MARANHAY (REVISTA DO LÉO) EDITADA POR
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536
NUMERO 60 - ABRIL - 2021 MIGANVILLE – MARANHÃO
A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.
EXPEDIENTE MARANHAY REVISTA LAZERENTA Revista eletrônica EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); Titular da UEMA (1977/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 14 livros e capítulos de livros publicados, e mais de 350 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Academia Poética Brasileira; Sócio-correspondente da UBE-RJ; Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luis (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Premio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Premio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; editor da “ALL em Revista”, vol. 1 a 6, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras; Editor da Revista do Léo, a que esta substitui (2017-2019). Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.
EDITORIAL
A “MARANHAY – REVISTA LAZEIRENTA” é sucessora da “REVISTA DO LÉO”, e continua em seu formato eletrônico, disponibilizada através da plataforma ISSUU – https://issuu.com/home/publisher. Temos sócios-atletas fixos: Ceres Costa Fernandes, Fernando Braga (Brasília), e lá de Portugal, Jorge Bento. Alguns outros sócios-atletas aparecem devezenquandamente: José Neres, Antonio Ailton... Grato pela confiança... O Laércio, é sócio-proprietário... Continuamos com os Recortes&Memorias de Fran Paxeco, sendo que 1918 – e anos seguintes – daremos ênfase em sua participação na criação dos cursos superiores no Maranhão, em especial a Faculdade de Direito de São Luis, e adicionaremos outras noticias e publicações sobre e por ele escritas, nos jornais da época... Carvalho Junior nos deixou, criando uma grande comoção no meio poético maranhense... mais um que se vai... Tentaremos dar continuidade às entrevistas – A Vista do meu ponto – com o pessoal lazeirento... alguns, não cumpriram os prazos, para a edição passada... A quarta parte sobre o Centenário da Arquidiocese do Maranhão... Mais um atleta olímpico maranhense: Nyeme, de Barra do Corda, convocada para a seleção brasileira... e uma paraibanense (de Paraibano-MA) jogando Handebol no exterior, disputada por três grandes clubes na Noruega: seu sonho é jogar na seleção, seja brasileira, seja norueguesa, já que tem dupla cidadania; só para lembrar: Paraibano é a cidade fundada pelo pai e irmãos da Del... E assim segue... PS. Muitas dificuldades em manter a Revista atualizada e em realizar as pesquisas necessárias; a BN/Hemeroteca não está disponível nesses dias... os jornais, só falam de COVID-19, como se o mundo, hoje, só se resumisse nisso... Grandes perdas, perdas grandes... a cada dia, um amigo que se vai... pergunta-se, então: se contraiu o vírus, é porque não tomou as precauções? Vejo todos se referindo ao isolamento, aos cuidados que se deve tomar, às precauções, mas então, como se infectaram? O vírus os procurou em casa? As pessoas morrem de causas naturais, também... e perguntamos: foi COVID? O pânico se instaura, entre todos, mas as mortes continuam... como evitar?
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EDITOR
SUMÁRIO EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO
ESPORTE, LAZER, & EDUCAÇÃO FÍSICA A VISTA DO MEU PONTO: ENTREVISTA COM RICARDO RICCI UVINHA NYEME, DE BARRA D0 CORDA MARANHENSE DE PARAIBANO ASSINA CONTRATO COM UM DOS MAIORES CLUBES DE HANDEBOL DA NORUEGA
HISTÓRIA(S) DO MARANHÃO “ARCHIDIOECESIS SANCTI LUDOVICI IN MARAGNANO”: ANOTAÇÕES PARA O SEU CENTENÁRIO - PARTE III - 1677 – CRIAÇÃO DA DIOCESE LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ; DELZUITE DANTAS BRITO VAZ MOINHOS DE VENTO EM SÃO LUÍS FLAVIOMIRO MENDONÇA COMO SURGIU A COMUNIDADE DE RIO GRANDE MARLETE SILVA PONTES HISTÓRIA DE CATEAUA LAURIZETE SERRAO E VALDIANE SANTOS SILVA O ALIENÍGENA CERES COSTA FERNANDES UMA ETNIA EM EXTINÇÃO JOANA BITTENCOURT O MONSTRUOSO CRIME DE 10 DE NVEMBRO DE 1913 (Caso Bazano ou Crime da Rua do Passeio) RAMSSÉS DE SOUSA SILVA
NAVEGANDO COM JORGE OLIMPIO BENTO P’ra não dizer que não falei de Poesia... e de Poetas O HOMEM-TIJUBINA & OUTRAS CIPOADAS ENTRE AS FOLHAGENS DA MALÍCIA FERNANDO BRAGA QUANDO UM POETA MORRE FRANCISCO TRIBUZI A DESORDEM DAS COISAS NATURAIS E O EXISTENCIALISMO PAULO RODRIGUES PINHEIRO E MINHAS LEMBRANÇAS. Parte I. AYMORÉ ALVIM CARVALHO JÚNIOR Alguns escritos....
MEMÓRIAS & RECORTES LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ FRAN PAXECO – RECORTES & MEMÓRIAS – PARTE XVII
ESPORTE, LAZER, & EDUCAÇÃO FÍSICA
A VISTA DO MEU PONTO: ENTREVISTA COM RICARDO RICCI UVINHA
Professor Titular da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Coordenador do Centro de Excelência em Estudos do Lazer WLCE/USP, lidera pesquisas nas áreas do lazer, turismo e atividade física na promoção da saúde. Ricardo Ricci Uvinha (usp.br) Professor Titular da Universidade de São Paulo pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades EACH/USP. Orientador permanente do Mestrado e Doutorado Acadêmico nos Programas de Pós-Graduação em Turismo (PPGTUR) e de PósGraduação em Ciências da Atividade Física (PPGCAF) da USP. Possui graduação (Licenciatura e Bacharelado) em Educação Física (1990), com Mestrado pela FEF/UNICAMP (1997), Doutorado pela ECA/USP (2003), Pós-Doutorado pela Griffith University-Australia (2004) e Livre-docência pela EACH/USP (2008). Com experiência de 30 anos de docência no ensino superior, é atualmente Vice-Diretor na EACH/USP (2018-2022). Também na EACH/USP, foi Coordenador do Bacharelado em Lazer e Turismo (2008-2011), Presidente da Comissão de Relações Internacionais CRInt (2011-2014), Presidente da Comissão de Cultura e Extensão CCEx (2014-2015), representante dos professores associados na Congregação (2010-2014) e membro titular de comissões estatutárias e assessoras na unidade. Coordena atualmente o Programa Giro Cultural USP, pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária, e é membro da equipe coordenadora do Programa USP Municípios, vinculado à Reitoria da USP. Diretor Presidente da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-graduação em Estudos do Lazer ANPEL (Gestão 2014-2016) e Diretor Vice-Presidente da World Leisure Organization/United Nations WLO (Gestão 2007-2016), é atualmente líder do Grupo Interdisciplinar de Estudos do Lazer da Universidade de São Paulo (GIEL/USP/CNPq), coordenador do World Leisure Center of Excellence (WLCE/Brazil), Distinguished Scholar da World Leisure Academy (WLA), Secretário Geral do BRICS Council of Exercise and Sport Science (BRICSCESS) e editor regional do periódico Leisure Studies. Entre os prêmios e homenagens recebidos, destaca-se o Prêmio de Excelência em Docência da Universidade de São Paulo, recebido pela Pró-Reitoria de Graduação PRG/USP, e o Prêmio Pesquisador Destaque, recebido pela Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo ANPTUR. (Fonte: Currículo Lattes)
1) Qual o estado-da-arte do Lazer nestes dias pandêmicos? Desde o dia 11 de março de 2020, quando a Organização Mundial da Saúde decretou oficialmente uma pandemia global causada pelo COVID-19, tal situação modificou abruptamente a rotina diária de atividades humanas ao redor do mundo, especialmente nos países mais afetados. O surto da doença forçou os governos
a impor políticas de distanciamento social por período prolongado de tempo, resultando no confinamento de grande parte da população ao redor do mundo, e, consequentemente, impactos sobre a saúde mental, o bemestar e a qualidade de vida da população. Destaco que a pandemia de COVID-19 tem se mostrado um evento traumático para muitas pessoas, levando ao aumento exponencial do sentimento de medo e estresse. Reforçase a percepção de que os brasileiros têm sofrido drasticamente o período de quarentena/lockdown, em especial pela privação de atividades de lazer fora do ambiente doméstico. 2) Com o isolamento e a interrupção das atividades presenciais, o quanto tem afetado o uso do lazer nas diversas comunidades? As pesquisas que temos realizado no âmbito do Centro de Excelência em Estudos do Lazer WLCE/USP reforçam que uma expressiva parcela dos brasileiros parecem experimentar o que se convencionou chamar de “coronafobia”, em que políticas de lockdown e quarentena estão intimamente associadas às elevações dos níveis de ansiedade e depressão, trazendo uma vulnerabilidade da população quanto à sua saúde física e mental com forte intolerância sobre a incerteza e a percepção da doença. A privação de atividades de lazer se insere neste contexto. 3) O fato de as IEs estarem praticamente paradas, afetou o estudo e as propostas, ou foi benéfico? Entendo que de forma alguma a pandemia foi benéfica. No entanto, novas formas de estudos foram estimuladas, bem como o uso de ferramentas digitais. A pesquisa foi estimulada, em especial sobre os efeitos da própria pandemia e formas de enfrentamento. 4) A produção, neste momento, reflete as novas alternativas de um lazer solitário? ou mesmo apenas de grupos familiares? Penso que ambas as formas, mas restritas majoritariamente ao ambiente doméstico em locais onde vigora alguma restrição de circulação, como é o caso atual do Estado de São Paulo. Aliás, o referido Estado vem tentando conter o avanço das taxas de ocupação dos leitos de UTI e número de mortes causadas pela COVID19, e apenas os chamados serviços essenciais foram liberados, restringindo serviços como bares, restaurantes, shopping centers, eventos e demais atividades culturais. Tais atividades estão diretamente articuladas ao lazer no tempo livre da população, em que se parece não medir esforços para usufruir das mesmas, mesmo correndo sérios riscos de contaminação. 5) Qual a influência na Educação Física/Atividades Físicas, em especial na escola? Eu gostaria de destacar aqui a importância das atividades associadas ao lazer em suas mais variadas possibilidades (físicas, artísticas, sociais, turísticas), desde que realizadas de maneira responsável e respeitadas as já conhecidas formas de prevenção. Assegurar o usufruto do lazer para a população pode simbolizar uma importante estratégia de enfrentamento da pandemia causada pelo COVID-19, auxiliando numa necessária resiliência diante do presente momento tão adverso. 6) quando do retorno à normalidade, a Educação Física será a mesma? e o Lazer? Mesmo com a chegada da vacina, onde se terá o comentado período de transição e onde as pessoas deverão manter muitas das regras atuais de sanitização e distanciamento, vejo uma tendência de uma busca maior pelo lazer em ambientes externos, ainda mais se os diversos equipamentos como parques, shopping centers, teatros, cinemas, shows e demais atividades culturais retomarem suas atividades. 7) No momento, estamos vivendo um período atípico, com grupos atendendo às recomendações , e outros não estão atendendo; isso afeta a forma do uso do tempo livre? Como destacado anteriormente, o “risco” de se aglomerar em festas, frequentar praias e conviver com amigos e parentes em espaços outdoor, mesmo com as restrições, parece fazer sentido para tais pessoas num lazer
reclamado como necessário para enfrentamento da situação de privação causada pela pandemia mas muitas vezes realizado sem qualquer responsabilidade com si próprio e com os demais membros da sociedade. 8) Temos uma geração que só tem olhos para o celular/jogos eletrônicos; em que isso reflete no lazer ativo, de realizar atividades físicas/esportivas off-line? As formas digitais podem ter um papel importante no estímulo à atividade física e ao lazer. Gostaria de mencionar um projeto em que estamos atualmente envolvidos intitulado Dia Mundial do Lazer, em parceria com a Organização Mundial de Lazer, Sesc Nacional e Sesc São Paulo, bem como o LAGEL, entre vários outros parceiros. Entendo que o Dia Mundial do Lazer colabora com a mensagem de que, garantir o acesso ao lazer, pode auxiliar na esperança por dias melhores como estratégia de redução da ansiedade e de fatores de depressão, buscando uma melhor saúde física e mental influenciando assim decisivamente no bem-estar e na qualidade de vida da população. O evento destaca assim a importância do lazer para a sociedade e na vida cotidiana, além de reforçá-lo como um direito social. Mais informações em: http://worldleisureday.org/
NYEME, DE BARRA D0 CORDA
Jogador de Vôlei NYEME | Perfil NYEME Atleta | Títulos NYEME Jornal do Volei
Nome: Nyeme Victoria Alexandre Costa Nascimento: 11/10/98 Cidade: Barra do Corda-MA-Brasil Altura: 1,75 cm Peso: 66 kg Posição: Ponta/Líbero Clubes: Colégio Upaon-Açu – Vôlei de Praia – Maranhão Vôlei/CTGM – Maranhão Vôlei/Cemar – ADC Bradesco – São Paulo/Barueri Títulos Principais: Campeã dos Jogos Escolares/MA – Campeã Brasileira de Seleções Infantojuvenil B – Campeã Sul-Americana Infantojuvenil – Campeã Paulista Sub 19 – Campeã Brasileira Interclubes – Campeã Sul-Americana Sub 20 – Campeã Paulista Sub 21 – Campeã Paulista Seleção Brasileira: Infantojuvenil – Sub 20 Como você começou no vôlei? Comecei em Barra do Corda (MA), na minha cidade. Eu me lembro, aos 12 anos, jogando na rua. Onde tinha vôlei eu ia jogar. Mas eu nunca fiz base lá, porque nunca teve. Sempre joguei com os adultos, seja homem ou mulher, sempre joguei pelada. Comecei lá, na minha cidade, aos 9 anos. Quando e como você deixou o Maranhão? Saí da minha cidade primeiramente em 2012, e fui para a capital São Luiz. Eu tinha 13 anos. Fui jogar pela escola. Aí, no mesmo ano, eu fui para a seleção maranhense. Aí no ano seguinte, em 2013, teve o Maranhão Vôlei adulto, que iria jogar a Superliga, e eu fui, fiquei nesse time, jogando durante o ano de 2013 inteiro, mas não jogava, porque eu tinha 13 anos ainda. Estava lá mais para compor, para treinar. O técnico era o Chicão, hoje no Joseense, e ele disse que era melhor eu ir para São Paulo, para ter mais oportunidade de jogar. Eles me indicaram, mas meu pai não queria deixar, porque eu era muito nova, mas eu insisti, falei que era meu sonho e ele acabou deixando. Eu cheguei em São Paulo em 2014, aos 15 anos, sem nunca ter treinado em nenhuma categoria de base. Meu primeiro time da base foi em Barueri. Joguei o segundo ano de infanto, com 15 anos de idade
Sua família mora atualmente em São Paulo? Eles ainda moram em Barra do Corda. Eu sou casada e moro com o meu esposo. Entrevista: Nyeme, a revelação do São Paulo/Barueri – Web Vôlei (webvolei.com.br) De jogadora desconhecida à revelação do Estadual e nome aclamado nas redes sociais para defender o Brasil nos Jogos de 2024. Foi essa a trajetória surreal da líbero Nyeme, 1,75m, 21 anos nas últimas três semanas. Se Lorenne foi o grande nome da conquista do Campeonato Paulista, sexta-feira, sobre o Osasco/Audax, no José Liberatti, Nyeme foi, sem dúvida, uma grata revelação para o vôlei brasileiro.
Nyeme e Lorenne comemoram (Rubens Chiri/Divulgação) Como foi receber o prêmio de melhor líbero do Mundial sub-20 de 2017? Não dá para explicar a sensação porque é única. Foi algo sobrenatural, não sei explicar, mas o resultado de muito trabalho, suor. Deus honra quando a gente trabalha, dá o nosso melhor, quando a gente é justo, honesto, faz as coisas certas. Foi tão surreal, porque a gente ficou em quinto. E ainda estava vendo a final quando alguém da organização da competição foi ao hotel em que a gente estava, perguntando: “Cadê a número 6?”. E eu respondi que era eu. E ele disse que eu tinha que voltar urgente para o ginásio, que eu iria receber um prêmio. E fiquei sem entender, porque ainda estava tendo o jogo… Teoricamente, as melhores estavam lá, na final. Foi difícil acreditar. Nunca imaginei. Mas, foi uma das melhores experiências que eu tive na minha vida. É muito bom ser recompensada por aquilo que você faz. Eu fiquei muito feliz!
Nyeme foi a melhor líbero no Mundial Sub-20 do México, em 2017 (Divulgação)
MARANHENSE DE PARAIBANO (MA) ASSINA CONTRATO COM UM DOS MAIORES CLUBES DE HANDEBOL DA NORUEGA
Três grandes equipes de handebol feminino da Noruega disputaram a contratação da atleta maranhense Anna Clara Fjellheim ( 20 anos) residente naquele país desde 2010, quando aos 9 anos mudou-se com a família. Anna Clara ao chegar à Noruega começou a jogar futebol, mas não gostou e aos 11 anos se identificou com o handebol (a Noruega é forte neste esporte e já foi bicampeã olímpica e eleita pelo site Greatest Sporting Nation, a nação com maior sucesso esportivo do mundo em 2020).
Anna estreou no handebol no Sunde na escola primária, depois foi ao KFUM Stavanger que era um clube de apostas que formou uma boa equipe para fazer parte do Bringserien. Quando foi dissolvido depois do Bring, a atleta recebeu ofertas da equipe Algard quando o time foi promovido para a primeira divisão. Depois uma temporada no Algard, Anna Clara recebeu nova proposta da Sola equipe de apostas júnior onde também jogou com a equipe A. Em poucos anos a jovem atleta maranhense foi sendo destaque e uma das grandes surpresas. “Ela pode ter sido desconhecida por muitos antes da temporada, mas através dos seus bons esforços tem sido notada tanto no lateral-direito como na esquerda” considerou a imprensa daquele país escandinavo.
O contrato com o Grane Arendal alçou a atleta maranhense para a elite do handebol norueguês “Sinto que entrei muito bem na equipe e tenho algumas partidas com as quais estou muito satisfeita. Eu vim para Grane para me desenvolver mais como jogadora. Estou feliz e sinto que tenho mais potencial de desenvolvimento." Disse Anna Clara na ocasião. Na temporada 2019-2020 Anna Clara foi a artilheira do clube Arendals com 45 gols em nove jogos e vem sendo destaque na imprensa do país.
Recentemente três grandes equipes da Noruega disputaram a contratação da atleta. Mas conforme Anna Clara o tradicional clube Gjerpen Handball que tem uma longa história no topo do handebol feminino norueguês, teve sua predileção pelo projeto apresentado à atleta maranhense “O clube Gjerpen fez uma apresentação de um plano para o meu desenvolvimento e também para o desenvolvimento do clube. E nesse plano eu vou ter a oportunidade de jogar em duas posições “canto e ataque”, nos outros clubes que estavam interessados em me contratar eu iria ter a oportunidade de jogar somente em uma posição. A oportunidade de jogar em duas
posições foi decisivo para a escolha do clube Gjerpen” revelou Anna Clara Fjellheim que assinou contrato de dois anos com o clube. Anna Clara tem uma média de 46 gols em 10 jogos nessa última temporada. Ela declarou que achou o clube Gjerpen muito profissional e está feliz com a sua escolha.
“Fjellheim é um lateral canhoto e vem de Grane Arendal. Ela também pode jogar no limite. O Fjellheim está em 14º lugar na lista de artilheiros da 1ª divisão nesta temporada, com 46 gols em 10 jogos” destaca a mídia norueguesa na ocasião da contratação da atleta pela grande equipe Gjerpen Handebol. A jogadora de Paraibano-MA tem um sonho, o de jogar numa seleção algum dia (Como tem dupla cidadania pode defender a seleção brasileira ou norueguesa). Concluiu Anna Clara ao Paraibanonews. ------Abaixo o perfil de Anna Clara: Nome= Anna Clara Fjellheim filha de Aldenora Fjellheim. Endereço= Stavanger Noruega Idade= 20 anos Naturalidade: Brasileira, natural de Paraibano-Maranhão. Escola: Estuda espanhol na universidade de Kristiansand Noruega . Reportagem Léo Lasan-Paraibanonews.
HISTÓRIA(S) DO MARANHÃO
“ARCHIDIOECESIS SANCTI LUDOVICI IN MARAGNANO”: ANOTAÇÕES PARA O SEU CENTENÁRIO
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS ACADEMIA POÉTICA BRASILEIRA PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA. MESTRE EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
DELZUITE DANTAS BRITO VAZ C.E.M. LICEU MARANHENSE LICENCIADA EM ESTUDOS SOCIAIS LICENCIADA EM HISTÓRIA ESPECIALISTA EM METODOLOGIA DO ENSINO
Neste ano de 2021, no 02 de dezembro, se completará o centenário da Elevação da Diocese de São Luís do Maranhão à Arquidiocese, pelo decreto da Sagrada Congregação Consistorial; e, no ano de 2022, a 10 de fevereiro - pela bula Rationi congruit de Pio XI1 -, à sede metropolitana2. Pertence ao Conselho Episcopal Regional Nordeste V da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
PARTE IV Com o falecimento de D. Francisco, o governo da diocese ficou a principio, com o Arcipreste Dr. João Rodrigues Covete, logo substituído, em 1753, pelo Conego Francisco da Costa Lima, de Belém. Em 1755 dá-se a emancipação do indígena 1756 chegou D. fr. Antônio de São José. Durante sua prelazia ocorreu a expulsão dos jesuítas, através de lei de 1759 – esses religiosos já haviam sido expulsos antes, em 1661 e de 1684. Foi chamado ao Reino em 1766, vindo o cônego Dr. Pedro Barboza Canaes para ficar à frente do Cabido. Só em 1779 seria nomeado novo Bispo: d. Jacintho Carlos da Silveira, que, logo no ano seguinte, abandonaria o governo do bispado pela sinecura de vigário geral do Arcebispado de Évora. Respondeu então seu sucessor, D. Fr. José do Menino Jesus, que abandonou a diocese em 1783, pelo bispado de Vizeu. Ambo tomaram posse por procuradores e deixaram o governo a cargo dos representantes do Cabido. A sede ficou quase vacante de 1779 a 1783; O Bispo Antônio de São José retirou-se para o reino em 1767, porém sem renunciar. Seus dois imediatos sucessores, embora eleitos e confirmados, tomaram posse por procurador e logo renunciaram. O primeiro deles foi D. Jacinto Carlos da Silveira, confirmado em julho de 1778, tomando posse por seu procurador Conego João Du7arte da Costa, em 1979, renunciando logo no ano seguinte, a 8/8/1780. O segundo, D. Frei José do Menino Jesus, também tomando posse através de procurador, o mesmo João Duarte da Costa, em 5/6/1781; renuncia a 18/8/1783. Extrato da "Gazeta de Lisboa" n.º 30 de 28 de Julho de 1757:
1 Pio XI, nascido Ambrogio Damiano Achille Ratti (em latim: Pius PP. XI); (Desio, 31 de maio de 1857 — Vaticano, 10 de fevereiro de 1939), foi o 259º bispo de Roma e Papa da Igreja católica de 1922 até à data da sua morte. A partir de 1929, data do Tratado de Latrão, foi o primeiro soberano do Estado da Cidade do Vaticano. https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Pio_XI 2 http://www.vatican.va/archive/aas/documents/AAS-14-1922-ocr.pdf
«... Passou da vida presente, a 9 de Agosto, de 75 annos e 6 meses não completos o Excellentissimo e Reverendissimo D. Fr. Antonio de S. José Bispo do Maranhão, sujeito de vida exemplar, mui dado ás letras, em que fez grandes progressos. Foi sagrado em 1756 ; e tendo residido no seu Bispado mais de 10 annos, foi chamado ao Reino, onde foi nomeado Arcebispo para a Bahia ; estando para partir, lhe sobreveio molestia, e tendo padecido 5 mezes oi3 dias, entregou com grande conformidade o seu espirito ao Creador. Foi sepultado na Igreja do Convento de N. Senhora da Graça, com grande concurso de Prelados, e Nobreza.»
Em 1783 viria ser nomeado D. Fr. Antônio de Pádua e Bellas – 1784/1789 -, tomando posse no ano seguinte. Em 1787, desgostoso com os acontecimentos, decide retornar à Europa, deixando a diocese nas mãos do Conego João Maria da Luz Costa. Com a expulsão dos jesuítas, e o fechamento do seminário, mandou instalar na própria Sé uma aula para os moços. Daí, saíram 51 novos ministros: 33 seculares, 11 carmelitas, 6 franciscanos, e um mercedário. Refugiou-se em Setúbal, renunciando em 29/8/1794. O último bispo do século XVIII, D. Joaquim Ferreira de Carvalho, ordenado em 1794, só chegou ao bispado em 1799. Faleceu em 1801, deixando mais uma vez sem bispo a Igreja no Maranhão. Falecendo este, o cabido se reuniu para a escolha de quem ficaria respondendo, como Vigário Capitular, sendo que os dos primeiros eleitos não aceitaram, devido às restrições impostas, e o terceiro indicado, que aceitou a missão, foi o Conego João Pedro Gomes; a Coroa não o aceitou, indicando, então, o Mestre-escola Dr. João Sabntos de Oliveira, assumindo em dezembro seguinte. Poucos meses depois o Papa Pio VII confirmava a nomeação do novo prelado: D. Luis de Brito Homem. Durante todo o século XVIII o bispado só contou com a presença episcopal residindo em São Luís durante 37 anos. Muniz (2017)3, utilizando-se de Hoornaert e Azzi (1992)4, traz-nos que o bispado ficou sem pastor durante 31 anos na primeira metade do século, e as vacâncias na segunda metade atingiram um total de 32 anos, contabilizando-se que a diocese maranhense ficou sem bispo residencial por 63 anos, e teve a presença episcopal apenas durante 37 anos. Nesse4s 63 anos de sé vacante, o governo da diocese coube aos membros do Cabido da Sé de São Luís ou aos vigários gerais: MUNIZ, Pollyana Gouveia Mendonça. REUS DE BATINA – Justiça Eclesiástica e clero secular do Maranhão colonial. São Paulo: Alameda, 2017 4 HOORNAERT, Eduardo; AZZI, Riolando (orgs). HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL: primeira época. 4 ed. Petrópolis: Vozes, 1992. 3
Muniz, 2017, p. 50-515
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MUNIZ, Pollyana Gouveia Mendonça. REUS DE BATINA – Justiça Eclesiástica e clero secular do maranhão colonial. São Paulo: Alameda, 2017
No final do século XVIII, isto é, em toda a vastidão do território nacional, havia nove circunscrições eclesiásticas: 1 Arcebispado (Salvador), 6 bispados (Olinda, Rio de Janeiro, Mariana, São Paulo, São Luís do Maranhão e Pará), 2 Prelazias (Cuiabá e Goiás). Contava apenas com nove centros de decisão (as nove cabeças das circunscrições eclesiásticas) e com alguns sub-centros (Porto Alegre, Fortaleza, Oeiras, etc.); a coordenação pastoral, pois, era praticamente inviável.6.
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LUSTOSA, Oscar de Figueiredo. Reformistas na Igreja do Brasil-Império. São Paulo: Boletim, n.17, Departamento de História, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP, 1977. (Nova Série, n. 10).
NERIS, Wheriston Silva. A elite eclesiástica no Bispado do Maranhão, 2014, p. 103-104
O primeiro bispo do século XIX foi D. Luís de Brito Homem – 1804/1813 -; estando como bispo de Angola, mandou procuração ao Arcediago Dr. Antonio Coelho Zuzarte para tomar posse em seu nome; o Governador, porém discorda, e propõe que permanecesse o Conego João de Oliveira. Para evitar maiores problemas, resolve vir assumir a direção da diocese, e, logo ao chegar, no ano de 1805, resolve efetivar novas freguesias, sugeridas por seu antecessor e aceitas pela Coroa: Itapecuru-Mirim, Chapadinha, Turiaçu, S. Bento, S. Vicente de Ferrer, S. Antônio e Almas (Bequimão) e Trizidela das Aldeias Altas (em Caxias), no Maranhão; e as de Parnaíba, Amarante e Jaicós, no Piauí; mudou da Igreja de Sant´Ana para a de N. S. da Conceição a matriz da segunda freguesia recente4mente instalada (6/2/18020 em São Luís. Em sua administração que é aprovado o aumento das côngruas:
NERIS, Wheriston Silva. A elite eclesiástica no Bispado do Maranhão, 2014, p. 121-122
D. Luís se envolve em muitas querelas com os governadores; homem doente, já pedira por duas vezes seu afastamento, quando veio a falecer em 10/12/1813. O Cabido elege então o Conego Mestre-Escola Dr. João Bastos de Oliveira, permanecendo na função por quase seis anos, em decorrência da transferência da Família Real, em novembro de 1807, e o estabelecimento da Corte no Rio de Janeiro, e os acontecimentos subsequentes, que culminaram com a Independência: elevação à categoria de Reino, unido a Portugal e Algarves (1815), e depois, a emancipação politica (07/09/1822. Dom Joaquim de Nossa Senhora de Nazaré – 1820/1824 – nomeado Bispo por D. João em 13/05/1819, confirmada por Pio VII a 23/08/1819, chega a São Luís em maio de 1820. Eclodida a Revolução, D. Joaquim fez parte da junta governativa então constituída, convocando-se as eleições gerais. Tomou parte ativamente nos acontecimentos políticos então ocorridos, até que foi nomeado Bispo de Coimbra. O Conego Gomes de Castro foi confirmado na interinidade, já sede vacante.. Com a ‘adesão’, São Luís integrou-se definitivamente ao Império do Brasil.
A ESTRUTURA DA IGREJA NO BRASIL IMPÉRIO Em 25 de março de 1824 foi outorgada pelo Imperador, “por graça de Deus [...]”7 , Dom Pedro I, “em nome da Santíssima Trindade”8, a Constituição Política do Império do Brasil. Nesta Carta de Lei, a Igreja Católica Apostólica Romana foi mantida como a religião oficial do Estado. Por força do artigo 5º, título 1º, o constituinte expressou o projeto monárquico para a Igreja, de não romper com o antigo sistema colonial lusitano do padroado régio, de modo a garantir a parceria de longa data. Nestes termos, retomou pela expressão “continuará a ser a Religião do Império” 9 os laços de padroado concedidos pela Igreja aos reis portugueses5 , por ocasião destes deterem jurisdição sobre a Ordem de Cristo. Pelo regime do Padroado, o Estado recebia uma série de direitos e deveres em diversos setores da Igreja, aplicáveis tanto para o serviço régio (Colonial), quanto para o Imperial, que o sucedeu, quais sejam: [...] direito de apresentar os bispos a serem confirmados pelos Papas e pela Ordem de Cristo receber os dízimos e nomear outras autoridades eclesiásticas. Eles teriam também obrigações, como construir igrejas, manter o culto, expandir e defender a fé, zelar pela observância dos seus cânones.10. De acordo com Sales (2019)11 ‘os ministros do culto divino eram dos súditos mais servíveis no Império [...]’. Sobre esses recaiam muitas prerrogativas, a partir de sua dupla filiação dentro da grande ordem imperial que se queria consolidar’, como nos concorre Santirocchi 12: Até a década de 1840, os principais agentes do Governo central a nível local foram os párocos e os juízes de paz. Os primeiros eram os responsáveis pelas tarefas de registro estatístico de nascimentos, casamentos, óbitos e tiveram grande importante (sic) na área político-eleitoral. A grande participação do clero na burocracia de registros e no processo eleitoral forma um dos principais motivos de sua grande representatividade política até o final da Regência. Sales (2019) ressalta que ‘dizemos “súditos” justamente para esclarecer que nem todo padre era funcionário público’. Na prática, dentro da hierarquia eclesiástica, a variedade de cargos e funções 13 definiria, afinal, 7
BRASIL. Constituição Política do Império do Brasil, de 25 de março de 1824. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao24.htm> 8 BRASIL. Constituição Política do Império do Brasil, de 25 de março de 1824. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao24.htm> 9 BRASIL. Constituição Política do Império do Brasil, de 25 de março de 1824. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao24.htm> 10 SANTIROCCHI, Ítalo Domingos. Padroado e Regalismo no Brasil Independente. In: JORNADAS INTERESCUELAS/DEPARTAMENTOS DE HISTORIA, 14., 2013, Mendoza, Argentina. Anales […]. Mendoza, Argentina 11 SALES, João Vitor Araujo. ECCLESIA UNA: O PROCESSO DE SEPARAÇÃO DO BISPADO DO PIAUÍ E MARANHÃO (1822-1903). Dissertação de Mestrado apresentado ao Programação de Pós-Graduação em História do Brasil da Universidade Federal do Piauí, Campus Ministro Petrônio Portella, para obtenção do título de Mestre em História do Brasil, 2019 12 SANTIROCCHI, Ítalo Domingos. Padroado e Regalismo no Brasil Independente. In: JORNADAS INTERESCUELAS/DEPARTAMENTOS DE HISTORIA, 14., 2013, Mendoza, Argentina. Anales […]. Mendoza, Argentina 13 Entendemos que havia uma hierarquia objetiva, definida pelo grau do sacramento da Ordem. No primeiro escalão havia as ordens sacras ou maiores: presbítero (padre), diácono e subdiácono, e, embora as Constituições do Arcebispado da Bahia não a inclua, provavelmente por não ser um grau, mas a plenitude do sacramento da Ordem, o bispo (arcebispo, no caso da Bahia). Abaixo dessas estavam as ordens menores: ostiário, exorcista e acólito (VIDE, Sebastião Monteiro da. Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia. São Paulo: Typographia de Antonio Louzada Antunes, 1853, p. 86). Além deste sistema hierárquico, consideramos que entre os padres criou-se uma estratificação hierárquica, determinada pela localidade do exercício e pelo cargo desempenhado, de modo que, socialmente, diferiam padres da zona rural e da cidade, assim como pároco (titular) e coadjuntor, além do capelão, com seu papel absolutamente original “de ampla margem de ação”, normalmente atuante nas capelas de famílias ou de Irmandades (MATTOSO, op. cit., 1992, p. 336-338). Do exposto, some-se que ocupar cargos administrativos também eram distintivos dentre os sacerdotes, como pode ser visto nas estruturas com o Seminários, Cabidos e Câmaras Eclesiásticas, como pode ser visto em Wheriston Neris (2013; 2014) (NERIS, Wheriston Silva. A Elite Eclesiástica no Bispado do Maranhão. São Luís: EdUfma; Jundiaí: Paco Editorial, 2014; NERIS, Wheriston Silva. As transformações da elite eclesiástica do bispado do Maranhão. Revista TOMO, n. 22, p. 257-302, jan./jun. 2013. ISSN. 2018- 9010. Disponível em: < https://seer.ufs.br/index.php/tomo/article/viewFile/1601/1456>. Em suma, o alto clero poderia ser restrito ao bispo (topo da hierarquia), os membros do Capítulo (considerado o “Senado da Igreja”), os membros do Tribunal Eclesiástico (responsável por julgar litígios concernentes à Igreja), e os de menor influência, abades e superiores de Ordens religiosas (MATTOSO, op. cit., 1992, p. 333), conforme SALES, João Vitor Araujo. ECCLESIA UNA: O PROCESSO DE SEPARAÇÃO DO BISPADO DO PIAUÍ E MARANHÃO (1822-1903). Dissertação de Mestrado
quem era funcionário do Estado e quem não era, apesar de todos terem as mesmas obrigações cartoriais, que serviam à Igreja, mas também ao Estado: Assim, era funcionário do Estado o padre que provia uma paróquia, ordinariamente, ingresso por concurso público, passando a gozar da estabilidade, direitos e deveres de um servidor público do Culto. Era o chamado “pároco colado”. Este processo de seleção (concurso) era bastante amplo em suas vagas, estabelecendo para preenchimento determinadas habilitações. Este processo permiti inferir uma situação bem característica do período imperial: o grande número de paróquias vacantes14, isto é, em todo o bispado, como percebemos no Edital de 6 de outubro de 1868: Fazemos saber que sendo necessário por-se à concurso as freguesia de São Joaquim do Bacanga, São João de Cortes, Santa Helena, São Francisco Xavier de Monção, São Luiz Gonzaga do AltoMearim, São José do Preá, N. Senhora da Conceição da Tutóia, N. Senhora da Conceição das Barreirinhas, N. Senhora da Conceição do Icatú, N. Senhora das Dores do Itapecurúmirim e Santa Cruz da Barra da Corda nesta província [do Maranhão]; N. Senhora dos Remédios do Buriti dos Lopes, Santa Ana da Independência, N. Senhora dos Remédios dos Picos, São Gonçalo de Batalha, N. Senhora do Livramento de Parnaguá e N. Senhora da Conceição da Uhyca na província do Piauí deste bispado [...]15. A criação de novas dioceses no império do Brasil era de grande dificuldade. Como nos adverte Matos (2010) 16 , “saltava à vista o pequeno número de dioceses para a vastidão do Império. Algumas, além da distância, estavam muito povoadas para serem atendidas por um único pastor”. Durante o Império houve diversas propostas para que se multiplicassem bispados no vasto território, todavia, sem sucesso. Em geral, os poucos prelados que existiam denunciavam a vastidão de suas dioceses, nas quais a necessidade de subdividi-las era imprescindível para o mínimo exercício pastoral. Durante os 67 anos do Império, foram criadas somente três novas Dioceses: em 1848, Porto Alegre e, em 1854, Fortaleza e Diamantina 17 , das Prelazias que foram elevadas à condição de diocese, em 1826: Mato Grosso e Goiás. Salles (2019) traz, a título de exemplo, que durante o reinado joanino existiu o projeto 18 de ampliação deste quadro de dioceses e Províncias Eclesiásticas, do Conselheiro Antônio Rodrigues Veloso de Oliveira, de 28 de junho de 1819, que previa para o Brasil, com mais de quatro milhões de habitantes, nada menos que 26 bispados, sufragâneos à 7 Arcebispados19 e “mesmo assim, muito superior às forças dos respectivos bispos”, a saber: Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Mariana, Olinda, São Luís e Belém do Pará. Engavetado em razão da emancipação política de 1822, foi relembrado em 1824, nas instruções levadas a Roma por Monsenhor Francisco Correia Vidigal, encarregado de negócios junto à Santa Sé. Não se efetivando, a proposta cairia em total esquecimento. A sé vacante assim permaneceria até a nomeação de D. Marcos Antônio de Sousa – 1828/1842 -, nomeado pelo Imperador eesde 12/10/1826, seria confirmado em 26/03/1827, tomando posse, ainda por procuração dada ao Vigário Capitular em 11/06/1828, e só chegando a terra dois anos depois, assumindo em 11/03/1830. Já fora eleito deputado, e aqui chegando, continuou na politica, também eleito a deputado pelo Maranhão: era um jansenista moderado.
apresentado ao Programação de Pós-Graduação em História do Brasil da Universidade Federal do Piauí, Campus Ministro Petrônio Portella, para obtenção do título de Mestre em História do Brasil, 2019. 14 Em 1842, temos em toda diocese, pelo menos 25 paróquias postas a concurso “e o tem sido por várias vezes [postas em concurso], sem que tenham comparecido opositores” (PACHECO, op. cit., 1968/69, p. 161) 15 EDITAES. A Imprensa. Teresina, ano 4, n. 175, 28 nov. 1869. 16 MATOS, Henrique Cristiano José. Nossa história: 500 anos de presença da Igreja Católica no Brasil. Tomo 2 (Período Imperial e Transição Republicana). 2. ed. São Paulo: Paulinas, 2010 (Coleção Igreja na História). p. 80. 17 MATOS, 2010, p. 80/81. 18 O projeto se denominava: “A Igreja do Brasil ou informação para servir de base à divisão dos bispados projetada no ano de 1819, com a estatística da população do Brasil, considerada em todas suas diferentes classes, na conformidade dos mapas das respectivas províncias e número de seus habitantes” 19 LUSTOSA, Oscar de Figueiredo. Reformistas na Igreja do Brasil-Império. São Paulo: Boletim, n.17, Departamento de História, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP, 1977. (Nova Série, n. 10).
Na diocese do Maranhão, no início da jurisdição de D. Marcos, temos “uma superfície de perto de 600.000 km², não conta, com mais de 260 mil habitantes, na maioria escravos, divididos em 36 paróquias, estando duas em S. Luís, com 23 mil almas, e uma em Oeiras, com poucos mil habitantes”. Tomando Pacheco como referência (Sales, 2019), podemos inferir que os dados são anteriores ao Império, isto é: Quando D. Marcos faleceu, em 1842, a Diocese do Maranhão tinha 53 paróquias, 38 no Maranhão e 15 no Piauí, de maneira que, por D. Marcos foram criadas 21 (14 no Maranhão e sete no Piauí) (PACHECO, op. cit., 1968/69, p. 162): S. Raimundo Nonato, de São Gonçalo da Regeneração; de N. S. do Amparo, de N. S. da Conceição de Parnaguá, do senhor do Bofim de Principe Imperial e de Bom jesus do Gurguéia, no Piauí; e as de S. Joaquim do Bacanga, s. Benedito de Caxias, S. Rita do urubu (Codó), S. José do Urubu (Matões), de N. S. de Nazaré de Riachão, de S. Sebastião de Passagem Franca, de . Sebastião de Manga do Iguará (Vargem Grande), do Senhor do Bonfim da Chapada (Grajaú), de S. José do Preá (Humberto de Campos),de S. Miguel, de S. João batista de Cururupu, de S. Helena, de N. S. da Conceição do Brejo, e de S. João de Cortes, no Maranhão. Ou seja, quando D. Marcos assumiu a Diocese do Maranhão, em 1828 (PACHECO, op. cit., 1968/69, p. 139), já havia 28 paróquias em toda a diocese do Maranhão. D. Marcos, por meio de levantamentos estatísticos, buscou cumprir as determinações imperiais de reordenamento da geografia eclesiástica do Brasil, sendo erigidas mais doze paróquias no seu bispado, em 1835, além de produzir uma documentação então inédita ao bispado, um mapa das freguesias existentes no Maranhão e uma lista com o nome dos vigários que nelas atuavam ambos de 1832, facilitando uma maior organização e controle da atividade eclesiástica. Sales (2019) apresenta um quadro (p. 56) das Dioceses e Prelazias criadas até 1930 – 1551 Salvador - 1676-1677 Rio de Janeiro, Recife-Olinda, São Luís - 1719-1745 Belém, São Paulo, Mariana; Prelazias: Goiás, Cuiabá - 1848-1854 Porto Alegre, Diamantina, Fortaleza - 1890-1930: (Amazônia) Manaus, São Gabriel da Cachoeira, Santarém, Rio Branco, Porto Velho; Bragança, Marajó
Prelazias: Lábrea,
(Nordeste) João Pessoa, Maceió, Grajaú, Teresina, Crato, Sobral, Natal, Cajazeiras, Garanhuns, Nazaré, Pesqueira, Petrolina, Penedo, Aracaju, Barra, Ilhéus, Caetité; Prelazia - Bom Jesus (Sudeste) Vitória, Niterói, Pouso Alegre (MG), Araçuaí, Montes Claros, Belo Horizonte (MG), Paracatu, Caratinga, Juiz de Fora, Luz, Guaxopé, Uberaba, Valença, Barra do Piraí, Campos, Botucatu, Assis, Lins, Jaboticabal, Sorocaba, São José do Rio Preto, Campinas, Santos, Bragança Paulista, Taubaté, Ribeirão Preto, São Carlos - (Sul) Curitiba, Ponta Grossa, Jacarezinho, Florianópolis, Joinville, Lages, Pelotas, Uruguaina, Santa Maria - (Centro Oeste) Cáceres, Guiratinga, Diamantino, Jataí, Porto Nacional, Corumbá - Fonte: ROSENDAHL; CORREA, 2006.20. Após a morte de D. Marcos, o Cabido elegeu o Arcipreste João Inácio de Moraes Rego para dirigir provisoriamente a Diocese. A 28/07/1844 já tomava posse Dom Carlos de São José – 1844/1850 -, nomeado por decreto imperial de 13/05/1843 e confirmado em 24/01/1844. Idoso e com saúde precária, teve uma curta administração – três anos – pois viria a tirar sucessivas licenças para tratamento de saúde, retornando à terra natal, onde ficaria até morrer, em 03/04/1850. A Igreja do Maranhão vive nova crise, até a nomeação de D. Manuel da Silveira – 1852/1861 -, cuja posse foi a 31/01/1852, por procuração... Durante os dez anos de seu exercício, vários problemas, com as diversas ordens, reconstrução da Sé – que fora atingida por um raio; nesse período que se operou a mais apreciável transfiguração do clero do Maranhão. Aumentou de treze as freguesias da Diocese: oito no Maranhão e cinco no Piauí: as de N. S. das graças, em 20
ROSENDAHL, Zeny; CORRÊA, Roberto Lobato. Difusão e territórios diocesanos no Brasil, 1551–1930. Scripta Nova. Revista electrónica de geografía y ciencias sociales, Barcelona: Universidad de Barcelona, v. 10, n. 218 (65), ago. 2006. Disponível em: http://www.ub.es/geocrit/sn/sn218-65.htm.
Arari, de N. S. da Conceição, em Barreirinhas, de S. Maria, em Anajatuba, de Santa Cruz, em Barra do Corda, de s. Inácio, em Pinheiro, de s. João, em São Luís, de S. Tereza, em Imperatriz, e de São José, em Penalva; no Piauí: N. S. dos Remédios, em União, de N. S. de Aparecida, de Sant´Ana de Pelo Sinal, de S. Gonçalo, em Batalha, e de Santa Filomena. Houve também a transferência do município e freguesia de Carolina da jurisdição do Bispado de Goiás para a do Maranhão.
Detalhe de gravura mostra que havia uma igreja atrás da Prefeitura de São Luís em 1856
A seguir, o novo Bispo foi Dom Luis da Conceição Saraiva – 1862/1878. Também toma posse por procuração, vindo assumir pessoalmente a 21/03/1862. Fundou mais cinco freguesias: S. Bento de Bacurituba e Alto Parnaíba, no Maranhão, e N. S. dos Remédios de Oiripiri, n. S. das Dores de Teresina e N. S. dos Remédios de Buriti dos Lopes. Em 1876, desgostoso com o clero, traumatizado, desmoralizado, embarca para sua terra natal, vindo a falecer em abril, no claustro do Mosteiro de São Bento. Toma posse da sede agora vacante, novamente, pela terceira vez, o Arcipreste Tavares da Silva.
NERIS, Wheriston Silva. A elite eclesiástica no Bispado do Maranhão, 2014, p. 107-108
DOM ANTÔNIO CANDIDO DE ALVARENGA – 1876/1899 – foi escolhido Bispo em 28/12/1878, confirmado em 21/09/1877, também tomou posse por procuração, vindo assumir pessoalmente em 08/07/1878, quando chegou a São Luís. Enfrentou o momento histórico da transformação do Brasil de Monarquia em República e, consequente, a separação entre o Estado e a Igreja, pondo fim ao velho regime de Padroado. Pela Bula ‘ad universaqs orbis ecclesias’, de 27/04/1892 o sumo Pontífice dá nova organização hierárquica à Igreja brasileira, criando outro arcebispado, o do Rio de janeiro e mais quatro bispados. Sufraganeas da antiga metrópole de Salvador ficaram as dioceses de Belém, são Luís, Fortaleza, Olinda e Goiás; e as duas novas do Amazonas e Paraíba. O Bispado do Maranhão perderia para a do Ceará as freguesias do Senhor do Bomfim do príncipe Imperial (Creteús) e de Sant’Ana de Independência, ambas do Piauí, em 10;03/1888; em compensação, desde 15/11/1876 acrescida da de Amarração.
NERIS, Wheriston Silva. A elite eclesiástica no Bispado do Maranhão, 2014, p. 146-153
Em 1898, era a seguinte a distribuição das freguesias:
NERIS, Wheriston Silva. A elite eclesiástica no Bispado do Maranhão, 2014, p. 156-157
D. Luis Francisco de Sales Pessoa é eleito a 31/10/1899, renunciando à mitra antes de ser sagrado. Ocorre o Massacre de Alto Alegre, em 13/01/1901. O novo bispo é D. XISTO ALBANO – 1901/1907 -, eleito em 18/03/1901, tomando posse em 05/07/1901. Pela Bula ‘supremum catholicam ecclesias’, de 20/02/1901, de Leão XIII foi criada o Bispado de Teresina, som a posse de seu primeiro titular, D. Joaquim Antônio de Almeida ocorrida em 19/01/1905. Em 1906 o Pará é elevado ao nível de Metrópole, o Bispado do Maranhão desvincula-se do Arcebispado da Bahia para ser deste outro sufragâneo. O Papa aceita sua renúncia (14/12/1905). Responde pelo Bispado, interinamente, então Monsenhor Vicente Galvão. Logo a 18/04/1907 Pio X daria ao Maranhão seu novo bispo: Dom Francisco de Paula – 1907/1922 -, que chega para tomar posse a 30 de agosto, e é recebido com animosidade pela população, chegando a rezar missa para quatro ou cinco pessoas. A Diocese estava em penúrias: sem recursos financeiros e quase sem padres. Trouxe algumas ordens para atuarem no Maranhão, e não conseguiu a vinda de outras. Reavivou o Seminário de Santo Antônio, aumentando o numero de internos. Em 1918, em uma visita pastoral, chegando a Araioses adoeceu gravemente, vindo a falecer, em Parnaíba, para onde fora levado, no dia 1º de junho. O Cabido fê-lo sucessor a Frei Galvão; e logo a seguir, é eleito Bispo D. Helvécio Gomes de Oliveira – 1918/1922 - ; assume por procuração, e em 24 de novembro pessoalmente. É breve sua administração. Dedica-se às missões, ao jornalismo, e à docência. Por ocasião do Centenário da Independência, tinha três objetivos: a criação da Prelazia, a reconstrução da catedral, e a publicação dos apontamentos, deixada por seu antecessor.
MOINHOS DE VENTO EM SÃO LUÍS FLAVIOMIRO MENDONÇA
Em São Luís, no séc. XIX, havia pelo menos dois moinhos de vento parecidos com este, anexos a fábricas de pilar arroz. Um pertencia e ficava junto à fábrica de Domingos Sá Viana, próximo à atual Barragem do Bacanga, ali por trás da APRUMA, onde ainda podemos notar suas ruínas. O nome do proprietário da fábrica, inclusive, inspirou o nome de batismo do bairro. O outro, ficava na fábrica de pilar arroz do Sítio Itamacaca, propriedade de Ana Jansen, que deu origem ao bairro da Liberdade. Este, foi completamente destruído com a urbanização da área. Pesquisa:
COMO SURGIU A COMUNIDADE DE RIO GRANDE MARLETE SILVA PONTES
Os primeiros habitantes de Rio Grande foram Casemiro Dias Vieira, sua esposa Francisca Venescópia Dias Vieira e seu filho Pedro Venescópio Dias Vieira, ambos vindos de Portugal. Pedro Venescópio casou-se com Edite. Ela era de naturalidade brasileira. Tiveram sete filhos. A primeira criança que nasceu em Rio Grande foi Edite Dias Vieira. A mesma recebeu o nome de sua mãe. A fazenda grande denominava-se Engenho do Lago, com os povoados de Rio Grande, Parnamirim, Santa Maria e Cateaua. Fábio Vieira, um dos filhos de Pedro Venescópio e pai de Inácio Gomes. Pedro Venescópio nasceu em 1860 e morreu em 1936, com 76 anos, no município de Guimarães. O nome de Rio Grande originou-se do rio existente no povoado. A comunidade cristã surgiu por meio de uma carta escrita por Felipe do Parati e remetida a Magno e Antônio. Essas pessoas não aceitaram porque não iam ser remunerados. Chegando ao conhecimento do Sr. Lino Monteiro, convidou o Sr. Vicente Silva e levaram ao conhecimento da comunidade; os mesmos convidaram Francisco Macário e começaram a aprender as tarefas dos dirigentes. Este fato ocorreu dia 18 de julho de 1971. A primeira reunião deu-se na igreja de Cateaua para escolher os dirigentes. CHEGADA DA PADROEIRA DE RIO GRANDE Foi através de uma organização da comunidade para iniciar a festa de Nossa Senhora da Conceição, que hoje é denominada padroeira de Rio Grande. De início, foi pedida uma santa em Parnamirim. Fizeram dois anos de festejo. No terceiro ano, foi mandada trocar (comprar) a Santa em São Luís. A mesma veio de barco até o porto de Cateaua e foi conduzida até nossa igreja. A partir daí, comemora-se o Festejo de Nossa Senhora da Conceição. TRADICIONAL FESTEJO DE SANTANA A festa de Santana surgiu quando o Sr. Inácio Gomes (já falecido) e sua esposa (também falecida) começaram a comemorar o aniversário da sua filha Rosanilde Rabelo. Como a mesma nasceu no dia 26 de julho, que é dia de Nossa Senhora de Santana, por esta razão, começaram a fazer a festa com mais tradição, trazendo sons e brincadeiras juninas. Hoje temos uma das maiores festas da baixada ocidental maranhense. Após o falecimento do Sr. Inácio Gomes, esse festejo passou ser realizado pelos irmãos "Rabelo Gomes."
HISTÓRIA DE CATEAUA
Laurizete Serrao e Valdiane Santos Silva
Cateaua, situado ao norte do Maranhão, limitando-se ao norte com Engenho do Lago e Rio Grande, ao sul com Itororoma e Monte Cristo, ao leste com o Oceano Atlântico e ao oeste com Rabeca e Santa Maria. Sua paisagem é vegetativa e bastante variada. Possui um clima tipicamente tropical, com uma área de (...) quilômetros quadrados e uma população de, aproximadamente, 396 habitantes. Antes, o povoado era uma capoeira grande e tinha pouquíssimos habitantes, recebeu o nome de Cateaua porque é um nome indígena, pois na região existiam muitos índios. Segundo alguns moradores da comunidade, a mesma foi fundada por portugueses. As primeiras famílias que habitaram foram: Vieira, Viana, Coimbra e Santos. Os primeiros proprietários dessa época foram os Vieiras. A religião predominante sempre foi a católica. A igreja foi construída em 29 de dezembro de 1951 pelo proprietário e morador Gregório Tito Silva, que criou a novena de Santa Luzia e, a partir daí, a Santa ficou conhecida como a Padroeira da comunidade de Cateaua. A economia da comunidade fundamenta-se na agricultura e na pesca artesanal; seus maiores rios sempre foram: Fonte Grande e Fonte da Fazenda. Na comunidade de Cateaua destacam-se alguns grandes comerciantes dessa época: os senhores Gregório Tito Silva, Sabino Coimbra, José Bernardino e Maneco Coimbra. Os primeiros professores foram: Boaventura, que morava em Parnamirim e Santinha Vieira, que morava no povoado de Engole, hoje já falecidos. Destaca-se também Maria José Vieira, moradora da comunidade, que é uma ótima professora, a qual passou mais tempo lecionando na escola. Encontram-se alguns moradores antigos existentes na comunidade como: Joana Gonçalves, Valésia Viana, Beato Coimbra, Otávio Teixeira e José João Coimbra. No decorrer dos anos, a comunidade foi se desenvolvendo com a ajuda de algumas pessoas envolvidas no ramo político; temos o Sr. Caetano Coimbra, filho do Sr. Sabino Coimbra que, com grande interesse de mudar a sua comunidade, lutou junto com o prefeito da época, Gabriel Amorim Cuba, para que fosse criada a estrada, a rampa, que era um grande sonho da comunidade, e a energia elétrica. A comunidade teve uma grande vantagem, pois os mesmos conseguiram um projeto para que instalassem a energia diretamente nas casas. O Sr. Caetano, com sua influência na política, conseguiu para a comunidade de Cateaua o ginásio, o clube A.C.C. e o sistema de água que iniciou no mandato do prefeito Antomar Diniz Magalhães, mas só funcionou no mandato do prefeito Fernando Gabriel Amorim Cuba. Tudo isso aconteceu quando o povoado pertencia ao município de CedralMA. E hoje, já pertencendo ao município de Porto Rico do Maranhão, já tem alguns benefícios como: o posto telefônico e a vinda de professores concursados para o desenvolvimento do ensino na comunidade. Os proprietários das terras de Cateaua hoje são: Maria José Vieira, Caetano Coimbra e os irmãos Coimbra. No decorrer da nossa pesquisa, descobrimos que todos os vereadores eleitos na comunidade foram da família Coimbra; Antônio Coimbra, Antônio José Coimbra e Caetano Coimbra. Descobrimos também que, na comunidade, teve uma moradora que viveu 123 anos, a Sra. Vieira Abreu. Cateaua, 30 de abril de 1998. Pesquisa feita pelas professoras da Unidade Integrada Walter de Magalhães Braga: Trabalho baseado em relatos e tradição oral do Sr. Basílio Coimbra, antigo morador do povoado Cateaua. Créditos do material:
O ALIENÍGENA CERES COSTA FERNANDES Acordou no meio da noite sentindo aquele cheiro. Um cheiro que não sabia definir. Nem bom nem ruim, talvez estranho. Um odor vindo de algum lugar ou de um corpo. Um corpo desconhecido. Sempre tivera o olfato aguçado, melhor dizendo, um faro quase animal. Reconhecia seu próprio cheiro e o dos familiares em peças de roupa ou objetos. Sabia reconhecer quem se aproximava pelo cheiro que precede as pessoas, mesmo quando este era um sutil, quase imperceptível aroma. Mas esse agora era um odor não identificado. Certamente não provinha do marido dormindo pesadamente a seu lado. O cheiro dele lhe era familiar. Súbito, veio-lhe a revelação: o cheiro desconhecido vinha de seu próprio braço, ainda apoiado na testa, posição habitual de dormir. Mais precisamente de certo ponto do antebraço. Sim, isso mesmo. Como aquele cheiro teria ido parar ali? Foi lavar o antebraço na pia do banheiro. Esfregou bem o sabonete antes de enxaguar. Cheirou novamente. O cheiro continuava. Tornou a lavar e repetiu o teste. Seria possível? Mais uma tentativa. O mesmo resultado. Voltou para a cama, precisava dormir, o dia seguinte seria pesado. Vai ver, de manhã... Dormiu com dificuldade, acordando várias vezes, farejando e constatando que ele permanecia ali. Pela manhã, abriu os olhos e logo conferiu: o alienígena ainda estava lá. Seria resultado do calor senegalês que assolava São Luís? Ué, por que senegalês? Sei lá, li em algum lugar, chaleur au Sénègal, está quente como nunca, um calor como esse de agora, viscoso, grudento, úmido, merece um nome assim. Levado pelo calor, talvez, o cheiro migrou para sua nuca. E agora, havia aquela desconfortável impressão de um cheirinho safado e um tantinho azedo desprendendo-se do seu cangote. Principalmente quando sacudia os cabelos ou se alguém se aproximava par lhe dar os indefectíveis dois beijinhos. Encurtou os cabelos e passou a lavá-los, primeiro, todos os dias, depois, duas a três vezes por dia. O inominável continuava no cangote. A solução seria raspar a cabeça, Pensando bem, não sou dolicocéfala. Ficarei só nariz e orelhas. Além do mais, expor a cabeça pelada a este sol equatorial poderia resultar – quem sabe, em queimaduras graves. Careca com bolhas, que horror! A não ser que fizesse como vovô, careca total, fora de casa não tirava o chapéu Ramenzoni por nada. Nem sei por que não se usa mais chapéu no Brasil. É bonito, e com esse sol e a fobia atual do câncer de pele, bem que a moda podia voltar. Antes que promovesse a tosa completa, o cheiro saiu da nuca e migrou para o vão entre os seios. A proximidade em linha reta fazia arder-lhe as narinas, mas havia uma vantagem, ele não lhe escapava como quando na nuca. Sutiãs eram mudados, perfumes e desodorantes esfregados na área e as blusas mantidas fechadas até o pescoço. Não demorou, o cheiro deu de mudar constantemente de lugar, como a zombar dela. Ardiloso, cheio de truques, percorria todo o seu corpo, das virilhas aos sovacos, do umbigo ao cotovelo, por vezes escondia-se em nichos inconfessáveis. Pomadas, banhos de ervas, buchas. Uma tarde inteira de molho numa banheira de água quente com detergente proporcionou-lhe mil irritações. E nada. Quase careca, pele escalavrada de tantos produtos, afastada do emprego por não permanecer mais que dez minutos em sua carteira sem levantar para lavar as mãos ou coisa semelhante, quase enlouquecida e, de repente, ele se foi. Assim, sem mais. Alívio total, quase felicidade. Ia recomeçar a viver! Durou pouco a paz, logo começou a agir estranhamente. Farejava minuciosamente seu corpo para sentir em que recôndito teria o danado se escondido. Inutilmente. Desconfiou que ele pudesse ter migrado para outra pessoa e começou a farejar também corpos alheios, escancaradamente com o paciente marido e sutilmente com amigos e até estranhos. Por mais discreta que fosse, as pessoas, ao notarem aquele seu leve, porém perceptível arfar das narinas, começavam disfarçadamente a farejar o próprio corpo e, por vezes, até a examinar as solas dos sapatos. Amigos e conhecidos desconfiados de que ela os achava fedidos, afastaram-se. O fato não a preocupou, após a constatação que dentre eles o cheiro não se ocultava.
Mutilada e incompleta, sentia falta daquele cheiro que se tornara, agora o sabia, parte integrante de si própria. Finalmente, compreendeu que precisava buscá-lo, a qualquer custo. E decidiu partir. Deixou uma mensagem que, para os desavisados, poderia parecer uma desesperada declaração amorosa a alguém ausente: Parto porque não posso viver sem ele. Vou procurá-lo onde estiver. Não tentem impedir-me, estou em busca da própria vida. Adeus.
UMA ETNIA EM EXTINÇÃO JOANA BITTENCOURT (texto da coletânea Meu Ancestral TUPINAMBÁ). Menino te senta aí que vou te contar uma história de coisas que eu nunca vi. Quem contou foi meu avô que o avô dele contou: de um.povo livre, sem dono, sem escravo, sem senhor. Muito bem organizado em sua própria nação, habitava a floresta e o litoral do Maranhão. E eram pra mais de quinhentos mil: TUPINAMBÁ, KENKATIÊ, povo KRIÊ, os GUANARÉ e os POBZÉ. E eram pra mais de trezentos mil: povo GAMELA, povo ARAIOSE, povo BARBADO, os TREMEMBÉ e os POBZÉ. E eram pra mais de duzentos mil: AMANAJÓ, KAPIEKRÃ, SAKAMEKRAM, URUATI e os POBZÉ. POBZÉ! POBZÉ! POBZÉ! Pobre Zé! Desapareceu! Sumiu! Sumiu pela mata, como por encanto, fugindo de branco, Maíra nem viu! O que foi encontrado, foi escalpelado por quem o pegou: às vezes massacre, às vezes queimado, às vezes gravata, em outras, veneno. E o povo da mata, gradativamente, vai se desfazendo... A FORÇA CULTURAL PERECE A CADA ÍNDIO QUE DESAPARECE. ATÉ OS RIOS, UM A UM, SE TINGEM DE RUBRO DA COR DO URUCUM... Tanta cultura perdida! Tanta vida! Tanta vida! É quando Maíra, tomado de pena empunha a espada da resistência e pelo seu povo implora clemência... Mas nada! Nada! Ninguém ouviu! Ninguém viu quando os filhos dos índios foram raptados e catequizados em prol da dita civilização. É quando Maíra, tomado de ira, desce, sem pena, o tacape na cabeça do opressor! Maíra se vinga, pelas mãos do guerreiro Cauié Imana, punindo missão que pegou indiozinho. O bravo Imana lidera o levante, mas se vê cercado, logo adiante, pelas tropas legais. Caçado sem trégua, cansado se entrega na Aldeia Cana Brava. Brava gente! Nação TENETEHARA! Bravamente, tomba o GUAJAJARA! Maíra não cansa, não cessa o clamor: Levanta, Índio! Luta, Índio! Mostra teu valor! Brada Maíra, aos guerreiros valentes, os sobreviventes TENETEHARA: TEMBÉ! URUBU-KAAPOR! GUAJÁ! GUAJAJARA! O Morubixaba da Nação Timbira, reúne os guerreiros da taba Tupi: CANELLA APANIEKRÁ RANKOKAMEKRÁ! GAVIÃO PUKOBYÊ! Nação KRIKATI! Tambores de guerra ecoam nas matas. Arcos e flechas pontilham os ares. Plumagem adornam os sobreviventes em penas carmim por sobre os viventes. Maíra socorre e abençoa sua gente: guerreiros honrados, honrosos, valentes; para quando cansados das lutas inglórias, retomem o ardor das batalhas de outrora, e façam justiça aos direitos de sempre, agora!
O MONSTRUOSO CRIME DE 10 DE NOVEMBRO DE 1913 (Caso Bazano ou Crime da Rua do Passeio)
RAMSSÉS DE SOUSA SILVA
Vários estrangeiros chegam, na década de 1910, a São Luís. Geralmente, prestando serviços em embarcações de bandeiras variadas. Logo, durante o período de atracação dessas embarcações, começam a perambular pela região portuária, ainda fazendo "bicos". Alguns decidem permanecer na cidade, afim de melhores oportunidades. Entre eles, o argentino Antônio Bazano e os espanhóis Henrique Gomez, Antônio Lugo e Manoel Sanches. Inicialmente, alguns se empregam na Olaria de um espanhol às margens do Bacanga e alugam cortiços para morar provisoriamente. Com o tempo, tudo fica muito dispendioso e, ao convite de Antônio Bazano, aceitam ir morar e trabalhar na recém inaugurada Garage Franceza, a primeira oficina mecânica do Maranhão, de propriedade do francês Georges Guinard, que ficava na Rua do Rancho e carecia de mão de obra especializada.
Logo, os estrangeiros contraem dívidas no Café São José, no Canto da Viração, esquina da Rua Grande com Rua do Passeio, na frente do Palacete Gentil Braga, de propriedade do português Thomaz Diniz Silva. Após dívidas já vultosas, começam a ser cobrados pelo proprietário e, sem condições de quitar
seus débitos, acabavam protelando ou inventando desculpas. Como os ganhos na Garage Franceza eram poucos, se envolvem em alguns furtos no comércio e, após mais uma bebedeira, tramam a morte do dono do Café para se livrar das dívidas.
Em 10 de Novembro de 1913, como Thomaz havia ficado em sua casa na Rua do Norte por motivos de saúde, o estabelecimento foi aberto por seu irmão José Diniz da Silva e por um adolescente chamado Jorge Ribeiro, que ajudava ambos no comércio. Os estrangeiros chegam aproximadamente às 21:00 hs, propositadamente, afim de encontrarem já pouco movimento nos arredores. José Diniz e Jorge Ribeiro já se preparavam pra fechar e tiveram que atender os criminosos, sedentos de cachaça e de sangue. Ao serem interpelados sobre suas dívidas, teriam tecido alguns comentários dispersos. Nisso, Sanches tranca a porta do Café enquanto os outros imobilizam José Diniz. Bazano o golpeia com várias punhaladas e José logo cai no meio do salão, já sem vida Jorge Ribeiro, ao presenciar o nefasto crime, acaba também sendo perseguido e logo capturado. Não o queriam matar mas, sendo ele testemunha, não viram outra saída. Cobriram-no com um saco de estopa, já imobilizado, e finalizaram o diabólico ato com mais punhaladas, que teriam também sido efetuadas por Bazano.
Os criminosos trancam o Café com as vítimas dentro. Saem em direção da Garage Franceza porém, antes, compram pães e outras mercadorias na padaria de José Pedro de Almeida, na Rua do Sol, com o dinheiro roubado no Café São José. A polícia, logo que soube do crime, organizou buscas a vários locais, inclusive na Garage Franceza e, em tempo recorde, conseguiu capturar todos os envolvidos. Os criminosos foram interrogados no Posto Policial de São João, no Largo da Igreja de São João, ao lado da Loja Maçônica Beckman. O interrogatório de Antônio Bazano foi o mais aguardado de todos. Os criminosos, após a prisão, começam a cumprir sentença. Porém, depois de alguns anos, alguns são enviados pra cumprir pena no seu país de origem e outros, como Bazano tem sua pena anistiada no governo Godofredo Viana, por ter ele, ironicamente, participado de um ato heróico, salvando pessoas de um incêndio na Igreja dos Remédios ao ajudar, como presidiário, o contingente do Corpo de Bombeiros. Sua anistia foi muito criticada pela opinião pública. Antônio Bazano permanece no Maranhão e aqui, sabidamente, se casa e tem um filho com uma maranhense. Vive seus últimos anos de forma discreta numa morada na antiga Rua da Cascata, atual Jacinto Maia. Não se tem, até o momento, notícias sobre seu sepultamento ou causa da sua morte. É provável que tenha sido sepultado no Cemitério do Gavião.
NAVEGANDO COM JORGE OLIMPIO BENTO A consagração do direito a uma vida digna, realizada no caminho de perseguição da felicidade, implica a presença acrescida do desporto, a renovação das suas múltiplas práticas e do seu sentido. Sendo a quantidade e qualidade do tempo dedicado ao cultivo do ócio criativo (do qual o desporto é parte) o padrão aferidor do estado de desenvolvimento da civilização e de uma sociedade, podemos afirmar, com base em dados objetivos, que nos encontramos numa era de acentuada regressão civilizacional. Este caminho, que leva ao abismo, tem que ser invertido urgentemente.
O PEQUENO PONTO DA ARENA CÓSMICA É aqui que vivemos e viveram os que nos antecederam. Os caçadores e os caçados. Os predadores e os dizimados. Os invasores e os fugitivos. Os conquistadores e os conquistados. Os imperadores e os escravos. Os reis e os plebeus. Os prepotentes e os apavorados. Os valentes e os cobardes. Os resistentes e os traidores. Os eruditos e os analfabetos. Os pensadores e os idiotas. Os conhecedores e os desconhecidos. Os criadores e as criaturas. Os ricos e os pobres. Os bem-sucedidos e os excluídos. Os exploradores e os explorados. Os gananciosos e os resignados. Os santos e os pecadores. Os notáveis e os apagados. Os aclamados e os alienados. Todos frágeis e humanos, passageiros e transitórios, precários e temporários, diminutos e ínfimos, sempre aquém do que devíamos e podíamos ser. Não faltam razões para deitarmos fora a arrogância e a soberba, para nos congraçarmos sob o teto da humildade e compartilharmos a paixão e a responsabilidade pela vida e pela Terra, nossa Casa Comum.
PÁSCOA: RENOVAÇÃO DO CORAÇÃO E DO OLHAR Para os cristãos é uma verdade de fé, que lhes alimenta os passos na procura da salvação da vida. Para os não crentes tem o valor de metáfora com sabor a utopia, igualmente inspiradora da busca do sentido da existência. O desprendimento e o sacrifício sublimam o trágico e erguem-se a categoria fiadora de renovação da esperança. Os sofrimentos e lamentos de Jesus, o filho do Homem elevado a Deus, pelos insultos e sevícias a que se viu sujeito, chegam até nós, passando a barreira do tempo. Tal como a coragem e o estoicismo com que aceitou e suportou o fardo da cruz, para redimir as falhas dos humanos e apontar ideais, princípios e valores de remissão e excelsitude. Avivemos o significado e espraiemos o olhar para além de Jerusalém e pelo presente. Em toda a parte surgem calvários e cruzes, onde agoniza a Humanidade. A desatenção e a omissão constituem um prego que o martelo da indiferença crava nas mãos e nos pés do Homem Universal, idealização suprema de cada um de nós, e proclamado como nosso semelhante. Olhemos bem para o seu corpo e rosto. Perguntemo-nos se há neles parecenças connosco. Escutemos, atentamente, a resposta da alma e consciência, se é que elas ainda falam dentro de nós. Tiremos as devidas consequências!
