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HAMILTON RAPOSO
HAMILTON RAPOSO
Acho que quem viveu antes das marcas Nike ou Adidas sempre vai ter uma história para contar. A palavra short era conhecida como calção e sunga seria uma peça íntima feminina. Calção era calção e quem se aventurasse a praticar algum esporte, usava um desconfortável suporte por baixo do calção, talvez servisse para proteger o sensível órgão genital masculino. E o calção tinha que ser da marca Elite, por sinal muito desconfortável. Os pés deveriam estar protegidos pelos eficientes “bambas”, “conga” ou o inesquecível e inigualável ki-chute”. E quem nunca usou, não sabe o que perdeu! O atleta Neymar Junior ex-jogador do Barcelona e atualmente no PSG e craque da Seleção Brasileira é o maior fenômeno de marketing da atualidade no Brasil, e faz propaganda de tudo, inclusive de cuecas. A marca apresentada pelo atleta realça tudo de maneira muito confortável. A minha dúvida é sobre a eficiência desta cueca quando comparada com aquelas cuecas coloridas de nylon vendidas em pequenos potes plásticos. Estas cuecas de gosto duvidoso foram usadas e abusadas pela minha geração, tinha uma característica peculiar, a irritação que causava na virilha de quem usava. Camisa de grife nem pensar, o bom mesmo era a camisa “volta ao mundo” ou camisa “ballon” antecessora das camisas “polo”, comercializadas na Arpaso, Loja Seta ou Ocapana. Todas eram impróprias para clima quente de São Luís, e ninguém se importava com o calor, valia mesmo era o estilo do usuário, que geralmente se fazia acompanhar com uma calça “Lee” comprada clandestinamente em uma loja do Edifício Colonial e com o uso inconfundível perfume “Vitesse”, também adquirido no mercado clandestino. O biótipo maranhense é de estatura mediana, alguns desejosos por uma maior altura, costumavam usar um sapato muito estranho, o “Motinha salto carrapeta”. Este eu nunca usei. Usava para ir à escola e para a vida social o sapato “Vulcabrás”. Era resistente e muito feio, mais era o que minha mãe comprava na Sapataria Mendes ou na Sapataria Silva na Rua Grande. A velocidade das mudanças acontecidas no universo masculino a partir da década de 1970 deve-se principalmente a Loja Arpaso, a primeira boutique masculina com estilo contemporâneo. Entretanto o fim dos limites entre São Luís e o Sudeste, foi marcado pela invasão dos tamancos ortopédicos de Dr. Scholl, que acabaram com os confortáveis chamatós marca registrada das férias de julho em São José. A febre dos tamancos do Dr. Scholl deu a impressão de que todo mundo ficou de pé chato em São Luís. Foi uma febre nacional. Muitos eram adquiridos por encomenda, quando algum “portador”, assim que se chamava o “sacoleiro” ou o turista que trazia a esperada encomenda. Uma verdadeira invasão colonialista nos pés!
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