RECREAÇÃO, GINÁSTICA/EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE NO MARANHÃO – uma memória antes dos “paulistas”

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RECREAÇÃO, GINÁSTICA/EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE NO MARANHÃO – uma memória antes dos “paulistas”

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Academia Poética Brasileira Academia Ludovicense de Letras Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Licenciado em Educação Física; Mestre em Ciência da Informação

Recentemente, o Laércio1 me perguntou sobre os professores de Educação Física que vieram para o Maranhão nos anos 1970, que com sua atuação provocaram uma revolução e resultou na constituição de vários cursos de formação profissional no Estado, consolidando-se o da UFMA2. Antes, houve a tentativa de um Curso de Educação Física na então FESM3, inclusive com Decreto de criação, estrutura, orçamento e tudo o mais, mas que não foi adiante; e outro, em nível técnico – no ITA4 ; a seguir, o da então ETFM5 - também técnico – e por fim, os das IES particulares que se seguiram: CEUMA, São Luís, Pitágoras, UNINASSAU, D. Bosco, UNISULe inúmeros cursos semipresenciais, pelos interiores... Por recreação: “[...] atividade de lazer, sendo o lazer tempo discricionário. A "necessidade de fazer algo para a recreação" é um elemento essencial da biologia humana e da psicologia. As atividades recreativas são muitas vezes feitas para felicidade, diversão, passar o tempo ou prazer e são consideradas "divertimento". [...]A recreação teve, como um de seus berços, a educação física. Talvez por isto ela hoje ainda se encontra tão relacionada às atividades físicas e aos esportes. Entretanto, estas relações também não são limitantes. Pelo contrário: tanto esportes, como o futebol, voleibol, beisebol etc., como atividades físicas, como correr, pular, lançar, chutar etc., sempre se apresentaram como grandes elementos que compõem a prática recreativa, juntamente com a música, 1

Laercio Elias Pereira: doutor em Educação Física, responsável pela reestruturação da Educação Física e dos Esportes no Maranhão nos anos 1970. 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO 3 FEDERSAÇÃO DAS ESCOLAS SUPERIORES DO MARANHÃO 4 INSTITUTO TÉCNOLOGICO DE APRENDIZAGEM 5 ESCOLA TÉCNICA FEDERAL DO MARANHÃO


a dança, as artes em geral, a preservação ambiental, as bases terapêuticas, o convívio social, o relaxamento, a contemplação, a linguagem, entre outros assuntos de grande importância para o contexto recreativo. Disto, podemos dizer que também o esporte e a atividade física fazem parte do universo da recreação, assim como a recreação muitas vezes faz parte do universo dos esportes e da prática física, sem, no entanto, se caracterizarem como áreas comuns (mas sim afins)6. Por educação física: [...] termo usado para designar tanto o conjunto de atividades físicas e exercícios físicos não competitivos e esportes com fins recreativos quanto a ciência que fundamenta a correta prática destas atividades, resultado de uma série de pesquisas e procedimentos estabelecidos.7 Por esporte(s): Desporto (português europeu) ou esporte e desporto (português brasileiro) é toda a forma de praticar atividade física, de forma metódica, com objetivos competitivos, que por meio de participação casual ou organizada, procure usar, manter ou melhorar as habilidades físicas, proporcionando diversão aos participantes e, em alguns casos, entretenimento para os espectadores. Os objetivos do esporte podem ser, além da competição, também recreativos, ou de melhoria da saúde, ou ainda de melhoria de aptidão física e/ou mental8. As primeiras referências sobre a prática de atividades lúdicas e de movimento que encontramos em Maranhão datam do período de ocupação do território maranhense – indícios de que se deu há mais de 3.000 anos... CATHARINO (1995)9, ao fazer uma análise do “Trabalho índio em terras de Vera ou Santa Cruz e do Brasil”, refere-se, dentre esses trabalhos, a dois que nos interessam particularmente: “O trabalho desportivo” (p. 601-606) e “O Trabalho locomotor” (p. 607-620). Ao analisar o trabalho desportivo, considera que nesse mundo, antes da chegada dos brancos, a sobrevivência exigia qualidades atléticas, exercícios constantes, com descanso e repouso intercalados, de duração sumamente variáveis (p. 601). Por isso, os índios se tornavam atletas naturais, para sobreviver, pois tinham que, em terra, andar, correr, pular, trepar, arremessar, carregar, e, na água, nadar, mergulhar e remar, também realizar trabalho-meio, autolocomotor, com suas próprias 6

Recreação – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org) Educação física – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org) 8 Desporto – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org) 9 CATHARINO, José Martins. TRABALHO ÍNDIO EM TERRAS DA VERA OU SANTA CRUZ E DO BRASIL – tentativa de resgate ergonológico. Rio de Janeiro: Salamandra, 1995. 7


forças, apenas e/ou, também, com auxílio de instrumentos primitivos, para obtenção de produtos necessários. O Autor informa que essa seção – o trabalho desportivo – é dedicada ao trabalho competitivo entre índios, embora caçando e pescando, competissem amiúde com outros animais, considerados irracionais, o que faziam desde a infância. Sem falar nos jogos educativos: “Tratava-se de ‘arcos e flexas proporcionais às suas forças’. O jogo, educativo para a caça, pesca e guerra, era possível porque reunidos plantavam, e juntavam cabaças, que serviam de alvo, ‘adextrando assim bem cedo seus braços’. Assim, brincavam os meninos de 7 a 8 anos. Kunumys-mirys. As meninas, na mesma faixa etária, Kugnantins-myris, além de ajudarem suas mães, faziam ‘uma espécie de redesinhas como costuma por brinquedo, e amassando o barro com que imitam as mais hábeis no fabrico de potes e panelas’. (em nota à página 605-606). “... jogos e brinquedos (Métraux) dedicou um só parágrafo, quase todos graças a d’Evreux 10, acerca dos feitos pelos Tupinambás. Desde o período colonial já se praticavam algumas formas de atividades físicas em Maranhão. Em 1678, quando da chegada do primeiro bispo ao Maranhão, houve cavalhadas. Essas atividades - desfile a cavalo, corrida de cavaleiros, jogo das canas, jogo de argolinhas, touradas - eram produtos do feudalismo e da cavalaria - do tardio medievo português, período em que os jogos cavalheirescos se destacavam entre as manifestações atléticas e esportivas (GRIFI, 1989 11). Essas manifestações do entusiasmo popular talvez tenham nascido com as atividades recreativa que pipocaram em certos centros, conforme as feições econômicas das regiões. As cavalhadas, as vaquejadas, e até mesmo as touradas, assim como os sinais do reacritivismo admissível, tiveram arenas de atração transitória (LYRA FILHO, 1974 12). Atividades ligadas à Recreação, Atividades Físicas, tivemos desde o início dos anos 1700, quando o Maranhão teve escola voltada para a formação dos quadros da Igreja, ligada aos Jesuítas, com Cursos de Nível Superior: São Luís foi a primeira cidade do Estado onde os jesuítas exerceram o ensino. O Colégio de Nossa Senhora da Luz, em curto espaço de tempo, tornou-se excepcional centro de estudos filosóficos e teológicos da ordem no Estado (universitate de artes liberais). Era o que melhor condição de estudos oferecia. Já em 1709, o Colégio do Maranhão era Colégio Máximo. Nesse colégio funcionavam as faculdades próprias dos antigos colégios da Companhia: Humanidades, Filosofia e Teologia, e, mais tarde, com graus acadêmicos, no chamado curso de Artes. Outorgava graus de Bacharel, Licenciado, Mestre e Doutor, como se praticava em Portugal e na Sicília, segundo 10

Refere-se a Ives d’Evreux, em sua “Viagem ao norte do Brasil feita nos anos de 1613 a 1614”, em que relata sua viagem ao Maranhão, junto com Daniel de LaTouche. 11 GRIFI, Giampiero. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DO ESPORTE. Porto Alegre: D.C. Luzzatto, 1989. 12 LYRA FILHO, João. INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA DOS DESPORTOS. 3ª ed. Rio de Janeiro: Bloch, 1974.


os privilégios de Pio IV e Gregório XIII. Dentre os estabelecimentos de ensino dos jesuítas, as Escolas Gerais ocuparam um lugar de destaque, pelo fato de terem tornado o ensino popular ao alcance de todos. (CAVALCANTI FILHO, 1990, p. 36)13. A “Casa dos Exercícios e Religiosa Recreação de Nossa Senhora da Madre de Deus”, em São Luís, localizada na Ponta de Santo Amaro, era destinada à recreação e descanso dos religiosos e dos alunos do Colégio Máximo do Maranhão, nos fins de semana; ou ainda para realização dos exercícios espirituais; além dos religiosos, recebiam pessoas do povo, para os exercícios espirituais (SOUSA, 1977)14 – hoje, seriam os retiros. A Quinta já existia desde 1713, quando o Capitão-Mor Constantino de Sá requisitou à Câmara a utilização de certos materiais existentes nessa ponta de Santo Amaro para uma ermida que estava erguendo a “Nossa Senhora da Madre de Deus, Aurora da Vida”. Os padres compraram a Quinta para Casa de Campo dos Mestres e estudantes do Colégio do Maranhão, no qual havia, em 1731, estudos gerais de Teologia, Filosofia, Retórica, Gramática, e “ultimamente uma escola de ler, escrever e contar”. A este primeiro destino – casa de campo, a tal casa de recreação -, veio juntar-se, anos depois, o de servir para Casa dos Exercícios Espirituais. A casa ficou juridicamente dependente do Reitor do Colégio, mas com administração autônoma, sob a regência de um Superior próprio. Em 1760, a Casa constava de dois corredores: um que era a frontaria a par do frontispício da nova igreja, com 10 aposentos, cinco em cada andar, “para hospedagem dos exercitantes seculares e habitação dos religiosos da casa”; outro corredor, de norte a sul, com outros tantos cubículos, destinados ao repouso e recreação dos estudantes. Antes desta Casa da Madre de Deus, houve uma outra, em São Marcos, onde havia uma fazenda dos jesuítas adquirida de Maria Sardinha, provavelmente antes de 1700, pois informa José Coelho de Souza que Antonio Vieira comprara uma propriedade em 1681 no São Francisco, e que, anos depois, os jesuítas compraram outra, de Maria Sardinha. Em São Marcos, construiu-se uma pequena casa de residência com sua varanda para o mar. Servia de casa de descanso nos dias de folga (dias de sueto). Clovis RAMOS (1986, 1992)15, escrevendo sobre o aparecimento da imprensa no Maranhão registra, no período colonial, que "... jornalista era o magnífico João Tavares com sua 'Breve informações das recreações do Rio Munin do Maranhão’", escrito em 172416. CORRÊA (1993)17, ao comentar carta do padre jesuíta João Tavares a um superior, descrevendo a paisagem da Ilha de São Luís, ante a chegada possível de missionários europeus ao

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CAVALCANTI FILHO, Sebastião Barbosa. A QUESTÃO JESUÍTICA NO MARANHÃO COLONIAL – 1622 – 1759. São Luís: SIOGE, 1990 14 SOUZA, José Coelho de. OS JESUÍTAS NO MARANHÃO. São Luís: Fundação Cultural do Maranhão, 1977 15 RAMOS, Clóvis. OS PRIMEIROS JORNAIS DO MARANHÃO. São Luís: SIOGE, 1986. RAMOS, Clóvis. OPINIÃO PÚBLICA MARANHENSE. São Luís : SIOGE, 1992 16 Este documento encontra-se no Arquivo Nacional, Seção de Manuscritos, 3, 5, 24, este ano de 2003, quando se concluiu a catalogação dos manuscritos avulsos. Disponho de uma cópia, em microficha, a qual estou transcrevendo. 17 CORRÊA, Rossini. FORMAÇÃO SOCIAL DO MARANHÃO: o presente de uma arqueologia. São Luís: SIOGE, 1993


Maranhão, afirma que aqueles religiosos deixariam as delícias da Itália, não pelos trabalhos, mas pelas recreações do Maranhão: "Como na Ilha Grande foi decantada pelo espaço contrário aos trabalhos (os quais, no mínimo, resguardaria) antieticamente haveria de apresentar expressiva contenção de exercícios corporais, enquanto expressão de labuta, de fadiga e de descanso decorrentes de diligência em atividade física. Permitiria na contrapartida da terra de gente excepcional - a alternativa das recreações para o cultivo e o requinte do espírito. Desdobrado da hipótese das recreações coletivas, o raciocínio desenclausurado outro não é, senão o de que, no Maranhão, seria comunitária a amizade pelas luzes, pela razão, pela sabedoria etc., considerada a educação do pensamento e do sentimento um fragmento indispensável das recreações. ." (40). A afirmativa do padre João Tavares foi riquíssima, porque vaticinou uma permuta - as delícias (da Itália) pelas recreações (do Maranhão). Sociologicamente significativa, haja vista que, na substituição, as delícias européias não terminariam trocadas pelos trabalhos americanos. Ao contrário, o fundamento do intercâmbio seria a validade indicada como vantajosa - a das recreações maranhenses (CORREA, 1993, p. 39). No início do século XIX, foram encontradas outras formas de atividade física18, como as caminhadas: “... as moças e rapazes formavam bandos gárrulos e irrequietos que, desde a madrugada até o cair da tarde, saíam em excursões pela floresta e pelos sítios vizinhos, voltando carregados de cófos com frutas, cachos de jussaras e de buritis, flores silvestres, emfim, tudo que apanhavam pelos caminhos e atalhos .” (DUNSHEE DE ABRANCHES, 1970, p 28)19. Outra forma de manifestação do lúdico na São Luís do período imperial se constituía nos passeios a cavalo pela cidade, como ABRANCHES (1993) lembra em seu "Esfinge de Grajaú", relatando os passeios a cavalo que fazia pelas manhãs, acompanhando o Dr. Moreira Alves, então Presidente da Província: "... o novo Presidente da Província conhecia a fundo a equitação... Para o espírito estreito de certa parte da sociedade maranhense, afigurava-se naturalmente 18

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. “Pernas para o ar que ninguém é de ferro”: as recreações na São Luís do Século XIX. In CONCURSO LITERÁRIO E ARTÍSTICO CIDADE DE SÃO LUÍS – PRÊMIO “ANTÔNIO LOPES” DE PESQUISA HISTÓRICA, 1995. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. “Pernas para o ar que ninguém é de ferro”: as recreações na São Luís do Século XIX. In CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, X, Goiânia, 20 a 15 de outubro de 1997... ANAIS vol. II, p. 1005-1016 19 ABRANCHES, Dunshee de. A SETEMBRADA - A REVOLUÇÃO LIBERAL DE 1831 EM MARANHÃO - romance histórico. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1970


estranho que fosse escolhido para ocupar a curul presidencial da Província um homem que se vestia pelos últimos figurinos de Paris, usava roupas claras, gostava de fazer longos passeios a pé pelas ruas comerciais...". (p. 16-17). Desde antes de 1854 havia em São Luís quem alugasse cavalos para passeios pela cidade e seus arrabaldes, informa VIEIRA FILHO (1971). As cavalgadas para São José de Ribamar, Maioba, Vila do Paço, Turu e outros pontos da Ilha constituíam, de acordo com LOPES (1975) "... divertimento muito de predileção dos homens da melhor sociedade sanluisense". O cavalo se constituiu como meio dessas atividades, como peça importante para as atividades do lazer, então praticadas, até o advento do automóvel, já no século XX: Além desses passeios, praticava-se a caça, como o fazia Garcia de Abranches - o Censor -: "e, quando imaginava dar uma batida às pacas, pouco se importava do sol e da chuva: não regressava à casa antes de trazer as vítimas visadas". Seu filho, Frederico Magno de Abranches - o Fidalgote - era “... Atirador emético e adestrado nos jogos atléticos, alto, magro e ágil, trepava como um símio até os galhos mais finos das árvores para apanhar uma fruta cobiçada pelas jovens ali presentes. Encantava-as também a precisão dos seus tiros ao alvo. E causava-lhes sustos e gritos quando trepava sem peias por um coqueiro acima ou se balançava no tope de uma jussareira para galgar as ramas de uma outra em um salto mortal, confirmando o título que conquistara entre os da terra de campeão da bilharda.”(DUNSHEE DE ABRANCHES, 1970, p. 28) Os longos passeios pelos arrabaldes permitiam o contato com o ar livre e com a natureza, e se constituíam forma de divertimento salutar, pois reúnem harmoniosamente a solução quanto ao medo de doenças que impedia a vida laboriosa, por um lado, e o medo da crítica que a rígida moral implicava, por outro. Às mulheres, recomendava-se sobretudo os exercícios do corpo que obrigavam a andar ao ar livre, como os passeios a pé ou a cavalo. Ainda se referindo ao Fidalgote - Frederico Magno de Abranches -, cabe lembrar que praticava também, o tênis: “... Os dois namorados [Frederico e Maricota Portinho] tiveram assim, momentos felizes de liberdade e de alegria, fazendo longos passeios pelos bosques, em companhia de Milhama, ou passando horas inteiras a jogar a péla 20 de que o Fidalgote era perfeito campeão ...” (DUNSHEE DE ABRANCHES, 1970, p. 31).

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O jogo da péla - jeu de paume - consiste em bater a bola com a mão e substituiu os "ludus pilae cum palma" romano. Na França, a bola, nascido no tardo-medievo como instrumento de contenda incruenta, torna-se momento lúdico e agonístico, aberto a todos Em Portugal, no início do século XVIII, foi introduzido o uso francês de jogar com raqueta. Conhecido já no século XII foi jogado melhor no período sucessivo, até dar vida ao atual tênis.]


A primeira aula de dança de que se tem notícia data de 1829, como se vê de anúncio publicado em “O FAROL”: “Carlos Carmini, de nação italiana, recentemente chegado a esta cidade, faz saber aos ilustres habitantes da mesma que ensina tôda e qualquer dança, segundo o gosto moderno, tanto em sua casa (que ao presente é na rua da Palma, no. 10), como também pelas particulares para que seja chamado; prestando-se ao ensino das ditas danças, tanto a pessoas grandes como para meninos...” (In “O FAROL MARANHENSE”, 25 de agosto de 1829, citado por VIVEIROS, 1954, p. 376)21. Sobre as atividades lúdicas dos negros 22, é publicado em “A Estrela do Norte”, em 1829 23 a seguinte reclamação de um morador da cidade: “Há muito tempo a esta parte tenho notado um novo costume no Maranhão; propriamente novo não é, porém em alguma coisa disso; é um certo Batuque que, nas tardes de Domingo, há ali pelas ruas, e é infalível no largo da Sé, defronte do palácio do Sr. Presidente; estes batuques não são novos porque os havia, há muito, nas fábricas de arroz, roça, etc.; porém é novo o uso d’elles no centro da cidade; indaguem isto: um batuque de oitenta a cem pretos, encaxaçados, póde recrear alguém ? um batuque de danças deshonestas pode ser útil a alguém ? “. O primeiro registro encontrado onde aparece a palavra “ginástica” data de 1841, conforme anúncio no “JORNAL MARANHENSE” 24 sob o título de: “THEATRO PUBLICO “Prepara-se para Domingo, 21 do corrente huma representação de Gimnástica que será executada por Mr. Valli Hércules Francez, mestre da mesma arte de escola do Coronel Amoroz em Paris; e primeiro modelo da academia Imperial de Bellas Artes do Rio de Janeiro, que terá a honra de apresentar se pela primeira vez diante d’este Ilustrado público, a quem também dirige agradar como já tem feito nos principais Theatros de Europa , e deste Império. “Mr. Valli há contractado o Theatro União, para dar sua função, junto com Mr. Henrique, e tem preparado para este dia um espetáculo extraordinário que será composto pela seguinte maneira: - Exercícios de forças, Agilidade e posições Acadêmicas

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VIVEIROS, Jerônimo de. HISTÓRIA DO COMÉRCIO DO MARANHÃO – 1612+1895. São Luís: ACM, 1954 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. A introdução do esporte (moderno) em Maranhão. In CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES, LAZER E DANÇA, VIII, Ponta Grossa - Pr, 14 a 17 de novembro de 2002. Coletâneas ... Ponta Grossa : UEPG, 2002. Publicado em CD-ROOM. 23 ESTRELLA DO NORTE DO BRASIL, n. 6, 08 de agosto de 1829, p. 46 22

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JORNAL MARANHENSE,, São Luís, n. 36, 12 de novembro de1841


- Exercícios no ar e muitas abelidades sobre colunnas assim como admiraveis sortes nas cordas “Nos intervalos de Mr. Valli, se apresentará Mr. Henrique, para executar alguns exercícios de fizica, em quanto Mr. Valli descansa.” Novo anuncio é publicado em 16 de novembro daquele ano de 1841 25, sob o mesmo título, em que eram anunciadas as novas atrações do programa a ser apresentado: “Theatro Publico “Domingo 21 do corrente 1841, 1ª apresentação gimnastica dirigida por Mr. Valli, Herculez Francez, que tem a distinta honra de apresentar-se diante deste ilustre publico para executar seis noites de divertimentos: 1ª noite – exercícios gimnasticos, malabares, fizica 2ª dita – grande roda gyratoria 3ª dita – jogos hydraulicos como existem em Europa 4 dita – a grande luta dos dois gladiadores”. Ainda nesse mesmo ano, aparecem anúncios 26 de aulas de esgrima; e logo abaixo deste, outro anunciando a venda de espadas: (in JORNAL MARANHENSE,, São Luís, n. 49, Sextafeira, 31 de dezembro de1841). O Prof. Antônio Joaquim Gomes Braga, diretor do Colégio de Nossa Senhora da Conceição, localizado Rua do Desterro, ao apresentar o Plano de Estudos para o ano de 1842, informa que as aulas de “Dansa e Muzica para os internos serão pagas à parte”. (in JORNAL MARANHENSE, 1º de outubro de 1841) 27. Em 1843, outro colégio particular anuncia em seus planos de estudos as aulas de dança para seus alunos, aberta à comunidade (A REVISTA, n. 207, Quarta-feira 8 de novembro de 1843) Desde 1844, quando foi fundado o primeiro colégio destinado exclusivamente às moças, em São Luís, as atividades físicas faziam parte do currículo: “... não somente sobre as disciplinas escolares com também sobre o preparo physico, artístico e moral das alumnas. Às quintas-feiras, as meninas internas participavam de refeições, como se fossem banquetes de cerimônia, para que se habituassem 'a estar bem á mesa e saber como se deveriam servir as pessoas de distinção'. Uma vez por semana, à noite, havia aula de dança sob a rigorosa etiqueta da época, depois de uma hora de arte, na qual ouviam bôa música e aprendiam a declamar." (ABRANCHES, 1941, p. 113-114)28.

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JORNAL MARANHENSE,, São Luís, n. 37, 16 de novembro de1841 JORNAL MARANHENSE, anno I, São Luís, Sexta-feira, 31 de dezembro de1841, n. 49 27 JORNAL MARANHENSE, anno I, São Luís, Sexta-feira, 1º de outubro de 1841, n. 24 28 ABRANCHES, Dunshee de. O CAPTIVEIRO. Rio de Janeiro : (s.e.), 1941 26


Os banhos de mar também faziam parte dos costumes da época, conforme se depreende deste anúncio: “BANHO Público – na praia do Caju, em que um grande banheiro e seguro, a todas as marés a 40 rs por pessoa trata-se com Jozé Ferreira do Valle no mesmo lugar casa no. 1.” (CORREIO D’ANNUNCIOS, Ano I, n. 3, Segunda-feira, 03 de fevereiro de 1851) Cabe lembrar que Antônio Francisco Gomes, em 1852, propunha além da ginástica, os exercícios de natação, esgrima, dança, jogo de malha e jogo da pella para ambos os sexos (CUNHA JÚNIOR, 1998, p. 152)29 No “O Observador”, edição de 25 de abril de 1853, o Inspetor da Instrução Pública publica seu relatório, na parte em que trata das escolas particulares de primeiras letras e médio da capital, constata que nos dois colégios existentes não havia aula de Ginástica:

Deve-se lembrar de que na legislação de ensino da época, já constava o de ginástica, dentro do núcleo das Belas Artes, que compreendia o desenho, música, dança, esgrima e ginástica:

O Sr. Alfredo Bandeira Hall lecionava inglês (1861), tendo inclusive publicado uma gramática adotada pelo Lyceo Maranhense, e exerceu a função de Inspetor de Ensino, atuando em vários exames da 2ª Freguesia. No guia de profissionais, do Almanaque do Maranhão, aparece como Professor de Esgrima e ginástica Alfredo Hall, residente na Rua do Alecrim, 17:

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CUNHA JÚNIOR, Carlos Fernando Ferreira da. A produção teórica brasileira sobre educação physica/gymnastica no século XIX: questões de gênero. In CONGRESSO BRASLEIRO DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSCA, VI, Rio de Janeiro, dezembro de 1998. COLETÂNEA... . Rio de Janeiro : Universidade Gama Filho, 1998, p. 146-152.


Aluízio AZEVEDO, em conto autobiográfico, afirma que, aos doze anos, estudante do Liceu, havia uma coisa verdadeiramente série para ele: "era brincar, estabelecendo-se entre minha divertida pessoa e a pessoa austera de meus professores a mais completa incompatibilidade". Narra as estripulias da época, em companhia dos amigos de infância: "Criado a beira-mar na minha ilha, eu adorava a água. Aos doze anos já era valente nadador, sabia governar um escaler ou uma canoa, amarrava com destreza a vela num temporal, e meu remo não se deixava bater facilmente pelo remo de pá de qualquer jacumariba pescador de piabas." (MÉRIEN, 1988:47)30. Sem registros, até o momento, de que tenham exercido o magistério, aqui no Maranhão ou no Pará, os primeiros professores de educação física, com formação superior, foram membros da família LaRocque, estabelecidos no Pará e no Maranhão. Recordemos que em 1784, Christian Gotthlif Saltzmann31, pedagogo e educador, abre outro "Philanthropicum", em Schneppenthal. Em 1785, Johann Christoph Friedrich Guts-Muths32, professor e educador, inicia sua obra com um novo conceito de ginástica. Foi um impulsionador da educação física obrigatória; utilizou o "Philanthropicum" de Schnepfenthal, incluindo a par da corrida, saltos, lançamento, luta e natação, os exercícios

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MÉRIEN, Jean-Yves. ALUÍSIO AZEVEDO VIDA E OBRA (1857-1913) - O VERDADEIRO BRASIL DO SÉCULO XIX. Rio de Janeiro : Espaço e Tempo : Banco Sudameris; Brasília : INL, 1988. 31 Christian Gotthilf Salzmann (1744-1811), pedagogo e educador alemão, criou um estabelecimento semelhante ao de Basedow, localizado, também, na Alemanha, na cidade de Schnepfenthal. Era, nele, acentuada a importância da educação sensorial para a formação física, para o desenvolvimento e aperfeiçoamento da capacidade intelectual do educando, como também, desenvolvido o interesse educativo do esforço, que deveria ser executado de acordo com as possibilidades dos alunos. http://www.ahistoria.com.br/esportesjogos/educacao-fisica-escolar.html 32 Johann Christoph Guts Muths (1759-1839), educador alemão, iniciou a lecionar como professor de Ginástica no Instituto de Schnepfenthal, fundado por Salzmann, e lá permaneceu por 54 anos. A Educação Física para Guts Muths possuía, então, o objetivo de exercitar uma ação educativa destinada a harmonizar o corpo com as forças espirituais e morais e desenvolver, na criança, qualidades e capacidades que lhe permitisse superar obstáculos de caráter físico. Observa-se, também, a sua preocupação em proporcionar às mulheres atividades físicas, fundando a primeira escola de ginástica feminina onde os exercícios físicos eram adaptados ao sexo, como, também, possuía a consciência do valor que o esporte oferecia à formação física e da personalidade da juventude.. http://www.ahistoria.com.br/esportesjogos/educacao-fisicaescolar.html


de trepar e de equilíbrio. As ideias filantrópicas e os conteúdos pedagógicos de Guts-Muths tiveram eco nos países da Europa, especialmente na Suécia, Dinamarca e França. O turnen visava uma relação entre Estado, escola, nacionalismo e militarismo, que vinculava corpo com disciplina, convívio social, preparação militar, nacionalismo e germanismo (TESCHE, 2002) 33. Para efeito de esclarecimento, turnen, Turn e Turner é um radical alemão que também está presente em várias línguas germânicas, tanto em línguas desaparecidas quanto em vivas, em todas elas significa torcer, virar, voltear, dirigir, mover, fazer grande movimento. Tesche34 utiliza, em seu trabalho, os vocábulos Turnen e Ginástica como sinônimos 35. Turnen, por sua vez, é constituído pela ginástica (Geräteturnen mais tarde Kunstturnen – ginástica artística), pelos jogos, pelas caminhadas, pelo teatro, pelo coral. De maneira que não existe um vocábulo que consiga traduzir com fidelidade o sentido de Turnen para o português; como dito, Tesche ao utilizar o vocábulo “ginástica”, em seus estudos, se refere ao Turnen36. Em janeiro de 1999, o Prof. Dr. Lamartine Pereira Da Costa fez um anúncio através do CEV (Centro Esportivo Virtual www.cev.org.br): “Permitam-me iniciar o ano de 1999 fazendo um anuncio importante para o desenvolvimento da História do Esporte no plano nacional e internacional, como também mobilizar os amigos da Lista e fora dela para que sejam iniciadas pesquisas no tema que se segue.” Referia-se a presença de alunos de nacionalidade brasileira no Philantropinum, sediado em Schnepfenthal37; dentre esses alunos vamos encontrar: NOME

LOCAL/ E ANO NASCIMENTO de La Roque, Jean de La Roque, Auguste de La Roque, Henri de La Roque, Guilherme De La Roque, Luiz de La Roque, Carlos

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Pará, 1850 Pará, 1851 Pará, 1849 Cametá, 1853 Pará, 1856 Pará, 1857

PERÍODO DE ESTUDOS 1861 – 1866 1861 – 1867 1861 – 1864 1863 – 1869 1865 – 1871 1865 – 1871

TESCHE, L. O TURNEN, a Educação e a Educação Física. Ijui: Unijui, 2002 TESCHE, Leomar. A Prática do Turnen entre Imigrantes Alemães e seus descendentes no Rio Grande do Sul: 1867-1942. Ijuí: Ed. Unijuí, 1996. TESCHE, L. O TURNEN, a Educação e a Educação Física. Ijui: Unijui, 2002 TESCHE, Leomar.. O Turnen, a Educação e a Educação Física nas Escolas Teuto-brasileiras, no Rio Grande do Sul: 1852-1940. Ijuí: Ed. Unijuí, 2002. TESCH Leomar. Turnen: transformações de uma cultura corporal europeia na América. Ijuí: Ed. Unijuí, 2011 35 http://pt.wikipedia.org/wiki/Gin%C3%A1stica 36 http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe2/pdfs/Tema6/0610.pdf SEYFERTH, Giralda. Nacionalismo e identidade étnica. 37 Fonte: Preisinger, M. (Arquivos de Schnepfenthal – 1998) 34


Naquela ocasião, informei a existência da Família LaRocque no Maranhão 38 – do então senador Henrique de LaRocque Almeida. Os LaRocque - importante família estabelecida no Pará, procedem de dois irmãos: I - HENRIQUE de LaROCQUE (c. 1821 – Porto ?), que deixou geração do seu casamento, em 1848 – Pará -, com Matilde Isabel da Costa ( ? – 1919); e II – LUIZ de LaROCQUE (c. 1827 – Porto ?), que deixou geração de seu casamento, em 1854 (Pará) com sua cunhada Emília Ludmila da Costa. Ambos, filhos de JOÃO LUIZ de LaROCQUE (c. 1800 – a. 1854) e de Rosa Albertina de Melo. Entre os membros dessa família registra-se o senador HENRIQUE de LaROCQUE ALMEIDA, advogado diplomado pela Faculdade Nacional do Rio de Janeiro (hoje, UFRJ).39 Efetivamente alguns LaRocque se estabeleceram no Maranhão, a partir de 1832. Henrique Artur de Sousa - genealogista estabelecido em Brasília encontrou documentos no Arquivo Público do Estado do Maranhão “firmados de próprio punho” de três membros da família LaRocque, quando de sua chegada, “de que haviam estudado na Alemanha”, numa cidade chamada Schnepfenthal ! Filhos de Jean Francoise de LaRocque: -

Carolina – depois Baronesa de Santos; Henrique de La Rocque; Guilherme de LaRocque; João Luís de LaRocque; Luís de LaRocque; Rosa; Amélia; Antônio de LaRocque.

Desses irmãos, quatro estudaram na Alemanha; Henrique de LaRocque Júnior, e seus irmãos João e Augusto, também podem ter estudado na Alemanha ... Henrique de LaRocque Júnior - viria construir o Mercado de Ver-o-Peso, em Belém do Pará -, vem a ser avô do Senador LaRocque... Em 1869, é anunciada a criação de um novo colégio - o Collégio da Imaculada Conceição -, sendo seus diretores os Padres Theodoro Antonio Pereira de Castro; Raymundo Alves de France; e Raymundo Purificação dos Santos Lemos. Internato para alunos de menor idade 38

No Dicionário, é dada como sobrenome de origem escocesa, o que é contestado por Henrique Artur de Sousa, para quem a família LaRocque estabelecida no Brasil é de origem portuguesa, da cidade do Porto – encontrou uma primeira referência no início da colonização do Brasil, nos anos 1500, em São Vicente ... -, o que parece ser a versão verídica, haja vista que o falecimento de dois membros dessa família – os irmãos Henrique e Luís, filhos de João Luís de LaRocque e sua mulher Rosa Albertina de Melo – se dão na cidade do Porto, no século XIX... (vide Dicionário...) 39 in DICIONÁRIO DAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS, vol. II, BARATA, Carlos Eduardo de Almeida; CUNHA BUENO, Antônio Henrique da. Arquivos da Biblioteca Pública “Benedito Leite”.


seria aberto em 07 de janeiro de 1870. Do anúncio constava o programa do colégio, condições de admissão dos alunos, o enxoval necessário, e era apresentado o Plano de Estudos tanto do 1º grau como do 2º grau, da instrução primária; o da instrução secundária; e da instrução religiosa. No que se referia às Bellas Artes – desenho, música vocal e instrumental, gymnástica, etc., mediante ajustes particulares com os senhores encarregados dos alunos. O novo colégio situava-se na Quinta da Olinda, no Caminho Grande, fora do centro da cidade, e possuía água corrente, tanque para banhos, árvores frutíferas, jardim, bosque e lugar de recreação. (A ACTUALIDADE n. 28, 28 de dezembro de 1869). Anuncio de aulas de ginástica, do ano de 1856 (O Estandarte (MA):

Domingos VIEIRA FILHO (1971) 40, ao traçar a história da Rua dos Apicuns dá-nos notícias de ser local frequentado por "bandos de escravos em algazarra infernal que perturbava o sossego público", os quais, ao abrigo dos arvoredos, reproduziam certos folguedos típicos de sua terra natural. Também o famoso Canto-Pequeno, situado na Rua Afonso Pena, esquina com José Augusto Correia, era local preferido dos negros de canga ou de ganho em dias de semana, com suas rodilhas caprichosamente feitas, falastrões e ruidosos. VIEIRA FILHO (1971) afirma que ali, alguns domingos antes do carnaval costumava um magote de pretos se reunir em atordoada medonha, a ponto de, em 1863, um assinante do "Publicador Maranhense" reclamar a atenção das autoridades para esse fato. O programa de escola aos menores desvalidos constava ginástica e esgrima, já no ano de 1859 (O Século, Ano 1859\Edição 00025)

40

VIEIRA FILHO, Domingos. BREVE HISTÓRIA DAS RUAS E PRAÇAS DE SÃO LUÍS. 2a. ed. rev. E aum. São Luís : (s.e.), 1971.


Considerando-se sob o aspecto de quem começou a praticar exercícios com pesos, podemos afirmar que o pioneiro foi JOÃO DUNSHEE DE ABRANCHES MOURA, ainda no século passado. O autor de "O Captiveiro", de "A esfinge do Grajaú", "A setembrada”, nasceu na estreita Rua do Sol, 141, situado entre a Rua do Ribeirão e o Beco do Teatro, a 2 de setembro de 1867, como informa GASPAR (1993, p.12) 41. Nos livros de memórias desse festejado historiador, advogado, polemista, sociólogo, crítico, romancista, poeta, jornalista, parlamentar e internacionalista maranhense, relata-nos que o "Club dos Mortos" - proposto por Raymundo Frazão Cantanhende -, reunia-se no porão da casa dos Abranches, no início da Rua dos Remédios: "E como não era assoalhado nem revestido de ladrilhos, os meus paes alli instalaram apparelhos de gymnastica e de força para exercícios physicos" (ABRANCHES, 1941, p. 187). Relata, ainda, que os membros desse clube abolicionista, juntando o útil ao agradável: "... não raras noites, esse grupo juvenil de improvisados athletas e plumitivos patriotas acabava esquecendo os seus planos de conjuração e ia dansar na casa do Commandante Travassos...". (ABRANCHES, 1941, p. 188). No Diário do Maranhão, de 16 de janeiro de 1874, uma nota sobre a reforma do ensino agrícola, traz que:

O Publicador Maranhense (MA), 1876, aparece anúncio de ‘aulas’ de ginástica, para formação de uma companhia de apresentações:

-

41

GASPAR, Carlos. DUNSHE DE ABRANCHES. São Luís : (s.e.), 1993. Discurso de posse no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, a 28 de julho de 1992.


No Diário do Maranhão, edição de 16 de janeiro de 1876 aparece anuncio de colégio de Lisboa – Colégio Acadêmico Lisbonense, em que é apresentado o programa de estudos, dentre elas a Gymnástica, sendo o professor Mr. Jean Rogers, professor de suas Altezas Imperiais; era representante nesta cidade o Sr. Luis Manoel Fernandes, a quem poderia se solicitar informações. Ainda neste jornal, edição de 10 de março em seção geral, artigo dedicado à Reforma necessária na Instrução Pública, defendendo sua inclusão no currículo, mas com as condições necessárias ao seu ensino:


Na edição de março de 1876, o editor chama atenção para a modalidade de aula de ginástica que o professor da escola agrícola aplicava a seus alunos:

Em edição de outubro desse ano, reproduzindo matéria vinda da Bahia, o comentarista da coluna nossas escolas, ainda se referindo à reforma do ensino, diz que deveria se ter mais atividades práticas nas escolas:


A Ginástica, especialmente a que fazia uso de aparelhos, se prestava para espetáculos circenses, como já vimos em anúncios do princípio do século. No jornal O Apreciável, edição de 1876 se comentava o espetáculo de ginástica dado pelos ginastas portugueses Pena e Bastos. Nos anos 1880, pelo menos três companhias circenses visitavam São Luis, com apresentações de ginástica, o mesmo acontecendo na década seguinte, como em 1890, em que o cidadão Candido de Sá Pereira solicitava o Teatro de São Luis para três apresentações de Ginástica, sendo lhe deferido o pedido e ser aviso o administrado do Teatro (A República, expediente de 12 de abril de 1890). 1877 - Instigante esse anuncio encontrado em 27 de agosto de 1877:

Símbolo da modernidade que se implantava, o Club de Ginástica e Esgrima era referido como uma das evidencias dos avanços que a cidade apresentava:


No Publicador Maranhense, de 5 de dezembro de 1879 anunciava-se as aulas do colégio espanhol, que iniciara suas atividades já em 1848; incluída entre as matérias a ginástica:

Anos mais tarde, Aluísio Azevedo, tanto em "O Mulato" - publicado em 1880 -, como em uma crônica publicada em 10.12.1880, propõe uma educação positivista para as mulheres maranhenses: "... é dar à mulher uma educação sólida e moderna, é dar à mulher essa bela educação positivista... é preciso educá-la física e moralmente... dar-lhe uma boa ginástica e uma alimentação conveniente..." (MÉRIEN, 1988, p. 166-167)42. Alguns amigos de Aluísio, a fim de ‘incentivar’ a leitura de seu romance, publicado sob a forma de folhetim nos jornais de São Luís, passam a escrever aos jornais, fazendo-se passar por jovens senhoritas. Uma dessas cartas, publicadas em Pacotilha, edição de 9 de junho de 1881, em que “Julia” escreve à “Antonieta”:

42

MÉRIEN, Jean-Yves. ALUÍSIO AZEVEDO VIDA E OBRA (1857-1913) - O VERDADEIRO BRASIL DO SÉCULO XIX. Rio de Janeiro : Espaço e Tempo : Banco Sudameris; Brasília : INL, 1988.



Destacamos:

Em 1883 é publicado o seguinte anúncio:


Também no interior, os colégios ofereciam, em seus programas de ensino, a Ginástica, como se vê desse anuncio no Diário do Maranhão de 7 de março de 1884:

Ao expor seu programa, Issac Martins informa que para as aulas de ginástica dispunha de amplo pátio para os exercícios de ginástica e ‘correria’ – Atletismo? – e para a natação, as águas puras e cristalinas do Rio Corda. Temos aqui outra informação importante – as aulas de natação, em escola do interior do Estado – Barra do Corda – em uma escola popular:


É o seguinte o programa escolar:

Em Turiaçú, no ano de 1884, é proclamada uma Lei – de no. 1.341, de 17 de maio 43 – em que constava: “Artigo 42 – é proibido o brinquedo denominado Jogo Capoeira ou Carioca44. 43

De acordo com a chefe do Arquivo Público do Estado do Maranhão, sra. Maria Raimunda Araújo, esta é a única referência sobre Capoeira encontrada naquele Arquivo. A Sra. Maria Raimunda tem como tema de pesquisas, o Negro no Maranhão, buscando referências sobre as atividades dos escravos – batuques e capoeiras (in ARAÚJO, 2002) 44 Cabe esclarecer que a partir de 1835, a importação de escravos negros se acentua no Maranhão, dada a expansão da economia algodoeira e os centros fornecedores eram, além da África, o Brasil, especialmente Salvador e o Rio de Janeiro. Turiaçú recebeu grande contingente de escravos vindos do Rio de Janeiro. Devem ter trazido suas lutas, daí a denominação “capoeira” ou “carioca”. Em Cururupú, até alguns anos atrás, se praticava uma luta semelhante à capoeira, que denominavam de “carioca”.


Multa de 5$000 aos contraventores e se reincidente o dobro e 4 dias de prisão”. (CÓDIGO DE POSTURAS DE TURIAÇU, Lei 1342, de 17 de maio de 1884. Arquivo Público do Maranhão, vol. 1884-85, p. 124). (Grifos nossos) O Dr. Gouveia Filho, na edição de A Pacotilha, jornal da tarde, de 24 de abril de 1886 trazia um artigo, numa coluna ‘Litteratura”, com o título “Educação Physica”, onde afirma que essa palavra não tinha significação entre nós:

Em outro artigo, em edição seguinte, também é ressaltado – desta vez por Ramalho Urtigão – a ginástica como parte do processo educacional:


O Jornal A Pacotilha de 7 de dezembro de 1887 traz nota sobre a reforma da instrução pública, em que:

A Escola Normal do Maranhão foi criada pelo decreto nº 21 de 15 de Abril de 1890 e, logo após, dia 19 de Abril de 1890, foi criada a Secretaria de Instrução Pública. Seu criador foi o Dr. José Tomás de Porciúncula (RJ/1854-RJ/1901). Médico, nomeado Interventor pelo presidente da República, uma de suas preocupações foi reorganizar o Ensino e criar a Escola Normal. Anexa ao Liceu Maranhense, com as seguintes cadeiras:


O Sr. Sabino Erres, que fundara uma Escola de Ginástica, em 1889 – a 15 de Novembro -, e que funcionou em diversos lugares nesta cidade, apresentando-se no Teatro com seus alunos, assim como na sede de sua escola. O “artista” Sabino Erres continuava a apresentarse em funções de circo, executando números de gymnástica, utilizando-se de cordas, trapézios e barras, junto com outros ‘artistas’ ginastas – como Diocleciano Belfort. Continuava com sua escola, a 15 de novembro, de ginástica; pelo que se depreende, na formação de ‘artistas de ginástica’, para apresentação em espetáculos. Em 1890 – no Diário de 1º de abril - publica aviso que estava disposto a concorrer à cadeira de ginástica, que se abria no Liceu, em função da reforma do ensino:

A adaptação das escolas estaduais às novas normas da instrução pública não se dá de forma a contentar a todos. Assim, em a Pacotilha de 29 de março de 1890 um certo Reginaldo faz o seguinte comentário:


23 de abril de 1890, é publicada a nova lei, da reforma da instrução pública, em que é criada a Escola Normal, anexa ao Liceu Maranhense, com as seguintes cadeiras:

Reginaldo volta à carga, em sua coluna “De relance”, fazendo sua análise da reforma da instrução pública. Volta a falar sobre a inclusão das disciplinas de música e ginástica:


Em outubro de 1891, a Pacotilha começa a publicar uma série de artigos sobre a Ginástica em diversos países, apresentando análise de suas vantagens na educação das crianças. Passa a relatar os inúmeros métodos que estavam aparecendo – francesa, sueca, dinamarquesa, alemã, e era introduzida a “ginástica educativa”, em bases fisiológicas e higiênicas. Logo a seguir – edições seguintes – ainda falando da Itália, refere-se à ginástica Feminina; passa a discutir a ginástica na Alemanha, e a sua obrigatoriedade na escola. Ao mesmo tempo, o vice-governador Carlos Peixoto (in A Cruzada, 28 de outubro de 1891), em telegrama ao Ministro da instrução Pública, relata a situação do Liceu Maranhense e as dificuldades do curso preparatório. Fala das cadeiras e da falta de professores. O Ministro diz que a oferta de disciplinas deve obedecer à legislação vigente, caso contrário não serão reconhecidos os estudos. José Rodrigues, ao comentar o telegrama e a resposta a ele, diz:


Em 1894, aparecem notas sobre uma literatura específica – manuais de ginástica, italianos, que são analisados, em virtude de conferencias que estavam acontecendo naquele país. Comentários sobre a ginástica nas escolas, em especial as alemãs. Por aqui, uma escola oferecia aulas de Ginástica, dentre outras matérias:

As críticas às aulas de Ginástica no currículo do Liceu Maranhense – seu anexo, a Escola Normal -, voltam à baila, na edição de A Pacotilha de 7 de junho de 1894. Diz o articulista que as críticas feitas através da imprensa pela inclusão dessa cadeira, até aquele momento, que justificava sua não oferta, e a consequente nomeação do professor:



Mas, nessa mesma edição, consta a ‘aclamação’ (nomeação) do professor de ginástica:

No Almanaque Administrativo de 1896 constava no quadro de docentes tanto do Liceu Maranhense como da Escola Normal, o professor João da Mata Lopes como titular da cadeira de Ginástica. Em 1910, esse professor requer a aposentadoria, por ser professor vitalício (Correio da Tarde, 30 de agosto de 1910). Na edição de 27 de julho de 1894, voltava à carga a questão da nomeação do professor. Ele, nomeado Lente do Liceu, com base na Lei da Instrução Publica de 1893, não tinha reconhecido assento na Congregação, por julgar, a direção da escola, matéria técnica:


Parece-nos que em julho a questão do professor estava resolvida; João da Mata Lopes assumira sua cadeira, e iniciava suas aulas... Mas aparece outro problema: os uniformes para as aulas práticas de ginástica, em especial, a das alunas:

Em novembro de 1895, os primeiros exames das cadeiras incluídas na reforma de 1893, e depois de toda a polemica - da contração do professor, de sua participação na Congregação, de as provas serem práticas, e dos uniformes dos alunos -, observa-se que apenas alunos do Liceu – sexo masculino... – se submeteram às provas; e na escola Normal:


Um ano depois, 1896, novos exames das alunas da Escola Normal:


Em 1898, o Governador do Estado faz uma visita ao Liceu Maranhense e observa as aulas de Ginástica:

1899, nova adaptação do currículo tanto do Liceu quanto da Escola Normal, para se adaptar à nova Lei do Ensino Secundário. Novamente, necessária a adequação curricular para que houve a equiparação com o Colégio Pedro II; essa a discussão da edição de 27 de abril,

No dia 17 de outubro de 1899 é criado o Clube de Ginástica e Esgrima:


Pacotilha (MA), 1899, anúncio de uma reunião dos sócios do Clube de Ginástica e Esgrima:

Em março de 1900, seu Estatuto é encaminhado à imprensa, e fica-se sabendo quem são os seus fundadores e principais dirigentes:

Em Janeiro de 1900, nova reforma no Liceu Maranhense:



Na nova nova reforma da instrução pública, ajustando-a ao currículo do Ginásio Nacional, o Governo divulga o salário pago aos professores, tanto do Liceu Maranhense quanto da Escola Normal; nota-se que o numerário do Professor de Ginástica e Esgrima – duas disciplinas!!! – era 50% menor do que a dos outros mestres:

Na Escola Normal, as alunas eram chamadas para os exames de Ginástica. A banca, formada por três professores, contava com o Dr. Achiles Lisboa, o professor de Ginástica João da Mata Lopes, e Luis Ory


Na edição de A Pacotilha de 8 de novembro de 1901 era anunciado a morte de Pedro Nunes Leal, fundador do Instituto de Humanidades. Da relação dos seus professores, o Sr. Alfredo Hall, de Esgrima e Ginástica – contratado em 1861 - que já faziam parte daquele notável estabelecimento de ensino:

- um novo colégio é aberto em São Luís:


Desde 1901 o “Regimento para as Escolas Estadoaes da Capital” (Decreto nº16 de 04 de Maio de 1901; NASCIMENTO, 2007a, 2007b,) 45, instituía, no seio de suas diretrizes gerais, questões referentes a “inspecção e asseio” normatizando desde a entrada dos alunos em que caberia às professoras proceder á uma revista do asseio dos mesmos “tomando as providencias necessárias em ordem a estarem todas as condições regulares de limpeza de mãos, unhas, rosto e penteado do cabello, no momento de serem iniciados os exercícios escolares” (REGIMENTO, 1901, p.80) conforme a classe a que pertence o estudante. Percebem-se nítidos traços de influência militar em termos de linguagem e recomendações na modelagem deste corpo escolarizado, quando instituem os exercícios abaixo descritos: “a) Os da primeira classe constarão de marchas e contramarchas com variações apropriadas a darem facilidade de movimento dos alumnos; b) Os da segunda versarão sobre movimentos em varios tempos, com e sem flexão dos membros, desacompanhados de instrumentos;

45

REGIMENTO PARA AS ESCOLAS ESTADOAES DA CAPITAL, a que se refere o Decreto nº16 de 04 de Maio de 1901. In: Collecção das leis e decretos do Estado do Maranhão de 1912. Republica dos Estados-Unidos do Brazil. Maranhão: Imprensa Official, 1914. NASCIMENTO, Rita de Cássia Gomes. A Educação Higiênica em São Luís nas primeiras décadas do século XX. São Luís: Universidade Federal do Maranhão, 2007b. (Graduação em Pedagogia). NASCIMENTO, Rita de Cássia Gomes. PELAS CRIANÇAS DESVALIDAS: o Instituto de Assistência à Infância do Maranhão nas primeiras décadas do século XX. São Luís: Universidade Estadual do Maranhão, 2007a. (Graduação em História).


c) Os da terceira se comporão dos mesmos exercicios das segunda, mas com instrumentos; d) Os da quarta de exercicios de barra de extremidades esphericas, barra fixa, apparelhos gyratorios.” (REGIMENTO, 1901, p.80, grifos nosso). Djard MARTINS (1989)46 registra que com o nascimento das atividades esportivas no Maranhão, o hábito de repousar nos fins de semana é substituído pelas festas, corridas de cavalo, partidas de tênis, regatas, corso nas avenidas, matinês dançantes, e pelo futebol. A “gymnástica” era praticada pelas elites, que tomavam aulas particulares, conforme se depreende de anúncios publicados nos jornais. O Euterpe, fundado em 1904, também passou a difundir atividades esportivas, como o “tiro ao alvo“, tênis, o tênis de mesa (pingpong), etc. 47 Nessa primeira década do século XX, a juventude maranhense estava principiando a entender o quanto era importante praticar esportes e desenvolver a formação física. Miguel Hoerhann foi nosso primeiro professor de Educação Física, tendo prestado relevantes serviços à mocidade ludovicense, como professor na Escola Normal, Escola Modelo, Liceu Maranhense, Instituto Rosa Nina, nas escolas estaduais e até nas municipais, estimulando a prática da cultura física: "E para coroar de êxito esse idealismo, esteve à frente da fundação do Club Ginástico Maranhense..." (MARTINS, 1989).

46

47

MARTINS, Dejard. ESPORTE, um mergulho no tempo. São Luís : SIOGE, 1989 http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/10.pdf http://www.efdeportes.com/efd61/jogos.htm http://cev.org.br/comunidade/maranhao/debate/atlas-esporte-maranhao-2/ http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2012/08/13/atlas-do-esporte-no-maranhao-ginastica/


É o próprio Miguel quem confirma essa condição48, em nota publicada no jornal “O Paiz” em 21 de novembro de 1909, no Rio de Janeiro: ‘EDUCAÇÃO PHYSICA - CARTÃO COMEMORATIVO DE 20 ANOS DE TRABALHO NO BRASIL Mens sana in corpore sano; / vita non este vivere; / sede vivere Miguel Hoerhann, capitão-tenente honorário da armada nacional, professor de educação física da Escola Naval, Colégio Militar, Externato Aquino, e professor de ginástica e esgrima do Automóvel Club do Brasil – Ex-professor dos colégios Brasileiro-Alemão, Abílio Rouanet, João de Deus, Instituto Benjamin Constant, e Instituto Nacional de Surdos Mudos, no Rio de Janeiro. Ex-professor dos colégios São Vicente de Paulo, Notre Dame de Sion, Ginásio Fluminense e Escola Normal Livre; sócio-fundador e 1º. Turnwart do Turnerein Petrópolis, em Petrópolis. Exprofessor da Escola Normal e grupos escolares Menezes Vieira e Barão de Macaúbas e do colégio Abílio, em Niterói. Ex-diretor do serviço de Educação Física; ex-professor da Escola Normal, escola modelo Benedito Leite; Instituto Rosa Nina, Liceu Maranhense, e escolas estaduais e municipais; fundador e 1º presidente e 1º diretor dos exercícios do Club Ginástico Maranhense; em S. Luis do Maranhão. Ex-professor do Ginásio São Bento e ex-secretário do I. e R. Consulado da Áustria e Hungria, em São Paulo. 20 anos de devotado trabalho no Brasil (de 24 até 44 anos de idade, desde 1889 a 1909). Ex-Instrutor da imperial e real marinha de guerra da Áustria, condecorado com a medalha militar de bronze, conferida por sua imperial e real majestade apostólica Francisco Jose I, Imperador da Áustria-Hungria (desde 15 até 23 anos de idade, 1880-1888). “AOS MEUS DISCIPULOS Caros discípulos! Vivamente me tenho lembrado de vós! Recordando, um por um, os numerosos estabelecimentos de ensino, desde o sul até o extremo norte, de nossa vasta e grande Republica, onde, cônscio de minha nobre e útil missão, sempre lecionei com ardor, vos vi, na imaginação, todos reunidos formando legiões de muitos e muitos milhares.

