REVISTA DO LEO REVISTA ELETRONICA EDITADA POR
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536
SÃO LUIS – MARANHÃO NUMERO 15 – DEZEMBRO - 2018
A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.
EXPEDIENTE REVISTA DO LEO Revista eletrônica EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076
CAPA: Leopoldo Gil Dulcio Vaz conduzindo a Tocha Olímpica em São Luis-MA
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física, Especialista em Metodologia do Ensino, Especialista em Lazer e Recreação, Mestre em Ciência da Informação. Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado; Titular da UEMA (1977/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e de Pesquisa e Extensão); Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 14 livros publicados, e mais de 250 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Comissão Comemorativa do Centenário da Faculdade de Direito do Maranhão, OAB-MA, 2018; Recebeu: Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luis (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM; Premio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Premio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; ALL em Revista, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras, vol 1, a vol 4, 12 16 edições. Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.
REVISTA DO LÉO
NÚMEROS PUBLICADOS VOLUME 1 – OUTUBRO DE 2017 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_1_-_outubro_2017 VOLUME 2 – NOVEMBRO DE 2017 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_2_-_novembro_2017 VOLUME 3 – DEZEMBRO DE 2017 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_3_-_dezembro_2017 VOLUME 4 – JANEIRO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_4_-_janeiro_2018 VOLUME 5 – FEVEREIRO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_5_-_fevereiro_2018h VOLUME 6 - MARÇO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_6_-_mar__o_2018 VOLUME 6.1 – EDIÇÃO ESPECIAL - MARÇO 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_especial__faculdade_ VOLUME 7 – ABRIL DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_7_-_abril_2018 VOLUME 8 - MAIO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8_-_maio__2018 VOLUME 8.1 - EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO: VIDA E OBRA – MAIO 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8.1_-__especial__fra VOLUME 9 – JUNHO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_9_-_junho_2018__2_ VOLUME 10 – JULHO DE 2018 – https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_10_-_julho_2018 VOLUME 11 – AGOSTO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_11_-_agosto_2018 VOLUME 12 - SETEMBRO DE 2018 - https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_12_-_setembro_2018 VOLUME 13 – OUTUBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_13_-_outubro_2018 VOLUME 14 – NOVEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_l_o_-_numero_14_-_novemb
EDITORIAL
A “REVISTA DO LÉO”, eletrônica, é disponibilizada, através da plataforma ISSUU https://issuu.com/home/publisher. É uma revista dedicada às duas áreas de meu interesse, que se configuraram na escolha de minha profissão – a Educação Física, os Esportes e o Lazer, e na minha área de concentração de estudos atual, de resgate da memória; comecei a escrever/pesquisar sobre literatura, em especial a ludovicense, quando editor responsável pela revista da ALL, após ingresso naquela casa de cultura, como membro fundador. Estou resgatando minhas publicações disponibilizadas através do “Blog do Leopoldo Vaz” – que por cerca de 10 anos esteve na plataforma do G1/Globo Esporte/Mirante, recentemente retirado do ar, quando da reestruturação daquela mídia de comunicação; perdeu-se o registro, haja vista que o arquivo foi indisponibilizado. Quase a totalidade do que ali foi publicado apareceu, também, no Centro Esportivo Virtual – CEV -, http://cev.org.br/ , https://www.facebook.com/cevnauta/: e nas Comunidades que administrava e/ou participava, em especial: - Educação Física no Maranhão, http://cev.org.br/comunidade/maranhao, https://www.facebook.com/search/top/?q=cev%20educa%C3%A7%C3%A3o%20f%C3%ADsica%20no %2 0maranh%C3%A3o - História dos Esportes, https://www.facebook.com/search/str/cev+hist%C3%B3ria+da+educa%C3%A7%C3%A3o+f%C3%ADs ica +e+dos+esportes/keywords_search - Atletismo, https://www.facebook.com/groups/cevatletismo/ - Capoeira, https://www.facebook.com/groups/cevcapoeira/ e agora, no Facebook, https://www.facebook.com/groups/cevefma/. Do “Atlas do Esporte no Maranhão” colocarei os capítulos no atual estado-da-arte, e sempre que houver algum fato novo, a sua atualização: http://cev.org.br/biblioteca/atlas-esporte-maranhao/ No campo da Literatura Ludovicense/maranhense, permanece aberta às contribuições, em especial, a construção da “Antologia Ludovicense”. http://all.org.br/all_em_revista.html A partir deste número, com novos colaboradores, internacionaliza-se, com os Lusofonos... Esta, a proposta... Está totalmente aberta às contribuições... LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EDITOR
SUMÁRIO EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES E LAZER “TRIBUTO AO MESTRE SAPO” - LAÉRCIO ELIAS PEREIRA A FORMAÇÃO TÉCNICA E O SEU PAPEL NO MERCADO TURÍSTICO - LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ GESTÃO DO LAZER E EVENTOS: uma nova habilitação a ser oferecida pelo CEFET-MA - Leopoldo Gil Dulcio Vaz A FORMAÇÃO TÉCNICA E O SEU PAPEL NO MERCADO TURÍSTICO - LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ LAZER, HOSPITALIDADE, IDENTIDADES E CULTURAS REGIONAIS E LOCAIS - LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ A TRAVESSIA NO EXISTENCIAL - JOSÉ DE OLIVEIRA RAMOS ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ (ORGANIZADOR/EDITOR) COM A PALAVRA, OS MESTRES OU A PALAVRA DOS MESTRES LIVRO ÁLBUM DOS MESTRES CAPOEIRA GENEALOGIA DE MESTRE PATINHO MESTRE PEZÃO MESTRE SENA MESTRE AÇOUGUEIRO MESTRE DE PAULA MESTRE RAIMUNDÃO MESTRE ZUMBI BAHIA MESTRE BAMBA (DO MARANHÃO) ARTIGOS, CRÔNICAS, DISCUSSÕES, OPINIÕES PUNGA DOS HOMENS – ALGUMAS (NOVAS) CONSIDERAÇÕES - LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ ESTUDO REVELA O QUE BRASILEIRO FAZ NO TEMPO LIVRE E COMO ESCOLARIDADE INFLUENCIA - Por Ivanir Ferreira GENERAL FRAME OF THE #YOG2018 - YOUTH OLYMPIC GAMES - BUENOS AIRES 2018 - Leonardo Mataruna. ESPORTES E LAZER E QUALIDADE DE VIDA - Leopoldo Gil Dulcio Vaz FASHION LAW NO BRASIL: COMO O DIREITO PROTEGE A MODA NACIONAL - THAÍS ARAGÃO DA ROCHA UM CAPOEIRA MARANHENSE ENTRE OS ‘PEQUENOS DO CHAFARIZ’ – SÃO PAULO-SP, 1864 - LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ NA(S) ACADEMIA(S) – LITERATURA LUDOVICENSE/MARANHENSE A GERAÇÃO DE 45 – A DA MOVELARIA GUANABARA - LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ LUSOFONIA JOSÉ MANUEL CONSTANTINO – PERFIL & (ALGUMAS) OBRAS & PENSAMENTO JOSÉ MANUEL CONSTANTINO - DESPORTO – UM MERCADO DE FUTURO E CRESCIMENTO ECONÓMICO A COMPREENSÃO ANTROPOLÓGICA DO DESPORTO - MANUEL SÉRGIO A MODA DA ÉTICA - JOSÉ MANUEL CONSTANTINO O PENSAMENTO DO JORGE BENTO PARABÉNS A TODOS VÓS DA INVOLUÇÃO DA DEMOCRACIA NA EUROPA E NO BRASIL CONSELHOS DE SUPREMA UTILIDADE DOS MEUS FRACASSOS MILAGRES IMPROVÁVEIS NA VIDA DE UM ANDARILHO DOS MITOS HORA DO CANTO E DA POESIA RADIOGRAFIA DA CONTEMPORANEIDADE REAFIRMAÇÃO DE PRINCÍPIOS
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MEMÓRIA DA EDUCAÇão FÍSICA, ESPORTES E LAZER Artigos, crônicas, publicadas nas diversas mídias – jornais, revistas dedicadas, blogs – pelo Editor, resgatadas... Serão replicadas na ordem em que escritas e divulgadas.
“TRIBUTO AO MESTRE SAPO” LAÉRCIO ELIAS PEREIRA1
Mestre Sapo (aos 17 anos) tocando pandeiro; no berimbau, Vítor Careca; jogando capoeira, estão Mestre Canjiquinha (de cabeça para baixo) e Mestre Brasília. 2
Fonte: Foto de Mestre Nelsinho, MARTINS, 2005 .
Era um dos ‘capitães da areia’ das histórias que Jorge Amado contou sobre os meninos que vivem nas praias de Salvador, deslocando um bico ou uma carteira, aqui e ali. Vivem é muito otimismo; sobrevivem à margem da sociedade dando e pedindo esmola, como cantou outro baiano, Moraes Moreira. Daí até chegar à capoeira pra turista foi fácil, que a Capoeira era parte de seu dia-a-dia. Já tinha até arranjado um lugar de destaque junto a Mestre Canjiquinha, que fazia apresentações em bares e boates da Bahia de Todos os Santos. Com Canjiquinha apareceu na maioria dos filmes feitos sobre a Bahia pela Atlântica e se orgulhava de ter filmado com Anselmo Duarte. Convidado, Canjiquinha fez uma excursão pelo Nordeste, e, no Maranhão, o garoto Sapo foi convidado para ficar. Era bom de luta e a política local precisava de guarda-costas. Foi a primeira investida da máquina, desta vez a política. Com a facilidade de manejar armas pela nova profissão Mestre Sapo teria aí uma de suas paixões: sempre tinha um trintaeoito ou uma bereta pra ‘botar no prego’ e recuperar quando aparecesse algum, pois a convivência com políticos não tinha deixado nada que o ajudasse no leite das crianças, a não ser o estudo, com que ele deu um rabo-de-arraia nas poucas letras trazidas de Salvador. Estudou muito. Até o cursinho, e se foi sem ter conseguido superar o vestibular que a Universidade teima em manter na área médica, pra Educação Física. Mas era professor de Educação Física: Professor Anselmo. Anselmo??? Que nada! Mestre Sapo. Era a segunda investida da máquina: a administrativa. A modernização da pobreza também tenta tirar a originalidade das pessoas. Como Sapo não seria aceito; só como Anselmo. Essa parada contra a máquina ele ganhou: nunca deixou de ser Mestre Sapo. Crescendo em Capoeira e fama ele agora sai nos livros: a ramificação da Capoeira no Maranhão, contada por Waldeloir Rego em ‘Capoeira Angola’ é Mestre Sapo. Ah! E como juiz nacional da nova ‘Ginástica Brasileira’[3] a sua capoeira que ele brigou tanto pra não virar ginástica olímpica. Ia se aperfeiçoar e o sonho de fazer Educação Física ia ficando cada vez mais sonho. Mas tinha orgulho de sua forma física: ‘Fique calmo!’, ‘Olha o bíceps!’. Ele gostava de domingo. Um dia malemolente pra se tomar cana e brigar. Brigar com os companheiros de briga. E foi num domingo, domingo de cachaça e briga, que ele recebeu a terceira e definitiva investida da máquina: o automóvel, que mostrava a ‘mais vaia’ de sua capacidade de competição contra os músculos do Homem. Os músculos bem treinados de Mestre Sapo nada puderam contra a máquina forte e estúpida, medida em cavalos. Mais de cinqüenta. Uma máquina movida por um companheiro de profissão, um amigo, pra combinar com o domingo, com a briga e a cachaça. Jamais seria um desconhecido dirigindo a máquina da norte. Sapo era amigo de todo mundo... 1
PEREIRA, Laércio Elias. Tributo ao Mestre Sapo. São Luís, DESPORTO E LAZER, n. VII, ano II, maio/junho e julho de 1982, p. 17.
2
MARTINS, Nelson Brito. UMA ANÁLISE DAS CONTRIBUIÇÕES DE MESTRE SAPO PARA A CAPOEIRA EM SÃO LUÍS. Monografia apresentada ao Curso de Educação Física da Universidade Federal do Maranhão, para obtenção do grau de Licenciado em Educação Física. São Luís, UFMA/DEF, 2005. Orientador: Prof. Drdo. Tarcísio José Melo Ferreira
3
MARINHO, Inezil Penna. A GINÁSTICA BRASILEIRA (Resumo do Projeto Geral). 2 ed. Brasília: 1982
Fonte: Foto de Mestre Nelsinho, MARTINS, 20054
4
MARTINS, 2005, obra citada.
1. Mestre Sapo dava orientações aos competidores, dentre eles, podemos identificar Mestre Curador (de camisa listrada). 2. Mestre Sapo está ao lado de Mestre Didi. Fonte: Foto de Mestre Nelsinho, MARTINS, 20055
5
MARTINS, 2005, obra citada.
Ano: 2003 Publicação original: anais de congresso Formato da contribuição: resumo de artigo (tabelas retiradas) Fonte: I CONGRESSO MARANHENSE DE TURISMO, Hotel Vila Rica - 27 a 29 de março de E-mail: leopoldovaz@elo.com.br Títulos acadêmicos principais: Professor de Educação Física, Centro Federal de Educação
2002.
Tecnológica do Maranhão, Departamento Acadêmico de Ciências da Saúde; Mestre em Ciência da Informação
A FORMAÇÃO TÉCNICA E O SEU PAPEL NO MERCADO TURÍSTICO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ INTRODUÇÃO Através do turismo, diversas regiões do país conseguiram alcançar o seu desenvolvimento econômico, exportando produtos locais e melhorando a qualidade de vida da comunidade. Os números comprovam. O turismo emprega mais pessoas do que qualquer outra indústria: um em cada dez trabalhadores do Brasil. O setor é responsável por, aproximadamente, 8,2% das exportações mundiais e representa cerca de 10% do produto interno bruto. A indústria turística estimula a criação de pequenos negócios: bares, restaurantes, locadoras, pousadas, artesanato, comércio de praia e guias, além de beneficiar indiretamente muitas outras atividades. O Governo - seja através da EMBRATUR, do SEBRAE, do BNB e outras instituições estaduais e municipais - vem apresentando-se com uma participação inequívoca na criação da infra-estrutura indispensável ao desenvolvimento do turismo no Brasil, através:
do levantamento das vocações municipais relacionadas ao turismo;
da identificação do fluxo de turistas, realização de pesquisas e análises de sua origem e interesses;
da identificação de valores arquitetônicos, urbanísticos, paisagísticos e culturais;
da elaboração de diagnósticos realizados com base nos dados levantados sobre as diversas regiões e municípios;
da capacitação dos prestadores de serviços;
da educação para o turismo;
do estimulo ao envolvimento das instituições de ensino;
da sinalização, informação e programação visual das cidades;
das ações de preservação e restauração; e
ao acompanhamento e avaliação,
Dentre os objetivos dessas ações, destaca-se o estimulo à expansão e à criação de novos negócios e consequentemente
a geração de novos postos de trabalho, e
contribuir para formação e capacitação dos profissionais que prestam serviços para o turismo, visando qualidade e produtividade;
As análises sobre a situação do lazer nas sociedades contemporâneas e suas relações com as iniciativas privada e pública pressupõe algumas considerações básicas:
a importância do setor de lazer na estrutura econômica do mundo, pois o lazer é um dos muitos componentes do âmbito terciário da economia e faz parte do mais importante setor das sociedades denominadas pós-industriais – o da prestação de serviços;
essa economia de serviços está crescendo em linhas gerais e especialmente no setor de telecomunicações, informática, finanças e turismo (uma das áreas abrangidas pelo lazer);
Os setores de lazer e turismo dependem intimamente dessas novas tecnologias, principalmente da informática e das telecomunicações, criando um mundo com características muito particulares, havendo um grande crescimento no setor terciário, com o desaparecimento de empregos no setor industrial e o surgimento de novos postos no setor de serviços;
O setor está crescendo de forma bastante considerável, especialmente nas áreas de lazer e turismo, que dependem intimamente das novas tecnologias (o que exige acesso ao conhecimento, não apenas ao conhecimento formal escolar, mas também ao conhecimento de informática e de línguas estrangeiras, além de habilidades mais subjetivas como iniciativa própria, criatividade e cultura geral, que não necessariamente apreendidos numa escola).
Essa nova realidade da economia é evidente nos países desenvolvidos. Apesar de o lazer estar presente nos grandes centros urbanos do Brasil, ainda apresenta-se lacunas na elaboração da problemática envolvendo o setor. A estrutura, o planejamento e a administração do lazer implicam vários níveis abertos de discussão, na medida em que muitos pontos importantes, teóricos e práticos, anda não foram estabelecidos por vários motivos:
O setor do lazer e turismo é relativamente recente no Brasil;
Falta de consciência de que a formação profissional é indispensável para o bom funcionamento de serviços aos clientes;
Falta de programas e controles da qualidade dos serviços em lazer e turismo;
Poucas escolas e centros de formação profissional destinadas à formação em turismo, hotelaria, alimentos e bebidas, lazer;
Os setores estatais não têm nível elevado de operacionalidade ou mínimas condições de operar na área;
Alguns setores privados não conhecem profundamente lazer e turismo, e assim não investem adequadamente em equipamentos, projetos eficientes, formação e reciclagem de mão-de-obra especializada;
Setores da sociedade civil ainda não adquiriram consciência de que o lazer é um direito tão necessário e legítimo como a saúde, a habitação, a segurança, o transporte e a educação. (TRIGO, 1995)
A indústria do turismo tem consolidado, no mundo, como uma atividade indutora de desenvolvimento. Com seu efeito multiplicador efetivo, propicia o incremento de novas atividades econômicas. O ingresso do CEFET-MA nessa área de atividade visa, sobretudo a interface dos setores privados e públicos na articulação conjunta de ações que viabilizem o turismo como atividade econômica geradora do desenvolvimento nacional. Os cursos que se pretende implantar terão a característica de qualificação e requalificação profissional dos recursos humanos, com atuação focada para o Maranhão e a Região Nordeste, contribuindo para a criação de um pólo de desenvolvimento do turismo. Além disso, os cursos, como produtores de "saber fazer", contemplam uma visão do Maranhão como destino turístico integrado e área prioritária de investimentos e políticas setoriais, que só poderão ser implementados
com o desenvolvimento do empreendedorismo, aliado as práticas de explorar o turismo de forma sustentável e consciente. CENÁRIO EM QUE SE INSEREM OS CURSOS TÉCNICOS NA ÁREA DE TURISMO O turismo é uma das atividades que mais cresce no Mundo. Por permitir rápido retorno do investimento, gerar empregos diretos e indiretos e por sua ligação com os mecanismos de arrecadação, o turismo é a atividade que mais contribui para o desenvolvimento de diversos países. Para obter resultados é imprescindível que este turismo seja feito de forma organizada e racional. O Maranhão possui grande vocação para o turismo e o tem como símbolo de suas melhores expectativas de integração e desenvolvimento, graças às condições territoriais, climáticas e culturais. A participação do turismo no PIB brasileiro já é de 8%. Porém, o fluxo turístico em direção ao Brasil está muito aquém de nossas potencialidades. O momento exige a transformação do potencial latente em novos negócios e vantagens competitivas. O Estado do Maranhão situa-se no nordeste do Brasil, limitado pelos estados do Piauí, Pará e Tocantins, com uma população estimada em torno 4.900.000 habitantes, possuindo um baixo grau de industrialização, quando comparado com outros estados do Nordeste e/ou Sudeste do país. Possui uma área territorial de 324.600 Km2 , que lhe assegura a condição de segundo Estado do Nordeste em extensão. Localiza-se entre as macro regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, o que lhe assegura especificidade espacial e favorece sua climatologia, não possuindo a aridez do Nordeste, nem a excessiva umidade da Amazônia: Os aspectos culturais, históricos e as belezas naturais constituem os grandes atrativos para o desenvolvimento do Turismo, notadamente nos segmentos de Ecoturismo e Turismo Cultural. Os principais setores produtivos do Maranhão são:
a agropecuária,
indústria e comércio, e
turismo.
O turismo, como opção econômica geradora de oportunidade de trabalho e renda, vem merecendo destaque no Estado, que dividiu em zonas de interesse, por homogeneidade e proximidade dos atrativos:
Zona de Patrimônio Histórico Cultural, formada pelos municípios de São Luís, Alcântara, Raposa e São José de Ribamar; com destaque para São Luís - reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade, e Alcântara, tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional.
Zona dos Lençóis Maranhenses, composta pelos municípios de Barreirinhas, Humberto de Campos, Paulino Neves, Primeira Cruz, Tutóia e Araióses. Pólo de ecoturismo onde se encontra o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, com uma área de 155 mil hectares de dunas e lagoas de água doce cristalina, o Delta do Rio Parnaíba, único em mar aberto da América Latina, composto de igarapés, mangues, dunas, ilhas e ilhotas, das quais 65% estão em território maranhense.
Zona das Reentrâncias Maranhenses, constituída pelos municípios de Cururupú, Guimarães, Cedral, Mirinzal, Porto Rico, Serrano, Apicum-Açú e Bacuri, inseridos no Programa de Ecoturismo para Amazônia Legal.
Zona das Chapadas, integrada pelos municípios de Imperatriz, Carolina, Riacho, Balsas, Mirador, Grajaú e Nova Iorque; onde se encontra uma das maiores áreas preservadas de cerrados da América Latina e o Parque Estadual do Mirador, com uma área de 700 mil hectares, que protege nascentes dos rios, fauna e flora da região.
Zona dos Lagos
O Estado do Maranhão dispõe para viabilidade de negócios em diversas áreas, sendo que na do Turismo apresenta-se:
Utilização de fazendas para a prática do turismo rural - criação de serviços de hotelaria - resort de fazendas ou estâncias, combinando o turismo rural com a proteção do meio rural, que está sendo desenvolvido nos municípios de Balsas, Barra do Corda, Viana, Imperatriz e Pinheiro;
Implantação de meios de hospedagem e serviços de alimentação nos principais pólos de ecoturismo do Estado;
Serviços de entretenimento e lazer em São Luís, Alcântara, São José de Ribamar e Morros.
O que determina este quadro O turismo envolve uma multiplicidade de serviços: transporte, hospedagem, alimentação, agenciamento, trabalho de intérprete e tradutor, guias turísticos, organização de eventos, entretenimento, etc. São muitas empresas e profissionais envolvidos, diversas interações e etapas a serem percorridas, tornando a atividade complexa e de difícil mensuração. No Brasil, as estimativas da EMBRATUR, referentes ao ano de 1990, indicam 1,7 milhões de pessoas diretamente empregadas no turismo. O despreparo desse enorme contingente de trabalhadores e a dificuldade de acesso que têm as pequenas e microempresas às novas tecnologias, são grandes dificuldades a serem superadas no turismo. Oportunidades Investimento na formação da cultura do turismo, aqui incluídas a formação profissional e gerencial, é a grande lacuna que vem a ser preenchida pelos Cursos Técnicos na área de Turismo. Atuar neste cenário é propiciar a um maior número de investidores, empresários, técnicos e trabalhadores o ingresso no mercado de trabalho, favorecendo a geração de trabalho e renda, contribuindo inclusive para um melhor equilíbrio social. Por seu caráter multidisciplinar e polivalente, os Cursos Técnicos de Turismo propõe-se a ser curso modelo, justificando a sua criação como um vetor de aceleração do processo de desenvolvimento do turismo em termos regionais. Os Cursos Técnicos de Turismo têm com objetivos: -
Possibilitar a aquisição integrante de conhecimentos e técnicas que permitam prioritariamente uma atuação na área de turismo;
-
Oportunizar a aquisição de conhecimentos genéricos da área de lazer (parques de lazer; parques aquáticos; academias de ginástica; centros esportivos voltados para um interesse específico (natação, futebol, tênis, voleibol); centro poliesportivo em geral; parques urbanos; centros culturais e esportivos; hotéis de lazer; resorts; colônia de férias; grandes parques em escala regional, estadual e nacional, quando têm unidades de hospedagem, camping, acampamentos; pousadas em locais retirados (praias, montanhas, reservas ecológicas); pousadas em cidades turísticas.
-
Desenvolver atitudes éticas reflexivas, críticas, inovadoras e democráticas;
-
Propiciar a auto-realização do estudante, como pessoa e como profissional;
-
Considerar interesses do aluno, estimulando-o ao aperfeiçoamento contínuo.
DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS - ÁREA PROFISSIONAL : TURISMO Segundo o estudo “A Indústria do Turismo no Brasil – Perfil & Tendências”, da Associação Brasileira de Entidades de Hospedagem, Alimentação e Turismo – ABRESI, EMBRATUR e SEBRAE, 1996, o setor de agências de viagens teve seu maior crescimento nos últimos anos. De 1991 a 1993 passou de 4.500 para 5.340, conforme registra aquele estudo. Acrescenta que nos três anos seguintes, segundo a Associação Brasileira das Agências de Viagens – ABAV, teve um salto ainda mais significativo, chegando a 10.000 em 1996. Quanto ao setor de entretenimento, recreação, esporte e cultura, não há dados agregados que permitam a quantificação do seu crescimento, dada a sua variedade e diversificação, além da falta de critérios estatísticos que possibilitem as informações. Já foi assinalado que é freqüente e crescente a criação de programas e equipamentos sociais destinados ao convívio social e à produção, apresentação e fruição artística, cultural, esportiva e recreativa. O estudo da ABRESI destaca a alta do entretenimento no mundo todo, indicando que se tornou um ramo tão lucrativo em nosso país que está atraindo diversos gigantes estrangeiros do setor. Na perspectiva da formação profissional, segundo o mesmo estudo, as atividades de turismo necessitam de esforços concentrados na formação gerencial. A Organização Internacional do Trabalho – OIT, através de documentos preparados para várias de suas reuniões, tratou especialmente desta área de atividades profissionais, juntamente com as de hospedagem e alimentação (Reuniões Técnicas Tripartites para os Hotéis, Restaurantes e Estabelecimentos Similares, 1974 e 1983; 1ª Reunião da Comissão da Hotelaria, da Restauração e do Turismo, 1989; e 78ª Reunião da Conferência Internacional do Trabalho, 1991). Assinalam tais documentos os traços da evolução e as tendências para a área, entre as quais o crescimento continuado do “fenômeno turístico”, sua internacionalização e sua dependência em relação às “crises” mundiais. Destas tendências, decorrem para seus profissionais as perspectivas de:
ampliação considerável de possibilidades; maiores exigências de: -
mobilidade, - disponibilidade,
-
polivalência, - adaptabilidade,
-
capacidade de comunicação,
-
integração em equipe,
-
animação.
O processo produtivo nesta área está voltado não só para a criação de produtos a serem ofertados, como, sobretudo, para a prestação de serviços turísticos, de lazer e eventos (estes dois, tanto integrados à atividade turística e à hoteleira, quanto promovidos isoladamente, inclusive para participantes e públicos locais). Este processo é realizado em operadoras e agências, promotoras de eventos e de animação turística e sócio-cultural, companhias aéreas, transportadores, hotéis e outros meios de hospedagem, parques, clubes, órgãos de turismo, de cultura e esportes, empresas de entretenimento, etc. Algumas atividades são realizadas na forma de trabalho autônomo.
Nesse sentido, como constituintes desse processo, foram identificadas funções essenciais de planejamento, de promoção e venda, e de gestão. Em cada uma dessas funções foram identificadas subfunções implicadas na geração de produtos e na prestação de serviços, ou nos resultados parciais do processo e no resultado final para o cliente/usuário. Função 1. Planejamento: atividades voltadas para a concepção e articulação do agenciamento e da operação turística, da condução/guiamento do turista, e da promoção de eventos e de lazer. Subfunção 1.1. Concepção, viabilização e organização de produtos e serviços turísticos e de eventos e de lazer, adequados aos interesses, hábitos, atitudes e expectativas das clientelas efetiva e potencial. Subfunção 1.2. Articulação e contratação de programas, roteiros, itinerários e de meios para sua realização, com seleção, relacionamento e negociação com prestadores de serviços e provedores de infra-estrutura e de meios de apoio. Função 2. Promoção e venda: atividades voltadas para o “marketing” e a comercialização dos produtos e serviços turísticos, de eventos e de lazer. Subfunção 2.1. Prospecção mercadológica, adequação dos produtos e serviços, e identificação e captação de clientes, para desenvolvimento e operacionalização da política comercial. Subfunção 2.2. Comercialização de produtos e serviços turísticos e de lazer, com direcionamento de ações de venda para as clientelas efetiva e potencial. Função 3. Gestão: atividades voltadas para o gerenciamento do processo de execução do agenciamento, operação e condução do turista, e da promoção de eventos e de lazer. Subfunção 3.1. Gerenciamento econômico, técnico e administrativo dos núcleos de trabalho, com organização e articulação dos setores internos, e com supervisão e coordenação dos recursos, visando ao atendimento com qualidade. Subfunção 3.2. Gerenciamento do pessoal envolvido na oferta dos produtos e na prestação dos serviços. Esta subfunção é destacada da anterior pela prevalência do fator humano nas atividades desta área e das exigências de relacionamento, comunicação, liderança, motivação, trabalho em equipe, formação e desenvolvimento do pessoal. Subfunção 3.3. Gestão dos meios tecnológicos aplicados no desenvolvimento das atividades, com supervisão da utilização de máquinas, equipamentos e meios informatizados de informação, comunicação e gestão. Subfunção 3.4. Manutenção e/ou readequação do empreendimento, dos produtos e dos serviços às variações da demanda, com desenvolvimento de visão mercadológica prospectiva e inovadora. Subfunção 3.5. Acompanhamento pós-execução para controle da qualidade dos produtos, serviços e atendimento, visando à satisfação do cliente. Simultaneamente com a indicação das subfunções, foi encaminhada a identificação das competências e habilidades requeridas do profissional, que condicionam e viabilizam o desempenho eficaz daquelas funções e subfunções. A correspondência dessas competências e habilidades com os conteúdos da aprendizagem foi explicitada na identificação das bases tecnológicas. CARGA HORÁRIA GLOBAL MÍNIMA A carga horária global mínima para os diversos cursos desta área foi definida em 750 (setecentos e cinqüenta) horas.
TURISMO - PROCESSO DE PRODUÇÃO FUNÇÕES PLANEJAMENTO SF 1.1 - Concepção, viabilização e organização. SF 1.2 - Articulação e contratação de programas, roteiros, itinerários. PROMOÇÃO E VENDA SF 2.1 - Prospecção mercadológica, adequação dos produtos e serviços, e identificação e captação de clientes. SF 2.2 - Comercialização de produtos e serviços GESTÃO SF 3.1 - Gerenciamento econômico, técnico e administrativo dos núcleos de trabalho. SF 3.2 - Gerenciamento do pessoal envolvido na oferta dos produtos e na prestação dos serviços SF 3.3 - Gestão dos meios tecnológicos SF 3.4 - Manutenção e/ou readequação do empreendimento SF 3.5 - Acompanhamento pós-execução Função 1 – PLANEJAMENTO SUBFUNÇÃO 1.1 – CONCEPÇÃO, VIABILIZAÇÃO E ORGANIZAÇÃO. COMPETÊNCIAS -
Interpretar legislação pertinente
-
Interpretar pesquisas, sondagens e indicadores sócio-econômicos.
-
Identificar e avaliar: -
os meios e recursos disponíveis
-
informações sobre as clientelas efetiva e potencial
-
as oportunidades de mercado
-
sintetizar e relacionar os meios e recursos, as oportunidades e os aspectos quantitativos e qualitativos das clientelas
-
identificar e avaliar os sítios e atrativos turísticos adequados a cada clientela
-
identificar, avaliar e selecionar informações geográficas, históricas, artísticas, esportivas, recreativas e de entretenimento, comerciais, folclóricas, artesanais, gastronômicas, religiosas, etc.
-
identificar os meios de apoio apropriados, como transportes, acessos, restaurantes
-
identificar os espaços e locais e os equipamentos para eventos, esportes, recreação, artes, cultura, espetáculos
-
programar os produtos e serviços a serem oferecidos
-
avaliar técnica, financeira e administrativamente produtos e serviços
-
organizar os meios e recursos para concretização dos produtos e serviços programados
-
elaborar orçamentos
-
definir estrutura organizacional
-
definir a política comercial
HABILIDADES -
utilizar dados de pesquisas, sondagens e indicadores sócio-econômicos
-
referenciar o estudo de viabilidade com a execução
-
adequar a oferta aos interesses, hábitos, atitudes e expectativas das clientelas
-
conduzir a preparação e montagem dos produtos e serviços concebidos
-
estabelecer procedimentos e regras para o funcionamento da estrutura organizacional
-
controlar orçamentos
-
elaborar quadro de pessoal
-
supervisionar pessoal para a efetivação dos produtos e serviços
-
articular com outros profissionais/prestadores de serviços/ofertantes de produtos
-
aplicar “softs” específicos
BASES TECNOLÓGICAS -
-
-
técnicas de: -
leitura e interpretação de pesquisas, sondagens e indicadores sócio-econômicos
-
leitura e elaboração de estudo de viabilidade
-
organização de roteiros e itinerários
-
elaboração e redação de normas e manuais
-
leitura e elaboração de orçamentos
-
descrição de cargos/funções e salários
-
comunicação e relações interpessoais e grupais
-
interpretação e aplicação de normas de proteção do trabalho (legislação trabalhista, sindical, previdenciária, de saúde e segurança) e de legislação aplicável à área (federal, estadual e municipal)
tipologia e classificação de: -
meios de transporte
-
de equipamentos, modalidades e formas de organização de eventos e de atividades de lazer, entretenimento e animação sócio-cultural
vocabulário técnico em português, inglês, francês e espanhol.
SUBFUNÇÃO 1.2 - ARTICULAÇÃO E CONTRATAÇÃO DE PROGRAMAS, ROTEIROS E ITINERÁRIOS. COMPETÊNCIAS -
identificar e avaliar os programas, roteiros, itinerários, meios de hospedagem, transportes, guiamento de turistas, eventos, atividades de lazer, entretenimento e animação sócio-cultural
-
identificar e avaliar os espaços e os locais necessários ao produto ou serviço
-
identificar e prever serviços pessoais, bem como infraestrutura e meios de apoio (transportes, instalações, mobiliário, equipamentos, utensílios, decoração)
-
elaborar e interpretar orçamentos
-
interpretar contratos
-
selecionar e coordenar a contratação de fornecedores de programas, roteiros, itinerários e atividades, bem como de prestadores de serviços e provedores de infraestrutura e de meios de apoio
HABILIDADES -
controlar os orçamentos
-
controlar a execução dos contratos
-
efetivar os meios para produção da oferta
-
contatar, negociar e contratar diferentes fornecedores de programas, roteiros, itinerários e atividades, prestadores de serviços e provedores de infraestrutura e de meios de apoio
-
organizar e manter cadastro de fornecedores, provedores e prestadores de serviços
-
supervisionar serviços de terceiros
BASES TECNOLÓGICAS -
técnicas de elaboração de roteiros e itinerários
-
técnicas e regras de manejo de mapas, guias, manuais, “timetables”
-
técnicas de leitura e de elaboração de orçamentos
-
técnicas e regras de interpretação e elaboração de contratos
-
técnicas e regras de aplicação de legislação específica e de normas e procedimentos específicos da área
-
vocabulário técnico em português, inglês, francês e espanhol
Função 2 - PROMOÇÃO E VENDA SUBFUNÇÃO 2.1 - PROSPECÇÃO MERCADOLÓGICA, ADEQUAÇÃO DOS PRODUTOS E SERVIÇOS E IDENTIFICAÇÃO E CAPTAÇÃO DE CLIENTES. COMPETÊNCIAS -
interpretar pesquisas, sondagens e indicadores sócio-econômicos
-
identificar e avaliar: -
informações sobre as clientelas efetiva e potencial
-
as oportunidades de mercado
-
sintetizar e relacionar estas informações com os meios e recursos disponíveis
-
identificar as clientelas que correspondem à percepção dessa síntese
-
planejar a política comercial
-
organizar estratégias e ações de captação de clientes individuais e institucionais
-
identificar fatores que influem na atração do cliente.
HABILIDADES -
utilizar dados de pesquisas, sondagens e indicadores sócio-econômicos
-
adequar a oferta aos interesses, hábitos, atitudes e expectativas das clientelas
-
efetivar os meios para produção da oferta
-
contatar permanentemente diferentes segmentos comunitários
-
articular-se e negociar com organizações públicas e privadas e com demais segmentos do “trade” turístico
-
organizar e manter cadastro de hóspedes e clientes, fornecedores e contratantes, operadores, agentes e guias de turismo, promotores de eventos, organizações de lazer, hotéis, restaurantes, autoridades, lideranças empresariais, profissionais e comunitárias
-
estabelecer e negociar ações de publicidade
-
operacionalizar a política comercial
BASES TECNOLÓGICAS técnicas de: leitura e interpretação de pesquisas, sondagens e indicadores sócio-econômicos de comunicação e relações interpessoais e grupais
“marketing” e de venda
vocabulário técnico em português, inglês, francês e espanhol -
características sócio-econômicas e culturais do cliente
SUBFUNÇÃO 2.2 – COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS E SERVIÇOS COMPETÊNCIAS -
direcionar as ações de venda para as clientelas identificadas
-
organizar a venda no próprio estabelecimento ou externamente
-
estimar custos e preços
-
elaborar orçamento
-
calcular e fixar preços
HABILIDADES -
atender o cliente
-
zelar para que o atendimento corresponda à expectativa do cliente
-
preparar e conduzir a equipe de trabalho
-
negociar e contratar a venda
-
controlar orçamento
BASES TECNOLÓGICAS
técnicas de leitura e elaboração de orçamentos cálculo de custos técnicas de:
comunicação e relações interpessoais e grupais
de “marketing” e de venda vocabulário técnico em português, inglês, francês e espanhol
Função 3 – GESTÃO SUBFUNÇÃO 3.1 - GERENCIAMENTO ECONÔMICO, TÉCNICO E ADMINISTRATIVO DOS NÚCLEOS DE TRABALHO COMPETÊNCIAS -
ler e interpretar: -
pesquisas, sondagens e indicadores sócio-econômicos
-
informações referentes ao turismo
-
balanços, relatórios e documentos de controle interno
-
supervisionar o conjunto ou partes dos serviços de empresas de pequeno, médio e grande porte
-
analisar a relação custo/benefício com vistas a lucratividade da empresa
-
coordenar os recursos institucionais, financeiros, patrimoniais e materiais, o suprimento, a cobrança, a segurança pessoal e patrimonial, e os serviços auxiliares e de apoio
-
avaliar eticamente o desempenho administrativo do empreendimento
HABILIDADES -
acompanhar dados e interpretação de: -
pesquisas, sondagens e indicadores sócio-econômicos
-
informações referentes ao turismo, contextualizando para o seu meio e seu empreendimento
-
balanços, relatórios e documentos de controle interno
-
organizar e articular os setores internos
-
fazer cumprir a normas e manuais de procedimento
-
articular-se com parceiros e outros profissionais
-
negociar a contratação de terceiros
-
contatar e atender o cliente
-
preparar e conduzir a equipe de trabalho aos resultados desejados
-
articular os diferentes setores para fluxo integrado do atendimento
-
coordenar os serviços terceirizados
-
receber, orientar, informar e conduzir turistas
-
controlar os contratos
-
supervisionar os serviços de terceiros
-
supervisionar as atividades de comunicação e relações com o pessoal, clientes, fornecedores e contratantes, comunidade, meios de comunicação
BASES TECNOLÓGICAS - técnicas de: -
comunicação e relações interpessoais e grupais
-
leitura e interpretação de pesquisas, sondagens e indicadores sócio-econômicos
-
organização de empresas de turismo
-
elaboração e redação de normas e manuais
-
leitura, interpretação e elaboração de orçamentos, cálculo de custos e formação de preços
-
elaboração e interpretação de balanços, relatórios e documentos de controle interno
-
suprimento/compras e armazenamento/ conservação
-
segurança pessoal e patrimonial e seguros
técnicas, regras e procedimentos de: reserva, venda e emissão de passagens reserva e efetivação de acomodação, transferências, passeios, excursões, ingressos, etc. orientação, despacho e liberação de documentação, passageiros e bagagens; guiamento de turistas, com orientação, assessoria e transmissão de informações; organização e realização de eventos organização e realização de programas e atividades de lazer normas de defesa do consumidor, trabalhistas, outros ramos jurídicos aplicáveis à área atendimento e encaminhamento de emergência -
vocabulário técnico em português, inglês, francês e espanhol
SUBFUNÇÃO 3.2 - GERENCIAMENTO DO PESSOAL ENVOLVIDO NA OFERTA DOS PRODUTOS E NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS COMPETÊNCIAS -
definir a política de recursos humanos
-
organizar os
-
organizar e harmonizar a ação do pessoal dos diferentes setores com outros parceiros e terceirizados
-
desenvolver os recursos humanos encarregados da execução dessas atividades, promovendo sua capacitação contínua
-
Interpretar as normas de proteção do trabalho
-
Interpretar contratos
-
avaliar eticamente o desempenho do pessoal, e do empreendimento em relação a eles
setores internos
HABILIDADES -
motivar e liderar pessoas e grupos
-
treinar e aperfeiçoar o pessoal
-
aplicar as normas de segurança do trabalho
-
controlar contratos
-
organizar e articular os setores internos
-
fazer cumprir as normas e manuais de procedimento
-
articular as relações e o trabalho com terceiros
-
coordenar os recursos humanos, desenvolvendo a motivação, o desempenho individual e o trabalho em equipe
BASES TECNOLÓGICAS - técnicas de: -
comunicação e relações interpessoais e grupais
-
interpretação de leis e outras normas jurídicas
-
interpretação e elaboração de contratos
-
elaboração e redação de normas e manuais
-
motivação, trabalho em grupo e relações humanas no trabalho
-
relações com o público
-
organização de empresa
SUBFUNÇÃO 3.3: GESTÃO DOS MEIOS TECNOLÓGICOS COMPETÊNCIAS -
identificar máquinas e equipamentos
-
dominar os meios informatizados (hardwares e softwares) de informação, comunicação e gestão
HABILIDADES -
identificar as necessidades e soluções adequadas
-
identificar e cadastrar fornecedores de meios, serviços e soluções especializados
-
controlar o fornecimento de insumos e serviços, inclusive manutenção adequada
-
controlar a qualidade dos resultados da tecnologia e dos equipamentos
-
promover a atualização do conhecimento tecnológico do pessoal
-
utilizar meios de comunicação eletrônica
-
operar equipamentos de escritório
BASES TECNOLÓGICAS - técnicas de: -
utilização de meios informatizados
-
utilização de equipamentos eletro-eletrônicos
-
-
interpretação e elaboração de contratos
-
motivação, trabalho em grupo e relações humanas no trabalho
-
relações com o público
vocabulário técnico em português e inglês
SUBFUNÇÃO 3.4 - MANUTENÇÃO E/OU READEQUAÇÃO DO EMPREENDIMENTO COMPETÊNCIAS -
identificar, avaliar e relacionar informações de forma contínua para manter os produtos e serviços em sintonia com a demanda dos clientes
-
captar as tendências de uso, consumo e expectativas das clientelas efetiva e potencial
-
manter a viabilidade técnica, financeira e administrativa do empreendimento e dos seus produtos e serviços
-
desenvolver visão mercadológica prospectiva, que favoreça prontidão para inovações e mudanças de objetivos e de ofertas
-
avaliar a viabilidade de inovações e mudanças
-
Interpretar informações referentes ao turismo
HABILIDADES -
atualizar estrutura organizacional, políticas e normas e procedimentos
-
utilizar informações referentes ao turismo, contextualizando para o seu meio e seu empreendimento
-
utilizar a interpretação de estudo de viabilidade para inovações e mudanças
-
preparar e dirigir o pessoal para inovações e mudanças
BASES TECNOLÓGICAS - técnicas de:
-
-
“marketing” e de venda
-
comunicação e relações interpessoais e grupais
-
leitura e interpretação de pesquisas, sondagens e indicadores sócio-econômicos
-
leitura, interpretação e elaboração de orçamentos, cálculo de custos e formação de preços
-
elaboração de descrição de cargos/funções e salários
-
elaboração e redação de normas e manuais
vocabulário técnico em português, inglês, francês e espanhol
SUBFUNÇÃO 3.5: ACOMPANHAMENTO PÓS-EXECUÇÃO COMPETÊNCIAS -
avaliar a receptividade dos clientes aos produtos e serviços oferecidos
-
criar instrumentos de informação e de aferição da satisfação do cliente
-
analisar e avaliar as manifestações dos clientes
-
desenvolver no pessoal a atenção para a satisfação do cliente
-
avaliar eticamente o desempenho em relação aos clientes, público em geral e meio ambiente
HABILIDADES -
aplicar instrumentos de informação e de aferição da satisfação do cliente
-
utilizar a interpretação de reclamações, elogios, sugestões e outras manifestações expontâneas e motivadas
-
relacionar-se com as clientelas efetiva e potencial
-
promover a capacitação contínua do pessoal voltada para a atenção ao cliente
BASES TECNOLÓGICAS - técnicas de: -
comunicação e relações interpessoais e grupais
-
leitura, interpretação e elaboração de pesquisas e sondagens de opinião
-
motivação, trabalho em grupo e relações humanas no trabalho
-
relações com o público
Em 05 de outubro de 1999, o Conselho Nacional de Educação, através do Parecer CEB 16/99, aprovou as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional do Nível Técnico, separando a área de Turismo da de Lazer, e juntando-a com a de Hotelaria e Alimentação, criando-se, assim, a de Turismo e Hospitalidade, com as seguintes características: A área profissional de turismo e hospitalidade compreende atividades, interrelacionadas ou não, referentes à oferta de produtos e à prestação de serviços turísticos e de hospitalidade.
Os serviços turísticos incluem o agenciamento e operação, o guiamento, a promoção do turismo, e a organização e realização de eventos de diferentes tipos e portes.
Os serviços de hospitalidade incluem os de hospedagem e os de alimentação.
-
Os de hospedagem são prestados em hotéis e outros meios, como colônias de férias, albergues, condomínios residenciais e de lazer, instituições esportivas, escolares, militares, de saúde, acampamentos, navios, coletividades, abrigos para grupos especiais.
-
Os serviços de alimentação são prestados em restaurantes, bares e outros meios, como empresas, escolas, clubes, parques, aviões, trens, ou ainda em serviços de bufês, “caterings”, entregas diretas, distribuição de pontos de vendas.
Estas atividades são desenvolvidas num processo que inclui o planejamento, a promoção e venda e o gerenciamento da execução. Como competências gerais dos técnicos da área, são apresentadas:
conceber, organizar e viabilizar produtos e serviços turísticos interesses, hábitos, atitudes e expectativas da clientela
organizar eventos, programas, roteiros, itinerários turísticos, atividades de lazer, articulando os meios para sua realização com prestadores de serviços e provedores de infraestrutura e apoio
e de hospitalidade adequados aos
organizar espaços físicos de hospedagem e de alimentação, prevendo seus ambientes, uso e articulação funcional e fluxos de trabalho e de pessoas
operacionalizar política comercial, realizando prospecção mercadológica, identificação e captação de clientes e adequação dos produtos e serviços
operacionalizar a comercialização de produtos e serviços turísticos e de hospitalidade, com direcionamento de ações de venda para suas clientelas
avaliar a qualidade dos produtos, serviços e atendimentos realizados
executar atividades de gerenciamento econômico, técnico e administrativo dos núcleos de trabalho. Articulando os setores internos e coordenando os recursos
executar atividades de gerenciamento do pessoal envolvido na oferta dos produtos e na prestação dos serviços
executar atividades de gerenciamento de recursos tecnológicos, supervisionando a utilização de máquinas, equipamentos e meios informatizados
realizar a manutenção do empreendimento, dos produtos e dos serviços adequando-os às variações da demanda
comunicar-se efetivamente com o cliente, expressando-se em idioma de comum entendimento
Quanto às competências específicas de cada habilitação, serão definidas pela escola para completar o currículo, em função do perfil profissional de conclusão da habilitação. A carga horária mínima de cada habilitação da área será de 800 horas. Para concluir, apresentaremos um pequeno exercício de futurologia, de autoria de YOSHIMA e OLIVEIRA (2002). Esses autores fizeram uma compilação de notas, informações, notícias sobre os vários setores do turismo, publicado em jornais ou divulgado através da Internet nos últimos dois anos. De posse dessa coleta de material os autores se propõem a ordená-lo por setor, mostrando as tendências previstas para cada área em particular. Dessa forma foram traçadas as previsões dos seguintes setores: Transportes Aéreos, Cruzeiros Marítimos, Agenciamento de Viagens, Meios de Hospedagem, Alimentos e Bebidas, Parques de Entretenimento e Empregos na Área de Turismo. (Disponível em http://www.abbtur.com.br/CONTEUDO/trabalhos/trabO5.htm) Novos Empregos na Área de Turismo -
Haverá uma demanda maior por consultores e auditores das ISO 9000 e ISO 14000, assim como para profissionais capazes de implantar outros sistemas de gestão da qualidade nas empresas;
-
Conhecedores da metodologia HACCP - Hazard Analisys Control Critical Points serão muito requisitados por hotéis e restaurantes;
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Produtores de vídeos promocionais terão oportunidade de trabalhos para a divulgação de destinos e equipamentos;
-
Construtores de web-sites terão uma grande demanda na elaboração de sites para cidades e empresas turísticas;
-
Editores e jornalistas especializados em turismo para revistas, jornais e suplementos de viagens e turismo;
-
As pesquisas em turismo deverão ser muito requisitadas por empresas do setor em busca de informações fidedignas de demanda;
-
Aumento de oportunidade para empresas de serviços para o atendimento das necessidades de terceirização de determinados serviços (manutenção, segurança, recreação);
-
Aumento da demanda por professores e instrutores para a formação de mão-de-obra especializada para o setor.
-
Globalização do emprego fazendo com que o profissional de Turismo enfrente desafios, como o aprendizado de uma terceira língua, facilidade de adaptação a outras culturais, disponibilidade para troca de sede.
BIBLIOGRAFIA BEZERRA, Marcelle Santos Jacintho. GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA NOS MEIOS DE HOSPEDAGEM EM SÃO LUÍS – MARANHÃO ATRAVÉS DA REALIZAÇÃO DE EVENTOS. São Luís : UFMA, 2002. Monografia de graduação em Turismo, em fase de elaboração. Orientador: Leopoldo Gil Dulcio Vaz. BRASIL. MEC. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. REFERÊNCIAS CURRICULARES NACIONAIS DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DE NÍVEL TÉCNICO - Área Profissional: Turismo e Hospitalidade. Brasília : MEC, 2001. Disponível em www.mec.gob.br BRASIL. MEC. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. REFERÊNCIAS CURRICULARES NACIONAIS DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DE NÍVEL TÉCNICO - Área Profissional: Lazer e Desenvolvimento Social. Brasília : MEC, 2001. Disponível em www.mec.gob.br MARANHÃO. Geplan. OPORTUNIDADE DE INVESTIMENTO NO MARANHÃO. Disponível em www.ma.gov.br VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O PROFISISONAL DE TURISMO E LAZER. Palestra apresentada no I Seminário de Turismo da UFMA, 2000. YASHOSHIMA, José Roberto e OLIVEIRA, Nadja da Silva. TURISMO NA SOCIEDADE PÓSINDUSTRIAL: Tendências e perspectivas. ABBTUR, 2002. Disponível em www.abbtur.com.br/CONTEÚDO/trabalhos/trab05.htm, capturado em 12/03/02.
Ano; 2002 Publicação original: Revista Nova Atenas de Educação Tecnológica – v.4, n. 2, jul. dez 2002 Formato da publicação: eletrônica Fonte: editorial Títulos acadêmicos principais: Mestre em Ciência da Informação; Departamento Acadêmico de Ciência da Saúde - CEFET-MA
GESTÃO DO LAZER E EVENTOS: uma nova habilitação a ser oferecida pelo CEFET-MA Leopoldo Gil Dulcio Vaz
O turismo é uma das atividades que mais cresce no Mundo. Por permitir rápido retorno do investimento, gerar empregos diretos e indiretos e por sua ligação com os mecanismos de arrecadação, o turismo é a atividade que mais contribui para o desenvolvimento de diversos países. Para obter resultados é imprescindível que este turismo seja feito de forma organizada e racional. O Maranhão possui grande vocação para o turismo e o tem como símbolo de suas melhores expectativas de integração e desenvolvimento, graças às condições territoriais, climáticas e culturais. A participação do turismo no PIB brasileiro já é de 8%. Porém, o fluxo turístico em direção ao Brasil está muito aquém de nossas potencialidades. O momento exige a transformação do potencial latente em novos negócios e vantagens competitivas. O que determina este quadro O turismo envolve uma multiplicidade de serviços: transporte, hospedagem, alimentação, agenciamento, trabalho de intérprete e tradutor, guias turísticos, organização de eventos, entretenimento, etc. São muitas empresas e profissionais envolvidos, diversas interações e etapas a serem percorridas, tornando a atividade complexa e de difícil mensuração. No Brasil, as estimativas da EMBRATUR, referentes ao ano de 1990, indicam 1,7 milhões de pessoas diretamente empregadas no turismo. O despreparo desse enorme contingente de trabalhadores e a dificuldade de acesso que têm as pequenas e microempresas às novas tecnologias, são grandes dificuldades a serem superadas no turismo. Oportunidades Investimento na formação da cultura do turismo, aqui incluídas a formação profissional e gerencial, é a grande lacuna que deve ser preenchida. Atuar neste cenário é propiciar a um maior número de investidores, empresários, técnicos e trabalhadores o ingresso no mercado de trabalho, favorecendo a geração de trabalho e renda, contribuindo inclusive para um melhor equilíbrio social. Histórico do Lazer A palavra lazer provém do verbo francês "loisir", que tem origem por sua vez, na forma infinitiva latina de "licere", que significa o permitido. O francês "loisir" dá origem à expressão inglesa "leisure", que se utiliza tecnicamente para significar tempo livre. (DUMAZEDIER, 1979; JIMENEZ GUSMAN, 1986; SUE, 1992).
JIMENEZ GUZMAN (1986), ao analisar o sentido etimológico do lazer, detecta três tendências: para a primeira, o que caracteriza o lazer é a idéia de permissão para atuar - o lazer seria um conjunto de atividades nas quais predomina a ausência de restrições, de censuras, de proibições, de repressão; para a segunda, derivada do sentido etimológico do lazer, seria a ausência de impedimentos de ordem temporal - o lazer seria, antes de tudo, um tempo livre, sem restrições, sem ataduras, sem compromissos; já para a terceira tendência, seu sentido etimológico radicaria em uma qualidade de ordem subjetiva - o lazer seria constituído por uma série de atividades livremente escolhidas, atividades autônomas e agradáveis, benéficas física e psicologicamente. Para quem busca o sentido de lazer em sua evolução, esse autor as agrupa em duas fundamentadas posições histórico-evolutivas: a noção de lazer se origina na noção grega de "scholé", tempo ocupado por atividades ideais e nobres para o ser, por atividades livres como a contemplação teórica, a especulação filosófica e o ócio; para a segunda posição, o sentido atual de lazer provém da noção romana de "otium". O lazer hoje, não seria outra coisa que a transferência corrigida no tempo do "otium" romano, isto é, um fenômeno elitista, carente já de sentido filosófico, diferenciador de classes e ostentatório. O lazer não tem sido o mesmo, nem será, sempre igual, pois cada modelo de organização social lhe imprime suas funções e características, de acordo com o sistema de aspirações, necessidades e valores imperantes nesses momentos e válidas para toda a organização (JIMENEZ GUSMAN, 1986). O lazer tomou a dimensão de hoje após a Revolução Industrial, quando então a jornada de trabalho começou a diminuir paulatinamente, muito embora "os fundamentos históricos do Lazer sejam anteriores à sociedade industrial, porque sempre existiu o trabalho e o não-trabalho em qualquer sociedade" (CAVALCANTI, 1981). A conquista de oito horas de trabalho, oito horas de descanso e oito horas de lazer marcou o início da humanização do trabalho e transformou a recreação e o lazer como um fato social (MARINHO, 1979, 1984; CUNHA, 1987). Com o reconhecimento das horas livres entre uma e outra jornada de trabalho, dos repousos semanais remunerados, das férias anuais e da cessação da vida de trabalho (aposentadoria) (REQUIXA, 1969, 1976) - gerou-se, então, tempo de lazer compulsório - (TOYMBEE, citado por MARINHO, 1979, 1984). Profissionais do Lazer Considera-se liderança recreacional ao conjunto de profissionais que se empenham na realização de programas na área de lazer (GAELZER, 1985). Em alguns países a profissão de recreador já está regularizada e valorizada. No Brasil, as profissões ligadas à educação física, aos esportes e à recreação e lazer foi recentemente regulamentada – Lei 9696/98. Só poderá exercer a função, profissional habilitado. Tão importante como a regularização profissional devem ser também as condições de formação dessa liderança que deverá levar a bom termo os programas recreacionais. As experiências universais têm demonstrado que a orientação das atividades recreativas, e, portanto, a ação da liderança recreacional é mais importante que instalações, equipamentos e material adequado. Por esse motivo a liderança deve desenvolver uma base cultural e de conhecimentos teóricos e práticos que lhes garantam êxito na orientação dos programas. Daí a importância de ser considerado, pela liderança recreacional, que a orientarão e o planejamento dos programas de atividades devam estar fundamentados na filosofia dos direitos humanos à liberdade. Por essa razão é que GOUVEIA (1969) tenha afirmado que a primeira atitude do recreador é planejar e elaborar programas com os que se recreiam e não para eles. Unidades de recreação não terão vida longa nem cumprirão seus objetivos se não houver pessoas responsáveis pelo bom andamento dos programas e pela subsistência do material. A função primordial da liderança na recreação é de direção e supervisão dos programas. Estes são variados e complexos, e as preferências dos vários tipos de grupo e de indivíduos requerem muita habilidade de realização que deve ser observada e considerada de suma importância. Para cada tipo de atividade de lazer existe um equipamento específico. Os equipamentos de turismo caracterizam-se como equipamentos destinados a programação turística em geral, associando hospedagem e atividades recreativas. Além das programações tipicamente de hotelaria - recepção, hospedagem e alimentação, são executadas programações diversificadas de lazer e recreação, construídas segundo as
características geográficas-naturais e/ou histórico-culturais. Quanto ao tempo em que ocorrem, geralmente o são em temporadas de férias, em períodos determinados, em feriados e nos fins de semana. Ou nos períodos de pacote turístico programado. No estudo da liderança recreacional deve ser considerado o fato de PARKER (1978) ter feito a observação de que “a recreação é um sistema de controle social e, como todos os sistemas de controle social é até certo ponto manipulável, coercitivo e doutrinador. O lazer não é nada disso”, e declarado que a recreação, renovando o ego e preparando para o trabalho, tem levado os críticos a comparar desfavoravelmente a recreação e o lazer. Analisando essa posição deve-se primeiro ter em mente que o lazer, no estudo de Parker, é um termo freqüentemente utilizado para designar algo semelhante à recreação, tanto que o autor assim se expressa: “ a recreação sempre indica algum tipo de atividade e como o lazer e o jogo não possui forma única”. Com tal posicionamento, recreação, lazer e jogo se caracterizam como atividade. Atividades de Lazer As atividades de lazer são classificadas por DUMAZEDIER (1979) em -
lazeres físicos - aqueles que implicam esforço e exercício de tipo corporal;
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lazeres práticos - são os que exigem uma habilidade manual e especial;
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lazeres intelectuais - que têm que ver com o cultivo do intelecto e da cultura;
-
lazeres artísticos - que têm a ver com a prática específica de uma arte;
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lazeres sociais - são os relacionados com aquelas atividades de diversão, descanso e desenvolvimento, praticadas de uma forma coletiva.
Funções do Lazer No oferecimento de atividades de lazer, além dos espaços destinado à essas atividades, devem ser levadas em consideração as funções básicas do lazer: -
função educativa, caracterizada pelo interesse próprio dirigido para a ampliação dos horizontes mentais, busca de novas experiências e de novo conhecimento;
-
função de ensino, caracterizada pela assimilação ou aprendizagem das normas culturais, de ideais filosóficos ou políticos, das normas de convivência social ou de comportamentos;
-
função integrativa, que tem por objetivo solidificar ou integrar os grupos, principalmente os familiares, de amizade-companhia, de interesses comuns;
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função recreativa, que compreende atividade relacionada com o descanso psicológico e físico;
-
função cultural, refere-se à compreensão e assimilação dos valores culturais ou à criação de novos;
-
função compensadora, seriam as atuações que, de alguma forma, nivelam as insatisfações das outras áreas da vida.
A atividade, seja ela recreação, lazer ou jogo, pressupõe uma multiplicidade de trabalho tanto individual como coletivo. Por sua própria natureza exige condições mínimas de realização, modo de procedimento e maneira de execução, pois não se pode entender atividade no plano teórico. Para realizá-la o indivíduo precisa pensar, estudar e aprender; necessita encontrar seu próprio ritmo e equilíbrio testando a si mesmo e se organizando interiormente. Espaços de Lazer MARCELLINO (1983) considera que, muito embora as pesquisas realizadas na área das atividades desenvolvidas no tempo livre enfatizem a atração exercida pelo tipo de equipamento construído, deve-se
considerar que, para a efetivação das características do lazer é necessário, antes de tudo, que o tempo disponível corresponda um espaço disponível. De que espaço falamos ? dos espaços dos interesses sociais - quando os sujeitos se propõem a estarem juntos, face a face, e relacionarem-se, antes de tudo que possa acontecer decorrente do encontro; dos espaços dos interesses físicos - quando a proposta é feita em função de atividades corporais onde prevaleçam os exercícios do corpo; dos espaços dos interesses intelectuais - que têm como primeira instância o desenvolvimento do domínio cognitivo na atividade, não considerando o elemento criativo e sim o concreto, o racional, o lógico; dos espaços dos interesses artísticos - onde o produzido gera o encantamento; dos espaços dos interesses turísticos, que têm como finalidade: mudança de paisagem, ritmo (saída do cotidiano), observação e sensação de outros estilos de vida, e também o turismo social se caracterizando por uma dimensão menor (STUCCHI, 1997). Equipamentos de lazer Estes interesses, que também mostram uma dimensão concreta traduzida como lugares, podem ter significados diferentes em função da forma como cada sujeito os vê e os utiliza. Daí a preocupação com os estudos dos equipamentos de recreação e lazer deve ter como objetivos classificá-los segundo suas características físicas de construção, aspectos físicos estéticos e dimensões proporcionais aos locais geográficos em que serão implantados, como também agradar aos olhos de que os utilizará, inspirando confiança. CAMARGO (1984) classifica os equipamentos de lazer segundo suas características físicas, seus oferecimentos e sua demanda. Adotando sua nomenclatura e classificação, STUCCHI (1997) apresenta-nos a seguinte descrição: Equipamentos específicos A freqüência de determinado equipamento vai depender do local em que se situa e da demanda existente pela facilidade de acesso. As formas de existência dos equipamentos podem ser visualizados quanto à dimensão física do espaço e suas finalidades programáticas, como segue: Equipamentos especializados Conceito: são equipamentos destinados a atender uma programação especializada, ou uma faixa de interesses culturais específicos. Como exemplo, a “ academia de ginástica”; Programação: voltada para um segmento dos interesses socioculturais da clientela. estruturada sobre uma modalidade específica de animação. Exemplo: os “parques aquáticos”; Localização: em áreas urbanas, de grande concentração populacional; Público: delimitado pelo interesse e pela localização; Composição: geralmente de uma quantidade limitada de instalações para atividades; Exemplos de equipamentos especializados: teatros, auditórios, cinemas, academias de ginástica, centros esportivos voltados para um interesse específico (natação, futebol, tênis, voleibol), bibliotecas, parques aquáticos, campos de golfe e/ou de minigolfe. Equipamentos polivalentes 1. De dimensões e capacidades médias Conceito: equipamentos destinados a receber uma programação diversificada, ou para atender variados interesses socioculturais. Com dimensões e capacidades para atender até 2.500 pessoas/dia, nas atividades permanentes, e até 5.000 pessoas simultaneamente, em eventos especiais ou de fins de semana;
Programação: atividades permanentes, temporárias e eventuais diversificadas, segundo públicos e interesses culturais; Localização: preferentemente em áreas urbanas, próximas ao centro da cidade ou em regiões comerciais. Ou então em regiões de grande concentração populacional; Atendimento: durante os dias da semana, período integral. E com ênfase nos finais de semana; Público: de toda uma cidade, ou de uma região importante de uma grande cidade; Composição: várias instalações para atividades, diversificadas por interesses socioculturais, por públicos e por conteúdos, de dimensões e capacidades entre média e grande, conforme o caso; Exemplos: centros culturais em geral, quando associam instalações diversificadas - teatro, áreas de exposição, bibliotecas. Centro poliesportivo em geral. Parques urbanos. Centros culturais e esportivos. Equipamentos polivalentes grandes Conceito: equipamentos destinados a atendimentos de massa, em uma programação diversificada, abrangendo variados interesses socioculturais. Com instalações de grande dimensões e grande capacidade; Programação: permanentes, temporária e de eventos, amplamente diversificada, segundo públicos, interesses socioculturais e conteúdo; Localização: em uma região importante de um estado ou de uma grande cidade. Pode também se localizar em regiões da periferia das cidades, devido às dimensões de terreno necessário; Atendimento: preferentemente nos fins de semana. Durante a semana, principalmente nos grandes eventos; Público: de toda uma cidade, ou de uma região do estado; Composição: várias instalações de grande capacidade, complementada por algumas instalações menores, diversificadas por interesses socioculturais, conteúdos e públicos. de preferência, priorizar as áreas verdes. Equipamentos de turismo Conceito: equipamentos destinados a programação turística em geral, associando hospedagem e atividades recreativas; Programação: além das programações tipicamente de hotelaria - recepção, hospedagem e alimentação, programações diversificadas de lazer e recreação; Localização: preferencialmente em áreas de interesse turístico, pelas características geográficas-naturais e/ou histórico-culturais; Atendimento: em temporadas de férias, em períodos determinados, em feriados e nos fins de semana. Ou nos períodos de pacote turístico programado; Público: genericamente o mais amplo, do estado, do país e do exterior; Composição: instalações para hospedagem, para alimentação (restaurantes, lanchonetes), e instalações para atividades de lazer, de preferencia diversificadas; Exemplos: hotéis de lazer, resorts, colônia de férias, grandes parques em escala regional, estadual e nacional, quando têm unidades de hospedagem, camping, acampamentos, pousadas em locais retirados (praias, montanhas, reservas ecológicas), pousadas em cidades turísticas. Gestão do Lazer Para MARCELLINO (1995), a presença do profissional é importante nos equipamentos de lazer: centros culturais, centros esportivos, clubes, museus, bibliotecas, parques, academias esportivas, hotéis de lazer ou resorts.
Constituem a alma dos equipamentos de lazer, e suas funções profissionais vão muito além da simples organização de algumas atividades para o público. O quadro de pessoal de um equipamento de lazer, quaisquer que sejam as suas características tipológicas, de dimensões, de capacidade, de composição de suas instalações deve ser estruturado de acordo com os seus processos de gestão: administração: administração geral do equipamento de lazer e serviços administrativos em geral; programação e animação: planejamento, realização e animação de todas as atividades do centro. A programação pode incluir atividades permanentes, atividades temporárias e eventos; manutenção: compreende todos os sistemas destinados a manter em condições ótimas de funcionamento todas as instalações do equipamento: quadras, piscinas, auditórios, salas, etc., e instalações de apoio às atividades: vestiários, depósitos, sanitários. O profissional de Lazer, deverá demonstrar aptidões intelectuais como capacidade de pensar em termos de símbolos abstratos, exatidão e atenção concentrada, cultivando ainda a sociabilidade, a meticulosidade, a liderança, desenvolvendo principalmente a coordenação motora. Tal profissional não poderá ser apenas mero repetidor de modelos estereotipados mas, um agente transformador da teoria e da praxes, com o objetivo de não violentar a prática do lazer.
A FORMAÇÃO TÉCNICA E O SEU PAPEL NO MERCADO TURÍSTICO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ INTRODUÇÃO Através do turismo, diversas regiões do país conseguiram alcançar o seu desenvolvimento econômico, exportando produtos locais e melhorando a qualidade de vida da comunidade. Os números comprovam. O turismo emprega mais pessoas do que qualquer outra indústria: um em cada dez trabalhadores do Brasil. O setor é responsável por, aproximadamente, 8,2% das exportações mundiais e representa cerca de 10% do produto interno bruto. A indústria turística estimula a criação de pequenos negócios: bares, restaurantes, locadoras, pousadas, artesanato, comércio de praia e guias, além de beneficiar indiretamente muitas outras atividades. O Governo - seja através da EMBRATUR, do SEBRAE, do BNB e outras instituições estaduais e municipais - vem apresentando-se com uma participação inequívoca na criação da infra-estrutura indispensável ao desenvolvimento do turismo no Brasil, através:
do levantamento das vocações municipais relacionadas ao turismo;
da identificação do fluxo de turistas, realização de pesquisas e análises de sua origem e interesses;
da identificação de valores arquitetônicos, urbanísticos, paisagísticos e culturais;
da elaboração de diagnósticos realizados com base nos dados levantados sobre as diversas regiões e municípios;
da capacitação dos prestadores de serviços;
da educação para o turismo;
do estimulo ao envolvimento das instituições de ensino;
da sinalização, informação e programação visual das cidades;
das ações de preservação e restauração; e
ao acompanhamento e avaliação,
Dentre os objetivos dessas ações, destaca-se o estimulo à expansão e à criação de novos negócios e consequentemente
a geração de novos postos de trabalho, e
contribuir para formação e capacitação dos profissionais que prestam serviços para o turismo, visando qualidade e produtividade;
As análises sobre a situação do lazer nas sociedades contemporâneas e suas relações com as iniciativas privada e pública pressupõe algumas considerações básicas:
a importância do setor de lazer na estrutura econômica do mundo, pois o lazer é um dos muitos componentes do âmbito terciário da economia e faz parte do mais importante setor das sociedades denominadas pós-industriais – o da prestação de serviços;
essa economia de serviços está crescendo em linhas gerais e especialmente no setor de telecomunicações, informática, finanças e turismo (uma das áreas abrangidas pelo lazer);
Os setores de lazer e turismo dependem intimamente dessas novas tecnologias, principalmente da informática e das telecomunicações, criando um mundo com características muito particulares, havendo um grande crescimento no setor terciário, com o desaparecimento de empregos no setor industrial e o surgimento de novos postos no setor de serviços;
O setor está crescendo de forma bastante considerável, especialmente nas áreas de lazer e turismo, que dependem intimamente das novas tecnologias (o que exige acesso ao conhecimento, não apenas ao conhecimento formal escolar, mas também ao conhecimento de informática e de línguas estrangeiras, além de habilidades mais subjetivas como iniciativa própria, criatividade e cultura geral, que não necessariamente apreendidos numa escola).
Essa nova realidade da economia é evidente nos países desenvolvidos. Apesar de o lazer estar presente nos grandes centros urbanos do Brasil, ainda apresenta-se lacunas na elaboração da problemática envolvendo o setor. A estrutura, o planejamento e a administração do lazer implicam vários níveis abertos de discussão, na medida em que muitos pontos importantes, teóricos e práticos, anda não foram estabelecidos por vários motivos:
O setor do lazer e turismo é relativamente recente no Brasil;
Falta de consciência de que a formação profissional é indispensável para o bom funcionamento de serviços aos clientes;
Falta de programas e controles da qualidade dos serviços em lazer e turismo;
Poucas escolas e centros de formação profissional destinadas à formação em turismo, hotelaria, alimentos e bebidas, lazer;
Os setores estatais não têm nível elevado de operacionalidade ou mínimas condições de operar na área;
Alguns setores privados não conhecem profundamente lazer e turismo, e assim não investem adequadamente em equipamentos, projetos eficientes, formação e reciclagem de mão-de-obra especializada;
Setores da sociedade civil ainda não adquiriram consciência de que o lazer é um direito tão necessário e legítimo como a saúde, a habitação, a segurança, o transporte e a educação. (TRIGO, 1995)
A indústria do turismo tem consolidado, no mundo, como uma atividade indutora de desenvolvimento. Com seu efeito multiplicador efetivo, propicia o incremento de novas atividades econômicas. O ingresso do CEFET-MA nessa área de atividade visa, sobretudo a interface dos setores privados e públicos na articulação conjunta de ações que viabilizem o turismo como atividade econômica geradora do desenvolvimento nacional. Os cursos que se pretende implantar terão a característica de qualificação e requalificação profissional dos recursos humanos, com atuação focada para o Maranhão e a Região Nordeste, contribuindo para a criação de um pólo de desenvolvimento do turismo. Além disso, os cursos, como produtores de "saber fazer", contemplam uma visão do Maranhão como destino turístico integrado e área prioritária de investimentos e políticas setoriais, que só poderão ser implementados com o desenvolvimento do empreendedorismo, aliado as práticas de explorar o turismo de forma sustentável e consciente. CENÁRIO EM QUE SE INSEREM OS CURSOS TÉCNICOS NA ÁREA DE TURISMO O turismo é uma das atividades que mais cresce no Mundo. Por permitir rápido retorno do investimento, gerar empregos diretos e indiretos e por sua ligação com os mecanismos de arrecadação, o turismo é a atividade que mais contribui para o desenvolvimento de diversos países. Para obter resultados é imprescindível que este turismo seja feito de forma organizada e racional. O Maranhão possui grande vocação para o turismo e o tem como símbolo de suas melhores expectativas de integração e desenvolvimento, graças às condições territoriais, climáticas e culturais. A participação do turismo no PIB brasileiro já é de 8%. Porém, o fluxo turístico em direção ao Brasil está muito aquém de nossas potencialidades. O momento exige a transformação do potencial latente em novos negócios e vantagens competitivas. O Estado do Maranhão situa-se no nordeste do Brasil, limitado pelos estados do Piauí, Pará e Tocantins, com uma população estimada em torno 4.900.000 habitantes, possuindo um baixo grau de industrialização,
quando comparado com outros estados do Nordeste e/ou Sudeste do país. Possui uma área territorial de 324.600 Km2 , que lhe assegura a condição de segundo Estado do Nordeste em extensão. Localiza-se entre as macro regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, o que lhe assegura especificidade espacial e favorece sua climatologia, não possuindo a aridez do Nordeste, nem a excessiva umidade da Amazônia: Os aspectos culturais, históricos e as belezas naturais constituem os grandes atrativos para o desenvolvimento do Turismo, notadamente nos segmentos de Ecoturismo e Turismo Cultural. Os principais setores produtivos do Maranhão são:
a agropecuária,
indústria e comércio, e
turismo.
O turismo, como opção econômica geradora de oportunidade de trabalho e renda, vem merecendo destaque no Estado, que dividiu em zonas de interesse, por homogeneidade e proximidade dos atrativos:
Zona de Patrimônio Histórico Cultural, formada pelos municípios de São Luís, Alcântara, Raposa e São José de Ribamar; com destaque para São Luís - reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade, e Alcântara, tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional.
Zona dos Lençóis Maranhenses, composta pelos municípios de Barreirinhas, Humberto de Campos, Paulino Neves, Primeira Cruz, Tutóia e Araióses. Pólo de ecoturismo onde se encontra o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, com uma área de 155 mil hectares de dunas e lagoas de água doce cristalina, o Delta do Rio Parnaíba, único em mar aberto da América Latina, composto de igarapés, mangues, dunas, ilhas e ilhotas, das quais 65% estão em território maranhense.
Zona das Reentrâncias Maranhenses, constituída pelos municípios de Cururupú, Guimarães, Cedral, Mirinzal, Porto Rico, Serrano, Apicum-Açú e Bacuri, inseridos no Programa de Ecoturismo para Amazônia Legal.
Zona das Chapadas, integrada pelos municípios de Imperatriz, Carolina, Riacho, Balsas, Mirador, Grajaú e Nova Iorque; onde se encontra uma das maiores áreas preservadas de cerrados da América Latina e o Parque Estadual do Mirador, com uma área de 700 mil hectares, que protege nascentes dos rios, fauna e flora da região.
Zona dos Lagos
O Estado do Maranhão dispõe para viabilidade de negócios em diversas áreas, sendo que na do Turismo apresenta-se:
Utilização de fazendas para a prática do turismo rural - criação de serviços de hotelaria - resort de fazendas ou estâncias, combinando o turismo rural com a proteção do meio rural, que está sendo desenvolvido nos municípios de Balsas, Barra do Corda, Viana, Imperatriz e Pinheiro;
Implantação de meios de hospedagem e serviços de alimentação nos principais pólos de ecoturismo do Estado;
Serviços de entretenimento e lazer em São Luís, Alcântara, São José de Ribamar e Morros.
O que determina este quadro O turismo envolve uma multiplicidade de serviços: transporte, hospedagem, alimentação, agenciamento, trabalho de intérprete e tradutor, guias turísticos, organização de eventos, entretenimento, etc. São muitas empresas e profissionais envolvidos, diversas interações e etapas a serem percorridas, tornando a atividade complexa e de difícil mensuração. No Brasil, as estimativas da EMBRATUR, referentes ao ano de 1990, indicam 1,7 milhões de pessoas diretamente empregadas no turismo. O despreparo desse enorme contingente de trabalhadores e a dificuldade de acesso que têm as pequenas e microempresas às novas tecnologias, são grandes dificuldades a serem superadas no turismo. Oportunidades
Investimento na formação da cultura do turismo, aqui incluídas a formação profissional e gerencial, é a grande lacuna que vem a ser preenchida pelos Cursos Técnicos na área de Turismo. Atuar neste cenário é propiciar a um maior número de investidores, empresários, técnicos e trabalhadores o ingresso no mercado de trabalho, favorecendo a geração de trabalho e renda, contribuindo inclusive para um melhor equilíbrio social. Por seu caráter multidisciplinar e polivalente, os Cursos Técnicos de Turismo propõe-se a ser curso modelo, justificando a sua criação como um vetor de aceleração do processo de desenvolvimento do turismo em termos regionais. Os Cursos Técnicos de Turismo têm com objetivos: -
Possibilitar a aquisição integrante de conhecimentos e técnicas que permitam prioritariamente uma atuação na área de turismo;
-
Oportunizar a aquisição de conhecimentos genéricos da área de lazer (parques de lazer; parques aquáticos; academias de ginástica; centros esportivos voltados para um interesse específico (natação, futebol, tênis, voleibol); centro poliesportivo em geral; parques urbanos; centros culturais e esportivos; hotéis de lazer; resorts; colônia de férias; grandes parques em escala regional, estadual e nacional, quando têm unidades de hospedagem, camping, acampamentos; pousadas em locais retirados (praias, montanhas, reservas ecológicas); pousadas em cidades turísticas.
-
Desenvolver atitudes éticas reflexivas, críticas, inovadoras e democráticas;
-
Propiciar a auto-realização do estudante, como pessoa e como profissional;
-
Considerar interesses do aluno, estimulando-o ao aperfeiçoamento contínuo.
DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS - ÁREA PROFISSIONAL : TURISMO Segundo o estudo “A Indústria do Turismo no Brasil – Perfil & Tendências”, da Associação Brasileira de Entidades de Hospedagem, Alimentação e Turismo – ABRESI, EMBRATUR e SEBRAE, 1996, o setor de agências de viagens teve seu maior crescimento nos últimos anos. De 1991 a 1993 passou de 4.500 para 5.340, conforme registra aquele estudo. Acrescenta que nos três anos seguintes, segundo a Associação Brasileira das Agências de Viagens – ABAV, teve um salto ainda mais significativo, chegando a 10.000 em 1996. Quanto ao setor de entretenimento, recreação, esporte e cultura, não há dados agregados que permitam a quantificação do seu crescimento, dada a sua variedade e diversificação, além da falta de critérios estatísticos que possibilitem as informações. Já foi assinalado que é freqüente e crescente a criação de programas e equipamentos sociais destinados ao convívio social e à produção, apresentação e fruição artística, cultural, esportiva e recreativa. O estudo da ABRESI destaca a alta do entretenimento no mundo todo, indicando que se tornou um ramo tão lucrativo em nosso país que está atraindo diversos gigantes estrangeiros do setor. Na perspectiva da formação profissional, segundo o mesmo estudo, as atividades de turismo necessitam de esforços concentrados na formação gerencial. A Organização Internacional do Trabalho – OIT, através de documentos preparados para várias de suas reuniões, tratou especialmente desta área de atividades profissionais, juntamente com as de hospedagem e alimentação (Reuniões Técnicas Tripartites para os Hotéis, Restaurantes e Estabelecimentos Similares, 1974 e 1983; 1ª Reunião da Comissão da Hotelaria, da Restauração e do Turismo, 1989; e 78ª Reunião da Conferência Internacional do Trabalho, 1991). Assinalam tais documentos os traços da evolução e as tendências para a área, entre as quais o crescimento continuado do “fenômeno turístico”, sua internacionalização e sua dependência em relação às “crises” mundiais. Destas tendências, decorrem para seus profissionais as perspectivas de:
ampliação considerável de possibilidades;
maiores exigências de: -
mobilidade, - disponibilidade,
-
polivalência, - adaptabilidade,
-
capacidade de comunicação,
-
integração em equipe,
-
animação.
O processo produtivo nesta área está voltado não só para a criação de produtos a serem ofertados, como, sobretudo, para a prestação de serviços turísticos, de lazer e eventos (estes dois, tanto integrados à atividade turística e à hoteleira, quanto promovidos isoladamente, inclusive para participantes e públicos locais). Este processo é realizado em operadoras e agências, promotoras de eventos e de animação turística e sócio-cultural, companhias aéreas, transportadores, hotéis e outros meios de hospedagem, parques, clubes, órgãos de turismo, de cultura e esportes, empresas de entretenimento, etc. Algumas atividades são realizadas na forma de trabalho autônomo. Nesse sentido, como constituintes desse processo, foram identificadas funções essenciais de planejamento, de promoção e venda, e de gestão. Em cada uma dessas funções foram identificadas subfunções implicadas na geração de produtos e na prestação de serviços, ou nos resultados parciais do processo e no resultado final para o cliente/usuário. Função 1. Planejamento: atividades voltadas para a concepção e articulação do agenciamento e da operação turística, da condução/guiamento do turista, e da promoção de eventos e de lazer. Subfunção 1.1. Concepção, viabilização e organização de produtos e serviços turísticos e de eventos e de lazer, adequados aos interesses, hábitos, atitudes e expectativas das clientelas efetiva e potencial. Subfunção 1.2. Articulação e contratação de programas, roteiros, itinerários e de meios para sua realização, com seleção, relacionamento e negociação com prestadores de serviços e provedores de infra-estrutura e de meios de apoio. Função 2. Promoção e venda: atividades voltadas para o “marketing” e a comercialização dos produtos e serviços turísticos, de eventos e de lazer. Subfunção 2.1. Prospecção mercadológica, adequação dos produtos e serviços, e identificação e captação de clientes, para desenvolvimento e operacionalização da política comercial. Subfunção 2.2. Comercialização de produtos e serviços turísticos e de lazer, com direcionamento de ações de venda para as clientelas efetiva e potencial. Função 3. Gestão: atividades voltadas para o gerenciamento do processo de execução do agenciamento, operação e condução do turista, e da promoção de eventos e de lazer. Subfunção 3.1. Gerenciamento econômico, técnico e administrativo dos núcleos de trabalho, com organização e articulação dos setores internos, e com supervisão e coordenação dos recursos, visando ao atendimento com qualidade. Subfunção 3.2. Gerenciamento do pessoal envolvido na oferta dos produtos e na prestação dos serviços. Esta subfunção é destacada da anterior pela prevalência do fator humano nas atividades desta área e das exigências de relacionamento, comunicação, liderança, motivação, trabalho em equipe, formação e desenvolvimento do pessoal.
Subfunção 3.3. Gestão dos meios tecnológicos aplicados no desenvolvimento das atividades, com supervisão da utilização de máquinas, equipamentos e meios informatizados de informação, comunicação e gestão. Subfunção 3.4. Manutenção e/ou readequação do empreendimento, dos produtos e dos serviços às variações da demanda, com desenvolvimento de visão mercadológica prospectiva e inovadora. Subfunção 3.5. Acompanhamento pós-execução para controle da qualidade dos produtos, serviços e atendimento, visando à satisfação do cliente. Simultaneamente com a indicação das subfunções, foi encaminhada a identificação das competências e habilidades requeridas do profissional, que condicionam e viabilizam o desempenho eficaz daquelas funções e subfunções. A correspondência dessas competências e habilidades com os conteúdos da aprendizagem foi explicitada na identificação das bases tecnológicas. CARGA HORÁRIA GLOBAL MÍNIMA A carga horária global mínima para os diversos cursos desta área foi definida em 750 (setecentos e cinqüenta) horas. Em 05 de outubro de 1999, o Conselho Nacional de Educação, através do Parecer CEB 16/99, aprovou as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional do Nível Técnico, separando a área de Turismo da de Lazer, e juntando-a com a de Hotelaria e Alimentação, criando-se, assim, a de Turismo e Hospitalidade, com as seguintes características: A área profissional de turismo e hospitalidade compreende atividades, interrelacionadas ou não, referentes à oferta de produtos e à prestação de serviços turísticos e de hospitalidade.
Os serviços turísticos incluem o agenciamento e operação, o guiamento, a promoção do turismo, e a organização e realização de eventos de diferentes tipos e portes.
Os serviços de hospitalidade incluem os de hospedagem e os de alimentação.
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Os de hospedagem são prestados em hotéis e outros meios, como colônias de férias, albergues, condomínios residenciais e de lazer, instituições esportivas, escolares, militares, de saúde, acampamentos, navios, coletividades, abrigos para grupos especiais.
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Os serviços de alimentação são prestados em restaurantes, bares e outros meios, como empresas, escolas, clubes, parques, aviões, trens, ou ainda em serviços de bufês, “caterings”, entregas diretas, distribuição de pontos de vendas.
Estas atividades são desenvolvidas num processo que inclui o planejamento, a promoção e venda e o gerenciamento da execução. Como competências gerais dos técnicos da área, são apresentadas:
conceber, organizar e viabilizar produtos e serviços turísticos interesses, hábitos, atitudes e expectativas da clientela
organizar eventos, programas, roteiros, itinerários turísticos, atividades de lazer, articulando os meios para sua realização com prestadores de serviços e provedores de infraestrutura e apoio
organizar espaços físicos de hospedagem e de alimentação, prevendo seus ambientes, uso e articulação funcional e fluxos de trabalho e de pessoas
operacionalizar política comercial, realizando prospecção mercadológica, identificação e captação de clientes e adequação dos produtos e serviços
operacionalizar a comercialização de produtos e serviços turísticos e de hospitalidade, com direcionamento de ações de venda para suas clientelas
avaliar a qualidade dos produtos, serviços e atendimentos realizados
executar atividades de gerenciamento econômico, técnico e administrativo dos núcleos de trabalho. Articulando os setores internos e coordenando os recursos
e de hospitalidade adequados aos
executar atividades de gerenciamento do pessoal envolvido na oferta dos produtos e na prestação dos serviços
executar atividades de gerenciamento de recursos tecnológicos, supervisionando a utilização de máquinas, equipamentos e meios informatizados
realizar a manutenção do empreendimento, dos produtos e dos serviços adequando-os às variações da demanda
comunicar-se efetivamente com o cliente, expressando-se em idioma de comum entendimento
Quanto às competências específicas de cada habilitação, serão definidas pela escola para completar o currículo, em função do perfil profissional de conclusão da habilitação. A carga horária mínima de cada habilitação da área será de 800 horas. Para concluir, apresentaremos um pequeno exercício de futurologia, de autoria de YOSHIMA e OLIVEIRA (2002). Esses autores fizeram uma compilação de notas, informações, notícias sobre os vários setores do turismo, publicado em jornais ou divulgado através da Internet nos últimos dois anos. De posse dessa coleta de material os autores se propõem a ordená-lo por setor, mostrando as tendências previstas para cada área em particular. Dessa forma foram traçadas as previsões dos seguintes setores: Transportes Aéreos, Cruzeiros Marítimos, Agenciamento de Viagens, Meios de Hospedagem, Alimentos e Bebidas, Parques de Entretenimento e Empregos na Área de Turismo. (Disponível em http://www.abbtur.com.br/CONTEUDO/trabalhos/trabO5.htm) Novos Empregos na Área de Turismo -
Haverá uma demanda maior por consultores e auditores das ISO 9000 e ISO 14000, assim como para profissionais capazes de implantar outros sistemas de gestão da qualidade nas empresas;
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Conhecedores da metodologia HACCP - Hazard Analisys Control Critical Points serão muito requisitados por hotéis e restaurantes;
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Produtores de vídeos promocionais terão oportunidade de trabalhos para a divulgação de destinos e equipamentos;
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Construtores de web-sites terão uma grande demanda na elaboração de sites para cidades e empresas turísticas;
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Editores e jornalistas especializados em turismo para revistas, jornais e suplementos de viagens e turismo;
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As pesquisas em turismo deverão ser muito requisitadas por empresas do setor em busca de informações fidedignas de demanda;
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Aumento de oportunidade para empresas de serviços para o atendimento das necessidades de terceirização de determinados serviços (manutenção, segurança, recreação);
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Aumento da demanda por professores e instrutores para a formação de mão-de-obra especializada para o setor.
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Globalização do emprego fazendo com que o profissional de Turismo enfrente desafios, como o aprendizado de uma terceira língua, facilidade de adaptação a outras culturais, disponibilidade para troca de sede.
BIBLIOGRAFIA BEZERRA, Marcelle Santos Jacintho. GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA NOS MEIOS DE HOSPEDAGEM EM SÃO LUÍS – MARANHÃO ATRAVÉS DA REALIZAÇÃO DE EVENTOS. São Luís : UFMA, 2002. Monografia de graduação em Turismo, em fase de elaboração. Orientador: Leopoldo Gil Dulcio Vaz.
BRASIL. MEC. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. REFERÊNCIAS CURRICULARES NACIONAIS DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DE NÍVEL TÉCNICO - Área Profissional: Turismo e Hospitalidade. Brasília : MEC, 2001. Disponível em www.mec.gob.br BRASIL. MEC. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. REFERÊNCIAS CURRICULARES NACIONAIS DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DE NÍVEL TÉCNICO - Área Profissional: Lazer e Desenvolvimento Social. Brasília : MEC, 2001. Disponível em www.mec.gob.br MARANHÃO. Geplan. OPORTUNIDADE DE INVESTIMENTO NO MARANHÃO. Disponível em www.ma.gov.br VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O PROFISISONAL DE TURISMO E LAZER. Palestra apresentada no I Seminário de Turismo da UFMA, 2000. YASHOSHIMA, José Roberto e OLIVEIRA, Nadja da Silva. TURISMO NA SOCIEDADE PÓSINDUSTRIAL: Tendências e perspectivas. ABBTUR, 2002. Disponível em www.abbtur.com.br/CONTEÚDO/trabalhos/trab05.htm, capturado em 12/03/02.
22º. ENCONTRO NACIONAL DE RECREAÇÃO E LAZER – ENAREL TEMA: LAZER E HOSPITALIDADE MESA REDONDA 1: LAZER, HOSPITALIDADE, IDENTIDADES E CULTURAS REGIONAIS E LOCAIS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão A cultura é uma manifestação coletiva que reúne heranças do passado, modos de ser do presente e aspirações, isto é, o delineamento do futuro desejado. Milton Santos. Da cultura à indústria cultural.6 “Eventos são uma forma inigualável de atração turística”, afirma Getz (1989) 7; e megaeventos esportivos são excelentes produtos turísticos (PREUSS, 2008) 8. Para os que não estão familiarizados com os termos utilizados em Turismo, a Organização Mundial de Turismo – OMT – define assim: “... as atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e permanência em lugares distintos dos que vivem, por um período de tempo inferior a um ano consecutivo, com fins de lazer, negócios e outros”.9 O turista é definido como: “... visitante que se desloca voluntariamente por período de tempo igual ou superior a vinte e quatro horas, para local diferente de sua residência e do seu trabalho sem ter por motivação a obtenção de lucro”.10 O produto turístico, estruturado considerando as suas funções sustentáveis, estabelece a base principal dos destinos turísticos e suas relações com a demanda do mercado. É objeto de comercialização, que se constituem de elementos e percepções intangíveis, levando o turista à experienciação; suas principais características são: bem de consumo abstrato e intangível; estático, sazonal, sistêmico e sujeito à percepção da observação e vivência por parte do turista (MTUR, 2008) 11. Portanto, Produto Turístico, é: “o conjunto de atrativos, equipamentos e serviços turísticos acrescidos de facilidades, ofertados de forma organizada por um determinado preço. Rotas, roteiros e destinos podem se constituir em produtos turísticos, por exemplo. (MTUR, 2007) 12. Correlacionadas ao Produto Turístico, devem ser consideradas terminologias e funções de complementaridade para o seu entendimento e conceituação13:
6
Milton Santos. Da cultura à indústria cultural. Jornal Folha de São Paulo, Caderno Mais, 19/03/2000, p. 19. GETZ, D. Special events: defining the product. Tourism Management, v.10, n.2, p.125-137, 1989, p. 125, citado por REIS, Arianne Carvalhedo. Megaeventos e Turismo: uma Breve Revisa. In PEREIRA DA COSTA, Lamartine e Outros (Editores). Legados de Megaeventos Esportivos. Brasília: Ministério do Esporte, 2008, p. 511-517. 8 PREUSS, Holger. Impactos Econômicos de Megaeventos: Copa do Mundo de Futebol e Jogos Olímpicos. In PEREIRA DA COSTA, Lamartine e Outros (Editores). Legados de Megaeventos Esportivos. Brasília: Ministério do Esporte, 2008, p. 81-92 9 SEBRAE. Turismo no Brasil. Terno de referência para a atuação do sistema SEBRAE. Brasília, 2010 10 idem 11 MINISTÉRIO DO TURISMO. Programa de regionalização do turismo – roteiros do Brasil: Módulo Operacional 8 – promoção e apoio à comercialização. Brasília, MTur, 2008). 12 MINISTÉRIO DO TURISMO. Plano nacional de Turismo 2009/2010 – uma viagem de inclusão. Brasília: MTur, 2007 13 SEBRAE/SP. Manual para construção, Estruturação e Implementação de Projetos em Circuito, Rota e Roteiro Turístico do SEBRAE-SP. São Paulo: SEBRAE/SP, 2008. Disponível em http://www.sebraesp.com.br 7
Oferta turística: “conjunto de atrativos turísticos, serviços e equipamentos e toda a infraestrutura de apoio ao turismo de um determinado destino turístico, utilizado em atividades designadas turísticas”; Demanda turística: “procura por bens ou serviços e a respectiva capacidade de consumo que esses visitantes podem apresentar diante da oferta disponibilizada”; Atrativo turístico: “locais, objetos, equipamentos, pessoas, fenômenos, eventos ou manifestações capazes de motivar o deslocamento de pessoas para conhecê-los. Os atrativos turísticos podem ser naturais, culturais, atividades econômicas, eventos programados e realizações técnicas, científicas e artísticas”. Evento pode ser definido da seguinte maneira: Uma concentração ou reunião formal e solene entre, pessoas e/ou entidades realizada em data e local especial, com objetivo de celebrar acontecimentos importantes e significativos e estabelecer contatos de natureza comercial, cultural, social, familiar, religiosa, científica, etc. (ZANELLA 2006, p. 13) 14 Turismo de eventos é definido por Getz (1989) 15 como “a sistematização do desenvolvimento e do marketing de eventos como atração turística”. Devido a esta característica, eles são considerados lucrativos e, portanto, interessantes para a indústria do turismo que é baseada na promoção de um local. Esse autor (apud HALL, 1992) 16 assevera: “o turismo de evento está interessado (...) no desenvolvimento do destino e na maximização da atratividade de um evento para os turistas”.17 Por sua elevada importância para uma cidade, região e país como um todo, com um vasto campo ainda a ser explorado, incentiva o desenvolvimento sócio - econômico local, contribuindo para geração de empregos, rendas e criação de infra-estrutura que beneficia não só o turista, como a população da cidade (TASSIS, 2009) 18. O turismo de eventos pode ser o fator motivador do deslocamento, suprindo a ausência de atrativos naturais, valorizando os conteúdos locais, culturais, econômicos e sociais da região e oportunizando a criação de empregos, investimentos e distribuição de renda, além da valorização da identidade e sentimento de pertença dos moradores locais. O sucesso de um megaevento tem base na capacidade a ser utilizada para iniciar futuros programas de renovação e regeneração na cidade e obter amplo suporte público para fazê-lo. Dessa forma a cidade alcançaria o denominado “Legacy Momentum” – que é a capacidade da cidade e da economia regional seguir seu crescente caminho após o imediato e natural decréscimo da atividade econômica que surge ao término do evento (MAZO, ROLIM, PEREIRA DaCOSTA, 2008)19. Os legados que determinam os benefícios dos megaeventos esportivos são: (1) infra-estrutura, (2) saber e conhecimento, (3) imagem, (4) economia, 14
ZANELLA, Luiz Carlos. Manual de Organização de Eventos: Planejamento e Operacionalização. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2006. Idem 16 HALL, C. M. Hallmark tourist events: impacts, management & planning. Londres: Belhaven Press, 1992, citdo por REIS (2008) p. 511 17 citado por REIS, Arianne Carvalhedo. Megaeventos e Turismo: uma Breve Revisa. In PEREIRA DA COSTA, Lamartine e Outros (Editores). Legados de Megaeventos Esportivos. Brasília: Ministério do Esporte, 2008, p. 511-517. 18 TASSIS, Betinna Almeida de. Eventos culturais e sua interface com o desenvolvimento sustentável. Trabalho de Conclusão de Curso realizado para obtenção do título de especialista em Gestão do Território e Patrimônio Cultural da Universidade Vale do Rio Doce. Orientador: Prof. Dr. Jean Luiz Neves Abreu. Governador Valadares, 2009 15
19
MAZO, Janice Zarpellon; ROLIM, Luis Henrique; PEREIRA DaCOSTA, Lamartine. Em Busca de uma Definição de Legado na Perspectiva de Megaeventos Olímpicos. IN PEREIRA DA COSTA, Lamartine e Outros (Editores). Legados de Megaeventos Esportivos. Brasília: Ministério do Esporte, 2008, p. 119-121
(5) comunicações e (6) cultura 20. Os megaeventos significam mudança e transição, portanto, seu legado é um misto de tangível21 e intangível22. Para Mazo, Rolim e Pereira DaCosta (2008), utilizando-se de Poynter (2007) 23 esses legados podem ser de ordem “hard” - infra-estrutura, reorientação dos espaços da cidade, aumento do conforto, novos tipos de uso dos terrenos e atividades econômicas (portanto, tangíveis). Pode-se medir com acuidade os custos e benefícios tangíveis diretos, tais como os investimentos necessários, custos administrativos de planejamento, organização e realização do evento. Mas as cidades também têm importantes ganhos “soft” que se traduz em confiança, entusiasmo, reputação, incremento do turismo nacional e internacional, status e orgulho local (intangíveis). Isso se traduz pelas motivações elencadas pelo Departamento de Turismo do Governo do Canadá para sediar megaeventos: [...] para elevar a atividade cultural na comunidade; para atrair turistas; para envolver a comunidade em celebrações cívicas; para desenvolver a participação popular nas artes, artesanato, esportes ou atividade física; para estimular e promover a comunidade para benefício público; para promover intercâmbio político e cultural; para criar e reforçar o espírito de boa vontade entre os grupos sociais e étnicos da comunidade; para chamar a atenção do público para características ou atrações únicas da comunidade; e, finalmente, para conseguir rendas que possam ser usadas para benefícios sociais da comunidade, de outro modo inatingíveis. (BRETON, 1997, p. 18) 24. Ainda seguindo Mazo, Rolim, e Pereira DaCosta (2008), as instituições públicas são, então, atraídas para a captação de eventos uma vez que se espera que eles aumentem a auto-estima local e atraiam investimentos, assim como ampliem o fluxo turístico e otimizem a divulgação política da localidade. Isto explica porque a maioria dos eventos conta com financiamento público ou são completamente subsidiados pelo poder público. Hall (1992) 25 afirma que eventos se destinam a atrair turistas, mas também é uma maneira de mostrar as potencialidades locais e características culturais, de melhorar a reputação de uma cidade além de seus limites e de demonstrar orgulho cívico e capacidade de mobilizar recursos. Houghton (2005) 26 vai além e cita como exemplos países da América Latina que investem recursos públicos significativos para sediar eventos esportivos internacionais como forma de entrar na ‘corrida desenvolvimentista’ e mostrar seus potenciais para o mundo. Esses impactos são conseqüências e podem apenas ser medidos e calculados com certo grau de incerteza. Apesar da grande atenção dispensada aos impactos tangíveis do turismo esportivo, os impactos intangíveis têm ganhado maior consideração e participação nas discussões dos empresários de turismo, pois 20
SILVA, Dirce Maria Corrêa da; RIZZUTI, Elaine. Tendências Atuais do Conhecimento sobre Gestão e Economia de Megaeventos e Legados Esportivos segundo Holger Preuss da Universidade de Mainz, Alemanha (Texto interpretativo de apresentação oral e debates), in PEREIRA DA COSTA, Lamartine e Outros (Editores). Legados de Megaeventos Esportivos. Brasília: Ministério do Esporte, 2008, p. 93-103
21
Impactos econômicos, legados para a infra-estrutura e modificações urbanas estão entre os mais comuns e mais investigados legados tangíveis do turismo de eventos esportivos (REIS, 2008, p. 511)
22
Três dos mais citados impactos desta ordem são: promoção de imagem, impactos sócio-culturais e impactos políticos (REIS, 2008, p. 511).
23
POYNTER, Gavin. From Beijing to Bow Bells: Measuring the Olympics Effect. Working Papers in Urban Studies: London East Research Institute. March 2006 (tradução Fernando Telles), citado por MAZO, ROLIM, PEREIRA DaCOSTA, 2008, p. 119-121
24
BRETON, C. The Olympic challenge: can Montreal respond a second time to this mega tourism event after its 1976 host experience? 1997. Dissertação (Mestrado em Science) – Universidade de Surrey, Surrey (citado por REIS, 2008, p. 510).
25
HALL, C. M. Hallmark tourist events: impacts, management & planning. Londres: Belhaven Press, 1992, citdos por MAZO, ROLIM, PEREIRA DaCOSTA, 2008, p. 510
26
HOUGHTON, F. Latin America and the Olympic ideal of progress: an athlete’s perspective. The International Journal of the History of Sport, v.22, n.2, p.158-176, 2005, citado por MAZO, ROLIM, PEREIRA DaCOSTA, 2008, p. 510
se constituem em excelente estratégia para convencer investidores e a população local a apoiar o financiamento da construção de instalações e infra-estrutura. Por exemplo, nos Jogos Olímpicos, grande parte dos legados valorizados pelo Movimento Olímpico são intangíveis, já que grande parte da força dos Jogos deriva de seus símbolos e simbolismos. Para Mazo, Rolim, e Pereira DaCosta (2008), baseados em vários autores, não é possível quantificar o impacto dos Jogos em termos de valorização ‘moral’ e o maior impulso por trás deles é promover a cidade-sede enquanto cidade global. Assim, a importância de benefícios imateriais aumentou ainda mais. Um argumento importante a favor do impacto positivo intangível na promoção de imagem é que megaeventos esportivos atraem mídia em grande escala. Desta forma, o evento e, conseqüentemente, sua sede, é transmitido por todo o mundo ganhando visibilidade e propaganda internacional gratuita. Assim, parece que esta atenção da mídia internacional leva à promoção que modela a imagem da cidade, região ou país-sede de forma a se tornar um destino turístico em potencial. Para Bechara (2008) 27 entender o esporte como fenômeno social é admitir o princípio de que ele pode ser fator de desenvolvimento em qualquer nação e que o mesmo tem o compromisso de gerar legados para o progresso humano. Legados, não só de infra-estrutura das práticas esportivas, mas principalmente da criação de melhores ambientes urbanos, melhores condições ambientais, melhores condições de inserção social e criação de oportunidades de APL (Arranjos Produtivos Locais). Pergunta: “O que deve ser considerado no Planejamento e na Produção de Megaeventos? Em resposta, afirma que o planejar um megaevento é considerar a necessidade de utilização do Geomarketing esportivo, conceituado como a utilização da geografia para conhecer e tangibilizar a relação espaço-temporal de uma determinada região, onde se encontram as instalações esportivas, identificando seus respectivos: “Legados”, relevantes para a sociedade, e considerando os “Impactos” produzidos e a “Abrangência” dos mesmos. Identifica então os legados em megaeventos esportivos como sendo de natureza: 1. Infra-estrutura urbanística (16 itens); 2 2. Econômica (16 itens); 3. Social - Demografia/ Habitação - Saúde – Segurança (15 itens); 4. Educacional (6 itens); 5. Ambiental (5 itens); 6. Esportivo (6 itens); 7. Cultural (6 itens); 8. de Turismo e Hospitalidade (11 itens); 9. Político (3 itens); 10. de Conhecimento e de Tecnologia (5 itens). No legado de Turismo e Hospitalidade, o autor identifica 11 itens “de referência” que o compõem: • Ocupação x Ociosidade da indústria hoteleira? • Número de hotéis na região, por classificação? • Número de motéis na região, por classificação? 27
BECHARA, Marco. Modelo M4 Para Gestão de Legados de Megaeventos Esportivos com Foco na Responsabilidade Social e Políticas Públicas. In In PEREIRA DA COSTA, Lamartine e Outros (Editores). Legados de Megaeventos Esportivos. Brasília: Ministério do Esporte, 2008, p. 261-265
• Número de “Pontos turísticos” na região? • Qualidade do Paisagismo natural? • Arquitetura e beleza das construções? • Número de turistas recebidos? Total, em dólar, gasto pelos turistas? • Número de restaurantes na região, por classificação? • Número de albergues? • Número de espaços destinados a acampamentos? • Número de eventos internacionais? Nacionais? Regionais?
IDENTIDADES E CULTURAS REGIONAIS E LOCAIS Passemos à discussão. Entendemos aqui cultura como o conjunto de manifestações que dá singularidade a um determinado grupo social, fruto das relações sociais e da profunda interação dos homens com o meio em que vivem. Constitui-se num patrimônio material e imaterial acumulado e transformado ao longo de gerações. Um legado que não se limita a manifestações artísticas, à língua, à religião, mas se articula nos mais variados domínios da produção humana. A cultura confere uma identidade coletiva a um determinado grupo social, espacialmente definido e historicamente determinado. Para Castro (2008) 28, a “memória” consiste na capacidade humana de retenção de acontecimentos, fatos e experiências vividas e na retransmissão deles às novas gerações através de diferentes suportes como a própria voz, a música, a imagem, textos, artesanato, etc. Essa memória é que define a origem e identidade do homem, conferindo-lhe também, dignidade. Trata-se de um mecanismo de apoio, que evita que uma localidade fique estagnada no tempo, auxiliando na preservação de fatores como as primeiras regras de vida associativa ou de técnicas de uso cotidiano e de produção tecnológica, lançando-se no mecanismo cumulativo de saber transmitido intra e inter-gerações 29. Já a identidade, para Castro (208), é um processo em constante movimento e é o que faz com que o indivíduo reconheça a si mesmo, a priori, como parte de uma identidade coletiva, reconhecendo aos outros como iguais, estabelecendo uma relação íntima ou essencial entre ele e seu grupo. Portanto, a identidade se constrói dentro de um mecanismo que engloba a consciência de si mesmo e o reconhecimento do outro 30. Assim, a identidade de um povo é o resultado da identidade individual e coletiva estabelecidas pelos membros de uma mesma comunidade. Ao refletir a identidade local, nos sentidos coletivos e individual, a memória local age reforçando a auto-estima. Pollak escreveu A referência ao passado serve para manter a coesão dos grupos e instituições que compõe uma sociedade, para definir seu lugar respectivo, sua complementaridade, mas também as oposições irredutíveis.31 Então, ao se buscar a identidade, fatalmente chegar-se-á a quem realmente se é. A essência cultural é o que une os povos, permitindo que se reconheçam como grupo, como coletividade diante de sua 28
CASTRO Cláudia Steffens de. Educação para o tursmo: preservação da identidade regional e respeito à cultura imaterial. Fênix – Revista de História e Estudos Culturais. Outubro/ Novembro/ Dezembro de 2008 Vol. 5 Ano V nº 4, ISSN: 1807-6971, Disponível em: www.revistafenix.pro.br
29
BARROS, Luitgarde Oliveira Cavalcanti. Memória, linguagem e identidade – Memória hoje. Morpheus – Revista Eletrônica em Ciências Humanas, ano 02, n. 03, 2003. Disponível em <http://www.unirio.br/cead/morpheus/>.
30
Cf. BETTIO, Valéria Maria da Silva. Movimento Brasileiro: crítica e nacionalismo no Modernismo. Porto Alegre: PUCRS, 2000.
31
POLLAK, Michel. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, CPDOC/FGV, p. 9, 1989.
diversidade. A identidade irá se concretizar a partir da consciência de que a riqueza das pluralidades culturais, reveladas através da memória coletiva, está inserida no potencial de superação de marcas particulares do indivíduo. Até que ponto é possível conservar essa identidade num mundo marcado pela intensificação de fluxos globais de informação? É possível pensar em mundialização da cultura? Castro (2008) 32 afirma que da globalização cultural emergem novas identidades nacionais, regionais e locais agora com novas abordagens. Vê-se atualmente o ressurgimento das culturas populares com algumas de suas características regionais modificadas para atender um novo mercado de consumo de bens simbólicos em um mundo gerido pelos meios de comunicação, de informação e inclusive, do turismo. No caso do Maranhão, com o qual estou mais familiarizado, isso vem ocorrendo com as manifestações do Bumba-meu-Boi, que vem deixando de ser o pagamento de uma promessa a São João, pelos brincantes do Boi, para se transformar em um negócio, formando-se uma ‘companhia de dança’, com músicos e dançarinos profissionais. É de todo pertinente o registro de Carlos de Lima33: “Aos grupos folclóricos moderninhos que insistem em se autodenominar bumba-meu-boi, apropriaram-se na brincadeira junina tradicional e transformaram-na em um show de TV, espetáculo colorido e esfuziante, agradável aos olhos, senão imitação pelos menos inspirados nos grupos de ‘tchan’ ou nas escolas-desamba.” (...) “O antigo rebanho agora se chama quadra de ensaio. Os cordões são alas. A dança primitiva e espontânea obedece a uma coreografia ensaiada por experts de ballets. O amo passou a mestre-sala. Os adereços têm grifes de renomados artistas plásticos. Enfim, o boi sofisticou-se.” (...) “Aliás, realçado pelas reduzidas indumentárias das brincantes que põem em destaque as formas esculturais de verdadeiras modelos. Mas, por que chamá-lo bumba-meu-boi? Por que não classificá-lo, com toda a propriedade e justiça como grupo de dança folclórica, teatro de rua ou coisa equivalente?” O turismo apropria-se de rituais comunitários (alguns dos quais de natureza religiosa) e outros espetáculos dirigidos aos públicos nativos, para convertê-los em shows, muitas vezes aproveitando-se da condição de pobreza dos integrantes dos grupos tradicionais. Aparentemente, essas apresentações seriam interessantes para a divulgação e preservação da cultura popular. O que se verifica, porém, é o estabelecimento de dependência das apresentações ao modelo encomendado pelos órgãos promotores, privilegiando os aspectos visuais do espetáculo, em detrimento da diversidade musical e coreográfica da manifestação folclórica. Além disso, em se tratando de rituais e não de shows, há uma evidente descaracterização de função, da mítico-religiosa para uma função exclusivamente de espetacularização (CASTRO, 2008). Nesse processo de (re)criação e (re) invenção da festa, os rituais, que inicialmente possuíam um caráter quase espontâneo dos valores e das tradições populares dos diversos grupos sociais, vêm sendo apropriados pelos administradores públicos e empresariais, transformando-se em megaeventos, cujo caráter de empreendimento econômico e comercial tornou-se muito acentuado. Uma vez institucionalizados pelo poder público, esses eventos têm assumido a forma de grandes espetáculos urbanos, atraindo pessoas e gerando renda (BEZERRA, 2008) 34. Temos, assim que a relação entre o turismo e cultura local é muitas vezes abordada somente na perspectiva econômica. Para o turismo visto como “explorador”, as tradições e o folclore são formas de agregar valor à sua função produtiva. O uso do folclore por esse tipo de turismo abrange a imposição de transformações nas práticas tradicionais, visando a sua espetacularização, para que se torne a manifestação folclórica atraente ao consumo massivo, descaracterizando assim a autenticidade da manifestação popular em si.35 32
CASTRO Cláudia Steffens de. Educação para o tursmo: preservação da identidade regional e respeito à cultura imaterial. Fênix – Revista de História e Estudos Culturais. Outubro/ Novembro/ Dezembro de 2008 Vol. 5 Ano V nº 4, ISSN: 1807-6971, Disponível em: www.revistafenix.pro.br 33 LIMA, Carlos de . Os bois entre aspas. Boletim da Comissão Maranhense de Folclore, 18, São Luís, dez. 2002, p.15 34 BEZERRA, Amélia Cristina Alves. Festa e cidade: entrelaçamentos e proximidades. Espaço e Cultura, UERJ, Rio de Janeiro, n. 23,jan./jun. de 2008, p. 7-18, 35
Cf. KRIPPENDORF, Jost. Sociologia do turismo: para uma nova compreensão do lazer e das viagens. São Paulo: Aleph, 2000.
A TRAVESSIA NO EXISTENCIAL JOSÉ DE OLIVEIRA RAMOS Nadar é bom. É sempre bom, e é saudável. Melhor ainda, quando é apimentada, ainda que a maior e mais significativa premiação seja apenas o lugar mais alto do pódio – serão vitoriosos, aqueles que não conseguem um dos três lugares, mas terão subido no pódio da autoestima. Fico querendo entender quais são os objetivos dos gestores públicos. São Luís é uma cidade que, provavelmente por ser uma Ilha, tem reduzidos espaços públicos para lazer, isso sem contar com a deturpada forma de pensar de muitos. Como transformar o Parque Rangedor num espaço de lazer, se, ali, não for erigida alguma coisa que, forçosamente, precise desmatar? É a forma de pensar do povo ludovicense. Ainda que não tenha ligação com a letra ou a sonoridade da música escrita pelo cantor e compositor Milton Nascimento, um dos mais significativos eventos esportivos teve início e acontecimento em décadas passadas e agora faz parte do “já teve”! Falo da Travessia Felipe Camarão, um evento da Natação em águas abertas, que consistia em atravessar o trecho entre a praia da Ponta d´Areia até a amurada frontal ao Casino Maranhense. Felipe Camarão, atleta emérito, foi o principal homenageado quando da criação do evento que se pretendia perene. Felipe Camarão era avô paterno do atual Secretário de Educação do Estado do Maranhão, Felipe Costa Camarão, também ex-nadador das principais escolas da modalidade em São Luís, que tiveram como Professor, Carlos Alberto Chitão. Assim como num passe de mágica, um evento tão importante para a prática esportiva para a juventude maranhense não teve receptividade em meio aos gestores públicos. Precisa ser “reativado” com urgência. (JOR)
ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO Replicando os capítulos do Atlas do Esporte do Maranhão, em sua versão atualizada, até o presente momento, e ainda em construção. A partir daqui, as atualizações serão acrescidas em postagens adicionais, e depois incorporadas no texto definitivo, na medida em que novas descobertas se apresentarem.
COM A PALAVRA, OS MESTRES OU A PALAVRA DOS MESTRES O Curso de Capacitação dos Mestres Capoeira do Maranhão teve a seguinte matrícula:
01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09.
Nome ALBERTO PEREIRA ABREU ALCEMIR FERREIRA DE ARAUJO FILHO AMARO ANTONIO DOS SANTOS ANTONIO ALBERTO CARVALHO ANTONIO CARLOS SILVA CARLOS ADALBERTO ALMEIDA COSTA CLÁUDIO MARCOS GUSMÃO NUNES EVANDRO DE ARAUJO TEIXEIRA FLORIZALDO DOS SANTOS MENDONÇA COSTA
Mestre Euzamor Mizinho Marinho Paturi CM Bocuda Militar Cacá Socó Baé
10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30.
FRANCISCO RODRIGUES DA SILVA NETO GENTIL ALVES CARVALHO HÉLIO DE SÁ ALMEIDA JOÃO CARLOS BORGES FERNANDES JOÃO PALHANO JANSEN JOAQUIM ORLANDO DA CRUZ JORGE LUIS LIMA DE SOUSA JOSÉ MANOEL RODRIGUES TEIXEIRA JOSÉ NILTON PESTANA CARNEIRO JOSÉ TUPINAMBÁ DEVID BORGES LUIS AUGUISTO LIMA LUIS GENEROSO DE ABREU NETO MÁRCIO COSTA CORREA NELSON DE SOUZA GERALDO OSIEL MARTINS FREITAS PEDRO MARCOS SOARES REGINALDO FERREIRA DE SOUSA ROBERTO JAMES SILVA SOARES RUI PINTO CHAGAS SILVIO JOSÉ DA NATIVIDADE PEREIRA CRUZ VICENTE BRAGA BRASIL
Leitão Til Gavião Tutuca Curió CM Diaco Jorge Navalha Manoel Niltinho Negão Senzala Generoso Mulato Canarinho Indio Pedro Reginaldo Roberto Rui Formiga Atômica Pirrita
Mestre Patinho estava inscrito, mas veio a óbito antes de seu início; foi substituído; e já com o curso em andamento, Alberto Euzamor também veio a falecer; portanto, apenas 29 são os ouvintes. A disciplina “História e Desenvolvimento da Capoeira”, com carga horária de 30 (trinta) horas/aula, ministrada às terças e quintas-feiras, no horário das 18 às 22 horas, no Auditório do Núcleo de Esportes da UFMA/ Departamento de Educação Física. No seu encerramento, se tomaram os depoimentos dos Alunos-Mestres, divididos em grupos de cinco participantes, exceto um dos grupos, haja vista apenas 29 os matriculados; o objetivo foi o de registrar, por escrito e em consenso, algumas questões que precisavam ser esclarecidas, acerca do desenvolvimento da História/Memória da Capoeira no/do Maranhão, que ficaram patentes quando das discussões que surgiram durante as aulas. Na formação dos grupos, pediu-se que se reunissem por afinidades, não havendo intervenção na sua formação, exceto que, quando completados os cinco componentes, este estaria completo; apenas o ultimo grupo, com quatro componentes, não obedeceu essa orientação, pois foi constituído por aqueles que chegaram depois do horário de início das atividades, o que, de certa forma, se constituiu numa afinidade – o atraso ao chegar à aula... Pediu-se, também, aos Mestres um histórico de vida na Capoeira; se constituirá no “Livro-Álbum dos Mestres Capoeira do Maranhão”. Do cotejamento das biografias – História(s) de Vida -, e dos depoimentos/respostas ao questionário apresentado ao final do curso, se procurará reescrever a Memória/história da Capoeira do Maranhão, em especial dos últimos 50/60 anos. Os grupos serão nominados – 1 a 6 -, identificados seus componentes – 1 a 5 -, e transcritas as respostas que deram. Ao se reescrever essa memória, no lugar adequado, se identificarão os grupos, e seus depoentes, quando da utilização do depoimento apresentado; quando se se utilizar da biografia de cada Mestre ou Contramestre, este será também identificado, como fonte. Sempre que possível, e como em algumas memórias se utilizou de entrevistas dadas a alguma mídia, esta será, também, identificada, como a fonte do falar/dizer.
1. 2. 3. 4. 5.
GRUPO 1 NOME ANTONIO ALBERTO CARVALHO JOÃO PALHANO JANSEN FLORIZALDO DOS SANTOS MENDONÇA COSTA JOÃO CARLOS BORGES FERNANDES ROBERTO JAMES SILVA SOARES
MESTRE PATURI CURIÓ BAÉ TUTUCA ROBERTO
GRUPO 2 NOME MESTRE 1. CARLOS ADALBERTO ALMEIDA COSTA MILITAR 1. JOSÉ TUPINAMBÁ DAVID BORGES NEGÃO 2. MÁRCIO COSTA CORTEZ CM MÁRCIO 3. LUIS AUGUSTO LIMA SENZALA 4. AMARO ANTONIO DOS SANTOS MARINHO GRUPO 3 NOME MESTRE 1. ALCEMIR FERREIRA ARAÚJO FILHO MIZINHO 2. EVANDRO DE ARAUJO TEIXEIRA SOCÓ 3. JOAQUIM ORLANDO DA CRUZ CM DIACO 4. ANTONIO CARLOS DA SILVA CM BUCUDA 5. JOSÉ NILTON PESTANA CARNEIRO NILTINHO GRUPO 4 NOME MESTRE 1. VICENTE BRAGA BRASIL PIRRITA 2. RUI PINTO CHAGAS RUI 3. GENTIL ALVES CARVALHO TIL 4. EVANDO DE ARAUJO TEIXEIRA SOCÓ 5. LUIS GENEROSO DE ABREU NETO GENEROSO GRUPO 5 NOME MESTRE 1. JORGE LUIS LIMA DE SOUSA JORGE NAVALHA 2. CLÁUDIO MARCOS GUSMÃO NUNES CACÁ 3. PEDRO MARCOS SOARES PEDRO 4. NELSON DE SOUSA GERALDO CANARINHO 5. REGINALDO PEREIRA DE SOUSA REGINALDO GRUPO 6 NOME MESTRE 1. JOSÉ MANOEL RODRIGUES TEIXEIRA MANOEL 2. FRANCISCO RODRIGUES DA SILVA NETO LEITÃO 3. HÉLIO DE SÁ ALMEIDA GAVIÃO 4. SILVIO JOSÉ DA NATIVIDADE FERREIRA CRUZ CM FORMIGA ATÔMICA Respondam ao que se pede; a resposta deve ser consensual dentro do grupo formado; em caso de divergência do consenso, registrar à parte 1. EXISTE UMA CAPOEIRA GENUINAMENTE MARANHENSE? O QUE A CARACTERIZA? EM QUE É DIFERENTE, POR EXEMPLO, DA ANGOLA, REGIONAL, E/OU CONTEMPORÂNEA? GRUPO 1. Todos concordam que ‘sim’; se caracteriza pela forma de jogar, de se adaptar e não se define por ‘estilo’; a maior diferença da Capoeira Maranhense para a Angola, Regional, ou Contemporânea é a metodologia de ensino tradicional praticada no Maranhão, com suas influencias da cultura do Maranhão; exemplos: Bumba-meu-boi, Tambor de Crioula, Punga. GRUPO 2. A principal característica era o jogo solto, com floreios e movimentos oscilantes com jogo alto e rasteiro obedecendo ao toque do berimbau. GRUPO 3. Sim; seu jogo executado nos três tempos (embaixo, no meio, e em cima); musicalidade e o seu espírito de jogo
GRUPO 4. Existe a Capoeira Maranhense, e tem uma característica própria, pois a mesma é jogada de forma diferenciada, sempre seguindo os toques executados. A Capoeira Maranhense é diferente da Angola, Regional, e Contemporânea porque ela é jogada de forma diferente, não seguindo as tradições da Angola, regional e Contemporânea. GRUPO 5. Sim, Capoeira Ludovicense, praticada na Ilha de São Luís, caracterizada pela ginga e aplicação de golpes e movimentos diferenciados da Capoeira Angola tradicional, da Capoeira Regional, e da Capoeira Contemporânea, por exemplo: não se tinha ritual, nem formação de bateria, eram usados toques da capoeira Angola, são Bento Pequeno de Angola, São Bento Grande de Angola e samba de roda. GRUPO 6. Existe; se diferencia porque é jogada em três tempos (ritmos): Angola, São Bento Pequeno e São Bento Grande; o que a diferencia são as influencias muito fortes da mossa cultura e da nossa região. 2. SOBRE A CAPOEIRA ANTERIOR A SEREJO E SAPO, VOCE JÁ CONHECIA A SUA HISTÓRIA? QUAIS ‘GRUPOS’ EXISTIAM ANTES – CONSIDERANDO QUEM LIDERAVA E O SEU LOCAL DE REUNIÃO E APRESENTAÇÃO... GRUPO 1. Todos concordaram conhecer parcialmente a sua História; todos concordaram que existiam grupos de pessoas, por exemplo, Betinho (hoje, Mestre Paturi). Elmo Cascavel, Babalú, Alderbam, Alô e Leocádio; (os líderes eram) Manoelito, Leocádio, Alô e Paturi; (quanto aos locais) Rio das Bicas, Bairro de Fátima, Parque Amazonas (antiga fábrica de arroz) GRUPO 2. Existem relatos que existiam grupos de pessoas que se reuniam em vários pontos da cidade, tais como: Mercado Central, Praia Grande, nos Portos, Sítio do Apicum, e em frente ao Cemitério do Gavião. Nesta época não existia grupos de capoeira, mas existiam relatos que um cidadão cujo apelido Caranguejo se reunia nos fins de tarde com outras pessoas para realizar roda de capoeira nas imediações do Cemitério do Gavião. GRUPO 3. Entendemos que tem uma 1ª fase em 1835; os negros se encontravam no Canto da Viração, jogando ‘Carioca’; 2ª fase – final dos anos 50, com a chegada de Roberval Serejo, o qual formou o Grupo Bantu de capoeira; 3ª fase – em 1968, dá-se a chegada do Anselmo Barnabé Rodrigues (Mestre Sapo); promoveu várias atividades: criação das escolinhas de Capoeira; prática da capoeira nos CSU; representou o estado do Maranhão no Campeonato Brasileiro, em São Paulo; inseriu a Capoeira nos JEMs. GRUPO 4. Não era de nossa época, não tínhamos informações da mesma, nem da sua História e não das suas lideranças e grupos. GRUPO 5. Não, apenas tínhamos conhecimento através de pesquisas que existiam pequenos grupos de capoeiristas chamados ‘maltas’ . GRUPO 6. Temos conhecimento da existência da capoeira antes do Mestre Sapo e Roberval Serejo, liderada por sua vez por Mestre Diniz, que costumavam reunir-se na Barrigudeira e faziam suas apresentações na Praia do Olho D´Água 3. NO ENTENDIMENTO DO GRUPO, QUAIS AS FASES QUE A CAPOEIRA DO MARANHÃO – OU A PRATICADA NO MARANHÃO, APRESENTA? PODEMOS CARACTERIZÁ-LA? QUAIS OS PERIODOS, PRECURSORES, PRINCIPAIS ATIVIDADES?
GRUPO 1. Fases da Capoeira são quatro: em São Luis, Salvador, Recife, e Rio de Janeiro. (característica) Punga, Capoeiragem, Carioca, Batuque; Mistura de Capoeira e Regional; (atividades) Betinho (hoje, Mestre Paturi), Sapo, Serejo GRUPO 2. A marginalização, depois da Abolição da Escravatura, por falta de moradia e trabalho, os negros praticavam furtos; A proibição de 1890 a 1937; A libertação da capoeira aconteceu na década de 30 com a prática da mesma em escolas e academias; Na década de 30/40, apareceu Firmino Diniz; Na década de 60, apareceu Roberval Serejo, Diniz, Jessé, Babalu, Gouveia, Ubirajara, alô, Patinho, Didi, Elmo Cascavel, dentre outros; no final dos anos 60 retorna à São Luis o Mestre Sapo (Anselmo barnabé Rodrigues); dosd anos 80 até os dias atuais, houve a organização de grupos e associações legalmente registradas. GRUPO 3. Entendemos que tem uma 1ª fase: em 1835, os negros se encontravam no Canto da Viração, jogando ‘carioca’; 2ª fase: final dos anos (19)50, com a chegada de Roberval Serejo, o qual formou o Grupo Bantu de Capoeira; 3ª fase: em 1968, da-se a chegada do Anselmo Barnabé Rodrigues (Mestre Sapo); promove várias atividades: criação das Escolinhas de Capoeira; prática da capoeira nos CSU; representou o estado do Maranhão no Campeonato Brasileiro, em SP; inseriu a Capoeira nos JEMs. GRUPO 4. Em nosso conhecimento, existia uma primeira fase em que se reuniam no sítio Veneza, Diniz, Roberval Serejo, Jessé, Manoel Peitudinho e outros; 2ª fase foi com as chegada do Mestre Sapo, que deu uma grande alavanca na Capoeira do nosso estado; 3ª fase: com AM morte de Mestre sapo, surgindo vários capoeiristas se organizando com grupos de trabalhos em vários bairros. GRUPO 5. No nosso entendimento, consideramos as décadas como fases da Capoeira do Maranhão, sendo do seguinte modo: Década de 60: precursores – Roberval Serejo e Anselmo Barnabé Rodrigues: surgimento do primeiro de Capoeira (Bantu) e da primeira escola de capoeira, no Ginásio Costa Rodrigues; nesse período foi criada a primeira associação de capoeira, ALCA –Associação de Capoeira Angola, de Mestre Sapo. Década de 70: precursores – Antonio José da Conceição (Mestre sapo) inicia trabalho de capoeira em acsdemiae e clubes sociais, roda de capoeira em praias (Ponta d´Areia, Olho d´Água, e Araçacy) e praças (Deodoro, e Gonçalves Dias). Década de 80: precursores: Mestre Pirrita e Jorge Navalha; Movimento de surgimento de grupos de capoeira – Grupo de Capoeira Aruandê (Pirrita); Grupo de Capoeira Marabaiano (Mestre Jair), Filhos de Aruanda (Mestre Jorge), Grupo Cascavel (Mestre Vanio) e outros; caracterizava-se pela metodologia, ou seja, métodos de treinamento (seqüências e combinações), realização de eventos, como: Capoeira nos Bairros, Encontro de Capoeiristas, Torneio de Capoeira (competição esportiva). Década de 1990: surgimento de associações de capoeira, ligas de capeoira e fundação da primeira Federação de Capoeira do Maranhão (FMC), fundada pelos Mestres Sena, Jorge e Paturi (Associações Cativos, filho de Aruanda e de Apoio da Capoeira). Década de 2000: surgimento da Liga de Educadores de Capoeira da Área Itaqui-Bancanga – LECHB -; destacou-se pela realização de festivais, competições desportivas, apresentações culturais e ações sociais. A LECAIB era formada pelos Mestres Jorge, Nelson, Kaká, Cadico, e Juvenal, e os Contramestres Reginaldo, Neto, Presuntinho e Cafezinho. GRUPO 6. Quais as suas fases: de 1929 a 1935, iniciou-se com o Mestre Firmino Diniz; 1950, com o Mestre Roberval Serejo, que comandava o Grupo Bantus; em 1968, inicia-se a trajetória do Mestre Sapo no Maranhão; finalizando 1982, após a sua morte, em 1985, começa o período da organização dos grupos. Principais atividades: torneios, grandes rodas, festivais de canto e toque, competições.
4. DA CAPOEIRA ANTERIOR À CHEGADA DE SEREJO/SAPO, COMO VOCE A CARACTERIZARIA? QUAL A FORMA QUE SE APRESENTAVA? QUEM ERAM OS PRINCIPAIS LÍDERES DAQUELA ÉPOCA? GRUPO 1. Uma Capoeira restrita, fechada; Firmino Diniz, Baianinho, Caranguejo, e Manoel Peitudinho. GRUPO 2. Era caracterizada como Capoeira Primitiva, e se apresentava informalmente; os principais eram Caranguejo e Firmino Diniz. GRUPO 3. Caracterizamos como uma capoeira isolada; não tinha caracterização pelo fato de ser restrita e discriminada; Líder dessa época só conhecemos o Mestre Firmino Diniz. GRUPO 4. Da capoeira anterior não temos conhecimento; com a chegada de Serejo e sapo deu-se um grau de crescimento na capoeira do Maranhão, com a capoeiragem de Serejo e a capoeira de Sapo com a característica da Angola, surgiu a Capoeira do Maranhão. GRUPO 5. Não tinha informações deste período, as poucas informações que tínhamos eram através de pessoas, com poucas informações ou quase nenhuma. GRUPO 6. Sua principal característica é uma capoeira primitiva e sem mestre. 5. DO PERIODO DE SAPO/SEREJO – 1960-1980 – COMO VOCE A DEFINE? QUAIS AS CARACTERISTICAS? QUAIS AS MODIFICAÇÕES INTRODUZIDAS? SOMENTE A PARTIR DAÍ, PODE-SE FALAR DE UMA CAPOEIRA DO MARANHÃO? GRUPO 1. Capoeira de Rua; o jogo era feito ao som do disco vinil na porta de casa; a partir da Escolinha do Mestre Sapo; Não. GRUPO 2. Era Capoeira de Rua (fundo de quintal). Praticada por Serejo e seu Grupo Bantu; e de academia e escolas da vertente do Mestre Sapo. GRUPO 3. A capoeira já começa a ser divulgada e conhecida pela sociedade; se caracterizava como capoeira objetiva (luta); sim, com certeza: a partir dessa época temos dados que comprovam a organização e formação da Capoeira do Maranhão. GRUPO 4. Como a capoeira maranhense ficou a característica de Angola e da Capoeiragem os principais líderes: sapo, Serejo, e Diniz. GRUPO 5. Nesse período definimos como ‘capoeiragem’, com as características de realizações de rodas de rua, praças e praias e logradouros; foi introduzida a metodologia de treinamento para escolas de capoeira, musicalidade e realização de competições desportivas de capoeira. Sim, podemos dizer que a partir daí surge uma capoeira ludovicense. GRUPO 6. Como uma capoeira educativa, sua característica: a inclusão de floreios acrobáticos, uma formação de bateria e seus cânticos, tendo como principal liderança o Mestre Sapo. 6. COMO VOCE CHAMARIA, OU DEFINIRIA, A CAPOEIRA PRATICADA, HOJE, NO MARANHÃO? O QUE É O ‘JOGAR NOS TRES TEMPOS’? É ESSA A CARACTERISTICA? GRUPO 1. Capoeira Tradicional Maranhense; jogo baixo, intermediário e em cima I as três alturas ou as três distancias; sim
GRUPO 2. É definida em grupos, associações, Federações, sendo que cada um tem seu estilo de jogo e sistema de graduação GRUPO 3. Denominamos como “capoeira mista”, ou seja, incutir o novo no velho sem molestar as raízes. Jogar em um determinado toque as três alturas Angola, são bento Pequeno e são Bento Grande. GRUPO 4. Como a Capoeira Maranhense se joga nos três tempos e joga no toque de Angola, São Bento pequeno e Sã bento Grande de Angola (jogo em baixo, no meio, e em cima) essa é a característica maranhense. GRUPO 5. Definiríamos como ‘capoeira mista’, jogada nos três tempos, que significa os três toques do berimbau, Angola, S.B. P. de Angola, e S.B.G de Angola. GRUPO 6. Se define como uma capoeira mista, por assim ser jogada em três tempos: jogo de chão, malícia: 2º no são Bento pequeno, que um jogo de muita acrobacia e destreza e, 3º o São Bento Grande, que é um jogo em cima rápido e de combate. 7. O QUE ACONTECEU APÓS A MORTE DE SAPO? A CAPOEIRA SAIU DAS RUAS DO CENTRO? PORQUE? COMO SE DEU SEU RETORNO? CARACTERIZE O PERIODO DE 80/85 A 90/95 GRUPO 1. Deu-se uma parada nas Rodas, nas Praças – Gonçalves Dias; (seu retorno se deu) através de Mestre Diniz, foi que continuou as Rodas (Mestre Paturi); as rodas de ruas (Deodoro, Olho D´Água, Gonçalves Dias; padronização dos uniformes, admissão de graduações internas, organização dos grupos e eventos, intercambio estaduais e a fundação de Federação. GRUPO 2. Após a morte de Sapo o ciclo dele se encerra; contudo houve a expansão da Capoeira através do surgimento de vários grupos. Através desses grupos eram realizadas rodas em praças públicas, amostras e competições GRUPO 3. A Capoeira do Maranhão se expandiu com a criação de vários grupos, em São Luis. Com a criação de grupos, a capoeira passou a ser mais praticada em recintos fechados, como: escolas, associações, terreiros de Mina. Retorna com uma padronização de uniformes, instrumentação e disciplina. Implantação do sistema de graduação pelo Mestre Pezão, na década de (19)90. GRUPO 4. Com a morte de Sapo, os capoeiristas buscam uma nova organização, criando grupos, academia e começam a divulgar a capoeira mais freqüente. GRUPO 5. Após a morte de Sapo, começou o movimento de surgimento de grupos de capoeira, sim, a capoeira saiu das ruas, começou a se organizar, passando a ser desenvolvida em espaços fechados, como escolas, academias e clubes. O período de 80/85 a 90/95 caracteriza a organização da Capoeira do Maranhão. GRUPO 6. Deu-se o esfriamento do movimento da capoeira, ressurgindo a partir de 1985, com a formação de grupos, apresentando-se nos bairros, praças e locais públicos. Nos anos 90/95 foi a explosão da Capoeira Maranhense na mídia, tendo muita repercussão pelas emissoras de televisão. 8. QUAL, QUEM, COMO, E PORQUE HOUVE A NECESSIDADE DE UM MOVIMENTO ‘PRÓ-CAPOEIRA’ A PARTIR DE MEADOS DO 85? ONDE ACONTECEU? QUAIS OS RESULTADOS?
GRUPO 1. Mestres Jorge e Pirrita e Mestre Leles, Madeira, para a divulgação da organização dos grupos de capoeira no Maranhão; Sá Viana, Bairro de Fátima, anjo da Guarda, Coroadinho, Liberdade, etc.; foi positivo no sentido de fortalecer a interação entre os grupos GRUPO 2. Foi a Associação Aruandê, com os Mestres Jorge e Pirrita, na área Itaqui-Bacanga, no Teatro Itaqui-Cucuiba, e teve como resultado o fortalecimento da Capoeira; a partir daí, outros grupos da cidade passaram a realizar outros eventos, em prol da Capoeira GRUPO 3. Pelos Mestres Pirrita e Jorge, com o objetivo de divulgação da capoeira. Muitos adeptos na prática da capoeira, a popularização da capoeira criando uma boa imagem da capoeira.Foi feito o Pré-capoeira no Bairro do Anjo da Guarda, no Teatro Itapicuraíba. GRUPO 4. O movimento ‘pró-capoeira’ surgiu na área Itaqui-Bacanga através dos grupos ‘Aruandê’ do Mestre Pirrita, ‘Filho de Aruanda’, do Mestre Jorge, como forma de apresentações individuais dos grupos que fizeram parte desse movimento, entre eles ‘Cascavel’, ‘Filho de Ogum’, ‘Unidos dos Palmares’, e outros. Esse movimento teve como objetivo uma maior organização da Capoeira, pois a mesma se encontrava no anonimato; com a realização do movimento pró - capoeira surgiu, em São Luis, vários grupos de capoeira com objetivo de uma maior organização e expansão em toda São Luis. GRUPO 5. Projeto “Capoeira nos Bairros”, e “Movimento Pró-Capoeira”; com os Mestres Jorge e Pirrita; com a mobilização de grupos de capoeira; para a organização e transformação dos grupos em associações, surginmdo a partir daí, a Federação Maranhense de Capoeira – FMC -, no ano de 1990. GRUPO 6. Pela necessidade de revitalizar e divulgar a capoeira, que estava muito dispersa nas periferias dando por sua vez uma nova fase a este movimento, tendo como protagonizadores Pirrita, Jorge, Neguinho do Pró-dança. 9. QUAIS AS PRINCIPAIS CARACTERISTICAS DOS GRUPOS/NUCLEOS DE CAPOEIRA, HOJE EXISTENTES, E O QUE OS DIFERENCIA DAQUELES PRIMEIROS GRUPOS, FORMADOS A PARTIR DA ‘BANTUS’, E QUEM ERAM/SÃO AS LIDERANÇAS? GRUPO 1. Padronização, sistema de graduação, metodologia de ensino, sistema administrativo; diferencial, a gestão administrativa; Mestres e Contramestres, e Professores (Formados) GRUPO 2. Nos dias atuais, a diferença é a organização, com o uso de uniformes, sistemas de graduação, criação de Federações e associações, com apresentações culturais e com o reconhecimento de Mestre. São liderados pelos Mestres, Contramestres e Professores. GRUPO 3. Sua padronização de uniformes, musicalidade, instrumentação, didática, metodologia de ensino. Eram liderados por Mestre Índio, Mestre Patinho, Pirrita, Jorge, Miguel, Ribaldo, De Paula, (Começo dos anos 80). GRUPO 4. Hoje, a maioria dos grupos e associações são reconhecidos por poder jurídico, os grupos anteriores eram formados por pessoas anônimas, sem poder jurídico. GRUPO 5. Os Grupos/Associações, hoje existentes, possuem um método de treinamento e suas características são: 1. Organização; 2. Uniforme de treinamento, com logo e identificação; 3. Sistema de graduação; 4. Lideranças – professores, contramestres e mestres. GRUPO 6. Hoje, os grupos são mais organizados, com registros jurídicos, federações e maior numero de participantes.
10. COMO SE DEU A INSTITUIÇÃO DO RECONHECIMENTO DO ‘MESTRE CAPOEIRA’ NO MARANHÃO? A PARTIR DE QUE DATA? E A INSTITUIÇÃO DOS SISTEMAS DE GRADUAÇÃO? GRUPO 1. Através da FMC – Federação Maranhense de Capoeira - e a FACAEMA – Federação de Capoeira do Estado do Maranhão – 1994 à 2003; as Federações, FMC e FACAEMA GRUPO 2. Reconhecimento popular, e também reconhecimento pelo segmento; usava-se o sistema da Federação Brasileira de Pugilismo na década de 70 GRUPO 3. Mestre Sapo usava uma graduação muito restrita, em meados da década de (19)70; em 89, chega a são Luis a graduação pelo Mestre Pezão; em 1990, fou fundada a FMC (Federação Maranhense de Capoeira); em 2001, foi fundada a FACAEMA (Federação de Capoeira do Estado do Maranhão). GRUPO 4. No Maranhão não existia uma unificação no sistema de graduação, cada mestre e graduado por sua instituição que o mesmo faz parte; exemplo: Federações, Associações que têm um sistema próprio. GRUPO 5. Na década de 70, quando os capoeiristas do Maranhão começaram a adotar o sistema de graduação da C.B.P. (Confederação Brasileira de Pugilismo), nasce a hierarquia na Capoeira. GRUPO 6. O reconhecimento do Mestre de Capoeira deu-se pela necessidade da formação e da titulação de um profissional mais presente e qualificado por meio de uma graduação e certificado. 11. COMO O GRUPO VÊ A ATUAÇÃO DO ‘FORUM PERMANENTE DA CAPOEIRA DO MARANHÃO’? GRUPO 1. Um forma democrática de discussão para a organização, valorização, divulgação e políticas públicas para a Capoeira. GRUPO 2. Vemos como um grande avanço da Capoeira do Maranhão onde as idéias podem ser debatidas por todos livremente. GRUPO 3. Vemos como uma complementação dos grupos existentes em conjunto buscando políticas públicas e a afirmação da própria capoeira como segmento social. GRUPO 4. Com a criação do Fórum Permanente, a capoeira ganha um grande aliado, conseguindo junto ao IPHAN a salvagem quando da Capoeira me junto à UFMA o Curso de Capacitação dos Mestres do Maranhão. GRUPO 5. A atuação do Fórum ainda é muito tímida para as pretensões da Capoeira do Maranhão. GRUPO 6. O grupo vê o Fórum como um grande aliado no desenvolvimento de políticas publicas para o movimento voltado a capoeira 12. O QUE SIGNIFICA, PARA A CAPOEIRA DO MARANHÃO, O CURSO DE CAPACITAÇÃO?
GRUPO 1. Uma qualificação para uma melhor formação dos Mestres de Capoeira, com conhecimento aprofundado historicamente da capoeira GRUPO 2. Significa um grande avanço da capoeira do Maranhão, com a capacitação dos Mestres, ajudando no desenvolvimento e fortalecimento da nossa Capoeira GRUPO 3. Uma complementação dos conhecimentos existentes dos Mestres com os conhecimentos científicos proporcionando um ensinamento técnico, científico e cultural. GRUPO 4. Através do Curso de Capacitação, os Mestres tiveram um maior conhecimento da área da Anatomia e um grande conhecimento da história da Capoeira do Maranhão. GRUPO 5. Reconhecimento por parte de um órgão de ensino e pesquisa federal dos trabalhos dos Mestres de Capoeira do Maranhão. GRUPO 6. Significa uma grande evolução e qualificação para os profissionais do segmento capoeira 13. COMO VOCE AVALIA A DISCIPLINA ‘HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO DA CAPOEIRA’? GRUPO 1. Aprimoramento e desenvolvimento de uma linguagem única da História da Capoeira no contexto geral. GRUPO 2 Como positiva, pois estamos ampliando os nossos horizontes de forma geral sobre a Capoeira. GRUPO 3. Avaliamos uma disciplina de extrema importância com embasamento dos nossos conhecimentos já existentes; GRUPO 4. Excelente e eficaz. GRUPO 5. Um resgate da História da Capoeira do Brasil e do Maranhão GRUPO 6. Excelente. 14. REALIZAÇÃO DO 1º CONGRESSO TÉCNICO DA FACAEMA NA ACADEMIA DE MESTRE EDMUNDO GRUPO 3. No ano de 2001, reuniu-se na Academia de Mestre Edmundo representantes da Capoeira de vários segmentos, para a padronização de uma bateria, que seria única, nos grupos filiados à FECAEMA. Estavam presentes, da Capoeira Angola: Marco Aurélio, Abelha, Piauí; de outros segmentos: Índio, Baé, Mizinho, Paturi, Ciba, Edmundo. Decidimos cantar no Gunga e no Médio.
LIVRO-ÁLBUM
MESTRES CAPOEIRA DO MARANHÃO
GENEALOGIA DE MESTRE PATINHO
Mestre PEZÃO
JOSÉ DE RIBAMAR TEIXEIRA SILVA 1956
MESTRE ESTILO DADOS PESSOAIS MESTRE GRUPO/NÚCLEO
Mestre Mestre Bartô (José Paulo) PEZÃO Regional (Mista) Capoeiragem Tradicional Maranhense JOSÉ DE RIBAMAR TEIXEIRA SILVA São Luís – Ma – 26 de dezembro de 1956 Filiação: Humberto Silva e Maria de Nazaré Teixeira Silva Endereço Rua Paquyistão, c 01, q. 35B – Anjo da Guarda Fone 3242 - 2272 Bartô (José Paulo)
HISTÓRIA DE VIDA Desde rapazinho tive vocação por capoeira só que não tinha condição financeira e nem alimentação adequada , fazia o que podia. Para melhorar seu potencial viajou pra avaria cidades, morou em Brasília, onde passou 16 anos; participou de várias rodas de capoeira, voltou a São Luís contando história; já trabalhou com James Adler e Otávio Leão (academia). Se acha um vencedor por ter passado por vários obstáculos. Hoje só treina de vez em quando, faz uma roda de capoeira. Tem participação no CD “Capoeira 500 anos” com duas músicas de sua autoria – Sacode Negra e Tanta mentira; outro CD da Associação de capoeira Ave Branca “Dia de Roda”. Tem uma filha e, perguntado se a colocaria na capoeira, respondeu que não, porque hoje a capoeira é muita violenta, não é mais tranqüila, não tem mais aquele prazer de jogar aquela agilidade. A capoeira regional foi criada por Mestre Bimba (Manoel dos Reis Machado) na década de 30. Participou das seguintes rodas e campeonatos: - VI Grande Roda de Capoeira - Troféu Beribazu – 3º lugar - Brasília-DF, 1981 - Absoluto de 82 – 4º lugar – - Troféu GPT FN Brasília – julho de 83 - Grupamento Fuzileiro Naval - Brasília - DF - RBC Adulto - Vice-campeão - Brasília – 1983 - Exibição coletiva e 2º combate - Campeão Brasília 85 - IX ENCA/99 – Mestre Gilvan Brasília - DF - Circuito Maranhense de Lutas (Mira Sport) Campeão invicto – quatro lutas - I Festival de Canto de Capoeira (Ladainha) APCEF-MA 3º lugar
Mestre SENA (?) ROBERVAL DE SENA PALHANO 1976 Estilo
Mestre Graduado Mestre pela CBP, RJ
Nome ROBERVAL DE SENA PALHANO Filiação Márcio Palhano – Cláudia de Sena Palhano Local e Data de nascimento São Luís – Ma – 27 de janeiro de 1976 Endereço Av. Kennedy – Vila Militar Endereço Eletrônico Academia Associação Cativeiros da Capoeira HISTÓRIA DE VIDA Formado em Educação Física; Curso de Organização e Métodos, pela UFMA; Curso de Musculação pela CBS – SP; Curso de Árbitro de Capoeira, tendo participado do I Campeonato Maranhense de Capoeira Juvenil, 1981; I Campeonato Maranhense de Capoeira Adulto, 1981; I Campeonato de Capoeira de Volta Redonda,1986; I Festival de Capoeira da AABB, Niterói, 1988; funddor da Liga Imperatrizense de Artes Marciais, 1992; Fundador da Federação Maranhense de Capoeira;
Entrevista realizada por Henrique de Jesus Sousa Diniz
Mestre AÇOUGUEIRO (1967)
JOÃO JOSÉ MENDES SILVA
1950 Estilo Angola e Regional
Mestre Mestre Sapo
Nome João José Mendes Silva Filiação José Ribamar Silva e Joana Mendes Silva Local e Data de nascimento São Luis, 1º. De julho de 1950 Endereço Rua 8, casa 65 IV Conjunto da Cohab Anil Academia HISTÓRIA DE VIDA Iniciei o aprendizado com 17 anos de idade e comecei a dar aulas em 1977, na cidade de Bacabal-Ma; eu fui introdutor da capoeira em Bacabal; lá, eu tinha uma escolinha – Grupo de Capoeira Angola – no CSU e deixei um aluno capoeira chamado Pinta ministrando as aulas. O nome Açougueiro eu ganhei na escolinha do Mestre Sapo, que funcionava no Costa Rodrigues, num jogo com um capoeira chamado Boi, na roda de sexta-feira, que recebeu um martelo no braço aplicado por mim. Aí a turma gritou: quer matar o Boi, açougueiro? E o nome pegou Fui contra-mestre de Mestre Sapo e uso a graduação que Mestre Sapo seguia do Mestre Zulu, de Brasília, do Grupo Biribazu O Mestre Sapo foi aluno dos Mestre Pelé e Canjiquinha, da Bahia Orientava o grupo África, que funcionava na Escola Agrotécnica Federal, onde dava aulas de Capoeira, entre 1998 e 2003 No momento esta sem alunos, mas esta pensando em formar novo grupo
Mestre DE PAULA (1973)
FRANCISCO DE PAULA BEZERRA 1956 MESTRE ESTILO DADOS PESSOAIS
DE PAULA Regional e Angola FRANCISCO DE PAULA BEZERRA São Luis, 02 de abril de 1956 Filiação: João Bezerra e Maria de Lourdes Bezerra Formado em administração de empresa
MESTRE SAPO HISTÓRIA DE VIDA Foi aluno de Mestre Sapo, e treinou dois estilos, o Regional e Angola, se destacando melhor no estilo Angola; pertence a academia e possui dois alunos, inclusive é mestre de Mestre Gudemar e atualmente apenas pratica na academia, sempre conciliando com o serviço de Policia Civil.
Me chamo: Francisco de Paula Bezerra, filho de João Bezerra e Maria de Lourdes Bezerra, natural de São Luis-Ma, nascido em 02 de Abril de 1956, formado em administração de empresa. A minha intimidade com a capoeira nasceu em 1973, quando conheci o mestre “Anselmo Barnabé Rodrigues, conhecido como Mestre Sapo", o mesmo ensinava capoeira pela SEDEL " Secretaria de Esporte e Lazer, que na época era uma secretaria que lidava com esporte do estado, e o mestre Sapo era funcionário do órgão, e usava o Ginásio para praticar e lecionar a capoeira , foi ai que comecei a fazer uso e treinar no ginásio, nos horários das 18: 00 horas , nos dias : SEGUNDA , QUARTA E SEXTA. Na época tinha uma amizade construtiva com mestre, existia um respeito grande, que vê ultimamente; existia as rodas como: Praça Gonçalves Dias, e outras, onde capoeiristas sempre fazia presente como : Babalú, Gouveia (falecido) Cordão de Curador, Batista, Magrinho, e muitos outros, como também participei de campeonatos, enfim, foi onde tive oportunidade de vivenciar o mundo da capoeira.
já não alguns Prata, eventos
Hoje participo de poucos encontros, isso porque existem tantas pessoas se titulando mestre, e a capoeira perdeu sua essências" A minha intimidade com a acapoeira foi com 16 anos, em 1974, quando passei a treinar com mestre Sapo, com o decorrer do tempo comecei a participar das rodas de capoeira, onde o mestre DINIZ fazia em determinados pontos da ilha, como: Parque do Bom menino, Praça Gonçalves Dias, Veneza (Alemanha) e outros..pois na época o único que tinha instrumento , como atabaque e berimbaus. O meu estilo era regional e angola "
Mestre RAIMUNDÃO (1976)
RAIMUNDO APRÍGIO MENDES 1956 Entrevista com o prof. Raimundo Aprígio Mendes, realizada no dia 31/08/2001 com inicio às 15horas e 5 minutos no Ginásio de Esportes Rubem Goulart situado no bairro do João Paulo.
São Luis, 06 de setembro de 1956 R – Bem, eu vivo na área de educação física, mas na verdade, eu sou formado em Química Industrial, me formei em 1992 na Universidade Federal do Maranhão, mais tenho uma larga experiência não só como atleta, mas também como técnico; fiz vários cursos técnicos na área de Ginástica Olímpica, tanto a nível estadual como também fora de nosso Estado, tenho curso ate Internacional de Técnicas de Ginástica Olímpica, realizado no Flamengo em 1996. R – É, eu comecei a minha vida como atleta na década de 1978. Eu treinava Capoeira já uns dois anos antes, eu participava, eu fazia parte grupo do Mestre Sapo, do falecido Mestre Sapo, que funcionava no Ginásio Costa Rodrigues; nos trinávamos sempre no período da tardezinha, tipo assim 17:30 e ... ia até 20:30 horas. em 76; Aí, o professor Dimas apareceu no final de 1977, à procura de pessoas que tivessem uma boa habilidade para a pratica da Ginástica Olímpica então... Nessa época, tinha 14 anos. Então, ele buscou muitos alunos, muitos alunos de Ginástica Olímpica dessa época vieram da Capoeira, e ele preferiu assim porque os alunos da Capoeira já sabiam fazer alguns saltos que a Ginástica exige, e já tinham uma assim, digamos assim, um bom trabalho de preparação física, principalmente na parte de resistência orgânica e flexibilidade.
L – Você já fazia capoeira nessa época? R – Não! Não tinha noção nenhuma do esporte foi... Eu tinha mais ou menos 11 anos. Já conhecia o Dimas, era meu professor de educação física no CEMA Aí, ele viu eu jogando capoeira, me convidou para fazer ginástica olímpica, então eu fiquei nos dois, mas depois eu me interessei mais pela ginástica, até porque teve uma coisa assim, digamos assim, eu aprendi a gostar mais da ginástica olímpica.
Mestre ZUMBI BAHIA (1976)
1953 MESTRE ESTILO DADOS PESSOAIS
ZUMBI BAHIA ANGOLA ADALBERTO CONCEIÇÃO DA SILVA Salvador, 18 de agosto de 1953 Mãe: Maria Conceição da Silva – Pai: Humberto Alves da Silva Formação: Licenciatura em Pedagogia; Habilitação em Magistério Superior e Gestão Educacional; Especialização em Docência do Ensino Superior; ProfessorAcadêmico; Coordenador Pedagógico do Instituto Officina Affro/MA; Angoleiro, Coreógrafo, Vocalista, Compositor, Percussionista. Patrimônio Cultural Imaterial Vivo – Prêmio conferido pelo IPHAN (2010), pela implantação e atividades de preservação da Capoeira Angola, na Paraíba e Recife. 1977 - consagrado Mestre de Capoeira - Zumbi Bahia - pelo Mestre Boa Gente, embora, o meu Mestre por consideração seja o Mestre Bigode de Santo Amaro, já falecido. Mestre Bigode de Santo Amaro MESTRE Mestre Boa Gente GRUPO/NÚCLEO Instituto Officina Affro
SÃO MAR LUÍS ANH ÃO
Nome completo: Adalberto Conceição da Silva – Mestre Zumbi Bahia Dia e Local de nascimento: 18/08/1953–Salvador – Bahia Mãe: Maria Conceição da Silva – Pai: Humberto Alves da Silva Formação: Licenciatura em Pedagogia; Habilitação em Magistério Superior Educacional; Especialização em Docência do Ensino Superior; ProfessorAcadêmico; Pedagógico do Instituto Officina Affro/MA; Angoleiro, Coreógrafo, Vocalista, Percussionista. Patrimônio Cultural Imaterial Vivo – Prêmio conferido pelo IPHAN implantação e atividades de preservação da Capoeira Angola, na Paraíba e Recife.
e Gestão Coordenador Compositor, (2010), pela
Capoeira: catimba (inteligência) de negro em ânsia de liberdade. As minhas experiências profissionais tiveram início em 1976 no Centro Educacional de Periperi em Salvador – Bahia, como professor de Folclore, que dentre outras manifestações, ensinava a arte da Capoeira Angola, momento pelo qual (1977) fui consagrado Mestre de Capoeira e obtive o apelido de Zumbi Bahia. A minha consagração foi pelo Mestre Boa Gente, embora, o meu Mestre por consideração seja o Mestre Bigode de Santo Amaro, já falecido. Cheguei à Paraíba entre (1977 até 1979) A minha vida capoeirística na Paraíba, deu-se início em 1977, na cidade de João Pessoa, quando a convite do senhor Tenente Lucena, passei a ministrar a Capoeira no SESC/PB para 50 alunos. A arte ganhou repercussão quando levei a “brincadeira” para o Ponto de Cem Reis e para a praia de Tambaú, congregando assim mais adeptos. Em 1978 e 1979, ministrei capoeira para crianças de Colônia de Férias da UFPB. Houve o lançamento oficial da capoeira na Reitoria e lecionei também a capoeira, visando incluir como disciplina (1 e 2) no Curso de Educação Física daquela universidade. Aos 33 anos, depois, fui convidado para um Simpósio de Memórias da Capoeira e lá em Recife me encontrei com os remanescentes da arte de Zumbi dos Palmares (meus antigos alunos atuais Mestres), para celebrar a resistência de preservação tanto na Paraíba quanto na capital pernambucana. Quando chegou a Pernambuco: Cheguei a Recife entre (1979 até 1992) Ações com a capoeira em Recife: Estava na cidade de João Pessoa (PB.), no final de 1978, quando o professor de música da UFPB, naquela época, o Antônio Carlos Nóbrega me convidou para ministrar algumas aulas esporádicas de capoeira, na sede do Grupo Boi Castanho Reino do Meio Dia, localizada na Rua Real do Poço em Casa Forte. Nas turmas estavam incluído o próprio Antônio Carlos Nóbrega, batizado pelo apelido de “Avestruz”, também o “Meia Noite”, o “Branco Aluanda”, o “Silê” e outros que não recordo o nome. No primeiro semestre de 1979 eu me mudei definitivamente para a capital pernambucana e dava aula no bairro de Casa Forte e também no SESI. Comecei a pesquisar os pequenos núcleos de capoeira ainda existentes, de pouca visibilidade, e foi quando encontrei Mestre Pirajá, no Morro da Conceição, que já me conhecia de outra época no Rio de Janeiro. Mestre Pirajá comandava um pequeno grupo composto pelo capoeirista Teté, Espinhela, entre outros, que se apresentavam na festa de N. S. da Conceição. Depois conheci Paulo Guiné, que ensinava capoeira aos parentes e amigos próximos, no quintal de sua casa e aprimorava os conhecimentos nas areias da praia de Prazeres. E, bem mais tarde, fui apresentado ao Mestre Coca-Cola, Mestre Mulatinho, o Bigode e Mestre Lázaro. Foram com estes que a gente formou a primeira Associação Pernambucana de Capoeira, que funcionava, na Rua Gervásio Pires – Centro – Recife. Ainda no primeiro semestre de 1979, me dediquei à difusão da Capoeira. E junto a UFPE, foi organizado o lançamento da capoeira em Recife, após 90 anos de exílio, com um grupo constituído de meus alunos paraibanos e recifenses, com direito a divulgação na TV afiliada à Rede Globo e o jornal Diário de Pernambuco. No mês de março e abril de 1979 foi realizado a 1ª Roda de Capoeira, no Ginásio Poliesportivo do SESC, de Santo Amaro, reunindo alunos e seus respectivos Mestres, pelos quais já tínhamos contatos. No dia 26 de agosto do mesmo ano, foi realizado o 1º Batismo de Capoeira também realizado no Ginásio Poliesportivo do SESC de Santo Amaro, com 60 capoeiristas paraibanos e recifenses.
Naquela época tínhamos um controle do que acontecia no mundo da capoeira, pois sabíamos quem era iniciante e quem era veterano, havia um acompanhamento na formação daqueles capoeiristas, de modo, que as graduações eram realizadas de seis em seis meses, outorgadas pela Associação Pernambucana de Capoeira. Já por volta de 1982 houve um desacordo na Associação Pernambucana de Capoeira em que me afastei. Nesta época eu já estava ministrando capoeira na Escola Antônio Heráclio do Rego, pela Fundação Guararapes, no bairro de Água Fria, bem como, no CSU de Campina do Barreto e também no SESC, SESI e a LBA. Foi no SESI de Casa Amarela onde a capoeira serviu de base para ser criado o Balé Primitivo de Arte Negra e em 1985 a capoeira sustentou as técnicas necessárias para a criação das coreografias do Balé de Arte Negra de Pernambuco. Saí de Recife em 1992 e fui para Bahia e em 1994 radicalizei-me em São Luís do Maranhão e criei com a professora Waldecy Vale o Instituto Officina Affro associado ao então Grupo de Dança Como Ver, fundado em 1982 na UFMA. Segue outras informações no meu currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/3058394618602038 ADALBERTO CONCEIÇÃO DA SILVA - -MEMORIAL - São Luís – Maranhão - 2017 O presente memorial refere-se a uma parte integrante da documentação necessária que estabelece as inscrições para a seleção ao Curso de Mestrado em Educação,conforme o Edital PPPGI Nº19, publicado pela Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação da Universidade Federal do Maranhão. Pretendo contemplar análise das minhas experiências profissionais e acadêmicas, relacionadas às razões da escolha do objeto de estudo. Inclusive,às expectativas em relação ao Curso e às perspectivas profissionais após a minha conclusão. Sou Adalberto Conceição da Silva, RG nº 045286702012-6 SSP/MA e CPF nº 284265504-44, nascido no dia 18 de agosto de 1953, natural da cidade de Salvador, capital do estado da Bahia, atualmente, resido na Travessa Padre Manoel da Nóbrega nº 07, bairro do Apeadouro (CEP: 65.036-500) em São Luis do Maranhão. Tenho graduação em Licenciatura em Pedagogia, Habilitação em Magistério Superior dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental e Gestão Educacional, concluído em 2007, no Instituto de Ensino Superior Franciscano e Pós-Graduação em Docência na Educação Superior, concluído em 2009, na Faculdade Santa Fé em São Luís – Maranhão. Possuo ainda Pós-Graduação com acesso ao Mestrado em Ciências da Educação (ISEC, 2012)eEspecialização Lato Sensu em Gestão Educacional pela Faculdade Mário Schenberg, Brasil(2013). As minhas experiências profissionais tiveram início em 1976 no Centro Educacional de Periperi em Salvador – Bahia, como professor de Folclore, que dentre outras manifestações, ensinava a arte da Capoeira, momento pelo qual (1977) fui consagrado Mestre de Capoeira e obtive o apelido de Zumbi Bahia. Atividade que em 1978 passei a ministrar no Serviço Social do Comércio – SESC em João Pessoa na Paraíba, até o mês de agosto de 1979. Acerca deste mesmo ano, em Recife – Pernambuco, assumir o cargo de professor de Capoeira no Serviço Social do Comércio – SESC, também como Auxiliar de Recreação e Mestre de Capoeira(1980 – 1985)no Serviço Social da Indústria – SESI/PE. Instrutor de Folclore na Fundação Legião de Assistência/PE e ainda como Instrutor de Artes e Mestre de Capoeira na Fundação Guararapes/PE.,entre 1982 e 1990. A Fundação Guararapes era uma subsidária da Secretaria Municipal de Educação do Recife, que se encarregava, dentre outras ações, com as atividades de ensino, inclusive a contratação e capacitação de pessoal docente e técnico-administrativo. Foi através dessa Instituição que trabalhei na Escola Paulo VI e na U.E. Antônio Heráclito do Rêgo, no Bairro de Água Fria, onde eu criei a proposta pedagógica da capoeira no cotidiano escolar,com vistas a privilegiar o ensino enquanto construção do conhecimento, o desenvolvimento pleno das potencialidades dos praticantese sua inserção no ambiente social. Foi utilizado para isso, o referencial dos conteúdos curriculares da base nacional comum e a diversificada e, ainda os temas transversais, trabalhados em sua contextualização, fazendo uma conversão dos recursos didáticos tradicionais da escola formal, com o conjunto de tópicos da arte e cultura afro-brasileira. A Capoeira associada às distintas áreas de conhecimentos: Estudos Sociais, História, Geografia, Ciências, Matemática, Português, Artes e a Educação Física, muito antes de ser sancionada a Lei nº10.639/2003 na Educação Básica.
Ao longo desses doze anos, participei do Movimento Social Negro e já com o registro de coreógrafo outorgado pelo Departamento Regional do Trabalho em Pernambuco (DRT-PE) sob o nº. 24330-004733/87 tive a responsabilidade em fundar o Balé Primitivo de Arte Negra e o Balé Arte Negra de Pernambuco, que produziram belíssimos espetáculos exibidos em Recife, em outros estados e até no Paraguai (Festival Folclórico Recuerdo de Ypacaraí). Foram experiências por demais valiosas, que renderam suporte para a minha nova etapa profissional, por conseguinte no Estado do Maranhão. Foi 1994 em que passei a fazer parte do Instituto Como Ver Officina Affro do Maranhão.A função era realizar um trabalho pedagógico, onde as culturas negras seriam os próprios materiais didáticos, por meio de cursos: de capoeira, dança afro, percussão, confecção de instrumentos musicais da cultura maranhense, montagem de espetáculos e oficina de música percussiva. Também se utiliza do material cênico e instrumental para interagir com as disciplinas curriculares – frutos adquiridos na capital pernambucana – e ainda havia, como até hoje, um trabalho sócio educativo na prevenção do uso de drogas, gravidez prematura e doenças sexualmente transmissíveis. O Instituto promove o estímulo à leitura, que faculta aos integrantes do grupo e à comunidade em geral o estudo e a compreensão teórica da realidade social e da questão do negro na sua totalidade. Em 2006 houve um contrato para trabalhar na Universidade do Sul do Maranhão (UNISULMA) lecionando a disciplina Fundamentos de Lutas (Capoeira) para nível de graduação, no Curso de Licenciatura em Educação Física. Também em 2006 ocorreu a minha participação como Professor/Formador na capacitação de docentes do Ensino Médio, acerca dos Referenciais Curriculares, realizada pela Secretaria de Estado da Educação do Maranhão, em diversos municípios do Estado. Por volta de 2011, obtive o convite para lecionar a disciplina “Práticas Corporais Afrodescendentes” no curso de Educação Física Licenciatura, na então Faculdade de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas de São Luis (atual Faculdade Estácio de São Luís). Como iniciativa pioneira no Estado, na pretensa de ministrar valores relativos à pluralidade étnica e cultural da sociedade brasileira. No mesmo ano foi organizado, como projeto de extensão a Iª Feira Acadêmica da Consciência Negra. O evento versa sobre a disseminação de pesquisas e seus resultados na área de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, com a pretensa de ampliar o desenvolvimento intelectual e cultural dos acadêmicos da Faculdade Estácio São Luís e a população em geral, bem como o processo sistemático de construção do conhecimento. É uma proposta elaborada na intenção de atender os requisitos de contextualização de práticas corporais afrodescendentes aplicados em sala de aula orientada pela então disciplina do mesmo nome, em parceria com o Instituto Officina Affro do Maranhão. O projeto tem como um dos objetos de pesquisa o estudo do movimento, do ritmo e expressão e do ensino e aprendizagem das manifestações afrodescendentes. Com vistas à efetuação das Leis que preconizam o ensino de conteúdos étnico-raciais nos currículos oficiais dos estabelecimentos de ensino superior e de educação básica (públicos e particulares) de todo o Brasil. Em 2012, sob a minha orientação foi realizada uma pesquisa de campo, com a colaboração de 35 alunos visando revelar como a temática História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena estavam sendo ministradas nas escolas públicas e privadas na cidade de São Luís. Teve como amostra o total de 137 professores da Educação Básica, onde apesar de 70% já terem conhecimento sobre as leis de reparação, observou-se que 107 dos entrevistados, até aquele momento, não tinha conseguido inseri-la nos seus programas de curso. E, muito menos aplicados em suas aulas conteúdos étnico-raciais de conformidade com o conjunto de normas determinadas pela LDBEN–Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Participação em trabalhos de conclusão de curso de graduação na Faculdade Estácio São Luís: SILVA, A. C.; LIMA, B. S.; SILVA, M. R.. Participação em banca de Jossandro Santos Dutra.O Eixo Lutas na Educação Física das Escolas de São Luís: Perspectivas dos Professores e dos Alunos, 2013. SILVA, A. C.; SILVA, M. R.; SOARES, R. B.. Participação em banca de José Paulo Sampaio Santos.A dificuldade do Professor de Educação Física, em Trabalhar o Conteúdo Lutas nas Aulas Práticas e Teóricas, 2013. SILVA, A. C.; BATISTA, J.; PONTES, R.. Participação em banca de Diogo Paulo Paz Fernandes.A Importância do Conteúdo Lutas no Âmbito Escolar: visão dos futuros professores de Educação Física da Faculdade Estácio São Luis, 2013. SANTIAGO, M. R. G.; OLIVEIRA, M. I. P.; SILVA, A. C.. Participação em banca de Paulo Henrique de Oliveira Lima.O Conteúdo Lutas como Aprendizado da Educação Física nas Escolas, 2013. LAPIS, E. C.; SANTOS FILHO, J. A. A.; SILVA, A. C.. Participação em banca de Hianne Suelen Ferreira Pimenta.O Tambor de Crioula como Possibilidade pedagógica na Educação Física Escolar: estudo de caso em uma escola pública de São Luís, Maranhão, 2013. SILVA, A. C.; COSTA, A. V.; BATISTA, J.. Participação em banca de Itaceni de Araújo Sousa.A Caracterização do Ensino da Capoeira: um estudo realizado na Escola Maria Mônica Vale. 2012.
SILVA, A. C.; COSTA, A. V.. Participação em banca de Reinaldo de Jesus Araújo Júnior.O Ensino do Karatê na Escola: um estudo sobre sua metodologia utilizada, 2012. SILVA, A. C.; LAPIS, E. C.; ROCHA, M. F, S.. Participação em banca de Josué Licar da Silva.A Educação das Relações Étnico-Raciais na Educação Física Através das Práticas Corporais em Escolas Públicas de São Luís do Maranhão, 2012. SILVA, A. C.; LAPIS, E. C.; FERREIRA, M. L. S.. Participação em banca de Claudionísio Amorim Carvalho.Desafios da Educação Física na Educação de Jovens e Adultos em São Luís do Maranhão, 2012. Destacam-se os artigos publicados em periódicos como: SILVA, A. C.; SANTOS FILHO, J. A. A. ; VALE, W. D. V. .A Religiosidade da Capoeira no Maranhão. Revista Sapientia, v. IV, p. Editorial, 2012. SILVA, A. C.; SANTOS FILHO, J. A. A. .Disciplina Afrodescendente no Maranhão. Revista Sapientia, v. III, p. Editorial, 2011.
Livros publicados BAHIA, Z. e AVESTRUZ. História da Capoeira no Recife. Recife – PE: MS/Xilogravura, 1979. SILVA, A. C.; VALE, W. D. V. Legados Africanos na Cultura Brasileira.1. ed. Recife: Universitária - UFPE, 2014. v. 1. 163p.
Quanto às atividades profissionais desenvolvidas na área de gestão de ensino podem-se citar as experiências em sala de aula, quando foram administradas as seguintes disciplinas: em 2013, Professor/Formador na capacitação de docentes de Pós-Graduação no curso de Docência do Ensino Superior, ministrando a disciplina Didática Do Ensino Superior, na cidade de Barra do Corda e na cidade de Buriti Bravo, municípios do Estado do Maranhão, assim como Metodologia Da Investigação Em Educação, na cidade de Vigia de Nazaré, município do Estado do Pará. Na qualidade de professor acadêmico na Faculdade Estácio São Luis no Curso de Educação Física Licenciatura,eu ministrei a disciplina História da Educação no Brasil; História e Fundamentos da Educação Física; Teorias e Práticas dos Esportes de Luta,e, em 2017-1, Prática de Ensino e Estágio Supervisionado em Educação Física I. Em outra instância, entre 2010 e 2011, foi ministrada a disciplina de História Geral, no nível de Ensino Médio, no Centro Educacional Professor Machadinho – Paço do Lumiar – Maranhão, bem como, no Ensino Fundamental II e Ensino Médio (2012), na Unidade Escolar General Artur Carvalho, também na função de professor de História. PRÊMIOS E TÍTULOS 2010–Prêmio Viva Meu Mestre – Patrimônio Imaterial Vivo – IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Referente ao trabalho de implementação da Capoeira em João Pessoa/PB e Recife/PE. 1982–Troféu Recuerdos de Ypacaraí, XII Festival Del Lago Ypacaraí. PRODUÇÃO ARTÍSTICO-CULTURAL Artes Cênicas SILVA, A. C.; VALE, W. D. V. Espetáculo: 170 Anos da Balaiada X 120 Anos da Abolição. 2009. Produção Coreográfica com mais de 300 participantes, na maioria com alunos de Escolas Públicas da Rede Estadual de Ensino. Outras produções artísticas/culturais SILVA, A. C.; VALE, W. D. V. Bloco de Carnaval Officina Affro. Desde 1999 (Cultura Popular). O Bloco Officina Affro no Carnaval maranhense de 2017 mostrou a força negra em defesa do meio ambiente, com o tema “Oxum das Águas Doces”. O Officina Affro, animado pela sua orquestra percussiva composta de instrumentos populares e étnicos, foi para a avenida, praças e bairros de São Luís a fim de chamar a atenção para o problema de escassez da água no Brasil e no Maranhão. A música oficial do tema/enredo de autoria do compositor Mestre Zumbi Bahia, tornou-se expressiva com a seguinte letra: “Oxum perdão, perdoa os seus filhos Oxum, sem consciência poluem os seus rios sem se preocupar. Eles não lembram que a água é a fonte da vida, pois daqui a poucos anos a água pode se acabar...”. O Bloco de natureza afro-maranhense, através da arte de suas indumentárias, músicas e danças pretendem de maneira gostosa e agradável promover a conscientização do valor da preservação dos mananciais hidrográficos brasileiros, em particular, os maranhenses, para que a população não venha sofrer com a falta de um bem tão precioso. Produção Fonográfica: CD Ritmos Nos Quilombos. Composto de 17 faixas, que contam em forma musicada a história do Quilombo de Frechal, localizado a 390 km da capital São Luís, após dois anos de
pesquisa. Grande parte das músicas foi composta e, interpretadas por mim, além da participação percussiva tocando Timbau e outros instrumentos. Todas estas produções ganharam valores de identidade e de preservação cultural. EXPERIÊNCIAS COM PROJETOS SOCIAIS E DE EXTENSÃO PROJETO BATUCADA MARANHENSE– (2000) Objetivos: Confecção de Bandinhas Rítmicas Pedagógicas com Instrumentos étnicos e populares, para crianças da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I. Local de Realização: Núcleo de Cultura Officina Affro. Bairro do Bequimão – São Luís/MA. PROJETO ATABAQUES E BATUQUES – (2002) Objetivos: Capacitar jovens em confecção e uso de instrumentos musicais percussivos da cultura popular. Faixa Etária: 16 a 21 anos. Local de Realização: Núcleo de Cultura Officina Affro. Bairro do Apeadouro – São Luís/MA. PROJETO TOQUE CIDADÃO – (2002) Objetivos: Capacitar jovens no uso prático da percussão com instrumentos artesanais étnicos e populares, como meio alternativo de Educação Complementar. Faixa Etária: 16 a 21 anos. Local de Realização: Núcleo de Cultura Officina Affro. Bairro do Apeadouro – São Luís/MA. PROJETO BATUCADA MIRIM– (2002-2003) Objetivos: Capacitar crianças através do artesanato e da percussão, como meio alternativo de Educação Complementar. Faixa Etária: a partir dos 7 anos. Local de Realização: Núcleo de Cultura Officina Affro. Bairro do Apeadouro – São Luís/MA. PROJETO SAURÊ-NUPE: Núcleo de Práticas Esportivas na Estácio São Luís– (2016-17). Objetivos: Conhecer e intervir na realidade de aptidões e condicionamentos físicos dos acadêmicos e da população que habita nos arredores da Faculdade, por meio de práticas esportivas de diversas modalidades. Local de Realização: Faculdade Estácio São Luís, Escola Estado do Pará e Ministro Mário Andreazza(Bairro da Liberdade) – São Luís/MA. Considerações: O Saurê-Nupe visa fomentar as práticas esportivas comunitárias no Curso de Educação Física, tendo como desígnio contribuir para o fortalecimento da missão institucional da Faculdade, voltada para uma educação transformadora dimensionando assim seu compromisso com a sociedade e as comunidades em seu entorno. A sua preparação foi constituída de seleção de estagiários para trabalhar na comissão organizadora, assim como aqueles que iriam atuar como oficineiros. O Projeto Saurê-Nupe participou da Ação Social no dia 29/04/17 ocorrida na Escola Ministro Mário Andreazza e no Ginásio Poliesportivo do bairro da Liberdade. Além de vários atendimentos houve oficinas de Jogos e Brincadeiras africanas, Basquete, Vôlei, Futsal e Zumba.
Mestre BAMBA (1978)
KLEBER UMBELINO LOPES FILHO 1966 MESTRE ESTILO DADOS PESSOAIS
BAMBA DO MARANHÃO Angola KLEBER UMBELINO LOPES FILHO São Luís – 12 de abril de 1966 Filiação - Kleber Umbelino Lopes - Marinildes Pinheiro Braga Endereço: Rua João Vital 0 Beco da pacotilha -129 – Centro Histórico quilombomusica@bol.com.br centromandiqueira@bol.com.br
MESTRE
Patinho
GRUPO/NÚCLEO
Escola de Capoeira Mandigueiros do Amanhã
HISTÓRIA DE VIDA Começou na capoeira aos 12 anos de idade. A partir de 1995 conheceu o Mestre Patinho com quem aprendeu as técnicas. Ele trabalha com a capoeira Angola. Na capoeira Angola seu título através dos graus e pela comunidade. Há um grande respeito pela comunidade. Jána capoeira Regional seu título vem através de cordéis que dependendo da graduação vai mudando de cor. Entrevista concedida a Manoel Maria Pereira Em 1978, eu tinha 12 anos via a capoeira como uma forma de brincadeira; como sou baixinho e magro, na época eu tinha 39 quilos mais ou menos, os meninos do bairro impunham a soberania, não podia jogar bola que apanhava, até para ir na quitanda, eu tinha que arrudiar (sic) uma pracinha que tinha em frente da minha casa, por que tinha um menino que se eu passasse por lá, apanhava. Eu via a capoeira na rua com o som dos birimbaus (sic), a música, a ginga, a movimentação, me fascinava. Como morei sempre na Madre-Deus, um bairro periférico, na época mais ainda, eu sentia a necessidade de me proteger mais ainda. Na época de 60 e 70 tinha a imagem de malandragem e vagabundagem que perdura até hoje, não com a mesma intensidade. Os pais não deixavam aos filhos entrarem, sempre morei com a minha mãe e dois irmãos; só fui ter o apoio de minha mãe depois de ser contra-mestre e fundar a academia e trabalhar com crianças do bairro; antes vinha a cobrança para estudo, mas o meu padrinho era aluno do Mestre Sapo, o Mestre Eusamô, hoje. Me levava para as rodas e me iniciou na capoeira. O Mestre Sapo, para mim, foi o Mestre que mais propagou a capoeira no Maranhão na década de 80. O que trouxe de benefício? As melhores coisas de minha vida. Um rico sem dinheiro no bolso. Antes de viver da capoeira não tinha nada. Com a capoeira tive a felicidade de conhecer a minha esposa que me deu dois filhos e me fez superar a morte de minha mãe. O espírito foi superado com a capoeira. A Valdira Barros me deu força para superar a capoeira, não ficando só no jogar pernas para o alto. Jandira Barros é a minha esposa. Me incentivou a pesquisar, me integrar a modernidade e não esquecendo de onde a capoeira surgiu. Antigamente um mestre para chegar a mestre, treinava 4 a 5 anos, montava uma academia e se intitulava mestre, com a modernização isso mudou. Existe duas vertentes. A capoeira regional que tem algumas linhas intitulada de capoeira contemporânea, criada pelo Mestre Bimba na década de trinta. Como é o negro na capoeira? A capoeira de 1880 a elite era branca e sempre praticou, no Rio de janeiro na década de 30. O Mestre Bimba, por participar e ter uma influencia branca de amizade na sociedade, a capoeira Regional era praticada por influencia do mestre Bimba, que trouxe seus amigos para a prática, levando a capoeira para o lado do esporte. Enquanto a Angola, praticada por 80% dos negros se constituía cada vez mais como arte afrobrasileira, como forma de brincadeira lúdica,pois a Angola é mais próxima a religiosidade, e o negro, que se escondia para praticar suas religiões, mostrava também na capoeira suas crenças, em formas de suas músicas e ladainhas. Na década de 30 a 50, com a adoção do estilo de educação física francesa, a capoeira foi se levando mais para o gueto. Valorizando uma herança que é nossa, o capoeirista só, não pode esperar ela se valorizar, caindo do céu. Apesar de não ser universitário, mas com o trabalho social que faço, me adequando ao que tenho, me valorizo. Existe academia que vê mais o corpo, eu ao contrário trabalho mais a mente, no natural, não importando se você e alto, magro, baixo, gordo o importante é você aprender além dos meios de fazer é entender como fazer. Eu após conhecer o Mestre Pato é que fui seguir a linha da mentalidade correta da pratica da capoeira na roda, até mesmo na briga. Após conhecer o Mestre Pato é que me transformei em um devoto da capoeira Entrevista realizada por Ismênia de Abreu Mendes / Mayara Mendes de Azevedo / Sâmia Valéria Madeira Irineu / José Maranhão Diniz / Manoel Maria Pereira
ARTIGOS, CRÔNICAS, DISCUSSÕES, OPINIÕES Nesta sessão, publicadas as novidades: os novos artigos, a partir deste outubro de 2017, data da fundação da Revista do Léo. Os artigos do Editor, de colaboradores, com espaço aberto aos pesquisadores que desejem fazer uso deste espaço. Não restrito aos esportes, educação física e lazer, mas também à História/Memória do Maranhão.
PUNGA DOS HOMENS – ALGUMAS (NOVAS) CONSIDERAÇÕES36 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
A ASSOCIAÇÃO CENTRO CULTURAL DE CAPOEIRAGEM “MATROÁ”, do Mestre Marco Aurélio (São Luis) - em parceria com o MAVAM37, a SEDEL38, e patrocínio da SECMA39 -, realizou no período de 18 a 19 de maio de 2012 o evento “A PUNGA DOS HOMENS NO TAMBOR DE CRIOULA”. O objetivo foi de: “[...] esclarecer se tal expressão corporal é remanescente de uma forma de luta, própria de povos africanos trazidos para o Maranhão e, se há uma relação com a Capoeira, bem como, os motivos pelos quais não se faz presente entre as brincadeiras de tambor de crioula, existentes na capital do estado.” (FOLDER DO EVENTO) 40. Segundo Mestre Marco Aurélio41, o evento deverá propiciar: 36
http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2013/11/20/cronica-da-capoeiragem-punga-dos-homens-algumas-novasconsideracoes/ 37 Museu de Artes Visuais do Maranhão 38 Secretaria de Estado de Esportes e Lazer do Maranhão 39 Secretaria de Estado de Cultura do Maranhão, projeto de 2009, aprovado em 2010, e recursos liberados no final de 2011, realizado neste ano de 2012 40 ASSOCIAÇÃO CENTRO CULTURAL DE CAPOEIRAGEM “MATROÁ. A PUNGA DOS HOMENS NO TAMBOR DE CRIOULA. São Luís, 2012. Folder de divulgação do evento. 41 HAIKEL, Marco Aurélio. A PUNGA DOS HOMENS NO TAMBOR DE CRIOULA. Conferencia de abertura do evento A PUNGA DOS HOMENS NO TAMBOR DE CRIOULA. São Luís, 18 de maio de 2012.
“[...] o aprendizado, a pesquisa e o debate em torno dessa expressão –[Punga dos Homens] -, que muito embora seja tema de interesse da Capoeiragem, também diz respeito ao público em geral, na medida em que pessoas ligadas à pesquisa, dança, artes cênicas e de lutas, audiovisual, dentre outras, buscam na arte e na cultura popular, elementos de composição para as suas mais diversas expressões.” Ainda de acordo com o material de divulgação42, a “Punga dos Homens” vem carecendo de investigação, pois se apresenta com rara e rasa bibliografia. Ao que parece essa manifestação da lúdica e do movimento remonta à ancestralidade do Tambor de Crioula, haja vista a expressão “quentado a fogo, tocado a muque, e dançado a coice” que tão bem o define: “Genuinamente maranhense e ainda presente em algumas comunidades rurais, a punga dos homens, a depender de uma região para outra, se faz mais, ou menos, vigorosa e não ocorre em todas as brincadeiras de tambor. Acontece ao lado da roda das mulheres, geralmente em areal e quanto mais vigorosa, não é raro ver homens ao chão. Com o avançar das horas, os coreiros intensificam as pungas, preservando-se, contudo, o aspecto lúdico da brincadeira. Ressalte-se, que nessa manifestação, acontece de mulher derrubar homem”. Quero deixar registrado que desde 2005 se vem discutindo a Punga dos Homens: “Hoje, 29/07, fui [o Autor] ao Centro Histórico me informar sobre o Tambor-de-Crioula e a Punga, movido pela curiosidade de um artigo do Jornal do Capoeira - Capoeira em Sorocaba - em que é mencionado pelo Autor, Carlos Carvalho Cavalheiro, em que no Maranhão a Capoeira receberia também o nome de "Punga", ligado àquela dança... “43 Dizia Mestre Cavalheiro: “Das diversas lutas/jogos afro-brasileiras, tem-se informação das seguintes: Em Alagoas foi chamada de bate-coxa; em Pernambuco transformou-se no passo do frevo; na Bahia era a capoeira Angola e o batuque; samba de aboio em Sergipe; samba-de-roda no interior fluminense; pernada no Rio de Janeiro; punga no Maranhão; tiririca na capital paulista e pernada no interior de São Paulo. Isso não significa que não se encontrasse o nome genérico de capoeira nessas localidades. Em 1833, por exemplo, o Presidente da Província de São Paulo, Cel. Rafael Tobias de Aguiar, enviou para a Assembléia da Província uma Postura proibindo o jogo da capoeira.”44 (grifos nossos)
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ASSOCIAÇÃO CENTRO CULTURAL DE CAPOEIRAGEM “MATROÁ, 2012”. Folder de divulgação do evento, verso. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Pungada dos Homens & A Capoeiragem no Maranhão: MESTRE BAMBA, do Maranhão. In JORNAL DO CAPOEIRA, 30 de julho de 2005, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/pungada+dos+homens+a+capoeiragem+no+maranhao Ver também VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. A INTRODUÇÃO DO ESPORTE (MODERNO) EM MARANHÃO – A CAPOEIRA. In REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, Volume 05, Número 01, jan/jun/2002 (Disponibilizado em dezembro de 2006) VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PUNGA DOS HOMENS / TAMBOR-DE-CRIOULO (A) -“PUNGA DOS HOMENS”. In REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA. Volume 09, Número 02, jun/dez 2006 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira/Capoeiragem no Maranhão. In DaCOSTA, Lamartine PEREIRA. ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de Janeiro: CONFEF, 2006, disponível em WWW.atlasdoesportebrasil.org.br VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Punga dos Homens e Capoeira no Maranhão. In DaCOSTA, Lamartine PEREIRA. ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de Janeiro: CONFEF, 2006 disponível em WWW.atlasdoesportebrasil.org.br HAIKEL, Marco Aurélio. Tambor-de-Crioulo(a) no Maranhão. In DaCOSTA, Lamartine PEREIRA. ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de Janeiro: CONFEF, 2006 disponível em WWW.atlasdoesportebrasil.org.br VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A CAPOEIRA NO/DO MARANHÃO: ALGUMAS QUESTÕES PARA REFLEXÃO. In REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, Volume 10, Número 01, jan/jun/2007 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRA/CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO In REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA Volume 10, Número 02, jul/dez/2007 (Disponibilizado em Fevereiro de 2008) VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CAPOEIRA(GEM) EM SÃO LUIS DO MARANHÃO – NOVOS ACHADOS... In REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA Volume 11, Número 01, jan/jun 2008 44 CAVALHEIRO, Carlos Carvalho. Pernada de Sorocaba. In JORNAL DO CAPOEIRA, 29.04.2004, Disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/pernada+de+sorocaba 43
Achei estranho, pois nunca ouvira falar nisso... Dei uma olhada no material que tenho sobre folclore maranhense e achei em Reis (1999) 45: "Caracteriza-se [o tambor de crioula] pela PUNGA ou UMBIGADA, onde é verdadeiramente observada em sua coreografia a participação destacada da mulher". Dançam o Tambor-de-Crioula, apenas mulheres cabendo aos homens a percussão dos tambores. Nada relacionado com a Capoeira... Procurei em outros autores alguma relação entre "punga" e "capoeira", e não achei nada. Então fui ao Centro de Cultura Popular "Domingos Vieira Filho", procurar alguns pesquisadores que pudesse me dar alguma informação. Também lá não se ouvira falar de que a Capoeira, enquanto manifestação cultural fosse chamada de "punga", conforme informa o ilustre pesquisador sorocabano. Conforme já publicado no nosso Jornal do Capoeira, havia o uso de "capoeira" ou "carioca", e estamos buscando ainda o que seria a "carioca". Foi quando ouvi um toque de berimbau vindo de um sobrado, e a placa "Escola de Capoeira Angola ‘Mandingueiros do Amanhã’. Lá, encontrei Mestre Bamba e aproveitei a oportunidade de uma conversa - mais de duas horas – e perguntei se sabia alguma coisa sobre "uma capoeira" denominada "punga". "Já ouvi falar..." foi a resposta. Falou-me Mestre Bamba - Kleber Umbelino Lopes Filho, nascido na Madre Deus, bairro de São Luís, desde os doze na Capoeira, nove ensinando, e um como Contramestre 46: “[...] dá aulas em um "Projeto Ago", do grupo G-DAM, no município de Itapecurú-Mirim, junto a remanescentes quilombolas; no Povoado de Santa Maria dos Pretos encontrou uma variação do Tambor-de-Crioula em que os homens participam da roda de dança - Punga dos Homens - em que utilizam movimentos semelhantes ao da capoeira -; no entendimento de Mestre Bamba, esses movimentos foram descritos por Mestre Bimba; os "desafiantes" ficam dentro da roda, um deles agachado, enquanto o outro gira em torno, "provocando", através de movimentos, como se o "chamando", e aplica alguns golpes com o joelho - a punga. ”47(grifos meus) Na edição seguinte do Jornal do Capoeira (2005)48 publiquei: o Confrade Carlos Carvalho Cavalheiro mandou-me alguns sítios sobre a capoeira, a punga, e o tambor-de-crioula. Interessante, e instigante. Especialmente quando se refere às varias manifestações, em seus comentários, que são identificadas com/como Capoeira. Passemos a Luís da Câmara Cascudo e seu "Dicionário do Folclore Brasileiro 49, obra obrigatória - primeira edição de 1954, a segunda de 1959 - e, a terceira que estou usando, de 1972. Registra a página 148, o termo "Bate-coxa", manifestação das Alagoas, uma dança ginástica: "a dança do bate-coxa não se confunde com a capoeira. Os praticantes são da mesma origem, descendentes de escravos". Acredita Câmara Cascudo que o bate-coxa seja mais violento, onde os dois contendores, sem camisa, só de calção, aproximam-se, colocando peito a peito, apoiando-se só nos ombros, direito com direito. Uma vez apoiados os ombros, ao som do canto de um grupo que está próximo, ao ouvir-se o ê boi, ambos os contendores afastam a coxa o mais que podem e chocam-se num golpe rápido. Depois da batida, a coxa direita com a coxa direita, repete à esquerda, chocando-se bruscamente ao ouvir o ê boi do estribilho. A dança prossegue até que um dos contendores desista e se dê por vencido. É descrita por Edson Carneiro (Negros Bantos) 50 - a luta mobilizava um par de jogadores, de cada vez; dado o sinal, uniam as pernas firmemente, tendo o cuidado de resguardar o membro viril e os testículos. Dos golpes, cita o encruzilhada, em que o lutador golpeava coxa contra coxa, seguindo o golpe com uma raspa, e ainda o baú, quando as duas coxas do atacante devam um forte solavanco nas do adversário, bem de frente. 45
REIS, José Ribamar Sousa dos. Tambor-de-Crioula. In FOLCLORE MARANHENSE, Informes. 3 ed. São Luís : (s.e.), 1999, p. 35 em entrevista no ano de 2005 47 VAZ, 2005, obra citada 48 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Ainda sobre a Punga dos Homens – Maranhão. JORNAL DO CAPOEIRA - Edição 44: 22 a 28 de Agosto de 2005, EDIÇÃO ESPECIAL estendida CAPOEIRA & NEGRITUDE, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/ainda+sobre+a+punga+dos+homens+-+maranhao 49 CAMARA CASCUDO, 1972, obra citada.. 50 Citado por Câmara Cascudo, 1972 46
Todo o esforço dos lutadores era concentrado em ficar de pé, sem cair. Se, perdendo o equilíbrio, o lutador tombasse, teria perdido a luta. Por isso mesmo, era comum ficarem os batuqueiros em banda solta, equilibrando-se em uma única perna, e outra no ar, tentando voltar a posição primitiva. Do vocábulo "batuque-boi", registra ainda Câmara Cascudo (1972): espécie de Pernada. Bahia. Voltemos a Pernada. Informa que assistiu a uma pernada executada por marinheiros mercantes, no ano de 1954, em Copacabana, Rio de Janeiro; Diziam os marinheiros que era carioca ou baiana. É uma simplificação da capoeira. Zé da Ilha seria o "rei da pernada carioca"; é o bate-coxa das Alagoas. Ainda Edson Carneiro (Dinâmica do Folklore, 1950) 51 informa ser o batuque ou pernada, bem conhecido na Bahia e Rio de Janeiro, não passa de uma forma complementar da capoeira. Informa, ainda, que na Bahia, somente em arraiais do Recôncavo se batuca, embora o bom capoeira também saiba largar a perna. No Rio de Janeiro já se dá o contrário - a preferência é pela pernada, que na verdade passou a ser o meio de defesa e ataque da gente do povo. O batuque na Bahia se chama batuque, batuque-boi, banda, e raramente pernada - nome que assumiu no Rio de Janeiro... No verbete "punga", Câmara Cascudo52 se refere à dança popular no Maranhão, capital e interior; que é a mesma "dança do tambor". A punga é também chamada "tambor de crioula". Há também referencia a grafia "ponga", que como se sabe é um jogo. Crê que punga é um termo em uso apenas no Maranhão e significa, na dança em questão, a umbigada, a punga. A punga seria uma dança cantada, mas sem versos próprios, típicos. Geralmente são improvisados na hora, quando as libações esquentam a cabeça e despertam a "memória" do "tiradô" de versos. Após descrever o que seria a dança do tambor de crioula, informa que pong provirá do tupi “soar, bater, ou antes, soar por percussão. "O que fervia era o lundum, e estalavam as umbigadas com o nome de "pungas"" (p. 742-743). Remete a Tambor: "... mas a autonomia dos tambores indígenas e sua existência pré-cabralina parecem-me indiscutíveis no Brasil. Dança do Tambor, Tambor de Mina, Tambor de Crioulo. As danças denominadas "do Tambor" espalham-se pela Ibero América. No Brasil, agrupam-se e são mantidas pelos negros e descendentes de escravos africanos, mestiços e crioulos, especialmente no Maranhão. [grifos meus]. Conhece-se uma Dança do Tambor, também denominada Ponga ou Punga que é uma espécie de samba, de roda, com solo coreográfico, e os Tambor de Mina e Tambor de Crioulo, [chamo atenção novamente para a grafia, em masculino], série de cantos ao som de um ferrinho (triangulo), uma cabaça e três tambores, com danças cujo desempenho ignoro." (p. 850-851). Informa o ilustre pesquisador, ainda, que uma missão cultural colheu exemplos das músicas utilizadas tanto no Tambor de Mina quanto no de Crioulo, em 1938. Estão ligados esses tambores de mina e de crioulo às manifestações religiosas dos "terreiros", ao passo que: "... a punga (dança e batida) parece alheia ao sincretismo afro-brasileiro na espécie... o Tambor-deCrioula é o Bambelô do Maranhão, mas com a circunstância de que só dançam as mulheres. Passase a vez de dançar com a punga, que é um leve bater de perna contra perna. Punga é também espécie de pernada do Maranhão: batida de perna contra perna para fazer o parceiro cair... às vezes o Tambor-de-Crioula termina com a punga dos homens.". (p. 851). Por "Punga", registra: jogo ginástico, brincadeira de agilidade, entre valentões, malandros e capadócios. É uma simplificação da capoeira... Sua descrição assemelha-se à da "punga dos homens", do Tambor de Crioulo (a) (p. 709). Já "bambelô" é descrito como samba, côco de roda, danças em círculo, cantada e acompanhada a instrumentos de percussão (batuque), fazendo figuras no centro da roda um ou dois dançarinos, no máximo. O ético é o vocábulo quimbundo mbamba, jogo, divertimento em círculo (p. 113). Marco Aurélio Haikel53, falando sobre o Tambor de Crioula, esclarece: “Conforme o lugar, a exemplo de São Luís, a dança é exclusividade das mulheres, há, no entanto, homens que dançam, mas neste caso, requer usarem saia. A dança das mulheres se reveste de pura 51
Citado por Câmara Cascudo, 1972 CAMARA CASCUDO, 1972, obra citada. 53 HAIKEL, Marco Aurélio. Breves Observações Sobre Tambor de Crioula. In JORNAL DO CAPOEIRA - Edição 43: 15 a 21 de Agosto de 2005, EDIÇÃO ESPECIALCAPOEIRA & NEGRITUDE, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/breves+observacoes+sobre+tambor+de+crioula. 52
sensualidade e com belas evoluções, onde o ápice acontece quando a mulher, após saldar os tambores menores dançando, mostra-se de frente ao tambor grande, e os dois como que numa simbiose evoluem desafiando-se, até realizarem a punga. O toque dos tambores é predominantemente realizado por homens, apesar de que em alguns lugares a mulher toca, porém, quando se trata de tocar o tambor grande, aquela o faz ao lado deste, nunca sobre, mas, é na capital, onde já há grupos constituídos exclusivamente por jovens, que as mulheres se fazem mais presentes na batida dos tambores.”
Leopoldo, Aziz Jr, Bamba, e Senzala,no Matroá, discutindo sobre a Punga dos Homens, em 2005 Sobre a Punga, afirma: “A punga dos homens, ao contrário da punga das mulheres (umbigada), não acontece em todas as "brincadas de tambor", sendo encontrada mais comumente em comunidades rurais. Acontece ao lado da roda das mulheres, geralmente em areal, e conforme o lugar é aplicada com mais ou menos intensidade, quando mais vigorosa, não é raro ver homens ao chão, com menos vigor, acontece somente um leve bater de coxas, no entanto, vale ressaltar que nos lugares onde ocorrem as derrubadas, com o avançar das horas, os coreiros já sob os efeitos da cachaça, intensificam-nas em quantidade e vigorosidade, sem que haja no entanto, qualquer incidente grave.” Publiquei a seguir54 que Mestre Marco Aurélio (Marco Aurélio Haickel) 55 em correspondência pessoal acerca da "Punga dos Homens" [Jornal do Capoeira] esclarece que, antigamente, a Punga era prática de homens; que após a abolição e a aceitação da mulher no convívio em sociedade, que passa a ser dançada por mulheres, apenas. Mas desde 1820 há referencia à Punga, com a participação unicamente de/por homens: "Há registro da punga dos homens, nos idos de 1820, quando mulher nem participava da brincadeira sendo como movimentos vigorosos e viris, por isso o antigo ditado a respeito: ‘quentado a fogo, tocado a murro e dançado a coice’” 56 Próximo a essa data referida por Mestre Marco Aurélio encontrei uma referencia à umbigada (punga), relatada pelo naturalista alemão George Wilhelm Freyreiss57, que faleceu no sul da Bahia. Em uma viagem
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VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Notas sobre a Punga dos Homens - Capoeiragem no Maranhão. In JORNAL DO CAPOEIRA, Edição 43: 15 a 21 de Agosto de 2005, EDIÇÃO ESPECIAL- CAPOEIRA & NEGRITUDE, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/notas+sobre+a+punga+dos+homens+-+capoeiragem+no+maranhao 55 Marco Aurélio Haikel é Mestre e grande estudioso da Capoeira; é líder do Grupo Matroá e discípulo de Mestre Patinho, além de exercer a profissão de advogado, em São Luis do Maranhão-MA 56 Mestre Marco Aurélio, em correspondência eletrônica, em 10 de agosto de 2005. 57 FREYREISS. 1982, obra citada.. Ver também http://openlibrary.org/b/OL16308743M/Reisen_in_Brasilien_von_G._Wilhelm_Freyreiss.
a Minas Gerais em 1814 -1815, em companhia do barão de Eschwege 58, assistiu e registrou um batuque, e ao descrever a dança, fala da umbigada [punga]: “Os dançadores formam roda e ao compasso de uma guitarra (viola), move-se o dançador no centro, avança, e bate com a barriga na barriga de outro da roda (do outro sexo). No começo o compasso é lento, depois pouco a pouco aumenta e o dançador do centro é substituído cada vez que dá uma umbigada. Assim passam a noite inteira. Não se pode imaginar uma dança mais lasciva do que esta. Razão pela qual tinha muitos inimigos, principalmente os padres.” 59 (Grifos nossos) Encontramos em Angola um estilo musical popular - O Semba60, que significa ‘umbigada’ em quimbundo língua de Angola. Foi também chamado ‘batuque’, ‘dança de roda’, ‘lundu’, ‘chula’, ‘maxixe’, ‘batucada’ e ‘partido alto’, entre outros, muitos deles convivendo simultaneamente! O cantor Carlos Burity defende que a estrutura mais antiga do semba situa-se na ‘massemba’ (umbigada), uma dança angolana do interior caracterizada por movimentos que implicam o encontro do corpo do homem com o da mulher: o cavalheiro segura a senhora pela cintura e puxa-a para si provocando um choque entre os dois (semba). Jomo explica que o semba (gênero musical), atual é resultado de um processo complexo de fusão e transposição, sobretudo da guitarra, de segmentos rítmicos diversos, assente fundamentalmente na percussão, o elemento base das culturas africanas. O lundu ou lundum61 é um gênero musical contemporâneo e uma dança brasileira de natureza híbrida, criada a partir dos batuques dos escravos bantos trazidos ao Brasil de Angola e de ritmos portugueses. Da África, o lundu herdou a base rítmica, certa malemolência e seu aspecto lascivo, evidenciado pela umbigada, os rebolados e outros gestos que imitam o ato sexual. Da Europa, o lundu, que é considerado por muitos o primeiro ritmo afro-brasileiro, aproveitou características de danças ibéricas, como o estalar dos dedos, e a melodia e a harmonia, além do acompanhamento instrumental do bandolim. O lundu veio para o Brasil com os negros de Angola, por duas vias, passando por Portugal, ou diretamente da Angola para o Brasil. Voltemos às informações de Mestre Marco Aurélio. Onde encontrou as informações? Informa que há uma referência em Dunshee de Abranches62... Buscamos em "O Captiveiro", de 1941. "O Captiveiro", não é apenas um livro de memórias; escrito em 1938, para comemorar o cinqüentenário da abolição da escravatura e o centenário da Balaiada, trata-se de registros de acontecimentos políticos e sociais do Maranhão (GASPAR, 1993) 63. Numa de suas passagens, descreve as lutas entre brasileiros (cabras) e portugueses (puças), republicanos e monarquistas, abolicionistas e negreiros, que para defenderem seus ideais, passam a criar periódicos e grêmios recreativos de múltiplas denominações para defesa de seus ideais. Dessa mania surge a "Arcádia Maranhense", e de uma sua dissidência, a "Aurora Litteraria". Para ridicularizar os membros desta última, aparece um jornaleco denominado "Aurora Boreal": "... só faltava fundar-se o Club dos Mortos. E justificou [Raymundo Frazão Cantanhede] tão original proposta dizendo que, se tal fizéssemos, iríamos além dos positivistas: ficaríamos mortos-vivos e assim seríamos governados por nós
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PRINZ MAXIMILIAN VON WIED (1782-1867) - VOYAGE AU BRÉSIL, DANS LES ANNÉES 1815, 1816, ET 1817 Paris: A. Bertrand, 1821-1822 (http://www.museunacional.ufrj.br/MuseuNacional/Principal/Obras_raras.htm) 59 D´ÁVILA, 2006, obra citada. disponível em http://encipecom.metodista.br/mediawiki/images/3/34/GT2-_FOLKCOM-_04_Fundamentos_da_Cultura_Musical_-_Nicia.pdf Ver também: CÂMARA CASCUDO, Luis da: FOLCLORE DO BRASIL (pesquisas e notas). Rio de Janeiro, São Paulo, Fundo de Cultura, 1967 http://www.historiaecultura.pro.br/modernosdescobrimentos/desc/cascudo/ccrdfolclorenobrasil.htm) 60 http://forum.angolaxyami.com/musica-de-angola-e-do-mundo/71-historia-do-semba.html. disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Semba 61 http://pt.wikipedia.org/wiki/Lundu 62 João Dunshee de Abranches Moura nasceu à Rua do Sol, 141, em São Luís do Maranhão. Advogado, polimista, historiador, sociólogo, crítico, romancista, poeta, jornalista, parlamentar e internacionalista. Dentre seus escritos, destaca-se a trilogia constituída pelo "A Setembrada", "O Captiveiro", e "A Esfinge do Grajaú”. In VAZ, Leopoldo Gil Dulcio e VAZ, Delzuite Dantas Brito. CONSTRUÇÃO DE UMA ANTOLOGIA DE TEXTOS DESPORTIVOS DA CULTURA BRASILEIRA: PROPOSTA E CONTRIBUIÇÕES. In VII CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES, LAZER E DANÇA, Gramado-RS, 20/05 a 1º/06 de 2000. 63 GASPAR, Carlos. DUNSHEE DE ABRANCHES. São Luís: (s.e.), 1993. (Discurso de posse no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, a 28. jul.92).
mesmos". (ABRANCHES, 1941:174) 64. O Clube dos Mortos reunia-se no porão da casa dos Abranches, no início da Rua dos Remédios, conforme relata Dunshee de ABRANCHES (1941) em suas memórias: "E como não era assoalhado nem revestido de ladrilhos, os meus paes alli instalaram apparelhos de gymnastica e de força para exercícios physicos (...). E, não raras noites, esse grupo juvenil de improvisdos athletas e plumitivos patriotas acabava esquecendo os seus planos de conjuração e ia dansar na casa do Commandante Travassos..." (p. 187-188). O "Club dos Mortos" envolveu-se, ainda, nas disputas entre caixeiros e estudantes por causa de duas artistas de um circo, instalado no Tívoli. Para enfrentar os empregados do comércio, na sua maioria homens feitos, os preparatorianos (estudantes do Liceo) reuniram-se no pátio do colégio para selecionar os melhores atletas para a defesa. Fundaram, assim, o Club Roncador, que guardavam suas armas na casa dos Abranches: ”... veio dahi uma grande amizade dos campeões dos murros e dos cambitos (synonimo de rasteira naquella época) pelo Club dos Mortos". (p. 190-191). (grifos meus). Rasteira? Seria a capoeira? Nada sobre o Tambor-de-Crioula e a punga dos homens, nada em "A Setembrada", nem n’"A Esfinge do Grajaú"... Para Ferreti (2006) 65, a umbigada ou punga é um elemento importante na dança do Tambor de Crioula66. No passado foi vista como elemento erótico e sensual, que estimulava a reprodução dos escravos. Hoje a punga é um dos elementos da marcação da dança, quando a mulher que está dançando convida outra para o centro da roda, ela sai e a outra entra. A punga é passada de várias maneiras, no abdome, no tórax, nos quadris, nas coxas e como é mais comum, com a palma da mão. Em alguns lugares do interior do Maranhão, como no Município de Rosário, ou em festas em São Luís, com a presença de grupos de tambor de crioula, costuma ocorrer a “punga dos homens” ou “pernada”, cujo objetivo é derrubar ao solo o companheiro que aceita este desafio. Algumas vezes a punga dos homens atrai mais interesse que a dança das mulheres. Em reunião no Matro-á, escola de capoeira de Mestre Marco Aurélio, Mestre Patinho presente, assim como Mestre Didi67: uma verdadeira aula de cultura maranhense. Presentes, também, Domingos de Deus, Luis Senzala, Bamba, Vespasiano... Conversas sobre os artigos do Jornal do Capoeira, sobre a Punga dos Homens, e novas informações e esclarecimentos... Desafiados para colocarem no papel suas pesquisas mais de oito anos - sobre essa manifestação: "Há cerca de oito anos (1997), eu e mais outros capoeiras estamos pesquisando a punga, e posso lhe afirmar que apesar da correlação de alguns golpes com a capoeira, esta pode até ter similaridade, mas daí afirmar que é capoeira é outra coisa." (in correspondência pessoal, de 10 de agosto de 2005). Uma certeza: punga não é capoeira, embora alguns movimentos se assemelhem... Informa Marco Aurélio: "Ano passado (2004), participei em Salvador, de um Encontro Internacional de capoeira "GINGAMUNDO". onde coordenei um grupo do Maranhão, com 25 (vinte e cinco) pessoas entre estas, o Mestre Felipe e outros pungueiros, entre pessoas de um Povoado de Rosário e mais outros 64
DUNSHEE DE ABRANCHES MOURA, João. O CAPTIVEIRO. São Luís, (s.e.), 1941 FERRETI, Sérgio. Mário De Andrade E O Tambor De Crioula Do Maranhão. (Trabalho apresentado na MR 07 - A Missão de Folclore de Mário de Andrade, na VI Reunião Regional de Antropólogos do Norte e Nordeste, organizada pela Associação Brasileira de Antropologia, UFPA/MEG, Belém 07-10/11/1999. In REVISTA PÓS CIÊNCIAS SOCIAIS - São Luís, V. 3, N. 5, Jan./Jul. 2006, disponível em http://www.pgcs.ufma.br/Revista%20UFMA/n5/n5_Sergio_Ferreti.pdf 66 O Tambor de Crioula é uma dança de origem africana praticada por descendentes de negros no Maranhão em louvor a São Benedito, um dos santos mais populares entre os negros. É uma dança alegre, marcada por muito movimento dos brincantes e muita descontração. Os motivos que levam os grupos a dançarem o tambor de crioula são variados podendo ser: pagamento de promessa para São Benedito, festa de aniversário, chegada ou despedida de parente ou amigo, comemoração pela vitória de um time de futebol, nascimento de criança, matança de bumba-meu-boi, festa de preto velho ou simples reunião de amigos. Não existe um dia determinado no calendário para a dança, que pode ser apresentada, preferencialmente, ao ar livre, em qualquer época do ano. Atualmente, o tambor de crioula é dançado com maior freqüência no carnaval e durante as festas juninas. Em 2007, o Tambor de Crioula ganhou o título de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Tambor_de_crioula". 67 10 de agosto de 2005 65
coreiros e coreiras, algumas capoeiras angola. Lá, estavam presentes representantes de outras lutas de origem africana, de países como Angola e Madagascar, porém, a grande vedete do encontro foi a Punga dos Homens... Estavam presentes neste encontro, além de mestres antigos, tais como João Pequeno, João Grande, Mestre Boa Gente, também haviam pesquisadores de renome como Jair Moura, Carlos Líbano Soares, Fred Abreu, Mathias Röhring Assunção, etc.”. (in correspondência pessoal).68
Comme sports de combats traditionnels, les malgaches connaissent plus le Moraingy, la boxe du nord, et le Ringa, la lutte du sud. Pratiqué par l'élite, le diamanga est en passe de se démocratiser et espère de nombreux transfuges des autres disciplines.69 “A PUNGA DOS HOMENS NO TAMBOR DE CRIOULA” 70 É natural, portanto, que um evento que iria tratar da Punga dos Homens atraísse minha atenção; mais, promovida por Mestre Marco Aurélio e Mestre Serginho; e havendo uma mesa redonda reunindo os Mestres Patinho e Euzamor, com o tema “aspectos de semelhança da punga dos homens com a capoeira”. Mestre Marco Aurélio, como já dito, abriu o encontro, apresentando o que o motivou a apresentar projeto junto à SECMA. Disse dos objetivos. A seguir houve a exibição de documentário do cineasta Murilo Santos – Tambor de Crioula – filmado ainda no final dos anos 70, onde identifica alguns movimentos da punga; para, a seguir, uma roda de tambor de crioula. Na etapa seguinte – duas horas de atraso para seu inicio – o pesquisador João Batista Gomes Santos Junior – Jonero – pungueiro do Centro Grande, município de Axixá iria discorrer sobre “Ontem e hoje – refletindo a respeito da punga dos homens”. Pela demora em seu inicio – marcada para as 08:30 do dia 19/05, iniciada as 10:20 – me permitiu, nesse tempo de espera, uma conversa. Comecei por perguntar se já ouvira falar de ‘tarracá’, termo usado por Mestre Zulu, e na região da Baixada encontrando-se: “atarracado”, “atarracar’; e na região de Barreirinhas, conhecida como ‘queda” 71; informou que no Munin se usava do termo “queda” 68
http://3.bp.blogspot.com/_VcRetvJqu_U/SwwhFACgp9I/AAAAAAAAGXo/K5DMEv_eNG0/s1600/img00025.jpg Diamanga é herdado de nossos ancestrais como os malaios, que importou os estilos" Pencak, ber-silat, calazar e Sikaran "budistas e indianos que impuseram" Kalaripayat. A pesquisa conduzida pela "Fototra Diamanga malgaxe" não ficar lá, parte histórica e filosófica já está concluída através de um manuscrito do livro. Mesmo se uma lista de diferentes estilos de técnicas "Diamanga" também já está estabelecido língua nacional da associação, esta continuará a ser procurado exaustivamente. http://www.madatsara.com/articles/detail-article/article/le-diamanga-fera-partie-des-arts-martiaux-pratiques-a-madagascar2/rubrique/sports/news-browse/1/ 70 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PUNGA DOS HOMENS NO TAMBRO DE CRIOULA, disponível em http://colunas.imirante.com/platb/leopoldovaz/2012/05/03/a-punga-dos-homens-no-tambor-de-crioulo/ ; http://colunas.imirante.com/platb/leopoldovaz/2011/03/29/3702/ 71 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. TARRACÁ, ATARRACAR, ATARRACADO... disponível em http://colunas.imirante.com/platb/leopoldovaz/2011/03/29/3702/ 69
para o “atracamento” ou “atracado”; que se costuma praticar quando do “tapamento de palha” - da cobertura das casas -, em mutirão; assim como a punga, corre solta nestas ocasiões, já com os participes ‘tomados’ da cachaça ou “cervejinha”, e embalados pelos “cantos dos velhos” passam a desenvolver ‘as brincadeiras’: punga, atracado - ligado ou solto -, cangapé72, e às vezes o futebol. Jonero se refere às várias brincadeiras que realizam, além das citadas: Jaó, que é a pegada dentro da água, pegador, onde se suja a água e se mergulha aparecendo por detrás do oponente, subindo no mesmo; geralmente é ‘brincadeira’ de pescador, realizado nas crôas ou lavada, assim como o cangapé. Praticava-se também o ‘cacete’. Outras brincadeiras, que hoje estão praticamente desaparecidas, danças, como o Pela-porco e a Caninha Verde. Informa que essas brincadeiras vêm do ‘tempo do cativeiro’, como é o exemplo da Punga; sua organização, na região do Munin, se dava nos quilombos, e havia uma relação com os Terreiros de Mina. Praticavam-se três tipos de lutas: a punga, atracamento73, cangapé, sendo que a punga acontecia fora do tambor de crioula, na ‘área da punga’ Da participação de "Seu” Miguel, de Arari, e do Mestre José Ribeiro, estes pungueiros, não ‘conhecem’ capoeira, tanto que pediram para ver uma roda, já que se estava tratando da punga como uma capoeira primitiva. Punga, como dito, tem significado de ‘pungar tambor’, isto é, a punga dos homens, que acontece ao lado da roda do tambor de crioula, esta das mulheres. Algumas expressões usadas por esses Mestres de Punga dos Homens, que chamam atenção, como ‘queda sem cair’, e o acordo que precede a entrada na roda – bater sem machucar. No tempo do cativeiro negro saia para as brincadeiras, mas não podia voltar machucado, pois o patrão não deixaria sair novamente, dai que vêm “os acordos”, de como será o combate. Caqueado, outro termo usado, é o aviso de que vai bater, onde vai bater – se na coxa, ou se vai ser no pé – rasteira: cambito!! – Em Arari, se bate só na coxa, e a alegria é cair junto: queda dos dois. Deixaram bem claro: não se punga em solo duro ou no cimento – só na areia.
. CANGAPÉ = Salto no ar, firula, acrobacia com o corpo, aquilo que alguns jogadores de futebol fazem na comemoração do gol e que os meninos do Nordeste sabem fazer sem nunca terem freqüentado uma aula de acrobacia. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. TARRACÁ – Elástico aplicado pelo Mestre Marco Aurélio, disponível em http://colunas.imirante.com/platb/leopoldovaz/2011/03/22/tarraca-elastico-aplicado-pelo-mestre-marco-aurelio/ 72 Cangapé - Sinônimos: cambalhota aquática Ato de mergulhar e dar uma cambalhota com uma das pernas batendo sobre a superfície da água. http://www.dicionarioinformal.com.br/cangap%C3%A9/ s.m. Pop. Ato de meter as pernas por entre as de outra pessoa para fazê-la cair. Rasteira. Fig. Laço, tramóia. 73 VER VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. TARRACÁ, ATARRACAR, ATARRACADO. Palestra apresentada no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão em 27 de abril de 2011; publicado na Revista do IHGM 37, março 2011.
Pois bem, arma-se nova roda, esta de Capoeiras: Mestre Patinho74, Mestre Euzamor75, Mestre Serginho, Mestre Vânio76, Mestre Pezão77, Mestre Luis Senzala78, Mestre Baé79, Mestre Mizinho80, além dos Mestres 74
MESTRE PATINHO - ANTONIO JOSÉ DA CONCEIÇÃO RAMOS - "Antonio, de Santo Antonio, José, de São José, Conceição, de Nossa Senhora da Conceição, Ramos, de Domingo de Ramos...". ESTILO: Capoeiragem; Contemporâneo (Josué); MESTRE: Mestre Sapo; NOME: Antonio José da Conceição Ramos; FILIAÇÃO: Djalma Estafanio Ramos e Alaíde Mendonça Silva Ramos; NASCIMENTO: São Luis do Maranhão 14/09/1953; ACADEMIA: Escola Centro Cultural Mestre Patinho. In VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CONVERSANDO COM MESTRE PATINHO. Jornal do Capoeira - Edição 63 - de 05 a 11/Mar de 2006 disponivel em http://www.capoeira.jex.com.br/; Do LIVRO-ÁLBUM ‘MESTRES CAPOEIRA DO MARANHÃO’, em construção. 75 MESTRE EUZAMOR ALBERTO PEREIRA ABREU Estilo ANGOLA Mestre Luciel Rio Branco (falecido em 1984) Mestre Sapo (falecido em 1972) Mestre Rui Pinto Filiação Euzébio Ramos de Abreu – Maria da Conceição Pereira Abreu Local e Data de nascimento São Luis – Ma – 15 de janeiro de 1962. Academia Centro de Artes Japiaçú – Associação Cultural de Capoeira Angola Ludovicence – ACCAL – 60 alunos HISTÓRIA DE VIDA Funcionário público estadual; Concluiu o 2º. Grau na Escola do Comércio Centro Caixeiral; Alberto – Mestre Euzamor recebeu esse título em função de sua irmã que era conhecida pelo seu segundo mestre Anselmo Barnabé Rodrigues – mestre Sapo (falecido em 1972 em envolvimento de acidente automobilístico). Iniciou a capoeira aos 07 (sete) anos de idade na escolinha do Costa Rodrigues, antigo ITA (Instituto Tecnológico de Aprendizagem) depois passando a se chamar Meng, com seu primeiro mestre Luciel Rio Branco (falecido em 1984 vitima de homicídio), depois Mestre Sapo e por último o mestre e irmão Rui Pinto. Mestre Euzamor comenta que até 1930 só existia capoeira ou capoeiragem (palavreado maranhense). Era considerado esporte marginalizado devido à prática e ação de como era jogado. Distingue os tipos de capoeira como: Capoeira Regional que era praticado apenas no estado da Bahia e difundindo-se para as demais regiões, era jogada mais por pessoas que tinham certo poder aquisitivo; a Capoeira de Angola; Memoriza na Capoeira de Angola a existência de três tipos de ritmo mais jogado hoje: Angola (fase de preparação, aquecimento), São Bento Pequeno (fase intermediária) e São Bento Grande (fase de roda). Explica o motivo que levou a esta escolha que foi origem, habitat, vindo do sangue sob o fato de ter nascido num lugar de sobrevivência cotidiana “Madre Deus”. Com 35 anos dedicado a capoeira, agora e em primeiro momento foi formado o 1º. Mestrando que será chamado futuramente de mestre Cacá (Cláudio Lúcio), não costuma adotar a regra contra-mestre, e sim mestrando. Além desse, formou quatro discípulos. Fala que não vê a Capoeira como coisa aleatória, mas como um todo. Obtém como fonte inspiradora seus mestres: Luciel e Rui, este último como modelo de transparência, lealdade e responsabilidade e fora da Capoeira seu ídolo é o Steve Segal. É viajado pelo mundo afora, onde esteve duas vezes na Itália e duas na França, pretendendo voltar. O primeiro momento da existência na capoeira foi aos sete anos de idade com seu primeiro mestre: Luciel Rio Branco Rosa, depois com Mestre Anselmo Barnabé Rodrigues, vulgo Sapo. E, por último com Mestre Rui Pinto. Ensino médio completo, funcionário público estadual; motivo de escolha foi o sangue sob o fato de ter nascido num lugar de sobrevivência do dia-a-dia, ou seja “Madre-Deus”; até o momento formou um mestrando chamado Cláudio Lúcio, vulgo “Cacá” , além de quatro discípulos, não relacionados. Experiência de 35 anos dedicados a capoeira; distingue a capoeira em Regional (Mestre Bimba), mistura com outras técnicas de outras lutas; a Regional é mais competitiva, mais para lutar, disputar. Enquanto que a Capoeira Angola (Mestre Pastinha), o objetivo principal é formar cidadãos no todo, melhorar a auto-estima, além de proporcionar resistência muscular, mantendo o corpo com a mesma performance. Ritual da capoeira Angola ou ritmo: Angola (que é aquecer); São Bento Pequeno (que é a fase de intermédio); e São Bento Grande (que é o momento da roda). O objetivo do mestre em capoeira é deixar fluir o que tem dentro do ser, a fim de que possa identificar-se com o que realmente está querendo. A capoeira já lhe levou 2 vezes a Itália e duas a França, pretendendo voltar. Tem maior inspiração pelo seu irmão de afinidade, o mestre Rui Pinto, devido servir-lhe de modelo na transparência e responsabilidade. Do LIVRO-ÁLBUM ‘MESTRES CAPOEIRA DO MARANHÃO’, em construção. 76
MESTRE VÃNIO Edivan Martins Botão Estilo Capoeira. Mestre Raimundão. Filiação Paulino da S. Botão e Neide M.Botão Local e Data de nascimento São Luis, 23 de julho de 1962 HISTÓRIA DE VIDA Comecei a treinar capoeira no dia 16 de janeiro de 1982,numa sala do Colégio Universitário, no bairro de Vila Palmeira, com o Professor Raimundo, aluno do Mestre Sapo. Fui reconhecido Mestre no ano de 2002 pelo Mestre Ribaldo e reconhecido por outros mestres presentes. Ajudei a organizar o 1º Campeonato Maranhense de Capoeira em 1985; ajudei a organizar primeira federação maranhense de capoeira; ajudei a fundar a segunda federação oficial do estado do Maranhão. Quando ainda professor eu tinha um dos maiores grupos do Maranhão, o Grupo de Capoeira Cascavel. Participei das 1ª., 2ª., e 3ª. Mostra de capoeira, seminários, congressos, etc. Do LIVRO-ÁLBUM ‘MESTRES CAPOEIRA DO MARANHÃO’, em construção 77
MESTRE PEZÃO (2) Jadson Werbeth Figueiredo Estilo Regional Mestre Mestre Dedé (Denílson, não era mestre) Mestre Militar Filiação Joana Damasceno Figueiredo Local e Data de nascimento São Luis, 12 de agosto de 1981 Academia União de Moradores do Bairro Areinha, sede; existem mais quatro núcleos em São Luís e três em Axixá. Sempre usando alunos que treinou, pois dá autorização para os alunos dar aulas – tem cerca de 300 alunos HISTÓRIA DE VIDA Começou na capoeiragem, mas atualmente pratica e ensina a Regional, não deixando as raízes da capoeira Angola de lado. Para Pezão, o capoeirista maranhense se vira de acordo com o toque do berimbau. Começou com 10 anos, contra a vontade dos pais, que achavam a capoeira coisa de moleque e muito perigosa, e escondidamente começou a treinar com seu primo Dedé, que não era mestre. Aos 13 anos começou a treinar com o Mestre Betinho,obtendo sua primeira graduação, a corda verde. Com o aprendizado e conhecendo outros mestres, como Euzamor, Pato, Cibá, Jorge Navalha, Sena, Evandro e o finado Mestre Didi, entre outros. Aos 15 anos obteve sua segunda graduação, a corda amarela e teve a oportunidade de conhecer o Mestre Militar, que foi seu ultimo
pungueiros José Ribeiro e Miguel (de Arari). O tema “aspectos de semelhança da punga dos homens com a capoeira”. mestre, chegando com o mesmo a corda azul-amarela; hoje, aos 24 anos encontra-se na corda amarela-branca do Mestrando, aguardando chegar aos trinta anos para ser reconhecido como Mestre. O Mestre Pezão acha importante que por ocasião da iniciação dos seus alunos todos sejam questionados, do por que eles querem fazer capoeira, o mestre acha que falar da historia da capoeira é extremamente necessário,para que o aluno entenda o valor histórico e conheça suas raízes. Para o Mestre Pezão o verdadeiro capoeirista mostra sempre que é unido com seus companheiros de arte,prima pela história e pela conservação de valores ensinados pelos seus antepassados e antecessores, tirando do senso comum a visão de racismo e marginalidade criada dentro da sociedade em relação a capoeira. ;ao termino da entrevista o Mestre deixa a seguinte mensagem, para você que não admira a capoeira, aprenda sobre ela antes de falar e saiba que dentro de cada brasileiro tem um pouco de capoeirista, pois é herança do sangue dos negros brasileiros correndo na veia. Do LIVRO-ÁLBUM ‘MESTRES CAPOEIRA DO MARANHÃO’, em construção. Há outro Mestre com esse mesmo nome 78
MESTRE LUÍS SENZALA LUÍS AUGUSTO LIMA Estilo ANGOLA Mestre MESTRE MADEIRA (CERTIFICADO POR JOÃO PEQUENO) Filiação PAI: AUGUSTO DOS ANJOS LIMA - MÃE: MARIA MADALENA LIMA Local e Data de nascimento SÃO LUÍS – MA - 08 / 04 / 1971 Academia ESCOLA ACAPUS HISTÓRIA DE VIDA Em 1981, começou com o mestre Madeira, ingressou na capoeira devido as suas raízes e pelo seu interesse as artes marciais. O trabalho na capoeira se voltou para o social, isto é, tirando crianças das ruas onde já tem 5 anos com esse trabalho. Com a formação desses alunos, houve a divulgação da capoeira nos países da Europa, visando com isso não só expandir a arte como tirar daí seu próprio sustento, fazendo um intercâmbio entre Brasil e Europa. Do LIVRO-ÁLBUM ‘MESTRES CAPOEIRA DO MARANHÃO’, em construção. 79
MESTRE BAÉ – FLORISVALDO DOS SANTOS MENDONÇA COSTA - Estilo REGIONAL; Mestres *Mestre Alô - José Ribamar Viegas; *Mestre Paturi - Antônio Alberto Carvalho;*Mestre Patinho - Antônio José da Conceição Ramos *Mestre Edy Baiano - Edmundo da Conceição; Filiação Pai – Florisvaldo dos Reis Costa - Mãe – Inês da Graça Mendonça; Local e Data de nascimento Penalva 01 de novembro de 1966 Academia Associação de Cultura Educacional Candieiro da Capoeira HISTÓRIA DE VIDA Iniciei a capoeira em fevereiro de 1977, na feira do João Paulo com o finado Alô, depois passei a treinar com o mestre Paturi até conhecer o mestre Patinho tendo me afastado devido o mesmo ter se dedicado só à capoeira de angola, e meu objetivo eram me aprofundar mais na capoeira, pois a mesma está no sangue. Em 1989, comecei a praticar e estudar a capoeira regional pelo Brasil inteiro. A partir de 1990, iniciei um trabalho de estudo e pesquisa da capoeira no Brasil. De forma geral, hoje sou mestre de capoeira e amo o que faço. Nasceu em Penalva, estado do Maranhão, no dia 01/11/1966, onde logo depois se mudou para a capital, São Luís. Teve uma infância comum como qualquer outra criança, jogava pelada, bola de gude, soltava pipa. Mas aos 11 anos ingressou na capoeira, mais precisamente no dia 17 de fevereiro de 77, na Feira do João Paulo, bairro popular de São Luís, começou com o já falecido Senhor Alô, que foi policial militar. Em 1980 até meados de 1984, seu mestre foi Paturi, 95 Mestre patinho, 89 Mestre Edy baiano o mesmo que o graduou contra-mestre juntamente com o conselho de mestres. Atualmente Florisvaldo ou Mestre Baé é bombeiro militar. Do LIVRO-ÁLBUM ‘MESTRES CAPOEIRA DO MARANHÃO’, em construção. 80
MESTRE MIZINHO - ALCEMIR FERREIRA ARAÚJO FILHO; Estilo REGIONAL Mestre: Mestre Evandro; Filiação Alcemir Ferreira Araújo – Amélia Marques; Local e Data de nascimento: São Luís – Ma – 21 de setembro de 1960; Academia Associação Nação Palmares HISTÓRIA DE VIDA Começou na Capoeira aos 12 anos, no PDT no Monte Castelo. É Mestre e tem mais de 500 alunos na Academia, fundada em 1º. de 2000; existem academias em vários bairros e conjuntos de São Luís, tais como Vila Palmeira, Anil, Cidade Operária, Caratatiua, Cohatrac; fazem apresentações me vários pontos da cidade. Aos 11 anos de idade eu praticava judô com um tio; certo dia, me levaram ao Teatro Artur Azevedo e eu fiquei puramente fascinado pela capoeira, mas quando pedi a minha mãe para treinar ela não permitiu, a capoeira era muito marginalizada mas eu tinha um professor particular chamado João Evangelista e minha mãe tinha uma grande confiança nele, ele era capoeirista e eu não sabia, um dia eu olhei ele armando um berimbau e me lembrei do teatro e perguntei para ele o que era aquilo e para que servia, ele me falou tudo, então pedi para ele falar com minha mãe para deixar eu treinar, ele foi e pediu. Minha mãe deixou, com a condição de que ele me levasse e trouxesse para casa de volta. Iniciei na capoeira aos 12 anos de idade na Rua 24 de Agosto no Bairro do Monte Castelo, São Luís-Ma. Em 1984, quem comandava era o Evandro conhecido hoje como Socó e nessa mesma academia conheci o mestre Evandro com quem eu comecei a treinar, onde treinei até o ano de 2000, onde cheguei até a graduação de mestrando. O seu reconhecimento de Mestre foi dado por um conselho de Mestre pertencente a federação, ou seja, reconhecimento dado pela nossa comunidade capoeirista. A Associação Nação Palmares de capoeira – ANPC – fundada em 1º. De maio de 2000, localizada na Rua Gabriel, 27, Fé em Deus, nasceu de uma junção de idéias de três contra-mestre, Mizinho, J.J. e José Manoel, este último não se faz mais presnete na ANPC, por isso o nome Associação Nação Palmares de Capoeira tem como mestre e coordenador geral o mestre Mizinho e outros professores que também fazem parte da diretoria da ANPC. Atualmente a academia conta com 1 corpo docente 1 mestre, 1 contra-mestre, 3 instrutores e 1 monitor e 11estagiários. A Associação Nação Palmares de Capoeira não se intitula só no estilo Angola e nem no estilo Regional mas sim capoeira, uma capoeira mista que engloba os dois estilos Angola e Regional, respeitando sempre seus seguimentos, fundamentos e tradições de cada uma. Os ensinamentos teóricos e práticos são transmitidos da melhor maneira possível aos seus integrantes, lembrando que este estilo não foi criado por nós sim a preservado do passado com algumas inovações para melhorar e facilitar a aprendizagem dos alunos. E este o estilo de nossa capoeira não é uma sub-diferença da capoeira Angola e Regional, mas é o que chamamos de capoeira Maranhense, deixando como herança dos nossos antepassados. Do LIVRO-ÁLBUM ‘MESTRES CAPOEIRA DO MARANHÃO’, em construção.
Patinho entre na Roda e apresenta seu caqueado: aos 9 anos, ouvia na noite o bater dos tambores. Sentia medo! Seu pai, um dia, para que perdesse esse medo, levou-o para ver de onde vinha e o que acontecia – conhece a Punga, dançado pelos homens. Passa a discorrer sobre a Punga e fala da “Punga de Peito”, em que os contendores saltam e batem de peito – feito no tempo da batida dos tambores para fazer a punga: ritmo.
Capoeira
Punga
Faz uma correlação entre a Capoeira e a Punga, tomando por base o ritmo e o movimento, apresentando que a base é a mesma – triangulo isóscele – três lados iguais - e que na capoeira a base se apresenta com os dois pés paralelos, com a mudança para três – vértice – a mudança de passo (base) se dá movimentando-se para trás; na punga há inversão, em que a base fica atrás e o movimento se faz para frente. Vê semelhança no ritmo de executar o movimento – se refere à pernada e alguns movimentos como o rabo de arraia, cangapé. Para Mestre Euzamor – Alberto Pereira Abreu – nos passeios que a família fazia para a Ponta D´Areia, nos finais de semana, ainda nos anos 60, ao final da tarde via as rodas de Tambor de Crioula e em dado momento os homens entravam na roda com o Jogo do Cacete; quando se tornou Capoeira, começou a perceber a semelhança da Capoeira de Mestre Sapo com aquelas lembranças de criança; Sapo falava de ritmo e movimento do cabloco de pena com a movimentação da capoeira; aprendeu, então, a jogar o cacete; acredita que a origem da capoeira do Maranhão esteja no Tambor de Crioula e no Bumba-Boi; fala sobre o jogo do cacete, e de como treinava. Houve intervenções dos Mestres pungueiros, reafirmando o que vinham falando nesses três encontros – ressaltando-se que Punga era ‘brincadeira’. Mestre Patinho pergunta-me por que não houve capoeira no Ceará. Respondo: houve, mas com outro nome, como aqui recebia a denominação de ‘carioca’, ou mesmo ‘punga’, capoeiras primitivas. Carlos Cavalheiro81, de Sorocaba afirma: “Cai por terra a teoria de que São Paulo conheceu capoeira somente no século XX. É preciso ter claro na mente como se desenvolveu a capoeira e separar em dois momentos históricos: o da informalidade e o da formalidade dessa prática. Primeiramente, devemos entender que a mesma apareceu entre os negros escravos de Angola e os primeiros registros dão conta de que se tenha desenvolvido entre os quilombolas de Pernambuco. Posteriormente, essa luta encontrou em todos os rincões do Brasil suas formas regionais: a capoeira Angola e a pernada no Rio de Janeiro, a punga no Maranhão, o bate-coxa em Alagoas, o cangapé ou cambapé no Ceará, a tiririca ou pernada em São Paulo, a capoeira de Angola (e posteriormente a Regional Baiana) na Bahia. “Notícias diversas também se tem do pessoal da pernada, a capoeira paulista simplificada. Em São Paulo, segundo Nenê da Vila Matilde e Geraldo Filme, era conhecida por tiririca. É a mesma pernada carioca. Sebastião Bento da Cunha, conhecido por “Carioca”, residente no bairro Santa Terezinha, em Sorocaba, alega que conheceu esse jogo com o nome de samba-de-roda, praticado em Valença e Barra Mansa, no estado do Rio de Janeiro. No Maranhão é conhecida por punga e está ligada ao Tambor de Crioula. Marcelo Manzatti fala da tiririca como sendo forma primitiva de Capoeira ou Pernada, praticada ao som do samba, sendo os golpes desferidos em meio aos passos da dança.”(grifos meu).
81
CAVALHEIRO, Carlos Carvalho. A HISTÓRIA DA CAPOEIRA EM SOROCABA. Disponível em http://www.anovademocracia.com.br/1828.htm
Mas vamos prosseguir com Mestre Cavalheiro, em correspondência pessoal (04/02/2006) quando me pergunta se ainda estou interessado na Punga; informa, então: Encontrei outra referência: "A punga entre homens não tem características de convite à dança como entre as mulheres. É uma espécie de briga que se assemelha, ligeiramente, à capoeira, onde o objetivo de cada um é derrubar o companheiro. Isto faz lembrar a hipótese de que o Tambor de Crioula inicialmente era um exercício de luta como a Capoeira. É aplicada no joelho ou dada em forma de rasteira nos pés. [...]". Há um pouco mais de informações, mas isto é o essencial. A referência? FERRETTI, Sérgio et al. TAMBOR DE CRIOULA, Cadernos de Folclore n. 31. RJ: Funarte/MEC, 1981, pp. 08 - 11.
ESTUDO REVELA O QUE BRASILEIRO FAZ NO TEMPO LIVRE E COMO ESCOLARIDADE INFLUENCIA Alguns associam o lazer a atividades sociais e esportivas, outros a experiências culturais e intelectuais Por Ivanir Ferreira - Editorias: Ciências Humanas, Ciências da Saúde - URL Curta: jornal.usp.br/?p=200436
https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-humanas/estudo-revela-o-que-brasileiro-faz-no-tempo-livre-ecomo-escolaridade-influencia/?fbclid=IwAR3COtYZOTU1IZGETsGn2V7ASZZPcS575WePIZmgYD62nRjgCUZ9Z9qNMI
Pesquisadores entrevistaram 2.400 pessoas em todas as regiões do País para saber o que os brasileiros faziam em seu tempo livre e o que gostariam de fazer caso não houvesse nenhum impedimento . Lazer e formação escolar estão intrinsecamente ligados. Para além das barreiras econômicas que determinam as escolhas, as pessoas com menores níveis de escolaridade associam o lazer às atividades de caráter social (encontros com amigos e familiares) e às de cunho físico esportivo (o futebol, por exemplo). As com maiores níveis de escolaridade expandem sua percepção e buscam uma maior variedade de experiências, como as artísticas (teatro e cinema) e as intelectuais (leitura de livros e visita a museus). Esse panorama foi traçado por pesquisa inédita de âmbito nacional que entrevistou 2.400 pessoas em todas as regiões do País. O objetivo era saber o que elas faziam em seu tempo livre e o que gostariam de fazer em seu lazer se não houvesse restrições. O estudo envolveu sete universidades brasileiras, incluindo pesquisadores e alunos da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP.
Professor Ricardo Ricci Uvinha, vice-diretor da EACH e um dos pesquisadores envolvidos no estudo – Foto: Cecília Bastos / USP Imagens O vice-diretor da EACH e um dos pesquisadores envolvidos no estudo, Ricardo Ricci Uvinha observou que, no geral, os brasileiros possuem uma visão reducionista a respeito do lazer: normalmente, associam ao descanso, ao entretenimento alienante ou à possibilidade de consumo de conteúdos culturais de forma passiva, como assistir televisão, por exemplo. Os dados confirmam o que diz o pesquisador. Dos entrevistados, 77% associam a palavra lazer ao divertimento, 20% ao descanso e apenas 0,3% à perspectiva de desenvolvimento social. Quando foi feito o cruzamento de dados com o nível de escolaridade, a pesquisa verificou que, dos 2.400 entrevistados, 39% possuíam apenas o ensino fundamental. Na opinião do pesquisador, a escolaridade teve grande influência quanto aos fatores que dificultaram as pessoas a ter uma consciência mais crítica sobre o assunto. “O lazer é um direito garantido na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Constituição
do Brasil e, quando compreendido de forma mais ampla, pode se tornar uma dimensão social que auxilia no desenvolvimento da educação, na aquisição de conhecimento e na autonomia do indivíduo”, explica Ricardo Uvinha.
Giro Cultural é um programa que permite conhecer o patrimônio arquitetônico, artístico e cultural da USP – Foto: Cecília Bastos / USP Imagens
. Outra questão que a pesquisa constatou foi que viajar é um desejo unânime em todas as classes sociais, mas as pessoas não o fazem por barreiras econômicas ou restrições de tempo. Na pesquisa, isso se refletiu quando foi perguntado o que gostariam de fazer (e não o que fazem ) no tempo livre. O turismo apareceu como resposta de maior destaque entre todos os entrevistados. No entanto, quando foram questionados sobre o motivo pelo qual não viajavam, as respostas se diferenciaram. Os de nível escolar mais baixo alegaram falta de dinheiro, enquanto os de nível mais alto citaram a falta de tempo como impeditivo para aproveitarem mais a vida viajando. Neste último grupo, o porcentual é mais relevante ainda quando se trata dos que possuíam pós-graduação, cerca de 57%.
Fechar espaços de lazer pode prejudicar o aprendizado das crianças A pesquisa chamou a atenção também para a sobreposição dos fatores econômico e de formação escolar que impediam as pessoas de realizarem atividade de turismo. No caso das pessoas que tinham menor escolaridade também justificaram a questão da renda familiar como barreira para viajar. No Brasil, este aspecto é relevante porque, segundo levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 4,4% dos domicílios não possuem renda, 14,7% têm renda de até um salário mínimo e 21,5%, entre um e dois salários mínimos. Segundo Ricardo Uvinha, a situação pode ser explicada quando se imagina que um indivíduo que tenha que trabalhar diuturnamente para sobreviver dificilmente priorizará tempo e dinheiro para usufruir de algum tipo de atividade de lazer. Na opinião do pesquisador, “o lazer tem ficado cada vez mais mercantilizado e associado ao consumo, em oposição ao seu necessário entendimento como um direito social”, relata.
Os que possuem mais escolaridade expandem seus horizontes e usufruem também de atividades artísticas e culturais – Foto: Cecília Bastos / USP Imagens
. Durante as férias, as diferenças de vivências de lazer também destoaram entre os que têm mais e menos renda. Aqueles com menores índices apontaram o ócio (compreendido na pesquisa como o não fazer nada) como principal ocupação durante as férias, enquanto que os com maior renda disseram que viajavam. A pesquisa corrobora tais premissas identificando que os brasileiros que recebem acima de vinte salários mínimos são os que mais fazem turismo, 50,9% . Para minimizar as lacunas existentes entre diferentes classes sociais nas vivências de atividades de lazer, Ricardo Uvinha propõe ações efetivas que possibilitem o acesso gratuito das pessoas às modalidades de caráter cultural – como visitas a museus, cinemas, teatros, concertos, dentre outros. Como exemplo, cita o Giro Cultural USP, um programa da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária que promove passeios gratuitos à população. O objetivo é divulgar o patrimônio arquitetônico, artístico e cultural da Universidade. Atualmente, são três roteiros. O professor Ricardo Uvinha é o coordenador do programa. A pesquisa, financiada pelo Ministério do Esporte do governo federal, foi publicada em formato de artigo intitulado Leisure practices in Brazil: a national survey on education, income, and social class no World Leisure Journal. O estudo também deu base à publicação do recente livro Lazer no Brasil: grupos de pesquisa e associações temáticas (Edições Sesc, 2018).
Mais informações: e-mail uvinha@usp.br, com o professor Ricardo Ricci Uvinha
General Frame of the #YOG2018 - Youth Olympic Games Buenos Aires 2018, by Dr Leonardo Mataruna. ď&#x201A;ˇ
Publicado em 24 de outubro de 2018
Dr. Leonardo Mataruna Assistant Professor at The American Universityin the Emirates (AUE)
The #Youth #Olympic #Games (YOG) are an elite sporting event for young people from all over the world. An event distinct from other youth sports events, as they also integrate a unique Culture and Education Programme, based around five main themes: #Olympism, Social Responsibility, Skills Development, Expression and Well-being and Healthy Lifestyles. The motto for the edition in Argentina is "Feel the Future"
Before the Games starts, some International Federations promoted the International Training Camps in order to complement the principles of the Games and to prepare the future champions. The #YOG share many of the same elements that their elders, the #Olympics, such as: an athlete's village, world-class sports facilities, opening and closing ceremonies and a special element that is the educational dimension. It is the case of the International Judo Federation organised the IJF Youth Olympics Training Camp in Tunisia, for sharing training, education, and concepts of sport for peace and development.
The International Olympic Committee (IOC) organised, as well, two days before the YOG an important conference. The Olympism in Action Forum was a new initiative by the IOC focused on building a better world through sport. It addressed the most important topics related to sport and society through a constructive dialogue with a diverse group of speakers and guests. The Forum involved the Olympic Movement stakeholders, such as private and public sector leaders, athletes and media, but it was also welcome broader spheres of society with the power to effect change, including NGOs, academics, businesses, artists and more. The Forum sessions and activities included debates, collaborative workshops, sport demos, inspirational talks, cultural celebrations, networking opportunities and much more. Themes such as sustainability, antidoping, gender equality and equity, legacies challenges, eSport, governance and others were in the agenda. The event realised in Buenos Aires leverage an important legacies for Argentina and all Latin America regarding event management. It is now a challenge for the continent to host other sport mega events, once the economy is passing through a turbulence moment. However, regarding legacies for the South America continent, since 1922 the mega events are impacting the sport in the region. Brazil hosted the first Latin American Olympic Games, know as the Games of Centenarian and this action impacted direct in the Sport for Development. After received FIFA Football Cups, Olympic Games, Universiade, CISM Military Games, and now, the YOG2018. In the beginning of this week (20 Oct 2018) , Argentina mentioned the intention to host the 2032 Summer Olympic Games.
The conference was a moment to reflect about the future of the Olympic Games and for discussing important topics regarding youth engagement in the sport. The actual discussion about eGames whether is or not a sport was one of the higher top of discussion. Recently, Prof Filip Kobiela published a paper Should chess and other mind sports be regarded as sports? - to discuss some similar issues in the philosophic perspective (read here: https://doi.org/10.1080/00948705.2018.1520125) . After the conference started the games, bringing the ceremony for outside the stadium in the 9 de Julio avenue in the city centre of Buenos Aires. The idea was to give to the population an opportunity to be close of the Games. It was fantastic but non well achieved because there were more people than expected attended the opening ceremony. From far away the public could not see the spectacle, but hearing the beat of the music, feeling the vibration and the spirit of the Olympics hanging in the air.
The sports programme was based on the Olympic Games, with 28 sports featured on the summer programme and seven on the winter programme. In addition, the programme also includes exciting new
disciplines and formats, such as 3-on-3 basketball, ice hockey skills challenge and mixed gender and mixed National Olympic Committee (NOC) events. Inspired by the success of the Nanjing 2014 Sports Lab and in line with the Buenos Aires 2018 mission to “bring sport to the people”, the Organising Committee has proposed that the three sports be integrated into the Urban Park and Youth Olympic Park - two of the fourparks concept that will be spread across the city, featuring a mix of sport, culture and educational activities in a festive atmosphere. The three new sports reflect the IOC’s and Buenos Aires 2018’s shared goal of building youth engagement, and thus represent a mix of emerging, universal and urban sports with a significant youth appeal. While dance sport is a completely new event to the Olympic programme, karate and sport climbing was a teaser of what’s to come in 2020 at the Olympic Games in Tokyo and strengthen the Youth Olympic Games reputation to act as an incubator and as a place of innovation for the Olympic Movement. Dance sport was feature men’s, women’s and mixed team breakdancing in a battle format; karate consisted of three kumite events per gender; and sport climbing was a combined event of the three climbing disciplines (lead, bouldering and speed) for both men and women.
Away from the field of play and through a variety of fun and interactive activities, workshops and teambuilding exercises, the CEP gives the participating athletes the opportunity to learn about the Olympic values, explore other cultures and develop the skills to become true ambassadors of their sport. This is a new moment for the Olympic movement address the grassroots of the Olympism. The goal of the Olympic Movement is to contribute to building a peaceful and better world by educating youth through sport practiced without discrimination of any kind and in the Olympic spirit, which requires mutual understanding with a spirit of friendship, solidarity and fair play. Summarising, the YOG Buenos Aires 2018's was an example of success in the event management industry.
