores de Educação Física, mantidos pela Prefeitura Municipal, que organizam as turmas, respeitando as faixas etárias e desenvolvendo atividades de acordo com as mesmas. Outro conceito que usávamos, era o do ‘quintal comunitário’, que consiste na ocupação social de terrenos baldios, iniciativa pioneira da Prefeitura Municipal de Sorocaba-SP, projeto idealizado pelo Prof. Dr. Antônio Carlos BRAMANTE130 se constitui em uma ação conjunta entre o poder público municipal – no nosso caso, estadual em conjunto e/ou parceria com a Prefeitura - e a comunidade, na ocupação social de terrenos baldios existentes numa comunidade densamente povoada e com falta de equipamentos urbanos de lazer, tem como objetivo: 1. oferecer à população equipamentos de baixo custo e alta eficácia de utilização comunitária; 2. minorar os problemas decorrentes da existência de terrenos baldios em áreas povoadas; 3. oferecer uma opção social de utilização de terrenos baldios a seus proprietários, quando o terreno não tem destinação imediata ou mediata; 4. oferecer uma opção de urbanização. Todos esses equipamentos foram construídos com recursos do DED/MEC, com aqueles telefonemas da Eliana ao Laércio, perguntando se o Maranhão não estaria interessado, pois sobrara algum recurso que não estava sendo usado. E lá íamos nós, para a ‘prancheta... Lembro que sempre tínhamos algum esboço pronto, com a justificativa, dentro dos vários programas então existente, elaborada com dados sociais das áreas em que já identificáramos com os espaços disponíveis... Lembram daquele mapa da cidade que ocupava uma parede inteira da sala da Assessoria? O dr. Olímpio Guimarães valia-se de seus contatos no DER-MA, para elaboração dos orçamentos, dentro do recurso disponibilizado, e da elaboração dos projetos arquitetônicos – já tínhamos os esboços, daquele livro de construção esportiva e do manual da Alemanha, e o desenhista, em uma 129 REIS, Sérgio Roberto dos. Praças e quadras de esporte para todos em Florianópolis-SC. Comunidade Esportiva, n. 14, p. 9 130 BORGES, Maria Izolina. Quintal Comunitário. Comunidade Esportiva,
hora, elaborava o croqui e um engenheiro assinava... saiamos dali com um orçamento, pronto para remeter à Eliana. Liberado o recurso, íamos à SETOP conversar com o dr. João Rodolpho e com o engenheiro Leopoldo de Moraes Rego, que providenciava, imediatamente, a tomada de preços e o contrato de construção das quadras. Pro-forma, apenas, pois a administração dessas obras era do dr.Olimpio, com um mestre de obras de sua confiança, o sr. Raimundo Bochudo, que em uma semana construía uma quadra. Depois, Gafanhoto e sua equipe passava o final de semana marcando as áreas de jogo... como se fez, também, no Castelinho... os professores das diversas modalidades eram convocados, comprava-se fita crepe, pincel e tintas, barbante, giz, e se fazia a marcação das quadras... Por isso, o dinheiro dava... pronta a quadra, marcada, se fazia a inauguração, com as duas coordenações, Desportos e Lazer, colocando professores e recreadores à disposição da comunidade, geralmente em convenio com a Associação de Moradores, para a realização de atividades... a responsabilidade de uso e manutenção desses equipamentos, ficava por conta da Associação de Moradores, planejados em conjunto. Claro que havia um critério para determinação dos locais de construção: no Recanto Vinhais – a quadra funciona até hoje!!! – local onde eu morava, o Emilio, do Judô, o Sidney, a Judith (a arquiteta...), e éramos membros da diretoria da AMOREV – associação de moradores... No Renascença, mesma coisa: o Aluísio Pearlmuter, chefe da Assessoria, morava em frente à praça, e era membro da Associação de Moradores, junto com o Jaime Quadros, também ligado à SEDELMA. O do Colégio Sá Valle, por exemplo, foi construído em um terreno contíguo à escola, e comportava uma quadra coberta, e outros equipamentos. O que foi feito, pois embora pertencente à Prefeitura, escola municipal, tínhamos algumas escolinhas sob a responsabilidade da SEDEL... Lembrando que tínhamos o mapa com as áreas disponíveis, e que poderiam ser utilizadas, com os contatos das associações de moradores – geralmente um funcionário da própria SEDEL-MA, em sua diretoria, e as declarações do Prefeito de que a área estaria disponível para a construção... Essas quadras, exceto a da Alemanha, construída na área da Coliseu – depois, sede da guarda municipal, e hoje abandonada -, funcionam até hoje, com a gestão das associações de moradores...
A PROFISSIONALIZAÇÃO: APEFELMA Como visto e ressaltado, havia a necessidade de formação de uma massa crítica, de profissionais habilitados formalmente, através de curso de graduação - à época, apenas Licenciatura. Devido à urgência e à Legislação que então se implantava, foram criados mecanismos para ajustar o trabalho que se estava fazendo com as exigências legais. Surgiram os cursos emergenciais, os técnicos – ITA, e depois ETFM -, e nesse meio tempo, o Superior, junto à UFMA. Cabe ressaltar que funcionavam em vários estados mesmo que precariamente as “Associação de Professores”APEF. Houve uma tentativa de se criar uma aqui, no Maranhão, por interveniência de Lino e do Laércio; então decidiu-se fundar não de Professores, mas de Profissionais, ampliando –se a ideia de introduzir a questão do Lazer dentro do próprio nome dessa entidade , que não tinha caráter Sindical, tinha um caráter mais de associativismo, de aglutinar os profissionais dessa área a partir do momento que já tinha um curso da Escola Técnica, outra universidade formando profissionais com dificuldades. Canhoto Ribeiro (2018) 131 considera que o processo de formação de um campo esportivo profissional e de uma categoria de profissionais de Educação Física no Maranhão, efetivamente atuante, foi lento e se origina a partir dos anos 1970, com a criação do Departamento de Educação Física (DEF), no município de São Luís-MA, e só se intensificou após a “invasão dos paulistas” por volta de 1973, que criaram a formação técnica e superior em Educação Física no estado do Maranhão, que possibilitou o desenvolvimento dessa atividade enquanto profissão, e a organização da Associação dos Profissionais de Educação Física, Esportes e Lazer do Estado do Maranhão –APEFELMA -, uma associação representativa dessa categoria, que também deu grande contribuição ao desenvolvimento do status profissional, a partir dos anos 1980. Segundo Lino: Bem a APEFELMA, nós desenvolvemos a criação, na ocasião à Associação dos Profissionais em Educação Física e Lazer do Maranhão, criamos estatuto, regimento aquela coisa toda. Naquele momento era um espaço que... ...ela surge nesse contexto aí, de a gente tentar dar uma organização ao setor que começava se organizar e a trazer para dentro toda aquela discussão do exercício profissional, da formação profissional acadêmica, da intervenção no campo, a questão do mercado de trabalho, começa a pintar a disputa do profissional e do leigo. O curso da Escola Técnica tendo outra formatação, de atender o interior, através de convênios com as prefeituras do interior, de mandar alunos para o curso, o da UFMA, voltado mais para atender a Capital e mesmo assim não houve demanda, a APEFELMA surge nesse contexto, no contexto de reorganização política na Sociedade Brasileira e de reorganização de setores na sociedade, dentre eles os profissionais, mas na verdade era; ...eu não me envolvi na vida dela, porque tem me afastei do Maranhão para os meus estudos, e a minha volta se dá por um semestre, em 86, onde então eu consigo o desligamento da Universidade. Sidney está no grupo de fundação da APEFELMA desde as tratativas primeiras, ainda em 1981, e se manifesta: A APEFELMA tem histórico, eu trouxe até um documento aqui, a APEFELMA já é mais... idade moderna (Risos). começou em 81... houve um movimento para se criar ... estava o 131 RIBEIRO, José Carlos. MEMÓRIAS DA ORGANIZAÇÃO DO CAMPO ESPORTIVO PROFISSIONAL MARANHENSE: Associação dos Profissionais de Educação Física, Esportes e Lazer do Estado do Maranhão – APEFELMA (1980-2000). Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade, pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus Vitória da Conquista, como requisito parcial e obrigatório para a obtenção do título de Mestre em Memória: Linguagem e Sociedade. Vitória da Conquista – BA 2018. http://cev.org.br/arquivo/biblioteca/4040535.pdf
Laércio ... E ai nós fizemos, foi feita a primeira reunião - isso consta tudo nos livros de ata que, eu não trouxe -, mas a primeira foi criada em 81, eu trouxe aqui o papelzinho, você pode até ficar, você tira cópia depois me dá. A primeira comissão de instalação foi feita em 81 com esses nomes aqui: foi o Laércio, Cecília, Paulo, que ainda era aluno, Lino, Rubens Goulart, acadêmico, a Viviane Araújo Teles, o secretário que era você, mass não colocaram seu nome aqui; ... então essa comissão de instalação, ela foi responsável pela primeira eleição, da primeira diretoria que era de 84 / 86, que foi presidente eleito Osvaldo Teles, que ficou só 6 meses, não aparecia, abandonou, a gente botou ele para fora; vice-presidente Vicente Calderoni; 1º Secretário, Sidney - eu -, Viviane e tal ai em 85, como ele ficou só 6 meses, entrou o Vicente que ficou como Presidente, ficou até em 86; e eu, fiquei como vice-presidente, ai entraram mais essas pessoas; ai tem as outras chapas ai até 86 /88, 89 e 91, esta ai o presidente Leopoldo e agora tem essa atual nessa ai que o Canhoto como presidente, o vicepresidente. Eu sou o primeiro secretário, e o vice-presidente é o Veloso [Henrique Veloso]; nós nos reunimos agora, sábado retrasado, para iniciar um processo de criação da delegacia Regional aqui, dá uma luta para você fazer isso do Conselho. Você recebeu aquele caderno, aquele papel sobre o Conselho Federal - eu tenho no carro -, e eu vou te dar um, trás toda a história, as regionais, nós estamos ligados à Fortaleza, que é uma região, então nós temos que criar aqui uma delegacia, é o único estado, acho que um dos únicos estados que ainda não tem nada, não tem nenhuma estrutura a gente já fez três reuniões, nós marcamos reuniões, inclusive dessas três reuniões foram publicadas em jornal, divulgada nos locais onde existe a maior frequência de professores, Costa Rodrigues, Escola Técnica e tal. Você participou da Escola? Uma delas você participou, quando foi a reativação da APEFELMA para criação do Conselho, e não houve a participação, ninguém apareceu na última reunião que a gente marcou, que teve, foi no Costa Rodrigues: apareceu duas pessoas. Então o Biguá me telefonou dizendo que havia uma denúncia de um dono de uma Academia, a Tânia ligou para mim, eu expliquei a situação, e pedi pro Canhoto, como presidente, questão de respeitar a função, ele foi lá dar a entrevista, mas eu tenho tido contato com outros estados, com outras pessoas ... é que a gente sabe que é, talvez o único estado que ainda não tenha ainda é aqui, então eu até brinco, o Maranhão foi o último estado a aderir a independência do Brasil, e pelo que eu vejo, vai ser o último Estado a aderir ao Conselho Federal de Educação Física, já houve uma reunião a alguns meses atrás dos Conselhos é o FANALI denunciou nessa reunião a questão da partilha do Maranhão em relação a criação do Conselho, da regulamentação dos Profissionais, já foi denunciado isso ao Conselho Federal de Educação Física, eu estou bastante preocupado com isso, é nós fizemos essa reunião no sábado retrasado, e elaboramos uma ficha de inscrição, essa ficha, já foi rodada nós vamos começar a cadastrar todo mundo e em cima desse cadastro nós vamos ter que elaborar um jeito de criar uma situação, para criar uma delegacia aqui e começar, não pode mais ficar como está. Canhoto Ribeiro (2018) 132, em sua dissertação de mestrado, nos traz que A APEFELMA foi criada em 1981 como uma entidade de classe, de direito privado, sem fins lucrativos, regida pelas disposições contidas em seu estatuto e regimentos especiais. Suas finalidades foram de congregar os profissionais de educação física, esporte e lazer; incentivar o espirito de união, solidariedade entre a categoria, e promover entre eles a tomada de consciência sociopolítica, o desenvolvimento técnico-científico-profissional e cultural para o avanço do campo esportivo, segundo a Ata do dia 19 de novembro de 1981 (FUNDAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES DO MARANHÃO, 1981/2000):
132 RIBEIRO, 2018, obra citada, http://cev.org.br/arquivo/biblioteca/4040535.pdf
...Sou militante desta associação desde 1989, quando fiquei como suplente do conselho fiscal da instituição, no mandato da terceira diretoria de 1989/92, e nas eleições de quarta diretoria, fui eleito presidente para o mandato de 1998/2000. Esta diretoria teve como missão, participar do processo eleitoral dos primeiros membros do Conselho Federal de Educação Física, em novembro de 1998, na cidade do Rio de Janeiro-RJ. [...]podemos levantar como hipótesesque a APEFELMA foi um importante instrumento de luta pela organização profissional da categoria no campo esportivo maranhense no período de 19812000, e pela regulamentação profissional da categoria no Brasil. Para esse Autor, é importante frisar que o campo esportivo profissional maranhense se apresentou como um polo de atração e imigração para profissionais paulistas de Educação Física, apesar das críticas dos desportistas maranhenses sem formação superior na área. Neste sentido, a memória da trajetória da Associação apresenta panoramas e conflitos, nos fazendo dialogar com os conceitos e discursos elaborados no campo esportivo. A criação da APEFELMA pode representar um importante reconhecimento do campo esportivo profissional no Maranhão: O aprofundamento nas décadas de 1980-2000 permitiu mergulhar na trajetória percorrida pela Educação Física, Esporte e Lazer, levando-nos à compreensão de como e porque a APEFELMA foi fundamental nessa construção, oferecendo suporte na análise dos processos de legitimação profissional. Em seu trabalho, Canhoto Ribeiro (2018) lembra que é de fundamental importância reunião entre estudantes, professores e diretores de Escolas de Educação Física realizada em Brasília - DF, na Fundação Centro de Formação do Servidor Público (FUNCEP), no período de 22 de novembro de 1983, secretariada pelo professor Laércio Elias Pereira, representante da APEFELMA e coordenada pelo professor Benno Becker Junior, na época, membro da Comissão de Pesquisa em Educação Física e Desporto (COPED) do Ministério de Educação e Cultura (MEC). Assim, as APEFs adotaram uma postura de aperfeiçoamento profissional para os associados e para a sua própria classe que os representava como professores de Educação Física, em um só movimento (CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA, 2008a). A APEFELMA resguardou um caráter pré-sindical ao prever como sócios, apenas os profissionais de Educação Física, Esporte e Lazer. Ou seja, uma única categoria de sócios. Entretanto, esses profissionais poderiam ser tanto aqueles formados por escolas de Educação Física de nível superior e médio, assim como os que exerciam, comprovadamente, atividades correlatas à área. Não se mencionou especificamente que outras formações esses profissionais deveriam ter. Bastava a comprovação da atividade profissional nos termos da carta convite, que contemplou profissionais de origens diferentes, e que atuavam no mercado antes do início da diplomação em Educação Física. Isso significava a maioria dos profissionais que atuavam no Maranhão, assim a Ata narra o que segue: Ata da Assembleia Geral de Fundação da Associação dos professores de Educação Física e Esportes do Maranhão – APEFE –MA. Aos 19 dias do mês de novembro de 1981, no auditório do DCE da Universidade Federal do maranhão, em São Luís, Estado do maranhão, reuniram-se às 19:00 horas os professores e acadêmicos de Educação Física. (FUNDAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES DO MARANHÃO, 1981/2000). No entendimento do professor Lino Castellani Filho, por meio de entrevista realizada em São Luís, em 2018 (RIBEIRO, 2018), a APEFELMA tinha um caráter pré-sindical desde o momento de sua gestação como entidade classista representativa dos professores de Educação Física no Maranhão. Embora, depois da sua fundação tenha contribuído diretamente criação do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF), como podemos observar no seu depoimento:
Correto, coberto de razão foi isso que me motivava e porque já naquele momento e ainda não de forma articulada, organizada em meu pensamento, eu já expressava certa postura contrária à ideia da presença de Conselhos Profissionais, por entender que a perspectiva cartorial de sociedade, a visão cartorial de sociedade, de uma sociedade sem capacidade, sem autonomia para cuidar de seus próprios interesses, é não fazia parte do meu campo de pensamento, um conselho, parte do pressuposto de que a sociedade não consegue entender, o que é bom, o que é mau para ela, um determinado campo de intervenção profissional, certa tutela de um conselho, uma tutela social, para que ela soubesse o que é bom para Educação Física, o que é bom no campo da cultura corporal, à medida que ela não teria como responder essa pergunta, e por outro lado passa muito mais, o que é essa possível tutela, uma ideia de reserva de mercado profissional, não necessariamente centrado na qualificação profissional, mas mesmo, mas principalmente numa perspectiva de disputa política, portanto não profissionais. Eu já naquela época não entendia que as coisas não deviam funcionar dessa maneira, embora não explicitasse isso, tivesse isso claro em meu pensamento. [...]o nascimento da APEFELMA aqui em momento prevaleceu à ideia de um espaço de confraternização e sim um espaço de luta, luta de uma organização de uma categoria, luta pelos direitos trabalhistas, luta pela presença de professores formados, os espaços formais em educação formal maranhense, desde o primeiro momento, mesmo que dotado de espírito do cooperativo, presenciei aqui, só posso falar do seu início, que não acompanhei o resto, o que eu vi foi uma postura crítica e de resistência, a tudo que implicasse a manutenção da ordem, essa simbolizando a ditadura civil militar, eu já vi isso no nascimento da APEFELMA, e isso sem dúvida alguma, não estava presente na APEF de São Paulo. 133 Para Ribeiro (2018), a origem da organização profissional, na cidade de São Luís - MA, se orientou na tentativa de alunos, recém-formados e professores da Universidade Federal do Maranhão UFMA de organização da APEFELMA. Em 1981, a partir do movimento de alguns profissionais que tentam, após outubro de 1981, estruturar a seção estadual da APEFs na capital ludovicense. Foi após essa data, que alguns dos principais agentes da APEFELMA, em 1981 passaram a se reunir. Poucos eram os profissionais formados no Maranhão em 1981. Muitos deles desconheciam a ação das APEFs e a necessidade da existência de uma seção estadual. Conforme inferido pelo professor Leopoldo Gil, sobre o movimento de criação da APEFELMA: Aí, a grande como maioria naquela época haviam só seis professores formados em Educação Física no estado, e você tinha uns 300 professores que atuavam em Educação Física no estado, sem formação, mas que fizeram esses cursos eram jogadores de handebol, de vôlei, de basquete, os melhores jogadores, Laercio, Sidney, Zarthur, pegava esse pessoal criava uma diretoria e colocava nas escolas, então você teve Viché e Biguá que foram trazidos para jogar handebol que ficaram aqui, se teve Paulão, Luís de França, Gastão, Perdigão, todo esse pessoal eram atletas, a hora que estourava dos Jems, como eram bons atletas, eles foram transformados em monitores e colocados nos colégios para dar as aulas e foram contratados, então pelo DEFER como professores que estado não tinha, então esse pessoal ficou nas escolas dando aula na modalidade esportiva, só que não eram formados, então você não podia criar uma associação de professores de Educação Física, porque você não tinha professor de Educação Física, então a ideia foi criar uma associação de profissionais, eram todos profissionais, mas não eram professores, que não tinham o curso, então a ideia foi criar uma Associação de Profissionais de Educação Física, Esportes e Lazer que é isso que eles eram, para poder chamar esse pessoal, foi na mesma época. (VAZ, 2013, não paginado).
133 Entrevista concedida a Canhoto Ribeiro por Lino Castellani Filho, em 8 de março de 2017, na cidade de São Luís-MA.
Em sua dissertação, Canhoto Ribeiro traz o momento politico da constituição da APEFELMA: A APEFE/MA, como instituição de representação associativa de professores de Educação Física, era uma entidade que se situava exclusivamente em âmbito da sociedade civil e não tinha qualquer vínculo com a malha burocrática e corporativa ditados pelo Estado, tal como fica claro nos seus registros de estatutos em cartório. Embora, a exemplo da FBAPEF, sua maior referência representativa de professores de Educação Física do país, a APEFELMA mostra em suas primeiras reuniões que veio a se constituir e manter a independência da categoria, sem se atrelar ao governo para levar em frente o atendimento da reivindicação da categoria dos profissionais de Educação Física, Esporte e Lazer do Maranhão, que dispunha a representar (CERTIDÃO..., 1985) (ANEXO A). A APEFELMA manteve, também, forte afinidade com outra entidade classista congênere, a Associação dos Professores do Ensino Médio Municipal (APEMM), que mais tarde se transformou em SINDEDUCAÇÃO. Esta associação foi dirigida, entre os anos de 1993 a 1997, pelo professor de Educação Física José Arimatéia Machado, que sempre teve um papel bastante atuante junto a várias diretorias da APEFELMA, inclusive com ocupação de cargos. Foi durante a gestão do professor José Arimatéia à frente da APEMM, que houve uma mobilização para pressionar o gestor maior do município a cumprir com a política salarial do magistério municipal10 (SILVA, 2013). Os agentes sociais da APEFELMA tinham livre acesso, e um bom relacionamento com os gestores públicos estaduais, tanto na SEDUC-MA, quanto no DEFER, que mais tarde foi transformado na SEDEL, a primeira do Brasil com esta nomenclatura. [...] “A do Maranhão, dedicada aos Desportos e Lazer, foi à primeira do Brasil”; Sorocaba - SP tinha uma secretaria municipal de recreação”. 17 A invasão dos professores paulistas prestou relevantes serviços ao campo esportivo maranhense em vários setores, como os Jogos Escolares Maranhenses, doravante JEMs (coordenadores de modalidades, técnicos de equipes, árbitros, ente outros), professores de algumas instituições públicas - UFMA e FESM, atual UEMA, e privadas. Alguns profissionais prestaram assessoria e consultoria, inclusive durante o período que antecedeu a criação da SEDEL, e posteriormente durante seus primeiros anos de atividades da secretaria, foi o caso de Laércio Elias Pereira, Lino Castellani Filho, Leopoldo Gil Dulcio Vaz e Sidney F. Zimbres, este último foi coordenador da Divisão de Estudos e Pesquisa da SEDEL, o penúltimo foi o coordenador os Jogos Universitários Brasileiros, em 1980 em São Luís-MA, durante a inauguração do Complexo Esportivo de São Luís-MA. Com atuação desses agentes incorporados aos órgãos públicos de decisão política, a APEFELMA conseguiu viabilizar muitas ações (RIBEIRO, 2018).
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES MAIS, A TÍTULO DE CONCLUSÃO: Laércio traça sua trajetória de vida para Silvana Goelner: Depois que eu fui para o Maranhão, em 1973, aí voltei da Olimpíada, era cheio de curso e desempregado, fiz um monte de curso, não adiantou nada. Fui vender livro e tal, nessa de vender livro eu fui dar curso de handebol, e aí enrosquei no Maranhão e fiquei por boa parte da vida no Maranhão, na verdade. Em 1977, fui fazer o mestrado na USP, a primeira turma também, voltei para o Maranhão, passei pela UNICAMP. Aí fiquei rodando, porque também tem essa história de atuação, minha militância é associação. Então, assim eu ajudei a fundar a Associação de Professores da Universidade do Maranhão, a APRUMA, e aí era uma perseguição danada [risos], porque o reitor era um coronel cruel. Eu acabei indo parar na UNICAMP com licença do Ministério também, fui assessor do Ministério porque o ministro me salvou, Marco Maciel me salvou. E aí o reitor conseguiu mais um mandato, uma jogada lá e, eu continuei mal na universidade, porque eu era secretário regional da SBPC e, esse reitor que era um coronel, o primeiro ato que ele fez foi colocar na ilegalidade todos os diretórios acadêmicos e associação docente. A gente tinha uma sede dentro da Universidade e perdemos tudo, telefone e tal. E aí eu estava organizando uma reunião regional da SBPC, bem legal, oitocentas pessoas participaram, só que o reitor foi vaiado quinze minutos na abertura, ou seja, eu fiquei com a minha cabeça a prêmio, só não fui mandado embora porque a direção da SBPC me segurou. Devo essa ao professor Warwick Kerr, que estava passando uma temporada como professor lá na época. Mas daí ficou impossível de continuar no Maranhão, foi aí que eu fui parar no Ministério, o reitor pegou uma carona de recondução, eu fui para a UNICAMP, a convite do João Tojal e, depois da UNICAMP voltei para o Maranhão, depois voltei para o doutorado, do doutorado eu me envolvi com a escola do futuro, por conta... Escola do Futuro Comunicação e, o meu doutorado começou na comunicação, Ciência da Informação. E aí no meio do doutorado o reitor caiu e o pessoal me chamou de volta para o Maranhão. E eu falei para o meu orientador Frederic Litto, morrendo de pena, que eu ia abandonar o doutorado para retomar a Universidade do Maranhão, ele me apoiou e depois mais tarde eu voltaria, depois de aposentado eu voltaria para terminar esse doutorado. Já agora na UNICAMP, o Fred Litto como co-orientador e o João Tojal como orientador. E foi o Centro Esportivo Virtual, que faz vinte anos que está no ar [risos], essa é a história.
Quando das comemorações – só eu lembrei!!! E comemorei!!! – dos 40 anos de criação da SEDEL-MA, escrevi: Continuamos com as comemorações dos 40 anos de criação da SEDEL-MA. Nesta edição, vamos fazer um resgate da memória dos esportes e do lazer, em especial os antigos publicados na Revisa DESPORTOS & LAZER, nos números que tenho disponíveis, emprestados pelo ex-secretário Elir Jesus Gomes; minha coleção o cupim comeu... Nos três anos em que a Revista foi editada – Sebastião Jorge e Laércio Elias Pereira os responsáveis – pesquisadores de renome nacional publicaram artigos na mesma, alguns especialmente escritos para ela; professores da UFMA e da UEMA também, além de técnicos da própria SEDEL. Vamos compartilhar, também, as matérias veiculadas dos vários eventos, sejam eles de caráter permanente, como os especiais, tanto do desporto como do lazer, para que se percebam as ações que eram realizadas, frente aos últimos anos, que basicamente só fazem os Jogos Escolares – se bem que numa dimensão maior, envolvendo, hoje, mais de 100 municípios maranhenses, em suas etapas municipal, regional e estadual, e que é hoje apenas uma etapa dos jogos nacionais, nas suas diversas versões, classificatórios.
Alguns dos eventos realizados, da Coordenação de Eventos Especiais do Lazer, embora destinados ao uso sadio do tempo livre tinham, também, um caráter de gerar renda à uma parcela da população, como as Feiras de Plantas e as de Artesanato. Ao mesmo tempo em que propiciavam espaços de visitação, aos expositores geravam renda. Até mesmo os festivais de Pássaros geravam rendas aos criadores, pois havia um intenso comércio de espécimes canoros... Uma pergunta que faço: seria possível, nos dias atuais, passados esses 40 anos de atuação, a realização de alguns dos eventos que eram inovações na oferta de atividades ‘lazerentas’, como diz o Giuliano134? Refiro-me, claro, à realização das Gincanas e Ruas de Lazer, espaços públicos em que se atuavam junto aos mais diversos públicos, conjugando atividades recreacionais com as culturais... Os tempos modernos, com suas tecnologias, permitiram esse tipo de atividade? A Internet e o uso de equipamentos eletrônicos isolam as pessoas, e a interação se dá pelos “zapzaps” da vida... e com o uso apenas dos dedinhos... Que tipo de adaptação teria que ser feita? Jogos Eletrônicos? Busca na nuvem? Nossos recreadores de hoje, estariam preparados para esse tipo de atuação? Ou ainda estão naqueles tempos heroicos??? Outro aspecto que chama a atenção foi dotar o Estado de uma infraestrutura para as práticas de atividades esportivas e de lazer... Nunca se construiu tanto quanto naquela primeira gestão!!! Lembrando que à época, eram 116 municípios apenas – hoje, Nos JEMs participavam, além da Capital, apenas uns municípios mais próximos, como São José de Ribamar, e Santa Rita – com o Tomás Pesão, delegado e professor de educação física... Nesse quesito, após a implantação de inúmeras praças de esportes, começa a haver um trabalho melhor e a participação vai, aos poucos, aumentando, com Imperatriz, Caxias, até as mais de 100 representações municipais de hoje... Mas a equipe continua quase a mesma... E quando esse pessoal se aposentar? O que se observa que os inúmeros eventos – sempre com as duas coordenações atuando juntas – deixaram de ser realizados, sendo apenas pontuais, um ou outro, ali ou acolá, e que no apoio às federações quase inexiste. A não ser alguma participação em algum evento de interesse do ‘secretário de plantão’ junto com seus apoiadores políticos. Virou um balcão de negócios politico-eleitoreiro, ao contrário do que acontecia no passado... Na medida em que a função passa a ser ocupada por políticos sem vinculo com o esporte, servindo apena como barganha politica, a SEDEL passa a ser apenas um cabide de empregos. Opinião compartilhada pela quase totalidade dos cronistas esportivos atuantes... Como observamos, nesses 40 anos tivemos 24 secretários, alguns por poucos meses, a grande maioria não completou dois anos na função e, a cada mudança, tenta-se reinventar a roda... Com a extinção do Ministério dos Esportes, na atual administração federal, será que haveria lugar para uma secretaria específica, sem função aparente? Apenas para executar os Jogos Escolares? Só o tempo dirá... Tentamos, por todos os meios, conseguir o maior numero de depoimentos, tanto da equipe inicial, dos colaboradores e gestores, quanto dos demais secretários. Sem sucesso... nem mesmo para ‘se defenderem’, as suas administrações, a maioria, caótica!!! Claro, daqueles que ainda estão vivos... Mas, enfim, como não se dignaram a responder à algumas questões, como foi a sua administração, os principais eventos e realizações, ficamos com a impressão de que, realmente, não fizeram nada!!! 134 Aqui, me refiro ao Giuliano Pimentel, uma das maiores lideranças no campo do Lazer, hoje, no Brasil, que atua em Maringá-PR. Um tempo atrás se cogitou sua vinda para o Maranhão, o que não foi possível. Se se tivesse concretizado essa mudança de endereço, certamente o Maranhão viria a liderar, novamente, as experiências e o aprofundamento dos estudos na área, como ele fez em Maringá, tornando aquela cidade um polo de desenvolvimento e disseminação das pesquisas... Quem sabe?
Compare-se com a primeira gestĂŁo, a de Elir de Jesus Gomes...
Para o jornalista J. Alves, a vinda dos Paulistas: ... foi um avanço muito grande, primeiro porque a gente sabe que nessa região do Brasil aqui em cima, e onde normalmente a coisa acontece por último, então primeiro acontece lá em baixo em São Paulo. Foi responsável por 90% desses acontecimentos, e depois faz bastante tempo que a coisa vem subindo, vem subindo, até chegar aqui, então com a vinda de Paulistas, Paranaenses, que já tinham conhecimento antes de muita coisa, não só na Educação Física, mas nos esportes; isso trouxe conhecimento para os profissionais locais, e eu acho que os próprios, profissionais é que lucraram com tudo isso, embora normalmente acontece, tem um pouquinho de ciúme daqui, ciúme de lá e tal, mas isso é bobagem isso ai, acho que a colaboração foi excelente e os profissionais é que ganharam com isso. Segundo Vaspasiano da Hora135, a invasão dos paulistas contribuiu muito para a formação da organização do campo e habitus esportivo maranhense. Ele teve a oportunidade de trabalhar com alguns desses professores e sobre essa experiência enriquecedora, expressou: Trabalhei com Laércio, Lino, Sidney, Moacir, Viché, Trajano, Cida, assim muito francamente estas pessoas demarcaram um nível de qualificação para o que nós tínhamos aqui, tanto do esporte, quanto da Educação Física, as instituições de ensino. Eles foram o marco de qualidade, trazendo perspectivas novas, por exemplo, Laércio e Viché no handebol, o handebol pega uma pressão, um destaque etc.… não é à toa, nós tínhamos potencial, pessoas, mas se não tivesse essa estrutura, essa habilidade, esse olhar externo, não é de pessoas que viveram outros momentos, isso vale para todos, o Lino teve uma perspectiva muito profunda na política cara, a marca mais forte, mais forte de todos, no ponto de vista ponto de vista político era o Lino, Lino era vetor, puxava a discussão política mesmo bacana, Sidney era mais tranquilo, mas todos eles trouxeram coisas exatamente importantes para nós. Eu considero o marco, é claro que eles têm esse referencial, porque a gente não tinha o curso de Educação Física, comparar, nós tínhamos uma análise existente, moldado no padrão antigo, muito próximo do militarismo ainda, esse era o cenário. Essa galera traz outra perspectiva totalmente diferente engajada, motivadora, etc.… é isso aí..., sem eles permanecesse até hoje não teríamos o destaque que tivemos em várias áreas, Zartur no vôlei. [sic]. Vespasiano da Hora como (ex) Diretor da Escola Agrotécnica Federal do Maranhão chegou a atribuir essa atuação política como uma herança do professor Lino Castellani Filho quando era docente no Maranhão: Isto que tu dizes é verdadeiro, o professor de Educação Física, quase sempre ele é para além da atividade do profissional dele em si, eu não sei se aqui no Maranhão, por conta de alguns professores que nós tivemos como Lino Castellani, eu me lembro de Lino Castellani, o João Castelo, no dia da inauguração do Castelão, um Castelão daquele era para todo mundo bater palma para governador etc, aí quando o governador entra para fazer a fala, o discurso dele, vaias, uma vaia da porra, Lino Castellani escreve, ele faz uma nota: apesar do Estádio Castelão, o governador foi vaiado, só para você ver como é era a pegada dele, pegada forte, que não deixava passar despercebido detalhes como esse, era pro maranhenses estar extremamente feliz, mas na hora que ele entra para falar a vaia veio, bom. Não, ele falava da consciência do povo, tipo assim, apesar deste Campo que é uma coisa boa para mim, que eu gosto, que eu gosto de futebol, mas governador eu vou te dar o minha vai aqui, é essa essência, satisfeito, mas olha você não, e manda vaia. [sic]. De Lino136: 135 Entrevista concedida a RIBEIRO (2018) por Vespasiano da Hora, em 13 de setembro de 2017, na cidade de São LuísMA. 136 CASTELLANI FILHO, Lino. Correspondência pessoal em 15/02/2020
Prezado Léo, Segue algumas linhas sobre meu entendimento a respeito da presença dos "paulistas" na Educação Física Maranhense. Peço apenas que mantenha o aqui presente em sua forma original, sem edição. Não há, em mim, nada mais a motivar escrevê-las, se não sua solicitação. Acompanho, em razoáveis distância e expectativa, os recentes anos de Governo Flávio Dino, que dão mostras de claro contraponto ao danoso derrame obscurantista presente no governo neofascista de Jair Messias Bolsonaro. Sobre a atual Educação Física Maranhense, apenas observo o Departamento de Educação Física da UFMA, descontente com o fato de vê-lo hegemonizado por um campo biomédico centrado em concepção de saúde anacrônica, distante daquela presente em nosso Sistema Único de Saúde, SUS, tal qual ocorre nos demais 1317 (dados de 2017, disponibilizados em 2018 pelo INEP) cursos superiores de Educação Física dispersos no território brasileiro. Na contra-hegemonia, em seu interior, identifico o grupo de pesquisa coordenado pela Professora Drª Silvana Martins Araújo, com o qual, honrosamente, mantenho salutar interlocução. Se não é uma necessidade do presente a alimentar minha leitura da presença "paulista" no âmbito da Educação Física em terras maranhenses, nem sequer a presença de novos efeitos de fatos passados a justificá-la, só me resta fazê-la na perspectiva da oportunidade que me concede de elaboração de nova síntese, provisória como todas as anteriores, dado o caráter processual e infinito do processo de conhecimento. A chegada dos "paulistas" se dá em meados da década de 1970. Vivíamos sob o jugo de governo militar oriundo da ditadura civil-militar implantada em 1964. Os espaços educacionais viviam censurados a tudo e todos que expressassem entendimentos e posicionamentos distintos daqueles originários da caserna. No universo da Educação Física, vivíamos o período que antecedeu o que ficou conhecido como "Movimento Renovador da Educação Física", fruto do processo de redemocratização da sociedade brasileira ocorrido ao final dos anos 1970 e primeira metade dos anos 1980. A meu juízo, entendo que nossa presença no Maranhão àquela época trouxe, sem sombra de dúvida, e não necessariamente de forma toda consciente, determinada ebulição no campo da Educação Física, propiciando aos que nela "militavam", certa aproximação com os "ventos democráticos" que buscavam arejá-la, tal qual o conjunto de nossa sociedade. Assim, sem necessariamente ter como parâmetro esse processo de redemocratização da sociedade brasileira, nossa presença fez por suscitar, dentro da Universidade Federal do Maranhão, movimento de criação do curso superior de Educação Física, materializada em 1978. Sua "provocação" pode ser encontrada na criação do primeiro curso superior de Educação Física maranhense pelo ITA, instituto de educação de propriedade, salvo engano, da professora Therezinha Rego. Anos depois (1981/82), a Escola Técnica Federal do Maranhão cria o curso de licenciatura, em nível de magistério de segundo grau, de Educação Física, voltado a leigos no exercício da docência na hoje chamada Educação Básica, em municípios maranhenses salvo sua capital, São Luis. Um pouco antes, a FESMA, predecessora da UEMA, se adapta à legislação esportiva de 1975/77, fortalecendo a presença da prática esportiva como componente curricular, obrigatório à época. Ao mesmo tempo deu-se vazão a salto qualitativo na perspectiva de Educação Física Escolar então em voga, qual seja aquela pautada pela instituição esportiva, que fazia do Esporte conteúdo prioritário, quando não único, das aulas de Educação Física nos estabelecimentos de ensino de 1º e 2º graus. Penso não correr risco em afirmar ter sido, aquele período, a "época de ouro" dos Jogos Estudantis Maranhenses. Lembro que para além dos "JEMs" e fazendo papel de agente
motivador, o Maranhão ter se sagrado campeão brasileiro da categoria adulta de handebol masculino, consolidou tanto a já mencionada influência do Esporte como a do professor Laércio Elias Pereira na Educação Física Maranhense, sem dúvida o "decano" daquela geração de paulistas que lá chegaram. Nessa época - já em 1979/1980 - a política esportiva maranhense muda de status, saindo da estrutura administrativa departamental para a de Secretaria de Governo, com a criação da SEDEL. A inexistência de relação de causa/efeito no campo das ciências sociais, e sim de determinantes históricos conjugados a circunstâncias da mesma natureza, nos permite afirmar estar esses acontecimentos, no rol daqueles responsáveis por sua criação. Nesse período tivemos a recuperação do Esporte universitário maranhense, fazendo a FAME - Federação Acadêmica Maranhense de Esporte - renascer a ponto de, no ano de 1981, realizar, em São Luis, o 32º Jogos Universitários Maranhenses, JUBs. Não sem antes assistirmos a realização de várias edições dos Jogos Univeristários maranhenses, JUMs, e a presença de delegações maranhenses nos JUBs de Natal (RN), Curitiba (PR), João Pessoa (PB) e Florianópolis (SC), respectivamente nos anos de 1977, 78, 79 e 80. Isso ao lado da realização de eventos de natureza acadêmica, em época que o perfil acadêmico dos professores de Educação Física mal dava seus primeiros passos com a criação, em 1977, do primeiro mestrado da área, por iniciativa da Escola Superior de Educação Física da USP. O Congresso Norte/Nordeste de Ciências do Esporte, em 1980, apresenta aos maranhenses o Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte, CBCE, sociedade científica fundada dois anos antes, em 1978. Já o "Congresso Norte/Nordeste de Esporte para Todos", pouco tempo depois, reafirma a interlocução maranhense com o que havia no cenário nacional... O Esporte, subjugado ao modelo do rendimento esportivo, responsável por dar destaque a ela, Educação Física, na Educação Escolar Maranhense, acabou por ser, a meu juízo, responsável por seu ocaso. A Educação Física brasileira, ao superar sua relação mecânica e automática com o parâmetro da aptidão física, abrindo-se à possibilidade de se constituir a partir de relação paradigmática de natureza histórico-social, sinaliza uma nova forma de se fazer presente no campo educacional não devidamente apropriado pela política educacional maranhense. E, sem conseguir manter o envolvimento dos estabelecimentos de ensino com a forma então dominante de lidar com o Esporte em seus "currículos escolares", acabou por ficar sem "identidade" alguma... Todo o movimento da e na Educação Física Maranhense aqui refletido, não se resume, em hipótese alguma, à presença dos paulistas" no Maranhão. Se protagonismo obtiveram, foi por questões de natureza circunstancial, como o fato de terem tido a oportunidade de passarem por estudos no terreno da educação superior, àquela altura não presente naquele Estado. Com exceções, a relação estabelecida entre os nativos e os "de fora" foi de muita cumplicidade, explicitada na hospitalidade e na capacidade de trabalho, nem sempre nas melhores condições, demonstrada. Sob o risco de cometer injustiças, lembro aqui os nomes de Claudio Vaz, Rinaldi Maia, Prof. Dimas, Profª Cecília... E tantos outros que anônimos eram e anônimos ficaram, mas que se mostraram imprescindíveis no desenvolver da educação física à época... Particularmente, devo ao Maranhão muito do que me tornei. Se não bastasse, ter dois filhos ludovicenses faz com que eu carregue no coração. com enorme carinho e respeito, as lembranças de um povo guerreiro, orgulhoso da sua condição de nordestino. Sou um paulista nascido em São Paulo e marcado indelevelmente por tudo que vivi na terra de Gonçalves Dias! Piracicaba, SP, 15 de fevereiro de 2020.
