MARANHHAY (REVISTA DO LÉO)
REVISTA LAZEIRENTA EDITADA POR
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536
NUMERO 48 – 2020 SÃO LUIS – MARANHÃO
A
presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.
EXPEDIENTE MARANHAY REVISTA LAZERENTA Revista eletrônica EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); Titular da UEMA (1977/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 14 livros e capítulos de livros publicados, e mais de 320 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Sócio-correspondente da UBE-RJ; Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luis (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Premio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Premio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; editor da “ALL em Revista”, vol. 1 a 6, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras; Editor da Revista do Léo, a que esta substitui (2017-2019). Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.
MARANHAY – REVISTA LAZEIRENTA – 2020 VOLUME 48– AGOSTO - 2020
VOLUME 47– JULHO - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_47_-__2020_VOLUME 46– JULHO - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_46_-__2020_VOLUME 45– JULHO - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_45_-__2020_-_julhob VOLUME 44 – JULHO - 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/maranhay_-_revista_lazerenta_-_44_-_julho__2020 VOLUME 43 – JUNHO /SEGUNDA QUINZENA - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_43_-segunda_quinzen VOLUME 42 – JUNHO 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_42_-junho__2020/file VOLUME 41-B – MAIO 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/maranhay_-_revista_lazerenta_-_41-b_-_maio___2020 VOLUME 41-B – MAIO 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/maranhay_-_revista_lazerenta_-_41-b_-_maio___2020 VOLUME 41 – MAIO 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/maranhay_-_revista_lazerenta_-_41_-_maio__2020 VOLUME 40 – ABRIL 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_40_-_abril___2020.d VOLUME 39 – MARÇO 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_maranhay__39-_mar_o___2020 VOLUME 38 – FEVEREIRO DE 2020 – EDIÇÃO ESPECIAL – PRESENÇA AÇOREANA NO MARANHÃO https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_maranhay__39-_fevereiro___2020 A PARTIR DESTE NÚMERO, CORRIGIDA A NUMERAÇÃO, COM SEQUENCIAL, DOS SUPLEMENTOS E EDIÇÕES ESPECIAIS:
VOLUME 28 – JANEIRO 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_maranhay__28_-_janeiro____2020b VOLUME 29 – FEVEREIRO 2020 https://issuu.com/home/published/revista_do_leo_-_maranhay__29-_fevereiro___2020b
REVISTA DO LÉO NÚMEROS PUBLICADOS
VOLUME 1 – OUTUBRO DE 2017 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_1_-_outubro_2017 VOLUME 2 – NOVEMBRO DE 2017 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_2_-_novembro_2017 VOLUME 3 – DEZEMBRO DE 2017 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_3_-_dezembro_2017 VOLUME 4 – JANEIRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_4_-_janeiro_2018 VOLUME 5 – FEVEREIRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_5_-_fevereiro_2018h VOLUME 6 – MARÇO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_6_-_mar__o_2018 VOLUME 6.1 – EDIÇÃO ESPECIAL – MARÇO 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_especial__faculdade_ VOLUME 7 – ABRIL DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_7_-_abril_2018 VOLUME 8 – MAIO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8_-_maio__2018 VOLUME 8.1 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO: VIDA E OBRA – MAIO 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8.1_-__especial__fra VOLUME 9 – JUNHO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_9_-_junho_2018__2_ VOLUME 10 – JULHO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_10_-_julho_2018 VOLUME 11 – AGOSTO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_11_-_agosto_2018 VOLUME 12 – SETEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_12_-_setembro_2018 VOLUME 13 – OUTUBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_13_-_outubro_2018 VOLUME 14 – NOVEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_l_o_-_numero_14_-_novemb VOLUME 15 – DEZEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revisdta_do_l_o_15_-_dezembro_de_20? VOLUME 15.1 – DEZEMBRO DE 2018 – ÍNDICE DA REVISTA DO LEO 2017-2018 https://issuu.com/…/docs/4ndice_da_revista_do_leo_-_2017-201 VOLUME 16 – JANEIRO DE 2019 https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__16_-_janeiro_2019
VOLUME 16.1 – JANEIRO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: PESCA NO MARANHÃO https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__16_1__-_janeiro__20 VOLUME 17 – FEVEREIRO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_17_-_fevereiro__2019 VOLUME 18 – MARÇO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__18_-_mar_o_2019 VOLUME 19 – ABRIL DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__19-_abril_2019 VOLUME 20 – MAIO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__20-_maio_2019 VOLUME 20.1 - MAIO 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO E A QUESTÃO DO ACRE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__20.1_-_maio_2019_-_ VOLUME 21 – JUNHO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__21-_junho_2019 VOLUME 22 – JULHO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__22-_julho_2019 VOLUME 22.1 – JULHO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__22-_julho_2019_-_ed VOLUME 23 – AGOSTO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__23-_agosto_2019 VOLUME 23.1 – AGOSTO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: AINDA SOBRE A CAPOEIRAGEM MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__23.1-_agosto_2019_VOLUME 24 – SETEMBRO DE 2019 – LAERCIO ELIAS PEREIRA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec VOLUME 24.1 – SETEMBRO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: IGNÁCIO XAVIER DE CARVALHO: RECORTES E MEMORIA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec VOLUME 25 –OUTUBRO DE 2019 – https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__25_-_outubro__2019 VOLUME 26 –NOVEMBRO DE 2019 – https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__26_-_novembro__2019 VOLUME 27 – DEZEMBRO DE 2019 –
https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__27_-_dezembro___2019 VOLUME 27.1 – DEZEMBRO DE 2019 – suplemento – OS OCUPANTES DA CADEIRA 40 DO IHGM
https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__27.1_-_dezembro___2019 VOLUME 30 – edição 6.1, de março de 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_especial__faculdade_ VOLUME 31 – edição 8.1, de maio de 2018 EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO: VIDA E OBRA – MAIO 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8.1_-__especial__fra VOLUME 32 – edição 15.1, de dezembro de 2018 ÍNDICE DA REVISTA DO LEO 2017-2018 https://issuu.com/…/docs/5ndice_da_revista_do_leo_-_2017-201 VOLUME 33 – edição 16.1, de janeiro de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: PESCA NO MARANHÃO https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__16_1__-_janeiro__20
VOLUME 34 - edição 20.1, de maio de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO E A QUESTÃO DO ACRE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__20.1_-_maio_2019_-_ VOLUME 35 – edição 22.1, de julho de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__22-_julho_2019_-_ed VOLUME 36 – edição 23.1, de agoto de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: AINDA SOBRE A CAPOEIRAGEM MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__23.1-_agosto_2019_VOLUME 37 – edição 24.1, de setembrp de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: I. XAVIER DE CARVALHO: RECORTES E MEMORIA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec
EDITORIAL
A “MARANHAY – REVISTA LAZEIRENTA” é sucessora da “REVISTA DO LÉO”, e continua em seu formato eletrônico, disponibilizada através da plataforma ISSUU – https://issuu.com/home/publisher. Continuamos com as seguites sessões: Lazeirices & Lazeirentos: disponível para os colaboradores da Revista, para a divulgação de seus estudos sobre o Lazer; Esporte & Educação Físca: resgate das atividades esportivas e d educação física no/do Maranhão, assim como artigos de colaboradores sobre a temática do esporte; História(s) do Maranhão: auto-explicativa; Navegando com Jorge Bento: o português navegante do mundo lusófono do esporte e educação física e seu pensamento; extraindo histórias com o Faraó: sobre genealogia maranhense; Literatura & literatos;contribuições dos literatos ludovicenses/maanhenses; Memórias & recortes: publicação da memória de Fran Paxeco. O que se busca é resgatar a memória dos diversos assuntos de que trata a Revista lazeireta, percorrendo caminhos contra a corrente, daí o título ‘maranhay’, que na língua geral significa ‘pororoca’: águas que correm contra a corrente, provocando estrondo... Contamos com colaboração de diversos sócios-atletas, como Ceres, Fernando, Jorge, Ramssés, e claro o Editor... outros colaboradores aparecem esporadicamente, como Manuel, Euclides, osmar, Aldy, Dilercy, Aymoré... Sempre que um assunto pertinente vier à baila, estará aqui, para futuro resgate dessas memórias... Procura-se colaboradores, aceita-se colaborações...
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EDITOR
SUMÁRIO 2 7 8
EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO
LAZEIRICES & LAZEIRENTOS
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ESPORTE & EDUCAÇÃO FÍSICA
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LEPOLDO GIL DULCIO VAZ “VAI HAVER MESMO FUTEBOL DE GAROTAS EM SÃO LUIS” LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ “VAI COMEÇAR O 100º CAMPEONATO MARANHENSE” (DE FUTEBOL) MARCO AURÉLIO HAIKEL LANÇAMENTO DO LIVRO, "A CAPOEIRA NO MARANHÃO, ENTRE AS DÉCADAS DE 1870 E 1930", ROBERTO AUGUSTO A. PEREIRA, JOSÉ MANUEL CONSTANTINO ESTATÍSTICAS DO DESPORTO, QUEM AS CONHECE? JOSÉ MANUEL CONSTANTINO KEYNESIANOS NA ECONOMIA E NEOLIBERAIS NO DESPORTO JOSÉ MANUEL CONSTANTINO DESPORTO: UM SETOR ESQUECIDO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE – NOVAS CONSIDERAÇÕES
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HISTÓRIA(S) DO MARANHÃO
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EUCLIDES MOREIRA NETO ENTENDA POR QUE DEVEMOS ACABAR COM O ABRIGO DO LARGO DO CARMO OSMAR GOMES DOS SANTOS PENALVA - UMA BELA CIDADE
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NAVEGANDO COM JORGE OLIMPIO BENTO Extraindo histórias com o faraó RAMSSES DE SOUSA SILVA
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35
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GAIRO GARRETO FAZENDA ESTRELA - ANAPURUS (1743) OS "AMIN" DE SÃO LUÍS CÍCERO CENTRINY MÃE MUNDICA TAINHA
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LITERATURA & LITERATOS AYMORÉ ALVIM O BATIZADO FERNANDO BRAGA WOLNEY MILHOMEM, UM ACENDEDOR DE ESTRELAS RAIMUNDO FONTENELE O ANTROPONAUTA VIRIATO GASPAR CERES COSTA FERNANDES NO TEMPO DA DELICADEZA
50 52 54 59
MEMÓRIAS & RECORTES LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ FRAN PAXECO – RECORTES & MEMÓRIAS – PARTE IX
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LAZEIRICES & LAZEIRENTOS
ESPORTE & EDUCAÇÃO FÍSICA
“VAI HAVER MESMO FUTEBOL DE GAROTAS EM SÃO LUIS” LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Professor de Educação Física; Mestre em Ciência da Informação Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Academia Ludovicense de Letras Quando começou a prática do futebol por mulheres no Maranhão? 1954 – Fevereiro 18 - O Globo: com o título de “Futebol feminino na Fabril” é anunciado uma tarde esportiva entre os clubes carnavalescos Girassol e Sultão, sendo a primeira entre os diretores das duas agremiações, e na principal, um encontro dos “brotinhos”; nenhuma das jogadoras poderá retirar a máscara e a bola será de borracha. A arbitragem seria por conta da ACEM; as diretorias pediram autorização à Federação. 1959 - Em O Globo de 28 de outubro era anunciada seguinte manchete “VAI HAVER MESMO FUTEBOL DE GAROTAS EM SÃO LUIS - êxito completo alcançou a iniciativa de Rangel Cavalcanti e Pedro Santos”; referia-se que se estava promovendo um jogo de futebol feminino, em beneficio da Casa do Estudante do Maranhão. Os promotores estavam tentando, junto às autoridades a autorização, e algumas pessoas já haviam se manifestado favoráveis, com a apresentação das jogadoras, que formariam as duas primeiras equipes de futebol feminino no Maranhão. Foi solicitado que os nomes das jogadoras fossem mantidos em sigilo, até o dia da partida. Os organizadores anunciam que a disputa seria entre o América – dirigido pelo industrial Nagib Feres - e o Sampaio Correa – então presidido pelo Prof. Ronald Carvalho -, e que estavam solicitam a permissão de ambos, para uso dos nomes. O major Ferreira, chefe de policia, afirmou que daria total apoio à iniciativa, garantindo a ordem. Nagib feres colocou o estádio à disposição. 1960 – O GLOBO 02/05 – ‘Futebol feminino’: noticiava-se uma partida de futebol feminino realizada no dia anterior no Estádio São Geraldo, no Anil, entre as representações do Esporte Clube Anilense e o esporte Clube Aurora. A vitória final coube ao clube dO E.C.A. Anilense, que recebeu as orientações do sr. Delgado, por 3 x 0. Os tentos foram assinalados por Paula, Cota e Norma. O Esporte Clube Aurora recebeu a orientação de Osmarino (Esmagado, que joga no Moto Clube). Embora se refira a composição das equipes, não é informado. SETEMBRO, 13 – Novamente O Globo anuncia os resultados de uma partida de futebol feminino, entre o Aurora e o Anilense, desta vez no estádio Walter Fonseca, realizada no domingo pela manhã. O resultado foi de 5 x 0 para o Aurora, dirigido por José Delgado; contou com as seguintes atletas: Alhinha, Maria Izabel e Iraceni, Paula, Marla e Joana, Antonia Colajulia, Norma e Herminia. DEZEMBRO, 16 – anunciado novo jogo de futebol feminino entre o Aurora e o Anilense, desta vez no estádio Nhozinho Santos. 20/12 ‘Futebol feminino empolga a cidade” é a machete da página esportiva, referindo-se ao ‘primeiro jogo de futebol’, realizado entre o Aurora e o Anilense no Estádio Municipal, com renda em benefício da Igreja N. S. da Conceição. A redação foi iformada que haveria um novo jogo no finl de semana entre as duas representações. 22/12 – ‘SENSACIONAL! FUTEBOL FEMININO HOJE À NOITE NO MUNICIPAL’ é a manchete do dia: revanche das jovens do Anil e da Aurora. Outras Notas. É informado que o futebol feminino no Maranhão é superior ao praticado no Rio de janeiro ou São Paulo. Em outros estados já é praticado, como Bahia e até em Teresina. Aqui, está restrito ao Anil.
1961 – janeiro 05 – anunciada nova partida de futebol feminino entre o Anilense e o Aurora JANEIRO 12 - anunciada nova partida etre as duas equipes anilenses, de despedida das atletas, haja vista ser período de férias escolares e muitas das atletas se deslocarem para o interior; novos confrontos esperados para julho. MARÇO 10 anunciada nova partida de futebol DEZEMBRO 15 – um novo clube aparece no futebol feminino: o Maiobinha, que iria enfrentar o Aurora. Após essa data, não se tem mais noticias sobre o futebol feminino nos jornais depositados na Hemeroteca... 1974 - TANIA MARANHÃO Tânia Maria Pereira Ribeiro nasceu em São Luis (MA), em 3 de outubro de 1974. Iniciou sua carreira jogando futsal em sua cidade natal. Em 1993, transferiu-e para a Bahia para jogar futebol no Eurosport. Atuou, também, pelas equipes: Saad, São Paulo, e Rayo Vallecano, da Espanha. Foi aos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, em 2003, e do Rio de Janeiro, em 2007, tornando-se bi-campeã pan-americana. Disputou os Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1966. De Sidney, e 2000, de Atenas, em 2004, quando conquistou a medalha de prata; e de Pequim, em 2008, conquistando novamente a medalha de prata. Participou, ainda, das Copas do Mundo de 1999 e 2003 e sagrou-se vice-campeã na Copa da China, em 2007. Jogou pelo Vasco e, atualmente, joga pelo Botafogo e na equipe da Marinha. https://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%A2nia_Maranh%C3%A3o
2019 - Craques da resistência: O Futebol Feminino em São Luís, Maranhão, por Bruna Soares Pires, Cristianne Almeida Carvalho in Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, Brasília, v.9, n° 2, julho 2019, disponível em https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RBPE/article/view/10109/6263 O Campeonato Maranhense de Futebol Feminino é uma competição de futebol realizada pela Federação Maranhense de Futebol (FMF), que conta com a participação de times amadores de futebol feminino do Estado do Maranhão. A competição abre vaga para o campeão participar do Campeonato Brasileiro Feminino. Lista de campeões https://pt.wikipedia.org/wiki/Campeonato_Maranhense_de_Futebol_Feminino
“VAI COMEÇAR O 100º CAMPEONATO MARANHENSE” (DE FUTEBOL) LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Professor de Educação Física. Mestre em Ciência da Informação Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Academia Ludovicense de Letras Lendo o sitio da Federação Maranhense de Futebol: “Vai começar o 100º Campeonato Maranhense” 1. Será? Em março de 1909 é realizado o que considero o ‘primeiro campeonato de futebol’, pois é anunciado um concurso (torneio) de Futebol a ser disputado por sócios do Fabril Athletic Club (FAC) e o Maranhense Foot-Ball Club (MFC); cada clube deveria inscrever 24 (vinte e quatro) jogadores, que seriam divididos em quatro (4) equipes de seis (6) jogadores cada, e 30 (trinta) minutos de duração, cada partida (Pacotilha, 23 de março de 1909). O primeiro jogo da série deveria começar em 11 de abril, disputando-se dois jogos por Domingo, sendo o encerramento em 02 de maio, entre os times que tiverem melhor classificação no campeonato. Inscritos os jogadores, foram sorteados entre os diversos times: EQ
JOGADORES SORTEADOS
VESTIMENTA
UIPE A B C D E F G H
M. A. Santos; José Borges, C.E. Clissold; J.B. Rego Júnior; Bernardino Queiroz; e José Jame José F. Costa; T. H. Downey; Raymundo Almeida; E. Simas; M. Mathias Filho; F.C. Ribeiro; C.V. Reade; Manoel P. Santos; Ruy M. Faro; Gilberto Sousa; J. Santos; F. C. Ribeiro Gorzino Bello; João Teixeira; Raimundo Nunes; Joaquim Ferreira; Satú Bello; e Rego Sousa Almir S. Silva; E.P. Sousa; Albino R. Faria; J.P. Santos; ª M. Gonçalves; e ª R. C. Martins J.M.L. Assis; Raul S. Martins; J. Lima Sobrinho; José Alvim; Laudeli Melo; e J. Santos Carlos Neves; Delfim Rodrigues; A Figueiredo; Julio A Santos; W. Araújo; e A Gandra Luís A Leite; A Faria; José A Santos; João Mário; Antonio Santos; e Cunha Júnior
Preta Camisa Azul e calça branca Calça e camisa branca Camisa encarnada e calça branca Camisa Azul e Calça branca Camisa preta e calça branca Camisa branca e calça preta Branca e fita preta
Fonte: Pacotilha, 14 de abril de 1909 No primeiro Domingo já jogam: E x H – referee: C. E. Clissold; C x B – referee: T. H. Downey. No dia 25: A x D – referee: J. M. A Santos; G x F – referee: T. H. Downey A seguir, é dada a escalação dos times, distribuídos os jogadores nas seguintes posições: goalkeeper (1); full-backs (2); forwards (3), e que os times começariam a se enfrentar a partir do dia 18 de abril. (Pacotilha, 17 de abril de 1909). A primeira rodada desse primeiro concurso – campeonato – de foot-ball teve os seguintes resultados (Pacotilha, 19 de abril de 1909): Jogo 1 – E 5 x 0 H; gols de J. Mário (4) e Cunha Júnior (1); Jogo 2 – C 4 x 2 B; gols de Downey (4), não sendo informados o(s) marcador(es) da equipe “B”. A segunda rodada não foi realizada na data prevista – Domingo, 25 de abril – por “motivo de força maior” (Pacotilha, 24 de abril de 1909, sábado), porém não se informando qual seja o 1
https://futebolmaranhense.com.br/ler_noticia.php?x=MTg0NQ==
motivo do impedimento... Na edição d’ A Pacotilha de 1º de maio, Sábado, é anunciada a realização da segunda rodada, dando-se a escalação das equipes que se enfrentariam (Pacotilha, 1º de maio de 1909, sábado ). Lamentando as chuvas que caíram no Domingo – 02 de maio – prejudicando o desempenho dos jogadores, a segunda rodada foi realizada com os seguintes resultados (Pacotilha, Terça-feira, 04 de maio de 1909): A 1 x 0 D, gols de Rego Serra; G 2 x 0 F, gols de A Gandra, sendo que na Quinta-feira – 06 de maio – haveria novo sorteio, dos times vencedores, para as partidas de Domingo: B x G; e H x D; dando-se a escalação de cada uma delas, servindo de árbitro, para ambos os jogos C. E. Clissold.( Pacotilha, Quinta-feira, 06 de maio de 1909). Os resultados foram, na primeira partida: B 10 x 0 G, gols marcados por Downey: dois no primeiro tempo e oito no segundo; e na Segunda partida: H 4 x 2 D, gols marcados por Satú Bello e J. Mário no segundo, não se informando quantos cada um marcou, nem quem fez os gols do D. Os jogos, conforme rezava o Regulamento, foram disputados em dois tempos de 15 minutos cada um, sendo que no intervalo do primeiro jogo, jogava-se o primeiro tempo do segundo jogo; terminado este, voltavam a jogar as equipes da primeira partida o seu segundo tempo; terminada esta, o segundo match do dia. A final do Campeonato de Foot-Ball seria disputada entre as equipe do “B” x “H”, vencedoras das “semi-finais”: Posição Goal Full-backs Forwards
Vestimentas Referee
Team B E. Simas M. Sardinha, e Almeida F. H. Downey; J. F. Costa (captais) M. Mathias Filho Calça branca e camisa azul
Team H José A Santos Antonio Santos, e L. Leite (captais) J. Mário A Farias Cunha Júnior Branca e fita encarnada C. E. Clissold
Embora previsto no Regulamento a cobrança de ingressos a partir da Segunda fase da competição, nas semifinais não foram cobrados, devido às intensas chuvas que vinha castigando a cidade; mesmo assim houve grande afluência de público, em todas as partidas. Para a partida final, seriam cobrados os ingressos. No Domingo marcado para a grande final desse “primeiro Campeonato Maranhense de Foot-Ball”, voltou a chover muito, a partir das três da tarde – o início do jogo estava marcado para as quatro -, o que impediu a presença do grande público esperado. O jogo começou às 4 ½, e “... esteve realmente bem disputado, pois os footballers jogavam com interesse”, informa o cronista d’ A Pacotilha.: “Após porfiada luta, o team “B” conseguiu marcar o goal, dando-se por encerrada a primeira parte do programa. Na segunda parte contava ainda a victória ao team “B”, que fez um segundo goal. Depois disto o team “H” fez um goal, correndo o match sem resultado até o final. Coube, portanto, a victória completa ao team ‘B’”. Não é informado o nome dos marcadores... Estes são os primeiros campeões maranhenses de foot-ball, em concurso disputado em 1909, entre os sócios footballers dos clubes Fabril e Maranhense, então existentes em São Luís do Maranhão: Posição Goal Full-acks Forward
Team B E. Simas M. Sardinha, e Raymundo Almeida T. H. Downey; J. F. Costa (captain); M. Mathias Filho
F. C. Ribeiro, que disputou a primeira fase do torneio, ao que parece foi substituído por M. Sardinha no jogo final. Em 1915 tivemos outro “primeiro campeonato maranhense’ organizado em função de movimento em prol dos flagelados dos estados vizinhos - Ceará e Piauí – tendo se reunidos na
Cervejaria Maranhense, localizada na Praça João Lisboa os idealizadores do “Campeonato Maranhense de Foot-ball”, que pretendiam realizar (O JORNAL, 14 de agosto de 1915). Nessa reunião ficou resolvido que "... na impossibilidade de fundação do Clube, se organizem dois 'team' denominados Franco Alemão - que terá de se bater em benefício dos flagelados da seca. "Ficam assim compostos os team "Presidente: Carlos Alberto Moreira "Thesoureiro: Affonso Guillon Nunes "Secretário: Hugo Burnett "TEAM FRANCEZ "Forwards - Gastão Vieira; Trajano Lebre, Carlos Moreira, Hugo Burnett, Manoel Borges, Antonio Ferreira; "Half-backs - Carlos Leite; Antonio Cunha; "Backs - Affonso Guillon Nunes; João Torres, dr.; "Goal-keeper - Antonio Carvalho Branco "Captain - Carlos Moreira "TEAM ALLEMÃO "Forwards - Nestor Madureira; Gentil Silva, José Souza; José Cantanhede; Maralteno Travassos; "Half-backs - João Guedes; Antonio Paiva; "Backs - Julio Gallas; Raul Andrade "Goal-keeper - Albino Faria A movimentação esportiva nesse final de 1915 estava bem intensa. O Brazil Foot-ball Club convocava seus sócios para a partida de final de temporada (O JORNAL, 12 DE DEZEMBRO DE 1915). Haveria outro jogo entre o "team" Allemão, do Internacional e os jogadores da Escola de Aprendizes Marinheiros. Eram convocados, pelo time Alemão, Branco, Fereth, Guillon, Albino, Paiva, Guedes, Trajano, Leite, Travassos, Madureira e Cunha. (O JORNAL, 13 de novembro de 1915). O Barrozo Foot-ball Club desafiara o "team" infantil dos Aprendizes, com o jogo terminando em 2 x 1 , para o Barrozo (O JORNAL, 22 de novemnro de 1915). É anunciado um jogo do Internacional no campo da fabril (O JORNAL, 18 de novembro de 1915). Em 1916 é fundada a Liga Sportiva Maranhense (LSM), que não sobrevive. De acordo com MARTINS (1989), em meados de 1916, já era regular o número de clubes: BANGU FOOT-BALL CLUBE; FLUMINENSE FOOT-BALL CLUB; PAYSANDU FOOT-BALL CLUB; ATENIENSE FOOT- CLUBE; ONZE MARANHENSE F. CLUBE; MARANHÃO ESPORTE CLUBE; FOOT-BALL ATHLETIC CLUB; BARROSO F. CLUBE; CABRAL F. CLUBE; IPIRANGA F. CLUBE; GUARANI ESPORTE CLUBE; SÃO PAULO F. CLUBE e outras associações menores (p. 344). O Jornal de 11 de julho de 1916 anunciava a criação de uma liga denominada de “União Athlética Maranhense”, pelos sócios do Maranhão Sport Club e do São Luiz Athletico Clube, sendo presidente Julio Galas, vice Fernando Viana, e Joacy Almeida, secretário Luis Silva, tesoureiro, Kenart T. da Silvfa capitão geral.
E em 1917 é proposta a fundação de uma Liga Esportiva do Norte, para realização de eventos – jogos – classificatórios para o campeonato brasileiro, organizado pela Federação Brasileira de Esportes. Nesse ano de 1917, o esporte em Maranhão se consolida. Além do surgimento de inúmeras outras associações esportivas e de clubes de futebol, inicia-se o intercâmbio com os dois estados vizinhos, com a visita do Clube do Remo, no início do ano, e de um torneio envolvendo o Paysandu, do Pará, e o Internacional, da cidade de Parnaíba-Piauí, no final do ano. Começam as "importações" de jogadores... Sem dúvidas, o fato mais importante para a consolidação do foot-ball association em Maranhão e de outras modalidades esportivas, foi o surgimento da Liga Maranhense de Foot-Ball, nos meados do ano. Um leitor, usando o pseudônimo de "Texas", escreve ao jornal O Estado, relatando o acontecido, ao mesmo tempo em que fazia um breve histórico da implantação do futebol em São Luís: "Há um punhado de anos, que já ia longe", ouvia falar de esportes no Maranhão, especialmente do foot-ball, "chegando mesmo a crer que ele existisse a esse tempo, mas ... Afirma Texas que, se ele - futebol - existisse, era atacado por uma grande debilidade que o impossibilitava de progredir. Projetavam-se alguns matchs entre teams dos dois clubes existentes, mas por um motivo ou outro, não assumia o jogo as excelentes projeções que criavam. "Texas" condenava os despeitados que diziam, boa a boca, que "... o futebol era um jogo bruto e que não merecia ser cultivado com tamanho afinco, por uma quantidade regular de moços patrícios". Viam um jogo bruto porque uma pequena parcela de rapazes metiam-se a executa-lo sem método algum, cometendo as maiores extravagâncias e daí sofrendo as conseqüências desagradáveis. Mas, por que isso ? - perguntava-se. Os únicos culpados era esses mesmos rapazes, que se entregavam ao esporte sem uma regra sequer que os guiasse. "Passada essa temporada de desânimo, surgiu entre nós, com grandes surpresas, assentado em bases sólidas um excelente clube esportivo", que, transpondo todas as barreiras que haviam sido edificadas para embaraçar os passos do football começou logo "arrebanhar para o seu sítio uma porção de rapazes dispostos a trocar e a desenvolver o sensacional jogo". "D'hai existir a temporada sportiva maranhesne, cujo pavilhão foi valentemente desfraldada pelo F. A. Club, que ainda vive, são e forte" com os maranhenses começando a compreender o verdadeiro desenvolvimento "não só o intelecto, mas também o físico, através da prática do esporte", o futebol começa a servir como o elemento aglutinador da juventude. Os clubes começam a surgir, tornando-se cada vez mais chic e atraindo a atenção das senhoritas. O foot-ball deixava de ser uma coisa bruta. O Maranhão contava já com nove clubes constituídos oficialmente. "Mas faltava ainda uma medida alta que merecia ser posta em prática, com urgência, para que o desenvolvimento do jogo bretão, aqui, fosse mais além. E essa medida não se fez por esperar muito. Não se fez esperar muito, afirmam, porque ahí a temos, unificando, num grande abraço maternal, todos os clubes locais que lhe são filiados: - a Liga Maranhense de Foot-Ball". (O ESTADO, 16 DE ABRIL DE 1917). É fundada a Liga Maranhense de Foot-Ball com os seguintes clubes: FAC, Onze Maranhense, Ubirajara, Anilense, Vasco da Gama, Luso Brasileiro, Brasil, Bragança e Santiago. A primeira diretoria foi: Presidente: Capitão-tenente Artur Rego Meireles; vice-presidente: J. M. A. Santos (Nhozinho Santos); 1º Secretário: Gentil Silva; 2º Secretário: João Belfort; Tesoureiro: Jonas
Hersen. Inaugurada em 1º de abril, na sede do FAC. Logo caiu no descrédito, sendo proposta a criação de nova liga em 1918. Lembrando que em 1916 é inaugurado o Sport Club Luzo Brasileiro, pelo comerciante português Edgar Figueira.Contava com Antero Novaes como um dos diretores. O Luso se tornou, na passagem das décadas de 1910 a 1920 o principal time do estado, octacampeão maranhense (19181919) e (1922-1927). A nova Liga Maranhense de Sports só é estabelecida em 1919; porém realiza aquele que seria o primeiro Campeonato Maranhense em 1918. Dentre seus diretores estavam Hermínio Bello e Tarquínio Lopes Filho. Seus estatutos foram publicados no Diário oficial de 26 de abril de 1919. Em 1919, no dia 25 de agosto, os diversos representantes dos clubes entram em um acordo, unindo as diretorias das duas ligas – a de Esportes e a de Futebol, criando-se a Confederação Maranhense de Desportos: CLUBES Atenas Colombo FAC Nacional Baluarte Marcílio Dias Hércules Espartano Mignon São Cristóvão América Barroso União
REPRESENTANTES Benedito Ciríaco Pedro Mendes Alcindo Oliveira João Krubusly Francisco Furiato Tent. Dias Vieira Humberto Fonseca Tancredo Matos Eliude de Sousa Marques Almir valente Herman Belo Nilton Aranha Antenor Rodrigues da Mota
Em 1920, por problemas administrativos e do campeonato que estava se desenvolvendo, é fundada a União Desportiva Maranhense (UDM) pelos clubes: Luso Brasileiro, Fênix, Paulistano e Cruz Vermelha, e mais: Cruzeiro, Internacional e Tupan (São Bento), fazendo oposição a LMS por um ano. O que motivou o desaparecimento dessa liga foi o reconhecimento da LMS como entidade oficial filiada à Confederação Brasileira de Desportos (CBD, atual CBF). O FAC sagrou-se campeão do Torneio início e Campeão do ano de 1920; o Athenas foi campeão da 2ª Divisão. E em 1921 o FAC conquista o Torneio inicio e a seguir abandona a LMS. - o Fênix Futebol Clube torna-se campeão maranhense Em 1921, foi solicitado a LMS informações sobre os clubes, os sócios, as instalações e as competições locais a fim de compor a seção desportiva do Dicionário Histórico, Geográfico, e Etnográfico Brasileiro, em comemoração ao Centenário da Independência. Em 1926 o Maranhão participa pela primeira vez do Campeonato Brasileiro de Seleções, torneio que já estava em sua 4ª edição. Por intermédio de Hermínio Bello, Tarquínio Lopes e Antero Novaes, a Seleção Maranhense estreou no Campeonato no dia 12 de setembro, perdendo para o Pará por 3 x 0. Jogadores: Tomaz, Grajaú e Colares; Guanabara, Tavares e Jagunço; Turrubinga, Mundico, Zezico, Lobo e Raiol. 1927 é fundada a Associação Maranhense de Esportes Atléticos (AMEA); as duas ligas coexistiram, em pé de guerra, até 1929. O Maranhão participa pela segunda vez do Campeonato Brasileiro de Seleções, com uma equipe formada por jogadores das duas ligas – LMS e AMEA – por interferência do Governador do Estado, Magalhães de Almeida, do Intendente Municipal (Prefeito) Jayme Tarares, e do Chefe de Policia, Cel. Zenobio da Costa. A equipe era formada por Dico, Neophito, Negreiros, Rayol, Chico Bola, Jagunço, Pinduba, Zezico, Clodomir, Severino, Baé, Tomaz e Mourão; chefe da deleção: Hermílio Bello, presidente da LMS. Os maranhenses perderam para a seleção de São Paulo por 13 x 1, no dia 12 de outubro.
1928 eram disputados dois campeonatos estaduais, cada um promovido por uma Liga – LMS e AMEA -, sendo que esta era a reconhecida pela CBD. Naquele ano, o Vasco sagrou-se campeão (no tapetão contra o Luso) e o da LMS não foi concluído. 1929 a AMEA estava desacreditada, devido as brigas entre os dirigentes esportivos – LMS x AMEA; assume a AMEA Waldemar Britto (facção Waldemar), havendo então duas Associações, a da ‘facção Waldermar’ e a da ‘facção Tarquínio’. Em junho, em meio à crise que se instalara, a AMEA foi descredenciada pela CBD devido às anormalidades reinantes. É promovido o campeonato maranhense, com o Tupy sagrando-se campeão. Luso Brasileiro deixa de praticar o futebol. São Luis é escolhida sede do Zonal Norte do Campeonato Brasileiro de Seleções; por problemas internos – duas AMEAS – foi transferido de local, e o Maranhão não participou do evento, nem no do ano seguinte, retornando apenas em 1931. A AMEA, “facção Tarquínio” concluiu o seu campeonato de 1927 em 1928; o de 1928 em 1929; o da “facção Waldemar Brito” não teve fim, nem campeão. 1930 é concedida anistia à AMEA pela CBD; esta solicitou a relação dos atletas filiados, para uma eventual convocação para a primeira Copa do Mundo. - O SC Sírio Brasileiro sagra-se campeão maranhense. 1931 – o Campeonato Maranhense foi suspenso, não sendo concluído. 1936 – o Campeonato não foi disputado CAMPEONATO ESTADUAL – LISTA DE CAMPEÕES. 1918 - Fênix Futebol Clube (São Luís) 1919 - Sport Club Luso Brasileiro (São Luís) 1920 - Sport Club Luso Brasileiro (São Luís) 1921 - Football Athletic Club (São Luís) 1922 - Fênix Futebol Clube (São Luís) 1923 - Football Athletic Club (São Luís) 1924 - Sport Club Luso Brasileiro (São Luís) 1925 - Sport Club Luso Brasileiro (São Luís) 1926 - Sport Club Luso Brasileiro (São Luís) 1927 - Sport Club Luso Brasileiro (São Luís) 1928 - Vasco da Gama Futebol Clube (São Luís) 1929 – não foi disputado 1930 - Sampaio Corrêa Futebol Clube (São Luís) 1931 - Sport Club Sírio (São Luís) 1932 - Tupan Esporte Clube (São Luís) 1933 - Sampaio Corrêa Futebol Clube (São Luís) 1934 - Sampaio Corrêa Futebol Clube (São Luís) 1935 - Tupan Esporte Clube (São Luís) 1936 – não foi disputado 1937 - Maranhão Atlético Clube (São Luís) 1938 - Tupan Esporte Clube (São Luís) 1939 - Maranhão Atlético Clube (São Luís) 1940 - Sampaio Corrêa Futebol Clube (São Luís) Consideramos os ‘campeonatos’ disputados em 1909 e 1915? Lembrando que não foram disputados os de 1929 e 1936, e que em 1928 tivemos dois campeonatos, cada um organizado por uma das ‘ligas’, porém um deles não foi concluído... assim... é. Podemos considerar como este de 2020 sejá, mesmo o 100º ... ou não?
LANÇAMENTO DO LIVRO,
"A CAPOEIRA NO MARANHÃO, ENTRE AS DÉCADAS DE 1870 E 1930", ROBERTO AUGUSTO A. PEREIRA, Licenciado em Hst pela UFMA, Doutorando em História comparada pela UFRJ. Por MARCO AURÉLIO HAIKEL "Visiting Fellow" em Harvard, entre julho de 2019 e julho de 2020, torna claro o seu compromisso com a Capoeira, sobretudo, ao pontuar com expressividade, o protagonismo e a resistência de seus praticantes, frente às estratégias para expurgá-la do seio e do caráter popular. Em sua fala, Roberto chamou atenção para o fato de que no século XX houve uma grande e ostensiva perseguição por parte do Estado Brasileiro à Capoeira e aos capoeiras. Isso, já em momento que educadores, militares, acadêmicos diversos chamavam atenção para as ricas potencialidades educacionais, disciplinar e pedagógicas inerentes à Capoeira. Mas nada disso fora levado em conta, mas tão somente após a nossa Arte Guerreira, genuinamente brasileira de matriz Africana, pela sua resistência, caráter e potencialidades ser reconhecida mundo afora, em mais de 150 países. Nesse aspecto abro parêntese para expressar meu lamento ao assistir, recente, à uma entrevista de um mestre de renome por quem tenho respeito fazer pouco caso de tal feito, por ser a língua portuguesa imposta, como se esta não sofreria ao longo do processo de formação do povo Brasileiro, as profundas influências Tupi e em menor monta de outras etnias autóctones somadas às diversas africanas. Ora, sabemos que conquistadores sejam quais forem tentam impor sua cultura sobre os dominados, no entanto, tal processo está longe de ser unilateral, a exemplo do que ocorreu com os yorubás sobre os daomeanos, aonde panteão de deuses destes fora mantido por aqueles. Fato que também se deu com o poderoso império mongol, cujas crenças, próprias, foram minimizadas para dar espaço à religião mulçumana. A meu ver esse grande mestre solapa e escamoteia uma característica que é geral entre detentores/as que ensinam a nossa Arte Guerreira no estrangeiro, como entre as provas maiores de ser a Capoeira, brasileira, e um presente seu à humanidade. As músicas de Capoeira cantadas em nossa língua sofre críticas por parte desse grande mestre, que reitero-lhe o respeito, mas que digo a Capoeira está sobre quem quer que se considere maior, pois...maior é Deus! De minha parte, às favas, argumentos que se prestam a retirar essa forte relação nossa com o mundo. Por acaso o caboclo aqui do meio rural do Maranhão que fala um português, com as peculiaridades próprias de um país continental, mas que o abrange por inteiro deixaremos a nossa lingua e sotaque por outra qualquer, seja qual for!!?? Apesar de minha grande admiração pelos cachorros vira-latas, verdadeiros caçadores e de bravura, me recuso a reforçar a síndrome que leva o seu nome, em relação à nós, povo Brasileiro. Mas sim...Roberto chama atenção para uma verdade, a de que somente no século XXI, após seu reconhecimento mundial, o Estado Brasileiro reconhece a importância da Capoeira tornando-a, Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. Nesse sentido chamou-me atenção para o fato de que durante uma reportagem à um veículo de imprensa televisiva local, anunciando o lançamento do livro, um antropólogo do IPHAN dizer que o órgão estava a realizar o levantamento de dados e o cadastro dos "principais mestres" locais... Quanta pretensão, no entanto, cultural de servidores públicos que lidam com as coisas do povo, além das "res publicas" !!!
Para tanto basta saber-se que a quase unanimidade de mestres angoleiros se recusam a compor o Plano de Salvaguarda, em razão da intromissão da SR-MA ao se intrometer em ato deliberativo que dizia respeito, exclusivamente, aos detentores e assim viciar o processo de salvaguarda. Eu percebo que alem de cultural o comportamento de servidores públicos, por mais especializados que sejam, em se tratando de Culturas Populares possuem a tendencia de se acharem donos/as da verdade. Pior: "inventarem verdades" e, por se encontrarem sob a capa protetora e impositora do Estado, tais "verdades" impregnam, a ponto de fazer jus aquele ditado do ideólogo nazista, a de que uma mentira por tantas vezes contadas passa a se tornar verdade. Mas embora aos olhos de quem se encontre situação de poder institucional considere que tenha controle, a Capoeira é muito mais e, se ao longo de séculos chegou até aqui resistindo - tal princípio lhe é inerente - há de ser mantida pelos capoeiras que não se prostram, bem como, aos que não se acham maior que ela. Torno claro aqui, que não estou defenestrando o Estado, mas tão somente quando se pretender aliado aqui e ali, mas jamais se pretender impor regras, pois sendo a Capoeora do seio do povo, esta diz respeito tão somente aos griôs e às griôs, pelo povo assim considerados/as, depois de consagrados/as pela própria Capoeira. Parabéns, Professor, Doutorando, Roberto Augusto, que siga sua senda enquanto capoeira honrando a nossa Arte Guerreira, ao lecionar, assim como em suas pesquisas ainda muitas a serem realizadas, que a Capoeira tem dono, e não é o Estado e seus tentáculos, mas o Povo Brasileiro, por meio de seus detentores e detentoras, sobretudo, quem sabe da importância que possui o Estado, mas tão somente como parceiro, nunca como guia... Pois maior mesmo...é Deus!!!
YOUTUBE.COM Lançamento do livro A Capoeira do Maranhão: entre as décadas de 1870 e 1930
ESTATÍSTICAS DO DESPORTO, QUEM AS CONHECE? JOSÉ MANUEL CONSTANTINO Em termos de emprego, o desporto tem uma dimensão semelhante à da indústria da madeira, papel e cartão (1,4%), superando ramos como a consultoria e programação informática (0,9%), as atividades imobiliárias (0,7%) e as telecomunicações (0,3%). Qual é o valor da despesa pública com o desporto, nela incluindo o Estado, as autarquias e outros entes públicos? Qual é o peso económico do benevolato no setor? Quanto vale a indústria do vestuário e do calçado desportivo? Qual é o valor do patrocínio desportivo? Qual o peso, na economia nacional, do espetáculo desportivo e de tudo que o mesmo estimula (publicidade, media, segurança, bilheteira, viagens, hotelaria, restauração, etc.)? Em Portugal, responder a estas perguntas, que poderiam ser multiplicadas por dezenas de outras, é um exercício difícil. A produção de estudos estatísticos sobre o desporto é profundamente deficitária, o que torna o conhecimento do setor muito frágil. Há pesquisas que nunca foram feitas e, noutras, os dados publicados não estão atualizados e muitas das fontes que estão na origem de informações relevantes baseiam-se em estimativas. Não obstante, é de elementar justiça reconhecer o que de positivo foi feito. Em 2006, a União Europeia (UE) constituiu um Grupo de Trabalho sobre Desporto e Economia, tendo em vista desenvolver uma abordagem metodológica comum para medir a relevância económica do desporto. Posteriormente, e no contexto das conclusões do Conselho da UE de novembro de 2012, recomendaram aos Estados-membros que seguissem os progressos realizados no desenvolvimento de contas-satélite do desporto com base nos instrumentos metodológicos disponíveis, recorrendo às estruturas de cooperação existentes a nível da UE e procurando associar as estruturas governamentais competentes, incluindo os institutos nacionais de estatística. Neste contexto, em 2014, o Instituto Nacional de Estatística assinou um protocolo com o Instituto Português do Desporto e da Juventude em que se previa a elaboração de uma Conta Satélite do Desporto (CSD), a qual contribuiria para ampliar o Sistema de Contas Nacionais Portuguesas. O objetivo essencial da CSD era o de providenciar um sistema de informação económica relacionado com o desporto, em linha com as contas nacionais e fornecendo uma representação completa, fiável, sistematizada e passível de ser comparada internacionalmente. Complementarmente seria uma base de evidência relevante e um instrumento fundamental de diagnóstico de apoio à construção da decisão politica em matéria de políticas públicas e associativas. Em 2016, foram publicados os primeiros trabalhos da CSD referentes ao período de 2010/2012 e o resultado final foi altamente motivador atendendo a que foi possível coligir importantes dados estatísticos sobre o setor. Por exemplo, que a dimensão relativa do desporto no valor acrescentado bruto da economia portuguesa é semelhante à do ramo de fabricação de produtos metálicos (1,2%), ultrapassando outros como a consultoria e programação informática (1,0%), a indústria do vestuário (0,9%) ou as atividades de arquitetura, de engenharia e técnicas afins (0,8%). Em termos de emprego, o desporto tem uma dimensão semelhante à da indústria da madeira, papel e cartão (1,4%), superando ramos como a consultoria e programação informática (0,9%), as atividades imobiliárias (0,7%) e as telecomunicações (0,3%).
Os voluntários da área do desporto foram responsáveis por 14.617,8 mil horas de trabalho voluntário formal, em 2012, o que correspondia a 7,6% do total de horas de voluntariado formal, a nível nacional. No domínio do voluntariado, o número de voluntários que desempenharam funções em instituições ligadas ao desporto (39.124) supera o de áreas como a arte e cultura (34.505), o ambiente (17.490), a educação e investigação (14.961), a saúde (9.009) e as associações patronais, profissionais e sindicais (5.326), entre outras. A importância relativa do trabalho voluntário formal em organizações da área do desporto, em termos do número de voluntários, apenas foi superada pelas organizações que se dedicam ao apoio social, por instituições religiosas e por clubes de outras atividades de recreação e lazer. A Pordata, com estatísticas oficiais e certificadas sobre o país e a Europa, tem igualmente produção estatística relevante sobre o desporto. Os últimos trabalhos publicados sobre o setor (maio de 2020) respeitam a um horizonte temporal de 2013/2018, mas no qual é possível recolher elementos significativos sobre a despesa corrente dos municípios com o desporto (+68%) ou sobre o número de praticantes desportivos federados (+13%) para além de outros dados relevantes. Tudo a confirmar a indispensabilidade de continuar a apostar neste trabalho reforçando os meios consagrados à produção de estatísticas sobre o desporto de modo a ser possível atualizar o conhecimento sobre o setor, avaliar medidas e tomar decisões baseadas em dados tangíveis e, consequentemente, alimentar uma planificação estratégica com base em evidências, mais do que em perceções.
KEYNESIANOS NA ECONOMIA E NEOLIBERAIS NO DESPORTO JOSÉ MANUEL CONSTANTINO
O Comité Olímpico de Portugal apresentou recentemente ao Governo a proposta de criação de um Fundo Especial de Apoio ao Desporto a partir da revisão de um dos jogos sociais que é produzido exclusivamente pelo desporto e que permitisse melhor responder à situação de crise que estamos a viver. O título é provocatório, mas procura chamar a atenção para uma realidade emergente no modo como, por um lado, se abordam as políticas públicas e o papel do Estado e, em simultâneo, se avalia a forma como os sistemas desportivos evoluem no mundo. As políticas públicas de desenvolvimento do desporto requerem uma forte presença do Estado seja na regulação, seja no financiamento. Desde logo para permitir proteger um bem público produzido que é o desporto, e que este seja recebido pela sociedade a um custo bem inferior ao seu valor real, porque produzido na sua esmagadora maioria por entidades de natureza não lucrativa, em que está incorporada uma forte componente de trabalho voluntário, não remunerado. Mas também porque esse bem público gera externalidades diversas nos planos educativo, salutogénico e cultural de insubstituível valor social. E se isto é verdade em termos gerais, mais o é em períodos de anemia da economia e da atividade produtiva. O Estado deve ter um papel decisivo na retoma da economia, numa ampla extensão das suas tradicionais funções. O que levava Keynes a defender que o Estado deveria garantir as despesas que as empresas e as famílias não tinham possibilidade de fazer, no quadro de políticas destinadas a fortalecer e a estabilizar a procura efetiva, conjugadas com políticas ativas de promoção do pleno emprego, assumindo a necessidade e o risco dos chamados défices orçamentais. A ideologia neoliberal é o oposto. Ela não significa apenas uma oposição radical à democracia económica e social que ganhou espaço político no pós-guerra. É a ideologia do grande capital financeiro. A de um Estado que defenda políticas de supremacia do capital financeiro sobre o capital produtivo, o “sistema puro e gigantesco de especulação e de jogo”, de que falava Karl Marx. Um Estado forte na proteção dos interesses financeiros, não para que se produza mais e a distribuição possa ser socialmente mais justa, mas para que a acumulação de capital possa ocorrer, funcionando essa acumulação como fator de reprodução de riqueza. A globalização do desporto e o seu modelo de crescimento foram feitos à custa da produção do espetáculo desportivo que passou, em muitos casos, a ser dirigido por entidades comerciais de acordo com regras empresariais, associando-se ou negociando esses eventos com as grandes cadeias de televisão e patrocinadores globais, através da concentração do poder num número restrito de parceiros empresariais. Com um único objetivo: o lucro e acumulação de capital. Sediadas em jurisdições com reconhecidas fragilidades no que respeita a indicadores de transparência na gestão financeira, como é o caso de muitos paraísos fiscais, a sua ação não se esgota na exploração comercial dos eventos desportivos, mas numa lógica depredadora que contamina toda a economia do desporto. A situação que atualmente estamos a viver destapará este “capitalismo de casino” em que se transformou muito do desporto internacional assente num mercado especulativo de ativos fortemente inflacionados por uma economia sem capacidade de monitorizar não só a origem dos capitais que a montante a alimentam, assim como o modo, a jusante, como os mesmos são escoados do circuito. Fenómenos conexos como a manipulação de resultados e as apostas viciadas
são o resultado de um mercado desregulado e animado pelo lucro desmesurado que qual bolha especulativa um dia rebentará. Esta situação coloca um evidente dilema às políticas públicas, as quais correm o risco de não terem meios de travar este combate tão desiguais são as armas. Impressiona que organizações desportivas de base padeçam de umas dezenas de milhares de euros para o desenvolvimento das suas atividades, enquanto outras organizações desportivas evidenciam a disponibilidade de milhões para reporem em funcionamento um mercado que já deu provas de ser bom para proteger os fortes, mas não servir para ajudar os fracos. O Comité Olímpico de Portugal apresentou recentemente ao Governo a proposta de criação de um Fundo Especial de Apoio ao Desporto (FEAD) a partir da revisão de um dos jogos sociais que é produzido exclusivamente pelo desporto e que permitisse melhor responder à situação de crise que estamos a viver. Em termos práticos, significa que os cerca de 470 milhões de euros (valores de 2018) que são distribuídos por nove entidades (das quais oito nada têm que ver com o desporto) sejam apenas 440 milhões e a diferença sirva para ajudar aqueles que nada recebem, recalibrando o modelo solidário de financiamento ao desporto de matriz europeia, onde os jogos sociais têm um papel crucial, ao injetar na economia desportiva – à semelhança do que tem vindo a ocorrer neste período na vasta maioria dos países europeus – recursos indispensáveis à sua sustentabilidade financeira profundamente comprometida por ausência das competições que representam o motor gerador das suas receitas. E, simultaneamente, dentro do próprio desporto, poder fazer uma redistribuição que permita aos que têm menos expressão receber uma parte do valor criado pelo próprio desporto e assim reduzir as assimetrias que o atual modelo introduz. Não se trata de dinheiro dos contribuintes, mas da justa remuneração dos organizadores de competições desportivas pelas receitas que possibilitam ao mercado de apostas sociais gerar, através do seu esforço e dos seus recursos, contribuindo ainda para o maior escrutínio e transparência na atribuição de dinheiros públicos essenciais para mitigar riscos e ameaças prementes num contexto de crise, melhorando, assim, a governação e a integridade do sistema desportivo nacional.
DESPORTO: UM SETOR ESQUECIDO JOSÉ MANUEL CONSTANTINO
Sabemos que só o golfe (dados de 2018 publicados no Anuário da Federação Portuguesa de Golfe) gerou em impactos diretos e indiretos cerca de 1,9 mil milhões de euros. E o surf tem certamente um impacto significativo em termos de procura das nossas praias. Portugal aumentou em pouco anos o seu reconhecimento internacional em muitas vertentes, sendo uma delas o desporto e tudo o que este comporta e com o qual se relaciona. A capacidade de o país organizar e acolher no seu território, com as suas infraestruturas e recursos, múltiplos eventos de diferentes modalidades tem constituído valor acrescentado e benefícios para o desenvolvimento desportivo e económico nacional. Em resultado desse desenvolvimento, Portugal é hoje, também, internacionalmente reconhecido como um destino privilegiado para a preparação desportiva de atletas e seleções nacionais de diferentes países em inúmeras modalidades. Existem mesmo modalidades (remo, canoagem, vela, ginástica, futebol, triatlo, surf, ciclismo, atletismo, entre várias outras) que escolhem Portugal como local de preferência para os respetivos estágios desportivos, incluindo nas suas delegações campeões olímpicos e mundiais. E quem acompanha os processos desportivos no alto rendimento sabe do efeito multiplicador que estas opções geram na procura dos espaços de preparação desportiva escolhidos pelos melhores. Na grande maioria dos casos o país ignora a dimensão do problema. E aproveita mal os ganhos económicos e desportivos. E se existe alguma entidade que registe o movimento de entradas em Portugal por motivos desportivos e o contributo que é dado à nossa economia esse trabalho não é do conhecimento público, ao contrário do que se passa no país vizinho, onde o "Anuário de Estadísticas Desportivas", entre outras dimensões de análise, permite conhecer a magnitude do desporto em termos comerciais e turísticos. A partir de 2016 deixaram de ser publicados dados da Conta Satélite do Desporto e naquela data o período estudado era 2010/2012. Nessa altura o desporto já representava 1,4% da mão-de-obra nacional, o mesmo nível de postos de trabalho da "indústria da madeira, papel e cartão" (1,4%) e mais do que ramos de atividade como a "consultoria e programação informática" (0,9%), "atividades imobiliárias" e "telecomunicações" (0.3%). Numa recolha que o Comité Olímpico de Portugal fez junto de algumas entidades desportivas e operadores privados, e em apenas algumas modalidades, estima-se que o número de países que estagiaram em Portugal em 2019 seja superior a uma centena e meia, correspondendo a cerca de 200 mil dormidas. Muitas destas dormidas, geradas pela procura desportiva, são contabilizadas na indústria do turismo, por via do registo hoteleiro. Ignoramos o valor económico gerado em impactos diretos e indiretos. Mas sabemos que só o golfe (dados de 2018 publicados no Anuário da Federação Portuguesa de Golfe) gerou em impactos diretos e indiretos cerca de 1,9 mil milhões de euros. E o surf tem certamente um impacto significativo em termos de procura das nossas praias. E podem apresentar-se os desportos hípicos com um peso muito significativo na economia. Em alguns casos é de admitir que esta procura se deva à promoção do país no estrangeiro e aos efeitos multiplicadores que tiveram no setor do desporto. Mas tal não correu, que seja público, por impulso concertado das autoridades que deveriam liderar este processo, designadamente o Turismo de Portugal e a Fundação do Desporto, esta enquanto coordenadora da gestão dos centros de alto rendimento que são de génese e gestão públicas. Esta procura resulta, em grande parte, de iniciativas particulares promovidas por contactos bilaterais entre organizações desportivas congéneres ou por iniciativas de entidades privadas, sem que, porém, seja dada a devida atenção aos resultados deste fenómeno catalisador do valor
desportivo nacional e incrementador de montantes avultados de consumo, que não são nem podem ser ignorados no plano económico. Aquando da recente apresentação do Programa de Recuperação Económica e Social, a ministra da Cultura revelou que teve um "um diálogo bom" com o autor do trabalho e que está muito contente com a visibilidade da sua área no plano. O mesmo não pode afirmar, infelizmente, o membro do Governo responsável pela área do desporto. Pelo menos no que toca à visibilidade do setor. É pena. Perde o desporto e perde Portugal.
CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE – NOVAS CONSIDERAÇÕES LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Professor de Educação Física; Mestre em Ciência da Informação Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Academia Ludovicense de Letras
Ao se estabelecer que haja uma capoeiragem tradicional maranhense, singular, herdeira de uma memória que remonta ao início dos 1800, e que recebeu várias influências, especialmente a partir dos anos 1960, com a interação dos capoeiras praticantes naquele momento, aqui na Ilha, e os recém-chegados Roberval Serejo - discípulo de Djalma Bandeira -, e logo a seguir, de Anselmo Barnabé Rodrigues, mais conhecido como Mestre Sapo - discípulo de Canjiquinha -, e a sistematização de seu ensino, sob a influencia de Laércio Elias Pereira, quando da introdução, no Maranhão, do Método Desportivo Generalizado, de Auguste Listello, a partir de meado dos anos 1970, quando da renovação do esporte e da educação física, ao tempo de Cláudio Vaz dos Santos, com a criação das várias “escolinhas” de esporte, incluindo a de Capoeira. Deparo-me com magistral artigo do Mestre Marco Aurélio, nos brindando com mais detalhes sobre o desenvolvimento da “capoeiragem tradicional maranhense”: NA CAPOEIRA, O SAMANGO É UM JOGO cuja autoria era reivindicada pelo MESTRE CANJIQUINHA2, e nunca ouvi quem contestasse. Certa feita, pelos idos do ano de 1990 - um pouco antes de resolver me estabelecer em Salvador por uns anos - tive a oportunidade de vivenciar umas aulas com o Mestre, em sua Academia, não me lembro em qual bairro, mas o acesso era pela Avenida Paralela, em Salvador. Dos ensinamentos que recebi, quando o Mestre tratou à respeito do Samango fiquei por demais impressionado, ao mesmo tempo que honrado, pela certeza de que o meu Mestre - Patinho - era originário de uma grande Tradição. Na medida em que ouvia sobre o Samango e via a forma de sua prática, "mutatis mutandi", os ensinamentos que recebera do meu Mestre ficava emocionado por tamanha semelhança. Ao ver da parte de quem criou o jogo relacionando-o com o que havia aprendido do meu Mestre, que recebera de seu Mestre - Sapo - que era aluno de Canjiquinha, não havia diferença. Quanta honra de pertencer à uma verdadeira Escola... Por essas e outras é que sei que sou de uma Tradição que tem raízes - lastro - e, que o Mestre Sapo pode até ter recebido saberes e fazeres aqui e ali com grandes outros mestres, mas Canjiquinha era o de frente. Aquele com quem de fato Sapo aprendera. Depois de um tempo, quando tive a oportunidade de conhecer a "Ladja", uma luta da Martinica, de Matriz Africana, eu vi o quanto Canjiquinha e esses Grandes Mestres
2 Matthias Rohrig Assuncao. Capoeira: A História de uma Arte Marcial Afro-Brasileira, in https://books.google.com.br/books?id=C5C7VP0ollYC&pg=PA198&lpg=PA198&dq=samango+%2B+capoeira&source =bl&ots=388pB6PVw5&sig=ACfU3U37lDrSK19U29HqJJJUkJ9TmShe2Q&hl=ptBR&sa=X&ved=2ahUKEwjGgca91JXrAhXumOAKHedVA5cQ6AEwGnoECAoQAQ#v=onepage&q=samango%20%2B%20 capoeira&f=false
eram inteligentes e perspicazes. É que aqui e ali, quem conhece os dois percebe que há algo em comum, entre a "Ladja" e o "Samango". Salve Mestre Canjiquinha, a "Alegria da Capoeira"! Salve a Capoeira, essa adorável Arte Guerreira! Temos, pois: I looked up the meaning for Samango, and one that came up consistently is ‘lazy soldier’ or just lazy, but that’s used in Ceará only it seems. ‘Vadiar’ comes to mind… Samango is also a type of Monkey, possibly of African origin (both the name and the monkey). It’s also a name for the male member in some places! 3. (Eu pesquisei o significado de Samango, e tem um que surgiu consistentemente é 'soldado preguiçoso' ou apenas preguiçoso, mas isso é usado no Ceará apenas parece. 'Vadiar' vem à mente… Samango também é uma espécie de Macaco, possivelmente de origem africana (tanto o nome quanto o macaco). É também um nome para o membro masculino em alguns lugares!) Curiosamente, no Nordeste brasileiro é muito comum chamar um soldado raso, sem patentes, de samango. Também é chamada assim a pessoa que não tem malícia para brincadeiras. Por ‘samango’ também se entende: gíria utilizada no Brasil para se referir a um policial; Homem muito preguiçoso; Uma espécie de Macaco; também se refere a um grupo de amigos de Santa Cruz do Capibaribe - PE, muito conhecidos por suas poivas e reuniões mensais. Entende-se por “samango”: “toque de capoeira onde a acústica da barriga é enfatizada. Era utilizado para mostrar que existia a aproximação de pessoas no local onde estava sendo executado e levava a velocidade das passadas, aumentando com a aproximação” 4, 5. Este toque / jogo foi criado por Mestre Canjiquinha. O Samango é um jogo muito dinâmico com pontapés laterais. O toque em si deve ser tocado em um ritmo constante, com poucos repiques, para permitir que os músicos mantenham seu ritmo. No entanto, se estiver demonstrando, então mais repiques são encorajados! É lutado de lado, tem a presença de poucos movimentos. Sua característica de manifestação é a chapa giratória, a chapa de lado, rasteira e voo de morcego. O Mestre Canjiquinha o criou para que em um local apertado, como um corredor ou um beco, o capoeirista se movimente atacando, defendendo-se, soltando seus golpes6. Segundo Assunção e Cobra Mansa (2015)7, Washington Bruno da Silva (1925-1994), o Mestre Canjiquinha - que aprendeu com Aberrê a partir de 1935 e foi mestre de bateria na academia de Pastinha - declarou em entrevista: “Se o Mestre Bimba criou a Regional, eu achei por bem criar o Muzenza, o Samango.” Trata-se de dois toques (ritmos) novos, ao que correspondem maneiras de 3
Lelé's Capoeira Blog https://capoeira.tootington.com/2014/toque-e-jogo-samango/ https://www.youtube.com/watch?v=VWnId1hdnak&feature=emb_title https://www.youtube.com/watch?time_continue=45&v=50k1JeVcKCY&feature=emb_title https://www.youtube.com/watch?v=8vzhS-iCBAk&feature=emb_title 4 https://pt.wikipedia.org/wiki/Samango 5 https://www.dicionarioinformal.com.br/sinonimos/samango/ Como sinônimo, temos: meganha, soldado, trolha, pênis, pica, caralho, pau, rola, piru, giromba, sulamba 6 https://www.facebook.com/grupozumbisp/posts/2550666905172162/ http://twixar.me/Wr5T 7 COBRA MANSA; ASSUNÇÃO, Mathias R.. Da senzala à academia: a diversificação da capoeira. | CIÊNCIAHOJE | 331 | VOL. 56 https://www.passeidireto.com/arquivo/23543067/da-senzala-a-academia-a-diversificacao-da-capoeira/2
jogar específicas. O Muzenza é um toque de candomblé que Canjiquinha transpôs para a roda de capoeira. O Samango se joga de lado e é bastante violento, com movimentos de tesoura voadora (movimento em que um capoeirista joga os dois pés em posição de tesoura no pescoço do adversário). Mestre Canjiquinha se autointitulava como “A alegria da capoeira”, ressaltando a importância do riso no aprendizado e dizendo que havia aprendido dando risada e que também ensinava dessa forma. O ensinamento desse mestre ocorria inicialmente com o conhecimento sobre a base da capoeira, que significava “começar de baixo” e ensinar primeiros golpes e defesas. Canjiquinha ressaltava que a capoeira deveria ocorrer de acordo com o toque do berimbau, devendo-se ter bastante atenção no momento do jogo, ou seja, dever-se-ia jogar estudando o jeito do oponente, de preferência a um metro de distância, essencial para que cada um adquira a habilidade de se defender. (CANJIQUINHA, 1989)8. O berimbau é o principal instrumento usado na capoeira, capaz de produzir inúmeros toques diferentes sendo os mais comuns9: Angola - É um toque cadenciado, rasteiro e lento. Usado para um jogo de dentro, próximo ao chão, de forma lenta a maliciosa. Ao som desse toque, o capoeirista mostrará força e equilíbrio. Jogo solto de mandingueiro. São Bento Grande - Esse toque é correspondente ao 3º ritmo. No momento em que o gunga o toca, a viola toca São Bento Grande e o berimbau médio toca o São Bento Pequeno. É nesse momento do jogo que a luta é enfatizada, tornando necessário reflexo e velocidade por parte dos capoeiristas. São Bento Pequeno - Toque de berimbau lento e cadenciado. A sua execução é feita somente com duas batidas e com o apoio do dobrão sobre o fio de aço. E seguidas bem rapidamente por uma terceira batida que é marcada pelo dobrão, uma batida feita no fio de aço solto e um balanço no chocalho. Cavalaria - Esse toque representa alerta máximo ao capoeirista. Ele serve para avisar a existência de algum perigo no jogo, bem como a discórdia ou violência na roda de capoeira. São Bento Grande de Bimba - Também conhecido como São Bento Grande da Regional, é um toque criado pelo Mestre Bimba. Iúna - Não se sabe quem criou esse toque. Porém, alguns capoeiristas acreditam que o seu criador foi o Mestre Bimba. Ele serve para que os alunos demonstrem todas as suas habilidades, como paradas de mão, piruetas, saltos e muito mais... Banguela - É o toque mais lento da capoeira regional, e serve para acalmar os ânimos dos capoeiristas se o combate apertar. Jogo cadenciado. Idalina - Toque usado em jogo de navalha. Regional de Bimba - Esse estilo é mais voltado para o combate. Quem o criou foi o Mestre Bimba, e acabou dividindo a capoeira em dois estilos diferentes. A outra é conhecida como Capoeira de Angola. Amazonas - Toque festivo e é usado para dar as boas-vindas à Mestres visitantes e aos seus alunos. Normalmente, é usado em encontros e batizados. São Bento Grande de Angola - Mais comum em jogo de Angola, trata-se de um toque que usa o berimbau viola, e que é tocado fazendo repiques. Há também alguns grupos de capoeira que usam esse toque para jogar “regional”, em um jogo de floreios e rápido. O toque São Bento Grande de Angola é a mesma coisa que a capoeiragem da época dos escravos. Pode ter tido algumas poucas alterações, além da denominação. 8
CANJIQUINHA, Mestre. Canjiquinha, alegria da capoeira: eu sou a alegria da capoeira, na capoeira eu sou a alegria. Salvador: A rasteira, 1989, citado por Sammia Castro Silva; José Gerardo Vasconcelos. Práticas educativas da capoeira no século XX: reflexões a partir de aspectos biográficos de mestres da arte. revista entreideias, Salvador, v. 8, n. 3, p. 4-68, set/dez. 2019 9 https://storia.me/pt/conhe-a-aqui-diferentes-tipos-de-toques-de-berimbau-6r1/s
Santa Maria - Toque usado quando o capoeirista coloca uma navalha na mão ou no pé. É considerado como um dos mais belos toques de berimbau, em que o capoeirista deve desenvolver uma verdadeira escala de notas, e voltar ao início, que faz com que o ritmo tenha uma característica peculiar, que o diferencia dos outros toques de capoeira, principalmente da capoeira regional. E por fim, Samango: Esse toque enfatiza a acústica da barriga. Ele era usado para avisar sobre a aproximação de alguém ao local em que era executado. O samango era tocado de acordo com a velocidade dos passos, e ia aumentando de conforme as pessoas iam se aproximando. Para Castro e Vasconelos (2019)10, esse mestre demonstra a diversidade das práticas corporais afro-brasileiras que constituem o fenômeno da capoeira, além do binômio ginástica-luta, e a presença da capoeira nos grupos folclóricos da Bahia no século XX.
10
Sammia Castro Silva; José Gerardo Vasconcelos. Práticas educativas da capoeira no século XX: reflexões a partir de aspectos biográficos de mestres da arte. revista entreideias, Salvador, v. 8, n. 3, p. 4-68, set/dez. 2019
HISTÓRIA(S) DO MARANHÃO
ENTENDA POR QUE DEVEMOS ACABAR COM O ABRIGO DO LARGO DO CARMO EUCLIDES MOREIRA NETO
As forças que constituem o poder público local nas esferas Federal, Estadual e Municipal estão desenvolvendo uma série de ações na capital maranhense no sentido de recuperar e tornar possível a revitalização do nosso centro histórico, especialmente as áreas que envolvem os tombamentos federal e estadual da cidade de São Luís, entre os quais estão a Praça João Lisboa e o Largo do Carmo, no qual está a construção do conhecido abrigo. Esse abrigo foi erigido em meados do século passado para atender a necessidade de haver um espaço para receber a população da cidade de São Luís que dependia dos bondes para sua locomoção, no trecho que abrangia o centro histórico, os bairros mais próximos do centro urbano e regiões mais afastadas como os bairros do Monte Castelo, João Paulo e Anil, uma vez que,naquela época, para chegar a essas localidades o povo percorria uma via conhecida como “Caminho Real” ou “Caminho Grande”, pois o centro produtivo da cidade estendia-se até esses limites geográficos. Na verdade, no centro da cidade foram construídos dois abrigos, um que fica ao lado do início da rua Grande (ou Oswaldo Cruz) e outro que ficava em frente a antiga Câmara de Vereadores de São Luís (o Casarão localizado ao lado dos correios) e está no início da Rua da Paz, que tempos antes havia sofrido modificações para alargamento daquela rua. Esse alargamento chegou a derrubar parte do Convento das Carmo, que perdeu três lances de janelas e a sua escadaria que se estendia até o meio do referido largo e foi substituída por duas escadarias laterais. A cidade também perdeu um pelourinho que ficava em frente a igreja do Carmo e que era o símbolo da escravidão colonizadora da região. Pois bem, o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em conjunto com os poderes públicos estadual e municipal acaba de anunciar a revitalização da Praça João Lisboa e Largo do Carmo, devendo ser mantido o abrigo que ainda existe na parte contígua à entrada da rua Grande. Primeiro, a revitalização desse espaço público é uma demanda de vários gestores municipais, lembro-me de que o ex-prefeito João Castelo tentou de tudo para essa obra ser executada, mas as picuinhas políticas de seu tempo barraram sua vontade e a cidade ficou a esperar. Espero(amos) que a revitalização agora anunciada reveja a manutenção desse abrigo, pois, ao meu ver, sua demolição é uma ação de bom senso, constituindo-se extremamente pertinente e necessária, já que aquele local não abriga mais nada de bom para a cidade, pelo contrário tornouse um espaço sem sentido e totalmente insalubre. Jaz o tempo em que a população local recorria aquele espaço para pegar transporte público ou curtir uma noitada ao som de “boa música”. Atualmente, não percebemos função social relevante para manutenção daquele “abrigo”. Os boxes são pouco procurados pela população que há muito deixou o centro da cidade e ali tornou-se local para práticas ilícitas, que prefiro não nomear para não causar desagravo à parcela populacional praticante. Por isso, torna-se premente que os poderes públicos envolvidos com essa reforma revejam essa revitalização e transfiram para local mais apropriado os atuais ocupantes do referido abrigo. Só para exemplificar, é transcrito abaixo um trecho da matéria do jornalista Douglas Cunha (12 .02.2017 ) quando diz: “O taxista João Batista Correia trabalha no Posto Neon, desde 1972. Ele lembra que quando ali iniciou no trabalho, com “carro de praça”, os ônibus trafegavam pela Rua da Paz e passavam pela
Praça João Lisboa em direção ao Mercado Central e dali para os bairros de origem, e responsabiliza pela atual falta de movimento na praça, a retirada destes ônibus de circular por ali. Ele avalia que a Praça João Lisboa era considerada o “coração da cidade”, com grande movimentação tanto durante o dia, quanto à noite, com o abrigo sendo o principal ponto de táxis e lanches de estudantes e trabalhadores durante o dia, e à noite dos boêmios que, após uma noitada na Zona do Baixo Meretrício, merendavam nas lanchonetes do abrigo e depois se recolhiam às suas casas indo de táxi, já que durante a madrugada não havia transporte público. (O Imparcial, 12.02.2017 - consultado em 8.7.2019). A afetividade que poderia ser proporcionada por aquela área geográfica está relacionada à devolução do espaço para ser utilizado como via de circulação, passeio ou jardins pela população que ainda se dirige a rua Grande (a qual está também sendo revitalizada). Temos certeza de que os poucos moradores do centro histórico e os visitantes de nossa cidade iriam apreciar bem melhor o conjunto arquitetônico sem aquele ruído visual no meio do passeio. Portanto, para nossa cidade que carece de praças e espaços bem mais estruturados, devolva-se o espaço que o “abrigo” abiscoitou quando ainda existiam bondes na nossa cidade. Vale lembrar que o Convento e a Igreja de Nossa Senhora do Carmo localizam-se naquela área geográfica (outrora considerado o coração da cidade) e pertencem à Ordem dos Capuchinhos. A Igreja de Nossa Senhora do Carmo, integrada ao convento, é um dos templos católicos mais importantes e tradicionais da cidade. O conjunto localiza-se numa área tombada pelo IPHAN desde 1955. Consultando o “Guia de Turismo e Viagem de São Luís do Maranhão”, verificamos que a construção do Convento e da Igreja de Nossa Senhora do Carmo , em São Luís, data do ano de 1627, quando o governador Francisco Coelho de Carvalho mandou erguer em terreno abandonado na Rua do Egito – onde havia uma capela com invocação a Santa Bárbara, conhecida por muito tempo como “Carmo Velho” –, as novas instalações do convento onde os carmelitas que aqui viviam instituíram um centro de estudos religiosos. Na época, a cidade ainda era muito pequena. A história da Igreja de Nossa Senhora do Carmo está ligada a lutas da cidade. Entre elas, a batalha que resultou na expulsão dos holandeses de São Luís (1641). O convento serviu de abrigo para mulheres e crianças, além de fortificação para guardar artilharia. Nessa época, a edificação foi bastante danificada, permanecendo assim durante muito tempo, já que a cidade não tinha condições de reformá-la, o que veio acontecer no século XVIII, com as mudanças socioeconômicas de São Luís, com a implantação da Companhia de Comércio e com a introdução do trabalho escravo negro. Da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, nasceram ruas importantes da província que se tornava uma grande cidade. Em 1808, as duas torres da igreja foram erguidas. Nas décadas seguintes, serviu de sede para artilharia imperial e mais tarde para o Corpo Policial de Segurança Pública. No andar superior, funcionou também a Biblioteca Pública (1831) e após a remoção do Corpo Policial, abrigou o Liceu Maranhense, dirigido por Sotero dos Reis. Uma placa com a inscrição Liceu – 1838 ainda existe no local. Já em 1866, teve a fachada revestida por belíssimos azulejos portugueses, preservados até hoje. Esse “Guia de Turismo e Viagem de São Luís do Maranhão” revela ainda que outros fatos curiosos podem ser citados quando se investiga de forma aprofundada a existência do largo e da Igreja do Carmo, como são as galerias subterrâneas que ligam a Igreja à Fonte do Ribeirão, preservadas até hoje, mas fechadas à visitação pública. Outra situação que envolve a Igreja e seus moradores está relacionada à construção do Teatro Arthur Azevedo, pois os frades da Ordem dos Carmelitas impediram que um templo mundano fosse erguido ao lado da Igreja. Para eles seria uma profanação. Por isso, o teatro foi construído com a frente voltada para a Rua do Sol. No Largo do Carmo também funcionou a primeira feira da cidade e ali também existiu o pelourinho, “uma coluna de mármore, alta de uns doze metros, trabalhada em feixes espiralados e partidos da base quadrilonga até ao capitel. Sobre este encontrava-se o aparelho punitivo” onde os negros eram punidos e expostos aos que passavam, como presenciado por Odorico Mendes. Uma réplica do pelourinho pode ser vista no museu Cafua das Mercês. Depois de um período de
decadência das irmandades instaladas no convento, chegaram a São Luís os seus novos ocupantes para fundar a missão dos Capuchinhos Lombardos no Maranhão, em 1893. Revela ainda o Guia de Turismo e Viagem de São Luís do Maranhão que a Igreja de Nossa Senhora do Carmo estava em péssimas condições estruturais e só foi aberta ao público em 1895. As obras de recuperação continuaram ao longo da primeira metade do século. Em 1931 e 1932, deu um corte na sapata e no calçadão que fazia limite com a Rua da Paz, visando urbanização da cidade e alargamento da rua, por onde passava a linha de bondes. Na ocasião, foram suprimidas três janelas do convento para alargamento da Rua da Paz Em meados da década de 1940, desabou parte da capela que pertencia à Irmandade de Bom Jesus dos Passos. Durante a reforma do largo e da Praça João Lisboa, a escadaria que ficava em frente à igreja foi removida e construídas duas nas laterais da igreja que receberam acabamento em cantaria de lioz. As modificações fazem o logradouro muito diferente da arquitetura original, mas, apesar disso, ainda encanta quem chega à cidade. São Luís, 9.07..2019
PENALVA - UMA BELA CIDADE OSMAR GOMES DOS SANTOS Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras
Saudosa Penalva, situada às margens do Lago Cajari, limitando-se aos municípios de Pedro do Rosário, Viana, Cajari e Monção, chegando a flertar com Zé Doca em sua extremidade a oeste. Está encrustada no coração da Baixada Maranhense, na região onde predominam os grandes lagos, que marcam sua geografia. Sua ligação umbilical com Cajari, minha terra natal, faz meu coração transbordar de emoção e meus olhos altivos te avistar com ternura e reverência, mesmo cá, do outro lado. Exemplo dessa ligação é a própria origem do município cajariense, de onde mais tarde tomou-lhe o bairro Trizidela, devido a localização mais próxima à cidade de Penalva. Terra de um povo aguerrido, tal como os índios guerreiros de suas primeiras habitações. Hoje, seus mais de 38 mil penalvenses que, apesar da pandemia da Covid-19 e das medidas de isolamento, merecem comemorar, ainda que no mais íntimo dos sentimentos, os seus 105 anos de emancipação política. Surgiu das incursões evangelizadoras da Companhia de Jesus, bem como pela daqueles motivados pela ambição em busca de riquezas no mundo desconhecido, tal como ocorrera com tantos outros municípios Brasil a dentro. Deram à localidade inicialmente o nome de São Brás, transferindo-se posteriormente para região próxima, que passou a ser denominada São José de Penalva, que deu nome ao Município. Cantada em seu hino como terra querida, monumento natural do Maranhão, és de reconhecer sua natureza peculiar. Capital dos lagos, tendo o Formoso como o mais belo e místico, onde se encontra uma grande ilha flutuante, a ilha do Formoso, que se movimenta durante o período chuvoso. Se um causa certo desassossego, quase sobrenatural, devido às movimentações desavisadas de suas ilhas, outro lago, o Cajari, é berço de vida esplendida, com sua barragem que armazena água que abastece a cidade na estiagem. Seus campos alagados transbordam de vida na cheia, com enorme variedade de peixes e aves que fazem deste o seu habitat. Mesmo em tempos de estiagem, abrocha para o renascimento, fazendo do ciclo da vida um fenômeno Divino, inigualável. A natureza peculiar a eleva a uma categoria de terra de bioma único, com imensurável contribuição ao planeta. Ocupa grande porção geográfica do chamado pantanal maranhense, uma região transformada em Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense, ainda no início da década de 1990. Considerando os primeiros assentamentos, ainda no século XVIII, é uma das cidades mais antigas do Maranhão. Sua posição estratégica possibilitou o crescimento de sua economia, fazendo-a o segundo principal centro de comércio e serviços da Região dos Lagos. Dos primeiros colonizadores, que romperam gerações das famílias Marques e Sá, mas também as não menos importantes Silva, Diniz, Amorim, que tiveram suas origens também na colonização portuguesa. Preserva, mesmo em tempos modernos, suas lendas, a exemplo da pena alva que dera origem ao seu nome; bem como guarda as tradições, com grande influencia religiosa, mas sempre num misto
de pluralidade que é marca do seu povo. São exemplos dessas manifestações o Carnaval, São João, além de outros festejos. Que tua história continue sendo contada por esta e por tantas outras gerações que ainda virão. Que sua economia trafegue na rota do desenvolvimento, sendo sinônimo de crescimento a toda sua gente. Parabéns, Penalva!
NAVEGANDO COM JORGE OLIMPIO BENTO
Exaltação e exultação Exaltar é destacar e almejar o que é alto e divino. Lavrar a terra com ‘entusiasmo’, para a encher de Deus, e obrar na edificação do próprio engrandecimento. Todos os dias são jornadas de exaltação. É essa a nossa obrigação. Alguns convidam-nos a acrescentar o dever da exultação: a saltar de contentamento pela transposição de obstáculos e montanhas que são oportunidade de crescimento e pão do nosso sustento. Hoje é uma ocasião assim; há flores, cantos e versos dentro de mim. Atenção aos sinais! Tu podes olhar, ver e reparar! Portanto, olha, vê e repara na serpente do mal, alojada no coração dos humanos, que os leva, tantas vezes, a fazer escolhas erradas. Já que és cristão convicto e afirmado, olha, vê e repara nos caminhos do evangelho, em duplicado: nos bons, abandonados e esquecidos, e nos maus, adotados e preferidos. Não feches os olhos aos sinais da pandemia. Vais fingir que não os vês e eleger o regresso à ‘normalidade’ da alienação? Tens o poder da opção, de não entrar nessa via e escolher outra para a tua circulação. Presta atenção: não ouves e não tens medo de ser esmagado pelo trem da perdição?! O que se odeia no índio... A configuração de Apolo e Dionísio. O sol no rosto e a lua nos olhos, seja dia, seja noite. A leveza dos passos. A presteza dos movimentos. A elegância dos gestos. A precisão dos arremessos. As árvores que sobe. As distâncias que percorre. As florestas que preserva e nas quais habita. Os rios em que nada e pesca. Os rituais que pratica. A purificação e a harmonia do corpo e da alma. A permanência na infância. Porque se odeia o índio? SE FOSSE CORREDOR… Gostaria de correr atrás dos sonhos e ideais, procurando fugir da baixeza e da vileza e escapar às ciladas e aleivosias tramadas por trogloditas e canibais. Subiria ao cume dos montes, para conhecer e saborear a ascensão e leveza, oxigenar a alma e experimentar a altura e a atração do céu. Mas também correria nas planícies e vales, para me sentir preso ao barro da terra, para nela fincar os pés, firmar as raízes e com ela estabelecer compromissos de exaltação e sublimação da natureza. Correria nas ruas da cidade, para me aproximar do Outro, constitutivo da minha existência e identidade, missão e felicidade. E para dar à singularidade e pequenez do meu tamanho feições e modos de urbanidade e universalidade. Correria, igualmente lesto, junto do mar, para cultivar a curiosidade e o fascínio pela lonjura, pela largueza e abrangência dos horizontes, por tudo quanto mora nos lugares não enxergados pela cegueira, pelo preconceito e pela insanidade. Correria nos campos e florestas, por entre as árvores e as ervas, ouvindo o chilrear dos pássaros em horas matinais, equilibrando-me em brejos escorregadios, transpondo regatos e vendo furtivos animais, e medindo os passos com a bitola dos princípios e valores civilizacionais. Correria movido pela fé de que, correndo deste jeito, por certo encontraria ao meu lado caminhantes e peregrinos sempre prontos a estender-me a mão, a palavra, a água e o gesto da solidariedade e compreensão, da entreajuda e estimulação. Quem sabe, descobriria que o competidor não é inimigo, nem autor de encarniçada oposição, mas antes aliado, apostado na obtenção de um feito resultante da desafiante cooperação! De quando em vez pararia, para olhar o caminho andado e o chão pisado, para limpar o suor dos olhos e da face, encher o peito de ar e o coração de alento. Para renovar a determinação de seguir
o rumo do destino: estar e ser em trânsito, solto de peias nos pés, na ação e na vontade de dar forma de asa à obrigação da liberdade. Em suma, se fosse corredor, seria um andarilho que atravessa o tempo para celebrar a vida e a paixão. Afinal, viver é uma corrida contra o tédio e todo o tipo de rendição. CURRICULUM VITAE ATUALIZADO Nasci, como todos, do amor e da dor de uma mãe. O crescimento é que foi diferente. Não descendo de nobres e possidentes; o sangue não é, pois, azul. A casa já não existe, a não ser as paredes esborralhadas. Aprendi, muito cedo, a perceber da terra dura, das pedras agudas, da chuva inclemente, do frio e vento agrestes, do sol escaldante, das trovoadas assustadoras. Ouvi histórias que metiam medo. Vivi funerais de meninos e meninas que morriam mal acabavam de nascer. E também tive lições sobre crenças, milagres e o céu estrelado. Era ainda criança, quando concluí (Maxima cum Laude!) o doutoramento na matéria e recebi o respetivo diploma. Tenho este encaixilhado numa moldura dourada e levo-o comigo para toda a parte. Fui obrigado a ser migrante, a percorrer inúmeras etapas. Não me lembro como venci a maioria, até porque não corri sozinho as mais importantes. A sorte do casamento com uma mulher extraordinária e os filhos exemplares, que vieram, conferiram coautoria à caminhada, renovada com a chegada da neta maravilhosa. Andei pelo mundo. Conheci árabes, chineses, gregos, índios, judeus, negros, russos, turcos e todo o arco-íris do universo. Somente sinto preconceito em relação à malvadez, presente nas máscaras atuais do fascismo, nazismo e capitalismo selvagem, de Nero e Torquemada. Não esqueço donde venho, nem mudarei de lado. Continuo a entender da terra dura e das pedras agudas, transformadas em palavras e voz. Sou Doutor Honoris Causa na vida sólida; abomino a líquida.
Extraindo histรณrias com o faraรณ
RAMSSES DE SOUSA SILVA
Excerto de genealogia luso-maranhense:
Fazendas Históricas do Maranhão
FAZENDA ESTRELA - ANAPURUS (1743) GAIRO GARRETO Antiga Sesmaria de Anna Maria Cavalcante de Albuquerque, antiga Fazenda Estrela de Antônio Raulino Garrett; de caminho de bois a uma cidade de destaque no Baixo Parnaíba. Fazendas Históricas do Maranhão Fazenda Estrela - Anapurus (1743) Este é o Requerimento feito por Anna Maria Cavalcante de Albuquerque, do famoso clã pernambucano, ao Rei Dom João V, pedindo carta de confirmação de Data de Sesmaria entre os Rios Estiva e Limpeza, no caminho da Casa Forte do Iguará para a Capitania do Piauí. A Sesmaria media 3 léguas de comprido por 1 légua de largo entre os referidos rios que hoje são, respectivamente, o Riacho Estrela (que corta Anapurus) e o Riacho Limpeza (que fica a caminho de Brejo). A rodovia federal que corta Anapurus ao meio era, no Período Colonial, um antigo caminho de boiadas. Inclusive, Anna Maria Cavalcante de Albuquerque explorou a criação de gado vaccum nesta propriedade, provavelmente de modo a suprir o mercado de produção de charque na Capitania do Piauí. E as "Casas Fortes" nada mais eram, segundo especialistas, do que antigas fortificações provisórias de madeira ao estilo romano, que garantiam a segurança do transporte de animais e produtos nessas antigas rotas contra o ataque de indígenas. Existem registros encontrados pelo pesquisador Gairo Garreto de, pelo menos, duas Casas Fortes no Maranhão Colonial, uma no Iguará (atual município de Nina Rodrigues) e outra no município de Anajatuba. Esta Sesmaria, posteriormente, passou para a propriedade de Antônio Raulino Garrett, filho de Antônio Garrett (mercador de escravos e administrador da Cafúa das Mercês) e fundador da Fazenda Estrela, onde cultivava algodão na virada do séc. XVIII para o séc. XIX, às margens do Riacho Estrela, exatamente próximo de onde existiu a sede da Sesmaria de Anna Maria Cavalcante. Junto da propriedade, existe um cemitério bicentenário chamado de Cemitério dos Vieira, muito usado pela referida família durante todo o séc. XX porém, o local de sepultamentos remonta a, pelo menos, final do séc. XVIII, sendo usado não só pelos contemporâneos de Antônio Raulino Garrett como, provavelmente, também pelos contemporâneos de Anna Maria Cavalcante de Albuquerque. Ao redor da fazenda logo surge uma povoação denominada Arraial Estrela que, posteriormente, virou um distrito de Brejo chamado Povoado Estrela, e que deu origem ao atual município de Anapurus. Não temos notícia do paradeiro de Anna Maria Cavalcante de Albuquerque, se abandonou as terras, se apenas vendeu a Antônio Raulino Garrett, se morreu por aquelas terras porém, quanto ao último, ainda possui muitos descendentes na região; são a família Garreto, muito numerosa em Anapurus e no Baixo Parnaíba. Fonte: Conselho Ultramarino de Portugal Pesquisa: Gairo Garreto
OS "AMIN" DE SÃO LUÍS Este ramo maranhense tem origem em Bechara Koury Amin, nascido em 1893 na cidade de Abedin, Líbano, filho de Amin Koury e Joana Amin.
Bechara Koury Amin e Raimunda Feliciana Alves A família Amin vem para o Brasil por volta de 1908, fugindo da Revolução Libanesa. Bechara Amin radica-se em Viseu-PA em 1909. Outra parte dos "Amin" radica-se em São Paulo e no sul do Brasil, dando origem à linhagem da qual descende o político catarinense Esperidião Amin. Bechara sofre em Belém-PA, onde trabalhava como comerciante, um furto na hospedaria onde morava, perdendo tudo. Como bom libanês, emerge das cinzas e começa a vender água nas ruas de Belém. Logo consegue animal e carroça pra facilitar o trabalho. Melhora muito de situação e começa a fazer negócios no interior do Pará e em Turiaçu-MA, região fronteiriça, onde negociava no povoado "Inglês". Bechara naturaliza-se brasileiro e assume o nome de Luiz Koury Amin. Contrai núpcias com a paraense Raimunda Feliciana Alves, filha de portugueses, e com ela tem 13 filhos: Juvenal, Angélica, Maria, Júlia, Helena, Emília, Albina, Albeli, Albar, Labibe, Latife, José e Luiz.
Uma das filhas, Angélica, casa em Turiaçu-MA com Manoel Ferreira Castro, então Coletor de Rendas do Estado do Maranhão e Chefe da Guarda do Tesouro do Estado. Manoel faleceu precocemente, em agosto de 1951, deixando filhos pequenos. Entre eles, o ex deputado Julião Amin Castro e o membro do grupo Luiz Jandir Amin Castro, nascido em Turiaçu e radicado desde criança em São Luís. Luiz Jandir, ex presidente do Moto Club de São Luís, tem vários filhos, netos e bisnetos ludovicenses. Entre os seus filhos, está Jandir Amin Junior. Ambos, pessoas das quais compartilho estreita convivência e respeito mútuo. Texto: Ramssés Silva Fotos: Bechara Koury Amin e Raimunda Feliciana Alves Créditos: Luiz Jandir Amin e Jandir Amin Júnior /////////////////// Em A Pacotilha, de 23 de setembro de 1934:
O IMPARCIAL de 20 de setembro de 1935 traz a nomeação de Manoel Ferreira Castro para a coletoria de Bacabal; a 06 de março de 1937, é nomeado agente independente de Curador PACOTILHA 23 dee novembro de 1937
DIÁRIO DE SÃO LUIZ 11 DE SETEMBRO DE 1948
E a 13 de maio de 1949
O COMBATE 18 DE AGOSTO DE 1951
Em O Globo/Pacotilha de 8 de outubro de 1951, nota do Tesouro Nacional autorizando o pagamento do AuxĂlio Funeral
MÃE MUNDICA TAINHA CÍCERO CENTRINY
Foi a mais comentada Mãe de santo em São Luís do Maranhão nas décadas de 50 e 60 respectivamente. Ainda jovem teve o pseudônimo de Mundica Barba de Onça, isso porque ela tinha um pouco de pelo no rosto, já o outro apelido se deu, por conta que ela ia com frequência ao Iguaiba em busca do peixe de sua preferência que era Tainha, por esse fato os pescadores do lugar a apelidaram de Mundica Tainha, e assim ela ficou conhecida. Segundo o Talabyan Lissanon (Pai Euclides), Mãe Mundica (Jorosanjy) foi iniciada no Tambor de Mina da nação Cabinda pela mãe de santo Raimunda Porca, lider do extinto terreiro Sibugo Quisanga, na capital maranhense por volta de 1915. Em 1944, na época que Pai Euclides virou no santo, Tainha abriu seu próprio terreiro na rua São Jorge no bairro do anil, com o nome de Terreiro da Boa Trindade. Anos depois o transferiu para o lugarejo denominado "escondido" também no Anil e finalmente transferiu-se pela terceira vez para a Rua dos Índios, ainda no bairro do Anil. Contava Pai Euclides que Mãe Mundica, a partir da década de 1950, passou a residir na cidade do Rio de Janeiro vindo a São Luís duas vezes por ano para realizar duas de suas maiores festas, a do Divino Espírito Santo e a do Seu Itapinaguara, um dos seus encantados. Nessas idas e vindas Mundica terminou falecendo no Rio de Janeiro, no dia 03 de junho de 1981, devo dizer que antes ela pediu para suas filhas sepulta-la mesmo na capital fluminense. E assim foi feito seu desejo. Só que seu rito fúnebre (tambor de choro) foi feito aqui no seu terreiro oficiado por Pai Euclides, isso porque a 21 anos antes ela havia lhe feito esse pedido lhe dizendo que somente ele saberia e podia mexer em seus pertences espirituais. Dizem que ela era tão poderosa e rica que foram "despachados" 13 cofos de seus pertences, coisas que nenhuma de suas filhas quiseram ficar. Após tudo desfeito, algumas de suas filhas de santo migraram para a Casa Fanti-Ashanti, por orientação da própria Mundica. Tainha tinha como patrono Toi Obajorosan Toavê e se manifestava com o encantado José Raimundo Camaroeiro, que não tem nada a ver com o Zé Raimundo da família de Légua. A fama e fortuna de Mundica Tainha se consolidou no Rio de Janeiro onde em 1954 ela foi acusada juntamente com a Mãe de Santo, a terecozeira Maria Piauí (a primeira a separar a Mina Cabinda do Terecô de Codó, pois ela era irmã de santo de Mundica nessa nação) de matar Getúlio Vargas de feitiço, o induzindo ao suicídio.
Ainda em 1955, Mundica Tainha desmente boatos de sua prisão por Pajelança e se afirma "mineira" - Jornal de São Luis; publicação de livro de lider espirita sobre espiritismo e 'mediunismo' no Maranhão dá notícia de 50 terreiros em São Luís, fala também de Umbanda e Quimbanda na capital maranhense (Waldemiro Reis). Mundica Tainha fez história!
SOBRE LITERATURA & lITERATOS
O BATIZADO AYMORÉ ALVIM AMM, APLAC, ALL. Curralzinho é um lugarejo que até a criação do município de Presidente Sarney pertencia a Pinheiro. No início do século passado, procedente do Ceará, chegou por lá o senhor Marçal Rodrigues, onde se casou com dona Naíde e teve uma grande prole. Comprou terras, plantou canade-açúcar e instalou um engenho do qual obtinha o mel, o açúcar e a cachaça. Atualmente, pertence aos seus herdeiros. Católico, erigiu uma capela dedicada a São Francisco, cuja festa mandava celebrar todos os anos com grande pompa, no dia 4 de outubro. Creio que foi em 1956. Seminarista, fui a Pinheiro, nessa época, resolver alguma coisa que não lembro. O pároco, padre Fernando Meloselli, pediu-me para acompanhá-lo em desobriga ao Curralzinho onde ia celebrar a festa do padroeiro do lugar. Chegamos um dia antes, no final da tarde. Após o banho e o jantar, conversar e dormir. Nada de festas, claro. Acordamos cedo. Uma farta mesa já havia sido preparada por dona Naíde com bolos variados, ovos, mingau, leite, chocolate e café. Em seguida, fomos para a capela. Muita gente, calor intenso. Após a missa, os batizados. Muitas crianças de todas as idades e tamanhos. Uma choradeira danada. Realizados os batizados, quando estávamos saindo para a casa da dona Naíde a fim de descansar e aguardar o banquete da festa, entra um grupo meio apressado que foi falar com seu Marçal. Seu Ludígero queria que o compadre, dono da festa, falasse com o padre para batizar sua neta, pois não deu tempo do pessoal chegar na hora marcada. O padre pareceu meio aborrecido, mas aquiesceu ao pedido formulado. Assim, retornamos à capela. - Nome da criança, perguntou o padre. - É Durvalina, sim, senhor. - Não batizo. Não é nome de santo. - Padre, o nome da menina é mistura dos nomes do pai e da mãe dela. Durval mais Lina. Mas eles não são santos. Como, então, vai ficar? Após algumas altercações, o padre sugeriu Maria Durvalina. - Tá certo, seu padre. A gente quer é o batizado. - E os padrinhos? - São esses aqui, meus netos, Raimundinho e Florzinha. Já fizeram a primeira comunhão com o senhor, no ano passado. - Mas não podem. São muito jovens. - Então, padre, só se for eu e a mulher. - Nome completo? - “Ludigéro”, seu criado. - O nome todo, Ludígero, - É Silva. “Ludigéro” Silva. - E a madrinha? - Amância Costa. - Não são casados? Não podem. - Nós somos, seu padre, Nós casamos aqui, na Igreja do compadre.
- Então, é Amância Costa Silva. - É sim, padre, sua criada, respondeu-lhe dona Amância. Por fim, foi iniciado o batizado. Nesse tempo, toda a liturgia da Igreja era em latim. Somente após o Concílio Vaticano II, 1962/1965, houve as mudanças como temos, atualmente. A certa altura, após a Imposição das mãos, o padre fez a Imposição do sal. - Maria Durvalina, “áccipe sal sapienciae”...(recebe o sal da sabedoria...). Nesse momento, a menina cuspiu. - Limpa a boca dessa menina, ordenou o padre. Ludígero limpou e provou. - Ah! Seu padre, botaram foi sal, no seu vidrinho. Foi por isso que a bichinha estranhou. - Ludígero, presta atenção e não atrapalha. Dando andamento ao batizado, teve início a Profissão de fé. Mas antes havia a Renúncia a Satanás. - Maria Durvalina, “abrenúntias Sátanae”? (renuncias a Satanás?). - Diga seu Ludígero: “Abrenúntio”, (renuncio), disse-lhe. - O que, sô? - Somente diga. - Tá certo: “Brenunce”... - Maria Durvalina, “credis in Deum Patrem”...(crês em Deus Pai...) - Fale, seu Ludígero: “credo” (creio), disse-lhe. - Credo, por que? - Não pergunte nada, seu Ludígero, apenas diga “credo”, recomendei-lhe. - “Credis in Jesum Christum”...(crês em Jesus Cristo...). - “Credis et in Spiritum Sanctum”....( e crês no Espírito Santo...). - “Credo”. - Maria Durvalina, “vis baptizari”? (queres ser batizada?) - “Credo”. - Não é creeeeeedo, bradou o padre. É “volo” (quero). Aymoré, orienta esse energúmeno como responder. - Não é “ nergumes,” seu padre, é “Ludigéro”. Mas essa fala é muito difícil. Uma hora é pra dizer uma coisa, outra hora é outra. - Pois, então, presta atenção. Vou perguntar de novo. - Maria Durvalina, “vis baptizari”. (queres ser batizada?). - Ela veio sim, senhor. - Assim, não dá. - Diga “volo”, seu Ludígero. Orientei-o, novamente. - “Volo”. (quero). Concluídos os atos finais, padre Fernando terminou o batizado de Maria Durvalina. O calor era insuportável e a fome era demais. Ufa! Credo
WOLNEY MILHOMEM, UM ACENDEDOR DE ESTRELAS
FERNANDO BRAGA [Ao médico, escritor e querido amigo Mário Luna Filho] Ele deu um toque de poente e decidiu que sua dor estava solta, e vagueou como idéia boêmia entre os dramas acontecidos, não sabendo que os anjos iam adormecê-lo por derradeiro nas “Arcadas do sol”, naquele seu sertão de sonhos e seu lugar onde se cortam rios na confluência cabocla e mestiça de magias e paus-d’arco. Já perceberam que estou a falar da terna e bela Barra do Corda. E meu amigo, onde estiver, porque já se encontra pertinho de Deus, há de se lembrar dos mapas esticados e dos caminhos tortuosos onde soube acender tantas estrelas como um - estróinas das horas – e anunciar-se não para cantar – a morte da tempestade -, mas a sua própria, como num exercício de fé e fuga. Não poderia ser diferente o meu canto de saudade e de adeus a Wolney Milhomem e a sua figura ilustre e byroniana – o lorde peregrino – perdido um pouco abaixo dos trópicos, à sua inteligência criativa, iluminada e fidalga que os todos encantava; aos seus princípios intelectuais, éticos e humanos requintados de senso profissional e de altruísmo. O nosso convício em Brasília fora intenso e não poucas e também intensas foram as nossas reflexões. Guardeia-as todas. Todas ponderadas com justeza e com dignidade. E todas as remeti para os meus alfarrábios de lembranças e de recordações como se levado pelo ímpeto de Fernando Pessoa quando estes versos chorou à tumba de seu amigo e irmão espiritual Mário de Sá-Carneiro: “Ah, meu maior amigo, nunca mais/ na paisagem sepulta desta vida/ encontrarei uma alma tão querida/ às coisas que em meu ser são as reais”. Wolney Milhomem fora antes de tudo um esteta intemporal nas abismais predições da palavra e da verdade, sobre tudo, Omo bem atestam os ângulos do tempo onde se postou em observação constante para vivificar-se através das “Lupas de um louco” como o alterego humano e pictórico da dramaticidade Meireliana; onisciente ainda, às sagas de sedução da “Sinhá Susana” e às rapsódias poéticas do inesquecível cantor de “San Remo”. Como jornalista tinha cuidado especial e exemplar com a matéria que tratava, como poeta, sabia, como poucos, transcender o belo e buscar a pureza da forma estética e do conteúdo imaginado, como prosador – um dos melhores que já vi – sabia, com destreza inconfundível, compassar as figuras de estilo e de linguagem e fazê-las bailarinas num grande texto. Poeta, escritor, jornalista. Nasceu na cidade de Barra do Corda, no centro geodésico do Maranhão, como dizia, em 10 de outubro de 1927. Revelou-se desde cedo um intelectual de mérito. No exercício do jornalismo e propriamente da literatura a sua obra revela a natureza do verdadeiro artista dotado do poder de talhar magicamente as idéias. Humanista, o fundo e a forma das palavras que compõem indicam o estilista espontâneo. Analista de imprensa, sempre se apaixonou
pelas temáticas sérias, interpretando com lúcido equilíbrio a fenomenologia nacional e internacional dos muitos acontecimentos que conturbaram o mundo nas centúrias derradeiras. Seu livro “O estróina das horas” (já em 2ª edição) em português e traduzido para o italiano na coleção de literatura brasileira contemporânea da editora ítalo-latino-americana Palma, de Palermo, é um documento de enfoque da perturbada sociedade humana. Seu ensaio “O humanista Victor Meireles” (Ed. Flama, Porto Alegre) recoloca numa prosa clara e elegante esse clássico pintor pátrio em seu devido plano. por fim, “A morte da tempestade” desdobra a linha da alta poesia com uma inspiração profundamente humana, exprimindo angústias, diríamos quase apocalípticas, timbradas por uma fé desesperada. A humanidade é o alvo de suas decepções abismais, não acreditando na paz estabelecida senão como uma trégua entre as guerras. Foi membro da União Brasileira de Escritores, da Associação Brasileira de Imprensa, da Associação Paulista de Imprensa, do sindicato de escritores do Distrito Federal, e, em 1974, foi eleito “Accademico Del Medirerraneo” (Academia Italiana de Letras, Artes e Ciências, em Roma) Wolney Milhomem, um acendedor de estrelas é um poeta do crepúsculo universal, que traz ao quadro contemporâneo uma beleza de ressonâncias chocantes e transcendentes. Agora, o Wolney velho-de-guerra transmudou-se simplesmente para o silêncio de sua imobilidade, bem-aventurado e conflitual. Despediu-se de mim dizendo que iria passar algum tempo em sua casa na Barra do Corda, convidando-me para passar uma férias consigo para recitarmos versos nossos e dos outros nos amplos espaços alpendrados do rancho das “Arcadas do Sol” como chamava, mas que, infelizmente, acabou lá ficando entre os murmúrios do descanso eterno.
O ANTROPONAUTA VIRIATO GASPAR RAIMUNDO FONTENELE
Poeta Viriato Gaspar https://literaturalimite.blogspot.com/2020/08/o-antroponauta-viriatogaspar.html?fbclid=IwAR3A9ynt3qgMs8Nwrz5lqzgh-6iIBNyYd9WBqjmGtEbUrjBQHxRmyqlGnIM
O Portal TORDESILHAS e o blog LITERATURA LIMITE (www.literaturalimite.blogspot.com.br) chegam nesta primeira semana de agosto com mais uma matéria para se inscrever nas páginas da atual literatura maranhense. Correndo o risco de tornar-me um blogueiro bissexto (bissexto porque tem sido um parto difícil parir uma postagem) fui à cata de alguma coisa essencialmente nova em termos de poesia e acabei chegando ao refúgio deste meu grande irmão e amigo Viriato Gaspar, o poeta tão essencial ao Movimento Antroponáutico quanto os outros 4 que lhe fizeram companhia: Cassas, Chagas Val, Valdelino Cédio e este escriba menor. Escrevo isso porque tomei conhecimento de que alguém cujo nome me escapa referiu-se a nós como a geração de Luís Augusto Cassas. É um tremendo erro, engano ou..., deixa pra lá, o próprio Cassas, de quem conheço a humildade humana e a honestidade intelectual refutaria tal assertiva. A nossa geração é a GERAÇÃO ANTROPONÁUTICA da qual todos nos orgulhamos. Nós afundamos navios de cascos avariados, detonamos velhas pontes de madeira a quem o cupim destroçava, e os grandes nomes da literatura maranhense naquele momento, Nauro, Zé Chagas, Arlete, Jomar, Nascimento de Moraes, Bandeira Tribuzi, Carlos Cunha, Domingos Vieira Filho, Alberico Carneiro e outros nos reconheceram os méritos e nos fizeram as honrarias merecidas, publicando 2 antologias e estendo um imaginário tapete voador por onde desfilamos a nossa tola vaidade juvenil. Portanto, o Soco no Muro nesse blog de hoje é o poeta Viriato quem dá. CONVITE Dancemos. Agora, Quando a noite se espicha pelos dias E as trevas se enredam em cada alma, Dancemos.
Dancemos, Agora, Quando o abraço se tornou uma ameaça E o beijo é quase uma condenação à morte, Dancemos. Mais que nunca, Dancemos. Dancemos na varanda, no quintal, No banheiro, no quarto, na cozinha, No deserto de cada um preso em sua casa, Contra o vírus do medo que avança sobre nós, Dancemos! E cantemos. Agora, Quando há ódios espumando nas esquinas E mãos que fazem gestos nos matando, E há tanta raiva vindo pelas telas, Tecendo teias em cada celular e coração, Cantemos. Sim, cantemos! Mais que nunca, Cantemos. Até que o sol acorde e chame a aurora E possamos entregar nas mãos de nossos filhos Um mundo que consiga se abraçar E transmutar em canto, em dança e riso A dor que desabou em nossos dias E colocou ferrolhos em nossos gestos, E pôs medo em nossos braços e sorrisos E nos distanciou do que já foi nosso melhor: - O (n)osso humano. - O Hermano. Este é o que podemos chamar poema sobre fatos concretos, aí, sim, um poema verdadeiramente concreto, mas nada daquela estética que se chamou concretismo subsiste aqui. Na verdade o concretismo pouco deixou de concreto, em alguns casos soou como um verdadeiro engano, e momentos há em que nada mais abstrato do que muitos dos tais poemas concretos. E ao iniciar seu poema convidando-nos para a dança, convite repetido outras vezes durante o desenvolver do poema, noto naquilo que está implícito no poema e que é sua grande força, a insuspeitada metáfora invisível, que na verdade é uma dança dos desesperados em meio a um caos, não esqueçam, programada por mãos humanas e tiranas. Por isso, o poeta Viriato nos convida para a última dança, o último canto, uma vez que todas as outras manifestações foram suprimidas do encontro e do calor humano: o abraço forte e o beijo sincero entre irmãos, amigos, namorados, noivos, casais, companheiros. É como se o poeta repetisse Jesus com outras e novas palavras: Pai, afasta de mim esse vírus. E não é esse bichinho chinês, é um outro maior, do qual esse corona é apenas um filhote ou uma pequena larva: é o vírus que veio das trevas e das regiões mais sombrias e diabólicas da mente do homem. DIZER-TE Repara: A palavra que dizes não é a coisa dita. A pedra nunca é a
própria dita, pedaço de rocha, sílica, duramente petra, nunca rosa. O sol que encharca o céu de quanto dizes inunda de ouros velhos de outros trigos a lâmina que ocultas no que falas: - quintal de cicatrizes. A pedra de que falas voa, plana, pluma, flama. Aquece o coração de quem a chama. Sempre quando nos arvoramos em crítico ou ensaísta de uma grande arte, como sói acontecer com a poesia de Viriato Gaspar, geralmente nos tornamos menor do que já somos. E por isso costumamos chegar usando uma bengala metonímica na qual nos apoiamos, para, em se caindo, não cairmos sozinhos. Dei de cara logo com uma semelhança: o uso das palavras pedra e pluma neste poema remeteramme direto para João Cabral de Melo Neto. Mas não foi só isso. A concisão da fala e dos versos, a dureza metafórica que imprime à linguagem no seu canto mais puro, mais lapidado, mais carregado de múltiplos significados faz deste poema do Viriato irmão dos melhores do poeta pernambucano. Mas é só isso: “O sol que encharca o céu / de quanto dizes / inunda de ouros velhos / de outros trigos / a lâmina que ocultas / no que falas: / - quintal de cicatrizes.”, embora João Cabral assinasse embaixo, é a quinta essência da excelência formal e conteudística que Viriato imprime em sua arte. Sempre foi assim. Um poeta que amadureceu no duro aprendizado da pedra e que chega à maturidade poética com a leveza da pluma que nos encanta.
MUSEU DE ASSOMBROS Chegou-me o tempo de chorar por tudo. Olhar pra trás, doendo as mãos vazias. Gastar os olhos contra o umbreu dos dias. Rilhar os dentes, lagrimundo escuros.
Sempre em tudo que amei nada foi cheio. Houve sempre uma nuvem, um pé de vento, Um fosco, uma voragem, um de entremeio, Uma casca entre o fora e o meu mais dentro. Eis-me chegado ao tempo dos remorsos. O longo correr-dor dos sonhos mortos, O re-moer dos rasgos e dos cortes. Um velho é um mar que foi, e hoje é deserto. Palpar nas sombras, cada vez mais perto, O caminhar sutil da Dona Morte. Não há desespero, nem saudade, nem remorso. Embora fale em remorso, não é um remorso a quem a culpa condena. Aqui Viriato Gaspar pode nadar de braçada numa praia que domina e da qual é um dos melhores do Brasil, o soneto. “Nada foi cheio”, “um fosco”, “um pé de vento”, “uma voragem”, pois o poeta sempre soube por intuição desde a tenra infância e em sua juventude pelo fazer poético que a vida seria assim mesmo: essa incompletude que o amor humano preenche pela metade. Embora seja a meta de uma vida inteira, o poeta sabe e poderia e diz como outras palavras, ninguém é pleno. Plena é a vida, mas a vida é além do que é humano e por sermos apenas humanos jamais poderemos alcançá-las: a vida e a plenitude. Cumprir uma sina, realizar um projeto, é isso o que resta. E o nosso amigo Viriato Gaspar cumpre e realiza, não apenas este, mas sonetos e mais sonetos que o fazem ombrear-se com que há de melhor na língua portuguesa, neste mister que é a poesia, esta sim, plena e completa. A FLOR SEM ASAS Pensar em ti clareia as minhas sombras, esparrama quintais pelos meus cílios. Pensar em ti é resgatar um filho, dado por morto, ao fundo dos escombros. Pensar em ti às vezes é uma corda, que vai puxar-me lá, onde esmoreço. E se me amarga o azul, é o que me acorda e me molha de um sol que nem mereço. Teu nome é como chamo o que me aquece, como digo luar quando escurece, e consigo voar quando é só lastro. O que é belo no mundo traz teu rastro. Todo bem que consigo, e é diminuto, fala de ti, é a sombra do teu vulto.
Neste belo soneto A FLOR SEM ASAS, cujo título por si só é um enigmático achado poético, o poeta Viriato Gaspar não esconde a condição humana de buscar constantemente o amor no e do outro. Invoca e chama e se desnuda ao revelar quanta dor se apaziguaria, como seria nutrido de uma nova força que tem o poder de fazer com que do sentimento humano e material brote uma metáfora de tal beleza e que é esta “que me acorda e me molha de um sol que nem mereço”. Luzidio, brilhante, escorregadio o poeta segue a senda e a sina dos grandes poetas, quanto mais dor, mais amor, quanto mais ausência mais poemas que nos fazem acreditar no renascimento e na cura. Evoé, Baco, habemos Poeta! Poemas de VIRIATO GASPAR
NO TEMPO DA DELICADEZA CERES COSTA FERNANDES Morrer, verbo definitivo. Não há esta categoria de verbo. Eu a invoco agora. Não há nada tão definitivo quanto a morte. Não há morte passageira: Vou ali morrer um pouquinho e daqui a três meses volto ou Decidi morrer por dois anos, tempo certo para dar uma folga a minha imagem, escapar de umas dívidas, esfriar um bate boca familiar... Seria bom. Mas não, sabemos que o interrompido não se reatará jamais. Nós, os humanos, centenas de milhares de anos morrendo, ainda não nos acostumamos com a inexorabilidade da morte e, a cada uma, sofremos o mesmo impacto que deve ter causado a primeira morte depois da expulsão do homem do Jardim do Éden. E foi grande a pancada. Duas de uma só vez. O falecimento dos confrades Waldemiro Viana e Milson Coutinho, com poucas horas de diferença. Morreram na fase desta infeliz pandemia que nos separa dos amigos, nos impede de prestar a eles todas as homenagens de que são merecedores e nos afasta de abraçar e chorar junto com os familiares que também nos são queridos. Além da data da partida, outras coincidências, ambos foram homens de temperamento afável, pessoas empáticas, adeptos da boa convivência. Em tempos antigos, amigos encontravam-se para confraternizar, comer um mocotó, uma moqueca de peixe ou mesmo um churrasquinho, tocar e cantar serestas e sambas-canção, sempre uma cerveja gelada. E aconteciam longas reuniões lítero-musicais em casa de Waldemiro ou de José Chagas. Os participantes, além dos donos das casas, eram Jomar Moraes e os irmãos Coutinho, Milson, Elsior e Mário, aí um trio de seresteiros com violões e vozes privilegiadas, acompanhados por Chagas, o Figura, ao saxofone. Waldemiro e Milson amavam cantar. Tive o privilégio e a honra de conviver com essas pessoas, ícones da literatura maranhense e participar desses saraus. A tradição de bem receber e a afabilidade de Waldemiro e seus irmãos foram herdadas diretamente da mãe, a bela dona Lourdes, poeta, mãezona de todos nós. Nos primórdios, os saraus eram no sobrado da Rua do Egito, na sala de jantar aberta para a Baía de São Marcos. Vocacionado à prosa, Waldemiro colaborou em jornais com crônicas e artigos e atingiu seu ponto alto no gênero romance, que se inicia com a obra Graúna em roça de arroz, em 1978, obra com excelente acolhida da crítica, merecendo de Câmara Cascudo a seguinte apreciação: “Dos romances lidos na última década, nenhum é superior ao Graúna em roça de arroz.” Daí, seguem-se muitos outros romances e sucessos, com destaque para O mau samaritano, O pulha fictício e A tara e a toga. Em todos, manifesta-se a linguagem despida de artificialidades, coloquial, saborosa, prenhe de cor local que nos envolve de tal modo que, de repente, somos nós mesmos os personagens. Milson fez brilhante carreira jurídica culminando com a magistratura e a presidência de Tribunal de Justiça por duas vezes. Mas a nós, da literatura, importa mais dizer que ele foi um grande pesquisador da História Maranhense, mormente da história da justiça que trouxe a lume em diversas obras, tais como Ouvidores-gerais e juízes de fora, livro negro da Justiça Colonial do Maranhão, Memória dos 180 anos do Tribunal de Justiça do Maranhão. Em Fidalgos e Barões, segundo Jomar Moraes, (Milson) “escreve uma história do Maranhão em diversos planos ou âmbitos: no econômico, no social, no politico, no administrativo...”. Sua obra será sempre uma inesgotável fonte de pesquisa para os que desejarem conhecer o Maranhão nos seus diversos aspectos. Teremos assim, sempre, uma parte da presença dos queridos amigos ao ler, consultar ou nos deliciar com as suas obras, se é isto que significa, nas academias, o epíteto imortal. Imortal, mas não “imorrível”. Sempre nos faltará o sorriso aberto, o abraço sincero, a convivência amena de amigos para além dos interesses e conveniências.
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
FRAN PAXECO: recortes & memórias
SÃO LUÍS – MARANHÃO – 2020 PARTE IX
“Chronica (do latim) é termo que indica narração histórica, ou registro
de fatos comuns, feitos por ordem cronológica; como também é conjunto das notícias ou rumores relativos a determinados assuntos.” (DICIONÁRIO AURÉLIO, 1986, p. 502)
EM PORTUGAL
1909 JANEIRO, 30 – Têm-se notícias do estado de saúde de Fran Paxeco:
MARÇO, 21 - está em Setúbal, onde apadrinha um seu sobrinho. Por coincidência, ou não, um mês depois reúne na sua terra natal o Congresso Republicano: 10º Congresso do Partido Republicano em Setúbal, a 23 e 24 de Abril. O novo Directório, saído deste Congresso, exprime a força crescente da tendência revolucionária no seio do partido (essencialmente expressa através da "Comissão de Resistência" criada pela Maçonaria – Grande Oriente Lusitano – e da Alta Venda da Carbonária, presidida por Luz de Almeida): são eleitos Teófilo Braga, Basílio Teles, José Relvas, Eusébio Leão e Cupertino Ribeiro. O Congresso aprova ainda a criação de um comité revolucionário, com a designação de Comissão Executiva de Lisboa, composto por João Chagas, Afonso Costa, António José de Almeida e Cândido dos Reis. Muitos dos antigos notáveis do partido são relegados para uma junta consultiva. A conspiração militar e civil para o derrube da monarquia está definitivamente em marcha. No mesmo Congresso, aparece representada a Liga das Mulheres Republicanas que enviou uma saudação subscrita por Ana de Castro Osório, Rita Machado, Adelaide Cabete, Maria Veleda, Carolina Beatriz Ângelo e Filomena Costa. (http://www.fmsoares.pt/aeb/crono/id?id=00557) Sigamos Alho (2009) em seu trabalho “O X Congresso Republicano de 1909 sob o signo da revolução”11: Setúbal regurgitava de entusiasmo naquela primavera de 1909.Olhava as ruas que vertebravam o seu espaço urbano, constatando o trânsito de caras novas que durante a tarde nelas se passeavam. Às 19 horas chegará Bernardino Machado acompanhado dos deputados setubalenses Feio Terenas e Estêvão de Vasconcelos. A temperatura ambiente subia. A cidade saía à rua para tudo ver, sendo contudo aconselhada à contenção na manifestação dos seus 11
https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/4987/1/O_X_Congresso_Republicano_de_1909---.pdf https://comum.rcaap.pt/handle/10400.26/4987 http://www.si.ips.pt/ese_si/noticias_geral.ver_noticia?p_nr=6818 https://books.google.com.br/books?id=VPe2DQAAQBAJ&pg=PA219&lpg=PA219&dq=CONGRESSO+REPUBLIC ANO+%2B+1909&source=bl&ots=TIFH95weJO&sig=6tIqvxBaXoLMLYmzWKA1FmW9LVQ&hl=ptBR&sa=X&ved=0ahUKEwiJ87GG8dXbAhUMfZAKHaDAtQQ6AEIRjAF#v=onepage&q=CONGRESSO%20REPUBLICANO%20%2B%201909&f=false http://www.fmsoares.pt/aeb/crono/id?id=00557
afectos, Às 21 horas deste d¡a 4, Bernardino Machado procederá à inauguração do novo Centro Republicano na rua das Esteiras. O Século referir-se-á a esta inauguração como "Um prólogo do Congresso numa primeira página do livroa serescrito nos dias que se iriam seguir. A inauguração será presenciada pelos principais vultos republicanos e nela intervirão quer Bernardino Machado quer os deputados eleitos por Setúbal. [...] No IX Congresso Republicano, realizado em Coimbra em 1908, Feio Terenastinha proposto, tendo sido aprovado sem qualquer oposição, a realização do Congresso de 1909 na cidade de Setúbal. Que motivos terão levado os congressistas de 1908 a aceitarem a cidade de Setúbal, uma cidade de província situada a 40 longos quilómetros da capital de todos os poderes, para palco do seu mais alto momento da vida partidária? De facto, a escolha de um local para um encontro desta dimensão não é ¡inocente nem aleatória. Correspondia à estratégia de afirmação política do PRP que tem na cidade um notável reforço a partir do início do século XX. Setúbal, tal como outros concelhos a sul do Tejo, evidenciava um crescimento natural do PRP Aqui havia uma forte estrutura organizativa, visível nas comissõesparoquias em todas as freguesias urbanas e rurais e na comissão municipal integrada por figuras relevantes da elite local. [...] O Congresso de Setúbal de 1909 vai ter a responsabilidade histórica de decidir a via insurrecional para a tomada do poder político, Será neste Congresso que se vai eleger o Diretório que ficará responsável pela preparação dos trabalhos conspirativos que deverão levar à tomada do poder polit¡co pelo Partido Republicano e pelos seus aliados. Daí a indiscutível importância deste acontecimento que integrará um dos momentos fundadores da acçâo revolucionária.
DE VOLTA Á SÃO LUIS ABRIL, 12 – Anunciada seu retorno à São Luis:
25/04 –
De volta a São Luís, dá aulas, faz conferencias na Universidade Popular Maranhense. Continua a escrever na Pacotilha. PUBLICA - A literatura portugueza na Idade Média: conferência. São Luís do Maranhão, Universidade Popular do Maranhão, 1909.
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ABRIL, 27 – 28 – A Pacotilha publica uma queixa contra ‘os capitalistas’ que exploram a linha de navios entre Portugal e o Maranhão:
MAIO, 03 – Noticiado terremoto que abalou Portugal, a colônia lusa reúne-se para ajudar, e Fran Paxeco aparece como secretariando a reunião:
MAIO, 22 – defende a criação de uma escola comercial:
22/05 – Alfredo de Assis escreve sobre o lançamento de Os Novos Atenienses:
JUNHO, 1º - Recepção a D. Francisco Herboso
07/06 – Aparece num versinho sobre um torneio de sinuca no Clube Euterpe:
10/06 – criado o Grêmio Artur Azevedo
11/06 – Homenagens a Antonio Lobo –
O Diário do Maranhão também faz referencia à criação e à homenagem:
14/06 – Na distribuição dos prêmios do torneio de bilhar do Clube Euterpe, Fran Paxeco discorre sobre o jogo de bilhar:
19/06 – por ocasião do aniversário de José Barreto, diretor de A Pacotilha, Fran Paxeco fez discurso em sua homenagem. 21/06 – Fran Paxeco discursa em visita ao Porto do Itaqui JULHO, 02 – Começa a colaborar com a Província do Pará:
05/07 – Fran Paxeco é indicado, em assembleia extraordinária, a presidir assembleia extraordinária do Clube Euterpe, devido à renuncia do presidente, João Vital de Matos; a sessão foi tumultuada, obrigando a interrupção, e como a ordem não voltou, Fran Paxeco renuncia à presidência da mesa; com nova organização, chega ao final a sessão, nomeando-se comissão para a reforma do Estatuto:
07/07 – publica artigo sobre a Jovem Turquia:
16/07 – Na Folha do Norte, do Pará, Humberto de Campos tece crítica sobre Os novos Atenienses, e coloca Fran Paxeco entre os grandes escritores maranhenses:
20/07 – Convocada eleições para a Oficina dos Novos:
26/07 – Resumo da Assembleia, não sendo realizadas as eleições devido aos poucos sócios presentes, mas aceitos novos:
31/07 – Artigo sobre a visita de artista portuguesa:
AGOSTO/16 – O drama Israel, de Henry Berstein, que seria levada a publico em Belém e Manaus recebe a tradução de Fran Paxeco:
17/08 – Artigo sobre o assassinato de Euclides da Cunha:
19/08 – Artigo abortando a questão do Feminismo:
19/08 = É citado em uma consulta feita a redação do Diário do Maranhão:
20/08 – Responde sobre ortografia da palavra pegada, em comentário a artigo publicado no Diário do Maranhão:
25/08 – Escreve sobre O Socialismo:
SETEMBRO/01 – Novo artigo, sobre Matuzalém:
04/09 – Novo artigo publicado, com o titulo Liliput:
08/08 – Artigo sobre Folclore:
10/08 – Instalada a Liga Internacional no Maranhão, da qual Fran Paxeco fica sendo o representante:
11/09 – Aparece novo Atlas do Brasil:
Nessa mesma edição aparece aviso de se reativar – ou refundar – a Universidade Popular:
14/09 – Na reunião,, acordou-se o reaparecimento da Universidade Popular:
15/09 – Fran Paxeco se manifesta sobre o ressurgimento da Universidade Popular:
16/09 – Na mesma edição de a Pacotilha em que noticia a realização da primeira conferencia da Universidade Popular, ressurgida, aparece a nomeação de Fran Paxeco como lente de uma escola, em substituição ao titular:
18/09 – Um artigo de Fran Paxeco sobre a Livraria Chardron, e uma nota sobre o folhetim publicado, que teve a tradução de Fran Paxeco:
30/09 – Defende o Ensino Profissional:
OUTUBRO. 04 – Sobre Os Milionários:
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11/10 –
A Universidade Popular anuncia nova conferencia, comemorativa ao 12 de outubro:
13/10 – Resumo da reunião comemorativa ao 12 de outubro de 1492:
14 a 16/10 – Conforme anunciado, é publicado a palestra de Fran Paxeco: Colombo e a América:
18/10 – Passa a analisar a situação da Espanha:
22/10 – O problema ortogråfico; e a Universidade Popular:
28/10 – As viagens de Peary e Cook:
NOVEMBRO, 04 – Duas matérias, uma assinada por Fran Paxeco – Os Argentários – e outra sobre Gonçalves Dias em que é citado:
NOVEMBRO, 04 – Anunciada a primeira edição da revista do Congresso Maranhense de Letras (sic), denominada ANNAES:
08/11 – Sobre os Russos:
09/11 – Recebe credenciamento da International Liga:
10/11 – Publica artigo sobre o Esperanto:
12/12 – Programação da Universidade Popular:
15/11 – Ainda sobre a Russia e espiões e Niilistas:
18/11 – Os Homistas
22/11 – Sobre Miséria e Trabalho
25/11 – Sobre o socialismo:
29/11 – sobre o Fuzilamento de Ferrer:
DEZEMBRO, 02 – Retoma e aprofunda artigo escrito em 1904, sobre o Povoamento:
06/12 – Uma entrevista:
09/12 – Sobre a Coreia e o Japão
10/10 – Universidade Popular:
13/12 – Universidade Popular, programa; e artigo sobre O Paladar:
14/12 - Ano 1909\Edição 00295: Fran Paxeco eleito vice-presidente do Clube Euterpe, e participando de evento na Universidade Popular:
15/12 – Anunciada a conferencia da Universidade Popular:
E a 16/12:
17/12 – Discorre sobre o Trono Espanhol, e uma nota sobre publicação no Diário do Maranhão:
20/12 – Volta a falar sobre a economia maranhense, com o tema o Arroz:
23/12 – Publica novo artigo, abordando o tema O ComÊrcio e a diplomacia
25/12 – Fatos e Lendas:
28/12 – Volta a analisar a situação internacional, desta vez A Corte Sueca:
30/12 – A situação dos Balcans: