MARANHAY - Revista Lazerenta 41, Maio 2020

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MARANHHAY REVISTA LAZERENTA (REVISTA DO LÉO) EDITADA POR

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536

NUMERO 41 – MAIO - 2020 SÃO LUIS – MARANHÃO


A

presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.

EXPEDIENTE MARANHAY REVISTA LAZERENTA Revista eletrônica EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); Titular da UEMA (1977/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 14 livros e capítulos de livros publicados, e mais de 320 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Sócio-correspondente da UBE-RJ; Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luis (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Premio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Premio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; editor da “ALL em Revista”, vol. 1 a 6, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras; Editor da Revista do Léo, a que esta substitui (2017-2019). Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.


MARANHAY – REVISTA LAZERENTA – 2020 Sucessora da Revista do Léo A PARTIR DESTE NÚMERO, CORRIGIDA A NUMERAÇÃO, COM SEQUENCIAL, DOS SUPLEMENTOS E EDIÇÕES ESPECIAIS:

VOLUME 28 – JANEIRO 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_maranhay__28_-_janeiro____2020b VOLUME 29 – FEVEREIRO 2020 https://issuu.com/home/published/revista_do_leo_-_maranhay__29-_fevereiro___2020b VOLUME 38 – FEVEREIRO DE 2020 – EDIÇÃO ESPECIAL – PRESENÇA AÇOREANA NO MARANHÃO https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_maranhay__39-_fevereiro___2020 VOLUME 39 – MARÇO 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_maranhay__39-_mar_o___2020 VOLUME 40 – ABRIL 2020

https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_40_-_abril___2020.d VOLUME 41 – MAIO 2020


NÚMEROS ANTERIORES - REVISTA DO LÉO

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VOLUME 16 – JANEIRO DE 2019 https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__16_-_janeiro_2019

VOLUME 16.1 – JANEIRO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: PESCA NO MARANHÃO https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__16_1__-_janeiro__20 VOLUME 17 – FEVEREIRO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_17_-_fevereiro__2019 VOLUME 18 – MARÇO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__18_-_mar_o_2019 VOLUME 19 – ABRIL DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__19-_abril_2019 VOLUME 20 – MAIO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__20-_maio_2019 VOLUME 20.1 - MAIO 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO E A QUESTÃO DO ACRE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__20.1_-_maio_2019_-_ VOLUME 21 – JUNHO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__21-_junho_2019 VOLUME 22 – JULHO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__22-_julho_2019 VOLUME 22.1 – JULHO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__22-_julho_2019_-_ed VOLUME 23 – AGOSTO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__23-_agosto_2019 VOLUME 23.1 – AGOSTO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: AINDA SOBRE A CAPOEIRAGEM MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__23.1-_agosto_2019_VOLUME 24 – SETEMBRO DE 2019 – LAERCIO ELIAS PEREIRA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec VOLUME 24.1 – SETEMBRO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: IGNÁCIO XAVIER DE CARVALHO: RECORTES E MEMORIA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec VOLUME 25 –OUTUBRO DE 2019 – https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__25_-_outubro__2019 VOLUME 26 –NOVEMBRO DE 2019 – https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__26_-_novembro__2019 VOLUME 27 – DEZEMBRO DE 2019 –

https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__27_-_dezembro___2019 VOLUME 27.1 – DEZEMBRO DE 2019 – suplemento – OS OCUPANTES DA CADEIRA 40 DO IHGM

https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__27.1_-_dezembro___2019 VOLUME 30 – edição 6.1, de março de 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_especial__faculdade_ VOLUME 31 – edição 8.1, de maio de 2018 EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO: VIDA E OBRA – MAIO 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8.1_-__especial__fra VOLUME 32 – edição 15.1, de dezembro de 2018 ÍNDICE DA REVISTA DO LEO 2017-2018


https://issuu.com/…/docs/6ndice_da_revista_do_leo_-_2017-201 VOLUME 33 – edição 16.1, de janeiro de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: PESCA NO MARANHÃO https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__16_1__-_janeiro__20 VOLUME 34 - edição 20.1, de maio de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO E A QUESTÃO DO ACRE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__20.1_-_maio_2019_-_ VOLUME 35 – edição 22.1, de julho de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__22-_julho_2019_-_ed VOLUME 36 – edição 23.1, de agoto de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: AINDA SOBRE A CAPOEIRAGEM MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__23.1-_agosto_2019_VOLUME 37 – edição 24.1, de setembrp de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: I. XAVIER DE CARVALHO: RECORTES E MEMORIA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec


EDITORIAL

A “MARANHAY – REVISTA LAZERENTA” é sucessora da “REVISTA DO LÉO”, e continua em seu formato eletrônico, disponibilizada através da plataforma ISSUU – https://issuu.com/home/publisher. Neste ano acontecerá mais um Encontro de Pesquisadores em História do Espoirte, Lazer e Educação Física. Fiz um ‘desafio’ aos Professores da Disciplina de História da Educação Física e Esportes dos diversos Cursos Superiores de Educação Física existentes no Maranhão, para um encontro aqui, ou uma mesa-redonda, para discutir o ‘estado-da-técnica’ do conteúdo da disciplina nesses cursos. Na UFMA, por exemplo, existem dois professores: um no curso de Licenciatura, outro no de Bacharelato... não responderam... Nos demais cursos, IES particulares, nenhuma resposta; que dirá aqueles que funcionam nos municípios lemitrofes do Maranhão, semi-presenciais, com aulas nos finais de semana... de meu conhecimento, da ultima vez que consegui alguma informação, eram 56 turmas em funcionamento, a maioria ligadas à instituições do vizinho Piauí... todas sem registro no MEC... Quem ‘faz’ História no Maranhão? Existe pesquisa na área? Sei de uns poucos trabalhos, monografias de graduação, alguns mestrados fora do Estado, Doutorado fora do País... em outras áreas, mas que podemos extrair fatos históricos... Solicitei várias vezes à Coordenação do Curso, e aos diversos grupos de Estudo do curso da UFMA uma relação das monografias apresentadas desde seu inicio. Sem respostas; à Biblioteca Central, não sabem informar; que dirá noticias sobre os cursos de professores que atuam no Maranhão, que vieram de fora, com suas pós-graduação – Mestrado, Doutorado, Pós.... – Como avaliar a produção científica, sem dados e informações? A partir deste número, começo a publicar pesquisa sobre Fran Paxeco, em capítulos, FRAN PAXECO – RECORTES E MEMÓRIA...

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EDITOR


SUMÁRIO 02 07 08 10

EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO

LAZERICES/LAZERENTOS HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO CINEMAS E A IMPORTÂNCIA CULTURAL DOS TAJRAS

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ESPORTE & EDUCAÇÃO FÍSICA

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LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ PESQUISA CIENTÍFICA EM EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE, E LAZER NO MARANHÃO

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HISTÓRIA(s) DO MARANHÃO

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EUCLIDES MOREIRA NETO ENTENDA O PORQUÊ DEVEMOS ACABAR COMO ABRIGO DO LARGO DO CARMO HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO PENINSULA OU PONTA D’ AREIA, A RESISTÊNCIA DA PRAIA. NONATO REIS A TRAVESSIA DA BAÍA DE SÃO MARCOS, UMA ODISSEIA HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO BONDE, BONDE DOS 40 E A BOTA PRETA (2016) HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO. A PRAÇA DA ALEGRIA, VIZINHOS, AMIGOS E ADJACÊNCIAS. HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO O ILA E O INÍCIO DA REBELDIA NA UFMA

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NAVEGANDO COM JORGE OLIMPIO BENTO EXTRAINDO HISTÓRIAS COM O FARAÓ RAMSSÉS

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78 79 81 82 84 89

RAMSSES DE SOUSA SILVA O COLÉGIO MARISTA MARANHENSE; UM ANTIGO MORGADO CATARINA MINA OS SOUTO-MAIOR DE CANTANHEDE-MA D. GUILHERMINA AMÉLIA DE FREITAS DOS SANTOS JACINTHO OS "AGUIAR" DE BURITI-MA FAMÍLIA VIVEIROS, DE ALCÂNTARA-MA "CUTRIM" DA BAIXADA MARANHENSE A FAMÍLIA DE ALUÍZIO E ARTHUR AZEVEDO O CASAMENTO COMO CONSÓRCIO ENTRE AS ANTIGAS FAMÍLIAS DO MARANHÃO A ENRASCADA DE MATHEUS GONÇALVES SOUTO. OS "GONÇALVES SOUTO" DE SÃO LUÍS. O CASAMENTO COMO CONSÓRCIO ENTRE AS ANTIGAS FAMÍLIAS DO MARANHÃO A ILUSTRE PROFESSORA ROSA CASTRO OS "DIAS VIEIRA" E OS "FONSECA" DO LITORAL OCIDENTAL LUIZ ANTÔNIO DE OLIVEIRA JÚNIOR, O "BARÃO DE TROMAÍ". SESMARIA DO ITAPIRACÓ. 97 ANOS DO SAMPAIO CORRÊA OS PARENTES DE POMBAL NO MARANHÃO OS "SMITH" DE SÃO LUÍS E TURIAÇU. OS "KUBRUSLY" DE ROSÁRIO E SÃO LUÍS.

SOBRE LITERATURA & LITERATOS CERES COSTA FERNANDES O DESAMOR AYMORÉ ALVIM AS ÁGUAS DE MARÇO. DIOGO GUAGLIARDO NEVES NO GAVIÃO

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CERES COSTA FERNANDES MEU AMIGO NAURO MACHADO FERNANDO BRAGA O SENSO ESTÉTICO DE OSWALDINO MARQUES JOSÉ NUNES COMO ESCREVE CARVALHO JUNIOR CERES COSTA FERNANDES POEMATIZAR É PRECISO ANTONIO AILTON SÃO LUÍS na POESIA: ENTRE A PROVÍNCIA MEMORIAL E A CIDADE-MUNDO CERES COSTA FERNANDES ONDE ANDARÁ LIDONEZA AYMORÉ ALVIM SEU CORONA. ESSE É O CARA.

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POESIAS & POETAS DIVANIZE CARBONIERI SEIS POEMAS DE RICARDO LEÃO DEMETRIOS GALVÃO 7 POEMAS DE RICARDO LEÃO CINCO POEMAS DE LUIZA CANTANHÊDE - - UMA IMENSIDÃO DE BELEZA CARVALHO JUNIOR 4 POEMAS DE FRANCISCO TRIBUZI

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NOVIDADES 157

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ FRAN PAXECO: recortes & memórias PARTE I

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LAZERICES & LAZERENTOS


CINEMAS E A IMPORTÂNCIA CULTURAL DOS TAJRAS HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO Há alguns dias conversei com um amigo sobre cinema, melhor, conversei sobre filmes e salas de exibição. O amigo por ser mais jovem, não conheceu os antigos cinemas, lembrou-se apenas do Cine Roxy e das sessões pornôs que eram exibidas na década de 1980. Não conheceu o Éden, Rialto, Monte Castelo ou Passeio. Nasceu na decadência das grandes salas de cinema. Comentei com ele sobre a importância de José Bernardo Tajra no contexto cultural da cidade. José Bernardo foi um dos maiores conhecedores de cinema no Brasil e também um grande colecionador, seu acervo era fantástico. Possuía todas todos os filmes da Metro Gold Meyer e se dizia portador de uma doença chamada “metrite”, dada a sua paixão pelos filmes produzidos pela Metro. José Bernardo era filho do libanês Moisés Tajra, o maior empresário de cinema que Maranhão já teve. A nossa conversa se transformou em um monologo dado a minha verborrágica exposição sobre Moisés Tajra. O empresário era proprietário dos Cines Éden, Roxy, Rialto, Rival e do Cine Ribamar, este ficava na cidade de São José de Ribamar. O Cine São Luís, Monte Castelo e Passeio eram de uma outra família descendentes de libaneses, os Dualibe, da cidade de Viana. O Cine São Luís funcionou no Teatro Artur Azevedo. Era muito cinema para uma cidade com uma população de 300 mil habitantes. Talvez por ser a única diversão da cidade, os cinemas tinham público e qualidade. A conversa voltou-se para campo afetivo e confessei que o primeiro filme que assistir foi “A Paixão de Cristo”, assistir o filme no Cine Ribamar em companhia da minha mãe, que chorou o filme inteiro, emocionada com o sofrimento de Jesus. O Cine Ribamar ficava ao lado da casa dos meus pais naquele município. E como em toda cidade do interior, havia no Cine Ribamar um serviço de alto-falantes, “A Voz Caramuru”, que anunciava as atrações cinematográficas e os pedidos musicais. Logo depois da “Paixão de Cristo” assisti alguns filmes de Mazzaropi e algumas chanchadas da Atlântida no Cine São Luís. Em todas as ocasiões estava sempre na companhia dos meus pais ou do meu irmão José Franklin, ou da minha irmã Hamilena. Meu pai tinha um gosto apurado, gostava de ópera e dos filmes do Charles Chaplin. Seu gosto musical era apurado e o fazia ter uma fantástica coleção de discos de músicas clássicas. A coleção de ópera e de músicas clássicas conservo até hoje, alguns destes discos são de 45 rot./min. A década de 1960 talvez tenha sido a mais profícua para o cinema, todas as salas exibiram os grandes clássicos de crítica e de bilheteria. A sensibilidade artística e o bom gosto estético de José Bernardo e a visão comercial de Moisés Tajra fizeram de São Luís uma cidade de cinemas. A minha lembrança cinematográfica vai bem além da “Paixão de Cristo”, dos filmes de Carlito ou das chanchadas da Atlântida. A minha primeira experiência da grandiosidade do cinema foi o grito do Tarzan e tenho quase que certeza, que toda a minha geração ouviu ou repetiu pelo menos uma vez o grito do Tarzan. A década produziu muito além das minhas emoções infantis, produziu filmes como Lawrense da Arábia, Bem-Hur, o premiadíssimo musical A Noviça Rebelde, o épico Spartacus, o revolucionário Perdidos na Noite, a ficção extraordinária de 2001: Uma odisseia no espaço, os românticos Dr. Jivago, Candelabro Italiano e Romeu e Julieta, o assustador Bebe de Rosemary, o clássico do western Os brutus também amam e o lento e apaixonante pop do cinema francês Um homem e Uma mulher. Todos exibidos em sala cheia nos cinemas da cidade. Foram muitos filmes e muitas histórias. Certa vez contabilizei mais de 100 filmes de sucesso da década de 1960, incluindo o cinema novo brasileiro. A diferença de idade não impediu de um consenso: São Luís tem vocação para o cinema.


ESPORTE & EDUCAÇÃO FÍSICA Espaço destinado às discussões sobre o Esporte e a Educação Física – antes, dedicado ao Atlas do Esporte no/do Maranhão.


PRIMÓRDIOS DA PESQUISA CIENTÍFICA EM EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE, LAZER NO MARANHÃO

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Academia Ludovicense de Letras Licenciado em Educação Física. Mestre em Ciência da Informação

Tenho me dedicado ao resgate de Memória da Educação Física, Esporte, e Lazer no/do Maranhão. Já apresentei o Atlas do Esporte no Maranhão 1, além dos números publicados na REVISTA DO LEO2, agora MARANHAY, Revista Lazerenta, além de artigos publicados na REVISTA DO IHGM e na ALL EM REVISTA, EDUCACION FISICA Y DEPORTES (Argentina), e outras revistas dedicadas, no Brasil e no Exterior, e artigos de divulgação na imprensa local (Maranhão/São Luís)3. O presente artigo tem por objetivo resgatar o inicio da pesquisa científica em Educação Física, Esporte e Lazer no/do Maranhão4, tendo em vista que, apesar de inúmeras consultas à Biblioteca Central da UFMA5, e ao Curso de Educação Física tanto daquela Universidade, como dos demais cursos existentes em funcionamento no Maranhão, não se consegue uma resposta sobre a quantidade e tipo de trabalhos apresentados por professores e alunos, seja em cursos de pósgraduação – em todos os níveis – seja aqueles de conclusão de curso. Não se sabe a dimensão da pesquisa e os assuntos tratados, por esses, digamos, pesquisadores! Fica, pois, a provocação!!! Nos escritos de Aluísio de Azevedo6 – especialmente em O Mulato apresentado ao público em 1879, como em crônica publicada em 10.12.1880, este autor já propunha uma educação positivista para as mulheres maranhenses: muitas discussões - através de jornais - se levantaram, ora 1

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio (Editor/Organizador) ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO. São Luis: SEDEL, 2014, disponível também no CEV http://cev.org.br/biblioteca/atlas-esporte-maranhao/ 2 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio (Editor). REVISTA DO LÉO, revista eletrônica editada por leopoldo Gil Dulcio Vaz, disponível em https://issuu.com/home/published/revista_do_leo_-_maranhay__39-_mar_o___2020 3 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio (Editor). REVISTA DO LÉO/MARANHJAY, VOLUME 19 – ABRIL DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__19-_abril_2019 ; VOLUME 20 – MAIO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__20-_maio_2019 ; VOLUME 24 – SETEMBRO DE 2019 – LAERCIO ELIAS PEREIRA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec ; AINDA SOBRE O ManoPEREIRA Rev. do Léo, 26, outubro 2019, p. 8, disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__25_-_outubro__2019; LISTELLO E A EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA Rev. do Léo, 26, outubro 2019, p. 14, disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__25_-_outubro__2019; Quando tudo começou: A “IMPORTAÇÃO” DE PROFESSORES, TÉCNICOS E ATLETAS. REVISTA 24 – SETEMBRO DE 2019 – LAERCIO ELIAS PEREIRA, p. 19. Disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019__edi__o_espec; DISCUSSÕES SOBRE TESAURO E EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL. REVISTA 24 – SETEMBRO DE 2019 – LAERCIO ELIAS PEREIRA, p. 30. Disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24__setembro__2019_-_edi__o_espec; O QUE ERA O CEDEFEL-MA. REVISTA 24 – SETEMBRO DE 2019 – LAERCIO ELIAS PEREIRA, p. 35. Disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019__edi__o_espec 4 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NA EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO NO MARANHÃO REV .DO LÉO, 6, março 2018, p. , disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_6__mar__o_2018 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio PRODUTIVIDADE E ELITISMO NA EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA. REV. LÉO, n. 3, Dezembro de 2017, p. 8. Disponível em: https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_3_-_dezembro_2017 5 UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO 6 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. UM NOVO MERGULHO NO TEMPO: A INTRODUÇÃO DO ESPORTE (MODERNO) EM MARANHÃO. São Luís (inédito), 2003. 156 p.


defendendo as ideias do autor sobre a educação da mulher maranhense, inclusive a educação física, ora acusando-o, devido às ideias positivistas abordadas em seus textos literários e jornalísticos: “... é dar à mulher uma educação sólida e moderna, é dar à mulher essa bela educação positivista... é preciso educá-la física e moralmente... dar-lhe uma boa ginástica e uma alimentação conveniente...” (MÉRIEN, 1988, p. 166-167)7. Tenho que a atividade de discutir os rumos da educação física, do esporte e do lazer teve seu inicio ainda quando da regulamentação da disciplina Educação Física nas escolas estadual/municipal e no currículo da Escola Normal. No ano de 1903 foi criado o Departamento de Educação Física junto à então Secretaria que cuidava da Educação no estado do Maranhão, quando contratado professor “alemão” 8 – na realidade, austríaco – para dirigir o dito departamento, e ser o professor da disciplina tanto da Escola Normal quanto em diversas escolas na Capital. O “Regimento para as Escolas Estadoaes da Capital” (Decreto nº16 de 04 de Maio de 1901; NASCIMENTO, 2007a, 2007b,) 9, já instituía em suas diretrizes gerais questões referentes à “inspecção e asseio”, normatizando desde a entrada dos alunos em que caberia às professoras proceder á uma revista dos mesmos “tomando as providencias necessárias em ordem a estarem todas as condições regulares de limpeza de mãos, unhas, rosto e penteado do cabello, no momento de serem iniciados os exercícios escolares” (REGIMENTO, 1901, p.80) conforme a classe a que pertence o estudante. Percebem-se nítidos traços de influência militar em termos de linguagem e recomendações na modelagem deste corpo escolarizado, quando instituem os exercícios abaixo descritos: “a) Os da primeira classe constarão de marchas e contramarchas com variações apropriadas a darem facilidade de movimento dos alumnos; b) Os da segunda versarão sobre movimentos em varios tempos, com e sem flexão dos membros, desacompanhados de instrumentos; c) Os da terceira se comporão dos mesmos exercicios das segunda, mas com instrumentos; d) Os da quarta de exercicios de barra de extremidades esphericas, barra fixa, apparelhos gyratorios.” (REGIMENTO, 1901, p.80, grifos nosso). Djard MARTINS (1989)10 em seu clássico “Esporte, um mergulho no tempo” 11 traz Miguel Hoerhann como o primeiro professor de Educação Física, atuando na Escola Normal, Escola Modelo, Liceu Maranhense, Instituto Rosa Nina, nas escolas estaduais e até nas municipais, estimulando a prática da cultura física: "E para coroar de êxito esse idealismo, esteve à frente da fundação do Club Ginástico Maranhense..." (MARTINS, 1989).

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MÉRIEN, Jean-Yves. ALUÍSIO AZEVEDO: VIDA E OBRA (1857-1913) - O VERDADEIRO BRASIL DO SÉCULO XIX. Rio de Janeiro : Espaço e Tempo : Banco Sudameris; Brasília : INL, 1988. 8 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O PROFESSOR ALEMÃO DE GYMNÁSTICA, ESGRIMA, E NATAÇÃO. In MARANHAY, Revista Lazerenta, vol. 39, março de 2020, disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__maranhay__39-_mar_o___2020, p. 148 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. MIGUEL HOERHANN - PIONEIRO DA EDUCAÇÃO PHYSICA NO MARANHÃO - REV DO LEO, 12, SETEMBRO 2018, p.35 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_12_-_setembro_2018 9 REGIMENTO PARA AS ESCOLAS ESTADOAES DA CAPITAL, a que se refere o Decreto nº16 de 04 de Maio de 1901. In: Collecção das leis e decretos do Estado do Maranhão de 1912. Republica dos Estados-Unidos do Brazil. Maranhão: Imprensa Official, 1914. NASCIMENTO, Rita de Cássia Gomes. A Educação Higiênica em São Luís nas primeiras décadas do século XX. São Luís: Universidade Federal do Maranhão, 2007b. (Graduação em Pedagogia). NASCIMENTO, Rita de Cássia Gomes. PELAS CRIANÇAS DESVALIDAS: o Instituto de Assistência à Infância do Maranhão nas primeiras décadas do século XX. São Luís: Universidade Estadual do Maranhão, 2007a. (Graduação em História). 10 DEJARD RAMOS MARTINS, jornalista especializado em esporte 11 MARTINS, Dejard. ESPORTE, um mergulho no tempo. São Luís: SIOGE, 1989.


É o próprio Miguel quem confirma essa condição12, em nota publicada no jornal “O Paiz” em 21 de novembro de 1909, no Rio de Janeiro: ‘EDUCAÇÃO PHYSICA CARTÃO COMEMORATIVO DE 20 ANOS DE TRABALHO NO BRASIL Mens sana in corpore sano; / vita non este vivere;/ sede vivere Miguel Hoerhann, capitão-tenente honorário da armada nacional, professor de educação física da Escola Naval, Colégio Militar, Externato Aquino, e professor de ginástica e esgrima do Automóvel Club do Brasil – Ex-professor dos colégios Brasileiro-Alemão, Abílio Rouanet, João de Deus, Instituto Benjamin Constant, e Instituto Nacional de Surdos Mudos, no Rio de Janeiro. Ex-professor dos colégios São Vicente de Paulo, Notre Dame de Sion, Ginásio Fluminense e Escola Normal Livre; sócio-fundador e 1º. Turnwart do Turnerein Petrópolis, em Petrópolis. Ex-professor da Escola Normal e grupos escolares Menezes Vieira e Barão de Macaúbas e do colégio Abílio, em Niterói. Ex-diretor do serviço de Educação Física; ex-professor da Escola Normal, escola modelo Benedito Leite; Instituto Rosa Nina, Liceu Maranhense, e escolas estaduais e municipais; fundador e 1º presidente e 1º diretor dos exercícios do Club Ginástico Maranhense; em S. Luis do Maranhão. Ex-professor do Ginásio São Bento e ex-secretário do I. e R. Consulado da Áustria e Hungria, em São Paulo. 20 anos de devotado trabalho no Brasil (de 24 até 44 anos de idade, desde 1889 a 1909). Ex-Instrutor da imperial e real marinha de guerra da Áustria, condecorado com a medalha militar de bronze, conferida por sua imperial e real majestade apostólica Francisco Jose I, Imperador da Áustria-Hungria (desde 15 até 23 anos de idade, 18801888).

12 Prezado Sr. Leopoldo Vaz, boa noite. Tomei a liberdade de lhe contatar quando soube de suas dúvidas, pelo pessoal do Arquivo Histórico de Ibirama - SC, acerca de Miguel Hoerhann, meu tataravô. Resido em São José, cidade vizinha de Florianópolis, capital de Santa Catarina e recém doutorei-me em História. Justamente trabalhei com a nacionalização dos Xokleng, comunidade indígena de SC, a qual o filho de Miguel, Eduardo Hoerhann dedicou toda a sua vida. Eduardo Hoerhann nasceu em Petrópolis em 1896. Filho de Miguel, (no anexo você consegue algumas informações sobre ele) e de Carolina, sobrinha-neta do Duque de Caxias. Alguns dados do Museu estão equivocados. Há uns anos, vi que os senhores disponibilizaram digitalizado, o livro Esgrima de Baioneta, de autoria do Miguel Hoerhann. Fiquei muito contente descobrir isso, e uma pena que ainda não consegui imprimi-lo em capa dura, mas parabéns pelo capricho. O sr enviou para a sra. Aparecida um diploma assinado pelo Miguel. Há possibilidade de enviar para mim numa resolução maior? Está ilegível em 9 k. No mais, espero poder ter ajudado em algo. Infelizmente, muitas informações se perderam. Cordialmente, Rafael Hoerhann. Disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2013/02/27/miguel-hoerhan-nossopioneiro-professor-de-educacao-fisica/


A primeira referencia que se tem desse professor de educação física é de um diploma dado a diversas autoridades e intelectuais, dentre os quais Fran Paxeco, Cônsul Honorário de Portugal no Maranhão; consta ‘aos propugnadores da educação physica’ e está assinada por Miguel Hoerhann, Diretor da Educação Physica, e foi passado em 18 de maio de 1904:

Miguel tem vasta produção de artigos em periódicos e é autor do livro “Esgrima de Baioneta”, publicado no Maranhão em 190413, reimpressão de edição de 1896:

13

O livro digitalizado está disponível link: http://www.cultura.ma.gov.br/portal/bpbl/acervodigital/Main.php?MagID=37&MagNo=68

no


De acordo com Dagnoli (2008); e Gomes (2009): [...] Miguel Hörhann (Miguel Hoerhann) nasceu na Áustria e faleceu no Rio de Janeiro; foi instrutor de Artilharia na Imperial e Real Marinha de Guerra da Áustria até 1884, e Capitão-Tenente da Armada Nacional. Sua mãe, Carolina de Lima e Silva Aveline, pertencia à aristocracia militar do Estado do Rio de Janeiro, neta do Duque de Caxias.14, 15,16. Miguel veio da cidade de Sankt Pölten na Baixa Áustria: Nasceu em Oberndorf an der Melk - Niederösterreich. Ele teve três irmãos: Anton, Ignaz e Leopold. Ela no caso é bisneta do Leopold. Veio para o Brasil porque foi sempre muito individualista, independente e estranho. E que não se sentia bem no lugar onde nasceu. E que não era fácil na época a vida. A informante austríaca é Eva Hoerhann e o nome de minha prima é Edeli Kubin Sardá, bisneta materna de Miguel. Envio-te uma foto do Miguel quando jovem de 1884 quando exercia a profissão de Instrutor de Artilharia na Imperial e Real Marinha de Guerra da Áustria que na época formava o grande Império Austro-húngaro (1867 - 1918).

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DAGNONI, Cátia. O CHOQUE ENTRE DOIS MUNDOS O CONTATO ENTRE O ÍNDIO E O BRANCO NA COLONIZAÇÃO DO VALE DO ITAJAÍ – um estudo sobre a interpretação do imigrante europeu a respeito dos Xokleng 1850 – 1914. Blumenau, 2008, Dissertação de Mestrado, Universidade Regional de Blumenau http://proxy.furb.br/tede/tde_arquivos/3/TDE-2009-02-18T080906Z-442/Publico/Diss%20Catia%20Dagnoni.pdf 15 http://pagfam.geneall.net/2762/pessoas.php?id=1168057 16 GOMES, Iraci Pereira. OS XOKLENG E A COLONIZAÇÃO DO VALE DO ITAJAÍ: ANÁLISE DE UMA CARTA DE EDUARDO DE LIMA E SILVA HOERHANN - ENCARREGADO DO SERVIÇO DE PROTEÇÃO AOS ÍNDIOS (SPI) IV Congresso Internacional de História, 9 a 11 de setembro de 2009, Maringá. http://www.pph.uem.br/cih/anais/trabalhos/748.pdf


Sua primeira providencia foi instituir um Concurso de Poesia, tendo por tema a Educação Física. Em 31 de agosto de 1903 aparece anuncio no jornal “A Pacotilha”, já assinando como Diretor da Divisão de Educação Física do Maranhão sobre a realização de um concurso poético, tendo por tema a Ginástica. Verifica-se que se referia ao Turnen17, haja vista a citação dos “4 Fs”, como a divisa da ginástica: Abre-se aos cultores das musas uma produção poética, em que entrem as palavras que constituem a divisa da gymnastica: FIRMA, FORTE, FRANCO, FIEL, e que tenha por tema a glorificação da abnegação, do trabalho perseverante e nobre, do vigor do espírito como consequência dos exercícios physicos [...]

O anuncio se repete nos meses seguintes, sendo que a 26 de setembro aparece um poema exaltando a ginástica, de autor anônimo. Conforme a redação não querendo participar do concurso mesmo assim faz seu poema: 17

Turnen: expressão do idioma alemão traduzido como “ginástica” por Tesch (2011), mas que além da ginástica com aparelhos (atual ginástica artística) englobava a corrida, jogos, esgrima, entre outras práticas. MAZO, Janice Zarpellon; PEREIRA, Ester Liberato. PRIMORDIOS DO ESPORTE NO RIO GRANDE DO SUL: os imigrantes e o associativismo esportivo. IN GOELLNER, Silvana Vilodre; MÜHELEN, Joanna Coelho von. MEMORIA DO ESPORTE E LAZER NO RIL GRANDE DO SUL. Porto Alegre, 2013. Vol. 1. Disponível em http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/83615/000906885.pdf?sequence=1 TESCH Leomar. Turnen: transformações de uma cultura corporal europeia na América. Ijuí: Ed. Unijuí, 2011


Fran Paxeco18 escreve artigo louvando a iniciativa de Miguel Hoerhann em promover o concurso poético, e divulgando a ginástica entre a juventude. 18

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio Vaz. FRAN PAXECO – VIDA E OBRA. Palestra proferida na ALL, dia 19/05/2018,


O Diário da Tarde19, de Curitiba, faz referencia ao concurso literário que Miguel Hoerhan, autríaco, contratado como diretor do curso de educação física, residindo já há mais de um ano em 19

http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=800074&pesq=Fran%20Paxeco&pasta=ano%20190


São Luis, havia instituido, e que a Comissão formada para julgar as poesias que tratavam de educação física haviam concluido seus trabalhos, anunciando-se os premiados e os membros da comissão:

No Programma Didactico para o Curso de Pedagogia (1906; COUTINHO e NASCIMENTO, s.d.) 20 , direcionado à Escola Normal do Maranhão, o professor e Dr. Almir Parga Nina21, então membro da Associazione Pedagogica, de Roma, e da Ligue pour L’Hygiene Scolaire, de Paris, foram lançadas as disposições regulamentares do curso destinados à formação pedagógica das moças da elite da capital ludovicense. Neste programa ressaltavam-se como fins da Escola Normal além da instrução geral, a “instrucção techica que instruirá e adestrará nos methodos e processos de cultura physica, mental e moral da mocidade” (NINA, 1906, s/p, grifos nossos) 53. Referente às questões sobre cultura física e higiene escolar, este programa colocava que no primeiro ano de pedagogia as alunas teriam contato com conhecimentos gerais – anatômicofisiológico, psicológico e antropológico – sobre as crianças a fim de embasar a chamada Pedagogia Reparadora relacionada á correção das moléstias e vícios adquiridos dentro e fora da escola (NINA, 1906). No segundo ano do curso, por sua vez, teriam as normalistas acesso à organização material (estrutura física) e organização pedagógica (programa didático - roteiros, horário, recreio, promoções, exames, férias) da instituição escolar. Porém, dentro da chamada organização pedagógica, estava inserido um ponto relevante denominado “Pathologia Escolar” 22. (NINA, 1906; COUTINHO e NASCIMENTO, s.d.) 53. Deve-se ressaltar que Fran Paxeco, português de nascimento, da cidade de Setúbal, foi um dos maiores intelectuais ligados ao Maranhão, tendo promovido, em 1920, um Congresso Pedagógico em que a Educação Física aparece como um dos temas mais importantes, das reformas propostas para a renovação da Educação no Maranhão.

20

COUTINHO, Adelaide Ferreira; NASCIMENTO, Rita de Cássia Gomes. IDEÁRIO NACIONAL, DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO E CONTROLE NA PEDAGOGIA HIGIÊNICA EM SÃO LUÍS NO LIMIAR DO SÉCULO XX. Disponível em http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe5/pdf/897.pdf , acessado em 12/10/2012 21 NINA, Dr. Almir Parga. Programma Didactico- Roteiro para o Curso de Pedagogia em 1906. Maranhão: Typografia Frias, 1906, citado por COUTINHO e NASCIMENTO, s.d., disponível em http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe5/pdf/897.pdf , acessado em 12/10/2012. 22 As normalistas estudariam as “molestias escolares propriamente ditas; molestias que a escola determina, mas que o meio escolar pode aggravar; molestias que a escola pode diffundir e propagar; molestias devidas á má organisacao pedagogica; Desvios e incurvações da columna vertebral; escolioses, cyphose, lordose.Myopia. Tuberculose [...] Anemias-Rachitismo [...]. Hydrocephalia em suas relações com o desenvolvimento das faculdades psychicas [...] Paralysia Infantil-Epilepsia [...] Paludismo, especialmente nas escolas ruraes [...] Molestias infecciosas agudas [...] Variola, Sarampão, escalartina, diphteria, parotidite, coqueluche, dysenteria etc moléstias da pelle e do couro cabelludo, sarna, tinhas, etc; Ophtalmias; Frequencias das otites e otorreas (escorrimento pelos ouvidos) nas creancas, sua influencia na audição, cansaço cerebral – surmenage escolar (NINA, 1906, s/p)


Em 1911, Fran Paxeco escreve novo artigo sobre “jinastica’ (sic), ressaltando o trabalho de nosso professor de educação física:


Fran Paxeco idealiza e organiza o Primeiro Congresso Pedagógico do Estado do Maranhão entre o final de 1919 e início de 1920: Por estes dias, reunidos em sessão pedagógica da Faculdade de Direito, o diplomata português Fran Paxeco, presidente administrativo do Instituto da Assistência à Infância, diretor-geral do jornal local “A Pacotilha”, professor da Faculdade de Direito no Estado do Maranhão e lenthe da Congregação do Lyceu Maranhense, propôs aos colegas bacharéis e docentes do Instituto Superior acima mencionado a realização de um Congresso Pedagógico para apresentar teses e reflexões sobre a instrução pública maranhense, suas limitações e possibilidades. (OLIVEIRA, 2012) 23. Nos Anais do 1º Congresso Pedagógico no Estado do Maranhão consta que no dia 18 de agosto de 1919, em reunião pedagógica presidida pelo vice-diretor desta Faculdade, o Dr. Henrique Couto, secretariado por Domingos de Castro Perdigão, os docentes Godofredo Viana, Manoel Jánsen Ferreira, António José Pereira Junior, António Lopes, Leôncio Rodrigues, Alcides Pereira, Costa Gomes, Lemos Viana, Abranches Moura, António Bona, Fabiano Vieira e Raimundo Lopes ouviram de Fran Paxeco o convite para realizarem um Congresso Pedagógico em fevereiro do ano vindouro (1920). A proposta foi aceita por unanimidade e imediatamente elegeram uma comissão organizadora, formada pelos drs. Godofredo Vianna, Fabiano Vieira, António Bóna, António Lopes e o próprio Fran Paxeco (MARANHÃO, 1922, citado por OLIVEIRA, 2012) 24. No ano seguinte, logo em janeiro, informe com o titulo de “Dois Congressos” opina-se: As assembléias que a Sociedade Maranhense de Agricultura e a Faculdade de Direito do Maranhão tencionam levar avante, concretizam um vivo anseio de progredir, de se atingir um horizonte mais claro, onde se descortinem indícios de avanço. Os que se dedicam às questões do ensino, técnicos ou amadores, encontrarão no congresso pedagógico um meio acessível de trocar idéias, expondo os seus métodos, as suas práticas, os seus desejos. Uns discretarão sobre a psico-fisiologia das novas gerações, outros acerca das circunstancias a exigir nos prédios escolares, aqueloutros a respeito da monomania programática, quase sempre infecunda, ainda outros da cultura física, da intelectual, da ética, - a cúpula de todo o bom sistema educativo. Predominará, porventura, nesses debates sugestivos, a nota das realizações, embora as teorias lhes sejam de ordinário, imprescindíveis. E dessa convergência de esforços talvez irradie um núcleo de princípios eficazes. Mas – primo, vivere... Todos aqueles que se interessam pelos problemas econômicos, inseparáveis dos pedagógicos, devem rejubilar-se com o desejo de acordar as iniciativas dos que nos fornecem o essencial à existência, dos que extraem da terra inexaurível as insondáveis riqueza que nos alimentam, fortalecendo a indústria e o comercio. Os campos maranhenses, antigos abastecedores, em gado e cereais, dos estados amazônicos e de alguns dos vizinhos sulistas, estorcem-se hoje entanguidos, faltos de estimulo remunerativo, trazido pela procura. Sentem-se abandonados por quem deles depende, em tudo e por tudo. E os seus impávidos arroteadoresdescrêem. Mas, tentando-os o sopro do messianismo, prega das almas cândidas, ao mínimo aceno, tal qual a um falacioso aguaceiro, no período funéreo da seca, logo se voltam, alegres, agradecidos, sem ter de quê. 23

OLIVEIRA, Rosângela Silva. FRAN PAXECO, LENTHE DA REVITALIZAÇÃO PEDAGÓGICA MODERNA NO ESTADO DO MARANHÃO, ORGANIZADOR DO 1º CONGRESSO PEDAGÓGICO EM 1920. IX Congresso Luso-Brasileiro de História da Educação – Rituais, Espaços e Patrimónios Escolares, Lisboa, 12 a 15 de julho de 2012, ANAIS IX COLUBHE 2012. http://colubhe2012.ie.ul.pt/ , disponibilizado por Dra. Rosa Paxeco Machado através de correspondência eletrônica pessoal em 12/10/2012 http://sn125w.snt125.mail.live.com/default.aspx#n=1557179640&fid=1&fav=1&mid=4b2f82ba-1480-11e2-b36f00215ad9df80&fv=1OLIVEIRA, R. S. Do contexto histórico às ideias pedagógicas predominantes na escola normal maranhense e no processo de formação das normalistas na Primeira República. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO. Universidade Federal do Maranhão, 2004 24 Maranhão. Trabalhos do I Congresso Pedagógico.São Luis: Imprensa Oficial, 1922, in OLIVEIRA, 2012.


Deparam-se, ao congresso pedagógico e ao congresso dos lavradores, dois temas sintéticos, pilares dos restantes: - Num, o professor e o material. No outro, o braço e o transporte. Porque representam os alicerces do edifício a reconstruir. Logo em seguida, Fran Paxeco expede carta-circular em nome da Comissão Organizadora do Congresso Pedagógico e destinada às escolas oficiais, aos colégios particulares e demais interessados em participar e/ou inscrever trabalhos, apontou os ramos de educação adotados e abertos para o diálogo pedagógico. Foram eles: I – Educação Física: Jogos e brinquedos. Canto Coral. Despórtos. Recreios. Higiene Escolar e Doméstica. Inspècção médica. Assistência aos estudantes pobres. Caixas escolares. Cantinas. Balneários. Colónia de férias. II – Educação Intelètual: A) Música. Desenho. Lingua materna. Escrita e leitura. Aritmética e geometria. Sciéncias naturais. Geografia. História. Algebra e trigonometria. B) Astronomia. Fisica e química. Linguas estranjeiras. Psicologia. Filosofia. C) Trabalhos manuais. Agricultura. Economia. III – Educação técnica: Relações do ensino primário, secundário e superior com o ensino agrícola, veterinário, médico, jurídico, industrial e comercial. IV – Educação moral: Sentir, pensar, proceder. Culto da casa, da família, da pátria, da humanidade. Pais e professores. Deveres e direitos dos cidadãos. Consciéncia. Espirito Solidário. Toleráncia. Altruismo. V – Educação Estética: Arquitetura, mobiliário, decoração dos edifícios escolares. Conforto do lar e da aula. Simpatia pelos objetos e pelos estudos. Influxo das artes plásticas, na estrutura física, afetiva e mental dos sères humanos. Teses especiais sòbre: Faculdades, escolas de pedagogia, licèus. Educação vocacional. Atribuições pedagógicas e financeiras da União, dos estados e dos municípios. Organismos de técnicos, para superintender na escolha de horários, ortografia, livros, material, casas, etc. Estatística. Taxa escolar. Exames e promoções. Nomeação de professores. Escolas móveis ou ambulante (primárias e agrícolas). Exposições e museus. Bibliotecas infantis. Código do ensino: leis, decretos e regulamentos. Construções. Colégios particulares. Equiparações. Artes e ofícios. Colónias correcionais. Intercámbio de catedráticos das escolas superiores. (MARANHÃO, 1922 p. 4-5, citado por OLIVEIRA, 2012)59, 61. O regimento interno elaborado para o Congresso Pedagógico apresentou como objetivo geral de “obter e apreciar quaisquer estudos ou informações, preocupando-se designadamente com a instalação da escola, os métodos educativos, a escolha de compêndios e o preparo técnico dos professores” (MARANHÃO, 1922 p. 19) em oito sessões plenas: uma de abertura, uma de entrega das teses e da sua distribuição aos relatores, três para ao debate das matérias contidas nas cinco sessões, uma para as teses separadas, uma para a leitura das conclusões e de encerramento, com a obrigatoriedade de publicar os trabalhos apresentados. (OLIVEIRA, 2012)59. A terceira sessão, em 24 de fevereiro, presidida pelo prof. José Ribeiro do Amaral, presidente da Academia Maranhense, recebeu um público de treze professores, três alunas da Escola Normal, dois professores Maristas, os quintanistas de medicina Domingos Perdigão e Mário Carvalho. Fran Paxeco registra a ausência de professores da rede municipal nas atividades do Congresso Pedagógico, abriu o debate sobre a primeira parte do programa Educação Física e recebeu as seguintes contribuições: duas indicações didáticas para a área temática de Jogos e Brinquedos, a indicação coletiva de sugerir oficialmente às autoridades governamentais um dia letivo específico para ensaios de hinos escolares e patrióticos, a proibição de ginástica em aparelhos para menores de dez anos, a solicitação de inspeção médica como medida de uma boa Higiene Escolar e


Doméstica, também reclamaram a necessidade de um debate amiúde sobre a assistência aos estudantes pobres. (OLIVEIRA, 2012)59. A oitava sessão do Congresso Pedagógico, presidida pelo coronel Frederico Figueira, presidente da Comissão de Ensino do Congresso Legislativo, no dia 29 de fevereiro com um público de vinte e cinco professores e uma quartanista da Escola Normal, se constituiu de debates e reflexões sobre as condições estruturais das escolas primárias, a superlotação das salas de aulas, destacando as vantagens dos jogos e brincadeiras para o infante maranhense. (OLIVEIRA, 2012)59. Uma nona sessão ainda foi realizada, dia 1 de março, para a leitura dos Relatórios com as conclusões na área de Educação Física relatado por Luiz Viana, Educação Intelectual por Antonio Lopes da Cunha, Educação Moral por Rosa Castro e rápidas considerações sobre Educação Técnica, Educação Estética e Teses Especiais: Contou com a visita-surpresa do governador do Maranhão, o dr. Urbano Santos que expressou em discurso as desvantagens do ensino clássico e livresco, incentivando os professores presentes a deixarem ridículas verbiagens e aplicarem em sala de aula, com constância, a virtude da vontade de aprender. Fugir da parolajem inútil de conteúdos abstratos, idéia pedagógica moderna de Pestalozzi e Froebel. (OLIVEIRA, 2012)59. Entre as teses apresentadas, anexadas por Fran Paxeco25 nos Anais deste Congresso Pedagógico, estão diretrizes pedagógicas importantes à instrução pública no Estado do Maranhão. Na primeira seção do 1o Congresso Pedagógico estão as teses especiais sobre educação ou cultura física onde os principais assuntos são apresentados pelo professor maristas Paulo Domingos. Ele reflete sobre as vantagens de realizar jogos no colégio. Ele não apoia muito o esporte “football” na escola, mas aprecia jogos recreativos no pátio da escola. “Dos jogos no Colégio” do Prof. marista Paulo Domingos ‘É preciso que os alunos brinquem, se distráiam, dispendam em passatempos inocentes a exuberáncia de seiva, a vivacidade do humor, o ardor do sangue que néles corre. Faz-se indispensável o ar, o espaço, o sol, o movimento, o barulho, para o crescimento do seu sèr e o desenvolvimento de suas energias (MARANHÃO, 1922 p. 43). Em outra comunicação a Prof. Rosa Castro chega a explicar didaticamente como realizar os jogos e brincadeiras. Sobre a “Cultura Física”, da Profa. Hermindia Augusta Soares Ferreira Quando um aluno estiver inactivo, deve-se inspeccioná-lo, porque, doente o físico, enfèrmo ficará o espírito (MARANHÃO, 1922, p. 51). A aplicação dos jogos merece, entretanto, um especial cuidado dos professores ou, melhor, dos inspectores médicos, a quem incumbe a verificação da capacidade física e mental dos alunos e consequente separação, entre os normais e os anormais, calibrando, de acordo com este critério, a prática dos exercícios. Também é digna de interesse a racional classificação dos jogos, afim de se conseguir a sua gradação pedagógica ( ibid, p. 52). Luiz Viana, o relator desta seção aponta o francês Tissier (Philippe Tissiê iniciador da educação física na França) 26 como a influência pedagógica aceita pelos professores normalistas, mas não ignora a classificação de Courmont, Desfosses. A fines del siglo XIX, una importante fracción del campo intelectual europeo intuyó que sobre su época se cernía la sombra de la decadencia. Una falta de pujanza embargaba al 25

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas brito. FRAN PAXECO E A EDUCAÇÃO FÍSICA NO MARANHÃO. XIII CHELEF – CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E DA EDUCAÇÃO FÍSICA, Londrina, UEL, 19 a 23 de agosto de 2014, disponível em http://cev.org.br/biblioteca/anais-5 26 (http://www.ciepre.puppin.net/considiniciais.html ).


espíritu fin-de-siècle y una palabra reflejó la situación: fatiga. Phillipe Tissié (1914), publicista francés de la gimnasia racional, anotó: "La presente generación ha nacido fatigada; es el producto de un siglo de convulsiones" (p.45; traducción libre) (ROLDÁN, 2010).27 Em 1901, Philippe Tissié defendia que a Educação Física não deveria ser interpretada como simples exercícios musculares do corpo, mas também como um processo psicomotor, que se traduz pela constante relação entre o movimento e o pensamento (Costa, 2008) 28. Tissié foi precursor da intervenção sobre o corpo, porém ainda voltado às áreas médicas, divide o conhecimento científico com abordagem corporal em dois ramos: ginástica pedagógica, destinado ao acompanhamento do desenvolvimento das crianças e a ginástica médica, voltados à reabilitação das crianças (SILVA, 2007) 29. Precursor dos psicomotricistas atuais por ter-se oposto, na França, à ginástica, propondo que fossem consideradas as relações entre pensamento e movimento, quando então surge a disciplina que será denominada Educação Física. Opõe-se à educação física militarizada e propõe uma educação pelo movimento, posteriormente retomada por Le Boulch30. Esse pode ser considerado como o nascimento do que se denomina: Educação Psicomotora e Reeducação Psicomotora. Não há registro escrito feito por Fran Paxeco, mas o relator Luiz Viana declara que houve nesta sessão a solicitação de pedir ao governo do Maranhão a construção de um prédio (que ele chamou de pavilhão) no Parque Dr. Urbano Santos para a realização de exercícios físicos. Não se pode negar a grande contribuição de Fran Paxeco (OLIVEIRA, 2012)59, seu idealizador, que, obviamente, não faria tudo sozinho, mas sem a sua obstinação e articulação política pouco seria feito. O testemunho escrito das theses organizadas nos Anais deste evento mostraram a seriedade e profundidade do conhecimento científico exibido, o que aponta sua grande contribuição à instrução pública. As palavras escritas no seu tratado de Geografia e História exprimem seu amor ao Maranhão, ao magistério e aos infantes maranhenses, com um espírito pestalozziano moderno: “Sejamos geógrafos. Prendâmo-nos ao solo. Despeguemo-nos das alturas nebulozas do abstrato, e regressemos ao campo da ação rial, da humanidade e da vida” (MARANHÃO, 1922, p. 640-41; (OLIVEIRA, 2012)59. Na década de 1940, o Governo Federal distribui bolsas para a recém-criada Escola Nacional de Educação Física31 e o então prefeito de São Luís, Pedro Neiva de Santana32, convidou o jovem médico Alfredo Duailibe para cursar Especialização em Medicina Desportiva e para cursar Educação Física os seguintes professores: Rubem Goulart, Mary Santos, Maria Dourado e Lenir 27

ROLDÁN, Diego P. Discursos alrededor del cuerpo, la máquina, la energía y la fatiga: hibridaciones culturales en la Argentina fin-de-siècle. Hist. Cienc. vol. 17 no.3 - Manguinhos saude Rio de Janeiro 2010. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-59702010000300005 28 COSTA, J. (2008). Um olhar para a criança: Psicomotricidade Relacional. Lisboa: Trilhos Editora. http://brincarecrescercomapsicomotricidade.blogspot.com.br/2011/10/historia-e-evolucao-dapsicomotricidade.html 29 SILVA, Daniel Vieira da. Educação Psicomotora, no Brasil Contemporâneo: decomo as propostas tangenciam a relação educação-trabalho. Curitiba, 2007. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Federal do Paraná (UFPR). Disponível em:<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=99866> acesso em 21 abr. 2012 30 (http://www.ciepre.puppin.net/considiniciais.html ). 31 DECRETO-LEI N. 4.029, de 19 de janeiro de 1942, institui bolsas de estudos para a Escola Nacional de Educação Física e Desportos; PORTARIA 357, de 28 de julho de 1943, do Departamento Nacional de Educação, dispõe sobre a concessão de bolsas de estudos instituídas para a Escola Nacional de Educação Física e Desportos 32 PEDRO NEIVA DE SANTANA - médico; professor da Faculdade de Direito de São Luís; Catedrático da Faculdade de Filosofia de São Luís; Membro da Academia Maranhense de Letras, cadeira n. 39, substituindo Pedro Braga Filho; Reitor da Fundação Universidade do Maranhão (1967); Prefeito de São Luís (Interventoria Paulo Ramos 19371945); trabalhou no gabinete de identificação e Médico-Legal da Polícia; Secretário de Fazenda do Governo José Sarney (1966-70); Governador do Maranhão (1971-1974). IN NUNES, Patrícia Maria Portela. MEDICINA, PODER E PRODUÇÃO INTELECTUAL. São Luís: UFMA-PROCIN-CS, 2000


Ferreira. Um ano antes, Eurípedes Bernardino Bezerra foi fazer o Curso de Sargento Monitor de Educação Física na Escola de Educação Física do Exército. Alfredo Duailibe, ao regressar de seu curso de especialização (1943), foi nomeado pelo Interventor Paulo Ramos para trabalhar no Departamento Geral de Instrução Pública, propondo ao Prof. Luiz Rêgo, então seu Diretor, a criação do "Serviço de Educação Física" 33. Em abril, dava início a uma nova fase da Educação Física no Maranhão: os alunos da rede pública e privada seriam submetidos a exames periódicos de saúde e a adoção da prática da educação física nas escolas. Rubem Goulart em 1952 estava implantando um curso de Educação Física junto ao Aero-Clube do Maranhão.34 Anos 1960 o setor de Educação Física está organizado, com a Profa. Mary Santos dirigindo o Departamento de Educação Física no Estado, e no Município a Profa. Dinorá. Já se cumpria a obrigatoriedade da Lei, com as três horas semanais, mínimo de 45 minutos, dentro da legislação vigente. Por esse tempo o MEC/DED estava promovendo, em todo o país, uma série de cursos, visando à qualificação de professores de educação física. São Luís estava no roteiro, e aqueles professores – a maioria normalistas, professoras – passam a frequentar esses cursos. A partir da década de 1970, vemos a reinvenção da Educação Física e Esportiva no Maranhão: os “paulistas” estavam chegando... Segundo Lino Castellani Filho, um grupo de professores de Educação Física oriundos de São Paulo, repleto de utopias, alguns contratados pelo Departamento de Esporte do Governo Estado, basicamente envolvidos com os afazeres de duas modalidades esportivas, o handebol e o voleibol, contrato de trabalho de 40 horas… “Não deu outra: montamos um time de futebol e demos a ele o nome de… Handvô-40, homenagem ao handebol, ao voleibol e às 40 horas de trabalho – qualquer semelhança com outra expressão”: [...] chegamos [a pesnar em] comprar uma ilha, embalados pelas ideias de A.S. Neill, fundador da escola de Summerhill), a de participar do time foi recebida com o mesmo sorriso que ele estampa hoje em seu rosto… O primeiro da fila é o diretor – presidente do CEV, Centro Esportivo Virtual… O último, este ponta-esquerda que vos escreve! No meio dela, Djalma Santos, junto com Viché, Sidney (ambos professores da UFMA), Gil, “Zé Pipa”, Marcão – o “Véio” – e outros cuja lembrança surge enevoada em minha cabeça…

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VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O SERVIÇO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ESTADO. REV. DO LÉO 17, março 2019, p. Disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_17_-_fevereiro__2019 34 http://cev.org.br/biblioteca/reescrevenhdo-a-historia-dos-esportes-educacao-fisica-lazer-no-maranhao/

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Da Esquerda para direita, Laércio (Laércio Elias Pereira, da cidade de São Caetano-SP), Zeca, Zé Pipa (José Carlos Conte, de São Paulo-SP), Sidney (Sidney Zimbres, de Atibaia-SP), Djalma Santos (da cidade de São Paulo-SP) foi contratado para ser técnico do Sampaio Correia Futebol Clube, Marcão (Marcos Antonio Gonçalves, de São Caetano do Sul-SP), Viché (Vicente Calderone Filho, de São Paulo-SP), Gil (Gilmário Pinheiro, de Fortaleza-CE) e Lino (Lino Castellani Filho, de Atibaia-SP). Todos faziam parte de um grupo de professores e Educação Física, envolvidos com duas modalidades esportivas, o handebol e voleibol. Montaram o time de futebol com o nome de Handvô-40.

Para Cláudio Vaz: [...] não tinha professor de Educação Física no Maranhão e eu queria fazer um trabalho de nível, eu tinha de pensar primeira coisa que tinha de ter, era o professor, tanto para quem quisesse transferir conhecimento, então eu não tinha nada acadêmico, nada elevado nessa área aqui,... O primeiro a chegar, contratado por Cláudio Alemão, foi Laércio Elias Pereira: Voltei em janeiro de 1974, para morar no Maranhão. Resolvemos, Cláudio e eu, chamar o Prof. Domingos Salgado35 para montar o processo de criação do curso de Educação Física na Federação das Escolas Superiores [do Maranhão - FESM -, hoje, Universidade Estadual do Maranhão - UEMA], o que aconteceu com o empenho do secretário Magno Bacelar e o Assessor João Carlos, ainda em 1974. Não restam dúvidas que o grande legado dos “paulistas” foi o(s) Curso(s) de Educação Física: o do ITA, o da UEMA36 (que nem chegou a funcionar, até hoje...), o da ETFM, e o da UFMA – daí surgiu os demais, em funcionamento até hoje.

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DOMINGOS FRAGA SALGADO – professor de educação física foi um professor de Educação Física da UFMA; trabalhou no MEC, na África. Seu genro, Enzo Ferraz, médico ortopedista, atua em Medicina Esportiva, no Maranhão LEI NO. 3.489, de 10 de abril de 1974. Cria a Escola Superior de Educação Física do Estado do Maranhão e dá outras providências. DIÁRIO OFICIAL, São Luís, Sexta-feira, 10 de maio de 1974, ano LXVII, no. 88, p. 1


Em 1974, pela Lei no. 3.489, de 10 de abril, o Governo do Estado cria a Escola Superior de Educação Física do Estado do Maranhão, com o objetivo (art. 1º) de formar professores e técnicos de Educação Física e Desportos bem como desenvolver estudos e pesquisas relacionados com a sua área específica de atuação. O curso fora criando com toda a estrutura, com coordenação, área, dotação orçamentária... Mas não foi implantado. Na mesma época, a Universidade Federal estava implantando o dela e, parece, houve um acordo em que o Estado abriria mão então de iniciar o seu curso para dar oportunidade para que a Universidade Federal abrisse o dela37. Registre-se a primeira pesquisa realizada, já nessa fase, que foi o “Diagnóstico da Educação Física e Esportes do Maranhão”, realizado sob os auspícios da então Coordenação de Educação Física e Desportos,

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VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. MEMÓRIA ORAL DOS ESPORTES, DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DO LAZER MARANHENSE 1940/1990. 2009. Volume III da Coleção Memória(s) do Esporte, Lazer, e Educação Física - Apontamentos para sua História no Maranhão (inédito) VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ARAUJO, Denise Martins. QUERIDO PROFESSOR DIMAS (Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araujo) e a Educação Física maranhense: uma biografia (autorizada). São Luis: EPP, 2014..


Então a SEDEL-MA é criada, em 1979, sucedendo à Coordenação de Educação Física, Esportes e Lazer da Secretaria de Educação e Cultura. As atividades então realizadas ainda se limitavam ao funcionamento das Escolinhas de Esportes, treinamento de seleções estaduais (permanentes), e ao atendimento, através de aulas de esportes, junto às escolas da rede pública. Havia ampla participação de alunos em atividades físico-esportivas, consubstanciadas em ‘escolinha de esporte’, de onde se retiravam os alunos que iriam compor as seleções esportivas das escolas, que iriam participar dos Jogos Escolares. É dessa época o apoio à criação de curso superior – no caso, o da UFMA – além de outras iniciativas, como os cursos em convenio com o MEC/SEED, com o CND, envolvendo a então Escola Técnica Federal do Maranhão – hoje IF-MA. Com consultorias a vários especialistas – a primeira, Ethel Bauzer de Medeiros, foram criados diversos eventos na área do Lazer, outros na área do Desporto, com ações conjuntas das coordenações-fim, além de eventos especiais, como a realização de campeonatos regionais, nacionais e participação em cursos e congressos38. Sidney fala sobre a criação da SEDEL – Secretaria de Desportos e Lazer -, dentro do Plano de Governo de João Castelo, governador nomeado em substituição á Nunes Freire, quando os “Paulistas” foram ‘dispensados’ de seus serviços: Ai foi quando se criou, por que se criou essa estrutura da SEDEL, de Secretário, Coordenador Geral, Divisão de Esporte, de Lazer e a Divisão de Estudos e Pesquisas? Porque nesse convênio que havia com a Alemanha, fazia parte do convênio, que tivesse uma parte do recurso que fosse direcionada para estudos e pesquisa, foi ai que a gente entrou, eu fui ser o primeiro chefe da divisão de estudos e pesquisa da secretaria. Na estrutura da SEDEL havia uma Divisão de Estudos e Pesquisa, em cada uma das áreas-fim, Desportos e Lazer. Sidney era o coordenador da área de esporte. Inquirido porque a divisão não funcionou, responde: Olha, por um motivo simples: a Educação Física na época, não tinha... Nós professores de Educação Física, não tínhamos tradição em pesquisa, isso era uma coisa nova, porque eu não defendi minha tese de mestrado? Porque quando eu entrei no mestrado em 81/82 – as primeiras turmas do mestrado, a primeira turma entrou em 80, a turma do Laércio, parece que foi em 80/81, eu entrei em 82 -, então as primeiras turmas, nos cinco/seis anos, isso tem até um trabalho, numa revista do CBCE, quase 70; 80% de quem fez o mestrado ninguém defendeu tese, porque não havia tradição de pesquisa dentro da área de Educação Física, o mestrado era novo, professores de fora, de outros países, não havia orientação; nós tínhamos dificuldades para realizar, então não havia tradição em pesquisa, a pesquisa era feita, era muito ligada a questão biológica, menarca da criança, estudos de qualidade física; foi a época da criação dos laboratórios de Fisiologia, então era uma coisa assim, não havia essa tradição de pesquisa, então houve trabalhos de pesquisa na divisão, foram feitos trabalhos de pesquisa, eu fiz um trabalho, foi até publicado naquela revista, você até divulgou, houve um trabalho interessante que não foi levado ao final, porque eu acabei saindo da divisão, ficou para outra pessoa, que ficou na divisão, mas não tocou isso em frente, foi um trabalho, um levantamento dos dados antropométricos, feitos pelo Osmar Rio, da UNB, no Estado de Brasília, ele tinha um trabalho que fazia sobre a caracterização, tipo do atleta em relação ao esporte (o entrevistador interrompe e lembrando sobre o JEM’s e o JEB’s) se pegou a seleção, houve um trabalho enorme todo tabulado todo em cima do, foi feito pelo Osmar Rio, só que não foi levado ao fim, foi quando eu acabei saindo da divisão, ficou esse trabalho, ficaram esses dados na divisão, quem entrou depois na divisão eu acho até que foi até [Tânia ?]. Acho que deve ter sido ela.

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VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. VAZ in REVISTA DO LÉO VOLUME 20 – Maio 2019 - AINDA OS 40 ANOS DA SEDEL... disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__20-_maio_2019


O Prof. José Carlos “Canhoto” Ribeiro, em sua dissertação de Mestrado: “MEMÓRIAS DA ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL DO CAMPO E HABITUS ESPORTIVO MARANHENSE: ASSOCIAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES E LAZER DO ESTADO DO MARANHÃO – APEFELMA (1980-2000)”, entrevista o Prof. Laércio Elias Pereira, em 10 de setembro de 2017, na cidade de São Luís-MA: Outro entrevistado neste rol de personalidades que ajudaram a reconstruir as memórias da Associação no Maranhão foi o professor Laércio Elias Pereira. Segundo os dados da tese de Laércio Pereira, a trajetória de atuação profissional em Educação Física teve como ponto de partida, uma participação dedicada em todas as formas de disseminação da informação que estiveram direcionando a área do jornal do centro acadêmico a internet (PEREIRA, 1998). [...] Em 1978, participou da criação do CBCE, e da composição das diretorias até 1985, que, também, serviu como campo de atuação na informação cientifica no campo esportivo. A organização de congressos, o acompanhamento da Revista Brasileira de Ciências do Esporte, o Boletim Brasileiro de Ciências do Esporte e o informativo da Diretoria “Pensando Alto” exigiram um aprofundamento importante no universo dessa informação cientifica. Entre 1984 a 1985, contribuiu, também, na participação das discussões sobre as publicações da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, e na reativação de secretarias estaduais, como responsável pela secretaria regional da SBPC na Região Norte (PEREIRA, 1998). Lembrando que, quando desses acontecimentos, Laércio se encontrava no Maranhão. Então, essa é outra contribuição, que vai fomentar os estudos e pesquisas na área, não só no Maranhão, mas em todo o Brasil Então, eu sou amigo do Victor Matsudo, de juventude, sou de São Caetano como ele. Eu admiro muito o Victor, tem isso. Para você ter uma ideia a importância do Victor, quem foi o grande idealizador do CBCE foi o Victor. Quando a gente fez o Mestrado na primeira turma, todos os estrangeiros que vinham, e eram pessoas importantes dentro das áreas, eles achavam que o mestrado era em São Caetano. Eles não sabiam, eles falavam: “Não, como USP? Não é São Caetano?”. E eles davam aula e corriam para São Caetano para ver o banco de dados de São Caetano. A gente tinha lá, tem até hoje, o CELAFISCS, o que era: eu era o diretor do SESI na época, bem no começo... Eu era diretor do SESI e eu fiz com o Victor, ajudava o Victor a fazer uma olimpíada colegial. Essa olimpíada colegial foi crescendo, a gente fazia o Simpósio de Esportes Colegiais de São Caetano, era um grande simpósio e tal, ao mesmo tempo... era ditadura, lembra... Era difícil de se reunir e o pessoal que a gente chamava, que era os torturadores, isso é intriga [risos], se reuniram na Federação de Medicina Esportiva [risos], e aí o que acontecia o pessoal de São Caetano era.... E os amigo da volta, o pessoal que era do Rio que iam para São Caetano, que conhecia, São Caetano produzia muito e, nos Congressos de Medicina Desportiva quem produzia era o pessoal da Educação Física. E aí o que aconteceu? A gente falou: “Olha, não podemos nem ser sócio e a gente está dando força para esses caras da federação, vamos encarar”. E aí teve a reunião que eu já contei, não sei se você chegou a ver o vídeo que eu contei como foi a reunião [...] Então, o que aconteceu, em 1976 ia ter um Simpósio de Esportes Colegiais, a gente chamou o presidente da Federação de Medicina Esportiva, a ideia era assim: vamos dar uma prensa, que o professor de Educação Física apresenta a maioria dos trabalhos e não pode nem ser sócio.


E aí estávamos nós cinco, que aí consideramos fundadores do Colégio, que é o Victor Matsudo, o Paulo Chagas, do Rio de Janeiro, eu, o Cláudio Gil e a Fátima Duarte que está hoje em Santa Catarina. Chamamos o presidente para a reunião, dentro do Simpósio de Esportes Colegiais, e aí quando começou a reunião o presidente já sabia que a gente ia fazer isso, para a nossa surpresa, ele começou disse: “Olha, eu sei que vocês apresentam os trabalhos, vocês são o máximo, não sei o que, mas quero dizer que a partir de hoje vocês vão poder ser sócios da Federação de Medicina Desportiva”. Aí deu aquele branco geral: “Uau, e agora?”. E aí eu me considero o arremessador da pedra fundamental do Colégio, porque eu perguntei assim: “Bom, legal, nós vamos ser sócios, como nós somos maioria o próximo presidente da Federação de Medicina Esportiva vai ser um professor de Educação Física, o que o senhor acha?”. Quando eu falei isso ele levantou, derrubou a cadeira, fez uma esculhambação geral. Foi legal, nós cinco saímos para outra sala, o Victor já estava preparado com a criação do colégio, falou: “Então está bom, o presidente da Federação acaba de fundar o Colégio Brasileiro de Ciência do Esporte”. E aí formamos logo.... Isso foi em São Caetano, depois fizemos uma reunião oficial em Londrina, onde a gente pegou todo mundo que tinha se reunido também. Fizemos algumas reuniões na casa do Victor, em São Sebastião, tem umas fotos históricas da criação, e aí oficializamos em Londrina e, daí para frente foi... o Victor foi o presidente, o Claudio Gil, a turma que estava lá mesmo, o Claudio Gil foi vice e eu fui o vice de Educação, não sei como se chamava na época, mas foi para a Educação. [...] Fui do Colégio desde sempre, significa desde o primeiro dia, ajudei a fazer Revista, ajudei a levar para a UNICAMP, fui presidente depois em 1985. Porque nos primeiros anos eu fiquei muito, que eu fui vice-presidente da Educação, depois uma gestão do Cláudio Gil que ia para o Rio de Janeiro eu não fiquei, mas eu voltei como presidente eleito do Osmar, eu fui presidente eleito na gestão do Osmar. E aí quando eu assumi, a gente achou... Foi um desastre, isso acho que você sabe, foi um desastre essa história do Cláudio Gil, porque tem sempre essa briga horrorosa Rio-São Paulo, e aí o que aconteceu o Claudio Gil era presidente eleito na gestão do Victor, e virou presidente. Quando ele quis eleger a diretoria, São Paulo se rebelou, e fez uma diretoria de São Paulo, daí o Claudio Gil começou a administrar, ele também não é muito paciente, você ou alguém deve ouvir a opinião dele... [risos] E aí o que aconteceu, ele renunciou e o Osmar assumiu antes da hora, mas ficou claro que essa história de presidente eleito tinha esse perigo, um presidente com uma diretoria em outro lugar, não é possível isso. Então, a gente decidiu que na minha gestão acabaria a história do presidente eleito, como não tinha ainda o estatuto antigo, a Celi era vice-presidente, era presidente eleita, ela renunciou assim que assumiu e criou a coordenação das secretarias regionais, que era a grande mobilização que a gente queria fazer e realmente fez, fez muitos pontos de difusão e foi bem legal. E assim, normalmente ela foi depois a presidente, porque ela era a presidente eleita tinha esse acordo tácito, ela inclusive tinha ido para o doutorado na UNICAMP, como eu era professor da UNICAMP tinha uma sede do Colégio na UNICAMP... Ainda em 1979, quando Laércio e o Autor planejavam o que fazer na SEDEL, foi criado um Decálogo do que seria a atuação naquela recém-criada Secretaria de Desportos e Lazer do Maranhão: “Não sei onde esta esse documento, mas foi por ele que baseamos nosso trabalho desde essa época; e um deles estava a criação de um sistema (ferramenta) para disseminação de informação – dai o CEDEFEL”39… 39

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. 30 ANOS DO I SIMPÓSIO BRASILEIRO DE INFORMÁTICA EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES (19 a 20-11-1987 - Brasil. Campinas – SP) – 27/11/2017 /CONSTRUÇÃO DE UM TESAURUS EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES. Leopoldo Gil Dulcio Vaz - Escola Técnica Federal do Maranhão


O artigo que falei foi um dos primeiros a tratar do assunto, não como um tesauro, mas como um vocabulário controlado – lembrei do termo! – que estávamos construindo, a partir do estudo da Stella Vercesi publicada na revista Paulista de Educação Física vol.3, n. 4, jun 198940. Lembrando: Em 1979 foi criada a Secretaria de Desportos e Lazer do Maranhão – SEDEL – a primeira do Brasil, com um Departamento de Estudos e Pesquisas; Laércio era assessor especial; o Autor estava lotado na Coordenação de Esportes, depois passei a assessorar o assessor: “… Sai em 1981 – voltei para a Secretaria de Educação, mas continuei prestando ‘consultoria’ – isto é, trabalhando sem receber…” Logo em 1980, a I Conferencia Latino-americana de Informação e Documentação Esportiva – a segunda seria em São Luís, em 1981… O Laércio foi um dos representantes do Brasil – fez uma exposição sobre o CBCE e sobre o CEDEFEL-MA – ai que ele passou a existir… Foi ‘inventado’ para esse encontro, na Colômbia41. O problema seguinte – a SEDEL-MA, e o CEDEFEL-MA, junto com a UFMA, UEMA, e CEFET-MA (hoje IF-MA) - seriam os responsáveis pela organização do evento – seja, Laércio e o Autor… Mas… Não tínhamos pesquisas… Passamos a incentivar alguns professores a produzirem alguma coisa para apresentar no ano seguinte… Foi o inicio da pesquisa em Educação Física e Esportes no Maranhão42… /Então, para atacar o problema da dispersão da Informação em Ciências do Esporte foi desencadeado um trabalho de indexação de artigos de revistas no início da década de 80 que serviu de base para a implantação de um Centro de Estudos e Documentação em Educação Física, Esportes e Lazer - CEDEFEL. As ações do CEDEFEL estavam voltadas para um processo de criação de um modelo de "Centro Referencial" - informação sobre a informação - com o objetivo de recuperar e organizar as informações básicas em Educação Física, Esporte e Lazer e efetivar a comunicação entre especialistas (VAZ, PEREIRA, 1992) 43. Criou-se um Centro de Estudos44 que funcionou em uma pasta de papelão, e era itinerante – funcionava onde estávamos, em minha casa, na casa dele, na SEDEL, na ETFM, na UFMA, na UEMA, locais onde trabalhávamos – era um “centro virtual”, pois só existia em nossa mente – dai considerar como a base do CEV45. Laércio jamais abandonou a ideia e a aprofundou…

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SILVA, Maria Stella Vercesi. Adaptação da Classificação Decimal de Dewey para Educação Física. REVISTA PAULISTA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, 3 (4): 43-49, jun. 1989. 41 I CONFERENCIA SOBRE DOCUMENTACION E INFORMACION DEPORTIVA EM LATINOAMERICA, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de feveriero de 1980. MAIER, Jürgen (Editor). I CONFERENCIA SOBRE DOCUMENTACION E INFORMACION DEPORTIVA EM LATINOAMERICA, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de feveriero de 1980. ANAIS... 42 “DECLARACION DE MEDELLIN...”, em seu Acuerdo 2, decide-se pela realização dos próximo eventos: 1981 II conferencia en SAN Luis, Maranhão, Brasil; 1982 III Conferencia em BUENOS AIRES, Argentina; 1983 IV Conferencia en CARACAS, Venezuela. (p. 255 (in. MAIER, Jürgen (Editor). I CONFERENCIA SOBRE DOCUMENTACION E INFORMACION DEPORTIVA EM LATINOAMERICA, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de feveriero de 1980. ANAIS.. 43 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PEREIRA, Laércio Elias. ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO EM CIÊNCIAS DO ESPORTE: A EXPERIÊNCIA DO CEDEFEL-MA. Tema livre apresentado no XVIII SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CI ÊNCIAS DO ESPORTE, São Caetano do Sul, outubro de 1992 44 VAZ, PEREIRA, 1992, citado 45 PEREIRA, Laércio Elias. CENTRO ESPORTIVO VIRTUAL: Um Recurso de Informação em Educação Física e Esportes na Internet. Tese apresentada a Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas como requisito para a obtenção do titulo de Doutor em Educação Física, área de Educação Motora, por Laércio Elias Pereira, Orientador Prof. Dr. Joao Batista Andreotti Gomes Tojal, Campinas, 1998. Disponível em http://cev.org.br/biblioteca/centro-esportivo-virtual-umrecurso-informacao-educacao-fisica-esportes-internet/


A ideia surgiu da necessidade, pois Laércio foi para um congresso internacional de documentação esportiva acontecido na Colômbia – Medelín46; por conta disso, o segundo viria para o Brasil – Maranhão… Nunca aconteceu… Como não sei se aconteceram os demais conforme programado…47. Mas o Heiz Guiberhienz do Convenio Colômbia-Alemanha (veio, junto com o Ulrich Jonathan – técnico da seleção olímpica de atletismo da Alemanha - chegaram a vir ao Maranhão para tratar desse assunto e vendo o trabalho de ‘organização da informação’ que se fazia, propôs outros convênios… (1980)48. O CEDEFEL-MA – Centro de Estudos e Documentação em Educação Física, Esportes e Lazer do Maranhão, integrado pelas UFMA e SEDEL (Laércio) e ETFM e UEMA (eu) teve uma importante e vasta produção científica… cinco trabalhos apresentados naquele I Encontro de Pesquisadores49; depois, dois trabalhos na SBPC, e mais dois trabalhos apresentados nos encontros do CELAFICS, além de alguns CONBRACEs… tudo virtual, de dentro daquela pastinha50... 46

). I CONFERENCIA SOBRE DOCUMENTACION E INFORMACION DEPORTIVA EM LATINOAMERICA, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de feveriero de 1980. ANAIS... 47 “DECLARACION DE MEDELLIN...”, em seu Acuerdo 2, decide-se pela realização dos próximo eventos: 1981 II conferencia en SAN Luis, Maranhão, Brasil; 1982 III Conferencia em BUENOS AIRES, Argentina; 1983 IV Conferencia en CARACAS, Venezuela. (p. 255 (in. MAIER, Jürgen (Editor). I CONFERENCIA SOBRE DOCUMENTACION E INFORMACION DEPORTIVA EM LATINOAMERICA, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de feveriero de 1980. ANAIS... 48 Dos acordos – 1981 – II Conferencia en São Luis –Maranhão – Brasil!!!! I CONFERENCIA SOBRE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO DESPORTIVA NA AMERICA LATINA; Literatura Desportiva latinoamericana; Declaração de Medellín. EDUCACIO FISICA Y DEPORTE – n.2, ano 2, maio 1980 – Órgão oficial do Instituto de Ciências do Desporto – Universidade de Antioquia – Convenio Colombia-Alemanha; 49 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio & PEREIRA, Laércio Elias. Coleta de bibliografia para processamento por computador. ENCONTRO DE PESQUISADORES DA UEMA, I, São Luís, 1986. ANAIS... São Luís, 1986. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio & PEREIRA, Laércio Elias & Outros. Indexação: em busca da construção de um thesaurus em Ciências do Esporte. ENCONTRO DE PESQUISADORES DO MARANHÃO, I, São Luís, 1990. ANAIS... São Luís, 1990. PEREIRA, Laércio Elias; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio, e Outros. Organização da Informação em Ciências do Esporte veiculada em periódicos de língua portuguesa. ENCONTRO DE PESQUISADORES DO MARANHÃO, I, São Luís, 1990. ANAIS...São Luís: UFMA, 1990. PEREIRA, Laércio Elias; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; REIS, Lúcia; ANDRADE FILHO, Santiago Sinésio; PEREIRA NETO, Francisco Dias. Organização da informação em ciências do esporte veiculada em periódicos de língua portuguesa. In: ENCONTRO DE PESQUISADORES DO MARANHÃO, 1., 1990, São Luís. Anais… São Luís: EDUFMA, 1990. v.1, p. 49. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias; REIS, Lúcia. Indexação: em busca da construção de um tesauro em ciências do esporte. In: ENCONTRO DE PESQUISADORES DO MARANHÃO, 1., 1990, São Luís. Anais… São Luís: EDUFMA, 1990. v.1, p. 50. 50 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PEREIRA, Laércio Elias. ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO EM CIÊNCIAS DO ESPORTE: A EXPERIÊNCIA DO CEDEFEL-MA. Tema livre apresentado no XVIII SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CI ÊNCIAS DO ESPORTE, São Caetano do Sul, outubro de 1992 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Memórias da Documentação Esportiva No/do Brasil. In CEV/BIBLIOTECONOMIA E CIENCIA DA INFORMAÇÃO EM EF & ESPORTES; 06/05/2016, disponível em http://cev.org.br/comunidade/biblioteca/debate/arquivo/tema/tesauro VAZ, L. G. D. ; ANDRADE FILHO, S. S. ; FERREIRA NETO, F. D. Implantação da Informática no CEFETMA. Seminario De Informatização Da UEMA, I, 1991. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias. A produção do conhecimento na Escola de Educação Física da UFMG. ANAIS Da 45ª Reunião Anual Da SBPC, Recife, 11 a 16 de julho de 1993, Vol. 1 p. 394, A.11 Motricidade Humana e Esportes, 6- A. 11 (Resumo). VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias. A produção do conhecimento na Escola de Educação Física da UFMG. ANAIS CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, Belém – Pará, 06 a 10 de setembro de 1993, Universidade Federal do Pará, p. 136 (Resumo) VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Produção do conhecimento em Educação Física e Desportos no Nordeste Brasileiro. JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA DA UFMA, III, São Luis, 05 a 08 de dezembro de 1995. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Produção do conhecimento em Educação Física e Desportos no Nordeste Brasileiro in REVISTA MOVIMENTO HUMANO 7 SOCIEDADE, n. 5, ano II, Edição Especial. ANAIS…, p. 14-21 PEREIRA, L. E. ; VAZ, L. G. D. . Centro Esportivo Virtual – CEV. In: Lamartine Pereira da Costa. (Org.). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. 1 ed. Rio de Janeiro: Shape, 2005, v. 1, p. 769-770. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CONSTRUÇÃO DE UM TESAURUS EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES. IN I SIMPÓSIO BRASILEIRO DE INFORMÁTICA EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES De 19 a 20-11-1987 Brasil. Campinas - SP


Começamos a elaborar a indexação de periódicos especializados – o primeiro saiu da minha coleção da Revista Brasileira de Educação Física, editado pela SEED/MEC e feito pelo Laércio, publicado pelo MEC/SEED; depois comecei a adquirir a coleção da Stadium, um ano por mês, e a indexar – fizemos 23 anos da revista… (PEREIRA, 1983) 51. Por fim, junto com o pessoal da ETFM (VAZ, ANDRADE FILHO, FERREIRA NETO, 1991) 52, criamos um banco de dados, utilizando (dinossauro) DBase, depois o DBase III, e utilizando Clipper e DBase III Plus; o LTI da EB-UFMG – Luizinho – ajudou muito na fase final, com os programas e as ferramentas computacionais (VAZ, PEREIRA; LOUREIRO, 1993)53; lembro que a Escola de Engenharia da UFMG tinha acesso, já, à Internet; fizemos nossos endereços e começamos a utilizá-la; depois já era possível o acesso através do LTI-EB e por fim, da EEF/SIBRADID54… Chegamos a ter 5.013 artigos indexados, de 13 revistas dedicadas em português/Brasil… ( VAZ, PEREIRA, 1993, a, b)55. 51

PEREIRA, Laércio Elias. INDICE DA REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS. Brasília : SEED/MEC, 1983 VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Indice Da Revista Stadium. São Luis: SEDEL, 1984 (Edição em microficha). A “Stadium”, da Argentina, cujo índice foi publicado no formato de microficha, e distribuído através de um ‘clube de microficha’ inventado pelo Prof. Laércio Elias Pereira e distribuída a edição por todo o Brasil, aos “assinantes”; VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Indice Da Revista Corpo & Movimento. São Luis: UEMA, 1987 (inedito); VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Indice Da Revista Desportos & Lazer. São Luis: UEMA, 1987 (inédito); VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Indice Da Revista Comunidade Esportiva. São Luis: UEMA, 1987 (inédita); VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Índice da Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Revista Brasileira De Ciencias Do Esporte 10 (1): 33-45, set. 1988. VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Handebol – Bibliografia básica. Encontro De Treinadores De Handebol, I, Campinas, 1988. ANAIS..., Campinas, 1988. VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Indice Da Revista Kinesis. Santa Maria: UFSM, 1990. VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Natação – Bibliografia Básica. Cadernos Viva Água, São Luis, Escola de natação Viva Água, 1991, vol. 1 VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Natação – Bibliografia. Cadernos Viva Água, São Luis, Escola de natação Viva Água, 1991, vol. 2 VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Psicologia aplicada ao esporte. Cadernos Viva Água, São Luis, Escola de natação Viva Água, 1991, vol. 3 Seguiram-se as indexações dos seguintes periódicos: ‘Arquivos’ da Escola Nacional de Educação Física (1992); ‘Boletim da FIEP’ (1992); ‘Artus’ (1992); ‘Homo Sportivus’ (1992); ‘Motrivivencia’ (1993), e o vol 4 dos “Cadernos Viva Água”, sobre Natação para Crianças, com a produção de Stephen Langersdorff (1994). 52 VAZ, L. G. D. ; ANDRADE FILHO, S. S. ; FERREIRA NETO, F. D. Implantação da Informática no CEFET-MA. SEMINARIO DE INFORMATIZAÇÃO DA UEMA, I, 1991. 53 VAZ, L. G. D. ; PEREIRA, L. E. ; LOUREIRO, Luis Henrique. Protocolo De Indexação De Periódicos Dedicados A Educaçao Fisica, Esportes E Lazer Em Lingua Portuguesa. 1993. Software sem registro de patente. 54 SIBRADID - O Sistema Brasileiro de Documentação e Informação Desportiva - SIBRADID é uma rede de informações cuja unidade central, está sediada na Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG. A parceria com Instituições de ensino superior e de pesquisa (denominados Centros Cooperantes) é realizada através da assinatura de convênios de cooperação técnica. O objetivo da unidade central é prestar serviços e fornecer produtos de informação em Ciências do Esporte, Educação Física e áreas afins à comunidade e aos demais setores da sociedade, promovendo e disseminando o uso das informações contidas nas bases de dados do Sistema, possibilitando a prestação de serviços de acesso a documentos através da Comutação Bibliográfica (Biblioteca da EEFFTO). O principal serviço do Sistema é disponibilizar, através da Internet, a seguinte base de dados: SIBRA - Base de Dados Bibliográficos Nacional – que contém referências bibliográficas da produção científica nacional (monografias, artigos de periódicos, capítulos de livros, anais de congressos, dissertações e teses). https://www.bu.ufmg.br/bu/index.php/base-de-dados/sibradid Oficialmente o SIBRADID teve as suas atividades encerradas no dia 5 de dezembro de 2011, conforme ata da congregação da EEFFTO. PEREIRA, Laércio Elias. O Sibradid Encerrou Suas Atividades em Dezembro de 2011. CEV/ Biblioteconomia e Ciência da Informação em EF & Esportes, 04/05/2014, http://cev.org.br/comunidade/biblioteca/debate/o-sibradidencerrou-suas-atividades-dezembro-2011/ 55 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias. A produção do conhecimento na Escola de Educação Física da UFMG. ANAIS Da 45ª REUNIÃO ANUAL DA SBPC, Recife, 11 a 16 de julho de 1993, Vol. 1 p. 394, A.11 Motricidade Humana e Esportes, 6- A. 11 (Resumo).


O principal problema era o resgate da informação; dai termos desenvolvido empiricamente, um tesauro56 – somente eu dominava, pois era o responsável pela catilografia(gração) (hoje, seria digitação); começamos com aquelas fichinhas de referência bibliográfica, que se aprende nos cursos de iniciação a pesquisa, depois passamos a utilizar um COBRA 286 – o máximo da tecnologia da época; e poderia haver consulta on line via MANDIC – quem lembra? era préinternet, só depois (final de 92) havia acesso via internet…. Para os primeiros trabalhos de indexação foi criada uma “ficha de Coleta de Bibliografia” a partir do modelo e das sugestões oferecidas pela Sra. Ofélia Sepúlveda, documentalista do BIREME57. Os artigos eram indexados58 com ate cinco palavras-chave, que poderiam ser recuperadas, remetendo ao artigo; e por autores: – CORRIDAS – VELOCIDADE – TREINAMENTO – TECNICA – numa ordem hierárquica, da mais ampla para a mais especifica – recuperável por qualquer uma das palavras… – FUNDAMENTOS – PASSES – PASSE DE PEITO – TREINAMENTO – METODOLOGIA DE ENSINO – JOGOS PRE-DESPORTIVOS – JOGOS COM BOLA – MINI-HANDEBOL Desde o início o trabalho sofreu a dificuldade da inexistência de um tesauro 59 que servisse de repertório para obtenção de palavras-chave essenciais à indexação.

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias. A produção do conhecimento na Escola de Educação Física da UFMG. ANAIS CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, Belém – Pará, 06 a 10 de setembro de 1993, Universidade Federal do Pará, p. 136 (Resumo) 56 BARRETO, Aldo. UM TESAURO CONSTRUIDO COM PALAVRAS. In VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CEV/BIBLIOTECONOMIA E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO EM EF & ESPORTES; 13/09/2010, disponível em http://cev.org.br/comunidade/biblioteca/debate/um tesouro-construido-palavras/ O Thesaurus de Roget teve grande sucesso de público nos países de língua inglesa e foi também traduzido para diversas línguas. A palavra thesaurus etimologicamente significa tesouro tendo sido usado durante muitos séculos para designar um léxico, ou um tesouro de palavras. Esta palavra popularizou-se a partir da publicação do Thesaurus of English Words and Phrases, de Peter Mark Roget, em Londres, 1852. O subtítulo de seu dicionário expressa bem o objetivo: classsified and arranged so as to facilitate the expression of ideas and to assist in literary composition (Roget, 1925) O sentido actual da palavra remete a um catálogo classificado de palavras, reunindo-as pela ordem alfabética, de acordo com as “ideias que exprimem: conceitos abstractos, espaço, matéria, intelecto, vontade e afeição. O Thesaurus de Roget expressa bem o que o autor pretendia com sua obra: classificar e ordenar para facilitar a expressão de ideias e auxiliar na narrativa. A questão é colocada da seguinte forma:um catálogo de palavras mostrando significados análogos vai sugerir, por associação, outras imagens de pensamento. Na adaptação da obra de Roget para o francês o seu título ficou Dictionnaire idéologique: recueil des mots, des phrases, des idiotismes et des proverbes de la langue française classés selon l’ordre des idées. Assim nos países de língua latina os thesaurus e dicionários analógicos são também conhecidos como dicionários ideológicos no sentido de aumentação de ‘ideias’. O Thesaurus de Roget é um peça importante na história da informação e sua técnicas e pode ser visto ou baixado integralmente no site: Roget’s Thesaurus of English Words and Phrases. http://www.gutenberg.org/files/10681/10681-h-body- pos.htm 57 BIREME – Centro Latino americano e do Caribe de Infortmação em Ciências da Saúde, é um Centro Especializado da Organização Pan Americana de Saúde - OPAS, estabelecido no Brasil desde 1967, em colaboração com Ministério de Saúde, Ministério da Educação, Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo e Universidade Federal de São Paulo. In http://www.bireme.br/local/Site/bireme/homepage.htm) 58 A indexação é a operação que consiste em descrever e caracterizar um documento com o auxilio de representações dos conceitos contidos nesses documentos, isto é, em transcrever para linguagem documental os conceitos depois de terem sido extraídos dos documentos por meio de uma análise dos mesmos. A indexação permite uma pesquisa eficaz das informações contidas no acervo documental (in http://joaquim_ribeiro.web.simplesnet.pt/Arquivo/pdf/class_index_pdf.pdf) . 59 O tesauro tem sido considerado como uma linguagem de indexação. Isto é verdade, quando ele está em uso num serviço de recuperação de informação, e destinado ao uso para o qual é desenvolvido, com regras para sua utilização. (in GOMES, Hagar Espanha; CAMPOS, Maria Luiza de Almeida. Tesauro e normalização terminológica: o termo como base para intercâmbio de informações. DATAGRAMAZERO - Revista de Ciência da Informação - v.5 n.6 dez/04, disponível em http://www.dgzero.org/dez04/Art_02.htm)


Construiu-se um glossário a partir da listagem acumulada em 20 anos de experiência da Escola de Educação Física da USP pela documentalista Maria Stella Vercesi da Silva60, que recebeu modificações por parte dos dois autores, já que a “Terminologia aplicada à Educação Física ”61 de Tubino (1985)62, se mostrou insuficiente. Silva (1989), em seu estudo, refere-se a trabalho anterior também desenvolvido na USP, com a extensão da classe 796 da CDD, já insuficiente para atender a uma biblioteca específica. Essa extensão foi apresentada por Irene Meneses Dória, durante o I Congresso Paulista de Educação Física, realizado no ano de 194063, aplicada na Biblioteca do Departamento de Educação Física e Esportes. Durante 15 anos essa extensão atendeu às necessidades de classificação de livros da Biblioteca da EEF/USP: “Há algum tempo, com o acumulo de novos documentos ficou patente o desdobramento de itens que estavam defasados na área de Educação Física e Recreação. Este fato levou-me a idealizar uma nova ampliação, em colaboração com Olga S. Martucci64, que atendesse à demanda atual. Essa ampliação das classes 790 e 796 é divulgada com o intuito de auxiliar os bibliotecários que atuam na área de Educação Física e Esportes (p. 43) “[...] O Índice de Assuntos, inicialmente foi adotado o ‘Sears listo f subject headings’ (Frick, 59 e Westby, 72)65 que foi idealizado para auxiliar as bibliotecárias e unificar os assuntos nas Bibliotecas, mas a convivência na área fez sentir a necessidade de inúmeras adaptações para atender o interesse do usuário. Criou-se um Thesaurus, vocabulário específico de uma área do conhecimento, apropriado para Educação Física e Esportes, que poderá ser solicitado à Biblioteca da Escola de Educação Física da Universidade, pelos interessados”. (p. 45). (grifos nossos). Iniciou-se então um cotejamento66, primeiro com o tesauro da EEFUSP, e, depois com o “Thesaurus em Ciências do Esporte” da UNESCO, o da IASI67, e outros68, dos quais tomamos 60

SILVA, Maria Stella Vercesi. Adaptação da Classificação Decimal de Dewey para Educação Física. Revista Paulista De Educação Física, 3 (4): 43-49, jun. 1989 61 Terminologia, em sentido amplo, refere-se simplesmente ao uso e estudo de termos, ou seja, especificar as palavras simples e compostas que são geralmente usadas em contextos específicos. Terminologia também se refere a uma disciplina mais formal que estuda sistematicamente a rotulação e a designação de conceitos particulares a um ou vários assuntos ou campos de atividade humana, por meio de pesquisa e análise dos termos em contexto, com a finalidade de documentar e promover seu uso correto. Este estudo pode ser limitado a uma língua ou pode cobrir mais de uma língua ao mesmo tempo (terminologia multilíngüe, bilíngüe, trilíngüe etc.). (in BARROS, L. A. Curso Básico De Terminologia. 2002. KRIEGER, Maria da Graça; FINATTO, Maria José B. Introdução À Terminologia. São Paulo: Contexto, 2004). 62 TUBINO, Manoel José Gomes. Terminologia Aplicada Á Educação Física. São Paulo: IBRASA, 1985. 63 DORIA, Irene Meneses. Sugestões para uma classificação decimal de educação física e esporte. In Congresso Paulista De Educação Física, 1, São Paulo, 1940. ANAIS. São Paulo, 1942, p. 243-6. 64 Bibliotecário Supervisor de Seção do SSD da EEFUSP 65 FRICK, B. M. Sears List F Subject Headings. 8. ed. New York, H. W. Wilson, 1959; WESTBY, B. M. Sears List F Subject Headings. 10a. ed. New York, H. W. Wilson, 1972, citados por SILVA, 1989. 66 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Organização da Informação em Ciências do Esporte - a experiência do CEDEFEL-MA. In: Encontro De Bibliotecários Do Estado Do Maranhão, 8, 1991, São Luis - MA. Anais - APBEM. São Luís: CRB-13, 1991. V. 1; VAZ, L. G. D. ; PEREIRA, L. E.; LOUREIRO, Luis Henrique. Protocolo De Indexação De Periódicos Dedicados A Educação Física, Esportes E Lazer Em Língua Portuguesa. 1993. (Software sem registro de patente). 67 INTERNATIONAL ASSOCIATION FOR SPORTS INFORMATION. World Index Of Sportperiodicals. Holanda: IASI, 1984. 68 BUNDSINSTITUT FÜR SPORTWISSENCHAFT KLN. Literatur der Sportwissenchaft. Sportdokumentation 1/78. COMITE DE INFORMACION Y DOCUMENTACION DEPORTIVA DE LATINO AMERICA. Declaracion de Medellín sobre información y documentación deportiva en Latinoamérica. Educación Física Y Deporte 2 (2): 3943, maio de 1980. GARCIA ZAPATA, Francisco; MAIER, Jorge; MEDINA, Baltazar; SONNESCHEIN, Werner.. Bibliografia Deportiva: Artículos De Revistas. Medellín: Universidad de Antioquia, 1979. Serie Bibliografia 2; SONNESCHEIN, Werner. Literatura deportiva em latinoam,erica. Educacion Física Y Deporte 2 (2): 29-37, maio 1980. BRASIL, Universidade Federal de Minas Gerais. Introdução Ao Sistema Minisis. Belo Horizonte: EEF/UFMG, 1989 (Mimeo).


conhecimento a partir daquela participação do Prof. Dr. Laércio Elias Pereira na “I Conferencia sobre Documentacion e Informacion Deportiva em Latinoamerica”. Lá se discutiram problemas relacionados com a “Terminologia deportiva” 69, e foi apresentado um “Informe sobre La X reunión internacional de la comisión ‘Thesaurus’ de la I.A.S.I. - 11 a 17 de nov., 79. Macolin (Suiza)70: “El Thesaurus del deporte em lengua alemana – proyecto de investigacion a cargo de W. Kneyer – BISP (Colônia); “Control por computadora del Thesaurus Basico y de Facetas terminadas em IBM-Viena”; e “Solicitud de financiacion del proyecto ‘Thesaurus multilíngüe’ por El CIEPS-UNESCO” (p. 97-98). Ainda daquele informe foi apresentado o programa de trabalho para o biênio 1980-1981 (item 2) dos aspectos e resultados mais importantes da 10ª Reunião da Comissão “Thesaurus”: elaboração e aprovação da estrutura básica (Thesaurus Básico) do Thesaurus e suas partes e facetas, as normas para confecção das distintas facetas (já em fase de conclusão); e o inicio de uma segunda fase, cujos aspectos fundamentais seriam terminar o Tesauro do esporte em língua alemã; e traduzir o Tesauro alemão a outros idiomas. O Item (3) referia-se ao “Tesauro do esporte em língua alemã, projeto de pesquisa a cargo de Kneyer, em colaboração com o Instituto Federal de Ciências do Esporte/Colônia”; e o item (4) “Generacion y control em computadora del Thesaurus Básico, a ser desenvolvido pela IBM-Viena sob a direção de Lang”. Ouvia-se falar, no âmbito das Ciências do Esporte no Brasil, de “Thesaurus”. Estava lançada a semente... Assim, descobrimos depois, poderia vir a ser um tesauro – cheguei a apresentar um trabalho na UFMG sobre isso…; tomamos conhecimento da IASI; depois, do trabalho de uma bibliotecária da USP, o que levou o Laércio para a UFMG – estava-se implantado o SIBRADID -; e depois o Autor para o Curso de Mestrado em Ciência da Informação… (VAZ, 2009, a, b)71. Ainda tenho esse material, em disquete de 8! (quem lembra?) e depois em cinco de 3 1/2! O máximo da tecnologia – caros…; perdi o arquivo, junto com um com-puta-dor que tinha – um 286! Perdi na mudança de tecnologia, para um 386!!! E nunca mais vi quando fui para um 486… Mas ainda guardo os artigos em casa, brigando com o mofo e as traças e cupins… Tenho alguns dos índices em papel… Depois, vi trabalho semelhante sendo apresentado pelo Victor Melo (1998, a, b)72 Estava-se reinventando a roda… Quem manda trabalhar na periferia? (Maranhão…) Agora – começamos em 1979!!! - voltamos a ouvir falar em tesauro em educação física…

GASPAR, Anaiza Caminha. Biblioteca. Curso De Atualização Em Documentação E Ciência Da Informação. São Luis: UFMA; Brasília: Associação dos Arquivistas Brasileiros, 1989 (Mimeo). GOMES, Hagar Espanha (Coord.). Manual De Elaboração De Tesauros Monolíngües. Brasília: Programa nacional de Bibliotecas de Instituições de Ensino Superior, 1990. 69 SCHWARZ, Erika. Terminologia deportiva. Características y problemas en el área de habla española. in. MAIER, Jürgen (Editor). Conferencia Sobre Documentacion E Informacion Deportiva Em Latinoamerica, I, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de fevereiro de 1980. ANAIS... p. 81-93. 70 SCHWARZ, Erika; ROMERO, Daniel. Informe sobre La X reunión internacional de La comisión ‘Thesaurus’ de La I.A.S.I. - 11 A 17 DE NOV., 79. Macolin (Suiza). In MAIER, Jürgen (Editor). Conferencia Sobre Documentacion E Informacion Deportiva Em Latinoamerica,, I, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de fevereiro de 1980. ANAIS... p. 97-100 71 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. DEPOIMENTO. In CEV/BIBLIOTECONOMIA E CIENCIA DA INFORMAÇÃO EM EF & ESPORTES. 03/08/2009, DISPONÍVEL EM HTTP://CEV.ORG.BR/COMUNIDADE/BIBLIOTECA/DEBATE/DEPOIMENTO-1/ VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PIONEIRISMO. In CEV/BIBLIOTECONOMIA E CIENCIA DA INFORMAÇÃO EM EF & ESPORTES. 03/08/2009, DISPONÍVEL EM HTTP://CEV.ORG.BR/COMUNIDADE/BIBLIOTECA/DEBATE/PIONEIRISMO/ 72 GENOVEZ, PATRICIA DE FALCO, MELO, VICTOR ANDRADE DE. Bibliografía brasileña sobre Historia de la Educación Física y del Deporte. LECTURAS: EDUCACION FÍSICA Y DEPORTES, Buenos Aires, ano 2, n.10, 1998 PAIVA, Fernanda Simone Lopes de; GOELLNER, Silvana Vilodre; MELO, Vitor Andrade de. Revista Brasileira de Ciência do Esporte – Bibliografia e perfil. RBCE, número especial, 20 anos CBCE, setembro 1998. PAIVA, Fernanda Simone Lopes de; GOELLNER, Silvana Vilodre; MELO, Vitor Andrade de. Revista Brasileira de Ciência do Esporte – Bibliografia e perfil. LECTURAS: EDUCACION FÍSICA Y DEPORTES, Buenos Aires, Año 3. Nº 11. Buenos Aires, Octubre 1998, http://www.efdeportes.com/


Sobre a Conferencia de Medellin – foi de 4 a 7 de fevereiro de 1980. Lá foram representados vários centros: Espanha – INEF; Paulo Medina – Centro de Documentação e Informação do ISEFL (1971/72) (Portugal?); Juan Angel Maañon – a informação e documentação esportiva na Argentina; Jesus Diaz Zurita – idem, Venezuela; Eduardo Garraez – idem, México; Alberto Pereja Castro – Centro de documentação e informação desportiva do Instituto de Ciências do Esporte – Colômbia Do/pelo Brasil: Laércio Elias Pereira – O CBCE – inicia em 1968: olimpíada escolar Tijucurru Clube – São Caetano; 1972 I Simpósio de esporte escolar; CELAFISCS; 1977 Congresso Brasileiro de Medicina Desportiva; os professores de educação física não poderiam se filiar à Federação Brasileira de Medicina Desportiva – surge a ideia do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte – VI Simpósio de esporte escolar 1978 e criado o CBCE73 Laércio Elias Pereira – Centro de Estudos e Documentação em Educação Física, Desportos e Recreação do Maranhão – CEDEFEL74 Renate V. H. Sindermann – Documentação e Informação do esporte no Brasil –CEDIME (Porto Alegre) – Inicia em 1974 – CEDIME – Centro de Documentação e Informação em medicina desportiva – Porto Alegre – DeRose, Henrique75 Maria Licia Bastos Marques e Manfred Loecken – Situação atual da documentação em ciências do desporto no Brasil76: (Bibliotecaria-chefe da EEF-UGMG) – ate cinco anos atrás, produção, coleta, organização e difusão da informação bibliográfica em ciência do desporto era desconhecida (1975) Maria Licia Bastos Marques – Documentação para ciência do desporto – um problema brasileiro; – artigo Suplemento Apoio do Boletim Informativo da Escola de Educação Física da UFMG (ano 1, n. 3)77. Ha uma Declaração de Medellín78 sobre a informação e documentação desportiva na América Latina. Assinam-na, pelo Brasil: Laércio Elias Pereira (SEDEL-MA) e Manfred Loecken (SEED/MEC) -. adido cultural da Alemanha que prestava consultoria à SEED/MEC na época

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PEREIRA, Laércio Elias. O Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte. In MAIER, Jürgen (Editor). Conferencia Sobre Documentacion E Informacion Deportiva Em Latinoamerica,, I, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de fevereiro de 1980. ANAIS... P. 191-193. PEREIRA, Laércio Elias. Centro de estúdios y documentacion em Educacion Física, Deportes y Recreacion de Maranhão. In MAIER, Jürgen (Editor). Conferencia Sobre Documentacion E Informacion Deportiva Em Latinoamerica,, I, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de fevereiro de 1980. ANAIS... p. 197-198. SINDERMANN, Renate V. H. Documentacion e Informacion Del Deporte em El Brasil. In MAIER, Jürgen (Editor). Conferencia Sobre Documentacion E Informacion Deportiva Em Latinoamerica,, I, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de fevereiro de 1980. ANAIS... p. 169-173 BASTOS M., Maria Licia; LOECKEN, Manfred. Situação atual da documentação em ciência do desporto no Brasil. In MAIER, Jürgen (Editor). Conferencia Sobre Documentacion E Informacion Deportiva Em Latinoamerica,, I, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de fevereiro de 1980. ANAIS... p. 177-182 BASTOS M., Maria Licia. Documentação para ciência do desporto – um problema brasileiro. In MAIER, Jürgen (Editor). Conferencia Sobre Documentacion E Informacion Deportiva Em Latinoamerica,, I, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de fevereiro de 1980. ANAIS... p. 185-187; MARQUES, Maria Lícia Bastos. Situação atual da informação desportiva na America Latina. Revista Brasileira De Ciências Do Esporte, 11(2): 123, jan. 1990. “DECLARACION DE MEDELLIN...”, (in. MAIER, Jürgen (Editor). I CONFERENCIA SOBRE DOCUMENTACION E INFORMACION DEPORTIVA EM LATINOAMERICA, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de feveriero de 1980. ANAIS...


FONTE: REVISTA DESPORTOS & LAZER, ano 1, numero III, abril/junho 1981

Em entrevista com Laércio Elias Pereira a cargo da pesquisadora Christiane Garcia Macedo para o Projeto Garimpando Memórias do Centro de Memória do Esporte79, declarou que

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LAÉRCIO ELIAS PEREIRA (depoimento) 2016 PROJETO GARIMPANDO MEMÓRIAS CENTRO DE MEMÓRIA DO ESPORTE ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/153109/001015238.pdf?sequence=1&isAllowed=y


Então, o CEDEFEL foi uma criação da Secretaria de Esporte, no começo da década de 1980. Quando eu me transferi, com o meu automóvel e meus livros para a Paraíba e deixei um monte de documento que a gente tinha que era da Secretaria de Educação, que a gente tinha que criar uma Secretaria de Esportes e tal. Daí o pessoal ligou da Paraíba, aquelas histórias abriram concurso para a Paraíba, eu fiquei na casa do João Freire incomodando três meses, fiquei treinando o time de handebol e já era um paraibano, quando o pessoal diz: “Volta que criaram a secretaria e, você precisa trabalhar na ideia que você ajudou a criar”. Daí eu peguei meu carro velho, enchi de livro de novo e voltei para o Maranhão. Daí quando eu cheguei lá, como eu cheguei nessa circunstância do cara que ajudou a criar, eu pude fazer bastante coisa, eu fui para a assessoria do secretário direto, e aí puxei a história da documentação, informação e tal, e ele deu toda a força, aí que foi o CEDEFEL. A gente, Leopoldo Gil Dulcio Vaz e eu, criamos uma sessão dentro da secretaria que daria apoio ao CEDEFEL, para você ter uma idéia o Research Quarterly, que era a maior revista da época de Educação Física, pesquisa e tal, a gente comprou a coleção inteira para o Maranhão, o único lugar que tem esse periódico. Estava tudo em microfilme, a gente comprou o microfilme desde 1930. Assim... sumiu depois, mas para você ter uma ideia eles me apoiaram na ida para a Colômbia, para esse encontro de documentação esportiva, foi a secretaria que me apoiou. E aí escrevi no telex, eu lembro de escrever lá de Medelin ... “Olha, pode ser a segunda aí no Maranhão?” e o Jota Alves da Comunicação falou: “Falei com o secretário, pode assumir aí, que a segunda conferência vai ser em São Luís”. Mas aí tem mudança política, já não era mais o secretário, não consegui dar continuidade. Mas lá foi legal que eu conheci bastante gente da IASI, que hoje eu ainda estou. Para você ter uma ideia, essa reunião da IASI que eu consegui fazer no Brasil, em 2006. Vinte e seis anos de batalha [risos], desde essa época que eu tentei levar para o Maranhão, eu vinha batalhando e não tinha jeito, para ver se eu fazia a reunião no Brasil, só consegui fazer isso em 2006. Que eu já te contei que foi um desastre a reunião etc, etc. Mas foi legal, foi um quarto de século de luta [risos]. O CENTRO ESPORTIVO VIRTUAL 80 Lá, no distante (e isolado...) Maranhão, dos anos 1970 (século passado), em que a correspondência pedestre (via ECT) levava pelo menos 15 dias para ir – e outro tanto para voltar -, a São Paulo, por exemplo, e que uma ligação telefônica era feita através de ‘dona’ TELMA – ligava-se e a telefonista, a quem chamávamos de D. Telma, mas na realidade era a sigla de Telecomunicações do Maranhão (depois Telemar, hoje OI), e isso lá no posto para interurbanos localizados nos baixos do Hotel Central, na Praça Benedito Leite - que o hoje Professor Doutor Laércio Elias Pereira idealizou o Centro Esportivo Virtual, ainda numa era pré internet; tinha-se - ligado à Escola de Engenharia da UFMG -, uma ferramenta de comunicação interpares Bitnet81 – onde 80

PEREIRA, Laércio Elias. CENTRO ESPORTIVO VIRTUAL: Um Recurso de Informação em Educação Física e Esportes na Internet. Tese apresentada a Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas como requisito para a obtenção do titulo de Doutor em Educação Física, área de Educação Motora, por Laércio Elias Pereira, Orientador Prof. Dr. Joao Batista Andreotti Gomes Tojal, Campinas, 1998. Disponível em http://cev.org.br/biblioteca/centro-esportivo-virtual-umrecurso-informacao-educacao-fisica-esportes-internet/ VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. OS VINTE ANOS DO CEVE. IN http://cev.org.br/comunidade/maranhao/debate/aniversario-de-20-anos-cev/ 81 A BITNET (acrônimo de "Because It's Time to NETwork" ou "Because It's There NETwork") foi uma rede remota criada em 1981 a partir da ligação entre a Universidade da Cidade de Nova Iorque e a Universidade Yale, que visava proporcionar um meio rápido e barato de comunicação para o meio acadêmico.[1] Era administrada pelo CREN (Corporation for Research and Educational Networking) em Washington D.C., e usada para fornecer serviços de correio eletrônico e de transferência de arquivos entre computadores de grande porte em instituições educacionais e de pesquisa na América do Norte, na América do Sul, Europa e Japão. Chegou a alcançar mais de 2 500 universidades e institutos de pesquisa em todo o mundo. A BITNET utilizava um software da IBM chamado RSCS (Remote Spooling Communication Subsytem) e o protocolo NJE (Network Job Entry) em vez do TCP/IP, mas podia trocar mensagens de correio eletrônico com a Internet. Até o início da década de 1990, a BITNET tinha alguma importância na conectividade mundial, mas foi definitivamente suplantada pela maior abrangência da Internet. A principal aplicação da BITNET foi a manutenção de listas de distribuição. A diferença


atuavam os gatekeepers82, os ‘sentinelas da tecnologia’, para diferenciar dos membros do ‘colégio invisível’83, que ocorre principalmente na área das ciências sociais. Só tempos depois se falaria de Internet, e da rede mundial de computadores. Como futuro ex-jornalista – abandonou o curso de comunicação pela educação física – começou com a publicação de um jornal mural – o BOLETEFE – Boletim de Educação Física, Esportes e Lazer, pregado nas paredes do Curso de Educação Física da Universidade Federal do Maranhão – UFMA -, lá pelo ano de 1980. Crescia na medida que surgiam noticias, datilografadas, e depois colada ao final da página... Depois, com a mudança do seu editor/redator chefe para a UFMG, lá foi ele, o Boletefe, com o nome de O PEREBA84... Antes, Pereira era o editor de uma revista dedicada aos “Desportos e Lazer” – esse o título – órgão oficial da então recém-criada Secretaria de Desportos e Lazer do Maranhão – SEDEL (1979) -; Pereira, no Maranhão desde 1973, quando da criação da tal secretaria de estado, participa desde a sua implantação ainda no Plano de Governo de João Castelo, instalado em novembro de 1978, culminando com a criação da Secretaria em maio de 1979; passa a assessorar o Secretário, até sua saída em 1989... Com as dificuldades de comunicação, naquela época, com os centros mais adiantados, e sentindo a necessidade de informações, e sua disseminação, uma de suas bandeiras de vida, afinal seu projeto de vida, participa, em 1980, de um encontro sobre informação desportiva na Colômbia85. O segundo encontro deveria ocorrer no Maranhão, no ano de 1982... A grande questão da época: qual a produção científica originada no Maranhão? Que pesquisa? Que experiências poderíamos apontar? Então, ainda no final de 1979, Pereira criou um “decálogo”: dez pontos que deveria abordar, para produção, circulação de informações da/sobre as Ciências do Esporte. mais visível entre a BITNET e a Internet está nos endereços dos servidores. Os domínios da BITNET eram formados por dois caracteres que identificavam o país, seguidos imediatamente pelo nome do servidor (geralmente a sigla da instituição), sem separadores. Os domínios localizados nos Estados Unidos eram exceção, por não possuirem o código de identificação do país. São exemplos de endereços típicos da BITNET: XXXXX@BRLNCC (Laboratório Nacional de Computação Científica, no Brasil) ou XXXXX@CUNYVM (Universidade da Cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos). https://pt.wikipedia.org/wiki/BITNET 82 “a person whose job is to open and close a gate and to prevent people intering without permission; someone who has the power to decide who gets particular resources and opportunities, and who does not” http://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles/gatekeeper#translations O termo surgiu em 1947, no campo da psicologia, criado pelo psicólogo Kurt Lewin. Foi aplicada ao jornalismo em 1950 por David Manning White. Essa teoria surgiu nos anos 50, nos Estados Unidos, como forma de deferência ao jornalismo e ao seu poder. Acredita que o processo de produção da informação é um processo de escolhas, no qual o fluxo de notícias tem que passar por diversos "gates" (portões) até a sua publicação. Entende que há intencionalidade no jornalismo e que o processo é arbitrário e subjetivo. A teoria esbarra em alguns limites: (1) A análise da notícia apenas a partir de quem a produz; (2) Esquece que as normas profissionais interferem no processo; (3) Desconsidera a estrutura burocrática e a organização. http://teoriadojornalismouniube.blogspot.com.br/2010/11/teoria-do-gatekeeper.html. A diferença básica entre este e aquele tempo é, entretanto, a dimensão que essas escolhas tomaram. Com a popularização do uso da internet, em âmbito mundial, muito tem se discutido sobre o trâmite de informações nas novas redes de relacionamento, sites de pesquisa e empresas que veiculam conteúdo online. https://pt.wikipedia.org/wiki/Gatekeeping . 83 A expressão Colégio Invisível, ou muitas vezes encontrada no plural como, Colégios Invisíveis, foi criada por Robert Boyle (1627-1691) define um grupo de pesquisadores que trabalham juntos, mas não estão fisicamente próximos, não trabalham na mesma instituição, podem ter nacionalidade diferentes e falar língua diversas. O que os une é o objeto da pesquisa. Hoje pode-se também usar a expressão Colégios Virtuais. https://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%A9gio_invis%C3%ADvel 84 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias. A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NA ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Tema-livre apresentado Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, 45, Recife-Pe, julho de 1993; Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte, 8, Belém-Pa, setembro de 1993; 85 1ª CONFERÊNCIA SOBRE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO ESPORTIVA NA AMÉRICA LATINA, realizada em Medellin, no ano de 1980. COMITÊ DE INFORMACION Y DOCUMENTACION DEPORTIVA DE LATINO AMÉRICA. Declaracion de Medellin sobre informacion y documentacion deportiva en latinoamerica. Educacion Fisica y Deporte, Medellin, v. 2, n. 2 : 39-43, maio 1980.


Pouco antes desse encontro na Colômbia, Laércio Elias Pereira e Leopoldo Gil Dulcio Vaz criaram o CEDEFEL-MA - Centro de Estudos e Documentação em Educação Física, Esporte e Lazer do Maranhão: Para atacar o problema da dispersão da Informação em Ciências do Esporte foi desencadeado um trabalho de indexação de artigos de revistas no início da década de 80 que serviu de base para a implantação de um Centro de Estudos e Documentação em Educação Física, Esportes e Lazer - CEDEFEL. As ações do CEDEFEL estão voltadas para um processo de criação de um modelo de "Centro Referencial" - informação sobre a informação - com o objetivo de recuperar e organizar as informações básicas em Educação Física, Esportes e Lazer e efetivar a comunicação entre especialistas.(VAZ, PEREIRA, 1992)86 Assim, como consta no resumo de sua tese de doutoramento, na Escola de Educação Física da UNICAMP, Partindo da necessidade de facilitar a disseminação e busca da informação para profissionais, estudantes e pesquisadores da preparação profissional em Educação Física e Esportes, num ambiente em que a quantidade de informação duplica a cada dois anos, buscou-se a alternativa dos recursos da Internet, elegendo para este trabalho um experimento de potencialização de três canais de informação: 1) Sítio W3; 2) Lista de discussão e 3) Gatekeepers (pessoas, vetores de tecnologia). Optou-se pela construção de um centro referencial (informação sobre a informação), a partir de tecnologias Internet utilizadas pelos projetos do Núcleo de Informática Biomédica da Unicamp e, como modelo inicial, a proposta do Hospital Virtual, uma metáfora de um hospital real, para a montagem do Centro Esportivo Virtual - CEV. (PEREIRA, 1998) 87. Hoje, para as novas gerações, essa história até pode aparecer engraçada, mas exigiu anos de trabalho e aperfeiçoamento, na medida em que as tecnologias da informação evoluíam. Primeiro o que é (era) informação88, em especial, em Educação Física e Esportes – Ciências do Esporte; ênfase na sua evolução no Brasil. Quais recursos disponíveis, e com o advento da Internet, quais as possibilidades e como utilizá-los. Como funcionavam, até então, os sistemas de ‘gatekeepers’ e ‘colégios invisíveis’, e qual e como sua utilização na área em questão. Construiu-se, então, uma versão experimental do CEV; e em sua versão atualizada constantemente, na medida da evolução tecnológica, partindo-se da interação dos três canais de informação escolhidos para o trabalho: 1) Sítio W3; 2) Lista de discussão e 3) Gatekeepers. Desta forma ao criar o CEV optou por trabalhar a informação enquanto saber, ao mesmo tempo representacional e performático, cujo ciclo de vida

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VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias. ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO EM CIÊNCIAS DO ESPORTE: A EXPERIÊNCIA DO CEDEFEL-MA. Tema livre apresentado no XVIII SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, São Caetano do Sul, outubro de 1992. 87 PEREIRA, Laércio Elias. Centro esportivo virtual: um recurso de informação em educação física e esportes na internet. Tese de Doutorado em Educação Física: Campinas: UNICAMP, Orientador: João Batista Andreotti Gomes Tojal, disponível em http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000215735 , acessado em 13/02/2017 88 Informação é a resultante do processamento, manipulação e organização de dados, de tal forma que represente uma modificação (quantitativa ou qualitativa) no conhecimento do sistema (humano, animal ou máquina) que a recebe. Le Coadic, pesquisador da área da Ciência da Informação, destaca que o valor da informação varia conforme o indivíduo, as necessidades e o contexto em que é produzida e compartilhada. (LE COADIC, YvesFrançois. A ciência da informação. Brasília: Briquet de Lemos 1996). Uma informação pode ser altamente relevante para um indivíduo e a mesma informação pode não ter significado nenhum para outro indivíduo. Informação enquanto conceito carrega uma diversidade de significados, do uso quotidiano ao técnico. Genericamente, o conceito de informação está intimamente ligado às noções de restrições, comunicação, controle, dados, forma, instrução, conhecimento, estimulo, padrão, percepção e representação de conhecimento. https://pt.wikipedia.org/wiki/Informa%C3%A7%C3%A3o


sofre as seguintes metamorfoses: percepção, pensamento, registro, circulação, acesso, decodificação, pensamento, uso (SCHNEIDER, 2013) 89. Para esse autor, caberia à Ciência da Informação90 estudar e gerenciar esse ciclo, minimizando seu potencial entrópico, tecendo a crítica e propondo soluções para os problemas relacionados à qualidade, ao uso, à restrição, à circulação e ao acesso, o que envolve questões de ordem política, econômica, técnica e cognitiva: Por essa via, chegamos a uma conclusão um tanto surpreendente: a “informação”, em si mesma, não seria o principal objeto da CI, e sim a OS [organização dos saberes] 91, enquanto conjunto de práticas e teorias voltadas à produção, gestão e crítica da “metainformação” 92, da informação sobre a informação. (SCHNEIDER, 2013, p.60) 93. Schneider (2013) serve-se de Saldanha (2012) 94 para delimitar os campos, entre a CI e os demais, pois: A diferença deste campo, a CI, para os demais, no trato com a informação, está na preocupação com a elaboração de uma “metainformação”. O pedagogo, o historiador, o físico também “transferem” informação e “geram” conhecimento. No entanto, o organizador dos saberes está preocupado em desdobrar as possibilidades de preservação, representação e de transmissão desta “informação” do pedagogo, do historiador, do físico. (SALDANHA, 2012, p. 23-4). Continuamos com Schenider (2013) para caracterizar o ‘organizador de saberes”: O “organizador dos saberes”, portanto, deve executar suas tarefas não apenas munido de competências técnicas, mas principalmente de erudição crítica – Saldanha (2012) remonta essa erudição à ecdótica 95 dos primeiros bibliotecários – e de uma perspectiva humanista. Aqui, a interdisciplinaridade do campo mostra-se absolutamente necessária. E é aqui também que a CI aproxima-se mais intimamente de nosso objeto, dado que a ética, a filosofia política e a epistemologia podem ser concebidas como metainformação, metadiscursos, enquanto discursos – que são um momento do ciclo de vida dos saberes – sobre os discursos (e sobre seus referentes) de natureza moral, política e científica. A CI, então, pode produzir um metadiscurso crítico sobre a história da relação entre esses metadiscursos. Nessa história, a propósito, a informação, a metainformação e a OS – localização, classificação, arquivamento, disponibilização, reprodução, legitimação, 89

SCHNEIDER, Marcos. ÉTICA, POLÍTICA E EPISTEMOLOGIA: INTERFACES DA INFORMAÇÃO. In ALBAGLI, Sarita (Org.). FRONTEIRAS DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO.Brasília-DF: IBICT, 2013, p. 57-77. 90 A Ciência da informação é um campo interdisciplinar principalmente preocupado com a análise, coleta, classificação, manipulação, armazenamento, recuperação e disseminação da informação. Ou seja, esta ciência estuda a informação desde a sua gênese até o processo de transformação de dados em conhecimento. Alguns profissionais afirmam que a Ciência da Informação pode ser dividida em seis correntes teóricas[2]. Elas são: (1) Estudos de natureza matemática (incluindo a recuperação da informação e a bibliometria); (2) Teoria sistêmica (origem em princípios da biologia); (3) Teoria crítica (fundamentam-se principalmente nas humanidades – particularmente na filosofia e na história); (4) Teorias de classificação e representação; (5) Estudos em produção e comunicação científica; (6)Estudos de usuários (seu objetivo era o de mapear características de determinada população para planejar as informações mais adequadas a serem oferecidas com fins de educação e socialização). https://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia_da_informa%C3%A7%C3%A3o 91 OS - organização dos saberes 92 Metadados ou Metainformação são dados sobre outros dados. Um item de um metadado pode dizer do que se trata aquele dado, geralmente uma informação inteligível por um computador. Os metadados facilitam o entendimento dos relacionamentos e a utilidade das informações dos dados. https://pt.wikipedia.org/wiki/Metadados 93 SCHNEIDER, Marcos, 2013, p. 57-77, obra citada. 94 SALDANHA, Gustavo Silva. 2012, citado por SCHNEIDER, Marcos. 2013, p. 57-77, obra citada. 95 Ciência que busca, por meio de minuciosas regras de hermenêutica e exegese, restituir a forma mais próxima do que seria a redação inicial de um texto, a fim de que se estabeleça a sua edição definitiva; crítica textual.


hierarquização, eliminação, restauração, combinação, confrontação etc. –, ainda que com outros nomes, têm desempenhado papéis nada desprezíveis. O CEV é um “centro referencial de informação em Educação Física, Esportes, Lazer”. Centro referencial – informação sobre a informação!! Baseado na vivencia de Pereira (1998) 96 na área de informação em educação física e esportes, tomando como base os três canais de comunicação, a partir das tecnologias da Internet utilizadas nos projetos do Núcleo de Informática Biomédica da Unicamp (SABBATINI, 1997) 97: O envolvimento com a Informação e Documentação Esportiva vinha da criação do Centro de Estudos e Documentação em Educação Física, Esporte e Lazer CEDEFEL, em 1980 no Maranhão, com o Prof. Leopo1do Gil Dulcio Vaz, que mais tarde viria a cursar o mestrado em Ciência da Informação na Escola de Biblioteconomia da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais -, que valeu urna apresentação na I Conferencia Latinoamericana de Informação e Documentação Esportiva- Medellín, Colômbia- e uma função na primeira diretoria da Associação Latinoamericana e do Caribe para Documentação e Informação Esportiva (1980). Na segunda metade da década de oitenta, o convite, feito pelo Diretor da recém criada Faculdade de Educação Física da Unicamp, João Batista A. G. Tojal, para submissão ao processo de seleção e depois trabalhar como professor de Handebol na Unicamp - 1986/1990 - trouxe um novo alento para o trabalho, com informação em Educação Física, servindo como ponto catalisador das experiências anteriores. Com promoção da Faculdade de Educação Física e do Núcleo de Informática Biomédica - NIB da Unicamp, coordenamos o I Simpósio Brasileiro de Informática em Educação Física e Esportes- chancela do CBCE - em 1987, e o segundo como satélite do Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte – CONBRACE - de 1989, em Brasília. A organização da informação em Ciências do Esporte teve seu início em 1947, na Europa. Em 1959 foi criada a "INTERNATIONAL ASSOCIATION FOR SPORTS DOCUMENTATION" IASI -, sendo Cuba o primeiro país latino-americano a se filiar (1964), seguindo-se o México, Colômbia, Venezuela e Brasil, em 1981 98. O "WORD INDEX OF SPORTPERIODICALS" (IASI, 1984) - surgido da necessidade levantada durante o encontro da "COMISSIOM INFORMATION SOURCES" da IASI, realizada na Holanda em 1979, concluído em 1984 - apresenta 2.196 títulos de periódicos da área das Ciências do Esporte de 54 diferentes países. É organizado combinando-se título do periódico e país de origem, sob uma entrada principal. Neste índice aparecem apenas os títulos das revistas, endereço, periodicidade, país de origem. Há uma relação de unitermos (keywords) utilizados e um índice de assuntos, onde o número de entrada, da IASI, remete às referências99. O sistema utilizado pelo Instituto de Ciências del Deporte, da Universidad de Antioquia Colômbia100, baseia-se na classificação apresentada pelo "SPORTWISSENCHAFT" (1978)101. No Brasil, a organização da informação na área tem seu início com o Centro de Documentação e Informação do ISEFL. De acordo com MEDINA (1980) 102, em 1940 foi criado o Instituto 96

PEREIRA, Laércio Elias, 1998, obra citada SABBATINI, Renato. A horae a vez da Internet. Intermedic. Campinas: Nucleo de Informatica Biomedica da Unicamp. V.1 n.l. jul/ago 1997. SABBATINI, Renato. WebWacker. Intermedic. v.1, n. 1. P.l9, 1997. SABBATINI, Renato. Brasil: aplicaciones de Internet en Salud. In OLIVERI, N. (Org) Internet, Te1ematica y Salud. Mexico: Editorial Medica Panamericana, 1997, p.441-442 98 MARQUES, Maria Lícia Bastos. Situação atual da informação desportiva na América Latina. REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, Campinas, v. 11, n. 2 : 123, jan. 1990. 99 INTERNATIONAL ASSOCIATION FOR SPORTS INFORMATION. WORLD INDEX OF SPORTSPERIODICALS. Holanda: IASI, 1984. 100 GARCIA ZAPATA & OUTROS. Bibliografia deportiva . Medellin : Universidad de Antioquia, 1979. 101 BUNDSINSTITUT FUR SPORTWISSENCHAFT KLN. Literatur der Sportwissenchaft. SPORTDOKUMENTATION 1/78. 97


Nacional de Educação Física e em 1964 foi instalado o seu setor de Documentação, Informação e Divulgação, com recursos do Fundo de Fomento do Desporto Nacional. Em 1972 este setor é transformado em Centro de Investigação, Documentação e Informação e, em 1974, recebe nova denominação: Centro de Documentação e Informação, com o objetivo de: a) fornecer apoio documental aos cursos, trabalhos de pesquisa e às ações de formação permanente de docentes; b) editar documentação de caráter científico, técnico e pedagógico no âmbito da Educação Física e Esportes; e c) manter relações de intercâmbio com centros congêneres nacionais e internacionais Ainda em 1974 é criado, pela Federação Brasileira de Medicina do Esporte, o Centro de Documentação e Informação de Medicina do Esporte - CEDIME -, com sede em Porto Alegre-RS, hoje Centro de Documentação e Informação das Ciências do Esporte. De acordo com SIDERMANN (1980)103 os objetivos do CEDIME são: a) organizar e fomentar a informação e documentação das Ciências do Esporte e influir na pesquisa, ensino e prática profissional; b) coletar, organizar e divulgar bibliografias; c) publicar com regularidade um bibliografia seletiva; e d) editar a Revista de Medicina do Esporte. O SISTEMA BRASILEIRO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO DESPORTIVA SIBRADID -, funcionando junto à Biblioteca da Escola de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais - EEF/UFMG - desde 1985 utiliza um sistema de informação bibliográfica denominado de "MINISIS", adotado pela IASI e pelo "SPORT INFORMATION RESOURCE CENTER" - SIRC -, base de dados localizada no Canadá 104. Há uma tentativa de implantação do programa "MICRO-ISIS" pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia - IBICT - com a finalidade de padronizar o uso do computador por parte das universidades universitárias 105. O sistema adotado pelo SIBRADID utiliza terminologia extraída do SportThesaurus do SIRC e permite interagir com seus usuários, fornecendo e recebendo dados, através de uma rede de vinte núcleos regionais e setoriais 106, sendo a base central a EEF/UFMG, interligada ao SIRC/Canadá. Para atacar o problema da dispersão da informação técnico-científica em Educação Física, Esportes e Lazer foi criado, em 1980, o Centro de Estudos e Documentação em Educação Física, Esportes e Lazer do Maranhão - CEDEFEL-MA-, que reuniu profissionais da Universidade Federal do Maranhão - UFMA; da Escola Técnica Federal do Maranhão - hoje Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, IF-MA; da Universidade Estadual do Maranhão UEMA; e da Secretaria de Desportos e Lazer do Maranhão - SEDEL-MA, sob a coordenação dos professores Laércio Elias Pereira e Leopoldo Gil Dulcio Vaz107. A formação desse grupo de trabalho deu-se pelo fato de a II CONFERÊNCIA SOBRE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO DESPORTIVA NA AMÉRICA LATINA ter sido programada para São LuísMa, em 1982. A conferência não foi realizada, mas estudos sobre documentação esportiva foram 102

MEDINA, Paulo. O Centro de Documentação e Informação do ISEFL. CONFERÊNCIA SOBRE DOCUMENTACION I INFORMACION DEPORTIVA EN LATINOAMERICA, I, Medellin, 1980. ANAIS... Medellin : Convenio ColomboAleman de Educacion Fisica, Deporte y Recreacion, 1980, p. 135-153. 103 SINDERMAN, Renate. Documentacion y informacion del deport en el Brasil. CONFERÊNCIA SOBRE DOCUMENTACION E INFORMACION DEPORTIVA EN LATINOAMERICA, I, Medellin, 1980. ANAIS... Medellin: Convenio Colombo-Aleman de Educacion Fisica, Deporte y Recreacion, 1988, p. 135-153. 104 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Introdução ao sistema MINISIS. Belo Horizonte : EEF/UFMG, 1989 (mimeog). 105 GASPAR, Anaiza Caminha. Biblioteca. CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM DOCUMENTAÇÃO E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, São Luís: UFMA/Associação dos Arquivistas Brasileiros, 1989. (anotações de aula).(mimeog). 106 MARQUES, Maria Lícia Bastos. Situação atual da informação desportiva na América Latina. REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, Campinas, v. 11, n. 2 : 123, jan. 1990. 107 PEREIRA, Laércio Elias. INDICE DA REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS. Brasília: SEED/MEC, 1983. PEREIRA, Laércio Elias; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; e Outros. Organização da Informação em Ciências do Esporte veiculada em periódicos de língua portuguesa. ENCONTRO DE PESQUISADORES DO MARANHÃO, I, São Luís, 1990. ANAIS... São Luís: UFMA, 1990. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio & PEREIRA, Laércio Elias. ÍNDICE DA REVISTA STADIUM. São Luís: SEDEL, 1984 (edição em microficha). VAZ, Leopoldo Gil Dulcio & PEREIRA, Laércio Elias. Índice da Revista Brasileira de Ciências do Esporte. REVISTA BRASLEIRA DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, Campinas, v. 10, n. 1: 33-45, set. 1988.


levados adiante, aparecendo, em 1983, o "ÍNDICE DA REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS", seguindo-se o "ÍNDICE DA REVISTA STADIUM" (1986) 108. A criação de um modelo de Centro Referencial - informação sobre a informação - para facilitar a comunicação entre especialistas e a procura de formas alternativas de editoração, que permitam a apropriação de grandes quantidades de informações pelos centros de menor poder aquisitivo é a proposta do CEDEFEL-MA, criando em 1980 109. O desenvolvimento de um sistema gerenciador de banco de dados próprio solucionou uma das principais dificuldades encontradas na indexação de periódicos. A utilização de uma listagem de palavras-chave, acumulada pela Escola de Educação Física da USP e que vem recebendo modificações nos últimos anos, resolveu em parte outra dificuldade, a inexistência de um "thesaurus" em Ciências do Esporte110; e iniciar um cotejamento com o "SPORTS THESAURUS" do SIRC para construir/adaptar um "thesaurus” 111 brasileiro em Ciências do Esporte. Mas Pereira (1996) recua ainda mais, considerando como marco inicial o seu trabalho de editor do jornal Opinião "Informativo Oficial do Centro Acadêmico – CA - Ruy Barbosa", da Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo - USP - na época ainda pertencente à Federação das Escolas Superiores do Estado de São Paulo e que dividia as instalações do Ginásio do Ibirapuera com apresentações de circos e músicos populares, o que fornecia grandes temas de protesto para o vibrante informativo, que chegou a manter o editor alguns dias longe da Escola e da sede do CA, vasculhada pela policia política. O primeiro número ostentava uma época combativa: maio de 1968: O trabalho continuou sempre entre as publicações e as instituições de preparação e de organização profissional. A coluna "Opinião" do Jornal do CA foi aceita como "Rumorismo" na Revista Esporte e Educarão, "Revista na(sic) Associação dos Professores de Educação Física do Estado de São Paulo" - APEF-SP. 0 Rumorismo duraria ate o ultimo numero dessa Revista (1977), que teve como editor o autor da coluna, apostando na esperança de que o mestrado então recém implantado na Universidade de São Paulo - tema da capa- nunca mais iria deixar desaparecer revistas de Educação Física por falta de artigos (PEREIRA, 1985)112. A seção Rumorismo voltaria em outra revista da APEF-SP "Corpo e Movimento", em 1984. No intervalo, houve a tentativa de manter periódicos técnicos de Educação Física no Maranhão - Jornal Desportos e Lazer (10 números) e Revista Desportos & Lazer (9 números), sempre como co-editor anônimo por conta da ação do sindicato dos jornalistas, que exigia registro profissional aos integrantes da redação. Em São Luis do Maranhão, o 108

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio & PEREIRA, Laércio Elias. Coleta de bibliografia para processamento por computador. ENCONTRO DE PESQUISADORES DA UEMA, I, São Luís, 1986. ANAIS... São Luís, 1986. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio & PEREIRA, Laércio Elias. ÍNDICE DA REVISTA STADIUM. São Luís: SEDEL, 1984 (edição em microficha). 109 PEREIRA, Laércio Elias; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; Organização da Informação em Ciências do Esporte veiculada em periódicos de língua portuguesa. ENCONTRO DE PESQUISADORES DO MARANHÃO, I, São Luís, 1990. ANAIS... São Luís: UFMA, 1990. 110 DORIA, Irene Meneses. Sugestões para uma classificação decimal de Educação Física e Esportes. (IN) CONGRESSO PAULISTA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, I, São Paulo, 1940. ANAIS... São Paulo, 1942, p. 243-246 (citada por SILVA, Maria Stela Vercesi, op. cit.). SILVA, Maria Stela Vercesi. Adaptação da classificação decimal de Dewey para Educação Física. REVISTA PAULISTA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, São Paulo, v. 3, n. 4: 43-46, jun. 1989. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio & PEREIRA, Laércio Elias & Outros. Indexação: em busca da construção de um thesaurus em Ciências do Esporte. ENCONTRO DE PESQUISADORES DO MARANHÃO, I, São Luís, 1990. ANAIS... São Luís, 1990. GOMES, Hagar Espanha (Coord.). MANUAL DE ELABORAÇÃO DE TESAUROS MONOLINGUES. Brasília: Programa Nacional de Bibliotecas de Instituições de Nível Superior, 1990. 111 GOMES, Hagar Espanha (Coord, 1990, obra citada. 112 PEREIRA, L.E., MUNOZ PALAFOX, G. Curso Paralelo: Informática e Educação Física e Esportes. IN: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIENCIAS DO ESPORTE, 4, 1985, Poços de Caldas: Escola Superior de Educação Física de Muzambinho, p.8.


Rumorismo também chegou a ser uma coluna das paginas de esporte do "Jornal Pequeno". (PEREIRA, 1992, p. 4) 113. Para Laércio Elias Pereira (1992, obra citada) o que mais o motivou a ir para o Maranhão, naquele inicio da década de 1970 foi uma das mais fecundas experiências de televisão educativa do Brasil. Tele-salas de recepção dos programas longe da sede São Luís, e animadas por professores com baixa formação escolar, levados, então, a modernas concepções pedagógicas de terem que discutir o conteúdo das emissões com os alunos, premidos pelas circunstancias. A emissão das aulas era intermitente, prevendo o trabalho com os conteúdos nos intervalos. O contato com a Televisão Educativa do Maranhão - TVE-MA marcaria um fecundo encontro com os professores que estavam no processo de criação do Curso de Educação Física da Universidade Federal do Maranhão. O Pro£ Dimas (Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araujo) 114, responsável pela Educação Física no sistema TVE, e um pioneiro na EF do Estado, fazia parte do grupo de implantação do curso. A televisão era um recurso a ser explorado pela Educação Física. A produção e as aulas eram grandes recursos de informação para os professores: A participação na criação do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte - CBCE, em 1978, e a integração das diretorias até 1985 também serviram como campo de atuação na informação cientifica na área. A organização de congressos, o acompanhamento da Revista Brasileira de Ciências do Esporte, o Boletim Brasileiro de Ciências do Esporte e o informativo da Diretoria "Pensando Alto" (PAIVA, 1994) 115 exigiram urna imersão importante no universo dessa informação cientifica. Contribuiu, também, a participação nas discussões sobre as publicações da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, e a reativação de secretarias estaduais, como responsável pela secretaria regional da SBPC na Região Norte entre 1984-85. (PEREIRA, 1992) 116. No âmbito acadêmico, a participação na busca de um adequado suporte de informação para a primeira turma de mestrado da Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo EEFUSP - na medida em que integrava a Comissão de Pós-Graduação como representante discente - levou a busca de disciplinas (Mídias Alternativas e Cibernética Pedagógica) na Escola de Comunicação e Artes - ECAUSP, onde se deu o inicio do contato com as "mídias alternativas" (que mais tarde, com o aumento da capacidade de processamento dos computadores, permitindo a maior interatividade entre as pessoas e as maquinas, passariam a ser chamadas de "mídias interativas"): Nas disciplinas da ECA, foram iniciados, também, os contatos com o que passou a ser chamado de "mídias interativas". Durante o doutorado em comunicação - 1985, não concluído - apresentamos, com o professor Gabriel Munhoz Palafox - que tinha vindo do México para estagiar no Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (CELAFISCS) e, na época, cursando o mestrado em Educação, trazendo na bagagem um moderno computador de 8 bits - a proposta de um calendário esportivo em videotexto, que não encontrou patrocinador, mas serviu para um bom treinamento na iniciação com a informática e as perspectivas do uso do computador na comunicação, já que o videotexto foi um precursor da WWW. Com Gabriel Palafox, foi iniciada urna serie de cursos de "Informática em Educação Física e Esportes” (PEREIRA, L. E., PALAFOX,G.M.,1985)117 Gabriel abordava a parte referente a Informática e nos tratávamos da informação - a "telemática", como passou a ser chamado o avanço marcado pela união da informática com os meios de comunicação. Estávamos envolvidos pelo entusiasmo do recém contato com o Prof. Fredric Litto, então chefe do Departamento de Radio e Televisão da ECAIUSP, e que 113

PEREIRA, Laércio Elias, 1992, obra citada, p. 4 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; ARAÚJO, Denise Martins. QUERIDO PROFESSOR DIMAS (Antonio Maria Bezerra de Araujo) e a educação física maranhense: uma biografia (autorizada). São Luis: EPP, 2014. 115 PAIVA, Fernanda. Ciência e poder simbólico no CBCE. Vitória: CEFD-UFES, 1994 116 PEREIRA, Laércio Elias, 1992, obra citada 117 PEREIRA, L. E., MUNOZ PALAFOX, G, 1985, obra citada 114


viria a criar e dirigir a Escola do Futuro e a Associação Brasileira de Educação a Distância. Também teve influencia nesse trabalho a nossa passagem funcional pelo Ministério da Educa;;ao – MEC (1985-86), na Comissão Ministerial criada para elaborar propostas para a utilização do satélite Brasilsat I pela Educação, alem da responsabilidade de coordenar, pelo lado do Ministério da Educação e Cultura, o projeto de implantação do Sistema Brasileiro de Informação e Documentação Esportiva. (PEREIRA, 1992) 118. Na UFMG, um dos polos pioneiros da implantação de redes eletrônicas no Brasil, inicia-se a utilização da Bitnet, em 1991, intensificando os contatos com o Núcleo de Informática BiomédicaNIB/Unicamp e a Escola do Futuro- USP: Com a aposentadoria em 1994, volto para Campinas e integro-me ao recém criado Laborat6rio de Estudos Avançados em Jornalismo - LABJOR em uma serie de projetos de Jornalismo Esportivo, juntamente com o Prof. João Tojal. Estava formado o tripé - Escola do Futuro, Núcleo de Informática Biomédica e Laborat6rio de Jornalismo - que daria sustentação a uma proposta de trabalho no doutoramento em Educação Física na Unicamp: "A Criação de um repertório de Informação para a Formação e Atualização Profissional em Educação Física- uma base de dados em CDROM', sob a orientação do Prof. João Tojal, culminando urna proposta que vinha sendo trabalhada desde o "I Simpósio Brasileiro de Informática em EF&Esportes ", em 1987. Como suporte técnico fundamental no tripé citado, e preciso registrar que o Núcleo de Informática Biomédica já oferecia, desde 1986, um curso de verão para professores universitários da área de saúde - quase que exclusivamente para Medicina – que estivessem interessados em implantar a disciplina Informática em Saúde nos cursos das instituições de ensino superior. Como o curso era caro, nunca tinha havido a oportunidade de financiamento de uma atividade do gênero para a Educação Física. Tampouco tínhamos profissionais, em número suficiente, para montar a infra estrutura de um curso especifico. Em 1996, recebemos convite para participarmos desse curso, como parte das atividades do doutorado. Durante o curso, nas discussões que se seguiram a exposição do Prof. Renato Sabbatini sobre o Hospital Virtual, que ele havia criado no NIB, surgiu a ideia: "por que não um Centro Esportivo Virtual na Internet, em vez do trabalho documental e restritivo da criação do CD ROM?". (PEREIRA, 1992) 119. Estava lançada urna proposta e iniciados os trabalhos que culminaram, com o apoio do Instituto Nacional do Desenvolvimento dos Desportos- INDESP, na implantação da fase experimental do Centro Esportivo Virtual, trabalho de preparação iniciado em março e foi para o ar com domínio próprio em agosto de 1996. Como na sua concepção original o Centro Esportivo Virtual - CEV1 – tinha uma característica mais de uma base de informação documental (teses, revistas, endereços de instituições e ligações para outras páginas); então se voltou à atenção para o lançamento de páginas experimentais, que tinham a função de testar tecnologia e atacar setores específicos de usuários, em busca de mobilização. O CENTRO ESPORTIVO VIRTUAL, hoje, é a maior comunidade acadêmica e de pesquisa em Educação Física, Esportes e Lazer da Internet: Comunidades é o ponto de encontro para troca de informações sobre conceitos, livros, congressos e artigos entre pesquisadores, professores e estudantes da área de Educação Física, Esportes e Lazer; hoje, migrado para o Facebook: Quem é Quem Procurando alguém? Aqui você encontra uma extensa lista de nomes dos atores da Educação Física, Esportes e Lazer. http://cev.org.br/qq Comunidades 118 119

PEREIRA, Laércio Elias, 1992, obra citada PEREIRA, Laércio Elias, 1992, obra citada


Ponto de encontro para troca de informações sobre conceitos, livros, congressos e artigos entre pesquisadores, professores e estudantes da área de Educação Física, Esportes e Lazer. Comunidade Participantes Anatomia em Educação Física

Badminton

Capoeira

ANPPEF - Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação Física

Basquete

Ciclismo

Biblioteconomia e Ciência da Informação em EF & Esportes

Corpo e Educação Indígena

Biomecânica

Criança

APEF - Associações de Profissionais em Educação Física Aprendizagem Motora

Corporeidade - Estudos Transdisciplinares

Bioquímica do Exercício

Artes Atividade Física no Programa Saúde na Família Atividade Motora Adaptada Atletismo Avaliação em Educação Física e Esporte Dança

EAD - Educação a Distância

Educação Física em Alagoas

Dança e Educação Física: Diálogos

Economia

Educação Física em Goiás

Desportos Aquáticos

Editores de Publicações Científicas

Educação Física em Minas Gerais

Dirigentes de IES em Educação Física e Esporte

Educação

Educação Física em Pernambuco

Educação Física do Trabalhador & Ergonomia

Educação Física em Rondônia

Dopagem na Atividade Física e Esportes

Educação Física e Circo

Educação Física em Roraima

Educação Física e Esporte

Educação Física em Santa Catarina

Educação Física Escolar

Educação Física em São Paulo

Educação Física Militar

Educação Física em Sergipe Educação Física na Bahia

Educação Física na Paraíba

Educação Física no Mato Grosso

Esporte Escolar

Educação Física no Acre Educação Física no Amapá

Educação Física no Mato SulEducação Física no Pará

Educação Física no Amazonas

Educação Física no Paraná

Esportes de Aventura

Educação Física no Ceará

Educação Física no Piauí

Esportes Diferenciados

Educação Física no Distrito Federal

Educação Física no Rio de Janeiro

Esportes Náuticos

Educação Física no Espírito Santo

Educação Física no Rio Grande do Norte

Esportes Paralímpicos

Educação Física no Maranhão

Educação Física no Rio Grande do Sul

Estudos Olímpicos

Educación Física en Latinoamerica

Ética e Moral no Esporte

Fisiologia do Exercício

Gênero e Esporte

Handebol

Fisioterapia Esportiva

Genética e Atividade Física

História da Educação Física e dos Esportes

Fitness e Qualidade de Vida

Gestão Desportiva

Futebol

Ginástica

Futsal

Ginástica Laboral

Grosso

do

Esporte para Todos Esporte Universitário

Filosofia do Esporte Idoso

Jiu-Jitsu

Instalações Esportivas

Judô

Legislação Desportiva - CEVLeis

Marketing Esportivo

Lusofonia

Mídia e Esportes

Karate Lusofonia

Musculação Nutrição em Educação Física e Esportes

Oftalmologia Esportiva

Pedagogia do Esporte

ONGs e Esporte

Políticas Públicas Professores Universitários em EF Psicologia do Esporte

Rádio CEV

Sociologia do Esporte

Tecnologia no Esporte

Recreação e Lazer

Surfe

Tênis

Rugby

Tênis de Mesa Treinamento Desportivo Triathlon

Volei

Wushu

Xadrez


Hoje o CEV possui mais de 66.000 obras indexadas!120

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Retomando,: ainda em 1982, deu-se inicio a um programa de qualificação dos professores de educação física, aqueles já graduados, pois houvera a implantação do Curso de Educação Física no âmbito da UFMA. A maioria dos pioneiros eram aqueles ‘paulistas’ que vieram na fase de renovação do quadro de pessoal, provocado por Cláudio Vaz, o Alemão, e que foram aproveitados, de uma forma ou outra, quando da implantação da SEDEL-MA. Um primeiro curso de especialização – sem relacionamento com esse programa, mas necessário foi realizado, com a participação de alguns professores, na cidade de Manaus: "Agora, o primeiro curso para docente, que nosso Departamento fez, foi em Manaus; esse curso foi dado para toda a Região, do Centro-Sul e Norte-Nordeste; foi feito um no sul, e outro no norte; então fomos daqui eu, Moacir [Moraes da Silva, professor de Atletismo], Isidoro [Cruz Neto, professor de Voleibol], Cecília [Moreira, coordenadora do Curso de Educação Física, professora de Ginástica], Rinaldi Maia [professor de Futebol]... nós fomos os primeiros que fizemos o curso a nível de Especialização, em Didática da Educação Física; esse curso nós fizemos em dois módulos, então fomos nós os primeiros, deve ter sido em 82, 83 - depois eu posso te dar esta data. Depois disso é que os outros começaram a fazer, começaram a sair para fazer mestrado, que você já falou, que a maioria deles só ia [Laércio Elias Pereira, em 82 fazer mestrado em Educação Física; em 83, foi Lino Castellani Filho, que levou 6 anos para terminar o mestrado na PUC] ... se ele não foi, não apresentou monografia, nem Demóstenes [Mantovani], mas a partir daí os que têm ido tem cumprido...". (DIMAS, entrevistas). Depois disso, nos anos de 1982/85 e 1984/86, foram realizados dois especialização: o primeiro, em Ciências do Esporte, com grande procura, professores nacional e internacional, e que no entanto, não foi concluído: duas das disciplinas ministradas, não se complementando a carga horária e, anos depois, ainda não

cursos de de renome não foram se tinham

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professores para orientar as monografias. Principalmente do primeiro. Esse curso contou com alguns professores do Maranhão: Laércio (que estava no Mestrado, já; deixara a coordenação com Sidney para o Mestrado), Sinclair Lemos, Orlando Medeiros: CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM CIÊNCIAS DO ESPORTE De 22-12-1982 até 15-03-1985 Brasil. São Luis -MA Programa Coordenadores: Laércio Elias Pereira e Sidney Forghieri Zimbres Disciplinas Avaliação em Educação Física e Esportes 10.12 a 22.12.1982 Biomeânica 10.12 a 22.12.1982 Caracterização Profissional Filosófica da Educação Física e dos Desportos 10.12 a 22.12.1982 EPB - PPPG Fisiologia Desportiva 10.12 a 22.12.1982 Fisiologia do Esforço 10.12 a 22.12.1982 Informação e Documentação em Educação Física e Esporte 14.01 a 21.01.1983 Intercorrências de Saúde em EF e Esporte 10.12 a 14.12.1983 Metodologia da Pesquisa 14.01 a 21.01.1983 Metodologia do Ensino Superior PPPG Medicina Física 20.02 a28.02.1985 Nutrição e Atividade Física 03.02 a 14.02.1985 Organização em Administração em EF e Esporte 20.05 a 30.06.1984 Organização Médico Desportiva 10.12 a14.12.1983 Psicologia Desportiva 13.06 a 18.06 de 1983 Saúde Escolar 04.03 a 15.03.85 Treinamento Desportivo 01.06 a 30.06.83 Professores Fredric Michel Litto Glacilda Telles de Menezes Stewin João Batista Freire da Silva José Guilmar Mariz de Oliveira José Luis Fraccaroli Laércio Elias Pereira Luciene Marques Lima Orlando Lopes Medeiros Raimundo Antonio da Silva Rubens Rodrigues Ruy Jornada Krebs Sanclair de Oliveira Lemos Vilmar Baldissera Estudantes Antonio Carlos Nascimento Pereira Carlos Eduardo Tinoco Silva Cesar Roberto Cruz Maia David Moisés Ladeira Denise Martins Araujo Francisco das Chagas F. Nunes Henrique Augusto Machado Veloso Joaquim Rodrigues A Neto Nunes


José Carlos do Amaral José Maranhão Penha José de Ribamar Simões Neto Julio Cesar Saraiva Liana Maria O. Rodrigues Manoel Trajano Dantas neto Maria Aparecida de Oliveira Dantas Maria de Fátima Andrade Calderoni Maria José Pereira Coutinho Raimundo Francisco Rabelo Reinaldo Conceição da Cruz Ruben Teixeira Goulart Filho Silvana Cardoso Ramos Cintra Tania Maria Araujo da Silva Vespasiano Abreu da Hora Vicentr Calderoni Filho Viviane Martins Araújo Zartu Giglio Cavalcante O outro curso, Lazer e Recreação, seguiu o mesmo critério – o de dotar o Estado de especialistas na área, já que o anterior fora na área dos esportes. Mesmos problemas, começando com a coordenação do Laércio, depois passando para o Sidney. Trinta e cinco inscritos, e apenas um completou, com a apresentação da monografia: o Autor!!! ESPECIALIZAÇÃO EM RECREAÇÃO E LAZER De 18-12-1984 até 07-02-1986 Brasil. São Luis -MA Programa Recreação, lazer e Esporte não-formal - Kátia Brandão Cavalcante 27/1 a3/2/86 Metodologia do Ensino Superior - Leoisa Correa Lobão 15/4 a 7/5/85 Informações Básicas em Receração e lazer - Lusimar Silva Ferreira 8/5 a 10/6/85 Especialização - Maria da Conceição Brenha Raposo 18/3 a 10/4/85 Lazer e Cultura Popular - Maria do Socorro Araújo 5 a 21/8/85 e 7/10 a 4/11/85 Esportes para Todos - Kátia Brandão Cavalcante 27//1 a 7/2/86 Recreação - Lenea Gaelzer 10 a 17/2/84 Metodologia da pesquisa - Kátia Brandão Cavalcante 21/7 a 7/2/86 Estudo de Problemas Brasileiros - Claudete de Jesus Ribeiro 11 a 22/11/85 Como se observa, a maioria dos professores já era do Maranhão: Leoisa Lobão, Lusimar Ferreira, Conceição Raposo, Socorro Araújo, Claudete Ribeiro; de fora, apenas Kátia Brandão Cavalcante e Lenea Gaelzer… Concluída a carga horária, não havia professor para orientar, seja porque não tinham mestrado – da Educação Física apenas Laércio – mestrado em 1978 e voltando em 1980, se defendendo da banca de mestrado no último minuto do prazo, em 1984121, quando 121

https://bs.cev.org.br/biblioteca/show/4012263/


aproveitou para começar o doutorado da ECA USP (que virou o DR da FEF Unicamp. -; Lino – também fora; Sidney – fazendo o Mestrado, que não chegou a concluir. Mesmo assim, foi meu orientador… Ligados à área, apenas Socorro Araújo, que fizera seu mestrado defendendo dissertação na área da cultura popular, sobre o bumba-meu-boi, e à época era da SEDEL, ligada à Coordenação de Lazer; logo após o retorno, foi para a UFMA… Sobre a participação de Laércio Pereira no desenvolvimento da educação física e dos esportes no Maranhão: Fui uma espécie de catalisador, convidado pelo Cláudio Vaz. A principio para o Handebol. Batalhei a vinda de muitos professores com o apoio do Cláudio Vaz (a gente chamava para apitar os JEMs e, quando o professor chegava, já tinha alguma coisa. Entrei e sai da Escola Técnica mais de uma vez para abrir vagas nesse processo. Na UEMA também. Procurei colocar o Maranhão no Mapa, especialmente com os congressos. Acho que o mais importante, que precisa ser resgatado pelo momento histórico, foi o de Ciências do Esporte. Depois teve o de Esporte para Todos. Ajudei a fundar a APEFELMA e forcei, em Brasília, o convênio com a Alemanha, com a ajuda do Manfred Loecken, que não vingou...


Lino faz uma reflexão, relatando quando se deu inicio à pesquisa acadêmica no Maranhão: ... por exemplo nós fizemos o 1° Congresso Regional Norte – Nordeste, o CBCE, com o apoio da SEDEL, aí eu me envolvo na organização desses congressos. Foi em 79 [1980], em 81 foi ano impar, ano do Congresso Brasileiro em Londrina, que eu e o Laércio viemos para o congresso também, já naquela época envolvidos nisso não é? E em 80 eu me lembro que foi taxado como evento de comunistas, a SEDEL o secretário era o Jesus, não queria sequer assinar os certificados porque o MEC estava dizendo que aquilo era comunismo, o Laércio teve que fazer o meio de campo que era um papel que ele fazia muito bem. Por essas colocações de Lino, esses confrontos ideológicos, com o pessoal da UFMA – os paulistas! – sendo taxados de “comunistas” que o CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DOS ESPORTES – REGIÃO NORTE/NORDESTE122, que ocorreu em 1980 acabou sendo organizado pelo CEDEFEL. Para Laércio Elias Pereira Um grande evento da SEDEL foi um dos maiores Congressos Regionais de Ciências do Esporte de todos os tempos. Era apenas o segundo ano do CBCE. O presidente (primeiro) era o Victor Matsudo. Nesse congresso tivemos cinco presidentes do CBCE: Victor Matsudo, Claudio Gil, Laércio, Celi e Lino. O Sidney e o Claudio Gil têm algumas fotos. O Congresso foi esse: http://cev.org.br/eventos/congresso-brasileiro-ciencias-esporte-regiao-norte-nordeste CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE REGIÃO NORTE-NORDESTE De 10-09-1980 até 13-09-1980 Brasil. São Luís -MA Programa Organização: Centro de Estudos e Documentação em Educação Física, Esportes e Lazer CEDEFEL Colaboração: SEDEL, UFMA, ETFM, FMTVE, SEED-MEC APRESENTAÇÃO Ao conquistar uma linha prioritária para a Educação Física, Esportes e Lazer para a Região Nordeste, os profissionais das Ciências das Atividades Físicas desencadearam um processo de valorização do seu trabalho junto ao Ministério de Educação. Foi dado o primeiro passo para que os educadores que utilizam a atividade física e conhecem a região comecem a participar efetivamente das ações que lhes dizem respeito. O Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte - Norte/Nordeste, do qual apresentamos aqui os resumos dos trabalhos, é um encontro de pessoas que, utilizando o esporte como meio, acreditam poder contribuir para a valorização do homem dentro de um contexto educacional em que educador e educando estejam cada vez menos em conflito e sempre com os pés e espíritos fincados na realidade. COMISSÃO ORGANIZADORA CONGRESSO N/NE 80 COMISSÃO DE HONRA GOVERNADOR DO ESTADO DO MARANHÃO João Castelo Ribeiro Gonçalves

122 http://cev.org.br/eventos/congresso-brasileiro-ciencias-esporte-regiao-norte-nordeste


REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO José Maria Cabral Marques PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO DAS ESCOLAS SUPERIORES DO MARANHÃO Francisco Sousa Bastos Freitas SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS DO MEC Péricles Cavalcanti SECRETÁRIO DE DESPORTOS E LAZER DO MARANHÃO Elir Jesus Gomes SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO MARANHÃO Antonio Carlos Beckman DIRETOR DA ESCOLA TÉCNICA FEDERAL DO MARANHÃO Ronald da Silva Carvalho PRESIDENTE DO COLÉGIO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE Victor Matsudo COMISSÃO ORGANIZADORA Laércio Elias Pereira Lino Castellani Filho Nádia Eclélila Costa Pereira SECRETARIA GERAL Sandra Regina Moreno Castellani COORDENAÇÃO ADMINISTRATIVA COORDENADOR - José Alberto Campos SUB COORDENAÇÃO DE FINANÇAS - José Ribamar Baldez Goiabeira COMISSÃO DE RECEPÇÃO E CERIMONIAL Maria de Fátima Campos Costa Maria Nazareth Cardoso Saldanha Maria do Socorro Araújo PROMOÇÃO E DIVULGAÇÃO Isidoro Cruz Neto Jorelza Mantovani Pascoal Bernardo Neto PROGRAMAÇÃO SÓCIO-CULTURAL Maria de Fátima Barbosa Frota Dulce Maria Colares Moreira de Souza Terezinha de Jesus Barros da Silva Maria de Nazaré Jansen Cursos Paralelos COORDENADORA - Nádia Eclélia Costa Pereira SECRETARIA GERAL – John Herbertt Araújo Teixeira José Alberto Campos Maria de Fátima Moreira Lima Maria Irene Araujo Morais CURSO: Sociologia dos Esportes PROFESSORAS: Maria Izabel de Sousa Lopes e Maria Helena Basile


SUPERVISOR DA SEED/MEC: Jorge Rodrigues Muniz COORDENADOR: Laércio Elias Pereira SECRETÁRIO: José Alberto Campos CURSO: Recreação e Lazer PROFESSOR: Mauricio Roberto da Silva COORDENADORES: Manoel Trajano Dantas Neto e Ricardo Moisés SECRETÁRIA: Sheila Maria Meira Martins CURSO: Planejamento em Educação Física e Esportes PROFESSORAS: Glauce Ruiz e Ilma Castro Alencastro Veiga COORDENADORA: Ivone Reis Nunes SECRETÁRIIO: Luis Antonio Seba Salomão CURSO: Fisiologia do Esporte PROFESSOR: Claudio Gil Soares Araujo COORDENADORA: Nádia Eclélia Costa Pereira SECRETÁRIA: Maria de Fátima Moreira Lima CURSO: Crescimento e Atividade Física PROFESSOR: Victor Matsudo SUPERVISOR DA SEED/MEC: Jorge Rodrigues Muniz SECRETÁRIO: José Alberto Campos COORDENADOR DO CONGRESSO Lino Castellani Filho SECRETARIA Creuza de Moraes Pacheco Sandra Regina Moreno Castellani COMISSÃO CIENTÍFICA Sidney Forghieri Zimbres CORREIO CIENTÍFICO Concceição Silvane Rodrigues Sá AUDIOVISUAL Arindo de Jesus Azevedo Joaquim Henrique Cortez PUBLICAÇÃO Cristóvam de Lima Araújo HOSPEDAGEM E ALIMENTAÇÃO Demosthenes Mantovani TRANSPORTE Benedito Ubaldo Araujo Morais MECANOGRAFIA Josemar Pinto Pereira Programa 10.9.80 - Quarta-feira 18:30 - Reunião do CBCE 20:00 - Apresentação Folclórica na Fonte do Ribeirão com comidas e bebidas típicas, BumbaMeu-Boi da Liberdade, Tambor de Criola de Mirina e Tambor de Mina de Jorge Babalaô


11.9.80 - Quinta-Feira 9 às 14 horas - Inscrição e Distribuição de material 16:00 - Abertura Oficial do Congresso 17:00 - Mesa Redonda: O Esporte e as Regiões em Desenvolvimento. Coordenador: José Carlos Sabóia Secretaria: Nádia Eclelia Costa Pereira Relatores: Maria izabel de Souza Lopes Sanclair de Oliveira Lemos Victor Keihan Rodrigues Matsudo 20:00 - Programação social D12.9.80 - Sexta-Feira 14:00 - Painel sobre o Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte 15:00 - Temas Livres - Coordenador Sidney F. Zimbres 15:00 - O problema do auxilio ao desenvolvimento pelo esporte Manfred Loecken (coordenador do Convênio Brasil-Alemanha de Intercâmbio Esportivo 15:20 - Educar para assumir e criar ou para aceitar e repetir. TAFFAREL, C.N.Z. CAVALCANTI, I; MELO, M.T; SENA, S.M.A; BARBOSA, T.L; MAIA, V.;CAVALCANTI, R.A; ALMEIDA, R.S.; SILVA, R.V.S, UCFR(sic) 15:40 - "A Educação Física e o Desporto na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência". LOPES, M.I.S. Núcleo de Estudos em Educação Física e Desporto de São Paulo - SP 16:00 - Pesquisa em andamento. "Ascenção social do negro através do desporto". CRUZ NETO, I. UFMA 16:20 - "Análise dos aspectos de envolvimento política/desportos face aos XXII Jogos Olímpicos". CASTELLANI FILHO, L. UFMA 16:40 - "Prevenção e compensação de debilidades em crianças de 6 a 12 anos através da ginástica escolar". TAFFAREL, C.N.Z (Universidade Catolica Federal de PErnambuco. 20:00 - Mesa-Redonda Opções em esportes e lazer para regiões em desenvolvimento Coordenador: Victor K. R. Matsudo Secretário: Lino Castellani Filho Relatores: Maria Izabel de Souza Lopes Waldir Pagan Peres Person Cândido Mathias da Silva João Bosco Araujo Teixeira 13.9.80 - Sábado 13:00 - Correio científico 14:00 Temas livres Coordenador: Laércio Elias Pereira 14:00 - Assistencia e levantamento médico-biometrico dos escolares de 1º e 2º graus da rede oficial do estado da Bahia". OLIVEIRA, G.N; SANTOS, O.S. e outros. Seção de pesquisas/DEF 14:20 - Prescrição do trabalho aeróbico levando em consideração somente a distância percorrida no teste. MANTOVANI, D. (UFMA) 14:40 "Volibol infanto-juvenil do Maranhão: características das qualidades físicas, dados antropométricos e aspectos gerais" ZIMBRES, S.F. - Divisão de Estudos e Pesquisas da Secretaria de Desportos e Lazer do Maranhão


15:00 - "Pliometria: variação no tipo de impacto mecânico salto vertical em universitários de ambos os sexos" Laboratório de Biomecânica da Universidade Federal de Vioçosa - MG 15:20 -Valores de dobras cutâneas em escolares de 7 a 10 anos. MATSUDO, V.K.R; SESSA, M. Laboratório de Aptidão Física de São Caetrano do Sul - SP 15:40 - Interiorização - fundamento para o ensino-aprendizagem esportivo. ESCOBAR, M.O; BUCKHAT, R. Agua Viva Center - Centro Especializado de Natação - Pernambuco 16:30 - Mesa Redonda - Iniciativas institucionais em Educação Física, Esportes e Lazer no Brasil. Coordenador: Antonio José Borges Secretário: Sidney F. Zimbres Relatores: José Pinto Lapa Victor K.R. Matsudo Eliana de Melo Caran Cecy Marlene de Melo 20:30 - Coquetel de Encerramento. É o início: - CRUZ NETO, I. UFMA: "Ascenção social do negro através do desporto". Pesquisa em andamento; - CASTELLANI FILHO, L. UFMA "Análise dos aspectos de envolvimento política/desportos face aos XXII Jogos Olímpicos"; - MANTOVANI, D. (UFMA) Prescrição do trabalho aeróbico levando em consideração somente a distância percorrida no teste; - ZIMBRES, S.F. - Divisão de Estudos e Pesquisas da Secretaria de Desportos e Lazer do Maranhão: "Volibol infanto-juvenil do Maranhao: características das qualidades físicas, dados antropométricos e aspectos gerais". Quando dos 30 anos de sua realização, escrevi: CONBRACE N/N - 1980-2010 - 30 ANOS: ALGUMAS NOTAS123 CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE ; REGIONAL NORTE & NORDESTE – 1980/2010 - 30 ANOS - Memória e História, e as perspectivas das Ciências do Esporte das Regiões Norte & Nordeste - SÃO LUIS DO MARANHÃO – 13 a 17 de NOVEMBRO de 2010 ALGUMAS NOTAS - Leopoldo Gil Dulcio Vaz; Laércio Elias Pereira Em setembro de 1980, realizou-se em São Luís do Maranhão o CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE – REGIONAL NORTE & NORDESTE.[1] Segundo seus mentores – Prof. Dr. Laércio Elias Pereira e Prof. Dr. Lino Castellani Filho – foi o maior já organizado, contando com a presença de cinco (5) dos mais importantes vetores de tecnologia da área e que vieram a presidir o Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte. Tornou-se um marco não só para o CBCE, mas para as Ciências do Esporte das regiões Norte & Nordeste. Criado dois anos antes - em 1978 -, o Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE) é uma entidade científica que congrega pesquisadores ligados à área de Educação Física/Ciências do Esporte. Organizado em Secretarias Estaduais e Grupos de Trabalhos 123

http://cev.org.br/comunidade/maranhao/debate/conbrace-n-n-1980-2010-30-anos-algumas-notas/


Temáticos, liderados por uma Direção Nacional, possui representações em vários órgãos governamentais, é ligado à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e está presente nas principais discussões relacionadas à área de conhecimento. Passados 30 (trinta) anos se pretende reeditá-lo, na mesma São Luís do Maranhão, perguntando-se: O que significou a realização daquele CONBRACE N/N para a região? Como evoluíram a Educação Física, os Esportes e o Lazer regional nestes 30 anos? Memória e História, e as perspectivas das Ciências do Esporte das Regiões Norte & Nordeste... O CONBRACE N/N 30 anos tem como objetivos[2]: Resgatar a Memória da área acadêmica Educação Física das Regiões Norte & Nordeste, e o seu desenvolvimento a partir do CONBRACE N/N de 1980; Promover e incrementar os estudos e pesquisas relacionadas à área acadêmica Educação Física das regiões Norte & Nordeste; Veicular o conhecimento produzido na área da Educação Física por meio da promoção do CONBRACE N/N 30 ANOS Posicionar-se em questões de Políticas referentes às áreas com as quais guarda relação de estudo e produção de conhecimento. Dos poucos temas daquele evento, pretende-se levar a efeitos discussões abordando os 13 (treze) eixos temáticos constituídos no âmbito do CBCE: 1. Atividade Física e Saúde 2. Comunicação e Mídia 3. Corpo e Cultura 4. Epistemologia 5. Escola 6. Dança e Educação Física 7. Formação Profissional e Mundo do Trabalho 8. Memórias da Educação Física e Esporte 9. Movimentos Sociais 10. Políticas Públicas 11. Recreação e Lazer 12. Treinamento Esportivo 13. Inclusão e Diferença Pretende-se a participação das Secretarias Estaduais do CBCE[3] dos estados localizados nas regiões Norte & Nordeste, além daqueles em que as mesmas não estão constituídas, a exemplo da do Maranhão; a Comissão Reorganizadora do CBCE-Maranhão deverá fazer parte da equipe que se propõe a realizar o evento, sob a liderança do CEDEFEL-MA – Centro de Estudos e Documentação em Educação Física, Esportes e Lazer do Maranhão – ente promotor daquele evento: Secretaria Estadual do Amapá Secretaria Estadual da Bahia Secretaria Estadual do Ceará Secretaria Estadual do Pará Secretaria Estadual de Pernambuco Secretaria Estadual do Rio Grande do Norte Secretaria Estadual do Sergipe Secretaria Estadual do Tocantins (convidada) CEDEFEL-MA “A criação de um modelo de Centro Referencial – informação sobre a informação – para facilitar a comunicação entre especialistas e a procura de formas alternativas de


editoração, que permitam a apropriação de grandes quantidades de informações pelos centros de menor poder aquisitivo é a proposta do CEDEFEL-MA” [4] O Centro de Estudos e Documentação em Educação Física, Esportes e Lazer do Maranhão - CEDEFEL-MA - é um ente sem constituição legal, criado pelo Prof. Dr. Laércio Elias Pereira ainda em novembro de 1979, e que contou com a participação do Prof. Leopoldo Gil Dulcio Vaz. Ambos decidiram pela constituição de um ‘grupo de trabalho’, cuja característica seria a informalidade, nos moldes de um ‘colégio invisível’ [5], funcionando através de ‘gatekeepers’ [6]. A criação do CEDEFEL-MA foi motivada pela participação do Prof. Dr. Laércio Elias Pereira na I Conferencia sobre Documentacion e Informacion Deportiva em Latinoamerica, Medellín, realizada na Colômbia, no período de 04 a 07 de fevereiro de 1980. O CEDEFEL-MA reunia professores de educação física da Secretaria de Desportos e Lazer do Maranhão - SEDEL-MA -, primeira secretaria dedicada criada no Brasil, ainda no Plano de Governo João Castelo (1979-1982); instalada oficialmente em maio de 1979 – envolvidos: Laércio Elias Pereira, da Assessoria do Secretário; Sidney F. Zimbres, Coordenador de Pesquisas; e Leopoldo Gil Dulcio Vaz, da Coordenação de Eventos Especiais de Desportos; da Universidade Federal do Maranhão – UFMA - (Laércio, Sidney e Lino Castellani Filho); da então Escola Técnica Federal do Maranhão, o hoje Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Maranhão – IF/MA –(Leopoldo); e da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA -(Leopoldo, e José Nilson Andrade, Chefe do Depto. De Educação Física). Motivados por um encontro que deveria ocorrer em São Luis do Maranhão em 1981, decidida durante a “I Conferencia sobre Documentacion e Informacion Deportiva em Latinoamerica” [7] buscaram atacar o problema da dispersão da informação técnicocientífica em Ciências do Esporte, criando, então, um centro referencial – organização da informação. Mas o que apresentar, em termos de pesquisa na área das Ciências do Esporte? Daí a realização do CONBRACE N/N em São Luís, naquele setembro de 1980[8]... O II Encontro, previsto para São Luís, em 1981, não aconteceu... Assim como os demais. O CEDEFEL-MA, passou a se dedicar à documentação esportiva, elaborando-se vários índices de revistas dedicadas[9]. CBCE N/N – 30 ANOS – ORGANIZAÇÃO Obedecerá ao disposto no Sistema Online de Apoio a Congressos do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte é iniciativa da Gestão 2007/2009 com o intuito de disponibilizar uma ferramenta de gerenciamento dos seus congressos e de publicação eletrônica dos anais dos congressos científicos, contribuindo assim, para a democratização do acesso ao conhecimento produzido pelos membros dessa comunidade.[10] O portal utiliza o Sistema Online de Apoio a Congressos (SOAC/OCS 2.1.1.2), sistema de código aberto para administração de Congressos, desenvolvido, com suporte, e distribuído gratuitamente pelo Public Knowledge Project sob a licença GNU General Public License.[11] O Grupo de Trabalho será constituído: Coordenação Geral - Laércio Elias Pereira (CEDEFEL-MA; CEV) Núcleo organizador: Matheus Francisco Saldanha Filho (CBCE) Leopoldo Gil Dulcio Vaz (CEDEFEL-MA; IHGM) Sidney Forghiery Zimbres (CEDEFEL-MA) Denise Martins de Araújo (CREF-MA) Zartú Giglio Cavalcante (UFMA) Comissão Provisória CBCE-MA Núcleo de Apoio: Eduardo Macieira (UniCEUMA) José Alípio Assis dos Santos Filho (Faculdade São Luís)


Mauro Santiago (UnDB) Amanda Miranda (UNISULMA) José Nilson Andrade (UEMA) Silvana Aquino Farias (IF/MA) SECTEC UNIVIMA SEBRAE-MA [1] O seu evento científico nacional, o Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte (CONBRACE), é realizado a cada dois anos, está entre os principais do país. Além disso, são realizados periodicamente congressos estaduais e ou regionais, bem como encontros dos Grupos de Trabalho Temáticos, sempre de relevada importância e contando com ampla participação da comunidade acadêmica. [2] Art. 2º. Dos Estatutos sociais do CBCE [3] As Secretárias Estaduais contam com a Coordenação das Secretarias Estaduais, vinculada a Direção Administrativa. Na atual gestão o Prof. Matheus Francisco Saldanha Filho é o coordenador. As Secretarias Estaduais são instâncias organizativas do CBCE previstas no Capítulo V, Artigos 21 e 22 dos estatutos da entidade, após a reformulação estatutária de 1987. Antes o CBCE se fazia presente nos Estados através de representantes. No Estado onde não exista Secretaria Estadual organizada, ou onde ela esteja sem diretoria, ou mesmo não tenha passado por processo eleitoral nos termos descritos no caput do artigo, a Direção Nacional nomeará uma Comissão Provisória cujo mandato não poderá ultrapassar 8 (oito) meses. [4] PEREIRA, Laércio Elias. Centro de estúdios y documentacion em Educacion Física, Deportes y Recreacion de Maranhão. In MAIER, Jürgen (Editor). CONFERENCIA SOBRE DOCUMENTACION E INFORMACION DEPORTIVA EM LATINOAMERICA, I, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de fevereiro de 1980. ANAIS... p. 197-198. PEREIRA, Laércio Elias. O Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte. In MAIER, Jürgen (Editor). CONFERENCIA SOBRE DOCUMENTACION E INFORMACION DEPORTIVA EM LATINOAMERICA,, I, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de fevereiro de 1980. ANAIS... P. 191-193. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias. Coleta de bibliografia para processamento por computadores. ENCONTRO DE PESQUISADORES DA UEMA, I, São Luís, 1986. PEREIRA, Laércio Elias; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; REIS, Lúcia; ANDRADE FILHO, Santiago Sinésio; FERREIRA NETO, Francisco Dias. Organização da Informação em Ciências do Esporte. SIMPOSIO DE EDUCAÇÃO FISICA DA UFMA, II, São Luis, 1990. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Organização da Informação em Ciências do Esporte - a experiência do CEDEFEL-MA. In: ENCONTRO DE BIBLIOTECÁRIOS DO ESTADO DO MARANHÃO, 8, 1991, São Luis - MA. Anais - APBEM. São Luis-MA: CRB-13, 1991. V. 1. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias. Organização da Informação em Ciências do Esporte. SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, XVIII, São Caetano do Sul, ANAIS... CELAFISCS, 8 a 11 de outubro de 1992, Volume II, p. 105. Resumo. VAZ, L. G. D. ; PEREIRA, L. E.; LOUREIRO, Luis Henrique. PROTOCOLO DE INDEXAÇÃO DE PERIÓDICOS DEDICADOS A EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES E LAZER EM LÍNGUA PORTUGUESA. 1993. (Software sem registro de patente). PEREIRA, Laércio Elias; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Centro Esportivo Virtual - CEV. In: DaCOSTA, Lamartine Pereira. (Org.). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de Janeiro: Shape, 2005, v. 1, p. 769-770. [5] COLÉGIO INVISÍVEL diz respeito a um grupo de pesquisadores que está, em um dado momento, trabalhando em torno de um mesmo problema ou área de pesquisa e se comunica sobre o andamento das pesquisas. O inter-relacionamento dos elementos de


cada grupo ou dos vários grupos existentes numa comunidade científica e/ou tecnológica é que se define como colégio invisível, sendo este responsável pelo feedback informacional (a retroalimentação do sistema de comunicação). [6] Os GATEKEEPERS da ciência são responsáveis pela decodificação da mensagem, de modo a torná-la clara e pertinente aos demais receptores de seu grupo. É condição natural que os membros dos “colégios invisíveis” pertençam a uma mesma área de atuação, de cujos grupos destacam-se aquele(s) elemento(s) comum(ns) conhecido(s), desta maneira na linguagem dos comunicadores. O desempenho dos gatekeepers é determinante numa comunidade, por serem eles os elementos-chave na transferência de informação. Os gatekeepers se beneficiam da comunicação eletrônica considerando que uma comunidade virtual é formada por indivíduos que se comunicam eletronicamente. Essa comunidade pode ter muitas formas: várias pessoas podem trabalhar, simultaneamente, em um mesmo projeto sem jamais terem se encontrado, simplesmente trocam mensagens eletrônicas (e-mail). [7] “DECLARACION DE MEDELLIN...”, em seu Acuerdo 2, decide-se pela realização dos próximo eventos: 1981 II conferencia en SAN Luis, Maranhão, Brasil; 1982 III Conferencia em BUENOS AIRES, Argentina; 1983 IV Conferencia en CARACAS, Venezuela. Convenio Colombo-Aleman de Educacion Física, Deporte y Recreacion (in. MAIER, Jürgen (Editor). I Conferencia sobre Documentacion e Informacion Deportiva em Latinoamerica, Medellín – Colômbia, 04 a 07 de feveriero de 1980. ANAIS... (p. 255). [8] “O CEDEFEL-MA e a SEDEL-MA, junto com a UFMA, UEMA, e CEFET-MA seriam os responsáveis pela organização do evento. Não tínhamos pesquisas... Passamos a incentivar alguns professores a produzirem alguma coisa para apresentar no ano seguinte... Foi o inicio da pesquisa em Educação Física e Esportes no Maranhão...” in VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Produção do conhecimento em Educação Física e Desportos no Nordeste Brasileiro. JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA DA UFMA, III, São Luis, 05 a 08 de dezembro de 1995. in REVISTA MOVIMENTO HUMANO & SOCIEDADE, n. 5, ano II, Edição Especial. ANAIS..., p. 1421. [9] PEREIRA, Laércio Elias. Indice Da Revista Brasileira De Educação Física E Desportos. Brasilia: SEED/MEC, 1983. VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Indice Da Revista Stadium. São Luis: SEDEL, 1984 (Edição em microficha). A “Stadium”, da Argentina, cujo índice foi publicado no formato de microficha, e distribuído através de um ‘clube de microficha’ inventado pelo Prof. Laércio Elias Pereira e distribuída a edição por todo o Brasil, aos “assinantes”; VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Indice Da Revista Corpo & Movimento. São Luis: UEMA, 1987 (inedito); VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Indice Da Revista Desportos & Lazer. São Luis: UEMA, 1987 (inédito); VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Indice Da Revista Comunidade Esportiva. São Luis: UEMA, 1987 (inédita); VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Índice da Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Revista Brasileira De Ciencias Do Esporte 10 (1): 33-45, set. 1988. VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Handebol – Bibliografia básica. Encontro De Treinadores De Handebol, I, Campinas, 1988. ANAIS..., Campinas, 1988. VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Indice Da Revista Kinesis. Santa Maria: UFSM, 1990. VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Natação – Bibliografia Básica. Cadernos Viva Água, São Luis, Escola de natação Viva Água, 1991, vol. 1 VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Natação – Bibliografia. Cadernos Viva Água, São Luis, Escola de natação Viva Água, 1991, vol. 2 VAZ, Leopoldo Gil; PEREIRA, Laércio Elias. Psicologia aplicada ao esporte. Cadernos Viva Água, São Luis, Escola de natação Viva Água, 1991, vol. 3 Seguiram-se as indexações dos seguintes periódicos: ‘Arquivos’ da Escola Nacional de Educação Física (1992); ‘Boletim da FIEP’ (1992); ‘Artus’ (1992); ‘Homo Sportivus’


(1992); ‘Motrivivencia’ (1993), e o vol 4 dos “Cadernos Viva Água”, sobre Natação para Crianças, com a produção de Stephen Langersdorff (1994). VAZ, L. G. D. ; PEREIRA, L. E.; LOUREIRO, Luis Henrique. PROTOCOLO DE INDEXAÇÃO DE PERIÓDICOS DEDICADOS A EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES E LAZER EM LÍNGUA PORTUGUESA. 1993. (Software sem registro de patente). [10] http://www.rbceonline.org.br/congressos/index.php/index/index [11] http://www.rbceonline.org.br/congressos/index.php/index/index/about/aboutThisPublis hingSystem A SEDEL fez também o de Esporte para Todos Promovemos um Congresso Brasileiro de Lazer. O primeiro do Brasil!!! Trazemos pessoas de todo o País, para alimentar e validar as propostas... daí a importância... no CEV você encontra os anais desse congresso.... http://cev.org.br/eventos/i-congresso-norte-nordesteesporte-para-todos logo depois, o CONBRACE N/N, também para apresentar a SEDEL, validar as propostas e ouvir sugestões.... Na época, ainda no Plano de Governo, trouxermos Ethel Bauzer de Medeiros, uma das maiores autoridades em Lazer Urbano do Brasil, para uma palestra e validar, também, as propostas. Eu já tinha uma experiência do Paraná-Curitiba- quando de meus estágios, na implantação de uma estrutura de Lazer urbano, com as propostas de Jaime Lerner - as praças esportivas - que tentamos implantar aqui - sai a revitalização do parque do Bom Menino (projeto meu...), o Complexo Social e Esportivo de São Luís (do qual participei desde a concepção, escolha de local, negociações junto à AL, e fiscalização das obras...). Socorro Araújo e eu fizemos inúmeros projetos - éramos os encarregados da elaboração... tanto na área dos esportes como nos de lazer... Laércio, Fátima, Socorro e eu éramos os responsáveis por todo o planejamento da SEDEL, no tempo em que fiquei por lá 1979 até 1982... sai por divergência com o Coordenador geral, Olímpio Guimarães, que só visava o futebol e em especial o MAC...- mas continuei prestando consultoria, mesmo no tempo de Nam, do Phil. 124. O primeiro congresso de lazer, no Brasil, foi feito em São Luís, antes do oficial, no ano seguinte, em Curitiba, com esse nome... Por pressão da SEED/MEC acabou sendo de “Esporte para Todos” porque o EPT praticamente, em São Luís pelo menos, antes da SEDEL, ele não desenvolveu, era outra filosofia, outra política, embora se pegasse o dinheiro do EPT, na Coordenação de Lazer, mas era uma filosofia ditada, mais por Lino, por Laércio, que faziam certa oposição ao EPT, e quando se falou em se fazer um congresso de lazer aqui, não era para ser Esporte para Todos; eu lembro que a SEED, só admitia financiar um congresso de lazer se fosse com o nome de Esporte para Todos; aí houve aquela confusão, que nós convidamos pessoas que eram contrarias ao movimento EPT, foram proibidas de vir... Nas rememorações de Sidney: Na época do Esporte para Todos, estava na moda no Brasil o Esporte para Todos, uma campanha nacional, era o Takahashi, Lamartine, Takahashi ... Vem lá do fundo do poço esses homens aí, e depois estava começando o movimento do Colégio Brasileiro [de Ciências do Esporte].... Foi a época que se começou, a Educação Física começou a ter um... saiu daquela fase de esporte romântico passou já a ter um cunho mais científico, uma preocupação mais com o aspecto do estudo, da Pesquisa.

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Entrevista concedida a Canhoto Ribeiro (2018) por Leopoldo Gil Dulcio Vaz, em 6 de setembro de 2017, na cidade de São Luís MA.


Tem dois aspectos aí que talvez tenha influenciado o EPT a não ter ido para a frente aqui, naquela época; nós, o pessoal da Universidade, os professores, éramos chamados de, é um termo até antiquado, até ridículo: da esquerda, tínhamos uma visão diferente... Todos usavam barba, eram comunistas (risos) ... É engraçado falar isso, a gente era comunista, então, Laércio, Lino, eu, nós éramos contra o EPT, contra a filosofia do EPT, porque o EPT era isso, Esporte para Todos; só que não era para todos , era para uma classe elitizada, que tinha bicicleta, era a classe burguesa, mas a classe pobre, a classe que não era privilegiada, ficava fora do processo; então o esporte não era para todos, a gente via na época o EPT mais como uma forma desse pessoal de Brasília de ganhar dinheiro; rolava muito dinheiro só que fazendo eventos e passeatas na rua, andando de bicicleta e com uma faixinha do EPT e tal; a gente era bem contra isso aí, esse foi o aspecto de não ter ido. O segundo aspecto é que dentro da SEDEL havia duas coordenações, a Coordenação de Esportes e a Coordenação de Lazer. A Coordenação de Lazer era coordenada pela Fátima Frota e a de Esporte era pelo Gafanhoto; então havia uma diferença de competência brutal entre a Fátima Frota e a equipe do Gafanhoto. A equipe do lazer era uma equipe muito competente, começando pela Fátima Frota e a equipe dela eram pessoas muito competentes, tanto é que depois, essas pessoas, que trabalharam com ela, acabaram fazendo mestrado. Hoje tem a Profª. Socorro [Araújo] no Departamento de Turismo; era um pessoal muito bom; então eles faziam eventos espetaculares, preocupados com essa questão da cultura, de preservação da cultura, era um trabalho científico, um trabalho com embasamento teórico, então esse era o lazer, a gente até trabalhava, até ajudava, ia lá, até porque a gente se envolvia no trabalho da Dona Fátima, Laércio, eu e Lino, porque a gente via lá, a competência estava lá. No desporto, era o Gafanhoto. Gafanhoto era símbolo do que era a incompetência... Lembro de uma reunião do Gafanhoto - foi muito engraçada, ele fez uma reunião, reuniu o pessoal todo e disse que ia atacar problemas do esporte do Maranhão de A a Y, quer dizer ficou alguém de fora (risos) o Z não estava. Ai eu levantei o braço e falei assim: Gafanhoto alguém vai ficar de fora desse teu projeto de atacar o esporte, ai ele falou porque? Porque o Z ficou de fora ai do teu alfabeto. Era muito difícil trabalhar ali, tinha muitos entraves, a coisa era voltada para escolinha; ainda se cultua até hoje, eu vejo ainda se preservar aquela coisa que o grande segredo de fazer o esporte é fazer escolinha, isso era aquela coisa do Cláudio Vaz, isso foi uma coisa que na época deu certo, que tinha muito dinheiro, tinha muitas pessoas poderosas, lá, com o tráfico de influência, e deu certo; hoje não é mais isso ai, hoje é totalmente diferente, hoje ainda falam - Ah! Na época do Cláudio Vaz tinha escolinha; só que hoje não é mais a época do Cláudio Vaz, hoje é outra época, tem que fazer outro trabalho, trabalho de comunidade, departamentos de bairros, com sindicatos, é outra visão do mundo; então foi por isso que o EPT não deu certo aqui, além da questão da competência, que está na frente, há a questão da filosofia do EPT; tinha as pessoas que não podia tocar para frente, que eram contra o Esporte Para Todos... Sobre esse Congresso, Lino lembra que “Fizemos um encontro EPT lá também, que eu me envolvi”: Primeiro não era para ser um congresso do EPT... Era pra ser um congresso sobre lazer mesmo porque a política... Eu acho que foi um pouco isso, a ideia era um encontro de lazer com algumas pessoas que faziam parte do nosso grupo já brasileiro de discussão a partir de uma lógica de política de lazer de ???? de esporte, de esquerda onde a Maria Isabel tinha, na época, um papel importante, ela foi para o congresso em 79 e aí por questões de vinculação com o Governo Federal esse evento se tornou o evento EPT... Tinha a Sub-Secretaria de Esporte para todos como sub-secretaria da secretaria de Educação Física e esportes do MEC, a SEED, tinha SUEP, subsecretária de EPT com a comandante Lamartine Pereira, como coordenador central, o Jorge Takaachi, como dirigido do Lamartine, o Person Cândido Matias de Sousa como outro membro... e aí sim na programação que nós emcaminhamos houve votos, houve censura, por parte de


Lamartine e da equipe dele, não saberia dizer se foi bem Lamartine... foi da SUEPT, aí o nome da Maria Isabel não foi aceito. A Kátia Brandão Cavalcante não foi aceita, e aí nós conseguimos trazer esse pessoal eles; não participaram da mesa porque os nomes deles não foram aprovados. Para suas mesas, mas na plenária eles se envolveram no debate, isso criou também todo um espaço de discussão de bronca da gente, o que reforçou o estigma que acabou criando em torno de nós, de pessoas de oposição, esquerda porque apenas...? aceitavam aquele tipo de visão de Governo Federal que na área de esportes, de Educação Física, mais do que nuca tinha dificuldades em perceber que o momento político já não era aquele dos anos 70, não é? Já era um momento de abertura, que para eles é muito difícil de entender. A política da SEDEL na época era mais Lazer que EPT, quem trabalhava no EPT efetivamente, com os eventos, era a UFMA, pois Dimas foi agente EPT, sempre teve uma relação, era professor de Recreação da Universidade... Dimas falou que sempre entrava em choque Lino em função do EPT, sempre criticava. Isso ficou bem claro durante o Congresso, quando Lino chama Dimas de ingênuo, numa das manifestações: Eu acho que tem haver com o jeito do Dimas, o Dimas é uma das pessoas que aprendi a respeitá-lo, uma pessoa extremamente boa, coração puro não é? Mas talvez por conta dessa pureza ele explicitava uma ingenuidade das construções das relações que estabelecia, que tinha um sentido político para ele porque a medida que ele não questionava muito as relações construídas colocava tudo sempre à disposição, não importa da onde viesse o convite, ele garantia espaços e intervenção que talvez se ele assumisse um papel com uma postura política mais evidente, mais clara de posição significaria fechar algumas portas, talvez mais portas do que abrir outras e ele sempre quis fazer um trabalho de estar de bem com todo mundo e eu deixava claro que assumi uma posição. Era assumir a oposição, a outras posições e necessariamente a unanimidade não era possível de ser construída a partir dessa lógica, e eu mostrava o quanto o trabalho dele tinha carga de ingenuidade que ele se varia dela oportunisticamente para tirar proveito de estar sempre em lugares de destaque não é? A medida que ele nuca queria fazer uma leitura crítica do significado do EPT, que já nos anos 80 nós fazíamos. Lembra de uma revista Corpo e Movimento, que teve artigo de Kátia, um artigo de Lamartine, um artigo de Apolônio, a própria Desportos & Lazer, publicada pela SEDEL... Então nós fazíamos, já vivíamos uma época de uma postura crítica sobre a realidade de Educação Física e do esporte que ele não acompanhava, ele tinha sempre uma visão romântica do processo e eu sempre, naquela época, até por toda, talvez aí o processo mesmo de crescimento, uma outra fase menos madura ...Eu não só fazia a crítica como criava espaços de atrito, de conflito porque não admitia aquela postura extremamente apolítica de neutralidade.

Iº Congresso Norte/Nordeste de Esporte para Todos De 24-08-1982 até 28-08-1982 Brasil. São Luis -MA

Programa 25/AGOSTO - QUARTA-FEIRA 0900 h. - Inscrição e Entrega de Material 14:00 h. - Reunião da Rede EPT 18.-00 h. - Solenidade de Abertura 25/AG0ST0 - QUARTA-FEIRA


18:30 h. MESA REDONDA: Evolução Histórica do EPT Coordenador: Laércio Elias Pereira Secretaria de Desportos e Lazer do Maranhão Palestrantes: Inezil Penna Marinho Universidade Federal do Rio de Janeiro Person Cândido M. da Silva Universidade Federal do Rio de Janeiro Dante Silvestre Júnior Serviço Social do Comércio - S.P. Lenea Gaelzer Universidade Federal do Rio Grande do Sul 26/AGOSTO - QUINTA-FEIRA 15.O0h. MESA REDONDA: Dimensão Social do EPT Coordenador: Lino Castellani Filho Universidade Federal do Maranhão Palestrantes: Dante Silvestre Júnior Serviço Social do Comércio - S.P. Lenea Gaelzer Universidade Federal do Rio Grande do Sul Person Cândido M, da Silva Universidade Federal do Rio de Janeiro João Bosco Araújo Teixeira Secretaria de Educação e Cultura - Natal • RN 26/AGOSTO - QUINTA-FEIRA - 18.00h. Coordenador: Leopoldo Gil Duleio Vaz Universidade Estadual do Maranhão Secretário : José Faustino da Silva Filho TEMAS LIVRES: 18.O0 h. - Montagem de Publicidade do EPT no Maranhão Edivaldo Pereira da Silva - REDE EPT/MA 18:20 h. - Grupos de Lazer Maria de Lourdes Matos da Silva - SEDEL/MA. 18.40 h. - Desenvolvimento Cultural Francisco Manuel Baia da Silva - MOBRAL/MA. 19.00 h. - Artes Plásticas como Opção de Lazer José João S. Lobato - Sec. de Cultura/MA. 19:20 h. - Eventos de EPT no Maranhão Maria de Fátima Costa Martins - SEDEL/MA. 19.40 h. - Meios de Divulgação do EPT Edivaldo Pereira da Silva - REDE EPT/MA 20:OO h. - O Emprego do Cinema como Lazer Cultural João Ubaldo Serra de Moraes - SEDEL/MA 20:20 h. - Projeto Procópio Ferreira Cosme da Silva Jr. - SEDEL - SEC. CULTURAL/MA. 20.40 h. - Jornada de Trabalho x Tempo Livre: um Dilema para a existência do Lazer Maria Izabel de Souza Lopes - PUC/SP 27/AGOSTO - SEXTA-FEIRA 09:00 h. - Evento de EPT "Manhã Alegre" Parque Bom Menino Coordenador: Maurício Roberto da Silva Universidade Federal de Sergipe 27/AGOSTO - SEXTA-FEIRA Coordenador: Leopoldo Gil Dulcio Vaz Universidade Estadual do Maranhão Secretário : José Faustino da Silva Filho TEMAS LIVRES:15.00 h. - EPT no Amapá Raimundo Nonato da S. Sousa - DEFER/AP 15:20 h. - 0 Lazer através da Escola e a Educação através do Lazer*-Valter Soares - DEFlD/PI 15:40 h. - Jogos Comunitários no Amapá Raimundo AIdo Siqueira - DEFER/AP 16.00 h. - O IPEM e o Desenvolvimento do Esporte e Lazer Francisco Carlos Sena Silva - IPEM/MA. 16:20 h. - Experiências na área de Pesquisa para o Lazer Maria Angela de Faria J. Leite - SEDEL/MA


16.-40 h. - A Recreação no Curso de E. F. na UFMA António Maria Zacharias B. Araújo - UFMA 17.00 h. - O Universitário e o Desporto na UFMA Lino Castellani Filho - UFMA 17:20 h. - Da Cultura no Turismo ao Turismo na Cultura Maria Izabel de 5. Lopes - PUC/SP 27/AGOSTO - SEXTA-FEIRA - 20:00 h. MESA REDONDA: Experiências em EPT Coordenador: Dulce Maria Collares Moreira de Sousa Secretaria de Desportos e Lazer do Maranhão Palestrantes: Roberto Gesta de Melo Superintendência de Desportos do Amazonas Maria de Fátima Barbosa Frota Secretaria de Desportos e Lazer do Maranhão Nilton Agra de V. Galvão Fundação de Desenvolvimento de Esporte de Pernambuco Maurício Roberto da Silva Universidade Federal de Sergipe 28/AGOSTO - SÁBADO - 09:00 h. MESA REDONDA: O EPT em face da Política Nacional de Educação Física e Desportos Coordenador: Lino Castellani Filho Universidade Federal do Maranhão Palestrantes: Orlando FerradoIIi Filho Secretaria de Educação Física e Desportos do MEC - DF João Bosto Araújo Teixeira Secretaria de Educação e Cultura - Natal - RN. Nilton Agra V. Galvão Fundação de Desenvolvimento do Esporte de Pernambuco Roberto Gesta de Melo Superintendência de Desportos do Amazonas 28/AGOSTO - SÁBADO 12.00 h. - ENCERRAMENTO 20.00 h. - Jantar de Confraternização, com apresentação de compositores maranhenses.

Trabalhos apresentados: = Edivaldo Pereira da Silva - REDE EPT/MA - Montagem de Publicidade do EPT no Maranhão; - Maria de Lourdes Matos da Silva - SEDEL/MA. - Grupos de Lazer; - Francisco Manuel Baia da Silva - MOBRAL/MA. - Desenvolvimento Cultural; - José João S. Lobato - Sec. de Cultura/MA. - Artes Plásticas como Opção de Lazer; - Maria de Fátima Costa Martins - SEDEL/MA. - Eventos de EPT no Maranhão; - Edivaldo Pereira da Silva - REDE EPT/MA - Meios de Divulgação do EPT; - João Ubaldo Serra de Moraes - SEDEL/MA - O Emprego do Cinema como Lazer Cultural; - Cosme da Silva Jr. - SEDEL - SEC. CULTURAL/MA. - Projeto Procópio Ferreira; - Francisco Carlos Sena Silva - IPEM/MA. - O IPEM e o Desenvolvimento do Esporte e Lazer; - Maria Angela de Faria J. Leite - SEDEL/MA Experiências na área de Pesquisa para o Lazer; - António Maria Zacharias B. Araújo - UFMA - A Recreação no Curso de E. F. na UFMA; - Lino Castellani Filho - UFMA O Universitário e o Desporto na UFMA.

E esse encontro: A criança no Maranhão (http://cev.org.br/eventos/a-crianca-maranhao)


A Criança no Maranhão De 13-05-1983 até 14-05-1983 Brasil. São Luis -MA

Programa

13/5/1983

19:00 Criança e Escola no Maranhão - Maria da Paz Porto Macedo - SEDUC-MA 19:30 A importância da Recreação - Lenea Gaelzer 20:00 Criança, um caso de polícia - José Ribamar Heluy 20:30 O Projeto Menino de Rua - Miltes Santa Cruz - Unicef-RJ Dia 14/5/1983 19:00 A criança como vítima dos remédios - Marioa de Fátima Lobato Tavares - Comitê de Drogas da Sociedade Brasileira de Pediatria 19:30 O escotismo e o problema do menor - Ivo Anselmo Holn - UFMA 20:30 Programa de Ações Integradas em Saúde Materno Infantil e Nutrição - Maria José Medeiros UNICEF/UFMA

Em 2017 escrevi125: Esta semana recebi a visita de dois Acadêmicos de Educação Física, de duas de nossas Faculdades (ambas, particulares...) para orientação sobre trabalho de final de curso. Um, de Licenciatura, outro, de Bacharelato... O que me impressionou é o desconhecimento da História da Educação Física, dos Esportes e do Lazer no Maranhão!!! Perguntei-lhes se não haviam cursado a disciplina História da Educação Física – havia! E quem eram os professores: os identificaram. Um deles, falou-me que seu trabalho havia sido sugerido pelo Professor da área de Lutas... e que desejava escrever sobre Judô; o outro, Jiu-jitsu... O desconhecimento sobre quem, e em que época, esses esportes aparecem no Maranhão, é gritante! Especialmente depois da quantidade de artigos e notas publicadas em jornais locais, em livros, e apresentadas em congressos científicos pelo Brasil afora, por vários anos e em diversas ocasiões. Ou é omissão, pura e simples, ou preguiça em pesquisar, ou o que é pior: falta de leitura e estudo por parte, principalmente, dos Professores que atuam em nossas instituições formadoras! Material, conforme disseram, que não existem... o que não é verdade!!! Comecemos pelo Judô. Já tem um tempo que venho sendo procurado por judocas, que necessitam escrever monografias sobre o esporte, para obtenção de promoção de faixa, em especial, a de ultima graduação – Dan; a pergunta, sempre, se foi os Leites os introdutores da modalidade no estado, nos anos 60... Tem havido muita polemica sobre a introdução do Judô no Maranhão, e em especial, em São Luís. Tem-se a década de 60 como a de sua introdução, com membros da família Leite. O que tenho, já algum tempo, contestado! Já encontrei indícios de que membros da família Paraíso - de Durval e seu irmão - já praticavam a modalidade lá pelos anos 30, conforme depoimento do mesmo Durval, quando da realização da I Clínica de Arbitragem 125

http://cev.org.br/biblioteca/reescrevenhdo-a-historia-dos-esportes-educacao-fisica-lazer-no-maranhao/


de Judô, promovida por mim, ainda no início dos anos 80, quando na SEDEL, ao mesmo tempo em que fundávamos, Emilio e eu, a Federação de Judô... Depois, encontrei que, na década de 50, que Rubem Goulart ministrava Judô no SESC... Conforme reportagem em jornal, da época... Agora, um evento, da década de 40, fala de um delegado de Alcântara que sabia os fundamentos do Judô, sua origem, seus golpes, e em reportagem irônica, no Jornal O Combate, diz como ele pretendia serenar os ânimos e prender infratores da Lei: com o uso de 'golpes de judô, os quais nominava, enquanto aplicava golpes de capoeira... Não resta dúvida, pelo conhecimento que apresentava que sabia e praticava o Judô, nos anos 40, numa cidade interiorana... Na década seguinte - anos 50 - até o momento - encontrei que Rubem Goulart estava implantando um curso de Educação Física junto ao Aero-Clube do Maranhão, no ano de 1952, e que dentre as disciplinas a serem ministradas, nesse curso, constava o Judô. E identifica-se um praticante de Judô, de nome Toledo, o Gigante do Maranhão, que desafiava um lutador paranaense, de alcunha Black, para uma luta de Judô. Segundo notas da imprensa local, seria o primeiro combate de judô em terras maranhenses... Em que pese a contribuição dos Leite para o desenvolvimento do Judô no Maranhão fica evidente de que eles não foram os pioneiros... Nem falei de Jorge Saito... Major Vicente... Outra polemica, é a do Jiu-Jitsu. O Acadêmico diz que, nas aulas de História e na de Lutas, fora informado de que o introdutor da modalidade no Maranhão fora James Adler! Desconhecia que desde o inicio doas anos 1900 já havia sua prática registrada em São Luís. Perguntei a ele quais os registros de que dispunha, e disse que fora o Conde Koma o seu introdutor, junto com os Gracies, em Belém do Pará, lá pelos anos 20... e que a primeira academia, aberta no Rio de janeiro lá por 1926. Disse que obterá essas informações no sitio da Confederação Brasileira... Ficou espantado quando informei que não! Que o Jiu-Jitsu fora introduzido antes de 1910, por mestres japoneses contratados pela Marinha de Guerra, quando da passagem de um navio-escola pelo Japão. Três praticantes foram trazidos, para ensinar aos oficiais uma técnica de luta e que, nessa época, havia a polemica se se devia ser introduzida a Capoeira como técnica de combate corporal. Polemica que acabou com a derrota do mestre japonês para um Capoeira, quando de um desafio na casa de espetáculos de Paschoal Segreto, em Niterói, como era de costume àquela época. Que essa luta fora noticiada em jornais locais. Mais, que Koma passara por São Luis, onde permaneceu por algum período, se apresentando no Teatro de São Luis (Arthur Azevedo), antes de se fixar no Pará... e que desde 1908 aparecem indícios de sua prática em São Luis, provavelmente introduzido por Aluísio de Azevedo, que fora Cônsul em Yokohama-Japão... e que há registro, em jornais da época, de que outros clubes, além do FAC, mantinham aulas de jiu-jitsu, havendo um deles com mais de 120 alunos inscritos... isso, por volta de 1910, mais de 15 anos antes da que apareceu no Rio de janeiro... No dia 1º de setembro, dia do Profissional de Educação Física, uma de nossas faculdades, que mantém Curso de Educação Física, promoveu evento em que o palestrante disse ser o fundador do ‘primeiro curso de educação física do Maranhão’; o que é controverso! Pois em 1903, quando da criação do departamento de Educação Física da Secretaria de estado de Educação, fora introduzida a disciplina Educação Física no Curso Normal – de formação de professores -, sendo contratado, no Rio de Janeiro, o professor austríaco Miguel Hoerhann; além das aulas para a formação de professores da Escola Normal, lecionou em várias outras escolas, da rede estadual e municipal, inclusive com aulas particulares e sua introdução no Clube Ginástico Maranhense do Turnen. Depois, em 1952, como já dito acima, Rubem Goulart fundou um Curso de Educação Física funcionando junto ao , Aero-Clube do Maranhão; o ITA, escola de São Luís, mantinha um Curso de Educação Física, nos anos 1970, nível técnico, antes da criação do curso de educação física da então FESM – hoje UEMA -, mas que nunca chegou a funcionar.


Segundo alguns professores da época, para não atrapalhar a criação do Curso de Educação Física da UFMA, que estava sendo criado, na mesma época... Por falar em Miguel Hoerhann, foi ele o introdutor da Ginástica Olímpica, também naquele inicio dos 1900, através da prática do Turnen. Quase todas as escolas primárias, daquele período, a praticavam, a ginástica com aparelhos. Havia, inclusive, o registro de cursos – seriam academias, hoje -, para o ensino dessa modalidade. Academias de musculação, ou halterofilismo, como antigamente, também não foi Edilson Penha Alves seu introdutor, nem Joe Henrique, mas Dunshee de Abranches, ainda nos 1800, mais de 100 anos antes do registro da Academia Apolo... Handebol, não foi Dimas seu introdutor, em 1972/73/74, sendo este o ano da chegada de Laércio Elias Pereira, que trouxe Biguá e Viché... já nos anos 60, o Prof. Braga, da então ETFM – hoje IF-MA -, já havia apresentado a modalidade, introduzida nos JBI – Jogos Brasileiros do Ensino Industrial, anteriores aos JEBs... Antes de Dimas, tivemos o Prof. Jamil, que era do Piauí, e viera coordenar os Jogos Escolares promovidos pela Profa. Mary Santos; aliás, Dimas ainda se encontrava morando no Pindaré, fazendeiro e industrial, quando aquela professora promovia os Jogos Estudantis, sendo registrado ser Guimarães, com sua equipe feminina, primeira campeã de handebol... Sem falar aqueles cursos de proficiência e eficiência, promovidos pelo MEC, em que já havia o curso de Handebol, com mais de 40 professores participantes... Antes da volta de Dimas para São Luis, vindo do Pindaré, naquele inicio dos anos 70... A natação é praticada em nossas escolas, inclusive no interior, como parte do currículo escolar, desde os anos 1800, no seu final... E o que dizer da Capoeira? ‘Reza a lenda’ de que foi introduzida por Sapo, no final dos anos 60... Quando já se conhecia a participação de Roberval Serejo, que fundara a Academia Bantus, onde Sapo foi se aperfeiçoar; as rodas de capoeira, do Velho Diniz, que existiam em vários locais, em especial na Praça Deodoro e no Olho d´Água desde o final dos anos 50. A Capoeira aparece no Maranhão desde o inicio dos 1800... Inclusive, há uma Capoeira do Maranhão/Ludovicense, singular, diferente das da Bahia – Salvador e a do Recôncavo, pois são diferentes... - e a capoeiragem carioca... Podemos citar, ainda, inúmeros exemplos... Mas paremos por aqui! O que falta aos nossos professores de história da educação física, dos esportes e do lazer no/do Maranhão? Porque desconhecem a História da modalidade? Outro instrumento criado para a disseminação do que ocorria com o Esporte, o Lazer e a Educação Física no/do Maranhão foi o Blog sobre esporte, do sistema Mirante de Comunicação – GloboEsporte.com, que por cerca de 10 anos esteve no ar126. 3500 POSTAGENS http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/ Por Leopoldo Vaz • segunda-feira, 15 de outubro de 2012 às 07:31 Este Post é o de numero 3.500. E consegui até agora pelo menos três seguidores fiéis. O Oliveira Ramos é um deles, embora esta semana que passou não tenha feito nenhum comentário… sinto a falta, pois às vezes penso que estou a escrever para mim. Mas aqui na nuvem, e em sítios de troca de informações, especialmente as listas e blogs, as estatísticas dizem que apenas 10% dos leitores costumam guardar alguma coisa do que se escreve, 90% apenas leem os títulos e passam adiante… e desses poucos leitores, apenas 1% faz algum comentário… dai minha certeza de que tenho pelo menos, três leitores…

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http://cev.org.br/comunidade/maranhao/debate/3500-postagens-blog-leopoldo-vaz/


Mas existem ferramentas que acompanham os acessos, seja ele apenas abrir, mas não dão a certeza de que se esta sendo lido, a simples abertura. Essas estatísticas servem para saber da importância de um blog; infelizmente, não tenho como verificar, pois somente o administrador tem como faze-lo. e embora desde o inicio venha pedindo informações sobre os acessos, até o momento não me informaram… mas como continuo por aqui, creio que esses pelo menos três leitores justificam a manutenção deste espaço… Ultimamente tenho negligenciado um pouco, pois publicar varias postagens num mesmo dia faze com que se perca muita coisa, pois os sistemas de alertas são meio que parados, e nem todos têm a paciência de ficar rolando a pagina, para saber o que rola no pedaço… e como o intuito é o de informar o que acontece na área, nas postagens das novidades do CEV mantém o pessoal informado do que se está fazendo na área das Ciências dos Esportes – são já mais de 100, segundo as ultimas informações, as áreas do conhecimento que tratam dos esportes, da educação física, e do lazer e da dança… um amplo espaço do espectro do conhecimento… Lá pelos anos 70, no seu final, e inicio dos anos 80, junto com o hoje Professor-Doutor Laércio Elias Pereira, começamos a nos envolver com a disseminação da informação, como as novidades poderiam chegar aos profissionais da educação física; Laércio mantinham na UFMA um jornal-mural, pregado na parede por vários anos e atualizado quase que diariamente; depois levou para a UFMG. Lá, estava se instalando o SIBRADID – Sistema Brasileiro de Disseminação de Informação Desportiva – ligado ao SIRC – Sport Information Research Center, com sede no Canadá, recém criado. O Laércio, em 1980, esteve representando a SEDEL/MA e o CEDEFEL/MA – Centro de Documentação em Educação Física, Desportos e Lazer do Maranhão, este criado por nós e que funcionava em uma pasta de papelão que eu levava em minha mochila por toda parte, essa era a sede… - naquele primeiro Congresso Latino-americano de Documentação e Informação Desportiva, que aconteceu em Medellin-Colombia… era 1980; o segundo Congresso estava previsto para 1981, em São Luís do Maranhão… nunca aconteceu… Dai a criação do CEDEFEL, que deveria organizar aquele congresso e juntar a produção científica do Maranhão da área, espalhada pelas duas Universidades: UFMA e UEMA e SEDEL… Naquela época, pré Internet, a comunicação se fazia por carta, telefone, e uns tempos depois via Internet, utilizando-se do MANDIC, uma pré internet desenvolvida por um engenheiro da UFMG, que era paga… logo depois, fora das universidades, se começava a utilizar a Internet, já bem popularizada… ainda lembro do primeiro endereço, na UFMG, nos anos 90, e que só funcionava na Engenharia daquela Universidade… umas duas semanas depois, quase todos os estudantes tinham seu endereço eletrônico na própria faculdade em que estudava… Começamos, ainda em meados de 1985, a pensar um sistema de disseminação de informação, utilizando da informática; criamos um banco de dados, junto com os técnicos da então ETFM – Santiago e Dias – utilizando-nos de uma ferramenta moderna para a época, o CartaCerta; logo evoluímos para o D-Base, DbaseII, DbaseIII plus… o ultimo que utilizamos, já na UFMG; Laércio já havia se transferido para aquela Universidade; eu fui para o Mestrado em Ciência da Informação (1992/93), e lá conhecemos o Luisinho, do Laboratório de Tecnologia da Informação – LTI, que ajudou-nos a aperfeiçoar o programa iniciado aqui, em São Luís… continuamos a coletar dados, chegando a 5014 artigos publicados em 13 revistas dedicadas, em língua portuguesa, indexados por palavras-chaves e por autores, num sistema de busca – se tivéssemos continuado… era época pré-google, e já desenvolvíamos um sistema de busca e disseminação da informação… como tantos outros que se estavam desenvolvendo… poderíamos ter ficado ricos… mas paramos… hoje nos utilizamos de inúmeras outras ferramentas, inclusive essa mais moderna, o Blog… Hoje, o CEV – Centro Esportivo Virtual, www.cev.org.br , obra máxime do Laércio, congrega cerca de 200 comunidades dedicadas a alguma área das Ciências do Esporte,


com mais de 20 mil pesquisadores envolvidos, se constituindo a maior comunidade do mundo, a partir do Brasil… Pensar que teve origem no BOLETEF, jornal mural, e depois passou para umas fichinhas em papel, evoluindo para microfichas, para chegar no CEDEFEL e sua evolução com a informática, até a tese de doutoramento do Laércio – as duas!!! a da ECA/USP sob a orientação do Tio Fred Litto, e depois a da UNICAMP… Eu, continuo aqui, na periferia, e uso este Blog… desde junho de 2009 – trinta anos depois daquele inicio em 1979… – e desde que o Biguá e o Zeca me abriram este espaço, hoje são 3.500 postagens… quantas lidas? afinal?? Vamos continuando… Obrigado pela leitura…


HISTÓRIA(S) DO MARANHÃO


ENTENDA O PORQUÊ DEVEMOS ACABAR COMO ABRIGO DO LARGO DO CARMO EUCLIDES MOREIRA NETO Professor-Mestre em Comunicação Social pela UFMA/UFF/UNIVIMA e investigador Científico do Campo Cultural.

As forças quem constituem o poder público local nas esferas Federal, Estadual e Municipal estão desenvolvendo uma série de ações na capital maranhense no sentido de recuperar e tornar possível a revitalização do nosso centro histórico, especialmente as áreas que envolvem os tombamentos federal e estadual da cidade de São Luís, entre os quais estão a Praça João Lisboa e o Largo do Carmo, no qual está a construção do conhecido abrigo. Esse abrigo foi erigido em meados do seculo passado para atender a necessidade de ter um espaço para receber a população da cidade de São Luís que dependia dos bondes para sua locomoção, que abrangia o centro histórico, os bairro mais próximos do centro urbano e regiões mais afastadas como os bairros do Monte Castelo, João Paulo e Anil, que naquela época para chegar a estas localidades o povo percorria uma via conhecida como “Caminho Real” ou “Caminho Grande”, pois o centro produtivo da cidade estendia-se até esses limites geográficos. Na verdade, no centro da cidade foram construídos dois abrigos, um que fica ao lado do início da rua Grande (ou Oswaldo Cruz) e o outro que de ficava em frente a antiga Camara de Vereadores de São Luís (o Casarão localizado ao lado dos correios) e está no início da Rua da Paz, que tempos antes havia sofrido modificações para alargamento daquela rua. Esse alargamento chegou a derrubar parte do Convento das Mercês, que chegou a perder três lances de janelas e a sua escadaria que se estendia até o meio do referido largo, que foi substituída por duas escadarias laterais. A cidade também perdeu um pelourinho que ficava em frente a igreja Carmo e que era o símbolo da escravidão colonizadora da região. Pois bem, o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em conjunto com os poderes públicos estadual e municipal acaba de anunciar a revitalização da Praça João Lisboa e Largo do Carmo, devendo ser mantido o abrigo que ainda existe na parte contígua à entrada da rua Grande. Primeiro a revitalização desse espaço público é uma demanda de vários gestores municipais, lembro-me que o ex-prefeito João Castelo, tentou de tudo para essa obra ser executada, mas as picuinhas políticas de seu tempo barraram sua vontade e a cidade ficou a esperar. Espero(amos) que a revitalização agora anunciada reveja a manutenção desse abrigo, que ao meu ver, sua demolição é uma ação de bom senso, constituindo-se extremamente pertinente e necessária, pois aquele local não abriga mais nada de bom para a cidade, pelo contrário tornou-se um espaço sem sentido e totalmente insalubre. Jaz o tempo em que a população local recorria aquele espaço para pegar transporte público ou curtir uma noitada ao som de “boa música”. Atualmente não percebemos função social relevante para manutenção daquele “abrigo”. Os boxes são pouco procurados pela população que há muito deixou o centro da cidade e ali tornou-se local para práticas ilícitas, que prefiro não nomeá-las para não causar desagravo à parcela populacional praticante. Por isso, torna-se premente que os poderes públicos envolvidos com essa reforma revejam essa revitalização e transfiram para local mais apropriados os atuais ocupantes do referido abrigo. Só para exemplificar, é transcrita abaixo um trecho da matéria do jornalista Douglas Cunha (12 .02.2017 ) quando diz: “O taxista João Batista Correia trabalha no Posto Neon, desde 1972. Ele lembra que


quando ali iniciou no trabalho, com “carro de praça”, os ônibus trafegavam pela Rua da Paz e passavam pela Praça João Lisboa em direção ao Mercado Central e dali para os bairros de origem, e responsabiliza pela atual falta de movimento na praça, a retirada destes ônibus de circular por ali. Ele avalia que a Praça João Lisboa era considerada o “coração da cidade”, com grande movimentação tanto durante o dia, quanto à noite, com o abrigo sendo o principal ponto de táxis e lanches de estudantes e trabalhadores durante o dia, e à noite dos boêmios que, após uma noitada na Zona do Baixo Meretrício, merendavam nas lanchonetes do abrigo e depois se recolhiam às suas casas indo de táxi, já que durante a madrugada não havia transporte público. (O Imparcial, 12.02.2017 - consultado em 8.7.2019). A afetividade que poderia ser proporcionada por aquela área geográfica está relacionada à devolução do espaço para ser utilizado como via passeio ou jardins pela população em geral que ainda se dirige a rua Grande (a qual está também sendo revitalizada). Temos certeza que aos poucos moradores do centro histórico e aos visitantes de nossa cidade iria apreciar bem melhor o conjunto arquitetônico sem aquele ruido visual no meio do passeio. Portanto, para nossa cidade que carece de praças e espaços bem mais estruturadas, devolva-se o espaço que o “abrigo” abiscoitou quando ainda existia bondes na nossa cidade. Vale lembrar que Convento e a Igreja de Nossa Senhora do Carmo localizam-se na naquela área geográfica (outrora considerado o coração da cidade), em São Luís e pertencem à Ordem dos Capuchinhos. A Igreja de Nossa Senhora do Carmo, integrada ao convento é um dos templos católicos mais importantes e tradicionais da cidade. O conjunto localiza-se numa área tombada pelo IPHAN desde 1955. Consultando o “Guia de Turismo e Viagem de São Luís do Maranhão” verificamos que construção da Convento e a Igreja de Nossa Senhora do Carmo , em São Luís, data do ano de 1627, quando o governador Francisco Coelho de Carvalho mandou erguer em terreno abandonado na Rua do Egito – onde havia uma capela com invocação a Santa Bárbara, conhecida por muito tempo como “Carmo Velho” –, as novas instalações do convento onde os carmelitas que aqui viviam instituíram um centro de estudos religiosos. Na época, a cidade ainda era muito pequena. A história da Igreja de Nossa Senhora do Carmo está ligada a lutas da cidade. Entre elas, a batalha que resultou na expulsão dos holandeses de São Luís (1641). O convento serviu de abrigo para mulheres e crianças, além de fortificação para guardar artilharia. Nessa época, a edificação foi bastante danificada, permanecendo assim durante muito tempo, já que a cidade não tinha condições de reformá-la, o que aconteceu no século XVIII, com as mudanças socioeconômicas de São Luís, com a implantação da Companhia de Comércio e com a introdução do trabalho escravo negro. Da Igreja de Nossa Senhora do Carmo nasceram ruas importantes da província que se tornava uma grande cidade. Em 1808, as duas torres da igreja foram erguidas. Nas décadas seguintes, serviu de sede para artilharia imperial e mais tarde para o Corpo Policial de Segurança Pública. No andar superior, funcionou também a Biblioteca Pública (1831) e após remoção do Corpo Policial, abrigou o Liceu Maranhense, dirigido por Sotero dos Reis. Uma placa com a inscrição Liceu – 1838 ainda existe no local. Já em 1866 teve a fachada revestida por belíssimos azulejos portugueses, preservados até hoje. Esse “Guia de Turismo e Viagem de São Luís do Maranhão” revela ainda que outros fatos curiosos podem ser citados quando se investiga de forma aprofundada a existência do largo e da Igreja do Carmo, como são as galerias subterrâneas que ligam a Igreja à Fonte do Ribeirão, preservadas até hoje, mas fechadas à visitação pública. Outra situação que envolve a Igreja e seus moradores está relacionada à construção do Teatro Arthur Azevedo, pois os frades da Ordem dos Carmelitas impediram que um templo mundano fosse erguido ao lado da Igreja. Para eles seria uma profanação. Por isso, o teatro foi construído com a frente voltada para Rua do Sol. No Largo do Carmo também funcionou a primeira feira da cidade e ali também existiu o pelourinho, “uma coluna de mármore, alta de uns doze metros, trabalhada em feixes espiralados e


partidos da base quadrilonga até ao capitel. Sobre este encontrava-se o aparelho punitivo” onde os negros eram punidos e expostos aos que passavam, como presenciado por Odorico Mendes. Uma réplica do pelourinho pode ser vista no museu Cafua das Mercês. Depois de um período de decadência das irmandades instaladas no convento, chegam a São Luís os seus novos ocupantes para fundar a missão dos Capuchinhos Lombardos no Maranhão, em 1893. Revela ainda a do Guia de Turismo e Viagem de São Luís do Maranhão que a Igreja de Nossa Senhora do Carmo estava em péssimas condições estruturais e só foi aberta ao público em 1895. As obras de recuperação continuam ao longo da primeira metade do século. Em 1931 e 1932, deu um corte na sapatas e do calçadão que fazia limite com a Rua da Paz, visando urbanização da cidade e alargamento da rua, por onde passava a linha de bondes. Na ocasião foram suprimidas três janelas do convento para alargamento da Rua da Paz Em meados da década de 1940, desabou parte da capela que pertencia á Irmandade de Bom Jesus dos Passos. Durante a reforma do largo e da Praça João Lisboa, a escadaria que ficava em frente à igreja foi removida e construída duas nas laterais da igreja que receberam acabamento em cantaria de lioz. As modificações fazem do logradouro muito diferente da arquitetura original, mas apesar disso ainda encanta quem chega à cidade.


HISTÓRIAS DE SÃO LUÍS

PENINSULA OU PONTA D’ AREIA, A RESISTÊNCIA DA PRAIA. HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO

A Ponta d’ Areia virou a “península” e se transformou. A bucólica e inexplorável praia, alcançada somente pela lenta e barulhenta lancha de “Chocolate”, perdeu seus pés de murici, canapum, dunas e ganhou edifícios, problemas e um espigão. São Luís apesar da sua vocação cosmopolita, sempre se contentava com o bucolismo do centro histórico, suas lendas, sua história e com as aventuras na lancha de “Chocolate” em direção à Praia da Ponta d’ Areia. Nesta época ninguém se preocupava com mobilidade urbana. O VLT e BRT eram assuntos de ficção científica, o que nos preocupava mesmo, eram as oscilações das marés, maré cheia ou maré baixa, condições essenciais para uma viagem tranquila da Praia do Caju até a Ponta d’Areia. Havia na cidade, alguns que rejeitavam o transporte pela lancha, preferiam fazer o trajeto da baia de São Marcos a nado. Arriscavam a vida e disputavam com a lancha de Chocolate e de outros barqueiros, quem chegava primeiro na praia, e dentre estes, estava Felipe Camarão, pioneiro da natação de longa e curta distância no Maranhão. Felipe Camarão desafiava correntezas, tubarões e tudo que se apresentava na sua frente. A construção da Ponte do São Francisco tirou o romantismo da travessia e transformou a Ponta d’Areia em Península. As dunas e a vegetação nativa deram lugar a prédios e o ponto de “areia movediça”, lugar que “engolia as pessoas” e considerado o lugar “mais perigoso” de São Luís, se transformou em espigão. Entretanto, a ponte de São Francisco trouxe uma novidade para os boêmios, estudantes, solteiros desocupados e notívagos, a Peixaria Carajás. Náo era uma peixaria qualquer, a Peixaria Carajás servia a mais suculenta e substanciosa peixada de São Luís, ideal para quem adormecia ou amanhecia sob efeito do deus baco. A peixada era sempre ornamentada com um ovo cozido em cada prato, refeição que curava ressaca e recuperava qualquer gasto energético noturno. A peixaria resistiu bravamente por décadas alimentando corpos e almas. A ponte de São Francisco diminuiu o risco da travessia e facilitou o acesso ao bairro. A sensação de aventura havia acabado. A urbanização do capital e a exploração imobiliária acabou com pés os muricis e de bombons do mato. A praia estava acessível a todos. Os bares tomaram conta da praia e uma turma que jogava futebol e vôlei, começava a se reunir aos sábados e domingos e dessa turma vale lembrar de alguns amigos como, Sérgio Cão, Ribinha, André, Riba Simões, Danilo Brito Passos, Clineu Coelho, Afonsinho, Nélio Tavares, Tininho, Catel, Reges Sales, Fernando Lameiras, Chicó e muitos outros que continuam fazendo festa e farra em outros lugares, alguns destes amigos já estão céu, partiram precocemente. O segundo momento histórico e importante de ocupação da Ponta d’ Areia foi a chegada da batida compassada e rítmica dos clubes de reggae. A Ponta d’ Areia resistiu democraticamente a diversas investidas capitalista no lugar através do reggae enquanto pôde. O reggae também se tornou um negócio e ajudou o bairro a virar Península, entretanto, alguns clubes de reggae continuam resistindo bravamente com as suas “pedras mais antigas e as mais novas”, informando sempre que “a praia da Ponta d’ Areia é de todos, como o céu é do avião”!


A TRAVESSIA DA BAÍA DE SÃO MARCOS, UMA ODISSEIA NONATO REIS

A construção da rodovia MA-014, ligando Vitória do Mearim a Pinheiro, virou uma página marcada por tragédias, agonia e sofrimento. Antes dela, a ligação da Baixada Maranhense com a capital, São Luís, só era possível por meio de embarcações rústicas a motor, em viagens que duravam até três dias, navegando por rios e canais, até desembocar no Golfão Maranhense e fazer a perigosa travessia da Baía de São Marcos, para enfim aportar na Rampa Campos Melo. A viagem, repleta de obstáculos e contratempos, mais parecia um rali aquático. À espera de marés, as lanchas precisavam fundear por até doze horas. Os passageiros se obrigavam a conviver com galinhas, porcos, cabras, bois e cavalos, em meio a ruídos e mau cheiro insuportável. À noite era uma algazarra dos diabos com o barulho dos animais, incomodados com aquele ambiente insólito, ávidos por se livrarem do cativeiro. A etapa mais aguardada e temida por todos era a passagem do Boqueirão, um canal entre ilhas, já nas vizinhanças de São Luís, próximo ao Porto do Itaqui. As ondas, de tão revoltas, costumavam penetrar a embarcação e promover um sacolejo infernal. Certa vez, indo para Viana, o comandante da lancha decidiu mandar servir o jantar justo na hora em que cruzávamos o Boqueirão. Vi pratos sendo arremessados na água como se fossem discos voadores, rodopiando sobre o próprio eixo. O meu só não teve o mesmo destino, porque, precavido, apoiei-o com uma das mãos, enquanto me segurava com a outra mão em uma viga do toldo. Contornar a ilha de Tauá Mirim era outro suplício. O trecho da baía ali parecia dotado de uma energia sobrenatural, que provocava ondas descomunais. Eu tinha pavor de passar por lá, em face de uma lembrança trágica. Nas suas vizinhanças a lancha Proteção de São José bateu em um banco de areia e partiu-se ao meio. Dezenas de pessoas perderam a vida. Foi uma comoção que repercutiu por semanas e alimentou o noticiário diário de rádios e jornais. Um sujeito chamado Torquato, negro, alto, atlético, que morava no Ibacazinho, conseguiu sobreviver ao naufrágio. Virou uma espécie de mito. Ele contava que dormia quando a lancha foi a pique. Despertou no fundo do mar. Com esforço supremo se libertou da embarcação e veio à tona. Nadou a noite toda com um maço de dinheiro preso aos dentes. Na noite escura feito breu orientava-se apenas pelo clarão dos raios, que riscavam o céu a todo momento. Quando, enfim, alcançou terra firme desmaiou e ali ficou, exausto, por um tempo insondável, recompondo as forças. Cruzar a baía de São Marcos constituía um ato quase heróico, que tirava o sono dos passageiros e podia causar estresse e até depressão. Eram noites mal dormidas e marcadas por medo, ansiedade. Menos para o meu pai, que tirava a viagem de letra e, durante o percurso, dormia feito um anjo. Meu avô materno, que tinha pavor de viajar de lancha, contava uma estória engraçada. Os dois, que se tratavam por compadre, fizeram juntos uma viagem de Viana para São Luís. O sol ia a pino e meu pai dormia o sono dos justos. O motor da lancha começou a ratear e a soltar blocos de fumaça negra. Assustado, meu avô sacudiu a rede do meu pai, despertando-o. “O que foi, compadre?”, perguntou meu pai, entre desperto e dormindo. “Compadre, a coisa da feia! O motor da lancha está fumaçando!”, ao que meu pai balbuciou: “Não é nada, compadre”, e voltou a dormir. Na última viagem que fiz de lancha entre Viana e São Luís, tive a companhia de Marcos Muniz, que era casado com uma tia minha. Noite alta, eu dormia. Marcos me acordou, com o semblante assustado. “Nonato, a lancha encalhou em um banco de areia. Estamos em perigo!”. Eu me


lembrei da estória do meu pai e segui seu exemplo. “Não há de ser nada. Durma”. Quando abri os olhos, novamente, a lancha acabava de ancorar na Praia Grande.


BONDE, BONDE DOS 40 E A BOTA PRETA (2016) HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO

Em 2016 durante uma reunião do Conselho Municipal de Saúde, tive a oportunidade de expor o Programa de Residência Médica em Psiquiatria e a sua principal finalidade, oferecer médicos especialistas, voltados para atendimentos em diversas demandas sociais e sanitárias, uma renovação na Psiquiatria maranhense. Nesta ocasião conheci o Presidente do Conselho, um excolega do meu pai no antigo DTU, e para quem nunca ouviu falar, DTU era a sigla do Departamento Municipal de Transportes Urbano, órgão que cuidava do transporte público, em particular dos belíssimos, românticos, lentos e bem aproveitados bondes. Naquela época não existia o “bonde dos 40”. Os bondes serviam como meio de transporte e como triturador de vidro para confecção do “cerol”, artefato indispensável para as “lanceadas” e desta forma, evitávamos de “socar” e “cuar” o vidro, poupávamos tempo, restávamos apenas acrescentar a cola ao vidro triturado. Como andei de bonde, tinha as minhas preferências e a linha da Praça Gonçalves Dias era que mais frequentava. Levava-me diariamente ao Colégio Conceição de Maria e era a linha mais fácil de driblar o cobrador e o motorneiro, era assim que se chamava o condutor do bonde. No final da década 1960 o Prefeito Epitácio Cafeteira extinguiu o DTU e aposentou os bondes como meio de transporte. As ruas de paralelepípedos e os trilhos de bronze foram sufocados por uma massa impermeável de asfalto, que iniciou o comprometimento da drenagem do centro de São Luís. Os bondes acabaram. A geração atual não conheceu o bonde como meio de transporte e se falarmos em bonde, logo se pensa no “bonde dos 40”. Uma facção criminosa surgida na periferia de São Luís, resultante da extrema e excludente desigualdade social. O “bonde dos 40” aterroriza o imaginário coletivo. Na década de 1980 existiu a “gang da bota preta”, uma gang também da periferia e que se preocupava mais em pichar monumentos e prédios públicos do que cometer crimes. A grande ameaça da “gang da bota preta” no imaginário coletivo da cidade na época, era de que a gang poderia invadir as escolas de São Luís e cortar com faca o inocente mamilo das estudantes. Um terror! Não se tem mais notícias dos membros da “bota preta”, acho que se aposentaram ou estão preocupados com o bonde dos 40!


A PRAÇA DA ALEGRIA, VIZINHOS, AMIGOS E ADJACÊNCIAS. HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO. O processo arquitetônico de uma cidade não deve ficar restrito somente ao aspecto estético, penso que os projetos, principalmente os residenciais, devam explicar a história da cidade ou o momento político e social do mundo, como sustentabilidade, meio ambiente e mobilidade. Na minha opinião, com a devida permissão dos arquitetos, os projetos residenciais devem estreitar as relações sociais entre as pessoas e a cidade. Nasci e me criei em uma residência tipo morada inteira situada na Rua do Mocambo, em frente da Praça da Alegria, esquina com a Rua de Santa Rita. Nossos vizinhos não se limitavam a serem moradores da casa do lado, todos interagiam socialmente, as relações sociais nãos se limitavam a apenas um bom dia ou um boa noite. Vivi em um quadrilátero de amigos. Na Rua do Mocambo, um dos lados do quadrilátero da Praça da Alegria, moravam Seu Manoel, Dona Culuzinha e filhas; Seu Arruda e família; Guará, Mercedes Maluf e filhos; Dona Maria, Fátima, Maria do Carmo, Lurdinha e Maria Lídia; Dona Cauma ,Olga e Terezinha; a família de Pedro pai da fisioterapeuta e técnica de handebol Rosana Mota; Louro Goiabeira e família; Reinaldo, Zeca, Telma e Dona Lígia; e Dona Dora e filha. Ao lado, a imponente Igreja Presbiteriana, que até hoje guarda a praça com os olhos de Deus. Na Rua do Norte, um outro lado do quadrilátero, Leonan e família; Dona Nair Garcez e família; Seu Bastos e família; Seu Nunes e família e com quem aprendi a arte de colecionar selos; Seu Borges e família e o seu cachorro pastor alemão que insistia em adestra-lo; Professor Raimundo Matos Serrão e irmãs; Dr. Alarico Pacheco e família e Dr. Antenor Bogéa e família. Na Rua de Santana, outro lado da praça e do quadrilátero, havia uma loja muito interessante e que me chamava atenção, “Loja a Feiticeira”, de propriedade da Dona Maria, mãe do meu amigo Freitas do Pedal e de Ameriquinho, e a grande atração da loja era um bicho preguiça empalhado preso na cumeeira da casa; o Bar do Nonato; Fernando Bandeira e família; Seu Messias e família; Raul, José Hamilton Nava e irmãs; o pensionato de Dona Rosilda, a residência do Dr. Jackson Lago e o pensionato de Dona Isabel Libério. Fechando o quadrilátero, na Rua de Santa Rita, a oficina de marcenaria de “Mestre”, a casa do Seu Ambrósio, o famoso motorista do então governador José Sarney; Dona Maria Pinto e seus filhos Bine, José Raimundo, Brequista, Mário e Aninha; José Neves, dona Francisquinha e Cristina Neves; a residência da família Cajueiro e que depois se transformou em depósito do Guaraná Jesus; Dona Maria Facury e família e a residência do Dr. José Libério e família. A minha casa era de esquina e tínhamos ao lado as residências do Dr. Libério com grande V na frente, referente a sua esposa, Dona Vitória Libério, a de Heitor Franklin da Costa, do Dr. Celso e de Fernando português. Considerávamos vizinhos pela proximidade e pela afetividade as famílias que moravam nas Ruas do Norte, Santana, São Pantaleão, Inveja, Cândido Ribeiro e Praça da Misericórdia. A casa da Praça da Alegria foi adquirida pelo meu pai assim que retornou de Coroatá em companhia da minha mãe e dos meus irmãos Hamilena, José Franklin e Paulo Roberto. A casa originalmente era grande, tinha três quartos, uma sala, dois banheiros, copa e cozinha, dependências e um pequeno quintal. Criávamos passarinhos, cachorro, gato, canário belga e algumas vezes galinha. Uma família tipicamente sertaneja. A casa pertenceu ao ex-deputado e prefeito Ivar Saldanha. Éramos felizes! O que caracterizava a Praça da Alegria era o seu lado humano e a imensa quantidade de crianças e adolescentes que ali circulavam. Existia no centro da praça, uma escola, o Jardim de Infância D.


Francisco, instituição tão antiga quanto a praça, que foi chamada primeiramente de Largo da Forca Velha. A praça era o local de lazer de crianças e de adolescentes. Nesta época, jogar futebol em logradouro público era proibido, e existia então, um delegado chamado Dr. Pedro Santos, que costumava proibir pessoalmente em uma camioneta policial preta chamada popularmente de “Maria Chiquita”, as peladas de rua. Em um desses dias, fui pego com alguns amigos pelo Delegado e conduzido até o 1º Distrito Policial na Rua da Palma. O amigo e vizinho José Neves, presenciou a condução dos “moleques” que jogavam bola e nos acompanhou até o Distrito Policial. Após ouvirmos um tremendo “sermão” do Delegado fomos liberados com uma recomendação de não jogarmos mais bola na rua. Felizmente a recomendação nunca foi cumprida.


O ILA E O INÍCIO DA REBELDIA NA UFMA HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO

Em tempos de coronavírus e de quarentena, permaneço vasculhando a memória afetiva e contando histórias e estórias que vivi em São Luís, e hoje o ILA me faz voltar a Faculdade de Medicina da UFMA. “O I.L.A era um centro de estudos da UFMA, o Instituto de Letras e Artes, e que funcionava no final da Praça Gonçalves Dias. O ILA recebia alunos dos cursos de Letras, Desenho, Jornalismo e Medicina, um aglomerado universitário que transformava a instituição em um espaço democrático, contestador e formador das ideias mais mirabolantes em plena ditadura militar na década de 1970. Passei pelo I.L.A no final da década de 1970 quando cursava as cadeiras de Patologia, Deontologia Médica e Medicina Legal. Foram meus professores os admiráveis e inesquecíveis Arnaldo Albarelli, Luisão, Pedro Neiva de Santana, Carneiro Belfort e Israel Perdigão Freire. Quem os conheceu sabe perfeitamente da eloquência e erudição destes renomados professores. Eram aulas magnas, assistidas no mais respeitoso silêncio, não havia quebra de hierarquia ou presunção de contestação ou dúvidas. Professor era professor, aluno era aluno. A rigidez do curso de medicina naquele período era inversamente proporcional ao ambiente existente nos corredores do ILA. Os alunos dos cursos de Jornalismo, Letras e Desenho propiciavam uma confraternização saudosamente irresponsável. A confraternização e a convivência multidisciplinar e multiprofissional eram a oposição à força ditatorial no país. O I.L.A. reunia todos os “bichos grilos” da UFMA, pessoas comprometidas, engajadas e que hoje ajudam o Maranhão em todas as suas áreas de atuação. As aulas pareciam que nunca tinham um fim, se estendiam pelo coreto da Praça Gonçalves Dias, e ali Fernando Português, Miguel Goulart, Washington, Poxoréu, Anunciação da Guia, Fausto, Gracimary, Reinaldo Dames, Antonio Vieira, Antônio Elizabeth, Maria José Rocha e tantos outros, costumavam encerrar o dia ou a noite ao som de “My Sweet Lord” ou “Reflections Of My Life”. Algumas vezes, as aulas terminavam animadamente com violão de Miguel Goulart e o “Saudosa Maloca”, prenunciando um fim de tarde agitado e sem hora para chegar em casa. O meu amigo Nonato Reis, jornalista e escritor dos bons, viveu intensamente aquele período, frequentou o coreto da praça e se lembra perfeitamente de “My Sweet Lord” e do gravador de fita cassete mono, marca CCE, que embalava sons e sonhos e só não se lembra do ILA da década de 1970 quem não tomou uns porres de 51 com Coca-Cola.”


NAVEGANDO COM O JORGE BENTO


MENTALIDADE PATOLÓGICA Não bastava a pandemia; também a mentalidade patológica anda à rédea solta. Aqui d’El Rei que as escolas e universidades não estão preparadas para lecionar à distância e, portanto, é problemático encerrá-las, sob pena de prejudicar alunos e estudantes! Estes pregadores ou são loucos ou comem palha. Não só não percebem que estamos em guerra e o importante é salvar os dedos, mesmo sacrificando os anéis; como também entendem pouco da essência do ato pedagógico e do que é uma aula. Não é aqui o local para um esclarecimento cabal do assunto; cinjo-me à tomada de posição. A apologia da generalização do ensino à distância olvida o facto de vivermos numa era de deterioração das formas de sociabilidade. Ignora que sociedades, sem relações de vizinhança, de amizade e companhia, sem grupos e interações de interesse comum, tornam-se artificiais, pobres de trato humano, dependentes de substitutos equivalentes a uma droga. Quando os meios tecnológicos, em vez de recurso, passam a determinar o modo de relacionamento, não são mais avanço; são fatores de patologia. É nisto que os espertos querem converter o ensino: montar o negócio e destruir o ócio criativo.

PORQUÊ TANTA AVERSÃO AOS PROFESSORES? As escolas fecharam e os alunos ficam em casa, como deve ser. Mas os docentes (e funcionários) não são obrigados a fazer quarentena. O Ministro da Educação avisa que “ninguém está de férias”; eles vão comparecer na escola, sempre que necessário. A declaração ministerial cai bem na opinião pública, porquanto encaixa no figurino de aversão aos professores, e o populismo rende louvores. Muitos têm culpas no cartório, por ação ou omissão, pelas políticas que consentiram e, quiçá, apoiaram, pelas atitudes cívicas que não tomaram, pela cegueira e cobardia que cultivaram. Recordo o modo como me olhavam alguns estudantes, quando lhes dizia que a axiologia era a coluna vertebral do professor, que todos estavam atados ao compromisso de ser estrénuos defensores dos princípios e valores exaltantes da Humanidade e Sociedade. Talvez me vissem então como um perigoso agitador. Espero que o milagre da transformação (pressuposto da educação) tenha, entretanto, acontecido neles. ENSINAMENTOS DA PANDEMIA DO CORONAVÍRUS O leque de ensinamentos é amplo. Cinjamo-nos a alguns, por demais evidentes. A pandemia convida-nos a refletir sobre a fragilidade, a precariedade e impotência da Humanidade face às ameaças a que está sujeita. Ninguém vem em nosso auxílio para as enfrentar; estamos por nossa conta e risco. Tal como o Papa Francisco enfatizou na encíclica ‘Laudato Si’, os problemas naturais e sociais afetam o mundo no seu todo; não têm resolução local, só são resolúveis com cidadania e cooperação global. Esta implicação fica agora bem expressa. Ademais, o vírus não escolhe os pobres e ignora os ricos. Talvez isso acorde a consciência de muita gente para a urgência de refrear a selvajaria do mercado neoliberal, de recriar o Estado e a Política, de tratar todos com dignidade, de reinventar o sentido da família e da existência. Talvez ainda deixe de ser chamado ‘radical’ quem, como Bernie Sanders, advoga cuidados de saúde universais. Se, doravante, não fundarmos em alicerces sólidos a Casa Comum da Humanidade, então o sacrifício das vidas terá sido em vão.


DA JUSTEZA DO MEDO A proclamação de cuidados e precauções vai ao encontro do princípio e imperativo da responsabilidade, enunciado por Hans Jonas (1903-1993). Na falta de sabedoria, este filósofo recomenda o uso do medo como método heurístico para apreciar o bem, sair da ignorância e imprudência, prever e evitar o pior. Assume assim uma função ética. Do mesmo teor é a posição de Jacques Rancière, que vê o medo como aliado e cúmplice da razão, como meio de tomar consciência dos desequilíbrios, desordens, desregulações e ameaças, como fundamento natural das sociedades, coadjuvante na substituição do caos das brutalidades e factos negativos e reprováveis pela estética das ficções positivas e desejáveis. O medo é, pois, um sentimento vital, uma fonte de conhecimento e esclarecimento, um estímulo enérgico, predisponente e produtivo, um promotor da vontade e acção para prevenir e proteger de riscos, para originar efeitos bons e diminuir e corrigir males. Nesta conformidade, constitui um dever antecipar e apontar, ao máximo, os perigos imersos nos mais distintos comportamentos, assim como provocar um temor adequado a essa representação. Equilibrado e justo, entenda-se! AULAS À DISTÂNCIA?! Hoje apetece-me tocar novamente no assunto. Ninguém é imune a recaídas. Vai por aí um coro de lamúrias acerca da carência de condições para aulas à distância: nem todos os alunos e estudantes dispõem de equipamentos digitais em casa e também falta capacidade para lhes enviar materiais adequados, etc. E há chefes asininos que enviam emails a professores, pressionando-os a controlar os discentes. Que insanidade! Vem algum mal ao mundo, se não houver essas putativas aulas? Querem continuar a carregar as criaturas com ficheiros e trabalhos que o vosso umbigo acha fundamentais? Tenham juízo! Posso dar a minha opinião? Indiquem aos alunos e estudantes bons livros; peçam resumos das leituras, quando voltarem às aulas presenciais. Sabem porquê? Há gente que faz a escolaridade e a universidade até ao doutoramento, sem pegar num livro de cultura geral! Se as crianças, adolescentes e jovens lessem, teríamos menos imbecis a atravancar o caminho da nossa vida, da sociedade e da humanidade.

ATÉ QUE ENFIM! Os dias arrastam-se. Sobra o tempo para coisas que aguardam conclusão. Mas é débil a concentração. Ainda bem que temos a internet para entreter a falta do essencial. Percorro, hora a hora, os jornais online de vários países. Em todos faço esta descoberta fantástica, estampada na primeira página: o pânico do colapso da economia, se for longa a quarentena e obrigar os trabalhadores à retenção em casa durante semanas a fio! Empresas e serviços parados levarão à recessão. Ninguém fica excluído da perda. Oxalá a lição seja aprendida e a ordem neoliberal deixe doravante de pisar a dignidade das pessoas. Há estafermos desatentos: uma só vida vale mais do que toda a economia junta! A decência é o coração do mundo, limpo e não imundo. DESPORTO: HORA DE REFLEXÃO A pandemia atinge em cheio o desporto. Não o seu coração, mas as instrumentalizações abusivas. O primeiro está contaminado pelas segundas; requer a depuração destas. Os fins intrínsecos não podem ser esmagados pelos extrínsecos. Exige-se harmonia. Chegou a hora de descer o pano sobre o palco mercadológico e de passar este a pente fino. De tirar de cena e meter em quarentena: dirigentes vigaristas, contratos obscuros, salários obscenos, juízes


batoteiros, programas televisivos indecorosos, jornalistas falsos, comentadores alucinados. Vivam o estádio e o ginásio; cale-se a incivilidade! Está morta a cobardia intelectual. O desporto não é uma ‘indústria’. Como qualquer arte performativa, é um bem axiológico e cultural: os praticantes servem o aprimoramento corporal e comportamental; a inversão de preço e valor é bandeira do efémero e banal. Combater a ignorância faz parte da desinfeção viral.


Extraindo histรณrias com o faraรณ

RAMSSES DE SOUSA SILVA


O COLÉGIO MARISTA MARANHENSE; UM ANTIGO MORGADO Quem estudou no Colégio Maranhense - Maristas ainda no centro da cidade, como eu, guarda um certo saudosismo que poucos das gerações mais recentes vão entender. Ao descer do ônibus na Praça Deodoro, geralmente se entrava na escola pela porta à época tida como principal, no canto que dá de frente para a quadra do antigo Cine Passeio, pertencente à família Duailibe. Por vezes, no entanto, quando se descia em outro ponto da praça, seguia-se pela frente da Embratel, e dava-se de cara com a Capela das Laranjeiras, seguia-se reto e entrava-se por um, até então, misterioso e antiquíssimo portão, encimado por um imenso Brasão de Armas e protegido por dois frades de pedra de cantaria. Uma rústica porta de madeira de lei estava aberta, à espera do alunado que chegava para as aulas da manhã. Eu, por não estudar sempre no Centro, conhecia pouco do lugar. Os ares de antiga Quinta, um misto de velha propriedade colonial e fortaleza pairava no ar nessas primeiras horas da manhã e dava ao lugar um aspecto lúgubre que é difícil de explicar. Achava tudo muito amplo e, por curiosidade, resolvi buscar informações sobre o lugar onde agora funcionava a escola Mariana. O prédio era, claro, antigo. Mas me soava descontextualizado daquele portão e daquela capela que tangenciava o terreno. Aquilo tudo, apesar de ainda muito amplo, era o pouco que sobrara do antigo Morgado de São José das Laranjeiras. Era a antiga Quinta do Barão. Pois bem, vamos por partes; o morgado era uma antiga forma de organização familiar outorgada pelo Rei que dava direitos a uma determinada família de criar uma linhagem e garantir privilégios sobre bens materiais e imateriais. Era um vínculo definitivo que visava garantir a perpetuação do poder econômico de um clã, geralmente por conta de sua profissão, passando essa riqueza às gerações futuras através dos filhos primogênitos. O morgadio entrou na legislação portuguesa em 1603 e extingiu-se em 1863. Voltando ao tema principal, descobri que a Quinta das Laranjeiras era a cabeça do morgado que se estendia desde o Caminho Grande (Rua Grande) até as imediações do Caminho da Boiada, abrangendo o Parque do Bom Menino, o Apicum, a Av. Cajazeiras, fonte do Apicum e áreas vizinhas. O primeiro proprietário e criador do morgado foi o riquíssimo capitalista português José Gonçalves da Silva, natural de Braga, denominado pela sociedade da época de "Barateiro", por suas inúmeras obras filantrópicas à Santa Casa de Misericórdia, aos retirantes de secas no sertão nordestino e de suas doações ao Reino, quando do conflito contra a França. O Barateiro era alcaide-mor na Vila de Itapecuru Mirim, governador da fortaleza de São Marcos e brigadeiro dos Reais Exércitos Portugueses. Foi ele quem mandou erigir em 1811 a capela, o portão da Quinta e a enorme casa colonial com senzala dentro da propriedade. Quando o Barateiro morreu em 1821, aos 72 anos, o morgado passou para a responsabilidade de sua primogênita Maria Luiza do Espírito Santo e seu marido, o brigadeiro Paulo José da Silva Gama Filho, o segundo Barão de Bagé. Daí o nome que os populares deram ao Morgado das Laranjeiras; a Quinta do Barão. Após a extinção dos morgados na legislação portuguesa e após sucessivas trocas de proprietários com a morte dos primitivos donos, a imensa propriedade foi-se dividindo ao longo do tempo e, o que se via quando lá comecei a estudar era o que os Irmãos Maristas tinham adquirido em 1939 junto à Arquidiocese do Maranhão para a construção de um colégio católico. O que havia restado do antigo morgado, já em ruínas, foi posto abaixo para a construção do prédio atual. Somente o portão e a capela foram preservados. Após a transferência do Marista para o bairro do Araçagi, tudo isso virou responsabilidade do Governo do Estado, que lá mantém uma escola que funciona em tempo integral.


Como seria a casa grande do morgado? Como seria a senzala? Que especto tinha a antiga Quinta? Talvez jamais saberemos, visto que muita coisa foi sepultada por construções mais modernas. Mas, uma coisa é certa; o Barateiro está lá até hoje! Deve estar atrelado aquele lugar, assim como nós, ex alunos. Onde? Sepultado dentro da sua Capela das Laranjeiras, a vigiar e zelar pela seu antigo Morgado. A culpa não é dele; disseram-lhe ser vitalício...


CATARINA MINA Nota de falecimento de Catharina Roza Ferreira de Jesus, a "Catarina Mina" e citação de sua herança, deixada ao seu filho Alexandre de Jesus Ferreira. Os "Jesus Ferreira" são os descendentes vivos desta lendária figura histórica. Pesquisa: Reylton Rosa



GENEALOGIA MARANHENSE

OS SOUTO-MAIOR DE CANTANHEDE-MA Tronco antigo no Maranhão, com origem na cidade de Cantanhede. Descendentes do fidalgo português Ayres Carneiro Homem de Souto-Mayor e de sua esposa, a maranhense D. Maria Joaquina Belfort. Ainda hoje, existem descendentes desta família na capital e interior do Estado.


GENEALOGIA MARANHENSE D. GUILHERMINA AMÉLIA DE FREITAS DOS SANTOS JACINTHO, esposa do Dr. Antônio dos Santos Jacintho, que foi o médico envolvido no caso do Crime da Baronesa de Grajaú. Era amiga pessoal de D. Anna Jansen e da própria baronesa D. Anna Roza Vianna Ribeiro. Após a repercussão negativa do laudo cadavérico expedido pelo seu marido, que ganhou o apelido pejorativo de "Dr. Ancilóstomo", refugiam-se em São João Batista, no interior do Estado, onde abrem a Fazenda "Boa Fé" e vivem o resto de seus dias como criadores e filantropos. Os descendentes do casal, os Santos Jacinto, ainda vivem em São João Batista, São Luís e Brasil afora e estão na 4a. geração.


GENEALOGIA MARANHENSE

OS "AGUIAR" DE BURITI-MA Ramo dos cristãos novos que chega em Vaz Carrasco e na neta de Branca Dias. Os "Aguiar" do Ceará, em especial da região de Sobral, são descendentes de Branca Dias (1515 1589) e do seu cônjuge Diogo Fernandes (1480 - 1568). Branca Dias foi a judia mais emblemática do Brasil Colônia, cujo sangue corre nas veias de metade dos nordestinos. Meu nobre amigo e pesquisador ludovicense Joaquim Aguiar, cuja família "Linhares de Aguiar" migrou do Ceará para Buriti de Inácia Vaz-MA, é um exemplo vivo entre nós da enorme descendência de Branca Dias.




GENEALOGIA MARANHENSE Um ramo genealógico (incluindo seu entroncamento indígena) e o brasão de armas da família Viveiros, de Alcântara-MA. Fonte: Acervo Biblioteca Pública Benedito Leite



Algumas línguas indígenas são mais semelhantes entre si do que outras, mostrando que elas têm origens comuns, apesar de terem sofrido mudanças ao longo do tempo. Os especialistas em línguas, os linguistas, estudam as semelhanças e as diferenças entre elas e as organizam em troncos e famílias linguísticas. O tronco linguístico é um conjunto de línguas que têm a mesma origem: uma língua mais antiga, que não é mais falada. Como essa língua de origem existiu há milhares de anos, as semelhanças entre as línguas que vieram dela são muito difíceis de serem percebidas. Já uma família linguística é um conjunto de línguas que também possuem uma origem comum, mas que apresentam mais semelhanças entre si. Texto: Mirim Povos Indígenas Brasil (Site).


Genealogia Maranhense (História, Genética e Nobiliarquia) OS "CUTRIM" DA BAIXADA MARANHENSE têm em Ignácio Facundo Cotrim um dos seus pioneiros.

Sede da Fazenda Maravilha. São João Batista (séc. XVIII). Situada no povoado Maravilha, está fazenda foi fundada por Ignácio Facundo Cutrim, falecido em 1795, casado com D. Joanna Maria Pereira da Silva. No seu inventário aparecem 109 escravos, o que faz dele um dos maiores proprietários de escravos de toda a Baixada no século XVIII. Seus herdeiros casaram-se com membros da Família Maciel Parente. O inventário está no Arquivo do Tribunal de Justiça.


A FAMÍLIA DE ALUÍZIO E ARTHUR AZEVEDO. D. Emília Amália Pinto de Magalhães (D. Emília Branco). *1818 +1888 Mãe de Aluízio Azevedo (à esquerda), Arthur Azevedo (à direita) e Américo Azevedo (ausente na foto), foi uma das senhoras mais distintas, cultas e bonitas da São Luís oitocentista. Natural de Lisboa, freguesia de Olivais. Morava na esquina da Rua do Sol com Rua da Mangueira, no imóvel onde Aluízio escreveu "O Mulato". D. Emília jaz no Cemitério do Gavião.


O CASAMENTO COMO CONSÓRCIO ENTRE AS ANTIGAS FAMÍLIAS DO MARANHÃO Durante os anos 1700 e os 1800 essa era a forma mais prática das tradicionais famílias locais manterem sua hegemonia nos cargos administrativos e seu poderio econômico baseado na nobreza de terras. Um fenômeno parecido só ocorreria na virada do séc. XIX para o XX, quando da inserção dos descendentes de sírio-libaneses na elite ludovicense. Famílias como Moraes Rego, Vieira da Silva, Guilhon, Launé, Lamagnère, Gomes de Sousa, Ewerton, Gaioso, Belfort, Nunes, Burgos, Homem de Souto-Maior fizeram parte desses astutos acordos. Farei uma postagem sobre esse interessante capítulo de nossa história. Tratando, primeiramente, da família Belfort, da ribeira do Itapecuru; uma das que conseguiu garantir durante quase 200 anos seu poderio e influência, consagrando-se como uma das famílias mais tradicionais do Estado. A famosa Casa dos Belfort. Os tempos são outros. Muitos desses sobrenomes se dissiparam e os casamentos nos dias atuais não são mais meros contratos, como nessa época...


A ENRASCADA DE MATHEUS GONÇALVES SOUTO.

Em 1859, Matheus Gonçalves Souto estava com o escravo Theodoro sob sua responsabilidade, emprestado. A propriedade do escravo estava sob decisão judicial...e o escravo fugiu! Que enrascada! Matheus Gonçalves Souto, natural do Porto, tinha uma tabacaria na frente do Teatro Arthur Azevedo e é o tetravô da minha mulher Lidiane Nascimento.


OS "GONÇALVES SOUTO" DE SÃO LUÍS.

Charutaria de Matheus Gonçalves Souto. Rua do Sol, defronte ao Teatro Arthur Azevedo. Este cidadão chegou do Porto em 1848 e, em 1862, já se encontra instalado no centro como comerciante. Morreu precocemente, aos 28 anos, por afogamento. Foi sepultado no cemitério da Irmandade dos Passos, onde hoje se acha o estádio Nhozinho Santos. É tetravô de Henrique Kite e Lidiane Nascimento e trisavô de Dilane Borges. Jornal Publicador Maranhense, 1862.


A ILUSTRE PROFESSORA ROSA CASTRO (*1891- +1976) Nasceu a 6 de outubro de 1891 na cidade de São Bento e faleceu em São Luís a 19 de abril de 1976. Educadora, empresária fundadora do Colégio Rosa Castro foi a mais importante figura feminina do magistério de nível médio do Maranhão, durante muitos anos do Século XX. Colaboradora do Boletim da Associação Pedagógica, a professora Rosa Castro, afora Conto de Natal (Imparcial de 25 de dezembro de 1926) publicou, na imprensa maranhense, diversos trabalhos literários É autora do Livro de Lúcia. Patrona da Cadeira 1, da Academia Sambentuense, fundada pela escritora Maria de Nazaré Farias. Proprietária, Dona Rosa Castro era também Diretora e deu o seu nome ao colégio Rosa Castro. Figura de grande relevância na história da educação do Estado do Maranhão. O Instituto Rosa Castro era uma escola feminina de classe média. O ensino, num colégio exclusivo para mulheres. Pesquisa: VÊU GUTERRES. Fonte: PUBLICAÇÃO DO JORNAL PACOTILHA (Foto) e DIOMAR DAS GRAÇAS MOTTA.


OS "DIAS VIEIRA" E OS "FONSECA" DO LITORAL OCIDENTAL.

Fazendas Históricas do Maranhão Fazenda Santa Maria - Porto Rico do Maranhão (séc. XIX) O primeiro proprietário da fazenda Santa Maria foi o açoriano Manoel Ignácio Vieira, patriarca do famoso clã Dias Vieira de Guimarães, que batizou o lugar com o nome de sua ilha natal, nos Açores. Entre os seus filhos, figura Casemiro Dias Vieira, que foi intendente em Guimarães no séc. XIX. Um dos filhos de Casemiro Dias Vieira foi o ilustre Casemiro Dias Vieira Júnior, que governou o Maranhão por três vezes e foi deputado federal constituinte de 1891. A avenida principal do bairro do Anil leva seu nome. Após a morte de Casemiro Dias Vieira Júnior em Londres, onde atuava como embaixador, a fazenda Santa Maria passa para uma de suas filhas, D. Délia Dias Vieira Salazar que, em 1930, vende a propriedade por 6 contos de réis para Emídio Silva da Fonseca e sua esposa, D. Iolanda


Ferreira Diniz pais, entre outros, de Luís Henrique Diniz Fonseca (ex prefeito de Porto Rico do Maranhão) e Graça Fonseca Paz (ex deputada estadual). A fazenda Santa Maria está na família Diniz Fonseca desde então. Fotos: 1 - Casemiro Dias Vieira Júnior 2 - Emídio Silva da Fonseca 3 - Iolanda Ferreira Diniz 4 - 2a. Sede da fazenda Santa Maria (anos 50) 5 - D. Iolanda no cavalo branco do seu marido “Desejado “ e seu tio Severo Capistrano Ferreira, vereador e prefeito de Guimarães e primeiro prefeito eleito de Mirinzal, pai de Rubem Amorim, duas vezes prefeito de Mirinzal 6 - Luís Henrique Diniz Fonseca


LUIZ ANTÔNIO DE OLIVEIRA JÚNIOR, O "BARÃO DE TROMAÍ". Notas Genealógicas sobre o "Barão de Tromaí" - Turiaçu (séc. XIX) Informações de sua tetraneta Tereza Portelada Bandeira (nossa seguidora e alvo desta pesquisa): Luiz Antônio de Oliveira, o pai do "Barão de Tromaí", natural de Portugal, chega nas terras hoje pertencentes aos municípios de Turiaçu, Cândido Mendes e Barão De Tromaí ainda no séc. XIX e por lá abre fazenda. Luiz Antônio de Oliveira Júnior, seu filho, foi agraciado com o título de Barão em 29 de setembro de 1883. Desenvolvia-se a povoação "Redondo", hoje Cândido Mendes, quando, em 1835, com a Revolta dos Cabanos no Pará, foi incendiada e destroçada, restaurando-se mais tarde graças à interferência do Barão de Tromaí. O Barão de Tromaí chefiou, em 1897, uma expedição partindo da cidade de Turiaçú no dia 09 de junho, às 19:00 hs, acompanhado do comandante Manoel do Nascimento e os senhores Sebastião de Oliveira, João Maia de Morais Rêgo, Joaquim Caribé da Rocha, Joaquim Ferreira dos Santos Júnior, Teodoro José de Lima e Francisco de Carvalhal Júnior e mais trinta e seis trabalhadores e oito soldados para percorrem o vale de Turiaçú e analisaram suas terras, trazendo de volta as belezas dos recursos naturais encontrado nas terras turienses. Dono de engenhos e escravos, Luiz Antônio de Oliveira (pai) faleceu em 1899, deixando para seu filho Luiz Antônio de Oliveira Jr., as propriedades. Luiz Antônio de Oliveira Jr. faleceu em 21 de Dezembro de 1906, deixando herdeiros. Outra filha do Barão de Tromaí foi Inês de Oliveira, nascida em Turiaçu. Inês casa com João José Carvalho, também natural de Turiaçu, filho do português Antônio Carvalho. Dessa união entre Inês e João José nasceram: Álvaro, João Carvalho (casou-se com Guiomar), Leonor, Luiz Antônio, Cândida (casou-se com Miguel da Cunha Leite) e Rosa Oliveira da Costa Freire (casou-se com Bellarmino da Costa Freire). Da união entre Rosa (Rosinha) e Bellarmino nasceu, entre outros, Belarmino da Costa Freire (o filho), que trabalhou como dono de engenho no Acre, onde conheceu e casou-se com a boliviana Cármen Rocca Freire. Da união entre Belarmino e Cármen, entre outros, nasceu Semíramis Freire Portelada, que casouse com Herbert José Fernandes Portelada. Dessa união entre Semíramis e Herbert, nasceram: Francisco Freire Portelada, Carlos Alberto Freire Portelada, Herbert José Fernandes Portelada Filho e Tereza Portelada Bandeira. Tereza Portelada Bandeira casou-se com Reinaldo Carneiro Bandeira. Dessa união, nasceram os pentanetas do Barão de Tromaí: Ana Tereza Portelada Bandeira Vinhaes (casada com Márcio Costa Vinhaes), Maria Tereza Portelada Bandeira (casada com Leonardo Pamplona) e Christina Tereza Portelada Bandeira de Oliveira (casada com Márcio Nascimento de Oliveira). Fotos: Tereza Bandeira (álbum de família)



Mais 6


SESMARIA DO ITAPIRACÓ.

Sesmaria do Itapiracó - São Luís (1726) "Requerimento de Agostinho Rodrigues da Paz ao Rei D. João V, em que solicita confirmação de Carta de Sesmaria de terras devolutas entre a Estrada de Tapiracó e a Estrada de Maioba." É isso mesmo. A região do atual bairro do Itapiracó (grafia atual) era, no séc. XVIII, uma sesmaria. Compreendida, segundo o registro, desde a Estrada do Itapiracó (atual Av. Joaquim Mochel) até a Estrada da Maioba. Englobava, portanto, Itapiracó, Cohatrac IV, Cohab Anil III, Planalto Anil, Novo Cohatrac, Trizidela da Maioba e região até a Estrada da Maioba. Fonte: Catálogo dos Manuscritos Avulsos Relativos ao Maranhão Existentes no Arquivo Histórico Ultramarino; Pesquisa: Christoffer Melo.


97 ANOS DO SAMPAIO CORRÊA

Sampaio Corrêa F.C. / Museu Virtual SAMPAIO CORRÊA, 97 ANOS DE HISTÓRIA E TRADIÇÃO! Surgido em 1923, após a chegada do hidroavião Sampaio Corrêa II em 1922, entre as camadas pobres da sociedade ludovicense, idealizado por peladeiros, pescadores e carvoeiros da Madredeus, o tricolor de São Pantaleão, após 2 anos de amadorismo, desafiou o, então imbatível, Luso Brasileiro, clube da aristocracia. A vitória por 1x0 foi o ponta pé inicial para sua briosa trajetória até os dias atuais. Sua camisa encarnada, verde e amarela resplandece no sol dos gramados, refletindo o sonho de Almir Vasconcelos e Gervásio Sapateiro... Parabéns, Bolívia Querida! Foto: Sampaio Corrêa perfilado na década de 1930 no extinto estádio da Rua do Passeio, de propriedade do Luso Brasileiro.


OS PARENTES DE POMBAL NO MARANHÃO

Por mais inusitada que possa parecer esta informação, Sebastião José de Carvalho e Melo (o Marquês de Pombal), pelo lado materno, deixou muitos parentes em uma determinada região da Baixada Maranhense, mais especificamente na cidade de Viana-MA. Tudo iniciou-se com o Capitão-mor José Feliciano Botelho de Mendonça, parente de D. Teresa Luísa de Mendonça e Melo (mãe de Pombal) que encontra-se, no fim do séc. XVIII, domiciliado na Vila de Viana, como ajudante do riquíssimo Mestre-de-campo José Nunes Soeiro, que havia arrematado o antigo engenho de São Bonifácio do Maracu, pertencente aos jesuítas e fazendas anexas. Era uma época em que tais patriarcas tinham uma família legítima e, muitas vezes, outras tantas bastardas. José Feliciano Botelho de Mendonça, o "Adão do Pinaré", teria, portanto, deixado extensa prole nesta região da baixada, hoje ocupada essencialmente pelo município de Viana-MA. Muitos "Botelho", "Mendonça" e "Lopes da Cunha" dessa região são descendentes diretos da mãe do Marquês de Pombal. Inclusive alguns "Mendonça Furtado" ou "Furtado Mendonça" também descendiam do pai de Pombal (Manoel Carvalho de Ataíde), como Antônio Correia Furtado de Mendonça e Antônio José Correia de Azevedo Mendonça, citados por Baena como figuras representativas das famílias maranhenses mais ilustres do Período Colonial. Entre os descendentes ilustres da mãe do Marquês, podemos destacar Raimundo Lopes da Cunha (pioneiro da antropogeografia e arqueologia brasileira), Antônio Lopes da Cunha (irmão de Raimundo Lopes e um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão - IHGM) e Celso da Cunha Magalhães (o promotor do caso do Crime da Baronesa de Grajaú). FONTE: "Uma Região Tropical" (Raimundo Lopes da Cunha) Seguem em anexo os documentos para leitura e atestação dos fatos, em sequência:


OS "SMITH" DE SÃO LUÍS E TURIAÇU. Este ramo, no Maranhão, tem origem na chegada do capitão James Smith, de Liverpool, Inglaterra, no início do séc. XIX. Aparentemente, este militar e seus parentes se radicaram em São Luís e, daqui, partiram para Turiaçu, exatamente na época da Cabanagem. Como eram militares, após a Cabanagem, fixaramse em Turiaçu e São Luís, conseguindo terras, ocupando cargos públicos ou trabalhando em casas comerciais, como tantos outros ingleses que vieram para o Maranhão no séc. XIX. Achamos, entre esses Smith, James Smith (já citado), George K. Smith, João Cardoso Smith, Pedro Cardoso Smith, Arthur Alexandre Smith, João Clark Smith, D. Henriqueta Smith e João Pedro Smith, bisavô paterno do membro do grupo Smith Junior. A família "Smith" ainda tem numerosa descendência na capital maranhense. Texto: Ramssés Silva Fonte: Hemeroteca Digital



OS "KUBRUSLY" DE ROSÁRIO E SÃO LUÍS. A família Kubrusly, assim que veio da Síria para o Brasil, inicialmente, instalou-se em Rosário e em São Luís no séc. XIX. Posteriormente, mudaram-se para o Rio de Janeiro onde, entre tantos descendentes, deixaram Maurício Kubrusly, o grande jornalista. O Dr. Edson Kubrusly, maranhense, pai de Maurício Kubrusly, era Dentista em São Luís e por aqui atuou até 1952, antes de mudar-se para o Rio de Janeiro com sua família. Fonte: Hemeroteca Digital Créditos: Padre João Dias


A FAMÍLIA BALBY NO MARANHÃO. Errebe Silva para Genealogia Maranhense (História, Genética e Nobiliarquia)

O penalvense Juarez Balby(o segundo à esquerda), com músicos da orquestra do maestro Zezinho na extinta TV Tupi de São Paulo. O patriarca dessa família no Maranhão foi João Batista Balbi, italiano de Ragusa, um dos líderes de uma rebelião, em 1821, para a emancipação política do Pará. A revolução fracassou e ele, para escapar da morte, fugiu para Viana usando a velha estrada Ourém-Maracu dos tempos dos Jesuítas. De um romance com uma vianense nasceu um menino batizado como João Batista Balby. O menino cresceu, tornou-se importante, sendo posteriormente vereador e intendente municipal. Casado com D. Angélica teve 8 filhos. Um deles, Fábio Augusto Balby, a partir de 1918 foi residir em Penalva. Era casado com a cearense Teonília Pereira Balby, com quem teve 11 filhos. Fábio Balby foi prefeito nomeado de Penalva por duas vezes e cinco dos seus filhos eram músicos conceituados, herança genética do patriarca italiano com vários compositores e maestros famosos em Veneza. Fonte: Raimundo Balby - "Nos Tempos do Cine Trianon"(2000).


SOBRE LITERATURA & lITERATOS


O DESAMOR CERES COSTA FERNANDES Maior que o Ódio. Esse era o nome de um filme que vi quando menina. Não lembro mais do nome dos artistas, nem do enredo do filme, mas o título me ficou. E também a moral da história: maior que o ódio era o sentimento do amor. De lá para cá, assisti a muitos filmes e li muitos romances perpassados pela mesma intencionalidade de provar que o amor é o mais forte sentimento. E que contra ele nada pode prevalecer. Isto está dito nos dicionários amorosos, na voz dos poetas, nos cancioneiros, nos livros religiosos ou, mais modernamente, nos compêndios de autoajuda. Sem contar com o valioso reforço dos ditos da sabedoria popular. Não há o que duvidar, pois. Mas, não sei não. Perdoem-me vocês e todas as fontes citadas. Mas acho que há um sentimento, ou melhor, um não-sentimento contra o qual o amor não tem nenhum poder: é o desamor. Se o amor transforma e vence o ódio, o despeito, a raiva, a inveja, e todos os demais sentimentos de má catadura, torna-se impotente frente ao frio desamor. O desamor não nasce da desfeita, do maltrato, da mágoa, ou da indiferença, muitas vezes, esses – curiosa natureza humana - até promovem o aumento do amor. Errada está, pois, a sabedoria popular quando reza: ingratidão tira a afeição. O que promoverá o desamor? Talvez o tempo, acompanhado do fastio, da desilusão, da rotina, da obrigação. Sei lá mais o quê. A ingratidão, aí me contradigo, até pode ajudar, não digo que não, mas quando o fastio já se instalou ou começa a se instalar. O desamor chega um dia, repentinamente, em qualquer lugar, sem aviso prévio. Pode acontecer no exato momento em que os olhos do desamorado se abrem, a modo de uma epifania às avessas – mas, como pude?!..- e ele enxerga a pessoa, antes namorada, exatamente como os outros a vêem, sem as fantasias e os enfeites que o amor emprestou à sua visão. O desamor não tem a impetuosidade dos sentimentos fortes. O desamorado não odeia, nem mesmo quer mal ao seu ex-amor, pode até cultivar uma certa ternura ou pena por quem foi dantes enamorado. Instado, mais uma vez requerido pelo enamorado, o desamorado reage com paciência ou fastio, no máximo, com irritação. Falo aqui de pessoas normais, bem entendido. Tarefa difícil é ferir o desamorado, simplesmente porque, após o clique revelador ele passa a habitar em uma dimensão própria onde as palavras e gestos do enamorado não mais o alcançam. Por um mecanismo não sabido da comunicação, as faixas de onda de ambos – enamorado e desamorado - operam em frequências diversas. Não mais se cruzam. E é bem aí que acontece o drama: o triste embate, onde só um luta, ou se debate, tem como vencedor (?) aquele a quem a vitória não mais importa. Pareço pessimista, circunspeta, sorumbática, meditabunda, pseudofilosófica? Pode ser. Mas o fato é que, quando assuntava a falta de assunto para esta crônica, me veio à lembrança um amigo, hoje habitante de dimensão incorpórea, mais comumente chamada “andar de cima”, um grande advogado maranhense. Esse grande causídico e jurista, a propósito de umas tantas questões outras que, certa vez, discutíamos, ele, como meu advogado e mestre, e eu, como sua cliente e discípula, proferiu, com o olhar distante estas palavras que se me gravaram vivamente e deram o mote desta crônica: “Minha filha, a pior coisa deste mundo é o desamor!”. . Será? Julguem vocês.


AS ÁGUAS DE MARÇO. AYMORÉ ALVIM ALL,APLAC, AMM. Cantadas por vários cantadores e servindo de inspiração a tantos poetas, as águas de março além dos bons augúrios que prenunciam são também mensageiras ou portadoras de maus presságios. Quando criança era comum ouvir das pessoas mais velhas, em Pinheiro, que as chuvas de março eram decisivas para garantir um bom período de fartura em peixe e colheita segura e vantajosa. Caso não chovesse ou chovesse pouco até 19 de março, dia de São José, era de se esperar um inverno muito fraco. Lembro-me das expectativas que alimentávamos, ao longo da Quaresma, passados os burburinhos do carnaval, de invernos copiosos que nos garantissem campo cheio, com os olhos voltados para as tradicionais porfias de canoas, no Domingo de Ramos, que partiam da Forgata, atual Parque Acrepiano, muito milho cozido e assado, pamonhas e canjica, além das brincadeiras de afogamento de “judas”, nas manhãs de Sábado de Aleluia, no “poste de ferro”. Por outro lado, as enchentes, na periferia de Pinheiro, prejudicavam bastante quem por ali se aventurava morar. Os afogamentos, na Faveira e no Laguinho, ocorriam com mais frequência. O trânsito, nessa época, é claro que de pedestres, tanto pela Baixinha, onde hoje se ergue a rodoviária, quanto pelas ruas que levavam ao matadouro e à Igreja, cheias de fojos e poças de água, era um verdadeiro suplício. Como se vê, as chuvas de março se por um lado traziam alegrias para a criançada, perspectivas de boa colheita e mesa farta, por outro, não deixavam de se fazer acompanhar de frustrações e prejuízos. Hoje, me recordo só das coisas boas e uma delas foi uma presepada engendrada lá pelos idos de 1950. Tinha dez anos. Foi a primeira vez que viajei para São Luís. Vim com dona Inez. Papai já estava aqui nos esperando. Um dia saí com ele para passear de bonde e tomar sorvete, no Moto Bar, que ficava, no Largo do Carmo. Depois passamos por uma Livraria e ele comprou para mim um livro de história sobre o Império Romano. Nele havia umas figuras que me chamaram atenção. Guardei-as e, ao chegar a Pinheiro, procurei pô-las em prática. Chamei, numa certa manhã, Zé Lobato, Pijá, Seu Guta, Nacá, Zé de Militina, Seu Ré e Tiquara Pegamos, não sabíamos de quem, uma canoa e uns remos, no porto de Antenor Correia. Sentado, na proa, ia Nacá, o menor e mais novo de todos, batendo numa lata como se fosse um tambor. Na popa, estava eu de pé com uma toalha às costas como se fosse um manto. Era o imperador romano. Os outros se distribuíram ao longo da canoa, cada um com um remo. Zé Lobato, bem no meio, armado com um cinto, batia e a turma remava. De vez em quando, uma reclamação: “Assim não dá, Zé, bate devagar que isto é só de brincadeira”. Já estávamos perto do “poste de ferro” quando Zé Lobato me disse: Imperador, olha quem está ali! Como uma onça enjaulada, dona Inez andava de um lado para o outro, no Porto Veneza dos Gonçalves. - Turma, pega o rumo da Faveira. - Lá, não, Aymoré, é muito fundo. É melhor a gente voltar. Tu pegas uma sova, mas isso não mata ninguém. Voltamos.


Ao saltar da canoa, peguei o rumo da Avenida Paulo Ramos e dona Inez atrás com um cinto na mão. Eu só ouvia Zé Lobato com aquela sua gargalhada inconfundível, gritar: corre, imperador, ela vai te pegar. E pegou. Apanhei umas “cintadas” e prometi, com os dedos cruzados, claro, que nunca mais iria brincar no campo. Fui, ainda, umas duas vezes, aos sábados de aleluia. E, assim, sempre que chegam as chuvas de março me vem a lembrança da cena: um imperador que apanhou da mãe diante de seus súditos e nem por isso ficou frustrado.


NO GAVIÃO DIOGO GUAGLIARDO NEVES Pessoa muito querida, há poucos dias, foi visitar, no Cemitério do Gavião, o túmulo de um parente recentemente falecido. A pretenção era identificar pontos a serem reparados e tomar as medidas para uma campa com a identificação de quem jaz. Não foi uma tarefa fácil. Há o sentimento da perda da pessoa amada, mas também o desafio lúgubre de chegar ao local onde ela repousa. Os túmulos são desorganizados, quase uns sobre os outros, dificultando o acesso. As peças de quase todos estão sujas e quebradas: flores e ramos secos, capim crescendo à vontade e até restos de comida abandonados sabe-deus por quem a gatos pestilentos que por lá transitam. Uma árvore alta, mas muito mal podada tenta guarnecer a sepultura e avisa, como triste bandeira, que aquele é um lugar dos mais desagradáveis que se poderia estar. Essa era a exata sensação posta, mitigada apenas pelo grande amor ao ente perdido. De qualquer maneira, cumprida a desgostosa missão e munida dos dados que precisava, pôs-se a sair. Não tão rápida por respeito aos mortos, mas não tão devagar porque desinteressada. Apenas sem mais nenhum negócio a tratar. Aquela necrópole, porém, aos de coração puro, dá sempre uma lembrança, goste ou não o agraciado! Com passos medidos, e já quase ao pórtico, sob a verdadeira mensagem trabalhada em ferro “Nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos”, reparou que parados exatamente na entrada aguardava um casal com uma criança de talvez seis ou sete anos. Eram pessoas visivelmente muito humildes. O homem vestia uma surrada camisa do Flamengo, velha bermuda de brim e chinelos; sua mulher, acima do peso e queimada de sol, aparentava as quitandeiras de calçada. A menor, contudo, era uma meiga garotinha, de feições suaves e, em sua pobreza, trazia uma paz de chamar a atenção. Com efeito, a pessoa sentiu-se atraída, e voluntariamente, abriu sua bolsa para dar-lhe algum dinheiro a fim de que fosse lanchar ou talvez comprar um brinquedo. A menina não pareceu dar atenção. Apenas virou-se no sentido da capela, e após uma autêntica reverência, fez o sinal da cruz proferido a fórmula latina e católica “IN NOMINE PATRIS ET FILII ET SPIRITUS SANCTI, AMEN!”, para em seguida retirar-se com seus pais rumo a uma das muitas e estreitas vielas do bairro da Madre Deus.


MEU AMIGO NAURO MACHADO CERES COSTA FERNANDES Magro, longas barbas brancas, figura onipresente nas minhas tardes do Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, casa de cultura onde trabalhamos juntos por cinco anos. Chegava, após caminhar desde a Rua da Alegria à Praia Grande, por ladeiras, calçadas estreitas e ruas esburacadas, sob o sol ardente, amenizado por um chapéu panamá, a proteger-lhe a cabeça desprovida de cabelos, saudando e sendo saudado pelos populares. Logo à sua chegada ao Centro, vinha à minha sala vizinha à sua, batia suavemente à porta, entrava, sentava, tirava o chapéu, tomava um copo d’água, reclamava do calor, e se punha a conversar. Leitor constante de poetas assinalados enriquecia meu saber, falando-me de novos e valorosos vates. Assim era o nosso cavaquear. Uma troca desigual e fascinante para mim. Nesses anos, apreendi verdadeiramente a verdadeira alma de Nauro. A alma poética já me havia sido apresentada nos seus numerosos livros: alma dilacerada e inquieta, acompanhando-se apenas da constância da morte e do apocalipse no seu percurso solitário, abismada na introspecção angustiada do ser. O caos que parece dominar essa alma desde o seu recôndito não atinge a rigorosa construção verbal de seus versos, seja ela expressa em sonetos, sextetos ou versos livres. As idiossincrasias do poeta não se mostravam na alma do homem. Nauro encantava e surpreendia. Os funcionários do “Odylo” tinham como que uma veneração por aquele homem tão importante para a nossa literatura, tão louvado e ao mesmo tempo tão terno, educado, simples, humilde até. Emocionava-se com coisas desimportantes, triviais, como se merecimento não tivesse, agradecia a pequena sala, que dividia com Dona Helena Aroso, sua velha mesa, seu desatualizado computador e até o café com leite e bolachas das 14 h, providenciado por ela. Ali atendia amigos de todas as classes sociais, aconselhava poetas jovens e escrevia poemas. Eu reconhecia o valor de sua presença e dizia aos colegas: futuramente aqui haverá uma placa com os dizeres: nesta sala, o poeta Nauro Machado escreveu grande número de seus poemas. Ainda espero que façam isto. É bom poder dizer: meu amigo Nauro Machado. Porque, confrange-me confessar, nem sempre foi assim. Durante um alargado período, nos jogávamos farpas – Arlete no meio, Santa Arlete, querendo apaziguar. Era a bebida a falar e agir por ele. Mais de uma vez me disse: Jamais compus um só verso quando bêbado, a desmistificar a bebida como fator de inspiração. Sempre o admirei como poeta, mas embirrava com o seu comportamento e suas provocações. Já éramos amigos sem ter consciência disso. No “Odylo”, no período sob a minha direção, ele lançou livros, participou de debates literários, foi louvado por Ivan Junqueira, na abertura da Feira de Livros de São Luís e teve uma galeria com seu nome afixado em placa. O XVI Café Literário, dedicado a ele, foi o de maior plateia. 300 pessoas lotavam o salão e o mezanino, para saber de Nauro, homenagear Nauro e ouvir o professor, poeta e crítico literário paraibano, Hildeberto Barbosa Filho proferir a palestra “Nauro Machado: o Poeta do Ser e da Linguagem”. Hildeberto, nesse Café, frisou que Nauro ”não era um poeta egocêntrico já que sua obra não implica em um ‘eu biográfico’, pois, ao contrário, aborda a dor de todos, no plano filosófico e no social”. Deteve-se nos aspectos de sua “singularíssima linguagem, por meio dos quais ecoa uma visão de mundo em comum, coesa, cerrada e coerente, dividida entre o laceramento e a esperança”. Acompanhado de Arlete, Frederico e de suas amadas netas, entre aplausos, ele, também, lançou o livro Província o pó dos pósteros. Foi uma noite feliz.


O SENSO ESTÉTICO DE OSWALDINO MARQUES FERNANDO BRAGA in ‘Conversas Vadias’ [Toda prosa], antologia de textos do autor

Oswaldino Ribeiro Marques nasceu em São Luís do Maranhão, em 17 de outubro de 1916 e faleceu em Brasília-DF, em 13 de maio de 2003. Abriu seu caminho a golpes de tenacidade e mercê de inquebrantável adesão aos valores da inteligência. “Se não fosse escritor, gostaria de ser matemático ou físico nuclear”, dizia convicto com as exigências que tinha consigo. Ao falar-se de Oswaldino é bom que se diga qual foi o ponto de ligação que houve entre sua geração maranhense de 30, com os ecos da ‘Revolução de Arte Moderna de 22’, e é justamente sobre isso que o escritor Rossini Corrêa em seu belo livro ‘Atenas Brasileira – A Cultura Maranhense na Civilização Nacional’, Thesaurus Editora, Brasília, 2001, à pág. 187, nos diz: “O ambiente cultural ludovicense não foi contemporâneo do eixo construtor do modernismo brasileiro, na década de 20: ‘os revoltosos assustam no Maranhão’, reconheceria Odylo Costa, filho. Sem movimentos, sem manifestos, sem revistas, sem articulação interativa e sem livromarco de reconvenção estética inserto na moderna história literária do Brasil. São Luís, na realidade, ficou à revelia do itinerário imediato de expansão da mudança modernista em curso no País. São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, sim. Pernambuco, Paraíba, Rio Grade do Norte e Alagoas, também. No Pará, menos. No Maranhão, não. Se alguns poucos sonharam em ensaiar a luta renhida, perderam a batalha que, em visão crítica, não vingou em terras gonçalvinas. O principal modernista maranhense, jovem da década de 20, foi Nunes Pereira, uma espécie de Raul Bopp fugindo do passadismo, que estava diante do seu mestre Mário de Andrade, em Natal, vindo de Belém, onde frequentara tertúlias peripatéticas. E, no Maranhão, nada de Nunes Pereira”. Avesso às academias e a ciclos literários, Oswaldino Marques, não sei por que, cargas d’água, pertenceu ao ‘Cenáculo Graça Aranha’, ao lado de alguns dos seus mais legítimos companheiros da geração de 30, como Josué Montello, Franklin de Oliveira, Manuel Caetano Bandeira de Mello, Amorim Parga, José Erasmo Dias, Sebastião Corrêa, Paulo Nascimento Moraes, Ignácio Rangel e outros, “a buscar o sonhado caminho’ apregoado pelos cânones do modernismo de 22, o qual no Maranhão, como se viu, foi “febril e transitório, enquanto que, para o ideal de glória da mitológica tribo timbira, sempre a eternidade foram deusa e rainha sedutora”, como nestes versos do próprio Oswaldino Marques: “E sinto quanto mais contraditória/ é a fortuna de minha realidade:/ ter por órbita a vida transitória/ e em torno a mim só ver eternidade”. Não procuraram e nem acharam ideia modernista nenhuma. Sobre o ‘Cenáculo Graça Aranha’, é Josué Montello que nos diz: “Éramos românticos, e não sabíamos. O Cenáculo não publicou livros, não promoveu conferências, não empossou nem enterrou ninguém. Na verdade, pensando bem, foi uma bela ficção. Cada um de seus membros fundadores tomou rumo próprio, ficando em São Luís ou dali saindo. Tão completa foi a sua extinção que dele não restou o livro de atas, nem o álbum de recortes. Apenas uma tabuleta”. Em 1936, Oswaldino zarpa de navio pra o Rio de Janeiro, onde já lá estavam Montello, Franklin e Bandeira de Mello. Na velha capital, o mais tarde tradutor de Whitman, se torna um dos fundadores da União Nacional de Estudante-UNE, onde trabalhou como bibliotecário e tradutor, tendo sido um dos responsáveis pela divulgação da poesia moderna estadunidense no Brasil. Em 1965, mudou-se para Brasília, como servidor do Ministério da Educação, transferido do Rio de Janeiro. Por concursos, assumiu a cátedra de Teoria da Literatura na Universidade de Brasília [UnB]. Com o agravamento da ditadura militar no Brasil, o mestre Oswaldino a trilhar pelos caminhos do marxismo, foi demitido do cargo, se auto exilando nos Estados Unidos, aonde foi professor visitante das literaturas portuguesa e brasileira, na Universidade de Madison, Wisconsin.


Algum tempo depois, em 1991, via anistia, foi reintegrado à UnB pelo Reitor Cristovam Buarque. Oswaldino Marques era por temperamento retraído e viveu os últimos anos praticamente isolado em seu apartamento em Brasília, onde dedicava seus dias à leitura e a ouvir músicas. Quantas vezes, a seu convite, participei desses momentos silentes ao seu lado, entre clássicos e músicas de câmera de sua predileção, a degustar, por vezes, um delicioso ‘mingau de milho’, à moda maranhense, que em outras plagas chamam de ‘canjica’, preparado por Maria do Carmo, sua mulher. Infelizmente, Oswaldino se dizia ateu, mas não por isso, mas por outros, ‘caprichos’, deixou registrado em cartório, que não desejava qualquer tipo de cerimônia religiosa quando de seu sepultamento, nem discursos, e nem flores, e nem velas, o que foi seguido à risca por sua mulher e seus filhos, o gravador Igor Marques e o também escritor Ariel Marques. Sintamos o quanto o Padre António Vieira tinha razão quando proferiu o seu famoso sermão a ‘Quinta Dominga da Quaresma’ ou ‘Sermão das Mentiras’, Rossini Corrêa [Op.cit. p.224], diz assim: “Tribo conflitada e desunida a maranhense, que, no passado, falava mal de si às escondidas, como Humberto de Campos a comentar livro de Coelho Neto, no ‘Diário Secreto’: “Recebi um livro de Coelho Neto. É um punhado de crônicas de jornal, em que seguem os lugares-comuns, se sucedem as expressões banais, os termos de gíria, as frases feitas, compondo páginas sem relevo, sem interesse, sem beleza, uma grande piedade, uma grande dó...” [...] Atualmente, porém o duelo travado em terra estranha é público e notório, à faca peixeira, com fratura exposta, massa cerebral perdida, hemorragia desatada e de vísceras caídas por terra, como o servido em Brasília-Rio, por Oswaldino Marques e por Josué Montello. Combate, este, que inspirou ao primeiro a corrosiva e inédita produção poética, que substitui, em sua concisão, todo um banquete psicanalítico. Em: ‘Auto-epitáfico’– “Oswaldino aqui jaz./ De vezo polêmico, /índole indomada. /Zero contumaz/na vida foi nada/nem mesmo acadêmico”. O que Rossini Corrêa atiça acima esmiúço abaixo, como ilustração a este dedo de prosa, e para que o leitor entenda melhor essa ‘luta corporal’ que em nada espantaria Ferreira Gullar: Oswaldino e Josué foram colegas no Liceu Maranhense por todo o curso de humanidades; tinham precisamente a mesma idade; ambos intelectuais de fina estirpe; Oswaldino foi ‘eminência parda’ de Montello quando este exerceu a direção da Biblioteca Nacional, mas, infelizmente, um pelo outro nutria uma ‘rezinga figadal’, uma coisa talvez explicada pela ‘reencarnação’. Oswadino era terno e generoso em gestos e delicadezas, mas quando se apoquentava, por qualquer coisa, perdia as estribeiras, sem medir consequências e sem economizar adjetivos, o mesmo acontecendo com Josué Montello, o que fazia dos dois, apesar de adversos, mais que semelhantes. Um belo dia, pela década de 80, um ‘Macunaíma’ qualquer, à guisa de fuxico, o instigou em relação a um ‘disse-medisse’ que Josué Montello houvera verbalizado sobre sua pessoa, o que na linguagem cibernética de hoje seria traduzido como ‘fake news’. Pelo sim, pelo não, Oswaldino surtou com que ouvira do ‘herói sem nenhum caráter’ e foi às pressas para o ‘Correio Brasilienze’ onde abriu as ferramentas contra Josué, num artigo intitulado ‘Desmontele-se’, o que imediatamente, o autor de ‘Os Tambores de São Luís’ respondeu pelo ‘Jornal do Brasil’ ao tradutor de Blake, num outro artigo, intitulado ‘Arquive-se’. Foi uma ‘batalha romanesca e ensaística’ espetacular, o que me faz rir até hoje quando as leio; guardei esses artigos comigo, de duas páginas inteiras cada um, devidamente catalogados em hemeroteca; são duas preciosidades literárias, que em matéria de ‘insultos em alto estilo’ nada existe semelhante em língua portuguesa, nem mesmo os terríveis epigramas trocados por Bocage e Caldas Barbosa na velha Arcádia Lusitana, ou as farpas trocadas entre Alexandre Herculano e seus ‘indesejados’ colegas da Torre do Tombo. Uma maravilha de briga literária! De sua extensa bibliografia, eis aqui alguns livros e antologias de Oswaldino Marques: ‘Poemas quase dissolutos’, 1946; ‘Cantos de Walt Whitman’, 1946; ‘O poliedro e a rosa’, 1952; Cravo bem temperado, 1952; ‘Usina de sonho, 1954; ‘Videntes e sonâmbulos’, 1955; ‘Poemas famosos da língua inglesa’, 1956; ‘A seta e o alvo’, 1957; ‘Ensaios escolhidos’, 1968; ‘O Laboratório Poético de Cassiano Ricardo’, 1976; ‘A dançarina e o horizonte’, 1977, ‘Livro de sonetos’, 1986. “[...] Em seus poemas, onde a beleza formal jamais se afasta da substância, em seus ensaios críticos, onde a arguta percepção está informada do mais dignificante calor humano, em suas traduções exemplares, [William Blake, Walt Whitman, T.S. Eliot] onde a fidelidade ao espírito criador original não está contida pela inevitabilidade da redução, sendo antes recriações válidas e


autônomas, o escritor maranhense oferece generosamente o melhor de si [...] “A sensualidade de nossos trópicos se torna evidente mesmo quando os temas são aparentemente intemporais e forâneos”, disse dele o amigo e editor Ênio Silveira. Escutemo-lo, em seguida, em ‘A dançarina e o horizonte’: “Em luz resplandeceu minha palavra/ e se fez sol interior, mental:/ sob seu calor agora torno à lavra/dos campos da sintaxe e do real”. Por fim, ouçamo-lo neste ‘Homo sum’, enfeixado em ‘Poemas quase dissolutos’: “Há nos meus ombros vestígios de asas,/Guardo zeloso uma rica herança de voos;/Não esqueci, de todo, os segredos da levitação,/E me vanglorio de flutuar ainda como leve paina no espaço!/Tem sua obscura razão este ingênuo amor pelas nuvens,/Esta infantil ternura pelas franzinas borboletas,/E o orgulho de atirar o rosto para as estrelas./Mas, ai! apalpo no meu cóccix também uma cauda atrofiada,/ Que em vão dissimulo e dissimulo com meu enganador manto celeste. /Besta e anjo — um meridiano me corta em zonas de luz e treva, /De um dos meus lados nasce a aurora, /O outro é a úlcera de onde jorra a noite. / Ai! Que desgraça ser o antípoda de si mesmo! /Viver se despenhando em violentas diagonais de contradições. / A mão pura e a impuras pendentes do mesmo tronco. /O olho cego e o são coexistindo na mesma face. /O lábio podre e o eterno modelando estranhas palavras híbridas.” A última vez que conversei com Oswaldino Marques, não preciso quando, foi no gabinete em que dividia com Herberto Sales a direção do Instituto Nacional do Livro [INL] em Brasília. Tenho saudade de sua generosidade e de suas colocações discursivas, sempre em altíssimo nível. Ele foi, repito, um querido amigo e um escritor que honra a Literatura Brasileira!


COMO ESCREVE CARVALHO JUNIOR JOSÉ NUNES Carvalho Junior é professor e poeta, natural de Caxias-MA, autor de “O homem-tijubina & outras cipoadas entre as folhagens da malícia” (Patuá, 2019).

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal? Pela manhã, meus olhos de jacaré ainda estão se esticando e se afiando para o íntegro do dia. Não fossem as obrigações do trabalho de professor e de gestor escolar, minhas manhãs seriam para dormir um pouco mais. A noite é o período do dia em que dou de comer aos meus delírios, por isso, geralmente, durmo tarde e tenho dificuldades para acordar cedo. Quando estou livre, em casa, num dia de feriado ou final de semana, por exemplo, as manhãs são para leitura, para deitar na rede com as minhas filhas, para estar junto da família e dos amigos. Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita? A palavra é o meu vício interturno, mas creio que, de alguma forma, como disse antes, a minha produção acontece melhor à noite, período em que descanso nos braços da poesia, quando as minhas revoltas e angústias viram sonho. É à noite que sou bêbado, criança, malabarista, jogador de relancinho, pescador de estrelas silentes… tudo ao mesmo tempo, como uma espécie de Vítor Gonçalves Neto, o “cronista maldito”, que dizia, espirituosamente, ter tido “duzentas e dezessete profissões, inclusive duas honestas”. (risos) Procuro ser exigente com o que escrevo, em permanente postura de autocrítica, mas não sigo rituais, um caminho que seja sempre o mesmo. Isso não significa que meu entendimento seja contrário ao essencial exercício de repetir, de sangrar o dedo, de deitar-rolar com as palavras na luta que “prossegue nas ruas do sono”, como diz Drummond, mas penso que a preparação para a atividade de escrita tem um modo de operação prático: enfiar o nariz nas páginas dos livros e da vida. Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária? Embora seja como todos os poetas um viciado, um doente, um sofredor do mal incurável da poesia, esta que é ao mesmo tempo pedra que esfola a pele e alívio/curativo, não consigo escrever todos os dias. Imagino que de tudo quanto o poeta se desconcentra há uma concentração do lado do avesso. O poeta fica períodos sem escrever uma linha que seja, mas não deixa de ter relações íntimas com a palavra. Minha escrita é hoje mais lenta e sem esses cadeados do tempo crono(i)lógico. Minha meta, se tenho alguma, é superar a mim mesmo de uma produção para outra. Se tenho conseguido isso ou não, é um trabalho para os leitores e críticos, tão fáceis de encontrar como unicórnios no quintal. O poeta muito afeito a metas, a datas, a uma matemática inflexível, mais exata do que a exatidão, sem um vírus de desconserto, dá uma impressão que se


alinha com aquela descrição, feita pelo Quintana, de um poeta à imagem e semelhança de uma “galinha carimbando ovos”. Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita? A pesquisa, nas suas variadas ramificações, faz parte da natureza do poeta. É da sua essência a desconfiança e a curiosidade. Vive de olhos-ouvidos-qualquer-coisa-além-corpo muito acesa, antenada com o que se passa em direções várias. O parto de um poema é muito misterioso, mas no meu processo de escrita geralmente anoto no papel (preferencialmente à lápis) ou faço gravações de voz que depois se desenvolvem, ganhando substância mais encorpada. A poesia cutuca sem hora marcada. Começar ou terminar, fácil ou difícil, eu trago outra vez Quintana para nos iluminar com seu pensamento. Diz-nos ele que “O poema só termina por acidente de publicação ou morte do poeta”. Eu penso muito em poesia, quase que obsessivamente. Às vezes, é meio desesperador não ter um lápis à mão quando temos aqueles estalos, ideias momentâneas que a impressão de as perder é como uma morte, no entanto e no geral, a minha escrita ocorre dentro desse processo que alia pesquisa/leitura com a experiência/vida, sendo que esta última é o grande tutano da coisa. Escrever é o caminho sôfrego para o prazer da minha caixinha-vermelha-bombeadora-de-sangue e de tudo que pulsa em mim. Aproveitando o pensamento do poeta Luís Augusto Cassas, tento dar um corpo a um poema ou livro meu na busca de que ele tenha “cabeça, tronco, membros e alma”. Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos? Como hoje escrevo mais lento, mastigando muito o verso dentro dos engenhos do coração, lido bem, ou pelo menos melhor que antes, com esses sentimentos. Procuro amadurecer um livro, um próximo projeto, leve o tempo que levar. Vou escrevendo e cismando bastante, conduzido pelo desejo de chegar ao corpo de uma nova obra. Dedico-me a um projeto com esmero, cuidando de cada detalhe, até que chegue ao ponto de soltar no bico do vento e dos pássaros para que todos possam ler. Venho buscando, sobretudo, não me repetir nesse processo, mesmo que um trabalho seja uma espécie de aprofundamento do outro, como percebo de alguma forma, a relação entre os meus dois últimos livros “No alto da ladeira de pedra” (2017) e “O homem-tijubina & outras cipoadas entre as folhagens da malícia” (2019), ambos publicados pela Editora Patuá. A crítica é sempre bem-vinda. Costumo dizer que nada educa mais um poeta do que um cascudo, um cocorote, um golpe de dedos se arrastando na cabeça em sentido contrário ao do penteado do topete. Longo é o tempo e sua cauda feita de pitocos de rabo de tijubina, os meus projetos são trabalhados sem esses balizamentos e cobranças de relógio. Ansiedade eu tenho como qualquer ser humano, mas no aspecto literário, sinto-me, hoje, mais maduro para trabalhar com isso. Eu quase me precipitei com o livro “No alto da ladeira de pedra”, uma boa conversa com o poeta José Inácio Vieira de Melo me fez rever certos pontos e trabalhar melhor o livro. Ele me chamou a atenção para uma referência muito direta a Manoel de Barros no título que eu pretendia “Desfronteiras do inconhecido”. Embora a minha intenção com a inversão de afixos naquele título fosse sugerir o ato sexual, da famosa posição do 69, eu revi todo o projeto e entendo que “pelo chá de gaveta” dado ao livro, segundo o conselho do José Inácio, fez a flor da publicação crescer e nascer em estação apropriada. Estou com o Antonio Carlos Secchin quando diz que escrever é, antes de tudo, ouvir. Mesmo com a minha teimosia característica (entendo-a como muito necessária), procuro sempre exercitar o ouvido, é o que chamamos de assuntar nos sertões da convivência humana. O poeta deve ter orelhas grandes, maiores e mais afinadas do que a de um jumento. (risos) Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los? A releitura nos mostra os excessos e nos encaminha para os ajustes de texto. Sou filho de um açougueiro e de uma costureira, foi deles que, certamente, herdei alguma habilidade no corte das carnes e tecidos da palavra. Há alguns poucos amigos poetas com quem divido muito meus poemas no seu processo de costura. O poeta Antonio Sodré é quem eu mais aperreio, com quem mais divido as angústias, pela crítica muito sincera que ele faz. Assim sendo, o olhar do outro é por onde nos vemos além do espelho umbilical.


Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador? Eu utilizo bastante as mídias sociais em um trabalho de divulgação. No processo de escrita, quase nunca produzo direto no computador. A semente do texto vem de mais longe, então geralmente faço minhas anotações, à lápis de preferência, como disse antes, sendo na tela do computador onde decido mais as questões de estética, de disposição espacial. Os meus partos de poema são, geralmente, do tipo “normal”, feitos com as mãos operando a folha de papel. Sobre essa relação com a folha em branco, digo em poema do livro de estreia “adoro pegar a branquinha por trás,/ e, com meu lápis sedento,/ enfiar no seu verso,/ todo o meu sentimento”. A perfeita posição para escrever uma peça versificada. (risos) De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo? As ideias nascem das leituras de livros e de mundo, das conversas e provocações que geram ecos entortadores na gente, dos “espantos” como defendia Gullar, das topadas nas calçadas da vida… Diria que minha criatividade vem da minha postura de cultivo contínuo de cismas, de estar sempre desconfiado e inconformado, tal como a imagem que o poeta Bioque Mesito pinta com o grafite de alguém que tenta controlar “um incêndio nas mãos”. Lendo livros, pessoas e o mundo, bem como atentando, o quanto posso e consigo, aos movimentos da existência, é assim que me alimento das malícias para mergulhar no rio das palavras. O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos? Sinto-me mais maduro hoje, de passo mais afirmado, sem medo da lama ou dos animais venenosos da estrada. Minha escrita, por algum tempo, utilizou-se muito do recurso de jogos de palavras, por eu ter uma mente propensa, de alguma forma, ao trocadilho. Procurei lapidar isso, aproveitando as minhas melhores características, usando, todavia, a faca do açougue do meu pai na eliminação das peles excessivas. Em um exercício autocrítico, percebo na minha produção essa virada ascendente, superando alguns traços e mantendo aquilo que imagino ter força em mim como o humor, a ironia, certo erotismo, a memória… Se eu voltasse no tempo não mudaria nada, mesmo achando que os escritos iniciais são mais pobres, mas os defeitos deles, quando percebemos logo ali ou aqui na frente, empurram a gente com uma força propulsora que só nos fortalece. Os textos primeiros têm o ímpeto e a verdade deles. Como diz a Ana Miranda, a gente precisa errar, também, na literatura. Eu me dedico e me entrego à poesia, não saberia viver sem ela. Ilumina-me a poesia do Antonio Machado quando diz que “o caminho se faz ao caminhar”. O meu olhar, ainda que preserve um forte traço saudosista (acho que tudo que escrevo se resume em lágrima e saudade), é voltado para os territórios do porvir. Quando estou dentro do corpo da palavra, sou uma espécie de índio-hippie-cigano-ciborgue que brinca de cavalo-de-palha ou nas asas de uma folha que se desprende do alto de uma palmeira dos meus chãos originais. Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe? Eu pretendo retomar vários projetos parados. Já organizei cadernos de poesia, exposição, encontros literários, entre outras danações, e quero voltar a fazer isso tudo, porque meu espírito se alimenta nessas eletricidades e movimentos. A poesia reunida do Déo Silva, importante poeta brasileiro, filho do Maranhão, é o livro que ainda não existe que quero ver, ler e dividir com o mundo em breve. Já encontrei abertura com o editor Bruno Azevedo para lançar esse trabalho que assumi a organização pelo selo Pitomba. Déo nos diz que “A palavra, em verdade, é funda em si mesma. Raso, contudo, é o nosso poder de entendê-la”. Bonito isso, não? Tão como isso de querer o que ainda não existe. O chileno Huidobro nos diz que “O poeta é um pequeno deus”, assim sendo, eu quero tanto de mim como do outro, esse elemento invisível até então inexistente, aquilo que está sendo gestado no pensamento de uma criança talvez, no sorriso das minhas filhas. Isso me traz a ideia de sonho e este é que nos dá o tamanho como versa o intamanhável Fernando Pessoa. Ao dar início a um novo projeto, você planeja tudo antes ou apenas deixa fluir? Qual o mais difícil, escrever a primeira ou a última frase?


No processo de escrita de um livro, tento amansar e colocar no papel o que antes era apenas uma ideia. Eu só conheço a escrita planejada, disciplinada, com muito exercício. O “deixar fluir” se desenha, para mim, como um “deixar escapar”. Entro no ringue para tentar enchiqueirar palavras e colocá-las dentro da minha cerca de enganos, dos cercados dos sertões que invento debaixo dos meus tecidos epiteliais. A gente vai mastigando o verso dentro dos céus e infernos da boca (do estômago). Às vezes, é preciso parar, caminhar, dizer o já escrito em voz alta para ver se ecoa e ajuda a desenrolar a continuação do texto. Não sei dizer, com precisão, o que é mais fácil, o início ou o fechamento do texto, até porque eu escrevo, sobretudo, poemas, e cada poema tem sua história, seu parto único, seus milagres de nascimento. Eu sou um praticante obsessivo do verso. Sou um autodeclarado versicultor com incuráveis defeitos de fábrica. Estou trabalhando em um livro novo, já tendo escrito o canto inicial. Não sei quanto tempo levará essa escrita, mas todos os dias penso nesse projeto. Faço as minhas leituras, outros exercícios não ligados a esse projeto em específico e, quando sento, vou tentando acrescentar mais peças no corpo desse Frankenstein lírico. Quando eu tiver a visualização do corpo do livro, o trabalho consistirá em soprar nas narinas do meu monstro de barro-louça, porque como diz o Huidobro “o poeta é um pequeno deus”. Como você organiza sua semana de trabalho? Você prefere ter vários projetos acontecendo ao mesmo tempo? Eu costumo trabalhar, na produção literária, à noite. Sinto-me mais fértil, provocado pelas situações lidas/vividas durante o dia. Se eu não tiver estourado de cansaço, quase que todos os dias escrevo. Não tenho um segredo de organização. Eu como-bebo-durmo-estouro palavra. Presto muita atenção às falas, tenho um ouvido e o corpo aparelhado para o assuntamento palavrilhoso da vida e seus fenômenos. Sim, eu gosto de ter vários projetos ocorrendo simultaneamente. Essas diferentes explosões, concomitantes, de alguma forma, me favorecem. Acho que combinam com meu espírito inquieto, elétrico, um tanto quanto hiperativo no sentido da criação. Trabalho, no momento, pelo menos dois projetos, um livro de pesquisa sobre um poeta do Maranhão (Déo Silva) e um novo álbum de poemas. O que motiva você como escritor? Você lembra do momento em que decidiu se dedicar à escrita? O que me motiva a seguir na luta é o próprio exercício literário que me é uma necessidade vital. A literatura me entortou e não sei caminhar de outro jeito que não seja assim com esse passo manco, mas que me preenche os rios de dentro, dá um prazer que é difícil de traduzir em palavra. Sou muito motivado, também, pelos retornos que tenho tido no meu trajeto de lutas até aqui. A poesia fez meu nome andar à frente de mim, o nome à frente do homem. A poesia já me deu até emprego, pelo respeito que minha cidade e estado passaram a me dar. Embora o título de poeta seja muito pesado, as pessoas na rua me cumprimentam por essa bendita/maldita alcunha. Escrevo desde a infância, era a minha forma de enfrentar a pobreza. Se não podia dar presentes materiais aos meus familiares, ofertava-lhes palavras em cartinhas em que derramava a minha afetividade. A partir dos catorze anos, pela época do meu Ensino Médio, comecei a maturar essa sensibilidade. Sempre tive professores que me incentivaram, a escola tendo sido de fato um lar que me abrigou e desenvolveu os sonhos. Na primeira série do Ensino Médio, na escola estadual M.M.D.C, no bairro paulistano da Mooca, tive contato com o professor Demétrius, o qual era brilhante e me ensinou sobre a figurativização da linguagem como ninguém. Eu me destacava nas aulas dele, sempre com a presença da literatura, e lembro-me, vivamente, de suas falas em que dizia e anotava nos meus exames: “Brilhou, Francisco”. Um eufemismo, por exemplo, ele ensinava que essa figura de linguagem representa uma “desgraça perfumada”. Eu tive a sorte de ter grandes mestres na escola e para além dela, muitos personagens que me empurraram para os braços da poesia. Que dificuldades você encontrou para desenvolver um estilo próprio? Algum autor influenciou você mais do que outros? Olha… um velhinho safado da literatura brasileira foi um dos meus melhores mestres, eu o estudei muito e quando o lia parece que conversávamos no quintal de casa. O velhinho safado, muito amado, de que falo é o “menino azul” – Mario Quintana. Este gaúcho porrada de lindeza fala do estilo como uma deficiência, porque aí o autor se acomoda a um modo de dizer, pode se perder num ciclo de reprodução da mesmice. Dos autores que estariam dentro disso a que chamam de


influência, o Quintana fala de confluências e da procura da voz que o verdadeiro poeta busca. O Mario é muito marcante para mim, talvez um tanto mais que outros tantos mestres da literatura no mundo, porque pensou muito o próprio fazer literário e me alinho com o deboche/sarcasmo que ele apresentava muitas vezes na sua poesia. Em vez de estilo, prefiro pensar em marcas de escrita que estão abertas a novas experimentações. O autor insatisfeito (essa insatisfação é necessária) não está preocupado com o desenvolvimento desse tal estilo próprio que pode representar a repetição de si mesmo e a previsibilidade para o leitor. Uma das marcas da minha escrita, que eu mesmo percebo, porque é uma busca, é a persistência no traço da memória. Há certo mergulho na linha da saudade, mas que tenta exercitar uma linguagem não passadista. O crítico Ricardo Leão observou algo muito interessante na minha produção que é a busca pelo desenvolvimento de um projeto literário que se desenovela no conjunto dos meus livros, isso ficando mais claro nos dois últimos livros publicados “No alto da ladeira de pedra” (2017) e “O homem-tijubina & outras cipoadas entre as folhagens da malícia” (2019). Você poderia recomendar três livros aos seus leitores, destacando o que mais gosta em cada um deles? Indico o livro “Babaçu Lâmina – 39 poemas” (Patuá, 2019), uma antologia que organizei com a participação de quase quatro dezenas de poetas, sendo estes ligados aos estados do Maranhão, Piauí, Pará e Bahia. Gosto muito porque há no volume a reunião de excelentes poetas do norte/nordeste (o que chega a ser redundante) e me foi dada a oportunidade de reunir esse timaço de homens e mulheres da palavra em um livro que muito enriquece o meu currículo literário. Outro livro que indico aos meus leitores é de autoria da poeta Clarissa Macedo, “O nome do mapa e outros mitos de um tempo chamado aflição” (Ofícios Terrestres, 2019), que se constitui um livro potente e necessário, revelador da voz de uma das melhores poetas brasileiras dos dias de hoje. Outro livro que indico foi gestado aqui no Maranhão por uma bela editora que nasce, que é a Olho D’água Edições, e apresenta uma poeta em que se deve prestar muita atenção, estou falando do precioso álbum artesanal “Transito” (2019), que traz a poesia de Adriana Gama de Araújo. Esta poeta diz belezas/potências como esta: “a vida inteira escrevo/ o mesmo poema/ com os ruídos e silêncios/ de uma floresta noturna”.


POEMATIZAR É PRECISO CERES COSTA FERNANDES E em boa hora. Que já vai tarde 2004, despedindo-se assustado com o planeta Terra furibundo, a estremecer placas tectônicas, rachando entranhas e devastando litorais com maremotos gigantescos, sem esquecer dos seus estúpidos e igualmente furibundos habitantes a se trucidarem em nome de Deus e da democracia. Mas nem tudo foi ruim em 2004. A literatura maranhense, em especial a poesia, ganhou fôlego e força na produção escrita de grandes poetas. Tivemos o Poema da lagoa de José Chagas, que “oitentou” para gáudio de todos nós; Eterno Passageiro, de Ronaldo Costa Fernandes e Pão maligno com miolo de rosas, de Nauro Machado - dos que me chegaram às mãos no último trimestre do ano. Sobre Chagas, cantor maior da nossa cidade, já manifestei toda a minha admiração e apreço em outra crônica. Vamos então falar de Nauro e Ronaldo. Nauro Machado, neste Pão maligno com miolo de rosas, reingressa na vertente do poema-rio, gênero matriz de excelentes composições em língua portuguesa. Nele, navegam belamente Sousândrade, com O Guesa, José Chagas, com Os canhões do silêncio, Ferreira Gullar, com o seu Poema sujo - só para lembrar alguns maranhenses. Em Pão maligno..., o poema-rio se desdobra em vários poemas, embora mantenha o ritmo e a temática central, observa-se que vários temas são aqui inseridos além do canto à cidade natal: estão presentes o desamparo, a visão do desconcerto do mundo, a cosmovisão do horror da vida (e aí estão as imagens degradadas que Bakhtin, apontou ao fazer a análise da carnavalização em Rabelais, alertando para o uso do escatológico como forma de subverter a hierarquia social. O escatológico, nos dois sentidos – fim dos tempos e imagens de excrementos ou ligadas ao baixo ventre –, em Nauro, contudo, não tem a conformação que tem no riso medieval, mas é uma forma de clamor contra tudo o que é contrário ao humano. Fábio Lucas notou o uso dos vocativos desesperados na poesia de Nauro. Acrescentaria o uso das interrogações sem resposta, ora em tom de denúncia contra a desumanização, ora como perguntas ontológicas, numa retórica de um beco sem saída. Veja-se estes versos numa evocação de perda (p. 78): Em que terra tu te arrastas, sem que nelas não mais pises? Onde estás, imagem casta, em que vermes-meretrizes?” Poesia sempre densa, rebelde e de exímio versejador, Nauro é o mestre que Ronaldo Costa Fernandes, em outro livro publicado nesta safra de fim de ano, o seguro e belo Eterno Passageiro (Ed. Varanda), reverencia e, ao mesmo tempo, dá sinal de sua poética: compara a poesia de Nauro a um “búfalo não domado”. Este talvez seja o livro de poemas mais maduro de Ronaldo. Ali estão presentes as constantes de sua poesia: desterro da condição humana, perplexidade frente aos desafios também ontológicos, desconstrução das frases feitas, o inusitado da composição sujeito e adjetivo, a inversão e surpresa dos versos e o antilirismo na busca de uma expressão poética mais adequada aos nossos tempos. Não sem ironia, envereda por uma sonoridade que está além das rimas. Um verso que, aparentemente descompromissado, esconde rigorosa construção. Embora dialogando com a cultura erudita, Ronaldo faz uma poesia sem hermetismos ou senhas, despojada, diferenciada da


grande maioria hoje praticada. Uma força verbal extraordinária que já encantou Lêdo Ivo, Affonso Ávila, Marco Lucchesi e outros. Cito o Poema sobre Pás: As pás do ventilador nunca se alcançam eternamente perseguindo a pá que segue e fugindo da pá que lhe persegue. Estou no mundo entre duas pás a pá de espírito que nunca alcanço e fugindo da pá de cal que me quer dar descanso. Graças a Deus, a poesia resiste e se sobrepõe. Nem tudo está perdido. Esperemos que em 2005 o estro dos nossos poetas não esmoreça e tenhamos mais da bela poesia, a nos proteger da desumanização. Poematizar é preciso.


SÃO LUÍS na POESIA ENTRE A PROVÍNCIA MEMORIAL E A CIDADE-MUNDO ANTONIO AÍLTON

Nós nos acostumamos a “ler” a cidade, ou as cidades, nos escritos poéticos, como cenários pop, punk-urbanos, tecnológicos, darks, paisagens de consumo ou escrituras da periferia. E é claro que estes são, digamos assim, lugares-comuns de sua representação e de seu reconhecimento. Fazem parte do desejo de controle e universalidade que o território urbano possui, como um redemoinho, que a tudo arrasta para si.

Praça Deodoro Sombra errática, sem lenitivo, farrapo humano, despercebido agônico, pisei infinitas vezes o teu chão coletivo, de tantos corações mecânicos. Vejo-te agora, depois de tantas viagens, a mesma velha Praça, e de lembranças choro, porque nada vi, em outras paragens, o que em ti deixei, Praça Deodoro.

Mas, se compararmos cidades brasileiras como São Paulo, Brasília, Teresina e Recife, Salvador ou São Luís, para ficarmos apenas nestas, vemos que elas podem ter Quando emudecerem todos os glóbulos imensas diferenças. Em concepção, estrutura, de minha fétida carne, e o Jornal Pequeno espaços, temporalidades. As cidades, mesmo berrar na primeira página que eu morri, em sua dimensão urbana, não compõem, em sua maioria, hiper-realidades futuristas. E isso partindo sem o imortal fardão da academia, também devemos entender como possibilidades o povo há de cantar a minha poesia de convivência de múltiplas realidades em um em teus bancos, plantar-me estátua em ti. mundo contemporâneo. São realidades que não devem ser rechaçadas ou abominadas em nome (Para o poeta Nauro Machado) da atualidade, de uma afirmação dessa atualidade presentista, nem já futurista. Devem, sim, ser compreendidas.

[Alex Brasil. Razões do Corações. Ed. do autor,

Já não vivemos em supostas vanguardas que precisam rasgar qualquer memória que vier da 2000, p. 103] tradição para autoafirmar-se como movimento e iconoclastia, tudo precisa ser ponderado e considerado. Em contraste com a representação da metrópole ou da megalópole contemporânea, a maioria das cidades brasileiras fazem parte de um processo histórico de povoamento, construção e formação. Muitas de nossas cidades têm um forte passado colonial e arquitetônico, balizado noutro sentido, o da permanência e da memória social materializadas em casarões que deixam vazar os séculos através de suas janelas, dos seus becos e suas ruas estreitas, das arcadas de pedra e ferro, da iluminação crepuscular sobre os telhados, do calçamento do anoitecer, de uma natureza simbólica insinuante. São caracteres e entranhas de um espaço que naturalmente irá comunicar-se de algum modo com a alma daqueles que o vivem, percebem, sentem – e que o escrevem. É o caso da cidade de São Luís do Maranhão, uma cidade entre lugares, entre geografias e, portanto, entre sensibilidades diferentes, que vão do sentimento da província à cidade-mundo. Algumas das mais contundentes apresentações do espaço de São Luís estão, sem dúvida, na prosa. São vários os romances que se utilizam da cidade de São Luís, principalmente da velha cidade histórica, com seus sobrados e janelões, ruas históricas, largos e igrejas, na composição de seu enredo. É notório, por exemplo, que as tramas de Josué Montelo são também dramas do lugar, de pertencimentos. Havemos de lembrar não apenas do extraordinário Os tambores de São Luís (1975), mas ainda de Os degraus do paraíso (1965), de Cais da Sagração (1971) e de Largo do Desterro (1981), bem como de tantos outros de seus títulos cujo espaço narrativo irrevogável é a antiga São Luís.


Desde o século XIX, na verdade, o meio e a paisagem ludovicense já se fazia presente de modo determinante e até arquetípico, por exemplo, no livro O Mulato, de Aluízio Azevedo, publicado em 1881. Para dar encaminhamento a toda a história, começa o autor pela carregada descrição da cidade: Era um dia abafadiço e aborrecido. A pobre cidade de São Luís do Maranhão parecia entorpecida pelo calor. Quase que se não podia sair à rua: as pedras escaldavam; as vidraças e os lampiões faiscavam ao sol como enormes diamantes, as paredes tinham reverberações de prata polida; as folhas das árvores nem se mexiam; as carroças d’água passavam ruidosamente a todo o instante, abalando os prédios; e os aguadeiros, em mangas de camisa e pernas arregaçadas, invadiam sem-cerimônia as casas para encher as banheiras e os potes. Em certos pontos não se encontrava viva alma na rua; tudo estava concentrado, adormecido (...)i. São Luís nas paisagens poéticas São Luís pode ser vista como uma cidade lírica, não apenas porque possa se orgulhar de um número significativo de grandes vates, mas porque grandes poetas foram ou são tocados sensivelmente pelo corpo secular de suas paisagens construídas e seus estuários, por sua condição histórica e simbólica, e empreenderam a construção de sua sensibilidade através de sua voz poética. Uma pena, sem dúvida, é que não se haja ainda compreendido essa importância e todas as suas potencialidades. Já na segunda metade do século XIX a cidade aparece efetivamente como paisagem poética, ou seja, como um espaço vivenciado, sentido e configurado poeticamente pelo sujeito lírico, apesar de que o período lançava seu olhar principalmente para a natureza, em seu sentido selvagem e arrebatador. Da cidade provincial, são suas áreas amplas, os “flancos do oceano”, os quintais da infância, laranjeiras, mangueiras, como parece aludir Sousândrade, nas paisagens internas de seu Harpas Selvagens (1857). Mas Inácio Xavier de Carvalho, em seus Frutos Selvagens (1894), já escreve no poema O sino de São Pantaleão: Em minha terra, o sino mais sentido, o mais triste de todo o Maranhão, é o grande sino, há muito erguido da velha e secular São Pantaleão...ii O poema prossegue, e, nele, o sino acaba personificando uma subjetividade lamentosa e soluçante, que dobra pelos entes partidos, num cenário lacerante de uma cidade que já nasce antiga, secular. É o registro de um exemplo. É, porém, a partir do nosso tardio modernismo, com escritores como Bandeira Tribuzi (1927-1977), Odylo Costa, filho (1914-1979), Nauro Machado (19352015), José Maria Nascimento (1940) e, principalmente, José Chagas (1925-2014), Ferreira Gullar (1930-2016) e Arlete Nogueira da Cruz (1936), que a cidade, com seus aspectos, edificações, ruínas e vivências, ganha força temática, simbólica e como motivo literário em si mesmo, no horizonte de uma experiência temporal, contemplativa e social. Podemos dizer que uma abordagem lírico-memorial de São Luís chega a solidificar-se aos poucos e constituir-se numa linha temática frequentada por vários autores. Tal linha poética vai constituir-se muito provavelmente, não somente influenciada pela historicidade e pela própria arcada do tempo incrustada nos casarões, seus azulejos e telhados, dando-lhes ar imemorial, mas também pela confluência de olhares que chegam ou retornam à


cidade, tais como o de Chagas e Tribuzi, e até mesmo o do piauiense H. Dobal (1927-2008). Este, embora tendo seu chão efetivo em Teresina e Campo Maior, em A cidade substituída (1978) mergulha na paisagem ludovicense e sua evocaçãoiii – talvez por influência de Odylo, com quem tinha proximidade, ou do próprio Chagas, o maior cantor da velha Cidade dos Azulejos os e de seus velhos bairros, em todos os tempos. Não podemos desprezar também o fato de que várias questões estiveram sempre em pauta sobre o patrimônio arquitetônico de São Luís, revitalizações, e tombamentos também vinham sendo pensadas no período, 1955, 1978, 1986 e 1997iv. E isso tudo pode ter fluxos comunicantes com olhar dos autores, numa possível contribuição com a percepção em relação a essa paisagem, a qual por sua vez já era extensão da própria casa, da flanêurie poética costumeira no território boêmio da Praia Grande e adjacências, e das suas próprias experiências espaçotemporais dos seus bardos. Devemos ter sempre em mente, também, em relação a essa linha que toca uma lírica memorial do lugar, especificamente no caso do Maranhão e do espaço antigo de sua Capital, é que o centro dessa poesia nem sempre é realmente “o” lugar, ou sua realidade. O lugar, a cidade, surgem muitas vezes como componente fundamental das espessuras e das experiências convocadas na configuração do poema ou da obra, cuja diretriz tem como centro, na verdade, questões relacionadas à condição humana, à existência, ao ser e ao tempo, à vida – e, com ela, os espaços de vivência (relacionados ao estar no mundo, ao contexto) ou de experiência (travessias marcantes das realidades e situações vividas, com seus padecimentos, disposições, afetos e afecções significativas e pessoais, e que nos faz chamar alguém de “experiente”) v, prerrogativas do fazer poético. Pois bem, não podendo falar de todos os que merecem, mais detidamente, nem de maneira profunda, pela necessária brevidade deste texto, traremos uma pequena mostra dessa poética. É com os grandes autores do nosso modernismo que a cidade entra de modo veemente na obra dos autores. Em Bandeira Tribuzi, encontramos a tensão entre a cidade platônica (o poeta e seu lugar na polis, o qual Tribuzi assumirá como poeta-economista-planejador sensível) e a imagem utópica da terra em sua poética de liberdade pelo amor e pela canção: “Ó minha cidade,/deixa-me viver,/que eu quero aprender/tua poesia... A enfrentar martírios, lágrimas e açoites/, que floriram claros sóis da liberdade” – lemos e ouvimos Louvação a São Luís, hino oficial da cidade. Ele também pinta os cenários do passado, dando o tom de um lirismo saudoso e da vida cotidiana e social: “Neste velho sobrado quantas/ meninas houve, noite alta, escutando rimas e modinhas/ no lirismo das serenatas/(velhas mucamas vigiando/ a ira do senhor da casa)[...]” (O Sobradovi). Ou ainda: “Ao longo da rua o pregão se expande,/ A voz do menino, musical, soluça/ Perdida na chuva, cujo som invade/ A tarde suave como suave música.[...]” (O pequeno vendedorvii) Em volume de poemas e obras, porém, é muito provavelmente José Chagas o poeta que mais se dedicou à cidade de São Luís e com ela imbricou o seu poetar, de tal modo que o difícil é, na verdade, encontrar alguma obra na qual não haja essa presença ou sua evocação.


Chagas veio do sertão da Paraíba, filho de lavradores de Piancó, passando pelo Vale do Mearim, Maranhão, porém, como diz o prefaciador do maior canto poético sobre São Luís até agora, Sebastião Moreira Duarte, é “a velha cidade colonial que lhe dará a pedra de definitivo encantamento, com que ele [Chagas] haveria de erigir quase que a totalidade do seu monumento poético”viii. O poeta paraibano-maranhense já traz em sua escrita a memória das formas cancioneiras populares, com suas redondilhas e seus arcaísmos, e com esta base, somada à erudição literária, histórica e filosófica, construirá seu monumental Os Canhões do silêncio, livro com o qual, em 1978, recebeu o prêmio no Concurso Literário Bandeira Tribuzi, promovido pela Sociedade de Melhoramentos e Urbanismo da Capital [São Luis], tendo a primeira edição em 1979.

Os Canhões do Silêncio (Fragmentos) Os telhados estão leves sobre as coisas a verdade está limpa sobre os telhados e uma janela espia esta verdade até onde ela entorna em azul o seu teor de mistério [...] São Luís se mostra à vida para quem queira ou não queira, como coisa consumida em luz, em glória, em poeira. E nunca se mostra igual, nem é só uma, são três: mistura de Portugal

O poeta José Chagas dedicou ainda grandes 1 e Holanda, em sonho francês. obras à cidade, tomadas em geral sobre a dominante do ser e do tempo, em intensas reflexões, sob o (des)amparo do silêncio, da ruína e da solidão. É o que poderemos encontrar em obras como Os (José Chagas) telhados (1965), Maré memória (1973), e uma bela crítica sobre os bairros de São Luís, que o poeta faz através dos versos cadenciados de Apanhados do Chão (1994). Ele ainda faria um grande livro, desta vez com grande repertório de sonetos, num barroquismo ácido e denunciante, com o seu Os azulejos do tempo (1999) Para o poeta Nauro Machado, esse mesmo espaço é o espaço da distopia entre o sujeito e o lugar. Ele já mostra a cidade não como acolhedora e receptiva do poeta, mas descambando para um caráter sombrio e infernal. A cidade é “mãe, madrasta e meretriz” parindo por vezes o abominável. Em sua poética, mostra a imagem de um mundo totalitário, de opressão contumaz, onde o poeta sofre masmorras de injustiça, às quais esmurra com sua palavra visceral. É uma poética que brada com força e pode lançar sua ira sobre o lugar, na sua condição de visão perene e ultrapassagem: “Ó terra má, flor de antraz, mãe madrasta e meretriz, dando à minha alma sem paz o que eu tenho e nunca quis, no corpo que ainda em mim jaz pisando o chão de São Luís”ix Importante lembrarmos que haverá um momento, um ponto de reconciliação entre a cidade e seu vate, pois ele mesmo entranhou-se na cidade que o encarna, e a cidade, pela altitude do poeta, acaba por baixar seus flancos, podendo hoje acrescentar aos seus epítetos honrosos o de Cidade de Nauro. Já Ferreira Gullar torna essa polis a recordação originária para o corpo emocional-político que se inscreve como intimidade revolucionária, poesia de bandeira histórica, aliando o imaginário, a emotividade e a sensibilidade ao corpo histórico, de luta, engajado no social. Assim o corpo está, portanto, atravessado pela cidade como reminiscência habitada e como referencial, cujo ponto máximo parece ser o bastante conhecido Poema Sujo (1975). Assim sintetiza o poema: “O homem está na cidade/ como uma coisa está em outra/ e a cidade está no homem/ que está em outra cidade/ (...) a cidade não está no homem/ do mesmo modo que em suas/ quitandas praças e ruas”x. Numa pequena mostra da poesia mais recente que toma em si a cidade ou nela viram visagem, temos as seguintes obras: A litania da velha, de Arlete Nogueira, a mais importante de


todas, inclusive já adaptada, em 1999, para um curta. É um poema litânico-simbólico, em que a protagonista representa a própria cidade escareada de São Luís. Continuando: meu poema em prosa, percurso descritivo-reflexivo-telúrico Imagine se Ponge vem beber na Praia Grande, publicado em Os dias perambulado & outros tortos girassóis (2008); o poema-livro No meio da tarde lenta (2012), de Ricardo Leão; Ilha do Amor: tratado do amor natural (2013), de Alberico Carneiro; O futuro tem o coração antigo (2014), belo poema-ensaio de Celso Borges, acompanhado de fotografias dos alunos do Curso Técnico em Artes Visuais do IFMA, e que marca um reencontro do poeta com a cidade; o visceral Éguas! (2017), de Dyl Pires; o extraordinário A Ilha Naufragada ou canção dos insulados (2018), de Natan Campos, o poema Concerto para São Luís, do livro a desordem das coisas naturais (2019), de Bioque Mesito, e muitos outros, antológicos, que inclusive expandem a cidade para muito além do espaço provincial, dos seus becos e crepúsculos. Além disso, são inúmeros os trabalhos poéticos que continuam a dar voz a esta cidade-ilha secular e a personalidades que com ela já se identificam, como é o caso daquela ternura imorredoura com a qual ficamos, inscrita no referido poema Praça Deodoro, de Alex Brasil, representativa daquele que escreve, dos bardos que compõem o Panteão, e da poeti-cidade que vivenciamos.


ONDE ANDARÁ LIDONEZA CERES COSTA FERNANDES Lidoneza (nome fictício), da mesma idade que eu, quatro anos ou talvez meses mais nova, meiga e bonita, cabelos, negros, lisos e curtos, pele alva e rosada e jeito tímido. Chegou a minha casa pela mão da Justiça, no caso meu pai, à época, juiz de direito de Barra do Corda. Veio morar temporariamente conosco. O motivo era bem triste: abandonada pela mãe, que foi cuidar de sua vida, vivia só com o pai, desempregado e que, constantemente, se embriagava. O pobre homem a amava, mas quando bebia, deixava a menina só em casa, às vezes, por dias. Recebida a denúncia dos vizinhos, meu pai retirou-lhe a custódia da filha. Guardo o quadro doloroso do pobre homem a implorar que não lha tirassem, prometendo regenerar-se. Meu pai deu-lhe a sentença, parasse de beber e arranjasse um emprego; a menina lhe seria devolvida. Antes, não. Sem entender, me angustiava o porquê de meu pai ter que tomar decisões como essa de separar pai e filha. Enchia-me de perplexidade aquele poder quase divino sobre vidas alheias. E, do alto dos meus quatro anos, achei que papai agira errado. Súbito, essa lembrança, após tantos anos, deu-se no lançamento de um livro do meu amigo e confrade da Academia Maranhense de Letras, o desembargador Lourival Serejo, autor de vasta bibliografia, livros de crônicas, contos e poemas. Nessa ocasião, lançava ele mais um livro, creio que o quarto, da sua seara jurídica. Formação do juiz- anotações de uma experiência, escrito em notas cronológicas, registradas desde sua posse, em 1981. Ali comparece o juiz, sempre preocupado com o acerto no desempenho de sua profissão. Essas anotações são destacadas pelo seu prefaciador, o Desembargador Federal Leomar Amorim, como “um código de ética para quem é e quem queira ser magistrado”. O lançamento ocorreu no salão nobre do Tribunal de Justiça, terreno palmilhado, muitas vezes, por mim no passado. Enquanto permanecia na fila à espera do autógrafo, passei a folhear o livro, atraiu a minha atenção a anotação datada de 20 de outubro de 1995: “Pela segunda vez, volto a ocupar com exclusividade uma vara de família [...] um juiz de família deve possuir muita maturidade, sensibilidade e conhecimento para lidar com os sofrimentos e lágrimas das pessoas que por ali passam.” Mais adiante, no dia 19 de dezembro de 1995, Serejo reforça: “Fiquei hoje bastante consternado, por ter decidido a guarda de um menor. Os choros e reações deixaram-me indeciso sobre o acerto da minha decisão.” E no ambiente familiar do Tribunal, ainda na fila de autógrafos, minha mente volta à história de Lidoneza. A chegada da menina encantou minha mãe. Uma menina comportada e dócil, em quem ela podia experimentar vestidinhos e penteados. Alguém que passava horas brincando com bonecas, sentadinha no chão e ainda era carinhosa, era certamente um presente. Tão diferente da filha avoada que vivia despenteada a correr pela rua, acompanhada da molecada, com braços e pernas escalavrados pelas quedas. No começo, fiquei emburrada, que fazia aquela estranha ocupando meu lugar? Que diabo de cabelo era aquele tão lisinho e brilhoso e que não desmanchava um fio? E como ela podia passar o dia todo sem se desarrumar? Pensei em dar-lhe uns petelecos, mas ela não aceitava provocações, me desarmava sempre com um sorriso doce. E se eu a oferecesse para os índios, que me atemorizavam e viviam em visita ao meu pai? Eles não levaram a “infeliz Perpetinha”? Porque não levariam a enjoadinha Lidoneza? Desisti, enfim, era bom ter alguém para se ocupar daquelas bonecas sem graça e vestir os terríveis vestidos de organdi bordado, pinicando no pescoço, que minha mãe engendrava. Ao fim e ao cabo, acabei gostando dela, mais ainda, quando percebi que entre eu e meu pai as coisas não haviam mudado. Eu é que andava na garupa do cavalo dele, viajava nas canoas e bebia gema de ovo cru, quebrado na borda do barco, quando das viagens de rio.


Um belo dia, sempre há um belo dia, o pai de Lidoneza voltou, livre do vício, com emprego fixo, para buscar a menina. Meu pai a entregou. O choro então foi meu e de mamãe, novamente meu pai teve que julgar uma separação familiar. Andamos por outras comarcas e, anos depois, já em São Luís, a reencontramos. Ela então era uma mocinha, por volta dos doze anos. Fez-nos uma visita, continuava bonita e meiga e estudava no Colégio São Vicente de Paula. O pai não voltara a beber e tinha emprego fixo. Enfim, há histórias com desfechos felizes. Houve talvez mais umas duas visitas e depois, com a doença de meu pai e seu falecimento, minha mãe se mudou para o Rio de Janeiro e perdeu o contato com Lidoneza. Nunca mais soubemos dela. E naquele Salão Nobre, perdida em recordações, me indago o que terá acontecido com aquela que compartilhei um pedaço da minha infância, será mãe, será avó, ainda vive? Por onde andará Lidoneza?


SEU CORONA. ESSE É O CARA. AYMORÉ ALVIM AMM, ALL, APLAC. Agora não adianta especular de onde ele veio. O certo é que ele está aí e botando uma banca danada. Não está livrando ninguém, tampouco sistemas, estruturas, nada. Costuma atacar o que o homem tem de mais precioso: a vida, a saúde e a liberdade. Tem preferência por idosos, geralmente, portadores de outras doenças e por pessoas comprometidas imunologicamente. Eu disse preferência porque ele não tem consideração por faixa etária alguma. Mas, pelo que se tem notado, seu Corona demonstra certa simpatia pelas elites. Dizem que tem costume em deixar os menos favorecidos por último, talvez para dar tempo deles se prepararem. Devido a tudo isto, há lugares em que está comprometendo bastante o sistema de saúde podendo até leva-lo a colapso. Impôs paralização, nas estruturas escolares, comerciais, produtoras e de mobilidade urbana, interestadual até mesmo internacional. Não quer ninguém nas ruas, nas praças, nas praias, nos bares, restaurantes, cinemas, praças esportivas, nada. Gosta de ver os hospitais cheios e as funerárias trabalhando a todo vapor. É isso ou ficar em casa. Toque de recolher 24 horas por dia. É o tal do isolamento horizontal. Ocorre que alguns ilustres mandatários resolveram peitar o sujeito. Inventaram um tal de isolamento vertical. Em casa somente certos grupos. Não deu outra. Quando o cara soube a rebordosa desceu pesada. Desculpas? Agora não adianta, o estrago já foi feito. É como dizem: manda quem pode, obedece quem tem juízo. Portanto, minha gente, é ficar em casa e pronto. O sujeito é tinhoso. E, assim, ele impôs o afastamento de colegas, amigos, parentes. Semana passada, estava em um supermercado local, guardando todos os cuidados de prevenção, quando vi um senhor se aproximar do outro que estava na fila do caixa. - Meu amigo, há quanto tempo! Como vais. - Fica daí mesmo. Eu estou muito bem. O que é isso, rapaz? - Essa distância está muito boa. Não te aproxima. Mais adiante, estava próximo a uma das gôndolas e a certa distância estava uma senhora e um senhor um tanto separados. A certa altura, a mulher espirrou. O homem deu um pulo para tráz... - Vá pra lá. Cruz credo. A senhora me olhou encabulada... - Que coisa! Não se diz mais saúde. Esse mundo está ficando louco. - Ah, minha senhora, é seu Corona. E fui saindo de mansinho. Mas, é como diz um adágio português: Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe. Podemos aplicar esse adágio a seu Corona? Em parte, sim. Um dia ele vai embora, mesmo deixando um estrago danado. Mas, podemos lhe atribuir outro: Creio que mais oportuno: Nem todo mal é mau que não possa trazer algum bem. - Que bem se pode esperar de um sujeito desse!


- Calma. Vamos com calma. - O isolamento imposto por seu Corona fez as pessoas voltarem a dar valor à família (pai, mãe e filhos) até então agredida por todos os lados pela modernidade. Os pais que não tinham tempo de conversar com os filhos, agora têm a vontade. Esta semana um amigo me telefonou: Meu amigo, hoje fiquei com vergonha de mim mesmo. Cheguei à sala e disse à minha filha, uma garota de 9 anos, que gostaria muito de conversar com ela. Espantada, olhou para o irmão um tanto surpreso e lhe disse: O que deu nele hoje? Então, meu amigo, eu percebi a minha longa e grande omissão de pai. Então lhe disse: Ponto para seu Corona. Um outro me falou. - Dr., há tempos não desfrutava do prazer de almoçar com a minha família. - Outro ponto para seu Corona. Agora fico imaginando quantos, empresários, profissionais, trabalhadores, no limite de uma crise de estresse não têm aproveitado a terapia do isolamento, no seio da família para melhorar. Dois colegas meus que se diziam ateus estavam quinta feira no whats app avisando a benção que o Papa ia dar na sexta, ontem, às 14 horas de Roma. Até muitos que haviam se afastado de Deus, embora envergonhados, estão se chegando. Ah, só mesmo seu Corona. “Então como viram: Nem todo mal é mau que não possa trazer algum bem. Por isso, não saiam de casa. Manda quem pode, obedece quem tem juízo


POESIAS & POETAS


SEIS POEMAS DE RICARDO LEÃO DIVANIZE CARBONIERI127

Ricardo Leão é o nome literário de Ricardo André Ferreira Martins. Nasceu em São Luís do Maranhão, aos 2 de março de 1971. Poeta, ficcionista, ensaísta, professor universitário. É autor dos seguintes livros: Simetria do parto (2000, poesia, Editorial Cone Sul, Prêmio Xerox de Poesia), Tradição e ruptura: a lírica moderna de Nauro Machado (2002, ensaio, SECMA), Primeira lição de física (2009, poesia, SECMA, Prêmio Gonçalves Dias de Poesia), Os dentes alvos de Radamés (2009, 1ª. edição, SECMA, Prêmio Gonçalves Dias de Ficção; 2016, 2ª. edição, Benfazeja), No meio da tarde lenta (2012, poesia, Paco Editorial) e Os atenienses e a invenção do cânone nacional (2011, ensaio, 1ª. edição, Ética, Prêmio de Ensaio da Academia Brasileira de Letras de 2012; 2013, 2ª. edição, Instituto Geia), A plumagem do silêncio (2015, poesia, Nobres Letras), Minimália ou O Jardim das Delícias (2017, poesia, Penalux). Todos os poemas dessa seleção são do último livro. *** NOCAUTE O eterno é oco À carne dos lábios. O eterno é louco Até para os sábios. O eterno é pouco Nos vãos alfarrábios. O eterno é um soco Nos egos inchados. O eterno é o ouro De todos os tolos. *

127 Divanize Carbonieri é doutora em Letras pela Universidade de São Paulo e professora de literaturas de língua inglesa na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). É autora dos livros de poesia "Entraves" ( 2017), agraciado com o Prêmio Mato Grosso de Literatura, "Grande depósito de bugigangas" (2018), selecionado pelo Edital de Fomento à Cultura de Cuiabá/2017, "A ossatura do rinoceronte" (no prelo) e "Furagem" (no prelo), além da coletânea de contos "Passagem estreita" (2019), selecionada pelo Edital Fundo 2019/Cuiabá 300 anos. No Prêmio Off Flip, foi finalista na categoria poesia nas edições de 2018 e 2019, e segunda colocada na categoria conto na edição de 2019. Também foi finalista no 3o Concurso da Editora Lamparina Luminosa em 2016. Atua ainda como tradutora, tendo participado da tradução de "Hind Swaraj: autogoverno da Índia" de Mohandas Gandhi e "100 Grandes poemas da Índia". Integra o Coletivo Literário Maria Taquara, ligado ao Mulherio das Letras MT. divacarbo@hotmail.com. http://ruidomanifesto.org/seis-poemas-de-ricardoleao/?fbclid=IwAR3dsjbEJP3IxEN7LmvK4jrL3AgeW-QwkR02sbNQSCr4uXEThNQihVfBgVs


IMPERATIVO É forçoso que me torne O meu futuro cadáver. Que esteja vivo na morte E que o eterno se lasque. * INDAGAÇÕES No morto a ser futuro Amarrei o meu jumento. Como posso, no escuro, Ver, cego, o pensamento? A sorte deu no muro Do céu que não invento. Este corpo que abjuro Só existe quando penso? No deserto de Arcturo O dia já foi mais lento. Acaso o mundo furto Quando olho por dentro? O nada que capturo Tem o vazio mais tenro. Lá no fim de outubro Ainda existe algum tempo? No centro do absurdo Não existe nenhum centro. O sexo com que plugo O teu sexo, é um membro? No verso mais enxuto Não enxergo o que engendro. O poema finda, estúpido, Sem lenço ou documento. * BUROCRACIA Sem qualquer pressa Termino o ofício. Com a mão destra Assino-o, tímido. A letra atesta Desde o início A fonte incerta Que há no abismo. O nada zeras


Ao fim dos ciclos Quando começas De modo típico. A folha empresta O branco vívido De uma floresta Que não habito. A estulta regra De todo ilícito É o que nos lega O charme e o vício. Não há mais verba Ao meu auspício. O assunto cessa Após escrito. * POSSIBILIDADE O recomeço, talvez, Mas ainda não. Talvez um gesto, Ou mesmo a mão. Talvez o centro, O cetro, o certo. Ou talvez a vez, O crime e as leis. Ou talvez, nem sei. Um reino sem rei. Talvez a resignação Ou o pão. Talvez. * USANÇA Habito o homem Que ainda há em mim Talvez por hábito, Ou por teimosia. E assim persisto No velho empenho De, comigo, sê-lo. Escrevo-lhe cartas Sem selo, rua ou via,


Qualquer endereço. E, às vezes, se durmo Quase que o esqueço. Apenas percebo Que o homem em mim Não tem fim, começo. Mas, irmão ou amigo, Hoje até consigno-o Como companheiro. E quando o inquiro, Certamente o persigo Na raiz do cabelo.


7 POEMAS DE RICARDO LEÃO

DEMETRIOS GALVÃO https://revistaacrobata.com.br/demetrios/poesia/7-poemas-de-ricardoleao/?fbclid=IwAR2oVrcFlnBXcMN6fsgCIEG0jsyFaXrJQWGynJbfkCwAt96-E0LRere0A1E

Ricardo Leão é o nome literário de Ricardo André Ferreira Martins. Nasceu em São Luís do Maranhão, aos 2 de março de 1971. Poeta, ficcionista, ensaísta, professor universitário. É autor dos seguintes livros: Simetria do parto (2000, poesia, Editorial Cone Sul, Prêmio Xerox de Poesia), Tradição e ruptura: a lírica moderna de Nauro Machado (2002, ensaio, SECMA), Primeira lição de física (2009, poesia, SECMA, Prêmio Gonçalves Dias de Poesia), Os dentes alvos de Radamés (2009, 1ª. edição, SECMA, Prêmio Gonçalves Dias de Ficção; 2016, 2ª. edição, Benfazeja), No meio da tarde lenta (2012, poesia, Paco Editorial) e Os atenienses e a invenção do cânone nacional (2011, ensaio, 1ª. edição, Ética, Prêmio de Ensaio da Academia Brasileira de Letras de 2012; 2013, 2ª. edição, Instituto Geia), A plumagem do silêncio (2015, poesia, Nobres Letras), Minimália ou O Jardim das Delícias (2017, poesia, Penalux). Todos os poemas dessa seleção são do livro “Minimália ou O Jardim das Delícias”. SÃO LUÍS, 2015 A cidade é um sabre Que amputa os dedos. Não há a eternidade Entre os azulejos. O mundo é um incêndio Ao fim de outra tarde. Nos lábios do silêncio A carne é puro alarde. OUTRA PAISAGEM POSSÍVEL a Josoaldo Lima Rego Os minérios do poema Convocam-me ao crepúsculo Precisamente às seis horas De um fuso horário maluco.


A tarde mimetizada no arco-íris Zarpa de uma costela de Adão Com a fúria das ninfas à mão. Traço uma rota para os oceanos Onde aves migratórias singram sonhos. Mais uma vez, o maxilar da noite Sucumbe ao peso de uma saudade À beira de uma praia em São Luís Ou Aveiro ou Nova Iorque ou Buenos Aires Onde ergo brindes sonolentos e bambos À solidão e ao abandono dos ossos. O JARDIM DAS DELÍCIAS A sibila das sílabas Queixou-se às palavras Do silêncio das pálpebras. O deserto das ilhas Ferveu o leito das águas, Calou os lábios das cátedras. A sibila das sílabas Olhou ao longe as estrelas Nos jardins da poesia. Cantou um sutra às cítaras, Compôs um verso às letras, E morreu, ao fim do dia. COLHEITA Já não adianta condecorar-me o peito Com estas ínferas palavras. Outrora, quando pressuroso colhi-as, Ainda frescas e cálidas, Oriundas do invisível hálito Da flora da madrugada, Eu as arrancava do solo empapuçado e úmido, Ainda cheio de líquens e húmus, Com suas raízes suculentas, fundas e ásperas. Agora, boreais e ignoradas, As palavras retornam ao silêncio da boca, Feridas de uma morte selvagem e pálida. NOCAUTE O eterno é oco À carne dos lábios. O eterno é louco Até para os sábios. O eterno é pouco Nos vãos alfarrábios.


O eterno é um soco Nos egos inchados. O eterno é o ouro De todos os tolos. IMPERATIVO É forçoso que me torne O meu futuro cadáver. Que esteja vivo na morte E que o eterno se lasque. USANÇA Habito o homem Que ainda há em mim Talvez por hábito, Ou por teimosia. E assim persisto No velho empenho De, comigo, sê-lo. Escrevo-lhe cartas Sem selo, rua ou via, Qualquer endereço. E, ás vezes, se durmo Quase que o esqueço. Apenas percebo Que o homem em mim Não tem fim, começo. Mas, irmão ou amigo, Hoje até consigno-o Como companheiro. E quando o inquiro, Certamente o persigo Na raiz do cabelo.


CINCO POEMAS DE LUIZA CANTANHÊDE - UMA IMENSIDÃO DE BELEZA

Luiza Cantanhêde (Santa Inês-MA,).Reside em Teresina-Piauí. Possui formação em Contabilidade, membro fundadora da Academia Piauiense de Poesia. Membro da Academia Poética Brasileira. Membro da Associação de Jornalistas e escritoras do Brasil, coordenadoria Maranhão.Membro da Sociedade de Cultura latina do Maranhão. Publicou“Palafitas” (poemas, Penalux, 2016) “Amanhã, serei uma flor insana” (poemas, Penalux-2018) e "Pequeno Ensaio amoroso" (Penalux,2019) Recebeu menção honrosa no Prêmio H. Dobal da Academia Piauiense de Letras, e menção honrosa no Prêmio Vicente de Carvalho 2018; no Prêmio "Álvares de Azevedo-2019 ambos da União Brasileira de Escritores-UBE/RJ,recebeu o prêmio "Destaque Nordeste"2019, em Gravatá-PE Tem poema traduzido para o Italiano TRAJETÓRIA 'S Não sei se sou aldeia Ou aldeã Não sei para aonde Meus sonhos fugiram A galope Só sei que renunciei À dadivosa mulher Que vivia cantarolando Em meu peito Prefiro esta Que se despe À contraluz Que bebe do respiro Uma exígua dose De existência AJUDA-ME A ENCONTRAR TEU GRITO Ajuda- me a encontrar o teu grito Tua luz apagada A vertigem de tua língua Inalcançável Ajuda-me a regar tua flor silvestre Nesta orla feita de sol e primavera


Para mim, basta saber que me acolhes Em teu voo migratório. Quantos caminhos Até encontrar em teus olhos Um vestígio de eternidade? Meus pés (trôpegos no tempo) Perdidos, para refazer o caminho. É preciso apagar as pegadas Decodificar a trilha com a luz apagada Olho-me no espelho e minha cara é de deboche, Mas algum rasgo é de ignorância Alguma linha tem algo de Frida E da natureza morta no calo da vida. Não creio nos tons amenos Quando sinto fome.

POLÔNIA Preciso Comportar No peito Os escombros De uma vida Inteira

TREINAMENTO Na barriga Da minha mãe Eu andava pelos Babaçuais do Maranhão Não sabia ainda A função do Machado O coco aberto e ferido O azeite Depois conheci A fome e a lâmina.

LAMBARIS Trago comigo Estas dúvidas Suspensas Sobre as águas As poucas certezas Que tenho se escondem Do anzol Na lama


4 POEMAS DE FRANCISCO TRIBUZI CARVALHO JUNIOR

Francisco Tribuzi (São Luís/MA, 24 de janeiro de 1953). Poeta brasileiro. Autor do livro Verbo Verde (1978), também dos inéditos: Azulejado (poesia), Tempoema (poesia) e Sob a ponte (contos). Possui publicações em jornais, revistas e antologias, como Hora de Guarnicê, Poetas da Ponte, A Poesia Maranhense no Século XX (org. Assis Brasil) e Atual Poesia do Maranhão (org. Arlete Nogueira Machado). A produção literária de F.T. foi destacada em As Lâmpadas do Sol (ensaio de Carlos Cunha) e Um degrau (revista literária da UFMA). Filho do poeta Bandeira Tribuzi. Prepara uma publicação que reúne seus trabalhos inéditos. DOMINGO Existe um perfume de tristeza nas tardes de domingo. Um ar mórbido, Um silêncio de finados, O badalar dos sinos da igreja da São Pantaleão, acordando o segredo das coisas. Uma sensação de angústia, Um medo repentino, Como se a qualquer hora, por cima dos telhados, banhados pela chuva-lágrima(s) do tempo Uma rasga mortalha desaparecesse o dia.

AUSÊNCIA Por esconderes tua boca Nos grilhões da noite, Quebrei meu beijo no mural de vidro E derramei paixão nas sarjetas do silêncio. Tu te mudaste ontem e já se vão mil luas… Que os lugares comuns parecem ruínas.


Por esconderes tua boca Nos grilhões de vidro, Quebrei meu beijo no mural da noite.

O MUSEU E A PONTE Lá dentro guardam-se histórias… Aqui fora a ponte guarda em segredo os vultos que adentraram as glórias e as memórias dos gestos sem medo. De cada ângulo vista como que a jorrar passado a ponte em si despista o conteúdo sonhado. E o que ela inspira: estética e formosura traduz o belo que delira em gesto e arquitetura.

POEMA LIMITADO PARA O POETA INFINITO (p/ Nauro Machado) A metamorfose da Praia-Grande transformada no que já era dilacera o cego vaga-lume luzindo a inexistente primavera Só ele vaga, soturno decifrando ruas, azulejos deglutindo indormidos desejos do delírio noturno Esta cidade que ele navega porto-verso-embriaguez malditamente o nega embora esteja no que o fez Parido poeta que rume auroras nascidas do vão poeta-profeta-perfume da flor solidão Amamos teu silêncio soluçante, digno: teu grito mudo teu verbo raro, brilhante teu poema é tudo o que nos resta de concreto para a festa do absoluto.


NOVIDADES a maior comunidade acadêmica e de pesquisa em Educação Física, Esportes e Lazer da Internet.

http://cev.org.br/Educação Física no Maranhão  

comunidades quem é quem biblioteca eventos educação sobre o cev contato

Comunidades Ponto de encontro para troca de informações sobre conceitos, livros, congressos e artigos entre pesquisadores, professores e estudantes da área de Educação Física, Esportes e Lazer. Comunidade Participantes Anatomia em Educação Física ANPPEF - Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação Física APEF - Associações de Profissionais em Educação Física Aprendizagem Motora Artes Atividade Física no Programa Saúde na Família Atividade Motora Adaptada Atletismo Avaliação em Educação Física e Esporte Dança Dança e Educação Física: Diálogos Desportos Aquáticos Dirigentes de IES em Educação Física e Esporte Dopagem na Atividade Física e Esportes

Badminton Basquete Biblioteconomia e Ciência da Informação em EF & Esportes Biomecânica Bioquímica do Exercício

Capoeira Ciclismo Corpo e Educação Indígena Corporeidade - Estudos Transdisciplinares Criança

EAD - Educação a Distância Economia Editores de Publicações Científicas Educação Educação Física do Trabalhador & Ergonomia Educação Física e Circo Educação Física e Esporte Educação Física Escolar Educação Física Militar

Educação Física na Paraíba Educação Física no Acre Educação Física no Amapá Educação Física no Amazonas Educação Física no Ceará Educação Física no Distrito Federal Educação Física no Espírito Santo Educação Física no Maranhão

Educação Física no Mato Grosso Educação Física no Mato Grosso do SulEducação Física no Pará Educação Física no Paraná Educação Física no Piauí Educação Física no Rio de Janeiro Educação Física no Rio Grande do Norte Educação Física no Rio Grande do Sul Educación Física en Latinoamerica Gênero e Esporte Genética e Atividade Física Gestão Desportiva Ginástica Ginástica Laboral

Educação Física em Alagoas Educação Física em Goiás Educação Física em Minas Gerais Educação Física em Pernambuco Educação Física em Rondônia Educação Física em Roraima Educação Física em Santa Catarina Educação Física em São Paulo Educação Física em Sergipe Educação Física na Bahia Esporte Escolar Esporte para Todos Esporte Universitário Esportes de Aventura Esportes Diferenciados Esportes Náuticos Esportes Paralímpicos Estudos Olímpicos Ética e Moral no Esporte Handebol História da Educação Física e dos Esportes

Fisiologia do Exercício Fisioterapia Esportiva Fitness e Qualidade de Vida Futebol Futsal Filosofia do Esporte Idoso Instalações Esportivas Legislação Desportiva - CEVLeis Lusofonia Nutrição em Educação Física e Esportes

Rádio CEV Recreação e Lazer Rugby

Jiu-Jitsu Judô Marketing Esportivo Mídia e Esportes Musculação Oftalmologia Esportiva ONGs e Esporte

Sociologia do Esporte Surfe

Karate Lusofonia

Pedagogia do Esporte Políticas Públicas Professores Universitários em EF Psicologia do Esporte Tecnologia no Esporte Tênis Tênis de Mesa Treinamento Desportivo


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Cássio: a Trajetória do Maior Goleiro da História do Corinthians A Selva do Futebol Contrataque! F.c. Fatores Preditivos da Eficácia do Ataque: o Caso da Equipe Campeã Brasileira de Vôlei Feminino Acompanhamento Longitudinal da Atividade Física da Pré-escola à Idade Escolar: o Estudo Elos-pré Qualidade de Vida e Força de Preensão Manual de Pacientes com Hiv Diagnosticados com Neurotoxoplasmose A Utilização de Recursos Audiovisuais em Comunidades Virtuais de Aprendizagem: Potencialidades e Limites Para Comunicação e Construção de Conhecimentos em Rede Mudanças no Desempenho Tático e na Autoeficácia em Jovens Jogadoras de Basquete Que Estratégia de Estimulação os Nadadores de 800m e 1500m Usam? Diferenças Entre Treinamento e Carga de Jogo em Jovens Jogadores de Basquete Efeitos a Curto Prazo do Treinamento Combinado no Desempenho do Time de Basquete Feminino Brasileiro Modelagem do Potencial Esportivo de Jovens Jogadores de Basquete: Uma Análise Preliminar Rendimento do Saque, Lócus de Controle e Coping no Voleibol Gasto na Função Desporto e Lazer Pelos Municípios do Estado de Minas Gerais Avaliação das Variáveis Comportamentais e Habilidades Aquáticas de Autistas Participantes de Um Programa de Natação O Ensino de Dança na Educação Física: Prescrições Históricas e Escolarização A Catira Enquanto Representação da Cultura Corporal Educação Física Escolar, a Dança e o Ballet Clássico: Possíveis Interlocuções à Luz das Relações de Gênero Metodologia de Imersão na Cultura Popular e a Formação de Professores de Educação Física na Universidade Federal do Maranhão. Dialogando: Sistematização de Uma Unidade Didática Para o Ensino do Frevo Editorial: Universidade em Luta em Tempos de Ameaças à Sua Existência. Cultura Popular, Educação Física e Dança. Arquivos em Movimento O Desafio de Romper a Bolha. Revistas Acadêmicas do Brasil Ainda Utilizam Pouco o Facebook Pesquisa Fapesp Os Efeitos da Idade e do Sexo no Nível de Ansiedade de Nadadores de águas Abertas Agora é Minha Vez de Jogar? Percepção de Estudantes Sobre a Utilização dos Exergames na Educação Física Escolar Currículo Escolar e a Busca Por Reconhecimento Lipofobia, Disciplinamento do Corpo e Produção de Valor O Tema da Saúde na Educação Física Escolar em Três Periódicos da Educação Física Brasileira


A Influência do Resultado Momentâneo da Partida na Amplitude e Profundidade da Circulação da Bola em Pequenos Jogos no Futebol Atividades Aquáticas Espontâneas e Processos Proximais Entre Crianças Compreensão e Avaliação de Um Modelo de Classificação do Esporte na Educação Física Escolar Práticas Corporais e Suas Relações com a Saúde Mental Percepções dos Usuários do Caps de Aracati/ce Provocações Entre Currículos e Culturas a Ação do Profissional do Lazer Escalada Indoor Como Possibilidade de Conteúdo Para a Educação Física Escolar Desigualdades Sociodemográficas na Prática de Atividade Física de Lazer e Deslocamento Ativo Para a Escola em Adolescentes: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (pense 2009, 2012 e 2015) O Acesso Aos Espaços Públicos e a Atividade Física em Mulheres Adultas Mexicanas Cadernos de Saúde Pública Caminhabilidade e Envelhecimento Saudável: Uma Proposta de Análise Para Cidades Brasileiras de Pequeno e Médio Porte Cadernos de Saúde Pública O Som da Sua Corrida é Importante! Desenvolvimento Esportivo de Alto Rendimento e o Modelo Constraints-led Approach de Aprendizagem Motora A Aplicação de Técnicas Psicológicas no Desporto Adaptado Avaliação da Aptidão Física, Composição Corporal e Qualidade de Vida de Alunos de Uma Escola Pública As Mulheres no Esporte Brasileiro: Entre os Campos de Enfrentamento e a Jornada Heroica Corona Vírus e Atividade Física Atividade Física Como Estratégia no Processo de Reabilitação Psicossocial de Dependentes Químicos Educação Física e o Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro (bdnf) na Aprendizagem Escolar Comparação dos Efeitos do Treino e do Destreino de Dois Programas de Corrida, Intervalado de Alta Intensidade e Contínuo, Sobre Parâmetros de Risco Cardiometabólico em Homens com Excesso de Peso. Comparação dos Efeitos do Treino e do Destreino. Programa de Educação Tutorial As Atividades Circenses nas Aulas de Educação Física Escolar e a Criança com Múltiplas Deficiências Organização Didático-pedagógica das Aulas de Educação Física na Educação Básica Ginástica e Pedagogia Histórico-crítica Uso de Acelerômetros Para Avaliação dos Níveis de Atividade Física e Gasto Energético em Indivíduos com Lesão da Medula Espinhal Particularidades dos Diferentes Tecidos Adiposos

Expressividade na Arte: Reflexões Sobre o Seu Ensino e Aplicação Dança e Corporeidade: a Expressão de Saberes na Trajetória de Vida de Professores/as Con-vivências na Van: Processos Educativos Emergentes Memorafro: Uma Experiência Lúdica Intercultural na Escola Percepções de Mediadores/as de Fútbol Callejero Sobre a Sistematização da Formação Para a Mediação: do Fútbol Callejero Ao Futebol de Rua Arte-educação e Estética: Uso de Mídias em Um Projeto Socioeducativo Manifestación Dancística: El Coraje Del Norte Chileno Fiesta Religiosa de La Tirana, Desde Sus Actores 2018 Interação Social Entre Estudantes com e Sem Deficiência em Práticas Artísticas e Musicais


Programa Biciudadanía Para Ambientes Escolares: Relato de Experiencia de dos Intervenciones Uma Aproximação Ao Espírito do Método: a Unidade e o Pertencimento Os Ganhos Comportamentais da Inclusão no Clube Desportivo Matchedje

Representações da Capoeira: o Cenário em Escolas de Maringá Tratado da Educação Fysica dos Meninos, Para Uso da Nação Portugueza Jogos Tradicionais Moçambicanos Capoeira: na Volta Que o Munda Dá No Encanto dos Passarinhos: Para Cantar, Tocar e Dançar Danças Tradicionais Moçambicanas Fútbol Callejero no Eixo Sul-sul Dança Livre: a Expressão Criativa do Ser Dança na Escola: o Corpo Que Dança na Formação-ação Se Faz Professor Jogos Infantis do Posto Administrativo Municipal de Napipine-cidade de Nampula Danos de Sal no Heteronormativa: Resistencias em Tempos de Conservadurismo Formação de Professores em Dança na Perspectiva das Relações étnico-raciais e da Educação Intercultural Escolaemcasa de Emergência: Um Guia Prático Educação Física na Educação Infantil: Uma Análise Ao Currículo Desenvolvido Pelas Instituições de Educação Infantil da Cidade da Maxixe A Prática Social do Ativismo Pela Causa Animal: Revisando a Temática

A Constituição Brasileira de 1988 e as Políticas Públicas de Esporte e Lazer Sampaio Corrêa, Uma História Propostas Curriculares Oficiais dos Estados Brasileiros Para o Trabalho com a Educação Física na Escola: Levantamento e Análise do Conteúdo Lutas Análise Iconográfica e Interpretação Iconológica da Educação Física: a Partir da Utilização de Memes Vinculados no Ciberespaço A Vida Num Clique: Corpos Perdidos na Rede Formação de Treinadores(as) Esportivos(as) na Universidade: Análise dos 10 Anos de Bacharelado em Ciências do Esporte da Unicamp Atividades Diversificadas na Educação Física Escolar: Aulas Teóricas e Ginástica Localizada A Inserção do Lian Gong Enquanto Uma Prática Corporal da Medicina Tradicional Chinesa no Município de Camaçari-BA A Educação Física na Saúde Mental e o Conceito de Acontecimento: Relato de Experiência de Uma Oficina de Caminhada A Ludicidade Para as Crianças com Câncer: Contribuições Teórico-metodológicas Durante o Processo de Hospitalização A Influência do Treinamento Resistido Sobre a Força de Mulheres com a da Doença de Parkinson A Eficiência do Treinamento Resistido no Desenvolvimento da Força Manual de Um Indivíduo com Doença de Parkinson

Efetividade do Tiro de Ponta em Função da Distância e Posição da Bola no Futsal Programa Psicomotor Para o Desenvolvimento de Habilidades Matemáticas Através do Uso de Videogame Acessibilidade nas Escolas no Interior de São Paulo: a Visão dos Professores de Educação Física Acompanhamento dos Egressos do Curso de Cultura Física da Universidade de Guadalajara


Fantasia e Realidade Lecturas: Educación Física y Deportes O Futebol e a Gripe Espanhola Divulgação da Ciência do Esporte - o Caso da Mídia Especializada em Corrida de Rua Comunicação e Esporte: Diálogos Possíveis. São Paulo: Intercom, 2007. Guia Didático. Artes Marciais e Esportes de Combate Capacidade Cardiorrespiratória de Pessoas Vivendo com HIV/AIDS Avaliação do Nível de Atividade Física e Qualidade de Vida de Crianças do Ensino Fundamental de Uma Escola Pública no Estado do Tocantins Avaliação da Força em Pacientes com a Doença de Parkinson e Praticantes do Treinamento Resistido Auriculoterapia: Uma Prática Corporal Utilizada Como Meio Para Educação em Saúde e Autocuidado na Atenção Primária a Saúde no Município de Camaçari-BA Atividade Física Planejada e a Qualidade de Vida dos Idosos do Palácio Bolonha, Belém-PA Atividade Física Para Grupos Especiais: Uma Experiencia Interdisciplinar no Observatório da Saúde Atividade Física e Saúde na Educação Física Escolar Atividade Física e Prevenção de Câncer: Além da Duração e Intensidade Atividade Física Pela Atividade Física Não Faz Sentido Associação da Atividade Física e do Comportamento Sedentário, de Forma Independente e Conjugada, com os Componentes da Síndrome Metabólica em Idosos Análise do Nível de Flexibilidade Corporal de Acadêmicos do Curso de Educação Física da Universidade Federal de Alagoas: Uma Comparação Antes e Depois das Aulas de Ginástica Análise do Duplo Produto em Diferentes Protocolos de Treinamento Resistido em Pacientes com Síndrome Metabólica Alongamento Vs. Liberação Miofascial no Ganho de Dorsiflexão de Tornozelo em Corredores Saudáveis: Ensaio Clínico Aleatorizado A Relevância das Atividades Físicas Como Instrumento Para Saúde Mental dos Idosos: Um Relato de Experiência


LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

FRAN PAXECO: recortes & memórias

SÃO LUÍS – MARANHÃO – 2020 PARTE I


FRAN PAXECO: recortes & memórias “Chronica (do latim) é termo que indica narração histórica, ou registro

de fatos comuns, feitos por ordem cronológica; como também é conjunto das notícias ou rumores relativos a determinados assuntos.” (DICIONÁRIO AURÉLIO, 1986, p. 502)

APRESENTAÇÃO Em projeto destinado a recuperar parte da memória da Faculdade de Direito do Maranhão, em comemorações ao seu Centenário de Fundação - e diante das dificuldades para resgatar o início do Curso -, que se deu início ao presente trabalho, de resgate de Fran Paxeco na vida cultural de São Luís do Maranhão, e sua trajetória de vida. Pensei: poderia resgatar os acontecimentos através do que havia sido publicado nos jornais? Comecei a levantar o que havia na Hemeroteca da Biblioteca Nacional 128; Questionou-se sobre o uso de jornais como fonte de pesquisa historiográfica, se válido e/ou aceito pela comunidade acadêmica... Ora, o campo do conhecimento da História tem, nos últimos anos, procurado expandir as fronteiras de suas fontes documentais tradicionais e com isso, o conjunto dos meios de comunicação têm reiteradamente servido como esteio central para muitos trabalhos historiográficos (MENDONÇA, 2015) 129; e que os jornais têm, hoje, relevância como importante fonte para a pesquisa histórica e compreendida como objetos de estudo da própria história (CARDOZO, 2015) 130; porém: [...] é necessário ficar atento aos discursos produzidos neles e por eles, já que estão condicionados por fatores diversos, dentre os quais se sobressaem o político, o econômico e o cultural. Então, a imprensa deve ser analisada à luz do seu tempo histórico e o pesquisador precisa reconhecer as diretrizes que a norteiam. (CARDOZO, 2015) 131 Ao resgatar os fatos que permitiram a fundação, e o consequente funcionamento da Faculdade de Direito do Maranhão, me ative em buscar, na imprensa da época, tão somente os acontecimentos relatados nos jornais, sem uma preocupação de análise histórica – afinal, se trata de memória, haja vista que não se tem registrado aqueles acontecimentos em documentos guardados na instituição sucessora – no caso, a Universidade Federal do Maranhão. A transcrição das reuniões, das convocações, dos editais, das prestações de contas, das aulas, dos discursos, por si só contam uma História; por isso, apresento no formato de crônica. Deixo aos Historiadores e aos Sociólogos a interpretação dos atos e fatos aqui apresentados. Ao estabelecer a metodologia para a pesquisa, me ative à proposta por DaCosta (2005) 132 - que eu, como pesquisador-associado daquele, já utilizara na construção do “Atlas do Esporte no Maranhão” (Vaz, 2014)133.

128

http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/ MENDONÇA, Leandro. In Apresentação. PICCOLO, Mônica; OMRAN, Muna. IMPRENSA, CINEMA E HISTÓRIA: NOVOS OBJETOS E MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO HISTÓRICA. São Luis: EDUEMA, 2015, p. 21-23 130 CARDOZO, Simone Bezerril Guedes. 1808: a ritualização do passado na/pela pauta jornalística. In PICCOLO, Mônica; OMRAN, Muna. IMPRENSA, CINEMA E HISTÓRIA: NOVOS OBJETOS E MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO HISTÓRICA. São Luis: EDUEMA, 2015, p. 43-73, em nota de pé-de-página 131 CARDOZO, 2015, obra citada 132 DaCOSTA, Lamartine Pereira (org).ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de Janeiro: SHAPE, 2005http://www.confef.org.br/arquivos/atlas/atlas.pdf 129


Como no Atlas, aqui se trabalha com marcos históricos134, mas não se faz história135. Oferece-se base para o trabalho de Historiadores, e se constitui num banco de dados 136 com registros a serem interpretados por terceiros, com interesses múltiplos. Terminado o livro sobre a Faculdade de Direito do Maranhão, verificou-se que um personagem teve fundamental importância em todo esse processo, não só da criação da Faculdade de Direito, mas também, logo após, o da Faculdade de Farmácia e Odontologia – as duas primeiras instituições de ensino superior implantadas no Maranhão... A se resgatar essa História/Memória, tem-se em Fran Paxeco um dos principais personagens – se não o principal – pela posição que ocupava na sociedade de então... Para todos os lugares, movimentos e intervenções que olharmos, surge esse setubalense como figura central: desde o ressuscitar de uma literatura herdeira daquele Grupo Maranhense, ao seu envolvimento com o ensino das camadas populares até o superior, de uma preocupação com a infância, com as relações comerciais entre o Brasil e Portugal... A Academia Ludovicense de Letras, sob nova gestão, resolveu recuperar o ‘bonde da história’, e me pede que fale sobre Fran Paxeco, meu Patrono naquele sodalício, em projeto que se iniciava, resgatando os grandes vultos da literatura ludovicense. Dado ser declarado este como ano de Graça Aranha, sem deixar de resgatar outros vultos, importantes para a Cultura ludovicense/maranhense... Fran Paxeco, pela sua contribuição, e pelo fato de ser este o ano do Centenário de fundação da Faculdade de Direito, foi então lembrado e proferida palestra no dia 19 de maio de 2018, na AMEI – Associação Maranhense dos Escritores Independentes – (VAZ, 2018) 137. Após, e devido à repercussão nos meios acadêmicos, resolvi reescrever aquela palestra, no formato de crônica, entendida como: “[...] termo que indica narração histórica, ou registro de fatos comuns, feitos por ordem cronológica; como também é conjunto das notícias ou rumores relativos a determinados assuntos.” (DICIONÁRIO AURÉLIO, 1986)138. O esforço direciona-se no sentido de levantar e integrar os vários dados a respeito de FRAN PAXECO recompondo a sua trajetória, através de um acervo constituído de documentos que contribuem para restaurar, em parte, procedimentos e ocorrências ou fatos institucionais, produtos de uma parcela do mundo acadêmico. Ao se buscar os lugares da memória, entendo que podem ser considerados como movimentos que têm por função evitar que o presente se transforme num processo do esquecimento e da perda de identidades. Costa (2007)139 utiliza-se de Nora (1993) 140, para se referir às atribuições dos lugares de memória: museus, arquivos, coleções, centros de documentação, biblioteca: [...] não existe memória espontânea, ressalta, ainda, a necessidade dos homens de alimentarem a história com os resquícios do passado, de organizarem e manterem os 133

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO. São Luis: SEDEL, 2014, disponível em http://cev.org.br/biblioteca/atlas-esporte-maranhao/ 134 Memória - registros descritivos e datados; não é diagnóstico nem plano. 135 História - processo de interpretação sob forma de narrativa com base temporal. 136 DaCOSTA, Lamartine Pereira; NOGUEIRA, Heloisa; BISPO, Evlen. PADRÕES PARA A ELABORAÇÃO DOS ATLAS ESTADUAIS, DE REGIÕES E CIDADES, 3ª. Versão. Disponível em www.atlasesportebrasil.org.br, em correspondência pessoal ao autor, em 22 de agosto de 2005 137 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio Vaz. FRAN PAXECO – VIDA E OBRA. Palestra proferida na ALL, dia 19/05/2018, 138 DICIONÁRIO AURÉLIO, 1986, p. 502, citado por BORRALHO, José Henrique de Paula. Literatura e política em A Chronica Parlamentar, de Trajano Galvão de Carvalho. In GALVES, Marcelo Cheche; COSTA, Yuri. O MARANHÃO OITOCENTISTA. Imperatriz: Ética; São Luis: Editoras UEMA, 2009, p. 371-403. 139

COSTA, Márcia Cordeiro. ESQUERDA E FOLHA ACADÊMICA COMPONDO A HISTÓRIA DO ENSINO SUPERIOR DO MARANHÃO: impressos estudantis lugares de memória. Outros Tempos, www.outrostempos.uema.br, ISSN 1808-8031, Vol. 1 esp., 2007, p. 46-63 disponível em https://scholar.google.com.br/scholar?start=20&q=%22faculdade+de+direito+do+maranh%C3%A3o%22+&hl=ptBR&as_sdt=0,5 140 NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História, São Paulo, v.10, n.10, p. 8-13, dez. 1993, citado por COSTA, 2007, p. 46-63.


referidos lugares de memória. Pois, tanto a História como a memória, tem essência comum: são antídotos do esquecimento. Em decorrência disso, são também espaços de poder. Le Goff (2003) 141. Ora, os jornais ocupam um lugar privilegiado como armazenadores e formadores da memória social. A partir dessa ótica, os jornais poderiam ser pensados como construtores de lugares de memória, no sentido dado por Pierre Nora (1993, citado por RIBEIRO, 1966) 142. Mais precisamente seriam eles, se não os lugares de memória, com certeza espaços privilegiados no arquivamento e produção da memória histórica, pois a imprensa, no processo histórico, deixa vestígios, marcas e produtos ao longo da trajetória socioeconômica e cultural da humanidade, sendo: [...] elemento potencial de memória habilitada para ser recuperada como traço distinto de identidades coletivas e individuais, acerca de um passado instituído. Galves (2000) afirma ainda que: [...] um olhar cuidadoso dos jornais pode permitir reconstrução de cenários e de relações de poder imprescindíveis para a compreensão de dinâmicas locais. (GALVES, 2008) 143 Servi-me, assim, de fontes provenientes da imprensa escrita. A cobertura diária dos eventos da(s) cidade(s), por si só, já seria de grande valia ao memorialista/historiador, mas, além disso, soma-se ainda o fato de os jornais serem um dos principais meios pelos quais as pessoas tomaram conhecimento dos fatos relevantes, pois: [...] os historiadores têm fácil acesso – o rádio e a televisão, apesar de terem alcance mais abrangente, ainda permanecem distantes de historiadores, como misteriosos ideogramas que ainda não conseguimos decifrar sua leitura. No entanto, apesar de seu uso massivo, as fontes de imprensa ainda são, por diversas vezes, utilizadas como reconstruções do passado; como excertos de um mundo acontecido, que foram reproduzidos fidedignamente pelos valorosos e isentos jornalistas do período em questão. (DRUMOND, 2016).144 Esse Autor diz que a utilização de fontes de imprensa esteja declinando dentro do campo acadêmico da História, ela ainda pode ser encontrada com frequência em trabalhos ditos acadêmicos, e por vezes aparecem em propostas de artigos. Trabalhos interessantes se fragilizam devido ao uso inadequado de fontes históricas. Considera que duas variáveis, mas não únicas, devem ser levadas em consideração ao trabalharmos com fontes jornalísticas: seus silêncios e seus olhares: Por “silêncios“, me refiro a fatos não mencionados, esquecidos ou escondidos das páginas dos jornais, e por “olhares“, entende-se os diferentes pontos de vista e as posições defendidas e/ou advogadas pelos meios de imprensa.145

141

142

LE GOFF, Jacques. Documento e monumento. In: _____. História e memória. 5. ed. São Paulo: UNICAMP, 2003, p.535-553, citado por COSTA, Márcia Cordeiro, obra citada.

RIBEIRO, A. P. G. A história do seu tempo: a imprensa e a produção do sentido histórico. Rio de Janeiro, Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1996, citado por COSTA, Márcia Cordeiro, obra citada. 143 GALVES, M. C. Jornais e políticos no município de Avaré. São Paulo: UNESP, 2000, citado por COSTA, Márcia Cordeiro, obra citada. 144 DRUMOND, Maurício.Silêncios e Olhares: algumas observações sobre o uso da imprensa como fonte na História do Esporte, BLOG HISTÓRIA(S) DO SPORTE, publicado em 20/12/2016, disponível em https://historiadoesporte.wordpress.com/2016/12/20/silencios-e-olhares-lgumas-observacoes-sobre-o-uso-daimprensa-como-fonte-na-historia-do-esporte/, acessado em 20 de dezembro de 2016. 145 Destaques do Autor


Assim, ao se utilizar desta fonte – primária – devem-se levar em conta todos os periódicos disponíveis para consulta; utilizei-me da Hemeroteca da Biblioteca Nacional146. Encontrou-se, nos períodos pesquisados: Termo de busca: Manoel Francisco Pacheco – 1890-1899, não foi encontrado nenhuma referencia; ao se utilizar de ‘Fran Paxeco”, encontrou-se147: Nome

Descrição

Páginas

Ocorrências

306223

O Pará (PA) - 1897 a 1900

2949

32

763659

Diario de Noticias (RJ) - 1881 a 1898

16669

13

223573

A Federação : Orgão do Partido Republicano Federal (AM) - 1895 a 1900

1984

6

819611

Revista do Brazil (SP) - 1897 a 1899

709

5

301337

Commercio do Amazonas (AM) - 1870 a 1912

2245

3

364568_08

Jornal do Commercio (RJ) - 1890 a 1899

34586

3

720011

Diario do Maranhão (MA) - 1855 a 1911

45118

3

103730_03

Gazeta de Noticias (RJ) - 1890 a 1899

21131

2

226688

Gazeta da Tarde (RJ) - 1880 a 1901

18859

2

705110

Jornal de Recife (PE) - 1858 a 1938

124859

2

178691_02

O Paiz (RJ) - 1890 a 1899

24297

1

227900

O Commercio de São Paulo (SP) - 1893 a 1909

24271

1

304808

Gazeta de Petropolis (RJ) - 1892 a 1904

6730

1

830380

A Noticia (RJ) - 1894 a 1916

25255

1

No período seguinte, 1900-1909148, encontrou-se: Nome

Descrição

Páginas

Ocorrências

168319_01

Pacotilha (MA) - 1880 a 1909

34367

319

720011

Diario do Maranhão (MA) - 1855 a 1911

45118

125

420530

O Cruzeiro do Sul : Orgão do Departamento do Alto Juruà (AC) - 1906 a 1917

1650

22

103730_04

Gazeta de Noticias (RJ) - 1900 a 1919

48801

16

089842_01

Correio da Manhã (RJ) - 1901 a 1909

21829

13

830380

A Noticia (RJ) - 1894 a 1916

25255

13

029033_08

Diario de Pernambuco (PE) - 1900 a 1909

12903

11

178691_03

O Paiz (RJ) - 1900 a 1909

22179

11

090972_06

Correio Paulistano (SP) - 1900 a 1919

51685

8

170054_01

Jornal do Commercio (AM) - 1905 a 1979

139385

8

030015_02

Jornal do Brasil (RJ) - 1900 a 1909

36138

7

238457

Jornal de Caxias : OrgãoCommercial e Noticioso (MA) - 1895 a 1908

2231

6

364568_09

Jornal do Commercio (RJ) - 1900 a 1909

18816

6

705110

Jornal de Recife (PE) - 1858 a 1938

124859

5

146

http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/ http://memoria.bn.br/DocReader/docmulti.aspx?bib=%5Bcache%5D1847804784036.DocLstX&pasta=ano%20189 &pesq=Fran%20Paxeco 148 http://memoria.bn.br/DocReader/docmulti.aspx?bib=%5Bcache%5D2998808696864.DocLstX&pasta=ano%20190 &pesq=Fran%20Paxeco 147


873039

Mensagens do Governador do Maranhão para Assembléia (MA) - 1890 à 1930

4203

5

241083

A Campanha : Orgão de interesses populares (MA) - 1902 a 1904

1998

4

720402

Relatorios dos Presidentes dos Estados Brasileiros (MA) - 1890 a 1930

3670

4

800643

Pequeno Jornal : Jornal Pequeno (PE) - 1898 a 1955

92165

4

128066_01

A Provincia : Orgão do Partido Liberal (PE) - 1872 a 1919

43273

3

138924

A Republica : orgão do Partido Republicano (RN) 1897 a 1907

3653

2

258822

Pharol (RJ) - 1876 a 1933

42243

2

388653

A Federação : Orgam do Partido Republicano (RS) - 1884 a 1937

82963

2

710571

A Actualidade : periodico imparcial, litterio, critico e noticioso (MA) - 1900

4

2

800074

Diario da Tarde (PR) - 1899 a 1983

154484

2

116300

O Malho (RJ) - 1902 - 1953

103654

1

165760

Jornal Official (ES) - 1905 a 1907

2905

1

223085

A Capital (RJ) - 1902 a 1911

11097

1

224782

O Seculo (RJ) - 1906 a 1916

11290

1

228095

Correio do Norte : Orgão do Partido Revisionista do Estado do Amazonas (AM) - 1906 a 1912

3968

1

341398

Rua do Ouvidor (RJ) - 1898 a 1912

484

1

348449

Almanaque do Garnier (RJ) - 1903 a 1914

7583

1

372811

Esphynge : Sciencia, Arte, Mysterio (PR) - 1899 a 1906

1028

1

799670

A União (RJ) - 1905 a 1950

8563

1

809250

Gutenberg : Orgão da Associação Typographica Alagoana de Socorros Mutuos (AL) - 1881 a 1911

12239

1

829684

Almanach Popular Brazileiro (RS) - 1894 a 1904

936

1

Já no período de 1910 a 1919149, foram estas as ocorrências: Nome

Descrição

Páginas

Ocorrências

168319_02

Pacotilha (MA) - 1910 a 1938

33384

1146

720593

O Jornal (MA) - 1916 a 1923

8657

132

128066_01

A Provincia : Orgão do Partido Liberal (PE) - 1872 a 1919

43273

41

720011

Diario do Maranhão (MA) - 1855 a 1911

45118

29

178691_04

O Paiz (RJ) - 1910 a 1919

45614

16

030015_03

Jornal do Brasil (RJ) - 1910 a 1919

56533

12

313394

AlmanakLaemmert : Administrativo, Mercantil e Industrial (RJ) - 1891 a 1940

122275

12

149

http://memoria.bn.br/DocReader/docmulti.aspx?bib=%5Bcache%5D1225909428369.DocLstX&pasta=ano%20191 &pesq=Fran%20Paxeco


364568_10

Jornal do Commercio (RJ) - 1910 a 1919

49474

11

800643

Pequeno Jornal : Jornal Pequeno (PE) - 1898 a 1955

92165

7

029033_09

Diario de Pernambuco (PE) - 1910 a 1919

21737

6

170054_01

Jornal do Commercio (AM) - 1905 a 1979

139385

5

388459

Correio da Tarde : Folha Diaria (MA) - 1909 a 1911

2181

4

873039

Mensagens do Governador do Maranhão para Assembléia (MA) - 1890 à 1930

4203

4

107670_01

O Imparcial : DiarioIllustrado do Rio de Janeiro (RJ) - 1912 a 1919

26844

3

348970_01

A Noite (RJ) - 1911 a 1919

16247

3

420530

O Cruzeiro do Sul : Orgão do Departamento do Alto Juruà (AC) - 1906 a 1917

1650

3

705110

Jornal de Recife (PE) - 1858 a 1938

124859

3

720100

A Epoca (RJ) - 1912 a 1919

21607

3

720402

Relatorios dos Presidentes dos Estados Brasileiros (MA) - 1890 a 1930

3670

3

089842_02

Correio da Manhã (RJ) - 1910 a 1919

42249

2

800082

Estado do Pará : Propriedade de uma Associação Anonyma (PA) - 1921

23119

2

830135

Correio Da Noite : Jornal Independente (RJ) - 1913

3401

2

156647

Vida Sportiva - 1918 a 1921

3769

1

217549

O Dia : Orgão do Partido Catharinense (SC) - 1901 a 1918

21154

1

224782

O Seculo (RJ) - 1906 a 1916

11290

1

231371

Diario do Piauhy : OrgãoOfficial dos Poderes do Estado (PI) - 1911 a 1914

4248

1

234532

A Politica : O Momento (RJ) - 1918 a 1919

579

1

245038

A Imprensa (RJ) - 1898 a 1914

20297

1

259063

FonFon : Semanario Alegre, Politico, Critico e Espusiante (RJ) - 1907 a 1958

151630

1

307149

A Capital (AM) - 1917 a 1918

1743

1

408506

O Apostolo : OrgamOfficial da Diocese (PI) - 1907 a 1912

1198

1

811742

O Theatro (RJ) - 1911

176

1

827428

Revista da Academia Literaria (RJ) - 1910

198

1

830380

A Noticia (RJ) - 1894 a 1916

25255

1

Republicano

Próximo período, 1920 a 1929150, obteve-se: Nome

Descrição

Páginas

Ocorrências

168319_02

Pacotilha (MA) - 1910 a 1938

33384

487

093874

Diario de S. Luiz (MA) - 1920 a 1949

14824

144

720593

O Jornal (MA) - 1916 a 1923

8657

142

150

http://memoria.bn.br/DocReader/docmulti.aspx?bib=%5Bcache%5D3558708384537.DocLstX&pasta=ano%20192 &pesq=Fran%20Paxeco


178691_05

O Paiz (RJ) - 1920 a 1929

40966

30

107646

O Imparcial (MA) - 1926 a 1946

34673

29

800082

Estado do Pará : Propriedade de uma Associação Anonyma (PA) - 1921

23119

19

720240

Folha do Povo (MA) - 1923 a 1927

4126

15

103730_05

Gazeta de Noticias (RJ) - 1920 a 1929

30528

8

763705

O Combate (MA) - 1925 a 1965

29614

7

029033_10

Diario de Pernambuco (PE) - 1920 a 1929

27958

6

110523_02

O Jornal (RJ) - 1920 a 1929

47126

6

364568_11

Jornal do Commercio (RJ) - 1920 a 1929

45998

5

800058

Collecção das Leis Provinciaes de Mato Grosso (MT) - 1835 a 1912

16360

5

107670_02

O Imparcial (RJ) - 1920 a 1929

38593

4

181897

Boletim da Sociedade de Geographia do Rio de Janeiro (RJ) - 1885 a 1948

8116

4

313394

AlmanakLaemmert : Administrativo, Mercantil e Industrial (RJ) - 1891 a 1940

122275

4

705110

Jornal de Recife (PE) - 1858 a 1938

124859

3

873934

Relatórios do Ministério das Relações Exteriores (RJ) - 1891 a 1928

20869

3

025909_02

Revista da Semana (RJ) - 1921 a 1929

19701

2

030015_04

Jornal do Brasil (RJ) - 1920 a 1929

81654

2

090972_07

Correio Paulistano (SP) - 1920 a 1929

39422

2

128066_02

A Provincia (PE) - 1920 a 1933

28341

2

158089

America Brasileira : Resenha da actividade Nacional (RJ) - 1922 a 1924

1121

2

800643

Pequeno Jornal : Jornal Pequeno (PE) - 1898 a 1955

92165

2

028002

O Brasil (RJ) - 1922 a 1927

13731

1

089842_03

Correio da Manhã (RJ) - 1920 a 1929

43787

1

170054_01

Jornal do Commercio (AM) - 1905 a 1979

139385

1

213829

Diario Nacional : A Democracia em Marcha (SP) 1927 a 1932

15990

1

348970_02

A Noite (RJ) - 1920 a 1929

27437

1

720402

Relatorios dos Presidentes dos Estados Brasileiros (MA) - 1890 a 1930

3670

1

720640

A Reforma (AC) - 1918 a 1934

2947

1

765198

O Ceará (CE) - 1928

2759

1

800074

Diario da Tarde (PR) - 1899 a 1983

154484

1

873039

Mensagens do Governador do Maranhão para Assembléia (MA) - 1890 à 1930

4203

1

No período de 1930 a 1939151, têm-se: 151

http://memoria.bn.br/DocReader/docmulti.aspx?bib=%5Bcache%5D1235207514811.DocLstX&pasta=ano%20193 &pesq=Fran%20Paxeco


Nome

Descrição

Páginas

Ocorrências

107646

O Imparcial (MA) - 1926 a 1946

34673

15

763705

O Combate (MA) - 1925 a 1965

29614

11

168319_02

Pacotilha (MA) - 1910 a 1938

33384

6

093718_01

Diario de Noticias (RJ) - 1930 a 1939

41882

3

720607

Noticias (MA) - 1933 a 1934

2394

2

029033_11

Diario de Pernambuco (PE) - 1930 a 1939

35716

1

030015_05

Jornal do Brasil (RJ) - 1930 a 1939

98239

1

089842_04

Correio da Manhã (RJ) - 1936 a 1939

55657

1

093092_02

Diario Carioca (RJ) - 1930 a 1939

41309

1

110523_03

O Jornal (RJ) - 1930 a 1939

54381

1

348970_03

A Noite (RJ) - 1930 a 1939

69513

1

Período de 1940 a 1949152: Nome

Descrição

Páginas

Ocorrências

093874

Diario de S. Luiz (MA) - 1920 a 1949

14824

6

066559

Autores e Livros : suplemento literario de A Manhã (RJ) - 1941 a 1950

3036

5

030015_06

Jornal do Brasil (RJ) - 1940 a 1949

64964

2

107646

O Imparcial (MA) - 1926 a 1946

34673

2

364568_13

Jornal do Commercio (RJ) - 1940 a 1949

49114

2

025909_04

Revista da Semana (RJ) - 1940 a 1949

29815

1

089842_05

Correio da Manhã (RJ) - 1940 a 1949

51403

1

170054_01

Jornal do Commercio (AM) - 1905 a 1979

139385

1

259063

FonFon : Semanario Alegre, Politico, Critico e Espusiante (RJ) - 1907 a 1958

151630

1

306975

Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (RJ) - 1937 a 1987

6521

1

Periodo de 1950 a 1959:153 Nome

Descrição

Páginas

Ocorrências

030015_07

Jornal do Brasil (RJ) - 1950 a 1959

110212

17

364568_14

Jornal do Commercio (RJ) - 1950 a 1959

58861

10

763705

O Combate (MA) - 1925 a 1965

29614

5

093718_03

Diario de Noticias (RJ) - 1950 a 1959

88849

2

123846

Pacotilha : O Globo (MA) - 1949 a 1962

13915

2

025909_05

Revista da Semana (RJ) - 1950 a 1959

28540

1

154083_01

Tribuna da Imprensa (RJ) - 1949 a 1959

48044

1

170054_01

Jornal do Commercio (AM) - 1905 a 1979

139385

1

152

http://memoria.bn.br/DocReader/docmulti.aspx?bib=%5Bcache%5D593808092768.DocLstX&pasta=ano%20194& pesq=Fran%20Paxeco 153 http://memoria.bn.br/DocReader/docmulti.aspx?bib=%5Bcache%5D20405005399722.DocLstX&pasta=ano%2019 5&pesq=Fran%20Paxeco


402630

Anais da Biblioteca Nacional (RJ) - 1876 a 2009

52616

1

830305

Vida Domestica (RJ) - 1920 a 1962

63776

1

Períodos seguintes: 1960 1 1969154: 68_15

Jornal do Commercio (RJ) - 1960 a 1969

62390

1

1970 a 1979155: 170054_01

Jornal do Commercio (AM) - 1905 a 1979

139385

2

112135

Jornal do Maranhão : Semanario de Orientação Catolica - Jornal a serviço da Familia e do Povo (MA) - 1954 a 1971

5284

1

844217

O Juruá : orgão independente noticioso e defensor dos interesses da coletividade (AC) -1953 a 1971

536

1

Na década seguinte, 1980 a 1989, 156uma ocorrência: 030015_10

Jornal do Brasil (RJ) - 1980 a 1989

207784

1

127940

2

1990 a 1999157 170054_02

Jornal do Commercio (AM) - 1980 a 2007

A partir dessa década, não se encontra mais ocorrências na Hemeroteca... António Cunha Bento (2018) 158 informa que, em Portugal, estão muito atrasados no que respeita à digitalização dos periódicos. O que já existe está muito disperso, mas do que conhece e tem consultado é o seguinte: - Hemeroteca Digital http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Indice/IndiceA.htm - Biblioteca Nacional de Lisboa http://purl.pt/index/geral/title/PT/index.html - Biblioteca Municipal de Setúbal http://www.munsetubal.pt/biblioteca/SearchResult.aspx?search=_OB%3a%2b_QT%3aKW__T%3a_Q%3aJORN AIS_EQ%3aT_D%3aT___&SM=S

Poderão existir outros fundos, mas estes, para o caso, serão os mais indicados. Drumond (2016) alerta que se se utilizar apenas um dos periódicos disponíveis corre-se o risco de se terem visões bem distintas de quem lesse apenas o outro, acerca da importância do acontecimento. Alerta, quanto aos silêncios: 154

http://memoria.bn.br/DocReader/docmulti.aspx?bib=%5Bcache%5D2174306402246.DocLstX&pasta=ano%20196 &pesq=Fran%20Paxeco 155 http://memoria.bn.br/DocReader/docmulti.aspx?bib=%5Bcache%5D40881004289973.DocLstX&pasta=ano%2019 7&pesq=Fran%20Paxeco 156156 http://memoria.bn.br/DocReader/docmulti.aspx?bib=%5Bcache%5D1078203458155.DocLstX&pasta=ano%201 98&pesq=Fran%20Paxeco 157 http://memoria.bn.br/DocReader/docmulti.aspx?bib=%5Bcache%5D208220383077.DocLstX&pasta=ano%20199& pesq=Fran%20Paxeco 158 BENTO, António Cunha. Correspondência eletrônica pessoal, em 27/05/2018.


Torna-se fundamental então compreender a conjuntura política do período em questão, a limitada liberdade de imprensa e os meios possíveis de divergência e oposição. Ao produzirem diferentes discursos, escolhas e esquecimentos são indicativos essenciais para que historiadores possam fazer uma leitura menos distanciada do passado que investigam. O segundo elemento são os diferentes olhares produzidos pela imprensa. É necessária uma análise comparada da cobertura dos principais jornais de São Luís, Belém, Manaus, Cruzeiro do Sul, Portugal, e outras localidades,sobre momentos de tensão na disputa política ocorrida no período pesquisado. Ao acompanhar as páginas dos jornais, torna-se evidente que cada veículo advogava em nome de uma corrente da disputa. Drumond coloca que esses cuidados não devem se restringir à história ou a períodos distantes no passado. Eles são tão fundamentais para a leitura da imprensa atual quanto são para o estudo histórico. Ainda que tais cuidados sejam elementares na prática de qualquer bom historiador, por vezes não custa nada relembrar o óbvio, que tanta gente esquece.159

159

DE LUCA, Tania Regina. História dos, nos e por meio dos periódicos. In: PINSKY, Carla B. (org.). FONTES HISTÓRICAS. São Paulo: Contexto, 2005. p. 111-153;

MELO, Victor Andrade de; DRUMOND, Maurício; FORTES, Rafael; Santos, João. Meios de comunicação. In: ______.PESQUISA HISTÓRICA E HISTÓRIA DO ESPORTE. Rio de Janeiro: 7 Letras / Faperj, 2013, p. 113-127.


PORTUGAL 1874 MARÇO, 09 - Fran Paxeco - inicialmente Manuel Francisco Pacheco, alterado oficialmente para Manuel Fran Paxeco (Diário do Governo n.º 268, de 25 de Novembro de 1905) - nasceu em Setúbal, no antigo Terreiro de São Caetano, freguesia de São Julião, a 09 de Março de 1874.Filho de José Anastácio Pacheco e de Carolina Amélia Pacheco 160, ficou sem pai aos sete anos. Foi um jornalista, escritor, diplomata e professsor português; cônsul de Portugal no Maranhão, no Pará, em Cardiff e em Liverpool

Casa do Terreiro de São Caetano, em Setúbal, onde a 09 de março de 1874 nasceu Manoel Fran Paxeco. FONTE: 161 VIEIRA DA LUZ, 1957

- MARÇO, 16 – Batizado : 160 JOSÉ ANASTÁCIO PACHECO (natural de Setúbal) casado com Carolina Amélia Pacheco pais de: Joaquim Pacheco (natural de Setúbal) e de Manuel Francisco Pacheco - conhecido como Fran Paxeco * (natural de Setúbal); Joaquim Pacheco casado com Deolinda Baptista Pacheco e teve quatro filhos: Isabel; Óscar Paxeco (jornalista); Clóvis; Maria de Jesus. Esta última filha casou com António Sousa Franco ( Gouveia), formado em medicina, trabalhava num laboratório, sendo pois os pais de António Luciano Pacheco de Sousa Franco, que não teve filhos biológicos. Fran Paxeco, escritor, jornalista, diplomata, casou com Isabel Eugénia de Almeida Fernandes Paxeco (natural de S.Luis do Maranhão) e tiveram uma filha: Elza Fernandes Paxeco Machado (S. Luis do Maranhão ), que casou com José Pedro Machado (Faro ) e teve três filhos: Maria Helena, João Manuel e Maria Rosa Pacheco Machado (que sou eu, e tenho uma filha que se chama Inês...). A minha Mãe faleceu em 1989 e o meu Pai vai completar 90 anos no próximo mês de Novembro. MACHADO, Rosa, in https://geneall.net/en/forum/68924/prof-sousa-franco/ 161 VIERA DA LUZ, Joaquim. FRAN PAXECO E AS FIGURAS MARANHENSES. Rio de Janeiro: Livros de Portugal, 1957.


Aos dezasseis dias do mez de Março de mil oitocentos setenta e quatro; ás quatro horas da tarde n’esta Parochial Egreja de Nossa Senhora da Annunciada, Concelho de Setubal, Patriarchado de Lisboa baptizei solemnemente a Manuel, primeiro do nome, que nasceu a nove d’este mesmo mez e anno, ás cinco cinco horas da manhã, n’esta freguesia, filho legítimo de José Anastácio Pacheco, carpinteiro de carros e Carolina Augusta, naturaes d’esta cidade e recebidos na freguesia de São Julião e moradores no rocio de São Caetano, neto paterno de Manuel Maria da Saúde Pacheco e Maria Rita, materno de Joaquim Gomes e Maria Rita; foi padrinho Francisco José Pereira, casado, proprietário, morador na Ponte de São Sebastião e madrinha Theresa de Jesus, solteira, moradora no Largo das Almas. E para constar se lavrou em duplicado este termo, que assigno. Era ut supra. O Parocho Encom.do Francisco Machado Araújo [?]162

Igreja de N. S. da Anunciada de Setubal, na qual, em 16 de março de 1874, com oito dias, foi batizado. VIEIRA DA LUZ, 1957, obra citada. 162

CUNHA BENTO, 2014, obra citada


1878 – Aos quatro anos de idade

VIEIRA DA LUZ, 1957, obra citada.

1880 SETEMBRO, 1º - ficou sem pai aos sete anos.

VIEIRA DA LUZ, 1957, obra citada.


No primeiro dia do mes de setembro do anno de mil oitocentos e oitenta ás seis horas da manhã na casa numero doze, loja, da rua de São Caetano d’esta freguesia de Nossa Senhora da Anunciada da cidade e concelho de Setubal, patriarchado de Lisboa, falleceu tendo recebido todos os sacramenttos da Egreja – José Anastácio Pacheco – de idade de trinta e tres annos, de profissão carpinteiro de carros, natural de Setubal, casado com Carolina Amélia, recebidos na freguesia de São Julião d’esta cidade e parochianos d’esta supradita freguesia da Annunciada, filho legitimo de Manuel Maria Pacheco e de Maria Rita Pacheco, também naturaes de Setubal, e recebidos também aqui n’esta freguesia. Não fez testamento, deichou dois filhos menores, e foi sepultado no cemiterio publico d’esta cidade. E para constar lavrei em duplicado este termo que assigno. Era ut supra. O Parocho encomendado Carlos Cotrim de Miranda.

Alberto

Para António Bento, deve haver lapso na idade, dado que, segundo o assento de casamento, em 20 de Abril de 1873, teria então 31 anos. 188? Fez os estudos primários em escola pública, no antigo Convento de São Francisco 163; Concluidos os estudos primários, passou a estudar em colégio jesuita. Referindo-se a esta escola, anos mais tarde, deixará um testemunho pouco abonatório da sua passagem por ela: 163 CONVENTO DE SÃO FRANCISCO: A Igreja e Convento de São Francisco - A primeira noticia sobre este convento dão conta do mesmo ter nascido em 1410, sendo naquele tempo propriedade da Ordem dos Frades Menores, Província dos Algarves. Esta foi provavelmente a primeira ordem religiosa a estabelecer-se em Setúbal. A sua construção deveu-se a D. Maria AnesEscolaris, filha de João Gonçalves Escolar, vedor da fazenda de D. Fernando senhora que ofertou o terreno e outros bens com a finalidade de contribuir para a sua edificação. A protecção ao Convento foi prosseguida pelo seu neto que reedificou a capela mor. Nesta construção de estilo renascentista com elementos decorativos barroco, esculpidos no frontispício da capela, há notícia de em 1619 ali se ter hospedado o rei Filipe III da Castela, aquando da sua visita a Setúbal.Passados anos, vamos encontrar as instalações do Convento bastante degradadas e, por isso, entre 1747 e 1749 ali são executados trabalhos de recuperação. Porém, em 1755, o violento terramoto que destruiu Lisboa, volta a danificar fortemente o convento. Em 1834, com a extinção das Ordens Religiosas os frades são daqui expulsos e o Estado toma posse destas instalações, vendendo-as posteriormente em hasta pública, acabando as mesmas por ser arrematadas por Joaquim O'Neil.O ano de 1840 chegou e veio encontrar o convento de novo já em ruínas, tendo então a família TordalesO'Neil mandado demolir a maior parte das instalações.Em 1874, Francisco José Pereira comprou o convento a João O'Neil e mandou-o reconstruir.Um ano depois de o ter adquirido, e já com algumas obras efectuadas, o edifício apresentava-se com melhor aspecto, pelo que o seu proprietário tratou de o vender, aos Padres da Companhia de Jesus que as concluíram, reedificando a igreja e adaptando o edifício para o estabelecimento de ensino. https://www.facebook.com/notes/amizades-de-inf%C3%A2ncia/convento-des%C3%A3o-francisco-set%C3%BAbal/273855106334620/


O Rato”, de 12Jul1891

1883 NOVEMBRO/1888, OUTUBRO - ingressa na Casa Pia de Lisboa164 - destinada aos órfãos de pai, para prosseguir o ensino secundário, entre Novembro de 1883 e Outubro 1888.

1888 Voltou para Setúbal aos 14 anos, começando a trabalhar como “escrevente” na Conservatória da Comarca de Setúbal, onde conheceu o diretor da “Gazeta Satubense” segundo ele, “a Gazeta Setubalense foi, no período áureo, uma escola de jornalistas e de artes gráficas. Uma grande parte dessedentou-se nessa fonte.” -, e aí inicia a sua carreira de jornalista: Começava assim a aventura intelectual de uma das mais instigantes personalidades da cultura luso-brasileira. Com pouco mais de vinte anos, Francisco Pacheco já exercia atividades regulares na imprensa de sua cidade natal e havia cumprido o serviço militar obrigatório, passando aos quadros da reserva do exército. (ITAPARY FILHO, 2008) 165

164 A CASA PIA - formalmente Casa Pia de Lisboa, é um organismo do Estado Português que tem por missão a promoção dos direitos e a proteção das crianças e dos jovens. A instituição remonta à fundação da Real Casa Pia de Lisboa (Lisboa, 3 de julho de 1780), por Pina Manique, intendente-geral da Polícia sob o reinado de Maria I de Portugal. Destinava-se à educação de órfãos e à recuperação, através do trabalho, de mendigos e vadios. As oficinas da Casa Pia tornaram-se centros importantes de produção, fornecendo material para a Marinha Portuguesa e para o Exército Português, assim como centros de formação profissional: os mestres formados na Casa Pia por vezes regressavam à sua terra natal, a trabalhar e a ensinar a sua arte. Os educandos que se mostravam mais aptos recebiam uma educação complementar: escrituração comercial, francês, aritmética militar, desenho e farmacologia, esta última formação em laboratório especialmente criado para o efeito, e que fornecia remédios a farmácias. Os mais dotados ingressavam em estudos superiores: na Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, na Academia Real de Marinha, no estudo da Medicina em Londres e na Academia de Portugal em Roma. No Porto, em 1792, foi criada a Real Casa Pia do Porto, segundos os moldes da congênere em Lisboa. A Casa Pia do Porto seria, no entanto, extinta em 1837. No contexto da Guerra Peninsular, a Casa Pia de Lisboa foi encerrada com a ocupação do Castelo de São Jorge pelas tropas napoleónicas sob o comando de Jean-Andoche Junot. Foi reaberta em 1812 no Convento do Desterro apenas para a infância desvalida. O governo liberal deu-lhe, em 1833, melhores instalações no mosteiro dos Jerónimos. Em 1834 iniciou o ensino e reabilitação de surdos. Após a Implantação da República Portuguesa, ao ensino elementar, doméstico e de Artes e Ofícios, o novo regime acrescentou os ensinos agrícola e industrial. Em 1942 a Casa Pia passou a integrar um conjunto de Colégios ficando disseminada por toda a cidade de Lisboa. Tendo se destacado ao longo de sua história pelo seu ensino técnico-profissional, a intervenção com surdos e surdocegos é hoje uma das suas principais áreas de actuação. Mantém ainda um museu, o "Museu do Centro Cultural Casapiano", destinado a preservar e narrar a sua secular história. . https://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_Pia 165

ITAPARY FILHO, 2008, obra citada.


1890 MARÇO, 06 - Aos 16 anos, funda “O Elmano”, de que só saiu esse número, mas ressurgiu em 7 de março de 1893, e prolongou-se por bastantes anos: “Num impulso juvenil, empreendemos a impressão do Elmano. Nasceu e morreu a 6 de Março de 1890. Foram tantas as picardias que, antes de vir para a rua, já resolvêramos morfinizá-lo.”


- MAIO, 12 - Assentou praça como voluntário. Ao se alistar, submete-se a “exame de admissão”166

166

CUNHA BENTO, 2014, obra citada.




Antònio Bento acredita que a carreira militar não terá sido uma fase brilhante da sua vida, apesar da rápida progressão. Ao fim de cinco meses era promovido a 1º Cabo e, passados mais quatro meses, era 2º - Sargento. A sua ideologia republicana aliada ao pendor “revolucionário”, não lhe facilitaram a vida. A folha de matrícula é reveladora do seu inconformismo: foi punido com detenções - “por ser visto trajando à paisana”, “por faltar à formatura”, “por se ter dirigido a um camarada em termos inconvenientes” – e, por fim, a prisão por “insubordinação e por ofensa, por meio de escripto a superior”. Pena é que não se consiga localizar o processo que deu origem à sentença.167 - OUTUBRO, 24 - Promovido a 1º Cabo

1891 FEVEREIRO, 16 - Promovido a 2º Sargento - ? - Punido com 10 dias de detenção. JUNHO, 14/OUTUBRO, 4 - Ainda nas fileiras, foram motivo de uma ação criminal uns artigos republicanos, insertos na "A Liberdade Popular"168, semanário de Cantanhede. Orientava-o Albano Coutinho, sendo seu proprietário e redator Carvalho Neves. Esses artigos valeu-selhe uma ação criminal169.. Ainda durante o Serviço Militar acentua a sua vertente de crítico de assuntos locais e de atualidade política, como acérrimo defensor dos ideais republicanos. São exemplos dessa atividade a colaboração em “O Rato”, na secção “A Sério – Traços sobre Setúbal”, sob o pseudónimo Flamino Nás, e na “Liberdade Popular”, de Cantanhede, onde lhe “querelaram dois artigos entusiásticos”, de que não se conseguiu, ainda, consultar nenhum exemplar, conforme informa António Bento 170. A propósito de “O Rato”, disse: “No intervalo, sustentámos, com Henrique de Santana, hoje professor da Escola Normal do Porto, O Rato,que pertendia ser humorístico.”. “Sumiu-se” a 20 de Agosto de 1891171. - NOVEMBRO, 10 - colocado na Companhia de Correcção nº 1.

167

CUNHA BENTO, 2014, obra citada. Que durou de 14 de Junho a 4 de Outubro de 1891, conforme Cunha Bento, 2014, obra citada 169 Ação essa que vem a provocar sua fuga de Portugal, vindo a ter no Brasil, para escapar à prisão; segundo Rosa Machado, não foram estes artigos que fizeram Fran Paxeco fugir de Portugal, mas sim o artigo da Vanguarda, publicada em Janeiro de 1895. 170 CUNHA BENTO, 2014, obra citada. 171 CUNHA BENTO, 2014, obra citada. 168



1892 JANEIRO, 30 - Preso para Conselho de Guerra FEVEREIRO, 4 - Recolheu ao Regimento de Infantaria nº 2 DEZEMBRO, 06 - Solto, por efeito da sentença. DEZEMBRO, 14 - Passou ao Regimento de Infantaria nº 2

1893 MARÇO, 7 – “O Elmano” ressurgiu, e prolongou-se por bastantes anos:

1894 MARÇO, 17 - Passou à Reserva. Foi domiciliar-se na freguesia de S. José, de Lisboa, 2º Bairro172. Segundo deixou registado no opúsculo “Pelo ministério dos estrangeiros”, Pará, 1926, não faltaram os convites de oficiais seus superiores, graças, certamente, ao valor demonstrado 173: O tenente coronel Rio de Carvalho, do último regimento referido, quis convencê-lo a permanecer nas fileiras, garantindo-lhe que obteria do ministro da guerra, o general Pimentel Pinto, a dispensa das suas faltas. Recusou a fineza. O capitão de fragata Nuno de Freitas Queriol, chefe de Gabinete de Hintze Ribeiro, insistiu para levá-lo como ajudante de ordens, para o distrito do Congo, de que estava nomeado governador. Fá-lo-ia promover a 1º sargento e a alferes. Também não aceitou esses obséquios, apesar de paupérrimo. E porquê? Porque desejava consagrar-se, de corpo e alma, livre das gargalheiras duma disciplina anacrônica, embora necessária, às ideias republicanas. Entrara no primeiro vinteno de existência. ABRIL, 1º - assume um dos postos na redação política de "A Vanguarda"174, o mais independente e inflamado jornal da época, dirigida por Narciso Rebelo Alves Correa175. Teve como camaradas, aí, os drs. José Benevides e Fernando Martins de Carvalho, Faustino da Fonseca, Sousa Vieira, Carlos Calisto, França Borges, etc. 172 São José é uma antiga freguesia portuguesa do concelho de Lisboa, com 0,33 km² de área e 2 746 habitantes (2011). Densidade: 8 321,2 hab/km². A freguesia, designada originalmente São José de Entre as Hortas, foi criada em 1567, por desanexação da freguesia de Santa Justa. Como consequência de uma reorganização administrativa, oficializada a 8 de novembro de 2012 e que entrou em vigor após as eleições autárquicas de 2013, foi determinada a extinção da freguesia, passando a quase totalidade do seu território a integrar a nova freguesia de Santo António, com apenas uma pequena parte anexada à nova freguesia de Arroios. https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Jos%C3%A9_(Lisboa) 173

CUNHA BENTO, 2014, obra citada. A Vanguarda / dir. Alves Corrêa. - A. 1, nº 1 (9 mar. 1891) - a. 21, nº 7627 (22 out. 1911). - Lisboa :EllydioAnalide da Costa, 1891-1911. - 52 cm. Biblioteca Nacional Digital – Portugal, disponível em http://purl.pt/14330 175ANTÓNIO NARCISO REBELO DA SILVA ALVES CORREIA - Nasceu em Vila Real em 25 de Maio de 1860. Inicialmente desempenhou a profissão de farmacêutico, mas porque mostrou aptidões para a escrita, começa a colaborar nos jornais. Adopta então a profissão de jornalista e colaborou em inúmeras publicações periódicas, especialmente ligadas ao Partido Republicano. Destaca-se a sua colaboração na Folha do Povo, no Trinta, no Século, Os Debates, A Vanguarda e, finalmente, O País. Neste último jornal, foi o fundador em 1895 e dirigiu-o até à sua morte, provocada pela tuberculose, em 5 de Janeiro de 1900.Segundo o professor Oliveira Marques, foi iniciado na Maçonaria em 1882, na Loja Cavaleiros de Nemesis, em Lisboa, adoptando o nome simbólico de João Huss. [A. H. Oliveira Marques, Dicionário da Maçonaria Portuguesa, vol. I, Editorial Delta, Lisboa, 1986, col. 413.]Foi um jornalistas republicanos mais em destaque no seu tempo, envolvendo-se em várias polémicas, chegou a ser agredido e preso. 174


AOS 20 ANOS


Discute nesse jornal, entre outras questões, o esbulho de Quionga176, que o Tratado de Versalhes nos restituiu.

176 Em 1886, a Alemanha e Portugal tinham acordado no rio Rovuma como a fronteira oficial entre a então África Oriental Alemã (atual Tanzânia) e a colônia portuguesa de Moçambique. Em 1892, contudo, os alemães afirmaram que os portugueses não tinham nenhum direito na parte norte do cabo Delgado, a aproximadamente 32 quilômetros ao sul da foz do Rovuma. Em virtude disso, em 1894 a marinha alemã tomou Quionga, e as forças desse país ocuparam seu interior, forjando o que viria a ser chamado «triângulo Kionga» (uma área de cerca de 395 quilômetros quadrados). Na Primeira Guerra Mundial, esse território foi reanexado pelos portugueses, e nos


Era também redator político dos hebdomadários “A Montanha”, de Trancoso, e “O Cezimbrense”, que representou, no congresso partidário de 1895.” Como nos diz em “Pelo ministério dos estrangeiros” 177.

termos do Tratado de Versalhes tornou-se a única aquisição territorial de Portugal nessa guerra. https://pt.wikipedia.org/wiki/Quionga . 177 CUNHA BENTO, 2014, obra citada.


Promove em igual data, com seu querido condiscipulo Alfredo Serrano, o jubileu do soberbo lirico João de Deus178. 178João de Deus de Nogueira Ramos (São Bartolomeu de Messines, 8 de Março de 1830 — Lisboa, 11 de Janeiro de 1896), mais conhecido por João de Deus, foi um eminente poeta lírico e pedagogo, considerado à


AGOSTO/SETEMBRO - publica em “O Século” dois artigos intitulados “A Cidade de Setúbal” e outro “Bocage (Elmano Sadino)”

época o primeiro do seu tempo, e o proponente de um método de ensino da leitura, assente numa Cartilha Maternal por ele escrita, que teve grande aceitação popular, sendo ainda utilizado. Gozou de extraordinária popularidade, foi quase um culto, sendo ainda em vida objecto das mais variadas homenagens. Foi considerado o poeta do amor e encontra-se sepultado no Panteão Nacional da Igreja de Santa Engrácia, em Lisboa.https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_de_Deus_de_Nogueira_Ramos



Por esta altura, Fran Paxeco envolve-se na primeira polémica da sua vida, com Francisco Paulino de Oliveira179. Diz-nos ele em “Setúbal e as suas celebridades”, Setúbal, 1930: 179Escritor e poeta português, nasceu em 1864, em Setúbal, e morreu em1914, em São Paulo, no Brasil, país onde s e exilou após a revolta de 31 dejaneiro de 1891 (tentativa de implantar a República em Portugal). Paulino de Oliv eira, quando ainda morava em Setúbal, foi jornalista em publicações republicanas. Já no Brasil, dedicouse à poesia e literatura infantojuvenil, neste último caso em parceria com a mulher, a escritoraAna de Castro Osório. Nos seus primeiros anos de escritor usou o pseudónimo Anúplio de Oliveira. Ainda no Brasil, Paulino de Oliveira foi cônsul de Portug al em São Paulo,entre 1911 e 1914. https://www.infopedia.pt/$paulino-de-oliveira


“«O Mez – chronica da vida setubalense» irrompe em Novembro-1894. Estamparamse mais dois folículos em Dezembro-1894 e Janeiro-1895. Num deles chasqueou dum nosso artiguinho, inserto no Elmano. Ocupávamo-nos do excesso de largos irregulares em Setúbal. 180

180

CUNHA BENTO, 2014, obra citada.


1895 JANEIRO, 10 - “A Vanguarda” publica artigo: “O comando da 1ª Divisão militar”, no qual se reverberam o rei D. Carlos181 e o general de brigada Antonio Abranches de Queirós, comandante das guardas municipais182. Pretendiam torná-lo substituto do general Moreira, no cargo de comandante daquela divisão. Esse artigo originou um grande alarido, foi considerado injurioso e o governo mandou processar Fran Paxeco (ALDEIA, 2006, BENTO, 2014)183.184

181Carlos I (Lisboa, 28 de setembro de 1863 – Lisboa, 1 de fevereiro de 1908) foi o Rei de Portugal e Algarves de 1889 até ao seu assassinato. Era filho do rei Luís I de Portugal e sua esposa a princesa Maria Pia de Saboia. Nascido em Lisboa, foi cognominado "o Diplomata" (devido às múltiplas visitas que fez a Madrid, Paris e Londres, retribuídas com as visitas a Lisboa dos reis Afonso XIII de Espanha, Eduardo VII do Reino Unido, do imperador Guilherme II da Alemanha e do presidente da República Francesa Émile Loubet), "o Martirizado" e "o Mártir" (em virtude de ter morrido assassinado), ou O Oceanógrafo (pela sua paixão pela oceanografia,[3]partilhada com o pai e com o príncipe do Mónaco). https://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_I_de_Portugal Influenciado por ideias de renovação política e cultural

que se alastravam em toda a Europa, difundindo-se em Portugal principalmente a partir de Coimbra, adepto de correntes de pensamento contrárias à monarquia decrépita, segundo Itapary Filho, 2008. 182

https://pt.wikipedia.org/wiki/Guarda_Nacional_Republicana ALDEIA, João. Setubal na Rede. Disponível em http://www.setubalnarede.pt/content/index.php?action=articlesDetailFo&rec=7659, acessado em 16 de janeiro de 2014 184 CUNHA BENTO, 2014, obra citada. 183


JANEIRO, 16 -Volta a referir-se ao fato, e o suposto ofendido procura Alves Corrêa185, na redação, e tenta agredi-lo.. JANEIRO, 17 -No dia imediato, um irmão daquele ataca o diretor da Vanguarda, em pleno Teatro de S. Carlos…

As perseguições prosseguiram… Alves Corrêa desafia para um duelo o mais velho dos irmãos do imaginário ofendido.. Serviram de padrinhos os Drs. Magalhães de Lima e José Benevides. Mas o desafiado negou-se ao encontro.Alves Corrêa amedronta-se e pede a Fran Paxeco que se demita de “A Vanguarda”. 186 185

http://arepublicano.blogspot.com.br/2010/10/vanguarda-dia-2-de-outubro-de-1910.html CUNHA BENTO, 2014, obra citada.

186



Segundo Bento (2014)187, de seguida “A Montanha” publica uma áspera narrativa do escândalo, em resultado do que lhe é instaurado um processo judicial. Diz ele referindo-se ao caso: “A querela baseou-se em preadivinhadas injúrias à loura pessoa de sua majestade fidelíssima. O chinfrim promanou de hipotéticos agravos ao rubicundo comandante das augustas guardas municipais. Tudo reles e mesquinho, como vedes. O jornal acusado dá pelo nome de Montanha e penetra nas mercearias dos beirões penhascos de Trancoso; o indivíduo peado pelas justiças pseudodenominava-se em Brissos Calvão. O monarca chama-se Carlos Simão de Bragança, afora o restante; o general é conhecido por António Abranches Queiroz…”

Ouvida a opinião de amigos advogados, foram unânimes: por se encontrar sujeito ao foro militar, incorria numa pena de um mínimo de cinco anos de prisão. O conselho foi: “Arranje a mala e safe-se!”.

187

CUNHA BENTO, 2014, obra citada.


O processo, até agora, encontrado no Arquivo Histórico Militar resume-se a um conjunto de documentação relacionada com o aludido processo judicial. Trata-se de pedido do Tribunal de Trancoso às autoridades militares para envio de documentos autógrafos de Fran Paxeco, no sentido de ser identificada a letra do autor do escrito que deu origem ao processo. Presume-se, contudo, que os documentos enviados não terão sido aceites pelo Tribunal. Razão pela qual o processo, possivelmente, não terá tido continuidade188 MARÇO, 28 - Sujeito ao foro militar, no caráter de reservista, decide exilar-se dois meses mais tarde. Parte do terreiro do Paço a 28 de março de 1895, via Algarve, donde se transporta a Málaga, e dai ao Rio de Janeiro, onde chega em 8 de maio. Gouveia (s.d.) 189, em “sobre as relações culturais entre Portugal e o Brasil nos finais do século XIX: uma carta de Fran Paxeco a Teófilo Braga”, assim se manifesta, acerca de Fran Paxeco: Fran Paxeco, nome literário de Manuel Francisco Paxeco (1874-1952), transformou a sua longa permanencia no Brasil numa experiência pioneira de intercambio cultural. Espírito empreendedor e apaixonado, empenhou-se na defesa da integridade cultural luso-brasileira. Uma luta que se reflete nos muitos trabalhos por ele publicados (referimo-nos em especial a Os Escritores portugueses – I – Teófilo Braga (1899). O Sr. Silvio Romero e a literatura portuguesa (1900) e Teófilo no Brasil (1917), como também na correspondencia que trocou com Teófilo Braga, de quem foi discípulo, grande amigo e admirador. Trata-se de uma documentação considerável (cerca de uma centena de cartas e alguns bilhetes-postais, guardados na Biblioteca Pública de Ponta Delgada) respeitante, na sua maioria, ao primeiro período de fixação no Brasil – de 1895 a 1916. Efetivamente, neste ano de 1916, F. Paxeco regressa à pátria, onde exerce funções de Secretário na Presidencia da República e, mais tarde, exercerá identicas funções noutros organismos governamentais [...] [...] Já nesse período, todavia, os resultados do seu movimento eram francamente positivos: aumento do consumo de livros de autores portugueses, cooperação entre as duas Academias, depoimentos favoráveis da crítica brasileira, relativamente a escritores portugueses. F. Paxeco terá sido uma das testemunhas da crise da cultura luso-brasileira que mais exemplarmente conseguiu exercer um papel preponderante na intensificação das relações Portugal-Brasil. Talvez a sua situação de “estrangeiro perseguido” tensa contribuído para esta aguda sensibilização à viragem histórico-cultural. [...]

188 189

CUNHA BENTO, 2014, obra citada. GOUVEIA, Maria Margarida Maia. Sobre as relações culturais entre Portugal e o Brasil nos finais do século XIX: uma carta de Fran Paxeco a Teófilo Braga. (?;?).


i

AZEVEDO, Aluísio. O Mulato. 17 ed. São Paulo, Ática, 1998. BRASIL, Assis. A poesia maranhense do século XX. Rio de Janeiro: Imago; São Luís: Sioge, 1994. (p. 54) iii Cf. SANTOS, Silvana Maria Pantoja dos. Literatura e memória entre os labirintos da cidade: representações na poética de Ferreira Gullar e H. Dobal. São Luís: Editora UEMA, 2015. iv COSTA, Flaviano Menezes da. Moradas e memórias: o valor patrimonial das residências da São Luís antiga através da literatura. São Luís: EDUFMA, 2015. p. 41 (nota). v SILVA, Antonio Aílton Santos. Martelo & Flor: horizontes da forma e da experiência na poesia brasileira contemporânea. São Luís: EDUFMA, 2019. vi TRIBUZI, B. In: CORRÊA, R. Modernismo no Maranhão. Brasília: Corrêa e Corrêa Editores, 1989. (p. 236) vii Idem, p. 237. viii In: CHAGAS, J. Os canhões do silêncio. 3 ed. São Paulo: Siciliano, 2002 (Coleção Maranhão Sempre). ix MACHADO, Nauro. Trindade Dantesca (poema). São Luís: Ed. do Autor, 2008 (p. 107) x GULLAR, Ferreira. Toda poesia (1950-1987). 5 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1991. ii

*ANTONIO AÍLTON Poeta. Ensaísta. Autor de Cerzir [Penaluz, 2019] e Martelo & Flor: horizontes da forma e da experiência na poesia brasileira contemporânea [EDUFMA, 2018]. Membro da Academia Ludovicense de Letras - ALL.


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