A “invasão dos paulistas” foi uma denominação cunhada pelo professor Laércio Elias Pereira referente ao movimento de migração de profissionais paulistas do campo esportivo para trabalharem no estado do Maranhão durante as décadas de 1970 e 1980137: [...] um pouco a história no começo da Educação Física de uma fase da Educação Física, e para chegar nesse sucesso que é o GEPPEF hoje, eu dei o nome essa apresentaçãozinha, de “a invasão dos paulistas”, 21 paulistas entre 1973 e 1983, paranaense, e até a 7ª semana se isso teve influência, eu acredito que sim, a 7ª semana de Educação Física sobre o GEPPEP. O trabalho feito, a partir de 1973 e 1983 teve uma orientação pedagógica, um sentido pedagógico e é bom falar que foi o Lauro de Oliveira Lima, que voltou a ribalta agora com a importância da Escola da Ponte, do projeto âncora, virou uma referência e é cada vez mais uma referência, ele propõe essa atual com ambiente com informação e promover essa socialização, foi isso que a gente fez, é isso que a gente faz hoje no Centro Esportivo Virtual, considerando que a informação que está com os setores da tecnologia, as pessoas fazem instituições com valores e têm a fronteira do conhecimento, usam a documentação para depositar informação, biblioteca, livro, revistas, etc... E esse roteiro falando dos setores da tecnologia, fala um pouco da invasão paulista, que essas pessoas que vieram, esses 21 foram também os convidados dos congressos, os que vieram ajudar nas publicações, especialmente no programa de pós-graduação e Educação Física, da Universidade Federal do Maranhão, foi importante a criação da SEDEL dentro da Secretaria de Esporte e Lazer, dentro da SEDEL nós fizemos, tanta documentação, tivemos a criação da APEFELMA que era Associação dos Professores de Educação Física e Esporte e Lazer do Maranhão, o Ponto Visto Nacionalmente e o Boletim do Esporte Lazer também feito na secretaria com participação dos professores da Universidade. Eu vou falar sobre a minha chegada. Vim dar um curso de handebol, ajudei nos Jems, treinei o time Maranhense de Handebol 1973, lembrando que seleção, essa seleção, treinada a partir de 1973 foi campeã brasileira, adulto 1976 (ANEXO A), em corporativismo cruel e quem fez o convite para esse trabalho foi o Claudio Vaz, iniciador de tudo e o grande anfitrião de todos nós, grande mestre foi o Professor Dimas, que formou a Educação Física fina no Maranhão e a gente tem referência a ele sempre, né? A gente trazia juízes para Jemes que eram os professores né, e viravam professores e a gente tentava fazer uma proposta ou cumprir com a proposta feita pelo Cláudio Vaz que era criar um curso, que era o Curso de Educação Física no Maranhão que não tinha, em primeiro lugar o seu Domingos Praga Salgado, ele trabalhava consigo na Faculdade de Educação Física do São Caetano, ele era professor de administração e tinha costume de fazer esses projetos de criação de cursos, mas não foi fácil, nós criamos quatro cursos para dar certo um, o primeiro foi na FESM – Federação das Escolas Superiores do Maranhão, que hoje é a UEMA, e foi em 1974 oficialmente criado, em decreto no Diário Oficial, teve o ITA que era a escola Pituchinha, também teve um curso, a Escola Técnica Federal do Maranhão, e também e depois deu na UFMA, dos quatros deu certo um, eu errei aqui a sigla da Escola Técnica, só para lembrar de tecnologia, vem aqui a visita do professor Listello [...]
137 Entrevista concedida a Ribeiro (2018) por Laércio Elias Pereira, em 10 de setembro de 2017, na cidade de São Luís-MA.
MARÇAL TOLENTINO SERRA E FELIPÃO: CONQUISTAS, EXCENTRICIDADES E SIMILIARIDADES HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO
O insucesso da seleção brasileira na Copa de 2014 é ainda comentado em qualquer roda de conversa onde o assunto seja futebol, muitos se credita a derrota para a poderosa Alemanha a teimosia do técnico Luís Felipe Scolari, o Felipão. Alguns ainda o chamam de ultrapassado, outros de um simples motivador, na verdade um coach motivacional. O certo é que Luís Felipe Scolari é o técnico mais bem-sucedido da história recente do futebol brasileiro. Aqui no Maranhão nós tivemos diversos técnicos vencedores, entretanto, o maior de todos, vencedor em todos os clubes em que dirigiu e o primeiro técnico e o único maranhense com um título de Campeão Brasileiro. Campeão Brasileiro da Série B, o antigo Brasileirinho, conquistado pelo Sampaio Corrêa Futebol Clube, trata-se do excepcional e estratégico Marçal Tolentino Serra e como Felipão, era extremamente contraditório, com métodos de treinamento discutíveis e o primeiro a criar uma família no futebol: a família do Marçal. A família Scolari veio depois. Marçal Tolentino Serra era um treinador motivador, costumava proteger os seus “atletas”, e os protegia de qualquer insatisfação da torcida, diretoria e imprensa. Fechava o grupo como se diz hoje no futebol e não recusava umas cervejas mesmo nas vésperas de um super-clássico. Nestas ocasiões bebericava até as 23 horas e a partir daí todos iam para as suas casas. Tinha a absoluta confiança dos jogadores e a eles se dirigia como “moçada”. Era um dialogo simples e que qualquer “boleiro” entendia, tipo: “vamos lá moçada, vamos ganhar, vocês são os melhores,...”. Com um discurso pronto se fez campeão e adquiriu respeito no mundo futebolístico maranhense e brasileiro. Marçal Tolentino Serra foi da época de Bero, o nosso Alberino Francisco de Paula, outro excelente treinador. Este sem método ortodoxo de treinamento, lembrava mais o Tite, o vitorioso técnico corintiano e atual comandante da seleção brasileira. Cerebral, calmo e de poucas palavras, conduziu a Bolívia Querida em diversos títulos regionais. Bero é piauiense e ainda deve trabalhar no futebol da terra ou do céu. Ambos os treinadores recebiam críticas da imprensa, algumas justíssimas, outras nem tanto. O melhor comentarista de futebol do Maranhão e do Brasil, o mais emblemático torcedor boliviano, Herbert Fontenele, com passagens em todas as rádios de São Luís, sempre comentou os jogos do Sampaio Corrêa com uma parcialidade apaixonada, seria o nosso Juca Kfouri comentando algum jogo do seu Corinthians, e sempre que podia, Fontenele criticava os métodos de treinamento de um ou de outro, em um exagerado amor pela Bolívia Querida. Marçal Tolentino Serra e Alberino Francisco de Paulo, são inimitáveis na sua excepcionalidade arte de condução de um time de futebol, nem mesmo o carismático e um dos maiores vencedores pela Bolívia Querida, o treinador Nelson Gama, se compara com estes dois expoentes do futebol maranhense Felipão sempre treinou grandes clubes e seleções. Marçal Tolentino Serra teve a felicidade de comandar o excepcional time do Brasileirinho de 1972: Jurandir, Célio Rodrigues, Neguinho, Nivaldo e Valdeci; Gojoba e Edmilson Leite; Lima, Djalma Campo, Pelezinho e Jaldemir. Felipão não teve esta sorte. Jamais dirigiu a Bolívia Querida.
ENCONTRO MARANHENSE DE HISTORIADORES DO ESPORTE Dois acontecimentos recentes justificam a realização de um Encontro Maranhense de Historiadores do Esporte: (1) a regulamentação da profissão de Historiador, aprovada pelo Senado Federal e encaminhada à sanção da Presidência da Republica; (2) a realização do II Encontro Nacional de Historiadores do Esporte, a acontecer em Minas Gerais em agosto deste ano de 2020. Atualmente, temos seis instituições de ensino superior oferecendo cursos de Graduação em Educação Física no Maranhão, nos níveis de licenciatura e bacharelato. Fora aqueles que são oferecidos por outras instituições em algumas cidades do Estado, na modalidade semi-presencial, em especial, os que têm sede no vizinho estado do Piauí; destes, não se sabe quantos estão ocorrendo neste momento. Que Historia está sendo ensinada? Quem são os Professores da disciplina “História da Educação Física e Esportes” desses Cursos? A História da Educação Física, do esporte, e do Lazer no Maranhão é abordada? Temos pesquisas nessa área sendo realizada? São essas as questões que nos motiva a propor esse encontro. A ideia é a de reunir esses Professores – e alunos da disciplina – para discutir essas questões, buscando adequação às novas exigências que certamente virão, com a regulamentação. Uma mesa redonda com os Professores da Disciplina poderá ser realizada, em que cada um exporá seu trabalho, o conteúdo ministrado, e se tem havido incentivo para trabalhos de final de curso voltados para essa área do conhecimento. O levantamento das monografias, dissertações, e teses apresentadas/defendidas por professores e alunos, dos diversos cursos, abordando a História do Esporte, da Educação Física, e do lazer no/do Maranhão, além de outros trabalhos elaborados. Um quem é quem da História do Esporte, da Educação Física, e do Lazer tendo como objeto de estudo o Maranhão. O Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, junto com o CEV/Educação Física no Maranhão e História poderão organizar esse evento, dividindo a responsabilidade com alguma IES que se disponha a juntar-se na empreitada, podendo ocorrer na sede do próprio IHGM, no centro da cidade, ou mesmo na da AMEI, no São Luis Shopping. Se houver possibilidade, uma sessão de temas livres, caso haja trabalho acadêmico sendo elaborado, seja na forma de pôster, seja de apresentação oral, conforme o numero de inscritos para tal. Essa, a proposta... Leopoldo Gil Dulcio Vaz IHGM / ALL
PARA ALÉM DA ESPUMA DESTES DIAS
JOSÉ MANUEL CONSTANTINO Presidente do Comité Olímpico de Portugal
Em Portugal existem teses académicas, produção bibliográfica diversa, opiniões de elementos de segurança, decisores políticos, comentadores desportivos todos contra a violência no desporto e fenómenos correlativos. Mas no mesmo universo é bem menor o número daqueles que são contra a existência de claques, um dos alfobres principais do fomento do ódio. Contrariamente, muitos até reconhecem que, aquilo que a legislação portuguesa trata como “grupos organizados de adeptos” pode ser um elemento agregador e identitário da festa. Assim se saibam comportar. De facto o problema está aqui: no comportamento. Conheço e frequento o meio para saber que, por cada um que lamenta este estado de coisas, se levantam dez a defender a bondade dos grupos legalizados de adeptos. E com bons exemplos. A opinião recorrente, e partilhada por muitos, é que estas máquinas de fomento de violência não são todas iguais, têm gente boa, civilizada, bem comportada, colaboradores das forças de segurança, activos em campanhas de solidariedade social e que é apenas meia dúzia de arruaceiros que estraga a festa. E que expurgados que sejam esses elementos, no limite impedindo-os de entrar nos recintos desportivos, o espaço desportivo passa a ser um local recomendável. É o princípio do mal menor. Porque, aqui chegados, uma outra tese faz escola. É uma tese, de natureza securitária, que defende que juntos os protagonistas são mais facilmente enquadráveis e que dispersos, sem um líder com quem as autoridades possam “dialogar”, levantam problemas complexos do ponto de vista da segurança. É provável que já não cheguem os carros de combate no exterior, o armamento sofisticado, os polícias a cavalo, os cães, os torniquetes, as revistas à entrada, os controlos no que se transporta, as câmaras de vigilância, o oficial e os regulamentos de segurança, os detectores de teor alcoólico, os paisanos infiltrados, os auxiliares de segurança, o controlo das pontes e das zonas de serviço e toda a parafernália em que se transformou a segurança em alguns dos espaços que acolhem o espectáculo desportivo. Mas a ser assim, e parece que é, estamos perante a confissão assumida de que o Estado e as forças de segurança estão reféns das claques. Um dia que uma claque fosse um espaço normal de simpatia, de tranquilidade e de fervor clubístico não precisava de qualquer organização especial: juntava-se aos muitos milhares que lá estão a puxar pelo clube e a participar no espectáculo. Mas isso não chega. O mecanismo identitário das claques requer outros ingredientes. Uma outra organização e uma hierarquia paramilitar. As razões não são de natureza estritamente desportiva. E são socialmente inaceitáveis e moralmente condenáveis.
A evolução deste problema não deixa também de estar associada ao aparecimento de fenómenos de tipo social ligados a grupos portadores de ideologias racistas, fascistas e extremistas, os quais procuram infiltrar as claques e espalhar a violência gratuita. Existe uma extensa bibliografia que o documenta e os serviços de informação conhecem o problema. Mas o que já era um problema grave no plano da segurança acentuou-se com a clara ligação/infiltração destes movimentos por grupos de crime organizado seja no domínio do tráfico de droga, corrupção, associação criminosa, branqueamento de capitais ou da manipulação de resultados. Olhar para as claques como grupos organizados de adeptos ligados pela filiação e paixão clubística é não perceber que o que está para além disso é suficientemente perigoso para a segurança no desporto e na sociedade. E interroga-nos a todos sobre se levamos em devida conta o perigo social que representam. Tratar os líderes das claques como uma espécie de parceiros sociais, respeitáveis cidadãos, os quais há que ouvir, porque são socializáveis, é qualquer coisa que choca quem tenha da vida em sociedade valores e princípios cujo limite, se ultrapassado, nos desqualifica, descurando a ameaça que representam a uma função essencial de soberania num Estado de direito: a salvaguarda da ordem pública. Toda a evidência nacional e internacional e muitos dos estudos que abordam estes fenómenos são conhecidos. E, portanto, repito o que se sabe: uma parte significativa das claques são grupos de acolhimento ao crime organizado: escondem-no e fomentam-no. E das duas, uma: ou a tese é especulativa e não tem comprovação prática ou, se tem, a pergunta a fazer é esta — porque se quer manter legalizado algo que pura e simplesmente deveria ser interditado? Ao longo do tempo resisto a uma tendência possível para explicar este estado de coisas: a economia das claques. Ou, numa linguagem mais terra a terra, quem ganha financeiramente com a sua existência. Ganha muita gente e muitas entidades. Umas respeitáveis e outras pouco recomendáveis. Mas não querendo enveredar pela tese conspirativa de que são interesses financeiros que alimentam a sua existência, não resisto a perguntar algo que é politicamente relevante: qual é o custo financeiro que os portugueses têm de suportar para manter o comportamento das claques e as suas acções protegendo pessoas, bens e propriedades privadas e públicas? E qual o custo quando comparado com outros eventos de natureza pública que movimentam multidões? Aqui chegados estamos perante um verdadeiro segredo do Estado. Quem o sabe não o divulga em termos que torne perceptível ao cidadão comum perceber quanto custa e para onde vai aquilo que é uma verdadeira operação militar sempre que ocorrem jogos de elevado risco. E quem pode perguntar, como por exemplo o Parlamento, tem outras prioridades. Quero acreditar que para muitos portugueses talvez não fosse perda de tempo perceber os contornos deste fenómeno, até para se poderem entender muitas das teses legitimadoras do enquadramento legislativo da má educação e de comportamentos incivilizados. Porque o que está a acontecer desqualifica o desporto, retira-lhe a dimensão cultural que civilizacionalmente o marcou e interroga-nos a todos sobre o que fazer para limitar esta degradação do espectáculo desportivo.
HISTÓRIA(S) DO MARANHÃO
O SITIO DOS SALGUEIROS, QUINTAS, PRAÇAS E O DIA DE FINADOS HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO
Datas comemorativas e alguns passeios em São Luís ainda mobilizam a cidade e o imaginário coletivo. Estas datas ganham espaço em reportagens de televisão e são capazes de aglomerar toda a família, como se todos estivessem em um imenso parque. Lugares, datas e pessoas serão sempre inesquecíveis e o dia de finados, este nem se fala! A cidade sempre vive um clima festivo de véspera no respeitoso no dia de finados. A obrigação da visita aos parentes falecidos é uma tradição católica popular. E a visita no Sítio dos Salgueiros, a primeira e mais completa floricultura a céu aberto do Maranhão, era obrigatória, a compra de rosas, fins-de-verão e jasmim perfumava de véspera a casa até dia seguinte, a especial data dos mortos. O Sítio dos Salgueiros, para quem nunca ouviu falar, ficava no bairro do Monte Castelo, por trás da Escola Técnica, e o cultivo de rosas e outras flores foram trazidas pela herança lusitana da família, sendo pioneiros neste comércio em São Luís. O charme acinzentado e malcuidado do Cemitério do Gavião combina perfeitamente com a ambivalente Praça da Saudade. A modernidade horizontal e igualitária dos túmulos dos novos e americanizados cemitérios da cidade, deixa-os sem charme, sem graça e sem curiosidade histórica. A visita no dia de finados no Cemitério do Gavião era um passeio que ia além da veneração aos mortos, tinha o charme do encontro social, da aula viva da história do Maranhão através dos túmulos e das catacumbas e a admiração da beleza da arquitetura de cada túmulo. São Luís já foi uma cidade arborizada e as flores eram características dos Salgueiros. Praças e Quintas esbanjavam charme e beleza. A Praça da Alegria com suas figueiras centenárias fora detonada por um prefeito que não soube combater um inseto, o “lacerdinha”. Os oitizeiros da Praça Deodoro alimentavam sonhos e sombreavam Liceistas e Normalistas. A Quinta do Barão abrigava o colégio mais tradicional da cidade, o Colégio Marista e uma diversidade da flora em pleno centro da cidade. Pouca coisa restou da Quinta do Barão além do Parque do Bom Menino e a estrutura física do colégio, hoje o Instituto de Educação do Maranhão. A Quinta do Diamante e o terreno onde era a residência da família Moreira Lima ainda resistem a especulação imobiliária, alguns imbróglios e a irresponsabilidade dos gestores público. A Quinta do Macacão pouca coisa ou nada restou, além de uma praça e de uma quadra reformada recentemente, nem a figura folclórica e sempre presente de Cherisboy resistiu ao descaso e o descompromisso. Na década de 1970 foi criado por lei o Sítio Santa Eulália e Sítio Rangedor. O Santa Eulália foi devastado para construção de um conjunto residencial e depois todo replantado por decisão judicial. O Rangedor abriga a Assembleia Legislativa e o Centro de Convenção do SEBRAE, recentemente foi criado um parque em benefício da população e a certeza da preservação da mata nativa e da biodiversidade do lugar. O Sítio do Físico é o filho pobre da riqueza paisagista da cidade e totalmente desconhecido pela nova população urbana e emergente da cidade, merece ser visto com bons olhos pelos nossos governantes pela sua riqueza histórica e beleza paisagística. O dia de finados não saiu do calendário, continua um feriado. O Cemitério do Gavião continua imponente, malcuidado e cheio de charme. A Praça da Saudade, a nossa Praça do Cemitério, está sendo reformada e por lá vão continuar passando vivos e os mortos, nunca porém vai deixar de ser uma festa, por lá, se Deus quiser, vão passar a Turma do Quinto, Fuzileiros da Fuzarca, Príncipe de Roma, C.. de Asa, Máquina, Bicho Terra e muitos outros carnavais vão passar para alegria da cidade. O sítio dos Salgueiros virou um conjunto habitacional do programa minha casa minha vida. O verde e as flores se foram. Restou a lembrança ...
MUDANÇA DE TERRA: vida e morte de Silvério dos Reis em São Luís do Maranhão (1809/1819) EUGES LIMA Há 201 anos, em fevereiro de 1819, morreu aqui em São Luís o famoso delator da Conjuração Mineira, Joaquim Silvério dos Reis. Porém, ainda existiam certos equívocos ou dúvidas sobre a data exata de sua morte. Na verdade, a vida desse personagem da história do Brasil aqui em São Luís, ainda é muito desconhecida e pouco estudada. Ano passado, nos 200 anos de sua morte, aproveitei para tentar esclarecer essa questão, então busquei o Arquivo Publico do Estado do Maranhão, pois sabia que o seu Assento de Óbito deveria estar por lá. Esse documento havia décadas que não era consultado. Para nossa sorte, o encontramos e pudemos verificar nesse documento, lavrado pela Catedral da Sé que o Coronel de Milícias Joaquim Silvério dos Reis Montenegro, natural da freguesia da Sé da Cidade de Leiria, Patriarcado de Lisboa, faleceu no dia 17 de fevereiro de 1819, em São Luís e que foi sepultado na Igreja de São João Batista, pondo fim, assim, a qualquer dúvida a esse respeito. Joaquim Silvério dos Reis é uma figura histórica controvertida e polêmica, até pela forma como ele passou para história como um “delator”, um anti-herói, virou “persona non grata” da história
do Brasil e sinônimo de traição, mas também é um personagem histórico pouco estudado, carente de biografias e esclarecimentos sobre passagens de sua vida e atuação na “Inconfidência Mineira”. O túmulo de Silvério dos Reis que durante muito tempo foi identificado por uma lápide na Igreja de São João, localizada no Centro de São Luís, devido a reformas ocorridas no Templo em décadas passadas (1934) que não observaram a importância histórica desse sepultamento, acabou desaparecendo, sem deixar vestígios e não sabemos atualmente o paradeiro dos seus remanescentes mortais. Silvério dos Reis viveu na cidade de São Luís do Maranhão, durante os últimos 10 anos de sua vida, entre 1809 e 1819, quando faleceu com 63 anos. Provavelmente, retornou ao Brasil com a vinda da Família Real em 1808, vindo para o Maranhão no ano seguinte, pois, devido sua “delação premiada” ao movimento da Conjuração Mineira, ficou sem ambiente no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, nesse sentido, se deslocou para o norte, a província do Maranhão, região distante de onde ocorreram esses acontecimentos e que tinha uma grande colônia portuguesa que o acolheu. Em São Luís, Silvério viveu como membro da elite portuguesa local, como Comandante do Regimento de Milícias. Conforme registros em Assentos de Batismos, Silvério dos Reis teve dois filhos em São Luís com sua esposa D. Bernardina Quitéria dos Reis, o Luiz, nascido em 1811 e o José, nascido em 1814, este, teve como padrinho o Doutor Físico-Mor do Maranhão Antônio José da Silva Pereira e madrinha, D. Vicência Rosa, casada com o Tenente Coronel de Milícias Isidoro Rodrigues Pereira, influente e rico comerciante, político que depois de viúvo, iria casar-se com Ana Jansen. Ao se mudar para o Maranhão, Silvério do Reis, assina, acrescentando Montenegro, como já havia fazendo desde 1795 em Campos do Goitacazes no Rio de Janeiro. Já no Maranhão, Silvério dos Reis, em requerimento, encaminhado a D. João VI, então Príncipe Regente, expõe seus problemas de saúde e velhice e a condição de habitante em terra estranha e sem bens, alegando que não teria mais muitos anos de vida, solicita então a sua Majestade que após sua morte, mantenha para sua mulher e filhos, a pensão anual de 400 mil réis que recebia do Tesouro do Maranhão, pedido recusado pelo Príncipe de próprio punho.
MINHA JOVEM GUARDA ROBERTO FRANKLIN Um sonho realizado. Por muito tempo alimentei o desejo de, bem perto e com muito estilo, assistir a um show do meu maior ídolo da música popular brasileira, ele, o incrível Roberto Carlos. Desde a minha adolescência, numa época maravilhosa, que para mim seria a época de ouro da minha existência, curtia, ouvia, sonhava e me embalava através das canções do Rei. Época da Jovem Guarda em que, através da TV, nas tardes de domingo, fixava meus olhos de sonhos na tela da TV Record. Eram as tardes da Jovem Guarda, as tardes de domingo, até hoje inesquecíveis para mim. Pois bem, meu comodismo impediu-me de participar por diversas vezes dos shows do Rei, não que seja melhor do que aqueles que ali participavam, mas porque, como falei, sou um cara comodista, não gosto muito de aglomerações, empurra-empurra etc. E assim fui deixando passar o tempo, tendo a certeza que um dia haveria de participar de um show bem mais "estiloso". Apareceu a oportunidade e lá fomos nós, realizar o meu sonho: um show do Rei em alto estilo, digno do que esperava. Embarcamos num navio da Costa C, o Costa Favulosa. Embarcamos às 12:30 e fomos direto para um dos restaurantes almoçar. O cruzeiro iniciava em Santos, com parada em Búzios, Rio de Janeiro, Ilha Bela, com retorno para Santos. Um passeio realmente maravilhoso e principalmente com direito ao grande Show. Simplesmente fantásticos os cinco dias de um cruzeiro que iria certamente dar-me a oportunidade de reverenciar meu ídolo. No sábado, após os transmites de praxe, entramos no navio e imediatamente dirigimo-nos ao restaurante para o almoço. Logo após, foi anunciado a chegada do Rei ao navio, uma cerimônia realmente inesquecível, a figura principal era esperada pelos oficiais do navio, a imprensa e os passageiros, que se dirigiram ao deck e às cabines que se localizavam ao lado do porto. A espera foi demorada, tudo pronto palco, público, oficiais, imprensa passageiros do navio, todos à espera do nosso Rei. Às 17:10, os batedouros da polícia Rodoviária Federal chegaram, e no cortejo surge um Audi conversível de cor vermelha, roncando seu motor de muita potência, lá estava ele, o próprio Roberto Carlos. Com a simplicidade de um cara que aos 72 anos, promoveu tão somente a música, estando fora de qualquer escândalo. Ele abre a porta do carro, sai e, imediatamente, dirige-se ao seu público saudando a todos, em seguida vai em direção à imprensa, olha novamente para seu público, acena e, imediatamente, entra ao navio. Domingo pela manhã teríamos mais uma surpresa maravilhosa, dessas para pagar uma parte da viagem e fazer um domingo inesquecível. Às dez horas, após o café, fomos ao Teatro Hortência para participar de uma maravilhosa celebração eucarística, celebrada por nada mais nada menos que Padre Antônio Maria, uma pessoa carismática, um cristão de grandeza, um Mariano fervoroso, dono de uma voz maravilhosa. Às dez horas em ponto, ele inicia a celebração cantando Emoções. Como não pode deixar de acontecer, não me contive e fui as lágrimas, uma celebração para que nunca esqueçamos um momento com Deus, um momento para refletir pensar e pedir pelas nossas faltas. Mesmo se tivesse acabado pela manhã, com certeza metade do cruzeiro estaria pago. Após o almoço, fomos à piscina e, infelizmente, estava acabando um show de Carlinhos de Jesus, também fantástico. À noite, um show do Tom Cavalcante, juro que esperava mais. Pois bem, chegou o grande dia, o coração acelerado o pensamento voando, as músicas todas na lembrança. Qual seria o repertório? Como seria a apresentação do Rei?... Café, almoço e um merecido descanso para preparar-me para o grande dia. À noite fomos à busca do auditório, como sempre lotado, mas ainda bem que os lugares eram marcados, entramos, a emoção tomando conta, afinal dentro de poucos minutos estaria frente a frente com meu ídolo, estaria ali realizando um sonho de uma geração. Sentia-me em pleno auditório numa tarde de domingo, em plena jovem guarda. Emoção, e de repente abrem-se as cortinas, e a maravilhosa banda do Rei, que hoje deve ser chamada de RC 12 e não mais RC 3 ou 7. Apreensão, silêncio em mim, e de repente ele está lá, a
poucos metros de um sonho, pois é meu sonho de adolescente sendo realizado, as músicas apaixonadas que embalaram meus sonhos, assim como o de gerações, eu estava ali ouvindo o próprio Rei. Sem mais palavras pois passei as duas horas em transe, somente escutando o que por muito tempo esperei. Realmente um cruzeiro maravilhoso, em extraordinária companhia de amigos e outros que também fizemos na oportunidade. E assim acabo o meu Cruzeiro de Emoções, com intensa emoção e ainda um sentimento de que valeu a pena esperar esse momento por mais de cinquenta anos.
NAVEGANDO COM O JORGE BENTO
BANDEIRA DE UMA CULTURA COMUM Temos uma cultura que ostenta a marca da abertura. Fez-se ganhando conteúdo e forma na dissolução e mistura. Completando-se fora de si mesma, animada mais pela apetência da assimilação do que pela obstinação da destruição dos elementos alheios. Fundada no lirismo franciscano e na disposição de confraternizar com o novo e o exótico nos planos religioso, ético, social, cultural e natural, sem abandonar o familiar e prosaico. Na aptidão para acrescentar, ao lastro tradicional, valores indígenas de natureza africana, americana e asiática. Há por isso nas deambulações da nossa errância histórica - no dizer de Edson Nery da Fonseca e também de Gilberto Freyre (1900-1987) - um panlusismo de sinais e sentimentos. Expresso na ânsia de caminhos perdidos, num messianismo com os mais distintos nomes e matizes, no imorredouro sebastianismo, na procura eterna de um ponto de apoio, de uma directriz e de um ideal inacessíveis. Numa música inundada de acentos nostálgicos, de dor e saudade sem fim. Numa arte de todos os sentidos, feita de deuses humanos, de Nossas Senhoras do Ó, assim ditas para não lhes chamar grávidas e ofender a Imaculada Conceição, de santos namoradeiros e casamenteiros, de figuras angélicas contracenando com o diabo. Numa culinária de petiscos, gostos e sabores incomparáveis. Numa vida de prazeres pequenos e frugais, mas imensamente saborosos e humanos. No desbragamento e no calão da linguagem, na maledicência e incontinência das anedotas e ditos populares que não poupam nada nem ninguém. Na poesia que nos transporta para o alto, sem trair a fidelidade à terra; que nos eleva o espírito para compensar os infortúnios e falhas do corpo e do quotidiano.138 Essa cultura pede que desfraldemos as velas do orgulho, da comunhão e generosidade. Que associemos a nós todos quantos são a outra face do nosso rosto e alma. E que prossigamos, agora consciente e volitivamente juntos e agarrados uns aos outros, a viagem até ao fim.
138 Edson Nery da Fonseca, Uma cultura sempre ameaçada. In: Uma Cultura Ameaçada: A Luso-Brasileira. Recife: Gabinete Português de Leitura de Pernambuco, 1980.
BANDEIRA DA PROFISSIONALIDADE E AÇÃO Servimos a causa da educação e formação do Homem. Somos artífices da civilização, tentando fazer do corpo uma anatomia do nosso destino. Uma obra inconclusa e inacabável. Visamos mais vida e mais tempo belo e feliz, sabendo que o corpo é sede e veículo da nossa permanência temporal no mundo. É nele que somos lançados para cumprir o destino da beleza, da felicidade e excelência. Cientes da menoridade que, como uma sina de Sísifo, transportamos e nos convida e intima a não esmorecer no aturado trabalho de alcançar a inatingível maioridade. O pensamento filosófico, na antiguidade como no presente, viu e vê na ilusão o alimento preferido da felicidade. Tudo quanto é fonte de ilusão e encantamento origina modalidades superiores de configuração da vida e portanto abeira da felicidade ou, no mínimo, oferece momentos e oportunidades de concretização desta utopia. Não podemos, pois, deixar de ver o desporto como um campo de sementeira fértil de ilusões e, por via destas, de vivência de situações únicas e renováveis de felicidade. Sobretudo não podemos deixar de estar nele com esse intuito. Afinal, ele é uma coisa muito linda e séria; ao lado da bandeira da utilidade hasteia a da felicidade. Melhor, ele é para além de uma coisa, ajuda a descolarmos das coisas e a enfrentar o pasmo e o tédio e, por via disso, a tornarmo-nos humanos.139 O desporto é do domínio simbólico e instrumental, ético e estético. No halo e na frontaria da aparência materializam-se a grandeza e a significação da transcendência que encerra. Prefigura e concretiza um método, uma via e uma versão pedagógica, axiológica e cultural da existência. Ensina uma pedagogia e filosofia da vida àqueles que não são pedagogos nem filósofos. Socializa em atitudes, princípios, valores e sentimentos que qualificam a pessoa e a vida. É da ordem da ‘arété’ e paideia gregas, da cultura, da transcendência, da ‘política’, da cidadania. Isto é, pertence às ‘coisas’ elevadas que não conseguem ser enxergadas por vistas baixas e rasteiras. A partir do momento em que os humanos, por terem comido a saborosa maçã ou por terem aberto a Caixa de Pandora, foram expulsos do paraíso e condenados a comer o pão ganho com o suor do seu rosto, a civilização e cultura ocidentais instituíram um modelo de Homem e de vida, inteira e fidedignamente configurado no desporto e nas exigências e ideais que ele comporta. Isto é, o desporto representa uma forma de gestão do sentido da vida que o nosso contexto civilizacional celebra e referencia como sendo superior. É uma modalidade da esperança que resta inscrita na caixa donde se evadiram os ventos do mal e os persegue denodada e infatigável. Em suma, é uma norma sem tecto, uma da busca da excelência, da magificência e excelsitude. Enquanto não renunciarmos ao modelo de Homem que tem guiado a civilização, desde os seus primórdios até aos nossos dias, o desporto continuará a ser um apreciado, irrecusável e profícuo investimento no progresso corporal, gestual e comportamental das pessoas. Ele desafia-nos a tomarmos a gnose e a técnica, a correção e a beleza dos nossos atos como pontes para a liberdade. Somos livres pelo saber, pelo querer e pelo fazer e não pelo crer e dizer. Somos livres pela palavra e pela ação. Por fazermos convergir o eixo da visão e o eixo dos factos e realizações, à luz do ensinamento de Santa Teresa (1515-1582): As palavras preparam as ações. É nesse horizonte que inscrevemos a nossa profissão e função. Somos um espaço de fronteira entre a mente e o corpo. Laboramos no ponto de encontro e da harmonia do espírito e da matéria que são a soma da Vida. Parafraseando Sigmund Freud (1835-1930), participamos na construção de identidades e de pessoas cujo ego é sempre um ego corpóreo, um espírito incarnado. Ocupamo-nos da introjeção ou projeção de ideias, de mitos, de símbolos através dos desempemhos corporais. E assim procuramos anular as fronteiras entre a alma e o mundo exterior; participamos no esforço severo, incansável e sistemático de projetar a nossa natureza, nomeadamente o corpo, contra si própria, para além e acima de si mesma. Enfim, seguimos a voz do superego, que é a da internalização de conceitos e preceitos, de princípios e valores, de normas e ideais, de deveres e obrigações, de ilusões e utopias oceânicas. Ademais o desporto inscreve-se em duas etapas fundadoras e decisivas da civilização: 139 É de Johann Wolfgang Goethe (1749-1832) esta afirmação perentória: “Se os macacos chegassem a experimentar tédio, poderiam tornar-se gente”. Porque criariam um método para o enfrentar.
A primeira prende-se com o início do estabelecimento de barreiras e mecanismos redutores da crueldade e da violência. Quando Moisés proclamou, nas Tábuas da Lei, não matarás…amarás o próximo como a ti mesmo, estabeleceu um ideal de convivência absolutamente contrastante com o mundo de sangue e horror até então vigente. Sigmund Freud mostrou bem a subida importância e a enorme dificuldade deste empreendimento ao afirmar: O primeiro homem a lançar um insulto ao inimigo, ao invés de uma lança, foi o verdadeiro fundador da civilização. De resto o índice de civilização mais não é do que a competência para cada um impor inibições, freios, limites e autocontrolos às suas ações e reações, face ao Outro, sejam pessoas, seja a natureza, seja o contexto material, social e cultural. Este é, porventura, o alvo e o desígnio supremos da educação e comprovadamente do desporto: colocar as pulsões e os instintos sob o primado da razão. É nisso que consistem o processo e o progresso civilizacionais e se funda a liberdade. Para os conseguir é necessária uma enorme variedade de meios, em todo o tempo e lugar. Neste como noutros domínios, os ‘hominianos’ são seres menores, incompletos, portadores da hibridez de animalidade herdada e de humanidade apropriada, são transfronteiriços, propensos a passar constantemente da segunda para a primeira; estão condenados a recomeçar, a refazer e a repararar incessantemente a esburacada estrada humana. É ou não para isso que ensinamos e praticamos desporto? É ou não esse o papel instrumental que desempenha ao serviço da civilização da violência, das forças impulsivas e rasteiras e das tentações afins? A resposta é afirmativa: a aprendizagem de habilidades e técnicas visa, em ultimidade, o aprimoramento ético e estético. Sem a melhoria, a ‘tecnicidade’ e a elegância dos gestos e palavras, das emoções e reações, sem a sua sujeição e sublimação mediante artefactos e constructos normativos e culturais, a ética fica ausente e a estética grotesca e manca. A segunda etapa está implícita no terceiro mandamento da Lei de Deus, que ordena guardar os dias santos e valorar a fruição do corpo e da mente. Esse é o mandamento do ócio criativo, da recriação e renovação de tudo quanto nos perfaz por dentro e por fora, de alto a baixo, da cabeça aos pés, na aparência e na essência, na proficiência corporal e espiritual, no desempenho e engenho da sensibilidade anímica e volitiva. É o mandamento que estipula e proclama a observância de um modelo de Homem, que o ser humano não é apenas Homo Faber, máquina de trabalho; antes afirma e alcança a sua Humanidade, ‘santificando’ as outras dimensões da existência. Ora isto exige olhar o trabalho e o trabalhador com respeito e consideração, conforme à formulação de Máximo Gorki (1868-1936): A nova cultura começa quando o trabalho e o trabalhador são tratados com respeito. Julgo que este aspeto, intimamente ligado ao primeiro, constitui uma demarcação clara e nítida entre a Humanidade e a desumanidade, a civilização e a animalização, a ética e a imoralidade, a moral e a amoralidade. Ambas as etapas e ambições mantêm uma atualidade permanente e exigem vigilância inquebrantável, porquanto até agora não foi decretada a perda de validade dos mandamentos invocados.
PENSAMENTOS PORQUÊ TANTO ÓDIO AOS POBRES E REMEDIADOS?! Nunca imaginei ouvir algo tão carregado de cinismo e ódio como aquilo que o ministro da economia do Brasil proferiu ontem. O inclassificável figurão regozijou-se com a alta cotação do dólar, devido ao facto de ela colocar um travão às pessoas de baixa renda: impede-as de sonhar em visitar a Disneylândia! O que mais custa a suportar não é tal vómito, porquanto se conhece a putrefação da razão, do coração e da boca que o exalam. O que causa dor aguda e profunda é o facto de a maioria dos brasileiros não se indignar e traduzir a indignação em consequente atitude. O inominável sujeito não falou apenas por ele; expôs o abjeto e imundo sentir das oligarquias instaladas no poder: para elas os pobres não são gente.
EDUCAÇÃO, ESCOLA E PROFESSORES: ARTÍFICES DA VIDA A educação não pode deixar de ser uma modalidade da arte. O maligno paradigma dos rankings, da competitividade e do sucesso é inimigo do labor educativo; tem que ser apeado e dar o lugar à noção da escola como oficina de Humanidade, de edificação de criaturas dotadas de atração para a altura e a beleza. E isto não é questão de escolha, é um decreto da sua missão: a escola, a educação e os professores são artífices da transformação da vida. Para quê? Para que a existência de cada ser humano possa ser uma obra de arte. Se fazemos objetos como obras de arte, porque não fazer o mesmo com as Pessoas?! Há muito, venho apontando a necessidade de refundar e erguer o edifício da educação com os alicerces e pilares ‘artísticos’, legados pela Paideia Grega. Tenho até proferido palestras sobre o tema. Por isso, o ficheiro em baixo veio parar às minhas mãos numa hora feliz. A mudança é ampla e radical. Mas, se não tivermos a coragem e a lucidez de pôr de lado conceitos inadequados às circunstâncias, por mais sólidos que parecessem no passado recente, continuaremos a correr desabridamente para o abismo. https://www.facebook.com/328652647225108/posts/2808610169229331/?sfnsn=mo&d=n&vh=e
DO IMAGINÁRIO BRASILEIRO Durante anos vigorou a mitificação do brasileiro como sujeito afável, cordial, franco, convivial, jovial, fraterno e doce. Este mito dava jeito ao mundo, que tanto precisava dele; por isso, recebeuo de braços abertos. Porém, o imaginário vem sendo destruído de maneira objetiva e sistemática, ostensiva e chocante. E o vazio preenchido por uma imagem apatifada, acanalhada, envilecida, boçal, indecorosa, obscena, torpe. Obviamente, esta não representa a idiossincrasia do povo brasileiro; ao invés, constitui traição ao genuíno cerne da nação. Mas é o retrato oficial, que chega a todo o mundo e suscita inquietação e reprovação. Para recuperar o apreço universal, urge ultrapassar a tragédia desta hora e eleger líderes à altura do sonho de grandeza que alimenta o país de esperança. Na alma e no coração dói-me o Brasil. FACTOS CONTRA A CORRENTE DA ASNICE Venho lembrar factos e avivar memórias. Para quê? Para tirarmos as devidas conclusões, estarmos à altura do melhor de nós e não alimentarmos a asnice.