48 Prezado Sr. Leopoldo Vaz, boa noite. Tomei a liberdade de lhe contatar quando soube de suas dúvidas, pelo pessoal do Arquivo Histórico de Ibirama - SC, acerca de Miguel Hoerhann, meu tataravô. Resido em São José, cidade vizinha de Florianópolis, capital de Santa Catarina e recém doutorei-me em História. Justamente trabalhei com a nacionalização dos Xokleng, comunidade indígena de SC, a qual o filho de Miguel, Eduardo Hoerhann dedicou toda a sua vida. Eduardo Hoerhann nasceu em Petrópolis em 1896. Filho de Miguel, (no anexo você consegue algumas informações sobre ele) e de Carolina, sobrinha-neta do Duque de Caxias. Alguns dados do Museu estão equivocados. Há uns anos, vi que os senhores disponibilizaram digitalizado, o livro Esgrima de Baioneta, de autoria do Miguel Hoerhann. Fiquei muito contente descobrir isso, e uma pena que ainda não consegui imprimi-lo em capa dura, mas parabéns pelo capricho. O sr enviou para a sra. Aparecida um diploma assinado pelo Miguel. Há possibilidade de enviar para mim numa resolução maior? Está ilegível em 9 k. No mais, espero poder ter ajudado em algo. Infelizmente, muitas informações se perderam. Cordialmente, Rafael Hoerhann. Disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2013/02/27/miguel-hoerhan-nosso-pioneiro-professor-deeducacao-fisica/


Estas reminiscências decorrem do inicio de minha carreira, abrangendo todos os fatos que se passaram, ate a presente data da minha vida de professor neste belo pais. E – folgo em dizê-lo – causaram-me uma grande e indescritível alegria: o supremo tribunal que temos no nosso intimo, o tribunal da consciência, aprovou os meus atos. Na verdade, a mais alta felicidade e alegria residem no intimo, na consciência perfeitamente tranquila e na certeza de havermos, digna e devotadamente, cumprido os nossos deveres. Do trabalho provem os mais altos gozos da vida! e este sentimento de felicidade e alegria me impeliu a expandir-me, publicando o presente. Eis porque vos incito a prosseguirdes vossa nobre obra de regeneração de vós mesmos -: Tão preciosos bens, como a saúde e o vigor físico, só se conseguem – bem o sabeis – pelo esforço próprio. Muitos de vós já sois pais e mães de família. A uns e outros aconselho, pois: “Cuida da educação física e moral dos vossos filhos”. A humanidade esta ilustrando uma área inteiramente nova; importantes e formidáveis cometimentos nos aguardam num futuro bem próximo; e para resistir, para vencer, se faz necessária uma geração sadia e forte: – no físico, e principalmente no caráter. Tão preciosas qualidades são indispensáveis, não só ao vosso bem estar e felicidades pessoais, como ao serviço da família, da pátria e da humanidade. Desejando-vos longa e bem preenchida existência, vos saúdo cordial e efusivamente. Em 21 de novembro de 1909 Miguel Hoerhann 3, Rua Pedro Domingues, Encantado, Rio“(grifos nossos) Miguel Hoerhann foi instrutor de artilharia do império austro-húngaro, professor de esgrima e ginástica sueca nos estados do Maranhão e Rio de Janeiro. Nesta cidade, a ginástica era voltada para o treinamento militar dos novos cadetes e oficiais da Marinha Brasileira e do Colégio Militar. Miguel tem vasta produção de artigos em periódicos e é autor do livro Esgrima de Baioneta, publicado no Maranhão em 190449:

49

O livro digitalizado está disponível no link:

http://www.cultura.ma.gov.br/portal/bpbl/acervodigital/Main.php?MagID=37&MagNo=68


Fica-se sabendo que se trata de reimpressão de edição de 1896:


De acordo com Dagnoli (2008); e Gomes (2009): “[...] Miguel Hörhann (Miguel Hoerhann) nasceu na Áustria e faleceu no Rio de Janeiro; foi instrutor de Artilharia na Imperial e Real Marinha de Guerra da Áustria até 1884, e Capitão-Tenente da Armada Nacional. Sua mãe, Carolina de Lima e Silva Aveline, pertencia à aristocracia militar do Estado do Rio de Janeiro, neta do Duque de Caxias.” 50, 51,52. Mas é dada outra nacionalidade a Miguel Hoerhann – francesa: “O pai de Eduardo, era Miguel Hoerhan, francês, oficial da alta corte da marinha francesa, casado com Dona Carolina de Lima e Silva, (esta então, sobrinha de Luís Alves de Lima e Silva, o “o grande soldado brasileiro: Duque de Caxias”) “ 53. Rafael Hoerhann, em outra correspondência, esclarece essas dúvidas: Miguel veio da cidade de Sankt Pölten na Baixa Áustria. Francês era seu sogro, Guilherme Plaxton Aveline54, também oficial da Marinha55. Em nova correspondência – 10/10/2014 – informa: Consegui algumas informações a mais sobre MH. Uma prima minha de segundo grau fluente em alemão encontrou uma parente na Áustria que contou o seguinte: MH Nasceu em Oberndorf an der Melk - Niederösterreich. Ele teve três irmãos: Anton, Ignaz e Leopold. Ela no caso é bisneta do Leopold. Veio para o Brasil porque foi sempre muito individualista, independente e estranho. E que não se sentia bem no lugar onde nasceu. E que não era fácil na época a vida. A informante austríaca é Eva Hoerhann e o nome de minha prima é Edeli Kubin Sardá, bisneta materna de Miguel. Envio-te uma foto do Miguel quando jovem 50

DAGNONI, Cátia. O CHOQUE ENTRE DOIS MUNDOS O CONTATO ENTRE O ÍNDIO E O BRANCO NA COLONIZAÇÃO DO VALE DO ITAJAÍ – um estudo sobre a interpretação do imigrante europeu a respeito dos Xokleng 1850 – 1914. Blumenau, 2008, Dissertação de Mestrado, Universidade Regional de Blumenau http://proxy.furb.br/tede/tde_arquivos/3/TDE-2009-02-18T080906Z442/Publico/Diss%20Catia%20Dagnoni.pdf 51 http://pagfam.geneall.net/2762/pessoas.php?id=1168057 52 GOMES, Iraci Pereira. OS XOKLENG E A COLONIZAÇÃO DO VALE DO ITAJAÍ: ANÁLISE DE UMA CARTA DE EDUARDO DE LIMA E SILVA HOERHANN - ENCARREGADO DO SERVIÇO DE PROTEÇÃO AOS ÍNDIOS (SPI) IV Congresso Internacional de História, 9 a 11 de setembro de 2009, Maringá. http://www.pph.uem.br/cih/anais/trabalhos/748.pdf 53 Reflexão. Índios. http://www.estudosabc.blogspot.com.br/ 54 Maria Eulália de Lima e Silva (2°)29,30 nasceu em 24 julho 1841 em Rio de Janeiro (RJ). Maria casou-se com William (Guilherme) Plaxton Aveline31, filho de Thomas Aveline e Mary Isabella Pacy, em 27 agosto 1859 em Rio de Janeiro (RJ). William foi batizado em 25 outubro 1834 em Rio de Janeiro (RJ). No livro "Achegas Genealógicas à Ascendência Brasileira de Luiz Alves de Lima e Silva, Duque de Caxias" do autores Cel.Carlos Sayão Dantas & Dr.Carlos G.Rheingantz, aparece com sobrenome "Avelone" ou "Aveline". http://www.genealogiabrasileira.com/cantagalo/cantagalo_piedegache-andregm.htm 55 Sr. Leopoldo, cordiais saudações. Deveras fico contente com sua alegria, é sempre uma satisfação poder ajudar. Porém a única foto que tenho do Miguel Hoerhann (com dois Ns) é a que te envio anexa. Seu filho Eduardo a tirou em 1912 conforme escrito no verso da mesma. Miguel era austríaco, de acordo com a certidão de nascimento do Eduardo, e veio da cidade de Sankt Pölten na Baixa Áustria. Tanto que a língua alemã chegou até mim pela família. Francês era seu sogro Guilherme Plaxton Aveline, também oficial da Marinha. Para o momento, seria isto. Um ótimo dia, Rafael. (Correspondência pessoal recebida em 27/02/2013 via correio eletrônico.)


de 1884 quando exercia a profissão de Instrutor de Artilharia na Imperial e Real Marinha de Guerra da Áustria que na época formava o grande Império Austro-húngaro (1867 - 1918).

Na Gazeta de Petrópolis, edição de 15 de setembro de 1903, informa-se que Miguel Hoerhann estava em São Luís, nomeado que fora Diretor da Educação Physica, conforme a edição 204 de “A Pacotilha”, da capital do Maranhão:


Na edição de 19 de maio de 1903, de A Pacotilha – Jornal da Tarde – é anunciada a chegada do Sr. Miguel Hoerhann, contratado pelo Governo do Estado para reorganizar o serviço de educação física, voltado para o Liceu, Escola Normal e Modelo, escolas estaduais e do município:

No Diário, de 19 de maio também e anunciada a chegada do novo professor de Ginástica:

No dia 20 de maio, as aulas têm início:


Em maio, a educação física é tornada obrigatória em todos os estabelecimentos de ensino, não apenas no Liceu e Escola Normal, e Escola Modelo:

Logo a seguir, são distribuídas as aulas de ginástica para as diversas escolas do município:



Em 6 de julho é anunciada a chegada de sua família:

Em 19 de julho de 1903, uma referencia à viagem do Rio de Janeiro para o Maranhão do Sr. Miguel Hoerhann, em companhia de Monteiro Lobado. Escreve ele sobre nosso ilustre professor, com o titulo “A Paz”, transcrito da Folha do Norte:



Efetivamente, nas edições seguintes aparece o artigo prometido, dividido em várias seções, publicados ao longo do tempo, tratando da ginástica médica. Em 11 de agosto, o Professor Miguel recebe os aparelhos de ginástica, solicitados para o Liceu Maranhense, conforme oficio:

No dia 04 de junho de 1903 aparece anuncio n´A Pacotilha em que Miguel Hoerhann, como já fizera em Petrópolis e Niterói, oferece seus serviços como professor particular de ginástica:


Logo no dia 05/06, anuncia o inicio das aulas:

A 30 de junho, outro aviso, convocando os alunos inscritos:

No mês de agosto novo anuncio em A Pacotilha, do dia 31, já assinado como Diretor da Divisão de Educação Física do Maranhão, sobre a realização de um concurso poético, tendo por tema a Ginástica. Verifica-se que se referia ao Turnen56, haja vista a citação dos “4 Fs”, como a divisa da ginástica:

56

Turnen: expressão do idioma alemão traduzido como “ginástica” por Tesch (2011), mas que além da ginástica com aparelhos (atual ginástica artística) englobava a corrida, jogos, esgrima, entre outras práticas. MAZO, Janice Zarpellon; PEREIRA, Ester Liberato. PRIMORDIOS DO ESPORTE NO RIO GRANDE DO SUL: os imigrantes e o associativismo esportivo. IN GOELLNER, Silvana Vilodre; MÜHELEN, Joanna Coelho von. MEMORIA DO ESPORTE E LAZER NO RIL GRANDE DO SUL. Porto Alegre, 2013. Vol. 1. Disponível em http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/83615/000906885.pdf?sequence=1


“Abre-se aos cultores das musas uma produção poética, em que entrem as palavras que constituem a divisa da gymnastica: FIRMA, FORTE, FRANCO, FIEL, e que tenha por tema a glorificação da abnegação, do trabalho perseverante e nobre, do vigor do espírito como consequência dos exercícios physicos [...]”

TESCH Leomar. Turnen: transformações América. Ijuí: Ed. Unijuí, 2011

de

uma

cultura

corporal

europeia

na


A nota foi assinada por MIGUEL HOERHANN, recém nomeado diretor do Departamento de Educação Física da Secretaria de Educação e apoiada por Fran Paxeco, em artigo publicado a 11 de fevereiro desse mesmo jornal:



Em decorrência, Miguel Horehann mandou confeccionar diplomas ‘aos propugnadores da educação física” no Maranhão, sendo Fran Paxeco um dos agraciados: vemos que no referido diploma de mérito consta ‘aos propugnadores da educação physica’ e está assinada por Miguel Hoerhann, passado em 18 de maio de 1904:

O Diploma encontra-se na Academia Maranhense de Letras, junto aos documentos de Fran Paxeco, entregue àquela casa em 2010 por sua neta. O que nos chama atenção, são elementos icnográficos que aparecem no Diploma: na bandeira com as cores nacionais


(verde e amarela)57 onde está impresso os “4Fs”, traduzidos na parte de baixo, esquerda, do referido diploma como ‘Firme, Forte, Franco, Fiel”:

Mazo e Gaya (2006) 58, ao estudar as associações esportivas de Porto Alegre-RS trazem que nas bandeiras adotadas por essas associações sempre havia a inscrição dos quatro “efes” posicionados no formato quadrangular: frish, fromm, frölink e frei, que significavam, respectivamente: saudável, devoto, alegre e livre. Os “efes” também eram encontrados em todas as bandeiras desportivas da Alemanha. Em Porto Alegre a bandeira da Turnerbund reproduziu o símbolo dos “efes”, além da simbologia da insígnia com as datas históricas do turnen. Afirmam que a adoção de símbolos e exaltação dos heróis alemães aparecia nos uniformes da Turnerbund, símbolos que identificavam a pátria de origem. (MAZO e GAYA, 2006).

http://de.wikipedia.org/wiki/Turnen 57

De acordo com Hobsbawm57 as bandeiras, os hinos e as medalhas são tradições inventadas pelos governos para construir a nação e unificar a população em torno desta ideia. As festividades das sociedades de ginástica eram “comemorações em honra de Jahn, com várias competições atléticas, jogos olímpicos, demonstrações nos vários aparelhos, exercícios físicos, etc.”. Hobsbawm, E.; Ranger, T. (orgs.) (1984). A invenção das tradições. 2ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 58 MAZO, Janice e GAYA, Adroaldo. As associações desportivas em Porto Alegre, Brasil: espaço de representação da identidade cultural teuto-brasileira. Rev. Port. Cien. Desp. [online]. 2006, vol.6, n.2, pp. 205-213. ISSN 1645-0523. http://www.scielo.gpeari.mctes.pt/pdf/rpcd/v6n2/v6n2a09.pdf


Traz ainda imagens de ginástica sendo executadas em diversos aparelhos, em claras referencias ao turnen – movimento criado por Friedrich Ludwig Jahn59, pedagogo alemão, além de ativista político.

A utilização de discursos esportivos para a difusão de ideias e sentimentos nacionalistas tem um significado histórico60. Lembremos que os LaRocque estudaram Educação Física no "Philanthropicum" de Schnepfenthal, na década de 1860... A "gymnástica" era praticada pelas elites, que tomavam aulas particulares, conforme se depreende desse anúncio, publicado em 1904: "PARA OS ALUMNOS DE AULA PARTICULAR DE GYMNÁSTICA "A Chapellaria Allemã acaba de despachar: "camizas de meia com distinctivos "Distinctivos de metal com fitas de setim e franjas d'ouro "Distinctivos de material dourado para por em chapéus " Chapellaria Allemã de Bernhard Bluhnn & Comp. 23 - Rua 28 de julho - 23" (A CAMPANHA, 6ª feira, 8 de janeiro de 1904, p. 5). 59

http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe2/pdfs/Tema6/0610.pdf http://pt.wikipedia.org/wiki/Friedrich_Ludwig_Jahn 60 COERTJENS, Marcelo, GUAZZELLI, Cesar Barcellos; e WASSERMAN, Cláudia. Club de Regatas Guahyba-Porto Alegre: o nacionalismo em revistas esportivas de um clube teuto-brasileiro (1930 e 1938). In Rev. bras. Educ. Fís. Esp, São Paulo, v.18, n.3, p.249-62, jul./set. 2004, disponível em http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/rbefe/v18n3/v18n3a04.pdf


O sexo feminino também tinha suas aulas de ginástica, pois fazia parte do currículo da Escola Normal61, conforme resultado dos exames publicados, como era comum à época: "CURSO ANEXO "Foi este o resultado dos exames de hontem: "GYMNÁSTICA “Núbia Carvalho, Maria Varella, Neusa Lebre, Hilda Pereira, Margarida Pereira, Almerinda Parada, Leonor Rego, Rosilda Ribeiro, Fanny Albuquerque, Agrippina Souza, Cecilia Souza, Roza Martins, Esmeralda Paiva, Neusa Silva, grau 10 "Faltaram 12". (O MARANHÃO, Sexta-feira, 15 de novembro de 1907). No Programma Didactico para o Curso de Pedagogia (1906; COUTINHO e NASCIMENTO, s.d.) 62, direcionado à Escola Normal do Maranhão, o professor e Dr. Almir Parga Nina63, então membro da Associazione Pedagogica, de Roma, e da Ligue pour L’Hygiene Scolaire, de Paris, foram lançadas as disposições regulamentares do curso destinados à formação pedagógica das moças da elite da capital ludovicense. Neste programa ressaltavam-se como fins da Escola Normal além da instrução geral, a “instrucção techica que instruirá e adestrará nos methodos e processos de cultura physica, mental e moral da mocidade” (NINA, 1906, s/p, grifos nossos) 53. Referente às questões sobre cultura física e higiene escolar, este programa colocava que no primeiro ano de pedagogia as alunas teriam contato com conhecimentos gerais – anatômico-fisiológico, psicológico e antropológico – sobre as crianças a fim de embasar a chamada Pedagogia Reparadora relacionada á correção das moléstias e vícios adquiridos dentro e fora da escola (NINA, 1906). No segundo ano do curso, por sua vez, teriam as normalistas acesso à organização material (estrutura física) e organização pedagógica (programa didático - roteiros, horário, recreio, promoções, exames, férias) da instituição escolar. Porém, dentro da chamada organização pedagógica, estava inserido um ponto relevante denominado “Pathologia Escolar”64. (NINA, 1906; COUTINHO e NASCIMENTO, s.d.) 53. 61

“A Escola Normal do Maranhão foi criada pelo decreto nº 21 de 15 de Abril de 1890 e, logo após, dia 19 de Abril de 1890, foi criada a Secretaria de Instrução Pública. Seu criador foi o Dr. José Tomás de Porciúncula (RJ/1854-RJ/1901). Médico, nomeado Interventor pelo presidente da República, uma de suas preocupações foi reorganizar o Ensino e criar a Escola Normal” 62 COUTINHO, Adelaide Ferreira; NASCIMENTO, Rita de Cássia Gomes. IDEÁRIO NACIONAL, DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO E CONTROLE NA PEDAGOGIA HIGIÊNICA EM SÃO LUÍS NO LIMIAR DO SÉCULO XX. Disponível em http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe5/pdf/897.pdf , acessado em 12/10/2012 63 NINA, Dr. Almir Parga. Programma Didactico- Roteiro para o Curso de Pedagogia em 1906. Maranhão: Typografia Frias, 1906, citado por COUTINHO e NASCIMENTO, s.d., disponível em http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe5/pdf/897.pdf , acessado em 12/10/2012. 64 As normalistas estudariam as “molestias escolares propriamente ditas; molestias que a escola determina, mas que o meio escolar pode aggravar; molestias que a escola pode diffundir e propagar; molestias devidas á má organisacao pedagogica; Desvios e incurvações da columna vertebral; escolioses, cyphose, lordose.Myopia. Tuberculose [...] Anemias-Rachitismo [...]. Hydrocephalia em suas relações com o desenvolvimento das faculdades psychicas [...] Paralysia Infantil-Epilepsia [...] Paludismo, especialmente


No mês de março, foram entregues os prêmios aos vencedores do concurso poético, não se informando, no entanto, os nomes e nem se dá noticias dos poemas:

Na edição de 15 de março, nota de que fora publicada na Revista do Norte o poema colocado em primeiro lugar do Concurso Poético:

nas escolas ruraes [...] Molestias infecciosas agudas [...] Variola, Sarampão, escalartina, diphteria, parotidite, coqueluche, dysenteria etc moléstias da pelle e do couro cabelludo, sarna, tinhas, etc; Ophtalmias; Frequencias das otites e otorreas (escorrimento pelos ouvidos) nas creancas, sua influencia na audição, cansaço cerebral – surmenage escolar (NINA, 1906, s/p)



O Governador do Estado, em mensagem ao Congresso do Estado, apresenta seu relatório de atividades do exercício do ano anterior, e refere-se à Educação Physica:


As aulas de Ginástica são suspensas nas escolas municipais

Em crítica a político eminente – Benedito Leite – com o título de “Peste de Caroço”, o autor faz um retrospecto do governo e, do momento, se refere às escolas e a introdução das aulas de Ginástica e a contratação de professor estrangeiro – de nome alemão:

Escolas particulares, de educação primária, como o Instituto Rosa Nina oferecem seus cursos, enfatizando o conteúdo dos mesmos. Nesse anuncio, chama-nos a atenção o método utilizado no Jardim de Infância – o de Froebel65, em que é enfatizado os ‘dons’: jogos, movimentos graduados acompanhados de canto. 65 Friedrich Wilhelm August Fröbel (Oberweißbach, 21 de abril de 1782 — Schweina, 21 de junho de 1852) foi um pedagogo e pedagogistas alemão com raízes na escola Pestalozzi. Foi o fundador do primeiro jardim de infância. http://pt.wikipedia.org/wiki/Friedrich_Fr%C3%B6bel


Um poema é publicado, falando das aulas de ginástica no Jardim de Infância:


Em setembro, convocam-se os sócios do Clube Ginástico Maranhense. Nota-se o símbolo dos “4 Fs” :

1904 - em carta ao Reitor do Seminário, M.N. pedia que fosse adaptado o seu currículo, com a inclusão de aulas de Ginástica, obrigatórias, e que o Diretor da Divisão de Educação Física poderia se responsabilizar pelas mesmas:


Anunciado o início das aulas da Escola de Ginástica, com a inclusão de mais uma escola municipal:

O salário do professor de ginástica, conforme os relatórios do Presidente da Província ao Congresso Estadual, permanecia em 1$200,000, tanto para o Liceu quanto para a Escola Normal; o Diretor da Educação Física recebia 7$200,000 e ainda havia uma verba de 600$000 para material de expediente de ginástica. Do relatório fica-se sabendo que o Professor do Liceu requerera licença de suas atividades e, logo a seguir, reclamava o salário de Diretor, por substituição por três meses ao Sr. Miguel Hoerhann. 1905 - sobre a fundação do Club Ginástico Maranhense, sob o titulo ‘Educação Physica”, aparece a informação de que Miguel Hoerhan não mais dirigia a Divisão de Educação Física:


A 29 de maio de 1905 o Diário anuncia a retirada do Diretor de Ginástica com a sua família – mulher e filho -, para o Rio de Janeiro:

Em outro anúncio, publicado em 1908, o "professor de instrucção physica" avisava que pretendia realizar "os exames de seus alumnos na próxima quinta feira" (em O MARANHÃO, Segunda-feira, 02 de março de 1908, p. 2, n. 257). No dia 26 de dezembro de 1907, é registrada uma partida de futebol entre alunos da Escola de Aprendizes Marinheiros, como parte de sua preparação física. O futebol, além de outras modalidades e atividades, principiava a se utilizado como prática de educação física nas escolas. 1911 Fran Paxeco escreve novo artigo sobre “jinastica’ (sic), ressaltando o trabalho de nosso professor de educação física:




Na década de 1920, havia debates sobre a educação escolar higiênica, bem como do exercício da cultura física representada nas atividades lúdicas (jogos e brincadeiras) e na chamada ginástica pedagógica como meios de desenvolver a mente e corrigir possíveis desvios do corpo escolarizado. (COUTINHO e NASCIMENTO)66. Logo após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) ocorreu no Brasil muitas mobilizações para discutir publicamente e fortalecer a identidade nacional - a republicana. O debate sobre a identidade nacional tornou-se pauta comum entre os políticos e intelectuais brasileiros, foi considerado como uma necessidade pública para estabelecer ordem e progresso à Nação. E no Estado do Maranhão não foi diferente! Iniciativas particulares e filantrópicas começaram a mobilizar a grande massa analfabeta dos centros urbanos até mesmo em cursos noturnos (OLIVEIRA, 2012) 67. Para Rosangela Silva Oliveira (2012)59, a instrução pública no Estado do Maranhão, na Primeira República, adestrou comportamentos e sentimentos aos interesses do governo liberal republicano: Discuti-la publicamente alimentava o sonho popular de sair da escuridão das trevas do espírito (o analfabetismo) e trazia o crédito eleitoral e influência política ambicionados por muitos profissionais urbanos. Sempre secundarizada em favor de outras ações governamentais, ficava em evidência somente em momentos de crise política quando suas fragilidades eram expostas para desviar a atenção pública de outras mazelas sociais (OLIVEIRA, 2004) 68. Fran Paxeco idealiza e organiza o Primeiro Congresso Pedagógico do Estado do Maranhão entre o final de 1919 e início de 1920: Por estes dias, reunidos em sessão pedagógica da Faculdade de Direito, o diplomata português Fran Paxeco, presidente administrativo do Instituto da Assistência à Infância, diretor-geral do jornal local “A Pacotilha”, professor da Faculdade de Direito no Estado do Maranhão e lenthe da Congregação do Lyceu Maranhense, propôs aos colegas bacharéis e docentes do Instituto Superior acima mencionado a realização de um Congresso Pedagógico para apresentar

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COUTINHO, Adelaide Ferreira; NASCIMENTO, Rita de Cássia Gomes. IDEÁRIO NACIONAL, DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO E CONTROLE NA PEDAGOGIA HIGIÊNICA EM SÃO LUÍS NO LIMIAR DO SÉCULO XX. Disponível em http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe5/pdf/897.pdf , acessado em 12/10/2012 67 OLIVEIRA, Rosângela Silva. FRAN PAXECO, LENTHE DA REVITALIZAÇÃO PEDAGÓGICA MODERNA NO ESTADO DO MARANHÃO, ORGANIZADOR DO 1º CONGRESSO PEDAGÓGICO EM 1920. IX Congresso Luso-Brasileiro de História da Educação – Rituais, Espaços e Patrimónios Escolares, Lisboa, 12 a 15 de julho de 2012, ANAIS IX COLUBHE 2012. http://colubhe2012.ie.ul.pt/ , disponibilizado por Dra. Rosa Paxeco Machado através de correspondência eletrônica pessoal em 12/10/2012 http://sn125w.snt125.mail.live.com/default.aspx#n=1557179640&fid=1&fav=1&mid=4b2f82ba-148011e2-b36f-00215ad9df80&fv=1 68 OLIVEIRA, R. S. Do contexto histórico às ideias pedagógicas predominantes na escola normal maranhense e no processo de formação das normalistas na Primeira República. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Maranhão, 2004


teses e reflexões sobre a instrução pública maranhense, suas limitações e possibilidades. (OLIVEIRA, 2012)59. Nos Anais do 1º Congresso Pedagógico no Estado do Maranhão consta que no dia 18 de agosto de 1919, em reunião pedagógica presidida pelo vice-diretor desta Faculdade, o Dr. Henrique Couto, secretariado por Domingos de Castro Perdigão, os docentes Godofredo Viana, Manoel Jánsen Ferreira, António José Pereira Junior, António Lopes, Leôncio Rodrigues, Alcides Pereira, Costa Gomes, Lemos Viana, Abranches Moura, António Bona, Fabiano Vieira e Raimundo Lopes ouviram de Fran Paxeco o convite para realizarem um Congresso Pedagógico em fevereiro do ano vindouro (1920). A proposta foi aceita por unanimidade e imediatamente elegeram uma comissão organizadora, formada pelos drs. Godofredo Vianna, Fabiano Vieira, António Bóna, António Lopes e o próprio Fran Paxeco (MARANHÃO, 1922, citado por OLIVEIRA, 2012)69. A carta-circular datada de 12 de janeiro de 1920 expedida pela Comissão Organizadora, destinada às escolas oficiais, aos colégios particulares e demais interessados em participar e/ou inscrever trabalhos, apontou os ramos de educação adotados e abertos para o diálogo pedagógico. Foram eles: I – Educação Física: Jogos e brinquedos. Canto Coral. Despórtos. Recreios. Higiene Escolar e Doméstica. Inspècção médica. Assistência aos estudantes pobres. Caixas escolares. Cantinas. Balneários. Colónia de férias. II – Educação Intelètual: A) Música. Desenho. Lingua materna. Escrita e leitura. Aritmética e geometria. Sciéncias naturais. Geografia. História. Algebra e trigonometria. B) Astronomia. Fisica e química. Linguas estranjeiras. Psicologia. Filosofia. C) Trabalhos manuais. Agricultura. Economia. III – Educação técnica: Relações do ensino primário, secundário e superior com o ensino agrícola, veterinário, médico, jurídico, industrial e comercial. IV – Educação moral: Sentir, pensar, proceder. Culto da casa, da família, da pátria, da humanidade. Pais e professores. Deveres e direitos dos cidadãos. Consciéncia. Espirito Solidário. Toleráncia. Altruismo. V – Educação Estética: Arquitetura, mobiliário, decoração dos edifícios escolares. Conforto do lar e da aula. Simpatia pelos objetos e pelos estudos. Influxo das artes plásticas, na estrutura física, afetiva e mental dos sères humanos. Teses especiais sòbre: Faculdades, escolas de pedagogia, licèus. Educação vocacional. Atribuições pedagógicas e financeiras da União, dos estados e dos municípios. Organismos de técnicos, para superintender na escolha de horários, ortografia, livros, material, casas, etc. Estatística. Taxa escolar. Exames e promoções. Nomeação de professores. Escolas móveis ou ambulante (primárias e agrícolas). Exposições e museus. Bibliotecas 69

Maranhão. Trabalhos do I Congresso Pedagógico. São Luis: Imprensa Oficial, 1922, in OLIVEIRA, 2012.


infantis. Código do ensino: leis, decretos e regulamentos. Construções. Colégios particulares. Equiparações. Artes e ofícios. Colónias correcionais. Intercámbio de catedráticos das escolas superiores. (MARANHÃO, 1922 p. 4-5, citado por OLIVEIRA, 2012)59, 61. O regimento interno elaborado para o Congresso Pedagógico apresentou como objetivo geral de “obter e apreciar quaisquer estudos ou informações, preocupando-se designadamente com a instalação da escola, os métodos educativos, a escolha de compêndios e o preparo técnico dos professores” (MARANHÃO, 1922 p. 19) em oito sessões plenas: uma de abertura, uma de entrega das teses e da sua distribuição aos relatores, três para ao debate das matérias contidas nas cinco sessões, uma para as teses separadas, uma para a leitura das conclusões e de encerramento, com a obrigatoriedade de publicar os trabalhos apresentados. (OLIVEIRA, 2012)59. A terceira sessão, em 24 de fevereiro, presidida pelo prof. José Ribeiro do Amaral, presidente da Academia Maranhense, recebeu um público de treze professores, três alunas da Escola Normal, dois professores maristas, os quintanistas de medicina Domingos Perdigão e Mário Carvalho. Fran Paxeco registra a ausência de professores da rede municipal nas atividades do Congresso Pedagógico, abriu o debate sobre a primeira parte do programa Educação Física e recebeu as seguintes contribuições: duas indicações didáticas para a área temática de Jogos e Brinquedos, a indicação coletiva de sugerir oficialmente às autoridades governamentais um dia letivo específico para ensaios de hinos escolares e patrióticos, a proibição de ginástica em aparelhos para menores de dez anos, a solicitação de inspeção médica como medida de uma boa Higiene Escolar e Doméstica, também reclamaram a necessidade de um debate amiúde sobre a assistência aos estudantes pobres. (OLIVEIRA, 2012)59. A oitava sessão do Congresso Pedagógico, presidida pelo coronel Frederico Figueira, presidente da Comissão de Ensino do Congresso Legislativo, no dia 29 de fevereiro com um público de vinte e cinco professores e uma quartanista da Escola Normal, se constituiu de debates e reflexões sobre as condições estruturais das escolas primárias, a superlotação das salas de aulas, destacando as vantagens dos jogos e brincadeiras para o infante maranhense. (OLIVEIRA, 2012)59. Uma nona sessão ainda foi realizada, dia 1 de março, para a leitura dos Relatórios com as conclusões na área de Educação Física relatado por Luiz Viana, Educação Intelectual por Antonio Lopes da Cunha, Educação Moral por Rosa Castro e rápidas considerações sobre Educação Técnica, Educação Estética e Teses Especiais: Contou com a visita-surpresa do governador do Maranhão, o dr. Urbano Santos que expressou em discurso as desvantagens do ensino clássico e livresco, incentivando os professores presentes a deixarem ridículas verbiagens e aplicarem em sala de aula, com constância, a virtude da vontade de aprender. Fugir da parolajem inútil de conteúdos abstratos, idéia pedagógica moderna de Pestalozzi e Froebel. (OLIVEIRA, 2012)59.


Entre as teses apresentadas, anexadas por Fran Paxeco nos Anais deste Congresso Pedagógico estão diretrizes pedagógicas importantes à instrução pública no Estado do Maranhão. Na primeira seção do 1o Congresso Pedagógico estão as teses especiais sobre educação ou cultura física onde os principais assuntos são apresentados pelo professor maristas Paulo Domingos. Ele reflete sobre as vantagens de realizar jogos no colégio. Ele não apoia muito o esporte “football” na escola, mas aprecia jogos recreativos no pátio da escola. “Dos jogos no Colégio” do Prof. marista Paulo Domingos ‘É preciso que os alunos brinquem, se distráiam, dispendam em passatempos inocentes a exuberáncia de seiva, a vivacidade do humor, o ardor do sangue que néles corre. Faz-se indispensável o ar, o espaço, o sol, o movimento, o barulho, para o crescimento do seu sèr e o desenvolvimento de suas energias (MARANHÃO, 1922 p. 43). Em outra comunicação a Prof. Rosa Castro chega a explicar didaticamente como realizar os jogos e brincadeiras. Sobre a “Cultura Física”, da Profa. Hermindia Augusta Soares Ferreira Quando um aluno estiver inactivo, deve-se inspeccioná-lo, porque, doente o físico, enfèrmo ficará o espírito (MARANHÃO, 1922, p. 51). A aplicação dos jogos merece, entretanto, um especial cuidado dos professores ou, melhor, dos inspectores médicos, a quem incumbe a verificação da capacidade física e mental dos alunos e consequente separação, entre os normais e os anormais, calibrando, de acordo com este critério, a prática dos exercícios. Também é digna de interesse a racional classificação dos jogos, afim de se conseguir a sua gradação pedagógica ( ibid, p. 52). Luiz Viana, o relator desta seção aponta o francês Tissier (Philippe Tissiê iniciador da educação física na França)70 como a influência pedagógica aceita pelos professores normalistas, mas não ignora a classificação de Courmont, Desfosses. Em 1901, Philippe Tissié defendia que a Educação Física não deveria ser interpretada como simples exercícios musculares do corpo, mas também como um processo psicomotor, que se traduz pela constante relação entre o movimento e o pensamento (Costa, 2008) 71. Tissié foi precursor da intervenção sobre o corpo, porém ainda voltado às áreas médicas, divide o conhecimento científico com abordagem corporal em dois ramos: ginástica pedagógica, destinado ao acompanhamento do desenvolvimento das crianças e a ginástica médica,

70 (http://www.ciepre.puppin.net/considiniciais.html ). 71 COSTA, J. (2008). Um olhar para a criança: Psicomotricidade Relacional. Lisboa: Trilhos Editora. http://brincarecrescercomapsicomotricidade.blogspot.com.br/2011/10/historia-e-evolucao-dapsicomotricidade.html


voltados à reabilitação das crianças (SILVA, 2007) 72. Precursor dos psicomotricistas atuais por ter-se oposto, na França, à ginástica, propondo que fossem consideradas as relações entre pensamento e movimento, quando então surge a disciplina que será denominada Educação Física. Opõe-se à educação física militarizada e propõe uma educação pelo movimento, posteriormente retomada por Le Boulch73. Esse pode ser considerado como o nascimento do que se denomina: Educação Psicomotora e Reeducação Psicomotora. Não há registro escrito feito por Fran Paxeco, mas o relator Luiz Viana declara que houve nesta sessão a solicitação de pedir ao governo do Maranhão a construção de um prédio (que ele chamou de pavilhão) no Parque Dr. Urbano Santos para a realização de exercícios físicos. Para Oliveira (2012) 59, internalizando princípios escolanovistas, as proposições destas diretrizes pedagógicas propõem reflexões para educar o corpo e a mente dos alunos com estímulos importantes para atrair sua atenção, curiosidade, desejo e vontade de aprender conhecimentos teóricos pela e na experiência prática, segundo orientava a Pedagogia Moderna, apoiada em estudos de Pestalozzi74 e Froebel75, entre outras contribuições teóricas. Não se pode negar a grande contribuição de Fran Paxeco (OLIVEIRA, 2012)59, seu idealizador, que, obviamente, não faria tudo sozinho, mas sem a sua obstinação e articulação política pouco seria feito. O testemunho escrito das theses organizadas nos Anais deste evento mostraram a seriedade e profundidade do conhecimento científico exibido, o que aponta sua grande contribuição à instrução pública. As palavras escritas no seu tratado de Geografia e História exprimem seu amor ao Maranhão, ao magistério e aos infantes maranhenses, com um espírito pestalozziano moderno: “Sejamos geógrafos. Prendâmo-nos ao solo. Despeguemo-nos das alturas nebulozas do abstrato, e regressemos ao campo da ação rial, da humanidade e da vida” (MARANHÃO, 1922, p. 640-41; (OLIVEIRA, 2012)59. Mas vale ressaltar que o otimismo pedagógico construído no seio da instrução pública do Estado do Maranhão não foi suficiente para resultar em reformas educacionais imediatas. 72

SILVA, Daniel Vieira da. Educação Psicomotora, no Brasil Contemporâneo: decomo as propostas tangenciam a relação educação-trabalho. Curitiba, 2007. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Federal do Paraná (UFPR). Disponível em:<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=99866 > acesso em 21 abr. 2012 73 (http://www.ciepre.puppin.net/considiniciais.html ). 74 Johann Heinrich Pestalozzi (Zurique, 12 de janeiro de 1746 — Brugg, 17 de fevereiro de 1827) foi um pedagogo suíço e educador pioneiro da reforma educacional. Em 1801 Pestalozzi concentrou suas idéias sobre educação num livro intitulado "Como Gertrudes ensina suas crianças" (Wie Gertrude Ihre Kinder Lehrt). Ali expõe seu método pedagógico, de partir do mais fácil e simples, para o mais difícil e complexo. Continuava daí, medindo, pintando, escrevendo e contando, e assim por diante. http://pt.wikipedia.org/wiki/Johann_Heinrich_Pestalozzi. 75 Friedrich Wilhelm August Fröbel (Oberweißbach, 21 de abril de 1782 — Schweina, 21 de junho de 1852) foi um pedagogo alemão com raízes na escola Pestalozzi. Foi o fundador do primeiro jardim de infância. http://pt.wikipedia.org/wiki/Froebel; VER também http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/4a-6-anos/formador-criancas-pequenas-422947.shtml


Estas só ocorreram uma década depois, em 1931, e continuou alto o índice de pessoas analfabetas na classe popular. O tradicional colégio 15 de novembro realiza seus exames de final de ano. Convida todos os alunos, professores, tutores, responsáveis, para assistirem às provas. Na de Ginástica, prática, realizada dia 10 de dezembro, um domingo, os alunos foram examinados nas destrezas em vários aparelhos:

É de 1907 o nascimento das atividades esportivas no Maranhão se deu pelas mãos de Nhozinho Santos - Joaquim Moreira Alves dos Santos -, quando foi fundado, em 1907, o Fabril Athletic Club. Nessa primeira década do século XX, a juventude maranhense estava principiando a entender o quanto era importante praticar esportes e desenvolver a formação física. Miguel Hoerhan foi nosso primeiro professor de Educação Física, tendo prestado relevantes serviços à mocidade ludovicense, como professor na Escola Normal, Escola Modelo, Liceu Maranhense, Instituto Rosa Nina, nas escolas estaduais e até nas municipais, estimulando a prática da cultura física.: "E para coroar de êxito esse idealismo, esteve à frente da fundação do Club Ginástico Maranhense..."; é inaugurado o Fabril Athletic Club, a 28 de outubro. Várias demonstrações de ginástica, de jogos – denominados ‘gaiatos’


-, cabo de guerra, e o tão esperado jogo de futebol. O Governador do Estado, presente, lastimou-se por não poder continuar com as aulas de Ginástica:

O sexo feminino também tinha suas aulas de ginástica, pois fazia parte do currículo da Escola Normal, conforme resultado dos exames publicados, como era comum à época: CURSO ANEXO Foi este o resultado dos exames de hontem: GYMNÁSTICA Núbia Carvalho, Maria Varella, Neusa Lebre, Hilda Pereira, Margarida Pereira, Almerinda Parada, Leonor Rego, Rosilda Ribeiro, Fanny Albuquerque, Agrippina Souza, Cecilia Souza, Roza Martins, Esmeralda Paiva, Neusa Silva, grau 10 Faltaram 12. (O MARANHÃO, Sexta-feira, 15 de novembro de 1907). No dia 26 de dezembro é registrada uma partida de futebol entre alunos da Escola de Aprendizes Marinheiros, como parte de sua preparação física. O futebol, além de outras modalidades e atividades, principiava a se utilizado como prática de educação física nas escolas: "Aprendizes Marinheiros: Hontem, às 4 horas da tarde, os aprendizes marinheiros, fizeram exercícios de 'foot-ball' na arena do Fabril Athletic Club e um assalto simulado de florete, sob a direção do respectivo instructor da Escola. Os alumnos revelaram-se disciplinados e agiram com muito garbo e desembaraço.Domingo próximo, às 5 horas da manhã, haverá novo exercício no mesmo local". (O MARANHÃO, 26/12/1907). Em um outro anúncio, publicado em 1908, o "professor de instrucção physica" avisava que pretendia realizar "os exames de seus alumnos na próxima quinta feira" (em O MARANHÃO, Segunda-feira, 02 de março de 1908, p. 2, n. 257). O FAC fez as reformas de seus estatutos, para incluir o manejo de armas - prática do tiro entre suas atividades, com o fim de prestar um serviço à juventude, valendo-se da Lei do


Sorteio Militar. Com a ajuda do então tenente Luso Torres, foi fundada uma seção de Instrução Militar, a fim de preparar os sócios que nela quisesse tomar parte e gozar dos favores da referida lei. Talvez para se beneficiar dessa Lei, e livrar os jovens da elite maranhense da instrução militar, o Tiro Maranhense informava que já chegava a 120 o número de pessoas inscritas naquela Sociedade. Em 10 de abril é anunciada a posse da diretoria, na Câmara Municipal. (O MARANHÃO, sábbado, 03 de abril de 1909). Ao mesmo tempo em que era anunciada a criação de um clube para a prática dos esportes, "UM CLUBE ESPORTIVO - Fundado um club esportivo - Club Zinho - com o fim de proporcionar aos seus associados diversão como sejam passeios maritimos, pic-nic, exercícios físicos, ginástica pelos processos mais modernos. Presidente: Hilton Raul - Vice presidente: Guilherme Matos".( O JORNAL, 05 de maio de 1915) Nas datas importantes, o jogo de futebol aparece como parte das programações, como as comemorações da Batalha do Riachuelo, pela Escola de Aprendizes Marinheiros, quando seriam executadas "Gymnástica Sueca com armas, Gymnástica sueca sem armas, corridas com três pernas, corrida do sacco" e uma partida de futebol, entre os "teams" "Marcílio Dias" e um formado por representantes do F. A. Club. (Jornal O ESTADO, 10 de junho de 1916). No final de 1916, é anunciado para o dia 3 de dezembro a inauguração do Bragança Sport Club, contando a programação com uma regata entre as equipes 1 e 2, a se realizar no Rio Bacanga, às 7 horas da manhã. Às 15 horas, estavam programados exercícios militares pelos alunos do Instituto Maranhense; às 16 horas, haveria um "Momento Literário", com recitação de poesias e monólogos, pelos sócios, e ,às 17 horas, a partida de foot-ball entre os teams 1 e 2. Às 19 horas, a sessão solene de inauguração, seguida de soireé dançante. "Como um novo sol refletindo nas paragens longínguas do azul, appareceu o Club Sportivo 'José Floriano'", fundado por um grupo de rapazes de nossa terra com o fim único de "cultivar o physico e revestir de ganho e belleza todas as linhas plasticas do corpo". (Jornal O ESTADO, 30 de novembro de 1916). Com essas palavras era saudada a fundação de mais um clube esportivo em São Luís. O nome, em homenagem ao maior dos mestres da cultura física do país: "inflamando-se de enthusiasmo e de energia para combater o enfraquecimento de uma geração e dar vida e armonia aos músculos, admirados com embevecimento, nos grandes athletas e nas antigas estátuas de mármore guardadas nos velhos museus de Roma e Grécia", dizia F. de Souza Pinto, ressaltando o quanto era importante a boa forma física em Grécia e Roma antigos, nos Estados Unidos e na Alemanha atuais, como exemplo de uma raça: "E o Brasil, a terra verdejante de palmeiras e bosques floridos tem também os seus representantes e mestres de luta e acrobacia em que figura como principal elemento de nossa raça o afamado José Floriano Peixoto, cujo nome cercado de sorrisos e de feitos foi escolhido por patronimico do club, que acaba de apparecer nesta terra tristonha do norte, que há-de um dia figurar nos campeonatos, tendo para saudar as suas victórias a música melodiosa dos cântigos cheios de saudade e poesia dos nossos queridos sabiás". (F. de Souza PINTO, in "O ESTADO", 15 de fevereiro de 1917).


Em relatório de 1917, encaminhado à Câmara dos Vereadores pelo Intendente Municipal era relatada a situação da Instrução Pública, de há muitos anos lutando com as dificuldades e a precariedade das instalações das diversas escolas municipais:

Pacotilha, 13 de dezembro de 1917 Interessante esse anuncio d’ A Pacotilha de 11 de setembro de 1919:


Os Maristas ofereciam, em 1920, em seu curriculo, aulas de Ginástica Sueca, - e de exercícios militares:

Em outubro de 1920, são publicados diversos avisos de que as aulas do Liceu Maranhense haviam iniciado, inclusive as dos cursos profissionais, incluídas as de Ginástica. Haveria aulas aos sábados, inclusive. A 9 de dezembro são marcados os exames dos colégios equiparados, com a indicação da banca examinadora; a seguir, saem os resultados :

Em O Jornal, agosto de 1921, um leitor faz referência ao Tiro de Guerra, e às suas lembranças de quando desfilava pelas ruas da cidade, em desfile militar. Defende a ginástica como necessária à educação dos jovens:


O “Tiro Maranhense” foi fundado em 1909 para se beneficiar da Lei do Sorteio Militar e livrar os jovens da elite maranhense da instrução militar. Informava que já chegava a 120 o número de pessoas inscritas naquela Sociedade. (O MARANHÃO, sábbado, 03 de abril de 1909). O Fabril Athletic Clube – fundado um ano antes, 1907, como clube esportivo -, em uma das reformas de seus estatutos, incluí o manejo de armas - prática do tiro - entre suas atividades, com o fim de prestar um serviço à juventude, valendo-se da Lei do Sorteio Militar. Com a ajuda do então tenente Luso Torres foi fundada uma seção de Instrução Militar, a fim de preparar os sócios que nela quisesse tomar parte e gozar dos favores da referida lei. O Clube Euterpe – primeiro clube social e esportivo fundado em São Luís, no ano de 1904, e extinto em 31 de dezembro de 1910 - passou a difundir, dentre outras atividades esportivas, o "tiro ao alvo", a partir de 1908, valendo-se da Lei do Sorteio Militar. Deve-se levar em consideração que havia, entre os clubes e as escolas, a oferta de exercícios militares, uma espécie de ‘servir ao Exército’, em que a instrução militar era dada nos próprios estabelecimentos, por oficiais, ao invés de ‘prestação do serviço militar’; aos que participassem dessas atividades – nos clubes e/ou escolas – estariam isentos do serviço militar... daí a inclusão de “Tiro” em nossos clubes.


A Pacotilha, 1º de setembro de 1910 Os exames da Escola Normal Primária nos trazem os nomes dos examinadores da disciplina de Ginástica, assim como a dos alunos que prestaram os referidos exames naquele ano de 1921; nota-se entre os alunos Luis M. Rego:



Em novembro de 1922, aviso do Centro de Cultura Física comunicando o afastamento do professor de ginástica dinamarquesa:

Aanuncio de aparelhos de ginástica


As escolas apresentam, seus novos currículos, devido à Reforma do Ensino, baixada pelo Decreto n. 16.782 de 13 de janeiro de 1925:


A partir de 1925, a disciplina de Ginástica passa a ser obrigatória no ensino Ginasial:

No Liceu Maranhense havia a troca de professores de Ginástica, conforme quadro de professores daquele ano, publicado n’ A Pacotilha, em 10 de abril de 1926:


O Curso Profissional do Liceu Maranhense- Normal, que era ministrado na Escola Modelo Benedito Leite, no final de 1926, contava com as seguintes alunas, que seriam examinadas pela banca formada pelos professores:


A Folha do Povo, de março de 1927 publicava nota de que era contratado um professor alemão – Carl Bender -, para as aulas de ginástica, assim como esse mesmo professor era contratado para lecionar em novo estabelecimento de ensino que abria:

Outra escola anuncia seus professores, inclusive o de Ginástica, em destaque aos demais, o Tent. Jonas Porciuncula de Moraes:


Nesse mesmo jornal, no mês seguinte, 19 de maio de 1927, aparece a seguinte nota:


Em maio de 1928, aparece uma pequena nota, referindo-se às aulas do professor alemão:

No Liceu Maranhense, lá estava ele, como examinador dos alunos do Curso Normal, na disciplina de Ginástica, junto com professoras examinadoras. Apenas uma aluna aprovada – Esther Nina, com grau 6...

Já aparecera artigo condenando o Boxe, luta realizada no Teatro Arthur Azevedo. Discutiase sua adequação como prática esportiva, condenando-o, especialmente a luta preliminar, de dois amadores, alunos de um de nossos estabelecimentos de ensino.



Novamente, nessa fase de consolidação dos esportes no Maranhão, algumas atividades esportivas eram colocadas como perigosas para a juventude. Logo acima, reclamação de pais sobre as aulas de ginástica a que eram submetidas as mulheres. Outra nota condena o futebol, esporte não próprio para nosso clima, porém exaltando outras atividades físicas/esportivas:

As mudanças no ensino secundário (1925) também se deram no interior, como esta nota do relatório do Governador, de 1929, em que se refere à cidade de Viana, onde se oferecia a cadeira de Ginástica:


Também em Cururupu havia a oferta da cadeira de Ginástica, conforme aviso de nomeação de professor, de 1929:


1935 - aparece um anúncio de aulas de Ginástica:

Em A Pacotilha de abril de 1936, o Dr. Cesário Veras, então deputado, pronuncia um discurso defendendo a educação física; faz um pequeno histórico de sua implantação:


Assim, nesse mesmo ano é aprovada a Lei que estabelece a obrigatoriedade da prática da Educação Física nas escolas estaduais, conforme publicação em A Pacotilha de 6 de maio de 1936:







O voleibol, em São Luís, era bastante praticado na década de 30, como lembra o Sr. Glacymar Ribeiro Marques76. Chegado na cidade em 1937, passou a jogar voleibol no Colégio de São Luiz, participando das Olimpíadas Intercolegiais, ao lado de Rubem Goulart (professor de educação física da ETFM, já falecido); Alexandre Costa (senador, já falecido); José Carlos Coutinho (coronel do exército); coronel José Paiva, e Raimundinho Vieira da Silva (ex-deputado, suplente de Senador, presidente do grupo de comunicações Vieira da Silva). Em 1937, já existia o Grêmio 8 de Maio, e sua equipe era formada por Zé Rosa, Manolo, Zé Heitor Martins, Reinaldo Nova Costa, Raposo, Rubem Goulart, Paulo Meireles, Zé Carvalho, Zé Meireles. Desses, vamos encontrar Rubem Goulart e Zé Rosa como professores de educação física, formados pela Escola Nacional, nos anos de 1941 e 1942, respectivamente, sendo que Zé Rosa vai ser professor de Dimas, no Liceu Maranhense 77. O SERVIÇO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ESTADO 78 Em 1942, o Governo Federal distribuíra bolsas para a recém criada Escola Nacional de Educação Física - Decreto-Lei n. 4.029, de 19 de janeiro de 1942, institui bolsas de estudos para a Escola nacional de Educação Física e Desportos; Portaria 357, de 28 de julho de 1943, do Departamento Nacional de Educação, dispõe sobre a concessão de bolsas de estudos 76

GLACYMAR RIBEIRO MARQUES – in BIGUÁ. Edivaldo Pereira; BIGUÁ, Tânia. Onde anda Você ? Glacymar Pereira Marques. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 26 de março de 2001, Segunda-feira, p. 4. Esportes.

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BIGUÁ. Edivaldo Pereira; BIGUÁ, Tânia. Onde anda Você ? Glacymar Pereira Marques. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 26 de março de 2001, Segunda-feira, p. 4. Esportes. 78 Extraido de Capítulo do livro ‘QUERIDO PROFESSOR DIMAS’, de autoria de leopoldo Gil Dulcio Vaz e Denise Martins de Araújo

Bibliografia do Capítulo BIGUÁ, Tânia; BIGUÁ, Edivaldo Pereira. Onde anda você ? Dr. Alfredo Duailibe. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 26 de abril de 1998, Segunda-feira, p. 4. Caderno de Esportes; BIGUÁ, Edivaldo Pereira; BIGUÁ, Tânia. Onde anda você? Professor Furtado, um mito do atletismo. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 20 de setembro de 1999, Segunda-feira, p. 4. Esportes). BUZAR, Benedito. Alfredo Duailibe ao oitenta anos: vitorinista, graças a Deus. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 16 de outubro de 1994, Domingo, p. 20-21. Caderno Alternativo. BUZAR, Benedito. Eurípedes Bezerra: o homem que derrotou as forças do "general" Bastinhos. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 6 de agosto de 1995, Domingo, p. 26. Caderno Alternativo; BUZAR, Benedito. EURÍPEDES, UMA VIDA, UMA HISTÓRIA (O HOMEM QUE DERROTOU AS FORÇAS DO "GENERAL" BASTINHOS). (s.l.; s.e.; s.d.). (edição mimeografada). BUZAR, Benedito. VITORINISTAS & OPOSICINISTAS. São Luís : Lithograf, 2001 Decreto-Lei n. 771, de 23 de agosto de 1943, do governo do Estado do Maranhão, cria o Serviço de Educação Física. Decreto-Lei n. 4.029, de 19 de janeiro de 1942, institui bolsas de estudos para a Escola nacional de Educação Física e Desportos; Portaria 357, de 28 de julho de 1943, do Departamento Nacional de Educação, dispõe sobre a concessão de bolsas de estudos instituídas para a Escola nacional de Educação Física e Desportos FERREIRA NETO, Amarílio. Escola de Educação Física do Exército (1920-1945): origem e projeto políticopedagógico. In FERREIRA NETO, Amarílio (org.). PESQUISA HISTÓRICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA. Aracruz-ES: Faculdade de Ciências Humanas de Aracruz, 1988, vol. 3 NUNES, Patrícia Maria Portela. MEDICINA, PODER E PRODUÇÃO INTELECTUAL. São Luís: UFMA-PROCIN-CS, 2000. REGO, Luis de Moraes. CULTURA E EDUCAÇÃO. São Luís: Sioge, 1980


instituídas para a Escola Nacional de Educação Física e Desportos - e o então prefeito de São Luís, Pedro Neiva de Santana, convidou o jovem médico Alfredo Duailibe79 para cursar especialização em Medicina Desportiva, juntamente com Rubem Goulart, Mary Santos, Maria Dourado e Lenir Ferreira, estes, para cursarem Educação Física. Um ano antes, o hoje Coronel PM reformado, Eurípedes Bernardino Bezerra 80 fora para a Escola de Educação Física do Exército fazer o Curso de Sargento Monitor de Educação Física: "...fui fazer Escola de Educação Fisica no Rio de Janeiro, na época do Governo de Paulo Ramos, em 1941; a do Exército, do Parque São João, na Urca [Eurípedes esclarece que não foi "naquela turma" de bolsistas] ... naquela, em 1942, já Zé Rosa [José Rosa], meu amigo Braga [Luis Gonzaga Braga], Rinaldi [Maia], indicados por mim, que cheguei formado. ...fui indicado pelo governo de Paulo Ramos para ir fazer educação física com mais três colegas [- para fazer o curso de monitor de educação física] -, Bartolomeu [Freire], Nonato [Raimundo Nonato Santos] e Papagaio [Emílio Vieira]. Um ano de duração, aí Bartolomeu foi reprovado e eu fiquei sozinho, ele foi fazer o curso das Armas, eu fiquei sozinho, aprovado em Educação Física, do governo Euclides Figueiredo - pai de João Batista Figueiredo, Presidente da República -, Euclides Figueiredo, ia se diplomar nosso monitor, foi licenciado como professor. [Retorna ao Maranhão] Em 1942, e fui logo indicado para lecionar no Colégio Marista e Colégio São Luís, do professor Luís Rego e do professor irmão Floriano, do Colégio Marista. "[Na Polícia Militar] Era responsável pela educação física, Diretor da Educação Física do quartel, com os meus companheiros auxiliares, Emílio me auxiliava, 79

