MARANHAY REVISTA LAZEIRENTA (REVISTA DO LÉO) EDITADA POR LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536 TOK
“ÁGUAS REVOLTAS QUE CORREM CONTRA A CORRENTE” TOK
“PRESIDENCIA”
“DIRETORIA”
“SÓCIOS-ATLETA EM CAMPO”
NUMERO 66 – OUTUBRO - 2021 MIGANVILLE – MARANHÃO
A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.
EXPEDIENTE MARANHAY REVISTA LAZERENTA Revista eletrônica EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076 CHANCELA
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); Titular da FEI (1977/1979); Titular da FESM/UEMA (1979/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IFMA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 14 livros e capítulos de livros publicados, e mais de 365 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Academia Poética Brasileira; Sóciocorrespondente da UBE-RJ; Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luis (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Premio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Premio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; Editor da “ALL em Revista”, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras; Editor da Revista do Léo, a que esta substitui (2017-2019), hoje MARANHAY – Revista Lazeirenta. Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.
EDITORIAL
A “MARANHAY – REVISTA LAZEIRENTA” é sucessora da “REVISTA DO LÉO”, e continua em seu formato eletrônico, disponibilizada através da plataforma ISSUU – https://issuu.com/home/publisher. Num longínguo ano, lá pelo meio dos anos 1980, do século passado!!! Fui à Campinas-SP para participar de um simpósio, onde foi-me apresentado a primeira revista eletrônica editada no Brasil, pelo Renato Sabattini; retornando à São Luis, passei a editar a “Nova Atenas de Educação Tecnológica”, revista eletrônica do Departamento de Educação Física do então CEFET-MA, e que depois virou dos Cursos de Mestrado e Doutorado; foram 21 números publicados, com periodicidade semestral; lá, comecei a publicar artigos que descreviam a memória dos esportes, educação física e lazer no Maranhão; isso me levou ao Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, onde fui editor de alguns nuneros de sua “Revista do IHGM”, no formato eletrônico; foram 14 números publicados, com periodicidade trimestral, além de alguns anais de congressos e simpósios; segui-se, com a fundação da Academia Ludovicense de Letras, a editoria de sua revista oficiosa, em formato eletrônico, ‘ALL em Revista”; na primeira fase, foram seis volumes, com quatro números cada volume, num total de 24 revistas; passei a publicar a ‘minha revista’; explicando: desde a primeira, ainda no CEFET-MA, todos falavam ‘na revista do Leopoldo’; assim, dei o nome “Revista do Léo”; foram 38 números, quando decidi mudar o nome para ‘MARANHAY – Revista lazeirenta’, chegando a este número 66 – sendo que com este nome, desde o numero 39. Após uma breve parada, voltei a editar a ALL EM REVISTA, e já publicados dois volumes, com três números no total, em processo de produção o 8.3 correspondente ao trimestre jul-set 2021, e iniciado, já, o 8.4. do ultimo semestre do ano... MARANHAY – Revista Lazeirenta (antiga Revista do Léo) é editada desde Miganville, onde moro, na antiga Vila Velha dos Vinhais, bairro, hoje, de São Luís, mas que já foi Municipio independente – anexado em 1835... -, criado em 1755 pelo Marques de Pombal, numa usurpação de locais onde haviam missões jesuíticas, quando da expulsão destes do Maranhão – aquele Maranhão de outrora, o Estado Colonial, que ia do Mucuripe (Ceará) até os Andes, até o Caribe, até o Goiás... quando Pombal anexou as terras indígenas, as antigas aldeias e missões, Vinhais – a Vila Nova então criada -, chamava-se Aldeia da Doutrina, podemos dizer, um projeto-piloto que consistiria em toda a expansão jesuíta, com a criação de missões de catequese, que abrangeu todo o estado do Maranhão – quase que toda a área da França Equinocial, dos franceses, e mais a expansão possibilitada pela junção das coroas ibéricas – Portugal e Espanha no período de 1580 a 1640 – anulando, assim, a delimitação do Tratado de Tordesilhas – não aceito pelos franceses e demais países europeus, que dividiu o Novo Mundo entre espanhóis e portugueses: o testamento de Adão -; até então, da segunda fixação dos Tupis no Maranhão, na Ilha Encantada, cerca de 1540/60: Uçaguaba – Terra onde se come carangueijos –
a segunda missão jesuítica, em 1617/19 criou a sua missão na antiga aldeia –
Uçaguaba/Aldeia da Doutrina – no mesmo local onde os franceses, que chegaram antes dos da missão de
estabelecimento da Colonia – 1612/16 – Jacques Riffault, Charles de Vaux, e o intérprete Davi Migan se estabaleceram em 1594, mais junto à aldeia, local que ficou registrado como MIGANVILLE... É DAQUI QUE ESCREVO... da terra antes do Tempo... “O atual território do bairro Recanto do Vinhais, no estuário do rio Anil, em São Luís, Maranhão, foi palco de uma história de longa duração que remete há, pelo menos, 3 mil anos atrás. A descoberta acidental de vestígios arqueológicos confirmou que nessa região a presença humana era muito mais antiga do que se supunha, superando em muito séculos as referências presentes na documentação histórica sobre a Vila do Vinhais”. (BANDEIRA, 2015, 2016) Muitas cidades brasileiras receberam nomes de homônimas portuguesas, a exemplo de Vinhais... mas porque, em 1755 deu-se-lhe o nome,de Aldeia da Doutrina, para Vinhiais (nova), hoje Vinhais Velho? Busquemos Vinhais em Portugal:
Esta antiga cidade, mais antiga que a fundação de Portugal, deve seu nome à abundância de vinhedos que cobriam as encostas e produziam excelentes vinhos. Hoje a produção de vinho quase desapareceu. Na época dos romanos havia um assentamento chamado Veniatia, por onde passava pela estrada que ligava Braga a Astorga. Suebi, Visigoths, Vândalose Mouros estiveram presentes na região. Um dos primeiros reis de Portugal, Sancho II tinha um castelo e muros construídos, em torno do qual cresceu uma pequena cidade logo se chamarva Vinhaes. Esta cidade foi apelidada de Cidade Rica, por causa da abundância de seu vinho, linho, seda e lã. Várias vezes ocupada pelos castelas tornou-se parte de Portugal novamente em 1403. Em 1659, um general espanhol invadiu a região e sitiou Vinhais com 1.700 homens. O castelo resistiu e o inimigo se retirou através da fronteira, queimando todas as casas fora dos muros, bem como todas as aldeias por onde passaram. Após a queda da monarquia em 1910, o rebelde monarquista Paiva Couceiro entrou em Vinhais e atacou as forças republicanas, derrotando-as e enviando-as em retirada para Chaves.
A entrada de Paiva Couceiro em Vinhais foi recebida com alegria porque esta cidade ainda era pró-monarquia. Logo, o Governo Provisório da República enviou 400 soldados para atacar os rebeldes. Depois de alguns escaramuças violentas, os rebeldes foram derrotados e forçados a se render. Veja ataque monarquista em Chaves Hoje, Vinhais é um município pequeno, bastante isolado, com uma população rural envelhecida. Sem indústria e com uma população em declínio, depende do turismo, uma feira anual especializada em carnes defumada, e alguma agricultura, especialmente o cultivo de castanhas.
A parte norte de Vinhais também faz parte do Parque Natural de Montesinho, com interesse significativo no tipo de vida rural e agrícola e na preservação da vida selvagem. Entre as espécies protegidas estão o Lobo Ibérico, Roe Deer, Javali Selvagem, Lince Ibérico, Genet Comum, Raposa Vermelha e Lontra Europeia. Para se ter uma melhor compreensão da vida selvagem, existe agora um Parque Biológico de Vinhais, na Serra da Ciradelha.
Já o Vinhais Velho é um bairro da cidade de São Luís, também conhecido pela sua importância históricocultural, em razão do sítio arquelógico existente na região. É o bairro mais antigo da cidade. Inicialmente, o local era habitado pelos índios tupinambás, onde existia a aldeia de Eussaup ("lugar onde se comem caranguejos"), até ser conquistado pelos franceses em 1612, no processo de formação da França Equinocial. A aldeia também ficou conhecida como Miganville, em razão de nela residir o francês David Migan, que se tornou uma liderança entre os indígenas e servia de tradutor para a administração francesa. Em 1615, os portugueses tomaram o controle de São Luís, tendo sido instalada a primeira missão jesuíta do Maranhão, passando a se chamar Uçaguaba e, posteriormente, Aldeia da Doutrina.
Com a expulsão dos padres jesuítas pela Coroa Portuguesa, seus bens foram confiscados e a Aldeia da Doutrina tornou-se a Vila de Vinhais, contando com Câmara e juiz. Sua origem seria a vila portuguesa de Vinhais, localizada no distrito de Bragança. Em 1835, a Vila do Vinhais foi incorporada ao município de São Luís. Passou a se chamar Vinhais Velho com o surgimento do Conjunto Habitacional Vinhais (1979) e do Recanto do Vinhais. O Vinhais Velho abriga uma comunidade de 3 mil moradores, muitos deles pessoas humildes e descendentes das antigas populações coloniais e pré-coloniais. O bairro tem ainda a Igreja de São João Batista, o Cemitério do Vinhais Velho (construído em 1690), e o Porto do Vinhais Velho, feito com pedras e utilizado pelos pescadores, catadores de caranguejos marisqueiros da região para atracar canoas, que já foram o principal meio de transporte no igarapé do Vinhais, afluente do rio Anil. O estilo de vida rural da comunidade seria bastante afetado pela construção da Via Expressa. Quero acreditar que os portugueses, quando mudaram o nome para Vinhais, da antiga Uçaguaba/Aldeia da Doutrinia, o fizeram em reconhecimento de ser ali, o local de mais antiga ocupação, tanto indígena quanto européia: Miganville existia antes da França Equinocial... à que deu oprigem... Em outubro de 2017: VOLUME 1 – OUTUBRO DE 2017 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_1_-_outubro_2017 aparecia o primeiro número...
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EDITOR
SUMÁRIO 2 3 7
EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO
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ESPORTE(S) & EDUCAÇÃO FÍSICA PROJETO GARIMPANDO MEMÓRIAS - LAÉRCIO ELIAS PEREIRA (depoimento) 2016 CHRISTIANE GARCIA MACEDO O CBCE DO RECIFE: LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ QUE ESPÉCIE DE EDUCAÇÃO FÍSICA DESEJAMOS? QUE ESPÉCIE DE EDUCAÇÃO FÍSICA DESEJA O POVO BRASILEIRO? MANUEL SÉRGIO RECREAÇÃO, GINÁSTICA/EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE NO MARANHÃO – uma memória antes dos “paulistas” LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ MARANHÃO NAS OLIMPÍADAS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ MARLON MODOLO ZANOTELLI E CARTARO 2 VENCERAM NO HUBSIDE JUMPING MARANHÃO É O CAMPEÃO GERAL DO TROFÉU NORTE-NORDESTE LUTANDO CONTRA O PRECONCEITO JOSÉ MANUEL CONSTANTINO A EDUCAÇÃO CÍVICA E FÍSICA NA BARRA OSMAR MONTE
9 23 32 42 139 192 193 194 196
NAVEGANDO COM JORGE OLIMPIO BENTO ACONTECENDO... A NOVA LITERATURA LUDOVICENSE/MARANHENSE
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JOÃO BATISTA DO LAGO ANALISA AXIOMA DE MHARIO LINCOLN: "A FACA DE DOIS GUMES" O QUE PODE UM CORPO (Parte III) CORPOS ANTROPOMÓRFICOS" - (E este corpo feminino, o que pode?) JOÃO BATISTA DO LAGO OS PASTORAIS E O TEATRO DE ANICA RAMOS, VIANA - MA ÁUREO VIEGAS MENDONÇA LEMBRANÇAS QUE JÁ VÃO LONGE... FERNANDO BRAGA O SER-POÉTICO NO INCONSCIENTE DE ANELY GUIMARÃES FERNANDO BRAGA
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Textos escolhidos: Leopoldo Gil Dulcio Vaz: "O BRADO DE REGINALDO TELLES DE SOUSA". (facetubes.com.br)
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CAÇA AO TESOURO EM TUTOIA - O Tesouro de Tutóia e as aventuras de Ernesto Rivera EUGES LIMA HISTÓRIAS DO TERREIRO DA TURQUIA (Nifé Olorum) CÍCERO CENTRINY PINHEIRO E O SEU CENTRO CULTURAL AYMORÉ ALVIM
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FRAN PAXECO: MEMÓRIAS & RECORTES UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A HISTÓRIA DO LIVRO DIDÁTICO MARANHENSE: a obra O Maranhão, de Fran Paxeco (1913-1923) LIMA, NOÉ NICÁCIO
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ESPORTE(s) & EDUCAÇÃO FÍSICA
CENTRO DE MEMÓRIA DO ESPORTE ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
PROJETO GARIMPANDO MEMÓRIAS LAÉRCIO ELIAS PEREIRA (depoimento) 2016 CEME-ESEF-UFRGS FICHA TÉCNICA Projeto: Garimpando Memórias Número da entrevista: E-675 Entrevistado: Laércio Elias Pereira Nascimento: 11/10/1948 Local da entrevista: Via Internet (Skype). Entrevistado em Atibaia (SP) e entrevistadora em Porto Alegre. Entrevistadora: Christiane Garcia Macedo Data da entrevista: 25/03/2016 Transcrição: Marina Albugeri Copidesque: Christiane Garcia Macedo Pesquisa: Christiane Garcia Macedo Revisão Final: Silvana Vilodre Goellner Total de gravação: 1 hora 17 minutos e 29 segundos Páginas Digitadas: 21 páginas Observações: O entrevistado realizou algumas alterações após a leitura da entrevista transcrita. Entrevista realizada para a produção da pesquisa de Christiane Garcia Macedo intitulada Centros de Memória da Educação Física e dos Esportes nas Universidades Federais. O Centro de Memória do Esporte está autorizado a utilizar, divulgar e publicar, para fins culturais, este depoimento de cunho documental e histórico. É permitida a citação no todo ou em parte desde que a fonte seja mencionada. Sumário Formação Acadêmica; Atuação Profissional; Centro de Estudos e Documentação em Educação Física, Esporte e Lazer do Maranhão; Envolvimento com o Colégio Brasileiro de Ciência do Esporte; Pesquisas das Humanidades no Colégio Brasileiro de Ciência do Esporte; Envolvimento com associações; Sociedade Brasileira para o Progresso da Educação Física; Pesquisa de História da Educação Física; Mestrados e Doutorados em São Paulo; o desenvolvimento da Educação Física na Universidade Estadual de Campinas; Envolvimento com as Ciências da Informação; o Sistema Brasileiro de Documentação e Informação Desportiva; o Centro Esportivo Virtual; Nomeação do Centro de Memória; acompanhamento dos Centros de Memória; Rede de Centros de Desenvolvimento do Esporte Recreativo e do Lazer; Congresso de Informação e Documentação Esportiva; Palavras Finais. Laércio Elias Pereira 1 Porto Alegre [e Atibaia], 25 de março de 2016. Entrevista com Laércio Elias Pereira a cargo da pesquisadora Christiane Garcia Macedo para o Projeto Garimpando Memórias do Centro de Memória do Esporte. C.M. – Laércio, primeiro muitíssimo obrigado por dispor do seu tempo. Eu queria que você começasse contando sobre a sua formação, desde quando entrou na Educação Física. E.P. – Eu sou de São Caetano do Sul1 , onde todo mundo trabalha na General Motors2 na juventude. Eu era ferramenteiro, fiz Senai3 , esse tipo de coisa, trabalhei seis anos na indústria automobilística e fui fazer vestibular para sociologia. Durante o vestibular eu fiquei sabendo que tinha Educação Física, eu nem sabia que existia, aí lembrei dos meus professores ótimos do ginásio: Valderbi Romani, do Senai, Renato4 no Senai de Santo André5 e Millher6 , o Tuta7 , no Senai do Brás, e achei o máximo ser professor de Educação Física. Dai sarou a minha gastrite automobilística e eu estou até hoje. Fiz USP8 , eu sou um 68, eu fiz o primeiro ano em 1968, fazia o jornal da faculdade, acho que aí entra a documentação. Eu fazia um jornalzinho chamado Opinião, acho que a polícia até invadiu a faculdade por conta do jornal [risos]. Tive que fugir algum tempo e tal, ainda estudante... A sede do Exército era bem em frente à escola, então, a gente era muito visto. E aí fiz graduação, sempre trabalhei... Comecei a trabalhar com handebol, fui técnico de handebol. Daí, fui para a olimpíada9 , fui ser voluntário na Olimpíada de Munique10, onde foi a primeira vez o handebol, assim que eu me formei. Quando voltei comecei a minha peregrinação por um monte de escolas, então, fui para o
Maranhão salvar a humanidade. Daí trabalhei em um monte de lugar, trabalhei em Mossoró11, trabalhei na Paraíba, na UDESC12, na Serra Gaúcha13 aí perto, Brasília, São Paulo várias vezes, fui professor da Numa época ótima, porque também estava o Manuel Sergio15 e o Medina16 e foi muito legal, foi um time muito bom na UNICAMP, é uma felicidade boa, essa época. C.M. – Na universidade você entrou quando? E.P. – Eu entrei para a universidade, 1968. C.M. – E para ser professor? E.P. – Então, já em 1968 eu fui. Porque teve a Olimpíada de 196817, e uma professora foi para a Olimpíada e eu fiquei no lugar dela. E aí eu comecei a trabalhar desde o primeiro ano, e aí em seguida tive muita sorte, porque eu arranjei um trabalho para surdo e cego que o meu amigo da classe perguntou se tinha braço e perna, eu achei interessante [risos]. É uma gozação, como é que trabalha com surdo e cego, mas foi a primeira escola de surdo e cego da América Latina, bem legal, aprendi muito. E também tive sorte de começar a trabalhar no Ginásio vocacional18, que depois a ditadura mandou fechar. Era uma escola integral, era muito boa, minha escola para você ter uma ideia tinha quatro quadras, tinha vestiário para professores, tinha um teatro dentro da escola, eram oito horas por dia, era o dia todo. E a primeira aula do dia, o professor que tivesse a primeira aula lia os jornais do dia para os meninos. A líder desse movimento foi a professora Maria Nilde Mascelani, que é hoje o movimento do ginásio vocacional. Em São Paulo muitas lideranças saíram depois, eram oito ginásios vocacionais, foi uma experiência tão boa que fecharam. Mas aí eu sempre segui meio experimental, eu gostei... Daí conheci, eu sou um cara anarquista de baixo teores, então, caminhei sempre... a Summerhill19, eu gosto, atualmente eu sigo a Lumiar20, Escola da Ponte21, fico agoniado que a Educação Física não presta atenção nessas coisas. E eu sei do valor da escola experimental, porque eu trabalhei nisso, não é uma invenção ou utopia talvez. Dentro desse processo, eu fiz graduação, a minha luta no centro acadêmico, no jornal e tudo, foi para Educação Física ir para a USP, deu certo. Fui da primeira turma a receber o diploma pela USP, era uma escola isolada, a gente participou de um monte de assembleia na época. E era uma época que duas pessoas conversando já podia ser considerado um ato subversivo, então, foi bem emocionante. Depois que eu fui para o Maranhão, em 1973, aí voltei da Olimpíada, era cheio de curso e desempregado, fiz um monte de curso, não adiantou nada. Fui vender livro e tal, nessa de vender livro eu fui dar curso de handebol, e aí enrosquei no Maranhão e fiquei por boa parte da vida no Maranhão, na verdade. Em 1977, fui fazer o mestrado na USP, a primeira turma também, voltei para o Maranhão, passei pela UNICAMP. Aí fiquei rodando, porque também tem essa história de atuação, minha militância é associação. Então, assim eu ajudei a fundar a Associação de Professores da Universidade do Maranhão22, a APRUMA, e aí era uma perseguição danada [risos], porque o reitor era um coronel cruel. Eu acabei indo parar na UNICAMP com licença do Ministério23 também, fui assessor do Ministério porque o ministro me salvou, Marco Maciel24 me salvou. E aí o reitor conseguiu mais um mandato, uma jogada lá e, eu continuei mal na universidade, porque eu era secretário regional da SBPC25 e, esse reitor que era um coronel, o primeiro ato que ele fez foi colocar na ilegalidade todos os diretórios acadêmicos e associação docente. A gente tinha uma sede dentro da Universidade e perdemos tudo, telefone e tal. E aí eu estava organizando uma reunião regional da SBPC, bem legal, oitocentas pessoas participaram, só que o reitor foi vaiado quinze minutos na abertura, ou seja, eu fiquei com a minha cabeça a prêmio, só não fui mandado embora porque a direção da SBPC me segurou. Devo essa ao professor Warwick Kerr, que estava passando uma temporada como professor lá na época. Mas daí ficou impossível de continuar no Maranhão, foi aí que eu fui parar no Ministério, o reitor pegou uma carona de recondução, eu fui para a UNICAMP, a convite do João Tojal26 e, depois da UNICAMP voltei para o Maranhão, depois voltei para o doutorado, do doutorado eu me envolvi com a escola do futuro, por conta... Escola do Futuro da Comunicação27 e, o meu doutorado começou na comunicação, Ciência da Informação27 e, o meu doutorado começou na comunicação, Ciência
da Informação. E aí no meio do doutorado o reitor caiu e o pessoal me chamou de volta para o Maranhão. E eu falei para o meu orientador Frederic Litto28, morrendo de pena, que eu ia abandonar o doutorado para retomar a Universidade do Maranhão, ele me apoiou e depois mais tarde eu voltaria, depois de aposentado eu voltaria para terminar esse doutorado. Já agora na UNICAMP, o Fred Litto como co-orientador e o João Tojal como orientador. E foi o Centro Esportivo Virtual, que faz vinte anos que está no ar [risos], essa é a história. C.M. – O mestrado foi sobre o que Laércio? L.P. – Mulher e esporte. C.M. – Foi em que época? L.P. – Foi o primeiro mestrado, 1977. Mas eu acabei no último minuto do segundo tempo, que foi... E demorei oito anos, que eu voltei do Maranhão, terminei na praia e tudo. Mas aí nesse mestrado foi bem legal que eu era representante discente, então, eu fiz muitos contatos com os outros cursos, então eu fiz disciplinas de sociologia na Educação, conheci o Litto na Comunicação. Então, assim a minha função era tentar sair do curso horrível que era a Educação Física, era um curso de graduação cheio de alemão e, eu tentava que tivesse mais ligação com Ciências Humanas. E aí como eu tinha sido ferramenteiro, eu queria fazer alguma coisa de Educação Física do trabalhador, eu estava fazendo a disciplina com Celso Beisiegel29, que é o paulo freiriano30 da USP na Educação, daí eu cheguei e pedi uma audiência com ele [risos], eu sempre treinei time feminino, eu falei: “Olha, tem a Carlos Chagas31, que está fazendo um movimento para apoiar pesquisa sobre mulher e eu estou tentando fazer uma sobre trabalhador. O que o senhor acha do ponto de vista sociológico?”. Na verdade eu acabei fazendo isso mesmo, sobre socialização da mulher no esporte. Tinha uma professora, minha amiga, que estava nos Estados Unidos, fazendo doutorado sob a orientação da Janet Teeple, que mais tarde seria presidente da Sociedade de Sociologia do Esporte Americana, mais para frente ela foi isso, esqueci o nome. Mas ela tinha um questionário sobre a socialização das mulheres no esporte, a professora me ajudou a traduzir, foi bem legal. Essa professora depois ela foi editora do Research Quartely32, é uma pesquisadora importante. Eu não consegui trabalhar com ela porque... Meu inglês é ruim também, eu estava no Maranhão também e ali eu estava com outras coisas, perdi uma grande chance na Sociologia do Esporte nessa possibilidade. E aí o que aconteceu eu fiz uma dissertação naquele jeito, na praia e, a banca queria... Eu entreguei no último minuto e a banca queria me reprovar [risos]. E aí um professor da USP resolveu que eu não deveria passar, eu fiquei em pânico, mas por sorte na minha banca estava uma professora da Faculdade de Educação, Zilda Augusta Anselmo, com quem eu tinha feito a disciplina Teorias da Aprendizagem, ela falou: “Não, minha nota é dez” e aí teve uma briga de meia hora entre os dois. Resultado, eu me defendi, meu orientador em vez de me dar a nota maior ficou entre os dois, entre o seis e o dez e, acabei passando, umas nota assim, passei. Mas eu escondi a tese e sai do tema. Muitos anos depois no CONBRACE do Espírito Santo33, uma minha amiga do Maranhão, minha ex estudante falou: “Olha, eu soube da tua tese pela Fúlvia Rosemberg34” para você ter uma idéia a Fúlvia Rosemberg é uma mulher que estuda mulher, da Fundação Carlos Chagas. Então, eu falei: “Pelo amor de Deus, a mulher leu o meu trabalho”. Eu escondi e tal: “lá vem mais chumbo” [risos]. E aí foi naquele período da Elaine Romero, não sei se você acompanhou, a Elaine escreveu sobre mulher e esporte e, a Fúlvia fez uma revisão bibliográfica. E aí ela escreveu que o melhor trabalho que tinha sido feito no Brasil até o momento era a dissertação do Laércio, olha só [risos]. Tirei cópia e fiquei com vontade de mandar para o professor da USP que queria me reprovar, mas aí perdi o pique. Mas também eu já tinha saído desse tema, já tinha ficado mais na Comunicação e, acabei não levando a frente. De vez em quando alguém estudando mulher no esporte conversa comigo sobre o que eu fiz e tal, tem a gentileza de me citar no trabalho, no bom sentido, mas é legal, fiquei por aí. E nesse mestrado que eu fiquei conhecendo o Litto, foi o grande cara da minha formação acadêmica, Frederic Litto. Que é um especialista da Escola do Futuro, eu estava com ele na criação da Escola do Futuro na USP e, até hoje é meu grande amigo, a gente conversa toda semana. Ele é presidente da Associação Brasileira de
Educação a Distância, ele fez uma palestra para a gente em Belo Horizonte, sobre Educação Física e Educação à Distância. Ele me acompanhou, quando eu fui falar que eu desisti do doutorado, em vez de ele me dar bronca, ele me deu incentivo, eu falei para ele: “Ó, vou abandonar o doutorado. Vou voltar para o Maranhão que a minha turma tomou o poder lá”. Daí como ele é doutor em teatro, ele falou que tinha um sujeito chamado Grotowsky35, que morava na capital e depois ele foi para o interior e fez um dos melhores trabalhos do teatro do século XX. Então, ele me incentivou a voltar para o Maranhão. E depois eu retomei o trabalho e, quando eu fui fazer o CEV36 contei com ele de novo, ele foi da banca, bem legal, e foi isso. Falei muito, nossa mãe. C.M. – Não, está ótimo Laércio. L.P. – Vai puxando aí, porque se não eu viajo. C.M. – Laércio, você poderia falar sobre o CEDEFEL37 do Maranhão? L.P. – Então, o CEDEFEL foi uma criação da Secretaria de Esporte, no começo da década de 1980. Quando eu me transferi, com o meu automóvel e meus livros para a Paraíba e deixei um monte de documento que a gente tinha que era da Secretaria de Educação, que a gente tinha que criar uma Secretaria de Esportes e tal. Daí o pessoal ligou da Paraíba, aquelas histórias abriram concurso para a Paraíba, eu fiquei na casa do João Freire38 incomodando três meses, fiquei treinando o time de handebol e já era um paraibano, quando o pessoal diz: “Volta que criaram a secretaria e, você precisa trabalhar na ideia que você ajudou a criar”. Daí eu peguei meu carro velho, enchi de livro de novo e voltei para o Maranhão. Daí quando eu cheguei lá, como eu cheguei nessa circunstância do cara que ajudou a criar, eu pude fazer bastante coisa, eu fui para a assessoria do secretário direto, e aí puxei a história da documentação, informação e tal, e ele deu toda a força, aí que foi o CEDEFEL. A gente, Leopoldo Gil Dulcio Vaz e eu, criamos uma sessão dentro da secretaria que daria apoio ao CEDEFEL, para você ter uma idéia o Research Quarterly, que era a maior revista da época de Educação Física, pesquisa e tal, a gente comprou a coleção inteira para o Maranhão, o único lugar que tem esse periódico. Estava tudo em microfilme, a gente comprou o microfilme desde 1930. Assim... sumiu depois, mas para você ter uma ideia eles me apoiaram na ida para a Colômbia, para esse encontro de documentação esportiva, foi a secretaria que me apoiou. E aí escrevi no telex, eu lembro de escrever lá de Medelin39 ... “Olha, pode ser a segunda aí no Maranhão?” e o Jota Alves da Comunicação falou: “Falei com o secretário, pode assumir aí, que a segunda conferência vai ser em São Luís”. Mas aí tem mudança política, já não era mais o secretário, não consegui dar continuidade. Mas lá foi legal que eu conheci bastante gente da IASI40, que hoje eu ainda estou. Para você ter uma ideia, essa reunião da IASI que eu consegui fazer no Brasil, em 2006. Vinte e seis anos de batalha [risos], desde essa época que eu tentei levar para o Maranhão, eu vinha batalhando e não tinha jeito, para ver se eu fazia a reunião no Brasil, só consegui fazer isso em 2006. Que eu já te contei que foi um desastre a reunião etc, etc. Mas foi legal, foi um quarto de século de luta [risos]. C.M. – Laércio, como que começou seu envolvimento com o CBCE41? L.P. – Então, eu sou amigo do Victor Matsudo42, de juventude, sou de São Caetano43 como ele. Eu admiro muito o Victor, tem isso. Para você ter uma ideia a importância do Victor, quem foi o grande idealizador do CBCE foi o Victor. Quando a gente fez o mestrado na primeira turma todos os estrangeiros que vinham, e eram pessoas importantes dentro das áreas, eles achavam que o mestrado era em São Caetano. Eles não sabiam, eles falavam: “Não, como USP? Não é São Caetano?”. E eles davam aula e corriam para São Caetano para ver o banco de dados de São Caetano. A gente tinha lá, tem até hoje, o CELAFISCS44 , o que era: eu era o diretor do SESI45 na época, bem no começo... Eu era diretor do SESI e eu fiz com o Victor, ajudava o Victor a fazer uma olimpíada colegial. Essa olimpíada colegial foi crescendo, a gente fazia o Simpósio de Esportes Colegiais de São Caetano, era um grande simpósio e tal, ao mesmo tempo... era ditadura, lembra... Era difícil
de se reunir e o pessoal que a gente chamava, que era os torturadores, isso é intriga [risos], se reuniram na Federação de Medicina Esportiva [risos], e aí o que acontecia o pessoal de São Caetano era.... E os amigo da volta, o pessoal que era do Rio46 que iam para São Caetano, que conhecia, São Caetano produzia muito e, nos Congressos de Medicina Desportiva quem produzia era o pessoal da Educação Física. E aí o que aconteceu? A gente falou: “Olha, não podemos nem ser sócio e a gente está dando força para esses caras da federação, vamos encarar”. E aí teve a reunião que eu já contei, não sei se você chegou a ver o vídeo que eu contei como foi a reunião, não sei se falo aqui... C.M. – Se você puder falar, por favor. L.P. – Então, o que aconteceu, em 1976 ia ter um Simpósio de Esportes Colegiais, a gente chamou o presidente da Federação de Medicina Esportiva, a ideia era assim: vamos dar uma prensa, que o professor de Educação Física apresenta a maioria dos trabalhos e não pode nem ser sócio. E aí estávamos nós cinco, que aí consideramos fundadores do Colégio, que é o Victor Matsudo, o Paulo Chagas47 do Rio de Janeiro, eu, o Cláudio Gil48 e a Fátima Duarte49 que está hoje em Santa Catarina. Chamamos o presidente para a reunião, dentro do Simpósio de Esportes Colegiais, e aí quando começou a reunião o presidente já sabia que a gente ia fazer isso, para a nossa surpresa, ele começou disse: “Olha, eu sei que vocês apresentam os trabalhos, vocês são o máximo, não sei o que, mas quero dizer que a partir de hoje vocês vão poder ser sócios da Federação de Medicina Desportiva”. Aí deu aquele branco geral: “Uau, e agora?”. E aí eu me considero o arremessador da pedra fundamental do Colégio, porque eu perguntei assim: “Bom, legal, nós vamos ser sócios, como nós somos maioria o próximo presidente da Federação de Medicina Esportiva vai ser um professor de Educação Física, o que o senhor acha?”. Quando eu falei isso ele levantou, derrubou a cadeira, fez uma esculhambação geral. Foi legal, nós cinco saímos para outra sala, o Victor já estava preparado com a criação do colégio, falou: “Então está bom, o presidente da Federação acaba de fundar o Colégio Brasileiro de Ciência do Esporte”. E aí formamos logo.... Isso foi em São Caetano, depois fizemos uma reunião oficial em Londrina50, onde a gente pegou todo mundo que tinha se reunido também. Fizemos algumas reuniões na casa do Victor, em São Sebastião, tem umas fotos históricas da criação, e aí oficializamos em Londrina e, daí para frente foi... o Victor foi o presidente, o Claudio Gil, a turma que estava lá mesmo, o Claudio Gil foi vice e eu fui o vice de Educação, não sei como se chamava na época, mas foi para a Educação. E foi isso, começou a primeira gestão, foi essa turma que estava conversando lá com o presidente, desse acidente. Sempre me envolvi, nunca deixei de participar... Fui do Colégio desde sempre, significa desde o primeiro dia, ajudei a fazer Revista51, ajudei a levar para a UNICAMP, fui presidente depois em 1985. Porque nos primeiros anos eu fiquei muito, que eu fui vice-presidente da Educação, depois uma gestão do Cláudio Gil que ia para o Rio de Janeiro eu não fiquei, mas eu voltei como presidente eleito do Osmar52, eu fui presidente eleito na gestão do Osmar. E aí quando eu assumi, a gente achou... Foi um desastre, isso acho que você sabe, foi um desastre essa história do Cláudio Gil, porque tem sempre essa briga horrorosa Rio-São Paulo, e aí o que aconteceu o Claudio Gil era presidente eleito na gestão do Victor, e virou presidente. Quando ele quis eleger a diretoria, São Paulo se rebelou, e fez uma diretoria de São Paulo, daí o Claudio Gil começou a administrar, ele também não é muito paciente, você ou alguém deve ouvir a opinião dele... [risos] E aí o que aconteceu, ele renunciou e o Osmar assumiu antes da hora, mas ficou claro que essa história de presidente eleito tinha esse perigo, um presidente com uma diretoria em outro lugar, não é possível isso. Então, a gente decidiu que na minha gestão acabaria a história do presidente eleito, como não tinha ainda o estatuto antigo, a Celi53 era vice-presidente, era presidente eleita, ela renunciou assim que assumiu e criou a coordenação das secretarias regionais, que era a grande mobilização que a gente queria fazer e realmente fez, fez muitos pontos de difusão e foi bem legal. E assim, normalmente ela foi depois a presidente, porque ela era a presidente eleita tinha esse acordo tácito, ela inclusive tinha ido para o doutorado na UNICAMP, como eu era professor da UNICAMP tinha uma sede do Colégio na UNICAMP, e ela fazendo o doutorado.
C.M. – Nessa época que você estava na presidência, desde 1985 até mais para frente, tinha pesquisas das humanidades dentro do Colégio? L.P. – Então, isso é o mito. Na verdade, eu não sei porque, a gente brigou tanto com os médicos no começo, “porque eles eram os torturadores, eles eram a favor da...” Para você ter uma ideia, quando eu assumi... Foi assim, quando foi a democratização, 1985, então, foi em 1985, eu fiz 1985 a 1987, 1983 a 1985 eu fui presidente eleito, mas eu morava no Maranhão ficava longe, mas aí em 1985 eu comecei a ir para São Paulo de novo. Então, esse mito contra os médicos, por causa da fama do Victor também, porque o pessoal falava: “ O Colégio do Victor Matsudo”, por conta dele ser o fundador. E aí as pesquisas do laboratório, era de laboratório, tipo dobra cutânea e tal, era tudo isso, e o pessoal que eram revolucionários, auto-proclamados, ficavam falando isso. Mas na verdade, eu tenho que restabelecer uma coisa, na primeira gestão do Colégio eu fui o vice-presidente de educação, tinha educação desde o primeiro dia, além de mim tinha a Maria Isabel de Souza Lopes que é socióloga, hoje ela mora em Curitiba, ela foi pró-reitora depois de Maringá. Ela escreveu naquela época já sobre Sociologia e Educação Física e ela está na primeira gestão do colégio, então assim, tinha humanidades desde o primeiro dia. Eu te falei agora, não sei se eu falei para você da Maria Nilde Mascelani, do vocacional. Eu trabalhei no vocacional, isso eu te falei, trabalhei no vocacional, a grande mentora do vocacional era Maria Nilde Mascelani, que aí se puder anotar... A Maria Isabel de Souza Lopes era assessora e parceira da Maria Nilde, então assim, quando eu vi ela vindo para o Colégio eu falei: “Uau, a socióloga”. Ela dava aula de Sociologia do Esporte na Fefisa54 , na Faculdade de Santo André, então assim, ela era uma professora universitária na Educação Física, socióloga, ela não é da Educação Física. A ligação dela com o esporte é que ela foi jogadora de basquete da seleção brasileira, isso foi ótimo, porque eu tinha resistência dos dois lados, eu tinha resistência do pessoal das biológicas e o pessoal da Educação Física e tal. Então, eu lembro da primeira reunião quando eu apresentei a Maria Isabel, eu falei assim: “Essa aqui Maria Isabel de Souza Lopes, socióloga”. Daí o pessoal torceu o nariz “socióloga, o que ela está fazendo aqui, deve ser uma comunista”, sabe aquele papo de Educação Física, você conhece. Daí eu falei: “Olha, ela é a Ziza, da seleção brasileira de basquete” abriu o ambiente, todo mundo: “Ah, uma pessoa que usou short, camiseta e jogou bola”. Pronto, daí foi legal [risos]. Aí chegou a Maria Isabel. Lembra, o primeiro dia de reunião, não é a questão que depois as humanidades, não tem nada disso, não, teve desde o começo. Não foi forte, porque a nossa área é do jeito que você sabe, mas que o esforço e o espaço no colégio para a sociologia desde o primeiro dia, das humanidades. Então alguém tem que dizer isso, porque fica a ideia: “Não, depois do Laércio, depois do Laércio teve a guinada”. Não, não teve guinada não, já era.! Nem depois com a Celi, já era, tem que quebrar isso, não sei como. Mas, embora a gente não seja ingênuo, não seja nada disso, não seja bonzinho, o pessoal tenta me descartar assim, mas já tinha. C.M. – E na área de Educação Física, entre os professores, essas pesquisas de humanidades, fora do CBCE, já existiam também? L.P. – Tinha... A Maria Isabel, ela escrevia alguma coisa nas reuniões da SBPC. Eu tenho SBPC no meu DNA, assim, eu sou o cara da SBPC e tal. O Hugo Lovisolo55, desde que o Hugo Lovisolo veio para o Brasil, ele escreve na SBPC e uma das coisas que eu ainda não consegui fazer no CEV, mas faz vinte anos que está na fila, é resgatar todos esses trabalhos de Educação Física, corpo, lazer, dança, que já foram apresentados na SBPC e o pessoal esquece isso. Já tinha isso, já tinha. Durante o movimento... Eu lembro a Maria Isabel apresentou trabalho na SBPC sobre o movimento estudantil da Educação Física, que contestava um monte de coisa e tal, porque na época da ditadura o Lamartine 56 tocava o Esporte Para Todos57, e a grande adversária do Esporte Para Todos era a Maria Izabel [risos]. Ela dizia assim: “Passeio a pé pode, fazer passeata não” [risos]. Criamos o Colégio, colegiado, médicos, professores e tal, depois é que eu digo que foi aparelhado pela Educação Física e perdeu a noção. Porque eu venho com DNA da SBPC e foi o colegiado, porque eu imaginava que seria o grande colegiado das Ciências do Esporte, são dezenove Ciências do Esporte, a gente já falou isso e tal, mas o pessoal aparelhou para a Educação Física e perdeu um pouco, perdeu muito na verdade. O primeiro lance desse foi... Tínhamos muito estudante no Colégio, a gente tinha mais sócio no Colégio em 1985 do que hoje, o dobro, esse é o ponto. Quando o país tinha uma porcentagem
pequena de habitantes ele já tinha o dobro de sócio, porque eram todas as áreas, de muitos estudantes. Daí começaram a fazer mestrado e doutorado, os doutores, eles resolveram na UNESP58 , porque eles começaram a fazer um Simpósio Paulista de Educação Física. O Colégio era na UNICAMP... Aí talvez tenha um aspecto... estou lembrando disso agora, o Simpósio Paulista era na UNESP, e sempre teve uma disputa entre as universidades paulistas, e aí o que aconteceu? A UNESP resolveu criar outra sociedade, Sociedade Brasileira para o Progresso da Educação Física. Recebi o convite, eu era presidente do Colégio, mas eu recebi como mestrando na época, ou mestre e tal, daí eu fui para o congresso, para a reunião de fundação, eram todos... Daí tudo que os caras falavam eu já dizia assim: “Olha, isso já tem no Colégio. O Colégio é pra isso, ...”. Mas resultado, eu fui o único voto contra a criação do negócio [risos], e aí eu fui ver a ata, eu recebi todas as atas depois, que morreu essa sociedade, eu recebi todas as atas e, não tem justo a primeira ata em que eu me coloco contra a criação. E eu quero que alguém resgate isso, porque eu estava na reunião e fui contra. Mas aí teve até uma estratégia minha, ingenuidade, eu em vez de pedir para falar primeiro, eu falei por último, quando todo mundo já tinha votado, eu votei. Aí o pessoal veio assim: “Se você tivesse falado primeiro, teria resolvido”, mas aí foi uma estratégia, ingenuidade minha, errei. Mas eu tenho todos os documentos, eu vou publicar essas atas todas. Depois foi a Suraya59 que é da UNESP que assumiu, a Ana Maria que foi... Que liderou esse movimento da criação da Sociedade, que teve várias publicações, foi a Ana Maria Pellegrini e o Alfredo Faria Júnior60. Aí ficou depois na mão da Suraya, na mão do Helder Guerra de Resende, que foi quem me passou as atas para eu ver o que vou fazer, mas eu estou com essa batata quente na mão aí, para mostrar e para registrar a história, falta muita gente... Por isso que eu fiquei alegre quando você estava puxando esse assunto, porque é impressionante, têm mil pessoas fazendo, quinhentas mil pessoas fazendo monografias, ninguém conta essas histórias, a graduação, mestrado, trinta programas, ninguém conta. Então alguém precisa ir lá, entrevistar o Helder, entrevistar o Faria, ver o que eles queriam disso, porque não deu certo, porque eles criaram apesar do colégio, essa é a pergunta que não quer calar [risos], porque eles criaram uma sociedade em vez de dar força para a sociedade que os estava promovendo esses pesquisadores, chamava para mesa redonda. C.M. – Laércio e sobre as pesquisas de História em Educação Física, o que você via na década de 1970 e 1980? L.P. – Então... Não tinha muito no colégio, não. Eu não sei, eu preciso rever os anais aí, eu precisava ver o que aconteceu. No CEV eu posso te dizer, porque a primeira lista de discussão que a gente criou, a segunda lista, tinha uma geral. A primeira lista específica foi de História com o Victor Melo61, então, a gente sentia falta de que precisava quando o Victor topou: “Vamos, porque a gente precisa puxar isso”. Isso foi já na década de 1990. Quando eu estive na UNICAMP em 1986, o Ademir Gebara liderou um grande movimento de história, ele fez aqueles anais62, que eu ainda vou conseguir digitalizar e esse movimento do Ademir foi muito bom. Mas o Ademir nunca foi muito próximo do Colégio... Ele liderou muitos trabalhos interessantes de história na UNICAMP, entrevistou muita gente eu lembro que ele fez uma série de entrevistas históricas com pessoal que já morreu e essa documentação em áudio se perdeu, sumiu, não está mais na UNICAMP [risos]. Meu orientador mesmo, do mestrado, que foi o Boaventura63 que tem uma história importante na Educação Física, ele deu entrevista para o Ademir Gebara e a gente nunca conseguiu recuperar essa história. Mas a minha referência foi só até aí, hoje o Coriolano64 , que administra a Comunidade História, o Victor continua porque eu insisto, mas ele não tem muito tempo, mas eu acho que ele é um ícone da história, eu me nego a mandar ele embora do CEV [risos]. C.M. – Ótimo. Você foi para a UNICAMP quando? Em 1985? L.P. – 1986.
C.M. – E nessa época o pessoal que estava na UNICAMP fazendo mestrado era na Educação Física? Mestrado, doutorado. L.P. – Não tinha ainda mestrado em 1986, não tinha ainda. A gente dava um curso de especialização preparando para o mestrado. E era isso, depois é que teve o mestrado, mas foi um movimento bem interessante. Eu cheguei tarde na UNICAMP porque, por conta da SBPC, eu sabia que um curso sendo criado em 1985 ele não deveria ser de graduação, ele tinha de ser pós-graduação direto, esse foi um bom exemplo do ITA65. No ITA quando surgiu a informática todo mundo achava que o ITA ia criar um curso de graduação, e eles criaram o mestrado, sem ter graduação e essa foi uma grande sacada, porque criar uma graduação você gasta 90% do tempo com burocracia e você se cria uma pós-graduação em uma universidade de nome, como a UNICAMP, você reunia o pessoal melhor do Brasil inteiro na UNICAMP, sem ter o problema de ter a graduação. Mas aí eu cheguei tarde [risos], de qualquer maneira, o Tojal66, que criou o curso, ele fez uma coisa bem legal, ele não tinha quadros, e aí por uma circunstância ele fez uma coisa bem interessante, ele falou: “Onde tem gente da Educação Física?” Daí ele foi buscar a Beatriz67 que estava no doutorado ainda, no exterior, foi buscar o Ademir Gebara que tava fazendo história na Inglaterra, ele pegou o João Freire que estava na Paraíba, o Lino68 que estava no Maranhão, depois me chamou do Maranhão. Na verdade ele fez, assim, um serpentário, um zoológico muito legal, que trouxe gente de todo o lugar, isso foi uma novidade na Educação Física, porque o costume é a endogenia. A UNICAMP deu um choque importante e eu tenho muito orgulho de ter passado por lá, depois foi Manuel Sérgio, isso quando não estava Manuel Sérgio, Medina, João Freire, o Lino, Marcelino69, Bramante70 , foi algo que marcou época. C.M. – Nessa época na UNICAMP tinha gente fazendo mestrado e doutorado em outras áreas? Gente da Educação Física fazendo mestrado, doutorado em outras áreas? L.P. – Em 1986, eu estava fazendo na Comunicação. Não sei se o Lino já tinha entrado na Educação... O João Freire fazia Psicologia na USP... O Lino foi fazer na PUC 71, acho que ele fez doutorado depois na UNICAMP e um pessoal ligado a UNIMEP72. Como os professores originários da UNICAMP, antes da gente chegar eram de Piracicaba73, eles entram no mestrado lá e teve um grande movimento da Educação Física dentro do mestrado de Educação de Piracicaba. C.M. – Acho que o Amarílio74 fez essa época, da UFES75, na UNIMEP. L.P. – Eu não sei onde o Amarílio fez o dele. Na UNIMEP também? Porque assim o vicediretor, que era o cara... Porque o Tojal que cuidava da parte administrativa bem, ele tinha um bom relacionamento com o reitor. Na parte científica quem fazia era o Wagner76, eu conversei com o Lino esse fim de semana, ele me reavivou isso que eu não sabia, foi o Wagner que fez o grande movimento de trazer o pessoal, ele ajudava o Tojal nessa parte. Então, quem se aproximou do Colégio trouxe os pesquisadores foi o Wagner Moreira, foi o catalisador desse movimento, que eu não sabia, soube esse fim de semana, eu imaginei que era mais colegiado o negócio, mas parece que foi o Wagner que tomou a frente dele. Então, o Wagner deve ter bastante coisa para dizer nesse sentido. Todos trabalhavam sob a direção e o pique do Tojal, que fazia acontecer. C.M. – Como você se envolveu com...? L.P. – Você leu aquelas páginas que eu te falei da tese... Minha trajetória, desde o jornalzinho, parará... Do centro acadêmico. C.M. – Não, essa não. Eu vi a do pioneirismo como o Leopoldo77 .
L.P. – Leopoldo escreveu. Então, na minha tese eu fiz uma cronologia disso, pessoal, para justificar porque eu entrei no tema. Então se eu for te falar agora eu vou esquecer alguma coisa, eu vou te lembrar algumas coisas, mas você deve conferir a cronologia daquele tempo com a tua crítica. Eu até te falei que eu não tive coragem de reler porque cometi muitos erros [risos], sim. Mas assim quando eu entrei para a Educação Física, já quando eu fiz o vestibular para Sociologia eu já comecei a escrever com a turma do cursinho, depois quando eu entrei na Educação Física eu fazia o jornal, esse Jornal Opinião que deu polícia, e me envolvi sempre com associação, fazia revista APEF78. Quando eu entrei no mestrado eu tentei ressuscitar a revista Esporte e Educação, acho que foi um número marcante, primeiro e último. Mas a matéria de capa era “chegou o mestrado”, eu imaginava que a turma da USP ia alimentar a revista. Mas assim tem esse número da Revista Esporte e Educação, número 44 de 1997, e foi bem legal, porque foi a primeira publicação brasileira que publicou os direitos da criança, foi bem legal, foi esse número. O Victor Matsudo fala de pesquisa, umas coisas legais, e contou a história de como marcou a história do primeiro mestrado, como ele começou. E eu sempre fiquei envolvido, quando eu fui para o Maranhão, eu te falei agora que o secretário deu força, a gente fez uma revista chamada Desportos e Lazer, aí já comecei a trabalhar com o Leopoldo que é um trator, Leopoldo é um tratorzasso, e a gente fez com Leopoldo... Fizemos o índice de um monte de revista, nossa, Boletim da FIEP79, revista do Colégio. O computador estava começando, a gente guardou tudo em disquete e perdeu [risos]. Mas esse movimento foi aí. Quando eu me envolvi com o Litto também já foi em Ciência da Informação, aí eu me envolvi com a IASI desde 1980, nesse congresso da Colômbia. Depois do congresso no CEV, que não tinha, achei incrível, eu fui buscar os anais agora na UNICAMP, que eu tinha dado de presente para a UNICAMP e eu pus agora no CEV, o primeiro encontro latino americano. E aí eu vi a programação, realmente eu conheci a turma da IASI lá e é legal. A Renate Sidermann80 , isso você precisa anotar aí, não sei se você já escreveu sobre ela. C.M. – Renate? L.P. – Renate Sindermann. Ela é pioneira, uma das pioneiras da documentação e informação no Brasil. E ela estava programada, ela não conseguiu viajar, mas ela estava no programa desse congresso da Colômbia, então, ela é uma das pioneiras da documentação e informação. A Maria Alice Bastos que é diretora do SIBRADID81, ela tinha uma ideia do SIBRADID, e eu criei junto com ela. Porque eu era do Ministério82, nessa época eu estava no Ministério, daí a gente jogou fora um milhão e meio de dólares na UFMG83, cruel né. Essa história nem precisa contar, nunca... Eu fui depois trabalhar na UFMG, nunca consegui escrever a história e também os diretores fugiam de mim, porque eu estava perguntando sobre isso, eles deixaram o SIBRADID morrer e ninguém conta a história. Hoje eu estou falando bastante com a Meily84, eu quero ver se eu motivo alguém lá. No grupo da Meily tem o vice-diretor da Escola de Ciência da Informação. C.M. – O Adalson85? L.P. – O Adalsson. Eu estou tentando convencer o Adalson para escrever a História SIBRADID. Eu já estava conversando com uma professora lá e ela me passou o Adalson, quando eu fui agora visitar a Meily, me surpreendi, eu não tinha prestado atenção, que Adalson está no Centro de Memória86 também. Então, ficou legal, acho que a gente vai contar um pouco dessa história aí. C.M. – O SIBRADID ele começou... Porque foi para a UFMG? L.P. – Então, eu fui assessor do Bruno Silveira. O Bruno Silveira foi o primeiro civil que cuidou da Educação Física no Brasil, sempre era um coronel. Eu estava na APEF São Paulo na época, a revista Corpo e Movimento, a gente fez uma entrevista com ele na revista Corpo e Movimento. E aí me identifiquei com o Bruno, primeiro: ele era o filho do socialista mais preso do Brasil que era o Breno Silveira. Aí eu me insinuei e ele me convidou, eu fui ser assessor dele no Ministério da Educação da SEED-MEC87. E aí o que aconteceu? Quando a gente chegou era só coronel para tudo, era o coronel do esporte para todos, o coronel da gestão,
coronel não sei o quê, dali juntou todo mundo... A gente não conseguiu mudar a estrutura, juntou todo mundo e falou: “Quais são as questões do Brasil em Educação Física e esporte, hoje?” Aí numa reuniãozona ele listou tudo, e eu fiquei com informação e com crianças. Cada um que assumia um tema, independente de ser subsecretário, assessor tal, ele ia tocar o tema, e eu fiquei de tocar o tema informação. E aí encontrei a Maria Alice, não lembro como agora, mas encontrei a Maria Alice, ela tinha um centro de documentação o CEDOC, Centro de Documentação em Educação Física. E ela tinha na cabeça a ideia de um sistema, aí eu fui falar com ela, escalei uma funcionária para ir comigo e a gente foi, ela era de Belo Horizonte. A ideia da Maria Alice Bastos foi criar um sistema brasileiro de informação esportiva. A minha luta no Ministério, foi que o pessoal do Ministério, os coronéis que ainda restavam, eles queriam criar o sistema na Escola do Exército, aí chegando na tua pergunta. E a minha luta foi política: “Não, tem que ir para a UFMG”, e aí qual foi o argumento: a Maria Alice Bastos, ela era da IASI na época, onde eu estou hoje, e a Biblioteconomia a UFMG era o melhor curso do Brasil, então assim, ao juntar o melhor curso de Biblioteconomia do Brasil e uma pessoa com tomada internacional na IASI, eu ganhei argumentação de que devia ir para a UFMG. Por sorte o coronel, que era diretor da Escola, também achava legal, apoiou a Maria Alice, a gente fez um movimento aí, deu certo por conta disso. Não foi só minha vontade, não foi só o Bruno, o coronel que era da Escola, controverso o coronel, diga-se de passagem, ele lutou por isso, ele acreditava na documentação, dava força, ele foi importante, nesse ponto. Para não ir para o exército, foi bem legal, “então vai para o Coronel Elos88”. A Maria Alice se desentendeu, foi um problema, ela se desentendeu com Biblioteconomia, e aí a gente comprou um computador de quinhentos mil dólares, invés de ir para a universidade foi para a Educação Física, enferrujou o computador, essas coisas que acontecem nas universidades. C.M. – E como é que tudo isso chega ao CEV? L.P. – Juntei essas andanças em revistas e sociedades científicas e, intrigado com a gestão da UFMA, fui para o doutorado em Ciência da Informação na ECA-USP. O projeto era O fluxo de informação técnica e científica em Educação Física no Brasil. Interrompi o doutorado na ECA89 pra voltar para o Maranhão e, aposentado, retomei o projeto no doutorado em Educação Física na Unicamp, onde eu tinha sido professor e o Tojal me recebeu como orientando. O Litto também foi como co-orientador. Eu comecei o doutorado fazendo um CDROM, eu trabalhava com microfilme, sempre seguindo na Escola de Comunicações e Arte da USP, trabalhei com microfilme, filmei um monte de coisa, depois comecei a fazer CD. A minha ideia quando eu cheguei em 1995 no doutorado, vou fazer um CD para o professor lá do interior do Maranhão receber o CD com todas as informações. Porque a gente recebia em papel vindo de navio pela Venezuela, demorava para chegar, era uma coisa assim cruel. E aí quando eu retomei o doutorado na UNICAMP, que eu fui para o núcleo de informática biomédica,no tempo em que eu era professor em 1987, eu era ainda presidente do Colégio, a gente fez um congresso de informática em Educação Física e esporte, o 1º Simpósio Brasileiro de Informática, quem abriu esse Simpósio foi o Sabatini90, que era o Diretor do NIB, Núcleo de Informática Biomédica da UNICAMP. Quando eu voltei para fazer o doutorado, eu fui trabalhar com ele, porque ele já conhecia desde o primeiro congresso, está no CEV esse congresso, essa palestra do Sabatini. O Sabatini ministrava um treinamento de verão no NIB e eu fui fazer ainda pensando no CD. Quando ele explicou o Hospital Virtual vi que seria possível fazer o Centro Esportivo Virtual aproveitando a co-orientação dele. Mudei o projeto para Centro Esportivo Virtual, um recurso de informação em Educação Física na Internet. O Litto e o Tojal toparam e deu certo. O CEV foi um dos oito projetos do NIB. Eu falei: “Não, invés de CD porque não um Centro Esportivo Virtual”. E aí foi um dos projetos do núcleo de informática, o CD que era inicialmente virou, por conta da internet que estava crescendo, virou o Centro Esportivo Virtual, essa criação foi nesse ponto. E o Litto que é professor emérito da USP, foi para a co-orientação, que ele não queria ser orientador. C.M. – Esses eventos que tiveram sobre a documentação científica, como você fica sabendo do Centro de Memória?
L.P. – Então, eu encontrei com a Janice91, e ela estava criando um núcleo de pesquisa em história com um nome meio complicado e eu sugeri: “Centro de memória”. Para a minha surpresa ela trocou e pôs Centro de Memória, então assim, eu ajudei a batizar o Centro de Memória92 e eu não sei se foi o primeiro o CEME, ou se teve outro, mas eu acho que o nome Centro de Memória que eu ajudei a Janice, aí você deve confirmar com ela, que eu ajudei a batizar, parece que pegou e virou Centro de Memória em outros lugares também. C.M. – Essa ideia do Centro de Memória, você lembra se veio de algum lugar ou porque Centro de Memória? L.P. – Porque chamou ou porque foi feito? C.M. – Porque você deu essa ideia do nome ser Centro de Memória? L.P. – Porque eu já conhecia alguns Centros de Memória, como o da UNICAMP. Gosto de ajudar a criar nomes. Quando começamos a parceria do CEV com Uberlândia a Rossana93 chamava de Nubraditefe. Ela aceitou o meu palpite e ficou Nuteses94. Mais recentemente, quando trabalhei com a Celi e o Ailton no Diagnóstico Nacional do Esporte propus a mudança de apelido de Diagnesp para Diesporte95 e também aceitaram. C.M. – Você acompanhou algo da Rede CEDES96 ou da Secretaria para o Desenvolvimento do Esporte e do Lazer que auxiliou a consolidação dos Centros de Memória? L.P. – Chegamos a ter um grupo de discussão da Rede CEDES no CEV no começo. Mas a turma do Ministério parece que não gostou. Tínhamos tido um grupo dos autores do Atlas do Esporte do Brasil com mais de 400 participantes, que funcionou muito bem, coordenado pelo professor Ailton Oliveira. C.M. – Depois disso você acompanhou alguma coisa dos Centros de Memória? L.P. – Apenas os eventos e o que conversaram na Comunidade História do CEV. C.M. – E o último assunto, sobre o Congresso de Documentação Esportiva de 2006, como ele foi idealizado? L.P. – Foram pouco mais de vinte anos na luta pela realização de uma reunião da IASI no Brasil. Os participantes da reunião, dirigentes de centros de documentação pelo mundo, vão por conta própria e, geralmente, levam projetos de parceria. Aproveitamos a vinda desses especialistas para a realização do CONBIDE97. Temos que registrar o empenho do Secretário Nacional Lino Castellani no apoio do Ministério ao congresso. C.M. – Esses congressos se preocupavam com a preservação da Memória? L.P. – O CONBIDE está todo no ar. Tem gente da história e da documentação e informação. A Silvana Goellner98 falou dos Centros de Memória. C.M. – Laércio, deseja acrescentar algo mais sobre a formação dos Centros, a preservação da memória do esporte no Brasil ou sobre documentação? L.P. – Começamos a caminhar com o Atlas Nacional do Esporte e o Diagnóstico Nacional do Esporte DIESPORTE. Há uma aproximação ainda tímida com o IBGE99 e com as Associações de Museus. Mas, falta muito. O pessoal dos Centros de Memória deveria formar uma associação.
C.M. – Então Muito obrigada! Foi uma honra. [FINAL DA ENTREVISTA] ----------------------------1 Cidade do estado de São Paulo. 2 Indústria Automobilística. 3 Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. 4 Nome sujeito a confirmação. 5 Nome sujeito a confirmação. 6 Nome sujeito a confirmação. 7 Nome sujeito a confirmação. 8 Universidade de São Paulo. 9 Jogos Olímpicos. 10 Jogos Olímpicos de Munique, realizados em 1972. 11 Cidade do Rio Grande do Norte. 12 Universidade do Estado de Santa Catarina. 13 Região do Rio Grande do Sul. Laércio 1Elias Pereira 2 UNICAMP 14 também. 14 Universidade Estadual de Campinas. 15 Manuel Sérgio Vieira e Cunha. 16 João Paulo Subirá Medina. 17 Jogos Olímpicos da Cidade do México. 18 Proposta de ensino ginasial integral, implantado na década de 1960 em algumas cidades de São Paulo. 19 Escola da Inglaterra que integra o movimento de “Escolas Democráticas”. 20 Escola Lumiar de São Paulo que tem uma metodologia baseada em atividades de aplicação prática. 21 Escola de Portugal que integra o movimento de “Escolas Democráticas”. 22 Universidade Federal do Maranhão. 23 Ministério da Educação e Cultura. 24 Marco Antônio de Oliveira Maciel. 25 Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. 26 João Batista Andreotti Gomes Tojal. 27 Escola do Futuro, ligada à Escola de Comunicação e Artes da USP. 28 Frederic Michael Litto. 29 Celso Rui de Beisiegel. 30 Referente a Paulo Reglus Neves Freire. 31 Fundação Carlos Chagas. 32 Research Quartely. American Physical Education Association, hoje conhecida como Research Quartely for Exercise and Sport. 33 Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte, realizado em Vitória no ano de 1995. 34 Fúlvia Maria de Barros Mott Rosemberg. 35 Nome sujeito a confirmação. 36 Centro Esportivo Virtual. 37 Centro de Estudos e Documentação em Educação Física, Esporte e Lazer do Maranhão. 38 João Batista Freire da Silva. 39 Cidade da Colômbia. 40 Associação Internacional para a Informação Esportiva. 41 Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte. 42 Victor Keihan Rodrigues Matsudo. 43 Cidade de São Caetano do Sul (SP). 44 Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul. 45 Serviço Social da Indústria. 46 Rio de Janeiro. 47 Paulo Sérgio Chagas Gomes. 48 Cláudio Gil Soares Araujo. 49 Maria de Fátima da Silva Duarte. 50 Cidade do Paraná. 51 Revista Brasileira de Ciências do Esporte. 52 Osmar Pereira Soares de Oliveira. 1
53 Celi Nelza Zulke Taffarel. 54 Faculdades integradas de Santo André. 55 Hugo Rodolfo Lovisolo. 56 Lamartine Pereira da Costa. 57 Campanha para popularização do esporte da década de 1970. 58 Universidade Estadual Paulista. 59 Suraya Cristina Darido. 60 Alfredo Gomes de Faria Júnior. 61 Victor Andrade de Melo. 62 Anais do Encontro Nacional de História do Esporte, Lazer e Educação Física, atualmente Congresso Brasileiro de História do Esporte, Lazer e Educação Física. 63 Antônio Boaventura da Silva. 64 Coriolano Pereira da Rocha Junior. 65 Instituto Tecnológico de Aeronáutica. 66 João Batista Tojal. 67 Maria Beatriz Rocha Ferreira. 68 Lino Castellani Filho. 69 Nelson Carvalho Marcelino. 70 Antônio Carlos Bramante. 71 Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 72 Universidade Metodista de Piracicaba. 73 Cidade de São Paulo 74 Amarílio Ferreiro Neto. 75 Universidade Federal do Espírito Santo. 76 Wagner Wey Moreira. 77 Leopoldo Gil Dulcio Vaz. 78 Associação de Professores da Educação Física 79 Federação das Indústrias. 80 Renate Vera Harff Sindermann. 81 Sistema Brasileiro de Documentação e Informação Desportiva. 82 Ministério do Esporte. 83 Universidade Federal de Minas Gerais. 84 Meily Assbu Linhales. 85 Adalson de Oliveira Nascimento. 86 Centro de Memória da Educação Física, Esporte e Lazer da UFMG. 87 Secretaria de Esporte e Educação do Ministério da Educação e Cultura. 88 Ellos Pires de Carvalho. 89 Escola de Comunicação e Artes 90 Renato Marcos Endrizzi Sabbatini. 91 Janice Zapperlon Mazo. 92 Centro de Memória do Esporte 93 Rossana Valéria de Souza e Silva. 94 Centro de Documentação sobre as Teses e Dissertações nas Áreas de Educação Física e Educação Especial. 95 Diagnóstico Nacional do Esporte. 96 Rede Cedes. Centro de Desenvolvimento do Esporte Recreativo e do Lazer. 97 Congresso Brasileiro de Informação e Documentação Esportiva. 98 Silvana Vilodre Goellner. 99 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
66 João Batista Tojal. 67 Maria Beatriz Rocha Ferreira. 68 Lino Castellani Filho. 69 Nelson Carvalho Marcelino. 70 Antônio Carlos Bramante. 71 Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 72 Universidade Metodista de Piracicaba. 73 Cidade de São Paulo. 74 Amarílio Ferreiro Neto. 75 Universidade Federal do Espírito Santo. 76 Wagner Wey Moreira. 77 Leopoldo Gil Dulcio Vaz. 78 Associação de Professores da Educação Física. 79 Federação das Indústrias. 80 Renate Vera Harff Sindermann. 81 Sistema Brasileiro de Documentação e Informação Desportiva. 82 Ministério do Esporte. 83 Universidade Federal de Minas Gerais. 84 Meily Assbu Linhales. 85 Adalson de Oliveira Nascimento. 86 Centro de Memória da Educação Física, Esporte e Lazer da UFMG. 87 Secretaria de Esporte e Educação do Ministério da Educação e Cultura.
UMA OBSERVAÇÃO QUANTO AO CONBRACE DE PERNAMBUCO Laércio estava preocupado com a participação de médicos no CBCE e em especial com uma postura do Osmar, que “deixava de citar a bibliografia utilizada nos seus artigos porque não servia de nada e se ele citou algum trabalho, foi porque lera”. Outra, a quantidade de trabalhos assinados pelo Victor e sua equipe. Passei quase todo o tempo fazendo esse levantamento, para o encerramento, e vimos que 101 artigos eram assinados pelo Victor!! Seja como autor principal, seja como co-autor. Descobriumos que uma única pesquisa gerava cerca de 10 outras: exemplificando: ‘correlação de testes de força...”, haviam 11 pessoas envolvidas, autor principal e co-autores; cada teste, era apresentado com seu protocolo, e um orientando como autor principal, e os nove outros como co-autores e o Victor; a publicação com a ‘correlação’, aparecia, então, com autoria principal do Victor, e os outros dez co-autores... dai se multiplicavam as ‘pesquisas’... um curso de especialização, com 10 inscritos, geravam, então, cerca de 100 trabalhos publicados... e não era só o CELAFICS, todos os outros ‘’laboratórios’ e “centros de pesquisa” agiam da mesma forma, com os médicos fisiologistas à frente... levamos ao conhecimento da diretoria, dos interessados, em que a participação do Professor de Educação Física – àquela época, os cursos de formação eram apenas de licenciuatura... Então “permitiram” que os da Educação Física ficassem á frente, e tratados como profissionais de igual valor, para as pesquisas na área, acabando com a ‘supremacia’ dos médicos fisiologistas... Lembro que Manuel Sérgio abriu o Congresso, com um discurso alinhado com o pensamento do Laércio – ou vice-versa... – com o tema ‘que educação física desejamos? Que espécie de educação física deseja o povo brasileiro” – fiquei com o discurso escrito, ao término... Victor sempre foi solidário e compreendeu o momento da mudança. Afinal, eram as ‘Ciencias do Esporte”, em que, naquele momento, em ‘crise’ de identidade... Haviam os adeptos da ‘motricidade humana’, ‘psicomotricidade’, ‘fisiologia do esforço’, e os da tradicional ‘educação física’... o CEV, em processo de “gestação”, já existia, englobando todas as ‘tendencias’, todas as tribos... dai, a quantidade de grupos de discussões formado, que chegaram a quase 100... Daquele trabalho inicial – levantamento, apenas – seguiu-se, depois o artigo “Eletismo na Educação Físca/Ciencias do Esporte brasileira”, em que foram analisados mais de 5.000 artigos publicados, em lingiua portuguesa, desde os anos 1930 até o inicio de 1992...
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PRODUTIVIDADE E ELITISMO NA EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA[1] por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - Mestre em Ciência da Informação; CEFET-MA LAÉRCIO ELIAS PEREIRA - Doutor em Educação Física – UNICAMP LUIZ HENRIQUE LOUREIRO DOS SANTOS - Mestre em Ciência da Informação – UFMG RESUMO A análise da ciência, através da produção escrita, é objeto de estudo de historiadores, sociólogos e cientistas da informação. A Bibliometria, ou Cientometria, tem por objetivo a análise do tamanho (extensão), crescimento e distribuição da bibliografia e o estudo da estrutura social dos grupos que produzem e utilizam a literatura científica. A relação entre artigos de interesse de um especialista e os periódicos em que possam ocorrer esses artigos foram estabelecidos por BRADFORD, em 1934 (Lei de Bradford). O índice de produtividade de autores foi estabelecido por LOTKA, em 1926 (Lei de Lotka). SOLA PRICE , estudando a Lei de Lotka estabeleceu o Princípio do Elitismo, segundo o qual “toda produção de tamanho N tem uma elite igual a Vn (raiz quadrada de n)”. O objetivo deste estudo (em andamento) é: (i) resgatar a memória da produção científica da Educação Física e das Ciências do Esporte disseminada através de periódicos; (ii) caracterizar a produção científica da
Educação Física e dos Esportes no Brasil; (iii) determinar os periódicos mais produtivos e a elite de autores na área, identificados através dessa produção. Foram indexados 5.014 artigos, publicados no período de 1936 a 1992 em 13 revistas devotadas à educação física e às ciências do esporte. Os artigos foram caracterizados em três áreas – Biomédica, Humanística e Gímnico-desportiva, de acordo com a classificação dada por GONÇALVES e VIEIRA (1989). Utilizou-se da Lei de Bradford para a determinação dos periódicos mais produtivos e do Princípio de Elitismo, de Sola Price, para a determinação da elite de autores. [...] Caracterização da produção científica em Educação Física e Ciências do Esporte: FARIA JÚNIOR (1987), em seu trabalho de pós-doutorado, avalia a produção científica da educação física brasileira através das dissertações de mestrado e teses de doutorado, classificando as áreas de pesquisa em Educação Física em: – Médico-fisiológica – Filosófica; – Sócio-antropológica; – Pedagógica; – Técnica (treinamento esportivo) – Biológica. GONÇALVES e outros (1992), ao analisarem a educação física na perspectiva da saúde/atividade física caracterizam a produção científica nesta área basicamente em três linhas: 1) epidemiologia das lesões desportivas; 2) saúde coletiva e atividade física; e 3) instância da produção do conhecimento em Educação Física/Ciências do Esporte. No âmbito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq -, a Educação Física apresentase como componente do setor saúde, o que, “por razões históricas, tem ocorrido também nas Universidades, onde a área normalmente está vinculada ao setor biomédico” (GONÇALVES e VIEIRA, 1989, p. 50). Estes autores procederam à caracterização quantitativa da produção científica na área da educação física e esportes no Brasil no triênio 19841986, subsidiada pelo CNPq. Para efeito de classificação, procederam à distribuição dos temas em três segmentos: biomédico, humanístico e gímnico-desportivo. No QUADRO I é apresentada a distribuição dos temas segundo os segmentos: QUADRO 1 - DISTRIBUIÇÃO DOS TEMAS SEGUNDO A ÁREA, SUBÁREA E ESPECIFICAÇÃO SEGUNDO CARACTERIZAÇÃO ESTABELECIDA POR GONÇALVES E VIEIRA SEGMENTO
SUBÁREA ESPECIFICAÇÃO Medicina Desportiva e Ciência do Exercício Relação Treinamento, Qualidades Físicas Efeitos fisiológicos, Performance Avaliação funcional e Atividade laboratório Bioquímica Reabilitação
BIOMÉDICO Nutrição e Performance Traumatismo Aprendizagem motora e Performance Aprendizagem Motora
Postura e Locomoção Deficientes e Deficiências individuais
Crescimento, Maturidade e Desenvolvimento motor Desportos e Genética
Estudos antropométricos em relação idade e sexo Fatores de risco
Cineantropometria
Diagnósticos Biomecânica aplicada do Treinamento Desporti vo
Saúde e Nutrição
Formação do Professor Desporto, Exercício, Efeitos Psicológicos
Biomecânica Psicologia Desportiva Pedagogia
Formação do Professor Processo de Ensino Laboratório pedagógico Currículo
HUMANÍSTICO Antropologia
Antropologia e Educação
Filosofia
Ideologia
História
Evolução histórica na Educação Física
GÍMNICODESPORTIVO
Estudos genéricos Dança Ginástica e Dança Programa de massa
FONTE: GONÇALVES e VIEIRA, 1989, p. 55 [...] Metodologia: Foram indexados 5.014 artigos de periódicos publicados no de período de 1936 a 1992 em 13 revistas devotadas à Educação Física e às Ciências do Esporte (TAB. 2). Caracterizou-se os artigos indexados em três áreas – Biomédica; Humanística; e Gímnico-desportiva (TAB. 2), para a determinação do assunto. Quando o mesmo artigo teve que ser classificado em mais de uma área, procedeu-se à caracterização do mesmo em duas ou mais áreas, e o descritor correspondente foi associado à estas áreas de caracterização, associando-o ao(s) autor(es). Utilizando-se a Lei de BRADFORD foi determinado o núcleo de periódicos mais produtivos no período estudado, estabelecendo-se como “tema determinado” as áreas caracterizadas pelo estudo de GONÇALVES e VIEIRA (1989). BROOKS (1970) apresenta a seguinte formulação para a lei de Bradford: “Se periódicos científicos forem dispostos em ordem decrescente de produtividade de artigos sobre determinado tema, pode-se distinguir um núcleo de periódicos mais particularmente devotados a este tema e vários grupos ou zonas que incluem o mesmo número de artigos que o núcleo, sempre que o número de periódicos existente no núcleo e nas zonas sucessivas seja de ordem de 1:n:n2:n3:n4…”.(citado por LIMA, 1986, p. 128). Os estudos de SOLA PRICE (1965, citado por LIMA, 1986) baseados na Lei de LOTKA, apontam para o chamado “Efeito Mateus” – da parábola dos talentos, do princípio de que sucesso atrai sucesso e fracasso atrai fracasso -, onde os autores mais produtivos produzem sempre mais. Estabeleceu o “Princípio do Elitismo”, segundo o qual “toda a produção de tamanho N tem uma elite igual a VÑ (raíz quadrada de N)” (p. 130). Para LIMA (1986) quando se trata de autores, produtividade e elitismo observa-se que “… a produtividade é mais acentuada em alguns autores que produzem 2/3 da literatura registrada em determinado campo do conhecimento. Este grupo de mais produtivos pode ser a elite quantificável através do Princípio do Elitismo” (p. 130). [...] A determinação da produtividade, pela Lei de Bradford, só é possível pelo uso de autores individuais, eliminandose as autorias múltiplas e coletivas. Na indexação dos 5.014 artigos não se levou em consideração esta regra, aparecendo na TAB. 1 todos os artigos, independente de a autoria ser individual, múltipla ou institucional:
TABELA 1 PERIÓDICOS ANALISADOS E SUA PRODUÇÃO DE ARTIGOS, NO PERÍODO DE 1936 A 1992 TÍTULOS DOS PERIÓDICOS NÚMERO DE ARTIGOS% PHYS Revista de Educação Physica RBCE Revista Brasileira de Ciências do Esporte * FIEP Boletim da FIEP * RBCM Revista Brasileira de Ciência & Movimento * RBED Boletim Técnico e Informativo/ Revista Brasileira de Educação Física e Desportos *
1.039 871 566 508
20,73 17,37 11,29 10,13
450
8,97
SPRI Revista Sprint COME Revista Comunidade Esportiva * ARQU Revista Arquivos da ENEFD * ES&E Revista Esporte & Educação DE&L Revista Desportos & Lazer * KINE Revista Kinesis * CO&M Revista Corpo & Movimento * COLE Revista Coletâneas * TOTAL
431 310 287 209 110 109 98 26 5.014
8,59 6,18 5,72 4,18 2,19 2,18 1,95 0,52 100,0
* Coleção completa
[...] 4.2. Elitismo: Utilizando-se do Princípio do Elitismo, pode-se determinar que os autores constantes da zona 1 constituem-se a elite da Educação Física e das Ciências do Esporte no Brasil, aparecendo na zona 2 o segundo grupo em importância, na zona 3 o terceiro em importância… Para a determinação da elite de autores, utilizou-se os 5.014 artigos indexados. Quando de autoria única, procedeu-se o registro do autor relacionando-o com os termos de indexação, caracterizados por área. Quando o mesmo artigo exigiu a caracterização em mais de uma área, assim se procedeu. Das autorias múltiplas, foram eliminados aqueles artigos que apareceram como de “E OUTROS”, quando no foi possível resgatar o nome de todos os co-autores; dos artigos com autoria múltipla foram considerados os co-autores, relacionando-os com os artigos, como se de autoria individual fossem. Das autorias institucionais, foram eliminados os assinados pelos Editores dos periódicos. Daí a diferença nos números totais de artigos apresentados. Na TAB. 12 observa-se a frequência dos autores: TABELA 12 FREQUÊNCIA NA DISTRIBUIÇÃO DOS AUTORES MAIS PRODUTIVOS (continua) NÚMERO DE
NÚMERO DE
TOTAL DE
SOMATÓRIO DE
TÍTULOS
ARTIGOS
TÍTULOS
TÍTULOS
T 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 2 2 4 1
A 103 89 79 45 42 40 36 33 28 27 25 23 22 20 19 18
TXA 103 89 79 45 42 40 36 33 56 27 25 23 44 40 76 18
{T 1 2 3 4 5 6 7 8 10 11 12 13 15 17 21 22
NÚMERO CUMULATIVO DE ARTIGOS { (T X A) 103 192 271 316 358 398 434 467 523 550 575 598 642 682 748 776
ZONA
1a.
zona
4 4 2 6 4 6 15 15 19 22 21 54 34 28 130 308 7 1615
17 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 4 3 2 1 1
68 60 28 78 48 66 150 135 152 154 126 270 136 112 390 616 7 1615
26 30 32 38 42 48 63 78 97 119 140 194 220 256 386 694 801 2.316
844 904 932 1.010 1.058 1.124 1.274 1.409 1.561 1.715 1.841 2.111 2.247 2.389 2.749 3.365 3.372 4.987
2a. zona
3a. zona
Na zona 1, dos autores mais produtivos (elite), temos 2,07% dos autores produzindo 46,44% dos artigos. Na TAB. 13 apresenta-se esta elite e na TAB. 14 a distribuição por década:
TABELA 13 ELITE DE AUTORES (continua) AUTOR MATSUDO, V.K.R. SANTOS, N.
NÚMERO DE TRABALHOS 103 89
SEURIN, P.
79
CONTURSI, E.B.
45
F.I.E.P. (COMITE EXECUTIVO)
42
ARENO, W.
40
MARINHO, I.P.
36
HOLLANDA LOYOLA
33
DUARTE, C.R.
28
VALE JUNIOR, M.P. DO
28
FRANÇA, N.M. DE
27
JORDAO RAMOS, J.
25
PEREGRINO JUNIOR
23
ANDRADE, D.R.
22
ARAUJO, C.G.S. DE
22
FANALI, O.A.C.
20
TARGA, J.F.
20
FARIA JUNIOR, A.G. DE
19
FIGUEIRA JUNIOR, A.J.
19
LOTUFO, J.
19
MEC
19
R. NETTO, A.
18
BRAMANTE, A.C.
17
MELLO, P.R.B. DE
17
PEREIRA DA COSTA, L.
17
TUBINO, M.J.G.
17
ANDREWS, J.C.
15
GONCALVES, A.
15
PERNAMBUCANO, R.
15
RIVET, R.
15
CANTARINO FILHO, M.R.
14
PEREIRA, M.H.N.
14
ANJOS, L.A. DOS
13
FERREIRA, M.
13
LATORRE DE FARIA, A.
13
MORAES, C.A.
13
SILVA, O.E.
13
VIANA, A.R.
13
CALLEJA, C.C.
12
GUEDES, D.P.
12
MATSUDO, S.M.M.
12
OLIVEIRA, R.
12
AUSTREGESILO, A.
11
D’ALBUQUERQUE, A.T.
11
DIANNO, M.V.
11
PELLEGRINOTTI, I.L.
11
PEREIRA, L.E.
11
SOARES, J.
11
[...] Resultados preliminares: A década mais produtiva foi a de 80, em que aparecem 45,61% dos artigos, publicados em 10 periódicos. Na década de 30 a ênfase na produção estava na área Gímnico-desportiva e a partir dos anos 40 passa a ser a área Humanística. A área Biomédica, durante o período de 1936 a 1989 ocupou a terceira posição em importância quanto à produção científica, superando a Gímnico – desportiva apenas nos anos 90. Dos periódicos analisados, pode-se determinar as revistas: BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DO ESPORTE; e EDUCAÇÃO PHYSICA como as mais importantes da área, seguindo-se a revista: BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS e um terceiro núcleo com as revistas: BRASILEIRA DE CIÊNCIA & MOVIMENTO, SPRINT, BOLETIM DA FIEP
e a ARQUIVOS aparecendo num quarto núcleo. Considerando-se as áreas de caracterização, temos as revistas BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DO ESPORTE e BRASILEIRA DE CIÊNCIA & MOVIMENTO como as mais importantes na área Biomédica; na área Humanística, as revistas BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, EDUCAÇÃO PHYSICA e BOLETIM DA FIEP; e na área Gímnico-desportiva as revistas EDUCAÇÃO PHYSICA e BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS. A elite de autores se constitui daqueles que produziram pelo menos 11 artigos. Ao se distribuir essa produção por área temos como pertencentes à elite de autores aqueles como uma produção de no mínimo: – 9 artigos na área Humanística; – 7 artigos na área Biomédica; – 6 artigos na área Gímnico-desportiva. Encontrou-se, dentre os autores pertencentes à elite, um autor que manteve uma produção ao longo de 50 anos:
MARINHO, I.P.
– – – –
Anos
40 anos 50 anos 60 anos 70 anos 80 –
e dois autores que mantiveram uma produção ao longo de quatro décadas:
ARENO, W.,
anos – 50 – 60 – 70 –
FARIA JUNIOR, A.G. DE
anos 60 – anos 70 – anos 80 – anos 90 –
40 anos 7 artigos; 16 artigos; anos 15 artigos; anos2 artigos;
6 artigos; 4 artigos; 7 artigos; 2 artigos.
12 artigos; 14 artigos; 1 artigo; 3 artigos; 6 artigos;
Confirma-se o grupo do CELAFISCS – MATSUDO, V.K.R. à frente com 103 artigos publicados no período – como o mais produtivo núcleo de pesquisadores na área das Ciências do Esporte. Verifica-se que a elite de autores (2,07%) produziu 46,44% dos artigos indexados. Ao se considerar a produção dessa elite por área de caracterização, temos: BIOMÉDICA HUMANÍSTICA GÍMNICO-DESPORTIVA
7,79% dos autores com 5,31% dos autores com 7,70% dos autores com
54,45% dos artigos 49,87% dos artigos 57,16% dos artigos.
Referências bibliográficas: AGUIAR, Afrânio Carvalho. Informação e atividades de desenvolvimento científico, tecnológico e industrial: tipologia proposta com base em análise funcional. Ciência da Informação, Brasília, v. 20, n.1, p. 7-15, jan./jun. 1991. ARAÚJO, Vania Maria Hermes de. Estudo de canais informais de comunicação técnica: seu papel na transferência de tecnologia e na inovação tecnológica. Ciência da Informação, Brasília, v.8, n. 2, p. 79-100, jul./dez. 1979. BRACHT, Valter. Educação física e aprendizagem social. Porto Alegre : Magister, 1992 BROOKS, B.C. Bradford’s law and the bibliography of science. in SERACEVIC, Tefko (ed). Introducion to information science. New York; London : R.R. Bonkers Company, 1970, p. 515-520. CASTRO, Cláudio de Moura e. Há produção científica no Brasil? in SCHWARTZMAN, Simon e CASTRO, Cláudio de Moura e. (org.) Pesquisa universitária em questão. São Paulo : Ícone; Campinas : UNICAMP, CNPq, 1986, p. 190224. CUNHA, Miriam Vieira da. Os periódicos em ciência da informação: uma análise bibliométrica. Ciência da Informação, Brasília, v. 14, n. 1, p. 37-45, jan./jun. 1985. FIGUEIREDO, Nice Menezes de. Biblioteconomia e bibliometria. in Tópicos modernos em Biblioteconomia. Brasília : ABDF, 1977, p. 17-25. FARIA JUNIOR, Alfredo Gomes de. Trends of research in physical education in England, Wales and Brazil (1975-1984): a comparative study. Londres : University of London, 1987. (Post Doctoral final report). GONÇALVES, Aguinaldo & VIEIRA, Paulo Cesar Trindade. Uma caracterização da produção científica da área dse Educação Física e Esportes no Brasil: avaliação trienal de seu comportamento no âmbito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v. 10, n. 2, p. 5059, janeiro/89. GONÇALVES, Aguinaldo; MONTEIRO, Henrique Luiz; GHIROTTO, Flávia Maria Serra; MATIELLO JUNIOR, Edgard. Múltiplas alternativas na relação saúde- atividade física. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Maringá, v. 14, n. 1, p. 17- 23, setembro 1992. HJERPPE, R. An outline of bibliometrics and citation analisys. Stockolm : Royal Institute of Technology, 1978 citado por LIMA, Regina Célia Montenegro de. Bibliometria: análise quantitativa da literatura como instrumento de administração em sistemas de informação. Ciência da Informação, Brasília, v. 15, n. 2, p. 127-133, jul./dez. 1986. LEIMKUHLER, Ferdinand F. The Bradford distribution. in SERACEVIC, Tefko (ed.). Introducion to information science. New York; London : R.R. Bonker Company, 1970, p. 509-512. LIMA, Regina Célia Montenegro de. Bibliometria: análise quantitativa da literatura como instrumento de administração em sistemas de informação. Ciência da Informação, Brasília, v. 15, n. 2, p. 127-133, jul./dez. 1986. LOPES PIÑERO, J.M. El análisis estatístico y sociométrico de la literatura científica. Valencia : Facultad de Medicina, 1972 apud LIMA, Regina Célia Montenegro de. Bibliometria: análise quantitativa da literatura como instrumento de administração em sistemas de informação. Ciência da Informação, Brasília, v. 15, n. 2, p. 123-133, jul./dez. 1986. PINHEIRO, Lena Vania Ribeiro. Lei de Bradford: uma reformulação conceitual. Ciência da Informação, Brasília, v. 12, n. 2, p. 59-80, jul./dez. 1983. SÁ, Elizabeth Schneider de. Evoluço bibliométrica. in SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁ°RIAS, 1, Niterói, 1978. Anais…Niterói, 1978.
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Em 1987, aconteceu no Recife o V Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte, promovido pelo CBCE. Manuel Sérgio foi o palestrante magno. Ao final da conferencia de abertura, reunimo-nos, Laércio, Lino, Victor e eu, no estande onde estavam sendo lançados os livros. Então pedi ao Mestre o discurso que proferira, ainda em suas mãos... entregou-me o seguinte documento, que aqui replico:
RECREAÇÃO, GINÁSTICA/EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE NO MARANHÃO – uma memória antes dos “paulistas”
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Academia Poética Brasileira Academia Ludovicense de Letras Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Licenciado em Educação Física; Mestre em Ciência da Informação
Recentemente, o Laércio2 me perguntou sobre os professores de Educação Física que vieram para o Maranhão nos anos 1970, que com sua atuação provocaram uma revolução e resultou na constituição de vários cursos de formação profissional no Estado, consolidando-se o da UFMA3. Antes, houve a tentativa de um Curso de Educação Física na então FESM4, inclusive com Decreto de criação, estrutura, orçamento e tudo o mais, mas que não foi adiante; e outro, em nível técnico – no ITA5 ; a seguir, o da então ETFM6 - também técnico – e por fim, os das IES particulares que se seguiram: CEUMA, São Luís, Pitágoras, UNINASSAU, D. Bosco, UNISUL e inúmeros cursos semipresenciais, pelos interiores... Por recreação: “[...] atividade de lazer, sendo o lazer tempo discricionário. A "necessidade de fazer algo para a recreação" é um elemento essencial da biologia humana e da psicologia. As atividades recreativas são muitas vezes feitas para felicidade, diversão, passar o tempo ou prazer e são consideradas "divertimento". [...]A recreação teve, como um de seus berços, a educação física. Talvez por isto ela hoje ainda se encontra tão relacionada às atividades físicas e aos esportes. Entretanto, estas relações também não são limitantes. Pelo contrário: tanto esportes, como o futebol, voleibol, beisebol etc., como atividades físicas, como correr, pular, lançar, chutar etc., sempre se apresentaram como grandes elementos que compõem a prática recreativa, juntamente com a música, a dança, as artes em geral, a preservação ambiental, as bases terapêuticas, o convívio social, o relaxamento, a contemplação, a linguagem, entre outros assuntos de grande importância para o contexto recreativo. Disto, podemos dizer que também o esporte e a atividade física fazem parte do universo da recreação, assim como a recreação muitas vezes faz parte do universo dos esportes e da prática física, sem, no entanto, se caracterizarem como áreas comuns (mas sim afins) 7. Por educação física:
2
Laercio Elias Pereira: doutor em Educação Física, responsável pela reestruturação da Educação Física e dos Esportes no Maranhão nos anos 1970. 3 UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO 4 FEDERSAÇÃO DAS ESCOLAS SUPERIORES DO MARANHÃO 5 INSTITUTO TÉCNOLOGICO DE APRENDIZAGEM 6 ESCOLA TÉCNICA FEDERAL DO MARANHÃO 7 Recreação – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)
[...] termo usado para designar tanto o conjunto de atividades físicas e exercícios físicos não competitivos e esportes com fins recreativos quanto a ciência que fundamenta a correta prática destas atividades, resultado de uma série de pesquisas e procedimentos estabelecidos.8 Por esporte(s): Desporto (português europeu) ou esporte e desporto (português brasileiro) é toda a forma de praticar atividade física, de forma metódica, com objetivos competitivos, que por meio de participação casual ou organizada, procure usar, manter ou melhorar as habilidades físicas, proporcionando diversão aos participantes e, em alguns casos, entretenimento para os espectadores. Os objetivos do esporte podem ser, além da competição, também recreativos, ou de melhoria da saúde, ou ainda de melhoria de aptidão física e/ou mental9. As primeiras referências sobre a prática de atividades lúdicas e de movimento que encontramos em Maranhão datam do período de ocupação do território maranhense – indícios de que se deu há mais de 3.000 anos... CATHARINO (1995)10, ao fazer uma análise do “Trabalho índio em terras de Vera ou Santa Cruz e do Brasil”, refere-se, dentre esses trabalhos, a dois que nos interessam particularmente: “O trabalho desportivo” (p. 601-606) e “O Trabalho locomotor” (p. 607-620). Ao analisar o trabalho desportivo, considera que nesse mundo, antes da chegada dos brancos, a sobrevivência exigia qualidades atléticas, exercícios constantes, com descanso e repouso intercalados, de duração sumamente variáveis (p. 601). Por isso, os índios se tornavam atletas naturais, para sobreviver, pois tinham que, em terra, andar, correr, pular, trepar, arremessar, carregar, e, na água, nadar, mergulhar e remar, também realizar trabalho-meio, autolocomotor, com suas próprias forças, apenas e/ou, também, com auxílio de instrumentos primitivos, para obtenção de produtos necessários. O Autor informa que essa seção – o trabalho desportivo – é dedicada ao trabalho competitivo entre índios, embora caçando e pescando, competissem amiúde com outros animais, considerados irracionais, o que faziam desde a infância. Sem falar nos jogos educativos: “Tratava-se de ‘arcos e flexas proporcionais às suas forças’. O jogo, educativo para a caça, pesca e guerra, era possível porque reunidos plantavam, e juntavam cabaças, que serviam de alvo, ‘adextrando assim bem cedo seus braços’. Assim, brincavam os meninos de 7 a 8 anos. Kunumysmirys. As meninas, na mesma faixa etária, Kugnantins-myris, além de ajudarem suas mães, faziam ‘uma espécie de redesinhas como costuma por brinquedo, e amassando o barro com que imitam as mais hábeis no fabrico de potes e panelas’. (em nota à página 605-606). “... jogos e brinquedos (Métraux) dedicou um só parágrafo, quase todos graças a d’Evreux acerca dos feitos pelos Tupinambás.
11,
Desde o período colonial já se praticavam algumas formas de atividades físicas em Maranhão. Em 1678, quando da chegada do primeiro bispo ao Maranhão, houve cavalhadas. Essas atividades - desfile a cavalo, corrida de cavaleiros, jogo das canas, jogo de argolinhas, touradas - eram produtos do feudalismo e da cavalaria - do tardio medievo português, período em que os jogos cavalheirescos se destacavam entre as manifestações atléticas e esportivas (GRIFI, 1989 12). Essas manifestações do entusiasmo popular talvez Educação física – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org) Desporto – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org) 10 CATHARINO, José Martins. TRABALHO ÍNDIO EM TERRAS DA VERA OU SANTA CRUZ E DO BRASIL – tentativa de resgate ergonológico. Rio de Janeiro: Salamandra, 1995. 11 Refere-se a Ives d’Evreux, em sua “Viagem ao norte do Brasil feita nos anos de 1613 a 1614”, em que relata sua viagem ao Maranhão, junto com Daniel de LaTouche. 12 GRIFI, Giampiero. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DO ESPORTE. Porto Alegre: D.C. Luzzatto, 1989. 8 9
tenham nascido com as atividades recreativa que pipocaram em certos centros, conforme as feições econômicas das regiões. As cavalhadas, as vaquejadas, e até mesmo as touradas, assim como os sinais do reacritivismo admissível, tiveram arenas de atração transitória (LYRA FILHO, 1974 13). Atividades ligadas à Recreação, Atividades Físicas, tivemos desde o início dos anos 1700, quando o Maranhão teve escola voltada para a formação dos quadros da Igreja, ligada aos Jesuítas, com Cursos de Nível Superior: São Luís foi a primeira cidade do Estado onde os jesuítas exerceram o ensino. O Colégio de Nossa Senhora da Luz, em curto espaço de tempo, tornou-se excepcional centro de estudos filosóficos e teológicos da ordem no Estado (universitate de artes liberais). Era o que melhor condição de estudos oferecia. Já em 1709, o Colégio do Maranhão era Colégio Máximo. Nesse colégio funcionavam as faculdades próprias dos antigos colégios da Companhia: Humanidades, Filosofia e Teologia, e, mais tarde, com graus acadêmicos, no chamado curso de Artes. Outorgava graus de Bacharel, Licenciado, Mestre e Doutor, como se praticava em Portugal e na Sicília, segundo os privilégios de Pio IV e Gregório XIII. Dentre os estabelecimentos de ensino dos jesuítas, as Escolas Gerais ocuparam um lugar de destaque, pelo fato de terem tornado o ensino popular ao alcance de todos. (CAVALCANTI FILHO, 1990, p. 36)14. A “Casa dos Exercícios e Religiosa Recreação de Nossa Senhora da Madre de Deus”, em São Luís, localizada na Ponta de Santo Amaro, era destinada à recreação e descanso dos religiosos e dos alunos do Colégio Máximo do Maranhão, nos fins de semana; ou ainda para realização dos exercícios espirituais; além dos religiosos, recebiam pessoas do povo, para os exercícios espirituais (SOUSA, 1977)15 – hoje, seriam os retiros. A Quinta já existia desde 1713, quando o Capitão-Mor Constantino de Sá requisitou à Câmara a utilização de certos materiais existentes nessa ponta de Santo Amaro para uma ermida que estava erguendo a “Nossa Senhora da Madre de Deus, Aurora da Vida”. Os padres compraram a Quinta para Casa de Campo dos Mestres e estudantes do Colégio do Maranhão, no qual havia, em 1731, estudos gerais de Teologia, Filosofia, Retórica, Gramática, e “ultimamente uma escola de ler, escrever e contar”. A este primeiro destino – casa de campo, a tal casa de recreação -, veio juntar-se, anos depois, o de servir para Casa dos Exercícios Espirituais. A casa ficou juridicamente dependente do Reitor do Colégio, mas com administração autônoma, sob a regência de um Superior próprio. Em 1760, a Casa constava de dois corredores: um que era a frontaria a par do frontispício da nova igreja, com 10 aposentos, cinco em cada andar, “para hospedagem dos exercitantes seculares e habitação dos religiosos da casa”; outro corredor, de norte a sul, com outros tantos cubículos, destinados ao repouso e recreação dos estudantes. Antes desta Casa da Madre de Deus, houve uma outra, em São Marcos, onde havia uma fazenda dos jesuítas adquirida de Maria Sardinha, provavelmente antes de 1700, pois informa José Coelho de Souza que Antonio Vieira comprara uma propriedade em 1681 no São Francisco, e que, anos depois, os jesuítas compraram outra, de Maria Sardinha. Em São Marcos, construiu-se uma pequena casa de residência com sua varanda para o mar. Servia de casa de descanso nos dias de folga (dias de sueto). Clovis RAMOS (1986, 1992)16, escrevendo sobre o aparecimento da imprensa no Maranhão registra, no período colonial, que "... jornalista era o magnífico João Tavares com sua 'Breve informações das recreações do Rio Munin do Maranhão’", escrito em 172417. CORRÊA (1993)18, ao comentar carta do padre jesuíta João Tavares a um superior, descrevendo a paisagem da Ilha de São Luís, ante a chegada possível de missionários europeus ao Maranhão, afirma que aqueles religiosos deixariam as delícias da Itália, não pelos trabalhos, mas pelas recreações do Maranhão:
13
LYRA FILHO, João. INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA DOS DESPORTOS. 3ª ed. Rio de Janeiro: Bloch, 1974. CAVALCANTI FILHO, Sebastião Barbosa. A QUESTÃO JESUÍTICA NO MARANHÃO COLONIAL – 1622 – 1759. São Luís: SIOGE, 1990 15 SOUZA, José Coelho de. OS JESUÍTAS NO MARANHÃO. São Luís: Fundação Cultural do Maranhão, 1977 16 RAMOS, Clóvis. OS PRIMEIROS JORNAIS DO MARANHÃO. São Luís: SIOGE, 1986. RAMOS, Clóvis. OPINIÃO PÚBLICA MARANHENSE. São Luís : SIOGE, 1992 17 Este documento encontra-se no Arquivo Nacional, Seção de Manuscritos, 3, 5, 24, este ano de 2003, quando se concluiu a catalogação dos manuscritos avulsos. Disponho de uma cópia, em microficha, a qual estou transcrevendo. 18 CORRÊA, Rossini. FORMAÇÃO SOCIAL DO MARANHÃO: o presente de uma arqueologia. São Luís: SIOGE, 1993 14
"Como na Ilha Grande foi decantada pelo espaço contrário aos trabalhos (os quais, no mínimo, resguardaria) antieticamente haveria de apresentar expressiva contenção de exercícios corporais, enquanto expressão de labuta, de fadiga e de descanso decorrentes de diligência em atividade física. Permitiria - na contrapartida da terra de gente excepcional - a alternativa das recreações para o cultivo e o requinte do espírito. Desdobrado da hipótese das recreações coletivas, o raciocínio desenclausurado outro não é, senão o de que, no Maranhão, seria comunitária a amizade pelas luzes, pela razão, pela sabedoria etc., considerada a educação do pensamento e do sentimento um fragmento indispensável das recreações. ." (40). A afirmativa do padre João Tavares foi riquíssima, porque vaticinou uma permuta - as delícias (da Itália) pelas recreações (do Maranhão). Sociologicamente significativa, haja vista que, na substituição, as delícias européias não terminariam trocadas pelos trabalhos americanos. Ao contrário, o fundamento do intercâmbio seria a validade indicada como vantajosa - a das recreações maranhenses (CORREA, 1993, p. 39). No início do século XIX, foram encontradas outras formas de atividade física 19, como as caminhadas: “... as moças e rapazes formavam bandos gárrulos e irrequietos que, desde a madrugada até o cair da tarde, saíam em excursões pela floresta e pelos sítios vizinhos, voltando carregados de cófos com frutas, cachos de jussaras e de buritis, flores silvestres, emfim, tudo que apanhavam pelos caminhos e atalhos .” (DUNSHEE DE ABRANCHES, 1970, p 28)20. Outra forma de manifestação do lúdico na São Luís do período imperial se constituía nos passeios a cavalo pela cidade, como ABRANCHES (1993) lembra em seu "Esfinge de Grajaú", relatando os passeios a cavalo que fazia pelas manhãs, acompanhando o Dr. Moreira Alves, então Presidente da Província: "... o novo Presidente da Província conhecia a fundo a equitação... Para o espírito estreito de certa parte da sociedade maranhense, afigurava-se naturalmente estranho que fosse escolhido para ocupar a curul presidencial da Província um homem que se vestia pelos últimos figurinos de Paris, usava roupas claras, gostava de fazer longos passeios a pé pelas ruas comerciais...". (p. 16-17). Desde antes de 1854 havia em São Luís quem alugasse cavalos para passeios pela cidade e seus arrabaldes, informa VIEIRA FILHO (1971). As cavalgadas para São José de Ribamar, Maioba, Vila do Paço, Turu e outros pontos da Ilha constituíam, de acordo com LOPES (1975) "... divertimento muito de predileção dos homens da melhor sociedade sanluisense". O cavalo se constituiu como meio dessas atividades, como peça importante para as atividades do lazer, então praticadas, até o advento do automóvel, já no século XX: Além desses passeios, praticava-se a caça, como o fazia Garcia de Abranches - o Censor -: "e, quando imaginava dar uma batida às pacas, pouco se importava do sol e da chuva: não regressava à casa antes de trazer as vítimas visadas". Seu filho, Frederico Magno de Abranches - o Fidalgote - era
19
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. “Pernas para o ar que ninguém é de ferro”: as recreações na São Luís do Século XIX. In CONCURSO LITERÁRIO E ARTÍSTICO CIDADE DE SÃO LUÍS – PRÊMIO “ANTÔNIO LOPES” DE PESQUISA HISTÓRICA, 1995. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. “Pernas para o ar que ninguém é de ferro”: as recreações na São Luís do Século XIX. In CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, X, Goiânia, 20 a 15 de outubro de 1997... ANAIS vol. II, p. 10051016 20 ABRANCHES, Dunshee de. A SETEMBRADA - A REVOLUÇÃO LIBERAL DE 1831 EM MARANHÃO - romance histórico. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1970
“... Atirador emético e adestrado nos jogos atléticos, alto, magro e ágil, trepava como um símio até os galhos mais finos das árvores para apanhar uma fruta cobiçada pelas jovens ali presentes. Encantava-as também a precisão dos seus tiros ao alvo. E causava-lhes sustos e gritos quando trepava sem peias por um coqueiro acima ou se balançava no tope de uma jussareira para galgar as ramas de uma outra em um salto mortal, confirmando o título que conquistara entre os da terra de campeão da bilharda.”(DUNSHEE DE ABRANCHES, 1970, p. 28) Os longos passeios pelos arrabaldes permitiam o contato com o ar livre e com a natureza, e se constituíam forma de divertimento salutar, pois reúnem harmoniosamente a solução quanto ao medo de doenças que impedia a vida laboriosa, por um lado, e o medo da crítica que a rígida moral implicava, por outro. Às mulheres, recomendava-se sobretudo os exercícios do corpo que obrigavam a andar ao ar livre, como os passeios a pé ou a cavalo. Ainda se referindo ao Fidalgote - Frederico Magno de Abranches -, cabe lembrar que praticava também, o tênis: “... Os dois namorados [Frederico e Maricota Portinho] tiveram assim, momentos felizes de liberdade e de alegria, fazendo longos passeios pelos bosques, em companhia de Milhama, ou passando horas inteiras a jogar a péla 21 de que o Fidalgote era perfeito campeão ...” (DUNSHEE DE ABRANCHES, 1970, p. 31). A primeira aula de dança de que se tem notícia data de 1829, como se vê de anúncio publicado em “O FAROL”: “Carlos Carmini, de nação italiana, recentemente chegado a esta cidade, faz saber aos ilustres habitantes da mesma que ensina tôda e qualquer dança, segundo o gosto moderno, tanto em sua casa (que ao presente é na rua da Palma, no. 10), como também pelas particulares para que seja chamado; prestando-se ao ensino das ditas danças, tanto a pessoas grandes como para meninos...” (In “O FAROL MARANHENSE”, 25 de agosto de 1829, citado por VIVEIROS, 1954, p. 376)22. Sobre as atividades lúdicas dos negros 23, é publicado em “A Estrela do Norte”, em 1829 24 a seguinte reclamação de um morador da cidade: “Há muito tempo a esta parte tenho notado um novo costume no Maranhão; propriamente novo não é, porém em alguma coisa disso; é um certo Batuque que, nas tardes de Domingo, há ali pelas ruas, e é infalível no largo da Sé, defronte do palácio do Sr. Presidente; estes batuques não são novos porque os havia, há muito, nas fábricas de arroz, roça, etc.; porém é novo o uso d’elles no centro da cidade; indaguem isto: um batuque de oitenta a cem pretos, encaxaçados, póde recrear alguém ? um batuque de danças deshonestas pode ser útil a alguém ? “.
21
O jogo da péla - jeu de paume - consiste em bater a bola com a mão e substituiu os "ludus pilae cum palma" romano. Na França, a bola, nascido no tardo-medievo como instrumento de contenda incruenta, torna-se momento lúdico e agonístico, aberto a todos Em Portugal, no início do século XVIII, foi introduzido o uso francês de jogar com raqueta. Conhecido já no século XII foi jogado melhor no período sucessivo, até dar vida ao atual tênis.] 22 VIVEIROS, Jerônimo de. HISTÓRIA DO COMÉRCIO DO MARANHÃO – 1612+1895. São Luís: ACM, 1954 23 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. A introdução do esporte (moderno) em Maranhão. In CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES, LAZER E DANÇA, VIII, Ponta Grossa - Pr, 14 a 17 de novembro de 2002. Coletâneas ... Ponta Grossa : UEPG, 2002. Publicado em CD-ROOM. 24 ESTRELLA DO NORTE DO BRASIL, n. 6, 08 de agosto de 1829, p. 46
O primeiro registro encontrado onde aparece a palavra “ginástica” data de 1841, conforme anúncio no “JORNAL MARANHENSE” 25 sob o título de: “THEATRO PUBLICO “Prepara-se para Domingo, 21 do corrente huma representação de Gimnástica que será executada por Mr. Valli Hércules Francez, mestre da mesma arte de escola do Coronel Amoroz em Paris; e primeiro modelo da academia Imperial de Bellas Artes do Rio de Janeiro, que terá a honra de apresentar se pela primeira vez diante d’este Ilustrado público, a quem também dirige agradar como já tem feito nos principais Theatros de Europa , e deste Império. “Mr. Valli há contractado o Theatro União, para dar sua função, junto com Mr. Henrique, e tem preparado para este dia um espetáculo extraordinário que será composto pela seguinte maneira: - Exercícios de forças, Agilidade e posições Acadêmicas - Exercícios no ar e muitas abelidades sobre colunnas assim como admiraveis sortes nas cordas “Nos intervalos de Mr. Valli, se apresentará Mr. Henrique, para executar alguns exercícios de fizica, em quanto Mr. Valli descansa.” Novo anuncio é publicado em 16 de novembro daquele ano de 1841 26, sob o mesmo título, em que eram anunciadas as novas atrações do programa a ser apresentado: “Theatro Publico “Domingo 21 do corrente 1841, 1ª apresentação gimnastica dirigida por Mr. Valli, Herculez Francez, que tem a distinta honra de apresentar-se diante deste ilustre publico para executar seis noites de divertimentos: 1ª noite – exercícios gimnasticos, malabares, fizica 2ª dita – grande roda gyratoria 3ª dita – jogos hydraulicos como existem em Europa 4 dita – a grande luta dos dois gladiadores”. Ainda nesse mesmo ano, aparecem anúncios 27 de aulas de esgrima; e logo abaixo deste, outro anunciando a venda de espadas: (in JORNAL MARANHENSE,, São Luís, n. 49, Sexta-feira, 31 de dezembro de1841). O Prof. Antônio Joaquim Gomes Braga, diretor do Colégio de Nossa Senhora da Conceição, localizado Rua do Desterro, ao apresentar o Plano de Estudos para o ano de 1842, informa que as aulas de “Dansa e Muzica para os internos serão pagas à parte”. (in JORNAL MARANHENSE, 1º de outubro de 1841) 28. Em 1843, outro colégio particular anuncia em seus planos de estudos as aulas de dança para seus alunos, aberta à comunidade (A REVISTA, n. 207, Quarta-feira 8 de novembro de 1843) Desde 1844, quando foi fundado o primeiro colégio destinado exclusivamente às moças, em São Luís, as atividades físicas faziam parte do currículo: “... não somente sobre as disciplinas escolares com também sobre o preparo physico, artístico e moral das alumnas. Às quintas-feiras, as meninas internas participavam de refeições, como se fossem banquetes de cerimônia, para que se habituassem 'a estar bem á mesa e saber como se deveriam servir as pessoas de distinção'. Uma vez por semana, à noite, havia aula de dança sob a rigorosa etiqueta da época, depois de uma hora de arte, na qual ouviam bôa música e aprendiam a declamar." (ABRANCHES, 1941, p. 113-114)29.
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JORNAL MARANHENSE,, São Luís, n. 36, 12 de novembro de1841
JORNAL MARANHENSE,, São Luís, n. 37, 16 de novembro de1841 JORNAL MARANHENSE, anno I, São Luís, Sexta-feira, 31 de dezembro de1841, n. 49 28 JORNAL MARANHENSE, anno I, São Luís, Sexta-feira, 1º de outubro de 1841, n. 24 29 ABRANCHES, Dunshee de. O CAPTIVEIRO. Rio de Janeiro : (s.e.), 1941 27
Os banhos de mar também faziam parte dos costumes da época, conforme se depreende deste anúncio: “BANHO Público – na praia do Caju, em que um grande banheiro e seguro, a todas as marés a 40 rs por pessoa trata-se com Jozé Ferreira do Valle no mesmo lugar casa no. 1.” (CORREIO D’ANNUNCIOS, Ano I, n. 3, Segunda-feira, 03 de fevereiro de 1851) Cabe lembrar que Antônio Francisco Gomes, em 1852, propunha além da ginástica, os exercícios de natação, esgrima, dança, jogo de malha e jogo da pella para ambos os sexos (CUNHA JÚNIOR, 1998, p. 152)30 No “O Observador”, edição de 25 de abril de 1853, o Inspetor da Instrução Pública publica seu relatório, na parte em que trata das escolas particulares de primeiras letras e médio da capital, constata que nos dois colégios existentes não havia aula de Ginástica:
Deve-se lembrar de que na legislação de ensino da época, já constava o de ginástica, dentro do núcleo das Belas Artes, que compreendia o desenho, música, dança, esgrima e ginástica:
O Sr. Alfredo Bandeira Hall lecionava inglês (1861), tendo inclusive publicado uma gramática adotada pelo Lyceo Maranhense, e exerceu a função de Inspetor de Ensino, atuando em vários exames da 2ª Freguesia. No guia de profissionais, do Almanaque do Maranhão, aparece como Professor de Esgrima e ginástica Alfredo Hall, residente na Rua do Alecrim, 17:
Aluízio AZEVEDO, em conto autobiográfico, afirma que, aos doze anos, estudante do Liceu, havia uma coisa verdadeiramente série para ele: "era brincar, estabelecendo-se entre minha divertida pessoa e a pessoa austera de meus professores a mais completa incompatibilidade". Narra as estripulias da época, em companhia dos amigos de infância: "Criado a beira-mar na minha ilha, eu adorava a água. Aos doze anos já era valente nadador, sabia governar um escaler ou uma canoa, amarrava com destreza a vela num temporal, e meu 30
CUNHA JÚNIOR, Carlos Fernando Ferreira da. A produção teórica brasileira sobre educação physica/gymnastica no século XIX: questões de gênero. In CONGRESSO BRASLEIRO DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSCA, VI, Rio de Janeiro, dezembro de 1998. COLETÂNEA... . Rio de Janeiro : Universidade Gama Filho, 1998, p. 146-152.
remo não se deixava bater facilmente pelo remo de pá de qualquer jacumariba pescador de piabas." (MÉRIEN, 1988:47)31. Sem registros, até o momento, de que tenham exercido o magistério, aqui no Maranhão ou no Pará, os primeiros professores de educação física, com formação superior, foram membros da família LaRocque, estabelecidos no Pará e no Maranhão. Recordemos que em 1784, Christian Gotthlif Saltzmann32, pedagogo e educador, abre outro "Philanthropicum", em Schneppenthal. Em 1785, Johann Christoph Friedrich Guts-Muths33, professor e educador, inicia sua obra com um novo conceito de ginástica. Foi um impulsionador da educação física obrigatória; utilizou o "Philanthropicum" de Schnepfenthal, incluindo a par da corrida, saltos, lançamento, luta e natação, os exercícios de trepar e de equilíbrio. As ideias filantrópicas e os conteúdos pedagógicos de Guts-Muths tiveram eco nos países da Europa, especialmente na Suécia, Dinamarca e França. O turnen visava uma relação entre Estado, escola, nacionalismo e militarismo, que vinculava corpo com disciplina, convívio social, preparação militar, nacionalismo e germanismo (TESCHE, 2002) 34. Para efeito de esclarecimento, turnen, Turn e Turner é um radical alemão que também está presente em várias línguas germânicas, tanto em línguas desaparecidas quanto em vivas, em todas elas significa torcer, virar, voltear, dirigir, mover, fazer grande movimento. Tesche35 utiliza, em seu trabalho, os vocábulos Turnen e Ginástica como sinônimos 36. Turnen, por sua vez, é constituído pela ginástica (Geräteturnen mais tarde Kunstturnen – ginástica artística), pelos jogos, pelas caminhadas, pelo teatro, pelo coral. De maneira que não existe um vocábulo que consiga traduzir com fidelidade o sentido de Turnen para o português; como dito, Tesche ao utilizar o vocábulo “ginástica”, em seus estudos, se refere ao Turnen37. Em janeiro de 1999, o Prof. Dr. Lamartine Pereira Da Costa fez um anúncio através do CEV (Centro Esportivo Virtual www.cev.org.br): “Permitam-me iniciar o ano de 1999 fazendo um anuncio importante para o desenvolvimento da História do Esporte no plano nacional e internacional, como também mobilizar os amigos da Lista e fora dela para que sejam iniciadas pesquisas no tema que se segue.”
31
MÉRIEN, Jean-Yves. ALUÍSIO AZEVEDO VIDA E OBRA (1857-1913) - O VERDADEIRO BRASIL DO SÉCULO XIX. Rio de Janeiro : Espaço e Tempo : Banco Sudameris; Brasília : INL, 1988. 32 Christian Gotthilf Salzmann (1744-1811), pedagogo e educador alemão, criou um estabelecimento semelhante ao de Basedow, localizado, também, na Alemanha, na cidade de Schnepfenthal. Era, nele, acentuada a importância da educação sensorial para a formação física, para o desenvolvimento e aperfeiçoamento da capacidade intelectual do educando, como também, desenvolvido o interesse educativo do esforço, que deveria ser executado de acordo com as possibilidades dos alunos. http://www.ahistoria.com.br/esportesjogos/educacao-fisica-escolar.html 33 Johann Christoph Guts Muths (1759-1839), educador alemão, iniciou a lecionar como professor de Ginástica no Instituto de Schnepfenthal, fundado por Salzmann, e lá permaneceu por 54 anos. A Educação Física para Guts Muths possuía, então, o objetivo de exercitar uma ação educativa destinada a harmonizar o corpo com as forças espirituais e morais e desenvolver, na criança, qualidades e capacidades que lhe permitisse superar obstáculos de caráter físico. Observa-se, também, a sua preocupação em proporcionar às mulheres atividades físicas, fundando a primeira escola de ginástica feminina onde os exercícios físicos eram adaptados ao sexo, como, também, possuía a consciência do valor que o esporte oferecia à formação física e da personalidade da juventude.. http://www.ahistoria.com.br/esportesjogos/educacao-fisica-escolar.html 34 TESCHE, L. O TURNEN, a Educação e a Educação Física. Ijui: Unijui, 2002 35 TESCHE, Leomar. A Prática do Turnen entre Imigrantes Alemães e seus descendentes no Rio Grande do Sul: 1867-1942. Ijuí: Ed. Unijuí, 1996. TESCHE, L. O TURNEN, a Educação e a Educação Física. Ijui: Unijui, 2002 TESCHE, Leomar.. O Turnen, a Educação e a Educação Física nas Escolas Teuto-brasileiras, no Rio Grande do Sul: 1852-1940. Ijuí: Ed. Unijuí, 2002. TESCH Leomar. Turnen: transformações de uma cultura corporal europeia na América. Ijuí: Ed. Unijuí, 2011 36 http://pt.wikipedia.org/wiki/Gin%C3%A1stica 37 http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe2/pdfs/Tema6/0610.pdf SEYFERTH, Giralda. Nacionalismo e identidade étnica.
Referia-se a presença de alunos de nacionalidade brasileira no Philantropinum, sediado em Schnepfenthal38; dentre esses alunos vamos encontrar: NOME
LOCAL/ E ANO NASCIMENTO de La Roque, Jean de La Roque, Auguste de La Roque, Henri de La Roque, Guilherme De La Roque, Luiz de La Roque, Carlos
Pará, 1850 Pará, 1851 Pará, 1849 Cametá, 1853 Pará, 1856 Pará, 1857
PERÍODO DE ESTUDOS 1861 – 1866 1861 – 1867 1861 – 1864 1863 – 1869 1865 – 1871 1865 – 1871
Naquela ocasião, informei a existência da Família LaRocque no Maranhão39 – do então senador Henrique de LaRocque Almeida. Os LaRocque - importante família estabelecida no Pará, procedem de dois irmãos: I - HENRIQUE de LaROCQUE (c. 1821 – Porto ?), que deixou geração do seu casamento, em 1848 – Pará -, com Matilde Isabel da Costa ( ? – 1919); e II – LUIZ de LaROCQUE (c. 1827 – Porto ?), que deixou geração de seu casamento, em 1854 (Pará) com sua cunhada Emília Ludmila da Costa. Ambos, filhos de JOÃO LUIZ de LaROCQUE (c. 1800 – a. 1854) e de Rosa Albertina de Melo. Entre os membros dessa família registra-se o senador HENRIQUE de LaROCQUE ALMEIDA, advogado diplomado pela Faculdade Nacional do Rio de Janeiro (hoje, UFRJ).40 Efetivamente alguns LaRocque se estabeleceram no Maranhão, a partir de 1832. Henrique Artur de Sousa genealogista estabelecido em Brasília encontrou documentos no Arquivo Público do Estado do Maranhão “firmados de próprio punho” de três membros da família LaRocque, quando de sua chegada, “de que haviam estudado na Alemanha”, numa cidade chamada Schnepfenthal ! Filhos de Jean Francoise de LaRocque: -
Carolina – depois Baronesa de Santos; Henrique de La Rocque; Guilherme de LaRocque; João Luís de LaRocque; Luís de LaRocque; Rosa; Amélia; Antônio de LaRocque.
Desses irmãos, quatro estudaram na Alemanha; Henrique de LaRocque Júnior, e seus irmãos João e Augusto, também podem ter estudado na Alemanha ... Henrique de LaRocque Júnior - viria construir o Mercado de Ver-o-Peso, em Belém do Pará -, vem a ser avô do Senador LaRocque... 38 39
Fonte: Preisinger, M. (Arquivos de Schnepfenthal – 1998)
No Dicionário, é dada como sobrenome de origem escocesa, o que é contestado por Henrique Artur de Sousa, para quem a família LaRocque estabelecida no Brasil é de origem portuguesa, da cidade do Porto – encontrou uma primeira referência no início da colonização do Brasil, nos anos 1500, em São Vicente ... -, o que parece ser a versão verídica, haja vista que o falecimento de dois membros dessa família – os irmãos Henrique e Luís, filhos de João Luís de LaRocque e sua mulher Rosa Albertina de Melo – se dão na cidade do Porto, no século XIX... (vide Dicionário...) 40 in DICIONÁRIO DAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS, vol. II, BARATA, Carlos Eduardo de Almeida; CUNHA BUENO, Antônio Henrique da. Arquivos da Biblioteca Pública “Benedito Leite”.
Em 1869, é anunciada a criação de um novo colégio - o Collégio da Imaculada Conceição -, sendo seus diretores os Padres Theodoro Antonio Pereira de Castro; Raymundo Alves de France; e Raymundo Purificação dos Santos Lemos. Internato para alunos de menor idade seria aberto em 07 de janeiro de 1870. Do anúncio constava o programa do colégio, condições de admissão dos alunos, o enxoval necessário, e era apresentado o Plano de Estudos tanto do 1º grau como do 2º grau, da instrução primária; o da instrução secundária; e da instrução religiosa. No que se referia às Bellas Artes – desenho, música vocal e instrumental, gymnástica, etc., mediante ajustes particulares com os senhores encarregados dos alunos. O novo colégio situava-se na Quinta da Olinda, no Caminho Grande, fora do centro da cidade, e possuía água corrente, tanque para banhos, árvores frutíferas, jardim, bosque e lugar de recreação. (A ACTUALIDADE n. 28, 28 de dezembro de 1869). Anuncio de aulas de ginástica, do ano de 1856 (O Estandarte (MA):
Domingos VIEIRA FILHO (1971) 41, ao traçar a história da Rua dos Apicuns dá-nos notícias de ser local frequentado por "bandos de escravos em algazarra infernal que perturbava o sossego público", os quais, ao abrigo dos arvoredos, reproduziam certos folguedos típicos de sua terra natural. Também o famoso CantoPequeno, situado na Rua Afonso Pena, esquina com José Augusto Correia, era local preferido dos negros de canga ou de ganho em dias de semana, com suas rodilhas caprichosamente feitas, falastrões e ruidosos. VIEIRA FILHO (1971) afirma que ali, alguns domingos antes do carnaval costumava um magote de pretos se reunir em atordoada medonha, a ponto de, em 1863, um assinante do "Publicador Maranhense" reclamar a atenção das autoridades para esse fato. O programa de escola aos menores desvalidos constava ginástica e esgrima, já no ano de 1859 (O Século, Ano 1859\Edição 00025)
Considerando-se sob o aspecto de quem começou a praticar exercícios com pesos, podemos afirmar que o pioneiro foi JOÃO DUNSHEE DE ABRANCHES MOURA, ainda no século passado. O autor de "O Captiveiro", de "A esfinge do Grajaú", "A setembrada”, nasceu na estreita Rua do Sol, 141, situado entre a Rua do Ribeirão e o Beco do Teatro, a 2 de setembro de 1867, como informa GASPAR (1993, p.12) 42. Nos livros de memórias desse festejado historiador, advogado, polemista, sociólogo, crítico, romancista, poeta, jornalista, 41 42
VIEIRA FILHO, Domingos. BREVE HISTÓRIA DAS RUAS E PRAÇAS DE SÃO LUÍS. 2a. ed. rev. E aum. São Luís : (s.e.), 1971. GASPAR, Carlos. DUNSHE DE ABRANCHES. São Luís : (s.e.), 1993. Discurso de posse no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, a 28 de julho de 1992.
parlamentar e internacionalista maranhense, relata-nos que o "Club dos Mortos" - proposto por Raymundo Frazão Cantanhende -, reunia-se no porão da casa dos Abranches, no início da Rua dos Remédios: "E como não era assoalhado nem revestido de ladrilhos, os meus paes alli instalaram apparelhos de gymnastica e de força para exercícios physicos" (ABRANCHES, 1941, p. 187). Relata, ainda, que os membros desse clube abolicionista, juntando o útil ao agradável: "... não raras noites, esse grupo juvenil de improvisados athletas e plumitivos patriotas acabava esquecendo os seus planos de conjuração e ia dansar na casa do Commandante Travassos...". (ABRANCHES, 1941, p. 188). No Diário do Maranhão, de 16 de janeiro de 1874, uma nota sobre a reforma do ensino agrícola, traz que:
O Publicador Maranhense (MA), 1876, aparece anúncio de ‘aulas’ de ginástica, para formação de uma companhia de apresentações:
No Diário do Maranhão, edição de 16 de janeiro de 1876 aparece anuncio de colégio de Lisboa – Colégio Acadêmico Lisbonense, em que é apresentado o programa de estudos, dentre elas a Gymnástica, sendo o professor Mr. Jean Rogers, professor de suas Altezas Imperiais; era representante nesta cidade o Sr. Luis Manoel Fernandes, a quem poderia se solicitar informações. Ainda neste jornal, edição de 10 de março em seção geral, artigo dedicado à Reforma necessária na Instrução Pública, defendendo sua inclusão no currículo, mas com as condições necessárias ao seu ensino:
Na edição de março de 1876, o editor chama atenção para a modalidade de aula de ginástica que o professor da escola agrícola aplicava a seus alunos:
Em edição de outubro desse ano, reproduzindo matéria vinda da Bahia, o comentarista da coluna nossas escolas, ainda se referindo à reforma do ensino, diz que deveria se ter mais atividades práticas nas escolas:
A Ginástica, especialmente a que fazia uso de aparelhos, se prestava para espetáculos circenses, como já vimos em anúncios do princípio do século. No jornal O Apreciável, edição de 1876 se comentava o espetáculo de ginástica dado pelos ginastas portugueses Pena e Bastos. Nos anos 1880, pelo menos três companhias circenses visitavam São Luis, com apresentações de ginástica, o mesmo acontecendo na década seguinte, como em 1890, em que o cidadão Candido de Sá Pereira solicitava o Teatro de São Luis para três apresentações de Ginástica, sendo lhe deferido o pedido e ser aviso o administrado do Teatro (A República, expediente de 12 de abril de 1890). 1877 - Instigante esse anuncio encontrado em 27 de agosto de 1877:
Símbolo da modernidade que se implantava, o Club de Ginástica e Esgrima era referido como uma das evidencias dos avanços que a cidade apresentava:
No Publicador Maranhense, de 5 de dezembro de 1879 anunciava-se as aulas do colégio espanhol, que iniciara suas atividades já em 1848; incluída entre as matérias a ginástica:
Anos mais tarde, Aluísio Azevedo, tanto em "O Mulato" - publicado em 1880 -, como em uma crônica publicada em 10.12.1880, propõe uma educação positivista para as mulheres maranhenses: "... é dar à mulher uma educação sólida e moderna, é dar à mulher essa bela educação positivista... é preciso educá-la física e moralmente... dar-lhe uma boa ginástica e uma alimentação conveniente..." (MÉRIEN, 1988, p. 166167)43. Alguns amigos de Aluísio, a fim de ‘incentivar’ a leitura de seu romance, publicado sob a forma de folhetim nos jornais de São Luís, passam a escrever aos jornais, fazendo-se passar por jovens senhoritas. Uma dessas cartas, publicadas em Pacotilha, edição de 9 de junho de 1881, em que “Julia” escreve à “Antonieta”:
43
MÉRIEN, Jean-Yves. ALUÍSIO AZEVEDO VIDA E OBRA (1857-1913) - O VERDADEIRO BRASIL DO SÉCULO XIX. Rio de Janeiro : Espaço e Tempo : Banco Sudameris; Brasília : INL, 1988.
Destacamos:
Em 1883 é publicado o seguinte anúncio:
Também no interior, os colégios ofereciam, em seus programas de ensino, a Ginástica, como se vê desse anuncio no Diário do Maranhão de 7 de março de 1884:
Ao expor seu programa, Issac Martins informa que para as aulas de ginástica dispunha de amplo pátio para os exercícios de ginástica e ‘correria’ – Atletismo? – e para a natação, as águas puras e cristalinas do Rio Corda. Temos aqui outra informação importante – as aulas de natação, em escola do interior do Estado – Barra do Corda – em uma escola popular:
[MS1]
É o seguinte o programa escolar:
Em Turiaçú, no ano de 1884, é proclamada uma Lei – de no. 1.341, de 17 de maio 44 – em que constava: “Artigo 42 – é proibido o brinquedo denominado Jogo Capoeira ou Carioca45. Multa de 5$000 aos contraventores e se reincidente o dobro e 4 dias de prisão”. (CÓDIGO DE POSTURAS DE TURIAÇU, Lei 1342, de 17 de maio de 1884. Arquivo Público do Maranhão, vol. 1884-85, p. 124). (Grifos nossos) O Dr. Gouveia Filho, na edição de A Pacotilha, jornal da tarde, de 24 de abril de 1886 trazia um artigo, numa coluna ‘Litteratura”, com o título “Educação Physica”, onde afirma que essa palavra não tinha significação entre nós:
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De acordo com a chefe do Arquivo Público do Estado do Maranhão, sra. Maria Raimunda Araújo, esta é a única referência sobre Capoeira encontrada naquele Arquivo. A Sra. Maria Raimunda tem como tema de pesquisas, o Negro no Maranhão, buscando referências sobre as atividades dos escravos – batuques e capoeiras (in ARAÚJO, 2002)
45
Cabe esclarecer que a partir de 1835, a importação de escravos negros se acentua no Maranhão, dada a expansão da economia algodoeira e os centros fornecedores eram, além da África, o Brasil, especialmente Salvador e o Rio de Janeiro. Turiaçú recebeu grande contingente de escravos vindos do Rio de Janeiro. Devem ter trazido suas lutas, daí a denominação “capoeira” ou “carioca”. Em Cururupú, até alguns anos atrás, se praticava uma luta semelhante à capoeira, que denominavam de “carioca”.
Em outro artigo, em edição seguinte, também é ressaltado – desta vez por Ramalho Urtigão – a ginástica como parte do processo educacional:
O Jornal A Pacotilha de 7 de dezembro de 1887 traz nota sobre a reforma da instrução pública, em que:
A Escola Normal do Maranhão foi criada pelo decreto nº 21 de 15 de Abril de 1890 e, logo após, dia 19 de Abril de 1890, foi criada a Secretaria de Instrução Pública. Seu criador foi o Dr. José Tomás de Porciúncula (RJ/1854-RJ/1901). Médico, nomeado Interventor pelo presidente da República, uma de suas preocupações foi reorganizar o Ensino e criar a Escola Normal. Anexa ao Liceu Maranhense, com as seguintes cadeiras:
O Sr. Sabino Erres, que fundara uma Escola de Ginástica, em 1889 – a 15 de Novembro -, e que funcionou em diversos lugares nesta cidade, apresentando-se no Teatro com seus alunos, assim como na sede de sua escola. O “artista” Sabino Erres continuava a apresentar-se em funções de circo, executando números de gymnástica, utilizando-se de cordas, trapézios e barras, junto com outros ‘artistas’ ginastas – como Diocleciano Belfort. Continuava com sua escola, a 15 de novembro, de ginástica; pelo que se depreende, na formação de ‘artistas de ginástica’, para apresentação em espetáculos. Em 1890 – no Diário de 1º de abril publica aviso que estava disposto a concorrer à cadeira de ginástica, que se abria no Liceu, em função da reforma do ensino:
A adaptação das escolas estaduais às novas normas da instrução pública não se dá de forma a contentar a todos. Assim, em a Pacotilha de 29 de março de 1890 um certo Reginaldo faz o seguinte comentário:
23 de abril de 1890, é publicada a nova lei, da reforma da instrução pública, em que é criada a Escola Normal, anexa ao Liceu Maranhense, com as seguintes cadeiras:
Reginaldo volta à carga, em sua coluna “De relance”, fazendo sua análise da reforma da instrução pública. Volta a falar sobre a inclusão das disciplinas de música e ginástica:
Em outubro de 1891, a Pacotilha começa a publicar uma série de artigos sobre a Ginástica em diversos países, apresentando análise de suas vantagens na educação das crianças. Passa a relatar os inúmeros métodos que estavam aparecendo – francesa, sueca, dinamarquesa, alemã, e era introduzida a “ginástica educativa”, em bases fisiológicas e higiênicas. Logo a seguir – edições seguintes – ainda falando da Itália, refere-se à ginástica Feminina; passa a discutir a ginástica na Alemanha, e a sua obrigatoriedade na escola. Ao mesmo tempo, o vice-governador Carlos Peixoto (in A Cruzada, 28 de outubro de 1891), em telegrama ao Ministro da instrução Pública, relata a situação do Liceu Maranhense e as dificuldades do curso preparatório. Fala das cadeiras e da falta de professores. O Ministro diz que a oferta de disciplinas deve obedecer à legislação vigente, caso contrário não serão reconhecidos os estudos. José Rodrigues, ao comentar o telegrama e a resposta a ele, diz:
Em 1894, aparecem notas sobre uma literatura específica – manuais de ginástica, italianos, que são analisados, em virtude de conferencias que estavam acontecendo naquele país. Comentários sobre a ginástica nas escolas, em especial as alemãs. Por aqui, uma escola oferecia aulas de Ginástica, dentre outras matérias:
As críticas às aulas de Ginástica no currículo do Liceu Maranhense – seu anexo, a Escola Normal -, voltam à baila, na edição de A Pacotilha de 7 de junho de 1894. Diz o articulista que as críticas feitas através da imprensa pela inclusão dessa cadeira, até aquele momento, que justificava sua não oferta, e a consequente nomeação do professor:
Mas, nessa mesma edição, consta a ‘aclamação’ (nomeação) do professor de ginástica:
No Almanaque Administrativo de 1896 constava no quadro de docentes tanto do Liceu Maranhense como da Escola Normal, o professor João da Mata Lopes como titular da cadeira de Ginástica. Em 1910, esse professor requer a aposentadoria, por ser professor vitalício (Correio da Tarde, 30 de agosto de 1910). Na edição de 27 de julho de 1894, voltava à carga a questão da nomeação do professor. Ele, nomeado Lente do Liceu, com base na Lei da Instrução Publica de 1893, não tinha reconhecido assento na Congregação, por julgar, a direção da escola, matéria técnica:
Parece-nos que em julho a questão do professor estava resolvida; João da Mata Lopes assumira sua cadeira, e iniciava suas aulas... Mas aparece outro problema: os uniformes para as aulas práticas de ginástica, em especial, a das alunas:
Em novembro de 1895, os primeiros exames das cadeiras incluídas na reforma de 1893, e depois de toda a polemica - da contração do professor, de sua participação na Congregação, de as provas serem práticas, e dos uniformes dos alunos -, observa-se que apenas alunos do Liceu – sexo masculino... – se submeteram às provas; e na escola Normal:
Um ano depois, 1896, novos exames das alunas da Escola Normal:
Em 1898, o Governador do Estado faz uma visita ao Liceu Maranhense e observa as aulas de Ginástica:
1899, nova adaptação do currículo tanto do Liceu quanto da Escola Normal, para se adaptar à nova Lei do Ensino Secundário. Novamente, necessária a adequação curricular para que houve a equiparação com o Colégio Pedro II; essa a discussão da edição de 27 de abril,
No dia 17 de outubro de 1899 é criado o Clube de Ginástica e Esgrima:
Pacotilha (MA), 1899, anúncio de uma reunião dos sócios do Clube de Ginástica e Esgrima:
Em março de 1900, seu Estatuto é encaminhado à imprensa, e fica-se sabendo quem são os seus fundadores e principais dirigentes:
Em Janeiro de 1900, nova reforma no Liceu Maranhense:
Na nova nova reforma da instrução pública, ajustando-a ao currículo do Ginásio Nacional, o Governo divulga o salário pago aos professores, tanto do Liceu Maranhense quanto da Escola Normal; nota-se que o numerário do Professor de Ginástica e Esgrima – duas disciplinas!!! – era 50% menor do que a dos outros mestres:
Na Escola Normal, as alunas eram chamadas para os exames de Ginástica. A banca, formada por três professores, contava com o Dr. Achiles Lisboa, o professor de Ginástica João da Mata Lopes, e Luis Ory
Na edição de A Pacotilha de 8 de novembro de 1901 era anunciado a morte de Pedro Nunes Leal, fundador do Instituto de Humanidades. Da relação dos seus professores, o Sr. Alfredo Hall, de Esgrima e Ginástica – contratado em 1861 - que já faziam parte daquele notável estabelecimento de ensino:
- um novo colégio é aberto em São Luís:
Desde 1901 o “Regimento para as Escolas Estadoaes da Capital” (Decreto nº16 de 04 de Maio de 1901; NASCIMENTO, 2007a, 2007b,) 46, instituía, no seio de suas diretrizes gerais, questões referentes a “inspecção e asseio” normatizando desde a entrada dos alunos em que caberia às professoras proceder á uma revista do asseio dos mesmos “tomando as providencias necessárias em ordem a estarem todas as condições regulares de limpeza de mãos, unhas, rosto e penteado do cabello, no momento de serem iniciados os exercícios escolares” (REGIMENTO, 1901, p.80) conforme a classe a que pertence o estudante. Percebem-se nítidos traços de influência militar em termos de linguagem e recomendações na modelagem deste corpo escolarizado, quando instituem os exercícios abaixo descritos: “a) Os da primeira classe constarão de marchas e contramarchas com variações apropriadas a darem facilidade de movimento dos alumnos; b) Os da segunda versarão sobre movimentos em varios tempos, com e sem flexão dos membros, desacompanhados de instrumentos; c) Os da terceira se comporão dos mesmos exercicios das segunda, mas com instrumentos; d) Os da quarta de exercicios de barra de extremidades esphericas, barra fixa, apparelhos gyratorios.” (REGIMENTO, 1901, p.80, grifos nosso). Djard MARTINS (1989)47 registra que com o nascimento das atividades esportivas no Maranhão, o hábito de repousar nos fins de semana é substituído pelas festas, corridas de cavalo, partidas de tênis, regatas, corso nas avenidas, matinês dançantes, e pelo futebol. A “gymnástica” era praticada pelas elites, que tomavam aulas particulares, conforme se depreende de anúncios publicados nos jornais. O Euterpe, fundado em 1904, também passou a difundir atividades esportivas, como o “tiro ao alvo“, tênis, o tênis de mesa (ping-pong), etc. 48 Nessa primeira década do século XX, a juventude maranhense estava principiando a entender o quanto era importante praticar esportes e desenvolver a formação física. Miguel Hoerhann foi nosso primeiro professor de Educação Física, tendo prestado relevantes serviços à mocidade ludovicense, como professor na Escola Normal, Escola Modelo, Liceu Maranhense, Instituto Rosa Nina, nas escolas estaduais e até nas municipais, estimulando a prática da cultura física: "E para coroar de êxito esse idealismo, esteve à frente da fundação do Club Ginástico Maranhense..." (MARTINS, 1989).
46
REGIMENTO PARA AS ESCOLAS ESTADOAES DA CAPITAL, a que se refere o Decreto nº16 de 04 de Maio de 1901. In: Collecção das leis e decretos do Estado do Maranhão de 1912. Republica dos Estados-Unidos do Brazil. Maranhão: Imprensa Official, 1914. NASCIMENTO, Rita de Cássia Gomes. A Educação Higiênica em São Luís nas primeiras décadas do século XX. São Luís: Universidade Federal do Maranhão, 2007b. (Graduação em Pedagogia). NASCIMENTO, Rita de Cássia Gomes. PELAS CRIANÇAS DESVALIDAS: o Instituto de Assistência à Infância do Maranhão nas primeiras décadas do século XX. São Luís: Universidade Estadual do Maranhão, 2007a. (Graduação em História). 47 MARTINS, Dejard. ESPORTE, um mergulho no tempo. São Luís : SIOGE, 1989 48 http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/10.pdf http://www.efdeportes.com/efd61/jogos.htm http://cev.org.br/comunidade/maranhao/debate/atlas-esporte-maranhao-2/ http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2012/08/13/atlas-do-esporte-no-maranhao-ginastica/
É o próprio Miguel quem confirma essa condição49, em nota publicada no jornal “O Paiz” em 21 de novembro de 1909, no Rio de Janeiro: ‘EDUCAÇÃO PHYSICA - CARTÃO COMEMORATIVO DE 20 ANOS DE TRABALHO NO BRASIL Mens sana in corpore sano; / vita non este vivere; / sede vivere Miguel Hoerhann, capitão-tenente honorário da armada nacional, professor de educação física da Escola Naval, Colégio Militar, Externato Aquino, e professor de ginástica e esgrima do Automóvel Club do Brasil – Ex-professor dos colégios Brasileiro-Alemão, Abílio Rouanet, João de Deus, Instituto Benjamin Constant, e Instituto Nacional de Surdos Mudos, no Rio de Janeiro. Exprofessor dos colégios São Vicente de Paulo, Notre Dame de Sion, Ginásio Fluminense e Escola Normal Livre; sócio-fundador e 1º. Turnwart do Turnerein Petrópolis, em Petrópolis. Ex-professor da Escola Normal e grupos escolares Menezes Vieira e Barão de Macaúbas e do colégio Abílio, em Niterói. Ex-diretor do serviço de Educação Física; ex-professor da Escola Normal, escola modelo Benedito Leite; Instituto Rosa Nina, Liceu Maranhense, e escolas estaduais e municipais; fundador e 1º presidente e 1º diretor dos exercícios do Club Ginástico Maranhense; em S. Luis do Maranhão. Ex-professor do Ginásio São Bento e ex-secretário do I. e R. Consulado da Áustria e Hungria, em São Paulo. 20 anos de devotado trabalho no Brasil (de 24 até 44 anos de idade, desde 1889 a 1909). Ex-Instrutor da imperial e real marinha de guerra da Áustria, condecorado com a medalha militar de bronze, conferida por sua imperial e real majestade apostólica Francisco Jose I, Imperador da Áustria-Hungria (desde 15 até 23 anos de idade, 1880-1888). “AOS MEUS DISCIPULOS 49 Prezado Sr. Leopoldo Vaz, boa noite. Tomei a liberdade de lhe contatar quando soube de suas dúvidas, pelo pessoal do Arquivo Histórico de Ibirama - SC, acerca de Miguel Hoerhann, meu tataravô. Resido em São José, cidade vizinha de Florianópolis, capital de Santa Catarina e recém doutorei-me em História. Justamente trabalhei com a nacionalização dos Xokleng, comunidade indígena de SC, a qual o filho de Miguel, Eduardo Hoerhann dedicou toda a sua vida. Eduardo Hoerhann nasceu em Petrópolis em 1896. Filho de Miguel, (no anexo você consegue algumas informações sobre ele) e de Carolina, sobrinhaneta do Duque de Caxias. Alguns dados do Museu estão equivocados. Há uns anos, vi que os senhores disponibilizaram digitalizado, o livro Esgrima de Baioneta, de autoria do Miguel Hoerhann. Fiquei muito contente descobrir isso, e uma pena que ainda não consegui imprimi-lo em capa dura, mas parabéns pelo capricho. O sr enviou para a sra. Aparecida um diploma assinado pelo Miguel. Há possibilidade de enviar para mim numa resolução maior? Está ilegível em 9 k. No mais, espero poder ter ajudado em algo. Infelizmente, muitas informações se perderam. Cordialmente, Rafael Hoerhann. Disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2013/02/27/miguel-hoerhan-nosso-pioneiro-professor-deeducacao-fisica/
Caros discípulos! Vivamente me tenho lembrado de vós! Recordando, um por um, os numerosos estabelecimentos de ensino, desde o sul até o extremo norte, de nossa vasta e grande Republica, onde, cônscio de minha nobre e útil missão, sempre lecionei com ardor, vos vi, na imaginação, todos reunidos formando legiões de muitos e muitos milhares. Estas reminiscências decorrem do inicio de minha carreira, abrangendo todos os fatos que se passaram, ate a presente data da minha vida de professor neste belo pais. E – folgo em dizê-lo – causaram-me uma grande e indescritível alegria: o supremo tribunal que temos no nosso intimo, o tribunal da consciência, aprovou os meus atos. Na verdade, a mais alta felicidade e alegria residem no intimo, na consciência perfeitamente tranquila e na certeza de havermos, digna e devotadamente, cumprido os nossos deveres. Do trabalho provem os mais altos gozos da vida! e este sentimento de felicidade e alegria me impeliu a expandir-me, publicando o presente. Eis porque vos incito a prosseguirdes vossa nobre obra de regeneração de vós mesmos -: Tão preciosos bens, como a saúde e o vigor físico, só se conseguem – bem o sabeis – pelo esforço próprio. Muitos de vós já sois pais e mães de família. A uns e outros aconselho, pois: “Cuida da educação física e moral dos vossos filhos”. A humanidade esta ilustrando uma área inteiramente nova; importantes e formidáveis cometimentos nos aguardam num futuro bem próximo; e para resistir, para vencer, se faz necessária uma geração sadia e forte: – no físico, e principalmente no caráter. Tão preciosas qualidades são indispensáveis, não só ao vosso bem estar e felicidades pessoais, como ao serviço da família, da pátria e da humanidade. Desejando-vos longa e bem preenchida existência, vos saúdo cordial e efusivamente. Em 21 de novembro de 1909 Miguel Hoerhann 3, Rua Pedro Domingues, Encantado, Rio“(grifos nossos) Miguel Hoerhann foi instrutor de artilharia do império austro-húngaro, professor de esgrima e ginástica sueca nos estados do Maranhão e Rio de Janeiro. Nesta cidade, a ginástica era voltada para o treinamento militar dos novos cadetes e oficiais da Marinha Brasileira e do Colégio Militar. Miguel tem vasta produção de artigos em periódicos e é autor do livro Esgrima de Baioneta, publicado no Maranhão em 1904 50:
50
O livro digitalizado está disponível no link:
http://www.cultura.ma.gov.br/portal/bpbl/acervodigital/Main.php?MagID=37&MagNo=68
Fica-se sabendo que se trata de reimpressão de edição de 1896:
De acordo com Dagnoli (2008); e Gomes (2009): “[...] Miguel Hörhann (Miguel Hoerhann) nasceu na Áustria e faleceu no Rio de Janeiro; foi instrutor de Artilharia na Imperial e Real Marinha de Guerra da Áustria até 1884, e Capitão-
Tenente da Armada Nacional. Sua mãe, Carolina de Lima e Silva Aveline, pertencia à aristocracia militar do Estado do Rio de Janeiro, neta do Duque de Caxias.” 51, 52,53. Mas é dada outra nacionalidade a Miguel Hoerhann – francesa: “O pai de Eduardo, era Miguel Hoerhan, francês, oficial da alta corte da marinha francesa, casado com Dona Carolina de Lima e Silva, (esta então, sobrinha de Luís Alves de Lima e Silva, o “o grande soldado brasileiro: Duque de Caxias”) “ 54. Rafael Hoerhann, em outra correspondência, esclarece essas dúvidas: Miguel veio da cidade de Sankt Pölten na Baixa Áustria. Francês era seu sogro, Guilherme Plaxton Aveline55, também oficial da Marinha56. Em nova correspondência – 10/10/2014 – informa: Consegui algumas informações a mais sobre MH. Uma prima minha de segundo grau fluente em alemão encontrou uma parente na Áustria que contou o seguinte: MH Nasceu em Oberndorf an der Melk - Niederösterreich. Ele teve três irmãos: Anton, Ignaz e Leopold. Ela no caso é bisneta do Leopold. Veio para o Brasil porque foi sempre muito individualista, independente e estranho. E que não se sentia bem no lugar onde nasceu. E que não era fácil na época a vida. A informante austríaca é Eva Hoerhann e o nome de minha prima é Edeli Kubin Sardá, bisneta materna de Miguel. Enviote uma foto do Miguel quando jovem de 1884 quando exercia a profissão de Instrutor de Artilharia na Imperial e Real Marinha de Guerra da Áustria que na época formava o grande Império Austro-húngaro (1867 - 1918).
51
DAGNONI, Cátia. O CHOQUE ENTRE DOIS MUNDOS O CONTATO ENTRE O ÍNDIO E O BRANCO NA COLONIZAÇÃO DO VALE DO ITAJAÍ – um estudo sobre a interpretação do imigrante europeu a respeito dos Xokleng 1850 – 1914. Blumenau, 2008, Dissertação de Mestrado, Universidade Regional de Blumenau http://proxy.furb.br/tede/tde_arquivos/3/TDE-2009-0218T080906Z-442/Publico/Diss%20Catia%20Dagnoni.pdf 52 http://pagfam.geneall.net/2762/pessoas.php?id=1168057 53 GOMES, Iraci Pereira. OS XOKLENG E A COLONIZAÇÃO DO VALE DO ITAJAÍ: ANÁLISE DE UMA CARTA DE EDUARDO DE LIMA E SILVA HOERHANN - ENCARREGADO DO SERVIÇO DE PROTEÇÃO AOS ÍNDIOS (SPI) IV Congresso Internacional de História, 9 a 11 de setembro de 2009, Maringá. http://www.pph.uem.br/cih/anais/trabalhos/748.pdf 54 Reflexão. Índios. http://www.estudosabc.blogspot.com.br/ 55 Maria Eulália de Lima e Silva (2°)29,30 nasceu em 24 julho 1841 em Rio de Janeiro (RJ). Maria casou-se com William (Guilherme) Plaxton Aveline31, filho de Thomas Aveline e Mary Isabella Pacy, em 27 agosto 1859 em Rio de Janeiro (RJ). William foi batizado em 25 outubro 1834 em Rio de Janeiro (RJ). No livro "Achegas Genealógicas à Ascendência Brasileira de Luiz Alves de Lima e Silva, Duque de Caxias" do autores Cel.Carlos Sayão Dantas & Dr.Carlos G.Rheingantz, aparece com sobrenome "Avelone" ou "Aveline". http://www.genealogiabrasileira.com/cantagalo/cantagalo_piedegache-andregm.htm 56 Sr. Leopoldo, cordiais saudações. Deveras fico contente com sua alegria, é sempre uma satisfação poder ajudar. Porém a única foto que tenho do Miguel Hoerhann (com dois Ns) é a que te envio anexa. Seu filho Eduardo a tirou em 1912 conforme escrito no verso da mesma. Miguel era austríaco, de acordo com a certidão de nascimento do Eduardo, e veio da cidade de Sankt Pölten na Baixa Áustria. Tanto que a língua alemã chegou até mim pela família. Francês era seu sogro Guilherme Plaxton Aveline, também oficial da Marinha. Para o momento, seria isto. Um ótimo dia, Rafael. (Correspondência pessoal recebida em 27/02/2013 via correio eletrônico.)
Na Gazeta de Petrópolis, edição de 15 de setembro de 1903, informa-se que Miguel Hoerhann estava em São Luís, nomeado que fora Diretor da Educação Physica, conforme a edição 204 de “A Pacotilha”, da capital do Maranhão:
Na edição de 19 de maio de 1903, de A Pacotilha – Jornal da Tarde – é anunciada a chegada do Sr. Miguel Hoerhann, contratado pelo Governo do Estado para reorganizar o serviço de educação física, voltado para o Liceu, Escola Normal e Modelo, escolas estaduais e do município:
No Diário, de 19 de maio também e anunciada a chegada do novo professor de Ginástica:
No dia 20 de maio, as aulas têm início:
Em maio, a educação física é tornada obrigatória em todos os estabelecimentos de ensino, não apenas no Liceu e Escola Normal, e Escola Modelo:
Logo a seguir, são distribuídas as aulas de ginástica para as diversas escolas do município:
Em 6 de julho é anunciada a chegada de sua família:
Em 19 de julho de 1903, uma referencia à viagem do Rio de Janeiro para o Maranhão do Sr. Miguel Hoerhann, em companhia de Monteiro Lobado. Escreve ele sobre nosso ilustre professor, com o titulo “A Paz”, transcrito da Folha do Norte:
Efetivamente, nas edições seguintes aparece o artigo prometido, dividido em várias seções, publicados ao longo do tempo, tratando da ginástica médica. Em 11 de agosto, o Professor Miguel recebe os aparelhos de ginástica, solicitados para o Liceu Maranhense, conforme oficio:
No dia 04 de junho de 1903 aparece anuncio n´A Pacotilha em que Miguel Hoerhann, como já fizera em Petrópolis e Niterói, oferece seus serviços como professor particular de ginástica:
Logo no dia 05/06, anuncia o inicio das aulas:
A 30 de junho, outro aviso, convocando os alunos inscritos:
No mês de agosto novo anuncio em A Pacotilha, do dia 31, já assinado como Diretor da Divisão de Educação Física do Maranhão, sobre a realização de um concurso poético, tendo por tema a Ginástica. Verifica-se que se referia ao Turnen57, haja vista a citação dos “4 Fs”, como a divisa da ginástica: “Abre-se aos cultores das musas uma produção poética, em que entrem as palavras que constituem a divisa da gymnastica: FIRMA, FORTE, FRANCO, FIEL, e que tenha por tema a glorificação da abnegação, do trabalho perseverante e nobre, do vigor do espírito como consequência dos exercícios physicos [...]”
Turnen: expressão do idioma alemão traduzido como “ginástica” por Tesch (2011), mas que além da ginástica com aparelhos (atual ginástica artística) englobava a corrida, jogos, esgrima, entre outras práticas. MAZO, Janice Zarpellon; PEREIRA, Ester Liberato. PRIMORDIOS DO ESPORTE NO RIO GRANDE DO SUL: os imigrantes e o associativismo esportivo. IN GOELLNER, Silvana Vilodre; MÜHELEN, Joanna Coelho von. MEMORIA DO ESPORTE E LAZER NO RIL GRANDE DO SUL. Porto Alegre, 2013. Vol. 1. Disponível em http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/83615/000906885.pdf?sequence=1 TESCH Leomar. Turnen: transformações de uma cultura corporal europeia na América. Ijuí: Ed. Unijuí, 2011 57
A nota foi assinada por MIGUEL HOERHANN, recém nomeado diretor do Departamento de Educação Física da Secretaria de Educação e apoiada por Fran Paxeco, em artigo publicado a 11 de fevereiro desse mesmo jornal:
Em decorrência, Miguel Horehann mandou confeccionar diplomas ‘aos propugnadores da educação física” no Maranhão, sendo Fran Paxeco um dos agraciados: vemos que no referido diploma de mérito consta ‘aos propugnadores da educação physica’ e está assinada por Miguel Hoerhann, passado em 18 de maio de 1904:
O Diploma encontra-se na Academia Maranhense de Letras, junto aos documentos de Fran Paxeco, entregue àquela casa em 2010 por sua neta. O que nos chama atenção, são elementos icnográficos que aparecem no Diploma: na bandeira com as cores nacionais (verde e amarela)58 onde está impresso os “4Fs”, traduzidos na parte de baixo, esquerda, do referido diploma como ‘Firme, Forte, Franco, Fiel”:
58
De acordo com Hobsbawm58 as bandeiras, os hinos e as medalhas são tradições inventadas pelos governos para construir a nação e unificar a população em torno desta ideia. As festividades das sociedades de ginástica eram “comemorações em honra de Jahn, com várias competições atléticas, jogos olímpicos, demonstrações nos vários aparelhos, exercícios físicos, etc.”. Hobsbawm, E.; Ranger, T. (orgs.) (1984). A invenção das tradições. 2ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
Mazo e Gaya (2006) 59, ao estudar as associações esportivas de Porto Alegre-RS trazem que nas bandeiras adotadas por essas associações sempre havia a inscrição dos quatro “efes” posicionados no formato quadrangular: frish, fromm, frölink e frei, que significavam, respectivamente: saudável, devoto, alegre e livre. Os “efes” também eram encontrados em todas as bandeiras desportivas da Alemanha. Em Porto Alegre a bandeira da Turnerbund reproduziu o símbolo dos “efes”, além da simbologia da insígnia com as datas históricas do turnen. Afirmam que a adoção de símbolos e exaltação dos heróis alemães aparecia nos uniformes da Turnerbund, símbolos que identificavam a pátria de origem. (MAZO e GAYA, 2006).
http://de.wikipedia.org/wiki/Turnen Traz ainda imagens de ginástica sendo executadas em diversos aparelhos, em claras referencias ao turnen – movimento criado por Friedrich Ludwig Jahn60, pedagogo alemão, além de ativista político.
59
MAZO, Janice e GAYA, Adroaldo. As associações desportivas em Porto Alegre, Brasil: espaço de representação da identidade cultural teuto-brasileira. Rev. Port. Cien. Desp. [online]. 2006, vol.6, n.2, pp. 205-213. ISSN 1645-0523. http://www.scielo.gpeari.mctes.pt/pdf/rpcd/v6n2/v6n2a09.pdf 60 http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe2/pdfs/Tema6/0610.pdf http://pt.wikipedia.org/wiki/Friedrich_Ludwig_Jahn
A utilização de discursos esportivos para a difusão de ideias e sentimentos nacionalistas tem um significado histórico61. Lembremos que os LaRocque estudaram Educação Física no "Philanthropicum" de Schnepfenthal, na década de 1860... A "gymnástica" era praticada pelas elites, que tomavam aulas particulares, conforme se depreende desse anúncio, publicado em 1904: "PARA OS ALUMNOS DE AULA PARTICULAR DE GYMNÁSTICA "A Chapellaria Allemã acaba de despachar: "camizas de meia com distinctivos "Distinctivos de metal com fitas de setim e franjas d'ouro "Distinctivos de material dourado para por em chapéus " Chapellaria Allemã de Bernhard Bluhnn & Comp. 23 - Rua 28 de julho - 23" (A CAMPANHA, 6ª feira, 8 de janeiro de 1904, p. 5). O sexo feminino também tinha suas aulas de ginástica, pois fazia parte do currículo da Escola Normal62, conforme resultado dos exames publicados, como era comum à época: "CURSO ANEXO "Foi este o resultado dos exames de hontem: "GYMNÁSTICA “Núbia Carvalho, Maria Varella, Neusa Lebre, Hilda Pereira, Margarida Pereira, Almerinda Parada, Leonor Rego, Rosilda Ribeiro, Fanny Albuquerque, Agrippina Souza, Cecilia Souza, Roza Martins, Esmeralda Paiva, Neusa Silva, grau 10 "Faltaram 12". (O MARANHÃO, Sexta-feira, 15 de novembro de 1907). 61
COERTJENS, Marcelo, GUAZZELLI, Cesar Barcellos; e WASSERMAN, Cláudia. Club de Regatas Guahyba-Porto Alegre: o nacionalismo em revistas esportivas de um clube teuto-brasileiro (1930 e 1938). In Rev. bras. Educ. Fís. Esp, São Paulo, v.18, n.3, p.249-62, jul./set. 2004, disponível em http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/rbefe/v18n3/v18n3a04.pdf 62 “A Escola Normal do Maranhão foi criada pelo decreto nº 21 de 15 de Abril de 1890 e, logo após, dia 19 de Abril de 1890, foi criada a Secretaria de Instrução Pública. Seu criador foi o Dr. José Tomás de Porciúncula (RJ/1854-RJ/1901). Médico, nomeado Interventor pelo presidente da República, uma de suas preocupações foi reorganizar o Ensino e criar a Escola Normal”
No Programma Didactico para o Curso de Pedagogia (1906; COUTINHO e NASCIMENTO, s.d.) 63, direcionado à Escola Normal do Maranhão, o professor e Dr. Almir Parga Nina64, então membro da Associazione Pedagogica, de Roma, e da Ligue pour L’Hygiene Scolaire, de Paris, foram lançadas as disposições regulamentares do curso destinados à formação pedagógica das moças da elite da capital ludovicense. Neste programa ressaltavam-se como fins da Escola Normal além da instrução geral, a “instrucção techica que instruirá e adestrará nos methodos e processos de cultura physica, mental e moral da mocidade” (NINA, 1906, s/p, grifos nossos) 53. Referente às questões sobre cultura física e higiene escolar, este programa colocava que no primeiro ano de pedagogia as alunas teriam contato com conhecimentos gerais – anatômico-fisiológico, psicológico e antropológico – sobre as crianças a fim de embasar a chamada Pedagogia Reparadora relacionada á correção das moléstias e vícios adquiridos dentro e fora da escola (NINA, 1906). No segundo ano do curso, por sua vez, teriam as normalistas acesso à organização material (estrutura física) e organização pedagógica (programa didático - roteiros, horário, recreio, promoções, exames, férias) da instituição escolar. Porém, dentro da chamada organização pedagógica, estava inserido um ponto relevante denominado “Pathologia Escolar”65. (NINA, 1906; COUTINHO e NASCIMENTO, s.d.) 53. No mês de março, foram entregues os prêmios aos vencedores do concurso poético, não se informando, no entanto, os nomes e nem se dá noticias dos poemas:
63
COUTINHO, Adelaide Ferreira; NASCIMENTO, Rita de Cássia Gomes. IDEÁRIO NACIONAL, DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO E CONTROLE NA PEDAGOGIA HIGIÊNICA EM SÃO LUÍS NO LIMIAR DO SÉCULO XX. Disponível em http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe5/pdf/897.pdf , acessado em 12/10/2012 64 NINA, Dr. Almir Parga. Programma Didactico- Roteiro para o Curso de Pedagogia em 1906. Maranhão: Typografia Frias, 1906, citado por COUTINHO e NASCIMENTO, s.d., disponível em http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe5/pdf/897.pdf , acessado em 12/10/2012. 65 As normalistas estudariam as “molestias escolares propriamente ditas; molestias que a escola determina, mas que o meio escolar pode aggravar; molestias que a escola pode diffundir e propagar; molestias devidas á má organisacao pedagogica; Desvios e incurvações da columna vertebral; escolioses, cyphose, lordose.Myopia. Tuberculose [...] Anemias-Rachitismo [...]. Hydrocephalia em suas relações com o desenvolvimento das faculdades psychicas [...] Paralysia Infantil-Epilepsia [...] Paludismo, especialmente nas escolas ruraes [...] Molestias infecciosas agudas [...] Variola, Sarampão, escalartina, diphteria, parotidite, coqueluche, dysenteria etc moléstias da pelle e do couro cabelludo, sarna, tinhas, etc; Ophtalmias; Frequencias das otites e otorreas (escorrimento pelos ouvidos) nas creancas, sua influencia na audição, cansaço cerebral – surmenage escolar (NINA, 1906, s/p)
Na edição de 15 de março, nota de que fora publicada na Revista do Norte o poema colocado em primeiro lugar do Concurso Poético:
O Governador do Estado, em mensagem ao Congresso do Estado, apresenta seu relatório de atividades do exercício do ano anterior, e refere-se à Educação Physica:
As aulas de Ginástica são suspensas nas escolas municipais
Em crítica a político eminente – Benedito Leite – com o título de “Peste de Caroço”, o autor faz um retrospecto do governo e, do momento, se refere às escolas e a introdução das aulas de Ginástica e a contratação de professor estrangeiro – de nome alemão:
Escolas particulares, de educação primária, como o Instituto Rosa Nina oferecem seus cursos, enfatizando o conteúdo dos mesmos. Nesse anuncio, chama-nos a atenção o método utilizado no Jardim de Infância – o de Froebel66, em que é enfatizado os ‘dons’: jogos, movimentos graduados acompanhados de canto.
66 Friedrich Wilhelm August Fröbel (Oberweißbach, 21 de abril de 1782 — Schweina, 21 de junho de 1852) foi um pedagogo e pedagogistas alemão com raízes na escola Pestalozzi. Foi o fundador do primeiro jardim de infância. http://pt.wikipedia.org/wiki/Friedrich_Fr%C3%B6bel
Um poema é publicado, falando das aulas de ginástica no Jardim de Infância:
Em setembro, convocam-se os sócios do Clube Ginástico Maranhense. Nota-se o símbolo dos “4 Fs” :
1904 - em carta ao Reitor do Seminário, M.N. pedia que fosse adaptado o seu currículo, com a inclusão de aulas de Ginástica, obrigatórias, e que o Diretor da Divisão de Educação Física poderia se responsabilizar pelas mesmas:
Anunciado o início das aulas da Escola de Ginástica, com a inclusão de mais uma escola municipal:
O salário do professor de ginástica, conforme os relatórios do Presidente da Província ao Congresso Estadual, permanecia em 1$200,000, tanto para o Liceu quanto para a Escola Normal; o Diretor da Educação Física recebia 7$200,000 e ainda havia uma verba de 600$000 para material de expediente de ginástica. Do relatório fica-se sabendo que o Professor do Liceu requerera licença de suas atividades e, logo a seguir, reclamava o salário de Diretor, por substituição por três meses ao Sr. Miguel Hoerhann. 1905 - sobre a fundação do Club Ginástico Maranhense, sob o titulo ‘Educação Physica”, aparece a informação de que Miguel Hoerhan não mais dirigia a Divisão de Educação Física:
A 29 de maio de 1905 o Diário anuncia a retirada do Diretor de Ginástica com a sua família – mulher e filho -, para o Rio de Janeiro:
Em outro anúncio, publicado em 1908, o "professor de instrucção physica" avisava que pretendia realizar "os exames de seus alumnos na próxima quinta feira" (em O MARANHÃO, Segunda-feira, 02 de março de 1908, p. 2, n. 257). No dia 26 de dezembro de 1907, é registrada uma partida de futebol entre alunos da Escola de Aprendizes Marinheiros, como parte de sua preparação física. O futebol, além de outras modalidades e atividades, principiava a se utilizado como prática de educação física nas escolas. 1911 Fran Paxeco escreve novo artigo sobre “jinastica’ (sic), ressaltando o trabalho de nosso professor de educação física:
Na década de 1920, havia debates sobre a educação escolar higiênica, bem como do exercício da cultura física representada nas atividades lúdicas (jogos e brincadeiras) e na chamada ginástica pedagógica como
meios de desenvolver a mente e corrigir possíveis desvios do corpo escolarizado. (COUTINHO e NASCIMENTO)67. Logo após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) ocorreu no Brasil muitas mobilizações para discutir publicamente e fortalecer a identidade nacional - a republicana. O debate sobre a identidade nacional tornou-se pauta comum entre os políticos e intelectuais brasileiros, foi considerado como uma necessidade pública para estabelecer ordem e progresso à Nação. E no Estado do Maranhão não foi diferente! Iniciativas particulares e filantrópicas começaram a mobilizar a grande massa analfabeta dos centros urbanos até mesmo em cursos noturnos (OLIVEIRA, 2012) 68. Para Rosangela Silva Oliveira (2012)59, a instrução pública no Estado do Maranhão, na Primeira República, adestrou comportamentos e sentimentos aos interesses do governo liberal republicano: Discuti-la publicamente alimentava o sonho popular de sair da escuridão das trevas do espírito (o analfabetismo) e trazia o crédito eleitoral e influência política ambicionados por muitos profissionais urbanos. Sempre secundarizada em favor de outras ações governamentais, ficava em evidência somente em momentos de crise política quando suas fragilidades eram expostas para desviar a atenção pública de outras mazelas sociais (OLIVEIRA, 2004) 69. Fran Paxeco idealiza e organiza o Primeiro Congresso Pedagógico do Estado do Maranhão entre o final de 1919 e início de 1920: Por estes dias, reunidos em sessão pedagógica da Faculdade de Direito, o diplomata português Fran Paxeco, presidente administrativo do Instituto da Assistência à Infância, diretor-geral do jornal local “A Pacotilha”, professor da Faculdade de Direito no Estado do Maranhão e lenthe da Congregação do Lyceu Maranhense, propôs aos colegas bacharéis e docentes do Instituto Superior acima mencionado a realização de um Congresso Pedagógico para apresentar teses e reflexões sobre a instrução pública maranhense, suas limitações e possibilidades. (OLIVEIRA, 2012)59. Nos Anais do 1º Congresso Pedagógico no Estado do Maranhão consta que no dia 18 de agosto de 1919, em reunião pedagógica presidida pelo vice-diretor desta Faculdade, o Dr. Henrique Couto, secretariado por Domingos de Castro Perdigão, os docentes Godofredo Viana, Manoel Jánsen Ferreira, António José Pereira Junior, António Lopes, Leôncio Rodrigues, Alcides Pereira, Costa Gomes, Lemos Viana, Abranches Moura, António Bona, Fabiano Vieira e Raimundo Lopes ouviram de Fran Paxeco o convite para realizarem um Congresso Pedagógico em fevereiro do ano vindouro (1920). A proposta foi aceita por unanimidade e imediatamente elegeram uma comissão organizadora, formada pelos drs. Godofredo Vianna, Fabiano Vieira, António Bóna, António Lopes e o próprio Fran Paxeco (MARANHÃO, 1922, citado por OLIVEIRA, 2012) 70. A carta-circular datada de 12 de janeiro de 1920 expedida pela Comissão Organizadora, destinada às escolas oficiais, aos colégios particulares e demais interessados em participar e/ou inscrever trabalhos, apontou os ramos de educação adotados e abertos para o diálogo pedagógico. Foram eles: 67
COUTINHO, Adelaide Ferreira; NASCIMENTO, Rita de Cássia Gomes. IDEÁRIO NACIONAL, DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO E CONTROLE NA PEDAGOGIA HIGIÊNICA EM SÃO LUÍS NO LIMIAR DO SÉCULO XX. Disponível em http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe5/pdf/897.pdf , acessado em 12/10/2012 68 OLIVEIRA, Rosângela Silva. FRAN PAXECO, LENTHE DA REVITALIZAÇÃO PEDAGÓGICA MODERNA NO ESTADO DO MARANHÃO, ORGANIZADOR DO 1º CONGRESSO PEDAGÓGICO EM 1920. IX Congresso Luso-Brasileiro de História da Educação – Rituais, Espaços e Patrimónios Escolares, Lisboa, 12 a 15 de julho de 2012, ANAIS IX COLUBHE 2012. http://colubhe2012.ie.ul.pt/ , disponibilizado por Dra. Rosa Paxeco Machado através de correspondência eletrônica pessoal em 12/10/2012 http://sn125w.snt125.mail.live.com/default.aspx#n=1557179640&fid=1&fav=1&mid=4b2f82ba-1480-11e2-b36f00215ad9df80&fv=1 69 OLIVEIRA, R. S. Do contexto histórico às ideias pedagógicas predominantes na escola normal maranhense e no processo de formação das normalistas na Primeira República. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Maranhão, 2004 70 Maranhão. Trabalhos do I Congresso Pedagógico. São Luis: Imprensa Oficial, 1922, in OLIVEIRA, 2012.
I – Educação Física: Jogos e brinquedos. Canto Coral. Despórtos. Recreios. Higiene Escolar e Doméstica. Inspècção médica. Assistência aos estudantes pobres. Caixas escolares. Cantinas. Balneários. Colónia de férias. II – Educação Intelètual: A) Música. Desenho. Lingua materna. Escrita e leitura. Aritmética e geometria. Sciéncias naturais. Geografia. História. Algebra e trigonometria. B) Astronomia. Fisica e química. Linguas estranjeiras. Psicologia. Filosofia. C) Trabalhos manuais. Agricultura. Economia. III – Educação técnica: Relações do ensino primário, secundário e superior com o ensino agrícola, veterinário, médico, jurídico, industrial e comercial. IV – Educação moral: Sentir, pensar, proceder. Culto da casa, da família, da pátria, da humanidade. Pais e professores. Deveres e direitos dos cidadãos. Consciéncia. Espirito Solidário. Toleráncia. Altruismo. V – Educação Estética: Arquitetura, mobiliário, decoração dos edifícios escolares. Conforto do lar e da aula. Simpatia pelos objetos e pelos estudos. Influxo das artes plásticas, na estrutura física, afetiva e mental dos sères humanos. Teses especiais sòbre: Faculdades, escolas de pedagogia, licèus. Educação vocacional. Atribuições pedagógicas e financeiras da União, dos estados e dos municípios. Organismos de técnicos, para superintender na escolha de horários, ortografia, livros, material, casas, etc. Estatística. Taxa escolar. Exames e promoções. Nomeação de professores. Escolas móveis ou ambulante (primárias e agrícolas). Exposições e museus. Bibliotecas infantis. Código do ensino: leis, decretos e regulamentos. Construções. Colégios particulares. Equiparações. Artes e ofícios. Colónias correcionais. Intercámbio de catedráticos das escolas superiores. (MARANHÃO, 1922 p. 4-5, citado por OLIVEIRA, 2012)59, 61. O regimento interno elaborado para o Congresso Pedagógico apresentou como objetivo geral de “obter e apreciar quaisquer estudos ou informações, preocupando-se designadamente com a instalação da escola, os métodos educativos, a escolha de compêndios e o preparo técnico dos professores” (MARANHÃO, 1922 p. 19) em oito sessões plenas: uma de abertura, uma de entrega das teses e da sua distribuição aos relatores, três para ao debate das matérias contidas nas cinco sessões, uma para as teses separadas, uma para a leitura das conclusões e de encerramento, com a obrigatoriedade de publicar os trabalhos apresentados. (OLIVEIRA, 2012)59. A terceira sessão, em 24 de fevereiro, presidida pelo prof. José Ribeiro do Amaral, presidente da Academia Maranhense, recebeu um público de treze professores, três alunas da Escola Normal, dois professores maristas, os quintanistas de medicina Domingos Perdigão e Mário Carvalho. Fran Paxeco registra a ausência de professores da rede municipal nas atividades do Congresso Pedagógico, abriu o debate sobre a primeira parte do programa Educação Física e recebeu as seguintes contribuições: duas indicações didáticas para a área temática de Jogos e Brinquedos, a indicação coletiva de sugerir oficialmente às autoridades governamentais um dia letivo específico para ensaios de hinos escolares e patrióticos, a proibição de ginástica em aparelhos para menores de dez anos, a solicitação de inspeção médica como medida de uma boa Higiene Escolar e Doméstica, também reclamaram a necessidade de um debate amiúde sobre a assistência aos estudantes pobres. (OLIVEIRA, 2012)59. A oitava sessão do Congresso Pedagógico, presidida pelo coronel Frederico Figueira, presidente da Comissão de Ensino do Congresso Legislativo, no dia 29 de fevereiro com um público de vinte e cinco professores e uma quartanista da Escola Normal, se constituiu de debates e reflexões sobre as condições estruturais das escolas primárias, a superlotação das salas de aulas, destacando as vantagens dos jogos e brincadeiras para o infante maranhense. (OLIVEIRA, 2012)59. Uma nona sessão ainda foi realizada, dia 1 de março, para a leitura dos Relatórios com as conclusões na área de Educação Física relatado por Luiz Viana, Educação Intelectual por Antonio Lopes da Cunha, Educação Moral por Rosa Castro e rápidas considerações sobre Educação Técnica, Educação Estética e Teses Especiais:
Contou com a visita-surpresa do governador do Maranhão, o dr. Urbano Santos que expressou em discurso as desvantagens do ensino clássico e livresco, incentivando os professores presentes a deixarem ridículas verbiagens e aplicarem em sala de aula, com constância, a virtude da vontade de aprender. Fugir da parolajem inútil de conteúdos abstratos, idéia pedagógica moderna de Pestalozzi e Froebel. (OLIVEIRA, 2012)59. Entre as teses apresentadas, anexadas por Fran Paxeco nos Anais deste Congresso Pedagógico estão diretrizes pedagógicas importantes à instrução pública no Estado do Maranhão. Na primeira seção do 1o Congresso Pedagógico estão as teses especiais sobre educação ou cultura física onde os principais assuntos são apresentados pelo professor maristas Paulo Domingos. Ele reflete sobre as vantagens de realizar jogos no colégio. Ele não apoia muito o esporte “football” na escola, mas aprecia jogos recreativos no pátio da escola. “Dos jogos no Colégio” do Prof. marista Paulo Domingos ‘É preciso que os alunos brinquem, se distráiam, dispendam em passatempos inocentes a exuberáncia de seiva, a vivacidade do humor, o ardor do sangue que néles corre. Faz-se indispensável o ar, o espaço, o sol, o movimento, o barulho, para o crescimento do seu sèr e o desenvolvimento de suas energias (MARANHÃO, 1922 p. 43). Em outra comunicação a Prof. Rosa Castro chega a explicar didaticamente como realizar os jogos e brincadeiras. Sobre a “Cultura Física”, da Profa. Hermindia Augusta Soares Ferreira Quando um aluno estiver inactivo, deve-se inspeccioná-lo, porque, doente o físico, enfèrmo ficará o espírito (MARANHÃO, 1922, p. 51). A aplicação dos jogos merece, entretanto, um especial cuidado dos professores ou, melhor, dos inspectores médicos, a quem incumbe a verificação da capacidade física e mental dos alunos e consequente separação, entre os normais e os anormais, calibrando, de acordo com este critério, a prática dos exercícios. Também é digna de interesse a racional classificação dos jogos, afim de se conseguir a sua gradação pedagógica ( ibid, p. 52). Luiz Viana, o relator desta seção aponta o francês Tissier (Philippe Tissiê iniciador da educação física na França)71 como a influência pedagógica aceita pelos professores normalistas, mas não ignora a classificação de Courmont, Desfosses. Em 1901, Philippe Tissié defendia que a Educação Física não deveria ser interpretada como simples exercícios musculares do corpo, mas também como um processo psicomotor, que se traduz pela constante relação entre o movimento e o pensamento (Costa, 2008) 72. Tissié foi precursor da intervenção sobre o corpo, porém ainda voltado às áreas médicas, divide o conhecimento científico com abordagem corporal em dois ramos: ginástica pedagógica, destinado ao acompanhamento do desenvolvimento das crianças e a ginástica médica, voltados à reabilitação das crianças (SILVA, 2007) 73. Precursor dos psicomotricistas atuais por ter-se oposto, na França, à ginástica, propondo que fossem consideradas as relações entre pensamento e movimento, quando então surge a disciplina que será denominada Educação Física. Opõe-se à educação física militarizada e propõe uma educação pelo 71 (http://www.ciepre.puppin.net/considiniciais.html ). 72 COSTA, J. (2008). Um olhar para a criança: Psicomotricidade Relacional. Lisboa: Trilhos Editora. http://brincarecrescercomapsicomotricidade.blogspot.com.br/2011/10/historia-e-evolucao-da-psicomotricidade.html 73 SILVA, Daniel Vieira da. Educação Psicomotora, no Brasil Contemporâneo: decomo as propostas tangenciam a relação educaçãotrabalho. Curitiba, 2007. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Federal do Paraná (UFPR). Disponível em:<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=99866> acesso em 21 abr. 2012
movimento, posteriormente retomada por Le Boulch74. Esse pode ser considerado como o nascimento do que se denomina: Educação Psicomotora e Reeducação Psicomotora. Não há registro escrito feito por Fran Paxeco, mas o relator Luiz Viana declara que houve nesta sessão a solicitação de pedir ao governo do Maranhão a construção de um prédio (que ele chamou de pavilhão) no Parque Dr. Urbano Santos para a realização de exercícios físicos. Para Oliveira (2012) 59, internalizando princípios escolanovistas, as proposições destas diretrizes pedagógicas propõem reflexões para educar o corpo e a mente dos alunos com estímulos importantes para atrair sua atenção, curiosidade, desejo e vontade de aprender conhecimentos teóricos pela e na experiência prática, segundo orientava a Pedagogia Moderna, apoiada em estudos de Pestalozzi75 e Froebel76, entre outras contribuições teóricas. Não se pode negar a grande contribuição de Fran Paxeco (OLIVEIRA, 2012) 59, seu idealizador, que, obviamente, não faria tudo sozinho, mas sem a sua obstinação e articulação política pouco seria feito. O testemunho escrito das theses organizadas nos Anais deste evento mostraram a seriedade e profundidade do conhecimento científico exibido, o que aponta sua grande contribuição à instrução pública. As palavras escritas no seu tratado de Geografia e História exprimem seu amor ao Maranhão, ao magistério e aos infantes maranhenses, com um espírito pestalozziano moderno: “Sejamos geógrafos. Prendâmo-nos ao solo. Despeguemo-nos das alturas nebulozas do abstrato, e regressemos ao campo da ação rial, da humanidade e da vida” (MARANHÃO, 1922, p. 640-41; (OLIVEIRA, 2012)59. Mas vale ressaltar que o otimismo pedagógico construído no seio da instrução pública do Estado do Maranhão não foi suficiente para resultar em reformas educacionais imediatas. Estas só ocorreram uma década depois, em 1931, e continuou alto o índice de pessoas analfabetas na classe popular. O tradicional colégio 15 de novembro realiza seus exames de final de ano. Convida todos os alunos, professores, tutores, responsáveis, para assistirem às provas. Na de Ginástica, prática, realizada dia 10 de dezembro, um domingo, os alunos foram examinados nas destrezas em vários aparelhos:
74
(http://www.ciepre.puppin.net/considiniciais.html ). 75 Johann Heinrich Pestalozzi (Zurique, 12 de janeiro de 1746 — Brugg, 17 de fevereiro de 1827) foi um pedagogo suíço e educador pioneiro da reforma educacional. Em 1801 Pestalozzi concentrou suas idéias sobre educação num livro intitulado "Como Gertrudes ensina suas crianças" (Wie Gertrude Ihre Kinder Lehrt). Ali expõe seu método pedagógico, de partir do mais fácil e simples, para o mais difícil e complexo. Continuava daí, medindo, pintando, escrevendo e contando, e assim por diante. http://pt.wikipedia.org/wiki/Johann_Heinrich_Pestalozzi. 76 Friedrich Wilhelm August Fröbel (Oberweißbach, 21 de abril de 1782 — Schweina, 21 de junho de 1852) foi um pedagogo alemão com raízes na escola Pestalozzi. Foi o fundador do primeiro jardim de infância. http://pt.wikipedia.org/wiki/Froebel; VER também http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/4-a-6-anos/formador-criancas-pequenas-422947.shtml
É de 1907 o nascimento das atividades esportivas no Maranhão se deu pelas mãos de Nhozinho Santos Joaquim Moreira Alves dos Santos -, quando foi fundado, em 1907, o Fabril Athletic Club. Nessa primeira década do século XX, a juventude maranhense estava principiando a entender o quanto era importante praticar esportes e desenvolver a formação física. Miguel Hoerhan foi nosso primeiro professor de Educação Física, tendo prestado relevantes serviços à mocidade ludovicense, como professor na Escola Normal, Escola Modelo, Liceu Maranhense, Instituto Rosa Nina, nas escolas estaduais e até nas municipais, estimulando a prática da cultura física.: "E para coroar de êxito esse idealismo, esteve à frente da fundação do Club Ginástico Maranhense..."; é inaugurado o Fabril Athletic Club, a 28 de outubro. Várias demonstrações de ginástica, de jogos – denominados ‘gaiatos’ -, cabo de guerra, e o tão esperado jogo de futebol. O Governador do Estado, presente, lastimou-se por não poder continuar com as aulas de Ginástica:
O sexo feminino também tinha suas aulas de ginástica, pois fazia parte do currículo da Escola Normal, conforme resultado dos exames publicados, como era comum à época:
CURSO ANEXO Foi este o resultado dos exames de hontem: GYMNÁSTICA Núbia Carvalho, Maria Varella, Neusa Lebre, Hilda Pereira, Margarida Pereira, Almerinda Parada, Leonor Rego, Rosilda Ribeiro, Fanny Albuquerque, Agrippina Souza, Cecilia Souza, Roza Martins, Esmeralda Paiva, Neusa Silva, grau 10 Faltaram 12. (O MARANHÃO, Sexta-feira, 15 de novembro de 1907). No dia 26 de dezembro é registrada uma partida de futebol entre alunos da Escola de Aprendizes Marinheiros, como parte de sua preparação física. O futebol, além de outras modalidades e atividades, principiava a se utilizado como prática de educação física nas escolas: "Aprendizes Marinheiros: Hontem, às 4 horas da tarde, os aprendizes marinheiros, fizeram exercícios de 'foot-ball' na arena do Fabril Athletic Club e um assalto simulado de florete, sob a direção do respectivo instructor da Escola. Os alumnos revelaram-se disciplinados e agiram com muito garbo e desembaraço.Domingo próximo, às 5 horas da manhã, haverá novo exercício no mesmo local". (O MARANHÃO, 26/12/1907). Em um outro anúncio, publicado em 1908, o "professor de instrucção physica" avisava que pretendia realizar "os exames de seus alumnos na próxima quinta feira" (em O MARANHÃO, Segunda-feira, 02 de março de 1908, p. 2, n. 257). O FAC fez as reformas de seus estatutos, para incluir o manejo de armas - prática do tiro - entre suas atividades, com o fim de prestar um serviço à juventude, valendo-se da Lei do Sorteio Militar. Com a ajuda do então tenente Luso Torres, foi fundada uma seção de Instrução Militar, a fim de preparar os sócios que nela quisesse tomar parte e gozar dos favores da referida lei. Talvez para se beneficiar dessa Lei, e livrar os jovens da elite maranhense da instrução militar, o Tiro Maranhense informava que já chegava a 120 o número de pessoas inscritas naquela Sociedade. Em 10 de abril é anunciada a posse da diretoria, na Câmara Municipal. (O MARANHÃO, sábbado, 03 de abril de 1909). Ao mesmo tempo em que era anunciada a criação de um clube para a prática dos esportes, "UM CLUBE ESPORTIVO - Fundado um club esportivo - Club Zinho - com o fim de proporcionar aos seus associados diversão como sejam passeios maritimos, pic-nic, exercícios físicos, ginástica pelos processos mais modernos. Presidente: Hilton Raul - Vice presidente: Guilherme Matos".( O JORNAL, 05 de maio de 1915) Nas datas importantes, o jogo de futebol aparece como parte das programações, como as comemorações da Batalha do Riachuelo, pela Escola de Aprendizes Marinheiros, quando seriam executadas "Gymnástica Sueca com armas, Gymnástica sueca sem armas, corridas com três pernas, corrida do sacco" e uma partida de futebol, entre os "teams" "Marcílio Dias" e um formado por representantes do F. A. Club. (Jornal O ESTADO, 10 de junho de 1916). No final de 1916, é anunciado para o dia 3 de dezembro a inauguração do Bragança Sport Club, contando a programação com uma regata entre as equipes 1 e 2, a se realizar no Rio Bacanga, às 7 horas da manhã. Às 15 horas, estavam programados exercícios militares pelos alunos do Instituto Maranhense; às 16 horas, haveria um "Momento Literário", com recitação de poesias e monólogos, pelos sócios, e ,às 17 horas, a partida de foot-ball entre os teams 1 e 2. Às 19 horas, a sessão solene de inauguração, seguida de soireé dançante. "Como um novo sol refletindo nas paragens longínguas do azul, appareceu o Club Sportivo 'José Floriano'", fundado por um grupo de rapazes de nossa terra com o fim único de "cultivar o physico e revestir de ganho e belleza todas as linhas plasticas do corpo". (Jornal O ESTADO, 30 de novembro de 1916). Com essas palavras era saudada a fundação de mais um clube esportivo em São Luís. O nome, em homenagem ao maior dos mestres da cultura física do país: "inflamando-se de enthusiasmo e de energia
para combater o enfraquecimento de uma geração e dar vida e armonia aos músculos, admirados com embevecimento, nos grandes athletas e nas antigas estátuas de mármore guardadas nos velhos museus de Roma e Grécia", dizia F. de Souza Pinto, ressaltando o quanto era importante a boa forma física em Grécia e Roma antigos, nos Estados Unidos e na Alemanha atuais, como exemplo de uma raça: "E o Brasil, a terra verdejante de palmeiras e bosques floridos tem também os seus representantes e mestres de luta e acrobacia em que figura como principal elemento de nossa raça o afamado José Floriano Peixoto, cujo nome cercado de sorrisos e de feitos foi escolhido por patronimico do club, que acaba de apparecer nesta terra tristonha do norte, que há-de um dia figurar nos campeonatos, tendo para saudar as suas victórias a música melodiosa dos cântigos cheios de saudade e poesia dos nossos queridos sabiás". (F. de Souza PINTO, in "O ESTADO", 15 de fevereiro de 1917). Em relatório de 1917, encaminhado à Câmara dos Vereadores pelo Intendente Municipal era relatada a situação da Instrução Pública, de há muitos anos lutando com as dificuldades e a precariedade das instalações das diversas escolas municipais:
Pacotilha, 13 de dezembro de 1917 Interessante esse anuncio d’ A Pacotilha de 11 de setembro de 1919:
Os Maristas ofereciam, em 1920, em seu curriculo, aulas de Ginástica Sueca, - e de exercícios militares:
Em outubro de 1920, são publicados diversos avisos de que as aulas do Liceu Maranhense haviam iniciado, inclusive as dos cursos profissionais, incluídas as de Ginástica. Haveria aulas aos sábados, inclusive. A 9 de dezembro são marcados os exames dos colégios equiparados, com a indicação da banca examinadora; a seguir, saem os resultados :
Em O Jornal, agosto de 1921, um leitor faz referência ao Tiro de Guerra, e às suas lembranças de quando desfilava pelas ruas da cidade, em desfile militar. Defende a ginástica como necessária à educação dos jovens:
O “Tiro Maranhense” foi fundado em 1909 para se beneficiar da Lei do Sorteio Militar e livrar os jovens da elite maranhense da instrução militar. Informava que já chegava a 120 o número de pessoas inscritas naquela Sociedade. (O MARANHÃO, sábbado, 03 de abril de 1909). O Fabril Athletic Clube – fundado um ano antes, 1907, como clube esportivo -, em uma das reformas de seus estatutos, incluí o manejo de armas - prática do tiro - entre suas atividades, com o fim de prestar um serviço à juventude, valendo-se da Lei do Sorteio Militar. Com a ajuda do então tenente Luso Torres foi fundada uma seção de Instrução Militar, a fim de preparar os sócios que nela quisesse tomar parte e gozar dos favores da referida lei. O Clube Euterpe – primeiro clube social e esportivo fundado em São Luís, no ano de 1904, e extinto em 31 de dezembro de 1910 - passou a difundir, dentre outras atividades esportivas, o "tiro ao alvo", a partir de 1908, valendo-se da Lei do Sorteio Militar. Deve-se levar em consideração que havia, entre os clubes e as escolas, a oferta de exercícios militares, uma espécie de ‘servir ao Exército’, em que a instrução militar era dada nos próprios estabelecimentos, por oficiais, ao invés de ‘prestação do serviço militar’; aos que participassem dessas atividades – nos clubes e/ou escolas – estariam isentos do serviço militar... daí a inclusão de “Tiro” em nossos clubes.
A Pacotilha, 1º de setembro de 1910
Os exames da Escola Normal Primária nos trazem os nomes dos examinadores da disciplina de Ginástica, assim como a dos alunos que prestaram os referidos exames naquele ano de 1921; nota-se entre os alunos Luis M. Rego:
Em novembro de 1922, aviso do Centro de Cultura Física comunicando o afastamento do professor de ginástica dinamarquesa:
Aanuncio de aparelhos de ginástica
As escolas apresentam, seus novos currículos, devido à Reforma do Ensino, baixada pelo Decreto n. 16.782 de 13 de janeiro de 1925:
A partir de 1925, a disciplina de Ginástica passa a ser obrigatória no ensino Ginasial:
No Liceu Maranhense havia a troca de professores de Ginástica, conforme quadro de professores daquele ano, publicado n’ A Pacotilha, em 10 de abril de 1926:
O Curso Profissional do Liceu Maranhense- Normal, que era ministrado na Escola Modelo Benedito Leite, no final de 1926, contava com as seguintes alunas, que seriam examinadas pela banca formada pelos professores:
A Folha do Povo, de março de 1927 publicava nota de que era contratado um professor alemão – Carl Bender -, para as aulas de ginástica, assim como esse mesmo professor era contratado para lecionar em novo estabelecimento de ensino que abria:
Outra escola anuncia seus professores, inclusive o de Ginástica, em destaque aos demais, o Tent. Jonas Porciuncula de Moraes:
Nesse mesmo jornal, no mês seguinte, 19 de maio de 1927, aparece a seguinte nota:
Em maio de 1928, aparece uma pequena nota, referindo-se às aulas do professor alemão:
No Liceu Maranhense, lá estava ele, como examinador dos alunos do Curso Normal, na disciplina de Ginástica, junto com professoras examinadoras. Apenas uma aluna aprovada – Esther Nina, com grau 6...
Já aparecera artigo condenando o Boxe, luta realizada no Teatro Arthur Azevedo. Discutia-se sua adequação como prática esportiva, condenando-o, especialmente a luta preliminar, de dois amadores, alunos de um de nossos estabelecimentos de ensino.
Novamente, nessa fase de consolidação dos esportes no Maranhão, algumas atividades esportivas eram colocadas como perigosas para a juventude. Logo acima, reclamação de pais sobre as aulas de ginástica a que eram submetidas as mulheres. Outra nota condena o futebol, esporte não próprio para nosso clima, porém exaltando outras atividades físicas/esportivas:
As mudanças no ensino secundário (1925) também se deram no interior, como esta nota do relatório do Governador, de 1929, em que se refere à cidade de Viana, onde se oferecia a cadeira de Ginástica:
Também em Cururupu havia a oferta da cadeira de Ginástica, conforme aviso de nomeação de professor, de 1929:
1935 - aparece um anúncio de aulas de Ginástica:
Em A Pacotilha de abril de 1936, o Dr. Cesário Veras, então deputado, pronuncia um discurso defendendo a educação física; faz um pequeno histórico de sua implantação:
Assim, nesse mesmo ano é aprovada a Lei que estabelece a obrigatoriedade da prática da Educação Física nas escolas estaduais, conforme publicação em A Pacotilha de 6 de maio de 1936:
O voleibol, em São Luís, era bastante praticado na década de 30, como lembra o Sr. Glacymar Ribeiro Marques77. Chegado na cidade em 1937, passou a jogar voleibol no Colégio de São Luiz, participando das Olimpíadas Intercolegiais, ao lado de Rubem Goulart (professor de educação física da ETFM, já falecido); Alexandre Costa (senador, já falecido); José Carlos Coutinho (coronel do exército); coronel José Paiva, e Raimundinho Vieira da Silva (ex-deputado, suplente de Senador, presidente do grupo de comunicações Vieira da Silva). Em 1937, já existia o Grêmio 8 de Maio, e sua equipe era formada por Zé Rosa, Manolo, Zé Heitor Martins, Reinaldo Nova Costa, Raposo, Rubem Goulart, Paulo Meireles, Zé Carvalho, Zé Meireles. Desses, vamos encontrar Rubem Goulart e Zé Rosa como professores de educação física, formados pela Escola Nacional, nos anos de 1941 e 1942, respectivamente, sendo que Zé Rosa vai ser professor de Dimas, no Liceu Maranhense 78. O SERVIÇO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ESTADO 79 Em 1942, o Governo Federal distribuíra bolsas para a recém criada Escola Nacional de Educação Física Decreto-Lei n. 4.029, de 19 de janeiro de 1942, institui bolsas de estudos para a Escola nacional de Educação Física e Desportos; Portaria 357, de 28 de julho de 1943, do Departamento Nacional de Educação, dispõe sobre a concessão de bolsas de estudos instituídas para a Escola Nacional de Educação Física e Desportos e o então prefeito de São Luís, Pedro Neiva de Santana, convidou o jovem médico Alfredo Duailibe80 para cursar especialização em Medicina Desportiva, juntamente com Rubem Goulart, Mary Santos, Maria Dourado e Lenir Ferreira, estes, para cursarem Educação Física.
77
GLACYMAR RIBEIRO MARQUES – in BIGUÁ. Edivaldo Pereira; BIGUÁ, Tânia. Onde anda Você ? Glacymar Pereira Marques. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 26 de março de 2001, Segunda-feira, p. 4. Esportes.
78
BIGUÁ. Edivaldo Pereira; BIGUÁ, Tânia. Onde anda Você ? Glacymar Pereira Marques. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 26 de março de 2001, Segunda-feira, p. 4. Esportes. 79 Extraido de Capítulo do livro ‘QUERIDO PROFESSOR DIMAS’, de autoria de leopoldo Gil Dulcio Vaz e Denise Martins de Araújo
Bibliografia do Capítulo BIGUÁ, Tânia; BIGUÁ, Edivaldo Pereira. Onde anda você ? Dr. Alfredo Duailibe. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 26 de abril de 1998, Segunda-feira, p. 4. Caderno de Esportes; BIGUÁ, Edivaldo Pereira; BIGUÁ, Tânia. Onde anda você? Professor Furtado, um mito do atletismo. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 20 de setembro de 1999, Segunda-feira, p. 4. Esportes). BUZAR, Benedito. Alfredo Duailibe ao oitenta anos: vitorinista, graças a Deus. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 16 de outubro de 1994, Domingo, p. 20-21. Caderno Alternativo. BUZAR, Benedito. Eurípedes Bezerra: o homem que derrotou as forças do "general" Bastinhos. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 6 de agosto de 1995, Domingo, p. 26. Caderno Alternativo; BUZAR, Benedito. EURÍPEDES, UMA VIDA, UMA HISTÓRIA (O HOMEM QUE DERROTOU AS FORÇAS DO "GENERAL" BASTINHOS). (s.l.; s.e.; s.d.). (edição mimeografada). BUZAR, Benedito. VITORINISTAS & OPOSICINISTAS. São Luís : Lithograf, 2001 Decreto-Lei n. 771, de 23 de agosto de 1943, do governo do Estado do Maranhão, cria o Serviço de Educação Física. Decreto-Lei n. 4.029, de 19 de janeiro de 1942, institui bolsas de estudos para a Escola nacional de Educação Física e Desportos; Portaria 357, de 28 de julho de 1943, do Departamento Nacional de Educação, dispõe sobre a concessão de bolsas de estudos instituídas para a Escola nacional de Educação Física e Desportos FERREIRA NETO, Amarílio. Escola de Educação Física do Exército (1920-1945): origem e projeto político-pedagógico. In FERREIRA NETO, Amarílio (org.). PESQUISA HISTÓRICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA. Aracruz-ES: Faculdade de Ciências Humanas de Aracruz, 1988, vol. 3 NUNES, Patrícia Maria Portela. MEDICINA, PODER E PRODUÇÃO INTELECTUAL. São Luís: UFMA-PROCIN-CS, 2000. REGO, Luis de Moraes. CULTURA E EDUCAÇÃO. São Luís: Sioge, 1980 80 ALFREDO DUAILIBE nasceu em 19 de outubro de 1914. Foi o primeiro médico maranhense a ingressar em uma Escola de Educação Física com o objetivo de se especializar em Medicina Desportiva. Deputado Federal, suplente de Senador, Senador, Vice-governador - tendo assumido o governo do Estado por cinco dias, de 25 a 31 de janeiro de 1966, dando posse ao governador eleito, José Sarney; Foi professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Maranhão, atuando também no Curso de Educação Física, como professor, até se aposentar, em 1984. Faleceu em 2010. in BIGUÁ, Tânia; BIGUÁ, Edivaldo Pereira. Onde anda você ? Dr. Alfredo Duailibe. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 26 de abril de 1998, Segunda-feira, p. 4. Caderno de Esportes
Um ano antes, o hoje Coronel PM reformado, Eurípedes Bernardino Bezerra81 fora para a Escola de Educação Física do Exército fazer o Curso de Sargento Monitor de Educação Física: "...fui fazer Escola de Educação Fisica no Rio de Janeiro, na época do Governo de Paulo Ramos, em 1941; a do Exército, do Parque São João, na Urca - [Eurípedes esclarece que não foi "naquela turma" de bolsistas] ... naquela, em 1942, já Zé Rosa [José Rosa], meu amigo Braga [Luis Gonzaga Braga], Rinaldi [Maia], indicados por mim, que cheguei formado. ...fui indicado pelo governo de Paulo Ramos para ir fazer educação física com mais três colegas [- para fazer o curso de monitor de educação física] -, Bartolomeu [Freire], Nonato [Raimundo Nonato Santos] e Papagaio [Emílio Vieira]. Um ano de duração, aí Bartolomeu foi reprovado e eu fiquei sozinho, ele foi fazer o curso das Armas, eu fiquei sozinho, aprovado em Educação Física, do governo Euclides Figueiredo - pai de João Batista Figueiredo, Presidente da República -, Euclides Figueiredo, ia se diplomar nosso monitor, foi licenciado como professor. [Retorna ao Maranhão] Em 1942, e fui logo indicado para lecionar no Colégio Marista e Colégio São Luís, do professor Luís Rego e do professor irmão Floriano, do Colégio Marista. "[Na Polícia Militar] Era responsável pela educação física, Diretor da Educação Física do quartel, com os meus companheiros auxiliares, Emílio me auxiliava, sargento Sirino, com serviço prestado, eles ajudavam no quartel, também o Soares Nascimento, hoje dentista formado." (BEZERRA, Eurípedes. Entrevistas) Ao regressar de seu curso de especialização, o Interventor Paulo Ramos nomeou o Dr. Alfredo Duailibe para trabalhar no Departamento Geral de Instrução Pública. Propôs ao Prof. Luiz Rêgo, então seu Diretor, a criação do "Serviço de Educação Física" - Decreto-Lei n. 771, de 23 de agosto de 1943, do governo do Estado do Maranhão, cria o Serviço de Educação Física, – SEFE -, muito embora já havia sido criado em 1903. Em abril, dava início a uma nova fase da Educação Física no Maranhão: os alunos da rede pública e privada seriam submetidos a exames periódicos de saúde e a adoção da prática da educação física nas escolas... O Coronel Eurípedes lembra como foi esse início, e quais eram os professores que atuavam na época: “Alfredo Duailibe... formado em educação física médica, junto com Laura Vasconcelos 82, formado no Rio de Janeiro; quando ele chegou, eu convidei ele para ser médico do Marista, reivindiquei ao Marista e o Marista convidou ele, e ele ficou como médico especializado de educação física fazendo os exercícios... Exercícios não, exames biométricos; eu fazia os práticos e ele fazia o exame biométrico e dava para mim, eu tenho a relação de todos os alunos daquela época... [Perguntado se lembra quando em 1943, foi criado o Serviço de Educação Física do Departamento de Instrução Pública, do Governo do Estado afirmou que] ... Lembro, lembro, me lembro muito bem... Chamaram a Mary Santos, chamaram a Lenisse - Mary Santos era a chefa [lembrado que o primeiro diretor foi Alfredo Duailibe, disse que ele, Alfredo]... É convidado, ajudando e colaborando com Laura Vasconcelos e mais tarde Mary Santos e Zé Maria Dourado, 81
EURÍPES BERNARDINO BEZERRA - nasceu em 17 de dezembro de 1915, na cidade de Curador (hoje, Presidente Dutra); filho de Ludgero Alves Bezerra (cearense) e de Maria Bernardina de Oliveira (maranhense). Maria Bernardina era irmã do legendário Manoel Bernardino, o Lenine do Sertão. Ingressou na Polícia Militar, como soldado, em 1936; promovido a 3º Sargento, por ter feito curso de enfermeiro; em 1941, foi para o Rio de Janeiro cursar Educação Física, na Escola do Exército, a mando do Interventor Paulo, Ramos; na volta, passa a ser o responsável pela educação física na Polícia e torna-se professor dos colégios Marista e São Luís. Em 1967, é reformado no posto de Coronel PM, após passar pelo Gabinete Militar do Governo Sarney - José Sarney fora seu antigo aluno de educação física, nos Maristas. Foi Deputado Estadual, Prefeito de Imperatriz, Vereador por São Luís; Delegado de Polícia em 105 municípios maranhenses. Por 65 anos prestou serviço público; 55 anos de casamento; 35 de Lions Clube; 40 anos de PTB. Já falecido. In BUZAR, Benedito. Eurípedes Bezerra: o homem que derrotou as forças do "general" Bastinhos. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 6 de agosto de 1995, Domingo, p. 26. Caderno Alternativo; BUZAR, Benedito. EURÍPEDES, uma vida, uma história (o homem que derrotou as forças do "general" Bastinhos). (s.l.; s.e.; s.d.). (edição mimeografada) . BUZAR, Benedito. VITORINISTAS & OPOSICINISTAS. São Luís : Lithograf, 2001, p. 175-184 82 LAURA VASCONCELOS, médica pediatra, mulher de Carlos Vasconcelos; trabalhava junto com este no Serviço de Educação Física
que durou pouco e foi emborca para o Rio; e uma menina, prima legítima do Dimas,... Como é o nome dela? A sobrinha dele, professora também, essa é a prima legítima dele, se formou em educação física e se mudou para o Rio de Janeiro83. "[Trabalhando em Educação Física havia poucos professores]... muito pouquinho tinha o professor Bonifácio, mas era só Sargento do Exército, não tinha curso, a gente marginalizou; agora Eurípedes, Rosa84, Braga85, Inaldo e Dimas, já quando chegou, entrou na área de educação física; Luis Aranha86 ... professor velho ... professor leigo, meu velho amigo no Liceu, trabalhamos juntos inclusive em demonstração dessas festas patrióticas, Dia do Estudante, fazendo passeatas, indo ao 24° BC, fazendo passeatas do quartel, todo mundo junto ia visitar o 24°BC no dia 25 de Agosto, Dia do Soldado...". (BEZERRA, Eurípedes. Entrevistas). Devido às suas constantes missões, como militar, no interior do Estado - foi nomeado delegado de polícia em inúmeras cidades - tinha que se afastar de São Luís constantemente. Nessas ocasiões: "Eu deixava o Júlio87 para dar aula e assinava no final do mês. O Júlio Adis Pereira e Edmundo Soares do Nascimento e José Raimundo Sirino; eles davam aula e no final do mês eu assinava por eles, mas vinha sempre todo mês dava a minha participação direta, quase sempre. "No Brejo, no Brejo [uma das cidades em que foi delegado, mantinha turmas de educação física para os jovens] com uma turma com quase 50 alunos de 6:00 às 7: 30 e já vejo alunos até na Aeronáutica, até na América do Norte, até na VASP e em Nova York encontro aluno meu nesse Brasil todinho por aí. No Balsas, por onde passei, fizemos uma Colônia de Férias, Colônia de Férias em Pedreiras, e em Imperatriz e Colônias de Férias em Bacabal e em Japiruí onde passei lá 17 anos; em Cururupú, em Codó, em Pedreiras, essa sociedade todinha são formadas hoje que estamos integrados nos exercícios físicos, conhecer o vigor dos músculos, a potência do cérebro e a jovialidade do espírito." Em todas elas eu colocava Educação Física. Em Cajarí mataram o Prefeito, mataram o Delegado e mataram o Presidente da Câmara, mataram o Presidente do Correio, o homem da oposição, mataram o chefe do destacamento... Fazia tudo isso, e eu fui o delegado, mas nunca deixei de pegar de manhã de 7 às 8, uma turma de 30 a 40 meninos de educação física; quando encontro gente por aí esse filho do Jurivê Macedo (Sérgio Macedo) foi meu aluno no Bairro de Fátima [Bairro de Imperatriz]. Eu, já eleito Prefeito, dando aula de educação física lá no Bairro de Fátima dando aula para 50, 60, alunos, para ver exercício em prática e atuais e atuais evoluções, jogos e diversões e exercícios individuais e coletivos. (BEZERRA, Eurípedes. Entrevistas). Essa sua passagem como delegado de Brejo é objeto de notícia pelo jornal "O Esporte" [São Luís, 18 de janeiro de 1948, Domingo, p. 4], que anuncia que Eurípedes pretende continuar seu trabalho com os esportes. "Além de bons quadros de futebol e de basquete pretende desenvolver outras modalidades de esporte, porém não participará do torneio intermunicipal". O Coronel Eurípedes esclarece que Rubem Teixeira Goulart cursou a Escola Nacional de Educação Física no mesmo ano que ele, 1941: "Rubem88 não, ele já era formado, é da turma de 1941... Para essa escola foi Mendes Santos, Urbano Santos (?), Maria Dourado, Zé Rosa, Inaldo e Nego Braga ... quando eles chegaram, 83
Refere-se a EUNICE BEZERRA, veio também formada da Escola Nacional de Educação Física; casou-se e foi para o Rio de Janeiro 84 ROSA – refere-se a José Rosa, professor de Educação9 Física do Liceu Maranhense 85 BRAGA – Nego Braga - como era conhecido LUIS GONZAGA BRAGA, Professor de Educação Física da Escola Técnica Federal do Maranhão - ETFM - e um dos incentivadores e criadores dos Jogos Estudantis do Ensino Industrial - JEBEI - e Jogos Estudantis do Ensino Médio - JEBEM -, na década de 60, nos quais a ETFM conseguiu alguns resultados EXPRESSIVOS. 86 LUIS ARANHA – secretário do Liceu Maranhense, um dos grandes incentivadores do esporte estudantil, tendo construído uma quadra de voleibol em sua casa. 87 JULIO ADIS PEREIRA - Conhecido como Nego Júlio – um dos primeiros professores de educação física do estado. Foi oficial da PM 88 Refere-se a RUBEM TEIXEIRA GOULART – ver nota ...
dois foram para a Escola Técnica, eu não foi porque o Governo disse que eu era obrigado a pagar as passagens, o curso lá do Rio, eu era obrigado a pagar senão, senão eu não podia sair da Polícia, só se eu pagasse as despesas do Curso que eu fiz lá todinho, aí eu fiquei na Polícia. Júlio não se formou, foi meu auxiliar, porque era bom praticante nesses exercícios físicos e eu aproveitei nos esportes. O professor Furtado89 já é antigo, ele já era professor de corrida, esse também era bom em exercícios físicos, eu convidei para me auxiliar no Colégio Marista; ainda hoje permanece educando Educação Física com 93 anos...". (BEZERRA, Eurípedes. Entrevistas). Em entrevista ao jornal "O Esporte", edição de 23 de abril de 1950, o próprio Rubem afirma que foi para a ENEF em 1942. No Liceu, em 47, como professor de Educação Física, José Rosa - na época tinha chegado, junto com Rubem Goulart, da Escola Nacional de Educação Física. “... quem me despertou [para a educação física] foi o professor José Rosa. Então eu participei até de demonstração de Educação Física que ele fazia; foi quando eu comecei a desenvolver e pegar corpo ... [as aulas eram de ... ] Ginástica Geral e Calistenia90; foi onde eu comecei a me desenvolver, o meu físico, o corpo, tanto que quando ei cheguei no Exército eu já estava formando, já estava com um corpinho já .... no Liceu, só futebol e ginástica de um modo geral. Eles faziam naquela época muitos exercícios acrobáticos, salto, mas não tinha característica nenhuma de ginástica, o nome era esse, ginástica acrobática91". (DIMAS, Entrevista) Organização das aulas de educação física "Eu tive a sorte de, nessa época, estar no Liceu e o professor era José Rosa; ele estava com muito entusiasmo, tinha chegado, então ele levava muito a sério e ele teve muito sucesso naquela época, inclusive eu me despertei para isso, eu fiquei empolgado, me beneficiei bastante, e aquilo certamente, naturalmente ficou enraizado em mim, pois depois eu terminei tomando este mesmo caminho embora na decorrência do tempo; mas eu posso dizer que naquela época o 89
MANOEL FURTADO DOS SANTOS - natural de Humberto de Campos, onde nasceu a 10 de abril de 1907. Em 1929, foi para o Rio de Janeiro, servir ao Exército. Lá, se destacou no Atletismo, ganhando várias provas - era velocista. Em 1953, já casado, retorna a São Luís - a mulher , também maranhense, não se adaptara ao Rio de Janeiro - e vem a ser professor de Educação Física no Colégio Marista - a convite do Coronel Eurípedes Bezerra -. Doze anos mais tarde, transfere-se para a então Escola Técnica Federal do Maranhão, conquistando vários títulos nas diversas competições escolares que se disputavam; em 1977, aposenta-se da Escola, mas não deixou de atuar como professor de Atletismo, ingressando no SESI. Atua até hoje, com mais de 90 anos de idade. Em 1993, em reconhecimento por seus serviços prestados ao esporte maranhense, e em especial ao Atletismo, recebeu o Prêmio ALUMAR de Esporte; em 1999, o Governo do Estado agraciou-o com a Medalha de Mérito Timbira. A pista de Atletismo do Complexo Esportivo e Social de São Luís leva o seu nome, dado pelo então Secretário de Desportos e Lazer, Phil Camarão." BIGUÁ, Edivaldo Pereira; BIGUÁ, Tânia. Onde anda você ? Professor Furtado, um mito do atletismo. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 20 de setembro de 1999, Segunda-feira, p. 4. Esportes). 90 CALISTENIA: palavra de origem grega: kalós= belo; sthenos= força; sufixo - ia; ou kalli-sthenes = "cheio de vigor", melhor traduzido por "força harmônica". Tendo por objetivo promover a graça e força corporal por meio de exercícios musculares, é um sistema de ginástica que encontra as suas origens na ginástica sueca e que apresenta, como características, a predominância de formas analíticas, a divisão dos exercícios em oito grupos, a associação da música ao ritmo dos movimentos, a predominância dos movimentos sobre as posições e exercícios à mão livre e com pequenos aparelhos (halteres, bastões, maças, etc. IN MARINHO, s.d., p. 264-265 91
GINÁSTICA ACROBÁTICA: é a expressão de um movimento que encontrou campo propício sobretudo nos Estados Unidos, de onde se transportou a vários países, entre os quais o Brasil e a Suécia. Entre nós, a Escola de Aeronáutica foi a verdadeira introdutora da ginástica acrobática sistematizada, tendo seu Departamento de Educação Física publicado, em 1945, um opúsculo sob o título de "Normas para a Instrução de Saltos e Acrobacias Elementares", calcado no "The Tumbler's Manual". Posteriormente, a ginástica acrobática teve grande aceitação na Escola Nacional de Educação Física (hoje, EEF/UFRJ) e na Escola de Educação Física do Exército, devendo-se a esta última o "Manual de Ginástica Acrobática", adaptado às características do Método Francês de Joinville-le-Pont. A ginástica acrobática, em seu tríplice aspecto - de chão, em aparelhos e pirâmides - fornece a seus instrutores os recursos técnicos necessários à realização do trabalho físico compatível com a finalidade a atingir. IN MARINHO, s.d., p. 312-313
professor José Rosa fazia um bom trabalho, agora parece que era muito pouco, talvez só a nível mesmo de Liceu. [As atividades, eram realizadas] duas vezes por semana, com a duração de um hora, no próprio Liceu; tinha espaço. A minha experiência com ele foi só ginástica e Educação Física, agora ele ia entre Calistenia e paradas, saltos de obstáculos, saltos acrobáticos. [Quanto aos esportes] se fazia naquela época eu não tive oportunidade de participar, nem via, muito embora houvesse grupos de alunos que se reuniam para praticar esportes, mas isoladamente; então tinha os peladeiros, eu joguei futebol... joguei futebol pelo Liceu; nessa mesma época, nós tínhamos um time que jogava futebol, onde eu - me lembro perfeitamente -, naquela época que o futebol... era: o goleiro, dois zagueiros, três halfs e cinco atacantes; eu era center-half, Celso Coutinho era half direito e Raposa era half esquerdo... até hoje eu me lembro disso, era nosso time do Liceu, acho que da segunda série do ginásio ou da terceira mais ou menos, mas isso era.... "Era extra curricular, era mais lazer, mais do que aula propriamente dita. Fazia a ginástica acrobática, tive esta experiência aqui no Liceu, com o José Rosa, coisas pequenas, pequenos saltos, não era coisa muito..." (DIMAS, entrevistas). Aldemir Carvalho de Mesquita, outro "menino do Liceu", também se lembra do Professor José Rosa, com muito carinho, com quem aprendeu a gostar da educação física: " ... Eu acho o seguinte, que cada um, inclusive eu, cometi uma falha, ai uma injustiça não citar o nome do prof. Zé Rosa, que foi o diretor de Liceu, e uns dos professores de educação física. Esse foi um dos incentivadores. Quando eu era garoto - 9, 10 anos -, mas eu ouvia falar muito do prof. Zé Rosa - era treinador de basquete daqui dentro de São Luís, no Liceu, Colégio São Luís e era professor de Historia -, foi um dos que foram daquela turma da década de 40, que foi junto com o prof. Braga, Maia ... Eu acredito, Léo, que cada um das pessoas vão, vamos fazer o seguinte, no meu ponto de vista, cada um deu uma parcela, não tem aquele - eu sou o pai da criança. Vamos usar assim, o braço é de um, a perna de outro, cada um teve sua participação, que nós éramos carente, aqui não tinha nada. Então, essas pessoas, essas que tem que ser lembradas, tem que ser todo tempo as pessoas que fazem esportes, temos que citar os seus nomes de Mary Santos, Braga, Rubem Goulart ..., enfim todos têm uma parcela, cada um teve sua época e cada um teve sua modalidade de preferência .... Tá entendendo ? No basquete, todo mundo sabia, pelo menos quando cheguei do interior 9, 10 anos, era o Rubem Goulart. Todo mundo sabia a paixão que o prof. Braga tinha pelo boxe. No basquete falava muito bem do prof. Zé Rosa... Então cada um teve sua parcela nesse desenvolvimento do esporte amador em São Luís. Seria uma injustiça falar fulano fez isso, fulano fez aquilo. (MESQUITA, Aldemir Carvalho de. Entrevistas). Antes de estudar no Liceu Maranhense (1945), Dimas estudou no Marista e teve um primo distante, Eurípedes Bezerra, como professor de educação física. Eurípedes, ao retornar do Rio de Janeiro, em 1941, já formado pela Escola de Educação Física do Exército - como Sargento Monitor de Educação Física -, foi indicado para lecionar nos Colégio Marista e Colégio São Luís: "[A educação fisica nessa época] era o método francês, a modalidade de ensino era: os exercícios preparatórios e propriamente ditos, constituía-se evoluções de marchas e depois os exercícios de saltar, trepar, levantar, e despertar, correr, atacar e defender e volta a calma, exercícios progressivos sem solução de continuidade. Era o mesmo método trazido pela Colônia Francesa, pela Missão Francesa em 1922, para o Brasil. [No Colégio São Luís] a mesma coisa, de 1943 à 1945. [No Marista foram] vinte e sete anos, fui aposentado como professor por lá pelo INPS ". (BEZERRA, Eurípedes. Entrevistas).
Em 1948, o então presidente da República, Eurico Gaspar Dutra, lança a pedra fundamental para a construção do Estádio Municipal, que levaria o seu nome. Com uma capacidade pata 17.800 pessoas, o estádio seria construído na Vila Passos. Considerava-se uma grande vitória do professor Luis Rêgo, presidente da FMD 92. Ginástica acrobática no Anil: Diário de São Luis, 9 de outubro de 1948
Cláudio Vaz dos Santos, o Cláudio Alemão, lembra como era a educação Física nessa época - 1951/53 -, em que era aluno dos Maristas: "Este Colégio (década de 30/40) era onde é o Palácio do Bispo hoje, na Dom Pedro II, ao lado da Sé da Catedral, não tinha professor de Educação Física, nós éramos praticantes de esportes... Não conheci o professor [Eurípedes] como de Educação Física. Na minha época não teve professor de Educação Física, foi ter depois, no Colégio Maranhense, já aqui na rua Grande, na Quinta do Barão; mas na minha época de estudante, nós não tínhamos professor de Educação Física... [Informado de que Eurípedes Bezerra era professor desde 1942, disse que] ... eu nunca tive oportunidade, mas não foi da minha geração ... Não foi da minha geração; não tive Educação Física no Marista, a não ser práticas de esportes, comandada sempre pelos irmãos Maristas. Nós não tínhamos professor de Educação Física, nem leigo; nós tínhamos apenas os irmãos Maristas, que nos colocavam para praticar esporte, era: o futebol de campo e o espiribol; o Basquete, o volei não existiam também; nossa prática maior era o futebol de campo, onde é hoje o Vila Rica, ali era o nosso campinho de futebol; pagávamos 500 réis para o Colégio Marista, para participar; depois do almoço arregaçávamos as calças antes de começar as aulas, nós praticávamos esporte de 12:30 até às 13:30h. Nós saíamos suados, eu me lembro desse detalhe... passávamos todo dia, nós praticávamos e pagávamos 500 réis, nesse tempo era réis ... Nós tivemos uma quadra, 92
O ESPORTE, São Luís, 07 de março de 1948, p. 1
onde eu pratiquei basquete, foi no "8 de Maio", atrás do Cassino Maranhense; hoje... ali era um matagal, o 8 de Maio, comandado por Rubem Goulart, era o time dos “ erres”..., Rubem93, Ronald94, Raul Guterres95 ... Ronald Carvalho, nosso amigo inesquecível... Rubem Goulart, que foi o líder; praticava o Paulinho Carvalho, Zeca Carvalho, e foi onde eu comecei a praticar vôlei e basquete. Essa quadra era do 8 de Maio, atrás do fundo do Casino Maranhense hoje... "O Atletismo nós tivemos aqui, eu tive a oportunidade, mais ai de, já eu praticava pelo Colégio São Luís; eu era corredor de 100 metros, eu era corredor de 200 metros, eu corria, nessa época os atletas... o Ari Façanha foi muito antes, o Ari Façanha foi uma fase bem mais antiga... Já foi em outra época, bem anterior a nossa, a nossa foi uma fase que nós praticávamos, praticávamos é atletismo, 52,53, foi quando eu cheguei ao Colégio São Luís, que eu comecei a fazer atletismo,... 53... Mauro Fecury... então nós praticávamos atletismo numa pista improvisada no Santa Isabel, onde praticávamos atletismo, corridas, lançamento de peso, lançamento de dardo e lançamento de disco; e teve nessa época um filme, Homem de Ferro, com Burt Lancaster, que fazia tudo quanto era esporte. Nessa época eu fazia tudo, não tinha ninguém, eu fazia, eu pratiquei. "Nós jogamos futebol americano, agarrava a bola e separava, jogamos tanto no Colégio como no quartel, tinha o capitão Nélio, tenente Nélio que era o nosso orientador, veio da Escola de Educação Física do Exército, trouxe muitos conhecimentos... muita prática dirigida, acadêmica, dentro da Educação Física, o nosso conhecimento foi através desse trabalho no N.P.O.R (Núcleo Preparatório dos Oficiais da Reserva), isso já em 56 na saída do Colégio, passando a servir o Exército." (VAZ DOS SANTOS, Cláudio. Entrevista). DIMAS, em 1954, inicia a sua carreira como Professor de Educação Física, dando aulas no Colégio Ateneu Teixeira Mendes e na Academia de Comércio do Maranhão: "Em 1954, estava dando aulas no Ateneu e na Academia do Comércio, mas não tive muita possibilidade de fazer nada... naquela época, a Educação Física se dava às 05:00 horas da manhã, e eu morava no Tirirical... [o Diretor do Ateneu naquela época] era Solano Rodrigues, era um dos grandes mestres da nossa educação ... da época de Luís Rego ... e quando eu dava Educação Física no Ateneu - 05:00 da manhã, imaginem que dificuldade -, então não tinha muita perspectiva... Só calistenia e um joguinho, uma coisa, e a motivação era um pouco pequena - as 05 horas da manhã ... não tive muito sucesso, assim, no Ateneu e na Academia ... só Calistenia, e os esportes lá, porque não tinha quadra, não tinha nada; e na Academia de Comércio não tinha nada, eu dava aulas no campo do Moto, nessa época, no [Campo do] Santa Izabel... (DIMAS, entrevistas). "Essa foi a minha primeira passagem, na Educação Física, nos esportes, antes de ir para o Pindaré [...] Esporte e Lazer em Pindaré - "E lá no Pindaré, quando eu fui eu levei na minha bagagem uma rede, uma bola de voleibol[...] foi nessa época eu criei lá no Pindaré um time de voleibol, de 93
Refere-se a RUBEM TEIXEIRA GOULART. Ver nota... Refere-se a RONALD DA SILVA CARVALHO. 95 RAUL GUTERRES - RAUL GUTERRES - nascido em 1927, iniciou-se no esporte com 15 anos de idade, jogando futebol. Além do futebol, jogava basquete, volei, futsal e praticava o atletismo. Em 1942, foi campeão estudantil, pelo Ateneu, jogando no gol. Em 1943, ingressou no FAC e com a extinção deste, passou para o MAC (1943), quando foi campeão. Paralelamente ao futebol, jogou Basquetebol no “8 de Maio”, time de Rubem Goulart, campeão nos anos de 47/48/49. Era o mesmo time que jogava voleibol. Como estava na casa de João Rosa para fundar o futsal, terminou sendo goleiro da bola pesada, saindo-se campeão pelo Santelmo, nos anos de 48/49/50. Aluno do Curso de Direito (formou-se em 1955), participou dos Jogos Universitários Brasileiros, pela FAME, dos anos de 1950 (Recife); 1952 (Belo Horizonte); e 1954 (São Paulo). No atletismo, fazia salto em altura e salto em distância, arremesso do peso e lançamento do dardo. IN BIGUÁ, Tânia e BIGUÁ, Edivaldo Pereira. ONDE ANDA VOCÊ ? RAUL GUTERRES, ATLETA COMPLETO. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 20 de outubro de 1977, Segunda-feira, p. 4. Esportes. 94
futebol de salão, clube social, futebol de campo, então e você imagina com essa experiência toda que eu já levei do Rio de Janeiro e de São Luis quando cheguei lá em Pindaré, que era uma cidade atrasadíssima ... então, tudo eu fazia de forma altruísta, não vivia mais nisso, lá então eu criei tudo isso em forma de lazer, e movimentei a sociedade; movimentei a cidade, todo mundo eu envolvi nos times. [Montou um clube na própria Usina] em que jogava, inclusive outras pessoas da cidade, não só empregados, mas alguns, os melhores jogadores, eu levava para trabalhar na Usina. E então tinha o clube Uirapuru de futebol de salão, e jogava voleibol, e eu criei clube social que fazia festa, fazia desfile de moda e tive uma vida de destaque ... (DIMAS, entrevistas). "Quando eu voltei do Pindaré, eu voltei em 69... No começo do ano, quando eu cheguei aqui procurei emprego, ai eu fui trabalhar no [Colégio] Batista [Daniel de La Touche] e no [Colégio Maranhense, dos Irmãos] Marista. Eu vim ser professor do Marista e do Batista, eu trabalhava nos dois ao mesmo tempo, e fiz um curso para ir para o CEMA. (DIMAS, entrevistas). Durante a cerimônia de encerramento do 3º. Campeonato Intercolegial de 1970, organizado pelo Serviço de Educação Física, Recreação e Esportes, sob a direção de Mary Santos, no Ginásio Costa Rodrigues houve uma belíssima demonstração de Ginástica Feminina Moderna, sob a direção da professora Marise Brito, pelas alunas das escolas secundárias da Capital, sendo muito aplaudida pelo grande público. (Fonte: SANTOS, Mary. Educação (crônicas). São Luís: SIOGE, 1988,p. 11-112) Cláudio Vaz dos Santos conta: "... nós tivemos um problema em 1970, Zé Reinaldo também atleta, Zé Reinaldo, governador; "... Jaime Santana, que eu me esqueci de citar da nossa geração, era um dos nossos praticantes de esporte, tanto volei como o basquete, futebol de campo, futebol de salão, nós jogávamos tudo é que toda essa geração jogava tudo, ninguém jogava futebol de praia, futebol de salão, futebol de campo, [Clube] Jaguarema (fundado em 1956) então era o nosso celeiro. Foi o grande Jaguarema na época, então o que a gente praticava de esporte era direto... Jaime Santana, "Então, Jaime Santana, em 1970 - o pai dele ainda não era governador -, nós precisávamos da quadra do Costa Rodrigues para treinar nossa seleção de basquete, para, em 1970, irmos para Porto Alegre, mais precisamente, Santa Cruz do Sul; e nós precisamos do Ginásio, o técnico era o Chico Cunha - Cearense -, era mineiro mas trabalhava no Ceará, e veio trabalhar com a gente aqui, na época do governo Sarney; nós fomos pedir; não podia ceder o Ginásio para nós treinarmos nossa seleção porque estava tendo jogral; aí depois do jogral, não podia porque ia ter um reunião - não vou declinar o nome da pessoa que dirigia, não interessa, só interessa o fato -, não podia porque tinha que fazer silêncio, porque ia ter uma reunião, e o Ginásio não podia ser ocupado para treino porque ia ter uma reunião na sala de reunião, e o barulho ia prejudicar “... então nós ficamos do lado de fora do Costa Rodrigues sem poder treinar... - Mas isso vai acabar, Alemão, te prepara que isso vai acabar; quando em 1970, Neiva Santana assumiu o Governo, Jaime me chama: - olha, tu vai ser Coordenador de Esporte da Prefeitura; Haroldo Tavares - nós começamos primeiro na Prefeitura, foi nosso primeiro passo -, foi na Coordenação de Esportes, Haroldo Tavares, Prefeito de São Luís... então foi criada a Coordenação de Esporte da Prefeitura que eu fiz, procurei ... O Carlos Vasconcelos era da Coordenação de Educação Física, aí foi criada a Coordenação de Esporte, na área estudantil, era o ... na área do esporte aberto sem limites foi a Coordenação de Esportes; nós tivemos o direito de agir com a Ildenê, a gente fez esse trabalho, trabalhava só com esporte escolar. Por sinal, era o mesmo problema, era muito limitado, ele, o esporte escolar no Maranhão... "
... Fomos funcionar onde é o Parque do Bom Menino; tem um açougue ali em baixo, ali que era a coordenação, alugamos de Antônio o prédio e fomos fazer a explanação, primeira medida, eu fiz uma equipe muito boa, foi Geografia, Fernando Sousa, Jaime Sampaio e Fernando Sousa, jornalista, Diretor Técnico; bom, foi minha diretoria, ai eu convoquei os professores; fiz o levantamento de quem é que podia ser útil, quem é que eu tenho para trabalhar, porque eu tinha o direito de formar escolinhas, que não tínhamos nada nesse sentido, de formação de atleta. Então veio o Dimas, veio o Major Alves, professoras... as duas professoras ... Maria José e Tarcinho; Odinéia; Maria José, Ildenê Menezes, Dinorah e Celeste Pacheco... Tinha uma que era funcionária do Ipem, era eu não sei o nome dela na memória, faz 31 anos, a professora eu não me lembro, mas eu sei que é de nome conhecido ... Graça Helluy, voleibol; viajou comigo para o primeiro JEB's em 72, ela foi a técnica; nós já fomos para os JEB's em Maceió, em 1972; em 71 foi que nós fizemos a escolinha com esse trabalho e criamos o primeiro FEJ. FEJ foi Prefeitura "O FEJ foi a Coordenação de Esporte da Prefeitura de São Luís, em 1970. O primeiro FEJ (Festival Esportivo da Juventude), a Mary Santos fazia Jogos Intercolegiais do interior, ela nunca fez uns jogos na capital; ela fazia Jogos Intercolegiais, em que eu fui árbitro - Roseana jogava; Carlos Vasconcelos era do MEC, tinha uma rivalidade com ela e fazia os jogos dele, ele fazia o dela, eram jogos isolados. Com o pessoal da capital, e a gente trazia o pessoal do interior; A Mary Santos era do Estado, da Secretaria de Educação e Cultura, onde tinha uma Secretaria de Esporte, Secretaria de Educação Física do Estado, era serviço de Educação Física do Estado. Carlos Vasconcelos que pertencia ao MEC; A Mary estava no Estado, a Ildenê, no Município. A Ildenê era Secretaria de Educação e a Mary era de Educação Física, era diretora do Serviço de Educação Física "Foi ai que eu entrei, fui dirigir pela primeira vez... muito bem, isso foi em 71, nós entramos no Governo, se não me engano, foi em março ou por aí; em setembro, nós tivemos o primeiro FEJ (Festival Esportivo da Juventude) - Semana da Pátria, onde o Colégio de São Luiz foi o primeiro campeão do FEJ, onde eu trabalhei; "aí foi que o Dimas começou, trabalhamos juntos, nós acumulávamos, nós éramos árbitros, técnicos. Tudo nós fazíamos, tanto o Dimas quanto o Laércio, já me ajudou, nessa época; foi o primeiro que veio para cá; o pessoal criou muito problema comigo porque eu estava enchendo de paulista, muito fácil de explicar: não tinha Professor de Educação Física no Maranhão e eu queria fazer um trabalho de nível; eu tinha de pensar, primeira coisa que tinha de ter era o professor, tanto para quem quisesse transferir conhecimento; então eu não tinha nada acadêmico, nada elevado nessa área aqui, só tinha professor já superados, dois que já não trabalhavam; Braga, que era professor daqui e não sei se era formado, era Braga, Zé Rosa, Rinaldi Maia...[Dimas] já é outra [história...], já é de quem trabalhou comigo; o pessoal que tinha já não era mais da ativa... o Eurípedes nunca foi formado...., Major Júlio, todos esse foram formados na Escola de Educação Física do Exército ... eles vieram de lá mas eu não trabalhei com eles; o Eurípedes trabalhou comigo assim, mas não tive nenhuma participação efetiva dele, ele nunca assumiu ... "na época eram os leigos, eu fazia curso de reciclagem e tal, mas dentro da área mesmo, com conhecimento de nível universitário, era o Dimas, o Laércio. "71, eu estava só na Coordenação de Esporte na Prefeitura, e nós fizemos o primeiro FEJ; aí teve o segundo FEJ, foi quando o Jaime criou o Departamento de Educação Física e Desportos; Pedro Neiva me nomeou no lugar da Mary Santos; já foi no governo de Pedro Neiva, com Haroldo Tavares - que agora é que tu vais entender -, eu entrei primeiro na Prefeitura - que Haroldo Tavares era cunhado de Pedro Neiva, irmão da mulher de Pedro Neiva, que é a mãe de Jaime Santana -, então para que eu pudesse assumir o Estado, nesse tempo podia acumular então, criaram o Departamento de Educação Física e Deporto do Estado; saiu o Serviço para
Departamento. Nesse tempo, na Secretaria de Cultura, o nível do Departamento era mais acima de Serviço, então para que eu fosse para o Estado... foi criado o Departamento de Desporto do Estado, para que eu pudesse assumir acabar o Serviço; então era novo o cargo e aí que eu fui para o Estado, eu acumulei Coordenador de Esporte da Prefeitura e Diretor do Departamento de Educação Física e Desportos do Estado, ligado à Secretaria de Educação, do professor Luis Rego - era o Secretario na época -, professor Luís Rego, primeiro Secretario que eu trabalhei, depois eu trabalhei com o Magno Bacelar, que foi o Secretario, depois com o Pedro Rocha Dantas Neto, que também foi secretário; "Já em 72, fui nomeado Diretor do Departamento, onde foi que ficou o Departamento ? Lá no Costa Rodrigues... ai eu transferi a Coordenação, acumulei no Costa Rodrigues, eu levei tudo para lá, ficou a Coordenação... Eu era Coordenador e Diretor do Departamento de Educação Física do Estado, e Presidente do C.R.D. "Isso em 72, como era cargo, quem era Diretor, era Presidente do C.R.D automático, não tinha vínculo político nisso, era uma tradição de desporto ligado ao C.N.D (Conselho Nacional de Desporto), onde era o Brigadeiro Jerônimo Bastos; "... ai foi que eu fiz a minha equipe, aí foi que o Dimas entra com a parte principal, quando nós estávamos para fazer o segundo FEJ em 72, seria em setembro, Dimas foi a Belo Horizonte... ai Dimas trouxe toda a informação, e o Maranhão podia participar do JEB's em 72; ele trouxe em 71, ele foi no JEB's em julho e trouxe... Dimas me trouxe, eu organizei a primeira equipe com o Dimas, era do Handebol, primeira equipe que nós viajamos para o JEB's; Ginástica Olímpica e Handebol, o Dimas; Coronel Alves, basquete; voleibol, Graça Hiluy; Coronel Alves - antes era Major -, foi isso para dar coletivo; que eu levei foram 52 pessoas que eu levei; não levamos atletismo, natação, não levamos nada; muito bem, com o que Dimas me trouxe, me presenciei muito ao DED. "Muito bem, aí eu já tinha uma parte ativa comigo, porque eu precisava do Dimas, não só como técnico, mas também como conselheiro, porque como eu te falei eu não sou formado, eu sempre procurava olhar uma pessoa que tivesse um conhecimento acadêmico para poder me orientar; "... e uma de nossas iniciativas foi justamente essa de criar esse jogos escolares; foi o primeiro e o segundo, e depois nós o transformamos em JEM's, o primeiro JEM's foi em 73, sempre tem essa dúvida; o pessoal não guarda isso mais, o primeiro FEJ foi em 71. o segundo FEJ, em 72; e o primeiro JEM's, em 73, porque? Nós participamos do JEB's e a sigla pesava, mas por bem achamos melhor mudar para JEM's - Jogos Estudantis Maranhenses -, foi que veio ... nós já tínhamos passado o primeiro e o segundo FEJ com sucesso, com a mudança, com a formação das escolas, a conscientização, que é a primeira coisa a nascer numa escola, era a força, a Educação Física através dos esportes, foi a maneira que nós encontramos de valorizar o professor de Educação Física, ele que era praticamente um esquecido dentro da área educacional, achavase que era desnecessária a Educação Física, onde não se praticava nem a Educação Física, nem os esportes; nós criamos esses jogos para provocar nos colégios essa necessidade de se formar atletas, assim como também transmitir Educação Física e valorizar o professor, porque nós não tínhamos campo de trabalho para eles, e passou a ter; esse foi o ponto marcante do nosso trabalho, que realmente hoje o que tem, começou ai, onde nós provocamos...". (VAZ DOS SANTOS, Cláudio. Entrevista).
Segue: os “paulistas” estão chegando...
MARANHÃO NAS OLIMPÍADAS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Academia Poética Brasileira Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Academia Ludovicense de Letras Encerrado mais um ciclo olímpico, atípico, aumentamos a participação de atletas maranhenses em Jogos Olímpicos – considerando aqui, os Paralímpicos juntos - NUM TOTAL DE 18, e mais sete, nascidos em outros estados, mas que competem por clube maranhense: ATLETISMO ARY FAÇANHA DE SÁ JOSÉ CARLOS GOMES MOREIRA, O CODÓ JOELMA DAS NEVES SOUSA JOAO HENRIQUE FALCÃO CABRAL RAYANE SOARES DA SILVA ATLETAS QUE COMPETEM POR EQUIPE MARANHENSE – CTA: EDUARDO RODRIGUES DOS SANTOS DE DEUS JÚNIOR THIAGO DO ROSÁRIO ANDRÉ
RODRIGO PEREIRA DO NASCIMENTO ALEXSANDRO DO NASCIMENTO DE MELO
GEISA APARECIDA MUNIZ COUTINHO BRUNA JÉSSICA OLIVEIRA FARIAS ANA CAROLINA AZEVEDO BASQUETEBOL ISIANE CASTRO MARQUES HANDEBOL ANA PAULA RODRIGUES WINGLITTON ROCHA BARROS – CHINA SILVIA HELENA ARAUJO PINHEIRO PITOMBEIRA - SILVIA PINHEIRO HIPISMO MARLON MODOLO ZANOTELLI FUTEBOL
TÂNIA MARIA PEREIRA RIBEIRO - TANIA MARANHÃO FUTEBOL DE 5 JARDIEL VIEIRA SOARES NATAÇÃO PHILLIP CAMERON MORRISON RUGBY THALIA DA SILVA COSTA THALITA DA SILVA COSTA SKATE STREET RAYSSA LEAL VOLEIBOL DE PRAIA ROBERTO LOPES DA COSTA VOLEIBOL SENTADO PÂMELA PEREIRA Quando se quer resgatar a memória do esporte maranhense, relacionando os atletas que [LGDV2]participaram das Olimpíadas, o nome de Ary Façanha de Sá é aquele que deve ser mais reverenciado, não por ter ganho uma medalha, como outro (s) o fizeram, mas pela sua importância no desenvolvimento do esporte brasileiro, em especial o Atletismo, desde os anos 1940: escrevi em “ARY FAÇANHA DE SÁ – UMA BIOGRAFIA”
Nascido em 1º de abril de 1928, no município de Guimarães; filho do Juiz de Direito José Façanha de Sá Filho; Foi atleta da Seleção Brasileira de Atletismo - e do Fluminense, do Rio de Janeiro; recordista sulamericano do salto em distância, participou de duas Olimpíadas, de 1952 e 1956. Professor de Educação Física, formado pela Escola Nacional, foi o introdutor do Interval-training no Brasil, assim como um dos idealizadores dos Jogos Escolares Brasileiros. No artigo acima citado, trago um pouco daq trajetória de sua família, até o estabelecimento em Guimarães, no interior do Maranhão, quando em 1928 seu pai é nomeado Promotor Público, após passar por outros municípios; após a passagem por Guimarães, exerce suas funções em outros municípios, e nomeado juiz. Nos anos 1940, vamos encontrar Ary matriculado no cursou ginasial do Colégio de São Luiz, do prof. Luiz Rego - criador dos Jogos Intercolegiais -, por onde disputava as provas de 100 e 200 metros, além do salto em distância; consegue a espantosa marca de 5,00 metros. Em 1948, prestes a completar 21 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro para fazer faculdade. Além de estudar na capital carioca, Ary começou a trabalhar em um escritório de advocacia: “— Meu pai era juiz federal e tinha muitos contatos no Rio, aí ele me arranjou esse emprego, que não tinha nada a ver com meu curso”. Naquela época, morava em uma pensão com alguns amigos que também haviam ido estudar na então capital federal. Já em 1949, levado por um amigo de seu irmão, ingressa no Fluminense Futebol Clube, como atleta: “- Um dia, um maranhense que morava comigo, amigo do meu irmão, lembrou-se de que eu gostava muito de saltar quando estava na escola e me convidou para conhecer o clube do Fluminense. Eu aceitei”. Nesta visita, enquanto passava perto das pistas de atletismo, perguntaram-lhe se não gostaria de dar um salto. Ary não saltava desde o ensino médio, mas decidiu arriscar. Logo de primeira, pulou mais de 6m de distância e impressionou todos os que estavam treinando ali. Então, passou a frequentar o clube como atleta.
No ano de 1949, no Jornal do Brasil, na página de esportes, já se falava que Ary Façanha não conseguira quebrar o recorde de salto em distancia; e no Correio de Manhã (RJ)
Naquele ano de 1949, em sua estreia em campeonatos oficiais, no Rio de Janeiro, é destaque em todas as matérias publicadas:
Além do salto em distancia, corria diversas provas — principalmente os revezamentos e as corridas com barreiras — e praticava decatlo. Um dos principais atletas da história do Fluminense; AGOSTO, 21 – Ary
Façanha consegue 12,49 no Salto Triplo, no Campeonato para Juniors. SETEMBRO, 2 – Estava inscrito no salto em distancia do Troféu Marcio Cunha; consegue o 1º lugar, com 6,94m. Em outra competição:
DEZEMBRO, 05 – Eliminatória do Sulamericano – Salto em Distancia – 1º lugar com 6,46m Em 1950 ingressou na Escola Nacional de Educação Física. A paixão por esportes o levou cursar Educação Física na Escola Nacional de Educação Física e Desporto (ENEFD) – hoje, parte da UFRJ. 1951~1961 - Ary Façanha de Sá representou o Fluminense por uma década, de 1951 a 1961.
Ary venceu o primeiro Campeonato Brasileiro que participou, com menos de um ano de treinamento, quebrou o recorde sul-americano logo em seguida, com um salto de 7,57m. 1951, JANEIRO, 21 – A Manhã
FEVEREIRO, 11 – A MANHÃ
ABRIL, 17 – Sport Ilustrado
- recordista sul-americano de salto em distância, com 7,57 m, o que lhe valeu a convocação para a Olimpíada de Helsinque, tendo conquistado o 4º lugar no salto em distância. Em A Pacotilha de 28 de junho de , noticia publicada: “Um Maranhense para as Olimpíadas de Helsinki”, informando que estava preparado para a competição, segundo declarações de seus técnicos Frederico Hokstater e Osvaldo Gonçalves. Convém salientar que Ary Façanha de Sá começou sua carreira esportiva no Colégio de São Luís, ingressando no Moto Clube de São Luís, até sua transferência para o Rio de Janeiro. - Quarto lugar nas Olimpíadas, primeiro brasileiro a ultrapassar a marca dos 7m no salto em distância, recordista sul-americano por 22 anos... Com menos de dois anos de treino, Ary já havia sido convocado para sua primeira Olimpíada, em Helsinque, capital da Finlândia. No dia das provas de salto em distância, choveu bastante e o brasileiro precisou competir com as chuteiras encharcadas: “— Naquela época, os sapatos de salto em distância eram muito pesados. Tinham seis pinos na frente e quatro atrás. Hoje em dia, os sapatos só têm quatro pinos no total”. Segundo ele, as chuteiras molhadas pesavam mais de 1 kg. Mesmo com o peso extra, ficou com a quarta colocação. A medalha de bronze lhe escapou por sete centímetros. SETEMBRO, 1º - A Pacotilha noticia a chegada à São Luís na segunda-feira seguinte do campeão sulamericano e quarto colocado na Olimpíada de Helsinki, Ary Façanha de Sá. SETEMBRO, 12 - O COMBATE
O Esportista Ary Façanha de Sá agradece ao Governador do Maranhão, Eugenio Barros, a visita que fez quando de sua chegada. (A PACOTILHA). Nesse mesmo dia, é homenageado pelo TJM. É homenageado na sede do S.E.F.E. – Serviço de Educação Física do Estado, presentes vários esportistas: Carlos Vasconcelos, Rubem Goulart, Dejarde Martins, e outras personalidades. Foram servidos doces e refrescos... É homenageado na sede da F.M.D., com a presença de seu pai, José Façanha de Sá Filho. NOVEMBRO, 05, Em A Manhã
1953 – JANEIRO, 03 – A Manhã:
1953, o saltador machucou o joelho enquanto disputava um campeonato sul-americano no Chile. A lesão foi séria e o deixou mais de um ano sem competir: “— Ninguém acreditava que eu pudesse voltar, achavam que minha carreira de atleta havia acabado”. Depois de alguns meses totalmente parado, Ary decidiu voltar a se exercitar: “ — Eu estava morando na casa de uma tia no Leblon, na frente da praia, e comecei a caminhar na areia todos os dias”. Assim, foi se recuperando, até que resolveu voltar a competir escondido, sem contar para o técnico: “— Se eu tivesse contado, ele não teria me deixado voltar, por medo de que eu me machucasse de novo” — avaliou. O Fluminense iria participar do Campeonato Carioca de Atletismo, mas não podia se inscrever no revezamento 4X100 m, porque faltava um atleta. O maranhense decidiu ajudar o clube e se inscreveu. O técnico só viu Ary quando o atleta já estava na pista. O desempenho foi bom e, depois deste campeonato, o saltador voltou a treinar.
1955 bateu o recorde pan-americano, com a marca de 7,84 metros, a quarta marca do mundo.
1956 - Classificou-se mais uma vez para os Jogos Olímpicos (Melbourne —1956), mas, desta vez, não foi bem e não conseguiu passar para as finais. Ele conta que, por causa de vizinhos de quarto muito barulhentos no alojamento, não conseguiu dormir na véspera de sua prova. — As pessoas que estavam no meu alojamento fizeram barulho a noite inteira, gritaram, fizeram festa. Eu pedi várias vezes para fazerem silêncio, mas não me deram atenção. Se eu não durmo bem, não sou ninguém no dia seguinte. Sou assim até hoje. Se eu não tiver uma boa noite de sono, não consigo fazer nada direito durante o dia.
1958 – MAIO, 17 – anunciada a vinda à São Luís do “fabuloso Ary Façanha”, para inspecionar as quadras, árbitros, e demais condições para a realização dos Jogos Universitários regionais, reunindo equipes do Maranhão, Pará, Ceará e Piauí. A vinda de Ary seria para inspecionar a Comissão de Atletismo. 1961 - Atleta do Fluminense durante toda a carreira, Ary parou de competir – foram dez anos representando o clube do coração. Mesmo aposentado das competições, Ary não parou de atuar no meio esportivo. Tornouse técnico de atletismo do Vasco e preparador físico do time de futebol cruz-maltino assim que parou de saltar. - Neste mesmo ano, conheceu a maranhense Albanisa, que também vivia no Rio. — Ela é minha pérola, minha cara-metade — declarou-se. Em 1962, casaram-se.
Ary Façanha de Sá (centro), com esposa, Albanisa, e neto, Lucas, em cerimônia da Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados, em que foi homenageado. — Foto: Arquivo Pessoal 1965 – muda-se para Brasília para trabalhar como funcionário público no IAPC (Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários). Na sequência, foi para o IBGE, — Vim morar em Brasília porque, à época, ofereceram-me um salário bem maior para trabalhar na nova capital. Para mim não faria muita diferença me mudar para cá, pois eu viajava bastante a trabalho, então podia morar em qualquer lugar. Vim com minha esposa e meu filho mais velho e vi a cidade crescer. Dois dos meus três filhos nasceram aqui. Gostamos daqui e ficamos de vez. Porém, infelizmente, o DF anda muito violento. Acredito que a falta de segurança pública é um dos maiores problemas que enfrentamos, Brasília está cada vez mais perigosa. 1970, assumiu o departamento esportivo do MEC (Ministério da Educação), onde idealizou os Jogos Escolares Brasileiros (JEB’s) e trabalhou até se aposentar.
Ary Façanha de Sá, campeão brasileiro de atletismo no início dos anos 1950 e recordista sul-americano do salto em distância, recebeu homenagem especial da Câmara dos Deputados. — Foto: Arquivo Pessoal
Em outro artigo, identificados os ‘Atletas Olímpicos Maranhenses”, é a seguinte a biografia de Ary Façanha – e de outros atletas lá identificados; do livro de Kátia Rubio - ATLETAS OLIMPICOS BRASILEIROS. São Paulo: SESCSP, 2015: ATLAS – ATLETAS OLIMPICOS MARANHENSES
ATLETISMO
ARY FAÇANHA Ary Façanha de Sá nasceu no dia 1º de abril de 1928, em Guimarães (MA). Filho de um Juiz de Direito. Descobriu o que era o atletismo em 1949, no Colégio São Luis, onde estudou; depois muda para o Rio de Janeiro. Corria, saltava, mas gostava mesmo era de futebol, chegado a jogar pelo Moto Clube, porém a atividade era proibida pela sua mãe, receosa que ele se machucasse. Começou a treinar atletismo no Fluminense, com o técnico Frederico. Logo no primeiro treino saltou 6 metros e passou a se dedicar a essa prova. Em seu primeiro campeonato, obteve o 2º lugar. No ano seguinte, venceu o campeonato de juniores e também o campeonato brasileiro. Foi preterido na primeira edição dos Jogos Pan-Americanos realizados em Buenos Aires, em 1951, mesmo tendo o melhor índice. Isso o fez se dedicar ainda mais aos treinos, para não mais ser esquecido ou superado. Foi, então, ao Jogo Olímpicos de Helsinque, em 1952. Estava em 3º lugar na prova de salto, quando uma chuva torrencial interrompeu a competição. Ao saltar, seu sapato de couro encharcou, impedido-o de fazer um salto melhor. Terminou a prova em 4º lugar. Foi recordista brasileiro de salto em distancia. Em 1955, foi campeão universitário na Espanha. Foi também aos Jogos Olímpicos de Melbourne, na Austrália, em 1956. Desiludido com a prova de salto, passou a correr os 110 e os 400 metros com barreiras. Formado em Educação Física, atuou como técnico no Vasco da Gama. Em 1965, mudou-se para Brasília, onde passou a trabalhar como Professor de Educação Física e, depois, Diretor de Escola. Em 1968, foi para a Secretaria de Esporte do Ministério de Educação e Cultura (MEC), e, nessa Secretaria, criou os Jogos Estudantis Brasileiros Ainda do Atletismo, temos:
CODÓ José Carlos Gomes Moreira nasceu em Codó (MA), em 28 de setembro de 1983, daí seu apelido. Jogava futebol no colégio e em uma competição escolar seu time foi desclassificado. Inscreveu-se na prova de atletismo e venceu a competição dos 100 metros e dos 200 metros. A partir desse campeonato, começou a treinar num projeto da Prefeitura de Codó. Em 2002, durante uma competição em Belém, foi convidado a treinar na equipe BM&F com o técnico Katsuhico Nakaya. Mudou-se para São Paulo em 2003, mas não apresentou resultados expressivos. No ano seguinte, passou a treinar em Londrina (PR), onde se destacou. Em 2006, foi campeão do Troféu Brasil nos 100 metros rasos. Passou a treinar em Presidente Prudente (SP), com o técnico Jaime Neto, momento em que conquistou a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007, no revezamento 4x100 metros. Participou dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, competindo nos 100 metros rasos e no revezamento 4 x 100 metros, prova em que alcançou a 4ª colocação. Embora não estivesse envolvido, a ocorrência dos casos de doping na equipe o fez perder a motivação para treinar. Voltou a competir em 2012, quando novamente ganhou o Troféu Brasil e fez parte d equipe de revezamento que foi aos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, mas não competiu. Depois de sofrer duas lesões, passou a se dedicar aos treinamentos visando à preparação para os Jogos Olimpicos do Rio de Janeiro em 2016. (RUBIO, 2015, p. 67-68)96.
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RUBIO, Kátia. ATLETAS OLIMPICOS BRASILEIROS. São Paulo : SESC-SP, 2015.
JOELMA DAS NEVES SOUSA nasceu em Timon (MA), em 13 de julho de 1984. Não gostava d sulas de educação física, porque não tinha habilidade com bola e as aulas eram sempre jogos. Começou a praticar atletismo aos 12 anos, em um projeto social da Prefeitura de sua cidade natal, motivada pela irmã Joseline, que também corria e tinha como técnico Antonio Nilson. No princípio, corria descalça, porque não tinha tênis. Em 2007, bateu o recorde da região Norte-Nordeste, resultado que lhe rendeu o convite par correr pela equipe BM&F Bovespa. Porém, antes da mudança, descobriu um tumor maligno no ovário que exigiu cirurgia e quimioterapia, dificultando sua preparação para as competições daquele ano. Em 2008, mudou-se para São Caetano. Nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, em 2011, fez parte da equipe de revezamento 4 x 400 metros que conquistou a medalha de ouro. No ano seguinte, foi aos Jogos Olímpicos de Londres. Atualmente, prepara-se para participar dos Jogos Olímpicos do Rio d Janeiro, em 2016. (RUBIO, 2015, p. 105) 97. No Atletismo, em Tóquio, tivemos atletas nascido no Maranhão, assim como atletas de outros estados que competem pelo Maranhão:
TIMONENSE É CONVOCADO PARA DISPUTAR OS JOGOS OLÍMPICOS DE TÓKIO 202198 97
RUBIO, Kátia. ATLETAS OLIMPICOS BRASILEIROS. São Paulo: SESC-SP, 2015.
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MARANHAY - Revista Lazeirenta - 63: JULHO 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu
João Henrique fundeado pelo técnico Nilson Sousa, no Centro de Treinamento de Chula Vista, na Califórnia
O esporte maranhense, notadamente o atletismo timonense está em festa com a convocação de mais uma revelação de nosso atletismo convocado para as Olímpiadas de Tókio 2021, trata-se do atleta Joao Henrique Falcão Cabral (MA) que disputará a prova 4x400 misto. Técnico que revela atletas olímpicos Vale ressaltar que Timon é a única cidade do Maranhão que o mesmo treinador, o Professor Nilson, revelou 4 atletas olímpicos da mesma cidade e modalidade.
João Henrique comemorando o resultado na Polônia Veja quais: Joelma das Neves Sousa - 6 mundiais; 2 olimpíadas 2012 e 2016; 2 pan americanos vice campeã pan americana
JOELMA SOUSA
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Estudantes do IFMA se destacam em jogos nacionais99 Estudantes do IFMA se destacam em jogos nacionais : IFMA
Atletas maranhenses conquistaram medalhas na modalidade masculina das provas de atletismo nos Jogos dos Institutos Federais (JIFs) FacebookTwitterWhatsAppEmail
A delegação de atletas do IFMA, formada por estudantes de cinco campi, foi destaque nas competições de atletismo da etapa nacional dos Jogos dos Institutos Federais (JIFs), competição realizada em Brasília (DF), entre os dias 4 e 9 de outubro (terça-feira a domingo). [2016] O evento foi organizado pelo Instituto Federal de Brasília (IFB).
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MARANHAY - Revista Lazeirenta - 63: JULHO 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu
No quadro de premiações do IFMA, o aluno Gabriel Pires Amorim Azevedo, do curso técnico de Eletrotécnica no Campus Codó, conquistou medalha de ouro na corrida de 200 metros. Do curso de Eletromecânica, João Henrique Falcão Cabral (Campus Timon), foi duplamente vitorioso, obtendo medalhas de prata e bronze, nas competições de 100 e 400 metros, respectivamente. Os dois atletas integraram ainda a equipe do Instituto vencedora da medalha de prata no revezamento 4 x 100m, ao lado dos alunos do Campus Monte Castelo João Renato Costa de Jesus (Eletrotécnica) e Joeberth Ribeiro Santos (Design de Móveis). Segundo a organização do evento, delegações de 35 institutos federais, das cinco regiões do país, competiram nas 11 modalidades esportivas dos JIFs 2016, em disputas individuais (atletismo, natação, judô e tênis de mesa) e coletivas (basquete, handebol, futsal, voleibol, futebol, vôlei de areia e xadrez). Os professores de Educação Física Reinaldo Conceição da Cruz (Campus Monte Castelo) e Alessandra Teresinha da Rosa Borba (Zé Doca), formaram a comissão técnica do atletismo do IFMA.
“Representou uma conquista para o IFMA, no momento político e econômico que passamos”, disse a professora Mayara Karla da Anunciação Silva, da Diretoria de Difusão Artístico-Cultural, Desporto e Lazer (DDACDL), sobre a vitória dos estudantes do Instituto nos JIFs 2016. Ela destacou que o evento contribui com o fortalecimento da área do desporto no país, por servir como estímulo aos participantes para atuar como multiplicadores das práticas esportivas nas instituições de ensino técnico e nas comunidades. TOK
ATLETAS QUE COMPETEM POR CLUBE MARANHENSE, EM TOKIO 2020100
OUTROS ATLETAS “MARANHENSES” EM TÓQUIO Temos outros atletas convocados, pertencentes ao Clube Maranhense CT Maranhão (São Luis), por onde têm registro junto à CBAt – e competiram este ano no Troféu Brasil: PROJETO ATLETISMO MARANHÃO É LANÇADO EM CODÓ CBAt - Confederação Brasileira de Atletismo
CBAt participa de lançamento do Atletismo Maranhão (Foto: Divulgação/CBAt)
Criada oficialmente no ano passado, a iniciativa ganhou força em 2021, contratando novas atletas como Ana Carolina Azevedo e Letícia Lima. O alvo é a descoberta e a formação de novos valores em São Luís, Codó e Timon O Projeto Atletismo Maranhão, que tem uma das principais equipes do Nordeste e do País, foi lançado oficialmente nesta sexta-feira (26/2) na cidade de Codó, que fica a cerca de 300 quilômetros de São Luís. As atividades começaram em 2020, mas só agora, por causa da pandemia, a iniciativa foi apresentada de fato. E com novidades.
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MARANHAY - Revista Lazeirenta - 64 - AGOSTO 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu
O projeto tem como patrono o maranhense José Carlos Moreira, o Codó, ganhador da medalha olímpica de bronze no revezamento 4x100 m nos Jogos de Pequim-2008. Na cerimônia de lançamento, a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) foi representada pelo presidente do Conselho de Administração Warlindo Carneiro da Silva Filho. “Foi uma grande alegria participar de um evento tão importante para o atletismo e o esporte brasileiro”, comentou. A apresentação do Projeto Atletismo Maranhão contou com a participação do secretário estadual de Esportes do Maranhão, Rogério Cafeteira, responsável pela criação da iniciativa por meio de incentivo fiscal, do prefeito de Codó, José Francisco Lima Neres, do medalhista olímpico Claudio Roberto Sousa, entre muitos outros, como Alexsandro Melo, que está qualificado para a Olimpíada de Tóquio-2021 no salto triplo. Além de Alexsandro, conhecido como Bolt no atletismo, a equipe CT Maranhão tem vários destaques do esporte, como Rodrigo Nascimento, Eduardo de Deus, Vitor Hugo dos Santos, Bruno Lins, Flávio Gustavo da Silva Barbosa, Joelma Sousa e Adely Oliveira Santos. E ganhou reforços expressivos para a temporada 2021. Um deles é a paulista Ana Carolina Azevedo, uma das melhores velocistas do País, que foi eleita o destaque feminino do Campeonato Brasileiro Caixa Sub-23, disputado em dezembro, em Bragança Paulista. Ela ganhou medalha de ouro nos 200 m e de prata nos 100 m no Troféu Brasil, também em dezembro, em São Paulo. Outra velocista de destaque que reforça o time é Letícia Lima, bronze nos 200 m nos Jogos Olímpicos da Juventude de Buenos Aires-2018. Ela foi eleita o grande destaque do Troféu Norte-Nordeste Caixa, realizado em 2020 no Recife, ganhando os 100, 200 e 400 m. “Foi a realização de um sonho, depois de quase um ano de atividades”, disse Márcia Cristiane Araújo, coordenadora do Projeto. Além de São Luís e de Codó, foi anunciado também o início do núcleo de Timon, quer também fará a detecção e treinamento de atletas em iniciação no atletismo. OS CONVOCADOS: EDUARDO RODRIGUES DOS SANTOS DE DEUS JÚNIOR
Nascimento: Campinas/SP / Idade: 25 anos (08/08/1995) / Altura: 1,75m / Peso: 66kg / Clube: CT Maranhão (São Luis) / Olimpíada: 0 / Pan: 1 (Lima-2019)
Nascido em Campinas no dia 8 de outubro de 1995, Eduardo iniciou ao esporte aos 14 anos na Escola Municipal Humberto de Sousa Mello, em Campinas, graças a sua professora. O atleta não sabia o que era atletismo, mas foi levado pela maestrina para fazer os testes. Eduardo obteve destaque, vencendo as corridas de 50 m e de 600 m e o salto parado. Na sequência, foi chamado para treinar pelo IVCL Orcampi, Eduardo Rodrigues dos Santos de Deus Júnior, mais conhecido como Eduardo de Deus, é um especialista do
atletismo brasileiro nos 110 metros com barreiras masculino. Ao lado de Gabriel Constantino, representará o Brasil na prova dos 110m com barreiras nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. THIAGO DO ROSÁRIO ANDRÉ
Nascimento:. Berlford Roxo/RJ / Idade: 25 anos (04/08/1995) / Altura: 1,79m / Clube: CT Maranhão (São Luis) Olimpíada: 1 (Rio-2016) / Pan: 1 (Toronto-2015) Thiago do Rosário André – atletismo – 800m masculino – Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 Thiago André é uma das grandes promessas do atletismo do Brasil. Aos 25 anos, o carioca tem se destacados nos últimos anos e será o único representante do país na prova de 800m masculino nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.
RODRIGO PEREIRA DO NASCIMENTO
é um velocista brasileiro. Ele ganhou uma medalha de ouro no revezamento 4 × 100 metros no IAAF World Relays de 2019. Além disso, ele ganhou várias medalhas no nível continental. Wikipedia (inglês) Ver descrição original Nascimento: 26 de setembro de 1994 (idade 26 anos), Itajaí, Santa Catarina Colegas de time: Paulo André de Oliveira, Derick Silva, Jorge Vides Eventos: 100 metros rasos, 200 metros rasos ALEXSANDRO DO NASCIMENTO DE MELO
Nascimento:.Londrina/PR / Idade: 25 anos (25/09/1995) / Altura: 1,79m / Peso: 58kg / Clube: CT Maranhão (São Luis) / Olimpíada: 0 / Pan: 2 (Toronto-2015, Lima-2019)
Alexsandro Melo, mais conhecido no atletismo como Bolt, será um dos representantes brasileiros na prova do salto triplo dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. GEISA APARECIDA MUNIZ COUTINHO
(Araruama, 1 de junho de 1980) é uma atleta brasileira. Campeã brasileira e recordista sul-americana do 4x400 m com 3:26.68, foi finalista no 4x400 m no Mundial de Helsinque 2005. Foi ainda medalhista de ouro nos Jogos Mundiais Militares nos 400 m e no 4x400 m no Rio 2011. A atleta obteve a melhor marca em 22 de julho de 2011, no Rio de Janeiro, quando foi campeã mundial na prova dos 400m rasos e recordista com o tempo de 51,08 (marca até hoje não superada na competição) nos Jogos Mundiais Militares. Integrou a delegação que disputou os Jogos Pan-Americanos de 2011, em Guadalajara, no México,[1] onde conquistou a medalha de bronze nos 400 metros e a prata no revezamento 4x400 m. Nos Santo Domingo 2003 já havia obtido o bronze no 4x400 metros.[2] Em 2019, obteve a classificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 no Japão, ao conquistar o oitavo lugar na final do revezamento 4x400m misto no Mundial de Atletismo em Doha no Catar, além de quebrar o recorde sul-americano na competição. A equipe brasileira do revezamento foi composta pelos seguintes atletas: Geisa Coutinho, Beatriz Tiffany, Lucas Carvalho e Anderson Henriques. A atleta brasileira tenta disputar em Tóquio 2020 sua quarta olimpíada, sendo uma das principais velocistas dos 400m rasos feminino e do revezamento 4x400m misto. A veterana é uma grande referência na modalidade para os demais atletas e para o país. BRUNA JÉSSICA OLIVEIRA FARIAS
(Maceió, 19 de maio de 1993) é uma velocista olímpica brasileira. Representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Verão de 2016 como parte do revezamento 4x100 m feminino do atletismo.[1] Em 2015 participou dos Jogos Pan-Americanos[2] e do seu primeiro mundial adulto de atletismo, sempre como parte do
revezamento 4x100.[3] Em 2016 foi convocada pela Confederação Brasileira de Atletismo para compor o revezamento 4x100 metros feminino nos Jogos Olímpicos de Verão de 2016.[4] A equipe brasileira viria a ser desclassificada nas eliminatórias da prova, devido à interferência brasileira sobre o revezamento americano. ANA CAROLINA AZEVEDO
Nascimento:. Maceió/AL / Idade: 29 anos (19/05/1992) / Clube: CT Maranhão (São Luis) / Pan: 1 (Toronto 2015) / Olimpíada: 1 (Rio de Janeiro 2016) Ana Carolina Azevedo posa com a medalha de ouro dos 200 m rasos do Troféu Brasil de Atletismo (Wagner Carmo/CBAt). Ana Carolina Azevedo é uma jovem velocista do atletismo brasileiro que representará o Brasil na prova dos 200m rasos e do revezamento 4x100m rasos feminino nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. No revezamento 4x100m da Olimpíada, terá a companhia de Rosângela Santos, Vitória Rosa e Ana Claudia Lemos. Bruna Farias será a reserva.
ACONTECEU EM TÓQUIO 2020(21)... ATLETISMO
Olímpiadas de Tókio 2021: atleta timonense Joao Henrique Falcão Cabral que disputará a prova 4x400 misto.
João Henrique Falcão Cabral – (Tókio 2021); 3 competições nos USA; 1 Vice campeão mundial como reserva; 1 sul americano(Campeão sulamericano) João Henrique foi revelado nos Jogos dos IF, realizdo em Brasília, em 2016, posto que era aluno do IF-MA Campus Timon, aluno do curso de Eletromecânica; naquela competição, foi duplamente vitorioso, obtendo medalhas de prata e bronze, nas competições de 100 e 400 metros, respectivamente. Integrou ainda a equipe do Instituto vencedora da medalha de prata no revezamento 4 x 100m. Reserva na equipe do revezamento misto, não chegou a entrar na pista; o revcezamento não se classificou. Os atletas pertencentes ao CT Maranhão: Rodrigo Nascimento ( 100 m – 4×100 m), Thiago do Rosário André (800 m – 1.500 m), Eduardo de Deus (110 m com barreiras), Alexsandro Melo (distância e triplo), Ana Carolina Azevedo (200 m – 4×100 m) e Geisa Muniz Coutinho e Bruna Jéssica Farias (4 x 100m) 4×400 Misto), tiveram os seguintes resultados: RODRIGO NASCIMENTO ( 100 M – 4×100 M Schedule & Results Sports results Men's 4x100m Relay Men's 100m Wed, Aug 4·Heat 1 COMPLETED 5 Brazil D. Silva, P.A. Camilo, R. Do Nascimento, F. Bardi
38.34
"Nós não tivemos um bom desempenho", admite Rodrigo Nascimento Atletas do revezamento 4x100 comentaram sobre o resultado na Olimpíada de Tóquio. "Nós não tivemos um bom desempenho", admite Rodrigo Nascimento | BandSports (uol.com.br) THIAGO ANDRE BRAZIL · OLYMPIC GAMES TOKYO 2020 Schedule & Results Men's 1500m Men's 800m Mon, Aug 2·Heat 2 3:47.71 13 T. Andre
Brazil
EDUARDO RODRIGUE Brazil · Olympic Games Tokyo 2020 Schedule & Results Sports results Men's 110m hurdles Tue, Aug 3·Heat 5 COMPLETED #StandingAthletes Time 13.78 8 E. Rodrigues
Brazil
ALEXSANDRO MELO Brazil · Olympic Games Tokyo 2020 Schedule & Results Men's Triple Jump Men's Long Jump Mon, Aug 2·Group A COMPLETED 15.65 m 12 A. Melo
Brazil
BRASILEIROS FICAM DE FORA DA FINAL DO SALTO EM DISTÂNCIA Brasileiros não chegaram à final no salto em distância nas Olimpíadas de Tóquio Na manhã deste sábado (31), dois brasileiros disputaram as eliminatórias do salto em distância nas Olimpíadas de Tóquio. Alexsandro Melo e Samory Fraga, entretanto, não conseguiram avançar à final da competição. A marca classificatória era de 8,15m, e quem chegou mais perto foi Samory, que anotou 7,88m logo em seu primeiro salto. - Veja mais em https://www.uol.com.br/esporte/olimpiadas/ultimas-noticias/2021/07/31/brasileiros-nao-se-classificam-parafinal-do-salto-em-distancia.htm?cmpid=copiaecola VITÓRIA ROSA E ANA CAROLINA AZEVEDO NÃO AVANÇAM NOS 200M NA OLIMPÍADA Únicas representantes do Brasil na pista neste domingo (1), Vitória Rosa e Ana Carolina Azevedo não conseguiram avançar nos 200m rasos em Tóquio
Primeira brasileira a competir na noite deste domingo (1), Ana Carolina Azevedo fez a melhor marca de 2021. Com uma largada muito boa, a brasileira se manteve entre as líderes da bateria até a reta de chegada. Nela, as oponentes aceleraram e Ana Carolina não conseguiu manter o ritmo. Desta forma, a brasileira acabou em quinto, com o tempo de 23s20.
BRUNA FARIAS Brazil · Olympic Games Tokyo 2020 Women's 4x100m relay 5
Brazil A. Lemos, R. Santos, B. Farias, V. Rosa
43.15
ATLETAS PARALIMPICOS MARANHENSES
RAYANE SOARES DA SILVA – ATLETISMO T13 NÃO SE CLASSIFICOU RAYANE SOARES DA SILVA – ATLETISMO T13
20 de janeiro de 1997 - Caxias, Maranhão - Rayane Soares da Silva Atletismo T13 200 m, 100 m, 400 m Rayane Soares da Silva (Caxias, 20 de janeiro de 1997) é uma atleta paralímpica brasileira da classe T13, para atletas com deficiência visual. É a atual campeã mundial dos 400m T13. Representou o Brasil nos Jogos Parapan-Americanos de 2019 em Lima, conquistando uma medalha de prata. https://pt.wikipedia.org/wiki/Rayane_Soares_da_Silva Classificatória Nos 100m (classe T13), Rayane Soares avançou à final com o sexto tempo melhor da classificatória (12s39). A disputa por medalha está prevista para as 8h10 desta terça, 31.
100 m feminino – final T13 x Resultados – Final – 8º lugar
Rayane Soares da Silva
Não passou das eliminatórias dos 400 m rasos, chegando em 3º lugar em sua bateria, nem se classificou entre os melhores tempos – 59,54s
BASQUETEBOL
ISIANE CASTRO MARQUES nasceu em São Luis (MA), em 13 de março de 1982. Começou a jogar em 1994, no Colégio Batista, quando um Professor de Educação Física a identificou como talentosa. Conheceu o técnico de basquete Betinho, que iniciou efetivamente seu treinamento. Jogava pela seleção maranhense, quando foi convidada a se transferir para o BCN/Osasco, com a técnica Maria Helena. Lá ficou até os 19 anos. Foi, então, convocada para as seleções brasileiras de base. Participou do Campeonato Mundial da China, em 2002 e recebeu convite para atuar n Europa, pelas equipes: Yaya Maria Broegán, Perfumarias Avenidas, Hondarribia-Irun, Extragasa Vilagarcia, da Espanha; Pays d’ Aix Basket 13, da França; B. C. Euras Ekaterinburg spartk Moscow, da Rússia; USK, da Sérvia; Wisla Can-Pack, da Polonia; TTT Riga, da Letonia; Besiktas JK, da Turquia, e na sequencia, foi para os EUA onde jogou pelas equipes do Miami Sol, Phoeix Mercury, Seatle Storm, Atlanta Dream, Connecticut Sun, e Washington Mystics, todos da WNBA. Foi aos Jogos Olimpicos de Atenas, em 2004. Participou dos Mundiais: do Brasil, em 2006, terminando na 4ª colocação; e da Republica Tcheca, em 2010. No ano seguinte foi aos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara e conquistou a medalha de bronze. Atualmente joga no Maranhão Basquete. (RUBI, 2015, p. 151) 101 HANDEBOL
101
RUBIO, Kátia. ATLETAS OLIMPICOS BRASILEIROS. São Paulo: SESC-SP, 2015.
ANA PAULA RODRIGUES nasceu em São Luis (MA) em 18 de outubro de 1987. Começou a jogar Handebol na escola, em 2001, até se transferir para Guarulhos, em 2006. Novamente, Antonio gastão se refere à sua carreira: “[...] por algum motivo não há referência sobre sua escola inicial, esta atleta teve seu início na escola Alberto Pinheiro, escola da rede municipal e seu professor/técnico o professor Rubem Nunes - o Rubilota.” No ano seguinte foi para a Espanha, onde atuou pelo IBM Puertodulce e pelo Elda Prestigio. Em 2011, mudouse para a Áustria, para defender o Hypo Niederöstreich. Foi aos Jogos Olímpicos Pequim, em 2008, e de Londres, em 2012. Participou dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, em 2011, quando a Seleção conquistou a medalha de ouro. Foi campeã mundial em 2013, na Sérvia. Em Ana Paula Rodrigues Belo ou simplesmente Ana Paula (São Luís, 18 de outubro de 1987) é uma jogadora brasileira de handebol que joga como central. Atualmente defende o Hypo Niederösterreich. Integrou a seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de 2008 e 2012.[1] Foi campeã mundial com a seleção em 2013 na Sérvia.
(RUBIO, 2015, p. 362-363) 102.
O Maranhão também vai marcar presença na modalidade handebol feminino, e a nossa representante é ANA PAULA RODRIGUES, um dos principais destaques da equipe. Hoje, ela atua pelo Chambray Touraine, da França. Aos 33 anos, três títulos em Jogos Pan-Americanos e um Mundial, ela é uma das jogadoras mais experientes da seleção brasileira. Sua trajetória é longa. Moradora do bairro Liberdade, em São Luís, Ana Paula começou a jogar handebol quando tinha 13 anos. Esteve no período de 2002 a 2007, em Guarulhos-SP, onde evoluiu bastante e acabou se transferindo para a Europa, sendo destaque no BM Elche Mustang, da Espanha. Sua excelente temporada lhe garantiu a convocação para a disputa dos Jogos Olímpicos de Pequim-2008 com a seleção feminina. Em 2009, Ana Paula se transferiu para o Elda Prestígio, principal rival do BM Elche Mustang. Dois anos depois foi para o Hypo 102
RUBIO, Kátia. ATLETAS OLIMPICOS BRASILEIROS. São Paulo: SESC-SP, 2015.
Niederösterreich, da Áustria, sagrando-se tricampeã do campeonato austríaco e da Copa OHB da Áustria. No mesmo ano, conquistou sua primeira medalha de ouro em Jogos Pan-Americanos, em Guadalajara, no México. Viveu o maior momento de sua carreira em 2013, no Mundial da Sérvia, ao lado das colegas de Hypo, sagrando-se campeã do mundo. Em 2014, Ana Paula se transferiu então para o CSM Bucaresti, da Romênia, onde foi bicampeã do Campeonato Romeno, levou a Copa da Romênia e venceu a Champions League. Em 2016 foi jogar no Rostov, da Rússia, onde conquistou a Copa da Europa e o Campeonato Russo. Em seguida, Ana Paula Rodrigues Belo foi um dos destaques do Chambray no Campeonato francês de handebol feminino, com 62 gols na temporada em 97 arremessos tentados, sendo a décima maior goleadora do torneio. Ana Paula joga muito e é uma das grandes artilheiras do handebol mundial.
O PAÍS MARANHÃO TÁ BEM NAS OLIMPÍADAS DE TÓQUIO.
GOLS NA PARTIDA: Bruna (2), Alexandra (4), Tamires (3), Ana Paula (7), Duda (6), Lari (2), Doce (1), Samara (7), Livia (1). LEOAS CAEM DIANTE AS FRANCESAS Após um empate na estreia, uma vitória e duas derrotas, a seleção brasileira feminina somou 3 pontos e foi para o último jogo da fase de classificação precisando pontuar. Pelo caminho as atuais vice campeãs olímpicas, as francesas. Conhecido jogo francês foi característico os 60 minutos. No ataque, linha de 9m extremamente física e agressiva, buscando bolas pra chute. Defensivamente, o centro de quadra dominado pela Edwige estava fechado para balanço! Caímos na arapuca francesa e fomos para o embate. Ofensivamente, buscamos o 1x1 ao invés de atacar os espaços. Atacávamos insistentemente para o centro de quadra. Jogo era para fora, abrindo a defesa francesa fazendo com que uma hora o jogo de ajuda cansasse. Primeiro tempo francês impecável com extrema intensidade nos dois lados da quadra. Paty Matieli entrou e deu mais mobilidade ao ataque brazuca e quando explorou a curva da quadra, tinha sucesso com ótimas bolas para fora e continuidade com as pontas. Bom jogo de Ale, Doce e principalmente, Lari. Início do segundo tempo Brasil baixou para apenas 3 gols a vantagem adversária, mas as francesas seguiam encaixando ótimas ações de 9m e conexões com Foppa no pivô. Com muita autoridade, França fechou em 29 a 22 e conquistou a vaga às quartas de final. Seleção brasileira se despede precocemente dos jogos. Sabíamos das dificuldades. Grupo da seleção brasileira com mais 5 européias e com as duas seleções medalhistas olímpicas, de ouro e prata. Elenco verde amarelo 10 jogadoras estreantes em Jogos Olímpicos e o conhecido equilíbrio brutal no naipe feminino. Ainda não foi dessa vez, mas o recado está dado: ESSA MEDALHA OLÍMPICA VIRÁ EM BREVE!
PARABÉNS, LEOAS!! GOLS NA PARTIDA : Bruna (4), Alexandra (6), Babi (1), Lari (3), Doce (4), Samara (2), Paty Matieli (2).
Fim de mais um ciclo olímpico vestindo a camisa da seleção brasileira, a que sempre honrei e honro. Deixei até aqui a minha inteira dedicação, muito suor e amor em estar aqui representando o meu país. Nunca faltou garra, força de vontade e resiliência neste grupo. Aqui somos pessoas, temos nossas famílias, amigos, que funcionam como um time todo por trás de cada uma. As vezes nós mesmas pecamos muito em ficar nos culpando por não conseguir chegar mais longe, mas no fundo nos damos conta de que do outro lado está sendo feito um trabalho (na maioria das vezes muito mais bem feito que o que tivemos do lado de cá), e que existem lá, atletas tão competentes quanto, disputando três euros no intervalo desses jogos olímpicos, por exemplo. Isso é uma super preparação, quem nos dera. Enfim... Chegar aqui é uma super vitória. Eu tenho muito orgulho do que fiz aqui com as minhas companheiras. Saio tranquila e serena. Obrigada #leoas Obrigada torcida do Brasil, a maior! E muitíssimo obrigada a melhor torcida deste mundo, a do bairro da Liberdade! Obrigado especial à minha família e amigos que nunca deixaram de acreditar nesse time. Agradeço também à família de cada uma de nós, que estão sempre junto nos mantendo fortes e positivas. GRATIDÃO por mais uma olimpíada com as cores do meu país.
OUTROS ATLETAS, OUTRAS OLIMPÍADAS
CHINA Winglitton Rocha Barros nasceu em 22 de junho de 1974, em São Luis (MA). Começou a jogar handebol aos 10 anos, sob a orientação do técnico Zé Pinheiro Silva. Antonio Gastão103 informa que “China - inícioa como atleta de Handebol na Escola Santa Tereza nas escolinhas dos professores Eduardo Teles e principalmente as orientações do professor Luís de França, o China não começou com o saudoso professor José Pinheiro como dito no texto; após se destacar nos jems foi levado para o colégio Dom Bosco mas não achegou a jogar por esta escola, logo se transferiu de São Luís. Seu desempenho lhe valeu uma bolsa de estudos na Escola Santa Tereza. Quando este saiu de São Luís ele já jogava nas seleções brasileira de base.”.
Em 1991, mudou-se pra Chapecó (SC), a convite do técnico Luis Celso Giacomini. Passou ainda pelas equipes: Caçador, Concórdia, Metodista/São Bernardo, são Caetano, e Vasco da Gama. Chegou à seleção brasileira adulta em 1995, ano em que conquistou a medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de Mar-delPlata. No ano seguinte, participou dos Jogo Olimpicos e Atlanta. Atuou na Itália por duas temporadas e, no retorno, ao Brasil, jogou pelo Pinheiros. Encerrou a carreira de atleta em 2008. Em 2009, formou-se me Jornalismo e fez pós-graduação em Gestão Pública. Foi secretário-adjunto de projetos especiais da Secretaria de Estado do esporte e Lazer do Maranhão.
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ANTONIO GASTÃO, técnico de Handebol, atual presidente da Federação Maranhense de Handebol, em mensagem eletrônica, em 23 de julho de 2019.
SILVIA PINHEIRO Silvia Helena Araujo Pinheiro Pitombeira nasceu em São Luis (MA), no dia 1º de novembro de 1981. Começou a jogar Handebol aos 12 anos, na escola, em Blumenau. Antonio Gastão, de novo, dá outras informações: “[...] equívoco - a Silvia Helena iniciou sua trajetória em São Luís na Escola São Lázaro nas escolinhas desta escola comandada pelo professor Maxuel Serejo, foi destaque em jems antes de sair de São Luís e continuar sua grande trajetória mundo a fora”.
Depois, passou pelas equipes Osasco e Metodista. Desde 2003, atua no exterior. Em 2004, jogou pelo Gil Eanes, de Portugal, posteriormente no Itxako, da Espanha, e também, na Hungria. Foi bicampeã panamericano em Santo Domingo, em 2003, e em Guadalajara, em 2011. Participou dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. Atualmente, está no Hypo Niederöstreich, da Áustria. (RUBIO, 2015, p. 377)104
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RUBIO, Kátia. ATLETAS OLIMPICOS BRASILEIROS. São Paulo: SESC-SP, 2015.
HIPISMO
Nosso representante é MARLON MODOLO ZANOTELLI, Um dos principais nomes do hipismo brasileiro é maranhense da cidade de Imperatriz. É o único do país entre os 10 melhores do mundo. Saíram as primeiras medalhas no hipismo saltos dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Infelizmente, o Brasil não subiu no pódio e ficou de fora da festa. Yuri Mansur era o único representante na final, já que Marlon Zanotelli parou na classificatória. Montando Alfons, Mansur terminou sua participação olímpica na 20 posição. O conjunto brasileiro cometeu duas penalidades na final e não competiu no desempate, onde somente os conjuntos que zeraram o percurso disputaram o pódio. Para o hipismo saltos do Brasil ainda resta a competição por equipes. Ainda não se sabe quem serão os três representantes. Rodrigo Pessoa, Pedro Veniss, Marlon Zanotelli e o próprio Yuri Mansur podem competir. O medalhista de ouro na final do individual no hipismo saltos foi o britânico Ben Maher, que montou Explosion W. Peder Fredricson, da Suécia, montando All In, ficou com a prata, e Maikel Van der Vleuten e Beauville Z, conjunto holandês, ficou com o bronze. TIME BRASIL DE SALTO FECHA COMPETIÇÃO POR EQUIPES NOS JOGOS OLÍMPICOS DE TÓQUIO EM 6º LUGAR Após um eletrizante desempate, a Suécia ficou com ouro e os EUA, prata. A Bélgica garantiu bronze. Destacadas equipes como França, Alemanha e Grã Bretanha não conseguiram fechar a competição com seus três integrantes e aparecem da 8ª à 10ª colocação. A final olímpica do Salto encerrou as disputas do hipismo nos Jogos Olímpicos no parque equestre Baji Koen, em Tóquio, nesse sábado, 7/8. As 10 melhores equipes da qualificativa disputada na sexta-feira, 6/8, habilitaram-se na corrida pelo ouro e a eletrizante disputa que começou com contagem de pontos zerada teve muitas surpresas. O Brasil que largou pela ordem com Marlon Zanotelli montando Edgar M, 12 pontos, Yuri Mansur montando QH Alfons dos Santo Antonio, com apenas 1 falta no meio do triplo, 4 pontos, e Pedro Veniss com Quabri de L´Isle, 13 pontos, fechou a difícil competição por equipes em 6º lugar totalizando 29 pontos perdidos.
Marlon, 33, maranhense radicado na Europa e atual nº 7 do ranking mundial, elogiou seu cavalo Edgar, uma sela holandês de 12 anos, de propriedade do empresário norueguês Bjorn Rune Gjelsten e do cavaleiro. "O Edgar saltou muito bem. No final as faltas foram mais culpa minha tanto no triplo como no duplo. Fizemos ainda a falta no rio (água), em que normalmente ele não tem dificuldades", disse o brasileiro que também comentou sobre a conexão com os cavalos no hipismo. "A beleza do nosso esporte é a conexão entre o cavalo e o cavaleiro. Não é só durante a pista, é fora também, de toda equipe que cuida dos nossos cavalos. Dentro da pista tem as perguntas que você tem que resolver junto com o cavalo. Essa conexão, sentir como o cavalo está a cada dia, a cada prova, a cada salto faz com que a gente cada vez mais se motive em nosso esporte: uma paixão que perdura por tanto tempo!"
FUTEBOL
TANIA MARANHÃO Tânia Maria Pereira Ribeiro nasceu em São Luis (MA), em 3 de outubro de 1974. Iniciou sua carreira jogando futsal em sua cidade natal. Em 1993, transferiu-e para a Bahia para jogar futebol no Eurosport. Atuou, também, pelas equipes: Saad, São Paulo, e Rayo Vallecano, da Espanha. Foi aos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, em 2003, e do Rio de Janeiro, em 2007, tornando-se bi-campeã panamericana. Disputou os Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1966. De Sidney, e 2000, de Atenas, em 2004, quando conquistou a medalha de prata; e de Pequim, em 2008, conquistando novamente a medalha de prata. Participou, ainda, das Copas do Mundo de 1999 e 2003 e sagrou-se vice-campeã na Copa da China, em 2007. Jogou pelo Vasco e, atualmente, joga pelo Botafogo e na equipe da Marinha.
PARALIMPIADAS 2021 – MARANHENSES PRESENTES FUTEBOL DE 5
JARDIEL VIEIRA SOARES105 - Posição: ala ofensivo Nascimento: 26/07/1996, em Pinheiro (MA) Equipe: APACE-PB / Principais conquistas: 2019: Parapan de Lima; Copa América de São Paulo. História: Devido a toxoplasmose Jardiel nasceu cego. Por meio de um evento em São Luís (MA) para deficientes visuais, conheceu o futebol de 5. CBDV - Seleção Brasileira de Futebol de 5
Imbatíveis e classificados! Pela segunda rodada da fase de grupos do futebol de cinco nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, o Brasil superou o Japão por 4 a 0 e se garantiu nas semifinais. Com o resultado conquistado na noite deste domingo (29), a seleção brasileira, que é a única a conquistar a medalha de ouro na história da modalidade, manteve a invencibilidade na história paralímpica.
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Jardiel_Vieira_Soares
O Brasil encerrou a sua participação na primeira fase da modalidade com outra goleada: 4 a 0 sobre a França - dois gols de Nonato, que chegou aos cinco gols na competição, e dois de Jardiel. Nos três jogos realizados até aqui, a Seleção já marcou 11 gols e não ainda sofreu nenhum.
Agora, a equipe espera o adversário da semifinal, que está marcada para a próxima quinta, 2. Já a final será no sábado, 4, às 5h30 (de Brasília). Todos os resultados do Brasil no Futebol de 5 na 1ª fase Brasil 3 x 0 China Brasil 4 x 0 Japão Brasil 4 x 0 França
QUE VENHAM OS ARGENTINOS
O Brasil segue firme em busca do pentacampeonato paralímpico no futebol de 5. Após um jogo muito truncado, nossos representantes venceram o Marrocos por 1×0 e garantiram a vaga na final. Em sua quinta participação, o país verde e amarelo ainda não perdeu nenhum jogo e não foi vazado em Tóquio.
PROCURA-SE RIVAL NO FUTEBOL DE 5 O Brasil é o dono do futebol de 5. Desde 2004 no programa paralímpico, o futebol de 5 nunca viu o Brasil não ganhar uma partida. E na final de hoje não foi diferente. Repetindo a final de Atenas-2004 contra a Argentina, o Brasil venceu o maior rival por 1 a 0 em um golaço de Nonato chutando de esquerda no canto alto do goleiro. O Brasil conquista o pentacampeonato olímpico e de quebra bate o recorde de medalhas de ouro da delegação brasileira de Londres-2012 chegando a 22 medalhas douradas.
NATAÇÃO
PHILLIP CAMERON MORRISON nasceu em São Luís (MA), em 29 de dezembro de 1984. Filho de pai norte-americano e mãe brasileira, Phillip tem dupla cidadania. Começou a nadar no Maranhão, onde conquistou dois títulos estaduais. Em 2001, foi estudar na Luisiânia, nos EUA, onde também nadava e venceu as principais competições de high school. Esses resultados lhe renderam uma bolsa para estudar n Universidade Stanford. Foi aos Jogos Olimpicos de Pequim, em 2008, como reserva, no revezamento 4 x 200 metros nado livre. È formado em Earth Systems e, atualmente, trabalha em uma empresa de tecnologia em San Francisco, Califórnia. (RUBIO, 205, p. 231) 106.
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RUBIO, Kátia. ATLETAS OLIMPICOS BRASILEIROS. São Paulo: SESC-SP, 2015.
RUGBY Um esporte com pouca divulgação vai mostrar ao mundo duas gêmeas maranhenses: Thalia e Thalita, de 24 anos, oriundas do bairro Coroadinho, em São Luís. Para atingir o grande objetivo elas tiveram que deixar a família e passar a integrar a equipe do Delta-PI desde 2017. Foi com destacadas atuações na equipe mafrense que a dupla ganhou a confiança e admiração do técnico da Seleção Brasileira Will Broderick. Na semana passada as duas foram convocadas pela confederação para integrar o grupo que se prepara em São Bernardo do Campo-SP e vai a Tóquio disputar os Jogos Olímpicos.
A convocação foi comemorada intensamente, mas o foco agora é competir e trazer uma medalha. A seleção brasileira já conhece seus adversários na competição e no meio do caminho estão Canadá, Fiji e França, integrantes do Grupo B. Thalia participou do Pan-Americano, dos classificatórios para o Circuito Mundial e para Tóquio, daí o otimismo pelo fato de estar atravessando boa forma: “Ganhamos Hong-kong e o Sul-Americano e meu desempenho, acredito que só tem crescido. É notável tanto quanto na preparação física como na parte técnica em campo, mas acredito que ainda tenha muito que evoluir e melhorar daqui a alguns anos”, completa.
NÃO FOI DESSA VEZ! O Brasil está eliminado no rugbi feminino. As Yaras perderam as três partidas que disputaram em de #Tóquio2020, contra Canadá, França e, agora, Fiji.
VALEU, MENINAS! As Yaras, como são chamadas as atletas da seleção feminina de rugby, bateram o Japão por 21 a 12 e encerraram sua participação em #Tokyo2020 no 11º lugar.
SKATE STREET
RAYSSA LEAL , maranhense da cidade de Imperatriz, é a caçula da delegação brasileira nos Jogos Olímpicos de Tóquio, na modalidade skate street. A vaga foi garantida durante a disputa do Mundial em Roma (Itália). Na oportunidade, a Fadinha, como também é chamada, subiu no pódio e conquistou a medalha de bronze. Rayssa terá ainda como companheiras de equipe Pâmela Rosa, Leticia Bufoni, Kelvin Hoefler, Felipe Gustavo e Giovanni Vianna. O skate estreia em Tóquio no dia 25 de julho, com a disputa do street masculino. Em Tóquio, Rayssa terá 13 anos e seis meses no dia da final do skate street. O skate de rua é praticado durante manobras em corrimões, rampas, muretas, degraus, guias de calçadas e outros obstáculos. As notas são dadas pelos juízes, que analisam o desempenho individual, observando principalmente a dificuldade das manobra.
SOLUÇO NA MADRUGADA ANTONIO CARLOS LIMA Conheço muita gente que não conseguiu conter as lágrimas no instante que Rayssa, essa menina de quem o mundo inteiro agora fala, subiu ao pódio para receber, nesta madrugada, a sua medalha de prata por sua performance histórica nas Olimpíadas do Japão. Eu mesmo escondi o rosto sutilmente no cobertor, para que minha mulher, que não conseguia dizer uma frase sem se engasgar de emoção, não percebesse que eu também enxugava o rosto molhado na hora em que Rayssa beijou e ergueu o troféu e recebeu a corbeille reservada aos campeões. Situação semelhante ocorreu com muitos outros, inclusive com você, que também ficou acordado para ver. Não somente porque ali estivesse uma linda menininha de treze anos de cabelos cacheados, aparelho nos dentes e um sorriso mágico no rosto. Ou porque se tratasse de uma brasileira do pobre e espoliado Norte do Brasil. Nem somente, em nosso caso, porque naquele pódio estava uma conterrânea, maranhense de Imperatriz, como segunda melhor atleta do mundo nessa nova modalidade de esporte. Era por causa de tudo isso, mas também em razão do carisma de Rayssa, de sua alegria e descontração permanentes, de seus passinhos de fada, agora fadinha do mundo, com seu pó de pirlimpimpim espargindo alegria e felicidade desde a casa humilde em que vive em Imperatriz até os confins mais remotos da Terra. Eu, que nem sou fã de skate e nem aprecio os esportes radicais, assisti há cinco anos ao vídeo que tornou Rayssa conhecida e deu novo rumo à sua vida. Ela, vestida de fadinha, já impressionando a todos por sua habilidade com um esporte pouco praticado no seu meio. Apaixonou meio mundo. Desde então, falávamos em casa: essa menina tem um grande futuro. Mas, sinceramente, não tinha esperanças, melhor, certezas, de que chegaria a tanto. Haveria, no Japão, Estados Unidos, Filipinas, atletas mais preparados tecnicamente do que ela. Ela, no entanto, já havia tatuado no braço, a palavra Olimpíada porque sabia que ali estava o seu destino. Ela tinha um sonho. E tornou esse sonho real. A vida de Rayssa só não é exatamente um conto de fadas, desses q povoam a literatura infantil, porque, para o seu triunfo, não houve mágica nem varinha de condão.
Ela venceu pelo talento, aliado à determinação de estudar, treinar, se superar. Quem ficou acordado nesta madrugado sabe o tamanho da emoção e do orgulho q todos sentimos com a vitória de Rayssa. O que explica as duas lágrimas furtivas escondidas no cobertor
VOLEI DE PRAIA
ROBERTO LOPES Roberto Lopes da Costa nasceu em Bacabal (MA), em 6 de outubro de 1966. Depois de se mudar para Fortaleza (CE), começou a freqüentar a AABB, em 1979, onde fez a escolinha de voleibol, modalidade que praticou até 1986. Migrou para o vôlei de praia, em 1988, formando dupla com Franco Neto. Foi bicampeão do Circuito Mundial em 1995 e, no ano seguinte, participou dos Jogos Olímpicos de Atlanta, onde obteve o 9º lugar. Em seu regresso, foi morar e jogar nos Estados Unidos. Nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg , em 1999, conquistou a medalha de bronze. Encerrou carreira de atleta em 2008. Fez Faculdade de Educação Física, especializou-se em treinamento esportivo e fez mestrado. É professor universitário e trabalhou na Secretaria de Estado. Montou, em Fortaleza, um centro de treinamento de vôlei de praia. Foi manager da FIFA, em Fortaleza, para a Copa do Mundo
VOLEIBOL SENTADO
PÂMELA PEREIRA – VOLEIBOL SENTADO Data de nascimento: 25 de abril de 1988 - Balsas (MA)107 Pâmela sofreu um acidente de moto em 2014 e precisou amputar parte da perna esquerda. Três meses depois, conheceu o vôlei sentado e, no mesmo ano, já ajudou seu time a faturar uma medalha de bronze no Campeonato Brasileiro. Em 2016, foi convocada pela primeira vez para a seleção brasileira e já conquistou o bronze nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro.
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Seleção Brasileira de Voleibol sentado feminino confirma convocação com uma balsense na equipe - Diário de Balsas (diariodebalsas.com.br)
Brasil vence Japão e encaminha vaga para a semi no vôlei sentado - Seleção feminina passa por anfitriãs com tranquilidade e chega ao segundo triunfo em Tóquio A equipe de vôlei do Brasil é uma das favoritas ao pódio em Tóquio. Na Rio 2016, o time foi bronze e, no Mundial de 2018, a seleção parou nas quartas de final diante da Rússia, que se sagraria campeã do torneio. No momento, o time está com duas vitórias, enquanto Itália (que venceu o Japão e perdeu para o Canadá) e Canadá(que perdeu para o Brasil e venceu o Japão) estão com uma vitória e uma derrota.
A maior pontuadora da partida foi Pamela e Filomena, com 10 pontos cada, um a mais que Adria. O ataque brasileiro fez a diferença, marcando 35 pontos, contra apenas 15 das japonesas neste quesito. Nos bloqueios, 9 a 3 para as brasileiras, enquanto no saque 13 a 9. Nos erros dos adversários, 18 pontos para cada.
Seleção feminina chega à semifinal do vôlei sentado em Tóquio
Brasil supera Canadá e repete o bronze da Rio-2016 no vôlei sentado feminino Com quatro vitórias e apenas uma derrota, Brasil, que venceu o Canadá na disputa do terceiro lugar, conquistou o bronze do vôlei sentado feminino
BALSENSE É MEDALHA DE BRONZE NO VÔLEI NAS PARAOLIMPÍADAS DE TÓQUIO 2021 Publicada em 06/09/2021 às 10h33Versão para impressão
A seleção brasileira feminina de vôlei sentado venceu neste sábado (4) o Canadá por 3 sets a 1 e conquistou medalha
de bronze na Paralimpíada de Tóquio. O confronto ocorreu no Centro de Convenções Makuhari Messe, na cidade de Chiba. As brasileiras saíram na frente, vencendo o primeiro set por 25 a 15. As canadenses reagiram, e fecharam o segundo set por 26 a 24. Na sequência, só deu Brasil, que obteve êxito no terceiro set, por 16 a 24, e no quarto, por 25 a 14. O bronze em Tóquio foi o segundo pódio na história da seleção brasileira. No Rio 2016, ela conquistou a primeira medalha na modalidade ao faturar o bronze. A atleta maranhense Pâmela Pereira, de 35 anos, que integra a seleção brasileira feminina de vôlei sentado, comemorou e agradeceu a torcida pelo título. "Que orgulho eu tenho de representar duas cidades 1 que me acolheu de braços abertos e 'aonde conheci o esporte, e onde moro hoje com minha família obrigada Goiânia. Outra e minha cidade onde nasci e fui criada Balsas Maranhão quem diria, olha onde estou, obrigada a todos por tanto carinho e amor sou muito grata. Sou medalhista de bronze Tokyo 2021. Obrigada Trezidela de açúcar, meu bairro que morava em Balsas. Sei que todos meus amigos e amigas estão orgulhosos de mim. Sou medalhista! Beijos meu pai que onde você estiver sei que está orgulhoso de sua filha. (Valderedo) esporte para todos te amo”, publicou Pâmela no Instagram.
MARLON MODOLO ZANOTELLI E CARTARO 2 VENCERAM NO HUBSIDE JUMPING De novo e de novo, e ainda é tão divertido! Marlon Modolo Zanotelli e Cartaro 2 venceram prova no Hubside Jumping - impuseram-se desta vez no CSI5* 1.50 m Grande trabalho! #JumpingGrimaud #FrenchRiviera #showjumping #HarasDesGrillons
mais uma
MARANHÃO É O C AMPEÃO GERAL DO TROFÉU NORTENORDESTE Em casa, após cinco etapas e três dias de disputas, a seleção do Maranhão venceu o Troféu Manoel Trajano NorteNordeste Loterias Caixa Adulto de Atletismo, encerrado neste domingo (26/9), na pista da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em São Luís. Maranhão mostrou superioridade ao conquistar o primeiro título da história, com 45 medalhas (29 de ouro, 11 de prata e 5 de bronze). Maranhão foi também campeão no masculino (16 de ouro, 7 de prata e 2 de bronze) e no feminino (13 de ouro, 4 de prata e 3 de bronze).– o quadro final de medalhas está no site da CBAt, no hotsite da competição, em resultados. Os melhores atletas do Troféu Norte-Nordeste foram Letícia Maria Nonato Lima, pela seleção do Maranhão, e Francisco Guilherme dos Reis Vianna, por Pernambuco. Letícia Lima venceu os 200 m com 23.82 (0.7), recorde do campeonato (melhorou sua própria marca, de 23.85, de 2018), e ainda levou mais uma medalha de ouro no revezamento 4×400 m do Maranhão, com Joelma das Neves Souza, Ana Carolina Azevedo e Geisa Coutinho, em 3:51.16.
LUTANDO CONTRA O PRECONCEITO JOSÉ MANUEL CONSTANTINO – O desporto em Portugal, com exceção do futebol, teve sempre pouca relevância política, salvo naturalmente os sucessos desportivos internacionais nas modalidades que, nesses momentos, ocupam o espaço mediático e a atenção política. A história do desporto nacional evidencia que foi um produto importado nos finais do século XIX e que o carácter periférico da nossa situação geográfica aliado a um fraco grau de desenvolvimento do país não ajudaram às influências desportivas que marcaram a Europa na primeira metade do século seguinte. Na altura, a industrialização e as suas consequências no crescimento urbano e na organização do trabalho deram lugar a formas de ocupação do tempo livre, onde as competições desportivas passaram a atrair públicos e praticantes cujas origens de classe eram sobretudo oriundas da burguesia aristocrática, os chamados “amadores”. Só mais tarde, com a expansão do Olimpismo e do “estado social,” o desporto passou a ter um carácter mais interclassista e, com a profissionalização das carreiras desportivas, a servir de elevador social para os desportistas mais talentosos oriundos das “classes populares.” UM FENÓMENO GLOBAL – O século XX assistiu à afirmação do desporto como um fenómeno global, numa escala verdadeiramente planetária, geradora de uma economia própria. A imprensa ocupou-se dele, promoveu-o, criou o seu espaço próprio entre os meios de comunicação social, onde a sua presença chegou a ser dominante nos alinhamentos noticiosos e impulsionou muitas competições desportivas. A reconstrução europeia no pósguerra sedimentou uma densidade desportiva na Europa que já lhe era anterior, mas cuja influência em Portugal chegou sempre de forma tardia e precária, atendendo o grau de desenvolvimento do país e ao facto de não mobilizar a atenção das elites políticas e culturais. O período final da Monarquia, com o reinado de D. Carlos, foi uma exceção a este estado geral, mas o período republicano que se lhe seguiu, pela instabilidade criada, não ajudou ao fortalecimento das organizações desportivas apesar de muitas delas terem nascido naquele período. O Estado Novo acentuou um afastamento progressivo dos ideais desportivos chegando ao ponto de ser proibido o seu ensino nas escolas. Confinado a uma coisa menor e prevalecendo os ideais higienistas em defesa da purificação da raça, o associativismo desportivo não apenas foi desestimulado como, em alguns casos, combatido e transformado, por via disso, num espaço de resistência à ditadura. RECUPERAR O TEMPO PERDIDO – Os ideais abrilistas procuraram recuperar o tempo perdido em busca de um novo Desporto num país novo e deixaram como legado a assunção do Desporto como um direito constitucional dando fulgor ao desporto popular que brotou das coletividades e clubes desportivos locais emergentes do livre associativismo consagrado na Constituição de 1976, suportado, ainda hoje, pela ação preponderante do poder autárquico. O certo é que Portugal nunca assumiu a obrigação constitucional na sua ampla dimensão e deixou que ela fosse mais um direito proclamatório do que um direito exercido. As associações e coletividades desportivas, assumidas na Lei Fundamental como parceiros do Estado para a promoção do desporto, em raras ocasiões saíram da sua condição periférica para serem efetivamente reconhecidas como parceiros na construção das políticas públicas e na implementação de uma visão de futuro para o país desportivo. RELAÇÃO COM AS ELITES
– O desporto manteve-se sempre afastado das elites políticas, e a partir de determinado momento a própria academia, onde havia entrado, ultrapassando um conjunto de atávicos obstáculos, optou pela valorização do trabalho e da investigação em torno das ciências da saúde, relegando para um plano secundário as do desporto. Exceção a este quadro geral pode ser reconhecida ao futebol que capturou uma parte das elites políticas que se abrigaram à sua sombra numa relação nem sempre transparente e valorizante. A verdade é que, para muitos dos nossos governantes, o desporto nunca entrou nos seus percursos individuais ou familiares. E como não é possível apreciar a literatura não lendo, ou a pintura não frequentando exposições, também não é possível entender o desporto quem não o praticou ou admirar o espetáculo desportivo quem não o frequenta. O resultado é uma perceção cultural impregnada de um enorme défice quanto ao valor social que o desporto tem para uma comunidade com inevitáveis consequências no âmbito das políticas para o desporto. A reversão desta situação não é impossível, mas é difícil e de progressão muito lenta. É certo que Portugal viveu no passado grandes transformações a partir de exercícios de políticas públicas exemplares. Os casos mais evidentes foram, porventura, no domínio da Saúde com o Serviço Nacional de Saúde com a ação pioneira de António Arnaut e mais tarde, no domínio da Ciência, a ação do ministro José Mariano Gago, que alteraram radicalmente o quadro das políticas públicas para os respetivos setores com óbvias vantagens para Portugal. Resta-nos ter esperança de que, um dia, algo semelhante possa ocorrer com o Desporto. Seria uma boa surpresa!
A EDUCAÇÃO CÍVICA E FÍSICA NA BARRA OSMAR MONTE No meu tempo de escola primária e ginasial em Barra do Corda (MA), havia uma prática exemplar de civismo e patriotismo. Desde cedo os professores ensinavam para as crianças, os valores educacionais e morais que conduziam os cidadãos para a vida inteira. Estudei no Grupo Escolar Frederico Figueira; e tive o prazer de estudar com a professora Guaraci Milhomem; e a diretora era a professora Zenóbia. Os alunos entravam para a sala de aulas e quando a professora chegava, todos levantavam em gesto de respeito. Estudei no Instituto Maranata, no Sítio dos Ingleses; a diretora era a professora Zélia. O rito era entrar para a sala e antes da aula, orar, ler textos da bíblia, para depois assistir o conteúdo da matéria. No Ginásio Diocesano Nossa Senhora de Fátima, ampliaram-se as práticas de civismo: as instruções sobre os símbolos nacionais; datas comemorativas; aulas de canto, ensaios para cantar o Hino do Maranhão, o Hino Nacional do Brasil, o Hino da Independência do Brasil, e canções belíssimas como “Luar do Sertão”. O espírito cívico conduzia a alegria dos alunos, regidos por professores como Galeno Brandes, Moisés Araújo e Antônio Reis. A educação física era um destaque: jogos de voleibol, basquetebol, futebol de campo e futebol de salão. Jovens meninos e meninas se esmeravam para alcançar os melhores índices de desempenho. Na ala feminina, a professora Helena Silva comandava os exercícios. As garotas vestidas de camisetas e shorts eram verdadeiras modelos fotográficos. No grupo masculino, o professor João Pedro exigia muito dos garotos; exercícios pesados, corridas em grandes distâncias e provas de resistências. Alguns atletas eram destaques: Gelásio Franco, Chico Ribimba, José Hipólito, Ornilo Melo, Tomaz Miranda, Elias Cavalcante, Djauma Brito e outros mais... Como é bom lembrar dos ensaios preparativos para as comemorações de 7 de setembro. Durante vários dias os alunos treinavam; uma menina baliza com corpo perfeito e rosto angelical, à frente dos muitos alunos, fazia o gesto imperativo; e logo os tambores rufavam, os tarois ziniam e a corneta tocada pelo Manoel Clemente, soava convocando o povo para comemorar a Independência do Brasil. A educação física preparava o corpo; e a educação cívica preparava a mente, e agregava valores para os alunos fortalecerem o sentimento de patriotismo. *Osmar Monte é poeta e escritor, membro da Academia Barra-cordense de Letras
NAVEGANDO COM JORGE OLIMPIO BENTO "As armas e os barões assinalados / Que da ocidental praia Lusitana / Por mares nunca de antes navegados / Passaram ainda além da Taprobana / Em perigos e guerras esforçados / Mais do que prometia a força humana / E entre gente remota edificaram / Novo Reino, que tanto sublimaram".
A consagração do direito a uma vida digna, realizada no caminho de perseguição da felicidade, implica a presença acrescida do desporto, a renovação das suas múltiplas práticas e do seu sentido. Sendo a quantidade e qualidade do tempo dedicado ao cultivo do ócio criativo (do qual o desporto é parte) o padrão aferidor do estado de desenvolvimento da civilização e de uma sociedade, podemos afirmar, com base em dados objetivos, que nos encontramos numa era de acentuada regressão civilizacional. Este caminho, que leva ao abismo, tem que ser invertido urgentemente.
DE QUE LADO ESTOU? Possuo memória. Não olvido as circunstâncias do nascimento e crescimento, e das várias etapas da existência. Ninguém espere que troque de princípios; apenas anseio melhorar os métodos, todos os dias. Estarei, pois, do lado em que sempre estive. Até ao fim. Estou do lado dos que enfrentam a pedra dura, o vento gelado, a chuva inclemente, a cerração do nevoeiro, o desespero da dúvida e incerteza, da indiferença, mudez e surdez do mundo. Ouço os gritos dos angustiados, clamando por justiça e misericórdia. Milito nas fileiras do inconformismo e da elevação da dignidade da vida. Aguardo o milagre da partilha do pão e do vinho por todos. Creio na esperança, que é humilde e mora no Povo sofrido e em tudo quanto lhe é contíguo e imanente. É daí que eu venho; não tenho outra origem ou pertença, nem a vou trair. DIAGNÓSTICO Tu, que idolatras políticos medíocres e sujeitos execráveis, sem qualidade alguma, te prostras diante deles e lhes lambes os pés, como se fossem semideuses, deliras com as suas palavras e gestos reles e soezes, és um idiota completo. Lembra-te, oh néscio e parvalhão, que o teu compromisso é ser concidadão: não dares as costas, os ombros e o resto a quem te trata como vilão. Abre os olhos, estúpido: és a peça-chave e o agente decisivo em cada eleição! Vota pelo bem da comunidade e nação. És criatura de Deus, não deves servir o cão. Esperas o quê, se fizeres de rã e levares no dorso o escorpião?! RECURSO HUMANO?! Se podes ver e ouvir, repara e presta atenção. Quando te chamam ‘recurso humano’, não se trata de linguagem imprecisa. Estão a pôr-te intencional e objetivamente a etiqueta de ‘ativo’ dispensável e a retirar-te o estatuto de 'Ser Humano'. Não pertences à categoria das pessoas e dos nomes, mas tão-somente à das coisas e dos números. És um recurso e nada mais! Ou seja, não figuras na lista dos alguém e quem; estás alocado no desvão dos nenhuns e zés-ninguém. Desconfio que não tens noção disto. Possuem-te (não me atrevo a escrever o palavrão certo) e reduzem-te a objeto descartável; não dás conta e, quiçá, até gostas.
A PROPÓSITO DO DIA DO IDOSO Os avós não substituem os pais; mas roubam o trabalho essencial aos anjos-da-guarda. Por sua vez, os netos velam para que os avós conservem até ao fim o sorriso, a beleza e as tonalidades suaves das folhas do outono. A Adriana é o caminho para além de nós. Está sempre presente em todos os nossos passos. Com o clarão da sua luz atravessamos a distância e a escuridão, enfrentamos os abismos, vemos o céu e as estrelas poisar no rosto e nas mãos, e a vida florir na alma e no coração. E há ainda o mistério, que não sei dizer; pressinto que mora nela, inteiro e sublime. UM CÉU DE NOSTALGIA Hoje o céu está azul, porém polvilhado de pequenas nuvens brancas, semelhantes a fiapos de algodão. O sol ainda irradia um calor compensador da aragem fresca que se sente nas sombras. É um dia assinalado pela contradição entre a aparência e a essência. A serenidade e a tranquilidade da superfície encobrem, sem o conseguir de todo, a incerteza e inquietude do futuro.
O tempo do outono traz a mudança de cor das folhas e lança estas para o chão, tecendo uma colcha e um tapete de retalhos multicoloridos. Depois virá o inverno, estação difícil para as plantas frágeis. Mais lá para diante voltará a primavera. Como e para quem chegará ela?! CAMPEÕES DO MUNDO: GAUDEAMUS IGITUR! É um feito extraordinário termos alcançado o primeiro lugar no campeonato mundial de futsal, tal como seria o segundo, o terceiro ou o quarto lugar. Saudemos os argentinos e os brasileiros por figurarem no pódio e as restantes seleções por cometerem a proeza da qualificação para a disputa da fase final. Todos são vencedores! Alegremo-nos com a alegria genuína, depurada da perversa ideologia que só considera vencedor o primeiro e perdedores os restantes. Gaudeamus igitur!
DA PÓLVORA DO ‘POPULISMO’ E DA DEFESA DA REPÚBLICA O ressentimento dos povos, em relação às elites e ao requentado prato de democracia que hoje nos servem, tem justificação. Na segunda metade do século XX aumentou a esperança na equidade. Apesar da involução nos anos terminais, aguardava-se que no século XXI o processo evoluísse e até acelerasse. Muita gente cresceu a ouvir a promessa do alastramento da prosperidade pelo planeta; e tem que engolir a amarga desilusão: crescendo da desigualdade, monopolização dos proveitos da globalização por uma oligarquia, milhares de milhões de pessoas deixadas para trás, 1% da população detém metade da riqueza mundial, 100 milionários possuem mais dinheiro do que os 4 mil milhões mais pobres, uma em cada dez pessoas vive em extrema pobreza (dados do FMI), enfim, uma deprimente realidade que o pós-pandemia vai agravar. A globalização e a internet podem ter reduzido o fosso entre países, mas acentuaram-no entre grupos sociais. A desigualdade é, quiçá, maior do que na Idade da Pedra. E não se vê qualquer esforço conjunto, à escala internacional, tendente a debelar as causas da aberração. Ao invés, a humanidade tende a dividir-se numa ínfima parcela de super-humanos e numa gigantesca plaga de sub-humanos, inúteis e insignificantes. Os povos sofrem a desgraça e pressentem o avolumar do cataclismo que se aproxima a passos largos. A união da biotecnologia com as novas áreas de informação e inteligência artificial vai favorecer a concentração do poder e da riqueza num grupo reduzido. O tão exigido e incensado crescimento económico não se destina, pois, a diminuir o número de pobres, mas a tornar os ricos ainda mais obesos de dinheiro. A vida das pessoas entrou em desagregação; as associações, comunidades e instituições assentes na intimidade e solidariedade são esfaceladas e esvaziadas de importância. Ora não se constrói a comunidade global com o mercado movido pelo intuito único de gerar lucros indecorosos e alienar as atenções e consciências. Como não reagir, mesmo que a reação não seja ajustada e os problemas exijam outras respostas?! Percebamos o essencial. Há três décadas, a fé na democracia parecia inabalável; agora está seriamente abalada. Os valores modernos e republicanos da equidade, liberdade e fraternidade enfrentam grave ameaça. O avanço da desigualdade adensa as tensões sociais; a tampa já rebentou e é só o começo. O ‘Big Brother’ da eliminação e exclusão dos frágeis tudo fará para ficar, se estes e os indiferentes não assumirem a luta por outro mundo. Urge renovar o grito e a mensagem nele imanente: Viva a República! DESAFIOS E PERGUNTAS AOS PROFESSORES CONFORMISTAS O título deste item diz tudo; e nada de novo. É uma insistência e espicaçamento, mesmo sabendo que talvez equivalha a chover no molhado. Seja no ensino básico e obrigatório, seja no dito ‘superior’, os professores estão vencidos económica e axiologicamente. O primeiro aspeto é por demais evidente; o segundo não é menos. Ganham mal e não
poucos carregam o fardo da precariedade laboral. Todavia, exercem o mister ajoelhados perante um deus que mina os pilares e fins da educação e formação, da vida e da civilização. Como se isto não bastasse, encontram-se divididos. Muitos (a maioria na universidade!) renderam-se: não gostam de estar na primeira linha da cidadania e de pagar o preço da dignidade e liberdade; preferem o conforto da omissão, do silêncio e da cobardia que é, no dizer de Michel de Montaigne (1533-1592), “mãe da crueldade”. A minoria, que não se entrega e clama por insurgência contra a situação, é vista como estranha pelos pares; não raras vezes, enfrenta aversão, desconsideração e até perseguição. Há ou não assuntos da Humanidade e Sociedade merecedores da tomada de posição dos professores? Não é necessidade premente a renovação da Educação e da Escola, da Formação e da Universidade? Isto não lhes diz respeito, não obriga ao pronunciamento? Porque é que tantos fogem da responsabilização e afogam a voz? Um genuíno pedagogo não se confina no papel de apagado regente de tarefas escolares, de intermediário apático entre estas e os discentes. Participa na reforma e inovação de conceitos e processos, na proclamação de circunstâncias favoráveis ao desempenho da função. Procura estar à altura do que representa e vale a pena: nada menos do que um mundo novo! A conjuntura não espera dele outra atitude. Enfim, os professores passam hoje por duras penas. Mas o futuro não julgará todos da mesma maneira. Usará como balança o aviso de Cornelius Castoriadis (1922-1997): “É preciso escolher: ou descansamos ou somos livres.” REPRESENTAÇÕES DA EXISTÊNCIA A vida é um palco onde acontecem várias e diferentes representações da existência. São poucos os que conseguem realizar uma versão conforme ao código de princípios e valores, direitos e deveres garantes de elevação e sublimação do viver. A maioria não percorre este trânsito: muitos por impossibilidade, porque lhes é vedado o acesso à concretização da dignidade ínsita em si; outros por opção, porque deliberadamente se afastam daquele caminho e escolhem a via da pantomina, da indignidade e indecência. Valerá ou não a pena pensar nisto e tirar as devidas ilações? ERA DE ESCURIDÃO A noite é intrigante, mas não mete medo. Há nela estrelas, luar e mistérios. Medo tenho - e muito! - da escuridão, do abismo e do pasmo que a perfazem. Assusta-me um mundo inimigo dos escultores, pintores e cantores da claridade que ilumina a Cidade. Os vates criam a Humanidade; os tiranos crucificam-na. Ora, a tirania nunca desaparece; é proteiforme, hábil e matreira a esconder-se e espreitar o momento oportuno para sair do esconderijo. Ela voltou ao palco da ribalta, contando com a omissão e a cumplicidade das instituições e dos chefes de plantão. A vida está difícil para os escritores e pensadores da Pólis. Esta é mais uma era da traição. Não se ouve, da maioria dos que têm a obrigação de falar, uma palavra, um verso e uma canção de protesto, revolta e indignação. Pouco a pouco, apaga-se a luz da imaginação e admiração. Cresce o deserto da surdez, da mudez e cegueira. Ai de nós, se não formos quem somos! Mirrados de sonhos e sem a poética, que nos edifica, não teremos figura, nem sentiremos a falta dela. PROFESSOR: PROFISSÃO ‘PARTIDÁRIA’ Não é possível ser professor autêntico, sem tomar partido. A favor do quê e contra o quê? A favor da educação, do conhecimento, da ciência e da verdade, contra a ignorância, o fanatismo, o obscurantismo e a maldade.
A favor do desenvolvimento, do florescimento e da autonomia do Ser Humano, contra a desinformação, alienação e manipulação do seu estalão sagrado e profano. A favor da Casa Comum da Natureza e da Sociedade, contra os predadores do planeta e ladrões dos sonhos de felicidade. A favor da equidade, da fraternidade, liberalidade e solidariedade, contra a ignomínia e o terror da exploração, da miséria e da precariedade. A favor da justiça, da paz e da decência, contra a corrupção, a indignidade e a violência. A favor dos direitos, princípios e valores exaltantes, contra a perversão de algum e o descaso dos restantes. A favor das asas e alturas coloridas do enlevamento, contra o intencional e deprimente sofrimento. A favor do presente levantado ao céu e liberto de precipícios e muros, contra a falta de vias largas para os possíveis e sorridentes futuros. A favor da escola e da universidade como instituições modeladoras da Civilização e da Humanidade, da alteridade e hospitalidade, da empatia e cumplicidade, do ócio criativo e da espiritualidade, contra a animalidade, a regressão civilizacional e a voracidade dos rankings e da competitividade. Consideras este código deontológico um manifesto ideológico, explícito e evidente; mas não vês a ideologia da burocracia que te deforma, exaure e consentes alegremente. Sabes o que és? Uma degradação e traição de ti mesmo; abanas as orelhas como um jumento com palas e trejeitos de demente. Estás a mais, sai de cena, oh criatura falsa e delinquente! PS: Voltei a postar o texto, porquanto o deitei fora, sem querer. Peço desculpa aos que o comentaram e partilharam antes. ATAQUES AD HOMINEM É raro o dia em que, nos jornais e nas redes sociais, não surge um texto sobre Raquel Varela 108. Os autores, gente em regra da direita e extrema-direita, imputam-lhe crimes que correspondem a práticas afiançadas pelo normativo em vigor na praça universitária. Isto é, os presumíveis delitos, que põem em causa a honestidade da dita pessoa, inscrevem-se na laboração avaliada e valorada pelo metro contabilístico vigente na academia e nas agências de acreditação e financiamento de cursos e projetos de investigação. Conheço bem a casa; não me cansei de erguer a voz e tomar atitudes contra a ideologia neoliberal e a novilíngua do managerialismo, da competitividade, do produtivismo, dos rankings e dos papers, que pervertem a função da Universidade, a docência e a carreira académica. Ora, muitos dos incriminadores da acusada (por exemplo, o diretor do jornal Público) são fervorosos tenores da ordem estabelecida; não têm interesse em denunciar a perversidade, mas em consolidar e estender os seus pilares e tentáculos. Seria louvável questionar a confeção dos currículos e a realização dos concursos, à luz da axiologia e ontologia justificadoras da criação das instituições universitárias, visando expor aquilo em que estas se tornaram: a degradação da missão, a visão mercantil e o negócio da instrução, o abaixamento do nível da formação, as teias do poder malsão, a feira de vaidades, o amiguismo e os inimigos de estimação, o descaso da cultura, da intelectualidade e espiritualidade, da palavra, do pensamento, da erudição e sabedoria. Ortega y Gasset foi premonitório: a Universidade tornou-se uma fábrica da produção em série de ‘sábiosignorantes’: especialistas na minudência e ignaros na abrangência, incapazes e avessos a ver e compreender além da minúscula courela do seu mister. As pedradas atiradas à referida criatura não pretendem dar um retrato do ambiente que corrói a alma mater, o que equivaleria a encarar a visada como bode expiatório. São tão-somente ataques ad hominem, estribados numa argumentação carente de rigor, afim à encontrada nos artigos de não poucos putativos,
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Raquel Varela is a Professor at New University of Lisbon, and Senior Visiting Professor at the Fluminense Federal University. She is also president of the International Association of Strikes and Social Conflicts and co-editor of its journal. ... Google Books Raquel Varela, a Universidade Nova e o autoplágio académico: ″fraude″, ″conduta imprópria″ ou ″normal″? (dn.pt)
ufanos e balofos cientistas. Não é assim que se contribui para tirar a Universidade do atoleiro em que caiu, cá dentro e lá fora. DO MEU TAMANHO Sou ‘quem’ sou. Procuro seguir e avançar na contramão. Tenho a medida e passada de ‘aquele’ que tenta afastar-se de ‘aquilo’ ou de ‘o quê’, que não quero ser. Estou e sou em trânsito. Anseio percorrer afincadamente a maratona para além de mim. Levado pela ilusão de fintar a efemeridade, caminho, tropeço e ergo-me entre o Não e o Sim. O QUE É O HUMANO? É a expressão culminante da decência e da sublimação da violência. O Humano eleva, afasta da rasura e projeta para a altura. Tem uma grandeza incomensurável e luminescente. Isto não é uma ficção da nossa desejante e estética razão. Nelson Mandela encarnou esta utopia e a sua concretização. PERCURSO DA FORMAÇÃO Ninguém fica cabalmente preparado para ser professor durante o curso de formação. O empenho formativo precisa de continuidade intencional e objetiva, sem jamais estar concluído, ao longo da profissão e para além dela. O percurso docente não me envergonha; mas podia ter sido melhor. Nem sempre estive à altura dos desafios colocados pelos estudantes. Por mais que tentasse, a alguns não consegui esbater muitas ingenuidades que lhes povoavam o pensamento e impediam o florescimento da autonomia e maioridade racional. A outros não forneci as respostas prontas e convincentes para as suas dúvidas e incertezas. Embora fosse esforçado na busca do saber, este era magro para a orientação própria e a alheia. Quando me aposentei, examinei o passado com a lupa da distância clarividente. Vi, com nitidez acrescida, que os professores são enredados na teia da burocracia e privados de circunstâncias favoráveis ao seu aprimoramento intelectual, cultural, espiritual, ético e estético, cívico e comportamental como docentes e pessoas. A perda é enorme tanto para dimensão pessoal como para a profissional, porquanto ambas são indissociáveis. Obviamente, isto repercute-se no ambiente da instituição (escola ou universidade), no ensino e no relacionamento com os alunos. Ah quanto teria melhorado no desempenho da função e na conduta cívica, se na altura tivesse lido os livros que leio agora e usufruído das reflexões, da contemplação e serenidade que este tempo me proporciona! Esta avaliação não significa que seja possível fazer da docência um mar-de-rosas, isento de atritos e malentendidos. Porém é possível aprender a arte e a medida da utilização deles como sal da educação. Enfim, o balanço do caminho andado aguça a noção de que a formação nunca termina, carece de aprimoramento constante. Persisto nesse intento, como se houvesse de ser eternamente professor e como método de expiação dos erros cometidos ULISSES A trirreme sulca penosamente as águas; traz as velas esfarrapadas. Ulisses está cansado. Tem rugas no rosto, mas os olhos de menino. Penélope acena-lhe com gestos de luz, atitudes e falas enamoradas. O marinheiro deslumbrado ancora finalmente no cais do seu destino. FILOSOFAR
Tenho sentidos. Cioso de compreender e saber, estou obrigado a apurar a curiosidade e a sensibilidade, o olhar e o ouvir, a modalidade de interrogar, de apreciar e ponderar o escutado, lido e observado. Desperto e incomodado, valho-me da reflexão para alargar a visão, afinar a noção e não ficar conformado a um só lado. Assumo, deste jeito, o fado de transformar a estranheza do ignorado na beleza do pensado. OBSCENIDADE DA POBREZA E DA FOME As imagens não precisam de ser explicadas. Mas, se não gerarem torrentes de palavras e atitudes de indignação e compaixão, servirão para nos acusar, julgar e ditar uma imperdoável condenação. Perguntemos se isto existe em sociedades ditas primitivas, como, por exemplo, os povos da Amazónia. Quem são, afinal, os civilizados? NINGUÉM É SUBSTITUÍVEL! Na saleta da direção de uma multinacional o presidente dirige-se ao grupo de gestores sob as suas ordens. Brande gráficos de produtividade como se fossem espadas, fita os subordinados e lança a ameaça costumeira: “Ninguém é insubstituível!” A frase ecoa nas paredes da sala. Alguns mexem-se nas cadeiras e entreolham-se, outros baixam a cabeça. De repente, ergue-se um braço e o chefão reage de pronto, num tom denunciador do propósito de triturar o irreverente: - Quer perguntar algo? - Quero, sim. Beethoven é substituível? - Como?! – exclama perplexo o dirigente. - O senhor disse que ninguém é insubstituível. Então quem é que substituiu Beethoven? Instala-se um silêncio cortante como uma faca afiada. O funcionário prossegue: Estou farto de ouvir essa treta. É imperioso que discutamos isso. Afinal, as empresas falam em descobrir e valorar talentos, mas, no fundo, continuam a olhar os profissionais como meras peças da engrenagem. Portanto, pergunto novamente quem é que substituiu Beethoven, Mozart, Fernando Pessoa, Ghandi, Albert Einstein, Pablo Picasso, Salvador Dali, Amália Rodrigues, Tom Jobim, Ayrton Senna, Frank Sinatra, Nelson Mandela, Garrincha, Drummond de Andrade, Jorge Amado, José Saramago e tantos outros? Após uma curta pausa, o indignado continuou: Todos esses nomes marcaram a história. E mostraram, sim, que são insubstituíveis. Não estará na hora de os líderes das organizações reverem os conceitos e começarem a pensar no modo de desenvolver o talento da equipe, de focar a atenção nos seus pontos fortes e não consumir energias a apontar erros e deficiências? Nenhum dos presentes se pronunciou. O atrevido prosseguiu: Acredito que ninguém quer saber se Beethoven era surdo ou Picasso era instável, etc. O que queremos é sentir o prazer gerado por sinfonias e obras-de-arte, por livros memoráveis e por melodias inesquecíveis, tudo resultado do prodígio dos seus autores. Cabe, pois, aos líderes de uma organização mudar o olhar e orientar os esforços para descobrir as potencialidades dos seus quadros. Fazer emergir e brilhar a valia de cada um reverte em prol do êxito do projeto coletivo. O orador prolongou a reflexão: Se um coordenador está focado nos defeitos da equipe, corre o risco de agir como o técnico de futebol ou professor que barraria Garrincha por ter as pernas tortas, Albert Einstein por ter notas baixas na escola, Beethoven por ser surdo. Sob a gestão dele, o mundo teria desperdiçado todos os portentos. Vou terminar perguntando se algum de nós, no caso de falecer, seria considerado substituível pela esposa, pelos filhos, netos e amigos. Cada pessoa é única; não há substituto para ela. O diretor emudeceu e encerrou a reunião. PS: É desconhecido o autor do texto original que inspirou a elaboração deste.
ACONTECENDO...
Organizado por Matheus Gato, o livro O Treze de Maio reúne uma seleção de narrativas breves, escritas por Astolfo Marques, concentradas no retrato das reverberações do fim da escravatura em uma região especialmente vitimada pela brutalidade, como foi o Maranhão. Ao escrever na virada do século 19 para o 20, na periferia da Brasil, Astolfo Marques fez literatura a partir da matéria viva de uma República jovem e da derrocada dos sonhos pós-Abolição. Uma literatura daqueles que ansiavam pela liberdade e permaneceram em um Brasil desigual e hierárquico. Homem negro e livre de um tempo em que libertos e escravizados conviviam em todo o país, Astolfo escreveu histórias capazes de flagrar o momento e seu caráter cambiante sem poupar contradições e complexidades.
A NOVA LITERATURA LUDOVICENSE /MARANHENSE
JOÃO BATISTA DO LAGO ANALISA AXIOMA DE MHARIO LINCOLN: "A FACA DE DOIS GUMES"
Axioma de Mhario Lincoln. A FACA DE DOIS GUMES DE JOÃO BATISTA DO LAGO Hoje faço uma pausa sobre a série de artigos que estou escrevendo relacionados a questão “O que pode um corpo?”. Há uma razão lógica para esse interstício, qual seja, um axioma da lavra do poeta Mhario Lincoln (presidente da Academia Poética Brasileira - APB), que me chama atenção e provoca-me para uma tipologia de debate: “Têm pessoas que nos deixam vivas por fora, para nos matar por dentro.” Evidência cirúrgica? Sim. Claro que sim. Tais palavras no contexto do axioma são o nexo para a construção de um pensamento filosófico, para além de sociológico e antropológico. E diria, também, psicanalítico. Cada palavra é faca de dois gumes cortando sem dó nem piedade a mediocridade moralística que se nos é imposta pelo conjunto de nossas vivenças, experiências e pertenças (ou pertencimentos) culturais, educacionais, sociais, políticos, econômicos etc. Claro, não vou aqui traçar perfis quaisquer, contudo, tentarei demonstrar que a evidente verdade apresentada por ML choca na medida em que não se está preparado para introjetá-la como um processo de disrupção; mais ainda, e por mais paradoxal que pareça, um processo de in-volução na cadeia evolutiva da formação do Si.
Complicado? Sim, parece mas, aos meus olhos é simples assim: tanto o processo de disrupção, quanto de in-volução, que se afirmam axiomaticamente e que sugeri acima não se definem unicamente pelos seus significados do ponto de vista gramático-dicionarístico. Noutras palavras: há significantes, isto é, imagens acústicas ou manifestações de signos no espírito do axioma do poeta. E isso é o fluxo espiritual daqueles que tomam conhecimento deste axioma. Se, pois, nos dermos ao prazer de pensar cada palavra, de per se, mas sem suprimi-las do todo axiomático, percebemos logo que produzemse imagens e sons, além de sentimentos de repugnância ou simpatia, no interior de cada um de nós. O mesmo vai acontecer com a palavra in-volução. Explicando melhor: o texto em análise, aos meus olhos, poderia ser tomado – pura e simplesmente – como trocadilho (inteligente) de palavras, o que não é o caso deste. Quando o poeta infere que “tem pessoas que nos deixam vivas por fora” resta, aí, significantes que nos remetem ao conjunto social, à sociedade propriamente dita, ao ser humano moderno, com toda a sua liquidez latente (Zigmunt Bauman), com todas as suas inferências antropossociológicas (Claude Lévi-Strauss), ou seja, assoma uma imagem/som de tipologia dantesca, já que, o “por fora” é uma afecção (Baruch Espinosa) possível de acontecer, isto é, de nos afetar. E essa afecção redundará, necessariamente, na expressão “para nos matar por dentro”. Neste ponto gostaria de chamar atenção para os termos disrupção e in-volução que grafei acima. Para mim, ambos os vocábulos são, exatamente, o contrário dos seus significados conteudísticos originais. Portanto, para mim, o axioma do poeta Mhario Lincoln, não deve ser entendido ou compreendido como uma espécie de niilismo, de negação, de infirmação da vida. O que o escritor maranhense prega em seu axioma é muito mais uma afirmação evolutiva da formação do sujeito de si, que necessariamente uma tipologia de decepcionismo com o ser humano. E de que forma ele o faz? Chamando o leitor para um processo de criticidade. Explicando melhor, ML nos envia para campos de subjetividades e nos aproxima de autores como Friedrisch Nietzsche (Genealogia da Moral) e Michel Foucault (Vigiar e Punir), por exemplo. Portanto, para finalizar, o autor, aos meus olhos, se nos apresenta uma crítica ferina (muito embora não esteja expressa concretamente), em estilo e modos faca de dois gumes, às morais ou ao moralismo, às religiões ou teologias, à ética dos dominantes – mas também dos dominados – à política, à economia, à educação, ao familismo, enfim, à sociedade. Em todas essas categorias com suas hierarquias pretensamente seculares “tem pessoas/ que nos deixam/ vivas por fora,/ para nos matar/ por dentro”. Nota do Editor: Não é fácil para um homem comum ir 'de encontro', sob o animus da surpresa, a um texto de tão alto índice de gramatura inteligível, como esse, do poeta e escritor João Batista do Lago. Deveras pueril a minha alcunha ter imaginado o grau de observância filo-sociológica, que tal axioma poderia emergir dessa quimera, alinhavada por um sentimento poético exponencial. Porém, acredito que tal fato possa estar relacionado com algo marcante na minha vida profissional. Da mesma forma que Kant influenciou Foucault, João Batista foi-me de maestria abundante, quando trabalhamos juntos, durante 10 anos, na lida do Portal "Aqui Brasil", até meados de 2014. Acredito que, de minha parte, torna-se indissociável a influência dele na evolução do meu pensamento e isso é explícito quando me alvoroço por sobre as palavras e as coisas, na averiguação do compasso lírico ou mesmo, nas interpretações fundamentadoras da minha concepção de Mundo. Como se no percurso discursivo que tenho traçado ultimamente, nem sempre entre Freud e Lacan, o 'eu', como sujeito, me fizesse esconder, nas filigranas das minhas construções axiomáticas, a revelação somente para alguns poucos - do meu 'dark side of the moon". Acho que foi nesse sentido que João Batista do Lago colheu o que escreveu abaixo, deixando-me deveras feliz - que não por elogios - contudo, pela hermenêutica plural do meu pensamento, implodido pela minha própria existência. (Mhario Lincoln).
"O QUE PODE UM CORPO III". ANÁLISE FISOLÓFICA. PARTE III
JB do Lago
O QUE PODE UM CORPO (Parte III) JOÃO BATISTA DO LAGO Inferi na segunda parte desta série de artigos que “(...) um corpo pode tudo (...)”. Tendo esta expressão como um axioma, intuo que um Corpo é (necessariamente) um corpo político. E como tal é, pois, capaz de aprender e apreender com os afectos que se lho acometem. Ainda na primeira parte discorri de maneira muito rasa sobre os caracteres, modos e atribudos do corpo, sempre partindo de uma perspectiva espinosana, muito embora haja capturado (superficialmente) o pernamento de outros filósofos como Nietzsche, Deleuze e Guattari, por exemplo. A partir de agora intento responder e demonstrar, sempre empiricamente, que um corpo é, sobretudo, um “aprendiz”, mas ao mesmo tempo é um “aluno” mediano, ou talvez mesmo um “corpo analfabeto”. O que estou querendo dizer é que, na sua maioria, os corpos (físicos ou metafóricos; privados ou públicos) não se dão conta da possibilidade e da potência de si. Há corpos que passam pela vida inteira sem, sequer, colocarem-se em processo de criticidade, isto é, não são capazes de entender os encontros com as causas e seus efeitos. São corpos muito mais reativos que ativos. São corpos muito mais tristes que alegres. São corpos muito mais sofredores que bem-aventurados. São corpos muito mais niilistas que vitalistas. Considerando, pois, que um corpo pode tudo, ocorre-me imaginar que ele deve ser – fundamental e essencialmente – um “sujeito” involucrado de razões críticas. E isso é importante a partir do instante em que começamos a tomar consciência da corporeidade imanentista, existencialista, estruturalista etc. Isto quer dizer substancialmente que i) está contido na parte da experiência possível, fazendo com que a realidade seja percebida através da utilização dos sentidos; ii) diz respeito aos conceitos e/ou preceitos de teor cognitivo (kantismo); iii) se refere à comprovação empírica da realidade; iv) sugere atividade ou casualidde cujos efeitos não passam do agente; v) um “sujeito” que se identifica a outro “sujeito” (na filosofia espinosana Deus é imanente ao mundo). Todo esse invólucro é ao mesmo tempo causa, efeito, modo e atributo da corporalidade que se nos afecta. Em maior ou menor grau todos os corpos, per si, são capazes ou têm a possibilidade de desenvolver um processo de criticidade. Aos meus olhos, e emprestando as palavras de Gilles Deleuze (1925 – 1995), “[...] o que define um corpo é a relação entre forças dominantes e forças domianadas [...]”, Ora, se isso constitui verdade, devo significar, isto é, criticar concretamente tanto a força dominante quanto a força dominada. Ambas são indissociáveis, indispensáveis e fundamentais e, portanto, a questão a ser perseguida é: qual a razão ou o por quê da existência de uma determinada força dominante? Ou qual a razão ou o por quê da
existência de uma força dominada? É essa analítica que irá, por fim, parir uma nova consciência. Não me deterei sobre isto. Devo assinalar, também, sem quaisquer fundamentos (e aprofundamentos) acadêmicos ou mesmo academicistas, mas fundamentado tão-só na minha esperiencialidade intelectual ou conhecimento empírico, que o corpo é constituinte da Metafísica, porque busca compreender e entender a realidade de modo ontológico, isto é, o corpo é uma referência do sujeito de si mesmo. E sendo, pois, essa referência do si mesmo é causa sui. Ou seja, o corpo é o senhor de si na imanência com a Natureza. Como diz Zaratustra “[...] Detrás de teus pensamentos e sentimentos, meu irmão, há um amo mais poderoso, um guia desconhecido, que se chama “o próprio Ser”. Habita em teu corpo; é teu corpo [...]”. Seguidamente ele deduz: “[...] Há mais razão em teu corpo que em tua melhor sabedoria [,,,]”. Aos meus olhos isso significa precisamente que eu tenho que entender-me e compreender-me como único, uno, singular ou sui generis. E tudo isso dentro da pluralidade complexa que me habita. Mais ainda: ter consciência dos meus encontros (interiores e exteriores), dos meus afetos. Entender que os meus erros ou defeitos, virtudes ou desvirtudes, alegrias ou tristezas, são partes indispensáveis para a minha evolução. (Penso intuitivamente que é exatamente no ambiente desse processamento cognitivo que se dá o que Antonin Artaud (1896 – 1948) definiu como um corpo sem órgão (CsO). Sobre CsO falarei posteriormente.) Então, voltando ao cerne da questão deste texto, intuo que o corpo é um eterno aprendiz, mesmo na sua medianez ou no seu analfabetismo mórbido, tem capacidade de tornar-se agente da sua cartografia. Quero dizer com isso que eu – somente eu – sou o confeccionador dos meus mapas cerebrais; único responsável pela criação, produção e análise dos meus mapas gráfico-cerebrais. Toda impressão, assim como toda representação que se me ocorre somente acontece em mim. Entendido dessa forma, creio, todo e qualquer corpo está predisposto para relações de forças que se lhe vão acontecer e, muito mais que isso, potencializado – em maior ou menor grau – para experimentar um processo de extencionalidade expressiva da sua existência. Essa condição me fez lebrar de M. Marleau-Ponty (1908 – 1961) que, partindo do estudo da percepção conclui que o corpo humano não é apenas um objeto estudado pela ciência, ele é condição e base para a existência. De um corpo tanto depende a percepção de mundo quanto a própria criação desse mundo. Em sua fenomenologia Merleau-Ponty compreende a reflexão e a existência como presença do ser no mundo, cuja expressividade o corpo possibilita e inaugura. As dimensões do cogito, da temporalidade e da liberdade são vistas como possibilidades do ser no mundo, expressões existenciais do sujeito encarnado.
O QUE PODE UM CORPO? (IV) "CORPOS ANTROPOMÓRFICOS" JOÃO BATISTA DO LAGO
João Batista do Lago
(E ESTE CORPO FEMININO, O QUE PODE?) O presente artigo, desta série que me propus a escrever, aos meus olhos, é o mais difícil de todos. O mais complexo. O mais complicado, porém, o mais instigante. E por quê? Exatamente porquê o corpo feminino – este “sujeito” cultural, econômico, social, político etc. há sido estudado desde o Iluminismo (muito embora desde a antiguidade medieval e clássica vários autores já haviam problematizado o tema) com muita frequência e por dezenas de milhares de autores, o que torna impossível e mesmo inviável citá-los. Isto não impedirá, no entretanto, que alguns autores que fazem parte da minha pesquisa bibliográfica (mas sem uma metodologia definida) sejam mencionados. Mas quero destacar desde logo que somente aqueles que eu considere “mais importante”(NA) serão lembrados. Devo destacar, ainda, que estes artigos desde a origem não tiveram, não têm e não terão, o condão da cientificidade. Eles interessam muito mais à minha história de um saber pessoal que, necessariamente, às academias. Sendo assim, que me perdoem os críticos e os “doutos”. Por outro lado, não é demais inferir que, em verdade, “talvez” eu esteja aqui e agora revelando uma determinada cognição, a partir de um campo memorial – sobretudo da minha infanto-adolescência. Sem mais chorumelas vamos ao que se me interessa. IV.I – CAPITALISMO, CORPO FEMININO E PÓS-VERDADE “Talvezes” eu devesse começar este artigo partindo de um perspectivismo historicista sobre a problemática do corpo feminino. Mas não. Vou direto ao ponto. E mais direto ainda porque este tema não é de interesse exclusivo das mulheres (corpos femininos). Em verdade, interessa a toda a sociedade. E interessa a toda sociedade exatamente porque o corpo feminino foi o mais violentamente capturado pelo capitalismo. Isto, per se, explica todo o meu interesse pela problemática. Para a escritora italiana Sílvia Federeci, por exemplo, que durante trinta anos pesquisou a matéria, até compor o quadro sobre as circunstâncias históricas específicas em que se desenvolveu a perseguição às bruxas e as razões pelas quais o surgimento do capitalismo exigiu um ataque sistemático e brutal contra as mulheres (https://outraspalavras.net/), “Marx estudou esse período de uma perspectiva masculina. Ocupou-se somente da esfera produtiva, do trabalho assalariado, e ignorou toda a esfera reprodutiva da vida e da mão de obra: a gestação, aleitamento e cuidado com as crianças, a sexualidade, o cuidado com os velhos e os doentes, o alimento, a limpeza. O mesmo
ocorreu com Foucault em sua história da sexualidade. Uma história de homens”. Traduzindo as palavras de Federeci ouso dizer que até mesmo Marx e Foucault, pelo menos nesses momentos tiveram seus “espasmos” de pensamentos machistas. Não. Minha questão aqui não é a demonização dos corpos masculinos (homens). Não, pois isto não passaria de um reles reducionismo da questão. O que me incomoda de fato é ter aprendido e apreendido que o capitalismo (e o capitalista) é, por excelência, o deus macho todo poderoso. Então, assim sendo, como à época (e isto se dá até nos dias atuais) era corrente dizer-se que a mulher seria a parte frágil da relação entre esses corpos, capitalismo e capitalistas não tardaram subjugar e submeter o corpo feminino ao “suplício” da reprodução ou reprodudibilidade, encerrando o corpo feminino, ou seja, a mulher numa espécie de leprosário conjugal, onde a função era a de reproduzir braços fortes para a sustentação ou sustentabilidade do capitalismo nascente nos séculos XI, XV e XIX (principais fases). O que vai mudar essa correlação de forças (entre tantos movimentos feministas individualizados anteriores), aos meus olhos, é o movimento de maio de 1968, em França. Esse choque de/da realidade despertou o mundo para um novo debate sobre o papel das mulheres, consequentemente sobre a problemática: o que pode um corpo feminino? Há um longo caminho a percorrer, apesar de entendermos e sabermos dos mais diversificados “avanços” (mas não o bastante!) alcançados até aqui. Mas, ainda assim, o corpo feminino continua subsumido dentro de um estruturalismo machista-capitalista-falocêntrico-histriônico. Vejam o que nos relata a feminista, ativista e escritora italiana italiana Sílvia Federici: “O capitalismo precisa criar hierarquias: o que ganha mais, o que ganha menos, a que não ganha. O trabalho da mulher não é assalariado e portanto não é considerado trabalho. Racismo e sexismo são formas intrínsecas ao sistema, maneiras de dividir para controlar.” E o que ela fala sobre o Brasil: “A Inquisição foi estendida ao Novo Mundo, e no Brasil foram acusados também homens negros escravos, além das mulheres escravas. Espero que Calibã e a Bruxa inspire as jovens brasileiras a aprofundar os estudos sobre esse período“, (é o que também espero) disse Silvia às plateias que a assistiram quando ela palestrou por aqui, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Pois bem, ao finalizar esta quarta parte desta série de artigos quero retomar um pensamento que deixei voado acima, que bem sei é polêmico, contudo deve ser manifestado abertamente e conclamado para um debate mais amplo e producente, qual seja, a demonização do corpo masculino (homem) por parte de alguns setores ou coletivos, aos meus olhos, há que ser revista, posto que, a causa não existe no corpo masculino em si, mas no fetiche capitalista que intui na subjetividade da camada popular, dos trabalhadores, das trabalhadoras, dos homens, das mulheres, das comunidades negras, dos quilombolas, dos povos indígenas, dos empresários e empresárias, das diversas academias, dos colégios públicos e privados, e até mesmo na classe média e na da burguesia, além dos corpos políticos, econômicos, financeiros e culturais. E para finalizar: isto nada tem a ver com o fim do capitalismo ou dos capitalistas... Mas tem tudo a ver com um processo de conscientização da realidade realmente real que se nos afeta... que se nos atravessa. Sem isto, ouso dizer: nada vai mudar. E não se trata de quaisquer niilismos, mas da apreensão de uma realidade que se nos parece imanente, mas não é. Talvez seja um idealismo utópico da minha parte, mas creio que não porque em mim continuam os muitos “talvezes”. Até o próximo encontro. ---------1 - [Filosofia] Organização (movimento) que, centrado na intelectualidade, se baseia na utilização da Ciência e da Razão para indagar os preceitos filosóficos – de maneira empírica e racional – recusando quaisquer dogmas, principalmente os relacionados às doutrinas religiosas e/ou políticas; 2 – [Psiquiatria] Patologia acrescida de devaneios e visões de eventos sobrenaturais; 3 – [Religião] Doutrina de certos místicos, do súculo XVIII, que se baseava na crença de uma inspiração sobrenatural e de uma verdade religiosa intrínseca proveniente de Deus. Sem escala de valores
Que os corpos masculinos devam modificar sua visão de mundo em relação ao corpo feminino é uma possibilidade possível e aceita por todos. Ao longo dos estudos e pesquisas pessoais e particulares que empreendo, busco entender e compreender – a mim e ao mundo – como esses corpos poderiam manter relações de forças em/com equidade? Não é fácil manifestar uma dóksa generalista que abarque todo esse complexo. A mim parece que o conceito de devir, proposto por Deleuze & Guattari (Mil Platôs – Vol. 4, trad. Suely Rolnik, Ed. 34) seja (talvez) aquele que mais se aproxima da minha realidade ou da minha visão de mundo. E por que penso assim? Porque segundo os autores franceses – filósofo e psicanalista respectivamente – deve-se compreender o vocábulo para além de uma definição dicionarística, ou seja, “Por que há tantos devires do homem, mas não um devir-homem? É primeiro porque o homem é majoritário por excelência, enquanto que os devires são minoritários, todo devir é um devir-minoritário. Por maioria nós não entendemos uma quantidade relativa maior, mas a determinação de um estado ou de um padrão em relação ao qual tanto as quantidades maiores quanto as menores serão ditas minoritárias: homem-branco, adulto-macho, etc. Maioria supõe um estado de dominação, não o inverso. Não se trata de saber se há mais mosquitos ou moscas do que homens, mas como "o homem" constituiu no universo um padrão em relação ao qual os homens formam necessariamente (analiticamente) uma maioria. Da mesma forma que a maioria na cidade supõe um direito de voto, e não se estabelece somente entre aqueles que possuem esse direito, mas se exerce sobre aqueles que não o possuem, seja qual for seu número, a maioria no universo supõe já dados o direito ou o poder do homem. É nesse sentido que as mulheres, as crianças, e também os animais, os vegetais, as moléculas são minoritários. É talvez até a situação particular da mulher em relação ao padrãohomem que faz com que todos os devires, sendo minoritários, passem por um devir-mulher. No entanto, é preciso não confundir "minoritário" enquanto devir ou processo, e "minoria" como conjunto ou estado. Os judeus, os ciganos, etc., podem formar minorias nessas ou naquelas condições; ainda não é o suficiente para fazer delas devires. Reterritorializamo-nos, ou nos deixamos reterritorializar numa minoria como estado; mas desterritorializamo-nos num devir. Até os negros, diziam os Black Panthers, terão que devir-negro. Até as mulheres terão que devir-mulher. Mesmo os judeus terão que devir-judeu (não basta certamente um estado). Mas, se é assim, o devir-judeu afeta necessariamente o não-judeu tanto quanto o judeu. Etc. O devir-mulher afeta necessariamente os homens tanto quanto as mulheres. De uma certa maneira, é sempre "homem" que é o sujeito de um devir; mas ele só é um tal sujeito, ao entrar num devir-minoritário que o arranca de sua identidade maior. Como no romance de Arthur Miller, Focus, ou no filme de Losey, M. Klein, é o não-judeu que se torna judeu, que é tomado, levado por esse devir, quando ele é arrancado de seu metro padrão. Inversamente, se os próprios judeus têm que devir-judeu, as mulheres que devir-mulher, as crianças que devir-criança, os negros que devir-negro, é porque só uma minoria pode servir de termo médium ativo ao devir, mas em condições tais que ela pare por sua vez de ser um conjunto definível em relação à maioria. O devir-judeu, o devir-mulher, etc., implicam, portanto, a simultaneidade de um duplo movimento, um movimento pelo qual um termo (o sujeito) se subtrai à maioria, e outro pelo qual um termo (o termo médium ou o agente) sai da minoria. Há um bloco de devir indissociável e assimétrico, um bloco de aliança: os dois "Monsieur Klein", o judeu e o não judeu, entram num devir-judeu (o mesmo em Focus). Uma mulher tem que devir-mulher, mas num devir-mulher do homem por inteiro. Um judeu torna-se judeu, mas num devir-judeu do não-judeu. Um devir minoritário só existe através de um termo médium e de um sujeito desterritorializados que são como seus elementos. Só há sujeito do devir como variável desterritorializada da maioria, e só há termo médium do devir como variável desterritorializante de uma minoria. O que nos precipita num devir pode ser qualquer coisa, a mais inesperada, a mais insignificante. Você não se desvia da maioria sem um pequeno detalhe que vai se pôr a estufar, e que lhe arrasta. É porque o herói de Focus, americano médio, precisa de óculos que dão a seu nariz um ar vagamente semita, é "por causa dos óculos" que ele será precipitado nessa estranha aventura do devir-judeu de um não-judeu. No caso, qualquer coisa serve, mas o caso revela-se político. Devir-minoritário é um caso político, e apela a todo um trabalho de potência, uma micropolítica ativa. É o contrário da macropolítica, e até da História, onde se trata de saber sobretudo como se vai conquistar ou obter uma maioria. Como dizia Faulkner, não havia outra escolha senão devir-negro, para não acabar fascista. Contrariamente à história, o devir não se pensa em termos de passado e futuro. Um devir-revolucionário permanece indiferente às questões de um futuro e de um passado da
revolução; ele passa entre os dois. Todo devir é um bloco de coexistência. As sociedades ditas sem história colocam-se fora da história, não porque se contentariam em reproduzir modelos imutáveis ou porque seriam regidas por uma estrutura fixa, mas sim porque são sociedades de devir (sociedades de guerra, sociedades secretas, etc.). Só há história de maioria, ou de minorias definidas em relação à maioria. Mas "como conquistar a maioria" é um problema inteiramente secundário em relação aos caminhos do imperceptível. Tentemos dizer as coisas de outro modo: não há devir-homem, porque o homem é a entidade molar por excelência, enquanto que os devires são moleculares. A função de rostidade mostrou-nos de que forma o homem constituía a maioria ou, antes, o padrão que a condicionava: branco, macho, adulto, "razoável" etc., em suma o europeu médio qualquer, o sujeito de enunciação. Segundo a lei da arborescência, é esse ponto central que se desloca em todo o espaço ou sobre toda a tela, e que vai alimentar a cada vez uma oposição distintiva conforme o traço de rostidade retido: assim macho-(fêmea); adulto-(criança); branco-(negro, amarelo ou vermelho); razoável-(animal). O ponto central, ou terceiro olho, tem portanto a propriedade de organizar as distribuições binárias nas máquinas duais, de se reproduzir no termo principal da oposição, ao mesmo tempo que a oposição inteira ressoa nele. Constituição de uma "maioria" como redundância. E o homem se constitui assim como uma gigantesca memória, com a posição do ponto central, sua freqüência, visto ser ele necessariamente reproduzido por cada ponto dominante, sua ressonância, dado que o conjunto dos pontos remete a ele. Fará parte da rede de arborescência toda linha que vai de um ponto a outro no conjunto do sistema molar, e define-se, pois, por pontos que respondem a essas condições memoriais de freqüência e de ressonância. IV.II – CORPOS ANTROPOMÓRFICOS Acima critiquei que o corpo feminino foi o mais avassaladoramente, mais cruelmente, mais violentamente afetado – em todo o mundo – pelos mais diversificados regimes capitalistas e, consequentemente, pelos capitalistas, assim como pelos seus governos e governantes. Devo destacar aqui e agora que não é minha intenção historicizar esses acontecimentos. Para este artigo interessa-me observar o antropomorfismo imanente nos corpos-outros, mais precisamente nos corpos masculinos que podem ser definidos como patriarcais com as suas multiplicidades e singularidades similares. Vale entender que o que chamo de corpos masculinos é toda e qualquer “Coisa” que traduza ou retraduza o poder opressor. Portanto, não necessariamente o “Homem” fisicamente constituído. Por outro lado, este artigo me servirá também para questionar uma certa tipologia ontológica do ser antropomórfico e do ser em devir. O anthropomorphisme de corpos masculinos, ou seja, a Coisa que se baseia em formas, pensamentos e conceitos, ou ainda, em modos e atributos divinos transcendentes – de qualquer natureza, gênero ou espécie – é, aos meus olhos empíricos, a causa sui da opressão, da escravidão, do racismo, do preconceito, do sexismo, do machismo etc. Quando transferimos para um Deus qualquer, ou deuses-outros, ou mitos, ou seres sobrenaturais, nossas maneiras de agir, nossos sentimentos e pensamentos, nossas visões de mundos, nossas criações (artísticas ou não), abdicamos (necessariamente) de nossa evolução cognitiva conscientemente, e racional. Não. Não estou afirmando que você deva ser um ateu (do ponto de vista teológico), porém assevero que você não pode e não deve – ou não deveria – transferir para o além de si suas responsabilidades ou suas existências. Elas são suas e somente suas. Portanto, cabe a cada um, de per se, responsabilizar-se pelos seus afectos, pelas suas escolhas, pelos seus encontros. Despregar-se ou desgrudar-se de si é o “pecado original” da deontologia de cada qual. O que pretendo dizer é que quando transfiro a minha natureza de ser, as minhas criações, as minhas visões de mundo, as minhas escolhas, que são inerentes à minha existência, isto é, à minha singularidade dentro do espectro da minha complexidade, para qualquer coisa transcendente ou transcendental (parafraseando Nietzsche e Foucault, Deleuze & Guattari), necessariamente estou transformando-me ou transmutando-me em uma força dominada em favor de uma força metafísica dominante. Penso, pois, que é exatamente aqui que se estabelece um tipo de genealogia do domínio – ou dominação – como força em relação a outras forças. Explico: quando consciente ou inconscientemente me alieno ou me deixo alienar (marxismo), isto é, quando concedo que outro corpus, sob qualquer pretexto me domine, quando permito que a minha capacidade de
agir e pensar por mim mesmo seja capturada por outra força, ocorre um processo (entenda bem: processo) de desterritorialização continuada fazendo com que me torne um ser desconexo dos meus sentimentos e minha percepção da realidade. Noutras palavras: perco a capacidade crítica. E ao desterritorializar o criticism (Adorno) torno-me, consequentemente, um corpo fetichista e fetichizado (marxismo), à cata de um “bezerro de ouro” (1CIRÍNTIOS 10). Esse processo de anthropomorfism, por outro lado, afeta corpos a partir da sua exterioridade, p.ex. as religiões nas suas mais diversas cores, que, como já foi detectado, é o verdadeiro ópio do povo (marxismo/leninismo). Neste caso, resta provado, também, que o corpo feminino foi “escondido” pelas respectivas ideologias de dominação teológicas. Para falar numa linguagem moderna, a esses corpos não lhes foram dados o direito do lugar de fala. A castração do corpo feminino efetivada pelas religiões é, aos meus olhos, um dos principais modos dados para a efetuação da opressão dos corpos femininos desde sempre. E aqui não se trata pura e tão somente da característica de fragilidade de gênero ou sexo, macho ou fêmea, homem ou mulher. Vai muito mais além. Neste caso era preciso divinizar o homem e demonizar a mulher. E assim foi feito. Veja-se, por exemplo, o caso da Grécia onde os corpos femininos foram defenestrados em favor dos corpos masculinos. E até mesmo do ponto de vista da sexualidade os hellenikós eram classificados como superiores aos corpos femininos, tidos e havidos como imperfeitos. Tudo isso e muito mais, dito e não dito até aqui, são alguns dos meus “talvezes” na tentativa de compreender e explicar porque, ainda hoje, não somos capazes de entender os corpos femininos e ficamos na esparrela reducionista de dizer expressões tais como “ela está de tpm”… “é puro histerismo”… e por aí vai, como explicações sui generis de uma forma de patriarcalismo imanente dos corpos masculinos. Expressões típicas de um capitalismo que se nos é imanente e que nos levam inexoravelmente a um processo de preconceitos, racismos e opressões. Tudo isso certamente me incomoda, pois não entendo e não aceito as razões que pretendem definir – e definem – os corpos masculinos e femininos a partir de uma determinada potência fisiológica. Definir-se superior apenas pela força física, aos meus olhos, é ser fraco existencialmente diante do corpo-outro. Esse capital – ou mesmo capitalismo – físico é tão opressor quanto o capital financeiro, pois sua moeda de transação gera uma economia disruptiva, um mercado de relações afetivas, desde a sua origem, produzindo mercadorias (sentimentos e visões de mundo) disfuncionais entre esses corpus.
IV.III – DEVIR-MULHER, UMA POSSIBILIDADE
Que os corpos masculinos devam modificar sua visão de mundo em relação ao corpo feminino é uma possibilidade possível e aceita por todos. Ao longo dos estudos e pesquisas pessoais e particulares que empreendo, busco entender e compreender – a mim e ao mundo – como esses corpos poderiam manter relações de forças em/com equidade? Não é fácil manifestar uma dóksa generalista que abarque todo esse complexo. A mim parece que o conceito de devir, proposto por Deleuze & Guattari (Mil Platôs – Vol. 4, trad. Suely Rolnik, Ed. 34) seja (talvez) aquele que mais se aproxima da minha realidade ou da minha visão de mundo. E por que penso assim? Porque segundo os autores franceses – filósofo e psicanalista respectivamente – deve-se compreender o vocábulo para além de uma definição dicionarística, ou seja, “Por que há tantos devires do homem, mas não um devir-homem? É primeiro porque o homem é majoritário por excelência, enquanto que os devires são minoritários, todo devir é um devir-minoritário. Por maioria nós não entendemos uma quantidade relativa maior, mas a determinação de um estado ou de um padrão em relação ao qual tanto as quantidades maiores quanto as menores serão ditas minoritárias: homem-branco, adulto-macho, etc. Maioria supõe um estado de dominação, não o inverso. Não se trata de saber se há mais mosquitos ou moscas do que homens, mas como "o homem" constituiu no universo um padrão em relação ao qual os homens formam necessariamente (analiticamente) uma maioria. Da mesma forma que a maioria na cidade supõe um direito de voto, e não se estabelece somente entre aqueles que possuem esse direito, mas se exerce sobre aqueles que não o possuem, seja qual for seu número, a maioria no universo supõe já dados o direito ou o poder do homem. É nesse sentido que as mulheres, as crianças, e também os animais,
os vegetais, as moléculas são minoritários. É talvez até a situação particular da mulher em relação ao padrãohomem que faz com que todos os devires, sendo minoritários, passem por um devir-mulher. No entanto, é preciso não confundir "minoritário" enquanto devir ou processo, e "minoria" como conjunto ou estado. Os judeus, os ciganos, etc., podem formar minorias nessas ou naquelas condições; ainda não é o suficiente para fazer delas devires. Reterritorializamo-nos, ou nos deixamos reterritorializar numa minoria como estado; mas desterritorializamo-nos num devir. Até os negros, diziam os Black Panthers, terão que devir-negro. Até as mulheres terão que devir-mulher. Mesmo os judeus terão que devir-judeu (não basta certamente um estado). Mas, se é assim, o devir-judeu afeta necessariamente o não-judeu tanto quanto o judeu. Etc. O devir-mulher afeta necessariamente os homens tanto quanto as mulheres. De uma certa maneira, é sempre "homem" que é o sujeito de um devir; mas ele só é um tal sujeito, ao entrar num devir-minoritário que o arranca de sua identidade maior. Como no romance de Arthur Miller, Focus, ou no filme de Losey, M. Klein, é o não-judeu que se torna judeu, que é tomado, levado por esse devir, quando ele é arrancado de seu metro padrão. Inversamente, se os próprios judeus têm que devir-judeu, as mulheres que devir-mulher, as crianças que devir-criança, os negros que devir-negro, é porque só uma minoria pode servir de termo médium ativo ao devir, mas em condições tais que ela pare por sua vez de ser um conjunto definível em relação à maioria. O devir-judeu, o devir-mulher, etc., implicam, portanto, a simultaneidade de um duplo movimento, um movimento pelo qual um termo (o sujeito) se subtrai à maioria, e outro pelo qual um termo (o termo médium ou o agente) sai da minoria. Há um bloco de devir indissociável e assimétrico, um bloco de aliança: os dois "Monsieur Klein", o judeu e o não judeu, entram num devir-judeu (o mesmo em Focus). Uma mulher tem que devir-mulher, mas num devir-mulher do homem por inteiro. Um judeu torna-se judeu, mas num devirjudeu do não-judeu. Um devir minoritário só existe através de um termo médium e de um sujeito desterritorializados que são como seus elementos. Só há sujeito do devir como variável desterritorializada da maioria, e só há termo médium do devir como variável desterritorializante de uma minoria. O que nos precipita num devir pode ser qualquer coisa, a mais inesperada, a mais insignificante. Você não se desvia da maioria sem um pequeno detalhe que vai se pôr a estufar, e que lhe arrasta. É porque o herói de Focus, americano médio, precisa de óculos que dão a seu nariz um ar vagamente semita, é "por causa dos óculos" que ele será precipitado nessa estranha aventura do devir-judeu de um não-judeu. No caso, qualquer coisa serve, mas o caso revela-se político. Devir-minoritário é um caso político, e apela a todo um trabalho de potência, uma micropolítica ativa. É o contrário da macropolítica, e até da História, onde se trata de saber sobretudo como se vai conquistar ou obter uma maioria. Como dizia Faulkner, não havia outra escolha senão devir-negro, para não acabar fascista. Contrariamente à história, o devir não se pensa em termos de passado e futuro. Um devir-revolucionário permanece indiferente às questões de um futuro e de um passado da revolução; ele passa entre os dois. Todo devir é um bloco de coexistência. As sociedades ditas sem história colocam-se fora da história, não porque se contentariam em reproduzir modelos imutáveis ou porque seriam regidas por uma estrutura fixa, mas sim porque são sociedades de devir (sociedades de guerra, sociedades secretas, etc.). Só há história de maioria, ou de minorias definidas em relação à maioria. Mas "como conquistar a maioria" é um problema inteiramente secundário em relação aos caminhos do imperceptível. Tentemos dizer as coisas de outro modo: não há devir-homem, porque o homem é a entidade molar por excelência, enquanto que os devires são moleculares. A função de rostidade mostrou-nos de que forma o homem constituía a maioria ou, antes, o padrão que a condicionava: branco, macho, adulto, "razoável" etc., em suma o europeu médio qualquer, o sujeito de enunciação. Segundo a lei da arborescência, é esse ponto central que se desloca em todo o espaço ou sobre toda a tela, e que vai alimentar a cada vez uma oposição distintiva conforme o traço de rostidade retido: assim macho-(fêmea); adulto-(criança); branco-(negro, amarelo ou vermelho); razoável-(animal). O ponto central, ou terceiro olho, tem portanto a propriedade de organizar as distribuições binárias nas máquinas duais, de se reproduzir no termo principal da oposição, ao mesmo tempo que a oposição inteira ressoa nele. Constituição de uma "maioria" como redundância. E o homem se constitui assim como uma gigantesca memória, com a posição do ponto central, sua freqüência, visto ser ele necessariamente reproduzido por cada ponto dominante, sua ressonância, dado que o conjunto dos pontos remete a ele. Fará parte da rede de arborescência toda linha que vai de um ponto a outro no
conjunto do sistema molar, e define-se, pois, por pontos que respondem a essas condições memoriais de freqüência e de ressonância.”
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PARTE I - (A estreia do poeta e jornalista, imortal da APB, João Batista do Lago: "O que Pode um Corpo?") - https://www.facetubes.com.br/noticia/1452/a-estreia-do-poeta-ejornalista-imortal-da-apb-joao-batista-do-lago-qo-que-pode-um-corpo-q IV.III – Devir-mulher, uma possibilidade
PARTE II - (A saga da análise filosociológica de João Batista do Lago, parte II: "O que pode um Corpo?") - https://www.facetubes.com.br/noticia/1477/a-saga-da-analisefilosociologica-de-joao-batista-do-lago-parte-ii-qo-que-pode-um-corpoq PARTE III - (O que Pode um Corpo III.) - https://www.facetubes.com.br/noticia/1505/ensaista-joao-batista-do-lago-explicitanovos-olhares-sobre-qo-que-pode-um-corpo-iiiq Ensaísta João Batista do Lago explicita novos olhares sobre "O que Pode um Corpo III". (facetubes.com.br)
OS PASTORAIS E O TEATRO DE ANICA RAMOS, VIANA - MA ÁUREO VIEGAS MENDONÇA O teatro teve sua origem no século VI a.C., na Grécia antiga. No Brasil o início da história do teatro tem como referência as exibições teatrais idealizadas por padres jesuítas durante o século XVI. A criação do teatro no Maranhão surgiu em 1815, por iniciativa de dois comerciantes portugueses, Eleutério Lopes da Silva Varela e Estevão Gonçalves Braga. Essa era a plena época áurea do ciclo do algodão, em que o Maranhão enriquecia com a exportação deste produto e a cidade necessitava de maior vida cultural. O Teatro União, inaugurado em 1º de junho de 1817, em 1852, o Teatro União passaria a se chamar Teatro São Luiz e, em 1854, serviria de berço para Apolônia Pinto, filha de uma atriz portuguesa que entrou em trabalho de parto em pleno teatro. O nome Teatro Arthur Azevedo, viria na década de 1920 em homenagem a um importante teatrólogo maranhense. O Teatro na cidade Maranhense de Viana teve início com Brígida Ramos conhecida como “NháBrígida”, mãe de Anica Ramos, com a professora Coia Carvalho (Coia Sahima Serzedelo de Carvalho) e Teodoro Cidreira, que se dedicaram as artes cênicas em Viana. Ana Soriano Ramos, conhecida na cidade dos lagos como Anica Ramos, nasceu no ano de 1895, foi uma vianense espetacular com uma vida dedicada a cultura com destaque nas artes cênicas, teatróloga e educadora, no teatro fazia de tudo atuava como diretora, cenografia, figurinista e eximia costureira, uma artista de mão cheia, filha mais nova de José Pantaleão e Brígida Ramos, conhecida como “Nhá-Brígida” de quem herdou sua vocação pelo autos natalinos, sua mãe era doceira e costureira e todos anos festejava no natal os pastorais e autos de natal no período de 24 de dezembro a 06 de janeiro, e o papel de pastor guia era desempenhado pela sua filha Anica, uma herança cultural que passou de mãe para filha, ou seja de geração em geração. Com o falecimento da sua mãe, os tradicionais pastorais, os reisados ou folia de Reis, além dos autos de Natal que eram realizados em Viana ficavam sob a responsabilidade das Professoras Coia Carvalho e Anica Ramos as quais eram muito amigas, nas décadas do auge do teatro vianense 1940, 1950, com falecimento da professora Coia Carvalho ocorrido em 07 de junho de 1953 com 81 anos de idade, Anica Ramos assumiu a direção dos espetáculos natalinos dos pastores e reisados, aumentou ainda mais o seu interesse pelo teatro, montava as peças e tinha amor pela artes cênicas já tinha construído o seu teatro em sua própria residência e ficou tradicional em Viana o pastoral de Anica Ramos. Segundo Mendonça (2004) se referindo a jovem Anica Ramos “ A pastorinha era morena, simpática e inteligente e a principal figura entre as personagens que de 24 de dezembro a 06 de janeiro faziam suas apresentações em palco arranjado por sua mãe Nhá Brígida, a qual se tornava ponto de atração de toda a sociedade vianense” No período citado de dezembro e janeiro nessa época existia a exibição de presépios nas residências para fechar com chave de ouro o dia de Reis, Anica Ramos levava suas pastorinhas para se apresentarem em algumas residências. Segundo Cordeiro (2004) “as pastorais de Anica Ramos o mesmo conheceu acompanhados por músicos vianenses, alguns provindos da banda musical do Exército, como João Reis, havia igualmente grande interesse pelas peças teatrais por ela encenadas no teatro em que era transformado o seu ateliê de costura”. Anica Ramos era uma mulher negra que se destacou na cultura vianense, se projetou na vida com destaque nas artes cênicas e como professora, nessa época a sociedade de Viana era altamente preconceituosa e racista, era uma exceção, pois ela tinha o respeito e consideração da sociedade, eu era bem menino e tive o privilégio de conhecer Anica Ramos já com a idade bastante avançada e testemunhei que a mesma era dedicada a cultura na cidade de Viana, era católica praticante e sempre frequentava as igrejas de São Benedito e da Matriz. Conheci a sua residência ainda original, (conforme foto) situada no Canto do Galo, na Rua Antonio Lopes (Rua Grande) canto com a casa que pertenceu ao comerciante português Sr. Manoel Júlio da Silva, após alguns anos o Sr. Raimundo Soeiro Gomes se tornou proprietário da casa, com o passar do tempo passou a funcionar no local o comércio do Sr. Bernardino Araújo, que era sogro do maestro Miguel
Dias, grande músico vianense, após um outro período a casa passou a ser de propriedade do Sr. Jorrimar Pinheiro e de sua esposa professora Santoca Gomes e na casa funcionou a escola Dr. Castro Maia. Na década de 1980 foi adquirida pela Igreja Assembleia de Deus que construiu templo da atual igreja, era nessa que casa ficava o Galo, que depois foi transferido para a casa do lado oposto , onde se realizavam as festas e bailes sociais que foi do Sr. João Lino e funcionou até a década de 1960, depois funcionou a Coletoria Estadual e em 1974 passou a ser a Biblioteca Municipal Ozimo de Carvalho. Em sua residência Anica Ramos construiu um pequeno teatro e tinha o seu ateliê, com ensino de costura, letras e artes, onde se encenava as peças teatrais, a casa atualmente está completamente descaracterizada. Segundo o padre e escritor João Mohana (1974) “é dezembro de 1950, encontro-me em Viana... Numa dessas noites, Dona Anica Ramos me intimou a assistir ao pastoral que costumava encenar todo ano em sua própria casa, o escritor assistiu no teatro de Anica Ramos um belíssimo auto de Natal, apreciando as músicas, a residência de Anica era um pequeno conservatório de música e o desempenho dos atores e figurantes das peças no teatro e ficou maravilhado e compreendi o orgulho com que Anica Ramos, perguntou depois do espetáculo: Gostou Dr. Mohana? e sem esperar minha resposta, acrescentou convicta e eufórica – todos os pastores maranhenses são bonitos, mas o de Viana suplanta todos”. Anica Ramos também escrevia crônicas, poemas e paródias. O Teatro de Anica Ramos tinha um palco excelente e um elenco de artistas formados por pessoas da sociedade de Viana, os filhos de Ozias Mendonça ficavam com a parte musical do espetáculo e também participavam como atores, a famílias vianenses sempre acompanhavam o espetáculo que unia teatro, música e dança. Anica Ramos faleceu no dia 15 de agosto de 1970, aos 75 anos de idade, deixando o palco vazio, partiu para eternidade a grande mestre do teatro vianense que deixou um legado aos vianenses, seu teatro também desapareceu, porém ficou na memória e na história da cidade de Viana, os seus restos mortais estão sepultados no Cemitério Municipal São Sebastião em Viana. A mesma foi escolhida pela Academia Vianense de Letras como patrona da Cadeira n° 15, atualmente ocupada pela Dra.Rosa Maria Pinheiro Gomes, Professora e Procuradora de Justiça. No dia 08 de julho de 2021 com a presença do governador Flávio Dino foi inaugura a sede própria da Academia Vianense de Letras (AVL) Patrona Anica Ramos, e contou com a presença do Prefeito Carrinho Cidreira, vereadores, escritores, artistas, poetas, acadêmicos da AVL entre eles o Dr. Lourival Serejo Presidente do TJ – MA e demais autoridades. Fonte da Pesquisa: Cordeiro, João Mendonça. 70 anos, Memórias. Edições AVL. Fort Gráfica. São Luís (MA) 2004. Cordeiro, João Mendonça. Retrato de Viana-MA, 1683 a 2013. São Luís. Segraf, 2016. Furtado. Raimundo Travassos. Minha Vida, Minha Luta, Belo Horizonte (MG): Editora São Vicente, 1977. Matéria do site da AVL, publicada em 02 de julho de 2013 por Rosa Maria Pinheiro Gomes. Mendonça, Sálvio. História de um menino pobre. 2ª Edição. São Luís, Aquarela, 2004. Mohana, João Miguel. A Grande Música do Maranhão. Rio de Janeiro, Agir. 1974. Raposo, Luiz Alexandre. Memórias de América Dias. São Luís: Edições AVL, 2012. Raposo, Luiz Alexandre. Anos Dourados em Viana: artigos e crônicas. São Luis, Gráfica e Editora Sete Cores, 2018. Serejo, Lourival. Entre Viana e Viena, 2 ed. São Luís. Editora Serejo, 2021. Serejo, Lourival. Do Alto da Matriz, Imperatriz, MA, Ética, 2001.
LEMBRANÇAS QUE JÁ VÃO LONGE... FERNANDO BRAGA Estes lances aqui narrados, não aconteciam apenas em frescas madrugadas, mas no dia-a-dia de São Luís, cidade que “nunca será vencida, nem nos combates por armas, nem na nobreza por atos”, como nos versos de Gonçalves Dias, o nosso poeta maior; aonde a aurora é saudada pelos tambores de Mina e de Crioula; e aonde se “servem ótimos crepúsculos”, segundo o gosto poético e boêmio do poeta Lago Burnet. Aquele que ali passa a dirigir seu carro, é de fato e de direito um cidadão fidalgo, é o Dr. Joaquim Sales de Oliveira Itapary Filho, a pitar seu cachimbo, e a soltar bem na curva do Centro Caixeiral com a Rua de Nazaré e Odylo, um rolo de fumaça que vai deixando na algaravia poética do bar e restaurante ‘Aliança’, um cheiro inglês de fumo achocolatado, sem imaginar que um dia viria a escrever ‘Hitler no Maranhão ou o Monstro de Guimarães’, um dos grandes livros da ficção brasileira e ‘Armário de palavras’, uma coletânea de crônicas, ricas pelo conteúdo, pelos temas e pela elegância do estilo. No Bar e restaurante ‘Aliança’, a figura sempiterna e querida do seu proprietário, o lusitano António Tavares, com a calva luzidia e um lápis seguro à orelha, a nos contar proezas acontecidas em Vale de Cambra, sua bela cidade no distrito de Aveiro, Portugal, aonde um dia tive a oportunidade de comer uma ‘uma vitela da Gralheira’, regada a um bom tinto da região; punha-se, também, ele, o António, atento às conversas vindas das mesas onde se assentavam os jornalistas e poetas José Chagas, Nauro Machado, Agnor Lincoln da Costa e Amaral Raposo, enquanto na calçada passa e repassa, de quando em vez, o advogado Clineu Coelho de Sousa e o irrequieto Arimathéa Ataíde, ambos móveis e utensílios da bem querença da Cidade. Aquele canto, como se diz em São Luís, da Rua de Nazaré e Odylo, com a da Rua da Palma, é uma ‘via crucies’ de jornalistas, radialistas, políticos e mais uma gama de gente que por ali trafega em seus afazeres diários, ou simplesmente para ouvirem as reivindicações sociais do escritor e poeta Nascimento Moraes Filho [José] que, em um dos ângulos da praça, estabeleceu seu ‘Beco do Protesto’ de onde braveja com sua voz altitonante, contra os absurdos praticados ao meio ambiente por uma multinacional, instalada às margens do Bacanga...E Zé Moraes, como era carinhosamente chamado, tinha cacife para fazê-lo, vez que é o autor imortal de ‘O Clamor da Hora Presente’, desabrolhado no país inteiro, com endosso da grande crítica brasileira, e do discernimento estético de Otto Maria Carpeaux, como um grito em defesa dos menos aquinhoados na vida. E as pessoas ali se multiplicavam para ouvirem os protestos e trocarem ideias com o poeta. De repente, a atravessar a pracinha Benedito Leite, lá vai o Dr. Antônio José Muniz, requintadamente vestido, em direção à Avenida Pedro II, sobre o qual não deixarei a primazia para o querido e saudoso Bernardo Coelho de Almeida de falar, somente ele, em seu livro ‘Éramos Felizes e não Sabíamos,’ das qualidades funcionais dessa queridíssima figura que é, sem dúvida nenhuma, o nosso amigo e companheiro Muniz, como é conhecido pelos íntimos e pela torcida do Flamengo e do Sampaio Correia, clubes de seu coração. Sem muitas aprazas, confesso que pelas minhas andanças funcionais em gabinetes e assessorias que se fizeram pedaços de minha história, onde tive a oportunidade de cruzar com muita gente boa de serviço e competência funcional, o que de alguma forma me proporciona condições de aferição, apraz-me dizer aqui, de corpo presente, sem receio de erro, que ninguém encontrei “melhor de serviço e de tomada de decisão” do que meu amigo Antônio José Muniz, com quem tive a oportunidade e a alegria de trabalhar no gabinete de uma Secretaria de Estado, em São Luís, quando à disposição, a tais préstimos, mesmo por pouquíssimo tempo, foi o suficiente para endossar em gênero, número e grau o que diz textualmente Bernardo Coelho de Almeida, “ser Muniz o funcionário público de maior competência que já vira por toda sua vida”. E eu também!
Aproveito o gancho de ‘Éramos Felizes e não Sabíamos’, onde Bernardo Almeida, com sua elegância ao escrever, aponta um homem que passa pela rua trajando terno de linho branco e levando à destra, uma pequena malinha... Era o médico pediatra João Mohana, recém-chegado da Universidade da Bahia, sempre a pé, que iria com certeza atender alguma criança, sua paciente... Eu, por minha vez, o acompanho e o vejo [ou o via], sem mais o terno branco e a pequena malinha de médico, mas agora [algum tempo depois], chegado do Seminário Maior de Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre, a trajar calças pretas e blusa cáqui de mangas compridas, portando uma pasta, talvez com originais de livros, anotações de pesquisas e tarefas eclesiásticas, já que é [ou foi] Vigário Geral da Igreja da Sé. Tenho muitas saudades de João Mohana, um intelectual de finíssima estirpe, autor imortal de ‘Maria tempestade’ e de ‘Abrahão e Sara’, além de ser um dedicado levita de Deus! Aquel’outro que ali vai, é o Engenheiro e Deputado Federal Domingos Freitas Diniz, o ‘Dominguinhos’ para os mais íntimos, querido amigo, oposicionista ferrenho e um grande parlamentar, que por querelas políticas, como sempre, encontra-se às voltas com uma confusão com Sarney... Parece que o TRE fez despachar, por estas tardes, um ’sursis’ a seu favor... E os curiosos na Praça João Lisboa o rodeiam à cata de novidades... Enquanto isso, uma pequena aglomeração se forma na porta do ‘Bar do Castro’, era o jornalista Erasmo Dias engalfinhado na porrada com o artista plástico Antônio Almeida, sob às vistas gozadoras de populares; e o amontoado de curiosos crescia com a saída da vesperal, do ‘Teatro Artur Azevedo’, arrendado pelo ‘Zecão’ Dualibe para funcionar também como cinema; as senhoras e senhoritas que deparavam com aquela cena se assustavam, a se apressarem horrorizadas, com as mãos nos rostos; enquanto Erasmo, apenas em cuecas, porque as calças lh’as tinham caído no desespero da briga, apelava, aos gritos, para dentro do bar, onde estava no Caixa, o temperamental ‘Manelão’, filho do senhor Leôncio Castro, cônsul de Espanha no Maranhão e proprietário, esta bela locução gramatical: “Maneco, vem cá depressa suspender minhas calças que eu detesto o ridículo”, apelo pelo qual o nosso amigo e tolerante ‘Manelão’ respondia na mesma velocidade ritmada: “Erasmo, vai pra puta que te pariu!” E a cena de pugilato só terminou quando surgiu na esquina da Faculdade de Direito, a figura respeitável do Dr. Djalma Marques, cuja figura, mesmo de longe, fez tremer os arruaceiros, agora, a dependerem da ajuda dos amigos ‘Carroca’, ‘Luis 40’ e Zé Viana, que jogavam sinuca no ‘bar do Henrique Gago’, ali apegado, que correram para desapartá-los, enquanto o jornalista e poeta Salomão Rovedo, como um procurador romano, gritava a plenos pulmões: “Ao vencedor as batatas!” Vivia-se intensamente! o Éramos felizes e... Não sei se sabíamos! Tínhamos, talvez, consciência de que éramos... E como vivíamos... Entretanto, Sérgio Brito afirmava que “tínhamos convicção de que éramos...” Não havia enganos entre os céus das três praças políticas, literárias e boêmias, a João Lisboa, o Largo do Carmo e a Benedito Leite, trinas na forma, no gesto e na grandeza. Hoje nada mais há, porque existe uma outra cidade depois da ponte, bem ali onde o Rio Anil deságua no boqueirão de São Marcos; e a cidade velha, chamada de ‘Centro Histórico’, continua, agora revitalizada, mas sozinha, com as ‘Mangudas dos Remédios’, com as visagens da ‘Carruagem de Donana Jansen’ e com os sortilégios da velha Serpente que rodeia a Ilha. Por favor, não perguntem por ninguém, porque, â salva de poucos, morreram todos, dizem os cadeados nas cancelas!
O SER-POÉTICO NO INCONSCIENTE DE ANELY GUIMARÃES [Kalil Guimarães, nome literário de Anely Guimarães] FERNANDO BRAGA Diz um axioma antigo que “artistas e escritores criativos são aliados valiosos ao exame da psicanálise.” Assim, nos porões dessa síntese, há de se encontrar muitas e variadas sensações, algumas até indescritíveis, a nos levar, por certo, à essência daquele fantástico soneto de Quental, quando em certo momento, o poeta quase transfigurado, pergunta o nome do espectro familiar que anda consigo... E este, mudo, grave e antigo, responde-o, dizendo chamar-se ‘Inconsciente’ . Com esse grito agônico do notável poeta açoriano, se tem, se assim lhe parece, o lado visível daquela velha luta de Jacó com o anjo, porque é realmente na oficina do inconsciente que se processam indistintamente todos os sentimentos, mesmo se tendo consciência de que o objetivo do poeta não é descobrir novas emoções, mas utilizar as corriqueiras e, trabalhando-as no elevado nível poético, exprimir sentimentos que não se encontram em absoluto nas emoções como tais. Prova disso é sentirmos o que Anely Guimarães sente neste ‘A Poesia pode’: “[...] É antiga/ resplandeceu antes da escrita tem presença/nas montanhas na lua/ nas estrelas no sol/nas florestas.../pousa no coração./ [...] A poética/define as poesias/ mas na verdade/é difícil defini-las porque elas são/ o “Espelho de uma Alma” que do Inconsciente/ faz surgir os versos”. Os poemas de Anely Guimarães nos clareiam, com guizos de retórica e signos de semântica, ao batismo dos seus mais puros sentimentos, provindos como reflexos de sua alma em festa, porque ela se sabe um desses seres enviados, que vêm ao mundo afirmar as superiores potestades que misteriosamente presidem ao drama da vida e lhe dão sobrenatural sentido. Ele vem sublimar o vulgar, revelar o grande que as pequenas coisas escondem, como tão bem revela este seu poema ‘Calmaria’: ”Plenitude/ paz interior/ estado de graça caminhar ouvindo/ o cantar dos pássaros/ sem medo/falsidade... enxerga através/dos sonhos vislumbra o espaço/ com todas às cores/é um céu de ilusões/ à procura do prazer/ é um desejo/ que conduz/ ao renascer/a extinção da dor/ é uma filosófica/ religião o todo absoluto/ é o nada/ onde estão todas as coisas a felicidade/ é o estado natural do prazer/ na beleza da natureza/é o silêncio cantando calado no coração/ livre da dor/do sofrimento.” É-me grato testemunhar desde ‘Tecendo poesia’, livro de Anely Guimarães que tive a alegria de também prefaciar, que seu ser-poético continua uno e indivisível, a impor ainda o mesmo ritmo, o mesmo sorriso e a mesma voz de amor, de rebeldia e de saudade: Ouçamo-la neste ‘Badalar dos sinos’: “ O badalar dos sinos/tocam meus sentimentos quando criança/ao cair o véu da tarde/-em Pedreiras cidade onde nasci-/os sinos da Igreja de São Benedito/soavam em notas musicais que me deixavam feliz/ em uma nostalgia de criança que não sabe interpretar/os sentimentos.” Para concluir saudosa: “Hoje/os acordes melódicos/ espalham-se no infinito/as notas me conduzem à solidão/à paz/ao amor... são as esperanças/ que surgem do sino do meu coração./O mundo parece transformar-se a cada badalada/é uma nota sublime até quando anuncia tristezas/os sinos ressoam em meu coração choro calada em sorrisos leves/que iluminam minha alma/que se veste da beleza sagrada/dos sinos festejando/a alegria dos meus sentimentos/cantando em júbilo/a vida.” Quisera mais dizer sobre a poesia de Anely Guimarães, mas nada há para isso, vez que sua poesia já se encontra naquele contraponto de que nos fala a genialidade de Ferreira Gullar, daquele ato de perplexidade, daquele espanto que traça a mesma direção à poesia e à filosofia, daquilo que nos diz ser provindo dos subterrâneos do inconsciente, como Anely prefere dizer e sentir, a nos mostrar seu lado anímico, de onde a autêntica grandeza humana constitui-se na capacidade de suportar o que carrega... É a inconsciência deste ser-poético, uma verdadeira lição heideggeriana...
Aqui está o livro ‘Voz do inconsciente’, “é sutil, mas não descansa até ser ouvida,” diante do qual me comovo, a dizer, se consigo, que a poesia de Anely Guimarães a todos sublima, e a mim, em particular, encanta!
Textos escolhidos: Leopoldo Gil Dulcio Vaz: "O BRADO DE REGINALDO TELLES DE SOUSA". (facetubes.com.br)
O BRADO DE REGINALDO TELLES DE SOUSA: “ACORDA MOCIDADE! ACORDA ATENIENSE!” E O ATENIENSE ACORDOU... LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Academia Poética Brasileira Academia Ludovicense de Letras Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Escrevi, na apresentação do livro de poesias de Reginaldo Telles, que sua nora, Denise Martins de Araújo, chamara-me à sua sala, na Academia Viva Água dizendo-me precisar que editasse um livro de poesias de Reginaldo Telles... Perguntou-me se o conhecia. Ao que respondi que sim, conhecia-o pai do Osvaldo e da Regina; Sim, o político, ligado ao Dr. Jackson e ao Neiva Moreira; Sim, o jornalista brilhante, de uma geração em que se fazia um jornalismo sério, sem paixão – sem a paixão político partidária, a soldo de quem paga mais para ‘criar’ verdades e macular biografias... Não. Não conheço o poeta! Mas sei que todo maranhense nasce poeta. Que todo poeta busca no jornalismo um meio de sobrevivência, para poder poetar... Mais tarde, ao buscar material para a construção de uma Antologia Ludovicense, para a Academia Ludovicense de Letras, deparei-me com outro Reginaldo Telles... Aquele jovem liceista, da mesma geração de Tribuzzi, Lago Burnett, José Sarney, que bebiam de Neiva Moreira, Ignácio Rangel, Josué Montello, Oswaldino Marques, Franklin de Oliveira, Odylo Costa, filho, Antonio de Oliveira, Manoel Caetano Bandeira de Mello, Erasmo Dias, Mário Meireles e Nascimento Moraes.
Rossini Corrêa (1989) 1 vai identificá-los como a Geração de 30. Daquela jovem Geração de 30, que se vai congregar no Cenáculo Graça Aranha, estimulada que foram pelo Mestre Antonio Lopes da Cunha, professor do Liceu Maranhense. Josué Montello foi o orador na solene fundação do Cenáculo) 2, 3. Terminada a década de 30, os principais entusiastas da mocidade intelectual maranhense estavam radicados no Rio de Janeiro, onde acreditavam ter perspectivas de reconhecimento nacional como escritores e estudiosos; outros permaneceram no Maranhão... Há que se destacar que, entre as décadas de 30 e 40, o fenômeno de aliciamento de poetas, romancistas e ensaístas foi um fenômeno nacional4. Com Paulo Ramos, a máquina do Estado foi expandida. Houve um crescimento das instituições públicas. Surgiu um mercado de trabalho mais típico dos intelectuais. Estes, antes “reclusos à existência vacilante da boemia, de mestre-escola e do jornalismo provinciano” passaram a “compartilhar das responsabilidades administrativas do Estado” (CORRÊA, 1993) 5. Para Corrêa (2001), talentos ressalvados, Edmo Leda e Sebastião Corrêa morreram precocemente, e Erasmo Dias e Paulo Nascimento Moraes não construíram, de maneira organizada, obras literárias. Cedo também desapareceu Viana Guará. E alguns, como costumeiro, não confirmaram a vocação matinal, não deixando vestígio na história da literatura maranhense. Foi Corrêa da Silva quem sustentou o fogo do combate - afirma Corrêa (2001) 6 – minimizadas as fileiras da falange erguida por Antonio Lopes, nas páginas do Diário do Norte, com o suplemento “Renovação”, que substitui tanto o Cenáculo Graça Aranha, quanto o Centro Maranhense de Artes e Letras. “Renovação” extingue-se com a debandada de quase todos os seus fundadores para fora da ilha, não deixando maiores frutos, mas deve ser lembrado pelo que representou para um punhado de jovens talentosos. Barros (2005, 2013?) 7, ao analisar a literatura maranhense num recorte temporal de 1930 a 1960, afirma que, politicamente, podemos afirmar a existência de dois momentos: Primeiro, entre fins da década de 30 e metade da década de 40. Em 1939 aparece o primeiro número da “Revista Athenas” – dirigida por J. Pires -, e, nas palavras de Nascimento Moraes (1939) 8, tratar-se-ia de “uma arrancada” comprovadora de que “A Athenas Brasileira vive. Não é menos vigorosa a sua expressão mental”. Este é um momento em que a noção de cultura – e tradição – indicada pelo desejo da afirmação do termo “Atenas” ainda continua a apontar, sobretudo para uma tradição que valoriza a Europa, um texto velho, mas continuamente revitalizado: [...] em se tratando de uma publicação maranhense, feita no Maranhão, levará os leitores daquela ‘Athenas’ do tempo de Perycles, de Sócrates, de Xenophonte, de Phidias [...] E dirão que ‘Athenas’ é hoje synonimo de escombros, de ruínas, e é o nome que forçará o espírito a recordar um passado de glórias e a physionomia moral de um povo que já deu o que podia dar. Entretanto [...] digam que se transmudam, que se reformam, que se reorganizam, e que tomam novas directrizes. Mas não se verificam desornamentos nas edificações feitas. O que ficou construído servirá de alicerce a novas edificações [...] A Athenas Brasileira vive. Não é menos vigorosa a sua expressão mental. (MORAES, 1939, 9p. 1-2, grifos nossos, citado por Barros, 2005, p. 80)10. Nesse período, além da chamada Geração de 30, ou sob sua interferência/influencia, aparece o Centro Cultural Gonçalves Dias. No dizer de Corrêa (1989) 11, organizada com a participação de intelectuais experimentados, como Luso Torres, Manoel Sobrinho, Clodoaldo Cardoso, Bacelar Portela e Nascimento de Moraes (pai), acrescido pelos representantes da mocidade, como Nascimento Morais Filho, Vera Cruz Santana, Arimatéia Atayde, José Figueiras, Agnor Lincoln da Costa, Antonio Augusto Rodrigues, José Bento Nogueira Neves e Haroldo Lisboa Olimpio Tavares. E, claro, Reginaldo Telles de Sousa...
Corrêa (1989, p. 66) traz o depoimento de um dos fundadores do Centro: “Sentimos que a Academia Maranhense de Letras atravessava uma fase de silencio e que a juventude não recebia estímulos no plano literário. Resolvemos, por isso, fundar uma agremiação que pudesse acordar a Academia e, ao mesmo tempo, oferecer aos jovens, nos encontros semanais, oportunidade para o despertar de tendências. A entidade significou, assim, um movimento de reencontro com a tradição literária do Estado e de estímulo às iniciativas no plano das letras”. Outro dos fundadores declara que, teoricamente, o Centro já estava fundado, pois se reuniam no Bar Paulista, e à noite, na Galeria do Carmo, para declarar poesias e discutir literatura. Não era um movimento de escola literária, declara outro integrante a Corrêa (1989): o movimento era cultural, portanto, global. Envolvia tudo – não havendo nunca antes no Maranhão, um movimento neste sentido. Os encontros centristas aconteciam, então, já, no Casino Maranhense, no Clube Litero Recreativo Português, e na Escola Benedito Leite e, as solenidades mais representativas, no teatro Artur Azevedo. A publicação de revistas, enquanto veículos culturais foram duas, abarcando os ângulos histórico – Caderno Histórico – e literário – Caderno Literário. A deferência de Sebastião Archer da Silva, possibilitando a publicação das revistas, significou um passaporte para a chegada ao aparelho de comunicação de Victorino de Britto Freire, então já senador da república. Assim foi que o Diário de São Luís, do extinto Partido Social Trabalhista, começou a circular seu suplemento literário, sob a direção de Nascimento Morais Filho. O suplemento cultural já estava com 40 números publicados quando Lago Burnett e Ferreira Gullar assumiram a sua direção. E diferentemente de Nascimento Morais Filho, passam a exercer censura, decidindo que “Toda a matéria que não for solicitada deverá passar pela nossa censura” (CORRÊA, 1989, p. 89): “Refletiam, decerto, o contexto do CCGD, relacionado com as exigências da redação do Diário de São Luis. Entretanto, sob disfarce, o sarcasmo da história se processava, e José Sarney, polemicando sobre o poético com os centristas, começava a escrever para o publico, sob beneplácito do Senador Victorino Freire, o qual na década seguinte, o lançaria na política e a quem viria a combater e suceder historicamente”. [...] os ‘neo-modernistas’ nos encontrávamos na Movelaria do pintor Pedro Paiva. Éramos os escritores Bandeira Tribuzi, Evandro Sarney, Carlos Madeira, Domingos Vieira Filho, Bello Parga, Nivaldo Macieira, Lucy Teixeira e eu, e os pintores Floriano Teixeira, Figueiredo, Antonio Almeida, Cadmo Silva, Amorim. Gular e Burnett depois se uniram a nós e acabaram partindo para o Rio de Janeiro. [Sobre a criação do Suplemento Literário de São Luis] Foi o primeiro e por muito tempo não tive outro. Tínhamos colaboração do Brasil inteiro, fazíamos muito sucesso, dinamizamos o movimento cultural. Depois, de meados da década de 40 até meados da década de 60, período correspondente à oligarquia vitorinistai,13 que será substituída por outra, a oligarquia Sarney, em 1965. Informa Barros (2005) 14: Neste cenário, terão papel fundamental membros da chamada “Geração de 45” e, em ambos os momentos, vozes se levantarão para pintar o Maranhão como decadente, mas pronto para reerguer-se revivendo supostos tempos áureos e prósperos de Atenas.
Grêmios e centros estudantis de escolas e faculdades davam sua parcela de contribuição no processo de tentativa de não esquecimento e de remomoração do Maranhão-Atena, através da publicação de jornais e de realização de cerimônias. Barros (2005, p. 88)15 identifica, na Biblioteca Púbica Benedito Leite “A Juventude” com nove exemplares publicados em 1957, “Alvorada” também cm nove edições publicadas entre 1954 e 1955; “Êxito” teve dois números publicados em 1950; “Folha Escolar” com 12 publicações entre 1944 e 1949, “Folha Estudantil”, um exemplar em 1951; “O Grêmio”, um exemplar, de 1955; “Estudante de Atenas”, sete exemplares publicados entre 1956 e 1957; e “O Liceu” teve dois exemplares publicados entre 1957 e 1958. O jornal “Folha Estudantil” tinha por redatora e gerente os alunos da Escola Benedito Leite, Margarida Ferreira e Mário S. Mesquita e a direção das professoras Benedita Rosa Soares e Silva e Elda Archer Serra Martins (FOLHA ESCOLAR, 1949, citado por BARROS, 2005, p. 81). Importante lembrar que “Alvorada”, jornal do “Liceu Maranhense”, então principal escola de Ensino Médio do Estado, é um dos principais jornais que significa a maranhensidade a partir dos motivos da velha Atenas de Gonçalves Dias. Em sua primeira edição, em 10/05/1945, está a poesia “Alvorada”, de Reginaldo Teles de Sousa 16: Acorda Mocidade! Acorda Ateniense! Alça teu vôo pelo espaço e nas alturas, Recorda o teu passado e, em teu presente, vence, Batendo o ostracismo e as sombras mais escuras Acorda Ateniense! Acorda Mocidade! Sobre glorias dormiste e glorias em dezenas... É tempo de acordar, despertando a verdade, Clareando o horizonte e iluminando Atenas! Acorda Mocidade! Acorda Maranhão! E mostra que depois de sonhos, despertado Sorris, como um Gigante, um Gigante ateniense Que vem haurir num templo imenso edificado Desperta Ateniense! Os cânticos são belos! Desperta Mocidade!... É fresca a madrugada O sol da inteligência enloira os teus castelos! Há sorrisos e luz, cambieantes de alvorada! (SOUSA, 1945, p. 1)17. Dois anos depois retoma o poema Alvorada, escrevendo um excerto: Acorda Mocidade! O mundo ouça teu grito! O oceano se agira em convulsões tamanhas... [...] Tens a força latente e o valor dos gigantes. Em teu seio borbulha o esplendor dos teus anos, Ès mais forte que o forte em duelos constantes, [...] Do teu passado escuta a voz altissonante Que te fala num brado e pela natureza. (SOUSA, 1947, p. 4)18 .
Além do “Alvorada’, o Liceu Maranhense tinha o órgão oficial de seu grêmio, o jornal “O Estudante de Atenas”. Os jornais que eram publicados, então, tinham vida curta. A cada nova tentativa, os mesmos órgãos reviam seus nomes, suas formas, mas, depois, sucumbiam aos dias (BARROS, 2005): O poeta e, naquele momento, a dois anos de tonar-se imortal da AML, José Carlos Lago Burnett, salientava que um dos principais empecilhos para o desenvolvimento de escritores jovens era a falta de apoio das autoridades maranhenses que, ‘sem nenhuma originalidade, fazem o mesmo que as demais autoridades do Brasil: põem a cultura em plano secundário e desconfiam dos literários, justamente por sabê-los superiores’ (BURNETT, 195219). [Continua Barros] Para o escritor, existiam apenas duas revistas ‘dignas de registro’ no Maranhão: ‘A Ilha’, dirigida por José Sarney Costa, Bandeira Tribuzi e Luis Carlos Belo Parga, e “Afluente”, dirigida por Ferreira Gular e ele próprio. Lago Burnett e Ferreira Gullar, agindo como autônomos em relação ao CCGD partem para a publicação da revista Saci – ilustrada por Cadmo Silva e o próprio Lago Burnett, com tiragem de 3.000 exemplares, aceitava colaboração... A geração seguinte foi a “geração de 45”. Para Rego (2010) 20, também denominada de “Movimento da Movelaria Guanabara”, onde: O contexto literário da capital maranhense vai-se dinamizar a partir de encontros realizados na Movelaria Guanabara, de propriedade do artista plástico Pedro Paiva. A Movelaria Guanabara servia como espaço para a realização de encontros e debates que, segundo Rossini Corrêa, ali eram traçados caminhos imediatos de intervenção intelectual na realidade maranhense. Já o “Folha Estudantil”, órgão do Grêmio Liceista, publicado em 1951, tem um primeiro número paradigmático, rememorando um passado miticamente construído, denunciando um presente supostamente decadente e vislumbrando um futuro pelo espectro daquele passado: Avante, MOCIDADE ATENIENSE Volvendo a memória ao passado, revivemos os dias áureos dos nossos ascendentes, quando a gleba maranhense se sobressaiu, pelas letras, entre as demais glebas do solo pátrio. [...] Não podemos esquecer a vida e os relevantes serviços de nossos primeiros irmãos que honraram o nome e a história de nossa gente [...] para frente! Mocidade Maranhense! Com a mesma cadencia que desenvolviam os maranhenses de ontem; para que a tua plaga não só patenteie esta tradição que é o orgulho do Maranhão, mas de todo o Brasil (BASTOS, 1951, p. 2, citado por BARROS, 2005, P. 82) 21. Nos anos 50/60, Cruz (Machado) (2006) 22 refere-se à Galeria dos Livros, do emblemático Antonio Neves, onde eram lançados os livros, nas famosas noites de autógrafos. Era Arlete Cruz quem organizava as ‘noitadas’, distribuindo os convites, o coquetel, no espaço cedido, sem custos, para aqueles então jovens literatos, artistas, intelectuais: Formávamos, assim, um grupo de artistas, ou de pessoas ligadas à arte, com várias tendências e gerações, não chegando a se constituir um movimento organizado (nem sequer éramos da Academia Maranhense de Letras, excetuando-se um ou dois), com alguns mais participativos do que outros, mas todos amigos: Bernardo Almeida, José Chagas, Antonio Almeida, Nauro Machado, João Mohana, Carlos Cunha, Paulo Moraes, Venúsia Neiva, Luiz de Mello, Bandeira Tribuzzi, Manoel Lopes, Fernando Moreira, Henrique Augusto Moreira Lima, Olga Mohana, Ubiratan Teixeira, Bernardo Tajra, Déo Silva, Lourdinha Lauande,, Murilo Ferreira, Sérgio Brito, Reynaldo Faray, José Frazão, Maia Ramos, José Maria Nascimento, Jorge Nascimento, Helena
Barros, Antonio Garcez, Fernando Braga, Moema Neves, José Caldeira, Erasmo Dias, José Martins, Yedo Saldanha, Domingos Vieira Filho, Lucinda dos Santos, Márcia Queiroz minha mãe Enói, que me acompanhava sempre), Dagmar Desterro, Mário Meireles, Nascimento Morais Filho, José Sarney – e, claro Reginaldo Telles [... continua] alguns mais tarde se juntariam a nós, como Pedro Paiva, e Ambrósio Amorim (ambos de volta a São Luis), Chagas Val, Virginia Rayol, Alberico Carneiro, Lucia e Leda Nascimento, Othelino Filho, Aldir Dantas, Carlos Nina, Péricles Rocha, José de Jesus Santos, Laura Amélia Damous, Luis Augusto Cassas, Lenita de Sá, Luiz Carlos Santos, Nagy Lajos, Aurora da Graça,, dentre outros. (p. 97). Embora ainda freqüentando os meios literários, dedica-se mais ao jornalismo. Adormece o poeta? Não, mas guarda suas produções, que só agora aparecem. Com o titulo POESIAS NECESSÁRIAS: Ontem & Hoje… De nossas conversas, diz que os guarda de muitos anos, desde os tempos de Liceu, e os escreve toda vida... Leu-me alguns. Emocionado. Aos do tempo da juventude, com lágrimas a rolar as faces marcadas pelo tempo. Mas as lembranças permanecem vivas, como se tivessem acontecendo naquele momento, o encantamento... Pergunto: - “quem foi Elis?” sorri, disfarça, olha para a nora e o neto... os olhos marejam... E em resposta diz: “como sabes de Elis?” Respondo: “já li seus poemas...” e fiquei intrigado: “quem foi Elis?” retomo... sorri, pega o calhamaço de poesias, e seleciona uma: fala de Elis; outra, que também fala de Elis... Mas não responde: “quem foi Elis?” ou “o que foi Elis...” Não precisa responder. Basta sentir a emoção em declamar “Agora, é a frustração [...] agora, é o fracasso [...] agora, é a sensação de viuvez [...] agora, é o sino sem som [...] agora, é a solidão...” ou ‘está dando cupim dentro de mim [...] é assim na “ausência de Elis...” Mar, sol, sal, solidão... Uma constante. Uma vez Poeta, sempre Poeta… SOLIDÃO Agora, é a frustração do rio insatisfeito Que se infiltra e se acaba Nas areias do seu próprio leito E se esgota em si mesmo, vazio. Agora, é o fracasso da torrente, É o ímpeto que se ressente, Sem caudal, sem afluente Não tem força De chegar ao mar. Agora, é a sensação de viuvez, No estar sozinho É a dor da morte De quem enterra a própria sorte Afinal, sem vez. Agora, é o sino sem som, Torre sem campanário, Contida a vocação, Praia deserta, Rio sem estuário, Águas insossas E o verão sem fim. Agora, é a solidão
Deixa-me ultrapassar Estes limites Dá-me tua mão, Elis, Vamos para o mar. Mas ainda quero saber, Poeta, quem, ou o que, foi Elis... 1 CORRÊA, Rossini. O MODERNISMO NO MARANHÃO. Brasília: Corrêa & Corrêa, 1989. 2 CORRÊA, Rossini. ATENAS BRASILEIRA; A CULTURA MARANHENSE NA CIVILIZAÇÃO NACIONAL. Brasília: Thesaurus; Corrêa & Corrêa, 2001 3 CORRÊA, Rossini. ATENAS BRASILEIRA; A CULTURA MARANHENSE NA CIVILIZAÇÃO NACIONAL. Brasília: Thesaurus; Corrêa & Corrêa, 2001 4 BARROS, Antonio Evaldo Almeida. INVOCANDO DEUSES NO TEMPLO ATENIENSE: (Re) inventando tradições e identidades no Maranhão (1940-1960). Outros Tempos, www.outrostempos.uema.br, volume 03, p.156-181 5 CORRÊA, Rossini. FORMAÇÃO SOCIAL DO MARANHÃO: O PRESENTE DE UMA ARQUEOLOGIA. São Luis: SIOGE, 1993. 6 CORRÊA, Rossini. ATENAS BRASILEIRA; A CULTURA MARANHENSE NA CIVILIZAÇÃO NACIONAL. Brasília: Thesaurus; Corrêa & Corrêa, 2001 7 BARROS, Antonio Evaldo Almeida. INVOCANDO DEUSES NO TEMPLO ATENIENSE: (Re) inventando tradições e identidades no Maranhão (1940-1960). Outros Tempos, www.outrostempos.uema.br, volume 03, p.156-181, O tema enfocado neste artigo foi discutido na monografia “Renegociando Identidades e Tradições: cultura e religiosidade popular ressignificadas na maranhensidade ateniense”, defendida no curso de História da UFMA, em julho de 2005 (BARROS, 2005) e também em eventos (BARROS, 2004a, 2004b, 2004c). As fontes históricas citadas podem ser localizadas na Biblioteca Pública Benedito Leite (Setor Arquivo), em São Luís/MA. Disponível em http://www.outrostempos.uema.br/volume03/vol03art10.pdf, acessado em 02/05/2014 8 MORAES, José Nascimento de. Uma arrancada. REVISTA ATHENAS, São Luís, p. 1-2, jan. 1939, citado ,por BARROS (S.D.). 9 MORAES, Nascimento de. Uma arrancada. REVISTA ATHENAS, São Luis, n. 1, p. 1-2, jan. 1939, citado por BARROS, Antonio Evaldo Almeida. “ACORDA ATENIENSE! ACORDA MARANHÃO!”: identidade e tradição no Maranhão de meados do século XX (19401960). In CIÊNCIAS HUMANAS EM REVISTA, São Luis, v. 3, n. 2, dezembro de 2005, p. 73-92 10BARROS, Antonio Evaldo Almeida. “ACORDA ATENIENSE! ACORDA MARANHÃO!”: identidade e tradição no Maranhão de meados do século XX (1940-1960). In CIÊNCIAS HUMANAS EM REVISTA, São Luis, v. 3, n. 2, dezembro de 2005, p. 73-92 11 CORRÊA, Rossini. O MODERNISMO NO MARANHÃO. Brasília: Corrêa & Corrêa, 1989. José Sarney 12, em entrevista a O Imparcial diz que, na sua geração eram formados dois grupos: no Centro Cultural Gonçalves Dias, onde se reuniam Nascimento Moraes Filho, Ferreira Goulart, Lago Burnet. 12 CUNHA, Patrícia. “O IMPARCIAL MARCOU MINHA VIDA” – ENTREVISTA COM José Sarney. O IMPARCIAL, São Luis, 1º de maio de 2015, Caderno Especial. 13 COSTA, Wagner Cabral da. O SALTO DO CANGURU: DITADURA MILITAR E REESTRUTURAÇÃO OLIGÁRQUICA NO MARANHÃO PÓS-1964. CIÊNCIAS HUMANAS EM REVISTA, São Luís, UFMA/CCH, v. 2, n. 1, p. 183-192, 2004. 14 BARROS, Antonio Evaldo Almeida. INVOCANDO DEUSES NO TEMPLO ATENIENSE: (Re) inventando tradições e identidades no Maranhão (1940-1960). Outros Tempos, www.outrostempos.uema.br, volume 03, p.156-181 15 BARROS, 2005, p. 88-89, em nota (9), p. 89. 16 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. UMA APRESENTAÇÃO NECESSÁRIA ÀS POESIAS NECESSÁRIAS, de ontem e hoje: REGINALDO TELLES. In ALL EM REVISTA, V. 2, N. 1, 2015, SÃO LUIS – MARANHÃO – JANEIRO A MARÇO, p. 306-311. 17 SOUSA, Reginaldo Telles de. Alvorada. ALVORADA, São Luis, 10 de maio de 1945, citado por BARROS, 2005, obra citada, p. 83. 18 SOUSA, Reginaldo Telles de. Alvorada - excerto. ALVORADA, São Luis, 14 de jul. de 1947, citado por BARROS, 2005, obra citada, p. 83. 19 BURNETT, José Carlos Lago. Novidades transcreve uma entrevista dada pelo poeta à “Revista Branca”, do Rio de Janeiro. NOVIDADES, São Luís, 02 de agosto de 1952. 20 REGO, Rosemary. A “geração de 45” - (Ou o Movimento da Movelaria Guanabara), In GUESA ERRANTE, edição 221, publicado em 10 de setembro de 2010, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2010/10/13/Pagina1235.htm 21 BASTOS, J. Avante, mocidade ateniene. FOLHA ESTUDANTIL, São Luis, 13 de jun. De 1951, citado por BARROS, 2005, p.82. 22 CRUZ (MACHADO), Arlete Nogueira da. SAL E SOL. Rio de Janeiro: Imago, 2006. i Após o declínio do Estado Novo, a história maranhense foi marcada pela ascensão política de Victorino Freire, um dos principais articuladores da campanha do General Dutra à presidência e responsável pela organização do PSD no Maranhão, partido que tinha fortes ligações na esfera federal e mantinha-se internamente baseado em mandonismos locais e no uso sistemático da “Universidade da Fraude” nos processos eleitorais (in COSTA, Wagner Cabral da. O SALTO DO CANGURU: DITADURA MILITAR E REESTRUTURAÇÃO OLIGÁRQUICA NO MARANHÃO PÓS-1964. CIÊNCIAS HUMANAS EM REVISTA, São Luís, UFMA/CCH, v. 2, n. 1, p. 183-192, 2004.
CAÇA AO TESOURO EM TUTOIA - O Tesouro de Tutóia e as aventuras de Ernesto Rivera por EUGES LIMA ( historiador ) O saudoso jornalista, advogado, pesquisador e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, Waldemar Santos, em seu livro “Fragmentos da História do Maranhão”, publicado pelo Sioge em 1982, traz um capítulo (Tesouro da Espanha) curioso sobre certo tesouro que teria sido enterrado nas areias de Tutóia no início do século XX. Essa informação, o autor conseguiu com o padre Jocy Rodrigues, neto do famoso Coronel Paulino Neves, fundador da Tutóia Nova (1901), então chefe político da região e um dos personagens principais dessa história que parece mais um roteiro de cinema, com todos os ingredientes, como caça ao tesouro, conspirações, prisões, drama e suspense. Padre Jocy, tinha em sua posse, uma carta, que relatava essa inusitada história, provavelmente herdada do espólio do seu avô. Em 1909, Paulino Neves, recebera uma inesperada e intrigante correspondência vinda da Espanha, cujo remetente era o espanhol Ernesto Rivera, o qual o prócer tutoiense nunca ouvira falar, no entanto, Rivera teve boas referências do Coronel Paulino: “as boas informações que tenho de V. Exa., as quais me foram dadas por um Sr. quando eu estive em esse país.” Na carta, Rivera relata que foi Capitão e Tesoureiro d’Arma da Cavalaria de Guarnição daquela Praça e que participou de uma conspiração para derrubar a monarquia espanhola e que teria desertado com 900.000 francos em notas do Branco da França e Inglaterra que estavam sob seu poder com a finalidade de comprar armas e equipamentos bélicos no estrangeiro para promover a revolta militar que derrubaria a monarquia e implantaria a República em toda a Espanha. Acontece que quando Ernesto Rivera se encontrava na fronteira da França à espera de instruções, recebe a notícia que o plano do levante havia sido descoberto e que alguns dos seus companheiros tinham sido presos e outros, fugidos para o exterior. Imediatamente, decide fugir para América do Sul com a fortuna que trazia. Primeiro, desembarca na Venezuela, não gosta do ambiente do país, então resolve ir para o Brasil. Depois de visitar vários estados e comarcas, chega ao litoral oriental do Maranhão, na longínqua e pacata Tutóia, localizada no Delta do Paranaíba, ali, diante da necessidade de retornar para Espanha para socorrer a única filha que estava doente em um Colégio interno na Cidade de Toledo, o militar espanhol, deixa “enterrados dentro de uma pequena caixa de folhas de lata, nos arrabaldes d’essa localidade” 900.000 mil francos que havia furtado de sua guarnição na Espanha. Como pai, Rivera não poderia abandonar a filha naquelas condições, ao mesmo tempo em que não poderia retornar com aquela quantia em seu poder, diante de tal impasse, descreve o que melhor lhe pareceu fazer: “Meti 900.000 francos dentro da dita caixa em os arrabaldes d’essa localidade; procurei um lugar rasinho, separadamente, e sem que ninguém me olhava, nem observava, fiz um buraco na terra, de meio metro de profundidade, e aí sepultei a caixa, com o dinheiro; no mesmo instante, fiz uma pauta tipográfica(croquis) fixa e exata do lugar onde sepultei a caixa; a esta pauta, junta com uma fita métrica que me servi d’ela para recolher as medidas e dimensões do terreno, assim como uma folha explicativa, aonde anotei todos os apontamentos; todas estas peças as ocultei num segredo que tem a minha mala de viagem n’um segredo que ninguém conhece, mais que eu e a minha filha.” O plano do Capitão era retorna à Espanha e trazer a filha para o Brasil, onde ela poderia se recuperar e viver em paz com ele. Porém, tudo deu errado, e ele foi preso ao chegar na Espanha, sendo condenado pelo Conselho de Guerra espanhol a dez anos de prisão e a pagar as custas do processo. É nesse cenário que
Ernesto Rivera vislumbra solicitar a ajuda de Paulino Neves como a única forma de resgatar o tesouro que ela havia deixado enterrado nas areias brancas de Tutóia, se não para ele se beneficiar, já que se encontrava preso e condenado, mas pelo menos para segurança e felicidade de sua filha, a jovem Hilda de 18 anos. Para isso, oferece a metade da quantia enterrada a Paulino Neves como recompensa, mas não sem antes elencar uma série de condições e instruções detalhadas que deveriam ser seguidas pelo Coronel: “1.ª - V. Exa. Terá que ser fiel e honesto com minha filha, e não divulgar este assunto; 2.ª - V. Exa., ou outra pessoa de maior confiança, tem que vir à Europa, para acompanhar a minha filha até o Brasil, porque eu quero sendo sagrada condição que minha filha há d’ir com V. Exa., a ajudar-lhe a descobrir a dita caixa; eu confio que V. Exa. Há – de comportar-se com ela, como um homem d’honra, e como um segundo pai; 3.ª - Pelo pronto, tem que V. Exa., pagar as despesas de viagem de minha filha, porque eu acho-me sem dinheiro, devido à minha pobre e triste situação, os meus amigos abandonaram-me, e os meus correligionários, uns acham-se presos, e outros, emigrados; 4.ª – Também tem que pagar V. Exa. “6.250 pesetas, ouro (1.250), que é necessário pagar para levantar a minha mala de viagem do depósito onde se acha depositada, por dívida d’uma quantia.” Como vimos acima, nas instruções e condições imposta por Rivera, o plano era Paulino Neves bancar sua viagem até Portugal, o que representaria um custo no valor de um conto e seiscentos mil reis. Quando desembarcasse em Lisboa, do Hotel que estivesse hospedado, deveria escrever para Ernesto Rivera informando seu endereço, então, Rivera responderia informando o Hotel onde poderia encontrar sua filha para juntos resgatarem a tal mala que se encontrava em um desses armários que se alugam em terminais de transportes, pois nela, encontravam-se todas as peças imprescindíveis para localização precisa do tesouro enterrado em Tutoia, como pauta topográfica, fita métrica e a folha explicativa, mas antes, Paulino Neves deveria mais uma vez meter a mão no bolso no valor de 6.250 pesetas para pagar o resgate da mala e retornar ao Brasil com Hilda, pagando também todas as despesas com passagens de navio no retorno ao Brasil. Depois que concluiu todas suas instruções o Capitão Rivera solicita que caso o Coronel Paulino Neves concorde com suas condições, envie uma “pronta resposta, para o endereço seguinte: Sr. Adolfo G. R. Ramirez, Cale de Ayal, n.º 16/2.º, Madri (Hespanha)[...] e com a esperança de receber pronto a notícia de seu aviso à Lisboa.” Finaliza a carta com cumprimentos honrosos e respeitosos, datando de Madri em 19 de agosto de 1909. A pergunta que fica é, teria o coronel Paulino Neves atendido aos seus apelos e respondido a essa curiosa correspondência? Teria ainda Paulino Neves feito essa fantástica aventura para Lisboa? Certamente não, talvez o coronel tenha desanimado diante de tantas condições, despesas e aventuras necessárias para tal feito e Ernesto Rivera esperou uma resposta favorável que nunca foi.
HISTÓRIAS DO TERREIRO DA TURQUIA (Nifé Olorum) CÍCERO CENTRINY O povo iorubá deixou em solo maranhense suas riquezas e múltiplas práticas religiosas talvez de maneira ímpar se considerar as formas de como foram deixadas em outras partes do Brasil. Aqui no Maranhão tudo aconteceu de forma diferenciada, pois aqui na terra dos Voduns os Orixás também tem seus espaços que no início se organizaram como nação, ficando a Casa de Nagô Abioton predominando o Nagô Abeuokutá, Pai César com o Nagô Ibadam e o nigeriano Jakobira (Manoél Teu Santo) com o Nagô Tapa-Nupê. Da referida Nação Tapa-Nupê, talvez a maior herança tenha ficado mais destacada no centenário Terreiro da Turquia (Nifé Olorum) fundado por Mãe Anastácia no dia 23 de julho. de 1889. As entidades turcas, no terreiro da Turquia sempre usaram suas insígnias, como sinal distintivos que são atributos de poder, de dignidade, de posto, de comando, de função, de classe, de corporações, de confraria... O lenço da foto é uma das insígnias usadas pelos turcos, esse especificamente tem mais de 100 anos de existência, pois pertenceu a primeira guia (mãe pequena, na tradição do Tambor de Mina do Maranhão) da Turquia a vodunsi Efigênia, chamada carinhosamente de Gegena. Ela faleceu muito nova com 40 e poucos anos ainda na década de 1960 quem passou algumas informações sobre ela para o nosso querido irmão Alfredo Benevides foi Pai Euclides (Talabyan Lissanon), Benedita de Mariana e a vodunsi Iluminata. Efigênia (Gegena) foi a primeira guia da Turquia, apesar de se saber pouco dela, era uma mulher de grande comhecimento, a ponto dela ficar responsável pelo terreiro da Turquia quando Mãe Anastácia se ausentava um suas longas viagens para outros estados, ela que comandava os toques de tambores em sua ausência. Inclusive ele que iniciou a famosa Bibi de Mariana, pois ela também foi uma das primeiras mulheres a receber a Cabocla Mariana no Maranhão. Gegena era uma mulher, muito competente, de grande conhecimento, ela conhecia muito a questão das "pedras"... Sabia as rosas e plantas que se plantava no famoso 'Jardim de Oeira', ela conhecia as 13 rosas do jardim de Oeira, sabia das orações que são as 13 coisas mais poderosa do mundo que vai de Pai filho Espírito Santo as 3 pessoas distintas e o poder verdadeiro que vai de Jesus Cristo até os 13 raios do sol, as 13 coisas que elevam o sentido humano das coisas... Realmente ela era uma mulher de grande saber. Gegena era ludovicense, residia próximo ao terreiro, quando ficou viúva passou a morar definitivamente no Terreiro da Turquia, é tanto que seu corpo foi velado no referido Terreiro. Devo dizer que a insígnia, ou seja o lenço da foto em questão, tem uma espécie de dinastia espiritual, pois em primeiro lugar pertenceu a Vodunsi Efigênia que passou para Bibi de Mariana, e finalmente Pai Euclides passou para o vodunsu Alfredo Benevides, todos estes sendo 'cavalo' da bela turca, a Cabocla Mariana. Preciosas histórias do Terreiro da Turquia.
PINHEIRO E O SEU CENTRO CULTURAL AYMORÉ ALVIM As repercussões positivas, no pós-guerra, dos frutos produzidos pelo Movimento Cultural Pinheirense, em 1920, começam a ressurgir, em março de 1959, com a fundação do Centro Cultural da Mocidade de Pinheiro. Transcorriam as férias do final do ano de 1958. Alguns dias após haver chegado a Pinheiro, recebi a visita do Tenente da Aeronáutica Oliveiros de Assunção Castro também conhecido por Olí de Castro que havia implantado, há alguns anos, o Centro Espírita Pinheirense. Discorreu ao longo da sua conversa sobre a importância para a juventude local da criação de uma instituição cultural que lhe propiciasse o aprimoramento intelectual, nas letras e nas artes, em todas as suas expressões sobretudo de caráter literário, moral, educacional, social, artístico e científico através de palestras, debates , conferências, etc. Falei a ele sobre a possibilidade de tal realização, mas eu queria aguardar outros colegas que estudavam em São Luís e que estavam chegando para as férias. Enquanto isso, comecei a conversar com Abraão do Carmo Cardoso, Aderaldo dos Santos Alves, Francisco Reis Castro, aos quais ia expondo a ideia do Tenente Oli de Castro e de todos recebi o incentivo e apoio para prosseguir na busca de mais adesões. A este grupo inicial se juntaram depois os estudantes Jurandy Leite, Edméa Machado Carvalho e Eldonor Peixoto Cunha. Após as primeiras reuniões, a ideia ficou consolidada e, assim, parti para convidar outras pessoas que viessem dar maior representatividade ao movimento. Procurei conversar com o próprio Oli de Castro, com o padre Luís Zecchinato, o poeta e professor Abílio da Silva Loureiro, com os Srs. Francisco José de Castro Gomes e Edésio Castro, funcionários públicos do IBGE, com a Professora Darly Dalva Durães e com a poetisa e professora Maria Carolina de Moraes. Em meado de fevereiro de 1959, houve uma reunião com todos os membros para as providencias finais. Foram encaminhadas várias propostas para nomear a nova instituição, ficando por fim aprovada a de Centro Cultural da Mocidade de Pinheiro apresentadas em conjunto por Jurandy Leite e Abraão Cardoso. Prosseguindo apresentei a proposta do Estatuto social que também foi aprovada e, assim, foi eleita uma Diretoria provisória, que deveria ficar até julho desse mesmo ano, assim constituída: Presidente-Aderaldo dos Santos Alves, VicePresidente – Almir da Silva Soares, 1ª Secretaria – Darly Dalva Durães, 2ª Secretaria – Abílio da Silva Loureiro, Tesoureiro - Eldonor Peixoto Cunha e Bibliotecário – Abraão do Carmo Cardoso. Por fim, ficou estabelecido que a sessão de fundação e posse da Diretoria ocorreriam, no dia 8 do mês seguinte, às 10:00h, na sala de reuniões da Biblioteca de Geografia e História de Pinheiro. Com a presença de autoridades civis e religiosas, ocorreu como havia sido aprovada, a sessão solene de fundação que foi presidida pelo Promotor Público, Dr. Francisco de Souza Coêlho tendo como Secretária “ad hoc” Edméa Machado Carvalho. Aberta a sessão e executado o Hino Nacional, ocorreu a solenidade de posse dos novos diretores da entidade. Logo a seguir, discursou enaltecendo a efeméride o poeta Abílio Loureiro que foi sequenciado pelo Tenente Oli de Castro e Padre Pedro Tidei que executaram belas canções ao acordeom. Coube a mim declamar do poeta português Guerra Junqueiro a poesia “A Caridade e a Justiça”. Por fim, discursaram destacando a importância da fundação do Centro para a mocidade de Pinheiro. o Padre Luís Zecchinato e Jurandy Leite.
Infelizmente, o Centro Cultural da Mocidade de Pinheiro teve vida efêmera. Quando retornamos para as férias de julho já não mais existia. No entanto, foi mais uma experiência vivida pelos jovens pinheirenses que não devem se frustrar com tais percalços, mas prosseguir com denodo na luta pelo desenvolvimento cultural, literário e artístico da nossa cidade com vista às gerações futuras. Tudo por Pinheiro! *Fonte: Ata de fundação do Centro Cultural da Mocidade de Pinheiro, em 8 de março de 1959.
HISTÓRIA DO VINHAIS VELHO: ATUALIZAÇÃO
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Academia Poética Brasileira Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Academia Ludovicense de Letras DELZUITE DANTAS BRITO VAZ CEM “Liceu Maranhense”
O Vinhais Velho de hoje já recebeu diversas denominações: Uçaguaba, MiganVille, Sítio de “Monsier Pineau”; Aldeia da Doutrina, São João dos Poções, Vila Nova de Vinhais; já foi habitada por índios e por europeus; e sua História tem mais de 417 anos: sua ocupação por europeus precede à fundação de São Luís. A 20 de outubro de 1612 foi rezada a primeira missa em sua capela, construída pelos indígenas para recepcionar a comitiva que veio imp-lantar a França Equinocial: 1.000/2.000 a.C - vestígios dos antigos assentamentos humanos no Vinhais Velho demonstraram que os primeiros povoadores chegaram nessa região entre 2.600 anos até 3 mil anos atrás, sendo que tal território permaneceu ocupado até a chegada dos primeiros colonizadores europeus, com pelo menos três momentos de ocupação distintos (BANDEIRA, 2013, 2014, 2015). Os primeiros povoadores foram associados aos Sambaquis e à cerâmica da tradição Mina. Eles viviam da pesca e da coleta de frutos do mar e permaneceram na região até 1.950 anos atrás, quando outros grupos humanos chegaram ali (BANDEIRA, 2014). 1.100 D.C - Em torno de 1.840 anos atrás, a região foi novamente ocupada por grupos humanos bastante diferentes dos povos sambaquieiros. Tratava-se de agricultores e ceramistas, que manufaturavam objetos cerâmicos com traços amazônicos, denotando relações desses grupos com outros povos da floresta tropical amazônica. Corroboraram com essa interpretação a presença de terra preta oriunda do cultivo de alimentos, que era complementada pela caça, pesca e coleta (BANDEIRA, 2014).
A última ocupação humana existente no Vinhais Velho em tempos pré-históricos ocorreu em torno de 800 anos antes do presente e durou até o período de contato com o colonizador europeu, já no século XVII. A documentação escrita auxiliou a arqueologia na compreensão do modo de vida dos índios Tupinambá nesse período (BANDEIRA, 2015). Os Tremembé, originalmente nômades, viviam num território que se estendia nas praias entre Fortaleza e São Luís do Maranhão. Com a invasão dos Tupis-Guaranis perderam a Ilha de São Luis e seus arredores. Esses habitavam a Aldeia de Uçaguaba. 1.500 - porta de entrada para exploração da América, este ponto do litoral norte foi visitado pelo espanhol Vicente Yanez Pinzon em 1500; 1524 - primeiras explorações dos navegadores de Dieppe no Maranhão; 1535 - pelos portugueses Ayres da Cunha, Fernão Álvares de Andrade e João de Barros, primeiro donatário da Capitania, que naufragaram na costa em 1535; 1536 - tido como o da chegada ao Maranhão dos sobreviventes da expedição de Aires da Cunha. Até hoje se discute o local do desembarque desses sobreviventes: se na Ilha Grande (Trindade, São Luís) ou na Ilha Pequena (Sant' Ana) ou na do Boqueirão (do Medo) onde teriam erigido a aldeia de Nossa Senhora de Nazaré. Outros a localizam em terras de Cumã (Alcântara). Bernardo Pereira de Berredo, nos "Anais Históricos do Estado do Maranhão“, estranha que, decorridos apenas oitenta anos, a expedição de Jerônimo de Albuquerque não haja encontrado vestígios desse sítio, o que não impede que estudiosos do assunto afirmem ainda ser verídica sua existência, esposando a tese de ter São Luís origem lusa e não francesa. 1554 - Luiz de Melo da Silva, em 1554 e depois em 1573, já como donatário; 1556 - pelos filhos de João de Barros, Jerônimo e João, em 1556. (SÃO LUÍS, 2008, p. 12) 1560/1580 - José de Ribamar Caldeira, em “O Discurso de Japi-açu e Momboré-uaçu” dá-nos a informação de que A "ilha de Maranhão" e suas cercanias haviam sido povoadas tardiamente pelos Tupinambá. Claude d'Abbeville afirma haver encontrado testemunhas oculares daquela primeira vaga migratória, ocorrida provavelmente entre 1560 e 1580. Em seu discurso, Japi-açu alude ao domínio dos portugueses, que os forçou a abandonar sua terra (Pernambuco e Potiu) e a refugiar-se aqui (Upaonaçú). 1573 - Luiz de Melo da Silva, já como donatário; naufraga no Mar-Oceano sua nau-capitânia "São Francisco" que tinha Luís da Gamboa como comandante. No Capítulo XIV “Da terra e capitania do Maranhão que el-rei D. João Terceiro doou a Luís de Melo e Silva”, Frei Vicente de Salvador (2010, p. 161-162) descreve “o Maranhão” como uma grande baía que fez o mar, entre a ponta do Pereá e a do Cumá, tendo no meio a ilha de S. Luís, onde esteve Aires da Cunha, quando se perdeu com a sua armada e os filhos de João de Barros. 1590, Jacques Riffault, depois de Natal, veio para São Luis, no Maranhão. É dele a primeira ideia de ocupação do Maranhão. 1593 -Para Bueno (2012), Riffault - em 1593 -, retornando à França depois de ter inspecionado a então denominada ilha do Maranhão, conseguiu convencer um rico cavalheiro francês, Charles de Vaux, a investir seu dinheiro numa expedição colonizadora. 1594 - Em 15 de março de 1594, Riffault e Des Vaux partiram para o Maranhão, com cerca de 150 colonos e soldados a bordo de três navios. Um naufrágio e uma série de outras dificuldades fizeram fracassar a empresa (p. 84). Sua estada na região do Maranhão tinha começado por um acidente: já fazia viagens regulares à região havia alguns anos, e perdera ali um de seus navios e fora obrigado a deixar parte de sua tripulação.
De acordo com o sitio “NAUFRÁGIOS NO BRASIL/MARANHÃO” consta que o naufrágio da nau de Jacques Riffault se deu em 1590. Animado pelas boas relações que mantinha com o chefe selvagem Uirapive, se associou a outros aventureiros, e, com meios suficientes, recrutou e veio para o Brasil em três navios, aportando no Maranhão, longe do local do objetivo inicial, mas decidiu fixar-se ali como base de partida para outras incursões ao longo do litoral brasileiro.
(Diário do Maranhão, 7 de agosto de 1881) Já em 1594, Jacques Riffault, depois de Natal, veio para São Luís, no Maranhão. Junto com Charles des Vaux aporta na Ilha Grande, atual Ilha de São Luís, no Maranhão. O navio de Jacques Riffault naufraga nos baixios da ilha, mais tarde denominada Sant´Ana. Desse naufrágio, os tripulantes de dois navios franceses, dos três que formavam a frota de Jacques Riffault, ficaram perdidos na ilha de Santana, e conviveram pacificamente com os índios Tupinambás. Des Vaux foi um dos que ficaram com a gente de Uirapive – chefe tupi com quem Riffault tinha selado aliança. Aqui desembarcados, fundam um estabelecimento que se tornou o "refúgio dos piratas”. Mas para os seus planos, um simples estabelecimento não significava grande obra; pensaram em aí fundar uma colônia: a França Equinocial. Charles Des Vaux aprendeu a língua dos índios e prometeu trazer-lhes outros franceses para governá-los e defendê-los. De volta à França, Des Vaux conseguiu do rei Henrique IV que Daniel de la Touche, senhor de La Ravardière, o acompanhasse ao Maranhão, para verificar as maravilhas que lhe narrara, e prometeu-lhe a conquista da nova terra para a França: A segunda invasão acontece no Maranhão, a partir de 1594. Depois de naufragar na costa maranhense, os aventureiros Jacques Riffault e Charles des Vaux estabelecemse na região. Diante do lucro obtido com o escambo, conseguem o apoio do governo francês para a criação de uma colônia, a França Equinocial. Em 1612, uma expedição chefiada por Daniel de la Touche desembarca no Brasil centenas de colonos, constrói casas e igrejas e levanta o forte de São Luís, origem da cidade de São Luís do Maranhão. Jacques Riffault, personagem constante em nossa história, desde 1594 se estabelecera em Upaon-açu (Ilha de São Luís) com uma feitoria, contando com o auxilio de seus compatriotas Charles D’Estenou Senhor de Des-Vaux, cavalheiro do Condado de Tomaine, e de Davi Migan, natural de Vienne, no Delfinado. Ambos haviam conquistado a amizade dos silvícolas, e tinham o domínio da língua nativa. O historiador Antonio Noberto continua: tanto comércio fez com que bretões e normandos se estabelecessem com feitorias na Ilha Grande, e um desses lugares era a aldeia de Uçaguaba/Miganville
(atual Vinhais Velho), misto de aldeia e povoação europeia. Terceiro, o porto usado nessas atividades era o de Jeviré (Ponta d'Areia). Some-se que o chefe maior de tudo isso era David Mingan, o Minguão, o "chefe dos negros" (daí o nome de Miganville), que tinha a seu dispor cerca de 20 mil índios e era "parente do governador de Dieppe". Por fim, a localização da fortaleza está exatamente no lugar certo de proteção do Porto de Jeviré e da entrada do rio Maiove (Anil), que protegeria Miganville. Pianzola, em sua obra “OS PAPAGAIOS AMERELOS – os franceses na conquista do Brasil (1968, p. 34) chama atenção para os nomes constantes dos mapas, entre os quais muitos de origem francesa, ‘traduzidos’ para o português. Vê-se, na Grande Ilha dentre outros, Migao-Ville, propriedade do intérprete de Dieppe, David Migan, seguramente um psudônimo, no entender de Pianzola: “[...] No último quartel daquele século, o que era apenas um posto de comércio, sem maior raiz, tornou-se morada definitiva dos corsários gauleses, vindos de Dieppe, Saint-Malo, Havre de Grace e Rouen, que aqui deixavam seus trouchements (tradutores) que viviam simbioticamente com os tupinambá (escreve-se sem “s” mesmo). Entre estes estava David Migan, o principal líder francês desta época. Ele era o “chefe dos negros” (índios) e “parente do governador de Dieppe”. Tinha a seu dispor cerca de vinte mil guerreiros silvícolas e residia na poderosa aldeia de Uçaguaba (atual Vinhais Velho), apelidada de Miganville [...]”. (NOBERTO SILVA, 2011). Continuemos com Noberto Silva (2011): “[...] Na virada do século, segundo o padre e cronista Luis Figueira, que escreveu sua penosa saga na Serra de Ibiapaba, os franceses no Maranhão contavam, inclusive, com ‘duas fortalezas na boca de duas grandes ilhas’. Uma destas fortificações, por certo, era o Forte do Sardinha, localizado no atual bairro Ilhinha, nos fundos do bairro Basa em São Luís. Esta, em mãos portuguesas, foi nomeada de Quartel de São Francisco, que deu nome ao bairro. Servia de proteção ao lugar, em especial, a Uçaguaba, reduto de Migan”. 1596 - Junto com Riffault, frequentava a Ilha Grande o Capitão Guérard, que em 1596 armou dois navios, sendo um deles para o Maranhão – Poste, chegou ao Camocim – estabelecendo com regularidade as visitas à terra de corsários de Dieppe, de La Rochelle e de Saint Malo, funcionando desde então uma linha regular de navegação entre Dieppe e a costa leste do Amazonas. 1603 - Datado de 26 de julho de 1603 há um arresto do tenente do Almirantado em Dieppe relativo a mercadorias trazidas do Maranhão, ilha do Brasil, pelo Capitão Guérard. Meireles (1982, p. 34) traz também Du Manoir em Jeviré; Millard e Moisset, também encontrados na Ilha Grande. Os comandados de Du Manoir e Guérard chegam a quatrocentos; há esse tempo já dois religiosos da Companhia de Jesus haviam estado no Norte do Brasil. 1612 - Claude d´Abbeville, missionário capuchinho aqui chegando com a ‘missão’ de LaRavardiére, afirma que, fundada a França Equinocial, sairam De Rasilly, o Barão de Sancy e os padres D' Abbeville e Arséne de Paris acompanhados de um antigo morador de Upapon-Açú, de nome David Migan, a visitar as aldeias da Ilha: "(...) levaram-nos os índios, de canoa, até Eussauap, onde chegamos no sábado seguinte ao meio-dia. O sr. de Pizieux e os franceses que com ele aí residiam receberam-nos com grande carinho (...)". (D'ABBEVILLE, 1975, p. 114) . (grifos nossos). Capistrano de ABREU esclarece que: " EUSSAUAP - nom do lieu, c'est à dire le lieu ori on mange les Crabes. - Bettendorf leu em Laet Onça ou Cap, que supôs Onçaquaba ou Oçaguapi; mas tanto na ediço francesa, como na latina daquele autor, o que se lê, é EUSS-OUAP. Na história da Companhia de Jesus na extinta Província do Maranhão e Pará, do Padre José de Morais, está Uçagoaba, que com melhor ortografia é Uçaguaba composto de uça, nome genérico do caranguejo, e guaba, participio de u comer: o que, ou onde se come caraguejos, conforme com a definição do texto ...". ( apud D' ABEVILLE, 1975, p.107). Das 27 aldeias existentes na Ilha, 14 tinham apenas um Principal; 10 possuiam dois; 1 possuia três. Eussauap possuia quatro – "... é uma das maiores aldeias da ilha e nela existem quatro principais: Tatu-Açu; Cora-Uaçu ou Sola-Uaçu, às vezes também Maari-Uaçu; Taiacú e Tapire-Evire". É em
Eussauap que os franceses encontram uma certa resistência, por parte de um velho "... de mais de 180 anos e que tinha por nome Mamboré-Uaçu ..." e que havia assistido ao estabelecimento dos portugueses em Pernambuco, 80 anos antes (cerca de 1535). Quando da implantação da França Equinocial esse complexo passou para mãos oficiais. Uçaguaba/Miganville passou a ser chamada pelos cronistas Claude Abbeville e Yves d'Evreux de "o sítio Pineau" em razão de Louis de Pèzieux, primo do Rei, ter adotado o local como moradia. Du Manoir, Riffault, Des-Vaux e os piratas de Dieppe, encontravam-se fundeados no porto, confirmam a presença continuada dos exploradores de todas as procedências nas costas do Maranhão, e do Norte em geral: uma companhia holandesa presidida pelo burgomestre de Flessingue, ingleses, holandeses e espanhóis negociando com os índios o pau-brasil; armadores de Honfleur e Dieppe; o Duque de Buckigham e o conde de Pembroke e mais 52 associados fundaram uma empresa para explorar o Brasil; espanhóis de Palos. Os moradores de Eussauap tinham esperança que um dos padre aí se fixasse. Por isso "haviam edificado no meio da praça, localizada entre as cabanas, uma bonita capela com um altar bem arranjado". Além da capela construíram uma grande cruz. No domingo, dia 20 de outubro de 1612, foi a capela batizada e rezada a missa.
1614 - Vencidos os franceses em Guaxenduba (19/11/1614), os portugueses se estabelecem no Maranhão, vindo com Jeronimo de Albuquerque os padres Manuel Gomes e Diogo Nunes, aqui permanecendo estes até 1618 ou 1619: "A primeira missão ou residência, que fundaram mais junto à cidade para comodidade dos moradores, foi a que deram o nome de Uçagoaba, onde com os da ilha aldearam os índios que haviam trazido de Pernambuco ...". (MORAES, 1987, p.58). A residência dos jesuitas em Uçagoaba é ocupada com a chegada da segunda turma de jesuitas ao Maranhão, os padres Luis de Figueira e Benedito Amodei. De acordo com CAVALCANTI FILHO (1990) a missão jesuitica no Maranhão
inicia-se com a chegada dos padres Figueira e Amodei: "... Ao que tudo indica, a aldeia de Uçaguaba, situada a margem esquerda do igarapé do mesmo nome, teria sido o ponto de partida dessa missão ... desta primeira, denominada 'Aldeia da Doutrina'".(p. 31).
Cesar MARQUES (1970), em seu Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão, publicado em 1870, informa sobre Vinhais - freguesia e ribeiro, que os jesuítas Manoel Gomes e Diogo Nunes, que vieram junto com a armada de Alexandre de Moura, principiaram a estabelecer residências - ou missões de índios -, sendo a primeira que fundaram: “... foi a que deram o nome de Uçaguaba, onde com os da ilha da capital aldearam os índios, que tinham trazido de Permambuco, e como esta se houvesse de ser a norma das mais aldeias, diz o Padre José de Morais, nela estabelecessem todos os costumes , que pudessem servir de exemplo aos vizinhos e de edificações aos estranhos. Cremos que por êste fim especial foi chamada aldeia da Doutrina. “Fundada pelos jesuítas, parece-nos haver depois passado ao poder do Senado da Câmara, porque ele tinha uma aldia ‘cujo sítio era bem perto da cidade’. Compunha-se de 25 a 30 índios entre homens e mulheres ‘para poderem acudir às obras públicas pagando-se-lhes o seu jornal’. “Em 12 de maio de 1698 a Câmara pediu ao soberano um missionário para educá-los. Em 22 desse mesmo mês representou à Sua Majestade queixando-se por ter sido privada desta aldeia ‘por algumas informações más e apaixonadas’. ... foi no dia 1o. de agosto de 1757 elevada à categoria de vila com a denominação de Vinhais”. (p. 632-633).
1615/1622 - MORAES (1987) ou 1622, CAVALCANTI FILHO (1990) - os jesuitas alí estabelecem sua primeira residência, ou missão, em terras maranhenses. A Eussauap de D' Abbeville (1612) é chamada de Uçagoaba pelos padres Manoel Gomes e Diogo Nunes (1615) e, a partir de 1622, recebe o nome de Aldeia da Doutrina dos padres Luis Figueira e Benedito Amodei. 1647 - Livro de Acórdãos da Câmara de São Luís, datado de 07 de julho de 1647, é registrada a ausência dos habitantes dessa cidade – e das vilas próximas – nas festas públicas que se organizavam, com a não contribuição dos cidadãos na organização dessas festas, quer em dinheiro, quer em sua realização, quer acompanhando as procissões. Sobre esse aspecto, Abreu (2010, p. 237) transcreveu: Acordamos e mandamos que todo cidadão desta cidade de São Luís de qualquer qualidade que seja que a Câmara celebre festas e procissões estando residente na cidade ou duas léguas ao redor não acudir as ditas
festas e procissões para acompanhá-las nos postos que lhe forem ordenados paguem mil reis de pena as obras do conselho; 1721 - [...] Apoz uma longa e penosa viagem, desembarcou felizmente o padre Malagrida, por fim de 1721, no Porto de S. Luiz, capital do Maranhão. Esta região, uma das maiores da America meridional, era então parte do Brazil, e abrangia todo o paiz que se distende do cabo de Santo Agostinho até ao rio de Oyapoc, situado hoje na Guienna franceza. Em 1721, já ordenado padre, partiu para as missões no Maranhão, onde os seus superiores o designaram para pregar, como lhe reconhecessem engenho insigne para a prédica, [...] “mandaram-no annunciar a palavra Divina aos habitantes do Maranhão, em companhia do padre Luiz Maria Bucharelli, irmão do famigerado Francisco Maria Bucharelli, que soffreu o martyrio em Toukin, aos 11 de outubro de 1723” 1729/1730 Foi retirado definitivamente da missão indígena por volta de 1729 para ensinar no Colégio de São Luís do Maranhão, a fim de preparar futuros missionários, ensinado Filosofia e Teologia: No principio do armo de 1730 foi Malagrida outra vez chamado pelos superiores para ensinar theologia no collegio do Maranhão. Era custoso ao fervente apostolo arrancar-se á sua cara missão: assas o revelou nas lagrimas choradas, quando abençoava pela derradeira vez os seus amados neophytos : mas, digno filho de Santo Ignacio, a sua missão era obedecer sem delongas nem replica ao menor acenode seus superiores. Depositou a nascente christandade dos Barbados nas mãos do padre João Tavares, e retomou a pé o caminho de S. Luiz. MEIRELES (1964), conta-nos que o bem-aventurado Gabriel Malagrida - a quem César Marques chamou de “o desgraçado apóstolo do Maranhão” - costumava logo pela manhã percorrer as ruas da pequenina cidade de não mais de uma meia dúzia de milhares de habitantes, a convocá-los, com a campainha que ia fazendo tilintar, para a Santa Missa e o exercício do catecismo. E lá voltava ele, cheio de alegre beatitude, acompanhado de um bando irriquieto de meninos que o seguia até o Colégio. Depois, o confessionário e a visita aos enfermos e aos presos, consumia-lhe o resto do dia, pela tarde afóra; À noite, retornava à aldeida da doutrina, como comumente então a povoação de São João dos Poções, antiga Uçagoiaba e hoje Vinhais, sede da primeira missão dos inacianos na Ilha-Grande fora conhecida... 1757 - COELHO (1990) em seu "Política indigenista no Maranhão Provincial", ao analisar "o lugar do índio na legislação: a questão da terra", afirma que " a situação das terras dos indigenas é caracterizada por um acúmulo de esbulhos e usurpações" e o processo oficial do sequestro dessas terras se dá pela ação de Pombal, que prescreveu, em 1757, a " elevação das aldeias indígenas, onde haviam missões, à categoria de vila ou lugar, de acordo com o número de habitantes". Cita, dentre outros exemplos, que " a aldeia da Doutrina, em 1º de agosto de 1757, foi elevada à categoria de vila, com o nome de Vinhais". A antiga Aldeia da Doutrina é elevada à categoria de vila em 1o. de agosto de 1757 com a denominação de Vinhais - Vila Nova de Vinhais – a nossa hoje Vila Velha de Vinhais. Era comum daremse nomes às vilas e cidades do Maranhão o mesmo nome de vilas e cidades existentes em Portugal. Vinhais é uma vila portuguesa, pertencente ao Distrito de Bragança, Região Norte e subregião do Alto Trás-os-Montes, limitado a norte e oeste pela Espanha, a leste pelo município de Bragança, a sul por Macedo de Cavaleiros e Mirandela e a oeste por Valpaços e Chaves. A ocupação humana deste território data de tempos ancestrais, tal como se pode verificar pelos inúmeros vestígios arqueológicos que se podem encontrar nesta região: inscrições rupestres, edificações de tipo dolménico e fortificações castrejas.
- 1º de agosto de 1757, a Aldeia da Doutrina, sob a invocação de São João dos Poções, foi elevada à categoria de Vila com a denominação de Vinhais, sendo criada nesse mesmo dia a freguesia de São João Batista de Vinhais, em virtude de Resolução Régia de 13 de junho de 1757. Buscamos uma vez mais em Cesar MARQUES (1970) outras informações, agora sobre a Igreja do Vinhais: “Pertenceu então a outro donatário porque descobrimos termos da junta das missões de 13 de abril de 1757, que passou para o domínio dos frades da Ordem de Santo Antonio, sem podermos contudo dizer como se efetuou esta mudança, e então se chamou aldeia de São João dos Poções.[...] [1o. de agosto de 1757 em que a Aldeia da Doutrina foi elevada à categoria de vila com a denominação de Vinhais] foi criada a freguesia em virtude de Resolução Régia de 13 de junho de 1757, sendo o seu primeiro pároco encomendado o beneficiado Antôno Felipe Ribeiro.
Ainda às págias 632 do referido Dicionário ..., César Marques informa que no referido têrmo – ao passar a freguesia para a Ordem de Santo Antônio, com o nome de São João dos Poções, em 13 de abril de 1757 -, achavam-se em palácio, reunidos, o Governador da Capitania, Gonálo Pereira Lobato e Sousa, o Governador do Bispado, Dr. João Rodrigues Covete, e o Desembargador Ouvidor-Geral Diogo da Costa e Silva, o Desembargador Juiz-de-Fora Gaspar Gonçalves dos Reis, e os reverendos prelados das regiões, mandava o Governador ler o têrmo da junta, feito na cidade de Belém do Grão-Pará em 10 de fevereiro de 1757: “Depois disso perguntou o governador do bispado o que respondiam suas paternidades ao proposto, determinado e resolvido no dito têrmo, devendo-se praticar neste bispado o que se praticou e resolveu no Grão-Pará”. O padre provincial do Carmo, Frei Pedro da Natividade, e o padre comendador do Convento de N. S. das Mercês, Frei Bernardo Rodrigues Silva, não fizeram a menor objeçào, e declaram concordar com o que se tinha feito no Pará. O padre-mestre, Frei Matias de Santo Antônio, por impedimento do guardião do Convento de S. Antônio, que então era Frei Miguel do Nascimento, respondeu que não tinha dúvida que se observasse o mesmo, com a declaração porém que neste bispado não havia missões algumas para observância do sobredito, e que só o seu convento tinha uma doutrina do serviço dele, a qual estava situada em terras doadas ao mesmo convento, aceitas pelo Sindico dele por títulos onerosos de compra e venda, e obrigação de missas anuais, e por isso tinham entrado no seu domínio por muitas bulas, e especialemnete pelas do papa Nicolau IV, ficando assim excluída da ordem de Sua Magestade. No têrmo da junta de 18 de junho do mesmo ano (1757), declarou o dito governador, que havendo dado conta do ocorrido na sessão da Junta de 13 de abril ao capitão-General do Estado Francisco Xavier de Mendonça Furtado (irmão do Marques de Pombal) do requerimento do guardião do Convento de Santo Antônio a respeito da sua aldeia chamada da Doutrina, fora por ele julgada em oposição à devida observancia da ordem de Sua Majestade de 7 de junho de 1755, que com força de lei mandou publicar nesta cidade. Em virtude de tudo isto foi no dia 1 de agôsto de 1757 elevada à categoria de vila com a demonimação de Vinhais. Acharam-se presentes a este ato o Governador da Capitania, dr. Bernardo Bequimão por comissão do governador do Bispado, o diretor Alferes Manuel de Farias Ribeiro, os Sargentos Manuel José de Abreu e Carlos Luis Soares, o povo do dito lugar e mais aldeias. Fêz entrega das terras da vila, o que únicmente possuía esta aldeia, o Padre Frei Bento de Santa Rosa, religioso de Santo Antônio e aí missionário com a administração temporal.” (p. 632-633)
César Marques, consta que houve contestação quanto à propriedade das terras da Aldeia da Doutrina, pertencente, então, ao Convento de Santo Antônio. Esta vila, situada ao N.E. da Ilha do Maranhão uma légua distante da capital, à margem do ribeiro Vinhais, ora transformada em Vila do Vinhais e, para dar fim à qualquer contestação, sobre a quem pertenceria as terras, passou-se a seguinte certidão, que, segundo Cesar Marques, não deixa de ser curiosa: “José Inácio Pereira, escrivão por comissão da Câmara da vila de Vinhais: em cumprimento do despacho retro certifico que revendo o livro de ... nele à fl. 87 verso achei o translado ... Por ser conforme às reais ordens que Sua Majestade foi servido expedir para o estabelecimento deste Estado e conveniente ao bem comum e particular dos moradores dele, que se destinem terrenos competentes, que sirvam de distritos às vilas para as suas respectivas justiças não excederem os seus limites, devo dizer de vossas mercês em observância das mesmas reais ordens, que o distrito dessa vila terá princípio no pôrto do Angelim sobre a foz do rio – Anil -, quer fica pertencente ao distrito desta cidade, e dele partirá em rumo direito para o nascente às terras alagadiças da fazenda que foi de Agostinho da Paz e que hoje é do Rvdo. Cônego Manuel da Graça, fincado pertencendo ao distrito desta mesma vila a estrada pública, que do dito porto do Angelim vai para a fazenda da Anindia e outras, como também a fazenda do defunto José de Araújo, partindo e confrontando da parte do sul com terras do distrito desta cidade e continuando este rumo da parte do nascente da mesma fazenda do dito Cônego Manual da Graça para a parte do norte, correrá em direitura à costa do mar, e por ela descerá à capela de São Marcos de onde continuando da parte do poente pela costa desta baía até a fortaleza da barra desta cidade continuará pelo rio, que divide a cidade das terras sobreditas da costa do mar até finalmente chegar ao dito porto do Angelim, onde fica fechando o rumo do dito distrito, em que se compreedem a dita vila e terras que possuem os seus moradores desde o tempo em que foi constituída doutrina dos padres de Santo Antônio desta cidade como também a Capela de São Marcos, a olaria, que foi dos padres da Companhia e vários sítios de fazendas e moradores, como são a do sobredito Cônego Manuel da Graça, de Domingos Fernandes e últimamente todos os que dentro dos referidos rumos e distrito se compreenderem sendo este suficiente para essa dita vila, sem prejudicar o da cidade. “Para rendimento das despesas da Câmara lhe não determino por hora terreno, o que farei com a brevidade que me fôr possível para cumprir completamente com a ordem de Sua Majestade, o qual sempre há de ser dentro do distrito dessa vila: o que tudo Vossas Mercês tenham entendido para inviolávelmente observarem, registrando este no livro da Câmara para a todo o tempo constar até onde entendem os seus limites, de que me mandarão certidão de assim o haverem. – Deus guarde a Vossas Mercês – Maranhão. – Gonçalo Pereira Lobato e Sousa” “Senhores Juízes e oficiais da Câmara da vila do Vinhais. “Certifico eu escrivão abaixo nomeado em como transladei uma carta do Ilmo. Sr. Governador vinda ao juiz e mais oficiais da Câmara desta vila, o que juro em fé de meu ofício: três de novembro de 1760. – Manuel de Jesus Pereira. “Nada mais que o referido continha o dito translado fielmente aqui copiado do próprio livro, a que me reporto, e é verdade todo o referido em fé do ofício. – Vinhais, 10 de fevereiro de 1806. – José Inácio Pereira”. (grifos nosso). 1760 - criada a Vila de Vinhais, com a delimitação de suas fronteiras: José Inácio Pereira, escrivão por comissão da Câmara da vila de Vinhais: Em cumprimento do despacho retro certifico que revendo o livro de . . . . . . . . . . . . . . . . nele à fl. 87 verso achei o traslado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Por ser conforme as reais ordens que Sua Majestade foi servido expedir para o estabelecimento deste Estado e conveniente ao bem comum e particular dos moradores dele, que se destinem terrenos competentes, que sirvam de distritos às vilas para as suas respectivas justiças não excederem os seus limites, devo dizer a vossas mercês em observância das mesmas reais ordens, que o distrito dessa vila terá principio no Porto do Angelim sobre a foz do rio Anil -, que fica pertencendo ao distrito desta cidade, e dele partirá em rumo direito para o nascente às terras alagadiças da fazenda que foi de Agostinho da Paz e que hoje é do Revdo. Cônego Manuel da Graça, ficando pertencendo ao distrito dessa mesma vila a estrada Pública, que do dito Porto do Angelim
vai para a fazenda da Aníndiba e outras, como também a fazenda do defunto José de Araújo, partindo e confrontando da parte do sul com terras do distrito desta cidade e continuando este rumo da parte do nascente da mesma fazenda do dito Cônego Manuel da Graça para a parte do norte, correrá em direitura a costa do mar, e por ela descerá à capela de São Marcos de onde continuando da parte do poente pela costa desta baía até a fortaleza da barra desta cidade continuará pelo rio, que divide esta cidade das terras sobreditas da costa do mar até finalmente chegar ao dito Porto do Angelim, onde fica fechando o rumo do dito distrito, em que se compreendem a dita vila e terras que possuem os seus moradores desde o tempo em que foi constituída doutrina dos padres de Santo Antonio desta cidade como também a capela de São Marcos, a olaria, que foi dos padres da Companhia e vários sítios de fazendas e moradores, como são a do sobredito Cônego Manuel da Graça, do Padre José Pimenta, de José de Sousa Rapôso, de Manuel Jorge, de Manuel Rodrigues, de Domingos Fernandes e ultimamente todos os que dentro dos referidos rumos e distrito se compreenderem sendo este suficiente para essa dita vila, sem prejudicar o da cidade. (MARQUES, 2008, p. 623) No Livro de Acordão da Villa de Vinhais, um documento importante registra a falta de “homens bons” para assumir os cargos administrativos da recém-formada Vila: Aos trinta dias do mês de (“dezbrº”, dezembro) de mil cete sentos e sencoenta (?) nesta (“Vª”, Villa) de Vinhais de (“S”, São) dos Reis (“Pª”, Para) o efeito de proceder na fatura de Pilouro (“Pª”, Para) (“Offas”, Oficiais) que hajão de servir o anno próximo futuro na La (?) da mesma Villa, e por alcançar, e se bem proferio (“q”,que) os moradores dela ainda não se achão sevi lizados e com a aptidão (“pª”, para) formal, e legalmente proceder na Eleição dos ditos (“offos”, officios) tomou o Expediente de ouvir a cada hum dos (“q”, que) atualmente servem p/ mesma camera e a outros (?) moradores deferendo a todos o (“juramento”, juramento) dos (“Stos”, Santos) Evangelho (“Pª”, Para) de bayxo deles votarem nas pessoas mais capazes hajão de servir de Juizes, Vereadores, e Procurador, o anno próximo. Nesta Villa de Vinhais Comarca de São Luis do Maranhão. (MARANHÃO. Livro de Acordão da Villa de Vinhaes, 1758 – 1812, 30.12.1750, fl. 2A). Para rendimento das despesas da Câmara lhe não determino por hora terreno, o que farei com a brevidade que me fôr possível para cumprir completamente com a ordem de Sua Majestade, o qual sempre há de ser dentro do distrito dessa vila: o que tudo Vossas Mercês tenham entendido para inviolávelmente observarem, registrando este nos livros da Câmara para a todo o tempo constar até onde entendem os seus limites, de que me mandarão certidão de assim o haverem. – Deus guarde a Vossas Mercês – Maranhão. – Gonçalo Pereira Lobato e Sousa. Senhores Juízes, e oficiais da Câmara da vila do Vinhais: certifico eu escrivão abaixo nomeado em como transladei uma carta do Ilmo. Sr. Governador vinda ao juiz e mais oficiais da Câmara desta vila, o que juro em fé de meu ofício: três de novembro de 1760. – Manuel de Jesus Pereira. 1762 - com o recolhimento e leilão dos bens dos jesuítas após a expulsão desses do Maranhão, as olarias foram arrematadas pelo Capitão Teodoro Jansen Mulle e, posteriormente, por Ana Jansen (MARQUES, 2008).
Em meados do século XVIII, a Vila do Vinhais começou a prosperar em virtude da presença da Companhia de Comércio Grão Pará-Maranhão e do investimento estatal: A dita porção de terra que se acha entre Aureliano Jozé da Costa e Thomas de Aquino que he a frente trinta braças de fundo: a que atendendo a informação da Camara da dita villa de vinhais hei por bem concederlhe licença em quinze braças de fundo que He o do estillo reservando fontes e pedreiras para o serviço público de sua Alteza Real não prejudicando a terceiros e com a condição de fazer nelles casas de pedra e cal, dentro de anno e dia, em frente desta hum competente cais para o serviço publico, pena de ficar esta licença de nenhum efeito e o terreno devoluto [...] Volume 21, número 2: 2016 13 (MARANHÃO. Livro de Acordão da Villa de Vinhaes, 1758 – 1812, 07.12.1810, fl. 162). 1775 - Conta o Governador e Capitão-general do Estado do Maranhão a Sua Majestade, através do secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos, encaminhando mapa dos carregamentos de arroz e algodão saídos de São Luís durante o ano; expondo seu temor pela perda da grande produção de
arroz existente, em razão da grande falta de dinheiro na Companhia “para pagar os miseráveis índios que trabalham” descascando o produto, obrigando-o a assistir-lhes com farinha necessária; informando o valor da dívida consolidada com os trabalhadores das fábricas de Vinhais, Alcântara e de São Luís. (MARANHÃO. Livro de Acordão da Villa de Vinhaes, 1758 –1812, 28.07.1775, fl. 80).
- utilização da mão de obra nativa: Dom Antonio de Salles e Noronha do Conselho de (“S”, Sua) Majestade (?) Governador General das Capitanias do Maranhão e Piauhy Recomendandome(“S”, Sua) Magestade por Provizão de Sinco de Junho do anno próximo passado de mil sete oitenta e hum cuide em evitar aos colono approçoes e injustiças com que lhes consta serem tratados os Indios deste Estado e que lhe faça dar os salários competentes segundo os diferentes serviços. Os índios empregados em Serviços pezados como o de Rossas Engenho e corte de Madeiras transporte dos mesmos em arrancar e conduzir pedra ou em navegações igualmente pezadas venção mil e duzentos reis por mês e assim Que os Indios empregados em serviços domésticos. Em pescar cassar e noutros quias quer exercícios livres Cemção oito contos reis por mês. Os índios empregados nos mesmos serviços pezados de Rossas fazer farinha e emvenção oito centos reis por mês.(MARANHÃO. Livro de Acordão da Villa de Vinhaes, 1758 –1812, fls. 18/1).Em vários outros documentos da Secretaria do Governo, a exemplo do Livro 3 (1770-1778), Secretário de Governo, que solicita a mão de obra indígena da Vila de Vinhais: Conta o Governador e Capitãogeneral do Estado do Maranhão a Sua Majestade, através do secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos, comunicando a prisão de Manoel Gomes Viana, ajudante de ordens do governo, por agressão ao diretor da vila de Vinhais, em virtude deste não ter providenciado a remessa de alguns indígenas solicitados pelo governador. (MARANHÃO. Livro de Acordão da Villa de Vinhaes, 1758 –1812, 11.06.1786, fls. 138v –140). No decorrer do século XIX, muitos autores citaram o Vinhais Velho em suas obras, a exemplo de Raimundo José de Souza Gaioso em seu Compêndio Histórico Político dos Princípios da Lavoura do Maranhão, produzido entre 1780 e 1808: A villa de Vinhaes he uma pequena povoação de Indios, que goza de privilegio de ter seu governo municipal, de que são membros os mesmos Indios. Tem sua igreja particular que lhes serve de freguezia, com a invocação de S. João Batista. A congrua dos vigários destas povoações he de 50,000 r. pagos pela fazenda real, que cobra os dizimos, e devem apresentar certidão dos respectivos diretores, em como compriro com os officios pastoraes. (GAIOSO, 1970, p. 110). Antônio Bernardino Pereira Lago, em Itinerário da Província do Maranhão, publicado pela primeira vez em 1820, informou que haviam, na Província do Maranhão, povoados nas áreas urbana e rural, indo da cidade até a Estiva, na margem do rio Mosquito, 6 e 3/4 de léguas, estrada boa e acompanhada sempre por terra, atravessando apenas o rio das Bicas ou o Bacanga, subindo parte deste rio: Da cidade para o norte vai-se à vila de Vinhais, de índios, que consta de 994 almas: há duas estradas, seguindo de terra são 3 ½ léguas e 550 braças, mas pelo rio Anil ½ légua e 600 braças; daqui a Araçagi, 3 ½ léguas, em parte muito mau caminho, e que deve ser bom pela necessidade que pode haver de por ali se fazer marchar algum socorro; a terceira estrada, e mais frequentada, é a chamada Caminho Grande, pela qual se vai primeiramente à Vila de índios do Paço do Lumiar, de 1600 almas; a 4 ½ léguas daqui ao chamado simplesmente lugar,também de índios, cuja população se inclui na Vila do Paço a ½ légua; daqui à ponta de S. José, 1 légua e 600 braças [...]. (LAGO, 2001a, p. 14). Em outra obra de Lago, Estatística histórico-geográfica da Província do Maranhão, de 1822, o autor destacou que a Província do Maranhão possuía nesse período 12 vilas, um julgado e 19 aldeias (LAGO, 2001b). Sobre o antigo aldeamento, o oficial da Coroa Portuguesa revelou que “a Vila de Vinhais (de índios civilizados) tem câmara e juiz ordinário do civil, crime e órfãos; criada no 1º de agosto de 1757 consta de 300 almas e três fogos” (LAGO, 2001b, p. 36).
1779, a Vila de Vinhais contava 630 ‘almas”; a cidade de São Luís, 13.000, a Vila do Paço do Lumiar 808, conforme regidstro na Biblioteca da Ajuda. Notícias de todos os governadores e populações das provincias do Brasil. Documento no. 2001 (54 – v. 12 no. 5). De acordo com BARBOSA DE GODOIS (1904), o colégio dos jesuítas no Maranhão, “segundo os Annaes Litterarios, contava estas residências: Conceição da Virgem Maria, em Pinheiros; S. José, na aldeia de S. José de Riba-Mar; S. João Baptista, em Vinhais; S. Miguel, no Rosário. 1786 - Conta do Governador e capitão-general do Estado do Maranhão a Sua Majestade, por meio do secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos, comunicando a prisão de Manoel Gomes Viana, ajudante de ordens do Governo, por agressão ao diretor da vila de Vinhais, em virtude desde não ter providenciado a remessa de alguns indígenas solicitados pelo governador do Maranhão, 8 de setembro de 1786; fls. 144-145 1790 - No final do século XVIII, alguns documentos se referiram a esses negócios e registram o crescimento da produção de gêneros manufaturados na localidade: O juiz da Villa de Vinhais, Calisto Arnout, Indio nacional da capitania do Maranhão, na qual disse que ele servia a Vossa Magestade naquella Villa havião quatorze annos com boa satisfação e sendo a mais populosa de quantas se crearam na dita capitania a mais abundante de gêneros, e fértil em todas as suas produções, sempre se governaram em paz, e os indios dela perceberam os seus interesses repartidos a seu tempo, conforme as Reais Ordens de Vossa Magestade, conservando se nos seus Privilegios. Que tomando porem posse do Governo D. Antonio de Sales Noronha, tudo tinham sido inquietações, prejuízos, injurias e castigos que se fazião naquella Villa (...) [Posterior a 20 de setembro de 1790]. (AHU, Cx. 76, doc. 6518).(BOSCHI, 2002) 1800 - Portaria do governador e capitão-general do Estado do Maranhão ordenando fornecer ao negociante José Gonçalves da Silva mantimentos para 14 índios da Vila de Vinhais, posto à disposição para o serviço de abertura da “Cachoeira de Cima”, do rio Munim. Palácio de São Luís do Maranhão, 17 de novembro de 1800. Fl. 161v. 1803 - os presbíteros Domingos Pereira da Silva, vigário colado da freguesia de São Bernardo da Parnaíba, e Maurício José Berredo de Lacerda, vigário de São João Batista de Vinhais, apresentaram requerimento colocando sob suspeição a divisão da freguesia da Sé e a criação da de Santana, em 17 de janeiro de 1803 (p. 446).
1810 - A movimentação em torno da posse da terra na Vila do Vinhais ficou evidente com a compra e venda irregular de muitos lotes, inclusive com a intervenção dos cartórios: Os emrredos, as trapaças e todos os delictos que pela Maior parte promovem a dissenção das famílias as tranquilhas do foro e as penalidades do governo procedem menos da ignorância do que da malicia de muitos tabelions e contrahentes de varias partes que o selebrão por Escriptura sem as declarasions necessárias a propriedade e a doação quando os proprietários e donatários gozão tais adquiricioins sem exigirem os tittullos primordiais que autorizão os vendedores, e do antes os Reiteirados Requerimentos que no são dirigidos e acompanhados dos mencionados títulos são outros tantos abonados desta minha [...]. Dos povos cuja furtuna ou desgracia não deve estar digo está sogeira as caprichosas alternativas que sofrem a proporção que socedem os governos ou as magistraturas. Faça Vossa Merce desta comarca para que nunca mais celebrem escriptura dos referidos contratos sem terem presentes os sobreditos títulos no cazo porem de obrarem o contrario os juízes ficaram responçaveis conivência e omição com que se houverem portado vindo para isso emprazados ante o corregedor porsedendo em todo o cazo contra o tabelião que para não ignorar este dever desde a datta em que for poblicada na respectiva Camara esta determinação o fará tão bem registrar nos cartórios de seus
officios ou ainda nos livros de notas sendo possível. (MARANHÃO. Livro de Acordão da Villa de Vinhaes, 1758 – 1812, 19.10.1810, fl. 162). 1811 - até meados do século XIX, a Vila de Vinhais ainda era tratada como um aldeamento indígena: Portaria da Junta Governativa da Capitania do Maranhão nomeando Brás Antônio dos Reis o principal dos índios da Vila de Vinhais por haver falecido o ocupante do cargo, sendo obrigado a todos os índios da mesma vila reconhece-lo como tal, cumprir e guardar suas ordens. (MARANHÃO. APEM. São Luís do Maranhão, 16 de outubro de 1811, fl. 38). 1812 - Ofício da Junta Governativa da Capitania do Maranhão ao Diretor da Vila do Vinhais comunicando ter recebido representação de índios contra indiscrição e crueldade com que foram castigados pelo seu diretor, que os ofendeu escandalosamente em seus direitos de liberdade estabelecidos em lei; e declarando que nenhum diretor ou qualquer autoridade tem poderes para punir e flagelar índios. São Luís do Maranhão, Palácio do Governo, 26 de setembro de 1812; fls. 33-33v 1813 – Livro de Acordão da Villa de Vinhaes: Termo de Afforamento: Aos onze dias do mes de Agosto de mil e treze nesta villa de vinhais apareço prezente a senhora donna Anna Joaquina de Incarnação e me entregou hum seu Requerimento despachado da Camara da mesma em vereação do dia, mes e anno asima declarado pelo qual se lhe aforou por sima do rumo do realendo que comprara de Antonio Furtado, e dos mais rialengos ao Nascente athe a Estrada ou Caminho Velho que vai para o porto do Angelim ficando obrigada a pagar o foto de custume por cada hum anno e para constar fiz este termo de mandado pelo despacho da Camara em que assignou comigo a dita foreira. Eu José Ignacio Pereira Escrivão Interino que escrevi. Anna Joaquina da Encarnação (MARANHÃO. Livro de Acordão da Villa de Vinhaes, 1758 – 1812, 11.08.1813, fl. 137). -
Ofício do governador e capitão-general da capitania do Maranhão a Antonio Raimundo Correia, juiz ordinário da Vila de Viana, comunicando a soltura de dois índios pertencentes à vila de Vinhais, concedendo-lhes para habitarem na Vila de Viana, que necessitava de oficiais de ferreiro. São Luís do Maranhão, Palácio do Governo, 30 de julho de 1813; fls. 187-188v
1814 - Termo de Afforamento: Aos vinte seis dias do mes de Janeiro de mil oitocentos e catorze me entregou Francisco Rodrigues Campanha hum Seu Requerimento despachado pella Camara que asine Termo de Afloramento somente de Volume 21, número 2: 2016 12 Lugar de hum citio despachado que assinasse Termo não fazendo prejuízo o foreiro nem o índio e se fizer ser Expulço o qual termo hé o prezente e para contar fiseste Termo que assinou comigo o dito foreiro ou José Ignacio Pereira escrivão. Sinal do foreiro Francisco Rodrigues Campanha. (MARANHÃO. Livro de Acordão da Villa de Vinhaes, 1758 – 1812, 26.01.1814, fl. 12). 1816 - Ofício do governador e capitão-general da capitania do Maranhão ao desembargador Luís de Oliveira Figueiredo e Almeida, juiz de fora da Vila Nova de Caxias, informando-lhe sobre as providências acerca das guarnições militares, lamentando os “funestos sucessos, ações e pilhagens dos índios aldeados na nova povoação de que é comandante Antônio Martins Jorge”, causados pelo desleixo do comandante e soldados [...] achando infrutífero e perigoso mandar guerreiros com pretexto de auxiliar a bandeira contra os timbiras e depois fazer conduzir o resto da aldeia a esta cidade para irem se aldear em Vinhais e Paço do Lumiar [...]. São Luís do Maranhão, 31 de julho de 1816; fls. 170v-173. 1818 - GAIOSO (1970), ao identificar as cidades, lugares, villas, freguezias por toda a capitania, afirma que na ilha de São Luís do Maranhão: tem a cidade deste nome e: "A villa de Vinhaes he uma pequena povoação de Indios, que goza de privilegio de ter seu governo municipal, de que são membros os mesmos Indios. Tem sua igreja particular que lhes serve de freguezia, com a invocação de S. João Batista. A congrua dos vigários destas povoações he de 50,000 r. pagos pela fazenda real, que cobra os dizimos, e devem apresentar certidão
dos respectivos diretores, em como compriro com os officios pastoraes." (p. 110). Sobre a igreja existente em Vinhais, MORAES (1989) lembra que a capela de São João de Vinhais, construída no século XIX (sic), substituiu templo muito anterior, que ruíra, e que fora matriz da freguesia, criada pela Resolução Régia de 18 de junho de 1757. 1824 - A presença indígena na Vila do Vinhais foi documentada até o primeiro quartel do século XIX: [...] declarou que a mesma Camara ao Indio Antonio Raymundo de Abreo para estar prompto para todo e qualquer mandado que for percizo assim como bater qualquer diligencia que aqui vier e pedir passagem ao guia para qualquer parte como tão bem para qualquer diligencia para prender [...].(MARANHÃO. Livro de Vereação da Câmara de Vinhais, 1824 –1828, fl.14). 1829 – A diminuição da população indígena consolidou a presença portuguesa na Vila do Vinhais, e o marco dessa presença foi a edificação de uma nova igreja, em 5 de maio de 1829: Solicita ao seu presidente a construção de uma igreja, por ter desabado a que havia, de uma cadeia, que era um quarto por baixo da casa da Câmara, porque tendo caído o templo de que o quarto fazia parte, ficou ele arruinadíssimo, e de uma casa da Câmara porque a existente estava com os sobrados despregados e com faltas, não havendo qualquer resposta. (MARQUES, 2008, p. 153). Sobre o mesmo assunto, o autor comentou: Em 5 de maio de 1829 a Câmara “pediu ao Presidente a construção de uma igreja, por ter desabado a que havia, de uma cadeia, que era um quarto por baixo da casa da Câmara, porque tendo caído o templo de que o quarto fazia parte, ficou ele arreuinadíssimo, e de uma casa da Câmara porque a existente estava com os sobrados despregados e com faltas”. (MARQUES, 2008, p. 632-633). ”. [...] “Em 5 de maio de 1829 a Câmara ‘pediu ao Presidente a construção de uma igreja, por ter desabado a que havia, de uma cadeia, que era um quarto por baixo da casa da Câmara, porque tendo caído o templo de que o quarto fazia parte, ficou ele arreuinadíssimo, e de uma casa da Câmara porque a existente estava com os sobrados despregados e com faltas’. “. (Cesar MARQUES, 1970, p. 632-633). 1835 - Como a vila do Vinhais não apresentou qualquer desenvolvimento, foi extinta pela Lei Provincial no. 7, de 20 de abril de 1835, passando a pertencer a frequesia à comarca da capital, formando o 5º distrito de paz, e tendo uma subdelegacia de Polícia, um delegado da Instrução Pública e uma cadeira pública de ensino primário para o sexo masculino. Suas terras eram excelentes, baixas, próprias para a plantação da cana-deaçúcar. Achando-se estabelecidas aí pequenas roças de arroz, mandioca e mais gêneros. Calculava-se o número de seus habitantes em 1.020, sendo 887 livres e os mais escravos (p. 633). 1838 - A reconstrução da igrejinha do Vinhais foi feita pelo 15o. Bispo do Maranhão, D. Marcos Antonio de Souza. Em carta a seus auxiliares, datada de 30 de dezembro de 1838, “julgando aproximado o tempo de descer aos silêncios da sepultura”, pede para ser enterrado na Matriz de São João Batista de Vinhais, que mandara reedificar: “Se não fôr possível ter o último jazigo nesta Cathedral de Nsa. Sra, da Vitória, junto às cinzas dos meus Predecessores, como sesejava um santo Bispo de Milão, se não me fôr permitido descançar junto al Altar, em que poe muitas vêzes tenho celebrado os augustos mysterios da Religião Santa, que professo, hé de minha última vontade, que o meu enterramento, se fallecer nesta Cidade, ou suas vizinhanças seja na Matriz de S. João Baptista de Vinhaes, reedificada com algum trabalho meo”. (CONDURÚ PACHECO, 1968, p. 164). 1849 - No ALMANAK DO MARANHÃO consta da relação dos párocos do Bispado do Maranhão o nome de Manoel Bernardo Vaz, como vigário colado da Igreja de São João Batista do Vinhais.
1854 D. Manoel Joaquim da Silveira, 17o. Bispo do Maranhão, inicia, a 27 de dezembro de 1854, uma visitação às paróquias. Sobe o “São Francisco” - “braço de mar em que deságua o rio Anil”, em dois escaleres do brigue “Andorinha: “... Pitoresco o promontório dos remédios, com a alvura deslumbrante e devota da Ermida de Nsa. Senhora. Com pouco mais de 3 quartos de hora de viagem, estão no pôrto de “Vinhaes, outrora Villa, e muito mais povoada que actualmente’. Foguêtes, recepção, bençãos. ‘Hospedagem ecellente em casa de propriedade do Vigário Geral. Visita dos ingênuos habitadores dêste pacífico lugar’. [...] Na manhã seguinte começam os trabalhos. Pouca frequência. Não há confissões: 75 crismas. ‘Pequena a Matriz de pedra e cal; airosa, porém e mui bem ornada’. Construída por D. Marcos, já está arruinada. Ajudado com 4:000$000 da Província e com o produto de loteria, D. Manoel fez os reparos desta... [...] a 3 de janeiro, por Vinhais, retorna S. Excia. à Capital”. (CONDURÚ PACHECO, 1968, p. 234-235). 1876 - À época da nomação do 19o. Bispo do Maranhão, D. Antonio de Alvarenga era pároco da igreja de São João Batista de Vinhais o Pe. Custodio José da Silva Santos. 1985 - os moradores da Vila velha do Vinhais pedem ajuda aos moradores do Conjunto Recanto dos Vinhais para a reconstrução da Igrejinha ... o telhado estava no chão, mais uma vez ... A primeira pessoa que, nessa época estendeu a mão, foi uma médica, que mandou reconstruir o telhado. Depois, alguns moradores reuniramse e resolveram ajudar, criando uma comissão – informal – pró-reconstrução da Igreja...
1995 - Muito embora conste do “Inventário Nacional de Bens Móveis e Integrados”, do Ministério da Cultura, que tenha sido restaurada pela Secretaria de Cultura do Estado, através do Departamento de Patrimônio Histório e Paisagístico (MinC, 1997) – recurso de R$ 8.000,00 (oito mil reais) – isso nunca se deu; desde 1985, todas as intervenções físicas se deram com recursos arrecadados junto à comunidade, sem qualquer interferência de qualquer poder público – seja nacional, estadual, ou municipal... Desde o ano de 1985, os moradores do "Vinhaes Velho" - hoje compreendendo os bairros da Vila Velha do Vinhais, Recanto dos Vinhais, Portal do Vinhais, Alameda dos Sonhos, Conjunto dos Ipês (Vale), Residencial Vinhais III, Conjunto dos Colibris - a estão reconstruíndo - pela quinta vez, nesses quase 400 anos. Por muitos anos abandonada, tendo deixado de cumprir sua função de unir pela fé católica seus moradores, estava novamente em ruínas. Desde que o conjunto Recanto dos Vinhais foi construído, há 23 anos, seus moradores tentam, junto com os residentes da Vila Velha do Vinhais, ter um Padre rezando missa. Estamos em campanha permanente para a recuperar físicamente ...
1997 - perdeu a tituralidade. Deixou de ser a sede da paróquia. 2011 - o governo estadual anunciou a construção da Via Expressa (MA-207 ou Avenida Joãosinho Trinta), com 10 quilômetros, ligando o bairro do Jaracaty ao Ipase, em comemoração aos 400 anos da cidade. Um trecho da obra passaria pelo bairro, com a construção de uma ponte, e levaria a desapropriações de casas e à mudança nos hábitos de vida da comunidade, que seria dividida ao meio pela via. Também foi criticada pela destruição da vegetação do Sítio Santa Eulália. O fato resultou na mobilização dos habitantes do Vinhais Velho e de diversos movimentos sociais para preservação do patrimônio histórico e cultural, levando a disputas judiciais e à suspensão das obras. Também foram realizados protestos, ocorrendo intervenção das forças policiais. Nesse período, o IPHAN realizou um processo de coletas de objetos, tendo sido encontrados: machadinhos, pontas de lanças, vasos em cerâmicas, dentre outros, num total de 715 objetos. Além disso, foram encontrados três sambaquis, com datação possível de até 9 mil anos. Apesar das disputas judiciais, foi dada
continuidade à obra, havendo uma inauguração parcial da via em 2012 (conforme data inicial de previsão) e outra em 2014, embora continuasse a sofrer com críticas com relação à infraestrutura. 2012 – Durante as comemorações dos 400 anos da primeira missa, volta a ser sede de Paróquia
Envolveu a construção de cinco pontes e dois viadutos, num total de 9 km de via e investimentos da ordem de R$ 125 milhões. Foi inaugurada em duas etapas, uma em 2012 e outra em 2014. Vinhais Velho: A obra foi cerca de diversas críticas, como a destruição da vegetação do Sítio Santa Eulália. O trecho da avenida que passaria pelo Vinhais Velho, com a construção de uma ponte, levaria a desapropriações de casas e à mudança nos hábitos de vida da comunidade, que seria dividida ao meio pela via. O bairro é um importante sítio arqueológico, guardando registros históricos da capital desde sua fundação. O fato resultou na mobilização dos habitantes do Vinhais Velho e de diversos movimentos sociais para preservação do patrimônio histórico e cultural, levando a disputas judiciais e à suspensão das obras. Também foram realizados protestos, ocorrendo intervenção das forças policiais. Apesar das disputas judiciais, a obra foi concluída. Também foram realizadas escavações pelo IPHAN e descobertos diversos objetos antigos, que foram colocados em um memorial construído na igreja do bairro. 2014 - Sala de Memória do Vinhais Velho (Memorial do Vinhais Velho), um anexo construído na Igreja de São João Batista, inaugurada em 2014, com material arqueolíco encontrado durante a construção da Via Expressa - A História do Vinhais Velho foi reconhecida como patrimônio cultural imaterial do Maranhão.
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LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
FRAN PAXECO:
recortes & memórias
SÃO LUÍS – MARANHÃO – 2021
UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A HISTÓRIA DO LIVRO DIDÁTICO MARANHENSE: a obra O Maranhão, de Fran Paxeco (1913-1923) Lima, Noé Nicácio
Investiga-se o livro didático intitulado O Maranhão (Subsídios Históricos e Corográficos) de autoria de Fran Paxeco durante o período de 1913 a 1923. Constitui-se em um estudo de História da Educação, inserido nas abordagens da pesquisa histórica, incorporando as contribuições da História Cultural. O objetivo foi estudar a história e produção dessa obra no contexto da cultura escolar e sua contribuição no cenário educacional maranhense como livro didático adotado na Escola Normal, a partir do que foi veiculado pelos jornais impressos da época. Além disto, buscouse preencher uma lacuna existente nas pesquisas sobre a história do livro no Maranhão e, consequentemente, ampliar as discussões sobre o livro didático de História e Geografia. Para a análise do livro, O Maranhão, principal objeto e fonte desta pesquisa, foram fundamentais os trabalhos de Chartier (1998), Choppin (2004), Darnton (1990), Munakata (1997) e Bittencourt (1993) sobre a complexidade do livro como objeto cultural e o envolvimento de diversos profissionais em sua construção. Utilizou-se como fonte uma revisão bibliográfica, além da consulta em teses e dissertações disponibilizadas nos bancos de dados online das universidades brasileiras e documentos como: Leis, Decretos, Falas e Mensagens de Governadores, Relatórios e Regulamentos da Instrução Pública. Também foram utilizadas edições dos jornais como: A Pacotilha . Dentre os resultados obtidos na pesquisa, constatou-se que o lugar social ocupado pelo autor foi decisivo no processo de produção e adoção do seu livro, sobretudo quando da sua atuação como Cônsul de Portugal no Maranhão e como professor do Liceu Maranhense e da Escola Normal. Conclui-se, portanto que o livro O Maranhão constituiu um elemento importante no cenário educacional maranhense no início do século XX. Nos últimos anos tem crescido o número de estudos que tomam a história do livro e das edições didáticas como objeto de investigação. O campo da história da educação tem sido especialmente fértil para o desenvolvimento dessa produção, uma vez que novos interesses e interrogações passaram a orientar o trabalho dos pesquisadores em relação a esse gênero de livro.
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MARANHAY - Revista Lazeirenta - 65: SETEMBRO 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 64 – AGOSTO DE 2021
MARANHAY - Revista Lazeirenta - 64 - AGOSTO 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 63 – JULHO DE 2021
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MARANHAY : Revista Lazeirenta (Revista do Léo) 55, abril 2021 - Especial: ANTOLOGIA - ALHURES by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 58 – MARÇO DE 2021
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MARANHAY 57 - MARÇO 2021: EDIÇÃO ESPECIAL - OS ATENIENSES, VOL. III by Leopoldo Gil Dulcio Vaz issuu VOLUME 56 – MARÇO DE 2021
MARANHAY - (Revista do Léo ) - 56 - março 2021 - EDUÇÃO ESPECIAL: ANTOLOGIA - MULHERES DE ATENAS by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 55 – MARÇO DE 2021
MARANHAY - Revista Lazeirenta (Revista do Léo) 55, março 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 54 – FEVEREIRO DE 2021
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VOLUME 26 –NOVEMBRO DE 2019 – https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__26_-_novembro__2019 VOLUME 25 –OUTUBRO DE 2019 – https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__25_-_outubro__2019 VOLUME 24 – SETEMBRO DE 2019 – LAERCIO ELIAS PEREIRA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec VOLUME 24.1 – SETEMBRO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: IGNÁCIO XAVIER DE CARVALHO: RECORTES E MEMORIA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec VOLUME 23 – AGOSTO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__23-_agosto_2019 VOLUME 23.1 – AGOSTO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: AINDA SOBRE A CAPOEIRAGEM MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__23.1-_agosto_2019_VOLUME 22 – JULHO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__22-_julho_2019 VOLUME 22.1 – JULHO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__22-_julho_2019_-_ed VOLUME 21 – JUNHO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__21-_junho_2019 VOLUME 20 – MAIO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__20-_maio_2019 VOLUME 20.1 - MAIO 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO E A QUESTÃO DO ACRE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__20.1_-_maio_2019_-_ VOLUME 19 – ABRIL DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__19-_abril_2019 VOLUME 18 – MARÇO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__18_-_mar_o_2019 VOLUME 17 – FEVEREIRO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_17_-_fevereiro__2019 VOLUME 16 – JANEIRO DE 2019 https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__16_-_janeiro_2019 VOLUME 16.1 – JANEIRO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: PESCA NO MARANHÃO https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__16_1__-_janeiro__20 VOLUME 15 – DEZEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revisdta_do_l_o_15_-_dezembro_de_20? VOLUME 15.1 – DEZEMBRO DE 2018 – ÍNDICE DA REVISTA DO LEO 2017-2018 https://issuu.com/…/docs/262ndice_da_revista_do_leo_-_2017-201 VOLUME 14 – NOVEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_l_o_-_numero_14_-_novemb VOLUME 13 – OUTUBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_13_-_outubro_2018 VOLUME 12 – SETEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_12_-_setembro_2018 VOLUME 11 – AGOSTO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_11_-_agosto_2018 VOLUME 10 – JULHO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_10_-_julho_2018 VOLUME 9 – JUNHO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_9_-_junho_2018__2_
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