A book recommendation to understand better elements on this paper is "Olympism: The Global Vision: From Nationalism to Internationalism" edited by Boria Majumdar, Sandra Collins, Routledge, 2008. Preface: The IOC Olympic studies centre / Philippe Blanchard -- The Lausanne Olympic studies centre research grants programme / John J. MacAloon-- Prologue: The story of the homecoming: IOC weds IJHS / Boria Majumdar -- The Latin American 'Olympic explosion' of the 1920s: Causes and consequences / Cesar R. Torres -- The modern Olympic movement, women's sport and the social order during the inter-war period / Florence Carpentier and Jean-Pierre Lefèvre -- Conflicts of 1930s Japanese Olympic diplomacy in universalizing the Olympic movement / Sandra Collins -- 'A debt was paid off in tears': Science, IOC politics and the debate about high altitude in the 1968 Mexico City Olympics / Alison M. Wrynn -- 'If you want to cry, cry on the green mats of Kôdôkan': Expressions of Japanese cultural and national identity in the movement to include Judo into the Olympic programme / Andreas Niehaus -- Revisting South Africa and the Olympic movement: The correspondence of Reginald S. Alexander and the International Olympic Committee, 1961-86 / Maureen Margaret Smith -- When north-south fight, the nation is out of sight: The politics of Olympic sport in postcolonial India / Boria Majumdar -- A brief historical review of Olympic urbanization / Hanwen Liao and Adrian Pitts -- Epilogue / Sandra Collins.
ESPORTES E LAZER E QUALIDADE DE VIDA Leopoldo Gil Dulcio Vaz Professor de Educação Física – CEFET-MA Mestre em Ciência da Informação
O Relatório sobre o Desenvolvimento Humano no Brasil, elaborado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA) com base no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, um órgão da ONU), aponta os estados brasileiros com a melhor qualidade de vida (ranking dos Estados na Tabela I). O IDH foi implantado como uma alternativa à medição do progresso nacional baseada unicamente no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB). Esse índice é composto por três componentes considerados básicos para uma avaliação do desenvolvimento humano: longevidade, conhecimento e padrão de vida. Mas, o que é “qualidade de vida” ? A expressão qualidade de vida foi empregada pela primeira vez pelo presidente dos Estados Unidos, Lyndon Johnson em 1964 ao declarar que "os objetivos não podem ser medidos através do balanço dos bancos. Eles só podem ser medidos através da qualidade de vida que proporcionam às pessoas." O interesse em conceitos como "padrão de vida" e "qualidade de vida" foi inicialmente partilhado por cientistas sociais, filósofos e políticos. O crescente desenvolvimento tecnológico da Medicina e ciências afins trouxe como uma conseqüência negativa a sua progressiva desumanização. TABELA I CLASSIFICAÇÃO DOS ESTADOS BRASILEIROS SEGUNDO O ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO - IPEA CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO VALOR DO IDH
IDH
PIB PER CAPITA
ESPERANÇA DE VIDA
ESCOLARIDADE
Rio Grande do Sul
0,871
1
4
2
3
Distrito Federal
0,858
2
1
6
1
São Paulo
0,850
3
2
11
2
Santa Catarina
0,842
4
6
5
5
Rio de Janeiro
0,838
5
3
12
4
Paraná
0,827
6
5
10
6
Mato Grosso do Sul
0,826
7
8
7
7
Espírito Santo
0,816
8
9
4
8
Amazonas
0,797
9
7
9
15
Amapá
0,781
10
13
3
10
Minas Gerais
0,779
11
10
13
11
Mato Grosso
0,769
12
11
8
12
Goiás
0,760
13
12
15
9
ESTADOS
Roraima
0,749
14
16
11
14
Rondônia
0,715
15
14
17
13
Pará
0,688
16
18
14
16
Acre
0,665
17
17
16
20
Sergipe
0,663
18
15
20
19
Bahia
0,609
19
20
19
21
Pernambuco
0,577
20
21
23
17
Rio Grande do Norte
0,574
21
19
25
18
Maranhão
0,512
22
25
21
22
Ceará
0,506
23
23
22
24
Piauí
0,502
24
26
18
23
Alagoas
0,500
25
22
24
26
Paraíba
0,466
26
24
26
25
NOTA: O IDH de Tocantins não foi calculado, por não se dispor de informações relativas à esperança de vida no Estado. Mas se situa no intervalo entre 0,5 e 0,6. Ou seja, entre décimo nono e vigésimo quinto lugares.
TABELA III RELAÇÃO ENTRE OS DETERMINANTES DE POBREZA NOS ESTADOS E A MÉDIA NACIONAL - 1990 Média nacional = 100 Proporção da população em ESTADOS idade de trabalhar
Grau de utilização da capacidade de geração de renda
Qualidade Qualidade dos da força postos de de trabalho trabalho
Renda per capita (1991)
Regiões Sudeste e Sul Rio de Janeiro
110
98
90
130
128
São Paulo
108
103
129
120
169
Rio Grande do Sul
108
108
103
119
108
Santa Catarina
106
105
126
111
97
Paraná
105
103
105
105
99
Minas Gerais
103
103
92
105
87
Espírito Santo
102
102
103
119
92
Região Centro-Oeste Goiás
103
105
122
103
81
Mato Grosso do Sul
102
106
108
100
96
Mato Grosso
102
106
111
103
83
Região Nordeste Pernambuco
100
94
86
92 56
Piauí
98
95
82
84 26
Rio Grande do Norte
98
94
65
111 60
Ceará
97
97
82
78 42
Paraíba
97
92
78
97 37
Sergipe
97
98
83
89 74
Bahia
97
98
98
95 58
Alagoas
95
92
101
76 46
Maranhão
90
102
81
76 32
FONTE: Barros, Camargo e Mendonça 1995, a partir de IBGE/PNAD 1990, citados pelo IPEA
Assim, a preocupação com o conceito de "qualidade de vida" refere-se a um movimento dentro das ciências humanas e biológicas no sentido de valorizar parâmetros mais amplos que o controle de sintomas, a diminuição da mortalidade ou o aumento da expectativa de vida. Assim, a avaliação da qualidade de vida foi acrescentada nos ensaios clínicos randomizados como a terceira dimensão a ser avaliada, além da eficácia (modificação da doença pelo efeito da droga) e da segurança (reação adversa a drogas) (BECH,1995). A oncologia foi a especialidade que, por excelência, se viu confrontada com a necessidade de avaliar as condições de vida dos pacientes que tinham sua sobrevida aumentada com os tratamentos propostos (KATSCNIG, 1997), já que muitas vezes na busca de acrescentar "anos à vida" era deixado de lado a necessidade de acrescentar "vida aos anos". O termo qualidade de vida como vem sendo aplicado na literatura médica não parece ter um único significado (GILL e FEINSTEIN, 1994). "Condições de saúde", 'funcionamento social" e "qualidade de vida" tem sidos usados como sinônimos (GUYATT e cols.) e a própria definição de qualidade de vida não consta na maioria dos artigos que utilizam ou propõe instrumentos para sua avaliação (GILL e FEINSTEIN, 1994). Qualidade de vida relacionada com a saúde ("Health-related quality of life" ) e Estado subjetivo de saúde ("Subjective health status") são conceitos afins centrados na avaliação subjetiva do paciente, mas necessariamente ligados ao impacto do estado de saúde sobre a capacidade do indivíduo viver plenamente. BULLINGER e cols. (1993) consideram que o termo qualidade de vida é mais geral e inclui uma variedade potencial maior de condições que podem afetar a percepção do indivíduo, seus sentimentos e comportamentos relacionados com o seu funcionamento diário, incluindo, mas não se limitando, à sua condição de saúde e às intervenções médicas. "Qualidade de vida é ter saúde pra dar e vender...". "Qualidade de vida é ser rico, pra comprar aquilo que você desejar...". "Qualidade de vida é ter emprego, moradia e a perspectiva de uma vida melhor; é saber administrar os problemas e ser feliz a maior parte do dia; é cuidar do corpo e da mente com atividades lúdicas...". Creio que cada pessoa teria seu próprio conceito de qualidade de vida já que o mesmo encerra elementos objetivos e tangíveis como aqueles subjetivos, por vezes até difíceis de se compreender na hierarquia das necessidades humanas. Muitos autores afirmam que hoje em dia é muito mais fácil falar de qualidade de vida do que viver uma vida com qualidade. Não discordo deles. Se os avanços da tecnologia proporcionaram oportunidades nunca antes imaginadas, certamente criou ameaças à vivencia, à convivência e, principalmente, à transcendência humana. Há mais de 40 anos atrás, o então Presidente dos Estados Unidos da América do Norte, Lyndon Johnson, fez uma afirmação que dava início às discussões sobre o verdadeiro significado de qualidade de vida. Dizia ele que "os objetivos não podem ser medidos através do balanço dos bancos. Eles só podem ser medidos através da qualidade de vida que proporcionam às pessoas". Essa afirmação nos tumultuados anos 60 continua válida em nossos dias já que nem sempre riqueza financeira (variável objetiva) necessariamente corresponde à felicidade humana (variável carregada de elementos subjetivos).
Nos anos 70, outro norte-americano (Hetler) tenta "compor" um quadro referencial para a qualidade de vida e afirma que nós, seres humanos, necessitaríamos de uma vida em harmonia entre seis importantes dimensões: (1) (2) (3) (4) (5) (6)
valores espirituais e éticos, equilíbrio emocional, ambiente social familiar e comunitário, desafio intelectual, ocupação vocacional e condicionamento físico e nutrição.
Mais recentemente, um autor brasileiro (Nahas) propõe o que ele chama de "Pentágono do Bem Estar", composto de (1) (2) (3) (4) (5)
nutrição adequada, Atividade física, Comportamento preventivo, Relacionamento social e Controle do Estresse.
Finalmente, Pegado - médico especializado nesse abrangente campo do conhecimento -, afirma que "qualidade de vida é uma variável resultante do desenvolvimento pessoal e coletivo, dependente de múltiplos fatores, que determina nossa capacidade de produzir resultados, ser feliz e saudável". “Instrumentos de Medida de Qualidade de Vida “. Houve na última década uma proliferação de instrumentos de avaliação de qualidade de vida e afins, a maioria desenvolvidos nos Estados Unidos com um crescente interesse em traduzi-los para aplicação em outras culturas. A aplicação transcultural através da tradução de qualquer instrumento de avaliação é um tema controverso. Alguns autores criticam a possibilidade de que o conceito de qualidade de vida possa ser não-ligado a cultura (FOX-RUSHBY e PARKER, 1995). Por outro lado, em um nível abstrato, alguns autores tem considerado que existe um "universal cultural" de qualidade de vida, isto é, que independente de nação, cultura ou época, é importante que as pessoas se sintam bem psicologicamente, possuam boas condições físicas e sintam-se socialmente integradas e funcionalmente competentes (BULLINGER, 1993). A busca de um instrumento que avaliasse qualidade de vida dentro de uma perspectiva genuinamente internacional fez com que a Organização Mundial da Saúde organizasse um projeto colaborativo multicêntrico. O resultado deste projeto foi a elaboração do WHOQOL-100, um instrumento de avaliação de qualidade de vida composto por 100 itens. Tabela 2- DOMÍNIOS E FACETAS DO WHOQOL Domínio I - Domínio físico 1. Dor e desconforto 2. Energia e fadiga 3. Sono e repouso Domínio II - Domínio psicológico 4. Sentimentos positivos 5. Pensar, aprender, memória e concentração
6. Auto-estima 7. Imagem corporal e aparência 8. Sentimentos negativos Domínio III - Nível de Independência 9. Mobilidade 10. Atividades da vida cotidiana 11. Dependência de medicação ou de tratamentos 12. Capacidade de trabalho Domínio IV - Relações sociais 13. Relações pessoais 14.Suporte (Apoio) social 15. Atividade sexual Domínio V- Ambiente 16. Segurança física e proteção 17. Ambiente no lar 18. Recursos financeiros 19. Cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade 20. Oportunidades de adquirir novas informações e habilidades 21. Participação em, e oportunidades de recreação/lazer 22. Ambiente físico: (poluição/ruído/trânsito/clima) 23. Transporte Domínio VI- Aspectos espirituais/Religião/Crenças pessoais 24. Espiritualidade/religião/crenças pessoais O desenvolvimento destes elementos conduziu a definição de qualidade de vida como "a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações" (WHOQOL GROUP, 1994). O reconhecimento da multidimensionalidade do construto refletiu-se na estrutura do instrumento baseada em 6 domínios: domínio físico, domínio psicológico, nível de independência, relações sociais, meio-ambiente, e espiritualidade / religião / crenças pessoais. Como podemos observar, tratar-se de um conceito complexo. Assim, temos que Qualidade de vida é o jeito que cada um escolhe para viver bem. Então, define-se como ter qualidade de vida o jeito que cada um escolhe para viver. Qualidade de vida é uma opção pessoal. Só que, para tomar uma decisão consciente, as pessoas precisam de informações. É por isso que qualidade de vida tem a ver com escolhas de bem-estar - claro que elas estão limitadas pelos padrões de convivência social.
A idéia de associar exercícios físicos à qualidade de vida, por exemplo, nasceu nos Estados Unidos, na década de 70. Para algumas pessoas, realmente funciona assim, mas tem gente que simplesmente abomina fazer ginástica. Essas pessoas podem optar por uma levar uma vida sedentária, mesmo sabendo dos prejuízos que isso acarreta para a saúde. Por mais estranho que possa parecer, tal atitude não deixa de ser uma escolha de bem-estar, uma vez que essas pessoas têm consciência da decisão que tomaram e não estão prejudicando ninguém. Embora haja algumas linhas mestras, não dá para padronizar a qualidade de vida. Senão, cairemos numa ditadura -- exatamente como aquela que impera no campo da estética corporal. Dentre os principais fatores determinantes de qualidade de vida nas cidades, temos as seguintes categorias: -
Ambiente político e social (estabilidade política, criminalidade, rigor da lei, etc)
-
Ambiente econômico (regras de conversão de moedas, serviços bancários, etc)
-
Ambiente sócio-cultural (censura, limitações de liberdade individual, etc)
-
Aspectos médicos e sanitários (suprimentos e serviços médicos, doenças infecciosas, esgoto, coleta de lixo, poluição do ar, etc)
-
Escolas e educação (padrão e disponibilidade de escolas, etc)
-
Serviços públicos e transporte (eletricidade, água, transporte público, congestionamentos, etc)
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Diversão (restaurantes, teatros, cinemas, esportes e lazer, etc)
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Mercadorias (disponibilidade de alimentos e de itens de consume diário, carros, etc)
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Acomodações (alojamentos, equipamentos domésticos, móveis, serviços de manutenção, etc)
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Ambiente natural (clima, registro de desastres naturais, etc).
SAÚDE, EDUCAÇÃO FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998,b: 36): As relações que se estabelecem entre Saúde e Educação Física são perceptíveis ao considerar-se a similaridade de objetos de conhecimento envolvidos e relevantes em ambas às abordagens. Dessa forma, a preocupação e a responsabilidade na valorização de conhecimentos relativos à construção da auto-estima e da identidade pessoal, ao cuidado do corpo, à consecução de amplitudes gestuais, à valorização dos vínculos afetivos e a negociação de atitudes e todas as implicações relativas à saúde da coletividade, são compartilhadas e constituem um campo de interação na atuação escolar. Assim é correta a afirmação que ambas as abordagens possuem objetivo comum: promover uma qualidade de vida favorável. A Educação Física é um processo de Educação em Saúde, seja por vias formais ou não formais, pois ao promover uma educação efetiva para a saúde e uma ocupação saudável do tempo livre de lazer, constitui-se em um meio efetivo para a conquista de um estilo de vida ativo e em conseqüência favorece a obtenção de qualidade de vida. Segundo o Conselho Federal de Educação Física (CONFEF, 2002), o profissional de Educação Física é um especialista em atividades físicas, nas suas mais diversas manifestações, tendo como propósito prestar serviços que favoreçam o desenvolvimento da educação e da saúde, contribuindo para a capacitação e/ou restabelecimento de níveis adequados de desempenho e condicionamento fisiocorporal dos seus beneficiários, visando à consecução do bem estar, da consciência, da expressão e estética do movimento, da prevenção de doenças, de problemas posturais, da compensação de distúrbios funcionais, contribuindo ainda
para a consecução da autonomia, auto-estima, da solidariedade, da integração, da cidadania, das relações pessoais, da preservação do meio ambiente, visando enfim a consecução da qualidade de vida. Portanto a Educação Física deverá ser conduzida como um caminho de desenvolvimento de estilos de vida ativos pelos brasileiros, para que possa contribuir para a qualidade de vida da população. QUALIDADE DE VIDA. A idéia que compartilhamos é a de que qualidade de vida é um termo que representa uma forma de explicar subjetivamente o que é viver bem, estar satisfeito ou feliz consigo mesmo e com o mundo ao seu redor. O fator principal que a determina é sem sombra de dúvidas o bem estar físico, mental e social. Porém não é fácil conceituar qualidade de vida, pois este termo ainda não foi estabelecido e também não tem sido empregado corretamente (Silva, 1998, apud Silva et al, 2000). Além disto, a definição de qualidade de vida não é aceita universalmente, gerando discussões acerca desta temática. Seidl e Zannon (2004: 581) citam Campbell (1976, apud Awad & Voruganti, 2000: 558), que na década de 70, explicitou as dificuldades de conceituar o tema qualidade de vida: "qualidade de vida é uma vaga e etérea entidade, algo sobre a qual muita gente fala, mas que ninguém necessariamente sabe o que é". Esta citação feita há mais de 40 anos nos demonstra às controvérsias sobre o conceito do tema em questão. Concordamos com Minayo e colaboradores (2000: 8), quando atesta que qualidade de vida é: uma noção eminentemente humana, que tem sido aproximada ao grau de satisfação encontrada na vida familiar, amorosa, social e na própria estética existência. Pressupõe a capacidade de efetuar uma síntese cultural de todos os elementos que determinada sociedade considera seu padrão de conforto e bem-estar. O termo abrange muitos significados, que refletem conhecimentos, experiências e valores de indivíduos e coletividades que a eles se reportam em variadas épocas, espaços e histórias diferentes, sendo portanto uma construção social com a marca da relatividade cultural. Segundo o Grupo para Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL, 1993), a percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida, dentro do contexto sócio-cultural em que vive é condição sine qua non para o alcance da qualidade de vida. Assumpção e colaboradores (2000) citam que Shin & Johnson (1978), afirmam que a qualidade de vida para ser atingida, depende da satisfação de desejos individuais, auto-realização e uma compensação satisfatória consigo mesmo e com os outros. Ainda destacam Jenney & Campbel (1977), que criticam a falta de definições no meio acadêmico e científico para a qualidade de vida. Os mesmos autores também utilizam as idéias de Bradlyn et al. (1996) que define qualidade de vida como multidimensional, não se resumindo ao aspecto social, físico e emocional, mas também que estes aspectos sirvam de parâmetro às alterações que ocorram durante o desenvolvimento. Uma definição bem clássica é de 1974, onde Seidl e Zannon (2004: 582) mencionam Andrews (apud Bowling, p. 1448): "qualidade de vida é a extensão em que prazer e satisfação têm sido alcançados". A QUALIDADE DE VIDA E O BRINCAR. A respeito do assunto, MASLOW (1973), citado por APPLEY & COFER (1976) hierarquiza as necessidades do homem, afirmando que a necessidade posterior só é realizada quando a anterior estiver
satisfeita. Os tipos de necessidades citados pelo referido autor são por ordem de importância: necessidades fisiológicas, de segurança, de afeição, de auto-estima e de auto-realização. Seguindo a idéia de MASLOW (1973), a criança deve primeiramente satisfazer suas necessidades fisiológicas e de segurança, para a partir daí satisfazer suas necessidades relacionadas com a afetividade, a estima e a realização de objetivos. Portanto, para as crianças, após cumprirem suas necessidades fisiológicas básicas (respirar, locomoção, alimentação, entre outras) e suas necessidades de segurança (aqui é incluído a moradia), os outros fatores de necessidades podem ser adquiridos através da brincadeira. Através do ato de brincar a criança pode satisfazer seus desejos, sejam de ordem afetiva, relacionada à estima ou a realização de objetivos e finalidades. Durante a prática lúdica, a criança exercita suas capacidades de relacionamento, aprende a ganhar, a perder, opor-se, expressar suas vontades e desejos, negociar, pedir, recusar, compreende que não é um ser único e que precisa viver em grupo respeitando regras e opiniões contrárias; enfim, adquire afeição. Brincando educa sua sensibilidade para apreciar seus esforços e tentativas, o prazer que atinge quando consegue finalizar uma tarefa (montar um quebra-cabeça ou pegar o colega) faz com que se sinta realizada por atingir uma meta, levando-a a auto-estima. A brincadeira desafia a criança e a leva a tingir níveis de realização acima daquilo que ela pode conseguir normalmente. Para reforçar este entendimento, AUSUBEL, NOVAK & HANESIAN (1980, p. 217) colocam como fatores primordiais para uma boa qualidade de vida os seguintes fatores (em ordem de aquisição): Conservar a vida (subsistência); Manter a segurança (conforto); Conseguir o prazer (humor e diversão); Experimentar mudanças e novidades; Expandir o ego; Sentir auto-respeito. Mais uma vez observa-se que, a criança somente após atingir as condições de subsistência (necessidades fisiológicas) e de segurança, conseguirá partir para os outros fatores; e, novamente através da brincadeira, todos os outros itens podem ser atingidos, pois o prazer em brincar é indiscutível, a experimentação do novo vem com os desafios envolvidos nos jogos e brincadeiras infantis, a auto-estima e o auto-respeito também são facilmente realizáveis através do ato de brincar, pois como já foi citado, ao brincar a criança descobre seus limites, atinge metas e se realiza. A qualidade de vida pode ser conceituada como o grau maior ou menor de satisfação das carências pessoais, observando que a busca pela boa qualidade de vida consiste mais claramente em visar situações prazerosas, e menos em evitar aborrecimentos ou vivências problemáticas, e é isso o que a brincadeira reflete aos pequenos. Sabeh e Verdugo (2002) em sua busca de encontrar um instrumento de avaliação da percepção de qualidade de vida na infância realizaram uma categorização para detectar dimensões, baseado em modelos de qualidade de vida já construídos, especialmente o de Schalock (1997). As categorias são: 1. Ócio e atividade recreativa: experiências de ócio, recreativas e de tempo livre como jogos, esportes, atividade física, televisão, vídeos, realizadas de forma individual ou em grupo; 2. Rendimento: relacionado ao desempenho e aos resultados alcançados em atividades escolares ou esportivas; 3. Relações inter-pessoais: interação positiva ou negativa com e entre pessoas de seu meio. Aqui se inclui o vínculo com animais; 4. Bem-estar físico e emocional: estado físico e saúde da criança, de familiares e amigos; 5. Bem-estar coletivo e valores: situações sociais, econômicas, políticas que a criança percebe de seu meio sócio-cultural, assim como em relação à valores humanos; 6. Bem-estar material: consecução e relação com objetos, e a característica física dos ambientes em que vivem.
Desta forma, a percepção infantil sobre qualidade de vida requer muitos fatores. As crianças são sujeitas à mudanças, sendo influenciadas por eventos cotidianos e problemas crônicos. Para as crianças bem estar pode significar o quanto seus desejos e esperanças estão próximos do que acontece. O contexto sócio-econômico, o grau de instrução escolar, a participação dos pais, sua importância dentro do seu grupo de amigos, suas potencialidades física e mental são fatores que interferem claramente na definição de qualidade de vida pelas próprias crianças. Outro fato muito importante é o material, na infância os brinquedos e outros materiais lúdicos adquirem um fator condicionante à felicidade e, por conseguinte, a consecução da qualidade de vida. Observamos que nas categorias acima expostas de Sabeh e Verdugo (2002), o ócio e a atividade recreativa, é a dimensão onde o brincar está incluso, sendo, portanto, um dos fatores para a aquisição da boa qualidade de vida infantil. Assim, brincadeira ultrapassa de muito o prazer sinestésico, oferecido pela prática do movimento. Possibilita, de forma bastante eficaz, as diversas necessidades individuais, multiplicando assim, as oportunidades de se obter prazer e, conseqüentemente, otimizar a qualidade de vida.
“Acrescentar vida aos anos, não apenas anos à vida.” Para os mais velhos, manter-se saudável, através da prática regular de atividade física, é de fundamental importância para se viver bem. Um programa de atividade física completo deve englobar atividades aeróbicas, de força e de flexibilidade. Pesquisas demonstram que, dos 30 aos 40 anos, há uma perda de 10% da capacidade aeróbica. A natação e a hidroginástica têm uma excelente atuação no que se refere a este fator, proporcionando uma boa capacidade cardiovascular e, conseqüentemente, um papel fundamental na prevenção de diversas doenças. Dados estatísticos revelam ainda que há uma perda natural de massa muscular após os 25 anos. Quem não pratica atividade física regular pode perder até 500 gr de massa muscular, a cada dois anos, e aumentar a quantidade de gordura corporal. Diante desses dados, a melhor atitude é a prevenção A musculação tem se mostrado uma excelente atividade para se ganhar força. Cada aluno tem uma série personalizada, de acordo com as suas necessidades e objetivos. Além disto, já está comprovado cientificamente que o ganho de massa muscular é um fator fundamental para auxiliar no emagrecimento. Pode-se aumentar o metabolismo, gastando-se até 60 kcal a mais por dia com 1 kg de massa muscular. Infelizmente, vários mitos e tabus foram criados com relação à musculação. E muitas vezes, por desconhecerem esta atividade, as pessoas têm receio de praticá-la. Se você é daqueles que não encaram uma academia de jeito nenhum, procure ver a atividade física, em particular, a musculação como algo que vai lhe dar um retorno bem objetivo, com resultados práticos que não necessariamente serão uma transformação radical no seu corpo, mas algo útil para o seu dia a dia. Um pouco mais de tônus não faz mal a ninguém e é bom não confundirmos tônus com tensão . Um trabalho corporal completo envolve o trabalho de força , de flexibilidade e um trabalho aeróbico . Comece devagar, deixe claro ao seu professor os seus objetivos, não se preocupe com os resultados estéticos, que podem demorar um pouquinho, mas procure observar as transformações e sensações cinestésicas ( o ganho de força , o aumento do tônus, a mudança de postura ). A partir do momento em que conseguirmos encarar a atividade física como um benefício para a saúde, uma atitude de prevenção de doenças e não só como mais uma exigência da mídia, conseguiremos nos relacionar melhor com esta pratica tão saudável. Concluímos que o profissional de Educação Física deve preencher as necessidades de afeto, auto-estima e auto-realização das crianças num programa de atividades lúdicas, envolvendo aos jogos e brincadeiras em seu planejamento, não como um apoio auxiliar, mas como meta principal, pois a soma de prazer que uma criança obtém durante as atividades lúdicas em que exercita o corpo e a mente através da brincadeira, aprimorará sua qualidade de vida, potencializando o otimismo e reduzindo o nível de stress a que freqüentemente está submetida, independente de situações agradáveis ou desprazerosas enfrentadas ao longo do seu cotidiano.
Recomenda-se também ao profissional de Educação Física que transcenda a preocupação pelo excesso do tecnicismo nas aulas de educação física infantil, que se despreocupe com a freqüência cardíaca ou com o volume e a tonicidade muscular dos freqüentadores de atividades corporais orientadas. Aconselha-se, ao contrário, que ele aspire, sobretudo, a satisfazer as privações e as necessidades sóciopsicológicas de seus discípulos: manter-se-á, portanto, atento, (como lhe convém), ao grau de melhorias e renovações positivas concernentes à qualidade de vida dos membros do grupo a que atende. Concluindo, apresentamos “20 REGRAS PARA UMA BOA QUALIDADE DE VIDA” 1. Coma somente se tiver fome; durma somente se tiver sono. 2. Abrace muito, beije mais ainda e ria, já que a vida é de graça. 3. Peça - sempre haverá alguém que lhe dará o que você está precisando. 4. Despeça-se do que já passou - quem vive de passado é museu. 5. Pare de se preocupar. 6. Perdoe-se por suas burrices e fracassos. 7. Reze para agradecer, nunca para pedir. Você já recebeu mais do que suficiente para crescer e ser feliz. 8. Não perca tempo em discussões inúteis. Ao invés de brigar, cante uma canção, tome um banho frio ou vá dar uma volta de bicicleta no parque. 9. Desista de fazer a cabeça dos outros. 10. Cuide de si mesmo como se estivesse cuidando do seu melhor amigo. 11. Expresse a sua individualidade. Tente parar de fumar e faça ginástica pelo menos 3x/semana. Mude algo em si mesmo todos os dias. Abra-se com alguém. 12. Faça alguma coisa que sempre desejou fazer, que pode fazer, mas que tinha vergonha. 13. Cometa erros novos. 14. Simplifique sua vida. 15. Deixe bagunçado. 16. Pare de frescura!!! 17. Acredite no AMOR 18. Nunca pense que o AMOR é uma "água morna”. 19. Grandes amizades não se perdem em pequenas disputas. Caso se perca, é porque não era nem amizade, muito menos, grande... 20. Leia o que está escrito. SEJA SEMPRE MUITO FELIZ !!! Obrigado. ASSUMPÇÃO, F.D.Jr., et al. Escala de avaliação da qualidade de vida (Autoquestionnaire qualité de vie enfant imagé - AUQEI): validade e confiabilidade de uma escala de vida em crianças de 4 a 12 anos. Arq Neuropsiquiatr 2000;58(10:119-127). APPEY, M. H. & COFER, C.N. Psicologia de la motivación. Mexico: Trillas, 1976. AUSUBEL, David p.; NOVAK, Joseph D. & HANESIAN, Helen. Psicologia educacional. 2a ed. Rio de janeiro: Interamericana, 1980. BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. SEF. Brasília, 1988. CONFEF, Conselho Federal de Educação Física. Carta Brasileira de Educação Física. Belo Horizonte, 2000. DANTAS, R.A.S., SAWADA, N.O., MALERBO, M.B., Pesquisa sobre qualidade de vida: revisão da produção científica das universidades públicas de São Paulo. Rev. Latino-am Enfermagem 2003 julhoagosto; 11 (4): 523-8. MINAYO, M.C.S., HARTZ, Z.M.A., BUSS, P.M. Qualidade de vida e saúde: um debate necessário. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 5(1): 7-18, 2000. PREBIANCHI, H.B. Medidas de qualidade de vida para crianças: aspectos conceituais e metodológicos. Psicologia, Teoria e prática. Campinas, Ano 2003, v.5,n.1,55-70. SABEH, E.N, VERDUGO, M.A., Evaluación de la percepción de calidad de vida em la infancia. Psicothema, 2002, vol 14, n 1, pp. 86-91.
SABEH, E.N., VERDUGO, M.A., Revisión critica del uso del concepto de calidad de vida em la infância. Manuscrito no publicado, Universidad de Salamanca, 2000. SEIDL, E.M.F; ZANNON, C.M.L.C. Qualidade de vida e saúde: aspectos conceituais e metodológicos. Cad. Saúde pública, Rio de Janeiro, 20(2):580-588, mar-abr, 2004. SILVA, M.G.N., NASPITZ, C.K., SALÉ, D. Qualidade de vida nas doenças alérgicas: Por que é importante avaliar? Revista Brasileira de Alergia e Imunopatologia. São Paulo, Vol 23, nº 6: 260-269, nov-dez, 2000. WHOQOL Group. Measuring quality of life: the development of the world Health Organization Quality of Life Instrument (WHOQOL). Geneva: World Health Organization, 1993.
FASHION LAW NO BRASIL: COMO O DIREITO PROTEGE A MODA NACIONAL
THAÍS ARAGÃO DA ROCHA RESUMO Em vista das lacunas originadas dos litígios cada vez mais recorrentes no âmbito da moda, o direito adequou-se às demandas dessa área, tendo por objetivo dirimir tais questões. Como consequência dessa nova necessidade jurídica surge o Direito da Moda. Os desenhos de moda, por serem a base de todas as criações de vestuário, são objeto dessa pesquisa. A moda possui um duplo caráter, sendo, o de obra artístico e o de atividade econômica, por consequência sua proteção encontra amparo tanto pelo Direito autoral, quanto pelo desenho industrial (que pertence à propriedade industrial), essa dualidade exige o estudo da Lei nº 9.279 de 1996 e da Lei 9.610 de 1998, que tratam, respectivamente, da Propriedade Industrial e do Direito Autoral. Assim, quando da análise do ordenamento jurídico brasileiro, tal proteção respalda-se na propriedade intelectual, especificamente nos sub-ramos citados acima. A questão originada dessa forma de amparo dos desenhos de moda é a de qual desses dois institutos seria melhor para protegê-los, onde esse é objeto desse estudo. A forma de pesquisa adotada foi bibliográfica, documental e digital, analisandose conteúdos que tratam dos citados institutos. O método de pesquisa é o hipotético-dedutivo, sendo também utilizado o método dialético. Por meio dessa metodologia, para se obter a resposta de qual o melhor meio de proteção aos desenhos de moda, é importante observar a atuação da moda no meio, bem como sua interação com o direito, a fim de que, em casos práticos, seja obtida uma concepção mais clara de como solucionar essa questão. Palavras-chave: Direito Autoral. Desenho Industrial. Propriedade intelectual. Desenho de Moda. ABSTRACT In view of the gaps arising from increasingly recurring litigation in fashion, the law suited the demands of this area with the aim of resolving such issues. As a result of this new legal necessity arises the Law of Fashion. Fashion designs are the subject of this research as they are the basis of all clothing creations. Fashion has a double character: one of artistic work and another of economic activity. Consequently fashion’s protection is supported by both copyright and industrial design (which belongs to industrial property). This duality requires the study of Law no. 9,279 of 1996 and of Law 9,610 of 1998, which deal respectively with Industrial Property and Copyright Law. Thus, when analyzing the Brazilian legal system, such protection is based on intellectual property, specifically in the sub-branches mentioned above. This originates the question of which of those two institutes would be the best to protect fashion designs. This is the subject of the present study. In order to analyse contents connected to the mentioned institutes the form of research adopted was bibliographic, documentary and digital. The research method is hypothetico-deductive, in addition, the dialectical method is also used. Through this methodology, in the purpose of obtaining the answer of the best way to protect fashion designs, it is important to observe the performance of the fashion in its ambience, as well as its interaction with the law, in the end of obtaining a clearer conception of how to address this issue in practical cases. Keywords: Copyright. Industrial Design. Intellectual Property. Fashion Design
INTRODUÇÃO O vestuário influencia o mundo desde a existência da humanidade, ele é utilizado como fator de diferenciação de períodos e classes, sendo sempre um fator marcante em toda a história. A origem da indumentária encontra-se na Pré-História, período no qual os trajes não eram vistos como “roupas” em si, mas sim como uma cobertura para o corpo, tendo como principal finalidade a proteção. Com o passar do tempo a moda ganhou um caráter estético muito forte, tornando-se uma forma de expressão social. Com o advento da globalização a moda tomou proporções nunca antes alcançadas, a produção em larga escala de produtos têxteis, bem como o fácil acesso as criações de moda geraram grandes mudanças no setor do vestuário, o crescimento trouxe consigo conflitos em diversas esferas da sociedade tornando a “moda” um assunto de Direito. A relevância da moda para a área jurídica tomou proporções significativas a partir de 2011 quando Louboutin demandou contra a grife Yves Saint Laurent por causa a coloração do solado de um sapato. Tal caso gerou tantas discussões novas no âmbito do direito que originou uma área completamente nova, denominada “Fashion Law” (Direito da Moda no Brasil). Essa demanda deu origem a movimentos na área jurídica de vários países, originando pesquisas e questionamentos sobre seus limites e proteções. A influência da moda no setor jurídico é tão ampla que atinge o Direito Civil, quando se discute, por exemplo, questões contratuais; o Direito Penal, em se tratando e penalizar crimes que atingem o setor; Direito Ambiental, quando o meio ambiente é atingido por resíduos do setor; entre outros.
Dentre as várias demandas que envolvem o meio da moda, a que mais preocupa o setor e aquela que mexe diretamente com sua essência, a proteção de suas criações, e será o cerne do artigo. Atualmente a forma de amparo no âmbito jurídico brasileiro é através da Propriedade Industrial e do Direito Autoral, por meio, respectivamente, da Lei nº 9.279 de 1996 e da Lei 9.610 de 1998. Devido a essa dualidade surge a questão, qual dos dois institutos seria o mais adequado para proteger os desenhos de moda? Para obter tal resposta é importante observar a atuação da moda no meio, bem como sua interação com o direito, a fim de que, em casos práticos, seja obtida uma concepção mais clara de como solucionar essa questão. I-
A MODA E A PROPRIEDADE INTELECTUAL
A moda é diretamente influenciada pelas condições econômicas, culturais e sociais do meio a qual se encontra inserida. Por ser um dos principais e mais visíveis objetos de consumo, ela torna-se um fator marcante em todos os períodos da civilização. O vestuário sempre serviu como meio de diferenciação de classes, desde períodos remotos, servindo como uma importante forma de analisar a história (CARACIOLA, 2015, p. 174). Com o surgimento das mídias o consumismo se alastrou, o possuir tornou-se uma forma de escapar da rotina, e principalmente um meio de expressão pessoal. Tendo um ciclo de vida extremamente curto (18 meses), a moda acompanha bem a sociedade contemporânea, que exige novidade a todo tempo, e logo descarta o que é considerado obsoleto. Assim, como um meio em constante transformação, que afeta diretamente o mercado de consumo, em vista tanto da necessidade quanto busca de se diferenciar no meio, a moda influencia diretamente na vida das pessoas, ou seja, ela interfere diretamente no meio a qual está inserida (CARACIOLA, p. 173). Dessa forma, Nacif (2007, p. 2) aponta que nas sociedades ocidentais modernas e contemporâneas, “não seria um equívoco afirmar que o homem social é um homem vestido, uma vez que a nudez reconduz o homem ao seu estado natural, contra o qual a cultura se interpõe”. Até mesmo no livro “mais famoso do mundo”, há uma teoria para a primeira indumentária. Na Bíblia, mais especificamente no Antigo Testamento, fala-se que o homem teria passado a se cobrir com vegetações por pudor (não sendo essa a única interpretação, alguns acreditam que tinha, por exemplo, um caráter mágico) (ARANAGUÁ, 2009, p.3). Logo, vestir-se tem um caráter praticamente universal. A vestimenta teria se iniciado com a necessidade de proteção e se desenvolvido para o adorno, evoluindo assim de acordo com as necessidades físicas do homem (ARANAGUÁ, 2009, p.4). Com o avanço do meio social, a moda ganhou um caráter econômico muito relevante, tornando-se um bem de consumo essencial na vida moderna. Desse modo, a indústria da moda, devido a suas inovações técnicas e produção criativa em larga escala, demandou do direito uma maior proteção, sendo abarcada, para tanto, pela Propriedade Intelectual (VELOSO, 2014, p. 1). Enquanto ramo do Direito, a propriedade intelectual tem gerado grandes discussões, em especial devido à globalização, que trouxe consigo uma grande “explosão” de manifestações criativas. Com o advento da internet, ou seja, com a era digital, a propagação de informações tornou-se mais veloz, e consequentemente tornou-se muito mais fácil “apropriar-se” da criação alheia. O crescimento do meio criativo fez surgir, então, a necessidade da Propriedade Intelectual ampliar sua área de alcance e interesse para melhor atender as criações intelectuais passíveis de proteção, e dentre essas manifestações criativas deve-se dar destaque à indústria da moda que têm apresentado um exorbitante crescimento em produção, ganhando assim um importante papel na economia mundial. A propriedade intelectual abarca as criações imateriais, ou seja, os bens intangíveis, e justamente por se tratar de algo não palpável, até assumir a posição notória em que se encontra hoje, a propriedade intelectual passou por um longo período de reconhecimento e transformação (COELHO, 2012). Embora sua estruturação no Brasil seja relativamente recente, a propriedade intelectual é um ramo que vem sendo discutido há mais de um século, ele surgiu com a necessidade dos “inventores” terem alguma forma de garantia à suas criações originais e exclusividade de sua obra, ou seja, a propriedade intelectual surgiu para trazer segurança jurídica ao campo criativo, permitindo assim que houvesse uma regulação mais
eficaz desse setor (GOELDI, 2004). Vale ressaltar que não é qualquer criação que pode ser protegida, ela precisa ter relevância criativa e interesse de mercado (COELHO, 2012). Inicialmente foram criados acordos e convenções para proteger essas criações, sendo a patente um dos primeiros institutos para esse fim. A Convenção de Paris em 1883 foi o primeiro instrumento de proteção no âmbito internacional com a finalidade proteção da propriedade intelectual. A evolução dos meios de proteção foi gradativa até chegar a atual forma, que se dá através da Propriedade Intelectual (GOELDI, 2004). Posterior a essa “visão geral” da propriedade intelectual, destaca-se a conceituação de seus dois sub-ramos, o direito autoral e a propriedade industrial, uma vez que o design de moda (o objeto em estudo) é abarcado por esses dois ramos em se tratando de proteção legal. O Direito Autoral é responsável por proteger trabalhos originais que possuem caráter criativo e estão intimamente ligados aos seus criadores. Podem ser patrimoniais, em se tratando de lucro com a criação, ou morais quando ligados diretamente à pessoa do autor. Assim, sendo o desenho passível de proteção pelo direito autoral (conforme art. 7º, VIII da LDA), onde, consequentemente, o desenho de moda se insere (KINSELLA, 2010). No tocante à Propriedade Industrial, ela visa resguardar as criações industriais. Os institutos amparados são os modelos de utilidade, marcas e patentes, segredos industriais, indicações geográficas e desenho industrial, sendo este último o objeto do presente artigo e, para tanto, será conceituado (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA, 2013). O Desenho industrial é a forma plástica ou conjunto de linhas e cores, ornamentais que tenha aplicação a um produto, visando atribuir a ele novidade e originalidade com o propósito de fabricação industrial (Art. 95 da Lei nº 9.279, de 14 de Maio de 1996). Como a finalidade das criações de vestuário é a comercialização através da produção industrial, em sua grande maioria, elas podem sim ser protegidas por esse instituto. Em vista de todo esse caminho percorrido pela propriedade intelectual, surgiram formas de reprimir condutas que a ferissem de algum modo, como a punição a aqueles que objetivassem algum ganho econômico sobre a produção criativa alheia. Essa possibilidade de auferir ganho usufruindo ilegalmente do bem criativo de terceiro, pode ocorrer através da contrafação, plágio, imitação e reprodução, ou seja, por todo meio que possa prejudicar o interesse econômico do autor da criação (COLLA, 2011). Embora haja previsão de punição para esses crimes, na prática dificilmente isso ocorre, além do mais há um grande montante de produtos fruto de “pirataria” e o crime geralmente prescreve antes que haja punição. A melhor forma de evitá-los é através da conscientização dos consumidores, que são os responsáveis por alimentar tal mercado (DUARTE; PEREIRA, 2009). Há previsão de crimes contra a propriedade intelectual no Brasil tanto em lei específica quanto no código penal, entre eles destacam-se a contrafação e o plágio. O plágio consiste na usurpação de obra intelectual, seja em parte ou na sua totalidade, onde através de dissimulação, terceiro se faz passar falsamente como autor, apossando-se de seus direitos morais e patrimoniais, também é conhecido como “cópia servil”. Já a contrafação é a reprodução (em meio físico ou eletrônico) integral e fiel de obra protegida, sem autorização, visando a distribuição para obter lucro, sendo o bem usurpado a justa fruição dos direitos autorais patrimoniais e conexos, é conhecida popularmente como “pirataria” (COLLA, 2011). Quem viola os Direitos do Autor e os que lhes são conexos incorre em crime, conforme o art. 184 do Código Penal: Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. § 1o Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto ou indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou fonograma, sem autorização expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o caso, ou de quem os represente: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. § 2o Na mesma pena do § 1o incorre quem, com o intuito de lucro direto ou indireto, distribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em depósito, original ou cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido com violação do direito de autor, do direito de artista intérprete ou executante ou do direito do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra intelectual ou fonograma, sem a expressa autorização dos titulares dos direitos ou de quem os represente.
§ 3o Se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para recebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, com intuito de lucro, direto ou indireto, sem autorização expressa, conforme o caso, do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor de fonograma, ou de quem os represente: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. § 4o O disposto nos §§ 1o, 2o e 3o não se aplica quando se tratar de exceção ou limitação ao direito de autor ou os que lhe são conexos, em conformidade com o previsto na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, nem a cópia de obra intelectual ou fonograma, em um só exemplar, para uso privado do copista, sem intuito de lucro direto ou indireto.
O Direito do autor será violado quando houver publicação (contrafação) ou reprodução (plágio) abusiva. A forma qualificada do crime pelo meio de execução configura-se com o §1º do art. 184 do CP, ou seja, é necessário que haja intuito comercial, se não há objetivo de lucro o fato é atípico. O §2º do mesmo artigo também exige que haja dolo específico, ou seja, lucro indevido, se não houver tal finalidade o fato será atípico (FIGUEIREDO, 2011, p.78). A contrafação está diretamente relacionada a concorrência desleal, crime que também permeia o meio criativo. De acordo com o art.186 do Código Penal, o processo em caso de crimes contra o direito autoral se dará mediante queixa, em se tratando do caput do art. 184 do CP. O Superior Tribunal de Justiça entende ser necessário laudo pericial para que haja o recebimento da queixa-crime, podendo na ausência desse ser anulado o recebimento da denúncia (FIGUEIREDO, 2011). Pode ainda, de acordo com o art. 186 do CP, ser ação penal pública incondicionada, em se tratando dos crimes previstos §§ 1º e 2º do art. 184 do CP ou nos crimes contra entidades de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação instituída pelo Poder Público. E ainda ação penal pública condicionada à representação em se tratando dos crimes previstos no § 3o do art. 184 do CP. Quanto à violação ao Desenho Industrial, esta se encontra prevista na Lei 9.279 de 1996 nos arts. 187 e 188: Art. 187. Fabricar, sem autorização do titular, produto que incorpore desenho industrial registrado, ou imitação substancial que possa induzir em erro ou confusão. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. Art. 188. Comete crime contra registro de desenho industrial quem: I - exporta, vende, expõe ou oferece à venda, tem em estoque, oculta ou recebe, para utilização com fins econômicos, objeto que incorpore ilicitamente desenho industrial registrado, ou imitação substancial que possa induzir em erro ou confusão; ou II - importa produto que incorpore desenho industrial registrado no País, ou imitação substancial que possa induzir em erro ou confusão, para os fins previstos no inciso anterior, e que não tenha sido colocado no mercado externo diretamente pelo titular ou com seu consentimento. Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
É importante esclarecer que a proteção através dos citados institutos destina-se ao dado ornamental do bem, e não a sua funcionalidade (BARBOSA, 2003). Dessa forma, desde que não haja prejuízo ao interesse econômico de quem seja proprietário do registro, não há que se falar em crime, independente de autorização do titular (BARBOSA, 2003). A base da caracterização desses crimes é o ganho econômico à custa de outrem, ou seja, o enriquecimento sem causa, de acordo com o art. 884 do Código Civil. Embora o intuito do legislador tenha sido coibir todas as práticas ligadas à “pirataria”, devido a inúmeras divergências na área há um grande índice de impunidade. Fato este que acaba por gerar impunidade, pois o crime acaba por prescrever no período. Dentre os crimes aplicáveis ao design de moda a maior pena privativa de liberdade é a cominada no art. 184, §1º e §3º do Código Penal, que é de 2 a 4 anos de reclusão, as demais no geral alcançam no máximo 1 ano.
Desse modo, conforme o art. 109 do Código Penal, a prescrição antes do trânsito em julgado da sentença final, determina-se com base no máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, sendo em oito anos para penas superiores a 2 anos e que não excedam a 4 (art.109, IV, CP) e em 4 anos se a pena máxima é superior ou igual a 1 ano (art. 109, V, CP). Segundo dados fornecidos pelo CNJ, o tempo médio que as Justiças Estaduais levam para proferir uma sentença em primeira instância é 4 anos e 4 meses (BRETAS, 2016). Esse tempo é suficiente para que muitos dos citados crimes prescrevam. Logo, mesmo havendo legislação específica, essa acaba por não ser eficaz para coibir a conduta dos infratores. Dessa forma, talvez a melhor solução partisse da conscientização dos consumidores quanto à aquisição de produtos frutos de contrafação e suas consequências (FIGUEIREDO, 2011). II-
RELEVÂNCIA JURÍDICA DA MODA
A moda é um ramo em constante movimento. No Brasil ela representa um importante setor que impulsiona a economia, onde uma expressão clara de sua relevância foi à renovação do Programa BNDES de Apoio a Investimentos em Design, Moda e Fortalecimento de Marcas (BNDES Prodesign) pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O contrato conta com a adição de R$ 1 bilhão ao orçamento do programa, bem como sua prorrogação até 31 de dezembro de 2016 (BNDES, 2015). O Projeto de Lei nº 1391/2011 apresentado pelo Deputado Penna, que visava regulamentar a profissão de designer, incluindo o designer de moda é mais uma prova da relevância da área e de seus profissionais. O projeto sofreu veto presidencial total, no entanto, embora não tenha vigorado, trouxe uma nova perspectiva sobre uma profissão que por muito tempo nem sequer era pauta de discussões políticas (Câmara dos Deputados, 2015). Pires também evidencia essa necessidade de se discutir mais o designer de moda e dar mais relevância ao setor, afirmando que: “A discussão sobre o ensino do design de moda no país tem sido insuficiente, o que perpetua o âmbito de equívocos” (2002, p.12). Deste modo, a profissão, tanto quanto seu exercício necessita de um maior amparo e atenção. Outro aspecto que deve ser compreendido é a relevância da moda no contexto do desenvolvimento da história. De acordo com Silva (2012, apud, Barnard, 2003, p.102), a moda seria um fenômeno completo, pois se estende ao campo histórico, econômico, etnológico e tecnológico, influenciando também o setor da comunicação atingindo assim o meio pelo qual o homem expõe sua visão de mundo. A moda evoluiu muito com o passar dos séculos, porém nenhum período foi tão significativo quanto o século XX, pois graças à transição da couture, que eram roupas encomendadas e feitas sob medida para a elite, para o prêt-à-porter, que foram as roupas vendidas já prontas, que originou o varejo, bem como houve a popularização da moda (BLAKMAN, 2014). Assim, as mudanças radicais no meio fashion se devem às mudanças passadas pela sociedade ao decorrer desses anos. A moda é reflexo da sociedade, assim o consumo desse mercado se modificou com o passar do tempo, em especial, de acordo com Blakman (2014), deve-se ao fim dos impérios coloniais, as revoluções político-ideológicas, as duas grandes guerras mundiais, aos problemas ambientais, aos movimentos artísticos e econômicos, a inovação no design e a era digital. Como surgiu uma produção em larga escala, a moda acabou por tornar-se descartável, em especial pelo surgimento da fast-fashion, que é o termo em inglês para caracterizar a política de produção rápida e contínua de peças com intuito de lançar coleções diária ou semanalmente, com o intuito de fomentar o mercado com peças baratas e similares a de marcas de luxo, porém feitas com material e modelagem mais baratos (VELOSO, 2014). Essa grande expansão do mercado de moda trouxe o aumento proporcional das problemáticas em torno dele. O setor vem apresentando um maior número de litígios, como por exemplo, o mais emblemático deles, que foi a demanda Louboutin pleiteou o uso de uma coloração no solado de um sapato contra a grife Yves Saint Laurent em 2011. Com auge da economia criativa atingido com a globalização, e em especial com a tecnologia da informação, as problemáticas envolvendo o setor do vestuário atingiram o meio jurídico. Consequentemente,
o direito por buscar estabelecer a paz e o bem estar social, tem sido cada vez mais procurado pelos profissionais da moda para solucionar as questões pertinentes a esse meio. Devido a essa necessidade de integração entre direito e moda, cada vez mais surgem discussões sobre a temática, seja através de seminários, de congressos, revistas entre outros meios. Os debates que permeiam o setor tentam discutir e pacificar algumas questões mais frequentes para melhor atender o mercado. À exemplo tem-se a Comissão de Estudos em Direito da Moda da Secional Paulista da OAB, que vem realizando seminários para discutir a temática (OAB SÃO PAULO, 2018). A moda tem sido tão expressiva no século XXI, que surgiu inclusive o interesse em torná-la um ramo específico do direito. Em 2011, ocorreu em São Paulo o 1º Seminário Brasileiro de Direito e Moda – Fashion Law Brasil (que acabou por tornar-se anual), onde influenciados pelas discussões, de origem Norte Americana, acerca do direito atuando na moda, observaram que o assunto além de uma tendência é uma necessidade. Há grande impunidade dentro da indústria do vestuário, talvez seja resultado das “fast fashion” (termo que em inglês significa “moda rápida”), que são empresas que produzem em larga escala em um espaço curto de tempo, dessa forma, mal surgiu a “tendência” e já há milhares de roupas similares no mercado, também pode ser por conta da facilidade de acesso às criações devido às várias mídias (VELOSO, 2014). Assim, quando observados de forma ampla o direito e a moda, sem se atrelar diretamente aos seus signos, nota-se que ambos têm muito em comum, eles influenciam comportamentos, acompanharam a evolução social e estão presentes diariamente no meio humano. Não há como se desvincular da moda (enquanto vestuário ou adorno), nem do direito (enquanto padrão de normas de conduta e ciência do comportamento humano). Primeiramente se deve compreender a moda e o direito de forma breve. A moda relaciona-se tanto com o critério estético quanto o social, ela é uma expressão individual, enquanto padrão estético, e uma convenção social, enquanto bem presente em todos os períodos históricos através do vestuário (ALMEIDA, 2014). Já Direito, de forma bem sucinta seria o “justo” (CUNHA, 2012), seja expresso por leis ou por costumes, porém, claro, ele não se limita apenas a isso, mas em linhas bem gerais, essa é a concepção necessária para a pesquisa. A moda, como qualquer mercado econômico e forma de expressão social, traz consigo litígios, assim, tornou extremamente necessário que o meio jurídico interferisse em suas relações (quando provocado). Deste modo, envolvendo-se com praticamente todos os ramos do direito (empresarial, civil, ambiental e etc.), a moda a cada dia adquire mais relevância jurídica. A moda tem sido vítima de crimes de forma mais frequente devido à globalização. O cenário internacional tem apresentado muitas demandas relacionadas ao setor. No Brasil, demandas de crimes nesse meio, ainda são escassas, no entanto casos não faltam para demonstrar sua existência. Poucos são os designers que registram suas criações no Brasil, menos ainda são aqueles que demandam contra aqueles que plagiam, copiam ou imitam suas criações. A imitação pode ser sutil, aplicada a apenas parte do objeto, ou integral, quando a cópia é idêntica à outra, sendo assim, em especial no último caso, até pessoas leigas podem identificar essas imitações. Um exemplo de cópia quase idêntica ocorreu em 2011, quando a empresa Grendene, que lança sapatos da marca Melissa assinados por vários designers, teve um de seus modelos copiados quase que de forma integral pela marca Material Girl da cantora Madonna. O modelo fruto da cópia foi o “Melissa Zig Zag”, criado pelos irmãos Campana em 2005. Sendo, a palmilha listrada e uma junção central na frente do sapato as únicas diferenças apresentadas pela cópia (MARTINS, 2013). Em entrevista ao site Fashion Forward em 2011, Paulo Pedó, gerente da divisão Melissa na Grendene, manifestou que realmente havia grande similaridade entre os produtos, e que haveria uma apuração interna quanto à questão. Não houve manifestações posteriores a esse depoimento, no entanto o produto da marca Material Girl não se encontra mais a venda no site da Macy’s (que é responsável pela venda do produto da marca). Outro caso interessante no ordenamento brasileiro foi relatado pela Revista Consultor Jurídico (2009). O juiz Marcelo Fleury Curado Dias da 9ª Vara Criminal de Goiânia, no julgamento dos comerciantes
Gerson Branquinho Júnior e Newdecy Branquinho, acusados pelo Ministério Público de violação a direitos autorais por produzirem acessórios com imagens dos personagens “Meninas Super Poderosas” e “Piu Piu”, absolveu os acusados por entender que como a denúncia não foi apresentada pelas empresas Time Warner Entertainment Company e Hanna Barbera Productions, que são detentoras das marcas, não se configurou crime. O MP afirmou ser uma violação à propriedade intelectual, enquadrando o caso ao art. 184 do CP, no entanto o Juiz Marcelo Dias entendeu que como o uso em questão foi de uma marca, logo o caso seria de propriedade industrial e não de propriedade intelectual (Revista Consultor Jurídico, 2009). Um dos sócios do escritório Dannemann Siemsen representante das empresas citadas (Time Warner Entertainment Company e Hanna Barbera Production), José Henrique Werner, demonstrou entendimento contrário ao do Juiz, afirmando ainda que as decisões do Poder Judiciário Brasileiro, em principal o STJ, tem caminhado para a prevalência dos Direitos Autorais sobre os de propriedade industrial (Revista Consultor Jurídico, 2009). Um dos casos mais significantes de disputa judicial na indústria da moda ocorreu entre uma empresa francesa e uma brasileira. Christian Louboutin notificou judicialmente a indústria brasileira Carmen Steffens, sob acusação de plágio dos famosos solados vermelhos utilizados pela marca francesa, sob alegação de ser sua marca registrada (Figura 2, Anexo 2). (MARTINS, 2011). De acordo com, Leandro Martins (2011), Mario Spaniol, presidente da marca brasileira se manifestou sobre o caso afirmando ser um absurdo patentear uma cor, e alegando ainda que sua marca utiliza desde 1996 solados em cores variadas, datando as patentes da marca Louboutin de 2000 nos EUA e de 2009 na França. E ainda quanto ao solado vermelho, Sapaniol evidencia que o tom usado pelas marcas é diferente. Spaniol pretende acionar a Louboutin por danos morais. Leandro Martins (2011) afirma ainda que o que teria motivado a demanda foi o crescimento da marca Carmen Steffens no cenário internacional pelos seus preços baixos. Enquanto um Louboutin custa entre mil e mil e quinhentos dólares, um Carmen Steffens custa na faixa de trezentos reais. Segundo Meireles (2012), os juízes dos tribunais de Nova York e de Paris negaram provimento às demandas afirmando que nenhum designer pode restringir o uso de uma cor. De acordo com Olívia Meireles (2012), em artigo para o site do Jornal Correio Braziliense, além de demandar contra a Carmen Steffens, Christian Louboutin já processou a também francesa Yves Saint Laurent e ainda a espanhola Zara pelo mesmo motivo. Vale evidenciar que nos três casos, Louboutin perdeu. Louboutin, como citado no caso anterior (Louboutin x Carmen Steffens), entende-se como “dono” da autoria do solado vermelho em sapatos. Embora sapatos vermelhos já existissem, em geral, estes eram monocromáticos, ou seja, inteiramente vermelhos, a Yves Saint Laurent já inclusive havia lançado tal modelo nos anos 1970, no entanto, sem enfatizar o solado vermelho (IBAIXE; SABÓIA, 2014). O litígio se iniciou em 2011, quando a Yves Saint Laurent relançou seu sapato vermelho, na coleção para temporada inverno-primavera. Louboutin entendeu que o designer do sapato lembrava sua criação e por esse motivo ingressou com ação judicial em face da Yves Saint Laurent alegando violação de marca (IBAIXE; SABÓIA, 2014). Em sua defesa, a Yves Saint Laurent, alegou que os solados vermelhos são utilizados na moda desde o Rei Luís XIV em 1600, sendo incluídos até em produções cinematográficas como nos sapatos usados pelo personagem Dorothy em “O Mágico de OZ. Afirmou ainda que sendo Louboutin um líder no mercado de moda, o mesmo deveria reconhecer que a própria história faz de suas alegações falsas (VOGUE apud LAURENT, 2011). Christian Louboutin perdeu, no que em comparação ao Brasil, seria o juízo de primeira instância, sob o entendimento de que não se pode apropriar-se de uma cor no meio da moda. A decisão determinou o cancelamento do registro do designer junto ao United States Patent and Trademark Office (USPTO), organismo similar ao Instituto de Marcas e Patentes (IMP) do Brasil. Louboutin recorreu e conseguiu manter seu registro, a Yves Saint Laurent também recorreu e teve autorização para continuar comercializando os seus sapatos vermelhos (IBAIXE; SABÓIA, 2014).
O mais marcante desse processo foi Louboutin ter conseguido confirmar judicialmente que uma cor pode sim ser objeto de registro de marca desde que seu uso seja original, isso, claro, em território Americano. É importante evidenciar que, como demonstrado na defesa da Yves Saint Laurent, o solado vermelho não é uma criação atual. A monarquia por anos utilizava sapatos com solado de cores diferentes para ostentar poder. O salto alto foi inventado para homens, sendo utilizado incialmente pelos persas para facilitar a montaria, pois os pés ficavam mais firmes nos estribos. Posteriormente quando o povo persa se disseminou pela Europa no século XVI, as classes privilegiadas passaram a utilizar salto como um símbolo de virilidade, pode-se citar o Rei Luís XIV como adepto ao salto (MOREIRA, 2016). De acordo com o site Généalogie de I’histoire de France (2015), os saltos vermelhos teriam surgido em 1662 quando o irmão do Rei Luís XIV, Filipe I (Duque de Orleães), voltando do Carnaval, acidentalmente manchou seus saltos de sangue. A cor vermelha nos saltos rapidamente virou moda, espalhando-se pela corte. O próprio Rei utilizou sapatos de saltos vermelhos, bem similares ao que Louboutin defende tão veemente como de sua autoria. Desta forma, a criação do “Direito da Moda”, seria apenas os juristas demonstrando que a área está defasada em conteúdo e que há sim a necessidade de normatizá-la para se adequar às suas necessidades. No entanto, essa adequação esbarra em diversas questões, onde, entre elas, a de qual instrumento se valer para solucionar litígios dentro do setor, em especial, em como proteger seu maior bem que são as criações de moda. III-
A PROTEÇÃO JURÍDICA DO DESENHO DE MODA
O desenho de moda encontra hoje respaldo legal na maioria dos ordenamentos jurídico mundiais devido a seu caráter criativo, e a influência que o meio à qual pertence (a moda) exerce na sociedade (GrauKuntz, 2014). No Brasil, quando se fala de proteção a criações de moda os mais importantes são: os Direitos Autorais (amparado pela Lei nº 9.610 de 1998 (LDA)) e o Desenho Industrial (amparado pela Lei nº 9.279 de 1996). O primeiro liga-se diretamente ao valor artístico do desenho, enquanto o segundo liga-se ao caráter industrial do desenho enquanto forma a ser produzida e comercializada. Assim surge a questão, Desenho industrial ou Direito autoral? Qual é o melhor instituto a ser aplicado aos Desenhos de Moda? (GRAUKUNTZ, 2014). Como já falado, as peças podem ser protegidas no direito brasileiro de ambas as formas sendo possível ainda uma terceira possibilidade, que é a aplicação desses dois institutos de forma concomitante (BARBOSA; CASTRO, 2015). Tal questão tem gerado divergências no âmbito jurídico. Existem discussões para todos os lados, inclusive há quem ache que devido ao caráter utilitário do vestuário, e não meramente contemplativo, o desenho de moda só seria passível de proteção pelo desenho industrial, não sendo possível aplicar-se o direito autoral (GRAU-KUNTZ, 2014). No entanto, a moda enquanto vestuário tem um caráter artístico ligado diretamente ao seu criador, podendo sim ser abarcada pelo direito autoral (CALDEIRA, 2014). Embora não haja como definir o mais adequado, é certo que o mais seguro é através do Desenho Industrial, pois o registro é prova “quase” que irrefutável da propriedade do bem, ao passo que o Direito Autoral, exige do demandante a comprovação de que houve sua violação. Além do mais, o registro protege o bem inclusive da concorrência desleal, que muito dificilmente é comprovada no direito autoral (BARBOSA; CASTRO, 2015). Porém há outro viés, o Desenho industrial exige um custo para registro e ainda uma série de critérios, e ainda que o bem em questão tenha registro, se, por exemplo, um terceiro usá-lo como inspiração, se valendo de algumas de suas referências, mas sem copiar integralmente (ou ao menos boa parte), este nada poderá fazer, pois apenas a cópia em integralidade que busque ou possa induzir a erro é considera ilegal (WESTIN, 2013). Ao se analisar a Lei nº 9.279, que trata da Propriedade Industrial, não há um prazo para concessão do Registro de Desenho Industrial estipulado, não nem se quer uma estimativa de quanto tempo há entre o
pedido do registro e sua concessão. Quando questionado, através do canal “Fale Conosco”, o INPI, que é o órgão responsável para essa concessão respondeu: O INPI vem passando por um período de adequação de processos e por isso não temos como dar uma previsão desde o depósito do pedido até a concessão, até porque o prazo varia também em função da adequação de cada pedido à normas, a possíveis exigências e a uma série de fatores que nesse momento não temos como mensurar. Fale Conosco (faleconosco@inpi.gov.br). Resposta a Mensagem 310411[mensagem pessoal]. Mensagem recebida por thais.aragao.r@hotmail.com em 11 de novembro de 2015.
Assim, é evidente a lacuna que a lei deixa quanto ao tema, fator este que gera insegurança jurídica a aqueles que pretendem adquirir um registro, pois, o mercado da moda é mutável e fugaz, e a espera de um ou dois meses já traz mudanças significativas a esse meio. Desse modo é essencial que o autor saiba o prazo que esperará para dispor e usufruir de seu bem sem que em meio ao procedimento alguém consiga o registro de algo similar. A mutabilidade é uma constante na moda, logo uma legislação que vise ampará-la deve acompanhar tal característica. E quanto à onerosidade pecuniária do registro, qual seria ela? O preço pago para o registro é variável, pois ao decorrer do processo podem ser cobradas taxas adicionais, bem como haver redução de tributos. Para empresas comuns o valor para dar entrada no registro (sem somar com as questões incidentais) é de R$805,00 (oitocentos e cinco reais) quando feita pelo meio eletrônico (INPI, Tabela de Redistribuição dos Serviços Prestados pelo INPI, 2014). Quando o registro for feito por: pessoas naturais; microempreendedor individual; microempresas, empresas de pequeno porte e cooperativas assim definidas em Lei; instituições de ensino e pesquisa; entidades sem fins lucrativos, bem como por órgãos públicos, quando se referirem a atos próprios; o valor será da retribuição será reduzido em até 60%. O custo inicial dessas pessoas (jurídicas e físicas) para registrarem sua criação é de aproximadamente R$142,00 (cento e quarenta e dois reais) (Resolução nº 126 / 14). Ambos ainda devem arcar com taxas quinquenais de manutenção que funciona como uma “Renovação”, além de outros custos adicionais. Empresas de grande porte visam grandes lucros, logo o valor pago por um registro, embora alto, compensa com os lucros futuros e valem o risco. Mas em se tratando do empreendedor de pequeno porte, mesmo com a redução de valor, ainda há uma onerosidade excessiva para fazer e manter o registro, por exemplo, se o interesse for proteger “10” (dez) itens, serão gastos inicialmente R$1.200,00 (um mil e duzentos reais) para o pedido. É importante destacar que o fato de registrar algo no território nacional não impede que em território estrangeiro não haja cópias do objeto registrado. Apenas aqueles que possuem registro em outros países, ou de alguma forma suas criações protegidas se atrelam a relações estabelecidas em tratados internacionais é que possuem uma segurança maior em território internacional (BARBOSA; CASTRO, 2015). Sob esse aspecto, o Direito Autoral torna-se vantajoso, uma vez que basta a “fama” de que a criação pertence à determinada pessoa para que seja reconhecido, claro, desde que respeitado os critérios já citados. Todavia, não são todos os autores que reconhecem a proteção do desenho de moda por esse meio. Há quem entenda que como no geral o vestuário apresenta uma característica de novidade e originalidade, e não um viés de contemplação e reflexão, o único instituto a ele aplicável enquanto um design é o desenho industrial, já que o direito autoral exigiria a característica de obra contemplativa (GRAU-KUNTZ, 2014). Com essa pequena discussão já se nota o quão difícil é escolher entre os institutos, sendo um dele, por vezes, inclusive rejeitado. Por esse motivo, a doutrina caminha para o reconhecimento da dupla aplicação deles, assim a obra tem tanto seu caráter artístico, quanto comercial, protegidos tornando o meio da moda mais juridicamente seguro (BARBOSA; CASTRO, 2015). CONSIDERAÇÕES FINAIS A moda tem sido um meio de difícil proteção, pois sem que haja a devida regulamentação e com o advento da internet ficou impossível controlar a veiculação de informações. Por ser um mercado que trata de
inovação, há a necessidade de respostas imediatas a sua proteção. Enquanto o direito não se adequar e amparar corretamente as criações de moda, não haverá segurança jurídica nesse mercado, bem como a credibilidade no direito para protegê-lo permanecerá frágil. O desenho, embora pareça um mero esboço, é a expressão clara de uma pretensão quando se trata do universo da moda. Ter a ideia de uma peça de vestuário copiada é o mesmo que ser furtado a cada vez que alguém compra a peça fruto de imitação, pois a venda de bens derivados da criatividade de outro é o mesmo que retirar de alguém um bem precioso, pois a pretensão de lucro também é pertencente ao autor. Seja em seu caráter artístico ou comercial, a moda é alvo fácil para sofrer condutas anticompetitivas. É impossível caminhar pelas ruas de qualquer lugar do mundo sem ter acesso a qualquer tipo de informações de moda, bem como é inevitável esbarrar-se em algum tipo de crime contra a mesma. Seja nas bolsas de grife falsas fruto de contrafação (pirataria), seja nos sapatos que se dizem originais e na verdade são meras cópias da criação de terceiro. O mercado da moda é muito efêmero, está em constante desenvolvimento e mutação. Acompanhar essa movimentação também é uma dificuldade para os institutos responsáveis pelo registro dessas criações, por esse motivo, muitos designers não registram suas criações. A atual abertura do meio jurídico para a moda, em busca de melhor atender o setor, implica um aumento de demandas, o que é bom, por significar que há uma maior conscientização entre os profissionais da área para proteger as suas criações, mas por outro lado é ruim, pois os profissionais de direito ainda não possuem o preparo adequado para atender tais situações corretamente. Igualmente a música e as outras produções artísticas, a moda precisa de um enfoque maior no meio jurídico. Quando se normatiza determinada área, gera-se segurança jurídica, e em um meio seguro há maior facilidade de surgirem investimentos. O direito relaciona-se intrinsecamente com a economia, uma vez que ele normatiza as relações entre os meios de serviço. Dessa forma, é importante que o Brasil seja bem estruturado juridicamente quanto ao setor de vestuário para incentivar os investimentos no mercado interno, seja por empresas estrangeiras ou nacionais. O Brasil tem avançado quanto à proteção dos desenhos de moda, como já citado, ele é abrangido pela propriedade intelectual e passível de proteção tanto pelo direito autoral, quanto pelo desenho industrial, no entanto, definir qual dos dois é mais adequado e como pode ser feita essa proteção é uma questão ainda não pacificada no âmbito jurídico. Em vista da dificuldade em identificar a forma de proteção, há discussões sobre a possibilidade da dupla aplicação, ou seja, o desenho de moda ser protegido tanto como desenho industrial, quanto como direito autoral, e justamente para esse lado que a maioria da doutrina tem caminhado. É necessário que o direito, além de evoluir nas formas de regulação das criações de moda, incentive o registro dos desenhos. A consciência dos designers ainda está evoluindo quanto à necessidade da proteção de suas criações, então políticas de incentivo são necessárias nessa primeira etapa. Como por exemplo a redução nos valores cobrados para um registro, bem como um menor tempo de espera pelo mesmo, uma vez que o direito deve acompanhar as necessidades do meio social. Observa-se assim que há muito que evoluir quanto ao direito da moda, e em especial a proteção do desenho de moda (principal “fruto” do setor). E quanto ao Direito Autoral e o Desenho industrial, a finalidade do bem pode definir qual é o melhor para protegê-lo, mas já que há possibilidade de aplicabilidade simultânea de ambos, o melhor e valer-se da maior quantidade de meios protetivos possíveis. Pois como muito bem observado por Juliana de Faria em matéria para a Revista Super Interessante “Seja bem-vindo ao fantástico mundo da moda, onde imitar o outro é legal - em ambos os sentidos da palavra.”. REFERÊNCIAS ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO. Publicações da Escola da AGU: Propriedade Intelectual - conceitos e procedimentos/ BOCCHINO, Leslie de Oliveira...[et al]. -- Brasília: Advocacia-Geral da União, 2010. Disponível em: <file:///C:/Users/WINDOWS/Downloads/n-_06_-_propriedade_intelectual__conceitos_e_ procedimentos%20(1).pdf >. Acesso em: 22 Ago. 2015. ALMEIDA, A. D. S. . O Traje étnico: história e plasticidade. Revista Científica Semana Acadêmica, v. 01, p. 1-10, 2014. Disponível em: <http://semanaacademica.com.br/system/files/artigos/artigo_etnico_moda.pdf>. Acesso em: 04 Set. 2016. ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito autoral. 2 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 1997. BARBOSA, Denis Borges. Corrigindo as potenciais disfunções do sistema de proteção de desenho industrial, 2013. Disponível em: <http://www.denisbarbosa.addr.com/arquivos/200/propriedade/corrigindo_potenciais_disfuncoes_di.pdf> Acesso em: 17 Ago. 2016.
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APELAÇÃO Nº: 01877075920108260100 SP 0187707-59.2010.8.26.0100, Relator: Costa Netto, Data de Julgamento: 16/08/2016, 9ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 17/08/2016. Disponível em: <http://tjsp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/374988413/apelacao-apl-1877075920108260100-sp-0187707-5920108260100>. Acesso em: 05 Set. 2016. SÃO PAULO. Tribunal de Justiça. APELAÇÃO Nº 2129648620108260100 - SP (0212964-86.2010.8.26.0100). Relator: NEGRÃO, Ricardo. Data de Julgamento: 07/08/2012, 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial, Data de Publicação: 09/08/2012). Disponível em: <http://tj-sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/22188912/apelacao-apl-2129648620108260100-sp-02129648620108260100-tjsp>. Acesso em: 04 Set. 2016. SEMINÁRIO DESAFIOS ATUAIS NO COMBATE A INFRAÇÕES DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL - Combate à pirataria e agressão a direitos de propriedade intelectual e industrial: o pensamento de magistrados do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: EMERJ, 2011. 299 p. 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SILVA, Rubens Ribeiro Gonçalves da (org.). Direito autoral, propriedade intelectual e plágio. Salvador: EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, 2014. Disponível em: <https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/15656/1/direito_autoral_ propriedade_intelectual_plagio_RI%20(1).pdf> acesso em: 22 Set. 2015. SILVEIRA, Direito de Autor no Desenho Industrial, São Paulo: In. Revista dos Tribunais (1982). VELOSO, Mônica. A moda e o direito. Quickaid: notas informativas jurídicas, Área jurídica da unidade empreendedorismo anje, v. 10, p. 8, nov./dez. 2014. VIEIRA, Débora. A Moda é uma Arte. Disponível em: <http://gazetaweb .globo.com/gazetadealagoas/noticia.php?c=269835> Acesso em: 06 Set. 2015. VOGUE. YSL apresenta sua defesa do processo da Christian Louboutin. 25 Mai. 2011. Disponível em: <http://revista.vogue.globo.com/moda/news/ysl-apresenta-sua-defesa-do-processo-da-christian-louboutin/>. Acesso em: 02 Set. 2016. WESTIN, Roberta. Design de moda: a legislação de direitos autorais brasileira está adequada à realidade desta indústria?, In: Boletim da ASPI Nr. 40, Abril/Junho de 2013, (28-37).
UM CAPOEIRA MARANHENSE ENTRE OS ‘PEQUENOS DO CHAFARIZ’ – SÃO PAULO-SP, 1864 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Academia Ludovicense de Letras Professor de Educação Física Tenho discutido a singularidade e a ancestralidade da “Capoeiragem Tradicional Maranhense” 82 desde 1982, assim como resgatando a Memória das demais atividades da lúdica e do movimento no/do Maranhão. Minhas inquietações deveram ao assumir a cadeira de História da Educação Física e dos Esportes de Curso de formação de técnicos em Educação Física, na antiga Escola Técnica Federal do Maranhão – hoje, IF-MA. Para fugir do currículo clássico, Atenas, Roma, Idade Média, Moderna, Contemporânea, o que havia no Maranhão? Este ano, realizou-se a XV edição do Congresso Brasileiro de História dos Esportes, Lazer e Educação Física – XV CHELEF -, na cidade de Curitiba-PR. Lá, encontrei, de Pedro Figueiredo Alves da Cunha o “Capoeiras e valentões na história de São Paulo (1830-1930)83. “Eduardo, como já vimos, era um jovem escravo vindo do Maranhão” (p. 101). O Autor, ao analisar as ocorrências policiais havidas naquele inicio da capoeiragem em São Paulo – Capital e algumas cidades do interior – inicia seu trabalho com a análise de duas dessas ocorrências, uma, no ano de 1831, ocorrida no distante subúrbio do Brás, envolvendo ‘africanos capoeiras paulistas’ e ‘africanos capoeiras cariocas’, com estes desafiando aqueles para um confronto. O segundo caso, ocorreu entre os ‘pequenos do chafariz’, já na capital, no ano de 1864. Adão dos Santos Jorge – africano congo liberto agride a Eduardo – preto escravo, quando se encontravam naquele local, caminho do centro para o subúrbio... Local de ajuntamento de pretos... Eduardo era escravo de Carlos Mariano Galvão Bueno – um advogado e professor na Escola de Direito, escritor e poeta conhecido, subdelegado de policia. O Autor nos chama atenção do fato de o agressor, Adão, ser africano livre, registrado no Livro de Matricula de Africanos Livres, dado que a lei de abolição do tráfico de cativos da África de sete de novembro de 1831 dava emancipação àqueles entrados após esta data, por força de convenções internacionais, para acabar com o tráfico no Atlântico; mesmo assim, deveriam servir pelo prazo de quatorze anos a concessionários particulares ou a instituições públicas. No processo que se seguiu, Eduardo disse ser escravo “do pai de Paulino Coelho de Sousa, que se achava ausente desta cidade tendo ido para o Maranhão”84. Então, deveria estar prestando serviços ao nominado Galvão Bueno. Com 24 anos de idade, disse ser filho de José e Sabina - escravos do mesmo senhor -, natural do Maranhão, sem ofício (p. 94). Em seu depoimento, disse que Adão “começou um jogo ou gritos de correr jogar capoeira com este declarante e soltou-lhe uma tapa nas costas...” (p. 94). Eduardo foi ferido com uma navalhada. Alegava o autor da agressão que o fizera por também ter sido ferido, em outro encontro – não com Eduardo – com duas anavalhadas no abdome.
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VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeiragem tradicional maranhense. Tema livre apresentado no XV CONGRESSO DE ESPORTES, EDUCAÇÃO FÍSICA, LAZER E DANÇA, II INTERNACIONAL CONGRESS OF SPORTS HISTORY, UFPR/Universidade Positivo, 06 a 09 de novembro, 2018, Curitiba-Pr. 83 CUNHA, Pedro Figueiredo Alves da. CAPOEIRAS E VALENTÕES NA HISTÓRIA DE SÃO PAULO (1830-1930). São Paulo, Alhambra, 2013. 84 Paulino Coelho de Sousa consta como aluno na Faculdade de Direito, no ano de 1863, http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=090972_02&pesq=Paulino%20Coelho%20de%20Sousa&pasta=ano%2 0186
Eduardo avocou outros escravos, como sua testemunha da agressão que sofrera desafiado que fora por Adão. Todos frequentavam o chafariz de Miguel Carlos, e possivelmente fora para marcar território, demonstrando sua valentia, caso pretendesse dominar tal espaço; isso explicaria porque Adão “começou um jogo ou gritos de querer jogar capoeira” (p. 100).
https://www.google.com.br/search?biw=1920&bih=969&tbm=isch&sa=1&ei=PMztW5fFLITGwAS3krbwAw&q=rugendas+%2B+chafarizes&oq=rugendas+%2B+c hafarizes&gs_l=img.12...134530.140765.0.143128.37.18.0.0.0.0.0.0..0.0....0...1c.1.64.img..37.0.0....0.Hp1BshBj7Cw#imgrc=0WNpMwjol-YmXM: CUNHA, 2013, P. 97
Pedro Figueiredo Alves da Cunha pergunta-se: que capoeira era essa? Adão estava a conversar com outros negros, no chafariz, quando Eduardo chegou e passou a brincar com Adão jogando capoeira. Depois de ‘brincar”, pediu para parar; como não foi atendido, disse que ‘poria a navalha nele’. Adão achara uma navalha na rua – essa explicação que deu ao delegado – e Eduardo, com um pauzinho, passou a provoca-lo, dizendo que cortasse o mesmo com a navalha, para mostrar destreza. Acabou por ferir a Eduardo, só percebendo quando viu sangue em sua mão, cortando-lhe um dedo com a navalha... só depois viu que também o atingira no peito. Cunha chama atenção para o uso de pau, de navalha, e o uso de facas e navalhas, e de cacetes, pelos capoeiras; mais, que as autoridades deram pouca importância à prática da capoeira, em si, mas sim à desordem e agressão física, que ocorrera: se fosse na Corte, seria diferente, pois a capoeira era duramente reprimida. Diz ainda, o autor, que parecia haver um pacto de silencio quanto à prática da capoeira, por parte de todos os envolvidos: agressor, agredido e testemunhas, no sentido de não demonstrar a prática do jogo-luta. O uso de arma branca, o gestual, o uso de pau, faz lembrar, ao autor da tese, uma modalidade de luta que ocorria na África Central denominada ‘cafuinha’, caracterizada como um ritual, de demonstração de valentia, com o uso de armas brancas, que exigia habilidade corporal, com uso de saltos, acompanhado por pancadas (percussão), berrarias (canto) e assobios, muito próximo à capoeira que se descrevia, como praticada em São Paulo, àquela época. Eduardo, nascido no Brasil, também dominava o gestual de demonstração de valentia, naquilo que se denominava capoeira.
NA(S) ACADEMIA(S) – LITERATURA LUDOVICENSE/ MARANHENSE ESTA SESSÃO É DESTINADA AOS ARTIGOS SOBRE LITERATURA LUDOVICENSE/MARANHENSE, E O REGISTRO DE SUA MEMÓRIA
A GERAÇÃO DE 45 – A DA MOVELARIA GUANABARA85 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Academia Ludovicense de Letras Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão De geração em geração a poesia maranhense vai construindo/percorrendo seu itinerário histórico-literário – de Gonçalves Dias a Sousândrade, remontando ao Grupo Maranhense, passando pelos Novos Athenienses, pela Oficina dos Novos (1900), por Corrêa de Araújo (que, transitando do parnasiano ao pré-moderno, antecipa a geração de 30/40)... Lembrando Bandeira Tribuzi (que, com Alguma Existência, descortina novos horizontes estéticos), o grupo Antroponautico (1972)... Chegando a Luís Augusto Cassas, no transe do século XX/XXI. (CORRÊA, 2010) 86. Barros (?) 87 considera ser importante destacar que, entre as décadas de 30 e 40, o fenômeno de aliciamento de poetas, romancistas e ensaístas foi um fenômeno nacional. Com Paulo Ramos, a máquina do Estado foi expandida. Houve um crescimento das instituições públicas. Surgiu um mercado de trabalho mais típico dos intelectuais. Estes, antes “reclusos à existência vacilante da boemia, de mestre-escola e do jornalismo provinciano” passaram a “compartilhar das responsabilidades administrativas do Estado” (CORRÊA, 1993): Paulo Ramos foi encontrar os intelectuais do Maranhão na Academia Maranhense de Letras (AML), “instituição concentradora da inteligência e dos mecanismos regulares e legitimados de um hipotético reconhecimento das qualidades literárias”. No contexto estado-novista, vários foram os intelectuais maranhenses que se destacaram no exercício da atividade pública, entre os quais, Agnello Costa, Clodoaldo Cardoso, Ribamar Pinheiro, Astolfo Serra, Luso Torres, Oliveira Roma e Nascimento Moraes. Tais intelectuais justificavam o Estado Novo enumerando suas consequências positivas (CORRÊA, 1993, p. 209-219) 88. A jovem Geração de 30 vai congregar-se no Cenáculo Graça Aranha, estimulada que foram pelo Mestre Antônio Lopes da Cunha, professor do Liceu Maranhense. Josué Montello foi o orador na solene fundação do Cenáculo: De minha geração literária, em São Luís, eu era o primeiro a sair da província. Antônio Lopes, mestre de literatura do Liceu Maranhense, professor de Faculdade de Direito e grande jornalista, havia-nos reunido à sua volta, sob a invocação do nome de Graça Aranha, num grêmio literário que tinha por sede o Largo do Carmo. [...] Do mestre de Canaã, Lopes não ensinara a insurreição exemplar, que o impelira a romper com a Academia e a tradição literária; ensinara-nos o seu lado acadêmico, que o levara a escrever pouco antes desse rompimento, o primoroso confronto de Nabuco e Machado de Assis, na introdução à correspondência epistolar dos dois escritores. (CORREA, 2001, p. 212) 89. 85
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ANTOLOGIA LUDOVICENSE – 4B – DA MOVELARIA GUANABARA EM DIANTE. Inédito… 86 CORRÊA, Dinacy Mendonça. UMA ODISSÉIA NO CENTRO HISTÓRICO DE SÃO LUÍS. Revista Garrafa 22, setembro-dezembro 2010, disponível em http://www.letras.ufrj.br/ciencialit/garrafa/garrafa22/dinacycorrea_umaodisseiano.pdf 87 BARROS, Antonio Evaldo Almeida. INVOCANDO DEUSES NO TEMPLO ATENIENSE: (Re) inventando tradições e identidades no Maranhão (1940-1960). Outros Tempos, www.outrostempos.uema.br, volume 03, p.156-181 88 CORRÊA, Rossini. FORMAÇÃO SOCIAL DO MARANHÃO: O PRESENTE DE UMA ARQUEOLOGIA. São Luis: SIOGE, 1993. 89 CORRÊA, Rossini. ATENAS BRASILEIRA; A CULTURA MARANHENSE NA CIVILIZAÇÃO NACIONAL. Brasília: Thesaurus; Corrêa & Corrêa, 2001
Para Corrêa (2001), talentos ressalvados, Edmo Leda e Sebastião Corrêa morreram precocemente, e Erasmo Dias e Paulo Nascimento Moraes não construíram, de maneira organizada, obras literárias. Cedo também desapareceu Viana Guará. E alguns, como costumeiro, não confirmaram a vocação matinal, não deixando vestígio na história da literatura maranhense. Terminada a década de 30, os principais entusiastas da mocidade intelectual maranhense estavam radicados no Rio de Janeiro, onde acreditavam ter perspectivas de reconhecimento nacional como escritores e estudiosos: Neiva Moreira, Ignácio Rangel, Josué Montello, Oswaldino Marques, Franklin de Oliveira, Odylo Costa, filho, Antonio de Oliveira e Manoel Caetano Bandeira de Mello. Outros, como Erasmo Dias, Mário Meireles e Nascimento Moraes, permaneceram no Maranhão. (CORRÊA, 1993). Rossini Corrêa (1989) 90 vai identificá-los como a Geração de 30. Foi Corrêa da Silva quem sustentou o fogo do combate - afirma Corrêa (2001) 91 – minimizadas as fileiras da falange erguida por Antonio Lopes, nas páginas do Diário do Norte, com o suplemento “Renovação”, que substitui tanto o Cenáculo Graça Aranha, quanto o Centro Maranhense de Artes e Letras. “Renovação” extingue-se com a debandada de quase todos os seus fundadores para fora da ilha, não deixando maiores frutos, mas deve ser lembrado pelo que representou para um punhado de jovens talentosos. Antonio Oliveira, diz que nos últimos trinta anos (1953, quando fala): Antônio Lopes da Cunha esteve sempre à frente de quase todos os movimentos literários promovidos pelos moços do Maranhão. Portanto, sua influencia na formação literária desses moços constituirá, sem dúvidas, um capitulo interessante da história da literatura maranhense. (p. 215). Prossegue Corrêa (2001), dizendo que, daquela geração de 30, ninguém foi mais pranteado do que Sebastião Corrêa, que deixou inédito o livro de poemas Reminiscências. Barros (2005, 2013?) 92, ao analisar a literatura maranhense num recorte temporal de 1930 a 1960, afirma que, politicamente, podemos afirmar a existência de dois momentos: Primeiro, entre fins da década de 30 e metade da década de 40, quando Paulo Ramos foi Interventor (15/08/1936 – 23/3/1945). Nomeado por Getúlio Vargas em 1937, uma estratégia política, segundo Corrêa (1993, grifo do autor) 93 - foi “a da produção e consolidação de uma convincente autonomia administrativa, que promovesse o distanciamento gradativo dos tradicionais litigantes oligárquicos da máquina do Estado”. E os soldados que foram seus combatentes “outros não foram, senão os intelectuais”. Com a renúncia militar de Getúlio Vargas, a máquina protetora dos intelectuais maranhenses foi desmontada. Em 1939 aparece o primeiro número da “Revista Athenas”, e, nas palavras de Nascimento Moraes (1939) 94, tratar-se-ia de “uma arrancada” comprovadora de que “A Athenas Brasileira vive. Não é menos vigorosa a sua expressão mental”. Este é um momento em que a noção de cultura – e tradição – indicada pelo desejo da afirmação do termo “Atenas” ainda continua a apontar, sobretudo para uma tradição que valoriza a Europa, um texto velho, mas continuamente revitalizado.
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CORRÊA, Rossini. O MODERNISMO NO MARANHÃO. Brasília: Corrêa & Corrêa, 1989. CORRÊA, Rossini. ATENAS BRASILEIRA; A CULTURA MARANHENSE NA CIVILIZAÇÃO NACIONAL. Brasília: Thesaurus; Corrêa & Corrêa, 2001 92 BARROS, Antonio Evaldo Almeida. INVOCANDO DEUSES NO TEMPLO ATENIENSE: (Re) inventando tradições e identidades no Maranhão (1940-1960). Outros Tempos, www.outrostempos.uema.br, volume 03, p.156-181, O tema enfocado neste artigo foi discutido na monografia “Renegociando Identidades e Tradições: cultura e religiosidade popular ressignificadas na maranhensidade ateniense”, defendida no curso de História da UFMA, em julho de 2005 (BARROS, 2005) e também em eventos (BARROS, 2004a, 2004b, 2004c). As fontes históricas citadas podem ser localizadas na Biblioteca Pública Benedito Leite (Setor Arquivo), em São Luís/MA. Disponível em http://www.outrostempos.uema.br/volume03/vol03art10.pdf, acessado em 02/05/2014 93 CORRÊA, Rossini. FORMAÇÃO SOCIAL DO MARANHÃO: O PRESENTE DE UMA ARQUEOLOGIA. São Luis: SIOGE, 1993. 94 MORAES, José Nascimento de. Uma arrancada. REVISTA ATHENAS, São Luís, p. 1-2, jan. 1939, citado ,por BARROS (S.D.). 91
Nesse período, além da chamada Geração de 30, ou sob sua interferência/influencia, aparece o Centro Cultural Gonçalves Dias. No dizer de Corrêa (1989) 95, organizada com a participação de intelectuais experimentados, como Luso Torres, Manoel Sobrinho, Clodoaldo Cardoso, Bacelar Portela e Nascimento de Moraes (pai), acrescido pelos representantes da mocidade, como Nascimento Morais Filho, Vera Cruz Santana, Arimatéia Atayde, Reginaldo Telles de Sousa, José Figueiras, Agnor Lincoln da Costa, Antonio Augusto Rodrigues, José Bento Nogueira Neves e Haroldo Lisboa Olimpio Tavares. Corrêa (1989, p. 66) traz o depoimento de um dos fundadores do Centro: Sentimos que a Academia Maranhense de Letras atravessava uma fase de silencio e que a juventude não recebia estímulos no plano literário. Resolvemos, por isso, fundar uma agremiação que pudesse acordar a Academia e, ao mesmo tempo, oferecer aos jovens, nos encontros semanais, oportunidade para o despertar de tendências. A entidade significou, assim, um movimento de reencontro com a tradição literária do Estado e de estímulo às iniciativas no plano das letras. Outro dos fundadores declara que, teoricamente, o Centro já estava fundado, pois se reuniam no Bar Paulista, e à noite, na Galeria do Carmo, para declarar poesias e discutir literatura. Não era um movimento de escola literária, declara outro integrante a Corrêa (1989): o movimento era cultural, portanto, global. Envolvia tudo – não havendo nunca antes no Maranhão, um movimento neste sentido. Os encontros centristas aconteciam, então, já, no Casino Maranhense, no Clube Litero Recreativo Português, e na Escola Benedito Leite e, as solenidades mais representativas, no teatro Artur Azevedo. A publicação de revistas, enquanto veículos culturais foram duas, abarcando os ângulos histórico – Caderno Histórico – e literário – Caderno Literário. A deferência de Sebastião Archer da Silva, possibilitando a publicação das revistas, significou um passaporte para a chegada ao aparelho de comunicação de Victorino de Britto Freire, então já senador da república. Assim foi que o Diário de São Luís, do extinto Partido Social Trabalhista, começou a circular seu suplemento literário, sob a direção de Nascimento Morais Filho. O suplemento cultural já estava com 40 números publicados quando Lago Burnett e Ferreira Gullar assumiram a sua direção. E diferentemente de Nascimento Morais Filho, passam a exercer censura, decidindo que “Toda a matéria que não for solicitada deverá passar pela nossa censura” (CORRÊA, 1989, p. 89): Refletiam, decerto, o contexto do CCGD, relacionado com as exigências da redação do Diário de São Luis. Entretanto, sob disfarce, o sarcasmo da história se processava, e José Sarney, polemicando sobre o poético com os centristas, começava a escrever para o publico, sob beneplácito do Senador Victorino Freire, o qual na década seguinte, o lançaria na política e a quem viria a combater e suceder historicamente. Depois, de meados da década de 40 até meados da década de 60, período correspondente à oligarquia vitorinista96 que será substituída por outra, a oligarquia Sarney, em 1965. Informa Barros (2005) 97: Os interventores que substituíram Paulo Ramos: Clodomir Serra Serrão Cardoso (23/3/1945 – 7/11/1945), Saturnino Belo (16/2/1946 – 10/04/1947) e João Pires Ferreira (10-14/4/1947). Os 95
CORRÊA, Rossini. O MODERNISMO NO MARANHÃO. Brasília: Corrêa & Corrêa, 1989. Após o declínio do Estado Novo, a história maranhense foi marcada pela ascensão política de Victorino Freire, um dos principais articuladores da campanha do General Dutra à presidência e responsável pela organização do PSD no Maranhão, partido que tinha fortes ligações na esfera federal e mantinha-se internamente baseado em mandonismos locais e no uso sistemático da “Universidade da Fraude” nos processos eleitorais (in COSTA, Wagner Cabral da. O SALTO DO CANGURU: DITADURA MILITAR E REESTRUTURAÇÃO OLIGÁRQUICA NO MARANHÃO PÓS-1964. CIÊNCIAS HUMANAS EM REVISTA, São Luís, UFMA/CCH, v. 2, n. 1, p. 183-192, 2004. 97 BARROS, Antonio Evaldo Almeida. INVOCANDO DEUSES NO TEMPLO ATENIENSE: (Re) inventando tradições e identidades no Maranhão (1940-1960). Outros Tempos, www.outrostempos.uema.br, volume 03, p.156-181 96
governadores no período vitorinista: Sebastião Archer (1947-1951), Eugênio Barros (19511956), José de Matos Carvalho (1957-1961) e Newton de Barros Bello (1961-1966). Neste cenário, terão papel fundamental membros da chamada “Geração de 45” e, em ambos os momentos, vozes se levantarão para pintar o Maranhão como decadente, mas pronto para reerguer-se revivendo supostos tempos áureos e prósperos de Atenas. Importante lembrar que “Alvorada”, jornal do Colégio de 2º Grau “Liceu Maranhense”, então principal escola de Ensino Médio do Estado, é um dos principais jornais que significa a maranhensidade a partir dos motivos da velha Atenas de Gonçalves Dias. Em sua primeira edição, em 10/05/1945, está a poesia “Alvorada”, de Reginaldo Teles de Sousa que, tomado pelo espírito da tentativa de revificação dos ditos verdadeiros valores da cultura e da sociedade maranhense, convoca a “mocidade”, declamando: “Acorda Mocidade! Acorda Ateniense! [...]. Em 1948, Lilah Lisboa de Araújo funda a Sociedade de Cultura Artística do Maranhão, mais um dentre tantas sociedades culturais surgidas nesse período. Quanto ao “Gonçalves Dias” recebeu total apoio do então Governador Sebastião Archer da Silva, patrocinando, o Governo, algumas publicações através do sistema oficial do Estado, assim como cedendo espaço, Teatro, para as jornadas semanais, difusão através da rádio oficial, e espaço na Revista da Academia Maranhense de Letras. Lago Burnett e Ferreira Gullar, agindo como autônomos em relação ao CCGD partem para a publicação da revista Saci – ilustrada por Cadmo Silva e o próprio Lago Burnett, com tiragem de 3.000 exemplares, aceitava colaboração: [...] O Saci é a figura mais importante da História do Brasil... folclórico. Saci está em toda parte, dá cabo de tudo, remexe com tudo e provoca todo mundo. Mas Saci não é mau. Ele quer apenas se divertir. Ele sempre aparece assim, de repente, sem ser esperado. Não é de cerimônias. O Saci é o tipo mais simples que existe: não tem preconceitos, nem preferências e muito menos tabu. Não tem idade, não teve principio e nem terá fim. Ele é eterno como tudo que é bom e que é belo. Finalmente, como não bebe água encanada de outras fontes, de lagoas estagnadas ou de poços obsoletos, não sofre do fígado e vive sempre sorrindo, com a consciência tranquila de quem faz o bem. O Saci é muito feliz, podem crer! Na sua humildade, é o ente mais feliz do mundo. Tinha como mérito a abertura à congregação pluralista de colaboradores - no entender de Corrêa (1989) – haja vista a diversificação do conteúdo, reunindo desde antigos cantares de trovador até poemas sem rima e métrica. A revista, bastante satírica, foi um excelente instrumento de critica ao ambiente literário de São Luís: [...] provocando, destacadamente, Corrêa de Araujo, Assis Garrido e Clodoaldo Cardoso. Não dispensava, também, a Academia Maranhense de Letras, para onde a maioria migraria, logo a partir da década seguinte, com José Sarney, Lago Burnett e Domingos Vieira Filho. O sodalício se apresentava ao trocadilho “só-dá-lixo”, com os candidatos a acadêmicos denominados de substitutos de “ilustres mortos” e chamados por uma hipotética “ordem analfabética [...] (CORRÊA, 1989, p. 112-113) 98. Ambos, Ferreira Gullar e Lago Burnett – e tão efêmera quando a Saci – fundam o jornal Letras da Província – periódico de artes e letras da cidade de São Luis do Maranhão, aberto a colaboradores de todo o Brasil, com dois endereços para correspondência; divulgavam os livros recebidos também no Suplemento Cultual do Diário de São Luis. Informa ainda Corrêa (1989) o surgimento de outra revista, a Afluente, sob a direção de José Carlos e José de Ribamar – Burnett e Gullar. Essa revista teve como particularidade, uma 98
CORRÊA, Rossini. O MODERNISMO NO MARANHÃO. Brasília: Corrêa & Corrêa, 1989
preocupação inédita com a pesquisa, questionando a preferência literária e o problema do livro no Maranhão (CORRÊA, 1989). A geração seguinte foi a “geração de 45”. Para Rego (2010) Movelaria Guanabara”, onde:
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, também denominada de “Movimento da
O contexto literário da capital maranhense vai-se dinamizar a partir de encontros realizados na Movelaria Guanabara, de propriedade do artista plástico Pedro Paiva. A Movelaria Guanabara servia como espaço para a realização de encontros e debates que, segundo Rossini Corrêa, ali eram traçados caminhos imediatos de intervenção intelectual na realidade maranhense. Silva (2011; 2013?) 100, ao investigar as diferentes estratégias, espaços e modalidades de atuação em que se insere um conjunto de agentes que ingressaram na carreira literária entre os anos de 1945 e 1964 no Maranhão, identificou sete movimentos culturais, citando – em quadro – os seguintes: Centro Cultural Gonçalves Dias, Grupo Movelaria, Grupo Ilha, Afluente, Opinião, Apolônia Pinto, e dentre os intelectuais analisados em seu trabalho, alguns não participaram de qualquer movimento (seria o sétimo, de seu quadro): [...] superado o chamado Estado Novo, que no Maranhão transcorre sob a interventoria de Paulo Ramos, destacam-se entre os “intelectuais” expoentes e os “movimentos” em que se engajavam, nomes como os de José do Nascimento Morais Filho, José Sarney e Bandeira Tribuzi (todos contidos entre os casos aqui analisados), reconhecidamente lideranças do Centro Cultural Gonçalves Dias, Grupo Ilha e Grupo Movelaria Guanabara, respectivamente. No interior destes “movimentos” destacam-se, vinculados ao Centro, Bernardo Coelho de Almeida, Nascimento Moraes Filho, Vera-Cruz Santana, Manuel Sobrinho, Tobias Pinheiro, Dagmar Desterro, Ferreira Gullar, Lago Burnett, Bandeira Tribuzi – deslocando-se logo depois para o Grupo Ilha. Em torno deste último transitavam José Sarney, Bello Parga, Carlos Madeira e Lucy Teixeira. Quanto ao Movelaria Guanabara, uniram-se Antonio Almeida e Lago Burnett, que até então compunha o Centro Cultural Gonçalves Dias.
Moraes (1993) 101, ao analisar a obra de Bello Parga, poeta modernista, fala da existência do Grupo Ilha, de São Luis, liderado por José Sarney e Bandeiras Tribuzzi, e da qual o biografado fazia parte, chegando a integrar o conselho editorial da revista Ilha - no começo da década de 1950102 - porta-voz do grupo, que pregava as ideias pós-modernistas da geração de 1945. O Grupo Ilha é uma dissidência do CCGD, formalizado com a presença e influencia de Bandeira Tribuzzi que fora afastado do Centro por faltas – faltara três sessões seguidas, contrariando o seu regulamento, que previa a participação obrigatória em todas as sessões; todos são úteis, ninguém é necessário... Trouxe consigo José Sarney, Erasmo Dias, Luis Carlos Belo Parga, Lago Burnett... Publicam, em 1948, o mensário de cultura “Malasarte”, dirigido por José Brasil (teatrólogo), J. Figueiredo (pintor), e pelos poetas Corrêa da Silva e Bandeira Tribuzi. Em seu editorial – aos leitores – é informado que era formado por um pequeno grupo de alguns dos modernos artistas e escritores do Maranhão atual (1948...). 99
REGO, Rosemary. A “geração de 45” - (Ou o Movimento da Movelaria Guanabara), In GUESA ERRANTE, edição 221, publicado em 10 de setembro de 2010, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2010/10/13/Pagina1235.htm 100 SILVA, Franklin L. A LITERATURA COMO CONDIÇÃO: APONTAMENTOS PARA A ANÁLISE DAS ENTRADAS NA CARREIRA LITERÁRIA NO MARANHÃO CONTEMPORÂNEO (1945-1964). REVISTA OUTROS TEMPOS, V. 8, número 11, 2011 – Dossiê História e Literatura. SILVA, Franklin Lopes. LITERATURA, POLÍCIA E PESSOALIDADE: LÓGICAS CRUZADAS DE ATUAÇÃO NO ESPAÇO INTELECTUAL MARANHENSE (1945-1964). Síntese da monografia de graduação em Ciências Sociais na Universidade Federal do Maranhão. 2013?, disponível em http://www.seer.ufs.br/index.php/tomo/article/viewFile/1598/1453 , acessado em 08/05/2014 101 MORAES, Jomar. PERFIS ACADEMICOS. 3 ed. São Luis: AML, 1993 102 https://br.noticias.yahoo.com/interior-maranh-o-para-bras-lia-154800961.html
Seus colaboradores foram: Corrêa da Silva, Erasmo Dias, Franklin de Oliveira e Oswaldino Marques, contrapostos a Bandeira Tribuzi e seu circulo, integrado por José Sarney, Lucy Teixeira, Belo Parga, Carlos Madeira, e Domingos Vieira Filho, e temperados por figuras atomizadas, àquela altura, como José Brasil e Lago Burnett (CORRÊA, 1989) 103: De onde transparece a conclusão de que muito embora aqueles rapazes tenham ficado rotulados como o Grupo Ilha ou Grupo da Movelaria, o pioneirismo do Modernismo maranhense está radicado no mensário de cultura Malazarte, cujos responsáveis diretos e compósitos foram Corrêa da Silva e J. Figueiredo / José Brasil e Bandeira Tribuzi. A experiência de A Ilha, revista mensal de arte dirigida por José Sarney e Bandeira Tribuzi, representou, portanto, um desdobramento das atividades do poeta luso-maranhense enquanto organizador da cultura. A publicação contava com um conselho de redação integrado por Lucy Teixeira, Erasmo Dias, Murilo Ferreira, Domingos Vieira Filho e Luis Carlos Bello Parga. A Ilha nasceu só E sempre será Mas não hermética E inacessível Pode-se chegar a ela Por qualquer ponta Da Estrela Cardeal Não é preciso bussola Basta atravessar a água Mas não vão se afogar Com o peso da roupa Para alcançar a Ilha É Preciso que dispam As roupas que ainda vestem. Rossini Corrêa (1993) 104 considera que a “Geração de 45” foi um momento de maior embate literário e resistência política. Ferreira Gullar, jovem intelectual, travou um embate literário com Corrêa de Araújo, que resultou em grande polêmica. A relação dos jovens intelectuais com os escritores de contexto literário diferente foi marcada por discordâncias e contendas. Foi na verdade o maior período de irreverência literária vivido no Maranhão, como se pode observar na afirmação de Lago Burnett: “De modo geral, havia de parte dos velhos simpatia por nós, mas nós éramos realmente insubmissos, atacávamos, atacávamos, atacávamos”: Voltando-se à Movelaria Guanabara, as discussões ali travadas não se limitavam apenas às discussões literárias, mas passando pelas artes plásticas, entre outros assuntos. O Centro Cultural Gonçalves Dias tinha como meio de divulgação de seu pensamento crítico, um suplemento cultural publicado no jornal Diário de São Luiz, de propriedade do senador Vitorino Freire. Devido o posicionamento questionante dos jovens intelectuais, este teve a sua concessão cancelada. Era o momento de repressão política vivida pelos intelectuais da Geração de 45 e o Maranhão dominado pela oligarquia vitorinista. (REGO, 2010) 105
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CORRÊA, Rossini. O MODERNISMO NO MARANHÃO. Brasília: Corrêa & Corrêa, 1989. CORRÊA, Rossini. FORMAÇÃO SOCIAL DO MARANHÃO: O PRESENTE DE UMA ARQUEOLOGIA. São Luis, SECMA, 1993, p.226. 105 REGO, 2010, obra citada, disponível em http://www.guesaerrante.com.br/2010/10/13/Pagina1235.htm 104
Como já mostrou Gonçalves (2000) 106, analisando processos de (re) invenção do Maranhão, a partir do estudo da trajetória (fabricada, deliberadamente construída, que se apresenta como natural) de Sarney no campo político e no campo intelectual, a “geração de 50” (geração de 45) idealizou o Maranhão propondo um projeto coletivo para o mesmo, tal projeto foi convertido em projeto pessoal pelo próprio Sarney. Longe de romper com o “estado dinástico”, com o velho e o retrógrado (do vitorinismo) 107, Sarney, com seu projeto “Maranhão Novo”, reinstala e reabilita aquele estado de dinastia. Longe de ser natural, “o Maranhão foi inventado e reinventado, tantas vezes quanto puderam ser construídas estratégias para tal”. Para Silva (2013) 108, a historiografia e crítica literária local passou a denominar de “modernismo literário” no Maranhão o período de 1945 e 1950 - período etiquetado por “oligarquia vitorinista”. Tais epígrafes consagradas pela historiografia local às diversas fases da política maranhense não têm por fortuitas suas origens e podem nos fornecer importantes elementos para compreendermos os usos estratégicos da memória e das referências ao passado como forma de coesão dos grupos em torno de um passado comum reivindicado: Envoltos pela atmosfera de disputas faccionais entre “vitorinistas” e “oposicionistas” que (de)marcaria a historiografia maranhense, os “intelectuais” da segunda metade do século XX não hesitaram em se posicionar fazendo uso de suas “vocações literárias”, dando prosseguimento à tarefa herdada dos protagonistas políticos de outrora nas lutas pela libertação do Maranhão, em direção à retomada do seu mítico passado glorioso, de exuberância econômica, política e cultural, cujo significado é constantemente reinventado conforme se rearranjam os grupos em disputa. Esta observação ganha relevância para este estudo ao percebermos que, no universo analisado, as principais posições dentre os cargos eletivos e da administração pública são ocupados por figuras proeminentes nas disputas faccionais, aliadas ao grupo dos oposicionistas, que se impôs na posição de dominante no espaço do poder político maranhense. Menezes (2010) Sarney, afirma:
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ao traçar o perfil literário e político de dois maranhenses – de nome Ribamar: Gullar e
Antes de receber a alcunha de intelectual, vanguardista, crítico e memorialista, Ribamar já era conhecido no meio acadêmico ludovicense antes mesmo de escrever o seu primeiro livro de poesia, pois era apadrinhado por Manuel Sobrinho (na foto, ao lado do jovem Ribamar e do jornalista Lago Burnett) que fora um dos organizadores do Centro Cultural Gonçalves Dias, uma sociedade cultural que agremiava experientes e jovens escritores de São Luís e que fora presidida por Nascimento Moraes (pai). Em 1946/7, outro Ribamar (então estudante de direito) também tentou entrar para esse clube de intelectuais, não conseguiu. Segundo Nascimento Moraes, sua produção textual foi considerada medíocre pelos mestres literários, entretanto, no mesmo ano o jovem Bandeira Tribuzi (recém-chegado de Portugal) conseguiu entrar e torna-se amigo tanto dos gonçalvinianos (que incluía também Nascimento Moraes Filhos e Lago Burnett e o primeiro Ribamar), quantos daqueles que frequentavam a Movelaria Guanabara (Belo Parga, Murilo Ferreira, Lucy Teixeira e o segundo Ribamar). 106
GONÇALVES, Fátima. A INVENÇÃO DO MARANHÃO DINÁSTICO. São Luís: EDUFMA-PROIN-CS. 2000 O vitorinismo (1945-1966) caracteriza-se pelo domínio, da cena política estadual, de Victorino Freire, da Ocupação, contestado pelas Oposições Coligadas, que ascenderiam ao poder em meados dos anos 60, tendo início o sarneísmo; a Ocupação era acusada pelas Oposições de consolidar um projeto contrário às verdadeiras tradições maranhenses; trata-se do período de invenção da mística “Ilha Rebelde” na Greve de 1951 e de forte reatualização do mito da Atenas Brasileira. In COSTA, Wagner Cabral da. SOB O SIGNO DA MORTE: DECADÊNCIA, VIOLÊNCIA E TRADIÇÃO EM TERRAS DO MARANHÃO. 2000. 200f. Dissertação (Mestrado em História Social) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2000. 108 SILVA, 2013?, Disponível em http://www.seer.ufs.br/index.php/tomo/article/viewFile/1598/1453 , acessado em 08/05/2014 109 MENEZES, Flaviano. Os dois filhos do Mará - Primeira Parte. In Encontrando as Pedras XLI, Blog MARANHARTE, sábado, 10 de abril de 2010, disponível em http://maranharte.blogspot.com.br/2010/04/encontrando-as-pedras-xli-os-filhos-do.html, acessado em 08/05/2014 107
E assim partem Ferreira Gullar, Lago Burnett, Lucy Teixeira, entre outros. Ferreira Gullar quando se despede dos seus familiares, dos amigos e dos mestres, afirmando para os novos companheiros de ofício que no Maranhão não havia artes plásticas e que vivera uma fase pré-poética. Ou, como ainda confessou para a Folha de São Paulo em 2005110: Nasci em São Luís. Era uma cidade à qual as coisas chegavam cem anos depois. Para mim, os poetas estavam todos mortos. Essa era uma profissão de defuntos. Então, comecei como poeta parnasiano, com decassílabos e dodecassílabos. Só mais tarde tomei conhecimento de que havia outra poesia que não era rimada e metrificada: nenhum princípio a priori, nenhuma norma. Mais tarde, em outra entrevista, agora para a revista E (nº 77, SESC) 111, ao ser lembrado sobre uma afirmativa de Mário Faustino na qual dizia que o maranhense havia saído de São Luís e chegado ao Rio sabendo tudo de poesia e de artes plásticas, Ribamar/Gullar arrisca ser mais humilde: [...] A cidade de São Luís continua a ser uma terra de poetas, de pessoas estudiosas e apaixonadas pela literatura, especificamente pela poesia. Quando saí de lá, eu não tinha o conhecimento sobre arte que adquiri um tempo depois. Um dos motivos de ter saído de lá foi exatamente esse. Eu era apaixonado pelas artes plásticas, e lá não havia praticamente nada de artes plásticas. Não tinha museu, salão, galeria de arte, não havia nada. Sequer havia livro sobre arte nas livrarias. O primeiro livro de arte que li era do pai de um amigo meu. [...] Ao que confirma o outro Ribamar/Sarney, em comentário de Menezes (2010) 112, quando fala de sua mágoa com os escritores do CCGD, em sua Coluna no jornal O Estado do Maranhão de 24/06/2007: Mas me angustiava o atraso do Maranhão, sua mentalidade romântica e desalentada. Já, então, lera tudo sobre nosso estado, tinha a cabeça feita sobre as origens dos seus problemas. Mas não tinha com quem conversar sobre isso. Minha geração era só, como sempre acontece no Maranhão, prisioneira do brilho literário. E era para isso e por isso que nos reuníamos todas as tardes na Movelaria Guanabara, de Pedro Paiva, local também dos pintores modernos. O CCGD, cultor do beletrismo, o outro grupo de jovens literatos, não nos aceitava. Aqui permanecendo Bandeira Tribuzi no seu labor literário e no desempenho de suas atividades como economista e Nascimento Morais Filho. Para Rego (2010): A Geração de 45 foi a mais dinâmica e determinada de todas as gerações pós-anos quarenta, como se pode observar na afirmação de Lago Burnett: “Até hoje, no Maranhão, têm surgido, depois de nós, apenas tentativas isoladas de valores autônomos. Desapareceu o espírito de equipe que, embora tenha mérito apenas episódio, facilita a deflagração de movimentos, sobretudo quando se quer mudar alguma coisa.
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MENEZES, 2010, disponível em http://maranharte.blogspot.com.br/2010/04/encontrando-as-pedras-xli-os-filhos-do.html, acessado em 08/05/2014 111 MENEZES, 2010, disponível em http://maranharte.blogspot.com.br/2010/04/encontrando-as-pedras-xli-os-filhos-do.html, acessado em 08/05/2014 112 MENEZES, 2010, disponível em http://maranharte.blogspot.com.br/2010/04/encontrando-as-pedras-xli-os-filhos-do.html, acessado em 08/05/2014
Lusofonia EsPaÇo DEsTinaDo a DiVuLGaR o QuE sE Passa no MunDo LusÓfono, - EM EsPECiaL o PEnsaMEnTo Do MEsTRE JoRGE oLiMPio BEnTo – E ouTRos PEnsaDoREs DE LÍnGua PoRTuGuEsa, EM EsPECiaL DE ouTRos PaÍsEs QuE aDoTaM a LÍnGua CoMuM.
Doutores Honoris Causa pela Universidade do Porto
JOSÉ MANUEL CONSTANTINO
José Manuel Constantino nasceu em Santarém a 21 de maio de 1950. Licenciado em Educação Física pelo Instituto Superior de Educação Física, exerceu atividade docente entre 1973 e 2002. Foi professor do ensino básico (1973-1986) e docente universitário (1994-2002), nomeadamente professor auxiliar convidado da cadeira de Organização e Desenvolvimento do Desporto do Curso Superior de Educação Física e Desporto, da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (1994-1996), professor convidado da disciplina de Desporto, Recreação e Tempos Livres, na Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade do Porto (1991-1995), professor associado convidado da cadeira de Organização e Desenvolvimento do Desporto do Curso Superior de Educação Física e Desporto da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (19972002), professor convidado do Curso de Dirigentes Desportivos, da Universidade Autónoma de Lisboa (1999-2000) e professor convidado do curso Autarquias e Desporto – estratégias de sucesso, do Instituto Superior da Maia (2002). Fez parte da Comissão Instaladora dos institutos superiores de Educação Física, do Porto e de Lisboa (1974-1975). Foi membro da Assembleia Estatuária da Faculdade de Motricidade Humana (Lisboa, 2009) e é membro do Conselho de Representantes da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (desde 2010). Na administração pública exerceu os cargos de membro do Conselho de Fundadores da Fundação do Desporto (2001), de presidente do Instituto do Desporto de Portugal (2002-2005), de presidente do Conselho Nacional Antidopagem (2002-2005), de presidente do Conselho Nacional Contra a Violência no Desporto (2002-2005), de presidente da Comissão de Coordenação Nacional do Ano Europeu de Educação pelo Desporto (2003-2004) e de presidente da Confederação do Desporto de Portugal (2000-2002). Na esfera das autarquias, foi diretor do Departamento dos Assuntos Sociais e Culturais da Câmara Municipal de Oeiras (1996-2002), membro do Conselho Superior de Desporto (2002-2005) e presidente do Conselho de Administração da Oeiras Viva, E.E.M. (2006-2013). É membro fundador da Sociedade Portuguesa de Educação Física e da Sociedade Portuguesa de Ciências do Desporto; membro da Academia Olímpica de Portugal, da Federação Internacional de Desporto para Todos, da Sociedade Norte Americana Sport Management e membro consultivo da Fundação Marquês do Pombal. Foi presidente da Assembleia-geral do Centro de Performance Humana (1995-2001), vice-presidente do Conselho Consultivo da Fundação do Desporto (até 2000), membro do Conselho Consultivo do Lugar Comum – Clube Português de Artes e Ideias (até 2002) e membro do Conselho Editorial do Jornal Record (até 2000). Autor de 12 livros e coautor de 17, foi o coordenador editorial de 14 publicações e membro fundador da revista Horizonte – Revista de Educação Física e Desporto (1993). Proferiu 221 conferências, comunicações e discursos sobre Desporto, no país e no estrangeiro. Foi atleta federado de Futebol nos Leões de Santarém (1962-1967), secretário técnico da Direção do Sport Algés e Dafundo (1985) e assessor da Direção da Federação Portuguesa de Halterofilismo (1986-1990). A Universidade do Porto concedeu o título de Doutor Honoris Causa a José Manuel Constantino numa cerimónia realizada na Faculdade de Desporto, a 26 de setembro de 2016. A proposta partiu da FADEUP, quando celebrava o 40.º aniversário da sua integração na Universidade do Porto, e teve como fundamento o contributo prestado pelo
presidente do Comité Olímpico no desenvolvimento do desporto em Portugal, a partir de 2013. (Universidade Digital / Gestão de Documentação e Informação, 2016)
O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), José Manuel Constantino, completa, aos 62 anos, um ciclo no dirigismo desportivo, após liderar o Instituto de Desporto de Portugal e a Confederação de Desporto de Portugal. "Quero corresponder às expectativas dos portugueses, quando há Jogos Olímpicos", isto é, "alcançar resultados desportivos", avançou José Manuel Constantino, perspectivando, ainda, "a reorganização do Comité Olímpico de Portugal, medidas de colocação na agenda política dos principais problemas que afectam as federações desportivas". O primeiro licenciado em Educação Física (1975) a presidir ao COP é um dos grandes pensadores do desporto em Portugal, tendo publicado vários livros e artigos sobre o tema. Acumulou ainda vasta experiência na docência, tanto no ensino universitário (1994-2002), como no ensino básico, no início da carreira (1973-1986). Atleta federado de futebol nos Leões de Santarém (1962-1967), chegou ao dirigismo apenas em 1985, como secretário técnico da direcção do Sport Algés e Dafundo, passando posteriormente a assessor da direcção da Federação Portuguesa de Halterofilismo (1986-1990). Em 2000, o seu primeiro projecto de âmbito nacional, quando assumiu a presidência da Confederação do Desporto de Portugal, cargo que abandonou em 2002, para dirigir o Instituto do Desporto de Portugal (IDP). Entretanto, em 2001, foi membro do Conselho de Fundadores da Fundação do Desporto e, de 2001 a 2005, integrou o Conselho Superior do Desporto. José Manuel Constantino foi também presidente da Comissão de Coordenação Nacional do Ano Europeu de Educação pelo Desporto (2003--2004). De 1996 a 2002, assumiu a direcção do departamento dos Assuntos Sociais e Culturais da Câmara Municipal de Oeiras e, desde 2006, é presidente do Conselho de Administração da Oeiras Viva, EEM. Constantino é, ainda, membro do Conselho de Representantes da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto desde 2010.
ESTES DOIS Ã&#x161;LTIMOS ME FORAM PRESENTADO PELO AUTOR, EM RECENTE CONTATO EM FORTALEZA. VALE A LEITURA!!!! PELOS NOSSOS DIRIGENTES ESPORTIVOS E PROFESSORES DE ED&E
DESPORTO – UM MERCADO DE FUTURO E CRESCIMENTO ECONÓMICO POR REVISTA BUSINESS PORTUGAL · 4 JANEIRO, 2018 HTTP://REVISTABUSINESSPORTUGAL.PT/DESPORTO-UM-MERCADO-DE-FUTURO-ECRESCIMENTO-ECONOMICO/
José Manuel Constantino - presidente do Comité Olímpico de Portugal O desporto é hoje um sector em crescimento acelerado, com um impacto económico relevante no espaço europeu e uma representação nas economias nacionais comparável ao conjunto do sector da agricultura, floresta e pescas, representando mais de 2% do PIB global da União Europeia (UE) e 3,5% do total de emprego na UE, com uma forte incorporação de tecnologia, inovação e desenvolvimento, e um ritmo de crescimento consideravelmente superior à média da economia europeia. Contudo, apesar destas estatísticas relevantes atualizadas pela Comissão Europeia desde que o desporto foi inscrito no Tratado de Lisboa, o impacto da economia do desporto é ainda consideravelmente negligenciado desde o desporto de base recreativa até ao alto rendimento e espetáculo desportivo, passando pelo consumo de bens e serviços desportivos das famílias ou o investimento privado e patrocínio no sector. Verifica-se, não só no plano económico, mas também no plano político e social, inúmeras fragilidades que comprometem tirar o melhor partido de um mercado cujas potencialidades são universalmente reconhecidas e inscritas nos mais diversos documentos de referência como fatores críticos de desenvolvimento, nomeadamente no quadro da Agenda 2030 e dos seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Esta tendência assume, no nosso país, contornos particularmente acentuados, pois historicamente tem-se vindo a agudizar o desequilíbrio entre o valor socioecónomico que o desporto gera e o contributo que a sociedade confere à sua sustentabilidade e desenvolvimento, nomeadamente o que provem do sector privado e das famílias. Tal circunstância compromete não só a sustentabilidade do modelo de financiamento, mas também a inovação e a competitividade das organizações desportivas no fomento de uma cadeia de valor desde os níveis mais elementares até à excelência desportiva, com naturais consequências nos indicadores de prática desportiva e resultados desportivos no panorama internacional. O Orçamento do Estado para 2018 introduziu um conjunto de alterações que procuram corrigir alguns destes condicionalismos, fundamentalmente no âmbito do mecenato, no quadro de um pacote alargado de medidas oportunamente apresentadas na Assembleia da República, as quais se espera virem a concretizar, mormente no que respeita ao estímulo do dirigismo desportivo benévolo, da publicitação de entidades mecenas ou isenção fiscal no apetrechamento desportivo e no IRC de federações dotadas de utilidade pública desportiva. Portugal é hoje um país exportador de talentos e conhecimento técnico em diversas modalidades desportivas, com protagonistas internacionalmente reconhecidos neste mercado global, reunindo no seu
território condições únicas no turismo desportivo, apreciadas, reconhecidas e valorizadas por atletas e equipas de referência mundial que aqui preparam a sua participação nas mais importantes competições internacionais. Também por isso, o desporto representa um investimento de baixo custo e elevado impacto na internacionalização da nossa economia, na afirmação da imagem externa do país e na difusão da cultura lusófona, que invariavelmente recorrem aos seus protagonistas para efeitos promocionais. Valendo muito mais do que aquilo que custa ao país afigura-se crucial, num contexto global de enorme competitividade, o engenho empreendedor e visão de futuro do tecido empresarial para internalizar e potenciar estas mais-valias no seio do sistema desportivo, apostando no seu desenvolvimento e dotando-o dos mais avançados recursos para que possam melhor servir o país e continuar a desenvolver a sua economia. http://www.spef.pt/1403023178-Notcias/2015-0602-Presidente-do-COP-alerta...-O-Desporto-no-se-desenvolve-emconflito-com-a-escola
Presidente do COP alerta... O Desporto não se desenvolve em conflito com a escola José Manuel Constantino, presidente do COP - Comité Olímpico de Portugal, em entrevista ao Jornal "O Jogo", alerta-nos para a importância da Educação Física e do Desporto Escolar no desenvolvimento do Desporto em Portugal.
A COMPREENSÃO ANTROPOLÓGICA DO DESPORTO ARTIGO DE MANUEL SÉRGIO Manuel Sérgio é professor catedrático da Faculdade de Motricidade Humana e Provedor para a Ética no Desporto ESPAÇO UNIVERSIDADE 22-10-2018 https://www.abola.pt/Nnh/Noticias/Ver/755652 Como não invejo ninguém e a todos (mesmo aos que não me toleram) desejo muitas oportunidades de uma vida fecundante, variada, feliz; porque gosto de transformar o cartesiano penso, logo existo em amo logo existo; porque o processo histórico tem a marca e o movimento da condição humana; porque luto por um mundo igualitário, onde o acesso à cultura e aos bens essenciais da vida tenham a mesma plataforma de partida; porque em criança e em rapaz, em correrias doidas, pelas freguesias lisboetas da Ajuda, de Belém e Santo Amaro, em busca palpitante e radiosa, procurei a liberdade – quando, hoje, converso, ou escrevo, sobre desporto, tento ser (e sempre) um ensaísta comprometido com um mundo onde as novas técnicas significam uma perfeita identificação com os anseios de mais liberdade, de mais igualdade, de mais fraternidade. Quero nomear um mundo novo para, nomeando-o, o recriar e, recriando-o, ajudar com a modéstia dos meus recursos à sua transformação. De facto, não surgem novas palavras, nem novas ideias, nem novas ciências, nem nova tecnologia, sem um mundo nascituro, sem o anúncio de uma dialética ínsita no real, que clama por mais Conhecimento, por mais Liberdade e mais Justiça. E que também clama por uma nova linguagem que saiba dizer o que não nasceu ainda. De facto, só se diz o que se julga saber. Na Revista Crítica de Ciências Sociais (nº. 54, Coimbra, Junho de 1999, p. 132) a Profª. Maria Irene Ramalho faz das ciências sociais “uma perspectiva sócio-antropológica sobre diferentes aspectos da sociedade, através de diferentes disciplinas, temas ou instituições – o desporto, o direito, a medicina, a reprodução, a sexualidade, a nutrição, a educação, o ambiente, a motricidade humana, o sofrimento humano, as tecnologias – e que as Humanidades têm expressão apenas enquanto objecto desse mesmo olhar sócio-anropológico. Donde se concluirá que a problematização da relação entre as ciências e as humanidades se resolve justamente pela noção de ciências sociais”. Porque, no âmbito da motricidade humana (e portanto do desporto) se realiza, sem margem para dúvidas, uma nítida relação humanidades-ciências, também penso, há muitos anos já, que é uma ciência social e humana o paradigma desta área do conhecimento. Anterior às formas físicas e técnicas e táticas do desporto, está a complexidade humana. Por outras palavras: o desporto é anterior à expressão em que se traduz. Se ficarmos atentos à retórica dos treinadores desportivos, designadamente os treinadores de futebol, que tomam perpétuo assento nas nossas televisões, concluímos, sem dificuldade, que é do ser humano, que os
seus jogadores são, com especial relevo para a sua intencionalidade emotiva, que eles referem e realçam. José Peseiro, em entrevista ao Vítor Serpa, diretor do jornal A Bola (2018/10/13) e um insaciável perscrutador do que de humano há na prática desportiva – José Peseiro desabafou, com apelativas palavras: “Em dois meses, fui treinador, pai, diretor desportivo, quase tudo”. E o “pai”, que o José Peseiro foi, revestiu-se de tanta, ou mais, importância, do que os aspetos técnicos e táticos do treino. Ele não o disse, mas é preciso saber ouvir o não-dito, numa conversa. Quem não ouve o não-dito, não entende a conversa. Tem alcance histórico marcante esta entrevista do José Peseiro – pelo que disse e pelo que não pôde dizer, mas interessa saber ouvir. O guarda-redes Bruno Vale, ex-portista e atualmente a defender as redes do Apollon Limassol, no Chipre, assim retrata o treinador José Mourinho: “”Tinha e penso que ainda continua a ter o grupo com ele, os jogadores estavam com o treinador a 200 por cento, além de termos, na altura, um plantel fantástico”. Em Luís Felipe Scolari, também realçou o seu humanismo: “É engraçado que, quando estive com o Scolari, senti muitas parecenças com o Mourinho. Ele também tinha os jogadores com ele” (in A Bola, 2018/10/20). Quem duvida que, quando se estuda o “fenómeno desportivo”, se colhe esta certeza de que é nas ciências hermenêutico-humanas que nos encontramos? Mas, insistem alguns munidos de um empedernido positivismo: “E é possível um mínimo de racionalidade e objetividade, nestas ciências?”. A pergunta é frequente, porque o saber universitário vigente mais “conforma” do que “informa” quem por lá anda. Por vezes, o que nele se estuda vem escrito em verdadeiros “catecismos”, onde se identifica conhecimento científico com saber objetivo, não se reconhecendo nas ciências uma função crítica e problematizadora. a qual se ensina aos alunos, crédulos e obedientes, pertencer ao domínio das opiniões, dos juízos de valor. Nascem, assim, duas áreas do conhecimento antagónicas: a Verdade e o Valor. A Verdade do saber institucionalizado e que os Governos e as Multinacionais aplaudem e apoiam; e o Valor das necessidades e das aspirações das pessoas, onde parece não encontrar-se, nem racionalidade, nem objetividade. Poderei, neste caso, lembrar Karl Marx que realça que os produtos capitalistas se definem muitíssimo mais pela característica formal da estratégia de exploração do consumidor e do trabalhador do que pelas virtudes que visam a satisfação das necessidades materiais, culturais, espirituais das pessoas. No desporto de alto rendimento, o “desporto dos milhões”, também, demasiadas vezes, o lucro é o que mais conta e não a saúde e a educação dos atletas. No “desporto-rei”, as revistas “corde-rosa” não enganam: um número considerável de “craques”, após o seu trabalho diário de profissionais de futebol, vivem encafuados em ambientes fechados de sexo e de álcool, com total desprezo pela leitura dos grandes escritores ou pela frequência dos espetáculos de autores de talento ímpar e personalidade de exceção. A teorização desportiva não pode ser neutra, deverá antes constituir um modo novo de ver e de viver a vida, incluindo aqui o amor e o sexo, evidentemente. E com a certeza que desse modo se pode ser mais saudável e mais alegre e mais feliz. E (repito-me) a felicidade é o primeiro fator de saúde… Com a revolução científica do século XVII, a ciência deixou de ser contemplativa, ou teórica tão-só, para tornar-se ativa e prática e ao serviço de objetivos que em muito a ultrapassam. Amanhece assim a moderna tecnologia, onde as próprias formas simbólicas da cultura parecem simples produtos da técnica e da tecnologia. Chegou a altura de proceder, segundo Boaventura de Sousa Santos, a “uma hermenêutica crítica da epistemologia” com o objetivo primeiro de desconstruir a razão epistemológica que justifica um conhecimento científico que é rei indiscutível, nas várias instituições - um conhecimento científico, que se globalizou e se transformou numa cultura empobrecedora e alienante. Refiro-me a uma Economia, filha do economicismo capitalista (seja ele americano ou chinês, alemão ou venezuelano) que já por aí se publicita como a “raínha das ciências”. Se acaso me é possível apresentar uma ideia própria, adianto esta: sempre que se contextualiza uma ciência, há mais crença do que conhecimento racional. No desporto. acontece outro tanto, se bem penso. Posso relembrar o livro Économie et Société de B. Jouvenel: “A nossa sociedade sofre de um mal-estar fundamental, que é de ordem moral e política e que se resume ao facto de a pessoa não possuir poder senão no papel irresponsável de consumidor. É neste sentido que a nossa sociedade é, verdadeiramente, uma sociedade de consumo. Certas pessoas possuem pouco poder de consumo, enquanto outras possuem muito. Esta desigualdade quantitativa é claramente percebida, pois que é a única forma, que temos, de poder individual, não nos dão outra. Não passamos, os que podem gastar mais ou menos, de uma célula de um poderoso Leviatã, de cujas intenções não participamos e em cujo corpo permanecemos como simples estrangeiros, aliás elimináveis, quando for necessário”. Tudo isto se aplica ao atleta e ao adepto, ambos
manipulados e alienados. Quero eu dizer: a ciência põe e o lucro dispõe. E a diferença entre treinar e imbecilizar é mínima. E aí deixo mais um artigo, tentando contribuir a uma compreensão antropológica do Desporto. ”Saber Pensar” e “Aprender a Aprender” não resolve todos os problemas. Aliás, estudar só os problemas também é muito pouco . A superação de um conhecimento especulativo ou de tendência apenas lógica e formalizante é absolutamente necessária. O ensino universitário do desporto não pode realizar-se com a formação de doutores improdutivos, através da didática arcaica das aulas expositivas e magistrais. Um ensino de muita teoria e pouca prática é de propensão imbecilizante. Como é também, um ensino que não relaciona as ciências empírico-formais e as humanidades. O notável poeta francês Stéphane Mallarmé encerrou uma inesquecível entrevista a Jules Huret, com uma afirmação que ficou célebre: “Tudo, no mundo, se faz para resultar num belo livro”. O espetáculo desportivo, todo ele, se constitui, pela competição que o anima, por figuras que podem retratar o que há de belo e bom e verdadeiro e justo, na condição humana. Por isso, a necessidade do treinador que saiba propor aos seus jogadores o significado e o sentido da prática desportiva. A propósito, atente-se num comentário de José Saramago, logo depois de um diálogo entre duas personagens de Todos os Nomes: “Ao contrário do que em geral se crê, sentido e significado nunca foram a mesma coisa, o significado fica-se logo por aí, é direto, literal, explícito, fechado em si mesmo, unívoco, por assim dizer, ao passo que o sentido não é capaz de permanecer quieto, fervilha de sentidos segundos, terceiros e quartos, de direções irradiantes que se vão dividindo e subdividindo em ramos e ramilhos, até se perderem de vista, o sentido de cada palavra parece-se com uma estrela quando se põe a projetar marés vivas pelo espaço fora, ventos cósmicos, perturbações magnéticas, aflições”. Há tanta coisa no desporto que faz sentido para dar mais sentido à vida. O maior responsável pelo divórcio entre o desporto e a cultura é o cientismo que se instalou, no conhecimento científico, a partir de finais do século XIX, com a mania de tentar objetivar e racionalizar todo o mundo humano, como se os sentimentos e os afetos fossem coisa de somenos.
A MODA DA ÉTICA JOSÉ MANUEL CONSTANTINO Presidente do Comité Olímpico de Portugal Nunca se invocou tanto a ética. Nos negócios, na política, nas empresas, na economia, nas diferentes profissões, todos requisitam a necessidade de ética. Organizam-se colóquios, seminários e editam-se livros. A ética virou assim uma moda. Isso é negativo? Obviamente que não. Só que há que distinguir a forma da substância da questão. O moralismo e uma certa crise de consciências reconforta-se com uns quantos lugares comuns numa estereotipada narrativa que “cai bem”. A invocação da ética, mesmo que desprovida de qualquer efeito prático, é aceite de forma respeitosa e imperativa. Afinal ninguém está disposto a ser acusado de não contribuir para a causa. Mesmo quando, muitas vezes, pesa o silêncio sobre a violação dos princípios que a ética procura preservar. Esta coabitação entre o que se diz e o que se faz perante o que acontece é singular e preocupante. Porque, como um dia escreveu José Barata Moura, é de saudar a preocupação ética mas precisamos acima de tudo de passar à ocupação ética. O desporto não escapou a esta onda. Os termos em que o tem feito merecem alguma reflexão. Sobretudo a de percebermos que a ética não é um manual de instruções que se invoca para situações de risco, mas um cuidado pessoal que a todos os momentos se forma, se cultiva e se pratica. Um programa sobre ética no desporto tem de assentar em exigências muito fortes. E na educação pelo exemplo. Ninguém pode levar a sério um programa sobre ética no desporto quando os seus agentes e protagonistas se não apresentam à sociedade como referências. A degradação ética inicia-se precisamente quando se abre mão das exigências na avaliação dos comportamentos. E não há discurso que resista à invocação da ética- no desporto ou em qualquer outra atividade- quando as palavras não coincidem com os atos. O risco é o de concorrer para a banalização e desvalorização do seu propósito, mais do que servir para afastar das práticas do desporto os comportamentos que a violam. Devemos começar por refletir sobre os caminhos que o desporto percorreu designadamente a excessiva comercialização e a mercantilização do rendimento desportivo que constituem, porventura, as razões mais marcantes de um aumento da progressiva desregulação da moral desportiva, ameaçando voltar o desporto contra si mesmo, ao transgredir uma lógica, um sentido e um modelo a que aprendemos a atribuir significado moral e formativo. A esta tendência juntaram-se outras mais gerais: a irradicação do discurso público da questão dos ideais; a banalização dos valores; a valorização do individualismo; o abandono da construção de uma sociedade mais justa e fraterna; a absolutização da economia de mercado e do valor imperial do dinheiro; a defesa do pragmatismo como critério de eficiência independentemente dos valores associados. Estas tendências têm privado a vida pública de uma dimensão moral e humanista e esvaziado a cidadania da energia capaz de travar o declínio de valores da vida contemporânea. Mas por muito desencanto que exista quanto à sociedade atual e à desintegração de ideais e de sentimentos que nos habituámos a ligar ao desporto, não podemos deixar de continuar a exigir um desporto com valores. O que obriga o desporto a ter causas e princípios. A defender a sua identidade, não em termos de uma retórica beata, ou de um discurso desportivamente correto ainda que vazio no seu compromisso social, mas através de uma cidadania responsável. O desporto não pode abrir mão de alguns dos valores que civilizacionalmente o moldaram e que o apresentam como uma expressão de cultura com valor formativo A questão essencial é dar sentido formativo à regulação dos comportamentos em situação competitiva, no âmbito dos que o praticam, treinam, dirigem, assistem ou comentam. E neste particular é indispensável recolher para o seio das práticas desportivas valores civilizacionalmente aceites: o do exercício das liberdades, o do respeito pelos outros, o da tolerância nas relações humanas, o do acatamento da regra, o da afirmação do primado do direito sobre o arbítrio.
Esse objetivo só é possível com pessoas com melhor educação social, melhor formadas. Com sociedades onde existam referências e valores. Com sistemas desportivos que promovam graus de exigência elevados no domínio dos comportamentos e das atitudes. Com uma visão reformista do próprio desporto, que compreenda que ele não dispõe de qualquer efeito mágico, que dispense o investimento individual no seu aperfeiçoamento. A criação de um movimento social valorizador do desporto, requer apoio político, mas também atitude, vontade e ação das organizações desportivas para que compreendam que a dependência do desporto terá de ser perante valores culturais e sociais e não outros. Todos os dias e em todos os momentos. Porque só assim o desporto nos pode ajudar a encontrar um sentido para a vida.
o PEnsaMEnTo Do JoRGE BEnTo Esta é uma Revista aberta às contribuições... Tomo a liberdade – devidamente autorizado – de replicar aqui o Pensamento do Jorge Bento... O conheci, pessoalmente, em 1992, numa palestra na UFMG. O nosso GuruGeek Laércio o trouxe para falar sobre Lazer... eu estava fazendo meu Mestrado em Ciência da Informação; minha ultima especialização fora em Lazer e Recreação, daí meu interesse, ainda maior, pois se tratava de Jorge Bento!!! Já o conheci, de alguns escritos e livros. Creio que - não sei quem é o maior, mas vamos colocalos na mesma posição, de fora de concurso, pois – se Jorge, Manuel Sérgio ou Silvino Santi os maiores e melhores filósofos da nossa tão combalida Educação Física – prefiro a tradição da denominação, mas aceito a Motricidade Humana e as Ciências dos Esportes... Jorge falou sobre Gilberto Freire... uma palestra em que até hohe recordo algumas das bombásticas expressões usadas, em especial na comparação entre os nossos povos – que ele considera um só, e adota a cidadania luso-brasileira, pois... O português é aquele pçovo trágico, que venera o Cristo crucificado, dolorido, sofrido, sentindo-se abandonado, mas mesmo assim, disposto a todos os sacrifícios, como decorrência de sua sorte e vivência, dai vestirem-se as mulheres sempre de preto, com lenço à cabeça, andar curvado, como se carregassem todos os pecados do mundo, um peso insuportável... já o brasileiro, venera o Cristo menino, a criança brincalhona, e por isso, um povo alegre, vivaz, colorido... isso na interpretação de um artigo escrito por Gilberto Freire, em 193... (2, 9u 9?) e publicado em inglês, numa palestra na Inglaterra, inédito em português, ou no Brasil... gostaria de te-lo reproduzido nestas páginas... Desde então o acompanho mais de perto, trocando correspondência, agora em tempos de redes sociais, e palavras quase diárias. Semprer replico e comportilho suas colocações, em especial quando se referem à Educação e à Educação Física/Motricidade Humana... Aproveitem!!!!
Parabéns a todos vós! Porque cumpris a mais alta e exigente função da sociedade: a da educação de Seres Humanos de verdade, que amam a ética, dão as mãos uns aos outros, recusam os apelos, as palavras e os gestos do ódio, da vingança, da animalidade, falsidade e maldade. Arrostais uma extensa e incompreensível falta de reconhecimento. Não desanimeis, nem renuncieis ao labor esforçado. A exemplaridade da vossa conduta faz luz nas trevas e arranca água das pedras. Não tenhais medo: vós sois imprescindíveis, indestrutíveis, eternos!
Da involução da democracia na Europa e no Brasil Os analistas políticos europeus estão cegos ou então fazem de conta que não veem: o que se passa na Europa e no Brasil é deveras semelhante. Na Europa os partidos do arco do poder (social-democratas e trabalhistas, mais os do centro-direita) abjuraram os seus princípios, tornaram-se neoliberais, atolaram-se na promiscuidade com as negociatas, a banca e a corrupção, voltaram as costas aos anseios das populações. O resultado está à vista: os partidos da social-democracia e de matriz liberal e cristã, salvo raras exceções, vão desaparecendo do mapa. O vazio deixado é preenchido pela onda nacionalista e xenófoba. No Brasil sucede o mesmo. O PSDB, o PMDB e o PT faltaram às responsabilidades. Os dois primeiros faleceram; os seus líderes têm opções ultraliberais. O PT, que é um partido social-democrata e fez obra internacionalmente enaltecida, deixou-se enlear pelo corrupto sistema político brasileiro, defraudando a sua história e a esperança de regeneração nele depositada. Congrega grupos com posições difíceis de sustentar (p. ex., a ‘ideologia do género’), mas é o único partido de relevo que resiste às forças do obscurantismo; para voltar a desempenhar o papel que já teve, precisa de convincente autocrítica e profunda reconversão. A alma fascista nunca morre, disse Mussolini; aproveita-se da cegueira, que a todos nos atinge, para sair do armário e revestir novas formas de engano dos desencantados. São estes as primeiras vítimas, mais cedo do que tarde, tal como a história ensina. O fascismo não constitui alternativa à corrupção e à desagregação; traz sempre consigo destruição, guerra, perseguição, morte, miséria, exploração e opressão, predação e usurpação dos bens e serviços públicos, para benefício dos oligarcas e do capital financeiro.
Conselhos de suprema utilidade Não sou conselheiro, nem bispo de qualquer igreja. Ainda assim, atrevo-me a formular dois conselhos deveras úteis, dada a nova era que se avizinha. Dirijo-me, sobretudo, aos instruídos e letrados, aos pobres e remediados. Primeiro: Entre um indivíduo civilizado e um canalha, opta pelo canalha, sem qualquer hesitação! Ele vai premiar o teu gesto. Sabes porquê? Ele ignora o regulamento antigo: “Roma não paga a traidores.” Segundo: Se és pobre e votas no diabo, tornas-te um pobre diabo! Queres maior poder do que este?
Não me digas que vais desprezar os conselhos?! Fazes mal. Estás a dar um pontapé na felicidade, que desceu dos céus aos trambolhões e veio parar nas tuas mãos.
Dos meus fracassos Quando sopeso o caminho andado, vejo muitos fracassos. Sim, fracassei muitas vezes! Alguns deixaram-me mágoa e o sentimento de culpa. Outros alumiam-me a alma e a consciência com a luz do orgulho pelas atitudes assumidas. Sou feito de todos eles. Nos últimos anos da carreira académica acumulei uma série de insucessos. Perdi várias lutas. Contra o RJIES-Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior. Contra o SIADAP-Sistema Integrado de Avaliação do Desempenho na Administração Pública. Contra a passagem da Universidade do Porto a Fundação. Contra o garrote orçamental aplicado ao Ensino Superior. Contra o roubo do direito de a comunidade universitária eleger o Reitor. Contra a entrega dessa escolha a um Conselho Geral, de portas abertas a interesses alheios à missão da instituição. Contra a aplicação dos rankings às escolas e universidades, e a demência das métricas e da ‘papermania’. Enfim, fracassei na luta contra a captura e perversão da universidade e educação por uma ideologia que vem empurrando o mundo para o abismo. Todavia, estes fracassos são vitórias, porquanto autorizam que faça meu o desabafo de Darcy Ribeiro (19221997): “Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu.”
Milagres improváveis na vida de um andarilho Sou nordestino. Sim, nasci no nordeste transmontano. Foi lá que começou a minha vida de andarilho. Ela tem-me proporcionado milagres improváveis. Hoje aconteceu mais um: fui o elogiador do Dr. Roberto Gesta de Melo, ilustre figura da IAF e do movimento olímpico internacional, na cerimónia em que a Universidade Federal do Amazonas o agraciou com o título de Doutor Honoris Causa. O andarilho pondera o caminho percorrido e olha em redor. Fica incrédulo perante os milagres que o contemplaram. Profundamente comovido, cito e rezo um provérbio africano: “Quem quer ir rápido, vá sozinho; quem quer ir longe, vá acompanhado.” Ora, eu tenho andado em boas companhias; para elas vai a minha eterna gratidão.
DOS MITOS Os mitos gregos, tal como os inventados em diversos contextos culturais, antecederam a filosofia; foram o berço desta e de muita da nossa cultura. Na ausência da indagação filosófica e do questionamento científico, ofereceram explicações esplendorosas para a criação dos deuses, do universo e das criaturas que o habitam. Continuam no presente a irradiar uma magia que contagia e extasia. Quem não se rende ao encanto dos mitos incarnados em figuras como Prometeu, Epimeteu, Hércules, Minotauro, Sísifo, Ulisses e tantos outros?! Quem não recorda o arrebatador cenário do Adamastor, criado por Camões em Os Lusíadas?! O mito, disse Fernando Pessoa (1888-1935), fecunda a realidade. “É o nada que é tudo”; é o sol “muito brilhante e mudo” que “abre os céus”. Porque, mesmo não existindo, foi vindo, sem existir nos criou e bastou. Enfim, os mitos elevam e enlevam, são rios que irrigam e fertilizam a nossa imaginação com o deslumbramento e engenhosidade das crenças, sonhos e utopias. Chamar ‘mito’ a homúnculos é o cúmulo da ignorância.
HORA DO CANTO E DA POESIA O canto e a poesia não têm hora marcada para andar na Cidade. As avenidas, praças e ruas pertencem-lhes o tempo todo. Pintam o céu de azul, dão brilho ao sol e fazem a terra florescer. São urgentes nos dias frios e tristes, na escuridão que cai abrupta sobre o crepúsculo e não deixa ver a lua e as estrelas na extensa duração da noite. Na sua ausência, rangem as janelas e portas das casas, fustigadas pelos ventos da incerteza e do medo. E a coragem emudece. O canto e a poesia são beijos luminosos e quentes da palavra e sensibilidade. Enchem-nos os olhos e a alma com a claridade e a limpidez da manhã que há de chegar.
RADIOGRAFIA DA CONTEMPORANEIDADE O livro “24/7: capitalismo tardio e os fins do sono”, da autoria de Jonathan Crary (Professor na Universidade Columbia, EUA), oferece-nos uma acurada radiografia desta era. A voracidade mercadológica dedica-se à acumulação ilimitada 24 horas por dia, 7 dias por semana. O tempo passado a dormir é a barreira que lhe resiste. Mas o mercado não desiste de a abater; almeja o trabalhador e o consumidor sem sono. Este alvo está, em parte, atingido: a internet já se apoderou de nós durante as madrugadas. Há um tipo de sono que interessa ao mercado: o adormecimento tecido pelos ardis neoliberais. Enquanto dormimos, não acontecem só desastres naturais; também se cava a sepultura dos direitos individuais e das causas, princípios e valores sociais. Todavia, ainda nos resta uma dimensão do sono: sonhar um mundo diferente e melhor. Foi isso que fizeram, em todas as eras, os pensadores e utopistas. Desse sonhar nasceu o avanço civilizacional.
REAFIRMAÇÃO DE PRINCÍPIOS Sou católico, mas não cego e fanático, nem tampouco analfabeto. Leio muito, talvez mal, mas leio. Obviamente, sou deveras carente de saber. Todavia sei que, há cerca de 70 000 anos, os humanos
começaram a imaginar e fazer ‘coisas’ às quais chamamos ‘cultura’. Tiveram então início a Humanização e o Homo Sapiens, ínsito na criação da arte como expressão do convite à exaltação do belo e à recusa do medonho e grotesco. Sei também que, ao longo da história, as religiões e ideologias foram e são responsáveis por inúmeras perseguições e matanças. A cultura não transporta semelhante culpa. No presente, assistimos ao regresso festivo do obscurantismo. O Homo Sapiens cede o lugar ao homo demens, ao ente demencial. Fico estupefacto e estarrecido com posições apoiadas, assumidas e divulgadas nas redes sociais por gente com instrução superior, que exerce funções nas áreas da educação e cultura. Estas não são conciliáveis com quaisquer formas da barbárie e do retrocesso civilizacional.