ALL EM REVISTA REVISTA (ELETRÔNICA) DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS
EDITOR: LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536
Volume 6, Numero 3 – JULHO - SETEMBRO - 2019 SÃO LUIS – MARANHÃO
MARIA FIRMINA DOS REIS – PATRONA DA ALL – BY WANIEL JORGE SILVA
2019 – ANO DE MARANHÃO SOBRINHO
2014– ano de MARIA FIRMINA DOS REIS
2016 – ANO DE COELHO NETO
2018 – ANO DE GRAÇA ARANHA
2015 – ano de MÁRIO MARTINS MEIRELES
2017 - ANO DE JOSUÉ MONTELO
2019 – ANO DE MARANHÃO SOBRINHO
A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.
EXPEDIENTE ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS COMISSÃO DE BIBLIOGRAFIA
COMISSÃO DE PUBLICAÇÃO E EVENTOS SANATIEL PEREIRA (PRESIDENTE) ANTONIO AÍLTON DILERCY ADLER CLORES HOLANDA CONSELHO EDITORIAL SANATIEL PEREIRA (PRESIDENTE) ANTONIO AÍLTON DILERCY ADLER
EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076 # (98) 8119 1322 ENDEREÇO ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS Palácio Cristo Rei – UFMA / Sala do Memorial Gonçalves Dias Praça. Gonçalves Dias, 351 - Centro: São Luís - MA. CEP: 65042-240. TELEFONES: (98)3272-9651/9659
ALL EM REVISTA Revista (eletrônica) da Academia Ludovicense de Letras A Academia Ludovicense de Letras – ALL –, fundada em 10 de agosto de 2013, “tem por finalidade o desenvolvimento e a difusão da cultura e da literatura ludovicense, a defesa das tradições literárias do Maranhão e, particularmente, de São Luís, a perpétua renovação e revitalização do legado da Atenas Brasileira, o culto às origens da cidade e à sua formação pelas letras, a valorização do vernáculo e o intercâmbio com os centros de atividades culturais do Maranhão, do Brasil e do exterior” (Art. 2º, do Estatuto Social). Em seu artigo 58, “Além de outras que venham a ser criadas, constituem o rol permanente das publicações oficiais da Academia a Revista, os Perfis Acadêmicos e a Antologia.”. Esta Revista, apresentada em formato eletrônico, destina-se à divulgação do fazer literário dos membros da Academia Ludovicense de Letras – ALL . Está dividida em sessões, que conterão os: DISCURSOS E PRONUNCIAMENTOS dos sócios da Instituição, e de literatos convidados, não pertencentes ao seu quadro social; ALL NA MÍDIA resgata as colaborações nas diversas mídias, quando identificados como membros da ALL; ARTIGOS, CRÔNICAS, OPINIÕES manifestas pelos membros da Academia; POESIAS de autoria de seus membros. Haverá uma sessão DE ICNOGRAFIA, registrandose as atividades da ALL, e aquelas em que seus membros tenham participado, assim como a divulgação de nosso CALENDÁRIO DE EVENTOS. Poderá, ainda, conter ASSUNTOS ADMINISTRATIVOS, referentes a questões estatutárias, regulamento, e avisos. As colaborações não poderão ultrapassar 30 laudas – formato A4, Times New Roman, em Word, espaço único, com ilustrações. Normas de publicação ABNT. Os contatos são feitos através de seu Editor, pelo endereço eletrônico vazleopoldo@hotmail.com
NOSSA CAPA: Escudo da ALL
Retratos de Maria Firmina dos Reis By Waniel Jorge Silva
ALL EM REVISTA Revista (eletrônica) da Academia Ludovicense de Letras ENDEREÇO PARA CORRESPONDENCIA: EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076 #
NUMEROS PUBLICADOS – ENDEREÇO ELETRONICO 2014 V.1, n. 1, 2014 (janeiro/março) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma V.1, n. 2, 2014 (abril/junho) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_ V.1, n. 3, 2014 (julho/setembro) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18 V. 1, n. 4, 2014 (outubro a dezembro). http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981
2015 V. 2, n. 1, 2015 (janeiro a março) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no V. 2, n. 2, 2015 (abril a junho). http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no_ad17bb277a03b8 V. 2, n. 3, 2015 (julho a setembro) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2_numero_3_ V. 2, n. 4, 2015 (outubro a dezembro). http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2__numero_4
2016 V.3, n.1, 2016 (janeiro a março) https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email V.3, n.2, 2016 (abril a junho) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195118.compute-1.amazonaws.com
V.3, n.3, 2016 (julho a setembro) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__numero_3?workerAddress=ec2-54-209-15202.compute-1.amazonaws.com V.3, n.4, 2016 (outubro a dezembro) https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__numero_4
2017 V.4, n.1, 2017 (janeiro-março) https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_4__numero_1
V.4, n.2, 2017 (abril a junho) https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_4__numero_2
V.4,n.3,2017 (julho a setembro) https://issuu.com/leovaz/docs/revista_all__n.4__v._3__julho-setem V.4,N4, 2017 (outubro a dezembro) https://issuu.com/leovaz/docs/revista_all__n.4__v.4__outubro-deze
2018 V.5, n. 1, 2018 (janeiro a março) https://issuu.com/leovaz/docs/revista_all__n.5__v.1__janeiro-mar_ V.5, n. 2, 2018 (abril a junho) https://issuu.com/leovaz/docs/revista_all__n.5__v.2__abril-junho_ V.5, n. 3, 2018 (julho a setembro) https://issuu.com/leovaz/docs/revista_all__n.5__v.3__julho-setemb V.5, n. 4, 2018 (outubro a dezembro) https://issuu.com/leovaz/docs/revista_all__n.5__v.4__outubro-deze
2019 V.6, n. 1, 2019 (janeiro a março) https://issuu.com/…/docs/revista_all__n.6__v1__janeiro-mar_o V.6, n. 2, 2019 (abril a junho) https://issuu.com/leovaz/docs/revista_all__n.6__v2__abril-junho_2 V.6, n. 3, 2019 (julho a setembro)
V.6, n. 4, 2019 (outubro a dezembro)
ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS Fundada em 10 de agosto de 2013 Registrada sob no. 48.091, de 09 de janeiro de 2014 – Cartório Cantuária de Azevedo CNPJ 20.598.877/0001-33
CHAPA 1 “MARIA FIRMINA” – BIÊNIO 2018 – 2019 MEMBROS DA DIRETORIA: ANTÔNIO JOSÉ NOBERTO DA SILVA – Presidente; ANA LUIZA ALMEIDA FERRO – Vice-Presidente; CLORES HOLANDA SILVA – Secretária-Geral DANIEL BLUME PEREIRA DE ALMEIDA – Primeiro Secretário; CERES COSTA FERNANDES – Segundo Secretário; OSMAR GOMES DOS SANTOS – Primeiro Tesoureiro; e, RAIMUNDO GOMES MEIRELES – Segundo Tesoureiro. CONSELHO FISCAL: ÁLVARO URUBATAN MELO; ARQUIMEDES VIEGAS VALE; e, SANATIEL DE JESUS PEREIRA. CONSELHO DOS DECANOS DECANO CONSELHEIRA CONSELHEIRO CONSELHEIRO CONSELHEIRO
ARTHUR ALMADA LIMA FILHO - 17.10.1929 MARIA THEREZA DE AZEVEDO NEVES – 12.11.1932 ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO - 08.11.1934 ROQUE PIRES MACATRÃO - 13.11.1935 JOSÉ DE RIBAMAR FERNANDES - 30.01.1938
COMISSÃO DE PUBLICAÇÕES E EVENTO
SANATIEL PEREIRA (PRESIDENTE) ANTONIO AÍLTON DILERCY ADLER CLORES HOLANDA
CONSELHO EDITORIAL
SANATIEL PEREIRA (PRESIDENTE) ANTONIO AÍLTON DILERCY ADLER
EDITOR DA ALL EM REVISTA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
CADEIRA 21 Prefixo Editorial 917536
AGENDA DO PRESIDENTE ANTONIO NOBERTO No lançamento do livro da escritora Eliane Morais Araújo com o reitor da Universidade Federal do Maranhão, Dr.Natalino Salgado,a escritora Sharlene Serra, o historiador e presidente da Academia Ludovicense de Letras Antonio Noberto ,o professor Charles Simões
*RÁDIO ESPANHOLA ENTREVISTA O PESQUISADOR ANTONIO NOBERTO* A rádio espanhola RTVE entrevista o pesquisador e historiador Antonio Noberto, membro fundador da Academia Ludovicense de Letras (ALL) e sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), sobre a contribuição da Espanha no Brasil. Ele nos traz à reflexão para a compreensão da participação dos estrangeiros no nosso país nestes cinco séculos. Noberto é o idealizador e curador da exposição França Equinocial, em cartaz em São Luís/MA. Acesse o link da rádio RTVE http://www.rtve.es/…/emisso-em-portugues-enemigo-c…/5328012/ ou ouça os áudios que acompanham este post.
Em Natal no hall do Hotel Rifoles, com a gerente Carol Veras.
Rifoles foi o lugar balizador da futura cidade do Natal, o ancoradouro onde o capitão francês Jacques Riffault, por volta de 1590, mantinha a sua base no Rio Potengi. Atrás de nós um mapa do Rifoles datado de 1597.
No mapa azul, intitulado "O Potengi e o Rifoles", no canto inferior direito, uma representação do porto do Rifoles por volta de 1594, quando partiu para o Maranhão acompanhado de Charles dez Vaux e David Migan.
. Fundação da Academia Vargemgrandense de Letras e Artes AVLA. Noite de domingo, 14 de julho de 2019. Um grande evento.
NA COMPANHIA DOS ‘NOBERTO”: CUNHADO E IRMÃ... O Vereador Braga homenageado como sócio honorário
Posse do Dr. Cristiano de Lima Vaz Sardinha no IHGM, em 26/08/2019.
TAMBÉM DA ALL: NOBERTO, CLORES, SANATIEL, LEOPOLDO
Lançamento do livro "Três anos insólitos: 2016, 2017 e 2018, reflexões sobre economia e política". Do amigo economista e auditor Eden Junior. Dia 30 de agosto de 2019, na AMEI.
Entrevista na rádio Assembléia sobre a Adesão do Maranhão a Independência do Brasil. Quando: as 16h00 de quinta-feira (01.08.2019) Onde: rádio ALEMA. https://www.facebook.com/radioassembleiama/videos/219636382255053/
Atividades culturais da semana: palestras, lançamentos de livros, entrevista para TV francesa e rádio espanhola, levando além mares este grande tesouro, que é a história do Maranhão. Teve também visita com a Joana Bittencourt a zona rural de São Luís planejando levar teatro e a Cia de bonecos às comunidades. Tudo projeto voluntário, do nosso bolso. Tem visita ao museu da Gastronomia com a equipe francesa, encadernação de uma cópia de um capítulo sobre a família de François de Razilly, que pôs nome no Forte São Luís, no dia 08 de setembro de 1612. Este material me foi ofertado assinado por um descendente de François, o também francês Roland de Razilly em setembro de 2012, em um evento no Palácio dos Leões. Uma das palestras na AMEI foi ministrada pelo acadêmico da AMCLAM, Clésio Muniz, que ministrou sobre a história do inolvidável cantor Papete. Na quinta-feira (27), também na AMEI, a Fundação Sousândrade e a UFMA lançaram uma maravilhosa obra póstuma do filósofo e ex-reitor da UFMA, José Maria Ramos Martins. O livro Retalhos de uma vida tem o prefácio da confreira vice-presidente Luiza Almeida Ferro. O prestigiado evento contou com a presença da reitora da UFMA, Dra Nair Portela, presidente da ALL, Antonio Noberto, o presidente da AML, Benedito Buzar, e de várias outras autoridades do mundo acadêmico e político. Enfim, mais uma semana muito produtiva.
Escritora Luiza Lobo recebe título de cidadã maranhense, na Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão - ALEMA.
Comemoração do Dia do Soldado, no 24 BIS, em São Luís-MA.
COMEMORANDO O ANIVERSÁRIO DE ANTÔNIO NOBERTO, PRESIDENTE DA @ALLSLZLETRAS NO RESTAURANTE FERREIRO GRILL.
Nesta terça-feira, 03 de setembro, a partir das 8h, na semana das comemorações dos 407 anos de São Luís, o pesquisador e escritor Antonio Noberto estará no programa do radialista Robson Junior, na Rádio Difusora FM, falando sobre história do Maranhão. Não perca!
Entrevistas e palestras na semana que antecede o aniversário de São Luís.
https://www.facebook.com/radioassembleiama/videos/1028339934170848/
Entrevista na rádio Assembléia, com Maria Regina Teles. Sextafeira, 06 de setembro de 2019. Rádio Assembleia Maranhão fez uma transmissão ao vivo.Seguir · #PontoAPonto O bate-papo de hoje será com Antonio Noberto, turismólogo, historiador e escritor, membro fundador da Academia Ludovicense de Letras (ALL), sobre a história de São Luís e suas curiosidades em homenagem aos 407 anos da cidade. ▶ Acesse a entrevista a partir das 14h, pelo Facebook da Rádio ou pelo site www. radioalema.com. Participe!!!
Para quem quer entender um pouco mais sobre a fundação de São Luís e o que está por trás das críticas à fundação da cidade ouça a entrevista do escritor e membro da Academia Ludovicense de Letras e sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, Antonio Noberto. A entrevista é um presente para o Ludovicense nas comemorações dos 407 anos da nossa capital.
https://www.youtube.com/watch?v=n6NIJ6VNShk
O programa Resenha, da TV Difusora, entrevista os acadêmicos historiadores Antonio Noberto e Ana Luiza Almeida Ferro. Eles são da Academia Ludovicense de Letras (ALL) e do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM) e falam sobre os 407 anos da fundação de São Luís pelos franceses. No dia 08 de setembro, data do aniversário de São Luís, o jornal O Imparcial traz uma bela entrevista com António Noberto.
É com muita alegria que compartilho com os amigos e amigas o recebimento do PRÊMIO MONTEIRO LOBATO MELHORES DO ANO, NA CATEGORIA MELHOR PESQUISADOR. No hotel Pérola, em Búzios/RJ. Neste segundo final de semana de outubro de 2019. Obrigado a todos! Avante!
PALESTRA MINISTRADA ONTEM (17), NA ESCOLA AUGUSTO MOCHEL, NO MARACANÃ, ZONA RURAL DE SÃO LUÍS COM O TÍTULO "DO VINHAIS VELHO À PONTA DA AREIA UM REDUTO QUE DEU ORIGEM A SÃO LUÍS". A PALESTRA É UMA VIAGEM NOS PRIMÓRDIOS DE SÃO LUÍS, PERÍODO EM QUE A POPULAÇÃO FOI MAIS RESPEITADA E VALORIZADA.
DO VINHAIS VELHO À PONTA DA AREIA – UM REDUTO QUE DEU INICIO A SÃO LUIS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ ANTONIO NOBERTO Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Academia Ludovicense de Letras
"Des Vaux e Migan desempenham papéis tão ou mais vitais para a França Equinocial quanto alguém como La Ravardière, personagem que a historiografia optou por reter". (PERRONEMOISÉS, 2013) 1.
De algum tempo tenho defendido a ideia de que o Maranhão e a sua cidade, São Luís, foram obra de conquista e ocupação – se não fundação, pelo menos pré-fundação – de dois aventureiros franceses: Jacques Riffault e Charles de Vaux, pois ambos antecederam à expedição de instalação da França Equinocial, comandada por LaTouche e Razzily2. A "ilha de Maranhão", como chamavam os franceses, e suas cercanias haviam sido povoadas tardiamente pelos Tupinambá, em grande parte originários das zonas do litoral situadas mais a leste. Quando, em 1612, os primeiros contatos com os capuchinhos foram estabelecidos, os índios ainda se lembravam da chegada à região. Claude d'Abbeville afirma haver encontrado testemunhas oculares daquela primeira vaga migratória, ocorrida provavelmente entre 1560 e 1580: "Muitos desses índios ainda vivem e se recordam de que, tempos após a sua chegada à região, fizeram uma festa, ou vinho, a que dão o nome de cauim […]" (ABBEVILLE, 1614, p. 261) 3. Alfred Métraux (1927, p. 6-7) 4 cita outras narrativas concordantes com a de Claude d'Abbeville, a fim de assegurar-se do período provável dessa primeira migração (entre 1560 e 1580), especialmente a do português Soares de Souza (Tratado Descriptivo do Brasil) que afirma, em 1587, que a costa atlântica, do Amazonas à Paraíba, era povoada pelos Tapuia. Essa primeira migração é a única que teve como resultado, segundo Métraux, uma nova extensão dos Tupi. Depois, chegando em 1590, e se estabelecendo em 1594, Riffault, Des Vaux, e Davi Migan... E fundam Miganville, mais junto à aldeia de Uçuaguaba, a primeira povoação ocupada continuamente desde então por europeus, na grande ilha do Maranhão. Comecemos por Des Vaux: 1
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PERRONE-MOYSÉS, L. CINCO SÉCULOS DE PRESENÇA FRANCESA NO BRASIL: INVASÕES, MISSÕES, IRRUPÇÕES. São Paulo: Edusp, 2013. FALEIROS, Álvaro. Presença francesa no Brasil. ESTUD. AV. [online]. 2013, vol.27, n.79 [cited 2015-08-24], pp. 277-280 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142013000300020&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0103-4014. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142013000300020.
http://cev.org.br/comunidade/maranhao/debate/o-potengi-o-rifoles-e-a-ocupacao-do-maranhao-1/ file:///G:/LEOPOLDO%20ATUAL/PAPERS/PAPER%20235%20%20O%20POTENGI,%20O%20RIFOLES%20E%20A%20OCUPAÇÃO%20DO%20MARANHÃOb.pdf http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/riffault-o-corsa-rio-franca-s/377604 3 DAHER, Andrea. A conversão dos Tupinambá entre oralidade e escrita nos relatos franceses dos séculos XVI e XVII, HORIZ. ANTROPOL. vol. 10 no. 22 Porto Alegre. July/Dec. 2004 http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832004000200004 MÉTRAUX, Alfred. Migrations historiques des tupi-guaranis. Paris: Maisonneuve Frères, 1927 citado por DAHER, Andrea. A conversão dos Tupinambá entre oralidade e escrita nos relatos franceses dos séculos XVI e XVII, HORIZ. ANTROPOL. vol. 10 no. 22 Porto Alegre. July/Dec. 2004 http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832004000200004
Encontramos em “A Pacotilha”, de 25 de novembro de 1927, de Fulgêncio Pinto o que segue5 - Um conto de Natal: Era o ano de 1609, em Saint Malo, ilha de França, cidade dos corsários. Numa taberna reuniam-se muitos homens a gritar, a falar alto. [...] De repente surge um cavalheiro de olhos azues, porte esbelto e fidalgo, vestindo um gibão escarlate, trazendo sob a cinta de couro de serpente, um punhal de cabo de prata. Ele chegava de longe, de outras terras, de lugares desconhecidos. - De onde vem? - Quem será ele? - Para onde irá? - Parece-me que o conheço!... - Creio que fazia parte da tripulação de Jacques Riffault. - Não estás enganado? - Por Deus, que não. Não me são estranhos, este roto e esta voz. Eram estes os commentarios em torno d figura simpatica daquele homem que ali entrara, pedira um copo de cidra, e o esquecera em cima da mesa, entretendo-se a examinar um velho mapa. Ele havia chegado em companhia de alguns indios, dois dias antes numa das naus que ali estavam ancoradas no porto. Ali viam-e homens de todos os aspectos, de todas as raças, de todas as nacionalidades, de todas as cores, desde os mais ferozes até os mais pacíficos. Misturavam-se as línguas; ora ouviam dialetos sonoros, ora idiomas duros e quasi imperceptíveis. A fumaça dos cigarros diluindo-se no éter deitava uma iaca enjoativa, acre, misturando-se com o cheiro de alcatrão e da maresia. Aquela velha casa onde se reunia tanta gente, era a taberna cuja porta encimava garbosamente este letreiro’Au rendez vous dês corsaires’ sobre uma grossa chapa de ferro. Em frente desdobrava-se uma paizagem marítima, banhada pela margem do oceano aformoseando o horizonte, quer nas manhãs magníficas quer nas tardes silenciosas, quando o sol com seus aparatos de riquezas sumiam-se no mundo do sonho e do nada. Quatro mesas enormes estavam cercadas de bancos de carvalho. Apesar da grita o homem que entrara ha pouco, esquecia-se da cidra e continuava a estudar o mapa com muita atenção. - Diabo! Quem será aquele cavalheiro? Gritou um corsário. - Não o incomodeis berrou Tricon, pronto para fazer calar com um murro, o curioso. A’ porta da taberna assomaram mais dois cavalheiros. Um era François Dupré, filho único de um rico armador de Saint Malo, que havia conquistado nome e fortuna no Corso; o outro Raul Renaud, antigo professor em Paris, na Universidade de Sorbona, conhecido como sábio em sciencias naturaes. Entram e sem dirigir palavras aos demais que ali se embebedavam, tomam assento justamente, diante do desconhecido que lia o mapa. - Carlos Des Vaux!... Vós aqui! Já vos tínhamos como morto!... gritou admirado Dupré. O homem, espantadoouvia-lo o seu nome levantou a vista, e reconhecendo no jovem, o pequeno Dupré, o garoto que deixara ainda imberbe quanto partira para as suas correrias pelo oceano, poz-se de pé e estendeu-lhe as mãos entusiastamente. - Bravo Dupré! Estaes um perfeito homem. - Onde andaveis vós? 5
PINTO, Fulgêncio. Um conto de Natal. In A PACOTILHA, São Luis, 27 de novembro de 1927
- Cruzando os mares – responde o pirata. - O que tanto vos prende a esse papel - Um sonho, pequeno. - De amor? - Não, de conquista. - Que papel é esse Des Vaux?, Um mapa? - Sim, um mapa. - E que sonho de conquista será esse? Dupré apresentou-lhe o seu velho amigo e mestre Raul Renaud. -Ouçam-me o grande sonho – pediu Des Vaux. Contentes achegaram os bancos de carvalho, e debruçados da mesa, quedaram-se sobre o mapa que Carlos Des Vaux tinha entre as mãos, apontando-lhes ali, num belo discurso, os encantos de uma terra prodigiosa e moça, para la do oceano, em que ele havia havia habitado por muito tempo entre os índios. Quinze anos eram decorridos, desde o naufrágio de Jacques Riffault num dos baixios ao norte do Brasil, nas proximidades da costa do Maranhão. Quinze anos aquele homem de olhos azues, cor bronzeada, pele queimada pelo sol caustigante dos trópicos, que ali estava a conversar animadamente, errara pelas matas da formosa terra moça pelos litoraes, pelos ínvios sertões, e depois de haver alcançado Victoria brilhantes ao lado dos índios nos conflitos de Hibiapaba, resolvera fixar residência no ponto mais pitoresco numa ilha arborizada, seguro da amizade dos Tupinambás, tornando-se o homem de confiança de toda a tribo, que lhe admirava a bravura e a bondade do coração. Era ali a formosa ilha dos Tupinambás, ilha d sol, vivendo na exuberância da sua luz, tecendo magníficos cortinados nas franças dos arvoredos selvagens, cheia de mistérios e explendores, flora maravilhosa, vales rumorosos, que ao revelhar-lhes os encantos, o pirata, sentia uma certa transfiguração de espirito, e o cérebro embriagava-se de sonhos magníficos. Era ali que Japiassú grande amigo e aliado de Des Vaux, era chefe, principal, irradiando o seu alto poder, de Juniparan, a aldeia mais notal de quantas existiam na ilha. Terminada a narração ele o pirata explicou aos amigos que voltava à pátria afim de oferecer à sua magestade cristianíssima Henrique IV, rei de França e senhor de Navarra, não só a posse do território fertilíssimo como também a amizade e obediência dos Tupinambas. Os três homens esquecidos do tudo quanto os cercava, confabularam em armar uma expedição, em demanda da terra previlegiada, expedição que mais tarde foi levada a efeito auxiliada pelo conde de Sulley, então governador da Bastilha, conselheiro de sua magestade Henrique IV, sob o comando do senhor de La Ravardiere, que foi ali fundar uma cidade em honra a Luis XIII, na regência de Maria d Medicis. [...] onde fica essa formosa terra tão linda, tão moça de Carlos dês Vaux. [...] essa formosa terra moça e previlegiada é S. Luis é o Maranhão [...] - É Maranhão!... - E quem era Carlos Des Vaux? Era um Frances, amigo do Maranhão que sacrificara tudo, para fundar aqui a França Equinocial! Beatriz Perrone-Moisés (2013, citada por Faleiros, 2013, em "Franceses no Maranhão: história de intérpretes”) 6, retoma a trajetória de Charles des Vaux, jovem nobre responsável pela ideia da fundação da 6
PERRONE-MOYSÉS, L. CINCO SÉCULOS DE PRESENÇA FRANCESA NO BRASIL: INVASÕES, MISSÕES, IRRUPÇÕES. São Paulo: Edusp, 2013. FALEIROS, Álvaro. Presença francesa no Brasil. ESTUD. AV. [online]. 2013, vol.27, n.79 [cited 2015-08-24], pp. 277-280 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142013000300020&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0103-4014. http://dx.doi.org/10.1590/S010340142013000300020.
França Equinocial no século XVII, assim como a história de David Migan, jovem intérprete francês que viveu entre os índios tupi. O centro do argumento de Beatriz Perrone-Moisés é que "Des Vaux e Migan desempenham papéis tão ou mais vitais para a França Equinocial quanto alguém como La Ravardière, personagem que a historiografia optou por reter".
Ao colocar o que chama de "intérpretes-embaixadores" como protagonistas da história da França Equinocial, a antropóloga lança luz sobre estratégias fundamentais de contato e de conquista ainda pouco visíveis para a historiografia oficial: Depois de serem expulsos pelos portugueses da Guanabara e da costa nordeste do Brasil, os franceses se voltaram para a região do Maranhão. Embora não atingida pela colonização portuguesa, ela já havia sido brevemente explorada por Aires da Cunha, Diego Nunes e Luís de Mello, a serviço do rei de Portugal. (FALEIROS, 2013).
Des Vaux é quem negocia o local onde seria instalado o forte e o convento dos religiosos, nas colinas desocupadas, onde não se encontravam instalados os primitivos habitantes: [...] O padre Abbeville enumera no seu livro 27 aldeias dos Tupinambás, explica a situação geográfica de todas elas, dá todos os nomes, conta o número de habitantes de cada uma; mas o livro não contem qualquer noticia a respeito da situação da cidade de S. Luis. Em vão procuramos alguma indicação a respeito das colinas onde foi construído o forte e onde estavam as habitações dos antigos moradores. Ele narra que, na sua chegada, o francês Dês Vaux tratou longamente com o “príncipe” da ilha e com os outros principais, para lhe cederem eles um pequeno terreno, onde pudessem fazer o forte, e entregassem a metade da colina de Santo Antonio, para nela fundar um estabelecimento religioso. Os chefes dos índios cederam esses dois pontos, que não estavam ocupados. Mas isso quer dizer, que as outras partes do território, onde está hoje S. Luis, eram ocupadas pelos antigos habitantes. (PINTO, 1927) 7. Ludwig Schwennhagen (1924) 8 estranha a ‘censura’ ao livro do primeiro cronista do Maranhão, com a supressão de três capítulos, justamente os que falam da ‘cidade’ de São Luís, já que aquele sacerdote descreve todas as aldeias instaladas na Ilha e adjacências. Relata D’ Abeville que saíram a visitar a Ilha: De Rasilly9, o Barão de Sancy e os padres D' Abbeville e Arséne de Paris, acompanhados de um antigo morador de Upaon-Açú, de nome David Migan: "levaram-nos os índios, de canoa, até Eussauap, onde chegamos no sábado seguinte ao meiodia. O Sr. de Pizieux e os franceses que com ele aí residiam receberam-nos com grande carinho" (D’ABEVILLE, 1975)10.
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PINTO, Fulgêncio. Um conto de natal. In A PACOTILHA”, de 25 de novembro de 1927 SCHWENNHAGEN, Ludwig. São Luis na antiguidade. A PACOTILHA, São Luis, 7 de outubro de 1924. 9 9 9 Ferro (2012, 2014) ; e Ferro e Ferro (2012) afirmam que La Ravardière não fundou sozinho São Luís: O cofundador da cidade, a quem esta, na verdade, deve o nome, foi o Senhor de Razilly, de Oiseaumelle e de Vaux-en-Cuon, nascido em 1578, originário da região de Touraine. Já na cerimônia de 1º de novembro de 1612 – de afirmação da autoridade da Coroa francesa e cunho especificamente político e complementar àquela de 8 de setembro –, em que os indígenas chantaram o estandarte real, contendo as armas da França, junto da cruz anteriormente cravada no solo da Ilha do Maranhão, o mesmo personagem e seu sócio La Touche decretaram as importantíssimas Leis Fundamentais da França Equinocial, marco legal pioneiro de manifestação de natureza constituinte elaborada nas Américas. Foi ainda o almirante Razilly quem, de volta à França, salvou da destruição um ou mais exemplares, não obstante o desaparecimento de algumas partes, da obra Seguimento da História das coisas mais memoráveis, ocorridas no Maranhão nos anos de 1613 e 1614, de Yves d’Évreux, cuja publicação fora autorizada em 1615 para, logo em seguida, ser abortada. E, todavia, François de Razilly é o fundador esquecido de São Luís. 10 D´ABBEVILLE, Claude. HISTÓRIA DA MISSÃO DOS PADRES CAPUCHINHOS NA ILHA DO MARANHÃO E TERRAS CIRCUNVIZINHAS. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: USP, 1975. 8
A hoje Vila Velha de Vinhais – a Uçaguaba dos Tupinambá - é ocupada desde tempos imemoriais; primeiro, pelos povos dos sambaquis; depois pelos Tremembés, e por ultimo, pelos Tupinambá (BANDEIRA, 2013) 11 . A ocupação do Vinhais Velho data de pelo menos 3.000 anos de duração: As datações obtidas para as ocupações humanas que habitaram o Vinhais Velho possibilitaram construir uma cronologia para a presença humana nesta região da Ilha de São Luis, que data desde 2.600 anos atrás se estendendo até a chegada dos colonizadores (1590-1612?). [...] Essas datações se relacionam com os três períodos de ocupação humana no Vinhais Velho em tempos pré-históricos: ocupação sambaqueira / conchífera, ocupação ceramista com traços amazônicos e ocupação Tupinambá. (p. 75). [...] A presença dos grupos sambaquieiros na região durou até 1.950 atrás, com uma permanência de 650 anos. (p. 76).
[...] Em torno de 1840 anos atrás essa região foi novamente ocupada por grupos humanos bastante diferentes dos povos que ocuparam o sambaqui. Esses grupos produziam uma cerâmica muito semelhante às encontradas em regiões amazônicas, sendo prováveis cultivadores de mandioca. (p. 76). [...] Esses grupos habitaram a região do Vinhais Velho até o ano 830 antes do presente, totalizando uma ocupação de 1.010 anos. A provável origem dos grupos ceramistas associados à terra preta é a área amazônica, possivelmente o litoral das Guianas e do Pará. (p. 76). 11
BANDEIRA, Arkley Marques. VINHAIS VELHO – Arqueologia, História e Memória. São Luis: Ed. Foto Edgar Rocha, 2013.
A ultima ocupação humana [...] ocorreu em torno de 800 anos antes do presente e durou até o período de contato com o colonizador europeu, já no século XVII. Tratam-se de povos Tupinambás, que ocuparam essa região, possivelmente vindos da costa nordestina, nas regiões do atual Pernambuco e Ceará [...]
[...] a ocupação Tupi, a julgar pelas datações durou pouco mais de 800 anos [...] (p. 76).
1507 – Indios Timbiras guarnecendo escudo de Portugal A partir do meado dos anos 1500, o Tratado de Tordesilhas, assinado por Portugal e Espanha, não era respeitado pela França, que contestara de maneira mais veemente a divisão do mundo. Em termos de expansão marítima, os franceses, mesmo perdendo a corrida, buscaram terras sem colonização para poder explorar. Corsários recebiam apoio do governo francês, com financiamento, para explorar as riquezas das Américas, fazendo contrabando, principalmente de pau-brasil e muitas outras madeiras, além de pássaros silvestres, macacos, e de até mesmo de tabaco. A presença de traficantes de pau-brasil no litoral brasileiro, remonta ao ano de 1503 e é aceito como o do início das incursões francesas na costa norte-rio-grandense e 1516 como o momento em que traficantes e corsários vindos da França agiam na Costa dos Potiguares, como era então conhecido o território habitado por aqueles silvícolas, dele fazendo parte o atual Rio Grande do Norte.
Portugal reagia como podia às investidas francesas, financiando “varreduras costeiras” entre Pernambuco e o rio da Prata, de 1516 a 1519 e de 1526 a 1528, ambas realizadas por Cristóvão Jacques, pois os franceses costumavam visitar a costa brasileira entre o cabo de São Roque e a Angra dos Reis, mais fácil e acessível. Em 1524 vamos encontrar Guérard e Roussel, corsários de Dieppe, visitando o Maranhão12. Todo o Brasil setentrional estava completamente abandonado pelo colonizador luso e, portanto, nas mãos de comerciantes de outras nações, aí também incluídos ingleses, holandeses, espanhóis, escoceses, dentre outros. Vale lembrar que, nesta época, o último reduto português era a fortaleza do Natal, edificada em 1599 por Mascarenhas Homem com a participação de Jerônimo de Albuquerque. Este abandono fez o historiador maranhense João Lisboa declarar no livro Jornal do Tímon 13que os franceses não invadiram o Maranhão. Eles ocuparam uma terra vaga, desabitada, e que os donatários régios de Portugal e Espanha estavam sujeitos às penas de comisso, pois já se passara mais de um século sem as terras terem sido ocupadas. 12
MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982; LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006, p. 172-173 13 LISBOA, João Francisco. JORNAL DE TÍMON – apontamentos, noticias e observações para servirem à História do Maranhão. 2 volumes. Brasilia: Alhambra, s/d.
Conquistado o Rio Grande, os franceses perderam magnífico ponto de apoio na costa brasílica. O comércio corsário atingia, porém, o seu ponto máximo. Não podiam voltar atrás. Expulsos da Paraíba e do Rio Grande foram mais para o Norte14: Em princípio do século XVII estabeleceram-se no Maranhão Jacques Riffault e Charles des Vaux, que haviam desembarcado em 1594, na aldêa de! São Luis, onde, obtendo a amisade do gentio, fundaram uma colonia. De regresso á França, expoz Charles des Vaux ao rei Henrique IV seu plano de ali fundar uma grande colonia francesa, já que se haviam frustrado as tentativas anteriores, desde as de Villegagnon. Mandou então Henrique IV ao Maranhão Daniel de Ia Touche, senhor de La Ravardíere, que voltando á França, opinou pela execução do plano, cujas possibilidades estudou no proprio local.15(Grifo nosso).
A "ilha de Maranhão", como chamavam os franceses, e suas cercanias haviam sido povoadas tardiamente pelos Tupinambá, em grande parte originários das zonas do litoral situadas mais a leste. Quando, em 1612, os primeiros contatos com os capuchinhos foram estabelecidos, os índios ainda se lembravam da chegada à região. Claude d'Abbeville afirma haver encontrado testemunhas oculares daquela primeira vaga migratória, ocorrida provavelmente entre 1560 e 1580: "Muitos desses índios ainda vivem e se recordam de que, tempos após a sua chegada à região, fizeram uma festa, ou vinho, a que dão o nome de cauim […]" (ABBEVILLE, 1614, p. 261) 16. Alfred Métraux (1927, p. 6-7) 17 cita outras narrativas concordantes com a de Claude d'Abbeville, a fim de assegurar-se do período provável dessa primeira migração (entre 1560 e 1580), especialmente a do português Soares de Souza (Tratado Descriptivo do Brasil) que afirma, em 1587, que a costa atlântica, do Amazonas à Paraíba, era povoada pelos Tapuia. Essa primeira migração é a única que teve como resultado, segundo Métraux, uma nova extensão dos Tupi. Depois, chegando em 1590, e se estabelecendo em 1594, Riffault, Des Vaux, e Davi Migan... E fundam Miganville, mais junto à aldeia de Uçuaguaba, a primeira povoação ocupada continuamente desde então por europeus, na grande ilha do Maranhão. Quando os franceses foram lançados do Rio de Janeiro (1567) passaram para Cabo Frio e daí para o Rio Real, entre Bahia e Sergipe. Escorraçados dessas paragens, procuraram se estabelecer nas costas da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Com a retomada do Rio Grande, que já se fazia até no interior do Estado, Portugal passou a também perseguir os franceses do território do Maranhão18,19, 20,21, 22. Os franceses demoraram a serem expulsos do Rio Grande do Norte por três motivos: porque Portugal tinha uma população diminuta e grande parte dela estava envolvida “em manter conquistas ultramarinas desde o Marrocos à China”, pela importância do comércio de especiarias orientais e pela tibieza do Estado português em se fazer respeitar pela coroa francesa. Outro fator era que aliança com os índios potiguares garantia uma boa retaguarda para os franceses. Como se vê, os corsários franceses deste período não descansavam. 14
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgDqMAG/historia-rio-grande-norte?part=6 FLEIUSS, Max. OS FRANCESES NO MARANHÃO, SUA RECONQUISTA PELOS PORTUGUESES. SARNEY, José; COSTA, Pedro. AMAPÁ: A TERRA ONDE O BRASIL COMEÇA. Brasilia: Senado Federal, 1999 16 DAHER, Andrea. A conversão dos Tupinambá entre oralidade e escrita nos relatos franceses dos séculos XVI e XVII, HORIZ. ANTROPOL. vol. 10 no. 22 Porto Alegre. July/Dec. 2004 http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832004000200004 17 MÉTRAUX, Alfred. Migrations historiques des tupi-guaranis. Paris: Maisonneuve Frères, 1927 citado por DAHER, Andrea. A conversão dos Tupinambá entre oralidade e escrita nos relatos franceses dos séculos XVI e XVII, HORIZ. ANTROPOL. vol. 10 no. 22 Porto Alegre. July/Dec. 2004 http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832004000200004 18 Alderico Leandro, in http://nataldeontem.blogspot.com.br/2009/02/jacques-riffault-refoles.html, acessado em 25]/07/2015 19 SALVADOR, Frei Vicente do. HISTÓRIA DO BRASIL. Edição revista por Capistrano de Abreu. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2010. 20 http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitania_do_Rio_Grande 21 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CONTRIBUIÇÕES PARA A HISTÓRIA DE CAMOCIM – CEARÁ. 15
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Invas%C3%B5es_francesas_do_Brasil
Entre Pernambuco e a Amazônia estendia-se uma área que ainda não se encontrava, propriamente, integrada na unidade da Colônia. A presença dos povoadores não se fazia, então, nessa parte do litoral. Era preciso partir para a conquista, batendo-se com invasores e índios, seus aliados23. Jacques Riffault negociava madeiras, como o pau brasil, que existia em abundância na margem esquerda do rio Potengi e, principalmente pelo lado direito onde havia a chamada Mata Atlântica. Levava madeiras do Rio Grande do Norte e até do Rio de Janeiro. Na hoje Natal, a boa amizade com que Riffault tratava os índios, dava-se à falta de colonização efetiva do território.
Fonte: Reportagem sobre a França Equinocial nos 403 anos de São Luís. https://www.youtube.com/watch?v=kQ-SpiIYRwo
Essa estância pertenceu a Jacques Riffault mais conhecido por Refoles. Foi o mesmo Refoles quem negociou antes da descoberta do Brasil (sic) com os índios potiguares espelhos, tintas e outros objetos em troca de paubrasil, de modo especial as existentes na margem direita do rio Potengí. Essa foto mostra o local onde ficava o corsário francês a negociar com os silvícolas. Longe da colonização de Natal, Jacques Riffault negociou toda sorte 24 de suprimentos e até as mulheres índias que partiram para a França 23
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http://www.consciencia.org/ocupacao-do-litoral.a-conquista-do-norte-e-a-penetracao-da-amazonia-historia
CAMARA CASCUDO, Luis da. REFOLES http://www.flickr.com/photos/alderico/7159126836/FERREIRA, Laélio. DE RIFFAULT AO REFOLES OS FRANCESES . Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto http://nataldeontem.blogspot.com.br/2010/11/de-riffault-ao-refoles-os-franceses.html http://nataldeontem.blogspot.com.br/2009/02/jacques-riffault-refoles.html https://pt.wikipedia.org/wiki/Fran%C3%A7a_Equinocial
Jacques Riffault, Charles des Vaux, David Migan, e Adolphe de Montville, na companhia de centenas de outros navegadores e selvagens de diferentes tribos, se faziam presentes nos mais diversos recantos do Norte e Nordeste brasileiro, entre o Potengi e o Amazonas25. A expulsão dos franceses do litoral do Rio Grande, logo depois de sua expulsão da Paraíba, tornou-se a pedra-angular da colonização, pois só assim estaria confirmada a conquista da região pelos portugueses, porque era o Rio Grande que eles procuravam de preferência, pela sua proximidade dos estabelecimentos e portos paraibanos e pela cordialidade de relações com os potiguares, cujo apoio e auxílio lhes eram valiosos. É de Jacques Riffault a primeira ideia de ocupação do Maranhão. Em 1594, animado pelas boas relações que mantinha com o chefe selvagem Uirapive, se associou a outros aventureiros, e, com meios suficientes, recrutou e veio para o Brasil em três navios, aportando no Maranhão, longe do local do objetivo inicial, mas decidiu fixar-se ali como base de partida para outras incursões ao longo do litoral brasileiro26. Sua estada na região do Maranhão tinha começado por um acidente: já fazia viagens regulares à região havia alguns anos, e perdera ali um de seus navios e fora obrigado a deixar parte de sua tripulação. De acordo com o sitio “NAUFRÁGIOS NO BRASIL/MARANHÃO” consta que o naufrágio da nau de Jacques Riffault se deu em 159027. Para Bueno (2012) 28, Riffault - em 1593 -, retornando à França depois de ter inspecionado a então denominada ilha do Maranhão, conseguiu convencer um rico cavalheiro francês, Charles de Vaux, a investir seu dinheiro numa expedição colonizadora. Em 15 de março de 1594, Riffault e Des Vaux partiram para o Maranhão, com cerca de 150 colonos e soldados a bordo de três navios. Um naufrágio e uma série de outras dificuldades fizeram fracassar a empresa (p. 84). O dia era 26 de julho, o ano 1594, o local, a Ilha de Sant’ Ana: Sr. Redactor, amigo. – Começo esta n´um dia memorável para a província: o em que Jacques Rifault e Charles dês Vaux, primeiros franceses vindos ao Maranhão, chegaram à nossa ilha de Sant’ –Anna, nome que lhe pozerão, com seus quatro capuchinos, no dia desta santa.29 Desse naufrágio, os tripulantes de dois navios franceses, dos três que formavam a frota de Jacques Riffault, ficaram perdidos na ilha de Santana, e conviveram pacificamente com os índios Tupinambás. Des Vaux foi um dos que ficaram com a gente de Usirapive – chefe tupi com quem Riffault tinha selado aliança30. Aqui desembarcados, fundam um estabelecimento que se tornou o "refúgio dos piratas” 31. Charles Des Vaux aprendeu a língua dos índios e prometeu trazer-lhes outros franceses para governá-los e defendê-los. De volta à França, Des Vaux conseguiu do rei Henrique IV que Daniel de la Touche, senhor de La Ravardière, o acompanhasse ao Maranhão, para verificar as maravilhas que lhe narrara, e prometeu-lhe a conquista da nova terra para a França.32 A segunda invasão acontece no Maranhão, a partir de 1594. Depois de naufragar na costa maranhense, os aventureiros Jacques Riffault e Charles des Vaux estabelecem-se na região. http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/outra-tentativa BONICHON, Philippe; e GUEDES, Max Justo. “A França Equinocial”. In. HISTÓRIA NAVAL BRASILEIRA, primeiro volume, tomo I. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação Geral da Marinha, 1975 BITTENCOURT, Armando de Senna; LOUREIRO, Marcello José Gomes; RESTIER JUNIOR, Renato Jorge Paranhos. Jerônimo de Albuquerque e o comando da força naval contra os franceses no Maranhão. NAVIGATOR 13, P. 76-84 26 INVASÕES FRANCESAS NO RIO DE JANEIRO E MARANHÃO http://www.ahimtb.org.br/confliext2.htm DAHER, Andrea. A conversão dos Tupinambá entre oralidade e escrita nos relatos franceses dos séculos XVI e XVII. HORIZ. ANTROPOL. [online]. 2004, vol.10, n.22, p. 67-92. ISSN 0104-7183. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832004000200004. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-71832004000200004&script=sci_arttext SILVA, Paulo Napoleão Nogueira da. A FRANÇA NO BRASIL. 27 “NAUFRÁGIOS do BRASIL/MARANHÃO” http://www.naufragiosdobrasil.com.br/maranhao.htm https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Maranh%C3%A3o 28 BUENO, Eduardo. BRASIL, uma História. 2ª reimpressão. Rio de Janeiro: Leya, 2012 29 DIÁRIO DO MARANHÃO, 7 de agosto de 1881. Secção Geral – Victória. Mearim, 26 de julho de 1881 30 http://pinheiroempauta.blogspot.com.br/2012/09/distribuicao-das-sesmarias-em-cuma.html 31 http://www.consciencia.org/ocupacao-do-litoral.a-conquista-do-norte-e-a-penetracao-da-amazonia-historia 32 http://planeta-brasil-turismo.blogspot.com.br/2010/05/maranhao-historia.html 25
Diante do lucro obtido com o escambo, conseguem o apoio do governo francês para a criação de uma colônia, a França Equinocial. Em 1612, uma expedição chefiada por Daniel de la Touche desembarca no Brasil centenas de colonos, constrói casas e igrejas e levanta o forte de São Luís, origem da cidade de São Luís do Maranhão.33 Os companheiros de Riffault, que ficam em terra tornam-se os “truchements“ - “tradutores” - quando da chegada dos capuchinhos: Os tradutores são geralmente franceses que viveram muito tempo no Brasil, onde praticavam o comércio do pau-brasil e que se associaram à aventura colonial da França equinocial. Dois desses tradutores aparecem nos textos e são citados como sendo os interlocutores aos quais os índios se dirigiam, trata-se de Sieur des Vaux,34 francês de Touraine que se tornou líder de guerra no Brasil sob o apelido de Itajiba (Arm Wrestling) e de Migan, que chegou ainda criança ao Brasil e aí cresceu. Para os líderes indígenas, esses tradutores são, por sua vez, homens brancos, mas também homens que falam sua língua, que compartilham de seus costumes e que estreitaram alianças com eles (CASTELNAU-L’ESTOILE, 2013).35 Os tradutores, os “truchements“, podiam ser em número suficiente para contatos de comércio, porém, para a fundação de uma colônia duradoura, os franceses levaram ao Brasil crianças que deveriam aprender a língua indígena nas aldeias: O melhor “truchement“ da colônia foi David Migan de Dieppe (para o prenome ver Abbeville Historia, 32 r.), um marinheiro que vivia no Brasil desde o tempo da sua juventude (“qui dés son enfance avoit tousiours demeuré dans ce païs” Claude, Histoire,153 v.). Migan foi o seu nome verdadeiro, talvez um pouco alterado para se pronunciar como “mingau“, produto conhecido na colônia (“bouillie de farine”, ver Yves d’Évreux Suitte, 4 r./Denis 12). Ele foi chamado nos momentos de conflitos entre índios e europeus (Suitte 150 v./Denis 151 r. seguintes) e pôde restabelecer a autoridade dos franceses. Voltou com o Padre Claude à França, sendo provavelmente quem, com os índios, apresentou uma dança para Marguerite de Valois. Malherbe fala dessa dança em uma carta de 15.04.1613, citada em Leite de Faria (1961, p. 192-193). Essa dança é também ilustrada numa folha volante de que falaremos depois. Sabemos que Migan morreu na batalha entre portugueses e franceses, em 1615. O segundo tipo social do “truchement” é representado por Charles des Vaux, que esteve no Brasil em 1594, com uma expedição do capitão Riffault, no Maranhão, da qual fala Abbeville no início do seu livro. Ele ficou ali e vivia como os índios, segundo os seus costumes “se façonnant tousiours aux moeurs e coustumes du païs” (Abbeville, Histoire, 13 r.) Voltou à França para convencer a corte de fundar uma colônia na região. De volta ao Brasil, foi capturado nas guerras com os portugueses e morreu na cadeia em Portugal. Foi um outro tipo de “truchement“: pode ter sido o segundo filho de uma família nobre sem esperança de herdar o domínio e queria fazer fortuna na América. (OBERMEIER , 2005) 36.
Des Vaux é aprisionado por Feliciano Coelho, capitão mor da Paraíba – junto com 13 companheiros aqui deixados por Riffaul em 1594, quando do naufrágio na Ilha de Sant´Ana: 33
A invasão francesa no Maranhão. http://deywison3d.blogspot.com.br/2009/04/invasao-francesa-no-maranhao.html (10) Des Vaux, natural de Sainte Maure de Touraine, companheiro de Jacques Riffault, passou muitos anos no Brasil, ele guerreou com os Índios sob o nome de Itajiba, braço de ferro. Partiu à França a pedido de seus companheiros para pedir ao Rei da França a incorporação do Maranhão à coroa. 35 CASTELNAU-L’ESTOILE, Charlotte de. Interações missionárias e matrimônios de índios em zonas de fronteiras (Maranhão, início do século XVII). REVISTA TEMPO, vol. 19 n. 35, Jul. – Dez. 2013: 65-82 36 OBERMEIER, Franz. Documentos inéditos para a história do Maranhão e do Nordeste na obra do capuchinho francês Yves d’Évreux Suitte de l’histoire (1615). BOL. MUS. PARA. EMÍLIO GOELDI, sér. Ciências Humanas, Belém, v. 1, n. 1, p. 195-251, janabr. 2005. 34
Ganhando a liberdade e retornando à França, tudo fez des Vaux para divulgar as riquezas da região e incentivar sua colonização pelos franceses. Em 1604, Daniel de la Touche, senhor de La Ravardiere, partiu da França para o Maranhão a mando de Henrique IV, levando à bordo des Vaux. Sua expedição durou seis meses. (AVILA-PIRES, 1989) 37. Para Rubem Almeida (1923) 38, esta se constitui a terceira etapa da conquista do Maranhão: a segunda foi a das tentativas malogradas, ocorridas entre 1539 e 1594: Mais afortunado, porém, foi o Frances Riffault, a quem as próprias tespestades (sic)– diz-se – aos portugueses tão inimigas, vieram atirar ao littoral onde dominava a forte nação dos Tupinambás, iniciando assim, a terceira etapa – a do Maranhão preza que franceses, holandezes e verdadeiros donos vão disputar... É dai, parece-nos razoável affirmar, que verdadeiramente começamos a ter historia. A colonização é obra, ora de leigos, fidalgos alguns como Ravaediére, pirats outros, como de Vaux, ora de missionários que se entregam à catechese.
As "vantagens" de colonização do Maranhão eram propagadas desde 1594, quando alguns náufragos franceses liderados por Jacques Riffault se estabeleceram na região. Charles des Vaux, aprisionado no Ceará, regressou à França e difundiu a ideia de que se criasse uma colônia francesa no litoral. 39 Mas para os seus planos de Riffault e Des Vaux, um simples estabelecimento não significava grande obra; pensaram em aí fundar uma colônia: a França Equinocial.40 Data de 1596 a visita de um Capitão Guérard, que armou dois navios, sendo um deles para o Maranhão – Poste (atual Camocim) 41 -, – estabelecendo com regularidade as visitas à terra de corsários de Dieppe, de La Rochelle e de Saint Malo. É nesse ano que o Ministro Signeley toma como ponto de partida dos direitos da França nesta região, funcionando como uma linha regular de navegação entre Dieppe e a costa leste do Amazonas42. No mês de agosto de 1597, uma esquadra francesa composta por treze naus zarpou do rio Potengi para atacar a fortaleza de Cabedelo, em Filipéia de Nossa Senhora das Neves, atual João Pessoa; sabe-se que a alma da ofensiva é Riffault, que frei Vicente do Salvador chama Rifot e os portugueses Rifoles e Refoles43. Datado de 26 de julho de 1603 há um arresto do tenente do Almirantado em Dieppe relativo a mercadorias trazidas do Maranhão, ilha do Brasil, pelo Capitão Gérard. Meireles (1982, p. 34) traz também Du Manoir em Jeviré; Millard e Moisset, também encontrados na Ilha Grande. Os comandados de Du Manoir e Gérard 37
AVILA-PIRES, Fernando Dias de. Mamíferos da França Equinocial (Maranhão, Brasil). REV. BRAS. ZOOL. [online]. 1989, vol.6, n.3, pp. 423-442. ISSN 0101-8175. 38 ALMEIDA, Rubem. No decorrer de 424 anos – ligeira synthese histórica do Maranhão. IN DIÁRIO DE SÃO LUIS, 28 de julho de 1923. 39 http://www.infoescola.com/historia/franca-equinocial/ https://books.google.com.br/books?id=vZ1DayOctt4C&pg=RA1-PA30&lpg=RA1PA30&dq=jacques+riffault+%2B+maranh%C3%A3o&source=bl&ots=ewVavOAMv&sig=E9q4gaga6KTIoI7i1pdioEAUyGo&hl=ptBR&sa=X&ved=0CCEQ6AEwATgKahUKEwiT3Pv85bfHAhUBEpAKHbfxA1U#v=onepage&q=jacques%20riffault%20%2B%20mar anh%C3%A3o&f=false 40 HISTÓRIA DO MARANHÃO http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Maranh%C3%A3o FRANÇA EQUINOCIAL http://www.coladaweb.com/historia-do-brasil/franca-equinocial BANDECCHI, Brasil OCUPAÇÃO DO LITORAL. A CONQUISTA DO NORTE E A PENETRAÇÃO DA AMAZÔNIA. http://www.consciencia.org/ocupacao-do-litoral.a-conquista-do-norte-e-a-penetracao-da-amazonia-historia 41 Não seria POTE 42 PROVENÇAL, Lucien. LES FRANÇAIS AU BRÉSIL, LA RAVARDIÈRE ET LA FRANCE ÉQUINOXIALE (1612 -1615) par Conférence du mardi 20 mars 2012. Texte intégral et illustration du conférencier mis en page par Christian Lambinet. SOCIÉTÉ HYÉROISE D'HISTOIRE ET D'ARCHÉOLOGIE 43 http://www.natalpress.com.br/cultura.php?id=8067 http://tribunadonorte.com.br/especial/histrn/hist_rn_2b.htm
chegam a quatrocentos; há esse tempo já dois religiosos da Companhia de Jesus haviam estado no Norte do Brasil (PROVENÇAL, 2012) 44. Entre 1603-1604 Jacques Riffault percorre o litoral do Ceará, quando o Capitão-mor Pero Coelho de Souza recebeu Regimento, passado pela Coroa ibérica, que lhe determinava: "[...] descobrir por terra o porto do Jaguaribe, tolher o comércio dos estrangeiros, descobrir minas e oferecer paz aos gentios" e "fundar povoações e Fortes nos lugares ou portos que melhores lhe parecerem". 45 Em 1604, Pero Coelho de Souza, passou rumo a Ibiapaba e as batalhas contra os nativos que apoiaram os franceses e contas os franceses estabelecidos na região entre o Camocim e o Maranhão. As Fortificações do Camocim localizavam-se na margem esquerda da foz do rio Coreaú, atual Barreiras (município de Camocim) 46. Barreto (1958) 47 informa que uma fortificação neste ancoradouro já havia sido cogitada em 1613 por Jerônimo de Albuquerque Maranhão (1548-1618), no contexto da conquista da Capitania do Maranhão aos franceses, optando por se estabelecer, entretanto, em Jericoacoara (p. 92). O interior do Maranhão era bem conhecido por eles. O Mearim, Itapecuru, Munim, Grajaú, Tocantins e tantos outros eram vias utilizadas que ligavam o interior maranhense com o litoral e a Europa. Nos outros recantos, a história faz menção a eles no constante comércio com os potiguaras, no porto do Rifoles – na margem direita do Rio Potengi; nos dois ataques à Fortaleza do Cabedelo, na Paraíba, realizadas em 1591 e 1597. Nesta última, Migan foi gravemente ferido, mas sobreviveu. Foram eles que fundaram o núcleo urbano de Viçosa do Ceará, sendo que a cidade ainda hoje conserva os topônimos do legado francês48. Barreto (2006; 2012) 49, ao narrar a história de Viçosa do Ceará, diz que, por volta de 1590, franceses provenientes do Maranhão estabeleceram-se na Grande Serra, firmando suas bases junto às principais lideranças Tabajaras. Esses franceses, em número de 16 milicianos, tinham no comando o seu compatriota de nome Adolf Montbille (Adolphe de Montville). Lideravam os nativos o índio Jurupariaçu e o irmão de nome Irapuã, também conhecido por Mel Redondo, se bem que o primeiro tivesse suas possessões no reduto de Biapina ou Ibiapina (p. 12). Atraídos por notícias de existência de ouro, o reduto transformou-se em verdadeira cidade, com cerca de 12 mil indivíduos, incluindo rabinos, calvinistas e católicos se confundindo em suas batalhas de pregação (p. 14). Por 14 anos os franceses estiveram ali, quando chega Pero Coelho, em janeiro de 1604, acompanhado de cerca de cinco mil indivíduos, entre militares, índios validos, velhos, mulheres e crianças. Ao cabo de seis meses os lusos triunfam; os franceses, aprisionados e algemados, são conduzidos a Pernambuco. Em 1607, chega ao local a Companhia de Jesus, chefiados por Francisco Pinto e Luís Figueira. Em 1608, a 11 de janeiro, os índios tucurijus atacam a pequena aldeia; Luiz Figueira sobrevive... (p. 16). Em sua Relação do Maranhão (de 1608) confirma a presença de franceses: Mandamos recado a outra aldea para sabermos se nos quirião la e q' viessem alguns a falar cõ nosco, e tãbem nos queriamos emformar dos q' tinhão vindo do maranhão q' la estavão principalmente acequa dos frãcesez que tinhamos por novas que estavão la de assento com duas fortalezas feitas em duas ilhas na boca do rio maranhão.
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MEIRELES, Mário Martins. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luis: Secretaria de Cultura do Maranhão, 1982 45 BARRETO, Aníbal (Cel.). FORTIFICAÇÕES NO BRASIL (Resumo Histórico). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1958. 46 http://pt.wikipedia.org/wiki/Fortifica%C3%A7%C3%B5es_do_Camocim 47 BARRETO, Aníbal (Cel.). FORTIFICAÇÕES NO BRASIL (Resumo Histórico). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1958 48 BARRETO, Gilton. VIÇOSA DO CEARÁ – História, fatos e fotos. Fortaleza: Pouchain Ramos, 2006 BARRETO, Gilton. VIÇOSA DO CEARÁ sob um olhar histórico. Fortaleza: Expressão Gráfica Editora, 2012. 49 BARRETO, Gilton. VIÇOSA DO CEARÁ – História, fatos e fotos. Fortaleza: Pouchain Ramos, 2006 BARRETO, Gilton. VIÇOSA DO CEARÁ sob um olhar histórico. Fortaleza: Expressão Gráfica Editora, 2012.
O Pará e o Rio Amazonas eram lugares bem conhecidos destes navegadores. Quando Francisco Caldeira Castelo Branco partiu do Maranhão para fundar Belém (1615) levou consigo Des Vaux e Rabeau para auxiliarem na navegação e nos primeiros contatos com os índios de lá. Tanto comércio fez com bretões e normandos se estabelecessem com feitorias na Ilha Grande, e um desses lugares era a aldeia de Uçaguaba/Miganville (atual Vinhais Velho), misto de aldeia e povoação europeia. O porto usado nessas atividades era o de Jeviré (Ponta d'Areia) (NOBERTO DA SILVA, 2012) 50. Quando a esquadra de Daniel de La Touche, Francisco de Rasilly e o Barão de Sancy a 6 de agosto de 1612 veem fundear frente a Jeviré (ponta de São Francisco), ali encontraram as feitorias de Du Manoir e do Capitão Guérard (BITTENCOURT, 2008)51. Bittencourt (2008, p. 64) informa que Jacei, filha do cacique Japiaçu era casada com Guérard, e que a outra filha, Aracei, casada com o interpetre Sebastien. Des Vaux era casado com “Lua Cheia”, também filha de Jupiaçu. Du Manoir, Riffault, Des-Vaux e os piratas de Dieppe, encontravam-se fundeados no porto, confirmam a presença continuada dos exploradores de todas as procedências nas costas do Maranhão, e do Norte em geral: uma companhia holandesa presidida pelo burgomestre de Flessingue, ingleses, holandeses e espanhóis negociando com os índios o pau-brasil; armadores de Honfleur e Dieppe; o Duque de Buckigham e o conde de Pembroke e mais 52 associados fundaram uma empresa para explorar o Brasil; espanhóis de Palos. É quase inimaginável que todo esse aparato comercial existisse sem uma forte proteção das armas. Some-se que o chefe maior de tudo isso era David Mingan, o Minguão, o "chefe dos negros" (daí o nome de Miganville), que tinha a seu dispor cerca de 20 mil índios e era "parente do governador de Dieppe". Por fim, a localização da fortaleza está exatamente no lugar certo de proteção do Porto de Jeviré e da entrada do rio Maiove (Anil), que protegeria Miganville.
FORTE DO SARDINHA, QUE PROTEGIA MIGANVILLE 50
NOBERTO DA SILVA, Antonio (Organizador). FRANÇA EQUINOCIAL – uma história de 400 anos em textos, imagens, transcrições e comentários. São Luis, 2012. 51 BITTENCOURT, Joana. ITAGIBA o braço de pedra da França Equinocial. São Luis: Grafic Aquarela, 2008
Pianzola, em sua obra “OS PAPAGAIOS AMERELOS – os franceses na conquista do Brasil (1968, p. 34) apresenta decalque de mapa datado de 1627, cujo original desapareceu, feito em torno de 1615 pelo português João Teixeira Albernaz, cosmógrafo de sua Majestade, certamente feito a partir daquele que LaRavardiére deu ao Sargento- Mor Diogo de Campos Moreno durante a trégua de 1614. O autor chama atenção para os nomes constantes dos mapas, entre os quais muitos de origem francesa, ‘traduzidos’ para o português. Vê-se, na Grande Ilha dentre outros, Migao-Ville, propriedade do intérprete de Dieppe, David Migan, seguramente um psudônimo, no entender de Pianzola: “[...] No último quartel daquele século, o que era apenas um posto de comércio, sem maior raiz, tornou-se morada definitiva dos corsários gauleses, vindos de Dieppe, Saint-Malo, Havre de Grace e Rouen, que aqui deixavam seus trouchements (tradutores) que viviam simbioticamente com os tupinambá (escreve-se sem “s” mesmo). Entre estes estava David Migan, o principal líder francês desta época. Ele era o “chefe dos negros” (índios) e “parente do governador de Dieppe”. Tinha a seu dispor cerca de vinte mil guerreiros silvícolas e residia na poderosa aldeia de Uçaguaba (atual Vinhais Velho), apelidada de Miganville[...].(NOBERTO SILVA, 2011).
Fonte: PIANZOLA, 1968, p. 34
O Padre Claude D'Abbeville, quem primeiro escreveu sobre o Maranhão e seus habitantes afirma que a aldeia de índios localizada no hoje Vinhais Velho foi o primeiro núcleo residencial dos brancos, que se estabeleceram no Maranhão. A primeira a ser ocupada, foi Eussauap52. Segundo Capistrano de ABREU, “EUSSAUAP - nom do lieu, c'est à dire le lieu ori on mange les Crabes”. Bettendorf leu em Laet Onça ou Cap, que supôs Onçaquaba ou Oçaguapi; mas tanto na edição francesa, como na latina daquele autor, o que se lê, é EUSS-OUAP53. Na história da Companhia de Jesus na extinta Província do Maranhão e Pará, do Padre José de Morais 54, está Uçagoaba, que com melhor ortografia é Uçaguaba composto de uçá, nome genérico do caranguejo, e guaba, particípio de u comer: o que, ou “onde se come caranguejos”.
Continuemos com Noberto Silva (2011) 55: [...] Na virada do século, segundo o padre e cronista Luis Figueira, que escreveu sua penosa saga na Serra de Ibiapaba, os franceses no Maranhão contavam, inclusive, com “duas fortalezas na boca de duas grandes ilhas”. Uma destas fortificações, por certo, era o Forte do Sardinha, localizado no atual bairro Ilhinha, nos fundos do bairro Basa em São Luís. Esta, em 52
D´ABBEVILLE, Claude. HISTÓRIA DA MISSÃO DOS PADRES CAPUCHINHOS NA ILHA DO MARANHÃO E TERRAS CIRCUNVIZINHAS. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: USP, 1975. 53 IN nota de pé de página em D´ABBEVILLE, Claude. HISTÓRIA DA MISSÃO DOS PADRES CAPUCHINHOS NA ILHA DO MARANHÃO E TERRAS CIRCUNVIZINHAS. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: USP, 1975. 54 MORAES, José de. HISTÓRIA DA COMPANHIA DE JESUS NA EXTINTA PROVÍNCIA DO MARANHÃO E GRÃO-PARÁ Rio de Janeiro : Alhambra, 1987. 55 http://www.netoferreira.com.br/poder/2011/11/o-maranhao-frances-sempre-foi-forte-e-lider/
mãos portuguesas, foi nomeada de Quartel de São Francisco, que deu nome ao bairro. Servia de proteção ao lugar, em especial, a Uçaguaba, reduto de Migan.
FORTE DO SARDINHA
Quando da implantação da França Equinocial esse complexo passou para mãos oficiais. Uçaguaba/Miganville passou a ser chamada pelos cronistas Claude Abbeville e Yves d'Evreux de "o sítio Pineau" em razão de Louis de Pèzieux, primo do Rei, ter adotado o local como moradia. Riffault fora buscar recursos e permissão na Europa, partindo para a França, divulgando as grandes riquezas da terra e facilidades de conquista. Charles Des Vaux ficara em terra conquistando a confiança dos tupinambás, para aprender a sua língua. A falta de notícias de Riffault fez com que Charles fosse ter com Henrique IV, que então reinava na França, e lhe expusesse o desejo que tinham, não de manter um estabelecimento, mas de fundar uma verdadeira colônia francesa no Brasil. A exposição interessou ao Rei que determinou a Daniel de La Touche, senhor de Ravardière, oficial da Marinha, viesse para constatar as possibilidades da realização dos planos que acabavam de lhe ser expostos. La Touche, aqui chegando, entusiasmou-se com a empresa e com ele Des Vaux, retornou à França para obter o apoio oficial e decisivo. Henrique IV havia falecido e, como seu sucessor Luís XIII era menor, governava, como Regente, Maria de Médici, que logo apoiou a idéia e sob sua proteção determinou que se tomassem as iniciativas para concretizar os planos de uma posse definitiva e sólida no Maranhão. Daniel de La Touche, senhor de Ravardière, associa-se a outros comerciantes abastados, como Nicolas de Harlay e François de Razily. A concessão dada pela Rainha-mãe o fora pela promessa de catequizarem o gentio, trazendo em, 1612, quatro frades capuchinhos (Yves DÈvreux, Claude dÀbbeville, Arsênio de Paris e Ambrósio de Amiens) e de anexarem à França o território conquistado, com a ajuda dos tupinambás, sob a denominação de França Equinocial. No entanto, encontramos em Evaristo Eduardo de Miranda (2007, p. 162) 56 que essa concessão fora dada pela Regente Maria de Medicis, com o apoio do Conde de Danville, almirante de França e Bretanha, a 1º de outubro de 1610 a Charles dês Vaux, para o estabelecimento de uma colônia ao sul do Equador, com a extensão de 50 léguas para cada lado do forte que ai erigisse. É Charles dês Vaux, segundo esse autor, quem se associa a Nicolas de Harlay e ao almirante Razilly... 56
MIRANDA, Evaristo Eduardo de. QUANDO O AMAZONAS CORRIA PARA O PACÍFICO – uma história desconhcida da Amazônia. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 2007
De acordo com Beatriz Perrone-Moisés (2009, 2013) 57, para os tupis da costa, se havia invasores, não eram os franceses, que sempre lhes pediram licença. Em meados do século XVI, já havia dezenas de pontos no litoral brasileiro nos quais súditos do rei da França tinham instalado bases de apoio para um comércio altamente rentável de pau-brasil e de outras madeiras, especiarias, papagaios e micos: No final do século XVI, uma dessas viagens de navios mercantes daria origem à segunda colônia francesa em território hoje brasileiro: a França Equinocial. Em 1596, um nobre francês de nome Charles des Vaux, depois de ter passado dois anos na costa norte da América do Sul, voltou à França para promover a ideia de estabelecer ali uma colônia. [...] A região estava “vazia” – como diziam – de ocupação europeia. Os franceses contavam com a aliança dos nativos, que já haviam declarado a des Vaux sua disposição de receber mais deles em suas terras. Além disso, o lugar proposto, bem próximo da linha equinocial, ou Equador, tinha um clima abençoado, de temperaturas constantemente amenas, com muito sol e fartas riquezas, além de muitas terras férteis, regularmente regadas por chuvas e cortadas por grandes rios de água límpida. Uma colônia ali tinha tudo para prosperar e só poderia contribuir para a grandeza do reino de França. Henrique IV convocou outro fidalgo, Daniel de la Touche, senhor de La Ravardière, e ordenou-lhe que fosse com des Vaux para a região. Partiram em 1607, e La Ravardière pôde comprovar os relatos de des Vaux [...]. Em busca de parceiros, [La Ravardière] encontrou dois outros nobres interessados em investir tempo e recursos numa nova colônia: François de Rasilly e Nicolas Harlay de Sancy. Em 1611, a rainha regente nomeou-os “lugares-tenentes generais nas Índias Ocidentais e terras do Brasil”. Comprometiam-se a fundar no Maranhão uma colônia, para “o engrandecimento da França e a expansão da fé”. O monopólio do comércio na região, concedido pela Coroa, viabilizaria o projeto. (PERRONE-MOISÉS, 2009).
Interessante, que a escolha para edificar o forte, segundo Meireles (2012, p. 21)58: [...]seria escolhida justamente a Ilha da Trindade59, também então conhecida como das Vacas. Das Vacas, possivelmente, pela tradução deturpada e literal do gentílico pessoal de Charles dês Vaux; mas Varnhagen diz que a das Vacas não era a Upaon-açú, e sim a Upaon-Mirim, a de Sant’ Ana.
Gaspar e Licar (2012, p. 24) 60 esclarecem: A ilha, hoje de São Luis, ou do Maranhão, como também é chamada, e que os indígenas diziam UpaonAçú, ilha grande, além dos nomes Trindade e das Vacas, teve os de Ilha do Ferro e de Todos-os-Santos, como pretendeu batizá-la Alexandre de Moura. Carlota Carvalho, em seu ‘O Sertão’ (200061), diz que, quando a ela chegou Jacques Riffault, em 1594, ela era conhecida como de Jeviré62.
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PERRONE-MOISÉS, Beatriz. Outra tentativa. REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL. Disponível em http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/outra-tentativa, 2/10/2009, PERRONE-MOYSÉS, L. CINCO SÉCULOS DE PRESENÇA FRANCESA NO BRASIL: INVASÕES, MISSÕES, IRRUPÇÕES. São Paulo: Edusp, 2013. 58 MEIRELES, Mário Martins. HISTÓRIA DE SÃO LUIS. (Org. GASPAR, Carlos ; LICAR, Caroline Castro. São Luis : Faculdade Santa Fé, 2012. 59 Gaspar e Licar, em nota 7, do livro de Meireles (2012) informam que o nome de Trindade, dado à ilha de São Luis, vem de 1513, desde a discutida viagem de Diogo Ribeiro a região. Ribeiro do Amaral (Diário Official, 27 out. 1911, O Maranhão Histórico) admite que o tenha sido pelos fundadores de Nazaré, em 1535, em homenagem aos três associados - João de Barros, Fernão Álvares de Andrade e Aires da Cunha. (p. 23). 60 GASPAR, Carlos ; LICAR, Caroline Castro (Organizadores). Em nota 24 em MEIRELES, Mário Martins. HISTÓRIA DE SÃO LUIS. (Org. GASPAR, Carlos ; LICAR, Caroline Castro. São Luis : Faculdade Santa Fé, 2012. 61 CARVALHO, Carlota. O SERTÃO. Imperatriz: Ética, 2000 62 Nazaré? Os fundadores de Nazaré, em 1535, eram, os três associados, João de Barros, Fernão Álvares de Andrade e Aires da Cunha (Ribeiro do Amaral (Diário Official, 27 out. 1911, O Maranhão Histórico).
Em 1614, na célebre batalha de Guaxenduba, os franceses comandados por De Pizieuz foram fragorosamente derrotados, apesar da superioridade numérica (quase 500 homens) e bélica, sendo mortos 115 franceses e aprisionados nove. Seguindo projeto feito pelo engenheiro Francisco Frias de Mesquita iniciou-se a construção de um povoado, próximo ao forte deixado pelos franceses, sendo a primeira povoação no Brasil a ter a sua planta previamente traçada em uma malha urbana octogonal, posicionada no sentido dos quatro pontos cardeais. Corroboram a afirmativa da existencia de outros fundadores – além de LaTouche e Razzily (FERRO, 2014) – as discussões em torno de comemorações do aniversário de São Luís, ocorrida no inicio do século passado, conforme publicação dos jornais “Diário de São Luís”, e “A Pacotilha”, de 26 de agosto de 1922. A proposta - feita pelos Professores Raimundo Lopes, Ribeiro do Amaral e Raimundo Silva - de um marco comemorativo – projeto de Paula Barros - em que deveriam constar o nome dos fundadores; incluo Migan; no Diário de São Luis, sob o titulo O Centenário: O município escolheu o dia 8 de setembro para a sua parte nas festas do centenário, por ser esse o dia da fundação da cidade de São Luiz em 1612, pelos franceses comandados por La Raverdiére. Entre outras homenagens à data, o Sr. Coronel prefeito municipal, depois de se entender com os Srs. Dr. Antonio Lopes, professor Ribeiro do Amaral e Raimundo Silva, resolveu inaugurar na Avenida Maranhense, em frente à CSA do Município, um marco comemorativo da fundação da cidade, que perpetue o acontecimento e lembre os nomes dos fundadores. O projeto, elaborado pelo Sr. Paula Barros de acordo com as indicações dos professores acima, comporta um obelisco de mármore em assente num plinto do mesmo material. Numa das faces do plinto será gravada a flor de lis simbólica da França ao tempo da fundação. Na parte oposta, o escudo do Estado. Nas duas outras faces inscripções, sendo uma alusva a inauguração com a data – 8 de setembro de 1922 – e a outra com os nomes de Charles dês Vaux, Ives d´Evreux e Claude d´Abeville, os funddores de São Luis, e a da – 8 de setembro 1612. O marco terá ao todo 5m, 24 de altura.
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E na Pacotilha, sob o titulo A festa do Centenário: Tendo o municipio escolhido o dia 8 de setembro para as suas homenagens ao centenário da independencia nacional esta sendo elaborado um programa para esse dia, do qual sabemos constar a inauguração do marco comemorativo da fundação da cidade de S. Luis, ocorrida no dia 8 de setembro de 1612. É uma ideia feliz. Não há na cidade uma lembrança do feito inicial da vida do Maranhão, essa aventura da França Equinocial que tanto se individua como episódio à parte da história do Brasil. Sabe-se o dia em que se fudou São Luis, sabe-se que o ato solene da fundação teve lugar na esplanada hoje correpondente á Avenida Maranhense, e não há nada na cidade que rememore o seu começo. O marco que isso lemmbre será um momento indispensável. O marco comemorativo da fundação da cidade foi enomendado hoje. Executa-lo-a, sob projeto do sr. Paula Barros, e dentro da brevidade do prazo daqui até 7 de setembro, o marmortista sr. A. F. Brandão. O projeto consta de um obelisco de marmore que assentará sobre um plinto em cujas faces se lerão uma inscrição alusiva a inauguração, com a data de 8 de setembro de 1922 e outra com os nomes de La Raverdiere, Charles des Vaux, Claude d´Abbeville e Ives d´Evreux. Nas duas outras faces, a flor de lis simbolo da França e o escudo do Maranhão. O monumento terá, ao todo 5,m24. Para comemorar a tomada de São Luis pelos portugueses, ergue-se, remodelada, com a estatua de N. S. da Vitória, a nossa Catedral. 64 63
O CENTENÁRIO. DIÁRIO DE SÃO LUÍS”, de 26 de agosto de 1922.
Ou conforme consta no Diário de São Luis, de 20 de junho de 1946: MARCO COMEMORATIVO DA FUNDAÇÃO DA CIDADE Na avenida Pedro II, praça do tempo da Missão Francesa, foi levantado o “Marco Comemorativo da Fundação da Cidade de S. Luiz”, erigido pelo município, no centenário da independência nacional, a 8 de setembro de 1612. Sobre uma base toc de pedras do Estado foi assentado um prisma retangular revestido de mármore, ao cimo do qual descansa uma pirâmide de granito maranhense, levantada por garras da mesma pedra. Numa face do pedestal foram gravados os nomes das proeminentes figuras da missão: Charles dês Vaux, Rasilly, La Ravardiére, Ives d´Evreux, Claude d´Abeville – 8 de setembro de 1612.65 A partir da França Equinocial o Maranhão passou compreender parte do Ceará (desde o Buraco das Tartarugas – Jericoacoara), o que foi referendado pelo governador geral do Brasil e, poucos anos depois, quando da divisão do Brasil, em 1621, estendendo o território até o Mucuripe, serviu de marco para a criação do Estado do Maranhão, com capital em São Luís compreendendo ainda o Ceará e o Grão-Pará. Tal divisão era praticamente igual aos limites extra-oficiais do empreendimento conquistado por Riffault, Des Vaux, e Davi Migan, e depois capitaneado por La Ravardière... Miganville era sua capital...
64 65
A FESTA DO CENTENÁRIO. A PACOTILHA”, de 26 de agosto de 1922. HISTÓRIA DOS NOSSOS MONUMENTOS. DIÁRIO DE SÃO LUIS, de 20 de junho de 1946
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HISTÓRIA DO RENASCENÇA RAMSSÉS DE SOUZA SILVA
FORTE DO SARDINHA, QUE PROTEGIA MIGANVILLE Ironicamente, um dos logradouros mais "novos" de São Luís, o Renascença, é também um dos mais antigos, confundindo-se com a própria gênese da cidade e muito pouco estudado. Inicialmente, o bairro era um posto avançado da feitoria francesa, fazendo parte de um complexo militar que envolvia o Forte do Sardinha, onde hoje se acha o Conjunto BASA, sendo a atual Rua das Paparaúbas uma das primeiras trilhas que ligavam ao dito forte. Posteriormente à expulsão dos franceses, a região virou uma fazenda dos jesuítas, com olaria e casa de forno, que ia desde o São Francisco até o Igarapé da Jansen, na altura da Lagoa, Planta Tower e antigo depósito do Paraíba. A região do Forte Santo Antônio da Barra - Slz também era utilizada como posto militar avançado pelos portugueses, fiscalizando a entrada da Barra do Maranhão. Já no fim do período colonial, início do período imperial, o espólio dos jesuítas foi adquirido pela família de Anna Joaquina Jansen Pereira, a Donana, que reaproveitou a olaria e a casa de forno que existiam onde hoje é a Laguna da Jansen e seu respectivo e homônimo igarapé. O nome do sítio era Pedreira e a sede, incrivelmente, ainda existe e é onde hoje funciona o Asilo de Mendicidade, na Rua das Paparaúbas. Após a morte de Donana, os herdeiros vendem o sítio para a maçonaria maranhense, sob a designação da Loja Renascença Maranhense, que mantém na sede do Sítio Pedreira suas atividades humanitárias e filantrópicas desde 1919, ininterruptamente. O bairro do Renascença surge na segunda metade do séc. XX, após a construção da Ponte José Sarney, através de loteamentos autorizados pela Loja Renascença, última proprietária daquelas terras. O novo bairro conserva, então, o nome da Loja e, hoje em dia, é subdivido em Renascença I e II, tendo como marco delimitatório justamente as proximidades do antigo igarapé.
Entrevista ao vivo no Bom dia Mirante. Falando sobre viagens de férias. Dia 20 de setembro de 2019, no estúdio da Mirante.
Evento de entrega de títulos de terra para moradores da Vila Esperança. Na mesa com o professor Séliton, o presidente do Conselho Comunitário da zona rural de São Luís, João Amorim, presidente da Associação das Famílias Moradoras da Vila Esperança, e a Dra Juíza Luiza, que muito fez para que os títulos de terra fossem concedidos.
Aplausos por mais essa ação humana. "REDE DO BEM esteve na Livraria AMEI, no Shopping São Luís, a convite da Academia Ludovicense de Letras - ALL, falando sobre 'O Papel das Academias de Letras nas Ações de Prevenção da Automutilação e do Suicídio'. SETEMBRO AMARELO 2019!".
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Homenagem da Câmara Municipal de São Luís aos jornais do Maranhão com mais de 60 anos de tradição: O Imparcial, Jornal Pequeno e O Estado do Maranhão.
Entrevista na Radio e TV Assembléia, no programa Hora Cultural. Com os excelentes entrevistadores Marcia Carvalho e Evandro Júnior. Falando sobre a premiação em Búzios e diversos outros assuntos culturais
SUMÁRIO Expediente
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AGENDA DO PRESIDENTE ANTONIO NOBERTO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ; ANTONIO NOBERTO DO VINHAIS VELHO À PONTA DA AREIA – UM REDUTO QUE DEU INICIO A SÃO LUIS RAMSSÉS DE SOUZA SILVA HISTÓRIA DO RENASCENÇA
Sumário QUADRO DEMONSTRATIVO DOS MEMBROS CORRESPONDENTES DA ALL GESTÃO: ROQUE PIRES MACATRÃO, DILERCY ARAGÃO ADLER E ANTONIO JOSÉ NOBERTO MEMBROS CORRESPONDENTES UBE RJ MA
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agenda Reunião da Diretoria da Academia Ludovicense de Letras AGO DE JULHO 2019 ANIVERSÁRIO DE SEIS ANOS DA ALL ILDEFONSO VASCONCELOS LANÇA LIVRO DE POESIA PARABÉNS GRAJAÚ, BERÇO DE CULTURA DO CENTRO-SUL MARANHENSE (JOÃO FRANCISCO BATALHA) NOTA DE PESAR - Tobias Pinheiro VVARGEM GRANDE SÃO LUIS 407 ANOS
EFEMÉRIDES MARIA FIRMINA DOS REIS TOM FARIAS – ESPECIAL PARA O GLOBO ABOLICIONISTA, NEGRA E FEMINISTA: CONHEÇA MARIA FIRMINA DOS REIS, A PRIMEIRA ROMANCISTA DO BRASIL
2019 – ANO DE MARANHÃO SOBRINHO NA BERLINDA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ ANA LUIZA ALMEIDA FERRO MARIO LUNA FILHO DILERCY ADLER JUCEY SANTANA DANIEL BLUME ANTONIO AÍLTON CERES COSTA FERNANDES ARQUIMEDES VALE CLORES HOLANDA LUIZA LOBO DISCURSO DE LUIZA LEITE BRUNO LOBO POR OCASIÃO DA RECEPÇÃO DO TÍTULO DE CIDADÃ MARANHENSE NA SEDE DA ASSEMBLEIA LEGISLA TIVA DO MARANHÃO, NO DIA 22 DE AGOSTO DE 2019, ÀS 11 HORAS ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO IRANDI MARQUES LEITE BRUNO TOMÉ
ARTIGOS, & CRÔNICAS & CONTOS & OPINIÕES LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ CLAUDIO VAZ, O ALEMÃO - E O LEGADO DA GERAÇÃO DE 53 (capítulo de livro) 0 FOI AÍ QUE EU ENTREI...” JOÃO FRANCISCO BATALHA UMA SEMANA EM CUBA NELSON MELO A IMPORTÂNCIA DE NASCIMENTO MORAIS FILHO COMO EXPOENTE DO MODERNISMO NO MARANHÃO E NA PESQUISA SOBRE MARIA FIRMINA DOS REIS JOSÉ NUNES COMO ESCREVE MARCOS FÁBIO BELO MATOS JOSÉ NUNES COMO ESCREVE JOSÉ NERES JOSÉ NUNES
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COMO ESCREVE BIOQUE MESITO JUCEY SANTANA BIBLIOTECAS DE ITAPECURU MIRIM DANIEL BLUME PLPC PAULO RODRIGUES CERZIR: O TOM ÉPICO DA POESIA DE ANTONIO AÍLTON WYBSON CARVALHO NASCE O IMPERADOR DA LIRA AMERICANA, GONÇALVES DIAS AYMORÉ ALVIM O CURTUME AYMORÉ ALVIM A PROVA DE OBSTETRÍCIA. MANOEL DOS SANTOS NETO O POETA ESQUECIDO, A VELHA ALCÂNTARA E O FUTURO DO MARANHÃO DILERCY ARAGÃO ADLER NO PANTHEON - LIVRO DE MARIA THEREZA DE AZEVÊDO NEVES DILERCY ARAGÃO ADLER O ENSINO DA LITERATURA NA ESCOLA E A FORMAÇÃO DO LEITOR: outras margens AYMORÉ ALVIM UMA HISTÓRIA DE 163 ANOS. PAULO MELO SOUSA CACHAÇA RESERVA DO ZITO - PASSAGEM FRANCA PARA UMA GENEROSA DOSE DE AFETIVIDADE AYMORÉ ALVIM SERÁ QUE VALE A PENA?
AS CRÔNICAS DE CERES CRÔNICA, À MODA FABULAR, PARA MARIA ISABEL A REVOLUÇÃO DOS BRINQUEDOS A TERRA SE ESPREGUIÇA LUIZA LOBO A FAMÍLIA SIMS A FACE HUMANA DA PÓLIS
O PENSAMENTO DE BRANDÃO VIDA NOVA NOVAS IDEIAS SOBRE O ORÇAMENTO PÚBLICO PERSEVERANDO NOS FORTES LAÇOS AMIZADE, CONFIANÇA E CONSIDERAÇÃO ATUALIDADES NA ECONOMIA VALE A PENA LEMBRAR ACADEMIA CAXIENSE ANIVERSARIA POR QUE O DÓLAR ESTÁ SUBINDO
OSMAR GOMES DOS SANTOS DO BACANGA AO ITAQUI NO HORIZONTE DA PONTA D' AREIA MENOS CURTIDAS, MAIS ABRAÇOS ETERNIDADE DOS SONHOS VIREMOS A PÁGINA MONÓLOGO DO TERNO JUDICIÁRIO MARANHENSE NA VANGUARDA TRIBUTO À AMMA NO BANCO DAS LAMENTAÇÕES A AMAZÔNIA É DO BRASIL O MULATO - ALUÍZIO AZEVEDO LOUVAÇÃO A SÃO LUÍS - Antes que setembro termine O SER HUMANO
ASSIM FALOU ALDY A CORRIDA DO CONHECIMENTO SÃO LUIS: PRESENTE E FUTURO
AS CONVERSAS VADIAS DE FERNANDO BRAGA
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PERCURSO DE SOMBRAS LEMBRANÇAS DE UM ADVOGADO
POESIAS & POETAS
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ANTONIO AÍLTON CARTA À FILHA 5 POEMAS DE ANTONIO AÍLTON
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MÁRIO LUNA FILHO Rua Padre Gerosa Praça Gonçalves Dias O Mirante CLORES HOLANDA NOITE ALEX BRASIL Boiada ANA LUIZA ALMEIDA FERRO A DAMA QUATROCENTONA AYMORÉ ALVIM NO VERDOR DOS ANOS. DILERCY ADLER EPITÁFIO
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QUADRO DEMONSTRATIVO DOS MEMBROS CORRESPONDENTES DA ALL GESTÃO: ROQUE PIRES MACATRÃO, DILERCY ARAGÃO ADLER E ANTONIO JOSÉ NOBERTO ANA MARIA FELIX DEVA GARJAN – Gestão Roque Pires Macatrão (1º. Presidente da ALL) CIDADE/ESTADO/PAÍS: Caxias – MA COMISSÃO DE INDICAÇÃO: Ana Luiza Almeida Ferro Aldy Mello de Araújo COMISSÃO PARECERISTA: Arquimedes Viégas Vale, Michel Herbert Alves Florência, Sanatiel de Jesus Pereira PARECER: Favorável DATA DE RECEBIMENTO DO DIPLOMA: a ser entregue. A cópia do diploma foi encontrado no arquivo enviado por Leopoldo Gil Dúlcio Vaz. LOCAL: APRESENTADA POR: Dilercy Aragão Adler (a apresentação ainda não foi feita) OBSERVAÇÃO: Diploma expedido em 31 de maio de 2014 ANNABEL VILAR – Gestão Roque Pires Macatrão (1º. Presidente da ALL) CIDADE/ESTADO/PAÍS: Espanha COMISSÃO DE INDICAÇÃO: Dilercy Aragão Adler, Raimundo Nonato Serra Campos Filho COMISSÃO PARECERISTA: Roque Pires Macatrão PARECER: Favorável DATA DE RECEBIMENTO DO DIPLOMA: Não encontrei o diploma. LOCAL: APRESENTADA POR: OBSERVAÇÃO: Só encontrei o nome de Roque Pires Macatrão na Comissão Parecerista. A documentação encontra-se na Secretaria Geral da ALL. ANELY GUIMARÃES SANTOS (Kalil Guimarães) – Gestão Dilercy Aragão Adler (2ª. Presidente da ALL) CIDADE/ESTADO/PAÍS: Pedreiras – MA COMISSÃO DE INDICAÇÃO: Antônio Augusto Ribeiro Brandão, Clores Holanda Silva COMISSÃO PARECERISTA: PARECER: DATA DE RECEBIMENTO DO DIPLOMA: LOCAL: APRESENTADA POR: OBSERVAÇÃO: Falta constituir a Comissão Parecerista. Os documentos encontram-se na Secretaria-Geral da ALL. CARLOS BRUNO SILVA BARBOSA – Gestão Dilercy Aragão Adler (2ª. Presidente da ALL) CIDADE/ESTADO/PAÍS: Valença – RJ COMISSÃO DE INDICAÇÃO: Antônio Augusto Ribeiro Brandão, Clores Holanda Silva COMISSÃO PARECERISTA: Arquimedes Viégas Vale, Mário da Silva Luna dos Santos Filho, Sanatiel de Jesus Pereira PARECER: Favorável DATA DE RECEBIMENTO DO DIPLOMA: Não encontrei cópia do diploma. LOCAL: APRESENTADO POR: OBSERVAÇÃO: EVA MARIA NUNES CHATEL – Gestão Roque Pires Macatrão (1º. Presidente da ALL) CIDADE/ESTADO/PAÍS: Grajaú – MA COMISSÃO DE INDICAÇÃO: Ana Luiza Almeida Ferro, COMISSÃO PARECERISTA: Álvaro Urubatan Melo, Antônio Augusto Ribeiro Brandão, Roque Pires Macatrão PARECER: DATA DE RECEBIMENTO DO DIPLOMA: LOCAL: APRESENTADA POR: OBSERVAÇÃO: Não encontrei o parecer da comissão. FRANCISCO SIMONINI DA SILVA – Gestão CIDADE/ESTADO/PAÍS: Viçosa – MG COMISSÃO DE INDICAÇÃO: Dilercy Aragão Adler COMISSÃO PARECERISTA: Arquimedes Viégas Vale, Dilercy Aragão Adler, Clores Holanda Silva PARECER: DATA DE RECEBIMENTO DO DIPLOMA: LOCAL: APRESENTADA POR: OBSERVAÇÃO: Não encontrei o parecer da comissão.
GENUÍNO FRANCISCO SALES – Gestão CIDADE/ESTADO/PAÍS: Fortaleza – CE COMISSÃO DE INDICAÇÃO: COMISSÃO PARECERISTA: Álvaro Urubatan de Melo, Ceres Costa Fernandes, Roque Pires Macatrão PARECER: DATA DE RECEBIMENTO DO DIPLOMA: LOCAL: APRESENTADA POR: OBSERVAÇÃO: Não encontrei o parecer da comissão. JÚLIO CÉSAR PAVANETTI GUTIÉRREZ (JÚLIO PAVANETTI) – Gestão Dilercy Aragão Adler (2ª. Presidente da ALL) CIDADE/ESTADO/PAÍS: Espanha COMISSÃO DE INDICAÇÃO: Daniel Blume Pereira de Almeida, Dilercy Aragão Adler COMISSÃO PARECERISTA: Roque Pires Macatrão (deu o parecer), PARECER: Favorável DATA DE RECEBIMENTO DO DIPLOMA: não encontrei cópia do diploma. LOCAL: APRESENTADA POR: OBSERVAÇÃO: Apenas encontrei o nome de Roque Pires Macatrão como membro da Comissão Parecerista. A documentação encontra-se na Secretaria-Geral da ALL. JOSÉ ROSSINI CAMPOS COUTO CORRÊA – Gestão Roque Pires Macatrão (1º. Presidente da ALL) CIDADE/ESTADO/PAÍS: São Luís – MA (mora no Rio de Janeiro) COMISSÃO DE INDICAÇÃO: Daniel Blume Pereira de Almeida, Dilercy Aragão Adler COMISSÃO PARECERISTA: PARECER: DATA DE RECEBIMENTO DO DIPLOMA: LOCAL: APRESENTADA POR: OBSERVAÇÃO: Encontrado o documento indicando. Falta constituir a Comissão Parecerista. Os documentos encontramse na Secretaria-Geral da ALL. LUÍZA LEITE BRUNO LOBO – Gestão Dilercy Aragão Adler CIDADE/ESTADO/PAÍS: COMISSÃO DE INDICAÇÃO: COMISSÃO PARECERISTA: Arquimedes Viegas Vale, Mario da Silva Luna dos Santos Filho, Sanatiel de Jesus Pereira PARECER: Favorável DATA DE RECEBIMENTO DO DIPLOMA: LOCAL: APRESENTADA POR: OBSERVAÇÃO: Não encontrei o nome de quem a indicou MARIA STELA – Gestão Roque Pires Macatrão (1º. Presidente da ALL) CIDADE/ESTADO/PAÍS: Fortaleza – CE COMISSÃO DE INDICAÇÃO: Dilercy Aragão Adler COMISSÃO PARECERISTA: Antônio José Noberto da Silva, Clores Holanda Silva, Aymoré de Castro Alvim PARECER: DATA DE RECEBIMENTO DO DIPLOMA: LOCAL: APRESENTADA POR: OBSERVAÇÃO: Não encontrei o parecer da comissão. MÁRIO PEREIRA – Gestão CIDADE/ESTADO/PAÍS: Pistoia/Itália COMISSÃO DE INDICAÇÃO: Antônio José Noberto da Silva, Dilercy Aragão Adler COMISSÃO PARECERISTA: Ceres Costa Fernandes, Clores Holanda Silva, Paulo Melo Sousa PARECER: Favorável DATA DE RECEBIMENTO DO DIPLOMA: LOCAL: APRESENTADA POR: OBSERVAÇÃO: Falta as assinaturas dos pareceristas. OSWALDO GOMES – Gestão CIDADE/ESTADO/PAÍS: Guimarães – MA COMISSÃO DE INDICAÇÃO: Dilercy Aragão Adler COMISSÃO PARECERISTA: Antônio José Noberto da Silva, Clores Holanda Silva, Dilercy Aragão Adler
PARECER: Favorável DATA DE RECEBIMENTO DO DIPLOMA: LOCAL: APRESENTADA POR: OBSERVAÇÃO: Não encontrei cópia do diploma. WEBERSON FERNANDES GRIZOSTE – Gestão CIDADE/ESTADO/PAÍS: Parintins – AM COMISSÃO DE INDICAÇÃO: COMISSÃO PARECERISTA: Aldy Mello de Araújo, André Gonzalez Cruz, Raimundo Nonato Serra Campos Filho PARECER: Favorável DATA DE RECEBIMENTO DO DIPLOMA: LOCAL: APRESENTADA POR: OBSERVAÇÃO: Não encontrei cópia do diploma. RAIMUNDA JANSEN PEREIRA – Gestão Dilercy Aragão Adler (2ª. Presidente da ALL) CIDADE/ESTADO/PAÍS: Coroatá – MA (reside em Brasília – DF) COMISSÃO DE INDICAÇÃO: Antônio José Noberto da Silva, Clores Holanda Silva COMISSÃO PARECERISTA: PARECER: DATA DE RECEBIMENTO DO DIPLOMA: LOCAL: APRESENTADA POR: OBSERVAÇÃO: Foi indicada por Irany Marques Leite (não pôde indicar por não pertencer a ALL). Falta constituir a Comissão Parecerista. Os documentos encontram-se na Secretaria-Geral da ALL. SÁLVIA HADDAD – Gestão CIDADE/ESTADO/PAÍS: Manaus – AM COMISSÃO DE INDICAÇÃO: Daniel Blume Pereira de Almeida, Dilercy Aragão Adler COMISSÃO PARECERISTA: PARECER: DATA DE RECEBIMENTO DO DIPLOMA: LOCAL: OBSERVAÇÃO: Falta constituir a Comissão Parecerista. Os documentos encontram-se na Secretaria-Geral da ALL. VALTON DE MIRANDA LEITÃO – Gestão CIDADE/ESTADO/PAÍS: Fortaleza – CE COMISSÃO DE INDICAÇÃO: COMISSÃO PARECERISTA: Álvaro Urubatan de Mello, Ceres Costa Fernandes Roque Pires Macatrão, RECER: Favorável DATA DE RECEBIMENTO DO DIPLOMA: LOCAL: OBSERVAÇÃO: Não encontrei o documento com o nome da comissão que o indicou. VANDA LÚCIA DA COSTA SALES – Gestão CIDADE/ESTADO/PAÍS: Rio de Janeiro – RJ COMISSÃO DE INDICAÇÃO: Dilercy Aragão Adler COMISSÃO PARECERISTA: Antônio José Noberto da Silva, Clores Holanda Silva, Aymoré de Castro Alvim PARECER: Favorável DATA DO RECEBIMENTO DO DIPLOMA: 10 de agosto de 2014 LOCAL: Na cerimônia de apresentação do Projeto “Maria Firmina dos Reis – 190 anos”, realizado nas cidades de São Luís – MA e Guimarães – MA ROSA PACHECO MACHADO CIDADE/ESTADO/PAÍS: Lisboa – Portugal COMISSÃO DE INDICAÇÃO: Indicada e aprovada na AGO do dia 16 de maio de 2018 COMISSÃO PARECERISTA: (falta constituir a Comissão Parecerista) PARECER: DATA DO RECEBIMENTO DO DIPLOMA: LOCAL: FERNANDO BRAGA CIDADE/ESTADO/PAÍS: São Luís – MA COMISSÃO DE INDICAÇÃO: Antônio Ailton Santos Silva, Mário da Silva Luna dos Santos Filho, Roberto Franklin Falcão
Costa COMISSÃO PARECERISTA: (falta constituir a Comissão Parecerista) PARECER: DATA DO RECEBIMENTO DO DIPLOMA: LOCAL:
São Luís, 11 de junho de 2018. CLORES HOLANDA SILVA, Secretária-Geral da Academia Ludovicense de Letras.
MEMBROS CORRESPONDENTES UBE RJ MA
Arquimedes Vale Membro Correspondente UBE RJ MA <arquivale@uol.com.br>,
Ana Luiza Ferro Membro Correspondente UBE RJ MA <alaferro@uol.com.br>,
Eliane Morais Araujo Membro Correspondente UBE RJ MA <eum.slz@hotmail.com>,
Dilercy Adler Membro Correspondente UBE RJ MA <dilercy@hotmail.com>,
Leopoldo Gil Dulcio Vaz Membro Correspondente UBE RJ MA <vazleopoldo@hotmail.com>,
Michel Herbert Florêncio Membro Correspondente UBE RJ MA <sobramesma@hotmail.com>
Arquimedes e Michel são Acadêmicos da ABRAMES
AGENDA Reunião da Diretoria da Academia Ludovicense de Letras, onde o principal assunto tratado foi a comemoração do aniversário de 6 anos de nosso sodalício, a ocorrer no próximo dia 10 de agosto.
AGO DE JULHO 2019
Participando da Reunião da Diretoria da FALMA - Federação das Academias de Letras do Maranhão.— com Ceres Costa Fernandes, João Francisco Batalha Batalha, Carlos César Silva Brito e Álvaro Urubatan Melo Vava em São Luís.
NOTA DE PESAR A União Brasileira de Escritores (UBE-RJ) vem, com extremo pesar, lamentar o falecimento do escritor Tobias Pinheiro, grande poeta, trovador, professor e jornalista, um artista sensível, uma pessoa admirável. Nascido no dia 4 de Julho de 1926 na cidade de Brejo, Maranhão, de onde saiu aos 12 anos de idade. Publicou nove livros: Intermezzo, Vinho Amargo, Doce Tortura, Os Outros, Menino do Bandolim, Jóias de Ouro Preto, Marcas de Luz, Milagres da Memória, e Sonetos. Em 1997, recebeu – por unanimidade – o título de Personalidade Cultural da União Brasileira de Escritores. E o Prêmio de Literatura da Faculdade da Cidade recebe o seu nome. É autor do Hino Oficial da cidade de Brejo, sua terra natal e tem uma escola estadual que possui como nome: “Unidade Escolar Tobias Pinheiro. Aos familiares e amigos de Tobias Pinheiro, externamos nossos votos de paz, solidariedade e conforto espiritual.
REINAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO FRANÇA EQUINOCIAL PARA SEMPRE NO ANIVERSÁRIO DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS (ALL) A noite da quinta-feira, 08 de agosto de 2019, foi um sucesso. Teve palestra e mesa redonda sobre o imortal Maranhão Sobrinho; o relançamento da exposição França Equinocial com apresentação de novas peças, sendo uma réplica de canhão de época, o quadro São Luís nasceu no Louvre e, ao final, um coquetel da maranhensidade, com comidas e bebidas franco-tupi, sendo queijos e vinhos franceses e, na culinária tupi, licor, beiju, mingau de puba, piabinha assada, mel, juçara, caldo de cana, bolos, farinha e diversos outros manjares. Agradeço a todos os amigos e amigas que se fizeram presentes nesta noite de reencontro de duas culturas tão distantes, que se entrelaçaram desde então no Maranhão. No sábado, 10 de agosto, a partir das 17h30, no Palácio Cristo Rei, na Praça Gonçalves Dias, as comemorações continuam, com sarau e uma banda musical.
Dilercy Aragão Adler
· A nossa Academia foi fundada no aniversário de 190 anos de Gonçalves Dias. Foi uma grande homenagem ao primeiro grande poeta brasileiro, cuja ideia foi gestada no Chile, por ocasião do lançamento do livro "Mil poemas a Pablo Neruda", do antologista e poeta Alfred Asis. "O primeiro grande poeta do Brasil*. Nasceu no sítio Boa Vista, na vila Caxias (1823), Estado do Maranhão, onde um comerciante português vivia com uma pobre mestiça brasileira, que lhe serviu de objeto para gerar o filho Antônio Gonçalves Dias, que veio a ser uma das glórias da poesia brasileira." https://www.sitedoescritor.com.br Foi na divulgação do Projeto dessa grande homenagem a Gonçalves Dias, em Guimarães, que nasceu o encantamento por Maria Firmina, primeira romancista brasileira, e lá foi concebida a ideia de fazê-la Patrona da infante Academia. Ambos, Gonçalves Dias e Maria Firmina, têm ancestralidade plural: ele sentia-se orgulhoso por ser descendente das três raças formadoras do povo brasileiro (mas, nem por isso deixou de ser alvo de
preconceito, ao lhe ser negada a mão de Ana Amélia, mesmo sendo amigo da família dela); Ela, com ascendência africana, tendo a mãe sido escrava e posteriormente alforriada. Conviveu 66 dos seus 95 anos com a escravidão, da qual foi aguerrida combatente. Temos hoje muito a comemorar: O aniversário de 196 anos de nascimento do grande poeta Gonçalves Dias! O aniversário de 6 anos de fundação da Casa de Maria Firmina dos Reis! Viva Gonçalves Dias! Viva a Academia Ludovicense de Letras! Viva Maria Firmina! Viva a ancestralidade plural do povo brasileiro, que nos torna uma raça genuinamente pura de humanidade ímpar!
PARABÉNS À ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS- ALL Muitos intelectuais sonharam com uma Academia de Letras da cidade de São Luís. Esse sonho foi acalentado por muitos durante 401 anos de fundação da cidade, entre eles eu destacaria o poeta escritor Wilson Almeida Ferro que chegou a publicar dois artigos em Jornal conclamando intelectuais para criarem uma Academia de Letras para a cidade. São eles: “Faltam Academias” (O Estado do Maranhão, 24.01.2013) e em 2012 “Falta uma academia”, também no jornal o Estado do Maranhão. Enfatizava que a cidade contava com quantitativo substancial de intelectuais para execução de projeto de tal envergadura. De modo que em 2013 na programação da homenagem a Gonçalves Dias, por meio do Projeto “Mil poemas a Gonçalves Dias”, foi que esse sonho se tornou realidade com o protagonismo de 25 escritores que subscreveram a ata de fundação no Palácio Cristo Reis, às 10 horas. Hoje a ALL completa 6 anos e configura a diferença de 401 anos entre a fundação da cidade e a a fundação da sua Academia de Letras, mas costumo dizer que essa lacuna considerável, em anos, talvez tenha sido providencial porque se academia tivesse sido fundada antes, com certeza, não teria uma mulher de ascendência africana, mulata, abolicionista, a primeira escritora brasileira como patrona da Casa. Viva Maria Firmina dos Reis! Viva Gonçalves Dias! Viva Academia Ludovicense de Letras! Viva a cidade de São Luís!
Com o confrade da ACL, Wibson Carvalho, nas comemorações do aniversário da ALL, hoje, no Palácio Cristo Rei.
Evento de encerramento das comemorações do sexto aniversário da Academia Ludovicense de Letras, na AMEI, no São Luís shopping.
1. Palestra da Dra Elimar Figueiredo de Almeida Silva sobre os 170 anos de nascimento do abolicionista Celso de MagalhĂŁes;
2. Declamação de poesia pela confreira Ana Luiza Almeida Ferro;
3. Apresentação pelo ator Uimar Junior, que interpretou o promotor Celso de Magalhães encenando o julgamento da baronesa de Grajaú, fato ocorrido em 1876. A apresentação contou ainda com a participação de Clores Holanda e com um corpo de jurados.
http://portodelenha.com/livraria/poema-ou-poesia/46-ojardim.html http://portodelenha.com/livraria/poema-ou-poesia/87-mpb.html
Parabéns Grajaú, berço de cultura do Centro-Sul maranhense. Parabéns pela inauguração da sede própria da Academia Grajauense de Letras e Artes, instituição cultural que reúne seleto grupo de pensadores, escritores, poetas e compositores filhos da terra. Terra do Nosso Senhor do Bonfim e de famílias tradicionais, cultas, nobres e educadas. Notável por sua história de lutas políticas e por seus filhos ilustres. Famosa pelos folguedos dos banhos do Canecão, Limoeiro e da Cachoeira do Morcego. Popular pela grandeza da EXPOAGRA, festa de agronegócio, e das diversões do Canoeiro. Histórica pela etnia dos Tenetehra e das aldeias de Ipú, Morro Branco e Bacurizinho. Parabéns bravo povo do Sertão. São Luís/MA, 06 de julho de 2019. João Francisco Batalha Presidente da FALMA Federação das Academias de Letras do Maranhão.
Sessão solene de inauguração da sede própria da Academia Grajauense de Letras e Artes (AGLA) na noite de sábado (06) no município de Grajaú-MA. Parabéns, AGLA e todos os confrades e confreiras!
PARABÉNS À CIDADE DE VARGEM GRANDE (MA) PELA FUNDAÇÃO DA SUA ACADEMIA DE LETRAS E ARTES (AVLA). Uma saudação especial à minha amiga e agora confreira Alice Pires, aos confrades Antonio Noberto, Benedito Coroba e Gonçalo Amador, grandes nomes que integram essa nova Academia. Um parabéns especial à grande guerreira cultural, minha confreira Jucey Santana pela determinação e contribuição na criação desse Sodalício, e ao amigo e confrade João Francisco Batalha Batalha, presidente da Federação das Academias de Letras do Maranhão (FALMA).
Poetas chegando em Caxias. ANTONIO AÍLTON E ROBERTO FRANKLIN. ENCONTRO DE POETAS OS INTEGRANTES DA NOITE.
Estarei lançando esses dois livros, "Magma", poesias, e "Elmano, o injustiçado cantor de Inês", ensaio sobre o poeta português Manuel Maria Barbosa du Bocage, no dia 10 de setembro próximo, às 17 horas, na Casa de Chá "Ritália e Bocage", perto do Largo do Concelho, na Praça Bocage, em Setúbal, Portugal, com a apresentação da Doutora Rosa Pacheco Machado, neta do ilustre setubalense, Doutor Fran Paxeco
SÃO LUIS 407 ANOS
No próximo dia 27/09, o I ENCONTRO DE ESCRITORES DO VALE DO PINDARÉ, organizado pelo poeta e professor pesquisador Paulo Rodrigues e pela poeta e jornalista Anna Liz Ribeiro, no IEMA de Pindaré Mirim. Estaremos lá com uma caravana de escritores (Bioque Bioque Mesito, Carvalho Junior , Neurivan Sousa...) para prestigiar e participar desse evento importantíssimo para a discussão da literatura e da escrita, a reflexão sobre o nosso momento engrandecimento cultural de todos.
Muita poesia!
Muitos poemas! Muitas flores neste primeiro dia da Primavera! "Salvemos o Planeta!" com flores, poemas e atitudes! Na tarde do dia 23 de setembro de 2019, no Convento das MercĂŞsđ&#x;&#x2018;&#x2021;đ&#x;?ť Promoção do Liceo PoĂŠtico de Benidorm-Espanha, Delegação do MaranhĂŁo, em parceria com a Sociedade de Cultura Latina do Brasil- SCLB, Sociedade de Cultura Latina do Estado do MaranhĂŁo- SCLMA e apoio do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do MaranhĂŁo. ApĂłs a saudação aos convidados e breve explicação da histĂłria e dinâmica do Liceo PoĂŠtico de Benidorm/Espanha e da Delegação do MaranhĂŁo foi lida a Mensagem/Saudação do Presidente do Liceo PoĂŠtico de Benidorm/Espanha, Julio Pavanetti, aos presentes! Diga-se de passagem, escrita em excelente portuguĂŞs! E a seguir leitura e declamaçþes de poemas para saudar a Primavera e, assim conclamar a todos para a premente necessidade de amor ao planeta e sua preservação. Lembrando o lema desta edição em todo o planeta ĂŠ: Vamos salvar o Planeta! Foram oferecidos pelo Presidente da Sociedade de Cultura Latina do Estado do MaranhĂŁo, CĂŠsar Brito, bouquet para Delegada do Liceo, Dilercy Adler, e flores para todos os participantes presentes no Recital. Para finalizar foi servido um coffee break, pela Delegada do Liceo PoĂŠtico no MaranhĂŁo. Agradecemos ao Presidente do Liceo PoĂŠtico de Benidorm-Espanha, Julio Pavanetti, e o parabenizamos por tĂŁo nobre projeto e, tambĂŠm, carinhosamente, a todos aqueles que se dispuseram a se congregar em plena tarde e fim de tarde, de uma segunda feira primaveril, para podermos Saudar a Primavera e evocar a necessidade de Salvar o Planeta!!!
Fundado el 15 de marzo de 2003 Registro Autonómico de Asoc. Nº CV-01-135591-A Registro de Asoc. de Benidorm Nº 22 Agencia Tributaria, CIF Nº G 53757431 Villajoyosa, Alicante, segunda-feira 23 de setembro de 2019 Prezados amigos: Mais um ano, a Associação Internacional de Poetas "Liceo Poético de Benidorm", fundada em Espanha no 15 de março de 2003 e com delegações culturais em muitas cidades da Espanha e do mundo, adere a convocação lançada pelo Movimento Mundial "100 Mil Poetas pela mudança ” para realizar recitais de poesia durante o mês de setembro com o objetivo final de uma mudança de mentalidade na sociedade e na consciência dos povos para cuidar do meio ambiente e alcançar a sustentabilidade no planeta e a paz e a justiça social no mundo. O Liceo Poético de Benidorm é um membro ativo do Movimento dos 100 Mil Poetas pela Mudança desde sua criação nos Estados Unidos em 2011. Nesta ocasião, seguindo uma minha sugestão, depois de ter solicitado a permissão correspondente dos fundadores do Movimento, e com a sua aprovação, todos os recitais coordenados pelos delegados do Liceu Poético de Benidorm terão o mesmo lema: “Vamos salvar o Planeta " Com isso, queremos expressar nossa rejeição a práticas inescrupulosas que estão nos levando ao esgotamento dos ativos do planeta através do consumo excessivo, colocando em risco a existência da natureza e, portanto, da vida humana, animal e vegetal na Terra. Estamos cientes de que os recursos mundiais são limitados e estamos contaminando os mares com plásticos e outros resíduos, devastando a vegetação com incêndios e o corte indiscriminado de árvores, envenenando o solo com pesticidas e outros tóxicos, esgotando os recursos naturais e esgotando o planeta e a vida da grande maioria dos seres que o habitam, a fim de obter riqueza para alguns. Diante de tantos ataques irracionais ao sistema ecológico, a natureza busca um equilíbrio e, nessa busca desesperada, lança os excessos que sofremos, degelo, tempestades exageradas, como as que sofremos recentemente na Espanha. Em resumo, as mudanças climáticas, que apenas os tolos e as pessoas sem escrúpulos interessadas em enriquecer negam a si mesmas, sem se preocupar com o planeta que nossos filhos herdarão. Eu termino agradecendo à minha amiga Dilercy Adler, delegada do Liceu Poético de Benidorm no Maranhão, por sua colaboração, bem como a as sociedades e conselhos parceiros, poetas e artistas que apoian esta convocação e a todo o público presente. Grato.
Julio Pavanetti Presidente do Liceo Poético de Benidorm C/Cervantes, 8 – 4º B - 03570 Villajoyosa, España / E-mail: liceopoeticodebenidorm@gmail.com
EFEMÉRIDES 07 08 09 10 11 18 22 23 24 30 01 10 12 19 21 24 28 30 03 04 08 09 11 13 17 25 29 30
JULHO 1950 - NASCIMEENTO DE DILERCY ARAGÃO ADLER – FUNDADORA DA CADEIRA 8 1955 – NASCIMENTO DE ARTUR NABANTINO GONÇALVES DE AZEVEDO – PATRONHO DA CADEIRA 13 1944 - NASCIMENTO DE JOÃO FRANCSICO BATALHA – FUNDADOR DA CADEIRA 19 1832 – NASCIMENTO DE JOAQUIM DE SOUSA ANDRADE – SOUSANDRADE – PATRONO DA CADEIRA 10 2007 – FALECIMENTO DE LUCY TEIXEIRA – PATRONA DA CADEIRA 34 2003 – FALECIMENTO DE MARIO MARTINS MEIRELES – PATRONO DA CADEIRA 31 1925 – NASCIMENTO DE MARIA DA CONCEIÇÃO NEVES ABOUD – PATRONA DA CADEIRA 37 1922 – NASCIMENTO DE LUCY DE JESUSN TEIXEIRA – PATRONA DA CADEIRA 34 1692 – FALECIMENTO DE ANTONIO VIEIRA – PATRONO DA CADEIRA 2 1949 - NASCIMENTO DE ARQUIMEDES VIEGAS VALE – FUNDADOR DA CADEIRA 20 1952 - NASCIMENTO DE LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ – FUNDADOR CADEIRA 21 1828 – NASCIMENTO DE ANTONIO HENRIQUES LEAL – PATRONO DA CADEIRA 9 1936 - NASCIMENTO DE WILSON PIRES FERRO – FUNDADOR DA CADEIRA 7 AGOSTO (?) - NASCIMENTO DE MICHEL HERBERTH ALVES FLORENCIO – FUNDADOR DA CADEIRA 12 1823 – NASCIMENTO DE ANTONIO GONÇALVES DIAS – PATRONO DA CADEIRA 7 2013 – FUNDAÇÃO DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS 1995 – FALECIMENTO DE JOÃO MIGUEL MOHANA – PATRONO DA CADEIRA 36 1979 – FALECIMENTO DE ODYLO COSTA, FILHO – PATRONO DA CADEIRA 30 1917 – NASCIMENTO DE JOSUÉ DE SOUZA MONTELLO – PATRONO DA CADEIRA 32 1951 – FALECIMENTO DE RAIMUNDO CORRÊA DE ARAÚJO – PATRONO DA CADEIRA 26 1940 – NASCIMENTO DE ALDY MELLO DE ARAUJO – FUNDADOR DA CADEIRA 32 1970 – NASCIMENTO DE ANTONIO JOSÉ NOBERTO DA SILVA – FUNDADOR DA CADEIRA 1 SETEMBRO 1867 – NASCIMENTO DE JOÃO DUNSHEE DE ABRANCHES DE MOURA – DUNSHEE DE ABRANCHES – PATRONO DA CADEIRA 19 1923- FALECIMENTO DE ANTONIO BATISTA BARBOSA DE GODOIS – PATRONO DA CADEIRA 16 1977 – FALECIMENTO DE JOSÉ TRIBUZZI PINHEIRO GOMES – NANDEIRA TRIBUZI – PATRONO DA CADEIRA 39 1612 – FUNDAÇÃO DE SÃO LUIS DO MARANHÃO 1925 – NASCIMENTO DE DAGMAR DESTERRO E SILVA – PATRONA DA CADEIRA 38 1981 – FALECIMENTO DE DOMINGOS VIEIRA FILHO – PATRONO DA CADEIRA 35 1911– FALECIMENTO DE RAIMUNDO DA MOTA DE AZEVEDO CORREIA – RAIMUNDO CORREIA – PATRONO DA CADEIRA 15 1952 – FALECIMENTO DE MANUEL FRAN PAXECO, PATRONO DA CADEIRA 21, EM LISBOA 1864 – FALECIMENTO DE MANUEL ODORICO MENDES – PATRONO DA CADEIRA 3 1924 – NASCIMENTO DE DOMINGOS VIEIRA FILHO – PATRONO DA CADEIRA 35 1885 – FALECIMENTO DE ANTONIO HENRIQUES LEAL – PATRONO DA CADEIRA 9 1956 – NASCIMENTO DE JOSÉ CLÁUDIO PAVÃO SANTANA – FUNDADOR DA CADEIRA 39
ABOLICIONISTA, NEGRA E FEMINISTA: CONHEÇA MARIA FIRMINA DOS REIS, A PRIMEIRA ROMANCISTA DO BRASIL Novos lançamentos revelam mais sobre a história da escritora maranhense Tom Farias e Especial para O GLOBO 01/08/2019 - 04:20 / Atualizado em 01/08/2019 - 10:36
Maria Firmina Foto: Ilustração de Nina Millen
RIO — Maria Firmina dos Reis nasceu em 1822, morreu em 1917 — e renasceu 100 anos depois. Desde 2017, seu clássico “Úrsula” (1859), ganhou 13 novas edições, assegurando a reputação da maranhense como primeira romancista do Brasil e, provavelmente, primeira mulher negra a publicar um romance na América Latina. "Úrsula" é reconhecida como uma das primeiras narrativas de temáticafeminista e antiescravista da literatura brasileira, escrita por uma mulher negra em pleno período da escravidão. Para se ter uma ideia, até o conservador Monteiro Lobato (1882-1948), ao ler o livro, escreveu que Firmina lhe despertou “as horas de mais intenso gozo espiritual”. Mas sua obra não se resume a este clássico. Agora, dois novos lançamentos jogam mais luz sobre a autora. “Memorial de Maria Firmina dos Reis” (Uirapuru), segundo volume de suas obras completas, nos revela uma poeta e cronista incomum, capaz de transitar entre diversos gêneros. Já “Maria Firmina dos Reis — faces de uma precursora” (Malê) recupera uma mulher à frente do seu tempo, tanto no enfrentamento do patriarcado quanto na militância e negritude de sua literatura. Confusões biográficas Mas ainda há muitas lacunas a serem preenchidas na vida da escritora.Não há, por exemplo, um único retrato de Firmina, embora ela tenha vivido quase 100 anos, todos eles no lugarejo maranhense de Vila de Guimarães, onde morreu cega e pobre. Por isso a importância do livro da Malê, que traz uma série de estudos reunidos pelas professoras Constância Lima Duarte, Luana Tolentino, Maria Lúcia Barbosa e Maria do Socorro Vieira Coelho. A escassez de fontes torna difícil a reconstrução da trajetória da escritora,afirma o pesquisador Dilercy Aragão Adler em “Maria Firmina dos Reis — faces de uma precursora”. Responsável por descobrir a data exata do nascimento de Firmina, Adler esclarece algumas confusões biográficas que costumam acompanhála. A mais gritante talvez diga respeito à sua imagem: até hoje, há trabalhos que veiculam o retrato da escritora gaúcha Maria Benedita Câmara Bormann como sendo o de Firmina. Outra pesquisadora da coletânea, Fernanda Rodrigues de Miranda observa que, embora tenha dialogado de forma consciente e ativa com o seu próprio presente, a escritora maranhense está profundamente conectada
com a atualidade. Firmina, segundo a pesquisadora, trouxe uma nova perspectiva: “o negro enquanto sujeito de uma experiência histórica anterior à escravização, com vínculos afetivos, pertencimentos territoriais e ética de existência coletiva”, escreve Fernada. Com isso, abriu caminho para escritoras como Conceição Evaristo e Ana Maria Gonçalves. Firmina, que chegou a lecionar para meninas e meninos na mesma sala de aula, uma inovação no século XIX, dizia que a mente não podia ser escravizada. Não se casou nem teve filhos naturais — somente adotivos. Bastarda, escreveu sobre as mazelas do mundo — a mendicância, a dor, a proscrição, o patriarcado, sobre cismas e queixas. Apesar das limitações, experimentou diversas formas de expressão, da poesia à música popular. Compôs letra e música à tradição do bumba-meu-boi e um hino à liberdade dos escravos, para comemorar o Maio de 1888. Um olhar arrojado Essa Firmina múltipla está visível em “Memorial Maria Firmina dos Reis”, saído em dois volumes (2017 e 2019) pela editora Uirapuru. Se a primeira parte trazia dois textos desconhecidos (o romance “Gupeva” e o conto “Elvira”), o recém-lançado segundo volume divulga as crônicas, charadas, composições musicais, um “álbum íntimo” e o volume desconhecido de poesias “Cantos à beira-mar”, publicado originalmente em 1871. Nos textos em prosa, no entanto, a grande revelação está na Firmina cronista. O giro pelo ambiente em que vivia, o olhar pela sociedade, as suas meditações do cotidiano. Pensar nisso em pleno século XIX, através de uma mulher negra, era algo de muito arrojo. O que torna Firmina única, na categoria das primeiras — desbravadora de um campo que seria dominado única e exclusivamente por homens. A crônica “Meditações” é um desses exemplos em que a autora fala de um certo bucolismo: “O presente pesa-me como um fardo enorme — o futuro envolve-se-me em denso véu de escuridão; por que desdenharei do meu passado? Há nele uma recordação; uma só. Mas ele é a minha vida”, escreveu ela em 1861. Em “Página íntima”, é a saudade que lhe traz “acentos de dulcíssimas harmonias”. Já os textos do seu “Álbum íntimo” trazem preciosidades sobre o dia a dia, como as anotações resignadas sobre a perda de pessoas próximas em “Uma lágrima sobre um túmulo”. Seus poemas reunidos dão uma amostra do lirismo daquela que é, salvo engano, também a primeira poeta negra brasileira. De tom bucólico, seus versos trazem a voga do romantismo, de culto à beleza e de exaltação à natureza, aos costumes e às coisas da terra. Sem dúvida, Maria Firmina é um fenômeno raro, que, ao ser descoberto pelo mundo da indústria do livro e por inúmeros novos leitores, tem muito a nos dizer em termos de prática e processo de escrita, sobretudo com o sotaque feminino, com o tom forte da fala da mulher preta. Livros essenciais “Ursula”. Com 13 edições entre 2017 e 2018, é a obra inaugural da literatura afro-brasileira e um dos primeiros romances de temática feminista e antiescravista. “Memorial de Maria Firmina dos Reis — Livro 1”. O primeiro volume de suas obras completas traz, entre outros, o desconhecido romance indianista “Gupeva” e o conto “A escrava”, publicado um ano antes da Abolição. “Memorial de Maria Firmina dos Reis — Livro 2”. No recém-lançado segundo volume, uma amostra da Firmina desbravando a crônica e a poesia, com versos de culto à beleza e de exaltação à natureza. “Maria Firmina dos Reis – faces de uma precursora”. Reunião de estudos sobre a autora, que buscam desfazer mal-entendidos sobre seus escassos dados biográficos e conectam sua obra com o feminismo atual.
2019: Ano de MARANHÃO SOBRINHO
Depois de muitos anos de pesquisa e de consulta a inúmeros documentos, o professor, poeta e ativista cultural Kissyan Castro, membro da Academia Barro-cordense de Letras e um dos maiores conhecedores da vida e da obra do poeta simbolista Maranhão Sobrinho, finalmente concluiu seu livro Maranhão Sobrinho: o poeta maldito de Atenas. A obra será lançada no dia 08 de agosto de 2019, a partir das 17:30, na Casa de Cultura Huguenote Daniel de la Touche, na rua Djalma Dutra, 128 – Centro – São Luís do Maranhão. O referido lançamento faz parte das comemorações pelo sexto aniversário da Academia Ludovicense de Letras e, na ocasião, haverá uma mesa-redonda sobre a vida e a obra de Maranhão Sobrinho.
NA BERLINDA
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ REVISTA DO LEO REVISTA ELETRONICA EDITADA POR LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536
SÃO LUIS – MARANHÃO NUMERO 22 – JULHO – 2019 EDITORIAL MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES E LAZER LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - (Capítulo de livro: Cláudio Vaz, o Alemão – e o legado da geração de 53): A GERAÇÃO DE 53 ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - CONSIDERAÇÕES SOBRE O MAPEAMENTO DA CAPOEIRA – IPHAN 2019 ARTIGOS, CRÔNICAS, DISCUSSÕES, OPINIÕES LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - OS ANOS 1970 NO MARANHÃO: UM NOVO MOVIMENTO LITERÁRIO? JOAQUIM HAICKEL - CRAQUE!… LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - SERIA FRAN PAXECO CARBONÁRIO? LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - ALGUMAS ANOTAÇÕES SOBRE OS CANELAS E SEUS RITUAIS – O CASO DA CORRIDA DE TORAS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - SOBRE TUPIS E TAPUIAS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - A CORRID\ ENTRE OS ÍNDIOS CANELAS
REVISTA DO LEO REVISTA ELETRONICA EDITADA POR LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536
"INSERIR O NOVO NO VELHO, SEM MOLESTAR RAÍZES"
SÃO LUIS – MARANHÃO NUMERO 22.1 – JULHO – 2019 EDIÇÃO ESPECIAL: CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE
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EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO
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MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES E LAZER: Capoeiragem no/do maranhão CONSIDERAÇÕES SOBRE O MAPEAMENTO DA CAPOEIRA – IPHAN 2019 CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE LIVRO-ÁLBUM DOS MESTRES CAPOEIRAS
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MESTRE SAPO TRIBUTO AO MESTRE SAPO - LAÉRCIO ELIAS PEREIRA SAPO x ZULU. DEU ZULU... - LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ ROBERVAL SEREJO MESTRE DINIZ MESTRE PATINHO MESTRE PATINHO - ANTONIO JOSÉ DA CONCEIÇÃO RAMOS - MANOEL MARIA PEREIRA ENTREVISTA O ENSINO DE MÚSICA EM ESCOLAS DE CAPOEIRA DE SÃO LUÍS – MA - MÁRCIO ARAGÃO BOÁS: CONVERSANDO COM ANTÔNIO JOSÉ DA CONCEIÇÃO RAMOS - LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ; LORETA BRITO VAZ: O CAPOEIRA. POETA DAS EXPRESSÕES CORPORAIS - FÁBIO ALLEX: MESTRE PATURI MESTRE TIL MESTRE ALBERTO ALZAMOR MESTRE RUI PINTO MESTRE SOCÓ MESTRE ÍNDIO DO MARANHÃO Entrevista com Mestre Índio Maranhão - RODA DE CAPOEIRA MESTRE PIRRITA MESTRE JORGE NAVALHA MESTRE CURIÓ MESTRE BAÉ MESTRE GAVIÃO CONTRAMESTRE SÍLVIO FORMIGA ATÔMICA MESTRE ROBERTO MESTRE TUTUCA MESTRE LUIS SENZALA MESTRE MILITAR MESTRE MIZINHO MESTRE LUIS GENEROSO MESTRE PEDRO MESTRE NEGÃO MESTRE MARINHO MESTRE CACÁ MESTRE NELSON CANARINHO CONTRAMESTRE DIACO CONTRAMESTRE REGINALDO CONTRAMESTRE LEITÃO MESTRE MANOEL MESTRE NILTINHO CONTRAMESTRE BOCUDA CONTRAMESTRE MÁRCIO MULATO DO LIVRO-ÁLBUM MESTRES CAPOEIRAS DE SÃO LUIS-MARANHÃO 2006 MESTRE PEZÃO MESTRE SENA MESTRE AÇOUGUEIRO MESTRE DE PAULA MESTRE RAIMUNDÃO MESTRE ZUMBI BAHIA MESTRE BAMBA DO MARANHÃO MESTRE ABELHA MESTRE FRED MESTRE MIRINHO
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MESTRE MARCO AURÉLIO MESTRE DOMINGOS DE DEUS MESTRE NELSINHO MESTRA PUDIAPEN EXPOSIÇÕES DAS BIOGRAFIAS DOS MESTRES DE CAPOEIRA DO ESTADO DO MARANHÃO Abertura da Semana da Capoeira realizada pela Federação Maranhense de Capoeira FMC MESTRE SR. MIYAGE ANTONIO BEZERRA DOS SANTOS MESTRE EVANDRO MESTRE CADICO MESTRE JUVENAL (JUVENCIO) MESTRE PALHANO MESTRE ARY MESTRE UBIRACI MESTRE JORDILAN MESTRE GUDA MESTRE MÃO-DE-ONÇA MESTRE BETINHO CAPOEIRAS CITADOS PELOS ALUNOS-MESTRES EM SEUS DEPOIMENTOS IDENTIFICAÇÃO DOS LOCAIS DE PRÁTICA DE CAPOEIRA PELOS MESTRES: RODAS, GRUPOS/NÚCLEOS COM A PALAVRA, OS MESTRES OU A PALAVRA DOS MESTRES UM CAPOEIRA MARANHENSE ENTRE OS ‘PEQUENOS DO CHAFARIZ’ – SÃO PAULO-SP, 1864 - LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ UM CAPOEIRA PIAUIENSE CHEFE DE POLICIA NA CÔRTE - LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ MENINO, QUEM FOI TEU MESTRE? – LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ “NO TEMPO DAS ELEIÇÕES A CACETE” – LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ CAPOEIRA: DESENVOLVIMENTO E ASPECTOS HISTÓRICOS – LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
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SÃO LUIS – MARANHÃO NUMERO 23 – AGOSTO – 2019 EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES E LAZER LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ (ccapítulo do livro) CLAUDIO VAZ, O ALEMÃO - E O LEGADO DA GERAÇÃO DE 53 - “FOI AÍ QUE EU ENTREI...” LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - 0 ENCONTRO DE GERAÇÕES LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ; DENISE MARTINS DE ARAUJO - RECORDAR É VIVER - (capitulo de livro: Querido Profssor Dimas) CONGRESSO INTERNACIONAL DOS 400 ANOS DA PRESENÇA AÇORIANA NO MARANHÃO - - HISTÓRIA, CULTURA E IDENTIDADE: Convite para Palestra CONTRIBUIÇÃO DOS AÇORIANOS PARA A CULTURA MARANHENSE: O CASO DO “TARRACÁ” - LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO GINÁSTICA DJANETE MENDONÇA; CÉLIA FONTENELLE PEREIRA - GRD
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GINÁSTICA ARTISTICA ARTIGOS, CRÔNICAS, DISCUSSÕES, OPINIÕES LAMARTINE DACOSTA - HOMENAGEM AO COMPANHEIRO DE JORNADA ALFREDO GOMES DE FARIA JUNIOR EM 24/08/2002 E REVISITADA APÓS SEU FALECIMENTO EM 10/06/2019 ANTONIO GUIMARÃES DE OLIVEIRA - O MUSEU DA MEMÓRIA ÁUDIO VISUAL DO MARANHÃO – MAVAM EUCLIDES MOREIRA NETO - IGNORAR UM SEGMENTO POPULAR É PERDER EM TODO CONJUNTO VALDENOR SILVA SANTOS - 90 PERGUNTAS MAIS COMUNS SOBRE A CAPOEIRA/DESPORTO EUCLIDES MOREIRA NETO - CULTURA POPULAR: A FESTANÇA NÃO ISOLA AS CONTRADIÇÕES DO SISTEMA POLÍTICO E SOCIAL ALBERTO GRECIANO - CAPOEIRA E INTERFAZ: CUERPO, MENTE Y HOLOGRAMAS EN LA SUBVERSIÓN DEL CONOCIMIENTO _ JORGE OLÍMPIO BENTO - DESPORTO E FILOSOFAR LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - ESCOLA DE GESTÃO NONATO REIS - MAURO BEZERRA, O CHARME E A SUTILEZA EM PESSOA
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"INSERIR O NOVO NO VELHO, SEM MOLESTAR RAÍZES"
SÃO LUIS – MARANHÃO
NUMERO 23.1 – AGOSTO – 2019 - EDIÇÃO ESPECIAL: AINDA SOBRE A CAPOEIRAGEM MARANHENSE EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES E LAZER: Capoeiragem no/do maranhão REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA A INTRODUÇÃO DO ESPORTE (MODERNO) EM MARANHÃO – A CAPOEIRA - Volume 05, Número 01, jan/jun/2002 ARTUR EMÍDIO E A CAPOEIRAGEM EM SÃO LUÍS DO MARANHÃO - Volume 9, Número 01, jan/jun/2006 PUNGA DOS HOMENS / TAMBOR-DE-CRIOULO (A) “PUNGA DOS HOMENS” Volume 09, Número 02, jun/dez2006 TAMBOR-DE-CRIOULO (A) - MARCO AURÉLIO HAICKEL - Volume 09, Número 02, jun/dez2006 OS HOLANDESES E OS PALMARES: Nassau atacou os Palmares! - Volume 09, Número 02, jul/dez/2006 A CAPOEIRA NO/DO MARANHÃO: ALGUMAS QUESTÕES PARA REFLEXÃO - Volume 10, Número 01, jan/jun/2007 CAPOEIRA/CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO Volume 10, Número 02, jul/dez/2007 CAPOEIRA(GEM) EM SÃO LUIS DO MARANHÃO – NOVOS ACHADOS... Volume 11, Número 01, jan/jun2008 JORNAL DO CAPOEIRA CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO
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CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO - Parte II - AFINAL, O QUE É CAPOEIRAGEM? QUAL CAPOEIRA? – JUNHO 2005 CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO - Parte IV - CAPOEIRA ANGOLA CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO - Parte V - "CAPOEIRA REGIONAL" CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO - Parte VI - A CAPOEIRA "CARIOCA" PUNGADA DOS HOMENS & A CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO - MESTRE BAMBA, do Maranhão - 30.Julho.2005 NOTAS SOBRE A CAPOEIRA EM SÃO LUIS DO MARANHÃO - Edição 42: 8 à 14 de Agosto de 2005 NOTAS SOBRE A PUNGA DOS HOMENS - CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO Edição 43: 15 a 21 de Agosto de 2005 EDIÇÃO ESPECIAL- CAPOEIRA & NEGRITUDE JIU-JITSU NO MARANHÃO - Edição 45: 29 de Agosto à 04 de Setembro de 2005 O QUE É A CAPOEIRA? Edição 47: 30 de Outubro à 05 de Novembro de 2005 CAPOEIRAGEM E A GUARDA NEGRA : PARTE I - Edição 52 - de 4/dez a 10/dez de 2005 CAPOEIRAGEM, GUARDA NEGRA & ISABELISMO : PARTE II Edição 53 - de 11/dez a 17/dez de 2005 CAPOEIRAGEM, GUARDA NEGRA & O FUZILAMENTO DO DIA 17 :: PARTE III - Edição 54 - de 18/dez a 25/dez de 2005 CONVERSANDO COM ANTÔNIO JOSÉ DA CONCEIÇÃO RAMOS, O MESTRE PATINHO Edição 63 - de 05 a 11/Mar de 2006 SOBRE A MATÉRIA "SEGREDO NÃO É PRA QUALQUER UM", JUCA REIS & FERNANDO DE NORONHA Edição 63 - de 05 a 11/Mar de 2006 ATLAS DAS TRADIÇÕES & CAPOEIRA E CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO – Edição 64 – março 2006 FERNANDO DE NORONHA & ATLAS DA CAPOEIRA MARANHENSE - Edição 64 – março 2006 OS HOLANDESES E OS PALMARES< NASSAU ATACOU OS PALMARES! Edição 71 - de 30/Abril a 06/Maio de 2006 A CAPOEIRA NOS CONGRESSOS DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES, LAZER E DANÇA – EDIÇÃO 73, MAIO 2006 O VÔO DO FALCÃO: Mudanças de paradigma no ensino da Capoeira? - Edição 74 - de 21 a 27 de Maio de 2006 CAPOEIRA, MARANHÃO & AGARRE MARAJOARA EDUCACION FÍSICA Y DEPORTES O ‘Chausson/Savate’ influenciou a capoeira? Crónica de la capoeira (GEM). ¿El ‘Chausson/Savate’ influyó sobre la capoeira? EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 158 - Julio de 2011. CONGRESSOS DE HISTÓRIA XIII CONGRESS OF THT INTERNACIONAL SOCIETY FOR TH HISTORY OF PHYSICAL EDUCATION AND SPORT XII BRAZILIAN CONGRESS FOR THE HISTORY OF PHYSICAL EDUCATION AND SPORT – JULY, 9-13, RIO DE JANEIRO, BRAZIL A “CARIOCA” PARTIDO ‘CAPOEIRO’ EM SÃO VICENTE DE FERRER – 1868 O “CHAUSSON/SAVATE” INFLUENCIOU A CAPOEIRA? “UMA RAIZ DA CAPOEIRA É A RINGA-MORINGUE MALGACHE?” – XIII CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA- LONDRINA – PARANÁ - 19 A 22 DE AGOSTO DE 2014 O “CHAUSSON/SAVATE” INFLUENCIOU A CAPOEIRA? III SIMPOSIO DE HISTORIA DO MARANHÃO OITOCENTISTA A “CARIOCA” PARTIDO ‘CAPOEIRO’ EM SÃO VICENTE DE FERRER – 1868 CRISOL - III ENCONTRO DE ESTUDOS CULTURAIS - CULTURA & SUBJETIVIDADES – Processos e Conexões São Luís – 16 a 18 de novembro de 2011 CAPOEIRA EM SÃO LUÍS: ASPECTOS HISTÓRICOS E SÓCIO-CULTURAIS ARTIGOS, CRONICAS & OPINIÕES “RES PRO PERSONA”: MAIS UMA NOTA SOBRE A CAPOEIRA NO MARANHÃO EVIDÊNCIAS DA CAPOEIRA(GEM) NA SÃO LUIS OITOCENTISTA ERAM OS ‘BALAIOS’ CAPOEIRA? SOBRE A “PUNGA” – VISITAÇÃO A CÂMARA CASCUDO REVISITANDO A PUNGA: “QUENTADO A FOGO, TOCADO A MURRO E DANÇADO A COICE” CADA QUÁ, NO SEU CADA QUÁ - – A PUNGA DOS HOMENS NO TAMBOR DE CRIOULA MOVIMENTOS DA CAPOEIRA(GEM) CAPOEIRAGEM É UMA ARTE, CADA MOVIMENTO TEM UM NOME
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SÃO LUIS – MARANHÃO NUMERO 24 – SETEMBRO 2019 - EDIÇÃO ESPECIAL: LAÉRCIO ELIAS PEREIRA
https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019__edi__o_espec?fbclid=IwAR3DwXZat7BSEUoeBb5T-vGZSUOKBG8_d3tJuthsjhpQi_Ynr088y8A83Js SUMÁRIO EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO
2 5 6 MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES E LAZER: LAÉRCIO ELIAS PEREIRA – +/- 25 ANOS DE MARANHÃO
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PERFIL: QUEM É QUEM – CEV RETRATO EM 3x4 DESPORTOS & LAZER – QUANDO TUDO COMEÇOU DANDO UM PITACO... NO MARANHÃO Quando tudo começou: A “IMPORTAÇÃO” DE PROFESSORES, TÉCNICOS E ATLETAS JOSÉ CARLOS RIBEIRO MEMÓRIAS DA ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL DO CAMPO E HABITUS ESPORTIVO MARANHENSE: ASSOCIAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES E LAZER DO ESTADO DO MARANHÃO – APEFELMA (1980-2000) DISCUSSÕES SOBRE TESAURO E EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL O QUE ERA O CEDEFEL-MA LAÉRCIO ELIAS PEREIRA HOJE COMEMORO 50 ANOS... CAIU NA REDE, É PEREIRA... COMEMORAÇÃO DOS 30 ANOS DO COLÉGIO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE – DEPOIMENTO DE LAERCIO ELIAS PEREIRA TECNOLOGIA NO ESPORTE COM LAÉRCIO ELIAS PEREIRA E FERNANDO ARANHA Atletas Geneticamente Modificados / (Português) Capa Comum – 31 dez 1999 / por Laércio Elias Pereira (Autor) BLOG DO JOSÉ CRUZ – CEV: a eficiente informação do esporte e da educação física pela Internet Movimento na Rede
8 9 14 15 16 19
the dblp computer 133cience bibliography
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Journal of Physical Education v. 30, n. 1 (2019) ENTREVISTAS, ENTREVISTADORES, & ENTREVISTADOS POR JOÃO BATISTA FREIRE DE LINO CASTELLANI FILHO DE SIDNEY FORGHIERI ZIMBRES
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28 30 35 49 52 53 54 57 58 59
De JORNALISTA J. ALVES – (José Faustino dos Santos Alves) De JOSÉ MARANHÃO PENHA De CLAÚDIO ANTÔNIO VAZ DOS SANTOS De ALDEMIR CARVALHO DE MESQUITA De MARCOS ANTÔNIO DA SILVA GONÇALVES De LOUIS PHILIP MOSES CAMARÃO De EDIVALDO PEREIRA BIGUÁ De IVONE REIS NUNES De JOSÉ GERALDO MENEZES DE MENDONÇA ARTIGOS, CRÔNICAS, OPINIÕES... LAÉRCIO ELIAS PEREIRA; LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
83 85 86 92 93 96 104 105 106 108 CENTRO ESPORTIVO VIRTUAL – CEV
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ 30 ANOS DO PRIMEIRO TÍTULO NACIONAL DO HANDEBOL DO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ HANDEBOL NO MARANHÃO – NOVOS ACHADOS... LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ SOBRE O CONVÊNIO COM A ALEMANHA – ALGUMAS INFORMAÇÕES/LEMBRANÇAS DEPOIMENTOS JORGE OLÍMPIO BENTO RAIMUNDO NONATO IRINEU MESQUITA GIULIANO PIMENTEL EMERSON SILAMI GARCIA JOÃO BATISTA FREIRE ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO fotos
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REVISTA DO LEO REVISTA ELETRONICA EDITADA POR LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536
IGNÁCIO XAVIER DE CARVALHO – RECORTES & MEMÓRIA NUMERO 24.1 – SETEMBRO 2019 - EDIÇÃO ESPECIAL SÃO LUIS – MARANHÃO SUMÁRIO EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ ANTONIO AÍLTON SANTOS SILVA
2 5 11 12 RECORTES & MEMÓRIA
(RE)CONSTRUINDO SUA BIOGRAFIA
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O PROMOTOR PÚBLICO E O JUIZ DE DIREITO O PROFESSOR O JORNALISTA E CRÍTICO LITERÁRIO O POETA & ACADEMICO
31 68 81 94
ALL EM REVISTA REVISTA (ELETRÔNICA) DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS EDITOR: LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536
SUPLEMENTO
MARANHÃO SOBRINHO & OUTROS POETAS Volume 6, Numero 3 – JULHO - SETEMBRO - 2019 SÃO LUIS – MARANHÃO
SUMÁRIO Expediente Sumário AGENDA: 6º ANIVERSÁRIO DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS 2019: Ano de MARANHÃO SOBRINHO AML MARANHÃO SOBRINHO PELAS MÃOS DE JOMAR MORAES LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ RECORTES & MEMÓRIA: MARANHÃO SOBRINHO OUTROS POETAS
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LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ A PRIMEIRA POETA MARANHENSE, NA OPINIÃO DE ANTONIO LOPES LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ O POETA PASCACIO: I. XAVIER DE CARVALHO
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Fundação da Academia Vargemgrandense de Letras e Artes - AVLA.
PUBLICADO NO CEV – Centro esportivo virtual Capoeiragem Tradicional Maranhense Por: Leopoldo Gil Dulcio Vaz. XV Congresso de História do Esporte, Lazer e Educação Física - CHELEF Send to Kindle
http://cev.org.br/biblioteca/capoeiragem-tradicionalmaranhense/?utm_source=rss&utm_medium=link&utm_campaign=novidades
Resumo Existe uma Capoeira genuinamente maranhense? Ante esta pergunta a resposta é: sim! Baseado em pesquisas que resgatam a memória da capoeiragem desenvolvida no Maranhão, e em depoimentos dos Mestres Capoeiras maranhenses que atuam no Estado, com a construção do Álbum dos Mestres Capoeiras, durante o desenvolvimento do Curso de Formação de Mestres Capoeiras, ministrado pela Universidade Federal do Maranhão no ano de 2017, e a disciplina História da Capoeira, foi possível estabelecer a singularidade da capoeiragem praticada no Maranhão – existente desde a década de 1820, conforme registros, e consolidada após a chegada de Mestre Sapo, e seus discípulos, dentre os quais Mestre Patinho, e o movimento de renovação ocorrido após a morte de Sapo, nos anos 1980. Com base nos registros históricos e na memória oral e história de vida dos mestres atuantes, foi possível estabelecer a existência de uma capoeira singular, única, praticada no estado do Maranhão, que se convencionou de denominar Capoeiragem Tradicional Maranhense. [1] Professor de Educação Física (aposentado) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (aposentado); Mestre em Ciência da Informação; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; membro fundador da Academia Ludovicense de Letras. vazleopoldo@hotmail.com Tags: Capoeira
Jiu-jitsu, Jujutsu, ou Judô: o Que Se Praticava em São Luis? Por: Leopoldo Gil Dulcio Vaz. XV Congresso de História do Esporte, Lazer e Educação Física - CHELEF Send to Kindle
http://cev.org.br/biblioteca/jiu-jitsu-jujutsu-ou-judo-o-que-se-praticava-em-saoluis/?utm_source=rss&utm_medium=link&utm_campaign=novidades
Resumo Se procura estabelecer quando teve início a prática do Judô em São Luís do Maranhão, pois é tida a década de 1960, introduzido família Leite, como o início dessa modalidade no Maranhão. Encontramos indícios de que desde o início dos anos 1900 já era praticado. O nome jiu-jitsu aparece em inúmeras reportagens publicadas, a partir do ano de 1908, provavelmente introduzida por Aluísio de Azevedo no âmbito do Fabril Atletic Club, fundado em 1907, assim como em outros clubes esportivos fundados por essa época. A questão que se apresenta é: o que foi introduzido? Jiu-jitsu? Jujutsu? Ou judô kodokan? O Konde Koma passa por São Luís em 1915, fazendo inúmeras apresentações, por cerca de três meses, antes de seguir e se estabelecer em Belém; era praticante do judô kodokan. Durval Paraíso, o mais antigo judoca maranhense, o pratica desde a década de 1930, participando de vários combates de 'luta livre'; encontramos referências à prática do judô na década de 1940, assim como inúmeras competições nos anos 1950, inclusive como disciplina em Curso Livre de Educação Física. Palavras-chave: história; jiu-jitsu; Maranhão. [1] Professor de Educação Física (aposentado) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (aposentado); Mestre em Ciência da Informação; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; membro fundador da Academia Ludovicense de Letras. vazleopoldo@hotmail.com Tags: História, São Luís-MA
Paraibano News https://www.facebook.com/paraibanonews/posts/2984485558293410?__tn__=K-R
PRONTO SENHORES PROFESSORES, ESTUDANTES E PESQUISADORES, ESTÁ AQUI A IMAGEM DA BANDEIRA DE PARAIBANO, a arte foi reproduzida em corel draw PELO JOVEM CAIO MARTINS, E COMPLEMENTADO COM A PESQUISA DO MESTRE, HISTORIADOR, JORNALISTA LEOPOLDO GIL, CASADO COM DELZUITE, HISTORIADORA PARAIBANENSE, FILHA DE UM DOS FUNDADORES DA CIDADE. PEÇO QUE COPIEM, IMPRIMAM E GUARDEM. Bandeira – foi idealizada por Niomedes Xavier Gonçalves através do Decreto Lei no. 052/88, de 25 de maio de 1988. Ela tem a forma de um quadrilátero retangular, apresentando quatro quadrantes com as seguintes cores: o preto faz referencia à bandeira da Paraíba, de onde se originou os fundadores de Paraibano (sic); o verde, as lindas matas verdejantes; o amarelo caracteriza o ouro; e o vermelho, em homenagem a bandeira do Maranhão; o arroz, o babaçu e o algodão, simbolizam as culturas do Maranhão. (Créditos da pesquisa Leopoldo Gil). Leopoldo Gil Dulcio Vaz Brasão – idealizado pelo professor Humberto Fernandes Lima e Doralina Coelho de Sousa, tendo sido aprovado pela Câmara de Vereadores através do Decreto Lei no. 60 de 26 de novembro de 1988, e oficializado pelo Projeto de Lei no. 15/2001. Os dois ramos significam as riquezas naturais; a concha com as três pontas, os três poderes; a estrela representa o membro maior do Poder Executivo; a mão escrevendo sobre o livro, a educação e a cultura; as listas em forma de gradiente significam os membros dos poderes Legislativo e Judiciário; as matas, o solo fértil; os pés de arroz, a agricultura; as abóboras, as safras abundantes; as palmeiras, os babaçuais e a lua clareia os plantios e influencia na plantação do município. HINO OFICIAL Letra e Música: Humberto Fernandes Lima Paraibano, cidade hospitaleira Que imigrantes nordestinos vieram habitar Por baluartes tu foste alicerçada Foste firmada para não desmoronar Tuas tradições e tuas raízes São orgulho deste povo Que luta com coragem Para ti edificar. (REFRÃO) Paraibano, Paraibano Prevalece em teu seio a União O teu lema é continuidade Teu slogam é coragem e determinação (BIS) Como célula de uma sociedade Tu fazes parte desta grande nação Os mártires que fizeram tua história Contam com glória e merecem galardão Tuas memórias são poucos monumentos Mas ficam gravadas em cada coração História do Hino de Paraibano e sua importância para o povo A letra do hino do município de Paraibano foi inspirada em sua própria história tendo como ponto de partida um povo sofrido e a sua bravura no início do desenvolvimento. A própria letra narra um princípio de muitas esperanças, quando se trata da hospitalidade dos primeiros habitantes que aqui chegaram com suas famílias e para com os que chegavam de outras regiões. “Seus mártires” é uma expressão, dedicada aqueles que colocaram as primeiras pedras na construção desta cidade e sobre elas já morreram.
A cidade na realidade dispĂľe de poucos monumentos histĂłricos, mas sua verdadeira histĂłria estĂĄ na mente de todos aqueles que aqui habitam e que se orgulham de ser Paraibanense. Considero de muita importância a letra desse hino, creio que cada Paraibanense se orgulha de contar seu prĂłprio hino, narrando um pouquinho de sua prĂłpria histĂłria Hino â&#x20AC;&#x201C; letra de Aldeisa de Brito de Sousa e musica do padre JoĂŁo Lombarde narra a bravura de seu povo, suas lutas e conquistas. Enfatiza tambĂŠm a hospitalidade, generosidade e amor de sua gente: Paraibano, cidade morena, Ă&#x2030;s linda e pequena Parece um jardim. Paraibano tem ouro, tem gado, Tem cĂŠu estrelado e riquezas sem fim. O teu nome estĂĄ cheio de gloria, Gravado na histĂłria Deste meu Brasil. NĂŁo te esqueço cidade bonita CartĂŁo de visita De um povo gentil. Cidade, Paraibano Majestosa, altaneira Ă&#x201C; cidade brasileira, Nos meus sonhos Tu ĂŠs a primeira. Bandeira de PARAIABNO đ&#x;&#x2DC;?â?¤
ESTE Ă&#x2030; O BRASĂ&#x192;O DE PARAIBANO. Criado pela atual secretĂĄria de educação Doralina CoĂŞlho e o jornalista Humberto Fernandes.
PESQUISADORES DA CAPOEIRA SE REUNEM NO LEBLON – RIO PARA REVISAR PRODUÇÕES E PLANOS FUTUROS André Lacé (memorialista da Capoeira), Lamartine DaCosta (historiador do esporte) e Matthias Röhrig (historiador da capoeira) reuniram-se no Esch Café (Leblon Rio) para revisarem seus posicionamentos e estudos sobre a capoeira diante da novidade do eMuseu do Esporte (UERJ) e do Arquivo Nacional, entidades que podem revolucionar a historia do esporte no Brasil em geral e a capoeira em particular. Lamartine DaCosta relatou as expectativas da novas
abordagens de meios eletrônicos na museologia como também o esforço do Centro Esportivo Virtual (Laercio Pereira) e do historiador do esporte Leopoldo Vaz em abrir novas frentes no estudo da capoeira. Andre Lacé relatou seus entendimentos com o Museu da Imagem e do Som (RJ) para a organização de seu acervo e Matthias Röhrig expôs sua linha de pesquisa sobre capoeira com apoio da Universidade de Essex (UK) e da UFF no Brasil. Novos encontros foram programados a fim de estabelecerem cooperação mais estreita e frequente.
Mhario Lincoln #versosprasãoluís A POLÊMICA DA FUNDAÇÃO DE SÃO LUÍS. https://www.facebook.com/MharioLincolnFS/videos/10206113010300429/UzpfSTE3NTc5MDQwMDQ6V ks6MjQxMjUyMDY3ODgzMjU3MQ/ Existem controvérsias. Uma delas, a de Leopoldo Gil Dulcio Vaz. Gravei um vídeo com ele há alguns anos sobre o assunto. Veja. Mas, para uma boa parte dos historiadores brasileiros e maranhenses, no dia 8 de setembro de 1612 era fundada a cidade de São Luís, uma ilha e também capital do Maranhão. Tratase da única cidade brasileira fundada por franceses. Depois, ela foi invadida por holandeses e, na sequência, colonizada pelos portugueses. O nome da cidade é uma homenagem dada pelos franceses ao rei da França Luís IX, também chamado de "São Luís". Com mais de um milhão de habitantes, a capital maranhense conta com grandes corporações e empresas de diversas áreas que se instalaram na cidade pela sua privilegiada posição geográfica entre as regiões Norte e Nordeste do país e também pelo fato do seu litoral
estar mais próximo de grandes centros importadores como Europa e Estados Unidos. O porto de Itaqui, em São Luís, é o segundo mais profundo do mundo e um dos mais movimentados para o comércio exterior no Brasil. Além disso, a cidade também é a porta de entrada para o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, que atrai turistas do Brasil e do exterior. São Luís também foi a cidade de grandes escritores como Aluísio de Azevedo, Gonçalves Dias e Graça Aranha. Além disso, a capital também é conhecida pelos ritmos como tambor-de-crioula, reggae e bumba-meu-boi.
PROJETOARTFORUMUNIVERSIDADE.BLOGSPOT.COM A Descoberta do Maranhão, por Prof. Leopoldo Gil Dulcio Vaz https://projetoartforumuniversidade.blogspot.com/2016/04/a-descoberta-do-maranhao-porprof.html?fbclid=IwAR2u2PYj31w-01RlGcAhjR-7zSjN9isAe-F1NxfuWYEj95J4eCp-Tmk6xhY
A Educação e a cultura são Bens da Humanidade.Nós, do Grupo ARTFORUM Brasil XXI organizamos o plano UNIFUTURO como mais um espaço de divulgação de história, ciência, cultura, arte, tecnologia, meio ambiente, assuntos planetários. * Conselho cientifico e colaboradores: Profa. Dra. Maria de Fátima Félix Rosar, Prof. Dr. Orlando Oscar Rosar, Profa. Dra. Maria Inês Peixoto Hamann, Prof. Néocles Costa Carvalho. * Diretora de cultura e edição: Socióloga Ana Felix Garjan, desde dezembro de 2009. *** Século XXI. A Universidade Planetária do Futuro - UNIFUTURO foi organizada em 2009.São seus Fundadores: As famílias: D.G.F.C., M. F. F. R., A.M.F.G., J.L.C.F. J.L.C.F. Os fundadores são patronos dos Grupo ARTFORUM Brasil XXI que foi organizado em 2001- XXI. Setores UNIFUTURIO: Conselho Universitário, Diretores de áreas acadêmicas, departamento e Grupos de pesquisa, comunicação, edição, divulgação de suas e matérias, artigos institucionais, academias, revistas, sites, blogs e matérias de convidados, como professores, doutores, jornalistas, e homenagens especiais. *** Enunciados da Carta Magna da UNIFUTURO: Os fundadores, patronos, a presidência, diretores, consultores e diretores do presidência do Grupo ARTFORUM Brasil XXI, do seu Projeto especial, Universidade Planetária do Futuro prestam tributo à Humanidade, à Paz Mundial, ao Brasil de 5 séculos; Aos povos da África e do mundo; A todas as etnias que formam o povo brasileiro; Às montanhas e aos picos da Terra; A todas as florestas; águas, oceanos, mares, rios, riachos e fuos de água dos cinco continentes; À Amazônia sua biodiversidade e à biodiversidade brasileira e do planeta. Brasil, março de 2009, Séc. XXI. Boas vindas! Bienvenidos! Welcome# TERÇA-FEIRA, 12 DE ABRIL DE 2016
A Descoberta do Maranhão, por Prof. Leopoldo Gil Dulcio Vaz
O Fórum acadêmico e cultural da Universidade Planetária do Futuro - Ano V, publica e divulga o artigo do Prof. e acadêmico, Senhor Leopoldo Gil Dulcio Vaz, intitulado A "Descoberta do Maranhão".
ANA LUIZA ALMEIDA FERRO Palestra na Universidad de Salamanca, Espanha. Hoje ministrei a palestra "A remição de pena pelo trabalho e pelo estudo à luz dos Direitos Humanos: o caso brasileiro", na Universidad de Salamanca, Espanha. Muito honrada de participar de mais uma edição do já tradicional Congreso Internacional de Historia de Los Derechos Humanos, idealizado pela Profa. María Esther Martínez Quinteiro, desta feita em celebração do centenário da OIT.
DEU NO PH REVISTA 13/14-07-2019
Palestra na Universidade Portucalense Infante D. Henrique (UPT), em Portugal, durante o V Congresso Internacional Dimensões dos Direitos Humanos. Agradecimentos especiais à Profa. Maria Esther Martínez Quinteiro, minha mestra e orientadora do Pós-Doutorado em Salamanca, pelo convite, e aos nossos anfitriões lusitanos. Também agradecimentos às amigas profas. Maria da Glória Aquino e Lais Locatelli, coordenadoras do evento anterior em Salamanca.
“Direito e Literatura: contemporaneidade e o absurdo em Kafka em Camus”, numa atividade promovida pela Escola Superior da Defensoria Pública
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Entrevista para a TV Cidade (Record) sobre a minha obra literária. Será exibida esta semana, no Fala Maranhão...
MARIO LUNA FILHO By José Neres https://files.comunidades.net/joseneres/Mario_Luna_filho.pdf NÚMERO 30 São Luís, novembro de 2018
Mais uma vez estamos aqui para divulgar as letras maranhenses. Neste número, o homenageado é o médico e poeta Mario Luna Filho, dono de uma verve poética que transborda o papel e afeta diretamente a vida e o modo de ver o mundo de seus leitores. Embora faça muito sucesso entre seus pares, a poesia de Mario Luna Filho não é das mais divulgadas em nosso cenário literário. Mas sua obra merece ser lida e relida diversas vezes, dada sua magistral forma de escrever em que a simplicidade ocupa um lugar de destaque, sem, contudo, cair no simplismo ou nas facilidades de meras rimas ou jogos de palavras sem conteúdo. Para compor este número, recorremos a uma síntese biográfica publicada pelo também excelente poeta e pesquisador Quincas Vilaneto e a um texto crítico do professor Carlos Cunha. Boa Leitura! MARIO LUNA FILHO Nasceu em São Luís, a 27.07.1950, cedo ainda, partiu para Caxias onde cultivou seu sonho de infância. Aos 16 anos, regressou a São Luís para concluir os estudos no Liceu, onde participou ativamente de movimentos literários. Descobriu-se poeta e contista. Venceu vários concursos. Médico, cirurgião-pediatra, membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – Regional do Maranhão – SOBRAMES/MA. Principais obras – Do sapato ao pé descalço (poesia); um pingo para o seu devido i (Ensaio Literário); Chão Azul (Conto); Do Granito ao Infinito (Poesia). Texto de Quincas Vilaneto. Referência VILANETO, Quincas Itinerário Poético de Caxias. São Luís: Minerva, 2003. P. 67.
SOBRE MAR, RIO, LUA, FILHO... José Neres (Professor, escritor e membro da AML e da SOBRAMES) Nas cenas finais do filme El Hijo de la Novia (O Filho da Noiva), Rafael, o protagonista da história, vivido pelo ator argentino Ricardo Darín, ao ver os pais já bastante idosos trocarem olhares apaixonados, comenta que ver aquela cena é como ver Fred Astaire dançando, parece fácil, mas na verdade é algo que vai além dos limites de quase todos os seres humanos comuns. Da mesma forma, no mundo das letras, há escritores que, quando são lidos, passam para seus leitores a falsa sensação de que escrever é algo muito fácil, tal a simplicidade com quem trabalham palavras comuns e tiram delas imagens que vão além da imaginação. É o caso, por exemplo, no Brasil, de Mário Quintana, Cora Coralina, Manuel Bandeira e José Chagas, para citar apenas alguns desses vates iluminados que têm o poder de transformar coloquialidades em verdadeiras obras de arte que agradam tanto aos olhos quanto aos ouvidos de quem admira a Poesia. Outro nome que pode (e deve) ser colocado nessa lista de escritores que transformam simplicidades em arte é o do médico e poeta Mario Luna Filho, um homem habilidoso com as palavras escritas, que sabe se desvencilhar das armadilhas verborrágicas dos versos e consegue levar aos olhos e ouvidos dos leitores e ouvintes um alto grau de sensibilidade em versos simples, mas profundos quando são vistos em sua totalidade. MARIO LUNA FILHO Nasceu em São Luís, a 27.07.1950, cedo ainda, partiu para Caxias onde cultivou seu sonho de infância. Aos 16 anos, regressou a São Luís para concluir os estudos no Liceu, onde participou ativamente de movimentos literários. Descobriu-se poeta e contista. Venceu vários concursos. Médico, cirurgião-pediatra, membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – Regional do Maranhão – SOBRAMES/MA. Principais obras – Do sapato ao pé descalço (poesia); um pingo para o seu devido i (Ensaio Literário); Chão Azul (Conto); Do Granito ao Infinito (Poesia). Texto de Quincas Vilaneto. Referência VILANETO, Quincas Itinerário Poético de Caxias. São Luís: Minerva, 2003. P. 67. Um bom exemplo disso é o poema reproduzido a seguir, no qual, em poucas palavras, o poeta consegue unir passado e presente, rememorar membros da família, momentos marcantes, contabilizar perdas e ganhos,
alegrias e lamentos, tudo isso de modo sintético e lírico, com ênfase na repetição constante da estrutura verbal “aprendi a contar”, que no primeiro momento aparece de forma intransitiva, mas logo depois passa a exigir complementos verbais que aparecem no texto de forma explícita, mas que podem não estar mais presente no convívio do eu lírico. O uso dos verbos no pretérito perfeito seguido de substantivos que marcam a passagem do tempo (horas, dias, anos) e da recordação dos membros da família (mãe, irmãs, pai), sempre antecedidos de um pronome possessivo, desaguam no isolamento de dois advérbios (hoje / apenas), sendo este último empregado na acepção de somente, exclusivamente, tão somente... o que remete à sensação de que a contagem dos “meus mortos” toma conta de todo o tempo presente do eu lírico. CONTAS Brincando aprendi a contar. Aprendi a contar as horas nos olhos de minha mãe. Aprendi a contar os dias nos dedos de minhas irmãs. Aprendi a contar os anos pelos caminhos de meu pai. Hoje, Apenas conto os meus mortos. Sem nenhum interesse em forçar traços de inovações estéticas, estilísticas ou vocabulares, mas também sem preocupação em tentar reviver o clássico, Mario Luna Filho equilibra seus versos entre os temas universais que abrangem todo o ser humano ao longo dos tempos e o jogo metafórico que tanto pode remeter aos poetas clássicos, quanto às gerações que se destacaram pela constante luta com as palavras. A infância, o passado, as cidades por onde passou e a busca de um eu existencialmente perdido dentro de um mim são alguns dos temas constantes em sua poesia, com imagens e metáforas que, conforme assinalou o crítico Carlos Cunha em seu livro As Lâmpadas do Sol, “nada contêm de barroco, numa época em que ainda se pensa que poesia é algo sentimental, ornamentada com figuras de retórica sepultadas há tanto tempo”. Não podemos deixar de concordar com o crítico quando este diz que o texto de Mario Luna Filho é “limpo, simples, despretensioso, sem rebuscamentos”. Contudo, esses adjetivos não trazem em seu bojo a ideia de facilidade ou de baixa qualidade, muito pelo contrário. É justamente nesta consciência do fazer poético eivado de simplicidade que se encontra a mais importante característica desse poeta. Conforme pode ser visto no poema abaixo. Obliquamente, cai a tarde. O sol brinca de esconde-esconde, acordando em mim uma lúdica ciranda, enfeitando de arco-íris os meus olhos. ... e a criança que estava aqui?
O que encanta nos versos de Mario Luna Filho é essa leveza poética com a inesgotável sensação de ausência. Seus versos trazem para o leitor a imensidão e a força do mar; a bravura de um rio que se desvia dos obstáculos para traçar seu caminho; a limpidez dos raios lunares que acabam por esconder nas sombras projetadas as verdades que nem sempre queremos ver e ouvir; e a gratidão de um filho que não nega suas origens e eterniza em versos os berços nos quais foi criado e onde se tornou homem e poeta. COM A PALAVRA O PROFESSOR CARLOS CUNHA O texto a seguir é de autoria do professor e crítico literário maranhense Carlos Cunha e está publicado no livro As Lâmpadas do Sol: estudo crítico da poesia maranhense contemporânea (Edições FonFon, 1980, pág. 136-137). A reprodução trata-se de uma dupla homenagem. Homenagem ao poeta Mario Luna Filho, que desde cedo foi reconhecido como grande poeta, e homenagem a Carlos Cunha, um dos maiores críticos que tivemos, mas que hoje encontra-se, assim como outros tantos bons intelectuais de nossa terra, esquecido. MARIO LUNA FILHO Carlos Cunha Para quem leu Mario Luna Filho, a impressão que fica na retina do leitor é a de um poeta bastante impregnado dos dilemas, sofrimentos e angústias do homem. Uma faceta essencial que caracteriza irrefutavelmente uma vocação. Os conflitos e inquietações de sua consciência compõem um quadro belo da natureza humana. A subjetividade do poeta tem ingredientes suficientes para credenciá-lo como um vate na acepção mais exigente. Em DO SAPATO AO PÉ DESCALÇO existe um extravasamento ininterrupto de lirismo, nostalgia, depressão diante das belezas e horrores da existência. Quando se imagina de um poema para outro que Mário Luna Filho ficou definitivamente na tecla da poesia individualista, pessoal, de repente ele surpreende o leitor com versos de denúncia implacável. Sua captação das misérias da sociedade em que vive, aquelas originadas de organização social que torna o homem inimigo do outro, dada a repartição das riquezas materiais injustiçar a muitos e privilegiar os segmentos minoritários, é realizada com sensibilidade, imaginação e uma leve corrente de pieguice. Ao defrontar-se com as contradições da sociedade, logo o poeta levanta uma composição carregada de satisfação. O realismo de DO SAPATO AO PÉ DESCALÇO se mantém num nível espontâneo, sem as reflexões dessas em torno dos mecanismos poderosos que se escondem nas aparências do fenômeno. O poema PEDRINHO exemplifica com propriedade as colocações formuladas sobre a reação emocional, ligeiramente ingênua, de sua ótica dos problemas materiais do homem: “Pedrinho/ talvez seja/ o último invento/ dos proletários./ Pedrinho/ nunca viu/ Papai Noel/ Pedrinho/ veio sem sobrenome/ Pedrinho/ veio da rua/ Pedrinho ainda é menino,/ mas já sabe muito das distâncias./ Pedrinho ainda é menino/ mas veio com o bolso/repleto de histórias...” As imagens e metáforas de sua obra nada contêm de barroco, numa época que ainda se pensa que poesia é algo sentimental, ornamentada com figuras de retórica sepultadas há tanto tempo. Texto limpo, simples, despretensioso, sem rebuscamentos. Um jovem poeta que abre progressivamente excelente perspectiva no campo da arte. E DO SAPATO AO PÉ DESCALÇO começam a delinear-se todas as tendências que mais tarde tomarão contornos nítidos, translúcidos, para coroar uma vocação plena de potencialidades.
DILERCY ARAGÃO ADLER
Abertura do III Encontro Internacional da SCLB em Carrazedo de Montenegro e Valpaรงos, em Portugal
JUCEY SANTANA
As escritoras maranhenses MARIANA LUZ e MARIA FIRMINA DOS REIS são homenageadas no III ENCONTRO INTERNACIONAL DA SOCIEDADE DE CULTURA LATINA DO BRASIL, que está sendo realizado em Portugal, na cidade de Carrazedo de Montenegro. As pesquisadoras e escritoras Jucey Santana, presidente da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes (AICLA) e Dilercy Aragão Adler, presidente nacional da SCLB juntamente com o confrade Carlos César Brito e o poeta Kleyton Almada estão nesse Encontro enriquecendo-o com participação ativa na divulgação da literatura maranhense.
Eis um dia muito especial no III Encontro Internacional da Sociedade Literária Latina, em Carrazedo de Montenegro, em Portugal. Nossa Presidente Jucey Santana, em uma mesa redonda, fez a defesa da vida, obra e legado de nossa
inesquecível Mariana Luz. O poeta Kleyton Almada declamou a poesia "Supremo Amor". O ato também contou com homenagens à Maria Firmina dos Reis, Nélida Piñon e Florbela Espanca, em meio a um belo debate sobre linguagem poética do Brasil e de Portugal. Ao término, Jucey Santana recebeu um certificado de participação, que nos enche de orgulho por vermos a AICLA e a cultura de Itapecuru ganhado o mundo.
DANIEL BLUME DANIEL BLUME PEREIRA DE ALMEIDA Cadeira nº 67. Patrono: Ferreira Gullar Daniel Blume é escritor, cronista e poeta traduzido para o espanhol, francês e italiano. Titular da Cadeira n. 15 da Academia Ludovicense de Letras. Membro do PEN Clube do Brasil e da Academia Internacional de Cultura. Autor dos livros de poemas Inicial, Penal e Resposta ao Terno. Daniel Blume Pereira de Almeida é advogado, procurador do Estado do Maranhão, membro efetivo do Instituto dos Advogados Brasileiros, conselheiro federal da Ordem dos Advogados do Brasil. Ex-juiz eleitoral. Autor de quatro livros e de artigos científicos publicados em revistas jurídicas. Cursou Direito na Universidade Federal do Maranhão e Harmonização do Direito na Europa e o papel da Advocacia Pública, na Università degli Studi di Roma Tor Vergata (Universidade Pública de Roma II – Itália). Doutorando em Direito pela Universidade Autónoma de Lisboa. Daniel Blume II
Nova aquisição para a Biblioteca do CECGP e da SVT FACULDADE: livro de Daniel Blume..
Em Brasília, lançamento do nosso “Aspectos polêmicos do Direito Penal Luso-Brasileiro”, no “Ayres Britto Consultoria Jurídica e Advocacia”.
ANTONIO AÍLTON
29/07/2019
C er zi r - An t oni o Aí l to n By Morgana Brunner
https://segredosliterarios-oficial.blogspot.com/2019/07/cerzir-antonioailton.html?fbclid=IwAR3cMTR508gSsQ57v4mjeBDPr0mGMX6p29nhyjBBvcHhx4tEr_6RbzQDzEk
Título: Cerzir Ano: 2019 Páginas: 156 Autor: Antonio Aílton
Editora: Penalux Compre aqui: Loja Editora Penalux Skoob Exemplar cedido pela editora.
Sinopse: Em comemoração aos seus 50 anos, o premiado poeta Antônio Aílton presenteia seus leitores com o livro Cezir – Livro dos 50, contendo tanto poemas já publicados em livros anteriores, quanto inéditos. O poeta maranhense, sempre meticuloso, costura o passado com o presente, o que foi e o que é (e, quem sabe, o que será), não somente através da mistura de poemas antigos com novos, como também na aprimoração de sua maneira de viver, de observar o mundo e fazer poesia. Os versos de Aílton não negam a dureza persistente da vida, e todos os percalços entre o nascimento e a morte, mas oferece-nos uma fuga de tanta escuridão: a luz das pequenas-grandes belezas, as alegrias escondidas dos olhares cansados, os quais precisam urgentemente de novas perspectivas. O poeta, contudo, não age fora de seu tempo: não nega as realidades modernas e tecnológicas, e problemas intrínsecos à atualidade, mostrando que a linguagem poética está sempre em movimento, como qualquer processo cultural. Cezir – Livro dos 50 é mais do que uma síntese do trabalho de Antônio Aílton: é seu amadurecimento traduzido em versos. Oii, gente, tudo bem?
Hoje é dia de trazer a resenha desse livro incrível que recebi em parceria com a editora Penalux.
São poesias escritas de diversos tamanhos que nos cativam a cada linha, a cada passada nossa de olhos, são trechos intensos e tensos que nos revelam momentos singulares e realidades que muitas vezes encontramos pelo nosso caminho. Antonio nos cativa em sua obra pela sua simplicidade e pela poesia que suas poucas palavras podem representar para um bom leitor e apreciador de poesias, é extremamente original e nos traz a leveza de uma alma que encontra a mais pura presença do tempo.
Foi uma leitura realizada com muito afinco e dedicação de minha parte, principalmente por ser uma obra tão singular em uma estante. Pela primeira vez em muitos meses, questionei-me sobre o que se tratava essa capa e como o autor, com suas singelas palavras, conseguiu expressar tamanha grandeza. A edição está impecável, como sempre a editora capricha, o que deixou a pecar nessa obra, a segunda desde que acompanho o trabalho da editora é a revisão. Em certos momentos encontrei palavras sem a nova ortografia, principalmente em relação a trema, que já foi abolida.
50 anos 50 sóis 50 faróis
nenhum holofote sustém a luz até teu brilho íntimo e verdadeiro Seu Quixote, terei lido demais para enfrentar esta vida tão mais? SLZ 400 onde um pequenino ri olhando para o céu ali está Deus
Dia 17 de agosto. Às 10h da manhã. Papo Literário e Lançamento Coletivo com 4 poetas do grupo OS INTEGRANTES DA NOITE. Antonio Aílton +Bioque Mesito + Carvalho Junior + Neurivan Sousa. ❤
CERES COSTA FERNANDES
ARQIMEDES VALE Cerimônia Oficial de Abertura da X Jornada Nacional da SOBRAMES, e, XV Jornada Médico-Literária Paulista, na AMB de São Paulo, dia 01/08/2019,
Presidentes das 11 REGIONAIS DA SOBRAMES presentes na X JORNADA NACIONAL DA SOBRAMES E XV JORNADA MÉDICO-LITERÁRIA PAULISTA de 01 a 03 de agosto de 2019 na AMB - SP. - (Fotos de: Alcione Alcântara Gonçalves dia 03/08/2019 na AMB-SP)
Sobramistas no 63* UMEM
Com o Presidente da União Mundial de Escritores Médicos, Dr. Roland Noël.
CLORES HOLANDA
LUIZA LOBO O ESTADO MA â&#x20AC;&#x201C; PH REVISTA 24/25 AGOSTO 2019
DISCURSO DE LUIZA LEITE BRUNO LOBO POR OCASIÃO DA RECEPÇÃO DO TÍTULO DE CIDADÃ MARANHENSE NA SEDE DA ASSEMBLEIA LEGISLA TIVA DO MARANHÃO, NO DIA 22 DE AGOSTO DE 2019, ÀS 11 HORAS “Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, Deputado Othelino Neto, em cujo nome cumprimento a todos os membros da mesa diretora desta casa. Excelentíssimas senhoras e excelentíssimos senhores deputados, com quem tenho a honra de compartilhar esse momento tão significativo para minha vida profissional e pessoal. Em especial, o senhor Wellington do Curso, que indicou meu nome para este título tão prestigioso de cidadã maranhense. Senhoras e Senhores aqui presentes, Senhores componentes da mesa. Agradeço em especial a presença do advogado Daniel Blume, meu colega no Pen Clube do Brasil, que tanto contribuiu para minha viagem. Agradeço também a presença da professora Ceres Costa Fernandes, que, através dos anos, tem demonstrado sua profunda amizade, e de quem acentuo a contribuição fundamental para a cultura ludovicense, com seus livros, crônicas em jornal e atuação na Universidade Federal do Maranhão e na Casa de Cultura Odylo Costa Filho, ao lado de seu marido e meu grande amigo Antonio Carlos Dias. Agradeço a ela, mais uma vez, o discurso de recepção na Academia Maranhense de Letras, para a qual fui eleita como sócia-correspondente em 18 de março 2000, na cadeira 12, sob indicação de meu grande amigo e nunca esquecido Jomar Moraes, um dos maiores especialistas na obra de Joaquim de Sousândrade. Menciono a presença do Presidente da Academia Maranhense de Letras, Sr. Benedito Buzar, o que muito me honra, e de vários confrades da Academia Maranhense de Letras. Também foi Ceres Costa Fernandes que me saudou quando fui honrada com o título de cidadã de Guimarães, em 9 de dezembro de 2018. Agradeço a presença do meritíssimo juiz Agenor Gomes, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Guimarães, a quem devo minha indicação para a concessão do título de cidadã vimarense. Ao lado de Concita, são meus grandes amigos, sempre gentis. Grande pesquisador da obra de Maria Firmina dos Reis, ele em breve lançará, num livro, suas novas descobertas sobre esta primeira mulher romancista brasileira, autora de Úrsula (1859). Agradeço também a presença do presidente da Academia Ludovicense de Letras, Sr. Antônio José Noberto da Silva, e de sua ex-presidente, professora Dilercy Aragão Adler, durante cuja presidência mereci o convite para integrar seu seleto corpo de intelectuais, por proposição da Profa. Dra. Ceres Costa Fernandes, como sócia-correspondente. Ressalto que Dilercy Adler se mostra incansável na pesquisa, valorização e divulgação da obra de Maria Firmina dos Reis, autora cuja obra divulguei no sul do país. À professora Dilercy devo, também, diversos e generosos convites para conferências sobre Maria Firmina, na 9ª Feira de São Luís, em 2015 e na 11ª Feira, em 2011, e para homenagens à escritora em escolas e viagens, por vezes a Guimarães, sempre contando com o apoio da Prefeitura, na pessoa do prefeito Osvaldo Gomes, e do SESC, nas pessoas de sua diretora regional, Sra. Rutineia Amaral Monteiro e da Sra. Maria Betânia Pinheiro Lopes. Não poderia deixar de mencionar a eficiência e profissionalismo das secretárias da Assembleia Legislativa do Maranhão, em especial Renilde Lobato, na organização deste neste belo evento de concessão de título de cidadã maranhense, no dia de hoje, 22 de agosto de 2019. Tal evento me propicia a oportunidade de retornar a esse belíssimo estado e linda capital, o que nunca faço sem estar saudosa das águas azul celeste da ilha que Sousândrade denominou a “Ítaca brasileira”, da torta de camarão, do doce de bacuri e cupuaçu, e do famoso arroz de cuxá, celebrado por Artur de Azevedo em famoso poema com o título da iguaria. Ele distribuiu esse poema entre os comensais de um evento. Foi publicado em separada pelo jornal O País; incluído na sua obra Sonetos e peças líricas (org. Julio de Freitas Jr., Rio de Janeiro, Garnier, 1910), e republicado por mim, com estabelecimento de texto e notas por meu dileto colega da Academia Brasileira de Filologia, o maranhense Antonio Martins de Araújo em Carapuças,
O Domingo, Dia de finados (Rio de Janeiro, Presença; Brasília, Instituto Nacional do Livro, 1989, volume 18 da Coleção Resgate, da Biblioteca Nacional. Coordenação Luiza Lobo. Ver p. 27-30). Não vou cansá-los com a enumeração de publicações e conferências no Brasil e no exterior em 50 anos de atividades de ensino e pesquisa, como professora de Inglês, de Literatura Comparada e de Teoria Literária, tradutora, resenhista, crítica literária e escritora. Não falarei de concursos públicos, para o Estado e para o Município do Rio de Janeiro, nem para a Universidade Federal e para a Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Também não falarei das atividades de ensino e pesquisa no Brasil no exterior – entre as quais destaco o de pesquisadora 1 do Conselho Nacional de Pesquisas e meus cargos de professora titular de Literatura Brasileira da Universidade de Poitiers, na França, em 2009-2010, Pesquisadora Sênior no Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Oxford, na Inglaterra, em 2000, e conferencista sênior na Universidade de Nantes, em 2001. Proferi cerca de 200 palestras em muitas universidades brasileiras e estrangeiras, como Yale, Princeton, Harvard, London, Berlim, Sorbonne, Milão. Publiquei mais de 200 ensaios em periódicos brasileiros e internacionais. Após o Mestrado e o Doutorado, seguiram-se dois pós-doutorados, na Universidade de Nova York (1985) e na Universidade Livre de Berlim (1995). Foram trinta romances traduzidos e vinte livros publicados, sendo 15 de ensaios e cinco de contos. O mais recente livro de ficção é o romance Terras proibidas: a saga do café no vale do Paraíba do Sul (Rio de Janeiro, Rocco, 2011, 494 p.), que mereceu o prêmio nacional de narrativa do Pen Clube do Brasil, em 2012. O enredo retrocede até o século V, na genealogia dos emigrantes que partiram da Europa para o Brasil. No século XVIII, os “homens bons” de Portugal primeiro vieram em busca do ouro para o rio das Mortes, em São João del Rei, em Minas Gerais. Depois ocuparam as “terras proibidas” pela Coroa portuguesa, com o plantio do café, na região de Vassouras. Elas foram assim denominadas por frei Antonil, pois ali se dava o contrabando de ouro, pelo Caminho Novo, descendo a serra do Mar. O livro acompanha a vida cotidiana dos barões e dos escravos na região, até a proclamação da República. Gostaria, antes, de falar daquilo que nos liga: a cidade de São Luís do Maranhão e de meu amor por sua arquitetura barroca e sua literatura romântica do século XIX, em que o Maranhão se destaca, com as figuras de Artur e Aluísio de Azevedo, Gonçalves Dias, Joaquim de Sousândrade e Maria Firmina dos Reis, entre tantos outros expoentes culturais. Estive pela primeira vez em São Luís em dezembro de 1974, voltando de uma viagem por barco no rio Amazonas, e cheguei à cidade com amigos, num Fusca, após percorrermos lindas praias de areia branca e brilhante em meio a paisagens idílicas, totalmente desertas. À época, o centro histórico estava muito bem conservado. A ilha era composta de imenso areal, com praias que chamavam a atenção do turista, por suas areias absolutamente brancas e água pura, de um azul cristalino. Apenas alguns condomínios de casas apareciam, esparsos, no seu interior. Nessa época, o Dr. Genésio de Moraes Rego, médico muito conceituado na cidade, abriu-me gentilmente as portas de sua casa para me hospedar, como era comum naquelas imensas casas patriarcais que reuniam toda a família. Esse costume se conservou, para mim, na casa de Ceres e Antonio Carlos. A poucas quadras da residência dos Moraes Rego, na rua da Paz, 338, um dos antigos casarões da rua de Santana traz à porta uma placa com os dizeres de que ali se localizara a Typografia Progresso. Portanto, ali fora publicada a primeira edição de Úrsula, em 1859, o primeiro romance escrito por mulher brasileira, Maria Firmina dos Reis. Algumas de nós, da Academia Ludovicense de Letras, alimentamos o sonho de ver aquele casarão transformado na sede da Academia. Outro sonho é ver fechado o trânsito de carros e caminhões, no centro de São Luís, ou pelo menos parte deste, como ocorre nas cidades históricas da Europa. Talvez os senhores, ilustres deputados aqui presentes, possam introduzir essa meritória ação em São Luís – pioneira em tantos aspectos – realizando algo que nem as cidades barrocas mineiras, Ouro Preto, Mariana ou Sabará, conseguiram, até o presente. Doutra feita em que estive na cidade, para um curso de 30 de julho a 2 de agosto de 1979, na Academia Maranhense de Letras, mais uma vez a convite de seu presidente, Jomar Moraes, considerei longínquo, quase inalcançável, o hotel Quatro Rodas, na praia do Calhau. Era, então, circundado de imenso parque gramado com árvores – uma floresta quase amazônica num branco areal. Foi vendido, hoje está numa área totalmente urbanizada e teve seu terreno reduzido; até parece que é bem ali ao lado. O mundo está
encolhendo, senhores, e os carros andando mais depressa. Mas é preciso que o pensamento e a mentalidade corram igualmente rápido. Vi, com alegria, a preservação do forte Santo Antônio da Barra de São Luís, na Ponta d’Areia, transformado em museu, com alunos de turismo treinando para guias. Vários casarões do centro também foram reformados; alguns, por iniciativa do reitor da UFMA, Dr. Natalino Salgado Filho. Quantas realizações louváveis! No tocante a meus estudos sobre Sousândrade, foi na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro que publiquei meu primeiro trabalho sobre o autor, o texto mimeografado “Lendo O Guesa”, que foi distribuído durante o 1o Encontro Nacional de Professores de Literatura da PUC/Rio, em 21 de março de 1976. Revisto e aumentado, foi incluído, com o mesmo título, na Revista da Academia Maranhense de Letras em São Luís (volume 12, dezembro de 1979, página 9 a 22). Também na PUC/Rio, defendi, em 1976, uma dissertação de Mestrado intitulada Tradição e ruptura: O Guesa, de Sousândrade, sob a orientação do professor Luiz Costa Lima. Esta sessão de defesa merece algumas considerações, porque teve um aspecto um tanto cômico. Meu orientador de tese, Luiz Costa Lima, e Gilberto Mendonça Teles, um dos três membros da banca, se envolveram numa discussão acalorada sobre a figura literária do “sol” no Guesa. Como se sabe, o poeta é autor de um dos mais belos versos da língua portuguesa na sua vertente brasileira (o que exclui Camões, para evitar controvérsias), que diz: “O sol, ao pôr do sol, triste soslaio” (Canto XI, verso 871). Nele, o poeta condensa toda a tragédia da destruição do império incaico pelos espanhóis, efetuada pelo brutal Pizarro. Luiz Costa Lima defendia, na perspectiva estruturalista, que o sol só poderia ser discutido como figura de linguagem dentro dos limites do próprio texto, portanto, da mitologia incaica. De seu lado, Gilberto Mendonça Teles defendia uma posição universalista, e queria interpretar o termo “sol” no poema como símbolo do divino em toda e qualquer cultura, remontando à grega e mesmo à egípcia. Enquanto isso, eu praticamente me eximia de falar, como mera observadora, e apenas respondi aos comentários da professora Dirce Cortes Riedel. Ao retornar do meu doutorado nos Estados Unidos, em 1979, estava eu num lançamento na livraria Muro, em Ipanema – mais uma dentre as centenas que foram fechadas, no Rio e em todo Brasil –, quando Augusto de Campos se dirigiu a mim afirmando, para minha surpresa, que um livro meu tinha sido publicado no Maranhão pelo editor Jomar Moraes, diretor do Serviço de Imprensa Oficial, o SIOGE. Entrando em contato com este, recebi o primeiro de uma série de convites para proferir cursos e conferências em São Luís. Desta vez, para o lançamento de minha tese de Mestrado, Tradição e ruptura: O Guesa, de Sousândrade (São Luís, SIOGE, 1979). Nos Estados Unidos, desenvolvi um Doutorado sobre as influências e confluências internacionais na obra O Guesa, na perspectiva da Literatura Comparada. O livro foi traduzido por mim e publicado com o título Épica e modernidade em Sousândrade (Rio de Janeiro, Presença; São Paulo, Universidade de São Paulo, 1986). A segunda edição, revista, saiu em 2005 (2ª ed., Rio de Janeiro, 7Letras; Brasília, CNPq, 2005). Além do livro acima referido, alguns de meus artigos foram reunidos nos livros Crítica sem juízo (1993; 2ª edição, 7Letras; CNPq, 2007) e Cânone e renovação na literatura (Kindle, 2018, 300 p.). Também realizei a primeira edição atualizada de O Guesa, de acordo com a Reforma Ortográfica, com introdução, notas, glossário e estabelecimento do texto da edição londrina de 1884?. Foi publicada pela Academia Maranhense de Letras, por iniciativa de Jomar Moraes (O Guesa, de Sousândrade, São Luís, Academia Maranhense de Letras; Rio de Janeiro, Ponteio, 2012, 572 p.). Também está em formato digital pela editora Ponteio. Reintroduzi a separação de estrofes da edição norte-americana do Guesa errante de 1876-1877, que tinha sido suprimida pelo autor por motivo de economia, e numerei os versos, como ocorre nas edições estrangeiras de poesia, para melhor citação. Sousândrade nasceu em 9 de julho de 1832 na fazenda paterna Nossa Senhora da Vitória, a Quinta da Vitória, hoje inexistente, que ficava no município de Guimarães, após 1961 chamado Mirinzal e, em 1997, novamente dividido e denominado Central do Maranhão. Dizem os habitantes de lá que as onças retornaram para o local da fazenda. O poeta descreve seus pais no Canto VIII de O Guesa como figuras da mitologia greco-latina, identificadas a Tellus e Coelus (verso 60), que são os pais das musas. Para outros críticos, essa descrição se refere aos próprios amores do poeta no seu casamento, no paradisíaco cenário das terras interioranas do Maranhão.
Faleceu nosso poeta em São Luís em 1902, após passar dois anos viajando pela Europa e quinze vivendo em Manhattanville, ao norte da cidade de Nova York. Nesse período, aperfeiçoou seu poema Guesa errante, título que alterou para O Guesa. Na Europa, sobreviveu com a venda dos escravos da fazenda paterna, e nos Estados Unidos com rendas da esposa, de quem se separou, mas levando a filha para a viagem, bem como, muito provavelmente, com investimentos na Bolsa de Valores de Nova York. Através dos anos, tive a felicidade de ver a fama de Sousândrade aumentar – dando-lhe o devido valor, como poeta épico inigualável, na sua mescla de estilos (alto e baixo), gênero (cômico, lírico, épico), narradores (subjetivo e descritivo), unindo a mitologia clássica, europeia e indígena, criando assim um indianismo brasileiro híbrido e original, englobando as três Américas. Com um conhecimento universal, Sousândrade foi, também, excelente poeta lírico romântico, em especial nos seus primeiros livros, como em Harpas selvagens (1857), que contém duas partes: Primeiras instâncias e Noites; em Poesias diversas (1869), o qual, com alguns acréscimos, é idêntico a Eólias (1864); em Harpas eólias (1870), livro dado por desaparecido por Sacramento Blake, no Dicionário biobibliográfico brasileiro, mas que localizei na Universidade de Cornell, nos Estados Unidos. Na verdade, Harpas eólias é uma reimpressão do seu primeiro livro, Harpas selvagens (1857). Já Liras perdidas, livro póstumo encontrado por Luiz Costa Lima em 1970 na Biblioteca Pública Benedito Leite e lá reencontrado por Jomar Moraes em 2003, é um dos mais belos de poesia lírica do autor (MORAES, J., 1970). Minha vivência com Maria Firmina dos Reis ocorreu por outros percursos. Em 1987 (até 1992) fui convidada por Gregorio Dubrinesco, um romeno exilado no Brasil e dono da editora Presença, que ficava no bairro do Catete, a organizar uma série de livros para a coleção Resgate, de Obras Raras, da Biblioteca Nacional. Seu desejo era publicar obras consagradas, portanto de autores homens. Mas o resultado foi um pouco diferente. Durante meu pós-doutorado na Universidade de Nova York, em 1985, passei a estudar o feminismo, tema apenas emergente, então. Proferi quinze conferências sobre literatura de autoria feminina brasileira nas principais universidades norte-americanas, e desejei imprimir na coleção o resgate de autoras desconhecidas do século XIX. Publicamos oito títulos, entre os quais um livro contendo Carapuças, Domingo, Dia de finados, de Artur Azevedo, já citado anteriormente, e, enfatizando a presença feminina, Júlia Lopes de Almeida, Carmen Dolores e Délia, sempre em edições atualizadas a partir de microfilme da primeira edição. Foi então que, pesquisando sobre as primeiras escritoras brasileiras para introduzi-las na coleção, encontrei, no Dicionário biobibliográfico brasileiro, de Sacramento Blake, o nome de Maria Firmina dos Reis (volume 6, p. 232; o nome de Joaquim de Souza Andrade está no volume 4, p. 246). Blake cita Úrsula, mas sem especificar a data, nem o gênero. Para obter o microfilme da primeira edição, contei novamente com o auxílio de meu então já amigo Jomar Moraes, que me enviou uma cópia do romance Úrsula. O livro saiu no ano do centenário da abolição da escravatura, 1988, com prefácio do professor norte-americano de português Chuck Martin, da Universidade de Vanderbilt e depois Yale, e atualização do texto por Nanci Egert. Afro-brasileira, mulata, filha de escrava forra, Maria Firmina foi a primeira pessoa a mencionar num romance brasileiro a abolição da escravatura – segundo nos informa José Nascimento Moraes Filho. Também o faz no conto “A Escrava”. Seu nome era, à época, inteiramente desconhecido para além dos limites de São Luís, e ninguém sabia que era a primeira escritora brasileira, conforme afirma o pesquisador José Nascimento. Desde 1986, publiquei “Um autorretrato de mulher: a pioneira maranhense Maria Firmina dos Reis”, na revista Letterature d’America, Tuttamerica, rivista trimestrale, (Itália, Bulzoni, Ano 7, 29-3031, 1986-87, página 71 a 86), e “Literatura negra brasileira contemporânea”, na Revista de Estudos AfroAsiáticos (Rio de Janeiro, Centro de Estudos Afro-Asiáticos, Conjunto Universitário Cândido Mendes; Fundação Ford, nº 14, setembro 1987, p. 109-40). Ambos os artigos, revistos, acham-se incluídos em Crítica sem juízo (Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1993, Cap. 18, p. 222-238; 2ª ed., Rio de Janeiro, 7Letras; CNPq, 2007, Cap. 18, p. 339-363). Esse estudo foi resultado de uma bolsa sobre literatura afro-brasileira financiada pela Fundação Ford, que realizei de 1º de outubro de 1986 a 1º de maio de 1987, na biblioteca da Faculdade Cândido Mendes. Na ocasião, entrevistei novos escritores afrodescendentes, quando pouco se falava de literatura afro-brasileira no Brasil, um tópico considerado norte-americano, inconveniente e violento. Apesar de muitas publicações que fiz desde a década de 1980, ainda há quem publique artigos e dê entrevistas sobre Maria Firmina como o grande descobridor do descoberto.
Somente após a minha publicação da obra Úrsula (1988, 3ª edição, primeira atualizada), recebi pelo correio, enviado do Maranhão pelo pesquisador José Nascimento Moraes Filho, para minha grande surpresa, o xerox do seu livro, Maria Firmina: fragmentos de uma vida (São Luís, Governo do Maranhão, 1975). Ele contém um levantamento completo da vida e da biografia e da bibliografia da autora. Nascimento também me informava que publicara uma segunda edição, fac-similar, de Úrsula, em 1975 (São Luís, Gráfica Olímpica; sendo a primeira de São Luís, Typographia do Progresso, 1859), além de uma edição fac-similar dos Cantos à beira-mar (Rio de Janeiro, Granada, 1976; sendo a primeira, São Luís, Typographia do Paiz, 1871). Daí a importância das leis de 2004 e 2010 que obrigam ao depósito legal na Biblioteca Nacional de um exemplar de cada livro publicado no Brasil no prazo de 30 dias, visando à preservação da Memória do país. Lá se acha o volume fac-similar dos Cantos à beira-mar de 1976, de Maria Firmina, mas nem Úrsula nem o livro de José Nascimento ali se encontram. Senti-me muito honrada em ter contribuído para que a devida valorização da cultura e da literatura maranhenses no sul do país, pois o Maranhão era a segunda província mais importante, cultural e financeiramente do país, logo após a Corte do Rio de Janeiro no período do reinado de dom Pedro II. De certa forma, com o estudo dessas grandes figuras nacionais, fechou-se um ciclo na minha obra literária que passou pelo ouro, de Minas Gerais, o café, da província do Rio de Janeiro, e pelas riquezas do Maranhão, sobretudo culturais, a respeito dos quais escrevi e estudei, em diferentes gêneros, fosse no ensaio, fosse na ficção. Agradeço a todos os amigos maranhenses, meus benfeitores, por mais esta oportunidade que me oferecem neste momento de compartilhar um pouco da história, da cultura, da arquitetura e da sensibilidade desse povo tão misterioso e discreto que compõe o tecido social desta cidade e deste Estado. Ontem, algodão e arroz. Hoje, aço e viagens espaciais, em Alcântara, onde os pais de Sousândrade tinham um palacete. Sem negligenciar o turismo, com tantos aspectos da arquitetura barroca, sua gastronomia única, sua música e sua literatura. Parabéns, São Luís! Obrigada aos senhores e senhoras deputados, por me receberem como cidadã maranhense. Luiza Lobo litcultnet@gmail.com http://www.litcult.net
ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO O ESTADO MA – PH REVISTA 24/25 AGOSTO 2019
O QUE É SER MEMBRO HONORÁRIO DAS ACADEMIAS DE LETRAS, SEGUNDO A DE TEÓFILO OTONI, MINAS GERAIS? "V - Honorários - Concedido a personalidades consideradas dignas desse título por sua cultura literária, científica, artística, educacional e jornalística ou houver demonstrado particular interesse pela cultura teófilo-otonense". Sinto-me honrado por ser, doravante, membro Honorário da Academia Caxiense de Letras, onde ingressei desde 2003, como fundador-efetivo da Cadeira nº 39, patroneada por João Guilherme de Abreu; e da Academia Ludovicense de Letras, em 2013, também como fundador-efetivo da Cadeira nº 04, patroneada por Francisco Sotero dos Reis.
Palavras de reconhecimento aos meus confrades da Academia Caxiense de Letras, aos ilustres convidados e aos amigos presentes à Sessão comemorativa dos 22 anos da nossa ACL, ocasião em que fui agraciado com o diploma de membro Honorário da "Casa de Coelho Neto".
Na AMEI, com Viegas e Hugo, meu neto.
IRANDI MARQUES LEITE IV FESTIVAL DE POESIA DE LISBOA. INSTITUTO CAMÃ&#x2022;ES
BRUNO TOMÃ&#x2030;
ARTIGOS, & CRÔNICAS, &CONTOS & OPINIÕES!
CLAUDIO VAZ, O ALEMÃO - E O LEGADO DA GERAÇÃO DE 53
"Sou a mãe e o pai do JEMs. Os JEMs são a minha vida." Cláudio Vaz dos Santos.
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
“FOI AÍ QUE EU ENTREI...”
Foi ai que eu entrei, fui dirigir pela primeira vez... Isso foi em 71, nós entramos no Governo, se não me engano, foi em março ou por aí; em setembro, nós tivemos o primeiro FEJ (Festival Esportivo da Juventude) Semana da Pátria, onde o Colégio São Luiz foi o primeiro campeão do FEJ, onde eu trabalhei. [...] não tinha professor de Educação Física no Maranhão e eu queria fazer um trabalho de nível, eu tinha de pensar primeira coisa que tinha de ter, era o professor tanto para quem quisesse transferir conhecimento, então eu não tinha nada acadêmico, nada elevado nessa área aqui, só tinha professor já superado, dois que já não trabalhavam mais, Braga que era professor daqui [ETFM, hoje IF-MA] e não sei se era formado, Braga, Zé Rosa, Rinaldi Maia. Aí foi que o Dimas começou, trabalhamos juntos, nós acumulávamos, nós éramos árbitros, técnicos. Tudo nós fazíamos, tanto o Dimas quanto o Laércio (de São Paulo) já me ajudou nessa época; foi o primeiro que veio para cá; o pessoal criou muito problema comigo porque eu estava enchendo de paulista. (VAZ DOS SANTOS, ENTREVISTA). Cláudio refere-se aos antigos professores, formados no inicio dos anos 40, tanto pela Escola Nacional, quanto pela Escola de Educação Física do Exército, responsáveis pela implantação do Serviço de Educação Física no Estado. Herdeiros dos métodos tradicionais de ensino da educação física, como o francês, a calistenia, em sua maioria homens, oriundos da área militar – Polícia e Exército: Já é de quem trabalhou comigo o pessoal que tinha já não era mais da ativa [...] Eurípedes; Major Júlio, todos esses foram formados na Escola de Educação Física do Exército. Eles vieram de lá, mas eu não trabalhei com eles, o Eurípedes trabalhou comigo assim, mas não tive nenhuma participação efetiva dele, ele nunca assumiu. [...] na época eram os leigos, eu faziam curso de reciclagem e tal, mas dentro da área mesmo com conhecimento de nível universitário, era o Dimas, o Laércio. Segundo Dimas, em 1970, atuam como professor de Educação Física, em São Luís: no Batista: Rubem Goulart tinha morrido, e Dimas assume seu cargo; no Marista: Eurípedes, Nego Júlio e Furtado; no Ateneu não tinha mais ninguém: Nego Júlio é íntimo nosso, era Major Júlio. Júlio que inclusive participou daquela primeira demonstração que eu dei, eram os professores de lá, ele e Eurípedes, tanto que ele já me conhecia daí, tanto que depois eu vou fazer um comentário disso, e Furtadinho - Furtado já estava trabalhando aqui nessa época. (DIMAS, entrevistas). Haviam outros professores, trabalhando nessa época: Era Odinéia; Clarice; tinham muitas; Maria José;... Antes dessas tem outras, Ildenê Menezes, na época foi Secretaria de Educação; Dinorah - e eram duas irmãs - Dinorah... - e a primeira academia que hoje é essa Academia [São Francisco] vou falar sobre isso -, Clarice Lemos; Dinorah e Celeste Pacheco, elas eram irmãs - Pacheco; Graça Helluy, Ah!, tinha muita gente ... Luiz Aranha; nessa época eu acho que já dava aula o Rui [Guterres], marido de Cecília [Moreira]; o Batista que era da Polícia; acho que Cavagnac, tem mais gente..." Geraldo Mendonça se lembra de um Curso, realizado em 1967, em convênio entre os estados do Maranhão e de São Paulo, com 120 horas de duração, sendo Professor Nelson Gomes da Silva, e 25 alunos. Participaram desse curso: Ana Rosa de Souza Silva; Benedita Duailibe; Clarice Barros Rosa; Dinorah Pacheco Muniz; Elena da Conceição Pereira; Florileia Tomasia de Araújo; Felicidade Mendes de S. Nascimento; Ivete D´Aquino Castro; Ivone da Costa Reis; Julio Elias Pereira (Major Julio); Maria José Reis Maciel; Maria das Graças R. Pereira; Maria da Conceição Sá Melo; Maria da Glória Castro Fernandes; Maria de Jesus Carvalho de Brito; Maria do Rosário Silva Maia; Maria do Rosário Silva; Maria da Conceição Santos Souza; Neide Moerira da Silva; Odinéia Trompa Falcão; Pedro Ribeiro Sobrinho; Reginaldo Heluy; Sebastiana de Carvalho Pires; Sonia Maria dos Santos Resende. Aldemir Mesquita lembra-se dos professores que atuavam na antiga Escola Técnica Federal do Maranhão hoje, IF-MA: Aqui na época na Escola, eu fiquei assistente do Jafe [Mendes Nunes], de futebol de salão... Jafe, radialista, um dos maiores cronistas do Maranhão. Jafe na parte de futebol de salão, eu
ficava dando assistência a ele no futebol de salão, e ficava com o handebol, depois quando ele pouco só vinha em época de seleção para treinar, eu passei a assumir definitivamente o futebol de salão. Tinha o França no vôlei que é engenheiro que também é professor de matemática; Celso Cavagnac, natação; Eldir [Campos Carvalho], a parte de educação física; Juarez [Alves de Sousa], que também ficava com educação física, depois no ano seguinte assumiu o handebol e também dirigiu um pouco o futebol de salão; Prof. Furtado! Excelente professor Furtado pioneiro atletismo no Maranhão, professor Furtado e deixa-me ver quem mais, aqui por enquanto é só; Tenente Jeremias na natação, futsal, basquete, vôlei, Handebol... Atletismo e tinha... Vôlei, handebol, basquete, futsal, atletismo, natação, só né? E ganhamos tudo, nós éramos a decisão era 1º, 2º e 3° lugar... (MESQUITA, Aldemir Carvalho de. Entrevistas). Já Laércio Elias Pereira – da turma dos paulistas – lembra que, quando chegou, encontrou: Quando cheguei a Simey estava de saída, ou tinha acabado de sair. Rinaldi Maia era assessor da Secretaria de Educação e treinador famoso de Futebol. O Dimas era o mestre das Escolas e do Esporte Escolar. Felicidade Capela tinha o curso de Normalista Especializada no Rio. Rinaldi tinha se formado no Rio, com uma ótima geração de treinadores de Futebol, como os Moreira. Soube pelos professores – e depois pelo Rubinho [Rubem Teixeira Goulart Filho]– que o Rubens Goulart tinha tido um papel importante, inclusive foi quem fez o primeiro contato com o Listello (deve ter feito um dos cursos de Santos). Teve também uma turma do DED, com o Ari Façanha e um pessoal do Rio. Bom recuperar também o curso de Medicina Esportiva... José [Pinto] Rizzo Pinto esteve... Tem que puxar isso com o Cláudio Vaz e Dimas. (PEREIRA, Laércio Elias. ENTREVISTAS)66.
SIMEY RIBEIRO BILIO – MISS JAGUAREMA 1956 – PROFESSORA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, FUNCIONÁRIA DO MEC, QUE VEIO IMPLANTAR AS PRÁTICAS ESPORTIVAS NA UFMA, AJUDANDO A CRIAR O CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA. 66
PEREIRA, Lércio Elias. DEPOIMENTO ENVIADO ATRAVÉS DE CORREIO ELETRÔNICO. De: Laércio Para: Leopoldo. Assunto: respostas do questionário do Dimas. Brasília, 28 de fevereiro de 2001.
Cláudio lembra que, em 1971, ele estava na Coordenação de Esporte na Prefeitura de São Luís – Serviço de Educação Física – quando realizou o primeiro Festival Esportivo da Juventude – FEJ: Aí teve o segundo FEJ, foi quando o Jaime criou o Departamento de Educação Física e Desportos e Pedro Neiva me nomeou no lugar da Mary Santos. Já foi no governo de Pedro Neiva, com Haroldo Tavares - que agora é que tu vais entender -, eu entrei primeiro na Prefeitura, Haroldo Tavares era cunhado de Pedro Neiva, irmão da mulher de Pedro Neiva, que é a mãe de Jaime Santana; então para que eu pudesse assumir o Estado, nesse tempo podia acumular; então criaram o Departamento de Educação Física e Deporto do Estado; saiu o Serviço [de Educação Fica] para Departamento. Nesse tempo, na Secretaria de Cultura, o nível do Departamento era mais acima de Serviço, então para que eu fosse para o Estado foi criado o Departamento de Desporto do Estado, para que eu pudesse assumir, acabar o Serviço; então era novo o cargo e aí que eu fui para o Estado, eu acumulei Coordenador de Esporte da Prefeitura e Diretor do Departamento de Educação Física e Desporto do Estado, ligado à Secretaria de Educação, do professor Luis Rego; era o Secretario na época, professor Luís Rego, primeiro Secretário que eu trabalhei. Depois, eu trabalhei com o Magno Bacelar, que foi Secretário; e depois, com o Pedro Rocha Dantas Neto, que também foi Secretário.
Já em 72, fui nomeado Diretor do Departamento, onde foi que ficou o Departamento? Lá no Costa Rodrigues; ai eu transferi a Coordenação, acumulei no Costa Rodrigues, eu levei tudo para lá. Eu era Coordenador Diretor do Departamento de Educação Física do Estado e Presidente do Conselho Regional de Desportos. Isso em 72, como era cargo de quem era diretor [do departamento de Educação Física], era o Presidente do C.R.D, automático; não tinha vínculo político nisso, era uma tradição de desporto ligado ao C.N.D (Conselho Nacional de Desporto), onde era [ptrsidente] o Brigadeiro Jerônimo Bastos... Ai foi que eu fiz a minha equipe, aí foi que o Dimas entra com a parte principal, quando nós estávamos para fazer o segundo FEJ em 72; seria em setembro. Dimas foi a Belo Horizonte, trouxe toda a informação, e o Maranhão podia participar do JEB's em 72; ele trouxe em 71, ele foi no JEB's em julho e trouxe.... Dimas me trouxe, eu organizei a primeira equipe com o Dimas, era do Handebol, primeira equipe que nós viajamos para o JEB's; Ginástica Olímpica e Handebol, o Dimas; Coronel Alves, Basquete; Voleibol, Graça Hiluy; Coronel Alves antes era Major, foi isso para dar coletivo que eu levei foram 52 pessoas que eu levei, não levamos atletismo, natação, não levamos nada. Muito bem, com o que Dimas me trouxe, me presenciei muito ao DED. Aí eu já tinha uma parte ativa comigo, porque eu precisava do Dimas, não só como técnico, mas também como conselheiro, porque como eu te falei, eu não sou formado; eu sempre procurava olhar uma pessoa que tivesse um conhecimento acadêmico para poder me orientar, é uma de nossas iniciativas foi justamente essa de criar esses jogos escolares, foi o primeiro e o segundo e depois nós o transformaremos em JEM's, o primeiro JEM's foi em 73, sempre tenho essa dúvida; o pessoal não guarda isso, mas o primeiro FEJ foi em71, o segundo FEJ em 72, e o primeiro JEM's em 73. Por quê? Nós participamos do JEB's e a sigla pesava, mas por bem achamos melhor mudar para JEM's. Jogos Estudantis Maranhenses foi que viemos, nós já tínhamos passado o primeiro e o segundo FEJ com sucesso, com a mudança, com a formação das escolas, a conscientização, que e a primeira coisa a nascer numa escola era a força da Educação Física através dos esportes, foi a maneira que nós encontramos de valorizar o Professor de Educação Física, ele que era praticamente um esquecido dentro da área educacional, achava – se que era desnecessária a Educação Física onde não se praticava nem a Educação Física, nem os esportes, nós criamos esses jogos para provocar nos colégios essa necessidade de se formar atletas, assim como também transmitir Educação Física e valorizar o professor, porque nós não tínhamos campo de trabalho para eles,e passou a ter; esse foi o ponto marcante do nosso trabalho, que realmente hoje, o que tem, começou ai, onde nós provocamos. Nós íamos fazer uma Escola de Educação Física particular, já tinha toda a documentação, o professor Salgado deu para mim. Como eu sentia a necessidade de ter professores formados e o que eu trazia eram poucos em relação à necessidade que nós tínhamos, nós achamos um início para formar a Escola de Educação Física particular... (VAZ DOS SANTOS, ENTREVISTA). Como informa, precisava de massa crítica para concretizar seus planos de elevar o nível da Educação Física e dos Esportes. Recorreu à importação de professores graduados, já com alguma experiência e, ao mesclálos com ‘da terra’, teria um grupo altamente qualificado. Lino Castellani Filho, outro do grupo de paulistas que aqui chegou lembra - em artigo publicado no Blog Universidade do Futebol - daquele momento: Pois é… Estávamos no ano de 1976 em São Luis do Maranhão… Nós – um grupo de professores de Educação Física repleto de utopias — e ele Djalma Santos, então contratado como técnico do Sampaio Corrêa Futebol Clube, um dos grandes do futebol maranhense, ao lado do Moto Clube e do MAC (Maranhão Atlético Clube).
Boa parte de nosso grupo trabalhava vinculado ao Departamento de Esporte do governo daquele Estado, basicamente envolvido com os afazeres de duas modalidades esportivas, o handebol e o voleibol. O contrato de trabalho era de 40 horas… Não deu outra: montamos um time de futebol e demos a ele o nome de… Handvô-40, homenagem ao handebol, ao voleibol e às 40 horas de trabalho – qualquer semelhança com outra expressão…
Pois foi nesse time que Djalma Santos foi convidado a jogar e… Jogou! Se nossas conversas o assustavam às vezes (chegamos perto de comprar uma ilha, embalados pelas ideias de A.S. Neill, fundador da escola de Summerhill), a de participar do time foi recebida com o mesmo sorriso que ele estampa hoje em seu rosto… Duvidam? Pois aí vai a prova! O primeiro da fila é o diretor – presidente do CEV, Centro Esportivo Virtual… O último, este ponta-esquerda que vos escreve! No meio dela, Djalma Santos, junto com Viché, Sidney (ambos professores da UFMA), Gil, “Zé Pipa”, Marcão – o “véio” – e outros cuja lembrança surge enevoada em minha cabeça… Para Dimas Quando o Cláudio Vaz começou a trazer esse pessoal de fora, em 74 ou 76, Laércio, Marcão, Biguá, Vitché, então nessa época eu passei o Handebol praticamente para eles; então eu já vinha trabalhando em Ginástica Olímpica e passei a me dedicar mais à Ginástica Olímpica; trabalhava como professor de Educação Física - nessa época eu trabalhava muito com Natação também, principalmente em aulas particulares, em piscinas particulares - e o Laércio praticamente continuou o meu trabalho no Handebol no Maranhão, e aí eu passei a me dedicar mais à Ginástica Olímpica, à natação e às outras coisas... (DIMAS. Entrevistas). Sobre a vinda desses professores - "os paulistas" - o Prof. Dr. Laércio Elias Pereira esclarece que, após voltar das Olimpíadas, com vários cursos de Handebol, foi convidado a dar cursos pela Brasil pela ODEFE -
organização com a qual já tinha contato, através da Revista Esporte e Educação, onde escrevia uma coluna chamada Rumorismo. Houve um circuito de cursos que incluía Maceió, São Luís e Manaus:
Prof. Dr. Laércio Elias Pereira Era 1973, e eu treinava a seleção paulista feminina que ia para os JEB's [Jogos Estudantis Brasileiros]. Acertei com o namorado de uma das minhas atletas (que ia apitar os JEB's) para cuidar de alguns treinos enquanto eu ia dar os cursos. Dei o curso em Maceió e, em São Luis, enquanto dava o curso, ajudava a treinar o time de handebol que ia para os JEB's. Deu problema no curso de Manaus e o Cláudio Vaz pediu que eu ficasse treinando o time o tempo que estaria em Manaus. Depois pediu para que eu acompanhasse a equipe nos JEB's, em Brasília. Eu disse que não podia porque tinha compromisso com a seleção paulista. Quando voltei para São Paulo, o meu substituto tinha conseguido me substituir totalmente. Liguei para o Cláudio Vaz e acertei a ida para Brasília. Conseguimos classificar o time para as quartas de finais, mas no dia que ia começar essa fase, o Basquete levou todos para jogar o campeonato em Fortaleza, e ficamos em oitavo. Em setembro do mesmo ano, fui convidado, junto com o Biguá, para apitar os jogos de Handebol dos JEM's. A final foi Maristas e Batista. Duas equipes treinadas pelo Prof. Dimas. Voltei em janeiro de 1974, para morar no Maranhão. Resolvemos Cláudio e eu chamar o Prof. Domingos Salgado para montar o processo de criação do curso de Educação Física na Federação das Escolas Superiores [do Maranhão - FESM -, hoje, Universidade Estadual do Maranhão - UEMA], o que aconteceu com o empenho do secretário Magno Bacelar e o Assessor João Carlos, ainda em 1974. Fiquei sem emprego e o Heleno Fonseca de Lima batalhou uma bolsa pelo antigo CND [Conselho Nacional de Desportos]. Fui assessor da Secretaria de Educação e, como estava demorando em andar o curso no Estado, teve a iniciativa da Profa Terezinha Rego, do ITA, para montar o curso particular, com os professores que já tínhamos arrastado para o Maranhão. Aqui cabe um estudo mais apurado sobre quem trouxe quem, mas é bom juntar a listagem dos “paulistas”: Biguá, Viché, Horácioi [?], Domingos Fraga Salgado, Demosthenes, Nádia Costa, Jorelza Mantovan, Marcos Gonçalves, Sidney Zimbres Lino Castellani, José Carlos Conti, Zartú Giglio, (tem um dessa turma que eu esqueci o nome), o Paschoal Bernardo... O Sidney deve ter todos os nomes. (PEREIRA, Laércio Elias, Entrevistas). O Prof. Sidney Zimbres esclarece a questão de quem trouxe quem, nessa época, para o Maranhão: ... [Meu] Contato com o Maranhão foi com o Marcos [Marco Antônio Gonçalves], que me trouxe; o Marcos não terminou o curso [de Educação Física, da USP], veio embora... Quem trouxe o Marcos foi o Laércio; o Marcos ficou trabalhando aqui, ele me escreveu perguntando se eu não tinha a intenção de vir para cá, ai eu falei - me leva para dar um curso, para eu ver
como é que é. Foi em 19... em outubro vim aqui, no JEM’s em 1975, eu vim para dar um curso de voleibol; dei o curso de voleibol em outubro, ai eu coordenei o voleibol nos Jogos Escolares, e ai eu fiz um contrato de três meses... Lembro-me bem disso... Para ver se ia dar certo, na época quem estava à frente do DEFER era o Carlos Alberto Pinheiro; já havia saído o Cláudio Vaz, o Governador do Estado era o Nunes Freire... O primeiro ano dele... Ai foi quando ele implantou, fez aquela reformulação do Serviço Público, criando [a função de] Técnico de Nível Superior - TNS -; foi que eu recebi o convite e eu fui contratado pela Secretaria de Educação em [19]76, entrei como TNS, técnico em nível superior, nível 3. ... Então era Laércio, eu e Lino; Lino já tinha vindo para cá; o Marcos me trouxe; eu trouxe o Lino; depois eu trouxe o Zartú; ai o Marcos ainda trouxe o Júlio, que veio antes do Zé Pipa... Júlio... O sobrenome eu não lembro mais, não é difícil de pegar... Julinho ficou pouco tempo aqui e foi embora, teve um problema no pulmão até numa aula minha... Depois veio o Zé Pipa, que era José Carlos [?], que trabalhou no futebol, no Sampaio Correia, era repórter da TV Bandeirantes... Esporte... Então ai nós criamos o curso de Educação Física no ITA... (ZIMBRES, Sidney. Entrevista).
Isidoro, Sidney, Dimas e Zartú Marcão fala sobre sua vinda para o Maranhão, de como foi o trabalho inicial, de implantar as escolinhas de esportes, trazer as pessoas para assumir os diversos cargos e funções e os primeiros jogos: Eu, já cansado de São Paulo, e tendo trabalhado com Laércio do SESI de São Caetano e Santo André - a mesma equipe que fazia os esportes do SESI -, eu decidi sair de São Paulo, quando de um JEB's que a gente apitou em Brasília, acho que handebol; em Brasília, e o Laércio estando por aqui em São Luís, nos convidaram para visitar; eu como já tinha intenção de sair de São Paulo não aguentava mais aquela cidade danada, acabei vindo visitar São Luís e em duas semanas como diz outro, fechei a conta e vim embora... Como eu me encontrei com o Laércio, que já estava aqui no Maranhão, em Brasília com a delegação do Maranhão. Ele nos fez esse convite para vir para conhecer São Luís foi à época de julho, eu vim; inclusive na época eu vim com Júlio, Júlio do Gás, Julinho, não sei se tu já fizeste algum detalhe sobre o Júlio também, foi a primeira vez que nós viemos para cá; viemos de ônibus de Brasília para São Luís e aqui nós ficamos duas semanas passeando e quando eu voltei para São Paulo, já voltei com alguma coisa acertada, na época com Carlos Alberto Pinheiro Barros; então, eu não vim para apitar o JEM's, vim já para trabalhar no antigo Departamento de Educação Física (DEFER, de São Luís-Maranhão) juntamente com o diretor na época o Carlos Alberto Pinheiro de Barros ... Cláudio Vaz tinha saído para entrada de Carlos Alberto Pinheiro Barros e o governo de Nunes Freire e o Carlos Alberto; encontrei a assessoria, vamos dizer, assim de trazer elementos, que
foi tendo a incumbência, vamos dizer assim, de trazer elementos que pudessem reforçar toda a equipe de trabalho e o trabalho em si... Quem estava aqui, efetivamente, era o Laércio, era Viché, Biguá, Horácio, o Júlio veio, mas volta, não veio, não ficou junto comigo; ele veio para passear junto comigo, mas voltou porque ele ainda era estudante em São Paulo, voltou para concluir o curso, também nunca concluiu, igual a Biné, seria bom detalhar isso na minha biografia, porque já diz que eu não sou formado, mas eu concluo, conclui não, fui ate o ultimo ano da escola e por ter vindo praça, eu optei por não concluir porque o trabalho aqui é muito mais importante. Então eram somente elementos que estavam aqui, depois é que, através de Laércio, e de vir é que nós fomos trazendo todo esse pessoal, que foi Zartú, que foi Levy, que foi Júlio, que foi José Carlos Fontes, Sidney, toda a equipe se formou aqui, Demóstenes já estava. Demóstenes estava chegando à mesma época que eu... Domingos Fraga, já estava aqui também. Só que não no Departamento de Educação Física do Estado. Aquele período eu que foi vice-campeão brasileiro, que só perdia para São Paulo, porque São Paulo dificilmente se ganha, então o Maranhão, foi vice-campeão e ninguém, quando a gente comenta isso em outros lugares, ninguém acredita, acha que isso é um sonho e o basquete feminino surgiu, o voleibol cresceu demais, todos os esportes de uma forma geral, atletismo também, ofereceu vários atletas á nível nacional, então todos os esportes cresceram de uma forma conjunta, não foi um trabalho direcionado para uma modalidade, ou para dizermos assim, enfatizar algo que a gente gostava, foi realmente é multiplicado. Eu lembro que na época não se trabalhou muito o futsal, infelizmente agora não esta nesse mesmo nível que estava na época... Na verdade, a proposta que me fizeram para vim ao Maranhão, não tinha direcionamento nenhum. O que Laércio me propôs na oportunidade era que viesse para São Luís do Maranhão, onde já conheciam meu perfil, já conheciam o meu trabalho da época que nós estivemos juntos no SESI, conforme eu já disse - SESI São Caetano e Santo André, e lá ele era coordenador do SESI São Caetano e eu do Santo André; Nós já nos conhecíamos e ele sabia que ele podia contar comigo em qualquer frente de trabalho. Então, é como eu administrativa essa parte esportiva em Santo André e ele acreditava que eu pudesse me assenhorear dessa função aqui em São Luís do Maranhão, ele me convidou; mas lembro bem que a gente deixou claro que a gente teria que fazer um pouco de tudo, como nós acabamos fazendo realmente e assim os outros também, assim os outros foram convidados por mim, Sidney, Zartú, Lino, eles não vieram direcionados para algum emprego, vamos dizer assim, para algum setor, eles vieram e aqui nós fomos procurando como encaixá-los em algum lugar; então apareceu como, por exemplo, o Lino, apareceu alguma coisa no Maranhão [Atlético Clube], ele foi lá como preparador físico, recém-formado, como preparador físico do MAC, mas também trabalho em outros setores, na parte administrativa do JEM's, que a gente passava noites e noites, hoje a gente vê aí, todos os avanços que houve, no JEM's até o boletim é feito a nível de computador, etc. e tal. Na época a gente fazia era com mimeógrafo a álcool e dormindo debaixo da mesa, para poder o boletim ficar pronto no dia seguinte; então o Lino, nos ajudou em todos os sentidos; o Sidney também veio, a principio ficou conosco no Costa Rodrigues, com a escolinha de futebol e assim fomos todos, vindo sem um direcionamento efetivo. A gente veio para trabalhar, aonde, não sabia, onde tivesse lugar a gente ia se colocando e auxiliando e dinamizando de todas as formas, o esporte no Maranhão. (GONÇALVES, Marcos Antônio. Entrevistas). Biguá foi um dos pioneiros, junto com o Laércio, e comenta como se deu a sua vinda para o Maranhão, e em que circunstâncias: Laércio Elias Pereira, em 1973, dez de... Para ser preciso ele contatou comigo no dia 08 de setembro de 1973, foi contato maluco... Eu queria era aventura, eu queria conhecer, eu tinha assim paixão, loucura para conhecer, viajar, eu sempre tive. Aí Laércio virou - dia 08 de setembro, virou para mim e disse:
- "Quer ir para o Maranhão?” - Virei, "como?" –
Edivaldo “Biguá” Pereira - "Vai ter os Jogos - primeiros JEM’s 73 -, e eu preciso levar uns caras para apitar, ai tu vai apitando Handebol, tu queres ir?" Aí eu disse, "quando?" ele disse: - "Depois de amanhã nós teremos que estar lá, não dá nem tempo de tu pensares!" Ai eu disse: "tô nessa". Eu nunca tinha andado de avião, nunca! Eu disse: "como é que nós vamos?" "não, o cara vai mandar passagem, tudo de avião." "De avião!?" Porra, eu não queria nem saber quanto eu ia ganhar, se eu não ia! eu queria era andar de avião, né. Eu digo "tô no clima", aí que é interessante... foi que eu cheguei em casa, ai eu disse para minha mãe, para minha mãe e meu pai. - "Olha eu vou embora, vou passar 15 dias no Maranhão, lá, 15 dias". Eu sei que no dia 10, eu estava aqui com o Laércio, desceu eu, Laércio... Eu, Laércio, o rapaz, o professorzinho de... Milton usava uns óculos pequeninho - o nome completo dele, eu não lembro. Milton, Laércio, eu, Milton, Laércio... Uns três, nós três, ai descemos; o primeiro cara que manteve contato comigo, foi o J. Alves (José Faustino Alves, jornalista esportivo, aposentado - ver entrevistas), chegamos e lá estava J. Alves com um fusquinha da Difusora, fazendo reportagem, já dando em primeira mão, que nós tínhamos chegado, ai chegamos aqui, coincidentemente eu fazia aniversário no dia 25 de setembro e o JEM’s estavam rolando, foi a primeira demonstração de carinho do Cláudio Vaz, comigo, aí o Ginásio Costa Rodrigues lotado, lotado, lotado, ai ele parou o jogo e me deu um agasalho completo do Maranhão, me fez de presente, o ginásio inteiro cantando parabéns à você e eu, eu comecei a me agradar desde o começo, porque eu vim apitar handebol, mas de tanto eu me envolver com esporte, os caras chegavam aqui, pôr tem que colocar o Biguá, porque eu estava, eu impunha respeito, mas respeito não era imposição, eu apitava independente, eu não sabia o que falavam A ou B ou C, para mim eu estava lá apitando, colaborando com todo mundo, eu acabei apitando as 3 finais de handebol, final de basquete e final de voleibol. Eu não vim para jogar Handebol, eu vim para arbitrar o JEM’s em setembro; ai aconteceu o fato interessante, no último dia de JEM’s... nós tomamos conhecimento que iria ter o primeiro Campeonato Brasileiro de Juvenil de Handebol, até então - presta atenção -, em julho deste mesmo ano que eu cheguei. Ai é que quando o Laércio disse assim: - vai ter o primeiro Campeonato Brasileiro de Handebol Juvenil, vai ser em Niterói, vai ser final de novembro, em Niterói. Nós estávamos em setembro. - Aí, por, tu queres ficar para jogar?... Ai o Laércio disse, "você não topa ficar? - "Não, Laércio, eu trouxe pouca roupa, eu não trouxe nada para ficar aqui, eu não tenho nada para ficar aqui". Ai Alemão - Cláudio Vaz -, disse, "não seja por isso, eu te dou toda roupa, te dou tudo, vamos te dar tanto por mês, te damos comida, tudo o que quiser a gente te da".
Só que nós temos que trazer mais, só você não vai dar para segurar essa barra, porque o seguinte, em julho no JEB's em Brasília, a Seleção Paulista foi campeão Brasileira e o Maranhão foi 18o com todos os gatos que você possa imaginar, com os Rubinhos da vida (Rubem Teixeira Goulart Filho), Gafanhoto (José de Ribamar Silva Miranda), Paulão (Paulo Roberto Tinoco da Silva), Carlos (Carlos Roberto Tinoco da Silva, irmão de Paulo) e Ermílio (Nina), todos os gatos que você possa imaginar, nós conseguimos 18o lugar. Ai Laércio disse: "Como é que a gente faz?”- Eu disse: "Faz o seguinte, me arruma passagem e vou até São Paulo, eu vou conversar com meus pais e eu trago o Turco e Dugo - que eram meus companheiros na General Motors. Laércio disse: " bem pensado". O Viché (Vicente Calderoni, professor de handebol da UFMA, hoje), nessa época jogava no Juvêncio, não jogava com a gente não. Ai Laércio disse: "Legal, legal". Ai, eu fui para São Paulo, contei a história para meu pai e minha mãe - eu vou voltar para o Maranhão -, convenci o Turco e Dugo. Ai o que acontece, o seguinte, eu vim na frente e eles ficariam de vir depois, eles estavam estudando nós estudávamos no mesmo colégio, era no Colégio Barcelona, já nessa fase-, aí eles vieram; aí, nos fomos para o Brasileiro. Laércio, técnico; quando nós chegamos lá, para nossa belíssima surpresa, nós conseguimos o 3º lugar do Brasil. Você sai do 18º em julho, em novembro você em 3º lugar no Brasil; ficou São Paulo, Minas e Maranhão, daí que começou a força do Handebol no Maranhão; ai onde entra o Laércio, com o Viché, eu fui para ... Eu sai daqui, antes de ir para o Campeonato Brasileiro, para encontrar com os caras em Niterói, eu fui para São Paulo: "Pô precisamos arrumar um cara para trabalhar para gente, como técnico", porque o Laércio sempre foi uma pessoa de idéias, sempre foi uma pessoa de execução, então ele nunca gostou de ser técnico de handebol, ele sempre em todo lugar que ele passou, o seguinte, ele monta uma equipe de handebol, ele vê quem é o liderzinho, quem é o cara que pode botar para frente, ele larga e vai embora; ele sempre foi de projetos; ai eu estava conversando com ele, ele disse: "P..., a gente podia trazer Viché para cá, aquele cara do Juvêncio, aquele cara sabe, conhece as coisas"; "Quando eu for agora a São Paulo, eu convido ele". E quando eu fui para São Paulo, para me encontrar com a Seleção lá em Niterói, ai eu falei com Viché, falei olha: "É assim, assim,... nós vamos disputar um campeonato, agora, você esta a fim de ir para o Maranhão?"; Viché vinha passando por uma serie de problemas, lá na família dele e com ele próprio também, nessa época e foi interessante ele ter saído de São Paulo, ele estava envolvido em barras pesadíssimas em São Paulo, pesadíssimas a ponto de matar, de morrer; aí surgiu exatamente o lido, ele falou - "P... eu vou", aí ele veio comigo para Niterói; ele já começou a ajudar o Laércio na parte técnica, e de Niterói ele já veio com a delegação do Maranhão para cá e eu e Laércio fomos para São Paulo; fomos para não voltar mais, eu fui para não voltar mais, já conhecia a Tânia, com cinco dias que eu estava aqui, já eu estava namorando Tânia, mas eu tinha dito para ela... - "Olhe, não sou daqui, não pretendo ficar aqui".
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Os Biguás – Tânia, o neto, e Biguá
mas eu deixei bem claro - eu acho que por isso ate que ela gostou da minha sinceridade... acredito...” não pretendo ficar aqui, agora, se você quiser que a gente fique namorando, a gente vai namorar, agora não tem, não posso de dar esperança nenhuma, ai, quando chegou nessa época que eu fui para São Paulo. Ai já não era mais a minha praia. Ai não era, não era, nem eu tinha telefone na época na minha casa, nem Tânia tinha. Quando começamos a trocar, é... dezembro inteiro, ai veio janeiro cara não dá é mais isso para mim, ai eu já achava. Já não tinha nada haver comigo. Eu saia para conversar com meus colegas e eu achava que o papo era muito vazio, eu já não era mais aquele negocio para mim. Ai de repente Cláudio Vaz me liga, ele ligou, ele ligou, eu tinha desse meu tio que era vereador que ficava uns 400 metros da minha casa, então a pessoa ligava para lá e dizia - "Olha, fala para ele estar ai dentro de uns 10 minuto que eu ligo de novo", né, eu lembro ate o numero do telefone ate hoje 442-6778, hoje não existe mais esse numero, ai foram me avisar e eu fui lá, esperar o telefonema dele. Ele disse, "Olha, nos estamos com um projeto aqui de trabalhar firme no Handebol, estamos querendo que você venha, você vai trabalhar com as escolinhas" - e era tudo que eu queria, só que eu, eu não sei to passando por dificuldade, e ele de novo abriu, me favoreceu tudo. (In ENTREVISTA). Laércio considera que foi uma espécie de catalisador, ajudando a desenvolver, a princípio, o Handebol e, depois, batalhando a vinda de muitos professores, com o apoio do Cláudio Vaz -"a gente chamava para apitar os JEM's e, quando o professor chegava, já tinha alguma coisa”. Entrou e saiu da Escola Técnica mais de uma vez, para abrir vagas nesse processo. Na UEMA também. "Procurei colocar o Maranhão no Mapa...". Para ele, o que garantiu o apoio - e as refregas que levaram a algum progresso - foi a grande dedicação e o sucesso das equipes de Handebol, com participação decisiva do Viché e Biguá, alem dos “professores” que ajudávamos a treinar: Lister [Carvalho Branco Leão], Álvaro [Perdigão], Mangueirão [?]... (PEREIRA, Laércio Elias, Entrevistas). Lino Castellani Filho - outro "paulista" - lembra quando começou a trabalhar no Maranhão, em 1976, trazido pelo Sidney Zimbres: Foi através do Sidney, que tinha ido para o Maranhão antes de mim na época eu estava trabalhando em Ribeirão Preto, no Botafogo de Ribeirão Preto, e eles estavam montando equipe de trabalho no Maranhão: o Sidney estava empolgado, de férias em Atibaia, cidade onde ele morava, os familiares moravam, onde nós nos conhecemos, enfim. Ele fez alusão ao Maranhão, e me convidou para conhecer o Maranhão, e foi por ele então que eu fui no primeiro momento. Lá, montaram um esquema de visitas, todo ele sedutor, e eu fui totalmente seduzido pelo Maranhão. Foi em 76, começo de 76.
Eu cheguei ao Maranhão, eles fizeram uma proposta, me colocaram algumas possibilidades de trabalho, nesse jogo de sedução, em janeiro de 76; eu voltei, desvinculei os compromissos que
eu tinha em Ribeirão Preto e fui para lá, definitivo em Fevereiro, Março de 76; e os meus primeiros trabalhos no Maranhão foram no MAC, Maranhão Atlético Clube, como Preparador Físico; eu dava aula no CEMA, Centro Educacional do Maranhão, em primeiro e segundo grau, e logo naquele mesmo ano eu me envolvi na construção de um projeto para Educação Física, na Educação Superior, na... hoje UEMA, naquela época FESM; não tinha curso de Educação Física, tinha o setor de prática esportiva, por conta da implementação daquele decreto, daquela lei 6251 de 75 que já apontava, para a regulamentação de 77 que veio, que veio depois, e falava da parte esportiva obrigatória; e eu, o Zartú, que trabalhamos em torno do projeto. O Zartú era o coordenador na época, e eu tive essa associação. Eu entrei na Universidade Federal do Maranhão em 78, não era administrativo não, era um cargo técnico era... Técnico em Assuntos Educacionais, ligado a um projeto de desenvolvimento do esporte universitário vinculado a Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis. O DAC era o Departamento de Assuntos Culturais da Pró-Reitoria de Extensão, mas eu estava ligado ao DAE, Departamento de Assuntos Estudantis; e depois fui para o outro departamento, de Interiorização, que me levou a desenvolver projetos coletivos de políticas públicas pelo interior do Maranhão; Nesse meio tempo eu já fiz parte, mesmo como técnico em assuntos educacionais, do primeiro corpo docente, da criação do curso de Educação Física da UFMA; eu já assumi, de cara, a responsabilidade por duas disciplinas lá, lembro que uma delas era organização esportiva; a outra eu não sei, não lembro qual era; e todo processo de criação do curso, lá, eu me envolvi desde o primeiro momento, com o grupo; mesmo em eu formalmente na função de técnico, mas, eu, Mary, Sidney, Laércio, desenvolvemos a criação do Curso Educação Física do ITA, depois virou MENG né?; Hoje OBJETIVO, mas na época, o curso funcionou na época do ITA; tinha a Terezinha Rego, que era a dona do ITA; mas aí na época do Márcio já não tinha mais o curso, nós ficamos um pouco, e o curso cutucou o pessoal da Universidade Federal, a correr atrás do processo de criação do curso da Federal. Eu praticamente desenvolvi o projeto, mas eu, propriamente não trabalhei, eu só me envolvi no projeto, já naquela época a FESM, eu acho que foi um pouco depois da minha chegada não foi em 76 não, foi já em 77 depois do decreto 80.228, que sistematiza a questão do esporte Universitário, o que eu fiz quando eu cheguei, além do MAC, do CEMA, foi trabalhar no SESC, e foi aí o meu primeiro contato com o Dimas por que o Dimas era professor do SESC; Eu praticamente entro no lugar dele. (CASTELLANI FILHO, Lino. Entrevista). Aldemir Mesquita, professor de educação física da antiga ETFM, onde dava aulas de futebol de salão e handebol, fala da importância desses professores "estrangeiros" para o desenvolvimento do esporte em Maranhão: Chegava uma pessoa aqui em São Luís, que praticava esporte, que treinava, chegava - eu sou professor de Basquete - começava a trabalhar ... [Prof. Ronald] dava oportunidade nessa época para ele aqui no CEFET, na Escola Técnica; arranjava um contrato provisório de dois meses, três meses ele vinha treinava e nós tínhamos professor de basquete, às vezes nós tínhamos treinador de vôlei, mas ele convidava, como se fosse em vez do professor sair daqui para fazer uma especialização lá fora, seria mais difícil ele tirar uma pessoa daqui para fazer uma especialização lá fora. Chegava um professor, um professor desse aqui em São Luís, na hora que ele chegava ele via a qualidade do rapaz ele fazia um contrato de prestação de serviço com a escola... Aconteceu com vários professores que eu conheci, inclusive era colega nosso, mas eu sempre dizia assim - nós vamos aprender com esse pessoal, nós não temos oportunidade de sair daqui, eles estão trazendo conhecimento para nós. Então achava como a pessoa chegava aqui era estrangeiro, era aquilo, aquilo outro, havia aquela critica muita das pessoas desinformadas às vezes falava isso, mas fui o único que defendi isso, era o conhecimento para ter uma visão melhor do esporte.
O professor [Ronald] fez muito isso, deu oportunidade dentro da Escola Técnica, nem uma vez para tomar o lugar de ninguém. (MESQUITA, Aldemir Carvalho de. Entrevistas). Cláudio – junto com Laércio, Simei, e Domingos Salgado, e a participação de Dimas – são os responsáveis pela criação dos cursos de educação física no Maranhão. Houve uma tentativa da fundação de uma Escola de Educação Física na FESM, chegando ser baixado um Decreto - LEI NO. 3.489, de 10 de abril de 1974. Cria a Escola Superior de Educação Física do Estado do Maranhão e dá outras providências. DIÁRIO OFICIAL, São Luís, Sexta-feira, 10 de maio de 1974, ano LXVII, no. 88, p. 1 -, já com Magno Bacelar como Secretario de Educação. “Tínhamos um interesse de fazer uma Escola de Educação Física aqui, então trouxe Domingos Fraga Salgado para criar e Escola de Educação Física”. Foi Domingos Salgado quem obteve toda documentação, e o curso vingou na UFMA. Mas o objetivo era para ser na Federação das Escolas Superiores do Maranhão – a antiga FESM, hoje UEMA. Chegou a ser criada uma escola, em nível de segundo grau profissionalizante, no antigo ITA, da Professora Terezinha Rego. É quando chega a Simei Bílio para implantar a prática de Educação Física na UFMA e daí que se cria o curso de Educação Física: Eu sei que nós chegamos, avançamos, não foi concretizado, eu sei nós avançamos nesse ponto, o Salgado veio para cá fazer isso, eu trouxe ele para cá. No tempo eu tinha muita liberdade de pagar, Magno quando queria o serviço pagava do próprio bolso, não tinha o Wellington e ele me davam um cheque, hoje ele é um homem de porte limitado, na época ele era o mandão, então ele me apoiou demais. Quando o Magno assumiu eu fiquei muito forte na Secretaria. Em 1974, pela Lei no. 3.489, de 10 de abril, o Governo do Estado cria a Escola Superior de Educação Física do Estado do Maranhão, com o objetivo (art. 1º) de formar professores e técnicos de Educação Física e Desportos bem como desenvolver estudos e pesquisas relacionados com a sua área específica de atuação. O curso fora criando com toda a estrutura, com coordenação, área, dotação orçamentária... Mas não foi implantado. Na mesma época, a Universidade Federal estava implantando o dela e, parece, houve um acordo em que o Estado abriria mão então de iniciar o seu curso para dar oportunidade para que a Universidade Federal abrisse o dela.
Domingos Fraga Salgado Arquivo Jornal O Estado do Maranhão 1978 RINALDI LASSALVIA LAULETA MAIA, nascido São Luís do Maranhão no dia 05 de fevereiro de 1914, filho de Vicente de Deus Saraiva Maia e de Júlia Lauleta Maia; iniciou sua carreira esportiva como crack de futebol, no América - clube formado por
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garotos do 2 ano do ginásio, e que praticava o "futebol com os pés descalços". Em 1939, o jovem atleta já era jogador do Liceu Maranhense, sagrando-se bicampeão estudantil invicto, nos anos de 1941 e 1942. Apesar de jogar no Liceu, Rinaldi ª figurava em quadros da 1 divisão da Federação Maranhense de Desportos - FMD -, primeiramente no Vera Cruz (o clube que nunca perdeu no primeiro tempo...), onde fez "misérias" ao lado de Sarapó, Jenipapo, Cícero, Sales, etc. Depois, figurou na equipe do Sampaio Corrêa. No "Bolívia", Rinaldi foi elemento destacado, muito embora jogasse ao lado de um Domingão. Foi considerado "O Menino de Ouro" da "Bolívia". Em 1941, Rinaldi começa a praticar o Basquetebol, tendo ao lado Gontran Brenha e Eurípedes Chaves e outros, defendendo as cores do Vera Cruz. Nessa época, não havia campeonatos de bola ao cesto, contudo, era público e notório que o Vera Cruz era o campeão da cidade. O grêmio do saudoso Gontran apenas tinha como adversário perigoso o quadro do "Oito de Maio". Nas disputas de Vôlei levava sempre a pior, porém, vencia todos os encontros de bola ao cesto. O Vera Cruz era um campeão autêntico... O melhor ano do esporte para Rinaldi foi 1942. Nessa temporada o jovem atleta conquistou nada menos de três títulos sugestivos: campeão invicto de futebol pelo Sampaio Corrêa; campeão invicto de futebol, pelo Liceu Maranhense; e campeão de basquetebol, pelo Vera Cruz. Em 1943, coberto de louros, Rinaldi embarcou para o Rio de Janeiro, a fim de cursar a Escola Nacional de Educação Física. Na Cidade Maravilhosa, o filho de Vicente de Deus Saraiva Maia conseguiu seu objetivo, formando-se como Professor de Educação Física. Voltou a São Luís em 1945. Muita gente julgou que Rinaldi ainda fosse um crack da esfera. Contudo, mero engano! O jovem atleta apenas apareceu em campo, no dia de seu desembarque, para satisfazer o pedido de amigos, mas fez ver que havia abandonado o futebol em definitivo. Seu esporte predileto passa a ser a bola ao cesto. Em 1946, Rinaldi figurava na equipe de basquetebol do Moto, sagrando-se campeão do "Torneio Moto Clube". Quando da visita do "five" rubro-negro a Belém, Rinaldi teve oportunidade de brilhar na capital guajarina e colaborou naquela magnífica campanha dos motenses. Em 1947, Rinaldi tomou outra decisão. Deixou o Moto Clube e tratou de reorganizar o Vera Cruz, seu antigo clube. O seu sonho foi realizado, uma vez que o Vera reapareceu e hoje figura na liderança do campeonato de basquetebol da cidade. E Rinaldi é figura destacada no grêmio cruzmaltense. Atua na guarda, onde se vem destacando, juntamente com o professor Luiz Braga, outra grande figura do basquete maranhense. Cabe ressaltar que o Vera Cruz foi campeão naquele ano. (O ESPORTE, São Luís, 25 de outubro de 1947, p. 2.). GRAÇA HELUY - foi professora do Colégio Santa Teresa e da Divisão de Educação Física do Município de São Luís; em 1980, junto com Celeste Muniz, abriu a Academia de Ginástica São Francisco - uma das primeiras do Estado, e hoje, sob a direção de sua filha, Carolina, também professora de Educação Física -. Ainda adolescente, envolveu-se com o esporte, o Voleibol em especial; fez o Curso Normal, no Instituto de Educação, onde teve como professoras Ildenê Menezes e Celeste Muniz; participou dos Jogos da Primavera, disputados no Casino Maranhense (décadas de 50/60); quando terminou a Escola Normal, foi para Pernambuco, fazer o Curso de Suficiência em Educação Física, na Escola Superior do Recife; na volta, assumiu o lugar de Mary Santos, como professora de Educação Física do Santa Teresa; na primeira participação do Maranhão nos JEB's, Graça, junto com o Coronel Alves, dirigiu a seleção de voleibol feminino; criou os Jogos Interclasses do Santa Teresa; implantou outras modalidades , criando escolinhas, quando assumiu a Coordenação de Educação Física e Esportes do colégio; paralelamente, trabalhava na Divisão de Educação Física do Município, como professora, chegando a assumir a direção daquela Divisão; criou os Jogos Infantis do Município, com a participação, inclusive, de escolas da zona rural. Em abril de 1980, afastou-se do Santa Teresa e do Município, dedicando-se apenas à sua academia de ginástica, desde então. In BIGUÁ, Edivaldo Pereira; BIGUÁ, Tânia. Onde anda você. Professora Graça Helluy. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 07 de dezembro de 1998, Segunda-feira, p. 4. Esportes. LUIS ARANHA – foi Secretário do Liceu Maranhense, grande incentivador da educação física e esportes. RUI GUTERRES – professor de educação física CECILIA MOREIRA – professora de Educação Física da UFMA; foi Secretária de Estado de Desportos e Lazer CELSO BALATA CAVAGNAC, em 1969, já era professor de natação da Escola Técnica Federal do Maranhão - hoje, IF-MA -, por onde se aposentou; morou em Imperatriz, onde exercia comércio; já falecido. JAFFE MENDES NUNES trabalhou como Professor de Educação Física na então ETFM, onde era funcionário; radiaista, foi um dos grandes incentivadores do Futebol de Salão (Futsal). FRANÇA – professor de voleibol da ETFM – hoje IF-MA -; ex-aluno, foi um dos destaques do esporte estudantil nos anos 60; na década de 70 atuou como professor de Voleibol. ELDIR CAMPOS CARVALHO – professor de educação física, ex-oficial do Exército, foi coordenador de educação física do IF-MA por muitos anos. JUAREZ ALVES DE SOUSA – ex-sargento de educação física do Exército Brasileiro; ao se reformar, passou para o quadro de professores do IF-MA; onde foi técnico de Atletismo e Handebol; aposentado. LAÉRCIO ELIAS PEREIRA: Doutor em Educação Física; Professor da Universidade Católica de Brasília, onde dirige o Laboratório de Informação e Multimídia em EF-LIMEFE; Coordenador do Projeto Centro Esportivo Virtual Unicamp/UCB; em suas próprias palavras, nascido há mais de meio século (11 de outubro de 1948) em São Caetano do Sul - SP, onde se formou e trabalhou como metalúrgico como quase todo mundo lá; veio para a vida a passeio - e não em viagem de negócios. Cursou Educação Física na USP [Faculdade de Educação Física da Universidade de São Paulo - FEF/USP], depois de um vestibular em Sociologia. Passou por várias universidades (São Caetano, Maranhão, Paraíba, Mossoró, Minas Gerais) e foi assessor da SEED-MEC. Atualmente é professor da Universidade Católica de Brasília, onde dirige o Laboratório de Informação e Multimídia em EFLIMEFE, é pesquisador associado da Escola do Futuro - USP, coordena o Centro Esportivo Virtual no NIB-Unicamp e é Coordenador de Projetos Especiais da ESEF de Muzambinho ESEF. Gostou de ter escrito a "Parábola da Aula Final", ter sido
secretário da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - SEC/MA e presidente do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte - CBCE. Fez doutorado na UNICAMP (a tese foi o CEV), é membro do Conselho Federal de Educação Física e goleiro de futebol de salão do Antigamente Futebol Clube há 30 anos. Para saber mais, acesse http://www.cev.org.br/grcev/laercio. Refere-se à Simey Ribeiro Billo, maranhense - inclusive tinha sido Miss Maranhão anteriormente -, professora de Educação Física. CARLOS ALBERTO FERREIRA ALVES – militar, Voleibol. Nasceu em 1928. Em 1945, jogava Basquetebol pelo Liceu Maranhense. Conhecido, nos meios esportivos do Maranhão, como Tenente Alves, por toda uma geração de esportistas, de Basquetebol, de Voleibol, e de alunos de vários cursos de Educação Física que ministrou. 1946 - jogava pelo Moto Clube de São Luís. Cursou a Escola preparatória de Cadetes, em Fortaleza, por onde jogava Basquetebol e Futebol de Salão; foi para a Academia º Militar das Agulhas Negras e lá também se destacou no Basquetebol. 1953 estava de volta ao Rio de Janeiro, como 2 Tenente; 1955 retorna à São Luís, formando ao lado de Rubem Goulart, Rinaldi Maia, Carlos Vasconcelos e Ronald Carvalho um dos melhores times de Basquetebol do Maranhão; foi um dos fundadores da Federação Maranhense; foi presidente da Federação Maranhense de Desportos - FMD; 1968 - administrador do Ginásio Costa Rodrigues, a convite do Secretário de Educação, Cabral Marques; o então Major Alves deva aulas de Basquetebol, Handebol, Voleibol, ao lado de Dimas, Rinaldi Maia e Vanilde Leão. Foi Diretor de Esportes do SESC até 1972, ano em que foi técnico de Voleibol - masculino e feminino - e Basquetebol - masculino - da seleção que participou dos JEB's de Maceió - na primeira participação do Maranhão. Fonte: BIGUÁ, Tânia; BIGUÁ, Edivaldo Pereira. Onde anda você ? Alves - atleta e técnico. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 17 de novembro de 1997, Segunda-feira, p. 4. Caderno de Esportes. LINO CASTELLANI FILHO é docente da Faculdade de Educação Física da Unicamp; pesquisador-líder do “Observatório do Esporte” – Observatório de Políticas de Educação Física, Esporte e Lazer – CNPq/Unicamp e coordenador do Grupo de Trabalho Temático “Políticas Públicas” – CBCE. Foi presidente do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte, CBCE (1999/01 – 2001/03); secretário nacional de Desenvolvimento do Esporte e do Lazer – SNDEL, do Ministério do Esporte (2003/06). Autor e coautor de vários livros. Foi professor da UFMA MARCÃO, como é conhecido MARCOS ANTONIO DA SILVA GONÇALVES - embora não tenha concluído seu curso de Educação Física, na EEF/USP, foi trazido pelo Laércio devido à sua experiência como administrador esportivo - função que exercia no SESI de Santo André, em São Paulo; atleta excepcional, era da mesma turma do Laércio, e teve importância muito grande na organização dos primeiros Jogos Escolares. Após um período em São Luís - cerca de cinco anos -, retornou para São Paulo, andou pela África, e atualmente, mora em São Luís, onde é vice-presidente e secretário da Federação de Desportos Escolares, recém fundada. BIGUÁ, como é conhecido EDIVALDO PEREIRA - foi um dos atletas trazidos para jogar Handebol pelo Maranhão; trabalhou como técnico, como professor de educação física, jogador de futebol de salão, de voleibol; jornalista ... casado com Tânia, atleta de voleibol, hoje, professora de Educação Física e Jornalista, mantêm uma coluna em jornal local, onde traçam as memórias do esporte maranhense. VICHÉ, como é conhecido VICENTE CALDERONI NETO - outro atleta trazido à época para jogar pelo Maranhão. Trabalhou como técnico de Handebol e professor de educação física. Formou-se em Educação Física pela UFMA. Casado com Fátima Calderoni, sua ex-atleta, hoje, médica, uma das lendas do handebol feminino do Maranhão. DOMINGOS FRAGA SALGADO foi um professor de Educação Física da UFMA; trabalhou no MEC, na África. Seu genro, Enzo Ferraz, médico ortopedista, atua em Medicina Esportiva, no Maranhão. Horácio – um dos ‘paulista’, trazidos pelo Laércio, na época (75/76) para implantar as escolinhas de esportes da época de Claudio Vaz; pçermamneceu dois ou três anos em São Luis. DEMOSTHENES MONTOVANI foi professor de judô, da UFMA; aposentado. NÁDIA COSTA foi professora da UFMA, mulher do Laércio Elias Pereira (hoje, estão separados); atualmente, mora na França, onde se dedica a criar cabras e a fabricar queijos, e trabalha com Biodança. JORELZA MANTOVANI era casada com Demósthenes Mantovani, à época. Voltou para sua cidade natal, Ponta Grossa, no Paraná. SIDNEY FORGHIERI ZIMBRES, professor de educação física na UFMA, hoje aposentado; foi um dos fundadores do Curso de Educação Física. Ver dados biográficos nos anexos, entrevista LINO CASTELLANI FILHO, doutor em educação física, hoje é professor da FEF/UNICAMP; sua tese de mestrado, em Educação PUC-SP - sobre a história da educação física, tornou-se um marco de referência para os estudos da educação física no Brasil. Lino era técnico em assuntos educacionais na UFMA, ligado ao Departamento de Assuntos Culturais, e dava aulas no curso de Educação Física. Quando saiu para o Mestrado, após a volta, foi impedido de dar aulas, o que ocasionou sua saída da UFMA, sendo contratado pela Unicamp. Ver dados biográficos nos anexos – Entrevistas JOSÉ CARLOS CONTI ZARTÚ GIGLIO CAVALCANTE, professor de Voleibol, Doutor PASCHOAL BERNARDO – professor de educação física da UFMA CARLOS ALBERTO PINHEIRO BARROS economista, dirigiu a Coordenação de Educação Física e Desportos, depois Departamento de Educação Física, Esportes e Recreação, em substituição à Cláudio Vaz.
LISTER CARVALHO BRANCO LEÃO, professor de Educação Física do CEMA/TVE, do Município e da FUNDEL, onde coordena o setor de esportes; atuou por muitos anos no handebol, e ultimamente, vem atuando com o Futebol de Bairros, organizando os campeonatos da fundação do Município; foi coordenador de desportos da SEDEL. ÁLVARO PERDIGÃO, ex-atleta de Handebol, passou a atuar como técnico, função que exerce até hoje, tanto no Estado como no Município e em diversas escolas particulares. MANGUEIRÃO, como é conhecido JOSÉ HENRIQUE AZEVEDO, ex-atleta de Handebol, passou a atuar como técnico, função que exerce até hoje, tendo conquistado vários títulos, tanto nos JEM's, como técnico da seleção estadual. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. HANDEBOL NO MARANHÃO. In BLOG DO LEOPOLDO VAZ. http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2013/08/27/handebol-no-maranhao-novos-achados/; ver também ATLAS DO HANDEBOL NO MARANHÃO, disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2013/06/17/atlas-do-esporte-nomaranhao-handebol-2/ ; disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/ CASTELLANI FILHO, Lino. DJALMA SANTOS 8.0… NÓS JOGAMOS COM ELE! em http://www.universidadedofutebol.com.br/Jornal/Colunas. publicado em BLOG DO LEOPOLDO VAZ, disponível em in http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/?s=djalma+santos ZIMBRES, Sidney Forguieri. ENTREVISTA realizada com o professor Sidney Forghieri Zimbres, na residência do entrevistador, à Rua Titânia n.º 88, Recanto dos Vinhais, no dia 24 de março de 2001, iniciando às 8:30 horas. DEPOIMENTO ENVIADO ATRAVÉS DE CORREIO ELETRÔNICO. De: Laércio Para: Leopoldo Assunto: respostas do questionário do Dimas Brasília, 28 de fevereiro de 2001. GONÇALVES, Marco Antonio da Silva. ENTREVISTA com o professor, Marcos Antônio da Silva Gonçalves, realizada no Estádio Nhozinho Santos, 09:35. 2001 ENTREVISTA com Edivaldo Pereira Biguá, realizada na Sede da Federação Maranhense de Voleibol, no Ginásio Costa Rodrigues, no dia 04 de julho de 2001 com inicio às 10:07hs. ENTREVISTA realizada com o professor Doutor Lino Castellani Filho, realizada no dia 06 de abril de 2001, inicio às 18:06 horas, hotel Ouro Verde, em Maringá, Paraná. ENTREVISTA REALIZADA NO DIA 27/06/2001. LOCAL: CENTRO FEDERAL TECNOLOGICO - CEFET, NO PÁTIO ESPORTIVO COM O PROFESSOR ALDEMIR CARVALHO DE MESQUITA. LEI NO. 3.489, de 10 de abril de 1974. Cria a Escola Superior de Educação Física do Estado do Maranhão e dá outras providências. DIÁRIO OFICIAL, São Luís, Sexta-feira, 10 de maio de 1974, ano LXVII, no. 88, p. 1 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. MEMÓRIA ORAL DOS ESPORTES, DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DO LAZER MARANHENSE - 1940/1990. 2009. Volume III da Coleção Memória(s) do Esporte, Lazer, e Educação Física - Apontamentos para sua História no Maranhão (inédito) VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ARAUJO, Denise Martins. QUERIDO PROFESSOR DIMAS (Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araujo) e a Educação Física maranhense: uma biografia (autorizada). São Luis: EPP, 2014.
UMA SEMANA EM CUBA
O autor do texto no Centro Comercial Hicacos ao lado da efígie de Che Guevara.
JOÃO FRANCISCO BATALHA Em maio/junho de 2018 estive em Cuba, o arquipélago comunista de Fidel Castro, formado por planícies onduladas, colinas e montanhas de clima tropical e banhada pelo estreito da Flórida, Oceano Atlântico, Golfo do México, Mar das Caraíbas, e famosa por sua história cultural e política. Conheci Havana, onde cheguei no dia 25 de maio, tendo como guia do roteiro a simpática e eficiente Irma, da Agência de Turismo Cubatur. À noite, participamos de jantar festivo no La Moneda Cubana. No dia seguinte, fizemos tour em outros pontos turísticos da cidade, com jantar liberado. Dia 27, acompanhado de Celeste e Aires fui ao Centro Cultural San José, (antigos armazéns de depósitos), feira de artesanato que fica em um velho galpão onde fora um estaleiro. Ao lado, almoço com música ao vivo, nas proximidades do Porto de Havana. Por sinal, de águas muito poluídas. Na feira, visitamos lojas onde existem, expostas à venda, pinturas, esculturas de madeira, objetos de couro e bijuterias. Camisas Guayabera, camisetas com efígie de Guevara e bonés militares com a estrela vermelha, símbolo do partido comunista cubano. Antes, passamos por uma igreja Ortodoxa e, no final do passeio, pelo porto dos navios. À noite, dancei Rumba no Memories Miramar Havana. No dia 28, fizemos visita à Gran Logia de Cuba. Lá, obtivemos informação de que existem em toda a república cubana 27.000 Maçons, distribuídos em 322 Lojas, que agregam pessoas simpatizantes e contrárias ao governo local. Em Havana, também obtivemos a informação de que 70% da população cubana trabalha para o Estado, e todos ganham mal. O país não tem trabalho para alavancar sua economia e os que trabalham ganham pouco. Ouvi, de algumas pessoas, confissões temerosas e queixumes de falta de liberdade no país. Primeira semana no Hotel Monte Habana, bairro de Miramar, região de Plaglia, esquina da Rua 70 com a 5ª Avenida, com café da manhã no Memories Mirante Habana. Posteriormente, nos levaram para conhecer outros pontos turísticos da cidade, entre os quais, Museu de Cuba, Praça da Catedral, Almacén San José, Cemitério de Havana, Capitólio Nacional, sede da Academia Cubana de Ciências, Palácio de La Revolución e Plaza de La Revolución, o coração político de Havana. Memorial José Marti e La Bodoguita del Medio. À noite fomos ao “show com Jesus Aguaia y su Orquestra”, no Buena Vista Habana Café, na Avenida Paseo, um espetáculo de cabaré e de bandas cubanas que nos remete aos anos 1950. Percorremos, também, o centro histórico, Patrimônio da Humanidade, com magnifico conjunto arquitetônico, mansões, palácios, igrejas, museus e galerias de arte. Visitamos charutarias, compramos charutos e fomos agraciados por um irmão de maçonaria, gerente da Loja, com drinques de Rum.
Logo no segundo dia, nossa guia, a simpática Irma, uma ferrenha defensora do sistema comunista de Cuba, identificou-se como sendo nossa cunhada de Maçonaria. Com essa revelação, as coisas ficaram mais afáveis. Na feira de artesanato, também, uma elegante vendedora, por sinal gentil e cortês senhorita, identificou-me como sendo Maçom pelo anel que eu usava no dedo anelar esquerdo. Fez questão de me abraçar com vigor, dizendo: Abrázame. Yo soy su sobrina. Mi papá también és masón. Es su hermano de masoneria. Na semana seguinte, fomos a Varadero, com passagens pelo Vale de Cumarim, Macunharim e Yumury, onde fica a ponte Bacunayagua, a mais alta de Cuba, com 112 metros de altura e que nos oferece uma agradável vista do vale. Atravessamos, também, o rio Canimar. Em Varadero, o paraíso das praias caribenhas, de águas cálidas e mar azul, ficamos hospedados no Resort do Meliã Marina Varadero, na ponta da península de Hicacos, entre a baia de Kardenas e o mar das Antilhas, oposto ao Caribe. Moderno resort que trabalha no sistema “tudo pago”, com cinco piscinas, academias, quadras poliesportivas, clube infantil, parque aquático, shows noturno, salas de reuniões, quatro restaurantes à la carte, restaurante bufê, bares, praia privativa com transporte rápido e eficiente incluído, lojas e perfumarias. No vilarejo conhecido como “Pérola do Caribe” e pertencente à província de Matanzas, fizemos um magnífico passeio panorâmico. Destaque, também, para suas lindas praias, como Playa Sirena, Playa Larga e Pilar com mar calmo, cristalino e areia prateada. Ainda em Valadero visitamos uma feira de artesanato, que não nos entusiasmou sob o ponto de vista de novidades. Matanzas, que conhecemos de passagem, pareceu-nos uma bela cidade, com vista panorâmica muito bonita. É, também, conhecida como cidade das pontes. Fica no Vale de Yumuri e dotada de grandes riquezas culturais , entre as quais o Teatro Sauto, símbolo da cidade polo, e seu esplendor arquitetônico. Notei que as casas não são cobertas de telha. A quase totalidade é de laje ou material semelhante. Entre Havana e Matanzas, vi criação de cordeiros, búfalos e gado leiteiro. Um dos trunfos do povo cubano são as apresentações de show com dançantes de Rumba, Mambo, Merengue e Salsa, que escondem a tristeza dos compañeros e de sua gente sofrida e castigada pelo regime comunista e pela escassez de produtos. Gente alegre e sentimental, povo desesperançado e temeroso. Como suvenir, encontramos os afamados charutos, as tradicionais camisas guayabera e os bonés com a estrela do partido cubano, ou boinas com efígie que exalta culto à personalidade de Fidel Castro ou de Che Guevara. Nota-se que no país reside uma população reprimida, amedrontada e dominada pela desconfiança. No aspecto gastronômico, representam a cultura e os costumes da ilha a culinária com o arroz, feijão, carne de vaca e de porco, frango, milho, batata e aipim, além de camarão pequeno, lagosta e caranguejo. Drinks de cuba-libre, daiquiri, ou coquetel de mojito, todos à base de rum, e bucanero, que é a cerveja local, com tira-gosto de torresmo. Como São Luís, em Havana existem duas cidades, a antiga e a nova. A antiga, de ruas estreitas e velhos casarões, que expõem nas janelas o colorido dos varais de roupas usadas; e, a nova, que só tem de beleza os traçados das ruas planas e extensas, avenidas dispostas em ordem numeral: Primeira Avenida, segunda, terceira... cujo planejamento e existência duram mais de meio século. A orla Malecón é o cartão postal da cidade de Havana e ponto de encontro da capital cubana, com restaurantes, cafeterias e sorveterias. Ainda existem, em Havana, praças revestidas de ácana (uma das melhores madeiras de Cuba). Em uma destas praças estão expostos os grandes sinos que chamavam os escravos para o trabalho. Ajudam a enfeitar suas ruas os automóveis de cores fortes, dos anos 40 e 50 do século passado. Cadillacs estilosos e coloridos, antigos clássicos americano. O país tem duas moedas: o CUP, peso cubano desvalorizado, que é a moeda dos nativos, e o CUC, peso cubano convertido a Euro, que é a moeda do turista. Cartão de crédito? Nem pensar. A fragrância forte dos charutos está por toda a parte da cidade antiga e defumadores expostos em suas calçadas. Nas diversas tabacarias da cidade, também, venda de rum, a bebida preferida local. Saudação: Olá! ( * ) ALL Cadeira n º 19
A IMPORTÂNCIA DE NASCIMENTO MORAIS FILHO COMO EXPOENTE DO MODERNISMO NO MARANHÃO E NA PESQUISA SOBRE MARIA FIRMINA DOS REIS NELSON MELO (jornalista e escritor) Publicado em O ESTADO MA 13/14 DE JULHO DE 2019 Com a aproximação da data de nascimento do grande poeta José Nascimento Morais Filho, torna-se prudente relembrar sua importância como expoente do Modernismo em nosso estado. Nascido em 15 de julho de 1922, em São Luís/MA, ele permanece vivo na história literária/cultural maranhense, sendo que deve ser lembrado por sua forma suave e filosófica de escrever suas poesias. A sua pesquisa sobre a escritora Maria Firmina dos Reis é outro ponto que jamais pode ser ignorado. A professora universitária Natércia Moraes Garrido, neta de José Nascimento, é uma das pessoas que se esforça para que o lado poeta dele seja sempre enfatizado em qualquer análise sobre o seu avô. Autora da obra “A Poética Modernista em ‘Azulejos’ de Nascimento Morais Filho”, ela assinalou que o aspecto modernista já pode ser detectado bem antes de 1950, durante o funcionamento do Centro Cultural Gonçalves Dias (CCGD), fundado em São Luís por Morais Filho juntamente com outros intelectuais da época. Esse centro, aliás, teve papel muito importante na década de 1940, uma vez que seus integrantes promoviam debates relacionados à literatura e à cultura, e, ao mesmo tempo, divulgavam ideias e pensamentos novos no contexto maranhense. Isso, de certa forma, já introduzia o Modernismo em nosso estado. Nesse sentido, a essência da Semana de Arte Moderna, considerada o marco que consolidou o movimento modernista no Brasil, chegava ao território maranhense e era difundido pelo CCGD. Natércia, em sua obra, descreve que, na década de 1940, vários intelectuais saíram do Maranhão para o eixo Rio-São Paulo, “seja por necessidades econômicas, seja por perseguição política de caráter provinciano, ou ainda por falta de espaço ou patrocínio local que os permitissem escrever e expor suas ideias”. Mas outros ficaram, como Nascimento Morais Filho, que, com os demais, lutou por questões cruciais e de interesse social. Conforme Natércia Garrido, o Centro Cultural Gonçalves Dias surgiu com o objetivo de ler e discutir textos, autores e estética até então inacessíveis aos jovens maranhenses. Nas palavras da autora, “desta forma, entende-se que o verdadeiro diálogo com a proposta modernista no tocante ao rompimento com o academicismo, só acontece quando esta geração maranhense começa a publicar seus escritos a partir de 1940”. Nascimento Morais Filho, nesse contexto, integrou esse movimento e ajudou na difusão dessa nova forma de escrever poesias. A neta do poeta observa que somente no período de 1950 os intelectuais da década anterior “voltarão mais ativamente para a reflexão social”, com textos sobre desigualdade social, luta pelo direito de sobreviver, liberdade e denúncias contra o descaso da cidade. Ela menciona a obra “Clamor da hora presente”, de Nascimento Morais Filho, que possui características distintas e amadurecidas em comparação com o poema “Horizonte vesperal”, também escrito pelo avô dela. A professora Natércia observa que o seu avô levou para as rodas de debate, no Centro Cultural Gonçalves Dias, ideias de nomes ilustres, como Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, no sentido de renovar o interesse do público para questões mais próximas da realidade, em comparação com apenas a estética do próprio texto. O pai de Nascimento Morais Filho, o também escritor José Nascimento Moraes, autor de “Vencidos e Degenerados”, ofereceu seu apoio aos jovens intelectuais. Embora não se possa ignorar a importância do poeta Bandeira Tribuzzi para o Modernismo no Maranhão, sendo que ele passou uma temporada em Portugal e retornou a São Luís com inovação poética, também é importante destacar o papel que Nascimento Morais Filho exerceu para a difusão do movimento modernista
aqui. Morais também é autor de outras obras, além de “Clamor da hora presente”, como “Azulejos”, “Esfinge do Azul”, “Pé de Conversa” e “Esperando a Missa do Galo”. Bem como “Maria Firmina dos Reis: fragmentos de uma vida”, sendo que essa (re)descoberta da obra da romancista maranhense é reconhecida no mundo inteiro, transformando-se em temas de trabalhos acadêmicos no Brasil e fora do País. O escritor e jornalista Manoel Santos Neto se refere a Nascimento Morais Filho como um “espírito irrequieto, alma generosa e combativa”, além de um “homem único e múltiplo, polêmico e incorruptível, um ícone de todas as nobres causas”. A produção literária de Nascimento Morais Filho, portanto, não pode ser ignorada, pois sua poesia está registrada na história da literatura maranhense. Ou melhor, na literatura mundial. O dia 15 de julho é o começo da vida de um homem que dedicou sua vida inteira para a preservação dos valores estéticos literários por meio de textos repletos de significados sociais e filosóficos. A voz do poeta, que faleceu em 21 de fevereiro de 2009, continua ecoando para além das fronteiras e dos oceanos, contribuindo para inovações no fascinante mundo da poesia. Nascimento Morais Filho e sua pesquisa sobre Maria Firmina dos Reis Maria Firmina dos Reis é considerada a primeira escritora negra do Brasil, sendo que nasceu em São Luís no dia 11 de outubro de 1825. Sua obra “Úrsula” continua ecoando pelo mundo. Filho do escritor José Nascimento Morais Filho, Renan Nascimento Morais frisou que seu pai foi o responsável pela descoberta de Maria Firmina e pela divulgação de sua brilhante obra literária no cenário maranhense, onde até então era desconhecida. Por dez anos, prosseguiu o médico-veterinário e presidente da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (Anclivepa/MA), José realizou uma extensa pesquisa sobre a escritora maranhense. Maria foi a primeira romancista da literatura brasileira e primeira poetisa da literatura local, sendo muito estudada nas grandes universidades internacionais. “Úrsula”, importante frisar, tornou-se o primeiro romance da literatura afro-brasileira, tendo sido publicado em 1859, e denuncia, em sua mensagem implícita no explícito enredo, as condições pelas quais os africanos e mulheres passavam no período anterior à abolição da escravatura no Brasil. O médico-veterinário ressaltou a importância indiscutível da escritora não apenas para a literatura maranhense, como, também, para a mundial. O pai dele, aliás, foi o autor da primeira biografia da romancista, que foi intitulada “Maria Firmina: fragmentos de uma vida”, lançada em 1975. Inclusive, salientou Renan, Nascimento Morais Filho inaugurou, em 1975, na Praça do Panteon, região central de São Luís, o busto de Maria Firmina. O poeta, com seu projeto de resgate da romancista, demonstrou sua preocupação em preservar a memória cultural do Maranhão, fomentando os estudos de diversas áreas do conhecimento, como Antropologia, Artes Plásticas e Literatura. Da pesquisa feita pelo seu pai, resultaram trabalhos acadêmicos e obras sobre Maria Firmina, com destaque para a tese sobre a romancista defendida por Charles Martin na Universidade de Nova York. Martin, em seu texto, descreveu que o romance Úrsula foi publicado em 1859, mas o nome da autora era representado pelo pseudônimo “uma Maranhense”, passando a circular em 1860. Maria Firmina, cabe descrever, mostrou a importância feminina na literatura como reconstrução da história, levando a reflexões sobre a questão escravocrata e da mulher. Segundo autores de trabalhos sobre a autora, ela era autodidata e seus conhecimentos foram adquiridos por meio de muitas leituras. Reis, inclusive, lia e escrevia em francês fluentemente. Charles Martin cita em sua tese que, segundo pesquisa de José Nascimento Morais Filho, Firmina foi a única aprovada em concurso para professora primária na Vila de Guimarães, aposentando-se em 1881, e também fundou a primeira escola mista do Maranhão.
COMO ESCREVE MARCOS FÁBIO BELO MATOS José Nunes https://comoeuescrevo.com/marcos-fabio-belo-matos/?fbclid=IwAR301jGXQyg_jX3yzOp5FNFwmAA0fuRuV835fc5wfGIT0Ap8j9olIOxaLc
Marcos Fábio Belo Matos é professor dos cursos de Jornalismo e Pedagogia da Universidade Federal do Maranhão, membro da Academia Imperatrizense de Letras e autor de “O 18º. Andar”.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal? Como eu sou professor universitário, eu sempre começo o meu dia fazendo coisas relativas à minha rotina de professor: corrigindo provas, enviando material para os alunos (textos, pdfs, slides, esquemas para orientação de monografias). Não tenho uma rotina matinal no que se refere ao ato de escrever; escrever, para mim, ainda se concentra no campo das não sistematicidades. Escrever, para mim, ainda fica muito associado a momentos de prazer e de inspiração. Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita? Em geral, eu costumo escrever mais à noite, porque dou aulas pela tarde. A manhã é muito corrida e a tarde reservo para a universidade. Não tenho ritual, mas, quase sempre, quando sento para escrever literatura, a ideia já está maturada – já pensei sobre ela, seja um poema, uma crônica, um conto ou o capítulo do livro que estou escrevendo. Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária? Não tenho meta diária de escrita, não. Eu costumo escrever em períodos concentrados mesmo – seja sentando para escrever um conto, seja sentando para escrever um capítulo de livro. Quase sempre, quando sento já estou com a ideia mentalmente desenvolvida. Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita? Não é difícil começar, não. Eu sento e escrevo tudo de uma vez. Muitas vezes, o que fica difícil é terminar o texto. No caso dos textos mais longos, eu costumo me esforçar para fechar capítulos inteiros “em uma sentada”. Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos? Como a escrita não é uma atividade profissional, para mim, esses medos não me massacram muito. Exemplo: estou, neste exato momento, ocupado em escrever um romance, que me propus a fazer depois de ter publicado a minha primeira narrativa mais longa – uma novela, cujo título é “O 18º. Andar”, um texto de 18 capítulos, com 72 páginas. Mesmo sendo esse um grande desafio, ele não me pesa, não fico pensando em
que eu preciso superar a expectativa de que ele seja melhor que a novela. Eu vou apenas escrevendo. No fim, eu vejo como ficou. Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los? Eu costumo fazer assim: quando escrevo textos para publicar pelas redes sociais ou em jornal (contos, poemas, crônicas), eu faço, em geral, uma escrita e uma única revisão. Mas quando eu vou publicar textos na forma de livros (sejam e-books ou livros impressos), aí me preocupo, sim, em fazer mais de uma revisão – inclusive, contrato um revisor para revê-los. Mas o que eu, às vezes, faço é: quando vou republicar um texto, eu em geral faço uma ou outra alteração. Já cheguei até a mudar nomes de personagens de contos, por exemplo. A revisão ou refacção de textos literários é uma coisa que acompanha sempre quem escreve. Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador? Eu escrevo diretamente no computador, no word mesmo. Ainda não consigo escrever textos literários, como crônicas, contos, poemas, novelas, romances, em plataformas digitais. Apenas pequenos versinhos e pensamentos que eu escrevo diretamente no celular, porque os jogo, imediatamente depois de escritos, na internet – Facebook, Instagram, WhatsApp. De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo? Minhas ideias nascem de coisas que vejo, outras são desdobramentos de experiências pessoais (relações afetivas, minha vida particular, meus hábitos, etc). Mas muita coisa nasce também a partir das leituras que eu vou fazendo. Sou um bom leitor e gosto de ler autores os mais diversos. Vou dos clássicos aos desconhecidos. Muitas vezes, a ideia do texto surge a partir da invenção de um título. Exemplo: tenho um conto que se chama “O Piano”. Eu o fiz a partir deste título, mas levei uns dez anos para, depois do título feito, poder construí-lo. Outro conto que também nasceu assim foi “O aniversário do papai”. Muitas crônicas que já publiquei nasceram depois de eu ter criado os seus títulos. Gosto da sonoridade das palavras e, às vezes, os títulos acabam por provocar o nascimento dos textos. O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos? Acho que mudou minha forma de escrever, de resolver os conflitos nas narrativas, de construir concisões nas frases, nos períodos, de dar mais fluidez e velocidade aos parágrafos. Atribuo essa mudança à minha formação em Jornalismo. Quando comecei a escrever, eu era muito mais formalista, os textos tinham um ar um tanto pesado, com palavras mais ortodoxas, com mais volteios verbais. Hoje minha escrita está mais direta, mais seca, mais sintética – porém, bem mais expressiva. Se eu pudesse dizer algo para aquele jovem escritor, que começou a escrever aos 15 anos, em 1987, eu diria: rapaz, leia mais os bons contistas brasileiros: Rubem Fonseca, Dalton Trevisan, Fernando Sabino, Luiz Vilela, Carlos Faraco. Leia esses caras e aprenda a escrever de modo mais seco, mas mais expressivo. Mas creio que tudo na vida serve de aprendizado. E é bom, hoje, poder constatar a evolução na minha forma de me expressar literariamente. Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe? Tenho dois projetos que gostaria de fazer. Um deles é um livro de poemas, uma reunião dos poemas que já fiz até agora (acho que uns 200 ou 250). Já tem até título provisório. Minha vida literária começou com a publicação de um livrinho, impresso em xerox, que eu chamei de “Anonimato”, era um livro de poemas, isso quando eu tinha 18 anos. Nunca mais voltei à poesia em forma de livro e acho que esse projeto poderia ser encarado como um reencontro – ou um epitáfio, o que me couber melhor.
O segundo projeto é um romance. Sempre achei que eu tivesse bloqueio para escrever narrativas mais longas, mas a novela me fez ver que eu posso, sim, construir textos mais consistentes, de narrativa mais ampla. O romance até já foi começado, mas segue a passos de cágado. Vamos ver no que vai dar. Tenho outros projetos, mas estes mais como editor: fazer uma coletânea de textos de “novos escritores da região tocantina”, onde moro e participo da Academia Imperatrizense de Letras, por exemplo.
COMO ESCREVE JOSÉ NERES JOSÉ NUNES José Neres é professor, escritor e pesquisador.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal? Desde a adolescência, acordo cerca de cinco da manhã. Quando morava em Goiás (nos arredores de Luziânia), eu estudava pela manhã, e a escola era muito longe de minha casa. A solução era acordar muito cedo, andar alguns quilômetros, pegar o ônibus para chegar à escola em tempo hábil. Naquela época havia, pelo menos naquela instituição de ensino (Alceu de Araújo Roriz) pouca tolerância com atrasos. Com isso, acabei acostumando a acordar cedo. Algo que faço até hoje, independentemente de ser final de semana ou feriado. Não tenho uma rotina matinal rígida. Como disse antes, acordo cedo, faço a primeira refeição – quase sempre leite gelado, frutas, pão com geleia e algumas variações. Enquanto alimento o corpo, aproveito para me atualizar com a leitura de jornais, tanto os físicos, que me são entregues pela madrugada, quanto os virtuais, que leio na tela do computador. Como trabalho longe de minha residência, nos dias de aula, saio bem cedo de casa e no caminho vou ouvindo rádio, geralmente na frequência AM, por causa das notícias quase em tempo real. Nos dias em que não trabalho pela manhã, aproveito para correr, fazer caminhada ou ir para a academia. Parte da manhã é geralmente dedicada ao trabalho em sala de aula. Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita? Não tenho preferência por um horário. Escrevo nos tempos livres pela manhã e pela tarde. Mas não consigo escrever durante a noite. Depois das 22 horas, dedico-me somente a amenidade, sem compromisso com a escrita ou com qualquer outro aspecto profissional. Não sigo nenhum ritual de preparação para a escrita. Geralmente ordeno o texto inteiro na cabeça e quando ligo o computador é apenas para digitá-lo. A única exigência que faço a mim mesmo é que, quando vou escrever textos de caráter científico, minha mesa deve estar totalmente limpa e organizada, com todos os livros que irei utilizar sobre ela, para evitar ter que me levantar a todo momento para pegar alguma obra. Em casos assim, costumo colocar todas as referências a partir das normas acadêmicas, seguindo a ABNT e só depois começo a escrever o texto. No caso de texto artístico, não sigo nenhum ritual específico.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária? Nunca fui de seguir metas de escrita. Costumo escrever nas horas vagas, mas quando me sento para escrever, o texto já deve estar todo articulado na cabeça, com começo, meio e fim. Geralmente ando com o computador e fico à espera dos momentos livres. Quando escrevo artigos para jornais e revistas, faço questão de iniciar e concluir o texto no menor espaço de tempo possível. Contudo, no caso dos textos literários, costumo deixá-los em repouso por alguns dias, semanas ou meses, para só então relê-los e revisálos. Não são raros os casos em que aquele texto que empolgava durante o processo de elaboração e de escrita tenha perdido a graciosidade inicial quando lido de forma mais crítica. Quando isso acontece, é hora de dar uma nova roupagem para ele, colocá-lo em quarentena ou mesmo de abandoná-lo. De modo geral, escrevo todos os dias. Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita? Quase sempre, a primeira ideia que vem à mente é o final do texto, seja em prosa seja em verso. Quando gosto do hipotético desfecho, procuro um meio de elaborar um início e um “corpo” para o texto. Como passo muito tempo pensando em como ficará o texto, o processo de escrita fica menos difícil e trabalhoso. Em alguns casos é necessário que fazer uma pesquisa para evitar informações desencontradas. Em uma segunda ou terceira leitura do texto podem aparecer dúvidas, que podem ser dirimidas com enxerto ou exclusão de palavras, frases, parágrafos ou mesmo páginas inteiras. No caso de textos que exigem uma pesquisa mais aprofundada, costumo ler, grifar, anotar e transcrever os trechos que serão utilizados, sempre com a preocupação de explicitar as devidas fontes. Depois é importante saber articular as informações recolhidas com outras leituras e com as pesquisas de campo. Uma das minhas grandes preocupações é escrever com clareza suficiente para ser compreendido pelos leitores em seus diversos níveis de formação. Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos? Nem sempre consigo concluir os projetos de escrita que inicio. Quando era mais jovem, isso causava certa angústia e sensação de impotência. Mas, com passar do tempo, compreendi que isso é bastante normal e faz parte do processo de escrita. Uma das formas que encontrei para tratar com esses possíveis “travamentos” foi me condicionar a escrever mesmo quando o texto aparentemente não está como eu desejaria que ele ficasse. Acredito que o ato de reler, revisar e reescrever os próprios trabalhos é sempre algo construtivo. A chamada inspiração talvez possa não vir, mas o trabalho braçal e intelectual não pode cessar. Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los? Para mim, um dos pontos mais complicados da escrita é o momento da revisão do próprio texto. Como o autor já esteve tanto tempo envolvido com sua obra, ele geralmente tem dificuldades de encontrar as próprias falhas, tanto do ponto de vista da digitação quanto do estilo. Caso não tenhamos o máximo cuidado, os textos podem acabar saindo crivados de gralhas. Geralmente, costumo reler os textos diversas vezes, algumas em voz alta, para observar o ritmo e a sonoridade das palavras dentro do contexto. Mesmo assim, sempre há algo que pode ser corrigido. Conto também com a valiosa contribuição de meu filho, que tem olho clínico para localizar falhas, e da minha esposa, que, quando tem tempo, também lê meus escritos antes
de serem entregues para publicação. De qualquer forma, creio que um texto está sempre em construção, podendo ser reescrito de modo a tornar-se mais claro para o leitor. Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador? Excetuando-se o caso dos aparelhos celulares, mantenho ótima relação com as tecnologias. Nunca gostei de escrever à mão. Durante muito tempo utilizei máquinas de escrever (até hoje tenho uma) e depois passei para o computador. Escrevo à mão apenas anotações – geralmente em agendas – que depois serão desenvolvidas na tela do computador. Também não costumo imprimir o trabalho para revisá-lo. Gosto mais de aumentar a letra e ler o texto na tela, fazendo as correções e alterações necessárias. Mas, às vezes, essa dependência das tecnologias pode nos trazer alguns problemas. Eu mesmo já perdi muitos trabalhos guardados em mídias digitais e dos quais não havia feito cópia física um exemplo disso foi o meu livro Restos de Vidas Perdidas, cujas primeira versão foi apagada. Somente dois contos do livro haviam sido impressos e puderam ser redigitados, todos os demais foram reelaborados e reescritos. De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo? As ideias podem vir de qualquer lugar. Às vezes, elas aparecem durante a leitura de uma notícia de jornal, assistindo a um filme ou até mesmo ao longo de uma caminhada. Creio que o mais importante é saber captar essa ideia e registrá-la para depois desenvolvê-la em forma de texto. Hoje, com o acesso facilitado às tecnologias, fica um pouco mais fácil transformar as ideias que aparecem em palavras, que depois podem ser recuperadas e retrabalhadas. Conforme disse antes, as ideias podem surgir a qualquer momento e em qualquer lugar. Como exemplo, posso dizer que escrevi a peça A Mulher de Potifar a partir de uma nota de rodapé que encontrei no romance Lucíola, de José de Alencar. No livro Restos de Vidas Perdidas, parte dos contos saíram de leads de páginas policias de jornais e outros são oriundos de momentos parados em engarrafamentos, à noite, perto de pontos de prostituição. Essas ideias aparecem de repente e faço um esforço para retê-las e transformá-las em novos textos. Com relação à segunda parte da pergunta, acredito que cultivar o hábito da leitura diária é um dos meios de tentar desenvolver o processo criativo. Dificilmente iremos partir do zero na escrita. Sempre nos amparamos nos grandes mestres do passado e do presente. Então, ler, ler e ler são ações que devem fazer parte da programação diária de qualquer pessoa que se proponha a escrever. Contudo, acredito também que não nos devemos isolar do mundo cotidiano. Conversas aparentemente corriqueiras com pessoas de todos os níveis da escala social e etária é algo fundamental para nos manter atentos às novas acepções e usos das palavras e também nos alimentar com informações que nem sempre encontramos em livros, jornais e revistas. O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos? A escrita traz sempre um processo constante de (auto)aprendizagem. Com a prática diária, aprendi a refrear um pouco os impulsos de escrever para mim mesmo, como se o futuro leitor tivesse a obrigação de ter conhecimentos prévios específicos que ajudassem na compreensão de determinado trecho. Hoje tenho certeza de que um bom texto é aquele que consegue sobreviver à ausência do autor. Se eu pudesse voltar no tempo e conversar com meu EU mais jovem, eu o iria aconselhá-lo a aproveitar o tempo e as energias de forma mais produtiva, sem tanta dispersão, mas também sem deixar de lado.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe? Durante essas quase três décadas de contato constante com a escrita, escrevi contos, poemas, peças teatrais, artigos de opinião, trabalhos científicos e ensaios. Às vezes vem a vontade de escrever um texto ficcional mais longo, como um romance ou uma novela. Algumas vezes até começai a elaborar alguns esboços, mas acabei protelando esse desejo para momentos futuros. Quanto aos aspectos da leitura, sinto-me plenamente satisfeito com as obras que já li ou que estou lendo. Acredito que cada página lida contenha algum tipo de aprendizagem. Tenho consciência da impossibilidade de ler tudo o que queria. Há muito mais obras do que tempo disponível ou possibilidade de acesso a elas.
COMO ESCREVE BIOQUE MESITO JOSÉ NUNES Bioque Mesito é escritor.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal? A minha rotina é comum. Abro a cortina da janela do meu apartamento, olho a vista do condomínio. Ligo a televisão, escovo os dentes. Tomo um café. Lá pelas 10h30, quando não saio para trabalhar, tento rememorar alguns poemas que estão ainda incompletos. Aí passo o dia entre filmes, computador e textos. Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita? Não tem um horário. Conversando certa vez com um poeta-amigo, Luís Augusto Cassas, me revelou que tem toda uma rotina. Pensei nisso, mas não consigo ter essa mesma disciplina. Acho que a poesia quando vem é jogada na nossa cabeça de repente. Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária? Tenho imensos hiatos. Tenho 3 livros publicados de poesia (A inconstante órbita dos extremos, Editora Cone Sul-SP, 2001; A anticópia dos placebos existenciais, EdFunc-MA, 2008 e A desordem das coisas naturais, Penalux-SP, 2018) e é uma dificuldade para mim escrever. Talvez seja pelo lado de ter uma crítica sobre o que vou publicar ou talvez seja chatice mesmo. Mas em alguns períodos tenho momentos de escrita semanal, mas é muito raro isso acontecer. Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita? Como disse anteriormente, não tenho um processo criativo constante, mas momentos que sento para escrever e escrevo. Não tenho dificuldades para escrever, mas tenho muita noção crítica do que publicar. A poesia, de acordo com o que entendo e processo, não preciso de pesquisa, mas de vivência. Preciso viver e conviver para escrever. Só escrevo coisas que vivencio ou que acredito, enfeitar palavras sem nexo não é meu estilo. Por isso, tenho um processo criativo demorado. Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos? Não tenho esse medo, pois não escrevo com o propósito da emergência. Agora, o escritor, o poeta (como é o meu caso) deve ter essa responsabilidade com sua obra. A obra deve ser respeitada. Um escritor não deve quer ser ou aparecer mais do que sua obra, senão estará em um caminho contrário ao verdadeiro sabor da arte. É interessante que saibamos conviver com as nossas poesias, com a vida. Só assim, essa ansiedade não faz morada e sai o texto, a poesia nossa de cada dia. Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Olha, a questão de revisão, ela deve existir. Tenho uns amigos (Antonio Aílton e Hagamenon de Jesus), poetas muito bons e que tenho a maior estima que fazem as leituras quase sempre dos meus livros antes de irem para a editora. Outros também sempre mostro, devemos caminhar com bons escritores ao nosso lado, pois, só assim, poderemos escrever boas obras. Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador? O mundo tecnológico é um avanço. Comecei a escrever meus poemas em papel e depois os transportava para máquinas de datilografar, era um suplício quando eu errava alguma coisa. Mas era um tempo muito interessante. Hoje, é mais rápido. Escrevo quase diretamente em computador. Mas tem poemas que surgem no celular, em guardanapos de fast-foods, enfim… A poesia assim como a natureza nasce em qualquer lugar. De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo? Não sei dizer. Ideias são ideias e pronto. Digo no meu novo livro que: poesia é uma insatisfação […] fogo controlado em minhas mãos. Então, não há um manual, mas sim a vivência ou mesmo a partilha com os amigos de trechos de poemas, isso ajuda muito para se manter criativo. O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos? A gente muda. Comecei a escrever na adolescência. Hoje tenho 47 anos, 4 filhos, 2 casamentos… números. Risos… Então, o Bioque Mesito do primeiro livro ao do último lançado são pessoas criativas diferentes, com vivências diferenciadas. Gosto de todos os meus livros, não tenho nada a reclamar porque foram projetos pensados com muito cuidado. Mas o que posso dizer é que cada vez mais me aprofundo no mundo que eu sempre quis: a poesia. Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe? Eu não tenho muito de pensar no que vou fazer em termos literários. Mas sempre há alguma coisa que a gente deixa para trás. No momento, estou pensando em fazer uma coletânea com a obra completa de uma amiga poeta que faleceu (Rosemary Rego), e que nos deixou muito cedo, pois tinha muito que falar poeticamente. Quanto aos livros, já li muita coisa e pretendo ainda ler muito outros, porém não tenho nada em especial.
BIBLIOTECAS DE ITAPECURU MIRIM JUCEY SANTANA Do livro Sinópse da História de Itapecuru Mirim, pag. 75 https://juceysantana.blogspot.com/2019/07/bibliotecas-de-itapecurumirim.html?spref=fb&fbclid=IwAR18PqtXP8iCaXEGe-K8Pj550y-_TjOFYOdEWyeSfLNNuvRXOH6XQvrE7sE
Primeiras Bibliotecas As primeiras notícias da organização dos acervos literários em Itapecuru Mirim deram-se a partir da fundação do Clube Familiar, no início dos anos 70 do século dezenove, figurando entre os fundadores o casal João Francisco da Luz e Fortunata Gonçalves da Luz, pais da poetisa Mariana Luz. Um dos requisitos estatutários do clube era a obrigatoriedade dos sócios doarem livros e assinaturas de jornais para uso dos frequentadores. O clube promovia saraus, soirées, tertúlias e outros eventos com fins lucrativos para manutenção do hospital [1] construído à custa do deputado itapecuruense Raimundo Nogueira da Cruz e Castro e inaugurado em 1876, na gestão de Boaventura Catão Bandeira de Melo. Com a extinção do clube no final do século dezenove, possivelmente os livros ficaram sob os cuidados de Mariana Luz, muitos dos quais, posteriormente, doados à Biblioteca Benedito Leite, segundo documentos encontrados em jornais no início do século vinte. Com a criação do Instituto Rio Branco em 2 de abril de 1926 pelo professor Newton de Carvalho Neves, foi recuperado e reorganizado o acervo literário que culminou com a instalação da primeira Biblioteca Pública de Itapecuru Mirim. Biblioteca Henriques Leal Em 17 de agosto de 1944 foi aprovado um Decreto-Lei da Prefeitura Municipal pelo Conselho Administrativo do Estado do Maranhão para a criação de uma biblioteca municipal denominada Henriques Leal, na gestão do prefeito Bernardo Thiago de Matos. O prefeito organizou e adquiriu livros de várias categorias literárias, porém, com as constantes mudanças de gestores o acervo ficou reduzido. Ao ser empossado na Prefeitura Municipal em 16 de outubro de 1952, depois de uma penosa batalha judicial, o jornalista e professor João da Silva Rodrigues levou consigo o seu precioso acervo literário e otimizou a biblioteca em uma das salas do recém-inaugurado edifício da Prefeitura Municipal. Trinta e quatro dias depois da sua posse em 20 de novembro de 1952, sancionou a Lei Municipal nº 52, que recriou a Biblioteca Municipal Henriques Leal, tendo a sua esposa Lenice Serra Rodrigues assumindo a função de guardiã do espaço. Na ocasião alguns intelectuais itapecuruenses doaram livros,biblioteca. Em 1961 Abdala Buzar Neto assumiu a prefeitura, tendo por chefe de gabinete o professor e jornalista João Rodrigues, defensor da cultura, educação e preservação da Biblioteca Municipal. Ainda em 1962, o desembargador itapecuruense Raimundo Públio Bandeira de Melo, por motivo de aposentadoria e mudança
para o Rio de Janeiro, doou toda sua biblioteca particular para o acervo de Itapecuru Mirim, intermediado pelo secretário João Rodrigues. Biblioteca Manoel Caetano Bandeira do Melo Em 1969, na gestão de João da Silva Rodrigues, foi inaugurada a Escola Municipal Mariana Luz, agrupando quatro escolas em moderno edifício. Os turnos matutino e vespertino ficaram sob a supervisão da professora Teresinha Bandeira de Melo e à noite em cada ala funcionava uma escola de adultos: a antiga Escola Padre Cabral, da Escola Paroquial, passou a denominar-se Escola Gonçalves Dias, dirigida pelo professor Boaventura Bandeira de Melo, e a Escola Tiago Ribeiro era dirigida por Luís Bandeira de Melo. Ao final, em ampla sala, foi instalada uma moderna biblioteca, denominada Manoel Caetano Bandeira de Melo, cadastrada na Comissão do Livro Técnico e Didático – COLTED e na Fundação Nacional do Material Escolar – FENAME, vinculadas ao Ministério da Educação-MEC. Biblioteca Dr. Raimundo Públio Bandeira de Melo Em 1972, o prefeito municipal Raimundo Nonato Coelho Cassas alterou a denominação da para Biblioteca Municipal Dr. Raimundo Públio Bandeira de Melo, pela Lei nº 344, de 11 de setembro de 1972, em homenagem ao benfeitor da biblioteca municipal, o ilustre desembargador falecido em 1966. Pela mesma Lei o prefeito autorizava o convênio com o Instituto Nacional do Livro, do Ministério da Educação e Cultura, para manutenção e assistência técnica, e incluía no orçamento uma dotação anual de dez salários mínimos para aquisição de livros. São escassas as informações sobre a continuidade do projeto. Biblioteca do Mobral Em 1971 foi instalado o Núcleo do Mobral – Movimento Brasileiro de Alfabetização, em Itapecuru Mirim, iniciando no Clube das Mães. Depois mudou para uma ampla casa na Avenida Benedito Leite, com vários setores como: triagem, matrículas, cadastros, acompanhamento de professores e a biblioteca. A biblioteca era dotada de grande acervo, de livros didáticos e outros gêneros literários utilizados pelos usuários do projeto e toda população que procurava os serviços da biblioteca, na forma de pesquisas ou empréstimos. Biblioteca Benedito Buzar No segundo mandado do senhor José Ribamar Lauande foi construída a Biblioteca Municipal de Itapecuru Mirim, na Praça Padre José Albino, na lateral da paróquia Nossa Senhora das Dores, com a anuência do padre Benedito Chaves, que solicitou ao prefeito uma destinação à praça que, segundo ele, servia de encontros clandestinos de namorados e jovens desocupados. Apesar de bem instalada, com as subsequentes mudanças de administradores municipais foi relegada ao descaso, com a falta de renovação do acervo. Em 1999 passou por uma importante reforma e renovação do acervo e pela Lei nº 799, de 21 de dezembro de 1999, passou a denominar-se Biblioteca Pública Benedito Buzar, na administração de Miguel Lauand Fonseca e a partir de então o jornalista Benedito Buzar passou a ser o maior provedor do acervo literário. Reformada e reinaugurada em 18 de julho de 2019, pelo prefeito Miguel Lauand, e dotada de novo acervo literário e mobiliário através de projeto financeiro cultural do deputado Júnior Marreca. Biblioteca Farol do Saber A Biblioteca Farol da Educação Maria do Rosário Barros Amorim, situada na Avenida Benedito Bráulio Mendes, no bairro Caminho Grande, foi inaugurada em 2006. É uma das 118 unidades existentes em todo o Estado, disponibilizando um farto acervo literário aos leitores. Atualmente sob a coordenação do Sistema
Estadual das Bibliotecas Públicas, criado pela Lei nº 10.613 de 5 de julho de 2017, com o objetivo fomentar o acesso da população ao livro e à leitura. A Biblioteca Farol da Educação reformada e reinaugurada no inicio do ano de 2019 com acervo literário renovado. O itapecuruense está bem servido de bibliotecas A população de Itapecuru Mirim ainda conta com a Biblioteca Viriato Correa da UEMA, Campus Itapecuru Mirim, Biblioteca do SESC de Itapecuru, Biblioteca Mariana Luz no IFMA, Campus de Itapecuru Mirim e outras instaladas em colégios da rede municipal e estadual. Brevemente será inaugurada a Biblioteca Virtual ao lado da Prefeitura Municipal de Itapecuru Mirim.
PLPC
DANIEL BLUME Era final dos anos 90, quando pisei naquele tapete persa da entrada. Minha primeira vez. Havia um cheiro de madeira no escritório do advogado Pedro Leonel Pinto de Carvalho. Meus sonhos, então, usavam toga. Jamais pensei que, de estagiário indireto, eu me tornaria seu sócio. Também nunca imaginei que acabaria amigo íntimo daquele intenso profissional. Amigos até o término da sua longevidade, aos 82 anos de idade. Óculos grossos camuflavam suas sobrancelhas despenteadas. Cabelos lisos grisalhos, escovados para longe da testa. Dono de largas bochechas vermelhas, era um tanto gordo, apesar da magra juventude. Homem repleto de vícios e virtudes — como nós — Pedro Leonel era filho da antiga cidade maranhense de Viana. Mas poderia ter nascido na Viena das músicas que assobiava, bem assim dos livros que citava. Era novembro de 1948, quando a barca em que estava Pedro atracou na antiga Rampa Campos Melo. Chovia aos tubos em São Luís. Um maleiro estava atento à sua espera. O homem usava Boina e Colete n. 17. Logo o número passou a ser o predileto de Leonel. De lá, o jovem partiu para a Rua Cândido Ribeiro, n. 106, onde passou a morar com a avó. Seu objetivo era estudar na capital. Seu desígnio, tornar-se um dos maiores advogados da história do seu Estado. Com seis décadas de profissão, PLPC – como conhecido – era um dos mais duradouros advogados militantes do Maranhão. Chegou a completar mais de 60 (sessenta) anos de ininterrupto exercício da Advocacia. Ostentava a OAB-MA número 417 com o peso de sua inconfundível rubrica elíptica. Foi Conselheiro Federal da OAB, Presidente do Instituto dos Advogados do Maranhão, Procurador-Geral do Estado do Maranhão, Procurador-Geral do Município de São Luís e Professor da Universidade Federal do Maranhão. Atualmente, além de membro efetivo do IAB/Nacional, era sócio administrador do escritório que carrega seu nome, onde exercia seu mister com afinco, retidão, ética e destemor. Destacou-se como propositor de inúmeras ações populares, ”pro societate”. Por exemplo, foi dele a primeira demanda a apontar problemas em um negócio entre Petrobrás e Astra Oil Trading para a compra de uma refinaria em Passadena, Texas (EUA). Assim, o advogado maranhense acabou se tornando peça importante na Lava Jato. Cito apenas um dos vários casos similares. Inquestionavelmente, uma referência de cidadania. Processualmente cirúrgico, para além da técnica perspicaz, era um bravo na peleja judicial. Combativo tanto nas causas grandes quanto nas menores, era respeitado, especialmente pelos adversários. Exerceu a Advocacia com paixão juvenil mesmo na velhice. PLPC faleceu no dia 22.07.2019, manhã de uma movimentada segunda-feira. Muito embora jamais tenha se interessado por prêmios, obteve glória. Os Céus agora contam com um combativo templário, ao lado de Deus. danielblume@gmail.com
CERZIR: O TOM ÉPICO DA POESIA DE ANTONIO AÍLTON
PAULO RODRIGUES Professor de literatura, poeta, escritor e autor de O Abrigo de Orfeu (Editora Penalux, 2017); Escombros de Ninguém (Editora Penalux, 2018) e membro da Academia Poética Brasileira.
“Acho que a épica voltará para nós. Creio que o poeta haverá de ser outra vez um fazedor. Quero dizer, contará uma história e também a cantará”. (Jorge Luis Borges) Recebi o livro CERZIR do Antonio Aílton, em Caxias, no encontro de poetas contemporâneos do Maranhão, que aconteceu no Complexo da Balaiada. Comecei a leitura imediatamente. Uma agulha com muitas narrativas atravessou os meus olhos. Criei palavras para bordar ‘os girassóis do tempo’, a cada página. É uma reunião de poemas novos e poemas que constam em livros já publicados (anteriormente). A editora Penalux caprichou no trabalho gráfico. Ficou bem dividido. Muito bem costurado. Não aparece pontas sobrando, nem soltas. São cento e cinquenta e seis páginas de um trabalho, nos moldes experientes, de quem sabe unir, reconduzir, desfazer e refazer. O crítico literário, José Neres, afirma no posfácio: “em seus versos, o poeta jamais optou pela facilidade momentânea que possam transmitir a ilusão de que escrever poemas é algo fácil. Muito pelo contrário. Seus versos exigem esforço constante”. O leitor é desafiado. Não é fácil acompanhar os pontos. As idas e vindas no pensamento de Antonio Aílton. No entanto, percebo logo um tom épico que amplia a dicção do poeta, ao longo da roupa que o veste nestes cinquenta anos, de uma vida dedicada a construir sua própria voz. Jorge Luis Borges, premiado escritor e poeta, disse em Harvard, no ano de mil novecentos e sessenta e oito, durante uma palestra: “ser um fazedor é aproximar a voz do poeta à voz da história. É ser o cantor de um povo, de suas vidas, a par dos versos. Não quer ser maior ou menor que o lírico, mas que ser outro”. Isto que foi dito pelo argentino é visível na tessitura do Aílton. Está acima do eu. Não suporta o espetáculo do ego. Descarta o narcisismo do mundo contemporâneo. Abandona o lírico desbragado, tão desmoralizante,
inclusive para alguns excelentes poetas. Corta a centralidade de si mesmo para ser outro, mais forte e ao mesmo tempo capaz de cantar uma narrativa profunda e humana. Em A Hora do Poema do Sol, tateamos o caráter novo atribuído ao épico na literatura brasileira desde Ferreira Gullar, Afonso Romano de Sant’ Ana, Geraldo Melo Mourão: Quero saber se o homem é forma ou experiência ou se cada realidade deste mundo cada manhã. é simplesmente a revisitação de um campo aberto minado de palavras “a manhã banha meu filho” é uma fala improvável? [...] (AÍLTON, 2019, p. 113) Como se vê, o poema apresenta-se centrado ‘num externo outro’, quando vai para exposição diante dos raios da palavra. O tom é questionador desde o primeiro verso. O questionamento é inerente ao simbólico. A tentação de situar o histórico no particular faz parte do gênero de Homero. É claro que não temos a estrutura da épica clássica na poesia moderna, nem na poesia contemporânea, O professor Anazildo Vasconcellos da Silva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, um dos grandes especialistas da epopeia fez palestra na Academia Brasileira de Letras (2012) com o tema: épicos brasileiros da contemporaneidade, afirmando: “a crítica decretou o fim da epopeia, baseada no estudo de Aristóteles, que examinou e definiu bem o corpus do gênero em estudo, na literatura grega. Não estudou a sua transformação ao longo da história. Eu o faço. Mostro aos interessados que as caraterísticas fundamentais permanecem em alguns discursos poéticos. A transcendência do maravilhoso faz-se necessária, a semiologia universal e o campo mitológico deve ser estimulado”. Tudo está na enunciação de Aílton. O hibridismo do eu-lírico-narrador é claro nas imagens desde a introdução do texto: “ a manhã banha meu filho. é uma fala provável ? ”. O filho é um deus cheio de poderes, capaz de apontar outros desenhos para o cotidiano desgastado pela liquidez, dos tempos de hoje: [...] enquanto simplesmente dou banho nas carnes nascituras do meu filho enquanto sinto a manhã estalando nas palavras de serviço acumuladas na casca da minha pele e acordo para a imprevisibilidade diluída que escorre entre valas e virilhas seda a manhã solitário solidão solitude fisgo a terra em meu azougue – porque rondo a dois passos de meus pássaros. (AÍLTON, 209, p. 116)
Preciso ressaltar a matéria da poética de Antonio Aílton. Sempre está dividido entre duas dimensões semióticas: a primeira é aparentemente lírica e a segunda assume sempre uma voz universal, com uma intenção narrativa, em cada nó: “enquanto simplesmente dou banho, nas carnes nascituras do meu filho”. A experiência mística vem em seguida: “e acordo para imprevisibilidade diluída que escorre entre valas e virilhas”. Em poesia, místico é quem consegue o encontro pessoal com a revelação. A obra Cerzir é cheia desta elaboração literária, iluminada. Recuperar as utopias da vida é função dos filhos. Este tão real, ao passo que se faz simbólico, age na construção da liberdade de Aílton: [...] Deixo contigo durante a noite, filho o dito que aprendi do velho Blake em seus lúbricos provérbios do céu e do inferno: “Conduz teu carro e teu arado sobre o trilhado dos mortos”. (AÍLTON, 2019, p.122) Como podemos ver, são apresentados três tempos neste final arrebatador: presente, passado e futuro. O poeta reincide nas preocupações universais. Aliás, é o tom de outras partes, desta antologia comemorativa. Em a Incursão Fortuita de Ouroboros e Memória Mínima persiste o mesmo tom. Assim sendo, as discussões apresentadas aqui precisam ser aprofundadas, num trabalho de maior fôlego. Com esta leitura resumida, discorro para apontar os pontos do epos, na permanente poesia de Antonio Aílton. Finalizo com Octávio Paz: “o poema é uma obra inacabada, sempre disposta a ser completada por um leitor novo”. Era sempre assim. Para evitar muita zoada lá em casa, Seu Zé Alvim colocava-me em uma oficina de aprendiz. Foi assim que passei pela de ferreiro de seu Paulo Bebeu, de barbeiro de seu Zé Costa, de eletricidade de seu Malaquias e seu Ataliba, de marceneiro de seu Benedito e, tais atividades, iam ate o fim das férias. Moema ia sempre para a casa de seu Leudes aprender com a Sra. Doninha fazer renda em almofada de bilros e bordados. Havia iniciado as férias de julho de 1948 e, como sempre ocorria, dessa vez eu fui para a oficina de sapateiro de seu José Pedro Amengol. Mamãe chamou seu Benedito marceneiro e encomendou-lhe um banquinho para mim. No dia marcado, peguei o banquinho e fui para a oficina. - “Bom dia! Sua benção, seu Zé”. Esse era o costume naquela época. - Deus te abençoe. Aguarda um pouco que já mando te mostrar o que vais fazer. - Mestre Galho, Aymoré é nosso novo aprendiz. Nesses primeiros dias, ele vai aprender a bater sola. Entregaram-me uma peça de ferro, no formato da base de um ferro de engomar, com pequena escavação, na face inferior, para acomodá-lo sobre a coxa, próximo ao joelho. Quase duas semanas se passaram e eu não saia daquele negócio. O joelho direito já não aguentava mais. Era bater sola de manhã e de tarde. Eu tinha vontade era de brunir sapatos. Esse dia chegou. O pessoal saiu para almoçar e eu fiquei terminando de bater um pedaço de sola. Peguei, então, o brunidor e comecei a passar em dois pares de sapatos que seriam entregues, em dois dias. Depois fui embora. À tarde, quando cheguei, a confusão estava formada. Seu Zé Pedro soltava fogo pelas ventas. - Seu Aymoré, você viu quem bruniu esses sapatos? O mestre Pêra se adiantou...
- Ele foi o único que ficou aqui. - Então, seu Aymoré, você viu ou não viu. - Ver, mesmo, eu não vi. Mas sei quem foi. - Então desembucha, pequeno. - Fui eu. Só queria adiantar o serviço. - E como tu estás dizendo que não sabes quem foi? - Saber eu sabia. Eu disse que não vi. Como é que eu poderia me ver? Nessa hora, seu Zé perdeu a esportiva. Avançou para mim e me deu dois “cascudos”. - Pequeno, tu me respeitas. O pessoal se levantou e o agarrou. - Não faça isso, seu Zé, é só uma criança. - Esse capeta não tem nada de criança. Ele estragou dois pares de sapatos que devo entregar depois de amanhã. Eu comecei ensaiar um choro. - Vamos, rapaz. Vou te levar prá seu Zé Alvim. - Espera aí, seu Zé. Lá prá casa, agora, não. Vamos fazer um acordo. O senhor dá mais um “cascudo” e a gente esquece tudo. Eu só queria ajudar. Aí, o pessoal começou a rir e o ambiente foi melhorando. - Tudo bem, Aymoré. A partir de amanhã, tu vais para o curtume com João Preá. No dia seguinte, cheguei e fui passando direto para o curtume. - Bom dia, João Preá. - Como é, menino, João Preá? Mais respeito. Aqui, é seu João Preá. Eu não sou teu “pareceiro”. Olha, aqui o serviço é sério. Pega essa vara e vai mexendo esses couros, devagar, senão o fedor aumenta e Zé Pedro não vai gostar. Realmente, o fedor era insuportável. Pensei, comigo mesmo: isso só pode ser castigo de seu Zé. Vou dar um jeito de cair fora daqui. Dois dias depois... Continua mexendo, devagar. Eu vou tomar água e já volto. Falou João Preá. Daí há pouco, enfiei a vara no tanque de curtição e revirei os couros com toda a força que dispunha. Um fedor horrível se espalhou por todo lado. - Virgem, Zé Preá, o que é isso, rapaz? - Ora, Seu Zé, só pode ser aquele capeta de Zé Alvim. Não demorou muito, lá vem seu Zé com João Preá. - Pequeno dos infernos, que diabos tu estás fazendo? - Eu só afundei os couros, devagarzinho, prá mergulhar bem. - Tá bom, tá bom. Eta! Pequeno, tu és muito atentado. Tu me foste mandado por encomenda. Larga isso. Vá mesmo lá pra dentro bater sola. Não vejo a hora dessas tuas férias acabarem. Só parece que foi praga de Zé Alvim. Voltei e bati sola até o fim do mês, quando as férias acabaram. Não aprendi fazer sapato, mas bater sola... é comigo mesmo.
NASCE O IMPERADOR DA LIRA AMERICANA, GONÇALVES DIAS WYBSON CARVALHO.
O busto de Gonçalves Dias, observado pelo poeta Wybson Carvalho no Morro da Laranjeira – Mata do Jatobá. Há quase dois séculos, precisamente, nesta data de 10 de agosto de 1823, no morro da Laranjeira, num sítio denominado de Boa Vista, localizado na mata do Jatobá, distante acerca de 14 léguas da Vila de Caxias das Aldeias Altas, nascia o filho do comerciante português, João Manoel Gonçalves Dias, e da cafuza brasileira, Vicência Mendes Ferreira: Antônio Gonçalves Dias, o Imperador da Lira Americana e filho ilustre da terra de palmeiras onde canta o sabiá. O porquê: A Vila de Caxias fora no século XVIII um vigoroso centro comercial, localizado às margens do rio Itapecuru, num período em que a navegação era o mais importante meio de circulação das riquezas e muito se beneficiou dessa circunstância. Porto de entrada para o Alto Itapecuru e para a então região dos Pastos Bons, além de destino ou passagem do intenso intercâmbio mercantil a partir da Bahia até os sertões maranhenses, a Vila de Caxias foi um florescente entreposto de compra e venda de gado e de produtos agrícolas, principalmente arroz e algodão, de acentuada participação na economia do Estado na época. A crescente prosperidade do lugar atraiu inúmeros comerciantes europeus para a Vila de Caxias, dentre os muitos: os portugueses e entre eles João Manoel Gonçalves Dias, que não figurava entre os principais negociantes, em Caxias, daquela época mas avultava influentes capitalistas. Era solidamente estabelecido com uma casa de comércio na Rua do Cisco, junto à qual residia num sobrado com Vicência Mendes Ferreira, uma cafuza separada do marido e a quem tomava por companheira. Precisamente, na segunda metade do ano de 1823, a forte reação contra a independência teve, na Vila de Caxias, ainda, um dos seus centros de maior ressonância. O cerco ao lugar e sua posterior capitulação custaram muito sangue derramado e revelaram, tanto da parte das tropas sob o comando do Major Fidié quanto entre os que lutavam pela causa nativista, muita bravura e determinação. É bastante compreensível que o português João Manoel Gonçalves Dias formasse, ao lado de outros compatriotas, adeptos da continuidade do Brasil como colônia de sua pátria, Portugal. Por tal motivo, logo que se tornou vitoriosa a causa nacionalista brasileira, sobre quantos, por ação ou omissão, contribuíram para a impedir ou retardar a adesão do Maranhão à Independência, a Junta de Delegação Extraordinária do Ceará e Piauí, consumada a capitulação, lançou multas que variavam de oito contos de réis a quatro mil réis. Alguns pagaram a quantia estipulada, houve que conseguisse redução da pena, outros obtiveram a absolvição, ao passo que uns fugiram do ônus imposto, expediente ao qual recorreu João Manoel Gonçalves Dias, multado em um conto de réis.
Casa em sobrado, na cidade de Caxias, na qual residiu o poeta Gonçalves Dias, e, a de canto pegada a ela, era onde seu pai comercializava com a sua ajuda já aos oito anos de idade.
Deixando Caxias com Vicência, que se encontrava em adiantado estado de gestação, o português João Manoel Gonçalves Dias refugiou-se num sítio que possuía no lugar boa Vista, pertencente à data Jatobá, distante cerca de 14 léguas de onde partira. Foi, então, no desconforto desse esconderijo que, em 10 de agosto de 1823, nasceu o menino batizado Antônio Gonçalves Dias, e a quem o destino reservara a glória de primeiro grande poeta brasileiro. “É, pois, para todos os brasileiros, mas cabe mais, particularmente, aos filhos desta terra pugnar pelas suas glórias. Caxias, que tão dignamente figura na República das Letras, deve dar o exemplo de como se estimar os bons engenhos, de como zelar a fama própria, de como se respeitam esses grandes vultos que são o Panteon da Posteridade...”. Dissera o poeta, Antônio Gonçalves Dias. Pois, hoje, aqui, neste jornal, traz estes cunhos: cívico e cultural no qual ratificamos Caxias em um bom engenho e, literalmente, berço de filhos com brilho próprio que a tornam um fiel Panteon cívico e histórico ao nosso povo. Fonte de Pesquisa: Vida e Obra de Gonçalves Dias- Jomar Moraes. * Wybson Carvalho, poeta e membro da Academia Caxiense de Letras.
O CURTUME Aymoré Alvim ALL, APLAC, AMM. Era sempre assim. Para evitar muita zoada lá em casa, Seu Zé Alvim colocava-me em uma oficina de aprendiz. Foi assim que passei pela de ferreiro de seu Paulo Bebeu, de barbeiro de seu Zé Costa, de eletricidade de seu Malaquias e seu Ataliba, de marceneiro de seu Benedito e, tais atividades, iam ate o fim das férias. Moema ia sempre para a casa de seu Leudes aprender com a Sra. Doninha fazer renda em almofada de bilros e bordados. Havia iniciado as férias de julho de 1948 e, como sempre ocorria, dessa vez eu fui para a oficina de sapateiro de seu José Pedro Amengol. Mamãe chamou seu Benedito marceneiro e encomendou-lhe um banquinho para mim. No dia marcado, peguei o banquinho e fui para a oficina. - “Bom dia! Sua benção, seu Zé”. Esse era o costume naquela época. - Deus te abençoe. Aguarda um pouco que já mando te mostrar o que vais fazer. - Mestre Galho, Aymoré é nosso novo aprendiz. Nesses primeiros dias, ele vai aprender a bater sola. Entregaram-me uma peça de ferro, no formato da base de um ferro de engomar, com pequena escavação, na face inferior, para acomodá-lo sobre a coxa, próximo ao joelho. Quase duas semanas se passaram e eu não saia daquele negócio. O joelho direito já não aguentava mais. Era bater sola de manhã e de tarde. Eu tinha vontade era de brunir sapatos. Esse dia chegou. O pessoal saiu para almoçar e eu fiquei terminando de bater um pedaço de sola. Peguei, então, o brunidor e comecei a passar em dois pares de sapatos que seriam entregues, em dois dias. Depois fui embora. À tarde, quando cheguei, a confusão estava formada. Seu Zé Pedro soltava fogo pelas ventas. - Seu Aymoré, você viu quem bruniu esses sapatos? O mestre Pêra se adiantou... - Ele foi o único que ficou aqui. - Então, seu Aymoré, você viu ou não viu. - Ver, mesmo, eu não vi. Mas sei quem foi. - Então desembucha, pequeno. - Fui eu. Só queria adiantar o serviço. - E como tu estás dizendo que não sabes quem foi? - Saber eu sabia. Eu disse que não vi. Como é que eu poderia me ver? Nessa hora, seu Zé perdeu a esportiva. Avançou para mim e me deu dois “cascudos”. - Pequeno, tu me respeitas. O pessoal se levantou e o agarrou. - Não faça isso, seu Zé, é só uma criança. - Esse capeta não tem nada de criança. Ele estragou dois pares de sapatos que devo entregar depois de Eu comecei ensaiar um choro. - Vamos, rapaz. Vou te levar prá seu Zé Alvim. - Espera aí, seu Zé. Lá prá casa, agora, não. Vamos fazer um acordo. O senhor dá mais um “cascudo” e a gente esquece tudo. Eu só queria ajudar.
Aí, o pessoal começou a rir e o ambiente foi melhorando. - Tudo bem, Aymoré. A partir de amanhã, tu vais para o curtume com João Preá. No dia seguinte, cheguei e fui passando direto para o curtume. - Bom dia, João Preá. - Como é, menino, João Preá? Mais respeito. Aqui, é seu João Preá. Eu não sou teu “pareceiro”. Olha, aqui o serviço é sério. Pega essa vara e vai mexendo esses couros, devagar, senão o fedor aumenta e Zé Pedro não vai gostar. Realmente, o fedor era insuportável. Pensei, comigo mesmo: isso só pode ser castigo de seu Zé. Vou dar um jeito de cair fora daqui. Dois dias depois... Continua mexendo, devagar. Eu vou tomar água e já volto. Falou João Preá. Daí há pouco, enfiei a vara no tanque de curtição e revirei os couros com toda a força que dispunha. Um fedor horrível se espalhou por todo lado. - Virgem, Zé Preá, o que é isso, rapaz? - Ora, Seu Zé, só pode ser aquele capeta de Zé Alvim. Não demorou muito, lá vem seu Zé com João Preá. - Pequeno dos infernos, que diabos tu estás fazendo? - Eu só afundei os couros, devagarzinho, prá mergulhar bem. - Tá bom, tá bom. Eta! Pequeno, tu és muito atentado. Tu me foste mandado por encomenda. Larga isso. Vá mesmo lá pra dentro bater sola. Não vejo a hora dessas tuas férias acabarem. Só parece que foi praga de Zé Alvim. Voltei e bati sola até o fim do mês, quando as férias acabaram. Não aprendi fazer sapato, mas bater sola... é comigo mesmo.
A PROVA DE OBSTETRÍCIA. Aymoré Alvim AMM, ALL, APLAC. Corria o ano de 1965. Estávamos no 5º ano da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Maranhão. Nossa turma era pequena. Éramos apenas vinte e um alunos. Um deles era Rodrigo de Sousa Pinto, o Rodrigão, que sempre se apresentava como “Rodrigorum vostrorum amigorum”. Gente muito fina, boa praça, bom papo, sempre alegre e bonachão. Não tinha a virtude dos bons alunos, mas não era relaxado. Estudávamos em grupo e Rodrigão sempre estudava bastante. Com algumas dificuldades, ia passando de ano. Era expert em provas de segunda época. Tirava de letra. Nas provas finais daquele ano, algo inusitado ocorreu com Rodrigão, na de Obstetrícia. A prova era prático-oral. Local: Maternidade Benedito Leite. Na vez de Rodrigão... - Seu Rodrigo, perguntou-lhe o professor, de quanto você está precisando para nos deixar em paz? - Que é isso, mestre, eu gosto muito de suas aulas. Mas como o senhor está perguntando 6 (seis) já me é suficiente. - E você estudou bastante? - Como soe acontecer, meu mestre, não desgrudei a vista do “Resende” (livro de Obstetrícia) à noite toda. Tô com tudo, na ponta da língua. - Então, vamos lá. - Pra onde, mestre? - Pra parte alguma. O sr. quer brincar comigo, seu Rodrigo? - De que, mestre? - Seu Rodrigo, não me tire do sério, seu Rodrigo. - Mas de jeito algum, meu caro professor. É o nervosismo. - Ah! Bem. Vamos ver se estudou mesmo como diz. Diga-me o que é aborto. - Ah! Professor, nem me fale. É algo horrível, penoso. Eu mesmo nunca vi um, mas imagino a dor que a mulher deve sentir. E a criancinha, o senhor já imaginou? Nelson Parada, Israel e Weber não paravam de rir. - Seu Rodrigo, não me faça perder a paciência com o senhor. - Que é isso, professor, se o senhor acha que não dói, eu retiro tudo que eu disse. Vamos esquecer essas particularidades. O professor levou, então, Rodrigão para o leito de uma senhora que estava em trabalho de parto. - Diga-me, quantos meses faz que esta mulher ficou grávida. - Professor, eu não gosto de me meter na vida particular de ninguém. Isso é segredo dela com o marido. Mas se o senhor faz mesmo questão de saber, pergunte pra ela. Não me meta nisso, professor. - Ah! Seu Rodrigo, o senhor é um caso perdido. Vamos à última pergunta. Vou fazê-la de outra maneira. É dez ou zero. - Quanto tempo tem a gestante? - Qual delas, mestre? A mulher estava morta de rir - Essa senhora aí na sua frente.
- Bem, vejamos. Rodrigão olhou por uns tempos para a mulher, ficou pensando alguns segundos e disparou.... - Meu caro professor, após examiná-la, minuciosamente, cheguei à conclusão de que ela deve está beirando a casa dos 40 anos. Acertei? - É zero, seu Rodrigo. - Mas, professor, onde foi que errei? - Seu Rodrigo, eu lhe perguntei qual o tempo de gestação desta senhora. - Ah! Professor, se o senhor tivesse me perguntado o tempo de evolução fetal, eu lhe diria que ela estava na 36ª semana, completando, portanto, os 9 meses, por isso estava entrando em trabalho de parto. - Pois taí, seu Rodrigo, você é um gênio. Sua nota é 7. - Só, professor, mas já dá pra passar. Bem que o senhor reconheceu meus dotes. A risada foi geral. Rodrigão, após as outras provas, foi concluir o sexto ano que correspondia ao estágio, no Rio de Janeiro. Nunca mais o vi, mas também nunca mais esqueci da prova de Obstetrícia de “Rodrigorum vostrorum amigorum”, o Rodrigão.
O POETA ESQUECIDO, A VELHA ALCÂNTARA E O FUTURO DO MARANHÃO MANOEL DOS SANTOS NETO
Agostinho Reis, grande poeta maranhense, porém esquecido das novas gerações, tinha a mania de dizer que Alcântara era uma cidade infeliz, castigada por um azar histórico. Ele usava a palavra infelizcidade cunhada assim, o adjetivo infeliz acoplado ao substantivo cidade, como uma chaga cancerosa. O poeta parece ter adivinhado algo a cair em forma de praga sobre a velha cidade, quando afirmou nos tercetos de seu conhecido soneto: Rainha da opulência destronada, / tu tens por fausto – o mar; por trono – o nada; / grandezas que te restam do passado ... // Tudo roubou-te, tudo, a negra sorte! / Parece que os teus passos segue a morte / como segue a desgraça o desgraçado! E é isso. Ontem, o mar e o nada, hoje, o espaço e o vazio. Que destino! E de fato, vítima tanto do tempo quanto do espaço, Alcântara sofre pelo passado que lhe arrancaram à força e por um futuro que também à força lhe querem dar. A rigor é uma cidade que não tem presente. Outro poeta, José Chagas, disse sobre ela, no seu livro “Alcântara – negociação do azul ou a castração dos anjos” que ali o tempo se condensou em tempo de espera / espera de tudo / e o grande orgulho da cidade / é saber hoje esperar / o passado / que pelo futuro / qualquer cidade espera. Em verdade, nela o passado é um tempo que se esqueceu de passar ou se comporta como ainda estando por vir. E ela não só aguarda para sempre a prometida vinda de um imperador, como que parece ainda escutar as profecias da Mãe Calu, anunciadas para o passado. No livro, José Chagas fala também das duas quedas de Alcântara: a queda natural, para baixo, no tempo, que a levou às ruínas, e a queda inesperada para o alto, no espaço, com risco de transformá-la em nuvens ou fumaça. Ele assinala, no livro, que “a queda para cima / é mais precipitada / porque mais se aproxima / do fundo do nada.” Se, como diz Agostinho Reis, a morte seguiu os passos de Alcântara, na terra e num passado que foi despojado de tudo, também seguiu os seus vôos, no espaço e num perigoso futuro que lhe querem impor, pelo que já sofreuo maior desastre ocorrido na era espacial, em nosso país, com a perda de quase duas dúzias de técnicos e cientistas. Algo inteiramente irreparável, sob todos os pontos de vista. Um crime sem perdão. Isso porque devem ter sido os fados que indicaram para Alcântara a destinação de estar no cruzamento, no desencontro ou na colisão entre a geografia e a história, já que sua posição na superfície do planeta passou a ser utilizada pelos potentados, que viram nela a vantagem de economizar combustível, na corrida para o espaço cósmico. E como na verdade quem está exclusivamente olhando para o alto não pode mesmo perder tempo em atentar para o que se passa a seus pés. Alcântara, em razão desse “privilégio” geográfico, foi afetada brutalmente no seio de sua história e de sua cultura. Para que se colocasse ali toda a parafernália tecnológica, muita gente pobre teve de ser arrancada de sua área de vivência, isto é, dos terrenos em que gerações e gerações vinham realizando os seus plantios, ou das faixas marítimas em que praticavam a sua pesca, na luta pela vida. Não se discute o que tinha de ser feito, mas o modo como foi feito. E as consequências disso não são levadas em conta, visto que o que importa agora é dar atenção aos que desejam arrendar o espaço aéreo e não aos que persistem em ficar arranhando o chão. Aliás, quem, segundo os noticiários, anda de olho neste chão são os americanos que, pelo seu gosto, ficariam com o espaço cósmico e também com o solo de Alcântara. E não se duvide. A sorte dela está lançada como um trágico foguete. O fato é que Alcântara, saltando de súbito de um sofrido passado para um duvidoso futuro, o mais que conseguiu, no presente, foi tornar-se o palco de um dos mais funestos acontecimentos, sem que até hoje se saiba qual foi a causa ou as causas e, pelo visto, acabará incluído no rol de suas lendas, pois o governo não
parece encarar isso como uma realidade nem ouvir o clamor dos órfãos das vítimas. O Centro de Lançamento é hoje apenas mais uma ruína e mais um mistério, na cidade submetida irremediavelmente ao seu fatalismo já observado pelo soneto de Agostinho Reis. Pelo azar de colocar-se logo abaixo da linha do Equador, Alcântara, que poderia sair de seu purgatório para atingir um paraíso, teve de assumir a missão que era dada à Barreira do Inferno, no Rio Grande do Norte. Quem foi que disse que abaixo do Equador não existe pecado? Se todo o grande interesse estava em saber que a força de gravidade aqui era menor, esqueceram-se de que havia algo de maior gravidade causado pelo modo como parece ter sido tratado o Centro de Lançamento, pois isso tem sido motivo de longas discussões, em que muitas causas são atribuídas, sem que nunca se tenha uma explicação plausível e sem que ninguém se responsabilize por nada. É o tipo da coisa em que os próprios entendidos não se entendem e o que se sabe é que, por causa da vantagem de as grandes potências do mundo terem oportunidade de achar meios mais fáceis de economizar combustível, a Barreira do Inferno, no Rio Grande do Sul, foi desativada e tudo quanto cabia a ela teve de ser transferido para Alcântara, inclusive o próprio nome, pois lá nunca aconteceu um fato tão dantesco como o que infelizmente se deu na cidade maranhense, que se tornou um inferno sem barreira. Ainda bem que agora se diz que o Centro de Lançamento se transformará num Centro Espacial Comercial, cuja expansão se dará sem que prejudique o ambiente e a comunidade. Mas com que dinheiro?
NO PANTHEON - LIVRO DE MARIA THEREZA DE AZEVÊDO NEVES Às vezes, como agora, consigo escapulir pela janelinha - que todo cárcere tem - da cela fechada com as potentes grades forjadas pela doença e pela velhice (...) e aventuro-me a vagar, a vadiar, fazendo algo que adoro: escrever. E caio na “farra”! Feliz!(grifo meu). Maria Thereza Neves Conheço Maria Thereza de Azevêdo Neves mais de perto apenas há, aproximadamente, seis anos. Mas logo que a conheci pessoalmente senti uma sensação de Déjà vu, no sentido de que eu já a conhecia, ou mesmo teríamos convivido anteriormente. Costumo brincar com ela dizendo que, se houver mesmo vidas passadas, tivemos alguma relação próxima e muito boa, porque é como se eu a conhecesse há muito tempo. Maria Thereza é realmente uma mulher extraordinária! Maria Theresa é dessas mulheres que retratam muito bem a contradição dialética da existência humana, especificamente a feminina, como o evidencia Buzar (2019, p.5.): Em que pese a introspecção pessoal e o retraimento público de Maria Thereza, nada mais gratificante do que saber como ela vem produzindo trabalhos de apreciável qualidade literária. E ainda na página seguinte: Quando Maria Thereza pediu-me para fazer a apresentação do seu mais recente livro – “No Pantheon”, exigiu que eu “encarecidamente não usasse nenhum adjetivo ou substantivo elogioso”,[…]. E nas próprias palavras de Maria Thereza, ela explicita: Entendo que não tenho mérito, aptidão, para nenhum julgamento cultural. Essas declarações de Benedito Buzar e da própria autora materializam uma pequena prova, mas muita viva e contundente desse lado da Maria Thereza, muito reservado, discreto, comedido. E o outro lado da contraditoriedade da existência humana de Maria Thereza? Mulher inteligente, à frente do seu tempo, que conviveu desde os anos iniciais com homens ilustres dentro e fora do seu círculo familiar, mas, mesmo assim, firmou-se como uma mulher forte e genialmente criativa! A despeito da condição de gênero, temos nós mulheres a clareza de que [...] cabe à crítica literária feminina, pesquisas e estudos darem visibilidade às mulheres, tornando também audíveis suas vozes e discutindo o real lugar da autoria feminina no cânone literário(ADLER, 2018) (grifos meus). Nesse sentido me lembra outras tantas mulheres, mas me arrisco a nomear duas as quais tenho me dedicado a pesquisar mais recentemente: Maria Firmina dos Reis, a Patrona da Academia Ludovicense de Letras, e Nélida Piñon, primeira Presidente da Academia Brasileira de Letras, em cuja gestão foi comemorado o primeiro centenário desta Academia, em 1997. Ambas, encantadoramente ousadas e aguerridas e, ao mesmo tempo, comedidas e doces em muitos outros aspectos, como Maria Thereza. Vou me ater agora ao título do livro, No Pantheon, lembrando que, como é do conhecimento geral, Pantheon se refere a um edifício em Roma, Itália, encomendado por Marco Vipsânio Agripa durante o reinado do imperador Augusto (r. 27 a.C.–14 d.C.) e reconstruído por Adriano (r. 117–138) por volta do ano 126. […] O termo latino pantheon é derivado do grego antigo pantheon (Πάνθεον), que significa "'de', 'relativo a' ou 'comum a' todos os deuses (https://pt.wikipedia.org/wiki/Panteão_(Roma)). Embora exista uma querela no sentido de que pantheon era apenas um apelido e não o nome real do edifício e o próprio conceito de um "panteão", um templo dedicado a todos os deuses, eu adoto, neste contexto, a acepção de um templo dedicado a todos os deuses. No Maranhão temos agora, com esta preciosa obra, três Panheons: o primeiro na versão-livro, do Doutor António Henriques Leal, homenageando dezenove intelectuais do sexo masculino; o segundo, na versão física, retratada em bustos. São os bustos de 18 intelectuais maranhenses expostos no Complexo da Deodoro e, nesse coletivo, existe um único busto de mulher, o de Maria Firmina dos Reis, primeira romancista brasileira, mulher negra, nascida em São Luís do Maranhão, o que justificou/inspirou a adoção do seu nome como Patrona da Academia Ludovicense de Letras. Os bustos foram colocados ao longo do tempo para homenagear intelectuais que marcaram as letras, a música, a arte e a cultura de São Luís. No Pantheon, o
terceiro, e este na versão-livro, da ilustre escritora Maria Thereza, ela coloca vinte e uma mulheres, cinco do século passado e dezesseis do atual. Como foi referido por Benedito Buzar no prefácio deste livro de Maria Thereza, o Doutor António Henriques Leal publicou a obra Pantheon Maranhense Ensaios Biográpficos dos maranhenses ilustres já falecidos, que, na realidade, diz respeito a uma coleção apresentada em quatro Tomos, tendo a Lisboa Imprensa Nacional como Editora. O TOMO I foi publicado em 1873, com 364 páginas; o TOMO II e o TOMO III, em 1874, com 454 e 598 páginas respectivamente; e o TOMO IV, em 1875, com 406 páginas. Chama atenção que o Tomo III é dedicado exclusivamente a Gonçalves Dias e, no total, são dezenove homenageados, todos homens. O Pantheon do Complexo da Deodoro põe em evidência vultos histórico--culturais em pedestais, com os bustos formando uma verdadeira galeria a céu aberto no Centro da cidade. Todos forjados em bronze; assim ficam resistentes ao sol e às chuvas e contam com placas que identificam cada um deles. No Pantheon, o terceiro, e este na versão-livro, da ilustre escritora Maria Thereza, como já foi referido, constam vinte e uma mulheres, sendo cinco do século passado: Dilú Melo, Lucy Teixeira, Maria Firmina dos Reis, Maria José Aragão e Olga Mohana, e mais dezesseis de várias áreas do conhecimento e de um tempo mais recente. Os bustos são forjados em bronze e os nomes das personalidades dos dois pantheons na versão livro são forjados por incansáveis estudos/pesquisas e muito carinho dos dois autores, que, a seus juízos, fizeram as suas escolhas, as quais imagino não terem sido fáceis!!! Nas palavras de Leal, Se não tem esta obra nenhum. merito, servirá ao menos d'impedimento a que se oblitere de todo a memoria das virtudes e feitos d'elles, ao mesmo tempo de espelho e incentivo as novas gerações (1873, Tomo I, p. 07) e ainda, A alguem parecerá talvez demasiado pretencioso o seu titulo, não que o assumpto deixe de corresponder a ella e quadrar-lhe, mas em rasão de quem a concebeu e delineou ( LEAL, 1873, Tomo I, p. 09). Nas palavras de Neves (pp. 16-17): Os gregos e seus deuses, com seus rios e sua fertilidade imaginativa, ensinaram que beber das águas do rio Mnemori faz lembrar de quem não pode ser esquecido, porque a verdade é que ‘nós existimos enquanto alguém se lembra de nós’(ZAFON apud NEVES, 2019, p. 16). E continua: Voltemos ao rio com nossos baldes e bebamos das águas de um rio Mnemori. E finaliza num outro parágrafo confessando: A seleção é evidentemente muito, muito difícil, haja vista o número de mulheres que passaram, que estão passando, carregando os divinos dons da sabedoria, de generosidade, com absoluto selo de MAJESTADE. Além das vinte e uma mulheres nomeadas por Maria Thereza, ela se refere a algumas outras dizendo ou profetizando: - Talvez, talvez (...) eu possa escrever o Pantheon número dois. - Faça isso, Thereza! Com certeza será outra obra-prima, como são todas aquelas que integram a sua lavra. Isso posto, não tenho a menor dúvida de que os três Pantheons se firmam também como tentativa de trazer a lume nomes para que não sejam esquecidos e as suas escolhas são perpassadas pelo cuidado e pela clareza de que não atenderam à demanda dos merecedores de tão honrosa homenagem, considerando que o Maranhão é, sim, um celeiro de intelectuais. Ainda quero trazer ao leitor uma resposta que Maria Thereza, do seu pedestal de deusa, coloca na página 21, e que me toca de forma especial: Perguntam-me por que não falo da cultura, da inteligência dos homens brilhantes que existem em abundância no Maranhão? Porque sou mulher [...] (grifo meu). Com essa breve expressão ela demarca o espaço da mulher no mundo humano...O espaço feminino! Essa afirmação me remete a um poema do meu primeiro livro de poemas, publicado em 1991, em homenagem a todas as mulheres, Crônicas & Poemas Róseos-Gris, cujo primeiro poema, em sua página 11, exprime: ESPAÇO FEMININO Espaço mulher mulher no espaço
espaçonave espaço cósmico cômico espaço!... inusitado das normas do corpo do sexo... do leite materno que eterno sangra do peito a jorrar boca a dentro do homem! (ADLER, 1991)
No seu No Pantheon, Maria Thereza é brilhante nas sínteses que faz de cada uma das mulheres retratadas com esmero por ela e desabafa na página 13: A princípio fiz uma lista. Ficou enorme. Entendi logo que aquela seria uma tarefa superior às minhas limitações, porque tudo aqui foi pesquisado, comprovado[...]E poeticamente complementa nas páginas 15 e 16: Nesta lista vejo uma absoluta maioria de mulheres que já contam meio século ou mais de vida. Seus brilhos, porém, se expandem naquela proposta de fascínio que se concretiza e ei-las inseridas no contexto que fica, se eterniza, atravessando o tempo. E como uma digna representante do sexo feminino, não deixa escapar uma pertinente e lírica queixa (p. 17): No princípio não foi “o Verbo”, o conceito – mulher no Brasil. A mulher foi paradigma. Era a mãe, a esposa, a filha, a tia, a parente, a amante. Eventualmente seria escrava. Mas, esta nem mesmo representava o gênero. Afinal (...) era só escrava. Essa declaração me remete a outro pequeno poema meu publicado em 2000, no meu Genesis IV livro: NO PRINCÍPIO ERA O VERBO O verbo é o princípio de tudo “no princípio era o verbo” o verbo no mundo o verbo nos muda o verbo deixa-nos mudos! é o verbo o princípio de tudo no princípio era o verbo!
Apesar das afirmações parecerem diferentes, a princípio, vejo semelhanças do não verbo de Thereza, com o Verbo da Bíblia Sagrada que tomo emprestado: o verbo no mundo o verbo nos muda o verbo deixa-nos mudos!
O Verbo no princípio calou as mulheres, deixou-as mudas, deixou-as Não Verbo, apenas paradigmas. Mas, enquanto paradigma, a mulher está mudando. Este Pantheon de Maria Thereza é mais um indicativo contundente dessa mudança que vem fortalecer o Verbo no mundo, de modo a não deixar, nunca mais, as mulheres mudas. Prova disso é que, no momento histórico-social atual, as mulheres têm galgado mais espaços nas academias de letras, nas instituições acadêmico-culturais, no mercado de trabalho, mesmo que de forma ainda tímida. Vê-se, no entanto, que as mulheres estão ultrapassando as barreiras sociais e intelectuais no mundo humano, movidas pela beleza do amor, talento, pela inteligência e solidariedade. Não posso deixar de agradecer a Maria Thereza, nesta minha fala, por ter sido arrolada entre tantas mulheres importantes do nosso Maranhão. Confesso que me sinto lisonjeada e espero ser merecedora dessa nobre e
grande distinção, ainda mais por estar ao lado de confreiras da Academia Ludovicense de Letras e da Patrona da Casa, Maria Firmina dos Reis. E para finalizar, recorro, mais uma vez, às palavras de Maria Thereza, grande mulher, que diz sabiamente na página 15: Reconhecer é um dever. Louvar é agradecer. Eu reconheço o teu brilhantismo, a tua intelectualidade, leveza, beleza e nobreza, e te louvo, igualmente à Maria Firmina dos Reis (Cento e Noventa Poemas para Maria Firmina dos Reis, 2001, p.77): [...]Eu te louvo senhora por tua teimosia por tua leveza de corpo e de alma... por suave alegria...
Que o teu exemplo seja seguido e mais mulheres ousem quebrar os paradigmas opressores dos seus tempos e façam da sua imposta fragilidade feminina a sua força, o seu escudo, a sua lança nos embates indispensáveis à vida!!!! Obrigada, Maria Thereza, e meus Parabéns!!!! São Luís, 7 de julho de 2019. Dilercy Adler Presidente da Sociedade de Cultura Latina do Brasil - SCLB Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras - ALL Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão - IHGM
O ENSINO DA LITERATURA NA ESCOLA E A FORMAÇÃO DO LEITOR: outras margens A leitura implica uma habilidade que deve ser desenvolvida para a consolidação da competência de leitores críticos, pautada em valores éticos e humanizados, considerando que o ato de ler é um ato político. Dilercy Adler 1 INTRODUÇÃO Inicialmente quero agradecer o amável convite para participar desta II FLIX que se configura como uma ampla festa literária, artística e cultural, também parabenizar os promotores desta grande festa e aplaudir o escritor paraense homenageado, Professor Walcyr Monteiro, in memoriam. Peço permissão para me apropriar do subtítulo do tema desta Festa Literária Internacional, por entender que margem, por ser um termo utilizado em diferentes contextos, me permite adotá-lo como aquele definido pela Geografia que o designa como o local onde a água se encontra com a terra, tornando-se assim um limite lateral das águas de um rio. Mas, ao mesmo tempo, quando o colocamos no plural: margens, significa mais rios, outros rios, mais espaços e isso traduz, simbolicamente, a riqueza de possibilidades de infinitos encontros da água com a terra, que neste contexto concebo como o encontro do leitor com o texto. Esta mesa, O Ensino da Literatura na Formação do Leitor, trata de um tema muito importante, essencial para a construção da soberania de uma nação, e o subtítulo, do qual me apropriei, me induziu ir além do objeto descrito no tema. Assim, escolhi falar sobre a Formação de Leitores, no contexto do ensino da Literatura, mas para além do espaço da escola. Esse tema implica uma questão anterior e paralela, qual seja: antes de trabalharmos a formação de leitores, temos que ter cidadãos alfabetizados e continuar a consolidação da alfabetização por meio das ações de Formação de Leitores, também porque, para gostar de ler, é preciso ler bem. Para isso, temos que ter a clareza das condições de alfabetização e concomitantemente avaliar como andam os leitores do nosso país. Essa análise nos remete à organização da sociedade, no nosso caso, a capitalista, que se configura como estratificada, a partir da divisão social do trabalho, que gera em alguns casos, como na sociedade brasileira, extremas desigualdades. Toda e qualquer sociedade se apresenta com duas instâncias principais: a estrutura/infraestrutura- a instância econômica, o modo de produção e a superestrutura - conjunto de Leis, Ideias e Valores. A partir da estrutura/infraestrutura se firma a organização das políticas econômicas e, a partir delas, as políticas sociais, dentre as quais as políticas educacionais que passam pela/o: - infraestrutura física das escolas e dos recursos materiais disponibilizados; - organização didático - pedagógica; - corpo docente: . valorização financeira e . capacitação. Essas, por sua vez, vão delinear as condições e os formatos dos Projetos de Alfabetização e dos Projetos de Formação de Leitores que estão na base das suas operacionalizações. Alguns desses projetos: No tocante à Alfabetização: - Projetos escolares. - Projetos institucionais e outros, dentre os quais: . Fóruns, Redes sociais (ou similares nos bairros) e Redes e Plataformas on-line sobre projetos de Alfabetização. No tocante à Formação de Leitores:
- Projetos escolares. - Projetos institucionais e outros, dentre os quais: . Fóruns e Redes sociais (ou similares nos bairros) e Redes e Plataformas on-line de projetos de Formação de Leitores e - Projetos, com frequência regular, nos canais de TVs abertas/comerciais. Convém enfocar neste estudo a referência, mesmo que sucinta, ao Índice de Desenvolvimento Humano IDH, que pode ser entendido como uma medida comparativa de riqueza, alfabetização, educação, esperança de vida, natalidade e outros fatores para os diversos países do mundo. O ranking 2018 do Índice de Desenvolvimento Humano, compilado pela Organização das Nações Unidas (ONU), apresenta o Brasil estagnado na 79ª posição - Brasil - 0.759. O IDH no seu demonstrativo considera quatro categorias de desenvolvimento humano: Muito alto, Alto, Médio, Baixo e Muito baixo. Embora o Brasil se enquadre na categoria de países considerados de alto desenvolvimento humano o primeiro desse grupo é: Posição / País 60ª Irã - 0.798 e 60) Palau - 0.798 62 ª Seychelles - 0.797 63 ª Costa Rica - 0.794 64 ª Turquia - 0.791 65 ª Ilhas Maurício - 0.790 66 ª Panamá - 0.789 67 ª Sérvia - 0.787 68 ª Albânia - 0.795 69 ª Trindade e Tobago - 0.784 70 ª Antígua e Barbuda - 0.780 e 70) Geórgia - 0.780 72 ª São Cristóvão e Neves - 0.778 73 ª Cuba - 0.777 74 ª México - 0.774 75 ª Granada - 0.772 76 ª Sri Lanka - 0.770 77 ª Bósnia e Herzegovina - 0.768 78 ª Venezuela - 0.761 79 ª Brasil - 0.759 Fonte: (https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2018/09/14/idh-2018-brasil-ocupa-a-79posicao-veja-a-lista-completa.htm). É importante considerar nesta análise a dimensão territorial do Brasil, um país considerado continental, com mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados de extensão, sendo o quinto maior país do mundo. A grande extensão territorial do Brasil termina por dotá-lo de pródiga diversidade de paisagens, climas, topografia, fauna e flora e grande riqueza em recursos naturais. No entanto, fica numa posição aquém daquela de países menores territorialmente e insulares. No tocante ao Maranhão, conforme dados divulgados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD, da Organização das Nações Unidas -ONU- , para o ano de 2010, de acordo com a lista, dos 217 municípios desse estado, nenhum deles apresenta IDH muito alto (igual ou superior a 0,800); 4 apresentam IDH alto (entre 0,700 e 0,799), 55 médio (entre 0,600 e 0,699), 154 baixo (entre 0,500 e 0,599) e 4 apresentam IDH muito baixo (inferior a 0,500). O IDH do estado do Maranhão é de 0,678 (considerado médio) e é o segundo mais baixo do Brasil. Isso posto, fica claro o quanto há por fazer pela educação do Brasil, embora reconheça que muito tem sido feito, contudo não o suficiente para termos um país alfabetizado e leitor, como será demonstrado a seguir.
2 ALFABETIZAÇÃO E FORMAÇÃO DE LEITORES Inicialmente trago algumas premissas já apontadas em quantitativo razoável de estudos: algumas pesquisas apontam que cerca de 44% da população brasileira não lê e 30% nunca comprou um livro. E entre as principais razões apresentadas para a ausência da prática da leitura de livros estão o cansaço, a falta de tempo e a própria falta de prazer na leitura, sendo esta, no pouco tempo livre do trabalhador preterida por outras formas de lazer, inclusive pela conhecida dupla sofá e televisão. Nesse contexto não devemos desconsiderar as condições objetivas da sociedade que se originam na base econômica e se estendem e modelam as demais instâncias do tecido social. Por sua vez, as condições econômico-sociais desfavoráveis, caracterizadas por alta concentração de renda, levam um contingente considerável de trabalhadores à luta pela sobrevivência, com intensa jornada de trabalho, incluindo o longo e cansativo deslocamento até o local de trabalho. Pais sem trabalho, ou com trabalho com baixo salário, deixam os seus filhos/alunos em condição de vulnerabilidade social. Assentada nessas condições é que se estabelecem as situações colocadas inicialmente, as quais suscitam os seguintes questionamentos: - Como gostar de ler, sem as condições materiais e sem as condições facilitadoras para o desenvolvimento do hábito e do prazer na e pela leitura, realizando, assim, a máxima de um artigo de minha autoria intitulado: Ler e produzir obras literárias: prazeres vitais para o mundo humano? (ADLER, 2015). - Quanto tempo livre fica para os adultos, os jovens e as crianças lerem? - Como está o investimento na formação dos professores e ainda a formação na perspectiva de formar alunos leitores? - Como competir com a indústria dos recursos midiáticos, que concorrem de forma intensa e diversificada com outras finalidades, e usá-los como instrumentos facilitadores para a aprendizagem e para a formação de leitores? Os quadros a seguir demonstram a condição de Alfabetizados/não Alfabetizados e o atendimento pelas diversas Redes de Ensino na cidade de São Luís - MA. QUADRO 1: POPULAÇÃO EM IDADE ESCOLAR POR CONDIÇÃO DE ALFABETIZAÇÃO: ALFABETIZADOS/NÃO ALFABETIZADOS INDICADOR Taxa de analfabetismo (%) Taxa de analfabetismo (%) Taxa de analfabetismo (%) Taxa de analfabetismo (%) Taxa de analfabetismo (%) População (mil pessoas) População (mil pessoas) População (mil pessoas) População (mil pessoas) População (mil pessoas) População (mil pessoas) Fonte: IBGE/PNAD 2017.
FAIXA ETÁRIA 15 anos ou mais 18 anos ou mais 25 anos ou mais 40 anos ou mais 60 anos ou mais 15 a 17 anos 18 a 24 anos 25 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 59 anos 60 anos ou mais
2017 3,9 4,2 5,1 8,1 18,0 61 141 97 178 265 124
Nas diversas faixas etárias consideradas, no ano de 2017, 39,3% da população não era alfabetizada, do total de 866. 000 pessoas, o que configura uma situação preocupante.
QUADRO 2: QUANTITATIVO DE ALUNOS ATENDIDOS PELAS DIVERSAS REDES DE ENSINO NA CIDADE DE SÃO LUÍS - MA ETAPA/ MODALIDADE DE ENSINO EDUCAÇÃO INFANTIL – CRECHE
REDE DE ENSINO
PÚBLICA MUNICIPAL PRIVADA CONVENIADA NÃO CONVENIADA EDUCAÇÃO PÚBLICA MUNICIPAL INFANTIL – PRÉPRIVADA CONVENIADA ESCOLA NÃO CONVENIADA ENSINO PÚBLICA MUNICIPAL FUNDAMENTAL – ESTADUAL ANOS INICIAIS FEDERAL PRIVADA CONVENIADA NÃO CONVENIADA ENSINO PÚBLICA MUNICIPAL FUNDAMENTAL – ESTADUAL ANOS FINAIS FEDERAL PRIVADA CONVENIADA NÃO CONVENIADA EDUCAÇÃO DE PÚBLICA MUNICIPAL JOVENS E ESTADUAL ADULTOS – ANOS FEDERAL INICIAIS PRIVADA EDUCAÇÃO DE PÚBLICA MUNICIPAL JOVENS E ESTADUAL ADULTOS – ANOS FEDERAL FINAIS PRIVADA Fonte: MEC/Inep/Censo Escolar 2018.
MATRÍCULAS
TOTAL
3.841 7.391 6.186
17.418
9.397 9.316 9.413
28.126
39.672 8.150 138 8.929
82.537
25.648 25.823 27.665 293 1.520
70.437
15.136 1.352 553 0 100 3.670 1.422 0 591
2.005
5.683
Chama a atenção o quantitativo de matrículas na etapa Educação Infantil - Creche de 17.418, do qual apenas 3.841 matrículas estão na Rede de Ensino Pública Municipal, enquanto 7.391 e 6.186 na Rede de Ensino Privada Conveniada e Não conveniada, respectivamente. Apenas na Etapa Ensino Fundamental - Anos Iniciais a Rede de Ensino Pública Municipal apresenta um quantitativo de matrículas superior ao das demais Redes escolares. Convém trazer para este estudo panorâmico o Programa Escola Digna da Secretaria de Estado do Maranhão, instituído por meio do Decreto nº 30.620, de 02 de janeiro de 2015, que tem dentre os seus objetivos a construção de unidades escolares adequadas necessárias à substituição das escolas de taipa, palha, galpões e/ou outros espaços devidamente certificados como inadequados, hoje em funcionamento na Educação Pública do Estado do Maranhão. Com esta ação o Governo do Estado objetiva apoiar a execução de projetos voltados ao fortalecimento da infraestrutura da rede pública de ensino nos municípios do estado do Maranhão, por meio da substituição de Escolas precárias nas Unidades Municipais de Ensino no Eixo de Colaboração da Secretaria de Estado de Educação do Maranhão – SEDUC/MA e Secretarias Municipais de Educação – SEMEDs. Embora a escola seja o espaço, por excelência, para a alfabetização e a formação de leitores/autores, não podemos esquecer que, além do seu importante trabalho existem outros espaços coadjuvantes que concorrem para esses objetivos comuns e que, por sua natureza, objetivos e abrangências distintos devem ser considerados e utilizados de forma mais consistente e habitual.
Mas, antes, quero me reportar a algumas questões específicas da escola, segundo Denise Guilherme, formadora do programa Ler e Escrever da Secretaria de Estado de Educação de São Paulo e idealizadora e Diretora da Plataforma Taba: Nos últimos anos parece haver consenso entre os professores do Ensino Fundamental sobre a necessidade de trabalhar com textos literários nas aulas de Língua Portuguesa. Talvez por isso, muitos educadores tenham dedicado parte significativa do tempo didático às atividades de leitura em voz alta, empréstimo de livros na biblioteca, contações de histórias, rodas de leitura entre outras estratégias para garantir que todos os alunos tenham contato com a literatura e, consequentemente, possam desenvolver o hábito de ler. É interessante a constatação da necessidade de trabalharmos com textos literários nas aulas de Língua Portuguesa, e neste breve estudo levantei uma pequena amostra no Maranhão dos projetos existentes para além da escola. Encontrei, de fato, muitos projetos escolares interessantes, bem idealizados, incluindo a família e ainda projetos desenvolvidos por bibliotecas, associações, academias de letras e artes, instituições beneficentes e muitas outras instituições que lidam com o saber, com a construção do conhecimento e têm, inclusive, o propósito de operacionalizar projetos nesse sentido. Também cataloguei plataformas on-line que agregam pessoas em suas cidades. Dos projetos arrolados não foi levado em conta o tempo de existência. Alguns, inclusive, foram substituídos por outros, ou mesmo encontram-se desativados. Nas Escolas Públicas Estaduais: Escola Poética, no Centro de Ensino José Furtado Bezerra – CEJOB, em Miranda do Norte; Poeta na Escola e Leitura na Praça, em Santa Luzia; Semana Literária Maria Firmina dos Reis, em Guimarães; Clube de Leitura, Biblioteca vai à rua, Clubinho de Leitura, Belágua; e Poesia na Escola na Escola Wolney Milhomem – CAIC em parceria com a Academia Barra-Cordense de Letras. Nas Escolas Públicas Municipais: Projeto Curso de capacitação para professores Contadores de História, o Projeto Biblioteca Móvel e o Projeto Carro Biblioteca desenvolvidos nas escolas da Rede. Nas Escolas Comunitárias: Escola Paroquial Frei Alberto: Projeto Literatura Infantil: Ler para conhecer; Projeto de Leitura: Ler para desenvolver o prazer da leitura e da escrita; Projeto de Leitura, pesquisa e incentivo à formação de leitores; Formação de Leitores: o livro é importante para o meu crescimento, para sempre ser sábio, crítico e inteligente e Ler para conhecer o mundo: janelas abertas para o aprender. Nas Bibliotecas Públicas Estaduais: Biblioteca Pública Benedito Leite: Criança Lendo, Maranhão Vivendo, Lendo as Férias na Biblioteca, Lendo a Literatura Infantil, Lendo o São João, Lendo o Natal, Na Roda Com..., Cinema na Biblioteca, Lançamento Coletivo de Obras Maranhenses, Caravana na Leitura, entre outros; Programa Livro Aberto implantado em 2006, que tinha como filosofia transformar o Brasil em um país leitor; Faróis da Educação: uma alternativa para as Bibliotecas escolares. Foram implantados no estado do Maranhão no ano de 1997, inspirados no modelo do Projeto das minibibliotecas de bairro, construídas em forma de farol denominados de Farol do Saber, que foi implantado pela Prefeitura Municipal de Curitiba - PR, através da Secretaria Municipal de Educação, em 1994. Academias de Letras: da Academia Barra-Cordense de Letras em parceria com a Universidade Estadual do Maranhão: Projeto Literatura Cinzenta – voltado para os escritores in memoriam da terra, que estão caindo no esquecimento, os desconhecidos. Instituições da Sociedade Civil: O Instituto de Desenvolvimento do Estado do Maranhão - IDEMA foi criado em 2010. É uma instituição sem fins lucrativos, e entre os parceiros encontram-se o Governo do Estado e a Universidade Federal do Maranhão. No tocante à formação de leitores, o IDEMA criou a Giroteca, uma biblioteca móvel que dispensa veículo automotor ou quaisquer outros suportes para o seu deslocamento. Permite a circulação em qualquer ambiente, como: salas de aula, corredores, pátios de escolas, de associações comunitárias, clubes de jovens, entre outros. Disponibiliza um kit de energia solar, para locais que não dispõem de energia elétrica. Centro Beneficente Nossa Senhora da Glória – CEBENSG: Lendo histórias do mundo de fantasias... Escrevendo a sua história de cidadania. Esse projeto, com múltiplas atividades, todas voltadas para a otimização da leitura, tem como público-alvo alunos da Unidade de Educação Básica (UEB) Luís Viana, do Bairro da Alemanha, que são atendidas no contraturno. O Centro e a escola estão situados no mesmo bairro.
Espaço Cultural AMEI- A AMEI é uma associação em cujo espaço se encontram livros de vários escritores do estado do Maranhão. Promove diversas programações culturais, como: Saraus, Palestras, Contação de Histórias, Rodas de conversa, Música ao vivo, entre outras. Criou o Clube de Leitura AMEI LER que tem como proposta incentivar a leitura dos autores do Maranhão e promover um debate saudável sobre obras da literatura maranhense do passado e do presente. Jornais e Informativos Culturais: O Jornal Imparcial desenvolve o Projeto Leitor do Futuro, que tem como objetivo fomentar a leitura entre os alunos do ensino fundamental das escolas de São Luís. Centro de Ensino Prof. Ignácio Rangel, no bairro Maiobinha, região metropolitana de São Luís, em parceria com o Leitor do Futuro, do Jornal O Imparcial, lança o Projeto Tecendo o Saber. Informativo Praia Grande da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão (impresso). Publicação de setembro de 1988 a janeiro de 2005. Publicação bimestral configurando-se como espaço destinado à Literatura, às artes plásticas, à filosofia, à sociologia, à educação, ao cinema, à crítica, à análise crítica, à análise... com o fito de agregar e abordar temas latinos com a máxima sensibilidade e honestidade, especialmente perante as diversidades culturais. Ilha Virtual Pontocom, Informativo on-line sobre as Letras e a Cultura do Maranhão. Começou como parte de um projeto de pesquisa, mas depois que o grupo se desfez, continuou sem vínculo institucional. O primeiro número é de abril de 2011 e conta com 31 números e mais um especial de junho de 2011. Clube do Livro Maranhão - O Clube do Livro Maranhão é um coletivo cultural certificado pelo Ministério da Cultura. Atua na ilha, cidade de São Luís, desde 2010 e encontra-se sempre aberto a mais e mais clubistas. Promove eventos e encontros literários mensalmente, propõe leituras e debates, incentiva o conhecimento sobre o universo dos livros e divulga informações que abrangem o mundo da leitura. Clube de Leitura Penguin é um coletivo cultural de encontros regulares, todos realizados na capital, em um espaço especial no interior da Livraria Leitura do São Luís Shopping. O Projeto Pequenos Leitores - Pequenos Leitores foi criado com o objetivo de contribuir para a melhoria da prática de leitura literária nas escolas públicas de educação infantil e com a qualificação profissional dos professores deste segmento. É pertinente louvar tudo o que vem sendo feito, apesar das adversidades. No entanto, fica claro que todas essas iniciativas ainda não atendem à totalidade da necessidade para atingirmos o título de um país leitor. De modo geral, todos os projetos em execução procuram desenvolver atividades e esperam que as de mediação da leitura literária na formação de leitores, assim como as atividades culturais permitam às crianças, aos jovens e às comunidades a possibilidade de encontros pessoais ou coletivos com o patrimônio cultural existente nos livros e ainda fortaleçam valores sociais éticos e humanizados para um exercício de cidadania, o mais pleno possível. 3 OUTRAS MARGENS PARA A FORMAÇÃO DE LEITORES A implantação de projetos sociais que valorizem a importância da leitura é necessária e urgente para democratizar a igualdade social que passa pela inserção das camadas populares na construção do seu meio social, que incentivem crianças, jovens e adultos ainda excluídos a se tornarem cidadãos protagonistas. Sem dúvida, essa é uma ferramenta fundamental na transformação de vida de muitos brasileiros, pois, além de promover a formação dos indivíduos, possibilita também o resgate da autoestima, a possibilidade de integração social atrelada à construção de um olhar crítico e do exercício de plena cidadania. Por isso, todos os espaços possíveis que contribuam para formação de leitores devem ser usados de forma consistente e planejada. Diante desses cenários, considero necessária a inclusão de projetos educacionais/culturais mais regulares e cotidianos nas emissoras de TV e Rádios, a exemplo, dos programas esportivos, principalmente os relativos ao futebol, que são regiamente exibidos. É pertinente o engajamento planejado de programas, com vocação mais cultural, para além dos canais televisivos de emissoras educativas como a TV Escola, TVE, TV Cultura, TV SESC, Futura e até as redes de televisão dedicadas ao mundo da política como a TV Senado e
TV Câmara, o que, sem sombra de dúvida, contribuirá para suscitar maior acesso. As TVs abertas/comerciais apresentam número inexpressivo de produções do gênero, o que é evidente em todas as emissoras, mesmo nos canais por assinatura. Os poucos que vão ao ar pelas TVs abertas/comerciais são apresentados em horário pouco propício à audiência do grande público. Segundo a Constituição (BRASIL, 1988): Art. 221- A produção e a programação de emissoras de rádio e TV devem atender aos seguintes princípios: I – Preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; II – Promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação; III – Regionalização da produção cultural artística e jornalista, conforme percentuais estabelecidos em lei; IV – Respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família (grifos meus). Um exemplo recente e interessante é sobre a grande e intensa divulgação da Copa Feminina de Futebol de 2019, precedida de intensas notícias, dentre as quais: A Copa dá visibilidade para o futebol feminino. Como parte da divulgação veio a público a informação da proibição no Brasil da participação feminina no futebol, ou seja, proibição do Futebol feminino, instituída pelo governo de Getúlio Vargas, com vigência de 1941 a 1979. Por meio do Decreto-Lei nº 3.199, de 14 de abril de 1941, o então Presidente Getúlio Vargas proibiu a prática de esportes incompatíveis com a natureza feminina, entre eles o futebol. A sua revogação deu-se em 1979. Mas, pergunto: O público em geral sabe da proibição, pelo Estatuto da Academia Brasileira de Letras-ABL, da entrada de mulheres nesta Academia? ADLER (texto mimeogr., 2018), em Mulheres na Literatura Maranhense: o eco da palavra lírica e os embates femininos indispensáveis à vida no mundo humano, apresentado na I Festa Literária de Itapecuru Mirim/Maranhão, realizada no período de 19 a 21 de outubro 2018, explicita: A Academia Brasileira de Letras-ABL foi fundada no estado do Rio de Janeiro, em 20 de julho de 1897, por iniciativa de Machado de Assis, seu primeiro presidente, com o objetivo de preservar a língua e a literatura nacionais. No seu Estatuto constam as assinaturas de: Machado de Assis, Presidente; Joaquim Nabuco, Secretário-Geral; Rodrigo Octavio, Primeiro-Secretário; Silva Ramos, Segundo-Secretário e Inglês de Sousa, Tesoureiro. [...] E, no seu artigo 2º, preconiza: Art. 2º - Só podem ser membros efetivos da Academia os brasileiros que tenham, em qualquer dos gêneros de literatura, publicado obras de reconhecido mérito ou, fora desses gêneros, livro de valor literário. As mesmas condições, menos a de nacionalidade, exigem-se para os membros correspondentes. Ainda no início dos anos 50, o Regimento Interno da ABL ratifica a impossibilidade de elegibilidade feminina e altera o artigo: os membros efetivos serão eleitos, dentre os brasileiros, do sexo masculino, deixando mais claro ainda a prerrogativa excludente do gênero feminino. [...] A primeira candidatura feminina, Amélia Beviláqua, em 1930, foi rejeitada, sob a justificativa de que o vocábulo “brasileiros” restringia suas vagas apenas ao sexo masculino; ficou claro que a Academia relacionava valor literário a gênero. A segunda mulher a tentar participar do círculo de literatos imortais foi Dinah Silveira Queiroz, cuja candidatura também foi rejeitada. Apenas em 1977 a instituição discutiu novamente a questão da mulher na Academia, para dar parecer favorável a Rachel de Queiroz (Cadeira 5).Assim, durante as primeiras oito décadas de existência da Academia Brasileira de Letras, nenhuma mulher fez parte da instituição [...] outro fato digno de nota é que nenhuma mulher patroneia nenhuma Cadeira na ABL (grifos meus).
Convém salientar, nesta linha de raciocínio, a contundente diferença entre os recursos financeiros que perpassam pelas atividades esportivas, em especial pelo futebol, em contraposição àqueles destinados à educação e à cultura. Do exposto, podemos depreender a importância das várias margens no projeto maior de um Brasil Leitor. 4 CONSIDERÇÕES FINAIS O objetivo maior deste trabalho é ratificar que o ensino da literatura na escola e a formação do leitor se configuram um importante viés da construção de um país leitor, mas não o único, e muito menos o único responsável para otimização desse indicador. Paralelamente à formação do leitor, temos como pré-condição a alfabetização. Um indivíduo plenamente alfabetizado é também um leitor competente que compreende e interpreta textos em diferentes situações, estabelece relações entre suas partes, compara e analisa informações, distingue o fato da opinião, é capaz de fazer inferências e sínteses. Só é possível adquirir todas essas competências, tendo acesso à palavra escrita e a experiências educativas. Segundo Ivan Maia, o quantitativo de analfabetos no Brasil equivale, aproximadamente, à população do Uruguai, da Nova Zelândia e da Irlanda juntos. No total são 50.000.000 de brasileiros analfabetos ou semiletrados. Se essas pessoas estivessem em um único país, este estaria no 28º lugar no ranking mundial de população. Aí está o desafio: colocar no mesmo grau de importância e preocupação todas as margens delineadas pela escola e pelas demais instâncias do tecido social para, por meio de um país leitor, um leitor com todas as competências necessárias, materializar a máxima do Conceito de Causalidade Circular de Gramsci, que significa uma via de mão dupla entre a estrutura e a superestrutura da sociedade, na qual o modo de produção (estrutura da sociedade) e a instância ideológica, conjunto de Leis, Ideias e Valores (superestrutura da sociedade) encontram-se interdependentes e, por isso, de igual importância (ADLER,1988). Ainda convém lembrar que a escola e as demais instituições sociais se localizam na superestrutura e é nessa instância que incide o trabalho do professor e dos demais canais disseminadores de cultura. Finalizo esta fala com a minha afirmação inicial: A leitura implica uma habilidade que deve ser desenvolvida para a consolidação da competência de leitores críticos, pautada em valores éticos e humanizados, considerando que o ato de ler é um ato político.
REFERÊNCIAS ADLER, Dilercy Aragão. Alfabetização e Pobreza: a escola comunitária e suas implicações. São Luís: Estação Produções Ltda, 2002. ADLER, Dilercy Aragão. Mulheres na Literatura Maranhense: o eco da palavra lírica e os embates femininos indispensáveis à vida no mundo humano, São Luís: Mimeogr., 2018. ADLER, Dilercy Aragão. Ler e produzir obras literárias: prazeres vitais para o mundo humano. São Luís: Mimeogr., 2015. ADLER, Dilercy Aragão (Org.). Enfoques teóricos em Sociologia: estudos de sala de aula. Caderno de Educação. Vol. I Nº1, São Luís: CEUMA, 1988. BACCEGA, Maria Aparecida. Comunicação: interação emissão/receptor. Revista dos gestores de processos educacionais – Comunicação e Educação, ano VIII, nº 32, jan –abr./2002. São Paulo. BRASIL. CONSTITUIÇÃO. Constituição da República Federativa do Brasil. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Brasília: Senado Federal, 1988. Vade mecum. São Paulo: Saraiva, 2018. KELLNER, D. Lendo imagens criticamente: em direção a uma pedagogia pós-moderna. In: SILVA, T.T. (org) Alienígenas em sala de aula. Uma introdução aos estudos culturais em educação. Petrópolis, Ed. Vozes,1995, p. 104-131. MORAN, José Manuel. Mudanças na comunicação pessoal. 2a ed. São Paulo: Paulinas, 2000. MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos e BEHRENS, Marilda. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. 7ª ed., Campinas: Papirus, 2003.
SITES CONSULTADOS https://novaescola.org.br/conteudo/573/desafios-da-formacao-de-leitores-na-escola http://plataforma.prolivro.org.br/ https://ataba.com.br/quem-somos/ https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2018/09/14/idh-2018-brasil-ocupa-a-79posicao-veja-a-lista-completa.htm http://www.educacao.ma.gov.br/files/2017/02/COMUNICADO-ESCOLADIGNA.pdf http://www.idema.org.br/projeto-giroteca https://www.clubedolivroma.com/p/blog-page_9.html https://www.facebook.com/ClubeDeLeituraPenguinCompanhia/ https://www.instagram.com/clubeameiler/ https://oimparcial.com.br/noticias/2016/12/leitor-do-futuro-premia-melhores-em-redacao/ https://oimparcial.com.br/noticias/2017/06/projeto-tecendo-o-saber-e-lancado-em-parceria-com-o-leitordo-futuro/ https://cultura.estadao.com.br/blogs/babel/44-da-populacao-brasileira-nao-le-e-30-nunca-comprou-umlivro-aponta-pesquisa-retratos-da-leitura/ https://medium.com/@dulcelino/por-que-o-brasileiro-n%C3%A3o-l%C3%AA-e-um-pouco-maisal%C3%A9m-disso-c1f1d229acf8 https://pt.wikipedia.org/wiki/Futebol_feminino https://www1.folha.uol.com.br/esporte/2019/06/proibido-no-brasil-futebol-feminino-ja-foi-ate-atracaode-circo.shtml
UMA HISTÓRIA DE 163 ANOS. Aymoré Alvim, APLAC, ALL, AMM.
Em 1856, o povo pinheirense festejou, solenemente, a emancipação política do Lugar do Pinheiro, núcleo populacional inicial do atual município. Isto significa que, nesse ano, Pinheiro foi elevado à categoria de vila com a denominação de Vila de Santo Inácio do Pinheiro. Não foi fácil. A luta foi árdua, travada, nessa época, entre os políticos de povoado com o apoio dos de Alcântara e os de Guimarães a quem pertencia a pertencia o Lugar do Pinheiro. Fundado em 1806 pelo Capitão Inácio José Pinheiro, Capitão-Mor da Vila de Alcântara, o Lugar do Pinheiro como passou a ser chamado, foi uma Sesmaria que por solicitação do Capitão foi doada aos índios que habitavam ao localidade pelo Governador do Estado como um recurso para dirimir contendas que vinham ocorrendo entre eles e posseiros que viviam naquela área. Localizado numa ponta de terra que avança em direção nordeste pelos campos do Rio Pericumã, o lugarejo passou, aproximadamente, 26 anos para ser transformado em uma pequena povoação formada pelos índios e por pessoas vindas de Alcântara e Guimarães para ganhar a vida na Região. A partir de então, com a implantação de engenhos e cultivo da cana-de-açúcar, a pequena povoação começou a se desenvolver. Por volta de 1840 já possuía um bom comércio e boa produção de açúcar, cachaça e cereais além de um considerável plantel de gado vacum criado de forma extensiva, nos campos que contornam o Lugar. No início dessa década, já gozando, como nos referimos, de um bom desenvolvimento econômico e considerável população, casas cobertas de telhas e um Juizado de Paz, esses moradores entenderam que já era hora de pensar em sua autonomia política, elegendo seus vereadores e dirigindo os seus próprios destinos, mas encontrou, na Assembleia Provincial, forte resistência da representação da Vila de Guimarães ao desmembramento do seu território. Desde 1833, quando o povoado começou a participar das eleições paroquiais, já mostrava uma tendência oposicionista que passou a ser tomada como provocação pelos políticos de Guimarães, comandados pelo deputado provincial vimarense da ala governista, Torquato Coelho de Sousa, seu cunhado, deputado Francisco Sotero dos Reis e Manoel Gomes da Silva Belfort aliados a outros deputados governistas de forte influência, na Assembleia, Além do mais, era bastante conhecida a ligação partidária entre os políticos locais com os da bancada da oposição da Vila de Alcântara. Várias foram as manobras urdidas para evitar a sua emancipação, até que, esgotadas todas as tentativas possíveis, foi por fim sancionada, em 3 de setembro de 1856, a Lei Provincial No. 439 pelo então Presidente da Província do Maranhão, o Sr. Antônio Cândido da Cruz Machado, Oficial da Imperial Ordem da Rosa e Deputado à Assembleia Geral Legislativa pela Província de Minas Gerais. A partir dessa data, a maior do nosso calendário cívico que ora comemoramos, a vila de Santo Inácio se mostrara muito progressista, perseguindo sempre um futuro onde se concretizassem os sonhos de muita prosperidade almejados pelo seu povo.
CACHAÇA RESERVA DO ZITO - PASSAGEM FRANCA PARA UMA GENEROSA DOSE DE AFETIVIDADE PAULO MELO SOUSA Situado a 410 km da capital, São Luís, Passagem Franca é um agradável rincão maranhense, tendo como municípios limítrofes São João dos Patos, Paraibano, Buriti Bravo, Lagoa do Mato e Colinas. Possui área de 1.358 km², contando com 17.562 habitantes, segundo o último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, em 2015. Encravado nas chapadas do Alto Itapecuru, está a 214 metros de altitude, o que lhe confere um clima bastante ameno (à noite sopra um delicioso vento frio denominado pelos moradores de cruviana), que favorece a agropecuária, sua maior fonte de riqueza econômica. Inicialmente o local reunia um punhado de moradores, ao longo do século XVIII. Em 8 de maio de 1835, sob a invocação do padroeiro, São Sebastião, o povoado foi transformado em freguesia, sendo esta elevada à categoria de Vila em 28 de junho de 1838, através da Lei Provincial nº 67. Finalmente, tornou-se município pelo Decreto nº 832, de 3 de junho de 1935. Segundo relatos orais, a denominação Passagem Franca se deve a uma antiga moradora, uma portuguesa conhecida como dona Franca, que tinha uma taberna que hospedava os viajantes. Nas suas terras passava um rio, e próximo à taberna o rio é mais raso, favorecendo a passagem de boiadas que vinham de Pastos Bons em direção a Caxias e Teresina. Esse trecho do rio ficou conhecido como a passagem da velha Franca. Daí ficando a designação Passagem Franca, como é denominado o município. Um busto de dona Franca foi colocado na praça principal da cidade, marco histórico que enche de orgulho os moradores. Nesse aprazível lugar, seguindo a tradição da agropecuária, surgiu um canavial que deu origem a um antigo engenho de cana-de-açúcar, nas terras de propriedade de seu Chico Saraiva. Foi nesse local que começou a ser produzida uma cachaça de primeira qualidade, desde os fins do século XIX. Um dos moradores da fazenda, jovem trabalhador oriundo de uma família piauiense, com o passar do tempo se tornou proprietário das terras e do engenho, dando seu apelido, Zito, à cachaça Reserva do Zito. Ele nasceu em Croatá do Rufino, localidade a 18 km do município de Picos, Piauí. Os pais dele, Pio Rufino da Silva e Teresa de Jesus dos Santos se casaram e seu Zito, que atende pelo nome de batismo como José Rufino da Silva, nasceu a 10 de abril de 1929. Seu Pio se mudou da sua terra natal e chegou em Passagem Franca no dia 2 de novembro de 1929, quando seu Zito contava com menos de sete meses de vida. Inicialmente a família morou nos fundos de um comércio, cujo proprietário era seu Roseno Almeida, casado com a irmã do dono das terras, Chico Saraiva. Seu Zito se criou em Passagem Franca e se casou com dona Francisca Medeiros de Araújo, conhecida como dona Chiquita, que era natural do Rio Grande do Norte. Com ela teve cinco filhos, que lhes deram 14 netos. Começou a trabalhar como ajudante de pedreiro. Aos poucos, com o fruto do seu trabalho foi comprando uns pedaços da área do proprietário da fazenda onde sua família morava, até se tornar dono definitivo de 44, 94 hectares de terras, em 1960, juntamente com o grande canavial e o antigo alambique. A partir dos 15 anos de idade seu Zito começou a trabalhar como funcionário no alambique, que produzia a cachaça consumida na região. Ao se tornar proprietário do engenho, batizou a aguardente como cachaça Reserva do Zito. “Começamos a fabricar a cachaça branca mesmo; depois fomos colocando ela nas dornas (barris) de madeira daqui da região, o pau d’arco (ipê), aí ela fica corada. Só do ano passado pra cá é que se começou a comprar e trabalhar com outra madeira, o carvalho, que vem de Minas Gerais”. Essa madeira, atualmente, é adquirida de uma empresa que importa o carvalho, a D & R Alambiques. A história da cachaça Reserva do Zito veio evoluindo ao longo dos anos, e a empresa se tornou familiar. Seu Zito, aos 90 anos de idade, ainda dá conta do trabalho, mas entregou a administração da empresa aos filhos Geraldo e Daniel Silva, que estão imprimindo novo ritmo ao engenho, com inovações tecnológicas, inovação nos processos de gestão e expansão dos negócios. Seu Zito continuou usando a velha dorna do alambique original para armazenar a aguardente. Contudo, na pegada da inovação, no ano passado os filhos
de Seu Zito resolveram reformar a dorna antiga, já que em Passagem Franca não existem especialistas no assunto. Após a limpeza da parte interna do barril, fizeram uma coivara com a queima da madeira pau d’arco e a fumaça daí advinda foi direcionada para a parte interna da dorna. Entre uma dose de cachaça Reserva do Zito e umas garfadas no tradicional Doce de Rapariga (feito a partir de mamão verde ralado, amêndoas de coco babaçu, rapadura e cravinho), para espantar os efeitos da cruviana, escutamos uma animada conversa na boca da noite em Passagem Franca: “Depois que fizemos a coivara na dorna nós achamos a fumaça cheirosa, fechamos a dorna nos fundos e na tampa e deixamos a fumaça abafada; depois de uns três dias colocamos a cachaça no recipiente, e após alguns meses nós abrimos a dorna e fomos provar a cachaça, sendo que o resultado foi maravilhoso, pois a cachaça absorveu o gosto da defumação. Foi assim que chegamos a essa descoberta, que foi acidental, mas de resultado excepcional”, explica seu Geraldo Silva, um dos filhos de seu Zito e que é um dos administradores da empresa que fabrica a cachaça. A aguardente passagense participou, no ano passado, em julho, da Expo Cachaça, evento nacional realizado em Minas Gerais, tendo ótima aceitação junto ao público e aos especialistas. Neste ano aconteceu o registro da empresa no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA. Dessa forma, a Reserva do Zito obteve a certificação, obtendo a legalização para produzir, engarrafar (envazar) e comercializar o produto. Até hoje o alambique funciona com recursos próprios, sem ter ainda acesso a financiamento público, tanto municipal quanto estadual. A cachaça branca (prata) é comercializada em garrafas de 700 ml, as que são armazenadas em ipê e carvalho são acondicionadas em garrafas de 500 ml, sendo o produto também vendido a granel. A atual produção do alambique é de 60 mil litros por ano. A Reserva do Zito é uma cachaça diferenciada, os donos aproveitam o coração da cachaça. “Nós só produzimos a cachaça a partir do canavial existente na parte mais elevada da nossa propriedade. Temos uma parte do terreno que é molhada, o brejo, que não dá a cachaça com a mesma qualidade da parte seca, de cima, que é irrigada. Separamos a cachaça para envelhecer; aqui nós priorizamos a qualidade, não a quantidade”, explica Geraldo Silva, que conta com a ajuda de sua filha Hellen Silva, neta de seu Zito, na venda e na propaganda da cachaça. Esse cuidado na produção da aguardente tem gerado bons frutos. Na semana passada a cachaça Reserva do Zito branca, a Prata, ganhou a medalha de ouro no mais conceituado concurso internacional de destilados, o maior do mundo (Concurso Mundial de Bruxelas 2019), que agrupou concorrentes de 59 países, num total de 1.770 produtos. O resultado do concurso, que é itinerante, saiu na última sexta-feira, 6 de setembro, e esta edição aconteceu na cidade de Lvliang, na China, reunindo os maiores sommeliers do planeta. A dedicação de seu Zito e o afeto com que a família dele se dedica à produção da cachaça premiada são elogiáveis. Uma cachaça de primeira qualidade está muito além de ser mais uma bebida destilada, feita a partir da canade-açúcar e dotada de critérios necessários para uma chancela de qualidade, tais como conhecimento científico, higiene, tempo de apuro, controle de qualidade, volume alcoólico, madeira das dornas de armazenamento, o terroir. Coexistem, no produto, o tempero da tradição que se revela no ritual do preparo da aguardente, evidenciando o sabor da bebida marcada pelas nuances dos segredos que definem sua personalidade, que são percebidos delicadamente a partir de uma inebriante degustação. Nesse momento, que equivale ao de uma revelação, é possível resgatar uma memória afetiva que nos coloca diante de uma vivência sensorial íntima, envolvendo particulares experiências que atiçam o olhar, o olfato, o paladar. Não se trata apenas de adubar um terreno e plantar um canavial para se chegar a uma cachaça com alma. Existem componentes que vão além do simplesmente visível, como se percebe numa dose da cachaça defumada em barril de ipê. Pura poesia! Seu Zito conversa com os pés de cana, toca na planta procurando escutar com os sentidos o que ela tem a lhe dizer. Esse ritual, aliado à sabedoria de dar início a um pé-decocho (que é o processo que aciona a fermentação da cachaça) de acordo com a lua certa traduzem alguns dos ingredientes que estão além do plano simplesmente físico. Esta é uma bebida elaborada com carinho, que une uma família que tem fé no que faz e que nos transmite com leveza uma indispensável dose de afetividade. Essa dádiva desperta em nós sensações plenas de significados, que nascem a partir de uma generosa degustação da inebriante cachaça Reserva do Zito.
SERÁ QUE VALE A PENA? AYMORÉ ALVIM APLAC, AMM, ALL. Há muitos anos, em um continente habitado somente por índios, uma grande parte dele foi ocupada por um povo vindo do leste, do outro lado do grande mar. Mais tarde, teve origem nessas terras um país muito grande, rico e bonito. Com uma exuberante biodiversidade, extensos e caudalosos rios que serpenteavam por seus vales e elevações e uma luxuriante cobertura florística, esse pais era um gigante pela própria natureza, como costumavam dizer. E o povo? Ah! o povo! Ele se dizia feliz dentro das possibilidades que lhe permitiam os poderosos da época. Mas como a felicidade nunca é completa sempre havia uns mais felizes que outros. Inicialmente houve forte estratificação de classes, ops! de raças, melhor dizendo. Com o tempo, implantaram por lá um regime político chamado democracia. E o que mudou? Dizem que ninguém sabe. Se a tal democracia for igualdade para todos perante a lei e respeito aos direitos de cada um, parece que esse negócio só chegou para alguns. Um grupo, relativamente, pequeno se comparado ao restante do povo. Falavam que no meio dos privilegiados se destacava um grupo ávido pela coisa pública, especializado em administrar e partilhar o erário. Pela história daquele povo, grupos dessa natureza estiveram presentes em todas as gerações que se sucederam, como uma herança maldita que se instalou desde as primeiras comunidades que por lá chegaram. Seus membros sempre mostraram assaz voracidade em se locupletarem como se a medida do possuir nunca lhes satisfizesse como dizia um de seus ilustres moradores chamado Vieira. Era uma verdadeira praga que mais tarde foi chamada de corrupção. Alastrava-se como uma epidemia ou erva daninha, se manifestando como um estado crônico de dependência moral. E as forças coercitivas desses abusos? Funcionavam, mas não na dimensão com que esses grupos de espertalhões apareciam e atuavam. Era difícil. Era muito difícil agarrar um corrupto. Quando um deles era pego, as leis que eles mesmo faziam os protegiam ou os imunizavam e, assim, permitiam que o processo tramitasse por longos anos ate que prescrevesse. Desta forma, voltavam são e salvos para novas investidas. Era uma turma, como se costuma dizer, da pesada. Mas, de vez em quando um era agarrado. Certa vez, pegaram uns tubarões. Dentre eles, pontificava um senador. Embora o processo tenha tramitado com inaudita celeridade, os cabras foram condenados, presos e seus bens arrestados, exceto o senador, cuja prisão não foi autorizada pela sua Casa legislativa, devido a imunidade parlamentar que o protegia da prisão quando roubava o Estado. Serviu de exemplo? Que nada. O resto continuou na mesma vidinha de sempre. Muitos anos depois, em uma fria manhã, numa Faculdade de Direito daquele país, um grupo de jovens acadêmicos discutia sobre a aula que havia assistido cujo tema abordado foi sobre a Corrupção nas estruturas do Estado moderno. Em dado momento, um dos estudantes resolveu levantar a memória do avô, o velho senador Vasconcelos, um paladino da moral na sua época. Senador Vasconcelos? Era teu avô? Aquele sujeito foi um dos maiores corruptos da história política deste país. Foi denunciado, condenado e só não foi preso porque o Senado não autorizou a prisão e, por fim, morreu no ostracismo. Lê os jornais da época e verás quem foi a peça. O rapaz não retornou mais à Faculdade. Vítima de profunda depressão, cometeu suicídio dentro de poucos meses.
A repercussão do caso nos jornais se abateu sobre os familiares do velho senador que preferiram esquecer o que para eles era um ilustre ascendente. Pergunta-se: Valeu a pena? Moral da história: Um dia, alguém lá na frente pagará por tuas trambicagens.
AS CRONICAS DE CERES As crônicas de Ceres Costa Fernandes são publicadas no Jornal O Estado do Maranhão
CRÔNICA, À MODA FABULAR, PARA MARIA ISABEL 67
Maria Isabel nasceu como uma daquelas princesas das histórias de Era uma vez... Com uma estrela na testa. Todos ao seu redor percebiam isso. Fato mais notado por ser pequena a sua cidade berço: São Bento dos Peris. Menor ainda naqueles tempos, embora contasse com uma seleta sociedade. Cidade em que muitos ilustres maranhenses nasceram e de lá se projetaram para o resto do Brasil. Maria Isabel também estava fadada a não permanecer muito tempo na sua cidade natal. Certo dia, lá aportou um jovem e galante advogado, cheio de sonhos, pronto para defender uma polêmica e alentada questão, portando uma volumosa valise, cheia de documentos. Por este derradeiro detalhe, foi identificado como um caixeiro viajante sedutor, e logo rejeitado por meu avô, feroz guardião de sua princesa com uma estrela na testa. Mas o amor do jovem advogado apaixonado, logo ao primeiro olhar, pela bela princesa que contava apenas dezesseis anos, foi decisivo. Enfrentou com denodo o feroz dragão, digo meu avô, e de imediato pediu a 67
Hoje (06/07/2019) é o aniversário de minha mãe. Transcrevo a fábula da princesa Maria Isabel, contada por mim, no dia de sua morte.
mão de Maria Isabel. E eles se casaram e tiveram dois filhos. Uma menina desajeitada e um principezinho louro. Ela, a princesa com uma estrela na testa, desde cedo, assumiu o acolhimento das duas famílias. A casa deles e dos dois filhos, por vezes, abrigava, entre familiares que vinham estudar e os que roubavam moças, e mais colaboradores, 17 ou mais moradores. Confesso que era uma casa muito animada. Ele, o herói, morreu muito cedo, vitimado por uma doença cruel, mas ainda teve tempo de conhecer o neto mais velho, porque a primogênita, seguindo o conselho da mãe, que lhe rogou que não se casasse aos 16 anos, casou aos 15. O advogado, jovem e brilhante teve o seu brilho apagado aos 46 anos. Ainda assim, deixou, para sempre, fortes exemplos e influência marcante em toda a família. E ela seguiu sendo a matriarca, até ver todos os membros da grande família encaminhados. Maria Isabel era uma princesa alegre e descomplicada, nunca deixava que algo a afligisse por muito tempo, sua filosofia de vida poderia resumir-se na simples frase, muitas vezes repetida: “no fim dá certo”, quando queria ousar. Ou, seguindo o dito de sua sábia avó, Rita de Cássia, inspiradora de sua devoção à santa do mesmo nome: “o que não tem jeito, remediado está”, quando o caso exigia absoluta conformação. Com essas duas máximas, ia levando a vida. Eu sempre desconfiei que o verso de Gilberto Gil, “gente é para brilhar” certamente se referia a ela. Maria Isabel gostava de festas, crianças, reuniões com amigos e de viagens, correndo mundo, com a estrela na testa, a reluzir. Imaginava que a morte, quando a encontrasse, lhe prepararia algo de diferente, a combinar com a sua vida. Mas, não. Deus tinha outros desígnios para ela. Sofreu demais com aquela longa enfermidade que os muito velhos têm, e, após muito lutar, depôs as armas e foi morrendo devagarinho, apagando–se bruxuleante como uma vela que o vento suave sopra. Após a morte, o velho corpo combalido pareceu recuperar-se, e acendeu-se novamente na sua testa a luz da estrela. Partiu para mais uma viagem, e certamente, transformou-se toda ela em um astro e está do outro lado da vida a brilhar, desta vez para sempre. Até mais, Mãe.
A REVOLUÇÃO DOS BRINQUEDOS Ceres Costa Fernandes Fascinante são as mutações no mundo dos brinquedos através dos tempos, observar como o design tradicional das peças, perpassando centenas de anos sem alterações significativas, mudou radicalmente. Já repararam que, desde tempos remotos, os brinquedos oferecidos às crianças sempre foram feitos à imagem e semelhança de pessoas, animais ou objetos: bonecas de feições delicadas, cabelos sedosos, corpo proporcional; bichinhos, mesmo selvagens, de feições agradáveis, de modo a despertar sentimentos de maternidade, afeição e ternura, e máquinas replicadas nos seus mínimos detalhes. O mundo real representado. E assim pareceu bom por gerações. É apenas observação empírica, curiosidade leiga, mas quem quiser conferir, basta visitar um desses museus europeus de brinquedos. O mundo dos brinquedos perpassou do Cubismo ao Concretismo e demais ismos sem se contaminar com as suas características. Um inesperado ismo, o consumismo, surge no mundo dos brinquedos no final dos anos 50. Ele trouxe à banda ocidental uma mudança radical: uma boneca-moça. Sucesso total e derrocada de bonecas-meninas ou bebês. A Barbie, um protótipo de perfeição feminina impingido para o mundo, o da adolescente loura dolicocéfala, magérrima, perfeito para estimular a venda de roupas, acessórios e cosméticos e encurtar a infância de um consumidor inexplorado: as meninas. Apesar da mudança, dos exageros da silhueta longilínea – ah, o tormento feminino da magreza – a boneca conservou “humanos o gesto e o peito”, lembrando nosso bardo maior. Súbito, outra reviravolta, as bonecas de hoje, a exemplo das Superpoderosas – um sucesso de vendas -, são cabeçudas, do olhão, outras são de pernas longuíssimas e cabeças miúdas, quando não atarracadas de pernas curtas e imensos pés. Nenhuma de proporções normais. Os bichinhos de pelúcia e borracha transformaramse em animais monstruosos, mistura de répteis e figuras de pesadelo, um composto que lembra o conúbio de um dragão com uma escavadeira. Com esse horrendo aspecto, tornaram-se os companheiros prediletos de bebês, substituindo ursos-panda e fofos gatinhos e cãezinhos. Ao observar esses monstros, que os pais colocam dentro dos berços ou decorando o quarto, acho estranhíssimo os infantes não rebentarem em berreiros de pavor à sua visão. Que nada, o bebê de colo sorri quando um demônio da Tasmânia rosna para ele, arreganhando os dentes. Pessoas teorizam sobre a aceitação desses monstros impingidos às crianças: isso faz parte de bem urdida estratégia do anunciado fim dos tempos, os demônios querem tomar o mundo e estão cooptando as crianças para essa dominação. Os adultos, esses, já estão conquistados, na medida em que não crêem mais no diabo – uma das artimanhas do tinhoso para melhor agir. Ou será o consumismo, manipulando o gosto infantil? Atualizando os brinquedos de acordo com as outras mídias, desenhos, filmes, histórias em quadrinhos, jogos, cosplays. Vide Pokémon, Harry Potter, os mangás, os super-heróis etc. Criando lucrativos merchandises. E você, que acha? Por outro lado, os brinquedos tradicionais vêm sofrendo o desmonte de suas características. Filmes como O Brinquedo Assassino, com o boneco Chucky como titular, que já tem até série própria, Anabelle e outros em que pacatos brinquedos se revoltam contra os maus tratos dos pequenos donos, têm levado crianças a temêlos mais que aos monstros. Minha neta Júlia, tempos atrás, recusou a sua boneca preferida na hora de dormir. Estranhei, e veio a revelação, É que sonhei com ela acordando durante a noite e me enchendo a cara de tapas. Preferiu abraçar-se a um jacaré dentuço e de chapéu. Sinal dos tempos
A TERRA SE ESPREGUIÇA Ceres Costa Fernandes
A velha mãe Terra está em fase de achaques novamente. Inquieta sacode-se, retorce-se como se sofresse de incômodos e dores. Um ligeiro espreguiçamento que se lhe acomete a espaços curtos de milhares ou milhões de anos. O tempo da Terra não se conta como o dos homens. É bastante para reacender os alertas do Apocalipse. Falharam as profecias de Nostradamus e de outros menos acreditados, para os anos 1000 e 2000, e a dos Maias, para 2012. Acabaram? Não, continuamos na expectativa. Muitos encontram, nos sinais de fúria da natureza, o castigo contra os desmandos da humanidade, culpam os habitantes do planeta de terem alterado o equilíbrio dos ecossistemas e desregulado a poderosa Terra, que agora sacoleja, com o fito de sacudir de suas costas os incômodos carrapatos humanos que a estão destruindo. Destruindo? Quanta pretensão! A Terra esquenta, esfria, acende vulcões, provoca terremotos e maremotos, quando quer. Meteoritos colidiram com ela, diversas vezes, em uma delas, sabe-se, foram-se para sempre os grandes sáurios. E ela sobreviveu. Só será um planeta morto, em bilhões de anos quando o sol, o seu promotor de vida, esfriar. Então, ela, como uma velha senhora, sossegará (velhas senhoras sossegam?), sem vida, mas não destruída. Será mais um corpo celeste frio, a vagar pelos céus como a Lua ou Marte. Quanto aos carrapatos, habitantes da fina camada chamada crosta, que se equilibra malmente por cima das placas tectônicas, navegantes dos mares de rocha derretida, esses humanos tão frágeis de uma hora para outra podem ir para o beleléu. Todos juntos ou aos pacotes. Em 2010, nossa fragilidade não aguentou nem a ação de um vulcão de quinta numa ilha-nação, a Islândia. Só por juntarem-se uma série de coincidências: o vulcão para turista ver que se situa no meio da Dorsal do Atlântico, onde as placas tectônicas Norte-Americana e Eurasiática se afastam, estava debaixo de uma geleira, isso o fez expelir cinzas misturadas a elementos sólidos em quantidades gigantescas que, empurradas pelos ventos, encaminharam-se rumo à Europa. Bastou para que o trânsito aéreo do mais importante dos cinco continentes deixasse de acontecer. Aviões no chão. O caos. Os povos não se imaginam mais sem poder voar. Já imaginaram se esse vulcão de brinquedo prolonga a sua ação? Segundo estudiosos, a mega--erupção do vulcão Toba, na Indonésia, por volta de 70 mil anos A.C., cobriu a atmosfera com um manto de cinzas, reduziu a temperatura em 15ºC, acelerou uma era glacial já em curso e extinguiu 90% da humanidade. Um valente, também com esse nome... Quem sabe do imponderável? Tememos o “fim do mundo”, quando devíamos temer mais as tragédias anunciadas. Vamos aplicar nossas energias no que está em nossas mãos realizar. Limpar rios e mares, não obstruir os esgotos, nem as saídas naturais das águas pluviais, reciclar o lixo, só usar plástico biodegradável, não destruir matas ciliares ou não, tentar diminuir a emissão de gazes, usar energia limpa, e outras coisas que todos sabem, mas não cumprem. Acreditem, me incomoda mais morrer só que de pacote com toda a humanidade, nada deixando para trás (ou para frente?). Tão rápido que não haverá tempo para dizer “gaderipoliti”. Aliás, fim do mundo é relativo, o mundo se acaba quando morremos. Pequenos fins de mundo estão acontecendo a todo o momento em vários países. No Oceano Índico, 2004, ocorreu o tsunami que detém a mortandade maior de todas, nos últimos tempos: mais de 250 mil pessoas. Nesses casos o que os carrapatos podem fazer? Só rezar
LUIZA LOBO Ceres Costa Fernandes Sopra, do Sudeste, um vento sousandradino e, no seu bojo, traz, mais uma vez a esta terra, Luiza Lobo. A vez primeira que este vento literário soprou foi no ano de 1979, movido pela paixão poética que consumia a jovem escritora. Veio, então, à cidade em que o bardo da Quinta da Vitória viveu, para o lançamento do seu livro Tradição e ruptura: O Guesa de Sousândrade. Jomar Moraes, outro sousandradino, ao ter em suas mãos o original de Luiza, entendeu o valor da obra e, como diretor do SIOGE (Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado), imediatamente a edita e publica, em 1979. Ventos continuam a soprar. Em 1982, no Sesquicentenário de Sousândrade, Luiza vem ministrar um curso sobre Romantismo no Brasil. Já conquistada pelas praias e integrada ao espírito de São Luís, ela nos conta: “Caminhava pela rua das Hortas e ouvia um ensaio do músico Turíbio Santos, que tocaria à noite no Teatro Artur Azevedo. O som do violão, na rua ensolarada, me fazia lembrar Gonçalves Dias.” Os anos passam, Luiza mundo afora, distante, mas não distanciada de São Luís. O contato literário se fazia intenso com a publicação de Épica e modernidade em Sousândrade (1986), Crítica sem juízo (1993) e de outras produções em que o bardo de O Guesa comparece. Em 2000, Luiza é eleita sócia-correspondente da Academia Maranhense de Letras, oficializando o que, de fato, já acontecia; em 2013, é correspondente também da Academia Ludovicense de Letras. A relação literária com o Maranhão prossegue ao travar conhecimento com os estudos de Nascimento Moraes Filho sobre Maria Firmina, a primeira mulher romancista brasileira, com Úrsula (em 1859). Fez inúmeras conferências e artigos sobre os dois escritores. Jomar Morais e Frederick G. Williams publicam as obras completas de Sousândrade, em 2003. Em 2012, sai uma nova edição com a ortografia atualizada de O Guesa, organizada por Luiza, uma edição definitiva, com introdução, notas, glossário. Uma edição completa, primorosa e, segundo a opinião abalizada de Jomar Moraes, a melhor de quantas foram feitas. Publicou mais de 20 obras, entre contos, ensaios, traduções e romances. Mais de duzentos artigos publicados em revista nacionais e internacionais e verbetes de enciclopédias. Não daria para citar toda a sua produção aqui.. Poderíamos chamar a obsessão de Luiza por Souzândrade de uma lúcida e saudável obsessão. Ou melhor, poderíamos fazer do jeito que ela fez ao nomear Jomar Moraes de JOMAR SOUZÂNDRADE MORAES, na edição comemorativa dos 50 anos do Mestre, organizada por Pergentino Holanda. Acho que ela está a merecer de nós o mesmo honroso epíteto: LUIZA SOUSÂNDRADE LOBO.
A FAMÍLIA SIMS Ceres Costa Fernandes Já ouviu falar da família Sims? Não? Deixe-me apresentá-la. Trata-se de um jogo de computador que consiste em dar vida a uma família. O jogador idealiza desde a construção da casa em que eles vão habitar, seu mobiliário e equipamentos; estabelece o comportamento de cada um, os negócios em que serão envolvidos e tudo o mais que se possa imaginar. Paralelamente a isso, também podem ser estabelecidos alguns objetivos econômicos e sociais a serem alcançados pela família. Se, apesar de todas as tentativas para induzi-la ao sucesso, a "família", não progride ou simplesmente deixa de agradar ao jogador, pode ser deletada, quer dizer simplesmente exterminada, para dar lugar a alguma outra - o que confere ao planejador cibernético o divino poder de criação e destruição. Trata-se, pois, de um jogo fascinante e perigoso. Aliás, essa prática de solucionar as coisas desistindo delas ou eliminando os oponentes, afastando os aborrecimentos inerentes ao enfrentamento, é useiro e vezeiro em novelas televisivas. Quando os antagonistas impedem a felicidade dos mocinhos e mocinhas, a solução é matá-los ou enviá-los para uma longa viagem sem volta. Ou, até mesmo, quando o personagem é gente boa, mas sua permanência impede o final feliz dos protagonistas, pode estrategicamente desaparecer. O que importa é dar ibope. Como o pensamento da gente voa. Queria discutir, colocar algumas dúvidas que me perseguem a cabeça de educadora e de avó sobre a influência dos jogos eletrônicos na educação das crianças e acabei nesta prebenda. Mas os jogos eletrônicos e os fatos comentados não deixam de estar entrelaçados. Há pontos em comum entre eles: o imediatismo, o desestímulo às coisas conseguidas com esforço e perseverança e o fascínio de que tudo pode ser mudado com o toque de um botão.. Quem nunca se pegou desejando que determinada figura que atravanca seus planos, sejam amorosos, profissionais ou familiares, no mínimo, desaparecesse? Tão fácil! Eliminaria tantas lutas e aborrecimentos. Você, pessoa ética, logo afasta esse pensamento. Nunca faria qualquer coisa que prejudicasse alguém, quanto mais... Mas, quem sabe, Deus? Aí, então, é diferente... E é nessa capacidade de realizar virtualmente o que não temos licença para fazer na vida real que reside o perigo maior do danado do joguinho. Mas confesso que minha segurança está abalada. Estou confusa a respeito da atitude a ser tomada. Estarei defasada como educadora para agir na era da cibernética.? Será minha atitude semelhante à dos educadores que condenavam as revistas em quadrinhos, deleite da minha infância (que até hoje curto), como empecilho ao desenvolvimento do gosto pela verdadeira leitura? Não seria esta experiência virtual importante para treinar tomadas de decisão futuras? Ou mesmo para adquirir rapidez de raciocínio? Estarei privando a minha descendência de desenvolver aptidões no seu momento histórico? E lembro agora dos escritores famosos que tiveram seus amigos de infância imaginários, entre eles, Fernando Pessoa, que vivia cercado de heterônimos para os quais inventou tudo, até data de nascimento, profissão e endereço. Estarei abortando o talento de um artista ou de uma cientista? Oh, meu Deus, dúvidas são piores que muriçocas. Vocês estão preparados para responder a essas perguntas? Se não, bem-vindos ao clube dos pais, avós e educadores perplexos da era da cibernética. ceresfernandes@superig.com.br
A FACE HUMANA DA PÓLIS Ceres Costa Fernandes As cidades, tal como pessoas, têm faces próprias. A mais visível é a face física: montanhas, praias, praças. Feição de reconhecimento imediato. A outra face só revelada aos moradores, a que é delineada, através dos anos, traço a traço, ruga a ruga, por eles próprios, mormente por aqueles que se destacam na comunidade e atuam nela nas mais diversas áreas, formadores do patrimônio humano citadino. É no convívio com a família, os amigos e colegas de trabalho, tendo como balizas esses cidadãos destacados, que lançamos nossas raízes e “marcamos o nosso território”, identificando a cidade como um espaço privilegiado só nosso Recuando no tempo - que tento recuperar -, em que dimensão se encontra a São Luís da doce Zezé Vaz, de Camélia Viveiros e seu boizinho Brejeiro, do santinho Monsenhor Frederico, dos amigos do Jaguarema e de tantos outros que a marcaram? E paro, não por falta de nomes merecedores de citação, mas para não transformar esta crônica em obituário. Ao desaparecerem, essas e outras pessoas que faziam parte de nosso ambiente humano, esmaecem os contornos da face humana de nossa cidade e vamos perdendo os referenciais da nossa própria vivência. Não é raro dizer-se de alguém sem referenciais sociais e de amizade que é um estrangeiro em sua própria terra. Qual a graça de irmos a uma festa, sem poder comentá-la, depois, entre pessoas de interesses e conhecimentos comuns? As velhas piadas, repetidas ao infinito, só têm graça e significado no seio daquele grupo onde aconteceram e que se reunia, completo, até bem pouco tempo... Os tipos característicos, também, contribuem para delinear a fisionomia da polis, diferenciada de pessoa para pessoa. Quando escrevi sobre os loucos da Beira-Mar, amigos me diziam: “Você não falou de fulano e sicrano”. Cada um tem os seus loucos, e os meus eram aqueles. Eles compunham a face da minha BeiraMar, que recrio na memória, e sei que, talvez em outra dimensão, ela permanece, aguardando o chamado do sonho ou da literatura. Não só pessoas desaparecem, os ritos sociais e, até religiosos, a que nos acostumamos, também mudam. Em festa de carnaval com grupo de amigos, a banda, só tocava funk e sertanejo... Talvez, lembrando-se que era carnaval, os músicos arriscaram exatas quatro marchas carnavalescas e, logo, pararam sob os protestos dos presentes. Nós, os desavisados, que ousamos levantar os braços sob os acordes de “Bandeira Branca”, percebemos que estávamos na festa errada. Até as ruidosas missas de padres carismáticos, que atraem milhares de fiéis, perdoem-me os devotos, não me calham bem; parece-me difícil a concentração religiosa com tal rebuliço. Não falei dos inimigos, eles também identificam o nosso espaço e são, por isso, preciosos. A propósito, lembro-me do filme “O Guerreiro Imortal” (Highlander), em que o protagonista, dono da eterna juventude, depois de falecerem a mulher e os amigos, atravessa vários séculos, sem pertencer a nenhum deles, sem reconhecer a sua face em lugar algum. O único ponto de contato do guerreiro com a sua realidade é um inimigo, também imortal, a quem ele deve vencer e isso confere sentido e um certo interesse à sua vida. Percebo a sabedoria da Natureza em negar-nos imortalidade. Que faríamos com a Eternidade? Fingiríamos amar as mudanças, cada vez mais velozes, adaptando-nos a elas, canhestramente; ou nos negaríamos a participar do mundo novo, permanecendo fora do contexto, prisioneiros do nosso “modus vivendi”, agarrados aos velhos valores e lembranças ? Então, pergunto, seria a Eternidade um prêmio ou um castigo? ceresfernandes@superig.com.br
O PENSAMENTO DE BRANDÃO Os artigos de Antonio augusto Brandão são publicadas nos Jornais O Estado do Maranhão e O Imparcial
VIDA NOVA “Rumo a plagas distantes”, uma das crônicas anteriores integrante da minha futura autobiografia, dizia: (...) ‘ao partir para o Rio de Janeiro, em 1954, havia deixado para trás a família, os amigos e a namorada’. A namorada era a Conceição, noiva, a partir de 1959, e esposa, a partir de 1961, união mantida por mais de 52 anos, até 2013, quando ela se foi deixando um imenso vazio em mim e no seio familiar. Em 1960, depois da rua Silveira Martins, no Catete, fui morar no Largo do Machado, em ‘vaga’ de apartamento ao lado dos Correios, próximo dos cafés, da Igreja da Glória, do Bob’s, do cinema São Luís, do Lamas. Ali talvez tenha sido minha melhor ‘morada’, pois já estava formado e trabalhando firme, e em preparativos ao casamento. Foi um ano de conquistas, pois estava trabalhando em novo endereço e na mesma empresa, no 9º andar do ‘Avenida Central’, o primeiro edifício em estrutura de aço, esquadrias de metal e envidraçamento colorido do Rio de Janeiro. O governo JK foi estimulante aos patrões e empregados, como ainda seria se as condições do Brasil fossem as mesmas daqueles tempos: havia disponibilidade de empregos, ganhava-se relativamente bem às despesas e, a cada ano, melhorias. Estando formado em Economia e com um bom emprego, foi assim que comecei a pensar no casamento. Aluguei apartamento e comprei móveis e utensílios básicos ao meu próximo endereço, novamente em Laranjeiras, bairro pelo qual guardo ainda as minhas melhores recordações. Havia estado em Caxias, em 1959, para o noivado com a Conceição e voltei, em 1961, para o casamento; antes da viagem, na antiga Casa José Silva, - na avenida Rio Branco, esquina com a rua Miguel Couto -, um prédio apenas com dois andares, mas que, pela situação, era parecido com o ‘Flatiron’, em Nova York, comprei sapato preto, terno escuro, camisa social branca e gravata dourada, conforme apareço nas fotos. Era o fim da tarde do dia 28 de janeiro de 1961. Mirei-me no espelho de cristal que ocupa todo o espaço da porta do guarda-casaca, um móvel que não existe mais e está conosco desde a década de 40 do século passado, e fui ao encontro da felicidade, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição e São José. Casamos na presença de familiares, pais, mães e irmãos, padrinhos e convidados, em celebração presidida pelo Monsenhor Gilberto Barbosa. Muitas fotos as quais, de vez em quando, posto nas redes sociais, para relembrar esses momentos inesquecíveis. No dia seguinte, Conceição e eu iniciamos uma vida a dois, que durou mais de 52 anos. Partindo de Teresina chegamos ao Rio após quase doze horas de voo, em um famoso DC-3, e fomos à nossa nova morada, em Laranjeiras, aproveitando esse início cheio de encantamento e expectativas, as belezas e diversões da ‘cidade maravilhosa’ daqueles tempos. Dona Mimi, mãe da Conceição, já estava conosco há algum tempo quando, em dezembro, no dia de Natal, para nossa alegria, nasceu Marcos, o primogênito. Ele é carioca de Botafogo, mas torcedor do Fluminense, pois veio ao mundo na Maternidade Clara Basbaum, pelas mãos da Dra. Ana Lídia Pinho e cuidados do Dr. Miguel Pereira Neto, pediatra, que o acompanhou até os quatro anos. A chegada do primeiro filho mudou muito a nossa rotina e os passeios, quando ele ficou mais grandinho, sucederamse com mais frequência: íamos aos jardins da Praça Paris, à Sears Magazine, ao Monumento dos Pracinhas, às praias do Flamengo e Copacabana, ao parquinho ao lado do Palácio Guanabara, e tirar muitas fotos em estúdio. Foi assim na chegada do Márcio, em 17 de maio de 1964, na mesma Maternidade, Conceição e ele assistidos pelos mesmos profissionais da medicina e já nossos amigos, Ana Lídia e Miguel; nossa felicidade aumentou, porque o Marcos, com mais de dois anos, já podia brincar com o irmão, e os passeio passaram a ser mais divertidos até a nossa volta ao Maranhão, em fins de 1965. Na madrugada do dia do nosso embarque para Teresina, e daí a Caxias, ainda chovia muito em decorrência do temporal que se abateu sobre o Rio, naquele ano; fomos despertados pelos bombeiros à desocupação do prédio, segundo eles sob risco de desabamento! Como já íamos viajar, apenas tivemos de chegar mais cedo ao aeroporto Santos Dumont. Foi só um susto, pois prédio onde moramos, na rua professor Luís Cantanhede, 265, em Laranjeiras, até hoje ainda está de pé.
NOVAS IDEIAS SOBRE O ORÇAMENTO PÚBLICO *Antônio Augusto Ribeiro Brandão As leis e regulamentos que regem o orçamento público brasileiro exigem que o mesmo seja apresentado de forma equilibrada: as despesas fixadas devem ser iguais às receitas estimadas, nem sempre correspondidas pelas receitas efetivamente arrecadadas. Em uma situação ideal, as receitas próprias - impostos e taxas – deveriam ser suficientes à cobertura das despesas obrigatórias - pessoal e outros custeios. Depois, elegendo as prioridades e com base em programas e ações que estivessem proporcionando os resultados esperados, os recursos aos investimentos seriam alocados ao gerenciamento da execução. A razão parece mais do que lógica: apenas por ação fiscal à arrecadação das receitas estimadas sobre a base de contribuição, sem necessidade de maiores ajustes, os agentes públicos - governos federal, estadual e municipal – poderiam realizar a recuperação da capacidade instalada da economia e novos investimentos. Mais uma vez – e os debates tem sido produtivos -, o ilustre economista e professor André Lara Resende - ALR, de quem já comentei, em textos anteriores, suas ideias heterodoxas sobre prática de política monetária, diz: (...) “a exigência de que gastos correntes sejam cobertos pela receita tributária é uma limitação institucional introduzida no início do século XX” (revista ‘Eu & Fim de semana’, encarte do jornal Valor Econômico, edição do dia 21/06/2019). Na verdade sabemos todos que apenas as receitas tributárias de fato não cobrem as despesas obrigatórias; além dos recursos ‘carimbados’, SUS e FUNDEB, as transferências do governo federal para os Estados e destes, para os Municípios, FPE, FPM e ICMS, principalmente, são gastos também com despesas de pessoal e encargos, limitando os investimentos. Para ilustrar o quadro de dificuldades (Fonte Portal Globo, Google): Gastos do Governo com Custeio e Investimentos Em R$ bilhões: 113,9 - 130,8 - 134,1 - 137,9 - 148,9 - 160,1 - 184 145 - 150,8 - 117,5 - 128,9 - 98,3 Anos: 2008 – 2009 – 2010 – 2011 – 2012 – 2013 – 2014 – 2015 – 2016 – 2017 – 2018 - 2019 (previsão) Comentários “Os números mostram que, se nada for feito, as dificuldades serão ainda maiores nos próximos anos. Para 2020 e 2021, respectivamente, o governo propôs, na LDO deste ano, que os gastos discricionários recuem para R$ 81,480 bilhões (1,01% do PIB) e para R$ 52,421 bilhões (0,61% do PIB), respectivamente”. A propósito, lembro que o governo federal, no bojo do ajuste fiscal, ainda precisa considerar a limitação imposta pelo teto de gastos. ALR já havia dito que “governos que emitem suas próprias moedas não tem problemas de limitação financeira”, podendo endividar-se à realização dos investimentos; controvérsias e resistências à parte, desta vez insiste em que “a opção por equilibrar o orçamento no curto prazo é um equívoco”. Ele pode estar com a razão, pois começam a surgir exemplos de adoção dessa tese. Reconhece que isso não poderia ser feito, contudo, sem os cuidados de não prejudicar o investimento privado, (...) “em conjunto com uma reforma que garantisse o reequilíbrio a longo prazo da Previdência, um ambicioso programa de investimentos públicos em infraestrutura e uma revisão simplificadora da estrutura fiscal para estimular o investimento privado. Para isso, seria preciso abandonar o objetivo de equilibrar imediatamente as contas e aceitar o aumento da dívida por mais alguns anos enquanto a economia se recupera”. Algumas dessas ideias de ALR – discussões teóricas à parte -, de certa forma tentadas por administrações anteriores, sem sucesso, já estão sendo implementadas pelo atual governo federal que vem ‘batalhando’, no Congresso, pela aprovação da Reforma da Previdência, com a meta de poder economizar 1,3 trilhões de dólares, em dez anos, e, por adesão e em seguida, incluir Estados e Municípios em um programa de ajuste fiscal que, entre outros objetivos, seja capaz de renegociar a dívida pública e restabelecer a capacidade de endividamento. Tudo isso deverá implicar em uma Reforma Tributária, que, entre outras coisas, possa devolver aos Estados e Municípios a sua competência arrecadadora, também em alterações na Lei de Responsabilidade Fiscal, que ainda resume a eficiência na execução orçamentária com base nos Resultados primário e nominal, este incluindo o pagamento dos juros da dívida.
PERSEVERANDO NOS FORTES LAÇOS *Antônio Augusto Ribeiro Brandão
O amigo de juventude Fran Teixeira Lima foi ao encontro do Pai, cumprindo o destino de todos nós, uns primeiro e outros, depois. Em Caxias convivemos desde os tempos de ginásio, nas aulas e nas nossas casas, principalmente jogando futebol de botões; em São Luís, entre os anos de 1950/1952, eu estudando no Centro Caixeiral e morando no Hotel de dona Lourdes Vale, e ele no Liceu, morando em Palácio nos tempos em que o governador era Eugênio Barros. O Fran era filho de dona Olga e ‘seu’ Teixeira, e tinha um irmão, o Telmo; moravam na rua Aarão Reis, bem próximo da casa onde eu nasci. Vivia com a família o Cícero, um jovem ‘secretário’ muito bem educado; quando os irmãos, Fran e Telmo, demoravam na casa de alguém, como na nossa, entretidos nos jogos de botão (meu time era o Corinthians, com o botão-goleador Baltazar), ele era portador de recados, mas fazia questão de caprichar na mensagem: “doutor Fran (ou Telmo), dona Olga mandar dizer que já está na hora do almoço”. Uma vez, em plena aula, no Ginásio - não sei bem e nunca soube a razão -, os colegas atiçaram uma briga entre o Fran e eu; irados, saímos da sala e fomos à refrega na área de esportes, com enorme grupo de assistentes. Foram muitos socos e renhida luta corporal a rolar pelo gramado; apartados - depois de um tempo razoável pelos mesmos atiçadores, os dois ‘valentes’ ficaram com as tradicionais marcas avermelhadas no rosto, prova da intensidade dos golpes. Continuamos amigos como se nada tivesse acontecido. Já estudando e morando em São Luís, eu na rua Cândido Ribeiro e ele, na avenida Pedro II, corria o ano de 1952; o bairro do Filipinho, recém inaugurado, era a novidade da cidade e todos queriam andar por lá. No dia em que completei 18 anos, alguns colegas lembraram e desejaram comemorar, no novo ‘point’; o Fran, que morava em Palácio, ofereceu-se para conseguir um transporte. E assim foi feito. Animados pelo ambiente, não tardaram os discursos que se sucediam em louvor à minha pessoa e, como soe acontecer em Caxias, as expressões ‘apoiado’ e ‘não apoiado’, pronunciadas conforme os elogios e as restrições; quando chegou a vez do Fran, ele desejou-me, entre louvores à nossa amizade, mais treze anos de vida! Aquele suave augúrio, presságio em cima de um número cabalístico (?!), deixou-me apreensivo e logo fiz as contas: chegarei aos 31 anos, pelo menos. A verdade é que só fiquei tranquilo depois de ter ultrapassado essa ‘meta’ definida pelo Fran. O fato do Fran morar em Palácio, contudo, fez com que em estivesse por lá, com certa frequência, aos domingos, em visitas após a Missa das nove horas, na Igreja da Sé. Os maranhenses estavam ‘em guerra’ contra a posse do governador eleito Eugênio Barros, que ficou como refém das dependências dos Leões; em uma dessas visitas, ao transitar pelos corredores, avistei o Governador com farta barba avermelhada, aparência inusitada para quem nunca cultivou o que hoje é moda! Depois que ele deixou o governo e mudou-se para o Rio de Janeiro, eleito Senador, hospedou-se com a família, por um tempo, no tradicional Hotel Flórida, no Catete; em companhia do meu pai ainda o visitei no apartamento da rua Anita Garibaldi, em Copacabana. Esta crônica, portanto, é uma homenagem ao Fran, pela feliz convivência daqueles tempos remotos, porque depois nunca mais o vi.
AMIZADE, CONFIANÇA E CONSIDERAÇÃO *Antônio Augusto Ribeiro Brandão Meu saudoso pai, Antônio Brandão, foi prefeito de Picos (atual Colinas), em 1931 e 1940. Nesse tempo penso que, na primeira vez, nomeou o jovem médico Pedro Neiva de Santana, para dirigir o Posto de Saúde da cidade. Tornaram-se amigos desde então. Quando retornei ao Maranhão, em fins de 1965, papai lembrou dessa amizade e recomendou-me ao então Secretário de Fazenda do recém iniciado governo José Sarney. Já em São Luís, fui procura-lo naquele casarão da Praia Grande e entreguei-lhe a carta. O Dr. Pedro, como eu o chamava, era afável no trato com as pessoas e nos assuntos de Estado, enérgico. Leu a carta de papai, escreveu algumas palavras em um cartão com timbre oficial, sorriu e disse que eu fosse aos baixos do Palácio dos Leões, onde estava funcionando a Assessoria de Planejamento do governo, e entregasse o cartão. Assim fiz e, se bem me lembro, no mesmo dia. Fui atendido pelo Eliezer Moreira (tempos depois falei a ele sobre esse fato, que não se lembrava), em meio a outros competentes técnicos; ele foi figura ilustre na prestação de relevantes serviços ao Estado do Maranhão, no executivo e no legislativo e, atualmente, pertence aos quadros da Academia Maranhense de Letras. Eliezer, depois de ler a recomendação do Dr. Pedro, e meu currículo, falou que sabia de uma pessoa, membro do Governo, que está precisando de um técnico com o meu perfil; vá até a Secretaria de Viação e Obras Públicas - SVOP ou ao Departamento de Estradas de Rodagem - DER e procure o Dr. Haroldo Tavares, então Secretário e respondendo pelo DER. Foi assim que, por intermédio do Eliezer, conheci e iniciei sólida amizade com Dr. Haroldo, do qual fui assessor e Chefe de gabinete, na SVOP (no livro “Maranhão Novo – A saga de uma geração”, o autor cita meu nome) e Secretário de Administração, quando ele foi Prefeito de São Luís; com a criação da Federação das Escolas Superiores do Maranhão – FESM, com o seu apoio, fui um dos Superintendentes. Da minha passagem pelos governos estadual e municipal, entre 1965 e 1974, de harmônica e produtiva convivência de respeito à hierarquia e integridade no trabalho, e de grandes conquistas, quero confidenciar aos que conviveram comigo aqueles tempos, e aos meus ‘padrinhos’ de ontem, muitos meus amigos de hoje, alguns fatos de grande relevância para mim. Quando eu estava na SVOP e a Barragem do Bacanga, sendo construída, a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia – SUDAM havia financiado uma parte do projeto; todo mês, por delegação de competência, cabia a mim a tarefa de ir a Belém e levar a prestação de contas da aplicação desses recursos. Em uma dessas vezes, o Coronel João Walter de Andrade, então Superintendente da SUDAM, depois Governador do Estado do Amazonas, chamou-me à sua presença e recomendou que eu dissesse ao Prefeito, para contratar uma firma com credenciais técnicas em engenharia de solos, porque já tinha visto muitas barragens serem levadas água abaixo. Na volta, sem perda de tempo, dei o recado ao Dr. Haroldo e, como todos podem constatar, a Barragem ainda está firme. De outra feita, eu estava a bordo de um voo para São Paulo, enquanto o governador José Sarney seguia à reunião da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste - SUDENE, em Recife. Durante o voo, o coronel Albérico Ferreira, que acompanhava o Governador, ficou sabendo aonde eu estava indo; em seguida voltou e disse que o Governador queria falar comigo. Fui e o Governador entregou-me um envelope dizendo conter os originais do seu livro “Norte das Águas”, que deveriam ser entregues ao Editor, em São Paulo; no aeroporto, estava o amigo Yêdo Saldanha, que testemunhou a entrega da importante encomenda. Missão cumprida, passei um cabograma, via Western, ao Governador, dando conta da entrega dos originais do seu Livro; tempos depois, o coronel Albérico falou-me: o Governador mandou dizer que você foi o portador mais eficiente que ele já encontrou.
Quando “Norte das Águas” foi lançado, em 1970, em São Paulo, ano em que eu frequentava o curso de pósgraduação, na Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas, compareci ao Evento e ganhei um exemplar da primeira edição, devidamente autografado, que ainda guardo com zelo. Outro dia, em São Luís, no dia 27/10/2000, quando do lançamento de mais um livro de José Sarney, “Saraminda”, lembrei ao ex-Presidente a odisseia dos originais de “Norte das Águas”; ele riu e disse que também se lembrava e à minha filha Mônica e esposo Fábio Lúcio, que me conhecia de longas datas. É verdade, pois desde o seu governo, no Maranhão, até 1970, presente a algumas reuniões de trabalho com Dr. Haroldo, até sua presidência, em Brasília, quando eu trabalhava no Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT, em 1987, estive em várias recepções de ordem administrativa, no Palácio do Planalto, prestigiando-o. *Economista. Membro da ACL, do IWA e do ELOS Literários. Fundador e membro Honorário da ALL.
ATUALIDADES NA ECONOMIA *Antônio Augusto Ribeiro Brandão A Reforma da Previdência, ainda sem a inclusão de Estados e Municípios e mesmo um tanto quanto ‘desidratada’, no Congresso Nacional, avança. Sobre as aposentadorias para a iniciativa privada e para o funcionalismo, entre outras alterações, merecem destaque as alíquotas progressivas de contribuição dos servidores públicos federais, estaduais e municipais, que podem passar dos atuais 7,5% até 22,0%; mas o simples evoluir dos trâmites legais agita e anima os mercados e, como soe acontecer, a Bolsa vem subindo e o dólar, descendo. O economista Thomas Piketty, autor do famoso livro “O capital do século XXI”, em artigo recente indaga que, “se o objetivo fosse mesmo combater privilégios e reduzir desigualdades, a proposta deveria explicar detalhadamente as projeções atuariais e demográficas que justificassem atrasar e até inviabilizar a aposentadoria de milhões de brasileiros pobres”. Nos Estados Unidos, as decisões do Federal Reserve – FED, o banco central americano, seguido por outros principalmente o Banco Central Europeu – BCE, enfrentam dificuldades: agora, ante a iminência de uma recessão e utilizando-se de um dos principais instrumentos de política monetária ortodoxa, a taxa de juros, que é o preço do crédito, partem em auxílio à liquidez. Bretton Woods, o famoso encontro realizado no estado americano de New Hampshire, em 1944, e ao qual esteve presente John Maynard Keynes, volta a ser lembrado, porque “a cooperação mundial estaria sob ameaça em virtude do nacionalismo e protecionismo minando o sistema de governança”. A discussão sobre as moedas digitais, as chamadas criptomoedas baseadas em ‘blockchain’ – a tecnologia de informação em processamento de dados sob a qual estão viabilizadas -, e que tem no ‘bitcoin’ uma das mais conhecidas, volta à baila com a decisão do Facebook em lançar a sua própria: a libra. A moeda fiduciária, de emissão privativa dos bancos centrais, por exemplo, deve desempenhar três funções básicas: intermediária de trocas, medida de valor e reserva de valor; os pré-requisitos implícitos são liquidez, segurança e rentabilidade entendidos como resgate a qualquer tempo e com rapidez, garantia pelo reconhecimento oficial do emissor e remuneração compatível com os termos de mercado. Jairo Sadi, colunista do jornal ‘Valor’, diz sobre as moedas digitais: “não se perde soberania nem poder emissor, mas é preciso cuidado com aspectos de lavagem de dinheiro”; diz ainda que o objetivo “é construir um meio universal de pagamento com uma estrutura financeira que permita a milhões de pessoas ter acesso à economia do mundo e guardar seus bens com segurança”. Entretanto, em que pese essas eventuais ‘vantagens e desvantagens’, tudo depende ainda de reconhecimento oficial e sua consequente regulação, por parte das autoridades monetárias competentes. Sabemos todos que o “quantitative easing” – QE – equivalente a afrouxamento da liquidez ou auxílio à liquidez -, iniciado em 2008 quando da crise das ‘subprimes’, nos Estados Unidos, práticas de política monetária heterodoxa implementadas pelo FED, BCE e seus similares evitaram um novo ‘crash’; mas, como os benefícios do QE não chegaram à economia real, a fim de promover um desenvolvimento sustentável, efeitos colaterais aconteceram aumentando o endividando de empresas e governos. Quando, após dez anos da crise, o FED e o BCE, principalmente estes bancos centrais, tentaram promover a operação inversa, isto é, o enxugamento ou diminuição dessa liquidez, os mercados, como que ‘acostumados’, reagiram; sem os efeitos da expansão monetária sobre a economia real, “o crescimento global desacelerou e está pressionando os próprios bancos centrais”. O resultado fiscal do governo central continua refletindo políticas de ajuste e o seu Resultado Primário – RP, continua deficitário, podendo atingir cerca de R$133 bilhões neste ano de 2019; “como a situação dos Estados e Municípios piorou” – mesmo com alguns entes federados submetidos ao Regime de Recuperação Fiscal, autorizado pela Lei complementar 159/2017 –, há dificuldades no cumprimento da meta do RP. Por essa razão, o orçamento federal foi contingenciado em R$2,267 bilhões. No contexto de uma possível desaceleração das economias desenvolvidas, “baixo crescimento do comércio global cuja projeção foi reduzida pelo Fundo Monetário Internacional – FMI”, o desempenho dos países
emergentes deverá ser o menor em uma década: entre os que compõem esse grupo, o Brasil só não está pior (crescimento de apenas 0,8%, em 2019) do que a África do Sul, com um crescimento estimado em 0,7%. Fonte: jornal ‘Valor’. *Economista. Membro da ACL, do IWA e do ELOS Literários. Fundador e membro Honorário da ALL.
VALE A PENA LEMBRAR *Antônio Augusto Ribeiro Brandão Meus primeiros passos no serviço público maranhense, em 1966, foram na Secretaria de Administração, liderada pelo professor José Maria Cabral Marques; no início do governo Sarney, do “Maranhão Novo”, muita coisa precisava ser reorganizada. Lá tive contato com os assuntos mais importantes da burocracia administrativa, mas destaco algumas ações consideradas mais importantes: assessoramento aos diversos órgãos da estrutura governamental, de Prefeituras municipais e participação em palestras direcionadas aos servidores e pessoas da sociedade civil organizada. Foi assim que desenvolvemos Manuais de serviço definindo os diversos processos de trabalho, seu conjunto de tarefas e rotinas, e esclarecemos sobre a gênese da Reforma Administrativa do Estado. Fizemos isso, por exemplo, em departamentos da própria secretaria, também no antigo SIOGE, dos tempos do Reginaldo Teles, e na CAEMA, que era presidida pelo Francisco Batista; nesta ajudamos a formular seus primeiros instrumentos de gestão. Destaco que em uma dessas palestras, no Colégio Santa Tereza, esteve presente o então Arcebispo Dom João da Mota Albuquerque, pessoa simples e acolhedora; daí em diante e toda vez que nos encontrávamos, eu era saudado com um alegre’ meu professor!’ Ele desempenhou, com elevado zelo, suas funções de líder da Igreja, em nosso Estado. De outra feita, como nem sempre tudo são flores, o secretário Cabral Marques, a pedido do prefeito de Caxias, Aluízio de Abreu Lobo – que havia sido meu comandante, representando a 10º Região Militar, no Tiro de Guerra 194 – destacou-nos, eu e o administrador Mauro Lima Wu, para realização de um trabalho de assessoramento àquela municipalidade; as conclusões desse trabalho, entretanto, considerando a realidade dos fatos levantados em termos estritamente confidenciais, acabou provocando incompreensões, que chegaram a incomodar a nossa posição junto ao Governo do Estado. A Reforma Administrativa começava a deslanchar através de convênio com a SUDENE-USAID e Universidade Federal da Bahia – UFBA, onde mais tarde estive, juntamente a outros ilustres, estagiando em preparação à nossa entrada, como professores, na Escola de Administração. Por conta desse convênio, renomados mestres estiveram em São Luís, entre os quais destaco Jorge Hage Sobrinho e Rômulo Galvão Carvalho, da UFBA; Milton Monte Carmelo e Ary Oswaldo Matos Filho, da Fundação Getúlio Vargas, de São Paulo, também estiveram por aqui e mais tarde foram meus professores quando cursei o Mestrado. Os trabalhos da Reforma envolveram temas sobre diversos setores da economia maranhense discutidos nos sempre lembrados ‘Seminários de Políticas Governamentais: tiveram a participação de secretários e técnicos do governo do Estado, das Prefeituras, dos profissionais liberais, das Associações de classe, da Igreja, dos Sindicatos, todos reunidos à discussão de cada tema e, ao final, em Sessão Plenária, para aprovarem as conclusões. Pode-se afirmar que a realização desses Seminários, entre outros instrumentos, permitiram ao governo do Estado ter uma visão aproximada das diretrizes básicas e norteadoras do planejamento e execução dos programas prioritários e suas respectivas ações, certamente também um embrião da Superintendência do Desenvolvimento do Maranhão – SUDEMA, de relevantes serviços prestados. Acabei por retornar à Secretaria de Viação e Obras Públicas – SVOP, em 1967, onde enfrentei novos desafios e aprendi muito, e fiquei, entre algumas disposições, até aposentar-me. Haroldo Tavares e sua equipe de engenheiros e arquitetos, destacando-se, entre outros não menos importantes: Luís Raimundo, Darci, Adolfo, Jovino (irmão do famoso João Gilberto), Djalma, Reinaldo, Tony, uns maranhenses e outros, não, mas que acabaram ficando por aqui mesmo, merecem ser lembrados. *Economista. Membro da ACL, do IWA e do ELOS Literários. Fundador e membro Honorário da ALL.
ACADEMIA CAXIENSE ANIVERSARIA *Antônio Augusto Ribeiro Brandão No próximo dia 15 de agosto corrente, a Academia Caxiense de Letras, legítima sucessora do Centro Cultural Coelho Neto - CCCN, completará mais um aniversário de profícua existência e de relevantes serviços prestados à cultura maranhense. Com muito orgulho, sou seu membro efetivo desde 2003. As Academias de Letras precisam de tempo para sua afirmação e prosperidade conforme pensava Joaquim Nabuco (1849-1910), que foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. É certo também que carecem de uma constante renovação, quer pelo preenchimento de vagas ou por abertura de outras, por exemplo, quando algum membro efetivo migra à categoria de honorário, como será o meu caso, dentro de poucos dias, tudo de acordo com as normas regimentais e estatutárias. O nome “academia” tem origem numa escola fundada por Platão, em 387 a.C, “junto a um jardim a noroeste de Atenas, em terreno dedicado à deusa Atena, que segundo a tradição pertencera a uma personagem mitológica, Academo”. A Academia Francesa, que serviu de modelo às demais do mundo todo, foi fundada por Armand Jean du Pressis, o cardeal Richelieu (1585-1642), em 1635, sob o reinado de Luís XIII de França e Navarra (16011643), que empresta o nome à capital maranhense; tem, portanto, 384 anos. A Academia Brasileira de Letras, fundada em 1897, foi baseada nesses pressupostos e já é centenária; a Academia Maranhense de Letras, fundada em 1908, também. Assim foi, a partir da criação da Academia Francesa, que escritores e intelectuais brasileiros de todas as matizes desejaram criar uma instituição nos seus moldes, “sendo composta de 40 membros efetivos e perpétuos conhecidos como imortais, devidamente patroneados, e escolhidos entre os cidadãos que tivessem publicado obras de reconhecido mérito ou livros de valor literário”. A Academia Caxiense de Letras - ACL, fundada em 15 de agosto de 1997, segue a regra e comemora a passagem dos seus 22 anos, tão jovem e já com relevantes serviços prestados à cultura maranhense; com sede própria, mas parcos recursos financeiros, com uma excelente biblioteca e ainda sem um jardim, abriga em seus salões os 40 acadêmicos que lhe dão vida, realiza suas sessões regulares e solenes, e as de posse dos seus novos membros dentro de ritual rico em tradições; o público tem tido acesso pleno e democrático às suas dependências e a essas atividades, além de às visitas guiadas e outras atividades de cunho recreativocultural proporcionadas principalmente aos estudantes. A ACL, desse modo, dá seguimento aos diversos movimentos literários anteriormente acontecidos em nossa cidade, honrando as tradições caxienses e dando sequência aos esforços desenvolvidos em prol da cultura maranhense. Da época dos Centros Culturais, remanescem em seus quadros atuais descendentes daqueles que participaram desses movimentos, cidadãos representativos da sociedade de então e de saudosa memória. No meu caso, que passarei à categoria de membro Honorário da ACL, abrindo uma vaga à renovação dos quadros, lembro do meu pai Antônio Brandão, que fez parte do CCCN, do meu patrono à Cadeira 39, João Guilherme de Abreu e do meu confrade Sillas Marques Serra, que fez a saudação ao meu ingresso na “Casa de Coelho Neto”, em 2003. Considero que a Academia não faz política, mas é política na medida em que participando da vida da comunidade caxiense e conhecendo seus problemas, e através de um trabalho eminentemente cultural, procura arbitrá-los em busca das melhores soluções. Durante minha condição de membro efetivo da ACL, tive a ventura de conseguir a edição, pela Fundação Municipal de Cultura de São Luís e pela EDUFMA, da Universidade Federal do Maranhão, de meus três livros. “Fortes Laços”, em 2007, lançado na 1º Feira do Livro de São Luís; “Crônicas de 400 anos/Chroniques de 400 ans”, em 2012, lançado no Palácio Cristo Rei, em São Luís, na Université Lumière, em Lyon-França e na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, em Portugal, em 2014; e “Desafios à teoria econômica/Challenges to the economic theory”, em 2015, lançado, em São Luís, na Academia Maranhense de Letras e, em São Paulo, na Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas.
Nas minhas viagens à França, Espanha e Portugal, em 2009 e 2014 (meus Livros também estão em bibliotecas desses países), sempre falei em nome das Academias às quais continuo a pertencer, Caxiense de Letras e Ludovicense de Letras, doravante, como membro Honorário; e da Universidade Federal do Maranhão, onde ensinei entre 1978 e 1997, quando aposentei-me, mas continuei ligado às suas atividades principalmente através da sua Reitoria. Salve a Academia Caxiense de Letras, salve! *Economista. Membro da ACL, do IWA e do ELOS Literários. Fundador e membro Honorário da ALL.
POR QUE O DÓLAR ESTÁ SUBINDO No vice-versa costumeiro do mercado o dólar sobe e a Bolsa, desce; crise entre a China e os Estados Unidos reflete-se nos países emergentes, como o Brasil, de economia reflexa. A moeda americana se fortalece, porque os investidores procuram proteção. A moeda tem três funções básicas: intermediária de trocas, medida de valor e reserva de valor. É considerada fiduciária, que dizer não lastreada, mas é reconhecida e aceita pelo poder da autoridade emitente, os bancos centrais. Vale a pena relembrar artigos escritos em tempos mais ou menos recentes e publicados pelo economista André Lara Resende - ALR falando da ‘nova’ macroeconomia, “onde a moeda fiduciária seria considerada como unidade de conta e que o governo que a emite não teria problemas em financiar-se”; assim considera irrelevante a sua função na Teoria Quantitativa (MV = PT) e expansão dos seus efeitos multiplicadores, na Base Monetária. Em reforço à essa sua tese, ALR constata que o afrouxamento monetário ocorrido nos Estados Unidos EUA, a partir de 2008, capitaneado pelo Federal Reserve – FED e outros bancos centrais, não causou inflação, prova de que o que esses bancos controlam mesmo é a taxa de juros, que gera expectativas. Pessoalmente, penso que uma explicação para o fato de que a expansão da liquidez, nos EUA, não ter causado inflação estaria relacionada à diminuição da velocidade de circulação da moeda ‘V’; houve baixa demanda pelos recursos à economia real o que, segundo John Maynard Keynes (1883-1946), caracterizaria a chamada ‘armadilha de liquidez’. Quanto ao controle dos bancos centrais sobre a taxa de juros, que é o preço do crédito e não do dinheiro, ainda segundo ALR, no Brasil, “a taxa SELIC continua elevada ao ser confrontada com o crescimento do PIB”. Voltando às questões cambiais, a paridade entre as diversas moedas é determinada também por esse poder da autoridade emissora – o dólar, por exemplo, é considerado a moeda-padrão e de conversibilidade mundial - e pelas relações de troca entre os diversos países, cada qual com sua capacidade produtiva ao comércio internacional, para importar e exportar. Nos dias atuais, o dólar vem atingindo cotações elevadas em relação ao real. Há causas endógenas, que estão sob o comando das autoridades monetárias brasileiras, aliadas às exógenas, que o nosso país não comanda. Há quem entenda também influências psicológicas no comportamento dos investidores de mercado. O Brasil, país considerado emergente, porém de economia reflexa, sofre os efeitos da expansão da economia americana e de sua ‘guerra’ comercial principalmente com a China; a pretendida elevação da taxa de juros por lá (atualmente o FED deu uma freada) torna as aplicações mais atrativas e acaba determinando evasão de capitais, das bolsas brasileiras, por exemplo (agora, essa evasão exprime uma medida do risco em aplicações de longo prazo) em busca de proteção, reserva de valor. É por isso que quando o dólar sobe a bolsa cai, e vice-versa. O Banco Central do Brasil vem atuando na tentativa de conter essa alta do dólar ofertando a moeda através das operações de “swap” (venda futura) e até utilizando partes das nossas reservas, que deveriam preferencialmente financiar as importações. A alta do dólar deveria favorecer melhor nossos exportadores, todavia a baixa produtividade limita a competição; por outro lado, encarece as importações à reposição e expansão do nosso parque industrial, tão carente e indispensável aos investimentos indutores do crescimento econômico.
OSMAR GOMES DOS SANTOS Os artigos de Osmar Gomes dos Sanbtos sĂŁo publicados nos Jornais O Imparcial e Jornal Pequeno
DO BACANGA AO ITAQUI
Osmar Gomes dos Santos Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.
Itaqui-Bacanga! Poucas áreas geográficas, talvez nenhuma outra, em todo território maranhense, têm tanto significado. Tanto é que este texto poderia se encerrar na primeira linha, ou mesmo no título, tamanho o simbolismo e carga cultural que essa expressão carrega. Estaria intrínseca toda sua diversidade social, política e econômica compreendida na porção oeste de São Luís, que se limita com o Rio Bacanga, a Baía de São Marcos, o Porto do Itaqui e parte da Zona Rural. Falar dessa diversidade é mergulhar em uma imensidão de variantes, tangíveis e intangíveis, igualmente reveladoras de aspectos positivos e também negativos, tal como todo aglomerado urbano densamente habitado visto Brasil afora. Aspectos revelados em números que conversam sobre saúde, educação, saneamento, mobilidade, segurança, criminalidade, lazer, dentre outros. Mas que acima de tudo falam de gente. Apesar de não haver números precisos – bem como ainda resta a falta de uma definição mais clara dos limites geográficos dessa região, em razão das irregularidades nas ocupações dos terrenos –, estima-se que pelo menos 200 mil pessoas residem na área. Alguns entusiastas apontam para um número ainda maior, cerca de 250 mil habitantes, distribuídos em 40 bairros. Núcleo populacional que começou a ser formar ainda na década de 1960, com famílias inicialmente oriundas da área do Goiabal, que tiveram que se instalar em outra porção de terra. Eis que surgiu o mais famoso de todos os bairros que compõe a região: Anjo da Guarda. As obras do porto e o posterior funcionamento, aliados à construção da Barragem do Bacanga, fez com que a região tivesse um rápido, porém desordenado, crescimento populacional. A falta de planejamento deu traços que se vê atualmente. Na região há grandes bairros com milhares de moradores, mas que ainda não dispõem de uma rede adequada de aparelhos públicos nas áreas essenciais, uma herança histórica. Isso vem fomentando um debate há pelo menos uma década sobre a municipalização da região, o que não entendo, em um primeiro momento, ser a solução. Analisando de plano, vejo que necessita de amadurecimento a ideia de emancipação, ao passo que tomo por exemplo a já existente divisão da Ilha de Upaon-Açu, que até hoje encontra problemas em seus limites territoriais. Certamente penso não ser a atitude mais acertada e nem a solução para os problemas ali existentes, os quais devemos enfrentar somando e não dividindo os esforços. Notadamente é preciso avanço, tal como o que vem sendo intensificado nos últimos anos com o projeto de regularização fundiária. O projeto garante a titularidade do terreno e permite ao proprietário obter empréstimos para melhoria de seu imóvel ou negociar o mesmo mediante financiamento bancário. Dignidade com segurança jurídica. Concordo que o problema é complexo e que as ações para essa importante região devem ir além do paliativo. É necessário um olhar estratégico, voltado para as suas potencialidades, como agricultura, pesca, indústria, comércio, artesanato, esporte e cultura. Dessa forma, será possível alinhar o desenvolvimento econômico ao social, sendo o progresso capaz de proporcionar oportunidades que atendam os anseios dos moradores da região e de toda São Luís.
Se por um lado ainda falta uma atuação mais arrojada do poder público, incluindo a União, por outro sobra vontade de moradores que parecem ter no sangue o gosto pelo trabalho, pela cultura e pelo esporte, por exemplo. Em minhas eventuais andanças por alguns desses bairros percebo os fortes laços comunitários que permitem um grande poder de articulação em defesa dos seus direitos e garantias constitucionais. Nesse bojo há gente de todo tipo. Os mais e os menos abastados; os mais e os menos instruídos; os de pele clara e os de pele escura; os que lá nasceram e aqueles das mais variadas origens, com destaque para o interior do Maranhão. Gente em sua grande maioria simples, mas que carrega a honestidade, o sorriso e a solidariedade em dividir o pouco que tem com o próximo. Não se pode falar de Itaqui-Bacanga, por exemplo, sem mencionar uma das maiores manifestações teatrais a céu aberto do Brasil, que é a Paixão de Cristo do Anjo da Guarda. Centenas de pessoas da comunidade trabalham o ano inteiro para encenar um grandioso espetáculo no período pascal. Isso é fruto de uma comunidade que vive, que ferve, que trabalha, que transforma e realiza. As rádios comunitárias funcionam como um amálgama social ao conectar os interesses da população com os órgãos públicos e, também, com o restante da sociedade ludovicense. O comércio é pujante, ativo e variado e as riquezas naturais são igualmente diversificadas, com destaque para praias, manguezais, reservas naturais. Certamente essa porção de terras situada do outro lado da Barragem do Bacanga guarda ainda particularidades que todos deveriam se debruçar e que muito tem a nos ensinar, principalmente no quesito coesão social. Dali advém um sem número de ensinamentos sobre o senso de humanidade que todos devemos ter para com o próximo e que nos é (re)ensinada a cada nova edição da Paixão de Cristo: amai uns aos outros.
NO HORIZONTE DA PONTA D' AREIA Ah, quanto magnetismo impões tu aos olhares dos teus admiradores! Quanta beleza transportas nos mais belos cartões postais que retratam teus pouco mais de dois quilômetros de uma orla encantadora. Ah, Ponta D’areia, tão inexata quanto à Ilha de Upaon-Açu, banhada pelas turvas águas dos resistentes rios Bacanga e Anil, eternizada em cantos que transcendem a barreira do tempo. Daquela ponta outrora vila, que abrigava poucas dezenas de moradores que viviam do extrativismo de mariscos e da fartura oferecida pelo mar. O ponto turístico descoberto ainda no início do século passado e que servia como opção de lazer para as famílias que se arriscavam nas travessias em pequenas embarcações que partiam do Bairro São Francisco ou da Avenida Beira Mar. Recordo- me das histórias de amigos que diziam se aventurar a nado, partindo do São Francisco braçada a braçada para alcançar. A finalidade era aquela de praticamente todo jovem: poder desfrutar alguns instantes correndo atrás de uma bola de futebol. Sua localização estratégica e privilegiada, que por sinal deu nome ao bairro, contribuiu para o rápido processo de urbanização, mais notadamente a partir da década de 1980, após a construção da Ponte José Sarney e das avenidas que passaram a interligar a parte nova à parte antiga da cidade. O bairro passou a ganhar não apenas moradores, mas também frequentadores assíduos, que buscavam lugares como o saudoso restaurante Tia Maria, bem ao lado do imponente Iate Clube. A região também foi “point” da massa regueira, principalmente nos anos 90, que curtiam clubes históricos, como Toca da Praia, Natty Praia, Arena Show, Cajueiro e Creole Bar, alguns destes já após a virada do milênio. Amantes da seresta e do bolero tinham assento cativo no Castelinho Leblon e algumas festas programadas no próprio Iate Clube, assim como os apreciadores da culinária maranhense que escolhiam a Praça do Sol para encontrar os amigos, tomar uma cerveja gelada e saborear as delícias de nossa terra. Hoje a região enfrenta um misto de saudosismo e modernidade frente às mudanças trazidas pelo “boom” imobiliário. Novos pontos turísticos, como o Calçadão da Península e o Espigão Costeiro, dividem as atenções com o Forte de Santo Antonio da Barra, monumento de grande importância na defesa do Maranhão Colonial e que merecidamente foi restaurado. A parte rebatizada de Península, localizada no ponto mais extremo da região, literalmente na “pontinha” da Ponta D’areia, hoje ostenta o metro quadrado mais valorizado da cidade, onde construções modernas e suntuosas abrigam pessoas de maior poder aquisitivo. Ainda assim, a região interage em total sintonia com área ditas menos abastadas, como Ilhinha, Conjunto Jansen e uma parte da Lagoa, cujos moradores são frequentadores contumazes daquela praia. Espaço que ainda é possível ver golfinhos (botos), além de uma grande variedade de peixes. Essa riqueza do mar é característica marcante nos estuários dos rios Anil e Bacanga no ponto que desaguam para ajudar a formar a Baía de São Marcos. De lá, da baía, a vista parece ficar ainda mais bela. Amor a primeira vista, com uma beleza que encantou e foi retratada nas obras de diversos artistas no passado, dentre eles Frans Post, Johannes Vingboonse e Georg Marcgraf, que integravam as esquadras holandesas vindas ao Brasil. Eles pintaram as primeiras imagens panorâmicas do Brasil e nelas se destacava a majestosa Ponta D’areia. Oh, minha Ponta D’areia, lembro-me quando ainda pequenino pude tocar meus pés em seu alvo chão pela primeira vez. Aquele garoto que apenas conhecera o chão da lavoura, por meses submerso no período chuvoso, da nossa imponente Baixada Maranhense. Aquele horizonte belo de se refletir, quando o sol se põe a beijar suas areias ainda molhadas. Do dia que dá lugar à noite, onde a lua cheia predomina e a minha sereia canta feliz. Sim, pode acreditar, lá, na Ponta D’areia tem sereia, com olhos de cristal e boca de água e sal, já dizia o artista. Praia de sonhos e fantasias, do banho, do esporte, dos encontros e desencontros mundanos. Vivo a te namorar, com meu jeito ainda de guri, porque um dia me disseram que o amor nasceu aqui.
MENOS CURTIDAS, MAIS ABRAÇOS Osmar Gomes dos Santos Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras. Já não é novidade para ninguém que o aparato tecnológico visto nos tempos hodiernos tem alterado o comportamento social e imposto cada vez mais desafios à humanidade. Ao passo que a tecnologia promete encurtar distâncias, vemos relacionamentos cada vez mais artificiais, efêmeros e rasos. Sem dúvida é um dos obstáculos à sociabilidade a ser enfrentado neste século. Vivemos – mais notadamente nossa juventude – sobre uma grande teia de combinações lógicas, cujo aparelhamento tem abduzido nossas vidas sociais a um outro plano. Não raro verificamos em coletivos, recepções, lanchonetes, restaurantes, shows, as pessoas totalmente focadas em uma tela de smartphone. Fisicamente no plano concreto, psicologicamente, emocionalmente, em um mundo cibernético, cuja interface se apresenta pelos sites e aplicativos, com destaque para as redes sociais. Atualmente vivemos o efeito do que estudiosos convencionaram chamar de cibridismo, fenômeno que tem nos acometido, ou pelo menos grande parte de nós, a viver, ao mesmo tempo, um mundo concreto e virtual. Para este indivíduo já não existe barreiras entre os dois planos. Assim como na trilogia cinematográfica Matrix, o mundo cibernético passa a ser uma extensão humana, confundindo-se e passando a constituir a própria realidade. Daí porque costumeiramente nos deparamos com pessoas cujo comportamento fora alterado pelo uso excessivo das tecnologias. Bastam pequenos instantes desconectados para fazer com que seu estado de humor seja completamente alterado, sendo a ansiedade o principal sintoma dessa “tecno-dependência”. Bom que se diga, dependência que também atinge relações de negócio mundo afora, vez que a maioria das transações utilizam plataformas virtuais. Constata-se que estamos quase que completamente submersos em um mar de bites. No tocante às relações afetivas, estamos preferindo – seja por simples adaptação ou para fugir do turbilhão de problemas trazidos pelo mundo real – mergulhar de cabeça em uma jornada deveras desconhecida. Frente aos acontecimentos, chamados de postagens, preferimos os compartilhamentos, as curtidas, os likes e tantas outras que refletem os mais diversos sentimentos artificiais. Antes, diante de conquistas e comemorações, ligávamos e até visitávamos amigos e parentes para dividir o sabor do feito alcançado. Hoje, esse comportamento já quase não pode ser presenciado de forma natural. Manifestações frias, que pretendem refletir os mais diversos sentimentos, estão substituindo nossas condutas em nossas relações com as pessoas que nos cercam e isso não é um bom sinal de saúde de uma sociedade. Desde que o mundo é mundo e que o homem passou a entender a importância do convívio em sociedade para a manutenção e progresso da espécie, buscamos uma forma de agir coletivamente em prol dos interesses comuns, inclusive no aspecto emocional. Essa é uma característica que parece estar ameaçada frente à conectividade desmedida com uma outra dimensão que parece nos afastar por completo de nossa realidade. Naturalmente as mudanças tecnológicas fazem parte do processo criativo do ser humano desde seus primórdios, mas a diferença nos tempos atuais se dá em razão da velocidade com que essas alterações ocorrem. Da invenção da folha de (China), passando pelo papiro (Egito) e pela prensa (Europa) até à tela do primeiro computador foram milênios para que ferramentas fossem aperfeiçoadas. No entanto, do final do século passado até nossos dias as mudanças não respeitam qualquer barreira ou conceito de razoabilidade. Aparentemente estamos nos acostumando a este novo estilo de vida, ainda que nossa estrutura fisiológica sofra mais do que em outros processos adaptativos. Assim, terminamos por migrar para o virtual as nossas relações, nossas amizades, nosso trabalho, nossos hábitos de consumo, enfim, a nossa própria vida.
Receio que o perigo resida justamente na pouca compreensão que ainda temos deste novo mundo e como poderemos lidar melhor com seus efeitos colaterais. Deixar-se abstrair por completo do mundo real para aventura-se rumo ao desconhecido é arriscado diante das incertezas quanto ao fim desse processo. Embora esteja convencido de que as redes sociais e todas as suas ferramentas tenham vindo para ficar, defendo que relacionamentos não podem ser constituídos apenas com base em uma lógica binária, perdidos em meio a milhões, bilhões, de combinações entre zero e um. Não podemos perder de vista que a utilização mais racional e eficiente dessa tecnologia visa a facilitar nosso cotidiano, não devendo nos abstrair do controle de nossas vidas. Aprender a lidar com as redes, mantendo o perfeito equilíbrio entre real e virtual é possível. Precisamos resgatar os relacionamentos construídos com base em valores, na confiança, fazendo das redes sociais apenas uma extensão de nossas vidas capaz de facilitar e até melhorar esses relacionamentos, nunca substitui-los. Dos nossos amigos e parentes não podemos abarcar apenas com as aparências da exposição em uma tela fria. Que a vida real é cheia de imperfeições, paradoxos e incoerências isso é fato! Mas é esse misto de vitórias e derrotas, alegrias e sofrimentos que fazem cada biografia ser unicamente fantástica. Nada substitui um abraço e por uma simples tela não se pode sentir, tocar, abraçar. Resgatemos as companhias e o compartilhamento das boas histórias com aqueles que gostamos. Apreciemos os detalhes em cada olhar e cada gesto; acumulemos sorrisos, afagos. A vida vivida pra valer nos possibilita sorrir e fazer rir, dar boas gargalhadas juntos e até mesmo nos permite a experiência única de enxugar uma lágrima que teima em correr no rosto daquele que amamos.
ETERNIDADE DOS SONHOS Osmar Gomes dos Santos Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras. Basta fechar os olhos para adentrar em um mundo obscuro, cheio de mistérios e acontecimentos que a ciência ainda hoje tenta explicar. Para a neurociência os sonhos podem ser uma reprodução daquilo que carregamos em nosso subconsciente, que captamos com sensibilidade do cotidiano vivido. Representa uma experiência peculiar que pode ter distintos significados, possibilitando debates nas esferas religiosa, científica e até cultural. Para o campo no da ciência, especialmente a psicanálise, os sonhos há muito são estudados e costumam ser caracterizados como uma manifestação do inconsciente durante o sono, algo como um desejo reprimido que aflora. Este é o sonho como reprodução em segundo plano daquilo que vivemos, das emoções que carregamos, dos desejos guardados, daqueles segredos escondidos em nosso âmago, muitas vezes egoístico. Lá estão, ainda de forma nada inteligível, pessoas com quem convivemos, lugares que frequentamos, situações vividas e até aquelas nunca vivenciadas, mas que juramos já terem ocorrido, tal como um “déjà-vu”. Mas destaco um outro sonho, alimentado de forma consciente - com olhos bem abertos e pés no chão - e que simboliza o alcance dos objetivos que carregamos em vida. Sonhamos com nossas realizações desde a tenra idade. Quantos não são os meninos e meninas que sonham serem astros no esporte ou alcançar posição de destaque por meio dos estudos? Há sonhos mais modestos e, tenha certeza, outros ainda mais ambiciosos. Ainda assim, os sonhos não têm tamanho, não prevalecendo um sobre o outro. A única diferença, no entanto, parece estar na importância que o sonho tem para cada um de nós que se permite adentrar nos labirintos desse mundo idílico. Sonha-se com tudo, desde amores a serem buscados, passando por lugares que se deseja estar ou morar, até as posições profissionais que se almeja galgar. Este sonho, nada tem a ver com aquele surrealista que nos apanha no pregar os olhos, ora romântico, ora transformado em pesadelo. Decerto que a vida tem lá seus pesadelos, deveras passíveis de serem contornados. Mas o sonho que aguça meu pensar em um profundo exercício de reflexão é aquele que nos impulsiona, conscientemente, rumo ao desconhecido. Desbravar os mais dolorosos obstáculos, muitos deles impostos por um sistema ainda desigual. Para alguns, não resta outro caminho se não focar o horizonte e sonhar, afinal, sonhar não custa nada, já dizia o enredo. Ele nos estimula, é o combustível daqueles que ousam sair do lugar comum, superar as dificuldades, ou apenas deixar para trás a famosa zona de conforto. Diferentemente daquele sonho estudado pela ciência, arrisco a dizer que este é ainda mais imprevisível e infinitamente mais fantástico. Aqui, sonha-se acordado, com foco naquilo que se almeja alcançar. Não é apenas deixar acontecer. Não há espaço para acasos quando o sonho dá lugar a uma batalha incansável pela concretização do objetivo estabelecido, uma força descomunal que resulta em conquistas. “Deixa a vida me levar...” fica poético na letra da música, mas pode ser trágico ao se aplicar a uma filosofia da existência no caso concreto. Sonhar com os pés no chão implica dedicação, comprometimento, abdicação, estudo, coragem. Cada uma dessas características somadas elevam um abstrato sentimento a categoria de algo tangível. O sonho está na base de tudo! Ele é a centelha capaz de acender e manter viva a força criativa que permite realizar. Hoje, pedalamos, dirigimos, navegamos e voamos os sonhos de alguém que um dia se propôs pensar fora da caixa. Podemos estar, ainda que virtualmente, em qualquer lugar do mundo, dirigir conferências, participar de reuniões, realizar mais de uma centena de operações sobre nossas vidas na ponta dos dedos, por meio de um smartphone. Se isso é possível, certamente, lá atrás, alguém sonhou. Não há tempo nem idade para sonhar, embora essa manifestação comece a ser vista, com muita ênfase, ainda na infância. Portanto, jamais inibir qualquer que seja o desejo de um pequenino. Os sonhos de hoje
podem nos levar a lugares inimagináveis daqui a 50, 100 anos, e podem fazer do mundo um lugar melhor para se viver. Os maiores nomes da história sonharam. Diante de um sonho – seja ele qual for, seja ele de quem for – nossa postura deve ser sempre de apoiar incondicionalmente. Afirmo isso porque, da minha pequena janela da qual ouso sonhar o meu mundo ao olhar as estrelas, o sonho enquanto objetivo é algo que promove o bem. Caso contrário, estaríamos, fatalmente, diante de um pesadelo. Diferentemente daqueles sonhos que nos apanham ao fechar os olhos, precisamos exercitar mais aqueles cujas variantes podemos controlar. Devemos ser mais sonhadores e fazer dos nossos sonhos verdadeiros motivos para uma vida com mais sentidos, com mais sabor. Sonhe! Ainda que sejam utópicos, inalcançáveis, bobos, aparentemente inúteis. Que seja volátil e efêmero como manda o roteiro dos dias atuais, mudando de enredo a cada dissabor, sonhe! Ter no que acreditar é viver eternamente uma vida de sonhos.
VIREMOS A PÁGINA Osmar Gomes dos Santos Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.
Somos seres sociais e, por isso, estamos sempre em contato com o próximo compartilhando os acontecimentos rotineiros, muitos dos quais têm a ver com nossos desejos, sonhos, conquistas, dificuldades, angústias, medos, perdas, lamentações e um sem número de sentimentos que carregamos conosco. Basta uma conversa na fila do mercado, na padaria, na calçada, na mesa de bar ou aquela reunião em família que lá estão presentes as lamúrias de nossas experiências não tão bem sucedidas. Daí advêm uma pergunta simples: por que temos enorme dificuldade em virar a página, aceitar que as coisas já não são como antes ou que não aconteceram como prevíamos? É normal que conversemos com nossos comuns a respeito dos acontecimentos em nossas vidas, postura essa que pode, inclusive, nos ajudar e também ao próximo. Problema é quando transformamos algumas dessas frustrações em carmas que nos impedem, ou pelo menos obstam, de seguir nosso destino livremente. Eventos negativos estão destinados a acontecer independente de nossa vontade, um fato sobre o qual nada podemos fazer. Outras vezes, tais acontecimentos nada mais são do que resultados de nossas condutas ao longo da vida. Diante das perdas que colecionamos, é necessário que façamos uma autoavaliação para identificar possíveis causas. Assumir e aceitar que alguns tropeços estão relacionados estritamente às nossas ações é o primeiro passo para o enfrentamento da questão. Naturalmente porque é bem mais fácil encontrar uma razão que esteja fora de nós, que não nos implique uma culpa direta, mas na outra pessoa ou nas circunstâncias que queremos acreditar não poder mudar. Guardo com carinho uma lição que aprendi ainda menino dos pés descalços: de toda situação é possível colher algo de positivo. Tirar proveito das adversidades talvez seja um dos mais importantes segredos para o alcance da felicidade almejada, visto que nada acontece por acaso. Assim, tudo depende de como encaramos as adversidades, já que perdas farão parte de cada história, tal como as conquistas. O importante é ter equilíbrio e atitude proativa para lidar com momentos de insucesso, pois eles também nos ajudam a encontrar nosso caminho. A vida é como uma guerra constante, onde ganhamos e perdemos batalhas, mas precisamos continuar. O escritor italiano Ugo Foscolo afirmou que cada lágrima nos ensina uma verdade. E a vida nada mais é do que verdades sendo construídas ao longo de uma fascinante jornada. Na paradoxal mistura do perfeito com o imperfeito, do esperado com o inesperado, a única certeza que nos resta é de que devemos estar preparados para os resultados que virão. Alguém certa vez ensinou que o importante é competir, afirmação que confesso sou um tanto admirador. Nada existe nela de filosofia de perdedor, como podem pensar alguns. Raramente conhecemos pessoas de sucesso que acertaram na primeira tentativa ou que não tenham cometido e ainda cometam erros. No entanto, é preciso estar determinado, ser resiliente e ter um propósito que o mova no sentido dos objetivos estabelecidos. O ontem já não nos pertence a não ser pelos seus ensinamentos. Jamais podemos nos prender ao que passou, ou certamente não teremos a capacidade de sabermos aproveitar as oportunidades presentes que nos cercam. A diferença diante das perdas é como cada um lida com as mesmas para romper com a “cultura do inconformismo”. Thomas Edison realizou pelo menos 1200 experimentos antes de chegar a um modelo de lâmpada elétrica. Após anos de trabalho, um de seus auxiliares alegou que ainda não haviam avançado um passo sequer após 700 tentativas. Thomas então rebateu afirmando que ele estava errado, pois já haviam avançado 700 passos
rumo ao êxito, já que agora conheciam centenas de caminhos que não levariam ao sucesso da invenção pretendida. A vida é um livro cujas páginas somente podem ser lidas uma única vez. Nunca deixaremos de ter problemas, obstáculos sempre existirão, assim como conquistas também serão alcançadas. O mais importante é que ao final de cada leitura, uma página será virada para que uma nova comece a ser desenhada.
MONÓLOGO DO TERNO Osmar Gomes dos Santos Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.
Para começar, permitam-me rememorar um pouco da história que atribuem a mim no mundo contemporâneo. Surgi ainda no século XVIII, como uma melhoria de outros costumes já utilizados, caindo rapidamente no gosto da nobreza e até da realeza. Para mim, criaram alternativas de uso, como o corte na parte de trás que facilitava o andar a cavalo, dentre outras formas padronizadas para exibição. Tenho uma família um tanto considerável, blazer, smoking, paletó, fraque e até o semi-traque, este último uma invenção a brasileira. Minha apresentação, na verdade, deveria ser uma composição rigorosa de três peças, onde se inclui o colete às peças que envolvem os membros superiores e inferiores. Mas aqui me exponho de forma simples, no conceito mais usual que se dá ao terno. Ganhei a companhia da gravata, com quem costuma causar ótima impressão. Transmito uma aparência solene, formal, sóbria e mesmo quando não estou devidamente a combinar com o conjunto, percebe-se o esforço dos ombros sobre ao quais me apoio em querer causar boa impressão no seu interlocutor. Em determinada época, virei sinônimo de bom gosto, requinte, glamour. Uma peça de distinção entre homens simples, do povo, e aqueles mais abastados. Possuir-me passou a ser uma questão de status, demarcando posições sociais e elevando comuns a outro patamar. Na realidade brasileira, embora sirva para marcar uma rigorosa posição no cenário jurídico, tal como o jaleco marca na área médica, confesso que por vezes chego a presenciar comportamentos que são tomados pela vaidade e soberba de quem, posso dizer em segredo, sequer merece a honraria que ostenta ter. Há dias, portanto, que volto para casa apenas com o desejo de recolher-me em meu guarda-roupa da vergonha. Por essa razão, em algumas oportunidades, por mais que esteja impecável, sinto-me como que em um porre só, em permanente estado de embriaguez. Na aparência posso estar impecável, acompanhado de bons adereços e um parfum marcante, mas por dentro pareço terem me retirado de uma centrífuga: desajeitado, lapela desalinhada, uma manga mais curta que a outra. Esse estado lastimável reflete o comportamento social de certa parcela daqueles que insistem em me vestir como forma pura e simples de demarcar uma posição, ou mesmo pseudoposição, de poder. Pessoas que agem somente para subjugar os demais a sua volta. Para completar, embora sujeito íntegro eu seja, em dada época adentrei em uma fase ainda mais conturbada para minha existência, quando resolveram me associar a uma figura quase indissociável no meu cotidiano: o colarinho. Mas não era qualquer um, e sim o colarinho branco. Mais uma página obscura em minha caminhada. Sofro por vezes com essa grande teimosia em quererem me envolver aqui ou acolá com certas categorias de indivíduos, cujos exemplos de conduta ética e moral não são dos mais admiráveis. Ainda assim, tento que manter minha reputação intacta, não me importando a máxima ensinada pelos nossos pais de que “quem se mistura com porco, farelo come”. Mas tenho algumas passagens curiosas, já tendo sido tema de, literalmente, um acalorado debate entre Ordem dos Advogados do Rio de Janeiro e Conselho Nacional de Justiça, quando aqueles causídicos queriam banir meu uso nos 40º do verão carioca. Até que, naquele cenário paradisíaco da Cidade Maravilhosa, cairiam bem umas férias: sombra, água de coco, praia. Não pretendo – tal como nunca pretendi – ser símbolo de segregação entre comuns pelo simples fato de estar vestido. Gostaria de ser usado apenas como um traje para uma ocasião especial ou mesmo para a repetitiva jornada de trabalho, nada mais.
Para aqueles que já têm ou aos que pretendem a minha companhia, gostaria de lembrar-lhes os cuidados com uma eventual ditadura do terno. Meu poder, se é que o tenho, está relacionado apenas com a marcação de posições hierárquicas e papeis exercidos em dado contexto, jamais será critério para fazer qualquer juízo de valor quanto aos que me põem sobre os ombros. Quero continuar tendo única e exclusivamente a finalidade de vestir, jamais, portanto, travestir a ponto de possibilitar a qualquer um a perda de sua própria identidade. Não é minha finalidade, por isso não me culpem, por eventuais desvios de personalidade.
JUDICIÁRIO MARANHENSE NA VANGUARDA Osmar Gomes dos Santos, Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.
Se pedissem que eu rascunhasse alguns parágrafos acerca do nosso Poder Judiciário há mais ou menos 20 anos posso afirmar que o faria com certas resistências e destacaria algumas ressalvas. Mas, nos dias atuais, garanto que apesar de avanços ainda serem necessários, permito-me falar com orgulho da nossa Justiça, em especial a maranhense. Marco histórico nessa seara foi a criação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no ano de 2004, instituído após longos debates que resultaram na chamada reforma do Judiciário. Apenas dois anos depois, o Tribunal de Justiça já realizava seu primeiro concurso para servidores, o que possibilitou a qualificação técnica do quadro de pessoal e o fim da relação precária do trabalho, em total descompasso com a Carta Magna. Foram milhares de novos integrantes a ocupar os assentos a serviço do cidadão. De lá para cá, processos de trabalho foram otimizados, sistemas foram aperfeiçoados, novas práticas foram implementadas e o Judiciário ampliou uma gama de serviços direcionados à população e alicerçadas sob novos pilares que refletem os princípios da administração pública. A tão criticada prática de nepotismo foi abolida dos quadros do poder, passando a valer o merecimento. Mais recentemente vemos o avanço do Processo Judicial eletrônico (PJe) para todo Estado, o que é uma realidade consolidada também no âmbito do 2º grau. Apenas em 2019, quase 40 comarcas receberam a implantação do sistema e o até o final deste mês a perspectiva é que as 107 comarcas do Estado já estejam em sua integralidade com o sistema informatizado. Na prática, o PJe tende a refletir em maior comodidade para as partes e os operadores do direito, possibilitando mais agilidade, ganho de tempo e maior produtividade. Na base de toda tecnologia implantada atualmente, há um grupo de servidores e magistrados preparado e que busca permanente aperfeiçoamento para atuar frente às demandas sociais. Aí destaco uma grande quantidade de especialistas, mestres e doutores em áreas afins ou que dão suporte às atividades jurisdicionais. Capacitação que recebe incentivo permanente da Escola Superior da Magistratura, que, apesar do nome, atende juízes e servidores e promove um calendário mensal de ações de treinamento em todo o Estado. Tudo isso faz o Judiciário maranhense ir além ao desenvolver ações em inúmeras frentes. São projetos que acolhem mulheres e crianças vítimas de violência doméstica, como a Casa Abrigo e a Casa da Criança; fomentam a preservação ambiental; incentivam a ressocialização e a geração de oportunidade para egressos do sistema prisional; promovem a paz, por meio da resolução consensual de conflitos. A outrora tão criticada caixa-preta, hoje dá lugar a uma instituição mais transparente e aberta ao diálogo com o cidadão por meio da Ouvidoria, como forma de melhorar permanentemente a prestação dos serviços. Além dos programas e projetos, há diversas campanhas realizadas ao longo do ano e dezenas de outras que recebem o apoio do Judiciário. Os resultados aparecem em dados oficiais. A Justiça maranhense saiu de uma situação de quase letargia – onde precisava melhorar em planejamento, organização e, principalmente, gestão – para se consolidar como uma das mais produtivas do país. O Justiça em Números, relatório anual do CNJ, comprova esse avanço ao apresentar o Maranhão nas melhores posições em sua categoria. É bem verdade que não se devem fechar os olhos para inúmeros aspectos que ainda precisam ser melhorados. As manifestações levadas à Ouvidoria e aos balcões pelos advogados dão conta de que o progresso não pode parar. No entanto, ao entrar na era do planejamento estratégico, regido pelos princípios da administração gerencial, é possível identificar com clareza os pontos que precisam ser aprimorados constantemente.
Os desafios são grandes, diante de uma demanda litigiosa que insiste em crescer, algumas para as quais já poderiam existir soluções pela via legislativa; outras solucionadas mediante melhor atuação por parte das agências reguladoras e demais órgãos de fiscalização. Só isso já frearia uma grande demanda judicial, possibilitando que o Judiciário possa se tornar ainda mais eficiente. Diante de um cenário cujos problemas se agigantam, tenho certeza de que o Judiciário continuará atuando firme no propósito de garantir a Justiça aos meus concidadãos. Tenho orgulho, e assim creio que deva pensar todos os membros, da instituição, da família, que me acolheu ainda no ano de 1997. Juntamente com centenas de outros magistrados e milhares de servidores assumimos e, certamente, estamos honrando o compromisso de levar justiça, 24 horas, a milhões de cidadãos maranhenses.
TRIBUTO À AMMA Osmar Gomes dos Santos Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.
Recentemente tive o privilégio de usar este espaço para destacar a evolução do Judiciário maranhense nas duas últimas décadas. Sem desmerecer a atuação dos amigos servidores, posto que o devido reconhecimento fora feito naquela oportunidade, quero, hoje, reservar minha análise para o significativo papel da Associação dos Magistrados do Maranhão – AMMA, nesse progresso. Como entidade representativa da classe, a Associação nasceu em 1971, tendo como primeiro presidente o saudoso desembargador Moacir Sipaúba da Rocha, e ao longo de sua história evoluiu na defesa da classe em consonância com os anseios da sociedade. Garantir que o exercício dos direitos e deveres seja uma realidade para todos e não um privilégio de poucos é um objetivo que a entidade tem concretizado a cada dia. Reconhecimento deve ser feito na grande contribuição dada pela associação para a melhoria dos trabalhos do Judiciário maranhense – merecendo destaque para a capacitação profissional e as melhorias tecnológicas. Progresso associado à luta diária e empenho na garantia das prerrogativas funcionais e na manutenção de condições dignas de trabalho e de atendimento à população nas unidades judiciais. Se há uma palavra que possa ser utilizada para definir a relação da entidade com a Mesa Diretora do Judiciário Maranhense é equilíbrio. O diálogo sincero tem sido a base das tratativas para equacionar interesses da categoria com as políticas estabelecidas anualmente pela administração. Agir dessa forma é ter sabedoria e compreender que à mesa de negociação é preciso ter habilidade, sensibilidade, equlíbrio e responsabilidade . A AMMA é um exemplo de que as lutas de classes devem ser travadas pela via do diálogo, no campo das ideias, jamais pela via das palavras injuriosas e ações beligerantes daqueles que dizem representar uma categoria. Direitos e prerrogativas existem e precisam ser garantidos, mas diante de um cenário sombrio, cujo horizonte político e econômico apresenta a dúvida como única certeza, a entidade tem demonstrado peculiar destreza para representar a classe. Essa jornada cheia de percalços, enfrentada pela associação, reflete a busca pela autonomia do Judiciário e garantia das prerrogativas funcionais como manutenção da ordem republicana e democrática advindas com a positivação do Estado. É fundamental que a independência, como base do sistema de freios e contrapesos, seja respeitada para que se preserve a autonomia do poder. Nesse ponto chamo atenção para mais uma batalha que a entidade e toda a magistratura encampam neste momento. A sociedade assiste perplexa mais uma tentativa de usurpação de prerrogativas da magistratura e de órgãos do Sistema de Justiça. Mediante projeto de lei, querem impor limites à atuação de profissionais que atuam exaustiva e exclusivamente na defesa do interesse público. Aos magistrados, a Constituição Federal, tal como a Lei Orgânica da Magistratura, já reserva normativos expressos sobre sua conduta. Hoje, o Judiciário é um poder que possui seus órgãos de controle, perante os quais magistrados respondem por eventuais excessos e desvios de conduta. Além disso, há o controle da própria sociedade, que tem sido cada vez mais participativa dos rumos da Justiça, mediante mecanismos de interlocução. Acertadamente a AMMA se posiciona em defesa de garantias já cristalizadas em nosso ordenamento jurídico. A magistratura forte e independente é a base do Estado Democrático de Direito, pois são os juízes, juntamente com os demais operadores do Sistema de Justiça, que garantem, dia após dia, os direitos de cada cidadão, rico ou pobre, que busca socorro nos balcões do Judiciário. Tal como na defesa da manutenção das prerrogativas, a entidade encampa verdadeiras cruzadas na proteção, principalmente, de juízes vítimas de ataques, ofensas e até ameaças sofridas em razão do seu dever funcional. Nesse sentido, participou ativamente da criação da atual política de segurança vigente, cujas ações contemplam treinamento, aparelhamento de unidades, escolta, dentre outras iniciativas.
Como não pensar na integração promovida entre os magistrados e seus familiares, como forma de amenizar os efeitos cotidianos de uma das profissões mais estressantes do mundo. Merece destaque o trabalho promovido por meio de atividades esportivas, culturais e recreativas, aliadas ao incentivo a uma rotina saudável como caminho para melhor qualidade de vida, oportunidade em que realiza campanhas e outras atividades paralelas. Prestes a comemorar seus 50 anos de dedicação à Justiça, a Associação merece o reconhecimento de magistrados e de toda sociedade maranhense como uma instituição de vanguarda na manutenção da ordem e paz social. Parabéns, instituição da qual já tive a honra de ser Vice-Presidente e Diretor Social. Parabéns ao atual presidente, Dr. Ângelo, extensivo à toda diretoria e conselhos - A AMMA nos representa.
NO BANCO DAS LAMENTAÇÕES Osmar Gomes dos Santos Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras. Um ato tentado ou consumado contra a vida, bem maior que qualquer ser humano pode possuir. De repente, aquele sopro divino se esvai num simples transpirar carregado de emoção: ódio, raiva, rancor, vingança. Em regra, esse é o enredo seguido por aqueles que vão ao banco dos réus para responder à acusação de cometimento de crime contra a vida. Anos a frente de uma vara do júri, posso afirmar que sou perito na arte de conduzir o rito processual, naturalmente em perfeita harmonia com a defesa, acusação e conselho de sentença. O que ainda me surpreende são as razões que levaram cidadãos, alguns deles até outrora de ilibada reputação, a sentar naquela cadeira à minha frente. Obviamente que crimes foram cometidos de forma fria e calculista, eivados de qualquer sentimento nobre. Nestes casos, a indiferença é predominante, sendo possível até lidar com cenas de deboche e sarcasmo durante o depoimento do acusado. Mas essa é uma exceção à regra, pelo menos de nosso Estado. Normalmente, acusados, mesmo os que se mostram tranquilos, manifestam em suas expressões corporais o peso daquele ato cometido contra o seu comum. Era matar ou morrer, dizem alguns. Outros afirmam arrependimento, pois estavam tomados por um sentimento ruim que o fizeram perder a cabeça. Drogas, motivações financeiras e passionais também têm lugar cativo, assim como os acertos de contas e os casos em que as mortes são justificadas pela rivalidade entre facções criminosas. Ao longo de mais de 22(vinte e dois) anos de magistratura posso garantir, com toda certeza, que há algo de errado em nosso país. Ainda não acertamos a mão na execução das políticas públicas cristalizadas em nossa Carta Magna e o resultado disso foi a consolidação de uma sociedade vulnerável. Não quero trazer aqui um discurso da vitimização social, posto que eu próprio sou fruto da pobreza de nosso Estado e prova de que é possível vencer frente às adversidades. Mas não consigo analisar aquelas pessoas ali sentadas dissociadas do meio em que nasceram e cresceram. Na maioria das vezes uma vida com poucos valores, pouca instrução, ausência de lazer, sem acesso à cultura e ao esporte, quase nenhuma orientação dos pais, que em sua maioria necessitavam trabalhar fora durante todo o dia, às vezes a semana. Muitos tiveram furtadas suas brincadeiras pueris, trocadas pelo incerto caminho das ruas. Tempo para manifestação do réu... Mesmo diante de um profundo sossego, é possível ouvir claramente os gritos que aprisionam uma alma. Uma voz embargada quebra o silêncio e a amolda uma triste realidade: um aparente projeto de sociedade grita de forma estridente, como se não tivesse dado certo. "É, a vida é loca, doutor. Nós cresce na quebrada sem ninguém olhar por nós e nós tamu nesse mundo pro que der e vier". Assim, peço licença para parafrasear um acusado que ouvi durante uma sessão do júri, mais ou menos nesses termos. Aquela afirmação, com tamanha convicção me fez ter noção do abismo social que ainda vivemos. Regras próprias? Paralelas ao conjunto normativo estabelecido pelo Estado positivado? Ao mesmo tempo, uma espécie de código de honra parece os manter unidos, para o que der e vier. Naquele momento pude perceber, também, uma certa dose de arrependimento pelo caminho de vida traçado. Era como se dissesse, mesmo sem dizer, que poderia ter tomado outro rumo se tivesse oportunidade. Como seria a vida se a “quebrada” não fosse “loca”? Mas agora só restam lamentações. O banco dos réus está posto. Advogados e promotores vão utilizar toda retórica possível para defender suas teses, condenar ou absolver. Caberá este papel ao conselho de sentença,
formado por cidadãos do povo, que ouvirão atentamente e, ao cabo, formarão sua convicção: culpado ou inocente. Salvo algumas raras exceções, o medo parece ser uma companhia constante dos que sentam naqueles frios bancos. Aproprio-me dessa conclusão após anos de experiência como magistrado, já tendo lidado com todo tipo de processo criminal. Depois da vida, a liberdade é o um dos bem maiores e, certamente, ninguém quer perdê-la. Se culpado ou inocente, não é bem esse o desfecho que pretendo dar para esta análise, visto que aqui não se trata de um réu em especial. Apenas desenhei uma situação genérica, baseada na imagem que reflete o espelho de uma sociedade doente. As causas são inúmeras. E por falar em remédio, quem não se lembra daquele velho ditado muito repetido pelos nossos pais: é melhor prevenir do que...? E hoje esse remédio custa caro, é complexo e a dose deveras variada, conforme as mais distintas realidades encontradas país afora. Parece termos chegado ao fundo de um poço sem que vislumbremos qualquer estratégia de subida rumo à superfície. Anualmente, dezenas de milhares de pessoas são assassinadas, mas na maioria das vezes esses crimes sequer chegam a ser elucidados. Lá dentro, permanece o banco das lamentações à espera daqueles que vencem todas as fases processuais. E os gritos? Estes também se repetirão. Mas, diferentemente do que alguns pensam, não são daqueles que estarão sentados. Ali é apenas uma reverberação, um eco, de uma sociedade que, lá fora, ainda não se encontrou.
A AMAZÔNIA É DO BRASIL Osmar Gomes dos Santos Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras. Diante dos acontecimentos ambientais que tomaram conta do noticiário nas últimas semanas não restam dúvidas de que alcançamos a última fronteira do descaso com nossas reservas naturais. A falta em fazer nosso dever de casa, no entanto, não dá a nenhuma nação o direito de determinar as ações como serão executadas para por fim à agressão ao nosso meio ambiente. As chamas ardem como feridas abertas e expõem nossa fragilidade ao mundo. Mas antes de alguém pensar em levantar a voz para atacar, criticar, sob qualquer pretexto, quem quer que seja, é preciso ter em mente que a Amazônia é nossa. Pelo menos dois terços da floresta, 5 milhões de m², pertencem ao Brasil e, portanto, ao seu povo. Feito esse recorte necessário, entendo que se mostram adequadas as críticas feitas ao governo federal, assim como eram aos governos anteriores. A Amazônia é um patrimônio que está acima de qualquer questão político-partidária e, por isso, o tema deve ser tratado com a seriedade que o caso merece. A Presidência da República precisa ser protagonista e assumir o seu papel, por meio dos órgãos constituídos, na defesa do bioma amazônico. Mais do que ficar na defensiva ou proferir discursos efusivos que só agradam meia dúzia de admiradores, ela precisa entender e assumir a gravidade do problema, dialogar com demais poderes e órgãos afins, para juntos, definirem um plano efetivo de ações. Entendo que essa proposta de cooperação ainda deve considerar os países cobertos pela Amazônia e, também, a ajuda oferecida por outros países na solução dos problemas. Não se pode utilizar o maior bioma do mundo como uma peça em um jogo de tabuleiro que é movimentada conforme interesses individuais em detrimento da coletividade. Estamos falando da maior floresta do mundo, razão pela qual, lá, tudo acontece no superlativo. O maior rio; a maior reserva de água doce; a maior diversidade de plantas, insetos e animais; o maior filtro de absorção de gás carbônico. Mesmo com o conhecimento que possuímos desse peculiar bioma, pode-se afirmar que ainda não catalogamos metade da vida que pulsa na floresta. Sob o solo, grande parte dele pouco útil para a agricultura, há riquezas minerais, algumas das quais são as maiores reservas do planeta. Além da água, é possível encontrar reservas de terras-raras (um composto de 17 tipos de metais), nióbio, ouro, diamante, ferro, manganês, estanho e até gás natural. Ainda a serem descobertos os segredos de um mosaico pouco conhecido da ciência e as infinitas pesquisas, com os mais variados fins, a serem realizadas. Terra de povos ainda isolados, de tradições e culturas virgens, cuja Antropologia pouco avançou para decifrar importantes códigos de sociabilidade. Uma vastidão de fronteiras a serem desbravadas de forma consciente, jamais predatória. Longe das guerras dos números que pipocam nos meios de comunicação, onde incluo as redes sociais, há de se convir que o auge da degradação vem após meses de nítido afrouxamento na fiscalização e na aplicação de multas, além da diminuição de repasses financeiros a órgãos essenciais à manutenção do meio ambiente. Atualmente, uma das maiores razões para o desmatamento é o uso do solo para atividade agropecuária (80%), que, com quase 90 milhões de cabeças de gado, continua a avançar; seguida da agrícola, predominantemente para a soja, que abastece o mercado europeu e asiático. Esses dados são da Procuradoria do Meio Ambiente do Ministério Público Federal (2015), que aponta uma destruição de 20% da mata original desde a década de 1970. O interesse internacional cresce na mesma proporção de nossa incapacidade de gerir os recursos disponíveis. A grande possibilidade de escassez de água no mundo torna a floresta ainda mais especial e um objeto de desejo de muitos países. Estima-se que de cada dez copos de água disponíveis no mundo, dois estejam na bacia amazônica. Potencial hídrico que somado a outras bacias país afora, deixa o país em posição privilegiada.
Pelo exposto, notório que o enfrentamento aos problemas não podem ocorrer apenas em nível de discursos e das guerras ideológicas. Seja sozinho ou em uma frente de cooperação internacional, que não ofenda a autonomia e a soberania brasileira, é preciso atitudes centradas em um plano de recuperação, preservação e exploração sustentável. Manejo sustentável o qual se estima será capaz de produzir matéria prima para abastecer dezenas de mercados e gerar receitas anuais que podem beirar um trilhão de reais. O desenvolvimento pode e deve ocorrer, mas alinhado a um modelo sustentável, garantindo a manutenção das espécies, o reflorestamento e o equilíbrio do ciclo natural para que a floresta cicatrize as feridas abertas. Não se pode permitir, sob o pretexto de que não cuidamos bem de uma riqueza que interessa a todo mundo, que outros países venham intervir e tentar transformar a Amazônia em uma zona neutra comum a todos. Por essa razão, precisamos de atitudes mais equilibradas e assertivas por parte dos gestores diretos do bioma, em especial do nosso presidente, cuja compostura precisa estar em harmonia com a importância do cargo. No fim das contas, não queremos nem Trump, nem Macron, mas a manutenção da floresta como forma de garantir a perpetuação da espécie humana e da soberania nacional como nação forte frente ao mundo globalizado.
O MULATO - ALUÍZIO AZEVEDO A realidade pela cor da pela Osmar Gomes dos Santos Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras. O ano era 1881. No contexto nacional, a campanha abolicionista e os movimentos por mudanças no regime político marcavam os debates sociais. Um cenário efervescente, que resultaria em mudanças na estrutura do Estado e teria reflexos diretos na economia, a partir de um novo modo de produção. Dentro dessa conjuntura – com uma visão crítica, esmerando-se em detalhes de uma narrativa analítica – desenrola-se O Mulato, obra que inaugurou o Naturalismo no Brasil. O livro – somado a outras obras posteriores, como O Cortiço – fez com que Aluísio Azevedo se tornasse um dos expoentes dessa corrente literária. O mulato em questão era Raimundo, filho bastardo do comerciante português José Pedro e uma de suas escravas, caso mantido com discrição por certo tempo. A descoberta gera enorme confusão, fazendo com que José leve Raimundo, ainda criança, para casa do seu irmão, Manuel. Ao regressar à fazenda, encontra sua esposa na cama com o padre Diogo. Tomado pela emoção, José mata a esposa e firma um pacto de silêncio com clérigo. Nas idas e vindas, entre a Cidade de São Luís e a fazenda, José é morto a mando do padre que deitara com sua mulher. Raimundo é mandado a Portugal, onde se forma em Direito. Retornando ao Brasil, vai morar no Rio de Janeiro. Mais tarde, decide reencontrar seu tio no Maranhão, uma fase que o leva a saber detalhes de sua origem até então desconhecida. Apaixona-se por Ana Rosa, sua prima, filha de Manuel, que fora prometida ao caixeiro Dias, pretexto sob o qual não concedeu a mão da filha a Raimundo. Este começa a acreditar que o motivo real era preconceito com sua origem e a cor de sua pele. Juntos decidem fugir, visto que seu amor era correspondido por Ana Rosa, mas são surpreendidos e Raimundo termina sendo assassinado pelas mãos do rival. Ana estava grávida e após toda a desgraça consumada aborta a criança. Sem escolhas, se casa com o algoz de seu amado, com quem conviveu e teve três filhos. Ao final da trama comprova-se que todo mal praticado é varrido para baixo do tapete da mentira, prevalecendo a conveniência dos acordos estabelecidos. A obra " O Mulato" foi considerada polêmica para a sociedade da época, calcada nas aparências de uma profunda hipocrisia que ainda imperava em uma sociedade machista, patriarcal e marcada por condutas esmeradas caprichosamente nas aparências. Costumes esses tidos, em regra, apenas dos muros para fora, bem ao estilo dissimulado de transparecer ser aquilo que a sociedade espera de si enquanto conduta social. Na vida privada retratada por Azevedo, no entanto, cada um dos tipos narrados carrega seus segredos obscuros e agem para com os outros conforme seus próprios interesses. O Mulato quebra com a fase romântica dos escritos, no qual costumava predominar o “felizes para sempre”. A obra naturalista – embora com alguns traços da corrente anterior – retrata uma verdade nua e crua sem qualquer cerimônia. Por essa razão, não foi bem recepcionada pela conservadora crítica ludovicense, para a qual a servia como um espelho a refletir suas próprias atitudes. Embora carregue alguns elementos românticos, a pujança naturalista é que dá o tom da obra. Isso pode ser comprovado na fundada crítica ao preconceito racial; na felicidade aparente; nas futilidades; no falso moralismo, calcado em valores cristãos professados da boca para fora; na sexualidade, que é fruto de um desejo carnal; bem como o mal se sobressaindo ao bem. Com um ar fatalista, parece pretender ir do particular ao geral, como se as características dadas aos personagens representassem o comportamento médio de uma sociedade sem nenhum senso de coletividade.
Como consequência da pressão sofrida, Azevedo regressa ao Rio de Janeiro, onde alcançou notoriedade e viveu uma fase próspera em sua carreira. Mais tarde, O Mulato teve reconhecimento pela sua riqueza histórica ao retratar, muito antes do saudoso Nelson Rodrigues, a vida como ela é. Ao melhor estilo o homem lobo do homem, em sua primeira obra naturalista Azevedo desconstrói a ideia de ser humano ideal, colocando-o como um animal sensual, materialista, egoísta, levado pelas paixões de sua alma. Uma racionalidade que atende aos seus próprios interesses. O ser humano é posicionado ao melhor estilo hobbesiano – o homem é lobo do homem –, em contraposição a ideia do bem personificada no modelo rousseauniano de entender o indivíduo – o homem é bom por natureza, mas a sociedade o corrompe. Para dar um tom generalista, trabalho com tipos estereotipados, como o comerciante rico e grosseiro; uma beata cheia de raiva; um padre pervertido hipócrita e assassino; uma avó preconceituosa; uma mulher adúltera; um pai com vergonha do filho com a escrava, que se transforma em um marido assassino. Uma trama no mínimo trágica, mas real. Mais do que inaugurar o Naturalismo no Brasil, a obra deixa um legado histórico inestimável às gerações futuras. Sugiro sua lida com o mesmo olhar que o autor empregou ao produzi-la, de tal forma que o leitor faça seu próprio exame de consciência acerca da sua conduta enquanto cidadão. O mulato descrito por Azevedo certamente continua por existir. Todas as características marcantes na obra ainda podem ser vivenciadas por alguns tipos, embora, entenda em meu particular, que a sociedade evoluiu e que hoje temos um senso maior de interesses comuns e de partilha. Parabéns aos organizadores da FEIRA DO LIVRO EM SÃO LUÍS, pela justa homenagem a Aluízio Tancredo Gonçalves de Azevedo, meu patrono na Academi Ludovicense de Letras.
LOUVAÇÃO A SÃO LUÍS Antes que setembro termine Osmar Gomes dos Santos Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras. Vez por outra me apanho a vagar em pensamentos longínquos de uma São Luís distante desta que hoje conhecemos. Era junho de 1971, uma chuvosa noite de sábado, quando aportei na Ilha de Upaon-Açu e vi a luz elétrica pela primeira vez. A cidade praticamente se resumia à região central, que modestamente se estendia para o outro lado do mar graças a recém inaugurada Ponte José Sarney. Ainda posso sentir a emoção dos pés pequeninos e descalços, que sustentava um corpo igualmente franzino, ao tocar aquele chão da praia grande naquela serena noite. Após três dias dividindo a velha lancha com porcos, galinhas e até gados, aportamos em segurança e com os poucos pertences que couberam em duas caixas de papelão e três cofos. A vida escassa levava crianças daquela época a buscar algum trocado na rua para ajudar no sustento da família, algo que sempre fiz dividindo meu tempo com os estudos. Pelas ruas do centro, especialmente a Magalhães de Almeida, carregava minha cesta com pão cheio, um tipo de sanduíche com pão e carne moída, muito apreciado naquela época. Trilhava rapidamente aquelas ruas. De repente, a tarefa da venda estava concluída. Não perdia tempo e estendia o expediente no ofício de vigiar carros nas portas dos restaurantes ou do comércio. Assim fui crescendo, ganhando discernimento, entendendo a vida e vendo a vida que se passava a minha volta. O acesso à televisão me deu acesso a um mundo muito maior do que eu vivera até então, trazendo-me a ilusão de que a cidade já não era tão grande como eu imaginava. A necessidade de me deslocar para trabalhar e para estudar, notadamente para cursar o colegial e, posteriormente, a faculdade de direito me fez ter a certeza de que ainda tínhamos a expandir. Naturalmente, São Luís era algo gigantesco perto de meu pequeno Povoado Enseada Grande, mas uma cidade modesta para aquela que por algum tempo chegou a ser uma das mais importantes capitais nos tempo áureos do Brasil Colônia. Ainda assim, era uma cidade cheia de vida, de movimento, com uma efervescente atividade comercial. Juntamente, em ritmo acelerado, a cidade crescia. Bairros e conjuntos habitacionais foram sendo criados um atrás do outro, obras estruturantes, que ainda hoje se mostram fundamentais para a sociedade ludovicense, eram realizadas aos quatro cantos da capital. Pontes, aterros, avenidas, praças, hospitais, prédios públicos, portos, terminais rodoviários e hidroviários. Serviços começaram a aportar na ilha, trazendo mais conforto e comodidade para a população. São Luís voltou a ser notícia nacional com bons momentos do futebol e com o título de Jamaica Brasileira, graças ao gosto pelo reggae dançado agarradinho nas dezenas de clubes pela cidade afora. Notoriedade destacada com um presidente da República maranhense, o que direcionava ainda mais holofotes para Upaon-Açu. A cidade ganhou títulos, à já conhecida Atenas Brasileira, se somaram a Jamaica Brasileira, a Ilha do Amor, a Cidade dos Azulejos, a Ilha Bela. Terra de belezas culturais e materiais, que se tornou Patrimônio da Humanidade. Uma cidade de mistérios que cultuam lendas que marcaram toda a sua história. A Lenda da Serpente, que um dia acordará de seu sono e levará a capital para o fundo do mar; o Palácio das Lágrimas, de acordo com a história foi palco de acontecimentos macabros; a Lenda da Praia do Olho D’água, que teria surgido das lágrimas de um amor perdido. Até a poderosa e abastada senhora Ana Jansen virou enredo desses místicos contos.
E assim São Luís avançou no tempo. Uma cidade que evoluiu em perfeita harmonia entre o velho e novo, que se desenvolveu com olhar nos sonhos do futuro, sem deixar para trás suas glórias do passado. Assim como tantos outros, esta cidade me deixou viver. Em suas ruas eu aprendi a tua poesia, a poesia da vida, ora marcada por tragédias, ora por comédias. Senti na pele as dores e saudades no toque dos tambores que traziam uma lembrança agora longínqua de um martírio cotidiano da vida na roça. Minha São Luís, quero te louvar e te agradecer. Hoje pujante e bela, continua a ser terra de oportunidades para aqueles que de ti sabem tirar a essência, para aqueles que ousam ler suas ruas, fontes, cantarias, torres e mirantes. Que continue bela e linda como aquela tela que há 50 anos conheci. Que seu boi continue urrando e os tambores ecoando a tua voz ao mundo. Que seus sobrados e telhados continuem brilhando e que Deus te conserve, regada a reggae pelos próximos 407 anos. Antes que setembro termine, parabéns, São Luís.
O SER HUMANO Osmar Gomes dos Santos Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.
Quando criança, aprendi que o ser humano era diferenciado dos demais animais em razão de sua sapiência, da capacidade peculiar de utilizar a massa encefálica para aplicar em prol de sua sobrevivência. Na escola, ensinaram-me que somos os únicos dotados de razão, emoção e inteligência, o que nos coloca em uma posição superior no reino animal. Mas tomo emprestado de minha espécie essa tal inteligência para aprofundar em uma inquietação que há tempos corrói um grande vazio existencial, por oportuno, ainda carrego. Somos a única espécie que estabelece uma disputa material sem igual, apenas para poder alimentar o ego e a vaidade. Ninguém, ou melhor, nenhum outro ser, é capaz de subjugar gratuitamente sua espécie tanto quanto nós. Colocamos cada um em seu devido lugar nas mais diversas relações de trocas sociais, a fila de embarque no aeroporto que o diga. Mudamos por completo uma expressão secular, dita por respeitado filósofo, para implantar a ditadura do “tenho, logo existo”. E quanto mais tenho, quanto mais distinto é aquilo que tenho, mais exclusivo sou, mas importante sou. Mesmo que apenas em meu profundo vazio existencial. Renegamos irmãos, colocamos aqueles que cuidaram de nós por toda a infância em asilos, viramos as costas e deixamos esquecidas à própria sorte em orfanatos crianças que precisam de um lar e preferimos adotar amorosos pets comprados e tratados a peso de ouro. Nada contra os pets, que naturalmente fazem parte de nossa cultura. Mas tal qual o poema de Manuel Bandeira, ao retratar a decadência da espécie humana tendo como única culpada ela própria: “...o bicho não era gato, não era rato. O bicho, meu Deus, era um homem”. Mas como entender que simplesmente deixamos nossos comuns morrerem de fome, enquanto nos deliciamos no banquete da ostentação? Muito se fala em mudar o mundo, salvar o mundo, evitar catástrofes, quando na verdade todo o problema está em nós mesmos. Furamos a fila, brigamos por ideologias, agredimos sob a justificativa de amor ao clube do coração. O trânsito vira um ring. Estacionamos em local proibido, avançamos sinal vermelho, fazemos gestos obscenos, jogamos o carro sobre os outros, não damos passagem, que vença o mais forte. A tecnologia que deveria servir ao nosso conforto, vira uma arma sobre rodas. Somos os únicos seres capazes de tirar a vida de nosso comum por questões banais, muitas vezes de forma premeditada, com total uso da nossa capacidade cognitiva. Passado o tempo desde a tenra idade escolar, volto a me questionar sobre o que de fato é ser humano. Repouso-me a refletir sobre como podemos ser tão bons e ruins ao mesmo tempo baseados apenas em uma limitada visão que nos encapsula em um mundo de egoísmos, em uma retórica narrada sempre em primeira pessoa. Maus por natureza? Talvez. Mas igualmente bons por essência. Ser humano é ser complexo e paradoxal em tudo que faz. Também temos a capacidade de repartir o pão. Agir para o bem comum, em um cenário tão turvo, é uma característica que ainda cultivamos, pelo menos alguns de nós. Por essa razão, quero me ater a uma situação presenciada por mim na semana que passou. Aguardava um amigo em certo ponto da cidade quando avistei, do outro lado da via, um homem empurrando motocicleta, acompanhado de uma pequenina, que logo imaginei fosse sua filha. Ele acenava para os carros e sua aparência era de uma pessoa exausta. Em dado momento, um carro parou – um jovem de cor parda na direção –, a conversa se desenrolou ali mesmo. O carro saiu e lá ficou o homem sentado no meio fio.
Minutos depois, eis que retorna o carro. Chegou o combustível que aquele homem tanto queria para poder seguir viagem. Só aquele gesto já seria digno de reverência. O carro saiu em direção a um shopping e o homem e sua pequenina lá permaneceram. Aquilo me intrigou. Se o socorro já havia chegado, porque permanecia ali. Estaria a aplicar golpes na beira da avenida? Mais alguns instantes, eis que surge aquele jovem com algumas sacolas em suas mãos, pelo menos umas oito – uma conta aproximada que arrisquei fazer. O motociclista se levanta com sua menina, o jovem vai em direção a eles e entrega as compras que acabara de fazer, imagino que no supermercado do aludido shopping. Conversas, sorrisos, apertos de mãos e um abraço selou a despedida daquele inusitado encontro. O jovem regressou ao centro comercial, enquanto o motociclista, com aparente felicidade, arrumava sua pequena na garupa da moto para seguir sua viagem. Não tenho dúvidas do enorme bem que ali foi realizado a quem talvez sequer tivesse o que comer. Cheguei à conclusão que de um extremo ao outro somos capazes de tudo, para o bem ou para o mau. Ali, estendendo a mão ao outro, estava o mesmo ser humano que poderia simplesmente ignorar aquela situação e seguir seu curso. Poderia ser mais um ser humano que deixa aflorar o lado mais sombrio a cometer atrocidades contra seu comum, tal como casos que já relatei aqui em alguns escritos. Mas não. Naquele contexto, pude ver o ser humano na sua essência, com as qualidades mais nobres. Descobri um ser fascinante que me fez voltar a ser criança, a ter fé em nossa espécie. Um ser de luz, de paz, de alegria, de generosidade, de solidariedade, de amor, um ser humano.
ASSIM FALOU ALDY Ex-Reitor da UFMA e do CEUMA. Membro efetivo do IHGM e da ALL
A CORRIDA DO CONHECIMENTO ALDY MELLO Os homens em cada etapa de suas vidas e nas diversas civilizações do planeta tiveram participação no progresso econômico, político e social do mundo. O crescimento da riqueza global da humanidade contou com a presença do ser humano a quem coube fazer o progresso do conhecimento, através de sua expansão e acúmulo. A história do conhecimento acompanha a história da raça humana, com registro dos homens que se notabilizaram com seus feitos a serviço da humanidade. O século XX representou uma alvorada para a humanidade. Na Europa as monarquias deixaram de ser absolutas, e na África, diminuía o numero de soberanos. Era desejo comum que o poder e a riqueza fossem compartilhados com todos. A história da humanidade passou por momentos cruciais, mas, também, deixou marcas históricas em que o homem foi o principal suporte e o conhecimento seu maior instrumento. Os homens foram sábios em mudar sua maneira de pensar e viver seu tempo, adaptando-se às mudanças e aos rumos que seguiam os seres humanos. Os acontecimentos tiveram um ritmo acelerado, o que levou o homem a acompanhar tamanha corrida, crescendo cada vez a sua curiosidade e sua busca pelos conhecimentos novos. Embora tudo começasse pelas ações individualizadas dos países, dos povos ou dos continentes, cada vez diminuía o isolacionismo dos países e surgiam respostas que passavam a interessar todo o universo. Do passado distante, sabemos o que nos ensinou a História e a Arqueologia sobre a Europa, a Ásia, a África, a Oceania e as Américas. Das cinzas de duas guerras mundiais, surge o século XXI, a era da inteligência social porque mudaram os métodos de relacionamento e a capacidade para entender melhor as pessoas e seus sentimentos, segundo afirmativa dos cientistas. Ainda no século XX o mundo inteiro presenciava o início da era da informática ou o mundo da computação com a revolução da microinformática, atingindo um número maior de pessoas e os mais longínquos recantos. O século XXI tem sido bem diferente dos séculos passados. É um século novo e atrativo, cheio de novidades enriquecendo a história da humanidade e do conhecimento humano. É o século do Homo Sapiens. O homem moderno dedica-se mais a preservar e defender o ecossistema mundial. Embora seja grande defensor da biomassa das arvores e dos vegetais, esse homem é como diz Charles Van Doren em seu livro: O homem é uma espécie poluente.”Uma duplicação da população humana teria um efeito devastador no ecossistema mundial, pois o homem é um animal incrivelmente sujo”. O conhecimento tecnológico foi a peça propulsora do progresso humano. Entre fracassos e conquistas a raça humana descobriu novos caminhos e rumos. Nesse sentido, gregos e romanos tiveram um primordial papel para o descobrimento do mundo atual. A estrada da informática ou a rede conduz o homem a tão diversificados caminhos com suas poderosas máquinas inteligentes. Será uma grande viagem. O século XXI prossegue com seus vários desafios, como a produção de alimentos para 9 bilhões de pessoas, que habitarão o planeta até 2050. Para isso lançará mão dos transgênicos e dos alimentos produzidos nos laboratórios entre os continentes, entre os países e até entre as pessoas, com a dicotomia de ricos e pobres, com o foi nos séculos anteriores. Trouxe também a revolução da ciência e muitos temas deixaram de ser mistério para os cientistas. Bill Gates diz a verdade: quem tem tecnologia domina o mundo.
SÃO LUIS: PRESENTE E FUTURO ALDY MELLO Ex-Reitor da UFMA e do CEUMA. Fundador da ALL e membro do IHGM
A história do Maranhão, contada pelos economistas, oscila entre os ciclos de sua reconhecida produção nos séculos passados e a sua abertura para o novo progresso, a partir do século XIX. Para os amantes da literatura e da poesia, o Maranhão foi celeiro de grandes vultos que tiveram participação na literatura e na poesia nacionais, através de notáveis nomes como Aluízio Azevedo, João Lisboa, Gonçalves Dias, Antônio Lobo, Gomes de Sousa, Coelho Neto, Humberto de Campos, Josué Montello Ferreira Gullar e outros, contando atualmente com José Sarney, expressivos nomes da maranhencidade. A formação dos líderes maranhenses vinha de Coimbra, centro da cultura lusitana. Os intelectuais daqui viviam o impetuoso fulgor da erudição portuguesa e acompanhavam a evolução da nação brasileira como a cultura portuguesa impunha. São Luis, hoje com mais de hum milhão de habitantes, foi fundada pelos franceses, em 1612, recebendo o nome de França Equinocial. A colonização francesa aconteceu tardiamente, quando as nações ibéricas já tinham avançado bastante. O processo francês de colonização começou efetivamente pela ocupação de áreas na América do Norte, sem, no entanto, ter tido sucesso. Eles começaram suas aventuras em 1563 pela Flórida, lá deixando a cidade de Jacksonville; depois foram para a Nova Escócia, em território canadense, sem muito sucesso também, só voltando mais tarde para fundar Quebec, com o nome de Nova França. No Maranhão, fundaram a cidade de São Luís, e a chamaram de França Equinocial. A hoje quatrocentona cidade de São Luís que foi, assim, fundada pelos franceses, invadida pelos holandeses e construída pelos portugueses é, hoje, uma cidade que traz vários epítetos, obedecendo a trajetória de sua história, de suas lendas e dos seus mistérios, como diz seu próprio hino oficial. A que antes fora Atenas Brasileira é hoje a Ilha do Amor, a Cidade dos Azulejos e até a Jamaica Brasileira. São Luis com seu calor natural e humano, sua beleza singular, suas ladeiras, ruas e becos, suas sacadas de azulejos, seus mirantes e portais do século XIX encanta os ludovicenses e conquista os visitantes. A cidade de 407 anos tem sua graça e seus encantos, deixando em cada pessoa que a conhece uma saudade enorme de memoráveis momentos nela vividos. A cidade dos poetas ostenta um monumento a Gonçalves Dias invocando os sabiás e as palmeiras, e canta seus vários e inúmeros poetas da terra. Assim é sempre e será São Luís: suas histórias, seus casarões e sobrados, seus azulejos, suas ilustres moradias, suas construções seculares, seus sabores variados, sua rica cultura, tudo acrescido ao maior título que a terra tem o de patrimônio cultural da humanidade. São Luís vive as transformações do tempo atual, onde bilhões de reais representam os investimentos públicos e privados. Foi a partir do século XX que São Luís atingiu seu moderno desenvolvimento com os projetos de exploração de riquezas minerais, como o ferro de Carajás, o Porto do Itaqui e a Ponta da Madeira. Os grandes projetos levaram ao surgimento de várias unidades industriais, implantadas em São Luis e no interior do estado. Com isso, a cidade de São Luís fez renascer um novo desenvolvimento que, como se costuma dizer, chegou pelos portos. São Luís adaptou-se aos ares modernos, construindo não apenas seu complexo portuário, mais largas avenidas e modernizando suas praias. Surgiram espaços de lazer, cadeia de edifícios e equipamentos sociais, tudo em direção a sua nova caminhada para o futuro, mas sem abandonar sua tradição e sua história de glórias.
AS CONVERSAS VADIAS DE FERNANDO BRAGA MEMBRO CORRESPONDENTE Fernando Braga tem publicdo suas crônicas nas redes sociais
PERCURSO DE SOMBRAS Publicado no jornal “O Estado do Maranhão”, 4 de janeiro de 2014 e ‘Impressões sobre Nauro Machado’ [ensaios, crítica e artigos], Halley-gráfica e Editora, São Luís, 2018.
Nauro Diniz Machado - São Luís, 2 de agosto de 1935– São Luís, 28 de novembro de 2015. É bem difícil ficar-se sem dizer nada diante da beleza estético-formal contida na poemática de Nauro Machado. Acabo de receber ‘Percurso de Sombras’ [lê-se 2014], que só pelo oferecimento e pela generosidade do poeta, já quebraria por si, qualquer resistência de silêncio... Irresistível provocação sentimental de um irmão de estrada, de sombrios sonhos e de terríveis sombras, a ferir, chagar mesmo minha saudade de tantas lonjuras... Apressei-me de logo e registrar a chegada de seu livro em minha página no facebook, sem a surpresa de continuar a ver o poeta ainda em seu barro cru, como se recém-saído de uma olaria de pesadelos... E uterino como sempre em seu estar-se divino, o satânico sobrepõe-se e faz-me publicar ‘Réquiem para uma Mãe’: “Tudo já entrado em ti, tudo, / enfim estás em ti, / como os pés nos seus sapatos, / dizendo ser a tua morte. / Viúva da eternidade / a se fazer como um sonho / da carne imune ao real. / Dor: arranca a tampa da água / a um náufrago marinheiro, / e o telegrama do fêmur /à volúpia do ovário, / morto ventre de onde eu vim / com meus calos e naufrágios. / Dor: inverte os lábios da água / dando de beber a mãe / pela boca de um cadáver”. A lavoura do léxico nauromachadiano a todos atordoa pela sua precisão e pelo seu fôlego a resistir seu canto-lógico e a dispor-se cartesiano, quando, assim, tira a prova dos ‘Noves fora’: Não necessariamente / é igual uma cama / a outra cama, como / uma noite é de outra / feita a mesma noite [...] E até mesmo à soma / que nos subtrai, / nós, humanamente, / somos desiguais.” E o poeta segue pelos becos e ladeiras de São Luís a soltar balões de eternas infâncias, pelas sombras das noites, balões que se soltam de suas mãos carregadas de trevas e furadas pelos pregos do tempo, até chegar a um dezembro festivo a renascer no peito ferido do poeta, onde se aninham flores no seu esôfago, como se fossem miolos de um pão sagrado que Nauro tivera de engolir um dia, para arrebentar-lhe e lhe arrematar o grito: “Minhas netas da luz, / do meu filho o retrato, / iluminando os olhos / da minha mãe sem pálpebras.”. E sereno continua a ouvir as ‘Vozes do Natal’ que lhe chegam assim: “Cristo do anverso, / em minha costa, / durante séculos / dizendo a Lázaro: / --Vem para fora! / --Vem para fora!...”. E ainda no percurso do Advento, clama aos ‘Milagres Natalinos’: “Porque só tu não me apartas, / boneca da minha mãe, / da infância do meu pai / imputrescível nos anos [...] “Todo Natal, como mar, / volta sempre à mesma praia, / enchendo as eternas águas / com o choro dos meus pais...”. Assim o ‘Pássaro de Deus’ alça voo para o percurso das sombras, como se bebesse o nepente benfazejo para esquecer, não a imagem de Lenora, mas “as cáries da carne na boca dos vocábulos” e ainda com o mesmo ritornelo canto igual ao daquele corvo agourento, pousa nos umbrais do poeta Nauro Machado para ouvi-lo dizer que “há coisas que assustam / sem palavra alguma, / assim como as há, / como nossos cúmplices, / pela indiferença / na boca de um morto” [...] “quebrei-as nas mãos / desse estéril poema / de cisne nenhum, / entre o pão e o vocábulo / as virtudes dos pássaros / de nossa inocência”. E diante da ‘Praça de um poeta’ onde se materializa sua memória de carne e verbo, há tempos, périplo indesejável entre esse espaço e a “Casa das Tulhas”, solene no seu comum de “Feira da Praia Grande”, Nauro revive o cancro de dolorosos dias a ressuscitar quase apodrecido pelos muitos açoites que o fazem agora justificar-se diante de um vazio que lhe deflora: “Sabendo olhar / na escuridão, / o povo vê / que não sou nada, / e nem serei / até morrer. / E embora diga / o inverso disso, / o povo sabe / que sou igual / ao mais comum / de todos eles... [...] “Alguma coisa, / depois de eu morto, / me habitará / vivendo ainda”. ‘Naurito’ velho de guerra, enfim chegamos naquele estágio em que não mais reconhecemos nossas visões, porque nosso passado não é mais nosso companheiro, parafraseando Mário de Andrade... Aqui estão alguns traços sobre o belo miolo do teu livro, muito bem apanhado graficamente pelas ilustrações do artista Pedro Meyer... Dize-me que Deus haverá de salvar-te, ainda que andes pelo vale das trevas... É belo o salmodiar de David quando se tem coragem, principalmente embalado pela fé que tens... Agradeço-te o alimento
espiritual que tanto agradaria a Verlaine ou a Paul Valéry, tenho certeza, porque mesmo na brenha de um ‘percurso de sombras’, os teus cantos “são enredos de aranhas costurando os verbos...”
LEMBRANÇAS DE UM ADVOGADO *Fernando Braga in Jornal ‘O Imparcial’, São Luís, 19 de maio de 1977, a ser inserido em ‘Ponto de Vista’ [Toda prosa], antologia de textos do autor. Ilustração: A capa do livro 'Lembranças de um advogado'.
José Pires de Sabóia Filho é cearense da cidade de Independência, onde nasceu em 16 de abril de 1916, filho de José Pires de Sabóia e de Maria Adélia Pires de Sabóia, mas ludovicense de coração, porque foi em São Luís que ele constituiu família, casando com Iracema Freitas de Sabóia, de ilustre família maranhense, de cujo enlace nasceram Haroldo, Júnior, Luís, Assis, Raul e Beatriz, sendo que Haroldo foi o herdeiro político do pai, a traçar uma brilhante trajetória da Câmara Municipal de São Luís à Câmara dos Deputados, a suster, em momentos difíceis, a bandeira dos oprimidos no ‘clamor da hora presente’. Em São Luís, o mestre Sabóia estruturou as suas múltiplas atividades como advogado, jornalista e professor; autor de ‘Lembranças de um Advogado’, publicado em 1977, o que acresce sua bagagem intelectual, agora como memorialista, cujo exemplar o guardo com carinho em minha modesta biblioteca, com afetuosa dedicatória. Ainda quando acadêmico, na Faculdade de Direito do Ceará, Pires de Sabóia inaugura-se em jornal como repórter do ‘Correio do Ceará’, órgão dos “Diários ‘Associados’, à época, a maior empresa de comunicação da América Latina, na qual aquele jovem estudante jamais pensaria em chegar um dia aos cumes de sua direção, pela sua competência e pelo seu espírito de liderança, fatores que o levaram a uma amizade fraterna com Francisco de Assis Chateaubriand, ilustre paraibano e cacique do grande complexo de jornais, rádios e televisões. Pouco depois de bacharelar-se em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Faculdade de Direito da Universidade do Ceará, em 1943, quando ainda Pires de Sabóia exercia a chefia de redação do ‘Jornal Unitário”, em Fortaleza, ‘veículo noticioso do mesmo grupo, foi convidado a dirigir em São Luís as empresas Associadas do Maranhão, formada pelo jornal ‘O Imparcial’, o mais antigo órgão de imprensa do Estado até hoje em circulação, ao qual veio juntar-se mais tarde à ‘Rádio Gurupi’. Saboia, nessa fase, superintendia, paralelamente, a ‘Rádio Difusora do Piauí’. Pires de Sabóia, na construção e sua feliz trajetória em São Luís, foi Advogado do Banco do Brasil, Deputado Federal nas legislaturas de 1967 a 1975, atuando como um dos representantes do Congresso Interparlamentar em Roma, Itália; titulado com diploma da Escola Superior de Guerra, Secretário de Interior e Justiça do Maranhão, no governo do Dr. Nunes Freire, Consultor Jurídico dos ‘Diários Associados’ e Professor Catedrático, por concurso de provas e títulos, realizados em 1952, da velha Faculdade de Direito de São Luís, de cuja escola recebeu o título de Doutor em Direito, em virtude da defesa da tese ‘Os efeitos e a simulação nos atos jurídicos’; a velha escola de Direito, ou ‘Arcadas da Rua do Sol’, pertence hoje à Universidade Federal do Maranhão; em 1984 Pires de Sabóia entrou para a Academia Maranhense de Letras, para ocupar a Cadeira nº 39, fundada por Pedro Braga Filho, cujo patrono é o também político alcantarense Olímpio Gomes de Castro. Pires Saboia é, sem dúvida nenhuma, um dos grandes civilistas brasileiros. Foi ele que, como jurista e parlamentar, retirou da legislação brasileira a execrável figura do ‘filho natural’ ou ‘bastardo’. As memórias de Pires de Sabóia foram enfeixadas com o título ‘Lembranças de um Advogado’, como já o disse, onde o mestre desenrola com simplicidade, em estilo ameno e discursivamente direto, o novelo de sua vida, partindo da infância, como não poderia deixar de ser, e prosseguindo a narrativa sobre suas inspirações como Advogado, seu exercício jurídico no Banco do Brasil, suas preocupações constantes com os ‘Diários Associados’, seu encontro com o Presidente Getúlio Vargas, e suas recordações afetivas com Chateaubriand, em cujo envolvimento são evocados com ternura João Calmon, ex-Senador da República, Adirson Varela, seu amigo e companheiro na empresa e a Condessa Pereira Carneiro, proprietária do antigo ‘Jornal do Brasil’ e filha querida do nosso ilustre e brilhante conterrâneo, escritor Dunshee de Abranches. Este soneto de José Pires de Sabóia Filho, publicado pela primeira vez, na extinta revista ‘O Cruzeiro’, foi extraído do livro ‘Mucuripe - de Pizon - ao Padre Nilson’, do jornalista Branchard Girão. Trata-se de uma bela homenagem ao velho Farol do Mucuripe, ponto turístico de Fortaleza - Ceará, construído em estilo
barroco, entre os anos de 1840 a 1846, pelos escravos. O monumento é uma das mais antigas construções da cidade de Fortaleza, foi desativado em 1957. Em 1982, foi tombado pelo Patrimônio Histórico e transformado no ‘Museu do Jangadeiro’. Farol do Mucuripe Numa torre de pedra, ao lado do oceano, Como pingo de luz queimando a noite fria, O farol a brilhar é grito sobre-humano De alarma e de esperança aos veleiros sem guia. Atento olhar da terra observando o mar, Que expressão de temor em sua luz existe! Quem o vir da terra há-de um astral julgar, Mas visto do alto mar imita um círio triste. Quando todo rumor das ondas silencia E o negrume sem fim envolve céus e mar, Parece que o farol em solidão vigia As dores dos que estão na água a penar... Farol! Aflita luz de esperança repleta Que, em Mucuripe, ao pé das ondas bruxuleia, Estais sempre a lembrar-me um solitário poeta Que, de longe, acompanha a desventura alheia. Esta é a minha lembrança e a minha saudade do querido amigo José Pires de Sabóia Filho, falecido em São Paulo, em 19 de agosto de 2000, quando seu velho coração parou, e de quem, no prólogo do seu livro de memórias, um outro luminar das Ciências Jurídicas, Paulo Brossard, professor de Direito Constitucional, exSenador e ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, diz ter vindo o velho advogado e jornalista das oficinas com linotipos e rotativas, “quando o jornal tinha dono, diretor e redator chefe”, argumentos que me ensejam a ratificar que José Pires de Sabóia Filho soube dignificar o jornalista que sempre foi e, sobretudo, o mestre do Direito que, com este livro ‘Lembranças de um Advogado’, alinhava, com sentimentos de saudade, como o próprio título sugere, a regência de sua Cátedra de Direito Civil que a tantos ensinou, associando-a a sua banca de Advogado que honrou, até o final de seu exercício, com dignidade, brilhantismo e ética profissional. -----------------------
Ao 407º aniversário de Fundação da Cidade de São Luís, na Ilha de Upaon-Açu, dos Tupinambás, a 8 de setembro de 1612, pelo fidalgo francês Daniel de La Touche, Monsieur de La Ravardière, para ser hoje a mais portuguesa das cidades brasileiras. POEMA INSULANO * Por sincronicidade, aos poetas Rossini Corrêa, nascido em São Luís, a 8 de setembro de 1955, e a Bandeira Tribuzi, também nascido em São Luís, e por ironia do amor, lá falecido a 8 de setembro de 1977. Louvo-os juntamente com a Cidade, por serem os dois, espíritos espartanos com almas atenienses.
Vejo agora vejo e não estou sonhando que Dom João, o Rei 4º, e bem-andante, não terá o encoberto de Dom Fernando que tem ferro e ferrão sem ser infante. Não é aqui definitivamente o Quinto Império da prédica do Bandarra, sapateiro profeta e profano, nem tampouco é aqui a Corte de Queluz que submergiu nos encantos... Porque a amplidão dos Lençóis é maior que os campos de Alcácer- Quibir. Não há mais na Ilha vinho para os vivos e flores para os mortos, e nem canoas para as travessias. Somente o sol liberta-se de seu claustro a cair vermelho por detrás da tarde, ante meus olhos desarmados e atracados no cais de minh'alma. O promontório não cresce mais no verão e apodrece num montão de pedras a beijar entulhos e mirantes, e telhados verdes de chuvas. Homens e paralelepípedos despencam dos becos e vielas por cumeeiras sem escápulas, territórios de artistas e pensadores que secam as vísceras ao sol do meio-dia. Todos são poetas até prova em contrário, e nada mais existe escrito a carvão, ou a caco de telhas, nos muros e nos planos das calçadas. As janelas desconjuntaram-se e as rótulas vazias ficaram nos peitoris sem olhos e cotovelos. As bilhas secaram como os peitos das mães de África, e os quintais despomatizaram-se, mas as marrecas continuam em seus baixos vôos... As portas e as janelas, sem mais postigos, foram literalmente fechadas e presas para sempre... E lá no fundo do corredor, por um aleijão na argamassa, uma réstia de luz vinda do poste da praça, ficou, antes de tudo ser, como realmente o foi, e para sempre...
Em antigas casas, de gestos portugueses, plantaram-se às portas e às janelas, não alecrins, e jarros com flores, mas bugigangas do charco, e chinesices, que nada dizem à memória dos ilustres mortos; nas igrejas não têm mais missas e réquiens cantados, nem mais as homilias de Padre Mohana nas manhãs de domingo, e nem os cânticos do ‘Te Deum’, e nem mais rezas à noite, e ladainhas... Os velhos sobrados, depois de tombados, de tantos desamores e maus-tratos, começaram literalmente a cair, por não poder esperar a briga dos herdeiros pelos inventários; são esses mesmos sobrados, esburacados e enfeados, cujos motivos lusônios foram todos furtados, a trocarem os adereços de endereços, além de serem invadidos por devassas trepadeiras, que se acoitam pelas paredes e sacadas de ferro: que belíssimos jardins de inverno! Os palacetes da média burguesia, com jardins, e terraços, e gradis bordados, viraram espaços de defuntos, e dores, e, ao invés dos rasos risos do passado, vivem hoje dos choros das carpideiras, e do tremeluzir dos círios acesos, e do cheiro adocicado de cravos e de coroas de flores. A Ilha que um dia foi rebelde, de alma pura e corpo sujo, hoje mais se parece uma fotografia esquecida numa mesa de redação, como se fosse um grande abrigo com pátio e poço a desmanchar-se em caliça, onde vivem indigentes, e mais os jubilados da sorte, e vencidos e degenerados, personagens de histórias de ficção e de tratados de sociologia que resolveram sair das páginas em que viviam, para expulsar seus autores e levá-los ao exílio e à morte, e se aboletarem na podre carcaça da Ilha, como almas calcinadas; pobres personagens sem pessoas, aos poucos defluem como resíduos para os muitos portos, ao redor da Ilha, para serem diluídos no sal e expostos ao sol e ao céu!...
Não há mais pregões nas ruas, nem cofos, e paus-de-carga, nem mais comícios políticos no velho Largo do Carmo, e algaravias de estudantes... Nunca mais aquelas brigas panfletárias de morfologia e sintaxe, e nem aqueles filólogos a discutirem se o nome da Cidade, provindo da variação latina de Ludovico, seria mesmo com s, ou z. Nunca mais bondes, vitrinas, saraus e retretas... e pronomes bem-colocados, e verbos conjugados certos, no tempo da carne e no modo do vinho. Mas sempre na Ilha há de existir a crueza da língua viperina, em punir com sentenças extramuros, inocentes, principalmente, com injúrias, calúnias, infâmias e difamações, como se o abecedário predicado por Vieira continuasse a explodir no tempo, dando ênfase à letra M. Diz o hino libertário que “... caiu do invasor a audácia estranha, e surgiu do direito a luz dourada...” E a Ilha ficou sem mais ser! E a história se fez escrita, e ficou na cidade, na cidade que tem nome de santo, e de rei, e de menino. E o passado se fez de rima na poesia encardida nos azulejos, e na saudade de tudo quanto à vista alcança, e na lembrança do que ainda se desdobra, e na inteligência de crânios polidos que rolam à-toa ao rés-do-chão. Morreram todos, dizem os cadeados nas cancelas! ________________ *Fernando Braga, in ‘Poemas do tempo comum’, São Luís, 2009. ‘Prêmio Literário Gonçalves Dias’, da Secretaria de Cultura do Estado. Ilustrações: Fotos do ‘Cento Histórico’ de São Luís.
POESIAS & POETAS
ANTONIO AÍLTON
5 POEMAS DE ANTONIO AÍLTON https://amaitepoesias.blogspot.com/2019/07/5-poemas-de-antonio-ailton_10.html?fbclid=IwAR00quN-txPAtBfP8Oy5fIk8H901_q10-EB0_Wfgwm8vRXqZd-s6YaaE5A
Postado há Yesterday por Jandira Zanchi Ilustrações: Sarah/deviantART
ENTRE-LUGARES 1 És, no fundo, todas as amadas que tenho E que em ti reúnes em meio à obliquidade da memória és o cheiro mesclado do teu corpo sob minhas árvores porque amar é presença e memória e a memória é lençol de gozos recuperados Não desistiremos do ser em nós não menos que o ideal aqui agora de ser o que esperamos de quem quer que seja apenas outro Porque sei também que qualquer ato é recuperação dos amantes no amado
À tua frente, eu não sou eu tu não és tu senão talvez nós milifolhados em mil amantes e amados Amada teu corpo desnudo tem o cheiro rescendente de um campo fresco de amadas numa alameda de plátanos 2 Meu desejo é para a trilha em que partiste porque amor é ramalhete de estação, ferro e caminhos deslize como de água tarjado de faixas amarelas e perigos de inundação Amor é não estar aqui, mas apenas de passagem pelos entroncamentos onde te encontras ou onde te vejo de trespasso para um lapso, um dia um lugar não lugar lábio-lábil No desvão dos vagões nos terminais nos aeroportos no voo possível do acontecer, nas coincidências parte-se inundado de nenhuma e/ou de múltiplas existências
TRAIÇÃO Poeta hermético não vive, reserva-se para o risco, que é razão e tabuleiro enquanto seu lobo não língua, beijo-te em tua lisura, nádega ávida branca escura Nestes dias, poesia, te esqueço que a beleza seja minha fissura
ÁSPERO AMOR Gozo espontâneo, como és raro e exíguo sempre tramado entre o som e o sentido Sobre os lençóis, és celeiro contido como uma escrita em seu preservativo Em minha cama, abolidos os filhos Exorcizo tua sombra, Valéry
CONCHA Por desconhecido, não faço poemas de amor Minhas mãos, cegas, procuram o corpo onde estavas e sem moedas no prato descem um pouco mais para encontrar apenas fome em si mesmas Minhas mãos tocam o recheio do meu próprio corpo até gozarem na promessa tateante de um [outro] corpo onde estavas O amor resta um desconhecido a que eu chamo concha ou vazio, ou continente A que hora do dia eu me esvazio? Quanto mais te toco mais me encho e emagreço repetido antes e depois do sempre e sempre, e sempre, e sempre
SELF Ninguém acreditaria que trago no bolso a foto de um urso pândega numa praça de libidinagens Ninguém acreditaria que trago nos ombros um fardo de chocalhos da infância e de não poucas hospedarias estantes de meninas da adolescência pó branco de bichos-da-fartura que matei para assumir sua maldição de acúmulo inútil Estas roupas aqui não durarão um ano sobre a pele de um ciscunspecto Nada revelar, tudo supor ou deixar supor, eu não quereria ser o homem de vidro há muita podridão aqui há muita podridão aí se fores igual a mim Mas suspeito que não porque o mundo me escolheu a mim e somente a mim, o único para carregá-lo A não ser que você ame fotografias
Antonio Aílton Santos Silva é poeta, professor, pesquisador, ensaísta. Lançou Cerzir (Penalux, 2019); Martelo & Flor: horizontes da forma e da experiência na poesia brasileira contemporânea (EDUFMA, 2018); Compulsão Agridoce (Paco Editorial, 2015); Os dias perambulados e outros tOrtos girassóis (Fundação de Cultura de Recife-PE, 2008); Humanologia do Eterno Empenho: conflito e movimento trágicos em A Travessia do Ródano, de Nauro Machado; As habitações do Minotauro (EdFunc, 2001). Membro da Academia Ludovicense de Letras – ALL, cadeira de Maranhão Sobrinho. antonioailton.wordpress.com
MÁRIO LUNA FILHO RUA PADRE GEROSA
Sempre quis Fazer um poema Para a rua Padre Gerosa, Não um poema épico Ou onírico, Nem uma elegia ou haikai. Não. Talvez um poema lirico Ou nem tanto. Um poema Sem parábolas ou metáforas. Que fosse um poema comum Desses que se encontra Em todo rodapé de jornal. Que fosse ao menos Um poema desses que se encontra Na seção de achados e perdidos. Sempre quis Fazer um poema Para a rua Padre Gerosa Um poema mínimo que fosse, Quase não existindo, Mas que existisse. Que lembre ao menos De tênue lembrança Do seu espreguiçar toda manhã. Para poder acordar, Uma rua perdida, No meio de tantas outras. Poucos a conhecem (..) A rua Padre Gerosa
No entanto Traça paralelos a minha alma, Desembocando em todos os meus caminhos. É que, Em algum lugar Da rua Padre Gerosa, Deixei guardado O tempo De minha infância. PRAÇA GONÇALVES DIAS O poeta O sabiá e a praça Sem sabiá o Poeta e a praça sem poeta o sabiá e a praça a praça sem sabiá sem poeta sem graça
CLORES HOLANDA NOITE Anoiteceu e mais um dia escureceu. A lua surge formosa clareando ideias. As estrelas piscam prateando o céu. O vento sopra nas brechas da imaginação. Quero dormir um sono tranquilo e sonhar. Passear seguindo as estrelas como um radar. Ser um vagalume sempre a iluminar. Refletir muita luz sobre as ondas do mar. Na penumbra destaco focos de luz artificial. Fecho e abro os olhos involuntariamente. A mente cansada quer descansar até o sol raiar. Preciso da noite para dormir e acordar. Clores Holanda
ALEX BRASIL Nasceu a 28 de dezembro de 1954 no povoado Saco, município de Codó. Fillho de Raimundo da Silva Garcia e Maria das Dores Duailibe Garcia. Ainda no interior, iniciou seus estudos em Lima Campos, passando depois por Bacabal e Rosário e transferindo-se finalmente para São Luís, onde terminou o primeiro grau, no Centro Educacional do Maranhão, e, o segundo, no Liceu Maranhense. Na década de 1970, iniciou os cursos de Engenharia Civil, de Agronomia e de Direito, sem se adaptar a nenhum deles, para, afinal, concluir o de Jornalismo e Radialismo, na área de Comunicação Social, na Universidade Federal do Maranhão. Após os estudos, insatisfeito com os empregos públicos no Banco do Brasil e no Banco do Nordeste, trabalhou em televisão, jornalismo e publicidade. Nesta última atividade encontrou, afinal, seu caminho profissional como diretor-proprietário da AB Propaganda. Poeta, contista, jornalista e publicitário, Alex Brasil participa da vida intelectual da cidade, colaborando com movimentos, homenageando artistas e fazendo-se presença constante em acontecimentos culturais. Foi distinguido com o título de Cidadão de São Luís, outorgado pela Câmara Municipal. Boiada Por que ficamos calados Passivos Submissos, cabisbaixos, fingindo que amanhã vai melhorar? Acreditando nas estatísticas furadas, nos iludindo com discursos mentirosos com propagandas inventadas? – Eu, "porque não quero a violência", assim digo, mentindo a mim mesmo, porque meus motivos são outros, que escondo a todo preço. Você "porque o sangue não compensa", assim, diz, sujando a consciência em segredo, pois seu verdadeiro motivo é o medo... Os nordestinos, porque culpam a chuva, onde depositam todas suas esperanças, dizem, enquanto escondem os rostos em procissão, enterrando suas crianças. Do Oiapoque ao Chuí, cada brasileiro tem sua desculpa para suportar a podridão em que a pátria se afoga. Fingimos que há uma bandeira, uma causa, que nos une na inanição, no martírio, na dor, na humilhação na vergonha, no pavor... E, como boiadas nordestinadas, nos deixamos tanger, chicoteados por tiranos
nos levando a lugar nenhum, nos alimentando de enganos, enquanto definhamos, morrendo um a um... (Inferno Verde,1983)
Ana Luiza Almeida Ferro A DAMA QUATROCENTONA
Bafejada pelo vento mântico ora sibilante ora silente no milenar balouço do Atlântico por vezes bravio por vezes suave repousa uma dama na rede a receber os navios a despachar as marés sempre a enroscar-se de sede na Fonte do Bispo na Fonte do Ribeirão uma serpente em busca da cauda sempre mítica casualmente real em cada pequena lauda com água por todos os lados a abordar a praia grande a encher a lagoa encantada no porto de todos os fados. Da carruagem de Ana Jansen a dama que os franceses embalaram e fizeram sua que os lusos conquistaram e cobriram de azulejos que os holandeses violaram e deixaram nua que os brasileiros cortejaram e acolheram sem pejos contempla o lento tecer das parcas o tempo a deixar suas marcas no chão que tantos pisaram que tantos heróis cultivaram com sonho, suor e sangue no forte ou no mangue. Do belo mirante a dama com jeito de bacuri da cor da juçara com gosto de sapoti de sotaque de zabumba com cheiro de pequi seduz os leões do poder ouve os tambores e pede as mercês acompanha a marcha da insensatez pelas ruas e becos do Reviver.
Do alto das palmeiras a dama da cocada, do cuxá do boi, do cacuriá de muitos sortilégios e alguns privilégios de fiéis ou venais pretendentes de faustos ou ruços presentes Atenas bem brasileira ilustrada, festeira filha de Japi-açu dona do babaçu avista a baía do santo desce para o Largo dos Amores do sabiá procura o canto na igreja se veste de flores lamenta os agravos com espanto. E assim a grande dama bem matrona se senta à beira-mar no conforto de sua fama abre o leque e se abana e deixa a História navegar. E assim a grande dama quatrocentona se senta nas pedras de cantaria onde o passado esconde a chama solta os cabelos ao afago da brisa e deixa a realidade virar fantasia. Poema extraído do livro 1612, de Ana Luiza Almeida Ferro.
AYMORÉ ALVIM
NO VERDOR DOS ANOS. A noite de verão tropical estava clara e estrelada. Uma leve brisa soprada do mar permeava os velhos casarões e inundava a cidade. Saí para conhecê-la melhor. Linda, no verdor ainda da idade. Uns acham-na já muito antiga mas eu a acho, simplesmente, caprichosa. No caleidoscópio dos cinco mil anos de civilização, é uma criança, no verdor dos seus quatrocentos e sete anos. Tem uma vida longa pela frente. Caminhei no silêncio das suas ruas estreitas e desertas. Passei pelos seus sobradões rendados de azulejos. Lembrei-me de um passado que se perdeu, nas brumas do tempo... Deixei-me divagar por momentos... Andei pelos becos e vielas do Desterro E vi batavos ensandecidos deflora-las. Subi escadarias e desci ladeiras. Vi lindas senhoritas, nas sacadas dos mirantes, com seus longos vestidos e bustos fartos. Do alto das torres do Santo Antônio, encantei-me com o casario, banhado pela pálida luz da lua que olhava la do céu. Deixei-me envolver pelo cantar de suas fontes e pelo mavioso som do farfalhar das palmeiras da Praça dos Amores. Caminhei... Debrucei-me nas amuradas do Jenipapeiro e vi os primeiros raios do sol beija-la com ternura. São Luís acordava...
DILERCY ADLER EPITÁFIO Dilercy Adler Joguem as minhas cinzas do alto para que eu possa dar o meu último voo… - voo de Águia!-... Joguem as minhas cinzas do alto para que eu possa dar o meu último voo… - como o da Águia!Joguem as minhas cinzas do alto para que eu possa - como a Águiacontemplar do infinito azul o verde azulado do planeta que tanto amo! Joguem as minhas cinzas do alto para que se espalhem no infinito e marquem a minha finitude inaceitável! Joguem as minhas cinzas do alto para que eu possa continuar contemplando sonhando esperançando abençoando - amando!-... Joguem as minhas cinzas do alto para que eu possa continuar voando!...