ALFREDO DUAILIBE nasceu em 19 de outubro de 1914. Foi o primeiro médico maranhense a ingressar em uma Escola de Educação Física com o objetivo de se especializar em Medicina Desportiva. Deputado Federal, suplente de Senador, Senador, Vice-governador - tendo assumido o governo do Estado por cinco dias, de 25 a 31 de janeiro de 1966, dando posse ao governador eleito, José Sarney; Foi professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Maranhão, atuando também no Curso de Educação Física, como professor, até se aposentar, em 1984. Faleceu em 2010. in BIGUÁ, Tânia; BIGUÁ, Edivaldo Pereira. Onde anda você ? Dr. Alfredo Duailibe. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 26 de abril de 1998, Segunda-feira, p. 4. Caderno de Esportes 80 EURÍPES BERNARDINO BEZERRA - nasceu em 17 de dezembro de 1915, na cidade de Curador (hoje, Presidente Dutra); filho de Ludgero Alves Bezerra (cearense) e de Maria Bernardina de Oliveira (maranhense). Maria Bernardina era irmã do legendário Manoel Bernardino, o Lenine do Sertão. Ingressou na Polícia Militar, como soldado, em 1936; promovido a 3º Sargento, por ter feito curso de enfermeiro; em 1941, foi para o Rio de Janeiro cursar Educação Física, na Escola do Exército, a mando do Interventor Paulo, Ramos; na volta, passa a ser o responsável pela educação física na Polícia e torna-se professor dos colégios Marista e São Luís. Em 1967, é reformado no posto de Coronel PM, após passar pelo Gabinete Militar do Governo Sarney - José Sarney fora seu antigo aluno de educação física, nos Maristas. Foi Deputado Estadual, Prefeito de Imperatriz, Vereador por São Luís; Delegado de Polícia em 105 municípios maranhenses. Por 65 anos prestou serviço público; 55 anos de casamento; 35 de Lions Clube; 40 anos de PTB. Já falecido. In BUZAR, Benedito. Eurípedes Bezerra: o homem que derrotou as forças do "general" Bastinhos. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 6 de agosto de 1995, Domingo, p. 26. Caderno Alternativo; BUZAR, Benedito. EURÍPEDES, uma vida, uma história (o homem que derrotou as forças do "general" Bastinhos). (s.l.; s.e.; s.d.). (edição mimeografada) . BUZAR, Benedito. VITORINISTAS & OPOSICINISTAS. São Luís : Lithograf, 2001, p. 175-184


sargento Sirino, com serviço prestado, eles ajudavam no quartel, também o Soares Nascimento, hoje dentista formado." (BEZERRA, Eurípedes. Entrevistas) Ao regressar de seu curso de especialização, o Interventor Paulo Ramos nomeou o Dr. Alfredo Duailibe para trabalhar no Departamento Geral de Instrução Pública. Propôs ao Prof. Luiz Rêgo, então seu Diretor, a criação do "Serviço de Educação Física" - Decreto-Lei n. 771, de 23 de agosto de 1943, do governo do Estado do Maranhão, cria o Serviço de Educação Física, – SEFE -, muito embora já havia sido criado em 1903. Em abril, dava início a uma nova fase da Educação Física no Maranhão: os alunos da rede pública e privada seriam submetidos a exames periódicos de saúde e a adoção da prática da educação física nas escolas... O Coronel Eurípedes lembra como foi esse início, e quais eram os professores que atuavam na época: “Alfredo Duailibe... formado em educação física médica, junto com Laura Vasconcelos81, formado no Rio de Janeiro; quando ele chegou, eu convidei ele para ser médico do Marista, reivindiquei ao Marista e o Marista convidou ele, e ele ficou como médico especializado de educação física fazendo os exercícios... Exercícios não, exames biométricos; eu fazia os práticos e ele fazia o exame biométrico e dava para mim, eu tenho a relação de todos os alunos daquela época... [Perguntado se lembra quando em 1943, foi criado o Serviço de Educação Física do Departamento de Instrução Pública, do Governo do Estado afirmou que] ... Lembro, lembro, me lembro muito bem... Chamaram a Mary Santos, chamaram a Lenisse - Mary Santos era a chefa - [lembrado que o primeiro diretor foi Alfredo Duailibe, disse que ele, Alfredo]... É convidado, ajudando e colaborando com Laura Vasconcelos e mais tarde Mary Santos e Zé Maria Dourado, que durou pouco e foi emborca para o Rio; e uma menina, prima legítima do Dimas,... Como é o nome dela? A sobrinha dele, professora também, essa é a prima legítima dele, se formou em educação física e se mudou para o Rio de Janeiro82. "[Trabalhando em Educação Física havia poucos professores]... muito pouquinho tinha o professor Bonifácio, mas era só Sargento do Exército, não tinha curso, a gente marginalizou; agora Eurípedes, Rosa83, Braga84, Inaldo e

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LAURA VASCONCELOS, médica pediatra, mulher de Carlos Vasconcelos; trabalhava junto com este no Serviço de Educação Física 82 Refere-se a EUNICE BEZERRA, veio também formada da Escola Nacional de Educação Física; casou-se e foi para o Rio de Janeiro 83 ROSA – refere-se a José Rosa, professor de Educação9 Física do Liceu Maranhense 84 BRAGA – Nego Braga - como era conhecido LUIS GONZAGA BRAGA, Professor de Educação Física da Escola Técnica Federal do Maranhão - ETFM - e um dos incentivadores e criadores dos Jogos Estudantis do Ensino Industrial - JEBEI - e Jogos Estudantis do Ensino Médio - JEBEM -, na década de 60, nos quais a ETFM conseguiu alguns resultados EXPRESSIVOS.


Dimas, já quando chegou, entrou na área de educação física; Luis Aranha85 ... professor velho ... professor leigo, meu velho amigo no Liceu, trabalhamos juntos inclusive em demonstração dessas festas patrióticas, Dia do Estudante, fazendo passeatas, indo ao 24° BC, fazendo passeatas do quartel, todo mundo junto ia visitar o 24°BC no dia 25 de Agosto, Dia do Soldado...". (BEZERRA, Eurípedes. Entrevistas). Devido às suas constantes missões, como militar, no interior do Estado - foi nomeado delegado de polícia em inúmeras cidades - tinha que se afastar de São Luís constantemente. Nessas ocasiões: "Eu deixava o Júlio86 para dar aula e assinava no final do mês. O Júlio Adis Pereira e Edmundo Soares do Nascimento e José Raimundo Sirino; eles davam aula e no final do mês eu assinava por eles, mas vinha sempre todo mês dava a minha participação direta, quase sempre. "No Brejo, no Brejo [uma das cidades em que foi delegado, mantinha turmas de educação física para os jovens] com uma turma com quase 50 alunos de 6:00 às 7: 30 e já vejo alunos até na Aeronáutica, até na América do Norte, até na VASP e em Nova York encontro aluno meu nesse Brasil todinho por aí. No Balsas, por onde passei, fizemos uma Colônia de Férias, Colônia de Férias em Pedreiras, e em Imperatriz e Colônias de Férias em Bacabal e em Japiruí onde passei lá 17 anos; em Cururupú, em Codó, em Pedreiras, essa sociedade todinha são formadas hoje que estamos integrados nos exercícios físicos, conhecer o vigor dos músculos, a potência do cérebro e a jovialidade do espírito." Em todas elas eu colocava Educação Física. Em Cajarí mataram o Prefeito, mataram o Delegado e mataram o Presidente da Câmara, mataram o Presidente do Correio, o homem da oposição, mataram o chefe do destacamento... Fazia tudo isso, e eu fui o delegado, mas nunca deixei de pegar de manhã de 7 às 8, uma turma de 30 a 40 meninos de educação física; quando encontro gente por aí esse filho do Jurivê Macedo (Sérgio Macedo) foi meu aluno no Bairro de Fátima [Bairro de Imperatriz]. Eu, já eleito Prefeito, dando aula de educação física lá no Bairro de Fátima dando aula para 50, 60, alunos, para ver exercício em prática e atuais e atuais evoluções, jogos e diversões e exercícios individuais e coletivos. (BEZERRA, Eurípedes. Entrevistas). Essa sua passagem como delegado de Brejo é objeto de notícia pelo jornal "O Esporte" [São Luís, 18 de janeiro de 1948, Domingo, p. 4], que anuncia que Eurípedes pretende continuar seu trabalho com os esportes. "Além de bons quadros de futebol e de basquete pretende 85

LUIS ARANHA – secretário do Liceu Maranhense, um dos grandes incentivadores do esporte estudantil, tendo construído uma quadra de voleibol em sua casa. 86 JULIO ADIS PEREIRA - Conhecido como Nego Júlio – um dos primeiros professores de educação física do estado. Foi oficial da PM


desenvolver outras modalidades de esporte, porém não participará do torneio intermunicipal". O Coronel Eurípedes esclarece que Rubem Teixeira Goulart cursou a Escola Nacional de Educação Física no mesmo ano que ele, 1941: "Rubem87 não, ele já era formado, é da turma de 1941... Para essa escola foi Mendes Santos, Urbano Santos (?), Maria Dourado, Zé Rosa, Inaldo e Nego Braga ... quando eles chegaram, dois foram para a Escola Técnica, eu não foi porque o Governo disse que eu era obrigado a pagar as passagens, o curso lá do Rio, eu era obrigado a pagar senão, senão eu não podia sair da Polícia, só se eu pagasse as despesas do Curso que eu fiz lá todinho, aí eu fiquei na Polícia. Júlio não se formou, foi meu auxiliar, porque era bom praticante nesses exercícios físicos e eu aproveitei nos esportes. O professor Furtado88 já é antigo, ele já era professor de corrida, esse também era bom em exercícios físicos, eu convidei para me auxiliar no Colégio Marista; ainda hoje permanece educando Educação Física com 93 anos...". (BEZERRA, Eurípedes. Entrevistas). Em entrevista ao jornal "O Esporte", edição de 23 de abril de 1950, o próprio Rubem afirma que foi para a ENEF em 1942. No Liceu, em 47, como professor de Educação Física, José Rosa - na época tinha chegado, junto com Rubem Goulart, da Escola Nacional de Educação Física. “... quem me despertou [para a educação física] foi o professor José Rosa. Então eu participei até de demonstração de Educação Física que ele fazia; foi quando eu comecei a desenvolver e pegar corpo ... [as aulas eram de ... ] Ginástica Geral e Calistenia89; foi onde eu comecei a me desenvolver, o meu físico, o corpo, tanto que quando ei cheguei no Exército eu já estava formando, já estava com um 87

Refere-se a RUBEM TEIXEIRA GOULART – ver nota ... MANOEL FURTADO DOS SANTOS - natural de Humberto de Campos, onde nasceu a 10 de abril de 1907. Em 1929, foi para o Rio de Janeiro, servir ao Exército. Lá, se destacou no Atletismo, ganhando várias provas - era velocista. Em 1953, já casado, retorna a São Luís - a mulher , também maranhense, não se adaptara ao Rio de Janeiro - e vem a ser professor de Educação Física no Colégio Marista - a convite do Coronel Eurípedes Bezerra -. Doze anos mais tarde, transfere-se para a então Escola Técnica Federal do Maranhão, conquistando vários títulos nas diversas competições escolares que se disputavam; em 1977, aposenta-se da Escola, mas não deixou de atuar como professor de Atletismo, ingressando no SESI. Atua até hoje, com mais de 90 anos de idade. Em 1993, em reconhecimento por seus serviços prestados ao esporte maranhense, e em especial ao Atletismo, recebeu o Prêmio ALUMAR de Esporte; em 1999, o Governo do Estado agraciou-o com a Medalha de Mérito Timbira. A pista de Atletismo do Complexo Esportivo e Social de São Luís leva o seu nome, dado pelo então Secretário de Desportos e Lazer, Phil Camarão." BIGUÁ, Edivaldo Pereira; BIGUÁ, Tânia. Onde anda você ? Professor Furtado, um mito do atletismo. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 20 de setembro de 1999, Segunda-feira, p. 4. Esportes). 89 CALISTENIA: palavra de origem grega: kalós= belo; sthenos= força; sufixo - ia; ou kalli-sthenes = "cheio de vigor", melhor traduzido por "força harmônica". Tendo por objetivo promover a graça e força corporal por meio de exercícios musculares, é um sistema de ginástica que encontra as suas origens na ginástica sueca e que apresenta, como características, a predominância de formas analíticas, a divisão dos exercícios em oito grupos, a associação da música ao ritmo dos movimentos, a predominância dos movimentos sobre as posições e exercícios à mão livre e com pequenos aparelhos (halteres, bastões, maças, etc. IN MARINHO, 88

s.d., p. 264-265


corpinho já .... no Liceu, só futebol e ginástica de um modo geral. Eles faziam naquela época muitos exercícios acrobáticos, salto, mas não tinha característica nenhuma de ginástica, o nome era esse, ginástica acrobática90". (DIMAS, Entrevista) Organização das aulas de educação física "Eu tive a sorte de, nessa época, estar no Liceu e o professor era José Rosa; ele estava com muito entusiasmo, tinha chegado, então ele levava muito a sério e ele teve muito sucesso naquela época, inclusive eu me despertei para isso, eu fiquei empolgado, me beneficiei bastante, e aquilo certamente, naturalmente ficou enraizado em mim, pois depois eu terminei tomando este mesmo caminho embora na decorrência do tempo; mas eu posso dizer que naquela época o professor José Rosa fazia um bom trabalho, agora parece que era muito pouco, talvez só a nível mesmo de Liceu. [As atividades, eram realizadas] duas vezes por semana, com a duração de um hora, no próprio Liceu; tinha espaço. A minha experiência com ele foi só ginástica e Educação Física, agora ele ia entre Calistenia e paradas, saltos de obstáculos, saltos acrobáticos. [Quanto aos esportes] se fazia naquela época eu não tive oportunidade de participar, nem via, muito embora houvesse grupos de alunos que se reuniam para praticar esportes, mas isoladamente; então tinha os peladeiros, eu joguei futebol... joguei futebol pelo Liceu; nessa mesma época, nós tínhamos um time que jogava futebol, onde eu - me lembro perfeitamente -, naquela época que o futebol... era: o goleiro, dois zagueiros, três halfs e cinco atacantes; eu era center-half, Celso Coutinho era half direito e Raposa era half esquerdo... até hoje eu me lembro disso, era nosso time do Liceu, acho que da segunda série do ginásio ou da terceira mais ou menos, mas isso era.... "Era extra curricular, era mais lazer, mais do que aula propriamente dita. Fazia a ginástica acrobática, tive esta experiência aqui no Liceu, com o José Rosa, coisas pequenas, pequenos saltos, não era coisa muito..." (DIMAS, entrevistas).

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GINÁSTICA ACROBÁTICA: é a expressão de um movimento que encontrou campo propício sobretudo nos Estados Unidos, de onde se transportou a vários países, entre os quais o Brasil e a Suécia. Entre nós, a Escola de Aeronáutica foi a verdadeira introdutora da ginástica acrobática sistematizada, tendo seu Departamento de Educação Física publicado, em 1945, um opúsculo sob o título de "Normas para a Instrução de Saltos e Acrobacias Elementares", calcado no "The Tumbler's Manual". Posteriormente, a ginástica acrobática teve grande aceitação na Escola Nacional de Educação Física (hoje, EEF/UFRJ) e na Escola de Educação Física do Exército, devendo-se a esta última o "Manual de Ginástica Acrobática", adaptado às características do Método Francês de Joinville-le-Pont. A ginástica acrobática, em seu tríplice aspecto - de chão, em aparelhos e pirâmides - fornece a seus instrutores os recursos técnicos necessários à realização do trabalho físico compatível com a finalidade a atingir. IN MARINHO, s.d., p. 312-313


Aldemir Carvalho de Mesquita, outro "menino do Liceu", também se lembra do Professor José Rosa, com muito carinho, com quem aprendeu a gostar da educação física: " ... Eu acho o seguinte, que cada um, inclusive eu, cometi uma falha, ai uma injustiça não citar o nome do prof. Zé Rosa, que foi o diretor de Liceu, e uns dos professores de educação física. Esse foi um dos incentivadores. Quando eu era garoto - 9, 10 anos -, mas eu ouvia falar muito do prof. Zé Rosa - era treinador de basquete daqui dentro de São Luís, no Liceu, Colégio São Luís e era professor de Historia -, foi um dos que foram daquela turma da década de 40, que foi junto com o prof. Braga, Maia ... Eu acredito, Léo, que cada um das pessoas vão, vamos fazer o seguinte, no meu ponto de vista, cada um deu uma parcela, não tem aquele - eu sou o pai da criança. Vamos usar assim, o braço é de um, a perna de outro, cada um teve sua participação, que nós éramos carente, aqui não tinha nada. Então, essas pessoas, essas que tem que ser lembradas, tem que ser todo tempo as pessoas que fazem esportes, temos que citar os seus nomes de Mary Santos, Braga, Rubem Goulart ..., enfim todos têm uma parcela, cada um teve sua época e cada um teve sua modalidade de preferência .... Tá entendendo ? No basquete, todo mundo sabia, pelo menos quando cheguei do interior 9, 10 anos, era o Rubem Goulart. Todo mundo sabia a paixão que o prof. Braga tinha pelo boxe. No basquete falava muito bem do prof. Zé Rosa... Então cada um teve sua parcela nesse desenvolvimento do esporte amador em São Luís. Seria uma injustiça falar fulano fez isso, fulano fez aquilo. (MESQUITA, Aldemir Carvalho de. Entrevistas). Antes de estudar no Liceu Maranhense (1945), Dimas estudou no Marista e teve um primo distante, Eurípedes Bezerra, como professor de educação física. Eurípedes, ao retornar do Rio de Janeiro, em 1941, já formado pela Escola de Educação Física do Exército - como Sargento Monitor de Educação Física -, foi indicado para lecionar nos Colégio Marista e Colégio São Luís: "[A educação fisica nessa época] era o método francês, a modalidade de ensino era: os exercícios preparatórios e propriamente ditos, constituía-se evoluções de marchas e depois os exercícios de saltar, trepar, levantar, e despertar, correr, atacar e defender e volta a calma, exercícios progressivos sem solução de continuidade. Era o mesmo método trazido pela Colônia Francesa, pela Missão Francesa em 1922, para o Brasil. [No Colégio São Luís] a mesma coisa, de 1943 à 1945. [No Marista foram] vinte e sete anos, fui aposentado como professor por lá pelo INPS ". (BEZERRA, Eurípedes. Entrevistas). Em 1948, o então presidente da República, Eurico Gaspar Dutra, lança a pedra fundamental para a construção do Estádio Municipal, que levaria o seu nome. Com uma capacidade pata


17.800 pessoas, o estádio seria construído na Vila Passos. Considerava-se uma grande vitória do professor Luis Rêgo, presidente da FMD 91. Ginástica acrobática no Anil: Diário de São Luis, 9 de outubro de 1948

Cláudio Vaz dos Santos, o Cláudio Alemão, lembra como era a educação Física nessa época - 1951/53 -, em que era aluno dos Maristas: "Este Colégio (década de 30/40) era onde é o Palácio do Bispo hoje, na Dom Pedro II, ao lado da Sé da Catedral, não tinha professor de Educação Física, nós éramos praticantes de esportes... Não conheci o professor [Eurípedes] como de 91

O ESPORTE, São Luís, 07 de março de 1948, p. 1


Educação Física. Na minha época não teve professor de Educação Física, foi ter depois, no Colégio Maranhense, já aqui na rua Grande, na Quinta do Barão; mas na minha época de estudante, nós não tínhamos professor de Educação Física... [Informado de que Eurípedes Bezerra era professor desde 1942, disse que] ... eu nunca tive oportunidade, mas não foi da minha geração ... Não foi da minha geração; não tive Educação Física no Marista, a não ser práticas de esportes, comandada sempre pelos irmãos Maristas. Nós não tínhamos professor de Educação Física, nem leigo; nós tínhamos apenas os irmãos Maristas, que nos colocavam para praticar esporte, era: o futebol de campo e o espiribol; o Basquete, o volei não existiam também; nossa prática maior era o futebol de campo, onde é hoje o Vila Rica, ali era o nosso campinho de futebol; pagávamos 500 réis para o Colégio Marista, para participar; depois do almoço arregaçávamos as calças antes de começar as aulas, nós praticávamos esporte de 12:30 até às 13:30h. Nós saíamos suados, eu me lembro desse detalhe... passávamos todo dia, nós praticávamos e pagávamos 500 réis, nesse tempo era réis ... Nós tivemos uma quadra, onde eu pratiquei basquete, foi no "8 de Maio", atrás do Cassino Maranhense; hoje... ali era um matagal, o 8 de Maio, comandado por Rubem Goulart, era o time dos “ erres”..., Rubem92, Ronald93, Raul Guterres94 ... Ronald Carvalho, nosso amigo inesquecível... Rubem Goulart, que foi o líder; praticava o Paulinho Carvalho, Zeca Carvalho, e foi onde eu comecei a praticar vôlei e basquete. Essa quadra era do 8 de Maio, atrás do fundo do Casino Maranhense hoje... "O Atletismo nós tivemos aqui, eu tive a oportunidade, mais ai de, já eu praticava pelo Colégio São Luís; eu era corredor de 100 metros, eu era corredor de 200 metros, eu corria, nessa época os atletas... o Ari Façanha foi muito antes, o Ari Façanha foi uma fase bem mais antiga... Já foi em outra época, bem anterior a nossa, a nossa foi uma fase que nós praticávamos, praticávamos é atletismo, 52,53, foi quando eu cheguei ao Colégio São Luís, que eu comecei a fazer atletismo,... 53... Mauro Fecury... então nós praticávamos atletismo numa pista improvisada no Santa Isabel, onde praticávamos atletismo, corridas, 92

Refere-se a RUBEM TEIXEIRA GOULART. Ver nota... Refere-se a RONALD DA SILVA CARVALHO. 94 RAUL GUTERRES - RAUL GUTERRES - nascido em 1927, iniciou-se no esporte com 15 anos de idade, jogando futebol. Além do futebol, jogava basquete, volei, futsal e praticava o atletismo. Em 1942, foi campeão estudantil, pelo Ateneu, jogando no gol. Em 1943, ingressou no FAC e com a extinção deste, passou para o MAC (1943), quando foi campeão. Paralelamente ao futebol, jogou Basquetebol no “8 de Maio”, time de Rubem Goulart, campeão nos anos de 47/48/49. Era o mesmo time que jogava voleibol. Como estava na casa de João Rosa para fundar o futsal, terminou sendo goleiro da bola pesada, saindo-se campeão pelo Santelmo, nos anos de 48/49/50. Aluno do Curso de Direito (formou-se em 1955), participou dos Jogos Universitários Brasileiros, pela FAME, dos anos de 1950 (Recife); 1952 (Belo Horizonte); e 1954 (São Paulo). No atletismo, fazia salto em altura e salto em distância, arremesso do peso e lançamento do dardo. IN BIGUÁ, Tânia e BIGUÁ, Edivaldo Pereira. ONDE ANDA VOCÊ ? RAUL GUTERRES, ATLETA COMPLETO. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 20 de outubro de 1977, Segunda-feira, p. 4. Esportes. 93


lançamento de peso, lançamento de dardo e lançamento de disco; e teve nessa época um filme, Homem de Ferro, com Burt Lancaster, que fazia tudo quanto era esporte. Nessa época eu fazia tudo, não tinha ninguém, eu fazia, eu pratiquei. "Nós jogamos futebol americano, agarrava a bola e separava, jogamos tanto no Colégio como no quartel, tinha o capitão Nélio, tenente Nélio que era o nosso orientador, veio da Escola de Educação Física do Exército, trouxe muitos conhecimentos... muita prática dirigida, acadêmica, dentro da Educação Física, o nosso conhecimento foi através desse trabalho no N.P.O.R (Núcleo Preparatório dos Oficiais da Reserva), isso já em 56 na saída do Colégio, passando a servir o Exército." (VAZ DOS SANTOS, Cláudio. Entrevista). DIMAS, em 1954, inicia a sua carreira como Professor de Educação Física, dando aulas no Colégio Ateneu Teixeira Mendes e na Academia de Comércio do Maranhão: "Em 1954, estava dando aulas no Ateneu e na Academia do Comércio, mas não tive muita possibilidade de fazer nada... naquela época, a Educação Física se dava às 05:00 horas da manhã, e eu morava no Tirirical... [o Diretor do Ateneu naquela época] era Solano Rodrigues, era um dos grandes mestres da nossa educação ... da época de Luís Rego ... e quando eu dava Educação Física no Ateneu - 05:00 da manhã, imaginem que dificuldade -, então não tinha muita perspectiva... Só calistenia e um joguinho, uma coisa, e a motivação era um pouco pequena - as 05 horas da manhã ... não tive muito sucesso, assim, no Ateneu e na Academia ... só Calistenia, e os esportes lá, porque não tinha quadra, não tinha nada; e na Academia de Comércio não tinha nada, eu dava aulas no campo do Moto, nessa época, no [Campo do] Santa Izabel... (DIMAS, entrevistas). "Essa foi a minha primeira passagem, na Educação Física, nos esportes, antes de ir para o Pindaré [...] Esporte e Lazer em Pindaré - "E lá no Pindaré, quando eu fui eu levei na minha bagagem uma rede, uma bola de voleibol[...] foi nessa época eu criei lá no Pindaré um time de voleibol, de futebol de salão, clube social, futebol de campo, então e você imagina com essa experiência toda que eu já levei do Rio de Janeiro e de São Luis quando cheguei lá em Pindaré, que era uma cidade atrasadíssima ... então, tudo eu fazia de forma altruísta, não vivia mais nisso, lá então eu criei tudo isso em forma de lazer, e movimentei a sociedade; movimentei a cidade, todo mundo eu envolvi nos times. [Montou um clube na própria Usina] em que jogava, inclusive outras pessoas da cidade, não só empregados, mas alguns, os melhores jogadores, eu levava para trabalhar na Usina. E então tinha o clube Uirapuru de futebol de salão, e jogava voleibol, e eu criei clube social que fazia festa, fazia desfile de moda e tive uma vida de destaque ... (DIMAS, entrevistas).


"Quando eu voltei do Pindaré, eu voltei em 69... No começo do ano, quando eu cheguei aqui procurei emprego, ai eu fui trabalhar no [Colégio] Batista [Daniel de La Touche] e no [Colégio Maranhense, dos Irmãos] Marista. Eu vim ser professor do Marista e do Batista, eu trabalhava nos dois ao mesmo tempo, e fiz um curso para ir para o CEMA. (DIMAS, entrevistas). Durante a cerimônia de encerramento do 3º. Campeonato Intercolegial de 1970, organizado pelo Serviço de Educação Física, Recreação e Esportes, sob a direção de Mary Santos, no Ginásio Costa Rodrigues houve uma belíssima demonstração de Ginástica Feminina Moderna, sob a direção da professora Marise Brito, pelas alunas das escolas secundárias da Capital, sendo muito aplaudida pelo grande público. (Fonte: SANTOS, Mary. Educação (crônicas). São Luís: SIOGE, 1988,p. 11-112) Cláudio Vaz dos Santos conta: "... nós tivemos um problema em 1970, Zé Reinaldo também atleta, Zé Reinaldo, governador; "... Jaime Santana, que eu me esqueci de citar da nossa geração, era um dos nossos praticantes de esporte, tanto volei como o basquete, futebol de campo, futebol de salão, nós jogávamos tudo é que toda essa geração jogava tudo, ninguém jogava futebol de praia, futebol de salão, futebol de campo, [Clube] Jaguarema (fundado em 1956) então era o nosso celeiro. Foi o grande Jaguarema na época, então o que a gente praticava de esporte era direto... Jaime Santana, "Então, Jaime Santana, em 1970 - o pai dele ainda não era governador -, nós precisávamos da quadra do Costa Rodrigues para treinar nossa seleção de basquete, para, em 1970, irmos para Porto Alegre, mais precisamente, Santa Cruz do Sul; e nós precisamos do Ginásio, o técnico era o Chico Cunha - Cearense -, era mineiro mas trabalhava no Ceará, e veio trabalhar com a gente aqui, na época do governo Sarney; nós fomos pedir; não podia ceder o Ginásio para nós treinarmos nossa seleção porque estava tendo jogral; aí depois do jogral, não podia porque ia ter um reunião - não vou declinar o nome da pessoa que dirigia, não interessa, só interessa o fato -, não podia porque tinha que fazer silêncio, porque ia ter uma reunião, e o Ginásio não podia ser ocupado para treino porque ia ter uma reunião na sala de reunião, e o barulho ia prejudicar “... então nós ficamos do lado de fora do Costa Rodrigues sem poder treinar... Mas isso vai acabar, Alemão, te prepara que isso vai acabar; quando em 1970, Neiva Santana assumiu o Governo, Jaime me chama: - olha, tu vai ser Coordenador de Esporte da Prefeitura; Haroldo Tavares - nós começamos primeiro na Prefeitura, foi nosso primeiro passo -, foi na Coordenação de Esportes, Haroldo Tavares, Prefeito de São Luís... então foi criada a Coordenação de Esporte da Prefeitura que eu fiz, procurei ... O Carlos


Vasconcelos era da Coordenação de Educação Física, aí foi criada a Coordenação de Esporte, na área estudantil, era o ... na área do esporte aberto sem limites foi a Coordenação de Esportes; nós tivemos o direito de agir com a Ildenê, a gente fez esse trabalho, trabalhava só com esporte escolar. Por sinal, era o mesmo problema, era muito limitado, ele, o esporte escolar no Maranhão... " ... Fomos funcionar onde é o Parque do Bom Menino; tem um açougue ali em baixo, ali que era a coordenação, alugamos de Antônio o prédio e fomos fazer a explanação, primeira medida, eu fiz uma equipe muito boa, foi Geografia, Fernando Sousa, Jaime Sampaio e Fernando Sousa, jornalista, Diretor Técnico; bom, foi minha diretoria, ai eu convoquei os professores; fiz o levantamento de quem é que podia ser útil, quem é que eu tenho para trabalhar, porque eu tinha o direito de formar escolinhas, que não tínhamos nada nesse sentido, de formação de atleta. Então veio o Dimas, veio o Major Alves, professoras... as duas professoras ... Maria José e Tarcinho; Odinéia; Maria José, Ildenê Menezes, Dinorah e Celeste Pacheco... Tinha uma que era funcionária do Ipem, era eu não sei o nome dela na memória, faz 31 anos, a professora eu não me lembro, mas eu sei que é de nome conhecido ... Graça Helluy, voleibol; viajou comigo para o primeiro JEB's em 72, ela foi a técnica; nós já fomos para os JEB's em Maceió, em 1972; em 71 foi que nós fizemos a escolinha com esse trabalho e criamos o primeiro FEJ. FEJ foi Prefeitura "O FEJ foi a Coordenação de Esporte da Prefeitura de São Luís, em 1970. O primeiro FEJ (Festival Esportivo da Juventude), a Mary Santos fazia Jogos Intercolegiais do interior, ela nunca fez uns jogos na capital; ela fazia Jogos Intercolegiais, em que eu fui árbitro - Roseana jogava; Carlos Vasconcelos era do MEC, tinha uma rivalidade com ela e fazia os jogos dele, ele fazia o dela, eram jogos isolados. Com o pessoal da capital, e a gente trazia o pessoal do interior; A Mary Santos era do Estado, da Secretaria de Educação e Cultura, onde tinha uma Secretaria de Esporte, Secretaria de Educação Física do Estado, era serviço de Educação Física do Estado. Carlos Vasconcelos que pertencia ao MEC; A Mary estava no Estado, a Ildenê, no Município. A Ildenê era Secretaria de Educação e a Mary era de Educação Física, era diretora do Serviço de Educação Física "Foi ai que eu entrei, fui dirigir pela primeira vez... muito bem, isso foi em 71, nós entramos no Governo, se não me engano, foi em março ou por aí; em setembro, nós tivemos o primeiro FEJ (Festival Esportivo da Juventude) Semana da Pátria, onde o Colégio de São Luiz foi o primeiro campeão do FEJ, onde eu trabalhei; "aí foi que o Dimas começou, trabalhamos juntos, nós acumulávamos, nós éramos árbitros, técnicos. Tudo nós fazíamos, tanto o Dimas quanto o Laércio, já me ajudou, nessa época; foi o primeiro que veio para cá; o pessoal criou muito problema comigo porque eu estava enchendo de paulista, muito fácil de


explicar: não tinha Professor de Educação Física no Maranhão e eu queria fazer um trabalho de nível; eu tinha de pensar, primeira coisa que tinha de ter era o professor, tanto para quem quisesse transferir conhecimento; então eu não tinha nada acadêmico, nada elevado nessa área aqui, só tinha professor já superados, dois que já não trabalhavam; Braga, que era professor daqui e não sei se era formado, era Braga, Zé Rosa, Rinaldi Maia...[Dimas] já é outra [história...], já é de quem trabalhou comigo; o pessoal que tinha já não era mais da ativa... o Eurípedes nunca foi formado...., Major Júlio, todos esse foram formados na Escola de Educação Física do Exército ... eles vieram de lá mas eu não trabalhei com eles; o Eurípedes trabalhou comigo assim, mas não tive nenhuma participação efetiva dele, ele nunca assumiu ... "na época eram os leigos, eu fazia curso de reciclagem e tal, mas dentro da área mesmo, com conhecimento de nível universitário, era o Dimas, o Laércio. "71, eu estava só na Coordenação de Esporte na Prefeitura, e nós fizemos o primeiro FEJ; aí teve o segundo FEJ, foi quando o Jaime criou o Departamento de Educação Física e Desportos; Pedro Neiva me nomeou no lugar da Mary Santos; já foi no governo de Pedro Neiva, com Haroldo Tavares - que agora é que tu vais entender -, eu entrei primeiro na Prefeitura - que Haroldo Tavares era cunhado de Pedro Neiva, irmão da mulher de Pedro Neiva, que é a mãe de Jaime Santana -, então para que eu pudesse assumir o Estado, nesse tempo podia acumular então, criaram o Departamento de Educação Física e Deporto do Estado; saiu o Serviço para Departamento. Nesse tempo, na Secretaria de Cultura, o nível do Departamento era mais acima de Serviço, então para que eu fosse para o Estado... foi criado o Departamento de Desporto do Estado, para que eu pudesse assumir acabar o Serviço; então era novo o cargo e aí que eu fui para o Estado, eu acumulei Coordenador de Esporte da Prefeitura e Diretor do Departamento de Educação Física e Desportos do Estado, ligado à Secretaria de Educação, do professor Luis Rego - era o Secretario na época -, professor Luís Rego, primeiro Secretario que eu trabalhei, depois eu trabalhei com o Magno Bacelar, que foi o Secretario, depois com o Pedro Rocha Dantas Neto, que também foi secretário; "Já em 72, fui nomeado Diretor do Departamento, onde foi que ficou o Departamento ? Lá no Costa Rodrigues... ai eu transferi a Coordenação, acumulei no Costa Rodrigues, eu levei tudo para lá, ficou a Coordenação... Eu era Coordenador e Diretor do Departamento de Educação Física do Estado, e Presidente do C.R.D. "Isso em 72, como era cargo, quem era Diretor, era Presidente do C.R.D automático, não tinha vínculo político nisso, era uma tradição de desporto ligado ao C.N.D (Conselho Nacional de Desporto), onde era o Brigadeiro Jerônimo Bastos; "... ai foi que eu fiz a minha equipe, aí foi que o Dimas entra com a parte principal, quando nós estávamos para fazer o segundo FEJ em 72, seria em


setembro, Dimas foi a Belo Horizonte... ai Dimas trouxe toda a informação, e o Maranhão podia participar do JEB's em 72; ele trouxe em 71, ele foi no JEB's em julho e trouxe... Dimas me trouxe, eu organizei a primeira equipe com o Dimas, era do Handebol, primeira equipe que nós viajamos para o JEB's; Ginástica Olímpica e Handebol, o Dimas; Coronel Alves, basquete; voleibol, Graça Hiluy; Coronel Alves - antes era Major -, foi isso para dar coletivo; que eu levei foram 52 pessoas que eu levei; não levamos atletismo, natação, não levamos nada; muito bem, com o que Dimas me trouxe, me presenciei muito ao DED. "Muito bem, aí eu já tinha uma parte ativa comigo, porque eu precisava do Dimas, não só como técnico, mas também como conselheiro, porque como eu te falei eu não sou formado, eu sempre procurava olhar uma pessoa que tivesse um conhecimento acadêmico para poder me orientar; "... e uma de nossas iniciativas foi justamente essa de criar esse jogos escolares; foi o primeiro e o segundo, e depois nós o transformamos em JEM's, o primeiro JEM's foi em 73, sempre tem essa dúvida; o pessoal não guarda isso mais, o primeiro FEJ foi em 71. o segundo FEJ, em 72; e o primeiro JEM's, em 73, porque? Nós participamos do JEB's e a sigla pesava, mas por bem achamos melhor mudar para JEM's - Jogos Estudantis Maranhenses -, foi que veio ... nós já tínhamos passado o primeiro e o segundo FEJ com sucesso, com a mudança, com a formação das escolas, a conscientização, que é a primeira coisa a nascer numa escola, era a força, a Educação Física através dos esportes, foi a maneira que nós encontramos de valorizar o professor de Educação Física, ele que era praticamente um esquecido dentro da área educacional, achava-se que era desnecessária a Educação Física, onde não se praticava nem a Educação Física, nem os esportes; nós criamos esses jogos para provocar nos colégios essa necessidade de se formar atletas, assim como também transmitir Educação Física e valorizar o professor, porque nós não tínhamos campo de trabalho para eles, e passou a ter; esse foi o ponto marcante do nosso trabalho, que realmente hoje o que tem, começou ai, onde nós provocamos...". (VAZ DOS SANTOS, Cláudio. Entrevista). Segue: os “paulistas” estão chegando...


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