A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor. EXPEDIENTE
MARANHA-Y REVISTA DE HISTÓRIA(S) DO MARANHÃO Revista eletrônica
EDITOR
Leopoldo Gil Dulcio Vaz
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Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais
65070-580 – São Luís – Maranhão (98) 3236-2076
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Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); Titular da FEI (1977/1979); Titular da FESM/UEMA (1979/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 16 livros e capítulos de livros publicados, e mais de 430 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Academia Poética Brasileira; Sócio correspondente da UBE-RJ; Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luís (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Prêmio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Prêmio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; Editor da IHGM EM REVISTA, desde 2023; Editor da “ALL em Revista”, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras, números 1 a 10; Editor da Revista do Léo, desde 2017, e desta MARANHAY – Revista Lazeirenta, dedicada à(s) História(s) do Maranhão; Editor da Revista Ludovicus, dedicada à literatura ludovicense/maranhense, desde 2024; Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
CHANCELA
UM PAPO
Atualmente, conto com três publicações: esta, dedicada à(s) História(s) do Maranhão; LUDOVICUS, dedicada à literatura maranhense/ludovicense; e IHGM em REVISTA, boletim eletrônico.
MARANHA Y conta com diversos colaboradores – sócios-atletas -, como o Euges Lima, Áureo Mendonça, Edmilson Sanches, e agora, João Bosco Gaspar, lá de Tianguá. São também colaboradores frequentes, os sócios efetivos do IHGM, e os membros da ALL
O conteúdo, vem dessas colaborações, enviadas diretamente ao Editor, ou – na maioria das vezes –capturadas na ‘nuvem’, nas diversas redes sociais.
É só ‘copiar e colar’... e está feita a Revista... melhor, as revistas...
Se escrevi, foi para aprender... Aqui, não tem nada de original, pois utilizei-me do “copiar e colar” para entender o processo histórico de formação do Maranhão. Não sou Historiador... Professor de Educação Física (Licenciado, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (1978), Especialista em Lazer e Recreação (1984), Mestre me Ciência da Informação (1993), com concentração em Informação Científica e Tecnológica, área de estudos: Produção do Conhecimento, e fiz os créditos para o Doutorado, não o concluindo: para meu tema de estudos, não encontrei orientador..., mas como o fiz para aprender, e não por título, me contentei.
Quando da criação da SEDEL (1979), junto com o Prof. Dr. Laércio Elias Pereira, foi criado o CENTRO DE ESTUDOS E DOCUMENTAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES, E LAZER DO MARANHÃO – CEDEFEL-MA. É dessa primeira iniciativa que Laércio Pereira vai criar, na década seguinte, o CENTRO ESPORTIVO VIRTUAL Centro Esportivo Virtual | CEV. Tanto o CEDEFEL quanto o CEV, são CENTROS REFERENCIAIS – informação sobre a informação.
Na década de 1980, a então Escola Técnica Federal do Maranhão – EFTM -, da qual fui professor por 33 anos -, em convênio com a então recém-criada SEDEL (1979) e o Conselho Nacional de Desportos – CND -, criou um Curso Técnico de Educação Física e Esportes. Dentre as disciplinas oferecidas, estava a de História da Educação Física e Esportes; num dado período, fui o responsável por essa disciplina. O ementário era aquele clássico – Antiguidade, Grécia, Roma, Idade Média, Idade Moderna, Idade Contemporânea, Brasil... E onde estava a História do Maranhão? Não havia nada!!! Comecei então a pesquisar e buscar por essa História. Continuo até hoje... São já 40 anos...
Na década de 1990, começa um novo projeto, a construção do Atlas do Esporte no Brasil - Atlas _2004-1908.p65 (listasconfef.org.br) -, capitaneado pelo Prof. Dr. Lamartine Pereira da Costa. Dessa colaboração –foram dois Capítulos – Cluster Esportivo de São Luís, e Centro Esportivo Virtual (este, em coautoria com o Prof. Laércio) e colaboração em mais seis outros – surgiu o Atlas do Esporte no Maranhão Centro Esportivo Virtual | CEV | Atlas do Esporte do Maranhão.
Utilizei-me de uma metodologia própria, desenvolvida para o Atlas, tomando por base marcos históricos, mas não se faz história; e sim, se oferece base para o trabalho de historiadores, e se constituindo num banco de dados com registros a serem interpretados por terceiros com interesses múltiplos, e que está proposto para contínua revisão de dados. É esta metodologia que adoto... articulando o trabalho de investigação e o trabalho de resgate, utilizando-me de fontes primárias - cronistas de época, relatos de viajantes, jornais, bandos, documentos oficiais -, procurando recuperar e organizar essas fontes, reagrupando-as e as tornando pertinentes, para constituírem um conjunto através do qual a memória coletiva passe a ser valorizada, instituindo-se em patrimônio cultural.
Era uma tarde pacata de 13 de maio de 1943, por volta das 16h, os moradores do povoado de Ilha Grande, próxima ao município de Humberto de Campos, Maranhão, escutaram um grande estrondo vindo do Canal da Tábua, um dos pontos de pesca próximo dali, como se fosse um “grande trovão”. Em seguida, escutaram dois estrondos ainda maiores e pensaram que a Segunda Guerra Mundial havia chegado ali. Assustados, mesmo com a enorme coluna de fumaça negra no céu, não se arriscaram a ver o que tinha acontecido. Somente no outro dia, viram que se tratava de uma aeronave destruída, ainda com uma das asas apontadas para cima, e começaram a recolher os corpos e os pertences dos ocupantes ao redor e de dentro do avião.
Esses são relatos de filhos dos pescadores que foram contemporâneos ao acidente, memória que reside até hoje entre os descendentes e que ganhou novos capítulos nos últimos dias, com a descoberta de uma parte do trem de pouso da aeronave do tipo North American B-25 Mitchell, conhecida como Bombardeiro, sendo o que pode ser mais um indício de que o Brasil foi rota dos Estados Unidos no contexto da Segunda Guerra. Na busca por mapear com mais evidências o local exato da queda e dos destroços, os docentes da Universidade Federal do Maranhão Wener Santos e Arkley Bandeira foram até o Canal da Tábua entre os dias 9 e 10 deste mês, munidos de um Global Positioning System (GPS) de alta precisão e de informações fornecidas pelo Google Earth, que ajudaram a identificar uma anomalia de um metro de altura no leito oceânico local, que os pesquisadores acreditam ser onde estejam os destroços enterrados da aeronave.
O mapeamento da localização do avião é o primeiro passo para que se possa investigar mais a fundo a aeronave na próxima etapa de averiguação, de maneira que se possa estudar a possibilidade da retirada segura dos destroços. A ideia, segundo o secretário municipal de Ciência e Tecnologia, Trabalho e Renda de Humberto de Campos e docente aposentado do Departamento de Física da UFMA, José Maria dos Santos, é que o artefato possa ser levado até o município e ser colocado em exposição futuramente em um museu.
“Já existe uma ideia do grupo, apoiado pelo prefeito e pelo governador, de fazermos um museu aqui em Humberto de Campos para colocarmos esses destroços e outros que virão, em que estamos trabalhando para retirarmos da localização onde está o avião”, explicou.
A equipe da UFMA foi chamada ao local a pedido da Prefeitura de Humberto de Campos, após o próprio secretário Santos ter feito parte da expedição de resgate do trem de pouso encontrado no Canal, em maré baixa. A expectativa da Prefeitura é que o apoio da Universidade Federal do Maranhão também venha em convênios para a realização de pesquisas, projetos e treinamentos com os desdobramentos da retirada do avião do leito oceânico.
O professor e arqueólogo Arkley Bandeira detalhou que a equipe da UFMA havia recebido informações prévias da localização aproximada de onde foi encontrado o trem de pouso, e que a visita teve o objetivo de prospectar a área com informações de satélite. Equipes de mergulho nas próximas etapas indicarão se há riscos ou não na retirada. “Para mim, é uma situação nova pela surpresa da descoberta. Com o aumento das investigações e das pesquisas, pode ganhar mais notoriedade com a possível descoberta de outros sítios arqueológicos, inclusive com ganhos em outras áreas, como no ecoturismo e na geração de renda”, acrescentou o docente.
Relembre o caso
Antes da queda, em 13 de maio de 1943, o Bombardeiro havia saído da Flórida e passado dois dias em Belém, com destino a Natal para uma última parada em território brasileiro. A aeronave tinha como rota o norte da África, onde então chegariam ao Mar Mediterrâneo, palco da Segunda Guerra Mundial, contudo apresentou problemas na passagem pelo Maranhão. Os tripulantes enviaram um pedido de socorro à Base Aérea do Tirirical, hoje Aeroporto Internacional Marechal Hugo da Cunha Machado, na capital maranhense, porém a queda não deixou sobreviventes, vitimando piloto, copiloto, engenheiro de comunicação, engenheiro químico, operador químico e um auxiliar operacional, todos norte-americanos. Os corpos foram enterrados em dois cemitérios da região, um deles localizado no povoado de Cedro, conforme relataram os pescadores de Ilha Grande. Contudo, três meses depois, em agosto de 1943, militares americanos estiveram no Maranhão para levar os restos mortais aos Estados Unidos, ameaçando até mesmo bombardear a região caso os moradores se recusassem a permitirem que os corpos fossem exumados e se pertences pessoais das vítimas não fossem devolvidos, conforme também relataram os descendentes de Ilha Grande durante a visita da comitiva da Universidade Federal do Maranhão.
A aeronave pode ter entre 7 e 15 toneladas, dependendo da quantidade de bombas que pode estar ainda enterrada com o Bombardeiro. Além da Prefeitura de Humberto de Campos e da UFMA, Marinha, Aeronáutica, Corpo de Bombeiros também já foram notificados da descoberta. A Universidade Federal do
Maranhão também teve apoio institucional da empresa G5 Soluções Logística e Transportes LTDA e da Prefeitura de Humberto de Campos, por meio do prefeito Luis Fernando, no trabalho realizado na sexta, 9, e no sábado, 10. Na ocasião, a Secretaria Municipal de Saúde acompanhou a comitiva aproveitando a visita para fazer observações técnicas ligadas à pasta.
NOTÍCIAS DA SERRA DE IBIAPABA
Por João Bosco Gaspar
CAMOCIM E DIEPPE – TABAJARAS E FRANCESES: “Foram os franceses que tiraram os Tabajaras do isolamento cultural em que viviam e os colocaram em constante comunicação com o Maranhão e com a Europa. A costa de Camocim e a cuesta da Ibiapaba foram, por longo tempo, manancial de fonte de matéria prima e de produtos comerciais dos bretões e normandos. Foi de Dieppe que partiu Adolfo Mombille, com seus companheiros, com a missão de estabelecer na Ibiapaba um ponto de apoio para abastecer o comércio clandestino de especiarias, principalmente exemplares da flora e fauna brasileiras, bastante procuradas na feira portuária daquela cidade normanda”. Fonte: Livro "Estudos Ibiapabanos" deF. SADOC, 1979, p. 24). Foto: CAMOCIM nos dias atuais. Por João Bosco Gaspar
420 ANOS DA BATALHA DO ITAGUARUSSU. Pedra do ITAGURUSSU, nas proximidades da cidade de Viçosa do Ceará, antiga aldeia de Mel Redondo. Neste local aconteceu o primeiro embate entre a força lusoameríndia comandada por Pero Coelho de Sousa e Martim Soares Moreno, e a força franco-tabajara liderada pelo francês Adolf Mombille e os morubixabas Mel Redondo (Irapuã) e Diabo Grande (Juripariguaçu). Esse embate ocorreu em 19 de janeiro de 1604, e marca o início da conquista dos altiplanos da Ibiapaba por forças lusitanas. A Bandeira comandada por Pero Coelho de Sousa, veio conquistar as províncias do Ceará, Jaguaribe e Mel Redondo (Ibiapaba). Foto: Pedra do Itaguarussu, Viçosa do Ceará.
DESCRIÇÃO FEITA EM 1615 pelo padre Manuel Gomes, da Companhia de Jesus: “(...) Fosse em [de] Pernambuco uma armada, por ordem de Sua Majestade, para lançar aos franceses do Maranhão. Com clareza, darei uma breve notícia do Rio Maranhão, ou Amazonas, ou Orellana, que estes três nomes lhes dão as histórias. Chama-se Maranhão ou Orellana, tomando estes nomes dos primeiros espanhóis que por ele navegaram, Francisco Orellana, outro Antônio Maranhon; chama-se das Amazonas por correr pelas terras das Amazonas . Com nossos portugueses, usando do nome do gentio lhe chamamos, Pará, que quer dizer, Mar. (...). Oitenta léguas está uma ilha, na boca destes Rios chamados Muni, Itapuerte, Meari, os quais antes de se meterem no mar, se ajuntam em um, formando-lhe a ilha, a que agora chamamos Maranhão (...)". Fonte: Carta (trecho) do padre jesuíta Manuel Gomes, datada de 10 de outubro de 1615, destinada ao Provincial do Brasil – O padre Manuel Gomes fazia parte da Armada de Alexandre de Moura, na conquista do Maranhão em 1615. Biblioteca Nacional de Portugal. Link: ( https://purl.pt/15266 ). Por João Bosco Gaspar.
LIBERDADE DE DOM SIMÃO TAGUAIBUNA
Presos na Fortaleza do Ceará desde a rebelião que resultou na retirada dos padres Pedro Pedrosa e Gonçalo de Veras dos altiplanos da Ibiapaba no ano de 1662, o morubixaba Dom Simão e os demais índios na nação tabajara, foram, finalmente, libertados no ano de 1665. A liberdade dos “rebeldes da Ibiapaba”, deu-se graças às intermediações do padre Jacob Cocleo.
“Para obter a liberdade dos índios que foram presos por causa do tumulto, Cocleo enviou cartas tanto para o Provincial, quanto para o Vice-rei. Desse último conseguiu a liberdade do Principal e dos demais índios presos: <<E Vossa Paternidade o gosto de ver esses índios livres, e o Principal reduzido a obediência da Igreja, e o serviço de Del-Rei meu Senhor em que Vossa Paternidade se mostra tão igualmente Zeloso>>. Todos seguiram para Ibiapaba, e lá se estabeleceram por “alguns meses” até conseguirem restabelecer as pazes com os indígenas. Assim Cocleo descreve essa jornada”:
“Após caminhada de doze dias, que pus no novo e escolhido lugar as relíquias dos índios a nós favoráveis e que lá me encontraram os rebeldes do monte Ibiapaba com o principal Dom Simão para tratar do acordo de paz, obtida com as condições de readmitirem nossos padres como curadores de suas almas, que se aplicassem a semear cereais continuamente no novo sítio, com o qual pacto eu obteria de Vosso Rei perdão para os culpados, e do Padre Provincial algum sócio que os assistisse” (Archivum Romanum Societas Iesu - Carta de Jacob Cocleo ao Padre Geral Oliva. Ceará, de 12 de setembro de 1665). Fonte: Trecho do livro “Mapas da América Portuguesa, Extraído do Original” de Valquíria Ferreira da Silva.
Em 7 de março de 1681, por ordem régia, foram criadas as Juntas das Missões na América Portuguesa (Brasil e Maranhão): Pernambuco, Rio de Janeiro e Maranhão. As Juntas das Missões eram compostas pelos governadores das capitanias (governo temporal), os Bispos (governo espiritual), os Ouvidores Gerais e os Provedores da Fazenda Real. Entre os anos de 1711 e 1715 a Junta de Missões de Pernambuco era presidida pelo governador Félix José Machado de Mendonça (governo temporal) e Dom Manuel Álvares da Costa (governo espiritual), numa circunscrição territorial que abrangia as capitanias de Pernambuco, Itamaracá, Paraíba, Rio Grande e Ceará. A capitania Real do Ceará vivenciava um caso "sui generis" naquela ocasião... era governada por Pernambuco nas esferas TEMPORAL (governador)
E ESPIRITUAL (Bispado), porém, tinha cerca de 50% (cinquenta por cento) do seu território dentro do Bispado do Maranhão.
No ano de 1755, quando o Bispo do Maranhão acionou o Rei de Portugal através da Mesa da Consciência e Ordens, no sentido de "estabelecer os limites" entre os Bispados do Maranhão, Pernambuco, Pará e São Paulo, essa discussão veio à tona.
Naquela ocasião (1755), o Bispo do Maranhão diz que: "Pertencendo-lhe todo o distrito que é desde o Maranhão até a Fortaleza do Seará, se contentava com o que compreendia desde o simo da Serra da Hybiapaba vertentes ao Ryo da Parnahyba para a parte do Maranhão". (AHU-MA, Cx. 35, Doc. 3528).
A Mesa da Consciência e Ordens, porém, em parecer enviado a "Sua Majestade", alertou sobre a situação dúbia vivenciada pela capitania do Ceará... estava dividida entre dois Bispados (Pernambuco e Maranhão) e era governada, na esfera temporal, pela capitania de Pernambuco:
"E que entrando a ponderar [avaliar] o direito que cada um destes Bispados poderia ter àquele distrito [da Ibiapaba], diria a Vossa Majestade que a posse pacífica estava por Pernambuco, e que sendo Vossa Majestade servido se aplicasse também ao Bispado do Maranhão, em tal caso seria preciso dividir também daquele governo [de Pernambuco], porque estando o seu Bispo no Maranhão e o seu governo com Pernambuco, não se podiam coadjuvar as duas jurisdições [temporal e espiritual], dependendo muito alternativamente uma da outra. Não se podiam também governar os índios [da Ibiapaba], porque a Junta de Missão se havia precisamente compor de Bispos e governadores, e que no Maranhão se resolveria uma coisa por parte dos Bispos, e em Pernambuco outra por parte dos governadores. As partes recorreriam uma ao Bispo, outra ao governador, cada qual instruiria os seus requerimentos com diversos documentos, que naquelas Américas comumente eram falsos, pelo que se persuadia [aceitava] que desta divisão só podia resultar desordens". (AHU-MA, Cx. 35, Doc. 3528). Por João Bosco Gaspar.
Fonte: Livro de Assentos das Juntas das Missões de Pernambuco - Biblioteca Nacional de Lisboa, Portugal.
[o primeiro gado do norte do Ceará].
A introdução do gado vacum nas cercanias da Ibiapaba foi um intento do padre Ascenso Gago.
Por volta do ano de 1694, Ascenso Gago viajou para Pernambuco com o objetivo de requerer a “piedosa liberalidade do El-Rei” através do governo de Pernambuco, para conseguir “alguma esmola para com ela comprar em o Ceará [Fortaleza] 20 ou 30 novilhas para levar para a missão, porque multiplicando estas em aqueles campos que são novos poderiam os religiosos, que ali assistem, sustentar-se da carne, e os couros, que se podiam conduzir ao Ceará, se venderiam para se remediarem das ferramentas necessárias para os índios”.
Em outra ocasião Ascenso Gago ratifica o pedido: “Que V. Majestade deve ser servido que lhe assine terra bastante para nela se plantarem dois currais de gados, que tenha cada um até quatrocentas cabeças de gados. Com cujos rendimentos possam sustentar os padres que assistem no hospício”.
De fato, por volta do ano de 1695, o padre Ascenso Gago “situou alguns gados no Rio Camuci, no lugar hoje denominado “Missão”. Foram os primeiros, diz Ascenso Gago, "que se levantaram naqueles sertões”.
Por volta de 1721, segundo o padra João Guedes, então superior da missão, “eram três fazendas, e opulentas” e no ano de 1759, quando os jesuítas foram expulsos do Brasil, a riquíssima Missão Jesuítica da Ibiapaba contava com quatro fazendas: Imbueira, Missão, Tiaia e Pitinga, que somavam “4.709 cabeças de gado vacum, 470 de gado cavalar e 200 de gado miúdo”.
Fonte: “Documentos Para a História Colonial, Especialmente a Indígena no Ceará”, de Francisco José Pinheiro. Por: João Bosco Gaspar.
Imagens de ilustraçã colhida na Internet.
EM “CARTA ASSINADA E SELADA COM O SELO GRANDE DE MINHAS ARMAS”.
Encontra-se Registrada nos Arquivos de Portugal, na Chancelaria de Dom João V, livro nº 51 às fls. 769 [381], datada de 09 de maio de 1718, a confirmação de Carta Patente, do teor seguinte:
“Dom João, por graça de Deus, rei de Portugal, etc. Faço saber aos que esta minha carta patente de confirmação virem, que tendo respeito a Domingos Machado Freire, e estar provido pelo governador da capitania de Pernambuco, Dom Lourenço de Almeyda, no posto de capitão de cavalos do Distrito da Ribeira do Camosy [Camocim] e das mais povoações desde o Rio Acaracu até a Parnayba da capitania do Ceará, que vagou por deixação que dele fez Miguel de Machado Freire [irmão de Domingos], que não estaria confirmado por mim, e atendendo ao dito Domingos Machado Freire, por ser um dos homens nobres e afazendados daquele Distrito [e por ter] servido no posto de tenente de cavalos, fazendo várias entradas ao gentio bravo, com boa satisfação e zelo do meu Serviço Real, e por esperar dele que da mesma sorte se haverá daqui em diante, em tudo de que for encarregado dele, conforme a confiança que faço de sua pessoa.
Hei por bem, fazer-lhe mercê de o confirmar, como por esta confirmo, no dito posto de Capitão de Cavalos do Distrito da Ribeira do Camosy [Camocim] e das mais povoações até o Rio Acaracu e Parnayba, que vagou por deixação que dele fez Miguel de Machado Freire (...), confirmado por mim, em que fora provido pelo dito governador da capitania de Pernambuco, com o qual não vencerá soldo algum da minha fazenda, mas gozará de todas as honras e privilégios, liberdade, isenções e franquezas que por zelo que ao dito posto lhe tocarem.
Pelo que mando ao meu governador de Pernambuco, conheça o dito Domingos Machado Freire por Capitão de Cavalos do dito Distrito e povoações referidas, e como tal o honre e estime, e o deixe servir e exercitar debaixo da mesma posse e juramento que se lhe deu quando nele entrou, e aos oficiais e soldados da mesma Companhia, ordeno também que em tudo lhe obedeçam e cumpram suas ordens, por escrito e de palavras, como devem e são obrigados; e por firmeza de tudo, lhe mandei esta carta patente de confirmação por duas vias por mim assinadas e seladas com o selo grande de minhas armas.
Dada na cidade de Lisboa Ocidental, aos nove dias do mês de mayo, Dionízio Cardoso Pereira, a fez, no ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Christos de mil e setecentos e dezoito [1718]”.
FONTE: Arquivo Histórico Ultramarino de Portugal – AHU, ano de 1718. Chancelaria de Dom João V, Livro nº 51 fls. nº 769. Por João Bosco Gaspar – pós-graduado em História, Cultura e Patrimônio – Membro do CELDITEC, Comitê de Estudos de Limites e Divisas Territoriais do Estado do Ceará.
Link para confirmação: https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=3882730
DOMINGOS FERREIRA DE VERAS – CORONEL DE ORDENANÇAS DA SERRA DA IBIAPABA, CAPITANIA DO CEARÁ – ANO DE 1720.
“Dom João, por graça de Deus, Rei de Portugal, faço saber aos que esta minha carta patente de confirmação virem, tendo respeito a Domingos Ferreira de Veras, estar provido por Dom Lourenço de Almeida, governador que foi da capitania de Pernambuco, no posto de coronel de infantaria das ordenanças do distrito da Serra da Ibiapaba até o distrito da vila da Parnaíba que criou de novo em virtude de uma ordem minha de vinte de janeiro de 1699 por ser conveniente a meu serviço que nas freguesias do sertão daquela capitania haja capitães-mores e mais cabos necessários que deem auxilio de braço militar para boa administração da justiça; atendendo ao dito Domingos Ferreira de Veras ser um dos homens nobres e afazendados daqueles sertões (...), com o qual fez séquito e alguns vezes guerra ao gentio bárbaro em defesa não tão somente das suas próprias fazendas, mas de outras muitas que há na sua vizinhança, nas quais o dito gentio executou muitas extorsões e hostilidades naqueles moradores por ficarem muito distantes da vila do Ceará havendo-se nestas ocasiões com reconhecido zelo de meu Real Serviço”. Lisboa, 18 de maio de 1720. Fonte: Arquivo Nacional da Torre do Tombo – Portugal – Chancelaria de D. João V, livro nº 52 fls. 757 e verso.
NOTA: Por esse tempo, Domingos Ferreira de Veras já era possuidor da Sesmaria “Salinas”, localizada entre as barras dos rios Igaraçu (braço do Parnaíba) e Camurupim, capitania do Ceará. Foi nessa fazenda das “Salinas” que o ex-governador do Maranhão, João da Maia da Gama, no ano de 1729, em viagem de regresso ao reino, diz ter iniciado a sua “MARCHA PELAS PRIMEIRAS TERRAS DA JURISDIÇÃO DO ESTADO DO BRASIL E DA CAPITANIA DO CEARÁ”. Link para confirmação: https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=3882731 ( por João Bosco Gaspar).
DO CEARÁ, ANO DE 1756. TOTAL DE 6.106 ÍNDIOS ALDEADOS
Consta nos Arquivos do Conselho Ultramarino de Portugal, o registro da Desobriga feita na Missão Jesuítica da Ibiapaba pelo padre João Brewer, no ano de 1756, constatando a existência de 6.106 (seis mil cento e seis) índios aldeados, na maior aldeia indígena do norte do Brasil.
“CERTIFICO eu o padre João Brewer da Companhia de Jesus, visitador do Real Hospício do Ceará e Missões a ele anexas, que visitando no princípio do presente ano [1756] a Missão da Serra da Ibiapaba, me deu o Reverendo padre Rogerio Canísio, Superior da dita Missão, no rol da desobriga do ano passado, casais de índios Tabajaras 869, e de três nações de tapuyos Agoanacés, Guacongoaçus e Fretijus, casais 131, que por todos somam 1.000 casais. Chegando o número das almas de índios a 5.474 e dos tapuyos a 632, somando por tudo as almas atualmente existentes na dita Missão 6.106, não entrando neste número os que andam há anos por fora. E por constar da verdade, passei esta por mim feita e assinada. Real Hospício do Ceará, aos 13 de fevereiro de 1756. (assinado) padre João Brewer”.
Fonte: Arquivo Histórico Ultramarino de Portugal, Capitania do Ceará, AHU-CE, Caixa nº 06, Documento nº 416 – ano de 1756. Por João Bosco Gaspar.
MISSÃO JESUÍTICA DA IBIAPABA, CAPITANIA DO CEARÁ, ANO DE 1756. TOTAL DE 6.106 ÍNDIOS ALDEADOS. Consta nos Arquivos do Conselho Ultramarino de Portugal, o registro da Desobriga feita na Missão Jesuítica da Ibiapaba pelo padre João Brewer, no ano de 1756, constatando a existência de 6.106 (seis mil cento e seis) índios aldeados, na maior aldeia indígena do norte do Brasil.
“CERTIFICO eu o padre João Brewer da Companhia de Jesus, visitador do Real Hospício do Ceará e Missões a ele anexas, que visitando no princípio do presente ano [1756] a Missão da Serra da Ibiapaba, me deu o Reverendo padre Rogerio Canísio, Superior da dita Missão, no rol da desobriga do ano passado, casais de índios Tabajaras 869, e de três nações de tapuyos Agoanacés, Guacongoaçus e Fretijus, casais 131, que por todos somam 1.000 casais. Chegando o número das almas de índios a 5.474 e dos tapuyos a 632, somando por tudo as almas atualmente existentes na dita Missão 6.106, não entrando neste número os que andam há anos por fora. E por constar da verdade, passei esta por mim feita e assinada. Real Hospício do Ceará, aos 13 de fevereiro de 1756. (assinado) padre João Brewer”.
Fonte: Arquivo Histórico Ultramarino de Portugal, Capitania do Ceará, AHU-CE, Caixa nº 06, Documento nº 416 – ano de 1756. Por João Bosco Gaspar.
Criado no ano de 1755 por orientação do Marquês de Pombal, o “Directorio dos Índios” ou “ Directorio Pombalino”, foi direcionado, exclusivamente, ao Estado Colonial do Maranhão, uma das entidades administrativas da América Portuguesa. Somente no ano de 1758, através de um Alvará Régio datado de 17 de agosto, as determinações do “Directorio dos índios” foram estendidas ao Estado do Brasil, sobretudo para serem aplicadas na capitania de Pernambuco e suas anexas = Ceará, Rio Grande e Paraíba.
“Dentre as principais disposições, substituía os missionários por diretores leigos, nomeados pelos governadores, cujas obrigações abrangiam o incentivo à agricultura, à mestiçagem por meio de casamentos mistos e à adoção de hábitos e da língua portuguesa, com o fim de promover a <<civilidade dos índios>>” [01].
“(...) Sendo Sua Majestade servido pelo Alvará com força de Ley de 7 de Junho de 1755, abolir a administração Temporal, que os Regulares exercitavam nos Índios das Aldeas deste Estado [do Maranhão e Grão-Pará], mandando-as governar pelos seus respectivos Principais (...)”. [02].
“(...) Havendo o dito Senhor declarado no mencionado Alvará, que os Índios existentes nas Aldeas, que passarem a ser Vilas, sejam governados no Temporal pelos Juízes Ordinários, Vereadores, e mais Oficiais de Justiça; e das Aldeas independentes das ditas Vilas pelos seus respectivos Principais (...)”. [02].
“(...) Em primeiro lugar cuidarão muito os Diretores em lhes persuadir o quanto lhes será útil o honrado exercício de cultivarem as suas terras; porque por este interessante trabalho não só terão os meios competentes para sustentarem com abundância as suas casas, e famílias; mas vendendo os gêneros, que adquirirem pelo meio da cultura, se aumentarão neles os cabedais à proporção da lavoura, e plantações, que fizerem (...)”. [02].
Em 12 de maio de 1798, o Diretório dos Índios foi abolido nas duas Colônias da América Portuguesa (Brasil e Maranhão) através de uma Carta Régia firmada por Dona Maria I. A figura polêmica do “Diretor dos Índios”, no entanto, não deixou de existir. A escolha do “Diretor”, que era um ato previsto no “Directorio dos Índios”, passou a ser, doravante, uma prerrogativa das Câmaras Administrativas.
Instalada no ano de 1759, logo após a expulsão dos jesuítas do território da Ibiapaba, a notável “Vila Viçoza Real”, teve os seguintes Diretores Indígenas - Período de 1759 a 1814: Diogo Rodrigues (Roiz) Correia; Antônio da Rocha Franco (filho de Pedro da Rocha Franco e de Victoria Rodrigues da Câmara, sobrinha do padre Ascenso Gago); Inácio de Amorim Barros (genro de Antônio da Rocha Franco e dono da Sesmaria Morro da Canastra); Amaro Rodrigues de Souza; padre Bonifácio Manuel Antônio Lelau (vigário colado de Vila Viçosa e dono da Sesmaria do Assimim); Antônio do Espírito Santo Magalhães (casado com a índia tabajara Feliciana dos Reis da Conceição) e Manoel da Silva Sampaio. Essas autoridades foram nomeadas através de cartas-patente firmadas pelos governadores das capitanias de Pernambuco (até o ano de 1799) e do Ceará, respectivamente. Por João Bosco Gaspar.
FONTES: [01] (Diretores/Diretórios dos Índios - Angélica Ricci Camargo) [02] (Trecho do “Directorio dos Índios – ano de 1755) Por João Bosco Gaspar
“(...) 8 de julho de 1656 O Conselho Ultramarino recomenda a El-Rei que em virtude das notícias chegadas a Lisboa e de acordo com o que requisitara André Vidal de Negreiros, ordena que de Pernambuco vão os socorros de que carecer o Ceará, enquanto o Maranhão por falta de cabedal não puder fornecê-los. Esse parecer do Conselho foi aprovado por El-Rei em data de 13 de Julho de 1656. Pode-se, portanto, datar desse tempo a separação do Ceará do governo do Maranhão. Não há carta régia de tal ou tal data determinando que o Ceará ficasse separado do Maranhão, o que houve é o que fica aqui resumido. Impossibilitado o governo do Maranhão de socorrer o Ceará, que estava sob sua jurisdição, decidiu El-Rei a 13 de Julho de 1656 que o socorro lhe fosse ministrado daquela data em diante por Pernambuco, praça muito mais forte e rica e de mais recursos (...)”. Fonte: Trecho do livro “Datas e factos para a história do Ceará" Tomo 1, do Barão de Studart, p. 72.
Por João Bosco Gaspar
"A 4 de junho de 1759, chegam à Aldeia [da Ibiapaba] o Ouvidor de Pernambuco Bernardo Coelho da Gama Vasco com luzido acompanhamento. Vinha para prender e exilar os padres [era Superior o padre Rogério Canísio]. <<Pelas 10 horas da manhã entramos na aldeia da Ibiapaba, freguesia de Nossa Senhora da Assunção; e toda a comitiva, que vínhamos, receberam os dois Reverendos padres da Companhia, com todo amor a caridade >>. Presos e exilados, a Igreja de Nossa Senhora da Assunção foi entregue ao pároco que os veio substituir. A Ibiapaba elevou-se a vila, e grande vila, para o tempo, com 4.800 índios que a habitavam, sem contar os dispersos. Chamou-se Vila Viçosa Real".
NOTA: O padre Rogério Canísio, que por algum tempo foi companheiro de missão do padre Gabriel Malagrida, faleceu nos cáceres de São Julião da Barra, a 6 de Abril de 1773.
Fonte: Trecho do livro "História da Companhia de Jesus no Brasil, Tomo III" do padre Serafim Leite.
Por João Bosco Gaspar
CARTA PATENTE DO ÍNDIO DOM JOSÉ DE SOUSA E CASTRO, CAPITÃO-MOR DA NAÇÃO TABAJARA DA SERRA DA IBIAPABA-CEARÁ. ANO DE 1760. ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO DE PORTUGAL – AHUCEARÁ, CX. 09, DOC. 584. (Transcrição Integral).
“Luís Diogo Lobo da Silva, do Conselho de Sua Majestade Fidelíssima e Comendador da Comenda de Santa Maria da Ordem de Christo, governador e capitão general de Pernambuco, Parayba e demais capitanias anexas [Ceará e Rio Grande]. Faço saber aos que esta carta patente virem, que por quanto se acha vago o posto de capitão-mor da nação Tabajara de Vila Viçosa Real, é dever provê-lo em índio da mesma nação e Vila, e por ser informado da capacidade e merecimento de D. José de Sousa e Castro, de quem espero que daqui em diante procederá conforme a confiança que dele faço, HEY por bem e na conformidade do capítulo 20 do Regimento de governo e Decreto de 14 de abril de 1758, nomear, como por esta nomeio, ao dito D. José de Sousa e Castro no referido posto de capitão-mor da nação Tabajara da Vila Viçosa Real, ficando por esta obrigado a IMPEDIR O USO DA ANTIGA LÍNGUA [tupi] e a desterrar de seus patrícios a ociosidade, com o qual posto não vencerá soldo algum, mas gozará de todas as honras, graças e privilégios que em razão dele lhe pertencerem, pelo que ordeno ao mestre de campo da dita Vila Viçosa, D. Felippe de Sousa e Castro, por tal o receba, honre e estime, e aos seus subordinados que em tudo lhe obedeçam e cumpram suas ordens, como devem e são obrigados. Em firmeza do que lhe passei a presente, por mim assinada e selada com o sinete de minhas armas, que se registrará na Secretaria deste governo. Dada nesta praça do Recife de Pernambuco, ao primeiro dia do mês de setembro do ano de mil e setecentos e sessenta (1760) [assinado] – Luís Diogo Lobo da Silva [governador de Pernambuco e capitanias anexas, Parayba, Rio Grande e Ceará]”.
FONTE: Arquivo Histórico Ultramarino de Pernambuco – AHU-CEARÁ, Caixa nº 09, documento nº 584, ano de 1760 – Registrada em 1782. Por João Bosco Gaspar – Tianguá-CE.
"NEM
O
PADRE ANTÔNIO TROIANO NA CAPITANIA DE SÃO JOZÉ DO PIAUHY. Sendo anexada a capitania de São José do Piauhy ao bispado do Maranhão em 1725, o padre Antônio Troiano, administrador do bispado, veio tomar posse da nova jurisdição espiritual. Escreveu o seguinte:
"mandei designar lugares e benzê-los para se poderem enterrar os que faleciam, pois se estando enterrando junto dos seus currais, de muitos nem os ossos se lhe tem dado ao sagrado".
Fonte: Arquivo Histórico Ultramarino de Portugal. Por João Bosco Gaspar. Imagem de ilustração.
SESMARIA DAS FRECHEIRAS DA LAMA: FAZENDA PACOTY, NAS EXTREMAS DO ESPÍRITO SANTO DE CIMA, NA PARAGEM QUE CHAMAM “OS ATOLEIROS”, DOADA A DIONÍZIO DIAS – ANO DE 1744.
“Registo de hua Carta de Datta e Sexmaria passada a Dionizio Dias. Joao’ de Abreu de Castel Branco do Conselho de Sua Magestade Governador e Capitam General do Estado do Maranham [sinal público]. Faço saber aos que esta minha Carta de Datta e Sexmaria virem que Dionizio Dias me Reprezentou que elle havia povoado com gado vacum e cavalar a fazenda chamada pacoty, e porque dellas nao’ tinha titulo me pedia fosse Servido consederlhe em nome de Sua Magestade por Datta e Sexmaria tres Legoas de terra de comprido e hua de largo pegando nas estremas do Espirito Santo de sima correndo para a boca da mata da agoa fica fazendo peâo na paragê a que chamao’ os atoleiros Legoa e meya para sima e Legoa e meya para baixo, ficando o dito seu citio pacoty incluhido na mesma terra com todas as pontas e abras, que se acharem; ao que attendendo e a informaçao’ do Provedor Mor da Fazenda Real, e Ser em utilidade da mesma fazenda Curtivarense as terras neste Estado. Hey por bem consederlhe Legoas de terra de comprido, e hua de largo na forma que pede com as confrontacoens Referidas e condicoens expressadas nas Reaes ordens, e com a de naó fazer traspasso por meyo algum em nenhum tempo a pessoa alguma Religiao’ ou Comunidade sem primeiro dar parte na Caza da Fazenda ao Provedor Mor della para se me fazer prezente e ver se se deve ou naó Consentir no tal traspasso sub pena de ficar nulla esta Datta, e Se poder conseder novamente a outrem; e nesta forma se lhe passa sua Carta para que o dito Mathias Dionizio Dias haja, Logre e possua a dita terra como couza sua propria para elle e todos os seus herdeiros ascendentes, e descendentes Sem pençao’ nem tributo algum’ Mais que o Dizimo a Deos Nosso Senhor dos frutos, que nelas houver, e Lavrar: a qual concepçao’ lhe faço naó projudicando a treceyro, nem a Sua Magestade e Se no dito Citio quizer mandar fundar alguma villa Rezervando os paos Reais que nellas houverem para embarcaçoens, com declaraçao’ que mandará com firmar esta Datta por Sua Magestade dentro dos tres annos primeiros Seguintes; E cultivará as ditas terras de modo que dem fruto, e dará caminhos publicos, e particulares onde forem’ nesessarios para pontes, fontes, portos e pedreiras e se demarcará ao tempo da posse por humo de corda e braças craveiras, como hé Estillo e Sua Magestade manda: e havendo nas terras aqui concedidas Rio navegavel que nesessite de Canoa para atravessar ficarâ Reservada meya Legoa de terra de hua das margens para o uso publico: e outro Sim nao’ poderao’ suceder nellas Relligioens, nem outras pessoas Eccleziasticas, por nenhum titulo que Seja, e acontecendo possuhilas Será com o emcargo de pagar dellas [Dízimos] como Se focem possuhidas por secullares: e faltando a [qualquer] destas clauzulas se haverao as ditas terras por devolutas, E se darao’ a quem as denunciar, como o dito Senhor ordena. Pelo que mando ao Provedor da fazenda Real, e mais Menistros e pessoas a que tocar que na forma Referida deixem ter, e pessuhir as ditas terras ao dito Dionizio Dias como couza sua propria para elles e todos os seus herdeiros ascendentes, e descendentes; Cumprao,’ e goardem esta minha Carta de Data tao’ inteiramente como nella Se contem a qual lhe mandey passar por mim aSignada e Sellada com o Sinete de minhas armas que se Registará onde tocar, e Se passou por duas Vias. Dada na cidade de Sao Luiz do Maranham’ aos vinte e dous dias do mez de Setembro Anno do Nascimento de Nosso Senhor JESUZ Christo de mil sette Centos quarenta e quatro E eu Jozé Gliz da Fonca ssecretario do Estado afiz escrever”. Fonte: Livro de Registro de Datas e Sesmaria do Estado do Maranhão, nº 12, fls. 96, Título nº 116. Por João Bosco Gaspar.
RIO CAMURUPIM, PRAIA DE MACAPÁ, EM LUÍS CORREIA PIAUÍ - FOI DADA EM SESMARIA A THOMAZ FERREIRA DE VERAS, PELO CAPITÃO MOR DO CEARÁ NO ANO DE 1733.
“Leonel de Abreu e Lima, professo na Ordem de Cristo, capitão maior da capitania do Siará-Grande e governador da Fortaleza de Nossa Senhora da Asunção, por Sua Majestade, que Deus o guarde etc. Faço saber aos que esta minha Carta de Data e Sesmaria virem, que a mim representou em sua petição o sargento-mor Thomaz Ferreira de Veras, cujo teor é o seguinte: Diz o sargento-mor Thomaz Ferreira de Veras, morador na ribeira da Ubatuba, termo da vila de Nossa Senhora da Assunção da capitania do SiaráGrande, que ele suplicante se acha falto de terras para nelas criar seus gados vacum e cavalares, e porque tem notícias de um riacho que se foi pedido e se acha deserto, e prescrito sem criar, e sem pagar dízimos a sua Majestade há muitos anos, cujo riacho chamado Camurupim nasce na serra da Ibiapaba e mete por si no mar, e nele pede o suplicante lhe concede três léguas de terras de comprido e uma de largo pelo dito riacho acima (...)”. NOTA: O território da Freguesia da Amarração (Luís Correia), conquistado por Ordem Real com as armas do Ceará entre os anos de 1699 e 1702 através do Coronel Leonardo de Sá, foi trocado pelo território piauiense da comarca de Príncipe Imperial (Crateús) no ano de 1880. Thomaz Ferreira de Veras, primeiro proprietário daquelas terras, foi o sogro do mestre de campo Diogo Alves Ferreira, construtor da Igreja de Nossa Senhora do Rosário das Frecheiras da Lama, em 1781. Fonte: livro de Datas e Sesmarias do Ceará, volume nº 12, documento nº 56, ano de 1733. Foto: Foz do Rio Camurupim, praia de Macapá, em Luís Correia-PI. Por João Bosco Gaspar.
AUTOS DO PEDIDO PARA CONSTRUÇÃO DA IGREJA DAS FRECHEIRAS DA LAMA - ANO 1781 - EXTRAÍDO DOS ORIGINAIS DO BISPADO DO MARANHÃO.
AUTUAÇÃO NA CÂMARA ECLESIÁSTICA: “Ano de 1781 – Autos de Criação da Capela de Nossa Senhora do Rosário – Diogo Alves Ferreira. Câmara Eclesiástica – Autuamento. Ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil setecentos e oitenta e um [1781], ao primeiro dia do mês de maio, nesta cidade de São Luís do Maranhão, em escritório de mim escrivão adiante nomeado, autuei aqui bom e fielmente na forma de estilo, uma petição do mestre de campo Diogo Alves Ferreira, morador na Parnahyba, com despacho do Reverendíssimo Senhor Doutor Vigário Geral e Governador do Bispado, João Duarte da Costa, o qual é o que se segue adiante e se vê, para efeito de ERIGIR o dito mestre de campo uma capela a Nossa Senhora do Rosário na sua fazenda (...). Do que para constar fiz este autuamento, eu o cônego José Bernardes de França, o escrivão da Câmara Eclesiástica que assino”.
PETIÇÃO DO MESTRE DE CAMPO DIOGO ALVES FERREIRA: “Diz o mestre de campo Diogo Alves Ferreira, que em uma das suas fazendas chamada Nossa Senhora do Rosário do Pacoty, da freguesia de Nossa Senhora do Monte do Carmo [da Piracuruca], da V. [Vila] de São João da Parnahyba deste Bispado [do Maranhão], pretende pelo cordial afeto com que venera o soberano título do Rosário, ERIGIR uma capela dedicada a mesma Senhora, para assistir aos ofícios divinos e a celebração do Santo Sacrifício da Missa, com demais fiéis (...) que se acham espalhados na extensão daquela freguesia, e também para serem ENTERRADOS, por lhes ficar a Matriz [da Piracuruca] 20 léguas de distância, e para a V. [Vila] da Parnahyba 15, e 10 para a capela de Nossa Senhora dos Remédios [do Buriti dos Lopes], e como o suplicante não pode fazer a dita capela sem licença do ordinário”.
TERMO DE VISTORIA “IN LOCO” DO IMÓVEL – EM 1781 NÃO HAVIA CAPELA ALGUMA CONSTRUÍDA NAS FRECHEIRAS. “Termo de Vistoria. Aos dez dias do mês de outubro de mil setecentos e oitenta e um [1781], na fazenda de Nossa Senhora do Rosário do Pacoty, distrito da Vila de São João da Parnahyba, do Bispado do Maranhão, aonde foi vindo o Reverendo Vigário da Vara João Raimundo de Moraes Rego, comigo escrivão adiante nomeado, estando ali foi mostrado ao Reverendo Vigário pelo mestre de campo Diogo Alves Ferreira, o LUGAR EM QUE ESTE PRETENDE ERIGIR uma capela dedicada a Virgem Nossa Senhora com o título do Rosário, o qual LUGAR [da construção], sendo pelo sobredito Reverendo Ministro, VISTO E EXAMINADO, e achou ser decente, honesto, livre de umidades e finalmente capaz de nele SE ERIGIR O DITO TEMPLO, e é na entrada do dito sítio aonde assiste o referido mestre de campo, DISTANTE de sua casa de moradia CINQUENTA braças pouco mais ou menos. Do que para constar, mandou o mesmo Reverendo Vigário da Vara, fazer este termo, eu que assino, e eu, Manoel Pires Ferreira, escrivão comissário por falta do atual”.
TERMO DE AVALIAÇÃO DO PATRIMÔNIO DA CAPELA – VINTE VACAS PARIDEIRAS: “Aos onze dias do mês de outubro de mil setecentos e oitenta e um [1781], em a fazenda de Nossa Senhora do Rosário do Pacoty, onde foi vindo o Reverendo Vigário da Vara João Raimundo de Moraes Rego, comigo escrivão por comissão adiante nomeado, e sendo ali apareceram presentes José Gonçalves da Cruz e José Pereira Montaldo, pessoas conhecidas como os próprios, de que faço menção, aos quais notifiquei por ordem do mesmo Reverendo Ministro para AVALIADORES do rendimento do patrimônio que fez o mestre de campo Diogo Alves Ferreira para a capela QUE PRETENDE ERIGIR [não havia capela], de vinte [20] vacas situadas no mesmo corpo da fazenda sobredita de Nossa Senhora do Rosário do Pacoty, e sendo deferido o juramento dos Santos Evangelhos, pelo mesmo Reverendo Vigário da Vara aos ditos avaliadores, encarregando-lhes que avaliassem segundo entendem em suas consciências, o que poderão render as referidas vinte [20] vacas em cada ano. Pelos mesmos avaliadores foi dito que julgavam pela experiência que tinham de criar gados há muitos anos, que as ditas vinte [20] vacas poderão render livremente mais de seis mil reis em cada ano. E de como assim o disseram, mandou o Reverendo Vigário da Vara lavrar este termo e que assinaram comigo os ditos avaliadores e eu, Manoel Pires Ferreira, escrivão”.
Fonte: Autos de autorização para a construção da capela de Nossa Senhora do Rosário, feito pelo mestre de campo Diogo Alves Ferreira e sua esposa Francisca Tomazia Ferreira de Veras, no ano de 1781, junto a
Câmara Eclesiástica do Bispado do Maranhão. Arquivo de João Bosco Gaspar – pós-graduado em História, Cultura e Patrimônio. Tianguá-CE.
Todos sabem que a “Balaiada” foi uma revolta popular ocorrida nas províncias do Maranhão, Piauhy e Ceará, entre os anos de 1838 a 1841, que culminou com a morte de cerca de 15 mil rebeldes. As interrogações, porém, giram em torno dos objetivos de tal revolta. O que buscavam os balaios? O fim da escravidão? O fim da monarquia? Era de movimento de cunho separatista? Lutavam para estabelecer um governo popular?...
Mathias Assunção (em João Paulo Peixoto Costa) caracteriza o conflito como uma “guerra de resistência do campesinato contra o recrutamento arbitrário e os abusos de uma elite que se considerava branca e superior”. De fato, o exército “Balaio” era composto, basicamente, por “descendentes de indígenas, outros são de cor mixta, a que chamam cabras, e alguns negros fugidos de seus senhores” (palavras do governador do Ceará).
João Paulo Peixoto Costa, em “ANTES AS ARMAS QUE O JUGO: OS ÍNDIOS DO CEARÁ NA BALAIADA”, afirma que: “A revolta era social e etnicamente heterogênea, envolvendo amplamente a população cabocla do interior dessas duas províncias, além de índios, negros escravos e forros, brancos pobres, vaqueiros, camponeses e, em território piauiense, significativa participação de fazendeiros contrários ao barão de Parnaíba, que estava à frente do governo do Piauí desde a independência” (59).
Pois bem... Frecheiras da Lama, florescente povoação localizada no termo da Vila de São João da Parnaíba, o mais importante reduto da Balaiada na província do Piauhy, é um caso que carece mais reflexão... Frecheiras da Lama conseguiu unir os dois extremos do mesmo conflito: os explorados e os exploradores, os escravos e os seus senhores. Os líderes balaios das Frecheiras, Domingos Ferreira de Veras, José Alves Ferreira de Veras, Antônio de Almeida Portugal, José Benedito Ferreira de Veras e seus coadjutores, Lívio Lopes Castello Branco e Silva e Antônio de Sousa Cabral, intitulado “Animoso”, representavam a elite agrária e a classe dominante do norte do Piauí. Domingos Ferreira de Veras, por exemplo, neto do mestrede-campo Diogo Alves Ferreira e de Francisca Thomázia Ferreira de Veras, fundadores das Frecheiras da Lama e edificadores da belíssima Capela de Nossa Senhora do Rosário (em 1781), foi um rico latifundiário e senhor de muitos escravos; Antônio de Almeida Portugal, cunhado de Domingos, foi, também, possuidor de dezenas de propriedades e senhor de muitos escravos. Por João Bosco Gaspar.
(Série - Balaiada).
“Em 1840 as forças dos Balaios acamparam-se em trincheiras no Piauhy sendo patrocinadas por Domingos Ferreira de Veras que tinha ali sua residência e era de grande influência política (...). Nesse interim os Balaios assaltaram a fazendo Curral Grande [termo de Granja], prenderam a Francisco Elias Fontenele e levaram-o para Frecheiras [da Lama]. Aí negociou ele o seu resgate com Domingos Ferreira de Veras que obrigou-se a mandar deixa-lo em Curral Grande por um cabo de sua escolta, mulato de confiança conhecido por muitas bravezas e perversidades. Depois de dezesseis léguas de viagem Francisco Elias Fontenele chegou em Curral Grande onde assassinou o cabo que devia voltar com o preço do seu resgate da seguinte maneira: Por ocasião do almoço em que os dois sentaram-se a mesa, um dos escravos do Chico Elias apresentou um queijo de grande tamanho para os servir, e como não houvesse faca a mesa para o partir, Francisco Elias pediu ao soldado o seu facão, o qual nada suspeitando entregou-o prontamente. Desarmado o cabo, os soldados de Chicos Elias que estavam escondidos a espera do desejado momento agarraram-o e Francisco Elias com a mesma arma varou-lhe o coração”. Por: Vicente Martins, RIC, ano de 1912.
Por João Bosco Gaspar
ÍNDIOS DA IBIAPABA NAS FRECHEIRAS DA LAMA – 60 CASAIS DE ÍNDIOS SE UNEM AO LÍDER DOMINGOS FERREIRA DE VERAS (Série: Balaiada).
“Abandonados os indígenas a si mesmos, desconsiderados no regime de suas aldeias, opressos, e sempre lesados em seus contratos pela maior esperteza dos da nossa raça; estão desgostosos de sua posição social e suspiram pelo antigo regime; excitando-os esta disposição a tomar o partido da rebelião; como ultimamente sucedeu com grandíssimo numero dos índios de Villa Viçoza, que desertaram da Povoação de São Pedro [de Ibiapina] com suas famílias em numero de mais de 60 cazaes, para se reunirem aos rebeldes das Frecheiras [da Lama, termo da vila da Parnaíba, província do Piauhy], abandonando suas cazas, e lavouras, das quais algumas se achavam em estado esperançozo. Julgo, que por analogas rasões eles se aliaram com os partidos rebeldes no Maranhão, e no Pará, prestando os seus serviços aos inimigos da ordem, e da paz do Império com extrema perseverança e contínuos sofrimentos e privações”.
Fonte: Trecho do Relatório do Presidente da Província do Ceará, apresentado na Assembleia Legislativa, em data de 01 de agosto de 1840.
NOTA: A Igreja de Nossa Senhora do Rosário das Frecheiras da Lama (Cocal-PI) foi construída no ano de 1781 pelo casal, Diogo Alves Ferreira (português) e Francisca Tomazia Ferreira de Veras (Granja-Ceará). Diogo e Tomazia são os avós de Domingos Ferreira de Veras (o novo), líder dos "Balaios" no norte do Piauí entre os anos de 1839 a 1841.
Por João Bosco Gaspar
A BALAIADA NO PIAUHY - AS DUAS DERROTAS DE DOMINGOS FERREIRA DE VERAS - 1839 -1840. Série-Balaiada.
O abastado fazendeiro Domingos Ferreira de Veras (o novo), um dos herdeiros do grande cabedal deixado pelos “de cujus” Diogo Alves Ferreira e Thomázia Ferreira de Veras, seus avós, pagou um alto preço por liderar na florescente povoação das Frecheiras, termo da Vila de Parnaíba, o malogrado “Movimento da Balaiada”, uma revolta popular ocorrida nas províncias do Maranhão, Piauí e Ceará, entre os anos de 1839 e 1841.
A notável povoação das Frecheiras, cujo orago é Nossa Senhora do Rosário, possui um dos templos mais belos do norte do Piauí, licenciado para construção no ano de 1781, a pedido do mestre de campo Diogo Alves Ferreira e sua esposa. Como é sabido, Diogo e Thomázia, estão inclusos no rol dos colonizadores luso-pernambucanos estabelecidos na povoação da Caiçara (Sobral), na primeira metade do século XVIII. Pois bem.
Se foi, da antiga povoação da Caiçara (Sobral) que vieram os edificadores da florescente povoação das Frecheiras, foi, também, da Caiçara, que veio o “castigo” para punir a rica povoação piauiense e seu filho amotinado, pela desastrosa adesão ao movimento da balaiada. Procedem da Caiçara os dois líderes militares que imprimiram as maiores derrotas ao povoado rebelde, o coronel Joaquim Ribeiro da Silva e o capitão Joaquim Ferreira de Sousa Jacarandá. Esses dois homens tornaram-se os algozes de Domingos Ferreira de Veras, o líder rebelde que “simbolizava” a povoação das Frecheiras, o maior reduto dos balaios no norte do Piauí.
A narrativa da primeira invasão das Frecheiras, ocorrida em agosto de 1839, é do próprio Domingos:
“Diz Domingos Ferreira de Veras, morador na província do Piauhy e de presente existente nesta Villa [Granja], que para bem de seu direito se lhe faz preciso justificar os itens seguintes: 1º - que o suplicante em dias de agosto mais ou menos de 1839, por motivos políticos, teve de retirar-se fugitivo, ele e seu falecido pai, de suas moradas nas Frexeiras, termo do Piauhy, por notícias de vir prendê-lo uma tropa comandada por Joaquim Ribeiro da Silva, como veio. 2º - que tendo o suplicante e seu falecido pai deixado caseiros em suas moradas para guarda do que nela deixavam, viram-se os mesmos caseiros na dura necessidade de abandonarem as casas do suplicante e de seu falecido pai, deixando dentro das casas à discrição da tropa ou antes do seu comandante, mantimentos, roupas, ouro, prata, louça, vidros e mais trastes de sua serventia, ficando além do mais 600$00 que tinha o suplicante dentro de um baú de roupa, todo em moeda de prata. 3º - que logo que entrou nas Frexeiras o mencionado Joaquim Ribeiro com a tropa de seu comando, foram roubadas não só as casas do suplicante e de seu falecido pai, como todas as mais que existiam naquele lugar. 4º - que na retirada, o mencionado Joaquim Ribeiro levou das fazendas do suplicante e do seu falecido pai muitas reses, assim como varias cavalgaduras, entrando um ou dois machos. Pede ao Sr. Juiz municipal se digne admitir o suplicante a justificar o deduzido na petição e receberá a mercê. Autuada, justifique. Granja, província do Ceará (assinado) Domingos Ferreira de Veras” Como é sabido, Domingos Ferreira de Veras e seu pai José Alves Ferreira de Veras, evadiram-se da fazenda das Frecheiras antes da chegada do coronel Joaquim Ribeiro, evitando, assim, a prisão. Os líderes balaios fugiram para o Ceará e foram acolhidos na fazenda do tenente-coronel João Porfírio da Motta, chefe da Guarda Nacional da Villa de Granja. Após a morte de José Alves Ferreira de Veras (pai de Domingos), ocorrida durante o seu exílio na Granja, Domingos Ferreira de Veras volta aos campos das Frecheiras para apoiar a causa dos balaios, e mais uma vez, o braço armado da província do Ceará, através do capitão Joaquim Ferreira de Sousa Jacarandá, pesou sobre os ombros do herdeiro das Frecheiras. Vejamos: “O tenente-coronel, viu entrar nesta vila [Viçosa], coberto de louros, hoje [14 de outubro de 1840] pelas seis horas da manhã, a coluna que sob o comando do capitão Joaquim Ferreira de Sousa Jacarandá, havia seguido os séquitos dos rebeldes Antônio de Sousa Cabral, intitulado “animoso”, e Domingos Ferreira de Veras. E para que reconheçam os serviços que essa coluna acaba de prestar em favor do Trono de Sua Majestade Imperial, passa o tenente-coronel a descrevê-los: Depois de caminhar 7 léguas, que se contam da Lagoa Cocal, as fazendas de José Alves, no município de Parnaíba, província do Piauí, encontrou os rebeldes em um Olho d’Água, nas matas (...); e ali começou um regíssimo fogo de ambos os lados, tornando-se renhida a questão, por três quartos de hora, mas a coluna do capitão Jacarandá ganhou o
campo inimigo, tendo um soldado morto, um cabo e quatro soldados feridos gravemente, e um soldado levemente. Do inimigo, 14 rebeldes mortos, bem como um prisioneiro, dez mulheres, quatro meninos, um escravo e uma escrava, ambos velhos, do finado José Alves Ferreira de Veras [pai de Domingos Ferreira de Veras]. O capitão Jacarandá tomou toda a bagagem do inimigo, que se compunha de 58 cavalgaduras, muitas cangalhas, grande número de caçuás de couro, algumas selas velhas, algum chumbo e balas, um caçuá de arroz e outro de feijão, um clavinote, um bacamarte, cinco clavinas e duas cargas de sal (...). Teve ainda um tiroteio pequeno, que muito concorreu para o completo debandamento dos rebeldes, pois que os dois infames chefes, [Domingos Ferreira de] Veras e [Antônio de Sousa] Cabral, aconselharam ao restante das pessoas que os acompanhavam, procurassem seu rumo (...)”.
Dessa vez, Domingos Ferreira de Veras preferiu fugir para o Maranhão, “atravessando o rio Parnaíba após mandar furtar novo cavalo; seguiu da fazenda das Almas distante do Longá oito léguas”. Fontes: Justificação Judicial da comarca de Granja-CE e HDB-BNRJ. Por João Bosco Gaspar.
1839 – OS “BALAIOS”, SOB A LIDERANÇA DE DOMINGOS FERREIRA
DE VERAS, INVADEM A FAZENDA CURRAL GRANDE, EM GRANJA-CE.
“No logar denominado Curral Grande, duas leguas distante da actual povoação de Ubatuba, as tropas de Granja, cerca de vinte soldados e muitos moradores armados, todos chefiados pelo tenente Francisco Elias Fontenelle tiveram um conflicto com as forças dos Balaios, resultando serem rechassados por estes e levados prisioneiros para Frecheyras, todos os vencidos (...). No conflicto morreu João Galdino da Silva, morador na Fazenda Passagem da Itaúna, que se batia pelas forças legalistas contra os Balaios (...). Fonte: RIC ano 1915 fls. 37/38. Foto: imagem de ilustração colhida na Internet. Por João Bosco Gaspar.
REVOLTA DOS BALAIOS - 1840 - O ÍNDIO TABAJARA, CAPITÃO SIMÃO, MANDA QUEIMAR OS PAPÉIS DO CARTÓRIO DE VILA VIÇOSA, NA SERRA DA IBIAPABA.
“Aquele bruto invadiu o cartório da vila, e, de cócoras em cima da mesa do escrivão, deu ordem a seus soldados para lançarem fogo a toda aquela papelada! O escrivão, aflito, lhe suplicou: Capitão, não me faça este mal; vivo destes livros e autos; extraio deles certidões, ganhando para meus filhos... — Não, não! lhe retorquiu o bárbaro. E, voltando-se para a sua gente, lhe disse: Queima, queima tudo; aí é que está a velhacada!". Fonte: Trecho do livro “Ceará – Lado Cômico” de João Brígido, editora L. C. Choloviecki, Fortaleza, Ceará, publicação de 1899, pg. 179. Imagem de ilustração colhida da Internet.
1840 – OS BALAIOS
INVADEM
O TERRITÓRIO DE VIÇOSA DO CEARÁ.
Série-Balaiada. “Em Frecheiras [Piauí] estiveram acampados talvez 1.000 rebeldes, destes saíram uns 200, que vieram à Serra Grande, e aí causaram muitos estragos. Estiveram aqui no Brejo [dos Pacheco], chegaram a S. Benedito, e estiveram perto de Viçosa. O Sr. João Pacheco, estando à mesa com sua senhora e mais outra mulher, recebeu uma descarga de cinco tiros; a mulher levou uma bala no peito, e disso veio a morrer, a outra foi também baleada mas não morreu, e o Sr. Pacheco ficou ileso. Estava com uma pequena força legal e com ela sustentou um fogo, continuando até anoitecer, em que pode fugir. Os rebeldes faziam fogo por detrás duma moita de cajueiros, de maneira que não se viam; e só se sabiam que ali estavam pelo fogo que faziam. (...) Concentrados [estes que por aqui andavam] em Frecheiras, aí foram atacados e derrotados, e se dispensaram (...)”. Trecho do livro “Diário de Viagem de Francisco Freire Alemão”, p. 382. Foto: Imagem colhida na Internet, ilustração.
Você sabia que o causador dessa confusão relacionada aos limites entre o Ceará e o Piauhy foi o Senador Cândido Mendes de Almeida?. Derrotado nas votações da Câmara e do Senado pelos parlamentares cearenses, Cândido Mendes de Almeida declinou das suas pretensões de anexar parte da Ibiapaba ao Piauhy, e mudou radicalmente seu discurso... Na Sessão do dia 23 de Setembro de 1880, antes da aprovação do Decreto Imperial nº 3012, Cândido Mendes de Almeida disse o seguinte:
“(...) houve quem temesse que parte da grande chapada da serra que vai do contra-forte de São Gonçalo dos Côcos ao mar, podia ser absorvida ou conquistada pelo Piauhy! Parece incrivel que se pudesse enraizar uma tal crença, tratando-se apenas, Sr. presidente, de um ponto na linha geral, do território de uma comarca – a do Príncipe Imperial (...)”. (Annaes do Senado do Império do Brazil, ano de 1880, Tomo 6, p. 315).
Na mesma fala, o Senador Cândido Mendes de Almeida acrescenta:
“Desta sorte, sinto repetil-o, terrenos ao occidente da serra ficarão sob domínio do Ceará”. (Annaes do Senado do Império do Brazil, ano de 1880, Tomo 6, p. 315).
O Decreto Imperial nº 3.012 de 28 de outubro de 1880 que estabeleceu, parcialmente, a fronteira entre as províncias do Ceará e do Piauhy, não é fruto da vontade soberana do Imperador dom Pedro II, como já foi dito. Ele nasceu nas casas legislativas do Império do Brasil – Câmara e Senado – como resultado de um acordo feito entre os representantes (deputados e senadores) das províncias do Ceará e do Piauhy. Naquela ocasião (1880) a província do Ceará era representada por 4 senadores e 8 deputados, e a província do Piauhy por, apenas, 1 senador e 3 deputados (critério populacional).
Esse Decreto surgiu a partir de uma proposição apresentada na Câmara dos Deputados no ano de 1879, pela qual a província do Piauhy procurava anexar ao seu território a faixa litorânea localizada entre as barras dos rios Timonha e Igarassu (braço do Parnaíba, historicamente pertencente ao Ceará), o que acarretou no desarquivamento e discussão de outra proposição apresentada na mesma Câmara dos Deputados no ano de 1827, proposição essa que tratava da troca de territórios entre as províncias do Ceará e do Piauhy.
Como fruto de um acordo celebrado entre vizinhos, foi discutido, emendado, votado e aprovado na Câmara e no Senado, obedecendo todas as etapas estabelecidas pelos regimentos das duas casas legislativas.
Antes, porém, em total respeito à “soberania dos povos envolvidos”, o projeto foi submetido ao “crivo popular”, ou seja, os cidadãos dos territórios de Príncipe Imperial (Piauhy) e da freguesia de Amarração (Ceará) foram devidamente consultados.
Por João Bosco Gaspar - pós-graduado em História, Cultura e Patrimônio - Tianguá-CE
DESCRIÇÃO DE VILA VIÇOSA REAL FEITA POR FREIRE ALEMÃO EM 1860:
“A vila, que não há muitos anos era quase toda de palhoças e habitada por Caboclos, é hoje toda de casas de telha e habitadas por gente branca; os caboclos habitam nos arredores em palhoças. Sua área é espaçosa, o quadro grande, e tem mais duas praças boas; mas ainda não de todo guarnecidas de casas; as ruas são alinhadas e largas, mas ainda com poucas casas, que são todas térreas, pequenas, de telhavã, e ladrilhadas, tendo na frente pela maior parte, calçadas, de tijolo ou pedra. São todas caiadas com tabatinga, as paredes de taipa, exceto duas o três que as têm de tijolo; há uma casinha de sobrado, e de bom aspecto (janelas do sobrado envidraçadas) que pertence ao vigário, Padre Beviláqua. Algumas casas têm as portas pintadas, como a em que está o juiz-de-direito. Nós estamos aposentados num casarão, que já serviu de Câmara Municipal. Ao pé da igreja se vê a área, e ainda os alicerces do Colégio dos Jesuítas, que serviu depois de residência aos vigários, e enfim por desmazêlo o deixaram arruinar-se; e o abandonaram à rapacidade. Quem queria ia lá buscar materiais para suas obras. A igreja é um bom edifício; do tempo dos Jesuítas só resta a Capela-mor, com retábulo, e o teto pintado, e imagens antigas; existe mais a torre, que é sòlidamente edificada, a porta, e portada de pedra da frente. O corpo da igreja ameaçando ruir foi arreado o teto, e provisoriamente coberto de palhas de palmeira, e por ocasião duma festa, incendiado por um foguete, escapando a capela-mor, pela rapidez do incêndio. Levantou-se nova igreja, conservando a capela-mor e a torre dos Jesuítas; a nova casa é bem construída, e ampla, com duas ordens de arcos maiores. A sacristia é também do tempo dos Padres da Companhia. Parece que o templo era assoalhado; hoje está todo ladrilhado. Pedi ao padre vigário que conservasse quanto pudesse as relíquias dos Padres Jesuítas. O chão da vila não é bem horizontal, tem declive suave, da frente da igreja para o sul, e a praça é desigual e cheia de buracos, cavados pelas chuvas. Os víveres ainda que não muito abundantes são cômodos. Não há verduras pela negligência do povo. Ontem comemos aqui pela primeira vez couves que nos mandou o Tenente-Coronel Magalhães. A fruta abundante é a banana de várias qualidades. Há bastantes laranjeiras mui frondosas, carregadas de fruto, mas é pequeno e azedo; asseveram-nos porém que depois das primeiras águas se fazem doces. Há ananases, cajus, etc. Ontem vimos algumas plantações de café. de má aparência, mas estavam mui floridos”. Trecho do livro “Os Manuscritos do Botânico Freire Alemão” de 1860, p. 329. Desenho da época (Vila Viçosa) feito por Freire Alemão, atualmente na BNRJ. Por João Bosco Gaspar.
DE BARROCÃO A TIANGUÁ... 134 ANOS DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA.
Em virtude da Provisão de 27 de novembro de 1886, D. Joaquim José Vieira, então Bispo do Ceará, criou o Curato de Santana da Ibiapaba, no povoado Barrocão, hoje Tianguá. Este ato de D. Joaquim deve-se ao capitão João Batista Leal que fundou o povoado e implantou a vida religiosa. Mas antes residiu em Viçosa do Ceará, onde ocupou cargos públicos de vereador, presidente da Câmara, juiz de Paz, membro da Junta Revisora Eleitoral, suplente de juiz municipal e fiscal da Câmara no lugar Frecheiras.
João Batista Leal via sempre, ao passar por Barrocão, terras férteis com seus grandes baixios sem cultura e terras devolutas. Idealizou abandonar o emprego e apossá-las para cultivá-las em criação de gado. Construiu casas para sua família e seus dois filhos casados, Manoel e Antônio. Entre elas, edificou um salão de paredes de barro, coberto de palha de babaçu, não para festas mundanas, mas religiosas. Nele colocou um nincho com a imagem de Sant’Ana de cuja era grande devoto. Cotidianamente, ao cair da tarde, depois do trabalho, Batista Leal reunia no salão toda sua família.
Rezavam o rosário e cantavam a ladainha da mãe de Deus. Aos domingos lia trechos da Bíblia. Na antevéspera do dia de Sant’Ana, festejava a data com novena, leilões. Reunia grande número de fiéis para homenagear Sant’Ana. Uns construíam barracas para a festa, outros faziam negócios. Em breve Barrocão tornou-se um povoado. Em 1886 encontrava-se na Paróquia de Viçosa do Ceará D. Joaquim José Vieira, então Bispo do Ceará, que fazia visita pastoral. Ao terminar a visita passaria por Barrocão com destino a Paróquia de São Pedro de Ibiapina.
No dia marcado a família Batista Leal convidou todo o povo das terras circunvizinhas para homenagear o Bispo. D. Joaquim visitou o salão, viu a imagem e prometeu que logo ao chegar à Cúria lavraria Provisão, criando ali o Curato e tomaria Sant’Ana como patrona. O padre José Tomaz de Albuquerque, um missionário, construiu a capela e cemitério. Em breve, Barrocão tornou-se um povoado próspero, transformando-se então em distrito de paz e policial, tendo por limites o rio Quatiguaba e Taperacima. Por Decreto nº 33 de 31 de julho de 1880 passou ao status de vila com o nome de Barrocão e com o Decreto nº 62 de 9 de setembro do mesmo ano, tomou o nome de Tianguá.
Edgard Bezerril Fontenele.
Texto extraído das cartas inéditas escritas em latim pelo jesuíta João Antônio Andreoni (Cartas Annuas de 1714-1716 e 1721).
Narra o padre Andreoni, que a revolta indígena levantada entre os anos de 1712-1719 e que ficou conhecida como a <<Revolta dos Tapuyos>>, “exigiu constante sacrifício dos padres residentes na povoação de Ybiapaba com os índios domesticados, e lhes fez correr grande perigo”. PROSSEGUE o padre Andreoni, relatando os fatos ocorridos depois do assassinato do mestre de campo Antônio da Cunha Souto Maior, levado a efeito pelo <<bando de Mandu Ladino>>: “Estes mataram à traição em [rio] Parnahyba o comandante dos soldados que os tratava mal e não lhes pagava o soldo, como também assassinaram a mulher do comandante em chefe, tendo posto em fuga os soldados e sentinelas das fortificações, e matando de manhã cedo os que encontravam indefesos; apoderando-se das armas, pólvora, balas e de quase trezentas espingardas. Esta presa levantou os ânimos guerreiros dos tapuyos, acostumados a antes combater (...) com armas desiguais, servindo-se do arco e da flecha, e assim tendo tirado a estes o seu melhor meio de defesa, resolveram assaltar a povoação de Ybiapaba, a maior de todas naquela região, e confiada à administração dos nossos padres”. PROSSEGUE A NARRATIVA: “Estava ausente o comandante em chefe [Dom Jacó de Sousa e Castro], que fora à Parnahyba com os índios mais esforçados afim de cessar os tumultos, e tendo-se descoberto a resolução dos inimigos [tapuyos], enquanto estes esperavam outros que haviam chamados e passavam inutilmente o tempo a alimentar-se de carne bovina, tiveram os padres ocasião de mandar um mensageiro aos ausentes [Dom Jacó e demais tabajaras], e pedir armas ao governador da Fortaleza [do Siará], ainda que distasse 80 léguas da povoação [de Ybiapaba]”. PROSSEGUE A NARRATIVA: “Neste interim o Superior [da Missão de Ybiapaba], por necessidade, exerceu com denôdo [bravura] o cargo de comandante e chefe dos soldados [tabajaras], já exercitando os índios ao combate e preparando as fortificações, já designando as sentinelas, enviando espias, e procurando mantimentos, ao mesmo tempo que com os outros padres consolavam as mulheres que choravam segundo seu costume e oravam com elas na Igreja, pedindo a Deus não entregasse para serem devoradas pelas feras sanguinárias aqueles que confessavam seu nome. Vendo-se indefesos e expostos aos ataques dos inimigos [tapuyos], os vaqueiros dispersos naqueles campos se refugiaram na povoação [de Ybiapaba] com suas armas e escravos, com o consentimento do Superior [da Missão]. Aumentando assim a força para a resistência, desapareceu entre todos o temor, sendo mortos quase 400 tapuyos, alguns feridos, outros postos em fuga, e outros com grande aflição dos padres reduzidos a cativos pelos comandantes que moviam a guerra”.
PROSSEGUE A NARRATIVA: “O que os contristou naqueles meses foi a falta que houve do necessário para a quotidiana celebração do Santo Sacrifício, que dificilmente se oferecia aos domingos. Durante dois anos não aportou um só navio em porto cearense (...) porque não eram enviados de Pernambuco (...). Em meio a tantas calamidades não se interromperam, contudo, os costumes e exercícios da piedade, a pregação, a catequese nem a frequência dos sacramentos. Houve 335 confissões, 228 batizados e 46 casamentos”. O padre Andreoni relata, ainda, a primeira visita feita aos altiplanos da Ibiapaba, pelo padre João Guedes (sucessor do padre Ascenso Gago), em dezembro de 1714, e diz que: “O padre João Guedes visitando a mandado do padre Provincial à povoação de Ybiapaba, onde se contam 3.000 índios e índias, e afastou energicamente da empresa a um estranho <<perturbador, que pretendia dividir a povoação e constituir novos chefes à sua vontade>>, dizendo-se primo do governador dos índios [Dom Jacó de Sousa e Castro], e mostrou-lhes que o cuidado dos índios e das demais coisas daquela povoação [de Ybiapaba] confiadas à Companhia [de Jesus] pelo Rei, dependia só dos padres, tanto no espiritual como no temporal”. Finaliza o padre Andreoni, já na Carta Anua de 1721, dizendo que: “Neste ano [1721] os nossos padres que cuidam dos índios residentes na serra da Ybiapaba, conduziram das florestas para os aldeamentos um grande numero de selvagens, quase 5.000 e se esforçaram por reuni-los aos demais habitantes da povoação”. Fonte: Cartas inéditas escritas em Latim pelo jesuíta João Antônio Andreoni (1714-1721), traduzidas para o português por José Gerardo Ferreira Gomes, a pedido do historiador cearense Barão de Studart. “Documentos da Collecção Studart” da Revista do Instituto do Ceará. Pesquisa: João Bosco Gaspar. Foto: Imagem de ilustração colhida na Internet, meramente ilustrativa.
TRAFICANTES HOLANDESES NA ILHA DO MARANHÃO
EUGES LIMA
A ilha grande do Maranhão em 1610 era um verdadeiro ninho de piratas, traficantes, navegadores e aventureiros europeus, principalmente franceses que andavam por aqui traficando com os tupinambás as madeiras tintoriais, algodão, pimenta e outros produtos tropicais desde as décadas de 1560/1570. O que não se sabia era que traficantes holandeses também haviam estado por aqui nessa primeira década do século XVII e que deixaram relatos seiscentistas.
Em 1902 a Biblioteca Nacional adquiriu um precioso e inédito manuscrito holandês organizado por Hessel Gerritsz, geógrafo holandês do século XVII que reuniu uma série de diários e relatos de navegadores holandeses que estiveram nas Antilhas e na Costa Norte do Brasil, entre 1600 e 1629, em particular no Ceará e Maranhão (1610). Esses relatos baseados em diários de bordo desses traficantes e capitães holandeses foram traduzidos em 1907 para o francês e nunca foram traduzidos para o português.
Estamos trabalhado numa tradução livre e vamos compartilhar com nossos seguidores e amigos aqui, em primeira mão, alguns trechos que se referem ao Maranhão.
Descrição da costa norte do Brasil a partir do diário de bordo do traficante Hendryck Hendryckssen Cop e do capitão Claes Adriaenssen Cluyt, de Ackersloot, da viagem realizada em 1610.
Oroginal do texto.
DIA EM MARANHÃO
No último outubro, o barco passou do lado de fora da ilha perto da qual havíamos entrado e, quando chegaram acima do ponto que deixaram para portar, navegaram para o sudoeste, cerca de duas léguas e depois para o sul. - oeste-quarto-sul, sobre ligas. Lá eles viram um monte de árvores no lado do porto, tendo no meio uma grande árvore que superava todas as outras e as dominava como uma pequena torre. Neste local, há um pequeno rio que você pode subir de barco a remo até cerca de 4 léguas. É isso que os franceses os ensinam. Então eles vieram para o continente.
Quando estamos indo para o sudoeste, existem 4 pontos que vemos para o oeste-quarto-noroeste e para estibordo, e quando estamos no canal Commma, podemos ver esses pontos do noroeste?]
Ancoraram na frente de um rio pequeno em 2 braças menos de um pé. O ponto mais próximo é chamado Pary. Esses pontos estão localizados cerca de 1 ½ léguas a sudoeste do movimento da embarcação. Até agora, existem 17 lugares para dirigir. Foi aqui que fornecemos água fresca em 1º de novembro.
Em 1º de novembro, eles reapareceram e transportaram duas léguas ao longo da costa para um pequeno rio onde foram direcionadas para o comércio com os nativos, já que no local do movimento das embarcações não havia nenhuma.
No dia 8, o capitão e o traficante retornaram em um barco ao posto comercial, seguindo uma rota diferente daquela que o barco havia tomado pela primeira vez.
Depois de passar a ilha, sob o qual os navios permanecem ancorados, eles se aproximaram da costa leste para encontrar um cau mais profundo.
De fato, há pouca água após a ilha da amarração. Quando você quer subir, ao longo da costa, há apenas um metro de água na meia-maré, mas para encontrar águas mais profundas, é preciso ficar oeste-sudoeste por uma liga, após o qual passamos entre dois bancos, seguiremos em direção ao sudoeste-quarto-oeste e, finalmente, veremos a ilha onde o tráfico ocorre, chamada ilha do Maranhão
Historicamente, o Maranhão, tinha uma longa identificação e ligações econômicas, comerciais e culturais com Portugal, desde a época que o Maranhão era um estado colonial independente do resto do Brasil (1621). Suas relações eram diretamente com Lisboa e não com o Rio de Janeiro.
Nesse sentido, quando eclodiu o processo de Independência do Brasil no Sul, o Maranhão não aderiu inicialmente, manteve-se leal às Cortes portuguesas, pois, havia aqui uma rica e poderosa colônia portuguesa de comerciantes e fazendeiros que controlavam os principais cargos públicos da província, ou seja, o Maranhão era comandado pelos portugueses, portanto, não se identificava com o projeto emancipacionista de D. Pedro I.
Embora no senso comum, tenha se criado o mito de uma Independência brasileira pacífica, sem conflitos, sem guerras, fruto de uma transição tranquila de pai para filho, historicamente não foi bem assim, principalmente nas províncias do Norte. No Maranhão, houve lutas, conflitos, embates, entre tropas realistas e tropas independentes - vindas do Ceará e Piauí -, principalmente nas regiões de Caxias - último foco de resistência das forças portuguesas, comandadas pelo Major Fidié -, São José dos Matões e Itapecuru.
D. Pedro I para não perder a rica província do Maranhão e as demais províncias do Norte (40% do território) e fragmentar politicamente o Brasil, como ocorrera com a América Latina, contratou os serviços militares (navais) do experiente e famoso Lorde Cochrane - mercenário escocês - futuro “Marquês do Maranhão” para sufocar essa resistência portuguesa no Norte e manter a unidade territorial. Cochrane já havia ajudado com sucesso, na Independência do Peru e do Chile.
Thomas Cochrane, exímio estrategista, veterano das guerras napoleônicas, por meio de blefes e ardis, rendeu os portugueses em São Luís, sem disparar um único tiro. O presidente da Junta Governativa, D. Frei Joaquim de Nossa Senhora de Nazaré (amigo de D. João VI), diante do cenário de dificuldades que se encontrava, com tropas pró-D. Pedro I, marchando para capital e a suposta esquadra Imperial comandada pelo tal Lorde, bloqueando o porto, ameaçando bombardear a cidade, acabou vendo-se sem alternativa e foi ter a bordo com Cochrane na Nau Pedro I e acertaram finalmente a adesão da província do Maranhão à Independência do Brasil para o dia seguinte, o 28 de julho de 1823, às 11 horas no palácio do governo.
O que mudou no Maranhão a partir dessa “adesão” do ponto de vista político, econômico e social? Do ponto de vista social, não houve mudanças, pois, a Independência do Brasil e a posterior incorporação do Maranhão ao nascente Império brasileiro manteve o sistema escravista e monárquico, portanto, uma ruptura conservadora do ponto de vista social; um regime, por assim dizer, destoante no contexto da América espanhola pós-independência, onde a independência dessas colônias foi seguida pela implantação de regimes republicanos. Porém, do ponto de vista político, houve rupturas, o Brasil começa a partir daí, a se construir enquanto nação, enquanto estado, enquanto identidade nacional.
Por simbolizar o momento em que o Maranhão, enquanto província, colônia, se integra ao Império brasileiro, enquanto país independente, emancipado politicamente, “o 28 de julho”, representa a data da Independência do Brasil no Maranhão, portanto, uma efeméride histórica com bastante simbolismo cívico e que no passado foi muito reverenciada e festejada.
Penso que essa data, vista como um processo histórico pode contribuir para as novas gerações sim, no sentido de ajudar a conhecer e refletir sobre a nossa história, sobre como se deu o processo de Independência do Brasil no Maranhão e suas especificidades, sobre a construção da nossa identidade. Ajuda a explicar por que temos todo esse legado português na nossa arquitetura e cultura, além da contribuição e protagonismo de brasileiros, nordestinos, maranhenses, cearenses, piauienses, brancos, negros, mestiços e escravizados, que também lutaram pela Independência do Maranhão e do Brasil.
ESCOLA SANTA TERESINHA, 100 ANOS
2024: 120 anos de fundação da Congregação das Irmãs Missionárias Capuchinhas
2024: 160 anos de Ensino Público em Imperatriz
FOTOS: A Escola Santa Teresinha, das Irmãs Missionárias Capuchinhas, que completou 100 anos em 3 de agosto de 2024, em Imperatriz (MA). Alunos na década de 1990 (o primeiro à direita, meu irmão Wendel Sanches) e alunas em desfile de 7 de Setembro, em 1962. Diploma para Edmilson Sanches, por "atuante desempenho" como presidente do Grêmio do Colégio São José, também das Irmãs Capuchinhas, em Caxias (MA).
Neste ano de 2024 registram-se duas grandes datas relacionadas à Educação em Imperatriz (MA). São os 160 anos de criação formal, legal, oficial, do Ensino Público ou “instrução pública” no município e os 100 anos um século! de fundação da Escola Santa Teresinha, das Irmãs Missionárias Capuchinhas. O que Imperatriz e os imperatrizenses fazem com datas e eventos assim, já se sabe. Nada ou quase. Cem anos é só uma vez. O que era para ser uma apropriação coletiva, comunitária, o que era para ser motivo de celebração uníssona, de confirmação e ampliação da “imperatrizensidad”, do sentimento de pertença (“ownership”), fica reduzido às ações pontuais, endêmicas, institucionais; fica restrito a pequenas parcelas da grande sociedade de Imperatriz.
Em 11 de julho de 1864, pela Lei nº 717, o Governo maranhense criou, para meninos e meninas, as chamadas “cadeiras de primeiras letras”. Em 1865 abriram-se inscrições para concurso para professor dessas “cadeiras” e em 1866 realizaram-se as provas. Foi nomeado para Imperatriz apenas um aprovado: Francelino de Carvalho Sanches, que não chegou a dar aulas, pois logo foi transferido para outro município maranhense...
Houve outras nomeações. Mas os nomeados não queriam vir para Imperatriz. Foi assim, em 1867, que coube a um padre e educador, Domingos Elias da Costa Moraes, criar um estabelecimento de ensino e dar as primeiras aulas... Padre e professor destemido, inclusive fazendo viagens para denunciar na capital maranhense, São Luís, a precária situação da Educação de uma Imperatriz que, em 1867, mal debutava, completando 15 anos após sua fundação em 1852 por outro religioso, Frei Manoel Procópio do Coração de Maria de quem, aliás, o padre Domingos era delegado literário substituto. (Leia após o final um resumo sobre o padre e educador Domingos Elias da Costa Moraes).
*
Portanto, não só Imperatriz nasceu sob as bênçãos de um religioso. Na prática, sua Educação também. E, na prática, a Educação imperatrizense, pelas mãos e mentes de membros de Instituições Religiosas, tem em 2024, neste 3 de agosto, mais outro grande trunfo e triunfo: a Escola Santa Teresinha, referência regional em Ensino e uma missão educativa das Irmãs Missionárias Capuchinhas, cuja Congregação foi fundada em 18 de dezembro de 1904, na Igreja Nossa Senhor Auxiliadora, em Belém, Pará, pelo frade italiano João Pedro de Sexto São João (nascido Clemente Recalcati, 1868-1913) e cinco cofundadoras, as jovens irmãs capuchinhas, recém-consagradas, Irmã Clara Maria de Canindé (Ana Xavier Macambira), Irmã Inês de Santa Quitéria (Maria Barbosa Cordeiro), Irmã Isabel Maria de Canindé (Francisca Barbosa Magalhães), Irmã Madalena Maria de Canindé (Maria de Nazaré dos Santos Lessa) e Irmã Verônica de Canindé (Cecília de Paula Pimenta), levadas do Ceará pelo frade para trabalhos missionários e educativos no estado do Pará.
O dia 3 de agosto de 1924 marca o início das aulas e também é considerada a data oficial de fundação da Escola Santa Teresinha. Nesse mesmo ano Imperatriz era elevada à categoria de cidade por Godofredo Viana, o mandatário estadual maranhense da época. Também em 1924 lançava-se o livro "O Sertão", obra que é um marco na historiografia maranhense e brasileira e cuja autora, Carlota Carvalho, foi professora e morou em Imperatriz.
As fundadoras da Escola foram as irmãs Irmã Águeda Maria de São José (Severina Maria Guedes, 18851966), Irmã Eleonora Maria de Quixeramobim (Raimunda Nonata de Oliveira, 1902-1972), Irmã Judith Maria de Fortaleza (Isaura da Costa Rodrigues, 1893-1983) e, chegando dias depois, Irmã Júlia Maria de Barra do Corda (Maria José Varão, 1901-1995).
O novo estabelecimento de ensino teve, inicialmente, a denominação de Escola Santa Teresinha do Menino Jesus. A partir de 02/02/1929, Colégio Santa Teresinha do Menino Jesus. Em 15/11/1943, reduz o nome para Educandário Santa Teresinha. Em 01/09/1960, o estabelecimento de ensino dá a denominação de Escola Normal Regional Santa Teresinha para seu curso de formação de professores, cujo ato solene de inauguração ocorreria em 03/03/1961, com o início das aulas, ministradas no mesmo prédio e no período vespertino. O nome Educandário Santa Teresinha permaneceu com a Escola, para o Ensino Primário. Dez anos depois, em 1971, o nome foi alterado para Escola Normal Ginasial Santa Teresinha. No ano seguinte, 1972 (com formalização pelo Conselho Estadual de Educação em 1973), as duas unidades (Educandário e Escola Normal) unificaram-se, formando um só estabelecimento educacional Escola Santa Teresinha.
O NOME – O nome da escola, “Santa Teresinha” (no começo, “Santa Teresinha do Menino Jesus”), não tem a ver com Santa Teresa d’Ávila (também chamada Santa Teresa de Jesus), padroeira de Imperatriz. Santa Teresinha (nome mais curto) ou Santa Teresinha do Menino Jesus e da Santa Face (nome religioso completo) chamava-se Marie-Françoise-Thérèse Martin, era espanhola, nasceu em 1873 e faleceu em 1897. Era também chamada Teresa de Lisieux, nome adotado em razão da cidade francesa onde desde os 15 anos viveu.
Santa Teresa d’Ávila ou Santa Teresa de Jesus chamava-se Teresa Sánchez de Cepeda y Ahumada, era francesa e viveu três séculos antes de sua quase homônima: nasceu em 1515 e morreu em 1582. O nome Ávila refere-se à província espanhola de Ávila, de que faz parte Gotarrendura, cidade nascimento de Santa Teresa, antes pertencente ao Reino de Castela, hoje comunidade autônoma de Castela e Leão.
Além da Fé, o que une as duas religiosas é terem pertencido à mesma Ordem, a dos Carmelitas Descalços, iniciada por Santa Teresa d’Ávila e por São João da Cruz, também frade espanhol. A Ordem dos Carmelitas Descalços deriva da Ordem do Carmo, fundada em Israel em 1200.
O nome Santa Teresinha foi dado pelo frei Bernardino de Mornico, que nos idos de 1924 era vigário capitular de Grajaú, município maranhense de cuja diocese Imperatriz fazia parte. (“Vigário Capitular” é o padre responsável por uma diocese na ausência por morte ou transferência do seu bispo). Frei Bernardino era da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. Chamava-se Reinaldo Fratus de Balestrinis, era italiano de Mornico (daí seu nome religioso), em Bérgamo, onde nasceu em 30/10/1890. Foi ordenado em 08/12/1914 e faleceu em 20/05/1948.
* Eu estudei os três anos do Ensino Médio em uma escola das Irmãs Capuchinhas o Colégio São José, em Caxias (MA). A diretora era a Irmã Maria Gemma de Jesus Carvalho, à época chamada Irmã Clemens. Fui presidente do Grêmio Santa Joana d'Arc durante os três anos, no primeiro ano substituindo o presidente eleito (fui o segundo colocado) Roldão Ribeiro Barbosa, que viajou, e nos dois anos seguintes fui eleito e reeleito. Por isto e pelo trabalho inovador que fiz na gestão do Grêmio recebi "Diploma de Honra ao Mérito" do Colégio São José, assinado pela diretora. Também, na conclusão do Ensino Médio, fui o orador da turma, cujo curso profissionalizante foi Contabilidade.
Irmã Maria das Neves Franco, que foi diretora da Escola Santa Teresinha e hoje é superiora geral da Congregação das Irmãs Capuchinhas, contou-me que, todas as vezes que encontrava a Irmã Maria Gemma, esta procurava saber do ex-aluno Edmilson Sanches. Eu também, todas as vezes que ia a Caxias, visitava a Irmã Gemma, seja no Colégio São José, seja na residência das Irmãs onde, aliás, a Irmã Maria das Neves Franco esteve em seu período inicial na ordem.
Pelo menos duas outras irmãs capuchinhas do Colégio São José, de Caxias e conhecidas minhas, prestaram bons serviços às suas colegas e confraternas da Escola Santa Teresinha, de Imperatriz: Irmã Eucaristia e Irmã Rita Carvalho (que foi diretora do São José; atualmente é a Irmã Suely).
Parabéns à Escola Santa Teresinha, orgulho da Educação imperatrizense, maranhense e brasileira.
EDMILSON SANCHES
DOMINGOS ELIAS DA COSTA MORAES
(Sacerdote e Educador)
Como registram livros que tratam da História e da Educação de Imperatriz, Domingos Elias da Costa Moraes foi padre e educador.
A documentação bibliográfica existente revela que Domingos Moraes não apenas foi um sacerdote e um educador, mas um lutador destemido pelas causas sociais, sobretudo educacionais, da iniciante cidade de Imperatriz, ainda Vila de Santa Teresa.
Inconformado com a situação de abandono da povoação como um todo e da falta de escola e professor para as crianças, ele voluntariamente criou e manteve uma escola, de outubro de 1867 a 30 de janeiro de 1871.
Nesse meio tempo, em 1869, enfrentando enormes dificuldades de transporte à época, Domingos Moraes foi à capital da província do Maranhão, São Luís, e denunciou publicamente à situação. O grito do sacerdote foi ouvido pela imprensa da capital: pelo menos um jornal, “O País”, em sua edição de 08 de abril de 1869, fez “esta triste descrição”, no dizer do médico e historiador César Augusto Marques, que reproduziu o registro do jornal, que assim detalhou:
“Lá para as margens do Tocantins existe esta vila [Imperatriz] e o seu estado mostra bem quanto está longe das vistas do governo. Sem templo para [a igreja] matriz, sem casa de Câmara, sem cadeia, e até sem professor público, é a vila da Imperatriz uma pobre povoação, rica de elementos para ser uma grande cidade, que vegeta abandonada, inteiramente esquecida.
De lá acaba de chegar , vindo pelo Pará, o seu digno vigário o reverendo padre Domingos Elias da Costa Moraes, jovem sacerdote, ativo e empreendedor, que conhecendo o quanto valem pedidos e reclamações escritas, quando não são acompanhadas de uma voz convencida e interessada, vem pessoalmente expor ao governo da província as necessidades de sua igreja e do rebanho de que é pastor. (...)
A aula primária, desde que foi criada , não teve professor em exercício. Condoído de ver aquela pobre gente privada até do ensino de primeiras letras, abriu esse bom vigário uma aula que desde outubro de 1867 tem sustentado gratuitamente. Foi ultimamente provido um professor na cadeira dessa vila, e é de esperar de seu patriotismo que não a recuse.
Além disso, assim como para os sertões mais remotos vão os juízes e os párocos, não há razão para que não vão os professores. Cumpre que o governo proceda neste negócio de modo que não sejam os habitantes da Imperatriz totalmente privados de instrução. O meio é, uma vez provido o professor, não lhe dar outra cadeira, admitindo apenas a permuta.”
Tinham fundamento as denúncias do padre Domingos Moraes, publicadas pelo jornal de São Luís em 08 de abril de 1969. Afinal, desde 11 de julho de 1864 portanto, praticamente cinco anos antes – o Governo maranhense havia criado “as cadeiras de primeiras letras para os meninos e a cadeira feminina”, como escrevem* Alexandre Ribeiro e Silva e Mariléia dos Santos Cruz, acrescentando: “no entanto, de imediato não houve nomeação para a regência de nenhuma das duas aulas, fazendo continuar a carência de ensino na vila”
Em 04 de maio de 1865, cerca de um ano após a criação legal da instrução pública em Imperatriz, a Câmara Municipal resolveu alertar o presidente da província do Maranhão para a situação do ensino em Imperatriz. Foram criadas as cadeiras e um ano depois nela professor nenhum havia assentado. A Câmara, então, à falta de professores legalmente concursados, nomeados, empossados e efetivados, sugeriu o nome dum cidadão de Imperatriz, Emiliano Gonçalves de Andrada, que teria, segundo a correspondência da Câmara, “as precisas habilitações para interinamente reger a cadeira de primeiras letras”.
O presidente da província era Antônio Leitão da Cunha, que, três meses e seis dias depois da data da carta da Câmara imperatrizense, solicitou informações ao órgão próprio do Governo para o caso, a Inspetoria de Instrução Pública, que, por sua vez, informou ao presidente sobre as (des)razões de Imperatriz ainda não
ter nenhum professor, mais de um ano depois de criadas as cadeiras de ensino na vila. Segundo a Inspetoria, realmente não havia professor e não havia professor porque não houve concurso para professor e não houve concurso para professor “por falta de concorrentes”, como anotam Silva e Cruz. Terminou que nem a sugestão do professor interino feita pela Câmara de Imperatriz foi aceita. Disseram que iriam abrir concurso, pois surgira um professor habilitado, já experiente, que ensinara no município de Tutoia. Assim, em 23 de dezembro de 1865 foi aberto o concurso para inscrições. As provas foram realizadas em 1º de março de 1866 e logo em seguida, dia 03 de março, foi formalmente nomeado o primeiro professor de Imperatriz, oficialmente falando. Tratava-se de Francelino de Carvalho Sanches. Mas ele não chegou a dar aulas: pediu e foi transferido para outro município.
A partir daí houve uma sucessão de concursos, desistências e transferências. Ninguém queria vir para Imperatriz. Daí que, em 1867, o padre Domingos Moraes cria por sua conta uma escola e, em 1869, denuncia publicamente a situação de abandono na imprensa maranhense, ao mesmo tempo em que pessoalmente dá conhecimento da situação ao governo.
Os esforços do padre Domingos junto ao Governo e à Imprensa em abril de 1869 deram resultado. Para suprir temporariamente a falta de professores aprovados que quisessem ir para Imperatriz, o vicepresidente do Maranhão, José Silva Maia, nomeou interina mas oficialmente o próprio padre Domingos Elias da Costa Moraes, como informa em relatório de 1º de junho de 1869.
Em 30 de janeiro de 1871 Domingos Moraes pediu exoneração do cargo de professor interino. Nesta mesma data, foi nomeado para o cargo de delegado literário. Outros concursos foram abertos e, em 25 de julho de 1871, foi aprovado um professor que já havia tentado em outro concurso, sem êxito: Agostinho José da Costa Cururuca, considerado “o primeiro professor nomeado que lecionou na vila, conseguindo relativa estabilidade”. Nomeado pelo Governo do Maranhão em 26 de julho de 1871, permaneceu no cargo até 1875.
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Além da Educação, o sacerdote Domingos Moraes era um patriota convicto. Segundo notícia no jornal “Diário de Pernambuco”, de 02 de setembro de 1865, um sábado, Domingos Moraes integrava o corpo de soldados e outros voluntários que se apresentaram ao Imperador para a Guerra do Paraguai ou Guerra da Tríplice Aliança, ocorrida de dezembro de 1864 a março de 1870. Registra o “Diário”:
“É capelão do corpo o Reverendíssimo Padre Domingos Elias da Costa Moraes, o qual ante tais manifestações de patriotismo ofereceu-se para fazer parte do mesmo corpo como tal.”
(Uma curiosidade: integrando o corpo de soldados de que era capelão o padre Domingos, estava a à época já considerada heroína brasileira Antônia mais conhecida pelo apelido Jovita Alves Feitosa (18481867), uma jovem cearense do município de Tauá que aos 17 anos aderiu como voluntária e, embora as autoridades a tivessem impedido de ir para a Guerra do Paraguai, Jovita permaneceu no corpo de voluntários, no Rio de Janeiro (RJ) e aos dezoito anos já era segundo-sargento. Suicidou-se aos 19 anos, no Rio, consta que por amor. Seu nome, pela Lei federal nº 13.423, está inscrito no Livro dos Heróis da Pátria. Entre outras homenagens, o nome de Jovita Feitosa foi dado a dois logradouros de capitais: a Avenida Jovita Feitosa, em Fortaleza (CE), e a Rua Jovita Alves Feitosa, em Teresina, no Piauí, estado que a aceitou como voluntária, conferindo-lhe o posto de primeiro-sargento.)
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Outra prova do grande envolvimento do padre Domingos Moraes com a comunidade consta da publicação “Almanaque do Maranhão”, do período de 1869 a 1875. Em diversas páginas registra-se que Domingos Moraes era ao mesmo tempo: a) suplente de delegado literário do frei Manoel Procópio do Coração de Maria; b) pároco colado da Freguesia de Santa Teresa de porto Franco; e c) comissário vacinador. “Pároco colado” era o sacerdote que, aprovado em concurso, tornava-se responsável por uma paróquia, dela só saindo se quisesse. “Comissário vacinador” era a pessoa habilitada a fazer a inoculação de vacinas em cidades e vilas.
Por sua capacidade de luta e trabalho, por sua preocupação e dedicação às coisas espirituais e às causas sociais, por efetivamente ter buscado respostas para o problema da Educação na fase inicial da história de Imperatriz, por esses e outros méritos, Domingos Elias da Costa Moraes é o nome pioneiro da Educação que está a merecer uma homenagem pública da cidade que, em tempos muito mais difíceis, ele ajudou a preparar para os dias de hoje.
EDMILSON SANCHES
REFERÊNCIAS
CRUZ, Mariléia dos Santos (org.). História da Educação de Imperatriz. Imperatriz: Ética, 2012)
MARQUES, César Augusto. Dicionário Histórico e Geográfico da Província do Maranhão. São Luís: Tipografia do Frias, 1870.
Uma raridade... "O ANTIGO ESTADO DO MARANHÃO E SUAS CAPITANIAS FEUDAIS" do historiador cearense Carlos Studart Filho. A história desconhecida das Capitanias de Cumã, Ceaté, Pará, Ilha de Joanes, Cabo do Norte, Vigia,Tapuitapera, Rio Negro... e muito depois, Piauhy.
Livro "O MARANHÃO NA MONARQUIA HISPÂNICA" do mestre ALÍRIO CARDOSO, leitura obrigatória para quem quer entender "Estado Colonial do Maranhão" e "Capitania Real do Maranhão"... coisas distintas. Alírio Cardoso é doutor em história pela Universidade de Salamanca, Espanha.
BEM-VINDOS A MIGANVILLE
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
Academia Poética Brasileira
Academia Ludovicense de Letras
Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão
Centro Esportivo Virtual
Recentemente, Euges Lima publicou matéria sobre a presença de holandeses no Maranhão, no ano de 1610. Embora a França Equinocial tenha reconhecimento de fundação, melhor, implantação, somente em 1612, não restam dúvidas de que a região já era frequentada por inúmeras nações desde algum tempo, já. Bandeira (2013) traz que a ocupação do Vinhais Velho data de pelo menos 3.000 anos de duração, possibilitando construir uma cronologia para a presença humana nesta região da Ilha de São Luis, que data desde 2.600 anos atrás se estendendo até a chegada dos colonizadores (1590-1612?). Essas datações se relacionam com três períodos de ocupação humana em tempos pré-históricos: ocupação sambaqueira/conchífera, ocupação ceramista com traços amazônicos e ocupação Tupinambá. (p. 75)
De algum tempo tenho defendido a ideia de que o Maranhão e a sua cidade, São Luís, foram obra de conquista e ocupação – e fundação – de dois aventureiros franceses: Jacques Riffault e Charles de Vaux, pois ambos antecederam à expedição de instalação da França Equinocial, comandada por LaTouche e Razzily. Prova, é a existência de Miganville junto à Aldeia de Uçaguaba, atual Vinhais Velho, e o porto que a protegia, o Forte do Sardinha, localizado no hoje chamado bairro de Ilhinha.
Jacques Riffault, Charles des Vaux, David Migan, e Adolphe de Montville, na companhia de centenas de outros navegadores e selvagens de diferentes tribos, se faziam presentes nos mais diversos recantos do Norte e Nordeste brasileiro, entre o Potengi e o Amazonas. É de Jacques Riffault a primeira ideia de ocupação do Maranhão, tendo passado por aqui em 1590, Para Bueno (2012), Riffault - em 1593 -, retornando à França depois de ter inspecionado a então denominada ilha do Maranhão, conseguiu convencer um rico cavalheiro francês, Charles de Vaux, a investir seu dinheiro numa expedição colonizadora. Em 15 de março de 1594, Riffault e Des Vaux partiram para o Maranhão, com cerca de 150 colonos e soldados a bordo de três navios. Um naufrágio e uma série de outras dificuldades fizeram fracassar a empresa (p. 84). Desse naufrágio, os tripulantes de dois navios franceses dos três que formavam a frota de Jacques Riffault ficaram perdidos na ilha de Santana, e conviveram pacificamente com os índios Tupinambás. Des Vaux foi um dos que ficaram com a gente de Usirapive – chefe tupi com quem Riffault tinha selado aliança. Aqui desembarcados, fundam um estabelecimento que se tornou o "refúgio dos piratas”. Riffault, Des Vaux, e Davi Migan “fundam” Miganville, mais junto à aldeia de Uçuaguaba, a primeira povoação ocupada continuamente desde então por europeus, na grande ilha do Maranhão.
Charles Des Vaux aprendeu a língua dos índios e prometeu trazer-lhes outros franceses para governá-los e defendê-los. De volta à França, Des Vaux conseguiu do rei Henrique IV que Daniel de la Touche, senhor de La Ravardière, o acompanhasse ao Maranhão, para verificar as maravilhas que lhe narrara, e prometeu-lhe a conquista da nova terra para a França.
Beatriz Perrone-Moisés (2013) retoma a trajetória de Charles des Vaux, jovem nobre responsável pela ideia da fundação da França Equinocial no século XVII, assim como a história de David Migan, jovem intérprete francês que viveu entre os índios tupi. O centro do argumento de Beatriz Perrone-Moisés é que "Des Vaux e Migan desempenham papéis tão ou mais vitais para a França Equinocial quanto alguém como La Ravardière, personagem que a historiografia optou por reter".
Ao colocar o que chama de "intérpretes-embaixadores" como protagonistas da história da França Equinocial, a antropóloga lança luz sobre estratégias fundamentais de contato e de conquista ainda pouco visíveis para a historiografia oficial. Mas para os planos de Riffault e Des Vaux, um simples estabelecimento não significava grande obra; pensaram em aí fundar uma colônia: a França Equinocial.
Data de 1596 a visita de um Capitão Guérard, que armou dois navios, sendo um deles para o Maranhão, estabelecendo com regularidade as visitas à terra de corsários de Dieppe, de La Rochelle e de Saint Malo. É nesse ano que o Ministro Signeley toma como ponto de partida dos direitos da França nesta região, funcionando como uma linha regular de navegação entre Dieppe e a costa leste do Amazonas. Datado de 26 de julho de 1603 há um arresto do tenente do Almirantado em Dieppe relativo a mercadorias trazidas do Maranhão, ilha do Brasil, pelo Capitão Gérard.
Meireles (1982, p. 34) traz também Du Manoir em Jeviré; Millard e Moisset, também encontrados na Ilha Grande. Os comandados de Du Manoir e Gérard chegam a quatrocentos; há esse tempo já dois religiosos da Companhia de Jesus haviam estado no Norte do Brasil (PROVENÇAL, 2012).
Tanto comércio fez com bretões e normandos se estabelecessem com feitorias na Ilha Grande, e um desses lugares era a aldeia de Uçaguaba/Miganville (atual Vinhais Velho), misto de aldeia e povoação europeia.
O porto usado nessas atividades era o de Jeviré (Ponta d'Areia) (NOBERTO DA SILVA, 2012). Quando a esquadra de Daniel de La Touche, Francisco de Rasilly e o Barão de Sancy a 6 de agosto de 1612 veem fundear frente a Jeviré (ponta de São Francisco), ali encontraram as feitorias de Du Manoir e do Capitão Guérard (BITTENCOURT, 2008). Essa autora informa que comerciantes de Dieppe encontravam-se fundeados no porto, confirmam a presença continuada dos exploradores de todas as procedências nas costas do Maranhão, e do Norte em geral: uma companhia holandesa presidida pelo burgomestre de Flessingue, ingleses, holandeses e espanhóis negociando com os índios o pau-brasil; armadores de Honfleur e Dieppe; o Duque de Buckigham e o conde de Pembroke e mais 52 associados fundaram uma empresa para explorar o Brasil; espanhóis de Palos
É quase inimaginável que todo esse aparato comercial existisse sem uma forte proteção das armas. Some-se que o chefe maior de tudo isso era David Mingan, o Minguão, o "chefe dos negros" (daí o nome de Miganville), que tinha a seu dispor cerca de 20 mil índios e era "parente do governador de Dieppe". Por fim, a localização da fortaleza está exatamente no lugar certo de proteção do Porto de Jeviré e da entrada do rio Maiove (Anil), que protegeria Miganville.
PEDRO HENRIQUE MIRANDA FONSECA
Vilela de Abreu pelo caricaturista E. Rocha. Fonte: O Combate, Maranhão, 11 de junho de 1932, página 4.
Raimundo Vilela de Abreu, que assinava simplesmente Vilela de Abreu (talvez assim como Nina Rodrigues não apreciasse o Raimundo), nasceu em Cururupu – Maranhão no dia 7 de julho de 1901 e faleceu em 28 de maio de 1955, assassinado pelo Juiz Jeronimo Viana Fontes em frente ao Hotel Central na Praça Benedito Leite, São Luís. A Justiça sempre leniente com os ricos, poderosos e seus próprios membros não puniu como devia o assassino. A verdadeira punição veio através de uma das suas filhas que sempre que encontrava o homicida gritava: “assassino do meu pai, assassino do meu pai.”
Foi professor do Aprendizado Agrícola; Diretor do Instituto Cururupuense, cargo para o qual foi nomeado em 11 de fevereiro de 1936; exerceu o cargo de Oficial de Gabinete do Governo do Estado na gestão de Achilles Lisboa; Jornalista (foi Diretor de Redação do jornal O Combate); Advogado provisionado (redigiu o Estatuto da Santa Casa de Misericórdia de Cururupu) e Poeta.
A sua obra jornalística se pautou pelo combate político (era militante do Partido Republicano). A sua obra poética encontra-se dispersa em jornais e clama por uma reunião e estudo crítico. Em livro publicou um Soneto intitulado SAUDADES na obra coletiva Sonetos maranhenses (TAVOLA DO BOM HUMOR – Sonetos maranhenses, São Luís, Imprensa Oficial, 1923, página 154) onde é possível aquilatar o grande Poeta que foi.
Os seus atributos literários me levaram a escolhê-lo como Patrono da Cadeira que irei ocupar na Academia Cururupuense de Letras, posto honroso e de grande responsabilidade, que me foi conferido por gentileza dos meus confrades e conterrâneos, na formação da novel Instituição.
Agradecimentos especiais aos eminentes cururupólogos Jeane Melo e Ribamar Flavio Silva pela inestimável ajuda na coleta de dados.
Rio de Janeiro, domingo, 4 de agosto de 2024, às 21:00 horas.
Em dezembro de 1958 um grupo de trabalhadores sob a liderança do mestre de obras Cosmo de Sousa se reuniu e fundou a União Artística, Operária e Agrícola de Imperatriz, a qual seria uma das primeiras entidades civis criadas em Imperatriz.
Como o mestre de obras Cosmo de Sousa era o braço forte da administração do prefeito Simplício Moreira em meados da década de 50, o prefeito lhe presenteara uma extensa área no final das ruas do Fio, hoje Dom Pedro II e Teresa Cristina.
Com a fundação da União, Seu Cosmo, como também era conhecido, decidiu doar parte da área para a entidade. Desta forma, a pequena sede foi construída na confluência da Rua Benedito com a Rua Teresa Cristina, proporcionando uma área de lazer aos seus filiados.
A União Artística, Operária e Agrícola de Imperatriz – como o nome já revela – tinha no seu quadro de filiados, pedreiros, serventes de pedreiros, oleiros, carroceiros, pequenos agricultores, pessoas de profissões humildes as quais viviam à margem da elite da cidade.
A partir da sede, já no mandato do também mestre de obras, Luis Farias, surgiu a ideia de se formar um time para competir com o Imperatriz, Renner, Comercial e GBS (Ginásio Bernardo Sayão), times que disputavam o campeonato local antes da criação da Liga de Futebol.
Em meados do mês de maio de 1964, filiados da entidade e jovens jogadores do time munidos de foice e facão limparam o matagal ali existente criando o campo de futebol, onde, a partir de então, o time treinava sob o comando do técnico João Baiano.
João Baiano era oleiro, e torcedor fanático do Santos, time de Pelé. Comandou por muitos anos o time que foi extinto no final da década de 70, quando a sede foi derrubada e o campo desapropriado para a construção da Praça da União por determinação do prefeito Carlos Amorim
TEXTO DE Domingos Cezar Ribeiro.
FEIRA DA BARRA DO SOL (*)
O texto três amigos e uma feira conta com detalhes a história de como surgiu a Feira da Barra do Sol em Viana, desde o terreno, a matéria prima para a construção da churrascaria que originou a feira, bem como seus idealizadores e fundadores, edificação, escolha do nome, como iniciou a comercialização no local, os personagens envolvidos, enfim uma história rica em detalhes que fez surgir um dos maiores centro comercial da baixada maranhense a Feira da Barra do Sol localizada no bairro Citel em Viana que entrou para as páginas da história da Cidade de Viana. A história está no meu livro "Resgate histórico da cidade de Viana"
(*) Áureo Mendonça é pesquisador, escritor e membro fundador do IHGV ocupante da cadeira número 8 que tem como Patrono Sálvio Mendonça.
'I encontro de craques' vai homenagear o futebol amador de Timon e sua história
Organizado por Pedro Francisco Ribeiro Filho, o evento tem como objetivo relembrar grandes times e jogadores do passado. Santa Cruz, Bolonha, Palmeiras, Fortaleza, Guarani, Independente, Mangueira, Ponte Preta, Estrela Vermelha, Caio Martins, Corinthians, Real Timonense, Flamenguinho, Náutico, Rio Branco, Onze Amigos, Marília, Bom Sucesso, Barra das Pombas e outros, serão alguns dos times lembrados para a atividade.
Nas décadas de 1950 a 1970, época em que a cidade de Viana era isolada e não possuía estradas, os únicos meios de transportes eram a lancha e avião o chamado teco-teco. Viana tinha como sua principal opção de lazer o cinema, destacando-se o Cine Glória. Em 1958, por iniciativa do Dr. José Pereira Gomes fundou e inaugurou o primeiro cinema de Viana, e deu nome ao Cinema de Cine Glória, Segundo Raposo (2018) esse nome foi dado ao cinema “porque Dr. José Gomes achava que era uma glória para Viana ter um cinema”. Dr. José Gomes também foi o pioneiro de varias outras atividades na cidade de Viana, além do cinema, foi o primeiro vianense a possuir rádio, televisão, moto e como marca principal revolucionou a educação no município fundando o Ginásio Antônio Lopes.
O Cine Glória também conhecido na cidade como “cinema do Zé Gomes” Inicialmente o cinema funcionou no imóvel do futuro Ginásio Antônio Lopes, depois o Dr. José Gomes mudou o cinema para o pequeno auditório no imóvel que era de Anica Ramos, casa que atualmente pertence a família Serra no Canto do Galo. Em 1962 o cinema passou a ter sede própria e funcionava no prédio onde foi a Câmara Municipal de Viana na Rua Grande, onde atualmente funciona o Conselho Tutelar, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – CMDCA.
Os filmes chegavam à cidade de Viana via aérea, o transporte das fitas eram feitos pelos táxi aéreos que faziam linha de São Luís a Viana e os filmes eram fornecidos por Sinval Soares empresário do ramo que abastecia os cinemas do interior do Maranhão com grandes clássicos do cinema. O cine Glória exibia dois filmes por semana, a grande maioria em preto e branco, legendados e dublados e não eram permitidos para menores de 14 anos. O Cine Glória exibiu os principais lançamentos das mais importantes produtoras cinematográficas do mundo. O cinema tinha um motor próprio que funcionava a base de gasolina, além do cinema o motor iluminava o trecho entre o Comércio de João Rodrigues até o canto da Farmácia Serejo. Porém como na cidade a energia era a motor o cinema encerrava às 22 horas, antes do desligamento havia o sinal, porém dava tempo das pessoas chegarem as suas residências, pois o cinema ficava na área central da cidade, considerando que a cidade após esse horário com o desligamento do motor ficava às escuras. O cinema era uma das poucas diversões na cidade de Viana, nas décadas de 1950 e 1960 o Cine Glória foi sucesso, época dos filmes de faroeste americano chamado bangue- bangue com o famoso filme o dólar furado com o ator Giuliano Gema. Os filmes de Tarzan com o artista Johnny Weissmuller foram sucessos, além dos filmes de chanchadas, os filmes americanos musicais também fizeram sucesso.
Quem é fã de faroeste vai lembrar-se desses filmes americanos exibidos no Cine Glória: Sete homens e um destino, direção: John Sturges; Pistoleiros do entardecer, direção: Sam Peckinpah; O homem que matou facínora, direção: John Ford; Quando um homem é homem, direção: Andrew V. McLaglen; e Por um punhado de dólares, direção: Sergio Leone, um longa, que conta a história de um pistoleiro que terá de lidar com a ganância, orgulho e vingança de duas famílias, um clássico dos clássicos.
O Dr. José Gomes também foi o pioneiro a trazer grandes artistas que se apresentaram no cine Glória em Viana, Segundo Rogeryo du Maranhão “O Trio Nordestino fez três dias de show com abertura com cantor baiano Walleson Ramos que imitava Vicente celestino, depois foi a vez de trazer ao Cine Glória o grande cantor Waldik Soriano, um fenômeno musical da época, veio acompanhado do seu arcodeonista Filemom Carvalho e da cantora Rita Cezimbra”. Também fez show no Cine Glória o cantor Roberto Miller.
Em 1968 com sua mudança para São Luís, o ex-prefeito José Gomes vendeu o Cine Glória para Clodoaldo Alves Silva Santos, o Santo de Aniquinha que foi vereador e presidente da Câmara Municipal de Viana por varias legislatura. Período em que a minha geração passou a frequentar o cinema. Com o novo proprietário o cinema ainda funcionou até a década de 1970.
Uma cena inusitada aconteceu quando um matuto nascido e criado no povoado Estrada de Rafael resolveu conhecer a sede do município de Viana, após chegar à cidade ficou maravilhado e numa certa noite resolveu ir ao cinema, uma novidade uma vez que nunca tinha assistido a um filme, ao chegar ao cinema
sentou na primeira fila de cadeiras para assistir um filme de faroeste americano, tudo ia muito bem até quando o artista apontou o revolver o matuto saiu numa carreira dentro do cinema.
Após a massificação da TV no final da década de 1970, o cine Glória não resistiu aos novos tempos e encerrou em definitivo suas atividades.
Na década de 1980 ainda surgiu em Viana um cinema improvisado, tipo cinema ambulante que funcionou no Cube Cinelândia sob o comando do Rosassi. E depois o cinema foi comandado por Adalberto filho do exvereador José Morais.
Texto aberto a contribuições dos leitores.
(*) Áureo Mendonça é pesquisador, escritor e membro fundador do IHGV ocupante da cadeira numero 8 que tem como patrono Sálvio Mendonça.
Por: Dra. Vanda Claudino Sales, a maior autoridade, no Brasil, em "Cânion do Poti".
"Há cerca de cem milhões de anos, a América do Sul e a África, que faziam parte do megacontinente Pangea, se dividiram. O Nordeste brasileiro foi a última parcela desse território a ser separado, e quase se individualiza como um continente à parte. Isso não ocorreu, mas os terrenos sofreram grandes esforços, foram deformados, falhados, fraturados. A grande marca desse episódio de separação continental no Nordeste brasileiro foi o soerguimento dos terrenos no interior no continente: terrenos cristalinos e sedimentares foram lançados para cima, alçados a uma altitude talvez não muito superior a do topo dos relevos mais elevados da atualidade (cerca de mil metros). De la para cá, o relevo, as paisagens naturais, vêm evoluindo a partir da erosão dessa superfície soerguida, comandada por climas secos – isto é, a erosão não é muito intensa, pois falta água para “destruir” as rochas. No segmento ocidental do Estado do Ceará, na zona que hoje corresponde à divisa com o Estado do Piauí, esse soerguimento colocou terrenos sedimentares (os arenitos da Bacia Sedimentar do Parnaíba, bem antigos, de cerca de 430 milhões de anos) e terrenos cristalinos também antigos (de 2,2 bilhões de anos, formado por gnaisses e outras rochas metamórficas) lado a lado. Tão logo isso aconteceu, os rios, que são os maiores escultores da superfície da Terra, aproveitando desníveis topográficos na superfície soerguida, começaram a cavar seus vales. Dentre esses rios, estava o antigo Rio Poti, que nasce na Serra dos Cariris Novos, no município de Quiterianópolis, situado ao sul de Crateús (CE). Drena de sul para norte até a altura de Crateús, onde passa a fluir no sentido leste-oeste, para desaguar no Rio Parnaíba, em Teresina (PI). Ele tem uma extensão de aproximadamente 570 Km. O Rio Poti começou a dissecar os terrenos sedimentares e cristalinos lá pelos idos de 90, 80 milhões de anos atrás. Vindo de sul para norte, ele encontrou uma falha geológica (área de ruptura entre rochas) nesses terrenos, encaixou-se na falha, e passou então a escoar de leste para oeste.A grande surpresa que a natureza fez ao Rio Poti foi a seguinte: rapidamente ele “percebeu” que as rochas sedimentares eram mais resistentes ao processo de cavamento que as rochas cristalinas. Assim, o rio foi abrindo o vale com maior facilidade nos terrenos cristalinos, enquanto que nos terrenos sedimentares, resistentes, o vale que foi sendo aberto foi do tipo garganta. Com o passar dos milhões de anos, o trabalho de cavamento do velho Rio Poti seguiu essa lógica: cavou mais no cristalino do que no sedimentar. Enquanto cavava no cristalino, o rio ia aprofundando o vale no sedimentar, para que o leito do rio estivesse sempre no mesmo nível de altura topográfica. Vários afluentes surgiram no lado do cristalino, e foram ajudando no processo de alargamento do vale. O resultado dessa longa história evolutiva foi que surgiu uma área deprimida no cristalino, enquanto o sedimentar foi ficando em ressalto. Com a evolução no tempo desses processos erosivos, o resultado foi a formação do Cânion do Poti, o surgimento da Serra da Ibiapaba (que representa o contato desnivelado, o ressalto, entre cristalino e sedimentar) e a formação de uma ampla área rebaixada no sopé da Ibiapaba, que corresponde ao que chamamos de sertão. A lógica da existência do Cânion do Poti, da Serra da Ibiapaba e do sertão (superfície de piso atual) é então uma só, a chamada “erosão diferencial”: os materiais mais resistentes ficaram pouco erodidos, na forma de garganta (cânion) ou elevação (Serra da Ibiapaba), e o material mais frágil ficou rebaixado e deprimido (o sertão). Assim termina a nossa história. De agora em diante, a tendência é que esse processo evolutivo avance, com recuo para oeste da Serra da Ibiapaba e eventual colapso das paredes do cânion no futuro (milhões de anos). Isso, se a sociedade não mudar o rumo da evolução. Temos que torcer para que nunca pensem em fazer uma barragem no rio à jusante do cânion, como aconteceu em situações semelhantes em outras áreas do mundo e no nosso próprio País. Vamos zelar pela sobrevivência do nosso cânion”.
Texto de Vanda Claudino Sales - Geógrafa - Professora associada aposentada da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Professora visitante da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA).
TAMBOR DE MINA: A MAÇONARIA NEGRA BRASILEIRA
CASA DAS MINAS DE SÃO LUÍS DO MARANHÃO
A Casa Grande das Minas ou Casa das Minas Jêje, situada no Centro Histórico de São Luís do Maranhãomais precisamente na rua São Pantaleão, n. 857 - está, desde 2005, entre os terreiros tombados como patrimônios culturais brasileiros pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Assim como a Casa de Nagô, também antiga na cidade, a Casa das Minas ostenta em seu nome a marca da proveniência do grupo que a criou: eram negros minas ou minas-jêje. Mina ou Minas é termo que se refere aos escravizados vindos da região da antiga Costa do Ouro (atual Gana e mais amplamente toda a região do golfo de Benim na África Ocidental).
Um dos grandes homens de Viana foi o senhor Oiama Cardoso, pertenceu a uma das mais tradicionais famílias de Viana a família Cardoso, antes de ser comerciante, Oiama por uma década dirigiu o empreendimento familiar o engenho de sua propriedade, em Santa Vitória, fabricava cachaça, açúcar e mel de cana.
Após se mudar para a sede do município fixou residência no sobrado que outrora pertenceu ao comerciante Vitor Hugo Soeiro na Rua Cônego Hemetério, defronte da casa do ex-prefeito Eziquiel Gomes, próximo a Praça Duque de Caxias, posteriormente o sobrado pertenceu a Feliciano Gonçalves após a família Oiama Cardoso se mudar para São Luís, em 1967 e depois o sobrado pertenceu ao prefeito Walber Duailibe. Neste sobrado o Senhor Oiama Cardoso residia e tinha seu comércio, época que o centro comercial de Viana era no centro histórico, no trecho compreendido entre o sobrado Amarelo e sobrado de Oiama Cardoso, tinha um movimento comercial muito grande, período em que Zé Pinheiro e Oiama Cardoso eram os maiores compradores e exportadores de arroz e babaçu e possuíam seus comércios bastante sortidos de mercadorias.
Oiama Cardoso nasceu em Viana no dia 10 de dezembro de 1910, o comerciante foi casado com a senhora Neusa Neves Cardoso, o casal teve oito filhos: José Antônio Cardoso; Luís Carlos Cardoso, Maria de Lourdes Cardoso; Maria de Jesus Cardoso; Maria Izabel Cardoso; Antônio de Jesus Neves Cardoso; Nila da Conceição Cardoso e Oiama Cardoso Filho.
Oiama Cardoso foi um conterrâneo que amava sua cidade natal, um cidadão tranquilo, honrado e trabalhador que sempre falava verdade e criou seus filhos no caminho da retidão, além de ter uma honestidade tamanha, que costumava falar que ser honesto é uma obrigação. Teve uma participação ativa na sociedade vianense, no seu estabelecimento comercial, tratava todos com urbanidade e estava sempre solícito com os seus fregueses.
Assim tanto nas atividades industriais e comerciais, Oiama Cardoso prestou inestimável serviço à economia do município. No comércio de Viana teve um papel importante e com sua vocação comercial para o mundo dos negócios entrou para a história e a memória da cidade de Viana.
Na época da minha infância na década de 1970 ainda conheci esse trecho comercial de Viana próximo ao porto bastante movimentado e o sobrado onde era o comércio de Oiama Cardoso já pertencia a Feliciano Gonçalves, no inverno sempre às tardes ia presenciar a chegada e saída das lanchas, pois naquela área, centralizava-se a agitação da economia vianense.
Oiama Cardoso era respeitado como um homem reconhecidamente católico, mantendo sua família na trilha dos seus valores tradicionais e todos os dias era grato a Deus, católico praticamente devoto de São José e Santo Antônio, tinha o hábito de não faltar a uma missa de sétimo dia de seus amigos.
Oiama Cardoso faleceu em São Luís no dia 12 de janeiro de 1997, aos 86 anos de idade, deixando um legado cheio de virtudes e compreensão aos seus amigos e familiares.
Texto aberto a contribuições dos leitores.
(*) Àureo Mendonça é pesquisador, escritor e membro fundador do IHGV, ocupante da cadeira número 8 que tem como Patrono Sálvio Mendonça.
Ele foi um dos grandes empresários maranhenses da primeira metade do século XX, proprietário da “C. F. T. Cânhamo”, indústria têxtil, “Casa Americana”, comércio de produtos importados de luxo, “Banco Comercial do Maranhão”, uma das quatro entidades financeiras locais, além de outros empreendimentos. Presidiu algumas das entidades mais icônicas da São Luís daquela época, como o “Casino Maranhense” e o “Grêmio Lítero Recreativo Português”.
Este bisavô pelo lado paterno morreu em 1972, mas seu nome ficou marcado na história social e econômica da capital maranhense.
"DANÇA
DO BATUQUE."
Litografia de Godefroy Engelmann publicada em Paris em 1835, a partir de um desenho original de Johann Moritz Rugendas, c.1822-1825.
Rugendas faz do batuque a seguinte descrição: "A dança habitual dos negros consiste no batuque. Basta reunirem - se alguns dêles e ouve - se bater palmas que é o convite característico para a dança"
Dança de conjunto originária, segundo alguns pesquisadores, de Angola e do Congo (África) o Batuque pode ser realizada em roda, da qual participam não apenas os dançarinos, mas também os músicos e os espectadores, tendo no centro um dançarino solista ou um ou mais pares que se incumbem da coreografia. Consiste em forte marcação por movimento dos quadris, sapateados, palmas e estalar de dedos, e apresenta como elemento específico a umbigada - que o dançarino ou dançarinos solistas dão nos figurantes da roda escolhidos para os substituir. Em São Paulo, pelo menos na região de Tietê e Piracicaba, onde é também chamado de samba, o batuque é dança de terreiro, e sua coreografia é em fileiras opostas, com a presença do modista e do carreirista. A palavra deixou de designar uma dança particular, tornandose, como o samba, nome genérico de determinadas coreografias ou danças apoiadas em forte instrumental de percussão. Na Bahia é também outra denominação do batuque-boi. Os instrumentos musicais são todos de percussão: tambu, quinjengue, matraca e guaiá ou chocalho. A música compreende as "modinhas" e as "carreiras".
O SANTO VAQUEIRO DE MULUNDUS
CESAR TEIXEIRA
A Festa de São Raimundo Nonato dos Mulundus rememora a tragédia e os milagres de um vaqueiro santificado pelo povo do município de Vargem Grande (MA). Desde meados do séc. XIX as tradicionais homenagens ao santo concentravam-se no povoado Mulundus, entre os dias 21 de agosto e 1º de setembro, mudando de local quando a imagem foi transferida para a sede do município, em 1954.
O VAQUEIRO
Raimundo Nonato Soares Canguçu era um jovem vaqueiro da fazenda Santa Maria, onde se localiza Mulundus, a 30 km da sede do município de Vargem Grande. Teria nascido em 31 de outubro de 1700 e falecido em 31 de agosto de 1732. Conta a lenda que o vaqueiro quebrou o pescoço quando campeava o gado e o cavalo chocou-se com uma palmeira de carnaúba.
Três dias depois, o corpo de Raimundo Nonato foi encontrado intacto e um inexplicável perfume de flores recendia no ar.
O peão, conhecido pela sua religiosidade, foi transformado em santo e venerado pelos escravos e moradores, após o milagre que salvou a vida do dono da fazenda. Mas o corpo desapareceu, surgindo hipóteses apontadas pelo escritor vargem-grandense Jether Joran Coelho Martins: “a Igreja o teria levado para Roma; subiu ao Céu; o povo o carregou etc” (Histórias & Estórias da Minha Cidade, 2002).
A imagem do vaqueiro doada pela sinhazinha para a capela erguida no local “também desapareceu”, diz o escritor. Porém, D. Luiza Nina Rodrigues (mãe do etnólogo que maranhense Nina Rodrigues) mandou vir outra de Portugal. Mas, “para a surpresa dela e do povo, veio a de São Raimundo Nonato da Espanha, libertador dos escravos da Ordem dos Mercedários”.
FÉ PROFANA
Com o tempo, as romarias para Mulundus foram crescendo e mobilizou comerciantes vindos de quase todos os rincões nordestinos, além de violeiros, repentistas e sanfoneiros que se misturavam ao burburinho da feira, disputando espaço com as famílias tradicionais de Vargem Grande durante os festejos.
Em local afastado, conhecido como “Ponta Fina”, ficavam os bares e cabarés, além dos barracos feitos de palha braba, onde se davam as festas dançantes. Mas, a pândega enfureceu o Arcebispado de São Luís que, usando a Lei da Santa Sé, chegou a proibir a romaria em 1930, mas não convenceu a população: os festejos e a zona continuaram.
Só que em 1936, depois de um acordo com os chefes políticos locais, a Igreja retrocede, porém exige que a Paróquia de Vargem Grande tome os festejos a pulso.
Em 1954, o arcebispo Dom José Delgado transfere o santo para a sede da Paróquia, que passa a chamar-se de Santuário de São Raimundo Nonato. Deu-se o fato não só pela distância até Mulundus, mas também pelo antigo entrevero da Igreja com o Coronel Saul, dono das terras.
Descontente com a mudança, um devoto chegou a sequestrar a imagem, depois de tê-la pedido emprestado, o que levou à intervenção da polícia.
Em 1958, a Arquidiocese adquire a fazenda Paulica, de 180 hectares, situada a 7 km da cidade, às margens da BR-222, onde foi reinstalada a capela. A partir daí, todos os anos, em 22 de agosto – início oficial dos festejos –, é realizada a Alvorada às cinco da manhã na Praça da Matriz. Nos ombros dos fiéis, a imagem faz um trajeto de duas horas até a fazenda, ao som da orquestra e do foguetório.
Detalhe: o andor possui hoje uma redoma de segurança, pois o santo foi roubado de dentro da igreja em 1978, sendo encontrado com a ajuda da Polícia Federal em Olinda (PE), arranhado e com um dedo quebrado.
A ROMARIA
Crianças de asas angelicais, penitentes com pedras na cabeça, mortalhas e hábitos de São Raimundo e São Francisco de Assis integram a romaria, onde centenas de vaqueiros empinam-se nos cavalos com trajes tradicionais – chapéu de couro, perneiras, gibão, peitoral etc –, enquanto outros devotos seguem à pé, em bicicletas, motos e até automóveis pelas trilhas acidentadas.
Em Paulica, assistem à missa em frente à capela. Lá também são realizados batismos. Os fiéis depois espalham-se pelas barracas para comer, beber e descansar, preparando-se para os leilões de cabras, bezerros, porcos e capões.
Após as ladainhas e o rala-bucho, retornam às quatro da tarde para a sede de Vargem Grande, parando na capela de São Francisco de Assis. Lá o padroeiro da cidade, São Sebastião, espera a romaria com outro cortejo, dando-se o encontro emocionante dos dois santos. Reza-se outra missa na Praça da Matriz, com mais foguetes e vivas aos santos, ato de devoção que mantêm de pé a multidão de romeiros estafados.
Nem tudo, porém, são bênçãos. Os festejos à medida que crescem vão tendo dificuldades, pois, segundo
Jether Joran, quase não existe apoio institucional. Por isso, resolveu juntar-se à Fundação Simplício Oliveira, que atualmente cuida da preservação ambiental de Paulica, para estudar uma saída.
“Vamos fazer um manifesto, em forma de projeto, visando não só o resgate das tradições do festejo diante das modificações surgidas, mas o comprometimento do governo com a festa, incluindo-a no calendário turístico e cultural do Estado”, resume Jether.
NÃO NASCIDO
São Raimundo Nonato nasceu em Portell, na Catalunha (Espanha), em 1204. Chamou-se “nonato” – não nascido – por ter sido extraído de sua mãe já morta. De família pobre, o menino foi pastor de ovelhas e deixou a terra natal para ingressar na Ordem das Mercês, em Barcelona. Aos 20 anos, vestiu o hábito dos mercedários, dedicando toda a sua vida pela libertação dos escravos da Espanha, sob o domínio muçulmano. Em 1226, entregou-se como escravo na Argélia para animar pela fé os prisioneiros e lutar pela sua liberdade.
São Raimundo sofreu intensas perseguições, chegando a ter os lábios furados a ferro quente e fechados por um cadeado para que não mais denunciasse as injustiças e o seu Evangelho da libertação fosse calado. Foi resgatado com a saúde arruinada e, ao regressar à Espanha, o papa Gregório IX elevou-o a cardeal e conselheiro particular. Faleceu em Cardona, em 1240, aos 36 anos de idade. É invocado como protetor das parturientes e das parteiras.
Mas, o santo renasce todos os anos em Vargem Grande, junto com o vaqueiro Raimundo Nonato, durante os festejos em sua homenagem. No dia 31 de agosto, que lhe é consagrado, há nova Alvorada, seguida de missas, batizados de futuros devotos e festa.
E não termina aí. No dia 1º de setembro, depois da homilia pelo Dia dos Romeiros, é a vez dos noivos casarem-se e, na euforia das núpcias, lavarem os pratos celestiais.
Texto publicado originalmente no Suplemento Cultural & Literário Guesa Errante JP, em 2002.
(Em memória do escritor vargem-grandense Jether Joran Coelho Martins, assassinado em 6 de abril de 2013 na Vila Kiola, em São José de Ribamar, região metropolitana de São Luís)
Imagens: internet
HOSPITAL DR. JOSÉ MURAD (*)
Hospital Dr. José Murad localizado na Rua Professor Antônio Lopes, 883 iniciado sua construção no final da década de 1940 na segunda administração do prefeito Eziquiel Gomes e como não pôde ser concluído, com a gestão do prefeito Luís Couto o mesmo concluiu e inaugurou no início da década de 1950, na época era chamado de posto de saúde, mas foi o primeiro hospital de Viana.
Este hospital muito serviu a população da cidade de Viana por décadas, está em ruinas, o imóvel poderá ser recuperado e virar uma UPA para atender a população da cidade, o poder público precisa tomar iniciativa.
Inúmeros profissionais de saúde, alguns ilustres vianenses trabalharam nesse hospital, inclusive foram diretores.
Recordo-me do saudoso Dr. Walter Batista de Carvalho, o Dr. Walter médico piauiense que após sua formatura chegou à cidade de Viana.
(*) Áureo Mendonça é pesquisador escritor e membro fundador do IHGV ocupante da cadeira número 8 que tem como Patrono Sálvio Mendonça.
Dia 25 de agosto é celebrado pela igreja católica o dia de São Luís que é o padroeiro da nossa cidade. Além do nome, a cidade guarda várias homenagens a esse importante santo da igreja católica, como nome de Avenida, a São Luís, Rei de França, inaugurada em 1975, no governo de Nunes Freire, construída para fazer a ligação entre a região do Anil / Cohab com o Olho d’Agua, antes, no lugar, existia a antiga estrada do Olho d’Agua.
Existem também monumento e imagens em sua homenagem – no retorno do Tirirical, retorno da Cohab, no interior da prefeitura de São Luís e de várias igrejas históricas. São Luís é padroeiro da igreja do Bairro do Calhau e também no Angelim, enfim, embora não seja um santo popular no Brasil e em particular em São Luís e no Maranhão, de alguma forma ele se ligou a história da cidade e a história dos seus primórdios colônias, sobretudo, no que se refere à ocupação francesa nos seiscentos e os primeiros passos da São Luís portuguesa.
Mas quem foi, afinal, São Luís, Rei de França? Qual sua história e relevância? Foi um importante rei francês, conhecido por sua retidão, sabedoria, prudência, bondade, extrema religiosidade e fé católica. Reinou sob o nome de Luís IX, durante a Idade Média, no século XIII. Nasceu em 1214, filho de Felipe VIII e da católica fervorosa Branca de Castela que exerceu muita influência na formação educacional e religiosa do filho. Luís IX ascendeu ao trono da França aos 12 anos, em 1226, porém ficou sob a regência de sua mãe até a maioridade. Teve um longo e profícuo reinado até sua morte por difteria, no norte da África, aos 55 anos, em 1270, na oitava cruzada. Foi canonizado pelo Papa Bonifácio VIII em 1297.
Então como e por que a cidade de São Luís recebeu o nome desse santo francês medieval? Bem, a origem está no nome do forte (e não cidade) – dado por um dos comandantes franceses dessa expedição –construído pelos franceses em 1612 e batizado no dia 8 de setembro desse ano. Segundo Claude de Abbeville (2008, p.104): “Erguida a cruz, como já disse, foi também benzida a Ilha, enquanto dos fortes e dos navios canhonaços se disparavam em sinal de regozijo. O Sr. de Razilly deu ao forte o nome de Forte São Luís, em memória eterna de Luís XIII, rei de França e Navarra […]”
Como vimos, o forte dos franceses na Ilha do Maranhão, que era de madeira, pau a pique e foi construído na ponta de um rochedo inacessível nas confluências de dois rios, Anil (Maioba) e Bacanga, local hoje, onde está localizado o Palácio dos Leões, foi batizado como o nome de São Luís, que foi o Rei de França,
Luís IX, durante o século XIII, mas foi em “ memória eterna de Luís XIII, rei de França ”, como afirma o próprio capuchinho cronista e testemunha ocular desses eventos.
É importante perceber em toda essa narrativa do dia 8 de setembro de 1612, descrita por Abbeville, a total ausência de Daniel de La Touche, o senhor de La Ravardière, deixando bem claro na sua narrativa que o huguenote francês, não estava presente na cerimônia do 8 de setembro, o que é bastante verossímil, uma vez que ele era protestante e a cerimônia era imperativamente católica, assim como toda missão francesa. Pasmem! O “fundador”, não estava presente na “cerimônia de fundação”. E quem dá nome ao forte, nem é Ravardière, mas sim Razilly.
Portanto, a conclusão mais acertada sobre essa certa controvérsia, acerca do homenageado da cidade, se Luís IX ou Luís XIII, diria que são ambos, mas da seguinte forma: o nome da cidade é de Santo… “São Luís”. Que quando em vida foi Luís IX, Rei de França, depois de sua morte foi canonizado pelo Papa, como “São Luís”. Mas esse nome, Saint Louis, colocado pelo Senhor de Razilly no forte francês foi para homenagear o então rei menino da França, Luís XIII, isso segundo relatos do próprio Claude D’Abbeville, ou seja, o nome é de santo, mas foi para homenagear o rei Luís XIII.
Por fim, uma última questão, que é na verdade, a que vai ser determinante para denominação da capital maranhense. Por que os portugueses após expulsarem os franceses (1615/1616), mantiveram o nome do forte São Luís, à cidade que estava sendo erigida por eles a partir do traçado urbano deixado pelo engenheiro-mor do Brasil, Francisco Frias de Mesquita e Alexandre de Moura? Segundo o cronista, Bernardo Pereira de Berredo, autor dos “Anais Históricos do Estado do Maranhão [1749]”, o primeiro capitão general do Maranhão e comandante das forças portuguesas, Jerônimo de Albuquerque Maranhão, manteve o nome São Luís, por duas razões: a primeira pelo fato da região já estar conhecida pelo nome do Forte; a segunda, foi uma forma que Albuquerque Maranhão, encontrou para guardar para a posteridade sua memória, seus feitos, ou seja, a vitória da expulsão dos franceses, mantendo o nome de origem francesa Saint Louis.
Euges Lima – Historiador, professor e ex-presidente do IHGM
João Bosco Gaspar
“MANEN, PATUÁ Y CARYPYRA, ENTRE EL OLVIDO Y EL SILENCIO...” TRÊS ÍNDIOS DO MARANHÃO, SEPULTADOS EM
PARIS – ANO DE 1613”
José Ribamar Bessa Freire
“Em busca de parentes mortos em Paris – Crônica: Numa ladeira tortuosa da ala sul do Cemitério Père Lachaise, em Paris, estão enterrados muitos "indigentes". Entre eles, na Quadra 56, três amazonenses, "barões da borracha" falidos, que morreram na capital francesa na maior pindaíba, arruinados com a crise de 1914 depois de gastar a fortuna em orgias dignas da dupla Cabral-Cavendish. Os seus nomes sequer são legíveis e só sabemos que as sepulturas pertencem a herdeiros dos donos de seringais graças às informações da historiadora da Universidade do Pará, Rosa Acevedo, com quem visitei as tumbas no inverno de 1982.
A neve cobria os túmulos de conhecidos representantes das ciências e das artes, de Molière a Edith Piaf, passando por Victor Hugo, Augusto Comte, Chopin, Sarah Bernhardt, Isadora Duncan, Oscar Wilde, Allan Kardec e tantos outros, cujos admiradores periodicamente colocam flores e até pagam a limpeza das sepulturas. A cova dos "barões da borracha", no verão cobertas de mato, naquele inverno estavam com lama e neve.
Sentiriam frio aqueles ossos que chocalharam um dia pela Av. Eduardo Ribeiro em Manaus e logo depois pelo Boulevard Saint-Michel, esbanjando em curto tempo a fortuna acumulada com a exploração da força de trabalho de nordestinos, cabocos e índios e com negociatas escusas regadas à propinas? Apesar disso, em gesto de desonesta e provinciana comiseração, transferiria eu camélias de um túmulo rico para adornar as sepulturas dos três infelizes, que não têm quem lhes acenda uma vela?
A coroa de flores que eu queria depositar era no jazigo de três outros conterrâneos amazônidas, que morreram em Paris num sábado primaveril, 4 de maio de 1613, após rigoroso inverno, mas não foram sepultados no Père Lachaise. Eles morreram de frio e de solidão no meio de espantosas alucinações e crise de identidade, depois de batizados in extremis com nomes cristãos: Manen, o Anthoine, Patuá, o Jacques e Carypyra, o François. Faziam parte da comitiva de seis índios levados pelos franceses de São Luís do Maranhão a Paris, três dos quais sobreviveram.
O perfil e a biografia de cada um foi desenhado a bico de pena nas crônicas dos capuchinhos Claude D´Abbeville e Yves D´Evreux, que viveram em São Luís. Manen, um deles, nasceu num dia qualquer de 1593, em Renary, aldeia do rio Pará. Nacionalidade: Tupi. Sinais particulares: "cabelos longos e lisos, voz doce e suave, humor fácil, temperamento cordial, afável e brincalhão". Causa mortis: febre ardente e inexplicável, com paralisia das duas mãos.
Anthoine Manen foi enterrado com o hábito de São Francisco no próprio convento dos Capuchinhos, na Rua Saint-Honoré, em Paris, num solene funeral após intenso sofrimento, como nos conta D´Abbeville. Agora, eu só podia levar-lhe flores se localizasse o tal convento. Propus, então, ao antropólogo Renato Athias, que trabalhou no Rio Negro e fazia seu doutorado na França, um rastreamento da área.
Realizamos juntos peregrinação pela Rua Saint-Honoré e pelo Faubourg do mesmo nome. Percorremos de um extremo ao outro, prédio por prédio. Passamos por butiques de renome, lojas chiques de perfumes e cosméticos, joalherias, galerias de arte, restaurantes, salões de beleza, livrarias e até a igreja de São Roque, mas nenhum sinal do convento capuchinho. Não desistimos. Procuramos a residência da congregação em outro bairro, na Rue Boissonade. Lá, ninguém sabia de nada, mas nos deram o telefone em Marselha do historiador da Congregação.
Nas catacumbas
- Alô. Estou procurando um parente meu enterrado no vosso convento - eu disse ao padre Jean Mauzaize, um velhinho simpático cujo nome de congregação é Raoul de Sceaux, autor de uma história dos frades menores da Província de Paris.
Ele informou o local exato do convento próximo ao ângulo da Rua de Castiglione, mas confirmou sua demolição em 1804. Explicou que até o século XVII, quando não havia cemitérios públicos, cada convento tinha o seu privado, dividido por paróquias. Por medidas sanitárias, a Revolução Francesa acabou com todos eles e transferiu os ossos, incluindo os dos índios, para as Catacumbas de Paris em Denfert Rochereau, que recebe visitas no terceiro sábado de cada mês.
Num sábado, lá vou eu e outra amazonense Marilza de Melo Foucher buscar nossos parentes. Descemos enorme escadaria, caminhamos por um túnel comprido, sombrio e úmido com painéis explicativos, atravessamos uma porta metálica do Ossuário Municipal, passamos por um portal com a inscrição que recomenda o visitante parar porque "É aqui o Império da Morte". Não paramos. Mais adiante, uma placa genérica informa que ali estão as ossadas do convento dos Capuchinhos transferidas no dia 29 de março de 1804.
- Encontramos - eu comemorei.
Não foi possível, porém, comprovar o achado. O painel menciona os restos de Santo Ovídio e de outros mortos ilustres, mas omite qualquer registro de Manen, Patuá e Carypyra que lá estão, como sabemos, cobertos pelo pó, o esquecimento e o silêncio. A expressão "memória subterrânea" desenvolvida por Michael Pollak ganha outra dimensão lá embaixo, nas Catacumbas de Paris, um monumento oficial consagrado à história, um lugar de memória que apagou a lembrança das minorias excluídas e marginalizadas.
Urubu na carniça.
O que esses índios foram fazer em Paris? D´Abbeville confesa claramente que o objetivo era consolidar a aliança dos franceses com os Tupinambá do Maranhão, na luta contra os portugueses pela ocupação do território. Por isso, os seis índios foram recebidos em "acolhida triunfal e com salvas de canhão", num espetáculo publicitário que pretendia recrutar novos colonos e arrancar uma ajuda de 20 mil escudos da rainha Maria de Medicis para as missões.
Os três sobreviventes – Itapucu [NATURAL DA IBIAPABA] batizado como Louis Marie, Uaruajó como Louis Henry e Japuaí como Louis de Saint-Jean - no dia da cerimônia de batismo desfilaram pelas ruas de Paris, em grande pompa, ao lado de Maria de Medicis e de Luis XIII, ainda adolescente, seus padrinhos no ritual celebrado pelo próprio arcebispo de Paris. Eles se chamaram todos Luís, como seu padrinho, a fim de "tornar familiar o nome do rei para os índios de sua tribo".
A cerimônia começou às 16 horas do dia 24 de junho de 1613 com uma enorme multidão concentrada desde cedo. Centenas de soldados armados foram mobilizados às pressas para guarnecer os portões do convento e impedir que o povo os derrubasse para ver o "espetáculo" caracterizado pelo luxo e a badalação: tapetes de seda ornados de ouro, pia batismal de prata e esmalte dourado, colchas de tafetá e índios com vestidos de seda.
Os outros três índios que morreram, em sua agonia, tiveram alucinações.
Um deles, no leito de morte, viu uma enorme quantidade de urubus negros, que bicavam o seu corpo como se fosse carniça podre. O outro, escondido debaixo do lençol, sonhou com índios que o ameaçavam de morte se ele aceitasse o batismo e renegasse sua cultura. Os capuchinhos não entenderam bulhufas. O frei D´Abbeville narra tais visões que interpreta como tentações do capiroto na disputa por aquelas almas. Os frades sapecaram água benta para afastar o Tinhoso. Os índios morreram, mas como cristãos - se vangloria o padre.
A trajetória dos donos de seringal na França, assim como os índios batizados e mortos são fios soltos que nos levam a refletir sobre a necessidade de reelaborar a História do Brasil ensinada em nossas escolas”.
Por: José Ribamar Bessa Freire - Diário do Amazonas.
Ilustrações da década de 1770. Coleção do Museu Histórico Nacional.
Os tremembés são um povo étnico indígena que habita atualmente a área indígena Tremembé de Almofala (Itarema) e as terras indígenas São José e Buriti (Itapipoca), Córrego do João Pereira (Itarema e Acaraú) e Tremembé de Queimadas (Acaraú), no litoral do estado do Ceará, no Brasil RS
No início do século XVIII , os índios Tremembés foram aldeados na vila de Almofala, Ceará. Os Tremembé viviam na região desde a foz do rio Gurupi, no Maranhão, até a Serra de Ibiapaba, no Ceará. Viviam principalmente da pesca e do comércio de estrangeiros.
POR FÁTIMA OLIVEIRA, NO JORNAL OTEMPO
O sonho pelo Maranhão do Sul remonta à República dos Pastos Bons, proclamada em várias ocasiões, tendo até carta constitucional e bandeira, cujo marco é 1817, conforme Carlota Carvalho em “O Sertão: Subsídios para a História e a Geografia do Brasil” (1924).
É uma luta herdeira também da ideia do Estado dos Pastos Bons (1900), de Leão Leda (Leão Tolstoi de Arruda Leda): “Um Estado livre e independente que englobasse o território de Boa Vista do Tocantins (Tocantinápolis), antigo norte de Goiás, até Pastos Bons, no Maranhão”, segundo Mário Ribeiro Martins, em “Tolstoi e o Padre João (Quem foi Leão Leda?)”.
O Maranhão do Sul engloba 49 dos 217 municípios maranhenses, 1,1 milhão de habitantes e concentra 25% do PIB – gusa, grãos, celulose, couro, gesso e o maior rebanho bovino do Estado -; é uma saga separatista que incorpora o ideário do juiz de paz de Grajaú, Militão Bandeira Barros, participante da Balaiada (1838-1841) – revolta popular decorrente da insatisfação do interior, da gente do sertão preterida em favor do litoral – e que relançou o Manifesto da República dos Pastos Bons, pela separação do Sul do Maranhão.
A construção da Belém-Brasília arrancou Imperatriz do marasmo imposto pelo desprezo do Palácio dos Leões. Em 2001, foi instalado o Comitê Pró-Criação do Maranhão do Sul. Um projeto do novo Estado, do deputado Sebastião Madeira (PSDB-MA), atual prefeito de Imperatriz, foi apresentado na Câmara dos Deputados. Falam que, em 2007, o Senado aprovou um plebiscito.
Em movimento, a Frente Parlamentar pelo Maranhão do Sul, a bordo do projeto de Decreto Legislativo nº 231/2011, do deputado Ribamar Alves (PSB-MA), pela realização do plebiscito, tramitando desde 6 de junho passado.
Para Edmilson Sanches – vereador e candidato a prefeito de Imperatriz em 2012, pelo PCdoB, organizador da “Enciclopédia de Imperatriz” (2002) e intelectual de proa do Maranhão do Sul, Imperatriz, e, por tabela, a região Tocantina, – “era considerada a ‘Sibéria Maranhense’ pelo que havia de distância e de atraso em relação à capital do Estado e, até, a outras cidades. Nessa época, dizem, a rarefação populacional só era alterada pela chegada de funcionários públicos, que para cá eram transferidos geralmente como forma de punição ou em atendimento a interesses políticos contrariados. A transformação de mal-assombrada corrutela em bem-amado polo de desenvolvimento começou na década de 60”.
A minha família materna está em Imperatriz desde 1973. Para o meu avô, onde “corre dinheiro” é o lugar de o pobre “escapar”, seja pegando no “pesado” ou na “pena” (caneta-tinteiro). A construção da BelémBrasília, a estrada de JK pra onça passar, transformou a Sibéria maranhense num Eldorado. Por ser um lugar bom pra ganhar a vida, “forasteiros”, de todos os cantos do Brasil e de vários países, lá se estabeleceram, transformando aquele rincão num caldeirão cultural, onde a cultura maranhense é pouco presente.
A cidade incrustada nas barrancas do Tocantins chegou ao que é sem dever homenagem ao Palácio dos Leões, daí o sentimento generalizado de extorsão: “São Luís só subtrai, nunca soma. Fica no venha a nós e ao vosso reino nada!”. A pergunta que nunca me fiz é se sou a favor ou contra a criação do Maranhão do Sul. Jamais fui contra, pois é uma aspiração legítima, além do que nenhum ocupante do Palácio dos Leões, exceto Jackson Lago, que era pró Maranhão do Sul, diante do sentimento separatista, moveu uma palha pela integração.
CEARÁ, MARANHÃO, PARÁ E CABO DO NORTE - AS CAPITANIAS DO ESTADO COLONIAL DO MARANHÃO.
Manuel Guedes Aranha, administrador colonial português que governou o Estado do Maranhão e GrãoPará de 03 de setembro de 1667 a março de 1668, fala o seguinte: [01] “Fica o Estado do Maranhão correndo do Brazil pela costa de leste, e começa sua demarcação 65 léguas de Pernambuco junto aos baixos de São-Roque em 4 graus e 4 minutos do sul; ficando dali ao Ceará 125 léguas, em 3 graus e 30 minutos do sul. Do Ceará ao Maranhão há 120 léguas, em 2 graus e 40 minutos latitude do sul, longitude 338. Do Maranhão à barra do Pará vão 228 léguas, em 18 minutos do norte; e dali ao Cabo do Norte, que é a ponta da terra da outra banda em 1 grau e 50 minutos do norte vão 60 léguas, que tem de largo o rio das Amazonas na boca, e do cabo do rio Vicente Pinzon 30 minutos norte, latitude que é aonde chega a demarcação da coroa de Portugal e começa a da Espanha”. (p. 01-02). [01]
Fonte: Livro “Papel político sobre o Estado do Maranhão” 1665, Manuel Guedes Aranhão, Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, ano de 1883, Tomo XLVI 1ª parte, Rio de Janeiro.
Por João Bosco Gaspar
Após a capitulação holandesa de 1654, o Estado do Maranhão foi reorganizado sob o governo de André Vidal de Negreiros, agora com o nome de "ESTADO DO MARANHÃO E GRÃO-PARÁ". Naquela ocasião, André Vidal recebeu do rei de Portugal um Regimento com 58 artigos para melhor gerir o novo governo do Maranhão. Constituído, a princípio, pelas capitanias reais do Ceará, Maranhão e Pará (ainda não havia a capitania do Piauí), o Estado do Maranhão começava nos Baixios de São Roque e terminava na linha do Tratado de Tordesilhas. Os dois primeiros artigos do Regimento, tratavam da Capitania Real do Ceará.
Por João Bosco Gaspar
O
CABO
- A FRONTEIRA DAS DUAS COLÔNIAS DA AMÉRICA PORTUGUESA... O BRASIL E O MARANHÃO (a pedra de tropeço dos historiadores).
“Entendem-se, desde logo, os condicionamentos políticos que a geografia econômica impôs à colonização. Com efeito, a separação entre o Estado do Brasil e o Estado do Maranhão (1621), cujos limites começavam exatamente na altura do cabo de São Roque, responde ao quadro de ventos e marés predominantes na costa sul-americana: facilidade de comunicações com a Corte e transtorno da navegação litorânea sul-americana levam à criação de duas colônias distintas no espaço da América portuguesa. Na mesma perspectiva, uma das críticas feitas ao estabelecimento do Tribunal da Relação na Bahia (1609) decorria da dificuldade de encaminhar àquele tribunal os pleitos oriundos das outras capitanias, dependentes das monções favoráveis à navegação de cabotagem, “o que dilata muito o despacho dos negócios”. Mais valia enviar os requerimentos das outras capitanias diretamente aos tribunais do reino (p. 59). Correnteza mais rápida de todo o litoral brasileiro, atingindo velocidades de 2,5 nós no costão que vai do cabo de São Roque (Rio Grande do Norte) ao cabo Orange (Amapá), a corrente das Guianas facilitava grandemente a navegação para o Norte. Tamanha é a força das águas rolando nessa área que, mesmo com as velas meio arriadas, navios grandes podiam cobrir em três dias as trezentas léguas separando o cabo de São Roque do porto de São Luís. Em contrapartida, a corrente representava um obstáculo quase intransponível à navegação a vela no retorno do Estado do Maranhão ao Estado do Brasil. Até o advento dos barcos a vapor, nos meados do século xix, só as sumacas barcaças pequenas de dois mastros conseguiam sair da Bahia, de Pernambuco, ou mais do Sul, e bordejar na torna-viagem do Pará e do Maranhão. Ainda assim, tudo dependia da sorte (p. 58)”. Fonte: Trecho do Livro “O Trato dos Viventes – A formação do Brasil” de Luiz Felipe de Alencastro. Por João Bosco Gaspa
“Antes de Alexandre de Moura, nenhum dos emissários enviados do Maranhão para Pernambuco e Baía conseguiu voltar por água ao ponto de partida. Martim Soares foi em duas ocasiões victima dos caprichos dos alísios e das correntes oceânicas, quando tentava regressar ao Ceará. A primeira vez, em 1613, quando, fugindo aos franceses, foi por ventos contrários levado á ilha da Trindade, e a segunda, em 1616, quando houve de arribar a S. Domingos. Não teve melhor sorte Manuel de Sousa D’Eça, enviado a Pernambuco, levando cartas de Jeronymo de Albuquerque. Batido dos ventos o barco que o conduzia, viuse o piloto obrigado a dar fundo na ilha de Porto-Rico”. Fonte: Carlos Studart Filho – RIC ano de 1937. Por João Bosco Gaspar
CEMITÉRIO
Segundo divulgação da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, através do Celditec, foi descoberto nos altiplanos da Ibiapaba um cemitério indígena com aproximadamente 300 anos de existência. Técnicos do IPHAN já estiveram no local recolhendo resquícios cerâmicos que serão utilizados no teste de carbono 14. Como é sabibo, a nação tabajara ocupa o platô da Ibiapaba desde meados do século XVI, e por ocasião da estadia de Pero Coelho de Sousa e Martim Soares Moreno nestas paragens, por volta do ano de 1604, foram contabilizadas cerca de 70 aldeias na região. No ano de 1720, no contexto do primeiro litígio pelas terras da Ibiapaba entre o Piauhy e o Ceará, o rei de Portugal, Dom João V, fez doação de "toda a terra que fica em cima da Serra aos índios da nação tabajara, da capitania do Ceará", de modo que, o platô da Ibiapaba sempre foi ocupado por povos tradicionais. Em 1759, no contexto da expulsão dos jesuítas do Ceará, a aldeia da Ibiapaba (Viçosa), contava com cerca de 9 mil índios aldeados. Nos dias atuais, o Estado do Ceará reconhece oficialmente 16 povos indígenas, entre os quais os tabajaras da Ibiapaba. Por João Bosco Gaspar.
Créditos das imagens: Caubi Braga.
“Eu, El-rei, faço saber aos que esta minha provisão virem que tendo consideração a me representar Antônio Gonçalves de Araújo que ele tinha descoberto na Serra dos Cocos e Ibiapaba da capitania do Ceará, distrito de Pernambuco e em outros lugares do Sertão do Brasil entrando naquela diligência e especulação e seus progressos em ordem do vice-rei do estado do governador de Pernambuco, capitãomor do Rio Grande e Ouvidor do Ceará, rogado também e com recomendação do superintendente-geral das minas daquele estado, Manoel Francisco dos Santos da Soledade o qual lhe havia cedido e doado as terças partes das terras e mais pertenças de que eu lhe havia feito mercê por uma provisão. E porque ao presente se achava o mesmo suplicante e o dito superintendente nesta corte com requerimento sobre abertura e continuação das ditas minas, e das que demarcara o dito superintendente por conta de poderem dar umas e outras os interesses que prometiam, e da escritura que apresentava constava fazer o dito superintendente aquela doação mais vigorosa, e evidentemente provável, com as mesmas cláusulas e condições em que por mim lhe foram concedidas aquela mercê para assim e pelos motivos insertos na própria escritura melhor poder o suplicante cobrir-se da despesa que tinha feito nos tais descobrimentos e concluir a fim de pôr em execução como convém abertura de umas e outras minas descobertas e demarcadas, e se reduzirem a cultura as terras que eram doadas para benefício das próprias minas. E era necessário para mais utilidade da dita seção e trespasso, que eu fosse servido havê-lo assim por bem, aprovando na pessoa dele suplicante a nomeação que lhe fizera o dito superintendente para o dito feito, fazendo efetiva na mesma mercê de modo que fora concedida ao próprio superintendente, e por esta cedida ao suplicante para que na forma da Dita escritura poder entrar nas mais diligências necessárias com as mesmas cláusulas e condições declaradas na sobredita provisão. E atendendo às suas razões: Hei por bem confirmar ao suplicante a seção que por escritura de dezessete de junho de mil setecentos e trinta e oito em a nota do tabelião Manoel de Oliveira, fez nele Manoel Francisco dos Santos da Soledade, da sesmaria, e mais jurisdições que foi servido conceder-lhe por provisão minha de oito de janeiro de mil setecentos e trinta e com as mesmas cláusulas e condições que na dita provisão se contém com declaração que sendo os cedentes pela não cumprir removido, ou por abusar das ditas jurisdições, se ficará desvanecendo também a parte e administração cedida e pela mesma forma será o cedente obrigado pelo fato do suplicante e pela inobservância das mesmas condições ou abuso referido ainda que para isso não concorra, e a divisão da terça parte cedida não terá efeito antes de se findarem os anos concedidos e se de marcar as sesmarias de que fiz mercê ao dito Manoel Francisco dos Santos Soledade, pelo que mando ao meu vice-rei e capitão-general de mar e terra do estado do Brasil governadores e Capitães-mores, e mais ministros e pessoas a que tocar cumpram e guardem esta provisão e a façam inteiramente cumprir e guardar como nela se contém sem dúvida alguma, a qual valerá como carta sem embargo da ordenação do livro 2° título 40, em contrário e se passou por duas vias e deu fiança à folha 193 verso do livro primeiro a elas a pagar os novos direitos que dever como constou por certidão dos oficiais da chancelaria. Lisboa Ocidental, 13 de novembro de 1739. Rei. Provisão porque Vossa Majestade há por bem confirmar a Antônio Gonçalves de Araújo a seção que por escritura de 17 de junho de 1738 em a nota do tabelião Manoel de Oliveira fez nele Manoel Francisco dos Santos Soledade da sesmaria e mais jurisdições que Vossa Majestade foi servido conceder-lhe por provisão de oito de janeiro de 1730 com as mesmas cláusulas e condições que na dita provisão se contém com declaração que sendo o cedente pelas não cumprir removido, ou por abusar das ditas jurisdições se ficará desvanecendo também a parte e administração cedida e pela mesma forma será o cedente obrigado pelo fato do suplicante e pela inobservância das mesmas condições, ou abuso referido ainda que para isso não incorra, e a divisão da terça parte cedida não terá efeito antes de se findarem os anos concedidos e se demarcar a sesmaria de que vossa Majestade fez mercê ao dito Manoel Francisco dos Santos Soledade como nela se declara que vai por duas vias. Para Vossa Majestade ver. Por decreto de Sua Majestade de 23 de Março de 1739. José Carvalho de Abreu. José Inácio de Aroche”.
Fonte: livro “Memória Colonial do Ceará” V5T1, p. 341-346. Por João Bosco Gaspar
“Na verdade, o país dos Mourões era a Serra Grande, o Chapadão da Ibiapaba. Eles a povoaram, valentes, fecundos e numerosos, lavrando, criando e morrendo, em lutas que se tornaram memoráveis na crônica do Ceará antigo. Aquela serra estava “semeada de Mourões” com seus campos e abismos que tão de perto tocaram o coração e a pena do severo jesuíta e escritor, Padre Antônio Vieira. Melos e Mourões disseminaram-se, assim, por velhos lugares sertanejos do Ceará e do Piauí: em Príncipe Imperial (hoje Crateús), Ipu (antiga Vila Nova do Ipu), Independência (chamada, naquele tempo, Pelo-Sinal), Inhamuns (em Tauá, o antigo São João do Príncipe), Guaraciaba (antiga, Vila Nova d'El Rei), no Tamboril, na Boa Viagem, no Quixeramobim, em Sobral, na zona da Uruburetama e em largos trechos do Piauí e do Maranhão, além de terem corrido muito pelas bandas de Pernambuco e da Paraíba”.
Fonte: Trecho do livro “O Bacamarte dos Mourões” de Nertan Macêdo, p. 14. Por João Bosco
ou o quê – festejar?
*LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
O Dia do Vaqueiro é 29 de agosto (Lei Federal 11.797/2008). No terceiro domingo de julho é comemorado o Dia Nacional do Vaqueiro Nordestino. O vaqueiro é responsável por realizar o tratamento de pastos e outras plantações para ração que alimentam o gado, também realiza ordenha e mantém todos os cuidados com o animal. Dia Nacional do Vaqueiro - 29 de Agosto - Calendário 2023 (calendario.online)
Já no Maranhão, o festejo de São Raimundo Nonato dos Mulundus, o santo vaqueiro, protetor e padroeiro dos vaqueiros, é um novenário – de 22 a 31 de agosto, dia em que ele faleceu (ou foi encontrado morto?), na antiga fazenda, hoje povoado, Mulundus, a 30 km de Vargem Grande (MA).
A ORIGEM DOS MULUNDUNS
Para o austríaco Ludovico Schwennhagen, o Maranhão existia, como a república dos tupinambás, já antes da fundação de Tupaón. Os sete povos tupis, que tomaram posse do norte do Brasil, cerca de 1500 anos A.C., entram pela foz do rio Parnaíba, procurando as serras em ambos os lados desse rio. Do lado oriental ficam os tabajaras, do lado ocidental os tupinambás; os outros cinco povos estenderam-se para o sul e sudeste. Todos os sete povos formaram uma confederação e as Sete Cidades (no Piauí) eram a capital federal, isto é, o lugar, onde se reunia todos os anos o Congresso dos Sete Povos. (Schwennhagen, 1925).
Mas a harmonia não ficou sempre intacta; por quaisquer motivo desligaram-se os tupinambás da confederação e constituíram seu próprio congresso, ao lado ocidental do Parnaíba, em Mulundús.
Os tupinambás já eram grandes senhores, tinham ocupado a maior parte do interior do Maranhão, tinham fundado mais de cem colônias no Grão Para, Amazonas e Mato Grosso e precisavam dum centro nacional para conservar a unidade da nação dos tupinambás.
Esse centro era Mulundús, onde se reuniam todo os anos os delegados de todas as regiões, ocupadas pelos tupinambás. Nas cartas e relatórios do padre Antonio Vieira encontram-se muitos indícios desses factos. Ele relata que alguns dos seus amigos tupinambás lhe contaram que no interior do Maranhão se reúnem os delegados de todas as aldeias que falam a mesma língua geral, e pediram ao padre mandasse para lá um sacerdote católico para celebrar missa, dentro da grande reunião do povo. Assim o antigo congresso de Mulundús ficou transformado numa festa cristã, dedicada à memória de São Raimundo, como ainda agora se faz. Sempre, porém, essa festa conservou o caráter dum congresso popular, para onde veem de longe,
de Goiás, Mato Grosso e Pará amigos, parentes e comerciantes daquelas regiões que pertenciam antigamente ao grande domínio dos tupinambás. Ludovico Schwennhagen
A região que compreendia Itapecuru Mirim, Vargem Grande, Chapadinha, Brejo, Anajatuba, Manga do Iguará (Nina Rodrigues), Araioses, Cantanhede e outras existia grandes fazendas de gados o que justifica as centenas de vaqueiros devotos do Santo espanhol, que segundo a lenda, enquanto fazia suas orações a Virgem Maria esta enviava um anjo para guardar os rebanhos sob os seus cuidados, daí a ter um “representante” conterrâneo melhor ainda.
Muito propícia a criação de gado, comercializados no Arraial da Feira, atual Itapecuru Mirim ou transportada para São Luís via rio Munim. As crianças desde muito cedo começavam a aprender o mister de vaqueiro, que era a função de maior status entre os escravos. A profissão de vaqueiro passava dos pais para os filhos.
O festejo de São Raimundo Nonato dos Mulundus
Mas, qual ‘Raimundo Nonato’??? O Vaqueiro, morto, e reverenciado como santificado? O filho da fazendeira, curado por intercessão do Santo (vaqueiro)? Ou o santo espanhol?
RAIMUNDO NINA RODRIGUES, O FILHO DA PROMESSA
O filho da promessa, Raimundo Nina Rodrigues o mais ilustre filho da terra, foi médico legista, psiquiatra, professor e antropólogo. Faleceu em 1906.
O pequeno Raimundo nasceu no dia 4 de dezembro de 1862, porém foi uma criança com a saúde frágil e mais uma vez Dona Luiza recorreu ao Santo pedindo proteção e saúde ao filho e em troca prometeu fazer vir da Espanha uma imagem autêntica confeccionada na oficina sacra da terra natal de São Raimundo. Quando o filho atingiu a juventude a imagem foi encomendada. A trajetória da imagem foi difícil. Ela foi enviada à Portugal de lá foi feito o translado de navio para a capital, São Luís, depois foi levada de barco a vapor até Itapecuru –Mirim quando as autoridades locais e eclesiásticas a transportaram até a igreja de São Sebastião e depois à Mulundus. A chegada da imagem ocorreu no penúltimo quartel do século XIX. Blog da Jucey Santana: SÃO RAIMUNDO DOS MULUNDUS
Por volta dos anos 30 do século XIX, o tenente-coronel Antonio Bernardino Ferreira Coelho adquiriu o Engenho Primavera que outrora pertencera a madrinha do vaqueiro Raimundo Nonato. Na constância do cargo de Deputado Provincial Antonio Bernardino transferiu a Vila de Olho d’Agua para Vargem Grande em 1845. No final dos anos cinquenta o deputado vendeu o Engenho Primavera ao coronel Francisco Solano Rodrigues. Ao comprar as terras adquiriu também a escravatura dos antigos proprietários com todos seus costumes e crendices. No local se estabeleceu com a família depois do casamento com a senhora Luíza Roza Nina Rodrigues, onde tiveram sete filhos: Djalma, Joaquim, Raimundo, Themístocles, Antônio, Saul, e Maria da Glória. Blog da Jucey Santana: SÃO RAIMUNDO DOS MULUNDUS
Dona Luíza figurou como responsável pela festa durante muitos anos sendo seguida por seu filho o capitão Saul Nina Rodrigues que mesmo residindo no Engenho São Roque em Anajatuba, gerindo os negócios da família mantinha negócios em Vargem Grande tendo continuado como Mordomo da festa. Dona Luiza faleceu em 17.12.1911.
O tenente- coronel Francisco Solano Rodrigues, foi juiz de direito, Comandante Superior da Guarda Nacional, da Vila de Vargem Grande, deputado constituinte, Presidente da Câmara de Anajatuba e grande benfeitor de Vargem Grande, tendo cedido uma das suas casas para servir de cadeia pública à Vila.
Desde o início do Século XX, começaram as campanhas pela imprensa, pelos moradores e principalmente pelos comerciantes para a transferência da festa para a sede de Vila de Vargem Grande. O povoado de Mulundus, era desprovido de estrutura adequada para a celebração da festa que havia se tornado muito grande.
Porém os tradicionalistas resistiam, por achar que a festa deveria permanecer no local onde iniciou. Foram anos de negociações para solucionar o impasse. Somente em 1953, na gestão do arcebispo Dom José Medeiros Delgado, houve a transferência da festa para Vargem Grande, passando a ter uma maior projeção. Os conservadores, no entanto, inconformados continuaram celebrar São Raimundo Nonato em Mulundus, que em consenso a igreja fixou a data do evento no povoado para o mês de outubro e assim respeitando a religiosidade popular. A festa reúne féis de todo o Maranhão também de outros Estados, em pagamentos de promessas.
O Santo Espanhol, São Raimundo Nonato
Foi um doutor da igreja, um grande Bispo e mártir da fé católica. Roga por nós, São Raimundo! (em catalão: Ramon Nonat, em castelhano: Ramón Nonato) é um santo católico romano que viveu no século XIII e se rebelou contra a escravidão, que na época era tida como natural. Raimundo recebeu a alcunha de Nonato ("não nascido") porque foi extraído do ventre de sua mãe, já morta antes de dar-lhe à luz, ou seja, não nasceu de uma mãe viva, mas foi retirado de seu útero, algo raríssimo à época. São Raimundo Nonato - Diocese de São José do Rio Preto/SP (bispado.org.br)
Por isso é festejado, no dia 31 de agosto, como o patrono das parteiras e obstetras. Em 1224 entrou na Ordem de Nossa Senhora das Mercês, que era dedicada a resgatar os cristãos capturados pelos muçulmanos levados para prisões na Argélia. Mas ele não queria apenas libertar os escravos, lutava também para manter viva a fé cristã dentro deles. Capturado e preso na Argélia, converteu presos e guardas, mas teve a boca perfurada e fechada por um cadeado para não pregar mais. Após sua libertação, foi nomeado em 1239 cardeal pelo papa Gregório IX, todavia no início de seu caminho a Roma padeceu violentas febres pela qual morreu. Servilio Conti. O santo do dia.- 10. ed revisada e atual - Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. Raimundo Nonato – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)
Em “A história de São Raimundo Nonato dos Mulundus”, a professora Dolores Mesquita diz que Mulundus era uma fazenda de “umas brancas da família Faca Curta”, ricas e donas de muitos escravos. O racismo é impedimento à santificação de negros no Brasil (geledes.org.br)
O fato: Raimundo Nonato, com outros vaqueiros, caçava uma rês desgarrada e sumiu. Dois dias depois foi encontrado morto: o corpo conservado e exalando um perfume! O povo entendeu que virara um santo. Não houve enterro. O corpo sumiu! É um mistério! Segundo os escravos Raimundo, Secundio, Quirino, Martiniano, Macário, Zé Firino, Militão e José Cabral, os padres levaram o corpo para Roma. Mistérios e farsas sobre são Raimundo Nonato dos Mulundus | O TEMPO
No local do acidente foi feita uma capela de palha (depois o santuário de são Raimundo dos Mulundus, hoje em ruínas), e, chefiados por Macário Ferreira da Silva, criaram um novenário, que se encerrava no dia de sua morte, 31 de agosto. “Isso pelos anos de 1858, mais ou menos” (Dolores Mesquita).
Em 1858, já era rezada a novena, e havia uma capela de palha para o santo vaqueiro, a partir da qual foi erguido o Santuário de são Raimundo Nonato dos Mulundus, de rara beleza; e entre 1901 e 1908, o padre Custódio José da Silva Santos, de Vargem Grande, celebrava a festa em Mulundus “Apesar do abandono em que vive, o altar onde celebram as solenidades religiosas permanece firme, sendo resistente ao sol e à chuva; diz o povo que não cai porque são Raimundo protege aquele santo lugar”. O racismo é impedimento à santificação de negros no Brasil (geledes.org.br)
Muito religiosa Dona Luiza, quando chegou já encontrou a capelinha em Mulundus que fazia parte da propriedade da família. Passou a fazer a manutenção e incentivar o culto a São Raimundo Nonato. Em 1862, enquanto gestava um dos seus filhos se sentiu muito doente então fez promessa, que se tivesse um bom parto, o filho receberia o nome do Santo, porque além de protetor dos vaqueiros é invocado como patrono e protetor das parturientes e das parteiras, porque durante o seu nascimento a sua mãe faleceu e ele foi extraído vivo.
Após a Proclamação da República (1889), Mulundus foi comprada pelo coronel Solano Rodrigues, cuja mulher, dona Luíza, em pagamento a uma promessa ao santo vaqueiro, mandou fazer em Portugal uma
imagem dele que custou 1 conto e 700 réis, pela cura da pneumonia de seu filho Saul Nina Rodrigues, advogado, irmão do médico Nina Rodrigues.
Até 1908, os padres celebravam missa no santuário de Mulundus. Em 1930, o arcebispo de São Luís proibiu o festejo, alegando ser profano! As perseguições do oficialato católico ao santo vaqueiro beiram a insanidade e a ganância. O povo manteve a devoção, sem padre e sem missa.
Em 1954, o arcebispo dom José Delgado, acoitado pela polícia, “mudou”, como se fosse dono de uma obra popular, o Santuário de Mulundus para Vargem Grande, dando-lhe novo nome: Santuário de São Raimundo Nonato, bispo espanhol da ordem dos mercedários (1204-1240), santificado! Os romeiros não arredaram de Mulundus!
A arquidiocese decidiu disputar com Mulundus e dividir a fé do povo: “Comprou 180 hectares da fazenda Paulica, a 7 km de Vargem Grande, e fez uma capela para onde os romeiros em procissão conduzem a imagem de São Raimundo Nonato (o bispo espanhol) no dia 22 e a trazem de de volta para igreja no final do dia” (professora Dolores Mesquita).
O VAQUEIRO RAIMUNDO NONATO
Para Marcus Ramusyo de Almeida Brasil, A história de São Raimundo Nonato dos Mulundus está envolta em narrativas de mistério, fé e devoção, no contexto das crenças populares e das práticas performáticas socio-culturais que as engendram. São Raimundo Nonato dos Mulundus, o santo vaqueiro: travessias da religiosidade em movimento | Domínios da Imagem (uel.br):
Raimundo Nonato Soares Cangaçu nasceu em 31 de outubro de 1700, no povoado de Vargem Grande. Veio a falecer no dia 31 de agosto de 1732. Revela a memória coletiva que o vaqueiro Raimundo Nonato estava cavalgando em velocidade pelas matas quando bateu com seu cavalo em uma árvore. Tanto ele quanto seu cavalo ficaram combalidos, ali pereceram e morreram. No entanto, ao entrar em estado de decomposição, em vez de feder e ser comido pelos vermes, o corpo de Raimundo Nonato se santificara, emanava, então, perfume de flores. Nasceu, ali, linda vegetação. O local de sua morte tornou-se lugar de peregrinação com o passar do tempo. Seu nome se manteve forte no imaginário popular do sertanejo da região, vindo a se tornar o santo protetor dos vaqueiros e daqueles que vivem nos rincões do Maranhão profundo, através de quase 300 anos de tradição. (MELO, 2016, Nágela Mila de. São Raimundo Nonato dos Mulundus em Vargem Grande – MA: uma experiência estética. Licenciatura em Artes Visuais –Departamento da Licenciatura em Artes Visuais do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – Campus Centro Histórico, 2016. Monografia em Artes Visuais.)
*Leopoldo Gil Dulcio Vaz, nasceu em Curitiba (Pr), especializado em Educação Física, mestre em Ciências da Informação, especialista em Metodologia de Ensino e em Lazer e Recreação, professor, escritor e pesquisador, faz parte das seguintes instituições literárias: Academia Poética Brasileira, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e Academia Ludovicense de Letras. Com vários prêmios em pesquisa histórica, estaduais e nacionais. Editor das seguintes revistas: Nova Atenas, de Educação Tecnológica (IFMA) eletrônica: Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão - Edições 29 a 43: ALL em Revista - Eletrônica da Academia Ludovicense de Letras: Revista do Léo, Maranha-y e LUDOVICUS: Condutor da Tocha Olímpica - Olimpíada Rio 2016.
Postado por Blog da Jucey Santana às 05:25
ROMANA E AO REI DE PORTUGAL - ANO DE 1660.
TRANSCRIÇÃO INTEGRAL – ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO DE PORTUGAL - AHU-CEARÁ, CAIXA Nº 01
DOCUMENTO Nº 46.
"Carta de Sua Majestade [o Rei de Portugal], para Dom Simão Taguaibuna, principal dos índios tabajaras da Serra da Ibiapaba. Que por carta do padre Antônio Vieira (...), se recebeu o aviso do juramento que o dito principal havia feito nas mãos do dito padre, de ser fiel vassalo de Sua Majestade toda à sua nação e todos os seus descendentes, e de como assim ele, como os outros principais haviam recebido suas legítimas mulheres conforme os ritos da Igreja Romana, e prometido de em tudo o mais guardarem a lei de Deus, como verdadeiros cristãos, e tratarem de ajudar ao descobrimento do Rio Pará [Parnaíba] e conquista de todas as outras nações vizinhas às suas terras [Ibiapaba], para se reduzirem todos a fé de Deus e vassalagem de Sua Majestade, de que todos, Sua Majestade recebes [com] grande contentamento, pelo desejo que Sua Majestade tem de que todas essas nações venham ao conhecimento do verdadeiro Deus; e lhe agradece o zelo e vontade com que se tem disposto a esta empresa, cujo sucesso Sua Majestade fica esperando para lhe mandar fazer mercê, e que o mesmo diga da parte de Sua Majestade aos demais principais, aos quais todos encarrega Sua Majestade, particularmente a obediência e respeito que devem ter aos padres como ministros de Deus e da Santa Madre Igreja, seguindo em todos seus conselhos”.
Fonte: Arquivo Histórico Ultramarino de Portugal – Documentos da Capitania do Ceará – AHU-CE, Caixa nº 01, Documento nº 46, ano de 1660. Transcrição: João Bosco Gaspar.
Os Tupinambás representam uma das muitas culturas indígenas que habitavam o território brasileiro antes da chegada dos colonizadores europeus. Com uma rica história e uma sociedade complexa, os Tupinambás deixaram um legado que é crucial para entender a diversidade cultural do Brasil pré-colonial. Neste texto, exploraremos a cultura, a sociedade e a interação dos Tupinambás com os colonizadores europeus, embasando-nos em fontes históricas e antropológicas.
Os Tupinambás eram um grupo indígena que habitava principalmente a região costeira do Brasil, ao longo do litoral do atual estado do Maranhão até o sul do estado da Bahia. Eles eram parte do grupo linguístico Tupi e viviam em aldeias dispersas, muitas vezes próximas às praias. A subsistência dos Tupinambás baseava-se na agricultura, caça, pesca e coleta. Fontes antropológicas, como os escritos de Claude Lévi-Strauss em "Tristes Trópicos", destacam a organização social dos Tupinambás. Eles tinham uma estrutura de parentesco matrilinear, onde o vínculo de parentesco era traçado pela linha materna. Além disso, eram conhecidos por sua habilidade na construção de canoas e na cerâmica, que eram parte integrante de sua vida cotidiana.
A chegada dos europeus no século XVI trouxe profundas mudanças para a vida dos Tupinambás. As fontes históricas, como os relatos de viajantes e exploradores, incluindo André Thevet e Jean de Léry, oferecem insights sobre os primeiros encontros entre os indígenas e os colonizadores. Os Tupinambás, assim como outros grupos indígenas, tiveram experiências variadas com os europeus, que incluíram tanto alianças temporárias como conflitos.
Os colonizadores europeus estabeleceram postos de comércio e relações diplomáticas com alguns grupos indígenas, incluindo os Tupinambás, como parte de seus esforços para explorar e colonizar o território. No entanto, as relações muitas vezes eram marcadas por desentendimentos culturais, disputas de território e
choques de interesses econômicos. O próprio termo "Tupinambá" foi usado pelos colonizadores para descrever grupos indígenas canibais, uma caracterização contestada por estudiosos modernos. Os Tupinambás, como muitos outros grupos indígenas, enfrentaram doenças introduzidas pelos europeus para as quais não tinham imunidade, resultando em populações dizimadas. As fontes históricas, incluindo relatórios missionários e registros coloniais, documentam o impacto devastador dessas epidemias. Consequentemente, muitos grupos foram deslocados de suas terras originais e enfrentaram um declínio populacional significativo.
Apesar desses desafios, os Tupinambás e outros grupos indígenas continuaram a lutar pela preservação de suas culturas e territórios. No século XX e XXI, houve um ressurgimento do ativismo indígena no Brasil, com esforços para reafirmar a identidade cultural, recuperar terras ancestrais e proteger os direitos indígenas. Em conclusão, os Tupinambás desempenharam um papel importante na história e na cultura do Brasil précolonial. Por meio de fontes históricas e antropológicas, é possível obter insights valiosos sobre sua sociedade, cultura e interações com os colonizadores europeus. Reconhecer e estudar a história dos Tupinambás é essencial para uma compreensão mais profunda da diversidade cultural e histórica do Brasil.
Fonte: Estudos Históricos
Registro dessas imagens na localidade de São Felipe, um Povoado que fica no limite entre Viana e Matinha. O velho casarão centenário com seus belíssimos formatos serviu de residência e comércio a Feliciano Gonçalves, que tempos depois se mudou para a sede do município de Viana. Esse imóvel deveria ser restaurado. A história com a trajetória do comerciante Feliciano Gonçalves está eternizada no livro Resgate histórico da cidade de Viana do escritor Áureo Mendonça.
Fotos: Facebook Coisas de Viana
“Padre António Vieira nos cárceres da Inquisição. Em 1 de outubro de 1665, o Padre António Vieira foi encarcerado pela Inquisição. Estas são algumas das informações que constam do seu processo: Idade: 55 anos. Crime/Acusação: proposições heréticas, temerárias, mal soantes e escandalosas. Cargos, funções, actividades: religioso professo da Companhia de Jesus. Naturalidade: Rua dos Cónegos, freguesia da Sé, Lisboa. Morada: Coimbra. Pai: Cristóvão Vieira Ravasco, fidalgo da Casa Real. Mãe: D. Maria de Azevedo. Estado civil: solteiro. Data da apresentação: 21/07/1663. Data da prisão: 01/10/1665 (cárcere da custódia). Sentença: auto-da-fé privado de 23/12/1667. Privado para sempre de voz activa e passiva e do poder de pregar, recluso no Colégio ou Casa de sua religião, de onde não sairia sem termo assinado pelo Santo Ofício, assinar um termo onde se obrigava a não tratar mais das proposições de que foi arguido, nem por palavra nem por escrito, pagamento das custas. A leitura da sentença, sexta-feira 23/12/1667, na Sala da Inquisição, demorou duas horas e um quarto, no dia seguinte a mesma foi lida no Colégio. O réu, por motivos de saúde, foi autorizado a abandonar a sua reclusão no Colégio de Coimbra e a ir para a Casa do Noviciado de Lisboa. Por súplica do provincial da Companhia de Jesus, dirigida ao Santo Ofício, foi solicitada a anulação e perdão das penas que lhe foram impostas. Este pedido foi aceite por despacho do Conselho Geral do Santo Ofício, de 12/06/1668. A 30/06/1668, o réu foi chamado à Casa do Despacho da Inquisição de Lisboa, onde lhe foi comunicado o respectivo perdão e assinou o seu termo. Em Agosto de 1669, o padre António Vieira partiria para Roma com licença do Rei”. fonte/Link (http://antt.dglab.gov.pt/.../padre-antonio-vieira-nos.../)
A leitura da sentença, sexta-feira 23/12/1667, na Sala da Inquisição, demorou duas horas e um quarto, no dia seguinte a mesma foi lida no Colégio. O réu, por motivos de saúde, foi autorizado a abandonar a sua reclusão no Colégio de Coimbra e a ir para a Casa do Noviciado de Lisboa. Por súplica do provincial da Companhia de Jesus, dirigida ao Santo Ofício, foi solicitada a anulação e perdão das penas que lhe foram impostas. Este pedido foi aceite por despacho do Conselho Geral do Santo Ofício, de 12/06/1668. A 30/06/1668, o réu foi chamado à Casa do Despacho da Inquisição de Lisboa, onde lhe foi comunicado o respectivo perdão e assinou o seu termo.
Em Agosto de 1669, o padre António Vieira partiria para Roma com licença do Rei.
Veja a descrição destes documentos:
▪ Processo do padre António Vieira. 1659-04-29 / 1668-06-30. Portugal, Torre do Tombo, Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, proc. 1664.
▪ Retrato do padre António Vieira. 90 x 66 cm; óleo sobre tela. Portugal, Torre do Tombo, Quadros n. 93.
▪ Cartas autógrafas do Padre António Vieira. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos
Padre António Vieira
da Livraria, n.º 2263.
Descubra mais na Torre do Tombo…
▪ “Carta da letra do padre António Vieira ao confessor Manuel Fernandes em que dá notícia que vistos os papéis por parte da Inquisição e cristãos novos se tomou a resolução de que os inquisidores fossem processados, castigados e depostos como sismáticos e inobedientes à Sé Apostólica devendo mudar-se os estilos de processar e que para ter execução o dito decreto se esperava se acabassem as Cortes, e provassem juridicamente perante o núncio o que se tem proposto, e que o rei insinue ao mesmo núncio ser do seu agrado esta resolução”.1674-05-05. Portugal, Torre do Tombo, Armário Jesuítico, mç. 30, n.º 24.
▪ “Representação dos cristãos novos da letra do padre António Vieira [?] à Inquisição de Roma em que se queixam que estando pendente o recurso de Roma, prenderam aos parentes de um dos seis procuradores da nação, pedindo que assim como estes estavam isentos dos procedimentos da Inquisição o fossem também seus parentes e familiares, a que está junta uma cópia”. Portugal, Torre do Tombo, Armário Jesuítico, mç. 30, n.º 32.
▪ “Carta da letra do padre António Vieira ao confessor Manuel Fernandes, dando-lhe notícias dos termos em que se achava em Roma o negócio da Inquisição”. 1674-12-15. Portugal, Torre do Tombo, Armário Jesuítico, mç. 30, n.º 41.
▪ “Carta da letra do padre António Vieira [?] em que diz seria conveniente nomeasse o rei, inquisidor geral e mais inquisidores, pessoas de quem fizesse confiança, sendo as mais qualificações de todos os estados e religiões para os empenhar todos a fim de evitar os motins, que se receavam e se deram a entender nas Corte”. Portugal, Torre do Tombo, Armário Jesuítico, mç. 30, n.º 49.
▪ “Papel da letra do padre António Vieira [?] sobre os prejuízos que sofria o comércio com os procedimentos do Juízo do Fisco e do perigo da comunicação particular das Inquisições de Portugal e Castela sem conhecimento do príncipe”. Portugal, Torre do Tombo, Armário Jesuítico, mç. 30, n.º 58.
▪ Grupo de Trabalho de Bibliografia do Padre António Vieira: Actas. 1964. Portugal, Torre do Tombo, Inspecção Superior das Bibliotecas e Arquivos, cx. 131, proc. 739.
▪ Padre António Vieira – Parecer sobre a conservação do Maranhão e restauração de Pernambuco. Carta de D. Luís da Cunha sobre os modos porque Portugal pode florescer […]. 1814-12-20 1815-0209. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 30.
▪ “Clavis Prophetarum seu opus plus quam mirabile de regno Christi Domini interris consummato, auctore incomparabili viro Padre António Vieira Societatis Jesus, Compendiario contratum a doctissimo Padre Carolo António Casnedi eiusdem societatis”.1714/1725. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 174.
▪ “Avisos políticos que o padre António Vieira da Companhia de Jesus escreveu ao excelentíssimo conde Castelo Melhor estando governando e substituindo no trono a república no tempo do rei D. João IV”. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 240.
▪ Sermões do padre António Vieira. Tomo I. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 322.
▪ Sermões do padre António Vieira. Tomo II. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 323.
▪ Sermões do padre António Vieira. Tomo III. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 324.
▪ Sermões do padre António Vieira. Tomo IV. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 325.
▪ “Papel que fez o padre António Vieira da Companhia de Jesus em defesa da gente de nação e a favor do recurso que intentava ter com sua Majestade sobre a pretensão da nova mudança de
estilos do Santo Ofício, o qual se apresentou ao sereníssimo príncipe D. Pedro regente dos reinos de Portugal”. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 843 (1).
▪ “Desengano católico sobre o negócio da gente de nação hebreia, ano de 1633, do padre António Vieira”. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 843 (2).
▪ “Parecer do padre António Vieira sobre os cristãos novos para haverem de ser admitidos neste reino de que se lhe seguiriam grandes utilidades e certamente a conservação. Feito no ano de 1643”. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 843 (3).
▪ “Várias cartas do padre António Vieira”. Trata-se de um conjunto de 12 cartas do padre António Vieira, escritas a maioria delas de Roma e duas da Baía, entre 1671 e 1693. Têm como destinatários o cardeal Lencastre, o conde de Castanheira, o marquês de Gouveia e vários outros, não identificados. Tratam de assuntos diversos: questões de saúde, acontecimentos na corte de Roma, conflitos internacionais, entre outros temas. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 843 (4).
▪ “Carta apologética escrita pelo p[adre] António Vieira da Companhia de Jesus ao padre Jacome Esquaca Figo, provincial da Província de Andaluzia da mesma companhia em 30 de Abril de 1686”. Defesa de Vieira contra os ataques de um religioso que, a coberto do pseudónimo Escoto Patavino, visavam as proposições do jesuíta sobre o Quinto Império e as profecias do Bandarra, idênticas às já condenadas pelo Santo Ofício. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 843 (6).
▪ “Parecer do padre António Vieira sobre convir ao reino de Portugal fazer a Castela guerra defensiva e não ofensiva.1644”. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 843 (7).
▪ “Defesa do livro intitulado Quinto Império que é juntamente apologia do Clavis Prophetarum de regno Christi que o padre António Vieira ofereceu aos senhores inquisidores estando preso e respostas das proposições censuradas”. Cópia de original datado de 1666. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 843 (8).
▪ “Petição do padre António Vieira ao Tribunal do Santo Ofício de Coimbra”. Carta do padre António Vieira ao Santo Ofício na qual argumenta detalhadamente em sua defesa perante as perseguições que o Tribunal do Santo Ofício lhe move. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 843 (9).
▪ “Sentença que no Tribunal do Santo Ofício se deu ao padre António Vieira da Companhia de Jesus em 27 de Dez[em]bro de 1667”. Foi proferida a seguinte sentença: que «(…) seja privado para sempre da voz activa e passiva e do poder de pregar e recluso no colégio ou casa da sua religião que o Santo Ofício lhe assinar, donde sem ordem sua não sairá». Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 843 (10).
▪ “Parecer do padre António Vieira a el-rei D. Afonso VI para que dê o governo ao infante D. Pedro […]”. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 844 (23).
▪ Obras do Padre António Vieira. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 1031
▪ Obras do Padre António Vieira. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 1032
▪ “Obras do padre António Vieira da Companhia de Jesus. Tomo V”. 1795. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 1036
▪ “Parecer do padre António Vieira impugnando a resposta do […] Procurador da Fazenda”. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 1060 (17).
▪ “Sete propriedades da alma aplicadas às obrigações de um valido em carta do Padre António Vieira dirigida ao conde de Castelo Melhor, Escrivão da Puridade de el rei D. Afonso sexto de Portugal”. 1656/1667. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 1736 (15).
▪ “Sentença que no Tribunal do Santo Ofício se leu ao Padre António Vieira da Companhia de Jesus em 23 de Dezembro de 1667”.1667-12-23. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2056 (6).
▪ “Cartas que o padre António Vieira escreveu de Roma e do Brasil a vários sujeitos desta corte”.1672/1694. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2056 (7).
▪ “Carta quinta. Do padre António Vieira para o conde da Ericeira, D. Luís de Menezes, autor do livro Portugal Restaurado”.1689-05-23. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2073 (41).
▪ “Carta sétima. Resposta com argumentos e soluções pelo padre António Vieira”. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2073 (43).
▪ “Carta oitava. Do padre António Vieira em resposta a D. Rodrigo de Menezes sobre o sacrílego caso de Odivelas”.1671-10-24. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2073 (44).
▪ “Defesa do livro intitulado – Quinto Império – que é juntamente apologia do livro – Clavis Prophetarum – do reino de Cristo que o Padre António Vieira ofereceu aos senhores inquisidores estando preso: e resposta das proposições censuradas”. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2359.
▪ “Cursus philosophicus a […] P […] António Vieira e Societ Jesu […] scriptus a Petro Falcão Pereira de Gouveia anno Domini 1739 ad 1740″. 1739 / 1740. […]”. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2363.
▪ “Parecer do Padre António Vieira da Companhia de Jesus sobre as coisas do estado do Brasil e especialmente da restauração da Capitania de Pernambuco. Ano de 1647”.1647. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2452.
▪ “Sentença do padre António Vieira da Companhia de Jesus que se leu no seu auto particular da fé, que se celebrou na Sala da Inquisição da cidade de Coimbra em sexta-feira de tarde do dia 25 de Dezembro de 1667”. 1667. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2453.
▪ “Proposta que se fez em defesa da gente da nação hebreia […] a qual apresentou ao […].príncipe D. Pedro, regente e governador dos reinos de Portugal […]escrita pelo padre António Vieira […]”. 1646. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2489 (12).
▪ “Parecer político que o padre António Vieira da Companhia de Jesus deu ao rei D. João o IV sobre o aumento e conservação do reino, concluindo nele que para este fim devia o dito senhor favorecer e amparar aos homens de nação hebreia portugueses chamados vulgarmente Cristãos Novos […]”. 1644. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2489 (13).
▪ “Petição que o padre António Vieira da Companhia de Jesus fez ao tribunal do Conselho Geral do Santo Ofício no ano de 1665”. 1665. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2489 (14).
▪ “Defesa do livro intitulado Quinto Império que é juntamente a segunda apologia do livro Clavis Prophetarum de regno Christi que o padre António vieira ofereceu aos senhores inquisidores estando preso […]”. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2489 (15).
▪ “Defesa do livro intitulado Quinto Império – que é juntamente a segunda apologia do livro Clavis Prophetarum de Regno Christi que o Padre António Vieira ofereceu aos senhores inquisidores estando preso: e resposta das proposições censuradas. Na última parte deste resumo está recopilada a maior parte da vida do padre António Vieira”. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2504.
▪ “Clavis Prophetarum verum eorum sensum aperiens ad rectam regni Christi in terris [….] a P. Antonio Vieira Societatis Jesu […]”.[…]”. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2519.
▪ “Clavis Prophetarum do Padre António Vieira”. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º2520.
▪ Obras do padre António Vieira. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2541.
▪ “Proposta a favor da nação hebreia, para ser admitida neste reino de Portugal e se moderarem os estilos da santa inquisição que ao rei D. João quarto ofereceu o padre António Vieira”.1646. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2541 (2).
▪ “Parecer que sobre as coisas do Brasil e principalmente da restauração da capitania de Pernambuco deu ao rei o padre António Vieira, no ano de 1647”. 1647. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2541 (3).
▪ “Parecer que deu o padre António Vieira sobre se entregar a campanha de Pernambuco aos holandeses em 21 de Outubro de 1648 para efeito de se ajustarem as pazes: ao que comummente clamam o papel forte”.1648. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2541 (4).
▪ “Razões apontadas ao rei D. João o quarto a favor dos cristãos novos, para se lhes haver de perdoar a confiscação de seus bens, sendo sentenciados no Santo Ofício e o que para isso ofereceram ao rei no ano de 1649. Pelo padre António Vieira da Companhia de Jesus”. 1649. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2541 (5).
▪ “Informação do modo com que foram tomados e sentenciados injustamente por cativos os índios em o Maranhão no ano de 1655. Pelo padre António Vieira da Companhia de Jesus”. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2541 (6).
▪ Cartas enviadas do Brasil e de Itália pelo padre António Vieira. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2541 (7).
▪ “Sermão pregado no Colégio da Baía de Todos os Santos à saudosa memória do senhor rei D. Sebastião […] na festa que todos os anos se faz pelo dito motivo […] ano de 1687. Dizem ser pregado pelo padre António Vieira”. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2541 (9).
▪ “Aprovação do Padre António Vieira na terceira parte da História de São Domingos”. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2541 (10).
▪ “Defeitos do juízo, processo e sentença na causa do padre António Vieira, estando preso na Inquisição, representados ao Sumo Pontífice, Clemente X e ao Padre Geral da Companhia de que resultou o Breve que o dito Sumo Pontífice lhe concedeu em que isenta ao padre António Vieira da jurisdição dos inquisidores de Portugal”. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2541 (11).
▪ “Desengano católico sobre o negócio da nação hebreia pelo padre António Vieira da Companhia de Jesus”. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2541 (12).
▪ “O egrégio encoberto descoberto. Papel que fez o padre António Vieira da Companhia de Jesus em o qual prova a esperança da vinda do senhor rei D. Sebastião perdido na batalha de África a 4 de Agosto de 1578”.Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2541 (14).
▪ “Memorial que o padre António Vieira deu ao rei D. Pedro II no tempo de príncipe regente dos reinos de Portugal […]”. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2541 (15).
▪ “Papel em defesa da gente de Nação e a favor do recurso que se intentava ter com Sua Santidade sobre a pretensão da nova mudança dos estilos do Santo Ofício. O qual se ofereceu e apresentou a sua alteza, o sereníssimo príncipe regente […] depois D. Pedro II, pelo padre António Vieira da Companhia de Jesus”. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2541 (16).
▪ “Papel em que se mostra não se dever admitir o Breve, que por via da Inquisição de Lisboa se impetrou de Sua Santidade para se anular o alvará que o senhor rei D. João IV tinha feito à gente de nação em que lhe demitia os bens, que (depois de sentenciadas e executadas as causas),
pertenciam ao seu real fisco por contrato ajustado com a dita gente. Pelo padre António Vieira”. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2541 (17).
▪ “Papel que fez o padre António Vieira na ocasião da causa dos cristãos novos com o santo Ofício”. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2541 (19).
▪ “Petição do padre António Vieira da Companhia de Jesus ao governo do Maranhão, D. Pedro de Melo em que se queixa de que estando para fazer viagem para Portugal, expulso com os mais padres da companhia das suas missões, embarcassem aos seus companheiros em um bom navio chamado o Sacramento e o notificassem a ele só, para embarcar em uma caravela velha e sem equipagem capaz, só a fim de que perigasse, de sorte que não chegasse à corte […]”.Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2541 (20).
▪ “Prática feita a Nossa Senhora da Conceição pelo padre António Vieira da Companhia de Jesus em o primeiro ano do seu noviciado”. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2541 (21)
▪ “Relação que ao príncipe D. Pedro II, regente de Portugal fez o padre António Vieira sobre o que passou com o grão-duque de Toscana, acerca do casamento da sereníssima senhora D. Isabel, princesa de Portugal”. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2541 (22).
▪ Carta enviada de Roma pelo padre António Vieira.1674-04-21. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2541 (24).
▪ Carta que escreveu um amigo ao padre António Vieira e resposta deste último. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2541 (25).
▪ Carta que escreveu um amigo ao padre António Vieira e resposta deste último Portugal. Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2541 (26).
▪ Carta do padre António Vieira em que contesta os procedimentos da Inquisição. Portugal, Torre do Tombo. 1638-03-15. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2541 (27).
▪ “Papel em defesa da gente de nasção [sic] e a favor do recurso que intentava ter com Sua Santidade sobre a pretensão da nova mudança dos estilos do Santo Ofício. O qual se ofereceu ao senhor rei D. Pedro II, sendo príncipe regente destes reinos. Pelo padre António Vieira da Companhia de Jesus”. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2541 (28).
▪ “Esperanças de Portugal, 5º império do mundo, primeira e segunda vida de el-rei D. João o IV, escritas por Gonçalo Anes Bandarra e dada à luz pelo padre António Vieira da Companhia de Jesus, no ano de 1659”.1659. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2755.
▪ “Defesa do livro intitulado – Quinto Império – que é juntamente apologia do livro – Clavis Prophetarum – do reino de Cristo que o Padre António Vieira ofereceu aos senhores inquisidores estando preso: e resposta das proposições censuradas e uma recompilação da sua vida pelo mesmo padre”. 1666. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2756.
▪ “Onze cartas do Padre António Vieira”. 1653-05-15 / 1668-01-09. […]”. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2771.
▪ Carta do padre António Vieira ao padre Francisco Soares Lusitano. 1653-05-15. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2771 (1).
▪ Carta do padre António Vieira ao padre André Fernandes. 1653-05-21. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2771 (2).
▪ Carta do padre António Vieira ao padre André Fernandes.1654-04-04. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2771 (3).
▪ Carta do padre António Vieira ao Geral da Companhia de Jesus, padre Goswin Nickel. 1654-05-14. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2771 (4).
▪ Carta do padre António Vieira ao padre Francisco de Avelar. 1658-02-28. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2771 (5).
▪ Carta do padre António Vieira ao rei D. Afonso VI. 1658-11-19. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2771 (6).
▪ Carta do padre António Vieira à rainha D. Luísa de Gusmão. 1659-04-29. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2771 (7).
▪ Carta do padre António Vieira à rainha D. Luísa de Gusmão. 1659-11-28. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2771 (8).
▪ Carta do padre António Vieira ao padre Provincial do Brasil. 1659-12-01. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2771 (9).
▪ Carta do padre António Vieira ao padre Provincial do Brasil. 1660-05-01. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2771 (10).
▪ Carta do padre António Vieira ao marquês de Gouveia. 1660-01-09. A carta foi escrita depois do Padre António Vieira ter saído do cárcere da Inquisição. Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 2771 (11).
▪ Obra apresentada para censura do padre António Vieira.1699. Portugal, Torre do Tombo, Tribunal do Santo Ofício, Conselho Geral, liv. 122.
… e na Biblioteca da Torre do Tombo
▪ ALMEIDA, A. A. Marques de – O Padre António Vieira e os interesses Cristãos-Novos. In: Revista Portuguesa de História. ISSN 0870-4147. Tom. XXXVI, Vol. 1 (2002-2003). Portugal, Torre do Tombo, Biblioteca, SV 106/93.
▪ AMENO, Francisco Luís – Vieira defendido: diálogo apologético em que se mostra, que não he o verdadeiro author do livro intitulado Arte de Furtar o Padre Antonio Vieira da Companhia de Jesus. Lisboa: Régia Off. Sylviana, 1746. Portugal, Torre do Tombo, Biblioteca, SP 593 (4).
▪ AZEVEDO, António de – As cartas do Padre António Vieira oferecidas ao Arquivo da Torre do Tombo. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1906. Transcrição de documentos do ANTT. Manuscritos da Livraria. Portugal, Torre do Tombo, Biblioteca, SV 4312 (1).
▪ BARROS, P. André – Vida do padre António Vieira. Lisboa: Editores J.M.C. Seabra, 1958. Portugal, Torre do Tombo, Biblioteca, SV 638/95.
▪ CÂNDIDO LUSITANO, pseud. – Carta apologetica, em que se mostra, que naõ he author do livro, intitulado Arte de Furtar o insigne P. Antonio Vieira da Companhia de Jesus / escrita por hum zeloso da illustre memoria deste grande escritor. Lisboa: Na Regia Officina Sylviana, e da Academia Real, 1744. Portugal, Torre do Tombo, Biblioteca, SP 593 (3).
▪ CASTRO, Aníbal Pinto de – O essencial sobre o Padre António Vieira. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2008. (Essencial; 101, 102). ISBN 978-972-27-1664-2. Portugal, Torre do Tombo, Biblioteca, SV 189/08.
▪ CONGRESSO INTERNACIONAL “TERCEIRO CENTENÁRIO DA MORTE DO PADRE ANTÓNIO VIEIRA”. Lisboa, 1997. [org.] Universidade Católica Portuguesa, Província Portuguesa da Companhia de Jesus. Braga: U.C.P.: P.P.C.J., 1999. (Memorabilia christiana; 9). CNCDP. Portugal, Torre do Tombo, Biblioteca, ISBN 972-8090-10-2.
▪ COSTA, Mário Alberto Nunes – Frei Teotónio da Cunha qualificador do Pe. António Vieira em 1729. [S.l.: s.n.], 1955 (Coimbra: [Tip. Atlântida]). Transcrição de documentos do ANTT. – Sep. Arqui. de Bibliografia Portuguesa, 1. Colégio de Nossa Senhora da Graça de Coimbra. Portugal, Torre do Tombo, Biblioteca, SV 3177 (2).
▪ DIDIER, Hugues – Anno domini 1666, “La fin des jours”, Sabbatai Tsévi et António Vieira. [Policopiado]. Lyon: Université Jean Moulin-Lyon 3, 1998. Separata de “Fin(s) de siècle(s): actes du colloque tenu le 26 mars 1998 à l´Université Jean Moulin-Lyon 3”. CNCDP. Portugal, Torre do Tombo, Biblioteca, SV 796/07.
▪ EVOCAÇÃO DE ANTÓNIO VIEIRA NO TEMPLO DE S. ROQUE – Evocação de António Vieira no templo de S. Roque. Lisboa:[s.n.], 1940. SV 711/95.
▪ Exposição Bibliográphica no bi-centenário do Padre António Vieira em 1897 / Biblioteca Nacional de Lisboa. Lisboa: Imprensa Nacional, 1897. , Portugal, Torre do Tombo, Biblioteca, 1942 (2).
▪ EXPOSIÇÃO LISBOA DO SÉCULO XVII: “A MAIS DELICIOSA TERRA DO MUNDO”: IMAGENS E TEXTOS NOS QUATROCENTOS ANOS DO NASCIMENTO DO PADRE ANTÓNIO VIEIRA, Lisboa, Gabinete de Estudos Olisiponenses, 2008. Coord. José Manuel Garcia. Lisboa: Câmara Municipal. Gabinete de Estudos Olisiponenses, D.L. 2008. ISBN 978-972-9231-02-5. Portugal, Torre do Tombo, Biblioteca, CE 764.
▪ EXPOSIÇÄO PADRE ANTÓNIO VIEIRA, 1608-1697, Lisboa, Nov. 1997-Fev. 1998. Biblioteca Nacional. Lisboa: Biblioteca Nacional, 1997. ISBN 972-565-247-9. Portugal, Torre do Tombo, Biblioteca, CE 264.
▪ FRANCO, José Eduardo – Vieira na literatura anti-jesuítica: séculos XVIII-XX. Bruno Cardoso Reis; pref. António Matos Ferreira. – Lisboa: Roma Editora: Fundação Maria Manuela e Vasco de Albuquerque, 1997. CNCDP.ISBN 972-96824-7-X. Portugal, Torre do Tombo, Biblioteca, SV 417/97.
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▪ MUHANA, Adma Fadul- Os autos do processo de Vieira na Inquisição. Ed.lit.Adma Fadul Muhana; anot. Adma Fadul Muhane. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista; Salvador: BA: Fundação Cultural do Estado da Bahia, 1995. (Coleção Studium). ISBN 85-7139-103-3. Portugal, Torre do Tombo, Biblioteca, 261.7.
▪ NAGEL, Rolf – Die Antoniuspredigt António Vieiras an die portugiesischen generalstande von 1642 Munster: Aschendorffsche Verlagsbuchhandlung, 1972. Texto também em português. – Trad. de: Sermäo de Santo António na festa que se fez ao Santo na Igreja das Chagas de Lisboa aos quatorze de Setembro de 1642. CNCDP. ISBN 3-402-05490-4. Portugal, Torre do Tombo, Biblioteca, SV 227/06.
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▪ PELOSO, Silvano – Antonio Vieira e l’imperio universale: la Clavis Prophetarum e i documenti inquisitorial. [S.l.]: Sette Città, 2005. (Nuovo Mondo ; 4). ISBN 88-7853-027-1. Portugal, Torre do Tombo, Biblioteca, SV 349/07.
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▪ Revista Portuguesa de Filosofia [policopiado]. Ed. prop. Faculdade de Filosofia. Tom. 53, Fasc. 3, (Jul.-Set.) 1997. Lisboa: Faculdade de Filosofia, [199?]-[200?]. O n.º impresso é alusivo ao Padre António Vieira. Portugal, Torre do Tombo, Biblioteca, PP 49/98.
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▪ VIEIRA, António – Sermões. Pref. e rev. pelo Rev. Padre Gonçalo Alves. Porto: Lello, 1959. 15 tomos em 5 v. (Obras completas do Padre António Vieira). CNCDP ANTT. 1º v.: t. I, II e III. 2º v.: t. IV, V e VI. 3º v.: t. VII, VIII, IX. 4º v.: t. X, XI e XII. 5º v.: t. XIII, XIV e XV. Portugal, Torre do Tombo, Biblioteca, SV 178/06.
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