MARANHAY “ÁGUAS REVOLTAS QUE CORREM CONTRA A CORRENTE”
REVISTA DE HISTÓRIA(S) DO MARANHÃO
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - EDITOR – Prefixo 917536
NÚMERO 09 – NOVEMBRO – 2023 MIGANVILLE – MARANHA-Y
A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor. EXPEDIENTE MARANHA-Y REVISTA DE HISTÓRIAS DO MARANHÃO Revista eletrônica EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luís – Maranhão (98) 3236-2076 98 9 82067923 CHANCELA
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); Titular da FEI (1977/1979); Titular da FESM/UEMA (1979/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 16 livros e capítulos de livros publicados, e mais de 430 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Academia Poética Brasileira; Sócio correspondente da UBE-RJ; Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luís (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Prêmio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Prêmio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; Editor da “ALL em Revista”, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras; Editor da Revista do Léo, a que esta substitui (2017-2019), hoje MARANHAY – Revista Lazeirenta, já voltando ao antigo título de “Revista do Léo”; Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.
UM PAPO
Ao dividir minha “Revista do Léo” separando os assuntos de História/memória dos esportes e da educação física e lazer no/do Maranhão e da literatura dos da História(s) do Maranhão, foi em decorrência de ter deixado de editar a Revista do IHGM. Retornando a função, decidi-me por manter as História(s), retomando o título de Maranhay – águas que correm contra a corrente. Os artigos, atos e fatos, aqui publicados não ‘pertencem’ à história oficial, aquela dos livros, mas interpretações e fatos, sociais ou políticos e mesmo literários, colocadops à disposição por inúmeros sóciosatletas, os verdadeiros responsáveis pelos resgates que aqui são apresentados. Quicá, um dia, esse material possa ser interpretado, e juntado ´`a História do Maranhão. Vale a colaboração de todos, que autruisticamnete, me peremitem compartilhar desse material, copiados e colados.
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Editor
SUMÁRIO EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO ENTREVISTAS: BENEDITO SALIM DUAILIBE
2 3 4 CARLOS ANDRADE
O MAPA DE ARNOLD VAN LANGREN E A CIDADE DE NAZARÉ EUGES LIMA "UM HERÓI ESQUECIDO - JOÃO DA MAIA DA GAMA" GENEALOGIA MARANHENSE - CATARINA MINA REYLTON ROSA HISTÓRICO DA LOJA MAÇÔNICA RENASCIMENTO DE PINHEIRO RAMSES DE SOUSA SILVA BONIFÁCIO PACIFICO SERRA ÁUREO MENDONÇA OLHO D’ÁGUA NÃO É UMA PRAIA DA FLÓRIDA VISITA DE JOHN BENJAMIN STONE AO MARANHÃO, CEARÁ, PERNAMBUCO E AMAZÔNIA EM 1893. EDUARDO MOURÃO A BATALHA DO OUTEIRO DA CRUZ EUGES LIMA ÁREA PORTUÁRIA DE SÃO LUÍS-MA, CENTRO, 1893 A FUNDAÇÃO DO ESTADO COLONIAL DO MARANHÃO EM 1621, E O FIM DAS DONATARIAS DE JOÃO DE BARROS, ANTÔNIO CARDOSO DE BARROS, AIRES DA CUNHA E FERNANDO DE ANDRADE. HISTÓRICO DA LOJA MAÇÔNICA RENASCIMENTO DE PINHEIRO O BEQUIMÃO – PROTOMÁRTIDA DA INDEPENDENCIA DO BRASIL? PITÁGORAS MORAIS GRANDEZA DA CULTURA BANDEIRA TRIBUZZI À LUZ DA POESIA ZUZU NAHUZ AINDA UMA VEZ, O POETA JOSÉ CHAGAS O INDÍGENA NOS PRIMÓRDIOS DO EXÉRCITO BRASILEIRO HISTÓRIA DO TEATRO ARTHUR AZEVEDO EM SÃO LUÍS DO MARANHÃO O BAZAR 1° DE DEZEMBRO Por Ramssés Silva CEARÁ, MARANHÃO, PARÁ E CABO DO NORTE - AS CAPITANIAS DO ESTADO COLONIAL DO MARANHÃO. Manuel Guedes Aranha HAROLDO TAVARES QUEBRADEIRAS DE COCO DO MARANHÃO. Gravura de Percy Lau (1903-1972).
ENTREVISTAS: BENEDITO SALIM DUAILIBE CARLOS ANDRADE Entrevistas - Portosma
Benedito Salim Duailibe, 67 anos, tem sangue libanês nas veias e um amor incomum pela área do porto onde trabalha e pela São Luís que o viu nascer. Como lenda viva da história dos nossos portos, olhou os “poções” do fundeadouro “São Luís”, assistiu ao incêndio do “Maria celeste”, andou de Alvarengas, conheceu o Almirante “Chocolate” e viu de perto a fama do prático “Babaçu”. Nesta entrevista que teve a participação de Raimundo Nonato de Sousa (o Natinho) e Artur Valério Boueres -, “Seu Biné”, como é conhecido na CODOMAR onde exerce o cargo de Diretor- Administrativo-Financeiro, fala de muitas dessas histórias e relembra nomes esquecidos que fizeram o dia-a-dia dos nossos portos, como Booth-Line, Francisco Aguiar, Chames Aboud, Jose Ribamar Couto, Nelson Farias e Éden Saldanha Bessa, o pioneiro dos pioneiros do Itaqui. Católico, Biné assume “pelo sim, pelo não”, a existência do sobrenatural e confirma a contratação de um “professor” para atenuar a ira da Princesa Ina, cuja torre do castelo foi supostamente avariada pelos tubulões quando da construção do porto de Itaqui. Porto esse, que fez parte das promessas de campanha do próprio Jânio Quadros e todos os projetos de avaliação o indicavam como a redenção econômica de toda região sul do Maranhão e mais Brasília, Goiás e parte dos cerrados. Humilde, Biné acredita na privatização, na criação de novos municípios como forma de desenvolvimento e tem uma lição de economia para o Brasil, fruto da sabedoria do seu velho pai: “Meu primeiro salário foi 120 mil reis. Ao recebe-lo, papai me chamou de lado e ensinou: gaste apenas 80, ou quem sabe 90. Nunca tudo. E preciso guardar um pouco, sempre, pois nunca podemos prever o dia de amanhã.
JORNAL DA SOMAR – Vamos começar falando do porto de São Luís… BINÉ – Na verdade não se tratava de um porto, e sim de fundadores, ou poções, onde os navios ficavam ferro enquanto se processava as operações de carga e descarga. As mercadorias eram transportadas pelas “Alvarengas” e os passageiros em pequenas lanchas pertencentes ao inesquecível “Almirante Chocolate”. JS – Qual a capacidade de atracação desses poções? BINÉ – O porto propriamente dito compreendia toda essa áreas entre a Ponta D`Areia e a chamada “meia laranja”, hoje conhecida como Rampa Campos Melo. Dependendo da maré, ou da lua, atracavam navios de
até 23 pés. Era um espetáculo bonito de se ver, pois ali se resumia o centro da economia maranhense. Em alguns momentos, era possível até cinco navios ao mesmo tempo. JS – Nesse tempo, entre os anos 40 e 50 já havia Praticagem? BINÉ – Claro, e um dos práticos se destacava dos demais, visto ser o preferido dos comandantes dos navios. Era o Ernani Pinto, conhecido como Babaçu, em homenagem ao nosso principal produto de exportação da época. JS – Quais as principais companhias de navegação da época? BINÉ – Lloyd Brasileiro e a Companhia Nacional de Navegação Costeira. Esta pertencia ao italiano Henrique Lajes, dono do Estaleiro que construiu os famosos navios ITA, que, inclusive, foi usado como enredo da Escola de Samba Salgueiro, no carnaval do Rio de Janeiro, quando a agremiação faturou o título de campeã do carnaval daquele ano de 1993. JS – Quais os produtos que chegavam – ou saíam – do Porto de São Luís? BINÉ – O Maranhão, antes de ser interligado ao resto do país pelas rodovias, recebia quase tudo do mar. Cerveja, enlatados, farinha, miudezas, pneus, derivados de petróleo e trigo a granel. A exportação ficava por conta da amêndoa de babaçu, algodão, tecidos como mescla e lona por exemplo e alguns cereais. Desses, o mais importante era o arroz. O Maranhão já conseguir exportar até 100 mil sacas desse produto por navio, dado o vigor da nossa produção agrícola. JS – Quais os melhores clientes dos nossos atacadistas? BINÉ – Ainda na época de ouro da navegação fluvial maranhense, os rios Pindaré, Grajaú, Mearim e Itapecuru se tornaram as grandes vedetes do comércio de então. Cidades como Pedreiras, Pindaré, Barra do Corda e Grajaú, experimentaram fluxos de desenvolvimentos nunca antes imaginados. No caso das auas últimas, os compradores vinham apenas uma vez por ano e esvaziavam os armazéns dos atacadistas. Era uma verdadeira festa para o comércio. JS – A partir de quando o Maranhão passou a exportar os produtos derivados do babaçu? BINÉ – Não sei precisar exatamente o ano, mas lembro que o José Salomão, da Conan, mandou construir um navio, o “São Bento”, cujas características permitiam atracar diretamente no cais de São Luís, ali nas proximidades do Palácio dos Leões. O “São Bento” operava quase exclusivamente com óleo de babaçu, numa época de ouro para esse segmento da nossa indústria. Tínhamos fábricas em São Luís, Bacabal, Pedreiras, Coroatá, Codó e Caxias.
JS – Como os atacadistas abasteciam os demais municípios do Maranhão? BINÉ – Através da rede fluvial de embarcações. Comprava-se em grandes quantidades e se vendi nas mesmas proporções. Os maiores compradores da Região do Pindaré, e do Mearim, vinham à Praia Grande pelo menos uma vez a cada trinta dias e compravam praticamente todo o estoque do comércio local. JS – Quais os maiores atacadistas daquele tempo?
BINÉ – Chagas & Penha, Salim Duailibe, Lima Farias, Moreira Sobrinho, Cunha Santos, e outros. Entre os exportadores posso citar Francisco Aguiar, Chames Aboud, Bento Mendes, A O Gaspar e Rachid Abdalla. JS – Como a chegada das rodovias alterou essa normalidade? BINÉ – Com a inauguração da BR-135 houve um processo de esvaziamento da Praia Grande, pois criou-se o sistema de “porta a porta”. Com isso os comerciantes começaram a capitalizar menos nos estoques, visto as entregas se processarem de forma mais rápida. A era das rodovias serviu também para a ampliação do fluxo de exportações de outros municípios, facilitando a chegada das safras até a capital, São Luís. As mercadorias eram então trocadas por bens de consumo antes exclusivos dos grandes centros. JS – A Fábrica Rio Anil exportava sua produção para onde? BINÉ – Todo mundo sabe que o Maranhão já foi grande exportador de tecido. Tínhamos grandes fábricas de tecelagem e fiação e estas absorviam toda produção local de algodão. A Rio Anil produzia o “Elite”, considerado por muito tempo como o melhor morim do Brasil. Era um produto destinado a população de baixa renda e o público consumidor se resumia aos estados do Norte, principalmente da Região Amazônica. JS – E quanto a torta de babaçu? BINÉ – Esse produto praticamente inaugurou nossas exportações internacional. Toda nossa produção era destinada ao mercado interno e chegava a países como Alemanha e Holanda e chagavam através dos portos de Bremem e Roterdã, numa frequência de uma a duas vezes por mês. JS – Quantas estivas operavam no setor portuário de São Luís? BINÉ – Apenas duas. A Marítima e a Terrestre. A primeira era constituída de trabalhadores autônomos, enquanto a segunda era de responsabilidade do Estado, assim como os armazéns de estocagem. JS – O porto de São Luís tinha estrutura para esse tipo de embarque? BINÉ – Aqui cabe uma explicação. Essas exportações foram iniciadas pelo Porto de Itaqui, bem antes deste ser inaugurado. Isso foi possível graças a um acordo firmado entre o Comandante Washington Viégas, então diretor do Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis – DNPVN, o Ministro dos Transportes, Mário Andreazza, e os Agentes de Navegação. Criou-se então uma espécie de Condomínio e dessa forma garantiu-se a legalidade das operações. JS – Como a história do porto do Itaqui deve ser contada? BINÉ – A partir de 1970, quando o cais em frente ao armazém foi entregue, se trabalhava na pavimentação de pátios e e se organizava a constituição da CODOMAR. Naquela época, o porto fazia parte de todos os projetos e era visto como a solução definitiva para incrementar a economia do Maranhão e do Norte do Brasil. Triste do Estado que não tem um porto para escoar suas riquezas. No meu entender, em futuro próximo, o Itaqui será o principal porto do Nordeste, Norte de Goiás, do Cerrado e do Sul do Pará. Naquele tempo, nossa capacidade agrícola – assim como a industrial – era pequena demais e não viabilizava nenhuma garantia para a implantação de um Terminal como o Itaqui. Hoje não. O Maranhão se transformou nessa potência econômica graças ao pioneirismo dos seus portos. Primeiro o de São Luís e depois o Itaqui. A partir desses, vieram o da Alumar e o da Companhia Vale do Rio Doce, inaugurando assim uma nova fase de progresso para o Maranhão. JS – Quem, nesse item de pioneirismo, não pode deixa de ser citado? BINÉ – O mais importante de todos foi um comerciante chamado Eden Saldanha Bessa. Antes mesmo das maquinas, ele já tinha no Itaqui uma choupana onde manuseava babaçu, extraindo o óleo, a torta e até o alcatrão. Essa produção, o Sr. Bessa exportava para os Estados Unidos. Outros nomes seriam do ex-
governador José Sarney, do ex-ministro Mário Andreazza e do próprio Presidente da República, senhor Jânio Quadros. Este, não só assumiu a bandeira do nosso porto, transformando-o em compromisso de campanha, como, depois de eleito, nomeou a Associação Comercial do Maranhão como fiscal das obras. JS Além do desafio tecnológico, Itaqui foi, também, um desafio sobrenatural. Explique isso. BINÉ – Na verdade andaram acontecendo algumas coisas no inicio das fundações que os técnicos não conseguiam explicar. Houve desabamento de pedaços do cais, tombamento de guindastes da Serveng, mortes de escafandristas etc. Por isso, atendendo a sugestão de alguém da nossa equipe, foi chamado um “professor”, cuja missão principal era tentar explicar o até então inexplicável… JS – Qual foi o diagnostico? BINÉ – Surpreendente. Segundo o “mestre”, toda área do porto estava sendo erguida sobre o reinado da Princesa Ina e isso a estava incomodando, visto ninguém ter soli citado permissão para tal. Pelo sim, pelo não, todas as sugestões apresentadas pelo “professor” foram prontamente atendidas e, já evidentemente autorizadas pela “dona do lugar”, as obras continuaram normalmente. A imagem de Iemanjá, colocada na frente do Armazém Sul, faz parte dessas exigências e ainda hoje é cultuada por estivadores e marítimos que trabalham em nosso porto. JS – A “dívida” com a Princesa Ina era para ser paga de uma só vez? BINÉ – Segundo o “professor”, a ira da Princesa se devia ao fato das obras terem atingido uma das torres do seu castelo. Por isso, era preciso “pagar” certas oferendas e, o mais importante, repetir a “cerimônia” a cada sete anos. JS – A segunda “prestação” vence quando? BINÉ – Não sei exatamente, mas foi bom você nos lembrar… JS – Além de Salim Duailibe, que outros Agentes de Navegação seriam considerados pioneiros na história do Itaqui e dos portos do Maranhão? BINÉ – Harms e Cia, Pedreiras Transportes do Maranhão, Nunes dos Santos e Bento Domingues da Silva. José Ribamar Couto e Nelson Farias não eram Agentes, Operavam como entidades estivadoras no embarque e desembarque das mercadorias através de alvarengas, de, e para os navios. JS – Desde de 1974 o porto do Itaqui tem os mesmos administradores (Washington Viégas, Bento Moreira Lima e Benedito Salim Duailibe). Com explicar tanta longevidade? BINÉ – O sucesso do nosso porto por si só já responde sua pergunta. Além disso, a liberdade do nosso Diretor-Presidente, Washington Viegas, em escolher seus principais assessores, sem interferências externas, permitiu, graças a sua sensibilidade, cercar-se de gente da sua inteira confiança e de reconhecida competência. A CODOMAR sempre foi uma empresa enxuta. Tem servido de exemplo para outros Estados e desde a sua implantação, tem conseguido administrar o porto do Itaqui de forma eficiente e bem distante das mazelas e entraves das suas similares no resto do país. JS – O que mais poderíamos acrescentar antes de encerrar essa entrevista? BINÉ – Gostaria de deixar claro que mesmo com a inauguração do Itaqui, o porto de São Luís jamais deveria ter sido desativado. No entanto, algumas obras como a Barragem do Bacanga (o ideal, segundo os técnicos, seria uma ponte), o Projeto PROMORAR (onde se gastou dinheiro suficiente para se construir 10 mil casas populares), e mais recentemente, o Aterro do Bacanga, condenaram de vez os canais de navegação, matando o porto, a fauna, a flora e todos os ecossistemas existentes em frente a São Luís antiga onde se encontravam, fraternalmente, os rios Anil e Bacanga. O “professor” citado nesta entrevista era o Pai de Santo Jorge de Fé em Deus, o mais famoso babalaorixá de São Luís, que teve ajuda do também Pai de Santo Ribamar, do Coroadinho.
O MAPA DE ARNOLD VAN LANGREN E A CIDADE DE NAZARÉ por EUGES LIMA (historiador) Há alguns dias, consultando um livro de história de divulgação “O grande livro da História ilustrada” da editora abril, 2009, formato grande, deparei-me com uma reprodução de um mapa da América do Sul de 1596, confeccionado em Amsterdã, feito pelo cartógrafo Arnold Florent Van Langren (1571-1644), cartógrafo do século XVII, oriundo de uma tradicional família de cartógrafos da Antuérpia (Bélgica), que fazia mapas mundi e globos terrestre para Espanha. Chamou-me atenção toda aquela arte cartográfica incrível, verdadeiras obras de arte, típicas desse período, demostrando sempre mais conhecimento quando se tratava do litoral e preenchendo as lacunas com desenhos de animais e personagens “mitológicos” quando se tratavam das regiões mais para o interior do continente, menos conhecidas. Mas despertou-me atenção, principalmente, os topônimos “Cidade de Nazaré . O Maranhon ”. Evidentemente, trata-se da povoação fundada em São Luís em 1536, tradicionalmente tratada pela crônica historiográfica como edificada pelos sobreviventes do naufrágio da poderosa expedição colonizadora portuguesa – 10 navios, 900 homens, 113 cavalos - de Aires da Cunha que vinham tomar posse da capitania do Maranhão, pertencentes a João de Barros e Fernão Alvares de Andrade. Importante notar é o topônimo e o status de “Cidade de Nazaré”, atribuído a esse núcleo de povoação português da primeira metade do século XVI no Maranhão. Isso coloca totalmente em xeque a primazia de colonização francesa liderada por François de Razilly e Daniel de La Touche nos primeiros decênios do século seguinte, e, portanto, a ideia de fundação francesa da cidade de São Luís.
"Um Herói Esquecido - João da Maia da Gama"
Uma raridade... "Um Herói Esquecido - João da Maia da Gama" do historiador português F. A. de Oliveira Martins. Transcrição "verbum ad verbum" da viagem de João da Maia da Gama, governador do Estado do Maranhão entre os anos de 1722 a 1728. Maia da Gama diz que a fronteira litorânea entre os Estados do Brasil e Maranhão, em 1728, "era a barra do Iguaçu", o braço mais oriental do rio Parnaíba.
GENEALOGIA MARANHENSE CATARINA MINA Nota de falecimento de Catharina Roza Ferreira de Jesus, a "Catarina Mina" e citação de sua herança, deixada ao seu filho Alexandre de Jesus Ferreira. Os "Jesus Ferreira" são os descendentes vivos desta lendária figura histórica. Pesquisa: Reylton Rosa
HISTÓRICO DA LOJA MAÇÔNICA RENASCIMENTO DE PINHEIRO Ramsés Silva
Todo ramo de acácia que é paulatina ou abruptamente podado, acaba rebrotando se devidamente regado. Essa analogia simbólica serve perfeitamente para ocasiões como essa, onde ressurge uma Loja Maçônica de tal envergadura. Desse modo, a nova diretoria da Renascimento de Pinheiro desenvolveu esse texto, relatando um breve histórico da Loja a fim de contextualizar sua importância. Esta Augusta oficina teve seu pedido de filiação e regularização junto ao então “Sublime Grande Capítulo do Rito Moderno” deferido em 8 de Novembro de 1920. A Loja recém fundada, portanto, realizava suas atividades seguindo o Rito Moderno. Foi nomeado presidente da Comissão Regularizadora o ilustre Sr. Severo Ângelo de Souza, delegado do Grão-Mestre no Oriente do Maranhão. Entre seus obreiros fundadores, conseguimos enumerar, entre outros, o Dr. Elizabetho Carvalho (ocasião em que era juiz de direito na cidade de Pinheiro) e o Sr. Severo Ferreira. O Dr. Elizabetho, além de inúmeros serviços prestados à cidade no tocante ao ordenamento público, também foi o responsável por decretar a prisão do cangaceiro Tito Silva, que assolou a Baixada Maranhense na década de 1920, cometendo crimes e assustando a população. Dr. Elizabetho Carvalho também era padrinho do atual administrador do Asilo de Mendicidade Antônio Euzébio, pela amizade que nutria com seu pai, o ex prefeito Costa Rodrigues. Segundo registro obtido nos arquivos do IBGE, a Loja Maçônica Renascimento de Pinheiro(também encontrada com a designação de Renascença de Pinheiro) funcionou, inicialmente, no mesmo imóvel onde, anos mais tarde, funcionaria a Cúria Diocesana de Pinheiro e, tempos depois, o primeiro Armazém Paraíba da cidade. Entre outros relevantes serviços à sociedade, a Renascimento de Pinheiro foi a mantenedora de uma Escola Noturna chamada “Antônio Souza”, destinada à instrução pública de jovens e crianças pobres. Infelizmente não tivemos, até o momento, dados mais concretos e nem acesso a balaústres antigos que possam esclarecer com maior solidez o histórico da Loja, nem quando teve suas atividades temporariamente encerradas. O fato é que, num ato de grande esforço, o Grande Oriente do Brasil no Maranhão (GOB-MA) decidiu, através de obreiros abnegados de diversos Orientes, cada um com sua contribuição, principalmente da Baixada Maranhense e da capital do Estado, restabelecer a presença maçônica de forma definitiva na cidade de Pinheiro, importante município desta região de imensa grandeza histórica, geográfica e populacional e que, agora, irá dispor de mais uma respeitável oficina dos graus simbólicos da Maçonaria Maranhense. As primeiras reuniões com o intuito de soerguimento das colunas da Renascimento de Pinheiro ocorreram entre os meses de abril e maio de 2023 na sede do GOB-MA e na cidade de Pinheiro-MA, respectivamente. Desde então, com trabalho árduo, zelo e desprendimento, a Loja foi novamente se desvelando, sob os auspícios do Grande Arquiteto do Universo, mostrando que o caráter progressista dessa iniciativa não terminaria de outra forma a não ser unindo os irmãos em torno desse grande propósito que é o de levar os princípios universais da Ordem Maçônica aos mais promissores rincões do nosso amado Estado do Maranhão. Pinheiro-MA, 20 de Outubro de 2023.
BONIFÁCIO PACIFICO SERRA ÁUREO MENDONÇA A história é cheia de personagens e nomes verdadeiramente icônicos. Geralmente, todos são pessoas que tiveram extrema relevância para a humanidade ou ao menos, para uma parte em específico. Alguns nomes são lembrados pelos vianenses, enquanto alguns outros são esquecidos e pouco comentados. O esquecimento chega a tal ponto que muitas vezes, as pessoas mais jovens nem sequer lembram-se de seus nomes. Nesse sentido se faz necessário resgatar esse personagem que provavelmente uma ampla maioria dos jovens de Viana nunca ouviu falar. Na época em que a cidade de Viana e toda a Baixada maranhense não possuíam estradas, a cidade vivia praticamente isolada da capital, com ausência do médico, alguns conterrâneos como Marcelino Trancoso, Bonifácio Serra, Ozimo de Carvalho, Chico Travassos e Santinha Neves faziam assistência médica a população de Viana. Bonifácio Pacifico Serra nasceu na cidade de Viana em 05 de junho de 1903, filho de Felipe Thiago Serra e Ana Margarida da Costa Serra, seus avós paternos eram Ana Joaquina Serra e Maternos João Francisco da Costa e Raimunda Idália da Silva Costa. Bonifácio Serra foi casado com a Senhora Margarida Silva Serra, o casal teve um filho de nome José Miguel Serra. Um de seus neto o Miguel Moisés Coelho Serra possui na avenida litorânea em São Luís do Maranhão, a Barraca do Chefe, um dos restaurantes famosos na orla marítima da capital na área gastronômica. A vida de Bonifácio Serra foi marcada por atos de solidariedade humana, o mesmo esteve sempre à disposição para servir todos que lhe procuravam sem distinção de classe social, inclusive os mais humildes. Deus lhe concedeu o dom de salvar vidas, independente da enfermidade. Possuía um ambulatório particular que funcionava na sua própria residência na Rua Professor Egídio Rocha, nº 603 no Bairro da Barreirinha, onde eram prestados serviços médicos e diversos atendimento a população. Bonifácio Serra clinicava e também fazia intervenções cirúrgicas, geralmente os pacientes além da sede do município também eram oriundos da zona rural que na época chamávamos de centro, todos ficavam internados por varias dias ou até meses dependendo do caso na clínica improvisada, onde recebiam acompanhamento pós cirúrgico que abrangiam atendimentos simples até as cirurgias de baleados e esfaqueados, incluindo inclusive amputações de braços e pernas gangrenados. Bonifácio Serra não tinha hora para atender os pacientes e estava sempre à disposição, inclusive sacrificava horários sagrados como de se alimentar para atender os pacientes. Foi um cidadão simples e humilde, porém muito generoso transformando a sua própria residência em ambulatório, onde todos tinham acesso e a sua mesa no horário das refeições eram divididos com todos. Um homem sem medo e tinha uma missão de curar
as pessoas, combateu todas as enfermidades, inclusive as doenças infectocontagiosas e tratava seus pacientes em sua própria residência. Bonifácio Serra o vianense que teve larga experiência de medicina, profissional respeitado que mesmo sem diploma tanto serviu aos conterrâneos acometidos de várias enfermidades que depositavam sua confiança e esperança de cura para as diversas e mais difíceis enfermidades. Deixou um legado aos vianenses, já nasceu com o dom de servir e curar doenças que na época era um desafio para a medicina num tempo que não havia os recursos da ciência e pesquisadores que atualmente existem. Durante o período de 1965 a 1971, a enfermeira Enedina Raposo, trabalhou auxiliando Bonifácio Serra, no seu ambulatório particular na sua residência no bairro da Barreirinha. Bonifácio Serra dividiu sua vida entre a politica e medicina foram 23 anos na vida pública foi vereador de Viana entre 07/09/1963 e 31/01/1971 época em que os vereadores não recebiam salários, subsídios ou remuneração, pois a legislação não permitia e depois foi vice-prefeito na primeira administração de Walber Duailibe no período de 31/11/1973 a 31/01/1977. Muitos políticos conhecidos no estado como governadores, senadores, deputados federais e estaduais entre eles José Sarney, que além de governador do Estado do Maranhão foi Presidente da República, João Alberto e Cafeteira, ambos foram governadores do estado do Maranhão sempre que iam à cidade de Viana visitavam Bonifácio Serra, pois era uma grande liderança politica na cidade. A outra parte da sua vida dedicou a salvar vidas humanas, pois amenizou a dor de muitos vianenses e atendia toda a população de Viana e de municípios vizinhos. Realizou várias cirurgias sem nunca ter cursado uma faculdade de Medicina, honrou sua profissão, um exemplo de vida que deve ser reconhecido pela cidade de Viana que tem uma impagável dívida com Bonifácio Serra, colocar seu nome em logradouros públicos é muito pouco para reconhecer o valor e o legado que deixou para a cidade de Viana, pois cumpriu sua missão de forma digna, a história da cidade de Viana deve reconhecer esse herói, pois faz parte da história e da memória da cidade de Viana. Numa época em que não existia legislação especifica e não se fala em sociedade protetora dos animais, Bonifácio Serra já se preocupava em proteger e promover o bem-estar animal, lutava ativamente pelos direitos dos animais não aceitava maus-tratos com os animais que criava em sua casa, para se ter uma ideia nunca comeu galinhas ou patos de sua própria criação. Sempre conversava com seus familiares mostrando que todas as formas de vida merecem respeito, atenção e o direito ao bem-estar dos animais que possuía e protegia e era um defensor da causa animal. Era abril de 1970, época que foi criada a Loteria Esportiva e caiu nas graças do público nos meses seguintes, com a conquista do tricampeonato mundial pela seleção brasileira na Copa do Mundo do México. Naquela época, "fazer os 13 pontos" virou mania nacional e símbolo de status e riqueza para os acertadores, mas também o número treze também fez parte da história da saúde em Viana, por coincidência no mesmo período um vianense bastante conhecido na cidade que geralmente se envolvia em brigas e numa delas foi esfaqueado na garganta com um profundo corte e foi levado para a Casa de Bonifácio Serra e saiu de lá com treze pontos na garganta. Numa outra ocasião um paciente se envolveu numa briga onde houve troca de tiros e um dos projéteis ficou próximo o intestino do paciente e foi levado para a casa de Bonifácio Serra que fez a cirurgia e não conseguir retirar o projétil, ficando o mesmo internado para tomar medicamentos receitados por Bonifácio e após alguns dias ingerindo os medicamentos com recomendação para não usar o vaso sanitário que naquela época já existia no ambulatório na residência de Bonifácio, suas necessidades fisiológicas eram feitas num penico até que fosse evacuado o projétil o que aconteceu dias depois quando o cidadão defecou o projétil, logo ficou conhecido na cidade pelo apelido de “caga bala”. Alguns jovens médicos vianenses que se formaram na Universidade Federal do Maranhão no final dos anos 1970 e até meados dos anos 1980. Assim que chegavam à Viana sempre procuravam o Bonifácio Serra para conversar e trocar conhecimentos. Bonifácio Serra era um anjo da guarda para os moradores daquela época, só não está no esquecimento total graças ao então vereador José Ribamar Santos o Zé Santos ter reconhecido através de projeto de Lei mudando o nome do Hospital D. Hélio Campos no bairro da Citel para Hospital Bonifácio Pacífico Serra, parabéns ao ex-vereador Zé Santos pelo reconhecimento a este personagem que marcou a história e a
memória da cidade de Viana, porém até apresente data o Ministério da Saúde nunca efetuou a mudança do nome do hospital no site e o poder público também não colocou o nome na faixada, e pasmem até colocou seu nome errado em um laboratório municipal na cidade de Viana colocando José Bonifácio Pacifico Serra após pesquisa comprovamos que não existe o José, seu nome verdadeiro é Bonifácio Pacífico Serra. Bonifácio Serra cidadão vianense personagem de grande valor e de extrema importância para a história e a memória da cidade de Viana, marcou atuação na história da medicina e prestou grande contribuição à sociedade vianense pelo que fez em prol da população de Viana na área da saúde. O eminente conterrâneo jamais poderá ser esquecido pelos relevantes serviços em prol da saúde em nossa cidade, Bonifácio Serra faleceu em Viana no dia 02 de junho de 1987 aos 83 anos, faltando três dias para completar 84 anos de idade, um dos maiores vianenses de todos os tempos. (*) Áureo Mendonça é pesquisador escritor e membro fundador do IHGV
OLHO D’ÁGUA NÃO É UMA PRAIA DA FLÓRIDA
Circulou, neste mês, nas redes sociais, uma fotografia antiga de uma praia, com algumas carruagens e a legenda: “Praia do Olho d’Água, São Luís-MA 1895”. A fotografia é, na verdade, uma imagem de Daytona Beach, uma famosa praia da Flórida, em 1904. Daytona Beach, hoje, é uma cidade, distante 1 hora de Orlando, prestigiada por turistas de vários países. É famosa pelos seus museus e pelo circuito de automobilismo. O acesso a foto pode ser pelo Pinterest, que é uma rede social de compartilhamento de imagens, de propriedade da Cold Brew Labs. https://br.pinterest.com/pin/385761524316370975/ Ainda não temos o acervo de origem e o autor da fotografia. No espaço virtual Pinterest há, também, outras fotos de pessoas ‘bem alinhadas’ em praias, no início do século XX. Algumas estão disponibilizadas nesta postagem. Não é o Olho d’Água, rapaz! Na fotografia há várias carruagens e pessoas com vestes elegantes. Tem dois caras com bicicletas, em um canto da imagem, detalhe que chamou a atenção nas redes sociais. Montagens que usam uma imagem real com informações erradas na legenda, à primeira vista, podem enganar. Por isso, às pressas, ‘de supetão’, são repassadas. Neste caso viralizou. Recebi várias vezes. Com auxílio do historiador Antônio Guimarães, do fotógrafo Eduardo Cordeiro e do poeta e jornalista Celso Borges, entre outros, o site Agenda Maranhão verificou que, historicamente, não poderia ser o Olho d’Água. Como essas carruagens chegariam ao Olho d’Água do fim do século XIX? Poderia ter uma estrada ‘carroçal’ ligando a praia ao povoamento do Anil que era ligado a São Luís pelo Caminho Grande. Mas, certamente, fazer esse trajeto como uma carruagem seria inviável pois abriria possibilidades de danificar um equipamento que era caro, na época. Carruagens, na São Luís da passagem do século XIX para o século XX, provavelmente, circulavam somente na área urbana. Seria oneroso usar um veículo desse até mesmo no Caminho Grande em direção ao Anil. Do Anil, importante povoamento de São Luís, saíam os caminhos para São José de Ribamar, Maioba e sítios em áreas como o do Angelim. E as várias pessoas bem vestidas que aparecem na fotografia, quando a maré enchesse, para onde iriam?
No Olho d’Água da época deveria tem, somente, algumas casas de palhoça habitadas por pescadores. O jornalista Celso Borges, que tem ligações afetivas e memoriais com Olho d’Agua, em suas pesquisas identificou que, até o começo da década de 1940, a classe média e a elite maranhense não tinham casas no então balneário do Olho d’Água. Somente em 1945, informa Celso Borges, o prefeito de São Luís, Tancredo de Matos, colocou à venda, entre maio e outubro, lotes naquela localidade. Dos onze vendidos, os comerciantes portugueses Antonio da Silva Borges (avô do poeta Celso Borges) e Antonio Gaspar Marques (pai do filólogo Joaquim Campelo Marques), adquiriram quatro lotes, dois cada. Mais próximo da praia, ao lado do Cabo Submarino da Western, cinco outros amigos de seu Borges também compraram lotes e construíram suas casas na década de 1940: Francisco Aguiar, Saturnino Belo (futuro governador do Maranhão), José Couto, Chamys Aboud (pai de César e Eduardo Aboud) e o dentista José Montenegro Guimarães. Até naquele momento, as únicas moradias do Olho d’Água pertenciam a pescadores e pessoas mais simples. Enfim, o Olho d’Agua nunca foi Daytona Beach.
VISITA DE JOHN BENJAMIN STONE AO MARANHÃO, CEARÁ, PERNAMBUCO E AMAZÔNIA EM 1893. EDUARDO MOURÃO Stone nasceu na Inglaterra, era fotógrafo, chegou a ser nomeado fotógrafo oficial da coroação do Rei George V, pai da rainha Elisabeth. Integrou a comitiva da Royal Astronomical Society que veio ao Brasil para registrar o eclipse solar daquele ano, visível no Ceará. Já na vinda registrou a vida a bordo do navio SS Trent, que partira de Southampton e, após uma escala, trazia dezenas de lavradores pobres portugueses que imigravam em busca de melhor sorte na ex-colônia. Uma vez no Brasil, os ingleses se deslocaram à então vila cearense de Paracuru e suas imagens registram a vida no país pré-industrializado, configurando um raro registro da região Nordeste em fins do século XIX, em mais de 250 chapas que, enviadas aos assistentes para revelação, foram por ele mais tarde legendadas. Apesar de seu especial interesse pelas cidades e arquitetura, registrou também a vida miserável dos escravos então recém-libertados, de indígenas e moradores pobres - como também paisagens e cenas rurais e das florestas; instalados em Paracuru, receberam a visita de muitos curiosos, inclusive de astrônomos do Rio de Janeiro que para lá também se deslocaram a fim de registrar a coroa solar e se instalaram num sítio a alguns quilômetros dali. Do Ceará, após o eclipse, foram a bordo do SS Brasil a Pernambuco, onde parte da equipe retornou à Inglaterra e ele, que tornara a registrar momentos a bordo, foi para o rio Amazonas - compondo um acervo hoje sob a guarda da Library of Birmingham. Em 2014 a embaixada brasileira em Londres promoveu uma exposição dessas imagens, por ocasião da Copa do Mundo FIFA de 2014; além do Ceará e da amazônia, fotografou o Maranhão e Pernambuco e ainda recolheu fotografias de retratistas locais, objetos e tecidos típicos, com os quais enriqueceu seu acervo na casa em Erdington, que chamava de "The Grange". Texto: Eduardo Mourão A foto é do pátio interno da Casa das Tulhas, por conta do chafariz e da legenda (IN MARKET PLACE). Notem as crianças fumando, hábito comum à época.
A BATALHA DO OUTEIRO DA CRUZ POR EUGES LIMA (HISTORIADOR) O monumento do Outeiro da Cruz foi inaugurado em 1901, para homenagear os combatentes lusobrasileiros que tombaram no local e lutaram pela expulsão dos invasores holandeses do Maranhão e ao mesmo tempo, marcar o local dessa batalha que representou a primeira vitória portuguesa na Ilha do Maranhão que somada a mais outras duas, iria culminar na expulsão definitiva dos holandeses de terras maranhenses. Em 21 de novembro de 1642, as tropas portuguesas, comandadas por Muniz Barreiros e Teixeira de Melo que resistiam a invasão holandesa, travaram e venceram essa batalha. Naquele longínquo 21 de novembro, as tropas portuguesas emboscaram a coluna do comandante Sandalim que estava à serviço do estado holandês. Essa batalha ocorreu na região do rio Cutim, onde hoje fica o Outeiro da Cruz. Os holandeses ficaram no Maranhão de 1641 a 1644, quando foram finalmente expulsos. Portanto, esse Monumento secular é muito importante para o nosso patrimônio histórico e guarda um dos capítulos iniciais da nossa história colonial e formação do Maranhão. Em placa de mármore, possui a seguinte inscrição: A TRADIÇÃO POPULAR CONSAGROU ESTE/ MONUMENTO À MEMÓRIA DOS BRAVOS QUE/ AO MANDO DE MONIZ BARREIROS E/ TEIXEIRA DE MELLO EXPULSARAM/ OS HOLANDEZES DA CAPITANIA. 30-IX-1642/21-XI-1642/26-I-1643/28-11-1644.
ÁREA PORTUÁRIA DE SÃO LUÍS-MA, CENTRO, 1893 Mais uma rara fotografia de São Luís do Século XIX que foi tirada pelo fotógrafo inglês Benjamin Stone. Podemos ver que a foto foi tirada na área portuária da cidade, na Praia Grande ou Desterro, na foto está os estivadores, os carregadores de cargas, trabalhadores descarregando carga do porto do Maranhão. A legenda é bem interessante que evidencia a interpretação do fotógrafo em relacão ao período pós abolição, mas queria saber se tem algum seguidor(a) que tem autoridade em inglês e paleografia que pode traduzir o que ta escrito na legenda. : Benjamin Stone/Biblioteca de Birmingham(Birmingham Library)
A FUNDAÇÃO DO ESTADO COLONIAL DO MARANHÃO EM 1621, E O FIM DAS DONATARIAS DE JOÃO DE BARROS, ANTÔNIO CARDOSO DE BARROS, AIRES DA CUNHA E FERNANDO DE ANDRADE. “Dom Filipe III, faço saber aos que esta carta virem que houve por bem de erigir em governo distinto e separado do [Estado] Brasil as terras do Maranhão e Pará com as fortalezas que há nelas para [as] cousas daquela conquista se assentarem melhor e se poder cultivar e povoar a terra [...]”. Lisboa, 13 de junho de 1621. Fonte: Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Portugal, Livro da Chancelaria de Filipe III, nº 18, fls. 154-155 [314-315]. NOTA: Constituído, a princípio, pelas capitanias reais do Ceará, Maranhão e Pará, o Estado do Maranhão começava nos Baixios de São Roque [Rio Grande do Norte] e terminava na Linha do Tratado de Tordesilhas. A capitania do Ceará integrou o Estado do Maranhão até o ano de 1718, quando foi anexada ao Estado do Brasil. Por João Bosco Gaspar.
HISTÓRICO DA LOJA MAÇÔNICA RENASCIMENTO DE PINHEIRO Todo ramo de acácia que é paulatina ou abruptamente podado, acaba rebrotando se devidamente regado. Essa analogia simbólica serve perfeitamente para ocasiões como essa, onde ressurge uma Loja Maçônica de tal envergadura. Desse modo, a nova diretoria da Renascimento de Pinheiro desenvolveu esse texto, relatando um breve histórico da Loja a fim de contextualizar sua importância. Esta Augusta oficina teve seu pedido de filiação e regularização junto ao então “Sublime Grande Capítulo do Rito Moderno” deferido em 8 de Novembro de 1920. A Loja recém fundada, portanto, realizava suas atividades seguindo o Rito Moderno. Foi nomeado presidente da Comissão Regularizadora o ilustre Sr. Severo Ângelo de Souza, delegado do Grão-Mestre no Oriente do Maranhão. Entre seus obreiros fundadores, conseguimos enumerar, entre outros, o Dr. Elizabetho Carvalho (ocasião em que era juiz de direito na cidade de Pinheiro) e o Sr. Severo Ferreira. O Dr. Elizabetho, além de inúmeros serviços prestados à cidade no tocante ao ordenamento público, também foi o responsável por decretar a prisão do cangaceiro Tito Silva, que assolou a Baixada Maranhense na década de 1920, cometendo crimes e assustando a população. Dr. Elizabetho Carvalho também era padrinho do atual administrador do Asilo de Mendicidade Antônio Euzébio, pela amizade que nutria com seu pai, o ex prefeito Costa Rodrigues. Segundo registro obtido nos arquivos do IBGE, a Loja Maçônica Renascimento de Pinheiro(também encontrada com a designação de Renascença de Pinheiro) funcionou, inicialmente, no mesmo imóvel onde, anos mais tarde, funcionaria a Cúria Diocesana de Pinheiro e, tempos depois, o primeiro Armazém Paraíba da cidade. Entre outros relevantes serviços à sociedade, a Renascimento de Pinheiro foi a mantenedora de uma Escola Noturna chamada “Antônio Souza”, destinada à instrução pública de jovens e crianças pobres. Infelizmente não tivemos, até o momento, dados mais concretos e nem acesso a balaústres antigos que possam esclarecer com maior solidez o histórico da Loja, nem quando teve suas atividades temporariamente encerradas. O fato é que, num ato de grande esforço, o Grande Oriente do Brasil no Maranhão (GOB-MA) decidiu, através de obreiros abnegados de diversos Orientes, cada um com sua contribuição, principalmente da Baixada Maranhense e da capital do Estado, restabelecer a presença maçônica de forma definitiva na cidade de Pinheiro, importante município desta região de imensa grandeza histórica, geográfica e populacional e que, agora, irá dispor de mais uma respeitável oficina dos graus simbólicos da Maçonaria Maranhense. As primeiras reuniões com o intuito de soerguimento das colunas da Renascimento de Pinheiro ocorreram entre os meses de abril e maio de 2023 na sede do GOB-MA e na cidade de Pinheiro-MA, respectivamente. Desde então, com trabalho árduo, zelo e desprendimento, a Loja foi novamente se desvelando, sob os auspícios do Grande Arquiteto do Universo, mostrando que o caráter progressista dessa iniciativa não terminaria de outra forma a não ser unindo os irmãos em torno desse grande propósito que é o de levar os princípios universais da Ordem Maçônica aos mais promissores rincões do nosso amado Estado do Maranhão. Pinheiro-MA, 20 de Outubro de 2023.
A Terra de Santa Cruz O INDÍGENA NOS PRIMÓRDIOS DO EXÉRCITO BRASILEIRO Desde o início da Colonização Portuguesa no Brasil a prioridade era assegurar a participação dos indígenas na defesa do território. A liberdade era garantida para os índios aldeados e aliados, ou seja, os que viviam nos aldeamentos, foram convertidos e aculturados. Livres, eram senhores de suas terras nas aldeias, passíveis de serem requisitados para trabalharem para os moradores mediante pagamento de soldo. Deles dependia o sustento dos moradores e a defesa do território contra inimigos externos. Nas crônicas de Gabriel Soares de 1587, descreveu que a maioria dos homens da guarnição da Capital da América Portuguesa eram Índios: "Salvador pode ser socorrida por mar e por terra de muita gente portuguesa até a quantia de dois mil homens, de entre os quais podem sair dez mil escravos de peleja, a saber: quatro mil pretos da Guiné e seis mil índios da terra, mui bons flecheiros, que juntos com a gente da cidade, se fará mui arrazoada exército a reforçar as trincheiras e a artilhar, com pequenos canhões e cinco barcaças" Entre os índios recrutados como Militares se destacaram as Tropas do Cacique Temimino Araribóia, que expulsou os Franceses do Rio de Janeiro em 1567, e as do Terço dos Camarões do Potiguar Felipe Camarão, que combateram a ocupação Holandesa do Nordeste em 1654. Também conhecido como o Terço dos índios de Pernambuco, a tropa de indígenas do Terço dos Camarões foi constituída com o objetivo de organizar à resistência contra a ocupação do nordeste pelos Holandeses, arregimentando das aldeais os ameríndios para o combate. Desse modo, ao passar dos anos a tropa foi institucionalizada dentro dos moldes da estrutura militar lusa, estando à disposição dos serviços da Coroa Portuguesa, combateu além dos Invasores Holandeses os escravos rebelados do Quilombo dos Palmares sob o comando do Capitão Mor e governador dos índios, António Pessoa Arco Verde, Índio Tabajara, ajudaram os jesuítas no aldeamento de índios tapuias e tabajaras no interior do Paraíba e de Alagoas, através da força das armas. O sucesso das guerras na América Portuguesa dependia das forças dos indígenas aldeados, que representavam o maior contingente das tropas. Além disso, a própria forma de fazer guerra foi constantemente adaptada, e a chamada “guerra brasílica” se tornou essencial não apenas para combater povos indígenas insurretos, como também outras potências europeias, cujos representantes não estão acostumados com a região e a arte da guerra dos povos ameríndios Fonte: Nobrezas do Novo Mundo: Brasil e ultramar hispânico, séculos XVII e XVIII By Ronald Raminelli
HISTÓRIA DO TEATRO ARTHUR AZEVEDO EM SÃO LUÍS DO MARANHÃO
O Teatro Arthur Azevedo, um dos mais belos cartões-postais e importante casa de espetáculo de São Luís, assim como a maioria dos teatros brasileiros erguidos no século XIX, foi construído para atender os anseios da pequena burguesia ludovicense da época que, enriquecida pela próspera produção de algodão no estado, desejava ver na cidade um espaço para realização de espetáculos de arte dramática e música lírica de qualidade e em condições adequadas como nos principais centros culturais do mundo. Por iniciativa de Eleutério Lopes da Silva Varela e Estêvão Gonçalves Braga, ricos comerciantes portugueses que se instalaram na região, o teatro, o quarto construído na cidade, começou a ser erigido no ano de 1815 em uma das áreas mais nobres da capital maranhense, na época, a quarta mais importante cidade brasileira. A planta original desta grande casa de espetáculos previa abrir as portas do templo da arte para o nobre Largo do Carmo / Praça João Lisboa, tendo, aos lados a Rua do Sol e da Paz, onde uma fachada imponente mostraria toda a grandeza da obra, e aos fundos, a Travessa dos Sineiros. Mas, quem conhece a cidade, sabe que ali também está a Igreja de , que abrigava os padres da Ordem Carmelita. E foram esses vizinhos que criaram um obstáculo para a construção do teatro que já havia sido iniciada, alegando ser inapropriado a igreja ter na vizinhança uma casa de espetáculos profanos que afrontaria os valores religiosos.
A contenda judicial perdurou por algum tempo resultando no embargo da obra. Desenho do Teatro Arthur Azevedo em São Luís do Maranhão Para não desagradar a população, que tanto desejava o espaço, o juiz Antônio Ferreira Tezinho, também padre, permitiu a continuidade da obra impondo algumas condições que desfavoreceram, de certo modo, a suntuosidade do templo artístico. O teatro, então voltou a ser construído em 1816 com sua fachada principal voltada para a Rua do Sol, como conhecemos hoje, perdendo a ventilação natural da cidade. O prédio, contudo, ficou acanhado, espremido entre outras construções, tendo à frente e à lateral ruas de alta circulação automotiva que causavam barulhos consequentes e perturbadores, além das dificuldades de estacionamento. Ainda assim, o teatro, único monumento em estilo verdadeiramente neoclássico da cidade, era visto como um ambiente de bom gosto pelos ludovicenses. A saber, o estilo neoclássico é difundido ao Brasil por intermédio da missão artística francesa trazida por D. João VI em 1816.
O BAZAR 1° DE DEZEMBRO Por Ramssés Silva O Bazar 1° de Dezembro era um grande e sortido comércio que existia no Largo do Carmo. Vendia, desde sofisticadas bebidas a miudezas, cigarros, charutos, brinquedos, manteiga, etc. Reunia, em um só lugar, artigos de luxo, importados e grande sortimento de outras mercadorias vendidas a varejo. Ocupava uma quadra inteira com um grande sobrado azulejado. O primeiro registro que encontrei sobre o famoso Bazar foi em 1877, numa propaganda no periódico Publicador Maranhense, referenciando o seu local de funcionamento; Largo do Carmo, n° 1. O rótulo original do Bazar (de data desconhecida) pertence à coleção de Domingos Perdigão, está exposta e faz parte do acervo do Museu Histórico e Artístico do Maranhão - MHAM. Mostra escravos pelas ruas em sua lida diária, crianças, transeuntes e pessoas das camadas sociais mais abastadas passeando em frente ao comércio. Homens de fraque e cartola. Mulheres com "chapéus de sol" e longos vestidos. Enquanto isso, circula tranquilamente pelo Largo o bonde, ainda puxado à tração animal. A data 1° de Dezembro é muito importante para a comunidade lusitana pois foi a data da Restauração da Independência, em 1640. Vários estabelecimentos comerciais, associações e sociedades de portugueses em solo brasileiro faziam alusão à essa data. Em São Luís, uma das cidades mais portuguesas do Brasil, isso não seria diferente e o Bazar 1° de Dezembro pertencia à sociedade "Sampaio & CIA". Infelizmente, no limiar do séc. XX, quando alargaram a Rua do Egito, o imóvel que abrigava o Bazar foi demolido, dando lugar, nos dias atuais, a dois prédios em estilo moderno; a Caixa Econômica da Praça João Lisboa e o antigo prédio do Banco do Estado do Maranhão - BEM, na Rua do Egito. Pesquisa: Ramssés Silva Fontes: O Publicador Maranhense (1877) A Pacotilha (1881)
CEARÁ, MARANHÃO, PARÁ E CABO DO NORTE - AS CAPITANIAS DO ESTADO COLONIAL DO MARANHÃO. Manuel Guedes Aranha, administrador colonial português que governou o Estado do Maranhão e Grão-Pará de 03 de setembro de 1667 a março de 1668, fala o seguinte: [01] “Fica o Estado do Maranhão correndo do Brazil pela costa de leste, e começa sua demarcação 65 léguas de Pernambuco junto aos baixos de São-Roque em 4 graus e 4 minutos do sul; ficando dali ao Ceará 125 léguas, em 3 graus e 30 minutos do sul. Do Ceará ao Maranhão há 120 léguas, em 2 graus e 40 minutos latitude do sul, longitude 338. Do Maranhão à barra do Pará vão 228 léguas, em 18 minutos do norte; e dali ao Cabo do Norte, que é a ponta da terra da outra banda em 1 grau e 50 minutos do norte vão 60 léguas, que tem de largo o rio das Amazonas na boca, e do cabo do rio Vicente Pinzon 30 minutos norte, latitude que é aonde chega a demarcação da coroa de Portugal e começa a da Espanha”. (p. 01-02). [01] Livro “Papel político sobre o Estado do Maranhão” 1665, Manuel Guedes Aranhão, Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, ano de 1883, Tomo XLVI 1ª parte, Rio de Janeiro.
ANO DE 1803... A SESMARIA DO PADRE HENRIQUE JOSÉ DA SILVA... NA BARRA DA AMARRAÇÃO, DIVISA COM A CAPITANIA DO CEARÁ... “Francisco Diogo de Moraes, Cavaleiro Professo na Ordem Militar de São Bento de Avis, Tenente Coronel do Regimento de Linha da cidade de São Luís do Maranhão, por Sua Alteza Real, e governador Interino da capitania de São José do Piauhy, faço saber aos que esta minha Carta de Data e Sesmaria virem, que Henrique José da Silva [era vigário da Parnaíba] presbítero secular e morador na vila de Parnaíba desta capitania, me representou que ele era possuidor de uma posse de terra na fazenda denominada Sítio das Palmeiras do termo da dita vila [da Parnaíba], que extrema com as fazendas Espírito Santo de Baixo, Ponta do Morro, Varjas e BARRA DA AMARRAÇÃO, capitania do Ceará-Grande, cuja posse houve por compra que fez a um dos herdeiros e possuidores (...)”. Fonte: Livro de Datas e Sesmarias da Capitania do Piauhy n° 01 de 1803, fls. 129, data de 08 de fevereiro de 1803.
HAROLD TAVARES
Harold Tavares era um homem além do seu tempo e que pensava de forma ampliada, principalmente como engenheiro civil as obras e ideias visando a concepção urbanística de São Luís, da qual lhe apelidaram de "sonhador". Talvez aí quando conclui seu mandato de prefeito iniciado em 1971 e finaliza em 1975, começa a se dedicar nos grandes projetos para a cidade como por exemplo a construção da Barragem do Bacanga, Anel Viário, Avenida dos Holandeses, dos Franceses e Daniel de Lá Touche etc. Mas é com a ponte do São Francisco que lhe dá mais visibilidade e reconhecimento, a ponto dele cogitar a construir uma ponte que ligaria SLZ a Alcântara por volta de 1977. E, acredito que muito aqui já ouviram falar nessa fábula da engenharia que conforme seus propagadores, traria encurtamento no trajeto, mais mobilidade e rapidez entre estes lugares, além de proporcionar o escoamento de produtos e o turismo por exemplo ao atravessar a baía de São Marcos. Dito isto, nas campanhas políticas, há sempre alguém que toca neste assunto e com grande cara-depau, cinismo e megalomania, dizendo que é viável tal delírio. Um destes que bateu nessa tecla foi Ricardo Murad (Dino tentou construir um cais na Península e deu marcha ré), que cogitou uma entre o Porto do Itaqui ao Cujupe em 2017 - quando se auto declarou pré-candidato a governador Só que essa proposta dele surgiu quando o cabra havia sido presidente da ALEMA nos anos 90 e sabe quem seria os supostos investidores? Chineses, indianos e Árabes P.S: dizem que ele guardava na sua casa uma maquete deste surrealismo de seu imaginário. Quanto a Haroldo, seus feitos quase que foram anulados e apagados quando rompeu com a oligarquia, mas que seus ideais e objetivos foram alcançados em nome de um desenvolvimentismo, progresso da Ilha em 1° lugar, mas a favor de um grupo político dominante que se apossou daquilo que é público e recusar a chamar de ponte "José Sarney" é a minha colaboração de não compactuar com o sistema. Fontes e créditos das fotos 1 e 2/O Imparcial, 1977. Via @bpbloficial 3: teoriabrasil.com.br/2023 4: 4 ao 7- @jorgenca/Pinterest Texto e pesquisa @donsilva19
QUEBRADEIRAS DE COCO DO MARANHÃO. Gravura de Percy Lau (1903-1972). Retratou todos os tipos e aspectos do Brasil e seus desenhos a bico de pena possuem uma técnica e precisão até hoje inigualadas, tamanho o detalhamento de sombras, quantidade de elementos no quadro e composição da cena. Suas ilustrações foram bastante utilizadas em livros escolares até a década de 1990.