MARANHAY - Revista lazeirenta 50, Outubro 2020

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MARANHHAY (REVISTA DO LÉO)

REVISTA LAZEIRENTA EDITADA POR

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536

ELZA (FERNANDES) PAXECO MACHADO

NUMERO 50 – 2020 SÃO LUIS – MARANHÃO


A

presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.

EXPEDIENTE MARANHAY REVISTA LAZERENTA Revista eletrônica EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); Titular da UEMA (1977/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 14 livros e capítulos de livros publicados, e mais de 350 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Sócio-correspondente da UBE-RJ; Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luis (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Premio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Premio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; editor da “ALL em Revista”, vol. 1 a 6, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras; Editor da Revista do Léo, a que esta substitui (2017-2019). Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.


MARANHAY – REVISTA LAZEIRENTA – 2020

VOLUME 50 – OUTUBRO – 2020

VOLUME 49– SETEMBRO - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_49_-__2020_VOLUME 48– AGOSTO - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_48_-__2020_bVOLUME 47– JULHO - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_47_-__2020_VOLUME 46– JULHO - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_46_-__2020_VOLUME 45– JULHO - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_45_-__2020_-_julhob VOLUME 44 – JULHO - 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/maranhay_-_revista_lazerenta_-_44_-_julho__2020 VOLUME 43 – JUNHO /SEGUNDA QUINZENA - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_43_-segunda_quinzen VOLUME 42 – JUNHO 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_42_-junho__2020/file VOLUME 41-B – MAIO 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/maranhay_-_revista_lazerenta_-_41-b_-_maio___2020 VOLUME 41-B – MAIO 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/maranhay_-_revista_lazerenta_-_41-b_-_maio___2020 VOLUME 41 – MAIO 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/maranhay_-_revista_lazerenta_-_41_-_maio__2020 VOLUME 40 – ABRIL 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_40_-_abril___2020.d VOLUME 39 – MARÇO 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_maranhay__39-_mar_o___2020 VOLUME 38 – FEVEREIRO DE 2020 – EDIÇÃO ESPECIAL – PRESENÇA AÇOREANA NO MARANHÃO https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_maranhay__39-_fevereiro___2020 A PARTIR DESTE NÚMERO, CORRIGIDA A NUMERAÇÃO, COM SEQUENCIAL, DOS SUPLEMENTOS E EDIÇÕES ESPECIAIS:

VOLUME 28 – JANEIRO 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_maranhay__28_-_janeiro____2020b


VOLUME 29 – FEVEREIRO 2020 https://issuu.com/home/published/revista_do_leo_-_maranhay__29-_fevereiro___2020b

REVISTA DO LÉO NÚMEROS PUBLICADOS

VOLUME 1 – OUTUBRO DE 2017 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_1_-_outubro_2017 VOLUME 2 – NOVEMBRO DE 2017 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_2_-_novembro_2017 VOLUME 3 – DEZEMBRO DE 2017 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_3_-_dezembro_2017 VOLUME 4 – JANEIRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_4_-_janeiro_2018 VOLUME 5 – FEVEREIRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_5_-_fevereiro_2018h VOLUME 6 – MARÇO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_6_-_mar__o_2018 VOLUME 6.1 – EDIÇÃO ESPECIAL – MARÇO 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_especial__faculdade_ VOLUME 7 – ABRIL DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_7_-_abril_2018 VOLUME 8 – MAIO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8_-_maio__2018 VOLUME 8.1 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO: VIDA E OBRA – MAIO 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8.1_-__especial__fra VOLUME 9 – JUNHO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_9_-_junho_2018__2_ VOLUME 10 – JULHO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_10_-_julho_2018 VOLUME 11 – AGOSTO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_11_-_agosto_2018 VOLUME 12 – SETEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_12_-_setembro_2018 VOLUME 13 – OUTUBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_13_-_outubro_2018 VOLUME 14 – NOVEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_l_o_-_numero_14_-_novemb VOLUME 15 – DEZEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revisdta_do_l_o_15_-_dezembro_de_20?


VOLUME 15.1 – DEZEMBRO DE 2018 – ÍNDICE DA REVISTA DO LEO 2017-2018 https://issuu.com/…/docs/5ndice_da_revista_do_leo_-_2017-201 VOLUME 16 – JANEIRO DE 2019 https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__16_-_janeiro_2019

VOLUME 16.1 – JANEIRO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: PESCA NO MARANHÃO https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__16_1__-_janeiro__20 VOLUME 17 – FEVEREIRO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_17_-_fevereiro__2019 VOLUME 18 – MARÇO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__18_-_mar_o_2019 VOLUME 19 – ABRIL DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__19-_abril_2019 VOLUME 20 – MAIO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__20-_maio_2019 VOLUME 20.1 - MAIO 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO E A QUESTÃO DO ACRE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__20.1_-_maio_2019_-_ VOLUME 21 – JUNHO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__21-_junho_2019 VOLUME 22 – JULHO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__22-_julho_2019 VOLUME 22.1 – JULHO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__22-_julho_2019_-_ed VOLUME 23 – AGOSTO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__23-_agosto_2019 VOLUME 23.1 – AGOSTO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: AINDA SOBRE A CAPOEIRAGEM MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__23.1-_agosto_2019_VOLUME 24 – SETEMBRO DE 2019 – LAERCIO ELIAS PEREIRA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec VOLUME 24.1 – SETEMBRO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: IGNÁCIO XAVIER DE CARVALHO: RECORTES E MEMORIA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec VOLUME 25 –OUTUBRO DE 2019 – https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__25_-_outubro__2019 VOLUME 26 –NOVEMBRO DE 2019 – https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__26_-_novembro__2019 VOLUME 27 – DEZEMBRO DE 2019 –

https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__27_-_dezembro___2019 VOLUME 27.1 – DEZEMBRO DE 2019 – suplemento – OS OCUPANTES DA CADEIRA 40 DO IHGM

https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__27.1_-_dezembro___2019 VOLUME 30 – edição 6.1, de março de 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_especial__faculdade_ VOLUME 31 – edição 8.1, de maio de 2018 EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO: VIDA E OBRA – MAIO 2018


https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8.1_-__especial__fra VOLUME 32 – edição 15.1, de dezembro de 2018 ÍNDICE DA REVISTA DO LEO 2017-2018 https://issuu.com/…/docs/6ndice_da_revista_do_leo_-_2017-201 VOLUME 33 – edição 16.1, de janeiro de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: PESCA NO MARANHÃO https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__16_1__-_janeiro__20 VOLUME 34 - edição 20.1, de maio de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO E A QUESTÃO DO ACRE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__20.1_-_maio_2019_-_ VOLUME 35 – edição 22.1, de julho de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__22-_julho_2019_-_ed VOLUME 36 – edição 23.1, de agoto de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: AINDA SOBRE A CAPOEIRAGEM MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__23.1-_agosto_2019_VOLUME 37 – edição 24.1, de setembrp de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: I. XAVIER DE CARVALHO: RECORTES E MEMORIA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec


EDITORIAL

A “MARANHAY – REVISTA LAZEIRENTA” é sucessora da “REVISTA DO LÉO”, e continua em seu formato eletrônico, disponibilizada através da plataforma ISSUU – https://issuu.com/home/publisher. Chegamos ao número 50!!! Há muitos e muitos anos, numa atividade distante, começamos a publicar uma revista eletrônica: a “NOVA ATENAS – EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA” , do Departamento de Biologia e educação Física do então Centro Federal de Educação Tecnólica do Maranhão – CEFET-MA, hoje IF-MA. Foram 23 os números publicados, com alguns suplementos. Em princípio, para divulgar a produção acadêmica dos professores da Educação Física, para em seguida ser dedicada à produção dos alunos do Mestrado e Doutorado em Educação Tecnológica. Por essa razão, editor de uma revista eletrônica, em que dava publicidade à memória e/ou história dos esportes, lazer e educação física do/no Maranhão, fui convidado para o quadro de sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IhGM – onde passei a editar a “Revista do IHGM “, responsável que fui do número 29 ao 44. Quando da fundação da Academia Ludovicense de Letras, inadevertidamente assinei a ata de fundação, e passei a ser sócio-fundador. Em seguida, eleito Secretário-Geral e passei a editar a revista oficiosa, eletrônica, ALL EM REVISTA, em seus primeiros 6 volumes, 4 números cada volume, periodicidade trimestral, num total de 24 revidstas e alguns anexos. Após calorosas discussões com alguns membros da Diretoria, resolvi, então, publicar minha própria revista: A REVISTA DO LÉO. Aproveitei esse título, pois desde o tempo do CEFET-MA se referiam à revista desta forma: como a revista do Leo... nunca daEFM/CEFET-MA/DEF; ou do IHGM; e agora, da ALL... era a revista do Léo.... dai o título... depois de um tempo, exatos 37 edições e alguns suplementos, resolvi alterar o título para MARANHAY – Revista Lazeirenta... nessa mase, de Revista do Léo-Maranhay, é que chegamos ao numero 50... Creio que farei algumas mudanças, suprimendo sessões, juntando-as a outras, para ficar mais dinâmica... Lazeirices e Lazeirentos ficará incorporada na nova: ESPORTE, LAZER & EDUCAÇÃO FÍSICA; Literaturas e Literatos, e Extraindo Histórias com o Faraó, agora, fará parte de História(s) do Maranhão; manterei a sessão do Jorge Olimpio Bento; e a publicação da biobibliografia de Fran Paxeco...

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EDITOR


SUMÁRIO 2 7 8

EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO

ESPORTE, LAZER, & EDUCAÇÃO FÍSICA

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Artigo de JOSÉ MANUEL CONSTANTINO

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HISTÓRIA(S) DO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ ELOGIO AO PATRONO: ELZA PAXECO MACHADO AYMORÉ ALVIM ESTÁ TUDO CONSUMADO

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NAVEGANDO COM JORGE OLIMPIO BENTO

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CONVERSAS ACERCA DA AULA E DO PROFESSOR E SEUS OFÍCIOS

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MEMÓRIAS & RECORTES

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LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ FRAN PAXECO – RECORTES & MEMÓRIAS – PARTE XI

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ESPORTE, LAZER, & EDUCAÇÃO FÍSICA


JOSÉ MANUEL CONSTANTINO, presidente do Comité Olímpico de Portugal

O programa do atual Governo estipula o seguinte objetivo: colocar Portugal, na próxima década, no lote das quinze nações europeias com os cidadãos fisicamente mais ativos. A proposta de Orçamento de Estado para 2021 define um objetivo diferente: colocar Portugal, até 2030, no lote dos 15 países com mais prática de atividade física e desportiva da União Europeia. Em apenas um ano o objetivo do Governo alterou-se: deixa de ser colocar Portugal entre os 15 mais ativos da Europa, para passar a ser entre os da União Europeia. A diferença é significativa, porque ser 15º em 27 países é bem diferente de que ocupar a mesma posição entre 50 nações. Vamos admitir que é esta última versão que reflete o objetivo político. De acordo com o estudo do Eurobarómetro, Portugal ocupava em 2018 (entre 27 países) uma das últimas três posições, com um índice de atividade física de cerca de 32% (igual à Grécia e Bulgária). A média da União Europeia é de 54 %, precisamente o valor dos países que se situam no 15ºlugar (Espanha, França e Chipre). Significa isto que, para que o objetivo governamental seja atingido, é necessário que até 2030 cresçamos, aos valores atuais, cerca de 23%, e que os restantes países não alterem os seus números de atividade física. A pergunta óbvia é singela: que medidas ou políticas de promoção da atividade física estão pensadas para que o objetivo seja atingido? O Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física sob a tutela do Ministério da Saúde começou cheio de fulgor e ao longo do tempo tem vindo a perder dinâmica. Os programas de promoção da atividade física desportiva desenvolvem-se sobretudo por iniciativa dos municípios, dependendo das iniciativas e dinâmicas locais, mas sem um fio condutor e agregador em termos nacionais.


As iniciativas políticas centrais, independentemente da sua pertinência, não têm escala nacional e pouco acrescentam à dinâmica e incremento de novas procuras desportivas de forma sustentada e regular. As iniciativas associativas no desporto têm limites ao seu crescimento, atendendo a que estão muito dependentes do financiamento, que é escasso. O propósito do Governo é de aplaudir, mas sabe o Governo que medidas adotar para que o objetivo seja alcançado? Será possível ao País, numa década, superar o fosso que o separa dos restantes países europeus? Num cenário de reduções significativas no financiamento público para o Desporto, como evidencia a proposta de Orçamento do Estado para 2021, recessão na economia e condicionalismos no acesso à prática desportiva, com forte impacto na procura destes serviços no sector privado empresarial ou associativo, que perspetivas se podem antever com vista à sustentabilidade daquele objetivo? Caberá ao Governo explicar como atingir aquele objetivo que, com os dados disponíveis, se torna evidente - e infelizmente – de difícil alcance.


HISTÓRIA(S) DO MARANHÃO


ELOGIO AO PATRONO: ELZA PAXECO MACHADO

Elza Fernandes Paxeco (São Luís, 6 de Janeiro de 1912 — Lisboa, 28 de Dezembro de 1989) Foi professora, filóloga e escritora1. 1

https://pt.wikipedia.org/wiki/Elza_Paxeco Fontes Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, s.v. «Elza Paxeco». vol. 20, pgs. 696-967. Lello Universal: Dicionário Enciclopédico Luso-Brasileiro. Porto: Lello & Irmão, 1980, 2 vols., s.v. «Elza Paxeco», II vol. pg. 487. OLIVEIRA, A. Lopes de; VIANA, Mário Gonçalves. Dicionário Mundial de Mulheres Notáveis, s.v. «Elza Paxeco». Porto: Lello & Irmão, 1967, pg. 1038. PORBASE Base nacional de dados bibliográficos. A Universidade de Lisboa Séculos XIX e XX, Vol.II / Coord. Sérgio Campos Matos, Jorge Ramos do Ó [ et al.] Lisboa, Tinta da China, 2013. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Elza_Fernandes_Paxeco_Machado.jpg https://www.facebook.com/418088872283919/posts/426860654740074/ https://aviagemdosargonautas.net/2012/01/06/homenagem-a-professora-elza-paxeco/


Ao ser informado por Mhário Lincoln de que fora aceito para ocupar uma Cadeira na Academia Poética Brasileira, disse-me que ainda não havia uma numeração, nem um Patrono. Tempos depois, aproximando-se a data provável da posse, solicitei o número da cadeira e o nome do patrono. Informou-me que o patrono seria de minha escolha. Após muito pensar – entre meus dois patronos: no IHGM, Dunshee de Abranches; na ALL, Fran Paxeco. Pensava mais em Fran Paxeco, pois estava a escrever uma sua biobibliografia – Recortes & Memórias, o título, levantando tudo o que fora publicado dele e sobre ele, nos jornais das terras onde passara. Estava no ano de 1912 quando me deparei com a notícia de nascimento de sua filha, Elza:

A PACOTILHA, São Luís, 09 de janeiro de 1912

Vamos seguir, aqui, a apresentação que sua neta, Dra. Rosa Machado, fez2:

https://pt.linkfang.org/wiki/Elza_Paxeco#cite_ref-2 https://pt.linkfang.org/wiki/Elza_Paxeco#cite_ref-2 https://www.myheritage.com.br/names/elza_machado 2 MACHADO, Rosa Paxeco. In correspondência particular, via correio eletrônico, enviada em 1º de setembro de 2020, a pedido dom autor


Nasceu em São Luís do Maranhão, a 06 de Janeiro de 1912 na Rua da Palma, nº 38 – na casa de seu avô materno Luís Manuel Fernandes, sócio da Firma “Luis Manuel Fernandes & Irmãos, importadores e exportadores”.

Jazigo do Comerciante Luiz Manoel Fernandes e sua Família Na alameda principal do Cemitério do Gavião está o jazigo do comerciante português Luiz Manoel Fernandes e sua Família, erguido como capela de mármore de Carrara em estilo neogótico, obra do escultor português António Moreira Rato. Luiz Manoel foi importante comerciante em meados e fins do século XIX e faleceu de beribéri, quando em viagem, na Bahia, sendo seu corpo transferido para São Luís, onde foi sepultado em seu jazigo. Sua filha, a maranhense Isabel Fernandes, veio a casar-se com o cônsul português e intelectual, um dos 12 apóstolos das letras fundadores da Academia Maranhense, Fran Paxeco. Do casal Fran-Isabel descende ilustre prole dentre as quais se destacam a sua filha Dra. Elza Paxeco Machado, primeira mulher a doutorar-se em Letras pela Universidade de Lisboa e sua neta Maria Rosa Pacheco Machado, Mestra em arquivo e documentação, que ocupa atualmente uma cadeira de membro correspondente da Academia Maranhense, cadeira que foi ocupada por sua Mãe, a Dra. Elza. Registre-se que, Maria Rosa, bisneta de Luís Manoel Fernandes e neta de Fran Paxeco, é também filha do grande filólogo, dicionarista e arabista português Dr. José Pedro Machado, falecido em 20053.

3 REZENDE FILHO, João Dias. In Cemitério: museu a céu aberto? Suplemento Literário e Cultural Guesa Errante do Jornal Pequeno (24.03.2012, disponível em https://idisabel.wordpress.com/2012/03/24/cemiteriomuseu-a-ceu-aberto/Publicado em 24 de março de 2012 por neoabolicionistas.


Aí passou sua infância com seus pais, ele Manuel Fran Paxeco (1874-1952) 4 português de Setúbal - jornalista e diplomata, ela maranhense de São Luís que lhe propiciaram um ambiente requintado, culto, de padrão bastante elevado. Para além do ensino normal, aprendeu a tocar piano, a dizer poesia, a desenhar etc., com professores das especialidades5. Isabel Eugénia Cardoso de Almeida Fernandes (1879-1956) natural de São Luís, também era filha de um português, mas de Lamares, Vila Real e de uma maranhense de São Luís: Rosa Cândida Cardoso de Almeida Fernandes (1845-1912) que por sua vez também era filha de outro português (de Cascais) e de outra maranhense, mas de Santa Maria de Icatú. Ele, Máximo Cardoso de Almeida (1816-1876) foi dono de engenho de açúcar, capitão de longo curso, dono do barco “Rosabella” e ela, Ana Joaquina Jansen da Silva (1827-1872) era, segundo constam, sobrinha de “Donanna” Jansen. Quando sua família partiu definitivamente do Brasil para a Europa (em 1925), foi carregada de recordações poéticas, musicais, etnográficas; de estórias, cheiros e cores, sabores e sons... De que falará com saudade, desgosto, ciente que nunca mais voltaria a São Luís. Citava Gonçalves Dias mal chegava a Primavera... Inteligente, imaginativa, sonhadora, boa aluna, estudou com sucesso num convento católico jesuíta no Reino Unido, o Upton Hall School a Nordeste6, até entrar para a Universidade de Gales7, onde se formou em Filologia Românica e Filologia Germânica com altas classificações – Honours Summa cum Laudes.

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https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Fran_Paxeco http://www.academiamaranhense.org.br/manuel-francisco-pacheco/ https://www.wikiwand.com/pt/Manuel_Fran_Paxeco https://www.youtube.com/watch?v=YW0qjkslz_8 https://www.youtube.com/watch?v=ABZnuy10cIw https://www.youtube.com/watch?v=-qTepbtKZ-4 https://www.youtube.com/watch?v=-qTepbtKZ-4 http://cev.org.br/biblioteca/fran-paxeco-e-educacao-fisica-maranhao/ http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe7/pdf/05%20HISTORIA%20DA%20PROFISSAO%20DOCENTE/FRAN%20PAXECO%20LENTHE%20DA%20REVITAL IZACAO.pdf https://www.diretodoplanalto.com.br/2019/07/juiz-sem-juizo-o-caso-fran-paxeco-por.html 5 Informa Rosa Machado: Ainda não consegui saber onde ela terá estudado em criança, embora tenha andado a bater a várias portas; Colégio Santa Teresa, Secretaria da Educação, Inspecção Escolar, mas os arquivos não estão muito disponíveis. 6 https://en.wikipedia.org/wiki/Upton_Hall_School_FCJ 7 https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_do_Pa%C3%ADs_de_Gales



Mais tarde, durante dois anos para a Universidade de Londres 8 para fazer outro curso, de especialização, Master of Arts. Tudo para grande contentamento de seu Pai, que muito admirava e venerava; e de sua Mãe que lhe marcou muito a vida pelos objetivos demasiado ambiciosos que lhe traçou e que lhe marcaram toda a vida.

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https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_de_Londres


Quando foi para Portugal, frequentou durante dois anos a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa9, a fim de tirar as cadeiras de equivalência que lhe faltavam, as de Literatura e Filologia Portuguesas, História de Portugal e Descobrimentos. É nesta fase da sua nova vida académica que conhece outro aluno, que alguns anos mais tarde se tornaria seu marido: José Pedro Machado10, que frequentava o mesmo curso de Filologia Românica. Foi a primeira senhora doutorada pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (Outubro de 1938), tendo obtido aprovação por unanimidade. Era, nessa altura, o mais novo dos doutores, com apenas vinte e seis anos. Fez um estágio de dois anos no Liceu Pedro Nunes11 e foi chamada para a Faculdade de Letras da mesma Universidade, onde ensinou como leitora de Francês entre Fevereiro de 1940 e Outubro de 1948, quando foi exonerada a seu pedido; igualmente regera as cadeiras de Literatura Francesa e de Língua e Literatura Inglesa, tendo ainda feito parte de júris de admissão ao Ministério dos Negócios Estrangeiros12. Casou em 04 de Setembro de 1940 com José Pedro Machado, tendo dessa união nascido três filhos: Maria Helena (1941), João Manuel (1943), Maria Rosa (1946).

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https://www.ulisboa.pt/unidade-organica/faculdade-de-letras https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Pedro_Machado 11 https://pt.wikipedia.org/wiki/Liceu_Pedro_Nunes 12 https://www.portaldiplomatico.mne.gov.pt/ 10


Por indicação de Alfredo de Assis13, representou em Portugal a Associação das Academias Brasileiras de Letras14. Foi eleita sócia correspondente da Academia Maranhense de Letras 15, exatamente para a cadeira Número 5. No ano letivo de 1960-1961 ensinou Francês na Escola Industrial Afonso Domingues 16, escola onde o seu marido era professor efetivo e nesta altura tinha o cargo de Diretor. Nunca deixou de ter contato com São Luís, nomeadamente com a família do Dr. Aníbal de Pádua, com quem sempre se correspondeu, através de quem ia tendo notícias da sua terra natal. Com a família Guedes de Azerêdo que também estava em Portugal, compartilhava laços de São Luís e também laços de família, pois Alfredo (filho) foi o padrinho de baptismo de Maria Helena, uma de suas filhas. Doou a esta cidade, mais propriamente à Associação Comercial do Maranhão, dois quadros pintados a óleo que lhe eram muito queridos, um representando o seu Avô, Luis Manuel 13

http://www.academiamaranhense.org.br/alfredo-de-assis-castro/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Academia_Brasileira_de_Letras 15 http://www.academiamaranhense.org.br/ 16 https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Secund%C3%A1ria_Afonso_Domingues. A Escola foi fundada no dia 24 de Novembro de 1884, funcionando numa casa alugada a João Cristiano Keil na Calçada do Grilo, nº 3-1º, que abriu com 53 alunos. Na altura a escola denominava-se Escola de Desenho Industrial Afonso Domingues, onde eram ministrados os cursos diurnos de Desenho Elementar e os cursos nocturnos de Desenho Industrial e, posteriormente, cursos profissionais. Como Director foi nomeado o professor e escultor João Vaz. A Escola foi oficialmente extinta a 23 de Março de 2010, por despacho de Secretário de Estado da Educação, tendo na altura da sua extinção uma história com 126 anos. 14


Fernandes, da autoria de Franco de Sá, e o outro seu pai, Fran Paxeco, da autoria de Paula Barros, em duas grandes caixas ao Sr. José Tércio de Oliveira Borges que os trouxe para São Luís, isto em 1957. Era sócia da Sociedade de Geografia de Lisboa, da Sociedade de Língua Portuguesa. Faleceu na madrugada de 28 de Dezembro de 1989 na sua casa em Lisboa, na Rua Leite de Vasconcelos, vítima de uma úlcera no duodeno.

GATO PRETO EM TELHADO DE ALFAMA Gato preto de Alfama no telhado Lá em baixo, ao longe. No terraço nu de ladrilho vermelho Cá em cima, ao lado Uns tufos pendentes verde-brancos hoje Folhas e flores no invernal e velho da Cerca Moura troço desencantado. Sorriso curvo de Reims, o do Anjo (Ou o da Gioconda, porém meio tortelho), Olhar longo de amêndoa voltado. Vê a trocista o vulto e lisonja: “Biche-biche” e já surge um espelho Verde radiante pró norte alçado Na cabeça virada tão séria do monge. Chispa o Raio verde do Sol sobranceiro Aos antigos Paços do Limoeiro. Visto 26-XII-61 - Escrito 1-I-62

Filóloga e ilustre investigadora luso-brasileira, em Portugal, nem no Brasil parece ser recordada. E havia bons motivos para que o fosse; escreveu: - Alguns aspectos da poesia de Bocage (1937). - Acerca da tragicomédia de Dom Duardos (1937). - Essai sur l'oeuvre de Samain (1938) [1] - Graça de Júlio Dinis (1939). - O mito do Brasil-Menino, Coimbra: Coimbra Editora, (1942). - Camões e Elisabeth Barrett (1942). - Nótula sobre negações duplas em português. Lisboa: Separata da Revista da Faculdade de Letras de Lisboa, Nº10. (1944). - Um dos últimos trabalhos de Hércules (1944) - Estudos em Três Línguas. Lisboa: Pro Domo, (1945). - Aucassin e Nicolette. Lisboa: Minerva, 1946.[2] - Arte de trovar portuguesa. Lisboa: Separata da Revista da Faculdade de Letras,Nº 13,1947. - Da Glottica em Portugal (1948). - Cancioneiro da Biblioteca Nacional: antigo Colocci-Brancuti. (Leitura, comentários, notas e glossário), em colaboração com seu marido, José Pedro Machado. [3] (1949-1964).


https://sites.google.com/site/terresymteperfie1/3501351-36abinGEterven97 http://libris.kb.se/hitlist?d=libris&f=simp&spell=true&hist=true&p=1&m=50&q=faut%3A227 277 - Galicismos Arcaicos. Tese (concurso para professor extraordinário de Filologia Românica da Faculdade de Letras) Univ. de Lisboa (1949). - À Margem do Dicionário Manual Etimológico. À Memória de Francisco Adolfo Coelho (1949). - A propósito do antigo nome arábico de Lisboa, com transcrições e traduções do árabe por José Pedro Machado. Lisboa: Separata da "Revista de Portugal", Série A, Língua portuguesa, vol.33, (1968). - Os Paladinos da Linguagem. Separata Língua e Cultura, (1971).

1916 - São Luís do Maranhão, Elza Fernandes Paxeco vestida de minhota


Em A Pacotilha, edição de 2 de fevereiro de 1912 constava como uma das subscritoras de ações de A Predial do Norte


Em notas referindo-se à Assistência à Infância, o jornal a Pacotilha de 9 de junho de 1914 17 faz referencia à Elza:

A 4 de abril de 1915 consta novo envio de 400 cupons à Assistência à Infância em seu nome 18, assim como a 15 de outubro19; E em 1917, a 27 de dezembro, mais 700 cupons. Em 1920, estava contribuindo para o Natal das crianças internadas, enviando 100 bilhetes de bonde e outros brindes20. Não encontramos registro de onde estudou, em São Luís, pois segundo informações de sua filha Rosa Machado estudava em casa, pois os professores que iam lá. Não se encontrou, até o momento quer organismo onde possam estar esses registos. Em Belém do Pará, esteve no Colégio Paes de Carvalho, não se encontrando os arquivos, porém existe um diploma em poder da família.

17

http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=168319_02&pesq=ELZA%20FERNANDES%20PAXECO&p agfis=5937 18

http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=168319_02&Pesq=ELZA%20FERNANDES%20PAXECO&p agfis=6967 19

http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=168319_02&Pesq=ELZA%20FERNANDES%20PAXECO&p agfis=7591 20

http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=168319_02&Pesq=ELZA%20FERNANDES%20PAXECO&p agfis=14196


1921 - Elza Fernandes Paxeco, com a sua ama, na Ponta d'Areia


Em A Pacotilha de 22 de agosto de 1922, sobre a passagem do raid aéreo por São Luis, é registrada a presença de Elza, e seus pais, nas homenagens prestadas a Gago Coutinho e Sacadura Cabral:


Em O Jornal, edição de 28 de novembro de 1922 constava do elenco do Grupo de teatro “Coelho Neto”:


Parabenizada pelo transcurso de mais um aniversário, conforme nota publicada em O JORNAL, edição de 09 de janeiro de 1923:

1923 - Elza Fernandes Paxeco, com duas de suas primas, filhas do irmão de sua Mãe, Luís Fernandes.


Em A Pacotilha, edição de 26 de abril de 1924 é registrada a visita que Elza e sua mãe fizeram à São Luis:21

21

http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=168319_02&Pesq=ELZA%20FERNANDES%20PAXECO&p agfis=18251



9 de Março de 1925, Catedral de Belém do Pará, a Primeira Comunhão de Elza Fernandes Paxeco.


Em 1925, Fran Paxeco passa por São Luís e retorna ao Pará, quando recebe presente destinado á sua filha Elza22

22

http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=168319_02&Pesq=ELZA%20FERNANDES%20PAXECO&p agfis=19127


1926 - Belém do Pará, Elza Fernandes Paxeco e sua Mãe, Isabel Eugénia de Almeida Fernandes Paxeco


Elza Paxeco, 1935. Foto tirada em Londres. Cedida por Rosa Machado23

Centro de Estudos Filológicos (1937). David Lopes (ao centro), o mestre de árabe; Elza Fernandes Paxeco (sentada, à direita); José Pedro Machado (à esquerda, de óculos).

23

https://noticias.fcsh.unl.pt/2019/07/08/maternidade-bensaude-o-berco-das-mulheres-clandestinas/mae-em-londres17-5-1935/


Foi a primeira mulher a doutorar-se pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1938, sendo a sua dissertação doutoral aprovada por unanimidade dos membros do júri.

Na Universidade de Lisboa (UL) é, entretanto, tempo de passar para a Faculdade de Letras (FL) e de, portanto, recuar para finais dos anos 30: é com efeito em 1938 que um primeiro doutoramento feminino se realiza nesta Escola - o de Elza Paxeco Machado (1912-1989) (Matos & Ó, 2013). Filha do então cônsul de Portugal no Maranhão, Fran Paxeco, fez o essencial da sua formação graduada e post-graduada na Universidade do País de Gales. Radicada em Portugal e casada com o filólogo e dicionarista José Pedro Machado (1914-


2005), em 1938 apresenta-se a provas de doutoramento em Literatura Francesa na FL/UL, com a tese Essai sur l'oeuvre de Samain[5]. Foi aprovada por unanimidade e - coisa pouco vulgar ao tempo - as provas parecem ter decorrido em ambiente de certa cordialidade, mormente nos pontos arguidos por Hernâni Cidade (1887-1975). Ulteriormente habilitada com o Estágio Pedagógico para o Ensino Liceal (Liceu Pedro Nunes, 1939), em princípio de 1940 ingressou na FL/UL como professora contratada. Ensinou Língua e Literatura Francesa e Literatura Inglesa. Testemunhos de Hernâni Cidade salientam que “não usava nunca o português em aula, banira o uso da tradução e incitava os alunos a dirigirem-se-lhe em francês, mesmo no convívio extra-escolar” (Matos & Ó, 2013, p. 103824); para além do que, era “rigorosíssima no julgamento dos seus alunos, sem deixar de com eles conviver em perfeito ambiente de simpatia respeitosa” (H. Cidade citado em Matos & Ó, 2013, vol. II, p. 1038). Em 1948 pede a exoneração do lugar, incomodada com o ambiente criado pela purga universitária de 1947. Numa situação em que o único vínculo profissional parece ter sido o de membro de júris de admissão ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, Elza Paxeco investiga intensamente, devendo-se-lhe por exemplo, em colaboração com seu Marido, a edição do Cancioneiro da Biblioteca Nacional (1949-1964)25.

O Jornal O Imparcial, em sua edição de 9 de abril de 1938, p. 226, traz a seguinte matéria: ALGUNS ASPECTOS DA POESIA DE BOCAGE Em plaquette trazendo separata da Revista da Faculdade de Letras, tomo V, da Universidade de Lisboa, publicou a nossa ilustre conterrânea Elza F. Paxeco, um estudo crítico da obra do ‘parnasiano’ português Manuel Maria Bocagge, o Elmano glosador de oiteiros. Desenvolvendo com maestria o tema que no serve de epígrafe, a autora faz a apreciação completa das produções do ‘máximo cinzelador’, pois não aplica somente a ‘apologética’, e apresenta as falhas que lhe atribuíram, embora muitas vezes o fizessem injustamente. Arguiam Bocage pela ‘iteração’ encontrada nas suas poesias, esquecendo a graça que isso traz, como se ve em um de seus sonetos, [...] A senhorita Elza Fernandes Paxeco é filha do grande amigo do Maranhão, do publicista dr. M. Fran Paxeco, e de d. Isabel Fernandes Paxeco, de distinta família maranhense. A sua ancestralidade justifica os aprimorados dotes intelectivos de que deu sobejas mostras nas universidades que cursou na Inglaterra e na República portuguesa

Viria, entre 1940 e 1948, a ensinar nesta Faculdade como leitora de francês (Fevereiro de 1940 a Outubro de 1948), quando foi exonerada a seu pedido - o facto de ser perseguida, e ter recebido uma "bola preta" no seu exame para o cargo de professor agregado, destinado de antemão a um colega homem, embora menos qualificado na época, pois num mundo de homens, ainda se olhava de revés para as senhoras, fez com que apresentasse a exoneração do cargo, alegando a responsabilidade dos filhos: [...] Sua esposa, a também lexícografa Elza Paxeco Machado, primeira doutora em Letras da Universidade de Lisboa, foi perseguida por colegas docentes, a ponto de deixar a universidade. Em solidariedade, o marido também abandonou a cátedra. Ambos continuaram

24

http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0874-68852018000100008

25 HOMEM, Armando Luis de Carvalho. Mulheres doutoras nas universidades portuguesas (1926-1960). Women and PhDs in Portuguese universities (1926-1960). Faces de Eva. Estudos sobre a Mulher no. 39 Lisboa jun. 2018. http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0874-68852018000100008 26

http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=107646&pesq=ELZA%20FERNANDES%20PAXECO&pagfi s=21635


o trabalho fora da universidade. Os cadernos culturais e os segundos cadernos, com tanta coisa para tratar, não deram destaque a seu desaparecimento27.

Na biografia que Antonio Viriato28 escreveu sobre José Pedro Machado colocou que: Foi também naquela Faculdade que conheceu a que viria a ser sua mulher, a Professora Doutora Elza Paxeco, com ele co-autora da muito citada edição comentada do Cancioneiro da Biblioteca Nacional, antigo Colocci-Brancuti e, ela própria, pessoa de notável capacidade intelectual, tendo sido a primeira senhora doutorada em Letras pela Universidade de Lisboa (1938) e autora de diversos trabalhos de investigação que lhe granjearam igualmente merecida reputação, entre eles e além do já citado, o intitulado «Estudos em Três Línguas», Lisboa, 1945, obra hoje rara, só disponível em boas Bibliotecas ou em algum Alfarrabista criterioso. Foi afastada da Universidade, em consequência de rivalidades, invejas e intrigas, conhecidas maleitas, mesquinhas mas deletérias, que costumam assolar os agitados bastidores universitários, comprovado mal de todos os tempos e de todas as Academias. Algo de grave se terá então passado, para ter levado Pedro Machado, em solidariedade, a demitir-se das suas funções de Assistente e, em alternativa, a ter preferido um lugar mais modesto, mas mais seguro, de Professor Efectivo do Ensino Secundário, naqueles espartanos tempos do começo da Segunda Guerra Mundial.

Informa-nos Rosa Machado29 que: A saída do meu Pai da Faculdade, não teve nada a ver com a minha Mãe, não sei onde, quem escreveu, vai buscar essas informações, erradas. Ele apresentou a sua demissão na sequência de vários episódios, nomeadamente lhe terem recusado os regulamentos para ele se apresentar ao doutoramento. E os ares que se respiravam então na FLUL, não lhe agradavam: sempre foi uma pessoa muito frontal, alheio a mesquinharias.

Lecionou igualmente as cadeiras de Literatura Francesa e de Língua e Literatura Inglesas. No Memorial da Universidade de Lisboa consta: Paxeco, Elza Fernandes30 Paxeco, Elza Fernandes, ou Paxeco, Elza (N. São Luís do Maranhão, Brasil, 1912; ob. Lisboa, 1989). Primeira mulher doutorada pela Universidade de Lisboa. Área: Filologia Românica. Docente: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Aluno: Universidade de Londres. Curso: Filologia Românica (PE), Filologia Germânica. Doutor: Universidade de Lisboa (?). Colabora com: Machado, José Pedro. Categoria: Pessoas Factos sobre Paxeco, Elza Fernandes 27 SILVA, Deonisio. O brinquedo do plebiscito. Edição 349. 04 de outubro de 2005. Disponível em http://www.observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-debates/o-brinquedo-do-plebiscito/ 28 VIRIATO, António. A Apresentação do Livro do Dr. José Pedro Machado. José Pedro Machado. ( N. em Faro a 0811-1914 – F. em Lisboa a 26-07-2005 ). Breve nota biográfica In http://alma_lusiada.blogspot.com/2007/01/apresentao-do-livro-do-dr-jos-pedro.html 29 30

MACHADO, Rosa. Correspondência pessoal, em 28 de setembro de 2020 http://memoria.ul.pt/index.php/Paxeco,_Elza_Fernandes


Aluno de Universidade de Londres + Ano de nascimento 1912 + Ano do óbito 1989 + Colabora com Machado, José Pedro + Criador de Essai sur l'oeuvre de Samain + Data de nascimento 1912 + Data do óbito 1989 + Denominação do agente Paxeco, Elza Fernandes +e Paxeco, Elza + Descrição Primeira mulher doutorada pela Universidade de Lisboa Docente em Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa + Doutorado por Universidade de Lisboa (?) + Falecido em Lisboa + Frequenta curso Filologia Românica (PE) +e Filologia Germânica + Género Feminino + Nascido em São Luís do Maranhão + País Brasil + Permanece em Londres +e Lisboa + Tem área de conhecimento Filologia Românica +

VIEIRA DA LUZ, Joaquim. FRAN PAXECO E AS FIGURAS MARANHENSES. Rio de Janeiro: Livros de Portugal; Edições dois Mundos, 195731. 31

https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8.1_-__especial__fra


FICHA MÉDICA

Final anos 40 - Elza Fernandes Paxeco na Praia das Maçãs com os seus 3 filhos.

Fez parte de júris de admissão ao Ministério dos Negócios Estrangeiros. Foi sócia correspondente Academia Maranhense de Letras - cadeira nº 5, cadeira hoje ocupada por sua filha, Maria Rosa Pacheco Machado: https://issuu.com/leovaz/docs/perfil_dos_socios_-_patronos_-_volu/157


Tomou posse no quadro de membros correspondentes da Academia Maranhense de Letras na quinta-feira passada, dia 14, a dra. Rosa Pacheco Machado. Ela passou a ocupar a Cadeira No 5, fundada por João de Melo Viana e cujo patrono é Belarmino de Matos, o Didot maranhense. É interessante a cadeia sucessória dessa Cadeira e já digo por quê. Ela é sucessora de José Mindlin, conhecido empresário e bibliófilo brasileiro, mais bibliófilo do que empresário, penso eu. Ele por sua vez foi sucessor de Elza Pacheco Machado justamente a mãe da dra. Rosa. Mas a coincidência não se esgota em ocuparem a mesma cadeira mãe e filha. Um dos fundadores da Academia, Fran Paxeco, era o pai da dra Elza Pacheco, segunda ocupante da Cadeira n° 5. Ela, como vimos, era mãe da dra. Rosa. Aí está. A nova acadêmica é neta de um dos mais importantes fundadores da AML.32

e a Associação das Academias Brasileiras de Letras também a nomeou sua representante em Portugal. Publicou com seu marido, José Pedro Machado33, o Cancioneiro da Biblioteca Nacional, 19491964.

Sócia Efectiva da Sociedade de Geografia de Lisboa, eleita em sessão de 27 de Fevereiro de 1964.

32 Rosa na Academia. 17 de outubro de 2010. Jornal: O Estado do Maranhão , 17 de outubro de 2010 – Domingo, Por: Lino Raposo Moreira, PhD. http://www.academiamaranhense.org.br/blog/rosa-na-academia/ 33 https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Pedro_Machadov Discípulo de David Lopes na Universidade de Lisboa, e de José Leite de Vasconcelos, é tido como um dos maiores dicionaristas da língua portuguesa. José Pedro Machado publicou dois dos mais relevantes dicionários do idioma, o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa e o Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa. Fez parte de vários júris de admissão a estágios do Ensino Técnico Profissional aos Institutos Comerciais e Industriais. Foi relator da Comissão do Vocabulário, Dicionário e Gramática da Academia das Ciências de Lisboa (1938-1940). Publicou com sua esposa, Elza Paxeco, o Cancioneiro da Biblioteca Nacional, 1949-1964.


Deixou colaboração dispersa por numerosas publicações nacionais e estrangeiras de entre as quais se destacam as revistas da Faculdade de Letras de Lisboa, Brasília, de Coimbra, Revista das Academias Brasileiras de Letras, do Rio de Janeiro, Revista de Portugal, Ocidente e outras.

Lisboa, Igreja de Santo António, Elza Fernandes Paxeco e seu marido, José Pedro Machado, no baptizado da sua primeira neta, Helena Sofia, filha de Maria Helena, a filha mais velha.


O retrato de Elza Fernandes Paxeco, que esteve na exposição "Mulher em destaque", 2014, Fundação da Memória Republicana Brasileira. https://imirante.com/namira/maranhao/noticias/2014/03/08/exposicao-mulher-em-destaquehomenageia-13-maranhenses.shtml


PROFESSORA ELZA PAXECO – UM EPISÓDIO CURIOSO CARLOS LOURES 6 de Janeiro de 2012História, Música/Dança HTTPS://AVIAGEMDOSARGONAUTAS.NET/2012/01/06/PROFESSORA-ELZA-PAXECO-UM-EPISODIO-CURIOSO/

Não tive o prazer de conhecer pessoalmente a Professora Elza Paxeco, embora tenha sido grande amigo de José Pedro Machado, seu marido, e ainda antes de ter conhecido o grande filólogo e arabista, ter sido companheiro de lides políticas de seu filho João – o nosso João Machado. Sabendo-me em contacto diário com o Professor Luís de Albuquerque, presidente da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses mandou-me um recado: viera a lume a notícia de que Placido Domingo viria a Lisboa, ao São Carlos, desempenhar o papel de Vasco da Gama na ópera L’Africaine, do compositor prussiano Meyerbeer. Perguntava a professora se eu conhecia a ópera ou se alguém da Comissão a conhecia. Vasco da Gama era ridicularizado, bem como Portugal e os portugueses. Eu nunca vira a ópera e Luís de Albuquerque a quem expus a questão, também não. Descobrimos o que era possível. Soubemos que a ópera nunca fora apresentada em Portugal e que só fora estreada em Paris em 1865, após a morte de Meyerbeer. Não sendo uma das óperas mais famosas, tem uma ária muito divulgada e cantada pelos grandes tenores – além de Placido Domingo, Pavarotti, Carreras, Kraus… Lendo o libreto do francês Scribe percebemos o que a professora dissera – L’Africaine nada tinha a ver com a verdade histórica. O libretista francês ignorara a História e construira uma vulgar intriga amorosa: uma rainha africana, e uma filha de um grande almirante, apaixonadas por Vasco da Gama, enquanto um homem da corte africana se apaixonava pela filha do almirante. Uma história banal de amores desencontrados. Os africanos, suicidam-se e Vasco da Gama fica com a filha do grande almirante. Uma conclusão possível, cotejando datas, foi a de que a ópera tenha sido encomendada a Meyerbeer por uma questão política. Em 1857 ocorreu um grave incidente diplomático entre Portugal e França. Um navio negreiro francês, a barca Charles & George, que fazia tráfico de escravos entre Moçambique e a Ilha de Reunião foi interceptada por um navio de guerra português, em águas territoriais portuguesas. O barco foi apresado e o capitão foi aprisionado e enviado para Lisboa. Era óbvio para toda a Europa que Portugal tinha razão, mas em França não se viu o problema pelo prisma legal – a questão era: o pequeno Portugal não tinha o direito de ter razão perante a França. A Inglaterra, foi da mesma opinião e o governo português teve de libertar o navio e o capitão, e indemnizar a França. A encomenda da ópera poderá ter sido um meio de nos humilhar. Por esta ou por outra razão, a ópera nada tem a ver com a História de Portugal e não fazia sentido pagar uma fortuna para trazer a Lisboa uma ópera em que a epopeia dos Descobrimentos é ignorada e tudo se resume a uma vulgar intriga amorosa. Seria uma estranha maneira de comemorar os Descobrimentos… Talvez o aviso da Doutora Elza Paxeco tenha contribuído para que em Portugal continue por ser apresentada esta ópera. O que os melómanos lamentarão por não podermos escutar ao vivo esta magnífica ária que Placido Domingo interpreta de forma superior. Se não pensarmos que é o nosso Vasco da Gama, o grande almirante, descobridor do caminho marítimo para a Índia, podemos apreciar a arte de Meyerbeer e, sobretudo, o virtuosismo de Placido Domingo. É uma gravação feita no ano de 1988 na Ópera de São Francisco:


GENEALOGIA José Anastácio Pacheco (natural de Setúbal) casado com Carolina Amélia Pacheco pais de Joaquim Pacheco ( natural de Setúbal) e de Manuel Francisco Pacheco - conhecido como Fran Paxeco (natural de Setúbal); Joaquim Pacheco casado com Deolina Baptista Pacheco e teve 4 filhos: Isabel; Óscar Paxeco (jornalista); Clóvis; Maria de Jesus Paxeco de Sousa Franco. Esta última filha casou com António Sousa Franco (Gouveia), formado em medicina, trabalhava num laboratório, sendo pois os pais de António Luciano Pacheco de Sousa Franco, que não teve filhos biológicos. Fran Paxeco, escritor, jornalista, diplomata, casou com Isabel Eugénia de Almeida Fernandes Paxeco (natural de S. Luis do Maranhão) e tiveram uma filha: Elza Fernandes Paxeco Machado (S. Luis do Maranhão ), que casou com José Pedro Machado (Faro ) e teve três filhos: Maria Helena, João Manuel e Maria Rosa Pacheco Machado (que sou eu, e tenho uma filha que se chama Inês...). Isabel Eugénia de Almeida Fernandes Paxeco, natural de S. Luis do Maranhão, descendentes de Luis Manuel Cardoso de Almeida Fernandes, nascido em S. Luis em 1877 e falecido no Rio de Janeiro em 1911. Óscar Paxeco, outro jornalista a quem Setúbal também muito deve, nasceu a 10 de Agosto de 1904, na freguesia de S. Julião / Setúbal e faleceu solteiro 17 de Fevereiro de 1970. Numa entrevista que sua mãe - Elza PaXeco - concedeu a uma revista de Lisboa (Março/1949), em determinada altura afirma, quando lhe perguntaram qual a nacionalidade: "Portuguesa" e esclarece "Nasci no Brasil, e minha mãe é brasileira, mas descendente de famílias portuguesas". tio avô chamava-se Luís Manuel de Almeida Fernandes (São Luís do Maranhão 1878 - Rio de Janeiro 1911). Estudou Engenharia e casou muito cedo com Guilhermina Vinhais também de São Luís do Maranhão. Viveram no Rio de Janeiro onde tiveram 4 filhos: Beatriz (que devia ser a mais velha) Eleonora - nascida em 1906 Dulce - nascida em 1909 Luis, que morreu muito novo (todos Vinhais Fernandes)

Os Parga do Maranhão No Maranhão, o início está no casal Alexandre Ferreira da Cruz e Mariana Clara de São José de Assunção Parga, em meados do Século XVIII. Alexandre Ferreira da Cruz nasceu no Couto do Mosteiro, em Santa Comba Dão, Viseu, em 1716, filho de Manoel Ferreira e Francisca Ferraz. Neto paterno de Luis Ferreira e Luzia Francisca. Neto materno de Antonio Jorge e Ana Gomes. Bisneto materno de Manoel Álvares e Maria Francisca. Bisneto materno de Antonio Jorge e... Bisneto materno de Manoel Pires e... Bisneto paterno de João Luís e Isabel Ferreira, casal tronco dos Ferreira até o momento, casados por volta de 1640. E se considerarmos a história oral da minha família, a origem de Isabel Ferreira estaria na Ilha da Madeira, ligada aos Drummond... Mas não consegui ir além. Mandei fazer busca nos arquivos de Viseu, Santa Comba Dão e Couto do Mosteiro e o casamento de João Luís e Isabel não foi encontrado. Pelos Parga o início está no Maranhão, no casamento do Capitão Manoel José de Assunção Parga e de Antonia Maria Clara de Andrade, portugueses que tiveram, pelo menos, dois filhos: a nossa avó Mariana Clara de São José e Baltazar de Assunção Parga. Alexandre e Mariana eram ricos fazendeiros, com três sesmarias e muitos escravos, listados no rol dos mais ricos do Maranhão no século XVIII, que entre outros filhos tiveram:


4. JOAQUIM FERREIRA DE ASSUNÇÃO PARGA. Tenente Coronel. Nascido em 1762, ou 1768, em São Luís. Falecido, em 17 de Janeiro de 1843, na Fazenda de Santo Antonio, no Alto Mearim. Casado, em 1804, em Itapecuru, com Dona Rosa Bernardina Lisboa, nascida em 1783, em Itapecuru, e falecida em 17 de Janeiro de 1843. Pais de: 2.4 Alexandre Ferreira Lisboa Parga. Fazendeiro. Nascido em 1811, em São Luís. Casado, em 1831, com Dona Maria Isabel Gonçalves Nina, nascida em 1818 e falecida em 13 de Junho de 1866, em São Luís, com Testamento, filha de João Gonçalves de Jesus, natural de Portugal, e de Dona Francisca Rita Gonçalves, neta paterna de Manuel Rodrigues Nina. Pais de: 3.2 Rosa Laura Lisboa Parga. Nascida em 1835. Casada, em 31 de Março de 1856, com João Gonçalves Nina, nascido em Itapecuru, filho de José Gonçalves Nina (ou Manoel Rodrigues Nina) e de Dona Carolina Rosa dos Reis. Pais de: 4.5 Joaquim Gonçalves Nina. Casado com Dona Rosa Bernardina Ferreira. Pais de: 5.1 João Gonçalves Ferreira Nina. Casado com Dona Palmira Carvalho Bulhão, nascida em 19 de Fevereiro de 1851, filha de João Carlos Bulhão e de Dona Cesaltina Galvão de Carvalho, neto paterno de João Antonio da Silva e de Dona Carlota Oliveira Bulhão, neto materno de Francisco de Oliveira Bulhão e de Dona Rosa Helena Lamaignere. Pais de: 6.1 Cesaltina Bulhão Nina. Nascida em 17 de Janeiro de 1874. Casada com Dr. Antonio Jovita Vinhaes, médico militar, filho de José Manoel Vinhaes e de Dona Guilhermina Jovita. Com geração. Pais de: 7.1 Guilhermina Vinhaes.


AYMORÉ ALVIM APLAC, AMM, ALL.

O dia se foi Só de vergonha. As trevas cobriram Toda a terra. Pendente de uma cruz Ele dissera: Tudo está consumado. Tinha inimigos sim, Todos sabiam. Também tinha amigos, na Judeia, Na Samaria e por toda a Galileia, Que por acreditar n’Ele O seguiam. E assim espalhou por toda a terra Sua mensagem de paz, amor e de partilha. Deixou para trás o velho rito Criado pelo homem À sua maneira. Era um mundo de vinditas e delitos, De maldades, exclusões e falsidades, Que Ele rompeu No momento derradeiro. Tudo está consumado.


NAVEGANDO COM JORGE OLIMPIO BENTO A consagração do direito a uma vida digna, realizada no caminho de perseguição da felicidade, implica a presença acrescida do desporto, a renovação das suas múltiplas práticas e do seu sentido. Sendo a quantidade e qualidade do tempo dedicado ao cultivo do ócio criativo (do qual o desporto é parte) o padrão aferidor do estado de desenvolvimento da civilização e de uma sociedade, podemos afirmar, com base em dados objetivos, que nos encontramos numa era de acentuada regressão civilizacional. Este caminho, que leva ao abismo, tem que ser invertido urgentemente.


CONVERSAS ACERCA DA AULA E DO PROFESSOR E SEUS OFÍCIOS

"Nós não precisamos de muita coisa. Só precisamos uns dos outros…e de sonhos." Oscar Wilde, 1854-1900 1. INTRODUÇÃO: DIMENSÃO ‘POSITIVA’ DA IGNORÂNCIA A aula é o ‘lugar do encontro’, apostada em remediar os desencontros que enxameiam a vida e os dias. Por conseguinte, venho propor aos leitores que nos encontremos e ‘conversemos’ sobre ela. Ora, uma ‘conversa’ implica o estatuto de pares, exercido pelos participantes, decididos a ‘versar’ conjuntamente sobre o tema proposto. É este o sentido das 19 abordagens que vou efetuar. Dedico-as aos docentes que, em condições difíceis, com desconsideração acumulada e remuneração minguada, realizam o ingente trabalho da educação. São anónimos, mas têm grandeza e refulgem como estrelas e utopias no céu alto do reconhecimento e da admiração. São heróis e heroínas, que arrostam com o desdém e a incompreensão. Esclareço que tomo, como pressuposto, a dimensão ‘positiva’ da ignorância. Ou seja, quero assumir o desconhecimento, reconhecer o que não sabemos, o esgotamento das noções que nos trouxeram até ao presente, o estado de dúvida, de inquietude e insatisfação face ao cenário e figurino da profissão docente na atualidade. Precisamos de novas referências; elas não vão cair nas nossas mãos, como maná vindo do céu, se não encetarmos essa urgente busca, mediante a reflexão conjunta. As considerações e palavras anteriores e as posteriores aplicam-se à aula e ao professor em geral, sejam de Educação Física ou de qualquer disciplina. Ela e ele têm sido e vão continuar a ser objeto de ensaios, dissertações e publicações. Haverá sempre algo por aclarar, porquanto o contexto não é estático; é dinâmico, vive em constante mutação. Os olhares sobre a aula e o professor, a escola e a educação modificam-se, não apenas porque, ao longo da vida, a sensibilidade se altera e leva a prestar e atribuir mais atenção e significado a aspetos que, antes, tinham escapado à valoração. Modificam-se também em concordância com as mudanças ocorridas nas circunstâncias sociais e individuais, na sociedade e nos alunos. É nesta conformidade que vou tecer algumas laborações, seguindo duas vias: • Apenas tocarei em assuntos aos quais sou sensível, devido à idade e à avaliação que faço da conjuntura. Ver é uma escolha; só vemos o que optamos por olhar. • Procurarei manter aberta e transitável a ponte entre o particular, o peculiar e o abrangente. Na insuficiente realização deste empreendimento serve-me de amparo (e desculpa) o balanço clarividente de Agostinho da Silva (1906-1994): “Não corro como corria / Nem salto como saltava / Mas vejo mais do que via / E sonho mais do que sonhava.”

2. DA FORMAÇÃO INSUFICIENTE Tanto quanto me ocorre, há duas funções para cujo exercício não estamos devidamente preparados na altura própria: a de mãe ou pai e a de professor. As razões são várias; e vão da instabilidade profissional e precariedade económica até à insuficiência cognitiva e experimental e a imaturidade emocional. Compreendemos melhor a função maternal e paternal, quando chegamos à de avó e avô; aplicamos, no relacionamento com os netos, o que aprendemos no trajeto de pais. Com o professor sucede algo semelhante. Aposentamo-nos, quando nos abeiramos da maturidade de Ser e Saber e do Sabor Humano, indispensáveis ao relacionamento com os alunos. Saltamos fora, quando estamos aptos para um ‘magistério’ de influência docente, marcado pela autenticidade, serenidade e sinceridade. Mas… não há cursos bem estruturados para a formação de professores? Sim, há! Os diplomas não são merecidos? Sim, são! Porém não garantem a mestria do essencial.


O percurso da formação é longo; não se inicia, nem conclui numa instituição superior. Ninguém fica cabalmente preparado para ser professor, durante o curso de formação. Esta continua a acontecer, sem jamais estar concluída, ao longo da profissão. Comigo foi assim. O exame do caminho andado não me envergonha. Este juízo não significa que tenha sido um mar-de-rosas, isento de atritos. Aqui e ali, surgiram mal-entendidos, sobretudo com dois tipos de estudantes. Com uns, porque cuidei de esbater as ingenuidades, que lhes embotavam o pensamento e impediam o florescimento da autonomia e maioridade racional. Entendia e entendo que essa é a responsabilidade central de um formador. Isto não pode ser confundido com doutrinação ou colonização ideológica e mental. Implica, sim, tentar tirar teias-de-aranha dos olhos de outrem, para que ele defina e eleja o seu caminho de modo axiologicamente coerente e consciente. Outros estudantes queriam respostas prontas e convincentes para as incertezas; e eu não as tinha. Embora fosse esforçado na procura de conhecimento, este foi sempre magro para a orientação própria e a alheia. O doutoramento não supriu esta lacuna. Ao invés, aguçou a lupa da reflexão e visão: a formação de um professor nunca termina, carece de ser procurada até ao fim; creio que assim tentei fazer. Nesta hora de balanço é curial afirmar que nenhuma animosidade toldou as relações com tais estudantes ou a crença na sua capacidade de desenvolvimento. Sigo atento a obra deles. Confirmou-se plenamente o que então presumi: são pessoas qualitativas e profissionais diligentes, com quem a sociedade conta para realizar a tarefa de educação das novas gerações. Afinal, os ‘senãos’ não eram defeitos; eram sementes portadoras da faculdade de germinar e florir como virtudes. Que privilégio ter sido professor de gente tão merecedora de respeito! Retomemos o rego da precisão de formação incessante e recorrente. A função de professor encerra tamanha complexidade e pluridimensionalidade que jamais estamos preparados para a conhecer e compreender cabalmente, por mais e melhores estudos, livros e tratados que sobre ela se elaborem. O Professor é como a Pessoa (‘Persona’: máscara, em latim). Acaba prematuramente a carreira, sem ter aprendido tudo de que carece para o cabal desempenho da profissão e da existência. Está ‘condenado’ a ser aprendiz até ao fim da vida; jamais esgotará a capacidade e a necessidade de aprender. Não há maneira de fugir a isso. Para fazer um animal, bastam alguns meses, nalguns casos menos do que nove. Para fazer um Professor e uma Pessoa, são precisas dezenas de anos; e a obra não fica plena, acabada, completa e perfeita. Há sempre zonas de penumbra e de incompletude. Elas pedem a luz e o retoque, que tornem menos imperfeita e incompetente a imperfeição e a incompetência. Convidam a trilhar o caminho da inatingível perfeição e competência. A ter consciência disto. 3. INSPIRAÇÃO E MOTIVAÇÃO É deveras tocante o relato que Friedrich Schiller (1759-1805) fez da sua aula inaugural (Antrittsvorlesung ou Antrittsrede). O filósofo, historiador e poeta tinha então 30 anos de idade. Nomeado Professor Extraordinário de História da Universidade de Jena, proferiu a primeira lição em 26 de maio de 1789, dedicada ao tema: ‘Was heißt und zu welchem Ende studiert man Universalgeschichte?’ (‘O que é e para que se estuda História Universal?’) Na noite anterior cruzou-se com vários estudantes, que não o conheciam; ouviu da boca deles a preocupação de chegar ao auditório na manhã seguinte, bem cedo, para terem assento na sala, se possível nas primeiras carteiras, e poderem escutar, com a devida atenção, o novo professor e uma lição que prometia ser ‘magistral’. E assim foi! O auditório ficou superlotado e a expectativa cumpriu-se em absoluto. A aula foi deveras surpreendente e instigadora. Schiller discorreu com a mestria esperada, e até a superou; afirmou-se como Mestre e os estudantes sentiram o seu ‘magistério’, a tal ponto que, no final, reagiram com entusiasmo incomum, saudaram o Professor com ‘urras’ e ‘vivas’, por terem recebido dele ‘mais’ e ‘maior’ sustento espiritual e intelectual. Vale a pena parar e decifrar o termo ‘Magistério’(magisterium): capacidade de ser magistral, de despertar admiração, maravilhamento, apego ao brilho, à perfeição e à virtude. Acrescem outros significados: ‘ofício’ ou ‘meio de curar’, ‘tratamento’, ‘trabalho de orientação’ e ‘chefia’. O vocábulo latino ‘magister’ provém de ‘magis’. Compete, pois, ao professor ou mestre a obrigação de garantir um ‘mais’ ao aluno, para que este se torne ‘maior’ (comparativo de ‘magnus’ ou grande). Por sua


vez, ‘minister’ (ministro) provém de ‘minus’ (menor). Assim, os agentes do magistério (professores e magistrados), pela natureza e etimologia das funções, estão acima dos ministros dos governos. Schiller ficou comovido com a reação dos estudantes. Verteu no papel, com incontido orgulho e um fascinante e luminoso arco-íris, as emoções que marcaram a entrada na docência. Tal como ele, queria eu tecer uma tapeçaria colorida e comovedora, edificante e estimulante sobre a aula, equivalente à magia de um poema, ao encantamento de uma canção, à estética de uma pintura e à religiosidade de uma oração! Por favor, ajudem-me a pintar, em conjunto, um quadro de enaltecimento da aula, que tenha muito para contar e encantar! Queria tanto isso como método de desobrigação! Porquê? Porque frequentei e lecionei milhares de aulas, recebi e dei uma multitude de lições, desde a escola primária até ao final da carreira académica, como aluno, como estudante e como professor. E isto não pode ter acontecido em vão! Portanto, pesa sobre mim o dever de congregar conhecimentos sobre o que é aprender e ensinar, organizar, pensar, realizar e avaliar o ensino e a aprendizagem. E, certamente, todos os que se encontram em idênticas condições têm conhecimento acumulado, a respeito do assunto. Talvez mais inconsciente do que consciente, mais subjetivado do que objetivado. Falta saber se nos assiste a capacidade para o sistematizar, ordenar e expor, dando-lhe corpo e voz coerentes. A desobrigação inclui outra vertente. Um fervoroso crente no Humanismo e Iluminismo não pode ignorar o alvo da educação, estabelecido por Immanuel Kant (1724-1804): a emancipação e maioridade dos indivíduos, dotá-los da luz da razão, para sobrepujar a animalidade, a dependência e menoridade dos impulsos, instintos e paixões ínsitos na contingência natural. Isto é, habilitar o sujeito a balizar as atitudes e posições, os atos, palavras e reações, segundo os padrões da ‘arété’, da ética e da estética, sobejamente ilustrados e postulados pelos clássicos da Antiguidade Grega. Chegados aqui, coloca-se esta amarga pergunta: Será aceitável que um professor, ao cabo de 47 anos de exercício ativo da profissão, não esteja à altura de laborar acerca da aula com a ‘maioridade’ e os restantes pilares do templo da educação? Não, não é! Daí o receio de me meter num labirinto de fácil entrada e de difícil e atormentada saída. Por outras palavras, corro o risco de ir buscar lã e voltar tosquiado! Enfim, tudo convida a não entrar numa floresta onde se levanta muita caça e há a probabilidade de vir com as mãos a abanar, sem ter apanhado peça alguma. Sobre a aula todos ‘sabemos’ muito. Estranhamente sobre ela escreve-se pouco e diz-se quase nada. Porque será? Talvez tenhamos receio em assumir a laboração mental, estruturada a preceito, acerca de algo que, sendo tão óbvio, é difícil de conceptualizar e formular. 4. O QUE É A AULA? LUGAR DE ENCONTRO E CONVIVÊNCIA Vejo a aula de maneira distinta da de outrora. Agora vejo-a como a ‘missa festiva’ da escola. Os professores e os alunos ensinam e aprendem noutros locais e momentos; porém a aula constitui a celebração formal e conjunta, o espaço de culto e congregação do processo de ensino e aprendizagem. Não se trata de uma visão idílica. Trata-se, sim, de olhar para a aula com religiosidade e até misticismo, de a encarar como local privilegiado e sagrado de cultivo e partilha dos valores superiores e cimeiros, coroadores e aferidores de todos os que perfazem o pódio da educação. Não é lirismo, não. É, antes, realismo de quem acredita nos prodígios da educação. Se tomarmos como termo de comparação a missa e a evolução ocorrida na sua encenação, durante as últimas décadas, passando de um culto rígido, cumprido de modo soturno, para uma reunião intimista, com direito a cânticos alegres e a abraços e saudações fraternais, teremos aí a chave para abrir as portas da aula a novas e refrescantes aragens e compreensões. Somos seres ‘situados’, obrigados a perscrutar as situações. Hoje prestamos atenção a ‘coisas’, factos e ocorrências, que antes passavam ao lado ou aos quais não atribuíamos significado maior. Transitamos muitos anos por uma rua ou praça, sem notar nada de especial; até que um dia, por milagre ou magia, saltam à vista uma janela ou parede com lavores trabalhados na madeira e na pedra, uma sacada ou varanda de alvenaria e ferro forjado, um canteiro de jardim, antes ausentes do olhar. No tocante à aula sucede o mesmo. Com o avançar da idade tornamo-nos propensos a reparar em aspetos anteriormente descurados e inobservados.


O que é então a aula? Um problema complexo, multifacetado e inesgotável. Vou tocar em aspetos que, nesta altura da vida pessoal e da conjuntura civilizacional, atiçam a inquietude e intimam a escolher novos rumos. Tomo para linha de partida e corrida a pertinente afirmação de Mário Quintana (1906-1994): “A arte de viver é a arte de conviver.” Acrescento estoutra de Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944): “A grandeza de uma profissão é talvez, antes de tudo, unir os homens: não há senão um verdadeiro luxo e esse é o das relações humanas.” Creio que ambas as citações encerram o código da aula. É ou não a escola uma oficina de aprendizagem da arte de viver e conviver? É ou não a aula o estaleiro primordial para a revelação e o aprimoramento dos ‘artistas’ da ‘convivência’? Está dado o mote. A aula é o ‘lugar do encontro’, da prova ou provação ou comprovação da nossa Humanidade. Da aprendizagem do encontro e relacionamento, da aceitação e habituação à harmonia das diferenças. Verdadeiramente notável e mavioso é o hino, da autoria de Luís Fernandes, Professor da FPCE-UP, dedicado a este tema (O LUGAR DO ENCONTRO – Reflexões sobre uma prática pedagógica, Educação, Sociedade & Culturas, nº. 42, 2014, 177-189). Vivemos numa era patológica, de deterioração acentuada das formas de sociabilidade. A sociedade e as suas instituições evidenciam carência de sadias relações humanas de vizinhança, de amizade e companheirismo, de interações de grupo, de movimentos coletivos de interesse comum; o seu funcionamento tornou-se artificial, pobre de relacionamentos, dependente de substitutos equivalentes a uma droga. O recurso aos meios tecnológicos, para nos relacionarmos, é um avanço. Mas não há bela sem senão! Não raras vezes, a riqueza de meios encobre a miséria dos fins. Sófocles (497 ou 496-406 ou 405 a. C.), o autor das tragédias gregas, ajuizou que “nada grandioso entra na vida dos mortais sem (trazer) uma maldição” ou prejuízo. A invenção da escrita prejudicou a memória. A tecnologia supera as fraquezas humanas; e também dá rédea solta ao vício e à manipulação. O abuso tecnológico, evidente nas redes socias, traz à tona o pior, fragiliza a capacidade de nos controlarmos e enxergarmos a realidade, rompe o equilíbrio existencial. Expressa uma época em que deixou de haver silêncio, tempo para pensar, dialogar e memorizar, curiosidade de olhar para fora, gosto por atividades lentas (como ler e contemplar com olhos de ver), pelo esforço de saber e compreender. Neste contexto, emerge a intimação de ressuscitar e renovar a importância do que é a aula: palco de encontro do professor com os alunos e destes entre si. E surge igualmente a oportunidade de tomar consciência do que anda disperso e abandonado: conceções, noções, causas, ideais, princípios e valores sobre a vida, a sociedade, o mundo, a pessoa, o trato humano dos outros. Quando lanço um olhar retrospetivo para as inúmeras aulas, em que participei como aluno, estudante e docente, ponho-me a pensar sobre os papéis e estatutos de todos os atores, sobre aquilo que deve ser levado à cena, sobre as crenças e convicções que me moveram no exercício profissional, sobre as relações estabelecidas e que sobreviveram à poeira do tempo. Os olhos da reflexão visionam a docência como um exercício existencial, assinalado pelo acerto e desacerto das escolhas, decisões e relações, por ilusões e desilusões. Enfim, percebo nitidamente o compromisso da docência com conceitos balizadores das opções existenciais. O modo de exercer a carreira profissional não se funda apenas nas aprendizagens feitas no curso de formação, na leitura dos livros, nas conferências escutadas, nas situações vivenciadas e nas experiências acumuladas. Sempre presente e viva está a lembrança da personalidade dos professores que, ao longo do nosso percurso como alunos na escola e estudantes na Universidade, nos marcaram indelevelmente com a conduta exemplar. Eram professores que praticavam o que ensinavam e exigiam: alegria, empatia, boa disposição, sem discriminações negativas e com altos índices de seriedade, de respeito, de rigor e trato humano. Com eles e nas suas aulas aprendemos muitíssimo! Quase sem darmos por isso, percebemos que, afinal, o ensino e a aprendizagem são de banda larga, têm um amplo alcance. Ao lado de conhecimentos, habilidades e técnicas, perfilam-se atitudes, emoções, hábitos e normas de comportamento, decorrentes do facto de que o professor e os alunos são animais sociais.


A aula é, pois, eminentemente um evento relacional, um cenáculo de sujeitos colocados frente a frente, lado a lado, em copresença corporal, interativos apesar das diferenças, nomeadamente as do corpo, dos seus cheiros e dos modos de o vestir e adornar. 5. PROFESSOR: SUMO ‘PONTÍFICE’ DA AULA A aula não é devidamente pensada, se não colocarmos em ponto central a dimensão relacional. Se não virmos o professor como ‘gestor de relações’, ‘pontífice’ ou construtor de pontes de relacionamento entre indivíduos dinâmicos, mutáveis e mutantes. E para isso o professor serve-se de atitudes e palavras. A faceta da aula como espaço de ‘comparências’ e ‘copresenças’ afigura-se, nos dias de hoje, de relevância avolumada. Urge perspetivá-la como oportunidade de reinstalar e não deixar estiolar a relação presencial, face ao crescendo da relação virtual. A aula tem que se contrapor ao predomínio atual de interações virtuais, afirmando-se como instância valorativa da presença física e carnal, de corpos, figuras, ações, papéis e vozes materiais. (Haverá algo melhor talhado do que a aula de Educação Física e Desporto para realizar tal intento?) Daqui decorre a ligação íntima da docência à arte de gerir as ‘comparências’ na aula, os atritos e conflitos inerentes às diferenças dos participantes. Sim, a aula também é o palco em que entram em cena atos de agressividade, desordem, indisciplina e tensão. De resto, tais atos criam a necessidade da intervenção, do tempero do ‘sal’ da educação. É isto que justifica o ‘salário’ dos docentes. O ‘professor’ é, portanto, o indivíduo que gosta da interação com pessoas: de assumir o risco de estar frente a uma turma constituída por sujeitos de carne e osso, sensíveis, instáveis e mesmo ariscos, matreiros e ‘malandros’, que criam e levantam problemas e dificuldades ‘desagradáveis’. A aula não é acontecimento frio, rigorosamente ‘ordenado’ por escolhas estritamente racionais, balizado pela ausência de arroubos, de emoções, de crispações e descontrolos comportamentais. É o contrário de um cenário desenxabido, insípido e romântico. É, muitas vezes, um jogo de ânimos quentes e exaltados, em que se aprende a medida justa e sensata da contenção e expressão, das afirmações e reações, do consenso e do dissenso, dos limites do gesto e da palavra. Nela semeiam-se, germinam e frutificam normas do ‘trato humano do Outro’. Para tudo isto foi alertado o professor durante o curso de formação. Mas nem por isso os incidentes da aula deixam de o surpreender, inquietar e desestabilizar. A ele e aos alunos. Millôr Fernandes (19232012), humorista e ensaísta brasileiro, disse que “viver é desenhar sem borracha” para apagar os traços mal feitos. Dar aulas e ser professor também; os erros não podem ser apagados, servem para errar cada vez melhor. É nesta vivência de desafios e erros que o professor desobriga e forma a personalidade docente. Torna-se ‘pedagogo’, um educador confiante e confiável, à medida que se torna mais e melhor Pessoa. A docência é o território dessa experiência, desse caminho e trânsito do menos para o mais, do inferior para o superior, do baixo para o alto, do insuficiente para o menos imperfeito. ‘Ser Professor’ é uma ‘arte performativa’. Tal como um atleta, o professor faz-se, treinando persistentemente com o intuito de superar as insuficiências, chegar a Homo Performator, atingir a forma olímpica e renová-la continuamente. Percebemos o alcance destas asserções, se focarmos a ponderação num professor que seja o inverso do imaginado nas formulações anteriores. Se repararmos num professor que descure e subestime a substância relacional, alimentícia da aula, e se apresente e alardeie como se fosse ele a matéria de ensino e aprendizagem. Ao longo da escolaridade e formação, conhecemos ambos os tipos de professor. Qual é a nossa opção? Qual é o que preferimos? Os meramente ‘ensinadores’ da matéria dos livros e manuais, ou os que associam e instrumentalizam os ensinamentos ao serviço da qualificação da pessoa dos alunos e estudantes? A resposta de cada um contém o decálogo das conceções e orientações pedagógicas a que adere, de modo consciente ou inconsciente. 6. DO CONSTITUTIVO E DA IMPORTÂNCIA DA AULA Discorrer sobre a aula é expor o entendimento dos conceitos pedagógicos e didáticos que constituem a coluna vertebral da educação. É invocar algo que, por via de regra, passa despercebido: a gestualidade, a


oralidade, a aspereza dos gestos, o timbre da voz, os decibéis da entoação, o calor e a frieza que permeiam a linguagem, as seguranças e inseguranças (qual a sua fonte?), as manifestações, modalidades, ‘performances’ ou prestações da comunicação enriquecedora ou empobrecedora da relação, a empatia e apatia, a simpatia e antipatia, a partilha e a ‘compaixão’. Ah, como todos estas pequenas grandes coisas desaguam na competência docente, confirmando que a arte mora nos detalhes! Somente consagrando a estes o devido cuidado, o labor ininterrupto e nunca concluído de todo, é que aquela se aprimora. Somos, por conseguinte, convidados a não esquecer e subvalorizar as pequenas coisas, implícitas e ocultas no quotidiano docente, que condicionam e até determinam o desenlace das aulas. Não se pense que basta ter presente um receituário para que elas não nos apoquentem. Porque não basta! Cada aula é única, não se repete, tal como os acontecimentos que nela sucedem. Por isso mesmo, a formação contínua da personalidade docente vai além da atualização de conhecimentos, quer do foro didático geral, quer da matéria lecionada em particular. No centro está a importância que as aulas assumem no elenco das tarefas e ocupações do professor. Para ilustrar o alcance desta posição, transcrevo o email que enviei, em 26.03.2015, aos docentes da instituição a cuja direção então presidia. “Peço-lhes que pensem nisto, por favor! Quantas aulas lecionamos ao longo da nossa carreira? Como as preparamos? Que hierarquia, importância e valoração lhes atribuímos na vasta escala das nossas obrigações? Quantas delas permanecem na memória dos estudantes como momentos altos e significativos? Que linguagem e tipo de relacionamento usamos nelas? Que grau de trato humano nelas ensinamos e praticamos? Que entusiasmo, interesse, motivação e paixão despertamos? Que confiança dos estudantes e em nós próprios ganhamos nelas? Que consciência de responsabilidade exibimos? Que cultura geral e científica irradiamos? Que segurança na abordagem das matérias e problemas transmitimos? Que modelo de personalidade docente, cívica e humanista oferecemos aos estudantes? As perguntas podem e devem multiplicar-se. Estas constituem exemplos, porventura mancos e mal formulados, de interrogações orientadoras de uma reflexão que carece de ser feita em permanência. Por isso, espero que cada um estabeleça um melhor guião de interrogações. De uma coisa não tenho dúvidas: a docência pode mudar as modalidades da sua realização, mas não pode perder a centralidade e a prioridade na ementa das nossas atribuições e tarefas.”


LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

FRAN PAXECO:

recortes & memórias

SÃO LUÍS – MARANHÃO – 2020 PARTE XI


“Chronica (do latim) é termo que indica narração histórica, ou registro

de fatos comuns, feitos por ordem cronológica; como também é conjunto das notícias ou rumores relativos a determinados assuntos.” (DICIONÁRIO AURÉLIO, 1986, p. 502)


1911 O Theatro (RJ) – 1911 Edição 00005

JANEIRO, 03 – Em A Pacotilha:



04/01 – No Jornal de Commercio, do Rio de Janeiro, artigo sobre a administração do Gal. Taumaturgo, do Acre, Fran Paxeco é citado. 11/01 – Em A PACOTILHA


19/01 – Em A Pacotilha


21/01 – A Pacotilha

26/01 – A Pacotilha




30/01 – duas notas em A Pacotilha



FEVEREIRO, 1ยบ - a Pacotilha


10/02 – A PACOTILHA


15/02 – em A Pacotilha

16/02 – A Pacotilha



18/02 – A Pacotilha

23/02 – Em A Pacotilha




MARÇO, 03 – A Pacotilha


07/03 – A Pacotilha



10/03 – Em A Pacotilha





21/03 – A Pacotilha – Tramitava no Congresso do Estado:

25/03 – A Pacotilha



27/03 – A Pacotilha



ABRIL, 1ยบ - A Pacotilha



07/04 – A Pacotilha




13/04 – A Pacotilha



19/04 – A Pacotilha


24/04 – A Pacotilha


28/04 – A Pacotilha


MAIO, 02, e 03 – A PACOTILHA


04 – A PACOTILHA



04/05 - A PACOTILHA

05/05 – A PACOTILHA







11/05 – A PACOTILHA


12/05 A PACOTILHA

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22/05 – A PACOTILHA



26/05 – A PACOTILHA






JUNHO, 1ยบ , A PACOTILHA



JUNHO, 1º - No Correio da Tarde, grave acusão à Fran Paxeco, assentando contra o Consulado portugues no estado, visando ocupar a função:


02/06 – A PACOTILHA


JUNHO, 03 – Correio da Tarde publica sobre as “Paxecadas”:


O3/06 – PACOTILHA

05/06 – O Correio continua os ataques a Fran Paxeco:


06/06 – PACOTILHA




09/06 PACOTILHA


14/06 PACOTILHA

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16/06 – A PACOTILHA


17/06 – A PACOTILHA: duas notas:


21/06 – A PACOTILHA


23/06 – A PACOTILHA



27/06 – A PACOTILHA



12/06 – A PACOTILHA



15/06 – PACOTILHA


26/06 – A PACOTILHA


JULHO - funda, com vários maranhenses, o Centro Republicano Português; o Casino Maranhense e o

Instituto de Assistência à Infância.


JULHO, 08 – A PACOTILHA



JULHO, 14/19-06 – A PACOTILHA

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AGOSTO, 07 – A PACOTILHA


14/08 – A PACOTILHA




21/08 – A PACOTILHA

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21/08 –A PACOTILHA

21/08 – A PACOTILHA


AGOSTO, 24 - nomeado Cônsul de Portugal no Maranhão por Teófilo Braga (Chefe do Governo Provisório da República Portuguesa). PACOTILHA, 25 DE AGOSTO DE 1911


26 DE AGOSTO 1911 A PACOTILHA


PACOTILHA 29 DE AGOSTO DE 1911





PACOTILHA 04 DE SETEMBRO DE 1911



PACOTILHA 12 DE SETEMBRO DE 1911

PACOTILHA 16 DE SETEMBRO DE 1911


PACOTILHA 18 DE SETEMBRO DE 1911

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A PACOTILHA 25 DE SETEMBRO DE 1911



PACOTILHA Ano 1911\Edição 00231 (1) – 02 de outubro


A PACOTILHA, 04 OUTUBRO 1911

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E LOGO NA MESMA PÁGINA


OUTUBRO, 04 – Em O Dia, de Santa Catarina, em nota sobre a República Portuguesa, é citado:


PACOTILHA, 05 DE OUTUBRO 1911


PACOTILHA 06 OUTUBRO




PACOTILHA, 7 DE OUTUBRO 1911





PACOTILHA, 09 DE OUTUBRO 1911



PACOTILHA, 10 DE OUTUBRO 111


11/10 – No Correio da Tarde:



No Jornal Pequeno, de Pernambuco


PACOTILHA, 16 DE OUTUBRO 1911


PACOTILHA, 20 DE OUTUBRO 1911



PACOTILHA, 24 DE OUTUBRO 1911




PACOTILHA, 03 DE NOVEMBRO


04/11 – A Pacotilha



NOVEMBRO, 10 – no Jornal do Recife publica:



PACOTILHA, 11 DE NOVEMBRO 1911



PACOTILHA, 13 DE NOVEMBRO 1911


PACOTILHA, 14 DE NOVEMBRO 1911


PACOTILHA, 17 DE NOVEMBRO


18 DE NOVEMBRO DE 1911


PACOTILHA, 20 DE NOVEMBRO 1911



PACOTILHA, 27 DE NOVEMBRO



PACOTILHA, 29 DE NOVEMBRO 1911



PACOTILHA, 04 DE DEZEMBRO 1911

PACOTILHA, 05 DE DEZEMBRO



PACOTILHA, 07 DEZEMBR 1911


PACOTILHA, 08DEZEMBRO 1911

B



PACOTILHA, 11 DEZEMBRO 1911


PACOTILHA, 13 DEZEMBRO 1911


PACOTILHA, 15 DEZEMBRO 1911

PACOTILHA, 18 DEZEMBRO 1911




PACOTILHA, 22 DEZEMBRO 1911




PACOTILHA, 28 DEZEMBRO 1911




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