HADES E THANATOS: HORA DOS ABUTRES A pulsão da morte está em alta; e esmaga o que resta de Eros. A morte de uns é garantia do sucesso de outros. Assim o manda Hades; os seus diligentes e pressurosos discípulos obedecem. Um asco de insensibilidade e de falta de decoro! Tenho vergonha por ser o jornal que leio. A brutal, hedionda e grotesca realidade, espelhada no alto da primeira página. Agora não é "o direito ao serviço da política"; é a morte. Quando vale tudo, nada vale. Eis o ponto a que chegamos. Abjeto!
'QUEM' E 'COM QUEM' SOMOS O ‘quê’ é importante; engloba o ‘ter’, apreciável conquanto não nos tenha. Fundamentais são o ‘quem’ e, sobretudo, o ‘com quem’ somos. Hoje percebo isso muito bem. Ao meu lado, na esplanada do café, as mesas são gregárias; celebram o reencontro das pessoas. Somos ‘quem’ e ‘com quem’ nos encontramos e relacionamos na caminhada e convivência da existência. Somos ‘concidadãos’; educamos e formamos a nossa identidade através da interação presencial com outrem. Não há educação e escola, cidade e sociedade, sem a presença corporal do Outro. O ser virtual é algo ou coisa, mas jamais Ser Humano, emocional e espiritual. Somos ‘com quem’, e não na sua distância, lonjura, margem e eliminação. Ah, isto não é pormenor; é decisivo ‘por maior’! ‘COMPETIÇÃO’, ‘COMPETITIVIDADE’, ‘ALTERIDADE’, DESPORTO E VIDA Não se confunda ‘competição’ (sinónimo do agonismo grego, pedra basilar da Paideia e da visão filosófica de salvação da existência) com a hodierna ‘competitividade’ (conceito e termo do pérfido jargão neoliberal)! Aquela ancora-se na estima e imitação do Outro, visando alcançar a ‘arété’, mediante a superação conjunta. A segunda estriba-se na egolatria e na obtenção do sucesso, à custa da destruição do semelhante.
O desporto implica o ‘com’; é um contrato alicerçado na adesão tácita ao princípio da igualdade. Como diz Fernando Savater (‘O Meu Dicionário Filosófico’): “Só se pode competir entre iguais: ninguém pode medir as suas forças com os deuses nem com o monarca absoluto ou o representante de uma casta superior. Só quem me reconhece como igual compete comigo e é capaz de camaradagem na rivalidade (...) Para competir precisase dos demais: ninguém compete só”. A ‘alteridade’ é, pois, o sustentáculo do desporto. Este é essencialmente uma instituição e modalidade do relacionamento com o Outro. Sem o Outro, não existiria. Logo, o Outro é entidade valiosa, portadora de alta cotação, merecedora de apreço, consideração e gratidão. Muito do que somos provém da convergente concorrência e da complementar oposição. A competição cumpre a função de cooperação e conjunção do diferente. Assim, o desporto é uma configuração pedagógica da filosofia do trato humano. Ensina a olhar, avaliar e valorar o Outro com a bitola da admiração. Ora, o teor da humanidade depende, em boa medida, do que fazemos uns aos outros. Savater (‘Ética Para Um Jovem’) insiste: “Não há humanidade sem aprendizagem cultural”, sem aprender e praticar os significantes e significados do trato humano. “Ser-se humano (…) consiste principalmente em ter relações com outros seres humanos. (...) A vida humana boa é vida boa entre seres humanos ou, caso contrário, pode ser que seja ainda vida, mas não será nem boa nem humana”. A ‘ética do jogo’ sujeita o jogador a dar o melhor, a oferecer as maiores resistências ao oponente, para que ambos se possam transcender e o vencido seja também vencedor. Enfim, o humanismo não consente exclusão; advoga a inclusão. Os Outros são o centro de nós mesmos. É nesta conformidade que urge entender, renovar e cultivar o sentido do desporto e da existência. ACERCA DO PODER DA PALAVRA A palavra liberta e salva. Por isso leia! O quê? Leia, se possível, autores que escapam ao desgaste da poeira do tempo. Aprenda com eles as palavras que ensinam a ler e ver, compreender e criticar o mundo, a desenvolver a coragem de denunciar os seus males e a ousadia de apontar a transformação destes em bens. Enriqueça o vocabulário; dele dependem as tonalidades e os limites da capacidade e liberdade de perceber e dizer, de apreciar e afirmar. Por exemplo, sendo sinónimos, não dizem o mesmo: pedra, calhau, cascalho, bruíço, seixo, rebo, burgau, pedregulho, fraga, fraguedo, rocha, rochedo, penedo, penhasco, penedia; ou asno, azémola, besta, onagro, jumento, jerico, burro, jegue, mulo, muar, um, néscio, cavalgadura. Dói-me muito a pobreza vocabular dos jovens, sobretudo dos que possuem diploma de curso superior. “No princípio era o verbo; tudo começou porque Ele disse!” Se tivesse o poder de decisão, a literatura seria incluída em todos os cursos universitários, numa qualquer configuração disciplinar. Ela não distrai. Cria olhares e sensibilidades; logo, é criadora de conhecimento e saber. Em suma, é uma modalidade da ‘ciência’, sempre em estado de nascimento. DO ESTADO DA (IN)JUSTIÇA Até à última sexta-feira tudo corria bem. O mal surgiu naquele dia, e só numa árvore ou andorinha, porque a floresta e a primavera estão maravilhosas. Deixemos, pois, em paz o sistema judicial. Ele é igualzinho ao mercado: usufrui do virtuoso condão de se auto-regular! Eis uma bênção que nos entra pelos olhos e tranquiliza a consciência. A farsa da justiça-espetáculo e da impunidade vai continuar! Sou cidadão. Faço juízos morais e políticos. Posso ter a convicção ou suposição de que alguém é velhaco. Mas não possuo o poder de o prender e condenar, e até me sujeito a ser levado à barra dos tribunais e sofrer sanções, se tornar pública a minha opinião e não tiver elementos para a sustentar. Quem tem e exerce o poder de julgar, de cercear a liberdade e aplicar coerções são os juízes. Como essa decisão é muito grave, exige-se que sejam probos, façam interpretação escrupulosa da lei, julguem com base em provas sólidas, e não vivam em conúbio com oligarquias e a comunicação social. Sem isso, não há Estado de Direito, e o magistrado torna-se ‘juiz-ladrão’.
ERA DE INFELICIDADE COLETIVA: URGÊNCIA DO DIREITO Eis aqui a parte inicial do prefácio de um livro da autoria do Grupo de Estudos de Direito Desportivo da UFRJ, dirigido pelo Professor Doutor Ângelo Vargas. Começa com estas provocações de Thomas Elliot (1888-1965): “Onde está a sabedoria que nós perdemos no conhecimento? Onde está o conhecimento que nós perdemos na informação?”
O ano de 2020 apanhou-nos de surpresa. A pandemia não criou a situação de depressão, em que nos encontramos. Fomos nós os criadores das causas da criatura, ao longo das últimas décadas. O essencial da culpa resume-se à substituição do primado do Direito por leis alheias aos imperativos éticos, confecionadas para serem transgredidas sem problemas de maior. Sim, a veneração do deus do mercado e da globalização financeira conduziu a arremedos de regulação legal, falhos do lídimo teor da ‘jurisprudência’ e do Direito. O relacionamento com o Outro, com a Natureza, a Pessoa e a Sociedade, ficou eticamente desenfreado. Pasme-se, tudo em nome da sagrada ‘Liberdade’! A ‘transcendência’ e ‘excessividade’, que perfazem a nossa configuração estética, foram deturpadas e subjugadas pela maximização, intensificação ilimitada e eficiência a todo o custo, pela exploração, ganância e predação obscenas, pelo lucro nunca suficiente. O Homo Performator viu-se arredado do pódio. O cultural e simbólico sofreu tratos de polé. A taça foi entregue ao homo violens, eficiens e faber. O ‘carpe diem’ deu aso ao divertimento ininterrupto da elite dos predadores, à custa da privação dos predados. Ao final, chegou a conta para pagar. A euforia e a luz desertaram e deixaram o lugar para a angústia e a escuridão. Os Jogos Olímpicos, a celebração culminante e sublimadora da Humanidade, não se realizaram. Não houve festa, a pira olímpica permaneceu apagada; a chama de Prometeu não veio dissipar e remediar os devaneios tresloucados de Epimeteu. O muro jurídico e moral do sistema económico-financeiro, regente do mundo nas últimas décadas, tem a espessura de uma hóstia; não resiste ao vendaval, mesmo que este pareça ser de pouca monta. Agora jazemos nos serviços de cuidados intensivos, tentando salvar a vida e encontrar um ‘novo’ normal. Este não pode ser o anterior, sob pena de voltarmos a ter uma recaída e continuarmos na corrida para o abismo. Queremos realmente inovar e superar-nos, a partir das lições da pandemia? Elas ensinam que as vidas são precárias e os destinos dos povos entrelaçados. Necessitamos de compromisso e união, para enfrentar os imensos e crescentes desafios ecológicos, económicos, sociais, de saúde e segurança; isto parece evidente. A Terra clama por um novo Código de Hamurábi, por uma Constituição Planetária que abarque todas as áreas da atividade, consagre e imponha normativos universais, visando defender a Humanidade dos que contra ela atentam. Sim, necessitamos de uma visão apurada e partilhada do futuro, e de um plano de regeneração ousado e convincente. Para isso é imprescindível reconhecer que a crise ambiental e as políticas vigentes (mercadológicas e ultraliberais) tornam insustentável o devir dos humanos. É imperioso investir no desenvolvimento ambiental e socialmente inclusivo, ressuscitar um ímpeto democrático que aumente a participação e a deliberação dos cidadãos. E é igualmente importante colocar a cultura no centro da vida coletiva e individual; porque, onde ela não floresce, a violência torna-se espetáculo e instala-se a destruição. Há uma janela de oportunidade, estreita, porém suscetível de ser alargada pelo conjunto de boas vontades. A hora é interrogativa. O que virá depois, se a vacina ajudar a vencer a pandemia e gerar, portanto, júbilo natural? Em que espécie de mundo ficaremos? Poderemos falar de uma estabilidade duradoira? A incerteza é grande. Ela é o eco subjetivo de uma caotização crescente. Uma evidência de todos os dias, despoletada pelo Covid-19. Este não a criou; limitou-se a mostrar uma série de coisas que já víamos mais ou menos: as enormes e inaceitáveis desigualdades à escala planetária, o império (e também fragilidade) do sistema económico e ideológico, que está sozinho no terreno e comanda todos os países, tanto os ‘mais desenvolvidos’ como os ‘subdesenvolvidos’. O mundo está cheio de hostilidades, de competitividades destrutivas, de jogos de soma zero. Temos medo do outro; encaramo-lo como perigo potencial. Ora, isto é muito mau. A ecologia, de que carecemos, não é só ambiental; é societária e espiritual, económica e energética, comunitária e pessoal, jurisdicional e sapiencial. É o nosso porvir que está em risco. Precisamos de mudar radicalmente. Alguém tem a ideia, a solução e a vontade para tal mudança? Temos que recriar a pulsão inventiva! Para sair do medo de existir e do caos, e reinventar o ritmo e sentido da vida. Estamos parados numa estação de reinvenção. Logo, impõe-se a recusa do regresso à normalidade anterior.
ACERCA DA EDUCAÇÃO PRIMEIRO: DA LEI DA MUDANÇA A reflexão sobre a educação não pode ficar enredada num quadro de referências fixas, sem consideração das circunstâncias e da sua evolução. A mutabilidade, não a fixação e o imobilismo, é o horizonte do labor mental. Ora isto tem implicações várias. O mito da empregabilidade faliu. Que empregos vão existir, quando chegar à idade do trabalho a criança hoje na escola? O que devemos ensinar-lhe para a ajudar a florescer num tempo incerto, impossível de antever? Que aptidões vai precisar para exercer uma profissão e, sobretudo, para a compreensão do entorno e a orientação no emaranhado labirinto da vida? Não sabemos responder a estas questões. Os humanos não são bons a prever o futuro. Nem agora, nem nunca. No passado recorriam a oráculos, videntes, feiticeiros, bruxos, etc. Ainda há estes peritos, mas não dão pistas mais confiáveis do que outrora. Uma educação, sustentada na sobrecarga dos alunos com informações, não se afigura pertinente; elas estão à disposição em bases de dados, nos órgãos mediáticos e nas redes sociais, divulgadas, não raras vezes, com intuito de diversão e manipulação. São tantas e tão díspares que não é fácil discernir o importante e verdadeiro, o irrelevante e falso, e conseguir, com os retalhos, tecer um retrato fiável do contexto. Se os alunos não forem encorajados e habituados a pensar, a formar uma visão e noção alargadas dos factos, desafios e fenómenos da atualidade, a perceber aquilo a que devem prestar especial atenção, serão incapazes de fazer escolhas, cairão na cumplicidade involuntária com as injustiças e opressões, e ficarão entregues aos caprichos do acaso. Traçamos cenários, não antecipamos o porvir; a previsão anda longe da realidade. Assim é assaz difícil declarar o que se deve ensinar. Reagimos ao sabor dos estados de alma, resultantes do que constatamos. O que hoje observamos e a lei da mudança (a única certeza que temos!) dizem que carecemos de reinventar o sentido de Ser Humano. Neste alinhamento Yuval Noah Harari propõe que a educação se oriente pelos ‘quatro C’: pensamento crítico, comunicação, colaboração e criatividade.”[1] A receita não contém novidade; é supratemporal. Todavia, surge agora com carácter de urgência. Estamos numa luta contra o tempo. No passado tivemos o poder de manipular o mundo; o futuro, devido aos avanços da biotecnologia e da tecnologia da informação, ameaça colocar nas mãos de uma minoria o poder de manipular a maioria. As mudanças são assaz profundas; tornam a descontinuidade a característica essencial da vida. Apresentase obsoleto o modelo herdado (divisão do trajeto existencial em duas partes complementares: uma de aprendizagem, a outra de trabalho). Tudo evidencia a diminuição da linha contínua entre as diversas fases da vida. Logo, a educação tem ínsita a incerteza. Esta não é mácula; é marca da existência. No entanto a educação, a escola e a formação dos professores continuam adstritas a legados e padrões da revolução industrial. Tardamos a inventar alternativas viáveis e aplicáveis em grande escala. Contentamonos em afirmar, com fundamento, que o velho sistema de educação não gera a flexibilidade mental e o equilíbrio emocional requeridos pelos ‘novos’ e dúbios tempos. Os adultos de outrora conheciam relativamente bem o mundo, tinham coisas provadas e seguras para dizer; portanto, mereciam a confiança dos jovens. Agora parece que estes confiam mais na tecnologia; mas não deviam ignorar as lições antigas. Por exemplo, a invenção da agricultura trouxe inúmeros benefícios à Humanidade; e também enriqueceu poucos, à custa da escravidão de muitos. Com a tecnologia, que é um imenso bem, pode suceder o mesmo; ela pode controlar-nos, em vez de servir os nossos interesses, pelo menos no tocante à generalidade das pessoas. Como disse recentemente Edgar Morin, a sociedade precisa do espírito de resistência da juventude para enfrentar as incógnitas e a tragédia do presente e para encontrar e impor outro rumo ao futuro. Creio que o ideal da educação moderna (inspirado no lema de ‘desacorrentar Prometeu’ e de nos tirar da dependência e menoridade animal e conduzir à autonomia e maioridade clareadas pela razão) carece, pois, de ser revigorado e atualizado. Estamos no advento de uma heterotopia: as emoções e os sentimentos reclamam o lugar central, como propõe António Damásio nas suas obras.[2] [1] Yuval Noah Harari, 21 Lições para o Século XXI, p. 302. Amadora: Editora Elsinore, 2018 [2] Por exemplo, A Estranha Ordem das Coisas e SENTIR & SABER – A Caminho da Consciência.
SEGUNDO: NECESSIDADE DE NOVO GUIÃO. Nesta era de ‘pirataria humana’ (expressão de Yuval Noah Harari, ditada pelo vendaval de instrumentalizações a que somos sujeitos) convém recuperar a máxima socrática: “Conhece-te a ti mesmo!” Os indivíduos precisam de saber quem são, aprender a ouvir e decifrar as vozes que ressoam dentro de si. Sob pena de ficarem prisioneiros das inúmeras e crescentes forças que tudo farão para os alienar e subjugar.[1] Eis uma ingente tarefa da educação: dotar os indivíduos da capacidade de manter algum controlo sobre a existência pessoal e de entender as circunstâncias naturais e sociais. Cada um deverá perceber o teor da existência, a realidade e o seu papel nesse enredo. São os humanos que dão sentido à vida, ao universo, às criações e invenções, à poesia e à música, às coisas úteis e inúteis. São os sentimentos, assevera António Damásio, o nascedouro da inteligência e consciência para ver a beleza, a grandeza, magnificência e virtude que moram em tudo isso. São os olhos, a alma e o coração que admiram o alto, belo e verdadeiro. É, portanto, imperioso ensinar a arte da admiração, da contemplação, do maravilhamento. Não existe bula divina, pré-fabricada, para dirigir o viver; é a nós que compete delineá-la. A vida ‘boa’ e ‘correta’, prescrita por Aristóteles, depende do grau de compreensão e cumprimento do papel individual no empreendimento universal. Estamos ligados uns aos outros na grande cadeia da bondade; fora dela não há sentido para a vida, nem saída do labirinto da perdição. O ideal da educação é capacitar cada um a estar à frente dos acontecimentos, para que estes não o surpreendam. Para isso é preciso adquirir as asas da inteligência ágil, leve e compreensiva, e deitar fora o fardo que dificulta o andar e impede o voar.[2] Acima de tudo, a educação deve ensinar a assumir a ‘ignorância positiva’. Esta enraíza a indispensável ‘atitude da humildade e perplexidade’. Sabemos muito menos do que supomos, sobre nós e sobre a complexidade do universo. É, pois, da máxima relevância educativa encorajar a contestar certezas, dogmas e infalibilidades, a desconstruir ficções e mentiras, a fundar a criatividade e, mediante ela, escapar da automatização, fugir da caixa do senso-comum e das máquinas de lavagem cerebral. Levemos a ‘humildade’ a sério. Sirvamo-nos dela e do bom-senso para tirar partido do desconhecimento e da dúvida no tocante a tantas coisas, e para combater a intolerância. Abriremos deste jeito o caminho da solidariedade e coexistência com os restantes seres; aceitaremos as nossas limitações insuperáveis e a dependência face a elas.[3] É de humildade que tanto precisamos nesta era de múltiplas dependências. Não, não somos detentores do ‘livre-arbítrio’ em absoluto. Há muitos fatores que condicionam as nossas escolhas. Não controlamos o ambiente e a transformação que nele ocorre. Não controlamos muito do que se passa no nosso corpo e íntimo, por exemplo, a tensão arterial, o funcionamento do cérebro, os desejos e reações. Isto não significa que nos devamos colocar de cócoras, esconder ou omitir, vergar-nos à tirania ou deixar ao abandono a vontade, os apetites e gostos, as tentações, as ideias e sentimentos. Ao invés, obriga ao trabalho de afinar o relacionamento com a natureza, a sociedade e o Outro, de buscar, identificar e questionar a verdade sobre nós mesmos, de observar e ponderar o que nos circunda e influencia de todos os lados. Nenhuma divindade ou entidade nos dispensa da responsabilidade pelos atos e pelo mundo como um todo. A indiferença e a omissão são aves de rapina que roem as nossas entranhas. A este esforço e alvo deve devotar-se a educação. Cumpre-lhe transmitir instrumentos de análise e desconstrução de ficções e falsos mitos, de procura de respostas, sempre imperfeitas e inacabadas, para as questões cruciais. Desde o primeiro até ao último ano de escolaridade, e pela vida fora. Essa tarefa não tem fim, nem início demasiado cedo. Em síntese, o guião da ‘educação secular’ resume-se, no essencial, a ensinar as crianças e jovens a: · Distinguir a ‘verdade’ da crença; · Desenvolver a ‘compaixão’ no tocante aos seres que sofrem; · Valorizar a ‘sabedoria’ e a experiência de todos os habitantes do planeta; · Comprometer-se com a ‘equidade’, a Comunidade, a Humanidade e a Terra;
· Cultivar a ‘liberdade’ de pensar e questionar, sem temer o desconhecido; · Ter e demonstrar a ‘coragem’ para combater opressões e preconceitos, admitir a ignorância, mudar de opinião e formular perguntas difíceis; . Sentir a necessidade de 'humor' e 'ócio criativo'; · Comungar o princípio do ‘respeito da dignidade’ das pessoas; · Assumir a ‘responsabilidade’ pela conduta individual e pela situação universal.[4] [1] Yuval Noah Harari, Ibidem, p. 308. [2] Yuval Noah Harari, Ibidem, p. 309. [3] A intolerância das religiões monoteístas é responsável por muitas guerras e atrocidades (cruzadas, jihads, inquisição, etc.). Não se esqueça também que foi devido à intolerância que o imperador romano Teodósio proibiu, em 391, todos os cultos religiosos (excetuando o cristianismo e judaísmo) e todas as práticas associadas ao paganismo, nomeadamente os Jogos Olímpicos. Sob pena de morte! Enfim, as visões únicas são fontes de preconceito e perseguição. À humildade dos crentes perante Deus não corresponde a humildade perante si mesmos e os outros; ao invés, usam a religião para perseguir o semelhante. (Yuval Noah Harari, ibidem, p. 225-226). [4] Yuval Noah Harari, Ibidem, p. 237-243. SOCIEDADE, EDUCAÇÃO E ESCOLA: POR UM EQUILÍBRIO JUSTO A sociedade é ‘humanógena’: a sua principal, deveras exigente e dificílima produção é a de Seres Humanos, que reproduzam e renovem a normatividade de princípios e valores, em que ela se funda e está interessada. É para isso que inventou a educação e a escola. O equilíbrio entre as três entidades e as necessidades e anseios dos indivíduos é complexo e nada fácil de alcançar. Com efeito, o ente humano não tem uma natureza própria ou identidade natural, semelhante à dos outros animais, estes dotados de instrumentos específicos, adequados ao seu propósito e ao âmbito da existência. O Ser Humano é um nada ‘a priori’, não está predefinido, préprogramado ou predestinado; pode ser tudo, é possibilidade e historicidade implicativas de escolhas. Nesta conformidade, parece-me que a sociedade (representada pela educação e escola) inclina a balança mais para si e menos para os sujeitos e aquilo que os beneficia e lhes convém, mais para a função de reprodução e menos para a da renovação. Assim, será o labor educativo falhado ou pouco bem-sucedido na atual conjuntura? Creio, pois, que merecem reflexão e discussão o modo e conteúdo de um equilíbrio justo para ambas as partes. Enfim, que arquétipo Humano escolhemos para vigorar doravante? DA MEMÓRIA, DA INCOERÊNCIA E DA HIPOCRISIA A minha memória não é hoje o que já foi. Na adolescência e juventude decorei extensos poemas e papeis principais em representações teatrais. Mas continua ativa e seletiva. Recentemente, tivemos uma eleição presidencial, com vário(a)s candidato(a)s. Recordo bem a crítica contumaz, feita por muita gente, a uma candidata apostada em combater a corrupção: era justiceira! Essa gente preferiu uma pessoa sorridente, com currículo de conviva em festas e passeios de figuras graúdas da finança, suspeitas de falcatruas. O mundo dá muitas voltas! Nos últimos dias li, nas redes sociais e noutros locais, textos eivados de justicialismo ululante, da autoria daqueles sujeitos. Que refinada incoerência e hipocrisia, que gritante parcialidade da visão! Os justiceiros de agora não se agitaram assim noutros casos escabrosos, nem advogam a justiça e o combate à corrupção; só se movem contra quem não pertence ao arco político da sua coloração! Mais, para eles são definitivamente culpados os réus incriminados pelos órgãos da (des)informação (Correio da Manhã, canais de televisão, etc.), mesmo antes de acusados e julgados nos tribunais. São cruzados da inquisição!
LÁGRIMAS DE CROCODILO Primeiro converteram os clubes em SADs. Alguém me avisou de que isso era a perversão neoliberal do desporto. Mas não vi mal algum; acreditava nas leis e virtudes do mercado, e no mais que aprendi sobre gestão e negócios no curso de mestrado. Também me alertaram para a subjugação do mundo aos interesses dos mandarins do Fórum de Davos, do G7 e G20. Recusei ver a sujidade. Ser livre causa infelicidade. Ontem criaram a Superliga Europeia. O meu clube e o meu país ficam de fora. Desfaço-me em protestos e queixumes. Quem me seduziu outrora, manda-me à merda agora.
DIA DO ÍNDIO Ontem celebrou-se, no Brasil, o Dia do Índio. A efeméride devia servir para avivarmos a consciência acerca do modo como os povos da Terra se tratam uns aos outros, e como alguns são tornados invisíveis, menosprezados, saqueados e até dizimados. Povos, culturas e idiomas extinguem-se, deixando o planeta mais pobre, para satisfazer a insaciável ganância de indivíduos sem escrúpulos, cruéis e inumanos. A nossa insensibilidade é medonha. UM CONTO... Certa vez, quatro meninos compraram, por 100 euros, o burro de um velho camponês. Este combinou entregar o animal no dia seguinte. Mas, quando eles voltaram para o levar, o idoso disse-lhes: - Sinto muito; tenho uma má notícia: o burro morreu. - Então devolva-nos o dinheiro! - Não posso, gastei-o todo. - De qualquer forma, queremos o burro. - Para que o querem? O que vão fazer com ele?! - Vamos rifá-lo. - Estão doidos?! Como vão rifar um burro morto? - Obviamente, não vamos dizer a ninguém que ele está morto. Um mês depois, o camponês encontrou novamente os quatro miúdos e perguntou-lhes: - Então, o que fizeram com o burro? - Como lhe dissemos, rifámo-lo. Vendemos 500 rifas a 2 euros cada uma e arrecadamos 1.000 euros. - E ninguém se queixou?! - Só o vencedor. Devolvemos-lhe os 2 euros, e pronto! Os quatro meninos cresceram e subiram a corda da vida a pulso: já foram políticos e hoje são comentadores nas televisões ou vice-versa. PS: ignoro a origem do conto.
AMAZÓNIA: RETRATO DO MUNDO Chamo a terreiro a visão lúcida de Miguel de Cervantes (1547-1616): “Andar por terras distantes e conversar com diversas pessoas torna os homens ponderados.” Isto altera, para melhor, o nosso olhar, a nossa consciência e sensibilidade, e dá-nos sabedoria.[1] A Amazónia é habitada por seres humanos, não por criaturas exóticas, onde podemos aprender coisas valiosas sobre a Humanidade. Ela não é uma “terra sem história” ou “à margem da história”, como assinalou o escritor Euclides da Cunha (1866-1909).[2] Quando olhamos para o que sucedeu e sucede naquelas paragens, vemos o retrato do que acontece, de maneira camuflada, no mundo. O palco é diferente, mas os crimes são iguais aos que ocorrem noutras partes. A exploração e predação da natureza, o ataque ao meio-ambiente e a destruição de idiomas e povos não conhecem freios. A barbárie da nossa civilização, sob a bandeira do progresso e até da ciência, está bem à vista, não obstante o esforço de a tornar invisível. De tudo isto resulta o convite para uma reflexão sobre a salvaguarda da Terra, sobre o modo de garantir a pluralidade étnica, cultural e linguística, a convivialidade e a melhoria da Humanidade, o destino e futuro desta. Sim, o estudo da Amazónia permite perceber um pouco mais da condição humana, a do passado e a do presente. Ele ensina como a vida surgiu e evoluiu no planeta, como as primeiras flores abriram, há milhões de anos. Revela como a civilização ocidental destrói o habitat de milhares de espécimes da fauna e da flora, e nações que nunca conheceram a miséria. Ora, sem vegetação, não há floresta; sem esta, não haverá Amazónia, e será o fim da Terra. Urge combater a desmemória, a ignorância e o preconceito. Os povos indígenas não são cognitiva ou psicologicamente imbecis ou pueris. Não inventaram a roda, nem o uso de animais como meio de tração, mas descobriram a maioria dos grãos alimentícios, hoje comercializados, e muitos produtos que vemos nas prateleiras dos supermercados. O que seria da agricultura e da alimentação, se contássemos só com sementes e tubérculos oriundos do hemisfério norte? Sem falar na biodiversidade mundial: a maior parte das espécies vive em zonas tropicais como a Amazónia.[3] Algo semelhante pode ser dito no tocante à indústria farmacêutica. Esta depende muito das fontes naturais de cura, das plantas que crescem na selva e dos animais, mesmo os pequenos e estranhos. Dissipar as brumas de tempos idos, reconhecer o legado cultural, económico e inventivo de antigas civilizações, eis o pressuposto para estabelecer o traço de união entre elas e o nosso hodierno benefício, para estimar os recursos locais e o direito dos povos a usufruir deles. No entanto, continuamos na via do extermínio. Requer-se a renovação do entendimento das sociedades alheias à norma estabelecida pela racionalidade moderna. Urge integrar, no processo geral da história, o percurso dos grupos marginalizados e periféricos. Todos merecem ter voz! Os povos indígenas acumularam experiências. Alguns não lograram desenvolver formas de sobreviver e resistir aos invasores; por isso pereceram. Valorar a sua identidade é um dever, sem cair na idílica tentação de canonizar e entronizar figuras normais, e de criar um panteão de deuses com pés de barro. A Amazónia é “reserva natural da humanidade”. Este jargão, aparentemente apostado na preservação da floresta, deve ser limpo da arrogância que encara os indígenas como primitivos e, portanto, quer substituí-los na gestão do território que lhes pertence. [1] Escrito na Pedra, Jornal Público, p. 5, 22.02.2021. [2] Márcio Souza, História da Amazónia: do período pré-colombiano aos desafios do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2019. [3] Márcio Souza, ibidem.
P’ra não dizer que não falei de poesia... e de poetas
O HOMEM-TIJUBINA & OUTRAS CIPOADAS ENTRE AS FOLHAGENS DA MALÍCIA FERNANDO BRAGA in ‘Conversas Vadias’, [Toda prosa], antologia de textos do autor
“A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) manifesta imenso pesar pelo falecimento do professor Francisco de Assis Carvalho da Silva Júnior, 35 anos, ocorrido nesta terça-feira (30). Carvalho Júnior era gestor do Centro de Ensino Gonçalves Dias, escola da rede pública estadual, localizada no município de Caxias”. O professor, ativista cultural e poeta Francisco de Assis Carvalho da Silva Júnior, ou simplesmente Carvalho Júnior, chega pela terceira vez ao ‘Panteon das Letras do Maranhão’ com este seu belo livro de poemas, edição bilíngue, cujo título nomeia este dedo de prosa. O livro é de uma feição gráfica extraordinariamente bonita, a estampar em toda a extensão da capa e contracapa, o desenho mítico do homem-tijubina, impresso em papel linha d’água, poroso como nuvem, onde levitam versos de mestre. O poeta Carvalho Júnior tem pela palavra a mesma fascinação que o lagarto tem pela solidão das pedras, como diz o nosso genial Manoel de Barros, e assim, o poeta nos apresenta este ‘homem-tijubina’, dizendo que ele “tem um paladar exigente, não digere o ovo do óbvio, somente silêncio de pássaros lhe passam pelos gorgomilhos, quando o indagam a respeito desta passagem, diz que o outro lado da vida está no verso, não tem idade, apenas caminha, às vezes, para a frente quase sempre para o fundo do poço que guarda as lágrimas dos seus ancestrais, é um composto de cortes de unhas-de-gato e incoerências”. Depois dessas “incoerências”, o poeta vai buscar Fernando Pessoa, o qual traz consigo ‘outras cipoadas entre as folhagens’ e, como se estivesse a sair do ‘Martinho da Arcada’, pondera: “talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo. E é rabo para aquém do lagarto remexidamente”, do que se aproveita Carvalho Júnior para dar subjetivamente uma boa cipoada, com estes versos magistrais: “talvez tijibunda me chamasse, / não seria com o poeta, / invisível aos olhos do homem.” Enquanto o rabo do lagarto ziguezagueia aquém dele, lagarto, este se remexe também além do rabo cortado [confesso que nos meus solilóquios gostava de ver e fazer isso em meu país de infância, cortar o rabo de osgas, ‘tarentola mauritanica’, bichinhos viventes nas paredes dos casarões de São Luís... tive remorsos por algum tempo, até quando me disseram que a natureza recompunha o rabo amputado]. Realmente, o rabo cortado continua a mover-se, motorizado pelos nervos do lagarto provisoriamente tocó, suro..., mas que logo, logo, renasce!... Vejamos o que diz o poeta Carvalho Júnior nessa outra cipoada, nestes versos magnificamente perfeitos: “única espécie de silêncio permitida na casa/ das tiranobinas: o medo. / serei birra e palavra enquanto folclores/ e fôlegos me rastejarem.” Continua o poeta caxiense a cantar entre a folhagem da malícia: “como em manhãs de domingo, / em que versos de herberto descobrem, / do quintal da infância, o portal aberto” [...] “o mundo é em chicote/ arcovertebrado em anomalias, / a cauda amputada de um calango/ achincalhando a nossa mãe”. Vejamos este poema, a formar uma oitava solta, que atende por tujibina’lma: “Das nenhumas almas que tenho/ treze têm o corpo de tijubina,/ a cabeça esfolada de pedra,/ a carne exposta ao sol da sorte./ a do que me chora em sangue/ é a mesma que em quimeras ri / quanto mais me decepam o ânimo,/ mais recomponho a tinta da teimosia”. Neste poema não existe em nenhuma de suas almas, nem mesmo nas treze restantes, um lugarcomum que se possa repreendê-lo... É a metade da consciência anímica da tijubina, é a metade do psiquê imaterial desse calango, que tem a outra metade homem para estragar o seu todo. Se a tijubina fosse somente tijubina, seria muito mais feliz, e o homem somente homem, talvez nem tanto...
Observemos durante o canto que a tijubina é prefixo na sua identidade personalíssima, e sufixo nas muitas adjetivações no processo kafkiano que tem de submeter-se, de acordo com o cenário em que opera e vive... digamos que essa tijubina tem muito de camaleão... Nessa dúvida, o poeta Carvalho Júnior foi mais adiante buscar a taxonomia científica do calango. Com a formação em Letras e o espirito apurado há tempos nas lides literárias, o poeta sabe manejar com grandeza estilística este nosso idioma em que Camões cantou, chorou e pediu esmolas; assim, Carvalho Júnior brinca de efeitos com figuras de gramática, como nesse ‘um espântano de cores’: “por mais tijuterna que seja,/ a tijubina traz tijolos tensos / e uma carabina velha no dorso./ com o movimento do rabo/ hábil, de lâmina oculta,/ ela mata com delicadeza/ as feiuras do mundo-selva,/ um ‘espântano’ de cores/ que não morre debaixo/ da casca do peito/ do homo lagartiens”... Eis aí a taxonomia científica desse calango metade homem! Aqui, Carvalho Júnior chama o poeta Paul Verlaine, para que traga à tona de nossa percepção poética estes ‘Pelos chãos da malícia pulsativa’... E o poeta francês chega a bradar alto: “Le vent de l’autre nuit a jeté bas l’amour’” [O vento da outra noite derrubou o amor.], talvez para chamar atenção de Arthur Rimbaud, enquanto o poeta deste ‘homem-tijubina’ nos brinda com este poema ‘Araruta’, fazendo provas aos maranhenses de boa cepa que esse farináceo também tem seu dia de mingau. Alegra-me dizer que estes versos de ‘Araruta’, são dignos de se ombrearem com os do tresloucado Pau Verlaine, autor de ‘Poemas saturninos’, o ‘magnum opus’ de sua poemática. Escutemos o poeta Carvalho Júnior: “Somos feitos das mesmas fomes dos nossos pais, / das mesmas lenhas que os guardaram/ do fio súbito das noites caseadeiras de exílios. / De vez em quando, ouço de longe/ a voz da lágrima do meu pai e de minha mãe. / Um quintal de ararutas nasceu dentro/ do chão cansado dos meus olhos.” Por fim, deixo com alegria nesta prosa, para fazer companhia a esse homem-tijubina, uma lagartixa ilustre que vive escondidinha desde 1853, nas páginas da ‘Lira dos Vinte Anos’, pouca conhecida por muitos, mas que aqui, a arribitar a cabeça por entre os ângulos das pedras, se faz anunciada nestes excertos pelo próprio autor, o amado e romântico poeta Álvares de Azevedo: “A lagartixa ao sol ardente vive, /e fazendo verão o corpo espicha:/o clarão dos teus olhos me dá vida, /tu és o sol e eu sou a lagartixa. /Amo-te como o vinho e como o sono, /tu és meu corpo e amoroso leito...” Assim se prova que não só de aves canoras sobrevivem os poetas, mas também de lagartixas e tijubinas! ________________
QUANDO UM POETA MORRE FRANCISCO TRIBUZI Quando um poeta morre O sol murcha de silencio As manhãs se angustiam Com suas pétalas de dor Apagam-se as fases da lua As estrelas cadentes Os faróis distantes Parte das tardes partem dos portos, No caís palpitam trêmulos lenços de amor Enlutam-se as lágrimas da chuva A ânsia das noites A melancolia das praças Os entristecidos pássaros das torres das igrejas, cantam nos cemitérios sem cor No úmido chão onde é plantada Sua alma de arminho Nasce uma rosa desbotada No cálido caminho Dos seus cabelos pálidos de pó e bolor Pela boca emudecida do poema Fugindo da morte,da vida Brota o infinito perfume da flor!
A DESORDEM DAS COISAS NATURAIS E O EXISTENCIALISMO
PAULO RODRIGUES "A desordem das coisas naturais e o existencialismo", do escritor premiado Paulo Rodrigues. (facetubes.com.br)
“O homem é antes de mais nada um projeto que se vive subjetivamente”. Sartre
Resolvi reler o livro A Desordem das Coisas Naturais (Editora Penalux, 2018) do poeta Bioque Mesito, neste domingo chuvoso de abril. São cinquenta e quatro poemas que sobem a montanha do cotidiano, exercitando a musculatura de uma sintaxe surpreendente. O poeta arranca imagens provocadoras. Transpira um tempo que fica entre “o ser e o nada”, que me faz traçar um paralelo interessante com as ideias do autor de O Existencialismo é um Humanismo. Sartre afirmou: “a vida não tem sentido algum antes e independente do fato de o homem viver; o valor da vida é o sentido que cada homem escolhe para si mesmo”. Bioque assumiu a responsabilidade de um projeto de poesia para si. E vem, com muita responsabilidade, ampliando as passadas para uma obra consistente e incendiária, no sentido mais radical da palavra, porque há um engajamento discursivo nos versos do poeta, em análise. Ele é um operário dedicado ao signo verbal, com as mãos escorrendo a reflexão existencial, as angústias da modernidade líquida e o antiespaço do poema. No primeiro texto (página 21), temos uma aproximação importante com a construção da liberdade sartreana: ESTUÁRIO poesia uma insatisfação pausa que pulsa por detrás do mundo lâmina de alta precisão contraventora de palavras fuga da minha imaginação destino que me alucina rupestre inscrição incêndio controlado em minhas mãos. Reconheço a autodescrição do nascimento da poesia. No entanto, o verso: destino que me alucina/ rupestre inscrição. Constrói um contraditório interessante com o fechamento. Na filosofia estoica, o termo latino “fatum”, que era o destino implacável aparece acima dos deuses e dos homens. A semântica é alterada, na dicção do Bioque Mesito. A imagem que encerra o poema são as mãos controlando o fazer, numa demonstração bem ao modo de Jean-Paul Sartre: “o corpo é um centro, em relação ao qual se ordenam as coisas do mundo e, por isso, constitui uma estrutura permanente que torna possível a consciência”. O poeta vai mais longe, logo sabe que a poesia é a condição máxima de consciência e de liberdade para cada pessoa. Continuando as trilhas existencialistas em A Desordem das Coisas Naturais, deparo-me na página 92, com
MÁQUINA DESORIENTADA: às vezes estou cego erro a esquina minha libido regozija em busca de precisão paro observo os andares as nuances os delírios quando ameaço conspiro gozo entre as pernas dela tristemente me despeço volto ao mesmo lugar Bioque tem coragem de assumir a poesia do corpo. A liberdade máxima do corpo como se rasgasse a roupa em praça pública: “quando ameaço conspiro/ gozo entre as pernas dela/ tristemente me despeço/ volto ao mesmo lugar”. Sartre nos revela também: “o corpo é por conseguinte, tanto a condição da consciência como a consciência do mundo, quanto fundamento da consciência enquanto liberdade”. Este voltar ao mesmo lugar, é de alguma forma, retornar ao escuro da caverna, numa punição social tão bem exposta na análise da sociabilidade burguesa de Michel Foucault. E para encerrar este mergulho no drama da existência, o poema ANTI (página 34): às vezes o tempo alucina parte de minhas vértebras conheço mais beijos selvagens que suaves segredos a noite pousa na braguilha das fêmeas famintas só há um norte para libido um pássaro que não quer partir do rigoroso inverno me compreende mais que tudo às vezes uma pausa me basta O poema busca uma antítese para abrir a ferida e a angústia. A realidade nunca é simplesmente idealizada em Bioque Mesito. Embora, tenha muita consciência ao trabalhar a imagem como percebemos nos versos: “um pássaro que não quer partir/ do rigoroso inverno/ me compreende mais que tudo/ às vezes uma pausa me basta”. Além do mais trabalha a noção de liberdade como uma decisão poética e opõe-se ao quietismo como o filósofo que defendeu a união entre humanismo, liberdade e responsabilidade social. -------------------------------------TEXTO: PAULO RODRIGUES – Professor de literatura, poeta, escritor e autor de O Abrigo de Orfeu (Editora Penalux, 2017); Escombros de Ninguém (Editora Penalux, 2018). Ganhou o prêmio Álvares de Azevedo da UBE/RJ em 2019, com o livro Uma Interpretação para São Gregório. Venceu o Prêmio Literatura e Fechadura de São Paulo em 2020, com o livro inédito CINELÂNDIA. É membro da Academia Poética Brasileira. •
ADRIANA GAMA DE ARAÚJO,
natural de São Luís, Maranhão, é poeta, editora e historiadora. Mestre em História pela UFRN. Professora da Rede Pública Estadual e Municipal. Vencedora, em 2017, do III Festival Poeme-se de Poesia Falada. Publicou, em 2018, pela Editora Penalux, seu primeiro livro de poesia, Mural de Nuvens para Dias de Chuva. Publicou, em 2019, seu mais recente livro de poemas, TRaNSiTo, pela Olho D'água Edições. Participou da antologia Babaçu Lâmina – 39 poemas. Org. Carvalho Junior, em 2019. Tem poemas publicados na Variações – Revista de Literatura Contemporânea, Revista Revestrés, Mallarmargens – Revista de poesia e arte contemporânea, Revista Caliban e Germina, todas em formato digital.
Mural de Nuvens Para Dias De Chuva Por meio de seus experimentos táteis, quase performance, a poeta Adriana Gama de Araújo incorpora um renascimento simbólico para pequenos objetos, miudezas, acúmulos, misturados, amalgamados ao corpo, criando uma silhueta reversa impressionante de tantas formas que testemunham uma experiência poderosamente vulnerável, livre e intuitiva de escrita. Corpo estranho. Por Adriana Gama de Araújo | by Ed Caliban | Feb, 2021 | Revista Caliban
VOYEURISMO o gato comeu a borboleta bem na minha frente por um instante eu os vi reinando absolutos no incompreensível território da fome. *
BAR CENTRAL dentro da caixa ficou o postal com a imagem do bimotor em preto e branco vendido aos clientes a noite que começou antes atravessou a pé as pontes até santo amaro centro do mundo sobre o postal plana o cheiro enfumaçado de motor que pifa em pleno ar lembro do susto a queda sobre a cidade corpos pesados de paixão uma catástrofe. *
PARA PINTAR UM AMOR IMPOSSÍVEL uma pá de cal não é suficiente. *
CORPO ESTRANHO nesta casa cabe uma família eu não tem um quadro que ocupa muito espaço sua moldura de cabelos curtos vento na nuca um poema de schwitters uma flor carícia de gato um arrepio eu não sobra uma pergunta uma porta sem fechadura um coração antigo eu não. *
AMOR eu mudo de lugar e acompanho a incidência da luz nos teus cabelos
prefiro morrer ou que saibas? tu e tuas asas imantadas atraindo meu corpo inteiro ferro em brasa estou muito perto de ti sentes uma ânsia silenciosa no teu encalço? homem dos fios e rastros quando eu for palavra direi como a guerra parece contigo. *
EXTRAVIO para Lilith no quadro de Anselm Kiefer te dou meus olhos acaso não consigas ver que roubaram o vestido da menina que sorria jogaram terra no vestido e saíram correndo ficou para trás um grande buraco no céu a menina nua grita aos que passam seríssimos — olha ali meu vestido no varal do povo de deus! *
MIUDEZA um astronauta lírico contou que da lua ninguém vê a muralha da china uma artesã circense gosta de coisas miúdas porque combate a miopia de longe, muralha é montanha e qualquer cidade, vazia no dialeto humano a olho nu é quase dentro daquilo que significa. *
TEMPO a noite nunca se deitou sobre aquele lago a eternidade: uma deformação da existência e ainda estou lá com minhas raízes entre os pássaros. *
AUSÊNCIA a ausência não tem vocação para relógio é um algo mais delicado que envolve os corpos vivos ou inanimados na lastimável compreensão das horas um lençol cobrindo os móveis da sala impondo o estático impedindo o sujo e os rasgos do tempo que não deve ser gasto – a ausência é o destino com os dois pés quebrados – é a fé sem oração toda palavra em vão é um poço sem água nada se move, evapora ou passa tudo demora infinitamente debaixo da dor que te esmaga. *
ABRIL OU O TEMPO É UMA FALÁCIA a porta o peito as pernas a boca o guarda-roupa nada mais cabia nada mais passava nada mais se pendurava só a folhinha amarela mofada tudo parado estreito vazio nada mais abril nada mais passava.
PINHEIRO E MINHAS LEMBRANÇAS. Parte I. AYMORÉ ALVIM APLAC, AMM, ALL.
Eu de vez em quando Vou à minha terra Lembrar um pouquinho Do que lá vivi. São doces lembranças De anos distantes Que inda quisera Voltar a sentir. Quando eu me aproximo Dos seus verdes campos Me vem a saudade De quando parti. Por isso é difícil Por mais que me custe, Cidade querida, Não vir mais aqui. As torres da Igreja Que vejo distantes Me trazem lembranças Gostosas dalí. Quando coroinha Ajudando nas missas Tocando os sinos Chamando pra ti. O carro avança Aumentam as lembranças De quando moleque Que guardo de ti. Ao longe Outra torre De telefonia Indica o progresso Que veio para ti. Eu chego mais perto E fico abismado E enciumado Por causa de ti. Tu eras só minha, Nos tempos passados, Mas hoje te vejo Distante de mim. Já não me conheces Nem te lembras mais Do filho traquinas De Inez e Zéalvim Brincando nas ruas, Jogando na praça Quebrando vidraças Pra se divertir.
4 POEMAS DE CARVALHO JUNIOR Demetrios Galvão | 7 de fevereiro de 2020 | Poesia
Carvalho Junior (Francisco de Assis Carvalho da Silva Junior, Caxias/MA, 1985). Professor, ativista cultural, gestor público e poeta brasileiro. Vencedor do Troféu Nauro Machado no I Festival Maranhense de Conto e Poesia (Universidade Estadual do Maranhão, 2015). Publicou os livros de poemas Mulheres de Carvalho (Café & Lápis, São Luís, 2011), A Rua do Sol e da Lua (Scortecci, São Paulo, 2013), Dança dos dísticos (Editora Patuá, São Paulo, 2014), No alto da ladeira de pedra (Editora Patuá, São Paulo, 2017) e O homem-tijubina & outras cipoadas entre as folhagens da malícia (Editora Patuá, São Paulo, 2019). Organizou a antologia Babaçu Lâmina – 39 poemas (Editora Patuá, São Paulo, 2019). Membro da Academia Caxiense de Letras e da ASLEAMA, pesquisa vida e obra do poeta Déo Silva. Realiza, com algumas parcerias, o sarau/encontro de poesia Na Pele da Palavra e faz parte do coletivo de autores Academia Fantaxma. Participou com o poema Abrigos da Exposição POESIA AGORA (Itaú Cultural, Rio de Janeiro, 2017). Foi o curador da Exposição SEMENTES DE POESIA, em Caxias/MA, no espaço do Caxias Shopping Center (2018). Edita a página de poesia Quatetê. Tem poemas publicados em jornais, antologias literárias e revistas tanto do Brasil como do exterior. Pífaro evita o salto suicida de Safo, não a minha sombra morta dentro do papiro-capemba, na manhã grave ferida de faca e ferrugem, a flauta do índio no meio do rio.
: funda o pífaro de taboca de um gamela treze aldeias de sopro e milagre nos co(r)pos de flores que saram os acessos de flechas nos meus calcanhares. Araruta somos feitos das mesmas fomes dos nossos pais, das mesmas lenhas que os guardaram do frio súbito das noites caseadeiras de exílios. de vez em quando, ouço de longe a voz da lágrima do meu pai e de minha mãe. um quintal de ararutas nasce dentro do chão cansado dos meus olhos. Grafite para teo adorno a utopia escala o morro e salta da asa de um sabiá morto sobre a gravidade redesenhada por um menino lápis de luz. Gato-do-Mato não se domestica um poeta. o poeta é um gato-do-mato perseguindo a cauda do vento selvagem.
CARVALHO JÚNIOR
Maranhense da cidade de Caxias, conterrâneo de Gonçalves Dias e Salgado Maranhão, o professor e poeta Francisco de Assis Carvalho da Silva Junior, vencedor do Troféu Nauro Machado no I Festival Maranhense de Conto e Poesia (FESTMACPO) promovido pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), publicou os livros de poemas "Mulheres de Carvalho" (Café & Lápis, São Luís, 2011), "A Rua do Sol e da Lua" (Scortecci, São Paulo, 2013), "Dança dos dísticos" (Editora Patuá, São Paulo, 2014) e "No alto da ladeira de pedra" (Editora Patuá, São Paulo, 2014). Membro da Academia Caxiense de Letras (ACL) e da Academia Sertaneja de Letras, Educação e Artes do Maranhão (ASLEAMA), é um dos organizadores do "Encontro de Poesia Na Pele da Palavra" e faz parte do coletivo de autores alternativos "Academia Fantaxma". Tem poemas publicados em antologias e revistas literárias nacionais.
JUNIOR, Carvalho. No alto da ladeira de pedra. São Paulo: Patuá, 2017. 84 p. 14x21 cm. Ilustração, capa: Leonardo Mathias. Editor: Eduardo Lacerda. Edição de 100 exs. ISBN 978-85-8297-382-0 Ex. bibl. Antonio Miranda
A dança mística das sementes vermelhas no meio-fio da vida
para tomar no cuspe da índia o segredo dos assobios dos pássaros das cercas de enganos da infância. para me juntar ao abandono dos umbigos dos riachos mortos. para correr nu pelos paralelepípedos da rua Santa Cruz em finais de semana de solidão chuvosa. para ouvir tua bolsa pele de serpente bárbara declamando Shakespeare e destelhando a abóbada celeste na explosão de orgasmos. para me esticar na grama que acolhe os alfabetos sentimentais das minhas origens. para rasgar nas unhas do arame os calos de sangue dos pés dos meus fantasmas. para me desconhecer e me matar quanto possa da companhia dos punhetas incrédulos sem fome de travessia. escrevo para ver meus abismos se equilibrando na dança mística das sementes vermelhas no meio-fio da vida na volta para o ninho invisível.
Na cabeça do mundo quero desabar sobre a cabeça do mundo, explodir meus fracassos no cotovelo do abandono. quero desabar sobre a cabeça do mundo, ficar ao lado daquele cavalo morto na entrada da cidade. quero desabar sobre a cabeça do mundo, fundar doze novos tristes jardins no seio da silenciosfera. quero desabar sobre a cabeça do mundo, gozar no íntimo de uma folha de palmeira da língua vermelha. quero desabar sobre a cabeça do mundo, festejar a pedra, a queda, a ferida e a utopia.
Na língua do luar na arapuca do teu sexo, cavalgo entre unhas-de-gato. a pele rasga, explode e grita! os espinhos me adentram o corpo, batizam com sangue, suor e uivos — na língua do luar — esse desejo inflamado e intamanhável. na travessia dos maranhões de silêncios, com os pés assentados sobre a grama invisível do abismo, meu cavalo bebe em teu umbigo o mergulho ígneo-musical-dançante no rio do delírio e do gozo.
No relevo indigno da minha lápide se eu tenho um chão desses para os quais se inventam hinos e outras pompas de maldizer, fica abaixo da cintura de uma flor de cemitério dos entrenós feridos em que as borboletas acrobatas se distraem nas manhãs de visita aos mortos desconhecidos. quando a caçula da família destroça a cabeça do último bailarino sem sombra e rasga com vidro sujo de sangue o corpo sem tinta da flor, lê no relevo indigno da minha lápide: nunca nasceu tal como a sua pátria.
O rio e eu uma folha duma árvore qualquer dançava na corrente de águas, flutuávamos o rio e eu um no silêncio do outro, até o instante em que mergulhamos num voo de segredos dos silvos dum pássaro de nome não revelado.
No alto da ladeira de pedra cadeira, óculos, agulha... no alto da ladeira de pedra, vô Quirola remenda as redes de pesca. enganchos e tarrafas do tempo, saudade é linha que me abrange. não me desprendo do pé de amêndoa, campo-santo dos meus ascendentes. dormem aqui os peixes nas cabaças, os pés de puerícia, o balé das petecas... todos os meus cavalos de palha.
cadeira, óculos, agulha... no alto da ladeira da pedra, vô Quirola remenda as redes de pesca. enganchos e tarrafas do tempo, saudade é linha que me abrange. não me desprendo do pé de amêndoa, campo-santo dos meus ascendentes. dormem aqui os peixes nas cabeças, nos pés de puerícia, o balé das petecas... todos os meus cavalos de palha.
Página publicada em junho de 2017; ampliada em julho de 2017
Como escreve Carvalho Junior Carvalho Junior é professor e poeta, natural de Caxias-MA, autor de “O homem-tijubina & outras cipoadas entre as folhagens da malícia” (Patuá, 2019).
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal? Pela manhã, meus olhos de jacaré ainda estão se esticando e se afiando para o íntegro do dia. Não fossem as obrigações do trabalho de professor e de gestor escolar, minhas manhãs seriam para dormir um pouco mais. A noite é o período do dia em que dou de comer aos meus delírios, por isso, geralmente, durmo tarde e tenho dificuldades para acordar cedo. Quando estou livre, em casa, num dia de feriado ou final de semana, por exemplo, as manhãs são para leitura, para deitar na rede com as minhas filhas, para estar junto da família e dos amigos. Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita? A palavra é o meu vício interturno, mas creio que, de alguma forma, como disse antes, a minha produção acontece melhor à noite, período em que descanso nos braços da poesia, quando as minhas revoltas e angústias viram sonho. É à noite que sou bêbado, criança, malabarista, jogador de relancinho, pescador de estrelas silentes… tudo ao mesmo tempo, como uma espécie de Vítor Gonçalves Neto, o “cronista maldito”, que dizia, espirituosamente, ter tido “duzentas e dezessete profissões, inclusive duas honestas”. (risos) Procuro ser exigente com o que escrevo, em permanente postura de autocrítica, mas não sigo rituais, um caminho que seja sempre o mesmo. Isso não significa que meu entendimento seja contrário ao essencial exercício de repetir, de sangrar o dedo, de deitar-rolar com as palavras na luta que “prossegue nas ruas do sono”, como diz Drummond, mas penso que a preparação para a atividade de escrita tem um modo de operação prático: enfiar o nariz nas páginas dos livros e da vida. Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária? Embora seja como todos os poetas um viciado, um doente, um sofredor do mal incurável da poesia, esta que é ao mesmo tempo pedra que esfola a pele e alívio/curativo, não consigo escrever todos os dias. Imagino que de tudo quanto o poeta se desconcentra há uma concentração do lado do avesso. O poeta fica períodos sem escrever uma linha que seja, mas não deixa de ter relações íntimas com a palavra. Minha escrita é hoje mais lenta e sem esses cadeados do tempo crono(i)lógico. Minha meta, se tenho alguma, é superar a mim mesmo de uma produção para outra. Se tenho conseguido isso ou não, é um trabalho para os leitores e críticos, tão fáceis de encontrar como unicórnios no quintal. O poeta muito afeito a metas, a datas, a uma matemática inflexível, mais exata do que a exatidão, sem um vírus de desconserto, dá uma impressão que se alinha com aquela descrição, feita pelo Quintana, de um poeta à imagem e semelhança de uma “galinha carimbando ovos”. Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita? A pesquisa, nas suas variadas ramificações, faz parte da natureza do poeta. É da sua essência a desconfiança e a curiosidade. Vive de olhos-ouvidos-qualquer-coisa-além-corpo muito acesa, antenada com o que se passa em direções várias. O parto de um poema é muito misterioso, mas no meu processo de escrita geralmente anoto no papel (preferencialmente à lápis) ou faço gravações de voz que depois se desenvolvem, ganhando substância mais encorpada. A poesia cutuca sem hora marcada. Começar ou terminar, fácil ou difícil, eu trago outra vez Quintana para nos iluminar com seu pensamento. Diz-nos ele que “O poema só termina por acidente de publicação ou morte do poeta”. Eu penso muito em poesia, quase que obsessivamente. Às vezes, é meio desesperador não ter um lápis à mão quando temos aqueles estalos, ideias momentâneas que a impressão de as perder é como uma morte, no entanto e no geral, a minha escrita ocorre dentro desse processo que alia pesquisa/leitura com a experiência/vida, sendo que esta última é o grande tutano da coisa. Escrever é o caminho sôfrego para o prazer da minha caixinha-vermelha-bombeadora-desangue e de tudo que pulsa em mim. Aproveitando o pensamento do poeta Luís Augusto Cassas, tento dar um corpo a um poema ou livro meu na busca de que ele tenha “cabeça, tronco, membros e alma”. Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos? Como hoje escrevo mais lento, mastigando muito o verso dentro dos engenhos do coração, lido bem, ou pelo menos melhor que antes, com esses sentimentos. Procuro amadurecer um livro, um próximo projeto, leve o tempo que levar. Vou escrevendo e cismando bastante, conduzido pelo desejo de chegar ao corpo de uma nova obra. Dedico-me a um projeto com esmero, cuidando de cada detalhe, até que chegue ao ponto de soltar no bico do vento e dos pássaros para que todos possam ler. Venho buscando, sobretudo, não me repetir nesse processo, mesmo que um trabalho seja uma espécie de aprofundamento do outro, como percebo de alguma forma, a relação entre os meus dois últimos livros “No alto da ladeira de pedra” (2017) e
“O homem-tijubina & outras cipoadas entre as folhagens da malícia” (2019), ambos publicados pela Editora Patuá. A crítica é sempre bem-vinda. Costumo dizer que nada educa mais um poeta do que um cascudo, um cocorote, um golpe de dedos se arrastando na cabeça em sentido contrário ao do penteado do topete. Longo é o tempo e sua cauda feita de pitocos de rabo de tijubina, os meus projetos são trabalhados sem esses balizamentos e cobranças de relógio. Ansiedade eu tenho como qualquer ser humano, mas no aspecto literário, sinto-me, hoje, mais maduro para trabalhar com isso. Eu quase me precipitei com o livro “No alto da ladeira de pedra”, uma boa conversa com o poeta José Inácio Vieira de Melo me fez rever certos pontos e trabalhar melhor o livro. Ele me chamou a atenção para uma referência muito direta a Manoel de Barros no título que eu pretendia “Desfronteiras do inconhecido”. Embora a minha intenção com a inversão de afixos naquele título fosse sugerir o ato sexual, da famosa posição do 69, eu revi todo o projeto e entendo que “pelo chá de gaveta” dado ao livro, segundo o conselho do José Inácio, fez a flor da publicação crescer e nascer em estação apropriada. Estou com o Antonio Carlos Secchin quando diz que escrever é, antes de tudo, ouvir. Mesmo com a minha teimosia característica (entendo-a como muito necessária), procuro sempre exercitar o ouvido, é o que chamamos de assuntar nos sertões da convivência humana. O poeta deve ter orelhas grandes, maiores e mais afinadas do que a de um jumento. (risos) Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los? A releitura nos mostra os excessos e nos encaminha para os ajustes de texto. Sou filho de um açougueiro e de uma costureira, foi deles que, certamente, herdei alguma habilidade no corte das carnes e tecidos da palavra. Há alguns poucos amigos poetas com quem divido muito meus poemas no seu processo de costura. O poeta Antonio Sodré é quem eu mais aperreio, com quem mais divido as angústias, pela crítica muito sincera que ele faz. Assim sendo, o olhar do outro é por onde nos vemos além do espelho umbilical. Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador? Eu utilizo bastante as mídias sociais em um trabalho de divulgação. No processo de escrita, quase nunca produzo direto no computador. A semente do texto vem de mais longe, então geralmente faço minhas anotações, à lápis de preferência, como disse antes, sendo na tela do computador onde decido mais as questões de estética, de disposição espacial. Os meus partos de poema são, geralmente, do tipo “normal”, feitos com as mãos operando a folha de papel. Sobre essa relação com a folha em branco, digo em poema do livro de estreia “adoro pegar a branquinha por trás,/ e, com meu lápis sedento,/ enfiar no seu verso,/ todo o meu sentimento”. A perfeita posição para escrever uma peça versificada. (risos) De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo? As ideias nascem das leituras de livros e de mundo, das conversas e provocações que geram ecos entortadores na gente, dos “espantos” como defendia Gullar, das topadas nas calçadas da vida… Diria que minha criatividade vem da minha postura de cultivo contínuo de cismas, de estar sempre desconfiado e inconformado, tal como a imagem que o poeta Bioque Mesito pinta com o grafite de alguém que tenta controlar “um incêndio nas mãos”. Lendo livros, pessoas e o mundo, bem como atentando, o quanto posso e consigo, aos movimentos da existência, é assim que me alimento das malícias para mergulhar no rio das palavras. O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos? Sinto-me mais maduro hoje, de passo mais afirmado, sem medo da lama ou dos animais venenosos da estrada. Minha escrita, por algum tempo, utilizou-se muito do recurso de jogos de palavras, por eu ter uma mente propensa, de alguma forma, ao trocadilho. Procurei lapidar isso, aproveitando as minhas melhores características, usando, todavia, a faca do açougue do meu pai na eliminação das peles excessivas. Em um exercício autocrítico, percebo na minha produção essa virada ascendente, superando alguns traços e mantendo aquilo que imagino ter força em mim como o humor, a ironia, certo erotismo, a memória… Se eu voltasse no tempo não mudaria nada, mesmo achando que os escritos iniciais são mais pobres, mas os defeitos deles, quando percebemos logo ali ou aqui na frente, empurram a gente com uma força propulsora que só nos fortalece. Os textos primeiros têm o ímpeto e a verdade deles. Como diz a Ana Miranda, a gente precisa errar, também, na literatura. Eu me dedico e me entrego à poesia, não saberia viver sem ela. Iluminame a poesia do Antonio Machado quando diz que “o caminho se faz ao caminhar”. O meu olhar, ainda que preserve um forte traço saudosista (acho que tudo que escrevo se resume em lágrima e saudade), é voltado para os territórios do porvir. Quando estou dentro do corpo da palavra, sou uma espécie de índio-hippie-
cigano-ciborgue que brinca de cavalo-de-palha ou nas asas de uma folha que se desprende do alto de uma palmeira dos meus chãos originais. Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe? Eu pretendo retomar vários projetos parados. Já organizei cadernos de poesia, exposição, encontros literários, entre outras danações, e quero voltar a fazer isso tudo, porque meu espírito se alimenta nessas eletricidades e movimentos. A poesia reunida do Déo Silva, importante poeta brasileiro, filho do Maranhão, é o livro que ainda não existe que quero ver, ler e dividir com o mundo em breve. Já encontrei abertura com o editor Bruno Azevedo para lançar esse trabalho que assumi a organização pelo selo Pitomba. Déo nos diz que “A palavra, em verdade, é funda em si mesma. Raso, contudo, é o nosso poder de entendê-la”. Bonito isso, não? Tão como isso de querer o que ainda não existe. O chileno Huidobro nos diz que “O poeta é um pequeno deus”, assim sendo, eu quero tanto de mim como do outro, esse elemento invisível até então inexistente, aquilo que está sendo gestado no pensamento de uma criança talvez, no sorriso das minhas filhas. Isso me traz a ideia de sonho e este é que nos dá o tamanho como versa o intamanhável Fernando Pessoa.
Ao dar início a um novo projeto, você planeja tudo antes ou apenas deixa fluir? Qual o mais difícil, escrever a primeira ou a última frase? No processo de escrita de um livro, tento amansar e colocar no papel o que antes era apenas uma ideia. Eu só conheço a escrita planejada, disciplinada, com muito exercício. O “deixar fluir” se desenha, para mim, como um “deixar escapar”. Entro no ringue para tentar enchiqueirar palavras e colocá-las dentro da minha cerca de enganos, dos cercados dos sertões que invento debaixo dos meus tecidos epiteliais. A gente vai mastigando o verso dentro dos céus e infernos da boca (do estômago). Às vezes, é preciso parar, caminhar, dizer o já escrito em voz alta para ver se ecoa e ajuda a desenrolar a continuação do texto. Não sei dizer, com precisão, o que é mais fácil, o início ou o fechamento do texto, até porque eu escrevo, sobretudo, poemas, e cada poema tem sua história, seu parto único, seus milagres de nascimento. Eu sou um praticante obsessivo do verso. Sou um autodeclarado versicultor com incuráveis defeitos de fábrica. Estou trabalhando
em um livro novo, já tendo escrito o canto inicial. Não sei quanto tempo levará essa escrita, mas todos os dias penso nesse projeto. Faço as minhas leituras, outros exercícios não ligados a esse projeto em específico e, quando sento, vou tentando acrescentar mais peças no corpo desse Frankenstein lírico. Quando eu tiver a visualização do corpo do livro, o trabalho consistirá em soprar nas narinas do meu monstro de barro-louça, porque como diz o Huidobro “o poeta é um pequeno deus”. Como você organiza sua semana de trabalho? Você prefere ter vários projetos acontecendo ao mesmo tempo? Eu costumo trabalhar, na produção literária, à noite. Sinto-me mais fértil, provocado pelas situações lidas/vividas durante o dia. Se eu não tiver estourado de cansaço, quase que todos os dias escrevo. Não tenho um segredo de organização. Eu como-bebo-durmo-estouro palavra. Presto muita atenção às falas, tenho um ouvido e o corpo aparelhado para o assuntamento palavrilhoso da vida e seus fenômenos. Sim, eu gosto de ter vários projetos ocorrendo simultaneamente. Essas diferentes explosões, concomitantes, de alguma forma, me favorecem. Acho que combinam com meu espírito inquieto, elétrico, um tanto quanto hiperativo no sentido da criação. Trabalho, no momento, pelo menos dois projetos, um livro de pesquisa sobre um poeta do Maranhão (Déo Silva) e um novo álbum de poemas. O que motiva você como escritor? Você lembra do momento em que decidiu se dedicar à escrita? O que me motiva a seguir na luta é o próprio exercício literário que me é uma necessidade vital. A literatura me entortou e não sei caminhar de outro jeito que não seja assim com esse passo manco, mas que me preenche os rios de dentro, dá um prazer que é difícil de traduzir em palavra. Sou muito motivado, também, pelos retornos que tenho tido no meu trajeto de lutas até aqui. A poesia fez meu nome andar à frente de mim, o nome à frente do homem. A poesia já me deu até emprego, pelo respeito que minha cidade e estado passaram a me dar. Embora o título de poeta seja muito pesado, as pessoas na rua me cumprimentam por essa bendita/maldita alcunha. Escrevo desde a infância, era a minha forma de enfrentar a pobreza. Se não podia dar presentes materiais aos meus familiares, ofertava-lhes palavras em cartinhas em que derramava a minha afetividade. A partir dos catorze anos, pela época do meu Ensino Médio, comecei a maturar essa sensibilidade. Sempre tive professores que me incentivaram, a escola tendo sido de fato um lar que me abrigou e desenvolveu os sonhos. Na primeira série do Ensino Médio, na escola estadual M.M.D.C, no bairro paulistano da Mooca, tive contato com o professor Demétrius, o qual era brilhante e me ensinou sobre a figurativização da linguagem como ninguém. Eu me destacava nas aulas dele, sempre com a presença da literatura, e lembro-me, vivamente, de suas falas em que dizia e anotava nos meus exames: “Brilhou, Francisco”. Um eufemismo, por exemplo, ele ensinava que essa figura de linguagem representa uma “desgraça perfumada”. Eu tive a sorte de ter grandes mestres na escola e para além dela, muitos personagens que me empurraram para os braços da poesia. Que dificuldades você encontrou para desenvolver um estilo próprio? Algum autor influenciou você mais do que outros? Olha… um velhinho safado da literatura brasileira foi um dos meus melhores mestres, eu o estudei muito e quando o lia parece que conversávamos no quintal de casa. O velhinho safado, muito amado, de que falo é o “menino azul” – Mario Quintana. Este gaúcho porrada de lindeza fala do estilo como uma deficiência, porque aí o autor se acomoda a um modo de dizer, pode se perder num ciclo de reprodução da mesmice. Dos autores que estariam dentro disso a que chamam de influência, o Quintana fala de confluências e da procura da voz que o verdadeiro poeta busca. O Mario é muito marcante para mim, talvez um tanto mais que outros tantos mestres da literatura no mundo, porque pensou muito o próprio fazer literário e me alinho com o deboche/sarcasmo que ele apresentava muitas vezes na sua poesia. Em vez de estilo, prefiro pensar em marcas de escrita que estão abertas a novas experimentações. O autor insatisfeito (essa insatisfação é necessária) não está preocupado com o desenvolvimento desse tal estilo próprio que pode representar a repetição de si mesmo e a previsibilidade para o leitor. Uma das marcas da minha escrita, que eu mesmo percebo, porque é uma busca, é a persistência no traço da memória. Há certo mergulho na linha da saudade, mas que tenta exercitar uma linguagem não passadista. O crítico Ricardo Leão observou algo muito interessante na minha produção que é a busca pelo desenvolvimento de um projeto literário que se desenovela no conjunto dos meus livros, isso ficando mais claro nos dois últimos livros publicados “No alto da ladeira de pedra” (2017) e “O homem-tijubina & outras cipoadas entre as folhagens da malícia” (2019). Você poderia recomendar três livros aos seus leitores, destacando o que mais gosta em cada um deles? Indico o livro “Babaçu Lâmina – 39 poemas” (Patuá, 2019), uma antologia que organizei com a participação de quase quatro dezenas de poetas, sendo estes ligados aos estados do Maranhão, Piauí, Pará e Bahia. Gosto muito porque há no volume a reunião de excelentes poetas do norte/nordeste (o que chega a ser redundante)
e me foi dada a oportunidade de reunir esse timaço de homens e mulheres da palavra em um livro que muito enriquece o meu currículo literário. Outro livro que indico aos meus leitores é de autoria da poeta Clarissa Macedo, “O nome do mapa e outros mitos de um tempo chamado aflição” (Ofícios Terrestres, 2019), que se constitui um livro potente e necessário, revelador da voz de uma das melhores poetas brasileiras dos dias de hoje. Outro livro que indico foi gestado aqui no Maranhão por uma bela editora que nasce, que é a Olho D’água Edições, e apresenta uma poeta em que se deve prestar muita atenção, estou falando do precioso álbum artesanal “Transito” (2019), que traz a poesia de Adriana Gama de Araújo. Esta poeta diz belezas/potências como esta: “a vida inteira escrevo/ o mesmo poema/ com os ruídos e silêncios/ de uma floresta noturna”. * Entrevista publicada originalmente em 22 de março de 2020, no comoeuescrevo.com (@comoeuescrevo).
CLAUDIO DANIEL: SETE POEMAS DE CARVALHO JUNIOR Apesar de retratarem a paisagem natural do Maranhão e memórias de infância e juventude, os poemas de Carvalho Junior adquirem uma singular universalidade por Claudio Daniel Publicado 03/08/2020 01:25 | Editado 03/08/2020 01:26
Poeta que desenvolveu a sua própria mitologia pessoal e dotado de voz poética única, o maranhense Carvalho Junior revela em seus poemas um vocabulário em que sobressaem os nomes de flores, plantas, peixes, frutas, brincadeiras e instrumentos de trabalho próprios do Nordeste brasileiro, como os toás, o juritipupu, o quibano, o urutau, mesclados a arcaísmos e neologismos. Toda essa riqueza semântica cria uma dimensão sonora e plástica inconfundível. Apesar de seus poemas retratarem a paisagem natural do Maranhão e memórias de infância e juventude, eles adquirem uma singular universalidade, por traduzirem sensações, ideias e experiências próprias da travessia do ser humano que vive em um universo em constante mutação, com toda a sua crueldade e beleza. Carvalho Junior (sim, sem acento mesmo!) publicou cinco livros de poesia, sendo os mais recentes: No Alto da Ladeira de Pedra (2017) e O Homem-Tijubina & Outras Cipoadas Entre as Folhagens da Malícia (2019), ambos publicados pela editora Patuá. Tem poemas publicados em jornais, antologias e
revistas literárias do Brasil e do exterior e edita a página de poesia Quatetê. Vamos conhecer agora alguns de seus poemas. * LÂMINA E LIAME A casca deste chão é o umbigo da minha voz. Do trançado das folhas de palmeira a substância da rosa de Celso Antônio: os meus 24 centímetros de porrete de homem negro brasileiro. A alma cacunda das ladeiras, o uivo da lâmina do machado, os impulsos da mão de pilão, a quebradeira e seus aleijos, o sopro-enigma da juriti-pupu, o cascudo debaixo da pedra .* * * Daí o caroço da funda lágrima, o gongo da infância em fogo-sezão. * RISCO cuidado com as unhas dos meus monstros! mato-te, ainda, com uma pétala de afeto. * PROTEÇÃO Proibida a entrada em meu lar-poema : sem um lápis de, pelo menos, três fundas camadas. * A OUTRA MARGEM sou dessas sementes desacreditadas que o vento rouba das cercas da morte e lança na outra margem do rio pelo milagre do bico do pássaro. * GATO-DO-MATO não se domestica um poeta. o poeta é um gato-do-mato perseguindo a cauda do vento selvagem. * LUNA no quibano do olho, cangula a noite a negra lua.
salteia e dança em meus escuros : a cangulua. Quibano: s.m. B N. m.q. QUIBANDO. espécie de peneira feita de palha grossa, us. para sengar grãos. (Dicionário Houaiss) * CAMPO-SANTO é sombra de quintal e silêncio a pedra que me cobre inteiro. o canto de um choró-boi garganteia a despedida, na minha cruz de pau, flor arrancada dos dedos de um ancestral jenipapeiro. TAGS CARVALHO JUNIOR, CLAUDIO DANIEL, MARANHÃO,, POEMAS, POESIA, PROSA, POESIA E ARTE AUTOR Claudio Daniel Poeta, tradutor e ensaísta, é formado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero, com mestrado e doutorado em Literatura Portuguesa pela USP, além de pós-doutorado em Teoria Literária pela UFMG. É colaborador do Prosa, Poesia e Arte.
9 DE JULHO DE 2018 LITERATURA, POESIA, RUÍDO
Poemas de Carvalho Junior Carvalho Junior. Maranhense da cidade de Caxias, o professor e poeta Francisco de Assis Carvalho da Silva Junior, vencedor do Troféu Nauro Machado no I Festival Maranhense de Conto e Poesia (FESTMACPO) promovido pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), publicou os livros de poemas Mulheres de Carvalho (Café & Lápis, São Luís, 2011), A Rua do Sol e da Lua (Scortecci, São Paulo, 2013), Dança dos dísticos (Editora Patuá, São Paulo, 2014) e No alto da ladeira de pedra (Editora Patuá, São Paulo, 2017). Membro da Academia Caxiense de Letras (ACL), é um dos organizadores do Encontro de Poesia Na Pele da Palavra e faz parte do coletivo de autores alternativos Academia
Fantaxma. Edita a página de poesia QUATETÊ. Tem poemas publicados em jornais, revistas e antologias literárias nacionais.
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Suicídio matei-me com a corda que não pulei na infância.
Machadadas me fortaleço nesses silêncios que gemem como um porco antes do machado na cabeça.
Chorar-te lágrima é eufemismo da dor, caco de vidro é chorar pra dentro.
Itapecuru a pedra na garganta do rio não dói no silêncio dos meninos de piscina.
Sobrevivência a cidade caga no rio e ele resiste lavando a pele no cuspe dos peixes.
Taça de absinto a solidão é uma taça de absinto em goles tomados do avesso. TERMOS: Carvalho Junior, Convidados, Poemas SHARE:
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Ângela Coradini Ângela Coradini é poeta e editora na Ruído Manifesto. Comunicadora com Doutorado em Cultura Contemporânea, atua como roteirista e pesquisa filmes e séries com temáticas de futuridade e fantasmagoria. É autora do livro "Imagens-espectro de futuridades no Amplo Presente", (EdUFMT), e do livro de poesias "Já não podem ser amanhã..." (Carlini e Caniato). angelacoradini@gmail.com
A RUA DO SOL E DA LUA / Carvalho Junior A obra literária A Rua do Sol e da Lua é de grande conhecimento poético e de imenso valor sentimental que apaixonará as gerações futuras da sociedade humana. O encontro dos astros Sol e Lua é altamente romântico, deixando as estrelas no silêncio da paixão. Manoel de Páscoa Medeiros Teixeira - presidente da Academia Sertaneja de Letras, Educação e Artes do Maranhão. Este belo livro de Carvalho Junior, A Rua do Sol e da Lua, arquitetado em letras sob o gênero mais sublime da literatura (a poesia), foi a melhor forma de escrita para expressar algo cujo conteúdo está impregnado em sua alma, e que ele, o autor poeta, conhece, sente e vive inteiramente como um sentimento de pertencimento – o “amor” oferecido à sua amada. Por esta razão, ao escrevê-lo, o poeta Carvalho Junior nos propõe uma boníssima maneira de reflexão sobre o sentimento que está a nortear sua vida de romantismo. Portanto, transeunte de sua própria aresta poética, mostra-se a todos nós, seus leitores, vestido com o sentimento de entrega verdadeira e de alma limpa; como ele mesmo se confessa em versos do poema “Deixa-me dizer, amor!”: eu te amo com a intensidade do Sol/ e a beleza dos infinitos brilhos da Lua/ não me deixa mentir o coração/ deixa minha alma morar na tua!” Wybson Carvalho - presidente da Academia Caxiense de Letras. Caxias, cidade dos poetas... Seus ares, seu passaredo, sua suave morrada, seus palmeirais, seus arvoredos e seus regatos cristalinos, até sua própria história, tudo inspira poesia. Não há geração que não tenha pontuado sua presença poética em nossa história literária. Entre os novos, Carvalho Junior não deixou cair sombra em nossa literatura. Nesse livro, A Rua do Sol e da Lua, comprova, sem que se esqueçam outros galardões, que esta é a cidade dos poetas... Ou
da poesia? Arthur Almada Lima Filho - presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias. Carvalho Junior agora nos oferece A Rua do Sol e da Lua. Mais uma obra sua com uma força poética que vai do romântico ao moderno, pondo em destaque o amor e toda uma diversidade temática, num mundo irreal e real ao mesmo tempo. É com grande satisfação que vejo a continuação da obra literária caxiense nas mãos deste jovem poeta. Jacques Inandy Medeiros - ex-presidente da Academia Caxiense de Letras. Seguindo com a sua missão poética, dessa vez trilhando A Rua do Sol e da Lua, o escritor caxiense Carvalho Junior volta à cena literária com ares de inovação. Um dos mais profícuos e criativos representantes da nova poesia da cidade de Caxias, Carvalho Junior mostra-se cada vez mais compromissado com o fazer poético, surpreendendo, divertindo e emocionando os leitores, revelando o poder universal de encantamento da literatura. Elizeu Arruda de Sousa - escritor, dramaturgo e professor de Literatura. Carvalho Junior, fazendo o uso perfeito da linguagem metafórica, desponta com muito discernimento no cenário da Poesia Romântica. O jovem poeta caxiense representa o Sol que irradia a sua luz por meio das letras, dedicando todo o seu amor ao brilho prateado da sua musa: a Lua. Esse sentimento intenso do poeta é recheado de brilhantes comparações como o amanhecer de um lindo dia ensolarado, o céu enfeitado de estrelas, a fina flor e o degustar dos melhores vinhos sempre presente à mesa dos nobres. Valquíria Araújo Fernandes de Oliveira - secretária municipal de Cultura e Turismo de Caxias, MA. O Livro em si é o Poeta, a Lua, o Sol e a minha percepção de uma poesia com fina ironia. Renato Meneses -poeta e membro da Academia Caxiense de Letras.
Prêmio ao poeta Carvalho Junior Data: Compartilhar
21/01/2021
18:32
Carvalho Junior, professor/poeta, 35 anos, pai de duas filhas, membro da ASLEAMA e da Academia Caxiense de Letras, autor de 5 livros de poemas, é o Vencedor do Prêmio Gonçalves Dias, ano 2020, no concurso literário organizado pela Associação Maranhense de Escritores Independentes (AMEI). Com o poema "Além do intamanhável", o poeta traz o prêmio para Caxias, mantendo a tradição da cidade no campo literário. Carvalho Junior já havia vencido o Troféu Nauro Machado, em 2015, em concurso organizado pela Universidade Estadual do Maranhão. O poeta é premiado em outros certames estaduais e nacionais. O poeta e crítico literário Alberico Carneiro considera Carvalho Junior como um cabeça da nova geração de poetas do Maranhão, assegurando que o poeta já é um veterano das letras e tem uma voz que se distingue por suas características personalíssimas. A seguir o comentário de Alberico sobre a premiação: "Parabéns aos demais poetas que foram selecionados para compôr a edição antológica Gonçalves Dias, encabeçada pelo veterano poeta Carvalho Junior, um dos escritores que se distingue por representar o marco de renovação e renascimento do poema e da poesia de Caxias e do Maranhão, no contexto da Literatura Brasileira contemporânea. Após a Geração, década 1970/80, constituída por nomes de desbravadores da modernidade como Raimundo Nonato Fontenele, Chagas Val, Luís Augusto Cassas, Viriato Gaspar, Ciro Falcão e Valdelino Cecio, uma nova Geração se enforma a partir de Antonio Aílton, Bioque Mesito, Hagamenon de Jesus, Ricardo Leão, Geane Lima Fiddan e se amplia em leque com poetas, cuja cabeça de Geração é Carvalho Junior. Excelentes poetas se distinguem no grupo geracional, entre eles, César Borralho, Wilson Chagas, Eloy Melônio, Wybson Carvalho, dentre outros, sobre os quais, oportunamente, tecerei comentários, tendo como foco suas obras de criação literária."
Pandemia leva a presença física do poeta Carvalho Júnior. Em 01/04/2021, às 17H42
Carvalho Júnior em registro de redes sociais.
Abril findou como um dos meses mais tristes da história recente do Brasil. Milhares de mortes diariamente pela pandemia de Covid. Entre os desaparecidos fisicamente, pais, irmãos, filhos, amigos. Não há um brasileiro que não lamente a perda de uma pessoa conhecida. Entre os que tiveram a vida abreviada pela pandemia em abril, estava o jovem e talentoso poeta Carvalho Júnior de Caxias. autor de livros de reconhecido valor estético, os quais circulavam bem no circuito literário brasileiro, o poeta nos deixou na última semana do mês. Nas redes sociais, centenas e centenas de leitores e amigos expressaram sua tristeza. Em homenagem ao poeta, o escritor Wybson Carvalho escreveu: "Estou muito triste e pesaroso... embora, convicto de que um poeta nunca morre... se encanta ao cumprir o desígnio divino: - "o homem veio do barro e ao barro retornará" . Portanto, o meu amado-amigo-irmão de arte literária no gênero da poesia, Carvalho Júnior, não morreu e nunca morrerá, para nós. Ele, agora, está encantado: um punhado de barro na construção histórico-literária caxiense, um raio de luz nos astros de um céu do saber e da educação caxiense...; eis, agora, o quê ele é para todos nós; que o temos na plêiade amorosa do nosso coração e na afixação da nossa memória eterna!"
Em sua homenagem, o escritor Nathan Sousa, escreveu belo poema:
GONÇALVES à memória do poeta Carvalho Junior. Nestas distâncias sem conta, Que a terra espalha e sepulta, Afina-se o canto da ave No que se revela e se oculta. E a ave decola em prantos Sobre as vazantes da vida. Celebra o fio de espera Sangrando o tempo e a ferida. Seu olho mapeia o passo Do homem que um dia dirá: “Quisera, meu Deus, quisera, Bater asas para lá”. Nathan Sousa Em dezembro, passado, o editor de Entretextos, Dílson Lages, dividiu com Carvalho Júnior mesa-redonda durante A Feira do Livro e do Conhecimento de Caxias Maranhão.
Carvalho Junior - Poema Alvorada | Poesia Contemporânea Poema de Carvalho Junior Alvorada.
Poeta, autor de 5 livros, o mais recente "O homem-tijubina & outras cipoadas entre as folhagens da malícia" (Patuá, 2019). Professor, ativista cultural, gestor público e poeta brasileiro. Vencedor do Troféu Nauro Machado no I Festival Maranhense de Conto e Poesia (Universidade Estadual do Maranhão, 2015). Tem poemas publicados em jornais, antologias literárias e revistas tanto do Brasil como do exterior.
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Alvorada (Poesia Brasileira Contemporânea: Carvalho Junior/Toma Aí Um Poema)
Poema: Alvorada Poeta: Carvalho Junior Voz: Jéssica Iancoski | @euiancoski
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Alvorada o sol negro na casca do bacupari bebe o núcleo de silêncios da semente do alvorecer. o sol negro na casca do bacupari deixa um rastro de criança no quintal, borrado, de papel carbono. o sol negro na casca do bacupari é um lampião, invisível, de tamuatás e inhapins.
o sol negro na casca do bacupari é como um riso de cecília, bruna e greta em revelação ao menino-azul.
o sol negro na casca do bacupari é uma escada de vidro, grávida, de incandescências.
Alvorada (Poesia Brasileira Contemporânea: Carvalho Junior/Toma Aí Um Poema)
Convidado Especial: José Neres, "Simplesmente Carvalho Junior" "Em 2013, ele trouxe a luz seu livro “A rua do sol e da lua”, um livro no qual os poemas passeiam por uma mescla de lirismo e telurismo..." 11/04/2021 12h03Atualizada há 2 semanas 993
Por: Mhario LincolnFonte: José Neres
Carvalho Junior
Simplesmente Carvalho Junior José Neres, professor, escritor e pesquisador. Em exatamente dez anos, um jovem professor da cidade de Caxias, graduado em Letras e com grande habilidade no manejo com as palavras, decidiu
tirar seus textos da gaveta e publicá-los. Em pouco tempo, ele publicou cinco livros, participou de dezenas de antologias, promoveu a divulgação de escritores de sua terra, tornou-se uma das maiores referências culturais de sua região, criou inúmeros laços de afeto e de amizade por todo o Maranhão, foi eleito para duas academias de letras, andou por boa parte do Brasil levando sua poesia, caiu no gosto de inúmeros leitores e, silenciosamente, partiu rumo à eternidade. Esse talentoso rapaz, que recebeu o nome civil de Francisco de Assis Carvalho da Silva Junior, decidiu rebatizar-se nas águas da poesia e começou a assinar seus trabalhos com o nome de Carvalho Junior. Dono de uma excelente dicção poética, ele gostava de brincar com as palavras e sabia inocular em seus versos o máximo possível da carga de poeticidade que os vocábulos podem aceitar dentro de um contexto literário. Depois de algumas investidas em trabalhos quase artesanais, em 2011, ele publicou seu livro de estreia – “Mulheres de Carvalho”, que teve boa receptividade, principalmente por conta dos jogos de palavras das anfibologias que povoavam as estrofes e que divertiam o leitor, conduzindo-o a reflexões sobre variados temas, que vão desde os conceitos de poesia até a relação do homem com ele mesmo. Logos nessas primeiras páginas, Carvalho Junior já começava a chamar a tenção para seu estilo de escrita. Em 2013, ele trouxe a luz seu livro “A rua do sol e da lua”, um livro no qual os poemas passeiam por uma mescla de lirismo e telurismo, sem cair nas tentações de pieguice que são tão comuns nesses tipos de texto. No ano seguinte, ele decidiu tratar dos questionamentos das variadas fases da vida em poemas aparentemente levas, mas que escondem reflexões acerca do estar no mundo e ao mesmo tempo servem como homenagem a pessoas que eram bastante caras ao poetas. Foi com essas ideias que ele lançou o seu “Dança dos dísticos”. Leitor voraz dos grandes poetas das diversas literaturas, Carvalho Junior foi deixando os jogos de palavras e os chistes em segundo plano e acabou polindo o conteúdo seus poemas o com mesmo cuidado de um ourives bilaquiano preocupado com as formas. Desse modo surgiu, em 2017, o livro “No alto da ladeira de pedra”, no qual é possível perceber não apenas um trabalho com as palavras, mas também uma preocupação com os jogos de imagens poéticas que emanam de cada termo. Trata-se de um livro mais amadurecido, sem deixar de lado a carga de ironia de bom humor, que são duas características que perpassam toda a obra do poeta caxiense.
Original do texto.
Capa.
2019 foi a vez de Carvalho Junior publicar “O Homem-Tijubina & outras cipoadas entre as folhagens da malícia”, no qual a preocupação social, que é pontual em poemas dos demais livros, ganha maior projeção. Em uma mistura bem equilibrada de prosa poética e questionamento em versos, o poeta lembra que “somos feitos / das mesmas fomes / dos nossos pais”. Os textos desse livro tiveram uma recepção tão forte entre os leitores e admiradores do poeta, que ele passou a receber o epíteto de Homem-Tijubina nos círculos literários. Vinham mais livros por aí. Um já totalmente organizado, com prefácio do professor e crítico Antônio Ailton, já se encaminhava para o prelo. Outros trabalhos começavam a ganhar vulto, como uma pesquisa sobre a vida e a obra de Déo Silva. Porém, no- dia 30 do mês de março, o poeta não resistiu às complicações oriunda da contaminação pelo Covid 19 e partiu desse mundo, indo levar suas poesias para outras paragens onde seus leitores ainda não podem ter acesso.
O autor. José Ribamar Neres Costa, mais conhecido como José Neres é um poeta e professor brasileiro. É membro da Academia Maranhense de Letras, onde ocupa a cadeira n.º 36 desde 2014, sucedendo ao escritor Ubiratan Teixeira.Nascimento: 17 de fevereiro de 1970.
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
FRAN PAXECO:
recortes & memórias
SÃO LUÍS – MARANHÃO – 2021 PARTE XVII –
Registo de batismo de Manuel Francisco Paxeco O Arquivo Distrital de Setúbal disponibiliza o registo de batismo de Manuel Francisco Paxeco, que teve lugar na paroquial igreja de Nossa Senhora da Anunciada, em Setúbal, no dia 16 de março de 1874. Manuel Francisco Paxeco, mais conhecido por Manuel Fran Paxeco, intelectual, professor, diplomata e figura ilustre do mundo cultural setubalense, viveu de 1874 a 1952, tendo-nos legado, entre outras obras, uma coletânea de biografias de setubalenses. O referido documento faz parte integrante de um dos livros de registos de batismos do fundo documental da Paróquia de Nossa Senhora da Anunciada (PT/ADSTB/PRQ/PSTB01/001/00036).
“Chronica (do latim) é termo que indica narração histórica, ou registro de fatos
comuns, feitos por ordem cronológica; como também é conjunto das notícias ou rumores relativos a determinados assuntos.” (DICIONÁRIO AURÉLIO, 1986, p. 502)
MEMÓRIA DA FACULDADE DE DIREITO DO MARANHÃO: 1918
Com o título “PELO ENSINO SUPERIOR” aparece em “A PACOTILHA” – edição de segunda feira, 29 de abril de 1918 – a realização, no dia 28 de abril de 1918, de uma reunião ocorrida na Biblioteca Pública Benedito Leite para se decidir se convinha fundar, nesta Capital, uma faculdade livre de direito. A iniciativa coube ao Diretor da Biblioteca Pública, Dr. Domingos de Castro Perdigão, cabendo ao então Secretário de Interior e Instrução o Dr. Henrique José Couto a presidência da reunião – em assembléia de fundação –; fizeram parte da mesa Alfredo de Assis e Fran Paxeco: Como noticiamos, realizou-se ontem, na Biblioteca Pública, uma numerosa e seleta reunião, para se decidir se convinha fundar, nesta capital, uma faculdade de direito. O Sr. Domingos de Castro Perdigão, diretor daquele estabelecimento e autor da iniciativa propôs que presidisse o dr. Henrique José Couto, secretário do interior e de instrução, a quem ladearam os srs. Drs. Alfredo de Assis e Fran Paxeco. Repetindo os fins da convocatória, o dr. Couto deu a palavra ao dr. Domingos Perdigão, que afirmou alimentar, desde muito, a idéia de se instituir aqui uma escola de ensino superior, aludindo às de artífices, do aprendizado agrícola, do Centro Artístico, do Centro Caixeiral, à Sociedade Maranhense de Agricultura, de que há bastante a esperar. E concluiu: “Quando todos os outros estados da república levantam escolas superiores, que vão sendo equiparadas, pelo governo federal, aos institutos oficiais, a Atenas Brasileira não pode, nem deve conservar-se indiferente ao progresso intelectual do Brasil”.
A Faculdade de Direito do Maranhão foi a 11ª instituição de formação jurídica no Brasil; precedeua São Paulo e Olinda (depois do Recife, 1827), Bahia e Rio de Janeiro (1891), Minas gerais e Rio Grande do Sul (1900), Pará (1902), Ceará (1903), Amazonas (1909) e Paraná (1912). O Dr. Alfredo de Assis leu, em seguida, algumas cartas de apoio à iniciativa, de pessoas ilustres, impedidas de comparecerem: Desembargador Valente de Figueiredo, Dr. Godofredo Viana, engenheiro Oscar Barros, Dr. Leôncio Rodrigues, e dr. Joaquim José Rebelo. A Comissão foi assim constituída: DOMINGOS DE CASTRO PERDIGÃO, ALFREDO DE ASSIS, ALMEIDA NUNES, ANTONIO LOPES E FRAN PAXECO: Foi apresentada, por Fran Paxeco, a minuta do estatuto da sociedade então constituída: Art. I: - Fica fundada uma associação, nesta capital, com o fim de organizar um instituto superior de estudos sociais, econômicos e jurídicos, que se dominará Faculdade de Direito do Maranhão. Art. 2º: - Considerar-se-ão sócios fundadores todos os que a ela se filiarem até a abertura das aulas, formando a assembléia geral. Art. 3º: - Na primeira das suas reuniões, a mesma assembléia elegerá uma diretoria provisória da sociedade, que se comporá de um presidente, um vice-presidente, dois secretários, um tesoureiro. Art. 4º: - Competirá a essa diretoria fazer o estatuto da corporação, e o regulamento da faculdade, elaborando-os de acordo com as leis federais do ensino, em vigor. Assim que estejam prontos, submetêlos-á ao voto da assembléia geral, que elegerá a diretoria bienal e o corpo docente. Art. 5º: - Os sócios fundadores contribuirão com a jóia que lhes aprouver e uma quota de vinte mil reis anuais, pagos por trimestre, ou duma única vez. Art. 6º: - Os sócios referidos terão o desconto de 50%, em todas as despesas letivas da faculdade, para ele, os seus filhos ou tutelados. Art. 7º: - Logo que a sociedade possua rendas bastantes, ou que a faculdade obtenha subvenção dos poderes públicos, a diretoria determinará os vencimentos do magistério, sujeitando o seu ato à assembléia geral. Art. 8º: - Se os meios da faculdade lhe permitirem sustentar-se por si própria, ou vier a ser mantida pelos cofres públicos, cessará a contribuição dos sócios. Art. 9º: - Criar-se-á um curso anexo à faculdade, exigindo-se aos candidatos à matrícula os preparatórios de português, aritmética, geografia e Frances. Art. 10º: - Depois dos trabalhos da instalação, a assembléia geral só se reunirá quando a convocar a diretoria da sociedade ou o requerem 24 dos seus membros.
Após a apresentação do esboço do estatuto da sociedade que então se instituía, os presentes passaram à discutir questões genéricas, sobre pedagogia, história da educação, instalação do ensino na Província: Espraiou-se, após, em várias considerações de caráter genérico, tendentes a demonstrar, baseando-se na história e nos historiadores da pedagogia, que é errôneo o conceito de que se deve partir da instrução primária para a enciclopédica e universitária. Os filósofos e os pedagogistas provam o inverso. Dos institutos de cultura superior, que foram, durante milênios, um privilégio de reduzidas classes, desceu-se aos ginásios e só mais tarde às aulas nocionais. As escolas populares são recentíssimas, pois datam do século XIX. Aqui, em S. Luis, observamos essa escala descendente. Os que se educavam fora da província é que trouxeram os germes donde resultariam os estudos secundários, sistematizados no Liceu, estendendo-se, a seguir, às cadeiras primárias. A Escola Normal, que aliás nunca passou de um liceu feminino, apenas se instalou em 1890. De sorte que, até lá, os maranhenses ou se cultivavam em terras estranhas ou eram autodidatas. Da nobre geração de Odorico Mendes, ele, Gonçalves Dias, Frederico José Correa, os Liais (Alexandre, Antonio, Pedro), Silva Maia, Trajano Galvão, Lisboa Serra, Jauffet, Sousa Andrade, etc., educaram-se em Portugal ou na França – Sotero dos Reis e João Lisboa educaram-se a si mesmos. Deve-se-lhes o renome de Atenas, cumprindo zelá-lo. O Maranhão
precisa, ninguém o nega, de escolas práticas ou tecnológicas, marcadamente de agronomia e oficinas, assim como restabelecer a escola de musica. Mas, se da prática nasceu a teoria, em tempos remotos, não é menos certos que os fatores se inverteram, caminhando-se, hoje, da imprescindível teoria para a necessária execução. Julga, por isso, que este estado, se deseja defender os seus foros mentais, andará com acerto, proporcionando as suas simpatias e recursos a um instituto que visa a indispensável cultura das idéias gerais ou abstratas.
A seguir, elegeu-se a Diretoria da agremiação: DIRETORIA DA AGREMIAÇÃO INCORPORADORA: ARTUR BESERRA DE MENESES – Presidente; CÂNDIDO JOSÉ RIBEIRO - Vice-presidente; FRAN PAXECO e DOMINGOS PERDIGÃO - Secretários. JOAQUIM ALVES JUNIOR - Tesoureiro “O Jornal” de 30 de abril traz o resultado da reunião, onde se deu a fundação da Faculdade de Direito do
Maranhão: Efetuou-se, domingo, na Biblioteca Pública, a projetada reunião, para tratar-se de fundar, nesta capital, uma escola livre de direito. Depois de haverem falado sobre o palpitante assunto mos srs. Domingos Perdigão e Fran Paxeco, com aplausos da numerosa e culta assistência, e de apresentadas as bases para os estatutos da nova Faculdade, foi aclamada a seguinte diretoria: Presidente, desembargador Arthur Bezerra de Menezes; vice-presidente, Candido José Ribeiro; Secretários Fran Paxeco e Domingos Perdigão; tesoureiro, Joaquim Alves Junior. - Amanhã se deverão reunir, as 15 horas, na Biblioteca, a diretoria e a comissão organizadora. “O Jornal aplaude”, com entusiasmo, a criação desse fecundo estabelecimento de ensino superior e leva os seus efusivos parabéns á comissão organizadora pelo triunfo de sua proveitosa idéia.
Em 1º de maio, os Diretores da Associação Incorporadora da Faculdade de Direito reuniram-se, tendo comparecido: Domingos Perdigão, Fran Paxeco, Alfredo de Assis, Almeida Nunes, Antonio Lopes. Fran Paxeco leu a proposta que o Dr. Tavares de Holanda fez sobre o fundo patrimonial, que será levada em consideração, quando a proposta de Estatuto for discutida. A seguir, passou-se a discussão de quais professores haveria para as 17 (dezessete) cadeiras dos cinco (5) anos da Faculdade, incluindo os substitutos das 8 (oito) sessões, em conformidade com os decretos de 191121 e 1915, na parte em que trata do Corpo Docente: Art. 36. O corpo docente dos institutos compõe-se de professores cathedraticos, professores substitutos, professores honorarios, professores, simplesmente, e livres docentes. Art. 37. Compete ao professor cathedratico: a) a regencia effectiva da cadeira para a qual foi nomeado; a elaboração do programma do seu curso, afim de ser approvado pela Congregação 30 dias b) antes da abertura das aulas; c) fazer parte das mesas examinadoras, desde que não haja incompatibilidade legal; d) indicar os seus assistentes, preparadores e demais auxiliares; submetter a provas oraes ou escriptas os seus alumnos, na primeira quinzena de junho e na segunda de agosto, e conferir-lhes uma nota quando chamados aos trabalhos praticos, afim de e) deduzir a média annual, que influirá para a nota do exame final, conforme for determinado pelo Regimento Interno; f) ensinar toda a materia constante do programma por elle organizado. Art. 38. Compete ao professor substituto: a) substituir, nos impedimentos temporarios, quaIquer dos cathedraticos da sua secção; reger os cursos que lhe forem designados pela Congregação, esgotando os programmas b) approvados; c) auxiliar, quando necessario, os cathedraticos durante as provas de junho e agosto. [...] Art. 41. Os professores cathedraticos e os substitutos serão vitalicios desde o dia da posse e exercicio.
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Decreto nº 8.659, de 5 de Abril de 1911 - Approva a lei Organica do Ensino Superior e do Fundamental na Republica
a) b)
c) d)
Paragrapho unico. Os livres docentes serão nomeados por seis annos, prorogados por igual periodo se a Congregação o resolver por maioria absoluta. No caso contrario deverão submetter-se a novo concurso. Art. 42. O logar de professor cathedratico será preenchido, mediante decreto, pelo substituto da secção em que se verificou a vaga. Art. 43. Logo que vagar um logar de professor substituto, o director mandará publicar edital com o prazo de 120 dias, declarando abertas as inscripções para o concurso, bem como as condições para se inscreverem os candidatos. Remetterá copia do edital ao Ministerio da Justiça e Negocios Interiores, afim de ser transmittido, em resumo, por telegramma, aos presidentes e governadores de Estados. Art. 44. Poderão concorrer á vaga de professor substituto todos os brazileiros que exhibirem folha corrida e forem maiores de 21 annos. Art. 45. O concurso para professor substituto e para livre docente comprehenderá: um trabalho de valor sobre cada uma das materias da secção, impresso em folhetos, dos quaes 50 exemplares serão entregues ao secretario do instituto, mediante recibo; arguição do candidato pela banca examinadora composta de quatro professores, sob a presidencia do director, para verificar a authenticidade ou paternidade do trabalho escripto apresentado, podendo cada um dos quatro professores interrogar o candidato durante meia hora, no maximo ; uma prova pratica sempre que o assumpto das cadeiras da secção a comportar; prelecção, durante 40 minutos, sobre um dos pontos do programma de cada uma das cadeiras da secção, tirado á sorte 24 horas antes e postos os papeis na urna em presença dos candidatos, que verificarão se foi incluido cada programma na integra. Art. 46. Será publico o concurso e realizado em sala que comporte grande auditorio, collocados os candidatos a igual distancia dos espectadores e da mesa examinadora, sem dar as costas nem para esta, nem para aquelles. Art. 47. A Congregação receberá os folhetos com a these escripta e assistirá ás provas oraes, votando afinal na classificação e approvação dos candidatos, pelo modo que o Regimento Interno estabelecer.
Antonio Lopes apresentou o Regulamento do Curso Anexo, aprovado pelos presentes: O CURSO ANEXO - Conforme o disposto nos Estatutos da Associação Incorporadora da Faculdade de Direito, o curso anexo, de duração provisória, destina-se a ministrar o ensino das disciplinas preparatórias do Curso Jurídico-Social aos candidatos à matricula neste último, que não puderem exibir, desde agora, até o fim do ano de 1919, para se inscreverem nos exames vestibulares, certificado de aprovação em todos os preparatórios, conferidos pelo Colégio Pedro II ou institutos a este equiparados. - Funcionarão, pois, no curso anexo, aulas de todas as disciplinas que as leis de ensino vigentes no país consideram preparatórias para o curso jurídico-social nas escolas superiores, exclusive português, francês, aritmética e geografia, a saber: - geometria e álgebra, inglês, latim, história universal e do Brasil, história natural, física e química, psicologia, lógica e história da filosofia. - As aulas serão regidas por tantos professores quantos não ultrapassarem o numero das mencionadas disciplinas - a matricula no curso anexo presuço (sic), ou exibição de certificados oficial de aprovação em exames de português, Frances, aritmética e geografia, ou exame de suficiência, constante dessas matérias e prestado perante uma comissão de professores do curso. - Por taxa de matricula, cobrar-se-á no curso anexo, a cada aluno, a quantia de dez mil réis, de uma só vez. - Por taxa de freqüência, cobrar-se-ão a cada aluno vinte mil réis, mensais, que deverão ser pagos adiantadamente, até o dia de cada mês, sendo-lhe entregue, em vez de recibo, um cartão de freqüência, mediante o qual terá entrada em todas as aulas do curso anexo, durante o mês. - Nenhuma aula funcionará menos de três horas por semana. - Deduzidas as despesas gerais do curso, a renda mensal será dividida pelos respectivos professores, observada a proporção das matérias que lecionarem. - as faltas dos professores serão descontadas na razão dos dias de serviço, revertendo quanto der o desconto aos cofres da Faculdade. - O ano letivo terá inicio a 1º de março e terminará a 31 de dezembro
- Os exames começarão a 7 de janeiro, devendo terminar dentro do referido mês - O exame de cada uma das disciplinas constará de prova escrita e oral, conforme o que vigora em relação aos exames de preparatórios nos institutos oficiais de ensino secundário, perante uma banca de três professores para cada matéria - Por taxa de inscrição para prestar exame de qualquer numero de matérias se cobrará a quantia de vinte mil réis e por certificado de aprovação expedido, dois mil réis - Nomeará as mesas de exame e fiscalizará o trabalho das mesmas o presidente da associação incorporadora da faculdade ou o diretor desta, quando se vier a constituir a diretoria - Por exceção ficam equiparados aos candidatos que exibirem, no ato de inscrição para exame vestibular, todos os certificados dos preparatórios conferidos por institutos oficiais de ensino secundário, sujeitos à fiscalização do conselho superior de ensino, os bacharéis em ciências e letras do liceu Maranhense cujo curso se haja feito pelo menos até o quarto ano, sob o regime de equiparações anteriores ao atualmente em vigor - O curso anexo funcionará sob a direção do corpo administrativo da associação incorporadora da Faculdade ou da diretoria desta, quando se constituir - a policia das aulas compete aos respectivos professores que poderão requerer ao diretor a suspensão ou expulsão de alunos que se comportarem inconvenientemente, cabendo-lhes impor como pena disciplinar a admoestação ao aluno perante a classe - O aluno suspenso ou expulso perderá, a titulo de multa, todas as taxas que houver pago ao curso Os professores não poderão dar aulas particulares aos alunos do curso anexo que neste freqüentarem as suas aulas.
Logo a 03 de maio, é anunciada a abertura de vagas para o curso anexo (preparatório) e ao primeiro ano do curso de direito: FACULDADE DE DIREITO: Vãe-se abrir, por estes dias, as matriculas para o curso anexo da Faculdade de Direito e o primeiro ano do curso jurídico. A Diretoria da associação incorporadora da Faculdade publicará, em breve, o respectivo edital.
A sociedade incorporadora manterá dois cursos (a) preparatório; (b) curso livre de direito. Para cada curso, haverá uma diretoria, que responde diretamente à agremiação mantenedora. Em “O Jornal”, deste dia 3 de maio, José Lemos se manifesta quanto ao quadro docente: FACULDADE DE DIREITO Escrevem-nos Aos fulgurantes nomes de doutores, apresentados ontem em vossa folha, pelo Sr. Claudio Nogueira, é de toda a justiça acrescentar os seguintes, quando se tenha de constituir o corpo docente da Escola: drs. Georgiano Horacio Gonçalves, Manoel Jansen Ferreira, Fabiano Vieira e Arnaldo, I. Xavier de carvalho, Nelson Jansen, Severino Carneiro, Franco de Sá, Godofredo Carvalho, etc. José Lemos.
A 07 de maio (A Pacotilha) é publicado o edital de abertura de vagas para os cursos que ora se criavam. Para o Curso de Direito, os candidatos deveriam apresentar documentos – certificado de aprovação – nos exames de Português, Francês, Aritmética, e Geografia, conferidos pelo Colégio Pedro II ou por institutos à ele equiparados – no caso do Maranhão, do “Liceu Maranhense”; ou submeter-se à Comissão Examinadora dos Preparatórios, devidamente autorizada pelo Conselho Superior de Ensino. FACULDADE DE DIREITO DO MARANHÃO EDITAL De ordem do Sr. Presidente da Sociedade Incorporadora desta Faculdade, publico que a partir desta data, até o dia dez do corrente , estão abertas nesta secretaria as matriculas no curso anexo.
Os candidatos deverão ou apresentar certificados de aprovação nos exames de português, francês, aritmética e geografia, conferidos pelo Colégio Pedro II, institutos a este equiparado ou comissões examinadoras de preparatórios devidamente autorizadas pelo Conselho Superior de Ensino, ou requerer inscrição para prestarem exame de suficiência das matérias mencionadas. No caso de possuir os certificados oficias de exame, o candidato instruirá com eles a sua petição de matricula ao Sr. Presidente, juntando, outrossim recibo do tesoureiro da Sociedade incorporadora, do qual consta haver pago a taxa de matrícula (10$000). No caso de precisar de requerer inscrição para exame de suficiência, deverá a petição ser instruída: a) com o recibo da taxa de inscrição (20$000), passado pelo tesoureiro da Sociedade; b) atestado fornecido por dois professores secundários, de reconhecida idoneidade, do qual conste que o candidato cursou em estabelecimento publico ou privado, ou aula particular, as disciplinas de que consta o exame, e se acha habilitado nas mesmas matérias; c) prova legal de que conta pelo menos 14 anos de idade. Secretaria da Associação incorporadora da faculdade de Direito do Maranhão, 4 de maio de 1918. Domingos de Castro Perdigão, 2º Secretário
Na mesma data (Pacotilha, 07/05/1918) são apresentados os 18 (dezoito) professores efetivos da Faculdade de Direito “indigitados pela associação incorporadora e pela comissão organizadora” segundo a ordem pedagógica: ANTONIO LOPES DA CUNHA GODOFREDO MENDES VIANA RAUL DA CUNHA MACHADO CARLOS HUMBERTO REIS RAIMUNDO LEÔNCIO RODRIGUES JOÃO VIEIRA DE SOUZA, FILHO CLODOMIR CARDOSO CARLOS AUGUSTO DE ARAUJO COSTA LUÍS CARVALHO MANOEL JANSEN FERREIRA HENRIQUE JOSÉ COUTO ALFREDO DE ASSIS CASTRO ARTUR BEZERRA DE MENESES ARÃO ARARUAMA DO REGO BRITO ALCIDES JANSEN SERRA LIMA PEREIRA JOSÉ DE ALMEIDA NUNES JOÃO DE LEMOS VIANA ANTONIO BONA Substitutos: JOÃO DA COSTA GOMES RAUL SOARES PEREIRA ANTONIO JOSÉ PEREIRA, JUNIOR FABIANO VIEIRA DA SILVA INACIO XAVIER DE CARVALHO JOAQUIM PINTO FRANCO DE SÁ RAIMUNDO ALEXANDRE VINHAIS TARQUINIO LOPES, FILHO. Divulgada a relação de professores, efetivos e substitutos, estes são convocados para uma reunião com a diretoria da Associação incorporadora da Faculdade de Direito no dia seguinte, às 16 horas, na Biblioteca
Pública, a fim de eleger o diretor do novo estabelecimento de ensino e deliberarem sobre as condições de inscrição dos alunos. Também “O Jornal” divulga a relação de professores, titulares e substitutos: São estes os 18 professores eletivos da faculdade de Direito a instalar-se, indigitados pela associação incorporadora e pela comissão organizadora do mesmo instituto, e seguindo a ordem pedagógica.
A 8 de maio, em “O Jornal” informa que o corpo docente, da Faculdade de Direito, se reunirá nesta data, as 16 horas, na Biblioteca Pública, para eleger o diretor da Faculdade e resolver sobre inscrições de alunos. Nesse mesmo “O Jornal”, a 9 de maio, dá-se a notícia da reunião ocorrida na Biblioteca Pública, com a presença dos lentes da Faculdade de Direito, foi eleita a diretoria, sendo presidente o dr. Viana Vaz; vice-diretor o dr. Henrique Couto; secretário o Sr. Domingos de Castro Perdigão. Uma comissão composta dos drs. Clodomir Cardozo, Alcides Pereira e Raul Pereira, previamente nomeada, foi, ontem mesmo á residência do venerando e integro juiz federal levar-lhe a comunicação de sua acertada e merecida escolha para diretor do novel estabelecimento de ensino superior.
Marcada nova reunião para o domingo, 12, as 9 horas, a fim de serem discutidos os Estatutos que estão sendo elaborados. Publicada em “A PACOTILHA” de 09 de maio de 1918 a grade horária, resultado da reunião da diretoria do dia 08 de maio; registrou-se o comparecimento de Henrique José Couto, Aarão Brito, Clodomir Cardoso, Raul Machado, Godofredo Viana, Luis Carvalho, Leôncio Rodrigues, Alcides Pereira, Alfredo de Assis, Fabiano Vieira, Almeida Nunes, Carlos Reis, Antonio Bona, Raul Pereira, Antonio Lopes, e os senhores Domingos Barbosa, Domingos Perdigão, e Fran Paxeco. Presidiu a sessão o Dr. Henrique Couto, secretariado por Fran Paxeco e Alfredo de Assis. O Presidente leu a lista dos professores indicados pela Diretoria da Faculdade e referendada pela Comissão da Sociedade Incorporadora. Todos aceitaram a indicação. Fica, pois, assim constituída a Grade Curricular, com os respectivos professores: 1º ano Filosofia do Direito – Lopes da Cunha Direito Público e Constitucional – Godofredo Mendes Viana Direito Romano – Raul da Cunha Machado 2º ano Direito Internacional Público – Carlos Humberto Reis Economia Política e Ciência das Finanças – Raimundo Leôncio Rodrigues 2º, 3º e 4º anos Direito Civil – I Cadeira – João Vieira de Souza, filho Direito Civil – II Cadeira – Clodomir Cardoso Direito Civil – III Cadeira – Carlos Augusto de Araujo Costa 3º e 4º anos Direito Comercial – I Cadeira – Luis Carvalho Direito Comercial – II Cadeira – Manoel Jansen Ferreira 3º e 4º anos Direito penal – I Cadeira – Henrique José Couto Direito penal – II Cadeira – Alfredo de Assis Castro 4º ano Teoria do Processo Civil e Comercial – Artur Bezerra de Menezes 5º ano Prática de Processo Civil e Comercial – Aarão A. do Rego Brito Teoria e Prática do Processo Criminal – Alcides Jansen S. L. Pereira Direito Administrativo – João de Lemos Viana
Direito Internacional Privado – Antonio Bona Professores substitutos: 1ª. Sessão – (Filosofia do Direito e Direito Romano) – João da Costa Gomes 2ª. Sessão – (Direito Público e Constitucional, Direito Internacional Público e Privado) – Raul Soares Pereira 3ª. Sessão – (Direito Civil) – Antonio José Pereira, Junior 4ª. Sessão – (Direito Penal, Teoria e prática do Processo Criminal) – Fabiano Vieira da Silva 5ª. Sessão – (Economia Política, Ciência da Finança, e Direito Administrativo) – Inácio Xavier de Carvalho 6ª. Sessão – (Direito Comercial) – Joaquim Pinto Franco de Sá 7ª. Sessão – (Teoria do Processo Civil e Comercial, Prática do Processo Civil e Comercial) – Raimundo Alexandre Vinhais 8ª. Sessão – (Medicina Pública) – Tarquínio Lopes Filho. Conforme a Convocação, distribuídas as cadeiras e nomeados os professores, inclusive os substitutos, elegeuse o Diretor da Faculdade, sendo aclamado o dr. José Viana Vaz, juiz federal. Antonio Lopes propôs que se aclamasse o vice-diretor, sendo escolhido Henrique Couto, Secretário de Interior e Instrução; e para Secretário, o Sr. Domingos Perdigão, Diretor da Biblioteca Pública. DIRETORIA DA FACULDADE DE DIREITO Diretor – JOSÉ VIANA VAZ Vice-Diretor – HENRIQUE COUTO Secretário – DOMINGOS PERDIGÃO
Vieira da Luz (1957), ao biografar o Desembargador Henrique Couto, diz que sua influencia foi salutar, como 1º vice-presidente da Faculdade de Direito do Maranhão e seu diretor de fato, ainda quando de direito exercia o cargo o Dr. Viana Vaz, impedido de fazê-lo eficientemente em virtude do seu estado de saúde, culminando pelo desenlace de 5 de janeiro de 1922 (p. 45)22. O Des. Henrique Couto foi, não há dúvida, nos momentos incertos da vida da Faculdade, o timoneiro seguro que, ao lado de Fran Paxeco, Domingos Perdigão e outros, conduziu a instituição à estabilidade atingida, a despeito da descrença e mal disfarçado desinteresse de alguns derrotistas. A seguir passaram a deliberar sobre o Estatuto da Faculdade de Direito e o da Associação Incorporadora, comissionando-se os Srs. Viana Vaz, Henrique Couto, Godofredo Viana, Luiz Carvalho, Alfredo de Assis, Antonio Lopes. A redação definitiva do Estatuto da Associação Incorporadora e o Regulamento da Faculdade de Direito deverá ser apresentado em nova assembléia a ser realizada no próximo domingo, 12 de maio, às 09 horas, na Biblioteca Pública. Aprovado, a seguir abrir-se-á a matricula aos cursos. Para comunicar ao Dr. Viana Vaz sua escolha para Diretor da Faculdade, foi constituída uma comitiva constituída pelos drs. Clodomir Cardoso, Alcides Pereira, e Raul Pereira. Sexta-feira, 10 de maio, “A PACOTILHA” publica que as inscrições para o curso anexo da Faculdade de Direito foram prorrogadas até o dia 30 do corrente. E que o diretor da Faculdade de Direito, dr. Viana Vaz, convida os membros da comissão redatora da lei orgânica a compareceram no dia seguinte, 11 de maio, pela manhã, as 9 horas, no edifício do juízo federal, a fim de discutir a referida lei, pedindo a presença de todos. Também da conta de uma carta escrita à redação pelo dr. Furtado da Silva: Escrevem-nos:
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VIEIRA DA LUZ, Joaquim. Dr. José Viana Vaz e Des. Henrique José Couto. In FRAN PAXECO E OUTRAS FIGURAS MARANHENSES. Rio de Janeiro: Livros de Portugal, 1957, p. 44-54.
O dr. Furtado da Silva tomou a nuvem por Juno23. O que a sociedade incorporadora e a comissão organizadora fizeram, de acordo com as leis federais em vigor, não foi imoral, nem desastroso, nem nenhuma das outras coisas feias que ao jovem bacharel prouve dizer. Os professores substitutos entraram pela mesma porta dos efetivos. E, enquanto se não obtiver a equiparação, cremos que se obtiver a equiparação, cremos que se procederá desse modo. Foram escolhidos ao mesmo tempo, com direitos iguais. Os concursos virão depois, ou seja quando a equipararem. Poderá até dar-se o caso de alguns professores substitutos funcionarem antes dos efetivos, impedidos por qualquer circunstancia ocasional. Destarte, em obediência aos cânones de Minerva, o magistério da faculdade aparece armado de ponto em branco, disposto a lutar pela causa do ensino superior e a suportar os feios nomes que desejam chamar-lhe. A Faculdade do Maranhão faz o que fizeram todas as faculdades livres que se teem equiparado, nada mais; porque em todas elas a primeira congregação foi eleita por maneira igual à aqui praticada. A admitir para os substitutos da primeira congregação o concurso, ter-se-ia que o admitir para as catedráticos, logicamente. E a menos que se propusesse o dr. Furtado a examina-los, quem iria tomar a si esse encargo?
A 11 de maio (Pacotilha) anuncia-se a realização de nova assembléia – já convocada para o dia 12, domingo, na Biblioteca Pública – contando com a presença dos professores, efetivos e substitutos, da Faculdade de Direito, para se discutir e aprovar o estatuto. Convida-se, também, a diretoria da associação incorporadora e os professores do curso Anexo. A direção da comissão da sociedade incorporadora é constituída pelos senhores Abranches Moura, Fran Paxeco, Genésio Rego, Almeida Nunes, Antonio Lopes, Arias Cruz (Padre), Antonio Bona, e Raimundo Lopes: COMISSÃO DA SOCIEDADE INCORPORADORA ABRANCHES MOURA, FRAN PAXECO, GENÉSIO REGO, ALMEIDA NUNES, ANTONIO LOPES, ARIAS CRUZ (PADRE), ANTONIO BONA, E RAIMUNDO LOPES “O Jornal” desse dia 11 anuncia a abertura de matriculas: FACULDADE DE DIREITO: estão abertas, até o dia 30 do mês corrente, as matriculas ao curso anexo à faculdade de Direito, que aqui se fundou.
Conforme a “Pacotilha” de 13 de maio, fora realizada no dia anterior – 12 -, a primeira reunião da Congregação da Faculdade de Direito do Maranhão, presidida pelo dr. José Viana Vaz, contando com a presença dos professores Alfredo de Assis e Castro; Henrique José Couto; João Vieira de Souza, filho; Luiz Carvalho; Carlos Augusto de Araujo Costa; João de Lemos Viana; Genésio de Moraes Rego; Carlos Humberto dos Reis; Godofredo Viana; Antonio Lopes da Cunha; Alcides Jansen Serra Lima Pereira: José de Almeida Nunes; José de Abranches Moura; os Senhores Fran Paxeco e Domingos de Castro perdigão, secretário da Faculdade. As atibuições da Congregação dos institutos superiores são24: Art. 67. Compõe-se a Congregação de todos os professores cathedraticos em exercicio, dos que estiverem substituindo os cathedraticos, e de um representante dos livres docentes eleito por elles, biennalmente, em sessão presidida pelo director. Art. 68. A Congregação delibera com a presença de metade e mais um dos seus membros, salvo os casos em que se exige o voto de dous terços, bem como os de sessões solemnes, que se effectuam com qualquer numero. Paragrapho unico. Quando, convocada duas vezes por edital publicado em jornal de grande circulação, não se verifique a presença de professares em numero legal, faz-se terceira convocação, deliberando-se com qualquer numero, desde que se não trate de reforma do Regimento Interno, nem de augmento ou diminuição das taxas. 23
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Na mitologia romana, Juno é a esposa de Júpiter e rainha dos deuses. É representada pelo pavão, sua ave favorita. Íris era sua servente e mensageira. Sua equivalente na mitologia grega é Hera. O sexto mês do ano, junho tem esse nome em sua homenagem. https://pt.wikipedia.org/wiki/Juno
Decreto nº 11.530, de 18 de Março de 1915
Art. 69. A Congregação será convocada e presidida pelo director e deliberará segundo as normas estabelecidas no Regimento Interno. Art. 70. Compete á Congregação: a) approvar os programmas elaborados pelos professores, 30 dias antes da época fixada para a abertura das aulas; b) homologar as nomeações de funccionarios administrativos feitas pelo director; c) propôr ao Conselho Superior do Ensino nova distribuição das materias do curso; d) propôr ao Governo, por intermedio do Conselho Superior do Ensino, a creação, suppressão ou transformação de cadeiras; e) approvar a nomeação dos assistentes, preparadores e demais auxiliares do ensino, nas condições do art. 37, lettra d; f) decidir, em ultima instancia, os recursos interpostos pelos estudantes contra actos do director ou de professores; g) organizar e votar uma proposta annua de orçamento de todas as despezas escolares e da receita provavel, e envial-a ao Conselho Superior do Ensino, durante o mez de janeiro; h) regular, em um Regimento Interno, tudo o que não estiver previsto pelo presente decreto e for necessario ao bom andamento dos trabalhos escolares, submettendo o referido Regimento á approvação do Conselho Superior do Ensino antes de entrar em execução, e bem assim todas as vezes que for alterado ou transformado; i) eleger, por voto uninominal, as commissões examinadoras nos concursos, e approvar as indicações de examinadores dos alumnos feitas pelo director; j) assistir ás provas oraes dos concursos, examinar as provas escriptas e votar na classificação dos candidatos pelo modo indicado no Regimento Interno; k) approvar ou annullar os contractos celebrados pelo director; l) propôr ao Ministro da Justiça e Negocios Interiores, por intermedio do Conselho Superior do Ensino, augmento, diminuição ou suppressão de taxas; m) conferir os premios instituidos por particulares e os que julgar conveniente crear; n) auxiliar o director na manutenção da disciplina escolar; o) eleger, de dous em dous annos, um representante seu no Conselho Superior do Ensino, em sessão especial e por escrutinio regulado pelo Regimento Interno; p) organizar o horario escolar de tal modo que comprehenda cada curso 80 lições, dadas entre 1 de abril e 15 de novembro. Art. 71. Sómente de dous em dous annos póde a Congregação alterar o Regimento Interno. Art. 72. A Congregação será convocada todas as vezes que um terço dos seus membros o requerer ao director.
A Comissão incumbida de elaborar o Regulamento da Faculdade apresentou o Projeto, que passou a ser lido por Fran Pacheco; sofrendo algumas alterações e correções. Foi, então, nomeada uma nova Comissão, composta pelos Senhores: NOVA COMISSÃO DE ELABORAÇÃO DO REGULAMENTO DA FACULDADE HENRIQUE JOSÉ COUTO; LUIS CARVALHO; ALFREDO DE ASSIS; ANTONIO LOPES DA CUNHA; e FRAN PAXECO terminado a revisão, deveriam mandar imprimir o aludido Projeto e ser distribuído a todos os membros da Congregação. Para se entender com a Diretoria da Sociedade organizadora da Faculdade foi constituída outra Comissão, assim composta: COMISSÃO DE CONTATOS COM A DIRETORIA DA SOCIEDADE ORGANIZADORA: HENRIQUE COUTO, ARAUJO COSTA, E CARLOS REIS.
Quanto ao curso Anexo – preparatório -, foi deliberado que funcionaria todos os dias úteis, das 15 às 18 horas, nas salas do Centro Português, situado na Praça João Lisboa, gentilmente cedidas pela Diretoria. Escolhidos os Professores das Cadeiras de: Latim – Arias Cruz Inglês – Antonio Lopes da Cunha Álgebra, Geometria, e Trigonometria – José de Abranches Moura História Universal – Raimundo Lopes da Cunha História do Brasil – Fran Paxeco História natural – Carlos Cavalcante Fernandes Física – Genésio de Moraes Rego Química – Carlos da Costa Nunes Elementos de Lógica, Psicologia e História da Filosofia – Antonio Bona O Regulamento do Curso Anexo continuaria em vigor, apenas alterados quanto às matrículas, que serão requeridas ao Diretor da Faculdade, e ficando o candidato impedido de cursar mais de seis matérias por ano. A 16 de maio, nova convocação para reunião dos diretores da Mantenedora e da Faculdade, também na Biblioteca Pública, às 9 horas da manhã, para fazerem o segundo e ultimo debate das leis fundamentais dos dois organismos. A 19 de maio de 1918 reuniram-se – na Biblioteca Benedito Leite - os membros da Associação Organizadora da Faculdade de Direito, e os professores desta, sobre a presidência do Dr. Henrique Couto, sendo informada pelo Sr. Domingos Perdigão que Cândido José Ribeiro25 não aceitara o cargo de vice-presidente, mas permaneceria como um dos fundadores. Elegeu-se o Sr. Joaquim Alves Junior para a função, e o Sr. Luis António da Cunha para a de tesoureiro. NOVA DIRETORIA DA ASSOCIAÇÃO INCORPORADORA ARTUR BEZERRA DE MENESES - PRESIDENTE JOAQUIM ALVES JUNIOR – VICE-PRESIDENTE FRAN PAXECO E DOMINGOS PERDIGÃO – SECRETÁRIO LUIS ANTONIO DA CUNHA – TESOUREIRO
Nessa mesma ocasião Virgilio Domingues apresenta proposta para alteração do estatuto, a fim de colocá-lo em acordo com o texto publicado, sendo nomeada uma comissão composta por Araujo Costa, Raul Machado e Fran Paxeco. Encerrando-se a Assembléia Geral deu-se inicio às discussões para elaboração do Regulamento da Faculdade, sob a presidência do dr. Viana Vaz. Antes de se entrar no assunto, Carlos Reis deu conta da conferencia com a diretoria da Associação. Nada se resolvendo, Fran Paxeco propôs que os corpos gerentes de ambos os organismos se entendessem, quando se tratasse de elaborar a tabela orçamentária. É marcada nova reunião para o dia seguinte, às 16 horas, para continuidade das discussões sobre os capítulos do Regulamento. Em 06 de junho 1918, “A Pacotilha” informa que foram formadas, no dia anterior, em reunião dos professores do curso em anexo, as bancas julgadoras dos exames de suficiência, assim constituída: Português: - Fran Paxeco, dr. Antonio Bona, padre Arías Cruz; aritmética, dr. José de Abranches Moura, dr. Aquiles Lisboa, dr. Antonio Lopes; Geografia, Fran Paxeco, Raimundo Lopes, dr. Herbert Jansen Ferreira, Cândido José Ribeiro, maranhense de Caxias, em 21/08/1857. Após estudos na Inglaterra, dedicados “às ciências comerciais”, retorna a Caxias e dá início a sua vida profissional como comerciante. Proprietário da “Cândido José Ribeiro & Cia.” ( com as fábricas Santa Amélia” e a São Luís), que tinham, como objetivo, a comercialização de tecidos e artigos de armarinho. Foi engenheiro industrial, político e jornalista. Presidente do Conselho Consultivo, fundador e membro da Associação Comercial do Maranhão e da Federação das Industriais do Estado do Maranhão. Sócio da Fábrica de Fios e Tecidos de Sobral (Ceará), da Usina Santa Rita (Maranhão). Constituiu ele a firma “Cândido Ribeiro & Cia.”, que gerirá até seu falecimento, naquela cidade, em 31/07/1933 . https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=1349584535067064&id=1336092673082917 25
Frances, dr. Genezio Rego, dr. Antonio Lopes, dr. Herbert Jansen Ferreira. Pelo “O Jornal” de 8 de junho, é informado que se realizariam nesta data os exames de português e de aritmética para os alunos do curso anexo, servindo de fiscal o dr. Henrique Couto, vice-diretor da Faculdade; compareceram os professores Fran Paxeco, Antonio Bona, e padre Arias Cruz, da primeira banca, e os drs. Abranches Moura, Aquiles Lisboa e Antonio Lopes, da segunda. Fizeram as provas de português: João Vitor Ribeiro, Valdemiro Viana, Joaquim M. Gomes de Castro, Boanerges Neto Ribeiro, que obtiveram grau 8; Zildo Fabio Maciel, Edison da Costa Brandão, Francisco Neves dos Santos, Junior, 7; De aritmética, Edison da Costa e Francisco Neves dos Santos, Junior, 9; Valdemiro Viana e Zildo Maciel, 8; Joaquim M. Gomes de Castro, 7. Os professores são convocados para reunião, no dia seguinte, ás 9 horas, a fim de resolveram sobre diversos assuntos. A 10 de julho em “A Pacotilha”, é anunciado o horário das aulas, definidos na reunião ocorrida no dia anterior, no predio onde funcionaria o curso em anexo, tendo comparecido vários professores e alunos. “Em vista da falta de luz, as aulas, que têm que ser diurnas, agora, ficam assim distribuidas”: Segundas-feiras: - História do Brasil, das 15 as 16 horas; latim, das 16 as 17; história universal, das 17 as 18. Terças-feiras: - Física, das 15 as 16; química, das 16 as 17; geometria e algebra, das 17 as 18; Quartas-feiras: - História universal, das 14 as 15; ingles, das 15 as 16; psicologia, logica e filosofia, das 16 as 17; Quintas-feiras: - História do Brasil, das 15 as 16; quimica, das 16 as 17; geometria e algebra, das 17 as 18; esperanto, faculttivo, das 14 as 15; Sextas-feiras: - Física, das 15 as 16; latim, das 16 as 17; história natural das 17 as 18; Sábados: - História universal, das 14 as 15; ingles, das 15 as 16; psicologia, lógica e filosofia, das 16 as 17; geometria e algebra, das 17 as 18. - O sr. Fran Paxeco regerá, provisioriamente, a disciplina de que se encarregou o dr. António Bona. Mas nem pela regencia, nem pela da História do Brasil, que lhe confiaram, perceberá a justa remuneração atribuida a professores do curso anexo, no respectivo regulamento, uma vez reduzidas as depesas gerais. E, se alguma aceitasse, destina-la-ia a caixa dos estudantes pobres. - Hoje, as horas acima aludida, haverá aulas de história universal, ingles e psicologia.
“O Jornal” de 11 de junho traz inumeras notas sobre a Faculdade de Direito, dentre elas, que no dia 8, terminaram os exames de suficiencia da primeira turma de candidatos ao curso anexo à faculdade, submetidos as provas os inscritos em frances e geografia: Frances:- João Vitor Ribeiro, Fernando de Moura Vianna, Francisco Neves dos Santos, Junior, plenamente com grau 9; Waldemiro Vianna; Boanerges Netto Ribeiro, Mauricio da Costa Furtado, Edson da Costa Brandão, Joaquim Mariano Gomes de Castro, plenamente grau 8; Zildo Fabio Maciel, plenamente grau 7; em Geografia:- João Victor Ribeiro, Waldemiro Vianna, Francisco das Neves Santos, junior, plenamente grau 9; Zildo Fabio Maciel, Joaquim Mariano Gomes de Castro, Edson da Costa Brandão, plenamente grau 8. Informa-se, ainda, que no domingo fora realizada a reunião dos professores ativos e substitutos da Faculdade e do curso anexo, sendo aprovada a tabela de taxas da faculdade. Tratou-se, ainda, do horário do curso anexo, deliberando-se que funcione à noite, a fim de atender a um grande numero de alunos e candidatos que só assim poderão freequenta-lo. Foi lido oficio do dr. Raimundo Alexande Vinhaes, declarando não aceitar a cadeira de professor substituto da 7ª seção, por falta de tempo disponível para tal encargo, foi unanimemente resolvido não ser aceita a recusa devendo-se oficiar ao dito professor, neste sentido. Em vista do curso anexo passar a ser noturno, foi aberta nova inscrição para exames de suficiencia até o dia 15 do corrente (junho), sendo os exames no dia 16. Foi nomeada a mesa para os exames que se realizarão ainda no mês de junho, conforme edital publicado, composta pelos Presidente e diretor da Faculdade José Vianna Vaz, Antonio Lopes da Cunha, Godofredo Mendes Vianna, Manuel Fran Paxeco e Herbert Jansen Ferreira. As inscrições para o vestibular enceram-se a 25 de junho. A seguir, dá-se o horário das aulas do curso anexo, com os respectivos professores. O candidato Virgilio Domingues da Silva prestou exame de Geografia, por ter deixado de comparecer no dia 8 por motivo de força maior. Justificada esta, feita as provas escritas e oral, obteve aprovação plena grau 9.
Informa a “Pacotilha” de 11 de junho, que no dia anterior (10 de junho) abriram-se as aulas do Curso Anexo à Faculdade de Direito. Compareceram os professores de Latim e de História Universal, srs. Padre Arias Cruz e Raimundo Lopes, e os alunos Virgilio Domingues, Ricardo Barbosa, Porciúncula de Morais, Edison Brandão, Joaquim M. Gomes de Castro, Zildo Maciel e Valdemiro Viana.
Fonte: Dino, 2014, p. 6926
O Sr. Fran Paxeco, ao encerrarem-se as aulas, incitou os estudantes a cooperarem com os professores, para o progresso intelectual do Maranhão. E que a 10 de junho, funcionarão as aulas de Geografia, Química e Inglês. “O Jornal” de 14 de junho trás nota de que as aulas do curso anexo à Faculdade estavam funcionando regularmente, e que os prazos abertos em editais estavam correndo normalmente. No dia seguinte, dá-se conta de que o curso anexo funcionara normalmente, sendo que deu aula Arias cruz, professor de Latim, tendo comparecido os alunos Ricardo Barboza, J. Gomes de Castro, Edson da Costa Brandão, Valdemiro Vianna, Zildo Fabio Maciel, Virgilio Albuquerque da Silva, Raul Porciúncula de Moraes. Que nesta data terminaria as inscrições para os exames de suficiência do curso anexo, que serão prestados no dia seguinte. As inscrições
A 22 de junho (Pacotilha) é informado que o prazo para as incrições ao vestibular, conforme edital, terminará em 25 do corrente. O curso deverá abrir-se a 1º do mês vindouro. As aulas de História do Brasil, que faz parte do curso anexo, funcionará das 19 as 20 horas. É informado, também, a primeira matrícula para o Curso livre de Direito: o estudante Ismael Pessoa de Holanda, a quem o diretor reconheceu o direito de se inscrever sem prestar o exame vestibular, por já estar matriculado na Faculdade de Direito de Recife. Edição de 25 de junho de “O Jornal” dá conta de que os prazos para inscrição ao vestibular encerram-se nesta data, e que os professores se reunirão na Biblioteca Pública para apresentar o programa de suas cadeiras, e que está, já, matriculado no 1º ano o sr. Ismael Pessoa de Holanda, transferido da Faculdade do Recife. As aulas funcionarão a partir de 1º de julho próximo. Em 26 de junho, novo aviso publicado em “A PACOTILHA”, informa que os professores haviam se reunido e apresentado o programa de suas cadeiras, havendo nova reunião na proxima quinta-feira, 9 horas, no Centro Portugues, para discussão e aprovação dos referidos programas. Os professores dos curso anexos também reunir-se-iam à mesma hora, a fim de deliberarem sobre os ultimos exames de suficiencia e o horário definitivo das aulas. Ainda é informado que as inscrições dos candidatos aos exames vestibulares já havim se encerrado e que as mesmas seriam realizadas no domingo vindouro. E, conforme o jornal, no final da nota “parece que este ano só abrirá matricula para as cadeiras do primeiro ano do curso”.
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DINO, Sálvio. A FACULDADE DE DIREITO DO MARANHÃO (1918-1941). 2ª Ed. São Luis: EDUFMA, 2014, p. 69
As aulas da Faculdade de Direito, curso livre, iniciam-se em 19 de julho de 2018, com a primeira aula de Direito Romano ministrada pelo professor catedrático dr. Raul da Cunha Machado. Informa ainda a nota de A Pacotilha que na proxima segunda-feira das 15 as 16 horas, a aula seria do professor catedrático de Filosofia do Direito, dr. Antonio Lopes da Cunha. Em 28 de junho, em “O Jornal” é informado que já havia uma matricula para o 2º ano do curso de Direito, a do sr. José Arimateia Cisne. Em reunião da Congregação, sob a presidencia do dr. Vianna Vaz, foram aprovados os programas do curso jurídico. Confirmado que as aulas começarão no dia 1º de julho próximo. As inscrições para o exame vestibular é prorrogada até 5 de julho próximo. É apresentado o horário do curso anexo. “O Jornal” de 1º de julho de 1918, traz-nos que inaugurara-se, oficialmente, a Faculdade de Direito. Foram propostos e aceitos unanimente para professores honorários o dr. José Viana Vaz, diretor da Faculdade, e o sr. Fran Paxeco, que, ipso fato, adquiriu o titulo de Dr. As aulas começariam a funcionar no dia 6 do corrente. “A PACOTILHA” de 2 de julho informa que requereram inscrição para exame vestibular no primeiro ano do curso juridico, os bacharéis em ciencias e letras Vitoriano de Almeida e Djalma Sacramento, diplomados depois de 1910 pelo Liceu Maranhense. “O Jornal” de 6 de julho informa que havia se encerrado no dia anterior a inscrição para os exames vestibulares, que seriam realizados no proximo dia 8, as 9 horas, sob a vigilancia do diretor dr. Vianna Vaz, e perante a mesa examinadora composta dos drs. Godofredo Vianna, Fran Paxeco e Antonio Lopes. Inscreveram-se os srs. José de Almeida Nunes, Vitoriano Cantanhede de Almeida, Djalma Sacramento. Matriculou-se no 2º ano da Faculdade o sr. José Braz Coqueiro Aranha, bacharel em ciencias e letras pelo Liceu Maranhense. Domingo, ás 10 horas, farão exame de suficiencia os srs. Domingos Quadros Barboza Alvares, Ponciano Borges de Carvalho, Astrolabio da Silva Caldas, Valdemir Gueterres Soares e Silvio Rebelo, que se inscreveram até 15 de junho e ainda não se apresentaram. Na segunda-feira, depois de amanhã, começaram a funcionar as aulas dessa nossa escola superior. Enquanto não se resolver o problema da luz, não haverá aula noturna no Curso Anexo. Anunciado - a 8 de julho (Pacotilha) - os resultados, dos exames feitos no dia anterior (7 de julho), ultimos exames de suficiencia para o curso anexo. A mesa examinadora fora composta por Fran Paxeco, Antonio Lopes e Herbert Jansen, apresentando-se os srs. Domingos Barbosa, Astrolábio Caldas, Valdemir Soares, Silvio Rebelo e Ponciano Carvalho. Nas provas de portugues, obtiveram estas notas: - Silvio Rabelo, 7; Ponciano Carvalho, 6; nas de aritmetica, Ponciano Carvalho, 6; nas de geografia, Domingos Barbosa, 10; Astrolábio Caldas, 7; Ponciano Carvalho, 6; Valdemir Soares, 7; nas de frances, Astrolabio Caldas, 8; Silvio Rebelo, 6; Ponciano Carvalho, 6. Os professores e alunos do curso anexo devem reunir-se amanhã, as 17 horas, no lugar do costume, afim de se resolver sobre o horário, em vista da falta de luz. “Pede-se a comparencia de todos.” A 9 de julho, em “A Pacotilha”, é publicado novos resultados de exames de admissão, como segue: [...] sendo realizado ontem (8 de julho), às 16 horas os exames vestibulares dessa escola de ensino superior, tendo se apresentado os candidatos, que obtiveram as seguintes notas: dr. Almeida Nunes, aprovado com distinção; Vitoriano Almeida e Djalma Sacramento, aprovados plenamente. O primeiro ano do curso vai-se abrir com cinco alunos. A mesa examinadora esteve composta por Luis Carvalho, Antonio Lopes e Fran Paxeco, presidindo-a o dr. José Viana Vaz.
Quanto aos professores e alunos do curso em anexo, reunem-se hoje (8 de julho) às 17 horas, para se resolver sobre o horário das aulas, prejudicados pela escassez absoluta de luz. O Jornal de 10 de julho traz o resultado dos exames: dr. Almeida Nunes, aprovado com distinção; bachareis em letras Vitoriano Almeida e Djalma Sacramento, aprovados plenamente. O primeiro ano do curso vai se iniciar com cinco alunos já matriculados. Haverá reunião dos corpos docente e disciente do curso anhexo, para se resolver sobre o horário das aulas. “A PACOTILHA”, 20 de julho, informa os alunos matriculados no curso anexo, Geometria e Álgebra, História Universal , do Brasil e Natural, Física, Química, Inglês, Latim, Psicologia, Lógica e Filosofia, os senhores: João Vitor Ribeiro, Joaquim Gomes de Castro, Valdemiro Viana, Zildo Maciel, Edison Brandão, Antonio das Neves Santos, junior, Viriato Souza, Mauricio Furtado, Benedito Salazer, Justo Silva, Wilson Soares, Domingos Barbosa, Maximo Ferreira, menos geometria, Ponciano Carvalho, Virgilio Dominguez da Silva,
menos ingles, Valdemar Soares, Silvio Rabelo, Astrolabio Caldas, menos ingles. Prosseguindo, com os matriculados em Latim, História Universal e do Brasil, Psicologia, Lógica e Filosofia os cirurgiões-dentistas Carlos Augusto de Matos Pereira e Raul Porciuncula de Moraes27. Em Latim, Ingles e Filosofia, os professores primários José João Monteiro e Esron Wolf Souza. Em Latim, Inglês, Física, Química, História Natural e Filosofia, Fernando Moura Viana; em Latim, Inglês, Geometria, História Universal do Brasil e Filosofia, Boanerges Ribeiro. Nas mesmas disciplinas, menos História do Brasil, José de Ribamar Pereira. Ao todo, 26. São chamados à Secretaria da Faculdade os srs. Djalma Sacramento e Vitoriano Almeida, primeiranistas de Direito, e com os srs. Joaquim Gomes de Castro, F. Santos, junior, Mauricio Furtado, Domingos Barboza, Fernando Viana, Boanerges Ribeiro, Ponciano Carvalho. Do Curso anexo. Cleómenes F. da Costa, Lourival Campelo, Manuel Parga do Lago. No dia 22 de julho, é informado o horário das aulas do 1º ano do curso jurídico e social: 1ª cadeira – Filosofia do Direito, professor catedrático dr. Antonio Lopes da Cunha, aulas às segundasfeiras e sextas-feiras, das 15 às 16 horas. 2ª cadeira – Direito Público e Constitucional, professor catedrático dr. Godofredo Mendes Viana, aulas às terças-feiras e sextas-feiras, das 9 as 10 horas. 3ª cadeira – Direeito Romano, professor catedrático dr. Raul da Cunha Machado, aula às terças e sextasfeira, das 11 as 10 horas (sic). Aviso de 23 de julho, em A “PACOTILHA”, de que as aulas de direito publico e constitucional, cadeira a cargo do dr. Godofredo Viana, serão às quartas-feiras e sábados, das 9 as 10 horas. O erudito jurista daria sua primeira aula no dia seguinte. “Consta-nos que tencionam ir ouvi-lo, além dos alunos seus colegas de magistério e outras pessoas”, informa a nota. Em O Jornal, aviso de que as aulas de Filosofia do Direito serão às segundas e sextas feiras, das 15 as 16 horas; de Direito Romano, as terças e sextas, das 10 as 11 horas; de Direito Constitucional, as quartas-feiras e sábados, das 9 as 10 horas. O dr. Godofredo Vianna dará a sua primeira lição de Direito Constitucional amanhã, as 9 horas. A 24 de julho, o dr. Godofredo Viana realizou sua primeira aula de sua Cadeira de Direito Constitucional. Assistiram à mesma, além dos primeiranistas, os sr. Drs. Viana Vaz, diretor da faculdade; Alfredo de Assis, Alcides Pereira, José Romero de Golveia, Fran Paxeco, o coronel Virgilio Domingues, Domingos Barbosa, Domingos Perdigão, secretario da faculdade, etc. “Foi uma prelação magistral, que arrencou aplausos unanimes ao auditório.” Mesma noticia dada em O JORNAL. Nova nota, publicada em “A PACOTILHA” de 26 de julho, dão conta que o dr. Viana Vaz, diretor da Faculdade, nomeara o sr. Fran Paxeco para substituir o dr. Antonio Bona na regencia da cadeira de Psicologia, Lógica e Filosofia do curso anexo, nomeou agora professor substituto de Física e Quimica o farmaceutico Luis Gonzaga dos Reis., sendo que as aulas de Fisica ficarão sendo às quartas-feiras, das 16 às 17 , a de Latim, neste ultimo dia, passa a ser das 15 as 16. E que as outras cadeiras também iriam ter substitutos. A maioria das aulas do Curso anexo, por todo o mês de agosto, voltará a funcionar à noite. É apresentado o horário do segundo ano: 1ª cadeira: - direito internacional, professor catedrático dr. Carlos Humberto dos Reis, aulas as 2ª, 4ª e 6ª feiras, das 14 as 15 horas; 2ª cadeira: - Economia politica e ciencias das finanças, professor catedrático dr. Raimundo Leoncio Rodrigues, aulas as 2ª, 4ª e 6ª feiras, das 13 as 14 horas. 3ª cadeira: - direito civil, professor catedrático dr. João Vieira de Souza, filho, aulas as 3ª, 5ª e sabados, das 13 as 14 horas.
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RAUL PORCIÚNCULA DE MORAES nasceu a 31 de dezembro de 1881, filho do casal José Alípio Moraes e dona Tereza dos Anjos Porciúncula de Moraes. Formou-se em cirurgião-dentista com consultório em São Luís (1908). Matriculou-se em 1918, ao exame suficiência curso anexo da Faculdade de Direito. Depois se abacharelou em Ciências Jurídicas e Sociais, exerceu a advocacia, em seguida a magistratura, cargo de juiz de Direito no Maranhão, em algumas comarcas, inclusive Barra do Corda em 1948. MELO, Álvaro Urubatan. APONTAMENTOS PARA A LITERATURA DE SÃO BENTO- para uso nas escolas de ensino médio. São Luis: Academia Sambentuense, 2012; MELO, Vavá. DEPOIMENTOS: biografias de sambentuenses. Correspondeica pessoa para os autores, via eletrônica, 6 e 7 de maio de 2017.
Na segunda-feira, 29, o dr. Antonio Lopes, catedrático de filosofia do direito, proferirá a lição inaugural da sua cadeira. Para o ato ficam prevenidos os alunos do primeiro ano (A PACOTILHA). O dr. Carlos Reis, lente de Direito Internacional – 1ª cadeira do 2º ano – fará hoje a sua prelação inaugural (O JORNAL). A 30 de julho Antonio Lopes dá sua aula inicial da cadeira de Filosofia do Direito, do 1º ano do curso. Assistiram, além dos alunos, vários estudantes e mebros de sociedades literárias. Informa-se que será publicada. No 2º ano, deu a primkeira aula o dr. Carlos Reis, professor de Direito internacional, agradando muito ao seleto auditório. A diretoria da Faculdade tenciona realizar ato festivo ao dia 11 doi mês próximo, aniversário da fundação dos cursos jurídicos no Brasil. Na edição de 2 de agosto confirma-se a realização do evento festivo,e que Rui Barbosa será o homenageado. Em outra nota, informa-se que os professores da Faculdade de Direito, efetivos e substituos e do curso anexo deliberarão, na segunda ou terça-feira próxima, sobre o programa do festival, festa a executar-se no próximo dia 11. A 6 de agosto, segunda-feira, em “A Pacotilha”, é informado sobre a reunião da congregação, para discutir a festa de aniversario da fundação dos cursos juridicos. Em outra nota, é informada sobre a reunião, decidindos-e pelos oradores. Nova reiunião, a 7 de agosto, informa-se que fora proposta conceder titulo de catedratico honorario a Rui Barbosa. Na edição de 8 de agosto, em “A PACOTILHA”, informa-se que, reunida a congregação da faculdade, discutiu-se a proposta do dr. Luis Carvalho, de conferir titulo de professor catedrático da Faculdfade de Direito do Maranhão a Rui Barbosa, submetido à apreciação, indicutível no dizer de Fran Paxeco, foi aprovado por aclamação, tendo o dr. Viana Vaz expedido dois telegramas, Um, a Rui Barbosa, comunicando-lhe que fora aclamado professor honorário da Faculdade de Direito do Maranhão, e outro a João Mendes de Almeida, do Supremo Tribunal federal, para representar a congregação da faculdade no Jubileu de Rui Barbosa. A 12 de agosto, em “A PACOTILHA”, saiu matéria sobre as comemorações do dia 11, data da criação dos cursos jurídicos no País, no ano de 1827, com a participação de várias entidades, promovido pela Faculdade de Direito. Participaram os membros da Academia de Letras e de vários entes literários existentes no Maranhão: A 13 de agosto ainda continuavam as homenagens a Rui Barbosa, com a publicação dos discursos pronunciados. A 20 de agosto, “A PACOTILHA” informa que “Esteve concorridíssima a conferencia do Professor Suarez na Faculdade de Direito. Nota de 22 de agosto dá conta que fora conferido titulo de professor honorário da Faculdade de Direito à Fran Paxeco: “Diversos jornais do Rio noticiaram com palavras elogiosas, o fato de haver a Faculdade de Direito do Maranhão conferido o título de seu professor honorário a Fran Paxeco”.
Viera da Luz (1957) 28 trás que Fran Paxeco, ilustre lusitano de Setúbal, por sua inteligência e cultura, adquiriu a qualidade de cidadão das letras maranhenses – foi um dos fundadores da Academia de Letras (1908) e do Instituto Histórico e Geográfico (1926), títulos que honrou a vida toda, exercendo infatigável atividade no Maranhão. A Faculdade de Direito teve, em Fran Paxeco, o elemento impulsionador, de ação decisiva para que se efetivasse sua fundação, conferiu-lhe o título de Professor Honorário. Teve em tão alta conta essa deferência que, sendo da Academia de Ciências de Portugal, da Sociedade de Geografia de Lisboa, das Academias de Letras Maranhense, Piauiense e Alagoana, dos Institutos Históricos da Bahia, Pernambuco, Pará, Piauí e do Maranhão, das Associações de Imprensa do Pará e do Amazonas, ao publicar em Lisboa, em 1932, seu importante livro “Portugal não é Ibérico”, fez constar, no alto da página de rosto, simplesmente: FRAN PAXECO Prof. Honorário da Faculdade de Direito do Maranhão “O Jornal” publica nota de agradecimento pelo envio de parte de Aquiles Lisboa de um exemplar da brochura que mandara imprimir, de seu discurso em comemoração ao Jubileu de Rui Barbosa; a oferta foi feita em nome dos alunos do curso anexo à Faculdade de Direito A 31 de agosto, edital de abertura de vaga para professor de Economia Política, ciências das finanças e direito administrativo, decorrente da mudança, para Belém, do Prof. I. Xavier de Carvalho; ao mesmo tempo, revisão das taxas cobradas: FACULDADE DE DIREITO A congregação desta escola superior deve reunir-se na próxima semana, afim de resolver sobre a abertura do concurso para o provimento da cadeira de professor substituto da 5ª secção (economia política, ciência nas finanças e direito administrativo); vaga com a mudança, para Belém do Pará, do dr. Inácio Xavier de Carvalho. Delibear-se-há acerca da taxa de freqüência dos alunos da faculdade, harmonizando-se com o que pagam os alunos do curso anexo.
Nova nota, de 13 de setembro, sobre reunião para reajuste das taxas; anuncia-se, também, nova vaga, para a cadeira de Inglês devido a renuncia do prof. Antonio Lopes, sendo convidado para assumi-la José Caetano Vaz Sardinha; Fran Paxeco encerra suas lições de Psicologia no curso anexo; Antonio Lopes recomeça a publicar suas lições de Filosofia de Direito, anunciada para as próximas edições: FACULDADE DE DIREITO Reuniram-se hoje, sob a presidência do Sr. Dr. Viana Vaz, secretariando o dr. Domingos Perdigão, os professores da faculdade e do curso anexo à mesma. Compareceram os senhores doutores Henrique Couto, Alcides Pereira, Almeida Nunes, Fran Paxeco, Antonio Lopes, Herbert Jansen Ferreira, Araujo Costa, Leôncio Rodrigues. Tratando-se da tabela das taxas, discutiu-se o lapso que nela se lê. Assim, onde está – 10$000 por ano, quanto á freqüência da faculdade, cumpre ler-se – por mês. Deliberou-se mais abrir concurso para a vaga de professor substituto da 3ª secção, logo que o dr. I. Xavier de Carvalho comunique a sua retirada para Belém do Pará. Resolver também, em vista da renuncia do dr. Antonio Lopes do cargo de professor da cadeira de infles, convidar a assumi-la o dr. José Caetano de Vaz Sardinha. - O Sr. Fran Paxeco termina amanhã, sábado, as suas aulas lições de psicologia, no curso anexo. Na vindoura quarta-feira, começarão as explicações de lógica. - Na segunda-feira reenceta o prof. Dr. Antonio Lopes as suas lições de Filosofia do Direito.
FACULDADE DE DIREITO
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VIEIRA DA LUZ, Joaquim. FRAN PAXECO E AS FIGURAS MARANHENSES. Rio de Janeiro: Livros de Portugal, 1957, p. 100-101.
Reuniram-se, hoje, os professores e alunos da Faculdade de Direito e de seu curso anexo. Compareceram os srs. Drs. Viana Vaz, diretor; desembargador Arão Brito e drs. Godofredo Viana, Fran Paxeco, Luis Carvalho, Antonio Lopes, Carlos Reis, padre Arias Cruz e o secretário, Domingos Perdigão. No expediente, o secretário leu ofício dos drs. Ortiz Monteiro, presidente do Conselho Superior de Ensino, Leopoldo Teixeira Leite, diretor da Faculdade Teixeira de Freitas, de Niterói, Vitor Ferreira do Amaral, da Universidade do Paraná, da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais, do Rio de Janeiro, da Faculdade de Direito do Pará, do Recife, da Baía, do Ceará, da Universidade de Manaus, do cel. Alexandre Vieira, diretor do Colégio Militar do Rio de Janeiro, do governador deste estado, dos representantes maranhenses drs. Artur Moreira e Rodrigues Machado, da secretaria do interior, da Associação Comercial, do Centro Caixeiral, da municipalidade de São Luis, etc. Iniciados os trabalhos, o Sr. Fran Paxeco lembrou que se fixasse o mínimo das lições dos alunos do curso anexo. Resolveu-se que fosse de 80, por matéria, e que as aulas se encerrassem a 15 de dezembro. Deliberou-se mais que se abrisse concorrência para a cadeira de professor substituto de 5ª secção, vaga pela renuncia do dr. I. Xavier de Carvalho. O edital publicar-se-há em janeiro, sendo o prazo de 120 dias. O Sr. Diretor, por fim, nomeou os srs. Henrique Couto, Antônio Lopes, Fran Paxeco, Luis Carvalho e Carlos reis, para cumprimentarem o Sr. Dr. Urbano Santos, no dia da sua posse no cargo de governador.
A 30 de outubro, nota de que Fran Paxeco havia concluído suas lições de lógica aos alunos do curso Anexo, iniciando-se as de História da Filosofia. Aos alunos que desejassem voltar às aulas no período noturno, deveriam entrar em contato com o secretário da Faculdade, dr. Domingos Perdigão, com prazo até o dia 2 de dezembro, sábado. Informa-se que o ano escolar encerrar-se-á em 15 de dezembro, com os exames agendados para a segunda quinzena do mês. Em 16 de novembro, após adiado algumas vezes, o resultado das reuniões com os professores do curso anexo, comunicando-se que as aulas de geometria e álgebra seriam ministradas das 17 às 18 horas; o de filosofia, das 19 às 20 horas; de história do Brasil, das 20 às 21 horas. Informava-se, ainda, que as aulas do horário noturno estavam recomeçando, para atender aos alunos que são empregados públicos e do comércio, sendo conveniente que todos comparecessem, haja vista que o ano escolar terminará no vez vindouro – dezembro. Na edição de 18 de novembro, novo horário de funcionamento dos cursos anexos: FACULDADE DE DIREITO É este o horário geral do curso anexo á Faculdade de Direito, que vigorará até 15 de dezembro: Segundas-feiras:- das 17 as 18, história natural; 19 ás 20, latim; 20 as 21 história universal. Terças-feiras: Das 17 as 18, geometria, álgebra e trigonometria; 19 as 20, inglês; 20 as 21, química. Quartas-feiras:- Das 18 ás 18, filosofia; 19 as 20, física; 20 as 21, história do Brasil. Quintas-feiras:- Das 17 as 18, geometria, álgebra e trigonometria; 19 as 20, inglês; 20 as 21, química. Sextas-feiras:- Das 17 as 18, história natural; 18 as 19, física; 19 as 20, latim; 20 as 21, historia universal. Sábados:- das 19 as 20, filosofia; 20 as 21, história do Brasil. As inscrições para exame devem abrir-se no dia 2 do mês vindouro.
22 de novembro, “A PACOTILHA” traz: FACULDADE DE DIREITO Ontem, após a entrega do governo, achando-se presentes alguns professores e alunos da Faculdade de Direito, srs. Desembargadores Bezerra de Menezes, Arão Brito, Pereira, Junior, drs. Godofredo Viana, Henrique Couto Alcides Pereira, R. Alexandre Vinhais, Leôncio Rodrigues, Raul Pereira, Domingos Barbosa, Maximo Ferreira,
Joaquim M. Gomes de Castro, Domingos Perdigão, secretário da faculdade, incumbiram o Sr. Fran Paxeco, um dos iniciadores desse instituto, de solicitar do dr. Urbano Santos o apoio dos poderes estaduais para o referido estabelecimento, que veio a preencher uma imensa lacuna. S. Exc. , retorquindo, afirmou que a Faculdade de Direito não deve, nem pode morrer, acreditando que o Sr. Governador, catedrático da escola,lhe emprestará todo o concurso que merece. Os comissionados, agradecendo aos srs. Urbano Santos e Raul Machado as suas boas palavras de estimulo, e retiram-se pouco depois.
A 5 de dezembro, em “A PACOTILHA”, sai o edital para os exames do curso anexo: FACULDADE DE DIREITO DO MARANHÃO De ordem do Sr. Dr. Diretor, faço publico, para conhecimento dos interessados, que se acham abertas as inscrições de exame para os alunos do curso anexo à faculdade de Direito do Maranhão, desde esta data até 15 do corrente mês. Os candidatos deverão apresentar os requerimentos a Secretaria da faculdade, instruídos com os recibos da freqüência nos dois últimos meses e da respectiva taxa de inscrição. S. Luiz, 4 de Dezembro de 1918 Domingos de Castro Perdigão. Secretário.
12 de dezembro ultima aula de Fran Paxeco no curso anexo. E Alcides Pereira substitui Raul Machado como professor de Direito Romano: FACULDADE DE DIREITO O Sr. Fran Paxeco deu ontem, no curso anexo, as ultimas lições de história do Brasil e de história da filosofia, neste ano letivo. - Os professores da Faculdade reunir-se-ão na próxima semana, a fim de se resolver sobre os exames. - O dr. Alcides Pereira substituirá, como professor de direito romano, o dr. Raul Machado, enquanto este estiver no governo estadual.
Nomeação da banca examinadora, conforme edital publicado em “A PACOTILHA”, de 18 de dezembro: FACULDADE DE DIREITO Reuniram-se, hoje, os professores da Faculdade de Direito e do curso anexo á mesma, com o intuito de assentar a organização das mesas de exames e o dia em que deviam iniciar-se os atos. Ficou resolvido que estes principiam amanhã. As bancas examinadoras são estas: - Latim, padre Arias Cruz, drs. Araujo Costa e dr. Antonio Bona, das 8 as 9 horas; história do Brasil, drs. Luiz carvalho, Fran Paxeco e Antonio Lopes, das 9 as 10; história universal, srs. Fran Paxeco, Antonio Lopes e Rubem Almeida, das 10 as 11; geometria, álgebra e trigonometria, drs. Abranches Moura, Antonio Bona e Rubem Almeida, das 16 as 17 horas; inglês, srs. Sr. Antonio Lopes, dr. Antonio Bona e Rubem Almeida. Na sexta-feira, das 8 as 10, física e química, examinando os drs. Genésio Rego, Herbert Jansen e Luiz Gonzaga dos Reis; historia natural, das 10 as 11, os drs. Almeida Nunes, Henrique Jansen e Luiz Gonzaga dos Reis. Pede-se aos alunos inscritos que não faltem. - O aluno do curso anexo, Sr. Silvio Rebelo, promotor no Rosário, telegrafou ao diretor, comunicando-lhe que, por motivo de moléstia, não podia prestar exame agora.
Já a 19 de dezembro começam a ser publicadas as notas dos alunos do curso anexo: FACULDADE DE DIREITO Começaram hoje, as 8 horas, terminando as 12, os exames do curso anexo á Faculdade de Direito, havendo comparecido nove alunos. Na mesa de latim me de matemática, o dr. Antonio Bona foi substituído pelo dr. João Vieira e Fran Paxeco. Foram estas as notas: Em latim:- Astrolábio Caldas, 7; Boanerges Ribeiro, 7; João Vitor Ribeiro, 7; Valdemiro Viana, 7; José Monteiro, 6; Francisco Santos, 6; Ricardo Barbosa, 6; Ponciano Carvalho, 5; Benedito Salazar, 5. Em geometria, álgebra e trigonometria: - Astrolábio Caldas, 6; Boanerges Ribeiro, 9; João Vitor Ribeiro, 7; Valdemiro Viana, 7; Francisco Santos, 7; Ricardo Barbosa, 6; Ponciano Carvalho, 7; Benedito Salazar, 6. Hoje, das 15 as 18, realizam-se os exames de história do Brasil, história universal e de inglês. Amanhã das 8 as 11, física, química e história natural.
1919 – ANO DA CONSOLIDAÇÃO Na edição de 2 de janeiro de 1919, de “A Pacotilha”, aparece o resultado da reunião da congregação, com novidades sobre os exames de segunda época e inicio do ano letivo de 1919. À reunião compareceram: Viana Vaz, Henrique Couto, Aarão Brito, Alcides Pereira, Antonio Bona e Fran Paxeco e o secretario, Sr. Domingos Perdigão Nova reunião, a 25 de janeiro de 1919, para decidir sobre os exames vestibulares, prestação de contas e inclusão de disciplinas, no curso anexo: A FACULDADE DE DIREITO Reuniram-se hoje os membros da Associação organizadora da faculdade de Direito, professores desta e do curso anexo, presidindo o dr. Tavares de Holanda e secretariando o Sr. Domingos Perdigão. O Sr. Fran Paxeco propôs que se tornasse completo o programa do curso anexo, incluindo nele as disciplinas de português, aritmética, geografia e Frances. Concordando-se, o presidente nomeou os drs. Aquiles Lisboa, Antonio Bona e Fran Paxeco, para elaborarem o regulamento destes cursos. O Sr. Domingos Perdigão alvitrou que se prorrogasse o prazo para admitir sócios fundadores. Aprovada, estendeu-se esse prazo até 30 de julho. O Sr. Luis Cunha falou no balancete financeiro, que se apresentará dentro dum mês, fornecendo-lhe as precisas notas o secretário. Levantou-se a questão dos exames vestibulares, tomando parte nos debates os srs. Tavares de Holanda, dr. Alcides Pereira, dr. Carlos reis, Fran Paxeco, dr. M. Jansen Ferreira, Adelman Corrêa. Ficou de se convocar uma nova sessão para a próxima terça-feira, as 9 horas, a fim de se resolver o assunto.
“O Jornal”, publicado anuncio de concurso na Faculdade de Direito, para substituição de I. Xavier de Carvalho. Fran Paxeco, tendo de substituir o professor da cadeira de psicologia lógica e história da filosofia, do curso anexo, publica em A Pacotilha seu “Pontos de Psicologia”, utilizando-se da obra notável pedagogista de Gabriel Compayré29, feita para as escolas normais da França, e que satisfaz o programa de ensino. Dadas as explicações aos alunos, forneceu o sumário das dezoito lições contidas nas 278 páginas do livro Pyschologie,
29
Jules-Gabriel Compayré, né à Albi (Tarn) le 2 janvier 1843 et mort à Paris le 24 février 1913, est un théoricien de la pédagogie et homme politique français. https://fr.wikipedia.org/wiki/Gabriel_Compayr%C3%A9
apliqueé á edication. Premiere partie – notions theóries30. Julgando prestáveis tais sumários, decidiu-se a publicá-lo em sua coluna (18/02/1919): Não nos sobre o tempo, agora, nem a Pacotilha nos proporciona espaço, pra discorrer sobre o que seja a psicologia. Contentemo-nos, por isso, em dizer que a palavra se extraiu do grego – psikhé, alma, e logos, tratado. É um termo por demais vago, o de alma. Esta, segundo o justo critério positivista, corporifica a síntese das faculdades afetivas, especulativas e ativas. Nada mais se apura, neste sentido, mesmo e refletindo nos capciosos argumentos dos infinitos dualistas que se embrenham no problema, através dos séculos, e que o gênio de Comte esclareceu naquela irretorquível definição. Resumindo: - a psicologia é a ciência da personalidade. – F.P. I – O fim da psicologia I.A psicologia tem por objetivo estudar os fatos internos que constituem a vida moral do homem, em contrate com a sua vida física. II. A psicologia experimental é uma ciência de fatos. A psicologia racional é uma ciência metafísica, esforçando-se por ligar os fatos a um principio único – a alma, segundo os espiritualistas. III. A alma tem-se entendido, alternativamente, como um principio de permanência e de forma, nos minerais, de vida, nas plantas, de sensibilidade e de movimento, nos animais, como um principio de raciocínio, enfim, no homem. De dia pra dia, a palavra alma converteu-se em sinônimo de principio espiritual, que sente, pensa e quer. IV. O estudos dos fatos psicológicos aparta-se das conclusões que os filósofos admitem sobre a existência e a natureza da alma. V. (Os fatos psicológicos distinguem-se dos fatos fisiológicos: - 1º por serem de pronto conhecidos pela consciência; 2º por não serem, com o os outros, simples movimentos da matéria extensa); 3º porque podem não coexistir com os fenômenos fisiológicos. VI. Os fatos psicológicos interpenetram-se de semelhanças e diferenças que permitem classificálos num certo numero de categorias ás quais chamamos faculdades da alma. Uma faculdade é apenas o conjunto dos estados de consciência da mesma espécie. VII. Destacam-se três séries de fatos psicológicos: - 1º os afetivos ou sensórios; 2º os fatos intelectuais; 3º os voluntários. Há, por conseqüência, três faculdades, - a sensibilidade, a inteligência e a vontade. VIII. É preciso acrescentar, a essas três faculdades essenciais, a atividade física. No que respeita aos fatos afetivos, devemos prendê-los, -, uns á sensibilidade material, outros á sensibilidade moral. II – A atividade física I.A atividade física é o poder de operar nos músculos, de produzir os movimentos do corpo. II. Antes de ser voluntária e consciente, a atividade física revela-se fatal e cega. Determinam-a causas obscuras e inconscientes, como as excitação dos centros nervosos, a hereditariedade, o instinto, etc. III. Os movimentos da criança mostram-se-nos espontâneos ou provocados. Quando inconscientes, constituem-se o que se denomina ações reflexas. Estas consistem numa excitação nervosa, seguida por uma contração muscular. Aquela excitação pode originar-se num impulso exterior ou num impulso espontâneo dos centros nervosos. IV. Os instintos são sistemas de ações reflexas. Os movimentos a que dão motivo dissemelhan-se dos demais movimentos espontâneos, porque os patenteiam com ordem e regra, tendendo a um fim, e divergem dos movimentos voluntários por se ignorar o alvo que visam. V. Os movimentos instintivos supõem, no entanto, uma certa representação dos meios a empregar, pra se atingir o objetivo: não se manifestam nem tão infalíveis, nem tão invariáveis, como pretendem alguns pensadores. VI. Na criança, produzem-se depressa, ás vezes, movimentos conscienciosos – os que derivam das emoções da sua sensibilidade. 30 http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k651460 Psychologie appliquée à l'éducation. Notions théoriques / par Gabriel ... Psychologie appliquée à l'éducation. Notions théoriques / par Gabriel Compayré,... -- 1890-1889 --
VII. Os movimentos intencionais e voluntários também se afirmam cedo: a vontade, por exemplo, exerce um certo papel na educação do andar. VIII. O habito intervém na atividade física, consoante se observa na escrita, na execução musical, etc. III – A sensibilidade física I.Os fatos sensórios são afetivos e os intelectuais são representativos. II. Os fatos sensitivos têm como antecedentes ora um fato fisiológico, ora um fato psicológico. No primeiro caso, chamam-se-lhes sensações, no segundo, sentimentos. As sensações formam a sensibilidade física; os sentimentos, a sensibilidade moral. III. As sensações localizam-se num órgão – a parte do corpo onde se dá o fato fisiológico que as precede. IV. Quer na sensação, quer no sentimento, encontram-se os elementos geradores da sensibilidade: - 1º o prazer e a mágoa; 2º as inclinações. V. O prazer supõe sempre uma inclinação previa, ou consciente ou inconsciente. O prazer é um pendor satisfeito; a magoa, um pendor contrariado. VI. O prazer provem de uma atividade media, conforme a natureza, equivalendo as forças de que a pessoa dispõe. A dor dimana, seja da inação obrigatória, seja da ação excessiva. VII. A inclinação, no fundo, concretiza o amor do bem, a procura da conservação e do desenvolvimento do ser. VIII. As sensações ou comoções da sensibilidade física repartem-se em duas categorias: - 1º os apetites; 2º os prazeres dos sentidos. Os apetites correspondem as diversas funções da vida organiza. Os prazeres dos sentidos são medianeiros entre a sensibilidade física e a sensibilidade moral. Fran Paxeco No dia 20 de março, é informado que a congregação se reuniria para escolha do profesosor que iria pronunciar o discurso de abertura das aulas e decidir quando se realizará o ato. Como se infotrma ser grande o numero de pedidos de matriculas no curso anexo, que se abririam na semana seguinte. Em outro lugar do jornal, é publicada edital chamando os alunos do curso jurídico para inscrição nos exames vestibulares, cujos exames seriam realizados na segunda-feira, ao mesmo tempo que é informado que os exames da quarta turma foram realizados pela manhã, tendo comparecido os professores Henrique Couto, Abranches Moura, Antonmio Bona,Carlos Reis, Luis Carvalho, Leoncio Rodrigues, Fran Paxeco,Antonio Lopes, Arias Cruz, Raimundo Lopes. Reunida a congregação, no dia 21/03, presentes Henrique Couto, Abranches Moura, Godofredo Viana, Manoel Jansen Ferreira, Fran Paxeco, João Vieira, Antonio Bona, Almeida Nunes, Antonio Lopes, Leôncio Rodrigues, padre Arias Cruz, para decidir, conforme convocação, quem faria o discurso de abertura do ano letivo, do curso jurídico, recaindo a escolha sobre Godofredo Viana; na mesma ocasião foi fixada a data do ato, seria a 7 de abril, as 9 horas. Foi discutida também a data de realização das provas vestibulares, fixadas para dia 24, e a nomeação das bancas julgadoras do 1º ano, composta por Antonio Lopes, Godofredo Viana e Luis Carvalho e as do 2º ano dos drs. Carlos Reis, Leôncio Rodrigues; que os drs. Almeida Nunes, Fran Paxeco e Antonio Bona façam os convites ás autoridades e mais pessoas de categoria para a inauguração do ano letivo; que os programas sejam os mesmos de 1918. O horário da 2ª cadeira modificou-se para das 8 as 9. Resolveuse também que os alunos paguem de freqüência, por matéria, 10$000 mensais. O presidente comunicou, por fim que o Congresso aprovou, e o chefe do executivo já sancionou o decreto que reconhece de utilidade pública a Faculdade de Direito. Em outra nota, os alunos do 1º e 2º ano do curso jurídico são convidados a se inscrevem para os exames. No dia 5 de abril, é anunciado a abertura, na próxima segunda-feira, as 9 horas, a reabertura das aulas da Faculdade de Direito. A congregação havia deliberado que a cerimônia saísse do comum, escolhido para proferir o discurso de praxe o dr. Godofredo Viana e designado dos drs. Almeida Nunes, Antonio Bona e Fran Paxeco para fazerem os convites ás autoridades, outras pessoas de importância e associações. Reuniu-se a congregação da faculdade e do Curso em anexo e os membros da Associação Organizadora, sob a presidência dos drs. Viana Vaz e Bezerra de Menezes, secretariados pelo prof. Rubem Almeida, e depois de declarados os propósitos da sessão, o dr. Luis Carvalho propôs que se aclamasse sendo reeleitos, os drs. Viana Vaz e Henrique Couto, para os cargos de diretor e vice-diretor. A seguir, tratou-se dos programas e horários dos
quatro anos do curso jurídico. O Sr, Fran Paxeco lembrou a divisão do curso anexo em dois anos, constando o primeiro de – português aritmética e álgebra, geometria e trigonometria, geografia, Frances, latim, e o segundo ano de – literatura, inglês, história universal e do Brasil, física, química, historia natural, filosofia, repetindo-se as matérias do primeiro. Na segunda feira haverá aulas de geometria e latim, das 17 as 18 e das 18 as 19 horas. O diretor designou o Sr. Alcides Pereira para substituir o dr. Raul Machado na cadeira de direito romano. Passou-se em, em seguida, a versar assuntos próprios da Associação Organizadora, á qual preside o desembargador A. Bezerra de Menezes. O Sr. Fran Paxeco leu e justificou um projeto de orçamento, fazendo outras considerações sobre a economia interna. Fran Paxeco destina seus proventos do mês de abril, de professor de português do curso anexo, no valor de 50$000 à Caixa dos Estudantes pobres da Faculdade; da mesma forma, o que tiver direito a receber pelas aulas de literatura, psicologia, lógica e filosofia deverão ser destinadas à referida caixa. Edição de 22 de maio de “O Jornal” e de “A Pacotilha”, traz o corpo docente do curso anexo, para o ano letivo de 1919, com as seguintes disciplinas, que funcionariam regularmente: Português, literatura, psicologia, lógica e filosofia, Fran Paxeco; aritmética e álgebra, Cleomenes Falcão; geometria e trigonometria, dr. José de Abranches Moura; geografia e inglês, Ruben Almeida, Frances, Djalma Sacramento; latim, padre Arias Cruz; história universal, Raimundo Lopes; história do Brasil, Antonio Bona; física, química e historia natural, farmacêutico Luiz Gonzaga dos Reis; professor substituto das três cadeiras, em exercício, por se acharem impedidos os drs. Genésio Rego, Herbert Jansen e Aquiles Lisboa. No dia 31 de maio reuniram--se as congregações da Faculdade de Direito e do curso anexo, tendo comparecido os srs. Viana Vaz, Henrique Couto, Arão Brito, Manoel Jansen Ferreira, Araujo Costa, Alcides pereira, Fran Paxeco, Antonio Lopes, Leôncio Rodrigues, Antonio Bona e professor Cleomenes Falcão. O dr. Viana Vaz diretor da Faculdade, tratou dos prazos para a inscrição dos candidatos ao cargo de professor substituto da 5ª seção, prazo este que terminaria no mês vindouro. Falou-se, depois, no que determina o art. 109 do regulamento, acerca dos alunos. Marca-se-lhes o máximo de quarenta (40) faltas não justificadas, para poderem ser admitidos a exames. A congregação resolveu cumprir á risca o que se prescreve naquele artigo. Deliberou-se, por fim, mediante acordo entre o diretor da Faculdade, o presidente do Superior Tribunal de Justiça e o redator do “Maranhão Jurídico”, estudar o meio de publicar a Revista da Faculdade. Reunia-se a comissão preparatória do Congresso Pedagógico, a ser realizado em fevereiro de 1920. As provas de filosofia do direito já estavam marcadas. Fran Paxeco idealiza e organiza o Primeiro Congresso Pedagógico do Estado do Maranhão entre o final de 1919 e início de 1920: Por estes dias, reunidos em sessão pedagógica da Faculdade de Direito, o diplomata português Fran Paxeco, presidente administrativo do Instituto da Assistência à Infância, diretor-geral do jornal local “A Pacotilha”, professor da Faculdade de Direito no Estado do Maranhão e lenthe da Congregação do Lyceu Maranhense, propôs aos colegas bacharéis e docentes do Instituto Superior acima mencionado a realização de um Congresso Pedagógico para apresentar teses e reflexões sobre a instrução pública maranhense, suas limitações e possibilidades. (OLIVEIRA, 2012) 31.
Nos Anais do 1º Congresso Pedagógico no Estado do Maranhão consta que no dia 18 de agosto de 1919, em reunião pedagógica presidida pelo vice-diretor desta Faculdade, o Dr. Henrique Couto, secretariado por Domingos de Castro Perdigão, os docentes Godofredo Viana, Manoel Jánsen Ferreira, António José Pereira Junior, António Lopes, Leôncio Rodrigues, Alcides Pereira, Costa Gomes, Lemos Viana, Abranches Moura, António Bona, Fabiano Vieira e Raimundo Lopes ouviram de Fran Paxeco o convite para realizarem um Congresso Pedagógico em fevereiro do ano vindouro (1920). A proposta foi aceita por unanimidade e imediatamente elegeram uma comissão organizadora, formada pelos 31
OLIVEIRA, Rosângela Silva. FRAN PAXECO, LENTHE DA REVITALIZAÇÃO PEDAGÓGICA MODERNA NO ESTADO DO MARANHÃO, ORGANIZADOR DO 1º CONGRESSO PEDAGÓGICO EM 1920. IX Congresso Luso-Brasileiro de História da Educação – Rituais, Espaços e Patrimónios Escolares, Lisboa, 12 a 15 de julho de 2012, ANAIS IX COLUBHE 2012. http://colubhe2012.ie.ul.pt/ , disponibilizado por Dra. Rosa Paxeco Machado através de correspondência eletrônica pessoal em 12/10/2012 http://sn125w.snt125.mail.live.com/default.aspx#n=1557179640&fid=1&fav=1&mid=4b2f82ba-1480-11e2-b36f-00215ad9df80&fv=1 OLIVEIRA, R. S. Do contexto histórico às ideias pedagógicas predominantes na escola normal maranhense e no processo de formação das normalistas na Primeira República. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO. Universidade Federal do Maranhão, 2004
drs. Godofredo Vianna, Fabiano Vieira, António Bóna, António Lopes e o próprio Fran Paxeco (MARANHÃO, 1922, citado por OLIVEIRA, 2012) 32. A carta-circular datada de 12 de janeiro de 1920 expedida pela Comissão Organizadora, destinada às escolas oficiais, aos colégios particulares e demais interessados em participar e/ou inscrever trabalhos, apontou os ramos de educação adotados e abertos para o diálogo pedagógico. Foram eles:
I – Educação Física [...] II – Educação Intelectual: [...] III – Educação técnica: [...] IV – Educação moral: [...] V – Educação Estética: [...] Teses especiais sobre: Faculdades, escolas de pedagogia, liceus. Educação vocacional. Atribuições pedagógicas e financeiras da União, dos estados e dos municípios. Organismos de técnicos, para superintender na escolha de horários, ortografia, livros, material, casas, etc. Estatística. Taxa escolar. Exames e promoções. Nomeação de professores. Escolas móveis ou ambulante (primárias e agrícolas). Exposições e museus. Bibliotecas infantis. Código do ensino: leis, decretos e regulamentos. Construções. Colégios particulares. Equiparações. Artes e ofícios. Colônias correcionais. Intercâmbio de catedráticos das escolas superiores. (MARANHÃO, 1922 p. 4-5, citado por OLIVEIRA, 2012) 33,34.
Logo a 1º de setembro, segunda-feira, eram convocados para reunião os drs. Alcides Pereira, Abranches, Fran Paxeco, Carlos Reis, Costa Gomes, da Comissão de Conferencias, Godofredo Viana, Fabiano Vieira, Antonio Lopes, e Antonio Bona, da Comissão Organizadora do Congresso pedagógico; deveria ser apresentado, na ocasião, as bases do programa deste congresso, indicando-se também o grupo dos quatro ou cinco primeiros conferentes. Em reunião, escolheu-se para secretário da conferencia do centenário o dr. Carlos Reis; e do congresso pedagógico o dr. Fran Paxeco. A 13 de setembro (A Pacotilha) anuncio de que as conferencias preparatórias do centenário da Independência teriam inicio, já no dia 20 próximo, com Fran Paxeco falando sobre “o critério histórico”, ligado à sua natural base geográfica. O dr. Carlos Reis, Secretário da comissão das conferencias do centenário envia oficio à Academia de Letras para se associarem à efeméride. E faz convite para a palestra que Fran Paxeco realizaria no dia 20, no Centro Português, sobre “A Geografia e a História”, fixando o papel que lhes compete, no vasto quadro dos conhecimentos humanos. Como também convida a comparecer as autoridades civis e militares, as corporações de classe, os professores e alunos da Faculdade de Direito. Realizou-se a palestra inicial da série que a faculdade de Direito, com a Academia Maranhense, resolveram fazer. Falou Fran Paxeco sobre o tema a geografia e a história, consumindo perto de uma hora na leitura de seu ‘aperçu’, a que se juntarão outros, nos quais versará sobre aqueles dois pontos, mas concretizando-os, acerca da península Luziberica, da America do Sul, do Brasil, e do Maranhão. O auditório, dos mais seletos, aplaudiu e abraçou Fran Paxeco. A próxima conferencia será em outubro, cabendo ao dr. Carlos Reis; seguirse-ão as do dr. Antonio Bona, em novembro; Antonio Lopes, em dezembro; Godofredo Viana, em janeiro de 1920. Domingos Barbosa tratará, depois, do humorístico nos escritores maranhenses, Luso Torres, das instituições militares, o dr. Benedito de Vasconcelos, da conquista do Maranhão. Em reunião do dia 04 de outubro de 1919, presentes o dr. Arão Brito, Henrique Couto, Godofredo Viana, João Vieira, Luis Carvalho, Fran Paxeco, Alcides Pereira, Antonio Bona, Leôncio Rodrigues, Raul Pereira, Antonio Lopes, Costa Gomes. O dr. Raul machado fez-se representar pelo dr. Alcides Pereira. O dr. Viana Vaz não 32
Maranhão. Trabalhos do I Congresso Pedagógico. São Luis: Imprensa Oficial, 1922, in OLIVEIRA, 2012. Maranhão, 1922, in OLIVEIRA, 2012. 34 OLIVEIRA, 2012, obra citada http://colubhe2012.ie.ul.pt/ OLIVEIRA, 2004, obra citada 33
compareceu, assumindo a presidência o dr. Henrique Couto, vice-presidente, secretariado pelo dr. Domingos Perdigão. 19/11, resultado da reunião das congregações – Faculdade e Curso Anexo -, comparecendo os srs. Drs. Henrique Couto, Carlos Reis, Leôncio Rodrigues, Araujo Costa, Raul Pereira, Costa Gomes, do curso jurídico; Fran Paxeco, padre Arias Cruz, Luis Gonzaga dos Reis e Djalma Sacramento, do curso anexo. Presidindo o dr. Henrique Couto, secretariado pelo dr. Domingos Perdigão, resolveu-se que formassem a banca examinadora do primeiro ano da faculdade os drs. Antonio Lopes, Raul Machado e Godofredo Viana, professores das respectivas cadeiras. Do segundo ano, os drs. Carlos Reis, Leôncio Rodrigues e Raul Pereira; do terceiro ano, os drs. Henrique Couto, João Vieira e Costa Gomes. Os exames preparatórios, com os atos de português, começam amanhã, 20, pelas 19 horas, compondo a mesa os srs. Fran Paxeco, padre Arias Cruz, drs. Antonio Bona e Leôncio Rodrigues; em 26, de inglês, os srs. Dr. Antonio Bona, Rubem Almeida, e Carlos Reis; em 28, de física, química e historia natural, examinando os drs. Aquiles Lisboa, Genésio Rego, Herbert Jansen ferreira e Luis Gonzaga dos Reis; em 28, literatura, examinando os srs. Fran Paxeco, dr. Antonio Lopes e padre Arias Cruz; em 29, de história universal e do Brasil, os drs. Antonio Bona, Fran Paxeco e Costa Gomes. Iniciados os exames, começam a ser divulgados os resultados: exames de português do primeiro ano, no curso anexo, comissão examinadora formada por Fran Paxeco, padre Arias Cruz e Rubem Almeida: Benedito de Carvalho Silva, 6; Candido de Sousa Bispo, 8; Crispim Barbosa Maciel, 6; Isaac Gomes Ferreira, 8; José Botão de Miranda, 8; José de Miranda Lima, 6; Manoel da Silva Varão, 6. Em outro informe, com o titulo de “Dois Congressos” opina-se: As assembléias que a Sociedade Maranhense de Agricultura e a Faculdade de Direito do Maranhão tencionam levar avante, concretizam um vivo anseio de progredir, de se atingir um horizonte mais claro, onde se descortinem indícios de avanço. Os que se dedicam às questões do ensino, técnicos ou amadores, encontrarão no congresso pedagógico um meio acessível de trocar idéias, expondo os seus métodos, as suas práticas, os seus desejos. Uns discretarão sobre a psico-fisiologia das novas gerações, outros acerca das circunstancias a exigir nos prédios escolares, aqueloutros a respeito da monomania programática, quase sempre infecunda, ainda outros da cultura física, da intelectual, da ética, - a cúpula de todo o bom sistema educativo. Predominará, porventura, nesses debates sugestivos, a nota das realizações, embora as teorias lhes sejam de ordinário, imprescindíveis. E dessa convergência de esforços talvez irradie um núcleo de princípios eficazes. Mas – primo, vivere... Todos aqueles que se interessam pelos problemas econômicos, inseparáveis dos pedagógicos, devem rejubilar-se com o desejo de acordar as iniciativas dos que nos fornecem o essencial à existência, dos que extraem da terra inexaurível as insondáveis riqueza que nos alimentam, fortalecendo a indústria e o comercio. Os campos maranhenses, antigos abastecedores, em gado e cereais, dos estados amazônicos e de alguns dos vizinhos sulistas, estorcem-se hoje entanguidos, faltos de estimulo remunerativo, trazido pela procura. Sentem-se abandonados por quem deles depende, em tudo e por tudo. E os seus impávidos arroteadores descrêem. Mas, tentando-os o sopro do messianismo, prega das almas cândidas, ao mínimo aceno, tal qual a um falacioso aguaceiro, no período funéreo da seca, logo se voltam, alegres, agradecidos, sem ter de quê. Deparam-se, ao congresso pedagógico e ao congresso dos lavradores, dois temas sintéticos, pilares dos restantes: - Num, o professor e o material. No outro, o braço e o transporte. Porque representam os alicerces do edifício a reconstruir.
Nos dias seguintes, várias notas reclamando a presença dos membros da comissão encarregada da organização do Congresso Pedagógico, promovido pela Faculdade de Direito. A Academia de Letras reconhecia a iniciativa dos professores daquela instituição de ensino, e procurava-se reunir a maioria das instituições que tratavam do ensino. O Governador anuncia sua participação, e do Estado, no evento, dando respaldo oficial à Na edição de A Pacotilha de 06 de fevereiro, em edital da Faculdade de Direito, pede-se que os alunos em débito compareçam para quitar-se com a tesouraria. Em outra nota, a fundação da “Legião dos Novos”, presidida por Fran Paxeco. Rubem Almeida manda noticias do Rio de Janeiro e São Paulo, onde foram estudar os institutos educacionais, por sua própria conta. De lá, parte para Buenos Aires e Montevidéu, com o mesmo fim.
Uma comissão da Faculdade de Direito convidava os colegas e alunos do Instituto Ateniense para uma reunião, a fim de tratar de assunto de grande interesse da classe: comemorar o aniversário natalício do Prof. Fran Paxeco, no próximo dia 9 de março. Da reunião, escolheu-se as seguintes comissões, para falar com os professores, os srs. Acadêmicos Arlindo Martins, Adelman Correa, Inácio Pinheiro, Zildo Maciel e Sousa Bispo. A segunda comissão ficou organizada pelos srs. José Monteiro, Astrolábio Caldas, Saint-Clair Ramos, José Carvalho e Valdemar Brito. Na sessão solene, que se realizará à noite, falarão, pelos acadêmicos de direito, o Sr. João Vitor Ribeiro; pelo Instituto Ateniense, o Sr. Sousa Bispo; pela “Revista Maranhense”, o Sr. Clemente Guedes. As comissões que se devem reunir na próxima quarta-feira, em casa do Sr. Arlindo Martins, convidarão o dr. Costa Gomes, prof. da Faculdade, para falar pelo corpo docente. Na edição de 20 de fevereiro de 1920, de “A Pacotilha”, sai um interessante artigo sobre o Congresso Pedagógico, promovido pela Faculdade de Direito: Aberta a sessão pelo Sr. Professor José Ribeiro do Amaral, presidente da Academia Maranhense, o Sr. Fran Paxeco propôs três votos de homenagem – a Bequimão, ao pacto constitucional e a Teófilo Braga. Foram aprovados por unanimidade. O Sr. Amaral, aludindo ao resumidissimo discurso de Fran Paxeco, proferido quando se inaugurou o congresso, estendeu-se em considerações relativas a outras casas de ensino daqui. Principiou por se referir ao Colégio Silveira, estabelecido, pouco antes de terminar o domínio metropolitano, na Quinta do Barão. Aquele nome representava um preito ao marechal Bernardo da Silveira Pinto da Fonseca, o ultimo dos governadores coloniais, em cujo tempo entrou nesta cidade a primeira tipografia, fato que fará brevemente um século (1921). Foi nesse colégio que Sotero dos Reis encetou ser professor. Aludiu, após, ao colégio Episcopal de N. S. dos Remédios, dirigido pelo dr. Domingos Feliciano Marques Perdigão, a quem tributou a devida justiça, recordando os professores Francisco Urbano da Silva Ribeiro, Henrique Eduardo Costa e Jorge Maria de lemos de Sá, que considerou notabilidades. Ao colégio do capitão José Ricardo de Sousa neves, na rua de São Pantaleão, mais tarde – colégio dos padres; ao Instituto de Humanidades, criado pelo dr. Pedro Nunes leal, e que se instalou no prédio depois ocupado pela fábrica Progresso; ao de Temístocles Aranha; ao seminário das Mercês, fundado por fr. Luis da Conceição Saraiva, bispo da diocese; ao Colégio São Paulo (1877), de iniciativa do erudito expositor, aberto na rua dos Afogados e que durou 20 anos, onde aprenderam os irmãos Mouras – Silvinato e Hastínfilo, este coronel do exercito e aquele contralmirante, o general Tasso Fragoso, o dr. Viveiros de Castro, ministro do Supremo Tribunal, o dr. Abreu Fialho, insigne oftalmologista, professor da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, etc. ao colégio das Carmini, senhoras de origem itali8ana, e que esteve no sobrado da rua Grande, em frente à travessa da Passagem; ao Colégio Nossa Senhora da Glória, da família Abranches Moura, estabelecido no palacete hoje pertencente à viúva Alves de Barros. O ilustre orador ficou de fornecer pormenores a respeito, para figurarem no livro do Congresso. Passou-se, de seguida, a discutir os capítulos contidos na primeira parte do programa – Educação Física.Quanto aos jogos e brinquedos, a respeitável professora da Escola Modelo, sra. D. Hermíndia Soares, e o irmão Paulo Domingues, apresentaram duas indicações interessantes. Sobre o canto coral, o secretário do congresso cientificou os presentes de que o Sr. Secretário do interior tenciona marcar um dia, na semana, para o ensaio de hinos escolares e patrióticos, a realizar-se na escola Almeida Oliveira. Lembrou-se a quinta-feira, para se preceder a esses ensaios. Mas, nesse dia, só fecha a Escola Modelo. Convém, assim, que se de feriado a todos os alunos. D. Rosa Castro, diretora da escola normal primária, alvitrou que se proferisse um recinto ao ar livre – o Tívoli, por exemplo. Os desportos, inclusive a ginástica de aparelhos, só são próprios dos 10 anos em diante, sucedendo aos jogos infantis. Com relação à higiene escolar e doméstica, preconizou-se a necessidade absoluta da inspeção médica. O secretário comunicou que o dr. Herbert Janssen prepara um estudo respeitante à higiene infantil, citando, em termos elogiosos, a tese do dr. Carlos Costa Rodrigues, atinente à inspeção médica. A assistência aos estudantes pobres e as caixas também merecem um debate detido. O secretário, lendo o estatuto da caixa escolar do município, estranhou que não comparecesse nenhum inspetor ou professora municipal, parecendo-lhe desvantajoso fixar o desconto de um quarto dos vencimentos do funcionalismo pedagógico para a caixa, por via dos embaraços trazidos pelo cálculo. D. Odilia Pinho, diretora do grupo Bequimão, declarou que, noutros estados, as faltas dos professores, ou do que devem receber nesses dias, reverte a favor das caixas escolares. D. Luzia de Castro Freitas, diretora do grupo Nina Rodrigues, afirmou que, ao tratar-se dessa instituição, com o magistério estadual, este se comprometeu a contribuir para ela com o produto dum dia de ordenado. Falou-se ainda acerca dos balneários e colônias de férias. Resolveu-se, por fim, submeter as opiniões escritas e verbais ao relator da seção, para emitir parecer. As professora, Sras. D. Zilá Pais e Rosa Castro, depositaram na mesa diversas informações.
Estiveram presentes as exmas. Sras. D.d. Maria da Gloria Parga Nina, Luiza de Castro Freitas, Zilá Páis, Hermíndia Soares, Maria do Carmo Teixeira, Odila Pinho, Henriqueta Belchior, Amélia de Carvalho Sousa, Rosa e Noemi Castro, quintanistas Edmar e Celina A. Nina, quartanista Brígida Lago,irmãos maristas Paulo e Carlos, Domingos Perdigão, Mario Carvalho, quartanista de medicina, profs. José Fortuna, Luis Domingues, sobrinho, e Sait-Clair dos Santos ramos. Hoje, discutir-se-ão os capítulos da segunda parte do programa, superintendendo os trabalhos o Sr. Desembargador Bezerra de Meneses, presidente do Superior Tribunal de Justiça e da Associação Organizadora da Faculdade de Direito.
As comemorações do aniversário de Fran Paxeco são adiadas, haja vista estar ausente da cidade. Viajara para Belém, a serviço do governo português. Logo a seguir, sai reportagem sobre as homenagens prestadas à Fran Paxeco em Belém.
192135 - “[...] um quase reconhecimento oficial [...]” 36 A 25, editorial da “Pacotilha” – O prato do dia – volta à proposta de a Associação Comercial entrar em acordo com a Faculdade de Direito, para estabelecimento de uma escola de comércio. Chama atenção pela idoneidade de seu corpo docente e a existencia, já, do Instituto Ateniense, o antigo curso anexo, preparatório. A 26 de janeiro reuniu-se a congregação, tendo como pauta: [...] sessão da congregação da Faculdade de Direito, presidida pelo dr. Henrique José Couto, vicer-dietor. Tratou-se da subvenção de vinte contos de reis, consignada no orçamento federal, por proposta do senador Fernando Mendes de Almeida. Resolveu-se que se providenciasse, no tempo oportuno para o recebimento e aplicação da mesma. O presidente deu ciencia de um telegrama do senador Fernando Mendes de Almeida, pedindo o auxilio da Faculdade, para a sua candidatura. A congregação deliberou que nada lhe competia fazer, por se manter estranha às lutas de caráter político. O dr. Antonio Lopes propos que a Faculdade se interesse, perante a Associação Comércal, para se fundar a Escola de Comércio, à qual o orçamento federal acaba de conceder dez contos de réis. Achando-se apta a fazer funcionar essa escola, com o Instituto Ateniense, a Faculdade criaria aquela escola, custeada pela subvenção aludida. Discutido o assunto, nomeou-se uma comissão, composta: dos srs. Dr. Manoel Jansen ferreira, professor da Faculdade; Rubem Almeida, professor do Instituto Ateniense. E dr. Manoel Fran Paxeco, da Associação Organizadora da Faculdade, para se entender com a Associação Comercial a esse respeito. Para se realizarem os exames vestibulares, marcou-se a segunda quinzena de fevereiro, nomenado-se a seguinte mesa: - drs. Araujo Costa, para francês; dr. Carlos reis, para inglês; dr. Alcides Pereira, para história universal; dr. Fran Paxeco, para filosofia. Quanto aos certificados de exames do preparatório, assentou-se que se aceitariam os do Inhstituto Ateniense, feitos somente até 1920. Submeteu-se à casa uma petição do secundanista Esron Wolff de Souza, recorrendo da decisão da mesa examinadora de economia politica e pedindo que a congregação desfaça o engano dos graus do dito exame. Decidiu-se que a congregação mande ouvir a referida mesa examinadora.
35 36
Quando não especificado, as notas são do Jornal A Pacotilha. Prato do dia, PACOTILHA, 11 de janeiro de 1921, primeira página.
A 4 de fevereiro de 1921, é publicado o Edital para os exames vestibulares: FACULDADE DE DIREITO DO MARANHÃO EDITAL De ordem do exmo. Sr. Dr. Diretor faço publico que, desta data até 14 do corrente, fica aberta a inscrição para os exames vestibulares necessários à matrícula no curso jurídico e social, devendo os candidatos juntar às suas petições os documentos exigidos pelo artigo 75 do Regimento Interno desta Faculdade. Secretaria da Faculdade de Direito do Maranhão, 4 de fevereiro de 1921 Domingos de Castro Perdigão Secretário
Reunião da Congregação a 10 de março, presidida pelo vice-diretor, dr. Henrique Couto e secretariado por Domingos Perdigão, tendo comparecido os drs. Bezerra de Meneses, Raul Machado, Pereira, junior, Luis Carvalho, João Vieira, Leoncio Rodrigues, Alfredo de Assis, Alcides Pereira, Tarquinio Lopes, filho, Fran Paxeco: Os presentes apresentaram os programas do próximo ano letivo. Tratando-se do orador para o dia da abertura das aulas, a eleição recaiu no dr. Clodomir Cardoso. Discutiu-se, depois, o recurso interposto pelo secundanista Esron Wolff de Sousa. Explicado o caso por diversos professores, e ouvidas as razões do dr. Leoncio Rodrigues, o dr. Luis Carvalho propos se votasse a preliminar da competencia da congregação, para decidir sobre o assunto; A resposta foi unanimente afirmativa, salvo o dr. Leoncio Rodrigues. O aluno recorrera contra fato de lhe não contar, o examinador de economia politica, a nota cinco duma prova parcial. Submetido a votos, a congregação deliberou, por dois terços da maioria, considerar o recorrente aprovado, nessa matéria. O dr. Luis Carvalho indicou, após, os catedráticos Henrique Couto, Raul Machado e Antonio Bona, para comporem a comissão de reforma do regulamento da Faculdade. Assentou-se ainda adotar cadernetas, a fim e se lançarem as médias mensais. Os exames de segunda época, segundo se terminou, começarão no dia 21 do mês andante.
Diversas atividades realizadas, em São Luis e em Belém, pela passagem do natalício de Fran Paxeco. Por vários dias, os jornais noticiam as festividades que aquele ilustre professor recebeu da sociedade ludovicense, em especial de seus alunos da Faculdade de Direito. O discurso de Rubem Almeida: FRAN PAXECO Rubem Almeida, pelos alunos da Faculdade de Direito, pronunciou este discurso: Dentre as vozes que nesta noite aqui se conjugam, sr. Fran Paxeco, para em coro vos trazer o seu amigo saudar, há-de, por certo, a vossa bondade permitir que, sincero, me desobrigue da tarefa cometida, trazendo-vos também, com os mais efusivos prolfaças pela data feliz que em festa hoje decorre, os agradecimentos de uma das classes a que prestais o melhor do vosso trabalho e da vossa dedicação. Dispensando-me de considerar os outros empregos da vossa modelar atividade, para somente atender à vossa preciosissima ação no estabelecimento, vida e futuro da escola superior que a vós, em grande parete, vos fica devendo o estado, parece-me encontrar nesse afto razão de sobra para explicar, quando outras, que tendes, não tivesse, da homenagem espontanea que vos rendem os moços desta terra. É aque esse moços sentem, como todos, afinal, o valor do vosdso engenho pertinaz, quando posto ao serviço de quaisquer princípios. Quanto maiores os empecilhos, mais se esforça em vencê-los, quando mais profundos os desalewntos, tanto mais se empenha emj esperancá-los; e, assim, num conjugado magnífico de forças, sabeis, como poucos, levar avante os empreendimentos. Assim foi para a nossa Escola de Direito. Havia aspiração, havia boa vontade; faltava um condutor. Foste-lo vós. Metestes, decidido, ombros à empresa, iniciastes a viajem a que se antolhavam os mais difícies obstáculos, a tudo sorristes com o sorriso do homem que conhece as suas forças, e aqui vos tivemos triunfante, mostrando não haver utopia no ideal, simples questão, porém, de audácia, daquela audácia que, na vossa pessoa, reconheceu Teixeira bastos como o bastante para mnos dispensar de apresentações.
Pois, como o prefaciador do vosso “Sangue latino”, mais ainda do que ele, quero dizer, julgo dispensar-nos ela, também, de longas e indiscretas considerações. Pelo que, honrado pela incumbencia aqui, feliz, me desobrigo, trazendo-nos, nestas frases laconicas, o saudar do corpo disciente da Faculdade de Direito, o qual faz questão de que vos reafirme, ainda uma vez, todo o seu contentamento pelo dia de hoje, e toda a sua duradoira gratidão e apoio, pelo muito que lhe haveis feito, como amigo, como irmão e como mestre.
Fran Paxeco, em sessão da congregação (Pacotilha, 20 de abril de 1921) apresentou o orçamento aos membros da Associação Organizadora da Faculdade de Direito:
1922 – falecimento de Viana Vaz... A 9 de março, aniversário de Fran Paxeco, diversas homenagens lhe foram prestadas, inclusive com uma edição inteira de A Pacotilha, ressaltando a sua contribuição para a cultura maranhense, e, em especial, a fundação da Faculdade de Direito O GRUPO É CONSTITUÍDO POR DIVERSOS ALUNOS DA PRIMEIRA TURMA DA FACULDADE DE DIRITO DO MARANHÃO. O ORIGINAL, QUE SE ENCONTRA EM PODER DA FAMÍLIA DE FRAN PAXECO, TRAZ A DEDICATÓRIA: “A FRAN PAXECO, O MESTRE, OFERTA DE SEUS DISCÍPULOS, SÃO LUIS, 26 DE MARÇO DE 1922
Na primeira fila, sentados, da esquerda para a direita: Djalma Sacramento, José Façanha, João Victor Ribeiro, FRAN PAXECO, Humberto Fontenelle, Francisco Mendes dos Reis e Fulgencio Pinto. Em pé, na 2ª fila: Castro e Silva, Ismael Hollanda, José Mata Roma, Zildo Maciel, Othon Mello, José Monteiro, Edison Brandão e Astrolabio Caldas.
Na 3ª. Fila: Waldemiro Vianna, João Guilherme de Abreu, Raimundo Eugenio de Lima, Clemente Guedes, Octavio Bandeira de Melo e Arentino Ribeiro.
Fonte: VIEIRA DA LUZ, 1957
1923 – a Faculdade de Direito triunfou...
Fonte: Oliveira, 201337
37
OLIVEIRA, Antonio Guimarães de. SÃO LUIS – MEMÓRIA E TEMPO. São Luis: 2013.
CONGREGAÇÃO – FONTE: ÁLBUM DO MARANHÃO 1923
TURMA DE ALUNOS DA FACULDADE DE DIREITO - FONTE: ÁLBUM DO MARANHÃO 1923
Nos primeiros dias de julho, diversas homenagens à Fran Paxeco são prestadas, e publicadas em nossos diários, agradecendo-lhe os serviços prestados... Estava de partida para sua terra natal, Portugal...
1924 – a equiparação A 27 de março, sai nota sobre convites que estavam circulando, para a solenidade de colação de grau... Realizada dia 30 de março de 1924: Revestiu-se do máximo brilhantismo a cerimônia da colação do grau aos bacharelandos da primeira turma da Faculdade de Direito. As 10 e meia do dia, pouco mais ou menos, o desembargador Henrique Couto, diretor da escola abriu a sessão. Ladeavam s.s. o exmo Sr. Presidente do estado, acompanhado do seu oficial de gabinete, dr. Mariano Lisboa, neto, e o Sr. Arcebispo d. Otaviano que à sua direita tinha o desembargador Manoel Lopes da Cunha, presidente do Superior Tribunal de justiça. Os demais lugares estavam ocupados pelos membros da congregação da faculdade, representada no ato pelos profs. drs. Joaquim Franco de Sá, Manoel Jansen Ferreira, Tarquínio Lopes Filho, Alcides Pereira, Alfredo de Assis, Lemos Viana, Antonio Bona, Clodomir Cardoso, João Matos, Raimundo Vinhais, Raul Pereira e desembargador Ferreira Junior
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A PARTIR DESTE NÚMERO, CORRIGIDA A NUMERAÇÃO, COM SEQUENCIAL, DOS SUPLEMENTOS E EDIÇÕES ESPECIAIS: VOLUME 28 – JANEIRO 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_maranhay__28_-_janeiro____2020b VOLUME 29 – FEVEREIRO 2020 https://issuu.com/home/published/revista_do_leo_-_maranhay__29-_fevereiro___2020b
REVISTA DO LÉO - NÚMEROS PUBLICADOS VOLUME 1 – OUTUBRO DE 2017 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_1_-_outubro_2017 VOLUME 2 – NOVEMBRO DE 2017 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_2_-_novembro_2017 VOLUME 3 – DEZEMBRO DE 2017 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_3_-_dezembro_2017 VOLUME 4 – JANEIRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_4_-_janeiro_2018 VOLUME 5 – FEVEREIRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_5_-_fevereiro_2018h VOLUME 6 – MARÇO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_6_-_mar__o_2018 VOLUME 6.1 – EDIÇÃO ESPECIAL – MARÇO 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_especial__faculdade_ VOLUME 7 – ABRIL DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_7_-_abril_2018 VOLUME 8 – MAIO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8_-_maio__2018 VOLUME 8.1 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO: VIDA E OBRA – MAIO 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8.1_-__especial__fra VOLUME 9 – JUNHO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_9_-_junho_2018__2_ VOLUME 10 – JULHO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_10_-_julho_2018 VOLUME 11 – AGOSTO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_11_-_agosto_2018 VOLUME 12 – SETEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_12_-_setembro_2018 VOLUME 13 – OUTUBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_13_-_outubro_2018 VOLUME 14 – NOVEMBRO DE 2018
https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_l_o_-_numero_14_-_novemb VOLUME 15 – DEZEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revisdta_do_l_o_15_-_dezembro_de_20? VOLUME 15.1 – DEZEMBRO DE 2018 – ÍNDICE DA REVISTA DO LEO 2017-2018 https://issuu.com/…/docs/130ndice_da_revista_do_leo_-_2017-201 VOLUME 16 – JANEIRO DE 2019 https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__16_-_janeiro_2019 VOLUME 16.1 – JANEIRO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: PESCA NO MARANHÃO https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__16_1__-_janeiro__20 VOLUME 17 – FEVEREIRO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_17_-_fevereiro__2019 VOLUME 18 – MARÇO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__18_-_mar_o_2019 VOLUME 19 – ABRIL DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__19-_abril_2019 VOLUME 20 – MAIO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__20-_maio_2019 VOLUME 20.1 - MAIO 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO E A QUESTÃO DO ACRE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__20.1_-_maio_2019_-_ VOLUME 21 – JUNHO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__21-_junho_2019 VOLUME 22 – JULHO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__22-_julho_2019 VOLUME 22.1 – JULHO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__22-_julho_2019_-_ed VOLUME 23 – AGOSTO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__23-_agosto_2019 VOLUME 23.1 – AGOSTO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: AINDA SOBRE A CAPOEIRAGEM MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__23.1-_agosto_2019_VOLUME 24 – SETEMBRO DE 2019 – LAERCIO ELIAS PEREIRA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec VOLUME 24.1 – SETEMBRO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: IGNÁCIO XAVIER DE CARVALHO: RECORTES E MEMORIA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec VOLUME 25 –OUTUBRO DE 2019 – https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__25_-_outubro__2019 VOLUME 26 –NOVEMBRO DE 2019 – https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__26_-_novembro__2019 VOLUME 27 – DEZEMBRO DE 2019 – https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__27_-_dezembro___2019 VOLUME 27.1 – DEZEMBRO DE 2019 – suplemento – OS OCUPANTES DA CADEIRA 40 DO IHGM https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__27.1_-_dezembro___2019 VOLUME 30 – edição 6.1, de março de 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_especial__faculdade_ VOLUME 31 – edição 8.1, de maio de 2018 EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO: VIDA E OBRA – MAIO 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8.1_-__especial__fra VOLUME 32 – edição 15.1, de dezembro de 2018 ÍNDICE DA REVISTA DO LEO 2017-2018 https://issuu.com/…/docs/130ndice_da_revista_do_leo_-_2017-201 VOLUME 33 – edição 16.1, de janeiro de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: PESCA NO MARANHÃO https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__16_1__-_janeiro__20 VOLUME 34 - edição 20.1, de maio de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO E A QUESTÃO DO ACRE
https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__20.1_-_maio_2019_-_ VOLUME 35 – edição 22.1, de julho de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__22-_julho_2019_-_ed VOLUME 36 – edição 23.1, de agoto de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: AINDA SOBRE A CAPOEIRAGEM MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__23.1-_agosto_2019_VOLUME 37 – edição 24.1, de setembrp de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: I. XAVIER DE CARVALHO: RECORTES E MEMORIA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec