REVISTA
DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO
Número 35 – DEZEMBRO de 2010
ISSN 1981-7770
Edição Eletrônica 85º. aniversário
REVISTA IHGM, 35, DEZEMBRO 2010
Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, v.1, n.1 (ago. 1926) - São Luís: IHGM, DEZEMBRO 2010. n. 35. Edição eletrônica ISSN: 1981-7770 1. História – Maranhão – Periódicos 2. Geografia – Maranhão - Periódicos p. 155 CDD: 918.21 CDU: 918.121 + 981.21
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ISSN 1981 – 7770 REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO NO 35 – DEZEMBRO – 2010 EDIÇÃO ELETRÔNICA Rua de Santa Rita, 230 – Centro Edifício Prof. Antonio Lopes – 2º. Andar CEP – 65015.430 – SÃO LUÍS – MA Fone (0xx98) 3222-8464 Fax (0xx98) 3232-4766 E.mail: ihgm_ma@hotmail.com As idéias e opiniões emitidas em artigos ou notas assinadas são de responsabilidade dos respectivos autores. ENDEREÇO DAS EDIÇÕES ELETRÔNICAS http://issuu.com/leovaz/docs/revista_01_-_1926b http://issuu.com/leovaz/docs/revista_29_dez_2008 http://issuu.com/leovaz/docs/ihgm-30 http://issuu.com/leovaz/docs/ihgm_31_novembro_2009 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm__32_-_mar_o_2010 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_33_-_junho_2010 http://issuu.com/leovaz/docs/revista_34_-_setembro_2010
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INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO Fundado em 20 de novembro de 1925, registrado no Conselho Nacional de Serviço Social sob no. 80.578/75, de 14 de setembro de 1955 Reconhecido de Utilidade Pública pela Lei Estadual no. 1.256, de 07 de abril de 1926 Reconhecido de Utilidade Pública pela Lei Municipal no. 3.508, de junho de 1996 Cartório Cantuária Azevedo – Registro Civil de Pessoas Jurídicas – reg. no. 180, registro em microfilme no. 31063, São Luís, 23 de agosto de 2007 GESTÃO 2010/2012
Presidente de Honra: JOSÉ DE RIBAMAR SEGUINS CHAPA ANTONIO VIEIRA
Presidente: TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO Vice-Presidente: LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ 1º. Secretário: JOÃO FRANCISCO BATALHA 2º. Secretário: RAIMUNDO GOMES MEIRELES 1º. Tesoureiro: WASHINGTON LUIS MACIEL CANTANHEDE 2º. Tesoureiro: DILERCY ARAGÃO ADLER Diretor de Patrimônio: ÁLVARO URUBATAN MELO Diretor de Divulgação: MANOEL SANTOS NETO CONSELHO FISCAL Titulares: JOSÉ RIBAMAR SEGUINS JOSÉ RIBAMAR FERNANDES ILZÉ VIEIRA DE MELO CORDEIRO Suplentes: OSVALDO PEREIRA ROCHA KALIL MOHANA ESTERLINA MELO PEREIRA
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APRESENTAÇÃO Chegamos à última edição do ano. Continuamos em formato eletrônico. Na presente edição contamos com a colaboração dos Sócios efetivos: TELMA BONIFACIO DOS SANTOS REINALDO; EDOMIR MARTINS DE OLIVEIRA; DILERCY ARAGÃO ADLER; MADALENA MARTINS DE SOUSA NEVES; MANOEL DOS SANTOS NETO; LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ; RAIMUNDO GOMES MEIRELES; JOÃO FRANCISCO BATALHA; CLAUBER PEREIRA LIMA; OSVALDO PEREIRA ROCHA. A Profa. Delzuite Dantas Brito Vaz colaborou em um artigo. A Revista tem por principal objetivo divulgar os trabalhos de pesquisa e pronunciamentos de seus Sócios. Conseguiu-se resgatar a tradição de, nas Assembléias Gerais, apresentação de trabalhos e alusão à efemérides. Lamentável que nem todos os que usaram da palavra encaminharam, por escrito, esses pronunciamentos. Temos, nessa situação seis (06) trabalhos apresentados, o que muito enriqueceria nossa Revista e elucidaria alguns aspectos de nossa História, Geografia e Ciências afins. Continuamos com o propósito de buscar na Imprensa escrita as colaborações de nossos Sócios, e reproduzi-las na Revista, fazendo o registro da contribuição do IHGM a determinados assunto, pertinentes à vida maranhense. Continuamos recebendo contribuições, para registro. Especialmente quando nossos Sócios são convidados e participam em eventos científicos, e mesmos culturais. O que denota a respeitabilidade do IHGM e sua aceitação enquanto instituição de produção de conhecimento. O que esperamos, é que os Sócios nos encaminhem o material, para o devido registro na Revista. Vimos, ainda, que inúmeros Sócios tiveram obras publicadas, este ano. Lamentamos primeiro, que o IHGM não tenha sido o local desses lançamentos; e em segundo, embora solicitado, que não haja o encaminhamento de uma resenha por parte dos Autores. Em todos os eventos de lançamento, o IHGM se fez presente... Lembrando que a Diretoria – as três que responderam, este ano, pela gestão do IHGM - não mediu esforços para cumprir a vasta programação deste ano, inclusive a de manter a periodicidade trimestral da nossa Revista. Nossa última Assembléia contou com o expressivo número de 20 (vinte) sócios. Devemos somar os dois que se perderam e não conseguiram achar o SEBRAE-Jaracaty? Então fomos 22... Boa leitura, e obrigado pelas contribuições. Esperamos o mesmo emprenho e colaboração no novo ano que se inicia. Um Feliz Natal, e um Ano Novo cheio de realizações...
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Vice-Presidente Editor do presente número
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SUMÁRIO 4
Diretoria – Gestão Julho de 2010 – a julho de 2012
APRESENTAÇÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Sumário
JOSÉ RIBAMAR SOUSA DOS REIS – em memória CARLOS HUMBERTO PEDERNEIRAS CORRÊA – em memória PALAVRAS DA PRESIDENTE - Á GUISA DE ESCLARECIMENTOS TELMA BONIFACIO DOS SANTOS REINALDO DISCURSO POR OCASIÃO DO 85º. ANIVERSÁRIO DO IHGM TELMA BONIFACIO DOS SANTOS REINALDO SAUDAÇÃO AO DR. JOSÉ DE RIBAMAR SEGUINS POR OCASIÃO DA OUTORGA DE TÍTULO DE PRESIDENTE DE HONRA DO IHGM EDOMIR MARTINS DE OLIVEIRA HOMENAGEM A ENEIDA ANTONIO RUFINO FILHO OS 85 ANOS DO IHGM - palestra magna ANTONIO RUFINO FILHO 85º ANIVERSÁRIO DO IHGM E CONFRATERNIZAÇÃO DE NATAL OSVALDO PEREIRA ROCHA DISCURSO DE RECEPÇÃO À SÓCIA MADALENA MARTINS DE SOUSA NEVES DILERCY ARAGÃO ADLER DISCURSO DE POSSE MADALENA MARTINS DE SOUSA NEVES DISCURSO PROFERIDO NA POSSE DE MADALENA MARTINS DE SOUSA NEVES TELMA BONIFACIO DOS SANTOS REINALDO MADALENA NEVES TOMA POSSE NO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO MANOEL DOS SANTOS NETO BATALHA DE GUAXENDUBA CMTE. RAMOS LAZER, HOSPITALIDADE, IDENTIDADES E CULTURAS REGIONAIS E LOCAIS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ O AVANÇO DO DESIGN E SUAS FORMAS DE ATUAÇÃO TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO A ESPIRITUALIDADE DO POLICIAL MILITAR RAIMUNDO GOMES MEIRELES ANA JOAQUINA JANSEN MULLER OU SIMPLESMENTE ANA JANSEN DILERCY ARAGÃO ADLER REDES COLABORATIVAS E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
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REVISTA IHGM, 35, DEZEMBRO 2010 CIENTISTAS BRILHANTES EXTRAORDINÁRIOS
E
SERES
7 HUMANOS
ETICAMENTE
72 DILERCY ARAGÃO ADLER BALAIADA: A GUERRA QUE COMEÇA NA VILA DE MANGA E TERMINA EM ARARI 74 JOÃO FRANCISCO BATALHA VILA DE VINHAIS – A VELHA E A NOVA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ 78 DELZUITE DANTAS BRITO VAZ RELATO DE UMA SAGA META LINGUÍSTICA DE UMA RELAÇÃO COMPLICADA COM UM PAI NAS TERRAS DE IGARAPÉ GRANDE – 97 MARANHÃO CLAUBER PEREIRA LIMA IHGM NA MÍDIA 101 49º. ENCUENTRO INTERNACIONAL DE POETAS “OSCAR GUIÑAZÚ 102 ÁLVAREZ” 22º ENAREL: “LAZER E HOSPITALIDADE” 104 SAGRAÇÃO DO TEMPLO DA LOJA OSMAN AGUIAR BACELLAR 107 OSVALDO PEREIRA ROCHA REPÚBLICA, BANDEIRA, MAÇONARIA, E IHGM 109 OSVALDO PEREIRA ROCHA EXCELSA CONGREGAÇÃO DOS SUPREMOS CONSELHOS 112 OSVALDO PEREIRA ROCHA MENSAGEM DE NATAL E ANO NOVO DO SOBERANO GRÃO-MESTRE 115 OSVALDO PEREIRA ROCHA A INOVAÇÃO TECNOLOGICA: NOVO CENARIO NA ESCOLA DO FUTURO 116 TELMA BONIFACIO DOS SANTOS REINALDO A EDUCAÇÃO A DISTANCIA INTERAGINDO NA SALA DE AULA PRESENCIAL NO ENSINO SUPERIOR DA UFMA 120 TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO A BATALHA DE GUAXENDUBA, EM ICATU E O ENGENHEIRO FRANCISCO FRIAS DE MESQUITA 122 OSWALDO PEREIRA GOMES SAGRAÇÃO DO TEMPLO DA LOJA OSMAN AGUIAR BACELLAR 124 OSVALDO PEREIRA ROCHA 126 COMISSÃO - 400 ANOS DE FUNDAÇÃO DO MARANHÃO PROPOSTA DE TRABALHO – apresentada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz 127 A FUNDAÇÃO DO MARANHÃO: 400 ANOS DE HISTÓRIA CONTADOS ATRAVÉS DA REVISTA DO IHGM – uma bibliografia 128 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ 400 ANOS DE FUNDAÇÃO DO MARANHÃO? 130 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ ANO DE 1612 – 8 DE SETEMBRO – FUNDAÇÃO DA FRANÇA 136 EQUINOCIAL - Wikipédia ATOS ADMINISTRATIVOS 138 ATAS 139 MENSAGEM ELETRONICA IHJRJ 142 Portaria 02/IHGM 143
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JOSÉ RIBAMAR SOUSA DOS REIS nasceu em 22 de março de 1947, em São Luis do Maranhão; filho de Antônio Sebastião dos Reis e Rosy Sousa dos Reis; casado com Maria Osmina Sousa dos Reis, com quem teve seis filhos: José Ricardo Santos dos Reis; José Ribamar Sousa dos Reis Júnior; Rosy Maria Santos dos Reis; Maria Firmina Costa dos Reis; Antônio Sebastião dos Reis Neto e Francisco Amaral Sousa dos Reis. Somados a sete netos. Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Maranhão em 1973; com Curso de Ciências Jurídicas incompleto; no seu currículo constam os mais diversos cursos de especialização em pré-planejamento; sua área de estudos era pesquisa socioeconômica. Faleceu em São Luís na tarde de 07 de dezembro de 2010.
JOSÉ RIBAMAR SOUSA DOS REIS Cadeira 56 - Patrono Jerônimo José de Viveiros. * 22 de março de 1947 + 07 de dezembro de 2010 O economista e escritor José Ribamar Sousa dos Reis ocupava a cadeira 56 do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, sendo indicado pelos Confrades Maria da Conceição Ferreira; Pedro Rates de Santana; Edson Garcia Ferreira; Eloy Coelho Neto e Raimundo Nonato Travassos Furtado, aprovado em Sessão do dia 25 de fevereiro de 1981 e comunicado através do ofício nº. 07/81, datado de nove de março de 1981. Tomou posse como Membro Efetivo em 29 de abril de 1981. Ocupou diversos Cargos e Funções Públicas, como Coordenador Geral e Diretor Presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais do Maranhão – IPES; Assessor Técnico da Secretaria de Administração do Estado do Maranhão; Assessor Técnico da Secretaria de Planejamento e Coordenação Geral do Estado do Maranhão – SEPLAN; Assessor Técnico do Escritório Técnico de Administração Municipal – ETAM; Assessor Técnico Instalador da Loteria Estadual do Maranhão – LOTEMA; representante no Estado do Maranhão e Coordenador Regional do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais do Recife; Coordenador Regional da Fundação Joaquim Nabuco do Ministério de Educação e Cultura; Secretário Executivo Adjunto da Fundação Cultural do Maranhão; Membro do Grupo de Coordenação do Projeto Praia Grande; Presidente do Conselho Regional de Economia 15
a.
Região; Coordenador de
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Marketing do Banco de Desenvolvimento do Maranhão S.A.; Assessor da Superintendência de Planejamento do Banco do Estado do Maranhão S.A.; Chefe do Departamento de Estatística do Bando do Estado do Maranhão S.A.; Grande Secretário de Cultura e Orientação do Grande Oriente do Maranhão, tendo ainda exercido outros relevantes cargos e funções nas áreas de pesquisas sócio-econômicas, planejamento e financeira do Estado. Historiador, pesquisador, escritor e poeta com diversos livros publicados dos quais se destacam, Poesias: Marcas; Verdade e Esperança; Lance de Rumo; Flor Mulher e Recital Poético (CD). Ensaios: Bumba-meu-Boi, O Maior Espetáculo Popular do Maranhão – Três edições esgotadas; Bumba-Boi – Alegria do Povo; Folclore Maranhense – quatro edições esgotadas; Feira da Praia Grande – duas edições esgotadas, Raposa: Seu Presente, Sua Gente, Seu Futuro (Perfil Psicossocial dos Municípios Maranhenses – Projeto Piloto); Newton Pavão – Mestre das Artes; Contos da Ilha; São José de Ribamar: A Cidade, O Santo e sua Gente; João Chiador, 50 Anos de Glória, Meio Século de Cantoria; Praia Grande, Cenários: Históricos, Turísticos e Sentimentais; ZBM: O Reino Encantado da Boêmia, São João em São Luís: O Maior Atrativo Turístico-Cultural do Maranhão; Sertão da Minha Terra, A Saga das Quebradeiras de Coco (contos); O ABC do Bumba-Boi do Maranhão, duas edições esgotadas; Amostra do Populário Maranhense; Terreiro do Riacho “Água Fria” (novela); Carimã (contos); Folguedos e Danças Juninas do Maranhão; Mãe Tomázia (contos). Inéditos: Ilha de São Luís: Processo de Metropolização; São Pantaleão / Madre Deus: O maior Pólo da Cultura Popular São-luisense; Os Fuzileiros da Fuzarca: Relíquias da Batucada Maranhense; As Maiobas: A Capital do Bumba-Boi da Ilha; De Pericumã a Cumã (contos-ficção/realidade); O Pajé Curador de Canelatiua (contos-ficção/realidade); Da Casa das Tulhas a Feira da Praia Grande; Brincadeiras Populares do Maranhão; Baixada Maranhense em Prosas e Versos; Mapeamento das Manifestações Culturais do Estado do Maranhão; Dicionário da Maranhensidade (Lingüística Histórica); A Saga de Seu Bento: O Retirante (novela) e Trincheira da Maranhensidade em Artigos e Crônicas.
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Sua colaboração jornalística é marcante com milhares de artigos e crônicas publicadas nos principais jornais maranhenses. Atualmente, mantinha sua colaboração, semanalmente, às sextas-feiras no Suplemento Cultural JP-Turismo do Jornal Pequeno, onde é titular da Coluna Trincheira da Maranhensidade. Colaborou, diariamente, com o Jornal O Estado do Maranhão, com uma página econômica pelo período de um ano e meio, além de inúmeras participações em palestras, debates, seminários e simpósios locais, regionais, nacionais e internacionais. Freqüentemente era convidado para participação de eventos dessa natureza, com destaque maior para os que tratam do tema sobre a Cultura Popular Maranhense. Autor da Simbologia de Auto-Estima dos Maranhenses: a Maranhensidade, cria deste historiador, membro efetivo do IHGM, entre controvérsias e aplausos é a fase modal da Cultura Maranhense, principalmente a área da Cultura Popular, o que não deixa de ser mais uma prova do eficiente e diuturno labor deste abnegado defensor das coisas e da gente deste torrão.
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O Instituto registrou a perda no mês de novembro de Carlos Humberto Pederneiras Corrêa, no dia 24, em La Paz, Bolívia. Carlos Humberto nasceu em Florianópolis (1941). Doutor em História foi professor titular da UFSC, até quando se aposentou, e também da UDESC e da FURJ, depois UNIVILLE. Figura de primeira plana na vida cultural de Santa Catarina presidia, por vários anos, seu Instituto Histórico, a que imprimiu notável dinamismo, reorganizando a revista e realizando numerosos simpósios e congressos, inclusive com instituições congêneres do Cone Sul e dos Açores. Era membro também da Academia Catarinense de Letras, da Academia Catarinense de Filosofia e da Associação Brasileira de Críticos de Arte. Publicou, entre outros títulos, Os governantes de Santa Catarina de 1739 a 1982 (1983), História da cultura catarinense – O Estado e as Idéias (1997), Diálogo com Clio – Ensaios de história política e cultural (2003), Manoel Paranhos da Silva Veloso, artífice da nacionalidade no Brasil Monárquico (2003) e História de Florianópolis ilustrada (2004), além de artigos na imprensa e em obras coletivas. Membro do IHGB desde 1992 e presença assídua em nossas atividades (ainda em outubro aqui estivera), integrava também os quadros das Academias de História de Portugal e do Paraguai e, horas antes de seu falecimento, acabara de se empossar no da Bolívia.
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85ยบ. ANIVERSร RIO DO IHGM - FOLDER
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REVISTA IHGM, 35, DEZEMBRO 2010 IMAGENS DA ASSEMBLÉIA GERAL EXTRAORDINÁRIA – 85 ANOS DO IHGM – AUDITÓRIO DO SEBRAE-MA – 02/12/2010
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TELMA REINALDO
JOSÉ RIBAMAR SEGUINS
MANOEL PEDRO CASTRO
TENT. GLADSON
EDOMIR MARTINS DE OLIVEIRA
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PALAVRAS DA PRESIDENTE
Á GUISA DE ESCLARECIMENTOS
SENHORES E SENHORAS CONFRADE E CONFREIRAS DO IHGM: Diante de tantas considerações veiculadas em nosso email de grupo a cerca das decisões tomadas pelas Assembléias Gerais desde a ultima gestão da qual fiz parte como 1ª Tesoureiro, dado que me qualifica como atuante e presente a este Sodalício, tramitam algumas questões pertinentes ao bom andamento de nosso IHGM, dentre elas a freqüência as reuniões de Diretoria e Assembléias Gerais Ordinárias ou Extraordinárias e adimplência da jóia ao instituto, condições sine qua non para ser integrante do IHGM , conforme nosso Estatuto feito pelos seus pares e aprovado, bem como registrado em Cartório. Assim se somos a plêiade pensante deste país e Estado não devemos dialogar o óbvio: as leis são feitas para serem cumpridas, principalmente se delas emergem a paz, tranqüilidade e sobrevivência de uma instituição octogenária como nosso IHGM. Dessa forma tenho certo que não há radicalismos, nem xiismos, mas tão somente sensatez e respeito à ordem instituída por nós mesmos, dado que não é democrático alguns freqüentarem, pagarem, trabalharem e outros se beneficiarem. Esta gestão (Pe. Antonio Vieira) irá trilhar pelo bom senso, mas principalmente pela ordem vigente (Estatuto), sem prejudicar ou abonar aos gregos e troianos, somos todos Atenas Maranhense, sabemos dos obstáculos e compromissos que todos temos, é por isso que aqui estamos, no entanto não é justo, não sermos reconhecidos por falta de comprometimento (traduzido aqui por atuação real e concreta seja pessoal ou econômica) já que somos auto-sustentáveis, entendo que a infrequencia é justificável e menos traumática, visto que existe uma Diretoria que se comprometeu em estar presente muito embora tenhamos também compromissos, daí porque fazemos rodízio nos compromissos, vejam os emails trocados objetivando estarmos presentes a todos os compromissos sociais e políticos no bom sentido, no entanto a inadimplência é mais complicado, visto que dela depende a existência do IHGM, para cobrir seus compromissos com contabilidade, secretaria, luz, telefone, água, limpeza do prédio, cafezinho, eventos e divulgação, assim devemos pensar que na Grécia Clássica era
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cidadão quem contribuía para o bem estar da cidade, aqui é o confrade e a confreira quem da mesma forma contribui para o bem estar do Sodalício, de forma material; econômica e presencialmente quando se fizer necessário conforme nossos calendários. As dissidências sempre existiram, pois como nos fala Thomas Khun, na sua obra “A estrutura das revoluções cientificas”, é na discussão que rompemos paradigmas e que se constrói a ciência, ou seja, sem diversidade, diferença de opiniões não haverá consenso (entendimento como avanço, processo histórico). Assim nossa Diretoria levará a Assembléia as opiniões várias até aqui enviadas com respeito ao cumprimento do Estatuto ou a sua reformulação, já que o que aí está não tem sido atendido prontamente, isso não quer dizer que sejamos revanchistas, acho que o que pedimos é que salvemos o IHGM com ações visto que com palavras por varias vezes ele já chegou ao fundo do poço, conforme registro da sua trajetória. Quando assumimos essa Diretoria tínhamos 17 sócios inadimplentes, (tomamos como parâmetro uma falta de pagamento de até 12 meses), e a revelia do que reza o Estatuto, solicitamos encarecidamente que pagassem suas jóias, dado que fomos prontamente atendidos e as vésperas das comemorações dos 85 anos deste Sodalício, somente uma dessas pessoas nos disse que não pagaria, ou seja, 15 atualizaram e uma nos deixou, este comprometimento nos permitiu fazer a Festa de Comemoração dos nosso 85 anos, uma bela festa com presença maciça dos sócios e seus familiares, entregas de diplomas de honra ao mérito a algumas personalidades e confraternização. Então nesse momento posterior, ainda na ressaca das comemorações, aqueles ou aquelas que tenham pendências com o IHGM, que solicitem soluções por escrito dirigido a esta Diretoria, não a Presidência, pois esta gestão é democrática, compartilhada e respeita as diferenças, assim de forma democrática em Assembléia Geral decidiremos o que de melhor seja para o IHGM, sem contemplar o que passou ou irá passar, mas com base nas decisões estatutárias de seus membros. Obrigada pela atenção, São Luis, Ilha do Maranhão, 17 de dezembro de 2010 TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO (Presidente, eleita por unanimidade)
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DISCURSO POR OCASIÃO DO 85º. ANIVERSÁRIO DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO
TELMA BONIFACIO DOS SANTOS REINALDO Senhoras e Senhores, boa noite e sejam bem vindos. Dr. Manoel Pedro Castro, Diretor Superintendente do SEBRAE-MA, a quem saúde em nome de todos nossos convidados; Profa. Eneida Vieira da Silva Óstria de Canedo, nossa expresidente a quem saúde em nome de todas as Confreiras presentes; Dr. José de Ribamar Seguins, nosso ex-presidente, a quem saúde em nome de todos os Confrades presentes; Dr. Antonio Rufino, nosso orador desta noite, a quem saúde em nome dos demais membros desta mesa, Nestes 02 de novembro de 2010, o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão completa 85 anos do início de suas atividades acadêmicas em São Luis do Maranhão. Identificado como “lugar de produção e disseminação da cultura maranhense”, foi fundado em 20 de novembro de 1925 por um grupo de intelectuais que viam neste recinto o lugar da produção e disseminação do saber local. Hoje o IHGM chega aos 85 anos neste século XXI, vencendo desafios, superando adversidades e lançando idéias renovadoras. Seus fundadores considerados pioneiros na preservação da Cultura Maranhense possibilitaram que outros intelectuais inspirados por eles trouxessem a este sodalício a história, a geografia, as letras, a literatura e as ciências humanas e
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sociais que certamente subsidiaram a fundação das escolas superiores e universidades no Estado do Maranhão. No transcurso desta data congregam-se uma plêiade de notáveis que trabalham na consolidação desta Academia cuja vocação elege reflexões na abrangência das Ciências Humanas e suas Tecnologias, das Ciências de Natureza, Matemática e suas Tecnologias, das Ciências Sociais, Linguagem, Códigos e suas Tecnologias além dos estudos jurídicos, da saúde e seus análogos. Como lugar da Memória Maranhense, o desafio que nos é imputado nesse momento é dar continuidade a um processo histórico iniciado em 1925 com Justo Jansen Ferreira passado a José Ribeiro do Amaral que o delegou a João Parsondas de Carvalho em 1933, sendo substituído por Elisabetho Barbosa de Carvalho até 1937, sucedido por Leopoldino Lisboa em 1943, seguido de Astolfo Serra de 1945 a 1947. Em 1947 toma posse João Bráulio de Carvalho seguido por Jerônimo de Viveiros de 1953 a 1957, cuja sucessão coube a Domingos Vieira Filho até 1961, quando Luís de Moraes Rego assume a presidência do IHGM até 1965 substituído por José de Ribamar Araujo Costa ( José Sarney – 1965 a 1967) – segue-se Rubem Ribeiro de Almeida de 1967 a 1972, José Ribamar Seguins – 1972 a 1994 (22 anos) substituído por Hedel Jorge Ázar ( 1994 a 2000) cujo nome é dado à nossa Biblioteca, seguido de Edomir Martins de Oliveira de 2000 a 2002, cuja sucessão coube a Nywaldo Guimarães Macieira (2002 a 2006) e a partir de 2006 assume a Professora, Mestre em Geografia, Eneida Vieira da Silvia Ostria de Canedo que tomou posse em 28 de julho de 2006 até 28 de julho de 2010, quando entrega a Presidência a uma Junta Governativa em virtude da não inscrição, em tempo hábil de uma Chapa Eleitoral, esta Junta foi composta pelo Dr. José Ribamar Seguins, Dra. Ilzé Vieira
de
Melo
Cordeiro
e
Dr.
José
Ribamar
Fernandes
que
se
responsabilizaram pelo processo eletivo, culminando em 25 de agosto a eleição de uma nova Diretoria denominada Pe. Antonio Vieira, uma homenagem ao nosso venerado Pe. Vieira e composta por Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo (Presidente) e Leopoldo Gil Dúlcio Vaz (Vice-Presidente),
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1º Secretário Dr. João Francisco Batalha, 2º Secretário Raimundo Gomes Meireles, 1º Tesoureiro Washington Luis Maciel Cantanhede, 2º Tesoureira Dra. Dilercy Aragão Adler, Diretor de Patrimônio Álvaro Urubatan Melo, Diretor de Divulgação Manoel dos Santos Melo, além do Conselho Consultivo formado pelo Dr. José Ribamar Seguins, Dra. Ilzé Vieira de Melo Cordeiro e Dr. José Ribamar Fernandes e seus respectivos Suplentes: Osvaldo Pereira Rocha, Kalil Mohana e Maria Esterlina Melo Pereira aos quais agradecemos o aceite de comporem essa Diretoria sob a nossa Presidência. Deste levantamento dos Presidentes deste Sodalício colidido pelos sócios Luis Alfredo Netto Guterres Soares e José Ribamar Seguins que ao fazerem certamente pensaram na importância deste registro para a posteridade, 99% dos presidentes tiveram suas gestões duplicadas com exceção do Dr. Edomir Martins de Oliveira, que por decisão própria não pleiteou sua reeleição, muito embora seus confrades e confreiras assim o desejassem diante de seus serviços prestados ao IHGM. Assim nosso desafio hoje é encontrar fórmulas e procedimentos para manter esse bem material perceptível pelas futuras gerações, tarefa que para nós da Gestão Pe. Antonio Vieira vem sendo cumprida, desde o primeiro dia de trabalho com espírito de luta tendo como objetivo maior a produção e o registro histórico e historiográfico maranhense através dos nossos eventos acadêmicos e científicos, de nossa Revista impressa quando temos parceiros e condições econômicas, além da Revista digital fruto do esforço de nosso VicePresidente Leopoldo Gil Dúlcio Vaz, desde o primeiro dia de nossa gestão. Ressaltamos que este percurso sinuoso não é novo, visto que desde a sua fundação, contam nossos antecessores que o IHGM passou por problemas os mais diversos, no entanto não arrefeceu o propósito de seus fundadores, enfrentou problemas de infraestrutura por não ter sede própria, dificuldades de desenvolver eventos científicos culturais por falta de recursos, mas sempre alguém ou alguma instituição tem nos atendido de forma solicita, como é o caso do SEBRAE na pessoa do Dr. Manoel Pedro Castro – Superintendente desta casa, a quem agradecemos de público, falta de verbas que culminaram em períodos lacunares da Revista, no entanto tão logo era
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possível a mesma saía do prelo, tudo isso em virtude da manutenção ser assumida por seus próprios integrantes, esta
realidade
é perceptível em
outros Institutos, embora acreditemos que novos tempos estarem por vir. Nesse momento fomos lembrados por um dos nossos deputados estaduais, o Dr. Joaquim Haickel que propôs emenda parlamentar de sua autoria com base no orçamento do Estado em favor do IHGM para exercício de 2011, destinado a publicação de livros e organização de eventos que tratem de temas sobre São Luís, por ocasião dos seus quatrocentos anos de fundação, de publico também agradecemos em nome do IHGM. Esta gestão também já consolidou convênio com a Universidade Federal do Maranhão no sentido de ter estagiários dos cursos de licenciatura e bacharelado em nosso recinto objetivando abrir nosso espaço a juventude de nossa terra e dar nossa contribuição a fim de que eles que são o futuro de nossa pátria possam aprender o valor da cultura e do saber acadêmico tão caro a nossa Atenas Brasileira. A celebração desta data natalícia do IHGM é momento de júbilo como forma de reverenciar fatos vividos e pessoas que conosco trabalharam e trabalham em prol da cultura maranhense e no decurso de cada ano compartilhamos com nossos confrades e confreiras o compromisso de manter sólido o destino e a vocação deste Sodalício, mantendo fidelidade aos nossos objetivos, valorizando o humanismo, a cultura, a identidade maranhense e o sentido de pertencer a esse torrão brasileiro. Prometemos continuar nos próximos anos a defender e propagar a história do Maranhão através do IHGM. Muito Obrigado.
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SAUDAÇÃO AO DR. JOSÉ DE RIBAMAR SEGUINS POR OCASIÃO DA OUTORGA DE TÍTULO DE PRESIDENTE DE HONRA DO IHGM
EDOMIR MARTINS DE OLIVEIRA CADEIRA 51 Exma. Senhora Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, em nome de quem saúdo todos aqueles que compõem a colenda mesa que preside os trabalhos deste belo evento. Diletos Confrades e Confreiras ilustres, Meus senhores, Minhas Senhoras. Por ironia da sorte, estaremos privados da palavra culta e inteligente do confrade Nogueira, designado para apresentar uma saudação ao confrade Seguins, nosso homenageado com o título de Presidente de honra do Instituto. O confrade, por recomendação médica, deve se abster, por alguns poucos dias, de se impactar com fortes emoções. Houve por bem à Presidente do Sodalício, Prof.ª Telma Bonifácio, honrarme com o convite pra substituí-lo, o que foi feito há 15 minutos. Devo lembrar aos que me honram com sua preciosa atenção, que encontrarão apenas a palavra de um confrade bem intencionado e que respeitando o convite feito, procurará honrar o mandato que lhe foi outorgado, lembrando ainda, que, com
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certeza, não encontrarão o mesmo brilho que seria a palavra vibrante do confrade Nogueira. Hoje é uma noite de festa para o IHGM. Recebe uma especial homenagem o decano do Instituto, o poeta e escritor, José de Ribamar Seguins. E aqui, agora, nossa Presidente Telma Bonifácio, nos diz em tão boa hora, que o momento é de muita emoção, enquanto por outro lado, o VicePresidente, Confrade Leopoldo, nos pede permissão para inverter a pauta por uma questão de ordem, para que o Dr. Manoel Pedro Castro, Superintende do SEBRAE-MA possa receber outra homenagem em outro local, ele que tão gentilmente, atendendo apelo do IHGM, nos cedeu este belíssimo auditório, para que o Sodalício aqui se reúna neta hora, ele que receberá mais uma homenagem ainda hoje, nos próximos 10 minutos, de outra Instituição. Assim, junto o útil ao agradável – as emoções deste momento com a harmonia trazida pela paz - para cumprimentar o Presidente Seguins que está recebendo honroso título que o Sodalício ora lhe outorga. Então, enquanto os latinos diziam “si vis pacem para bellum”, nós agora mais do que nunca estamos a afirmar: “se vis pacem para pacem”, neste momento em que
mesmo invertendo a
pauta da
reunião estamos
harmonizando os objetivos desta reunião, e a época natalina que se avizinha bem próxima, firmando mais uma vez a paz entre os homens. Falar sobre Ribamar Seguins é uma bela oportunidade de relembrar mais uma vez os seus gloriosos feitos nesta terra de Gonçalves Dias. É lembrar-se dele como Promotor de Justiça. É reavivar nossa mente com sua prestação de serviços à educação, principalmente quando foi Secretário de Educação e posteriormente quando foi Presidente da CNEG – Campanha Nacional de Educandário Gratuito. É falar com alegria do homem probo, que dignifica o nome do Maranhão com seu belo exemplo de homem honrado. É falar de um grande intelectual. Se tudo isso não bastasse, restaria ainda lembrar que sua imortalidade vai além deste Sodalício, estando suas obras publicadas, a confirmar que ele é um orgulho para o Maranhão.
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Senhora Presidente Telma, quando as dificuldades administrativas maiores advierem, não se esqueça de que no confrade Seguins sempre existirá um ombro amigo disposto a ajudar e oferecer possíveis soluções, ele que foi Presidente há mais de duas décadas ininterruptas. Eu mesmo quando tive a felicidade de ser Presidente do Sodalício, por diversas vezes o procurei e me lembro que em uma delas, recebi o seguinte conselho: no labirinto do Instituto está um Minotauro gigante, mas em cada curva está um intelectual para lhe estender a mão. Ao final você saberá voltar pelos caminhos percorridos, pois terá o fio de Ariadne que Elma, sua esposa lhe entregou e você mesmo será então o Teseu que sairá vitorioso. Referir-me, portanto a José Ribamar Seguins é como se eu estivesse relembrando Miguel Ângelo. Todos os dias um retoque no mármore trabalhado. Hoje um toque nos braços, outro, nas pernas, outros nos olhos, etc. E todos os dias era um retoque a mais para fazer o trabalho perfeito. Por fim, depois restou ao escultor dizer “parla Moisés”. Estava pronta sua obra prima. Hoje o nosso Deus nos diz sobre Seguins: a cada dia eu te burilei mais um pouco. Estás pronto para a vida social, intelectual, familiar e por onde andares: “fala Seguins”. Parabéns dileto confrade. O título que ora você recebe de “Presidente de Honra do Instituto” é um reconhecimento pelos relevantes prestados a este Sodalício pelo longo tempo entre nós percorrido. Cascatas de felicidades pelos relevantes serviços prestados. Muito obrigado a todos os senhores, por me terem escutado.
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HOMENAGEM A ENEIDA ANTONIO RUFINO FILHO
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PALESTRA MAGNA
OS INSTITUTOS HISTÓRICOS E GEOGRÁFICOS E OS 85 ANOS DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO
ANTONIO RUFINO FILHO
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85º ANIVERSÁRIO DO IHGM E CONFRATERNIZAÇÃO DE NATAL OSVALDO PEREIRA ROCHA Sócio Efetivo, Cadeira nº 8, patroneada pelo Padre João Felipe Bettendorf. E-mail rocha.osvaldo@uol.cm.br e site www.osvaldopereirarocha.com.br/
Na noite de 02 de dezembro de 2010 o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM completou exatos 85 anos de instalado, ele que fora fundado em novembro de 1925. E a auspiciosa data não passou em brancas nuvens, mas, ao contrário, foi muito bem comemorada, com uma bela palestra proferida pelo confrade Antonio Rufino Filho, com discursos do confrade Edomir Martins de Oliveira e da confreira Eneida Vieira da Silva Ostria de Canedo, além do pronunciamento emocionada da confreira Presidente, Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo. Merecidas homenagens foram prestadas, na mesma oportunidade, ao confrade José Ribamar Seguins, decano da Casa de Antônio Lopes e à confreira Eneida de Canedo, ex-presidente do sodalício aniversariante e a quem Telma Reinaldo sucedeu. Nomes como de Joseth Coutinho Martins de Freitas, ex-vice presidente mais recente do IHGM, foram mencionados com destaque nos diversos pronunciamentos. Como se observa nos últimos tempos o nosso querido Instituto tem sido liderado por mulheres, competentes, responsáveis e trabalhadoras, que têm conduzido à realização de trabalhos memoráveis, enaltecendo o nome do nosso Estado do Maranhão. Mas um homem também foi destacado fortemente, com sinceros agradecimentos da nossa presidente, Telma Reinaldo, pela sua excepcional colaboração, isto é, o confrade Leopoldo Dulcio Vaz, atual vice-presidente do IHGM e editor – chefe da Revista do IHGM teve reconhecido o seu trabalho publicamente. E para coroar de pleno êxito o grande evento histórico e geográfico supracitado, foi, ao final, servido um excelente coquetel a todos e a todas, resultando em uma confraternização de Natal das mais alegres, com a preparação da chegada do Menino Jesus, dia 25 de Dezembro, data magna da Cristandade. Meus cumprimentos à atual Diretoria do IHGM pelo bom trabalho que vem realizando.
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DISCURSO DE RECEPÇÃO À SÓCIA MADALENA MARTINS DE SOUSA NEVES DILERCY ARAGÃO ADLER Cadeira nº 1 do IHGM Os rituais são característicos de quase todas as sociedades humanas conhecidas, quer no passado remoto, quer nas sociedades mais modernas e atuais. Os propósitos dos rituais são variados, mas o ritual sempre esboça comportamentos de troca, que ganham valor comunicativo e sempre dentro de uma perspectiva etológica. Estamos hoje reunidos para marcar em nossa história, na história desta Casa, mais uma celebração; uma celebração da recepção de um novo elemento, um novo membro, uma neófita que vem somar no cultivo das ciências, em especial da Geografia e da Educação. Esta celebração materializa um ritual que se inicia com a nossa reverência e eterna homenagem ao idealizador, realizador e Secretário Perpétuo desta Casa, Antônio Lopes. Como segundo passo, devo relembrar a importância em mantermos esta Casa pródiga no sentido da produção e disseminação do saber e, para isso, é indispensável que as suas cadeiras estejam ocupadas. Ocupadas por pessoas que façam jus a honra de manter os objetivos precípuos traçados pelos nossos antecessores. E por fim, fazer a saudação de boas vindas, em nome de todos os confrades e confreiras, à Profa. Dra Madalena, neste momento de sua inserção neste sodalício, o que é para mim uma grande honra. Assim, agora cabe a mim, nesta celebração, que configura o “ritual de iniciação” de Madalena nesta Casa, transmitir para os senhores e as senhoras que nos prestigiam nesta cerimônia um pouco da história de vida e alguns traços da personalidade da nossa querida ingressante. Madalena Martins de Sousa Neves nasceu em 21 de julho de 1954, em TeresinaPiauí-Brasil. Terceira filha de oito filhos, de João Luiz de Sousa e Irene Martins de Sousa (falecidos).
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Está casada há 32 anos com Edmilson Baldez das Neves, engenheiro e professor do IFMA. O casal tem 4 filhos: Rômulo, Técnico em Eletrônica, Rommel, Contabilista, Rayssa, Pedagoga e Raul Contabilista, formando uma família harmoniosa. O casal provém de famílias numerosas e a união, o respeito e o amor são traços marcantes nas suas relações. O pai de Madalena, João Luís de Sousa, era militar e músico e a sua rotina laboral dividia-se entre os trabalhos da caserna e uma vacaria que tinham em sua casa. Para dar conta dessas tarefas acordava às 4h da manhã para as 5 h apresentar-se no 25º Batalhão de Caçadores. A sua mãe, Irene Martins de Sousa, trabalhava na Legião Brasileira de Assistência (LBA), onde fazia trabalhos voluntários, mas recebia em troca alguns mantimentos e remédios para os filhos. Para João Luís, os filhos tinham que estudar; estudar somente. Acreditava e enfatizava para os filhos que deveriam vencer na vida através do estudo, e que esta era a melhor herança que ele podia deixar, pois ninguém poderia roubar e só a perderiam com a morte. A exemplo de muitas famílias das camadas populares da época, Madalena ficava a cargo dos cuidados dos dois irmãos mais velhos, Maria e Francisco, quando os pais saíam para os seus trabalhos. Apesar dos parcos recursos para o sustento de uma prole numerosa, os filhos de João Luís e Irene tiveram uma infância marcada por brincadeiras comuns à época: de roda, boneca(o), de correr, de esconde-esconde, pular corda e amarelinha. O irmão Francisco construía casas de madeira e barro e brincavam de donas e dono de casa. Tinham poucos brinquedos, e para atender às fantasias das brincadeiras infantis usavam vidros de remédios ou outros materiais já descartados que serviam de bonecos(as) e outros personagens ou objetos pertinentes às brincadeiras. Madalena estudou o primário no Grupo Escolar Domingos Jorge Velho, em Teresina – PI, onde ingressou em 1961, aos 6 anos de idade, e o curso Ginasial e o Normal no Colégio Sagrado Coração de Jesus (Colégio das Irmãs), também em Teresina – PI. Em ambos os cursos apresentou resultados sobressalentes, sempre demonstrou grande vocação para a profissão de professor, contrariando inclusive ao seu pai que queria que ela estudasse Medicina. Desde a infância apresentava forte traço de
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determinação, que perdura até hoje, o que a fez seguir aos 18 anos de Teresina para São Luís –MA, onde ingressou na Universidade Federal do Maranhão-UFMA, tendo conquistado, em 1987, o título de Licenciatura Plena em Geografia,. Desde 1974, ainda cursando a carreira universitária, começou a trabalhar como professora de Geografia e História em escolas privadas de São Luís. Desde esse período demonstrou disciplina e responsabilidade na sua atuação profissional. Em 1976, passou a trabalhar como orientadora de aprendizagem da TV Educativa do Maranhão (CEMA), onde trabalhou por 12 anos demonstrando, além de grande responsabilidade, muita criatividade. Além de professora, trabalhou como técnica na Coordenação Estadual do Projeto Rondon, onde coordenou o Projeto de Extensão Universitária do Campus avançado de Imperatriz da Universidade Federal do Maranhão. A partir desta atividade começou a evidenciar sua preocupação pelos problemas sociais, passando a desenvolver atividades voluntárias em várias comunidades. Em 1988 ingressou como professora da antiga Escola Técnica Federal do Maranhão, hoje Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão -IFMA. Nesta Instituição, além de professora, foi Presidente, por um período de 10 anos, da Comissão Permanente de Admissão de Alunos, Conselheira do Conselho de Ensino do CEFET-MA e eleita para o mandato do Conselho Diretor e para a Presidência da Comissão Permanente de Pessoal Docente. Em 1997, foi eleita para o mandato de 4 anos para a Vice Direção do CEFET – MA, sendo a primeira e única mulher eleita pela comunidade educativa (professores, administrativos e alunos) para este cargo. Como professora da Instituição, já ministrou várias disciplinas, dentre elas: Geografia, Estudos Regionais, Metodologia da Pesquisa, Psicologia da Educação, Estágio Supervisionado. Foi eleita para os períodos de 2001 – 2003 e 2003 – 2005 como Vice- Diretora da Associação Nacional de Política e Administração da Educação (ANPAE), Coordenação do Maranhão, onde desempenhou várias atividades na área de educação desta organização.
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No que concerne a seu trabalho de investigação científica, conta com a participação em vários eventos nacionais e internacionais, apresentando trabalhos científicos relacionados à área de Gestão Educacional, tais como:
Estrategia Pedagógica para el Perfeccionamiento de la Interacción de los gestores en el CEFET-MA. Publicado en el Resumen del Evento Internacional de Pedagogía/99 – La Habana - CUBA Un Modelo de Gestión Participativa para el CEFET/MA. Publicado en las Actas del Simposio Nacional de Educación, Cajazeiras, Paraíba-Brasil, 2000. La Gestión Democrática en la Educación. Las prácticas administrativas compartidas. Publicado en las Actas del Forum Nacional de Educación, Natal, Río Grande do Norte-Brasil, 2001. Un modelo de Dirección participativa en el CEFET–Maranhão. Publicado en el libro de memorias del Encuentro por la Unidad de los educadores Latinoamericanos Pedagogía/2001 – La Habana – CUBA. La Gestión democrática: Por una educación de calidad. (material mimiografiado). São Luís- Maranhão, 2001. Antecedentes históricos y filosóficos de la dirección educacional: Situación actual en el CEFET-MA. Material impreso, São Luís- Maranhão, 2002. Una propuesta de Gestión Democrática y participativa para el CEFET-MA. Publicado en los resúmenes del Seminario: Semana Nacional de Ciencias y Tecnología: Educación y tecnología. Popularización de la Ciencia para el progreso en Maranhão. São Luís-Maranhão, 2004. Un análisis histórico de las políticas educacionales para gestión democrática de las instituciones escolares en el CEFET-MA. Publicado en los resúmenes del evento Internacional Pedagogía 2005. La Habana, Cuba. ISBN 959-7164-80-9. Una propuesta de modelo de gestión democrática y participativa para el CEFETMA. Publicado en los resúmenes del evento Internacional Pedagogía 2005. La Habana, Cuba. ISBN 959-7164-80-9. La participación de la comunidad escolar para la construcción de una gestión participativa en el CEFET-MA. Publicado en los resúmenes del evento Internacional Pedagogía 2005. La Habana, Cuba. ISBN 959-7164-80-9. Las TIC en la gestión democrático–participativa del CEFET-MA. Publicado en las Memorias del evento internacional INFOREDU/2005, La Habana, Cuba. ISBN 9597164-87-6.
Tem um livro acadêmico publicado: Una propuesta de modelo de gestión democráticoparticipativa para el Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão. Editora Ética, 2008. Além desses trabalhos, Madalena ainda encontra tempo para o trabalho de voluntária. Desde 2000, trabalha como voluntária na “Associação de Donas de Casa do Cruzeiro do Anil”, desenvolvendo um Projeto de Qualidade de Vida para pessoas da terceira idade. Trabalha ainda na escola desta mesma Organização como Consultora e Assessora Pedagógica, igualmente como voluntária.
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Também realiza outros trabalhos voluntários em comunidades pobres, conjuntamente com suas companheiras do Rotary, exercendo sua solidariedade, como rotariana que é. Estas atividades voluntárias, desenvolvidas no seu “tempo livre”, deixam claro o seu interesse pelos problemas sociais da sua comunidade e a sua dedicação, no sentido da contribuição para superação ou minimização desses problemas. Convém lembrar que essas atividades têm sustentado a sua inspiração tanto nos seu trabalhos investigativos quato na sua prática docente e vida pessoal. Nas palavras dos filhos: [...] No âmbito profissional, sempre desempenhaste o teu papel com esforço e muita dedicação; aos teus alunos ensinaste sempre da melhor maneira; pela escola sempre lutaste por um ensino de qualidade. No nosso lar, junto com o nosso pai, sempre fizeste tudo para nada nos faltar, e nos ensinaste a lutar pela vida com dignidade. Da mãe zelosa lembro que quando ia um amigo novo na nossa casa, eu avisava logo que a minha mãe iria fazer um interrogatório, que era para ele não se espantar, mas que depois ele ia ver que nossa mãe era uma pessoa maravilhosa que não fazia por mal e sim com a intenção de proteger seus filhos. Tanto é que todos os nossos amigos adoram a nossa mãe, sem exceção. [...] para lhe homenagear, reforçando que, tanto na escola, quanto no lar, sempre foste professora e a mãe exemplar. [...] queremos apenas dizer que mãe como você não há igual.
A vida proporciona muitos encontros entre pessoas e desses resultam muitos amigos. Para que eu Madalena nos conhecêssemos, foi necessário outro encontro anterior. Na UFMA, quando eu cursava o Mestrado, tinha uma colega, a Profa. Maria Cícera Nogueira, que é muito estudiosa, competente e amiga e que era professora do então CEFET. Ao terminarmos o curso, continuamos mantendo contato e amizade, de modo que assim que foi promovido um curso de Doutorado no CEFET, em convênio com Cuba, ela me avisou e então candidatei-me e me submeti à seleção. A partir de então, do meu ingresso nesse curso de Doutorado em Educação, conheci outros professores do CEFET, entre eles Profa. Madalena e o Prof. Leopoldo Gil Dulcio Vaz e, inclusive, a nossa Presidente, Telma Bonifácio, que era e é da UFMA. Essa foi uma época muito rica em nossas vidas, mas concomitantemente muito cheia de trabalhos e ansiedades. E nesse contexto a Profa. Madalena e colega de Doutorado buscou ajudar a resolver alguns impasses naturais a um curso e convênio dessa envergadura. Eu era a única aluna da comunidade (à época já estava aposentada da UFMA), os demais alunos eram, além do CEFET, da UFMA e da UEMA. Eu sempre
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pude contar com os cuidados e orientações da Profa. Madalena em relação às questões burocráticas e outras, como a minha hospedagem em Cuba, a inscrição para a revalidação do meu título de Doutora no Brasil. Costumo dizer que a nossa amizade foi sendo construída processualmente; a cada situação em que se revelava para mim a solidariedade, a responsabilidade, o desprendimento, entre tantas outras qualidades da amiga Madalena. Mesmo depois do curso, continuo contando com a sua amizade, que para mim é de imensurável valor. É claro que Madalena é muito mais do que o que está retratado em minhas palavras com a ajuda dos seus familiares. Afinal, cada pessoa é um universo individual, mas espero ter deixado alguns contornos precisos para todos os que participam hoje desta celebração. Assim, reafirmo o grande prazer de recebê-la, em nome de todos da Casa, nesta cerimônia de grande valor, desejando que a sua permanência aqui seja permeada por muitos frutos de conhecimento e, principalmente de amizade. Assim, desejamos de todo coração que Madalena se sinta em casa e em família no nosso meio e que seja muito feliz entre nós! Obrigada a todos.
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DISCURSO DE POSSE MADALENA MARTINS DE SOUSA NEVES
Boa Noite! Senhoras e Senhores. Senhora Profa. Dra. Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão - IHGM, em nome de quem saúdo a mesa. Neste dia memorável, agradeço, em primeiro lugar, ao Altíssimo Deus, presença constante em minha vida. Nesta oportunidade agradeço também a Confreira Profa. Dra. Dilercy Aragão Adler que indicou meu nome para a escolha pelos membros desta Casa com vista a compor, com os demais membros, esta insigne Instituição Maranhense. Hoje é dia de festa, de celebração, pois mais um estágio impar de nossa vida se realiza. É com imensa alegria, satisfação, compromisso e responsabilidade que, hoje, tomo posse no IHGM. O Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão comemorou recentemente 85 anos de honrosa existência, cuja fundação se deu em 20 de novembro de 1925 e em 02 de dezembro do mesmo ano sua instalação. A história do IHGM, nestas oito décadas e meia de existência, está marcada, desde o início, por momentos de satisfação, mas também por dificuldades diversas tais como: econômico-financeiras, carência de sede própria e adequada, perseguição política, ausência de apoio permanente dos poderes públicos, além da falta de assiduidade e a inadimplência de sócios efetivos. Apesar de tudo isso, comemorou-se e festejaram-se glórias e vitórias em empreendimentos vários que incentivaram a participação, especialmente em estudos e campanhas pela definição de limites com os Estados do Pará e Piauí e no levantamento arqueológico, arquitetônico, folclórico, genealógico, geológico, hidrográfico, médicosocial do Maranhão e de São Luís o que pode ser comprovado nos anais e nas páginas das Revistas do IHGM. Figuras renomadas e estudiosas da cultura maranhense como Antônio Lopes, Ruben Almeida, Domingos Vieira Filho, Olavo Correia Lima, Jerônimo de Viveiros, Ronald Carvalho, Eloy Coelho Neto e tantos outros, honraram o quadro efetivo desta
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Casa e deixaram em livros e artigos os legados de suas pesquisas e descobertas para o engrandecimento do conhecimento humano e da cultura maranhense. Orgulha-me muito tê-los como exemplos e incentivo nessa jornada que se inicia. No que acompanhei da história do IHGM nestes 85 anos de lutas e labutas, percebi o quanto foi uma verdadeira corrida de obstáculos. Certamente, preciso me inteirar da plenitude dessa história e das sábias lições de competência e, também, das dificuldades e experiências dessa honrosa história de vida. Diz a sabedoria popular que o presente é fruto do passado e semente do futuro – todos sabem e repetem. Por isso, o maior e melhor conhecimento do ontem ajudam-nos a vivenciar o hoje e preparar o amanhã. Vale a pena, portanto, em todos os sentidos, acercar-me e apreender-me da história do IHGM, a fim de lembrar, relembrar e registrar os 85 anos de sua existência. Desse modo, certamente, poderei melhor contribuir para o engrandecimento desse Instituto de suma importância para o Maranhão e para os maranhenses. Escreveu o Confrade João Mendonça Cordeiro no Blog do Manoel Santos que: “O Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, ao completar 85 anos de existência, vive momentos de incertezas e de vicissitudes. Encontra-se diante de terrível dilema: ou mudar, transformar a sua arcaica estrutura e rotineira funcionalidade ou permanecer no imobilismo, na estagnação, na ilusória estabilidade, com perigo de entrar, a qualquer momento, num processo irreversível de deterioração, de esvaziamento social e conseqüentemente econômico, financeiro e cultural”. Estou assumindo essa cadeira de Nº 37, que tem como patrono o Pe. José Constantino Gomes de Castro para, juntamente com os demais confrades dessa Casa, lutar em prol, das mudanças necessárias para que o IHGM volte a brilhar na esfera acadêmica e de pesquisa maranhense, suplantando, assim, a pertinente inquietação do Confrade João Mendonça Cordeiro. Para expressar a significância desse dia lembramos a figura marcante do Presbítero José Constantino Gomes de Castro, a quem designarei nessa singela biografia de Pe. Constantino. Nasceu na Vila depois cidade de Alcântara, entre os anos 17601770. Faleceu em 14/10/1845. Filho de Manuel Antônio Gomes de Castro, tenente coronel de Milícias na referida Vila e de sua segunda mulher dona Francisca Maria Correa. Pe. Constantino era descendente de alta linhagem. Seus antepassados se destacaram em diversos momentos da história do Maranhão. Recebeu brasão de nobreza
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em 28/07/1804, e em 7/03/1805, foi registrado na p. 237-240 do Livro da Câmara de S. Luís. Pe. Constantino sofreu perseguições, chegando a ser aprisionado mais de uma vez, entretanto, nos processos de longa duração e sofrimentos não lhe acharam crime e teve relevadas as prisões. Este o Patrono da cadeira 37 desse Instituto, que ora muito me enaltece assumir. Pe. Constantino após os intensivos preparativos com os professores da época – estudos que eram feitos em casa, foi mandado para Portugal aos 18 anos, em maio de 1793. Já não contava com sua mãe, falecida muito jovem, em 1788, em Alcântara. Em Coimbra foi matriculado em Matemática (4/10/1794) e em Filosofia (17/10/1794). Paralelamente ao curso de Filosofia, que os acadêmicos eram obrigados a freqüentar, este cursou a escola eclesiástica. Em 1799, no final dos cursos de Filosofia e Matemática dirige de Portugal uma longa representação à Rainha dona Maria I, pedindo ajuda régia para a abertura do inventário dos bens que lhe tocavam por falecimento de sua mãe, Francisca Correa, assunto que havia tratado em 1796. Na segunda ocasião, alegou que os recursos de seu quinhão estavam fazendo falta “fundamental para o seu sustento” em Portugal. Acusou seu pai Manuel Antonio Gomes de Castro de procrastinar o andamento do inventário por meio de agravos sobre agravos e suspeições do juiz do processo. Juntou a certidão de óbito de sua mãe, falecida em 23/6/1788, e outra certidão do inventário do Pe. José Ribeiro Martins, de quem seu pai era testamenteiro, processo que já se arrastava por mais de cinco anos. Em todas as suas petições Pe. Constantino declara-se “clérigo subdiácono” prova de que já se ordenara diácono e que, em Portugal, apenas estudava para formar-se em Filosofia e Matemática. Por causa dessa celeuma do inventário e mais pela partilha dos bens e do processo anterior contra seu pai, Pe. Constantino foi amaldiçoado por este. Em outro pedido à rainha D. Maria I de 1801, Pe. Constantino roga a Sua Majestade que confirme provisão passada pelo governador do estado do Maranhão para poder advogar, o que conseguiu a vista dos documentos elencados e todos apensos à petição inicial. Nessa mesma petição Pe. Constantino afirmou “Que tendo feito seus exames preparatórios na Universidade de Coimbra, ali freqüentou o primeiro ano de Matemática e Filosofia, e em tudo julgado pelas respectivas congregações muito hábil para gozar da
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graça de Vossa Alteza Real se dignar conceder-lhe, como consta das certidões do secretário da mesma Universidade, a qual não pôde mais freqüentar por ser atacado de moléstia crônica, em que os físicos1(os médicos de então) o obrigaram a recolher-se aos ares pátrios, aonde continuando a aplicar-se aos estudos de Direito Civil e Pátrio, e dando provas de sua aptidão, obteve do Exmo. Governador daquele estado provisão para poder advogar,...”. Portanto, Pe. Constantino não terminou seus estudos de Matemática e Filosofia, mas recebeu o grau de bacharel em Direito. Pe. Constantino, presbítero secular, cônego, prebendado na igreja Catedral de S. Luís do Maranhão, arcediago, comissário do Santo Ofício, patronotário apostólico de Sua Santidade com beneplácito régio, comendador da Ordem de Cristo, advogado provisionado, com provisão régia, sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e cavaleiro da ordem de Cristo. Exerceu, também, os cargos de vigário capitular, governador, provisor e vigário geral do bispado, foi figura atuante nas lutas que precederam a independência do Brasil. Achando-se na Vila de Alcântara, com licença por causa de moléstia crônica, foi rogado em 1817 pelo Juiz Ordinário Presidente da Câmara da mesma Vila, Antônio José Rodrigues de Sousa, que fizesse uma Oração para se recitar no ato da solene Aclamação de El Rei Nosso Senhor, que na conformidade das Ordens expedidas da Corte do Rio de Janeiro, havia de celebrar-se no dia de Páscoa a 6 de abril daquele ano. Nesse mesmo ano Pe. Constantino pediu permissão para imprimir o Discurso, ou elogio fúnebre para se recitar em ato de Câmara na Vila de Alcântara, comarca de São Luís do MA do Reino Unido do Brasil, no dia 29/01/1817 por ocasião do quebramento dos escudos pela morte da Rainha Dona Maria I. Ele pautou seu elogio à rainha nas medidas que tomara para o desenvolvimento do Império português. Ao requerer autorização para imprimir seu discurso referente à aclamação do novo Rei, Dom João VI, o censor José da Silva Lisboa o advertiu sobre o uso inadequado de expressões como “Estados Gerais”, ordenando que fossem retirados do texto, pois poderiam conduzir os leitores a uma concepção “francesa” da expressão. Posteriormente, o texto foi publicado com o nome Breve discurso gratulatório ou Arenga para ler-se em Câmara na Vila de Santo Antônio, comarca da cidade de S. Luís do Maranhão. Pe. Constantino acabou preso por causa desse discurso.
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Eram assim chamados os médicos.
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Nas suas prisões as denúncias foram feitas pelo Cabido por 11 cônegos da Catedral do Maranhão, através do procurador para que em nome do Cabido, representasse ao príncipe regente, no Rio de Janeiro, contra os péssimos procedimentos do cônego da mesma Sé, Pe. Constantino, sujeito da mais perversa moral, intrigante e público perturbador da paz dos representantes daquela corporação. Quem enviou esse libelo-crime contra o Pe. Constantino, em nome de todo o Cabido foi o arcipreste Antônio Nicolau de Sousa Pereira Pinto. A remessa da denúncia ao príncipe regente levou a assinatura do bispo do Maranhão, D. Luís de Brito Homem, por via do conde de Aguiar, ministro do Reino. Pe. Constantino, já envergando as insígnias de cônego da Catedral, desentendeuse, também, com o ouvidor e corregedor da Comarca, bacharel José Francisco da Costa Furtado, que também se queixou à corte no Rio de Janeiro. Para complementar as acusações e/ou mesmo perseguições ora dirigidas a Pe Constantino mandadas ao regente, D. Luís de Brito despachou também as suas censuras. O Pe. Constantino em sua juventude vivenciou o espírito libertário que galvanizava em toda a América Latina, após a independência dos Estados Unidos da América. Por causa disso, contra o Pe. Constantino estava D. Luís de Brito, reinol assumido. Liderando o Cabido, Pe. Constantino, vítima de ironias, deu o troco pelos excessos dos catedráticos da conesia da Sé, sob o idealismo colonialista do próprio bispo. Este, presidente da junta governativa do Maranhão, em 1811, desfechou feroz perseguição ao Pe. Constantino, que foi demitido do emprego de advogado da Câmara. Não só. Em abril de 1821, o governador Bernardo da Silveira mandou prendê-lo e o desterrou para Guimarães, com recomendação ao juiz da vila de “o deixar incomunicável” (Conduru Pacheco, 1969, p.118). Aberta devassa, nada se comprovou, mas, ali ficou trancafiado mais de um ano, só retornando a São Luís para tratar-se de malária. Já em Portugal tivera algumas outras doenças. Em 1823, nas lutas da independência e das “brucinadas”2, (ou seja guerras políticas e militares), foi novamente preso na fortaleza de ponta d’Areia e, de lá, remetido na galera Tejo, para as masmorras do Castelo de São Jorge, em Lisboa. Bem 2
Brucinadas foram as guerras políticas e militares comandadas pelo primeiro presidente da província do Maranhão, Miguel Inácio dos Santos Freire e Bruce.
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mais tarde, D. João VI anulou seu processo e o Pe. Constantino foi mandado de volta ao Maranhão. Pe. Constantino era alinhado com os bacharéis maranhenses formados em Coimbra – da qual fora aluno e recebera o título de bacharel em Direito –, que faziam parte da ala radical que lutava pela independência do Brasil. Excluído da política o último bastião reinol, que foi o bispo e presidente (1821-22) da junta governativa, D. Frei Joaquim de N. Sra. De Nazaré, a vida, até então atribulada, do Pe. Constantino sofreu grandes mudanças. Ou porque houvesse pago um preço muito alto por seu espírito altivo, ou porque começasse a sentir o peso dos anos, manda a verdade dizer, que após a subida do príncipe D. Pedro I ao trono brasileiro, Pe. Constantino mudou suas posições na política e, perante a sua Igreja. A catedral maranhense experimentou mais uma vez longa jornada a que seus ministros costumam chamar de sede vacante, ou seja, a ausência de um bispo na Sé. Por isso, após o final do turbulento episódio de D. Joaquim de N. Sra. De Nazaré, cuidaram seus cônegos de promover-lhe a ocupação interina, com a eleição do vigário capitular do bispado. A escolha recaiu em um dos mais antigos cônegos da casa, justamente Pe. Constantino. Eleito sem concorrentes foi empossado no cargo de vigário-capitular em 1º/7/1824. Toda a Igreja maranhense reconheceu-lhe a autoridade e logo começou sua administração nomeando os examinadores sinodais e o defensor do vínculo no Tribunal Eclesiástico. Preencheu as vagas de beneficiados da Sé e deu partida a uma reforma da Igreja de Nossa Senhora Da Vitória, então bastante arruinada. Vagas várias paróquias, foram estas colocadas a “concurso”, para a escolha de novos párocos. Diz-nos Conduru Pacheco (1969, p. 130, in Coutinho, p.156) que Pe. Constantino baixou uma Pastoral “verdadeiramente modelar”, conclamando os cristãos católicos à aceitação integral da fé, as autoridades à concórdia e todos ao respeito às outras religiões, como previa a Constituição de 1824. Neste mesmo ano, proferiu erudita sentença de anulação de excomunhão contra os cônegos da catedral pelo arcediago Luís Maria da Luz e Sá, com princípios e fundamentos jurídicos dignos de um mestre do direito canônico. Processou e julgou clérigos desavindos com os dogmas da Igreja Romana, sem excessos ou sinais de vingança.
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Em 19/3/1827, já entrando para os três anos de governo da Igreja do Maranhão e Piauí, Pe. Constantino, por procuração do novo bispo, considerou empossado o antístite, o jovem D. Marcos Antônio de Sousa, fundador do Seminário Santo Antônio, entronizado no seu posto em 11/3/1830. Já por esse tempo, o rebelde de Alcântara, elevado a monsenhor, afastava-se de suas atividades por estar doente, em avançada idade. Morreria em 1845 em 19 de outubro. Apesar de todos os problemas que teve na vida: casamento de sua mãe já grávida o que levou seus tios maternos a entrarem com um processo contra seu pai por estupro, as desavenças com seu pai por causa do testamento de sua mãe, as prisões e julgamentos não favoráveis à sua pessoa, as denúncias contra seus tios maternos ao Santo Ofício e tantas outras coisas próprias de um ser humano, Pe. Constantino foi, no seu tempo, um homem que fugiu aos padrões de obediência imposta aos vassalos de sua Majestade e também teve desavenças na própria Igreja da qual fora um dos seus mais eminentes membros à época. Tragédias o acompanharam logo a partir do seu nascimento, dadas as notórias circunstâncias em que ocorreu, as quais, seguramente o Pe. Constantino veio a tomar conhecimento. Esses acontecimentos tornaram-no amargo, rebelde e polêmico, conquanto talvez tenham influído para torná-lo um acreditado latinista, teólogo, escritor e político de posições radicais3, a ponto de passar longa invernada numa prisão em Lisboa. É difícil, hoje, fazer um juízo de valor de seu caráter e de sua vida, sendo certo, não obstante, que foi um homem culto e corajoso que, no final de sua existência, comprovou não ser nenhum nababo, dono de terras, gados e escravos, mas senhor de uma grande biblioteca. Ao contrário de tantos outros clérigos de seu tempo, não se envolveu em escândalos de mancebias ou progenitura de filhos bastardos e quando no cargo mais alto da Igreja do Maranhão e Piauí foi um Pastor zeloso com suas ovelhas e respeitoso com as demais ovelhas de outros apriscos não perseguindo, mas respeitando e aceitando as outras religiões. Além disso, em seus julgamentos como autoridade máxima da Igreja da Sé, foi sempre justo e jamais vingativo com aqueles que o haviam perseguido e condenado em outras épocas. Essas são as palavras que tenho a dizer nesse dia. Sei que muito ainda poderia falar sobre as obras e discursos escritos por Pe. Constantino mas aqueles que se interessar por isso poderão consultar a bibliografia existente nesse Instituto Histórico e 3
Radicais no sentido de ir às raízes dos problemas.
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Geográfico, bem como outras obras que falam dele, além dos documentos originais da época na Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro. Para finalizar, enfatizo: hoje é um marco histórico na minha vida, por esta razão digo-vos que precisamos transcender o óbvio, o auto conceito negativo que, as vezes, temos de nós mesmos, tomando como exemplo a figura inspiradora de Pe. Constantino, Patrono da Cadeira 37 a qual assumo, que apesar dos sofrimentos a ele impingidos nunca desistiu de sua missão, servindo assim de exemplo a ser seguido na busca da mudança, da transformação, desta casa que ora tanto carece. Agradeço a presença de cada um dos que vieram esta noite nos prestigiando e honrando esta insigne Instituição Cultural Maranhense. A todos os meus mais sinceros agradecimentos. De coração muito obrigada e que Deus nos acompanhe e nos abençoe com a luz da sabedoria que permeia os confrades e as confreiras desta Casa, bem como a todos os convidados aqui presentes. Obrigada!
REFERÊNCIAS: CASTRO, José Constantino Gomes de. Perseguições de José Constantino Gomes de Castro. Lisboa: Na Impressão Regia, 1823. Com Licença da Real Comissão de Censura. CONDURU PACHECO, D. Felipe. História Eclesiástica do Maranhão. São Luís (MA): Departamento de Cultura do Estado, 1969. CORDEIRO, João Mendonça. Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM 85 anos. Blog do Manoel dos Santos, publicado em 1º de dezembro de 2010. COUTINHO, Mílson. Fidalgos e Barões: uma história da nobiliarquia luso-maranhense. São Luís: Instituto Geia, 2005. GALVES, Marcelo Cheche. Ao público sincero e imparcial: imprensa e independência do Maranhão (1821-1826). Tese de doutorado em História Social. Rio de Janeiro: Universidade Federal Fluminense. Instituto de Ciências Humanas e Filosofia. PósGraduação em História, 2010.
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DISCURSO PROFERIDO NA POSSE DE MADALENA MARTINS DE SOUSA NEVES DIA 16 DE DEZEMBRO DE 2010 TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO Excelentíssimas Autoridades Caros Confrades e Confreiras Meus Senhores e Minhas Senhoras O
INSTITUTO
ASSOCIAÇÃO
HISTÓRICO
CIENTIFICA
DE
E
GEOGRAFICO
UTILIDADE
DO
PUBLICA
MARANHÃO, E
SEM
FINS
LUCRATIVOS, tem por finalidade: Preservar e administrar informações, produções intelectuais, literárias e artísticas diante do culto ao moderno que embriaga o mundo contemporâneo, da comunicação instantânea em tempo real; Catalogar fatos que se sucedem em velocidade impensável para o ser humano, tudo isso constitui um grande e apaixonante desafio, levado a efeito por nossos confrades e confreiras do IHGM
Estes dois objetivos retratam o compromisso de nossa Instituição que nesse mês e ano completou 85 anos de existência profícua e salutar, um destes compromissos é receber e dar posse aos novos associados, como está acontecendo neste momento quando recebemos a Profa. Dra. Madalena Marins de Sousa Neves, momento ímpar por si mesmo, pois fazer parte de uma entidade que completa seu octogésimo quinto ano de existência é adentrar no túnel do tempo histórico e vislumbrar no umbral desta morada as figuras de Antonio Lopes da Cunha, Justo Jansen Ferreira, Padre Arias de Almeida Cruz, José Eduardo de Abranches Moura, Benedito de Barros Vasconcelos, Domingos Castro Perdigão, José Domingos da Silva, Padre José Ferreira Gomes, José Pedro Ribeiro, José Ribeiro do Amaral e Wilson da Silva Soares, a eles a nossa justa homenagem.
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Esta solenidade se torna ainda mais importante porque estamos falando de uma acrópole: São Luis, Ilha do Maranhão as vésperas de também ser homenageada pelos seus 400 anos de existência trazendo em sua historia alguns codinomes como Atenas Brasileira em alusão a Antiguidade Clássica e sua performance na plêiade de intelectuais nascidos nessa terra; Manchester Maranhense alusivo ao período áureo de produção fabril inspirado na Inglaterra vitoriana; Terra das Palmeiras, agraciada nos versos de Gonçalves Dias e Martins D’Alvarez demonstrando a saudade que corta o peito dos maranhenses que daqui se afastam; Capital maranhense do Reggae, do Bumba-meu-boi e do Carnaval, legado cultural de nossos antepassados portugueses, africanos, indígenas e latino-americanos que nos deixaram gravado na alma a alegria de ser, receptividade de fazer, o colorido de conviver e inteligência do aprender a aprender, enfim os quatro pilares da educação que representa a estrutura da formação do cidadão brasileiro oriunda da Conferencia Internacional para a Educação do Século XXI em Jontien na Tailândia no ano de 1990, resumida por Jacques Dellors no seu livro Educação um Tesouro a descobrir, sempre existiu no âmago da alma maranhense. Assim vislumbrando o conjunto destas qualidades na pessoa da piauiense naturalizada por tempo de vivencia “maranhense”, recebemos a nova Confreira Madalena Martins de Sousa Neves com seu brilho singular, sua aura vivíssima, seu exemplo de mulher, esposa, mãe, amiga e profissional, tendo certeza de sua disponibilidade junto aos nossos pares de engrandecer o IHGM com seu trabalho intelectual e sua presença profícua. Certamente ganha o IHGM com a presença da geógrafa, ganha também pelos seus dons pedagógicos, de investigadora e educadora, assim em nome de todos os confrades e confreiras, resta-nos fechar este momento comum a todos e a todas, aqui reunidos, como um tempo de fortalecimento dos laços culturais maranhense, declamando a poesia de Mário Quintana, quando diz: Havia um tempo de cadeiras nas calçadas. Era um tempo em que havia mais estrelas. Tempo em que as crianças brincavam sob a clarabóia da lua. E o cachorro da casa era um grande personagem. E também o relógio da parede. Ele não media o tempo simplesmente: ele meditava o tempo. Muito obrigada.
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MADALENA NEVES TOMA POSSE NO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO
Telma Bonifácio ao lado de Madalena Neves e de Dilercy Adler
MANOEL DOS SANTOS NETO A professora Madalena Martins de Sousa Neves, graduada em Geografia Licenciatura Plena pela UFMA e doutora em Ciências Pedagógicas pelo Instituto Central de Ciências Pedagógicas, é a mais nova integrante do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM). Ela foi empossada em sessão solene realizada na quinta-feira (16 de dezembro) e passa a ocupar a Cadeira Nº 37 do IHGM, patroneada pelo Padre José Constantino Gomes de Castro. A cerimônia aconteceu no Quality Grand São Luís, na Avenida D. Pedro II, ao lado da Igreja da Sé. Ao lado do professor Leopoldo Gil Dulcio Vaz, a presidente do IHGM, professora Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo, presidiu a solenidade, dando as boas vindas à nova integrante do sodalício: “Recebemos nesta Casa a professora Madalena Martins de Sousa Neves com seu brilho singular, sua aura vivíssima, seu exemplo de mulher, esposa, mãe, amiga e profissional, tendo certeza de sua disponibilidade junto aos nossos pares de engrandecer o IHGM com seu trabalho intelectual e sua presença profícua”, discursou a professora
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Telma Bonifácio. Ela acrescentou que o IHGM “ganha com a presença da geógrafa, ganha também pelos seus dons pedagógicos, de investigadora e educadora”. Coube à professora Dilercy Aragão Adler fazer o discurso de recepção à nova acadêmica, traçando um perfil da empossada, descrevendo-lhe a trajetória profissional e ressaltando o seu valor como pessoa humana. Ao lado de um grande número de amigos e familiares, a professora Madalena Neves proferiu emocionada um discurso com o qual agradeceu o convite para fazer parte do IHGM, que acaba de completar 85 anos de existência.
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LAZER, HOSPITALIDADE, IDENTIDADES E CULTURAS REGIONAIS E LOCAIS4 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ5 Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão O turismo diz respeito, essencialmente, à experiência do lugar. O ‘produto’ do turismo não é o destino do turismo, mas diz respeito à experiência daquele lugar e do que ali ocorre [o que consiste de] uma série de interações internas e externas. RYAN, 20026
“Eventos
7
são uma forma inigualável de atração turística”
8, 9
; e megaeventos
10
esportivos são excelentes produtos turísticos .
4
Palestra apresentada no 22º. ENCONTRO NACIONAL DE RECREAÇÃO E LAZER – ENAREL TEMA: LAZER E HOSPITALIDADE, MESA REDONDA I, realizada em Atibaia – SP, no período de 18 a 21 de novembro de 2010.
5
Vice-Presidente do IHGM; Ocupante da Cadeira 40, que tem como Patrono Dunshee de Abranches; Licenciado em Educação Física; Especialista em Lazer e Recreação; Mestre em Ciência da Informação; Pesquisador-associado do Atlas do Esporte no Brasil; Área de pesquisa: memória dos esportes, da educação física, e lazer no/do Maranhão. 6 RYAN, Chris. Tourism and cultural proximity: examples from New Zealand. Annals of Tourism Research, 2002, p. 66, citado por CASTRO, Cláudia Steffens. Educação para o turismo: preservação da identidade regional e respeito à cultura imaterial. In Fênix – Revista de História e Estudos Culturais. Outubro/ Novembro/ Dezembro de 2008 Vol. 5 Ano V nº 4 ISSN: 1807-6971 Disponível em: www.revistafenix.pro.br, acessado em 09/09/2010. 7 Evento pode ser definido da seguinte maneira: Uma concentração ou reunião formal e solene entre, pessoas e/ou entidades realizada em data e local especial, com objetivo de celebrar acontecimentos importantes e significativos e estabelecer contatos de natureza comercial, cultural, social, familiar, religiosa, científica, etc. ZANELLA, Luiz Carlos. Manual de Organização de Eventos: Planejamento e Operacionalização. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2006. 8 Para os que não estão familiarizados com os termos utilizados em Turismo, a Organização Mundial de Turismo – OMT – o define como: “... as atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e permanência em lugares distintos dos que vivem, por um período de tempo inferior a um ano consecutivo, com fins de lazer, negócios e outros”.8 O turista é definido como: “... visitante que se desloca voluntariamente por período de tempo igual ou superior a vinte e quatro horas, para local diferente de sua residência e do seu trabalho sem ter por motivação a obtenção de lucro”.8 O produto turístico, estruturado considerando as suas funções sustentáveis, estabelece a base principal dos destinos turísticos e suas relações com a demanda do mercado. É objeto de comercialização, que se constituem de elementos e percepções intangíveis, levando o turista à experienciação; suas principais características são: bem de consumo abstrato e intangível; estático, sazonal, sistêmico e sujeito à percepção da observação e vivência por parte do turista (MTUR, 2008) 8. Portanto, Produto Turístico, é: “o conjunto de atrativos, equipamentos e serviços turísticos acrescidos de facilidades, ofertados de forma organizada por um determinado preço. Rotas, roteiros e destinos podem se constituir em produtos turísticos, por exemplo. (MTUR, 2007) 8. Correlacionadas ao Produto Turístico, devem ser consideradas terminologias e funções de complementaridade para o seu entendimento e conceituação8:
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Megaevento pode ser um catalisador de investimentos na infraestrutura urbana e ajudar a dinamizar o turismo e a gerar empregos, mas para poucos segmentos econômicos e sociais, de modo concentrado na cidade sede11 Por sua elevada importância para uma cidade, região e país como um todo, com um vasto campo ainda a ser explorado, incentiva o desenvolvimento sócio - econômico local, contribuindo para geração de empregos, rendas e criação de infra-estrutura que beneficia não só o turista, como a população da cidade (TASSIS, 2009) 12. Para Almeida; Mezzadri; e Marchi Junior (2009) 13: Megaeventos são eventos de larga escala cultural (incluindo comerciais e esportivos) que tem uma característica dramática, apelo popular massivo e significância internacional. Eles são tipicamente organizados por combinações variáveis de governos nacionais e organizações internacionais não governamentais e ainda podem ser ditos como importantes elementos nas 14 versões “oficiais” da cultura pública. (ROCHE, 2001, p.) .
Eventos com grandes proporções conceituam o destino internacionalmente, representando prestigio para os gestores, pois são vistos como formadores de imagem, criam um perfil para o destino, posicionando-o no mercado e proporcionando vantagem competitiva. Além disso, o turismo de eventos desempenha um papel importante na Oferta turística: “conjunto de atrativos turísticos, serviços e equipamentos e toda a infraestrutura de apoio ao turismo de um determinado destino turístico, utilizado em atividades designadas turísticas”; Demanda turística: “procura por bens ou serviços e a respectiva capacidade de consumo que esses visitantes podem apresentar diante da oferta disponibilizada”; Atrativo turístico: “locais, objetos, equipamentos, pessoas, fenômenos, eventos ou manifestações capazes de motivar o deslocamento de pessoas para conhecê-los. Os atrativos turísticos podem ser naturais, culturais, atividades econômicas, eventos programados e realizações técnicas, científicas e artísticas”. 9 GETZ, D. Special events: defining the product. Tourism Management, v.10, n.2, p.125-137, 1989, p. 125, citado por REIS, Arianne Carvalhedo. Megaeventos e Turismo: uma Breve Revisa. In PEREIRA DA COSTA, Lamartine e Outros (Editores). Legados de Megaeventos Esportivos. Brasília: Ministério do Esporte, 2008, p. 511-517; apud HALL, 1992 citado por REIS, Arianne Carvalhedo. Megaeventos e Turismo: uma Breve Revisa. In PEREIRA DA COSTA, Lamartine e Outros (Editores). Legados de Megaeventos Esportivos. Brasília: Ministério do Esporte, 2008, p. 511-517. 10 PREUSS, Holger. Impactos Econômicos de Megaeventos: Copa do Mundo de Futebol e Jogos Olímpicos. In PEREIRA DA COSTA, Lamartine e Outros (Editores). Legados de Megaeventos Esportivos. Brasília: Ministério do Esporte, 2008, p. 81-92 11 PRONI, Marcelo Weishaupt. Observações sobre os impactos econômicos esperados dos jogos olímpicos de 2016. IN Motrivivência Ano XXI, Nº 32/33, p. 49-70 Jun-Dez./2009 12 TASSIS, Betinna Almeida de. Eventos culturais e sua interface com o desenvolvimento sustentável. Trabalho de Conclusão de Curso realizado para obtenção do título de especialista em Gestão do Território e Patrimônio Cultural da Universidade Vale do Rio Doce. Orientador: Prof. Dr. Jean Luiz Neves Abreu. Governador Valadares, 2009 13 ALMEIDA, Bárbara Schausteck de; MEZZADRI, Fernando Marinho ; MARCHI JUNIOR, Wanderley considerações sociais e simbólicas sobre sedes de megaeventos esportivos. In Motrivivência Ano XXI, Nº 32/33, P. 178-192 Jun-Dez./2009 14 ROCHE, Maurice. Mega-events and modernity: Olympics and expos in the growth of global culture. New York: Routledge, 2000.
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economia, possibilitando a implantação de novos negócios, bem como o fomento das micro e pequenas empresas (REIS, 2009) 15. O turismo de eventos 16 pode ser o fator motivador do deslocamento, suprindo a ausência de atrativos naturais, valorizando os conteúdos locais, culturais, econômicos e sociais da região e oportunizando a criação de empregos, investimentos e distribuição de renda, além da valorização da identidade e sentimento de pertença dos moradores locais. O sucesso de um megaevento tem base na capacidade a ser utilizada para iniciar futuros programas de renovação e regeneração na cidade e obter amplo suporte público para fazê-lo. Dessa forma a cidade alcançaria o denominado “Legacy Momentum” – que é a capacidade da cidade e da economia regional seguir seu crescente caminho após o imediato e natural decréscimo da atividade econômica que surge ao término do evento (MAZO, ROLIM, PEREIRA DaCOSTA, 2008)17. Para Proni
18
, alguns autores buscam estabelecer uma diferenciação entre os
impactos econômicos e os legados econômicos dos Jogos (PREUSS, 2008)19, uma vez que os impactos dizem respeito aos efeitos imediatos causados pela preparação e realização das Olimpíadas, podendo ser provisórios, ao passo que os legados são mais duradouros Os legados que determinam os benefícios dos megaeventos esportivos são: 15
REIS, Fábio José Garcia dos. V Patrimônio cultural: revitalização e utilização. In Fonte: http://www.lo.unisal.br/nova/publicacoes/patrimoniocultural.doc, disponível em http://www.etur.com.br/conteudocompleto.asp?idconteudo=14218, 6/11/2009, acessado em 03/09/2010 16 Turismo de eventos é definido como “a sistematização do desenvolvimento e do marketing de eventos como atração turística”. Devido a esta característica, eles são considerados lucrativos e, portanto, interessantes para a indústria do turismo que é baseada na promoção de um local. Esse autor assevera: “o turismo de evento está interessado (...) no desenvolvimento do destino e na maximização da atratividade de um evento para os turistas” GETZ, D. Special events: defining the product. Tourism Management, v.10, n.2, p.125-137, 1989, p. 125, citado por REIS, Arianne Carvalhedo. Megaeventos e Turismo: uma Breve Revisa. In PEREIRA DA COSTA, Lamartine e Outros (Editores). Legados de Megaeventos Esportivos. Brasília: Ministério do Esporte, 2008, p. 511-517; apud HALL, 1992 citado por REIS, Arianne Carvalhedo. Megaeventos e Turismo: uma Breve Revisa. In PEREIRA DA COSTA, Lamartine e Outros (Editores). Legados de Megaeventos Esportivos. Brasília: Ministério do Esporte, 2008, p. 511-517. 17 MAZO, Janice Zarpellon; ROLIM, Luis Henrique; PEREIRA DaCOSTA, Lamartine. Em Busca de uma Definição de Legado na Perspectiva de Megaeventos Olímpicos. IN PEREIRA DA COSTA, Lamartine e Outros (Editores). Legados de Megaeventos Esportivos. Brasília: Ministério do Esporte, 2008, p. 119-121 18 PRONI, Marcelo Weishaupt. Observações sobre os impactos econômicos esperados dos jogos olímpicos de 2016. IN Motrivivência Ano XXI, Nº 32/33, p. 49-70 Jun-Dez./2009 19 PREUSS, H. Impactos econômicos de megaeventos: Copa do Mundo de Futebol e Jogos Olímpicos. In: Legados de megaeventos esportivos. Editores: Lamartine DaCosta, Dirce Corrêa, Elaine Rizzuti, Bernardo Villano e Ana Miragaya. Brasília: Ministério do Esporte, 2008.
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(1) infra-estrutura, (2) saber e conhecimento, (3) imagem, (4) economia, (5) comunicações e (6) cultura 20. Os megaeventos significam mudança e transição, portanto, seu legado é um misto de tangível21 e intangível22. Para Mazo, Rolim e Pereira DaCosta (2008), utilizando-se de Poynter (2007)
23
esses legados podem ser de ordem “hard” - infra-
estrutura, reorientação dos espaços da cidade, aumento do conforto, novos tipos de uso dos terrenos e atividades econômicas (portanto, tangíveis). Pode-se medir com acuidade os custos e benefícios tangíveis diretos, tais como os investimentos necessários, custos administrativos de planejamento, organização e realização do evento. Mas as cidades também têm importantes ganhos “soft” que se traduz em confiança, entusiasmo, reputação, incremento do turismo nacional e internacional, status e orgulho local (intangíveis). Isso se traduz pelas motivações elencadas pelo Departamento de Turismo do Governo do Canadá para sediar megaeventos: [...] para elevar a atividade cultural na comunidade; para atrair turistas; para envolver a comunidade em celebrações cívicas; para desenvolver a participação popular nas artes, artesanato, esportes ou atividade física; para estimular e promover a comunidade para benefício público; para promover intercâmbio político e cultural; para criar e reforçar o espírito de boa vontade entre os grupos sociais e étnicos da comunidade; para chamar a atenção do público para características ou atrações únicas da comunidade; e, finalmente, para conseguir rendas que possam ser usadas para benefícios sociais da comunidade, de outro modo inatingíveis. (BRETON, 1997, p. 18) 24
.
20
SILVA, Dirce Maria Corrêa da; RIZZUTI, Elaine. Tendências Atuais do Conhecimento sobre Gestão e Economia de Megaeventos e Legados Esportivos segundo Holger Preuss da Universidade de Mainz, Alemanha (Texto interpretativo de apresentação oral e debates), in PEREIRA DA COSTA, Lamartine e Outros (Editores). Legados de Megaeventos Esportivos. Brasília: Ministério do Esporte, 2008, p. 93-103 21 Impactos econômicos, legados para a infra-estrutura e modificações urbanas estão entre os mais comuns e mais investigados legados tangíveis do turismo de eventos esportivos (REIS, 2008, p. 511) 22 Três dos mais citados impactos desta ordem são: promoção de imagem, impactos sócio-culturais e impactos políticos (REIS, 2008, p. 511). 23 POYNTER, Gavin. From Beijing to Bow Bells: Measuring the Olympics Effect. Working Papers in Urban Studies: London East Research Institute. March 2006 (tradução Fernando Telles), citado por MAZO, ROLIM, PEREIRA DaCOSTA, 2008, p. 119-121 24 BRETON, C. The Olympic challenge: can Montreal respond a second time to this mega tourism event after its 1976 host experience? 1997. Dissertação (Mestrado em Science) – Universidade de Surrey, Surrey (citado por REIS, 2008, p. 510).
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Ainda seguindo Mazo, Rolim, e Pereira DaCosta (2008), as instituições públicas são, então, atraídas para a captação de eventos uma vez que se espera que eles aumentem a auto-estima local e atraiam investimentos, assim como ampliem o fluxo turístico e otimizem a divulgação política da localidade. Isto explica porque a maioria dos eventos conta com financiamento público ou são completamente subsidiados pelo poder público. Hall (1992)
25
afirma que eventos se destinam a atrair turistas, mas também é
uma maneira de mostrar as potencialidades locais e características culturais, de melhorar a reputação de uma cidade além de seus limites e de demonstrar orgulho cívico e capacidade de mobilizar recursos. Houghton (2005)
26
vai além e cita como exemplos
países da América Latina que investem recursos públicos significativos para sediar eventos esportivos internacionais como forma de entrar na ‘corrida desenvolvimentista’ e mostrar seus potenciais para o mundo. Esses impactos são conseqüências e podem apenas ser medidos e calculados com certo grau de incerteza. Apesar da grande atenção dispensada aos impactos tangíveis do turismo esportivo, os impactos intangíveis têm ganhado maior consideração e participação nas discussões dos empresários de turismo, pois se constituem em excelente estratégia para convencer investidores e a população local a apoiar o financiamento da construção de instalações e infra-estrutura. Por exemplo, nos Jogos Olímpicos, grande parte dos legados valorizados pelo Movimento Olímpico é intangível, já que grande parte da força dos Jogos deriva de seus símbolos e simbolismos. Para Mazo, Rolim, e Pereira DaCosta (2008), baseados em vários autores, não é possível quantificar o impacto dos Jogos em termos de valorização ‘moral’ e o maior impulso por trás deles é promover a cidade-sede enquanto cidade global. Assim, a importância de benefícios imateriais aumentou ainda mais. Um argumento importante a favor do impacto positivo intangível na promoção de imagem é que megaeventos esportivos atraem mídia em grande escala. Desta forma, o evento e, conseqüentemente, sua sede, é transmitido por todo o mundo ganhando visibilidade e propaganda internacional gratuita. Assim, parece que esta atenção da 25
HALL, C. M. Hallmark tourist events: impacts, management & planning. Londres: Belhaven Press, 1992, citdos por MAZO, ROLIM, PEREIRA DaCOSTA, 2008, p. 510 26 HOUGHTON, F. Latin America and the Olympic ideal of progress: an athlete’s perspective. The International Journal of the History of Sport, v.22, n.2, p.158-176, 2005, citado por MAZO, ROLIM, PEREIRA DaCOSTA, 2008, p. 510
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mídia internacional leva à promoção que modela a imagem da cidade, região ou paíssede de forma a se tornar um destino turístico em potencial. Para Bechara (2008)
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entender o esporte como fenômeno social é admitir o
princípio de que ele pode ser fator de desenvolvimento em qualquer nação e que o mesmo tem o compromisso de gerar legados para o progresso humano. “Legados” não só de infra-estrutura das práticas esportivas, mas principalmente da criação de melhores ambientes urbanos, melhores condições ambientais, melhores condições de inserção social e criação de oportunidades de APL (Arranjos Produtivos Locais). Pergunta: “O que deve ser considerado no Planejamento e na Produção de Megaeventos? Em resposta, afirma que o planejar um megaevento é considerar a necessidade de utilização do Geomarketing28 esportivo, conceituado como a utilização da geografia para conhecer e tangibilizar a relação espaço-temporal de uma determinada região, onde se encontram as instalações esportivas, identificando seus respectivos: “Legados”, relevantes para a sociedade, e considerando os “Impactos” produzidos e a “Abrangência” dos mesmos. Identifica então os legados em megaeventos esportivos como sendo de natureza: 1. Infra-estrutura urbanística (16 itens); 2. Econômica (16 itens); 3. Social - Demografia/ Habitação - Saúde – Segurança (15 itens); 4. Educacional (6 itens); 5. Ambiental (5 itens); 6. Esportivo (6 itens); 7. Cultural (6 itens); 8. de Turismo e Hospitalidade (11 itens); 9. Político (3 itens); 10. de Conhecimento e de Tecnologia (5 itens).
27
BECHARA, Marco. Modelo M4 Para Gestão de Legados de Megaeventos Esportivos com Foco na Responsabilidade Social e Políticas Públicas. In In PEREIRA DA COSTA, Lamartine e Outros (Editores). Legados de Megaeventos Esportivos. Brasília: Ministério do Esporte, 2008, p. 261-265 28 O Geomarketing, ou Marketing Geográfico, é uma abordagem ao Marketing que permite a adaptação do Marketing-mix ao modo como o Mercado se organiza no espaço, ou seja, permite a análise das variáveis relevantes para o Marketing através da visualização desses dados em mapas geográficos.O Geomarketing permite a uma empresa conhecer melhor o seu Mercado, potenciando melhorias no seu desempenho através da adaptação do Marketing-mix a cada segmento de Mercado identificado e
delimitado geograficamente e reconhecer quais os locais de maior potencial de consumo de um produto ou serviço. http://pt.wikipedia.org/wiki/Geomarketing
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No legado de Turismo e Hospitalidade, o autor identifica 11 itens “de referência” que o compõem: • Ocupação x Ociosidade da indústria hoteleira? • Número de hotéis na região, por classificação? • Número de motéis na região, por classificação? • Número de “Pontos turísticos” na região? • Qualidade do Paisagismo natural? • Arquitetura e beleza das construções? • Número de turistas recebidos? Total, em dólar, gasto pelos turistas? • Número de restaurantes na região, por classificação? • Número de albergues? • Número de espaços destinados a acampamentos? • Número de eventos internacionais? Nacionais? Regionais? IDENTIDADES E CULTURAS REGIONAIS E LOCAIS Linha do Tempo (próximos seis anos) 2011 - Jogos Mundiais Militares BRASIL 2012 - Campeonato Mundial de Atletismo Masters - BRASIL 2013 - Copa das Confederações FIFA BRASIL 2014 - Copa do Mundo FIFA BRASIL 2016 - Jogos Olímpicos e Para Olímpicos RIO Brasil Ação integrada de desenvolvimento sócio-econômico baseada nos três pilares do Olimpismo: Esporte, Cultura e Meio Meio-Ambiente. Para o “Programa BRASIL LEGADO 2014-2016”
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são as ações de caráter
social, cidadania, participação, formação e desenvolvimento local, no processo da Copa do Mundo FIFA 2014 e Jogos Olímpicos e Para Olímpicos de 2016, que pretendem contribuir para uma significativa transformação na cidade e nas pessoas, servindo de exemplo, motivação para todo o país e referência para o mundo.
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PROGRAMA BRASIL LEGADO 2014 2016 - Instituto Solidariedade Brasil ISB – Fundação Konrad Adenauer KAS Fundação – Unione Italiana Sport per Tutti UISP – Cooperação para o Desenvolvimento dos Países Emergentes COSPE, disponívdel em http://www.acrj.org.br/IMG/pdf/doc813.pdf, acessado em 12/09/2010
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Almeida; Mezzadri; e Marchi Junior (2009) 30, servindo-se de uma classificação de Roche (2000)
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afirmam que os eventos a serem realizados no Brasil podem ser
caracterizados da seguinte forma: os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo possuem mercado e mídia globais, considerados por isso megaeventos; os Jogos Militares tem impacto de público internacional em menor proporção, com maior ênfase da mídia nacional; e os Jogos Pan-Americanos têm impacto de mídia internacional em menor proporção, porém com público regional. Ou seja, num intervalo de dez anos, o país sediará sete grandes eventos esportivos, sendo somente dois considerados megaeventos: a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. Passemos à discussão. Entendemos aqui cultura como o conjunto de manifestações que dá singularidade a um determinado grupo social, fruto das relações sociais e da profunda interação dos homens com o meio em que vivem. Constitui-se num patrimônio material e imaterial acumulado e transformado ao longo de gerações. Um legado que não se limita a manifestações artísticas, à língua, à religião, mas se nos articula mais variados domínios da produção humana. A cultura confere uma identidade coletiva a um determinado grupo social, espacialmente definido e historicamente determinado 32. Para Castro (2008)
33
, a “memória” consiste na capacidade humana de retenção
de acontecimentos, fatos e experiências vividas e na retransmissão deles às novas gerações através de diferentes suportes como a própria voz, a música, a imagem, textos, artesanato, etc. Serve-se de Câmara Cascudo (1971)
34
para definir essa memória, como o
alicerce para a identidade regional. Afirma que o conjunto de memórias de uma sociedade tem uma função de convocar tanto o passado quanto o futuro. Tem, portanto, um lado de permanência e outro de produtividade à espera de quem com ela entre em
30
ALMEIDA, Bárbara Schausteck de; MEZZADRI, Fernando Marinho ; MARCHI JUNIOR, Wanderley CONSIDERAÇÕES SOCIAIS E SIMBÓLICAS SOBRE SEDES DE MEGAEVENTOS ESPORTIVOS. In Motrivivência Ano XXI, Nº 32/33, P. 178-192 Jun-Dez./2009 31 ROCHE, Maurice. Mega-events and modernity: Olympics and expos in the growth of global culture. New York: Routledge, 2000. 32 CASTRO Cláudia Steffens de. Educação para o turismo: preservação da identidade regional e respeito à cultura imaterial. Fênix – Revista de História e Estudos Culturais. Outubro/ Novembro/ Dezembro de 2008 Vol. 5 Ano V nº 4, ISSN: 1807-6971, Disponível em: www.revistafenix.pro.br acessado em 09/09/2010 33 CASTRO, 2008, obra citada, disponível em: www.revistafenix.pro.br acessado em 09/09/2010 34 CASCUDO, Luis da Câmara. Tradição, ciência do povo. São Paulo: Perspectiva, 1971, p. 9, citado por CASTRO, 2008.
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contato. Segundo o autor, “[…] a memória é a imaginação no povo, mantida e comunicável pela tradição, movimentando as culturas convergidas para o uso através do tempo. Essas culturas constituem quase a civilização nos grupos humanos”. Essa memória é que define a origem e identidade do homem, conferindo-lhe também, dignidade. Trata-se de um mecanismo de apoio, que evita que uma localidade fique estagnada no tempo, auxiliando na preservação de fatores como as primeiras regras de vida associativa ou de técnicas de uso cotidiano e de produção tecnológica, lançando-se no mecanismo cumulativo de saber transmitido intra e inter-gerações 35. Já a identidade, para Castro (2008), é um processo em constante movimento e é o que faz com que o indivíduo reconheça a si mesmo, a priori, como parte de uma identidade coletiva, reconhecendo aos outros como iguais, estabelecendo uma relação íntima ou essencial entre ele e seu grupo. Portanto, a identidade se constrói dentro de um mecanismo que engloba a consciência de si mesmo e o reconhecimento do outro 36. Assim, a identidade de um povo é o resultado da identidade individual e coletiva estabelecidas pelos membros de uma mesma comunidade. Fábio Lessa (2010)
37
, ao fazer uma análise da construção da identidade grega,
afirma que “pensar em práticas esportivas e, principalmente, em Olimpíadas nos remete, quase que automaticamente, aos gregos antigos”. Enfatiza esse autor, que o esporte, na Grécia Antiga, se constitui numa prática ritual que atuava na formação do cidadão ideal e na sua demarcação identitária. Cabia às divindades políades a função de regulação social, permitindo a integração dos indivíduos aos grupos sociais. Continuando com Lessa: As pesquisas antropológicas freqüentemente concebem o ritual como elemento de coesão social, servindo ainda para dirimir conflitos ou diminuir rivalidades e ao mesmo tempo para transmitir conhecimento. Roberto DaMatta, por exemplo, afirma que os ritos servem para promover a identidade social (DAMATTA, 1997, p. 29)38. Marc Augé, em sentido semelhante, destaca que as atividades rituais têm por objetivo essencial a
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BARROS, Luitgarde Oliveira Cavalcanti. Memória, linguagem e identidade – Memória hoje. Morpheus – Revista Eletrônica em Ciências Humanas, ano 02, n. 03, 2003. Disponível em <http://www.unirio.br/cead/morpheus/>. 36 Cf. BETTIO, Valéria Maria da Silva. Movimento Brasileiro: crítica e nacionalismo no Modernismo. Porto Alegre: PUCRS, 2000. 37 LESSA, Fábio. Práticas Esportivas Na Construção Da Identidade Helênica. In Blog Historia(s) do Sport: http://historiadoesporte.wordpress.com/2010/09/06/praticas-esportivas-na-construcao-daidentidade-helenica/, acessdo em 11/09/2010 38 DAMATTA, R. Carnavais, malandros e heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro. Rio de Janeiro: Rocco, 1997, citado por LESSA, 2010, obra citada.
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conjugação e domínio da dupla polaridade: individual/coletivo e simesmo/outro (AUGÉ, 1999, p. 44-5) 39.
A identidade é relacional e depende de algo de fora dela para se constituir, isto é, da outra identidade. Afirma Lessa (2010): Além de plurais e construídas historicamente, as identidades são constituídas por meio da marcação da diferença, o que significa dizer que a identidade depende da diferença. Afirmar a identidade implica em demarcar fronteiras. Atuam, entre outras coisas, na demarcação dos cidadãos frente aos outros; na explicitação das marcas das diferenças. Podemos mencionar que a questão da identidade, da diferença e do outro é um problema social, porque em um mundo heterogêneo, o encontro com o outro, com o estranho, com o diferente, é inevitável, e ao mesmo tempo, se articula perfeitamente com a dinâmica das práticas rituais. (LESSA, 2010)
Ao refletir a identidade local, nos sentidos coletivos e individual, a memória local age reforçando a auto-estima. Pollak escreveu A referência ao passado serve para manter a coesão dos grupos e instituições que compõe uma sociedade, para definir seu lugar respectivo, sua complementaridade, mas também as oposições irredutíveis.40
Pertencer a uma identidade cultural significa descobrir-se, ser diferente dos comportamentos globais. Por isso, patrimônios culturais intangíveis como as formas de manifestações lingüísticas, de relacionamento, de trabalho com a terra e a tipificidade da culinária, o cultivo e o preparo do vinho, os passos das danças tornaram-se patrimônios da cultura e demonstram a riqueza da relação entre identidade e diversidade da cultura brasileira (REIS, 2009) 41. No século XX a sensação da fragmentação da identidade, da perda das referências culturais, despertou no homem o desejo de “retorno a algo perdido”, ou seja, a necessidade de buscar manifestações culturais que pertencem a seu passado vivo, a comportamentos que deixaram de ser comuns, pois o frenesi contemporâneo exige atitudes da sociedade globalizada: “A preservação do patrimônio tem entre suas funções o papel de realizar “a continuidade cultural”, ser o elo entre o passado e o presente e nos permite 39
AUGÉ, M. Por uma antropologia dos mundos contemporâneos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997, citado por LESSA, 2010, obra citada. 40 POLLAK, Michel. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, CPDOC/FGV, p. 9, 1989. 41 REIS, Fábio José Garcia dos. Patrimônio cultural: revitalização e utilização. In Fonte: http://www.lo.unisal.br/nova/publicacoes/patrimoniocultural.doc, disponível em http://www.etur.com.br/conteudocompleto.asp?idconteudo=14218, 6/11/2009, acessado em 03/09/2010
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conhecer a tradição, a cultura, e até mesmo quem somos, de onde viemos. Desperta o sentimento de identidade. Margarita Barreto defende a “recriação de espaços revitalizados”, como um dos fatores que podem “desencadear o processo de identificação do cidadão com sua história e cultura (Barreto, 2000. p.44)”42.
Então, ao se buscar a identidade, fatalmente chegar-se-á a quem realmente se é. A essência cultural é o que une os povos, permitindo que se reconheçam como grupo, como coletividade diante de sua diversidade. A identidade irá se concretizar a partir da consciência de que a riqueza das pluralidades culturais, reveladas através da memória coletiva, está inserida no potencial de superação de marcas particulares do indivíduo. Até que ponto é possível conservar essa identidade num mundo marcado pela intensificação de fluxos globais de informação? É possível pensar em mundialização da cultura? Costa (2002)
43
considera haver um “paradoxo das identidades culturais em
contexto de globalização”: Porventura, um dos aspectos mais importantes a sublinhar é, justamente, o cruzamento de dinâmicas identitária que este tipo de contexto urbano cosmopolita proporciona. Cruzamento que se estabeleceu entre cada uma das representações de identidade cultural nacional ali presentes e a representação de uma “síntese global” da multiplicidade cultural planetária; síntese global essa, por sua vez, “localizada” num espaço de representação que se constituiu como referente identitário privilegiado da cidade e da sociedade promotoras. (COSTA, 2002, p. 23)
Já Castro (2008)
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afirma que da globalização cultural emergem novas
identidades nacionais, regionais e locais agora com novas abordagens. Vê-se atualmente o ressurgimento das culturas populares com algumas de suas características regionais modificadas para atender um novo mercado de consumo de bens simbólicos em um mundo gerido pelos meios de comunicação, de informação e inclusive, do turismo. 42
BARRETO, Margarita. Turismo e legado cultural. Campinas: Papirus, 2000, citada por REIS, 2009, obra citada, disponível em http://www.lo.unisal.br/nova/publicacoes/patrimoniocultural.doc 43 COSTA, António Firmino da. Identidades culturais urbanas em época de globalização. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 17 n. 48, fev. 2002, citado por ALMEIDA, Bárbara Schausteck de; MEZZADRI, Fernando Marinho ; MARCHI JUNIOR, Wanderley. CONSIDERAÇÕES SOCIAIS E SIMBÓLICAS SOBRE SEDES DE MEGAEVENTOS ESPORTIVOS. In Motrivivência Ano XXI, Nº 32/33, P. 178-192 Jun-Dez./2009 44 CASTRO Cláudia Steffens de. Educação para o tursmo: preservação da identidade regional e respeito à cultura imaterial. Fênix – Revista de História e Estudos Culturais. Outubro/ Novembro/ Dezembro de 2008 Vol. 5 Ano V nº 4, ISSN: 1807-6971, Disponível em: www.revistafenix.pro.br
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No caso do Maranhão, com o qual estou mais familiarizado, isso vem ocorrendo com as manifestações do Bumba-meu-Boi, que vem deixando de ser o pagamento de uma promessa a São João, pelos brincantes do Boi, para se transformar em um negócio, formando-se ‘companhias de dança’, com músicos e dançarinos profissionais. É de todo pertinente o registro de Carlos de Lima45: “Aos grupos folclóricos moderninhos que insistem em se autodenominar bumba-meu-boi, apropriaram-se na brincadeira junina tradicional e transformaram-na em um show de TV, espetáculo colorido e esfuziante, agradável aos olhos, senão imitação pelos menos inspirados nos grupos de ‘tchan’ ou nas escolas-de-samba.” (...) “O antigo rebanho agora se chama quadra de ensaio. Os cordões são alas. A dança primitiva e espontânea obedece a uma coreografia ensaiada por experts de ballets. O amo passou a mestre-sala. Os adereços têm grifes de renomados artistas plásticos. Enfim, o boi sofisticou-se.” (...) “Aliás, realçado pelas reduzidas indumentárias das brincantes que põem em destaque as formas esculturais de verdadeiras modelos. Mas, por que chamá-lo bumba-meu-boi? Por que não classificá-lo, com toda a propriedade e justiça como grupo de dança folclórica, teatro de rua ou coisa equivalente?”
O turismo apropria-se de rituais comunitários (alguns dos quais de natureza religiosa) e outros espetáculos dirigidos aos públicos nativos, para convertê-los em shows, muitas vezes aproveitando-se da condição de pobreza dos integrantes dos grupos tradicionais. Aparentemente, essas apresentações seriam interessantes para a divulgação e preservação da cultura popular. O que se verifica, porém, é o estabelecimento de dependência das apresentações ao modelo encomendado pelos órgãos promotores, privilegiando os aspectos visuais do espetáculo, em detrimento da diversidade musical e coreográfica da manifestação folclórica. Além disso, em se tratando de rituais e não de shows, há uma evidente descaracterização de função, da mítico-religiosa para uma função exclusivamente de espetacularização (CASTRO, 2008). Nesse processo de (re) criação e (re) invenção da festa, os rituais, que inicialmente possuíam um caráter quase espontâneo dos valores e das tradições populares dos diversos grupos sociais, vêm sendo apropriados pelos administradores públicos e empresariais, transformando-se em megaeventos, cujo caráter de 45
LIMA, Carlos de. Os bois entre aspas. Boletim da Comissão Maranhense de Folclore, 18, São Luís, dez. 2002, p.15
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empreendimento econômico e comercial tornou-se muito acentuado. Uma vez institucionalizados pelo poder público, esses eventos têm assumido a forma de grandes espetáculos urbanos, atraindo pessoas e gerando renda (BEZERRA, 2008) 46. Temos assim que a relação entre o turismo e cultura local é muitas vezes abordada somente na perspectiva econômica. Para o turismo visto como “explorador”, as tradições e o folclore são formas de agregar valor à sua função produtiva. O uso do folclore por esse tipo de turismo abrange a imposição de transformações nas práticas tradicionais, visando a sua espetacularização, para que se torne a manifestação folclórica atraente ao consumo massivo, descaracterizando assim a autenticidade da manifestação popular em si.47 Concordo com Reis (2009) quando este coloca que a dinâmica dos tempos nos revela que as culturas não se congelam, adaptam-se. As trocas culturais são comuns. Por outro lado, as comunidades que se organizam para revelar seu patrimônio, que assumem sua identidade e que recuperam formas tradicionais de culinária, danças e festas estão tendo oportunidade de revelar para a sociedade globalizada suas diferenças, peculiaridades e modos de comportamento. Está, justamente, no ser diferente que reside a geração de renda, emprego e visualização de que a tradição cultural deve ser encarada como identidade da comunidade, fazendo com que as pessoas não necessitem ser como todos são. Não tenho dúvida de que a cultura globalizada, de que o comportamento tipicamente consumista e capitalista geram impactos, interferem nos comportamentos tradicionais, transforma bens culturais em produtos de consumo.
Obrigado.
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BEZERRA, Amélia Cristina Alves. Festa e cidade: entrelaçamentos e proximidades. Espaço e Cultura, UERJ, Rio de Janeiro, n. 23, jan./jun. de 2008, p. 7-18, 47 Cf. KRIPPENDORF, Jost. Sociologia do turismo: para uma nova compreensão do lazer e das viagens. São Paulo: Aleph, 2000.
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O AVANÇO DO DESIGN E SUAS FORMAS DE ATUAÇÃO TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO RESUMO O desenho industrial ou design nasce, ao longo do século XIX, como disciplina voltada exclusivamente à produção em escala de bens materiais e dedicada à melhoria do projeto, tanto do processo produtivo como da funcionalidade utilitária do produto, modifica sua atuação, avançando do desenho do objeto para a criação de símbolos consumíveis (styling), ao se adaptar às mudanças geradas pela crise econômica mundial de 1929, também participa da explosão econômico do pós Segunda Guerra quando se consolida como disciplina autônoma em relação à arquitetura, alargando seu campo de atuação, a re-avaliação crítica do movimento moderno (ao longo dos anos 60) e a absorção de conhecimentos gerados por disciplinas como a semiótica contribuem para definir-se o design não mais como disciplina atinente à produção material tão-somente, mas sim, como disciplina participante do circuito completo projetoprodução-consumo, torna-se então design e relega para segundo plano o projeto do produto para dedicarse à construção de sua imagem, sobretudo. A pesquisa e o ensino em design devem ajudar a nomear as novas tarefas do designer, compreendendo-as e criticando-as.
INTRODUÇÃO Na Pré-história o desenho surgiu como forma de as pessoas se comunicarem facilitando o desenvolvimento de uma linguagem falada e escrita. Não que o homem tenha aprendido a desenhar antes de falar, porque isso é praticamente impossível de determinar uma vez que a linguagem falada não deixa marcas em paredes como as pinturas rupestres. Mas é inegável que a expressão por meio de pinturas facilitou a comunicação para aqueles povos. Na antigüidade o desenho ganha status sagrado, principalmente no Egito, onde é usado para decorar tumbas e templos. Tanto o é que, para os antigos egípcios uma grave condenação para alguém após a morte é ter raspados todos os desenhos e inscrições de sua tumba. Mesopotâmicos, Chineses e povos do continente Americano desenvolveram cada qual um sistema diferente de desenhar, com significados próprios e que caracterizaram cada população. Da mesma forma ocorreu na antigüidade Clássica, quando Gregos e Romanos utilizaram o desenho para representar seus deuses. Já na Mesopotâmia o desenho foi utilizado para criar representações da terra e de rotas de forma bastante primitiva. O nascimento da representação cartográfica de rotas comerciais e domínios ganha fôlego com a expansão do Império Romano e a popularização de suas cartas. É no Renascimento que o desenho ganha perspectivas e passa a retratar mais fielmente a realidade ao contrário do que ocorria, por exemplo, nas ilustrações da Idade
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Média, quando a falta de perspectiva criava cenários completamente impossíveis. Com o Renascimento surge também um conhecimento mais aprofundado da anatomia humana e os desenhos ganham em realidade. Mestres da pintura na época eram também exímios desenhistas que usavam os conhecimentos da anatomia para dar mais realidade as imagens através do uso de sombras, proporções, luz e cores. Devido a Revolução Industrial surge uma nova modalidade de desenho voltado para a projeção de máquinas e equipamentos: o desenho industrial. DESENVOLVIMENTO Iniciada na Inglaterra em meados do século XVIII, a Revolução Industrial consistiu em um conjunto de mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo em nível econômico e social. Rapidamente se espalhou pela Europa e em seguida expandiu-se pelo mundo. A máquina foi suplantando o trabalho humano, uma nova relação entre capital e trabalho se impôs, surgiu o fenômeno da cultura de massa, entre outros eventos. Essa transformação foi possível devido a uma combinação de fatores, como o liberalismo econômico, a acumulação de capital e uma série de invenções, com especial destaque para o motor a vapor. A partir da Revolução Industrial o volume de produção aumentou de forma impressionante: a produção de bens deixou de ser artesanal e passou a ser maquino faturada; as populações passaram a ter acesso a bens industrializados e deslocaram-se para os centros urbanos em busca de trabalho. As fábricas passaram a concentrar centenas de trabalhadores, que vendiam a sua força de trabalho em troca de um salário. Outra das conseqüências da Revolução Industrial foi o rápido crescimento econômico, antes dela, o progresso econômico era sempre lento, porém, após a Revolução Industrial, a renda per capita e a população começaram a crescer de forma muito acelerada. Por exemplo, entre 1500 e 1780 a população da Inglaterra aumentou de 3,5 milhões para 8,5 milhões, já entre 1780 e 1880 ela saltou para 36 milhões, principalmente pela queda acentuada da mortalidade infantil. A Revolução Industrial alterou completamente a maneira de viver das populações dos países que se industrializaram, as cidades se tornaram cada vez maiores e mais importantes, causando um verdadeiro êxodo do campo para as áreas urbanas. Na Inglaterra, por volta de 1850, pela primeira vez em um grande país, havia mais pessoas
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vivendo em cidades do que no campo. Nas cidades, as pessoas mais pobres se aglomeravam em subúrbios de casas velhas e desconfortáveis, se comparadas com as habitações dos países industrializados hoje em dia. Mas representavam uma grande melhoria se comparadas às condições de vida dos camponeses, que viviam em choupanas de palha. Conviviam com a falta de água encanada, com os ratos, e esgoto formando riachos nas ruas esburacadas. O trabalho do operário era muito diferente do trabalho do camponês: tarefas monótonas e repetitivas, a vida na cidade moderna significava mudanças incessantes. A cada instante, surgiam novas máquinas, novos produtos, novos gostos, novas modas. No Brasil a industrialização pode ser dividida em quatro períodos principais: o primeiro período, de 1500 a 1808, chamado de “Proibição”; o segundo período, de 1808 a 1930, chamado de “Implantação”; o terceiro período, de 1930 a 1956, conhecido como fase da “Revolução Industrial Brasileira” e finalmente o quarto período, após 1956, chamado de fase da “Internacionalização da economia brasileira”. O Design surgiu na Revolução Industrial devido à necessidade de um projeto que aperfeiçoasse a produção nas etapas de execução. A divisão de tarefas permitia uma aceleração clara na produção, diminuindo em cada etapa um pedaço de tempo que seria gasto em planejamento que não seria reaproveitado posteriormente. Com a devida separação dos processos de criação e execução, sendo que essa compreende várias pequenas etapas, eliminavam-se a demanda de mão de obra qualificada, o que significa economia de dinheiro em soma a economia de preço, resultando no aumento grandíssimo no lucro final, gerando uma via de duas mãos. O Design contribuiu com a industrialização, otimizando as produções financeiramente, com o menor número de mão de obra qualificada e maior produção em menor tempo, e a revolução industrial, que a partir de determinado ponto teve um índice ainda mais acelerado de otimização em produção, e que era capaz de produzir cada em vez em quantidades maiores, acabou revelando o Design como grande causador dessa aceleração. Apesar das grandes vantagens, o Design encontrou algumas adversidades e algumas peculiaridades em diversos lugares em que foi instaurado. Na Grã-Bretanha, foi necessária a reformulação de leis de patentes e de copyright no século XIX, devido à grande incidência de pirataria. A causa era muito simples: O Design era adquirido
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apenas uma vez, o que tornava um investimento com lucro indeterminado, uma vez que poderia se reaproveitar diversas vezes. O problema real vinha com a facilidade de reprodução mecânica de tais projetos, gerando uma indústria de pirataria. Se os padrões não fossem complexos, ou elaborados, a própria falta de intervenção do elemento artesanal possibilitava a qualquer outro fabricante copiar a vontade. Com tais leis reformuladas, ao longo dos séculos XIX e XX esse esforço tomou repercussão no mundo todo, o que por um lado demonstrava a valorização do Design, por outro era vinculado ao medo da pirataria. Nos Estados Unidos o Design não encontrou exatamente um problema, mas um fator curioso: O Design e a mecanização eram tomados como medida anti-sindicalista e adotados pelo governo. O governo americano estimulou durante todo o século XIX o desenvolvimento mecanizado na fabricação de armas de fogo, buscando diminuir o custo e facilitar o reparo (Uma vez que as peças seriam uniformes) e a produção em massa de armas, que posteriormente foi essencial na expansão territorial dos EUA na guerra contra o México e a expensas de sua própria população indígena. Em países como o Brasil, a industrialização do setor de armamentos também foi notável, onde o Arsenal de Guerra e o Arsenal de Marinha da Corte (RJ) foram pioneiros nos métodos de produção. A indústria bélica divide com a indústria da mineração o papel da maior matriz histórica da longa desintegração do indivíduo como princípio organizador de trabalho. A forma de produção em duas etapas foi essencial para as revoluções industrial posteriores, a 2ª e 3ª, ainda mais no que se diz respeito à Fordismo e Toyotismo, essencialmente duas maneiras antagônicas de se produzir, nos mesmos modelos que foram criados na 1ª revolução industrial. O processo de concepção e execução: Design e produção. CONCLUSÃO Contudo as primeiras manifestações do design deram-se a mais de mil anos atrás inicialmente na pré-história com a produção de ferramentas e armas artesanais e logo depois, surgindo entre os egípcios, mesopotâmicos, chineses e demais povos, modificando e melhorando seus cotidianos de vida. Mas foi na Revolução Industrial onde a substituição das ferramentas pelas máquinas, da energia humana pela energia motriz e do modo de produção doméstico
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pelo sistema fabril, em função do enorme impacto sobre a estrutura da sociedade, num processo de transformação acompanhado por notável evolução tecnológica, que o desenho industrial também chamado de design teve seu inicio oficial, se inserindo nas empresas e fabricas de todo o mundo, contribuindo com a industrialização, otimizando as produções financeiramente, com o menor número de mão de obra qualificada e maior produção em menor tempo, e a revolução industrial, que a partir de determinado ponto teve um índice ainda mais acelerado de otimização em produção, e que era capaz de produzir cada em vez em quantidades maiores, acabou revelando o Design como grande causador dessa aceleração. Em dias atuais o consumidor está descobrindo o design só agora porque só agora ele se tornou estratégia de diferenciação no mercado. Nunca tivemos tantas opções de consumo à disposição como agora. As prateleiras estão lotadas de variedades, cada uma querendo chamar mais a atenção. O design de embalagens procura estratégias de diferenciação há décadas, mas não é esse tipo de design que está entrando no vocabulário popular. O campo de competição agora se dá no cotidiano, nos lugares onde as pessoas delineiam suas identidades. As empresas estão investindo pesado na diferenciação pelo design do produto porque os objetos estão participando cada vez mais da identidade das pessoas. O design que atrai é, portanto, o design da identidade.
REFERENCIA http://usabilidoido.com.br/a_atracao_pelo_design.html http://pt.wikipedia.org/wiki/Design http://pt.wikipedia.org/wiki/Desenho_industrial http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Industrial http://www.culturabrasil.org/revolucaoindustrial.htm
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A ESPIRITUALIDADE DO POLICIAL MILITAR RAIMUNDO GOMES MEIRELES 1º Ten QOCPM e sócio do IHGM O processo de formação do soldado, visto por dois estudiosos, explicita a transformação por que passa a identidade do policial militar. Vidich e Stein vêem a dinâmica de tornar-se um soldado como uma “dissolução” da identidade civil anterior e a “aquisição” de uma nova identidade militar, no dizer de Celso Castro, ao escrever a obra “O espírito militar”. A espiritualidade pode ser entendida também como um modo de relacionar-se com Deus e com os irmãos, quaisquer que sejam. Identidade e espiritualidade são dois elementos que constituem a personalidade do policial militar. A primeira liga-se diretamente ao eu, a segunda uni-se ao Divino e ao Humano. A identidade de todo e qualquer cidadão deve ser preservada na sua dimensão sacra, algo que recobre o ser humano de um conteúdo exclusivo, que o identifica com o que somos e nos diferencia daquilo o que não podemos ser. Por outro lado, a espiritualidade nos leva ao encontro com a nossa identidade e a de Deus, por isso mesmo, projeta-nos para o transcendente e nos reveste de um sentimento coletivo e altruísta, além de favorecer um bem estar agradável de satisfação e realização interior. Quando o policial descobre a importância de valorizar sua identidade e explorar a presença de Deus, a dimensão transcendente, inerente a ele, continua sendo, com maior intensidade, a mola propulsora que reveste a graça salvífica divina e transformadora nele. Em nossos dias, todo candidato ao ingressar na Polícia Militar do Estado do Maranhão, submete-se a uma formação específica, aprimorada e de excelência, em vista a preencher todos os requisitos e parâmetros exigidos, tanto do ponto de vista da aptidão vocacional, quanto da legislação pátria. Aprimoramento este, fundado também na oportunidade da descoberta não só de sua identidade pessoal, imersa na coletividade do exercício de uma missão, mas na valorização de Deus, através da presença e testemunho do Capelão Militar.
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O Capelão Militar tem, dentre outras finalidades, identificar, testemunhar, incentivar e mostrar ao policial a presença de Deus na Caserna e na sua família, quando possível for. Desde a oração proferida pelo Capelão destinado a uma tarefa, até ao cumprimento com satisfação da ordem de seu comando, o policial deve valorizar o convívio interpessoal que agrega valores vitais para um bom desempenho de sua missão, já que se encontra confiante em Deus. Isso não só robustece seu caráter pessoal, mas intensifica em si uma força militante interior. Portanto, a espiritualidade fortalece a identidade do policial, o reveste de uma grandeza transcendente que o encoraja para a missão, de tal forma, quando valorizada, ele estará sempre disposto a viver em paz e exercer sua missão com poder incondicional, de servir e amar sua opção de vida profissional, alicerçada muitas vezes, mesmo que aparente, da presença ignorada de Deus.
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ANA JOAQUINA JANSEN MULLER OU SIMPLESMENTE ANA JANSEN DILERCY ARAGÃO ADLER Ana Jansen, figura feminina que tem destaque na história da humanidade, tornando-se uma lenda, tem seu espaço na imaginação de muita gente e concretização frente aos olhos de alguns notívagos mais sensíveis, de corações solitários, sempre à cata de corações solitários, sempre à cata de emoções mais fortes. É descrita de varias maneiras pela contradição que expressa no imaginário dos seus admiradores, pois é inegável todos aprenderam a respeitá-la por sua garra e beleza, temê-la por sua força ou mesmo crueldade. Donana Jansen é cantada e descantada em muitos versos e muitas prosas que se espalham pelas mentes daqueles que sobem e descem ladeiras, transitam em ruas e becos estreitos, fazem seus passos ressoarem pelos calçamentos de paralelepípedos, ladeados de casarões quatrocentões altivos e imponentemente belos. Abaixo transcrevemos trechos de uma dessas obras que traduzem Ana Jansen em 239 páginas, de autoria de Rita Ribeiro, lançada pela Record, em 1995, que assim diz: “-O que se sabe é que Donana era uma megera, cruel com os escravos, dominadora. Mandava matar todos aqueles que atravessavam seu caminho. Quando seu negros se revoltavam, ela mandava enterrá-los vivos ou atirava-os no poço de seu sitio no Bacanga. E até cozinhava criancinhas em seu caldeirão. -Não satisfeita com os amantes, reunia os melhores negros e dormia com mais de cem, numa mesma noite – completou o poeta. -Por isso que sua alma penada percorre as noites de lua cheia. Busca em vão sossego e paz, pois nem no inferno ela pode ficar. Tião não contradisse a afirmação da mocinha; apenas a olhou de cima de seus setenta vividos anos e buscou uma explicação altura de sua adolescência. -Pois é, sinhazinha, muié é tudo assim. Quanto mais paixonada, mais crué e mais fie. Donana teve seus home, por alguns perdeu a cabeça. Açoitava e castigava seus negros, mas era também capaz da maior bondade praqueles que dava vida pelos seus. O negro Matias mais Cipriana, Serafina e Leonarda foram tudo alforriado e de herança cada um seu sitiozinho, onde viveram tirando dali o que comer e de vestir pelo resto da vida. Depois não se esqueça, mocinha, que era muié bastante para enfrentar tudo aqueles home. Eles num
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gostava disso e tentava acabar com Donana. Num cunsiguiro em vida, entonces se vingaram na morte. -E a carruagem? Tu já viste? -Esconjuro! [...] – Num gosto nem de lembrar não. Aquilo é coisa do Demo. A madrugada já vai alta. Nas ruas da estreitas, horas atrás repletas de gente e tomadas dos mais variados sons, não se vê viva alma. Bares fechados, nem mais uma cadeira nas calçadas. As rótulas dos sobradões cerradas. A cidade dorme. Apenas o poeta, sua musa Tião permanecem na Praia Grande, sentados á mesa em frente ao bar. Silêncio é quebrado pelo murmúrio das ondas. [...] Ninguém se move. Os olhares estão fixos no final da avenida em frente ao cais, onde surgem duas parelhas de cavalos negros. A lua reflete a luz prata no pêlo reluzente dos animais. A parece então um corpo de uma carruagem, arreios de prata, portas brasonadas, portinhola dourada, forros de veludo vermelho-escuro, puxada pelo cocheiro de libré, empertigado, chicote na mão, tocando os animais. Os escravos que formam o cortejo estão amarrados por uma mesma corrente, que arrastam lentamente ao se moverem. Estão mutilados! Uns sem perna, outros sem braço, ou mesmo sem cabeça. Decepados! Seus gemidos são lamentos de dor, que quase não tem forças para expressar. Emitidos em um uníssono, soam como um canto fúnebre. Por entre as cortinas douradas da carruagem, o poeta vê a imagem fugaz de mulher branca, cabelos tão negros quanto o pêlo dos animais. Também negro é o vestido, justo, emoldurando a cintura fina, comprimindo os seios que parecem querer saltar pelo decote ousado. O colo nu tem um único adereço uma fita de veludo negro com um pingente de couro e diamantes, jóia artesanalmente desenhada em forma de brasão. Os cabelos, presos por um pente de madrepérolas e ouro, deixando os cachos caírem naturalmente até a altura dos ombros. Arrematando o rosto oval, do lóbulo das orelhas, pedem dois brincos, semelhantes ao pingente. Seu olhar é impenetrável, vazio de qualquer expressão.” Expõe-se, assim, um pouco dessa mulher que inspira traduções e recordações ambíguas, mas não se pode deixar dizer que essa mulher de origem pobre, costureira e analfabeta (boa parte de sua vida), juntou-se aos homens da elite maranhense, tanto nos seus famosos saraus, quanto nas discussões e decisões políticas de sua época.
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REDES COLABORATIVAS E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Estou às voltas com a formatação de uma rede colaborativa na área tecnológica, que deverá congregar as empresas da Cadeia Produtiva de Petróleo, Gás e Energia atuantes no Maranhão. Temos 19 (dezenove) grandes empresas, segundo a revista Valor Econômico. Mais: a estas devem se agregar outros três grupos: o dos ICT – institutos de ciência e tecnologia: nossas universidades – IF-MA, e os Centros Tecnológicos da UFMA e da UEMA, além de algumas escolas de formação profissional particulares que estão oferecendo cursos na área de petróleo, gás e energia -; um terceiro bloco constituído pelos entes estatais, das três esferas – União, Estado, e Municípios, estes do território de influência da Refinaria Premium I: Bacabeira, Rosário, Santa Rita e São Luís -; e o quarto bloco deverá ser constituído pelas micro e pequenas empresas – MPEs – que poderão vir a fornecer equipamentos e serviços ao Consórcio ganhador da licitação para construção da Refinaria, em sua primeira fase, a de terraplenagem. Mas o que é uma ‘rede’? A palavra indica que os recursos estão concentrados em poucos locais – nas laçadas e nos nós – interligados - fios e malhas. Essas conexões transformam os recursos esparsos numa teia que parece se estender por toda parte. Trata-se de um conjunto de nós e laços com relações ilimitadas e híbridas articuladas entre sujeitos, objetos e discursos, que interagem no mundo real e no virtual. Por analogia, estrutura sem fronteiras; comunidade não geográfica. Assim temos que: Redes Sociais são estabelecidas por organismos que estabelecem uma rede de comunicação para alcançar alvos específicos tais como se manter informado sobre um tema, manter um sistema social, alcançar uma meta. A rede social merece a adjetivação de Colaborativa ou Cooperativa quando todos que a integram, não apenas os que são nós ou membros integradores contribuem significativamente para o grupo, se empenham em disseminar via rede o que for de interesse comum, partilham as informações com todos. A rede é alimentada pelo repasse constante da informação entre seus integrantes tanto de trabalhos que estão
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desenvolvendo individualmente ou em grupo, como por informações científicas localizadas e consideradas pertinentes por alguns de seus membros Já as redes sociais de C&T são: [...] tipos de redes sociais que visam integrar competências e otimizar o uso de recursos de diversas naturezas, incluindo a utilização das TIC´s, para a solução de problemas ou para o avanço no estado da arte
de
determinadas
áreas
de
Ciência
e
Tecnologia.
O
desenvolvimento dessas redes depende da promoção de políticas públicas que visem à racionalidade do processo de seu financiamento, bem como sua legitimação social. Trata-se de organizar o conhecimento. E algumas perguntas são fundamentais: Para quem? Para os usuários; Por que? Para facilitar a busca e recuperação e o acesso, para facilitar a navegação; O que? A informação/conhecimento; Como? Através de regras, métodos e softwares, com base em teorias; Quando? Sempre que se quiser socializar o conhecimento/informação; Onde? Em ambientes virtuais; Quem? Profissional da Informação. A intenção é introduzir o novo através da informação o que, contudo, por vezes é uma condição imponderável. Para o Cientista da Informação Aldo Barreto, disponibilizar o acesso à informação para um conhecimento em rede e para acesso de todos tem sido o sonho de grande número de pessoas durante muito tempo. Desde a prisão dos conteúdos nos muros medievais dos mosteiros copistas até realidade da web, pessoas e seus mecanismos se agregaram para este fim. Continua: o espetáculo da novidade é uma condição humana que só pode ser exercida em conjunto. Corresponde a uma atuação na pluralidade; uma ação da vida política do homem na terra. Nela o indivíduo exerce por livre arbítrio sua inteligência para introduzir conhecimento no seu espaço de convivência. Nada está mais longe do discurso que a ação de inovação: Ao falar de inovação seria conveniente lembrar que esta palavra traz um sentido de ação em um processo completo que vai do surgimento de um fato ou idéia até a aceitação deste por uma comunidade em convivência. Este grupo de pessoas é que vai decidir se aceita ou rejeita uma coisa nova, que pode estar substituindo um similar já
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existente. Ao aceitar o novo existe uma crença compartilhada de que isto trará um acréscimo ao bem estar de todos. Uma inovação não é sinônima de P&D, patente registrada, invenção, criatividade, ou nova tecnologia embora estas coisas sejam necessárias para que uma ação de inovação se manifeste. Quando comparadas a inovação as atividades anteriores tem uma configuração estática. Já a inovação é uma aceitação acoplada a uma decisão pela coisa nova que resulta em ações dinâmicas de implantação da nova técnica em um determinado espaço social: Neste quadro é a informação livre que, ao final, melhora o homem e sua realidade. Se a introdução da inovação não é aceita por todos em um espaço, por qualquer razão, ela não acontece. Só em convivência política entre os habitantes de uma sociedade se delibera sobre a introdução da novidade. Daí que o processo de inovação tecnológica relaciona, para sua efetivação, variadas competências. O fator de maior importância é a vontade de mudar, de modificar estruturas, correndo riscos e motivando pessoas para trazer uma idéia nova, mais produtiva e mais coerente para a vivência comum. É um processo político que só acontece na pluralidade dos habitantes de um ambiente social. Não é só uma ação de estratégia estratégica ou de criatividade e gestão.
BARRETO, Aldo. Ciência, Tecnologia e Inovação; in Aldobarreto's Blog, postado em 11 de julho de 2010, disponível em http://aldobarreto.wordpress.com/2010/07/11/ciencia-tecnologia-e-inovacao/, acessado em 18/09/2010 ENERGIA PARA OS NEGÓCIOS. Valor Econômico Maranhão. Julho de 2010. www.valoronline.com.br LOPES, Maria Immaculada Vassalo de; ROMANCINI, Richard. A rede social na comunicação em seus grupos de pesquisa. In POBLACIÓN, MUGNANI, RAMOS, 2009, p 503-530. MIRANDA, Marcos Luiz Cavalcante. A organização do conhecimento e as redes sociais. In POBLACIÓN; MUGNANI, RAMOS, 2009 POBLACIÓN, Dinah Aguiar; MUGNANI, Rogério; RAMOS, Lúcia Maria S. Costa (Org). Redes sociais e colaborativas em Informação Científica. São Paulo: Angellara, 2009 WITTER, Geraldina Porto. Redes sociais e sistemas de informação na formação do pesquisador. In POBLACIÓN, MUGNANI, RAMOS, 2009, p. 169-204
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CIENTISTAS BRILHANTES E SERES HUMANOS ETICAMENTE EXTRAORDINÁRIOS DILERCY ARAGÃO ADLER Quando escrevi o artigo intitulado “O Valor de um diploma na moderna sociedade capitalista”, inspirada na cena em que o “Presidente eleito do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, recebia o seu Diploma do cargo que assumiria nos primeiros dias de janeiro de 2003”, estava motivada pela dicotomia entre saber erudito, acadêmico e o saber do autodidata com suporte nas próprias observações, reflexões críticas e constatações da e na vida diária. O presente artigo trata também desse tema, mas enfocando outro viés, ou seja, contempla as contradições advindas do saber, da apropriação de um conhecimento e da utilização desse mesmo saber por quem o possui. Essa preocupação continua forte a partir de algumas constatações da má utilização do saber no cotidiano. Enquanto psicóloga e educadora vejo ressonância dessa minha preocupação nas abordagens humanistas. A teoria humanista privilegia a criatividade, o amor, o altruísmo e outras manifestações do afeto e respeito mútuo. Rogers considera o ser humano ativo, responsável e capaz de autodeterminar-se. Compreende que o meio deve permitir ao sujeito liberdade e respeito à individualidade. Para que isso ocorra, não pode existir qualquer tipo de imposição e crítica e ainda são necessárias três condições básicas: 1. Compreensão empática: ser capaz de colocar-se no lugar do outro, pensar e sentir como ele. 2. Autenticidade: mostrar-se tal como é, sem hipocrisias nem máscaras e ser congruente entre o que pensa, diz e faz. 3. Aceitação incondicional, estima e respeito: capacidade de aceitar o outro tal qual o outro é e permitir que ele se expresse livremente e se autodetermine.
Na sua prática docente, Rogers via-se em conflito no Departamento de Psicologia. “Sentia que tanto a sua liberdade para ensinar como a liberdade para aprender dos
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estudantes estavam sendo limitadas”. Com base nessas condições, escreveu um artigo: “Pressupostos correntes sobre a educação universitária: uma exposição apaixonada”. Os estudos de Maslow trazem, também, contribuições substanciais acerca dessa questão. Embora ao ser considerado humanista Maslow declarasse que isso o desagradava, ao ponto de afirmar: “Nós não deveríamos ter que dizer Psicologia Humanista. O adjetivo é desnecessário”. Maslow iniciou as suas reflexões estudando a auto-realização de modo peculiar, ou seja, a partir da análise das vidas, valores e atitudes de pessoas que considerava mais saudáveis e criativas, estando entre as primeiras investigadas dois dos seus professores, Ruth Benedickt e Max Wertheimer. Maslow não somente os considerava cientistas brilhantes e extraordinários, mas seres humanos profundamente realizados e criativos. Assim, iniciou o seu estudo objetivando constatar o que os fazia tão especiais. Maslow definia a questão da auto-realização como "o uso e a exploração plenos de talentos, capacidades, potencialidades, etc.” e a esse respeito ainda dizia: “Eu penso no homem que se auto-realiza não como um homem comum a quem alguma coisa foi acrescentada, mas sim como um homem comum de quem nada foi tirado. Mas o homem comum existente na sociedade contemporânea é um ser humano completo com poderes, capacidades e sentimentos, amortecidos e inibidos, às vezes, embrutecidos. Em síntese, acredita-se que só se pode mudar aquilo que se conhece. Entende-se que só o aparecer da realidade pode provocar equívocos, daí a necessidade de um saber científico. Mas não se pode esquecer que esse saber também é impregnado de ideologias, em maior ou menor grau. Assim, os intelectuais não são desprovidos no seu fazer acadêmico de juízos de valor e interesses pessoais. Por isso, é necessário lutar em prol de uma ciência dotada de uma dimensão ética humanizada, voltada para o bemestar de todos os homens, não apenas de alguns. Esse deve ser o fim último da ciência. É imperativa a necessidade de humanização da escola, da academia, da ciência, para que mais cientistas brilhantes e seres humanos eticamente extraordinários realizados e criativos existam!
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BALAIADA: A guerra que começa na Vila de Manga e termina em Arari
JOÃO FRANCISCO BATALHA batalha@elo.com.br A história do Brasil está repleta de exemplos de rebeliões populares tais como a do Quilombo dos Palmares, Conjuração Baiana, Revolta de Vila Rica, Cabanagem, Farroupilha, Sabinada e Balaiada, além da Revolta de Bequimão, movimento nativista ocorrido em 1684, contra o monopólio da Companhia de Comércio do Maranhão. Neste 13 de dezembro recordamos os 172 anos da eclosão da Guerra da Balaiada, na Vila de Manga do Iguará (atual município de Nina Rodrigues). Seus principais personagens partiram do Curato do Arari, segundo distrito da Vila do Mearim (atual Vitória do Mearim), local também em que se deram os últimos combates e de onde, também, foi decretado o final da rebelião. Sua causa principal foi o antagonismo político entre Cabanas (políticos do Partido Conservador) e Bem-te-vis (do partido Liberal) e como pretexto a briga entre vaqueiros do Pe. Inácio Mendes de Morais e Silva (ativista do partido Liberal e fazendeiro em Arari) e praças sob comando do subprefeito policial de Manga, José do Egito (do partido Conservador). O estopim do conflito deu-se no dia 13 de dezembro de 1838 e dominou quase a metade da província do Maranhão entre os rios Parnaíba e Mearim, atingindo, também, o Piauí e Ceará, no período Regencial, 1838 a 1841. Foi a revolta da sociedade rural e das camadas menos favorecidas da população maranhense contra o estado de pobreza, miséria e opressão então vigente. O antagonismo político daqueles dias e as rivalidades entre as elites dominantes, os abusos e desmandos contra os mais humildes, somados aos ideais separatistas sepultados na Batalha de Jenipapo (Campo Maior/PI), resultaram no que
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passou para a História do Maranhão como um dos seus mais marcantes e sangrentos episódios, com gosto de luta pela liberdade. A denominação Balaiada deveu-se a um dos seus principais líderes, Manoel Francisco dos Anjos Ferreira, conhecido pela alcunha de Balaio. A guerra teve também a participação de Raimundo Gomes Vieira, Cosme Bento das Chagas, José Gonçalves, além de outros revoltosos cuja horda estruturava-se como tropa de uma nação, com seus lugares-tenentes e patriotas, que se alcunhavam por nomes como Relâmpago, Corisco, Caninana, Tigre, Malagueta, etc. Manoel Francisco dos Anjos Ferreira tinha o apelido de balaio, em razão de dedicar-se a fazer e vender cestos de palha, aqui entre nós denominados de balaios. José Gonçalves era irmão de Raimundo Gomes Vieira, a cujo nome foi adicionado o sobrenome de Jutaí, por ter morado nesse lugar, hoje pertencente ao município de Anajatuba. Raimundo Gomes Vieira Jataí, ex-escravo de origem piauiense, apelidado de Cara Preta, era vaqueiro e capataz de uma fazenda de gado do Pe. Inácio Mendes de Morais e Silva a qual ficava nas imediações do Curato do Arari. O padre que era político e líder liberal, possuía fazenda em campos de Santa Maria de Anajatuba e auxiliava o vigário do Mearim, Pe. José Lourenço Bogéa em suas desobrigas na região de Arari, Vitória e Anajatuba, dando assistência religiosa às comunidades. Seu irmão, José Lourenço de Morais e Silva, era político do Partido Conservador, residente em Arari, foi subprefeito do Mearim. Cosme Bento das Chagas, afamado no sincretismo do candomblé, onde se intitulava pomposamente de Dom Cosme Bento das Chagas, Tutor e Imperador das Liberdades Bem-te-vis, era cearense, de Sobral, ex-presidiário e fugitivo da cadeia de São Luís. Nos primeiros dias do mês de dezembro de 1838, Raimundo Gomes Vieira, parte de Arari com destino à feira de São João do Parnaíba, com uma boiada pertencente ao Pe. Inácio Mendes de Morais e Silva à procura de melhores preços para a venda do gado. O percurso passaria pela Vila de Manga do Iguará. A explosão do motim deu-se com a invasão da cadeia de Manga, no dia 13 de dezembro desse ano. Raimundo Gomes Vieira acompanhado de nove homens invade a cadeia para libertar seu irmão, preso por determinação da autoridade cabana que na vila era exercida pelo subprefeito policial José do Egito. O motivo da prisão teria sido o
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argumento de que José Gonçalves teria praticado crimes da província do Piauí. A rebelião recebeu o reforço do Balaio que morava em Pau de Estopa (município de Coroatá) e que ao constatar que seu lar havia sido desonrado em razão de ter sua filha violentada pelo capitão de polícia Antônio Raimundo Guimarães, que comandava o destacamento militar de Itapecuru-Mirim, levantou o povo daquele povoado e foi juntarse aos homens de Raimundo Gomes Vieira. A agitação generaliza-se – promovida pelos liberais e pela adesão do negro Cosme, chefe de um quilombo de três mil escravos fugitivos -, assumindo proporções inesperadas. Os rebeldes eram simpatizantes e tinham aprovação discreta dos Bem-tevis e de seguimentos da Igreja. Dez mil pessoas, aproximadamente, travaram combates às margens dos rios Iguará, Preto, Munim, Itapecuru, Periá, Parnaíba, Longá, Mearim e até em São Luís. Após livrar-se do conflito de Barra do Longa, onde os balaios assassinaram barbaramente Ângelo Antônio Lopes, de 90 anos, sufocando-o com farinha de mandioca quente, na boca, Raimundo Gomes Vieira refugiou-se no Mocambo (atual município de Belágua) e assumiu, involuntariamente, o papel de chefe dos insurretos, atraindo para si outros revoltosos. Em outubro do ano seguinte, dois mil sertanejos, aliados aos Balaios, invadem e tomam Caxias, segunda maior cidade da província e a transformam em sede de um governo provisório, estabelecendo um Conselho Governamental, proclamando vivas à religião católica, à Constituição, a Dom Pedro II e à “santa causa da liberdade”. Para sufocar a revolta, o Governo regencial enviou ao Maranhão, no início de 1840, o novo presidente e chefe militar da província, coronel Luís Alves de Lima e Silva que por esse feito foi agraciado com o título de Barão de Caxias, mais tarde, Duque de Caxias, posteriormente, Patrono do Exército Brasileiro. Caxias (que foi maçom e Grão Mestre Honorário da Maçonaria) reorganiza as tropas oficiais em três colunas volantes e passa a combater os rebeldes. Sucedidas algumas batalhas, em uma das quais morre Francisco dos Anjos Ferreira, as tropas regressam a Caxias. É dado início à caça aos rebeldes já com intensa redução entre eles. Em maio de 1840, em um confronto às margens do Igarapé Curimatá (município de Timbiras) Raimundo Gomes Vieira perde perto de quinhentos homens. A regência manda oferecer anistia aos rebeldes, condicionada à reescravização dos negros
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revoltados. Dois mil balaios se rendem e o conflito praticamente termina em janeiro de 1841, com a prisão de Raimundo Gomes Vieira na Vila de Miritiba (hoje cidade de Humberto de Campos), tomada e retomada pelos balaios em luta com as forças legais. Antes, Raimundo Gomes Vieira ainda reuniu suas últimas forças e tentou, em vão, o auxílio de Matrauá, o velho caudilho da luta pela independência. Sem resistência, caiu prisioneiro, condenado ao desterro veio a falecer a caminho de São Paulo. Quando Dom Cosme se encontrava acampado na Baixa Funda (contíguo ao Igarapé do Nema, entre o Arari e o Lago da Morte), foi perseguido pela força policial que marchou da Vila do Mearim, sob o comando de Antônio Maciel Parente. No combate de laguinho (próximo à fazenda dos herdeiros do Dr. Prazeres, em Arari), Dom Cosme sofreu pesadas baixas em suas tropas, tendo, nessa ocasião, sido alvejado a tiros pela força da Vila do Itapecuru-Mirim, embaraçando-se num cipoal, no momento em que tentava fugir montado em seu cavalo. O último embate do negro Cosme Bento das Chagas com as forças legais do tenente Luís Alves de Lima e Silva deu-se no lugar Calabouço, próximo ao atual povoado Manoel João, município de Arari. Sua prisão deu-se quando já não dispunha de sua arma principal, a espada com a qual fez tantas vítimas e imolações e que na fuga precipitada, acossado por seus perseguidores, despreendeu-se de seu poder e perdeu-se nos gaipós de um regato próximo ao Bamburral, e que por isso veio a chamar-se Igarapé da Espada, no município de Arari. Preso, Dom Cosme é levado à forca em setembro de 1842, em Itapecuru-Mirim. Os balaios que sobreviveram às escaramuças de Laguinho e do Calabouço e escaparam da prisão do Saramantinha (igarapé afluente do Saramanta, subafluente do rio Mearim, no município de Arari), foram dizimados próximo ao povoado Tabocal (Arari), no local que veio a chamar-se Campo dos Defuntos.
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VILA DE VINHAIS – A VELHA E A NOVA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão DELZUITE DANTAS BRITO VAZ CEM “Liceu Maranhense” MORADORES DO RECANTO VINHAIS Nos últimos 25 anos vimo-nos reunindo nesta Igreja, para celebrar a comunhão. É o tempo de vida da Comissão Pró-Igrejinha da Vila (Velha) de Vinhais. Essa comissão é informal, pois não tem existência jurídica. È resultado de uma terceira via de participação das pessoas na vida de sua comunidade. O objetivo comum é a preservação: da fé – católica, e agora de outras vertentes do cristianismo - e do ‘documento’ que a caracteriza, no seio comunitário: a sua Igrejinha.
E falamos aqui nos dois sentidos, o de preservação da fé, imaterial, com o ter de volta um padre para ‘rezar a missa’, e o prédio, o material. A comunidade se uniu em torno desses dois objetivos. E é isso que se celebra, aqui, hoje, mais uma vez... Ao resgatarmos a história desta comunidade e de sua Igrejinha, em honra ao glorioso São João Batista, minha mulher – a Profa. Delzuite, Del -, nós temos procurado acrescentar alguma informação nova, para não ficar sempre repetindo a mesma história.
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Para este ano encontramos mais uma referencia à antiga aldeia de índios, tão bem descrita por Abeville em sua HISTÓRIA DA MISSÃO DOS PADRES
CAPUCHINHOS
NA
ILHA
DO
MARANHÃO
E
TERRAS
CIRCUNVIZINHAS, e por D´Evreux em sua VIAGEM AO NORTE DO BRASIL – feita nos anos de 1613 a 161448.
No dia 07 de julho de 1647 é registrado no Livro de Acórdãos da Câmara de São Luís a ausência dos habitantes desta cidade – e das vilas próximas – às festas públicas que se organizavam, e que os cidadãos não a estavam acudindo, isto é, não estavam contribuindo, quer em dinheiro, quer em sua realização, quer no acompanhando das procissões. “Acordamos e mandamos que todo cidadão desta cidade de São Luís de qualquer qualidade que seja que a Câmara celebre festas e procissões estando residente na cidade ou duas léguas ao redor não acudir as ditas festas e procissões para acompanhá-las nos postos que lhe forem ordenados paguem mil reis de pena as obras do conselho.” (p. 237) 49
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ABBEVILLE, Claude d’. HISTÓRIA DA MISSÃO DOS PADRES CAPUCHINHOS NA ILHA DO MARANHÃO E TERRAS CIRCUNVIZINHAS. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: USP, 1975 D’ÉVREUX, Yves de. VIAGEM AO NORTE DO BRASIL –feita nos anos de 1613 a 1614.São Paulo: Siciliano, 2002. 49 ABREU, Eloy Barbosa de. O senado da Câmara de São Luís e as festas públicas. In CORRÊA, Helidacy Maria Muniz; ATALLAH, Cláudia Cristina Azevedo (Org.). ESTRATÉGIA DE PODER NA AMÉRICA PPRTUGUESA: dimensões da cultura política (séculos XVII-XIX). Niterói: PPGHUFF / São Luís: UEMA / Imperatriz: Ética, 2010, p. 219-251
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Eloy Abreu em seu “O Senado da Câmara de São Luís e as festas públicas” (2010)2 registra que a obrigação de participar das festas públicas incluía, além dos moradores da cidade, os que habitavam as vilas de índios do Vinhais e do Paço do Lumiar, ambas localizadas no interior da ilha e distantes da cidade duas léguas, pois as festas religiosas também funcionavam como um veículo de catequização dos nativos. Já registramos que, fundada a França Equinocial, sairam De Rasilly, o Barão de Sancy e os padres D' Abbeville e Arséne de Paris acompanhados de um antigo morador de Upapon-Açú, de nome David Migan, a visitar as aldeias da Ilha: "(...) levaram-nos os índios, de canoa, até Eussauap, onde chegamos no sábado seguinte ao meio-dia. O sr. de Pizieux e os franceses que com ele aí residiam receberam-nos com grande carinho (...)".
(D'ABBEVILLE, 1975, p. 114)50. (grifos nossos). Capistrano de ABREU esclarece que:
" EUSSAUAP - nom do lieu, c'est à dire le lieu ori on mange les Crabes. - Bettendorf leu em Laet Onça ou Cap, que supôs Onçaquaba ou Oçaguapi; mas tanto na edição francesa, como na latina daquele autor, o que se lê, é EUSS-OUAP. Na história da Companhia de Jesus na extinta Província do Maranhão e Pará, do Padre José de Morais, está Uçagoaba, que com melhor ortografia é Uçaguaba composto de uça, nome genérico do caranguejo, e guaba, participio de u comer: o que, ou onde se come caraguejos, conforme com a definição do texto ...". (
apud D' ABEVILLE, 1975, p.107)51.
50
ABBEVILLE, Claude d’. HIASTÓRIA DA MISSÃO DOS PADRES CAPUCHINHOS NA ILHA DO MARANHÃO E TERRAS CIRCUNVIZINHAS. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: USP, 1975 51 ABBEVILLE, Claude d’. HIASTÓRIA DA MISSÃO DOS PADRES CAPUCHINHOS NA ILHA DO MARANHÃO E TERRAS CIRCUNVIZINHAS. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: USP, 1975
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Das 27 aldeias existentes na Ilha, 14 tinham apenas um Principal; 10 possuiam dois; 1 possuia três. Eussauap possuia quatro – "... é uma das maiores aldeias da ilha e nela existem quatro principais: Tatu-Açu; Cora-Uaçu ou Sola-Uaçu, às vezes também Maari-Uaçu; Taiacú e Tapire-Evire". Junipar, a aldeia principal da
ilha, contava com cinco principais.
É em Eussauap que os franceses encontram uma certa resistência, por parte de um velho "... de mais de 180 anos e que tinha por nome MamboréUaçu ..." e que havia assistido ao estabelecimento dos portugueses em Pernambuco. Afirmava que, como os perós, os franceses chegavam para comerciar, não passando mais do que 4 a 6 luas, tempo suficiente para reunir as drogas que traficavam. Tomavam suas filhas para mulher e isto muito os alegrava. Mais tarde afirmavam que havia necessidade de construção de fortes, para defesa sua e dos índios, e então chegavam os Paí - padres plantando cruzes, instruindo os índios e os batizando. Exigem que as índias sejam batizadas, para só então as tomarem como esposas. Aí, dizem precisar de escravos para os servirem. E tomam os índios como seus escravos. Convencido o velho guerreiro que os franceses eram diferentes dos perós, prosseguem De Rasilly, o sr. de Sancy e D' Abbeville a sua visitação.
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Cesar MARQUES (1970)52, em seu “Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão”, publicado em 1870, informa sobre Vinhais - freguesia e ribeiro, que os jesuítas Manoel Gomes e Diogo Nunes, que vieram junto com a armada de Alexandre de Moura, principiaram a estabelecer residências - ou missões de índios -, sendo a primeira que fundaram: “... foi a que deram o nome de Uçaguaba, onde com os da ilha da capital aldearam os índios, que tinham trazido de Permambuco, e como esta se houvesse de ser a norma das mais aldeias, diz o Padre José de Morais, nela estabelecessem todos os costumes , que pudessem servir de exemplo aos vizinhos e de edificações aos estranhos. “Cremos que por êste fim especial foi chamada aldeia da Doutrina. “Fundada pelos jesuítas, parece-nos haver depois passado ao poder do Senado da Câmara, porque ele tinha uma aldia ‘cujo sítio era bem perto da cidade’. “Compunha-se de 25 a 30 índios entre homens e mulheres ‘para poderem acudir às obras públicas pagando-se-lhes o seu jornal’. “Em 12 de maio de 1698 a Câmara pediu ao soberano um missionário para educá-los. “Em 22 desse mesmo mês representou à Sua Majestade queixando-se por ter sido privada desta aldeia ‘por algumas informações más e apaixonadas’. “... foi no dia 1o. de agosto de 1757 elevada à categoria de vila com a denominação de Vinhais”. (MARQUES, 1970, p. 632-633).
A VILA NOVA DE VINHAIS53 Continuemos com César Marques, que às páginas 633, de seu “Dicionário...” afirma que houve contestação quanto à propriedade das terras 52
53
MARQUES, César Augusto. DICIONÁRIO HISTÓRICO-GEOGRÁFICO DA PROVÍNCIA DO MARANHÃO. São Luís: Tip. do Frias, 1870. (Reedição de 1970).
ABBEVILLE, Claude d’. HISTÓRIA DA MISSÃO DOS PADRES CAPUCHINHOS NA ILHA DO MARANHÃO E TERRAS CIRCUNVIZINHAS. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: USP, 1975 D’ÉVREUX, Yves de. VIAGEM AO NORTE DO BRASIL –feita nos anos de 1613 a 1614.São Paulo: Siciliano, 2002. PIANZOLA, Maurice. OS PAPAGAIOS AMERELOS – os franceses na conquista do Brasil. São Luis: SECMA; Rio de janeiro: Alhambra, 1968. FORNEROD, Nicolas. SUR LA FRANCE ÉQUINOXIALE – SOBRE A FRANÇA EQUINOCIAL. São Luis: Aliança Francesa do Maranhão/Academia Maranhense de Letras, 2001 DAHER, Andréa. O BRASIL FRANCES – as singularidades da França Equinocial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007 MEIRELES, Mário. FRANÇA EQUINOCIALLACROIX, Maria de Lourdes Lauande. JERÔNIMO DE ALBUQUER MARANHÃO – guerra e fundação no Brasil colonial. São Luís: UEMA, 2006 LACROIX, Maria de Lourdes Lauande. O Mito da fundação de São Luís. In Jornal O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 02 de março de 2008, domingo, Caderno Alternativo, p. 1, p. 6 MORENO, Diogo de Campos. JORNADA DO MARANHÃO POR ORDEM DE SUA MAJESTADE FEITA O ANO DE 1614. São Paulo: Alhambra; São Luís: ALUMAR/AML, 1984
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da Aldeia da Doutrina, pertencente, então, ao Convento de Santo Antônio.
Esta vila, situada ao N.E. da Ilha do Maranhão uma légua distante da capital, à margem do ribeiro Vinhais, ora transformada em Vila de Vinhais e,
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para dar fim à qualquer contestação, sobre a quem pertenceria as terras, passou-se a seguinte certidão, que, segundo Cesar Marques, não deixa de ser curiosa: “José Inácio Pereira, escrivão por comissão da Câmara da vila de Vinhais: em cumprimento do despacho retro certifico que revendo o livro de ...... nele à fl. 87 verso achei o translado ..... “Por ser conforme às reais ordens que Sua Majestade foi servido expedir para o estabelecimento deste Estado e conveniente ao bem comum e particular dos moradores dele, que se destinem terrenos competentes, que sirvam de distritos às vilas para as suas respectivas justiças não excederem os seus limites, devo dizer de vossas mercês em observância das mesmas reais ordens, que o distrito dessa vila terá princípio no pôrto do Angelim sobre a foz do rio – Anil -, quer fica pertencente ao distrito desta cidade, e dele partirá em rumo direito para o nascente às terras alagadiças da fazenda que foi de Agostinho da Paz e que hoje é do Rvdo. Cônego Manuel da Graça, fincado pertencendo ao distrito desta mesma vila a estrada pública, que do dito porto do Angelim vai para a fazenda da Anindia e outras, como também a fazenda do defunto José de Araújo, partindo e confrontando da parte do sul com terras do distrito desta cidade e continuando este rumo da partte do nascente da mesma fazenda do dito Cônego Manual da Graça para a parte do norte, correrá em direitura à costa do mar, e por ela descerá à capela de São Marcos de onde continuando da parte do poente pela costa desta baía até a fortaleza da barra desta cidade continuará pelo rio, que divide a cidade das terras sobreditas da costa do mar até finalmente chegar ao dito porto do Angelim, onde fica fechando o rumo do dito distrito, em que se compreedem a dita vila e terras que possuem os seus moradores desde o tempo em que foi constituída doutrina dos padres de Santo Antônio desta cidade como também a Capela de São Marcos, a olaria, que foi dos padres da Companhia e vários sítios de fezendas e moradores, como são a do sobredito Cônego Manuel da Graça, de Domingos Fernandes e últimamente todos os que dentro dos referidos rumos e distrito se compreenderem sendo este suficinete para essa dita vila, sem prejudicar o da cidade. “Para rendimento das despesas da Câmara lhe não determino por hora terreno, o que farei com a brevidade que me fôr possível para cumprir completamente com a ordem de Sua Majestade, o qual sempre há de ser dentro do distrito dessa vila: o que tudo Vossas Mercês tenham entendido para inviolávelmente obervarem, registrando este no livros da Câmara para a todo o tempo constar até onde entendem os seus limites, de que me mandarão certidão de assim o haverem. – Deus guarde a Vossas Mercês – Maranhão. – Gonçalo Pereira Lobato e Sousa” “Senhore Juízes e oficiais da Câmara da vila do Vinhais. “Certifico eu escrivão abaixo nomeado em como transladei uma carta do Ilmo. Sr. Governador vinda ao juiz e mais oficiais da Câmara desta vila, o que juro em fé de meu ofício: três de novembro de 1760. – Manuel de Jesus Pereira. “Nada mais que o referido continha o dito translado fielmente aqui
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copiado do próprio livro, a que me reporto, e é verdade todo o referido em fé do ofício. – Vinhais, 10 de fevereiro de 1806. – José Inácio Pereira”. (MARQUES, 1970).
Fica a curiosidade da origem do nome dado à nova vila, criada em função do esbulho das propriedades dos jesuítas, expulsos de toda Portugal – e suas Colônias – pelo Marquês de Pombal. Era comum dar-se nomes às vilas e cidades do Maranhão o mesmo nome de vilas e cidades existentes em Portugal. Vinhais54 é uma vila portuguesa, pertencente ao Distrito de Bragança, Região Norte e subregião do Alto Trás-os-Montes, limitado a norte e oeste pela Espanha, a leste pelo município de Bragança, a sul por Macedo de Cavaleiros e Mirandela e a oeste por Valpaços e Chaves. A ocupação humana deste território data de tempos ancestrais, tal como se pode verificar pelos inúmeros vestígios arqueológicos que se podem encontrar nesta região: inscrições rupestres, edificações de tipo dolménico e fortificações castrejas. Esta antiguidade é reiterada pelo Abade de Miragaia: O chão desta vila e desta paróquia foi ocupado desde tempos remotíssimos, como se infere da lenda ou história da igreja de S. Facundo, que a tradição diz ter sido fundada no tempo dos Godos. (...) Também por aqui se demoraram os Romanos, pois ao norte da vila, no monte da Vidueira, se encontraram em 1872 muitas moedas romanas bem conservadas (...).Perto de Vinhais foi encontrada uma lápide com a seguinte inscrição: JOVI / O.M. / LOVIIS / IAIIX / VOTO / LAP (Lovesia dedicou por voto e com generoso ânimo ao grande 1 Júpiter) .
Em meados do século XIII surgiu, pela primeira vez, a referência a Vinhais, num documento de doação ao mosteiro leonês de São Martinho da Castanheira: “in villa que vocitant Villar de Ossus in territorio Vinales”. Nesta época, Vinhais não era um topónimo, mas sim um coronómio, visto que designava uma região, um território e não um lugar determinado. Pensa-se que a primeira povoação de Vinhais foi construída num outeiro, próximo da margem direita do rio Tuela, mais a norte do sítio atual, ou 54
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vinhais_(vila)
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no monte da Vidueira, ou, ainda, no monte Ciradela ou Ciradelha, na Serra da Coroa. Estas suposições justificam-se pelo aparecimento de moedas romanas, vestígios de edificações da antiga cidade romana de Veniatia e da estrada militar romana que ligava Braga a Astorga (Asturica Augusti). Vinhais foi, primitivamente, um castro de povoamento galaico, transformado pelos romanos em castro galaico-romano, com a sua fortaleza (oppidum). Certamente, os suevos ou os visigodos cercaram a localidade de muralhas e, com a expulsão dos muçulmanos, Vinhais ficou arrasada, tendo sido repovoada na época da dominação dos reis de Castela e Leão (D. Sancho II e D. Afonso VI). Este repovoamento foi continuado pelos primeiros reis portugueses, nomeadamente com D. Afonso Henriques, D. Sancho I (O Povoador), D. Afonso II e D. Sancho II. Vinhais recebeu foral de D. Afonso III, no dia 20 de Maio de 1253, o qual foi outorgado pelo monarca D. Manuel I, em 4 de Maio de 1512. Quando D. João I de Castela invadiu Portugal, em 1384, devido à crise de sucessão suscitada pela morte de D. Fernando, o castelo de Vinhais foi um dos muitos que hastearam a bandeira castelhana, recusando, assim, obediência ao Mestre de Avis, futuro D. João I de Portugal. No século XVII, Vinhais sofreu bastante com a Guerra da Restauração, devido à sua localização geográfica, tal como conta Pinho Leal, na célebre obra Portugal Antigo e Moderno: Em 1666, achando-se em Lisboa o III conde de S. João da Pesqueira (futuro 1º Marquês de Távora, criado por D. Pedro II Regente, de 7 de Janeiro de 1670), governador de Entre Douro e Távora (...). entretanto, o general galego D. BALTAZAR PANTOJA, pôs a ferro e fogo a província de Trás-os-Montes. Em 1 de Julho 1666 entrou por Montalegre, no dia 13 de Julho caíu sobre Chaves, no dia 14 de Julho os lugares de Faiões e Santo Estêvão, defendidos pelo sargento-mór ANTÓNIO DE AZEVEDO DA ROCHA, cometendo barbaridades. Recolhendo-se D. BALTAZAR PANTOJA a Monterey, praça galega ao Norte de Verim, e passados poucos dias volveu sobre Portugal, entrando por Monforte, veio pôr cerco a Vinhais, cercando com o seu exército o castelo, que era
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defendido pelo governador ESTÊVÃO DE MARIS, com os habitantes da vila e mais 50 auxiliares. 1
Este acontecimento ficou eternizado numa inscrição que, ESTÊVÃO DE MARIS, GOVERNADOR DES / TA VILA DE VINHAIS, Fº DE Rº DE MORAIS DE TIO / ZELO, MANDOV FAZER ESTAS CASAS / NA E. DE MDCCVI (?) QUANDO PANTOXA / G L DO EXÉRCITO DE GALIZA COM O / MAIOR Q. SE VIO NESTA PROVÍNCIA / E LHE DEFENDEO A MURALHA CÕ / A GENTE NOBRE DA VILA E POV / QVA MAIS DE GRÃ E CÕ PERDER MVTÃ / LEVANTOU O SITIO E QUEIMOU AS / CASAS QUE 1 FICAVÃO FORA DA MVRALHA .
Pois bem, a antiga Aldeia da Doutrina é elevada à categoria de vila em 1o. de agosto de 1757 com a denominação de Vinhais - Vila Nova de Vinhais – a nossa hoje Vila Velha de Vinhais. Como a Vila de Vinhais não apresentou qualquer desenvolvimento, foi extinta pela Lei Provincial no. 7, de 20 de abril de 1835, passando a pertencer a frequesia à comarca da capital, formando o 5º distrito de paz.
A IGREJA DE SÃO JOÃO BATISTA DO VINHAIS55 Os moradores de Eussauap tinham esperança que um dos padre aí se 55
MARQUES, César Augusto. DICIONÁRIO HISTÓRICO-GEOGRÁFICO DA PROVÍNCIA DO MARANHÃO. São Luís: Tip. do Frias, 1870. (Reedição de 1970). ABBEVILLE, Claude d’. HIASTÓRIA DA MISSÃO DOS PADRES CAPUCHINHOS NA ILHA DO MARANHÃO E TERRAS CIRCUNVIZINHAS. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: USP, 1975 D’ÉVREUX, Yves de. VIAGEM AO NORTE DO BRASIL –feita nos anos de 1613 a 1614.São Paulo: Siciliano, 2002. PIANZOLA, Maurice. OS PAPAGAIOS AMERELOS – os franceses na conquista do Brasil. São Luis: SECMA; Rio de janeiro: Alhambra, 1968. MEIRELES, Mario M. HISTÓRIA DA ARQUIDIOCESE DE SÃO LUÍS DO MARANHÃO. São Luís: UFMA / SIOGE, 1977. MORAES, José de. HISTÓRIA DA COMPANHIA DE JESUS NA EXTINTA PROVÍNCIA DO MARANHÃO E GRÃO-PARÁ. Rio de Janeiro: Alhambra, 1987. PACHECO, D. Felipe Condurú. HISTÓRIA ECLESIÁSTICA DO MARANHÃO. São Luís: Departamento de Cultura do Estado do Maranhão, 1968 CARVALHO, Jacinto. CRÔNICA DA COMPANHIA DE JESUS NO MARANHÃO. São Luís: ALUMAR, 1995.
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fixasse. Por isso "haviam edificado no meio da praça, localizada entre as cabanas, uma bonita capela com um altar bem arranjado". Além da capela construiram uma grande cruz. No domingo, dia 20 de outubro de 1612, foi a capela batizada e rezada a missa. Vencidos os franceses em Guaxenduba (19/11/1614), os portugueses se estabelecem no Maranhão, vindo com Jeronimo de Albuquerque os padres Manuel Gomes e Diogo Nunes, aqui permanecendo estes até 1618 ou 1619: "A primeira missão ou residência, que fundaram mais junto à cidade para comodidade dos moradores, foi a que deram o nome de Uçagoaba, onde com os da ilha aldearam os índios que haviam trazido de Pernambuco ...". (MORAES, 1987, p.58)56.
A residência dos jesuitas em Uçagoaba é ocupada com a chegada da segunda turma de jesuitas ao Maranhão, os padres Luis de Figueira e Benedito Amodei. De acordo com CAVALCANTI FILHO (1990)57 a missão jesuitica no Maranhão inicia-se com a chegada dos padres Figueira e Amodei: "... Ao que tudo indica, a aldeia de Uçaguaba, situada a margem esquerda do igarapé do mesmo nome, teria sido o ponto de partida dessa missão ... desta primeira, denominada 'Aldeia da Doutrina'".(p.
31).
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MORAES, José de. HISTÓRIA DA COMPANHIA DE JESUS NA EXTINTA PROVÍNCIA DO MARANHÃO E GRÃO-PARÁ. Rio de Janeiro: Alhambra, 1987. CAVALCANTI FILHO, Sebastião Barbosa. A QUESTÃO JESUÍTICA NO MARANHÃO COLONIAL. São Luís: SIOGE, 1990.
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Não há referência à Eussauap, Uçagoaba, Uçaguaba ou Aldeia da Doutrina na relação dos templos existentes na Ilha por ocasião da elevação de São Luís à sede de Bispado em 1677, pela Bula "Super Universas Orbis Ecclesias", muito embora em 1740 conste da relação das freguesias do Maranhão: "Na ilha de São Luis. Além da freguesia de N.S. da Vitória que abrangia toda a capital do Estado com suas muitas igrejas, capelas e conventos, havia três outros núcleos com a presença permanente de religiosos e que também naquele ano seriam erigidos em paróquia - Anindiba (Paço do Lumiar), São José dos Poções, antiga aldeia da Doutrina ...".
(MEIRELES, 1977, p.127)58.
COELHO (1990)59 em seu "Política indigenista no Maranhão Provincial", ao analisar "o lugar do índio na legislação: a questão da terra", afirma que " a situação das terras dos indigenas é caracterizada por um acúmulo de esbulhos e usurpações" e o processo oficial do sequestro dessas terras se dá pela ação de Pombal, que prescreveu, em 1757, a " elevação das aldeias indígenas, onde haviam missões, à categoria de vila ou lugar, de acordo com o número de habitantes". Cita, dentre outros exemplos, que " a aldeia da Doutrina, em 1º de agosto de 1757, foi elevada à categoria de vila, com o nome de Vinhais". D. Felipe CONDURÚ PACHECO (1968)60 informa que em 1751, os jesuítas e os franciscanos tinham no Estado do Maranhão e Grão-Pará 80 missões e grande número de “doutrinas”, e que em oposição às numerosas propriedades dos demais religiosos, “... os franciscanos possuíam então no Maranhão apenas o convento de Santo Antonio, com 25 escravos, e a ‘missão’ de S. José dos Poções, em 1757 vila de Vinhais, de onde, com as esmolas dos fiéis, se mantinham com seus alunos de filosofia e de teologia...”. (p. 50).
Ao listar as paróquias da Ilha do Maranhão, “... no meado do século XVIII, conta de 1758,... distante da cidade ... 58
MEIRELES, Mario M. HISTÓRIA DA ARQUIDIOCESE DE SÃO LUÍS DO MARANHÃO. São Luís: UFMA / SIOGE, 1977. 59 COELHO, Elizabeth Maria Beserra. A POLÍTICA INDIGENISTA NO MARANHÃO PROVINCIAL. São Luís: SIOGE, 1990 60 PACHECO, D. Felipe Condurú. HISTÓRIA ECLESIÁSTICA DO MARANHÃO. São Luís: Departamento de Cultura do Estado do Maranhão, 1968
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Vila Nova de Vinhais, a que foi elevada a 1o. de agôsto de 1757, (antes, S. João dos Poções) dos franciscanos...”. (p. 61).
De acordo com BARBOSA DE GODOIS (1904)61, o colégio dos jesuítas no Maranhão, “segundo os Annaes Litterarios, contava estas residências: Conceição da Virgem Maria, em Pinheiros; S. José, na aldeia de S. José de Riba-Mar; S. João Baptista, em Vinhais; S. Miguel, no Rosário. MEIRELES (1964)62, conta-nos que o bem-aventurado Gabriel Malagrida - a quem César Marques chamou de “o desgraçado apóstolo do Maranhão” costumava logo pela manhã percorrer as ruas da pequenina cidade de não mais de uma meia dúzia de milhares de habitantes, a convocá-los, com a campainha que ia fazendo tilintar, para a Santa Missa e o exercício do catecismo. E lá voltava ele, cheio de alegre beatitude, acompanhado de um bando irriquieto de meninos que o seguia até o Colégio. Depois, o confessionário e a visita aos enfermos e aos presos, consumia-lhe o resto do dia, pela tarde afóra; À noite, retornava à aldeida da doutrina, como comumente então a povoação de São João dos Poções, antiga Uçagoiaba e hoje Vinhais, sede da primeira missão dos inacianos na Ilha-Grande fora conhecida...
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BARBOSA DE GODOIS. Antonio Baptista. HISTÓRIA DO MARANHÃO – para uso dos alumnos da Escola Normal. Maranhão: Typ. Ramos d´ Almeida & Suc., 1904, tomo I e II 62 MEIRELES, Mário M. São Luís, cidade dos azulejos. São Luís: Departamento de Cultura do Estado do Maranhão, 1964
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91 (1970)63 outras
informações, agora sobre a Igreja do Vinhais: “Pertenceu então a outro donatário porque descobrimos termos da junta das missões de 13 de abril de 1757, que passou para o domínio dos frades da Ordem de Santo Antonio, sem podermos contudo dizer como se efetuou esta mudança, e então se chamou aldeia de São João dos Poções. ........................... “... [1o. de agosto de 1757 em que a Aldeia da Doutrina foi elevada à categoria de vila com a denominação de Vinhais] foi criada a freguesia em virtude de Resolução Régia de 13 de junho de 1757, sendo o seu primeiro pároco encomendado o beneficiado Antôno Felipe Ribeiro”. ....................... “Em 5 de maio de 1829 a Câmara ‘pediu ao Presidente a construção de uma igreja, por ter desabado a que havia, de uma cadeia, que era um quarto por baixo da casa da Câmara, porque tendo caído o templo de que o quarto fazia parte, ficou ele arreuinadíssimo, e de uma casa da Câmara porque a existente estava com os sobrados despregados e com faltas’. “. (p. 632-633).
Ainda às págiasm 632 do referido Dicionário ..., César Marques informa que no referido têrmo – ao passar a freguesia para a Ordem de Santo Antônio, com o nome de São João dos Poções, em 13 de abril de 1757 -, achavam-se em palácio, reunidos, o Governador da Capitania, Gonálo Pereira Lobato e Sousa, o Governador do Bispado, Dr. João Rodrigues Covete, e o Desembargador Ouvidor-Geral Diogo da Costa e Silva, o Desembargador Juizde-Fora Gaspar Gonçalves dos Reis, e os reverendos prelados das regiões, mandava o Governador ler o têrmo da junta, feito na cidade de Belém do GrãoPará em 10 de fevereiro de 1757: “Depois disso perguntou o governador do bispado o que respondiam suas paternidades ao proposto, determinado e resolvido no dito têrmo, devendo-se praticar neste bispado o que se praticou e resolveu no Grão-Pará”. “O padre provincial do carmo, Frei Pedro da atividade, e o padre comendador do Convento de N. S. das Mercês, Frei Bernardo Rodrigues Silva, não fizeram a menor objeçào, e declaram concordar com o que se tinha feito no Pará. “O padre-mestre, Frei Matias de Santo Antônio, por impedimento do guardião do Convento de S. Antônio, que então era Frei Miguel do Nascimento, respondeumque não tinha dúvida que se observasse o mesmo, com a declaração porém que neste bispado nõa havia missões 63
MARQUES, César Augusto. DICIONÁRIO HISTÓRICO-GEOGRÁFICO DA PROVÍNCIA DO MARANHÃO. São Luís: Tip. do Frias, 1870. (Reedição de 1970).
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algumas para observância do sobredito, e que só o seu convento tinha uma doutrina do serviço dele, a qual estava situada em terras doadas ao mesmo convento, aceitas pelo Sindico dele por títulos onerosos de compra e venda, e obrigação de missas anuais, e por isso tinham entrado no seu domínio por muitas bulas, e especialemnete pelas do papa Nicolau IV, fucando assim excluída da ordem de Sua Magestade. “No têrmo da junta de 18 de junho do mesmo ano (1757), declarou o dito governador, que havendo dado conta do ocorrido na sessão da Junta de 13 de abril ao capitão-General do Estado Francisco Xavier de Mendonça Furtado (irmão do Marques de Pombal) do requerimento do guardião do Convento de Santo Antônio a respeito da sua aldeia chamada da Doutrina, fora por ele julgada em oposição à devida observancia da ordem de Sua Majestade de 7 de junho de 1755, que com força de lei mandou publicar nesta cidade. “Em virtude de tudo isto foi no dia 1 de agôsto de 1757 elevada à categoria de vila com a demonimação de Vinhais. “Acharam-se presentes a este ato o Governador da Capitania, dr. Bernardo Bequimão por comissão do governador do Bispado, o diretor Alferes Manuel de Farias Ribeiro, os Sargentos Manuel José de Abreu e Carlos Luis Soares, o povo do dito lugar e mais aldeias. “Fêz entrega das terras da vila, o que únicmente possuía esta aldeia, o Padre Frei Bento de Santa Rosa, religioso de Santo Antônio e aí missionário com a administração temporal.” (p. 632-633)
Ainda em Cesar Marques, descobrimos que os presbíteros Domingos Pereira da Silva, vigário colado da freguesia de São Bernardo da Parnaíba, e Maurício José Berredo de Lacerda, vigário de São João Batista de Vinhais, apresentaram requerimento colocando sob suspeição a divisão da freguesia da Sé e a criação da de Santana, em 17 de janeiro de 1803 (p. 446). GAIOSO (1970)64, ao identificar as cidades, lugares, villas, freguezias por toda a capitania, afirma que na ilha de São Luís do Maranhão - em 1818 -, tem a cidade deste nome e: "A villa de Vinhaes he uma pequena povoação de Indios, que goza de privilegio de ter seu governo municipal, de que são membros os mesmos Indios. Tem sua igreja particular que lhes serve de freguezia, com a invocação de S. João Batista. A congrua dos vigários destas povoações he de 50,000 r. pagos pela fazenda real, que cobra os dizimos, e devem apresentar certidão dos respectivos diretores, em como compriro com os officios pastoraes." (p. 110)
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GAIOSO, Raimundo José de Sousa. COMPÊNDIO HISTÓRICO-POLÍTICO DOS PRINCÍPIOS DA LAVOURA DO MARANHÃO. Rio de Janeiro: Livros do Mundo Inteiro, 1970.
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Sobre a igreja existente em Vinhais, MORAES (1989)65 lembra que a capela de São João dos Vinhais, construída no século XIX (sic), substituiu templo muito anterior, que ruíra, e que fora matriz da freguesia, criada pela Resolução Régia de 18 de junho de 1757. A reconstrução da igrejinha do Vinhais foi feita pelo 15o. Bispo do Maranhão, D. Marcos Antonio de Souza. Em carta a seus auxiliares, datada de 30 de dezembro de 1838, “julgando aproximado o tempo de descer aos silêncios da sepultura”, pede para ser enterrado na Matriz de São João Batista do Vinhais, que mandara reedificar: “Se não fôr possível ter o último jazigo nesta Cathedral de Nsa. Sra, da Vitória, junto às cinzas dos meus Predecessores, como sesejava um santo Bispo de Milão, se não me fôr permitido descançar junto al Altar, em que poe muitas vêzes tenho celebrado os augustos mysterios da Religião Santa, que professo, hé de minha última vontade, que o meu enterramento, se fallecer nesta Cidade, ou suas vizinhanças seja na Matriz de S. João Baptista de Vinhaes, reedificada com algum trabalho 66 meo”. (CONDURÚ PACHECO, 1968, p. 164) .
No ALMANAK DO MARANHÃO67 para o ano de 1849, consta da relação dos párocos do Bispado do Maranhão o nome de Manoel Bernardo Vaz, como vigário colado da Igreja de São João Batista do Vinhais. D. Manoel Joaquim da Silveira, 17o. Bispo do Maranhão, inicia, a 27 de dezembro de 1854, uma visitação às paróquias. Sobe o “São Francisco” “braço de mar em que deságua o rio Anil”, em dois escaleres do brigue “Andorinha: “... Pitoresco o promontório dos remédios, com a alvura deslumbrante e devota da Ermida de Nsa. Senhora. Com pouco mais de 3 quartos de hora de viagem, estão no pôrto de “Vinhaes, outrora Villa, e muito mais povoada que actualmente’. Foguêtes, recepção, bençãos. ‘Hospedagem ecellente em casa de propriedade do Vigário Geral. Visita dos ingênuos habitadores dêste pacífico lugar’. “Na manhã seguinte começam os trabalhos. Pouca frequência. Não há confissões: 75 crismas. ‘Pequena a Matriz de pedra e cal; airosa, porém e mui bem ornada’. Construída por D. Marcos, já está arruinada. Ajudado com 4:000$000 da Província e com o produto de loteria, D. Manoel fez os reparos desta... 65
MORAES, José de. HISTÓRIA DA COMPANHIA DE JESUS NA EXTINTA PROVÍNCIA DO MARANHÃO E GRÃO-PARÁ. Rio de Janeiro: Alhambra, 1987. 66 PACHECO, D. Felipe Condurú. HISTÓRIA ECLESIÁSTICA DO MARANHÃO. São Luís: Departamento de Cultura do Estado do Maranhão, 1968 67 REGO, A. ALMANAK DO MARANHÃO COM FOLHINHA PARA O ANNO DE 1849 (2o. anno). São Luís: Typografia Maranhense, 1848. (Edição fac-similar da AML, 1990).
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a 3 de janeiro, por Vinhais, retorna S. Excia. à Capital”.
(CONDURÚ PACHECO, 1968, p. 234-235)68.
À época da nomação do 19o. Bispo do Maranhão,
D. Antonio de
Alvarenga - 1876 -, era pároco da igreja de São João Batista de Vinhais o Pe. Custodio José da Silva Santos. Catarina Mina – Catharina Rosa Ferreira de Jesus – uma escrava que amealhou grande fortuna com o comércio de seu corpo, e comprou sua alforria – no dizer de Graça Guerreiro, tornara-se uma Xica da Silva do Maranhão – achando-se adoentada – em 19 de fevereiro de 1886 - e sendo solteira e sem herdeiros, abriu mão de seus bens em testamento, deixando-os para seus escravos –sim, os possuía, e muitos ! – além da alforria dos mesmos. Entre as exigências que fez, pediu aos herdeiros que “enquanto lhes permitissem os seus recursos, não deixassem de fazer a festa de São Pedro em Vinhaes, como de costume”. (BARBOSA, 2002; 2002b)69. (Grifos nossos). Em 1985, os moradores da Vila (Velha) de Vinhais pedem ajuda aos moradores do Conjunto Recanto dos Vinhais para a reconstrução da Igrejinha ... o telhado estava no chão, mais uma vez ... A primeira pessoa que, nessa época estendeu a mão, foi uma médica, que mandou reconstruir o telhado. Depois, alguns moradores reuniram-se e resolveram ajudar, criando uma comissão – informal – pró-reconstrução da Igreja... Muito embora conste do “Inventário Nacional de Bens Móveis e Integrados”, do Ministério da Cultura, que em 1995 tenha sido restaurada pela Secretaria de Cultura do Estado, através do Departamento de Patrimônio Histório e Paisagístico (MinC, 1997) – recurso de R$ 8.000,00 (oito mil reais) – isso nunca se deu; alguém pode explicar? desde 1985, todas as intervenções físicas se deram com recursos arrecadados junto à comunidade, sem qualquer interferência de qualquer poder público – seja nacional, estadual, ou municipal.
68 PACHECO, D. Felipe Condurú. HISTÓRIA ECLESIÁSTICA DO MARANHÃO. São Luís: Departamento de Cultura do Estado do Maranhão, 1968 69
BARBOSA, Helena. História Do Maranhão No Arquivo Do Judiciário. In REVISTA TJ MARANHÃO, São Luís, setembro/outubro 2002.
BARBOSA, Helena. História Do Maranhão No Arquivo Do Judiciário. In LIMA, Félix Alberto (org.). MARANHÃO REPORTAGEM. São Luís : Clara, 2002, p. 173-181
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CONCLUSÃO: A Vila do Vinhais recebeu seus primeiros habitantes brancos em 1612, quando o sr. de Pizieux e alguns franceses que aqui chegaram com Daniel de La Touche alí fixam residência e edificam uma capela - a segunda da ilha, batizada por D'Abbeville a 20 de outubro do mesmo ano. Em 1615, de acordo com MORAES (1987) ou 1622, no entender de CAVALCANTI FILHO (1990) os jesuitas alí estabelecem sua primeira residência, ou missão, em terras maranhenses. A Eussauap de D' Abbeville (1612) é chamada de
Uçagoaba pelos
padres Manoel Gomes e Diogo Nunes (1615) e, a partir de 1622, recebe o nome de Aldeia da Doutrina dos padres Luis Figueira e Benedito Amodei. Em 1º de agosto de 1757 recebe a atual denominação - Vila do Vinhais. Extinta em 1835... Hoje, a Igrejinha do Vinhais completa 398 anos. Desde o ano de 1985, os moradores do "Vinhais Velho" - hoje compreendendo os bairros da Vila (Velha) de Vinhais, Recanto dos Vinhais, Portal do Vinhais, Alameda dos Sonhos,
Conjunto dos Ipês (Vale), Residencial Vinhais III, Conjunto dos
Colibris - a estão reconstruíndo - pela quinta vez, nesses quase 400 anos. Por muitos anos abandonada, tendo deixado de cumprir sua função de unir pela fé católica seus moradores, estava novamente em ruínas. Desde que o conjunto Recanto dos Vinhais foi construído – início do anos 1980 -, seus moradores tentam, junto com os residentes da Vila (Velha) de Vinhais, ter um Padre rezando missa. Estamos em campanha permanente para a recuperar físicamente ... A histórica igrejinha precisa de sua ajuda. A missa é rezada aos sábados, às 6:00 horas da tarde - certamente Arsene de Paris e Claude D’Abbeville (que rezaram a primeira missa em 1612); Manoel Gomes e Diogo Nunes (1615 a 1618 ou 19); Luis Figueira e Benedito Amodei (que chegaram em 1622); Gabriel Malagrida (visitador da Inquisição, o desgraçado apóstolo do Maranhão); o Padre Frei Bento de Santa Rosa (que entregou as terras à administração quando da transformação da Aldeia em vila, em 1757); Antônio Felipe Ribeiro (primeiro pároco da
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frequesia, nomeado em 1757); Maurício José Berredo de Lacerda (vigário em 1805); D. Marcos Antonio de Souza (15o. Bispo do Maranhão, que pede para ser enterrado, em 1838,
na igreja que mandara reconstruir); Manoel
Bernardo Vaz (vigário colado da Igreja de São João Batista do Vinhais em 1849); D. Manoel Joaquim da Silveira (17o. Bispo do Maranhão, que a visita e reza missa em 1854, e mandando reconstruí-la); padre João Felipe de Azevedo (professor de primeiras letras); Custodio José da Silva Santos (pároco em
1876) - a estarão acompanhando e rezando, junto com os
moradores, para terem sua “pequena Matriz de pedra e cal; airosa, porém e mui bem ornada”.
Obrigado.
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RELATO DE UMA SAGA META LINGUÍSTICA DE UMA RELAÇÃO COMPLICADA COM UM PAI NAS TERRAS DE IGARAPÉ GRANDE – MARANHÃO CLAUBER PEREIRA LIMA Meu pai foi meu herói de infância, se bem que suas estórias se referiam às vezes a um bandido que eu deveria matar, adentrando em seu esconderijo desarmado e tendo que tirar sua arma e usá-la contra ele. Seria ele meu herói ou meu bandido? Quem seria este bandido? Meu pai ou eu mesmo? A Sociedade ou o indivíduo? Como policial bem treinado na Academia Militar e na vida cotidiana de todos os seus contemporâneos anônimos, Teve uma infância pobre e infeliz, mas não lhe faltaram disciplina e integridade. Nunca talvez tivesse o amor e a benção de uma mãe rancorosa e de um pai calado porque muito ocupado com suas coisas, com seus negócios, com suas terras. Com o passar dos anos meu pai foi perdendo esta figura de herói e passou a ser visto como um bandido, um homem sem escrúpulos que bate na mulher e nos filhos. Bater pode ser apenas um olhar indiferente ou morno! Escrevi-lhe uma carta anos depois de ter apanhado dele com um pedaço de pau que veio a ferir minha cabeça. Nela dizia-lhe: - Pai, se o filho come amoras e fica com a boca suja a culpa é dele e não do pai, mas se é o pai quem as saboreia, então ele é que é culpado e mais ninguém.
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Tendo ficado furioso ao receber esta carta, mostrou-a para minha avó, sua mãe América e isto se tornou uma grande confusão numa família que já era bastante confusa e complexada. Meu pai, meu herói, porque tiveste que partir tão cedo? Hoje não estás mais neste mundo: Onde despejarei o ódio que lhe senti um dia? No psicanalista? Cuidado dele. E a amargura de não ter sido amado como devia, querido como merecia, esquecido como se esquece os criminosos nas cadeias? Muitas perguntas e poucas respostas como Sócrates e sua maiêutica enfadonha. Como sentir este ódio profundamente arraigado na alma Como o ódio politicamente incorreto que sentiam os mouros dos cristãos no tempo das Cruzadas e vice-versa? Como superar este ódio, como Dante subindo a montanha da Sabedoria e da iluminação poética ao encontro de Beatriz? Toda mulher deveria ser uma Beatriz e assim haveria mais harmonia nos lares e famílias. Nunca deixe de endeusar sua esposa, você que a tem porque sem ela a vida é mais pesada. Todo homem deveria ser bobo e inocente como Dante e não um viciado como Sartre. Que análise humana poderia libertar uma criança que deseja ser homem, Sem ódio nem rancor, soberba ou inveja do soldado que não conseguiu ser, do querido marido que não chegou a ser? Quem me libertará das algemas de uma linguagem que nem se quer existe, porque é meta linguagem? Meu pai morreu nas mãos de um bandido que ao invés de pagar-lhe 20 dólares por sua arma, tirou-lhe a própria vida, porque assim saia mais barato para ele. Morreu cercado por uma mulher e filhos, mulheres e filhos nunca lhe faltaram,
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Não teve matemática, cálculo e deixar que os 20 dólares ficassem com ele e sua vida perdurasse por mais tempo. No Brasil não sabemos calcular, apenas construir sem propósito ou estéticaç Nossos
Engenheiros
e Arquitetos
aprendem uma
Engenheira
e
Arquitetura para um povo que não é o nosso, para um sonho que é dos Malteses ou Açorianos menos dos maranhenses e brasileiros marcados pelo sol dos trópicos. Como um bom brasileiro faltou-lhe meta, propósito e linguagem. A morte deu-lhe estética e destaque nos jornais da cidade na poça de sangue que o redimiu e salvou. Seus 5 filhos nunca cresceram: eternamente adolescentes seguem seus caminhos, Como ele, continuam culpando aos outros pelos seus erros de cálculo e falta de metafísica. Perdoado estás do meu ódio pai, Só me resta agora ser amado como o pão francês de cada dia. Agora posso respeitar e amar o meu querido professor Estevão que me puniu um dia, fazendo-me escrever 100 vezes: devo ser responsável na presença e ausência do meu querido professor ao quebrar a lâmpada da sala do curso de Mecânica do SENAI. Quem me fará justiça na família? Na sociedade? Quando serei ouvido? Deserdado fui por alguém, por todos os omissos e omissas que guardam meu sangue ou que o renegam. Não tenho direito de julgar meu pai, que morto está. Ehren, como diz Bert Hellinger: honrar pai e mãe é a única de sair de uma infância tardia. Honrado estás pai porque de ti recebi a vida.
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De imaturo afetivo e dominado pela violência, Vou ser mais calmo e controlado, Mais amável e cordial comigo, com os outros e com Deus que tem o controle da natureza e que criou com amor e primor estas serras do Baixo Mearim, onde cresci e sorri para a vida, apesar de tudo. Vou seguir amando aquele verde de Igarapé Grande, aquelas capoeiras e aquela chuva, que tem gosto de família, Reunida na tarde de um por de sol eterno na praça da Matriz ou no Mercado Central. Pai, descansa em paz e harmonia naquele cemitério em que estão enterrados os Matias e todos os cidadãos anônimos da tua juventude, como a Dona Nenê Soares e o tio Jurandir, que não se decompôs. O narrador deste poema é você leitor, principalmente, se sua família é perfeita e equilibrada, porque somos todos meio que infantis em nossas buscas diárias.
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NA Mテ好IA
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49º ENCUENTRO INTERNACIONAL DE POETAS “OSCAR GUIÑAZÚ ÁLVAREZ”
Participação de DILERCY ARAGÃO ADLER em encontro internacional de poetas. Destaque na programação em vermelho. Terá outras participações na atividade denominada: Lectura de Poemas. É uma atividade interessante, própria dos eventos de poesia na América Central e do Sul. Os poetas vão para diversos lugares (escolas, teatros e ruas) para lerem as suas poesias. 49º ENCUENTRO INTERNACIONAL DE POETAS “OSCAR GUIÑAZÚ ÁLVAREZ” 8, 9 y 10 de octubre de 2010 Villa Dolores – Capital de la poesía GRUPO LITERARIO TARDES DE LA BIBLIOTECA SARMIENTO 1958 – 52 AÑOS – 2010 http://grupotardesdelabibliotecasarmiento.blogspot.com/
DIA VIERNES 8 DE OCTUBRE Acreditaciones en hall Teatro Municipal Festival de música y poesía infantil – Teatro Municipal (Felipe Erdman 30) Visita de Poetas a Escuelas Secundarias Tradicional Fotografía en Diario Democracia y partida hacia Las Tapias. Lectura en Comuna de Las Tapias Conferencia del poeta Guillermo Mariani - Teatro Municipal Conferencia: “Polo Godoy Rojo, un paisaje de su alma”, a cargo de Osvaldo Godoy Los poetas caminan las calles de la ciudad. (Desde Teatro Municipal, Felipe Erdman 30) 20,30 HS Acto Apertura en Teatro Municipal * Recepción Oficial * Apertura del Encuentro * Bienvenida a escritores nacionales y extranjeros * Presentación de banderas e himnos * Lectura de Poemas 8 hs * 9 hs * 9 hs * 10:45 * 11,30 * 18,00 * 19:30 * 20:00 *
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DIA SABADO 9 DE OCTUBRE 9 hs * Plaza de los poetas: Homenaje a Oscar Guiñazú Álvarez. Palabras del Poeta Uruguayo Gerardo Molina. Homenaje a la poeta Ely Bonel. Descubrimiento de placa recordatoria. Lectura de Poemas 10,30 * Recepción de la Biblioteca Pedagógica de Villa Dolores y Escuela Dolores Aguirre de Funes 10,45 * Acto Cultural y Lectura de poemas en Escuela Dolores Aguirre de Funes. Conferencia de Dilercy Adler. Poeta, psicóloga y socióloga brasilera. 17 hs * Partida hacia Mina Clavero desde Teatro Municipal Felipe Erdman 30 18,00 * Plaza San Martín de Mina Clavero. Acto Cultural. Lectura de Poemas. 20,45 * Anfiteatro de Mina Clavero, participación en la fiesta de apertura de la temporada Turística 2010. DIA DOMINGO 10 DE OCTUBRE 10 hs *
Teatro Griego de Villa Dolores Acto Cultural. Lectura de Poemas. 11 hs * Conferencia. Hernando Ardila González Poeta Colombiano: "El papel del trabajador del arte en la construcción del nuevo pensamiento" Lectura de poemas. 19,00 * Teatro Municipal de Villa Dolores: Conferencia de Aldo Luis Novelli: "La palabra: un viaje de ida y vuelta" 20,00 * Acto de Cierre del 49º Encuentro Internacional de Poetas “Oscar Guiñazú Álvarez”. Lectura de Poemas. 22,00
* Partida hacia Multiespacio Cultural Nabuco en Las Tapias. Lectura de poemas Espectáculo de Danzas Hindúes
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A cidade de Atibaia realizará o 22º ENAREL, o tema é “LAZER E HOSPITALIDADE” O evento propõe discutir e vivenciar experiências teórico-práticas que valorizem a dimensão sociocultural e política educativa do Lazer e do Turismo, buscando contribuir com a formação e uma atuação profissional multifacetada e inter-setorial desses campos, com a promoção de solidariedades concretas, novos valores relacionais, convivência com alteridade e a implementação de ações democráticas que possam estender á toda comunidade local os resultados alcançados neste Encontro Nacional de Recreação e Lazer. informações do site http://www.enarel2010.com.br/
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SAGRAÇÃO DO TEMPLO DA LOJA OSMAN AGUIAR BACELLAR OSVALDO PEREIRA ROCHA70 Aconteceu na noite de 04/09/2010-EV, no Oriente de Brejo – MA, a sagração do Templo da histórica Loja Maçônica “Osman Aguiar Bacellar”, recentemente reconstruído, inclusive com a inversão do oriente e do ocidente, em face da incorreção havida quando da sua construção, que ameaçava desabar. A referida sagração foi feita por este Grão-Mestre do Grande Oriente Autônomo do Maranhão – GOAM, que para aquela cidade se deslocou de São Luís com o Grão Mestre Adjunto, Carlos Craveiro Pessoa, acompanhado de sua filha Karol; com o Venerável Mestre da ARLS Guardiã da Independência, Dilson Gouveia Silva; o Irmão Ivan Silva dos Santos; o Irmão João Pinto e o Irmão Emanoel da Luz, todos com suas mulheres; o Irmão Jonilson Bogéa e sua filha Maria Luiza; o Irmão Francisco Domingos da Cunha Martins; o Irmão Cristiano Bogéa e o Irmão Manoel Elias e seu filho Elias. Em Entroncamento, se engajou na Comitiva do Grão-Mestre o Irmão Arlindo Ferreira Menezes, Venerável - Orador do Triângulo Maçônico “Augusto Monteiro da Rocha” e sua mulher, Valdinea; e do Oriente de Chapadinha também seguiu para o Oriente de Brejo, o Eminente Grão-Mestre “Ad Vitam” do GOAM e Presidente de Honra da COMAB, Raimundo Ferreira Marques. A Sessão Especial de Sagração supracitada contou com as presenças de Veneráveis Mestres do Grande Oriente do Brasil no Maranhão – GOB-MA e da Muito Respeitada Grande Loja Maçônica do Estado do Maranhão – GLEMA; de Mestres Instalados, Mestres, Companheiros e Aprendizes-Maçom das referidas Potências Maçônicas coirmãs e, obviamente, com as dos Irmãos do Augusto Quadro, todos demonstrando muita alegria pelo grande evento. Os discursos dos Irmãos da Loja Osman Aguiar Bacellar, Antonio João Bacellar, Osman Bacellar Neto e outros, inclusive do seu Venerável Mestre, Marcelo José Porto Costa, foram no sentido de agradecer a presença do Grão-Mestre e sua comitiva; e a todos os que contribuíram para o êxito da reconstrução; os de outras Oficinas da Arte Real enalteceram o trabalho valioso do Irmão Marcelo Porto e sua valorosa equipe, pelo êxito alcançado; o Eminente Irmão Raimundo Marques, com o dom da oratória que possui, fez um retrospecto da vida do Homem Maçom e da História de Osman Aguiar Bacellar, Obreiro que deu à Loja o seu nome atual, sendo vivamente aplaudido. O Grão-Mestre do GOAM, na oportunidade, agradeceu ao Grande Arquiteto do Universo pela oportunidade a si proporcionada de sagrar o belo Templo reconstruído, e fez uma síntese dos pronunciamentos anteriores, dizendo-se muito feliz pelo grande evento maçônico; e o Irmão Orador, em suas conclusões, fez um bonito e completo relato da História da Loja, sem deixar de mencionar as contribuições mais importantes
70 Grão-Mestre do GOAM; Assessor Especial da COMAB para Assuntos da Região Norte; Sócio fundador da Academia Maçônica Maranhense de Letras e do Instituto Histórico da Maçonaria Maranhense e efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (rocha.osvaldo@uol.com.br)
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para que se chegasse ao momento então vivido e enfatizou que tudo estava justo e perfeito. Após a bela sessão foi servido na AABB um ótimo jantar para os Maçons, Cunhadas, sobrinhas e sobrinhos, e convidados especiais, dentre estes o Prefeito da cidade, que se mostraram contentes e satisfeitos. Parabéns, para a Loja Osman Aguiar Bacellar, seu Venerável Mestre e demais Obreiros; parabéns para o GOAM e para a Maçonaria Unida do Maranhão; e parabéns para a Maçonaria brasileira e universal, por tão feliz e importante acontecimento!
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REPÚBLICA, BANDEIRA, MAÇONARIA E IHGM OSVALDO PEREIRA ROCHA71 Registra a História do Brasil que a Proclamação da República ocorreu no dia 15 de novembro de 1889, feita pelo Marechal Deodoro da Fonseca, na cidade do Rio de Janeiro – RJ; que essa proclamação foi o resultado de um movimento político-militar e que acabou com o Brasil Imperial, instaurando no País uma República Federativa. O dia 15 de novembro é Feriado Nacional. Este novo sistema de governo foi inaugurado depois de uma campanha de quase 20 anos. Mesmo sendo antigos os ideais republicanos brasileiros, somente a partir de 1870 a opinião pública se mobilizou em torno deles. O esforço nacional em torno da Guerra do Paraguai (1865- 1870) colocou em questão o regime federativo e a escravidão em nossa Pátria. Em dezembro de 1870, políticos, intelectuais e profissionais liberais lançaram no Rio de Janeiro o Manifesto Republicano, defendendo um regime presidencialista, representativo e descentralizado. No ano seguinte, o governo sancionou a primeira lei contra a escravatura. Daí por diante, as campanhas republicana e abolicionista caminharam paralelas, ambas sob a liderança de Maçons e da Maçonaria. È verdade que a República foi proclamada por um Militar da mais alta patente, todavia também é verdade que ela o foi por um Maçom que, antes de fazê-lo empunhou, durante dois anos, o supremo malhete do Grande Oriente do Brasil. Deodoro da Fonseca, Grau 33, Soberano Grão-Mestre do GOB, cujo ideal despontou menos nos Quartéis que nos Templos Maçônicos... Despontou no calor das idéias e na chama acessa de nossos ideais... Sob a égide da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade, guiado pela Maçonaria. O povo então escolheu seu caminho e ganhou o direito de escolher seus representantes; o sagrado direito de escolha pelas urnas, a única arma eficaz no combate à tirania! No dia 15 de novembro de 2010, como nos anos anteriores, estaremos comemorando a Proclamação da nossa República. E o GOB é a mais antiga Potência Maçônica brasileira (integrado por Grandes Orientes Estaduais e Lojas Maçônicas), também chamada de Obediência Maçônica. Foi fundado em 17/06/1822, por três Lojas Maçônicas, ou seja: Comércio e Artes; União e Tranqüilidade e Esperança de Nictheroy. E possui mais de 2.000 Lojas e cerca de 65.000 Filiados ou Obreiros da Arte Real. Seu primeiro Grão-Mestre foi José Bonifácio de Andrada e Silva. E o segundo foi D. Pedro I. As outras Potências Maçônicas Simbólicas nacionais são a Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil (CMSB) e a Confederação Maçônica do Brasil (COMAB) que, graças ao Grande Arquiteto do Universo, convivem em harmonia e concórdia. No Estado do Maranhão, as três Potências estaduais são as seguintes: Grande Oriente do Brasil no Maranhão – GOB/MA, que tem como Grão-Mestre o Eminente Irmão José de Jesus Billio Mendes; Grande Loja Maçônica do Estado do Maranhão – GLEMA, sendo Grão-Mestre o Sereníssimo Irmão Raimundo Nonato Santos Pereira e Grande Oriente Autônomo do Maranhão – GOAM, tendo como Grão-Mestre este Soberano Irmão, Osvaldo Pereira Rocha. No dia 19 de novembro comemoraremos o Dia da Bandeira do Brasil, Pavilhão Nacional e Sagrado Símbolo da Pátria. 71
Grão-Mestre do GOAM; Assessor Especial da COMAB para assuntos da Região Norte e Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM (rocha.osvaldo@uol.com.br
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E no dia seguinte, 20 de novembro, é a data da fundação do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM, no ano de 1925, que, portanto, completará 85 anos de trabalhos científicos, culturais, históricos e geográficos prestados ao Maranhão. Também haveremos de comemorá-la. A ti Bandeira Nacional, a nossa saudação. Nós te amamos como te amou o poeta que declamou: “Auriverde pendão da minha terra. Que a brisa do Brasil beija e balança... Estandarte que a luz do sol encerra. As promessas divinas da esperança” “Recebe, Pavilhão Nacional, o nosso juramento: se não pudermos ter-te por manto, desejamos-te por sudário” (Livro do Orador, de Carlos Basílio Conte, pág. 85). Vivam a República, a Bandeira do Brasil a Maçonaria e o IHGM!
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EXCELSA CONGREGAÇÃO DOS SUPREMOS CONSELHOS OSVALDO PEREIRA ROCHA72 A XXXII Sessão Ordinária da Excelsa Congregação dos Supremos Conselhos do Rito Escocês Antigo e Aceito dos Graus 4º ao 33º do Brasil foi um grande e histórico acontecimento, e teve lugar em Cuiabá – MT, de 23 a 25 de setembro de 2010, no Hotel Deville. Estiveram presentes os Soberanos Grandes Comendadores dos Supremos Conselhos do Brasil, da França, do México e do Paraguai, além de membros efetivos de todos eles, muitos com suas respectivas esposas. A programação foi inteiramente cumprida, com destaque para as posses do Presidente, Soberano Grande Comendador, Irmão Anselmo Falcão de Arruda e do VicePresidente, Irmão Soberano Grande Comendador Levy Freire Ribeiro, do Mato Grosso e da Paraíba, respectivamente. Também foi destaque a criação da Confederação Pan-Americana dos Supremos Conselhos do REAA, eleição e posse de sua primeira diretoria, sendo que a sua presidência ficou com o Brasil, na pessoa do Irmão Rossi (São Paulo) e a vicepresidência coube ao México, através do Irmão Munhoz. O Brasil ganhou ainda a secretaria e a tesouraria da nova entidade maçônica superior, a cargo dos Irmãos Sidney Pacheco (Santa Catarina) e José Manoel de Barros Costa (Paraná), respectivamente. Na oportunidade, foi inaugurada no Palácio da Paz, sede do Grande Oriente de Mato Grosso, a Galeria dos ex – Soberanos Grandes Comendadores do Supremo Conselho do Mato Grosso, seguido de excelente coquetel. Foram momentos de troca de experiências, em ambientes de amizade e sadia confraternização, quando o Irmão Anselmo de Arruda e seus eficientes auxiliares e colaboradores demonstraram cabalmente a boa forma de receber seus Irmãos e Amigos, e as Cunhadas. Do Maranhão participaram os Maçons José Raimundo Nogueira dos Anjos, soberano Grande Comendador do Supremo Conselho do Maranhão; Osvaldo Pereira Rocha, soberano Grão-Mestre do Grande Oriente Autônomo do Maranhão – GOAM e José Batista da Luz, 1º Grande Vigilante da Poderosa Assembléia Legislativa Maçônica do GOAM.
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Grão-Mestre do Grande Oriente Autônomo do Maranhão – GOAM; Assessor Especial da COMAB para assuntos da Região Norte; Membro Efetivo do Supremo Conselho do Maranhão dos Graus 4º ao 33º do Rito Escocês Antigo e Aceito, e do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão - IHGM (rocha.osvaldo@uol.com.br)
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PALAVRAS DO GRÃO-MESTRE E ACADÊMICO OSVALDO PEREIRA ROCHA QUANDO DO RECEBIMENTO DO TÍTULO DE MEMBRO CORRESPONDENTE DA ACADEMIA PARAIBANA DE LETRAS MAÇÔNICAS, NA NOITE DE 20/10/2010.
Venerável Mestre Nilton Lima de Ornelas; Sereníssimo Grão-Mestre Adjunto Carlos Craveiro Pessoa; Eminente Grão-Mestre AD VITAM Raimundo Benedito Aires; Ilustre Presidente da Academia Maçônica Maranhense de Letras, confrade e amigo HENRIQUE DE ARAUJO PEREIRA; Meus Irmãos e Confrades, desta e de outras Lojas; Meu Irmão Acadêmico AFRÂNIO DE ARAGÃO, Boa noite! Preliminarmente, agradeço ao Grande Arquiteto do Universo por nos permitir participar desta bela Sessão, desta ARLS Guardiã da Fraternidade, neste Templo do querido GRANDE ORIENTE AUTÔNOMO DO MARANHÃO, Oriente de São Luis – MA, quando sou distinguido pela ACADEMIA PARAIBANA DE LETRAS MAÇÔNICAS como seu MEMBRO CORRESPONDENTE. Muito me honra o recebimento do supracitado Título. Meus primeiros contatos com esse sodalício maçônico foi através do Irmão e Amigo Acadêmico CÍCERO CALDAS NETO, com quem estive em dois momentos, em encontros Nacionais da Cultura Maçônica, e de quem tive as melhores impressões. No mérito, um pouco da história dessa Academia e outras palavras.
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A Academia Paraibana de Letras Maçônicas foi fundada maçonicamente em 18 de dezembro de 2003, da Era Vulgar, quando foi comemorado o Jubileu de Pérola do Grande Oriente Estadual da Paraíba, com sede em João Pessoa – PB. E “tem por objeto e finalidade ser uma instituição de perpetuação das tradições maçônicas, estimulando sua cultura pelo estudo e projeção dos trabalhos literários, científicos e artísticos de seus membros, visando o desenvolvimento e a defesa desses valores culturais em sua conservação e memória, além de incentivo à instrução e à cultura em todos os seus níveis. Dispõe, para os seus membros efetivos de 33 cadeiras, numeradas e patroneadas por Maçons famosos. Seu quadro social é constituído, exclusivamente, por Maçons. Dentre os seus fundadores, destaco o Irmão e Amigo Acadêmico CÍCERO CALDAS NETO (seu primeiro Presidente) e secretário nas gestões seguintes, e o atual Presidente, Irmão Acadêmico LÚCIO MÁRCIO ARAÚJO TELES. No quadro de efetivos, o nome do Irmão e Amigo Acadêmico AFRANIO DE ARAGÃO, Iniciado na Loja Regeneração Campinense nº 02, em 19 de agosto de 1953, Mestre Maçom em 27 de outubro de 1953 e na mesma Oficina foi Venerável no período de 1962/1963. Grau 33 em 27 de agosto de 1966, que me honra com sua presença nesta Sessão e que tem por patrono de sua cadeira o seu pai, valoroso Irmão Pedro de Aragão. O Irmão e Confrade Aragão tem excelentes currículos maçônico e profano tendo neste, inclusive, a informação de haver exercido os cargos de Promotor de Justiça, Procurador do Estado da Paraíba e Professor Catedrático das Faculdades de Economia e Administração de Campina Grande e da Universidade Federal da Paraíba. Hoje leciona no Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Estadual da Paraíba. Possui Certificado “HONRA A QUEM HONRA”, concedido pela ABRLS BRANCA DIAS Nº 11, quando dos seus 90 anos de fundação. O quadro de membros correspondentes da APLM é composto por Maçons escritores do quilate de Antônio do Carmo Ferreira, Aristóteles de Lacerda Júnior e Licínio Leal Barbosa, além de outros, pelo que estou lisonjeado pelo fato de passar a fazer parte dele. Digo-lhes mais que Academia de Letras é sociedade de literatos; que Academiar é falar ou proceder academicamente; que Acadêmico é tema relativo a academia ou é um membro de uma academia. Academia de Letras, em outras palavras, é a pessoa jurídica de direito privado, de natureza cultural, que tem por fins os seguintes: 1 - cultivar e promover o desenvolvimento da literatura, das ciências, da cultura e das artes, inclusive da cultura maçônica; 2 - promover estudos, pesquisas, a produção e a divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos relacionados com o meio econômico, político, social e cultural da realidade de um País ou de um Estado membro; 3 - promover a expansão da consciência ecológica e do respeito aos direitos humanos; 4 - contribuir para a consolidação do Estado Democrático de Direito, sob a tríplice ideológica Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
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Agradeço a todos pelas honrosas presenças, especialmente ao Irmão, Amigo e Confrade da Academia Paraibana de Letras Maçônicas AFRÂNIO DE ARAGÃO que, nesta Cidade Cultural, Patrimônio da Humanidade e neste Templo Maçônico, representa o supracitado sodalício maçônico paraibano e a Cunhada Socorro Aragão, que se encontra em São Luís, todavia recebendo, neste momento, homenagem na Universidade Federal do Maranhão. Peço-lhe, irmão e dileto amigo Acadêmico Afrânio, que seja portador dos meus agradecimentos ao nosso Irmão e Amigo Acadêmico CÍCERO CALDAS NETO, ao Ilustre Presidente da ACADEMIA PARAIBANA DE LETRAS MAÇÔNICAS, Irmão LÚCIO MÁRCIO ARAÚJO TELES, e a todos os seus pares, pela confiança em mim depositada. Peço-lhe, ainda, que seja portador do meu tríplice e fraterno abraço ao Soberano Grão-Mestre CARLOS AUGUSTO BRAZ CAVALCANTE, Vice-Presidente da COMAB e ao Vice-Presidente da EXCELSA CONGREGAÇÃO DOS GRAUS 4º AO 33º DO RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO, Levy Freire Ribeiro, ambos do grande Estado da Paraíba. Para a Academia de que passo a ser membro correspondente a partir deste momento, prometo envidar esforços para não decepcioná-la. Convido-os para um coquetel no Salão de Banquetes desta Potência Maçônica, em seguida, e obrigado pela paciência de me ouvirem.
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MENSAGEM DE NATAL E ANO NOVO DO SOBERANO GRÃO-MESTRE Osvaldo Pereira Rocha GRÃO-MESTRE DO GOAM. Meus Irmãos, Minhas Cunhadas, sobrinhas, sobrinhos, ou seja, Família Maçônica Maranhense, especialmente a deste querido Grande Oriente Autônomo do Maranhão – GOAM, e convidados e convidadas especiais, boa noite. Preparemos o Caminho do Senhor Jesus! Neste ano de 2010 celebramos mais uma vez, antecipadamente o Natal, nesta noite de 11 de dezembro, graças ao Grande Arquiteto do Universo. É NATAL, um momento doce e cheio de significado para nossas vidas... É tempo de repensar valores, de ponderar sobre a vida e tudo que a cerca. É momento de deixar nascer essa Criança pura, inocente e cheia de esperança que mora dentro dos nossos corações. É sempre tempo de contemplar aquele MENINO pobre que nasceu em uma manjedoura, para nos fazer entender que o ser humano vale por aquilo que é e faz e, não, pelo que tem... É noite cristã, onde a alegria invade nossos corações trazendo a paz e a harmonia. É dia de festa! De comemorarmos o aniversário de nascimento do MENINO JESUS, que veio a este mundo para nos perdoar os pecados e nos salvar! Espero que o olhar de todos e de todas esteja voltado para a grande festa, a festa maior, a festa do nascimento de Cristo dentro do coração de cada um de nós. É tempo de a família sentir mais forte ainda o significado da palavra Amor; que traga raios de luz, que iluminem o seu caminho e a transformem, fazendo-a viver sempre com muita felicidade. FELIZ ANIVERSÁRIO JESUS CRISTO! E FELIZ NATAL PARA TODOS NÓS! É também tempo de refazermos planos, reconsiderarmos equívocos e de retomarmos o caminho para uma vida cada vez mais feliz. Em todo Ano Novo é época de renascer, de florescer, de viver de novo! Que nossos projetos para o ano vindouro sejam JUSTOS E PERFEITOS aos olhos do CRIADOR! Aproveitemos o ano que está chegando para realizarmos todos os nossos sonhos, se esta for a vontade do Grande Arquiteto do Universo... PRÓSPERO ANO NOVO FAMÍLIA MAÇÔNICA!
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A INOVAÇÃO TECNOLOGICA: NOVO CENARIO NA ESCOLA DO FUTURO73 TELMA BONIFACIO DOS SANTOS REINALDO
Esta reflexão surge no contexto das mudanças que se operam no mundo pósmoderno e principalmente no comportamento de pessoas que como eu não tinha a percepção de que o tempo não para, como nos cantou Cazuza. Falo de um lugar especifico: de professora que teve uma formação pautada no conteudismo dos anos oitenta e que enfrentou grandes dificuldades de ver as tecnologias da informação e da comunicação (TICs) ocuparem um espaço que de há muito tempo esteve a ela reservado. Tal lugar foi conquistado quando o homem das cavernas dominou a oralidade e nesse momento criou a primeira forma de comunicação entre os indivíduos e o mundo que o cercava; de lá até aqui temos acompanhado a evolução das tecnologias da informação e da comunicação, embora seja difícil para nós, sujeitos de uma escola verbalista onde a fala do professor tem sido o carro chefe da sala de aula, perceber que velhas ferramentas vão dando lugar a novos artefatos e novos cenários que pressupõem para nós modismo de uma época. Na verdade a “moda” veio para ficar, não dá mais para conviver com a sisudez da sala de aula, temos que abrir janelas para o mundo através da informatização de nossos saberes. É imperativo que nós profissionais da educação repensemos nossas práticas no sentido de incorporar as tecnologias como recursos pedagógicos mediatizados pelo computador. Como nos coloca Moran (2005:30), “o ensino a distancia não é algo novo, pois vem sendo realizado há muito tempo e utiliza como meios de comunicação o correio, o radio, a TV”, a revolução tecnológica iniciada com a utilização de microcomputadores e posteriormente da internet, começam a surgir algumas alternativas, tais como o Computer Basic Training (CBT), ferramenta para treinamento via computadores, destinada a distribuição de conteúdos, O Web Basic Training (WBT), os quais ofereceram vantagens com treinamento e instruções via Web. Tal postura nos permite a promoção de uma aprendizagem significativa, que leve a promoção de atividades e praticas individuais ou grupais motivadoras, um saber baseado na pesquisa e na busca exploratória usando o potencial dos suportes e ferramentas multimeio que a Educação a Distancia nos oferece. Esta interatividade envolve a possibilidade de trocas comunicacionais com pessoas em qualquer lugar do mundo, promovendo uma comunicação sincrônica e assincronica, entre alunos, professores, tutores de maneira rápida e eficaz, com independência dos espaços, tempo e recursos tecnológicos. Claro que os desafios são grandes e carecem de organização planejamento, administração acadêmica e infraestrutura, mas tudo isso está ao alcance das instituições formadoras, que empenhadas no processo ensino-aprendizagem de boa qualidade lançam mão das oportunidades 73
Publicado no Recanto das Letras - Código do texto: T2363781 http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/2363781
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advindas da legislação educacional brasileira que a partir da LDB 9394/96 que abriu brechas para a implantação de cursos a distancia bem como curso presenciais com interface com cursos a distancia, segundo Belloni (2007:107), Uma tendência significativa é evidentemente o investimento em tecnologias, não apenas em equipamentos, mas também nas pesquisas de metodologias adequadas e na formação para o seu uso como ferramenta pedagógica. A necessidade de investimentos importantes nesta área é crucial pois trata-se de investimentos iniciais elevados e benefícios de médio e longo prazo (BELLONI, 1999). Sendo a informação um subsidio para a construção do conhecimento, o uso das TICs chegou para revolucionar as formas de ensinar e de aprender, pois por meio dela é possível disponibilizar a informação necessária no momento certo, de acordo com o tempo e interesse de cada individuo, assim temos a mudança de paradigma impulsionado pelo grande poder de interação que ela propicia. O ensino a distancia (EAD) é então um processo que enfatiza a construção e a socialização do conhecimento, assim como a operacionalização dos princípios e fins da educação, visto que qualquer pessoa, independente de classe, etnia ou credo torna-se agente de sua própria aprendizagem, com o uso das ferramentas de comunicação e o trabalho colaborativo. Com o desenvolvimento desta modalidade de ensino, foi criada, em 1995, a Secretaria de Educação a Distância (SEED), no MEC, com o objetivo de “levar para a escola pública toda a contribuição que os métodos, técnicas e tecnologias de educação a distância podem prestar à construção de um novo paradigma para a educação brasileira” (Faria, 2006). Coerente com esse propósito, a SEED/MEC desenvolve ações como a TV Escola, o PROINFO (Programa Nacional de Informática nas escolas), o PAPED (Programa de Apoio à Pesquisa em EAD), o DVD Escola, a Rádio Escola, Domínio Público, a RIVED (Rede Interativa Virtual de Educação) e tantas outras iniciativas que demonstram a intenção governamental de investir, cada vez mais, em tecnologia educacional e na EAD no Brasil. A comunicação mediada por computador (CMC) deu origem as comunidades virtuais de aprendizagem (CVA), que são formadas por redes sociais que interagem por meio da internet, são na verdade redes eletrônicas de comunicação interativa autodefinida, organizadas em torno de um interesse ou finalidade compartilhadas, possibilitando alcançar diferentes interesses, valores e imaginações devido sua multimodalidade e versatilidade. Para Palloff (1999), as comunidades virtuais são formadas a partir de afinidades de interesses, de conhecimentos, de projetos e valores de troca, estabelecidos em um processo de cooperação, ou seja, um processo em ação. As instituições educativas por meio de suas comunidades virtuais de aprendizagem contribuem segundo Castells (1999), “para o desenvolvimento de uma nova economia de mercado: o conhecimento, quando utiliza a informação presente na sociedade em rede”. A educação a distância, oferecida de uma forma sistematizada como hoje a entendemos, é um fenômeno recente na história educacional brasileira. Seu reconhecimento como modalidade de ensino detentora de status legal somente ocorreu com a edição da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996 Embora ainda não tenha merecido um capítulo próprio na LDB, foi contemplada com um artigo (art. 80), inserido no penúltimo título da referida lei, destinado às “Disposições Gerais”, que trata da “Legislação Básica Referente à EAD”, somente em
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1998 surgiu uma legislação específica para a educação a distância – o Decreto nº 2.494 –, que regulamentou o mencionado art. 80 da LDB. Portanto, no final deste ano de 2010, a EAD no Brasil estará completando apenas 14 anos desde sua inserção na LDB. Não se pode deixar de reconhecer que muito antes já havia programas de ensino a distância, representados por cursos profissionalizantes por correspondência, como os do Instituto Técnico Monitor, cursos via rádio, como o do Projeto Minerva e, mais tarde, cursos por meio da TV, como os telecursos da Fundação Roberto Marinho e da TV Escola, dentre outros. Foram importantes iniciativas, pioneiras, mas não chegavam a configurar uma “modalidade de ensino” oficialmente aprovada e disponibilizada largamente à sociedade brasileira. A criação da proposta curricular de cursos na modalidade de educação a distância originou-se com base nos critérios de qualidade explicitados no site do MEC (http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/legislacao/refead1.pdf). Os indicadores apresentados visam a qualificar a EAD e orientar as instituições educacionais sobre as condições necessárias para viabilizar essa modalidade de ensino de maneira “responsável, criativa, crítica, solidária e competente; e não massificada ou manipulativa”, como indicam os referenciais. Nesse sentido, o Parecer CNE/CES n. 63/03, a Portaria MEC 4.361/04 e o Decreto Federal 5.622/05 estabelecem que a autorização e o reconhecimento pelo MEC; bem como o credenciamento da IES para atuar com a EAD são critérios essenciais para o desenvolvimento de cursos e programas nessa modalidade de ensino. Segundo o Decreto Federal n. 5.622/05, ...os cursos e programas a distância poderão aceitar transferência e aproveitar estudos realizados pelos estudantes em cursos e programas presenciais, da mesma forma que as certificações totais ou parciais obtidas em cursos e programas a distância poderão ser aceitas em outros cursos presenciais ou a distância” (§ 2º art.3º). A possibilidade de migrar de uma modalidade de ensino a outra se deve ao fato de ambas serem autorizadas e reconhecidas oficialmente, não havendo, portanto, discriminação quanto à forma. Em 2005, o Fórum das Estatais pela Educação criou a Universidade Aberta do Brasil (UAB), para a articulação e integração de um sistema nacional de educação superior a distância, em caráter experimental, visando sistematizar as ações, programas, projetos, atividades pertencentes as políticas públicas voltadas para a ampliação e interiorização da oferta do ensino superior gratuito e de qualidade no Brasil. O Sistema Universidade Aberta do Brasil é uma parceria entre consórcios públicos nos três níveis governamentais (federal, estadual e municipal), a participação das universidades públicas e demais organizações interessadas (http://www.uab.mec.gov.br). O Sistema UAB, criado em 2005, foi oficializado em 2006 pelo Decreto n. 5.800
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de 8 de junho de 2006, visando o “desenvolvimento de projetos de pesquisa e de metodologias inovadoras de ensino, preferencialmente para as áreas de formação inicial e continuada de professores da educação básica” (ABRAEAD, 2007, p. 19). Percebe-se que a EAD, com o uso da tecnologia, surgiu como uma alternativa ao ensino convencional, possibilitando a aquisição de conhecimentos a diferente e distantes segmentos da sociedade. O que antes se destinava às classes sociais médias e altas, devido aos custos e à exigência de computador e linha telefônica, tornou-se, aos poucos, mais acessível, devido à popularização dos recursos e ao incentivo governamental, expandindo-se cada vez mais, inclusive para cursos semipresenciais. REFERENCIAS FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Interdisciplinaridade: um projeto em parceria. São Paulo: Loyola, 1993. FLORES, Angelita Marçal - A Informática na Educação: Uma Perspectiva Pedagógica – monografia- Universidade do Sul de Santa Catarina 1996 http://www.hipernet.ufsc.br/foruns/aprender/docs/monogr.htm (nov/2002) FRÓES,Jorge R. M.Educação e Informática: A Relação Homem/Máquina e a Questão da Cognição - http://www.proinfo.gov.br/biblioteca/textos/txtie4doc.pdf GALLO, Sílvio (1994). Educação e Interdisciplinaridade; Impulso, vol. 7, nº 16. Piracicaba: Ed. Unimep, p. 157-163. GOUVÊA, Sylvia Figueiredo-Os caminhos do professor na Era da Tecnologia - Acesso Revista de Educação e Informática, Ano 9 - número 13 - abril 1999. HEINECK, Dulce Teresinha - A Interdisciplinaridade no processo ensino-aprendizagem - http://www.unescnet.br/pedagogia/direito9.htm ( nov/2002) JONASSEN, D. (1996), "Using Mindtools to Develop Critical Thinking and Foster Collaborationin Schools - Columbus KERCKHOVE, D.A Pele da Cultura. Lisboa: Relógio d’Água, 1997. LÉVY, Pierre - A inteligência Coletiva - por uma antropologia do ciberespaço Edições Loyola, São Paulo , 1998. LÉVY, Pierre.- As Tecnologias da Inteligência. Editora 34, Nova Fronteira, RJ, 1994. MARÇAL FLORES, Angelita -monografia: A Informática na Educação: Uma Perspectiva Pedagógica. Universidade do Sul de Santa Catarina - 1996 http://www.hipernet.ufsc.br/foruns/aprender/docs/monogr.htm PENTEADO, Miriam - BORBA, Marcelo C. - A Informática em ação - Formação de professores , pesquisa e extensão - Editora Olho d´Água, 2000 , p 29. SANTOS VIEIRA , Fábia Magali - Gerência da Informática Educativa: segundo um pensamento sistêmico - http://www.connect.com.br/~ntemg7/gerinfo.htm (nov/2002) VALENTE, José Armando. "Informática na educação: a prática e a formação do professor". In: Anais do IX ENDIPE (Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino), Águas de Lindóia,1998p. 1-1
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A EDUCAÇÃO A DISTANCIA INTERAGINDO NA SALA DE AULA PRESENCIAL NO ENSINO SUPERIOR DA UFMA TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO74
INTRODUÇÃO Constatamos, nos últimos anos deste século, a ampliação da demanda de interessados pela Educação a Distância com objetivo de iniciar uma formação online ou dar continuidade a mesma através da atualização profissional. Tal fato deve-se necessariamente a valorização dos recursos multimídia e a facilidade de acesso aos mesmos, bem como dos cuidados que as autoridades políticas e educacionais vêm dando a capacitação de profissionais de educação para lidar com essa realidade. Neste artigo trataremos da importância da internet para a disseminação do interesse pela educação a distância nos alunos e professores do ensino superior na Universidade Federal do Maranhão, visto que é através da internet que um pequeno contingente de professores e alunos interagem suas atividades presenciais e online. Para tanto construímos um projeto de investigação tomando como foco a sondagem dos alunos (as) das licenciaturas em História e Letras para saber como estes vêem a inserção da educação a distancia no ensino presencial, como atuam seus professores nesse sentido inclusive procurando saber se os mesmos conhecem a legislação sobre EAD no que tange aos 20% permitido por lei75 de ensino a distancia na modalidade presencial, utilizamos a pesquisa ação e os instrumentos questionário, observação direta e conversas informais para subsidiar este trabalho. Ancorada na premissa defendida por Moran (2000:134) para quem na sociedade da informação estamos reaprendendo a conhecer, a comunicar-nos, a ensinar e a aprender; a integrar o humano e o tecnológico; a integrar o individual, o grupal e o social, entendemos que professor possui hoje mais do que antes inúmeras opções metodológicas para se comunicar com seus alunos, de iniciar um assunto de forma presencial e dar continuidade ao mesmo de forma virtual desde que possua em sua casa um computador, um modem de acesso à internet móvel de alta velocidade de uma das prestadoras de serviços telefônicos e que está disponível no mercado, inclusive a preços bem acessíveis e com atendimento de qualidade, além de sua boa vontade, interesse e conhecimento básico de internet banda larga. Essa modalidade ensino vem atender a uma tendência da relação ensino e aprendizagem atual, quando possibilita a relação do professor com seus alunos em tempo real e virtual, possibilitando uma continuidade de interação que transcende a sala de aula, além de introduzir as TICs no ambiente acadêmico como ferramenta de apoio 74
Especialista em projetos inovadores na educação presencial e a distância. Artigo publicado na revista Informática na Educação: Teoria & Prática. Porto Alegre, vol. 3, n.1 (set. 2000) UFRGS. Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação, pág. 137-144 75 A legislação citada pode ser encontrada na internet, nos sites do MEC (http://www.mec.gov.br, no link “Legislação Educacional”) e do Conselho Nacional de Educação (http://www.mec.gov.br/cne).
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ao processo ensino e aprendizagem, sem necessidade de criar uma? O quê? No componente curricular e possibilitando ao aluno desenvolver uma habilidade talvez já existente em seu cotidiano, que é o uso da internet de forma mais proveitosa na sua aprendizagem, necessariamente com mais habilidade, pois poderá aprofundar os conceitos básicos de rede e internet, analise e utilizar de forma pedagógica as ferramentas, fazer pesquisas e interagir com seus colegas e professores explorando diferentes softwares educacionais. (essa frase está muito grande... faz pontuação) O binômio ensino-aprendizagem, agora é interpretado como dois processos que se complementam, por isso se escreve “ensino e aprendizagem”.
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A BATALHA DE GUAXENDUBA, EM ICATU E O ENGENHEIRO FRANCISCO FRIAS DE MESQUITA76 OSWALDO PEREIRA GOMES Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, membro da Academia Vianense de Letras e General reformado do Exército.
Não é de hoje, antes secular, o descaso de nossas autoridades com a defesa do País. Em 1608, Dom Diogo de Meneses, assumindo o governo geral da Colônia, em Salvador, solicitou ao arquiteto Francisco Frias um projeto do Forte do Mar, cuja construção se atrasou, para não prejudicar as obras da Catedral; nesse mesmo local, os holandeses, pouco tempo depois, assestaram os seus canhões e bombardearam o porto e a cidade. O engenheiro Francisco Frias construiu também o Forte dos Reis Magos em Natal, o Forte de Cabedelo, na Paraíba e ainda na Ilha do Maranhão, os Fortes de São Felipe (novo nome, após a reconstrução, do Forte São Luís, atual Palácio dos Leões) e São José (na atual São José de Ribamar). Para proteger os combatentes de Jerônimo de Albuquerque, na expulsão dos franceses do Maranhão, projetou e construiu o fortim de madeira que tomou o nome de Santa Maria; de forma hexagonal, dominava a colina de Guaxenduba e essa construção foi fundamental para a vitória portuguesa, na batalha do mesmo nome, travada na data de 19 de novembro de 1614. Vitória importante, pois permitiu que a Amazônia fosse portuguesa e conseqüentemente brasileira. O local da Batalha de Guaxenduba e a própria Batalha estão hoje totalmente esquecidos pelo povo do Maranhão, e até mesmo pelos munícipes de Icatu, em cujas proximidades se encontra. Cumpro um dever que me cabe, por ter sido lembrado por meus conterrâneos, para membro correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. O esquecimento dos maranhenses é deplorável sob o aspecto cívico e não menos pelo lado econômico e social, pois a bela e rica região do Munim, defronte do Município de São José de Ribamar, pode atrair para o turismo, nacionais e, sobretudo, 76
JORNAL PEQUENO, 18 de fevereiro de 2006
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europeus, sequiosos dos mares quentes, livres de tsunamis e de terrorismo; alguma coisa já está feita: atualmente, a única estrada em boas condições de tráfego no Maranhão é exatamente a que leva à região do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses e passa próxima a Icatu. Devo finalmente lembrar outro fato, também desconhecido: os padres Jesuítas, que mantinham magnífica redução de índios em minha terra natal, Viana, resolverem transferir a fazenda e o colégio, de Viana para o rio Munim, sítio Nossa Senhora do Nazaré; mas, os índios Guajajara não se adaptaram à região e, depois de algum tempo, o padre Bettendorf mandou navio e fez retomar tudo a Viana e hoje estão perdidas, nas matas do Munim, essas ruínas da antiga casa da Companhia de Jesus. Mais uma vez, faço um apelo ao povo e às autoridades de Icatu e até mesmo à iniciativa privada, para que não deixem no esquecimento esses fatos históricos que podem promover o crescimento econômico e social da região pelo desenvolvimento do turismo.
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SAGRAÇÃO DO TEMPLO DA LOJA OSMAN AGUIAR BACELLAR OSVALDO PEREIRA ROCHA77 Aconteceu na noite de 04/09/2010-EV, no Oriente de Brejo – MA, a sagração do Templo da histórica Loja Maçônica “Osman Aguiar Bacellar”, recentemente reconstruído, inclusive com a inversão do oriente e do ocidente, em face da incorreção havida quando da sua construção, que ameaçava desabar. A referida sagração foi feita por este Grão-Mestre do Grande Oriente Autônomo do Maranhão – GOAM, que para aquela cidade se deslocou de São Luís com o Grão Mestre Adjunto, Carlos Craveiro Pessoa, acompanhado de sua filha Karol; com o Venerável Mestre da ARLS Guardiã da Independência, Dilson Gouveia Silva; o Irmão Ivan Silva dos Santos; o Irmão João Pinto e o Irmão Emanoel da Luz, todos com suas mulheres; o Irmão Jonilson Bogéa e sua filha Maria Luiza; o Irmão Francisco Domingos da Cunha Martins; o Irmão Cristiano Bogéa e o Irmão Manoel Elias e seu filho Elias. Em Entroncamento, se engajou na Comitiva do Grão-Mestre o Irmão Arlindo Ferreira Menezes, Venerável - Orador do Triângulo Maçônico “Augusto Monteiro da Rocha” e sua mulher, Valdinea; e do Oriente de Chapadinha também seguiu para o Oriente de Brejo, o Eminente Grão-Mestre “Ad Vitam” do GOAM e Presidente de Honra da COMAB, Raimundo Ferreira Marques. A Sessão Especial de Sagração supracitada contou com as presenças de Veneráveis Mestres do Grande Oriente do Brasil no Maranhão – GOB-MA e da Muito Respeitada Grande Loja Maçônica do Estado do Maranhão – GLEMA; de Mestres Instalados, Mestres, Companheiros e Aprendizes-Maçom das referidas Potências Maçônicas coirmãs e, obviamente, com as dos Irmãos do Augusto Quadro, todos demonstrando muita alegria pelo grande evento. Os discursos dos Irmãos da Loja Osman Aguiar Bacellar, Antonio João Bacellar, Osman Bacellar Neto e outros, inclusive do seu Venerável Mestre, Marcelo José Porto Costa, foram no sentido de agradecer a presença do Grão-Mestre e sua comitiva; e a todos os que contribuíram para o êxito da reconstrução; os de outras Oficinas da Arte Real enalteceram o trabalho valioso do Irmão Marcelo Porto e sua valorosa equipe, pelo êxito alcançado; o Eminente Irmão Raimundo Marques, com o dom da oratória que possui, fez um retrospecto da vida do Homem Maçom e da História de Osman Aguiar Bacellar, Obreiro que deu à Loja o seu nome atual, sendo vivamente aplaudido. O Grão-Mestre do GOAM, na oportunidade, agradeceu ao Grande Arquiteto do Universo pela oportunidade a si proporcionada de sagrar o belo Templo reconstruído, e fez uma síntese dos pronunciamentos anteriores, dizendo-se muito feliz pelo grande evento maçônico; e o Irmão Orador, em suas conclusões, fez um bonito e completo relato da História da Loja, sem deixar de mencionar as contribuições mais importantes
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Grão-Mestre do GOAM; Assessor Especial da COMAB para Assuntos da Região Norte; Sócio fundador da Academia Maçônica Maranhense de Letras e do Instituto Histórico da Maçonaria Maranhense e efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (rocha.osvaldo@uol.com.br)
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para que se chegasse ao momento então vivido e enfatizou que tudo estava justo e perfeito. Após a bela sessão foi servido na AABB um ótimo jantar para os Maçons, Cunhadas, sobrinhas e sobrinhos, e convidados especiais, dentre estes o Prefeito da cidade, que se mostraram contentes e satisfeitos. Parabéns, para a Loja Osman Aguiar Bacellar, seu Venerável Mestre e demais Obreiros; parabéns para o GOAM e para a Maçonaria Unida do Maranhão; e parabéns para a Maçonaria brasileira e universal, por tão feliz e importante acontecimento!
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COMISSÃO
400 ANOS DE FUNDAÇÃO DO MARANHÃO
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PROPOSTA DE TRABALHO Apresentada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz CICLO DE ESTUDOS/DEBATES – “FUNDAÇÃO DO MARANHÃO” 400 ANOS DE SÃO LUÍS I – Conquista / Ocupação Territorial - “Antiga Barbaridade” – 1600 / 1750 Junho - 2011 II – Fundação do Estado – Consulado Pombalino – 1750 / 1810 Novembro - 2011 III – O Mito Ateniense – Maranhão Império – 1810 / 1890 Abril - 2012 IV – As Res-públicas – O Maranhão Oligárquico – 1890 / 1960 Junho 2012 V – Do Maranhão Novo ao Novo Maranhão – 1960 aos dias atuais Novembro - 2012 “Os 400 anos da Fundação do Maranhão”
* 4 expositores / debatedores:
Aspectos
- Histórico - Social - Econômico - Político (Geopolítico)
* Aberto à apresentação de trabalhos 1- Debates - Seminário de 1 dia - Manhã 2- Pôsters - Tarde 3- Apresentações orais - 13: 00 às 19:00 h.
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A FUNDAÇÃO DO MARANHÃO: 400 ANOS DE HISTÓRIA CONTADOS ATRAVÉS DA REVISTA DO IHGM – uma bibliografia LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ A Revista do IHGM começou a circular em 1926. Nesses 85 anos de existência do Instituto, foram publicados os seguintes artigos que descrevem os quase 400 anos de São Luís – e da Vila Velha de Vinhais: ABREU, S. F. O ESTADO DO MARANHÃO Ano IV, n. 4, junho de 1952 94-97 ALMEIDA, R. GASPAR DE SOUSA NO MARANHÃO Ano 2, n. 1, novembro de 1948 05-11 CARVALHO, R. da S. RECORDANDO A ADESÃO DO MARANHÃO À INDEPENDÊNCIA Ano LXIV, n. 17, 1996 137-140 COELHO NETTO, E. A INDEPENDÊNCIA E A ADESÃO DO MARANHÃO No. 21, 1998 67-73 COSTA, C. R. PAPÉIS VÁRIOS DO CONSELHO ULTRAMARINO Ano IV, n. 4, junho de 1952 101-114 DA REDAÇÃO * “A REVOLTA DE BEQUIMÃO” Ano LIX, n. 9, junho de 1985 24-26 DINO, N. FORÇAS MILITARES CEARENSES NOS CAMPOS DO MARANHÃO Ano 28, n. 3, agosto de 1951 31-43 ELIAS FILHO, J. HISTÓRIA DO MARANHÃO (CAP. 9) – DESCOBRIMENTO DO MARANHÃO Ano LIX, n. 07, dezembro de 1984 36-39 FERNANDES, H. C. QUANDO SE UNIU O MARANHÃO AO BRASIL? Ano 2, n. 1, novembro de 1948 69-75 FREITAS, J. C. M. de ADESÃO DO MARANHÃO À INDEPENDÊNCIA, 20 ou 28? No. 27, julho de 2007 15-17 LACROIX, Maria De Lourdes Lauande. A RECONQUISTA DO MARANHÃO. Rev. do IHGM, No. 34, Setembro de 2010 – Edição Eletrônica, p. 21-30 LIMA, Clauber Pereira. A PRESENÇA DA FAMÍLIA REAL PORTUGUESA NO BRASIL E SUA REPERCUSSÃO NO MARANHÃO DO SÉCULO XIX No. 28, 2008 80-90 MELO, Álvaro Urubatã. ADESÃO DO MARANHÃO À INDEPENDENCIA N. 30, agosto 2009 ed. Eletrônica 119-122 PEREIRA, J. da C. M. DISCURSO SOBRE A ADESÃO DO MARANHÃO À INDEPENDÊNCIA Ano LXII, n. 15, janeiro de 1992 85-90 PEREIRA, J. da C. M. A BATALHA DE GUAXENDUBA Ano LXIII, n. 16, 1993 38-41 PEREIRA, M. E. M. O RECONHECIMENTO DA INDEPENDÊNCIA DO MARANHÃO No. 24, setembro de 2001 30-34 PEREIRA, M. E. M. O MARANHÃO E A INDEPENDÊNCIA: RESISTÊNCIA E ADESÃO No. 27, julho de 2007 100-107 RAMOS, C. P. JUPI-AÇÚ – O PRINCIPAL DA ILHA – AMIGO DOS FRANCESES. Ano LXIII, n. 16, 1993 60-67 REINALDO, Telma Bonifacio Dos Santos. A FRANÇA EQUINOCIAL. Rev. do IHGM, No. 34, Setembro de 2010 – Edição Eletrônica, p. 87-90. RELAÇÃO DE CARTAS GEOGRÁFICAS DO MARANHÃO Ano 28, n. 3, agosto de 1951 0310 ROCHA, Osvaldo pereira ADESÃO DO MARANHÃO À INDEPENDENCIA N. 30, agosto 2009 ed. Eletrônica 118
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TEIXEIRA, L. O DONO DO SANCY E A FRANÇA EQUINOCIAL Ano 2, n. 1, novembro de 1948 107-117 VASCONCELOS, B. O MARANHÃO FABULOSO Ano I, n. 1, julho/setembro 1926 17-20 SÃO LUÍS CARVALHO, A. S. de SÃO LUIS – 70 ANOS ATRÁS No. 21, 1998 103-105 CARVALHO, A. S. de JUPIAÇU – MAIORAL DA ILHA Ano LXII, n. 15, janeiro de 1992 45-47 CARVALHO, J. B. de NOTA SOBRE A ARQUEOLOGIA DA ILHA DE SÃO LUÍS Ano VII, n. 6, dezembro de 1956 07-08 FEITOSA, A. C. CONTROVÉRSIAS NA DENOMINAÇÃO DA ILHA DO MARANHÃO Ano LXIV, n. 17, 1996 116-129 FREITAS, J. C. M. de OS 380 ANOS DE SÃO LUÍS Ano LXIII, n. 16, 1993 27-29 FREYRE, G. SOBRADOS DE SÃO LUÍS Ano IV, n. 4, junho de 1952 97-98 LOPES DA CUNHA, A. A HISTÓRIA DE S. LUÍS – QUESTÕES E DÚVIDAS Ano 2, n. 1, novembro de 1948 33-50 MOURA, C. SÃO LUIS DOS BONS TEMPOS DO BONDE Ano LXII, n. 14, março de 1991 3335 MARQUES, Francisca Ester. IMIGRAÇÃO AÇORIANA NO MARANHÃO E A FUNDAÇÃO DE SÃO LUIS – PRESENÇA AÇORIANA NO NORTE E NORDESTE No. 28, 2008 45-60 REINALDO, Telma Bonifacio Dos Santos. HISTÓRIA QUE OS EUROPEUS ENCONTRARAM: SÃO LUIS ILHA DO MARANHÃO. Rev. do IHGM, No. 34, Setembro de 2010 – Edição Eletrônica, p. 102-103 REIS, Jose Ribamar Sousa Dos. DA CASA DAS TULHAS A FEIRA DA PRAIA GRANDE: A NECESSIDADE DE CONHECER PARA PRESERVAR! N. 31, novembro 2009 ed. Eletrônica 92- 94 SOARES, L. A. N. G. SÃO LUÍS DO MARANHÃO: A CACHOPA DE ALÉM-MAR Ano LXIV, n. 17, 1996 93-95 VASCONCELOS, B. S. LUÍS, A ANTIGA (EVOCAÇÃO) Ano 2, n. 1, novembro de 1948 119126
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400 ANOS DE FUNDAÇÃO DO MARANHÃO? LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Por que “400 anos de Fundação do Maranhão”? E não de Fundação de São Luís? Porque há controvérsias sobre quem e o ano de Fundação da Cidade do Maranhão! Não vou me referir aqui aos livros da Profa. Lourdinha Lauande Lacroix, sobre o mito da São Luís francesa. Em 1989 publiquei artigo com o título de ‘São Luís, portuguesa com certeza’: A UPAON-AÇÚ AO TEMPO DOS FRANCESES Fundada a França Equinocial, a oito de setembro de 1612, saíram a visitar a Ilha os lugares-tenentes de Daniel de La Touche, De Rasilly, o Barão de Sancy e os padres D' Abbeville e Arséne de Paris acompanhados de um antigo morador de Upaon-Açú, de nome David Migan. As aldeias do Maranhão tinham até quatro cabanas, medindo de 26 a 30 pés de largura por 200 a 500 pés de comprimento, segundo o número de pessoas que nelas habitavam. Algumas aldeias possuíam de 200 a 300 habitantes, outras de 500 a 600, e às vezes mais. As casas eram dispostas em forma de quadrado, havendo uma praça grande e bonita ao centro. Relata o padre Abbeville (1975): "levaram-nos os índios, de canoa, até Eussauap, aonde chegamos no sábado seguinte ao meio-dia. O Sr. de Pizieux e os franceses que com ele aí residiam receberam-nos com grande carinho". O Padre Claude D'Abbeville foi quem primeiro escreveu sobre o Maranhão e seus habitantes. Pela sua descrição, a aldeia de índios localizada no hoje Vinhais foi o primeiro núcleo residencial dos brancos que se estabeleceram no Maranhão. No Forte - a hoje cidade de São Luís - ficava apenas uma guarnição de oito soldados, a vigiar. Os demais habitavam as aldeias então existentes. A primeira a ser ocupada, foi Eussauap. Segundo Capistrano de ABREU, “EUSSAUAP - nom do lieu, c'est à dire le lieu ori on mange les Crabes”. - Bettendorf leu em Laet Onça ou Cap, que
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supôs Onçaquaba ou Oçaguapi; mas tanto na edição francesa, como na latina daquele autor, o que se lê, é EUSS-OUAP. Na história da Companhia de Jesus na extinta Província do Maranhão e Pará, do Padre José de Morais, está Uçagoaba, que com melhor ortografia é Uçaguaba composto de uçá, nome genérico do caranguejo, e guaba, particípio de u comer: o que, ou “onde se come caranguejos”. (D' ABEVILLE, 1975). Das 27 aldeias existentes na Ilha, 14 tinham apenas um Principal; 10 possuíam dois; 1 possuía três. Eussauap possuía quatro, sendo uma das maiores aldeias da ilha e nela existiam quatro principais: Tatu-Açu; Cora-Uaçu ou Sola-Uaçu, às vezes também Maari-Uaçu; Taiaçu e Tapire-Evire". - Junipar, a aldeia principal da ilha, contava com cinco principais. A ILHA REBELDE É em Eussauap que os franceses encontram certa resistência, por parte de um velho de mais de 180 anos e que tinha por nome Mamboré-Uaçu e que havia assistido ao estabelecimento dos portugueses em Pernambuco. Afirmava que, como os perós, os franceses chegavam para comerciar, não passando mais do que 4 a 6 luas, tempo suficiente para reunir as drogas que traficavam. Tomavam suas filhas para mulher e isto muito os alegrava. Mais tarde afirmavam que havia necessidade de construção de fortes, para defesa sua e dos índios, e então chegavam os Paí - padres - plantando cruzes, instruindo os índios e os batizando. Exigem que as índias sejam batizadas, para só então as tomarem como esposas. Aí, dizem precisar de escravos para servi-los. E tomam os índios como seus escravos. Convencido o velho guerreiro que os franceses eram diferentes dos perós, prosseguem De Rasilly, o Sr. de Sancy e D' Abbeville a sua visitação. UM POUCO DA HISTÓRIA DO VINHAIS Os moradores de Eussauap tinham esperança que um dos padres aí se fixasse. Por isso haviam edificado no meio da praça, localizada entre as cabanas, uma bonita capela com um altar bem arranjado. Além da capela construíram uma grande cruz. No domingo, dia 20 de outubro de 1612, foi a capela batizada e rezada a missa.
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A primeira missão ou residência, que fundaram mais junto à cidade para comodidade dos moradores, foi a que deram o nome de Uçagoaba, onde com os da ilha aldearam os índios que haviam trazido de Pernambuco (MORAES, 1987). A residência dos jesuítas em Uçagoaba é ocupada com a chegada da segunda turma ao Maranhão, os padres Luís de Figueira e Benedito Amodei. De acordo com CAVALCANTI FILHO (1990) essa missão inicia-se com a chegada dos padres Figueira e Amodei. Ao que tudo indica, a aldeia de Uçaguaba, situada a margem esquerda do igarapé do mesmo nome, teria sido o ponto de partida dessa missão... Desta primeira, denominada 'Aldeia da Doutrina". COELHO (1990) em seu "Política indigenista no Maranhão Provincial", ao analisar o lugar do índio na legislação: a questão da terra, afirma que a situação das terras dos indígenas é caracterizada por um acúmulo de esbulhos e usurpações e o processo oficial do seqüestro dessas terras se dá pela ação de Pombal, que prescreveu, em 1757, a elevação das aldeias indígenas, onde haviam missões, à categoria de vila ou lugar, de acordo com o número de habitantes. Cita, dentre outros exemplos, que a aldeia da Doutrina, em 1º de agosto de 1757, foi elevada à categoria de vila, com o nome de Vinhais. SÃO LUÍS É PORTUGUESA Afirma Bernardo Pereira de BERREDO (1988) - governador da província do Maranhão de 1726 a 1729 -, que Jerônimo de Albuquerque funda naquele mesmo lugar (FORTE) uma cidade - São Luís do Maranhão: “Logo que o General Alexandre de Moura saiu da baía do Maranhão, aplicou Jerônimo de Albuquerque o principal cuidado à útil fundação de uma cidade naquele mesmo sítio, obra de que também se achava encarregado por disposições da corte de Madri com repetidas honras justissimanente merecidas: e como o seu zelo, e a sua atividade não sofriam demoras na execução de qualquer projeto, depois de bem premeditados os interesses dele, dentro de pouco tempo adiantou tanto a povoação, que reduzida a regular forma de república, debaixo da proteção soberana de Maria Santíssima com o augusto título de Vitória, que já lhe tinha decretado no feliz lugar de Guaxenduba, lhe declarou a invocação de São Luís; ou fosse porque estando tão conhecida já aquela ilha pela natural participação de sua fortaleza, se não atraveu a confundir-lhe o nome com a mudança dele; ou porque quis na conservação desta mesma memória segurar melhor a sua nas
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recomendações da posteridade; e como deste dia por diante acho sempre a invocação de São Felipe na tal fortaleza, me persuado fundamentalmente a que lhe foi posta em lugar da primeira, dando-se desde logo por transferida, por lisonja sem dúvida à magestade de Felipe III de Castela, a quem então obedecia a monarquia de Portugal”. (p. 116-117). Para GAIOSO (1970) a cidade de São Luís só seria fundada em 1616, por Jerônimo de Albuquerque, em torno da fortaleza do mesmo nome, e iniciada sua povoação naquela ocasião, pois "Livre o Maranhão n'aquelle dia de toda a sugeição franceza [9 de janeiro de 1616, quando Alexandre de Moura se fez a vela para Pernambuco levando consigo o senhor de la Ravardiere], aplicou Jeronimo de Albuquerque todo o seu cuidado na fundação de huma cidade n'aquelle mesmo sitio; dentro de pouco tempo adiantou consideravelmente a povoação, e reduzindo a sua nova fundação á regular forma de republica, debaixo da proteção de Maria Santíssima com o augusto titulo de N. Sra da Victoria, em memoria da que tinha alcançado sobre os Francezes, lhe declarou a invocação de S. Luiz, ou porque estando já tão conhecida aquella ilha pela participação da sua fortaleza, ou porque não quiz confundir o nome com a mudança delle, ou finalmente porque se lisongeava na conservação da mesma memoria, segurar melhor as suas recomendaçoens na posteridade. E como destes dias por diante se entrou a intitular a fortaleza com o nome de S. Felipe, he de presumir o fizessem por lizonja á Majestade de Felippe II, a quem então obedecia a monarquia Portugueza.". O que é confirmado por CONDURÚ PACHECO (1968), quando afirma que o Forte de São Luís é transformado na cidade de São Luís, pois "repartidas as terras pelos portuguêses, o Capitão-mór Jerônimo de Albuquerque formou logo o seu Govêrno e mandou que mudassem aqueles tugurios em mais agradáveis edifícios, construindo 'uma bem regulada cidade' (Moraes, História da Companhia de Jesus no Maranhão, p. 75)". Na "Crônica da Companhia de Jesus no Maranhão", Jacinto de Carvalho afirma ser Jerônimo de Albuquerque, livre a influência de Alexandre de Moura, o fundador de São Luís: "deu princípio a uma cidade em o mesmo sítio em que os franceses tinham o seu forte e reparos, por ser sítio muito acomodado, assim para a defesa de inimigos, como por ter bom porto e ancoradouro seguro para navios; fica entre dous rios,
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dominando a ponta em que está o forte uma espaçosa enseada que faz o mar entre a terra e aponta de Nossa Senhora da Guia e a terra da Ponta da Areia e ilha de São Francisco, a mais abundante de peixes e mariscos que se tem achado em todas a costa do domínio de Portugal". CONCLUSÃO: A hoje “Vila Velha do Vinhaes” recebeu seus primeiros habitantes brancos em 1612, quando o sr. de Pizieux e alguns franceses que aqui chegaram com Daniel de La Touche alí fixam residência. No Forte - a hoje cidade de São Luís - ficava apenas uma guarnição de oito soldados, a vigiar. Os demais habitavam as aldeias então existentes. A primeira a ser ocupada, foi Eussauap. A Eussauap de D' Abbeville (1612) é chamada de Uçagoaba pelos padres Manoel Gomes e Diogo Nunes (1615) e, a partir de 1622, recebe o nome de Aldeia da Doutrina dos padres Luís Figueira e Benedito Amodei. A aldeia da Doutrina, em 1º de agosto de 1757, foi elevada à categoria de vila, com o nome de Vinhais. A cidade de São Luís só seria fundada em 1616, por Jerônimo de Albuquerque, em torno da fortaleza do mesmo nome, e iniciada sua povoação naquela ocasião, conforme BERREDO, (1988); GAIOSO (1970); CONDURÚ PACHECO (1968); Jacinto de CARVALHO (1995). O que Daniel de La Touche fundou foram o Maranhão – a França Equinocial – e o Forte de São Luís. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: d' ABBEVILLE, Claude. História da missão dos padres capuchinhos na Ilha do Maranhão e terras circunvizinhas. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo : EDUSP, 1975. BARBOSA DE GODOIS, Antonio Baptista. História do Maranhão - para uso dos alumnos da Escola Normal. São Luís: Ramos d'Almeida e C., Succs., 1904, tomo II. BERREDO, Bernardo Pereira de. Anais históricos do Estado do Maranhão. Rio de Janeiro: Tipografia Ideal, 1988. CARVALHO, Jacinto. Crônica da Companhia de Jesus no Maranhão. São Luís: ALUMAR, 1995. CAVALCANTI FILHO, Sebastião Barbosa. A questão jesuítica no Maranhão Colonial. São Luís: SIOGE, 1990. COELHO, Elizabeth Maria Bezerra. A política indigenista no Maranhão Provincial. São Luís: SIOGE, 1990
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GAIOSO, Raimundo José de Sousa. Compêndio histórico-político dos princípios da lavoura do Maranhão. Rio de Janeiro: Livros do Mundo Inteiro, 1970. MEIRELES, Mário M. São Luís, cidade dos azulejos. São Luís: Departamento de Cultura do Estado do Maranhão, 1964. MEIRELES, Mário M. História da Arquidiocese de São Luís do Maranhão. São Luís: UFMA / SIOGE, 1977. MEIRELES, Mário. França Equinocial. 2. ed. São Luís : SECMA; Rio de Janeiro : Civilização Brasileira, 1982. MARQUES, Cesar Augusto. Dicionário histórico-geográfico da Província do Maranhão. São Luís: Tip. do Frias, 1870. (Reedição de 1970). MORAES, José de. História da Companhia de Jesus na extinta Província do Maranhão e Grão-Pará. Rio de Janeiro : Alhambra, 1987. MORAES, Jomar. Guia de São Luís do Maranhão. São Luís: Legenda, 1989. PACHECO, D. Felipe Condurú. História eclesiástica do Maranhão. São Luís: Departamento de Cultura do Estado do Maranhão, 1968 REGO, A. Almanak do Maranhão com folhinha para o anno de 1849 (2o. anno). São Luís: Typografia Maranhense, 1848. (Edição fac-similar da AML, 1990).
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ANO DE 1612 – 8 DE SETEMBRO – FUNDAÇÃO DA FRANÇA EQUINOCIAL78
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Maranh%C3%A3o
Desde 1594 Jacques Riffault estabelecera em Upaon-açu (ilha de São Luís) uma feitoria, deixando-a a cargo de seu compatriota Charles dês Vaux, que havia conquistado a amizade dos silvícolas, e tinha inclusive o domínio da língua nativa. Dês Vaux, indo à França, provocou a vinda de Daniel de La Touche, mandado por Henrique IV numa viagem de reconhecimento do terreno. Não obstante ter sido o rei assassinado nesse meio-tempo, e entusiasmado La Touche com a terra, conseguiu com Maria de Medicis, regente na menoridade de Luís XIII, concessão para estabelecer uma colônia ao sul do Equador, 50 léguas para cada lado do forte a ser construído. Ano de 1612 - A 26 de julho chega ao Maranhão a expedição de Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardiére, fundeando em Upaon-mirim (futura ilha deSaint’Ánne, e depois, Trindade, onde os sobreviventes do naufrágio de Aires da Cunha teriam fundado a cidade de Nazaré). 12 de agosto - Tendo os franceses passado à Ilha-grande, foi rezada a primeira missa e erguida uma cruz. 8 de setembro - Solenemente, fundaram a colônia, a França Equinocial, com a colaboração espontânea dos índios, tendo à frente o cacique Japiaçu e iniciaram a construção do forte, chamado de São Luís, em honra ao rei-menino, o qual "posto que feito de estacadas é forte por arte de grandes terraplenos, com seus baluartes altos e casamatas com fosso de quarenta palmos de largo e dez de alto. (Alexandre de Moura, "Relatório" de 1616).
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Haviam-se associado à empresa o rico Barão de Molle e Gros-Bois, Senhor de Sancy e François de Rasilly, Senhor de Aunelles e Rasilly, que financiaram a armação das naus "Regente" e "Charlotte" e o patacho "Saint'Anne". Integraram a expedição os padres franciscanos Yves d’Evreux, Claude d'Abbeville, Arsene de Paris e Ambroise d’Amiens, dando início ao culto católico, muito embora fosse La Ravardiére protestante e à catequese dos indígenas. 1º. de novembro – Ao lado da cruz, colocaram as armas da França e franceses e índios, especialmente convocados de todas as aldeias, juraram fidelidade à Sua Majestade Cristianíssima, o Rei, dando-se à colônia recém-fundada uma constituição, a segunda do Brasil (Regimento dado a Tomé de Sousa, em 1549, quando da implantação do Governo Geral) e a primeira do Maranhão.
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ATOS ADMINISTRATIVOS
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ATAS 25 DE AGOSTO DE 2010 Ata da Assembléia Geral Ordinária do Instituto Histórico e Geográfico, realizada no dia vinte e cinco de agosto de dois mil e dez. Iniciou-se os trabalhos às 17h:11mm, tomando a palavra, a presidente do IHGM a Sra. Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo agradeceu a todos os presentes. Falou sobre a importância de recordar as datas dos aniversariantes dos sócios do mês: dia três, Elimar Figueiredo; dia seis, José Mendonça; dia onze, Elizabeth Pereira; dia dezesseis Maria Esterlina e dia trinta, Raimundo Cardoso Nogueira. Em seguida, o confrade Álvaro Urubatam Melo comunicou que fez uma solicitação formal de espaços físicos à Comissão Organizadora da Feria do Livro, em nome da presidência da Confederação das Academias de Letras do Maranhão espaços estes que servirão tanto a Confederação, quanto para o IHGM para que possam participar com exposição de livros, materiais ou apresentações de trabalhos. Em seguida, a presidente tomou a palavra a apresentou o plano de trabalho da gestão Padre Antônio Vieira em dez itens, são eles: Rever a situação do quadro societário, aplicando as recomendações da Comissão formada para tal, ainda na administração anterior; incentivar os sócios ao retorno das atividades inerentes ao IHGM, especialmente a produção de estudos acadêmicos nas áreas da História, Geografia e Ciências afins; dar mais visibilidade às ações do IHGM junto aos próprios sócios, à sociedade, à mídia, e aos entes acadêmicos; elaborar o regimento interno; completar o quadro de sócios; buscar soluções para a acessibilidade às instalações do IHGM; organizar a biblioteca; buscar outras fontes de recursos financeiros para sustentação do IHGM; buscar meios para publicação, em papel, da revista do IHGM; melhorar a edição eletrônica e criar Comissão para as Comemorações dos 400 anos de São Luís em dois mil e doze. Logo após, o confrade palestrante da tarde, Álvaro Urubatam Melo abrilhantou a tarde com a palestra com tema: “Arcebispo Dom Luís – o SãoBentoense Luz e Glória de seu tempo”. O tema foi apresentado com profundidade e rigor histórico, estilo e retórica apropriada. Na oportunidade, o confrade destacou Dom Luís como o maior orador sacro da América Latina, fazendo-se referencia ao fato de o bispo proferiu um discurso ao Romano Pontífice da época em latim, destacando o domínio do idioma italiano, capacidade que lhe proporcionou a proferir outros sermões em italiano em igrejas italianas. A referida palestra encerrou-se com aplausos e elogios dos confrades e confreiras presentes. Em seguida, o vice- presidente Leopoldo Gil Dulcio Vaz comunicou que o sócio José Marcelo do Espírito Santo manifestou o interesse em participar da Comissão dos 400 anos de São Luís. O confrade Washington Luis Maciel Cantanhede, presente, também manifestou à presidência que desejava fazer parte da referida Comissão. O Sócio Álvaro Urubatam comunicou aos presentes a presença do Sr. Lourival Jesus Pinheiro, de São Bento-MA no recinto. Justificaram-se as faltas os sócios José Marcelo do Espírito Santo e Dilercy Aragão Adler, Estavam presentes os sócios: Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo, Leopoldo Gil Dulcio Vaz, Raimundo Gomes Meireles, Joseth Coutinho Martins de Freitas, Eneida Vieira da Silva Ostria de Canedo, Álvaro Urubatam Melo, Raul Eduardo de Canedo Vieira da Silva, Antônio Rufino Filho, José Ribamar Seguins, Washington Luis Maciel Cantanhede. Finalmente, não tendo nada a acrescentar a Sra. Presidente encerrou os trabalhos às 18h:00mim. E eu Raimundo Gomes Meireles, lavrei a presente ata, que após lida e achada conforme, será assinada pelos presentes. Raimundo Gomes Meireles 2º. Secretário
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29 DE SETEMBRO DE 2010 Ata da Assembléia Geral Ordinária do Instituto Histórico e Geográfico, realizada no dia vinte e nove de setembro de dois mil e dez. Iniciaram-se os trabalhos às 17h:05, com as palavras de boas vindas a todos pela Sra. Presidenta Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo, momento em que agradeceu a presença dos confrades e confreiras presentes. Em seguida, foi proferida a leitura da ata a Assembléia anterior pelo segundo secretário, Raimundo Gomes Meireles. Houve apenas uma intervenção, no que se referia à alteração do conteúdo da referida ata: onde se lê “Confederação”, lê-se “Federação”. Em seguida o sócio efetivo, Sr. Leopoldo Gil Dulcio Vaz tomou a palavra e esclareceu a situação dos sócios do IHGM que se encontra com alguma pendência e imediatamente solicitou autorização à mesa para ler aos presentes em voz forte o parecer da Comissão, nomeada para fazer levantamento da situação geral dos sócios do Instituto Histórico Geográfico do Maranhão. Foi observado pelo referido sócio que o Professor Sofiani Labidi assinou artigos publicados no Jornal Pequeno, mas retratou que nos artigos posteriormente publicados o citado professor havia retirado a citação “sócio do IHGM”. Em seguida a Sra. presidente Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo tomou a palavra e observou que o parecer da Comissão foi satisfatório, pois devido a isso, alguns sócios atualizaram as contribuições mensais. Continuando, a Presidenta fez referência aos aniversariantes do mês: dia três (03) Confreira Eneida Vieira da Silva Ostria de Canedo; dia nove (09) Confrade Osvaldo Pereira Rocha; dia vinte e oito (28) confrade Carlos Alberto Ramos. Ressaltou ainda que, o IHGM enviou um bouqueth de rosas à confreira Eneida Vieira da Silva Ostria de Canedo, pelo transcurso de seu natalício aniversário, sinal de carinho, gratidão e amizade que ela representa para todos os sócios desta casa. Em seguida evidenciou a importância do aumento das mensalidades dos sócios, pois o secretário que foi contratado para executar serviços administrativos necessita ser pago. Disse ainda que o IHGM poderá produzir trabalhos e com os recursos adquiridos, pagar suas despesas com maior tranqüilidade e satisfação. Em seguida, o confrade Leopoldo Gil Dulcio Vaz apresentou o tema: “Partido Capoeiro em São Vicente de Ferrer – 1868”. A referida apresentação destacou um conteúdo histórico profundo, além de estilo apropriado, onde ressaltou a importância da luta de capoeira da guerra do Paraguai e influência nas conquistas políticas partidárias no processo político no Brasil. Destacou ainda, um capoeira por nome Marcolino Antônio da Silva, capitaneado pelo Tenente Coronel Lourenço Justiniano da Fonseca; Por outro lado, foi ressaltado pela confreira Joseth Coutinho Martins de Freitas a importância do primeiro centenário de implantação da República Portuguesa, em cinco de outubro de mil novecentos e dez. Em seguida a Sra. presidenta informou que o n° 34 da Revista eletrônica do IHGM, do mês de setembro de 2010, em Cd já estava disponível; A confreira Joseth Coutinho Martins de Freitas ofertou o nº 2, do mês de março de 2010, a Revista de Educação Cadernos de Inclusão - publicação do Conselho Estadual de Educação do Maranhão; A presidenta Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo fez referência ao parecer sobre o ingresso do Dr. Salomão Pereira Rocha, médico para ocupar uma das cadeiras vagas do IHGM. Estavam presentes: os sócios efetivos: Edomir Martins de Oliveira, Joseth Coutinho Martins de Freitas, Antônio Rufino Filho, Leopoldo Gil Dulcio Vaz, Telma Bonifácio, Álvaro Urubatam Melo e Aymoré Castro Alvin e Raimundo Gomes Meireles. Em seguida, a Presidenta, encerrou os trabalhos às 18h15. E eu segundo secretário, Raimundo Gomes Meireles, lavrei a presente ata, que após lida e achada conforme, será assinada pelos presentes. Raimundo Gomes Meireles 2º. Secretário
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28 DE OUTUBRO DE 2010 Ata de reunião da Assembléia Geral Ordinária do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGMA – realizada no dia vinte e oito do mês de outubro do ano de dois mil e dez. Aos vinte e oito dias do mês de outubro do ano de dois mil e dez, a partir das dezessete horas e quarenta minutos, reuniu-se em Assembléia Geral Ordinária o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM – em sua sede oficial sita à Rua de Santa Rita número 230, Centro, na cidade de São Luís, capital do Estado do Maranhão. Contou com a presença dos membros efetivos Leopoldo Gil Dulcio Vaz, Joseth Coutinho Martins de Freitas, Eneida Vieira da Silva Ostria de Canedo, Raul Eduardo de Canedo Vieira da Silva, Antônio Rufino Filho, Aymoré de Castro Alvim, Álvaro Urubatan Melo, Gilberto Matos Aroucha, João Francisco Batalha, Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo e Raimundo Gomes Meireles, em número de onze sócios. A leitura da ata da sessão anterior foi interrompida para conclusão, votação e aprovação em sessão posterior, em razão de estar sua elaboração incompleta. Dando continuidade aos trabalhos a senhora presidente Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo divulgou relação de documentos e objetos recebidos que são: livro, “Arambaré”, de autoria do escritor Luís Alberto Cibilis; revista “Abordagens Geográficas da Multiplicidade dos Espaços Maranhenses” do Professor José Sampaio de Matos Júnior; volumes 21 e 22 da “Revista da Academia Maranhense de Letras”; convite do confrade Gilberto Matos Aroucha para o lançamento do livro “Gestão Escolar: É possível construir o que não foi construído”, de sua autoria, a ser lançado no dia dezesseis de novembro, às dezoito horas, na Praça Maria Aragão, durante a IV Feira do Livro de São Luís, na sala do Escritor Maranhense; e ofício circular do IPHAN. Na seqüência a senhora presidente saudou os aniversariantes Antônio Rufino do dia 22 de setembro e Raimundo Meireles, de 31 de outubro; e comunicou aos presentes que dia vinte de novembro comemoraremos o aniversário do IHGM. A senhora presidente informou que já manteve contato com o pessoal da Vale que enviará uma comissão ao Instituto para fazer levantamento de futuros convênios educacionais, inclusive a aquisição de um elevador e subsídios para publicação da Revista do IHGM. Concedida a palavra ao confrade Gilberto Matos Arouche este falou sobre o lançamento do livro de sua autoria que acontecerá durante a Feira do Livro de São Luís. Por coincidência na data do seu aniversário natalício e adiantou que, no momento, já está em andamento seu novo trabalho de pesquisa sobre a Baixada Maranhense. Colocou-se a disposição, como voluntário, para integrar qualquer comissão ou trabalho quer venha a ser proposto em nosso sodalício. Em seguida o confrade Aymoré Alvin proferiu palestra intitulada, “Esquistossomose: a história de uma endemia no Maranhão, conhecida como barriga d’água”. O confrade Leopoldo Vaz comunicou que recebeu informação de historiadores, alunos e professores de história de que o Arquivo Público do Estado passará a oferecer atendimento ao público somente no turno vespertino. Que a ocorrência se constitui fato preocupante diante da perspectiva que tal informação se confirme em razão deste arquivo ser um dos mais ricos acervos para nossas investigações científicas e um dos melhores espaços do Estado do Maranhão, adequado ao nosso trabalho de consulta de fontes. Concluiu afirmando que a mudança de atendimento nos prejudica imensamente, principalmente em se considerando o fato de o curso de história da UFMA funcionar no período vespertino e alunos e professores realizarem suas pesquisas principalmente no horário matutino. Por fim, a palavra foi concedida àqueles que dela quisessem fazer uso. Não existindo manifestações a senhora presidente reiterou convite para que todos se façam presente à festa dos 85 anos do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão que ocorrerá do auditório do SEBRAE/MA no dia dois de dezembro próximo e encerrou a sessão, sobre a qual foi lavrada a presente ata que após lida, discutida e aprovada será assinada por quem de direito. João Francisco Batalha Secretário
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Para: telma.bonifacio@yahoo.com.br Enviadas: Sexta-feira, 17 de Dezembro de 2010 10:25:10 Assunto: IHGRJ - ELEICAO E FELICITACOES
Rio de Janeiro, 16 de dezembro de 2010
Ilma. Sra. Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão - IHGM Telma Bonifácio
Prezada consócia, Tenho a grata satisfação de comunicar sua eleição para o Quadro de Sócios Correspondentes do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, na Assembléia Geral de 9 de dezembro último. Na certeza de sua colaboração ao trabalho que vem desenvolvendo o IHGRJ, e no aumento de intercâmbio entre nossas instituições, com maior visibilidade recíproca em nossos espaçõs de atuação, apresento votos de felicitações e apreço. Em tempo de esperança, esperança de novos tempos. Feliz Natal, Próspero Ano Novo, alegrias permanentes a V. Sa. e família. Cordialmente,
Cybelle Moreira de Ipanema Presidente do IHGRJ
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ORDEM DE SERVIÇO 01/2010 RECESSO NATALINO E FIM DE ANO A Presidente do IHGM no uso de suas atribuições resolve: O recesso de final de ano será cumprido da seguinte forma: 1- No período de 20/12/2010 a 18/01/2011 o expediente será apenas terçasfeiras no horário das 14:30 às 17:30 horas; 2- No dia 19/01, retorna-se o expediente normal, com a reunião da Diretoria no horário de praxe, com início às 16:00 hs; 3- A primeira Assembléia dar-se-á em 26/01/2011, quarta-feira, no horário de praxe. Cumpra-se. São Luís, 17 de dezembro de 2010 Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo Presidente
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PORTARIA 02/IHGM, de 01 de dezembro de 2010
A Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, Prof. Dra. Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo, considerando o RELATÓRIO DA COMISSÃO DE VERIFICAÇÃO DO QUADRO SOCIAL (ANEXOS), apresentado na Assembléia Geral de 29/09/2010 e o disposto no Artigo 11, que estabelece prazo de seis (06) meses para tomar posse após a admissão, RESOLVE: 1- Declarar NULAS as admissões dos seguintes sócios admitidos e que não tomaram posse até esta data: a) Joaquim Vila Nova Assunção (Cadeira 07) b) Gutemberg Fernandes de Araujo (Cadeira 09) c) Antônio Rafael da Silva (Cadeira 10) d) Antônio Francisco de Sales Padilha (Cadeira 16) e) Antônio Guimarães de Oliveira (Cadeira 26) f) Francisca Ester de Sá Marques (Cadeira 31) g) Cleones Carvalho Cunha (Cadeira 36) h) Sofiani Labidi (Cadeira 52) 2- Declarar VAGAS as respectivas Cadeiras para as quais foram admitidos. Dê-se ciência e cumpra-se Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo Presidente
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LISTA DE SÓCIOS EFETIVOS – ABRIL DE 2010 01
CLAUDE D’ABBVILLE 1 - José Maria Lemercier 2 - Jerônimo José de Viveiros 3 - Ladislau Papp
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YVES D’EVREUX 1 Raimundo Lopes da Cunha 2 Thomas Moses 3 Joaquim Vieira da Luz
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DIOGO DE CAMPOS MORENO 1 Benedito Barros e Vasconcelos 2 Robson Campos Martins
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SIMÃO ESTÁCIO DA SILVEIRA 1 Raimundo Clarindo Santiago 2 Alfredo Bena 3 Clodoaldo Cardoso LUÍS FIGUEIRA José Ferreira Gomes
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Pe. ANTONIO VIEIRA 1 Arias de Almeida Cruz 2 Josué de Sousa Montelo
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JOÃO DE SOUSA FERREIRA 1 Renato Nascimento Silva 2 José Maria Ramos Martins – Sócio Honorário JOÃO FELIPE BETTENDORF 1 Henrique Costa Fernandes 2 José Ribeiro do Amaral 3 Bernardo Coelho de Almeida
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BERNADINO PEREIRA DE BERREDO E CASTRO 1 Ruben Ribeiro de Almeida 2 Rosa Mochel Martins JOSÉ DE MORAES 1 Adalberto Acioli Sobral SEBASTIÃO GOMES DA SILVA BELFORT 1 Antonio Lopes Ribeiro Dias 2 Candido Pereira de Sousa Bispo 3 Almir Moraes Correia 4 Sebastião Barreto de Brito
DILERCY ARAGÃO ADLER. Av. Litorânea n 09 Ed. Roma Garden – Apt. 301 - Calhau Cep: Telefones: (98) 3246 – 2018 Cel: 9113 – 1560 8161 – 2361 ou 8826 dilercy@hotmail.com JOSEMAR BEZERRA RAPOSO Rua Cel. Eurípides Bezerra nº 333 – Turú Cep: 650.66-260 Telefone: 3082-3200 Cel. 8136-2707 E-mail: RAIMUNDO CARDOSO NOGUEIRA Ed. Enseada – Ponta D’Areia Aptº 602 Cep:65175650 Telefone: 3235 –1684/ 81343031 CARLOS ALBERTO SANTOS RAMOS Rua dos Narcisos, Qd – 11 casa 13 – Renascença II Cep: 65065-600 Telefones: 3227 – 2877 Cel: 9621 - 9314 RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS R- Netuno, nº 01 QD- 16 Edif. Bela Vista, Aptº 1103 – Bairro Renascença II – cep: 65075-025 Telefones: 3227-2837 /8115-6610 TELMA BONIFÁCIO DOS SANTOS REINALDO Rua dos Professores, Qd – 14 nº 10, conj. Cohafuma Cep:65.078 Telefones: 3246 – 2218 / 3217 – 8332 Cel: 8148 – 8141 telma.bonifacio@yahoo.com.br JOAQUIM VILANOVA ASSUNÇÃO NETO R. Jamundá, Q-H Nº 8 Pq.Amazonas Cep: 65030780 Telefone: 32284201 /99714832 OSVALDO PEREIRA ROCHA Rua Portinari Q 08 Casa 07 Maranhão Novo Cep: 65.061-390 Telefones: 3236-2387 / 9971-1443 rocha.osvaldo@uol.com.br ANTÔNIO RAFAEL DA SILVA R. Salvador Oliveira, C-10 QD-I Sítio Leal Cep: 65040780 Telefone: 3243-1195 MANOEL DOS SANTOS NETO R-Senador Pompeu, 20 Vila Isabel Cep: 65.080.190 Telefone 32284201 /9971-4832 e-mail: masantosneto@gmail.com
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FRANCISCO DE PAULA RIBEIRO 1 João Persondas de Carvalho 2 Liberalino Pinto Miranda 3 Cesário Veras 4 Eloy Coelho Neto RAIMUNDO DE SOUSA GAYOSO 1 José Pedro Ribeiro 2 Oswaldo da Silva Soares 3 Tácito da Silveira Caldas 4 Aluízio Ribeiro da Silva
NATALINO SALGADO FILHO Rua dos Angelins, Qda 10 nº 30 São Francisco Cep: 65.076-030 Telefone: Res: 3227-4072 / 3235-5888 Hospital–3219-1002 / 3231-3938 / 3222-5508 GILBERTO MATOS AROUCHE Endereço: R-S Q-06 C-21 Cohatrac I Telefone: 3238-4870/91537712 E-MAIL: gmaroucha@bol.com.br
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ANTONIO BERNADINO PEREIRA DE LAGO 1 Manoel Fran Pacheco 2 Aderson de Carvalho Lago 3 Mario Lincoln dos Santos
MARCELO DO ESPÍRITO SANTO R-Ipanema, Q-R nº 02 – Sítio Campinas – São Francisco Cep: 65001-970 Telefones:8807-7710/9961-6253/3235-2008 – 32314045 –Secret. do Estado
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JOÃO ANTONIO GARCIA DE ABRANCHES 1 Eduardo Abranches de Moura 2 Astolfo Serra 3 Ronald da Silva Carvalho FRANCISCO DE NOSSA SENHORA DOS PRAZERES 1 Virgílio Domingues da Silva 2 Felipe Conduru Pacheco 3 Miguel Arcângelo Bernandes Filho CUSTÓDIO ALVES SERRÃO 1 Aquiles F. Lisboa 2 Fernando Viana 3 Raimundo Carvalho Guimarães 4 Ernane José de Araujo JOÃO FRANCISCO LISBOA 1 Wilson da Silva Soares 2 Olavo Correia Lima 3 Lourival Borda Santos 4 Manoel de Jesus Lopes CANDIDO MENDES DE ALMEIDA 1 Justo Jansen Ferreira 2 Leopoldino do Rego Lisboa 3 Virgílio Domingues da Silva Filho 4 Clóvis P. Ramos ANTONIO GONÇALVES DIAS 1 João Braulino de Carvalho 2 João Lima Sobrinho
JOSÉ MARCIO SOARES LEITE Rua do Farol, nº 10 , Edifício Flor do Vale Aptº 1302 – Ponta do Farol de São Marcos Telefone: 3235-0279 ou 99911416 / 99833443 CEP: 65077-450
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ANTONIO HENRIQUES LEAL 1 Luso Torres
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CÉSAR AUGUSTO MARQUES 1 Domingos de Castro Perdigão 2 Fernando Eugênio dos Reis Perdigão 3 Raimundo Nonato Travassos Furtado LUIS ANTÔNIO VIEIRA DA SILVA 1 Domingos Américo de Carvalho 2 Nicolau Dino de Castro e Costa 3 Merval de Oliveira Melo
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PAULO OLIVEIRA Rua 03 Qda G Casa 12 Cohabiano II – Cohatrac Cep: 65075-500 Telefone: 3265-1053 BENTO MOREIRA LIMA Rua 08 Qda 02 Casa 07 - Ponta D’Areia CEP:65075-500 Telefone: 3235-4662 CÉLIO GITAHY VAZ SARDINHA Rua das Paparaúbas Qda 73 Casa 29 São Francisco Cep: 65076-000 Telefone: 3227-2751 /3227- 0697 / 3362-113 ELIMAR FIGUEREDO DE ALMEIDA SILVA Rua dos Magistrados Nº 18 Olho D’Água Cep: 65065-240 Telefone: 3248-0382 JOSÉ RIBAMAR SEGUINS Av. Odilo Costa Filho nº 15 – Parque Universitário Cep: 65500000 Telefone: 3225-4349 CARLOS ORLANDO RODRIGUES DE LIMA Endereço: Rua Santo Inácio Nº 345 Olho D’Água Telefone: 3226-4531 JOÃO FRANCISCO BATALHA R- dos Jambos, Q-65 – C-3 Renascença I Cep: 65075-210 Telefone: 3227-3793/ 32271434 – 9972-3369 batalha@elo.com.br
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ANTONIO ENES DE SOUSA 1 José Domingues da Silva 2 José Silvestre Fernande 3 Dr. Salomão Fiquene CELSO TERTULIANO DA CUNHA MAGALHÃES 1 Antonio Lopes de Cunha 2 Odilon da Silva Soares
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LUIS FELIPE GONZAGA DE CAMPOS 1 Alcino Cruz Guimarães 2 José Joaquim G. Ramos
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RAIMUNDO LOPES DA CUNHA 1 Tasso de Moraes Rêgo Serra
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RAIMUNDO NINA RODRIGUES 1 João Bacelar Portela 2 Celso Aires Anchieta 3 Benedito Clementino de Siqueira Moura JOSÉ RIBEIRO DO AMARAL 1 Arnaldo de Jesus Ferreira 2 Luís Carlos Cunha
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JUSTO JANSEN FERREIRA 1 Olímpio Ribeiro Fialho
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ANTONIO LOPES DA CUNHA 1 José Sarney (Sócio Honorário)
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AQUILES DE FARIAS LISBOA 1 José Ribeiro de Sá Vale 2 Waldemar da Silva Carvalho
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CRISTOVÃO LISBOA Orlandex Pereira Viana
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WILSON DA SILVA SOARES 1 Elizabeto Barbosa de Carvalho 2 Fernando Barbosa de Carvalho 3 Ariceya Moreira Lima da Silva
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DOMINGOS DE CASTRO PERDIGÃO 1 Thucydides Barbosa 2 Antenor Mourão Bogéa 3 Benedito Bogéa Buzar
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LUCY MARY SEGUINS SOTÃO Alameda 03 Bl-B Aptº 102 –Cond. Atlântico –Maranhão Novo AYMORÉ CASTRO ALVIM Av. Sambaquis, Q-14 Nº 06 – Calhau Cep: 65071-390 Telefones: 3231-3644 /22272654 (R) aymore@elo.com.br ANTÔNIO GUIMARÃES DE OLIVEIRA R-Congonhas, nº 5 Resid. Vinhais III – Recanto dos Vinhais Cep: 65.070.680 Telefones: 3236-1463 /9993-3265 RAIMUNDA NONATA FORTES CARVALHO NETA Telefone: 8144-2573 raimundafortes@yahoo.com.br RITA MARIA NOGUEIRA
ANTONIO RUFINO FILHO Rua dos Pinheiros Qda 15 Casa 13 São Francisco CEP: 65076-250 Telefone: 3227-1285 Rafaelrufino00@hotmail.com ILZÉ VIEIRA DE MELO CORDEIRO Rua 08 Qda 14 Casa 06 Planalto Vinhais CEP: 65070-000 Telefone: 3236-0349 Ilzeveira@elo.com.br FRANCISCA ÉSTER DE SÁ MARQUES Rua São Vicente de Paula, nº 88 – João Paulo Telefones: 324373597359/8111-1812 JOÃO MENDONÇA CORDEIRO Av. Matos Carvalho Nº 55 Olho D’Água Cep: 65.065-270 Telefone: 3226-0735/ 9971-6834 TEREZINHA DE JESUS ALMEIDA SILVA RÊGO Av. Sambaquis Qda 09 nº 33 Calhau CEP: 65071-390 Telefone: 3235-0130 / 3217-8524 ( Herdário Campus ) / 9973-1278 PAULA FRASSINETTI DA SILVA SOUSA Av. dos Holandeses, Nº 01 Aptº 1502 Ed. Tom Jobim Calhau CEP: 65071-380 São Luís – Ma Telefone: 3227-5015 / 9971-6688 CÂNDIDO JOSÉ MARTINS DE OLIVEIRA
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ASTOLFO DE BARROS SERRA 1 João Freire de Medeiros 2 Herberth de Jesus Santos JOSÉ CONSTANTINO GOMES DE CASTRO 1 Maria de Conceição Ferreira ANTONIO BATISTA BARBOSA DE GODÓIS Waldemar de Sousa Santos
FRANCISCO GAUDÊNCIO SABBAS DA COSTA 1 Luís Alfredo Neto Guterres Soares JOÃO DUNSHES DE ABRANCHES MOURA 1 José Ribamar Ferreira 2 Pedro Rátis de Santana 3 Carlos Thadeu Pinheiro Gaspar
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JOSÉ DOMINGUES DA SILVA Cássio Reis Costa
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ANTÔNIO DO RÊGO Sebastião Moacir Xérex
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TASSO FRAGOSO 1 Jéferson Moreira 2 Amandino Teixeira Nunes
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TEMISTOCLES DA SILVA MACIEL ARANHA Luis Cortez Vieira da Silva MANOEL NOGUEIRA DA SILVA 1 José Manoel Nogueira Vinhais 2 Dagmar Desterro e Silva
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FRANCISCO DA PAULA E SILVA Luiz de Moraes Rêgo
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JOAQUIM DE MARIA SERRA SOBRINHO 1 Domingos Vieira Filho 2 Domingos Chateaubriand de Sousa
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FRANCISCO SOTERO DOS REIS 1 José de Mata Roma JOÃO DA MATA DE MORAES 1 José de Ribamar Fernandes
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ANTONIO PEREIRA 1 Benedito Ewerton
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CLEONES CUNHA DIOMAR MOTA CARLOS ALBERTO LIMA COÊLHO Rua Arveira Nº05 Habitacional Coheb CEP: 65043-650 Telefones: 3223-4000 / 3212-0106 Cel. 99713777 lima.coelho@ig.com.br FRANCISCO PERES SOARES LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ R- Titânia, 88 – Recanto dos Vinhais Cep: 65070.580 Telefone: 3236-2076 /88214397 vazleopoldo@hotmail.com RAUL EDUARDO DE CANEDO VIEIRA DA SILVA Rua Parintins Qda B Nº 04 – Parque Amazonas Telefone: 3222-6660 NYWALDO GUIMARÃES MACIEIRA Rua Miragem do Sol Nº 27 Residencial Broadway Aptº 1002 Bela Vista – Renascença II Telefone: 3235-4643 JOSÉ CLOVES VERDE SARAIVA R- dos Sabiás, qd- 13-A N° 14 Aptº 403 – Renascença II Cep: 65.075-360 Telefones: 3227-0392 ENEIDA VIEIRA DA SILVA OSTRIA DE CANEDO Rua Parintins Qda B nº 04 Parque Amazonas Telefone: 3222-6660 JOSÉ PINHEIRO MARQUES Rua das Palmeiras Qda A – nº 03 Jdª Renascença Telefones: 3227-1836 / 9976-2560 Cel: 99719888 MARIA ESTERLINA MELO PEREIRA Av. Newton Bello Nº240 – Monte Castelo Telefones: 3232-8218 / 3222-8143 Cel: 96112426 KALIL MOHANA Rua Afonso Pena Nº 119 – Centro Cep: 65100-030 Telefone: 3231-3822
JOSÉ DE RIBAMAR FERNANDES Av. São Marcos Nº 02 Ponta do Farol CEP: 65077-000 Telefone: 3227-2101 netofernandes@bol.com CLAUBER PEREIRA LIMA clauberlima@gmail.com
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RUBEN RIBEIRO DE ALMEIDA 1 Edomir Martins de Oliveira
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JOAQUIM GOMES DE SOUSA 1 José Moreira 2 Desdédit Carneiro Leite Filho
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JOSÉ NASCIMENTO DE MORAES 1 Manoel de Oliveira Gomes
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FELIPE CONDURÚ PACHECO 1 Kleber Moreira de Sousa
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JOSÉ RIBEIRO DE SÁ VALE 1 Joseth Coutinho Martins de Freitas
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JERÔNIMO JOSÉ DE VIVEIROS 1 José Ribamar Sousa dos Reis
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JOSÉ EDUARDO DE ABRANCHES MOURA 1 José Adirson de Vasconcelos 2 Augusto Silva de Carvalho
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JOÃO PARSONDAS DE CARVALHO 1 OLÍMPIO RIBEIRO FIALHO 1 José da Costa Mendes Pereira
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JOSÉ DE RIBAMAR CARVALHO 1 Francisco Alves Camelo
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EDOMIR MARTINS DE OLIVEIRA Av. do Vale Q 21 Lote 11 – Edif. Florença Aptº 501 – Renascença II CEP: 65075-660 Telefones: 3235-4117 / 3235-1417 Cel: 8871-2512
SALOMÃO PEREIRA ROCHA Rua dos Timbós – Casa 29 QD- 102 – Renascença I Cep:65.075-410 Telefones: 9112-3782 ÁLVARO URUBATAN MELO R-Andorinhas, nº 03 QD- 11 Renascença- Ponta do Farol Telefones: 3235-1881 /9606-0960 JOSETH COUTINHO MARTINS DE FREITAS Rua de Santaninha, nº627 – Centro CEP: 65010-580 Telefones: 3232-0261 / 99723620 josethecmf@hotmail.com JOSÉ RIBAMAR SOUSA DOS REIS Rua Santa Rita nº578 Centro Cep: 65015-430 Telefones: 3222-6048 / 3226- 4916 ou 91311631
WASHINGTON MACIEL CANTANHEDE ELIZABETH PEREIRA RODRIGUES R- dos Abacateiros, 33 Ed. Leonardo da Vinci, Apt. 400 – S.Francisco Telefones: 3227-7071/ 3235-2161 /Dom Bosco: 3216-7000 /8121-79953 RAIMUNDO GOMES MEIRELES Igreja Santo Antônio – Praça Antônio Lobo, nº 4 – Centro Telefones: 3231-2775/ 88049424 seleriem.mei@uol.com.br
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PORTARIA 05/IHGM, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2010
A Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, Prof. Dra. Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo, no uso de suas atribuições, tendo em vista o que consta do Artigo 9º do Estatuto Social RESOLVE: a) Estabelecer o valor de contribuição, a título de Jóia, a ser recolhida pelo Sócio admitido no valor correspondente a Hum (01) ano de anuidade. b) A contribuição a título de Jóia deverá ser recolhida à Tesouraria até o dia anterior à sua posse. c) O valor correspondente à Jóia, nos termos do Estatuto Social, será reajustado bienalmente, sendo 2011 o de início de seu pagamento. Dê-se ciência e cumpra-se Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo PRESIDENTE