Primeiro: Honório Pereira Barreto (1813-1859) nasceu no Forte de Cacheu, Guiné. Era negro, filho de pai e mãe da mesma cor. Foi Governador Geral da Guiné e faleceu no exercício da função. Atingiu tão elevado desempenho que recebeu do Estado Português as mais altas condecorações, foram impressos selos e notas com a sua efígie, a Armada possui uma corveta com o seu nome, e este foi dado a um Largo da Freguesia do Beato, em Lisboa. O leitor conhece algum país que tenha nomeado para governar uma colónia um nativo da mesma? Segundo: Mário Esteves Coluna (1935-2014) nasceu na Ilha da Inhaca, frente a Maputo, cidade onde morreu. O ‘Monstro Sagrado’ foi capitão do Benfica e da Seleção Nacional de futebol que brilhou no Campeonato do Mundo de 1966. Alguma seleção não africana foi, até aos anos 70 do século passado, capitaneada por um cidadão negro? Terceiro: O artista e poeta Malangatana (Valente Ngwenya) nasceu, a 06.06.1936, em Marracuene, Moçambique. Faleceu em Matosinhos, a 05.01.2011, no Hospital Pedro Hispano. O corpo esteve em câmara ardente na Faculdade de Belas Artes do Porto e depois no Mosteiro dos Jerónimos, onde se realizou (07.01.2011) uma cerimónia oficial de homenagem, antes de seguir para Moçambique. Malangatana, em vida, recebeu da Universidade de Évora o título de Doutor Honoris Causa e da Nação Portuguesa a Ordem do Infante D. Henrique. Isto não significa nada? Quarto: Portugal tem um Panteão Nacional, destinado a acolher os restos mortais das suas figuras ilustres. Os de Eusébio (1942-2014), a ‘Pantera Negra’, foram transladados para aquele local, em 03.07.2015. Já sucedeu algo parecido nalgum Estado europeu ou americano? Não depreciemos este valioso património! DO ENTRUDO NO NORDESTE TRANSMONTANO Lembro-me bem dele, lá em Bragada. O Natal e a Páscoa eram festividades ligadas ao sagrado; o Entrudo chocalheiro era divertimento inteiramente pagão e profano. O folguedo começava depois do almoço e estendia-se para além do sol posto. Vestíamo-nos de caretos, com máscaras e roupas que encobriam a nossa identidade. Saíamos para a rua zoando chocalhos, e fazíamos as mais diversas travessuras a quem encontrávamos, tais como enfarruscar a cara das pessoas com farinha ou carvão de lenha. Após a vinda do crepúsculo e pela calada da noite, atirávamos para dentro das casas panelas de barro cheias de água, de lixo e de coisas pouco recomendáveis. Ou seja, entregávamo-nos a excessos, que durante o ano não eram consentidos. Uns mais, outros menos, toda a gente participava na folia. Ela constituía uma espécie de catarse coletiva, uma tentativa de compensação e sublimação do trabalho em demasia e da carestia de festa. Brincava-se ao carnaval; ninguém levava a mal! MEMÓRIAS: “O COMEÇO É A METADE DO TODO” Os clássicos gregos estavam carregados de razão. Sou um exemplo disso. Entrei para o corpo docente do ISEF-UP, logo que este foi criado. O início de funções aconteceu no dia 1 de junho de 1976; e o das aulas no dia 1 de julho. Em cima dos ombros colocaram-me um pesado cadeirão: Teoria da Educação Física. Não havia, entre nós, qualquer bibliografia dedicada ao tema, cuja leitura servisse para me apoiar e indicar aos estudantes. Como é que resolvi o problema? Na Rua da Boa Hora, após dobrar a esquina com a Rua do Rosário, havia (não sei se ainda há) uma pequena loja de livros, pertencente à Fundação Gulbenkian. O preço das obras e o nome dos autores eram assaz convidativos. O que é que encontrei lá? ‘O Homem e a Cidade’, de Henri Laborit, ‘O Macaco Nu’, de Desmond Morris, ‘Homo Ludens’, de Johan Huizinga, ‘Do Ato ao Pensamento’, de Henri Wallon, ‘Introdução à Antropologia Cultural’, de Misha Titiev, ‘Os Jogos e os Homens’, de Roger Caillois. Atirei-me ao valioso achado e, agarrado à máquina de escrever até altas horas da noite, elaborei textos que entreguei aos alunos e com os quais dei aulas duras de roer.
Estas circunstâncias determinaram a caminhada que me trouxe ao presente. Após o doutoramento, estive alguns anos ligado à Didática, tendo inclusive escrito os primeiros livros e artigos da área, no nosso país. Pouco a pouco, mudei para a esfera conceptual da Pedagogia do Desporto, estribado na Filosofia e Antropologia. Outro teria sido o meu trajeto, se outras fossem as condições iniciais. Mas sinto-me de bem comigo. DA VIDA INSUFICIENTE E DA ‘FELICIDADE’ A morte é inevitável. Vem associada à finitude; por isso é motivo de temor. Mas, o que mais devemos temer é a vida insuficiente, a nossa e a dos outros. Por ela prestaremos contas na hora de morrer; e não é certo que haja Alguém para nos absolver das traições e desatenções, dos descuidos e descasos, das usuras e vilanias. O nosso tempo de viver é hoje, aqui e agora. Cumpre-nos justificá-lo e salvá-lo, através do merecimento! Para tanto impliquemo-nos no advento de uma nova era existencial, que restaure a amabilidade e docilidade, a vizinhança e proximidade, a cumplicidade e solicitude, o cuidado e zelo, a deferência e ternura, a hospitalidade e a Alteridade. Na peregrinação sobre a Terra somente respiramos nas alturas e na amplitude do Outro, e não no reino esconso e sufocante do eu. Não ajoelhemos perante o deus da pressa, do frenesim, da hiperatividade, da agitação e excitação. É no nosso interesse que devemos pensar e agir fora da vulgata neoliberal e encetar uma nova heterotopia, valorando o esquecido, negligenciado e periférico. Rezemos, com devoção, ao Deus da espera e contemplação, da conversação e gentileza, da dança e do riso, da serenidade e do ócio criativo, do relaxamento e tempo fruído sem um fim calculado, medido, quantificado e cronometrado. Reponhamos no centro das conversas e olhares os bens que o dinheiro não compra, somente florescentes onde se cultivam relações harmoniosas com o entorno cultural, natural e social, onde a disposição para a cooperação e convivialidade não é esmagada pela tresloucada ‘competitividade’. À busca interminável desses preciosos bens podemos chamar ‘felicidade’. Ela está a ser imolada, no altar da vida apressada, ao omnívoro Minotauro desta era, nunca satisfeito e sempre requerente de vítimas. A passividade condena as oportunidades de transformação a não vir. Não deixemos para amanhã o que compete fazer no presente: reinventar o desígnio, a aventura e a saudade do Humano. Quem sabe?! Talvez retardemos a morte e voltemos a infundir assombro, deslumbramento e espanto ao espírito, a estranhar o mundo, a existir poeticamente, a bordar poemas e canções, a edificar obras belas, a recuperar o enigma, a mensagem, o misticismo e simbolismo da arte e da poesia!
EXTRAINDO HISTÓRIAS COM O FARAÓ
RAMSSES DE SOUSA SILVA
BRINCADEIRA DO BARALHO Era composta, desde o séc. XIX, por integrantes de camadas sociais populares, pretos fôrros, descendentes de escravos e mestiços. Era considerada pela elite ludovicense da época uma brincadeira lasciva e vulgar, pois exaltava a sensualidade e os cânticos de duplo sentido. Infelizmente, esta manifestação foi praticamente extinta do nosso carnaval ainda nos anos 40/50. O que vemos na foto é uma reprodução da brincadeira, o "Baralho de Zé Garapé", feita em 1993 por Godão e Marlio Trindade. Quem tem curiosidade em saber como era o ritmo desta brincadeira, lembrava um pouco o compasso do cacuriá e do péla-porco. Além do raríssimo "Baralho da Justina", na Madre Deus, somente o Bicho-Terra e o Golpe do Baú ainda reproduzem, vez ou outra, músicas do Baralho.
Essa Negrinha do Baralho ( trajes ) é de um autor paraense que esteve no Maranhão no século XIX e descreveu a forma de vestir da Negra Mina a Negrinha do Baralho. A pesquisa é de João Affonso do Nascimento (1855-1924). Essa foto foi tirada na Turma do Quinto TQ, tenho a lembrança daquela imagem na parede ao fundo.
GENEALOGIA MARANHENSE João Gualberto Torreão da Costa, primeiro governador do Maranhão da era republicana. Ainda possui muitos parentes na capital. Sua família se entrelaçou com parentes do Barão de Tromaí, da cidade de Turiaçu-MA, como os Portelada, os Borgneth e outros. Jaz no Cemitério do Gavião. Fonte: A Revista do Norte (1901).
TEMPOS DE EPIDEMIA...
EM
Desde a sua fundação até, aproximadamente, a metade do séc. XIX, boa parte da população de São Luís pereceu diante de ciclos epidêmicos de doenças contagiosas, essencialmente a varíola, popularmente conhecida como "bexiga". Em 1855, tanta gente morreu que os cemitérios da Irmandade da Misericórdia (atual Hospital Socorrão I) e da Irmandade dos Passos (atual Estádio Nhozinho Santos) tiveram sua capacidade exaurida e muitos corpos foram sepultados extra-muro. A medida urgente tomada foi a instalação de um novo cemitério que conhecemos atualmente como Cemitério do Gavião. A São Luís oitocentista era essencialmente portuária, com a chegada e saída de pessoas de várias partes do mundo, com graves problemas de saneamento (como em todas as grandes cidades imperiais). Os desejos orgânicos eram jogados no mar ou na rua. O lixo era jogado nos quintais.
Campo fértil para disseminação de doenças. Tudo isso, associado aos hábitos de higiene pessoal deficientes. O soro para o combate à varíola já existia desde os anos 1700 mas não havia o conceito de campanha de vacinação como conhecemos hoje. Os custos seriam elevadíssimos e a maioria da população que sofria com a doença era pobre e escravizada. Dois grandes nomes podemos destacar como importantes médicos sanitaristas que ajudaram a combater a varíola em São Luís. O primeiro é o cirurgião do Hospital Português de São Luís e grande sanitarista do Império Brasileiro Afonso Saulnier de Pierrelevée, filho de franceses, nascido na Bolívia e radicado em São Luís, que ainda possui muitos descendentes na capital. O segundo e talvez o mais brilhante foi José da Silva Maya, nascido em Alcântara-MA, que estudou sanitarismo na escola parisiense com grandes nomes do sanitarismo mundial e desenvolveu protocolos e metodologias adotados pela Presidência da Província afim de controlar a epidemia de varíola na cidade. Antes disso, o empirismo e senso comum imperavam. Políticos creditavam os surtos até à arquitetura lusitana dos imóveis conjugados, sugerindo demolições sistemáticas.
SOBRE LITERATURA & LITERATOS
PARA QUE SERVEM OS FARÓIS? JOSÉ DE OLIVEIRA RAMOS O que nos orienta em algumas situações difíceis? A sabedoria popular, para alguns, é um “farol”. E o que é um “farol”? É algo que nos orienta, quando não sabemos onde estamos – mas sabemos que estamos perdidos em alguns mares, incluindo os difíceis mares da vida, de águas turvas ou límpidas, mas profundas. O “farol” orienta sim, o navegador. Ao leigo, o “farol” será como um tronco de madeira boiando nas águas. Hoje considerada uma das maravilhas do mundo, o Farol de Alexandria foi mandado construir por Ptolomeu no ano 280 a.C. na Ilha de Faros, pertinho do porto de Alexandria, no Egito. Responsável pela construção em alto mar, o engenheiro grego Sóstrato de Cnido. Sertanejo, sem nunca ter sentado num banco escolar, está capinando a roça do seu roçado. Para um segundo, retira o chapéu da cabeça, levanta os olhos para o sol, e vaticina: “são onze e trinta da manhã”. Bate rigorosamente com o Big Ben, que está em Londres. Mesmo na chamada cidade grande, quando o céu está pintado por nuvens negras, qualquer pessoa que olhar vai dizer: “vem chuva por aí”. Isso é um sinal. E, o “farol” tem um sinal luminoso que pode e serve para orientar. Farol, é algo que orienta. Dito isso, faço uma pergunta: para que servem os “Faróis da Educação” no Maranhão? Funcionam? Quem responde por eles, e os administra? O Estado ou o Município? Qual é a frequência e qual tipo de gente e faixa etária procura e frequenta o Farol da Educação? Sinceramente falando, moro no Maranhão desde 1987, mas nunca entrei num “Farol da Educação”, pois nunca vejo ninguém do lado de dentro. Atendendo ou visitando. SUGESTÃO: Ora, em São Luís existem: Instituto Histórico e Geográfico, Academia Ludovicense de Letras, Academia Maranhense de Letras, AMEI e outras entidades escudadas na defesa da leitura e da literatura – se essas entidades se dispusessem a “administrar pelo menos para fazer funcionar” esses “Faróis da Educação”, será que não daria certo? Estou “sugerindo” também aos administradores do Grupo Os Integrantes da Noite, uma pesquisa que possa possibilitar a cessão temporária de um desses “faróis” para reuniões dos componentes do grupo. Aquele situado ali no Vinhais, próximo ao Bar do Léo, parece ser um local ideal para atender essa proposta, haja vista a facilidade de estacionamento e por ser servido por uma boa quantidade de ônibus urbanos. Fica a dica. (JOR)
LÍNGUA PORTUGUESA EM PERIGO? OSMAR GOMES DOS SANTOS Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letra
Em um desses fins de semana recentes, encontrava-me sentado em meu sofá, estrategicamente posicionado no meio da sala. A televisão, posicionada logo à frente, estava ligada, embora eu estivesse totalmente desligado, perdido em meus pensamentos devaneios, que me fazem fugir da realidade e me transportam para tempos longínquos. Um estalo. Recobro minha atenção para o momento. Passo a mão no controle e decido conferir a programação dos canais abertos que temos à disposição. Deparo-me com um programa que me chama bastante atenção. Duas equipes de jovens travam uma disputa cujo prêmio é uma viagem com seus amigos. Para isso, precisam somar pontos em vários desafios de conhecimentos gerais a conteúdos lecionados nas escolas. O que me deixou estupefato foi justamente o fato do programa ser destinado a jovens que, aparentemente, se encontram na fase de transição entre ensino médio e a faculdade. Nessa faixa etária, em tese, a juventude deveria estar a todo vapor, devorando livros e por dentro dos principais temas em debate. A curiosidade e a perspicácia deveriam ser características marcantes nessa fase da vida. O programa se desenrolava, com perguntas e “xaradas” sobre temas diversos – conhecimentos gerais, geografia, entre outros. Na prova, cada etapa vencida permitia ao desafiante avançar “uma casa”, oportunidade em que mudavam os desafios. Eis que é chegado o dito desafio que me desperta mais atenção, era de soletrar a palavra dita e repetida pelo apresentador, incluindo eventuais sinais e acentos gráficos. Bastava um acerto para finalizar a prova. Mas o último desafio, aparentemente fácil, se estendeu por mais de uma dezena de minutos, uma vez que nenhum dos alunos conseguia soletrar, de forma correta, as palavras, algumas até bem presentes em nosso cotidiano. O nome do programa, do colégio, tampouco dos alunos não vem ao caso. Minha preocupação recaiu sobre as respostas e, de forma geral, me fez pensar na qualidade do ensino que temos atualmente. Terregiver (tergiversar), idiocrásia (idiossincrasia), oniciencia (onisciência), microondas (microondas), obsção (obsessão), reflêxo (reflexo), textil (têxtil), exepcional (excepcional), prachi (praxe), atarrachar (atarraxar). Aquelas respostas causaram-me espanto, ao passo que acenderam o sinal de alerta para como estamos tratando nossa Língua Portuguesa. Embora possa haver dificuldade em uma ou outra grafia, a maior parte das palavras ora mencionadas no desafio são usuais no vocabulário, principalmente para quem ainda frequenta os bancos escolares e, por essa razão, devem estar em permanente contato com conteúdos educacionais dos mais diversos, em especial o nosso Português. Embora estudos indiquem o aumento no percentual de leitura entre pessoas que dizem ler – o que é algo muito subjetivo, pois é um dado que não se pode mensurar por meios concretos –, ainda é baixo e pouco diverso o conteúdo daquilo que leem. A bíblia e alguns escritos religiosos estão entre as obras mais citadas. A leitura, de fato, ajuda na boa redação, mas mais do que a quantidade, a qualidade é que faz toda a diferença. Aí é que mora o ponto nevrálgico. Naturalmente para se escrever bem é preciso
conhecimento do vocabulário, que por sua vez é adquirido com o hábito da leitura e o exercício da escrita. Daí porque a afirmação de muitos especialistas que esta é uma deficiência trazida desde as séries iniciais, já que crianças são pouco estimuladas para a escrita e leitura, exercitando pouco o potencial a ser explorado. Não por acaso, a redação continua ser um “bicho-papão” de vestibulares e concursos Brasil afora. À falta de incentivo na tenra idade, soma-se a interferência das tecnologias de informática e da comunicação na escrita, notadamente na geração chamada de “millennials”. Ela praticamente já não escreve, a não ser quando exigida, em regra. Utilizam programas e aplicativos de digitação nos quais a “correção” de palavras é automática ou, em alguns casos, fazem o emprego de “vocábulos” segundo convenções modernas, fora da norma padrão. É uma geração marcada pela ansiedade acerca dos acontecimentos e que, por consequência, se expressa de forma mais intensa pelas chamadas redes sociais – com postagens e comentários abreviados e sem respeitar as regras. A leitura e o exercício permanente da escrita correta, o que demanda tempo e paciência, vão sendo deixados de lado. Peca-se no vocabulário, erra-se a ortografia, rasga-se a gramática. Mas as novas tecnologias não são necessariamente vilãs, uma vez que possuem suas qualidades, como contribuir para estimular a criatividade e permitir acesso a um vasto conhecimento nas plataformas digitais. A grande questão é saber equilibrar o tempo entre o uso das ferramentas disponíveis e a leitura de obras, revistas e jornais, combinado com o exercício diário da escrita. A ansiedade, a falta de concentração e o pouco controle emocional também interferem negativamente em uma boa escrita, mas são fatores que podem ser trabalhados se iniciados desde cedo. Juntando-se o conhecimentos gerais e o estudo da nossa Língua Portuguesa ao bom preparo psicológico, é possível ir bem em qualquer situação. Importante destacar que o papel da família é fundamental no incentivo da leitura e na promoção do diálogo acerca do conteúdo lido. Presentear com livros, visitar bibliotecas, assistir peças teatrais e noticiários também estimula o senso crítico e a formação de opinião. O hábito de leitura reflete diretamente em como nos expressamos ao mundo Sobre o programa de auditório? Bom, após dez palavras erradas, “estrofe” foi soletrada corretamente. Uma prova de que a persistência deve prevalecer às adversidades, o que também ocorre com a nossa língua. Em bom Português: somente a prática leva à perfeição.
COISAS DA VIDA [Memórias] FERNANDO BRAGA in ‘Conversas vadias’ [Toda prosa], antologia de textos do autor.
Melhor título não haveria de dá-se a esta historieta do que ‘Coisas da vida’, nomeado em um livro de contos do filólogo Alfredo de Assis Castro, onde se ajusta perfeitamente verossímil às palavras do genial romancista Camilo Castelo Branco, para quem “tudo que é possível tem acontecido, visto que a fantasia não pode ser mais inventiva que a natureza.” Não existia discagem direta a distância [DDD] e a comunicação era por cartas, onde se exercitava o gênero literário da epístola; e assim, eu me correspondia com os meus ilustres conterrâneos Josué Montello, Odylo Costa, filho, Manoel Caetano Bandeira de Melo, Astolfo Serra, Antônio de Oliveira, Nunes Pereira e com o professor e desembargador Alfredo de Assis Castro, cofundador da Academia Maranhense de Letras e um dos integrantes dos ‘Novos Atenienses’, depoimento ‘plutarqueano’ onde o senso crítico Antônio Lôbo analisa o renascimento da cultura e da literatura maranhense, nos albores do Século XX. Sobre o que me cabe contar, não poderia de forma alguma deixar ‘passar batido’, porque este fato encerra um acontecimento pitoresco, a desembocar numa confusão de identidade, com surpresas e decepções, quem sabe... Pois bem, um belo dia bateram palmas no corredor da nossa casa à Rua do Passeio, em São Luís; estando só, atendi do jeito que estava, descalço e de camisa aberta, a mostrar no peito um trancelim com meu santo escapulário; à porta estava um senhor elegantemente vestido que, ao cumprimentar-me, foi logo dizendo: “Gostaria de falar com o Dr. Fernando Braga!” Ri, e respondi-lhe que Fernando era eu, e que o doutor ficaria por conta dele, tempo em que o convidava para entrar, o que ele não aceitou, alegando pressa e, tatibitate nas entrelinhas, insistiu: “Bem sei, bem se vê, estou à procura de seu pai!” Retruquei dizendo-lhe que meu pai se chamava Ernani e àquela hora estava em seu trabalho; o homem voltou à carga: “Então é seu avô!” Tive de explicar-lhe que meu avô se chamava Pedro e já era falecido há anos... O homem mediu-me de cima abaixo, talvez a analisar a minha pouca credibilidade em ser o que ele nem pensava imaginar, e arriscou com ares de pouca-fé e disfarçado desdém: “Então é você o amigo do desembargador Alfredo de Assis Castro?” Foi aí que me clareou ser aquele senhor um emissário do desembargador, em virtude de este ter-me dito por carta que iria aproveitar um portador para entregar-me em mãos seu último livro. Com este trunfo, de pronto o corrigi, sorrindo: “Amigo não, amicíssimo!” ... e continuei: “Temos uma amizade afetiva e literária altamente benfazeja, naturalmente para mim, que absorvo as lições do mestre Assis, um iluminado a serviço das letras e da justiça aqui de nossa terra, além do condão de afinidade que nos une, vez que ele era companheiro de geração de meu avô, e padrinho de um dos meus tios; e mais, conversamos muito sobre amenidades, creio que, talvez por isso, o desembargador me tenha em sua lista de bem querenças, o que para mim é uma grande honra”; juro que ouvi o homem, depois de uma pausada respiração se auto confessar: “Não, não é possível!” E continuei: “O Senhor é um portador que, por certo, está chegando do Rio de Janeiro, e esse pacote que o Senhor traz consigo é o livro ‘Pó e Sombra’ que o mestre está a enviar-me”. O homem empalideceu, e continuei: “Ele me disse por carta que iria mandar meu exemplar por gentileza de um amigo que viria a São Luís... Pode abrir o pacote, por favor, e confirmar?” O homem trêmulo aquiesceu meu pedido, abriu o pacote e lá estava o livro ‘Pó e Sombra’, de capa azul, a mim dedicado, com o natural exagero de afetividade do mestre: “Ao jovem, meu amigo e verdadeiro poeta, Fernando Braga, com a estima e a admiração do seu coestaduano, Alfredo de Assis Castro, Rio de Janeiro, 4 de outubro de 1970”.
Juro que o homem completamente basbaque com aquela situação, sem mais nada a dizer, desejou suas boas tardes e saiu a pé, subindo a Rua do Passeio, pela calçada do antigo ‘Campo do Luso’; eu também, ao pé da porta, acompanhava-o sem perder de vista... O homem dava três passos para frente e olhava para trás; devia ir dizendo com seus botões: “Esse rapaz não pode ser amigo do desembargador, como disse, ou ele é um tremendo casquilho”, um enganador, sei lá...” “Meu Deus, pode ser também que o mestre Assis já esteja caducando!...De qualquer maneira, seja o que Deus quiser!” Como se vê, nós da geração de 60, quando digo nós, era meu grupo, dedicado, lógico, às sacanagens da idade, mas também às coisas do espírito. Vivíamos em completo aprendizado com as gerações de 30, com a de 22, e com a do marco zero [lê-se 1900] essa, em particular, a do início do século XX, a de Astolfo Serra, de Rubem Almeida, de Nunes Pereira e a do próprio Dr. Alfredo de Assis. Tal interação não só se estendeu, como seria mais natural, com a geração de 45, a nossa mais próxima, talvez pela proximidade das idades, fenômeno psíquico-social analisado por Rossini Corrêa no seu ’Atenas Brasileira - A Cultura Maranhense na Civilização Nacional’. Sustenta o escritor português Fialho de Almeida, que ao invés de seguir os seus condiscípulos nos rumos das faculdades, cometeu a grande tolice de se enamorar da literatura. Confesso que também comecei a enamorar-me dela muito cedo, mas generosamente, amorosamente, como uma cúmplice, como u’a amante, sem o amargor com que afirma o autor luso, talvez trazido pelas muitas decepções que esse ramo da arte se nos impõe sem piedade. Os percalços são muitos, e o meio tem a necessária sensibilidade para ressentir-se, e às vezes com razão. Muitas reminiscências que tenho da vida, me trazem lembranças de quando li ‘O Meu Próprio Romance’, de Graça Aranha, e ter a nítida impressão de que fui moleque com ele, [guardada as devidas proporções] a brincar no Largo do Palácio, no Cais da Sagração e na Praia do Caju onde nasci. Depois, quando reli o livro, essa impressão ratificou-se e a convicção me foi plena, dada à singeleza da narrativa e a semelhança das peraltices, onde apenas o tempo se presta para desmanchar o que poderia ter sido e não foi, como naquele verso antológico de Manuel Bandeira... Só não teria a suprema ousadia de fazer o que ele fez, e não sei por que o fez, negar Deus e o Direito Natural.
MINHA RUA GRANDE ROBERTO FRANKLIN Após uma palestra no IHGM, tomei a iniciativa de rever um do lugar que mais marcou a minha infância e adolescência, minha amada Rua Grande. Desci em direção à Praça João Lisboa, notando que a Rua Grande estava muito diferente, não seria a ria que testemunhou minha adolescência. Quero minha rua de volta, Descer e parar na mercearia Brasil, localizada na esquina com a Rua de Santaninha, olhar seu proprietário um senhor português muito simpático chamado Joaquim Amorim, mais conhecido por Sr. Amorim; mais tarde ficaria sabendo ser o pai de um grande amigo e contemporâneo do Colégio Dom Bosco, meu amigo Joaquim. Saio de lá, em direção a mais uma mercearia, desta vez a mercearia Neves, imediatamente meus olhos se fixam ao admirar a casa da esquerda, onde morava a família Marão. Quero descer e, se possível, tomar um sorvete na Sorveteria Central, que ficava na esquina próxima à Casa Saldanha, quero falar de futebol com os irmãos Saldanha, comentar o jogo do Drible, quero ver novamente a casa suntuosa que me falaram ser de Ana Jansen, quero ouvir e procurar os mais recentes sucessos musicais na Só Disco; antes gostaria de ver um local que muito gostava, não pelos produtos ali vendidos, pois estou em frente à Funerária Maranhense, e sim pelos carros que seu proprietário Fernando, um amante de carros maravilhosos, expunha de propósito para matar de inveja aqueles que passavam e os cobiçavam. Quero olhar e admirar o Edifício Caiçara, talvez o primeiro edifício de apartamentos em São Luis, e morrer de inveja por não morar lá; olhar o último lançamento da Williams na Casa Morais; quero lanchar na Mouraria. Quero minha rua de volta, Descer mais ainda e entrar na Loja Azteca, e ver o que a moda daquela época teria para nos mostrar, quero ver em frente a Sapataria Piauiense e lá sentir-me calçado com um Samello, Motinha etc. Ah, que desejo de te possuir! Seguindo mais à frente, gostaria de parar na Loja Maciel e cobiçar as mais modernas radiolas hifi de alta fidelidade que ali estavam expostas para venda. Quero minha rua de volta, Matar as saudades da vitrine da Real Joias, principalmente na época de Natal, quero olhar e acertar meu relógio com o relógio deles, que magnificamente se encontrava em sua fachada; quero ver mais uma vez Gerardo Pinho, amigo e companheiro do meu irmão Tom, olhar mais uma vez a sapataria Cleópatra, olhar a Casa Singer e ver em frente minha primeira morada, que ficava sobre o tabuleiro da Baiana, onde sempre comprávamos o material escolar, depois, na rua Sete de Setembro 632, minha segunda casa, situada sobre a loja Sadick Nahuz, que saudades dessa época... Voltando para a Rua Grande, gostaria de passar na Ocapana e sonhar com mais roupas, loja que na época ditava a moda em São Luis; esperar a noite cair e, na Sete de Setembro, na lanchonete da Ocapana, comer meu primeiro Hambúrguer. Quero minha rua de volta, Passar em frente à Movelaria Plosk, lugar onde, anos depois, comprei os móveis da minha casa, logo após meu casamento; quero olhar a Quatro e Quatrocentos que depois virara Lobrás, entrar e ver as miudezas que tinha para venda, quero seguir em direção a Loja Acácia, mas antes dar uma olhada em direção à casa dos meus avós, lugar de muitas lembranças, onde hoje se encontra o Bradesco. Quero minha rua de volta,
Após matar a saudade e satisfazer minhas memórias a respeito da casa dos meus avós, desço e paro em frente à Acácia. No andar de cima, funcionava uma lanchonete sofisticada, lá tomei minha primeira banana split sabor que até hoje guardo. Saio muito satisfeito em direção ao meu cinema favorito, lá assistir aos sábados e aos domingos filmes fantásticos, filme romântico e de faroeste, eram vesperais inesquecíveis, lugar de encontros de paquera, de namoro escondido, sinceramente tardes inesquecíveis. Lembro que ali, em plena adolescência, antes de ir ao Éden comprava uma carteira de cigarro no abrigo, assim também como uma boa quantidade de balas extramit, pensando eu que salivando as balas eu esconderia o cheiro de cigarro. Quero minha rua de volta, Saindo do cinema, passaria pelo que foi o início dos Supermercados Lusitana, que se encontrava quase em frente ao cinema. Lembro-me que lá ia com uma caderneta de pedidos que minha mãe escrevia, era a famosa lista do supermercado, e lá em casa quem fosse à Mercearia Lusitana tinha o privilegio de tomar uma sonhada Coca-Cola. Como me lembro das bolhas estourando em minha boca que saudade! Depois poderia descer em direção à Praça João Lisboa, não sem antes lembrarme de um lanche na Padaria Cristal. Ali também sempre comprava pão e manteiga a retalho, que era cuidadosamente retirada de uma lata e pesada sobre o papel manteiga, e depois enrolada num papel de embrulho. Descendo mais um pouco, olho sempre a Joalheria Garimpo, onde compramos nossa aliança de noivado, sim, pois, na minha época, o primeiro passo para o casamento após um bom período de namoro seria o noivado. Quero minha Rua de Volta, E assim, terminando meu passeio pela minha Rua Grande, pela rua da minha infância e adolescência, olho para o lado, bem na esquina, e procuro o Companheiro, o melhor cachorroquente que já comi em toda a minha vida. Paro com a sua ausência, olho para trás e vejo que a Rua Grande, que era minha Rua não existe mais. Hoje está guardada em minhas lembranças, recordando momentos que passei, sonhei e vivi em uma época fantástica. Hoje minha Rua Grande está moderna e bem diferente, mesmo assim ainda afirmo e peço: Quero minha Rua de Volta!
O CARNAVAL DE CARDOSINHO OU AS BOLACHINHAS FOLHADAS CERES COSTA FERNANDES Cardosinho era um marido de cabresto curto. O tempo todo ali amarrado junto a Dona Isaura, mulherzinha miúda e redonda, de carnes duras e vontade férrea. Comandante-em-chefe, Isaura monitorava todos os horários do companheiro: sempre do serviço para casa, da casa para o serviço. O caminho repartição/casa era rigorosamente cronometrado. Isaura conferia o necessário para o trajeto e acrescentava-lhe mais o tempo suficiente de passar na padaria da Rua do Passeio, comprar pão massa grossa e um pacote de bolachas folhadas. Nem um minuto a mais. Ah, vale dizer que o acontecido a ser narrado se passou na São Luís da metade do século passado, cidade pequena e de muro baixo, e que o nosso herói era engenheiro do D.ER. Um emprego tranqüilo na época em que as estradas maranhenses mal riscavam o mapa do Estado; a maioria só nas proximidades da capital. Marido modelo, aquilo que hoje costuma chamar-se maridão, Cardosinho conformava-se. Amava Isaurinha e o cabresto ia bem com seu temperamento pacato. Mas vejam, até os maridões têm tentações. E uma, inconfessável, por vezes voejava na mente de Cardosinho: era a de ir, uma vezinha só que fosse, a um baile de máscaras. Um baile de segunda - conforme eram chamados -, onde a liberação era total. Logo media a brabeza da mulher e a ideia murchava. E assim se passavam calmamente os anos de matrimônio. Ora pois, o inferno está cheio de diabos e de seus emissários, e um desses veio na pessoa de Dr, Arthur, colega de sala e de profissão. O engenheiro chegou com a notícia fresquinha de um baile de máscaras, ali para os lados da Rua São Pantaleão, cheio de mulheres liberadas, boazudas, desgarradas e devolutas. Rapaz, a Isaurinha faz picadinho do meu fígado e ainda come no sarrabulho, suava Cardosinho. Insidiosamente, como fazem os capetas, Arthur reforçava: havia as vesperais, tipo "mamãe-vai-às-compras", em que os casados, homens e mulheres podiam se esbaldar sem susto. O seduzido suspirava, Ai meu Deus! Tentado, só de pensar o quê de mistérios escondiam os fofões e dominós das mascaradas. E o sedutor, insistente. Dançar não tira pedaço. A gente aproveita o horário do expediente e tu chegas em casa religiosamente na hora de sempre e ainda levas as bolachinhas da Isaura, sem falha. O detalhe das bolachinhas foi decisivo. Combinaram o horário. De duas às seis, não mais. Dr. Arthur, prestativo como todo diabo, ainda traria um traje carnavalesco para ele se trocar, não fosse a meiga Isaurinha revistar suas roupas e descobrir os indícios da prevaricação, que para isso as mulheres ciumentas são mais eficientes que os médicos legistas da polícia e seus laboratórios. Mas não é que a pecaminosa vesperal era no São Pantaleão, não muito longe da sua casa na Rua das Cajazeiras? Cardosinho teve um último esboço de reação, logo posto de lado: a cara-metade não saía de casa, a não ser para a missa de domingo e para as compras de sábado, sempre acompanhada por ele. Trela para vizinhos não era com ela, não gostava nem mesmo de ficar à janela. Dona de casa que se preza sempre tem ocupação, dizia enfática. Sobre isso tinha até uma máxima: 'Quem não tem o que fazer, vá arrumar suas gavetas". Então, tava limpo o cenário. Mas Deus é justo e, para maior glória das esposas honestas, não existe crime perfeito. Vai daí que nosso amigo não contava com a traição do rabudo, desconhecedor que o capiroto, para confundir, age em várias frentes, enviando emissários para rumos contrários, com o que não deve desmerecer o nome de tinhoso. Em assim sendo, eis que passa em frente ao baile uma moradora das Cajazeiras, justo a maior fuxiqueira da redondeza, apropriadamente alcunhada de Desgracinha. Quem vejo?! Seu Cardosinho, de fofão?! Limpou os olhos duas vezes. Ele mesmo, o maridão da Dona Isaura, ocupado numa apalpação feroz com uma oxigenada bem fornida (era chegado numas carnes), nem deu conta da passagem da emissária do malino.
Desgracinha sente a veia novidadeira pulsar com violência. Era um prato cheio! Dana-se a correr. Mal consegue conter a ansiedade até chegar à Cajazeiras e despejar a notícia na redondeza. Súbito, estanca o passo e, suprema ousadia e requinte de fuxiqueira, decide superar a si própria e dar a notícia à própria Dona Isaura! Mas como?! A mulher era uma onça! A veia pulsa com mais força, ah, desse no que desse, não perderia esse gozo. Entra porta adentro e encontra Dona Isaura dando brilho numa jarra de metal. Sem dar o tempo de um ai, despeja a história toda. A reação não se faz esperar. E lá vão as duas, em direção ao baile, Dona Isaura marchando à frente, armada com um pau de tranca de janela, e Desgracinha atrás, aos pulinhos. Cardosinho, ainda ocupado, só percebeu a presença da cara-metade quando o pau já lhe descia no lombo. Na correria em direção a casa, ele chega primeiro. Percorre os cômodos desatinado e, no corredor, vê a escada que o pedreiro deixou encostada na abertura do forro. Sobe num pulo. É a salvação, Isaura não teria coragem de fazer o mesmo. Ela, percebendo o golpe, rápida, retira a escada. Zaurinha, faz isso, não! Bota a escada para teu Dodozinho! Eu explico, minha rosquinha de coco, não é o que tu tá pensando!. Foi o cretino do Arthur...A moça é prima dele, perdeu a mãe... Zaurinha, tô apertado, deixa eu descer! Desaperta aí mesmo, cabra safado, que tu não vais descer nunca mais! De nada adiantaram as súplicas do infeliz, nem as dos vizinhos que Cotinha, a empregada, foi chamar a pedido dele. Cardosinho passou o resto da tarde e toda a noite no forro. No dia seguinte, já perto do almoço, Iolanda, uma vizinha muito religiosa, conseguiu que a amiga permitisse a descida do infiel. Cardosinho pagou caro a bobeada. Ninguém sabe ao certo qual foi o castigo dele, desconfia-se de vários. Mas uma coisa é certa: durante muito tempo o pacote de bolachas folhadas, trazidas religiosamente, todos os dias, ia fechado para o lixo, sob os olhares compridos de Cotinha. Mas, ai de quem ousasse.... Ora, eterno só Deus. Dia vai, dia vem, Isaura voltou a tomar o chá da noite com as bolachinhas folhadas. A vida conjugal retomou o seu curso. Mas, se no recinto do lar, Cardosinho acomodou-se feliz a um cabresto ainda mais curto, no serviço tudo mudou. Dr. Arthur encarregou-se de divulgar o rompante de independência do amigo, omitindo, é claro, a tragicomédia do forro e a tranca da janela. E Cardosinho, embora, ao que se sabe, nunca mais tenha voltado a prevaricar, saiu da categoria dos ferrolhos e dos barrigas-brancas, passando a compor o grupo dos heróis do cotidiano masculino, onde, estranhamente, ser flagrado pela legítima só lhes traz aumento de prestígio. Pensando bem, se vocês concordam, poderíamos mudar o título desta história para: o diabo não é tão feio quanto se pinta.
A CRÍTICA [LITERÁRIA] E SEUS DEMÔNIOS ANTONIO AÍLTON SANTOS SILVA A crítica, a terrível crítica. Desnecessária? Fracassada? Inimiga? Mercantilizada? Essencial? Há inúmeros problemas em torno da crítica, hoje expurgada e ridicularizada, no entanto reivindicada por muitos como índice de prestígio. E mais: desejada, em alguns casos. Sempre penso na crítica [literária, artística], na crítica séria e consciente de suas deficiências, obviamente, como uma boa coisa. Apesar de tudo, e apesar de qualquer coisa que se diga em seu desfavor e em sua depreciação. No sistema literário que prevê o círculo interativo autor-obra-leitor, é possível desmembrar desse leitor o papel do crítico, porque na realidade há leitores e leitores, de muitos e variados tipos, e a alguns deles caberá o papel não só de teorizar sobre a obra, mas de refletir sobre ela e colocá-la em crise (krísis, mudança, decisão), a partir do estudo, da amplitude e complexidade do trabalho com o material da linguagem, bem como da experiência madura com a obra literária, daí podendo surgir um possível entendimento/julgamento ponderado (krínein, julgar, decidir) sobre, digamos, sua qualidade ou não, dentro de determinados pressupostos. E como tudo no mundo, deve-se entender que esse julgamento parte de certos valores circulantes, não eternos, aos quais a obra não pode estar subjugada, e aos quais deve ultrapassar, justamente porque foram expressos num determinado momento, puderam discuti-la e enriquecê-la. Enriquecer aquele que escreve. E não adianta dizer que, num contexto em que os próprios autores praticam um trabalho crítico ou uma escritura crítica, por vezes não gostaríamos de uma opinião externa ao nosso fazer. Por mais críticos (!) que sejamos com nossa própria obra. Quando escrevemos conscientemente somos, na verdade, os nossos primeiros críticos, esse olhar-outro sempre bem-vindo. Em tudo é assim, não precisamos que ninguém nos diga o que fazer ou o que vestir, o que falar ou como escrever, mas é sempre possível que alguém nos fale sobre aquela casca de feijão no dente, a braguilha aberta, a meleca no olho, a letra que faltou ou se repetiu em nosso livro (claro que na literatura tudo isso ocorre noutras dimensões), e talvez não queiramos continuar em determinada situação. Se isso vai acrescentar algo ou não na nossa vida, aí já é problema nosso. Não estamos mais em época de dogmatismos ou de autoridade da crítica, como nos séculos XVIII, XIX, muito provavelmente apenas numa época em crise (alguns acreditam assim), mas de liberdade da nossa escrita, do nosso fazer. Esta deve ser a nossa consciência, a de compreender, entender a arte, em seu tempo, relações e experiências. Sempre podemos, como artistas, dizer para alguém ir cuidar de sua própria vida e da sua própria arte. Mas a vida é dinâmica, e um diálogo enriquecedor sempre é bem-vindo para todos. A fala sobre uma obra, sobre um autor (admitindo aqui a existência concreta e pessoal desse autor, não sua representação teórica), pode se tornar definitiva para seu crescimento. Somos conscientes de que ninguém é perfeito. É incrível vermos, por exemplo, Carlos Drummond de Andrade, considerado por muitos o nosso maior poeta da modernidade, tomando lições de Mário de Andrade (que considerava Drummond seu par à altura, e interlocutor, mas que não o impedia de criticá-lo em certos momentos), conforme lemos no “A Lição do Amigo” (Record, 1988). Aprimoramento das ferramentas. Aguçamento do olhar – em favor de maior potência e maior significação do [nosso] dizer. Mas o que precisamos entender, sobretudo, é o papel da crítica como contribuição para o próprio sistema literário, sua instrumentação e sua potencialização. É da crítica também um papel de resgate, de divulgação e de interlocução. Por isso não devemos prescindir dela, porque ela faz parte da escritura literária, sendo seu próprio elemento perturbador. Sobre isso, reescrevo aqui, com breves modificações de linguagem, parte de um trabalho que fiz há algum tempo, para a disciplina de Crítica Literária, no doutorado da UFPE: “Para evocar uma boa lição de Antonio Candido e Max Weber, poderíamos imaginar o sistema literário sem a crítica
especializada? Primeiro, talvez a própria noção [da literatura e do sistema literário], como conhecemos hoje, nem existisse, ou ele fosse apenas caracterizado como um sentimento geral. Segundo, que os próprios leitores passariam aos poucos a valorar, a especular, e logo se teria formado uma proto-crítica, justificativas de gosto, com maior ou menor profundidade e relevância. [...] Outra indicação da importância do corpo de reflexão, do discurso crítico na determinação do sistema literário, é o fato de que o autor é, e precisa ser, o primeiro crítico de sua obra, com base na experiência de valoração de outras obras, do conhecimento sobre o que lhe antecede ou das produções e ideias que se apresentam e circulam em seu tempo, entre seus pares, em outras artes, na cultura, na sociedade. Sabe-se que a consciência da escritura na modernidade levou os próprios autores a se tornarem autores-críticos e conjuntarem a linguagem com a metalinguagem, representação com programas críticos inseparáveis da própria linguagem e da criação literária. Exemplos na poesia: Charles Baudelaire, Mallarmé, Paul Valéry, T. S. Eliot, Ezra Pound... No Brasil, ainda na poesia, para mencionar alguns: Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Haroldo de Campos, João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar...” Sabemos, desde Paul Valéry, que “ler é eleger”. Todos exercemos nossa própria crítica. Porém, como trabalho e escrita formal, especializada e programática, é uma tarefa árdua, sobre a qual pesam mil e uma dificuldades. A começar, pelo próprio peso das palavras, a responsabilidade do que é pronunciado, e sobre quem ou qual trabalho deve recair um trabalho crítico. Por isso, muitos silenciam, porque, na crítica até a diplomacia fere. Na crítica também pode haver comércio. A crítica não está isenta de seus próprios abismos. Deve reconhecer suas falhas e seus erros. Criticar também é abrir feridas, sem bálsamo. Ora, mesmo o grande Machado de Assis, que poderia ser o nosso maior crítico, calou-se, após breve e fulgurante exercício. A crítica é o elemento perturbador, é a dança com os próprios demônios e o demônio dos outros. Por isso, essa espécie de filha de Proteus, filha do despedaçamento, tão vilipendiada, é tão necessária – mesmo à revelia de determinados fracassos, porque seu fracasso é como o do poema, que sobrevive mesmo no corpo que expõe sua própria morte. Eliminar a crítica equivale a apostar num vale-tudo, e o vale-tudo na literatura ou em qualquer arte só é válido em determinados ambientes onde a carta mais alta já não está em sua posse, mas de qualquer outro propósito que o ronde, numa literatura já circunstancializada e fortemente instrumentalizada.
COM UM TRAVO NA GARGANTA CERES COSTA FERNANDES Mais um Dia Internacional da Mulher foi comemorado. E mais tinta e papel foram gastos para dizer que a mulher vem avançando em todos os campos, segmentos e profissões, que sua luta é reconhecida e cada dia vem conquistando mais adeptos. Tudo isso é verdade. Mas enquanto precisarmos enfatizar esses ganhos, é sinal de que as coisas ainda não estão como deveriam estar. Não precisamos ir muito longe. Em nosso próprio Estado, as mulheres marcam presença em todos os cursos de graduação, em alguns são maioria, mesmo assim nossas comunidades acadêmicas elegeram até agora apenas uma reitora. No poder executivo, elegemos duas prefeitas, uma governadora, a primeira mulher no Brasil a ocupar esse cargo, o que muito nos honra. Finalmente, tivemos uma presidente, Dilma Roussef. Mas, não querendo cortar o barato de ninguém, já lembraram que o Brasil tem 520 anos de governos masculinos? A desigualdade se repete na representação política do legislativo estadual, na Câmara dos Vereadores e nos legislativos federais. Vê-se que o aumento da representação feminina nos altos fóruns brasileiros não corresponde ao aumento efervescente da atividade das mulheres neste país. Ainda temos um longo caminho a percorrer. Na literatura não vamos tão melhor assim. Apesar das produções das escritoras maranhenses terem crescido em quantidade e excelência, apenas quatro delas estão atualmente na Academia Maranhense de Letras: Laura Amélia Damous, Sônia Almeida, Ana Luiza Ferro e esta escriba. Falecidas, Laura Rosa e Mariana Luz, Conceição Aboud, Dagmar Desterro e Lucy Teixeira. 111 anos de fundação, nove mulheres. E não pensem que a nossa querida AML é uma exceção na adoção do Clube do Bolinha literário. Todas as suas congêneres no país regem-se pela mesma música, inclusive a maior delas, a Academia Brasileira de Letras, que conta atualmente com apenas cinco componentes do sexo feminino. Pode-se dizer que, em contrapartida, o Carnaval não discrimina as mulheres. Pelo menos aqui, na terrinha, várias mulheres ilustres já foram homenageadas com sambas-enredo por escolas de samba. A saber, Alcione, Maria Aragão, agora também nome de praça - homenagem póstuma de reconhecimento tardio, Terezinha Rego, que deu o enredo da Favela do Samba, farmacêutica, cientista e pesquisadora na área de plantas medicinais. Se o carnaval não discrimina, já não podemos dizer o mesmo dos meios acadêmicos, onde o trabalho desta valente mulher foi minimizado por um longo tempo. Neste ano, foi a vez da Turma de Mangueira homenagear a escritora Maria Firmina, outra grande esquecida. É isso aí. Não é mais hora de chorar o leite derramado. É hora de fazer como essas maravilhosas mulheres: lutar com dignidade. E lutar sem tréguas, até que a remuneração da mulher seja igual à do homem nos mesmos empregos; até que as mulheres trabalhadoras rurais adquiram os mesmos direitos das trabalhadoras urbanas; até que não tenham mais mulheres estupradas ou mortas ou simplesmente atemorizadas pela violência masculina. Um tempo chegará em que o Dia Internacional da Mulher passará despercebido. As comemorações não terão lugar, por desnecessárias. Assim como tantas outras datas do nosso calendário Enquanto essa hora ditosa não chega, mais um aniversário foi comemorado. E recebemos flores e louvações. E cantamos e dançamos embora trazendo um travo na garganta. Ainda assim, parabéns, companheiras!
POESIAS & POETAS
SAPÉ & TRANSITO – JOSOALDO LIMA RÊGO & ADRIANA GAMA DE ARAÚJO (Breve leitura) ANTONIO AÍLTON SANTOS SILVA “Com a retina virada para a América Latina”, numa quinta do último janeiro, o Sarau no Olho da Rua, organizado por Celso Borges e Adriana Gama no espaço receptivo do Sebo Poeme-se, abriu suas edições de 2020. Leituras de Nicanor Parra, Cesar Vallejo, Neruda, Alejandra Pzarnik, Nicolás Guillén..., e brasileiros, como o Marcus Accioly de Latinomérica, entre outros poetas. Um bom encontro de vida e poesia fora dos espaços virtuais, aos quais parece termos tido mais tempo para frequentar. Foi lá que tive acesso aos mais novos livros de Adriana Gama e Josoaldo Rêgo, naquele abraço de há dias. Josoaldo Rêgo vem já de pelo menos 5 livros de poesia: Paisagens possíveis (2010), Variações do Mar (2012), Máquina de filmar (2014), Motim (2015) e Carcaça (2016). Sapé foi publicado em 2019, pela 7Letras, que tem sido a editora desse poeta. É sem dúvida um excelente livro, tal como Carcaça, o qual, inclusive, ficou na lista dos 10 finalistas indicados para o Jabuti de 2017, Sapé impressiona por sua agudeza, pela intensidade da linguagem mínima e direta, pelo peso de um/ silêncio espectral que fala tanto quanto o dito. Diga-se de passagem que o preceito do mínimo ou do quase nada na página, aquela palavra escassa e fugaz orientada em geral pelo Condensare (Pound) ou pelo semioticismo construtivista como conceito poético, associado ao preceito do enigma moderno, toma por vezes, em muitos poetas, ares de prepotência ou de uma arrogância descabida – quase sempre olhando todo o resto da humanidade como se lhes estivesse prestando um grande favor, o que, para mim, cai no erro invertido do chamado lirismo diarreico, no geral deslumbrado e orgulhoso de suas frases batidas, de (suposta) espontaneidade gozosa e de suas divindades da inspiração. Não vejo esse problema em Josoaldo, na economia e por vezes secura quase ríspida de sua linguagem. Em seus livros, apesar da lâmina formal que o poeta afia cada vez mais, a linguagem não está a serviço de si mesma e do umbigo do autor como exibição de ciência/virtuose poética, mas como vestígios espaçotemporais, fragmentos sensíveis de viagens e deslocamentos, e, mais amplamente, como sínteses de encontros com a escassez de um mundo prévio que martela suas interrogações ao poeta quando ele mesmo não tem as respostas, ou quando sabe apenas dar respostas duras e destroçadas. É isso que vejo, depois de Carcaça, em Sapé, que começa com o sobressalto, o exílio dentro do corpo e do país (a prefaciadora, Annita Costa Malufe, fala em “corpos nômades e sem lugar, desterrados”): “‘Tem gente lá fora’ [tacando fogo em alguém]”, e que “[desconhece] o eco/ do pulmão/ quando queima” (Sapé, p. 17, 21). Há, portanto, em sua poesia, uma organicidade entre o universo da experiência e do confronto com o mundo e o universo da linguagem poética exímia, consciente de seu mais alto pertencimento ao enigma poético. Sapé, sem dúvida, traz-nos imensa alegria em saber que a poesia perdura alta e consciente de seu poder. Mas é preciso entender que na condição de dar voz a destroços de um mundo prévio e de percursos nômades, e a certos esquecimentos que precisam ser retomados pela palavra crítica de resgate – poética ou não –, ele também exige leitores exímios. Sem as referências e conhecimentos do que é pressuposto ou não no discurso poético (salvo aquelas frestas de informação que o prefácio traz, e que a poesia evidentemente não dá, e nem é este o seu papel), o leitor deve se preparar para entrar num domínio de rastros e vestígios sem cartas de navegação. E esta também é uma estratégia de Josualdo, que faz do seu livro um elo “crítico”, isto é, um elo em crise, entre a palavra e o mundo que está sendo incendiado, que é preciso se saber qual é. É com essa disposição que podemos adentrar nos territórios fronteiriços de Sapé:
SAPÉ Elisabeth Teixeira – um lugar de sobressalto e exílio dentro do país No susto, diz: tem gente lá fora A Camponesa sabe do calor no entorno da casa ESQUECER Cultivava a terra incrustrada nas unhas A gente é invisível disse a Moradora depois do desabamento com a paisagem de fuligem nas mãos. (Sapé, 2019, p. 17 e 18) Pois bem, falei no início deste texto que me deparei com dois livros, o do Josoaldo Rêgo e o da Adriana Gama, Transito (com tônica no /i/, transIto), publicado por ela mesma e Franck Santos, de forma artesanal, na editora própria, OLHOD’ÁGUA Edições. Sinto que há, inclusive, um estranho e subliminar liame desses dois livros, impulsionados pela ideia do TRÂNSITO, que convinha explorar no mesmo espaço de leitura. Mas, pela exiguidade e caráter deste espaço feicebuquiano, teremos de adiar essa espiada na Adriana Gama para muito breve. Vamos ficar com essa água na boca da poesia. A gente se fala!
CISÃO AMÉM! BIOQUE MESITO aos 50 anos de Antonio Aílton 1. era uma época de beleza de ignorância lamber os seios de uma mulher um feito merecedor de uma chuva de meteoros quando tocava meu pênis detrás daquele jardim luzes inebriantes solapavam os olhos vermelhos dela que se dizia relâmpago entre meus colhões a verdade é que todo aquele tempo vivíamos uma sinfonia de medos não seguíamos mais os beatles e o que se queria ser era só vanguarda ou rebeldia para agradar um bando de gente com suas interrogações doenças bombardeios ônibus espaciais se desintegrando na hora da sessão da tarde mas sobrevivemos a todos os meandros circunscritos nas calças jeans de nossos pais 2. há muito estive cansado meus cachorros se jogaram de dentro dos meus olhos e escaparam da comida ruim dos fast-foods baratos é certo e não existe coisa mais desagradável que um punhado de caos no final de uma sexta-feira naquela cidade naqueles degraus da matriz de são josé de ribamar vi os olhos de deus caminhando nos cabelos crespos de uma senhora que vendia potes de barro meus pecados talvez não durem mais que o olhar do bêbado dormindo na porta daquela casa em ruínas a fila é grande para os que desistem de amar durante muito tempo desisti de me contentar com um pouco de sexo vinho e discos de pink floyd 3. às vezes necessito que teus olhos larguem meus destinos nunca disse que amanhãs estão escritos na parede do quarto na incerteza encontraremos nosso refúgio necessário há um calendário de perdas no desnorteado sentimento tudo conspira e sopra a nosso favor mesmo desiludido encontro suas pegadas na minha sala de estar é a hora que me inflamo e beijo tuas mãos como reverência aquela fogueira não alcança mais minhas dúvidas divide meus vazios as coisas mudaram não são mais como sempre imaginei quando menino sentando em um banco de praça na avenida jerônimo de albuquerque conferia carros e admirava estrelas 4. hoje passam por um menino na calçada profissionais liberais advogados pessoas comuns casais de namorados desviam do inoperante destino mudam os olhares talvez só o apreciem o sol a chuva ou um amontoado de latinhas descartadas os sentidos de todos estão vidrados mesmo é com o aumento dos seios da filhinha do papai são silêncios que nos perseguem que quebram as asas dos anjos se eu permitir você com suas conchas estarei contribuindo para o eterno marasmo que nos persegue uma esquina é sempre um bom lugar para chorar calma que deus até hoje não desabrigou nenhum filho seu por isso esperemos 5. em horizontal perspectiva se esconde entre a neblina sugando a metafísica sem estralos da porta que o conduz ao precipício o faro de satã faz habitat na planície da noite é mais belo que o compulsivo sexo da amante amo a noite não me ouve às vezes ninguém me espera há uma chance para abrir a porta me sinto no precipício dentro dos meus olhos a vida basta as pessoas nunca se escutam espio o exercício de cada dia na espiral das escolhas todas as manhãs não tomo café meu vizinho ouve baixinho as notícias dos jornais nem mesmo chuva é ritual nesta existência talvez felicidade seja mais que todas essas coisas juntas 6. ela desce as escadas do corredor risca as paredes sem motivo inventa caos é estupidez o retrato do que poderia ser estepe diário filosofia esperança e minha debandada ela que retrai sorrisos é luta
íntima o olhar nervoso as estrelas o piano e as cordas vocais as rinhas os reinados a bússola a poesia e tudo que inverna e supera a maresia a santidade e a descrença é iemanjá a pausa a alegria dos casais por ela que tudo se acalma tudo se destrói com um gesto põe tudo a ganhar ou a perder é o destino a que todos esperam é o amor é a que se adianta porque nenhum inverno a espera nem a jose cuervo ou o cabaço da mocinha tremendo 7. naquele tempo tudo era muito impreciso nem imaginávamos como seria nossa atualidade quantos filhos só intentávamos em comer um monte de besteiras já passaram tantas tempestades meio século e ainda corremos para a felicidade a vida anda chata demais nem mesmo jogar futebol ou empinar papagaios nos distraem a vida é um acúmulo de cabelos brancos aos poucos vamos brilhando cada vez menos rugas até nas fotos de infância desesperança e angústia nossos companheiros do andar de cima e saber que um dia não mais estaremos por aqui o mal existe deuses e raparigas lindas sorrindo no sofá de um clube de adultos Extraído do livro Odisseia do nada registrado (Editora Penalux-SP, 2020).
ÀS MULHERES ANTONIO AÍLTON SANTOS SILVA Parabéns a todas as mulheres, neste 08/03/2020, DIA INTERNACIONAL DA MULHER. Parabéns escritoras e leitoras de todos os tempos representadas também pelas mulheres deste grupo. Na história, também a literatura sente os reflexos de uma hegemonia masculina que o próprio tempo e as lutas sociais femininas vêm desmoronar. Que possamos todos, mulheres e homens, contribuir com o melhor, com o bem, a parceria, as vivências e a convivência que irá desembocar numa literatura de alto valor, numa vida ampla e construtiva. Hoje, trago algumas das nossas poetas de alta consciência e qualidade da escrita. Você as conhece?... Deixe-se mergulhar pela força de suas poderosas e delicadas vozes. ARLETE NOGUEIRA DA CRUZ Rosas e goiabas (Rosas perfumadas e puras que tenho nas mãos são das mãos de minha mãe que acaba de entregá-las a mim. As goiabas macias e doces que mastigo são as bênçãos de meu pai que me chegam neste encontro solitário de viagens) [O QUINTAL, 2014] AURORA DA GRAÇA A mulher do povo A mulher simples no bar do porto seduz a chuva com o seu olhar incloncluído o seu caminho refaz no porto o seu andar a mulher simples no bar do porto deseja encalma a soluçar sua vida longe do que é mar [O TEMPO GUARDADO DAS PEQUENAS FELICIDADES, 2009] LAURA AMÉLIA DAMOUS Herança
Minha avó Amélia que tinha as orelhas rasgadas pelo peso do ouro me deixou um tesouro: não carregue mais do que a frágil carne suporta [CIMITARRA, 2001] LÚCIA SANTOS Façanha eu não nasci com estrela na testa eu não subi o monte everest nem cruzei a seco o sertão do agreste no meu talento a playboy não investe nem a seleção do reader’s digest nunca rezei terço como irmã dulce eu não atravesso o rio nilo a nado nunca cantei fado como a bem fadada amália eu não sou amélia eu não sou adélia (se bem que pasto no mesmo prado) eu não sei direito a idade da loba eu não tenho peito para alimentar RômuloeRemo eu não vou entrar pro livro dos recordes nem robert redford dormirá em meu leito a poesia é meu grande defeito [BATOM VERMELHO, 1998] TÂNIA RÊGO Miragem Dançam duas moças nas pontas dos pés Fazem curvas e descem ladeiras Saltitam feito a chuva que respinga alto na parede Muita prosa e alegria na prisão inesperada Vai a tarde tão depressa, voltam à lida e já nem coexistem mais [ESPRAIAMENTO DO SÓLIDO, 2018] ROSEMARY RÊGO Pedras A dor que me lambe
os ossos já não é mais como a agonia dos loucos Como a solidão das pedras. A dor que me lambe os ossos se encaixa na célebre canção dos dias A dor que lambe os ossos é como o suor do espírito carne que surge do amanhecer é como um gozo atormentado de ser poeta, A dor que lambe os ossos agora é feita de pedra e cal! [O ERGÁSTULO GOZO DA PALAVRA, 2004] LENITA ESTRELA DE SÁ Lobswoman Quando anoitece e mil visagens interrogam a lua meu coração em paz vibra uma festa mansa, temperada de arrepios, matizes furta-cores que, de surpresa, tomo a imperatrizes entre bandeiras, rufos de tambores de uma cidade antiga como a nossa. O que se flagra em mim de indivisível e íntimo me espera nestas ladeiras, quando a madrugada se alcança e arde no Portinho sob as sombras do casario, sob os cascos dos saveiros em cuja noite lamparinas bruxuleiam vultos [ANTÍDOTO, 2017] SILVANA MENEZES (O intenso instante) a página violada com meu sangue escarlate
profana o branco que até então era meu norte viver é sangrar quarar ao sol de fogo a chama que em mim arde viver é consagrar no real toda a dor de ser [O INTENSO INSTANTE, 2018] LUIZA CANTANHÊDE Silente fala Esta boca muda, Cuspindo metáforas, Não diz metade do que quer Dizer. Perplexo, O Deus desconhecido Também se cala ante a fome A faca e a flor. Os açoites com luva de pelica Pesa na dor que o tempo risca do lado esquerdo da vida. Calada, anestesio as feridas. [PALAFITAS, 2016] ADRIANA GAMA Good day, sunshine na noite que bill evans morreu meu sono comecei a sonhar like someone in love está escrito na minha testa e nas bandeiras que as pessoas guardam sob as camisas as fronteiras foram erguidas na parte mais bonita da estrada: aquela dança ao som de outra língua quantas palavras sem par no salão dos amigos da pátria teus pés de currupira pulsam dentro da única nave possível salva, salve, o coração em fuga! [TRANSITO, 2019]
NOVIDADES a maior comunidade acadêmica e de pesquisa em Educação Física, Esportes e Lazer da Internet.
http://cev.org.br/Educação Física no Maranhão
comunidades quem é quem biblioteca eventos educação sobre o cev contato
Comunidades Ponto de encontro para troca de informações sobre conceitos, livros, congressos e artigos entre pesquisadores, professores e estudantes da área de Educação Física, Esportes e Lazer. Comunidade Participantes Anatomia em Educação Física ANPPEF - Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação Física APEF - Associações de Profissionais em Educação Física Aprendizagem Motora Artes Atividade Física no Programa Saúde na Família Atividade Motora Adaptada Atletismo Avaliação em Educação Física e Esporte Dança Dança e Educação Física: Diálogos Desportos Aquáticos Dirigentes de IES em Educação Física e Esporte Dopagem na Atividade Física e Esportes
Badminton Basquete Biblioteconomia e Ciência da Informação em EF & Esportes Biomecânica Bioquímica do Exercício
Capoeira Ciclismo Corpo e Educação Indígena Corporeidade - Estudos Transdisciplinares Criança
EAD - Educação a Distância Economia Editores de Publicações Científicas Educação Educação Física do Trabalhador & Ergonomia Educação Física e Circo Educação Física e Esporte Educação Física Escolar Educação Física Militar
Educação Física na Paraíba Educação Física no Acre Educação Física no Amapá Educação Física no Amazonas Educação Física no Ceará Educação Física no Distrito Federal Educação Física no Espírito Santo Educação Física no Maranhão
Educação Física no Mato Grosso Educação Física no Mato Grosso do SulEducação Física no Pará Educação Física no Paraná Educação Física no Piauí Educação Física no Rio de Janeiro Educação Física no Rio Grande do Norte Educação Física no Rio Grande do Sul Educación Física en Latinoamerica Gênero e Esporte Genética e Atividade Física Gestão Desportiva Ginástica Ginástica Laboral
Educação Física em Alagoas Educação Física em Goiás Educação Física em Minas Gerais Educação Física em Pernambuco Educação Física em Rondônia Educação Física em Roraima Educação Física em Santa Catarina Educação Física em São Paulo Educação Física em Sergipe Educação Física na Bahia Esporte Escolar Esporte para Todos Esporte Universitário Esportes de Aventura Esportes Diferenciados Esportes Náuticos Esportes Paralímpicos Estudos Olímpicos Ética e Moral no Esporte Handebol História da Educação Física e dos Esportes
Fisiologia do Exercício Fisioterapia Esportiva Fitness e Qualidade de Vida Futebol Futsal Filosofia do Esporte Idoso Instalações Esportivas Legislação Desportiva - CEVLeis Lusofonia Nutrição em Educação Física e Esportes
Jiu-Jitsu Judô Marketing Esportivo Mídia e Esportes Musculação Oftalmologia Esportiva ONGs e Esporte
Rádio CEV Recreação e Lazer Rugby
Sociologia do Esporte Surfe
Volei
Wushu
Karate Lusofonia Pedagogia do Esporte Políticas Públicas Professores Universitários em EF Psicologia do Esporte Tecnologia no Esporte Tênis Tênis de Mesa Treinamento Desportivo Triathlon Xadrez
Newsletter Você também pode receber todas as Novidades do CEV, uma vez por dia, no seu e-mail. Basta informa-lo no formulário abaixo: Seu E-mail:
assinar
Acompanhe:
Lazer Terapêutico: Pesquisa-Ação com Trabalhadores de Serviços de Saúde Mental, álcool e Outras Drogas Movimento Caracterização do Desempenho Físico de Atletas de Futebol Para Amputados Brincadeiras e Jogos Populares o Que Fazer em Aulas de Educação Física nas Perspectivas Sócio-culturais do Paradesporto na Escola Barreiras Para a Prática de Atividade Física Por Pessoas Surdas Torcedores do Futuro? as Motivações Que Levam Jovens Brasileiros a Se Envolverem Como ‘torcedores’ de Clubes de Futebol da Europa Recursos das Fontes de Financiamento do Esporte de Alto Rendimento do Brasil: Uma Releitura do Período 2010-2014 Impacto do Desempenho Esportivo no Desempenho Financeiro dos Principais Clubes de Futebol do Rio Grande do Sul Democratização da Gestão e Governança Corporativa no Futebol Brasileiro - Um Estudo de Caso Sobre o Esporte Clube Bahia Inovações Não Tecnológicas Aplicadas à Administração Esportiva - Como a Inovação de Marketing e os Novos Modelos de Negócios Alavancaram a Administração Futebolística no Século XXI A Fantástica Fábrica de Xerém: Uma Análise do Retorno Financeiro das Categorias de Base do Fluminense Football Club Premissas de Marketing Esportivo - Ecossistema, Composto de Marketing e Torcedores Revista de Gestão e Negócios do Esporte - RGNE Influência da Condição Financeira na Composição da Delegação do Distrito Federal nos Jogos Escolares da Juventude 2017 Boa Forma 1, 1. Capa e Créditos Rumo à Atividade Total Jogos Recreativos: Uma Gostosura Matroginástica, a Ginástica Que Alegra Mente e Corpo Tranqüilos Como Cuidar da Dor nas Costas Exercícios e Máquinas Maravilhosas Antiginástica: Para Melhorar a Postura Bionergetica, a Terapia do Prazer Alegres Dias... de Trabalho O Lucro Acima dos Direitos: Destruindo Apromoção de Saúde Nagestão Low-cost Fitness Revista de Direito Trabalho, Sociedade e Cidadania Coordenação Motora em Crianças com Síndrome de Down Praticantes de Futebol Contribuição da Educação Física na Inclusão Escolar: o Papel do Professor na Equipe Interdisciplinar de Reabilitação Comportamento Social de Uma Criança com Deficiência Física em Um Programa de Atividade Motora Adaptada
Competência Motora de Escolares com Transtorno do Espectro do Autismo: Ajustes Procedimentais na Utilização do Ktk Comparação das Percepções de Sucesso Esportivo Entre Atletas de Rúgbi em Cadeiras de Rodas com Diferentes Níveis de Desempenho, Tempo de Experiência e Regime de Treinamento Como é Ser Mãe de Filho com Deficiência? Contribuições da Educação Física na Formação Humana: Práticas Pedagógicas no Ensino Fundamental. Identidade do Professor de Educação Física: Um Estudo Sobre os Saberes Docentes e a Prática Pedagógica Que Tempos Exergames no âmbito da Educação Especial: Mapeamento das Dissertações e Teses Desenvolvidas no Brasil Em Defesa de Arquibancadas Mais Plurais: Rememorando a Coligay Escola de Educação Física em São Paulo/ USP: Um Estudo Sobre o Currículo do Curso de Formação de Professores de Educação Física (décadas de 1960 e 1970) Efeitos da Fotobiomodulação no Desempenho Esportivo de Para-atletas de Natação: Uma Série de Casos Efeito de Um Programa de Ginástica no Equilíbrio Dinâmico de Idosos Educação Física, Lazer e Esporte: Possibilidades de Práticas Inclusivas Através da Dança. Pedagogia do Futsal na Infância Metodologias e Estratégias de Ensino Para Qualificar o Jogo de Crianças de 4 a 9 Anos. Presença Americana na Educação Física Brasileira : Padrões Culturais na Imprensa Periódica (1932-1950) Fernando de Azevedo: na Batalha do Humanismo Educação Física no Estado Novo Processos de Formação e Práticas Docentes na Constituição Histórica da Educação Física Escolar no Espírito Santo, nas Décadas de 1930 e 1940 Alfredo Gomes de Faria Junior e a Educação Física Brasileira nos Anos 1960 e 1970: Uma História Que Se Conta Atividade em Pequenos Grupos nas Aulas de Educação Física: Análise à Luz da Perspectiva Históricocultural Handebol em Cadeira de Rodas: Revisão Sistemática da Produção dos Programas de Pós-graduação Stricto Sensu do Brasil Função Autonômica e Predição do Desempenho Funcional de Pacientes com Doença de Parkinson Formandos em Educação Física Estão Preparados Para Atuar com Pessoas com Deficiência? O Aluno Invisível na Aula de Educação Física: Perspectivas de Alunos Surdos ou com Perda Auditiva Sobre Inclusão Nível de Atividade Física e Qualidade de Vida em Adultos de Jacobina-ba Natação Artística Inclusiva: Importância do Atleta Não Pcd, Como Apoio, Aos Demais na Execução das Rotinas Uma Série de Casos Motivos Para a Prática de Exercício Físico em Adultos com Lesão Medular Mobiufal: Contribuições Para a Inclusão dos Estudantes com Deficiência da Universidade Federal de Alagoas Método Halliwick Aplicado em Adolescente com Paralisia Cerebral: Um Estudo de Caso Intervenção com Jogos Nutricionais no Programa de Iniciação Ao Desporto Especial: Um Relato de Experiência Independência Funcional de Pessoas com Lesão Medular no Proamde Inclusão de Alunos Autistas nas Aulas de Educação Física
Percepção de Atletas do Rugby em Cadeira de Rodas Sobre os Apoios Recebidos Para a Prática do Esporte Adaptado Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional Avaliação nas Aulas de Educação Física: Práticas e Produções Cotidianas na Escola O Trato Pedagógico dos Esportes Adaptados no Ensino Médio na Educação Física Escolar: Um Relato de Experiência O Profissional de Educação Física e Suas Concepções Sobre o Estudante com Transtorno do Espectro Autista O Handebol em Cadeira de Rodas na Perspectiva da Pessoa com Deficiência: Um Estudo de Caso O Empoderamento de Pessoas com Deficiência: Percepções de Gestores, Professores e Usuários O Circo Adaptado Como Ferramenta de Desenvolvimento Integral Para Pessoas com Deficiência Anais do XVIII Encontro Nacional de Educação Infantil O Fenômeno do Brincar. Ciência e Imaginação Aninhá Vaguretê: Reflexões Simbólicas Para a Educação Física no Ritual do Torém dos índios Tremembé Perfil da Velocidade de Bola das Classes da Bocha Paralímpica Perfil da Aptidão Física em Crianças e Adolescentes com Deficiência Intelectual Autor Participação e Inclusão de Um Aluno com Transtorno do Espectro Autista nas Aulas de Educação Física Escolar Participação de Pessoas com Deficiência Visual em Aulas de Educação Física em Escolas Públicas de Maceió Paracheer Sanca All Stars: Formação da Primeira Equipe Brasileira de Cheerleading Para Pessoas com Deficiência Paracanoagem: Relato das Ações de Ensino, Pesquisa e Extensão Desenvolvidas na Universidade Federal do Vale do São Francisco - Pe Para-badminton: Análise Quantitativa das Ações de Propulsão da Cadeira de Rodas Durante as Finais do Campeonato Mundial da Inglaterra Para Submission B: Uma Proposta de Esporte Adaptado Para Pessoas com Deficiências Visuais Os Efeitos de Um Programa de Atividades na Coordenação Motora de Crianças/adolescentes com Deficiência Intelectual Autor Quando Foi a última Vez Que Pensei Sobre o Futuro? Projeto de Lei do Açúcar - 2016 Esporte, Stress e Burnout O Brincar da Criança com Câncer no Hospital: Análise da Produção Científica Estudos de Psicologia Estudos do Lazer Revista Brasileira de Enfermagem Relações Pedagógicas da Educação Física com Crianças e Adolescentes em Tratamento Oncológico Percepção das Competências Necessárias Para Atuação Profissional em Treinadores de Basquete A Casa Caiu Estilo de Vida Sedentário e Sua Associação com Fatores de Risco Cardiovasculares em Adolescentes Brasileiros : Resultados do ERICA José Trajano no Sempre é Um Papo O Skate Vai Ao Cinema Análise da Origem e História do Handebol na Cidade de Santos
Até os Deuses Amam Futebol (vídeo) Até os Deuses Amam Futebol O Presente 1 Drible, 2 Dribles, 3 Dribles: Manual do Pequeno Craque Cidadão A Bola e o Goleiro O Chute Que a Bola Levou O Que Eu Espero Aprender na Educação Física?: Percepções de Estudantes do Ensino Fundamental Entre o Meio da Rua e o Meio Esportivo - a Lutas em Jornais de Salvador (1920-1935) Educação Physica Por Margarida Fryer: o Livro e os Saberes Necessários à Formação da Professora Normalista do Rio de Janeiro (1931) Cultivar o Físico e Desenvolver os Músculos: Inezil Penna Marinho e o Reconhecimento do Método Natural Mulher Pode Tudo! Memórias do Nadar Contra a Correnteza em Mar Aberto: Esporte, Educação e Relações de Gênero Crônica de João Saldanha: Um Gol da Previdência. 1986 JB Justiça Social na Universidade: Uma Narrativa Sobre os Desafios, as Lutas e os Prazeres Que Acadêmicos Enfrentam Ao Empregarem a Pedagogia Critica em Programas de Formação de Professores de Educação Física no Brasil É Só Virar Bocó: Relatos da Ensinagem de Educação Física. Se Ele Joga, Eu Também Jogo: as Mulheres Rurais e a as Condições de Lazer Virada Corporalista na Educação Física Colombiana Qual é a Sua Praia? Um Estudo Sobre Apropriação dos Espaços Públicos Pela Iniciativa Privada Peteca é Coisa de Menina, Professora! Educação Física e Questões de Gênero Os Meninos Falam Que Ela é Homem – Enuncicações Normativas de Gênero na Educação Física O Telefone Tocou Novamente: Tematizando o Samba Rock nas Aulas de Educação Física Culturas de Classe - Identidade e Diversidade na Formaçao do Operariado Brasil em Jogo; o Que Fica da Copa e das Olimpíadas? A Body Art nas Performances de Tales Frey: Reflexões Para a Educação Física A Base Teórica Orientadora da Organização do Ensino no Estágio Curricular Supervisionado A Auto-eco-organização e a Experiência do Professor: Interpretações Preliminares a Partir do Paradigma da Complexidade A Ausência das Práticas das Lutas no Ambiente Escolar A Atividade Epistemológica de Go Tani no Campo da Educação Física Brasileira A Artesania das Práticas Pedagógicas da Educação Física no Ensino Médio A Ambivalência dos Processos de Ressignificação no Currículo Cultural da Educação Física A Acurácia Interoceptiva Influencia a Regulação do Esforço Físico em Atletas da Categoria Sub-15 A Abordagem das Questões de Gênero na Educação Física Escolar: Um Estudo Colaborativo A Abertura Ao Esporte Como Ferramenta de Transformação Social: a Experiência do Judô no Município de Itaparica-ba 10 Anos do Projeto de Extensão Educar Para Atividade Física - Epaf: Articulando Saberes Para a Construção da Corporeidade na Terceira Idade 10 Anos de Formação em Educação Física na Unifap: Análise da Produção do Conhecimento Revisão Sistemática Sobre Consultoria Colaborativa em Educação Física Adaptada Revisão Sistemática de Estudos da Psicologia Brasileira Sobre a Atividade Motora Adaptada à Pessoas com Deficiência Possibilidades de Atuação do Profissional de Educação Física no Esporte Adaptado Por Quais Motivos os Idosos da Uati de Jacobina-ba Permanecem na Musculação?
Perfil Motor de Crianças com Transtorno do Neurodesenvolvimento: Tea e Tdah Perfil e Classificação Funcional dos Atletas Brasileiros na Modalidade Para Ski Cross Countr A Contribuição dos Jogos Cooperativos em Situações de Vulnerabilidade Social Transferências e Registros de Atletas Profissionais de Futebol Para Entender o Brasil: o País do Futebol. Futebol a Esportivização do Brasileiro Futebol Versus Poder Quem Não Faz Leva: as Máximas e Expressões do Futebol Brasileiro - 1986 Sinais Indicativos de Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação em Escolares: Há Diferenças Entre Meninos e Meninas? Significações de Um Universitário com Deficiência Visual do Curso de Licenciatura em Educação Física Acerca do Seu Processo Educacional Significações Constituídas Por Um Sujeito com Deficiência Visual Sobre a Prática de Goalball Dimensões Pedagógicas do Esporte Do Brasil e Outras Marcas As Copas do Mundo no Brasil. Memórias, Identidades e Diplomacia (1950/2014) Heróis de 59. a História do Primeiro Título Brasileiro Conquistado Pelo Esporte Clube Bahia Dia Mundial da Atividade Física 2020 Violência no Futebol. Ideologia na Construção de Um Problema Social Jogo de Corpo. Um Estudo de Construção Social de Trabalhadores A Mercadoria do Futebol Joguem Como Homens. Masculinidades, Liberdade de Expressão e Homofobia em Estádios de Futebol no Estado do Maranhão A Orgia do Poder Cartão Vermelho: Como os Dirigentes da Fifa Criaram o Maior Escândalo da História do Esporte Menina Também Joga Futebol Sempre Fomos, Sempre Seremos Futebol e Copas – Uma Aula de História Olimpismo Para o Século XXI Valores Associados Aos Jogos Olímpicos Atividade Física e Jogos Olímpicos: Reflexões a Partir de Londres 2012 e Rio 2016 Ciclovias Ajudam a Humanizar Espaço Urbano Ciência e Cultura Educação Física Escolar: Práticas de Pesquisa e Saberes Científicos em Revista (1979-2009) Educação Olímpica nos Jogos Rio 2016: Entre o Conhecimento e o Mundo da Vida Impacto de las Políticas Brasileñas de Ciencia Y Tecnología En La Actividad Investigadora de Las Universidades Federales: Un Estudio Cienciométrico Del Período 2003-2015. Sob o Fio da Navalha: Análise das Ciências Praticadas Pelos Pesquisadores da Educação Física Brasileira em Periódicos Científicos (2005-2016) Ser Forte Para Fazer a Nação Forte: a Educação Física no Brasil, 1932-1945 (1991) Entre a França e o Brasil: Criação, Circulação e Apropriações do Método Francês de Educação Física (19311960) Duas Vezes Junho: Duas Copas do Mundo, Dois Momentos de Uma Ditadura Brutal Violência Sexual Contra a Mulher com Deficiêcia: Revisão de Literatura
Velocidade de Lançamento e Precisão em Atletas de Bocha Paralímpica Validação de Conteúdo de Um Protocolo em Manejo de Cadeira de Rodas Utilização de Smartphone com Sensores Inerciais Para Mensurar o Controle Postural na Paracanoagem: Estudo Piloto Memoria Social dos Esportes Vol. 2: Futebol e Politica - a Construçao de Uma Identidade Nacional Da Imprensa Periódica de Ensino e de Técnicas Aos Livros Didáticos da Educação Física: Trajetórias de Prescrições Pedagógicas (1932-1960) O Jogo da Cultura e a Cultura do Jogo: Por Uma Semiótica da Corporeidade Jogos Indígenas da Paraíba: Significados das Práticas Corporais Para a Etnia Potiguara Neymar. Conversa entre pai e filho. Controle da Pressão Arterial em Idosas de Uma Universidade da Terceira Idade: Efeitos de Ações Educativas e da Prática do Pilates Mudanças na Percepção da Qualidade de Vida Durante o Aprendizado do Reiki
Distribuição da Intensidade do Treinamento de Jovens Jogadores de Futebol de Elite Futebol e Mulheres na America Latina. Chamada de Trabalhos Crianças de Zero a 4 Anos Padrões Neuromusculares e Motores na Técnica de Bruços Postar Preprints Antes da Avaliação Por Pares Está Associado à Maior Visibilidade e Citação dos Artigos Publicados Respostas Hemodinâmicas Ao Exercício de Força com Restrição do Fluxo Sanguíneo em Pequenos Grupos Musculares Coordenação Motora Como Preditor de Aptidão Física em Meninos Pré-púberes A Gordura Corporal, Mas Não a Qualidade Muscular, Está Relacionada à Fadiga Percebida em Mulheres Jovens e Ativas e Inativas Efeito do Número de Horas e Dias de Uso do Acelerômetro nas Estimativas de Atividade Física em Adolescentes Ginástica Para Todos Comportamento Sedentário e Incapacidade Funcional em Idosos com Baixo Status Econômico: Estudo Monidi Aplicabilidade do índice de Adiposidade Corporal na Estimativa da Gordura Corporal em Adolescentes com Diabetes Mellitus Tipo 1 Modos de Deslocamento Para a Escola Entre os Alunos da 5ª e 6ª Série Validade e Fiabilidade do Questionário de Ambiente de Atividade Física Escolar em Adolescentes Prevalência e Fatores Associados à Insatisfação com a Imagem Corporal em Universitários: Análise de Inquéritos Repetidos Associação Entre Diabetes, Hipertensão, Atividades da Vida Diária e Atividade Física Entre Idosos Usuários de Unidades Básicas de Saúde Efeito da Periodização nas Capacidades Físicas de Jogadores de Basquete de Uma Escola Militar Associação Entre Necessidades Psicológicas Básicas da Teoria da Autodeterminação e Percepção da Coesão do Grupo Entre Atletas de Futsal de Alto Rendimento Atividade Física e Hábitos Nutricionais em Estudantes de Educação Física: Um Estudo Transversal em Brasília Atividade Física e Hábitos Nutricionais em Estudantes de Educação Física: Um Estudo Transversal em Brasília
Efeito de Diferentes Estratégias de Treinamento com o Uso de Coletes à Carga Interna em Atletas de Voleibol Comparação Entre Duas Gerações Para Verificar as Mudanças Morfológicas em Atletas de Futsal em Um Período de 10 Anos