![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/2b4189a50cdd6a91ea99f9279ba9b0e2.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
89 minute read
FERNANDO BRAGA
DILERCY ADLER
Advertisement
Inicialmente quero dizer da imensa alegria por estar, mesmo que virtualmente, neste Simpósio de Literatura Maranhense-A Produção Maranhense em foco: a escrita, o espaço e o tempo. Ao mesmo tempo agradeço o amável convite dos organizadores deste importante evento, na pessoa do Prof. Dino Cavalcante. Saúdo também as queridas companheiras de mesa, a Profa. Dra. Dinacy Mendonça Corrêa e a Profa. Dra. Regia Agostinho Silva e a todos que nos acompanham nesta tarde. No tocante ao tema, A PRESENÇA DA MULHER NA LITERATURA MARANHENSE, eu o adotei como título da minha apresentação e elegi como subtítulo “Maria Firmina presente!” Essa escolha resulta do meu entendimento de que esta ilustre escritora se firma como representação da mulher maranhense no cenário da Literatura. Trago como subsídio de reflexão desta minha breve análise duas afirmações, que, à primeira vista, parecem antagonistas, mas que de fato integram dois vieses da mesma situação: A primeira afirmação está no meu “Elogio à Patrona Maria Firmina dos Reis: ontem, uma Maranhense; hoje uma missão de amor!”: Presto, desse modo, esta homenagem à Maria Firmina dos Reis, uma bela representante das filhas de Eva, habitante do panteão da Mulher, que abriga todas as mulheres da História da humanidade, as deusas, as humanas [...], as reveladas ou as silenciadas [...] que ousaram e ousam ainda quebrar os paradigmas opressores do seu tempo, e destemidamente fizeram da “fragilidade feminina” a sua força, o seu escudo, a sua lança nos embates indispensáveis da vida, sem esquecer o amor e o erotismo, forças geratrizes de vida e de criação (Adler, 2014,p. 19).
A segunda afirmação extraí do bojo de um projeto de autoria da professora e escritora Anna Liz, Presidente da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil- AJEB-Coordenadoria Maranhão, que neste mês de março de 2021 programou, no decorrer dos seus 31 dias, uma homenagem a todas as Mulheres. Nesse projeto a cada dia uma ajebiana publicou sua homenagem às mulheres em cards individuais. Todas as mensagens, muito primorosas, mas uma delas, a de Regiliane Maceno, me chamou a atenção, pelo seu teor à primeira vista incomum:
“Não sou, nem pretendo ser uma mulher guerreira, aquela que sempre precisa estar na ‘guerra’ pelo espaço que é meu. O espaço é meu. Pronto.”
Daí me vi frente à tão enfatizada e indispensável luta que a mulher, como categoria humana, e em respeito à sua condição humana vem empreendendo, de forma diferenciada, em momentos sociais distintos. E me deparei, ao fim da leitura das duas afirmações, com uma “luta” e uma “não luta”. Esta última pautada na plena consciência de propriedade do próprio espaço do feminino, em todas as suas formas de ser mulher, o que me remete também a um pequeno poema publicado no meu primeiro livro em 1991, há trinta anos: Crônica & Poemas Róseos-Gris:
ESPAÇO FEMININO Espaço mulher mulher no espaço espaçonave espaço cósmico cômico espaço...
inusitado das normas do corpo do sexo do leite materno que eterno sangra do peito a jorrar boca a dentro do homem!
Nessa perspectiva,é do conhecimento geral que, historicamente, nos últimos séculos, com raríssimas exceções, o homem tem marcado sua existência por meio de sua supremacia sobre a mulher, em decorrência de que O universo masculino é caracterizado por mais plasticidade e acesso a um quantitativo e maior intensidade de estímulos para o desenvolvimento das suas potencialidades do que o feminino. Assim é que, também a arte, a exemplo da ciência, tem demonstrado um quantitativo maior de expressões, de obras masculinas do que de femininas. Ou seja, em todas as áreas do conhecimento, o pensamento adotado e divulgado socialmente é aquele que tem na sua base o modelo eurocêntrico, masculino, caucasiano e aristocrático (ADLER, 2016, p.230).
A lacuna no que diz respeito às mulheres, como sujeitos na História, é vasta. Nesse contexto, cabe e, talvez, principalmente, à crítica literária feminina, pesquisas e estudos, darem visibilidade às mulheres, tornando também audíveis suas vozes e discutindo o real lugar da autoria feminina no cânone literário, desconstruindo a visão predominante eurocêntrica, masculina, caucasiana e aristocrática, referida anteriormente, ainda predominante na atualidade. É importante ressaltar que esta mesa, composta por três mulheres, traduz e concretiza essa preocupação. O certo é que na realidade objetiva temos alguns nomes e situações de mulheres na literatura maranhense, que são exemplos vitoriosos dessa “luta” ou dessa “não luta”. Uma das mais importantes precursoras da literatura feminina no Brasil é natural do Maranhão, a ilustre
escritora, compositora, folclorista, charadista, colaboradora de jornais literários, Mestra Régia, professora de primeiras letras do sexo feminino da Vila de Guimarães, Maria Firmina dos Reis que, segundo Charles Martin, no prefácio da 3ª edição do romance Úrsula (1988), com um título “Uma rara visão de liberdade” afirma:
Maria Firmina dos Reis evidentemente traz uma contribuição definitiva para a literatura abolicionista: ela representa um ponto de vista de oposição à tendência geral, dotando o negro de um padrão mental próprio dentro do cenário de Novo Mundo. Isto significa uma revolução na representação do outro e na representação da autoridade. Não só o outro passa a ter um “eu”, como também passa se expressar de modo próprio. Quando Mãe Suzana e Antero exprimem as suas reminiscências, estão ao mesmo tempo se auto-representando. Noutras palavras, não só se mostram, como se demonstram.
Além disso, no romance Úrsula ela aborda as condições e contradições da relação senhor-escravo, da situação da mulher na sociedade oitocentista. Nas palavras de Charles Martin: “O personagem feminino Úrsula ultrapassa a dimensão de uma simples mulher doméstica […] incute nos personagens negros uma visão densa e acurada do seu passado africano e um sentido de ajustamento ao novo ambiente da América.” Contudo, não posso falar de Maria Firmina, sem nomear Horácio de Almeida, paraibano e José Nascimento Morais Filho, os mais importantes responsáveis pela desconstrução do apagamento de Firmina. E se hoje falamos dela, pesquisamos a sua obra e a sua vida, por sinal, pródiga ainda em interrogações, devemos ao homérico trabalho de Nascimento Morais Filho, à sua luta, por isso o intitulo carinhosamente de nosso “Pássaro Sankofa Maranhense”. Feita essa justa e breve homenagem à Firmina, abordarei outras também importantes presenças de Mulheres Maranhenses na historiografia cultural e literária do Estado.
Eu tinha planejado e coletei para este trabalho a participação da mulher maranhense no cenário da Literatura em fontes variadas, tais como: Catálogo de publicações, como o de “Autores Maranhenses da Casa de Cultura de Josué Montelo”, Antologias, livros, medalhas outorgadas, medalhas instituídas, internet e aquelas facultadas por instituições. Mas, posteriormente, tive que me pautar em quantitativo menor de dados considerando o tempo de apresentação do tema. O meu objetivo é, pois, com base em uma pequena amostra, demonstrar aquilo que já sabemos empiricamente. Chamo atenção para esclarecer que os referidos dados foram levantados nestes últimos dias, e alguns foram gentilmente disponibilizados por alguns presidentes ou membros de Instituições, como aqueles enviados pelo Vice-Presidente da FALMA, João Francisco Batalha; pelo Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, José Augusto Oliveira; pela acadêmica Wanda Cunha, da Academia Luminense de Letras- ALL; pelo Presidente da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes-AICLA, Inaldo Lisboa; por Maria Natividade Silva Rodrigues,que enviou os dados das Academias: João Lisboense de Letras-AJL (da qual é membro efetivo e da Academia Imperatrizense de Letras AIL; pela Presidente da Academia Vianense de Letras-AVL, Maria de Fátima Rodrigues Travassos Cordeiro; pela presidente da Associação Brasileira de Escritoras e Jornalistas do Brasil-Coordenadoria Maranhão-AJEB, Anna Liz. Além desses, eu dispunho em meus arquivos de dados da Academia Ludovicense de Letras-ALL, assim como da SCLB, da qual estou atualmente na Presidência, e da SCLMA, cujo Presidente atual é César Brito. Inicio pela Federação das Academias de Letras do Maranhão – FALMA, que apresenta um total de 40 afiliadas, até este ano de 2021, tendo: 07 em 2008, 05 em 2009, 01 em 2011, 01 em 20017, 14 em 2018, 11 em 2019 e 01 em 2020. Podemos observar que as filiações têm início em 2008, e os períodos de maior adesão são 2018 e 2019. Também podemos notar um decréscimo a partir de 2020, que acredito seja em consequência da pandemia e das medidas sanitárias que a acompanham. Acredito também que o quantitativo da presença de mulheres como acadêmicas e patronas de Academias e de Cadeiras aumentaram se comparadas a coortes de outros períodos. No tocante às Academias, a Academia Maranhense de Letras-AML, fundada em 10 de agosto de 1908, apresenta no seu quadro 40 Cadeiras patroneadas exclusivamente por intelectuais do sexo masculino. Nela existem três categorias de Membros Fundadores: Fundadores Pioneiros, num total de 12; Fundadores Complementares, num total de 08 e Fundadores de Cadeiras, num total de 20. Nesta terceira categoria encontramos duas mulheres: Laura Rosa, a Violeta do Campo-1888-1976 (Cadeira. 26), eleita em 3 de abril de 1943 e Mariana Luz-1879-1960 (Cadeira. 32) sem registro da data de eleição. Nos seus quadros de Membros, na qualidade de Antecessores, a AML apresenta três nomes femininos: Lucy Teixeira-1922-2007 (Cadeira 7); Dagmar Desterro-1925-2004 (Cadeira 24); e Conceição Neves Aboud-19252005 (Cadeira 20). No quadro atual de ocupantes de cadeiras, existem mais quatro mulheres: Ceres Costa Fernandes (Cadeira 39), Laura Amélia Damous (Cadeira 6), Sônia Almeida (Cadeira 20) e Ana Luiza Almeida Ferro (Cadeira 12). Além dessas nove mulheres, convém lembrar que a primeira escritora cotada para uma vaga na AML foi Maria Luiza Lobo, filha de Antônio Lobo, um dos fundadores da Academia Maranhense de Letras. A Academia Ludovicense de Letras-ALL, “Casa de Maria Firmina dos Reis”, foi fundada em 10 de agosto de 2013, na cidade de São Luís, capital do Maranhão. A ALL em quatro gestões, com a atual (2021), teve uma presidente do sexo feminino (biênio 2016-2017), a Profa. Dra. Dilercy Aragão Adler. Das 40 Cadeiras, seis são patroneadas por mulheres, além do que a Patrona da Casa, Maria Firmina dos Reis, é também uma mulher, mulata, filha natural de Leonor Felippa, também mulata, que foi escrava do Comendador Caetano José Teixeira.
A esse respeito registro no meu livro: “Maria Firmina dos Reis: uma missão de amor”, lançado em 2017, na página 76, o que segue:
[...] a ALL foi fundada 401 anos após a fundação da cidade de São Luís, talvez essa demora fosse em função da espera do tempo/destino do momento adequado para que Maria Firmina tivesse nela lugar de destaque. Às vezes me pergunto: Se tivesse sido fundada antes, seria ela a Patrona? Acredito que dificilmente.
A ALL apresenta no seu quadro de Membros apenas 06 Patronas de Cadeiras, a saber: Maria Firmina dos Reis (Cadeira 8), Laura Rosa (Cadeira 25), Maria de Lourdes Argollo Mello-Dilú Mello (Cadeira 29), Lucy de Jesus Teixeira (Cadeira 34), Maria da Conceição Neves Aboud, (Cadeira 37) e Dagmar Destêrro e Silva (Cadeira 38). Como Membros Fundadores apenas 03 mulheres:: Dilercy Aragão Adler (Cadeira 8), Clores Holanda Silva (Cadeira 30), Ana Luiza Almeida Ferro (Cadeira 31); 04 mulheres são Membros Efetivos: Maria Thereza de Azevedo Neves (Cadeira 13), Ceres Costa Fernandes (Cadeira 34), Miriam Leocádia Pinheiro Angelim (Cadeira 24) e Jucey Santos de Santana (Cadeira 35). Membros Correspondentes mulheres: Ana Maria Felix Deva Garjan, Annabel Villar, Anely Guimarães Santos (Kalil Guimarães), Luiza Leite Bruno Lobo, Raimunda Jansen Pereira, Sálvia Haddad, Vanda Lúcia da Costa Sales. Em processo de aprovação: Cecy Barbosa Campos (Minas Gerais), Juçara Valverde (Rio de Janeiro), Dyandreia Valverde Portugal (Portugal), Angeli Rose (Rio de Janeiro), Socorro Lira (São Paulo), Renata Barcellos (Rio de Janeiro), Vera Duarte (Cabo Verde) e Dina Salústio (Cabo Verde). Assim, a ALL apresenta em seu quadro um total de 06 Patronas de Cadeiras e 07 Acadêmicas. Convém registrar que na minha gestão foi instituída a mais alta Comenda da Academia: a Medalha Maria Firmina, por meio da RESOLUÇÃO-ALL Nº 001/2017, de 09 de dezembro de 2017, com o teor que segue: Institui a Medalha “Maria Firmina” do Mérito Literário e Cultural.
A Academia Luminense de Letras-ALL foi fundada em 22 de julho de 1917, na cidade Paço do Lumiar-MA. Já completou seu centenário e apresenta em seu quadro de Membros Efetivos 10 mulheres: Ivone Silva Oliveira, Karla Maria Silva Oliveira Gama, Emanuelle Fonseca Ferreira da Silva Costa; Lourença Araújo, Maria da Graça Oliveira Privado, Harleny de Fátima Ferreira Santos, Neuzimar de Maria Mandú, Albiane Oliveira Gomes, Sílvia Tereza de Jesus Pereira Dutra e Wanda Cunha. A Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes-AICLA, foi fundada em 07 de dezembro de 2011, na cidade de Itapecuru Mirim-MA, por 34 Membros Fundadores. O seu quadro de Patronas apresenta 05 mulheres: Mariana Luz (Cadeira 01); Maria das Dores Cardoso (Cadeira 07); Graciete de Jesus Cassas e Silva (Cadeira 08); Maria José Lopes Martins (Cadeira 23) e Lili Bandeira (Cadeira 24). As ocupantes de Cadeiras da AICLA são 05: Maria da Assenção Lopes Pessoa (Cadeira13), Jucey Santos de Santana (Cadeira 17), Maria das Mercedes Sampaio de Menezes (Cadeira 33), Benedita Silva de Azevedo (Cadeira 34) e Terezinha Maria Muniz Cruz Lopes (Cadeira 36). Na categoria de Membros Correspondentes, de um quadro de 24 cadeiras, duas são patroneadas por mulheres: Blandina Santos (Cadeira 2), Teresinha Bandeira de Melo (Cadeira 15). Ocupantes: Dilercy Aragão Adler (Cadeira 02), Mirella Cezar Freitas (Cadeira 5), Antonia Silva Mota (Cadeira 07), Maria de Fátima Rodrigues Travassos (Cadeira 14) e Maria Cecília Cantanhede Dutra (Cadeira 15). Dentre os dois Presidentes na recente história da AICLA, o atual é Inaldo Lisboa que sucedeu Jucey Santos de Santana. A Academia João-Lisboense de Letras-AJL foi fundada em 27 de abril de 2017, na cidade de João Lisboa–MA. Tem em seu quadro de Membros Efetivos: Sonia Maria Nogueira, Jaqueline Barbosa Ferraz Andrade, Flávia de Almeida, Maria da Conceição Medeiros Formiga, Herli de Sousa Carvalho, Nery Barreto Silva, Iolângela Barreto Silva, Maria Natividade Silva Rodrigues, Brunides Queiroz Moreira, Monica Monteiro, Maria Loza da Anunciação Silva, Zeneide Maria Pereira. Tem como Patronas: Lucy Teixeira, Clarice Lispector, Edelvira Marques, Maria Beatriz do Nascimento, Cora Coralina, Maria Firmina dos Reis. No total 06 patronas mulheres e 12 acadêmicas. A Academia Imperatrizense de Letras- AIL foi fundada em 27 de abril de 1991, na cidade de Imperatriz-MA. No seu quadro de Membros Fundadores duas mulheres já falecidas: Edelvira Marques de Moraes Barros e Sebastiana Vicentina Motta Mello, e no quadro atual de Acadêmicas: Antônia Arlene de Sousa Azevedo, Edna Fonseca dos Santos Ventura, Olga de Sousa Matos, Liratelma Alves, Maria Helena Ventura de Oliveira, Maria Tereza Bom-Fim e Adriana.
No total, 09 nomes, dos quais 02 de membros-fundadores mulheres já falecidas (às quais faço uma homenagem in memoriam) e 07 no quadro atual. A Academia Vianense de Letras, “Casa de Anica Ramos” foi fundada no dia 04 de maio do ano de 2002, na cidade de Viana-MA. Na Presidência atual está Maria de Fátima Rodrigues Travassos Cordeiro, na VicePresidência, Maria Vitória dos Santos Cidreira, e como Primeira Secretária, Laurinete Costa Coelho. Apresenta, portanto, na Diretoria atual 03 membros mulheres nos mais altos cargos. O seu quadro de Membros Efetivos é constituído por: Maria da Conceição Brenha Raposo (Cadeira nº 11), Rosa Maria Pinheiro Gomes (Cadeira nº 15), Maria de Jesus Silva Amorim-Maria de Jesus Amorim(Cadeira nº 17), Maria Helena Nunes Castro, (Cadeira nº 24), Maria da Graça Mendonça Cutrim (Cadeira nº 27), Pollyanna Gouveia Mendonça Muniz (Cadeira nº 28) e Maria do Socorro Sousa Cutrim (Cadeira nº 30). Patronas: Edith Nair Furtado da Silva (Cadeira nº 02), Maria de Lourdes Argolo-Dilú Mello (Cadeira nº 09), Ana Soriano Ramos-Anica Ramos (Cadeira nº 15), Faraíldes Campelo da Silva (Cadeira nº 21), Enedina Brenha Raposo (Cadeira nº 24), Josefina Cordeiro Cutrim (Cadeira nº 27), Zeíla Irinéia Cunha-Zeíla Cunha Laulleta (Cadeira nº 30), Benedita das Mercês Balby de Sousa-Benedita Balby ou professora Bibi Balby (Cadeira nº 32) e Maria Antônia Gomes Costa (Cadeira nº 34). No total são 10 acadêmicas e 09 patronas. O Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão- IHGM foi fundado em 20 de novembro de 1925, na cidade de São Luís, em comemoração ao centenário do imperador D. Pedro II. Nas palavras do atual Presidente, Prof. José Augusto Oliveira, ao atender a minha solicitação dos dados, declarou: “Verifiquei que, ao longo de sua história de 95 anos, o IHGM foi extremamente masculino. O ingresso de mulheres é fato mais contemporâneo”. No decurso desse período teve apenas duas Presidentes mulheres: Eneida Vieira da Silva Ostria de Canedo e Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo. Em anos anteriores constam no quadro de membros Efetivos mulheres: Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo, Iva Souza da Silva, Jossilene Louzeiro Alves, Rosa Mochel Martins, Ilzé Vieira de Melo Cordeiro, Ariceia Moreira Lima da Silva, Maria de Conceição Ferreira, Eneida Vieira da Silva Ostria de Canedo, Dagmar Desterro e Silva, Neide Maria Ferreira Lima, Maria de Nazaré Leite da Silva, Joseth Coutinho Martins de Freitas. Quadro atual: Dilercy Aragão Adler (Cadeira n.º 01), Ana Lívia Bomfim Vieira (Cadeira n.º 04), Maria Goretti Cavalcante de Carvalho (Cadeira n.º 17), Clores Holanda Silva (Cadeira n.º 18), Elimar Figueredo de Almeida Silva (Cadeira n.º 20), Elizabeth Sousa Abrantes (Cadeira n.º 24), Maria Hélia Cruz de Lima (Cadeira n.º 26), Assir Alves da Silva (Cadeira n.º 27), Abianci Alves de Melo (Cadeira n.º 29), Edna Maria de Carvalho Chaves (Cadeira n.º 30), Terezinha de Jesus Almeida Silva Rêgo (Cadeira n.º 33), Ana Luiza Almeida Ferro (Cadeira n.º 36), Madalena Martins de Sousa Neves (Cadeira n.º 37), Maria Esterlina Mello Pereira (Cadeira n.º 46), Rita Ivana Barbosa Gomes (Cadeira n.º 53), Josefa Ribeiro da Costa (Cadeira n.º 55) e Elizabeth Pereira Rodrigues (Cadeira n.º 59). No total são 17 Membros Efetivos mulheres ocupantes de Cadeiras. A Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão-SCLMA foi fundada em 25 de junho de 1997, tendo como Presidente-Fundadora, Dilercy Aragão Adler. Atualmente o Presidente é o escritor César Brito que assumiu em 2017. Membros Fundadores mulheres da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão-SCLMA: Arlete Nogueira da Cruz Machado, Elba Gomide Mochel, Dilercy Aragão Adler, Ieda Lago Barros Costa, Júsia Maria Batista, Paula Souza, Carolina Montello Vianna, Mundicarmo Maria Rocha Ferretti, Mônica Bezerra da Rocha. Membros mulheres da primeira Diretoria: Dilercy Aragão Adler, Ana Maria Costa Félix, Clerice Bastos Ferreira, Ludmila Matos Lago, Lilian Doussou Romero e Maria Tribuzzi. O quadro atual de Membros Efetivos mulheres: Ana Luiza Nazareno Ferreira, Anely Guimarães Santos, Ana Elizandra Gomes Ribeiro, Clores Holanda Silva, Cristiane Gomes Coelho Maia Lago, Dinacy Mendonça Corrêa, Evangelina Maria Martins Noronha, Francinete Torres do Vale Rocha, Graciane Soares e Soares, Jucey Santos de Santana, Karolline Cristine Reis Garcês, Lindalva Maria Barros Neves, Márcia Regina dos Reis Luz, Maria Cícera Nogueira, Maria da Assenção Lopes Pessoa, Maria de Fátima Rodrigues Travassos Cordeiro, Maria Goreth Cantanhede Pereira, Marinha Luiza Cantanhede Gomes, Maria Ofélia de Siqueira, Mariana da Hora Montelo, Mires France Almeida Pereira, Natália Ribeiro de Souza, Rossana Mafra Azevedo,
Sharlene Serra, Silvana Lourença de Menezes, Tâmera Maria Ribeiro Pinto Oliveira, Valéria Carvalho Maranhão Falcão e Wanda Cristina da Cunha e Silva. No total 12 membros fundadores mulheres e 28 membros mulheres efetivos. A Sociedade de Cultura Latina do Brasil-SCLB é constituída por todas as Estaduais, e Dilercy Aragão Adler assumiu a Presidência da SCLB em 2013, durante uma reunião da SCLB que aconteceu como parte da Programação do Projeto “Mil Poemas para Gonçalves Dias”, do IHGM idealizado por ela. Na atual gestão foi instituída a mais alta Comenda: Joaquim Duarte Baptista, por meio da Resolução Nº 01SCLB, de 02 de maio de 2018, Institui a Medalha “Joaquim Duarte Baptista” do Mérito Literário e Cultural. Em 2018, por ocasião do “IV Encontro Nacional da SCLB”, em São Luís do Maranhão, foram agraciadas: Antonina de Almeida -Nina de Almeida, 3ª Presidente da SCLB, Porto Alegre-RS (in memoriam); Maria Aparecida de Mello Callandra, 2ª Presidente da SCLB, Mogi das Cruzes-SP; Evangelina Maria Martins Noronha, São Luís-MA, Luiza Leite Bruno Lobo, Rio de Janeiro-RJ; Nair Portela Silva Coutinho, São LuísMA, Rita Maria Oliveira Teixeira, São Luís-MA; Rutineia Amaral Monteiro, São Luís-MA. Nesse evento foram também contemplados com o Diploma do Mérito Cultural: Aline Carvalho do Nascimento-MA, Annabel Villar-Espanha, Betânia Pinheiro Lopes -MA, Camila Maria Silva NascimentoMA, Ceres Costa Fernandes Vaz dos Santos-MA, Gabriela de Santana Oliveira-MA, Joseane Maria de Souza e Souza-MA, Jucey Santos de Santana-MA, Lenir Pereira dos Santos Oliveira-MA, Lucineia Ferreira Paz Ribeiro Walter de Negreiros-MA, Luiza Cantanhede-MA, Magnólia Pedrina Sylvestre-ES, Márcia Regina dos Reis Luz-MA, Maria Cícera Nogueira-MA, Maria de Fátima Rodrigues Travassos -MA, Maria Goreth Cantanhede Pereira-MA, Maria Stela de Oliveira Gomes-MG, Marlene Barros-MA, Miris France de Almeida Pereira-MA, Renata da Silva de Barcellos-RJ, Soêmia Pimentel Cypreste- ES, Terezinha Pereira-EUA, Vanda Lúcia da Costa Salles-RJ, Zelia Maria Fernandes da Silva-RJ e Zenaide Emília Thomes Borges-ES. Comendas Joaquim Duarte Baptista entregues no “III Encontro Internacional da SCLB”, em Carrazedo de Monte Negro/Portugal, em 2019: Arlete Lopes, Valpaços/Portugal; Dilercy Aragão Adler, São LuísMA/Brasil; Dyandreia Valverde Portugal, Rio de Janeiro-RJ; Jucey Santos de Santana, São Luís-MA/Brasil; Vanda Lúcia da Costa Salles-Rio de Janeiro-RJ e Magnólia Pedrina Sylvestre-ES. Diploma do Mérito Cultural entregue na ocasião: Ana Lúcia Teixeira Xavier, Portugal; Anely Guimarães Santos, Brasília-DF; Assunção Anes Morais, Portugal; Carla Araújo, Portugal; Carla De Sà Morais, Portugal; DanielaViola Bona, Vitória ES/Brasil; Manuela Tender, Portugal; Maria Izabel Viçoso, Portugal; Maria Viola Bona, Vitória ES/Brasil; Odete Costa Ferreira, Portugal; Ormira Sylvestre Strappa, Vila Velha/ES /Brasil; Sonia Maria Rodrigues Rosseto, Portugal;Teresa Elizabete Teixeira Xavier, Portugal; Magnólia Pedrina Sylvestre, Vila Velha/ES /Brasil. Dinacy Mendonça Corrêa foi contemplada em 2019 na confraternização de final de ano da SCLB e SCLMA. A Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil-Coordenadoria Maranhão-AJEB-MA foi instituída no Maranhão em 2018. Coordenadoria do Maranhão: Presidente Coordenadora: Ana Elizandra Ribeiro (Anna Liz), Vice-Presidente: Sharlene Serra, 1ª Secretária: Heloísa Helena Santos de Sousa, 2ª Secretária: Adriana Bezerra Silva, 1ª Diretora de Finanças: Luiza Cantanhêde, 2ª Diretora de Finanças: Ivanilde Ferreira (Ahtange), 1ª Diretora de Cultura: Geane Lima Fiddan, 2ª Diretora de Cultura: Dilercy Aragão Adler. Associadas Efetivas: Anely Guimarães Santos, Carla Sílvia Souza da Rocha, Eliane Morais Araújo, Fátima Stela Bezerra Viana Barbosa, Francinete Torres do Vale Rocha, Inês Pereira Maciel, Janayna Ricoly, Jucey Santos de Santana, Lindalva Maria Barros Neres, Márcia Regina dos Reis Luz, Maria do Perpétuo Socorro de Azevedo Veras, Maria Goreth Cantanhêde Pereira, Natália Ribeiro de Souza, Patrícia Danielle dos Santos, Regilane Barbosa Maceno, Silvana Lourença de Meneses, Vitória Gabriely Ferreira Duarte e Wanda Cristina da Cunha Silva. No total 8 membros na Diretoria e 18 membros efetivos. O diferencial da AJEB em relação às demais Instituições culturais pesquisadas é que é constituída só por mulheres. Assim, nas Academias de Letras e Instituições Culturais mais novas, já fundadas neste novo milênio, observamos na amostra pesquisada que, existem mais mulheres em todas as categorias: Patronas de Academias, Patronas de Cadeiras, Membros-Fundadores, Membros Efetivos e Membros Correspondentes.
Embora não seja ainda expressiva essa presença, mesmo assim, contrasta com a situação das instituições culturais mais antigas, que apresentavam em seus quadros patronos homens na sua totalidade e escritores do sexo masculino nas várias categorias, ao lado de um parco quantitativo de presença de mulheres. Mas, como nesta análise o tempo não comporta todos os trabalhos levantados, vou me referir ao livro “No PANTHEON”, de Maria Tereza de Azevedo Neves, ocupante da Cadeira nº 13, patroneada por Artur Nabantino Gonçalves de Azevedo, da Academia Ludovicense de Letras, por ser, no meu entendimento, indispensável para ser citado neste Simpósio. Ela homenageia cinco mulheres do passado e 18 da atualidade, 21 no total. E o que me chama muito a atenção é que no Maranhão temos agora, com esta preciosa obra, dois Panheons na versão-livro: a primeira de Antônio Henriques Leal, homenageando dezenove intelectuais do sexo masculino e “No Pantheon” de Maria Thereza na qual estão retratadas, com esmerado refinamento, vinte e uma mulheres. Outro dado denunciador do despotismo masculino, na sua relação com a mulher, extrapola a anulação do seu papel social e laboral para além da esfera doméstica, como também ao apagamento já referido e impinge impiedosa detração à figura feminina como demonstra Maria Thererza na apresentação do seu “No Pantheon”, quando cita um poema publicado em um Jornal de 1881, na antiga cidade de Desterro, hoje Florianópolis, A mulher que foi a perdição para o pai Adão, para Sansão a morte, e para Salomão uma vingança. ..............
.......... para o menino, um consolo, para o noivo, um desejo, para o marido, uma carga, para o viúvo, um descanso, para o jovem, um pesadelo para o homem, um estorvo, para o diabo, um agente. ..............
Por isso, reafirmo que a mudança dos valores antes vigentes está sendo feita, lentamente, mas quebrando, sim, paradigmas, superando exclusão... numa viagem sem volta. Percebemos ainda, nessa mudança, claramente, um movimento mais lento inicialmente, mas com visíveis avanços que se fortalecem a cada dia. Eu sou adepta da conjugação do verbo esperançar de Paulo Freire. E finalizo com esse meu pequeno poema:
MUDANÇAS
Como são difíceis as mudanças desde as pequenas possibilidades...
mas mesmo assim são POSSÍVEIS porque as coisas não permanecem iguais para todo o sempre!!!…
In: Desabafos… flores de Plástico, libidos e licores liquidificados, 2008.
Deixo a minha saudação para todas as mulheres que agora nos assistem ou leem no futuro: Evoé!
REFERÊNCIAS ADLER, Dilercy Aragão. POESIA FEMININA: estranha arte de parir palavras. São Luís: Estação Gráfica.2011. ADLER, Dilercy Aragão. Poesia Polarizada a partir do gênero: Condição real ou engendrada. Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil-AJEB: Palavras 2016. Porto Alegre: Evangraf, 2016. ADLER, Dilercy Aragão. MARIA FIRMINA DOS REIS: uma missão de amor. São Luís: ALL, 2017. ADLER, Dilercy Aragão. MULHERES NA LITERATURA MARANHENSE: o eco da palavra lírica e os embates femininos indispensáveis à vida no mundo humano. Texto apresentado na I FLIM- Itapecuru Mirim, mimeo, 2018. LEAL, Antonio Henriques. Pantheon Maranhense. TOMO I Ensaios Biographicos dos Illustres Maranhenses já fallecidos. Lisboa imprensa Nacional, 1873. LEAL, Antonio Henriques. Pantheon Maranhense. TOMO II Ensaios Biographicos dos Illustres Maranhenses já fallecidos. Lisboa imprensa Nacional, 1874. LEAL, Antonio Henriques. Pantheon Maranhense. TOMO III Ensaios Biographicos dos Illustres Maranhenses já fallecidos. Lisboa imprensa Nacional, 1874. LEAL, Antonio Henriques. Pantheon Maranhense. TOMO IV Ensaios Biographicos dos Illustres Maranhenses já fallecidos. Lisboa imprensa Nacional, 1875. MORAIS, José Nascimento Filho. MARIA FIRMINA FRAGMENTOS DE UMA VIDA. São Luiz: COCSN, 1975. NEVES, Maria Thereza de Azevedo. NO PANTHEON. São Luís: Gráfica Minerva, 2019. REIS, Maria Firmina dos. ÚRSULA. Organização e notas de Lobo; Introdução de Charles Martin. - 3ª ed. Rio de Janeiro: Presença Edições: Brasília INL, Coleção Resgate/INL, 1988. SANTANA, Jucey Santos de. Mariana Luz: vida e obra. Itapecuru Mirim: editora, 2014. ZIN, Rafael Balseiro. https://periodicos.fclar.unesp.br/itinerarios/article/view/10835.
A IMPRENSA COMO LUGAR DE MEMÓRIA: a obra de Maria Firmina dos Reis nos jornais oitocentistas do Maranhão
DILERCY ADLER
Inicialmente quero dizer da imensa alegria por estar nesta tarde, mesmo que virtualmente, na “III Festa Literária” dessa querida cidade, evento este que já vem se firmando como marca cultural itapecuruense. Ao mesmo tempo agradecer o amável convite dos promotores deste importante evento, na pessoa do Prof. Francisco Inaldo Lima Lisboa, Quero ainda prestar o meu louvor aos homenageados desta Festa Literária, o Professor, Jornalista e Herói da Setembrada, José Cândido de Moraes Silva (in memoriam) e Gonçalo Amador, fundador e editor do Jornal de Itapecuru-Mirim há trinta anos. E também saudar os meus ilustres companheiros de mesa, a Profa. Dra. Cristiane Navarrete Tolomei, o Prof. Mestre Joaquim de Oliveira Gomes e a todos que nos acompanham nesta tarde. No tocante ao tema desta mesa, A IMPRENSA COMO LUGAR DE MEMÓRIA, elegi um viés que resultou no subtítulo, “a obra de Maria Firmina dos Reis nos jornais oitocentistas do Maranhão”. No tocante à imprensa como lugar de memória, reafirmamos a fundamental importância dos meios de comunicação e comunicação de massa, mesmo com suas contradições e querelas político-ideológicas e literárias, as quais, por sua vez, retratam as contradições da estrutura social. A comunicação de massa é entendida, no geral, como a disseminação de informações, por meio de ferramentas que constituem um sistema denominado “mídia”, o qual, partindo de um único emissor, abrange, ao mesmo tempo, uma quantidade significativa de receptores. O público receptor geralmente é da área urbana e de sociedades complexas. Essas sociedades passam por processos múltiplos e dinâmicos que resultam no exercício de poder da mídia sobre os seus habitantes. Os veículos de comunicação vêm sofrendo transformações ao longo da evolução da sociedade, encurtando cada vez mais as distâncias entre os povos e acelerando a disseminação de informações. A mídia de massa é composta por indústrias, desde as tradicionais, como livros, jornais, revistas, gravações, rádio, filmes, televisão, até chegar à internet, que materializa uma rede que liga mundialmente milhões de computadores e se constitui como um dos meios de comunicação mais poderoso já desenvolvidos pelo homem, revolucionando a sociedade e a comunicação atual. Historicamente a imprensa se firma como um dos meios de comunicação mais antigos do Brasil, considerando que data de 1808. Enquanto o rádio nasceu no Brasil, oficialmente, em 07 de setembro de 1922, nas comemorações do centenário da Independência do país, com a transmissão da fala do presidente Epitácio Pessoa na inauguração da radiotelefonia brasileira. O auge desse meio de comunicação ocorreu nos anos 40 a 50 do século XX. Em São Luís a iniciativa se deu por conta de Joaquim Moreira Alves dos Santos, conhecido como Nhozinho Santos, e Francisco Aguiar, que, em 1924, fundaram a “Rádio Sociedade Maranhense”. Antes do Maranhão, apenas Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco e Ceará possuíam suas emissoras. Por outro lado, em 18 de setembro de 1950 foi inaugurada a TV Tupi, em São Paulo, por iniciativa de Assis Chateaubriand. Quatro meses depois, em 20 de janeiro de 1951, foi a vez da TV Tupi no Rio de Janeiro entrar no ar. Em São Luís, capital do Maranhão, a primeira emissora de TV, a Difusora, Canal 4, entrou no ar no dia 09 de novembro de 1963. Ao longo da sua história a televisão cresceu no país e hoje representa um instrumento importante de veiculação de elementos da cultura brasileira. No tocante à imprensa, que é o tema da mesa, o Brasil até 1808 era um dos poucos países, excetuando-se alguns do Continente Africano, que não dispunha dessa prerrogativa, essa lacuna vigorou por todo o período colonial. O acontecimento histórico desencadeador dessa superação foi a vinda do Príncipe Regente, D. João VI, e toda a sua corte para o Brasil, em 1808, fugindo do exército de Napoleão Bonaparte, e como consequência mudanças marcantes se efetivaram na Colônia. Entre elas a instituição da “Impressão Régia”, uma tipografia
oficial instaurada no dia 13 de maio de 1808, com a finalidade de publicar os despachos e atos governamentais do Príncipe Regente. Esse ato representou o fim da proibição de instalação de tipografias no Brasil. No Decreto de instituição da Impressão Régia, assinado pelo Príncipe Regente, D. João VI, e continha o seguinte teor: Tendo-Me constado, que os Prélos, que se achão nesta Capital, erão os destinados para a Secretaria de Estado dos Negocios Estrangeiros, e da Guerra, e Attendendo á necessidade, que ha da Officina de Impressão nestes Meus Estados: Sou servido, que a Caza, onde elles se estabelecêrão, sirva interinamente de Impressão Regia, onde se imprimão exclusivamente toda a Legislação, e Papeis Diplomáticos, que emanarem de qualquer Repartição do Meu Real Serviço. Decreto S/N 13 de maio de 1808.
A inexistência de fronteiras entre jornalismo, política e literatura é a marca do contexto oitocentista, pois os jornais dessa época, de um lado, apresentavam polêmicas ideológico-partidárias, a exemplo, das contestações entre os liberais, pleiteando a permanência do Príncipe Regente e a convocação da Assembleia; e os monarquistas, defendendo o Absolutismo. Era comum pessoas consideradas influentes fazerem uso de pseudônimo, inclusive o próprio Príncipe D. Pedro. Por vezes os discursos eram acalorados, passando pela ofensa pessoal, pelo insulto, pela difamação. E de outro, a consolidação da literatura brasileira, por meio da criação e disseminação de determinados gêneros, entre os quais a crônica e o conto. Por outro lado, os periódicos oitocentistas constituem um rico material de pesquisa; são fontes inestimáveis para o conhecimento do processo de consolidação do gênero romanesco no país. A partir de 1821 começou uma proliferação dos periódicos oitocentistas e órgãos da imprensa em paralelo com o aumento das tipografias, tanto no Rio de Janeiro como no Maranhão. Os jornais e revistas maranhenses desempenhavam papel importante no cenário político e cultural da Província, exercendo influência sobre a opinião pública e o meio intelectual, sobretudo em São Luís. A atividade literária, portanto, encontrou em jornais e revistas do século XIX um espaço de difusão e discussão. Raros eram os periódicos oitocentistas que não reservavam um lugar em suas páginas para os assuntos literários. Assim, os jornais e revistas divulgavam textos de ficção: poemas, contos, romances seriados, críticas literárias, ensaios, resenhas e caracterizavam-se pela simbiose entre jornalismo e literatura, o que levou à incorporação de características “literárias” aos gêneros especificamente jornalísticos, a exemplo, de editoriais, artigos de fundo, reportagens, entre outros. Essa condição permite aos pesquisadores que hoje se dedicam à investigação da trajetória do romance no Brasil terem na imprensa oitocentista um rico arquivo de fontes primárias para seu trabalho. Os periódicos são marcas da presença e da circulação de romances no país, da produção de narrativas romanescas por autores brasileiros e do debate que aqui se estabeleceu sobre o gênero. Convém lembrar que nem todos os romances mais anunciados em 1857 e 1858 são conhecidos do público de hoje. Alguns deles, elogiados e recomendados por críticos que gozavam de prestígio na época, sendo por isso de grandes sucessos no século XIX, ficaram totalmente esquecidos posteriormente e, consequentemente, não entraram para o cânone. Nesse contexto, encontrava-se a obra de Maria Firmina dos Reis, que graças, principalmente a Nascimento Morais Filho, maranhense, e a Horácio de Almeida, paraibano, pôde renascer como uma Rosa-de-Jericó. Horácio de Almeida, em 1962, comprou um lote de livros usados, dentre os quais estava Úrsula: romance original brasileiro, por “Uma Maranhense” (1859). Buscou identificar a autora no Dicionário por Estado da Federação, de Otávio Torres, chegando a Maria Firmina dos Reis e continuou a pesquisa sobre ela no Dicionário Biográfico Brasileiro, conforme expõe no prefácio da edição fac-similar do romance lançado em 1975. Essa edição conta com notas de José Nascimento de Morais Filho. Por outro lado, Morais Filho (1975) relata que, ao procurar, na Biblioteca Pública Benedito Leite, nos jornais do século XIX, textos natalinos de autores maranhenses para a sua obra “Esperando a missa do Galo”, deparou-se com registros de/sobre Maria Firmina dos Reis, mulher que participava ativamente da vida
intelectual maranhense, lida e aplaudida nesse tempo, ao colaborar com jornais, revistas literárias e participou, também, da Antologia Parnaso Maranhense. Maria Firmina dos Reis nasceu no dia 11 de março 1822, no bairro de São Pantaleão na cidade de São Luís, capital do Maranhão, segundo sua certidão de batismo. Em 13 de agosto de 1847, sob o título “Notícia Local”.foi publicada pelo jornal “O Progresso”, sua aprovação no concurso para Professores de Primeiras Letras do Sexo Feminino para a Vila de Guimarães. Em 1859, foi publicado o seu romance Úrsula, considerado o primeiro romance escrito por uma mulher no Brasil. A esse respeito, Antonia Pereira de Souza (2017), em sua Tese de Doutorado: “A prosa de ficção nos jornais do Maranhão Oitocentista”, cita que em 1857 no jornal “A Imprensa”, de 17 de outubro de 1857, Ano I, número 40, página 3, segunda coluna, apresentava uma subscrição do romance Úrsula com dados sobre a obra e a autora. Mesmo assim a autoria era mantida em anonimato, considerando que o anúncio se referia à “jovem maranhense”, “autora brasileira”, o que indicava que se tratava de uma mulher. Assim, dois anos antes do lançamento do romance Úrsula já se tinha conhecimento da sua existência por meio da referida subscrição. As subscrições consistiam em vendas/compras antecipadas baseadas na confiança estabelecida entre autor e leitores (subscritores), estes últimos, comprometiam-se a adquirir o(s) exemplar(es) e, assim, garantiam a publicação da obra. Segundo Morais Filho (1975), a entrada oficial de Maria Firmina dos Reis na Literatura foi bem recepcionada pela imprensa maranhense com palavras de entusiasmo e estímulo à estreante. Essa afirmação é claramente comprovada pelas publicações acerca dos seus trabalhos nos jornais da época, além de anúncio dos livros, poemas, charadas, enigmas e inclusive romances e contos que eram publicados por capítulos. Muitas dessas publicações foram compiladas por Nascimento Morais Filho e referidas no seu livro: “Maria Firmina: Fragmentos de uma vida” dentre as quais, esta, constante no jornal “A Moderação" de 11de agosto de 1860: ÚRSULA -Acha-se a venda na Typographia do Progresso, este romance original brasileiro produção da exma sra. D. Maria Firmina dos Reis, professora pública em Guimarães. Saudamos a nossa comprovinciana pelo seu ensaio, revela de sua parte bastante ilustração e com mais vagar emitiremos a nossa opinião, que desde já afiançamos não será desfavorável a nossa distinta comprovinciana. (MORAIS FILHO, 1975, p.18).
Ainda no jornal “A Verdadeira Marmota”, de13 de maio de 1861:
Raro é ver o belo sexo entregar-se a trabalhos do espírito, e deixando os prazeres fáceis do salão propor-se aos afãs das lides literárias. Quando, porém, esse ente que forma o encanto da nossa peregrinação na vida, se dedica às contemplações do espírito, surge uma Roland, uma Stael, uma Sand, uma H. Stowe, que vale cada uma delas mais do que bons escritores; por que reúne a graça do estilo, vivas e animadas imagens, deliciosos quadros, e esse sentimento delicado que só o sexo amável sabe exprimir [...] O aparecimento do romance “ÚRSULA” na literatura pátria foi um acontecimento festejado por todo o jornalismo, e pelos nossos homens de letras, não como por indulgência, mas como homenagem vendida a uma obra de mérito. [...] As suas descrições são tão naturais e poéticas, que arrebatam; o enredo é tão intrincado que prende a atenção e os sentidos do leitor; o diálogo é animado e fácil; caracteres estão bem desenhados-como o de Túlio, do Comendador, de Tancredo e Úrsula.Sua autora, D. Maria Firmina dos Reis, professora de português na Vila de Guimarães, revelou o grande talento literário [...] […] A poesia é dom do céu, e a ninguém dotou mais largamente a divindade do que ao ente delicado, caprichoso e sentimental-a mulher. O belo sexo não deve viver segredado de tão sublime arte-os encantos e ornatos do espírito são sua partilha;- tome a senda que lhe abre com tão bons auspícios, rodeada de aplausos merecidos, D. Maria Firmina dos Reis, e siga-lhe os brilhantes voos. (MORAIS FILHO, 1975, pp.19-20).
[…] Existe em nosso poder com destino a ser publicado no nosso jornal um belíssimo e interessante ROMANCE, primoroso trabalho da nossa distinta comprovinciana a Exma Sra. D Maria Firmina dos Reis professora pública da Vila de Guimarães; cuja publicidade tencionamos dar princípio do número 25 em diante. Garantimos ao público a beleza da obra e pedimos a sua benévola atenção. A pena da Exma Sra. D. Maria Firmina dos Reis já é entre nós conhecida e convém muito animá-la a não desistir da empresa encetada. Esperamos, pois a vista das razões expendidas, que as nossas súplicas sejam atendidas, afiançando que continuaremos defendendo o belo e amável sexo-quando injustamente for agredido. Salus et paz (MORAIS FILHO, 1975, p. 21).
Em “A Verdadeira Marmota”, o Poema
UNS OLHOS
Vi uns olhos ... que olhos tão belos! Esses olhos têm certo volver, Que me obrigam a profundo cismar, Que despertam-me um vago querer.
Esses olhos me calam na alma. Chama de ardente paixão. Esses olhos me geram alegria. Me desterram pungente aflição.
Esses olhos devera eu ter visto Há mais tempo - talvez ao nascer. Esses olhos me falam de amores; Nesses olhos eu quero viver...
Nesses olhos, eu bebo a existência, Nesses olhos de doce langor; Nesses olhos, que fazem solenes, Meigas juras eternas de amor.
Esses olhos, que dizem numa hora, Num momento, num doce volver, Tudo aquilo que os lábios nos dizem, E que os lábios, não sabem dizer.
Esses olhos têm mago condão, Esses olhos me excitam a viver!... Só por eles eu amo a existência, Só por eles eu quero morrer!
Guimarães 27 de maio de 1861. (MORAIS FILHO, 1975, p. 32).
Podemos perceber, pelas fontes consultadas, que Maria Firmina tramitava na imprensa maranhense amiudamente, e ainda com predominância de palavras elogiosas, em relação à sua obra, com tratamento respeitoso (Exma. Sra. D.), acredito que pelo cargo de Professora de Primeiras Letras do Sexo Feminino e, também, com valorização do gênero feminino, a exemplo de […] A poesia é dom do céu, e a ninguém dotou
mais largamente a divindade do que ao ente delicado, caprichoso e sentimental-a mulher. O belo sexo não deve viver segredado de tão sublime arte-os encantos e ornatos do espírito são sua partilha;[…]. O conjunto da sua obra é de notável reconhecimento e bastante significativo, tanto em quantidade quanto em variedade de gêneros literários e vertentes das artes: romances, crônicas, contos, poesias, composições (letra e música), enigmas, epígrafes, folclores entre outras: Obras: Úrsula (romance, 1859); Gupeva (romance de temática indianista,1861); Cantos à beira-mar, (poesia, 1871); A escrava (conto antiescravista,1887); Antologia Poética Parnaso Maranhense: coleção de poesias, editada por Flávio Reimar y Antonio Marques Rodrigues (1861); Publicações em jornais literários: Federalista, Pacotilha, Diário do Maranhão, A Revista Maranhense, O País, O Domingo, Porto Livre, O Jardim dos Maranhenses, Semanário Maranhense, Eco da Juventude, Almanaque de Lembranças Brasileiras, A Verdadeira Marmota, Publicador Maranhense e A Imprensa. Composições Musicais: Auto de bumba-meu-boi (letra e música); Valsa (letra Gonçalves Dias e música de Maria Firmina dos Reis) ou (letra e música de Maria Firmina); Hino à Mocidade (letra e música); Hino à liberdade dos escravos (letra e música); Rosinha, valsa (letra e música); Pastor estrela do oriente. (letra e música), Canto de recordação, “à Praia de Cumã” (letra e música). Um outro dado que se constata a partir da “Síntese Bibliográfica”, estruturada por Nascimento Morais Filho no seu livro “Maria Firmina: Fragmentos de uma vida”(1975), é que dos 95 anos que a escritora prograviveu neste plano físico, destacam-se os 53 anos de repetidas contribuições com a imprensa, ou seja, de 1847, a primeira publicação em jornal, “O Progresso”, até 1903 no jornal “Federalista”, a última noticiada. Do exposto, fica claro que, apesar do nascimento tardio da imprensa brasileira em relação à grande maioria dos países no século XIX, esta viveu um período agitado e afortunado de seu jornalismo, como comprovam os muitos periódicos postos em circulação. No caso do Maranhão, a imprensa apresentava maturidade e se instalou definitivamente como instituição na sociedade local, contando com um público cativo, um parque tipográfico, que permitia edições constantes, além de um grupo expressivo de homens de letras e jornalistas que abasteciam os periódicos de textos e matérias sobre os mais diversos assuntos, sobretudo os de caráter político-partidário. Ao lado de muitos periódicos de cunho partidário, circulava também um número razoável de revistas literárias, entre outras, nas quais se realizava a difusão de conhecimentos úteis sobre lavoura, saúde, costumes, ciências, filosofia, religião, indústria, comércio, geografia e, sobretudo, literatura, de modo que o público brasileiro de meados do século XIX tinha à sua disposição uma enorme variedade de romances, principalmente estrangeiros; todavia grande parte dos romances de sucesso em meados do século XIX é desconhecida do público atual; a produção romanesca nacional do século XIX ia muito além dos autores hoje consagrados. Para fechar a linha de raciocínio traçada, lançamos mão da citação de Jean-Yves Mollier (2003): “[...] para que se possa ter uma compreensão mais apurada da leitura e da literatura de um determinado período, não se pode limitar a reflexão às obras que entraram para o cânone.” Outra questão importante nesse contexto diz respeito à “A liberdade de imprensa e liberdade de expressão”: a primeira corresponde à comunicação por meio da mídia, como jornais, revistas ou televisão e a segunda se aplica a todas as formas de comunicação como, por exemplo, às artes. Assim, podemos concluir: Sendo livre, a imprensa incentiva a difusão de múltiplos pontos de vista, incentivando o debate e promovendo a troca de ideias!
REFERÊNCIAS LUSTOSA, Isabel. Insultos impressos: a guerra dos jornalistas na Independência, 1821 -1823. S.P.: Via das Letras, 2000. LUSTOSA, Isabel. Cimento da imprensa brasileira. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.. MOLLIER, Jean-Yves. REVUE D’HISTOIRE LITTÉRAIRE DE LA FRANCE.PARIS, v. 103, p. 597612, jul.-set./2003. Martins Ricardo André Ferreira. BREVE PANORAMA HISTÓRICO DA IMPRENSA LITERÁRIA NO MARANHÃO OITOCENTISTA. Disponível em<https://periodicos.ufsm.br/animus/article/view/2442>. Acesso em: 8 de novembro de 2020.
MORAIS, José Nascimento Filho. MARIA FIRMINA FRAGMENTOS DE UMA VIDA. São Luiz: COCSN, 1975. MÜLLER. Andréa Correa Paraiso. Imprensa e leitura de Romances no Brasil Oitocentista. Disponível em<:https://periodicos.unisantos.br/leopoldianum/article/view/440/405.> Acesso em: 03/11/2020. PINHEIRO, Roseane Arcanjo. GÊNESE DA IMPRENSA NO MARANHÃO NOS SÉCULOS XIX E XX. Comunicação & Sociedade, São Bernardo do Campo, Pós Com Metodista, a. 29, n. 49, p. 43-64, 2º sem. 2007. SIMÕES Jr., Álvaro. DA LITERATURA AO JORNALISMO: periódicos brasileiros do século XIX. Patrimônio e memória. Assis-SP, n. 2, v. 2, p. 126-145, 2006. SODRÉ, Nelson Werneck . A HISTÓRIA DA IMPRENSA NO BRASIL. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966. SOUZA, Antonia Pereira de .A PROSA DE FICÇÃO NOS JORNAIS DO MARANHÃO OITOCENTISTA Tese de doutorado https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/tede/9172.
ANEXO
A Marmota Maranhese (1851), periódico recreativo e literário mantido inicialmente por Inácio José Ferreira, da Tipografia Constitucional, depois publicado por Manuel Pereira Ramos, da Tipografia da Temperança, ambas de São Luís. Teve como modelo A Marmota da Corte (1849-1861), de Francisco de Paula Brito, que também inspirou o semanário A Marmotinha (1860). Ambos publicavam uma grande variedade de artigos literários, crônicas locais, poemas e textos de conteúdo jocoso e recreativo.
https://acervo.avozdaserra.com.br/noticias/imprensa-no-brasil-e-seus-desdobramentos-na-eratecnologica
FERNANDO BRAGA
Foi Bandeira Tribuzi na redação do ‘Jornal do Dia’, em São Luís, quem primeiro me falou do poeta Fernando Ferreira de Loanda, o qual pensei que, em se tratando de um poeta português, de sua geração, e pela bemquerença com que o tratava, tivera sido seu contemporâneo em Coimbra. Depois, Nauro Machado clareou-me dizendo que Fernando Ferreira de Loanda era um poeta português de Angola, mas já naturalizado brasileiro e um dos mais legítimos representantes da geração de 45 e que fora o editor de ‘Rosa da Esperança’, livro de poemas de Tribuzi, publicado no Rio de Janeiro pelo grupo ‘Orfeu’, revista dirigida ao tempo por Fernando Ferreira de Loanda. Fernando Ferreira de Loanda [Luanda-Angola, 1924 – Rio de Janeiro, 2002] , surgiu no panorama poético, no início dos anos 50, emergindo com uma tradição propensa ao assombro e à rebeldia, fenômenos naturais à condição humana, para juntar-se a outros jovens como Lêdo Ivo, Astrid Cabral, Thiago de Mello... É o escritor Wilson Martins quem diz: “Prefaciando em 1991 o que parece ter sido o seu último volume de versos ["Kuala Lumpur"], Lêdo Ivo, que foi um dos maiores poetas da geração, assinalava que, em sua atividade editorial, Fernando Ferreira de Loanda lançou praticamente todos os poetas então emergentes: "Foi ele o primeiro editor ‘comercial’ de João Cabral, ao apresentar, nos ‘Poemas reunidos’ (1954), uma obra então rara. E a esse nome consular, acrescentemos os de Afonso Félix de Sousa, Darcy Damasceno, Nilo Aparecido Pinto, Péricles Eugênio da Silva Ramos, Marly de Oliveira, Octavio Mora, Marcos Konder Reis, Domingos Carvalho da Silva, Walmir Ayala, Gilberto Mendonça Teles, Stella Leonardos e tantos outros que constituem a chamada ‘Geração de 45’[...]." Fundou, com Lêdo Ivo, Darcy Damasceno, Fred Pinheiro e Bernardo Gerson, a Revista ‘Orfeu’, dirigindo-a no Rio de Janeiro de 1947 a 1953, à maneira da portuguesa, de Fernando Pessoa, Mário-Sá Carneiro e José Almada Negreiros... O jornalista José Nêumanne Pinto organizou e publicou pela ‘Geração Editorial’, em 2001, a antologia d’ Os Cem Melhores Poetas Brasileiros do Século’ um dos raros instrumentais que se tem sobre o poeta, já que pouca coisa sobre a vida dele está disponível na internet. “Ele foi uma personalidade relevante no cenário literário tanto como escritor, quanto como editor, compilando as produções de poemas de seus contemporâneos da geração de 45”. Vejam este ‘Poema para os estudiosos e biógrafos’: “Não me expliquem: prisma, de mil faces, / sou insondável, abissal. /A poesia não é um espelho; é um estado momentâneo./ Se me retrato, logo me desdigo,/transfiguro-me, horizontalizando minhas emoções e incertezas./Amo o imprevisto,/dói-me o que adivinho;/não me ofereçam /banquetes mastigados./ A clareza não a tenho à superfície; /é necessário uma faca para fazê-la flutuar; /vão ao cerne; sou quarto crescente na lua cheia./Não me expliquem pelas palavras, pelo bigode nem pelo cachimbo”.
Seu livro ‘Signo da Serpente’ foi premiado pela Academia Brasileira de Letras, “a chegar frio e sem mais nenhuma esperança”, como diz alguns dos seus amigos. Fernando de Loanda publicou ‘Antologia da Nova Poesia Brasileira’; ‘Do amor e do mar’; ‘Equinócio’. ‘Kuala Lumpur’; ‘Oda a Bartolomé Dias y otros poemas [em espanhol], além de produções em revistas, jornais e espalhadas em palestras e conferências. O escritor Carlos Pacheco, amigo do poeta, escreve em ‘Um poeta sepultado vivo’, no qual apuramos este seu grito natural de revolta: “[...] Realmente o mundo das letras, de língua portuguesa, acaba de perder um dos seus maiores vultos, só que de uma forma gritantemente absurda: enquanto em todos os quadrantes de língua espanhola – do México à Argentina, incluindo a Espanha – se exalta a poesia de Fernando Ferreira de Loanda, pujante de beleza estética e densidade discursiva, no Brasil, longe disso, essa poesia tem sido emparedada pelas capelinhas, quando não menos votada ao ostracismo. Em Portugal, por incrível que pareça, são raros os que a conhecem.” Nada mais se sabe... Foram esses os motivos, ou outras vertentes existem? O mundo das artes tem desses mistérios...
Ouçamo-lo em ‘Viseu Revisited’: “Não falo das ruas da minha infância, / nem as nomeio, para que ignorem a pequenez do meu mundo. /Tinham, porém, fauna e flora, as árvores davam sombra e frutos, / os homens bom-dia e os pássaros cantavam”. Por fim, neste ‘Homem de incoercível esperança’, oferecido a Gabiono-Alejandro Carriego, enfeixado em ‘Poemas da Rua Quito’, Fernando Ferreira de Loanda, canta: “Homem de incoercível esperança/ transita, sem sonhos ou amanhã, /cúmplice, intemporal, urde a teia, / e ante o silabar e o afresco/trânsfuga, transmuta, transige. / Repetir sempre, tudo já foi dito;/importa é como dizê-lo, insinuá-lo./Não te acovardes ante a palavra implume. /Se desbotada ou erodida, dá-lhe tua seiva, tua vivência – investe:/morre quem ousa, quem ousa ama”. Ou ainda: “Acabaram com os bondes/ e a paisagem dói;/ tentam dinamitar a poesia/ os poetas da paróquia,/ardilosos, confundem/o incauto forasteiro,/vendem gato por lebre./Sê surdo: o exílio/em tua casa, entre os livros,/é a solução; na balança,/ a amabilidade de um/ ou o impropério de outro/só tem peso para a tua vaidade./Que falem em vão ao vento”. E Carlos Pacheco, finaliza triste: “Tudo terminou, para ele e em grande parte para todos, na melancolia cinzenta dos triunfos extintos: ”Os poetas da minha geração, a malograda,/ e os posteriores, os antolhados frívolos da glória,/ esqueceram-se de colocar a chave sob o tapete”, cantou por derradeiro o poeta Fernando Ferreira de Loanda, em ‘Ode para Walt Whitman ou Efraim Huerta’. Este angolano-brasileiro e carioca de adoção faria 78 anos em 19 de setembro de 2002, e poucos dias antes de seu falecimento, a Academia Brasileira de Letras o premiou pelo conjunto de sua obra, prêmio de que tomou conhecimento, mas não chegou a receber.
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/cf6f88e0f18ccbcd1ff6d8c86e83e42c.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
O “MATERIALISMO DIALÉTICO” IMPLÍCITO NA POÉTICA DE JOÃO BATISTA DO LAGO
“(…) Ao falar mais especificamente do caráter literário da sua poesia JOÃO BATISTA DO LAGO revela que se considera um poeta “surracionalista” (palavra cunhada pelo filósofo francês Gaston Bachelard, para conceituar a poesia inferida ou abstraída de um campo filosófico), isto porque, diz ele: “como nos ensina Bachelard, é necessário estar presente, presente à imagem no minuto da imagem: se há uma filosofia da poesia ela deve nascer e renascer por acasião de um verso dominante, na adesão total de uma imagem isolada, muito precisamente no próprio êxtase da novidade da imagem”. E enfantiza o autor maranhense: “É assim a minha poética: gênese da imagem e do instinto do instante, ou seja, a minha poesia é o resultado da hora presente em toda a sua experiência, experimentação e experienciação do objeto imaginado no instante em que é, por natureza, imaginado”. A imagem poética é um súbito realce do psiquismo, realce mal estudado em causalidades psicológicas subalternas”; tal qual no surrealismo utilizo as palavras como objeto para alcançar o objetivo de uma ‘experienciação’ para uma nova realidade experimental, sacando-a do campo da simples epistemologia e introduzindo-a no campo da ontologia pura, na qual é operante uma meta-estética da fenomenotécnica; minha proposta é ultrapassar a simples qüididade da palavra e do texto no que se refere à essencialidade ou a substancialidade – seja geométrica, estética ou gramatical. Ora, isso sugere a desverbalização da palavra em si, de si e para si, o que significa a desconstrução do discurso da palavra ou do texto homófono, para constituílo e fixá-lo como ‘sujeito’ do discurso substancial, real e concreto”. (…)”
ALIENATÓRIO Lá vai um homem Para o seu trabalho Para o seu trabalho Lá vai um homem… Todo dia é sempre tudo igual A “Coisa” toma sua dose letal… Lá vem um homem Para a sua casa Para a sua casa Lá vem um homem… Todo dia é sempre tudo igual A “Coisa” prepara seu ato final… Quando vai para o trabalho A “Coisa” não desespera… Espera! Quando vai para sua casa A “Coisa” espera… Desespera! Toma uma cachaça no boteco Tira-gosto com lingüiça… Espreguiça-se no balcão do nada Troca um lero-lero com a rapaziada… E aí vai pra casa ruminando a liça Assoviando um bolero… Cantarola: “Eu não sou cachorro, não para viver…” Todo dia é sempre tudo igual!
ANOMIA Por João Batista do Lago Perambula pela tonta cidade O exército dos deserdados Há muito condenado Perdido e desgraçado da sorte Anômico mendiga uma naca de felicidade Esses soldados da infeliz cidade Não conseguem essa guerra vencer E assim desesperam dia-a-dia no viver Vêem dia-a-dia a esperança morrer (mas) Sem trabalho si morrem em cada alvorecer E a cidade… Ó, infeliz cidade! Anônima de toda felicidade Enfileira sua miséria encantada E transforma a vida dos deserdados Em campo de concentração de miseráveis Ah, povo dos trabalhadores! Povo deserdado. Povo condenado. Povo vexado. Povo marcado. Não esperem que o céu resolva suas dores Essa divinal esperança só aumenta seus horrores Isso não é destino de Deus: é do homem a miserável economia! Que encerra todas as gentes no inferno da anomia
BRASÍLIA Por João Batista do Lago No paço da República O passo só descompassa – a “res” nunca é pública! No passo da República – a “res” nunca é pública O paço só descompassa!
CANÇÃO DO REGRESSO Por João Batista do Lago Minha terra tem um rio Onde se pode navegar As águas que nele correm Não mais existem por cá Minha terra tem um rio Sob solares e luares Minha terra tem Quilombos Onde não há n’outros lugares Sob os céus de Itapecuru Há muitas histórias pra contar A mais bela dentre todas O povo precisa resgatar
Minha terra tem Orixás Tem o “Tutor das Liberdades” Negro Cosme o seu nome Há de vingar sua dignidade Não permitam os Encantados Que eu morra sem antes pra lá voltar Quero encontrar com todo meu povo Com todos eles quero brincar e dançar Minha terra tem Carnaúbas Nelas também canta o Sabiá Têm Bem-te-vi e Ioruba Todos filhos de Oxalá Não permita Iemanjá qu’eu morra Sem que eu volte para lá Minha terra tem um rio: Rio Itapecuru – dá nome ao lugar Não permita Deus qu’eu morra Sem em suas Águas mergulhar
CANTO VIÉS © De João Batista do Lago Que adianta o lirismo, Que adianta a estética, Que adianta o belo Residente na poética? Sim! Que adianta tudo isso Se a vida não é assim? Foges pela tangente do real Escapas pelos esgotos da beleza Cegas-te para não enxergar a dureza Cruel gerada na alma animal Do homem que da vida é só vileza! Oh, meu caro João, não me tome por mal; Bem sei da beleza que na vida há. Bem sei! E um dia hei-de a cantar nalgum verso toda essa beleza, Mas agora é prudente falar da maldade que há Instalada – em qualquer lugar – na beleza Perdida no barro da criação. – Não tenho dúvida, João, sou filho da indignação. Que adianta cantar a esperança, se matam em mim a criança? Que adianta cantar a paz, se me constroem soldado das guerras? Que adianta cantar a vida, se dela não me há qualquer guarida? Não. Não tenho por que sorrir… Nem mesmo lágrimas me restaram para chorar. Todo sorriso; toda lágrima Restaram consumados na insensatez doa próprio Ser. Quero sim, à vida cantar! Dizer dela toda beleza no plural e no singular: A rosa, são rosas A flor, são flores O amor, são amores
Na dor, não há-de haver dores Na fome, há-de haver todo alimento No Ser, toda solidariedade Da ação, nenhuma maldade Quero, pois, assim, Toda vida cantarolar
CARTA PARA OUTRO-EU © by João Batista do Lago Olá, meu caro. Há quanto tempo não nos falamos! Gostaria de ter notícias tuas… Como andas? O que tens feito da vida? Sabes, ainda ontem andei pensando em nós dois. Quando éramos crianças (lembras?) brincávamos no alpendre lá de casa, corríamos por entre quartos, paredes e corredores… Ah, o Rex sempre nos atormentando, atravessando nossos caminhos mordendo nossos tornozelos… – Parem, meninos, parem com essa correria. Gritava mamãe sempre que passávamos por ela, escrava que era daquela máquina de costurar: tchic, tchic… tchic, tchic… tchic, tchic… tchic, tchic… tchic, tchic… tchic, tchic… tchic, tchic… tchic, tchic… tchic, tchic… tchic, tchic… Assim ela ia cosendo nossas vidas, nossas histórias… e nossas estórias. Dia após dia de intermináveis costurares! Mas nós continuávamos a brincar, a correr, a pular: E ela: – Parem, meninos, parem com essa correria – insistia em nos alertar. E a máquina: tchic, tchic… tchic,tchic… tchic,tchic… tchic, tchic… tchic,tchic… tchic, tchic… tchic,tchic… tchic,tchic… tchic, tchic… tchic,tchic… Ah, meu caro, tenho pavor às saudades, mas percebo que hoje, ao alcançar esta minha idade, elas se apresentam tão salientes que são difícil não escutá-las. Elas estão presentes em tudo e em todos os lugares! Ó, amigo, essas saudades são de amargar, me incomodam e se instalam em qualquer lugar ficam o tempo todo a me vasculhar… Saudades são como carrapatos de almas, verdadeiros parasitas inconfessos sanguessugas de velhas e novas lembranças, (que) roubam a consciência da presente esperança. Sabes! Hoje tenho nítida sensação de me haver internado numa masmorra. Sinto-me preso. Estou isolado num infinito labirinto. Não sei quando entrei… e nem por onde. Não encontro portas de saída. Estou só. Vago noites e dias entre as paredes frias da minha masmorra sem portas. Ouço o lamento do vazio num eterno calafrio de vozes que me vêm do além mais próximo de mim: ecos de dores… de horrores. São quermesses do nada exaltando o meu fim.
Vês, meu caro, o quanto sinto tua falta? Preciso-te. Necessito alentar minha dor, pois somente a palavra do poeta – palavra de sofredor! –não resolve a carência maior de minha paixão em flor. Sim! Preciso-te, caro amigo, para novamente corrermos entre quartos, paredes e corredores conversarmos com o vento e a infância, sem precisar ficar espantado com a adulta ignorância. Sim! Preciso-te. Urgentemente preciso-te. Preciso-te para viver minha eternidade de criança. Preciso-te para sair desta masmorra. Deste labirinto. Abraço-te, meu caro. Eu.
CIRCULAR A MIS HERMANOS by João Batista do Lago Hermanos del mundo La expansión engañosa La felicidad ilusoria Ofrecida a nosotros Hace mucho tiempo Queda nuestra morada Desandando nuestras vidas Asesinando nuestras esperanzas Hermanos del mundo La muerte da Gaia Es el fallecimiento de nosotros… Con la muerte de Gaia Fallecemos con ella Quedados ante la fiesta desgraciada De hombres carrascos Productos del capitalismo cruel Hermanos del mundo Llanamente morimos… Que hacer delante de los carrascos Asesinos indomables del pueblo… Que hacer hermanos del mundo Esperar por Dios… Oh, no, Dios no Es responsable Por la miserabilidad e ganancia Hermanos del mundo La invitación es forzosa Clama a detenerse la muerte da Gaia Clama a evitarse la muerte de los hijos – nosotros Clama a vencerse la ganancia De los brujos capitalistas Señores de la miserabilidad Asesinos de la humanidad
CONTRA-CANALHAS! © by João Batista do Lago Quanto tempo ainda restará Para conviver com os canalhas?
Vive-se um tempo de batalha: a Virtude é pura moeda rara! Perdeu-se a vergonha da cara; Falta coragem de usar a navalha. Ó, República da vagabundalha, República de miserável sorte, Rasgaram-te as vestes da Ética (e) Curvaram-te ante essa estética Sangram-te, ó mãe, os canalhas! Arrancar-te o Direito do peito é Tudo que deseja a vagabundalha: Nação inerte; prostrada ao leito. Sangram-te, ó mãe, os canalhas! Mas haverá dia que todo malfeito Restará findo… restará morto… A nação cativa se levantará do jugo Então aí – o povo –, plebe ignara, Tomará as rédeas do desatino e Fará da nação cativa seu destino: República de Virtude, Ética e Direito.
DAVOS Por João Batista do Lago …e assim calo o meu silêncio, já tão calado e tão sofrido, diante do discurso alegre, miseravelmente alegre, dos senhores donos do mundo, agora amedrontados com a hipótese do fim. …e assim escorrego para dentro de mim, o mais profundo possível, para esconder-me das migalhas sobrantes do banquete hegemônico da dominação, da farra verberante de enganação que irá flagelar povos e nações, num novo modo de enriquecimento transformando o presente momento em “belos” discursos de novas flagelações. …e assim, povos e nações continuarão reféns do empobrecimento, sem notar o enredo do esquecimento, sem perceber a marcha do enriquecimento que há por trás dos grandes discursos, sambas-enredos dos carnavais do mundo, onde o cidadão não passará de mero vagabundo, modo de produção da dominação dos senhores comensais donos do mundo. …e assim o eco – sem eco –das multidões, enfim, aceito no banquete dos ricos comensais
será comido como sobremesa, mas expelido será, como estrume que adubará o pomar da riqueza, que irá produzir povos e nações – belos frutos de miséria e pobreza –reféns de ricos senhores produtores de dominações.
FIÉIS by João Batista do Lago Vês Quanta gente-nada Assiste ao sermão da Mumificação do ser? Essa gente desesperada na Eterna busca do não-sei-o-quê Alimenta a dominação Enriquecendo a igreja da alienação. Vês Quanta alma é contrita na Infinita diasporia da Crucificação do não-ser? Essa alma regalada Revelada em pecado Cai de joelhos aos bocados e Morre dia-a-dia na igreja que não crer. Quanta gente se acredita Desgraçada eterna ser Busca em cada esquina… Em cada igreja Um deus-qualquer para vencer Presas fáceis são do falso saber Cristos de toda alienação Reféns fiéis da dominação Proscritos e miseráveis continuarão.
NÔMADE © by João Batista do Lago Caminho-me dentro do eu-cidade Perambulo entre avenidas sofridas Vago ermo procurando a felicidade Deusa ausente desta cidade vencida (Macabra) Monstruosa no seu lamento profano A cidade me açoita feito vagabundo Insano; escorregadiço entre humanos Viajo a saudade da solidão do mundo (Sânscrito) Entre os tijolos do sagrado vou Construindo os deuses da cidade Velha moradia; mórbida felicidade Onde o ser sem palavra ficou (Marginal)
Desço às profundezas da marginalidade Invisível sujeito castigado pelo ócio da Produção de classes marginalizadas nos Guetos dos templos sagrados do moderno […] Na cidade macabra Caminho minhas dores Sânscrito deserdado Marginal dos amores
O DIA EM QUE O CÉU DO ORIENTE CHOROU FOGO (1989) (Revisto: 2008) © De João Batista do Lago Procurei todas as razões para entender as guerras Nunca encontrei qualquer motivo que as justificassem É por isso que não as entendo… É por isso que não as compreendo. Jamais aceitei a idéia da guerra como recurso para a paz. Jamais! Nenhuma guerra é capaz de traduzir a paz. Nenhuma! Todas são evolução da ignomínia do homem. Todas! Em todas há a obsessão dada do poder e da ganância. Todas! Não há razões para o fazer da guerra! Que direitos são esses do Ocidente sobre o Oriente? Oh, noite das noites! Noites que se fazem meteoritos de estanho Noites que se matam as crianças Sem lhas dar as chances de saber da esperança Oh, noite das noites! Não posso cantar-te em meus versos De ti resta-me o odor do sangue escarlate Que jorra da terra como ouro negro E que se compraz perseguir a alma dos mortais Noite em que balas dançam pelos céus dos esquecidos! Quem dera fosse essa noite o Apocalipse de João. Quem dera! Não teríamos o amanhã para chorar os sete arcanos O céu não fumegaria o horror das bombas atómicas: Buuuuuuuuuummmmmmmmmm… Aqui uma cabeça; ali uma perna; mais adiante um braço… Diante de mim vejo o corpo do amor no seu último abraço Viro o rosto para não gravar tamanha desgraça… Mas cai à minha frente um coração que pulsa: brasa! Noites que rompem o tempo e se fazem espaço de guerras! Pilhas de corpos que se amontoam sobre a relva Corpos que depois de lavados são plantados em covas rasas Covas que darão árvores daninhas no alvorecer do amanhã Árvores que produzirão frutos de carnes humanas Frutos que serão no teatro da vida o prato de predileção Teatro onde se há-de encenar o ato seguinte da nova guerra Guerra que consumará a vitória dos senhores donos do mundo Vitória que será húmus da miserável guerra que renascerá na terra. Ó, Senhor de todos os céus, será assim eternamente a sina dos mortais!?
OBREIRO © by João Batista do Lago Desorientado! Sim, desorientado saíra de casa… Casebre. No caminho do trabalho ia mastigando sua febre de 40º, ruminando desespero do filho sem leite, da mulher recém parida, que ficara na casa – casebre! –já quase sem vida. E ele, obreiro de muitas obras, de tantas e quantas obras, não tinha obra nenhuma para doar à família. Toda obra que construíra fora para pagar o salário miserável que consumia no dia-adia da sua miserável vida. Ruminava e ruminava. Ruminava inconsciente a caminho do matadouro onde entregaria sua mente a preço vil, sua força de trabalho restaria na produção covil. No dia seguinte tudo se repetia. Ainda assim esperançava um dia ser dono da mais valia que lhe roubava o pão nosso de cada dia. E pensava: “Antes de morrer hei de ver meu filho banhar-se de leite, minha mulher entre sedas, pedras preciosas e ouro… Hei de ver! Hei de vencer!” Passava o tempo e todo dia a mesma coisa se repetia: refém da mais valia, mas esperançava sempre – um dia! –o velho trabalhador ter a alegria de ser livre, de não ser apenas um sofredor; ser dono da sua força de trabalho, não ser apenas o curinga do baralho ou apenas peça descartável do mercado. Hoje, velho e maltrapilho… (maltratado!), arrasta-se entre ladrilhos de esperanças, contudo espera que sua criança – ainda sem leite! – não perca a esperança de um dia ser dono da sua laborança, que seja refratário ao vil capital do consumo, que seja libertário e que não se deixe pregar à cruz, para de lá, como eu, apenas dizer: “consummatum est!”
ÓPERA DO HUMANO © by João Batista do Lago Proliferam deuses… Senhores donos do mundo! Surgem da escuridão e das noites dos tempos Eterno movimento de sanguessugas modernos Encenam no teatro da vida a tragédia dos infernos Desventura da miserável ópera humana O homem protagoniza o enredo da sorte Entoa em salmos sua oração mais profana: Vencer o irmão e subjugá-lo até a morte
Oh! Atores das desgraças abissais Homens desgraçados por séculos serão Tua triste sina não se findará jamais E quando tudo restara sem esperança No encanto da criação só restará do Humano o homem feito danado cão
POEMA PARA JOÃO* © by João Batista do Lago Para ele a vida era apenas um começo! Tudo era descoberta. Tudo. Mas a algoz violência calou João. João está mudo! Antes mesmo do deserto da vida calaram João. Mataram João. Agora João, a esperança, está mudo. Agora tudo está mudo. O calvário de João Tomado de assalto pelo ladrão, que Sem qualquer perdão Arrastou o corpo de João pela Cidade Maravilhosa, Começou no semáforo, Anticorpo das artérias da cidade… Da cidade de João. Chicoteado pelo asfalto, Arrastado pelo sonho do consumo, João desfilava sua dor Entre os gritos das gentes: – Párem… párem… párem, Pelo amor de Deus, párem! Mas Deus não estava ali Para salvar o pequeno João. Golias venceu Davi! Agora João está mudo, e Não está mais aqui, e Não terá mais o Rio para Batizar a Vida, e Não terá mais o mundo – este deserto , Para deblaterar contra A insensatez da miséria. Quanta pilhéria nos Revela o calvário do pequeno João! João está mudo, Mas se instala em cada coração Para dizer a toda gente: – prestem atenção senhores dono do mundo, Eles não têm razão, e vós, que razões querem ter? Escutai, escutai com coragem a voz do Ser. Ah, João não está mudo! João agora é cada um… é cada ser. E cada João não quer esquecer Que em cada ser há um “bom” ladrão…
Ladrões de joões e josés, de marias e madalenas Que revelam em suas cantilenas O sofrimento da hora, da agonia de agora, Mas logo em seguida esquecem a Maria que chora. João não está mudo! Está plantado no alto do morro, De braços abertos, está Gritando ao mundo, está Pedindo socorro, está A toda gente, a todo crente, E aos donos do mundo, está Dizendo: menos riqueza… dai conta da miséria e da pobreza.
ROSA NEGRA © by João Batista do Lago Da senzala – a grande casa! –exala o cheiro de almas que agora deambulam pela casa vazia que grita os berros que ficaram presos nas gargantas ornadas com colares do ferros. Da senzala – a grande casa! –vêm-me os gritos das dores contidas das costas entrecortadas pelo gargalhasso da chibata que estala no dorso encantado da negra mucama acorrentada ao dedo-de-deu que aponta para o céu Da senzala – a grande casa! –poder cretino do senhor dengoso ouve-se, então, o choro do menino filho do estupro matutino… ou vespertino daquela escrava que outrora apanhava ao pelourinho para gozo do senhorinho que jamais irá saber do filho negrinho condenado a viver – toda vida! – sem carinho Da senzala – a grande casa! –ouço os acordes duma canção em lamento: – Não deixem que apaguem das memórias as histórias de horror e de sofrimento, as dores, os choros, os tormentos. Não esqueçam os estupros. Não! Não permitam que as flores apesar da beleza e do aroma
escondam o pólen da dignidade, da justiça e da virtude. Não! Não permitam que as rosas apesar do encanto e da diversidade das cores, mascarem a beleza da rosa negra.
SAGA DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL © DE João Batista do Lago A saga pelas Liberdades Singra as águas do Atlântico Nasce em Porto revoltoso: Burgueses indignados estão Com o gerar da nova Nação Pois não querem dividir o pão D’Europa colonizadora Do Portugal imperialista Revoltam massas os burgos Cativam nelas a ignomínia Verberam vozes de mortes O Clero de pompas cativa A Nobreza sempre reativa Aliciam o corpo armado Do Exército português Gerando toda insensatez Criada a Revolução do Porto Dá-se, portanto o ultimato: Retorno à Corte para o Reino Dizem restaurar a dignidade Criam monarquia institucional Exigem incluso Pacto Colonial Reforçam assim a Ideologia Geram Revolução Liberal D. João VI agora submisso Deixa além-mares único filho: Pedro I – Regente do Brasil Terra do nativo varonil Elevado a escravo da Regência Ligada ao Portugal senil Mas Pedro há-nos de vingar Como Proclamador Del Brasil Assim começa a rica sina Das Liberdades do Brasil Porém a volúpia assassina Da burguesa portugália Insistia depredar a Nação Assaltava o ouro e a prata Matava o índio sem razão Queria a República imbecil Foi então que Pedro – o Primo Resolveu desacatar a Corte Disse não à frota-prisão Viver ou morrer seria solução
Rebelar o Brasil por sorte Dizer ao povo: “Fico, à morte!” Selava seu pacto de Razão Mata Portugal sua nação Conquista a elite brasileira Perambula revolucionando: Rio e Minas e São Paulo Entre afagos da Condessa Recebe da carioca Corte Sentença vinda de Portugal Não mais é Regente do Brasil Rebaixado foi a “delegado” Indigno agora é D. João VI Não merece a comiseração Quer do Pedro a rendição Portugal de João é pretexto O Rei quer manter a condição Capitula ante a burguesia Oferece a cabeça do filho Iluminismo da sua agonia Pedro I então indignado Corta os laços da harmonia Como tal um predestinado Ser Libertador do Brasil Reúne a tropa e o povo Brada a todos – e ao mundo Às margens do Ipiranga “Independência ou Morte!” • Assim libertou o Brasil das Garras do império português Aclamado foi Imperador Contudo continua a dor O Povo continua oprimido O Brasil continua freguês Ameaças há ao Brasil destemido D’outro imperialismo burguês.
URUBUS DE FOGO (Para Neiva Moreira e Freitas Diniz) O céu é de brigadeiro Lá bem alto o Urubu-rei espreita Vasculha o terreno com olhos de rapina Sente o exalar da fedentina vitorinista Prepara-se então para sua saga carniceira Que se revelará no futuro imediato Sob o manto da bossa-nova O patrono-mor das misérias marânhicas O Urubu-rei então já possuidor da carcaça Abre suas asas e anuncia o seu domínio Deblatera em alto e bom som o seu reinado E aos poucos vai construindo-se potentado Sob a mira de olhares das gentes inconscientes Incapazes de verem à sua frente o fogo voraz
Da mente contumaz da miséria sagaz Deste Maranhão que dorme sob as suas asas Mas o Maranhão que não é só maranhão Não quererá mais quatro décadas de dominação E grita: “- É chegada a hora da redenção!” E assim retoma para si toda dignidade Resgata a honradez cidadã e a liberdade O desejo de construir o seu novo mundo Sem permitir que qualquer vagabundo Subjugue tão-somente a nação marânhica valente (Urubus são urubus – mesmo os de fogo e rei Das terras do Maranhão não mais se apossarão Feitos donatários republicanos de plantão, pois Em terras do Maranhão há, por certo, nova nação!)
LIBERTAÇÃO © De João Batista do Lago Essa ambígua ordeiricidade brasileira, e conseqüentemente, do seu povo: país do carnaval! da mulata brasileira! país do futebol! da malandragem fagueira! é ufanismo trigueiro da burguesa “Luzes” subjetivismo do discurso da dominação. Sob este manto praticam-se o terrorismo social e o econômico, o político e o cultural, abstrusos, mas coesos no seu conjunto ideológico incrustado no terrorismo de Estado, que não permite aos comuns cidadãos perceberem, desde sempre, a condenação de suas almas numa constante subjugação. A tudo isso se junte, ainda, a medíocre “democracia racial”: falsa consciência da inclusão sob o beneplácito das elites, da classe média e da burguesia. E os ladrões de sempre, que roubaram, que roubam e, por certo, roubarão este povo que teima em não acordar, que continua “dormindo em berço esplêndido”, continuam nos palácios a nos encantar com a máxima da escravidão: “O Brasil é uma nação ordeira” – dizem. E assim continuamos nossa sina – com o apoio do burguês trabalhador que vendeu sua dignidade, que teve seu espírito comprado, que se esconde sob a proteção de sindicatos fascistas e sustentados pelo Estado terrorista que assalta, que furta o trabalhador comum compulsoriamente dilapidando o miserável salário, que se lhe arranca da boca a comida, do
intelecto a educação, do corpo a moradia. Não menos indulgente é a burguesia intelectual que num eterno louva-deus locupleta-se com migalhas furtadas comprantes das ideologias de plantão que permite assegurar o quinhão da dominação. Da mesma maneira o ramo podre da religião assim também age utilizando o campo do sagrado como fonte inexorável de opressão fazendo cair sobre os desgraçados da sorte o fogo do inferno se porventura desejarem libertação. No mesmo ritual teleológico segue o burocrata, o empresário e o político, os três Poderes: o Judiciário, o Executivo, o Legislativo – a “representação do povo”! Não é, pois, o momento da indignação? Porventura não é chegada a hora da libertação? A nação não pode condescender com seus detratores, com seus ladrões, com seus usurpadores, com seus facínoras, com seus ditadores – falsos democratas, antiprofetas da salvação. Prestai atenção, ó brasileiros! Ó povo dos trabalhadores, povo deserdado, vexado e proscrito! Povo (que é) aprisionado, (que é) julgado e (que é) morto! Povo ultrajado, povo marcado! Não sabeis que mesmo para a paciência, mesmo para a dedicação, há um limite? Não deixarás de dar ouvidos a estes oradores do misticismo que te dizem para rezar e esperar, pregando a salvação pela religião ou pelo poder e cuja palavra veemente e sonora te cativa? Teu destino é um enigma que nem a força física, nem a coragem da alma, nem as iluminações e o entusiasmo, nem a exaltação de nenhum sentimento pode resolver. Aqueles que te dizem o contrário enganam-te e seus discursos servem apenas para retardar a hora de tua libertação, que está preste a soar. O que são o entusiasmo e o sentimento? O que é uma poesia vã diante da necessidade? Para vencer a necessidade há apenas a Necessidade, razão última da natureza, pura essência da matéria e do espírito. Dá-me, agora, ó brasileiros, um pouco da vossa atenção! Tomai como vosso este poema e cantai em toda praça a todo cidadão. Sustentai este grito de alerta, de levante, de atitude revolucionária contra os vituperadores que tomaram esta nação: (é) uma convocação para a revolta, (é) uma ode à desobediência civil,
(é) um convite à marcha contra os canalhas, (é) uma incitação à derrubada do Estado terrorista. Mas também quero vos alertar: os ladrões do Brasil e de seu povo, a camarilha instalada nos três poderes, a elite, a classe média e os burgueses, jamais concordarão com este deblaterar. E dirão com certeza: – Não passa de um ‘esquerdista radical’, um ‘maoísta’, um ‘leninista’, um ‘marxista’, enfim… ‘um comunista’. Ou, no mínimo, dirão: um “revoltado”, um “louco”… Aí então deverás, desde sempre, rechaçar e repelir veementemente a prosa ditirâmbica dessa camarilha de ladrões. Não dareis, jamais, o direito de te definirem, de te identificarem, de te marcarem (feito gado encurralado) segundo seus conceitos, seus preceitos, seus preconceitos. E direis: – Tens agora, ó indignos bufões, o vicejar de um novo Sujeito, tens, aqui, por certo, o discurso da indignada nação, que não quer ver o seu povo, por toda eternidade, dirigido pela corrupção, que não deseja ser representado por congressos de ladrões, governado por rufiões do poder, que se escondem sob a toga da inquisição. E afirmareis a sentença da libertação: “Se os apelos dos movimentos urbanos não são atendidos, se os novos caminhos políticos permanecem fechados, se os novos movimentos sociais não se desenvolvem totalmente, então, tais movimentos – utopias reativas que tentarão iluminar o caminho a que não tinham acesso –retornarão, mas dessa vez, como sombras urbanas, ávidas por destruir as muralhas cerradas de sua nação cativa”. (in EU, PESCADOR DE ILUSÕES, 2006, Ed. Lulu Press)
A QUIMERA DA REPETIÇÃO © by João Batista do Lago … e de repente de novo o povo é convocado para uma nova quimera … e de repente de novo o povo atende ao apelo mesmamente estamos diante de uma nova eleição parece festa de São João os brincantes meus-bois-bumbás não percebem que se encontram curralados nos arraiais da nação que seus amos estão sempre-alertas
para lhes arrancar a língua e servir com o pirão da inconsciência o farto manjar na mesa da dominação não basta devorar a consciência da população para ser um bom ladrão… é preciso mais que isso é preciso comer a palavra da reação (mesmo que esta reação seja instintiva não pensada imemoriada não-reativa) não permitir que o boi entenda que no interior da sua força carrega tanta e tamanha libertação… é preciso dissuadir enganar é preciso votar não é preciso não… com precisão renovar a dentadura do Mimoso é preciso ajuda ruminar o chibé (pirão feito com água, farinha de mandioca e açúcar ou mel e por vezes temperado com cachaça e também com pimentão) dar novos olhos ao Caprichoso é preciso ajuda a enxergar a inação da nação falsa consciência do democrático campo real da alienação … e de repente de novo o povo é convocado para uma nova quimera … e de repente de novo o povo atende ao apelo mesmamente e lá se vai o boi inconsciente para o matadouro: manso tranquilo calmo alienado… sem língua com dentadura sem visão com óculos feito povo marcado feito gente desprezada depositar na urna o voto da esperança perdida amanhã… quem sabe o amanhã … e de repente de novo o povo é convocado para uma nova quimera … e de repente de novo o povo atende ao apelo mesmamente
CERES COSTA FERNANDES
Mais um amigo, mais uma amiga que se vão... assim sem mais , só assim... Em poucos dias de angustiadas expectativas ou de súbito. Não há velórios, nem despedidas, a não ser aquelas que seguem pelas vias sociais, que, por mais calorosas e amigas não substituem um longo e sentido abraço, com direito a chorar no ombro. O meu primeiro contato com a morte foi quando a minha bisavó materna, que finava sua velhice conosco, já desmemoriada, estava a morrer. Foi à noitinha e, logo, a pequena casa se encheu. Família, amigos, vizinhos, todos ao redor do leito da moribunda a rezar. Fraquinha, partiu rápido. Fez-se o velório, com café, bolinhos e muito choro. Era assim. Disso tudo, ficaram-me duas impressões, um vago estranhamento, que mais tarde transformar-se-ia em falta, e um susto, o descobrimento da noite cerrada e seu silêncio. Eu tinha sete anos. Este tipo de morte finou-se com a internação dos doentes em hospitais, o prolongamento da vida por instrumentos, até à inconsciência. Ninguém mais tem últimas palavras para deixar à família ou para a posteridade. Os discursos ao pé do túmulo sumiram juntamente com a moda de proferir discursos; os velórios passaram a ocupar salas de aluguel apropriadas e o acompanhamento a pé dos cortejos deixou de ser possível mercê das longas distâncias em que se situam os novos cemitérios Mesmo com esses impedimentos, modificações modernizantes, antes desta peste chamada Covid 19, que leva as pessoas de roldão, em horas que certamente não eram as ainda as suas, e tornam toda e qualquer manifestação de afeto criminosa, continuávamos a homenagear amigos na derradeira hora, comparecer aos velórios, levar flores e participar das orações conjuntas, mãos dadas, tudo o que sempre fez parte da liturgia da morte cristã. Estes ritos parecem conceder certo alívio aos parentes e amigos do morto e nos dá-nos a certeza de que o amigo partiu corretamente encomendado e, então, podemos iniciar o período de luto, necessário para que o ser humano processe a sua perda. Sem isso, fica-nos a sensação do vazio, a impressão de que nada aconteceu, de que as pessoas não morrem mais, desaparecem. Com a pandemia perdemos o contato físico, os encontros são proibidos, a roda de amigos mais próximos encolhe-se cada vez mais e temos a sensação de estarmos sendo roubados sem perceber como, sem identificar o que perdemos e quem foi o ladrão. A morte transforma-se em um ato de mera prestidigitação em que um mágico faz sumir pessoas apenas com o rápido voejar de seu manto bicolor. Quando morreu meu pai, eu, grávida de sete meses estava aqui em São Luís; ele, no Rio de Janeiro. Fui impedida de viajar para o funeral. Apesar de os amigos providenciarem uma missa de sétimo dia de “corpo presente” (com o caixão vazio, coberto de preto, havia disso), de sentir o carinho de todos, a convicção de sua morte não me chegou. Senti-me roubada em minha dor e sem poder despedir-me dele, uma pessoa tão presente em tudo da minha vida, ficou-me a impressão de que ele não havia realmente morrido. Sentia que ele existia em qualquer parte do tempo e do espaço, onde eu era impedida de ir para encontrá-lo ou buscá-lo. Uma sensação tão estranha, que até hoje não encontro palavras para ela. Não vivi meu luto, no sentido freudiano, embora me tenha vestido de preto. Não sei se me foi ruim ou boa essa falta de confrontação com a sua morte, hoje, só lembro dele nos sonhos e na companhia diária dos pensamentos, com seu terno de linho branco, sempre corado e inteiro. Acho que, a qualquer hora, posso viajar e ir ao seu encontro, não é essa coisa do “andar de cima”, ele está paralelo a mim, nem acima nem abaixo, só que em outra dimensão. Não preciso da morte para encontra-lo.
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/f5bc1d0f8ead42645986ba7e6e6cfadf.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
PAULO RODRIGUES
O Mapa da Tribo é o décimo livro de Salgado Maranhão. Lançado pela editora 7Letras (2013), com 99 páginas e cinco seções que vão traçando os caminhos de uma poética capaz de ultrapassar o oceano. A ancestralidade discursiva do poeta é ampliada em muitos poemas. É certo que a sociedade brasileira é atravessada por muitos discursos, todos em relação, e contidos no sujeito enunciador ora analisado. O discurso literário enquadra-se como constituinte do ser social “designa fundamentalmente os discursos que se propõem como discursos de origem, validados por uma cena de enunciação que autoriza a si mesma” (MAINGUENEAU, 2006, p.60). Este ensaio deve apresentar uma análise do ethos discursivo de Salgado Maranhão. Usaremos três poemas para demonstrar a nossa inferência, de maneira que as imagens universais construídas na obra consigam apresentar as cenas dos nossos nervos sociológicos. José Salgado Santos é um homem negro, alfabetizado depois dos quinze anos, que enfrentou os demônios de uma sociedade capitalista periférica (com uma história longa de escravidão). Agarrou-se ao hábito da leitura como uma oração cotidiana. Foi a sua salvação. O poeta ganhou o prêmio Jabuti, em 1999, com Mural de Ventos e o prêmio da Academia Brasileira de Letras com A Cor da Palavra, em 2011. Traduzido para o italiano, francês, alemão e inglês, é destacável autor visitante de muitas universidades nos EUA. Desenha com muito sucesso uma carreira internacional, porque trabalha a palavra com o compromisso de um Samurai. Ferreira Gullar afirmou: “Salgado faz uma poesia da palavra, muito embora não ignore o real, pois o traduz em fonemas e aliterações. Que não hesita em ir além da lógica do discurso (ou do enlace com o plausível) se o resultado é o impacto vocabular e o inusitado da fala”. Os dois conhecem as vísceras da grande expressão poética. Podemos confirmar o que foi dito - pelo autor de Dentro da Noite Veloz - em:
O sertão mordeu meus calcanhares. o sertão é um coiote vestido de súplica (sem que eu visse, abriu cáries em minhas lembranças; eis como sangra o poema vestido de ausentes; eis minhas unhas de barro e servidão.
Em meu corpo o verão plantou cigarras, ergueu palavras sobre ruínas (e essa hipérbole para além do havido).
Por onde passo até as pedras uivam. (MARANHÃO, 2013, p. 19)
É o segundo poema da obra. Apresenta três estrofes que dançam ao som dos tambores dos quilombolas de Canabrava das Moças. O poeta conscientemente sabe que éthos foi uma parte da retórica voltada para reconstituir o passado social. Por isso, denuncia: “eis como sangra o poema/ vestido/ de ausentes;/ eis minhas unhas de barro/ e servidão”. O servilismo que não desapareceu com a abolição, com a ‘república’, nem mesmo com a Constituição de 1988. “As cigarras” estão espalhadas pelos dias da linguagem e erguem uma identidade nacional. Salgado valida a palavra nacional mestiça e desconfiada da própria materialidade democrática da existência, nos trópicos: “Por onde passo/ até as pedras uivam”. Em ORIGEM 2, temos imagens que denunciam o enunciador e nossa gente: Da seiva que na pele me dá cor de barro de olaria e couro de tambor,
eis-me timbrado e solto em muitas vias sujas de outroras e de algarvias.
De tantas que eu até perdi a conta do que me jaz por jus ou desaponta.
E em ser telúrico e alegre como os rios, me dou em terra, em sangue e ativos;
eu próprio sendo “o quase que não vinga”, alimentado a barro de cacimba;
para tornar-me um comedor de verbos, de sílabas com pimenta e – de soberbo –
notar que, enfim, a vida é caixa-preta, tudo é transverso e nada ao pé da letra. (MARANHÃO, 2013, p. 78)
Os dísticos fazem um paralelo entre o pretérito e o presente, arrancando das metáforas motivos, lembranças e guias. O poeta reconhece as marcas da (noite imêmore): “da seiva que na pele me dá cor/de barro de olaria e couro de tambor”. Salgado reafirma as dificuldades da maioria negra, em nosso país: “eu próprio sendo “o quase que não vinga/ alimentado a barro de cacimba”. Num estilo nada simplista denuncia as tragédias pessoais, num mapa de genocídio dos afro-brasileiros. Na estrofe final do poema que dá o título da coletânea, observamos o sujeito enunciador reverenciar sua gramática de origem: “ô vento ancestral/ das línguas que me rasuram!/ recluso em meus anexos/ meus ontens me procuram” (MARANHÃO, 2013, p. 89) . Por fim, os poemas trouxeram um éthos discursivo que busca o universal, o humano, o todo sem retirar a retina da ancestralidade. Salgado Maranhão é a transcendência/imanência, em meio ao caos da palavra contemporânea. ---------------------Paulo Rodrigues* (Caxias, 1978), é graduado em Letras e Filosofia. Especialista em Língua Portuguesa, professor de literatura, poeta, jornalista. É autor de vários livros, dentre eles, O Abrigo de Orfeu (Editora Penalux, 2017); Escombros de Ninguém (Editora Penalux, 2018). Ganhou o prêmio Álvares de Azevedo da UBE/RJ em 2019, com o livro Uma Interpretação para São Gregório.
EDMILSON SANCHES, O ENCONTRO DAS PEDRAS (POEMAS)
Postado por DCP em 13/06/2021 - [Curadoria de Natanael Lima Jr]
Edmilson Sanches é escritor e jornalista, nasceu em Caxias (MA) I Foto: Reprodução
EDMILSON SANCHES é escritor, jornalista, editor, palestrante, consultor de Administração Pública e empresarial, autor de dezenas de livros nas áreas de Administração, Comunicação, Desenvolvimento, História e Literatura (contos, crônicas, ensaios, poesias). Inúmeros trabalhos publicados em antologias literárias e jornais regionais e nacionais, além de sites, blogs e páginas de redes sociais. Diversos prêmios literários. Graduação e pós-graduação em Letras, Administração Pública, Comunicação e Desenvolvimento Regional e Administração de Empresas. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, IHG de Caxias (MA), Sociedade de Cultura Latina do Brasil (MA), União Brasileira de Escritores (MA), Academia Brasileira Rotária de Letras (MA), titular das Academias de Letras de Caxias, Imperatriz, Santa Inês, Açailândia, Buriticupu, João Lisboa (MA) e sócio correspondente das Academias de Letras de Rondon do Pará (PA) e Praia Grande (SP). Membro dos Conselhos Regionais de Administração e de Contabilidade. CONTATOS celular/WhatsApp: (99)9.8405-4248; e-mail: edmilsonsanches@uol.com.br; site: https://edmilsonsanches.webnode.com
SEIS POEMAS DE EDMILSON SANCHES
O ENCONTRO DAS PEDRAS
E agora, José? No meio do caminho tinha uma pedra. Aliás, uma pedrada, que é uma pedra movimentada.
Dizem que a coisa foi orquestrada teleguiada. Mas, Zé, compreenda: há muita insatisfação, e o povo passa fome, arrocho, precisão. Você, não.
É preciso separar o joio
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/63b371ba7b34160ed69c348ff1c81b1f.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
do trigo. Mas onde está o trigo, meu Deus?! Ele já não é subsidiado –– só o povo continua subalimentado.
E o povo, já sem razão, responde com quatro pedras na mão.
José, você que é, que é católico, rezador, talvez diga que nem só de pão vive o “home”; entanto, ouça: acima da guerra, há o grito da fome.
José, sabe como é: o povo se contenta com pouco. Boca cheia não grita. Bucho vazio deixa louco.
Sei, não precisa repetir: atiraram a primeira pedra. Mas, José, e por que a outra? Lançada de catapulta, com destaque em jornal, apedrejaram o povo com a Lei de Segurança Nacional. Lei de Talião, pagou-se com a mesma moeda. Ou pedra. (Mas, José, duro com duro não faz bom muro).
Não sei, José, não sei como é. Tudo serve de exemplo. E com pedra também se constrói um templo.
Vamos juntar todas essas pedras e talvez, quem sabe, um dia com ela terminaremos, “não mais que de repente”,
E aí, povo forte, Nação em pleno viço, botaremos uma PEDRA em cima disso.
BIVALVE
Em teu casulo me acasalo me encapsulo.
Nele, dentro, me movimento -- ele me entende e se distende completamente; (me) move -- comove -fortemente (me) envolve profundamente
até que cio e selva sejam só céu e relva
e saia o arado e fique a leiva e em mim saciado brote a seiva
e eu homem me transmuto em rio e sobre você mulher margens e leito corro percorro escorro
liquefeito.
Em teu casulo me acasalo me encapsulo: nele sou mais quanto mais me anulo...
POEMA SEM DATA
Poeta, não dates teus versos. Eles não carecem de dia de nascimento –– pois que não têm hora para morrer.
Ainda assim, o que pudesses datar seria o gesto gráfico literal frásico expressional.
Esquecerias por certo a gestação incubação hibernação.
Poeta, teus versos não precisam - nem dependem –de cronografia; também dispensam genealogia: o poema não tem pai, e se tem mãe, é filho da puta, filho de uma égua, é santo do pé do pote, nasceu no oco da palmeira, pode ter vindo de carona na bolsa marsupial ou no bico da cegonha.
Poeta, expele teu poema antes que ele salte de ti e sobreviva à tua vida (subvida, sobrevida). Entretanto, nada de dia hora mês ano local.
Os poemas estão por aí, soltos, misturados à poesia.
Mas afasta deles o gesto cartorário, a mão tabeliã.
POEMA A UM JOVEM POETA
Não se iluda. Toda a história do mundo se faz com poucas letras.
Todo poema é só um verso ou uma só palavra ou meia ou palavra e meia (às vezes, apenas uma letra ou a intenção dela).
Todo romance, um só capítulo um fim único capitulado.
Nada é múltiplo e vário. Todo tanto todo tudo tudo quanto é uma só unidade
que se desfaz na mente e na mentira dos homens
SPARRING
Peguei o discípulo e, de supetão, dei-lhe um bogue na cara, um murro nos peitos, um soco no estômago, um chute nos ovos. Dei-lhe pena e papel.
E garanti-lhe um minuto de silêncio para que escrevesse sob/re sua dor.
O trovão cala a chuva fala e me entala
o coração.
O som é forte tom de morte mas com sorte e oração
não morro não.
FERNANDO BRAGA
Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo, nasceu em São Luís do Maranhão, em 4 de abril de 1857 e faleceu em Buenos Aires, em 1913. Estudou as primeiras letras no Maranhão, onde também trabalhou numa casa comercial. Aos dezessete anos foi para o Rio de Janeiro e estuda pintura na Escola de Belas-Artes. Estreou na imprensa como caricaturista, trabalhando em O Fígaro, O Mequetrefe e A Semana Ilustrada. De volta ao Maranhão, lá escreve o seu primeiro romance de grande êxito, O Mulato, criado pelo jovem Aluísio aos 26 anos de idade, no mirante de um solar revestido de azulejos portugueses, onde morava sua família, à Rua da Paz, em São Luís, hoje tombado pelo Patrimônio Histórico. Depois, Aluísio retorna ao Rio, onde publica diversas obras e colabora em jornais e revistas. Tendo feito concurso para cônsul, serviu em Vigo, Nápoles, Tóquio, e por fim em Buenos Aires, onde morreu. Aluísio é a figura principal do naturalismo no Brasil. Notável observador dos costumes e ambientes da sociedade do Segundo Reinado, a sua produção ressente-se do processo de trabalho do escritor, que era o do folhetim de imprensa. Há em seus livros uma significação histórica ao lado da significação literária. Pertenceu a Academia Brasileira de Letras e nos deixou estes preciosos títulos: Uma Lágrima de Mulher, 1879; O Mulato, 1881; Casa de Pensão, 1884; O Homem. 1887; O Coruja, 1889; O Cortiço, 1890; O Esqueleto, 1890; Demônios, 1893; Livro de uma Sogra, 1895, além de outras produções espalhadas em jornais e revistas. O Mulato ficou corporificado no Realismo, como o primeiro romance do naturalismo estilizado, dentro do aspecto da “art. nouveau”, exteriorizando em suas angústias e depressões sociais os mesmos males que oprimiam os artistas europeus, quando as misérias da crise mundial já rondavam a decadência emocional da “Belle Époque”. Aluísio Azevedo, escritor e diplomata foi um dos expoentes maiores da nossa ficção urbana, e, em sendo O Mulato, o primeiro romance naturalista brasileiro – retrata na sua estrutura todo o nódulo social calcado no racismo do meio maranhense do tempo, onde alguns críticos dizem, que para o estigma do nosso autor faltara àquela exigência de Emile Zola, quando normatiza a conduta dos personagens retratando o terrível comportamento da paixão, mas que, por outro lado, lhe sobrara, aqueles maneios acirrados que caracterizam a luta contra o conservantismo e as rigorosas imposições clericais que de algum modo entorpeciam São Luís no século XIX – servindo como pano de fundo a principal ação do romance. Raimundo (o núcleo central romanesco), filho de escravos e recém-chegado doutor da Europa, não se deu conta de sua “mulatice” e se fez amado e amante em circunstâncias dolorosas envolvidas por terríveis preconceitos. Mas foi assim que Aluísio quis que O Mulato agisse, tipificando-lhe à moda das histórias de Diderot, e dos romances de Tachear e Balzac, ou ainda, sob os traços dos contos de Maupassant e Tchekhov. O Mulato agride o desesperado preconceito racial gerado nas famílias abastadas de São Luís, talvez por isso tão bem recebido pela ferrenha crítica da Corte como exemplo, e ainda, por ter sido escrito no molde do naturalismo bem ao jeito darwinista, causando forte irritação em seus comprovincianos, que o forçaram voltar às pressas para o Rio de Janeiro e juntar-se novamente ao irmão, o dramaturgo, comediógrafo e também escritor Arthur Azevedo que, às gargalhadas, o esperava no cais do porto para comemorarem o que escrevia de Lisboa o crítico Valentim Magalhães: “Aluísio Azevedo é no Brasil, talvez, o único escritor que ganha o pão exclusivamente à custa da sua pena, mas note-se que apenas ganha o pão, porque as letras, no Brasil, ainda não dão para a manteiga”. E sempre será assim... A arte é um dom divino, por isso, dádiva de sacrifício!
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/eff38fae3a282e90c0cf39a78f8d23a2.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
29 de julho
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/d6ca86ba1046e3b46e4c25f297932966.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/29784c36fb817577f90a6a97bb0fc8d0.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
13 de agosto
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/9e6dba48af28f2be39014110320c39e0.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/25526fd42563f45e5d7ef4927d02cbd8.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/353a5bfe55f15eccb5b41cab98c2f652.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
29 de outubro
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/ac9cf579b3c03f6646f313dfc21df015.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
07 de novembro
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/fa403d39aef67930e27e70372cbebf46.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/02b0f6a6ca34a0c68589b003af9c1703.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
PACOTILHA, 11 DE JANEIRO 1919
PACOTILHA, 13 DE JANEIRO
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/a6bb8c3be8fa812a80a62a36b4782d06.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/5453160066f12cfa730179c1c8e35b65.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
PACOTILHA, 29 DE JANEIRO
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/e5060765a7e063f38ca699ba1e95dc44.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
O JORNAL, 03 DE FEVEIRO 1919
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/80c3d4f84f394a7a88c4c24e407fa50b.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
PACOTILHA, 10 DE FEVEREIRO
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/c31111b602cf37702e12b8c19ca328a8.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/73f0a63e0b3fbeed85dab1652fb5c253.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
PACOTILHA, 10 DE MARÇO
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/f2e0ad971f41c69fda60b575bdd228b5.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/f590037fcdbf4cab9e47f5badff37a2f.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
PACOTILHA, 13 DE MARÇO
PACOTILHA, 07 DE ABRIL
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/297d540a9a7bfdd2e03bce52e0f384a4.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/67029054d661dad8f92c6fcf47fc1497.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/3b875dfd95df539832fae070c2936056.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
PACOTILHA, 09 DE ABRIL
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/edd0511d45e35c7a320622271107fa96.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/409a0b223bdd400a016ada0c56b14581.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/9e6d715f12de5bb98a6fee5ccea3ec7c.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
O JORNAL, 06 DE MAIO DE 1919 - PACOTILHA
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/f2dc27ba2a56618afca05804acb648df.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/79fbde87c16d399e19faa5eebe35d422.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/23ae2e1aaa75ae9327a5dc847888fb3d.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/4d977876bab919013ba721c250650a78.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
PACOTILHA, 19 DE MAIO
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/232cf28f3333670c58836e2abc28fd6e.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
O JORNAL, 09 DE JUNHO DE 1919
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/e2a60305e33a6249872f3948d0666d11.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
PACOTILHA, 12 DE JUNHO
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/ac3e45e0c5f9b9cdf8ca1dfd6e7ef264.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/31119ab11fbc33e9cb79411420750981.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/8a9ddf8c4a5bb97911fb81c66f725c89.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
PACOTILHA, 19 DE JUNHO
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/f3a729bc26ac14ff18e36260b0b12fe5.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
PACOTILHA, 02 DE JULHO
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/921b34cbe86df3ce3c2225c85a9d3604.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
PACOTILHA, 07 DE JULHOILHA, 07 DE JULHO
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/a762680d6e81783f87a1d602f03a9fe3.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/e664a4fcbd1089d62d5a2ccedc9e2594.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
PACOTILHA, 10 DE JULHO
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/4cabef94f9c18d3529ff2ec0595af441.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/bcae6b9c68bdfd95a63434c34921dfd4.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
POACOTILHA, 15 DE AGOSTO
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/1492677aa8ffdf98c223df946359d716.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/69438ee070d4cf9650f386e4311cabfe.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
O JORNAL, 22 DE AGOSTO DE 1919
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/f96f3c945e87ef9018a2c2a11e0f2f31.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/1a92f1d4bb01109f46c9748abfe3b90a.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
O JONAL, 23 DE SETEMBRO DE 1919
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/f4c6add2f22ca2b98d5a942361a5e246.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
Ano 1919\Edição 00227 (1) 26 de setembro
Pacotilha, 29 de setembro
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/6ccfc1301baf18014f7269ec7705956d.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
Pacotilhga, 02 de outubro
Pacotilha, 03 de outubro
Pacotilha, 06 de outubro
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/853d380a4303c96f9c0ff1493c67d888.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
08 DE OUTUBRO
O JORNAL, 13 DE OUTUBRO DE 1919
O JORNAL, 13 DE OUTUBRO DE 1919
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/b506bb44e6c6eebe35b9c63d020afb0c.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/7f48843837ba8eaa3f4e06550c21827a.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/95e5df98b1db30fb1681bcbfbe49f3f2.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
PACOTILHA, 13 DE OUTUBRO
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/c9f41273ba6ecdcb9f4d01a9da188abf.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/d344169b26ae7ed2d47ac6b36a2ce1bd.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/8e638364b6d73ead0e0942ccd5825456.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/de582ea24e4aaca059777c3c2b8f901b.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
PACOTILHA, 20 DE DEZEMBRO
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/1195120d33b0c0a9002b28675febfc1f.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210625175014-db56f98ed6e103974f54090975e2327b/v1/3409d9cc853e73069d7e4b09af337b80.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
VOLUME 62 – JUNHO DE 2021
VOLUME 61 – MAIO DE 2021 MARANHAY - Revista Lazeirenta 61 - MAIO 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 60 – ABRIL DE 2021 MARANHAY - Revista Lazeirenta (Revista do Léo) 60 - ABRIL 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 59 – ABRIL DE 2021 MARANHAY : Revista Lazeirenta (Revista do Léo) 55, abril 2021 - Especial: ANTOLOGIA - ALHURES by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 58 – MARÇO DE 2021 MARANHAY 58 - ANTOLOGIA: OS ATENIENSES, março 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 57 – MARÇO DE 2021 MARANHAY 57 - MARÇO 2021: EDIÇÃO ESPECIAL - OS ATENIENSES, VOL. III by Leopoldo Gil Dulcio Vaz -
issuu VOLUME 56 – MARÇO DE 2021 MARANHAY - (Revista do Léo ) - 56 - março 2021 - EDUÇÃO ESPECIAL: ANTOLOGIA - MULHERES DE ATENAS by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 55 – MARÇO DE 2021 MARANHAY - Revista Lazeirenta (Revista do Léo) 55, março 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 54 – FEVEREIRO DE 2021 MARANHAY (Revista do Léo) 54 - FEVEREIRO 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 53 – JANEIRO 2021 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_53_-_janeiro_2021 VOLUME 52 –DEZEMBRO – 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/maaranhay_-_revista_lazerenta_52__2020b VOLUME 51 –NOVEMBRO – 2020 https://issuu.com/home/published/maaranhay_-_revista_lazerenta_51__2020b/file VOLUME 50 – OUTUBRO – 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_50_-_2020b VOLUME 49– SETEMBRO - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_49_-__2020_VOLUME 48– AGOSTO - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_48_-__2020_bVOLUME 47– JULHO - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_47_-__2020_VOLUME 46– JULHO - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_46_-__2020_VOLUME 45– JULHO - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_45_-__2020_-_julhob VOLUME 44 – JULHO - 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/maranhay_-_revista_lazerenta_-_44_-_julho__2020 VOLUME 43 – JUNHO /SEGUNDA QUINZENA - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_ -_43_-segunda_quinzen VOLUME 42 – JUNHO 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_42_-junho__2020/file VOLUME 41-B – MAIO 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/maranhay_-_revista_lazerenta_-_41-b_-_maio___2020 VOLUME 41-B – MAIO 2020
https://issuu.com/leovaz/docs/maranhay_-_revista_lazerenta_ -_41-b_-_maio___2020 VOLUME 41 – MAIO 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/maranhay_-_revista_lazerenta_-_41_-_maio__2020 VOLUME 40 – ABRIL 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_40_-_abril___2020.d VOLUME 39 – MARÇO 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_maranhay__39-_mar_o___2020 VOLUME 38 – FEVEREIRO DE 2020 – EDIÇÃO ESPECIAL – PRESENÇA AÇOREANA NO MARANHÃO
https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_maranhay__39-_fevereiro___2020
A PARTIR DESTE NÚMERO, CORRIGIDA A NUMERAÇÃO, COM SEQUENCIAL, DOS SUPLEMENTOS E EDIÇÕES ESPECIAIS:
VOLUME 28 – JANEIRO 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_maranhay__28_-_janeiro____2020b VOLUME 29 – FEVEREIRO 2020 https://issuu.com/home/published/revista_do_leo_-_maranhay__29-_fevereiro___2020b
REVISTA DO LÉO - NÚMEROS PUBLICADOS
VOLUME 1 – OUTUBRO DE 2017 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_1_-_outubro_2017 VOLUME 2 – NOVEMBRO DE 2017 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_2_-_novembro_2017 VOLUME 3 – DEZEMBRO DE 2017 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_3_-_dezembro_2017 VOLUME 4 – JANEIRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_4_-_janeiro_2018 VOLUME 5 – FEVEREIRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_5_-_fevereiro_2018h VOLUME 6 – MARÇO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_6_-_mar__o_2018 VOLUME 6.1 – EDIÇÃO ESPECIAL – MARÇO 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_especial__faculdade_ VOLUME 7 – ABRIL DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_7_-_abril_2018 VOLUME 8 – MAIO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8_-_maio__2018 VOLUME 8.1 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO: VIDA E OBRA – MAIO 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8.1_-__especial__fra VOLUME 9 – JUNHO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_9_-_junho_2018__2_ VOLUME 10 – JULHO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_10_-_julho_2018 VOLUME 11 – AGOSTO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_11_-_agosto_2018 VOLUME 12 – SETEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_12_-_setembro_2018 VOLUME 13 – OUTUBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_13_-_outubro_2018
VOLUME 14 – NOVEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_l_o_-_numero_14_-_novemb VOLUME 15 – DEZEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revisdta_do_l_o_15_-_dezembro_de_20? VOLUME 15.1 – DEZEMBRO DE 2018 – ÍNDICE DA REVISTA DO LEO 2017-2018 https://issuu.com/…/docs/233ndice_da_revista_do_leo_-_2017-201 VOLUME 16 – JANEIRO DE 2019 https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__16_-_janeiro_2019 VOLUME 16.1 – JANEIRO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: PESCA NO MARANHÃO https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__16_1__-_janeiro__20 VOLUME 17 – FEVEREIRO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_17_-_fevereiro__2019 VOLUME 18 – MARÇO DE 2019
https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__18_-_mar_o_2019
VOLUME 19 – ABRIL DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__19-_abril_2019 VOLUME 20 – MAIO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__20-_maio_2019 VOLUME 20.1 - MAIO 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO E A QUESTÃO DO ACRE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__20.1_-_maio_2019__ VOLUME 21 – JUNHO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__21-_junho_2019 VOLUME 22 – JULHO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__22-_julho_2019 VOLUME 22.1 – JULHO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__22-_julho_2019_-_ed VOLUME 23 – AGOSTO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__23-_agosto_2019 VOLUME 23.1 – AGOSTO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: AINDA SOBRE A CAPOEIRAGEM MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__23.1-_agosto_2019_VOLUME 24 – SETEMBRO DE 2019 – LAERCIO ELIAS PEREIRA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec VOLUME 24.1 – SETEMBRO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: IGNÁCIO XAVIER DE CARVALHO: RECORTES E MEMORIA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec VOLUME 25 –OUTUBRO DE 2019 –https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__25_-_outubro__2019 VOLUME 26 –NOVEMBRO DE 2019 –https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__26_-_novembro__2019 VOLUME 27 – DEZEMBRO DE 2019 –https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__27_-_dezembro___2019 VOLUME 27.1 – DEZEMBRO DE 2019 – suplemento – OS OCUPANTES DA CADEIRA 40 DO IHGM https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__27.1_-_dezembro___2019 VOLUME 30 – edição 6.1, de março de 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_especial__faculdade_ VOLUME 31 – edição 8.1, de maio de 2018 EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO: VIDA E OBRA – MAIO 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8.1_-__especial__fra VOLUME 32 – edição 15.1, de dezembro de 2018 ÍNDICE DA REVISTA DO LEO 2017-2018 https://issuu.com/…/docs/233ndice_da_revista_do_leo_-_2017-201 VOLUME 33 – edição 16.1, de janeiro de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: PESCA NO MARANHÃO https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__16_1__-_janeiro__20
VOLUME 34 - edição 20.1, de maio de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO E A QUESTÃO DO ACRE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__20.1_-_maio_2019__ VOLUME 35 – edição 22.1, de julho de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__22-_julho_2019_-_ed VOLUME 36 – edição 23.1, de agoto de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: AINDA SOBRE A CAPOEIRAGEM MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__23.1-_agosto_2019_VOLUME 37 – edição 24.1, de setembrp de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: I. XAVIER DE CARVALHO: RECORTES E MEMORIA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec