MARANHA-Y 14 - ABRIL DE 2024

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MARANHAY
REVOLTAS QUE CORREM CONTRA A CORRENTE” REVISTA DE HISTÓRIA(S) DO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - EDITOR – Prefixo 917536 NÚMERO 14 – ABRIL – 2024 MIGANVILLE – MARANHA-Y
“ÁGUAS

A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor. EXPEDIENTE

MARANHA-Y REVISTA DE HISTÓRIA(S) DO MARANHÃO Revista

eletrônica

EDITOR

Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com

Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luís – Maranhão (98) 3236-2076

98 9 82067923

CHANCELA

Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); Titular da FEI (1977/1979); Titular da FESM/UEMA (1979/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 16 livros e capítulos de livros publicados, e mais de 430 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Academia Poética Brasileira; Sócio correspondente da UBE-RJ; Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luís (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Prêmio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Prêmio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; Editor da IHGM EM REVISTA, desde 2023; Editor da “ALL em Revista”, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras, números 1 a 10; Editor da Revista do Léo, desde 2017, e desta MARANHAY – Revista Lazeirenta, dedicada à(s) História(s) do Maranhão; Editor da Revista Ludovicus, dedicada à literatura ludovicense/maranhense, desde 2024; Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

UM PAPO

De ora em diante, não haverá mais sumário/índice de matérias... é para obrigá-los a percorrer toda a edição, em busca de que ler – caso interesse...

ÁUREO VIEGAS MENDONÇA épesquisadoreescritor.

WALBER DUAILIBE UM POLÍTICO POPULAR E UMA LIDERANÇA NA CIDADE DE VIANA (*)

Walber Duailibe nasceu em São Luís no dia 21 de março de 1931 pertencente a tradicional família Duailibe,aindajovemsemudouparaacidadedeVianaondeseestabeleceucomocomerciantevarejistae depois passou a ser industrial sendo proprietário de uma das principais serrarias da cidade de Viana, ficandobastanteconhecidonacidadeelogoconquistouasimpatiadopovovianenseentrandoparaavida políticadacidade,naprimeiraeleiçãoparaprefeitoqueconcorreuperdeuparaLinoMousinhoLopesque era uma grande liderança e escolheu como vice prefeito Ezequiel de Oliveira Gomes, Nessa época as principaisliderançaspolíticasmoravambempróximosumadasoutraseeramvizinhos,WalberDuailibe, LinoLopeseBatistaLuzardoeramadversáriospolíticosemuitoamigosemparticulareadisputapolítica erasadiaecomrespeitoalutaerasomentenocampopolíticopoispessoalmentehaviabastanterespeitoe amizadeentreosconcorrentes.

WalberDuailibeconcorreunovamenteaocargodeprefeitoeseelegeuprefeitomunicipaltendocomovice prefeito Bonifácio Pacífico Serra numa disputa bastante acirrada contra Batista Luzardo vencendo com 171 votos de diferença, obteve 3.486 votos contra 3.315 votos de Batista Luzardo que tinha como candidato a vice prefeito Florêncio Ferreira Lindoso "Tantan Lindoso", Walber Duailibe tomou posse em 1973aos41anosdeidadeeseumandatofoiaté1977.

Emseuprimeiromandatorealizouváriasobrasnasededomunicípioetambémnazonarural(povoados) entre as obras construiu a praça da Matriz e também um hotel Municipal e o bairro citel, não demorou muitoaserumagrandeliderançanapolíticavianense.

Terminando seu primeiro mandato como prefeito e nessa época não havia reeleição o seu grupopolítico resolveu lançar e apoiou Belarmino Gomes, porém numa disputa bastante acirrada venceu a eleição o candidatoBatistaLuzardoquetinhaapoiodeváriasfamíliasinfluentesdeViana.

NaeleiçãoseguinteWalberDuailibevoltouaconcorreraocargomajoritárioevoltouavenceraseleições, tendocomocandidatoaviceprefeitoBatistaSauaia,tomandoposseem01/02/1982até31/12/1988em mandato prolongado, construindo várias obras e dando continuidade a ampliação da zona urbana da cidadecomacriaçãodenovosbairroscomoexemploobairrodaPiçarreiraentreoutros,doandoterrenos asfamíliasdebaixarendaoumesmosemrendascomprovadas.

Em 1996 foi candidato a prefeito e ficou em segundo lugar. Em 2000 voltou a se candidatar e ficou em terceirolugar.Em2004foicandidatoaviceprefeitonachapadeCarrinhoCidreiramaisnãoobteveêxito nessaeleiçãomunicipal.

Walber Duailibe residiu em Viana no casarão onde hoje funciona a escola Manoel Soeiro na rua Antonio Lopes em frente ao antigo ginásio AntonioLopes e também no sobradoonde morou Feliciano Gonçalves nadescidadarampadocomércio.

Seelegeudeputadoestadualporduaslegislaturasde1991a1994ecomosuplentechegandoaassumira cadeiradedeputadode1995a1998.

Em2008secandidatouavereadordeVianapeloPMDBefaleceuduranteacampanhaeleitoral. Ex-prefeitodeVianapordoismandatoseex-deputadoestadualporduaslegislaturasWalberDuailibeera um político muito polêmico e de forte personalidade, porém muito autêntico com muita popularidade e carismático fez muitos amigos em Viana era muito querido pela população e um ser humano de bom coraçãoalémdefazerpolíticaassistencialistaapopulaçãomenosfavorecidaeentrouparaahistóriacomo um dos maiores políticos de Viana, conheci muito Walber Duailibe que tinha visão futurista de desenvolvimento da cidade sem se preocupar com o patrimônio histórico e arquitetônico da cidade da Viana,oqueconsideroumafalhadogestor.

EmVianaexisteumaavenidacomonomeWalberDuailibeenomunicípiodePedrodoRosárioumcampo defuteboltambémemhomenagemaWalberDuailibe.

WalberDuailibefaleceuemSãoLuísem12desetembrode2008aos76anosdeidadeefoisepultadoem ViananocemitérioSãoSebastião.

Textoestaránomeusegundolivro"EuVi-Ana"queserálançadoem2023.

(*)

ÁureoViegasMendonçaépesquisadoreescritor.

MEMÓRIAS FUTEBOLÍSTICA DE VIANA. PAULISTANO CAMPEÃO VIANENSE DE 1989.

ZéSoeiro,Charles,Zequinha,Ronnerson,Ivanildo,Magno,Jeferson,Luizinho,Beraba,Doval,Líbanho, Soeiro,ChuchoeSarará.

Foto:AcervodoamigoIvaldoCosta.

PEDRO HENRIQUE MIRANDA FONSECA

UBIRATAN SOUSA: um mestre maranhense que tem um extraordinário legado imortal

É imprescindível reconhecer e valorizar o legado de Ubiratan Sousa, não apenas como um talentoso compositor, mas também como um incansável defensor e divulgador da cultura-raiz do Brasil.

Fiquei muito feliz em rever meu amigo Ubiratan Sousa, num reencontro virtual memorável. A conversa através de mensagens que venho tendo com ele ao longo dos últimos dias, me permearam de razões para escrever este texto abaixo:

O compositor maranhense Ubiratan Sousa é uma figura emblemática na cena musical do Brasil, especialmente por sua dedicação à valorização e difusão do folclore do Maranhão, uma das mais ricas e originais manifestações culturais do Nordeste. Sua obra transcende as fronteiras regionais e alcança reconhecimento nacional, evidenciando a universalidade e a força da cultura popular maranhense.

MHARIO LINCOLN

Participando ativamente do movimento musical do país, Ubiratan Sousa não apenas apresenta sua habilidade como compositor, mas também desempenha um papel crucial na promoção do Bumba-meuboi, a maior manifestação folclórica do Maranhão. Suas composições, permeadas de elementos típicos dessa festa, servem como veículo para o compartilhamento de histórias, tradições e valores que são fundamentais para a identidade cultural do estado.

Ao longo de sua carreira, Ubiratan tem sido merecidamente reconhecido e premiado em diversos festivais nacionais, consolidando sua posição como um dos principais expoentes da música folclórica brasileira. Seu trabalho não apenas enriquece o cenário musical, mas também contribui para a preservação e revitalização do patrimônio imaterial brasileiro, garantindo que as futuras gerações possam apreciar e se orgulhar de suas tradições.

Um exemplo claro disso é a belíssima letra (e música) que Ubiratan fez com o irmão Nessa letra que Ubiratan Sousa fez com o irmão, saudoso Souza Neto, é uma crítica poderosa em defesa de Chico Mendes e da luta contínua contra o desmatamento e o uso abusivo da Floresta Amazônica, o pulmão do mundo.

"TRIBUTO A CHICO MENDES"

Chico Mendes, com suas palavras fortes, disse: “Não quero flores no meu enterro, pois sei que vão arrancá-las da floresta” e “Se descesse um enviado dos céus e me garantisse que minha morte iria fortalecer nossa luta até que valeria a pena. Mas a experiência nos ensina o contrário. Então eu quero viver”.

Assim como as palavras de Chico Mendes, a letra e a música de " Tributo a Chico Mendes", insere a floresta, os rios, o Poraquê, o Saci Pererê, os mananciais, o Jatobá, o Uirapuru, os seringais, Xapuri e muito mais. Ela fala de uma floresta ferida, mas sempre renascendo, com o caule brotando “lágrima-vida”, uma referência à seringueira.

Como me afirmou em mensagem, o próprio Ubiratan Sousa, "(...) cada elemento citado na letra é questionado: “Poraquê, para que mananciais?” E a resposta vem: “Raiz de uma vida que a morte arrancou”. “Pererê, pra que ter os seringais?” E a resposta é dada: “seu tronco tombado em solo sangrento”. O Jatobá, que cairá sem motivo, ouve novos cantos e se cobre de flores".

E em um momento belíssimo da letra, ela diz: “E a mão que acena o último adeus recolhe, afaga, planta os sonhos teus: A nova paisagem que o Mundo há de ver. A Mata refeita, de novo ferida, do caule brotando a lágrima-vida (a seringa). A tua promessa em que o Mundo há de crer: Viver, lutar por um ideal… Crescer, lutar, banir o mal, dizer, sem medo o que pensar e até morrer pra conquistar.”

É imprescindível reconhecer e valorizar o legado de Ubiratan Sousa, não apenas como um talentoso compositor, mas também como um incansável defensor e divulgador da cultura-raiz do Brasil. Sua obra é um testemunho da beleza e da força do folclore, desempenhando um papel vital na perpetuação da identidade cultural brasileira e na defesa de um meioambiente já degradado.

BOI VERDE E AMARELO

"Boi Verde e Amarelo" é uma composição que remete às tradições folclóricas brasileiras, especialmente à manifestação cultural do Bumba-meu-boi, presente em diversas regiões do país. O poema traz à tona elementos característicos dessa festa, como a figura central do boi, o chapéu de fitas e o apelo à esperança e à libertação.

A repetição do verso "Levanta meu Boi, que o dia já nasceu" sugere um chamado ao despertar, não apenas do boi, mas também do povo, para um novo dia repleto de possibilidades. O boi é convidado a marcar seu espaço, a se levantar e a mostrar sua força, simbolizando a resiliência e a capacidade de superação do povo brasileiro.

O texto faz uso do refrão "Mostra pra esse Povo que a Esperança não morreu" para reforçar a ideia de que, apesar das adversidades, ainda há motivos para acreditar em um futuro melhor. A esperança é um tema recorrente no folclore brasileiro, refletindo a perseverança e o otimismo diante dos desafios.

A menção ao "chapéu de fitas" remete ao traje típico dos personagens do Bumba-meu-boi, que é colorido e festivo, simbolizando a alegria e a celebração da cultura popular. O ato de tirar o chapéu e gritar "Vivas à minha Nação" e "Viva a Libertação" expressa um sentimento de orgulho nacional e um desejo de liberdade, seja ela cultural, social ou política.

Em suma, "Boi Verde e Amarelo" é uma homenagem à rica tradição folclórica do Brasil, destacando valores como a esperança, a resistência e o amor pela nação. O texto celebra a cultura popular e convida o leitor a refletir sobre a importância de preservar e valorizar as manifestações culturais que fazem parte da identidade brasileira.

VÍDEO-BÔNUS

Figuras icônicas da MPB, nesse vídeo acima: Xavier, ao pandeiro,Tião e Erivaldo, nas matracas e Mochel, ao maracá. Letra do saudoso Irmão Souza Neto.

A LETRA

Levanta meu Boi, que o dia já nasceu (bis) Marca bem o compasso, que este espaço é todo teu , mostra pra esse Povo, que a Esperança não morreu. Antes que a morte fira, com força o teu coração, tiro o chapéu de fitas, gritando Vivas à minha Nação, tiro o chapéu de fitas, gritando Viva a Libertação.

Levanta meu Boi, que o dia já nasceu (bis) Muito trabalho é pouco, pra lutar e pra vencer, Mostra pra esse Povo que a Esperança não morreu. Antes que a morte fira, com força o teu coração, tiro o chapéu de fitas, gritando Vivaas à minha Nação, tiro o chapéu de fitas gritando Viva a Libertação.

PEDRO HENRIQUE MIRANDA FONSECA

O PINTOR NEWTON PAVÃO E SUA CIDADE NATAL

Figura 1 – Newton Pavão, 1959 Figura 2 – IBGE, 1959

Este primoroso quadro do grande paisagista Newton Pavão (Figura 1) foi pintado em 1959, inspirado provavelmente na fotografia (Figura 2) publicada na Enciclopédia dos Municípios Brasileiros volume 15: Maranhão e Piauí, no mesmo ano. Antes, em 1953, ele já havia pintado outro quadro primoroso da Praça da Matriz, também cartão postal de sua cidade natal. E agora nesta vista da cidade tomada do porto nota-se o amor do artista pelo objeto retratado em mais uma obra de grande valor documental de um pintor no pleno domínio de sua técnica e apurada inspiração. Cururupu está lhe devendo um merecido reconhecimento e divulgação de sua obra.

CURURUPU É UM PRESENTE DO MAR

Cururupu deve sua criação e sustentabilidade ao mar. Graças ao pequeno porto, por onde era escoado os produtos das fazendas, foi possível a criação da Vila em 1841, separada da sua querência Guimarães. O fantástico litoral do município, representado por inúmeras ilhas, praias, reentrâncias e igarapés, fornece a alimentação básica dos habitantes – os frutos do mar, além de conter um enorme potencial turístico ainda não totalmente explorado.

No século XX o mar também representou o principal meio de comunicação com o mundo, uma verdadeira estrada líquida, tanto que vários empresários de sucesso possuíam barcos para transporte de cargas e passageiros e, além desses, os pequenos pescadores também precisavam de canoas, tanto para exercerem as suas atividades, quanto para o transporte do pescado até os mercados consumidores.

Cururupu constituiu-se como uma verdadeira talassocracia, o que justifica o título que dei, parafraseando o pai da História Heródoto, a este artigo – Cururupu é um presente do mar. Pois a este ele deve a sua origem, sua sustentação e viabilidade econômica.

PEDRO HENRIQUE MIRANDA FONSECA
Vista da cidade tomada do porto

PEDRO HENRIQUE MIRANDA FONSECA A REPÚBLICA NASCEU DE UM PARRICÍDIO

O golpe da instalação da república entre nós dado por Deodoro, foi um verdadeiro parricídio. Ele devia tudo ao imperador, inclusive sua carreira no exército e a sua parca cultura. Era um militar tosco, limitado intelectualmente e cuja única obsessão e interesse era o exército. Não sabia falar de outro assunto. Havia um imenso abismo intelectual entre ele e o imperador. Este era um homem culto, inteligente, admirador e incentivador das artes, poliglota, curioso e com um imenso amor pelo país, enquanto o marechal era curto de ideias, monoglota, sem estofo intelectual e monódico. O parricídio lhe deixou constrangido, a ponto de recusar-se a encontrar o imperador, pois temia não resistir ao remorso que lhe roía a alma.

Fato significativo foi relatado por testemunhas oculares do golpe, Cândido Rondon entre eles, que Deodoro teria gritado “Viva o imperador”, grito este abafado por outro de “Viva a república” e vinte e um tiros de canhão.

A desculpa para o golpe foi a nomeação de um Gabinete que seria hostil ao exército. Eram os militares se imiscuindo na política simplesmente pela força, pois não havia nenhuma consideração doutrinária em questão. Durante a república a História iria se repetir, primeiro como farsa e depois como tragédia, conforme disse um famoso pensador.

A república foi prematura entre nós; instalada sem apoio popular, que, conforme o testemunho de Aristides Lobo: “O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava.” (Diário Popular, São Paulo, 18 de novembro de 1889).

O próprio Rui Barbosa reconheceu que “A nação aceitou-o (o movimento republicano). Mas não era seu.” (SILVA, Hélio – 1889: A república não esperou o amanhecer, Rio de Janeiro, Editora Civilização Brasileira, 1972, página 88).

O jornalista José Maria Santos qualifica a instalação da república como um acontecimento lamentável. SILA, Hélio – Op. cit., página 89).

Outro crítico de primeira hora foi o jornalista Quintino Bocaiúva que em carta a Mena Barreto desabafou: “como republicano e como patriota, sou hoje acessível a dois únicos sentimentos: o de tristeza e o da vergonha.” (GIAMBIAGI, Fabio – Uma pausa para o humor. O Globo, Rio de Janeiro, 21 de outubro de 2021, página16). Tal atitude, talvez, explique o alijamento de Quintino Bocaiuva da História oficial da república. Apesar de ser um republicano de primeira hora foi colocada à margem e esquecido.

O certo é que o golpe instituiu entre nós uma república excludente, sem apoio popular, desigual, hierarquizada, plutocrática, violenta (Canudos é emblemático), injusta, prematura, que só beneficiou, inicialmente, os cafeicultores paulistas e na sequência os industriais e os empresários ricos, deixando em segundo plano os pobres, os trabalhadores, a classe média, a educação, a saúde, com surtos de avanços e muitos retrocessos e, embora não tenha iniciado, manteve um verdadeiro memorial das desigualdades.

ÁureoMendonçaépesquisadorescritoremembrofundadordoIHGV

SERIE FOTOS HISTÓRICAS DA CIDADE DE VIANA (*)

Igreja histórica de Viana Maranhão que não existe mais. A igreja de São Sebastião onde eram realizados todososanosafestadeSãoSebastião,nesselocalhojeestáoprédiodaEscolaNormalNossaSenhorada Conceição,apósfortechuvanoinvernode1962houveodesabamentodeumadasparedesdasacristiae devido esse ocorrido foi demolida em outubro de 1962 - foto do ano de 1908 autor Gaudêncio Cunha publicadanolivroOEvangelhoemMaravilhadoautorEvandroCutrimnapágina74ocitadolivrocontaa históriadeArthurdaSerraFreire.

IgrejadeSãoBenedito(*)

AigrejadeSãoBeneditotemumahistóriainteressanteparaacidadedeViana,ficalocalizadanaparte centraldaantigacidadenaPraçadeSãoBeneditoestaedificadaaigrejadeSãoBenedito,umadas construçõesmaisantigadeViana,quedurantemuitotempotevecomopárocoopadreVitórioLuchesina antigaigrejadefachadadeestilobarrocopintadacomascoresazulebrancoqueeraummonumento arquitetônicodacidade.

Segundorelatosdemoradoresdageraçãode1940aantigaigrejajáseencontravabastantedeterioradae foidemolidaem1953econstruídaaigrejacomafachadaatual.Épocaquehaviaocoretoculturalperíodo emqueseapresentavamasbandasquemarcaramépocanamúsicavianenseeanimavamofestejodeSão

BeneditorealizadonomêsdeagostocomacompanhamentomusicaldabandadoPilotoeanosdepoiscom abanda"SãoBenedito"deOziasMendonça.

(*)

DILERCY ARAGÃO ADLER

ACADEMIA JOANINA DE LETRAS, CIÊNCIAS E SABERES CULTURAIS - AJOLECIS ELOGIO DA ACADÊMICA DILERCY ARAGÃO ADLER AO PATRONO RAIMUNDO ARANHA ARAGÃO, CADEIRA Nº 09

(06 de abril de 2024)

Excelentíssimo Sr. Emerson Livio Soares Pinto, Prefeito de São João Batista

Excelentíssimo Sr. Raimundo Correa Cutrim, Presidente da Academia Joanina de Letras, Ciências e Saberes Culturais

Demais Autoridades

Senhores Acadêmicos e Senhoras Acadêmicas Meus familiares e meus amigos!

Minhas Senhoras e meus Senhores!

Com Tua mão, segura bem a minha Pois eu tão fraco sou, oh Salvador! (Poeta e Hinista Fanny Crosby, Reino Unido, 1879).

É com o coração tomado por imensurável júbilo que neste final de tarde, nesta Casa de Fran Costa Figueiredo, estou como protagonista de um dos mais nobres rituais, se não o mais nobre, desta instituição que tem entre as suas finalidades homenagear homens e mulheres que durante as suas vidas empreenderam ações em prol do desenvolvimento desta cidade, contribuindo assim, de forma expressiva, no âmbito das Letras, das Ciências, da Educação, da Cultura e da História joanina, maranhense e, quiçá, brasileira. E assim se imortalizaram na história da nossa querida cidade de São João Batista.

Talvez os caríssimos ouvintes estejam se perguntando: Por que esta oradora iniciou a sua fala com as palavras desses dois versos do hino da poeta e hinista Fani Crosby, do Reino Unido, datado de 1879? Para mim é fácil satisfazer essa natural curiosidade: a inspiração reside exatamente no fato de que Raimundo Aranha Aragão era um fiel presbítero da Igreja de Maravilha, outra localidade da região, e ainda quis a providência divina que eu estivesse no mesmo dia destas primeiras homenagens a Patronos e Patronas, com o Pastor Evandro Cutrim Sousa, que vai homenagear o seu Patrono, o igualmente Pastor, Reverendo Arthur da Serra Freire. Daí justifico esse pedido a Deus para que, ao segurar a minha mão, ilumine o meu coração para que eu fale as minhas melhores palavras, reconhecendo a minha pequenez diante da Sua amorosa grandiosidade. E acrescento: tudo isso me faz sentir muito honrada, e, ao mesmo tempo, experienciar o peso da responsabilidade dessa insigne missão a mim designada. Como reforço a essa minha argumentação, tem o fato de que Raimundo Aranha Aragão viveu grande parte da sua vida no povoado chamado Alegre, onde também eu nasci, e que, segundo Luiz Raimundo Costa Figueiredo, irmão do patrono desta casa, na página 99 do seu livro (2010), “São João Batista, suas lutas, conquistas e vitórias” explicita:

O Alegre foi sempre local abençoado por Deus, não só pela beleza natural, mas principalmente pela comunidade que ali se desenvolveu, a maioria formada por evangélicos, o que transformou aquela localidade num ambiente de cordialidade de fraternidade entre os seus habitantes, destacando-se os primeiros moradores [...]

E dentre os primeiros moradores, o autor cita Verano Aragão que era casado com Antonina Aranha Aragão e pai de Raimundo Aranha Aragão (o homenageado de hoje e do ano), Maria Bárbara e Saturnino.

Raimundo Aranha Aragão, Seu Nhozinho, como era carinhosamente chamado, casou-se com Maria da Anunciação Cutrim Aragão e estabeleceu-se na Ilha Grande, sua segunda morada, e eu, assim me refiro a essa ilha, no meu livro (2005) intitulado: “Joana Aragão Adler uma história de amor e de fé.... uma história sem fim...”, na página 14 faço uma bucólica descrição da Ilha Grande, seus campos e encantos:

O início desta história dá-se numa ilha... “A Ilha Grande” encravada entre os campos da baixada maranhense que possuem uma beleza singular.

Aves e peixes povoam os campos enfeitados de mururus, aguapés, vitórias-régias, pajés, junco, algodão bravo e outras vegetações exóticas, próprias desses campos.

Para o tráfego nessas águas é necessário que sejam abertos caminhos entre as plantas e, como resultado, surgem verdadeiras estradas de águas limpas entre a vegetação espessa, por onde podem deslizar canoas empurradas com longas varas, já que a profundidade da água, em média era de 80 centímetros, não ultrapassando dois metros.

No verão, esses campos secam e o meio de transporte passa a ser o cavalo, e a paisagem fica entrecortada de regiões secas, com o solo rachado pelo sol causticante do verão (onde antes era coberto pelas águas) e de outras verdejantes com frondosas árvores e capim onde alguns bois ficam soltos para pastar.

Nessa Ilha vivia uma família cujo patriarca chamava-se Raimundo Aranha Aragão com sua Esposa Maria da Anunciação Cutrim Aragão, chamada carinhosamente de Maroca. Tinham oito filhos: Jonas, Antonina, David, Joana, Madalena, Verano, Zila e Raimundo.

Falarei agora um pouco mais de Raimundo Aranha Aragão. Inicio pelo dia do seu nascimento, em 02 de fevereiro de 1894 (este ano comemoramos 130 anos do seu nascimento), segundo seus documentos em São Vicente Ferrer - Maranhão, mas convém esclarecer que o seu lugar de nascimento foi, de fato, São João Batista, que, à época, pertencia à Comarca de São Vicente Ferrer. Faleceu em 02 de setembro de 1974, aos 80 anos de idade (este ano também é aniversário de 50 anos do seu falecimento).

Como já referido, era filho de Verano Aragão e Antonina Aranha Aragão e tinha mais uma irmã e um irmão: Maria Bárbara e Saturnino. Casou-se em primeiras núpcias com Maria da Anunciação Cutrim Aragão, com a qual teve 8 filhos: Jonas, Antonina, David, Joana, Madalena, Verano, Zila e Raimundo. Viúvo, casou-se em segunda núpcias com Miriam Dominici Castro Aragão, com a qual teve uma filha, Eunice, que está nesta noite com familiares prestigiando este preito ao pai.

No tocante às atividades laborativas, era proprietário de considerável gleba de terra no povoado Alegre onde exercia atividades agrícolas e pecuárias. Ademais, era artesão e proprietário de oficina, cujos principais produtos se destinavam às necessidades dos habitantes, confeccionava celas e arreios para animais e calçados em geral. Exercia também atividade religiosa na Igreja Presbiteriana Independente, em MaravilhaSão João Batista, na qual era Presbítero e cristão bem conceituado por todos que o conheciam. Como Presbítero, fez sermões e orações que, com certeza, provavam o seu dom de orador e autor de textos religiosos. E, como pessoa, cristão reconhecido e estimado por todos aqueles com os quais convivia. Os caríssimos ouvintes podem pensar em inquirir esta oradora, pela segunda vez: O Patrono da Cadeira nº 09 e ainda Patrono Homenageado do Ano 2024 faz jus a esta portentosa honraria? Ao que lhes reponde uma neta diligente, tendo em vista ser possuidora de uma atitude de comprometimento, esforço e dedicação por qualquer situação, objeto ou pessoa de considerável significação e, neste caso específico, além de afeição e

apreço pelo homenageado, manifesta admiração e respeito pelo trabalho intelectual do autodidata que foi. Essa compreensão se torna imperativa por vivermos em uma sociedade, cujas condições estruturais, na esfera do trabalho, deixa clara a divisão radical entre o trabalho intelectual e o trabalho manual, pois, via de regra, esse trabalho é desprestigiado e essa disposição se estende às produções intelectuais dessa camada social. Considero Seu Nhozinho um autodidata, um intelectual orgânico, na linguagem gramsciana, como Maria Firmina dos Reis e muitos outros homens e mulheres ilustres da historiografia educacional e cultural maranhense e nacional, mas que, lamentavelmente, foram alijados dos respectivos cânones, não sendo consideradas as suas prodigiosidades. No entanto, na contramão da história desenvolveram as suas potencialidades, mesmo sem terem frequentado a escola regular, por apresentarem inteligências privilegiadas. Nesse sentido, esta Academia, de algum modo, de forma louvável, está desconstruindo esse paradigma.

No caso de Raimundo Aranha Aragão, Seu Nhozinho, uma das fontes de leitura e reflexão privilegiada foi a Bíblia Sagrada, na qual buscava elementos que eram reproduzidos na expressão de premissas lúcidas e inspiradoras para quem com ele convivia. Nessa perspectiva, Evandro Cutrim Souza registra nas páginas 164-165, do seu livro (2018), “O Evangelho em Maravilha: A história de Arthur Serra Freire e do presbiterianismo independente na baixada maranhense entre os anos de 1900 e 1950”:

O presbítero Arthur Serra também escreveu sobre a visita pastoral do Rev. Manoel Machado. Nessa visita à igreja do Maravilha, fez sua profissão de fé e batismo Raimundo Aranha Aragão [...]. Raimundo Aragão morou na Ilha Grande, lugar que fica em frente ao templo da IPI de S. Vicente Ferrer (Maravilha). Esse senhor era mais conhecido como Nhozinho Aragão e contribuiu muito para a causa do Evangelho (grifo nosso).

Por conseguinte, foi principalmente por meio do evangelho, que Seu Nhozinho desenvolveu a sua inteligência abstrata, entendida como capacidade de examinar problemas de forma ampla, e estabelecer conexões entre conceitos distintos. Assim, aprimorou a sua inteligência prática, por meio das atividades agrícolas, pecuárias e artesanais.

Uma doce lembrança vivificada no coração de grande parte dos seus netos, que conviviam com ele em período de férias, era a grande mesa da sala de jantar, onde todos reunidos às refeições compartilhavam orações fervorosas, naquela sua voz forte e cálida, no sentido da expressão de intensa paixão pelo seu Criador Ainda nos cultos domésticos, pela manhã e à noite, hinos eram entoados e estudos bíblicos realizados.

Em conversa recente com a sua filha Eunice, minha tia-irmã, ela citou dois hinos que o lembram muito:

Bem de manhã

Bem de manhã, embora o céu sereno Pareça um dia calmo anunciar Vigia e ora, o coração pequeno Um temporal pode abrigar.

Bem de manhã e sem cessar Vigiar e orar [...]

Finda-se este dia que meu pai me deu - Oração da noite

Finda-se este dia que meu Pai me deu Sombras vespertinas cobrem já o céu

Ó Jesus bendito, se comigo estás Eu não temo a noite, vou dormir em paz [...]

Esses hinos denotam muita fé, confiança e gratidão que se sustentam em um amor devotado a Deus.

Bons exemplos, bons testemunhos, boas palavras que deixaram marcas... Marcas inapagáveis, que fazem Raimundo Aranha Aragão ser merecedor desta magnânima homenagem e que eu, em nome de toda a família, emocionadamente agradeço!

Finalmente, entramos nós, eu e ele, meu amado avô, nesta novel Academia. Estamos juntos na Cadeira nº 09, que honrarei por ele, por nossa família e pelos nossos concidadãos. Afinal, esta Academia tem por finalidade o desenvolvimento e a difusão do saber em geral, e um especial diferencial, que muito me chama a atenção se encontra na sua própria denominação “Saberes Culturais”, que diz respeito à valorização daqueles conhecimentos resultantes de lucubrações de homens e mulheres sábios desta terra. Ademais, como todas as instituições congêneres, se propõe à difusão da cultura, da literatura, da história; à defesa das tradições e, igualmente, à renovação e revitalização do legado herdado dos nossos ancestrais; culto às origens da cidade e à sua formação, à valorização do vernáculo e ao intercâmbio com os centros de atividades culturais, científicos e educacionais desta cidade e para além dela.

Muito obrigada a todos pela atenção e por compartilharem deste caro momento da minha vida!

SÃO VICENTE FERRER MARANHÃO - MA

Histórico - IBGE | Cidades@ | Maranhão | São Vicente Ferrer | História & Fotos

As Terras do Município de São Vicente Ferrer começaram a ser povoadas no final do século XVIII. Seus primeiros habitantes vieram dos Municípios vizinhos, atraídos pela fertilidade do solo, próprio para a lavoura e criação, alojando-se em locais diversos, notadamente no lugar Tapuia. A freguesia surgiu em 1805, pertencente ao Município de São Bento. A paróquia de São Vicente Ferrer foi criada em 1834.

Logo após a criação do município, em 1856, surgiram questões de limites com o de Viana, dando origem a várias leis e decretos-leis sobre o assunto, entre as quais a de 31 de maio de 1860, que criou o distrito de São Vicente Ferrer, e a de 1861 que Ihe tirou a autonomia municipal Finalmente a de n.° 300, de 15 de setembro de 1939, resolveu definitivamente o litígio.

Com terras dos Municípios de São Bento e Viana. surgiu, pela segunda vez, em 1864, o atual São Vicente Ferrer, que completou, a 1.° de junho de 1964. o seu primeiro centenário.

Gentílico: vicentino

Formação Administrativa

Distrito criado com a denominação de São Vicente Ferrer, pela Provisão Regia de 07-11-1805, subordinado ao município de São Bento dos Perizes.

Elevado à categoria de vila com a denominação de São Vicente Ferrer, pela lei provincial nº 432, de 27-081856, desmembrado de São Bento dos Perizes. Sede na vila de São Vicente Ferrer. Instalado em 02-121858.

Pela lei provincial nº 625, de 27-09-1861, é extinta a vila de São Vicente Ferrer, sendo seu território anexado ao município de São Bento dos Perizes.

Elevado novamente à categoria de município com a denominação de São Vicente Ferrer, pela lei provincial nº 678, de 01-06-1864.

Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município aparece constituído de 2 distritos: São Vicente Ferrer e Jabotituba.

Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município aparece constituído do distrito sede. Não figurando o distrito de Jabotituba.

Assim permanecendo em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-1937.

Pela lei estadual nº 269, de 31-12-1948, é criado o distrito de Ibipeuara e anexado ao município de São Vicente Ferrer.

Em divisão territorial datada de 1-VII-1950, o município é constituído de 2 distritos: São Vicente Ferrer e Ibipeuara.

Pela lei estadual nº 797, de 19-11-1952, desmembra do município de São Vicente Ferrer o distrito de Ibipeuara. Elevado à categoria de município com a denominação de São João Batista, anulado pelo Acórdão do Superior Tribunal Federal, de 27-12-11954, (Representação nº 198). Sendo seu território anexado novamente no município de São Vicente Ferrer.

Em divisão territorial datada de 1-VII-1955, o município é constituído de 2 distritos: São Vicente Ferrer e Ibipeuara.

Pela lei estadual nº 1608, de 14-06-1958, desmembra do município de São Vicente Ferrer o distrito de Ibipeuara. Elevado à categoria de município com a denominação de São João Batista.

Em divisão territorial datada de 1-VII-1960, o município é constituído do distrito sede. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2005.

BOI-DE-MAMÃO

Publicado na Coluna IHGP da FOLHA DO LITORAL NEWS em 11/02/2023.

O boi-de-mamão é uma manifestação folclórica que encanta e traz muita alegria. O folguedo que ocorre no litoral do Estado do Paraná seria oriundo do auto do boi que ocorre em Santa Catarina. Existem dezenas de apresentações de boi de mamão no Estado de Santa Catarina. Alguns pesquisadores sugerem que o nome (boi-de-mamão) se originou, devido as pessoas mais antigas utilizarem do mamão verde para confecção da cabeça do boi. Por volta da década de 1920, ou mesmo antes, algumas famílias catarinenses se estabeleceram em Paranaguá e, aqui, começaram a manifestar e apresentar o boi-de-mamão. Registros fotográficos e relatos demonstram que na década de 1940, seu Nilo Gervasi junto a seu irmão Silvino (Nego), eram crianças e participavam do boi de mamão, época que eles se apresentavam nas colônias Maria Luiza e Pereira e, em frente da estação ferroviária, no centro de Paranaguá.

De acordo com Beatriz Furlanetto, o espetáculo é resultante da união de elementos das culturas europeia, africana e indígena, no qual o boi é a principal figura. O espetáculo conta também com as figuras do vaqueiro, urubu, o cavalinho, vaca ou cabrinha e a Bernúncia. Entretanto, são diversas figuras dantescas que foram incorporadas a encenação.

A Bernúncia, particularmente, é um animal fabuloso com grandes mandíbulas.

A sua entrada no espetáculo é um dos pontos culminantes. De acordo com o Dicionário Folclórico Brasileiro, a Bernúncia entra logo após a dança do boi, do cavalinho e da cabrinha. A Bernúncia abocanha os descuidados, os agarrando e engolindo. Enquanto não consegue engolir outro, ginga de um lado para outro. Álvaro Tolentino discute que a Bernúncia teria sido inventada por um morador de Itajaí, Santa Catarina, que procurou construir o bicho da forma mais grotesca possível. Após a construção, esse morador teria demonstrado a figura a sua tia, com medo essa mulher gritou o esconjuro abrenuncio, nome que teria pegado e, sido adaptado para nomear o bicho. Outra explicação possível, é que a Bernúncia seria a encarnação do bicho papão. Outras versões indicam que a mesma seria uma convergência dos monstros encontrados em apresentações da Europa. A Bernúncia se assemelharia visualmente a Santa Coca, monstro do folclore europeu, que desfilava nas procissões de Corpus Christi em Portugal e na Espanha. Por fim, existe a versão de que a Bernúncia seria uma versão ocidental do grande dragão celeste chinês. Sem sombra de dúvida, o boi-de-mamão traz alegria e preserva a tradição. De acordo com a pesquisa de Beatriz Furlanetto no litoral do Paraná existem quatro grupos que mantém vivo o folguedo; em Paranaguá o Boi de Mamão é realizado pela Associação Mandicuera, em Guaratuba pelo grupo folclórico de Guaratuba, e, em Antonina são dois grupos: o da Associação folclórica Boi do Norte e do grupo Folclórico Boi Barroso.

Para Furlanetto, 2011, p.9, a riqueza do folguedo pode ser apreendida através da questão do sagrado e do profano, do “escárnio que acomoda e ou denuncia o conflito social, a brincadeira que irradia alegria, a beleza que desperta o encantamento, o riso que provoca a catarse e a libertação”.

Priscila Onório Figueira

Referências

CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 2005.

FURLANETTO, Beatriz Helena. O boi de mamão no litoral paranaense: Que tradição é essa. In: Anais do VII Fórum de Pesquisa Científica em Arte. Curitiba, Embap, 2011. Disponível em: http://www.embap.pr.gov.br/.../File/Forum/anaisvii/001.pdf

HEMEROTECA DIGITAL. O boi de mamão no folclore catarinense. In: Diário do Paraná, n. 4770, ano 17, Curitiba, 6 de junho de 1971. p.18

FOTOGRAFIA PERTENCENTE À FAMILIA DO SR, NJLO GERVASI, CEDIDA GENTILMENTE PARA ILUSTRAR O TEXTO PUBLICADO.

https://curitibaeparanaemfotosantigas.blogspot.com/

SÍTIO TAMANCÃO - SÃO LUÍS (SÉC. XIX)

O mapa da Ilha de São Luís de 1820 é a prova definitiva de que o Sítio Tamancão REALMENTE pertencia a Ana Jansen e seu marido, o tenente coronel Isidoro.

"Comparando um mapa de 1820 com o atual, apontando antigos caminhos que viraram ruas e avenidas. Observe a Av. Moçambique, no Anjo da Guarda (Tapicuraiba), ligando até às proximidades do Colégio Cruzeiro do Sul (Terras do Coronel Isidoro, esposo de Ana Jansen), na Vila Ariri. De lá seguia até o Alto da Esperança. A curva do Mangueirão, no Alto da Esperança, foi representada de tamanho capricho!"

Texto e pesquisa: Flaviomiro Mendonça

O MARANHÃO NA REVISTA DO NORTE

OMarcoHistóricodaFundaçãoda: "ParagemRiodaCorda",confluênciacomoRioMearim,ocorreuem3demaiode1835,por: ManoelRodriguesdeMelloUchôae ManoelRaimundoMacielParente, posteriormentedenominada:"MissãoRiodaCorda",maistarde,em1854,foielevadaàFreguesiadeSanta CruzdaBarradoCorda,banhadapelosRiosCordaeMearim,apósaProclamaçãodaRepública,tornou-se, CidadedeBarradoCorda,Maranhão; Tendodesdeoinício,entreseusprimeirosPovoadores,muitosCearensesdosquais,váriosmembrosdos meusAncestraisdaFamília: deAraújoSalles; deSouzaCarvalhêdo, MartinsChaves; FerreiradeSouza; deSouzaMilhomem; deMelloAlbuquerque; tantodoladoPaternoeMaterno,osquaisresidiam,desdeaprimeiraquadradoSéculoXIX,ejá trabalhavamnaagriculturaecriaçãodegado,emlocalidadespróximas,todasàsmargensdosricos mananciaisdeáguas,taiscomo: ArraialCampoLargo, PovoadoLeandro; PovoadoMucura(depoisSãoLourenço) FazendaNacionalSãoBernardo(depoisPovoadoSãoJoaquimdosMellos); SegueumrápidolevantamentonominaldestesprimeirosDesbravadoresePioneiros,dachamada: "MissãodoRiodaCorda", atéalcançarotítulode:FreguesiadeSantaCruzdaBarradoCorda,sãoeles:

1)TenenteCoronelManoelRodriguesdeMelloUchôa;

2)ManoelRaimundoMacielParente;

3)AntônioLourençodaSilva;

4)VigárioFrancisco(PaulinodeFreitas)Sacotto;

5)FélixManoelMonteiroJorge;

6)CoronelHonorárioDiogoLopesdeAraújoSalles;

7)MajorAntoniodeSouzaCarvalhêdo; AnastácioMartinsChaves;

9)TenenteFranciscoFerreiradeSouza,

10)FranciscodeSouzaMilHomens(Milhomem);

11)FranciscodeMello Albuquerque;

CRUZ DA BARRA DO CORDA - O LEGADO DOS FUNDADORES.
SANTA

JosédeMelloAlbuquerque;

AntônioGonçalvesdeAbreu;

PedroAlexandrinoGualbertodeMacêdoLeão;

CoronelManoelMartinsdeArruda;

TenenteCoronelJoséMartinsdeArruda;

TenenteCoronelJoãodaCunhaAlcanfor;

TenenteCoroneldaCostaAlecrim; 19)JoséLázaroTeixeiradaSilva;

ManoelCarlosdaSilva;

JosédeMenezes;

HenriqueJosédeMenezes;

ManoelRibeirodeMendonça;

FranciscodeMiranda;

deAraújo

CabralMarinsdeVasconcelosAlbuquerque;

CyprianoJosédosReis;

FreiAntôniodoCoraçãodeJesuseSouza,VigáriodaVaraeEncomendado. (...)

Fonte:

*ArquivoPúblicodoMaranhão-APEM;

*ArquivoJudiciárioDesembargadorMilsondeSouzaCoutinho-TJMA-ArquivoTjma; *BibliotecaNacionalHemerotecaDigitalBrasileira; Foto/Crédito:HugoEnnes. Palmas-Tocantins,Brasil, 14deabrilde2024.

CreomildoCavalhedoLeite E-mail:creomildo04@gmail.com

12)
13)
14)
15)
16)
17)
18)
20)
21)ManoelAlvesdaSilva; 22)CapitãoJoãoAlvesdaSilva; 23)ReinaldoFranciscodeMoura; 24)AntônioPereiraRamos; 25)DamiãoMarquesdeOliveira; 26)CoronelFranciscoAugustodeSouza; 27)FaustinoJoaquimRodrigues; 28)
29)
30)
31)Odorico
32)VictorianoForjóBrabo; 33)RaimundoManoelPinto; 34)AntônioManoelPinto; 35)ManoelAntôniodeFaria; 36)Manoel
37)RaimundoNonnato
Borboleta; 38)AntônioCaetanoCorrea; 39)RaimundoPereiradeSouza; 40)ThomázGomesdeAquino; 41)SimãoEstáciodaSilveira; 42)Luiz
43)
44)
Ignácio
ValcacerdeOliveira;

AntigasededafazendadafamíliaportuguesaCoelhoeSouzaondeabrigaasededaAssociaçãodosMoradores deFrechal.MunicípiodeMirinzalnoMaranhão Foto:@geraldokosinski

"(...) é lamentável a enxurrada de ‘bla,bla,bla’ na internet ou em meios de comunicação oficiais acerca do tema. Isso porque, raríssimos tem realmente embasamento que foge da linguagem ideológica ou partidária.". MHL

Capa de publicação maranhense

Claro e óbvio que este 19 de abril, muita gente celebra o "Dia dos Povos Indígenas no Brasil", uma data emblemática que busca honrar e reconhecer a pluralidade cultural e histórica das nações originárias que compõem o tecido social do país. Esta celebração não apenas rememora as contribuições indígenas à sociedade brasileira, mas também enfatiza a necessidade imperiosa de se desenvolverem políticas públicas eficazes que assegurem a dignidade e os direitos fundamentais desses povos. Tal iniciativa é um convite à reflexão e ao compromisso com a justiça social e o respeito às diversas identidades culturais que permeiam o Brasil.

Porém, é lamentável a enxurrada de ‘bla,bla,bla’ na internet ou em meios de comunicação oficiais acerca do tema. Isso porque, raríssimos tem realmente embasamento que foge da linguagem ideológica ou partidária. Por exemplo, que tal estudarmos a problemática indígena através dos livros, na maioria das vezes, a fonte real do saber?

Quem leu "A Queda do Céu", um dos maiores lançamentos literários com esse tema (Índios) dos últimos anos, organizado pelo antropólogo francês Bruce Albert a partir das falas gravadas do xamã yanomami Davi Kopenawa, terá cabedal suficiente para discutir sobre os problemas indígenas brasileiros.

19 DE ABRIL: POR QUE É IMPORTANTE DISCUTIR E ANALISAR O TEMA COM BASE LITERÁRIA EFETIVA?

Até onde li - são quase 800, páginas - 'Cia das Letras' - pulsa a realidade e muitas verdades sobre o assunto pertinente.

Por isso, antes de falar sobre a problemática indígena brasileira, a pessoa precisa de maiores informações, inclusive, sem viés ideológico, partidário ou quaisquer que sejam as alternativas que influenciem (e atrapalhem) a solução dos problemas; até mesmo, a correção de alguns deles.

Como gosto muito de pesquisar assuntos de diversos naipes, encontrei uma lista de alguns livros, inclusive citada por indianistas brasileiros famosos que mostram (de forma apartidária ou partidária, também, fica ao livro arbítrio do leitor, a questão indígena brasileira.

Aliás, Uimar Jr, há alguns anos, publicou no (https://www.facetubes.com.br/noticia/528/uimar) matéria relativa ao primeiro crime bárbaro contra índios que viviam em terras do Maranhão. Por ser gay, esse Índio foi amarrado na boca de um canhão e violentamente explodido. Você sabia dessa história? (Vide foto, capa do livro ("Maranhão de Outros Tempos").

O DIA DO ÍNDIO

A literatura sobre a temática indígena, como destacado no livro "A Queda do Céu", pode ser uma ferramenta valiosa para aprofundar o entendimento sobre os desafios enfrentados por essas comunidades. Neste contexto, obras que abordam as vivências e perspectivas indígenas são essenciais para que possamos discutir, com propriedade e profundidade, as questões que afetam esses povos. É fundamental que o diálogo sobre estas questões seja pautado por uma compreensão rica e detalhada, livre de preconceitos ou ideologias partidárias que possam distorcer a realidade.

Portanto, faz-se necessário que cada indivíduo, motivado pelo conhecimento e pela compreensão, engajese no debate sobre os direitos indígenas com uma postura informada e respeitosa. A literatura, tanto acadêmica, quanto não acadêmica, são fontes inestimáveis de aprendizado e empatia, capaz de transformar perspectivas e incentivar a adoção de medidas concretas em prol da valorização e proteção dos povos indígenas no Brasil.

A LISTA DE LIVROS INDICADOS POR VÁRIOS INDIGENISTAS

Alguns dos livros indicados:

MATOS, Maria do Socorro Pacó de. O olhar das mulheres Sateré-Mawé sobre o lixo. Manaus: EdUA, 2016.

AZANHA, Gilberto. VALADAO, Virginia Marcos. Senhores destas terras: os povos indígenas no Brasil: da colônia aos nossos dias. 10 ed. São Paulo: Atual, 1991.

Placa sobre xenofobia.

GRUPIONI, Denise Fajardo; ANDRADE, Lúcia M. M. de Comissão Pró-Índio (SP) Instituto de Pesquisa e Formação em Educação Indígena. Entre águas bravas e mansas: índios & quilombolas em Oriximiná. São Paulo: Comissão Pró-Índio: lepé, 2015.

BERGAMASCHI, Maria Aparecida. Povos indígenas & educação. Porto Alegre: Mediação, 2008.

BOFF, Leonardo. O casamento entre o céu e a terra: contos dos povos indígenas do Brasil. 2 ed. Rio de Janeiro: Salamandra, 2005.

COIMBRA JUNIOR, Carlos E. A. Santos, Ricardo V. Escobar, Ana Lucia. Associação Brasileira de Pósgraduação em Saúde Coletiva. Epidemiologia e saúde dos povos indígenas no Brasil / Carlos E. A. Coimbra Jr., Ricardo Ventura Santos, Ana Lucia Escobar organizadores. Rio de Janeiro: Ed. FIOCRUZ: ABRASCO, 2003.

MOURA, Carlos Eugenio Marcondes de. Estou aqui, sempre estive, sempre estarei: indígenas no Brasil: suas imagens, 1505-1955. São Paulo: EDUSP, 2012.

NACOES UNIDAS. Associação Cultural Oficina de Criação Teatral. Nemombe'uguasu Tetanguera pegua/ONU ojapova Ava Kuerape Ohep va Rehegua: Declaração das Nações Unidas/ONU sobre os direitos dos povos indígenas = Declaracion de las Naciones Unidas/ONU sobre los derechos de los pueblos indigenas. Campo Grande: Associação Cultural Oficina de Criação Teatral, 2010.

PAULI, Alcione; SILVA, Cleber Fabiano da; CAGNETI, Sueli de Souza. A literatura indígena. Santa Catarina: Ed. UNIVILLE, 2014.

PORRO, Antônio. As crônicas do Rio Amazonas: tradução, introdução e notas etno-históricas sobre as antigas populações indigenas da Amazônia. 2. ed. rev. e atual.

TEIXEIRA, Carla Costa, GARNELO, Luiza. Saúde indígena em perspectiva: explorando suas matrizes históricas e ideológicas. Rio de Janeiro: Ed. FIOCRUZ, 2014.

Quem ler pelo menos 3 dessas obras terá conhecimento suficiente para discutir de "A a Z" a problemática indígena brasileira. Só teoria e "ouvir falar", não alimenta e nunca alimentará a verdade.

*Mhario LIncoln é Presidente da Academia Poética Brasileira.

RuínasdacasadoBarãodeMearim.ConhecidacomoPrimeiroPaláciodoImperador,emfrenteao LargodoCarmo.MunicípiodeAlcântara.EstadodoMaranhão.Brasil.

PraçadaMatrizdeSãoMatiasladeadapeloconjuntodecasarõescommirantesondefuncionao MuseuCasaHistóricadeAlcântarae,àdireita,oMuseuHistóricoeArtísticodeAlcântara.Municípiode Alcântara.EstadodoMaranhão.Brasil.

PortodeJacaré,inseridonoigarapédemesmonome,eaíngremeLadeiradoJacarécompõema entradadacidade.MunicípiodeAlcântaranoMaranhão

CARLOS ALBERTO LIMA COELHO.

TRAÇOS DE SAUDADE

Um dia destes alguém me disse que saudade era coisa de velho. Que cantávamos as delícias de tudo quanto sonhamos, das vibrações puras que sentimos que vivíamos em mar de rosas, mas só em pensamento. Que o nosso céu era mais azul que o atual. Que as estrelas cintilavam mais, que as noites eram enluaradas e motivavam os seresteiros e menestréis aos cantares apaixonados de suas musas. Que entre rosas caminhávamos inebriados pelos cheiros dos jardins, que tudo era festa em nossos corações. Que os belos dias, as noites esplendorosas, às singelas manhãs, não tão quentes, e auroras de esperanças e nuvens esbranquiçadas davam um tom poético à vida. Que tudo era passado. Que belos tempos. Que belos dias. Hoje traços de saudades...

Podíamos descrever as lindas paisagens que a natureza nos proporcionou. Conseguíamos destacar no horizonte o amanhecer e o entardecer. Os primeiros ou os últimos raios do sol atravessavam as frestas das árvores que purificavam o nosso ar. Um despontar lindo, do dia ou da noite, a fonte da vida. O burburinho do tempo era salutar. O vento sacudia para longe o murmurar das ondas do mar da Madre Deus, ouvidos por muitos anos dos altos da casa dos meus avós, naquele bairro. Tudo muito sublime. Um quadro real, desenhado pela mão de DEUS, no altar da natureza. Que a nossa saudade era inútil, capaz de prejudicar a nossa sensibilidade, o nosso “eu” interior. Talvez tenha vogado num mar de sonhos, de fantasias, sem dar conta de que o tempo estava passando, e tudo em sua volta passando por transformações, para satisfazer o novo, o progresso. Não vi a minha juventude passando, mas vi quando o mar da Madre Deus cedeu espaço para a barragem do Bacanga. A explosão demográfica da região do Sá Viana, Anjo da Guarda, Vila Nova e outros bairros antes existentes. Vi cassacos trabalhando, abrindo estradas, enfrentando as adversidades do tempo para sobreviver. Vi também vidas submergindo por conta do novo. Vi toda a orla marítima da Madre Deus desaparecer para dar lugar ao aterro, às avenidas que cortaram o rio das Bicas. Como disseram, saudade é coisa do passado, é coisa de velho. Consequentemente, solidão um tormento. Há dias que sim. Aqueles em que uma profunda nostalgia nos acabrunha. Bate a tristeza com características de sofrimento. É talvez o moderno seja o correto. Impediram-nos de caminhar por entre os bairros da minha São Luis. As nuvens acinzentadas não nos atormentam, mas mostra como é frustrante ao poeta não poder dimensionar seus sonhos levados pelas brumas sopradas pelo vento. Não pisar nas pedras de paralelepípedos, hoje cobertas pelo asfalto. Não ir bater bola na c’roa, com os amigos de infância, indo para o local após atravessar à nado, o canal que separava a beira da praia e o banco de areia. Não encontrar os oitis, que amarelavam a Praça Deodoro, para onde íamos olhar as jovens dos colégios Rosa Castro, Ateneu e Normal. Ou as amêndoas, na Praça Antonio Lobo, em frente à Escola Modelo Benedito Leite, ou tomar banho no Cajueiro, próximo à Camboa.

Esse amigo tem razão; saudade do passado é coisa de velho. Agora vejo que realmente a velhice está a cada dia me descaracterizando. Mas ainda sou mais a São Luis do passado. A bucólica São Luis.

Feira Joao Paul está em João Paulo, São Luis, Ma.

·

Esta nota de rodapé em forma de convite tem várias camadas e dentre elas, temos:

- O reforço da existência da capela de São Roque onde está a praça central do bairro e, primeiro nome deste logradouro datado de 1928.

- A descrição de como se identificava o JP como LOCALIDADE, por sua distância da zona central da cidade e assim, era chamada de zona rural.

- A afirmação da importância de dona Maximiana como líder religiosa, cultural, social e que gozava de grande prestígio por estas bandas, que deve tá na foto 2 deste post.

- Talvez - e posso tá equivocado, uma das primeiras manifestações sobre ecumenismo religioso ao unir uma praticante e dona de um tambor de mina (conforme apontou o historiador Antônio Francisco dos Santos em 1976) com o catolicismo para realizar e celebrar a festa do Divino Espírito Santo.

- Matrizes Africanas e Catolicismo no mesmo balio em uma região de predominância de pessoas pretas, excluídas, pobres e esquecidas...configurando um gueto por essas características ou circunstâncias econômicas e sociais.

Enfim, estes apontamentos nos leva a mais perguntas questionamentos e descobertas para com o passado do bairro, a busca de sua identidade social, pertencimento, legado e posicionamento na História deste município que ainda negligência/oculta a existência desta gente e consequentemente, desta região.

Texto e pesquisa @donsilva19

Crédito do recorte 1: Diário do Norte, 1937.

2:Athenas,1939.

“UMA FESTA DA INTELIGÊNCIA”, POR FRANCISCO DE PAULA BELFORT DUARTE, 1864.

Chamado “Paula Duarte”, nasceu em São Luís onde era afamado advogado. Se formou pela Faculdade de DireitodeSãoPauloem1865.FoideputadogeralpelaprovínciadoMaranhãoentre1867e1868.

Perdeu o mandato pela dissolução do parlamento pelo Imperador naquele ano e não conseguiu mais se reeleger.FoioadvogadodeAnaRosaViannaRibeirão,esposadofuturobarãodeGrajaú,noprocessoem quefoiacusadadeas-sas-si-naracriançaescravizadaInocêncio.

Na década de 1880 foi defenestrado pelo Partido Liberal. Após a Abolição não indenizada, passou a professaracausarepublicana.

Após a deposição da Monarquia, integrou a primeira junta governativa do Maranhão. Francisco de Paula BelfortDuartepresidiuanovajuntagovernativadacapital,compostatambémporAugustoOlímpioGomes deCastro,JosédaSilvaMaia,ManuelBernardinodaCostaRodrigueseJoaquimdeSousaAndrade.

Acusado de ineficiência, foi demovido, mudando-se para o Rio de Janeiro, então Distrito Federal, onde ocupouocargoderedatordedebatesdoSenadoFederal.

No campo jornalístico, colaborou com os periódicos “A Tribuna” e “O Liberal” e dirigiu “O Publicador Maranhense” e “O Globo”. Na redação desse último, foi um dos protagonistas da revolta de 17 de novembro de 1889, quando milhares de ex-escravizados tentaram empastelar a redação e linchá-lo, pois acreditavamqueonovoregimereinstalariaaescravidão.

AcervodeDiogoGuagliardoNeves

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