ALL EM REVISTA REVISTA (ELETRÔNICA) DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS
EDITOR: LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536
Volume 6, Numero 4 – OUTUBRO-DEZEMBRO - 2019 SÃO LUIS – MARANHÃO
2019 – ANO DE MARANHÃO SOBRINHO
2014– ano de MARIA FIRMINA DOS REIS
2016 – ANO DE COELHO NETO
2018 – ANO DE GRAÇA ARANHA
2015 – ano de MÁRIO MARTINS MEIRELES
2017 - ANO DE JOSUÉ MONTELO
2019 – ANO DE MARANHÃO SOBRINHO
A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segdo a legislação em vigor.
EXPEDIENTE ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS COMISSÃO DE BIBLIOGRAFIA
COMISSÃO DE PUBLICAÇÃO E EVENTOS SANATIEL PEREIRA (PRESIDENTE) ANTONIO AÍLTON DILERCY ADLER CLORES HOLANDA CONSELHO EDITORIAL SANATIEL PEREIRA (PRESIDENTE) ANTONIO AÍLTON DILERCY ADLER
EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076 # (98) 8119 1322 ENDEREÇO ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS Palácio Cristo Rei – UFMA / Sala do Memorial Gonçalves Dias Praça. Gonçalves Dias, 351 - Centro: São Luís - MA. CEP: 65042-240. TELEFONES: (98)3272-9651/9659
ALL EM REVISTA Revista (eletrônica) da Academia Ludovicense de Letras A Academia Ludovicense de Letras – ALL –, fundada em 10 de agosto de 2013, “tem por finalidade o desenvolvimento e a difusão da cultura e da literatura ludovicense, a defesa das tradições literárias do Maranhão e, particularmente, de São Luís, a perpétua renovação e revitalização do legado da Atenas Brasileira, o culto às origens da cidade e à sua formação pelas letras, a valorização do vernáculo e o intercâmbio com os centros de atividades culturais do Maranhão, do Brasil e do exterior” (Art. 2º, do Estatuto Social). Em seu artigo 58, “Além de outras que venham a ser criadas, constituem o rol permanente das publicações oficiais da Academia a Revista, os Perfis Acadêmicos e a Antologia.”. Esta Revista, apresentada em formato eletrônico, destina-se à divulgação do fazer literário dos membros da Academia Ludovicense de Letras – ALL . Está dividida em sessões, que conterão os: DISCURSOS E PRONUNCIAMENTOS dos sócios da Instituição, e de literatos convidados, não pertencentes ao seu quadro social; ALL NA MÍDIA resgata as colaborações nas diversas mídias, quando identificados como membros da ALL; ARTIGOS, CRÔNICAS, OPINIÕES manifestas pelos membros da Academia; POESIAS de autoria de seus membros. Haverá uma sessão DE ICNOGRAFIA, registrandose as atividades da ALL, e aquelas em que seus membros tenham participado, assim como a divulgação de nosso CALENDÁRIO DE EVENTOS. Poderá, ainda, conter ASSUNTOS ADMINISTRATIVOS, referentes a questões estatutárias, regulamento, e avisos. As colaborações não poderão ultrapassar 30 laudas – formato A4, Times New Roman, em Word, espaço único, com ilustrações. Normas de publicação ABNT. Os contatos são feitos através de seu Editor, pelo endereço eletrônico vazleopoldo@hotmail.com
NOSSA CAPA: Escudo da ALL
RETRATO DE MARANHÃO SOBRINMHO
ALL EM REVISTA Revista (eletrônica) da Academia Ludovicense de Letras ENDEREÇO PARA CORRESPONDENCIA: EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076 #
NUMEROS PUBLICADOS – ENDEREÇO ELETRONICO 2014 V.1, n. 1, 2014 (janeiro/março) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_volume_1_numero_1_ma V.1, n. 2, 2014 (abril/junho) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_1_numero_2_ V.1, n. 3, 2014 (julho/setembro) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol_1__n_3__julho-_34d409e2ef5b18 V. 1, n. 4, 2014 (outubro a dezembro). http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._1__n._4__set./1?e=1453737/10958981
2015 V. 2, n. 1, 2015 (janeiro a março) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no V. 2, n. 2, 2015 (abril a junho). http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._2__no_ad17bb277a03b8 V. 2, n. 3, 2015 (julho a setembro) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2_numero_3_ V. 2, n. 4, 2015 (outubro a dezembro). http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_2__numero_4
2016 V.3, n.1, 2016 (janeiro a marรงo) https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_vol._3__no._1__ja?utm_source=conversion_success&utm_campaign=Transactional&utm_medium=email V.3, n.2, 2016 (abril a junho) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__n__mero_?workerAddress=ec2-52-90-195118.compute-1.amazonaws.com V.3, n.3, 2016 (julho a setembro) http://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__numero_3?workerAddress=ec2-54-209-15202.compute-1.amazonaws.com V.3, n.4, 2016 (outubro a dezembro) https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_3__numero_4
2017 V.4, n.1, 2017 (janeiro-marรงo) https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_4__numero_1
V.4, n.2, 2017 (abril a junho) https://issuu.com/leovaz/docs/all_em_revista_-_volume_4__numero_2
V.4,n.3,2017 (julho a setembro) https://issuu.com/leovaz/docs/revista_all__n.4__v._3__julho-setem
V.4,N4, 2017 (outubro a dezembro) https://issuu.com/leovaz/docs/revista_all__n.4__v.4__outubro-deze
2018 V.5, n. 1, 2018 (janeiro a março) https://issuu.com/leovaz/docs/revista_all__n.5__v.1__janeiro-mar_
V.5, n. 2, 2018 (abril a junho) https://issuu.com/leovaz/docs/revista_all__n.5__v.2__abril-junho_
V.5, n. 3, 2018 (julho a setembro) https://issuu.com/leovaz/docs/revista_all__n.5__v.3__julho-setemb
V.5, n. 4, 2018 (outubro a dezembro) https://issuu.com/leovaz/docs/revista_all__n.5__v.4__outubro-deze
2019 V.6, n. 1, 2019 (janeiro a março) https://issuu.com/‌/docs/revista_all__n.6__v1__janeiro-mar_o
V.6, n. 2, 2019 (abril a junho) https://issuu.com/leovaz/docs/revista_all__n.6__v2__abril-junho_2
V.6, n. 3, 2019 (julho a setembro) https://issuu.com/home/published/revista_all__n.6__v3__julho-setembro_2019
V.6, n. 4, 2019 (outubro a dezembro)
ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS
Fundada em 10 de agosto de 2013 Registrada sob no. 48.091, de 09 de janeiro de 2014 – Cartório Cantuária de Azevedo CNPJ 20.598.877/0001-33
CHAPA 1 “MARIA FIRMINA” – BIÊNIO 2018 – 2020
MEMBROS DA DIRETORIA: ANTÔNIO JOSÉ NOBERTO DA SILVA – Presidente; ANA LUIZA ALMEIDA FERRO – Vice-Presidente; CLORES HOLANDA SILVA – Secretária-Geral DANIEL BLUME PEREIRA DE ALMEIDA – Primeiro Secretário; CERES COSTA FERNANDES – Segundo Secretário; OSMAR GOMES DOS SANTOS – Primeiro Tesoureiro; e, RAIMUNDO GOMES MEIRELES – Segundo Tesoureiro. CONSELHO FISCAL: ÁLVARO URUBATAN MELO; ARQUIMEDES VIEGAS VALE; e, SANATIEL DE JESUS PEREIRA. CONSELHO DOS DECANOS DECANO CONSELHEIRA CONSELHEIRO CONSELHEIRO CONSELHEIRO
ARTHUR ALMADA LIMA FILHO - 17.10.1929 MARIA THEREZA DE AZEVEDO NEVES – 12.11.1932 ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO - 08.11.1934 ROQUE PIRES MACATRÃO - 13.11.1935 JOSÉ DE RIBAMAR FERNANDES - 30.01.1938
COMISSÃO DE PUBLICAÇÕES E EVENTO
SANATIEL PEREIRA (PRESIDENTE) ANTONIO AÍLTON DILERCY ADLER CLORES HOLANDA
CONSELHO EDITORIAL
SANATIEL PEREIRA (PRESIDENTE) ANTONIO AÍLTON DILERCY ADLER
EDITOR DA ALL EM REVISTA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
CADEIRA 21 Prefixo Editorial 917536
AGENDA DO PRESIDENTE ANTONIO NOBERTO Palestra no Colégio Militar Tiradentes "Do Vinhais Velho à Ponta da Areia um reduto que deu origem a São Luís"... O DNA de São Luís.
Passeio turĂstico musicado no GaviĂŁo com professores e estudantes franceses da Normandia. Segunda-feira, dia 14.
O INVENTOR DO TURISMO EM CEMITÉRIOS O ESTADO MA – RODA VIVA – BENEDITO BUZAR – 19/10/2019
Quem não ouviu a entrevista do Antonio Noberto e do Sérgio Brenhas no Repórter Difusora, da última sexta-feira, das 08h30 as 9h, pode ouvir por aqui. Falando de igrejas e cemitérios. Aqui está um programa para você… Sexta Cultural Episódio de Difusora 94.3 FM https://open.spotify.com/episode/25bCKJP6JlI93EOQih9g2D?si=Xskl1Y6wRzupLbEtB5ombg&fbclid=IwAR36dLtlbFb0 K28PnNESh_Q6ORsgrhh8dAiuuyNtkhWZXoli3DTRjbLGgl8
ABERTURA DA FELIS 2019
UM DIA COM ROSA MACHADO EM PORTUGAL Nesta segunda quinzena de outubro, uma data ficará marcada na minha memória como uma das mais importantes de 2019. Dia em que fiz uma sonhada viagem e volta ao tempo com Rosa Machado, António Bento, Aline Vasconcelos, Alana e Helena Noberto. Visitamos Setúbal, no "Além Tejo", terra natal de Fran Paxeco, escritor, fundador da faculdade de Direito do Maranhão, avô de Rosa Machado e um dos patronos da Academia Ludovicense de Letras, cadeira ocupada pelo escritor Leopoldo Gil Dulcio Vaz. Pela manhã, veio nos encontrar no hotel, no Centro de Lisboa, a escritora Rosa Machado, que nos levou até a cidade natal do avô dela, Setúbal. Após 40 minutos dirigindo do Centro da capital portuguesa até o nosso destino fomos recebidos pelo pesquisador e especialista em Fran Paxeco, António Bento, uma pessoa de gestos, alegria e recepção incomparáveis. Ele nos levou aos locais turísticos de Setúbal, mostrou-nos a belíssima Câmara Municipal da cidade, onde a escada principal nos remete ao Palácio dos Leões, no marco zero de São Luís. Lá, nos apresentou um quadro pintado que junta muitas das principais personalidades do local, incluindo o Frei Sardinha (devorado pelos índios do Brasil) e o luso-maranhense Fran Paxeco. Entrega de diploma de membro correspondente Aproveitei a visita a Portugal e a Câmara Municipal de Setúbal para, na condição de presidente da Academia Ludovicense de Letras (ALL), entregar o Diploma de membro correspondente à Rosa Machado, que agradeceu bastante a confraria ludovicense pela concessão. Em seguida, Bento nos falou de um conterrâneo dele, bem conhecido no Maranhão dos mil e seiscentos, o Bispo que deu nome a uma das fontes mais conhecidas de São Luís. Mostrou-nos um rico acervo de Paxeco, mantido em uma associação que ele faz parte. Neste mesmo local tem uma carta manuscrita de Gonçalves Dias, uma raridade e muitas informações interessantes, além de cartas e livros de Fran Paxeco. Torre de Belém e Caldas da Rainha Em Lisboa, visitamos a Torre de Belém e, em seguida, viajamos para Caldas da Rainha, a cidade da nossa alegre e muito disposta anfitriã, Rosa, cuja residência abriga grande acervo da família. À noite deixamos a nossa amiga em casa e retonamos para Lisboa, pois os próximos dias serão na estrada.
Férias e ócio criativo Ócio criativo, segundo o sociólogo italiano Domenico de Masi, é quando juntamos três atividades em uma: trabalho, estudo e diversão. E foi exatamente o que fiz nos 20 dias de férias entre outubro e novembro. Na Europa, viajando de carro de Lisboa para Paris, realizei atividades da Academia Ludovicense de Letras (ALL), entidade que presido há dois anos. 1 - entreguei o Diploma de membro correspondente da Academia à Rosa Machado, neta do fundador da faculdade de Direito do Maranhão, Fran Paxeco; visitamos Setúbal, terra onde ele e inúmeros personagens ilustres de Portugal nasceram. Neste primeiro momento fomos ciceroneados por Rosa Machado, que deu um show de simpatia e de boa recepção. Após Setúbal e visita a pontos turísticos de Lisboa viajamos até a cidade de Caldas da Rainha. Depois voltamos para a capital portuguesa.
2 - depois, cortando Portugal, Espanha e o País Basco, após dirigir 1.400 quilômetros até Berthegon, terra natal do fundador de São Luís, Daniel de la Touche de la Ravardière, na parte central da França, Departamento de Vienne na
região do Poitou Charrente, ministrei pstra sobre a importância deste personagem, que deu o pontapé inicial para a colonização da porção setentrional do Brasil com o estabelecimento da França Equinocial. O evento foi organizado pela prefeitura da pequenina cidade francesa de Berthegon. Passamos três dias hospedados em um castelo medieval que pertenceu ao líder protestante d'Orbigny. A recepção ficou por conta do ator francês Jean-Marie Collin, que tão bem nos recebeu. A prefeita, Bernadete Costier, e o Conselho Municipal (vereadores) também deram o toque do acolhimento.
3 - Em seguida, hospedamo-nos em Paris, recepcionados pelo membro correspondente da ALL, o amigo, cantor e compositor brasileiro Sérgio Soares, além da amiga francesa Claire Blanchon, que nutre os melhores sentimentos com relação aos brasileiros. A mãe dela trabalhou 40 anos no Museu do Louvre. Foram seis dias na capital francesa, de onde fizemos incursões para a Normandia, especialmente nas cidades corsárias de Dieppe, Rouen, Havre de
Grace e Abbeville, cidade natal do meu patrono na Academia Ludovicense de Letras, Claude Abbeville, primeiro escritor do Maranhão.
4 - na Normandia visitamos: Em Dieppe, o Centro Histórico desta cidade milenar; a ponte elevadiça Jean Ango, famoso corsário possuidor de 77 navios, que trabalhava para o rei francês Francisco I, aquele que pronunciou a famosa frase conhecida mundialmente: "Que me mostrem a cláusula do tratamento de Adão que me excluiu da partilha do mundo", em referência ao Tratado de Tordesinhas. Ah 1, quando cortamos a Espanha passamos pela cidade de Tordesilhas. Ah 2, a ratificação do Tratado aconteceu na cidade de Setúbal, em Portugal. Uma história curiosa é que, por volta de 1618, um descendente de Jean Ango, chamado Charles Fleury de Vatterville feriu e prendeu o capitão de Alcântara, Martim Soares Moreno, quando este viajava pelas costas do Maranhão. Os navios se cruzaram e a frágil embarcação portuguesa foi dominada. Martim foi ferido e levado preso para a França.
5 - visitamos o arquivo municipal de Abbeville, onde nasceu o meu patrono, primeiro escritor do Maranhão. 6 - e para não dizer que não tivemos outro tipo de diversão, visitamos a Disney Paris, coincidentemente no dia do Halloween, 31 de outubro. Nas filas dos brinquedos encontramos vários brasileiros (as), do Rio de Janeiro, Belém... 7 - a continuação fica para outro momento.
Um pouco da minha passagem pela França entre outubro e novembro de 2019. Matéria do jornal La Nouvelle Republique (A Nova República). Por ocasião da matéria que ministrei na cidade natal de Daniel de la Touche, o fundador de São Luís, Berthegon. Sur les traces de Daniel de La Touche Daniel de La Touche de la Ravardière est né à Berthegon en 1570. Le gentilhomme se convertit au protestantisme et s’installe au château de Règneville dans la Manche d’où il guerroie avec les catholiques. Il arme trois expéditions au départ de Cancale. La première, en 1604, le conduit à explorer la Guyane. En 1612, il embarque pour le Brésil où il posera les bases de la cité de Sao Luis. Ce sera Bragancia, en 1613. Sa défaite contre les troupes espagnoles en 1615 marque la fin de l’aventure française au Brésil. Ces faits, Antonio Noberto, historien brésilien, auteur de « La France equinoxiale » les a détaillés dimanche lors d’une conférence qui a passionné les Berthegonnais. La présence de cet écrivain est due à la passion de Jean-Marie Collin, un comédien breton, admirateur de De La Touche, qu’il a rencontré pour le théâtre. Le même Jean-Marie Collin s’est rendu à plusieurs reprises au Brésil sur les traces du navigateur où il a découvert les écrits d’A. Noberto. Souhaitant rendre hommage au marin, il a invité le chercheur à Berthegon. Après la conférence, J-M. Collin a prolongé le voyage dans le temps, en déclamant nombre de fables de La Fontaine, en costume du XVIIe siècle.
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=10212613461049973&id=1788132462 A página 34 da revista da LASA em Setúbal, Portugal, traz uma matéria sobre a nossa visita aquela importante cidade, quando estivemos lá no dia 24 de outubro de 2019. Grato ao amigo irmão António Bento, guardião da memória do imortal Fran Paxeco e do Maranhão. E a nossa queridíssima amiga e membro correspondente Rosa Machado, que nos ciceroneou em Portugal.
COM A PALAVRA, O PRESIDENTE... GESTÃO DE SUCESSO, DEVER CUMPRIDO Em 1968 o então jovem cantor Roberto Carlos ganhou o festival de San Remo com a música italiana Canzone per te (Canção pra ti). A música começa assim: "A festa mal começou e já acabou". É assim que, cientes do dever cumprido, a nossa gestão a frente da Academia Ludovicense de Letras (ALL) chega ao seu final no apagar das luzes de 2019. Foram dois anos profícuos, de trabalho e de harmonia. A diretoria da Academia, irmanada no propósito de levar ao topo o nome da ALL, realizou diversas ações culturais visando o crescimento da Casa de Maria Firmina dos Reis. Nestes dois anos fizemos parceria com a AMEI, onde realizamos palestras, lançamento de livros, reuniões e outros eventos; ampliamos a parceria com a UFMA; nas comemorações dos 200 anos de Cândido Mendes de Almeida trouxemos a trineta dele, a reitora Dra Andreya Mendes de Almeida Scherer Navarro, que em São Luís, Itapecuru e Brejo ministrou quatro palestras sobre a vida e a obra do seu trisavõ; convidamos a Escola Modelo para juntos homenagearmos Benedito Leite em frente a sua última morada, no Gavião; nas comemorações do sesquicentenário de Graça Aranha a ALL realizou diversos eventos em homenagem a este ilustre Ludovicense; Homenageamos Fran Paxeco, fundador da faculdade de direito do Maranhão; igualmente o barracordense Maranhão Sobrinho. Em 2018, nas comemorações do 5⁰ aniversário da Academia realizamos uma concorrida palestra debaixo de árvores sobre o Forte Sardinha, conhecida como a primeira Fortaleza do Maranhão, na localidade BASA, no São Francisco; em 2019, na Casa Huguenote, por ocasião das comemorações do 6⁰ aniversário, a ALL realizou um delicioso e inesquecível banquete Franco-tupi, com produtos da França e produtos típicos da culinária tupi. Iniciamos o projeto Luzes da Ribalta, quando Homenageamos duas personalidades que prestam relevantes serviços à história e a cultura do Maranhão. Na Feira do livro de São Luís o estande da ALL sempre foi muito frequentado, principalmente neste ano de 2019, quando compartilhamos o espaço com a FALMA e recebemos o carinho de todos confradese confreiras que visitavam o estande; realizamos a diplomação de todos membros correspondentes que estavam pendentes de diplomação, inclusive a neta de Fran Paxeco, Rosa Machado, que foi diplomada em Setúbal, Portugal. Nestes dois anos, o sodalicio sempre foi representado nos eventos externos importantes. Uma das características marcantes da gestão que finda foi a fartura e generosidade nos eventos promovidos pela ALL, em especial as reuniões de diretoria e assembleias, sempre com lanches, jantares ou café da noite; as visitas aos enfermos e as duas confraternizações de fim de ano foram ecemplares, estas sempre com distribuição de presentes e acompanhamento de grupo musical. Enfim, uma gestão que valorizou o ser humano, o "frater" e o amor entre os irmãos. Mas conforme abrimos este texto, "A festa mal começou e já acabou" E desejamos que no próximo biênio, sob nova gestão, as ações continuem valorizando a fraternidade, a sabedoria e incentivando a boa convivência entre os membros do nosso sodalício. Os meus sinceros agradecimentos a confreira vice -presidente Ana Luiza Almeida Ferro, a secretária-geral Clores Holanda Silva, ao tesoureiro confrade Osmar Gomes dos Santos, segundo-tesoureiro Raimundo Gomes Meireles, secretário Daniel Blume, segunda-secretária Ceres Costa Fernandes, Conselho fiscal: Sanatiel de Jesus Pereira, Arquimedes Viegas Vale e Álvaro Urubatan Melo. Agradecemos a todos os confrades e confreiras que de um modo ou de outro doaram um pouco do seu tempo para Academia. Agradeço aos parceiros de primeira hora, sendo a UFMA, a AMEI, a Casa de Cultura Huguenote, a Câmara Municipal de São Luís, a confreira Maria Thereza Neves, sempre zelosa no trato com a confraria. Agrademos as mãos generosas e a contribuição de todos. No mais, Boas festas, Feliz Natal e um 2020 de muitas alegrias e realizações. Muita luz para a nova diretoria, em especial ao novo presidente Daniel Blume, a quem desejo uma gestão regada de muito sucesso. Muito obrigado a todos (as)! Saudações acadêmicas!
DO EDITOR A partir de janeiro assume uma nova Diretoria. E um novo Conselho Editorial... Desejo bom trabalho aos mesmos, na manutenção da “ALL EM REVISTA”. Nas três ultimas administrações – Macatrão, Dilercy, e Noberto – fui o Editor responsável pela revistra eletrônica, oficiosa, de nossa Academia Ludovicense de Letras. Tanto os Presidentes, quanto os Conselhos Editoriais me deram total liberdade para construí-la, submetendo seu conteúdo na semana anterior de as colocar no ar. Em raros momentos fizeram alguma observação, quanto ao que era publicado. Já na primeira administração9 da ALL, com Macatrão e Dilercy ocupando a Presidência, ficou patente que haveria duas publicações: a sob a minha responsabilidade, eletrônica, não-oficial, e a edição impressa, sob a responsabilidade de um Conselho e outro editor. A pessoa responsável, definida desde o seu inicio, não deu conta de a fazer... Apenas a edição eletronica foi colocada no ar, com a regularidade estabelecida, trimestral. Nas gestões seguintes, o mesmo se deu, com alguns percalços ao final da administração da Dilercy, causada por alguns dos membros da Diretoria. Cumpri o compromisso assumido, porém passei a editar uma outra revista, a que leva meu apelido, desde o tempo da edição da “Nova Atenas”, então do Departamento de Educação Física e Biologia do, à época, CEFET-MA, hoje IF-MA; foram 23 edições eletrônicas, publicadas, de periodicidade semestral... Diziam ser a “Revista do Leopoldo”– dai, Revista do Léo... Depois, ao ingressar no IHGM, foi-me solicitado editar a sua revista; e como não havia recursos para a publicação no formato tradicional – e já havia se consolidado no Brasil o formato eletrônico – passei a coloca-la no ar, utilizando-me de uma nova ferramenta de edição, que então, ainda em sua versão Beta – ISSUU. Foram 14 números publicados, sob minha responsabilidade como editor, também com total liberdade, sempre submetendo à Presidencia e ao Dirtor de Divulgação. Periodicidade trimestral, que consegui manter, pela primeira vez desde o primeiro numero, publicado em 1926... Nova diretoria, resolveram dar novo formato à revista, com a intervenção de um novo conselho editorial, alegando que a revista não obedecia aos rigores de uma publicação cientítifica, em obediência às normas da ABNT e da CAPES, e CNPq. Tentando registra-la junto ao IBICT, em sua ferramente de edição de revista científicas, foi-nos negado tal registro, sob a alegação de que a revista era de caráter cultural, de divulgação – conforme consta no estatuto – dos seus sócios... Mesma posição se mantém na atual administração... Fui afastado, e depois, não aceitei retornar à função... Quando da criação da ALL, foi-me dado o privilegio de continuar com a edição de uma revista, mas nas condições acima expostas – oficiosa, porém com a liberdade de conteúdo. As matérias publicadas poderiam, ou não, ser aproveitadas na edição oficial, em papel... o que nunca aconteceu, já que o(s) responsável(eis) não conseguiu(ram) edita-la, e muito menos recursos para publica-las; nem ao menos tentaram...
Agora, com o douto Conselho Editorial eleito, creio ser oportuno, e é este o momento, de deixar a função, haja vista que o Conselho Editorial é composto por pessoas muito mais competentes do que este escrevinhador, e darão, finalmente, o formato que a Revista merece, com uma qualidade literária melhor, do que um simples ‘boletim informativo’ que se tornou, registrando-se todas as atividades da Academia, de seus membros, e as poucas colaborações. Quero dizer, os poucos colaboradores – sempre os mesmos, podese contar nos dedos de uma mão – que se preocupam com a produção. Notei que alguns, embora com vasta participação em diversos eventos, alegavam não terem seus pronunciamentos – palestras, debates, por escrito - , apenas anotações, e que, oportunamente, os passariam para o papel. Se o fizeram, nunca chegaram ao editor... mas aparecem em outras instancias e sodalícios... No particular, algumas reclamações, críticas; no público (falsos) elogios... Isso cansa, e estou cansado... Foram seis volumes, quatro números cada volume, num total de 24 edições, com esta última. Obrigado aos leitores... O ISSU me dá respostas estatísticas do acesso ao material. Contando com a Revista do IHGM, a do Leo, e a da ALL – e algumas outras publicações que lá coloquei na nuvem – passam de 1.800.000 (hum milhão e oitocentos) acessos – as edições da ALL, chegam quase a 50%... basta procurarem no sitio da ferramente e verificar; as estatistacas de acesso à cada um dos exemplares está lá, disponível, semanalmente, e pelos países em que houve acesso... uns poucos países da África não tiveram contato com esse material... Cada revista da ALL tem atingido cerca de 20.000 pessoas, e aumentando conforme passa o tempo... Os meus livros – dois tendo Dilercy como co-autora – passam dos 150.000 acessos... A Revista do Léo, com dois anos no ar, tem, em média 25.000 acessosm cada uma... estou feliz. A partir de Janeiro, então, passo a editar uma nova publicação – MARANHAY – Revista Lazerenta -, sucessora da Revista do Léo – vou manter a mesma numeração, será a de numero 28, então; ampliarei os conteúdos, para além da memória do esporte, lazer e educação física maranhense, e da literatura ludovicense... espero contar com os membros da ALL, para divulgação e registro de suas crônicas... abrirei espçao para novos autores, preferentemente ludovicenses e/ou maranhenses, em suas crônicas sobre esportes, literatura... enfim, Lazer – dai ‘lazerenta’... Obrigado a todos pela confiança nesses anos. Boa sorte aos novos editores e Conselho. Estarei às ordens, agora como colaborador, enviando meus escritos...
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EDITOR
SUMÁRIO 2–7
Expediente
AGENDA DO PRESIDENTE ANTONIO NOBERTO 8 – 22
Com a palavra, o presidente... 23 DO EDITOR 24 – 25 26 – 28
Sumário MARIA FIRMINA DOS REIS
29 29 30
MARIA FIRMINA DOS REIS É HOMENAGEADA A HISTÓRIA DE MARIA FIRMINA NO PALCO
31 – 33
MEMORIALDEMARIAFIRMINADOSREIS- REVISTA FIR[MINAS]
agenda 34 II ENCONTRO UBE DE ESCRITORES E FUTUROS ESCRITORES MARANHENSES
35 - 36
APRESENTAÇÃO DE JORGE OLIMPIO BENTO EM SUA DIPLOMAÇÃO COMO SÓCIO CORRESPONDENTE DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS
37 - 72
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
JORGE OLÍMPIO BENTO BANDEIRAS DA LUSOFONIA
73 – 91
NA FELIS 2019 92 JOÃO BATALHA JUCEY SANTANA FALMA SOCIEDADE DE CULTURA LATINA DILERCY ADLER ELEIÇÃO DA NOVA DIRETORIA DA ALL – 2020-2021 FALMA: Magalhães de Almeida; Brejo; Pinheiro - AGENDE-SE
92 92 93 95 96 99 114
94 97 113 – 115
CONGRESSO INTERNACIONAL – 400 ANOS DA PRESENÇA AÇORIANA NO MARANHÃO 116 HISTÓRIA, CULTURA, IDENTIDADE ANA LUIZA ALMEIDA FERRO: SIMÃO ESTÁCIO DA SILVEIRA, A CHEGADA DOS PRIMEIROS COLONOS AÇORIANOS AO MARANHÃO E A INSTALAÇÃO DA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO LUÍS: 400 ANOS DE HISTÓRIA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ CONTRIBUIÇÃO DOS AÇORIANOS PARA A CULTURA MARANHENSE: O CASO DO “TARRACÁ” RAIMUINDO GOMES MEIRELES LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ “... SÓ SÃO MACAIO NÃO...” LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ “OS NÁUFRAGOS DO SÃO MACAIO”: PRESENÇA AÇOREANA NA CONQUISTA DO MARANHÃO COMUNICADO OFICIAL - da Academia Poética Brasileira
? 123 - 141 ? 142 - 146 145 - 162 163 – 171
EFEMÉRIDES 172 2019 – ANO DE MARANHÃO SOBRINHO 173 EDMILSON SANCHES GONÇALVES DIAS E EU (Registros públicos de lembranças particulares)
174 - 176
NA BERLINDA 177 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ ANA LUIZA ALMEIDA FERRRO
178 - 180 181 - 182
ARTIGOS, & CRÔNICAS & CONTOS & OPINIÕES 1’83 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ UM POETA ESQUECIDO: RAIMUNDO NONATO PINHEIRO PAULO MELO SOUSA Entrevista histórica
184 - 191 192 - 193
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ A PARÓQUIA DE SÃO JOÃO BATISTA DO VINHAIS, HOJE
194 – 197
DELZUITE DANTAS BRITO VAZ PARÓQUIA DE SÃO JOÃO BATISTA DE VINHAIS: 407 ANOS DA PRIMEIRA MISSA, 362 ANOS DE PARÓQUIA, 34 DE REVITALIZAÇÃO... DILERCY ADLER VIDA E ESPERANÇA PARA A(S) ANANDA(S) E FELIPE(S) DO MUNDO DANIEL BLUME A PRISÃO DAS PEDRAS
198-199 200 – 201 202
MICHEL HERBERT O QUE HÁ POR TRÁS DA RECUSA DO PRESIDIÁRIO LULA EM NÃO ACEITAR OS BENEFÍCIOS DA LEI DE PROGRESSÃO PENAL. ( Uma visão da psicologia). PAULO MELO SOUSA SÃO LUÍS DO MARANHÃO: MEMÓRIA, CULTURA E POESIA! JOÃO FRANCISCO BATALHA ANAJATUBA, 55 ANOS DEPOIS EDMILSON SANCHES JOÃO DE DEUS DO REGO EDMILSON SANCHES NAURO MACHADO JOÃO BATISTA DO LAGO "O HOMEM-TIJUBINA", UM TRABALHADOR GERANDO "SUJEITOS" JOSÉ NUNES COMO ESCREVE CARVALHO JUNIOR THOMÉ MADEIRA UM ALUIZIO DE AZEVEDO QUE ATÉ ENTÃO NÃO SE CONHECIA... IRANDI MARQUES LEITE CARTA PARA BENZINHO ARQUIMEDES VALE SIMBOLISMO E PAZ
AS CRÔNICAS DE CERES DE CATÁLOGOS À INTERNET CRÔNICA ESCATOLÓGICA TEMPOS DE MIGRAÇÃO DAS COISAS ESSENCIAIS AMOR NO TEMPO DOS BONDES A ÚLTIMA LUA CHEIA DA DÉCADA
O PENSAMENTO DE BRANDÃO FORMADO HÁ 60 ANOS PERSEVERANÇA LANÇAMENTO DE NOVO LIVRO A REVANCHE
OSMAR GOMES DOS SANTOS O PRECONCEITO ENTRE QUATRO LINHAS SEGUINDO A VIDA COM LÁPIS E PAPEL MEU PROFESSOR NÃO CULPABILIDADE E PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA NENHUM ATO SERÁ TOLERADO AVENIDA LITORÂNEA O CASO DA PENSÃO MODELO DE GESTÃO EXEMPLAR IGUALDADE RACIAL MINISTÉRIO PÚBLICO DO MARANÃO ENERGÚMENO DEBATE
ASSIM FALOU ALDY
203 - 204 205 – 206 207 – 208 209 – 211 212 – 213 214 – 216 217 – 219 220 221 – 222 223 – 224 225 226 227 228 229 230 231 232 233 234 235 236 237 238 240 242 243 245 247 249 251 253 255 257 259
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HOMENAGEM AO PROFESSOR 260 ANTÔNIO VIEIRA: O INJUSTIÇADO 261 A REPÚBLICA DE RUI BARBOSA 262 263
FERNANDO BRAGA E SUAS CONVERSAS VADIAS
UM BILHETE PARA ARLETE NOGUEIRA DA CRUZ 264 MÁRIO FAUSTINO: ‘O HOMEM E SUA HORA’ 265 – 266 ARTE E DEVOÇÃO 267 – 268 JOSÉ FERNANDES Sabolim’: Poesia que chama poesia. “É MENTIRA! NÃO MORRI!” Oração a um poeta morto* AYMORÉ DE CASTRO ALVIM: MEMÓRIAS DE UM EX-SEMINARISTA ETA! SONHO DA PESTE! O QUE NÃO FAZ UMA ESPINHA DE PEIXE ARTE DO DEMÔNIO? NÃO PODE SER... CONTOS DE NATAL - MEDICINA, UM EXERCÍCIO DE AMOR.
NAVEGANDO COM JORGE OLIMPIO BENTO Jorge Olímpio Bento, 70 anos, Por Tiago Reis LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ MEU MESTRE, JORGE BENTO BEM VINDO AO MARANHÃO POESIAS & POETAS ROBERTO FRANKLIN
267 - 268 271 272 276 277 279 281 283 285 286
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Teu corpo 297 (UM POEMA PEQUENO)
AYMORÉ ALVIM O JURAMENTO DILEMA QUANTA PRETENSÃO! ANTONIO AÍLTON TOTEM E TABU CARVALHO JUNIOR 4 POEMAS DE MARIO LUNA FILHO CARVALHO JUNIOR 4 POEMAS DE ROGÉRIO ROCHA CARVALHO JUNIOR 4 SONETOS DE VIRIATO GASPAR
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O imparcial 12/10/2019
INSCREVER-SE Maria Firmina dos Reis pode ser considerada a primeira escritora negra do Brasil. Publicou poemas, contos e livros, sendo “Úrsula” (1859) a sua obra mais conhecida. https://youtu.be/UmlcAf3I9sM
Biografia | Maria Firmina dos Reis https://www.youtube.com/watch?v=UmlcAf3I9sM&feature=youtu.be&fbclid=IwAR2BMe34EA7qjIW5pJQVnxJPJpKT 6LU0IfuOlpmINM5sJDMhLNvxESKBKf4
MEMORIAL DE MARIA FIRMINA DOS REIS REVISTA FIR[MINAS]
REVISTA FIR[MINAS]
PENSAMENTO, CRÍTICA E ESCRITA DE AUTORAS NEGRAS BRASILEIRAS REVISTA DO PORTAL MEMORIAL DE MARIA FIRMINA DOS REIS Publicação seriada, eletrônica. O número piloto da Revista Fir[minas] está em elaboração. EQUIPE EDITORIAL
Concepção editorial: Luciana Martins Diogo – USP
Editoras: Luciana Martins Diogo – USP e Fernanda Rodrigues de Miranda – USP
CONSELHO EDITORIAL-CIENTIFICO-TRADICIONAL: Nossas Mais Velhas [Em formação] OBJETIVOS A Revista Eletrônica Fir[minas] é um projeto suplementar ao Portal Memorial de Maria Firmina dos Reis e visa privilegiar a produção de intelectuais negras das diversas regiões do país e eventualmente de contextos internacionais. A iniciativa busca potencializar o cyber espaço como plataforma de enunciação, difusão e recepção que permita romper o silenciamento sistêmico que ainda atravessa a produção intelectual de mulheres negras, realidade que já acometia Maria Firmina dos Reis no século XIX. A revista marcará o primeiro ano de atividade do site Memorial de Maria Firmina dos Reis e divulgará, além da organização do acervo da escritora – narrativas, crônicas, artigos, ensaios, críticas, resenhas, entrevistas, traduções, dicas de leitura, ensino, vestibular e conteúdo multimídia do site, buscando também uma identidade gráfica/visual (artes visuais); com o intuito de identificar e publicar literatura, crítica e arte com recorte e foco na escrita de mulheres negras. Políticas de Seção: Serão convidadas/aceitas autoras e alguns autores que queiram contribuir com a publicação de Artigos Originais, Artigos Publicados, Ensaios, Entrevistas, Relatos de Experiência, Resenhas de Livros, Traduções, Textos Literários Inéditos, Textos Literários Publicados. Periodicidade: trimestral
Temas: A Revista Fir[minas] está pautada no aporte de Maria Firmina dos Reis que: publicou poesia, prosa poética, romance, contos, novelas, crônicas, enigmas e charadas; em jornais, jornais literários, revistas, almanaques e livro; atuando também como folclorista, compositora musical e escritora de diário, além de dedicar-se a pesquisa e ao ensino. Destacamos que o interesse pela obra firminiana não se resume a atividades acadêmicas dentro da área dos estudos literários, somente. Há um grande interesse nos campos sociológico, histórico, cultural, entre outros, pela sua trajetória intelectual e pela sua intensa produção. Em decorrência desse legado, o intuito da Revista Fir[minas] será o de visibilizar reflexões, escrita, crítica e ideias, dispostas em seções variadas, com recorte e foco na produção de autoras negras, nos campos artístico, cultural, político, acadêmico, educacional e da comunicação/jornalismo. Justamente por privilegiar o aporte das intelectualidades de mulheres negras, a revista agregará também a participação de outros atores, dessa forma, nos alinhamos à perspectiva transversal do pensamento do feminismo negro, ancorado no projeto de construir mundos para todos, de refletir sociedades pluriversais e coletivas. Partindo deste horizonte epistemológico e ético, a revista preza pela presença da alteridade em seu arcabouço. “O feminismo negro enxerga o viver coletivo como algo central” – Patricia Hill Collins. SEÇÕES:
Editorial
Capa
Especial – seção dedicada a mapear e discutir os fatos marcantes do trimestre.
Atualidades – cartografia (produção contemporânea, literatura e crítica)
Tramas íntimas da produção: depoimentos de intelectuais/artistas negras
Lendo na Internet… cartografando a produção de autoras negras
Ensino e Vestibular
Resenhas
Memória
Estante Fontes Primárias
Acervo Literatura de Folhetim XIX
Imprensa Feminina do XIX
Imprensa Negra do XIX
Estante Raridades
Romances
Poesia
Literatura e Escravidão
Documentos da Escravidão
Firmina Queer – seção dedicada à literatura Queer, que encontra em alguns poemas de Maria Firmina dos Reis um acento transgressor. Destacaremos nessa seção autorxs históricxs e contemporânexs.
Coletâneas de Textos Literários – seção dedicada à publicação de textos literários.
Traduções – seção dedicada a publicar traduções e discussões referentes ao trabalho de tradução.
Inéditos – seção dedicada à publicação de textos inéditos e de discussões acerca do trabalho de resgate de textos inéditos de autoras falecidas.
Entrevistas – as entrevistas estarão inseridas no interior das seções.
Insurgências e Desafios -seção dedicada à política, temas do cotidiano, questões mais alinhadas ao feminismo negro.
Arte – a Fir[minas] contará com uma equipe de artistas responsáveis pelas ilustrações e concepção visual da revista.
SOBRE AS EDITORAS:
Fernanda Miranda é doutora em Letras, professora e pesquisadora de literatura. Dedicouse à obra de Carolina Maria de Jesus no mestrado e desenvolveu em sua tese de doutorado um estudo pioneiro sobre o corpus de romances de autoras negras brasileiras (Letras/USP). Publicou “Carolina Maria de Jesus, literatura e cidade em dissenso” e “Silêncios prEscritos, estudo de romances de autoras negras brasileiras” (Malê, 2019).
Luciana Diogo – Socióloga e Pesquisadora. Doutoranda em Literatura Brasileira (FFLCH /USP). Fez Bacharelado e Licenciatura em Ciências Sociais (FFLCH/USP) e defendeu seu mestrado em Estudos Brasileiros (IEB/USP) sobre a obra de Maria Firmina dos Reis com a dissertação – Da sujeição à subjetivação: a literatura como espaço de construção da subjetividade, os casos de Úrsula e A Escrava de Maria Firmina dos Reis. É Idealizadora, editora e gestora de conteúdos do portal Memorial de Maria Firmina dos Reis. Imagem de Capa da Postagem – Carolina Vitória e mangue mangue mangue… (2018)
Itzá.
Cinco
minutos
aguados:
AGENDA
II ENCONTRO UBE DE ESCRITORES E FUTUROS ESCRITORES MARANHENSES SEBRAE Multicenter - MA - São Luís, MA 12 de outubro de 2019, 14h - 13 de outubro de 2019, 19h Parte superior do formulário Parte inferior do formulário Feira do Livro de São Luis - 13a FeliS (11 a 20 de outubro de 2019) Programação do Encontro DIA 12.10.19 - sábado 14h - Credenciamento 14h30 - Sessão de Abertura - Autoridades, Dirigentes de Entidades Literárias e Convidados Especiais. 15h20 - Palestra "Os eventos literários nos municípios maranhenses". Palestrantes: A cargo da Prefeitura de São Luis e Prefeitura de São José de Ribamar Coordenador: Antonio Noberto (ALL). Debatedores: Francisco Batalha (IHGA), Fátima Travassos (AVL) e Cesar Brito (AMCAL). 16h30 - Mesa Redonda "A UBE e as entidades literárias maranhenses" Coordenador: Daniel Blume (UBE-RJ) Participação: Edson Mendes (UBE-PE), Elias Azulay (UBE-MA) e Álvaro Castro (FALMA). 17h00 - Performance "ENQUANTO AGONIZO", com Edson Mendes (UBE-PE) - Um olhar sobre o sentido e o propósito da existência, com apoio de William Faulkner, Manoel Bandeira, Mauro Mota, André Gide, Carlos Pena Filho, Cartola, Nelson Cavaquinho, Sócrates, Galileu, Antônio Vieira e outros. Coordenação: Ceres Costa Fernandes (AML). 18h às 18h30 - Lançamento de Livros e Apresentação de obras inéditas. 19h - Conferência Temática referente a Aluízio Azevedo - Sebastião Moreira Duarte (AML)
Dia 13.10.19 - domingo 14h - Acolhida Cultural 14h30 - Lançamento de Livros e apresentacão de obras inéditas. 15h - Painel Temático "O escritor maranhense em busca da publicação de sua obra em periódicos e livros" Coordenador: Lino Moreira (AML) Expositor: Iran de Jesus Ribeiro dos Passos (UEMA)
Painelistas: Raimundo Borges (ACL), Jáder Cavalcante (UFMA), Victor Azulay Leite PL&C), Mary Ferreira (UFMA), Augusto Pellegrine (APB) e Mário Luna Filho (SOBRAMES). 16h30 - Painel Temático "A Saga histórica dos escritores maranhenses no cenário nacional" Coordenador: Lourival Serejo (AML) Expositor: Dino Cavalcante (UFMA) PAINELISTAS: José Augusto S. Oliveira (IHGM), Ivan Sarney (AML), Antônio Ribeiro Junior (AJL), Carlos Augusto Furtado (AMCLAM), Luis Carlos Lima (ARIAL) e José Neres (AML). 18h às 18h30 - Lançamento de Livros e Apresentação de obras inéditas. 19h - Conferência Temática referente a Aluízio Azevedo - Lourival Serejo (AML). 20h30 - ENCERRAMENTO DO ENCONTRO UBE DE ESCRITORES MARANHENSES * Agradecimentos * Entrega de certificados * Lançamento do Encontro Nacional de Escritores 2020 em São Luís e São José de Ribamar - Maranhão.
CONVITE Academia Ludovicense de Letras Para a solenidade de Diplomação de Sócio Correspondente
JORGE OLIMPIO BENTO PROFESSOR EMÉRITO DA UNIVERSIDADE DO PORTO
Data e horário: 1º de Outubro de 2019 (Terça-feira) às 19 h Local: Casa de Cultura Huguenote “Daniel de La Touche” – R. Dialma Dutra - Centro, São Luís – MA (98) 4101-5050 Traje: Passeio completo, com uso de colar e medalha, para membros efetivos Esporte fino para convidados em geral
APRESENTAÇÃO DE JORGE OLIMPIO BENTO EM SUA DIPLOMAÇÃO COMO SÓCIO CORRESPONDENTE DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS Por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Academia Ludovicense de Letras Instituto Histórico e geográfico do Maranhão Ao enviar-nos seu ‘curriculum-vitae’ – resumido – mandou um ‘catatau’ de 65 páginas... Em sua introdução faz algumas citações, que, de certa forma, resume sua vida e vivencias: Das obras grandes ou pequenas, das ações generosas ou vis, cada um traz na própria cabeça a verdadeira medida. // Só existimos enquanto fazemos, quando não fazemos só duramos. - Padre António Vieira, 1608-1697 O que o homem é, somente a sua história lho diz. Wilhelm Dilthey, 1833-1911 O nosso passado – aí tendes o que nós somos. Não há outra forma de julgar as pessoas (…) Nenhum homem é suficientemente rico para comprar o passado. Oscar Wilde, 1854-1900 Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou. Fernando Pessoa (Álvaro Campos), 1888-1935 Informa-nos, em suas notas biográficas, que: Jorge Olímpio Bento nasceu em 25 de abril de 1946 em Bragada, concelho de Bragança, Trás-Os-Montes, Portugal. Procura comportar-se, no plano académico e cívico, de acordo com as virtudes e defeitos que comumente são associados ao 'transmontano'. Além disso, preocupa-se em honrar as máximas de Miguel Torga (1907-1995), de que "o transmontano não é murado psicologicamente" e "o universal é o local sem paredes”. É um apaixonado por todos os países, povos e regiões que perfazem a policromia lusófona. Aguarda que, um dia, seja inventada uma palavra melhor do que ‘lusofonia’, para expressar a comunidade de afetos, de culturas e de fraternidade constituintes da sua Pátria plural e multiplicada na África, na América, na Ásia e Oceânia. Possui Licenciatura em Educação Física, em 1972, pelo antigo Instituto Nacional de Educação Física (INEF), de Lisboa. Doutoramento em Pedagogia, em 1982, pela Ernst-Moritz-Arndt-Universität de Greifswald, Alemanha. É, desde 5 de maio de 1993, Professor Catedrático na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, onde entrou como docente em junho de 1976. Foi Presidente do Conselho Científico da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, a partir de junho de 1986 até janeiro de 1996. Pró-Reitor da Universidade do Porto, desde 24 de novembro de 1995 até 18 de setembro de 1998. Presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, desde 8 de fevereiro de 2000 até maio de 2010. Director da Faculdade de Desporto para o quadriénio 2010-2014, eleito pelo Conselho de Representantes, por unanimidade, no dia 11 de maio de 2010 (o primeiro à luz das alterações estatutárias ocasionadas pelo RJIES – Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior). Reeleito para o quadriénio 2014-2018, por unanimidade, em 14 de novembro de 2014. É Doutor Honoris Causa, pela Universidade Federal do Amazonas, Manaus, em sessão solene realizada no auditório da mesma Universidade em 23 de julho de 2007. Doutor Honoris Causa, pela Kasetsart University, Bangkok, título outorgado pelo Conselho Científico desta Universidade em 26 de março de 2012 e entregue em sessão solene realizada no dia 16 de julho de 2012.
Esta breve nota permite constatar que, dos cerca de 40 anos de carreira académica, três foram preenchidos com o doutoramento (1979-1982) e 37 consagrados à docência e, paralelamente, a tarefas de direção, orientação e gestão universitárias. Com estas últimas vertentes prende-se igualmente, como adiante se verá, o desempenho da função de vereador na Câmara Municipal do Porto e da de Presidente do Conselho Superior do Desporto de Portugal. Os dados doravante apresentados revelam também e sobejamente que a entrega a tarefas de gestão não tem sido impeditiva da realização de dimensões fulcrais do estatuto da carreira docente universitária, como sejam as de docência, de elaboração, publicação e divulgação de reflexão e conhecimento. 2. ATIVIDADE DOCENTE À função de regente da cadeira de Pedagogia do Desporto nos cursos de Licenciatura, Mestrado e nos cursos de Segundo e Terceiro Ciclos (a partir do ano escolar de 2008/2009) da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto acresce a de professor convidado nos seguintes cursos e instituições:
Curso de mestrado do IEFD, UERJ, Rio de Janeiro (1993 a 1996);
Curso de doutoramento do INEF da Galiza, Universidade da Coruña, Espanha (de 1995 a 1998);
Curso de formação de professores de educação física da Escola de Educação Física e Desporto do Instituto Politécnico de Macau (até 1999); Programa de Pós-Graduação (Mestrado/Doutorado) em Educação Física (Área de Concentração em Pedagogia do Movimento Humano; Disciplina de Seminários em Pedagogia do Movimento Humano, com a carga horária de 20 horas/aulas) da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP), a partir de Maio de 2003;
V Curso de Pós-Graduação A Novidade do Corpo Humano: Forma e Função, Seminário “O corpo em forma: um olhar desportivo”, Ano Lectivo 2006/2007, Universidade do Porto/COFANOR;
Programa de Pós-Graduação (Mestrado/Doutorado) em Ciências do Esporte (disciplina “Tópicos Especiais: Pedagogia do Esporte”, com a carga horária de 30 horas/aulas) da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais (EEFTOUFMG), Belo Horizonte, a partir de Setembro de 2007;
Curso de Pós-Graduação em Gestão do Desporto Profissional (1ª. Edição 2008/2009), módulo Desporto e Cultura (12 horas), da EGP - Business School, University of Porto;
Cursos de Mestrado e Doutoramento da Faculdade de Educação Física e Desporto da Universidade Pedagógica, Maputo, Moçambique, na cadeira de Pedagogia do Desporto, desde o ano letivo 2008/2009;
Curso de Mestrado em Direito Desportivo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com início em 2019.
Para além dessas atividades tem cumprido com regularidade, nos últimos 20 anos, programas de aulas, conferências, seminários e cursos breves em várias Universidades e instituições da Alemanha, de Angola, da Argentina, do Brasil, de Cabo Verde, da China (Macau e Pequim), do Equador, da Espanha, da Índia (Goa), de Israel, de Moçambique, do Peru, da Tailândia e de Timor, a saber: 3. ORIENTAÇÃO E ARGUIÇÃO DE TRABALHOS ACADÉMICOS E AFINS Assinale-se a presidência de cerca de 250 júris de provas de doutoramento e de agregação da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Não se mencionam aqui as presenças e arguições em provas de mestrado (ou afim), de doutoramento e agregação na Faculdade de Desporto na Universidade do Porto, em provas de doutoramento na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e na Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade de Coimbra, assim como em provas de doutoramento e agregação na Universidade do Minho e na Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa.
Fica de fora a menção de participação em júris de concursos para Professor Associado e Professor Catedrático, tal como a elaboração de pareceres para nomeação definitiva de Professores Auxiliares, Associados e Catedráticos, quer da Universidade do Porto, quer de outras Universidades (Universidade de Coimbra, Universidade do Minho, UTAD-Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro, Universidade Técnica de Lisboa). Do mesmo modo não são referidas participações em provas académicas e concursos em vários Institutos Superiores Politécnicos (nomeadamente Bragança e Viseu). Dado o subido privilégio e o profundo significado afetivo e simbólico não pode ser desconsiderada a circunstância de ter presidido, juntamente com o Magnífico Reitor da Universidade do Porto, às cerimónias de outorga do grau de Doutor Honoris Causa ao Doutor João Havelange, Presidente Honorário da FIFA (em 1 de fevereiro de 2001), ao Prof. Doutor Alfredo Gomes de Faria Júnior, Professor Jubilado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (em 27 de setembro de 2004), ao Prof. Doutor Eckhard Meinberg e ao Prof. Doutor Hans-Joachim Appell, Professores da Deutsche Sporthochschule Köln (em 6 de março de 2006) e ao Doutor Jacques Rogge, Presidente do Comité Olímpico Internacional (em 26 de novembro de 2009). 3.1. Dissertações de doutoramento Concluíram provas de doutoramento, sob a sua orientação, seis cidadãos portugueses e seis cidadãos brasileiros. Especial destaque merecem as seguintes, pelo facto dos doutorandos serem externos à FADEUP e por alguns tratarem temas das lonjuras da floresta amazónica: 3.2. Orientação de dissertações de mestrado - No tocante a orientação de provas de mestrado ou equivalente (Provas de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica) o número é de nove. 3.3. Arguição de provas de doutoramento no estrangeiro - 6 3.4. Participação em provas para Professor Catedrático em Espanha - 1 3.5. Arguição de Teses de Mestrado no Brasil - 3 3.6. Orientação de Pós-doutoramento - 1 4. TRABALHOS PUBLICADOS No tocante a artigos tem mais de 100 títulos publicados em revistas em Portugal e no Estrangeiro. É autor de 103 capítulos integrados em atas de congressos e em livros editados no País e no Estrangeiro. Excetuando a indicação da autoria de livros (40) e de brochuras (6), os dados que se seguem não respeitam todos os períodos da carreira académica, devido a perda de registos e arquivos. 4.1. Livros - Portugal = 31; Estrangeiro = 24 4.2. Capítulos de Livros Portugal - 52; Estrangeiro = 48 4.3. Capítulos em Atas de congressos e simpósios - 25 4.4. Brochuras - Em Portugal 4; No Estrangeiro 2 4.5. Artigos em revistas 4.5.1. Revistas científicas de circulação internacional A, B e C - 55 4.5.2. Revistas técnico-pedagógicas e/ou de divulgação científica – 70 4.6. Publicações no blogue Colectividade Desportiva 17 4.7. Publicações em jornais 16 4.8. Pareceres 6 5. CONFERÊNCIAS MAIS SIGNIFICATIVAS E INTERVENÇÕES AFINS – CONTEI ATÉ 200 6. FUNÇÕES DE NATUREZA EDITORIAL 26 7. FUNÇÕES EM SOCIEDADES E ORGANISMOS INTERNACIONAIS 10
8. OUTRAS FUNÇÕES MAIS DE 60 9. COOPERAÇÃO INTERNACIONAL Os elementos constantes deste curriculum vitae demonstram uma forte vinculação do seu autor à cooperação internacional. Na Europa lançou as bases de intenso relacionamento da Faculdade de Desporto com a Deutsche Sporthochschule Köln, não sendo a isto alheio o facto de ter realizado o doutoramento na Alemanha. Esta relação envolve hoje vários docentes e é responsável por muitos trabalhos e artigos com reconhecimento no panorama científico além-fronteiras. Também a aproximação a instituições congéneres da Espanha ditou passos e tomadas de medidas. O mesmo se aplica no tocante ao estabelecimento de relações com a Universidad Nacional de Educación Enrique Guzmán y Valle, La Cantuta, Lima, Peru. A abertura à América de língua castelhana integra a Argentina, tendo já sido iniciados contactos com a Universidad Nacional del Litoral, em Santa Fé, com evolução previsível a curto prazo. No entanto a sua dedicação apaixonada vai para o cultivo e a consolidação da Lusofonia. Da entrega a esta causa e visão, assumidas convictamente como parte maior da missão institucional, dá claro testemunho o afincado trabalho desenvolvido, enquanto Pró-Reitor da Universidade do Porto e enquanto Professor, Presidente do Conselho Científico e Presidente do Conselho Diretivo da Faculdade de Desporto, visando e criando uma relação íntima e altamente profícua com os Países Lusófonos. Neste capítulo sobressaem a cumplicidade e a proximidade com o Brasil e, num registo menos nítido, todavia assaz relevante, com Moçambique. O elevado número de parcerias, de formação de mestres e doutores, de publicações e projectos científicos conjuntos, assim como os programas de mobilidade de estudantes e docentes constituem uma prova inequívoca e eloquente do alcance e sentido do labor empreendido. Ademais é fundador (juntamente com o Prof. Doutor Alfredo Gomes de Faria Júnior, Rio de Janeiro) do Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa, que vai já na 15ª edição. Assinale-se também a importância de colaborações formais e reais com Universidades da Tailândia (Burapha University, em Bangsaem, Kasetsart University, em Bangkok e campos adjacentes, Chiang Mai University, em Chiang Mai). Esta colaboração foi selada pela atribuição em 26.03.2012 do título de Doutor Honoris Causa pela Kasetsart University, Banguec o que, entregue numa sessão solene realizada no dia 15 de julho 2012, presidida por Sua Alteza a Princesa Chulabhorn da Tailândia. E não se esqueçam as relações com o Instituto Politécnico e com o Instituto de Desportos da Região Administrativa Especial de Macau, com a Secretaria de Estado do Desporto de Cabo Verde, com a ACOLOP - Associação dos Comités Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa, sediada em Macau, e com o Comité Olímpico de Moçambique. Um apego muito especial tem sido devotado à concretização de acções de cooperação com a Índia e, em particular, com Goa, nomeadamente com o Dom Bosco College de Pangim, com o Directorate of Sports & Youth Affairs, com a Goa Football Association e com a AIFF-All Indian Football Federation. Esta frente de internacionalização, estrategicamente muito relevante, está sustentada em protocolos celebrados com as instituições referidas e é merecedora de enorme atenção e sempre renovado carinho. CONDECORAÇÕES E OUTRAS PROVAS DE RECONHECIMENTO – UM TOTAL DE 35, DESTACANDO
Comendador da Ordem do Rio Branco, condecoração concedida por Sua Excelência o Senhor Presidente da República Federativa do Brasil, Prof. Doutor Fernando Henrique Cardoso, por decreto de 20 de maio de 1996.
Reconhecimento pela Portaria nº. 023/94, de 11.04.94, da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal do Amazonas, Manaus, Brasil, ao seu empenho “na articulação e efetivação do convénio entre a UA e a UP”.
Medalha do Mérito Universitário, conferida pela Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, Brasil, em 31.07.1994.
Esse, senhores, é o meu amigo, Mestre, Jorge Bento, a quem recebemos, hoje, aqui... e o conhecendo, não será apenas mais uma honraria. Veio para somar!!! Obrigado!!! BIBLIOGRAFIA Livros - Portugal
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BENTO, Jorge Olímpio (2017): DO MILAGRE DO REGIME FUNDACIONAL: A ESPERA EM VÃO. ENSINO SUPERIOR – REVISTA DO SNESUP, nº. 58, p. 11-17, abr/mai/jun 2017. SNESup, Lisboa. BENTO, Jorge Olímpio (2017): ‘Quo vadis’, Universidade encurralada, engessada e estagnada?! Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 31 (2017), p. 27-49, 40 anos da Pós-graduação da EEFE-USP. BENTO, Jorge Olímpio (2017): Em defesa da língua portuguesa. Revista FORGES (Fórum da Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa), Volume 5, Número 2, p. 13-22, Ilhéus, Brasil, dezembro de 2017. Adroaldo César Gaya, Anelise Reis Gaia, Alberto Reinaldo Reppold Filho, Vinícius Denadin Cardoso, Jorge Olímpio Bento (2018): Estudo descritivo sobre a ocorrência de teses sobre o esporte nos programas de pós‐graduação no Brasil. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 2018; (40) 4: 346352. BENTO, Jorge Olímpio (2018): Dos mitos e ideais gregos – e da sua importância para o presente crepuscular, Revista USP, São Paulo, nº. 119, p. 151-160, outubro/novembro/dezembro, 2018. BENTO, Jorge Olímpio (2018): Passagem de testemunho, Motricidade 2018, vol.14, SI, pp. 1-4, UTADUniversidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro. BENTO, Jorge Olímpio (2019): Ainda existe a Universidade? Um retrato da universidade hodierna. Revista Contemporânea de Educação, V. 14, N.29 (2019), p. 115-135, Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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Publicações no blogue Colectividade Desportiva Da corrupção, 3 de dezembro de 2009 Da beleza e da verdade ausentes, 22 de dezembro de 2009. Retrocesso civilizacional, 26 de Dezembro de 2009. Verdade desportiva – exibicionismo, farsa e pantomina, 10 de janeiro de 2010. Verdade ou proselitismo?, 17 de janeiro de 2010. Português em alta, 17 de fevereiro de 2010. Como quem se confessa, 23 de maio de 2010. Dos defeitos do corpo, 16 de junho de 2010. Memorial de um povo, 23 de junho de 2010. À flor da pele, 5 de julho de 2010. Mitologia e sabedoria, 13 de agosto de 2010. Sinais deste nosso tempo, 9 de setembro de 2010. Elogio dos pneus, 16 de setembro de 2010. A tribo dos milagres, 19 de setembro de 2010. Anestesia e humilhação, 19 de outubro de 2010. A propósito dos Jogos Olímpicos e da Universidade, 7 de agosto de 2012. Pedido: período de nojo, 19 de agosto de 2012. Publicações em jornais Cronista semanal do jornal A BOLA, desde 1994 até Julho de 2009. Saúde: o preço pago pelo atleta, publicado em 10.10.1988 no Jornal da Tarde, São Paulo. Da legitimação da educação física e do desporto na escola, in: DIÁRIO DO SUL, págs. 5-6, Évora 6 de janeiro de 1999. Memorial de um país, publicado no jornal Contraponto, B-7, Paraíba, Brasil, 25 de junho de 2010. Publicação de textos nos jornais Público e Primeiro de Janeiro. Contra a corrente: Palavras de reparação. Revista MAGAZINE, do Jornal de Notícias e Diário de Notícias, p. 41, 28.08.2016. Pareceres Co-autor do Relatório Institucional, como membro da comissão incumbida da elaboração da Auto-Avaliação da Universidade do Porto. In: Boletim da Universidade do Porto, Ano VI, nº. 28, Universidade do Porto. BENTO, Jorge Olímpio (2007): Parecer acerca de MOVIMENTO UM ESTILO DE VIDA – Manual de Educação Física do Ensino Secundário, Edições ASA. BENTO, Jorge Olímpio (2010): Parecer, encomendado pela FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia, acerca da publicação da obra PROFESSORES DE EDUCAÇÂO FÍSICA EM PORTUGAL: FORMAÇÃO; IDENTIDADE E SATISFAÇÃO PROFISSIONAL.
BENTO, Jorge Olímpio (2011): Em Defesa do Desporto Escolar: Enunciado de Razões, documento enviado à Senhora Ministra da Educação em 14 de janeiro de 2011.
CONFERÊNCIAS MAIS SIGNIFICATIVAS E INTERVENÇÕES AFINS Grundpositionen der Planungstheorie. V. Doktorandenseminar der Sektion Sportwissenschaft da ErnstMoritz-Arndt-Universität Greifswald, Alemanha, 25 de maio de 1981. Die Curriculumtheorie in den USA und in der BRD. 19. Jahrestagung der Zentralen Fachkommission Methodik des Sportunterrichts, Fuhlendorf, Alemanha, 23-26 de junho de 1981. Die Lernzielproblematik. Die junge Entwicklung der Curriculumbewegung in der BRD und ihre Auswirkung auf dem Gebiet der Köerpererziehung. VI. Doktorandenseminar der Sektion Sportwissenschaft da Ernst-Moritz-Arndt-Universität Greifswald, Alemanha, 25 de junho de 1981. Theoretische Positionen zum Sportcurriculum – dargestellt am Beispiel der Rahmenrichtlinien Nordrhein-Westfalens. VIII, Wissenschaftliche Konferenz da Sektion Sportwissenschaft da ErnstMoritz-Arndt-Universität Greifswald, Alemanha, 12-15 de outubro de 1982. Perspectiva antropocêntrica da didáctica da educação física. Seminário de Educação Física, Jornadas Pedagógicas do Sindicato de Professores da Grande Lisboa, 5-6 de novembro de 1984. Lehrplankonzeptionem für den Sportunterricht – Tendenzen und internationaler Vergleich. Colóquio como Professor Convidado da Sektion Sportwissenschaft da Ernst-Moritz-Arndt-Universität Greifswald, Alemanha, 17 de setembro de 1985. Struktur und Entwicklungstendenzen dês Sports in Portugal, mit dem Schwerpunkt ‘Sport der jungen Generation’. Lição como Professor Convidado da Sektion Sportwissenschaft da Ernst-Moritz-ArndtUniversität Greifswald, Alemanha, 20 de setembro de 1985 Lehrplan und niveaubestimmende Kriterien dês Sportunterrichts in den portugiesischen Schulen. Lição como Professor Convidado da Sektion Sportwissenschaft da Ernst-Moritz-Arndt-Universität Greifswald, Alemanha, 20 de setembro de 1985. Relações da educação física com a pedagogia e a psicologia expressas nos casos da didáctica da educação física e do treino desportivo. First International Meeting on Psychological Teacher Education, Universidade do Minho, 29 de maio a 1 de junho de 1986. Zum Profil der Universität Porto und dês Instituts für Körpererziehung. Internationale Sportwissenschaftliche Tagung zum 40. Jährigen Bestehen der Deutschen Sporthochschule Köln, Colónia, Alemanha, 27 de outubro a 1 de novembro de 1987. Zu einer körperlich-sportlichen Grundausbildung in der portugiesischen Schule. Aula para estudantes de doutoramento no Institut für Sportpädagogik der Deutschen Sporthochschule Köln, Colónia, Alemanha, 1 de novembro de 1987. Linhas fundamentais de um projecto de organização da Educação Física e do Desporto Escolar. Conferência final do Encontro de Reforma do Sistema Educativo, Reitoria da Universidade do Porto, 1214 de novembro de 1987. Corpo e desporto. Intervenção no ciclo de colóquios As Cores do Corpo, Fundação de Serralves, 16 de junho de 1990, Porto. Desporto para todos: os novos desafios. Congresso Europeu Desporto para Todos, 12-14 de Setembro de 1991, Câmara Municipal de Oeiras. Os discursos do corpo no desporto. Seminário A escola cultural – escola do futuro, AEPEC, ESSE Viana do Castelo, 8 de novembro de 1991. Em nome do corpo. Conferência de abertura do II Congresso da Educação Pluridimensional e da Escola Cultural “A Escola Cultural e os Valores”, 22-24 de abril de 1992, Universidade de Évora. Reflexões acerca da formação universitária de Professores de Desporto. Conferência no Simpósio Europeu Euroformação-Desporto organizado pela Direcção-Geral dos Desportos, com o apoio da CE, Oeiras, 8-9 de junho de 1992. Da cultura lusíada à Ciência do Desporto. Conferência inaugural do III Congresso de Educação Física e Ciências do Desporto dos Países de Língua Portuguesa, Recife, setembro de 1992. Profissionalidade Pedagógica e Formação de Professores. Conferência inaugural do IV Encontro sobre Formação Educacional, Faculdade de Letras, Universidade de Coimbra, 6-7 de janeiro de 1993. A Universidade do Porto - a internacionalização e as relações com o Brasil. O presente e o futuro. Fundação Armando Álvares Penteado, 11 de julho de 1996, São Paulo.
Do sentido cultural do desporto. Conferência no Congresso Mundial de Educação Física, World Congress of the AIESEP – 1997. Universidade Gama Filho, agosto de 1997, Rio de Janeiro. O campo do possível: Um olhar pedagógico sobre o desporto. Conferência no Simpósio Internacional de Ciência e Tecnologia no Esporte, Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, novembro de 1997. Desporto e humanismo. O campo do possível. Conferência de encerramento do VI Congresso de Educación Física e Ciências do Deporte dos Países de Língua Portuguesa, A Coruña, Espanha, 8 ó 12 de Xullo de 1998. The Sports Club: Its changes and its survival. Conferência como Keynote Speaker in the Sixth Congress of the European Association for Sport Management, Madeira, September 30 – October 4, 1998. Desporto e Humanismo. O campo do possível. Seminário Internacional EEFE-USP - CPG/PET-CAPES, Universidade de São Paulo, 29 de outubro de 1998. Da crise da Educação Física no contexto internacional. 1º. Congresso Desporto Escolar, Gabinete Coordenador do Desporto Escolar, Lisboa, 26-28 de novembro de 1998. Da crise da Educação Física no contexto internacional. Aula inaugural da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 8 de abril de 1999. Desporto de crianças e jovens. Linhas de evolução à escala mundial. Conferência no Centro de Desportos da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 9 de abril de 1999. Da crise da Educação Física no contexto internacional, Escola Superior de Educação Física da Universidade de Pernambuco, Recife, 16 de agosto de 1999. Para onde vai a Universidade? Conferência de encerramento proferida no colóquio “O FUTURO DA UNIVERSIDADE”, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 24, 25 e 26 de agosto de 1999. Em nome de um desporto melhor. Conferência de encerramento do I Congresso Centro-Oeste de Educação Física, Esporte e Lazer “Os desafios do novo milénio”, Faculdade de Educação Física da Universidade de Brasília, 23-26 de setembro de 1999. Dos desafios do presente e da construção do futuro. Conferência de encerramento do 1º. Congresso Internacional de Ciências do Desporto “Novos desafios, diferentes soluções”, FCDEF-UP, 7-9 de outubro de 1999, Porto. Da legitimação e renovação da educação física e do desporto escolar. Conferência de abertura do Congresso Internacional Educação Física para Crianças e Jovens, Forum da Maia, 28, 29 e 30 de outubro de 1999. Da ideia do desporto. Conferência de abertura do Simpósio Internacional em Treinamento Desportivo, João Pessoa, Brasil, 16 a 19 de novembro de 2000. Modelos de Homem inerentes ao ideal do Homo Sportivus. Aula inaugural da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 21 de abril de 2003. Desporto de crianças e jovens: razões e finalidades. II Forum Internacional de Esportes, Secretaria de Estado da Educação e Inovação, Florianópolis, 5 de julho de 2003. O Sentido Cultural do Desporto. II Forum Internacional de Esportes, Secretaria de Estado da Educação e Inovação, Florianópolis, 5 de julho de 2003. Um olhar cultural sobre o desporto. Conferência de abertura do Congresso Internacional “Esporte e Desenvolvimento Humano”, realizado pelo Instituto Ayrton Senna em 21-22 de novembro de 2005, na Universidade de São Paulo. Esporte para Crianças e Jovens: Razões e Finalidades. Um olhar pedagógico. Conferência de abertura do 2º. Congresso Internacional de Treinamento Esportivo da Rede CENESP “Esporte para Crianças e Jovens”, realizado em Gramado, RS, Brasil, de 28/11 a 1/12 de 2005. Acerca das novas bandeiras. Conferência de Encerramento do XI Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa, Universidade de São Paulo, 9 de setembro de 2006. Determinantes culturais do esporte e do lazer na lusofonia. Conferência no VIII Seminário Nacional de Políticas Públicas em Esporte e Lazer, Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 15-18 de abril 2004. Em defesa do desporto. Da falácia da ‘actividade física’. Conferência na Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo, 14 de setembro de 2007.
Da conjuntura corporal: alguns aspectos e implicações. Conferência de Abertura da XIth International Conference Physical Activity, Health Promotion and Aging – EGREPA 2007, 18 – 20 de outubro 2007, Pontevedra, Espanha. Formação de mestres e doutores: exigências e competências. Universidade Pedagógica de Moçambique, 27-28 de fevereiro 2008. Desporto – uma via para a excelência. Centro de Desportos da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 15 de setembro de 2008. Desporto – uma via para a excelência. Aula inaugural do Curso de Educação Física da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 16 de setembro de 2008. Em nome do Homem e da Paz. Conferência no XII Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa, Porto Alegre, 17 de setembro de 2008. Um olhar pedagógico-cultural sobre o desporto. Conferência de abertura do II Congresso Nacional de Educação Física, Departamento de Educação Física, Universidade Estadual Paulista, Bauru, Brasil, 22 de setembro de 2008. Desporto e Cultura. Conferência de abertura do VI Congresso de Atividades Físicas do Acre, Departamento de Educação Física, Universidade Federal do Acre, Rio Branco, Brasil, 4 a 6 de dezembro de 2008. Referências orientadoras do papel do desporto na conjuntura actual. Conferência no VI Congresso de Atividades Físicas do Acre, Departamento de Educação Física, Universidade Federal do Acre, Rio Branco, Brasil, 4 a 6 de dezembro de 2008. Um olhar pedagógico-cultural sobre o desporto, Universidade de Vila Velha, Espírito Santo, Brasil, 14 de abril de 2009. Formação do Profissional de Educação Física para intervir no Esporte, Universidade de Vila Velha, Espírito Santo, Brasil, 15 de abril de 2009. DO HOMO SPORTIVUS: RELAÇÕES ENTRE NATUREZA, CULTURA E TÉCNICA À LUZ DO HUMANISMO. Seminário na EACH – Escola de Artes, Ciências e Humanidades, USP Leste, 22 de maio de 2009. Conjuntura Corporal e ambiente obesogénico – o papel do desporto e a batalha da escola. Conferência de abertura do II Forum Esporte Escolar, Secretaria da Educação da Prefeitura de São Paulo, 23 de maio de 2009. DO HOMO SPORTIVUS: RELAÇÕES ENTRE NATUREZA, CULTURA E TÉCNICA À LUZ DO HUMANISMO. Seminário na Faculdade de Educação Física da UNICAMP, Pólo de Limeira, SP, 25 de maio de 2009. Desporto – uma via para a excelência. Seminário na Faculdade de Educação Física da UNICAMP, Campinas, 26 de maio de 2009. Desporto – conceito e área de conhecimento. Faculdade de Educação Física da Universidade Federal do Pará, Belém, Brasil, 27 de maio de 2009. Formação de Mestres e Doutores – Exigências e Competências. Seminário para estudantes de mestrado e doutorado em Educação, Universidade Federal do Pará, Belém, Brasil, 27 de maio de 2009. Objecto do desporto e das Ciências do Desporto. Conferência na Sessão de Lançamento do CEGED – Centro de Estudos em Gestão Desportiva da Universidade Federal do Pará, Belém, Brasil, 28 de maio de 2009 (com entrevistas às estações de televisão Bandeirantes e Record). Corporeidade, Desporto e Humanismo. I Congresso Científico Internacional de Educação Física, Esporte, Lazer e Saúde do Brasil Norte, Universidade Federal do Pará, Belém, Brasil, 28-30 de maio de 2009. Do Comité Olímpico de Portugal e do espírito que nele mora. Sessão Solene do Dia Olímpico e do Aniversário do COP, Lisboa, 20 de junho de 2009. Formação de Mestres e Doutores: exigências e competências. IX Simpósio de Dissertações e Teses, Programa de Pós-graduação em Educação da Faculdade de Ciências Humanas e do Curso de Mestrado em Educação Física da Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Metodista de Piracicaba, SP, 22 de outubro de 2009. Acerca da crise da profissão de professor. Palestra para o Curso de Pedagogia da UNIVAS – Universidade do Vale do Sapucaí, Pouso Alegre, MG, 27 de outubro de 2009.
Laudatio. Discurso laudatório proferido na sessão solene de Emeritierung do Prof. Dr. Dr. Honoris Causa Eckhard Meinberg, Deutsche Sporthochschule Köln, RFA, 22 de janeiro de 2010. Presidência e intervenção na Mesa Redonda Internacionalização e cooperação: desafios e estratégia, XIII Congresso de Ciências do Desporto e Educação Física dos Países de Língua Portuguesa, Maputo, 30 de março de 2010. Elaboração e apresentação das Conclusões do XIII Congresso de Ciências do Desporto e Educação Física dos Países de Língua Portuguesa, Maputo, 2 de abril de 2010. Exigências e competências de mestres e doutores, conferência para os docentes e o Curso de Pósgraduação da Escola Superior de Educação Física da Universidade do Estado de Pernambuco, Recife, 10 de maio de 2010. Desporto: uma via para a excelência, conferência para os docentes e estudantes da Escola superior de Educação Física da Universidade do Estado de Pernambuco, Recife, 12 de Maio de 2010. Do futuro do Homo Sportivus – relações entre natureza, cultura e técnica, conferência de abertura do I Simpósio de Psicologia e Sociologia do Esporte de Pernambuco, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 13 de maio de 2010. Saúde, Desporto e Escola, conferência de encerramento do VI FORUM “SAÚDE E ACTIVIDADE FÍSICA”, 28, 29 e 30 de maio 2010, Câmara Municipal de Santana, Região Autónoma da Madeira. Educação, professores, desporto e educação física: Porquê e para quê? – Um curto sobrevoo cultural e pedagógico. Aula inaugural do segundo semestre da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia da Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 25 de agosto de 2010. Do HOMO Sportivus: relações entre natureza, cultura e técnica à luz do Humanismo. Escola de Educação Física e Esporte da USP, São Paulo, 31 de agosto de 2010. Educação, professores, desporto e educação física: Porquê e para quê? Um curto sobrevoo cultural e pedagógico com ênfase ética e estética. Escola de Educação Física e Esporte da USP, São Paulo, 2 de setembro de 2010. Regência do Curso Internacional “Pedagogia del Deporte”, UNE – Universidad Nacional de Educación, La Cantuta, Chosica, Peru, 4, 5 e 6 de outubro de 2010. Saudação e Homenagem aos Professores, conferência como orador convidado na Sessão Solene comemorativa do Dia Nacional da Educación Física, UNE – Universidad Nacional de Educación, La Cantuta, Chosica, Peru, 7 de outubro de 2010. Hacia dónde se dirige la Universidad? (Para onde vai a Universidade?), conferência na Escuela de Postgrado da UNE – Universidad Nacional de Educación, La Cantuta, La Molina, Lima, Peru, 7 de outubro de 2010. (Esta conferência foi publicitada nos principais media do Peru). Desporto, Saúde e Educação (conjuntura corporal e ambiente obesogénico, relaxado e indolente):papel do desporto e batalha da escola. Conferência inaugural do I Congresso Científico Internacional de Educação Física, Esporte, Saúde e Educação do Triângulo Mineiro, Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba, 4 a 7 de novembro de 2010. Educación, Deporte, Educación Física y Professores: Por qué y para qué? – Un enfoque pedagógicocultural, Universidad Nacional del Litoral, Santa Fé Argentina, 8 de novembro de 2010. Deporte – una busca de la excelencia. Universidad Nacional del Litoral, Santa Fé Argentina, 9 de novembro de 2010. Pedagogia do Desporto: Reencontros inadiáveis. Conferência de encerramento do 1º Congresso da Sociedade Científica de Pedagogia do Desporto, Tomar, 28 de novembro de 2010. Para onde vai a Universidade? Conferência no IV Encontro de Pós-Graduação e Pesquisa e XIV Seminário de Iniciação Científica da Universidade de Pernambuco, Recife, 1 de dezembro de 2010. De onde vem e para onde vai o HOMO SPORTIVUS? – Relações entre natureza, cultura e técnica. Regência de um Seminário na Escola Superior de Educação Física da Universidade de Pernambuco, 3 de dezembro de 2010. Pesquisas em Atividade Física e Saúde. Conferência no XIX Encontro Pernambucano de Pesquisa em Educação Física e Esporte, Escola Superior de Educação Física da Universidade de Pernambuco, 6 e 7 de dezembro de 2010. Formação de Mestres e Doutores – Exigências e Competências. Conferência no Simpósio Internacional Luzes e Sombras do Curso de Doutoramento em Ciências do Desporto, FADE-UP, 17 de dezembro de 2010.
Curriculum and Instruction in the Faculty of Sport, University of Porto. Conferência no Department of Physical Education, Faculty of Education, Kasetsart University, Bangkok, Tailândia, 31 de janeiro de 2011. Saúde e Educação: papel do Desporto e batalha da Escola. Seminário Desporto Escolar e Associativismo – desafio para um novo modelo. Câmara Municipal de Viseu, 30 de abril de 2011. Exercício e qualidade de vida. Conferência de abertura do VII Forum Saúde e Atividade Física. Câmara Municipal de Santana, Madeira, 27, 28 e 29 de maio de 2011, Saúde e vida – da conjuntura corporal e do papel do desporto. III Seminário + Idade + Saúde. Instituto Politécnico de Bragança, 4 e 5 de junho de 2011. Pedagogia do Desporto – Reencontros Inadiáveis. Conferência de abertura do III Simpósio Internacional de Filosofia, Pessoa e Esporte: Olimpismo, Valores e Desenvolvimento Humano. Escola Superior de Educação Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil, 15 – 16 de Junho de 2011. Da coragem, do orgulho e da paixão de ser professor. Conferência de abertura do Simpósio Da coragem, do orgulho e da paixão de ser professor, Universidade do Vale do Sapucaí, Pouso Alegre, Minas Gerais, Brasil, 20 – 21 de Junho de 2011. Acerca das obrigações e competências dos académicos. II Simpósio Internacional de Performance Desportiva, organizado pela Universidade da Beira Interior e pelo CIDESD-Centro de Investigação em Desporto, Saúde e Desenvolvimento Humano, Covilhã, 8-9 de outubro de 2011. Conceções de Esporte e Esporte Contemporâneo: um olhar diacrónico - sobrevoo cultural e pedagógico. Centro de Educação Física e Esporte da Universidade Estadual de Londrina, Brasil, 19 de outubro de 2011. Desporto: Lugar de criação, de ideais e sonhos - Necessidade de remissão discursiva e prática. Congresso Internacional de Pedagogia do Esporte, Universidade Estadual de Maringá, Brasil, 20 de outubro de 2011. Desporto e Valores. Congresso Internacional de Pedagogia do Esporte, Universidade Estadual de Maringá, Brasil, 20 de outubro de 2011. Regência de um Seminário, com a duração de oito horas, sobre Formação de Mestres e Doutores. Universidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO, Niterói, Brasil, 26 de outubro de 2011. Regência da Cadeira de Pedagogia do Desporto (20 horas), Mestrado em Atividade Física e Saúde, Faculdade de Educação Física e Desporto, Universidade Pedagógica, Maputo, Moçambique, 14-18 de novembro de 2011. Das competências e obrigações de mestres e doutores. Conferência na Delegação da Universidade Pedagógica na Beira, Moçambique, 21 de novembro de 2011. De que Homem se ocupa o desporto? Conferência na reunião anual do Panathlon Clube de Santarém, 29 de dezembro de 2011. Undergraduate and Graduate Programs in FADEUP, Kasetsart University, Banguecoque, Tailândia, 26 de janeiro de 2012. Sport for Life: the artistic function of the Sport, Kasetsart University, Banguecoque, Tailândia, 27 de janeiro de 2012. CULTURA, ESTÉTICA, EXCELÊNCIA, FORMAÇÃO E MISSÃO: DORES E INQUIETUDES. Conferência de Encerramento do XIV Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa, Belo Horizonte-Ouro Preto, Brasil, 2-5 de abril de 2012. Formação e missão: dores e inquietudes. Conferência de abertura do II Seminário de Educação Física da UNIVAS-Universidade do Vale do Sapucaí, Pouso Alegre, Brasil, 25-26 de maio de 2012. Do ideário desportivo: do passado até ao presente, Escola de Educação Física e Esporte da USP, 28 de maio de 2012. Estadia na UNICAMP como Professor e Pesquisador Visitante, a convite do CEAv-Centro de Estudos Avançados, de 29 de maio a 16 de junho 2012, tendo no âmbito das atividades proferido as seguintes conferências: Citius, Altius, Fortius: a Filosofia do Esporte e o olimpismo (31.05.2012); Pedagogia do Esporte: conceitos e orientações (04.06.2012); Formação de Mestres e Doutores: circunstâncias, exigências e competências (05.06.2012 e 13.06.2012); Pedagogia do Esporte: contextos e perspectivas (06.06.2012); Perspectivas da Universidade na Pesquisa e Pós-Graduação (11.06.2012); Esporte e Ética (12.06.2012); Ciência do Esporte: do conceito às perspectivas de formação (13.06.2012); Ciências
do Esporte: formação esportiva e alto rendimento (14.06.2012); Desporto Escolar: o lugar do Esporte na Escola (15.06.2012). Sport and the Human Condition – The ‘artistic’ function of Sport: Why do we need Sport and Sport Sciences? Keynote Lecture 1, I Annual BUU, HUS, U.Porto, Dali U, SAT and IPE Sport Science Research Consortium “Global Aspects of Sport Science: Research and its Applicatins”, In: Burapha University International Conference 2012 Global Change: Opportunity & Risk, 9-11 July, Pattaya, Thailand. Sport and Life, palestra proferida no âmbito da cerimónia de assinatura do protocolo de cooperação entre a FADEUP e a Faculty of Education and Development, Kasetsart University, Kamphaeng Saen Campus, 16.07.2012. Society, Sports and Values: the need of a pratical and discursive remission. Conferência inaugural da 40th IAPS 2012 Conference of the International Association for the Philosophy of Sport, Porto, 12-15 de setembro de 2012. Estado de Desassossego: Instrução e Funcionalização Versus Formação. II Conferência do Fórum da Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa, 6 a 8.11.2012, Instituto Politécnico de Macau. Estado de Desassossego: Instrução e Funcionalização Versus Formação. Simpósio comemorativo dos 40 anos do LAPEX-Laboratório de Pesquisa do Exercício, ESEF-UFRGS, Porto Alegre, Brasil, 28 de novembro de 2012. Tendências da Pós-graduação no tocante ao conceito de ‘Formação’. UNIVERSO-Universidade Salgado de Oliveira, Niterói, Brasil, 3 de dezembro de 2012. Nove pilares de uma política do desenvolvimento do desporto em Portugal. LIDE – FÓRUM NACIONAL DO DESPORTO, Lisboa, 30 de janeiro de 2013. O desporto tem futuro em Portugal? Conferência de Senadores, Cidade Europeia do Desporto, Guimarães, 1 de fevereiro de 2013. BENTO, Jorge Olímpio (2013): Estado de desassossego. 9º Congresso Nacional de Educação Física 2013, FMH-UTL, 1, 2 e 3 de março. Investigación en Deporte: contribución para la excelencia humana y el sentido de la vida. FORMACCIÓN: Deporte + Formación. Ministerio Coordinador de Conocimiento y Talento Humano, Guayaquil, Ecuador, 7-9 de Marzo de 2013. Desporto, Civilização e Superação ou da Aréte à ‘Civilização do Espetáculo’. Intervenção no TRÍPTICO DA MORTE, (Peça: SARCÓFAGO ROMANO), integrado no TRÍPTICO (Exposição-Conferência) Da Luz, Do Corpo, Da Morte, Porto, Museu Soares dos Reis, 13 de março de 2013. Desporto: lugar de criação, de ideais e sonhos - Necessidade de remissão discursiva e prática. Conferência proferida na UNINOVE-Universidade 9 de Julho, São Paulo 11 de abril de 2013. Do significado antropológico, educativo e social do desporto. Congresso ACES Europe - Sport we Can Project Meeting - Guimarães 3 e 4 de maio 2013 Reflexões filosóficas acerca do sentido do desporto. Seminário de Futsal, Santa Marta de Penaguião, 12 e 13 de julho. Estado de desassossego: instrução e funcionalização versus formação. Conferência de abertura do 1º Seminário Nacional de Ciências do Desporto e Educação Física, Um Compromisso com Futuro, Faculdade de Educação Física e Desporto da Universidade Pedagógica, Maputo, 19-20 de agosto de 2013. Intervención en la Tercera Mesa de Deportes dedicada a la creación del Centro de Ciencias del Deporte, Universidad Nacional del Litoral, Santa Fe, Argentina, 3 de setiembre 2013. Deporte: contribución para la excelencia humana y el sentido de la vida. Simposio Iberoamericano de Deporte y Turismo, Universidad Nacional del Litoral, Santa Fe, Argentina, 5 y 6 de setiembre 2013. Estado de desassossego: Instrução e funcionalização versus formação. Sessão de homenagem ao Professor Doutor Manuel Ferreira Patrício, Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, 12 de setembro de 2013. Elogio do Professor Doutor Manuel Ferreira Patrício, Cerimónia de outorga do título de Doutor Honoris Causa ao mesmo Professor pela Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Estado de desassossego: Instrução e funcionalização versus formação, Conferência para os cursos de pós-graduação da Universidade Federal da Rondónia, Porto Velho, Brasil, 18 de setembro de 2013.
Olhar Pedagógico Cultural sobre o desporto, Curso de oito horas, ministrado no IV Congresso Panamazónico de Educação Física e Esporte, Universidade Federal da Rondónia, Porto Velho, Brasil, 19 a 23 de setembro de 2013. Sociedade, Desporto, Ética e Valores, Conferência no IV Congresso Panamazónico de Educação Física e Esporte, Universidade Federal da Rondónia, Porto Velho, Brasil, 19 a 23 de setembro de 2013. A responsabilidade de ser professor, conferência de abertura do Congresso Internacional de Educação e Corporeidade na Amazónia, UFOPA-Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém, 26 a 28 de setembro de 2013. Participante da mesa redonda “Diálogo com conferencista”, Congresso Internacional de Educação e Corporeidade na Amazónia, UFOPA-Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém, 26 a 28 de setembro de 2013. Desporto: uma viagem filosófica e pedagógica através dos tempos. Conferência no Instituto de Educação Física e Esportee, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 3 de outubro de 2013. Dialogando com Jorge Bento sobre o Homo Sportivus. Conferência no Instituto de Educação Física e Esportes, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 3 de outubro de 2013. Copa do Mundo e Olimpíada no Brasil: Legado Histórico e Social. Conferência no Instituto de Educação Física e Esportes, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 4 de outubro de 2013. Viagem desportiva através dos tempos: dos gregos até ao presente. Universidade Sénior do Rotary Clube da Póvoa de Varzim, 9 de outubro de 2013. Desporto: de onde vem e para onde está sendo levado? Necessidade de remissão discursiva e prática. Conferência inaugural do IV Congresso Internacional de Jogos Desportivos: Formação e Investigação. Florianópolis, CDS-UFSC, 6 a 8 de novembro de 2013. Para onde está sendo levada a Universidade pública? 3ª Conferência do FORGES ‘Política e Gestão da Educação Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa, 4 - 6 de dezembro de 2013, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Brasil. O desporto e o olimpismo na afirmação da lusofonia. Congresso Nacional Olímpico, Comité Olímpico de Portugal, Maia, 3-4 de março de 2014. Futebol: Entre a cultura e a ‘civilização do espetáculo. Para onde está sendo levada a bola do mundo? Conferência de encerramento do XV Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa, Recife, 13-16 de abril de 2014. Desporto e valores. Conferência para os estudantes do programa de doutoramento do Centro de Desportos da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 22 de abril. Competências e obrigações próprias de um doutor. Conferência para os estudantes do programa de doutoramento do Centro de Desportos da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 22 de abril de 2014. Do Processo de Bolonha e do mal-estar na Universidade: Rosário de inquietudes. Conferência de abertura do Fórum sobre Reforma Universitária da Asociación de Universidades do Grupo Montevideo, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 24 de abril de 2014. El Deporte y sus valores. Conferência plenária no X Congreso Internacional de Ciencias del Deporte y la Educación Física. Universidad de Vigo, Campus de Pontevedra, 8-10 de mayo 2014. Sociedad, Deporte y valores. Conferência de abertura do I Congreso Internacional de Responsabilidad Social Corporativa y Gestión Deportiva. Facultad de Ciencias del Trabajo, Universidade de Granada, 21 a 23 de maio de 2014. Para onde está sendo levada a bola do mundo? Conferência de abertura do Simpósio sobre futebol, Instituto Politécnico de Bragança, 26 de maio de 2014. A propósito do Doutoramento Honoris Causa do Comité Olímpico de Portugal (Discurso de elogio do doutorando), Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro, 23 de junho de 2014. Desporto e valores. Aula Magna do Curso de Pós-Graduação em Educação Física e Desporto, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Brasil, 2 de setembro de 2014. Desporto e valores: uma aliança natural carecida de renovação. 42nd Conference of the IAPSInternational Association for the Philosophy of Sport & Ist Conference of the ALFID-Asociación Latina de Filosofia del Deporte, Natal, Brasil, 3-6 setembro de 2014.
Estado de desassossego: instrução e formatação versus formatação. Casa da Filosofia, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, Brasil, 8 de setembro de 2014. Da necessidade de educação e de professores. UNIFOR-Universidade de Fortaleza, 9 de setembro de 2014. O papel do professor no desenvolvimento social. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, Campus de Canindé, 10 de setembro de 2014. Uma proclamação digna da Universidade: Haja decência, equidade e respeito. Comemoração do Dia da FADEUP, 22 de setembro de 2014. Do mal-estar na Universidade: Estado de desassossego e rosário de inquietudes. Seminário Internacional de Educação Superior ‘Formação e Conhecimento’, Universidade de Sorocaba, Brasil, 26 a 28 de outubro de 2014. Do estado da Universidade: metida num sarcófago ou no leito de Procrustes? Seminário Internacional: Universidade e Sociedade do Conhecimento, UNICAMP, Brasil, 29 de outubro de 2014. O Desporto e a Juventude. Dia Internacional da Juventude de Timor, Tane Timor e AICEM, Casa do Infante, Porto, 15 de novembro de 2014. Pós-Graduação e Renovação da Universidade. Conferência inaugural do Seminário de Abertura do Programa Doutoral em Ciências do Desporto. Faculdade de Educação Física e Desporto, Universidade Pedagógica, Maputo, 8-9.04.2015. INQUIETUDES DE UN ACADÉMICO EN ESTA ERA CREPUSCULAR. Conferência inaugural do Workshop Internacional La Especificidad y la Responsabilidad Social Deportiva por el pleno desarrollo personal. UCLM – Universidad Castilla-La Mancha, Toledo, 16-17 de abril de 2015. Inquietudes de um académico nesta era crepuscular. Conferência inaugural do Congresso Responsabilidade Social Corporativa e Gestão do Desporto Sustentabilidade da Atividade Desportiva, Escola Superior de desporto, Rio Maior, 30 abril e 1 Maio 2015. Culturas Corporais: uma viagem filosófica através dos tempos. Ação de formação da Federação Portuguesa de Karaté, Lisboa e Porto, 1 e 2 de maio de 2015. Estado de desassossego: Instrução e funcionalização versus formação. CFAEA-Centro de Formação Avançada para o Ensino e Aprendizagem, Universidade Nacional de Timor Lorosa’e, Díli, Timor-Leste, 6 de maio de 2015. Acerca de Função e Responsabilidade da Educação e do Professor: Educação e Professores Para Quê? Universidade Nacional de Timor Lorosa’e, Díli, Timor-Leste, 8 de maio de 2015. Quem guarda, pastoreia e cria hoje o rebanho da Humanidade? Da política e da educação – dos políticos e dos professores. IV Jornadas de encerramento do estágio profissional – A Educação Física em Perspetiva FADEUP, 8 de junho de 2015. Impressões de viagens à Ásia Lusófona. Serões da Bonjoia, Porto, 18 de junho de 2015. O que nos resta? Que impressões? Que expressões? Conferência de encerramento do VI Congresso de Educação Física ’Esporte: Impressões e Expressões’ da Faculdade ASCES, Caruaru, Pernambuco, Brasil, 1-4 de setembro de 2015. Ética e Esporte. Conferência de abertura do Congresso práticas esportivas e corporais, SESC-SP, Ribeirão Preto, 21 a 24 de outubro de 2015. Educação Física Escolar versus Inatividade e Obesidade. Conferência de abertura do VIII Fórum de Educação Física Escolar, 10-12 de janeiro de 2016, integrado no 31º Congresso Internacional de Educação Física da FIEP, Foz do Iguaçu, Brasil, 9-12 de janeiro de 2016. Elogio do Prof. Manuel Patrício. Testemunho proferido no Simpósio de Homenagem a Manuel Ferreira Patrício, Instituto de Filosofia, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 25 de fevereiro de 2016. Viagem às fontes matriciais e axiológicas do desporto: valores do passado, inquietudes e desafios do presente. Laboratório de Pesquisa sobre Gestão do Esporte – GESPORTE, Universidade de Brasília, 26 de abril de 2016. Problemas no paraíso: A propósito do produtivismo, da competitividade, da bibliometria, ‘papermania’, perversão da docência, etc. Intervenção na mesa redonda Ensino Superior: produtivismo e alienação académica. Ciclo de colóquios PERSPECTIVAS UNICAMP 50 ANOS. UNICAMP-Universidade Estadual de Campinas, 28 de abril de 2016. Para onde está sendo empurrada a educação? Qual é o ideal que a guia? Jornadas de Encerramento do 2º Ciclo de Formação de Professores, FADEUP, 30 de maio de 2016.
Quem cria, guarda e pastoreia o rebanho da Humanidade? Conferência de Abertura do II Seminário sobre Ciências do Desporto do Programa Doutoral em Ciências do Desporto. Faculdade de Educação Física e Desporto, Universidade Pedagógica, Maputo, 4-5 de julho de 2016. Educação e Professores: Porquê e para quê? Um olhar pedagógico (antropológico, cultural, estético, ético e filosófico). Delegação da Universidade Pedagógica de Quelimane, Moçambique, 13 de julho de 2016. Educação e Professores: Porquê e para quê? Um olhar pedagógico (antropológico, cultural, estético, ético e filosófico). Secretaria da Educação do Estado de Minas Gerais, 6 de dezembro de 2016. Da aula - lugar do encontro - e do professor – ‘Conversa’ entre pares. 32º. Congresso da FIEPFederação Internacional de Educação Física, Foz do Iguaçu, Brasil, 14-17 de janeiro de 2017. Viagem às fontes matriciais e axiológicas do desporto: valores do passado, inquietudes e desafios do presente. Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física, Universidade de Coimbra, 10 de março de 2017. Da aula - lugar do encontro - e do professor – ‘Conversa’ entre pares. UECE-Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 9 de junho de 2017. Em nome da ‘parrésia’ ou ‘coragem da verdade’: Inquietudes e perguntas ou uma sinopse dos problemas no Paraíso. IFCE-Instituto Federal do Ceará, 9 de junho de 2017. Da missão e responsabilidade da educação, da Escola e do Professor. Conselho Regional de Educação Física do Ceará, Fortaleza, 10 de junho de 2017. Viagem às fontes matriciais e axiológicas do desporto. FANOR, Fortaleza, 12 de junho de 2017. Acerca da aula (o lugar do encontro) e do professor: Uma ‘conversa’ entre pares. APEF – Associação de Profissionais de Educação Física, Porto, 16.10.2017. Inquietudes éticas e perplexidades epistemológicas no tocante à educação e ao desporto: Remissão discursiva e reencontros inadiáveis. Conferência de abertura do II Congresso de Educação Física Escolar do Ceará, UECE, 16 – 18.11.2017. Da docência e do professor: desafios e exigências. Conferência de encerramento do II Congresso de Educação Física Escolar do Ceará, UECE, 16 – 18.11.2017. Competências e exigências de mestres e doutores. Conferência no Curso de pós-graduação (mestrado e doutorado) em educação da saúde, Universidade Estadual do Ceará, 17.11.2017. Da educação e dos professores: Porquê e para quê? Conferência organizada pelo Conselho Regional de Educação Física do Pará e Amapá, Belém e Macapá, 22 e 24.11.2017. Viagem às fontes matriciais e axiológicas do desporto – Desafios do presente. Encontro de gestores desportivos, Belém, 27.11.2017. Da beleza e da arte como fundadoras do humano. Conferência de encerramento do Fórum de Educação Física Escolar, Congresso da FIEP, Foz do Iguaçu, 13-16 de janeiro de 2018. Em nome do futuro: inquietudes de um Professor Jubilado nesta era crepuscular. Conferência de encerramento do XVII Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa, Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 25-28.09.2018. Educação e professores: porquê e para quê? Um olhar pedagógico (antropológico, axiológico e cultural). APREFIMBA, Baturité, Ceará, 30 de setembro de 2018. Legitimação da educação e da educação física. Fundação Getúlio Vargas, Fortaleza, 3 de setembro de 2018. Discurso de elogio do Dr. Roberto Gesta de Melo na cerimónia de outorga do título de Doutor Honoris Causa, Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 12 de novembro de 2018. Para quê e porquê precisamos da educação e de professores. Universidade Nilton Lins, Manaus, 13 de novembro de 2018. EM NOME DO FUTURO: Cuidar da educação, da universidade e da sociedade-Inquietudes de um professor jubilado nesta era crepuscular. Aula inaugural do Curso de Ciências do Desporto da Universidade de Tras-Os-Montes e Alto Douro, 21 de novembro de 2018. O Esporte na Escola, XI FÓRUM DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR do CONFEF - Conselho Federal de Educação Física do Brasil, 14.01.2019, 34º Congresso Mundial da FIEP, realizado em Foz do Iguaçu de 12 a 16.01.2019.
Desporto e valores: uma aliança natural carecida de renovação, X SEMINÁRIO SOBRE VALORES DO ESPORTE E EDUCAÇÃO OLÍMPICA do CONFEF - Conselho Federal de Educação Física do Brasil, 15.01.2019, 34º Congresso Mundial da FIEP, realizado em Foz do Iguaçu de 12 a 16.01.2019. Desporto é uma coisa séria. Colóquio com o Arcebispo Primaz de Braga, Centro Cultural Vila Flor, Guimarães, 17 de abril de 2019. Contributo do Desporto e da Educação Física para o Desenvolvimento do Ser Humano. Centro Universitário UNIGRANDE, Fortaleza, 8 de maio de 2019, Desporto e Valores: uma aliança natural carecida de renovação. UFRPE-Universidade Federal Rural de Pernambuco, 14 de maio de 2019. Em nome do futuro: inquietudes respeitantes à educação e pós-graduação. Departamento de Educação Física da UFPE-Universidade Federal de Pernambuco, 15 de maio de 2019. Desporto e Valores: uma aliança natural carecida de renovação. Centro Universitário Tabosa de Almeida (ASCES-UNITA), Caruaru, 15 de maio de 2019. Desporto e Valores: uma aliança natural carecida de renovação. Faculdade AESA-ESSA, Arcoverde, 16 de maio de 2019. FUNÇÕES DE NATUREZA EDITORIAL Membro do Conselho Editorial do Boletim da Universidade do Porto até 2005. Membro do Conselho Editorial de Horizonte - Revista de Educação Física e Desporto, Lisboa. Membro do Conselho Editorial da Revista Inovação, do Instituto de Inovação Educacional, Lisboa. Membro do Conselho Editorial da Revista Brasileira de Ciência & Movimento, São Caetano do Sul, São Paulo, Brasil. Membro do Comité Científico da Revista Cultura, Ciência y Deporte, Universidad Católica San António de Múrcia, Espanha. Membro do Consejo de Redacción da Revista de Educación Física, INEF Galicia, A Coruña, Espanha. Membro do Conselho Editorial da Revista PRAXIS DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DOS DESPORTOS, Instituto de Educação Física e dos Desportos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Membro do Conselho Editorial do Journal FITNESS & Performance, COBRASE – Colégio Brasileiro de Atividade Física, Saúde e Esporte, Rio de Janeiro. Membro do Conselho Editorial da Revista Arquivos em Movimento, Escola de Educação Física e Desportos da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Membro do Conselho Editorial da Revista ação & movimento, atlântica editora, Rio de Janeiro. Membro da Comissão Editorial da Revista Itinerários – Revista de Educação, do Instituto Superior de Ciências Educativas, Odivelas. Membro do Comité Científico da Revista Ímpetus, Educación Física, Recreación y Deportes, Facultad de Ciencias Humanas y de la Educación, Universidad de los Llanos, Villavicencio, Colombia. Membro do Comité Científico da Revista Sportis, Revista Técnico-Científica del Deporte Escolar, Educación Física y Psicomotricidad, Universidade de A Coruña, Espanha. Director da RPCD - Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, desde 2000 até 2016. Membro da Comissão Editorial da Universidade do Porto, desde 2005. Membro do Conselho Editorial da revista GLOBO, desde 2012. Diretor da Revista DESPORTO E RECREAÇÃO, desde fevereiro de 2013. Membro do Conselho Editorial da revista CONEXÕES: REVISTA DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO FISICA DA UNICAMP, a partir de abril de 2013. Membro do Conselho Editorial da Revista JuSportivus, Revista do Grupo de Direito Desportivo da Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil – UFRJ, a partir de 2018. Membro do Comité Editorial do livro Direito desportivo: o contexto hipermoderno. Belo Horizonte: Casa da Educação Física, 2019. Avaliação do artigo “Acesso e desempenho no Ensino Superior em Portugal: Questões de género, origem sócio-cultural, percurso académico, expectativas, escolha do curso e idade dos estudantes”. Revista da Avaliação da Educação Superior, Universidade de Sorocaba, junho de 2019. FUNÇÕES EM SOCIEDADES E ORGANISMOS INTERNACIONAIS
Sócio Fundador e Vice-Presidente da Society of European Sports Studies, com sede em Colónia, Alemanha. Perito convidado do Committee for the Development of Sport do Conselho da Europa para o Meeting Socialisation, realizado em Strasbourg em 13-14 de Outubro de 1994, destinado à elaboração de um documento definidor do conceito de ‘desporto’ no âmbito do projecto Social Significance of Sport. Membro da AIESEP - Association Internationale des Écoles Superieures D’Éducation Physique. Membro do ICSSPE - International Council of Sport Science and Physical Education. Co-fundador do Movimento dos Congressos de Educação Física e Ciências do Desporto dos Países de Língua Portuguesa, desencadeado com a realização do I Congresso na Universidade do Estado do Rio de Janeiro de 22 a 26 de agosto de 1989. Membro da Comissão que elaborou a definição de ‘desporto’, constante da Carta Europeia Do Desporto, em reunião realizada no Parlamento Europeu, Estrasburgo. Coube-me a apresentação da formulação que foi aprovada por unanimidade pelos peritos convocados para o efeito, oriundos da Alemanha, França, Finlândia, República Checa e Portugal. OUTRAS FUNÇÕES
Membro eleito, entre os Professores da Universidade do Porto, do Conselho Geral da Fundação Gomes Teixeira, desde 6 de junho de 1986, reeleito em 13 de fevereiro de 1992 e em 9 de novembro de 1994 até 1998. Membro, designado pelo Reitor da UP em 2007, do Conselho Geral da Fundação Gomes Teixeira Relator das Comissões, nomeadas por despachos do Magnífico Reitor da Universidade de Coimbra, de 16 de setembro de 1986 e 17 de Novembro de 1988, tendo em vista a criação de um curso na área das Ciências do Desporto naquela Universidade. Membro da Comissão do Programa Integrado de Desenvolvimento Desportivo, empossada pelo Senhor Ministro da Educação em 5 de novembro de l990. Consultor do Instituto Politécnico de Macau para a elaboração, em julho de 1993, do Plano de Estudos da Escola de Educação Física e Desporto daquela instituição. Sócio fundador e Vice-Presidente da Direcção da Associação para a Amizade e Cooperação PortugalBrasil, desde a sua fundação em 22.03.93. Vereador da Câmara Municipal do Porto, com competências delegadas para o Fomento Desportivo e para as Relações com as Universidades, nos períodos de 16 de Abril a 24 de Julho de 1997 e de 24 de setembro de 1997 até 1 de fevereiro de 1999. Membro da Comissão de Honra do doutoramento honoris causa do Sr. Doutor Mário Soares, outorgado pela Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Brasil, em cerimónia realizada no dia 12 de julho de 1996. Vogal da Comissão Externa de Avaliação dos Cursos Superiores de Educação Física/Desporto, Conselho de Avaliação da Fundação das Universidades Portuguesas, nomeado em maio de 1998. Membro da Comissão Examinadora do Concurso Público para provimento de quatro vagas de Professor Auxiliar na disciplina de Educação Física, do Departamento de Educação Física e Artística, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Portaria nº. 010 / CAP / 98, de 4 de novembro de 1998. Membro da Comissão para Elaboração do Guia de Desenvolvimento Estratégico da Universidade do Porto no Período de 2000-2004, constituída em dezembro de 1998. Membro do Conselho de Educação Contínua da Universidade do Porto, nomeado pelo despacho reitoral nº. 12/99, de 19 de outubro de 1999. Conselheiro do Conselho Superior do Desporto, desde 5 de janeiro de 2000 até 7 de julho de 2001, com público louvor do Sr. Ministro da Juventude e Desporto, Despacho nº. 14 279/2001 (2ª. Série), Diário da República nº. 156, de 7 de julho de 2001. Presidente do Conselho Superior de Desporto, nomeado pelo Despacho nº. 14 280/2001 (2ª. Série) do Sr. Ministro da Juventude e Desporto, Diário da República nº. 156, de 7 de julho de 2001. Vice-Presidente da Comissão Externa de Avaliação dos Cursos Superiores de Educação Física/Desporto, Conselho de Avaliação da Fundação das Universidades Portuguesas, nomeado em junho de 2002. Presidente da Comissão Organizadora do X Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa, Porto, 27 de Setembro a 21 de outubro de 2004. Membro do Conselho Cultural do Futebol Clube do Porto, desde 1995 até 2011.
Membro da Comissão de Implementação do Processo de Bolonha na área do Desporto, nomeada pela Sra. Ministra da Ciência e do Ensino Superior, em 2004. Deputado da Assembleia Municipal do Porto, eleito nas eleições autárquicas de Outubro de 2005 até outubro de 2009. Membro da Comissão de Avaliação de candidaturas a bolsas na área das Ciências do Desporto, junto da FC&T, desde 2006. Membro da Comissão de Ética da Universidade do Porto, designada pelo Reitor em 2007, com mandato renovado para o quadriénio 2011-2014. Presidente do Conselho Consultivo do Comité Olímpico de Portugal no período de 2009-2012. Membro da Comissão Científica do I Congresso Científico Internacional de Educação Física, Esporte, Lazer e Saúde do Brasil Norte, Universidade Federal do Pará, Belém, 28-30 de maio 2009. Membro da Comissão de Elaboração do Regulamento de Avaliação do Desempenho dos Docentes da Universidade do Porto, designada pelo Reitor em Fevereiro de 2010. Presidente da Comissão de Avaliação Externa dos Ciclos de Estudos dos Institutos Politécnicos, na área de Desporto, A3ES – Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, março de 2010. Presidente da Comissão Científica do I Congresso Científico Internacional de Educação Física, Esporte, Saúde e Educação do Triângulo Mineiro, Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba, 4 a 7 de novembro de 2010. Membro do Comité Científico do I Congresso Internacional de Atletismo de la UCAM (Universidad Católica San António de Murcia) – De la iniciación al alto rendimiento, 16, 17 e 18 de dezembro de 2010. Membro da Comissão Científica da Fourth International Conference Swimming Pool and Spa – Research and Development on Health, Ai rand Water Quality Aspects of the Man-Made Water Environment, Instituto Superior de Engenharia do Porto, 15 – 18 de março de 2011. Membro do Scientific Board of the International Scientific Conference Exercise and Quality of Life, University of Novi Sad, Faculty of Sport and Physical Education, Sérvia, 24 – 26 de março de 2011. Membro da Comissão Científica do V FÓRUM DE TURISMO DO IGUASSU, 16 a 18 de junho de 2011, Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil. Membro da Comissão Científica do VII Congresso Iberoamericano de Docência Universitária, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, 24-27 de junho de 2012. Membro da Comissão Científica da 3ª Conferência do FORGES – Fórum da Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa, subordinada ao tema “Política e Gestão da Educação Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa”, a realizar nos dias 4, 5 e 6 de Dezembro de 2013 na Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Brasil. Membro da Comissão Científica da 4.ª Conferência da Associação FORGES – Fórum da Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa, subordinada ao tema "A expansão do Ensino Superior nos Países de Língua Portuguesa: desafios, estratégias, qualidade e avaliação", realizada nos dias 19, 20 e 21 de Novembro de 2014 nas cidades do Lubango (Universidade Mandume Ya Ndemufayo) e de Luanda (Universidade Agostinho Neto), em Angola. Membro da comissão externa da avaliação institucional, nos dias 1, 2 e 3 de dezembro de 2014, referente ao período 2009-2013, da FCA-Faculdade de Ciências Aplicadas da UNICAMP-Universidade Estadual de Campinas. Membro da Comissão Científica da 5.ª Conferência da Associação FORGES – Fórum da Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa, 18-20 de Novembro de 2015, Universidade de Coimbra. Membro do Conselho Científico da Associação FORGES – Fórum da Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa, a partir de novembro de 2015. Padrinho e orador da cerimónia de atribuição do grau de Doutor Honoris Causa, a título póstumo, ao Sr. Mário Esteves Coluna, Universidade Pedagógica, Maputo, 11 de julho de 2016. Membro da Comissão Científica da 6.ª Conferência da Associação FORGES – Fórum da Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa, subordinada ao tema “Para que(m) servem a universidade e as instituições do ensino superior? Balanços, proposições e desafios acerca das IES no séc. XXI”, 28-30 de Novembro de 2016, Universidade de Campinas.
Moderador e interventor no Painel 1/conferência plenária (“Os Múltiplos Desafios da Reafirmação e Renovação da Missão das Instituições do Ensino Superior”), e moderador do Eixo 2 (“Os Contributos do Ensino Superior Face aos Novos Desafios Societais”, da 6.ª Conferência da Associação FORGES – Fórum da Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa, 28-30 de Novembro de 2016, Universidade de Campinas. Membro da Comissão Externa de Avaliação nos concursos para Professor Titular das Doutoras Artemis Soares e Káthia Tomé Lopes, UFAM-Universidade Federal do Amazonas, 6 de junho de 2017. Membro da Comissão Cultural do Comité Olímpico de Portugal, a partir de 3 de julho de 2017. Membro da Comissão Científica da 7.ª Conferência da Associação FORGES – Fórum da Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa, co-organizada pela FORGES e pela Universidade Eduardo Mondlane, Universidade Politécnica, Universidade UniZambeze, Instituto Superior de Relações Internacionais (ISRI) e Universidade Pedagógica; e subordinada ao tema subordinada ao tema “A Gestão do Ensino Superior e o Desenvolvimento dos Países e Regiões de Língua Portuguesa: Desafios Globais, Experiências Nacionais e Respostas Institucionais”, 29 e 30 de Novembro e 1 Dezembro de 2017, Maputo. Membro de Mérito do Comité Olímpico de Portugal, aprovado por unanimidade e aclamação da Assembleia Plenária, em 28.11.2017.
CONDECORAÇÕES E OUTRAS PROVAS DE RECONHECIMENTO
Comendador da Ordem do Rio Branco, condecoração concedida por Sua Excelência o Senhor Presidente da República Federativa do Brasil, Prof. Doutor Fernando Henrique Cardoso, por decreto de 20 de maio de 1996. Reconhecimento pela Portaria nº. 023/94, de 11.04.94, da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal do Amazonas, Manaus, Brasil, ao seu empenho “na articulação e efetivação do convénio entre a UA e a UP”. Medalha do Mérito Universitário, conferida pela Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, Brasil, em 31.07.1994. Medalha de Honra ao Mérito Municipal, concedida pela Câmara Municipal de Vereadores de Campina Grande, Brasil, Resolução nº.063/94, de 28 de julho de 1994, “como reconhecimento aos relevantes serviços prestados à comunidade campinense”. Sócio de Mérito da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, nomeado por unanimidade em Assembleia Geral de 27 de janeiro de 1998. Prémio Prof. Doutor Eckhard Meinberg, atribuído, em 24.10.98, pela publicação do livro O outro lado do desporto. Medalha do Mérito Universitário, conferida pela Universidade Federal do Amazonas, Manaus em 23 de junho de 2000. GOLD CROSS concedida pela FIEP – Fédération Internationale d’Éducation Physique, em novembro de 2002. Medalha dos 70 anos da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo, 4 de agosto de 2004. Medalha do Mérito Universitário, atribuída pela Universidade Federal da Paraíba, Brasil, em 14 de setembro de 2004. Medalha de Bons Serviços Desportivos, atribuída pelo Secretário de Estado do Desporto de Portugal, Despacho Nº. 18/SED/2004, 21 de setembro de 2004. Troféu Movimento Edição 2005, atribuído pela APEF/RS - Associação dos Profissionais de Educação Física do Rio Grande do Sul, “pelos relevantes serviços desempenhados à nobre causa da Educação Física no Rio Grande do Sul”. A entrega teve lugar em 29 de novembro, em Gramado, no decurso do 2º. Congresso Internacional de Treinamento Esportivo da Rede CENESP “Esporte para Crianças e Jovens” (28/11 a 1/12 de 2005). Cruz de Mérito, atribuída pela Direcção do Sport Club do Porto em 30.06.2006. Medalha de Ouro, atribuída pelo Real Hospital Português de Beneficência em Pernambuco, Recife, em sessão solene realizada no dito hospital em 8 de agosto de 2007.
Medalha Sylvio Raso, concedida pela FIEP – Federação Internacional de Educação Física, comemorativa dos 60 anos da presença desta organização no Brasil, janeiro de 2009. Medalha de Mérito da Faculdade de Educação Física e Desporto da Universidade Pedagógica de Moçambique, entregue na Cerimónia de Encerramento do XIII Congresso de Ciências do Desporto e Educação Física dos Países de Língua Portuguesa, Maputo, 2 de abril de 2010. Membro Honorário da Sociedade Científica de Pedagogia do Desporto, Tomar, 28 de novembro de 2010. Salva de homenagem do CREF6 – Conselho Regional de Educação Física de Minas Gerais, “pela dedicação e inquietudes científicas e humanas na ânsia da construção do ser pelo saber”, entregue na sessão de abertura do XIV Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa, Belo Horizonte – Outo Preto, Brasil, 2-5 de abril de 2012 Placa de homenagem da UFOP-Universidade Federal de Ouro Preto, pelos relevantes serviços prestados à Educação Física, entregue na cerimónia de encerramento do XIV Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa, Belo Horizonte – Ouro Preto, Brasil, 25 de abril de 2012. Medalha Manoel Tubino, concedida pela FIEP – Fédération Internationale d’Education Physique, Foz do Iguaçu, Brasil, 13 de janeiro de 2013, “em reconhecimento pelos relevantes serviços prestados à FIEP Mundial para o desenvolvimento da Educação Física, Desporto e Recreação, em comemoração aos 90 anos de atividades da FIEP”. Medalha Comemorativa dos 75 Anos da Faculdade de Motricidade Humana, concedida a algumas entidades e personalidades, entregue na sessão solene realizada em 16 de dezembro de 2015. Prémio Top FIEP 2015/2016, atribuído, através de votação eletrónica, pela FIEP - Fédération Internationale d’Education Physique. O troféu foi entregue na cerimónia de abertura do 31º Congresso Internacional de Educação Física-FIEP 2016, realizado em Foz do Iguaçu, Brasil, de 9 a 12 de janeiro de 2016. Comenda da Ordem da Educação Física, outorgada pelo Conselho Regional de Educação Física do Estado do Paraná, Brasil. Foi entregue na cerimónia de abertura do 31º Congresso Internacional de Educação Física-FIEP 2016, realizado em Foz do Iguaçu, de 9 a 12 de janeiro de 2016. Voto de louvor e distinção, atribuído, por unanimidade, pelo Conselho de Representantes da FADEUP, em 20.04.2016, em conhecimento de “o trabalho e o empenhamento tidos em prol da Faculdade de Desporto bem como da Universidade do Porto”. Medalha da Ordem do Mérito do CREF7-Conselho Regional de Educação Física da 7ª Região, pelos relevantes serviços prestados à Educação Física. Brasília, 26 de abril de 2016. Placa de homenagem do Igesporte-Instituto de Desenvolvimento do Esporte, “em reconhecimento à sua história de permanente atuação, como protagonista, no desenvolvimento do exporte, cultura, saúde e lazer, na busca de melhores condições para a sociedade”. Brasília, 26 de abril de 2016. Atribuição da Ordem Olímpica Nacional, e eleição para membro de mérito do Comité Olímpico de Portugal, ambas por unanimidade, em 26 de abril de 2016. Homenagem “pelas expressivas contribuições académicas e científicas prestadas à Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo”. São Paulo, 29 de abril de 2016. Medalha de Mérito Municipal, Grau Ouro, proposta pelo Presidente e atribuída pela Câmara Municipal do Porto em 5 de julho de 2016. Cruz de Mérito, Grau Ouro, do Sport Club do Porto, entregue em sessão pública, com a presença do Presidente da Câmara Municipal do Porto, de 20.07.2016. Membro de Mérito do Comité Olímpico de Portugal, com aprovação por unanimidade e aclamação na Assembleia Plenária de 28 de novembro de 2017. Placa de homenagem pelos relevantes serviços prestados à cooperação e ao desenvolvimento das ciências do Desporto e da Educação Física nos países lusófonos. XVII Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa, Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 25-28.09.2018. Membro efetivo da Academia Brasileira de Educação Física, criada em 11.01.2019, empossado no dia 12.01.2019, na Sessão Solene de Abertura do 34º Congresso Mundial da FIEP, realizado em Foz do Iguaçu de 12 a 16.01.2019.
Medalha Comemorativa dos 20 anos do CONFEF-Conselho Federal de Educação Física do Brasil, entregue em 12.01.2019, no 34º Congresso Mundial da FIEP, realizado em Foz do Iguaçu de 12 a 16.01.2019. Medalha de Homenagem do CREF4-Conselho Regional de Educação Física de São Paulo, entregue em 15.01.2019, no 34º Congresso Mundial da FIEP, realizado em Foz do Iguaçu de 12 a 16.01.2019.
BANDEIRAS DA LUSOFONIA1 JORGE OLÍMPIO BENTO2 Com as lágrimas do tempo E a cal do meu dia Eu fiz o cimento Da minha poesia. E na perspectiva Da vida futura Ergui em carne viva Sua arquitetura. Não sei bem se é casa Se é torre ou se é templo: (Um templo sem Deus.) Mas é grande e clara Pertence ao seu tempo - Entrai, irmãos meus! Vinicius de Moraes3
À maneira de apresentação É sabido que um namorado nunca se cansa de dizer maravilhas da namorada. E que a paixão é, por natureza, desmedida e excessiva e leva a quebrar todos os conselhos e regras da etiqueta, da descrição, da contenção e do comedimento. Assim não me vai ser fácil vigiar a emoção e impedir que ela se ponha no dorso das palavras e que estas cavalguem à rédea solta. Nenhum esforço farei para obstar que a lava do amor à causa da Lusofonia, a todas as pátrias lusófonas e às suas gentes se derrame intensamente, por ela ser o alvo sublimado de ansiedades e desejos insatisfeitos, de lembranças e sonhos revividos. Rogo-lhes, portanto, caros leitores, compreensão e condescendência e peço-lhes, sobretudo, que se sintam co-autores deste ‘discurso’, pois a atenção fatiga-se depressa em qualquer tarefa, no caso da alma não se envolver com ela. Mais, proponho que façam da leitura deste texto uma comunhão festiva e que assumam a condição, o papel e o juramento de abelhas diligentes e solidárias do mesmo cortiço. Para que o embrião do nosso propósito vá crescendo pouco a pouco e atinja o tamanho do coração. Quem escreve e vos fala é um sujeito de franqueza desembainhada, um fulano rude, arisco, anguloso, agressivo e terroso, avesso a maciezas e salamaleques, não por opção sua, mas por condicionamento da terra de nascimento e das estações da vida. A sua fisionomia é a das penedias transmontanas, da fundura dos vales do Alto Douro, da dureza dos relevos e do magma telúrico e medular que os anima. É daí que recebe alento, ousadia e força para vos conclamar para o exercício da responsabilidade de guarda e transmissão, com tenacidade mourejadora, do testemunho que, aqui e agora, deposito nas vossas mãos. Estou perante vós, apoiado no bordão de Miguel Torga (1907-1995), com o corpo a um tempo ajoujado e a outro impulsionado pelo carrego da obrigação imposta pela terra e pelo brio. Porque as barreiras, as dificuldades e os limites somente existem para serem superados. Vim do outro lado do mar, tocado pelos ventos alíseos e sabendo que a lonjura da caminhada está preenchida pelo comprimento da saudade. E 1
Este texto corresponde a uma reelaboração da conferência de encerramento (Acerca das novas bandeiras) do XI Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física (Renovação e Consolidação), realizado de 6 a 9 de setembro de 2006 na Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo. 2 Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Desporto, Universidade do Porto. 3 Vinicius de Moraes, Poética (II), Nova Antologia Poética. São Paulo, Companhia das Letras, 2013.
que aqui encontraria o trigo da sábia generosidade, repartido num abraço de fraternidade. Vim atraído por duas forças convergentes, de resplandecente fulgor ético e estético: a do meio e a da consciência. A desta terra, deste país onde o mundo inteiro se revê em maré inchente, na medida em que o Brasil aceita, comporta e integra o mundo inteiro, por ser o caldeirão do orbe sem que isso o desfeie e desfigure. Ora a esta vocação deve corresponder a nossa vontade, lúcida e consciente, laboriosa e suada, de nos abrirmos aos nossos povos e ao mundo, zelosos de lhes pertencermos e de os servirmos. Sou da terra do Padre Manuel da Nóbrega (1517-1570), que chefiou a comitiva dos jesuítas que vieram, em 1549, com Tomé de Sousa (1515-1579), o primeiro governador-geral do Brasil. Manuel da Nóbrega era gago, mas não lhe faltaram o verbo e a desenvoltura para, em cima de um jumento, subir o planalto de Piratininga e ajudar a fundar a cidade de São Paulo, que havia de ser o grande pólo de irradiação para o interior do Brasil e transformar-se numa das maiores urbes universais. O meu corpo e a minha alma já não se acomodam no agro originário. E por isso é sempre em estado de alvoroço que aqui chego, com a vontade renovada de regressar definitivamente a este chão tropical, onde a minha natureza se sente mais livre, se desmede e transcende às alturas da esperança. Sinto-me ubíquo, com um pé lá e outro cá, perfeitamente enraizado e viçoso neste lugar, como se fosse o meu torrão natal. Embebedo-me a contemplar a “descomunal grandeza do Brasil, durante séculos a levedar, e finalmente a florir”. Sim, é aqui, nesta pátria da minha afeição, que a minha alma – tal como a de Miguel Torga - encontra dimensões imprevistas, “que vão para além da largueza espacial das bandeiras, da altura religiosa das missões e do comprimento marítimo da saudade. Dimensões dum novo humanismo que tem a matriz no porvir”.4 Junta-nos neste empreendimento a mensagem de Fernando Pessoa (1888-1935), qual eternidade anímica ou agulha de sismógrafo, sensível e científica, a pedir que viremos as antenas em novas direções, para escutarmos as inquietações e encontrarmos respostas para as perguntas que se levantam à nossa volta. Sim, é Pessoa que me anima e vem em minha ajuda; e eu queria nesta hora ter a sua pluralidade, voz e visão, ser o Pessoa heterónimo e multiplicado: o Pessoa político, o Pessoa historiador, o Pessoa angustiado, o Pessoa esteta, o Pessoa ocultista, o Pessoa profético. Mas sou, sobretudo, o Pessoa (Bernardo Soares) do desassossego. Como ele, eu sei que não sou nada e que, aparte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. E assim atrevo-me a vir aqui com a pretensão de tentar abrir as janelas da minha e da vossa alma para a Pátria Lusófona, com a caligrafia dos afetos que só a poesia sabe formatar: Janelas do meu quarto Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é E se soubessem quem é, o que saberiam? Dais para o mistério de uma rua constantemente cruzada por gente. Sinto-me muito honrado por me ter sido dado o subido privilégio de vos dirigir a palavra. Agradeço sensibilizado aos organizadores desta publicação, tanto mais que, de novo, me revejo em Fernando Pessoa: Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou? Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa! E há tantos que pensam a mesma coisa Que não pode haver tantos. Tenho a noção de que o meu empenho e zelo não serão correspondidos pelo nível da prestação. Por isso apresento-me com a corda das desculpas ao pescoço, implorando e esperando a vossa compreensão. Mais uma vez Pessoa vem em meu auxílio: Em certos casos, quanto mais nobre é o génio, menos nobre é o destino. Um pequeno génio ganha fama, um grande génio ganha descrédito, um génio ainda maior ganha 4
Miguel Torga, Ensaios e Discursos. Lisboa: Círculo de Leitores, 2002.
desespero; um deus ganha crucificação. Eu estou certo de que ganharei a vossa indulgência e de que subirei ao céu da vossa amizade e fraternidade.5 Bandeira da descoberta da nossa identidade Quando apelamos à consolidação da comunidade lusófona, não é para advogar a uniformidade ou porque sejamos sósias uns dos outros. Não somos, nem nos move nada disso; temos muitas e essenciais diferenças que devemos evidenciar e aproveitar como traços de união. A nossa matriz e riqueza provêm da pluralidade e diversidade que nos tornam interdependentes e intercomplementares. Uns são mais propensos à contemplação do que à ação, mais ao consciencializar do que ao fazer, mais dados à abstração e à reflexão, mais ativos intelectualmente do que manualmente, têm o segredo da medida, o lastro da experiência, a receita tradicional de alguns valores que vão estiolando por obra da filoxera que se entranha na vinha do progresso. Outros, mais inclinados à exteriorização e às coisas práticas, podem dar aos restantes um pouco da sua juventude, da sua irreverência e impetuosidade social. Por exemplo, no Brasil, revelado à lupa por Miguel Torga, encontramos “uma maneira original de olhar e sentir as coisas, amável e tolerante, confiada e solidária, que resolve numa síntese de esperança as mais desanimadoras contradições. Há um calor inédito nos atos e nas relações, uma cordialidade profunda, que vem dessa combustão íntima de lenhas variadas, desde a cepa lusa ao embondeiro negro, do pau de cânfora asiático ao ipé indígena. E temos o colorido, a multiplicidade, a graça e a originalidade dum povo inteiro que inventa diariamente novos ritmos na alegria de viver. Uma alegria sã, inocente, criadora, que dura de manhã à noite, adormece, e se levanta sem remorsos no dia seguinte”. Não “há complexos na alma dos Brasileiros. Nada de recalcamentos pessoais ou coletivos”. Esta mesma análise pode ser transposta para o continente africano.6 Os portugueses serão mais fechados e compenetrados, terão mais vigiado e contido o espírito, mais escolhidas e apertadas as palavras, mais afivelados e comprimidos o rosto e os gestos, mais engomado o colarinho da camisa, melhor delineado o nó da gravata e mais puxado o brilho dos sapatos. Mas isso é algo postiço para arremedarem o melhor que podem; eles revelam a sua autenticidade, quando se desamarram e transplantam para o brasileiro, que é, na boca de Eça de Queirós (1845-1900), de Machado de Assis (18391908) e de Agostinho da Silva (1906-1994), o português à solta. Se espraiarmos o olhar pelo Brasil afora e pela África e Ásia adentro, vemos gente nova, de camisa aberta, com multiplicação das formas do corpo ou das faces da alma, em lúdica confraternização com as sombras que a acompanham. Vemos terras e gentes do otimismo, em que as obras são por vezes precárias e provisórias, porque ainda se anda à procura da medida que convém a todos e a tudo. Vemos pessoas esmagadas pelo peso da sua ternura humana e do seu generoso coração. Vemos uma grandeza de alma condicionada pelo tamanho telúrico dos lugares de nascimento e crescimento Por ação da mistura e fusão de glóbulos de origens tão distintas, a uns e a outros carateriza-nos um agudo e subtil sentido psicológico, uma superior dose de humor para iludirmos e fintarmos as incertezas, as ingratidões, as rasteiras e agruras da vida. Não obstante tudo isto de somenos, o passado e o presente certificam-nos uma inegável capacidade realizadora, própria de quem vai temerariamente a uma luta aparentemente impossível de vencer e a ganha, ergue cidades descomunais, constrói represas e pontes gigantescas, adestra a mão a semear e produzir em grande, se torna cosmopolita e polimórfico e concita a atenção e o aplauso universais na ciência, na cultura, nas artes, na literatura, na música e no desporto.7 Ah!, e temos um património comum deveras importante: é a língua que partilhamos e que, em conjunto, transformamos e ajudamos a desenvolver e evoluir. Ela também nos transforma e faz crescer, porquanto 5
Esclareço que algumas das citações de Fernando Pessoa são retiradas de uma agenda editada há alguns anos. Outras citações dele e de outros autores, que surgem neste texto, foram extraídas de jornais e ouvidas em conferências, não me sendo possível referir com rigor a fonte. Disto peço desculpa aos leitores. 6 Miguel Torga, ibidem. 7 Chamo a atenção dos distraídos para a capacidade ingente de edificar, nos trópicos escaldantes, cidades como Belém e Manaus. Que outros povos e países se podem orgulhar de um feito igual?
cada língua instala numa sentimentalidade específica e esta por sua vez condiciona a nossa visão do mundo, da vida, do outro e de nós mesmos. As subtilezas relativas à questão da espiritualidade, da saudade, da mordacidade, das emoções, dos afetos não fluem de modo igual em todos os idiomas. O nosso é um canto exaltante e dorido daquilo que somos e daquilo que nos falta ser. Uma língua autêntica e sincera dos nossos feitos e defeitos, das nossas suficiências e deficiências, das nossas virtudes e incompletudes. Uma língua do fado dorido que atinge toda a Humanidade e somente é dizível, de maneira tão explícita, nas palvras e dobrados da nossa fala. Cantamos, rezamos e dialogamos numa língua que anda, há oitocentos anos, a dar voz ao mar, a lançar nele aumentado o apelo menor que dele vinha. E a dar na poesia visibilidade ao incognoscível, às angústias e dramas, às emoções e sentimentos, ao sofrimento e à esperança. Não é, por mero acaso, que onde o português chegou a primeira casa que edificou foi a igreja, para cuidar da alma; e a segunda foi o hospital, para cuidar do corpo. E ambas foram abertas aos outros; não foram reservadas para exclusivo uso próprio. Estas obras de misericórdia – e concórdia – são um inegualável distintivo civilizacional. Muito se tem feito e continua a fazer para desprestigiar, ridicularizar e desmoralizar o nosso modo de ser e de estar. Sim, é isso que perpassa na mente de muitos auto-convencidos reformistas da educação, da saúde, da segurança social e da universidade! Enaltece-se bovinamente a superioridade do estrangeiro e esquece-se que falta lá fora muito da Humanidade em que somos pródigos. Há países e povos que se consideram, com todo o fundamento e a nossa aquiescência, o farol científico e tecnológico da Humanidade. São, por certo, “senhores de técnicas mais desenvolvidas, de disciplinas cívicas mais estruturadas, de criações artísticas mais amplas, dum pensamento abstrato mais alto” e elaborado.8 Todavia não tenhamos complexos de inferioridade, mas antes uma profunda noção de autoestima daquilo que valemos, somos e podemos dar para um mundo novo e uma nova gente. Para ajudarmos a matar a sede sem fim da secura universal. Porque nós, povos lusófonos, somos humanamente o sal da terra e poeticamente a superpotência do mundo. Ergamos, pois, essa bandeira da nossa infantil convivialidade! Bandeira da mestiçagem Sim, a bandeira da lusofonia que desfraldamos com entusiasmo é a da descoberta da nossa identidade. Falo como português, mas já não sou apenas isso. O papel que nos tocou desempenhar na história da Humanidade ri-se da soberba, da jactância e da pretensa superioridade do hemisfério norte, branquinho e louro. A viasacra da nossa aventura ingente, anota e bem Adroaldo Gaya, deixou-nos na pele uma nova tatuagem e o sudário de uma condição desgarrada; transformou-nos em arlequins de roupa multicolorida. Somos híbridos, mestiços, polimorfos, ubíquos, divididos e perdidos na lonjura e na distância. Uma colcha debruada de motivos, de matizes e retalhos, reveladores da unidade da espécie humana.9 Antes tínhamos só as marcas da terra de origem; hoje temos traços de outras culturas, somos também africanos, asiáticos, angolanos, brasileiros, cabo-verdeanos, guineenses, moçambicanos, macaenses, timorenses, goeses etc. Temos a pátria aumentada e gememos por todas as suas parcelas no desespero duma opção impossível.10 Somos duplos ou múltiplos? É claro que não somos duplos nem múltiplos, somos isso sim um ser por inteiro, mais humano, mais solidário, mais comunitário. Somos, sim, um sujeito mais universal, um cidadão global e planetário. Como um Cristo de braços amplos e abertos. A isso chama-se ser lusófono e ser humano. 8
Miguel Torga, ibidem. Adroaldo Gaya, A reinvenção dos corpos: por uma Pedagogia da Complexidade. In: Sociologias, ano 8, nº 15 jan/jun 2006, p. 250-272, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 10 O Padre António Vieira tirou bem o retrato dos portugueses, ao dizer que Deus lhes deu pouca terra para nascer e o mundo inteiro para morrer. O português vive o insolúvel dilema da saudade e do amor igual à terra onde nasceu e à terra que o acolheu; morre, muitas vezes, a meio do caminho, no trânsito entre as duas. 9
O vento que enfuna as velas desta hora já não é o de outrora. Todavia a matriz desse vento é a mesma. É o vento, por exemplo, de um produto híbrido luso-brasileiro como foi o Padre António Vieira (1608-1697), que não se cansou de apelar a uma tolerância que acolhesse índios, negros e judeus. É o vento que leve as dores que persistem nos povos que, ao lado da cruz dita evangelizadora, conheceram a espada do esbulho e da conquista. Que leve desencontros e ofensas e renove os encontros, as aproximações e paixões, os amores e o sexo, desde os primórdios, insubmissos a pudores da epiderme e a arrogâncias biológicas, redundando em casamentos que misturaram os genes, o sangue e o nome e geraram laços e afetos. Por exemplo, os Campeonatos Africano ou Europeu ou Sul-americano ou o Mundial de Futebol são prova insofismável da corrente de solidariedade entre nós. ‘Torcemos’ uns pelos outros. Durante eles ergue-se, em todas as latitudes, a chama resplandecente da alma lusófona, grávida e acrescida de sonho e futuridade. Eles mostram à saciedade que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa tem raízes fundas no sentir dos povos que a perfazem, sendo até uma realidade bem mais sólida e visível nas atitudes das pessoas do que no vocabulário político. O nosso lugar certo e natural é, portanto, na imensidão lusófona. É nela que podemos encontrar arrimo e lamber as feridas provocadas pelas mordidelas e patadas dos canzarrões que defecam no Mundo. Viva a pátria multicolorida! Viva a pátria lusófona! Bandeira de uma cultura comum Temos uma cultura que ostenta a marca da abertura. Fez-se ganhando conteúdo e forma na dissolução e mistura. Completando-se fora de si mesma, animada mais pela apetência da assimilação do que pela obstinação da destruição dos elementos alheios. Fundada no lirismo franciscano e na disposição de confraternizar com o novo e o exótico nos planos religioso, ético, social, cultural e natural, sem abandonar o familiar e prosaico. Na aptidão para acrescentar, ao lastro tradicional, valores indígenas de natureza africana, americana e asiática. Há por isso nas deambulações da nossa errância histórica - no dizer de Edson Nery da Fonseca e também de Gilberto Freyre (1900-1987) - um panlusismo de sinais e sentimentos. Expresso na ânsia de caminhos perdidos, num messianismo com os mais distintos nomes e matizes, no imorredouro sebastianismo, na procura eterna de um ponto de apoio, de uma directriz e de um ideal inacessíveis. Numa música inundada de acentos nostálgicos, de dor e saudade sem fim. Numa arte de todos os sentidos, feita de deuses humanos, de Nossas Senhoras do Ó, assim ditas para não lhes chamar grávidas e ofender a Imaculada Conceição, de santos namoradeiros e casamenteiros, de figuras angélicas contracenando com o diabo. Numa culinária de petiscos, gostos e sabores incomparáveis. Numa vida de prazeres pequenos e frugais, mas imensamente saborosos e humanos. No desbragamento e no calão da linguagem, na maledicência e incontinência das anedotas e ditos populares que não poupam nada nem ninguém. Na poesia que nos transporta para o alto, sem trair a fidelidade à terra; que nos eleva o espírito para compensar os infortúnios e falhas do corpo e do quotidiano.11 Essa cultura pede que desfraldemos as velas do orgulho, da comunhão e generosidade. Que associemos a nós todos quantos são a outra face do nosso rosto e alma. E que prossigamos, agora consciente e volitivamente juntos e agarrados uns aos outros, a viagem até ao fim. Bandeira da profissionalidade e ação Servimos a causa da educação e formação do Homem. Somos artífices da civilização, tentando fazer do corpo uma anatomia do nosso destino. Uma obra inconclusa e inacabável. Visamos mais vida e mais tempo belo e feliz, sabendo que o corpo é sede e veículo da nossa permanência temporal no mundo. É nele que somos lançados para cumprir o destino da beleza, da felicidade e excelência. Cientes da menoridade que, como uma sina de Sísifo, transportamos e nos convida e intima a não esmorecer no aturado trabalho de alcançar a inatingível maioridade. 11
Edson Nery da Fonseca, Uma cultura sempre ameaçada. In: Uma Cultura Ameaçada: A Luso-Brasileira. Recife: Gabinete Português de Leitura de Pernambuco, 1980.
O pensamento filosófico, na antiguidade como no presente, viu e vê na ilusão o alimento preferido da felicidade. Tudo quanto é fonte de ilusão e encantamento origina modalidades superiores de configuração da vida e portanto abeira da felicidade ou, no mínimo, oferece momentos e oportunidades de concretização desta utopia. Não podemos, pois, deixar de ver o desporto como um campo de sementeira fértil de ilusões e, por via destas, de vivência de situações únicas e renováveis de felicidade. Sobretudo não podemos deixar de estar nele com esse intuito. Afinal, ele é uma coisa muito linda e séria; ao lado da bandeira da utilidade hasteia a da felicidade. Melhor, ele é para além de uma coisa, ajuda a descolarmos das coisas e a enfrentar o pasmo e o tédio e, por via disso, a tornarmo-nos humanos.12 O desporto é do domínio simbólico e instrumental, ético e estético. No halo e na frontaria da aparência materializam-se a grandeza e a significação da transcendência que encerra. Prefigura e concretiza um método, uma via e uma versão pedagógica, axiológica e cultural da existência. Ensina uma pedagogia e filosofia da vida àqueles que não são pedagogos nem filósofos. Socializa em atitudes, princípios, valores e sentimentos que qualificam a pessoa e a vida. É da ordem da ‘arété’ e paideia gregas, da cultura, da transcendência, da ‘política’, da cidadania. Isto é, pertence às ‘coisas’ elevadas que não conseguem ser enxergadas por vistas baixas e rasteiras. A partir do momento em que os humanos, por terem comido a saborosa maçã ou por terem aberto a Caixa de Pandora, foram expulsos do paraíso e condenados a comer o pão ganho com o suor do seu rosto, a civilização e cultura ocidentais instituíram um modelo de Homem e de vida, inteira e fidedignamente configurado no desporto e nas exigências e ideais que ele comporta. Isto é, o desporto representa uma forma de gestão do sentido da vida que o nosso contexto civilizacional celebra e referencia como sendo superior. É uma modalidade da esperança que resta inscrita na caixa donde se evadiram os ventos do mal e os persegue denodada e infatigável. Em suma, é uma norma sem tecto, uma da busca da excelência, da magificência e excelsitude. Enquanto não renunciarmos ao modelo de Homem que tem guiado a civilização, desde os seus primórdios até aos nossos dias, o desporto continuará a ser um apreciado, irrecusável e profícuo investimento no progresso corporal, gestual e comportamental das pessoas. Ele desafia-nos a tomarmos a gnose e a técnica, a correção e a beleza dos nossos atos como pontes para a liberdade. Somos livres pelo saber, pelo querer e pelo fazer e não pelo crer e dizer. Somos livres pela palavra e pela ação. Por fazermos convergir o eixo da visão e o eixo dos factos e realizações, à luz do ensinamento de Santa Teresa (1515-1582): As palavras preparam as ações. É nesse horizonte que inscrevemos a nossa profissão e função. Somos um espaço de fronteira entre a mente e o corpo. Laboramos no ponto de encontro e da harmonia do espírito e da matéria que são a soma da Vida. Parafraseando Sigmund Freud (1835-1930), participamos na construção de identidades e de pessoas cujo ego é sempre um ego corpóreo, um espírito incarnado. Ocupamo-nos da introjeção ou projeção de ideias, de mitos, de símbolos através dos desempemhos corporais. E assim procuramos anular as fronteiras entre a alma e o mundo exterior; participamos no esforço severo, incansável e sistemático de projetar a nossa natureza, nomeadamente o corpo, contra si própria, para além e acima de si mesma. Enfim, seguimos a voz do superego, que é a da internalização de conceitos e preceitos, de princípios e valores, de normas e ideais, de deveres e obrigações, de ilusões e utopias oceânicas. Ademais o desporto inscreve-se em duas etapas fundadoras e decisivas da civilização: A primeira prende-se com o início do estabelecimento de barreiras e mecanismos redutores da crueldade e da violência. Quando Moisés proclamou, nas Tábuas da Lei, não matarás…amarás o próximo como a ti mesmo, estabeleceu um ideal de convivência absolutamente contrastante com o mundo de sangue e horror até então vigente. Sigmund Freud mostrou bem a subida importância e a enorme dificuldade deste empreendimento ao afirmar: O primeiro homem a lançar um insulto ao inimigo, ao invés de uma lança, foi o verdadeiro fundador da civilização. 12
É de Johann Wolfgang Goethe (1749-1832) esta afirmação perentória: “Se os macacos chegassem a experimentar tédio, poderiam tornar-se gente”. Porque criariam um método para o enfrentar.
De resto o índice de civilização mais não é do que a competência para cada um impor inibições, freios, limites e autocontrolos às suas ações e reações, face ao Outro, sejam pessoas, seja a natureza, seja o contexto material, social e cultural. Este é, porventura, o alvo e o desígnio supremos da educação e comprovadamente do desporto: colocar as pulsões e os instintos sob o primado da razão. É nisso que consistem o processo e o progresso civilizacionais e se funda a liberdade. Para os conseguir é necessária uma enorme variedade de meios, em todo o tempo e lugar. Neste como noutros domínios, os ‘hominianos’ são seres menores, incompletos, portadores da hibridez de animalidade herdada e de humanidade apropriada, são transfronteiriços, propensos a passar constantemente da segunda para a primeira; estão condenados a recomeçar, a refazer e a repararar incessantemente a esburacada estrada humana. É ou não para isso que ensinamos e praticamos desporto? É ou não esse o papel instrumental que desempenha ao serviço da civilização da violência, das forças impulsivas e rasteiras e das tentações afins? A resposta é afirmativa: a aprendizagem de habilidades e técnicas visa, em ultimidade, o aprimoramento ético e estético. Sem a melhoria, a ‘tecnicidade’ e a elegância dos gestos e palavras, das emoções e reações, sem a sua sujeição e sublimação mediante artefactos e constructos normativos e culturais, a ética fica ausente e a estética grotesca e manca. A segunda etapa está implícita no terceiro mandamento da Lei de Deus, que ordena guardar os dias santos e valorar a fruição do corpo e da mente. Esse é o mandamento do ócio criativo, da recriação e renovação de tudo quanto nos perfaz por dentro e por fora, de alto a baixo, da cabeça aos pés, na aparência e na essência, na proficiência corporal e espiritual, no desempenho e engenho da sensibilidade anímica e volitiva. É o mandamento que estipula e proclama a observância de um modelo de Homem, que o ser humano não é apenas Homo Faber, máquina de trabalho; antes afirma e alcança a sua Humanidade, ‘santificando’ as outras dimensões da existência. Ora isto exige olhar o trabalho e o trabalhador com respeito e consideração, conforme à formulação de Máximo Gorki (1868-1936): A nova cultura começa quando o trabalho e o trabalhador são tratados com respeito. Julgo que este aspeto, intimamente ligado ao primeiro, constitui uma demarcação clara e nítida entre a Humanidade e a desumanidade, a civilização e a animalização, a ética e a imoralidade, a moral e a amoralidade. Ambas as etapas e ambições mantêm uma atualidade permanente e exigem vigilância inquebrantável, porquanto até agora não foi decretada a perda de validade dos mandamentos invocados. Bandeira da sabedoria Seguimos, pois, em busca da sabedoria para uma civilização melhor. E por isso não nos passa ao lado a questão da desclassificação, do relativismo e do vazio de princípios e valores, do elitismo invertido, da progressão e adulação do império do efémero e volátil, do bacoco, do grotesco, do popularucho e da ‘ética indolor’, do abatimento da norma culta e exigente, da destruição do sólido e duradoiro, da propagação do mal-estar, do desconforto, da infelicidade e descontentamento com a civilização e a cultura do espetáculo, já assinalados por Freud e agravados nos dias de hoje - uma involução que tanto perturba Muniz Sodré, Gilles Lipovetski, Luc Ferry e Vargas Lhosa.13 Neste tempo que parece mais fundado na disponibilidade para deitar fora, abandonar e esquecer do que para reter as aprendizagens, convém lembrar que ‘sabedoria’ é a capacidade de delimitarmos bem as nossas tarefas e obrigações, com olhos de bom senso e humildade e com a convicção de que são as pequenas coisas que perfazem as grandes coisas. Sabedoria, disse William James (1842-1910): “é aprender a ignorar o que deve ser ignorado”.14 A nossa ignorância é centrada na incapacidade de aprender o que considerar e ignorar, o que deve ser conservado e deitado fora, o que merece a nossa atenção e o que deve cair no total esquecimento. Ela flutua no ar, aguardando uma oportunidade de nos atacar, ocupar e perder com tudo ao mesmo tempo. Sabedoria é manter a ignorância à distância, é a capacidade de pôr de lado o que não pode ser superado e de estabelecer 13 14
Aconselha-se a leitura deste obra: Mário Vargas Llosa, A Civilização do Espetáculo. Lisboa: Quetzal Editores, 2012. Harold Bloom, ONDE ENCONTRAR A SABEDORIA? Rio de Janeiro: Editora Objetiva Ltda., 2004.
metas e limites. No fundo ela é o alicerce da auto-confiança e a bandeira da esperança que manda seguir em frente, numa viagem que nos colocará na dianteira. Bandeira do humanismo, da universalidade e solidariedade Sempre que nos encontramos é com exaltante euforia que celebramos, festejamos, homenageamos e saboreamos a doçura da nossa benfazeja fraternidade, como tempero de uma Humanidade acordada e revisitada. Nesses dias levantamos voo e praticamos a coragem de sermos livres, de nos libertarmos de um pensamento e de um modo de atuação tribais. Inspirado e estimulado por tais gestos e atitudes, venho cultivando, em crescendo, a ousadia de afirmar filiações e adesões distintas das tradicionais. Doravante hei de gritar, cada vez mais perentoriamente, esta proclamação: Sou humanista! Esta é a linha de demarcação; é a nova bandeira que orienta os meus princípios e convicções e baliza os meus passos e ações. Revejo-me nos padrões da Humanidade e rejeito liminarmente os interesses perversos do mercado neoliberal. Alisto-me nas fileiras da urgente remissão discursiva dos pilares do Humanismo e Iluminismo, como ponto de partida para uma nova práxis académica e científica, cultural e social. Como Fernando Pessoa, eu tenho o dever de sonhar sempre, de sonhar em grande, de ser mais do que um espectador de mim mesmo e de conceber o melhor espetáculo que posso ter. Por isso imagino e construo, com ouro e sedas, um palco e cenário para viver o meu sonho entre músicas brandas e luzes invisíveis, com a entrada em cena, em qualquer altura e para quebrar o sono da rotina, de bandas marciais. É assim que eu me ergo e sinto, combatendo a traição e a ingratidão, a deceção e o desencanto, o desassossego e a inquietude, a desilusão e o desengano com voz pequena e pouca, mas ainda bastante para cantar e lançar ao vento um hino de luz e razão. A lusofonia que eu almejo há de desfraldar bem alto, no céu estrelado e fulgurante, a bandeira das causas cimeiras da Humanidade. E declamará, sempre que necessário e em som audível, a Rosa de Hiroxima, de Vinicius de Moraes (1913-1980): Pensem nas crianças Mudas telepáticas Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas cálidas Mas oh não se esqueçam Da rosa da rosa Da rosa de Hiroxima A rosa hereditária A rosa radioativa Estúpida e inválida A rosa com cirrose A anti-rosa atómica Sem cor sem perfume Sem rosa sem nada. Bandeira da coragem, dos princípios e valores A hora é estranha. É como se a mortalidade flutuasse no ar e vivêssemos um intervalo, num lugar que não mais nos reconhece. Como se a sabedoria, a decência e sanidade voassem pela janela, à medida que a crise se adensa. Todavia no fundo do nosso íntimo vive a convicção de que o homem volta sempre às suas próprias necessidades de beleza, verdade e discernimento. Mais, acredito que, na escrita, no ensino, na carreira académica, no exercício de funções e na vida, só perdura aquilo que obedece a três critérios: esplendor ético e estético, força intelectual, sapiência.
Mas é uma crença desmentida pela conjuntura. Este é o tempo de Dom Quixote: de beirar a transcendência e, simultaneamente, de sucumbir à mesquinhez, como se apenas houvéssemos de alcançar a apoteose no silêncio tranquilo e amargo do aniquilamento e resignação. Admitamos, pois, os condicionantes das possibilidades, sem esquecer as palavras de Hilel (O Ancião, 60 a.C. - c. 9): Onde não houver homens, esforçai-vos para agir como um homem.15 E tendo também em conta a advertência do Rabi Tarphon (70135): Não sois obrigados a concluir a obra, mas tampouco estais livres para desistir dela.16 Obviamente, como formulou James Baldwin (1924-1987), ensaísta e compositor norte-americano, nem tudo o que enfrentamos pode ser mudado. Mas nada pode ser mudado enquanto não for enfrentado.Logo não podemos entregar-nos aos grilhões da inação. Mantenhamos vivas as convicções ganhas numa corrida esforçada, suada e limpa. E continuemos a iluminar as noites e dias da dúvida opressora com este clarão de Mário Quintana (1906-1994): A vida são deveres que nós trouxemos para fazer em casa. Para os guardar e cumprir. Sei que eles caíram em desuso. Porém é mister que sigamos o rumo traçado, para não cairmos na farsa e mentira, para não parecermos, como disse Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), “cortados ao meio”. Ademais os enganadores têm o castigo de ser o que são: não são nada, falta-lhes identidade e reconhecimento, são desprezíveis. Eis porque devemos passar de cara erguida, leves e orgulhosos de nós, por entre a multidão desfigurada. Sim, devemos preferir a dificuldade dorida, resultante do dever porfiado, à vantagem indevida, colhida no dever contornado. Até porque o homem que a dor não educou não passa de uma criança. A dor torna-nos mais fortes, mais sábios, céticos e prudentes, embora também pessimistas e solitários. O extremismo e o fanatismo religiosos e de outra ordem dão, nesta hora, que pensar e temer. Mas assustame muito mais a comissão liquidatária da alma escarolada, laboriosa, íntegra, proba, séria e honrada. As marcas nobres dessa alma, os traços essenciais e ancestrais que a perfazem e exaltam estão a ser abatidos e entregues ao desbarato pelo despudor neoliberal. Quando olho a conjuntura e as circunstâncias, vem-me à memória o poeta russo Vladimir Maiakowski (1893-1930). O poeta acreditava piamente na revolução e que dela sairia um mundo melhor, mais justo, fraterno e solidário. Pouco a pouco foi percebendo que os líderes do seu país tinham perdido a alma e traído os ideais. O desrespeito e os atropelos brutais à dignidade física e moral das criaturas eram a regra vigente. Desiludido e sem esperança, em 1930 rendeu-se e saiu de cena, pondo um fim trágico à sua vida. Também hoje vivemos tempos dúbios e tristes. Muitos de nós já sentem angústias, frustrações edesalentos próximos aos do poeta. Perdemos a confiança em gente que se dizia amante do bem comum, apostada em combater iniquidades e diminuir as desigualdades sociais. Tudo o que traduz solidariedade, atenção e respeito do Outro, do nosso semelhante, é desmontado friamente, sem apelo nem agravo, por mandarins e mandaretes, biltres e enzoneiros, canalhas e rapazolas de uma estirpe inominável. O desempregado, o doente, o necessitado o pobre e o desvalido são erigidos em privilegiados e como tal vilipendiados e execrados na praça pública. Por isso vai alastrando uma onda de suspeição, descrédito e desesperança, em relação aos políticos e ao seu trejeito tão baixo de fazer política. Contudo a desvergonha e o descaramento não geram a revolta, a repugnância e a repulsa que se impunham; pelo contrário, redundam em passividade e desistência, o que é deveras preocupante. A putativa democracia transformou-se num sistema de corrupção organizada e de ditadura da propaganda mediatizada. O consentimento, a cumplicidade, a conivência e a omissão dos cidadãos amordaçados e domesticados pelo medo tornaram-se as muletas desta ‘democracia’ apodrecida. Só que nós somos professores, pertencemos à profissão da palavra e da obrigação de a dizer alto. Não procederemos como Maiakowski, não afogaremos na demissão e cobardia a razão e justeza do protesto, nem tampouco ficaremos calados, à espera que nos tirem a voz da garganta e já não possamos falar. Não tenhamos medo senão da pequenez, adverte Miguel Torga, “medo de ficar aquém do estalão por onde, desde que o mundo é mundo, se mede à hora da morte o tamanho de uma criatura”.17 15
Hilel foi um célebre líder religioso judeu, que viveu durante o reinado de Herodes. Harold Bloom, ibidem. 17 Miguel Torga, ibidem. 16
Não deixemos que o silêncio dos melhores seja cúmplice do alarido, do despudor e da ausência de decoro dos piores! Não percamos a alma, nem a hipotequemos a nenhum potentado deste mundo, seja ele religioso ou profano. Não permitamos que nos roubem o direito de sonhar e de viver melhor! Não deixemos que venha o pesadelo a toldar a nossa visão e que da terra da nossa campa se levante uma cruz com este epitáfio: Aqui jaz a ilusão de uma vida decente. Bandeira da ternura, da fraternidade e disponibilidade Neste momento olho para cada um dos meus leitores imaginários no espaço lusófono. Anseio e quero que nos vejamos com as lentes medradas do afeto, de um convívio irmanado que torne mais fecundas todas as partes do oceano sobre o qual estamos de pernas escanchadas, como titãs apostados em secá-lo e unir as suas margens. Queridos bandeirantes, colegas e companheiros desta viagem: Atribuamos uns aos outros um tamanho multiplicado pelo acréscimo da consideração recíproca. Deixemonos ligar e atar por um pacto sagrado de inquietação e promissão, que não carece de ser codificado e formalizado em qualquer tratado. Porque vem de dentro, das entranhas do bem-querer. Somos desiguais, diferentes e independentes; não somos sósias uns dos outros, nem nós, nem os nossos povos e países. E temos que acentuar cada vez mais os traços específicos da nossa fisionomia, para que o resto da humanidade repare em nós, passando da cortesia passiva à valorização ativa. Porém transportamos pelos séculos fora a alegre penitência de estarmos continuamente presentes na lembrança uns dos outros. É isso que não nos permite que sejamos alheios e estranhos. E que obriga que nos olhemos com ternura. Com a ternura que nos torna convergentes cooperantes e fraternos, mesmo quando se aviva a cor das divergências. Somos diversos, miscigenados e multiculturais. Florimos em países esculpidos nas margens dos oceanos e movidos pelos ventos da aventura e pela fé de encontrar novos mundos, entre eles o próprio céu. Agora somos nós os atores e os fins da descoberta. É de nós que se trata. De nos descobrirmos, de retirarmos os véus dos equívocos que nos encobrem e afastam, para nos conhecermos e revelarmos uns aos outros com toda a autenticidade, retidão, lhaneza e frontalidade. Acrescentemos a isto as pinceladas da cordialidade que é a essência do nosso génio de dar cor e forma ao mundo e à humanidade. O sorriso e a satisfação porão então nos dedos de tintas e pincéis a harmonia criadora das telas da nossa alma e olhar. Para uma diáspora do encantamento! A história não chegou ao fim. Manda recriar o mito, não para ficar presa ao passado. Mas para renovar a sementeira da esperança e reanimar a vontade de configurar um mundo redondo e fraterno e dar ao porvir o rosto da utopia. Sigamos a bandeira dos afetos e do sangue, para lhes dar sentido e destinação. Navegar é preciso em direcção à cidadania lusófona. Todos devem ter vez e voz nesse coro polifónico. Requer-se que o ideal seja partilhado nas margens que bordejam o Atlântico e nos lados cerzidos pelas agulhas de bilros das costas de outros mares. Se não for por nós e pelos nossos contemporâneos, que o seja pelos vindouros. A mensagem que nos aguça os olhos e incendeia a alma pede que dobremos o Bojador e o Adamastor, os estreitos e cabos de todos os mares do presente. Que convoquemos todos os navegadores: da inteligência, da lucidez, da boa-fé e vontade, da política, das artes, da música, do desporto, da poesia e da ciência de sermos um em todos os dois e outros em que nos desdobramos. Da aproximação há de resultar mais viva e chamativa a estrela da comunidade que une Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, S. Tomé e Príncipe, Timor e outras paragens. A edificação dessa comunidade será um novo astrolábio a guiar-nos nesta viagem com rumo a porto seguro. Os mares da nossa sensibilidade rejubilarão, por se verem tocados pela ternura de mãos, que fazem riscos, traços e composições numa tela como quem cria olhos, beijos e sonhos na face de uma criança. Paulatinamente, a Lusofonia – qual Lua Cheia mágica, diamantina, meiga e doce! – sai da penumbra, emerge e avança para o centro dos olhares. Como é belo o seu resplendor!
Em Trás-Os-Montes (onde nasci), no Porto (onde aprendi a dizer princípios, valores e conceitos, a dizer a vida e a dizer-me), no Brasil (onde me sinto em casa, menino jogador da bola e do sonho de ganhar a Copa do Mundo), em todos os países e locais da lusofonia (onde saboreio o gosto intenso e quente da partilha fraterna) eu quero ver em cada planta, em cada casa, em cada pessoa a haste de uma flor irradiando da graça do seu corpo! E nisso me rever, até ao fim. Eis o límpido e desinteressado desejo que me tem movido e comovido neste empreendimento. Eis por isso igualmente a bandeira que aqui levanto para ondular ao vento do vosso apreço e consideração, do vosso amor e paixão. É tempo de nos despirmos de espertezas, de desconfianças, de reservas, de farsas e hipocrisias que nos deformam e de defeitos que não nos pertencem. A abundância prolixa dos adjetivos deve dar lugar à parcimónia, à simplicidade e à medida chã e realista da capacidade objetiva. Não temos necessidade de compensar qualquer tipo de pequenez, porquanto nos completamos uns aos outros naquilo em que porventura cada um seja carente. Liga-nos um íntimo parentesco, quer resultante dos elementos genéticos integrados, quer resultante do convívio secular já cumprido e daquele a que estamos condenados para a eternidade. Custe o que custar, estamos obrigados a descobrirmo-nos, a conhecermo-nos sempre melhor. Façamos, por isso, deste movimento uma forja de têmpera da sintonia da nossa distinta personalidade social e cultural, animada pelo fogo interior de uma missão. E que esta seja a de derramarmos por todo o orbe a torrente do nosso afeto, o sabor marinho de gente plural que se quer bem e que porfia, com tenacidade, em levar até ao fim a incumbência de apertar o mundo inteiro num abraço quente e irmanante. Queremos “intervir na fisiologia do corpo universal”, continuar a colaborar na “magnitude da causa humana, sem alardes e sem desfalecimentos”. Todos juntos, sem ambiguidades e ressentimentos, seremos uma força obstinada e triunfante neste roteiro, que é nosso e do qual não devemos perder a posse.18 Não se esqueçam de que só progredimos, se crescermos por dentro, se nos carregarmos de causas e aspirações, de princípios e deveres, se tirarmos o máximo possível das coisas mínimas em que realizamos a profissão e esgotamos a vida; se nos construirmos como uma grandeza balizada por matéria e espírito, pela matéria das nossas realizações, dos congressos e seminários, das aulas e das conversas, dos livros e revistas que editamos e dos estudos, trabalhos e cursos que fazemos em conjunto, pelo espírito dos ideais que nos animam. O estímulo tem que nos vir do futuro que queremos projetar, da grandeza que queremos alcançar, da obra que queremos edificar. Porque a criatura é a imagem e a medida da dimensão do criador, sejamos uma incomensurável disponibilidade! Bandeira do otimismo, da sã consciência e reta intenção A penúltima bandeira que vou desfraldar é a da sã consciência e da reta intenção e, por isso mesmo, a do entusiasmo, do otimismo e confiabilidade na vitalidade do ideal que nos inspira. Em 1989, eu e outros colegas da área do desporto e da educação física partimos para a aventura da Lusofonia. Tomamos esta em mãos não tanto a conselho da razão, mas sobretudo impulsionados por sentimentos, porque são estes muito mais do que aquela que dão força, sentido e direção a uma decisão e escolha. Se não é o amor que faz girar o mundo, é ele que faz com que valha a pena o giro. Iniciamos a viagem pelo Brasil; nele fizemos aguada e reunimos forças para idealizar o roteiro e escrever a respetiva crónica. E, inspirados no humanismo franciscano do primeiro e sempre renovado encontro, fizemos ancoradoiro noutras paragens, com a ciência de que não havia génios superiores entre nós, mas apenas pessoas de modesta e humana condição, de boa-fé, de sã consciência e reta intenção. Por certo com muitas insuficiências e fraquezas, mas também com as virtudes do entusiasmo e generosidade bastantes para darem flores ao presente e frutos ao futuro. Temos feito o percurso iluminados por estes versos de Sebastião da Gama (1924-1952): Pelo sonho é que vamos, Comovidos e mudos, 18
Miguel Torga, ibidem.
Chegamos? Não chegamos? Haja ou não haja frutos. Pelo sonho é que vamos! Basta a fé no que temos. A esta crença adicionamos uma avaliação realista. José Saramago (1922-2010) disse, faz tempo, que as línguas se cercam umas às outras e que o inglês nos cerca a todos. É neste aviso que se revêem as muitas publicações, os congressos, as reuniões e as cooperações que temos produzido. Querem ser fautrizes da agregação daqueles que, no nosso idioma, refletem, investigam e teorizam o desporto e os seus problemas. E um espaço de reconhecimento desse labor. Continua a mover-nos o objetivo da construção de uma comunidade lusófona que, pela qualidade da sua ação, se imponha ao respeito no contexto internacional das Ciências do Desporto e de todos quantos cuidam deste fenómeno antropológico, cultural e social. Precisamos de mais alegria e inspiração, no trabalho de formação, de reflexão e investigação, no desporto e na vida. Precisamos um pouco mais de poesia. Para enchermos a alma de sonhos e ideais e assim aumentarmos o nosso porte, já que nascemos para ser grandes. Desencostemos os cotovelos e os olhos do tempo perdido; atiremos fora as tristezas e frustrações e façamonos à estrada de uma nova aventura, de um desafio empolgante e gratificante. Sejamos bandeirantes insignes e mestres da peregrinação, da diáspora e da errância! Não nos deixemos atingir pelo veredicto implacável de que chegamos após a conclusão da prova, na verdade após nós mesmos, demasiado tarde. Por isso prossigamos a viagem e estuguemos o passo para que a luz não seja tardia e o cair da noite não nos barre o caminho. Libertemo-nos da nostalgia e recriminação do passado. Não falemos dos feitos e defeitos, das virtudes e vicissitudes da história que é, apesar de tudo de bom e mau que encerra, causa da nossa junção. Deixemos isso de lado, não por esquecimento e desconhecimento, mas para termos presente o que nos compete fazer hoje, o amanhã que devemos alcançar. Para nos merecermos e justificarmos. Sou de uma gente que oscila entre a melopeia quente e arrebatada, própria das horas de exaltação, e a canção triste, nostálgica e magoada na voz de um fado e destino trespassados de melancolia. Venho do Porto sentido. E foi-me dado o privilégio de vos falar e saudar neste colóquio. De vos dizer um adeus comovido e juntar num amplexo repartido. Eu vos conclamo para um balanço que tem todas as razões para ser lavrado com a alegria e a figura do otimismo transbordante. Tenhamos presente a constatação de Norbert Elias (1897-1990), de que os processos sociais são inacabados e preparam o terreno para as gerações futuras. Como ele, concluamos que “nossa tarefa agora é trabalhar em prol da pacificação e da unificação organizada da humanidade. Não nos deixemos intimidar por sabermos que não veremos essa tarefa progredir, na nossa época, do período experimental para o de fruição. Certamente vale a pena e faz sentido nos prepararmos para trabalhar num mundo inacabado, que se estenderá para além de nós.”19 Para tanto aceitemos o Repto de Miguel Torga: Aceito o desafio. Que poeta se nega A um aceno do acaso? Tenho o prazo Acabando, O que vier é ganho. Na lonjura Da última aventura É que a alma revela o seu tamanho. Extremo Oriente da inquietação 19
Norbert Elias, Escritos & Ensaios. 1 – Estado, processo, opinião pública. Rio de Janeiro: Jorge ZAHAR Editor, 2006.
Lá vou! A quê, não sei, Mas lá descobrirei Que razão me levou. Lá, onde tanto que me precederam, Se perderam, E aprenderam, na perdição Que só é verdadeiro português Quem, um dia, a negar a humana pequenez, Se inventa e se procura Nas brumas do mar largo e da loucura.20 Bandeira final: da esperança e da saudade A grande deusa lusíada, disse Teixeira de Pascoaes (1877-1952), é a saudade, não do passado, mas sim do futuro. A saudade é a ausência dolorosa do porvir, do que há de vir e ser, do ausente que se quer presente. O futuro é a aurora do passado – definiu o pensador de Amarante. Temos, pois, que projetar o passado, com nova configuração, para o futuro! Que fará da utopia da Lusofonia o grande escultor que é o tempo? É essa saudade do incerto que me submerge, nestes dias escuros, no rio profundo e revolto da melancolia, de uma tristeza prenhe de leveza. A isto Chico Fonseca, que toca guitarra e canta no Bairro das Fontainhas em Pangim, Goa, chama lusostalgia. Sinto um nó na garganta. Talvez sejam os dobres do fado, convertido em mandó, canção dolente que uma noite escutei igualmente em Goa: A barra de Damão é estreita e comprida. É alegre na entrada e triste na saída. Este canto magoado é o que hoje nos consome na ocidental praia lusitana e dilacera, como uma cimitarra, as entranhas das gentes de todo o orbe, sem música e palavras para dizerem e cantarem a sua desdita. Chegou o instante do pano cair sobre o palco. De fazermos promessas e juramentos em favor do ideal que, há muito, nos congrega. Tomo para mim, como um credo, a estrofe de Chico César e Lúcio Lins do poema duas margens: Eu voltarei, de corpo e barco voltarei E por ti seguirei minha viagem Navegarei entre teus braços e segredos Eu serei teu búzio, tu serás o meu degredo. Procuro de novo sustento em Miguel Torga. E ele sussura-me: o que importa é o partir e não o chegar, aparelhar a caravela da ilusão, dizer adeus ao cais da paz tolhida, fazer da embarcação uma alada sepultura, largar a vela desmedida e seguir a rota dos sonhos da lonjura. É estar em viagem sem desanimar, encontrarmo-nos e sentirmos que somos do mesmo lugar. Somos cidadãos da Lusofonia. Somos nós, mais os restantes. Somos de todo o mundo. Somos muitos. Somos um só. Congregamos, configuramos e expressamos todos os heterónimos do génio de Fernando Pessoa. A nossa obra e utopia são símbolo do Homem Universal. Convido os leitores a serem cidadãos desta esperança e utopia lusófona, que não se resigna à desilusão e que se agarra, confiante e convictamente, ao sol que nasce no mundo que fala português. Incito-os a empunharmos e erguermos estas bandeiras altaneiras que apontam compromissos e horizontes mais largos e sólidos à nossa imaginação e ação. 20
Miguel Torga, Antologia Poética. Lisboa: Dom Quixote, 1999.
Ocupemo-nos e realizemo-nos com a nobilitante tarefa de clarear os nossos caminhos, para podermos irradiar luz sobre os dos outros. Fazendo do Outro o nosso alvo e a nossa referência. Tornando-nos, pouco a pouco, passo a passo, pessoas sem idade, donas da serenidade e sensibilidade. Sem a obstinação e angústia de irmos à frente do tempo, mas de fazermos parte dele, de o incarnarmos e sermos. Só assim ficaremos para além de cada dia e da nossa duração, como reflexo de tudo quanto semeamos na senda da existência. Deste jeito prosseguiremos a nossa caminhada mais determinados e fortes, coesos e fraternos, confiantes e esperançosos, abraçados a cantar, em uníssono, a Ode de Miguel Torga: Eis-me nu e singelo! Areia branca e o meu corpo em cima. Um puro homem, natural e belo, De carne que não peca e que não rima. A linha do horizonte é um nível quieto; As velas, de cansaço, adormeceram; E penas brancas, que eram luto preto, Perderam-se no azul de onde vieram. Sol e frescura em toda a grande praia Onde não pode haver agricultura; Esterilidade limpa, que não caia De pão e vinho a cósmica fartura. Dançam toninhas lúdicas no céu Que visitam ligeiras e felizes; Uma força sonâmbula as ergueu, Mas seguras à seiva das raízes. Nem paz, nem guerra, nem desarmonia; O sexo alegre, mas a repousar; Um pleno, largo e caudaloso dia, Sem horas e minutos a passar. Vem até mim, onda que trazes vida! Soro da redenção! Vem como o sangue doutra mãe pedida Na hora de dar mundo ao coração!21 21
Miguel Torga, Diário (1946). Edição do autor.
Não esquecerás... Não esquecerás o sentido universalista dos portugueses, traçado pelo Padre António Vieira: "Para nascer pouca terra, para morrer toda a terra." Não esquecerás a alma lusitana, ínsita nas pedras e calçadas, nas ruas, becos, praças e casas de São Luís do Maranhão. Não esquecerás o convite à transcendência, inscrito em todos os símbolos da religiosidade. Não esquecerás a beleza da Cidade edificada e cuidada. E a feiura da cidade descurada. Não esquecerás que a omissão é uma ofensa à memória e uma traição à Humanidade.
Amanhecer em São Luís O sol inunda a cidade, fundindo a magia e o amor. A transpiração vem por conta da inspiração, do deslumbramento e da admiração. Um caso de paixão imorredoura. Esta foi realmente a Atenas e Coimbra do Brasil tropical, do Padre Vieira, de Goncalves Dias e de tantos outros imortais. A arquitetura e todas as artes de moldar o humano e de elevar este ao divino floresceram com um esplendor inimaginável e que não se deixa abater. Ao final da tarde chegará a brisa prenhe de melancolia e saudade; e do céu descerão estrelas fulgurantes. Aqui o espírito, a luz, a palavra e a nostalgia nunca se apagam. A pira olímpica está sempre acesa, em memória de Prometeu
Noite de sonho Cheguei a São Luís com a alegria da leveza e o alvoroço da incredulidade. A criança, viva em mim, tinha dificuldades em acreditar no que lhe estava reservado e aconteceu nesta noite de suave milagre. Amanhã vou partir com os olhos lacrimejantes de comoção, com o corpo atado ao leme da caravela da ilusão e com a alma ajoujada pelo peso da obrigação. Seguirei a minha viagem, cantando o fascínio e os segredos do Maranhão. Eis o juramento de gratidão, firmado perante a direção, o Prof. Leopoldo Vaz, meu padrinho, o Presidente António Noberto e todos os membros da Academia Ludovicense de Letras. Está escrito no rosto e na palma de cada mão
Da ilusão e da felicidade A ilusão é o alimento da felicidade. Foi esse alimento que hoje me foi servido na Universidade Federal do Maranhão. Estou muito agradecido aos professores e estudantes que me proporcionaram tão saborosa iguaria. Podem crer, acrescentaram um palmo de ilusão ao meu tamanho. Bem hajam em todo o tempo e lugar!
NA FELIS 2019
Informamos que já são 41 lançamentos de livros confirmados por integrantes da FALMA, a maioria de Academias de Letras do interior, e, também, dos Institutos Históricos e Geográficos de Arari e de Codó. O Stand da FALMA com a ALL, estará funcionando todo o período da 13ª Felis, de 11 a 20 de outubro, e nele você receberá o crachá de sua Academia, personalizado com seu nome, o qual deverá ser usado no espaço da 13ª Felis, no decorrer do evento. O lançamento coletivo de obras dos acadêmicos das instituições vinculadas à FALMA será dia 13.10.2019 (DOMINGO), das 17 às 18h30. Todos os autores participantes receberão certificados. No Stand da Federação das Academias de Letras do Maranhão, encontra-se, também, uma publicação da APLAC – Academia Pinheirense de Artes, Letras e Ciências destinada, um exemplar, a cada Academia afiliada à FALMA. João Francisco Batalha Presidente da FALMA
PROGRAMAÇÃO DA SOCIEDADE DE CULTURA LATINA DO BRASIL- SCLB E DA SOCIEDADE DE CULTURA LATINA DO ESTADO DO MARANHÃO-SCLMA NA 13a FEIRA DO LIVRO DE SÃO LUÍS- FeliS ESPAÇO – CAFÉ LITERÁRIO MULTICENTER SEBRAE A 13ª FeliS se aproxima (11 a 20 de outubro de 2019), e a SCLB com a SCLMA têm a honra de participar da rica programação da 13ª FeliS, assim como de convidar a todos os escritores, leitores, estudantes, professores, enfim, todos os ludovicenses para, na tarde do dia 14, estarem conosco no Café Literário prestigiando a nossa programação que construímos com devotado louvor à cultura latina, e, em especial à maranhense.
BATE-PAPO LITERÁRIO E DIPLOMAÇÃO DOS NOVOS MEMBROS EFETIVOS Dia 14 de outubro de 2019 Horário: de 16h 30 às 19h30 Espaço: Café Literário 16h30 - Mesa de abertura: Breve histórico da SCLB e da SCLMA 17h - Posse do Presidente da SCLMA, pela Presidente da SCLB - Posse dos membros da Diretoria da SCLMA e - Diplomação dos novos membros da SCLMA, pelo Presidente da SCLMA 17h30 Lançamento coletivo de livros. 18h30 Recital Poético 19h30 Encerramento com coffee break Lançamento Coletivo de Livros na Programação da SCLB e SCLMA no dia 14 de outubro de 2019 (Detalhamento). de 17h30 às 18h30 1- Bruno Black (Organizador). Renata Barcellos Coautora: Se tens um dom, seja! (Poesia) 2- Dilercy Adler (Organizadora): I Coletânea Poética da Sociedade de Cultura Latina do Brasil: construindo pontes. (Poesia), e ; Constância Lima Duarte et al. (Orgs). Dilercy Adler (coautora): Maria firmina dos Reis: faces de uma precursora. 3 – Saulo Barreto Lima: Virgílio Távora: O Estadista e outros 4 - César Brito: Minha terra, minha origem. 5-Silvana Lourença de Meneses: O intenso instante. 6- Assenção Pessoa: Alana, um ser de Luz outros contos e poesias.
7 - Cleyton de Sousa Braga (Cleyton Almada): Amores Eternos (Poesia) 8- Ebnison Costa Carvalho: O Segredo da Menina do casaco vermelho 9- Jucey Santos de Santana: A Cigarra Mariana Luz 10- Nico Bezerra: Histórias Maravilhosas na Fazenda. Fábulas Encantadas: Lições da Bicharada. 11- Carlos Furtado Moreira: O Brigadiano.
RELAÇÃO DE MEMBROS FUNDADORES ( 1997) E MEMBROS EFETIVOS (2017 E 2019) DA SCLMA QUE RECEBERÃO DIPLOMAS NO CAFÉ LITERÁRIO DA FELIS, DIA 14 DE OUTUBRO DE 2019 Temos a grande honra de amanhã, dia 14 de outubro, no Café Literário da FeliS, oficializarmos a admissão dos novos Membros da SCLMA. Na ocasião receberão os seus Diplomas de Membros da SCLMA: os Membros Fundadores (1997), os Membros Efetivos com admissão em 2017 e os Membros Efetivos admitidos em 2019. Abaixo a Relação Nominal. Ao mesmo tempo reforçamos o Convite a todos os Membros e ao público em geral para compartilhar desse importante momento da SCLMA. Na Programação teremos ainda Bate – Papo, Lançamento de Livros e Recital Poético. MEMBROS DA SCLMA 01 Ana Luiza Nazareno Ferreira 02 Anely Guimarães Santos (Kalil Guimarães) 03 Anna Elizandra Gomes Ribeiro (Anna Elizandra Ribeiro) 04 Antonio César Costa Choairy- Fundador 05 Antonio do Espírito Santo Melo 06 Antonio Guimarães de Oliveira 07 Arlete Nogueira da Cruz Machado – Fundador 08 Carlos Augusto Furtado Moreira 09 Carlos César Silva Brito 10 Charles Santos Simões 11 Cleyton de Sousa Braga 12 Clores Holanda Silva 13 Cristiane Gomes Coelho Maia Lago 14 Daniel Blume Pereira de Almeida 15 Dilercy Aragão Adler - Fundador 16 Dinacy Mendonça Corrêa 17 Ebnilson Costa Carvalho 18 Edmilson Sanches 19 Ellyson do Vale Mouzinho 20 Eloy Melonio do Nascimento 21 Evangelina Maria Martins Noronha 22 Ezequias Sousa da Silva 23 Fabio Henrique Gomes Brito (Bioque Mesito) 24 Felipe Costa Camarão 25 Francinete Torres do Vale Rocha 26 Francisco Brito de Carvalho 27 Francisco Carlos Moraes Machado 28 Francisco das Chagas Barbosa Brandao 29 Francisco de Assis Carvalho da Silva Junior 30 Francisco Inaldo Lima Lisboa 31 Graciane Soares e Soares 32 Hélio Pereira Bonfim 33 Ieda Lago Barros Costa - Fundador 34 Inês Pereira Maciel 35Jader Cavalcante de Araújo 36 Jeanderson de Sousa Mafra 37 Jediael Everton Cutrim 38 José Augusto Silva Oliveira 39 José Rafael de Oliveira - Fundador 40José Ribamar Neres Costa
41 Jucey Santos de Santana 42 Juliene dos Santos 43 Karolline Cristine Reis Garces 44 Kissyan Pereira Castro 45 Lindalva Maria Barros Neres 46 Manoel Carvalho Ramos 47 Márcia Regina dos Reis Luz 48 Maria Cícera Nogueira - Fundador 49 Maria da Assenção Lopes Pessoa 50 Maria de Fátima Rodrigues Travassos Cordeiro 51Maria Goreth Cantanhede Pereira 52 Maria Luiza Cantanhede Gomes 53 Maria Ofélia de Siqueira 54 Mariana da Hora Montelo 55 Mario da Silva Luna dos Santos Filho 56 Mires France Almeida Pereira 57 Mundicarmo Maria R. Ferreti - Fundador 58 Natália Ribeiro de Souza 59 Neurivan da Silva Sousa 60 Nicodemos Bezerra (Nico) 61 Osvaldo Luis Gomes 62 Paulo Melo Sousa - Fundador 63 Paulo Rodrigues dos Santos Filho 64 Raimundo da Silva Costa 65 Raimundo Nonato Costa Guilhermino 66 Raimundo Nonato Serra Campos Filho 67 Roberto Franklin Falcão da Costa 68 Roberto Mauro Gurgel Rocha – Fundador 69 Rogério Henrique Castro Rocha 70 Rossana Mafra Azevedo 71 Saulo Barreto Lima Fernandes 72 Sharlene Serra 73 Silvana Lourença de Meneses 74 Simão Pedro Amaral 75 Tâmara Maria Ribeiro Pinto Oliveira 76 Uimar da Gama Rocha Junior 77 Valéria Carvalho Maranhão Falcão 78 Wanda Cristina da Cunha e Silva 79 Waniel Jorge Silva
ABERTURA FELIS 2019
Ana luiza Hoje (12/10) haverá o relançamento do livro O Tribunal de Nuremberg, de minha autoria, na Feira do Livro, no Multicenter Sebrae, às 20h30min. Conto com a presença dos amigos. O relançamento ocorrerá após palestra sobre a figura de intelectual de Celso Magalhães, a ser ministrada por mim e pelo Confrade Desembargador Lourival Serejo, com mediação da Dra. Elimar Figueiredo e início previsto para as 19h.
Álvaro Urubatan Melo é um dos mais dedicados pesquisadores sobre a História, a Cultura e a Literatura da Baixada Maranhense. Neste domingo (13), ele lança mais uma obra sobre o município de São Bento. Paradoxalmente, a Baixada é uma das regiões mais pobres do Maranhão, com os menores IDHs (Índice de Desenvolvimento Humana), mas detentora de grande riqueza ambiental e cultural. Além do sotaque lindo e diferenciado com ênfase na letra
LETRAS. OBRIGADO. Na Feira do Livro, acabo de ser eleito Presidente da Academia Ludovicense de Letras para o Biênio 2020/2021. Agradeço a aclamação dos confrades. Prometo me empenhar para honrar a confiança, bem assim a tradição literária de nossa terra.
Chapa Eleita:
Presidente: DANIEL BLUME Vice-Presidente: CERES COSTA FERNANDES Secretária-Geral: JUCEY SANTOS DE SANTANA Primeiro Secretário: ALDY MELLO DE ARAÚJO Segundo Secretário: BRUNO TOMÉ FONSECA Primeiro Tesoureiro: ROBERTO FRANKLIN FALCÃO COSTA Segundo Tesoureiro: ANTÔNIO AILTON SANTOS SILVA * Conselho Fiscal Titulares: ANTÔNIO JOSÉ NOBERTO DA SILVA DILERCY ARAGÃO ADLER ROQUE PIRES MACATRÃO
Suplentes: ÁLVARO URUBATAN MELO IRANDI MARQUES LEITE MICHEL HERBERT ALVES FLORÊNCIO
* Conselho Editorial: ANA LUIZA ALMEIDA FERRO AMÉRICO DE AZEVEDO NETO MÁRIO DA SILVA LUNA DOS SANTOS FILHO
Lanรงamento do livro Versos da Alvorada, da escritora Daniela Dino, na AMEI, em parceria com a Academia Ludovicense de Letras.
DIA 24 – QUINTA-FEIRA Maranhão
15:00 às 16:00 Mesa 3 História e Identidade Açoriana no
Ana Luiza Almeida Ferro (Brasil) Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Título: Simão Estácio da Silveira, a chegada dos primeiros colonos açorianos ao Maranhão e a instalação da Câmara Municipal de São Luís: 400 anos de história. DIA 25 – SEXTA-FEIRA
15:00 às 16:00 Mesa 10
Presença Açoriana no Maranhão
PRESIDENTE: José Batista Da Hora Júnior - Casa Dos Açores Do Maranhão
Leopoldo Gil Dulcio Vaz (Brasil) Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Título: Contribuição dos Açorianos para a Cultura Maranhense: O Caso do “Tarracá” Raimundo Gomes Maranhão Título:
Meireles
(Brasil)
Instituto
Histórico
e
Geográfico
do
PROGRAMA – AÇORES400 CONGRESSO INTERNACIONAL DOS 400 ANOS DA PRESENÇA AÇORIANA NO MARANHÃO: História, Cultura e Identidade. Dias 23, 24 e 25 de outubro de 2019 São Luís - Maranhão - BRASIL DIA 23 – QUARTA FEIRA 19:30 às 20:00 Abertura CONGRESSO INTERNACIONAL DOS 400 ANOS DA PRESENÇA AÇORIANA NO MARANHÃO Cerimônia de Abertura Formação da Mesa de Abertura FUNDAÇÃO DA CASA DOS AÇORES DO MARANHÃO 20:00 às 20:30 Conferência de Abertura Paulo Teves (Portugal) Diretor da Direção Regional das Comunidades Título: Casas dos Açores como portas para relações internacionais
DIA 24 – QUINTA-FEIRA 9:00 às 10:00 CONFERÊNCIA DE ABERTURA DOS TRABALHOS APRESENTAÇÃO: Paulo Matos (Brasil) Casa dos Açores do Maranhão Paulo Matos (Portugal) Instituto Tecnológico de Lisboa Título: 10:00 às 12:00 Mesa 1 - Casas dos Açores e a Identidade Açoriana PRESIDENTE: Paulo Teves (Portugal) Diretor Regional das Comunidades – Governo dos Açores Sergio Ferreira (Brasil) Casa dos Açores de Santa Catarina Título: A Casa dos Açores de Santa Catarina: História e Atuação Regis Albino (Brasil) Casa dos Açores do Rio Grande do Sul Título: A Casa dos Açores do Rio Grande do Sul: História e Atuação Rogerio Medeiros (Brasil) Casa dos Açores de São Paulo Título: Casa dos Açores de São Paulo: Contexto e Atuação Paulo Matos: (Brasil) Casa dos Açores do Maranhão. Título: Casa dos Açores do Maranhão: Objetivos e atuações. 12:00 às 14:00 Almoço (2horas).
14:00 às 15:00 Mesa 2 História: Açorianos no Maranhão PRESIDENTE: José Augusto Silva Oliveira (Brasil) Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Paulo Matos (Brasil) Presidente da Casa dos Açores do Maranhão Título: Do pequeno arquipélago ao vasto estuário amazônico. Luiz Nilton Corrêa (Brasil) Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina Título: Açorianos no Maranhão: As questões da Fronteira Norte do Brasil
15:00 às 16:00 Mesa 3 História e Identidade Açoriana no Maranhão PRESIDENTE: Augusto Cesar Zeferino (Brasil) Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina José Almeida (Brasil) Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Título: A presença dos açorianos em São Luís e Icatu. Ana Luiza Almeida Ferro (Brasil) Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão
Título: Simão Estácio da Silveira, a chegada dos primeiros colonos açorianos ao Maranhão e a instalação da Câmara Municipal de São Luís: 400 anos de história. 16:00 às 16:30 Intervalo para Café (30 min).
16:30 às 17:30 Mesa 4 Cultura Popular: Festa do Divino PRESIDENTE: Regis Albino (Brasil) Casa dos Açores do Rio Grande do Sul Lélia Pereira Nunes (Brasil) Academia Catarinense de Letras Título: Festa do Divino em Santa Catarina e no Maranhão Ana Paula Horta (Brasil) Libertas – Universidades Integradas – SP. Título: Festa do Divino em Pirenópolis
17:30 às 18:30 Mesa 5 Açoriano, Franceses e Maranhão: História, Economia e Identidade PRESIDENTE: Sidónio Manuel Moniz Bittencourt (Portugal) Radio e Televisão Portuguesa - RTP Euges Silva de Lima (Brasil) Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Título: Colonização açoriana no Maranhão: 400 anos da chegada do Capitão Simão Estácio da Silveira em São Luís (1619/2019) Frans Gistelinck (Bélgica) Universidade Estadual do Maranhão Título: A experiência francesa na Ilha do Maragnan no século XVII Raimundo Moacir Mendes Feitosa (Brasil) Universidade Federal do Maranhão Título: Economia Do Maranhão No Século XVII
DIA 25 – SEXTA-FEIRA 09:00 às 10:00 Mesa 6 Educação e Identidade: Açores e Brasil PRESIDENTE: Luiz Carlos Porto (Brasil) Academia Imperatrizense de Letras Jhonatan Almada (Brasil) Reitor, Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão-IEMA Título: O que a educação de Portugal pode nos ensinar? Francisco do Vale Pereira (Brasil) Núcleo de Estudos Açorianos – NEA/UFSC Título: Núcleo de Estudos Açorianos - NEA/UFSC e as ações de animação da Açorianidade das comunidades litorâneas de Santa Catarina
10:00 às 11:00 Mesa 7 Geografia Humana e Defesa: Açores e Brasil PRESIDENTE: Judite Borgéia Bittencourt (Brasil) Casa dos Açores do Maranhão Augusto Cesar Zeferino (Santa Catarina) Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina Título: Condicionante geográfica no povoamento açoriana Welligton Antunes da Cunha (Brasil) Universidade dos Açores Título: O Desenvolvimento do sistema de Defesa da Ilha de Santa Catarina (Brasil) no século XVIII
11:00 às 12:00 Mesa 8 Açorianos na construção do Brasil PRESIDENTE: Euges Silva De Lima (Brasil) Instituto Histórico E Geográfico Do Maranhão Alfredo Soares Cabral Junior (Brasil) Sociedade Ibero-Americana de Antropologia Aplicada Título: A presença açoriana na economia cafeeira do Estado de São Paulo: São João da Boa Vista. Arlete Assumpção Monteiro (Brasil) Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP e CERU-USP
Título: Os açorianos em São Paulo: formação de fazendas e cidades no interior paulista. 12:00 às 14:00 Almoço (2 horas).
14:00 à 15:00 Mesa 9 Famílias Açorianas na construção do Brasil PRESIDENTE: Aristides Borgéia Bittencourt (Brasil) - Casa dos Açores do Maranhão Inês Peralta. (Brasil) Universidade de São Paulo Título: De Casa Branca para Cubatão: as atribulações de cinco casais açorianos em 1816 Marina Rossetti Barretto Ribeiro (São Paulo) Título: Do Faial `a Mococa: a Trajetória da família Garcia de Figueiredo
15:00 às 16:00 Mesa 10 Presença Açoriana no Maranhão PRESIDENTE: José Batista Da Hora Júnior - Casa Dos Açores Do Maranhão Leopoldo Gil Dulcio Vaz (Brasil) Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Título: Contribuição dos Açorianos para a Cultura Maranhense: O Caso do “Tarracá” Raimundo Gomes Meireles (Brasil) Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Título: 16:00 às 16:30 Intervalo para Café (30 min).
16:30 às 17:30 Mesa 11 Futuro das Relações Brasil e os Açores PRESIDENTE: Altemar Lima Souza (Brasil) Casa dos Açores do Maranhão Paulo Teves (Portugal) Diretor da Direção das Comunidades – Governo dos Açores Título: Conselho da Diáspora Edson Bush Machado (Brasil) Instituto Internacional Juarez Machado Título: Arte e Cultura no Futuro das Relações Açores/Brasil
17:30 às 18:00 Conferência de Encerramento APRESENTAÇÃO: Sidónio Manuel Moniz Bittencourt (Portugal) Radio e Televisão Portuguesa - RTP Título: A Identidade Açoriana na Diáspora 18:00 às 18:30 Mesa de Encerramento 20:00 Jantar de Encerramento
DIA 26 – SÁBADO Visita ao Porto e Passeio Cultural até Alcântara
Congresso Internacional dos 400 Anos da Presenรงa Aรงoriana no Maranhรฃo
CONTRIBUIÇÃO DOS AÇORIANOS PARA A CULTURA MARANHENSE: O CASO DO “TARRACÁ” LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – cadeira 40 Academia Ludovicense de Letras – cadeira 21 Professor de Educação Física, Mestre em Ciência da Informação. Segundo o Prof. Dr. Jorge Olímpio Bento (2019) 22, Trás-os-Montes tem algo no Maranhão, levado pelos açorianos. Informa que a maior parte das ilhas dos Açores23 foi povoada basicamente por gente originária de Trás-os-Montes, excetuando Santa Maria e São Miguel: Estava agora tentando enviar-lhe uma canção tradicional açoriana - São Macaio24 - que fala no Maranhão: S. Macaio, S. Macaio deu à costa Ai deu à costa nos baixos da urzelina25 Toda a gente, toda a gente se salvou Ai se salvou, só morreu uma menina
S. Macaio, S. Macaio deu à costa Ai deu à costa lá na ponta dos mosteiros Toda a gente, toda a gente se salvou Ai se salvou, só morreu dois passageiros
S. Macaio, S. Macaio deu à costa Ai deu à costa nas pedras da fajazinha26 Toda a gente, toda a gente se salvou Ai se salvou, só morreu uma galinha
22 BENTO, Jorge Olimpio. In CORRESPONDENCIA PESSOAL enviada ao Autor, via facebook, em 24 de junho de 2019, ao informalo sobre o “Açores 400”. 23 Os Açores, oficialmente Região Autónoma dos Açores, são um arquipélago transcontinental e um território autónomo da República Portuguesa, situado no Atlântico nordeste, dotado de autonomia política e administrativa, consubstanciada no Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores. Os Açores integram a União Europeia com o estatuto de região ultraperiférica do território da União, conforme estabelecido nos artigos 349.º e 355.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia. https://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7ores 24 In https://setcine.wixsite.com/cancoesdealemmar/so-macaio Ver também https://cancioneiropopularmar.wordpress.com/2013/01/23/s-macaio/ Macário do Egito (ca. 300 - 391) foi um monge cristão egípcio e um eremita. Ele também é conhecido como Macário, o Velho, Macário, o Grande e Luz do Deserto. In https://pt.wikipedia.org/wiki/Mac%C3%A1rio_do_Egito https://www.youtube.com/watch?v=_MHm2gLzbeY 25 urzelina = [Açores] terreno semeado de urzela (líquen de que se extrai uma tinta de cor violeta) in http://folclore.pt/jogopopular-jogos-tradicionais/ 26 fajazinha = [Açores] terreno plano, cultivável, de pequena extensão, situado à beira-mar, formado de materiais desprendidos da encosta in http://folclore.pt/jogo-popular-jogos-tradicionais/
S. Macaio, S. Macaio deu à costa Ai deu à costa nos baixos do Maranhão27 Toda a gente, toda a gente se salvou Ai se salvou, só o S. Macaio não.
“SÃO MACAIO” é uma canção dançada nos Açores. Foi, sobretudo na ilha Terceira onde se generalizou a sua tradição. Tudo leva a crer que o seu nome original seja São Macário e que o nome com que ficou conhecido seja já uma degeneração do primeiro. Acredita-se que São Macário, seria um navio que andava entre as ilhas e o Brasil e que teria naufragado numa das suas viagens. Pois como diz a canção: “São Macaio, deu à costa... toda a gente se salvou...(...) só o São Macaio é que não”. Em nota-de-pé de página do sitio sobre folclore português, consta: maranhão = grande mentira; peta grossa; palão / na música faz referência a um lugar da ilha do Corvo. ... E ESSE NOME MARANHÃO28 Mas de onde vem esse nome “Maranhão”? Recorramos ao Padre Antônio Vieira, que em seu sermão da Quinta dominga da Quaresma, do ano de 1654; servindo-se de uma fábula, afirma que: [...] caindo um dia o diabo do céu, se fizera no ar em pedaços. E cada pedaço caiu em uma terra, onde ficaram reinando os vícios correspondentes ao membro que lhe coube: na Alemanha, caiu o ventre, daí serem os alemães dados à gula; na França, caíram os pés, por isso os franceses são inquietos, andejos e dançarinos; na Holanda e em Argel, caíram os braços com as mãos e unhas, daí serem corsários; na Espanha, caiu a cabeça, daí serem os espanhóis fumosos, altivos e arrogantes. Da cabeça, coube a língua a Portugal, e os vícios da língua eram tantos, que já deles se fizera um grande e copioso abecedário. O que suposto, se as letras deste abecedário se houvessem de repartir pelas várias províncias de Portugal, não há dúvidas que o M pertenceria de direito à nossa parte, porque M Maranhão, M murmurar, M motejar, M maldizer, M malsinar, M mexericar, e sobretudo M mentir; mentir com as palavras, mentir com as obras, mentir com os pensamentos. Que de todos e por todos os modos se mentia. Que novelas e novelos eram as duas moedas correntes da terra, só com esta diferença, que as novelas armavam-se sobre nada, e os novelos armavam-se sobre muito, para que tudo fosse moeda falsa. Que no Maranhão até o sol era mentiroso, porque amanhecendo muito claro, e prometendo um formoso dia, de repente e dentro de uma hora se toldava o céu de nuvens, e começava a chover como no mais entranhado inverno. E daí, já não era para admirar que mentissem os habitantes como o céu que sobre eles influía”. (Lisboa, 1991) Já Simão Estácio da Silveira, em sua “Relação Sumária das Cousas do Maranhão”, escrito em 1624, afirma que a "... terra tomou esse nome de Maranhão do capitão que descobriu seu nascimento no Peru”. (Seu, do rio e não da terra, conforme Barbosa de Godois in História do Maranhão (1904) e Berredo in Anais Históricos) 29. 27 maranhão = grande mentira; peta grossa; palão / na música faz referência a um lugar da ilha do Corvo in http://folclore.pt/jogo-popular-jogos-tradicionais/ VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ROTEIRO HISTÓRICO-TURÍSTICO PARA OS ALUNOS DE ATLETISMO DO CEFET-MA. São Luís : CEFETMA/DCS, 2002. (disponível em www.cefet-ma.br/revista, n. 9, v.5, n.2 – jul-dez 2002, disponibilizado em setembro de 2004) 29 SILVEIRA, Simão Estácio da. RELAÇÃO SUMÁRIA DAS COISAS DO MARANHÃO. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1976 BERREDO, Bernardo Pereira de. ANAIS HISTÓRICOS DO ESTADO DO MARANHÃO. Rio de Janeiro : Tipografia Ideal, 1988. BARBOSA DE GODOIS, Antonio Baptista. HISTÓRIA DO MARANHÃO. São Luís : Ramos d’Almeida, 1904, vol. 1 e 2 28
“Marañon” era o nome do atual rio das Amazonas, daí que o nome foi herdado de um companheiro de Gonçalo Pizarro. A família de nome Marañon já era conhecida em Espanha desde o século XII, e em Navarra existe uma localidade com esse nome. Com o topônimo Maranha, que significa matagal, há no Minho uma localidade com esse nome; Maranhão, ainda, é o nome de uma antiga aldeia alentejana, do Conselho de Aviz; é variação de Marachão - dique, recife; e aumentativo de Maranha, como dito acima, matagal; como também pode vir de Mara Ion, como os tupinambás designavam o grande rio da terra; ou do diálogo entre dois espanhóis: um pergunta, referindo ao Amazonas - Mar? e o outro responde: Non. Na língua nativa, Maranhay, corruptela de maramonhangá (brigar) e anham (correr), pororoca; ou Maranhay, de maran (desproposidatamente), nhãn (correr) e y (água), também significando pororoca; corruptela de Paraná (marana) de onde maranãguaras por paranaguaras para os habitantes da ilha; ou de Marauanás - indígenas encontrados por Pinzón - marauanataba, traduzida pelos espanhóis como marañon; ou ainda, Mair-Anhangá = alma ou espírito de Mair, da tradição andina e sua corruptela tupi marã-n-aã; Mara-munhã, que significa fazer-se barulhento ou impetuoso (de novo, pororoca); ou ainda Mbará-nhã - o mar corrente, o grande caudal que simula um mar a correr (uma vez mais, pororoca). (Tavares, 1727; Silveira, 1976; Berredo, 1988; Meireles, 1980).
A relação do Maranhão com os Açores É ANTIGA... Carlos Gomes 30 afirma que, há quinhentos anos ou, para ser mais preciso, um século antes, os portugueses iniciaram a sua epopeia marítima, estavam ainda longe de pensar que os povos com quem iriam contatar viriam um dia a exprimir no seu folclore indígena inúmeras manifestações do nosso folclore. Tal foi o que sucedeu a título de exemplo na Malásia e em África, na Índia, no Brasil e nas ilhas que atualmente integram a Indonésia: É que, durante tão prolongadas viagens e permanência em todas essas paragens pelo mundo fora, os nossos marinheiros que seguiram nas caravelas não tinham nos momentos de ócio outra forma de divertimento para além da que efectivamente conheciam ou seja, cantar e dançar como sabiam e era costume nas suas terras de origem, os jogos que praticavam, as festas que realizavam e que lhes deixava saudades, esse sentimento bem português que também os fazia em noites de luar soltar gemidos pungentes das guitarras que consigo levavam, entoando versos que mais não eram do que lamentos à sorte do destino e ao fado da sua vida. [...] E, sempre que entraram em contato com os povos nativos, transmitiram-lhes o que sabiam e aprenderam tudo o que lhes mostraram e lhes aguçava a curiosidade, misturando culturas como miscigenaram raças. E eis que da combinação da alimentação ocidental que não dispensa a carne de porco com as especiarias indianas inventaram o sarapatel goês, um paladar que diz bem da forma peculiar da colonização portuguesa. E surgiu ainda o crioulo e a cachopa, as mornas e o lundum, o patoá e a mulata que representa a beleza e alegria do Carnaval brasileiro. [...] No Brasil dança-se o “bumba meu boi“, as “quadrilhas” e celebram-se as “juninas” e as “reisadas“[...], [...]Importa, pois, encararmos o folclore como uma realidade dinâmica que influência e é influenciado pela comunicação entre os povos, o contacto das suas experiências e realidades, a partilha de conhecimentos e saberes. E, tendo em vista o percurso histórico dos portugueses e a sua proverbial tolerância, o nosso folclore registou naturalmente maior nível de 30 GOMES, Carlos. O Folclore nas Descobertas . 6 de etembro de 2019, Blog FOLCLORE EM PORTUGAL, http://folclore.pt/o-folclore-nas-descobertas/
interpenetração noutras culturas dos povos com quem contactámos ao longo da história do que o folclore de qualquer outro povo europeu.
Buscando a “Ilha Encantada” 31, desde 1325 circulavam em Portugal lendas e mapas sobre uma terra assinalada como Hy-Brazil situada além-mar. Aparece num mapa da Catalunha de 1325-1330, no mapa de Dulcert de 1339, no mapa dos irmãos Pizagani de 1375-1378, no mapa do cartógrafo veneziano Andrea Bianco de 1436 (onde já se menciona explicitamente o Mar dos Sargaços).
Esta ilha surge no mapa atlântico do cartógrafo veneziano Zuane Pizzigano32 e no mapa anônimo chamado de Weimar, ambos de 1424, com o arquipélago dos Açores, e as ilhas Antília, Satanazes, Saya e Ymana. O historiador português Armando Cortesão33 sugere uma hipotética eventualidade do conhecimento tardomedieval dos Açores, do Atlântico Central, dos arquipélagos das Caraíbas ou Antilhas, bem como do continente americano, pelos portugueses.
Tais ilhas aparecem de forma idêntica na carta do cartógrafo genovês Battista Beccario, de 1435 (onde as ilhas lendárias são clara e implicitamente identificadas com os Açores reais na expressão adjunta figurante "ilhas nova ou recentemente descobertas") bem como nas de Bartolomeu Pareto, de 1455, e Gracioso Benincasa, de 1470 e 1482.
31
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha_do_Brasil MEIRELES, Mário Martins. O BRASIL E A PARTIÇÃO DO MAR-OCEANO. São Luis: AML, 1999; LIMA, Carlos de. HISTÓRIA DO MARANHÃO - A COLÔNIA. São Luís: GEIA, 2006.) 32 http://pt.wikipedia.org/wiki/Zuane_Pizzigano 33 CARTOGRAFIA E CARTÓGRAFOS PORTUGUESES DOS SÉCULOS XV E XVI, Seara Nova, 1935 THE SUMA ORIENTAL OF TOMÉ PIRES: AN ACCOUNT OF THE EAST, FROM THE RED SEA TO JAPAN, WRITTEN IN MALACCA AND INDIA IN 1512–1515/The Book of Francisco Rodrigues rutter of a voyage in the Red Sea, nautical rules, almanack and maps, written and drawn in the east before 1515, The Hakluyt Society, 1944 Portugaliæ Monumenta Cartographica (em co-autoria com o Comandante Teixeira da Mota), Comissão para as Comemorações do V Centenário da Morte do infante D. Henrique, 1960–1962 O MISTÉRIO DE VASCO DA GAMA, Junta de Investigações do Ultramar, 1973. HISTÓRIA DA CARTOGRAFIA PORTUGUESA (em co-autoria com Luís de Albuquerque), Junta de Investigações do Ultramar, 1969–1970 ESPARSOS (3 vols.), Universidade de Coimbra, 1974–1975.
A Ilha do Brasil, ou mais comumente a Ilha do Brazil; Ilha de São Brandão 34; Brasil de São Brandão35 ou Hy Brazil é uma das ilhas míticas do Oceano Atlântico ligada à tradição de São Brandão das terras afortunadas sitas a oeste do continente europeu. A presença desta ilha mítica na cartografia fixa o topônimo em data muito anterior a 1500, a data da descoberta "oficial" das Terras de Santa Cruz, o atual Brasil, e invalida de todo a teoria de que o nome estaria ligado ao vermelho do pau-brasil. A procura da Ilha do Brasil foi uma constante nas navegações renascentistas do Atlântico até 1624. Desde o oeste da Irlanda, seu lugar inicial, a posição da suposta ilha migrou para oeste, primeira para os Açores, onde a atual ilha Terceira aparece por vezes com esta designação e onde, muito antes de 1500, já a península fronteira à cidade de Angra ostentava o nome de Monte Brasil, que ainda hoje mantém. Dos Açores deslocou-se para sudoeste, primeiro para as Caraíbas, para depois se fixar no litoral do atual Brasil36. A conquista de Ceuta37, em 1415, é geralmente referida como o início dos "descobrimentos Portugueses” 38. Ainda no reinado de D. João I, e sob comando do Infante D. Henrique dá-se o redescobrimento da ilha de Porto Santo (1418) por João Gonçalves Zarco e mais tarde da ilha da Madeira por Tristão Vaz Teixeira39. Trata-se de um redescobrimento, pois já havia conhecimento da existência das ilhas da Madeira no século XIV, segundo revela a cartografia da mesma época, principalmente em mapas italianos e catalães. Tratavase de ilhas desabitadas que, pelo seu clima, ofereciam possibilidades de povoamento aos Portugueses e reuniam condições para a exploração agrícola. Os arquipélagos da Madeira e das Canárias despertaram, desde cedo, o interesse tanto dos Portugueses como dos Castelhanos; por serem vizinhos da costa africana, representavam fortes potencialidades económicas e estratégicas.40 Os primeiros contactos com o arquipélago dos Açores por Diogo de Silves41 ocorrem em 1427. Ainda nesse ano é descoberto o grupo oriental dos Açores, São Miguel e Santa Maria. Segue-se o descobrimento do grupo central - Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico e Faial. O grupo ocidental (Flores e Corvo) é descoberto por Diogo de Teive42, em 1452. 34 São Brandão, o Navegador, ou Brandão de Ardfert e Clonfert (c. 484 - c. 577), também escrito Barandão ou Borondão, foi um monge irlandês. Nascido em Ciarraighe Luachra, próximo da atual cidade de Tralee, condado de Kerry, Irlanda (a data de 486 também é apontada), foi batizado em Tubrid (Ardferd) e educado pelo célebre bispo Erc de Kerry e por Santa Ita (a Brígida de Munster, que o criou durante cinco anos). Abraçou a vida monacal e tornou-se abade. Terá sido ordenado pelo bispo Erc, em 512. Após a ordenação, iniciou um percurso que faria dele um dos mais conhecidos santos da Ordem Irlandesa. Faleceu no ano de 577 em Annaghdown (então Eunachdunne), condado de Galway, Irlanda, e foi enterrado na abadia de Clonfert, no mesmo condado. A sua celebridade foi tal que diversos pontos da costa ocidental irlandesa receberam topónimos em sua honra (Brandon Point, Brandon Bay e Brandon Head, entre outros). https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Brand%C3%A3o 35 A ilha descrita nas Navigatio Sancti Brendani ficou conhecida por Ilha de São Brandão (e por vezes por Ilhas Afortunadas ou mesmo Ilha do Brasil), vindo juntar-se ao numeroso grupo de terras que se dizia existiam no Atlântico. A existência destas terras, por vezes referidas por terras brendanianas, foi no advento da Renascença uma importante motivação no movimento dos descobrimentos europeus. A ilha de São Brandão aparece em quase todos os mapas medievais, ocupando no Atlântico Norte posições que vão desde o oeste da Irlanda à Terra Nova, aos Açores, às Antilhas e às Canárias. A configuração da ilha varia desde uma pequena ilha circular até uma enorme ilha alongada. Fernão de Noronha identificou o Brasil como sendo as Ilhas Afortunadas ou mesmo a Ilha do Brasil da lenda criada a partir das navegaçoes de São Brandão no seculo VI. Entre as ilhas que durante mais tempo foram identificadas com as ilhas brendanianas está o arquipélago dos Açores, em particular a ilha do Faial. Dentro da tradição brendaniana, o nome de ilha de São Brandão foi levado às sete partidas do mundo. Talvez a sua sobrevivência mais remota seja a ilha de Saint-Brandon, nome oficial porque é conhecido o atol de Cargados Carajos, sito no arquipélago das Mascarenhas, em pleno Oceano Índico (16º 58’ S; 59º 60’ E), 430 km a nor-nordeste da Maurícia, de que depende administrativamente. https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Brand%C3%A3o 36 http://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha_do_Brasil 37 http://pt.wikipedia.org/wiki/Ceuta; http://pt.wikipedia.org/wiki/Conquista_de_Ceuta 38 http://pt.wikipedia.org/wiki/Era_dos_Descobrimentos ver também http://movv.org/2007/03/29/cronica-de-dom-joao-i-de-fernao-lopes-resumo-do-conteudo-dos-capitulosreferentes-a-tomada-de-ceuta/ 39 http://pt.wikipedia.org/wiki/Trist%C3%A3o_Vaz_Teixeira 40 http://pt.wikipedia.org/wiki/Era_dos_Descobrimentos 41 http://pt.wikipedia.org/wiki/Diogo_de_Silves 42 http://pt.wikipedia.org/wiki/Diogo_de_Teive_(navegador)
Desde 1442 o Infante D. Henrique conseguira do Papa, pela Bula “Etsi suscepti” a posse e administração das “ilhas do mar Oceano”, ferindo os interesses dos reinos espanhóis de Castela-Aragão. A busca pela Ilha Encantada possibilitou a descoberta dos Açores, Madeira, Brasil, e claro, Maranhão... Durante os 1500 as viagens e descobertas passavam pelos Açores e vinha descambar no Maranhão – costa Norte do hoje Brasil. Mas o que nos interessa aqui, é a ocupação do Maranhão, a partir da retomada do território, 1615, por migrantes açorianos. Ao se proceder qualquer levantamento acerca dos imigrantes europeus que vieram para o Brasil naquela época, facilmente se chega à constatação que uma das mais importantes participações foi a dos que procederam do Arquipélago dos Açores, pois foram eles que desbravaram as regiões mais remotas, caracterizadas por apresentarem condições tanto de clima quanto de solos e localização geográfica completamente diferentes das predominantes nas áreas até então habitadas da Colônia, e a despeito disso conseguiram se estabelecer e até mesmo fundar ou ajudar a fundar vilas e cidades nesses rincões mais longínquos (PEREIRA, 2002)43. Para esse autor: A história da colonização açoriana no Brasil, portanto, pode ser dividida em duas etapas, na medida em que ela teve o seu início no Norte, ainda no século XVII, e prosseguiu no outro extremo da Colônia um século depois. No primeiro caso, a bibliografia que trata do assunto ainda é relativamente escassa e não constam nos dias atuais marcas claramente associadas à presença dos referidos imigrantes na Região, diferentemente do Sul do País, onde não somente a literatura a respeito é mais farta como permanecem vivos alguns traços culturais herdados dos ilhéus. Não obstante esta constatação convém destacar um aspecto ao menos curioso, qual seja a semelhança arquitetônica existente entre o casario do século XVIII do Centro Histórico de São Luís do Maranhão e o da cidade de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, o que permitiu a ambas o reconhecimento pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade. Nas principais obras concernentes à História do Maranhão e do Pará encontram-se alguns registros da presença dos açorianos nos séculos XVII e XVIII na Região. Todavia, além de raras, são informações que tratam muito superficialmente do assunto. De acordo com Pereira (2002) 44, naquela época as ilhas dos Açores se encontravam entre as regiões portuguesas que forneciam o maior contingente de emigrantes que se dirigiam para o ultramar. Segundo Boxer (1981)45 e Duncan (1972)46, isso acontecia porque o Arquipélago já se achava densamente povoado, predominando ali, inclusive, o regime de pequenas propriedades rurais e famílias numerosas. Ou seja, sua população atingiu o ponto de saturação num espaço de tempo muito curto (de aproximadamente duzentos anos), haja vista que a primeira ilha descoberta nos Açores foi a de São Miguel, no ano de 1432. Dessa situação, portanto, surgiu a necessidade da Coroa de Portugal concitar à emigração, processo, aliás, que foi implementado pensando-se principalmente no recrutamento dos jovens açorianos considerados válidos, mas que terminou se estendendo também à populosa cidade de Lisboa, às Províncias do Minho e do Douro e ao Arquipélago da Madeira. A imigração açoriana para o Maranhão e o Grão-Pará se efetivou mediante três correntes, tendo lugar as duas primeiras ainda durante o século XVII e a terceira no século XVIII: A primeira corrente imigratória se deu entre os anos de 1619 e 1632. 1615 – Jorge Lemos de Bettencourt inicia o primeiro projeto de imigração 43 PEREIRA, José Almeida. Contribuição dos Açores à Colonização do Brasil nos séculos XVII e XVIII. Disponível em https://web.archive.org/web/20160303231126/http://www.ihit.pt/new/boletim.php?area=boletins&id=74 44 PEREIRA, José Almeida. Contribuição dos Açores à Colonização do Brasil nos séculos XVII e XVIII. Disponível em https://web.archive.org/web/20160303231126/http://www.ihit.pt/new/boletim.php?area=boletins&id=74 45 BOXER, C. R. O império colonial português (1415-1825). Lisboa: Edições 70, 1981, citado por PEREIRA, 2002 46 DUNCAN, T. B. - Atlantic islands: Madeira, the Azores and the Cape Verdes in seventeenth-century commerce and navigation. Chicago: University of Chicago Press, 1972, citado por PEREIRA, 2002.
O capitão-mor Jorge de Lemos Bettencourt (ou Betancor, como também se encontra nos documentos da época) era natural das Ilhas de Açores e fidalgo da Casa Real. Seu pai havia servido em Pernambuco e seu avô, o fidalgo João de Bettencourt de Vasconcellos, fora degolado por ordem do Prior do Crato quando prestava serviços ao soberano na Ilha Terceira. Bettencourt ofereceu-se para levar duzentos casais provenientes das Ilhas dos Açores para povoarem o Maranhão e o Pará, arcando com todas as despesas da viagem até a chegada à terra. (1636. AHU_ ACL_CU_009, Caixa 1, Doc. 109.)47 1616 – Edificação do Forte do Presépio – foz do Amazonas, núcleo inicial de Belém 1618 – 200 casais (mais de mil indivíduos – chegam 95 casais ou 561 indivíduos De acordo com Jerônimo José de Viveiros, "a chegada daquele piloto à frente de cerca de 400 pessoas transformou a vida de São Luís, que deixou de ser um simples quartel de tropa, defensor do domínio de uma nação, para tornar-se uma povoação de colonos, cuja vida civil e econômica precisava ser organizada" (Viveiros, 1992)48. 1621 – Antonio Lemos de Bittencourt – 40 casais ou 148 indivíduos No ano de 1621, teria chegado um segundo grupo de açorianos, agora composto por 40 casais, trazidos por Antônio Ferreira Bettencourt (Lisboa, 1858; 186649; Marques, 197050; Berredo, 198851 e Viveiros, 199252). Outro colonizador, dos pioneiros, foi Simão Estácio da Silveira. Era de origem açoriana. Foi juiz da primeira Câmara de São Luís, procurador da conquista do Maranhão. Escreveu a obra "Relação Sumária das Cousas do Maranhão" (1619), publicada em 1624 em Lisboa, com o propósito de atrair colonos portugueses para a região. Simão Estácio da Silveira é o patrono da Câmara Municipal de São Luís, havendo em sua homenagem medalha de mérito municipal do mesmo nome. Comandou a chegada, em 1619, de trezentos casais dos Açores, tendo sido eleito o primeiro presidente da Câmara Municipal de São Luís.53 "Quando fui a esta Conquista no ano de 1618, se abalaram muitas pessoas das Ilhas a meu exemplo, parecendo-lhes que pois eu sem obrigações, ir buscar remédio deixava o regalo de Lisboa, e me ia ao Maranhão não seria sem algum fundamento. Na nau de que fui por Capitão se embarcaram perto de trezentas pessoas, algumas com muitas filhas donzelas, que logo em chegando casaram todas, e tiveram vida, que cá lhes estava mui impossibilitada, e se lhes deram duas léguas de terra..." 54 Em 1625, mediante contrato celebrado com o governo português, o novo capitão-mor do Maranhão, Francisco Coelho de Carvalho, trouxe mais algumas dezenas de açorianos. 47
In CORRÊA, Helidacy Maria Muniz. COMUNICAÇÃO POLÍTICA, PODERES LOCAIS E VÍNCULOS: A Câmara de São Luís do Maranhão e a política luso-imperial de conquista do espaço, Outros Tempos, vol. 09, n.14, 2012. p.121-135. ISSN:1808-8031. https://www.google.com/search?q=Jorge+Lemos+de+Bettencourt&ei=62MTXaLCB5Wy5OUP7d2wuAY&start=10&sa=N&ved= 0ahUKEwji44n7kYfjAhUVGbkGHe0uDGcQ8tMDCIQB&biw=1920&bih=937 48 VIVEIROS, J. de. - História do comércio do Maranhão (1612-1895). Edição fac-similar. São Luís: Associação Comercial do Maranhão, 1992. v.1. 49 LISBOA, J. F. Jornal de Tímom. Lisboa: [s. n.], 1858. t. 2. LISBOA, J. F. - Obras de João Francisco Lisboa. São Luís do Maranhão: Typ. de B. de Mattos, 1866. v. 3 50 MARQUES, C. A. - Dicionário histórico-geográfico da Província do Maranhão. 3.ed. Rio de Janeiro: Cia. Editora Fon-Fon e Seleta, 1970. 51 BERREDO, B. P. de. Anais históricos do Estado do Maranhão. 4. ed. São Luís: ALUMAR/Billiton/ALCOA, 1988. 390p. 52 VIVEIROS, J. de. - História do comércio do Maranhão (1612-1895). Edição fac-similar. São Luís: Associação Comercial do Maranhão, 1992. v.1. 53 In https://pt.wikipedia.org/wiki/Sim%C3%A3o_Est%C3%A1cio_da_Silveira ; ver também https://web.archive.org/web/20160303231126/http://www.ihit.pt/new/boletim.php?area=boletins&id=74 54 IN 54 PEREIRA, José Almeida. Contribuição dos Açores à Colonização do Brasil nos séculos XVII e XVIII. Disponível em https://web.archive.org/web/20160303231126/http://www.ihit.pt/new/boletim.php?area=boletins&id=74
"Traslado de um alvará porque S. M. fez mercê ao Dr. Antônio Coelho de Carvalho [irmão do capitão-mor do Maranhão], de seu Conselho, dar licença para conduzir gente das ilhas de Santa Maria e São Miguel em uma nau inglesa. Segue o traslado da fiança e carta de fretamento do navio inglês" (Marques, 197055). Em 1632, encerrando essa primeira corrente, chegariam mais outras dezenas. A segunda corrente de açorianos teria ocorrido nos anos de 1675 e 1676 e o motivo principal se deveu à erupção de um vulcão na Ilha do Faial, o que deixou um grande contingente de ilhéus em sérias dificuldades (Lisboa, 1866; Wiederspahn,197956 e Berredo, 1988). Essa catástrofe ocorreu em abril de 1672, quando o vulcão, então considerado extinto, surpreendeu os ilhéus e entrou em erupção (Duncan, 1972) 57. Com isso, o rei de Portugal determinou ao governador do Faial, Jorge Goulart Pimentel, que providenciasse o envio de 100 casais de "homens dos mais idôneos para o trabalho e mulheres mais capazes de propagação" para povoarem o Maranhão. 1648 – 52 casais ou 365 individuos 1666 – 80 casais ou 250 individuos 1674 – 100 casais ou 500 individuos 1675 – 50 casais ou 234 individuos – 50 casais, 100 individuos 1677 – 50 homens, 47 mulheres e 126 pessoas de família 1750 – 96 casais ou 486 individuos 1752 – 430 individuos 1753 – 900 soldados Uma terceira leva de açorianos destinada à Região Norte do Brasil ocorreu no período entre 1752 e 1756, quando o todo poderoso ministro Sebastião José de Carvalho e Melo - o Marquês de Pombal - procurou empreender uma corrente migratória para o Grão-Pará e o Maranhão, tomando como ponto de partida, mais uma vez, o Arquipélago dos Açores. Sabe-se que a Coroa de Portugal assinou em abril de 1751, com Joseph Álvares [ou Alves] Torres, um contrato para o transporte de mil famílias das ilhas dos Açores para o Estado do Grão-Pará. Viveiros (1992) desconhece se esses açorianos algum dia chegaram ao Maranhão ou ao Pará, mas há uma afirmação de Laytano (1987)58, com base numa monografia escrita por Arthur César Ferreira Reis, segundo a qual, em 1752, somente numa embarcação, vieram 430 ilhéus para a Amazônia e "logo no começo de 1766 chegaram casais de ilhéus, em número de 50, com duzentas e trinta e quatro pessoas" para Belém do Pará. A partir daí, as migrações concentraram-se nos atuai Pará e Amapá... Num período de 135 anos, chegaram 6.254 indivíduos (MARQUES, 2005)59: Emblemática, é a história da família Garret na Amazônia, descrita por Gairo Garreto em “Garrett, traficante de escravos” 60. Originários da Espanha, três jovens irmãos, duas moças e um rapaz, chegam à década de 1730 à vila de Horta, Ilha do Faial. Antonio Bernardo Garret, quase aos 70 anos de idade, deixa suas propriedades nas ilhas do Pico e Faial sob a responsabilidade de um procurador, e dirige-se para São Luis; em 1787 já residida aqui, pois, ao que parece, chegara no ano anterior, e aparece como negociando uma 55
MARQUES, C. A. - Dicionário histórico-geográfico da Província do Maranhão. 3.ed. Rio de Janeiro: Cia. Editora Fon-Fon e Seleta, 1970. 56 WIEDERSPAHN, H. O. - A colonização açoriana no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes/ /Instituto Cultural Português, 1979. 57 DUNCAN, T. B. - Atlantic islands: Madeira, the Azores and the Cape Verdes in seventeenth-century commerce and navigation. Chicago: University of Chicago Press, 1972, citado por PEREIRA, 2002. 58 LAYTANO, D. de. - Arquipélago dos Açores. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana, 1987. 59 MARQUES, Francisca Ester. IMIGRAÇÃO AÇORIANA NO MARANHÃO E FUNDAÇÃO DE SÃO LUIS: PRESENÇA AÇORIANA NO NORTE E NORDESTE. REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO, n. 28, São Luis 2005, p. 45-60. 60 GARRETO, Gairo. GARRETT – Traficante de escravos: a história esquecida da família Garrett na Amazonia. Rio de Janeiro: Jaguatirica, 2018
sumaca, visto ser capitão de navio. No inicio de 1787 encontra-se registro mostrando-o como traficante de escravos... Mas esta é outra história... No século XIX continuou a chegada de portugueses – em especial, açorianos – ao Maranhão... Para Maria Eduarda Fagundes, em OS ESCRAVOS BRANCOS AÇORIANOS (2010)61: Desde o nascimento como povo, os açorianos conheceram a escravidão. À principio como vitimas e presas de piratas nas lutas religiosas entre cristãos e muçulmanos e mais tarde como mão-de-obra barata e escrava em terras de novo mundo. Com a proibição do tráfico de escravos no século XIX, os grandes plantadores brasileiros viram-se na condição premente de arranjar gente para trabalhar a terra. Foi na imigração que a politica tentou resolver o problema. Formaram-se grupos legais para contratos de trabalho no exterior, amparados pelos governos. Os portugueses e italianos mais pobres e necessitados eram os mais encontrados para fazerem esse tipo de transação.
Assim, toda a região amazônica, do Maranhão ao Pará, do Amazonas ao Amapá foi constituída por esse lastro político açoriano que forjou os costumes, a cultura, as festas, o modo de ser e de estar açoriano, os bailados, as lendas, os mitos e as superstições, o jeito de falar e a alma alegre que se incorporou ao saber local, tornando-se aspectos comuns às duas culturas desde então, resultado da intensidade religiosa milenar e devocional, a moralidade única da palavra dada, o sentido de insularidade e a cultura folclórica que sustentam, ao longo dos séculos, o imaginário popular (MARQUES, 2005). Passados quatro séculos desde a primeira leva de imigrantes, ainda é possível observar vestígios dessa presença em todos os cantos do Maranhão. Vamos ver o caso do “tarracá”62... Como “São Macaio”, uma corruptela de “São Macário”, “Tarracá” também é uma corruptela, de “atarracar, atarracado”, expressão que identifica uma forma de luta corporal, pertencente aos Jogos Tradicionais, praticada no Maranhão. Os Jogos Tradicionais podem proporcionar estudos diversificados no âmbito da História, da Historiografia, da Psicologia, da Sociologia, da Pedagogia, da Etnografia e da Linguística, entre outros. Este tipo de jogos varia de região para região e possui um significado de natureza mágico-religiosa. É normalmente praticado em épocas bem determinadas do ano ou em intervalos do trabalho agrícola, contribuindo de modo saudável para a ocupação das horas livres. Em conclusão, pode-se dizer, que os jogos tradicionais são criados pelos seus praticantes a partir do reportório dos mais velhos e adaptados às características do local. A denominação de cada um deles evoca por si mesmas as suas características e regras principais63. Jogo Popular. O homem que lança fora do campo onde trabalha a pedra que o estorva, pode converter o lançamento num fim em si mesmo e assim nasce o jogo do malhão. Isso quer já dizer que os Jogos Populares se ligam ao trabalho, à experiência rural: são vivência e prazer. http://folclore.pt/jogo-popularjogos-tradicionais/ 61 Em correspondência eletrônica de 11 de julho de 2019, postada por Miguel Magalhaes Ferreira , disponível em https://abemdanacao.blogs.sapo.pt/449373.html 62 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. TARRACÁ, ATARRACAR, ATARRACADO... Palestra apresentada no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão em 27 de abril de 2011; publicado na Revista do IHGM 37, março 2011. 63 como Graça Guedes (1989), in http://folclore.pt/jogo-popular-jogos-tradicionais/
Tubino (2010, p. 20) 64 ao tratar da ‘origem do esporte’, refere-se aos estudos de Diem (1966) 65 para quem a história do esporte é íntima da cultura humana. Ela vem da natureza e da cultura humana (EPPENSTEINER, 1973) 66: “[...] a natureza e a cultura coexistem ao criar um ‘instinto esportivo’, que para ela é a resultante da combinação do lúdico, do movimento e da luta.” As antigas civilizações já tinham atividades físicas/pré-esportivas em suas culturas, a maioria com características utilitárias, que desapareceram com o tempo; outras se transformaram em esportes autóctones, esportes considerados “puros”, que continuaram a ser praticados ao longo do tempo sem sofrer influência de outras culturas. Quando essas práticas permanecem, mas sofrem modificações de outras culturas, geralmente de nações colonizadoras, passam a ser chamados de Esportes ou Jogos Tradicionais. (TUBINO, 2010) Dentre as correntes esportivas contemporâneas, encontramos, dentre outros, os Esportes Tradicionais, esportes consolidados pela prática durante muito tempo - os Esportes das Artes Marciais – provenientes da Ásia, inicialmente praticadas militarmente pelos guerreiros feudais, e hoje práticas esportivas: jiu-jitsu, judô. Karatê, taekwondo; os Esportes de Identidade Cultural, que são aqueles com vinculação cultural: no Brasil, a Capoeira principalmente; são identificadas outras modalidades esportivas de criação nacional, de prática localizada nos seus ”lócus”, inclusive as indígenas: Uka-uka, Corrida de Toras, etc., sem preocupações de práticas por manifestação. (TUBINO, 2010)67. As it happens with natural opponents, luta livre absorbed elements from jiu-jitsu as well, just as jiu-jitsu absorbed elements from luta livre in the process of becoming "BJJ". Many jiu-jitsu experts fought professionally in the pro-wrestling context. Among some of the fighting cultures present in the Brazilian context having some impact upon Brazilian luta livre, we may consider huka-huka wrestling (from the Amazonian indigenous people), marajoara wrestling (practiced on the sands of the Marajó Island), tarracá (practiced at Maranhão) and capoeiragem (especially from the tradition practiced in Rio de Janeiro). As some early experts came from the "Graeco-Roman" wrestling context, luta livre also received some of its influence. (Notes on the History of Brazilian Luta Livre)68 (grifos nossos).
Recorramos à Wikipédia69: “Wrestling” (lit. luta) é uma arte marcial que utiliza técnicas de agarramento como a luta em “clinch”, arremessos e derrubadas, chaves, pinos e outros golpes do “grappling”. Uma luta de “wrestling” é uma competição física entre dois (às vezes mais) competidores ou parceiros de “sparring”, que tentam ganhar e manter uma posição superior. Há uma grande variedade de estilos, com diferentes regras tanto nos estilos tradicionais históricos, quanto nos estilos modernos: 64 TUBINO, Manoel José Gomes. ESTUDOS BRASILEIROS SOBRE O ESPORTE – ênfase no esporte-educação. Maringá: Eduem, 2010 65 DIEM, Carl. História de los deportes. Barcelona: Corali, 1966 66 EPPENSTEINER, F. El origen Del deporte. In CITIUS, ALTIUS e FORTIUS. Madri, XV, p. 259-272, 1973 67 TUBINO, Manoel José Gomes. ESTUDOS BRASILEIROS SOBRE O ESPORTE – ênfase no esporte-educação. Maringá: Eduem, 2010 68 in http://www.facebook.com/topic.php?uid=136381899755284&topic=70 “Como acontece com os adversários naturais, Luta Livre elementos absorvidos do jiu-jitsu, assim, como jiu-jitsu elementos absorvidos luta livre no processo de tornar-se "Bjj". Muitos especialistas do jiu-jitsu lutaram profissionalmente no contexto pro-wrestling. Entre algumas das culturas de luta presentes no contexto brasileiro, tendo algum impacto sobre a luta livre brasileira, podemos considerar wrestling huka huka (dos povos indígenas amazônicos), marajoara wrestling (praticado nas areias da Ilha do Marajó), tarracá (praticado no Maranhão) e capoeiragem (especialmente a partir da tradição praticada no Rio de Janeiro). Enquanto alguns especialistas mais antigos vieram do "greco-romano" wrestling contexto, a luta livre também recebeu algumas de suas influências” 69 http://pt.wikipedia.org/wiki/Wrestling http://pt.wikipedia.org/wiki/Grappling http://pt.wikipedia.org/wiki/Wrestling#Catch_wrestling
Técnicas de wrestling foram incorporadas por outras artes marciais, bem como por sistemas militares de combate corpo-a-corpo. Como esporte, com exceção do atletismo, o wrestling é o esporte mais antigo de que se tem conhecimento, e que se pratica ininterruptamente ao longo dos séculos de maneira competitiva. “Grappling” é o nome que se dá a uma técnica de imobilização, ou uma manobra evasiva, a qual se dá por meio do domínio do oponente. Forma de combate muito utilizada em táticas policiais e esportes de contato, como o “wrestling”. Federação Universal de Wrestling (Universal Wrestling Federation) – O movimento da UWF foi liderado pelos lutadores de ‘catch wrestling’ e originou o “boom” da MMA (artes marciais mistas) no Japão. O “catch wrestling” forma a base dos estilos de “wrestling” japonês como o “shoot wrestling” (que incorpora movimentos realistas, como pegadas de submissão, chutes de “kickboxing”, entre outros). O catch wrestling é um estilo tradicional de wrestling que tem várias origens, os mais famosos são os estilos tradicionais da Europa como “collar-and-elbow“, wrestling de Lancashire ou “catch-as-catch-can”, submission wrestling, entre outros, além dos estilos asiáticos pehlwani e jujutsu.
“Wrestling” tradicional (em inglês: folk wrestling; lit. luta tradicional) é denominação geral de várias disciplinas de “wrestling” ligadas a um povo ou a uma cultura, que podem ou não ser codificados como um esporte moderno. A maioria das culturas humanas desenvolveu seu próprio tipo de estilo de “grappling”, único se comparado a outros estilos praticados. Enquanto diversos estilos na cultura ocidental podem ter suas raízes na Grécia Antiga, outros estilos, particularmente os da Ásia, foram desenvolvidos de forma independente. SENHORAS E SENHORES PERMITAM-ME APRESENTAR-LHE… TARRACÁ. […] ladies and gentlemen, let me introduce you to…Tarracá. It was used by a Vale Tudo fighter who called himself “Rei Zulu” in the early 80´s here in Brazil; he kicked (better yet, throwed around) quite a few asses before getting tapped out by Rickson in 1984 (Senhoras e senhores, permitam-me apresentar-lhe… Tarracá. Ela foi usada por um lutador Vale Tudo que se autodenominava “Rei Zulu” no início dos anos 80 aqui no Brasil, ele chutou (melhor ainda, jogou ) um grande número de bundas poucos antes de ser derrotado por Rickson em 1984.) in http://www.bullshido.net/forums/archive/index.php/t-51830.html Algum tempo atrás, recebi um pedido de ajuda de um aluno de educação física de nossa UFMA, para apresentação de projeto de mestrado. Agradeço ao Mayrhon José Abrantes Farias do GEPPEF-UFMAGrupo de Estudos e Pesquisas Pedagógicas em Educação Física - a “dica”: “Caro Professor Leopoldo, [...] Sou recém formado em Educação Física pela UFMA, sou aluno do professor Emilio [Moreira] no Judô a longas datas, e batendo um papo recentemente com ele e através de recomendações de professor Paulinho da Trindade e professor Laercio [Elias Pereira] cheguei até o senhor. Já fiz algumas leituras de textos seus referentes à Capoeira no Maranhão e outros na disciplina de História da Educação Física. Com certeza o senhor pode me ajudar. Durante algum tempo venho interessado em estudar e investigar sobre o TARRACÁ, aparentemente uma luta praticada na baixada que foi “popularizada” pelo Rei Zulú. O Sr. já ouviu falar a respeito?
Em um módulo de lutas com o professor James Adler recordo que ele abordou algo superficial sobre essa luta. Em uma de minhas espiadas on-line fiz a busca do termo e sempre é direcionado ao Rei Zulú. Fala-se que é uma luta indígena praticada em comunidades ribeirinhas. Amigos meus de Pinheiro já confirmaram a existência do tarracá enquanto uma manifestação lúdica, uma brincadeira comum entre pescadores da região. Estou louco para ir até lá e investigar e tentar a posteriori compor um projeto de mestrado referente à temática. Venho através deste e-mail solicitar ajuda ou dar um grito de SOCORRO para iniciar minhas empreitadas em campo. Algumas leituras com a antropologia e a etnografia se façam necessárias. O senhor tem conhecimento de algo a respeito de produções ou pistas para se investigar o tarracá? Caso tenha ficarei grato pela ajuda. Um forte abraço e desde já agradeço. “ O que é o TARRACÁ? Não sei! Nunca ouvira falar, até agora! Mas remeti a questão a alguns Mestres Capoeiras - Mestre Marco Aurélio Haickel, Baé, Mizinho - que certamente darão alguma notícia. Marco Aurélio certamente vai investigar, também, junto ao Mestre Patinho, Mestre Nelsinho, Mestre Índio do Maranhão – apenas citando alguns – que poderão dar notícias do Tarracá. O que se sabe? Apenas aquilo que o Prof. Mayrhon coloca, em sua mensagem: 1. uma luta indígena praticada em comunidades ribeirinhas. 2. uma manifestação lúdica, uma brincadeira comum entre pescadores da região (Baixada) 3. luta praticada na Baixada que foi “popularizada” pelo Rei Zulú. Temos um ponto de partida! Mestre Baé – da Federação de Capoeira70 – responde e informa sobre o “ATARRACAR” em correspondência eletrônica, Recebi seu Email, Com relação ao tema ATARRACAR; posso lhe adiantar o seguinte: desde criança tenho ouvido falar, assim como quase todos que também como eu sou da Baixada maranhense, grande parte da minha família é de Viana, Penalva, e Municípios vizinhos. Minha família sempre foi voltada para criação de gado e pescaria no interior, quando éramos crianças sempre a gente se atarracava um com o outro na beira do curral ou do rio e até no campo para ver quem era melhor de queda e isso porque a gente via os mais velhos fazerem também ,meus avós e tios/avós falavam que isso sempre existiu o nome ATARRACAR e conhecido em vários interiores do Maranhão mas nunca ouvir dizer que era uma LUTA ou eu tenho lido algo afirmando ser luta, sempre foi o nome dado a forma de nos pegarmos para dar uma queda no outro em um corpo a corpo mais nunca foi denominado como luta até porque era baseada mais na força física e jeito de cada um pegar e arremessar o outro no chão através de uma queda. Luta pelo que eu tenho conhecimento possui técnica, bases, nomenclatura de movimentos, regras e etc.. Então, é uma tradição na Baixada, uma forma de movimento agonístico, em forma de luta, conforme Baé guarda em suas memórias. Este Mestre Capoeira não considera aquela brincadeira como luta, dado seu conhecimento da Capoeira, e sua sistematização. Em outra correspondência, recebida de Mestre Marco Aurélio, em que indaguei sobre a busca da origem do “TARRACÁ”, estilo de luta livre (hoje seria MMA) adotado pelo lutador maranhense Zuluzinho, que 70 Mestre Baé - FECAEMA – Federação de Capoeira do Estado do Maranhão. Mestre/Presidente do Grupo Candieiro de Capoeira Ver Orkut;Mestre Baé ou baecapoeira@hotmail.com
aprendera com seu pai, o Rei Zulú; Zulu, criado em Pontal, no interior do Maranhão, onde aprendera uma luta cabocla praticada e ensinada por índios e negros da região: o Tarracá71: Quanto ao Atarracado, desconheço sua presença no centro-sul do Maranhão, apesar de poder haver, mas é uma prática muito comum no centro-norte, pelo menos na região do Pindaré e na Baixada, nesta última, pelo que já ouvi de alguns capoeiras originários daquela região das águas falarem-me a respeito. No que diz respeito à sua presença na região do Pindaré é fato, pois eu mesmo a praticava bastante, tendo sido ao longo do tempo, na qualidade de menino, e aí vai até meus doze (12) anos, a base de tudo o que sabia nas minhas ”brigas de rua”. Apesar de ter nascido em São Luís, me criei, desde bebê, até os sete (07) anos de idade, na cidade de Pindaré-Mirim, outrora, Engenho Central, e em sua origem, Vila São Pedro. Como toda criança ribeirinha, as brincadeiras eram em torno do rio, dos lagos e igarapés, ou então nas várzeas, e aí, não faltavam os embates. Lembro-me que a minha afinidade com a prática era bastante estreita, talvez, por desde pequenino ter sido corpulento, de maneira que não era muito afeito à briga “corpo fora”, como se dizia, mas, mais no “atarracado“, ou “corpo dentro”, o que se dava a partir de uma cabeçada. A ponto de quando ousava me aventurar pelo “corpo fora”, na maioria das vezes saía perdendo… Foi na Capoeira, que fui aprender o embate, digamos, “corpo fora”, a partir da ginga, de peneirar… – por favor, deixo claro que “corpo fora” e “corpo dentro”, não é nem um tipo de modaliade de luta, mas somente para fins, talvez, de didática, consoante dizíamos no interior. Quanto à origem do Atarracado – Tarracá -, Mestre Marco Aurélio diz: [...] não sei afirmar, se indígena ou africano, quiçá, até mesmo européia, nesta senda, somente pesquisando-se para buscar referências. Posso afirmar, no entanto, o que não quer dizer que a priori seja africana, é que tive oportunidade de ver, em um evento internacional de lutas de origem africana, em Salvador/BA, em 2005, quando levamos daqui, a “Punga dos Homens” 72, uma prática que existe rasteiras e desequilibrantes, no tambor de crioula, um pessoal de Angola/África, apresentar a Bassúla, uma luta, a despeito de alguns golpes diferentes, muito semelhante ao Atarracado, pois imediatamente, quando vi os angolanos praticando-a, eu achei bastante parecida com o Atarracado, impressão esta, também denunciada pelo Mestre Alberto Eusamor, que lá estava comigo, assim como tantos outros, representando o Maranhão. No que diz respeito a uma influência indígena direta, e que é uma brincadeira da região do Pindaré e, acho, da região Norte como um todo, é o “Cangapé”, uma espécie de rabo de arraia e outros molejos que se pratica lançando-se para cima do contrário, na água. Em outra mensagem eletrônica, Mestre Marco Aurélio acrescenta: Falei de como o atarracado tem semelhança com a Bassúla, luta de um país africano (Angola) e, no entanto, não me lembrei, na oportunidade, de falar de uma luta de origem indígena, o que se faz necessário, para ponderarmos, trata-se do Uka-Uka, um embate indígena, que consiste em fazer com que o contrário ponha um dos ombros no chão, hoje, ocorrente durante o “Quarup” um grande evento-cerimonial existente entre os povos do Alto-Xingú. 71
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. In Blog do Leopoldo Vaz, disponível em: http://colunas.imirante.com/platb/leopoldovaz/2011/03/22/em-busca-do-elo-perdido-historiamemoria-da-educacao-fisicanodo-maranhao/ 72 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PUNGA DOS HOMENS – ALGUMAS (NOVAS) CONSIDERAÇÕES -REV DO LÉO, 15, DEZEMBRO 2018, p. 78 https://issuu.com/leovaz/docs/revisdta_do_l_o_15_-_dezembro_de_20
Mas poderiam perguntar o que uma prática existente entre povos indígenas do Alto-Xingú tem a ver com uma prática ocorrente no Maranhão? Segundo Roberto da Mata, desculpem-me não dispor da referência bibliográfica, os povos Krahô e Xavante saíram em uma corrente migratória, a partir do Maranhão, para onde se encontram hoje, respectivamente, Tocantins e Alto-Xingú. Daí há de notar-se que o Maranhão em razão de ser banhado por inúmeras e grandes bacias hidrográficas era e é um celeiro de alimentos, o que deve ter sido berço de inúmeros povos indígenas, entre atuais, extintos e migrantes. Talvez, esse berçário, para os que possuem uma visão míope, e consideram que o maranhense tenha uma cultura ”preguiçosa” é por desconhecerem exatamente esse manancial de alimentos que é e, que outrora, tenha sido ainda mais. Em resposta ao Mestre Marco Aurélio, coloquei que o Xavante é originário do Maranhão, forçado a migrar, indo para os lados do Tocantins, subiu o Araguaia, se estabelecendo na Ilha do Bananal, forçado pelas ‘guerras justas’ do período colonial. As frentes de penetração, mais modernas, têm forçado essas migrações. É um fato histórico. Sobre o Uka-uka, andando por esses interiores, fui encontrar em Carutapera o estilo ‘onça pintada’, introduzido na região por um mestre paraense – Mestre Zeca – baseado em luta de antiga tradição marajoara – o agarre marajoara – conforme Campos, Pinheiro, Gouveia, luta marajoara (2019) 73; lembrando que muitas das nações indígenas que se estabeleceram na Ilha do Marajó foram ‘desterradas’ do Maranhão durante o período colonial; inclusive, há certa semelhança entre as cacarias encontradas nas estearias do lago Cajari com motivos marajoaras: Já retornei de Caratupera, região do Alto Turi, fronteira com o Pará… conversei com alguns capoeiras da área – Caratupera e Maracassumé – que estão ligados ao Pará, através do Mestre Zeca… não consegui informações, ainda, sobre a “capoeira carioca”, pois, muito jovens não conhecem a história da região. Turiaçu fica bem próximo de Carutapera, na mesma região do Turi. O grupo de Carutapera denomina-se ACANP – Associação Capoeira Arte Nossa Popular – fundada por Mestre Zeca, de Belém do Pará – Jose Maria de Matos Moraes (33 anos). A ACANP é filiado da Federação Paraense de Capoeira; o estilo praticado é o “Angola com Regional”, estando desenvolvendo, em Maracassumé, e introduzindo em Caratupera, o estilo desenvolvido pelo Mestre Zeca, que denominam de “Onça Pintada” – que seria uma fusão da Regional com o Agarre Marajoara. De acordo com Álvaro Adolpho, de Belém do Pará, ex-diretor do Departamento de Educação Física do Pará, o “Agarre Marajoara” é uma luta desenvolvida pelos índios da Ilha do Marajó – que guarda uma certa semelhança com o Uka-uka - havendo registro de sua pratica ha mais de 300 anos. De acordo com o Prof. Álvaro, talvez seja a primeira luta-esporte com registro de sua pratica no Brasil. 74 Wing Chun Lawyer 75 se posiciona, em sítio dedicado ao MMA: I am afraid I have no more hard data on Zulu. He fought basically relying on his impressive strength, and I was told he managed to throw Rickson out of the ring a couple of times before being submitted.[…] Mainly what I find online are posts on messageboards with no more useful or reliable information, either in english or in portuguese. I thought this was an interesting subject because, well, it DOES seem like Tarracá was created from scratch – Rei Zulu´s boxing skills are really weird, his moves are strange, and it does look rough - although some of his 73
CAMPOS ISL, PINHEIRO CJB, GOUVEIA A. Modelagem do comportamento técnico da Luta Marajoara: do desempenho ao educacional. R. bras. Ci. e Mov 2019;27(2):209-217.https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RBCM/article/view/9421/pdf
74 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Notícias do Maranhão in JORNAL DO CAPOEIRA – 05/06/2005 – disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/noticias/capoeira+maranhao+agarre+marajoara 75 In (http://www.bullshido.net/forums/showthread.php?t=51830&page=3 (grifos nossos)
throws would make many a judoka envious. […] I only know he claims to have created Tarracá from scratch because I found a very short interview on a blogspot, apparently he still fights and runs a gym where he teaches Tarracá. 76 Rei Zulu ficou famoso por desafiar lutadores do Brasil e de outras partes do mundo. Após 17 anos de competição estava invicto após 150 lutas (década de 1980). Rei Zulu lançou um desafio à família Gracie para ver quem era o melhor lutador de Vale Tudo de toda a nação. Em entrevista - antes da primeira luta contra Rickson Gracie (1980) -, disse que “seria mais um freguês de pancada e que não se preocupava com a alimentação antes da luta, pois “comia até ferro derretido”. Rei Zulu é considerado por Rickson Gracie o mais difícil oponente com quem já lutou: [...] nos anos 80, Rickson travou cerca de 231 combates (nacionais e internacionais), e afirma ter sagrado-se vencedor em todos por finalização. No Brasil, a rivalidade entre o Jiu-Jitsu e a Luta Livre era tamanha, que houve a necessidade de se provar ao público, qual arte marcial e lutador era superior, assim, foi organizada uma luta entre Rickson e o temido Rei Zulu, com isso, após Rickson Gracie vencer por duas vezes o grande Rei Zulu (que estava no auge e há 150 lutas invicto), nunca mais teve desafiantes a altura enquanto lutou.( http://pt.wikipedia.org/wiki/Rickson_Gracie) Rei Zulú é a maior referencia do “Vale Tudo” no/do Maranhão. Nascido Casimiro de Nascimento Martins, em 09 de junho de 1947 é um lutador de Vale-Tudo: “criado em Pontal, no interior do Maranhão. Lá, aprendeu a Tarracá, luta cabocla praticada e ensinada por índios e negros da região. Como seus 17 irmãos, nunca freqüentaram a escola. Cresceu forte e brincalhão. Aos 14 anos, mudou-se com a família para a Vila Ilusão (sic), na Ilha de São Luís.” (LAROCHE, 2010) 77 (grifos nossos). O Rei Zulu78 tornou-se famoso também pelas caretas que faz enquanto luta. Ele diz que as caretas são para mostrar que está feliz por estar ali. Nunca frequentou academias de musculação, mas desenvolveu um estilo de luta próprio, e realiza seu treinamento físico diariamente com pedras pesadas, pneus, marreta e diz não gostar de frequentar academia, por isso treina no quintal de casa: empurrar paredes, lançar pedras com mais de 5 Kg a grandes distâncias, correr entre arbustos, levantar carroças com pedras e andar com uma corda no pescoço puxando dois pneus eram instrumentos utilizados em seu arcaico treinamento. Possuía uma força naturalmente descomunal. 76
Eu tenho medo que não tenha dados mai concretos sobre Zulu. Ele lutava dependente basicamente de sua força impressionante, e foi-me dito que ele conseguiu lançar Rickson fora do ringue um par de vezes antes de serem apresentados. Principalmente o que eu encontrar on-line são posts no fórum com informações úteis ou não mais confiáveis, em inglês ou em português. Eu pensei que era um assunto interessante porque, bem, parece que Tarracá foi criado do zero – as habilidades de boxe de Rei Zulu realmente estranhas, seus movimentos são estranhos, e olhar áspero - embora alguns dos seus lances faria muita inveja a um judoca. Só sei ele afirma ter criado Tarracá do zero porque eu achei uma entrevista muito curta sobre um blogspot, aparentemente ainda luta e executa um ginásio onde ele ensina Tarracá.
77 LAROCHE, Marília de. “Conheça Rei Zulu e Zuluzinho, os lutadores do Maranhão, disponível em http://www.divirtase.uai.com.br/html/sessao_13/2010/11/15/ficha_ragga_noticia/id_sessao=13&id_noticia=30972/ficha_ragga_notici a.shtml e em http://forum.portaldovt.com.br/forum/index.php?showtopic=126140 78 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Rei_Zulu
http://forum.portaldovt.com.br/forum/index.php?showtopic=126140 É pai do também lutador Zuluzinho79. Em entrevista (Budo International, Blackbelt) Zuluzinho enumera seu jiu-jítsu (faixa-roxa) e Vale Tudo, afirma ter aprendido Tarracá com seu pai, responsável pelo método de treinamento utilizado pelo lutador em todos esses anos.
Rei Zulu e seu filho Zuluzinho Rei Zulu nunca praticou artes marciais, desenvolveu seu estilo próprio que se aproxima de brigas de ruas: Eu só sei que ele afirma ter criado Tarracá a partir do zero, porque eu encontrei uma entrevista muito curto em um blogspot, aparentemente, ele ainda luta e corre uma academia onde ensina Tarracá. (WingChun Lawyer)80 Mauricio Kubrusly, em “Me leva Brasil” 81 entrevistou Rei Zulu em São Luis do Maranhão, onde reside: 79 Algumas lutas de Zuluzinho: http://www.youtube.com/watch?v=2RZtRfylWqA; http://www.youtube.com/watch?v=twbmb_i5YNk 80
http://www.bullshido.net/forums/showthread.php?t=51830&page=3
81 Kubrusly, Mauricio in http://fantastico.globo.com/platb/melevabrasil/2008/04/08/zuluzinho-x-zuluzao/
- Quem primeiro me treinou foi meu pai. E tem a prática com zorras, os pneus… é que no interior chama zorras. E ele conhecia também o tarracá, a luta dos índios.
Marc Magapi82, em outra reportagem, descreve o ritual do Rei Zulú em suas lutas, como também informa ser seu pai o criador do estilo que “desenvolveu”: Rei Zulú (Eu como até ferro derretido) – Nascido em São Luiz, Maranhão, este folclórico lutador, é protagonista de inúmeras histórias por conta das décadas em que praticou o vale tudo (um cartel com mais de 250 lutas). Zulú entrava no ginásio, seguindo um ritual, que tinha início com uma volta olímpica, na qual saudava o público presente, sempre com o braço esquerdo estendido. Ao subir no ringue, o maranhense jogava-se no chão, rolava para o lado, dava cambalhotas, movimentava os ombros para frente e para trás e fazia inúmeras caretas. Zulú tinha a característica de zombar de seus adversários, acreditando sempre em sua força descomunal para vencê-los no momento que bem quisesse. Um autodidata do mundo das lutas, que sempre se disse representante do “Tarracá”; estilo criado por seu pai, que consistia basicamente em se “atracar” com o adversário, nunca teve aulas de jiu-jitsu, capoeira ou luta livre em uma academia. Esse mesmo autor informa ter havido em São Luís do Maranhão uma “arena de lutas”, denominada de “Terreiro Tarracá”, no Bairro do João Paulo, onde era disputado um campeonato semanal de Vale Tudo, conforme se vê em “O encontro de Magapi com Rei Zulú” 83: 1997 São Luis - MA - tem uma faixa lá no João Paulo (bairro) chamando as pessoas para assistir o (pásmem!!!) semanal campeonato de vale tudo do Tarracá e dizendo que o Rei Zulú vai lutar movimentadas com uma média de 3 minutos para cada uma [...] nesse local tinha luta todo final de semana mesmo [...] Era um sábado, o local era escuro, a entrada era R$5,00 e no programa estavam confirmadas 6 lutas. O nome do local é Arena do Tarracá ou Baixada do Tarracá. Além da correspondência do Marco Aurélio, recebo de Javier Cuervo, lá das Astúrias (Espanha) um comentário, de que no Calahari sub-sahariano, entre os bosquímanos, luta semelhante àquele apresentada pelo Rei Zulu; mandou-me vídeo via iutube, demonstrando as semelhanças, comparando-se com o da luta de Rei Zulu e Rickson Gracie , nos anos 80…, disponível em vídeo do link anexo: E “Batuque duro” do Kalahari -1930. http://salavideofica.blogspot.com/2010/11/1930-c-ernest-cadlewild-men-of-kalahari.html Encontrei, ainda, descrição de luta-jogo semelhante, trazida por vaqueiros portugueses - de origem açoriana - durante o período colonial, a Galhofa - o “wrestling tradicional transmontano” - que se define como um desporto de combate. É tida como a única luta corpo a corpo com origens portuguesas. Tradicionalmente, este tipo de luta era parte de um ritual que marcava a passagem dos rapazes a adultos, tinha lugar durante as festas dos rapazes e as lutas tinham lugar à noite num curral coberto com palha. 82 MAGAPI, Marc. “Esses loucos lutadores e suas estranhas manias”disponível em http://www.fisiculturismo.com.br/forum2/viewtopic.php?t=27186 83MAGAPI, Marc “O encontro de Magapi com Rei Zulú” disponível em http://magatown.br.tripod.com/antigas.htm;
Ver também http://www.sherdog.net/forums/f2/closed-door-underground-fights-389143/
Em depoimento de Álvaro (Vavá) Melo, de Osvaldo Pereira Rocha, e de Edomir Martins, jovens nos seus mais de 80 anos, que quando crianças e adolescentes, costumavam praticar o ‘atarracado’ e o ‘atarracar’, na região da baixada, onde morava; Osvaldo Rocha, ilustre pesquisador e historiador, disse-me que, embora franzino, costumava ganhar algumas das ‘brincadeiras’, pois o segredo era a agilidade em agarrar a perna do adversário e levá-lo ao chão; tão logo autorizado o combate, a rapidez com que se lançava ao adversário era fundamental. Já Álvaro Mello, Vavá, presidente da Federação das Academias de Letras do Maranhão, cronista do Arari e de São Bento, deu seu depoimento, ressaltando que os embates se davam na beira do rio, e os combatentes saiam cobertos de lama; O mesmo disse Aymoré Alvim – ilustre pesquisador hoje aposentado, da nossa UFMA/Medicina. Até brinquei, propondo então aos campeões do ‘TARRACÁ’ um embate, envolvendo o Rei Zulu… um desafio às memórias de infância no ‘interland’ maranhense… Osvaldo até disse que, em seu próximo livro, escreveria sobre as lutas que travou, utilizando o tarracá, já que o tema está provocando muita curiosidade no mundo do MMA e da UFC… De Barreirinhas, em conversa com alguns professores de educação física de algumas comunidades do interior daquele município, falaram-me haver por ali, ainda, um jogo/luta semelhante ao descrito, mas que ali, denominavam de ‘queda’. Coincidentemente, no mesmo dia em que retornei daquela cidade recebi do Javier o material abaixo:
84 UMA CONCLUSÃO POSSÍVEL Rei Zulú, que praticava o que denominou de “tarracá” em sua infância, como atividade corriqueira, jogo/luta de sua infância, e dada suas características físicas, em um dado momento, ainda no quartel, vale-se de ambas – a forma de ‘luta’ e a força – para conquistar um espaço, que vem a se tornar uma profissão.
84 O distrito da Guarda é um distrito de Portugal pertencente à província tradicional da Beira Alta. Limita a norte com o distrito de Bragança, a leste com Espanha, a sul com o distrito de Castelo Branco e a oeste com o distrito de Coimbra e com o distrito de Viseu. Tem uma área de 5 518 km² (7.º maior distrito português) e uma população residente de 168 898 habitantes (2009).[2] A sede do distrito é a cidade com o mesmo nome. https://pt.wikipedia.org/wiki/Distrito_da_Guarda
Para justificar seu estilo peculiar – força bruta – e por não ‘pertencer’ a uma escola do então Vale Tudo, ‘inventa’ a tradição de luta aprendida dos índios, TARRACÁ – atarracar, segundo Baé, ou atarracado, segundo Marco Aurélio – que vai se constituir em um estilo - maranhense – disseminado tanto por Zulu, em suas investidas no mundo da luta livre pelo mundo afora, como por seu filho Zuluzinho, quando coloca que seu estilo fora criado por seu pai – quem o treinava - e se chamaria ‘Tarracá’, de tradição indígena e negra, maranhense… Foi encontrado que em diversas regiões do Maranhão, ainda hoje, se pratica uma luta, que recebe diversas denominações – tarracá, atarracado, atarracar, queda – de origem possível portuguesa, trazida por vaqueiros açorianos -, tradicional hoje nas brincadeiras de crianças.
“... SÓ SÃO MACAIO NÃO...” LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ INSTITUTO HISTÓICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO ACADEMIUA LUDOVICENSE DE LETRAS Licenciado em Educação Física – Mestre em Ciência da Informação
“SÃO MACAIO” é uma canção dançada nos Açores. Foi sobretudo na ilha Terceira onde se generalizou a sua tradição. Tudo leva a crer que o seu nome original seja São Macário e que o nome com que ficou conhecido seja já uma degeneração do primeiro. Acredita-se que São Macário, seria um navio que andava entre as ilhas e o Brasil e que teria naufragado numa das suas viagens. Pois como diz a canção: “São Macaio, deu à costa... toda a gente se salvou...(...) só o São Macaio é que não”: ... S. Macaio, S. Macaio deu à costa Ai deu à costa nos baixos do Maranhão Toda a gente, toda a gente se salvou Ai se salvou, só o S. Macaio não.
Ao se referir ao “Maranhão”, fica a dúvida: seria o estado do Maranhão (colonial), ou uma localidade da Ilha do Corvo?, pois “maranhão = grande mentira; peta grossa; palão / na música faz referência a um lugar da ilha do Corvo (in http://folclore.pt/jogo-popular-jogos-tradicionais/). A dúvida fica por conta de que não encontrei referencia sobre esse naufrágio, buscando em documentos via ferramentas de busca pela Internet, tanto na história do Maranhão, quanto na dos Açores – Flores e Corto -, embora haja a informação de que tal naufrágio ocorrera em 174785. Marques (2008)86, na relação das ocorrências das migrações açoriana não traga chegada de navios nessa data. Ao se proceder qualquer levantamento acerca dos imigrantes europeus que vieram para o Brasil naquela época, facilmente se chega à constatação que uma das mais importantes participações foi a dos que procederam do Arquipélago dos Açores, pois foram eles que desbravaram as regiões mais remotas, caracterizadas por apresentarem condições tanto de clima quanto de solos e localização geográfica completamente diferentes das predominantes nas áreas até então habitadas da Colônia, e a despeito disso conseguiram se estabelecer e até mesmo fundar ou ajudar a fundar vilas e cidades nesses rincões mais longínquos (PEREIRA, 2002)87. Nas principais obras concernentes à História do Maranhão e do Pará encontram-se alguns registros da presença dos açorianos nos séculos XVII e XVIII na Região. Todavia, além de raras, são informações que tratam muito superficialmente do assunto. A imigração açoriana para o Maranhão e o Grão-Pará se efetivou mediante três correntes, tendo lugar as duas primeiras ainda durante o século XVII e a terceira no século XVIII: A primeira corrente imigratória se deu entre os anos de 1619 e 1632. A segunda corrente de açorianos teria ocorrido nos anos de 1675 e 1676 e o motivo principal se deveu à erupção de um vulcão na Ilha do Faial, o que deixou um grande contingente 85
In Comunicação durante o CONGRESSO INTERNACIONAL DOS 400 ANOS DA PRESENÇA AÇORIANA NO MARANHÃO: HISTÓRIA, CULTURA E IDENTIDADEE, São luis, 23 a 25 de outubro de 2019, Casa dos Açores do Maranhão/Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. 86 MARQUES, Francisca Ester. Imigração açoriana no Maranhão e a fundação de São Luis: presença açoriana no Norte e Nordeste. REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁSFICO DO MARANHÃO, São Luis, n. 28, 2008, p. 45-60. 87 PEREIRA, José Almeida. Contribuição dos Açores à Colonização do Brasil nos séculos XVII e XVIII. Disponível em https://web.archive.org/web/20160303231126/http://www.ihit.pt/new/boletim.php?area=boletins&id=74
de ilhéus em sérias dificuldades (Lisboa, 186688; Wiederspahn,197989 e Berredo, 198890). Uma terceira leva de açorianos destinados à Região Norte do Brasil ocorreu no período entre 1752 e 1756, quando o todo poderoso ministro Sebastião José de Carvalho e Melo - o Marquês de Pombal - procurou empreender uma corrente migratória para o Grão-Pará e o Maranhão, tomando como ponto de partida, mais uma vez, o Arquipélago dos Açores. Sabe-se que a Coroa de Portugal assinou em abril de 1751, com Joseph Álvares [ou Alves] Torres, um contrato para o transporte de mil famílias das ilhas dos Açores para o Estado do Grão-Pará. Viveiros (1992)91 desconhece se esses açorianos algum dia chegaram ao Maranhão ou ao Pará, mas há uma afirmação de Laytano (1987)92, com base numa monografia escrita por Arthur César Ferreira Reis, segundo a qual, em 1752, somente numa embarcação, vieram 430 ilhéus para a Amazônia e "logo no começo de 1766 chegaram casais de ilhéus, em número de 50, com duzentas e trinta e quatro pessoas" para Belém do Pará. A partir daí, as migrações concentraram-se nos atuai Pará e Amapá... Segundo Marques (2008): 1648 – 52 casais ou 365 individuos 1666 – 80 casais ou 250 individuos 1674 – 100 casais ou 500 individuos 1675 – 50 casais ou 234 individuos – 50 casais, 100 individuos 1677 – 50 homens, 47 mulheres e 126 pessoas de família 1750 – 96 casais ou 486 individuos 1752 – 430 individuos 1753 – 900 soldados Continuemos as buscas... O certo, que a presença açoriana, hoje, se manifesta com as festas do Espírito Santo, e com o “Tarracá”, luta/jogo que se manifesta na baixada maranhense – atarracar, atarracado – e na região dos Preguiças, com o nome de “queda”, único ‘wrestling” de origem portuguesa, e trazido por vaqueiros açorianos para o Maranhão (VAZ, 2019)93. Das experiências e pesquisa apresentadas, e depoimentos dos participantes, em especial dos representantes das demais Casas dos Açores – Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, e mesmo os representantes e pesquisadores açorianos aqui presentes – destaca-se o sentimento de “pertencimento” àquelas Ilhas. Somos todos ‘Ilhéuis”... A busca de identidade – açoraneidade, tal como a maranhencidade, tão cara à todos nós -, de busca das raízes, se faz tão presente e cheia de orgulho, pelos ‘manoeizinhos’. É o que busca a Casa dos Açores do Maranhão, oficialmente fundada durante este Congresso Internacional. Somente hoje entendi o que Vitorino de Brito Freire falou-nos, em 1976, durante uma visita à Imperatriz, ao Campus Avançado da UFPR/Projeto Rondon, de que o ‘maranhense é um eterno exilado”. As primeiras correntes migratórias, de ocupação e povoamento da terra, provem dos Açores... Vinham ‘fazer a vida’, e quem sabe, um dia voltar... Da recuperação da memória/origem dos maranhenses, temos a pesquisa de Judith Bogéa Bittencourt sobre sua família – os Bittencourt -, em andamento, e o de Guido Garreto: “Garret – Traficante de escravos: a história esquecida da famílias Garret na Amazônia (Jaguatirica, 2018). 88
LISBOA, J. F. - Jornal de Tímom. Lisboa: [s. n.], 1858. t. 2; LISBOA, J. F. - Obras de João Francisco Lisboa. São Luís do Maranhão: Typ. de B. de Mattos, 1866. v. 3 89 WIEDERSPAHN, H. O. - A colonização açoriana no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes/ /Instituto Cultural Português, 1979. 90 BERREDO, B. P. de. Anais históricos do Estado do Maranhão. 4. ed. São Luís: ALUMAR/Billiton/ALCOA, 1988. 390p. 91 VIVEIROS, J. de. - História do comércio do Maranhão (1612-1895). Edição fac-similar. São Luís: Associação Comercial do Maranhão, 1992. v.1. 92 LAYTANO, D. de. - Arquipélago dos Açores. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana, 1987. 93 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CONTRIBUIÇÃO DOS AÇORIANOS PARA A CULTURA MARANHENSE: O CASO DO “TARRACÁ”. In Comunicação durante o CONGRESSO INTERNACIONAL DOS 400 ANOS DA PRESENÇA AÇORIANA NO MARANHÃO: HISTÓRIA, CULTURA E IDENTIDADEE, São luis, 23 a 25 de outubro de 2019, Casa dos Açores do Maranhão/Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão.
Lamentável, mesmo, é a ausência de nossos pesquisadores, em especial da UFMA e UEMA, num evento tão importante. Da UEMA, Franz Gasterlinck; tivemos alguns pesquisadores que se comproimeteram com a organização do evento, em ministrar palestras, mas simplesmente, não compareceram... Se não vieram, é porque não têm importância, se não têm importância, não é necessários dar-se lhes os nomes...
“OS NÁUFRAGOS DO SÃO MACAIO”: PRESENÇA AÇOREANA NA CONQUISTA DO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ94 INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS LICENCIADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA – MESTRE EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
... S. Macaio, S. Macaio deu à costa Ai deu à costa nos baixos do Maranhão Toda a gente, toda a gente se salvou Ai se salvou, só o S. Macaio não. “SÃO MACAIO” é uma canção dançada nos Açores. Foi, sobretudo, na ilha Terceira onde se generalizou a sua tradição. Tudo leva a crer que o seu nome original seja São Macário e que o nome com que ficou conhecido seja já uma degeneração do primeiro. Acredita-se que São Macário, seria um navio que andava entre as ilhas e o Brasil e que teria naufragado numa das suas viagens. Pois como diz a canção: “São Macaio, deu à costa nos baixios do Maranhão... toda a gente se salvou...(...) só o São Macaio é que não”. Muito embora haja informação que esse naufrágio se deu nos meados dos 1700, a presença açoriana no Maranhão é bem anterior - mais de 150 anos -, e as comemorações dos 400 anos da migração para estas bandas também não contempla as primeiras presenças, que vem desde 1603... O Estado do Maranhão e Grão-Pará, ou simplesmente Estado do Maranhão, era um enorme território que hoje em dia corresponderia aos atuais estados da Amazônia Brasileira (principalmente Amazonas, Amapá, Pará e Tocantins), mais Maranhão, Ceará e Piauí (VAZ e VAZ, 2011) 95. Para Cardoso (2012) 96, nas crônicas da época de Filipe II, esse território era quase sempre identificado como uma zona de transição. Nem era propriamente “Brasil”, nem chegava a ser Índias de Castela. Em dias de hoje, o que esses cronistas chamavam de “Maranhão” seria um território excepcionalmente grande, e corresponderia (mais ou menos) aos atuais Estados brasileiros de Pará, Amazonas, Acre, Amapá, Tocantins, Piauí, Maranhão e uma parte do Mato Grosso (ao Norte do paralelo 16º).6 A Ilha do Maranhão – Upaon-Açú – é ocupada por franceses já na década de 1590 – 1594, com feitoria: Miganville97, construção de fortes: os fortes do Sardinha, Caur, e Araçacy -, e em 1612, aí tentam fundar uma colônia – La France Equinoxiale 98. Em 1615, os franceses são expulsos e a região é incorporada aos domínios lusitanos durante a união das Coroas Ibéricas – 1580/1640. 94
Escrevo para aprender. Os dados e informações aqui apresentados são fruto de trabalhos acadêmicos e institucionais, portanto não são inéditos; original é a apresentação. 95 VAZ Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. “A CIDADE DO MARANHÃO: UMA HISTÓRIA DE 400 ANOS” – DAS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE OCUPAÇÃO ATÉ A CONSOLIDAÇÃO DA CONQUISTA DA TERRA – CRONOLOGIA . Revista IHGM n. 39, dezembro 2011, p. 237, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/revista_ihgm_39_-_dezembro_2011 96 CARDOSO, Alírio. MARANHÃO NA MONARQUIA HISPÂNICA: intercâmbios, guerra e navegação nas fronteiras das Índias de Castela (1580-1655). Tesis Doctoral presentada en la Facultad de Geografía e Historia. Departamento de Historia Medieval, Moderna, Contemporánea y de América. 97 VAZ. Leopoldo Gil Dulcio; SILVA, Antonio Noberto da Silva. DO VINHAIS VELHO À PONTA DA AREIA – UM REDUTO que DEU INICIO A SÃO LUIS. Palestra no IHGM, em 31/01/2019. Publicada na ALL EM REVISTA, São Luís, Volume 6, número 1, janeiro a março de 2019, disponível em https://issuu.com/…/docs/revista_all__n.6__v1__janeiro-mar_o; e na REVISTA DO LEO 18, MARÇO DE 2019, disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__18_-_mar_o_2019 98 MEIRELES, Mário. FRANÇA EQUINOCIAL. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Luís: Fundação Cultural do Maranhão, 1982 D´ABBEVILLE, Claude. HISTÓRIA DA MISSÃO DOS PADRES CAPUCHINHOS NA ILHA DO MARANHÃO E TERRAS
FONTE: SILVA, 2019; VAZ e SIVA, 2019
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Essa reconquista das terras do norte do Brasil é o ponto de partida para o avanço do sistema colonial português. A colonização foi iniciada por ilhéus açorianos chegados em duas levas, nos anos de 1619 e 1621, dando a São Luís uma feição de burgo, transformando o simples posto militar avançado em uma povoação de colonos a que se precisaria dar uma administração civil 100. CIRCUNVIZINHAS. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: USP, 1975. D’EVREUX, Ives. VIAGEM AO NORTE DO BRASIL feita nos anos de 1613 a 1614. 3 ed. Anotadas aos cuidados de Sebastião Moreira Duarte. São Paulo: Siciliano, 2002 FORNEROD, Nicolas. SUR LA FRANCE ÉQUINOXIALE – SOBRE A FRANÇA EQUINOCIAL. São Luis: Aliança Francesa do Maranhão/Academia Maranhense de Letras, 2001 PIANZOLA, Maurice. OS PAPAGAIOS AMARELOS – os franceses na conquista do Brasil. Brasília: Alhambra; São Luís: Secretaria de Cultura do Estado do Maranhão, 1992 LIMA, Carlos de. Os Franceses no Maranhão. In Jornal O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 08 de setembro de 2002, Caderno Especial 390 anos, p. 5 LACROIX, Maria de Lourdes Lauande. O Mito da fundação de São Luís. In Jornal O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 02 de março de 2008, domingo, Caderno Alternativo, p. 1, p. 6 MARTINS, José Reinaldo. São Luís de 1612 descoberta. In Jornal O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 19 de julho de 1998, domingo, Caderno Alternativo, p. 3 O ESTADO DO MARANHÃO. Palco de disputas por franceses, portugueses e holandeses. São Luís, 08 de setembro de 2002, Caderno Especial, 390 anos, p. 7, FERREIRA, Abrl. Tratado de Tordesilhas a ‘invasão’ francesa do Maranhão. In JORNAL O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 05 de outubro de 2003, domingo, Caderno Alternativo, p. 3 SABOIA, Napoleão. Retrato do Brasil francês. Jornal O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 06 de janeiro de 2002, domingo, Caderno Alternativo, p. 1 LACROIX, Laria de Lourdes Lauande. A FUNDAÇÃO FRANCESA DE SÃO LUÍS E SEUS MITOS. São Luís: EDUFMA, 2000 99 VAZ e SILVA, 2019, obra citada 100 SILVEIRA, Simão Estácio da. RELAÇÃO SUMÁRIA DAS COUSAS DO MARANHÃO. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1976. (Edição facsimilar)
A partir de 1621, a América portuguesa encontra-se então dividida em duas grandes unidades administrativas, o Estado do Maranhão, ao norte, cuja capital era a cidade de São Luís, e o Estado do Brasil, ao sul, cuja capital era a cidade de Salvador. Estas duas unidades políticas eram independentes entre si. O Estado do Maranhão também estava dividido em duas capitanias reais, Capitania do Maranhão e Capitania do Grão-Pará, conquistadas por ordem direta de Filipe III. Existiam outras capitanias particulares, criadas por mercê real e cujas mais importantes eram: Tapuitapera, Cametá, Caeté, Ilha de Joanes e o Cabo do Norte (este último, mais ou menos equivalente ao atual Estado do Amapá).
→→→ Os portugueses saindo de Recife/PE, expulsaram os franceses de São Luis do Maranhão, em 1615. Ocuparam a foz do rio Amazonas, em 1616. E subiram o rio Amazonas em 1637 estabelecendo os limites Oeste entre as posseções espanholas e portugueses, no rio Nepo. Fonte: VAZ e VAZ 2011, obra citada, VAZ, 2011101
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. São Luís, portuguesa com certeza. In CLIONET, Revista Eletrônica de História, Juiz de Fora, UFJF, 1989 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. São Luís, francesa ou portuguesa? In Jornal O IMPARCIAL, São Luís, domingo, 11 de julho de 1999, Caderno Impar, p. 8. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Carta Aberta Ao Mestre Jomar Moraes – Sobre ‘Vieira, Novelos E Novelas. In REVISTA NOVA ATENAS DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, São Luís, Volume 04, Número 01, jan/jun/2001, disponível em www.cefet-ma.br/revista 101 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A Fundação Do Maranhão São Luis/Vinhais. In II ENCONTRO DE ESTUDOS CULTURAIS: CULTURA E SUBJETIVIDADES Mesa-redonda: Comemorações Históricas: São Luís 400 anos: Ciência, Arte e Humanidades 30/05/2011
Fonte: VAZ e VAZ 2011; vaz 2011, obras citadas
A Carta Régia de seis de agosto de 1653 repartiu-o em quatro capitanias – São José do Piauí; Maranhão; Grão-Pará; e São José do Rio Negro – todas sujeitas a um governador e capitão-general, e tinha como sede a cidade de Belém.
Em 1772, a região recebeu nova organização administrativa, repartindo-se em dois estados: o Estado do Grão-Pará e Rio Negro, e o Estado do Maranhão e Piauí. Até 1811, o Piauí ficou subordinado ao Maranhão. A primeira tentativa para expulsar os franceses do Maranhão foi a do açoriano Pêro Coelho de Sousa que chegou de Pernambuco em 1603 e desembarcou no Ceará com 65 soldados e mais de 200 índios. Já Barretto
(1958) 102 diz que integravam a expedição 86 europeus e 200 indígenas, e à frente, Martim Soares Moreno, Simão Nunes e Manoel de Miranda, Jacques Riffault103 percorria o litoral do Ceará entre 1603-1604, quando o Capitão-mor Pero Coelho de Souza recebeu Regimento passado pela Coroa ibérica, que lhe determinava: [...] “descobrir por terra o porto do Jaguaribe, tolher o comércio dos estrangeiros, descobrir minas e oferecer paz aos gentios" e "fundar povoações e Fortes nos lugares ou portos que melhores lhe parecerem”. Em obediência ao Regimento, iniciou, na foz do rio Jaguaripe, uma fortificação em 10 de agosto de 1603, antes de prosseguir para combater os franceses de Jacques Riffault na Ibiapaba. (82-83). Jacques Riffault Comerciante y aventurero de origen normando. Fue el primero en formular un proyecto para la ocupación francesa del norte de Brasil. El 14 de mayo de 1594 partió al mando de tres naves con el objetivo de efectuar las primeras conquistas de dicha ocupación. Consiguió llegar a Maranhão, pero "dois dos seus navios se perderam nos baixios de Upaon-Mirim (ilha de Santa Ana)". Debido al contratiempo, el capitán regresó a Francia, manteniendo su proyecto todavía pero sin llegar a culminarlo, pues murió poco tiempo después. Sin embargo, los supervivientes de las dos naves naufragadas fueron acogidos por los tupinambás: participaron junto a ellos en la guerra contra los tabajaras, aliados de los portugueses. Entre los náufragos se encontraba Charles de Vaux, quien volvió a Francia y se convirtió en "um grande propagandista das potencialidades da região maranhenses, que possuía algodão e pimenta, bem como condições para o cultivo da cana-de-açúcar, além de contar com a predisposição dos tupinambás". (COUTO, 1997: 188)104 Em 1604, Pero Coelho de Souza passou rumo a Ibiapaba105, e as batalhas contra os nativos que apoiaram os franceses e contra os franceses estabelecidos na região entre o Camocim e o Maranhão. As Fortificações do Camocim localizavam-se na margem esquerda da foz do rio Coreaú, atual Barreiras (município de Camocim). Barretto (1958) 106 informa que uma fortificação neste ancoradouro já havia sido cogitada em 1613 por Jerônimo de Albuquerque Maranhão (1548-1618), no contexto da conquista da Capitania do Maranhão aos franceses, optando por se estabelecer, entretanto, em Jericoacoara (p. 92). Pero Coelho de Souza (Ilha de São Miguel, fins do século XVI — Lisboa, meados do século XVII) foi um explorador português, oriundo dos Açores. Chegou ao Brasil em 1579 e foi o 102
BARRETO, Aníbal (Cel.). Fortificações no Brasil (Resumo Histórico). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1958. VAZ. Leopoldo Gil Dulcio; SILVA, Antonio Noberto da Silva. DO VINHAIS VELHO À PONTA DA AREIA – UM REDUTO QUE DEU INICIO A SÃO LUIS. Palestra no IHGM, em 31/01/2019. Publicada na ALL EM REVISTA, São Luís, Volume 6, número 1, janeiro a março de 2019, disponível em https://issuu.com/…/docs/revista_all__n.6__v1__janeiro-mar_o; e na REVISTA DO LEO 18, MARÇO DE 2019, disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__18_-_mar_o_2019. VER TAMBÉM VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O Potengi, o Rifoles, e a ocupação do Maranhão, in CEV/EDUCAÇÃO FÍSICA NO MARANHÃO, disponível em http://cev.org.br/comunidade/maranhao/debate/o-potengi-o-rifoles-e-a-ocupacao-do-maranhao-1/ 104 Couto, Jorge, "As tentativas portuguesas de colonização do Maranhão e o projecto da França equinocial" en Ventura, Maria da Graça Mateus (coord.), A União Ibérica e o Mundo Atlântico. Lisboa: Edições Colibri, 1997, pp. 171-194. 105 A Serra da Ibiapaba, também conhecida como Serra Grande, Chapada da Ibiabapa e Cuesta da Ibiapaba, é uma região montanhosa que se localiza no Estado do Ceará. Uma região atraente em riquezas naturais que já era habitada por diversas etnias indígenas. Os povos que viviam já negociavam diversos produtos naturais com povos europeus, tais como os franceses, antes mesmos da chegadas dos portugueses. Habitada inicialmente por índios tabajaras e tapuias, como a índia Iracema que se banhava na bica do ipu foi bastante retratada no livro Iracema de José de Alencar. A cidade mais antiga da serra é Viçosa do Ceará, que foi colonizada pelos jesuítas da Companhia de Jesus a partir do século XVI. Também encontram-se as cidades do Tianguá, Ubajara - onde existe a Gruta de Ubajara e o bondinho do Parque Nacional de Ubajara - São Benedito, Ibiapina, Croatá, Guaraciaba do Norte, - neste município encontra-se a cidade de pedras, Carnaubal e Ipu que tem sua famosa bica(cachoeira) com 135m de altura que fica no sopé da serra da ibiapaba que e bastante visitada o parque da bica de ipu. https://pt.wikipedia.org/wiki/Serra_da_Ibiapaba 106 BARRETO, 1958, obra citada. 103
primeiro representante da Coroa Portuguesa a desbravar os territórios das capitanias da Paraíba, Sergipe, Rio Grande do Norte e Ceará, entre os séculos XVI e XVII. Concunhado de Frutuoso Barbosa, exerceu interinamente o governo da Paraíba após a administração deste, e foi vereador da câmara da Cidade da Parahyba pelos anos de 1590 Em 1603, requereu e obteve da Corte Portuguesa, por intermédio de Diogo Botelho, oitavo Governador-geral do Brasil, o título de capitão-mor para desbravar, colonizar e impedir o comércio dos nativos com os estrangeiros que há anos atuavam na capitania do «Siará Grande». Esse fidalgo da casa do rei e militar experiente, partiu da Paraíba para a conquista as terras cearenses. Partiu da Paraíba com destino ao Rio Jaguaribe para dali seguir até a Serra da Ibiapaba. Entretanto, em 1604, quando se encontrava nos arredores da Serra Grande (Ibiapaba), encontrou forte resistência dos nativos da região auxiliados por alguns franceses. Após uma série de lutas, conquista a região de Ibiapaba, vencendo os franceses e indígenas locais. Depois dessa vitória, ele tenta entrar mais na região na direção do Piauí, mas devido à rebelião de seus homens, retorna à barra do rio Ceará, onde ergue o Fortim de São Tiago da Nova Lisboa. Após tal construção, deixa seus homens no então erguido forte e retorna à capitania da Paraíba para angariar mais recursos e trazer sua família. Nessa ida às terras paraibanas ele leva consigo diversos indígenas escravos para a venda. Dezoito meses depois da sua ida à Paraíba, Pero Coelho retorna ao Ceará, juntamente com a Srª Maria Tomásia Cardiga, sua esposa, e seus filhos. Contudo, devido à seca que então assolava as terras cearenses na época, assim como os desânimos de seus homens, os ataques dos índios e a não chegada dos recursos prometido por Diogo de Campos Moreno, Pero Coelho abandona o Fortim de São Tiago e ruma de volta à Paraíba. Nessa jornada ele ainda ergue um forte à margem esquerda do rio Jaguaribe, o Fortim de São Lourenço, mas em razão dos mesmos motivos que o fizeram partir da Barra do Ceará, ele abandona definitivamente essa capitania. Ainda nessa jornada de abandono, Coelho perde o filho mais velho. Segundo o sargento-mor Diogo de Campos Moreno, ainda em 1614, Pero Coelho de Souza foi o primeiro europeu a ter seu nome ligado à escravidão das populações indígenas no Brasil, tornando primeiro os índios da Ibiapaba e do rio Jaguaribe cativos. Tal relato do sargento-mor mostra que Pero Coelho de Souza, homem nobre do Brasil colônia, arregimentou soldados e índios para ir conquistar o História do Maranhão num trajeto passando por mar até o Ceará e, dali, indo por terra, passa pela Serra de Ibiapaba, não indo além, tendo em vista os confrontos violentos com os autóctones tabajaras da serra, liderados pelo morubixaba (cacique) Irapuã. Nesse confronto armados saíram vencidos os tabajaras, os quais foram levados como escravos e vendidos nos engenhos do litoral.Aproximadamente oitocentos índios que acompanhavam e ajudavam a Pero Coelho de Souza na condição de aliados também foram posteriormente escravizados. Pero Coelho morreu em Lisboa, depois de passar longos anos a requerer, inutilmente, a paga dos seus serviços.107 Pero Coelho de Souza - Capitão mor que participa na conquista do Ceará e foi um dos moradores influentes da cidade de Filipéia, Paraíba (1599). Também aparece na documentação como Pedro. "Na fase inicial da actividade de Diogo Botelho (1602-1607), o açoriano Pero Coelho de Sousa, radicado na Paraíba, propôs ao novo governador-geral, com o apoio do influente cunhado, Frutuoso Barbosa, a organização de uma expedição destinada a prosseguir a conquista da costa do Brasil a partir do Rio Grande do Norte [...] A expedição tinha como missões essenciais assegurar, por todos os meios possíveis, a paz com os índios; reconhecer o litoral com o objectivo de detectar pontos estratégicos e assinalá-los com vista a futuras ocupações; capturar todos os estrangeiros que fossem encontrados e enviá-los para 107 FONTE:https://pt.wikipedia.org/wiki/Pero_Coelho_de_Sousa
Pernambuco, abatendo aqueles que oferecessem resistência; procurar informações junto dos indígenas sobre a possível existência de minas de ouro e prata, bem como de jazidas de pedras preciosas e, finalmente, fundar fortes e povoações nos lugares mais adequados, procurando sempre conservar a amizade dos ameríndios". (COUTO, 1997:187) 108. Logo após essa tentativa de se chegar ao Maranhão, houve, em 1607, outra, com dois padres jesuítas, o açoriano Francisco Pinto, de Angra, Ilha Terceira, de cinquenta e três anos e o alentejano Luís Figueira, de Almodávar, que desembarcaram na foz do rio Ceará e foram trucidados pelos índios, com Francisco Pinto sendo devorado.
Francisco da Costa Pinto, padre Jesuíta, nascido em 1552, da cidade de Angra, Ilha de Terceira. Morto em 11 de janeiro de 1608, na Chapada de Ibiapaba. Açoriano, veio para o Brasil, quando criança, acompanhando a família que imigrou para o Brasil. Aos 17 anos de idade, deixou o Estado de Pernambuco seguiu para a Bahia e em 31 de outubro de 1568 ingressou na Companhia de Jesus. Não chegou a completar o curso, recebendo a o título de Coadjutor espiritual formado. Em 1588 recebeu a ordens sacras, sendo considerado padre. Devido a seu conhecimento das línguas indígenas é indicado para a Missão do Maranhão. No dia 20 de janeiro de 1607, partiu do Recife, em uma embarcação que ia buscar sal coletado nas salinas na foz do Rio Mossoró[4], juntamente com o padre Luís Figueira para o Siará Grande, com o intuito de catequizar os nativos daquele território. Em 2 de fevereiro do 1607, celebraram a primeira missa no território do atual Estado do Ceará, na foz do Rio Jaguaribe. Durante a viagem, esteve em um aldeamento denominado como Paupina, que corresponde atualmente ao centro de Messejana. Os dois avançaram até a Chapada de Ibiapaba, chegando a habitar com os índios Tabajara. Em 11 de janeiro de 1608, foi assassinado pelos índios Tocarijus, instigados pelos franceses que mantinham contatos na região por meio da Feitoria da Ibiapaba. O martírio ocorreu, provavelmente, onde, atualmente, está localizado o Município de Carnaubal, sendo enterrado no sopé da Serra Grande. 108 AGS, Archivo General Simancas, Secretarías Provinciales, 1515, f. 43v. ANTT. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Corpo Cronológico, Parte I, Maço 112, Doc. 57. Salvador, Frei Vicente do, História do Brasil Couto, Jorge, "As tentativas portuguesas de colonização do Maranhão e o projecto da França equinocial" Anônimo, Livro do Tombo do Mosteyro de Sam Bento da Parahyba. Numero III ILHA, fr. Manuel da, Narrativa da custódia de Santo Antônio do Brasil, 1584-1621 http://brasilhis.usal.es/pt-br/personaje/pero-coelho-de-souza-sousa
“..] investindo com furor e crueldade diabólica contra o servo de Deus, lhe deram repetidos golpes com suas "ybirassangas", que são uns paus duros, largos e compridos, na cabeça, até que lha amassaram toda e lhe deram uma morte muito cruel, aos onze de janeiro de 1608” [3] Depois da sua morte e sepultamento recebeu o alcunha de Amanaiara (o senhor da chuva) em Tupi, entre a etnias indígenas, transformando-se assim numa entidade espiritual. Os seus restos mortais viraram amuletos para o combate à seca, sendo estes trasladados até a Parangaba pelos índios Potiguara. Em janeiro de 2016, foi celebrada uma missa em Tianguá, para celebrar o início de seu processo de canonização.109
Por Cornelius Hazart - Biblioteca Nacional, Domínio público110 A conquista efetiva do Maranhão foi planejada na administração do conde de Ericeira, d. Diogo de Menezes (1608-1612), e concluída por d. Gaspar de Sousa (1612-1617), ambos governadores do Estado do Brasil: Felipe III esperava que o próprio Gaspar de Sousa viajasse ao Maranhão para, assim, dirigir as ações militares pessoalmente. Algumas Cartas Régias de Felipe III são bastante elucidativas sobre o projeto hispano-luso de conquista dessa região, revelando certas expectativas sobre como deveria ser feita a tomada do novo território. Em outubro de 1612, o soberano passa instruções para que a conquista seja feita por mar, e que seria conveniente irem mais de seiscentos soldados arcabuzeiros, acompanhados de mil índios flecheiros de Pernambuco. Também deveriam ir, segundo Felipe III, oficiais mecânicos de ‘todos os ofícios’, e até ‘homens 109 FONTE: https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Pinto_(padre) 110 FONTE: https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=17315678
nobres’ e de ‘cabedal’ que pudessem fabricar engenhos e iniciar comércio nas novas terras. (CARDOSO, 2011) 111 Para esse autor, a ocupação do Maranhão faz parte da política de construção de uma linha de defesa no litoral norte do Estado do Brasil. Sobre o tema, três questões estão sempre presentes nas fontes disponíveis: 1) A expulsão imediata dos franceses; 2) As providências para travar o avanço de ingleses e holandeses pelo litoral; 3) A possibilidade de integração comercial entre o Maranhão e as Índias de Castela, sobretudo com o Vice-Reino do Peru. Alírio Cardoso (2011) 112 apresenta, em um quadro, a origem de alguns oficiais que participaram da Conquista do Maranhão e Grão-Pará (1615-1616, baseado em Berredo (1988) 113. São eles:
NOME Manuel de Sousa de Eça Diogo de Campos Moreno Bartolomeu Ramires Domingos Correia
POSTO Capitão-Mor/ Capitão de Infantaria Sargento-Mor Incerto Maestro de Caravela
ORIGEM Ilhas dos Açores Tanger ou Ilha Terceira Ilhas dos Açores Ilha Graciosa (Açores)
FONTE: CARDOSO (2011), de acordo com BERREDO, Anais Históricos do Estado do Maranhão. São Luís: Alumar, 1988 [1749], § 198-199; § 248; §304-308; §436; § 763-780.
Manuel de Sousa d'Eça (? - ?)114 foi um administrador colonial que governou o Grão-Pará de 06 de outubro de 1626 a outubro de 1627. Embarcou de Portugal para o Brasil em 25 de março de 1624 e em 19 de junho de 1641 ajudou a repelir um ataque da nau francesa Régente a um forte em Jericoacoara. MANUEL DE SOUSA (DE SOUZA) DE EÇA (DEÇA) (DE SÁ) (E SÁ) 115. Lugar de nacimiento: Ilhas dos Açores. Capitão-môr do Pará que participa en la conquista de Maranhão. Fue enviado, con el rango de capitão-môr o de capitão de Infantaria, como parte de la flota de socorro integrada por siete navíos y seiscientos hombres que comandó Alexandre de Moura en 1615 para arrebatar el fuerte de São Luís do Maranhão a los franceses (CARDOSO, 2011, p. 331, CARDOSO, 2012, p. 164). En julio de ese mismo año envió un informe al Consejo de Indias, el "Roteiro do Rio das Amazonas, dado pelo capitão Manuel de Souza Dessa al S.or Vizorrey", en el cual "resume as três questões mais emblemáticas sobre a geopolítica lusomaranhense": que la ruta maranhaense ya era transitada por varias naciones enemigas de la Monarquía Hispánica (franceses, holandeses e ingleses), que estas naciones explotaban económicamente el territorio de Maranhão, y sobre el enorme valor estratégico del río Amazonas para asegurar la integración de los territorios de la Monarquía Hispánica en América. (CARDOSO, 2012, pp. 68-69, 202, 209, 213) Tras la conquista de Maranhão, acompañó en 1615 al capitão Frias de Mesquita en su viaje a Sevilla para presentar los planos para el fuerte de São Felipe. (CARDOSO, 2012, p. 111 CARDOSO, Alírio. A conquista do Maranhão e as disputas atlânticas na geopolítica da União Ibérica (1596-1626). Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 31, nº 61, p. 317-338 – 2011, disponível em http://www.scielo.br/pdf/rbh/v31n61/a16v31n61.pdf 112 CARDOSO, 2011, obra citada 113 Berredo, Bernardo Pereira de. Anais Históricos do Estado do Maranhão. São Luís: Alumar, 1988 [1749], § 198-199; § 248; §304-308; §436; § 763-780. 114 Fontes: https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_de_Sousa_d%27E%C3%A7a Cardoso, Alírio, "The conquest of Maranhão and Atlantic disputes in the geopolitics of the Iberian Union (1596-1626)" Cardoso, Alírio, Maranhão na Monarquia Hispânica: Intercâmbios, guerra e navegação nas fronteiras das Índias de Castela (1580-1655). Disponível em http://brasilhis.usal.es/pt-br/node/1638 115 http://brasilhis.usal.es/pt-br/node/1631
167) Recebe alvará de provedor da fazenda do Rio das Amazonas a 22 de dezembro de 1616 e no ano seguinte recebe alvará de capitão de viagem do Pará. Estaba en Pernambuco en 1624 para unirse a la expedición de Francisco de Moura contra los holandeses que estaban en Salvador de Bahía. 116 Diogo de Campos Moreno (Tânger, 1566 – 1617) 117 foi um militar português. Após ter combatido na Flandres, seguiu para o Brasil em 1602, com o posto de sargento-mor, junto com Diogo Botelho. No Maranhão juntou-se a Jerônimo de Albuquerque Maranhão e a Alexandre de Moura na luta contra os franceses e seus aliados indígenas, estabelecidos na chamada França Equinocial, conseguindo a vitória em 1615. Com base nas suas experiências no Brasil redigiu o "Livro que Dá Razão ao Estado do Brasil" (1612) e a "Jornada do Maranhão" (1614), obras que não assinou. Nesta última, Moreno relata a conquista do território, embora tenha enaltecido os seus próprios feitos. Foi tio de Martim Soares Moreno. Diogo de Campos Moreno 118 Nacido en Tanger o en la Ilha Terceira, participó como alférez en la Guerra de Flandes, en los ejércitos de Alejandro Farnesio. Nombrado Sargento mor do 116 ANTT, Arquivo Nacional da Torre do Tombo. 1613-Março-26-Lisboa.Carta de provedor da fazenda da Paraíba a Manuel de Sousa de Sá. Chancelaria de D. Filipe II, Doações, L.32, fl. 66v. ANTT, Arquivo Nacional da Torre do Tombo. 1613-Março-28-Lisboa. Carta de provedor dos defuntos de Pernambuco a Manuel de Sousa de Sá. Chancelaria de D. Filipe II, Doações, L.29, fl. 208. ANTT, Arquivo Nacional da Torre do Tombo. 1616-Dezembro-22, Lisboa. Alvará de provedor da Fazenda Real do rio das Amazonas a Manuel de Sousa de Sá. Chancelaria de D. Filipe II, Doações, L. 35, fl. 148v. ANTT, Arquivo Nacional da Torre do Tombo. 1617-Janeiro-14, Lisboa. Alvará de capitão de viagem do Pará a Manuel de Sousa de Sá. Chancelaria de D. Filipe II, Doações, L. 35, fl. 151. AHU, Arquivo Histórico Ultramarino, AHU_CU_014, Cx. 1, D. 14. Cardoso, Alírio, "The conquest of Maranhão and Atlantic disputes in the geopolitics of the Iberian Union (1596-1626)" Salvador, Frei Vicente do, História do Brasil Chambouleyron, Rafael, "Conquista y colonización de la Amazonia portuguesa" Santos Pérez, José Manuel, "La conquista y colonización de Maranhão-Grão Pará: el gran proyecto de la Monarquía Hispánica para la Amazonia brasileña (1580-1640)" 117 https://pt.wikipedia.org/wiki/Diogo_de_Campos_Moreno 118 http://brasilhis.usal.es/en/node/32 AGS, Archivo General Simancas, Secretarías Provinciales, 1506, fol. 19, Sobre o ordenado que ha de haver Diogo de Campos Moreno que se envia a Conquista de Maranhao. AGS, Archivo General Simancas, Secretarías provinciales, 1506, fol. 31v. sobre la confirmación de Diogo Campos Moreno como Sargento mor del Estado do Brasil ANTT, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, PT/TT/MR/1/68. ANTT, Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Dezembro 19. 1613, Alvará de Sargento-mor do Maranhão a Diogo de Campos Moreno. Chancelaria de D. Filipe II, Doações, L.32, fl. 169v. ANTT, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Janeiro-25, 1602, Alvará de Capitão e Sargento-Mor, a Diogo de Campos Moreno. Chancelaria de D. Filipe II, Doações, L. 6, fl. 280 v. Anónimo (Atribuido a Diogo de Campos Moreno por Varnhagen y Hélio Vianna), Report on the State of Brazil-1612 (Livro da Razão do Estado do Brasil, edición de Engel Sluiter). Rodrigues, José Honório , História da História do Brasil: historiografia colonial Moreno, Diogo de Campos, Livro que da Razão do Estado do Brasil- 1612 (edição crítica com introdução e notas de Hélio Vianna) Moreno, Diogo de Campos, Relação das praças fortes do Brasil (1609). Edição de José Antonio Gonsalves de Mello. Salvador, Frei Vicente do, História do Brasil Cardoso, Alírio, "The conquest of Maranhão and Atlantic disputes in the geopolitics of the Iberian Union (1596-1626)" Cardoso, Alírio, Maranhão na Monarquia Hispânica: Intercâmbios, guerra e navegação nas fronteiras das Índias de Castela (1580-1655) Moreno, Diogo de Campos, Jornada do Maranhão Corrêa, Helidacy Maria Muniz, A conquista do Maranhão e Grão-Pará na política ibérica Moura, Alexandre de, "Documentos para a História da conquista e colonização da costa leste-oeste do Brasil" Santos Pérez, José Manuel, "La conquista y colonización de Maranhão-Grão Pará: el gran proyecto de la Monarquía Hispánica para la Amazonia brasileña (1580-1640)"
Moreno, Diogo de Campos, Livro que da razao do Estado do Brasil. Ilustrado por João Teixeira Albernaz. Moreno, Diogo de Campos, Jornada do Maranhão por ordem de Sua Majestade feita no ano de 1614
Brasil en 1602 cuando va a Brasil con el gobernador Diogo Botelho (Alvará de 25 de enero de 1602). A su vuelta a Europa en 1613 el rey Felipe III extinguió el cargo, pero lo volvió a nombrar para el mismo en 1613 cuando lo mandó a la conquista de Maranhão (Alvará de 19 de diciembre de 1613). Participó en las campañas para la conquista de Maranhão de 1614 y 1615. Según Cardoso (CARDOSO, 2011, p. 331; CARDOSO, 2012, p. 164) fue enviado como sargento-mor en la flota de socorro, integrada por siete navíos y seiscientos hombres, que comandó Alexandre de Moura en 1615 para arrebatar el fuerte de São Luís do Maranhão a los franceses. Figura en un documento del AHU de Lisboa según el cual se ordena: 'Pagareis ao Sargento-môr do Estado Diogo de Campos Moreno, 209.600rs que tantos tem em cada hum ano por proviçoes e Regimento de S. Mgde a saber, 80.000rs de sargento mor deste estado, e trinta e tres mil e seiscentos rs para hum atambor que su Mgde lhe concede en seu Regimento, e 96.00 rs para ajuda de custo que tudo monta os 209.600rs. AHU, Bahia, LF, Cx. 1, Doc 9.Autor de la "Relação das Praças fortes, ..." de 1609. Probable autor del "Livro da Razao do Estado do Brasil" de 1612. Autor de la "Jornada do Maranhão por ordem de Sua Magestade feita no ano de 1614". Bartolomeu Ramires 119Lugar de nacimiento: Ilhas dos Açores. Enviado con cargo desconocido o "Incerto" en la flota de siete navíos y seiscientos hombres que comandó Alexandre de Moura en 1615 con el fin de arrebatar el fuerte de São Luís do Maranhão a los franceses. (CARDOSO, 2011, p. 331; CARDOSO, 2012, p. 164). Domingos Correia120 - Lugar de nacimiento: Ilha Graciosa. Mestre de caravela. Enviado en la flota de siete navíos y seiscientos hombres que comandó Alexandre de Moura en 1615 para arrebatar el fuerte de São Luís do Maranhão a los franceses. (CARDOSO, 2011, p. 331; CARDOSO, 2012, p. 164). Recebeu em julho de1635 Carta de Capitão de infantaria da armada do Brasil. 1Recebeu em junho de 1635 Carta de Provedor do Rio de Janeiro. Segundo Cardoso (2011) 121, a conquista do Maranhão também chamou a atenção de outros covassalos de Felipe III. Gaspar de Sousa, por exemplo, escreve ao rei comunicando que um oficial do Reino de Nápoles chamado Constantino Paolo Garrafa, ‘bem nascido’, e que já tinha servido ao soberano na Guerra de Flandres, pedia para ir ao Maranhão como Capitão de Artilharia. De fato, [...] o ‘chamado real’ para o serviço nas novas terras teve rapidamente resposta. Muitos portugueses que já haviam circulado por outras partes do império começam a pedir cargos para ir à conquista do Maranhão. Há vários exemplos a respeito. Simão Carvalho (da cidade do Porto) pede o cargo de Alferes no Maranhão, por ter participado da expulsão dos franceses, e da proteção da terra contra os holandeses. Agostinho Ferreira (natural de Lisboa), que já havia servido a Felipe II na Bretanha, pede o cargo de Sargento-Mor para servir no Maranhão. Outro português, Andre Soares, que servia em Sevilha, diz que foi ‘voluntariamente’ à conquista do Maranhão com mulher, filhos e ‘escravos’, e que lá ‘vive a lei da nobreza’, pede a Felipe IV o cargo de Escrivão da Câmara de São Luís. De fato, umas das questões mais emblemáticas sobre a conquista do Maranhão é a adesão voluntária à fórmula de covassalagem oferecida pela União Dinástica. Depois da ocupação do importante ponto estratégico da ilha do Maranhão, em 1615, Jerónimo de Albuquerque ficou ao comando das forças lusas na cidade de São Luís, fundada, em 1612, pela força 119 http://brasilhis.usal.es/en/node/1638 120 http://brasilhis.usal.es/pt-br/node/1639 ANTT, Arquivo Nacional da Torre do Tombo. 1635-Julho-27-Lisboa. Carta de Capitão de infantaria da armada do Brasil, a Domingos Correia. Chancelaria de D. Filipe III, Doações, L. 32, fl. 259 v. ANTT, Arquivo Nacional da Torre do Tombo. 1635-Junho-29-Lisboa. Carta de Provedor do Rio de Janeiro, a Domingos Correia. Chancelaria de D. Filipe III, Doações, L. 29, fl. 293. 121 CARDOSO, 2011, obra citada
expedicionária gaulesa derrotada (ALMEIDA, 2012) 122; diz-nos esta autora: “que nesta altura estava a ser dada prioridade à ocupação efectiva e controlo desta região por parte dos governantes”: Em 1615 Jorge de Lemos Bettencourt propôs-se a encaminhar dos Açores para o Pará mil pessoas de forma a constituir-se um núcleo populacional, mas na prática só conseguiu transportar cerca de metade dos efectivos. Quando esses colonos chegaram ao Maranhão, em 1618, souberam através da população local das condições inóspitas e das dificuldades que iriam encontrar no estabelecimento na região do Pará. A própria região do Maranhão carecia de gente para a constituição de povoados, pelo que se dava prioridade ao expediente de povoar essa zona comparativamente ao restante conjunto brasílico. O próprio governador do novo Estado do Maranhão tardou a ocupar o seu posto. [...]. O capitão-mor Jorge de Lemos Bettencourt (ou Betancor, como também se encontra nos documentos da época) era natural das Ilhas de Açores e fidalgo da Casa Real. Seu pai havia servido em Pernambuco e seu avô, o fidalgo João de Bettencourt de Vasconcellos, fora degolado por ordem do Prior do Crato quando prestava serviços ao soberano na Ilha Terceira. Bettencourt ofereceu-se para levar duzentos casais provenientes das Ilhas dos Açores para povoarem o Maranhão e o Pará, arcando com todas as despesas da viagem até a chegada à terra. (1636. AHU_ ACL_CU_009, Caixa 1, Doc. 109, IN . CORRÊA, 2012) 123. Jorge de Lemos de Bettencourt, nascido em 1540, era filho de Jorge de Lemos, o velho, filho de João Dias de Lemos (1480), nasceu em 1510, Ilha de São Jorge, Açores, Portugal, e de Maria Gonçalves De Ávila, nascida em 1510, Ilha de São Jorge, Açores, Portugal, e tinha duas irmãs,. Francisca de Lemos, e Ignez Gomes de Ávila, 1560, Ilha de São Jorge, Açores, Portugal.124 Casado com Joana Bettencourt de Vasconcelos, pais de Pedro de Lemos Betancur, nascido em 1580, na Terceira; Francisco de Lemos Bettencourt; Jorge de Lemos Bettencourt, (II); Pedro de Lemos Betancur e Ignes Betancurt.125 Marques (2005) 126 coloca que, já em 1615, o governo português apela para a Igreja através dos Jesuítas e para os Açores, através de decreto real, requisitando casais para virem conquistar a região amazônica, prometendo-lhes em troca uma nova vida num novo mundo. Nesta altura, a intenção da coroa portuguesa é, ao mesmo tempo, controlar a densidade populacional do arquipélago açoriano, mas também dar aos habitantes das nove ilhas melhores condições de sobrevivência no Novo Mundo, já que as ilhas eram constantemente assoladas por terramotos e erupções vulcânicas; saqueadas por piratas e corsários de todos os lados e por pragas que arrasavam as suas lavouras, causando mutações na economia local e transtornos às famílias. Mas, por outro lado, também queria garantir na região Amazônica a consolidação do domínio português e a fixação das fronteiras geográficas, quer assegurando a defesa do litoral quer organizando núcleos de colonização no Pará e no Maranhão; prossegue Marques (2005): Mas, o decreto real que requisitava os casais era selectivo e não aceitava qualquer cidadão que desejasse se alistar. A preferência era para os casais com filhos jovens ou em fase de procriação e para as mulheres donzelas, jovens e solteiras que desejasse constituir família. Era desta forma que a coroa portuguesa pretendia garantir um povoamento de qualidade na região, já que a intenção da coroa era a de que essa primeira corrente migratória fosse definitiva e pudesse iniciar um processo de miscigenação em cada parte do novo território. 122
ALMEIDA, Fernando Cabral Martins de. O controlo e a ocupação da região do Amazonas pelos Portugueses no século XVII. . Actas do Congresso Internacional Espaço Atlântico de Antigo Regime: poderes e sociedades. http://cvc.institutocamoes.pt/eaar/coloquio/comunicacoes/fernando_almeida.pdf 123 CORRÊA, 2012, obra citada 124 http://heuser.pro.br/getperson.php?personID=I3198&tree=heusers 125 https://www.geni.com/people/Jorge-Lemos-o-Velho/6000000009601887306 126 MARQUES, Francisca Ester. IMIGRAÇÃO AÇORIANA NO MARANHÃO E FUNDAÇÃO DE SÃO LUIS: PRESENÇA AÇORIANA NO NORTE E NORDESTE. REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO, n. 28, São Luis 2005, p. 45-60.
Assim, o alistamento dos casais imigrantes consistia em anotar, além do nome, a naturalidade, a residência, a idade, a profissão, a estatura, a cor dos cabelos, da pele e dos olhos, o formato do rosto, a forma do nariz, da boca e da barba, o estado civil e, se casado, o nome da mulher, a filiação desta, a sua naturalidade e idade, e, caso tivessem filhos, o nome e as respectivas idades. Mas, para além destes, a Coroa Portuguesa enviou também muitos degredados do Reino, assim como uma grande quantidade de homens de pequenos ofícios tais como pedreiros, oleiros, serralheiros, mercadores, mecânicos e ferreiros para a fixação definitiva dos casais. Daí que, os primeiros imigrantes açoreanos que aportaram no Maranhão em 11 de abril de 1619 vieram às custas do contratador Jorge de Lemos de Bettencourt que conseguiu, através da carta régia de 12 de abril de 1617, autorização para transportar 300 casais ao Pará, num total de mil pessoas, ao final do qual receberia o valor de 400 mil réis e a capitania de Pernambuco. Em 1618, os imigrantes partem dos Açores, sob o comando do Capitão Simão Estácio da Silveira, em três navios, mas parte deles morre na viagem chegando ao Maranhão apenas 95 casais ou 561 almas, segundo Frei Vicente do Salvador: «Na nau de que fui por capitão se embarcaram perto de trezentas pessoas, alguns com muitas filhas donzelas, que, logo chegando, casaram todas e tiveram vida que cá lhes estava mui impossibilitada, e se lhes deram suas légias de terra.» (Silveira 2001127, citado por MARQUES, 2005) Simão Estácio da Silveira foi um dos pioneiros da colonização portuguesa no Maranhão. Era de origem açoriana. Foi juiz da primeira Câmara de São Luís, procurador da conquista do Maranhão. Escreveu a obra "Relação Sumária das Cousas do Maranhão" (1619), publicada em 1624 em Lisboa, com o propósito de atrair colonos portugueses para a região. Simão Estácio da Silveira é o patrono da Câmara Municipal de São Luís, havendo em sua homenagem medalha de mérito municipal do mesmo nome. Comandou a chegada, em 1619, de trezentos casais dos Açores, tendo sido eleito o primeiro presidente da Câmara Municipal de São Luís. https://pt.wikipedia.org/wiki/Sim%C3%A3o_Est%C3%A1cio_da_Silveira O capitão Jorge de Lemos de Bettencourt, na carta encaminhada ao rei Filipe III, de Espanha, de 6 de maio de 1619, em que prestava contas de sua chegada ao Maranhão, asseverou: “tudo sai por este teor; com a povoação que fiz ordenamos Câmara e deixo tudo reduzido à razão para que torne a terra a cobrar fama que parece que escandaliza escrever-se isto duma terra que tudo produz excelentemente” (STUDART, p. 210, citado por CORRÊA, 2012) 128. Rodrigues e Madeira (2003)129 afirmam que, estes primeiros imigrantes, logo que chegam: [...] também rebelam-se contra as precárias condições que tiveram que suportar desde o início da viagem; condições semelhantes as que eram infringidas aos escravos africanos e que iam desde a má alimentação até a superlotação das embarcações, já que estas viagens eram sempre financiadas por particulares em troca de favores da Coroa Portuguesa. Por exemplo, a viagem 127 SILVEIRA, Simão Estácio da. Relação Sumária das Cousas do Maranhão: dirigida aos pobres deste Reino de Portugal, (8ª ed). São Paulo: ed. Siciliano, 2001, citado por MARQUES, 2005, obra citada 128 Carta de Jorge de Lemos de Betancor dando conta de como chegou ao Maranhão e do estado do logar. 6 de maio de 1619. In: STUDART, Guilherme. Documentos para a história do Brasil e especialmente do Ceará. Fortaleza: Typ. Studart, 1904, 1º v. in STUDART, Guilherme. Documentos para a história do Brasil e especialmente do Ceará. Fortaleza: Typ. Studart, 1904, 1º v., citado por CORRÊA, Helidacy Maria Muniz. COMUNICAÇÃO POLÍTICA, PODERES LOCAIS E VÍNCULOS: A Câmara de São Luís do Maranhão e a política luso-imperial de conquista do espaço. Outros Tempos, vol. 09, n.14, 2012. p.121-135. ISSN:1808-8031. file:///G:/LEOPOLDO%20ATUAL/IHGM/A%C3%87ORES%202019/13-39-2-PB.pdf 129 RODRIGUES, José Damião & MADEIRA, Artur Boavida. "Rivalidades Imperiais e Imigração: Os açorianos no Maranhão e no Pará nos séculos XVII e XVIII", in Anais de História de Além-Mar, Lisboa, vol. IV,2003, citados por . MARQUES, 2005, obra citada
que deveria ser efetuada pelo contratador João Pereira Seixas custaria: «os casais (marido e mulher) em idade útil e com filhos, num total de 400 praças, implicariam num investimento de 1.600 mil réis, ou seja, 4 mil réis por casal; a roupa, 400 mil réis; as ferramentas e as armas, outros 400 mil réis, e o fretamento do navio, 600 mil réis. Prosseguem: assim que chegam ao Maranhão, os colonos recusam-se a seguir para o Pará: “Em terras amazônicas, o conflito estalou entre Jorge de Lemos de Bettencourt e os colonos, que, ao invés de seguirem para o Pará, ficaram no Maranhão, situação que levou o rei a ordenar que se determinassem os motivos por que tal acontecera.” (Rodrigues e Madeira, 2003)130. Marques (2005) 131 coloca que este primeiro conflito denota desde logo uma situação que se tornaria comum nas expedições posteriores: a falta de uma política real para a vinda dos colonos que, sem garantias de qualquer ordem, acabavam por se envolver em conflitos com os contratadores num primeiro momento e, com os residentes locais num segundo momento: De fato, já nesta primeira viagem, os colonos açorianos, com receio de serem mortos ou de passarem fome do Pará, exigem do rei que garanta a permanência de 333 pessoas no Maranhão ou a terça parte dos mil indivíduos envolvidos que Jorge Lemos de Bittencourt se obrigara a transportar. O contratador, no entanto, insistia que a sua missão tinha sido cumprida a serviço do rei e que os colonos eram apenas súditos, sem vontade. «esta jente são suditos (sic) e não tem vontade (....) toda esta gente veo por sua vontade para o para como he notorio não tem de que se queixar.» (Rodrigues e Madeira, 2003)132. Para tentar resolver os impasses gerados por essas revoltas, o Senado da Câmara que havia sido criado provisoriamente em 1615 é finalmente instituído em 1619 com o objetivo de organizar a vida civil e econômica da ilha, ficando o Capitão Simão Estácio da Silveira como juiz e Presidente; Antonio Simões como Procurador; os Sargentos-mor Antonio Vaz Borba e Álvaro Barbosa como Vereadores e Jorge da Costa Machado como Juiz. “Dentre as medidas mais importantes, cite-se a instalação da Câmara, de que Estácio da Silveira foi feito juiz. Já em dezembro do mesmo ano de 1619, regressava ele a Lisboa, credenciado pela Câmara como procurador da conquista do Maranhão, cujos interesses se propunha defender.” (DUARTE. 2001)133. Jerônimo de Viveiros (1084) 134 nos traz quem foram os concorrentes dessa eleição: Reunindo o povo, por um bando, e feita a votação, saíram por eleitores Rui de Sousa, capitão Pedro da Cunha, sargento mor Afonso Gonçalves Ferreira, Álvaro Barbosa Mendonça e capitão Bento Maciel Parente. Formou-se assim o corpo de Eleitores, cinco, que elegeu os capitães Simão Estácio da Silveira e Jorge da Costa Machado para juízes, o sargento mor Antônio Vaz Borba e Álvaro Barbosa para vereadores e Antônio Simões para procurador. Estes escolheram Estácio da Silveira para presidente. Foi esta a primeira Vereação da nossa cidade. Perdeu-se a data de sua instalação, mas sabe-se que em 09 de dezembro de 1619 ela já escreveria ao Rei, comunicando a sua instalação e os seus primeiros serviços à coletividade, e que foi portador desta carta o seu próprio presidente
130 RODRIGUES, MADEIRA, 2003, obra citada. 131 MARQUES, 2005, obra citada. 132 RODRIGUES, MADEIRA, 2003, obra citada. 133 DUARTE, Sebastião Moreira. "Introdução", in. Relação Sumária das cousas do Maranhão: dirigida aos pobres deste reino de Portugal. São Paulo: ed. Siciliano, 2001. 134 VIVEIROS, Jerônimo de. Historia do Comércio do Maranhão (1612-1695). 1984, v.01,.
A 12 de julho de 1619, Antonio Ferreira de Bittencourt, natural da ilha de São Miguel, conseguiu uma autorização da Fazenda Real dos Açores para transportar, no período de três anos, cerca de 50 casais para o Maranhão, tudo à custa da sua fazenda. De fato, o navio São Francisco chega ao Maranhão no dia 29 de outubro de 1621 com 40 casais, totalizando 148 pessoas, conforme consta a certidão datada de 24 de novembro de 1622, apresentada pelo provedor da Fazenda Real dos Açores . “Estavam esses colonos contemplados no plano de governo metropolitano de instalar a indústria de açúcar incluindo dois engenhos de moer cana-de-açúcar, o primeiro sendo instalado na terra firme à margem do rio Itapecuru.” (MARIN, 2002, citado por MARQUES, 2005))135. Em 1620 Manoel Correa de Melo conseguisse transportar 200 casais, oferecendo em troca 400 mil réis para Jorge de Lemos Bittencourt. Pereira (2002)136 nos dá uma noção de quanto era diminuta a população que habitava o Maranhão àquela época, segundo Viveiros (1992), citando a "Informação de Bernardo Pereira de Berredo a D. João V", decorridos 100 anos da chegada dos primeiros açorianos a São Luís, a capital maranhense contava apenas com 854 moradores; a Vila de Santo Antônio de Alcântara, com 332; a Vila de Santa Maria do Icatu, com 54; Mearim, com 64 e Itapecuru, com 74. De uma maneira geral, nenhuma dessas localidades prosperava, pois "da capital, ninguém saía com medo dos tapuyas; dos engenhos de Alcântara só um não estava de fogo morto; o gentio do Icatu impedia a extração do azeite de andiroba; as cachoeiras do Itapecuru dificultavam a navegação; a criação de gado do Mearim estacionava por causa da indiada e, entretanto, era lá que se abastecia de carne o Maranhão". Para Marques (2005), os primeiros imigrantes açorianos foram responsáveis pelo estabelecimento de uma base demográfica mais estável para a ocupação e exploração dos solos, incluindo aí também os responsáveis pela viagem como aconteceu com o Capitão-mor Simão Estácio da Silveira137: Os colonos recebiam na sua chegada, mantimentos fornecidos ou pelos contratadores ou pelo governo local; terras para fazerem casa de moradia e para o aproveitamento agrícola dos solos com as culturas de pimenta, tabaco canela e também de cana-de-açúcar para a produção de açúcar e aguardente. Segundo Duarte (2001) 138, Simão Estácio da Silveira tudo fez para desenvolver a nova terra: “Nesse sentido, de Lisboa e de Madri dirigiu petições ao Rei, ora propondo novo itinerário para a prata extraída do Perú, ora buscando arrendar a exploração de pau-brasil, pelo que oferecia pagamento em dinheiro e se comprometia a fundar povoações, desde que lhe fosse permitido introduzir colonos e gado nas novas terras. Do muito que pleiteou, nada obteve.” Não conformado e ainda no governo do Capitão-mor Diogo da Costa Machado, Simão Estácio da Silveira escreve a obra Relação Sumária das cousas do Maranhão: dirigida aos pobres deste Reino de Portugal, onde relata com entusiasmo as riquezas e a exuberância da nova terra. 135 MARIN, Rosa Elizabeth Acevedo. "Açorianos nas terras conquistadas pelos portugueses no vale do Amazonas" Açorianos no Cabo Norte "Século XVII", in BARROSO, Vera Lúcia Maciel. Açorianos no Brasil. Porto Alegre: Ed. Est, 2002. 136 PEREIRA, José Almeida. CONTRIBUIÇÃO DOS AÇORES À COLONIZAÇÃO DO BRASIL NOS SÉCULOS XVII E XVIII. Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, 2002, https://web.archive.org/web/20160303231126/http://www.ihit.pt/new/boletim.php?area=boletins&id=74 137 Recebeu em 30 de julho de 1619 duas léguas de terras e, uma outra por carta no dia 6 de agosto do mesmo, confirmadas de acordo com a Ordenação de Felipe III em 27 de julho de 1622, conforme registro das Chancelarias Régias de Felipe III. 138 DUARTE, 2001, obra citada.
Da Edição fac-similar, da Biblioteca Nacional, de minha coleção. Ele começa por reforçar as fronteiras que nesta época estavam a ser confirmadas pelo Tratado de Tordesilhas: “O Maranhão é uma conquista muito grandiosa e dilatada, cuja governação Sua Magestade tem demarcado desde o Ceará (que está em três graus e um terço da parte do Sul) até o último marco do Brasil, que está em dois graus da banda do Norte, em que há de costa perto de quatrocentas léguas até o rio de Vicente Yánez Pinzón, onde dizem estar um padrão de mármore com as armas de Portugal desta parte, e as de Castela da outra, mandado ali fixar pela cesárea magestade do Imperador Carlos V. Corre dele a costa a leste quarta a sueste. Tomou este nome de Maranhão do capitão que descobriu seu nascimento no Perú, e para o sul tem mais de quinhentes léguas pelo sertão.”(SILVEIRA, 2001) 139. Para este açoriano, o Maranhão era a melhor terra do planeta pela riqueza, abundância e tranquilidade tal como diz no final da sua Relação : 139 SILVEIRA, 2001, obra citada.
“Eu me resolvo que esta é a melhor terra do mundo, donde os naturais são muito fortes e vivem muitos anos, e consta-nos que, do que correrem os portugueses, o melhor é o Brasil, e o Maranhão é Brasil melhor [...].” (SILVEIRA, 2001) 140. Em 1624, quando estas palavras são escritas o Maranhão contava já com 300 habitantes, divididos nas fortalezas de São Felipe e São Francisco em São Luís; São José, no povoado de Itapari e a de Nossa Senhora da Conceição na região de Itapecuru. Além dessas, contava com duas estâncias onde moravam alguns franceses que ficaram na ilha, depois de casados com índias, mestiços e portugueses, assim como nove aldeias espalhadas nas circunvizinhanças, cujos índios serviam aos colonos. (MARQUES, 2005) 141. A partir de 1633, novas levas de imigrantes estimulados pelas palavras de Simão Estácio da Silveira chegaram no Maranhão em dois períodos distintos, já depois de Portugal ter reconquistado a sua independência em 1640. O primeiro foi em 1648-1649 quando um decreto real, expedido em 19 de setembro de 1648, quis recrutar 100 casais na ilha de Santa Maria, ou mais ou menos entre 500 a 600 pessoas, tarefa que foi concedido por ordem do Conselho Ultramarino de 6 de abril de 1649 ao mercado alemão Martin Filter. Deste modo, além dos 52 casais que foram de Santa Maria, outras 365 pessoas da ilha de São Miguel chegaram ao Maranhão em agosto do ano seguinte, conforme relata Manuel de Sousa Menezes num artigo de 1952142 (citado por MARQUES, 2005) 143. Outra leva de imigrantes ocorre entre 1666-1667 quando outros 50 casais da ilha do Faial chegam ao Maranhão e ao Pará, a pedido do governador Antonio de Albuquerque Coelho de Carvalho que precisava de mão-de-obra para continuar o processo de colonização da nova terra. Além do governador, o representante dos colonos, Paulo da Silva Nunes também escreve ao Rei de Portugal dizendo que a solução estaria em povoar o Maranhão com casais da Madeira, fato que levou a Coroa Portuguesa, através de decreto, a requisitar anualmente 50 casais das ilhas. A partir dai, dirigiram-se para o Pará... Nesta altura, existiam somente 200 casais em toda a região. Em 1674, o capitão-mor da ilha do Faial, Jorge Goulart Pimental, embarcou 50 casais ou 234 pessoas provenientes da comunidade de Feiteira que havia sido devastada por uma erupção vulcânica em 1672. Assim, em 18 de agosto de 1675, a fragata Nossa Senhora da Palma e São Rafael parte da ilha do Faial chegando a Belém no ano seguinte para trabalhar na agricultura.. em 1677, mais 50 homens, 47 mulheres e 126 pessoas de família partiram da ilha Terceira com direção ao Pará, na charrua Nossa Senhora da Penha de França e São Francisco, para consolidar a fixação da Nova Terra. 140 SILVEIRA, 2001, obra citada. 141 MARQUES, 2005, obra citada. 142 MENESES, Manuel de Sousa. "Os casais açorianos no povoamento de Santa Catarina". Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. IX, 1952. 143 MARQUES, 2005, obra citada.
Seria somente durante o consulado pombalino e na sequência do Tratado dos Limites m 1750, que novos contingentes de Açorianos chegariam ao litoral amazônico (...) Desse modo, desde o início de 1750 que assistimos à execução por parte da Coroa Portuguesa, de uma política de incentivos ao transporte de colonos para o então Estado do Grão-Pará e Maranhão. (Rodrigues e Madeira, 2003)144. Para Marques (2005), é somente com a intervenção pombalina em 1750 que os colonos passaram a ser denominados de açorianos e a ter um tratamento diferenciado porque tinham que cumprir dois objetivos claros: o de miscigenação e o de urbanização. Para tanto, os colonos passaram a ser pequenos proprietários de terras que antes pertenciam a donatários, foram incentivados a produzir com financiamentos públicos-, maior diversidade de produtos, entre os quais legumes e mandioca para o abastecimento da região e até poderiam receber honras e títulos pelo trabalho desenvolvido. Encerra Marques (2005): Passados quatro séculos desde a primeira leva de imigrantes, ainda é possível observar vestígios desta presença em todos os cantos do Maranhão. Da festa do Divino do Espírito Santo ao baile de São Gonçalo, das festas juninas ao carnaval passando pela culinária, pela decoração e cores das casas, pelos nomes das famílias e pelos traços fisionômicos a presença açoriana ainda se faz sentir em cada sorriso do maranhense. [...]
144 RODRIGUES, MADEIRA, 2003, obra citada.
FALMA: Magalhães de Almeida; Brejo; Pinheiro - AGENDE-SE 30.11.2019, posse festiva de nova Diretoria da Academia Pinheirense Letras, Artes e Ciências, na cidade de Pinheiro. 02.12.2019, Encontro de confraternização natalina da FALMA, SCLB, SCLMA e ANLM. 06.12.2019, Instalação da Academia Magalhense de Letras, na cidade de Magalhães de Almeida. 07.12.2019, Sessão Cívica Comemorativa da Academia Brejense de Artes e Letras, na cidade de Brejo.
COMUNICADO OFICIAL
O Presidente da Academia Poética Brasileira COMUNICA que a partir desta data passará a ser responsável pelas ações executivas da APB o imortal Edomir Martins de Oliveira, Vice-Presidente Executivo Nacional da entidade sem fins lucrativos, (foto 1), com mandato de 1 ano, eleito que foi pela maioria dos acadêmicos votantes em prazo encerrado dia 30.11.2019.
Ao saber de sua eleição, o imortal eleito enviou convite a acadêmica Keila Marta para ser a Vice-Diretora Executiva Nacional, acompanhando-o diretamente nessa missão, também com mandato de 1 ano. Keila Marta (foto 2) é, atualmente, coordenara da Página da APB, no Facebook e do Grupo de Whats Up, da academia. Parabéns aos eleitos é o que deseja o presidente Mhario Lincoln e seus diretores Humberto Napoleon Varela Robalino (Quito/equador) e Clevane Araujo (MG).
O professor dr. Edomir Martins de Oliveira foi presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e tem vários livros publicados. É membro-fundador da Academia Poética Brasileira.
Keila Marta é professora e crítica literária, tendo produzido inúmeros textos de análises poéticas e de prosas.
Atividades de fim de ano na FALMA
A Federação das Academias de Letras do Maranhão – FALMA encerra o ano de 2019 contabilizando 35 Academias e dois Institutos Históricos afiliados. Dia 30 de novembro a FALMA deu posse à nova diretoria da APLAC, na cidade de Pinheiro. Dia 2 de dezembro comemorou seu 11º aniversário de fundação e, antecipadamente, o Natal, no auditório Luso-Brasileiro do Convento das Mercês, juntamente com a Associação de Cultura Latina do Maranhão, Associação de Cultura Latina do Brasil e Academia Norte-americana de Literatura Moderna. Dia 6 participará da instalação da Academia Magalhense de Letras, na cidade de Magalhães de Almeida. Dia 7 sessão comemorativa de final de ano da Academia Brejense de Letras, na cidade Brejo. Dia 27 encontro comemorativo e natalino das Academias da Baixada, nas margens do Lago Itãs, no município de Matinha. Dia 30 Instalação da Academia de Letras de Buriti, na cidade de Buriti de Inácia Vaz. Previstas para o início de 2020, a fundação das Academias de Letras de Urbano Santos, Presidente Dutra, Rosário e Raposa.
Acadêmico Dr Alberto Tavares foi agraciado com a medalha Manuel Beckman, ofertada pela Assembléia legislativa do estado do Maranhão. Um grande evento.
CONFRATERNIZAÇÃO DE FIM DE ANO ALL
EFEMÉRIDES 01 08 13 14 17 22 25 27 29 31 02 03 09 08 11
13 14 19 28 29 DEZEMBRO 05 09 14 20 25 26 25
OUTUBRO 1884 – NASCIMENTO DE LAURA ROSA – PATRONA DA CASDEIRA 25 1863 – NASCIMENTO DE CATULO DA PAIXÃO CEASRENSE – PATRONO DA CADEIRA 17 2005 - FALECIMENTO DE MARIA DA CONCEIÇÃO NEVES ABOUD – PATRONA DA CADEIRA 37 1818 – NASCIMENTO DEE CANDIDO MENDES DE ALMEIDA – PATRONO DA CADEIRA 6 1929 – NASCIMENTO DE ARTHUR ALMADA LIMA FILHO – FUNDADOR DA CADEIRA 18 1908 – FALECIMENTO DE ARTUR NABANTINO GONÇALVES DE AZEVEDO – PATRONHO DA CADEIRA 13 1886 – NASCIMENTO DE HUMBERTO DE CAMPOS VERAS – PATRONO DA CADEIRA 27 1913 – NASCIMENTO DE MARIA DE LOURDES ARGOLLO OLIVER – DILÚ MELO – PATRONA DA CADEIRA 29 1977 – NASCIMENTO DE DANIEL BLUME DE ALMEIDA – 1º OCUPANTE DA CADEIRA 15 1951 – NASCIMENTO DE RAIMUNDO NONATO SERRA CAMPOS FILHO – FUNDADOR DA CADEIRA 5 1962 – NASCIMENTO DE RAIMUNDO GOMES MEIRELRES – FUNDADOR DA CADEIRA 17 NOVEMBRO 1946 – NASCIMENTO DE JOÃO BATISTA ERICEIRA – FUNDADOR DA CADEIRA 2 1864 – FALECIMENTO DE ANTONIO GONÇALVES DIAS – PATRONO DA CADEIRA 7 1939 – NASCIMENTO DE RAIMUNDO DA COSTA VIANA – FUNDADOR DA CADEIRA 36 1934 – NASCIMENTO DE ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO – FUNDADOR DA CADEIRA 4 1917 – FALECIMENTO DE MARIA FIRMINA DOS REIS – PATRONA DA CADEIRA 8 1849 – NASCIMENTO DE CELSO TERTULIANO DA CUNHA MAGALHAES – CELSO MAGALHAES – PATRONO DA CADEIRA 11 1935 – NASCIMENTO DE ROQUE PIRES MACATRÃO – FUNDADOR DA CADEIRA 6 1976 – FALECIMENTO DE LAURA ROSA – PATRONA DA CADEIRA 25 186 - NASCIMENTO DE ANTONIO BATISTA BARBOSA DE GODOIS – PATRONO DA CADEIRA 16 1880 – NASCIMENTO DE Domingos Quadros Barbosa Álvares – PATRONO DA CADEIRA 23 1934 – FALECIMENTO DE HENRIQUE MAXIMINIANO COELHO NETO – PATRONO DA CADEIRA 18 1880 – NASCIMENTO DE DOMINGOS QUADROS BERBOSA ALVARES – PATRONO DA CADEIRA 23 1934 – FALECIMENTO DE HUMBERTO DE CAMPOS VERAS – PATRONO DA CADEIRA 27 2010 – FALECIMENTO DE JOSÉ RIBAMAR SOUSA DOS REIS – PATRONO DA CADEIRA 40 1914 – NASCIMENTO DE ODYLO COSTA, FILHO – PATRONO DA CADEIRA 30 1879 – NASCIMENTO DE JOSÉ AMERICO CAVALCANTE DOS ALBUQUERQUES MARANHÃO SOBRINHO – PATRONO DA CADEIRA 22 1915 – FALECIMENTO DE JOSÉ AMERICO CAVALCANTE DOS ALBUQUERQUES MARANHÃO SOBRINHO – PATRONO DA CADEIRA 22 1946 – FALECIMENTO DE DOMINGOS QUADROS BERBOSA ALVARES – PATRONO DA CADEIRA 23
2019: Ano de MARANHÃO SOBRINHO REVISTA DO LEO REVISTA ELETRONICA EDITADA POR LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536 NUMERO 26 – NOVEMBRO 2019 - SÃO LUIS – MARANHÃO
RECORTES & MEMÓRIA: MARANHÃO SOBRINHO
GONÇALVES DIAS E EU (Registros públicos de lembranças particulares) EDMILSON SANCHES edmilsonsanches@uol.com.br * “Conto as coisas como foram, não como deviam ser”. (GONÇALVES DIAS, "Sextilhas") *** DIA DE GONÇALVES DIAS – Há 155 anos, em 3 de novembro de 1864, morria o escritor maranhense e caxiense Antônio Gonçalves Dias, que escreveu aqueles versos que praticamente todo brasileiro, de agora e de outrora, conhece: “Minha terra tem palmeiras / onde canta o sabiá”. Sou da mesma cidade (Caxias, Maranhão) e morei na mesma rua daquele ilustre brasileiro. Mais: o primeiro livro que li -- “História do Imperador Carlos Magno e os Doze Pares de França” -- também foi o primeiro livro lido por Gonçalves Dias na sua infância. A seguir, texto que escrevi e atualizei. * Hotel Serra Azul, em Gramado, Rio Grande do Sul, década de 1980. Náutico Clube, Fortaleza, Ceará, início dos anos 1990. Colégio Rio Branco, bairro Higienópolis, São Paulo. Auditório Petrônio Portela, Senado Federal, Brasília. Montes Claros e Belo Horizonte, Minas Gerais. Mossoró e Baraúnas, Rio Grande do Norte. Campina Grande, Paraíba. Rio de Janeiro, Maceió, Recife, Curitiba... Estados Unidos... França... Onde quer que eu esteja, Caxias é presença e referência permanente. Caxias e, claro, seu maior poeta e sua melhor rima –– Gonçalves Dias. Caxias, terra e rima de Gonçalves Dias. Qualquer que seja o espaço, qualquer que seja o tempo, a mesma constatação: Gonçalves Dias vive. Em todos os lugares acima, e muitos outros mais, em momentos internacionais, em conferências nacionais, em encontros regionais, em palestras locais, em discursos ocasionais, em eventos formais, em “provocações” casuais ou em bate-papos triviais, dou um jeito de fazer um “teste”: crio um pretexto dentro do contexto e digo, como se desafiador, o primeiro verso da “Canção do Exílio” (“Minha terra tem palmeiras”)... somente para, logo em seguida, perceber/receber os sorrisos cúmplices da platéia de ouvintes não-maranhenses, o que denuncia que todos estavam continuando mentalmente –– quando não recitando audivelmente –– o verso seguinte: “Onde canta o sabiá”. Daí em diante fica fácil puxar ou esticar conversa acerca de literatura, de Cultura, dos “verdadeiros valores” da pessoa e das comunidades humanas. Dizer da permanência do que tem valor e da finitude do que tem preço. Preço, dá-se a coisas. Valor, dá-se a pessoas. Os versos gonçalvinos entram como exemplo de um “valor” que se sobrepõe a muitas “coisas”. Embora a fragilidade do papel, os versos foram mais resistentes que as grandes construções de pedra e cimento, como as fábricas de tecido. Estas, aparência; aqueles, essência –– e por aí podem ir as obviedades, quase platitudes. Escritos em julho de 1843, quando Gonçalves Dias ainda não completara 20 anos, os versos da “Canção do Exílio” atravessam gerações e se depositam e se (re)transmitem quase como que por hereditariedade. Parece não mais ser essa fixação resultado da leitura, mas produto de um código genético, uma informação cromossômica que se repassa no intercurso sexual e se vai instalando na mente de cada novo ser.
Seja em gente da antiga, seja no jovem de hoje, a poesia cometida em Coimbra está inscrita na memória das várias gerações de brasileiros dos últimos 165 anos. Embora, ressalve-se, em grande número de vezes, nunca esteja o poema inteiro, de 24 versos, 5 estrofes, 113 palavras, 487 letras. Mas aqueles dois primeiros versos, quando não toda a primeira estrofe, não há negar: está na cabeça, melhor, está na alma do brasileiro. (Man)tenho uma vontade de organizar um livro com os textos de poemas (incluídas letra de músicas) e prosas influenciadas, inspiradas por ou decalcadas na "Canção do Exílio", sem descartar os textos que se pretenderam irônicos, sarcásticos. "Canção do Exílio" já merece sua biografia, com a reprodução de trabalhos que foram "tocados" por ela. Poder-se-ia realizar um trabalho de pesquisa que, à maneira de um GPS literário e históricocultural, mostrasse os "caminhos" por onde esse poema andou. * Caxias continua a nos relembrar, a nós conterrâneos e contemporâneos, a importância de ser a cidade onde, mais que um poeta, nasceu uma expressão de maranhensidade e de brasilidade. Muito da obra de Gonçalves Dias mostra de peito aberto o amor, o orgulho, o sentimento de pertença ("ownership") que o poeta tinha e desenvolvia pela sua própria terra. Quantos, hoje, manifestamente, denunciam assim orgulhosa e escancaradamente essa emoção telúrica, essa querença pátria? Fora a conterraneidade, tenho outras “aproximações”, bem particulares, com Gonçalves Dias. A primeira delas, o primeiro livro que um e outro lemos: “História do Imperador Carlos Magno e dos Doze Pares de França”. Gonçalves Dias o leu aos dez anos, em 1833, aos 10 anos de idade, enquanto ajudava na casa comercial paterna, ali na rua do Cisco (depois Benedito Leite, agora Fauze Simão), para onde seus pais, João Manuel e Vicência Ferreira, haviam se mudado, oito anos antes (1825). De minha parte, aos cinco, seis anos de idade já havia “ouvido” e lido aquela obra, ali na rua da Palmeirinha -- onde as casas tinham, como fundo de quintal, o rio Itapecuru. Explico o porquê do “ouvido” o livro. No mesmo lado da rua da Palmeirinha, em Caxias, algumas casas adiante da minha, morava o casal “seu” Miguel e dona Corina. Esta, naqueles idos, vivia de lavar e passar roupa. Sustentava a casa. “Seu” Miguel era paraplégico, ficava como que sentado em uma rede, um pano cobrindo as pernas macérrimas pendentes, e lia, lia muito. Usava um cachimbo, cujas baforadas recendiam em toda a casa. Más línguas diziam que era diamba, tirada de algumas mudas que, diziam, eram bem cuidadas no seu quintal, para a produção das endiabradas folhas e sua transformação em trescalante fumo. Acostumei-me a visitar o “seu” Miguel. Ele gostava da minha atenção; eu gostava das suas histórias. Ouvia a leitura de capítulos e capítulos e, às vezes, o resumo de “romances” –– que era o nome que também se dava aos folhetos de literatura de cordel. Um dia, "seu" Miguel me emprestou um livro que eu já “ouvira”. Era a história do imperador Carlos Magno. Ali, além do magno imperador, estavam Roldão, Oliveiros, Ferrabraz e tantos personagens mais... Lembro que eu li todo o livro e que pedi explicações sobre o motivo da morte e posterior “reaparecimento” de alguns personagens após a “parte” da morte. Claro que eu estranhava aquela minha primeira leitura “séria”: naquela idade, os textos a que estava acostumado eram os de cartilhas escolares, bastante fáceis para mim, demasiado, por assim dizer, lineares, sem recursos nem estilos mais elaborados. Em Caxias, da rua da Palmeirinha mudei-me para a rua da Galiana, ali pertinho... e "Galiana" era o nome da mulher do imperador Carlos Magno, cujo nome, por sua vez, como já dito, dá título ao livro que Gonçalves Dias e eu lemos na infância. Tempos depois, nasceu um irmão meu... e chama-se Carlos Magno (depois veio Júlio César, outro irmão “imperador” na família). Décadas mais tarde, consegui, em um sebo do Rio de Janeiro, um exemplar igual ao que me fora emprestado pelo “seu” Miguel: capa em tecido e sem o nome do autor (Vasco de Lobeira). Reli os dez capítulos da obra e revi(vi)-me criança. (Uma curiosidade: Meu irmão Carlos Magno, depois que aprendeu a ler e escrever, não se fez de rogado: pegou o raro e caro livro, empunhou uma esferográfica e, nas folhas de rosto, onde houvesse o nome do imperador, meu pequeno irmão acrescentou um sobrenome –– “Sanches”...). Outra “aproximação” com o autor d’"Os Timbiras": Mudei-me para a rua do Cisco, número 1000, próximo à “casa onde morou o poeta Gonçalves Dias” (era assim que registrava uma placa acobreada e quase despercebida). Eu estava aí por volta dos 15 anos e diariamente subia e descia quase toda a extensão da rua, para trabalhar no Banco do Brasil, menor estagiário. Invariavelmente, passava pela casa. Ali mora(va) a família de dona Labibe e do seu Fauze Elouf Simão. Um dos filhos, Jamil Gedeon, hoje desembargador em São Luís, e eu fomos colega de turma em todo o 2º Grau (Ensino Médio), no “colégio das Irmãs” (missionárias capuchinhas), o colégio São José. Ali fui presidente do Grêmio Santa Joana d’Arc durante três anos (Roldão -- Roldão Ribeiro Barbosa --, coincidentemente nome de
personagem do livro sobre Carlos Magno, ganhara a presidência no primeiro ano e renunciara meses depois; assumi). O ex-secretário de Cultura Renato Meneses (ex e atual presidente da Academia Caxiense de Letras) e o expresidente da Fundação Vítor Gonçalves Neto, Jorge Bastiani, também estudavam ali, nós todos sob o tacão da querida Irmã Clemens (Maria Gemma de Jesus Carvalho). Pois foi o colega secundarista Jamil quem me disse, ainda no colégio, que encontrara “moedas e papéis” antigos em alguns pontos da casa de Gonçalves Dias. Mas as referências à casa da rua do Cisco não terminam aí. Dona Labibe foi secretária de Educação de Caxias, na administração de José Ferreira de Castro. Ali pelos bares do Artur Cunha e do Herval, no Largo de São Benedito, contava-se a história de que a secretária Labibe, pretendendo morar numa casa melhor e não querendo derrubar a “casa onde morou o poeta”, se esforçou junto ao seu superior, instando para que ele, como prefeito, adquirisse a casa e a tombasse como patrimônio histórico. Conta-se que a resposta do prefeito foi pouco cavalheiresca e fazia comparação entre comprar a casa onde Gonçalves Dias “morou” e tombar o riacho do Ponte, onde ele, digamos... lavava as partes, digamos, pudendas. Pode não ser verdade o fato, mas era verdadeiro o boato –– e, pelo menos este, se cuida de preservar aqui. Resumo da ópera: a casa de Gonçalves Dias foi destruída e, no seu lugar, ergueu-se uma residência de feições modernas, “combinando” com o prédio da outra esquina, que abriga as instalações de uma companhia de telecomunicações. No mesmo ano da derrubada da casa, como réquiem à memória de Gonçalves Dias, escarafunchei o arquivo do fotógrafo Sinésio Santos (falecido), que ficava ali próximo ao Banco do Brasil, e consegui localizar negativos da residência. Pedi que fossem feitas cópias daquelas e de outras “vistas” de Caxias. Separei uma foto da ex-morada de Gonçalves Dias e a enviei, junto com um breve texto, para a Rede Globo de Televisão (Rio de Janeiro). Foi menos por denúncia e mais por sentimento de perda. Disseram-me que saiu um rápido registro no jornal (nacional) do meio-dia ("Jornal Hoje"). Não confirmei. Estas anotações, com algo de confessional, são uma episódica e epidérmica contribuição ao trabalho dos caxienses de todas as idades que teimam cuidar do que Gonçalves Dias merece -- memória -- na cidade que há 196 anos o viu nascer -- História. E quem está fazendo não faz isso só por “vocação”: faz por legitimidade –– e com competência. Parabéns, Caxias! Viva Gonçalves Dias! EDMILSON edmilsonsanches@uol.com.br
SANCHES
NA BERLINDA
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ REVISTA DO LEO REVISTA ELETRONICA EDITADA POR LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536
NUMERO 25 – OUTUBRO 2019 EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO
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MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES E LAZER: AINDA SOBRE O ManoPEREIRA LAÉRCIO ELIAS PEREIRA
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PARÁBOLA DA AULA FINAL LAÉRCIO E LISTELLO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ; LAÉRCIO ELIAS PEREIRA LISTELLO E A EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ; LAÉRCIO ELIAS PEREIRA NÓS NA REVISTA DE MULHER PELADA: A Educação Física no "Ranking Playboy" das melhores faculdades brasileiras LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ ESCOLA TÉCNICA x BATISTA – O MAIOR JOGO DE HANDEBOL NO MARANHÃO ARTIGOS, CRÔNICAS, OPINIÕES... LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ XVII ENCONTRO NACIONAL DA CULTURA MAÇÔNICA A EDUCAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ A PRIMEIRA POETA MARANHENSE, NA OPINIÃO DE ANTONIO LOPES
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REVISTA DO LEO REVISTA ELETRONICA EDITADA POR LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536
JORGE BENTO NA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS NUMERO 26 – NOVEMBRO 2019 - SÃO LUIS – MARANHÃO SEGUNDA CAPA NUMERO 26 – NOVEMBRO 2019 SÃO LUIS – MARANHÃO
RECORTES & MEMÓRIA: MARANHÃO SOBRINHO SUMÁRIO EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES E LAZER: LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ; DENISE MARTINS DE ARAÚJO - (CAPÍTULO DE LIVRO QUERIDO PROFESSOR DIMAS) O CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA FESM SESSÃO DE CINEMA – 1927 – O SPORTE E A BELEZA LAÉRCIO ELIAS PEREIRA É HOMENAGEADO PELO CBCE
Nonato Reis INAUGURAÇÃO DO CASTELÃO: RUY DOURADO BOTA DUTRA PRA CORRER JORGE OLIMPIO BENTO NA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ APRESENTAÇÃO DE JORGE OLIMPIO BENTO EM SUA DIPLOMAÇÃO COMO SÓCIO CORRESPONDENTE DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS JORGE OLÍMPIO BENTO
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BANDEIRAS DA LUSOFONIA ARTIGOS, CRÔNICAS, OPINIÕES... LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ; DELZUITE DANTAS BRITO VAZ A PARÓQUIA DE SÃO JOÃO BATISTA DO VINHAIS, HOJE LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ INFORMAÇÕES SÓCIO-ECONÔMICAS - ESTADO DO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ; DELZUITE DANTAS BRITO VAZ VILA DE VINHAIS – A VELHA E A NOVA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ RECORTES & MEMÓRIA: MARANHÃO SOBRINHO – (José Américo Augusto Olímpio Cavalcanti dos Albuquerques Maranhão Sobrinho)
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LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ REVISTA DO LEO REVISTA ELETRONICA EDITADA POR LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536
NUMERO 27 – DEZEMBRO 2019 https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__27_-_dezembro___2019 EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO
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MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE E LAZER: LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ CONCEPÇÃO UTILITÁRIA E SOCIAL DA EDUCAÇÃO FÍSICA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ A FORMAÇÃO TÉCNICA E O SEU PAPEL NO MERCADO TURÍSTICO
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LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ & OUTROS PROPOSTA DE UMA POLÍTICA DE LAZER PARA O SESI-DR/MA - SERVIÇO SOCIAL DA INDUSTRIA, DIRETORIA REGIONAL DO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ MEMÓRIA DO ESPORTE NO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ POLITICAS PÚBLICAS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ ESPORTE E LAZER E QUALIDADE DE VIDA
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LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ AÇÕES CONCRETAS PARA O ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO NO CEFET-MA DIANTE DO ATUAL CONTEXTO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ; DELZUITE DANTAS BRITO VAZ VISITAÇÃO A SÃO LUÍS DO MARANHÃO - ROTEIRO HISTÓRICO-TURÍSTICO
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LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ; CARMEN HELENA MOSCOSO LOBATO; TITO TSUJI APONTAMENTOS PARA A MEMORIA DO NÚCLEO DE PESQUISA APLICADA EM AQUICULTURA E PESCA NORDESTE 4 – MARANHÃO E PIAUÍ ARTIGOS, CRÔNICAS, OPINIÕES... LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ TEMPO LIVRE, LAZER E PLANEJAMENTO EM EDUCAÇÃO FÍSICA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ LO LUDICO Y EL MOVIMIENTO COMO ACTIVIDAD EDUCATIVA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ O PROFISSIONAL DE TURISMO E LAZER LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ SOBRE A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ UM HIATO NA HISTÓRIA DO IHGM
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NUMERO 27.1 – DEZEMBRO 2019 – SUPLEMENTO: SOBRE OS OCUPANTES DA CADEIRA 40 DO IHGM https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__27.1_-_dezembro___2019 EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO OS OCUPANTES DA CADEIRA 40 DO IHGM RECORTES & MEMÓRIA JOSÉ DE RIBAMAR SANTOS PEREIRA JOSÉ DE RIBAMAR DA SILVA PEREIRA PEDRO RÁTIS DE SANTANA
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ANA LUIZA ALMEIDA FERRO
ARTIGOS, & CRÔNICAS, &CONTOS & OPINIÕES!
UM POETA ESQUECIDO: RAIMUNDO NONATO PINHEIRO
CASTRO, Kyssian. - NONATO PINHEIRO, O POETA QUE A BARRA ESQUECEU, in Revista da Literatura Barra-Cordense 33, Published on Nov 15, 2017, disponível em https://issuu.com/kissyan/docs/revista_20da_20literatura_20barra-c
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Academia Ludovicense de Letras Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Raimundo Nonato Pinheiro nasceu em Barra do Corda em 8 de novembro de 1890, e faleceu em Manaus a 15 de outubro de 1938. Partiu de São Luís para Manaus em 1911 já casado com Diana Macedo Pinheiro, da cidade de Caxias. Tiveram quatro filhos naturais e uma adotiva. O ‘Jornal do Comércio’, de Manaus (ed. 14/12/1969) traz matéria sobre o poeta maranhense Raimundo Nonato Pinheiro (pai) 145, ressaltando que fora grande amigo de Maranhão Sobrinho, e um dos poucos que acompanhou seu enterro desde o casebre onde morava no bairro Cachoeirinha:
145
http://www.taquiprati.com.br/cronica/478-em-nome-do-padre
Estamos falando do pai de outro Raimundo Nonato Pinheiro (o Filho), este nascido em Manaus, em 1922 e falecido em 1994, também conhecido como Padre Nonato Pinheiro, sacerdote, poeta, filólogo, latinólogo, jornalista, professor e escritor. Foi Membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas: O Pe. Nonato Pinheiro, erudito católico que se dedicou, em profundidade, aos estudos filológicos e à crítica literária, foi um cultor da língua portuguesa. Dedicou-se também a estudos relacionados à história religiosa da Região Norte do Brasil. Contribuiu com regularidade nos jornais de Manaus, tendo sido recebido na Academia Amazonense de Letras pelo médico e escritor Djalma Batista. O mais conhecido dos livros que publicou é uma biografia do terceiro bispo do Amazonas, Dom João da Matta (1956), obra republicada em 2008 pela Editora Valer, de Manaus. Em 1954, a Editora Vozes havia publicado seu livro intitulado "Dom José Pereira Alves: fulgores do Episcopado". Raimundo Nonato Pinheiro prefaciou, entre outras obras, o "Vocabulário Etimológico Tupi do Folclore Amazônico", de Anisio Mello (Manaus: Editora da Universidade do Amazonas / Suframa, 1983). Em grande quantidade de artigos, ensaios e discursos, o Pe. Nonato Pinheiro divulgou seus estudos sobre obras clássicas das literaturas portuguesa e brasileira, que considerava como modelos perfeitos de boa linguagem.146 Raimundo Nonato Pinheiro (o pai) foi casado com a professora Diana de Macedo Pinheiro: A professora Diana de Macedo Pinheiro, maranhense, casou-se com o poeta e escritor Raimundo Nonato Pinheiro, com quem teve quatro filhos: Geraldo, Nonato e as gêmeas Aracy e Iracema, além de uma filha adotiva, Amazonina. Desenvolveu suas atividades pedagógicas no Instituto São Geraldo, que funcionou até 1964 na Rua 24 de Maio, quase esquina da Costa Azevedo, com curso primário e preparação para o exame de admissão. Ministrava ainda aulas de português e francês e preparava pessoas para concursos públicos. Morreu em julho de 1962.147 Mais algumas informações sobre a esposa de Nonato Pinheiro: era natural de Caxias148: Há 46 anos, no dia 27 de julho de 1962, o Amazonas perdia a Professora Diana de Macedo Pinheiro. Era natural de Caxias no Maranhão e mudou-se para Manaus ainda jovem e recém-casada com o poeta e escritor Raimundo Nonato Pinheiro, com quem teve quatro filhos: Geraldo de Macedo Pinheiro (procurador de justiça, "antropólogo"), Raimundo Nonato Pinheiro (padre, poeta e literato) e as gêmeas Aracy Pinheiro Pucu e Iracema Pinheiro Monteiro, ambas professoras, além da filha adotiva, Amazonina de Macedo Melo. O projeto educacional da professora Diana desenvolveu-se no Instituto São Geraldo onde funcionou até 1964, à rua 24 de maio, próximo à esquina da Costa Azevedo. Nele, a formação estudantil consistia do antigo curso Primário e preparação para o exame de Admissão. Preparava pessoas para concursos públicos, ministrando aulas de Português e Francês, sua especialidade. Kyssian Castro escreveu: “Nonato Pinheiro O Poeta que a Barra esqueceu” 149: [...] Estava lá registrado que sua terra natal era Barra do Corda (MA). Seguindo esse autor, que o dá por nascido em Barra do Corda-MA em 8 de novembro de 1890, descendia de índios Guajajaras. Em artigo publicado em 1919 (A Pacotilha de 15 de agosto), confirma-se seu local de nascimento, assim como sua profissão – despachante geral da Alfândega, em Manaus: 146
https://pt.wikipedia.org/wiki/Raimundo_Nonato_Pinheiro
147 BESSA FREIRE, José Ribamar. EM NOME DO PADRE, Coluna TAQUIPRATI, Em: 17 de Março de 1995 http://www.taquiprati.com.br/cronica/478-em-nome-do-padre 148 Diana Pinheiro, uma educadora, Blog A ANDARILHA E SUA SOMBRA, segunda-feira, 14 de julho de 2008, disponível em https://andarilhasuasombra.blogspot.com/2008/07/diana-pinheiro-uma-educadora.html 149 CASTRO, Kyssian. - NONATO PINHEIRO, O POETA QUE A BARRA ESQUECEU, in Revista da Literatura BarraCordense 33, Published on Nov 15, 2017, disponível em https://issuu.com/kissyan/docs/revista_20da_20literatura_20barra-c Fui buscar as referencias que utiliza, como o jornal A Crítica, de Manaus, e em jornais do Rio de janeiro, na hemeroteca da Biblioteca Nacional, e não as encontrei...
De sua biografia, consta ter sido poeta, contista, cartógrafo, geógrafo, e crítico literário (CASTRO, 2017) 150. O “Jornal do Comércio”, de Manaus, em sua edição de 25 de janeiro de 1947 registra o retorno à Manaus do agora padre Raimundo Nonato Pinheiro Filho: 150
CASTRO, 2017, obra citada
Companheiro de Maranhão Sobrinho e de Nunes Pereira, conforme registra Maria Luiza Ugarte Pinheiro151: Numa época em que a vida literária era sinônimo de vida boêmia, foi comum que os homens de letras (jornalistas, poetas, juristas, professores, etc.) montassem suas “igrejinhas” nesses espaços de sociabilidade. Ali, entre goles do mais fino champanhe francês ou de um trago da mais barata genebra, lamentavam o acanhamento da vida provinciana, propunham saídas para os problemas nacionais, confidenciavam segredos de alcova e desnudavam intermináveis intrigas com seus desafetos. Para um crítico da época, a intriga e a mesquinharia ficavam a cargo dos menos talentosos, dos “pobres diabos da literatura” ou dos “liliputianos da imprensa de picuinha”. (MESQUITA, 1935, 60)152 [...] 151
PINHEIRO, Maria Luiza Lugarte. Periodismo e Vida Literária em Manaus. Trabalho apresentado no GT História do Jornalismo integrante do V Encontro Regional Norte de História da Mídia 152 MESQUITA, Carlos. Glebarismo. Manaus: s/ed., 1935, citado por PINHEIRO, obra citada
Da mesma forma que as opções etílicas, as articulações literárias podiam variar também em função da origem e inserção social de seus integrantes. Assim, os poetas mulatos maranhenses, Nunes Pereira, Raimundo Nonato Pinheiro e Maranhão Sobrinho, sofreram forte segregação e foi somente graças aos seus talentos e a boa dose de ousadia que conseguiram se impor e minorar o processo de marginalização que sobre eles recaía4 . A Autora registra, em nota de pé-de-página que: O ingresso de Nunes Pereira na Academia Amazonense de Letras, no ato de criação dessa entidade (1918) demonstra bem os embates que foram necessários assumir. Sem ser convidado, Nunes entrou ébrio na sessão solene e se indicou para a cadeira de Cruz e Souza, com o argumento deste ter sido um mulato como ele. 153
Nonato Pinheiro, além de grande amigo de Maranhão Sobrinho, ainda foi o guardião de seu espólio literário: 153
Em Depoimento (ainda inédito) à Geraldo Pinheiro. À Autora.
ENTREVISTA HISTÓRICA
PAULO MELO SOUSA
Roberto Burle Marx, se vivo fosse, teria completado 110 anos de vida no último dia 4 de agosto. Nascido em 1909, em São Paulo, faleceu no dia 4 de junho de 1994, no Rio de Janeiro. Burle Marx foi importante artista plástico, tendo se notabilizado, contudo, na área do paisagismo. No final de 1990, o artista esteve em São Luís, proferindo palestra e visitando uma área no bairro do Maracanã, onde seria desenvolvido um projeto de um bosque, sob sua assinatura. Mais do que um nome, Burle Marx é uma verdadeira lenda do paisagismo tupiniquim, tendo sido um apaixonado pelos jardins. Estudioso da flora brasileira desde criança, tem obras espalhadas pelo mundo inteiro, como é o caso dos pátios internos do edifício da UNESCO, em Paris. Seu trabalho priorizou as plantas nativas, de onde sempre extraiu harmonia, forma, equilíbrio e cor para a realização dos seus trabalhos. Aqui em São Luís, Burle Marx deixou as marcas da sua genialidade ao criar os jardisn do Palácio dos Leões, no início da década de setenta do século passado, com palmeiras imperiais e espelhos d’água. Na sua visita em fins de 1990, o paisagista concedeu entrevista aos jornalistas Paulo Melo Sousa e Moisés Matias, editores do Jornal Ecológico Folha de Gaia, o primeiro jornal especializado em meio ambiente do Maranhão, e que agora reproduzimos nas páginas do JP Turismo. Burle Marx: “É preciso punir quem destrói a natureza”! Jornal Folha de Gaia (JFG): Mestre Burle Marx, gostaríamos que o senhor expusesse algumas das suas ideias sobre meio ambiente aos nossos leitores. Burle Marx (BM): Eu considero que é muito importante qualquer medida que se tome em benefício da flora, diante do fato de que ela está sendo destruída. De maneira que é através de um meio de comunicação como este de vocês que se pode protestar e falar, evitando que muitas coisas negativas venham acontecer. É por isso que estou dando este depoimento para vocês. Acredito que se todos se unirem para protestarem conseguiremos mais resultado positivo do que uma ou duas pessoas, apenas. JFG: Qual o seu posicionamento com relação à política do Brasil relativa ao meio ambiente? BM: Bem, eu já tenho falado muito sobre isso. Acho que devemos preservar dentro do possível o que nós temos. Não sou totalmente contrário ao plantio do eucalipto, por exemplo, só que isso deveria ocorrer apenas em áreas devastadas. Destruir uma floresta nativa para plantar eucaliptos é criminoso e absurdo! JFG: O Brasil, segundo suas declarações, possui mais de 50 mil espécies de plantas catalogadas, o que representa um tesouro incalculável. Qual o caminho para evitar a destruição desse patrimônio? BM: Sim, sendo que desse total, 5 mil espécies são árvores, o que é um potencial riquíssimo. Agora, é preciso que seja preservado e é necessário que o governo tome medidas no sentido de proteger o meio ambiente, coibindo essa devastação da floresta que ocorre em todo o país. Tudo o que se puder fazer pela flora brasileira é válido. E essa é uma medida patriótica, ou seja, proteger alguma espécie do nosso patrimônio natural ameaçado de desaparecimento. JFG: O senhor trabalha com a natureza desde criança, e é considerado um grande artista. Sua visão sobre o meio ambiente, portanto, é singular. Fale sobre esse “olhar” Burle Marx sobre o mundo em que vivemos. BM: O que acontece é o seguinte: estive na Europa, em 1928, e vi árvores, plantas brasileiras em Berlim, na Alemanha. Quando voltei para o Brasil, minha preocupação foi a de coletar nossas plantas nativas para poder utilizar nos jardins que viria a fazer. É o que continuo fazendo até hoje, e considero essa prática um caminho muito importante para todos os que trabalham com paisagismo. Há um tempo atrás, uma senhora que também trabalha aqui no Maranhão, seguindo o mesmo segmento que o meu me confessou que está importando plantas de São Paulo. No entanto, acho que o importante é utilizar os arbustos, as ervas, as
árvores nativas aqui do Maranhão para se fazer paisagismo por aqui. Assim, os jardins terão um caráter mais personalizado. JFG: Na elaboração dos seus jardins, o senhor procura ordenar cor, forma e ritmo, utilizando os recursos disponíveis na região na qual o jardim será construído. O seu processo de criação paisagística busca, em suma, o equilíbrio? BM: Eu creio que todos os trabalhos artísticos buscam uma expressão diferenciada. Quanto ao equilíbrio, nós gostaríamos sempre de encontrá-lo na obra de arte que fazemos. JFG: O senhor passou pouco tempo em São Luís, desta vez. Mesmo assim, seria possível o senhor emitir alguma opinião sobre a arborização da nossa cidade? BM: Acredito que é necessário se fazer muito mais em benefício da flora desta cidade. Sobretudo na área do centro. É preciso não somente plantar, mas tratar das árvores, principalmente no período do ano em que elas carecem de maiores cuidados, quando não chove. JFG: Fale-nos um pouco agora sobre a Fundação Burle Marx e sobre as dificuldades enfrentadas para manter a instituição. BM: A Fundação, felizmente, recebeu apoio do governo. Os empregados que trabalham no sítio não foram despedidos. Agora, para se chegar a resultados positivos, precisamos muitas das vezes de uma verba maior. Não adianta apenas termos empregados. Para se manter uma coleção como a que eu doei ao governo é necessário um número maior de jardineiros e de técnicos para protegerem aquilo que nós temos. A proteção se dá através da adubação, da irrigação e do monitoramento continuado das pragas que aparecem, com o combate feito através de controle natural das pragas. JFG: O senhor está sempre ventilando a ideia de se fazer museus, parques botânicos, visando a preservação das plantas. Nesse aspecto, qual a importância que o senhor confere à educação ambiental? BM: Para que se respeite as plantas, é preciso conhecê-las. Não adianta apenas se falar a respeito delas. Se levarmos os alunos de escolas a conhecerem as plantas, a descobrirem como elas nascem, frutificam ou morrem, eles irão compreender melhor a lição. Creio que, através das escolas, é fundamental que se conheça o nosso potencial, promovendo a preocupação com a preservação do patrimônio natural que temos. JFG: O senhor acha que esse trabalho está sendo feito? BM: Eu gostaria que se fizesse sempre. É a única coisa que eu posso dizer. Os erros são muitos. Mas, se a metade daquilo que desejamos que seja feito se concretize, já será muita coisa. Quando estou num país como o Brasil, estou sempre preocupado com aquilo que se vai destruir. De tal maneira que eu falo e protesto sempre que posso. JFG: O Brasil se tornou nos últimos anos o grande vilão do meio ambiente. O senhor vê alguma solução para a mudança desse triste quadro? BM: É preciso que aqueles que destroem o meio ambiente sejam punidos. Devem sempre existir leis para a proteção do nosso patrimônio. E não deve ser apenas meia dúzia de pessoas a se preocuparem com essa realidade, mas um número cada vez maior de pessoas, enfim, todos os cidadãos do país.
A PARÓQUIA DE SÃO JOÃO BATISTA DO VINHAIS, HOJE LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ DELZUITE DANTAS BRITO VAZ Estamos prestes a comemorar mais um aniversário da primeira missa rezada na Igreja dedicada à São João Batista, no próximo dia 20 de outubro – 407 anos; a instalação da Paróquia de São João Batista na antiga Vila de Vinhais deu-se em 13 de junho de 1757, portanto, comemoramos 362 anos como Paróquia... Permitam-me ler documento enviado ao nosso Bispo em janeiro de 2012, que bem retrata a situação que vivíamos já alguns anos, em decorrência da mudança de titularidade da nossa Paróquia, às vésperas de completar 400 anos de existência: COMISSÃO DAS COMEMORAÇÕES DOS 400 ANOS DA VILA DE VINHAIS VELHO e sua IGREJA DE SÃO JOÃO BATISTA São Luis, 23 de janeiro de 2012 À Sua Reverendíssima Dom JOSÉ BELISÁRIO DA SILVA M.D. ARCEBISPO DE SÃO LUÍS – MARANHÃO E.M. Senhor Bispo A COMISSÃO DAS COMEMORAÇÕES DOS 400 ANOS DA VILA DE VINHAIS VELHO e sua IGREJA DE SÃO JOÃO BATISTA vem através desta APRESENTAR a Vossa Reverendíssima PROJETO DE AÇÃO DE EVANGELIZAÇÃO em nossa Comunidade e seu entorno: Vila Progresso; Kubanakan, Vitória, 25 de março, e outras, além, claro, dos bairros do entorno de nossa Igrejinha – Recanto Vinhais, Residencial Vinhais III, Conjunto dos Ipês, Residencial Palmeira, e os novos conjuntos ora em fase de ocupação/entrega a seus moradores – num total de cinco condomínios novos. Como já informado a Vossa Reverendíssima, neste ano de 2012 a Igreja de São João Batista da Vila Velha de Vinhais completará 400 anos, do início da Evangelização no Maranhão, com a chegada, primeiro dos Capuchinhos franceses com a armada de De LaTouche; com a reconquista em 1614, os portugueses se estabelecem no Maranhão, vindo com Jerônimo de Albuquerque os padres Manuel Gomes e Diogo Nunes, aqui permanecendo desde então; fundada a primeira missão ou residência, mais junto à cidade para comodidade dos moradores, a que deram o nome de Uçagoaba; com a chegada da segunda turma, os padres Luis de Figueira e Benedito Amodei, a missão jesuítica no Maranhão inicia-se nessa aldeia de Uçaguaba, situada a margem esquerda do igarapé do mesmo nome, teria sido o ponto de partida dessa missão, primeira, denominada 'Aldeia da Doutrina', para ser modelo de evangelização que se pretendia implantar. Nesse momento, em que se comemoram esses 400 anos do início da evangelização, nossas pretensões são de, revivendo aquele momento histórico, nos aproximarmos dos moradores de nossas comunidades do entorno, levando a mensagem cristã buscando – ou reconquistando adeptos, fazendo conversão, buscando mudanças de hábitos, crenças e valores, enfim, compartilhando Cristo a toda e qualquer pessoa, através da palavra falada ou escrita; comunicando as ações redentoras de Deus ao homem; proclamando as boas notícias, deixando os resultados absolutamente nas mãos de Deus. SOLICITAMOS, para essa tarefa, ser-nos colocado à disposição um Pároco, haja vista que o designado para a Paróquia de Nossa Senhora Aparecida da Foz do Rio Anil não dispõem de tempo para nos acudir, dada as inúmeras tarefas, e extensão da mesma. INFORMAMOS a Vossa Reverendíssima que o Pe. Alberto, da Diocese de Imperatriz; e Frei Almir, da Ordem dos Frades Menores Conventuais, estão dispostos a auxiliar na Evangelização. E que assumiremos moradia (aluguel) e salário daquele designado para tal missão.
LEMBRAMOS que a antiga Paróquia de São João Batista em Vinhais originou inúmeras outras, como a de São Francisco, no São Francisco; a do Sagrado Coração de Jesus, no Bequimão; a de Santo Antonio de Pádua, no COHAJAP; a de Nossa Senhora Aparecida da Fox do Rio Anil, no COHAFUMA. Que quando da construção dessa Igreja, perdemos a titularidade de Paróquia, instituída em matriz da freguesia, criada pela Resolução Régia de junho de 1757. ROGAMOS a Vossa Reverendíssima, em arrazoado já exposto em cartas datadas 13 de outubro de 2009, e de 08 de dezembro de 2011, o RESGATE de nossa titularidade em Paróquia de São João Batista com a abrangência da Vila Velha de Vinhais; Vila Progresso, Vila Kubanacan, Vila Vitória, Vila 25 de Março, Recanto Vinhais, Residencial Vinhais I e III, Conjunto dos Ipês, Alameda dos Sonhos, Residencial Palmeira, Residencial Colina dos Colibris; e Ipase de Baixo. (Anexo documentação da área de jurisdição da Paróquia ora pleiteada). Assim, ao aproximarem-se os 400 anos de existência dessa Igreja, vimos PLEITEAR a Vossa Reverendíssima a concessão do título de “PARÓQUIA DE SÃO JOÃO BATISTA DE VINHAIS”. Pede, por ser de Direito! Pela COMISSÃO DAS COMEMORAÇÕES DOS 400 ANOS DA VILA DE VINHAIS VELHO e sua IGREJA DE SÃO JOÃO BATISTA, LUIZ ROBERTO M. DE ARAUJO, FRANCINALDA ARAGÃO LIMA, VERÔNICA FLORCELY RAMALHO, DELZUITE DANTAS BRITO VAZ, LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
Pois bem, no dia 20 de outubro daquele ano de 2012, em missa comemorativa aos 400 anos da primeira missa, voltávamos a ser, esta Igrejinha, titular de uma das maiores paróquias de São Luis... e Padre Jadson era-nos apresentado como o novo pároco. Mas vamos voltar ao tempo, um pouco mais... Desde a década de 1590 esta região, a antiga aldeia de Uçaguaba, dos Tupinambá, já era habitada por europeus – digo por europeus, porque sabemos que havia ocupação humana, aqui, pelo menos há mais de 3.000 anos, conforme pesquisas arqueológicas -, e havia um padre jesuíta, quem sabe, visitador – não sabemos, ainda, seu nome, nem se estava apenas de passagem, em um dos navios que aqui aportavam, dando assistência à então feitoria existente, e sua vila coabitada por europeus e nativos – Miganville. Sim, Miganville precede à fundação de São Luís, pois comprovada sua existência efetiva desde 1594. Quando da fundação da França Equinocial, em 1612, foi daqui que partiu a proposta ao Rei de França, e autorizada a colonização francesa naquele ano, 407 anos passados... Junto, vieram os primeiros padres capuchinhos... Fundada a França Equinocial, sairam De Rasilly, o Barão de Sancy e os padres D' Abbeville e Arséne de Paris acompanhados de um antigo morador de Upapon-Açú, de nome David Migan – quem deu o nome de Miganville - , a visitar as aldeias da Ilha: "(...) levaram-nos os índios, de canoa, até Eussauap, onde chegamos no sábado seguinte ao meio-dia. O sr. de Pizieux e os franceses que com ele aí residiam receberam-nos com grande carinho (...)". (D'ABBEVILLE, 1975, p. 114. . Após a implantação da França Equinocial, Uçaguaba / Miganville passou a ser chamada pelos cronistas Claude Abbeville e Yves d'Evreux de "o sítio Pineau" em razão de Louis de Pèzieux, primo do Rei, ter adotado o local como moradia. Capistrano de Abreu esclarece que: Na história da Companhia de Jesus na extinta Província do Maranhão e Pará, do Padre José de Morais, está Uçagoaba, que com melhor ortografia é Uçaguaba composto de uça, nome genérico do caranguejo, e guaba, participio de u comer: o que, ou onde se come caraguejos, conforme com a definição do texto ...". ( apud D' ABEVILLE, 1975, p.107). Das 27 aldeias existentes na Ilha, 14 tinham apenas um Principal; 10 possuiam dois; 1 possuia três. Eussauap possuia quatro: "... é uma das maiores aldeias da ilha e nela existem quatro principais: Tatu-Açu; Cora-Uaçu ou Sola-Uaçu, às vezes também Maari-Uaçu; Taiacú e Tapire-Evire".
É em Eussauap que os franceses encontram uma certa resistência, por parte de um velho "... de mais de 180 anos e que tinha por nome Mamboré-Uaçu ..." e que havia assistido ao estabelecimento dos portugueses em Pernambuco, 80 anos antes (cerca de 1835). Os moradores de Eussauap tinham esperança que um dos padre aí se fixasse. Por isso "haviam edificado no meio da praça, localizada entre as cabanas, uma bonita capela com um altar bem arranjado". Além da capela construiram uma grande cruz. No domingo, dia 20 de outubro de 1612, foi rezada a missa. Vencidos os franceses em Guaxenduba (19/11/1614), os portugueses se estabelecem no Maranhão, vindo com Jeronimo de Albuquerque os padres Manuel Gomes e Diogo Nunes, aqui permanecendo estes até 1618 ou 1619: "A primeira missão ou residência, que fundaram mais junto à cidade para comodidade dos moradores, foi a que deram o nome de Uçagoaba, onde com os da ilha aldearam os índios que haviam trazido de Pernambuco ...". (MORAES, 1987, p.58). Em 1º de agosto de 1757, a Aldeia da Doutrina, sob a invocação de São João dos Poções, foi elevada à categoria de Vila com a denominação de Vinhais, sendo criada nesse mesmo dia a freguesia de São João Batista de Vinhais, em virtude de Resolução Régia de 13 de junho de 1757. Quero aqui ressaltar essa data – 13 de junho de 1757... Comemoramos 362 anos, este ano, da existência como paróquia!!! Com um breve interregno de tempo – 1997/2012 ... Nossas comemorações devem iniciar dia 13 de junho, e ir até 20 de outubro, pois festejamos o dia de São João Batista, lembramos de seu martírio, e a primeira missa nesse intervalo... Continuemos: A residência dos jesuitas em Uçagoaba é ocupada com a chegada da segunda turma de jesuitas ao Maranhão, os padres Luis de Figueira e Benedito Amodei. De acordo com Cavalcanti Filho (1990) a missão jesuitica no Maranhão inicia-se com a chegada dos padres Figueira e Amodei: "... Ao que tudo indica, a aldeia de Uçaguaba, situada a margem esquerda do igarapé do mesmo nome, teria sido o ponto de partida dessa missão ... desta primeira, denominada 'Aldeia da Doutrina'".(p. 31). Cesar Marques (1970), informa sobre Vinhais - freguesia e ribeiro, que os jesuítas Manoel Gomes e Diogo Nunes, que vieram junto com a armada de Alexandre de Moura, principiaram a estabelecer residências - ou missões de índios -, sendo a primeira que fundaram: “... foi a que deram o nome de Uçaguaba, onde com os da ilha da capital aldearam os índios, que tinham trazido de Permambuco, e como esta se houvesse de ser a norma das mais aldeias, diz o Padre José de Morais, nela estabelecessem todos os costumes , que pudessem servir de exemplo aos vizinhos e de edificações aos estranhos. Cremos que por êste fim especial foi chamada aldeia da Doutrina. “Fundada pelos jesuítas, parece-nos haver depois passado ao poder do Senado da Câmara, porque ele tinha uma aldia ‘cujo sítio era bem perto da cidade’. Compunha-se de 25 a 30 índios entre homens e mulheres ‘para poderem acudir às obras públicas pagando-se-lhes o seu jornal’. “Em 12 de maio de 1698 a Câmara pediu ao soberano um missionário para educá-los. Em 22 desse mesmo mês representou à Sua Majestade queixando-se por ter sido privada desta aldeia ‘por algumas informações más e apaixonadas ... Meireles (1964), conta-nos que o bem-aventurado Gabriel Malagrida - a quem César Marques chamou de “o desgraçado apóstolo do Maranhão” - costumava logo pela manhã percorrer as ruas da pequenina cidade de não mais de uma meia dúzia de milhares de habitantes, a convocá-los, com a campainha que ia fazendo tilintar, para a Santa Missa e o exercício do catecismo. E lá voltava ele, cheio de alegre beatitude, acompanhado de um bando irriquieto de meninos que o seguia até o Colégio. Depois, o confessionário e a visita aos enfermos e aos presos, consumia-lhe o resto do dia, pela tarde afóra; À noite, retornava à aldeida da doutrina, como comumente então a povoação de São João dos Poções, antiga Uçagoiaba e hoje Vinhais, sede da primeira missão dos inacianos na Ilha-Grande fora conhecida... Gabriel Malagrida (Menaggio, 5 de dezembro de 1689 — Lisboa, 21 de setembro de 1761) foi um padre jesuíta italiano. Tendo sido missionário no Brasil e pregador em Lisboa, veio a ser condenado como herege no âmbito do Processo dos Távora.
Não há referência à Eussauap, Uçagoaba, Uçaguaba ou Aldeia da Doutrina na relação dos templos existentes na Ilha por ocasião da elevação de São Luís à sede de Bispado em 1677, pela Bula "Super Universas Orbis Ecclesias", muito embora em 1740 conste da relação das freguesias do Maranhão: "Na ilha de São Luis. Além da freguesia de N. S. da Vitória que abrangia toda a capital do Estado com suas muitas igrejas, capelas e conventos, havia três outros núcleos com a presença permanente de religiosos e que também naquele ano seriam erigidos em paróquia - Anindiba (Paço do Lumiar), São José dos Poções, antiga aldeia da Doutrina ...". (MEIRELES, 1977, p.127). D. Felipe Condurú Pacheco (1968) informa que em 1751, os jesuítas e os franciscanos tinham no Estado do Maranhão e Grão-Pará 80 missões e grande número de “doutrinas”, e que em oposição às numerosas propriedades dos demais religiosos, “[...] os franciscanos possuíam então no Maranhão apenas o convento de Santo Antonio, com 25 escravos, e a ‘missão’ de S. José dos Poções, em 1757 vila de Vinhais, de onde, com as esmolas dos fiéis, se mantinham com seus alunos de filosofia e de teologia [...]”. (p. 50). Ao listar as paróquias da Ilha do Maranhão, “[...] no meado do século XVIII, conta de 1758,... distante da cidade ... Vila Nova de Vinhais, a que foi elevada a 1o. de agôsto de 1757, (antes, S. João dos Poções) dos franciscanos[...] ”. (p. 61). De acordo com Barbosa de Godois (1904), o colégio dos jesuítas no Maranhão, “segundo os Annaes Litterarios, contava estas residências: Conceição da Virgem Maria, em Pinheiros; S. José, na aldeia de S. José de Riba-Mar; S. João Baptista, em Vinhais; S. Miguel, no Rosário”. Gaioso (1970), ao identificar as cidades, lugares, villas, freguezias por toda a capitania, afirma que na ilha de São Luís do Maranhão - em 1818 -, tem a cidade deste nome e: "A villa de Vinhaes he uma pequena povoação de Indios, que goza de privilegio de ter seu governo municipal, de que são membros os mesmos Indios. Tem sua igreja particular que lhes serve de freguezia, com a invocação de S. João Batista. A congrua dos vigários destas povoações he de 50,000 r. pagos pela fazenda real, que cobra os dizimos, e devem apresentar certidão dos respectivos diretores, em como compriro com os officios pastoraes." (p. 110) Sobre a igreja existente em Vinhais, Moraes (1989) lembra que a capela de São João de Vinhais, construída no século XIX (sic), substituiu templo muito anterior, que ruíra, e que fora matriz da freguesia, criada pela Resolução Régia de 18 de junho de 1757. A reconstrução da igrejinha do Vinhais foi feita pelo 15o. Bispo do Maranhão, D. Marcos Antonio de Souza. Em carta a seus auxiliares, datada de 30 de dezembro de 1838, “julgando aproximado o tempo de descer aos silêncios da sepultura”, pede para ser enterrado na Matriz de São João Batista de Vinhais, que mandara reedificar: “Se não fôr possível ter o último jazigo nesta Cathedral de Nsa. Sra, da Vitória, junto às cinzas dos meus Predecessores, como sesejava um santo Bispo de Milão, se não me fôr permitido descançar junto al Altar, em que poe muitas vêzes tenho celebrado os augustos mysterios da Religião Santa, que professo, hé de minha última vontade, que o meu enterramento, se fallecer nesta Cidade, ou suas vizinhanças seja na Matriz de S. João Baptista de Vinhaes, reedificada com algum trabalho meo”. (CONDURÚ PACHECO, 1968, p. 164). No ALMANAK DO MARANHÃO para o ano de 1849, consta da relação dos párocos do Bispado do Maranhão o nome de Manoel Bernardo Vaz, como vigário colado da Igreja de São João Batista do Vinhais. D. Manoel Joaquim da Silveira, 17o. Bispo do Maranhão, inicia, a 27 de dezembro de 1854, uma visitação às paróquias. Sobe o “São Francisco” - “braço de mar em que deságua o rio Anil”, em dois escaleres do brigue “Andorinha:
“... Pitoresco o promontório dos remédios, com a alvura deslumbrante e devota da Ermida de Nsa. Senhora. Com pouco mais de 3 quartos de hora de viagem, estão no pôrto de “Vinhaes, outrora Villa, e muito mais povoada que actualmente’. Foguêtes, recepção, bençãos. ‘Hospedagem ecellente em casa de propriedade do Vigário Geral. Visita dos ingênuos habitadores dêste pacífico lugar’. “Na manhã seguinte começam os trabalhos. Pouca frequência. Não há confissões: 75 crismas. ‘Pequena a Matriz de pedra e cal; airosa, porém e mui bem ornada’. Construída por D. Marcos, já está arruinada. Ajudado com 4:000$000 da Província e com o produto de loteria, D. Manoel fez os reparos desta... “... a 3 de janeiro, por Vinhais, retorna S. Excia. à Capital”. (CONDURÚ PACHECO, 1968, p. 234-235). No ano de 1862, São Luís possuia três frequesias: Vinhaes, Bacanga e São José dos Índios. Eram chamadas de 1ª., 2ª, e 3ª. freguesias. À época da nomação do 19o. Bispo do Maranhão, D. Antonio de Alvarenga - 1876 -, era pároco da igreja de São João Batista de Vinhais o Pe. Custodio José da Silva Santos. Ana Jansen, em meados do século XIX, monopolizava o abastecimento de água de São Luís, utilizandos-e de aguadeiros, seus escravos, que se abasteciam nas fontes do Apicum e Vinhais, transportando suas pipas para o centro da cidade, vendendo o caneco por vinte réis, de acordo com Viveiros. Catarina Mina – Catharina Rosa Ferreira de Jesus – uma escrava que amealhou grande fortuna com o comércio de seu corpo, e comprou sua alforria – no dizer de Graça Guerreiro, tornara-se uma Xica da Silva do Maranhão – achando-se adoentada – em 19 de fevereiro de 1886 - e sendo solteira e sem herdeiros, abriu mão de seus bens em testamento, deixando-os para seus escravos –sim, os possuía, e muitos ! – além da alforria dos mesmos. Entre as exigências que fez, pediu aos herdeiros que “enquanto lhes permitissem os seus recursos, não deixassem de fazer a festa de São Pedro em Vinhaes, como de costume”. (BARBOSA, 2002; 2002b) O Deputado Francisco Antonio Brandão Junior, em 1892, apresenta projeto de criação de uma cadeira de “primeiras letras” em Vinhais. Essa, deve ser a origem da nossa Escola Oliveira Roma... Em 1985, os moradores da Vila velha do Vinhais pedem ajuda aos moradores do Conjunto Recanto dos Vinhais para a reconstrução da Igrejinha ... o telhado estava no chão, mais uma vez ... A primeira pessoa que, nessa época estendeu a mão, foi uma médica, que mandou reconstruir o telhado. Depois, alguns moradores reuniram-se e resolveram ajudar, criando uma comissão – informal – pró-reconstrução da Igreja... Muito embora conste do “Inventário Nacional de Bens Móveis e Integrados”, do Ministério da Cultura, que em 1995 tenha sido restaurada pela Secretaria de Cultura do Estado, através do Departamento de Patrimônio Histório e Paisagístico (MinC, 1997) – recurso de R$ 8.000,00 (oito mil reais) – isso nunca se deu; Desde 1985, todas as intervenções físicas se deram com recursos arrecadados junto à comunidade, sem qualquer interferência de qualquer poder público – seja nacional, estadual, ou municipal... 1997, perde a titularidade de Paróquia, para a recém-construida Igreja de Nossa Senhora Aparecida da Foz do Rio Anil... Reconquista a titularidade em 20 de outubro de 2012... nesse periodo, de 1985 até agora, teve tres párocos: Padre Meireles, Padre Cláudio, e Padre Jadson...
PARÓQUIA DE SÃO JOÃO BATISTA DE VINHAIS: 407 ANOS DA PRIMEIRA MISSA, 362 ANOS DE PARÓQUIA, 34 DE REVITALIZAÇÃO... A Igreja de São João Batista à cerca de 34 anos vem passando por transformações. Durante esse tempo alguns padres passaram por aqui e, com a participação da comunidade, contribuíram para seu crescimento. Por determinação de D. Paulo, nossa igreja ficou adormecida por cerca de 15 anos. Aproximando-se os 400 anos de sua construção foi organizada uma comissão para solicitar, mais uma vez, o resgate da sua titularidade junto à D. Belisário. A comissão apresentou à Sua Reverendíssima projeto de ação de evangelização nesta comunidade, e em seu entorno. Solicitamos ser nos colocado à disposição um Padre, haja vista que o designado para então Paróquia de Nossa Senhora Aparecida da Foz do Rio Anil (Cohafuma) não dispunha de tempo para nos acudir, dada às inúmeras tarefas e extensão da mesma. Lembramos que, a partir da paróquia de São João Batista de Vinhais, outras foram desmembradas e criadas, como a de São Francisco (São Francisco), Sagrado Coração de jesus (Bequimão), Menino jesus de Praga (Cohama) e Nossa Senhora Aparecida da Foz do Rio Anil (Cohafuma). Em 1997, com a construção desta ultima igreja, perdemos a titularidade da paróquia, instituída em matriz da freguesia e criada pela Resolução Régia de 13 de junho de 1757. Pois bem, no dia 20 de outubro de 2012, em missa comemorativa aos 400 anos da primeira aqui rezada, a Igrejinha resgata seu titulo de sede de Paróquia e Padre jadson era nos apresentados como o novo Pároco. Um presente de Deus para nós! A comunidade se mobiliza para acolhe-lo e tudo valeu a pena. As mudanças começam, então: primeiro, geograficamente: as comunidades Nossa Senhora de Fátima, Divino Pai Eterno, e Nossa Senhora Aparecida passaram à pertencer à nossa Paróquia. Padre Jadson, com disposição e muita sabedoria e sobretudo coragem e amor, organizou novas comunidades, como Santa Luiza, na Vila progresso, Santa Teresinha, na 25 de Março, acolhendo, evangelizando nossos irmãos. Reformas foram realizadas em todas as comunidades: a) Divino Pai Eterno – a pequena comunidade realizava seus encontros nas ruas ou em casas, que eram cedidas. Hoje, conta com uma bela igreja; o numero de fieis cresceu significadamente, e o trabalho de evangelização se faz presente; b) N. S. de Fátima – além das reformas, interna e externa -, foi construida a casa paroquia; c) N. S. Aparecida – também passou por reformas; o numero de atividades espirituais cresceu; d) Igreja de São João Batista – construída salas, cozinha industrial, construção do largo (praça), reformas interna e externa – luminárias, cálice, som, dentre outras. E sempre com seu toque de bom gosto. Padre Jadson passou a organizar a Paróquia, não só administrativamente, mas religiosamente /espitirualmente. Trabalhou a evangelização, a unidade, a integração de seus paroquianos. O zelo pelo sagrado nos foi passado com rigo e mansidão. As assembleias paroquiais organizadas e realizadas, por ele, nos apontam sempre o que é, e como devemos nos portar em relação ao caminhar de nossa paróquia. A preocupação em aprofundar o conhecimento da palavra é visível. Para isso, organiza palestras, formações, dentre outras atividades. Nossa Paroquia cresceu... Cresceu muito – os Ministérios aumentaram em numero e missão; a Igreja cresceu num todo. A nossa Igrejinha é tida como a mais antiga da cidade ainda em funcionamento – houveram outras, mas já foram demolidas -. Era pouco conhecida até pelos moradores do entorno; hoje, com todo o trabalho de realizado somos uma Paróquia estruturada, acolhedora, dinâmica. Não pronta, encaminhada e feliz. Obrigada, D. Belisário, obrigada, Padre Jadson...
VIDA E ESPERANÇA PARA A(S) ANANDA(S) E FELIPE(S) DO MUNDO Sem amor não há vida! DILERCY ADLER Ao receber o romance Felipe Pai D´égua, de Antonio Melo, para tecer alguns comentários deparei-me de início, com um agradecimento deveras contundente: Agradeço ao Criador, por ter me concedido a aptidão natural para as artes e a Literatura e para descrever e narrar por escrito meus pensamentos, minhas ideias e caprichos da minha imaginação (grifo meu). E, ao final, na sua biografia, os primeiros dados são os de sua profissão. A primeira é a de Marceneiro (aposentado), seguido de Artesão escultor, Radiotécnico – Rádio e Televisão e Eletrônica. Só depois vêm as funções e títulos culturais, como membro fundador de academias, entre outros. Vi também que já lançou seis livros: Contos e Histórias de Melo I e II – 2012, A face Inspiradora da Poesia – 2015, O Bicho do “Zoolhão” e As Proezas do Filho do Pescador - 2013 (infantil) e em 2010 um livro de comédia “Cozinhando osso” e outros em seguimento. Esses dados me remetem à necessidade de trazer à baila as condições estruturais da nossa sociedade na esfera do trabalho, na sua divisão: trabalho intelectual e trabalho manual, e sabe-se que aqueles que desempenham o trabalho manual, na divisão social do trabalho, não têm, ou pouco têm o direito de desenvolver a sua intelectualidade, sendo-lhes negadas condições e estímulos favoráveis à expansão da sua prodigiosidade, e ainda, via de regra, na rotina diária, o trabalhador da classe operária vive extensas e cansativas jornadas de trabalho, o que lhe dificulta, ainda mais, dedicar-se à leitura e reflexões de escritos literários ou acadêmicos. Para Gramsci, a classe operária é aquela que pode comandar a mudança social, no sentido da superação da desigualdade econômico-social posta e, para isso, deve contar com os seus próprios intelectuais, os quais configuram um novo tipo, em conformidade com a desconstrução da sua situação de classe, que passa pela subordinação no campo material e ideológico. Nessa perspectiva, as mensagens no livro são de denúncia, expõe a ferida aberta que macula a história de muita gente e da nossa dita civilização. Vejo o escritor Antônio Melo como um desses intelectuais que, a despeito de tudo, vence densas barreiras, e, na linguagem gramsciana, personifica um intelectual orgânico, nascido da sua própria classe, a trabalhadora. Nesse sentido, ele ratifica que lhe foi concedida pelo Criador a aptidão natural para as artes e a Literatura! Sabe-se que as aptidões não são dadas externamente, mas internamente, a princípio. Quanto ao texto, diria que se configura como uma leitura instigante desde o sentido estrutural, porque não existe uma linearidade na exposição de fatos e situações, mas um intercalamento intencional no relato das histórias dos protagonistas e mesmo em relação às épocas vividas por cada um deles. Vi e viajei num drama, no qual a estupidificação do ser humano abre a ferida da existência e, contraditoriamente, também revela o lado amoroso e mais salutar da natureza humana. Sem essa coexistência de tendências comportamentais antagonistas, talvez na própria realidade a vida fosse insuportável, ou seja, se prevalecesse apenas o embrutecimento nas relações interpessoais, a humanidade não mais existiria. Daí a importância do amor na preservação da espécie humana. Sem amor não há vida! Encontrei na história um amor efêmero, leve, por parte da protagonista, que poderia se firmar e fortalecer no decorrer da vida dos personagens, mas o destino impediu que essa possibilidade se consolidasse no decorrer da história, ceifando precocemente a vida do desafortunado parceiro, que parecia apresentar beleza física e interior. Por outro lado, esse mesmo destino concedeu à protagonista um segundo amor, forte, arrebatador que se firmou como sentimento, mas foi efêmero no tempo e brusca e tragicamente impedido de se prolongar ao
longo da vida do casal, configurando aquele final feliz dos contos de fada: E foram felizes para sempre! Foram felizes, mas não para sempre, pouco durou, apesar da força e beleza desse amor! Viajei também pelas belas paisagens de um lugar pródigo em belezas naturais, de um lugar onde a vida da maioria das pessoas era simples e interiorana, sem luxos e outros atrativos ou comodidades da vida urbana, que para alguns basta, mas para outros, como Ananda, a protagonista, não! Ela sonhava com uma vida melhor para si e para a sua família, o que de fato conseguiu por meio das mesadas enviadas para a família com o seu parco salário, mas oriundo de um trabalho que a satisfazia e, por outro lado, teve condições de concomitantemente estudar e se formar para desempenhar a função de professora, incentivada, também, pela doce mulher que encontrou no seu caminho. Mas, ao viajar por essas belas paisagens bucólicas e encontrar pessoas simples e saudáveis, psicologicamente falando, com contradições comuns à existência humana, mas respeitosas, encontrei também figuras embrutecidas, com egos inflados pela crença de que quem tem dinheiro tem poder sobre as coisas do lugar e até sobre a vida das pessoas, configurando uma polarização entre a estupidez e a afabilidade nas relações entre as pessoas. Não fosse esse tipo de pessoa, o final desta história seria feliz. Se não fosse a amabilidade existente em um dos polos dessa contradição posta, a existência seria insuportável! Tenho, sim, frente aos meus olhos um drama, com nuances comuns na vida de muita gente de estrato social não dominante, pois, há milênios, a história da humanidade se assenta em muito sangue e na dominação, humilhação e dizimação de muitos homens, mulheres, jovens e crianças por outros, detentores do poder, em diferentes esferas da vida coletiva, tais como: abuso de poder e uso da força física e ideológica sobre as camadas pobres ou escravas; inferiorização da mulher, percebendo-a como objeto sexual e, agravada muitas vezes, pelo uso da violência física e verbal, culminando com os feminicídios. Mas, ao mesmo tempo, apresenta peculiaridades que o diferenciam dos demais, tornando-o singular, pela própria época, gente e lugar e pela estrutura do engendramento da trágica trama. Hoje, estamos vivendo no Brasil um período social de muita intolerância e preconceito. Esta leitura, com certeza, despertará o desejo de paz, o desejo de amor e união entre as pessoas, principalmente pela constatação de que no confronto do ódio, da força, todos saem perdendo... perdemos a possibilidade da tão desejada felicidade!!! Parabéns, Antônio Melo, por ter sido abençoado pelo Criador com a aptidão natural para as artes e a Literatura e para descrever e narrar por escrito seus pensamentos, suas ideias e caprichos da sua imaginação!!!(grifo meu). Parabéns por sua dedicação à superação das barreiras materiais! Antonio Melo, a você, a minha admiração!!! E o meu desejo de Sucesso sempre!!! São Luís, 25 de outubro de 2015. Profa. Dra. Dilercy Aragão Adler Membro fundador e presidente (biênio 2016-2017), da Academia Ludovicense de Letras-ALL Sócia efetiva do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão- IHGM Presidente da Sociedade de Cultura Latina do Brasil-SCLB Delegada no Maranhão do Liceo Poético de Benidorm/Espanha
A PRISÃO DAS PEDRAS DANIEL BLUME [crônica publicada no jornal ‘O Estado do Maranhão’] Era sábado à tarde. Baixado o mormaço, depois do sorvete de tapioca, resolvi bater perna no Centro com as minhas meninas, quando de conversas e lembranças, nas idas e voltas pelas ladeiras e escadarias de São Luís. Passamos por Pedro II, Benedito Leite e João Lisboa. Da Rua do Sol à Paz. Lembrei e comentei. Em 2009, escrevi em poema que as pedras do Centro Histórico de São Luís clamam por livramento de sua prisão asfáltica. Na época, falei mesmo de salvo conduto político-administrativo do reconhecido Patrimônio Mundial da Humanidade, bem assim de “habeas corpus” (do latim, ‘que tenhas o corpo’). Afinal, as pedras de nosso chão representam nossos ossos, suor e sangue. Aqui, não falo apenas de um passado saudoso ou bucólico, das carruagens ou dos bondes. Não! Falo especialmente do futuro. Passada uma década, repito que TODAS as nossas ruas antigas devem ostentar suas originárias pedras de cantaria, das que cuidam as obras de Josué Montello, José Chagas, Nauro Machado, Jerônimo Viveiros, Mário Meireles e Jomar Moraes. Mais recentemente, Waldemiro Viana, Sonia Almeida, Phelipe Andrés, Ana Luiza Ferro, Antônio Noberto, Antonio Aílton e Eulálio Figueiredo. Poderia citar dezenas de historiadores e escritores. Os velhos paralelepípedos ainda estão em chão ludovicense, no mesmo local de origem, apesar de emudecidos por um progresso chapiscado com piche, que se revela sofisma. De início, as pedras vinham da Europa como lastro das naus, que as deixavam para serem utilizadas nas construções, regressando cheias de produtos tropicais e manufaturas. São estas pedras talhadas de cantaria que se espalham por calçadas e ruas do centro da capital do Maranhão, algumas há mais de 400 anos. O resgate das pedras é medida possível. Basta vontade, iniciativa, raspagem e limpeza. A manutenção, inclusive, é bem mais barata do que sucessivos e dispendiosos asfaltamentos. A má qualidade do cutâneo capeamento, não raramente, revela que as pedras persistem. Do desgaste do asfalto, emergem nossas rochas. As pedras permanecem e traduzem a gente brasileira, maranhense e ludovicense, de coro francês, holandês, português, africano e indígena. A alforria é possível sem prejuízo da circulação de veículos, como se dá no Desterro, um dos bairros mais antigos da Ilha. Outro bom exemplo é Guimarães. Cidade similar a São Luís, conforme testemunhei. Berço de Portugal, terra de Dom Afonso I, o Conquistador. Lá, as pedras portuguesas permanecem. Remetem ao passado com vistas no futuro, o que se repete em veias longevas de Lisboa, Porto, Amsterdam e Barcelona. Uma sábia tendência. Tudo muda exceto a mudança, que pode ter o formato elíptico de retorno. Lembro, agora, do poema “Apanhados do Chão”, onde diz Chagas que “o chão de São Luís é poeira de história”. Pedra que é raiz fincada em memória. No chão maranhense, está a fonte do quanto se pense sobre a Cidade, do quanto se diga de verdade ao povo, pela voz antiga de um silêncio novo. Espero que não esperem mais uma década. As pedras de nossa história precisam de resgate. danielblume@gmail.com
O QUE HÁ POR TRÁS DA RECUSA DO PRESIDIÁRIO LULA EM NÃO ACEITAR OS BENEFÍCIOS DA LEI DE PROGRESSÃO PENAL. (Uma visão da psicologia). Michel Herbert Muito se tem dito sobre a atitude do ex-presidente Lula em recusar-se sair para regime semiaberto após ter cumprido ⅙ da pena imposta no primeiro processo julgado, (caso triplex de Guarujá), e condenado em primeira instância pelo Juiz Sérgio Moro, e outros juízes que compõem a segunda instância do TRF4. Razões de cunho econômico? Teria que desembolsar uma multa de 4,9 milhões de reais para progressão da pena . Razões de cunho político? Para o presidiário ter sua sentença anulada pela Suprema Corte , seria mais importante politicamente do que sua liberdade . Teria assim, seus direitos políticos restabelecidos .Veria finalmente sua tese comprovada, a de que foi preso injustamente. Para este fim espera aquela ajuda dos seus companheiros do STF, que crie novas leis que o beneficie. Por pura vergonha? Já revelou em entrevista que não aceitará usar tornozeleira eletrônica , comum aos criminosos em regime semiaberto. Justificativa:"Tal instrumento feriria sua imagem pública." Sou partidário da tese de cunho psicológico. A atitude de recusa do Sr Luís Inácio Lula da Silva, réu condenado, está em consonância com o que ele busca mostrar desde há muito tempo aos seus admiradores ,seus seguidores fiéis ou por que não adoradores, que ele é sim um preso político inocente . O côro " LULA LIVRE" alega que a condenação foi injusta, e que o seu líder foi vítima de um complô político para tirá-lo da vida pública, ou da oportunidade real de ser o presidente do Brasil pela terceira vez. Negam ou ignoram os crimes de corrupção, e de lavagem de dinheiro e bens, por meio de propinas que o condenou. Para estes, Lula livre estaria mais que habilitado para salvar o Brasil e os brasileiros do caos ...seria tudo isto e mais um pouco? Afinal o que diz a psicologia com seus pensadores e estudiosos da mente humana? Segundo Carl Jung dono de algumas teses sobre o comportamento humano, diz que, nossas ações seguem os arquétipos ou imagens coletivas que nos fazem agir seguindo um padrão comum. Não somos donos de um "Eu", mas de um coletivo de seres, "o nós" . Um inconsciente coletivo,( família, partido, sociedade ). Portanto, não agimos sozinho. Líderes políticos ou religiosos tem suas missões sociais, patrióticas que o fazem pensar em serem capazes de mudar o mundo . Agem coletivamente "nós versos eles" . Outra faceta da nossa personalidade, é a presença de um lado obscuro da natureza humana, que precisamos reconhecer que existe, e tentar dominar, jamais negar a sua existência. Uma "sombra" segundo o escritor Deepak Chopra, autor do" Efeito Sombra" todo ser humano tem um lado sombrio, que não é o tão bom, não é o tão belo, mas um fragmento ruim, vergonhoso, que nos fazem ou impulsionam a agir segundo atitudes contrárias, paradoxais . Raiva, medo, inveja , ambição ,traição, desejos "diabólicos", ou não tão puros, brotam deste lado sombrio da alma humana. Como nos comportamos com este nosso lado sombrio revela um pouco de nós . Diz Jung. SEGREDO: "Agindo de modo a não revelar os nossos impulsos ou desejos básicos e mantemos em Segredo."
CULPA:"Sentimos nos com culpa ou vergonha, uma sensação ruim por termos este lado sombrio" JULGAMENTO:" Ao negarmos sua existência, agimos com atitudes de julgamento , culpando os outros, ou projetando no outro (inimigo ou demônios) tais fraquezas ". SEPARAÇÃO: "Tentativa de exorcizar ou separação dassas virtudes, e por fim, CONFLITOS :um conviver num eterno conflito interior." Não precisa muito esforço para perceber que, o líder em questão, tem demonstrado bem mais que o seu lado humano, social e paternalista aos pobres brasileiros. A sua arrogância de superiodade, o tem colocado acima da lei e da justiça que o condenou. Seu repetido bordão de Injustiçado, projeta para os outros, (ministério públicos, procuradores e juízes ) a culpa da sua condenação. Não abandona jamais o discurso de conspiração contra seus planos . Uma verdadeira paranóia . Para os entedores da mente humana atitudes acima são reveladoras. Não se iludem tão fácil como acontece com os seus fiéis seguidores . " A demonstração de superiodade camufla o sentimento de fracasso, ou de que isso, os outros rejeitariam se soubessem quem você realmente é". Diz Jung. "O discurso de injustica camufla a sensação de que você é culpado" ." A arrogância camufla a raiva acumulada ." "Culpar os outros camufla a sensação de que vive e está agindo errado, e deveria sim se envergonhar." Veja o conflito que vive o presidiário Lula . Alimentar a ilusão da sua perfeição ("homem mais honesto do mundo") e viver prisioneiro da sua própria mentira, ou ao aceitar a sua liberdade seria reconhecer a pena, e a culpa que lhe foi imputada por suas atividades sombrias.
SÃO LUÍS DO MARANHÃO: MEMÓRIA, CULTURA E POESIA! Paulo Melo Sousa Escrever sobre São Luís do Maranhão é um exercício que nos remete a uma espécie de exumação da memória. Revolver as entranhas de um tempo que existe apenas nos registros históricos, na fala das lembranças, na captura da oralidade dos que já se aproximam do próprio juízo final. E num território no qual se respira poesia, sobretudo aquela praticada pelos que já partiram, surgem os versos de Vinícius de Moraes, extraídos de seu poema Cidade Antiga: “Houve tempo em que a cidade tinha pelo na axila / E em que os parques usavam cinto de castidade... / Houve tempo...e em verdade eu vos digo: havia tempo / Tempo para a peteca e tempo para o soneto / Tempo para trabalhar e para dar tempo ao tempo / Tempo para envelhecer sem ficar obsoleto.../ Eis por que, para que volte o tempo, e o sonho, e a rima / Eu fiz, de humor irônico, esta poesia acima”. Na nostálgica Ilha dos Azulejos, embora boa parte de seus azulejos esteja hoje coberta pela sujeira estética de cartazes e panfletos, houve tempo em que São Luís ainda se espantava com as lendas da serpente encantada, da carruagem de Ana Jansen, puxada por enlouquecidas mulas sem cabeça, guiadas por um cocheiro, escravo dela, também decapitado, da Manguda que aparecia na antiga praia do Jenipapeiro, na parte de baixo da praça Gonçalves Dias. Houve um tempo em que se esbarrava na poesia em cada esquina das antigas ruas de calçamento de pedras pés de moleque, um tempo em que se empinava papagaios feitos pelas mãos habilidosas de Zé Caveira, tempo de brincar de pião, chuço, baladeira, de borroca nas areias que ainda existiam na cidade antes da introdução autoritária do asfalto. Tempo de passear de bonde respirando ar puro e de peito aberto pelo centro da cidade antiga sem medo de assaltos. Bons tempos! Momentos menos atormentados, aqueles de outrora. A cidade mudou. Tudo muda, inclusive a mudança. Algumas modificações, contudo, foram para pior, como denuncia o poeta Nauro Machado, no seu poema Pequena Ode a Tróia: “Como te massacraram, ó cidade minha! / Antes, mil vezes antes fosses arrasada / por legiões de abutres do infinito vindos / sobre coisas preditas ao fim do infortúnio / (ânsias, labéus, lábios, mortalhas, augúrios), / a seres, ó cidade minha, pária da alma, / esse corredor de ecos de buzinas pútridas, / esse vai-e-vem de carros sem orfeus por dentro...”. São Luís é uma cidade que ostenta o título de patrimônio cultural da humanidade, honraria recebida da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura - UNESCO no dia 6 de dezembro de 1997 em Nápoles, na Itália. São milhares de prédios tombados, o que garante à capital maranhense ser detentora do maior acervo arquitetônico com feição colonial e pombalina da América Latina. O que nos falta, com certeza, é o devido cuidado com esse tesouro patrimonial, por parte dos gestores, maior sentimento de pertencimento por parte da população, em suma, amor pela romântica Ilha do Amor. Uma cidade também é feita de imaginação, de mistérios que marcaram uma época e a própria expressão poética de seus filhos, como se verifica nos versos do célebre poeta Bandeira Tribuzi, que se apropria desse imaginário lendário para fazer brotar a beleza: “Ó minha cidade / deixa-me viver / que eu quero aprender / tua poesia / sol e maresia / lendas e mistérios / luar das serestas / e o azul de teus dias...”. Embora o discurso sobre as coisas e, por extensão, sobre a cidade, sejam uma construção subjetiva, isso não invalida a elaboração do discurso, que passa a se incorporar à própria identidade da cidade, sendo a poesia a alma desse discurso. Contudo, a poesia não apenas captura a visão idealizada de uma cidade. Ferreira Gullar, no contundente Poema Sujo, de 1976, escrito quando se encontrava no exílio, em Buenos Aires, reflete sobre São Luís a partir de uma outra pegada: “...O homem está na cidade / como uma coisa está em outra / e a cidade está no homem / que está em outra cidade....”. Na verdade, aí transpira uma digressão, na qual o poeta mescla uma reflexão sobre a linguagem, a existência humana, a memória, o diálogo entre as coisas e o ser. Esse poema antológico de Gullar revelou as entranhas de uma cidade prospectadas fora da órbita das visões românticas e idealizadas. Daí o texto ser revelador, vertical, incisivo, evidenciando sua relevância exponencial. O homem, ampliando a visão do poeta, não precisa apenas estar na cidade, ele precisa sobretudo ser na cidade que habita.
O Centro Histórico foi concebido como unidade comercial e habitacional. É fundamental melhorar as condições de vida das pessoas que já moram ali, através da eficiência da infra-estrutura urbana, das questões ligadas à acessibilidade e de incentivo direto às melhorias dos prédios. É importante que novos moradores habitem a área. Ali também se pode desfrutar de apresentações culturais - Bumba-Meu-Boi, Tambor-deCrioula ou o Cacuriá -, ou ainda topar com mestres que cumprem ofícios antigos, como é caso de sapateiros, alfaiates, ourives. As profissões tradicionais integram o conceito de patrimônio cultural imaterial que, segundo a UNESCO, é composto por “práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas”. É preciso valorizar esse patrimônio. Nossa cultura gastronômica é invejável, com o cuxá à frente, como carro-chefe de pratos de dar água na boca, tais como o peixe pedra frito, a pescada amarela ao molho de camarão, o gurijuba no leite de coco, o caruru, a gengibirra, a juçara com farinha e camarão seco, com um digestivo de tiquira. Em tudo e por tudo, São Luís possui um patrimônio que vai muito além do visível, e que se encontra ainda em permanente ebulição, podendo ser incrementado e explorado turisticamente, evidenciando o brilho da cidade patrimônio cultural da humanidade. Patrimônio que também respira na poesia, como nestes versos de José Chagas: “No alto dos mirantes / Me fiz e desfiz / Soprai-me, brisas errantes / Sobre toda São Luís...”.
ANAJATUBA, 55 ANOS DEPOIS JOÃO FRANCISCO BATALHA Presidente da Federação das Academias de Letras do Maranhão – FALMA, e do Instituto Histórico e Geográfico de Arari - IHG de Arari. Estive na cidade de Anajatuba, pela primeira vez, em outubro de 1964 e retornei à bela cidadezinha, de ruas arenosas, que me encantou à primeira vista, em julho do ano seguinte. Desta vez acompanhado de Telmo Mendonça e Ludgero, que estudavam em São Luís. Este último, com quem me hospedei em uma extensa casa de chão batido e coberta de palha, porém, contagiante e confortável. Ficava próxima ao campo de futebol. Não reencontrei a graciosa Rose, filha de Elpídio Everton, Guarda-fios da EBCT, e amiga do carnaval arariense; mas conheci sua irmã Aparecida, e as irmãs Vilma e Ester; e, também, Socorro de Neneco, Rosarinho, de Rosário e Iracema. Posteriormente, Nazaré, que foi noiva de Manoel de Julião, outra bemapessoada senhorita da urbe dos belos campos. Através de uma crônica publicada no jornal VANGUARDA, em sua edição de agosto de 1965, relatei essa segunda viagem à terra dos Comendadores e Barões; de Luís Carlos Dutra e, por adoção, de Luiz Henrique Everton. Universo de moças bonitas sempre a conquistar o certame de Miss Maranhão. Na ocasião, discorri sobre a partida de São Luís, às 5 horas da manhã, em um carro superlotado de jovens alegres, que integravam a caravana, e a chegada a Colombo por volta das 9 horas, de onde tomamos outra condução, que percorreu uma estrada de ramal arenoso e cheio de curvas, atravessando, entre outros, os povoados Pacova, Cumbí, Bacabalzinho e Santana. No trajeto, senti o aroma do cajueiro florido e vislumbrei a beleza dos seus frutos, amarelos e avermelhados, de dar água na boca. Ouvi a magia dos cantos dos pássaros e deslumbrei-me com a beleza natural que se descortinava a cada curva do ramal margeado de flores e vegetação nativa, com a alegria dos campesinos e a simplicidades dos caçadores rodeados de aves abatidas, ou fiadas de jurarás; e dos pescadores com cofos de peixes e manzuá à mão. Chegamos a Olho D´água, portão de entrada da antiga aldeia dos Tupis e dos Anajás, próximo ao meio dia. Registrei a afetividade de seu povo e a hospitalidade de sua gente. A formosura das mulheres, a gentileza das moças, alegres e festivas. A beleza da paisagem do Campo de Santa Maria e a imponência da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário. Documentei, também, fatos da inauguração de obras realizadas pelo prefeito Sebastião Marinho de Paula: Campo de Pouso, Praça, Parque Infantil e reforma do velho Mercado, entre foguetórios e as mais diversas manifestações de alegria, no dia 17 do mesmo mês, que, por sinal, caiu em um domingo. De lá para cá, voltei diversas vezes a Anajatuba e por diversos motivos prazerosos, entre os quais a Festa e procissão da Padroeira, partidas de futebol, bailes dançantes, visitas amigas, almoços de confraternização, caravana política, instalação da Academia Anajatubense de Letras e outras demandas, entre as quais, visita surpresa que fizemos, em nome da Federação das Academias de Letras do Maranhão – FALMA, ao confrade Mauro Bastos Pereira Rego, história viva do município, em 3 de fevereiro do corrente ano. Nessa comitiva, compareci na qualidade de presidente da FALMA e me fiz acompanhar do professor Vavá Melo, da Academia Sambentuense de Letras; Jucey Santana, presidente da Academia de Letras de ItapecurúMirim; Prof. Ferreira da Silva, presidente da Academia Luminense de Letras, de Paço do Lumiar; e de William, esposo da confreira Jucey. Decorridos menos de seis meses da visita surpresa que fizemos ao Prof. Mauro Rego, retornei a Anajatuba em 19 de julho de 2019, em clima de forte consternação. Desta vez, para velar e acompanhar o cortejo fúnebre que transportou os despojos do amigo Nilton Lima Filho, falecido dois dias antes, em um dos leitos do Hospital UDI, em São Luís. Foi um dia de tristeza profunda e pude constatar, pela fisionomia dos anajatubenses, como o Dr. Nilton era querido naquela cidade. A multidão que acompanhava o féretro estava triste e chorosa. Por onde passávamos, a caminho do Campo-santo, até o seu jazigo, as pessoas acenavam lacrimosas das calçadas de suas residências.
Anajatuba perdia, naquele mês de julho, que seria festivo na cidade, em razão do 165º aniversário do município, um grande cidadão. Criatura humana, ética e respeitosa, que amou a terra que adotou como seu torrão natal. Afável e educado, tratava a todos com cortesia e distinção. Honrado, digno, atencioso e probo. Justo, Livre e de Bons Costumes. Ético, honesto e respeitoso. Culto e inteligente, amante das belas e eternas músicas. Médico competente, dedicado à profissão, à causa pública e aos problemas sociais do povo anajatubense. Arariense de nascimento, onde adveio em 12 de maio de 1955, entregou-se de corpo, alma e coração a Anajatuba, até os dias finais de sua existência.
JOÃO DE DEUS DO REGO EDMILSON SANCHES esanches@jupiter.com.br O poeta negro caxiense que influenciou um grande poeta cearense e é patrono de cadeiras nas Academias Caxiense, Maranhense e Paraense de Letras. No dia 22 de novembro de 1867 nasceu em Caxias João de Deus do Rego, jornalista e poeta. Em 20 de junho de 1902, com 34 anos, faleceu em Belém (PA). Há 131 anos, em 1888, quando tinha 21 anos, João de Deus publicou dois livros: "Primeiras Rimas" e, depois, "Numa Pitada de Rosas". Em 2017, quando se completaram 150 anos de seu nascimento, não se sabe de evento de vulto em homenagem a esse sesquicentenário. João de Deus do Rego também é autor de pelo menos dois folhetins, conforme pesquisa de Germana Maria Araújo Sales, da Universidade Federal do Pará, em seu trabalho "Folhetins: Uma Prática de Leitura do Século XIX", publicado em agosto de 2007 na revista "Entrelaces". Os dois folhetins são: "As Festas de Nazareth", publicado pelo jornal "A Folha do Norte" em 11 de outubro de 1896, e "A Quermesse Redentora", em 13 de maio de 1897. O jornal "A Folha do Norte", segundo anota Germana Maria, era "jornal de circulação diária, independente, noticioso, político e literário. Fundado por Enéas Martins, Cipriano Santos e outros, tinha por objetivo principal lutar pelo desenvolvimento político e social da região, defendendo o partido republicano federal, chefiado por Lauro Sodré e, depois, por Paes de Carvalho". O nome do governador paraense Lauro Sodré estará junto ao de João de Deus do Rego, neste texto, mais adiante. Praticamente desconhecido em Caxias, João de Deus do Rego foi uma grande influência para o poeta cearense Lívio Barreto, nascido no município de Granja, em 18/02/1870, e falecido em Camocim (CE), em 29/09/1895. Não se sentindo desafiado intelectualmente em sua terra, Lívio foi para Belém (PA) em junho de 1888, lá permanecendo até 1891. Na capital paraense (à época com cerca de cem mil habitantes), conheceu o caxiense João de Deus do Rego. Registros dizem que o poeta de Caxias "muito contribuiu para o aperfeiçoamento literário" do jovem poeta cearense. Lívio Barreto, embora tendo vivido apenas 25 anos e publicado apenas um livro ("Dolentes", poesias, republicado em 1970, pelo Governo do Ceará, e em 2009, pela Universidade Federal do Ceará), é considerado o maior poeta de sua cidade e um dos maiores do Ceará. Deve ter sido de muito valor o trabalho e a presença do caxiense João de Deus do Rego nos meios culturais de Belém. Veja-se: a) Em sua dissertação "Entre Poéticas e Batuques: Trajetórias de Bruno de Menezes" (2012), apresentada à Universidade da Amazônia - Unama, como requisito para obtenção do título de Mestre em Comunicação, Linguagens e Cultura, Marcos Valério Lima Reis cita o escritor J. Eustaquio de Azevedo (autor de "Literatura Paraense"), que registra que a reunião para a fundação da entidade cultural "Mina Literária", às 9h da manhã de um domingo, 02 de dezembro de 1894, "contou com a presença dos principais intelectuais locais, desta última década do século XIX". E segue a lista dos "principais intelectuais" da capital paraense, 12 nomes: "Drs. Álvares da Costa, Paulino de Brito, Natividade Lima, Leopoldo Souza, Guilherme de Miranda, Acrísio Mota, Alcides Bahia, Manuel Lobato, JOÃO DE DEUS DO REGO, Theodoro Rodrigues, Euclides Dias e Luiz Barreiros". Depois desse encontro, que fundou a associação, a Mina Literária foi inaugurada em 1º de janeiro de 1895 (na dissertação consta "1894", por evidente lapso na digitação). A importância da Mina Literária é devidamente consignada na dissertação de Marcos Valério, citando o livro de J. Eustáquio de Azevedo: ela é definida como “associação de letras que constitui um dos fortes elementos da literatura no norte do Brasil”, e que “despertou o amor pelas letras no ânimo de nossos jovens patrícios e fez em prol de nossa literatura o que, até então, nenhuma associação fez até hoje”. E ainda,
citando Marinilce Oliveira Coelho, no mesmo livro "Literatura Paraense": "O Pará precisava 'não apenas produzir borracha', mas sim idéias. Assim, a Associação Mina Literária constituiu-se numa forte representação no quadro literário local, pelo “esforço dos seus membros, pelos trabalhos que publicou, e pela propaganda tenaz que fez das letras nortistas (...)”. b) João de Deus do Rego é sócio fundador da Academia Paraense de Letras (criada em 03 de maio de 1900) e patrono da Cadeira 26. c) João de Deus do Rego integra o seleto grupo que foi retratado no quadro "Últimos Dias de Carlos Gomes" (também citado como "Últimos Momentos de Carlos Gomes" ou "A Morte de Carlos Gomes"). O grande músico brasileiro Antônio Carlos Gomes, autor da ópera "O Guarani", de 1870, era muitíssimo querido no Pará. Sem apoio em sua própria terra (São Paulo), foi contratado pelo Governo paraense. Antes de falecer, em Belém, em 16/09/1896, Carlos Gomes recebeu a visita do governador do Pará, Lauro Sodré, e um exclusivo grupo de políticos, jornalistas e intelectuais (contei cerca de 22 pessoas ao todo, entre as quais o caxiense João de Deus do Rego). Naqueles tempos, estavam na região os pintores italianos Domenico de Angelis e Giovanni Capranesi, que faziam trabalhos artísticos no Pará e Amazonas, contratados pela Igreja e por Governos. Eles pintaram o quadro "Últimos Dias de Carlos Gomes" em 1899. É um óleo sobre tela, com 224 cm x 484 cm, pertencente ao acervo do Museu de Arte de Belém. O quadro é objeto de estudos recorrentes. Só em 2006 pelo menos dois trabalhos foram apresentados: "História e Iconografia de Belém, em 'Últimos Dias de Carlos Gomes'", de Luiz Tadeu da Costa, mestre em Comunicação e Semiótica, especialista em Museologia, professor universitário e técnico do Museu de Arte de Belém, e “Últimos Dias de Carlos Gomes: Do Mito 'Gomesiano' ao 'Nascimento' de um Acervo ", de Emerson Dionísio G. de Oliveira, mestre em História da Arte. Emerson Dionísio analisa extensa e detalhadamente a pintura e relaciona os nomes de todos os que nela foram retratados. Em um período de um parágrafo descreve: "No grupo seguinte, atrás dos dois políticos sentados, vemos um conjunto de quatro homens que fitam ou o músico ou o espectador: o senador e intendente Antônio José de Lemos; os jornalistas João Marques de Carvalho, Antônio Leite Chermont e JOÃO DO REGO." João de Deus do Rego é mencionado nos seguintes livros, entre outros. Mais uma vez confirma-se a forte presença do escritor caxiense na literatura paraense e nortista em geral: 1) "Na Rua (Papeis Avulsos)", de Raul de Azevedo (editora A. M. Pereira, 1902, 216 páginas). Aqui, o poeta cearense Antônio Salles é comparado ao caxiense: "(...) assim como talvez em terras paraenses o delicioso João de Deus do Rego". 2) "Estudos Afro-brasileiros", volume 2, de Gilberto Freyre e outros (editora Ariel, 1937), com trabalhos apresentados ao 1º Congresso Afro-brasileiro, reunido em Recife em 1934. Aqui, registra-se: "(...) a mãe de Gonçalves Dias, mulata simplória (conta-nos o poeta João de Deus do Rego, cuja mãe, também mulata, era amiga daquela) (...)". A mãe de João de Deus chamava-se Maria Bárbara Cunha Rego; a de Gonçalves Dias, Vicência Mendes Ferreira. 3) "Introdução à Literatura no Pará", volume 4 (Cultural CEJUP, 1990). Ali, anota-se: "Diz Carlos Rocque, na 'Grande Enciclopédia da Amazônia', que João de Deus do Rego é uma das personalidades retratadas pelo pintor De Angelis, no quadro em que reproduz os 'Últimos Momentos de Carlos Gomes'." 4) "Antologia Amazônica: Poetas Paraenses", de José Eustáquio Azevedo (Conselho Estadual de Cultura, 1970, 323 páginas). Nesta obra João de Deus do Rego é relacionado entre 13 escritores, "dos círculos acadêmicos do Pará", nos "saudosos tempos, saudosos e magníficos". 5) "Teatro Nacional: Autores e Atores Dramáticos Baianos, em Especial - Biografias", de Silio Boccanera (Imprensa Official do Estado, 1923, 488 páginas). Neste livro, transcreve-se uma opinião literária de João de Deus do Rego, em 1896, acerca de um poema politico -- "O Espectro do Rei" --, de outro autor. 6) "Almanach Popular Brazileiro para o Anno de 1906", publicado em 1905. João de Deus do Rego está entre os escritores citados no livro. 7) "Relatório Apresentado ao Conselho Municipal de Belém". Trata-se de relatório da Intendência Municipal de Belém, publicado pela Typographia de Alfredo Augusto Silva, em 1902. Em determinado parágrafo, são listados os nomes de diversos jornais e jornalistas do Pará. Entre os jornalistas, o último
citado no parágrafo é o caxiense, também o único a merecer um adjetivo, assim: "(...) e o mavioso poeta João de Deus do Rego, pela redacção da 'Folha do Norte'." 8) "O Sr. Silvio Romero e a Literatura Portuguesa", de Fran Paxeco, publicado por A. P. Ramos d'Almeida em 1900, com 201 páginas. Nesta obra anota-se, após mencionados diversos escritores: "(...) e, alfim, João de Deus do Rego, poeta delicadíssimo, que ali vegeta no Pará (...)". 9) "Do Civismo e da Arte no Brasil", de Joaquim Leitão, publicado por Tavares Cardoso & Irmão em 1900, com 349 páginas. Nesta obra igualmente lista-se uma série de autores, o caxiense -- qualificado como "afamado" -- entre eles: "O jovem poeta paulistano Carvalho Aranha, o já afamado João de Deus do Rego, o amazonense Paulino de Brito, como o forte cearense Antônio Salles, toda essa família de poetas brasileiros, cujos nomes levariam centos de páginas (...)". No Maranhão, pelo menos o historiador coelho-netense Mílson Coutinho e os caxienses Quincas Vilaneto (Joaquim Vilanova Assuncao Neto) e Arthur Almada Lima Filho, todos meus confrades na Academia Caxiense de Letras), documentaram em livro o poeta caxiense, tão bem-referendado em terras nortistas -João de Deus do Rego. Em sua terra natal, João de Deus do Rego é patrono da cadeira 32 da Academia Caxiense de Letras.
NAURO MACHADO EDMILSON SANCHES esanches@jupiter.com.br ---> "[...] o mundo restará o mesmo sem minha quota de angústia e sem minha parcela de nada". * Há quatro anos, em 28/11/2015, a Poesia maranhense e universal perdeu um Poeta maranhense e universal. Na madrugada daquele dia, um sábado, Nauro Diniz Machado morreu. Por mais que digam que poetas não morrem, isso é só... uma liberdade poética. Poetas morrem, sim, embora possa não morrer a poesia de cada um, poesia que, contrariamente, pode até se tornar mais vívida e vivida. Nauro Machado havia completado em 2015 seus exatos 80 anos de nascimento (em São Luís, dia 02 de agosto de 1935). Se sua poesia era universal, o poeta era provinciano, isto é, gostava de ficar, de permanecer em sua cidade natal, dela só se afastando para raras incursões fora do estado. Desde a década de 1970 que conheço Nauro. Conheci-o por intermédio do jornalista e escritor teresinensecaxiense Vítor Gonçalves Neto: eu escrevia, adolescente, uma página literária no jornal "O Pioneiro", de Caxias, dirigido pelo Vítor (falecido há 30 anos, em 1989). Em Caxias, Imperatriz e São Luís reencontrei Nauro Machado em momentos fortuitos. Apenas uma vez combinamos um encontro, um almoço, momento que juntos partilhamos em Imperatriz. Tenho e mantenho dele boa imagem como pessoa, agradável e sem "intelectualismos" nas conversas que (man)tivemos, bem humorado, apesar da gravidade do rosto nas fotos. Chego a dizer que, pelo menos nos momentos comuns que dividimos, Nauro Machado era um sujeito muito simples. Claro que, aqui e acolá, se a conversa descambava para algo mais, digamos, sofisticado em termos de Literatura, ali estava o literato à altura. Sua obra, então, nem se fala: mentes mais competentes dela já falaram e vêm falando, analisando, avaliando... com as melhores notas. Se Nauro era ou parecia ser um sujeito comum, sua obra, não. Nauro, filho de "seu" Torquato e dona Maria de Lourdes, marido de Arlete (escritora de ótimas obras), homem versado nas Artes e na Filosofia, partiu há três anos para o desvelamento do mistério pós-morte. Em verso não metrificado, Nauro media-se a si mesmo, ao dizer que estava ocupando... ... "o espaço que não é meu, mas do universo",... ..."espaço do tamanho do meu corpo aqui, enchendo inúteis quilos de um metro e setenta e dois centímetros [...]". Nesse poema "do ofício", Nauro menciona aqueles que o... ..."mandam pro inferno, se inferno houvesse pior que este inumano existir burocrático". Também ouve ou identifica"o escárnio da minha província" e vaticina (pois que é um vate...) que... ..."o mundo restará o mesmo sem minha quota de angústia e sem minha parcela de nada". Liberdades poéticas e sensibilidades literárias à parte, claro que Nauro Machado era, com Ferreira Gullar e José Salgado Maranhão, a grande referência maranhense contemporânea além-Maranhão na difícil arte da grande "ars poetica". Claro que seu espaço ia além, muito além, dos autocentimetrados 172 centímetros. Claro que o inferno não é uma escolha nem lugar para onde se mande, se ele existir -- como o verso nauriano se permitiu duvidar. Claro que não há escárnio -- só ex-carne. E claro que o mundo e a Vida continuarão sem Nauro -- pois é do mundo e da Vida continuarem, ainda que sem um ser que sabia observá-los,...
...sabia absorvê-los... ...e sabia (re)pintá-los com originais pinceladas de letras. EDMILSON edmilsonsanches@uol.com.br
SANCHES
OPINIÕES (novembro/2018) "Nauro Machado, um gênio da poesia brasileira. O texto ficou excelente, Sanches." (Paulo Rodrigues, professor e poeta caxiense, residente em Santa Inês - MA, 1º presidente da Academia de Letras de Santa Inês). Nestor Araujo Morais Vieira "Texto excelente e, como sempre, merecida, atenta lembrança e oportuno registro do valor de honoráveis personagens da vida e história da nossa terra." (Nestor Araujo Morais Vieira, advogado maranhense, residente em Boa Vista - RR). "O Maranhão da nossa poesia referencial pode muito bem ser batizado de NAURANHÃO. Um poeta imenso." (Carvalho Junior, professor, gestor escolar, poeta e ativista cultural maranhense, de Caxias). "Perdi um irmão, e o Maranhão, o seu maior poeta do século XX". "Edmilson Sanches, Nauro, filho de Torquato e Maria, marido de Arlete e pai de Fred [o grande cineasta]". (Fernando Braga, advogado e escritor maranhense, residente em Brasília - DF).
"O HOMEM-TIJUBINA", UM TRABALHADOR GERANDO "SUJEITOS" JOÃO BATISTA DO LAGO Por mais que eu queira me esquivar, “O homem-tijubina”, insiste em me remeter aos tempos hesiódicos. Refiro-me aqui à força hercúlea do poeta grego, Hesíodo, que foi colocado ao lado de Homero, como o segundo maior poeta daquela Grécia (o que considero uma injustiça), porém isto não vem ao caso para o presente momento. Em Os Trabalhos e os Dias, Hesíodo, buscara mostrar com clarividência que, naquela Grécia, para além do heroísmo homérico, havia um povo trabalhador, e que, tal como hoje, prenhe de invisibilidade. Diante disso, o poeta grego se nos legara, segundo Werner Jaeger, que, “também a luta silenciosa e tenaz dos trabalhadores com a terra dura e com os elementos tem o seu heroísmo e exige disciplina, qualidade de valor eterno para a formação do homem” (in Paideia). É exatamente neste ponto que me sou remetido ao canto hesiódico. Ao meus olhos, em “O homem-tijubina”, Carvalho Junior, guardadas as devidas temporalidades e espacialidades, imprime uma narrativa que visa dar luz a uma tipologia de heroísmo aos “Sujeitos” (trabalhadores) vários que se encontram inseridos em seu poema. O homem-tijubina, em verdade, é vários sujeitos oriundos de um campo metafórico que flerta com um determinado realismo (não falo de realismo como corrente literária, mas como conjunto de vivencialidades). Aqui, por exemplo, sua narrativa poética deixa muito claro os vários sujeitos dados num só homem-tijubina: (...) "II. o homem-tijubina vive, se dobra, (des)dobra e recorta como um zine. camelô do calçadão da afonso cunha, pede esmolas como um poeta, é este azulejo quebrado nas tuas mãos. usa colar de hippie, pulseira de sementes antiquebranto, antiódio e antiamor ao mesmo passo e no mesmo cortar de pulso. é poeira invisível nos escombros do cassino caxiense, fôlego e asfixia nos vivemorres do rio itapecuru. na esperança de novos dilúvios, ele recita cecília: a chuva é a música de um poema de verlaine." (…) No mínimo meia dúzia de sujeitos estão inseridos nesta estrofe-prosa-poética: o homem-tijubina – nucleador de todos esses trabalhadores -, o camelô, o esmolé, o poeta, o cassino caxiense e o rio Itapecuru. Todos são sujeitos e uma “luta silenciosa e tenaz”. Mas, não tão-somente estes sujeitos são visibilisados (também) no conjunto do seu poema. Há outros tantos que merecem a mesma atenção e cuidado por parte de um leitor atento: a infância, os passarinhos, os sonhos, as pedras, enfim, Carvalho Junior desnuda aos nossos olhos um sem-número de sujeitos (trabalhadores) que se encontram escondidos em cada um de nós-Outros. Ouso afirmar, este poema merece um estudo mais profundo, pois ele faz uma imersão arqueológicoantropológica, assim como sociológica, na tentativa de dar uma resposta, no mínimo eficaz, às questões ontogênicas que se nos há entranhada na alma e que, por razões próprias, o (ou um) poeta tem essa capacidade de vasculhamento. Infelizmente, para este momento, não me é possível um aprofundamento desta obra, mas creio que, essa minha pequeníssima visão poderá ajudar na leitura e compreensibilidade do poema de Carvalho Junior. "O homem-tijubina (Carvalho Junior) I. o homem-tijubina tem um paladar exigente. não digere o ovo do óbvio. somente silêncios de pássaros lhe passam pelos gorgomilos. quando o indagam a respeito desta passagem, diz que o outro lado da vida está no verso. não tem idade, apenas caminha. às vezes para frente quase sempre para o fundo do poço que guarda as lágrimas dos seus ancestrais. é um composto de cortes de unhas-de-gato e incoerências. II.
o homem-tijubina vive, se dobra, (des)dobra e recorta como um zine. camelô do calçadão da afonso cunha, pede esmolas como um poeta, é este azulejo quebrado nas tuas mãos. usa colar de hippie, pulseira de sementes antiquebranto, antiódio e antiamor ao mesmo passo e no mesmo cortar de pulso. é poeira invisível nos escombros do cassino caxiense, fôlego e asfixia nos vivemorres do rio itapecuru. na esperança de novos dilúvios, ele recita cecília: a chuva é a música de um poema de verlaine. III. para o homem-tijubina a infância é como uma ferida sem costura. diz que carrega suas corcundas hereditárias pela força das ladeiras de pedras brancas em que um dia correu com os bolsos cheios de pitombas, penas de passarinhos e sonhos acesos dentro de lampiões improvisados. quando tomado de ira do mundo, enfia o dedo no cu das não levezas do cotidiano e brada contra a apatia dos fantasmas bípedes. IV. as pernas do homem-tijubina têm o fracasso como farinha, como a massa de araruta que o alimenta no íntimo. − sem uma pedra na testa, quem pode fazer um bom festejo? ri das próprias perturbações com a dentada suja e incompleta sem muito se preocupar em entender os tipos híbridos que lhe compõem a natureza. V. o homem-tijubina descansa as dores no silêncio da caieira quando opera o carvão guardador dos suspiros do babaçu que desintegra os rancores no lábio do machado. como um índio, busca remédio nas ervas naturais do seu chão e na fé que se agarra como um ímã na moeda. balança a cabaça da paciência e se benze/cura pelo rabo da mucura, pelos tutanos das lendas que o ninam com uma voz de mãe. VI. rá. o homem-tijubina é um bicho-papão. rá. o homem-tijubina parece a velha iaiá. rá. o homem-tijubina não sabe assustar. sobrevive de soluços e atravessamentos debaixo da ponte caída que dá acesso a lugar nenhum. um gole humilhado de cachaça cuspida foi o que de melhor lhe aconteceu na última noite. para quem tem quase nada para viver um pedaço sovinado de qualquer morte já é um favor. VII. o homem-tijubina não confia na polícia. nos ladrões de meio de rua talvez um pouco de vez em quando com os olhos bem vivos. sobre aqueles moços(as) dos cartazes e santinhos diz que são moscas varejeiras prestadoras de culto às grandes merdas que fabricam nos gabinetes. tossir é tudo o que ainda pode este velho metade humano, metade lagarto colorido de meninice. aquela ternura escondida dentro do baú do arco-íris talvez até o melhore, mas a tosse do homem- tijubina de tão braba não cura nem com leite de uma jumenta dourada. VIII. o homem-tijubina é um poema desprezado, por todas as almas viventes e vegetativas, resistente às chuvas e às ferrugens que lhe explodem a pele. um dia ele nasce alguma coisa diferente e deverá outra vez aprender a viver com a indiferença dos homens, dos répteis e de todas as (sub) espécies por um ou vários deuses, darwins ou big-bangs inventados. IX. não pense no fim, pelo amor da essência divina dos jenipapos, palmitos e sapucaias. o homem-tijubina não morre nem com a faca treinada da dona lourdes fateira que talha, sem perdão, até mesmo os peixes nas paredes que o delírio humano-tijubínico sopra. sobrevive ao tempo como o grito de tiêta, como os desenhos e estátuas de areia de andré valente. enquanto mãe bida movimenta o quibano ao som dos capotes e bodes & outros cantores do sertão artesanal das malícias e gameleiras, o homem-tijubina renasce, reconstrói-se e abraça as suas raízes mais uma vez montado em um cavalo-de-palha. X. quando o homem-tijubina estende as chagas sobre a música das folhas, preenche-se de fôlego para seguir com o cabresto aramado da sandália bailarina de cipó, improvisando [à sombra das quatetês sibilinas] o escorpião de higuita. o sol lhe doura a tatuagem leite castanha de caju com o nome de uma lepidóptera
mítica. um talo de coco numa mão, uma xícara de café de tucum na outra e cismas incontáveis sob o cofo sarapintado da pele. XI. de peito lagartístico e calangnóstico, vagamundeia o homem- tijubina com uma reza inaudível no meio da roça. avança sobre as bitolas do chão regado de urucum e comemora a luz que lhe atinge de prazer o seio mais delicado dos abrigos de sua fauna interior. o chicote de um sorriso cintila e brinca com os dados de mallarmé nos aclives/declives do mundo novo da sua teia enrodilhada de pedras." * Carvalho Junior (Francisco de Assis Carvalho da Silva Junior, Caxias/MA, 1985). Professor, ativista cultural, gestor público e poeta brasileiro. Vencedor do Troféu Nauro Machado no I Festival Maranhense de Conto e Poesia (FESTMACPO) promovido pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Publicou os livros de poemas Mulheres de Carvalho (Café & Lápis, São Luís, 2011), A Rua do Sol e da Lua (Scortecci, São Paulo, 2013), Dança dos dísticos (Editora Patuá, São Paulo, 2014), No alto da ladeira de pedra (Editora Patuá, São Paulo, 2017) e O homem-tijubina & outras cipoadas entre as folhagens da malícia (Editora Patuá, São Paulo, 2019). Membro da Academia Caxiense de Letras (ACL), é um dos organizadores do Encontro de Poesia Na Pele da Palavra e faz parte do coletivo de autores Academia Fantaxma. Participou com o poema “Abrigos” da Exposição POESIA AGORA (Itaú Cultural, Rio de Janeiro, 2017). Tem poemas publicados em jornais, revistas e antologias literárias nacionais e do exterior. Edita a página de poesia QUATETÊ.
COMO ESCREVE CARVALHO JUNIOR José Nunes Carvalho Junior é professor e poeta, natural de Caxias-MA, autor de “O homem-tijubina & outras cipoadas entre as folhagens da malícia” (Patuá, 2019).
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal? Pela manhã, meus olhos de jacaré ainda estão se esticando e se afiando para o íntegro do dia. Não fossem as obrigações do trabalho de professor e de gestor escolar, minhas manhãs seriam para dormir um pouco mais. A noite é o período do dia em que dou de comer aos meus delírios, por isso, geralmente, durmo tarde e tenho dificuldades para acordar cedo. Quando estou livre, em casa, num dia de feriado ou final de semana, por exemplo, as manhãs são para leitura, para deitar na rede com as minhas filhas, para estar junto da família e dos amigos. Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita? A palavra é o meu vício interturno, mas creio que, de alguma forma, como disse antes, a minha produção acontece melhor à noite, período em que descanso nos braços da poesia, quando as minhas revoltas e angústias viram sonho. É à noite que sou bêbado, criança, malabarista, jogador de relancinho, pescador de estrelas silentes… tudo ao mesmo tempo, como uma espécie de Vítor Gonçalves Neto, o “cronista maldito”, que dizia, espirituosamente, ter tido “duzentas e dezessete profissões, inclusive duas honestas”. (risos) Procuro ser exigente com o que escrevo, em permanente postura de autocrítica, mas não sigo rituais, um caminho que seja sempre o mesmo. Isso não significa que meu entendimento seja contrário ao essencial exercício de repetir, de sangrar o dedo, de deitar-rolar com as palavras na luta que “prossegue nas ruas do sono”, como diz Drummond, mas penso que a preparação para a atividade de escrita tem um modo de operação prático: enfiar o nariz nas páginas dos livros e da vida. Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária? Embora seja como todos os poetas um viciado, um doente, um sofredor do mal incurável da poesia, esta que é ao mesmo tempo pedra que esfola a pele e alívio/curativo, não consigo escrever todos os dias. Imagino que de tudo quanto o poeta se desconcentra há uma concentração do lado do avesso. O poeta fica períodos sem escrever uma linha que seja, mas não deixa de ter relações íntimas com a palavra. Minha escrita é hoje mais lenta e sem esses cadeados do tempo crono(i)lógico. Minha meta, se tenho alguma, é superar a mim mesmo de uma produção para outra. Se tenho conseguido isso ou não, é um trabalho para os leitores e críticos, tão fáceis de encontrar como unicórnios no quintal. O poeta muito afeito a metas, a datas, a uma matemática inflexível, mais exata do que a exatidão, sem um vírus de desconserto, dá uma impressão que se alinha com aquela descrição, feita pelo Quintana, de um poeta à imagem e semelhança de uma “galinha carimbando ovos”. Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
A pesquisa, nas suas variadas ramificações, faz parte da natureza do poeta. É da sua essência a desconfiança e a curiosidade. Vive de olhos-ouvidos-qualquer-coisa-além-corpo muito acesa, antenada com o que se passa em direções várias. O parto de um poema é muito misterioso, mas no meu processo de escrita geralmente anoto no papel (preferencialmente à lápis) ou faço gravações de voz que depois se desenvolvem, ganhando substância mais encorpada. A poesia cutuca sem hora marcada. Começar ou terminar, fácil ou difícil, eu trago outra vez Quintana para nos iluminar com seu pensamento. Diz-nos ele que “O poema só termina por acidente de publicação ou morte do poeta”. Eu penso muito em poesia, quase que obsessivamente. Às vezes, é meio desesperador não ter um lápis à mão quando temos aqueles estalos, ideias momentâneas que a impressão de as perder é como uma morte, no entanto e no geral, a minha escrita ocorre dentro desse processo que alia pesquisa/leitura com a experiência/vida, sendo que esta última é o grande tutano da coisa. Escrever é o caminho sôfrego para o prazer da minha caixinha-vermelha-bombeadora-desangue e de tudo que pulsa em mim. Aproveitando o pensamento do poeta Luís Augusto Cassas, tento dar um corpo a um poema ou livro meu na busca de que ele tenha “cabeça, tronco, membros e alma”. Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos? Como hoje escrevo mais lento, mastigando muito o verso dentro dos engenhos do coração, lido bem, ou pelo menos melhor que antes, com esses sentimentos. Procuro amadurecer um livro, um próximo projeto, leve o tempo que levar. Vou escrevendo e cismando bastante, conduzido pelo desejo de chegar ao corpo de uma nova obra. Dedico-me a um projeto com esmero, cuidando de cada detalhe, até que chegue ao ponto de soltar no bico do vento e dos pássaros para que todos possam ler. Venho buscando, sobretudo, não me repetir nesse processo, mesmo que um trabalho seja uma espécie de aprofundamento do outro, como percebo de alguma forma, a relação entre os meus dois últimos livros “No alto da ladeira de pedra” (2017) e “O homem-tijubina & outras cipoadas entre as folhagens da malícia” (2019), ambos publicados pela Editora Patuá. A crítica é sempre bem-vinda. Costumo dizer que nada educa mais um poeta do que um cascudo, um cocorote, um golpe de dedos se arrastando na cabeça em sentido contrário ao do penteado do topete. Longo é o tempo e sua cauda feita de pitocos de rabo de tijubina, os meus projetos são trabalhados sem esses balizamentos e cobranças de relógio. Ansiedade eu tenho como qualquer ser humano, mas no aspecto literário, sinto-me, hoje, mais maduro para trabalhar com isso. Eu quase me precipitei com o livro “No alto da ladeira de pedra”, uma boa conversa com o poeta José Inácio Vieira de Melo me fez rever certos pontos e trabalhar melhor o livro. Ele me chamou a atenção para uma referência muito direta a Manoel de Barros no título que eu pretendia “Desfronteiras do inconhecido”. Embora a minha intenção com a inversão de afixos naquele título fosse sugerir o ato sexual, da famosa posição do 69, eu revi todo o projeto e entendo que “pelo chá de gaveta” dado ao livro, segundo o conselho do José Inácio, fez a flor da publicação crescer e nascer em estação apropriada. Estou com o Antonio Carlos Secchin quando diz que escrever é, antes de tudo, ouvir. Mesmo com a minha teimosia característica (entendo-a como muito necessária), procuro sempre exercitar o ouvido, é o que chamamos de assuntar nos sertões da convivência humana. O poeta deve ter orelhas grandes, maiores e mais afinadas do que a de um jumento. (risos) Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los? A releitura nos mostra os excessos e nos encaminha para os ajustes de texto. Sou filho de um açougueiro e de uma costureira, foi deles que, certamente, herdei alguma habilidade no corte das carnes e tecidos da palavra. Há alguns poucos amigos poetas com quem divido muito meus poemas no seu processo de costura. O poeta Antonio Sodré é quem eu mais aperreio, com quem mais divido as angústias, pela crítica muito sincera que ele faz. Assim sendo, o olhar do outro é por onde nos vemos além do espelho umbilical. Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador? Eu utilizo bastante as mídias sociais em um trabalho de divulgação. No processo de escrita, quase nunca produzo direto no computador. A semente do texto vem de mais longe, então geralmente faço minhas anotações, à lápis de preferência, como disse antes, sendo na tela do computador onde decido mais as questões de estética, de disposição espacial. Os meus partos de poema são, geralmente, do tipo “normal”, feitos com as mãos operando a folha de papel. Sobre essa relação com a folha em branco, digo em poema do livro de estreia “adoro pegar a branquinha por trás,/ e, com meu lápis sedento,/ enfiar no seu verso,/ todo o meu sentimento”. A perfeita posição para escrever uma peça versificada. (risos)
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo? As ideias nascem das leituras de livros e de mundo, das conversas e provocações que geram ecos entortadores na gente, dos “espantos” como defendia Gullar, das topadas nas calçadas da vida… Diria que minha criatividade vem da minha postura de cultivo contínuo de cismas, de estar sempre desconfiado e inconformado, tal como a imagem que o poeta Bioque Mesito pinta com o grafite de alguém que tenta controlar “um incêndio nas mãos”. Lendo livros, pessoas e o mundo, bem como atentando, o quanto posso e consigo, aos movimentos da existência, é assim que me alimento das malícias para mergulhar no rio das palavras. O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos? Sinto-me mais maduro hoje, de passo mais afirmado, sem medo da lama ou dos animais venenosos da estrada. Minha escrita, por algum tempo, utilizou-se muito do recurso de jogos de palavras, por eu ter uma mente propensa, de alguma forma, ao trocadilho. Procurei lapidar isso, aproveitando as minhas melhores características, usando, todavia, a faca do açougue do meu pai na eliminação das peles excessivas. Em um exercício autocrítico, percebo na minha produção essa virada ascendente, superando alguns traços e mantendo aquilo que imagino ter força em mim como o humor, a ironia, certo erotismo, a memória… Se eu voltasse no tempo não mudaria nada, mesmo achando que os escritos iniciais são mais pobres, mas os defeitos deles, quando percebemos logo ali ou aqui na frente, empurram a gente com uma força propulsora que só nos fortalece. Os textos primeiros têm o ímpeto e a verdade deles. Como diz a Ana Miranda, a gente precisa errar, também, na literatura. Eu me dedico e me entrego à poesia, não saberia viver sem ela. Iluminame a poesia do Antonio Machado quando diz que “o caminho se faz ao caminhar”. O meu olhar, ainda que preserve um forte traço saudosista (acho que tudo que escrevo se resume em lágrima e saudade), é voltado para os territórios do porvir. Quando estou dentro do corpo da palavra, sou uma espécie de índio-hippiecigano-ciborgue que brinca de cavalo-de-palha ou nas asas de uma folha que se desprende do alto de uma palmeira dos meus chãos originais. Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe? Eu pretendo retomar vários projetos parados. Já organizei cadernos de poesia, exposição, encontros literários, entre outras danações, e quero voltar a fazer isso tudo, porque meu espírito se alimenta nessas eletricidades e movimentos. A poesia reunida do Déo Silva, importante poeta brasileiro, filho do Maranhão, é o livro que ainda não existe que quero ver, ler e dividir com o mundo em breve. Já encontrei abertura com o editor Bruno Azevedo para lançar esse trabalho que assumi a organização pelo selo Pitomba. Déo nos diz que “A palavra, em verdade, é funda em si mesma. Raso, contudo, é o nosso poder de entendê-la”. Bonito isso, não? Tão como isso de querer o que ainda não existe. O chileno Huidobro nos diz que “O poeta é um pequeno deus”, assim sendo, eu quero tanto de mim como do outro, esse elemento invisível até então inexistente, aquilo que está sendo gestado no pensamento de uma criança talvez, no sorriso das minhas filhas. Isso me traz a ideia de sonho e este é que nos dá o tamanho como versa o intamanhável Fernando Pessoa.
UM ALUIZIO DE AZEVEDO QUE ATÉ ENTÃO NÃO SE CONHECIA... THOMÉ MADEIRA
Em 1884, um caso de identidade trocada e um cadáver desconhecido agitaram a capital do Império, enterrado e desenterrado, sem se jamais saber sua real identidade; seria João Alves Castro Malta ou João Alves Castro Mattos? Eram mesmo dois indivíduos ou seriam dois nomes do mesmo homem? Tal imbróglio custou a cabeça do Chefe de Polícia da Corte e agitou mesmo o Conselho de Ministros, a ponto do mesmo Conselho indicar investigadores para o caso, que permaneceu insolúvel, um ano depois, porém, começam.a circular, na revista A SEMANA ILUSTRADA, os capítulos de um folhetim intitulado "Mattos, Malta ou Matta?" , que seriam "cartas escritas por um que preferia manter-se anônimo, pois seria perigoso revelá-lo" em que , na troca de identidades de um suposto morto, tudo levaria ao acobertamento de um crime; anos de pesquisa entre os artigos da "Semana" e demais fontes, e ao trabalho incansável do bibliófilo Plínio Doyle, nos deparamos com a revelação de que o autor era ninguém menos que Aluizio Azevedo, que, como sói acontecer naquele tempo - e ainda hoje - o escritor, sem ocupação segura, aumentava sua renda escrevendo os chamados "romances ao correr da pena", expressão usada para se falar do que se escrevia para "o divertimento", ou seja, o puro e simples entretenimento, sem pretensão de se fazer grande literatura, mesmo caminho seguido por Sir Arthur Conan Doyle, ao publicar as primeiras histórias de seu famoso personagem Sherlock Holmes, na "Strand Magazine" , destinada ao entretenimento popular; o que de grande mérito se pode ter nessa história é que ela verdadeiramente inaugura o gênero que seria mais tarde chamado de "literatura policial" no Brasil , sendo o nosso Aluizio Azevedo merecidamente guindado ao status de pioneiro....Recomendo muitíssimo a leitura !
CARTA PARA BENZINHO Irandi Marques Leite
QUERIDO PAI BENZINHO,
A saudade bateu no peito e resolvi te escrever Com sentimento fraterno, saudade e vontade do fundo da alma, que aflora dentro de mim, busco o boêmio que vaga em São Paulo. E apelo para o Divino - Vai missiva incansável em busca do teu destino. Energia flutua no ar e me confirma -São Paulo guarda um boêmio, na terra. Quimera, quimera, quisera Eu encontrá-lo. E vou Buscar a tua sabedoria Da dança Do tempo do Bigorrilho. Onde te encontrar? No Mercado Municipal? O carteiro busca o endereço com a missiva na mão, o CEP 01000 sofre metamorfose e se transforma numa incógnita de equação que envolve derivadas e integrais triplas. Acordei. Catarino, Mizico, Botelho, Manoel, Caetano, Airão arranham as rótulas das janelas da casa 673, da rua São Pantaleão, São Luís do Maranhão. Vindos de vários pontos, 4h da manhã, te procurar para irem juntos tomar cachaça na barraca de Rayol no Mercado Central. Arranham as rótulas e o som se propaga até a igreja São Pantaleão e até a serpente encantada. Lembrei que acordavas, vestias a calça de suspensório, camisa de manga comprida e ias bater ponto nesta barraca, onde tomavas algumas pingas. Aproveito para te informar que o padre da Igreja São Pantaleão procurou por ti. Sentiu tua falta na missa. Chegou carta de vovó Alzira (São Paulo) perguntando pelas goteiras da nossa velha casa. A Escola de Samba Turma do Quinto passou na nossa porta, no domingo de carnaval e eu não te olhei. Chicó cortou o cabelo de vovô Bembém; no Ponto de Fuga (bairro Madre Deus); lembrei das aulas sobre perspectivas do Professor Agesilau na Escola Técnica Federal do Maranhão. Damásio da Barbearia São Tiago, Universidade do Cabelo, alugou uma radiola para o Forró de Rosa e está te esperando para a festa; tua cadeira cativa está reservada na barbearia. Vovô Bembém fez mágica, desvendou fórmulas de remédios e salvou vidas. Vovó Alzira chegou de São Paulo com 4 malas de presentes para os amigos da rua São Pantaleão; alguns se mudaram para aldeias dos índios Tupinambás; vamos alugar um uber jegue e o barco de vovô Antero. Benzinho, teu espírito, tuas palavras, tuas atitudes estão no meio de nós, entre eiras e beiras. Um sonho te trouxe para nós: -Ouvi tua voz cantando músicas da Turma do Quinto, da Turma de Samba Fuzileiros da Fuzarca e do Bloco
Tradicional Vira Latas. -Vi tua imagem bailando no salão do Bigorrilho, entre bolero, merengue e samba. -Vi tua camisa azul e vermelho no jogo do Maranhão Atlético Clube no Campo Santa Isabel. -Ouvi tuas palmas no Cine Rialto na rua do Passeio; era exibido nosso filme preferido; o porteiro do Cinema era o velho Mamede que morava no bairro Belira. Estas notícias vão provocar vibrações na tua alma: -Nossa Senhora Aparecida chegou na Igreja São Pantaleão; a diretora Izelinda Garcês gritou, os alunos do Colégio Francisco Brandão se comprimiram no espaço limitado. -A carruagem de Ana Jansen passou na madrugada, Didier se espantou. -Teu nome está na língua dos amigos no jogo de palitos no Bar do Eiter. Compuseram uma música em ritmo de Bloco Tradicional e se acelerar pode ficar no ritmo da Turma do Quinto e Fuzileiros da Fuzarca. Benzinho, Todos se lembram de tua ação, Tomando pinga no Eiter, Encostado no balcão, Descendo com a Turma do Quinto A rua São Pantaleão; Tudo isto foi muito bacana Junto com teu irmão Cae Cana Com muito amor no coração e o bolso com pouca grana. Lembro quando ias me deixar no Jardim Dom Francisco e no Colégio Francisco Brandão. Ficavas olhando para os meninos da minha turma na brincadeira do recreio. - A merenda era pão com água. O guidom do carro imaginário Era o prato plástico Éramos meninos sonhadores. De repente acabou o recreio No tempo o sonho parou. Eu e nós e vós e todos os pronomes de todos os idiomas do mundo e além-mundo, até do Planeta dos Macacos, te pedimos -Foges de São Paulo e vens para a procissão marítima de São Pedro. Santa severa te espera adormecida na igreja São Pantaleão. Didier te espera no Abrigo de Mané Coelho na praça João Lisboa; a tua dança mágica e abstrata, sob melodia infinita, na busca do amor em forma de arte, na festa do Bigorrilho, conquistou o seu coração. Antes de ires dançar na Zona do Meretrício, rua 28 de Julho, Didier espera um beijo metafísico do boêmio além do tempo, de terno branco e sapato branco bico fino. São Luís do Maranhão, 09 de agosto de 1964
Teu filho Irandi Marques Leite
SIMBOLISMO E PAZ ARQUIMEDES VALE Existem pessoas que ligam a existência de datas comemorativas exclusivamente a finalidades consumistas e lançam-se em cruento combate semântico contra esse sistema. Este é um direito respaldado no respeito à liberdade de opinião e multiplicidade de focos pelos quais um assunto pode ser visto. Assim, um prisma rigoroso analisa, cartesianamente, a convergência entre comemoração e despesas como esperteza daqueles que auferirão lucros financeiros. Um prisma sentimental, visto pelo lado da felicidade, da doçura e da leveza espiritual, observa outros valores que não se relacionam a valores materiais. As datas comemorativas são símbolos e estes são as âncoras psíquicas que nos levam a criações existenciais. Os símbolos estão em todos os nossos passos e por eles construímos a nossa vida, tanto pelo que recebemos como pelo que interpretamos. As religiões são todas assentadas em símbolos e por eles se creditam, por representarem o sagrado, a fé, a esperança, a natureza, a vida, o universo e se tornam elementos poderosos. O cristianismo tem a cruz como seu símbolo máximo, lembrando que ali morreu o seu inspirador, Jesus Cristo, traduzindo a força, o poder, o sagrado, levando a todo um contingente de dogmas e obediência, chegando a merecer mesuras, como a persignação, quando é vista. O Islamismo se identifica com uma lua crescente e uma estrela, o judaísmo com a estrela de Davi, o Budismo com a roda de Dharma e por aí vai. As marcas comerciais se tornam símbolos muito fortes que evocam o produto no momento que são vistas ou ouvidas. Os partidos políticos marcam muito mais por seus logotipos que pelas letras do seu nome.. As profissões também se identificam com imagens simbólicas cheias de significado. As homenagens a pessoas da família, santos, eventos históricos ou ao patriotismo trazem evocações com cortesia, deferência, respeito e até agradecimento. Veja-se o Natal. Predominando no ocidente, mas mexendo com o mundo todo, as pessoas vão às lojas, não me parece que só para comprar objetos em belas embalagens e chama-los de “presente”, mas para desfrutar da emoção de presentear. De demonstrar a alguém o seu amor, carinho ou afeto naquele símbolo material. De preservar a união em todas as convivências, já que este evento não se restringe às relações familiares mas alcança as amizades, algo altamente necessário para que as boas relações existam entre as pessoas. De desejar felicidade e ouvir alguém lhe desejando também. A tradição, com seus símbolos, também vai à mesa com uma tradicional ceia que oportuniza o aconchego e reunião das famílias. E o Dia da Mães? É só consumismo? Não! Basta perguntar a uma mãe se ela gostaria que esse dia fosse retirado do calendário. A mãe, no contexto da família, é quem carrega as maiores emoções, nesse vice-versa da relação com os filhos. Não parece, que nesse dia estejam ávidas por bem físico, mas por uma reunião, um contato, um aconchego, um abraço, um beijo. Na parte dos filhos, trazem a “lembrança” para marcar, simbolicamente, a sua presença. Na mesma esteira vem o dia dos Pais, cheio de trocas e de afetos. Ainda tem o dia dos namorados, no qual os casais aproveitam para celebrar o exercício da convivência pré ou marital, tendo sempre símbolos materiais como representação do mútuo amor carnal. O dia da crianças, que bom que foi criado, pois a felicidade mais pura e inocente se espalha por todos os cantos da vida. As crianças são repositórios do amor e esperança dos pais e representam a continuação biológica, porque, então, não favorece-los com o que apreciam? Os brinquedos que constituem o seu mundinho de fantasia. Festeja-los não me parece um consumismo pernicioso, quando os pais tem meios para isso. O que tem levado a raça humana à evolução é a capacidade de adaptação através de criações de alternativas de vida onde se inclui criação de instrumentos e modificação dos alimentos. Então, aos recrudescentes, às comemorações festivas, há a necessidade de acompanhar o instituído, que mostra suas vantagens no bem estar social. Que vejam como o célebre Cervantes colocou o seu inigualável D. Quixote a lutar com moinhos de vento como um símbolo da luta inútil. Neste caso os moinhos simbolizam a felicidade de comemorar. Tive um colega médico, africano, que foi meu aluno durante os seu curso de medicina na Universidade do Maranhão, que o aceitou, e a muito outros, por vigência de um convênio. Este rapaz, mesmo depois de
formado, nunca quis voltar para a sua terra. Uma época chegamos a trabalhar no mesmo hospital e um dia nos encontramos a esperar pelo inicio de uma reunião. Sentados lado a lado, depois de uma conversa curta observei seu ar pensativo. Calado, respeitei a sua reflexão, mas de súbito ele se volta pra mim e diz: “ A sua terra começa o ano com o carnaval, depois tem dia das mães, aí vem São João com o povo brincando mês inteiro, dia dos namorados, depois vem férias, dia dos pais, festa de São José de Ribamar, festas de largo católico, dia das crianças, Natal. Vocês tem o ano inteiro para serem felizes. No meu país nós temos o ano inteiro pra ter guerra...”
AS CRONICAS DE CERES As crônicas de Ceres Costa Fernandes são publicadas no Jornal O Estado do Maranhão
DE CATÁLOGOS À INTERNET Ceres Costa Fernandes Tinha fascínio por catálogos. Adorava aqueles catálogos americanos de produtos para a vida no campo. Que belas eram as fotos das colheitadeiras, tratores e pás! Ao lado das mercadorias, rapazes fortes e saudáveis, com camisas de xadrez, e aquelas mocinhas de louros cabelos, sapatos rasos, meias soquete e ar inocente, parecendo mais artistas de Holywood do que gente do campo. Progresso era aquilo! Nunca tendo passado perto de uma fazenda, disfarçava sua frustração encomendando facas de aço puríssimo, gadanhos, tesouras de podar. Coisa de pouca monta. Ainda assim, tinha que enfrentar o pragmatismo irritante da mulher a lembrá-lo que não possuíam nem árvores nem jardim. Um surto de civilização chega ao país e catálogos nacionais são produzidos em larga escala. Ficou fácil comprar camisas e calças de todas as cores e tamanhos, mais variadas e baratas que nas lojas. Esses catálogos ofereciam um sortimento de utilidades domésticas como nunca se viu. Encomendou para a mulher um cortador de ovos cozidos, um batedor de coquetéis – que batia o coquetel dentro do próprio copo –, e uma belíssima galinha de madeira para guardar ovos.. O dia esperado chegou e com ele a satisfação de receber as desejadas compras. As camisas, de pano bom, eram bem bonitas. Um pequeno detalhe: o tamanho G parece que não era tão G assim, pois as camisas ficaram curtas e de mangas apertadas. O Zezinho bem poderia tê-las usado, não fosse tão metido a besta, disse que a estamparia e o modelo “não rolavam”. A culpa é da mãe que o criou assim. Mas sempre sobrou o afilhado. O felizardo ganhou as seis camisas. Está forrado para o ano todo. Se não gostou, dane-se. Pobre não tem gosto. E os presentes da patroa? A ingratíssima torceu o nariz às “inutilidades” domésticas e disse que jamais pensaria em guardar ovos dentro de uma galinha, quando se tem geladeira para isso. Irra! Nada agrada essa mulher! Agora é a venda pela TV. Existe coisa mais fácil e confortável que teclar o número de seu cartão de crédito e receber, confortavelmente, em casa, facas Guinso, de fio indestrutível, meias Vivarina, que nem unha de gato consegue rasgar? Ah, dessa vez ela não reclamou, as meias vieram a calhar. O que estragou foi a demonstração da resistência das meias que ele resolveu fazer para os amigos. Bem no dia em que ela iria usá-las em uma recepção. Alguma coisa deu errada, não foi sua culpa. Urdiu uma surpresa. Sabedor da preferência da cara-metade pela música francesa, aproveitou uma promoção sensacional, daquelas que são oferecidas pela madrugada, e pediu, uma lata, finamente decorada, contendo CDs de canções francesas escolhidas.. Baratíssima! E não é que mesmo assim a desmancha-prazeres achou de pôr gosto ruim? Que as canções eram todas tocadas pela mesma orquestra, com os mesmos arranjos e os cantores desconhecidos; que orquestra por orquestra preferia a do Zé do Bule de São Bento. Que espírito birrento e azedo o dessa mulher! Às vezes me surpreendo de não ter sido denunciado por estupro por ter feito dois filhos nela! Seguiram-se as encomendas de uma central telefônica doméstica, um polidor que transforma carros velhos em novos e uma enxurrada de aparelhos para cortar legumes decorativos, preparar nhoques e macarrão, que a cozinheira conserva guardados, ciosamente, dentro das embalagens, nos armários da cozinha. Descobriu as compras pela Internet. Comprou um laptop com mil e uma funções, por sete mil reais, aproveitou a oportunidade, pois o de R$ 2.999,00 em seis vezes sem juros que encomendou já estava esgotado no site. Está em negociações de compra de um catavento ( para colocar no sítio que pretende comprar), e já entrou em um consórcio – ocasião única –, para adquirir um bote de alumínio para pesca. Uma pechincha. Um único senão, a ser resolvido antes do término das prestações, é que um dos participantes do consórcio mora em Mato Grosso do Sul e outro no Paraná. A megera, sempre incompreensiva, está em conversação com o advogado para saber se revoga a cláusula de comunhão de bens do contrato matrimonial ou pede uma declaração de incapacidade do marido.
CRÔNICA ESCATOLÓGICA Ceres Costa Fernandes Às pessoas de fino trato e estômago delicado aconselho pular esta crônica. Já repararam que, de uns tempos para cá, raro é o dia em que não deparamos com a palavra coliforme fecal na nossa mídia? De reles bactéria habitante dos intestinos parece que ela se transformou em componente básico de toda a matéria existente debaixo dos céus. Pesquisadores e xeretas diariamente anunciam a presença de coliformes fecais na água do mar, água de torneira, nos picolés, no leite pasteurizado, até no outrora confiável pão nosso, cada dia mais adulterado. Que o mar estava cheio deles, faz um bom tempo que se sabia disso. Cresci ouvindo dizer que o antigo esgoto de São Luís convergia todo (era uma rede pequena) para uma graciosa casinha azul e branca à Rua Montanha Russa, apelidada de casinha da bosta. Lá os dejetos humanos eram bombeados e liquidificados – ou lá o que seja-, e despejados in natura nas águas do Rio Anil, defronte à Av. Beira-Mar. Quando fui morar naquela pitoresca ladeira, a casinha estava desativada. Embora não sendo mais o local de despejo geral dos dejetos da cidade não houve como tirar daquele trecho da Beira-Mar a má fama. Acho que essa má fama não lhe é de todo indevida, se atentarmos para a vocação escatológica daquele braço de rio desde os tempos coloniais, quando os escravos, denominados tigres, porque rajados pelos excrementos que vazavam dos jarrões, descendo pelo Beco da Bosta, vinham despejar nas suas águas os excrementos dos senhores. Não comíamos os peixes pescados ali, principalmente o comuníssimo papista, acusado de coprofagia. À época em que passei a residir ali, até pelo número menor de habitantes da nossa cidade, a merda era pouca. Assim o acreditávamos. Na nossa leiga compreensão, os dejetos, que eram despejados logo em frente, as correntes marinhas levavam para a outra margem do rio, onde é hoje a Av. Ferreira Gullar, dali para a Ponte d’Areia, em frente ao Iate, e, depois, a afastavam para o largo, rumo ao mar aberto. A chamada Costa, depois da virada do Forte Santo Antônio, era considerada limpa, pois. E talvez fosse. Autorizados por esse juízo, usufruíamos das delícias praianas sem culpa, liberados pela ignorância, mal comparada com a de Adão e Eva antes de terem insônia, gastrite e enxaqueca provocadas pela fruta da ciência do bem e do mal. Saber é o preço da perda dos prazeres de caminharmos descalços nas brancas areias e mergulharmos nas águas mornas de nossas praias. Depois da expulsão do Paraíso, acordamos. Arcamos hoje com o ônus da não-prevenção do tratamento de esgotos e da ocupação indiscriminada dos espaços. A ingênua ideia de que resolveremos a poluição da nossa orla litorânea apenas com a coleta dos esgotos da Ilha não é verdadeira. A coisa é mais complexa. Além da contaminação do lençol freático com os despejos de bares e residências da orla, ela envolve o tratamento dos despejos dos superpoluídos rios Calhau, Pimenta, Jaguarema e quejandos, potentes contribuintes de coliformes fecais. Voltemos à questão da prevenção. Não é mais fácil ensinar a não poluir que reprimir depois? Essa é a diferença entre um país civilizado e outro não: educação. Enquanto não nos educamos, vamos deglutindo diariamente alguns milhares de coliformes fecais, além de mergulharmos prazerosamente neles. Se servir de consolo para alguém, digo que, ao menos assim, podemos justificar o clamor popular de que estamos, literalmente, na merda.
TEMPOS DE MIGRAÇÃO Ceres Costa Fernandes Tal como as pombas de Raimundo Correa, eles partiram em revoada, no começo do semestre letivo, para cursar diferentes graduações em lugares distintos do Brasil. Estão voltando para as férias de julho. Até quando esse regresso? Retornarão como as pombas do poeta, ruflando as asas fortalecidas, ao ninho antigo ou seguirão adiante, buscando sempre longínquos horizontes, como aves de arribação? Falo dos filhos e netos de nossas famílias que se decidiram por uma graduação fora do Maranhão, mercê das opções oferecidas pelo ENEM. O fenômeno também ocorre com alunos de outros estados que aqui aportam em busca da aventura do conhecimento. Anos 40 do século XX, dos meus tios paternos, quatro homens e uma mulher partiram para outras paragens a buscar cursos de engenharia, medicina e Belas Artes, de que o Maranhão era falto. Meu pai, filho mais velho, cursou Direito e aqui ficou, após tentativas de viver fora. Foi juiz no Piauí, advogado em Salvador e professor em Goiânia, mas o velho pai o queria a seu lado. Os outros não voltaram. Casaram-se e multiplicaram-se por lá onde pousaram. A grande família dispersou-se pelo Brasil. Anos depois, faculdades e cursos foram criados, recebíamos caravanas de goianos e piauienses, sobretudo, para disputar vagas com nossos jovens, numa lide acirrada. Muitos se foram com o diploma alcançado, alguns ficaram e aqui se incorporaram, formando família. Tempo de receber. Agora, nova diáspora. Não por falta de escolhas locais, mas pelo leque de ofertas aberto no Brasil todo, fascinando os jovens. Tempo de partir. E assim, os meus partiram para Campinas, Goiânia, Uberaba, Brasília, São Leopoldo e ainda mais longe, Riverside- Califórnia. Egoisticamente, recordo as férias ou finais de semana em que colocava colchonetes pelo chão (ainda havia os amigos) e era grande a farra. Tempo de reunir. A velha casa de avós, lazer para crianças pequenas, com piscina, árvores para subir, lugar para correr, é, agora, ninho vazio. Histórias contadas à noite, com a luz apagada, amontoados em torno da avó, com a respiração suspensa, não fascinam mais. Os jogos eletrônicos substituíram as árvores, a piscina, a correria, e as histórias. Tempo de se afastar. Tem razão o Eclesiastes: há tempo para tudo. A onda migratória não acontece só aqui, no Brasil. Roda o mundo. Assisti a um programa na TV que mostra haitianos chegados em grande número a Santa Catarina. O acolhimento foi bom. É ver nas escolas, nas danças folclóricas a mistura dos meninos tão negros do Haiti, contrastando com os meninos tão louros, descendentes de alemães e lituanos. É bonito. O mundo como deve ser: colorido. Reverso da medalha: muçulmanos, não importa a cor, entram aos milhões, em fuga das guerras ou mesmo da miséria dos países de origem. Chegam pedintes, destroçados, gratos aos que lhes abrem as portas. Passados os anos, nascidos os filhos nos países que os acolheram, estudando ou bem empregados, alguns se voltam contra a cultura que os abraçou. Aliciados pelo Estado Islâmico, redescobrem raízes nunca arrancadas e voam em busca de práticas de terror. Voltam para matar e destruir. Não podemos prever se as nossas pombas aportarão em benfazejos palomares. Não temos clareza para distinguir quais das pombas feridas que acolhemos são aves de rapina metamorfoseadas. Impotentes, nos curvamos ao porvir destes tempos de migração.
DAS COISAS ESSENCIAIS Ceres Costa Fernandes A maioria das gentes tem a sua fórmula mágica e essencial para a resolução de algum problema mais ou menos aflitivo. No que diz respeito ao concorrido item a carne é fraca, posso mencionar desde a comadre Mariquinhas, que ensinava colocar três pedrinhas de sal debaixo da língua, dizer Ave Maria, Ave Maria, Ave Maria e beber três goles d’água, como receita anticoncepcional infalível, a um amigo que defende, para o mesmo objetivo, o uso sem igual das Pílulas Contra. E se uma pílula puxa outra, é de justiça lembrar a Paulo Famoso que, com suas congêneres, a milagrosa Água Maravilha e a Aguardente Alemã, se constituem uma farmácia inteira, básica e especializada. Esses medicamentos curam desde estupor, vermes, carne aberta, arca caída, dor de madre, unha encravada, erisipela e caganeira. Sem falar em calo olho-de-peixe, dor-da-boca-do-estomago-que-responde-na-cacunda, impotência e, é claro, gravidez indevida. Às vezes, penso que o governo poderia baixar uma medida provisória acabando com a comercialização dos outros remédios a não ser os ditos mencionados. Dou de bandeja o nome do projeto: Remédio Essencial. Está lançada a grande ideia. Outra essencialidade, importante nestes tempos violentos, é aprender o tal grito imobilizador de determinadas artes marciais, judô, caratê, taekwondo e quejandos. Dizem os entendidos que esse grito tem o poder de paralisar totalmente o adversário. Ora, então, tudo o mais é secundário, não essencial. Nonsense gastar tempo e suor aprendendo mil golpes para imobilizar o inimigo, se a emissão de um simples grito resolve a situação. Então é treinar o grito. Esforços seriam despendidos apenas no aperfeiçoamento de sua intensidade e duração para garantir a imobilidade do bruto o tempo suficiente pra propiciar a fuga do emissor até uma distância segura. Mas o que há de melhor mesmo nessa área de busca das coisas essenciais, foi a minha descoberta da panturrilha. Não me entendam mal, não descobri a panturrilha, ela própria, mas o seu uso vital, algo – pelo menos para mim – sensacional e revolucionário. Qualquer coisa semelhante à descoberta de Monsieur Jourdan, da peça O Burguês Fidalgo, de Molière, que ficou pasmo quando percebeu que passara a vida toda falando em prosa sem o saber. Deu-se-me a revelação por ocasião da divulgação de mortes em viagens aéreas internacionais: passageiros sofreram acidentes vasculares e morreram em consequência disso em pleno voo. Especialistas pontificaram que a dificuldade de circulação do sangue em pessoas sentadas por muitas horas pode levar a esse desenlace. E mais, essas pessoas poderiam salvar-se, se, a intervalos regulares, movimentassem o pé, para cima e para baixo, acionando a musculatura da panturrilha, a bombear o sangue para a parte superior do corpo, evitando os efeitos da gravidade e prevenindo acidentes. Fiat lux! Refratária convicta a academias e a exercícios, senti-me prontamente absolvida da mais feia culpa moderna, o sedentarismo. Graças à panturrilha resolverei as horas das esteiras elétricas, dos exercícios aeróbicos, da musculação ou da obrigação de caminhadas cotidianas. Sim senhor, anos e anos de conduta delituosa e culpa, para somente agora saber que o que importa é contrair e distender a barriga da perna, a panturrilha. Informo que já iniciei essa prática, hoje mesmo pela manhã, na cama. E é como digo: são as tais pequenas coisa essenciais que regalam a vida. Deus é pai.
AMOR NO TEMPO DOS BONDES Ceres Costa Fernandes Obsoletos, símbolos do atraso, foram retirados da circulação com uma canetada, em meados da década de 1960. Tão simpáticos, combinavam com as ruas sinuosas e estreitas, ladeiras e o calçamento de paralelepípedos. A saída dos bondinhos das ruas de São Luís que nos parece uma agressão cultural, encaixou-se perfeitamente na mentalidade de uma época em que arranha-céus, ruas asfaltadas e ônibus fumacentos eram pensados como sinônimo de progresso. Agora, ser moderno é buscar a identidade, restaurar prédios e logradouros, valorizar o patrimônio. Bondes identificam a nossa cidade, assim como as ladeiras, as pedras de cantaria, o bumba-meu-boi e os casarões de azulejos. Não é necessário ter vivido em outras décadas para constatar que eles faltam ao nosso contexto urbano. Vale lembrá-los, São Pantaleão, Gonçalves Dias, Estrada de Ferro, Anil, Sacavém... Dois eram os preferidos para passeios: o Gonçalves Dias e o Estrada de Ferro. O primeiro vinha pela Rua do Sol, passava pelo Teatro Artur Azevedo e Faculdade de Direito, parava na Farmácia Jesus (hoje, agência da Caixa) a encher-se de alunas do Santa Teresa. Enfeitado e cheio de alarido, subia a Rua Grande até chegar ao Canto da Viração, onde recebia outro grande número de colegiais, principalmente, os rapazes do Maristas, que se penduravam no estribo do bonde a lançar olhares às moças nos bancos, inicio do complexo processo de namoro de então. Mais adiante, na Praça Deodoro, entravam os alunos do Rosa Castro, Liceu, Ateneu, Escola Normal. Na minha visão pré-adolescente, a finalidade do bonde era uma só, propiciar namoros e flertes. Chegava finalmente à Praça Gonçalves Dias, onde o esperavam os alunos do Colégio São Luís. Defronte à Igreja dos Remédios, na Praça dos Amores, “virava a lança”, voltava o encosto dos bancos e retornava à Praça João Lisboa. O Estrada de Ferro passava pela Beira-Mar. Era o bonde preferido para o passeio das crianças. Fechado, seguro e seu trajeto incluía a vista deslumbrante da Baía de São Marcos, barcos e navios ancorados. Seguia pela Praia Grande e ruas do centro histórico. Um recurso e tanto para distrair os pequenos, e bem mais barato que os shoppings de hoje, lugar para treino dos ferozes consumistas de amanhã. O São Pantaleão, bonde da minha meninice, atravessava o Mercado Central, subia o Largo Santiago, carregado de gente, gemendo, e rumava para as Cajazeiras, Rua do Norte, Rua do Passeio. É digno de registro dizer-se: em seus trilhos, moía-se o vidro especial de garrafa azul que, peneirado e misturado ao grude, fazia o famoso cerol pitisca, invencível nas lanceadas. E patente exclusiva da minha turma do Santiago. Dizem, não há mais espaço para tartarugas que tais. Para contrapor, lembro o bondinho de Sta.Tereza, no Rio, e os bondes emblemáticos das cidades americanas de São Francisco e Nova Orleans. Há bondes modernos em Zurich e Lisboa. Todos funcionam como transporte alternativo e não meros anacronismos. Minha sugestão, bondes leves, modernos, com alta capacidade de passageiros, nos circuitos Deodoro, João Lisboa, Cemitério, Gonçalves Dias e Praça Maria Aragão, levando trabalhadores. Nesses circuitos, nenhum tráfego de ônibus e automóveis. A passagem estaria inclusa na dos ônibus, que permaneceriam em pontos de concentração. Outros bondes, harmônicos com o ambiente, sem pôr em perigo a estrutura dos casarões, rodariam na Praia Grande. Estes seriam uma réplica perfeita dos bondes antigos, exceto na energização, feita através dos trilhos. Partiriam do Aterro do Bacanga, com passagens gratuitas. Os urbanistas de ocasião vão achar mil asneiras no que acabo de dizer. Não importa, estou certa que reflito o desejo de boa parte da população. As soluções e os detalhes práticos? Encontrem-nos os experts que serão pagos para isso.
A ÚLTIMA LUA CHEIA DA DÉCADA Ceres Costa Fernandes
Aconteceu, no dia 12 de dezembro, a última lua cheia da década, a que vai de 2010 a 2019. Deslembrada que sou, fui avisada da ocorrência por uma querida amiga. Qual o significado deste fenômeno celeste? Causará alguma perturbação ecológica, enchentes, incêndios, terremotos? Sinto decepcioná-los, nada além de que só teremos outra lua cheia em 29 dias, e esta será em outra década. Sem saber bem a razão, a notícia me deu uma leve tristeza, um não sei quê de coisa que se esvai, escorre entre os dedos, não capturada. No entanto, essa lua, a vi nascente em casa de Maria Teresa, entre abraços de amizade e depois, soberba, na varanda da minha casa. Poderia ter ido à beira do mar, pisar na água, de leve, no rosto redondo e brilhante em meio às espumas, ou (quem sabe?), estar em roda de luarada com violão. Não o fiz, mas tive a consciência plena do momento. Humberto de Campos conta, em suas Memórias Inacabadas, sua obra maior, que ainda quase menino, em São Luís, viveu a passagem do Século XIX para o XX – e como foi grandiosa a chegada de 1900, festas, bailes, fogos! – dentro do depósito de um armazém de secos e molhados, na Rua da Paz, lavando garrafas de vinho, para serem reutilizadas. Aparentemente indiferente aos festejos, não se apercebeu da grandeza do momento. Na passagem do século XX para o XXI, a virada do segundo milênio, de 1999 para o ano 2000, era grande a expectativa dos místicos e o temor de parte da humanidade que fossem realizadas as profecias do Apocalipse, de Nostradamus, e de outros, menos votados, mas igualmente acreditados, cartomantes, pajés, videntes, jogadores de búzios e feiticeiros... Alguns fanáticos do final dos tempos, influenciados por seitas religiosas radicais e que se dizem detentoras da chave dos desígnios divinos, preparam-se para subir aos céus de pacote. É fato amplamente divulgado pela mídia, que, algumas dessas seitas, tomadas de furor apocalíptico, interpretando a seu modo as profecias da Bíblia e de outros mais, induziram seus seguidores à pratica do suicídio em massa. O curioso é que os haveres dos bem-aventurados, em vez de serem distribuídos aos pobres, foram doados às respectivas igrejas. E o mundo não acabou. Estou vendo ele pela janela. E continua lindo, apesar dos seus míseros inquilinos. Eu, como Humberto de Campos, não me dei conta da grandiosidade da passagem do século e do milênio, passei a data em casa, como gosto, festejando com filhos, netos e alguns bem poucos amigos, igual aos outros anos. De repente, uma lua cheia desimportante me vem ao bestunto e mostra-me que vivi momentos grandiosos e marcantes da humanidade, que sou testemunha ocular da História. Os milhões nascidos nas duas décadas deste século não verão jamais a virada de um milênio. E a passagem de dois mil e noventa e nove para dois mil e cem ficará para poucos centenários, nascidos nos primeiros anos de 2000, que alcançarem a graça de estarem vivos à data. Meu Deus, sou do milênio passado, quase igual ao Raul Seixas que é de dez mil anos atrás. Por quase mil anos, não haverá ninguém na Terra que se gabe de repetir o meu feito e de outros que atravessaram comigo essa dupla efeméride. Este milênio e este século também me escorrem entre os dedos, não posso retê-los, assim como a vida, outrora abundante, que ignorei em muitos momentos, agora me apercebo. Mas que é bonita como a última lua da década.
O PENSAMENTO DE BRANDÃO Os artigos de Antonio augusto Brandão são publicadas nos Jornais O Estado do Maranhão e O Imparcial
FORMADO HÁ 60 ANOS *Antônio Augusto Ribeiro Brandão Em dezembro próximo, estarei comemorando longos 60 anos desde a minha formatura em Ciências Econômicas, em 1959, acontecida na vetusta Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro, embrião da atual e próspera Universidade Cândido Mendes. Comemoro também em nome da Universidade Federal do Maranhão, da qual sou professor aposentado e onde ensinei por quase vinte anos ininterruptos, egresso que fui da Universidade Estadual do Maranhão, onde fui professor titular. Quando ingressei na Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro - FCPERJ, em 1956, eram decorridos apenas cinco anos de reconhecimento da nossa profissão. Lembro-me de que as lutas com esse objetivo foram intensas e lideradas, entre outros idealistas, por Reynaldo de Souza Gonçalves e Alberto Almada Rodrigues, dois dos meus ilustres professores, e era nosso diretor o professor, político e escritor Conde Cândido Mendes de Almeida Junior, descendente de tradicional família originária de Portugal, que veio para o Brasil, em 1808, e estabeleceu-se em vários Estados, inclusive no Maranhão, em Caxias, terra onde eu nasci. Lembro-me saudoso dos 39 colegas que se formaram junto comigo, naquele memorável dia 26 de dezembro, na Maison de France, entre outros: Antônio Duarte Badejo, Milton Fernandes Fidalgo, Waldir Carmo de Almeida, Jorge Carlos Cayres Leite Ribeiro e Oswaldo Eurico Carneiro Viana Gabriel, meus companheiros no Diretório Acadêmico “Barão de Mauá”. As lutas visando afirmação da nossa profissão foram intensas. Entre 1956 e 1959, enquanto universitários, vivíamos um período florescente da economia brasileira e tudo levava a crer que teríamos um futuro altamente promissor pela frente. Logo depois as coisas mudaram bruscamente e tivemos que refazer nossos planos. Quando me formei, já residia no Rio de Janeiro desde 1954 e lá permaneci, até 1965. Retornei ao Maranhão, em 1966, integrando-me ao setor público estadual e ajudando a fundar as primeiras escolas de nível superior, tornando-me economista da Secretaria de Viação e Obras Públicas e professor-fundador titular da Escola de Administração Pública do Estado do Maranhão, ensinando Teoria Econômica; depois me transferi para a Universidade Federal do Maranhão, onde ensinei Economia Monetária e Mercado de Capitais, aposentandome em 1997. No período de 1979 a 1887, integrei diretoria no sistema financeiro estadual. Recordando. Finda a Segunda Guerra Mundial, buscava-se uma nova ordem econômica; esse objetivo, quando o conflito acabou, foi concretizado à custa da intervenção estatal no domínio econômico, o chamado ‘Estado do Bem-Estar Social’. A célebre Conferência de Bretton Woods, em julho de 1944, que culminou com a criação do BIRD, o Banco Mundial, e do FMI, Fundo Monetário Internacional, fundamentou essa nova ordem. As questões debatidas em Bretton Woods, lideradas por John Maynard Keynes, voltaram à baila desde a chamada ‘crise das hipotecas’, iniciada nos Estados Unidos, em 2007, e repercutida e ainda repercutindo na Europa, principalmente nos países da zona do euro. Por ação dos próprios bancos centrais dos países desenvolvidos e maciças emissões primárias da chamada dívida soberana, foi evitada uma insolvência geral dos bancos, mas os efeitos estão aí a impedir a retomada do crescimento e a diminuição do endividamento, e a regulação dos mecanismos financeiros. A verdade é que o capitalismo financeiro desconhece o sistema produtivo e passa a existir apesar dele: moeda em circulação sem contrapartida de produto em tese gera inflação, mas ela ainda está sob controle nos países de economia reflexa, como no Brasil. A recuperação da economia dos países desenvolvidos, entretanto, trará reflexos negativos consideráveis aos países emergentes.
PERSEVERANÇA *Antônio Augusto Ribeiro Brandão Meu quarto livro ‘Economia – Textos selecionados’, a ser lançado no próximo dia 19 do corrente, na Associação Maranhense de Editores independentes - AMEI, sob o patrocínio do Conselho Regional de Economia – CORECON, é praticamente uma sequência do terceiro ‘Desafios à teoria econômica’, bilíngue português/inglês, versão de Cadmo Soares Gomes, de 2015; ambos contém textos inspirados na conhecida crise da ‘bolha’ ou das hipotecas, ocorrida a partir de 2007, nos Estados Unidos. Uma sequência de ações foram empreendidas na tentativa de lançar ‘Desafios/Challenges’, no exterior. Sempre entendi ser importante a um professor universitário, mesmo aposentado das suas tarefas docentes, manter-se participante e estreitar relações acadêmicas; a Universidade Federal do Maranhão - UFMA, onde ensinei desde 1978 até 1987, patrocinou a edição do livro e apoiou essas ações junto às suas congêneres associadas em Termos de Cooperação ou equivalente. Valorizando o lançamento de ‘Economia’, o novo livro, é justo que esses esforços sejam dados ao conhecimento público, principalmente aos dirigentes, professores, alunos da UFMA, ao seu Departamento de Economia – DECON e aos órgãos representativos da classe dos economistas. ‘Desafios/Challenges’ foi lançado, em fins de 2015, na Academia Maranhense de Letras, por iniciativa da UFMA à frente o então reitor professor Natalino Salgado; dias depois o lançamento ocorreu na Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas – EAESP-FGV, onde cursei o Mestrado e fui bem recebido pelo diretor professor Luiz Artur Ledur Brito, professores e alunos. Do diretor e professor da EAESP-FGV ouvi elogios ao fato de, tanto tempo depois de ter frequentado a Escola, demonstrar consideração em lançar ‘Desafios/Challenges’ no seu âmbito. Foi uma tarde de autógrafos agradável e prestigiada, e um estímulo ao pretenso lançamento do livro no exterior. A partir daí iniciaram-se as tratativas lideradas pela UFMA a um possível lançamento em plagas americanas, pois era – como ainda é – minha intenção debater os assuntos de que trata o Livro, principalmente as causas e consequências da crise da ‘bolha’, com os professores e alunos universitários. Com o apoio da reitora Nair Portela e do professor Sanatiel Pereira, da EDUFMA, dos assessores do Núcleo de Relações Internacionais, Conceição Araújo e Leonardo Dall’Agnol, foram feitos contatos oficiais entre a UFMA e as universidades de Michigan, Nova York, Nova Jersey e Berkeley, sem sucesso até o presente momento. Fiquei ciente das reciprocidades entre universidades, no exterior, exigidas nesse tipo de iniciativa, que poderiam estar dificultando nossos objetivos. Aos contatos feitos pela UFMA procurei fazer a minha parte junto a professores da Universidade de Nova York – NYU, onde estive frequentando um Seminário sobre mercado financeiro e de capitais, em 1980, e da Universidade de Berkeley, na Califórnia. Escrevi ao professor Dr.Paul Romer, da NYU, prémio Nobel de Economia e ao professor Benjamim E. Hermalin, de Berkeley; também escrevi ao economista Ricardo Amorim e ao jornalista Pedro Andrade, ambos comentaristas do programa ‘Manhattan Connection’, solicitando apoio à minha pretensão de lançar ‘Desafios/Challenges’ em uma universidade americana, mas debalde. Além desses apoios já manifestados, pretendo pedir ao CORECON que, doravante, acrescente o prestígio da classe dos economistas à minha perseverante pretensão.
LANÇAMENTO DE NOVO LIVRO Estive relendo meu livro “Desafios à teoria econômica/Challenges to the economic theory”, lançado em 2015: fiquei convencido de que tracei alguns cenários à economia internacional, inclusive ao Brasil, que se concretizaram. Estou certo, portanto, que o meu novo livro “ECONOMIA – TEXTOS SELECIONADOS”, que lançarei amanhã, na Livraria AMEI, sob o patrocínio do Conselho Regional de Economia, segue no caminho certo ao analisar o evoluir da crise financeira iniciada nos Estados Unidos e repercutida em países da Europa, seus pretensos benefícios e efeitos colaterais indesejáveis. A palestra que antecederá o lançamento do Livro é, como se diz em Administração, “um estudo de caso”, com fundamentos, práticas e consequências da adoção de política monetária heterodoxa pelos maiores bancos centrais do mundo; é verdade que a teoria na prática é outra coisa, mas também é verdade que não pode ir de encontro ao que há de mais tradicional, ensinado e praticado nas Universidades, sem antes terem suas teses aprovadas pela Academia. Ao Brasil, como economia emergente, porém reflexa, função de variáveis que não comanda, interessa muito acompanhar o evoluir desses aspectos conjunturais.
A REVANCHE *Antônio Augusto Ribeiro Brandão Há circunstâncias acontecidas nas lutas pelos direitos humanos que o tempo gravou e tenta, sempre, cobrar. Pelo muito que sofreram nessas lutas em prol de afirmação social minorias vivem numa desordem e ausência de regras. Vejamos antecedentes registrados pela história e disponibilizados na Internet: “[...] pessoas de cor foram marginalizadas pela sociedade da época e isso refletiu negativamente para a realidade que temos hoje; fazemos parte de uma sociedade de preconceitos que foram estabelecidos ao longo da nossa história; a falta de visão dos nossos governantes daria brecha a muitas discriminações e desigualdades, sentidas até hoje; o trabalho de mulheres e crianças nas fábricas inglesas, no auge da Revolução Industrial, pode ser considerado escravismo; essas crianças crescem sem ter os valores que cabia à mãe ensinar e sem esses valores tornam-se adolescentes problemáticos, adultos infratores, imaturos; tudo isso é consequência da modernidade, tudo em nome dos direitos iguais; agora toda uma geração sofre as consequências [...]”. Dizem que, em tempos distantes, cidades foram literalmente destruídas quando o grau de devassidão e libertinagem então praticado atingiu o máximo. Um fato que não acontecia há mais de quatrocentos anos, pressionado pelas forças ocultas de sempre e bem próximas a ele, além de denúncias várias de corrupção, vazamento de informações e pedofilia no âmbito da Igreja, um Papa renunciou. Esses acontecimentos sem dúvida foram sinais de que, desde os tempos remotos até os dias atuais, houve regras do que é considerado certo ou errado; dos usos e costumes exercidos de acordo com padrões de comportamento geralmente aceitos; dos valores e crenças praticados e devidamente respeitados. O que está acontecendo para que, num movimento crescente, essas regras estejam sendo desrespeitadas? Penso, de forma benevolente e pragmática, que podemos estar diante da velha ‘luta de classes’ nunca sepultada, mas sempre renascida. Nada de sentimentos restritivos à liberdade e igualdade como alegados por quem tenta defender os ‘avanços’ sociais havidos. Duas questões concretas e históricas, a meu ver, estão por trás de tudo: o regime escravista, que existiu inclusive entre nós por questões econômicas circunstanciais e demorou muito até ser abolido; e a emancipação feminina, fruto inexorável do desenvolvimento mundial e dos próprios direitos da mulher. Tudo isso deixou sequelas e ressentimentos, que estão postos quase num clima belicoso. Minorias usualmente tratadas de forma marginal e sem condições de evoluir por esforço próprio, conquistando direitos e educação, de uma hora para outra e de uma forma mínima e filantrópica impulsionada pelos governos, e ainda subsidiadas pelo crédito fácil, passam a consumir e, ao mesmo tempo e sem base nenhuma, praticar atos de violência e selvageria. Logo surgem as transgressões das regras estabelecidas pela própria sociedade em que vivem: usos e costumes, valores e crenças definitivamente alicerçados passam a ser agredidos da forma mais aberta possível, como se os fins justificassem os meios. A Igreja e a Família estão sendo duramente atingidas. São os últimos redutos a serem transpostos antes que possam vingar essas condições extremas que muitos desejam estabelecer. Faço um exame de consciência: professor universitário que fui durante longos trinta anos, ensinando e procurando educar, como fazia com meus filhos e faço com meus netos, fico pensando nas sementes que ajudei a plantar. Infelizmente, tudo mudou. As nobres tarefas de ensinar, educar, e de viver em sociedade ficaram mais difíceis; os resultados estão aí a desafiar a ordem constituída e, enquanto isso, a criminalidade avança e a insegurança aumenta. Seria uma revanche? O diretor Quentim Tarantino, no filme “Django Livre”, reserva a um figurante, eleito seu herói, “um glorioso acerto de contas”!
OSMAR GOMES DOS SANTOS Os artigos de Osmar Gomes dos Sanbtos sĂŁo publicados nos Jornais O Imparcial e Jornal Pequeno
O PRECONCEITO ENTRE QUATRO LINHAS Osmar Gomes dos Santos Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras. Sou amante do esporte desde tenra idade, quando pés miúdos e descalços teimavam em correr em meio a poeira e a piçarra atrás de uma velha bola, muitas vezes feitas com sacola e preenchida com folhas secas das árvores. Mas o esporte que desperta paixões, tem vivido repetidos episódios de uma página que há muito já deveria estar virada: a do racismo. No Brasil, o futebol chegou pelas mãos do paulista Charles Miller, filho de britânico com uma brasileira, no fim do século XIX. Ainda jovem, foi estudar na Inglaterra, onde aprendeu as regras básicas do “soccer” e trouxe na bagagem uma bola para iniciar a prática do esporte por aqui. A atividade esportiva se disseminou, mas ainda se restringia à aristocracia branca, apenas aos filhos das elites que formavam agramiações em cada estado. A Ponte Preta foi uma exceção e teve um negro não só como jogador, mas também como fundador do clube. Por essa razão, Miguel do Carmo é considerado o primeiro jogador negro do país, ainda em 1900. O nome do clube se mantêm até nossos dias, assim como o apelido de Macaca, outrora pejorativo, mas que caiu na graça do torcedor. Somente em 1920 a prática esportiva começa a ser disseminada, dando espaço às camadas mais pobres e aos negros. Ainda assim, alguns clubes não aceitavam, sob qualquer pretexto, a participação dos negros em suas atividades. Casos negativos envolvendo América, Fluminense, Flamengo e Botafogo marcaram essa época, sendo o Vasco o primeiro clube a ter negros em seu plantel de forma sistemática. Depois de uma difícil caminhada no passado, é duro adentrar no século XIX e ter que constatar que o preconceito contra pessoas ditas de cor continuam no mundo do futebol. E não venha me dizer que isso é coisa de Brasil, de país sulamericano ou de terceiro mundo. Cenas gratuitas de agressão verbal, com manifestações racistas continuam em todos os continentes, mesmo diante de avanços para coibir tal conduta. O caso mais recente de repercussão foi o do brasileiro Dalbert, do Fiorentina, pelo campeonato italiano. O episódio rendeu dura reprimenda do presidente da Fifa, Gianni Infantino, durante festa de premiação dos melhores do mundo na modalidade, realizada no mês de setembro. O presidente afirmou que o racismo não pode prosperar e que precisa ser extirpado do futebol e da sociedade. Eis que vinculei essa fala de Infantino com uma entrevista assistida poucos dias em um programa esportivo. Nesta oportunidade, ouvi o ex-jogador Tinga, que já sofreu, literalmente na pele, toda forma de racismo, que o estádio é uma reprodução da sociedade. Tinga passou em grandes clubes e pela seleção brasileira, sempre acumulando importantes títulos e se destacando pelo bom futebol e pela boa conduta. Essas afirmações permitiram-me lançar um olhar para além das quatro linhas. A torcida é composta por gente, pessoas que trazem de suas vidas particulares as suas visões de mundo. Ao se juntarem com outros milhares, deixam que o efeito manada potencialize aquela sua singularidade e terminam por manifestar publicamente um vergonhoso comportamento. Ao constatar os estádios como espelho da sociedade, regresso minhas memórias a alguns escritos de grandes poetas como Machado de Assis, Lima Barreto, Aluizio Azevedo, Castro Alves e Maria Firmina dos Reis, apenas para citar alguns. Homens e mulheres que frente a uma sociedade racista e hipócrita ousaram soltar suas vozes e eternizar uma conduta promíscua de alguns seres pouco ou nada humanos. Expuseram como o racismo é varrido para baixo do tapete em algumas situações, tornando-se um tabu, mas se manifesta nas mais diversas formas da convivência humana. Está presente na escola, na igreja, no transporte público, nos clubes, no trabalho e, claro, nos estádios. Apenas uma extensão da sociedade naturalmente racista e preconceituosa.
Enquanto por um lado sobram maus exemplos, por outro vemos ações positivas. Recentemente, o Santos Futebol Clube lançou seu terceiro uniforme em homenagem aos negros que passaram pelo time, dentre eles o Rei do Futebol, Pelé. A agremiação também fechou uma importante parceria com o observatório do racismo para promover atos de combate ao racismo no futebol. O racismo não está restrito ao futebol, razão pela qual vemos clubes de diversas modalidades, desportistas de destaque, canais televisivos e até marcas promovendo ações afirmativas onde a igualdade deve prevalecer. Mas voltando a falar de futebol, receio que a modalidade precisa se afirmar, definitivamente, como um esporte capaz de promover a linguagem universal da paz e da união entre povos, tribos, culturas, etnias, sexo, idade e religião. Para que tudo isso possa acontecer, uma palavra se torna imprescindível de ser praticada: RESPEITO
SEGUINDO A VIDA COM LÁPIS E PAPEL
Osmar Gomes dos Santos Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras. Ofício de tamanha importância em uma sociedade, deixa-se exercer da forma mais democrática nas mais diversas camadas sociais e faixas etárias. Provavelmente a atividade mais exercida pela humanidade desde seus primórdios, haja vista infinita quantidade de documentos que atravessaram eras até nossos dias. Apesar dessa liberdade, alguns possuem mais habilidade que outros. E assim, pelas mãos do escritor os fatos são registrados, as memórias são montadas, a história é construída. Ser escritor não está acima nem abaixo das diferenças que insistem em nos separar, está para além disso, na essência daquilo que pode nos unir. O escritor ousa sonhar acordado, dando asas a imaginação. Mas logo pousa com inigualável senso de racionalidade para transcrever em um pedaço de papel seus devaneios e desventuras, suas caminhadas no seu particular país das maravilhas. Contrariamente, ousa fugir do real para um mundo idílico, onde suas ilusões ganham contorno a partir das suas experiências do real, aflorando toda singular subjetividade de um âmago nem sempre compreendido. Usa a escrita para “brincar” com as situações do cotidiano, como num eterno jogo de palavras dos acontecimentos. O escritor é aquele que põe a cara a tapas, dos textos mais estapafúrdios aos mais singelos romances nos moldes shekespeariano. Mostra-se límpido, outras vezes obscuro; doce, por vezes amargo, azedo e até insípido; sucinto e simples, ou mesmo redundante e rebuscado. Seja como for, ele imprime sua marca. Em alguns momentos é opinativo, propõe-se a um analista social e discorre sobre, emitindo críticas e conclusões ou apenas expondo fatos àquele que se apropriará conforme seu arcabouço cultural. a verdade é que por trás de cada texto, do mais breve artigo ao mais extenso livro, existe aquele que ousou tecer alguns rabiscos. O saudoso Euclides da Cunha, no consagrado Os Sertões, afirmou que “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”. Em tempos de tecnologia digital, parafraseio o mesmo trecho dessa epopeia brasileira, para afirmar que “O escritor é, antes de tudo, um forte e um persistente”. A persistência se dá devido a permanente necessidade de concorrer com um mundo cada vez mais tecnológico, que apresenta um sem número de atividades de entretenimento, relegando a leitura a um segundo plano. Um estudo recente revela que o brasileiro gasta mais de nove horas por dia navegando nas redes sociais, enquanto outro revela que passa menos de dez minutos lendo um livro. Esse abismo reflete, também, um crônico problema educacional cujos desafios precisam ser enfrentados. Na escola ou em casa, é preciso encarar a leitura como parte essencial na formação do caráter dos jovens. Os desafios são inúmeros para quem se arrisca por um mar de incertezas. Especialmente no Brasil, raramente se consegue viver do ofício abrindo mão de outras fontes de recursos. Assim, o escritor exerce dupla, ou até tripla jornada para manter viva esta paixão na esperança de que seus escritos alcancem um lugar ao sol. Mesmo diante das dificuldades, o escritor se lança em sua árdua rotina. Com uma perspicaz teimosia que lhe é peculiar inicia, ou mesmo termina , o dia junto a um lápis e um pedaço de papel sobre o que insiste em imprimir contornos à realidade sob seu aguçado e inquieto olhar. Seja por profissão, por amor ou por pura insistência, a arte de escrever histórias jamais deve ser abandonada. Ao cabo de tudo, alguns escritores simplesmente se vão, nos deixam inesperadamente sem o devido reconhecimento. No entanto, por mais modesto que seja, jamais se esvai sem deixar impregnado o seu legado, a sua marca, ainda que para um seleto grupo de admiradores.
Se lápis e papel já não servem a alguns, cabe a outros dar continuidade ao ofício. Se “o mais belo triunfo do escritor é fazer pensar aqueles que podem pensar”, como afirmava o pintor francês Eugene Delacroix, sigamos nossa sina, bravos escritores, com erros e acertos, como dizia Rui Barbosa, rumo a uma sociedade cada vez mais capaz de pensar e agir sobre sua realidade.
MEU PROFESSOR Osmar Gomes dos Santos Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras. Homem ou mulher, professor ou professora, qualquer que seja, está sempre apto, pronto para ensinar, para compartilhar seus conhecimentos, para mostrar caminhos. O professor é acima de tudo aquele que aprende, que acumula e transmite o que acumulou ao longo de uma vida. Ser professor é transportar o seu aprendizado todos os dias aos seus alunos. Para que possa transmitir seus conhecimentos com a didática e a qualidade necessárias, precisa receber o aprimoramento, a capacitação e a valorização do órgão ao qual faz parte, seja no âmbito municipal, estadual ou federal. Tudo isso somado a um salário digno e plano de cargo e carreira decentes. Utilizo este espaço, hoje, para homenagear o professor de muitas crianças, adolescentes e adultos, dos anos 1960. Homenageio José Ribamar Cardoso, conhecido como "Zé Fite". Esse homem, de estatura mediana, franzino, de rosto arredondado, havia chegado do Rio de Janeiro cheio de idéias revolucionárias no campo social. Seu "Zé Fite" passou a dar aulas particulares em sua própria residência, no povoado "Enseada Grande"Cajari/MA. Uma casa humilde, coberta de palha, paredes de barro e chão batido como piso, porém, cujas palhas balançavam com o vento e com os pingos d"água da chuva, que mais pareciam transmitir palavras e ensinamentos além lugar. O professor ensinava uns trinta alunos. Uns iniciando a carta do ABC; outros cursando a cartilha, como eu; vários distribuídos entre o primeiro, segundo, terceiro e quarto anos. O mestre percorria cadeira por cadeira, ensinava e questionava cada aluno na sua respectiva matéria. Todos eram questionados, os mais adiantados eram questionados sobre história, geografia, matemática, português e ciências. Na hora da tabuada não tinha benevolência, os que erravam eram castigados com bolo na palma da mão com uma palmatória feita de madeira branca. Quando o aluno que acertava dava um bolo fraco em quem errava, por ser parente ou amigo próximo, o professor se encarregava de corrigí-lo, ensinando a todos o dever do tratamento igualitário. Na sala multiserial , não existiam computador nem internet. Merenda escolar fornecida pelo governo, nem pensar. Na hora do intervalo cada um corria até a sua casa e procurava comer umas piabinhas assadas ou fritas, com farinha d"água. Naquela época, com todas as dificuldades, todos aprendiam com o nosso professor. De tão humano, justo e competente foi eleito vereador de Cajari, pelo Partido Comunista, o que lhe rendeu a cassação do mandato e severas perseguições políticas. Rendo todas as homenagens ao professor José Ribamar Cardoso - "Zé Fite". A ele e a todos os professores do Brasil. Saudades do meu professor.
NÃO CULPABILIDADE E PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. Osmar Gomes dos Santos Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras. Após o advento das Constituições modernas se percebeu as garantias do estado de não culpabilidade àquele que se encontrava na condição de acusado. Assim, a CF/88 instituiu que a presunção da inocência tem como base o pensamento de que o sujeito tem o direito de não ser considerado culpado sem que haja a sentença judicial com transito em julgado. Vale destacar que a presunção da inocência, estabelece a atividade estatal necessária para a apuração do cometimento do delito. Assim, até que se prove a materialidade do delito e se comprove que o acusado foi o autor, não pode haver condenação e não pode haver a aplicação antecipada da pena. A presunção da inocência se mostra como um meio de garantia que favorece a tutela dos inocentes, mesmo que isso custe a impunidade de algum culpado. Assim, nesses termos a presunção de inocência norteia a instrução probatória, devolve à acusação o ônus da prova da culpa e ainda postula a defesa social protegendo e resguardando o individuo da arbitrariedade estatal. Neste sentido Beto (2017, p.53) aponta que ao observar a presunção da inocência nos mais variados ordenamentos jurídicos, pode-se perceber que em cada uma das legislações a presunção da inocência, ou, a não culpabilidade, apresenta diferentes pontos de vista e consequências. Vários países, como Portugal (Constituição de 1976) Espanha (Constituição de 1978) e até a Colômbia (Constituição de 1991) se percebe o compromisso que tais países tiveram com a presunção da inocência do acusado, estabelecendo como o princípio de forma expressa. Já no Brasil, assim como na Itália já houve uma forma mais tênue de demonstrar a presunção da inocência. Para estas legislações, não se trata de presumir a inocência, mas uma não culpabilidade em que se agrega ao acusado no decurso do processo e que geralmente é efetivada após a definitiva condenação. Bento (2017, p. 77) relata que a forma como o Texto Magno adotou acerca da presunção de inocência demonstra “falta de compromisso em dimensionar os limites e os alcances desse princípio, bem como garantir um processo célere”. Sobre o exposto o que se encontra são opiniões diversas na doutrina nacional acerca da dessemelhança entre a presunção de inocência e a não culpabilidade, com base na maior ou menor expressividade de cada um desses princípios nas mais diversas constituições. É oportuno destacar que essa diferença pauta inúmeras discussões se o Brasil adota, de fato, uma presunção de inocência; ou se adota a não culpabilidade. Por mais que se pense que ambos dizem respeito aos mesmos aspectos acerca dos direitos do acusado, isso não se traduz na realidade. A dúvida suscitada geralmente paira sobre a interpretação fria da letra, a interpretação gramatical, pois o art. 5º, LVII, não consta expressamente a “presunção da inocência”, ou seja, o individuo não é presumidamente inocente, mas sim, segundo o caput do referido artigo que o individuo, “não é considerado culpado”. A discussão acerca da presunção da inocência e da não culpabilidade surgiu após a ditadura militar, com o retorno do presidente ao poder. Nesse período, editou-se a Emenda Constitucional nº 25, e esta solicitava que o Congresso Nacional elaborasse um novo texto Constitucional, e no decorrer da construção dos projetos que viriam a se tornar o texto efetivo, surgiu a questão da presunção da inocência, esta foi exposta no Artigo 47 do Projeto Afonso Arinos, e instituía que: “presume-se inocente todo acusado até que haja declaração judicial de sua culpa”. Contudo, o projeto foi arquivado, mas balizou outros textos legislativos anteriores à Constituição Federal de 1988. Posteriormente surgiu a Emenda nº1P11998-7, elaborada pelo Senador José Ignácio Ferreira, que propôs a presunção da inocência com os moldes da não culpabilidade. Esta forma de se perceber o estado de inocência ganhou notoriedade e posteriormente foi aprovada passando a ser inserida no texto da CF/88.
Enfim, justificou-se a supressão do termo presunção de inocência e a substituição do termo “não culpabilidade”, por que a expressão “presunção da inocência” se mostrou doutrinariamente criticada, foram muitas as criticas a cerca do termo. Assim, o senador, assegurou claramente que somente adotou o termo não culpabilidade para evitar críticas e discussões, mas que a garantia era a mesma: - assegurar que o individuo tenha os seus direitos resguardados, principalmente de não ser considerado culpado antes da efetivação da sentença. Assim, apesar da “não culpabilidade” brasileira absorver os moldes trabalhados na Constituição Italiana, isto não significou que a legislação brasileira abarcou também o caráter técnico-jurídico daquele país, apesar de ambos utilizarem o termo “não culpabilidade”, o contexto das duas legislações se mostram completamente diferentes. Sobre tal assertiva Moraes (2010, p. 222) apresenta substancial diferença entre a questão da Não Culpabilidade no Brasil e na Espanha: Enquanto no Brasil o texto que primou pelo uso da não culpabilidade em relação à presunção de inocência, foi apenas uma questão de escolha linguística e gramática. Na Itália a não culpabilidade ocorreu devido o pensamento técnico positivista da escola fascista. Enfim, na Itália, muito ao contrário, os debates constitucionais de 1947 buscaram um consenso, admitindo-se a manutenção da fórmula fascista, tanto material quanto formalmente. Sobre a não culpabilidade e a presunção da inocência, e as discussões que permeiam estes termos, Mirabete (2006, p. 43) expõe que: Melhor é dizer-se que se trata do princípio da não culpabilidade. Por isso, a nossa Constituição Federal não presume a inocência, mas declara que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória [...] Pode-se dizer que existe até uma presunção de culpabilidade ou de responsabilidade no momento da instauração da ação penal, que é uma espécie de ataque á inocência do acusado e, se não a destrói, a põe em incerteza até a prolação da sentença definitiva. De modo geral, no Brasil a discussão em torno da não culpabilidade e da presunção de inocência não ganha tanta magnitude, pois estes institutos são tratados como sinônimos. A divergência histórica foi apenas uma questão de linguística e essas duas fórmulas são compreendidas do mesmo jeito. Nesse sentido, não há espaços para discussões como, acreditar que existe um meio termo jurídico, como se houvesse três situações: a culpa, a inocência e a não culpa. Apesar da utilização do termo não culpabilidade o país acolhe a interpretação da presunção de inocência e isso é latente quando se verifica no texto constitucional o seu fundamento pautado na dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88) e como garantia fundamental o devido processo legal (art. 5º, LIV, da CF/88). Enfim, essa a conclusão, pois além do texto constitucional o País aderiu cartas internacionais que previram expressamente a presunção de inocência, e não a regra de não culpabilidade.
NENHUM ATO SERÁ TOLERADO Osmar Gomes dos Santos Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras. Foram pelo menos seis os “considerandos” que falsamente fundamentaram aquele trágico documento que personificou um dos mais bárbaros episódios de nossa história. Se, naquela época, nada, absolutamente nada, justificava a instauração de um comando tão bárbaro para subjugar a nação, pode-se afirmar ser ainda menos aceitável, em tempos de madura democracia, ousar falar em retomada daquele triste capítulo. Eis que aquele que se julgava arauto da moralidade e possuidor de todas as qualificações para exercer cargo de tamanha responsabilidade na representação do Brasil frente a mais poderosa nação do planeta, cometeu uma conduta “um pouco infeliz”, segundo sua própria definição ao vislumbrar uma reedição do Ato Institucional nº. 5. Eduardo Bolsonaro confirma não apenas o despreparo para aludido cargo, como também para exercer a representação. “... a gente vai precisar ter uma resposta e uma resposta pode ser via um novo AI-5”. Uma declaração dessa, vinda de um parlamentar eleito pelo sufrágio universal, deve ser rechaçada veementemente. Principalmente por se tratar de um momento em que o Brasil vive o ápice de sua democracia, fato comprovado pelo resultado do último pleito eleitoral. O conhecido AI-5, então sugerido pelo deputado como uma alternativa para “parar” a esquerda, soou tão mal que até o próprio presidente da República, notadamente defensor de práticas pouco democráticas e daquele regime, criticou a fala. Ex-presidentes, autoridades e representantes de todos os setores da sociedade civil reagiram e fez acender definitivamente o sinal de alerta para o que está em jogo no cenário atual. Em suma, com destaque para os mais jovens, o AI-5 foi a institucionalização do terror nos tempos de ditadura vividos de 1964 a 1985. O ano era 1968, durante o governo do general Costa e Silva. A medida foi a quinta de dezessete outros decretos presidenciais que regulavam a sociedade durante o regime e que não podiam, sequer, serem revistos pelo Poder Judiciário. Sob o pano de fundo de uma completa desordem nacional, o ato possibilitou a concretização da face mais perversa daquele modelo de governo. Instaurou um regime de exceção que dava infinitos poderes ao presidente para interferir diretamente nos demais poderes conforme sua inteira e particular conveniência. O AI-5, comprovadamente, inaugurou um aparelho de tortura institucional que deixou centenas de órfãos, arrancou filhos de suas famílias, país de família de seus lares e “expatriou” ao exílio centenas de nacionais. Deixou um rastro de sangue e atrocidades de norte a sul do país. Logo após sua edição, assembleias legislativas e o Congresso foram fechados de forma sumária com uma única canetada. Políticos de oposição e todas as demais categorias de servidores públicos que não seguiam na toada pretendida eram considerados subversivos e, além da perda do cargo, tinham suas vidas devassadas. O habeas corpus, remédio constitucional fundamental para garantia da liberdade, teve seus efeitos suspensos. A censura chegou às artes e às publicações audiovisuais. Apesar de toda barbárie, é fato que não podemos, jamais, esquecer o AI-5. É uma página da história que nunca deve ser virada, mas revisitada diariamente quando abrimos a boca para expressar nossas opiniões, quando nos reunimos ordeiramente para protestar, quando ousamos tecer críticas àqueles que nos governam, ou simplesmente quando decidimos bater perna sem qualquer rumo. O AI-5 deve ser lembrado a todo instante em que exercitamos direitos outrora roubados de nós. Ao se analisar a morte da democracia nos dias atuais, o que se coloca em foco é justamente a interferência de um poder sobre o outro, gerando crises no sistema de freios e contrapesos na teoria tripartite de Montesquieu. Por isso, ainda mais inaceitável que um representante do Congresso, uma das instituições que mais sofreram com o regime militar, se posicione de tal maneira. A esquerda, a direita, a sociedade civil, os grupos minoritários, políticos, operários, servidores e os mais diversos segmentos sociais jamais deverão se calar diante daquilo com que não concorda. A fala não pode
encontrar ressonância alguma na sociedade, visto que a crítica aberta, o debate livre e o direito de manifestação constituem a essência da nossa democracia. Sobrevivemos àquele fatídico episódio, como diz a letra da música de Chico Buarque. “Apesar de você, amanhã há de ser outro dia. Eu pergunto a você: onde vai se esconder da enorme euforia? Como vai proibir quando o galo insistir em cantar? E eu vou morrer de rir, que esse dia há de vir antes do que você pensa”. Nenhum ato mais será imposto. Não se pode admitir um novo regime das armas, da intimidação e do medo. O galo cantou, o povo bradou. Milhões nas ruas, muitos deles mártires da liberdade, puseram fim a um regime de exceção. Devemos manter acesa essa fagulha da esperança chamada de democracia, cuja marca é a pluralidade de ideias, de crenças e de raças, sendo o respeito ao próximo a espinha dorsal e ponto moderador de nossas condutas. E PONTO FINAL.
AVENIDA LITORÂNEA Osmar Gomes dos Santos Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras. A Avenida Litorânea é, sem dúvidas, uma das principais avenidas de nossa São Luís. Inaugurada em 1993, dentro de um projeto de expansão da cidade para novas áreas, possibilitou o acesso ordenado a um dos mais belos cartões postais da Ilha de Upaon-Açu. Construída no limite do mar com o continente, margeia lindas praias de uma areia dourada, que forma um enorme calçadão em períodos de maré seca. É uma extensa área de cerca de seis quilômetros com inúmeras alternativas para o inteiro deleite dos frequentadores. São espaços infinitos para a prática de diversas modalidades esportivas, na terra e no mar, amadoras e profissionais, a exemplo do futebol, slackline, vôlei, futevôlei, caminhada, corrida, ciclismo, surf, kitesurf, natação e triatlon. Mas é também espaço de lazer das famílias e amigos que resistem aos shoppings e às tecnologias modernas e buscam atrativos ao ar livre como o banho de mar, a cerveja gelada e a peculiar culinária maranhense. Com uma boa infraestrutura de bares e restaurantes, se tornou lugar ideal para encontrar os amigos e colocar o papo em dia no bom e velho happy hour de fim do expediente. Eterno palco para grandes eventos, das manifestações esportivas a culturais. Já foi ponto de partida para o Rally dos Sertões, o maior do país, e palco para realização de festas gigantescas, como réveillon, viradas culturais, shows. Quem não lembra daquelas tão aguardadas noites de outubro, quando a avenida se transformava no corredor da alegria com a Bahia de todos os santos pulsando firme no axé do Marafolia? Além de toda beleza e estrutura, turistas desfrutam de bons hotéis com vista eterna para o mar instalados ao longo da avenida. Sua extensão namora com paradisíacas praias, que formam um misto de cenários com coqueirais, dunas, calçadões. São Marcos, Calhau, Caolho e, em breve, Olho D’água são praias de águas mornas e areias douradas que convidam ao banho relaxante ou uma despreocupada caminhada com os pés descalços. Existem quem prefira as manhãs ou as tardezinhas, a fim de aproveitar um dos mais belos espetáculos crepusculares de toda ilha. Sozinho ou em boa companhia, não há quem resista ao pôr do sol, principalmente quando os raios de sol teimam em refletir na extensão de areia ainda molhada do último baixar de maré. Cá pra nós, já me permiti ir daqui à acolá, mas são encantos que só vejo por cá. Rompe-se a barreira do tempo e ela continua lá, imponente. Testemunha de muitos acontecimentos, em sua maior parte felizes, sem se furtar de deixar a mostra trágicos episódios, como as mortes do delegado Stênio Mendonça e do jornalista Décio Sá. Prestes a comemorar mais uma primavera, a Litorânea se torna cada dia mais importante para a cidade também em razão da alternativa na mobilidade urbana, razão pela qual passou a ter mais atenção por parte do poder público. Um grande projeto de ampliação e revitalização da avenida está em curso e vai interligar importantes bairros e áreas densamente habitadas. Isso consolida a Litorânea como rota estratégica para desafogar o trânsito entre as regiões central e periférica, notadamente nos horários de pico, facilitando, também, o acesso a outros municípios da ilha. O projeto original, cuja execução já foi iniciada, conta com a implantação do sistema de Transporte Rápido de Ônibus – BRT, com uma promessa de investimento da ordem de R$ 140 milhões. Intervenções no trânsito são sempre muito bem vindas em uma cidade cuja população só cresce, mas, por tudo que a Litorânea representa para o ludovicense, merecem destaque outros aspectos ainda mais relevantes. Como resultado das intervenções serão entregues à população um novo calçadão, ciclovia, bares e restaurantes padronizados. Tudo isso funcionando harmoniosamente com as faixas de rolamento e o corredor de transporte para o BRT, proporcionando mais conforto e ganho de tempo nos deslocamentos de milhares de pessoas diariamente.
Mais do que um novo cartão postal e uma alternativa para o trânsito, os cidadãos contarão com espaços inteiramente revitalizados, podendo desfrutar de melhor estrutura para os seus momentos de lazer ou da prática esportiva. A Litorânea de muitas histórias, de todas as tribos, está prestes a ter mais um capítulo de sua história concluído. Que muitos outros capítulos possam ser iniciados e que a cada nova etapa de extensão ela nos revele ângulos cada vez mais belos do nosso encantador e inigualável litoral.
O CASO DA PENSÃO Osmar Gomes dos Santos Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras. Recentemente, revisitando uma das obras primas de Aluísio de Azevedo, Casa de Pensão, senti-me novamente envolvido pela peculiar capacidade que o autor tem de nos envolver nas minúcias de sua trama. Decidi, então, ir um pouco mais além, e revivi algumas leituras sobre o acontecimento que deu contornos a essa obra prima do imortal maranhense, cuja semelhança com a realidade não é mera coincidência. Casa de Pensão emerge de uma história verídica, o Caso Capistrano, passada no último quarto do séc. XIX, e que bem remonta o contexto e o comportamento da sociedade daquela época. O enredo novelesco do caso concreto, típico dos romances policiais, inspirou uma leitura carregada de realismo e crítica social. A casa em questão é comandada por dona Julia Clara, mãe viúva de Antonio Pereira e Julia Pereira, que a duras penas labutava nas aulas de piano para manutenção do lar. Seria uma casa comum, não fosse a combinação de seu tamanho com os escassos recursos da família. O endereço foi transformado em uma pensão - daí porque do trocadilho no título deste artigo - e os quartos ociosos alugados para pessoas oriundas de toda parte. Antonio oferecera a João Capistrano, colega de escola, os aposentos para que o mesmo pudesse se hospedar, o que foi aceito. Capistrano era paranaense e sua família detentora de posses, mas faltava-lhe o titulo de doutor. Passado algum tempo como pensionista e já com a confiança da família, ele se envolve com a irmã de Antonio, passando a enamorar a menina. Certa noite, do alto de irrefreável concupiscência, Capistrano teria se excedido ao adentrar o quarto da moça e usar de violência para com ela manter uma relação mais íntima. No dia seguinte, dona Julia tentou um acerto com o rapaz, que até prometeu, mas postergou o enlace com a jovem para data futura, passando a agir indiferente até o seu desaparecimento. A família buscou a delegacia para formalizar uma queixa e consequente pagamento de indenização ao valor de 50 contos. Concluído o inquérito, o mesmo seguiu para a Justiça, onde Capistrano respondeu pela desonra cometida contra a menina. O caso ganhou as ruas e teve estrondosa repercussão em folhetins e jornais da época. O fato era notícia nos bares, cabarés, cafés e dividiu opiniões em cada esquina da cidade maravilhosa. Alguns queriam a condenação do moço, outros diziam não passar a moça de uma esperta que pretendia um bom casamento. Calorosos debates tomaram conta do salão onde o julgamento ocorreu. Ao cabo do processo, os bons advogados constituídos garantiram a absolvição de Capistrano e o mesmo comemorou o resultado em grande festa oferecida a amigos no Hotel Paris. Antonio passou dias pensando no que fazer frente aquela que considerava tamanha injustiça. Aquele que ontem era amigo, virou alvo da fúria cega de Antonio. Às 10h do dia 20 de novembro de 1876, na Rua da Quitanda, cinco tiros foram disparados e Capistrano caiu sem forças, indo a óbito pouco depois. O algoz foi preso ali mesmo, em flagrante. A Escola Politécnica, onde os jovens estudavam, veste-se de luto. O saudoso Visconde de Rio Branco, diretor da unidade de ensino, determinou a suspensão das aulas por dois dias. Novo processo na Justiça, cabe o desfecho, assim como da primeira vez, ao corpo de jurados, instância que decidia pela inocência ou culpa nos casos de crimes graves. Intensos debates seguiram e em 20 de janeiro de 1877 Antonio senta no banco dos réus. Eis o desfecho dessa novela da vida real que atraiu ainda mais a atenção da população. O mesmo júri que absolvera Capistrano, agora inocentara Antonio sob a cortina da honra da família. Com toda destreza que lhe era peculiar, Azevedo extraiu a essência que do que se passou naquele acontecimento, que na semana vindoura transcorreram exatos 143 anos, e imortalizou em Casa de Pensão. A
vida como ela era retratada em cada rabisco de uma trama que envolveu amizade, confiança, romance, honra, vingança, assassinato. Tudo isso atravessado pela peculiar sensibilidade do escritor, que acrescentou ingredientes ainda mais picantes à obra, com pitadas da ácida crítica naturalista, fundada no determinismo como fator preponderante na formação do caráter e nas condutas humanas. Abre-se a cortina para o corredor paralelo do interesse financeiro, da inveja, do oportunismo, do preconceito, do machismo, da hipocrisia, da vida de aparências, do apego às coisas mundanas e do desapego ao ser humano. Apresenta personagens típicos de suas obras, que buscam fora de sua terra natal algum reconhecimento, a exemplo do título de doutor almejado por Amâncio, que, na obra, personifica o jovem Capistrano. Revela um pouco do próprio Azevedo, quando foge aos grandes centros, notadamente Rio de Janeiro, para angariar o prestígio que lhe fora negado na terra das palmeiras. Esta obra revela o lado oposto do apresentado em O Cortiço do ponto de vista do espaço da narrativa, mas guarda particularidades com a conduta social dos integrantes daquela sociedade. Retrata a vida nas pensões, muitas vezes nada familiares, onde predominava a hospedagem de jovens do interior e de outros estados na cobiça de um título de “doutor”, muitos dos quais caíam nas tentações mundanas que a cidade oferecia. As teses naturalistas alicerçam a construção das personagens, especialmente de Amancio, que carrega trauma em razão dos males a que fora acometido. Do sofrimento na escola e no seio familiar até a busca de um título que lhe rendesse algum prestígio social, a vida do jovem passa por inúmeros acontecimentos, misturando-se descobertas, alegrias, paixões e tragédias, dentro de uma trama de causas e consequências. Casa de Pensão forma com O Cortiço e O Mulato um tripé que sustenta toda a literatura pujante do naturalismo de Azevedo. Sem abandonar a leitura de outras importantes obras do autor, merece especial atenção tal repertório literário, uma vez que carrega elementos psicológicos, sociológicos e antropológicos que nos ajudam a entender muita da nossa herança cultural.
MODELO DE GESTÃO EXEMPLAR
Osmar Gomes dos Santos, Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras. O futebol brasileiro passa por um momento de intensa reviravolta e muitas reflexões. O Clube de Regatas do Flamengo vem empreendendo um modelo de gestão digno de ser analisado, copiado e melhorado por outros clubes do país. E não é apenas por causa dos recentes títulos da Taça Libertadores e do Campeonato Brasileiro, mas pelo que vem fazendo nos últimos seis anos em diversas frentes. Todos que me conhecem sabem da minha inestimável e insuperável paixão pelo Vasco da Gama, quando o assunto é futebol. No entanto, isso não me faz perder a lucidez a ponto de não pensar de forma racional no que o nosso grande rival tem feito na história recente. No dito período, o Flamengo conseguiu baixar sua dívida em quase metade e eliminou os riscos de quedas para a divisão inferior, o que era uma constante em gestões anteriores na Gávea. A dívida ainda é alta, R$ 418 milhões em 2018, no patamar da maioria dos grandes clubes do Brasil, mas hoje está dentro de um rigoroso controle. Pode parecer que pouco foi feito no âmbito econômico, mas o clube rubro-negro alcançou essa façanha conseguindo montar boas equipes e brigar por títulos. Levou uma Copa do Brasil, esteve presente em quatro edições da Libertadores e foi presença constante entre os times que brigavam pelo campeonato nacional. Isso para falar apenas de futebol, já que o clube também investe em outras frentes, como basquete, vôlei, ginástica, natação e futebol feminino, apenas para exemplificar. Só para constar, em todas essas modalidades vem alcançando resultados expressivos. Mesmo sem contar com patrocínios de peso, com a saída da Caixa, do futebol, o Flamengo de hoje passa uma sensação de que conseguiu consolidar uma receita diversificada, formada pela transação de atletas, venda de produtos, direitos de transmissão, programas de sócio torcedor, venda de ingressos e outros. Somente em 2019, o clube embolsou cerca de R$ 295 milhões com a venda de jogadores revelados formados em casa, o que comprova um bom trabalho na base, com títulos em todas as categorias preparatórias. Com marketing, comercialização de produtos e outras receitas geradas com a marca Flamengo o valor saltou de R$ 538 milhões no ano passado para R$ 652 milhões em 2019. A esses valores, somam-se as premiações da Taça Libertadores da América e do Campeonato Brasileiro, competições conquistadas no último fim de semana e que renderam mais R$ 115 milhões. Considerando mais R$ 88 milhões com a venda de ingressos, as cifras passam de R$ 1,1 bilhão. E estes números ainda não estão fechados, visto que o rubro-negro deve fechar o ano gerando receita. As finanças ajustadas refletiram em campo. Campeão com quatro rodadas de antecedência no brasileirão, apenas 3 derrotas, 77 gols marcados, invicto 27 partidas. Na Libertadores a superioridade também foi confirmada com público, com artilheiro e com título. Possui 19 dos 20 maiores públicos nas competições em que participou, único ataque com mais de 100 gols no ano. O até então desconhecido Jorge Jesus implantou uma proposta audaciosa, diferente do que se vê na atual conjuntura do futebol brasileiro. Destemido, não poupou jogadores, colocou o time para frente e sempre teve como primeiro objetivo a vitória, a busca do gol sempre. Vimos um futebol diferente daquele “retranqueiro” tradicional, no qual a preocupação primeira era não perder. Tanto na competição nacional como na sul-americana o time rubro-negro esteve na ponta dos principais fundamentos, liderando grande parte deles. Melhor ataque, mais finalizações, líder em posse de bola, mais passes certos, o segundo em desarmes, uma das melhores defesas, e maior média de público.
Extracampo o Flamengo ainda contou com infraestrutura de ponta para treinamento e recuperação de atletas lesionados. Foram vários os casos, com destaque para a fratura do meia Diego Ribas, em que a redução de tempo de reabilitação de jogadores saltou aos olhos de quem acompanha futebol. Que o recente trabalho do Flamengo possibilite uma mudança no comportamento de dirigentes e cartolas, de achar sempre a grama do vizinho mais verde. Não existe segredo ou fórmula mágica. Não se alcança resultados sem planejamento, investimento e paciência para superar intempéries. Inclusive quando se acerta por um lado, não há certeza de sucesso dentro das quatro linhas, vide PSG, de Neymar. De fato que o Flamengo não é um clube milionário com recursos infinitos para investimento. Por outro lado, não restam dúvidas de que vem realizando uma gestão acertada e em plena harmonia com a arquibancada. Deixando de lado as rivalidades que mantêm uma saudável competição entre jogadores e torcedores, aqueles que se julgam amantes do futebol precisam reconhecer o trabalho que hoje colhe frutos. O Flamengo não está para ser imitado dentro de campo, afinal, ali, são onze contra onze. Mas é o que faz fora dos gramados que precisa de atenção por parte dos demais clubes brasileiros, algo que alguns até vêm fazendo de forma modesta. Vejo o grande esforço do meu Vasco da Gama, lutando para consolidar uma participação regular no campeonato nacional, após uma excelente recuperação que também passou pela organização da casa. Não por acaso, fez com o rival aquela considerada a melhor partida do Brasileirão 2019, no empate por 4 x 4. Noutra ponta, assistimos Botafogo e Fluminense brigarem até as últimas rodadas para escapar da “segundona”. A fórmula para o sucesso? Bom, por mais que se saiba que não existe, é inegável o reconhecimento que deve ser dado a um modelo de gestão mais enxuto e que fez do planejamento a base para o sucesso dentro e fora das quatro linhas. Talvez esteja aí uma boa análise para outros clubes, cujas marcas consagram verdadeiras instituições, retomem seus caminhos e coloquem o futebol brasileiro novamente em destaque para o mundo.
IGUALDADE RACIAL Osmar Gomes dos Santos Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras. Encerramos o mês de outubro em que foram vistas milhares de manifestações país afora sobre a consciência negra e tudo aquilo que o negro representou no desenvolvimento de nossa sociedade. Nada escrevi para o aludido período. Coloquei-me como espectador e apenas refleti acerca dos acontecimentos. Com a força do impulsionamento via redes sociais, foi possível constatar o crescimento e a participação de pessoas em todo país abordando a temática. A imprensa também deu ampla cobertura aos mais diversos eventos e debateu com pesquisadores e especialistas a posição do negro na formação da identidade nacional. Ouvi programas de rádio, fiz leituras diversas de artigos sobre o assunto, assisti apresentações culturais, debati com amigos esse importante tema que cabe a todos nós mais reflexão. Cabe-me aclarar que essa questão racial é algo que senti, literalmente na pele, desde muito cedo, fato agravado pela condição socioeconômica em que vivia. Ao olhar para trás, para toda nossa história ao longo de mais de quinhentos anos não resta dúvida da enorme contribuição africana para a formação da sociedade brasileira, fato! Embora muito já se tenha dito e falado da antropologia e da sociologia trazida pela clássica obra "Casa Grande e Senzala", de Gilberto Freyre, é preciso que reflitamos sobre outros aspectos que persistem em manter certo distanciamento entre comuns em razão exclusivamente da cor. Embora tenha vivido entre os séculos XIX e XX, percebe-se a forte inclinação de sua obra para uma análise da formação da sociedade brasileira desde os primórdios, passando pela questão indígena e escravista. Destaca mitos sobre a inferioridade do negro, expõe uma sociedade patriarcal, o domínio do homem sobre a mulher em diversos aspectos, sobretudo sexual. Mas toda essa indiferença e submissão eram ainda maiores quando envolvia a questão racial. Ao olhar para o passado – seja pelos escritos de Freyre ou por tantas outras janelas que expõem nossa história – e comparar com o nosso presente, é natural que se constate mudanças e avanços conquistados. Mas não se pode desconsiderar o racismo e a discriminação que persistem nas mais diferentes formas de interação social como uma herança que teima em se manifestar com muita naturalidade. A retórica que assisti durante todo mês de outubro soou como uma sinfonia quase perfeita, não fosse a trágica realidade com a qual ainda nos deparamos cotidianamente. O negro continua a ser massacrado, subjugado, nos moldes de uma escravização às avessas, mascarado pela cortina de uma hipocrisia tão ardil, que ela própria chega a ser demagógica. Não vamos avançar no tema igualdade sem que realmente mudemos algo no comportamento da sociedade, razão pela qual devemos começar pelos mecanismos que possuem a capacidade de promover essa mudança esperada. Um dos caminhos é a educação, pedra basilar de uma nação. Mas destaco outra forma de influenciar a sociedade e ditar comportamentos, que é a atuação dos veículos de comunicação, por meio de seus programas de entretenimento. Em que pese o importante papel da imprensa na promoção dos debates, há necessidade de mais engajamento de todas as vias comunicativas na promoção da igualdade. Embora se lute com todas as forças pela promoção de igualdade entre negros e brancos, na telinha o negro ainda é colocado em um patamar inferior. Como esperar que nossas crianças mudem a forma de ver o mundo assistindo a programas nos quais aos negros são reservados espaços de bandido, mordomo, gari, doméstica, babá, segurança de shopping e outros papéis secundários que reproduzem uma cultura de segregação? Salvaguardando as produções de época, não há motivos plausíveis para o negro ocupar apenas o espaço que lhe impõe posição de inferioridade e o subjuga tal como o fazia a sociedade do Brasil colônia.
O negro foi escravizado sim, por um cruel sistema político e econômico, mas se libertou, virou escritor, se tornou político, empreendeu. Hoje temos negros ocupando importantes espaços e desempenhando com o mesmo primor atividades afeitas a todas as profissões. Progredimos nos direitos, mas me recuso a aceitar a ideia que evoluímos, pois nunca estivemos atrás, tampouco à frente, na escala evolutiva humana. Somos iguais. É um tema que quanto mais me proponho e insisto em discutir, mas me embrulha o estômago, dada a minha pouca compreensão do porque ainda colocamos tal assunto na mesa dos debates diários. Mas é preciso ter coragem e fazer esse enfrentamento, sempre primando pelo equilíbrio, pela moderação e pelo respeito que deve nos unir. Já passou a hora de dar um basta nessas produções audiovisuais que apenas fortalecem, disseminam e reproduzem a cultura da diferenciação entre o negro e os outros. O estereótipo da submissão, da inferioridade, da subcultura, que só nos empurra ladeira social abaixo precisa ser rompido. Capacidade não se mede por quaisquer características genotípicas ou fenotípicas, portanto não compelindo ninguém a perecer em razão da aparência, que como já dizia o bom e velho ditado, elas enganam. Muito além disso, características físicas nada dizem da nossa capacidade de realização. O negro não tem lugar cativo, nem o quer. Não é detentor e nem mais merecedor de qualquer espaço que não possa ser também ocupado pelo branco. Os espaços são de todos. É preciso romper com o atraso social que coloca como uma difícil barreira no progresso civilizatório e para se aspirar uma sociedade minimamente desenvolvida. Os veículos de comunicação têm enorme desafio nessa empreitada. Comecemos!
MINISTÉRIO PÚBLICO DO MARANÃO Osmar Gomes dos Santos Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras. Nesta pregressa data de 14 de dezembro a sociedade brasileira comemora o Dia Nacional do Ministério Público. Digo a sociedade porque, embora a homenagem seja uma alusão ao Parquet, como é denominado o órgão fiscalizador, é o cidadão o maior beneficiário das ações que emanam desta respeitável instituição, cuja função precípua é resguardar a aplicabilidade das eis. Conforme preconiza a Constituição Federal, em seu art. 127, o Ministério Público é instituição permanente, que desempenha fundamental papel junto ao Estado na sua função jurisdicional. Incumbindo-lhe a proteção dos interesses individuais e coletivos, compelindo obediência às normas vigentes, seja pelo agente público ou privado, visando a resguardar a manutenção do regime democrático. Não há consenso em se determinar o surgimento exato da instituição, que pode ter sido no Egito ou na França, onde foi institucionalizado. Talvez por isso, em razão dessa influência francesa, a instituição seja hoje denominada Parquet, que em francês significava algo como o local onde se reúnem os “magistrados do ministério público fora das audiências”, um local onde ocorriam as audiências dos procuradores do rei. Em se falando de Brasil, os órgãos que deram origem ao Parquet, em terras tupiniquins, surgiram ainda no período colonial, a exemplo do promotor, que já exercia a atividade de resguardar leis vigentes naquele contexto. Apenas em 1890, quando da mudança de regime político e econômico, com o Brasil passando de colônia para república, é que há o reconhecimento dessa instituição enquanto braço do Estado, elevando o prestígio e o reconhecimento pela importância do novo órgão. Já figurou como integrante do Judiciário e até do Executivo, mas se consolidou, a partir da Carta Magna de 1988, como organização autônoma e independente. Essa autonomia e independência assegura, tal como nos órgãos dos três poderes, a liberdade, dentro dos limites da lei, na atuação de seus membros, sem que estejam subalternos a membros de outros poderes. Independência para atuar, investigar, gerir seus próprios recursos, sempre se balizando pelos ditames legais. Essas prerrogativas garantem total imparcialidade na atuação dos integrantes dessa que é uma função essencial à Justiça, inclusive perante seus superiores administrativos. Embora seja essencial ao Sistema de Justiça, não participa necessariamente em todos os processos, ficando sua atuação adstrita a casos específicos, a exemplo das ações relacionadas aos interesses sociais. Geralmente é o polo ativo, autor da ação, em casos relacionados ao meio ambiente, consumidor, acessibilidade, criança e adolescente, questões étnico-sociais, atos de improbidade administrativa, além do patrimônio público. Também é parte fundamental quando o assunto são os interesses individuais indisponíveis, próprios de cada pessoa, mas que possuem grande relevância pública e, por isso, o cidadão não pode prescindir deles. Direito à vida, à saúde, à educação, à liberdade, são exemplos nos quais o MP participa ativamente. Também atua no controle da atividade policial e pode participar ativamente de investigações e instaurações de inquéritos. Ao atuar como um verdadeiro guardião das leis, o Ministério Público promove e fortalece a democracia, a cidadania e a justiça. Dessas, nada mais fundamental do que a promoção da cidadania, garantindo a todos os cidadãos o pleno exercício dos seus direitos. Com o MP tenho relação de longa data e sou testemunha ocular da relevância do trabalho desempenhado por seus membros, posto já caminhávamos lado a lado desde décadas passadas, por oportunidade da função que desempenhei como delegado de Polícia Civil. Interessantíssimo todo trabalho, por exemplo, desempenhado ao longo de meses, desaguar em uma sessão do Júri, na qual o MP atua no polo acusatório. Assistir ao embate magnífico travado com o membro da advocacia é um dos momentos mais extasiantes que presenciei durante alguns anos acumulados na
magistratura. Vestimentas, retóricas, argumentos, provas. Tudo fazendo parte de um conjunto do qual se investe aquele representante ministerial, a fim de buscar o convencimento do corpo de jurados. Não pretendo mencionar, aqui, um ou outro promotor em especial, dada felicidade que sempre tive em dividir bons momentos de trabalho com vários colegas, cada um na sua, sem interferir nas prerrogativas da função alheia. Mas apenas lembrar, nesta data, da importância da instituição Ministério Público, oportunidade que rendo homenagens ao órgão maranhense. Decerto que o órgão existe para cumprir efetivamente sua missão e para isso, tal como todo e qualquer serviço público, é mantido com dinheiro do contribuinte. Mas não podemos reduzir nossa avaliação apenas enquanto um serviço público prestado ao cidadão. Devemos, em contrapartida, aplaudir o bom serviço prestado á coletividade.. A excelência do trabalho que constatamos atualmente merece aplausos de toda a sociedade maranhense e também da brasileira. Desempenhar as funções com compromisso e responsabilidade de todo servidor público. Executar uma árdua rotina com afinco, determinação, paixão e verdadeira entrega é um caminho escolhido por aqueles que realmente estão na vanguarda de seu tempo. Parabéns, Ministério Público!
ENERGÚMENO DEBATE Osmar Gomes dos Santos Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.
A palavra energúmeno encontra alguns significados em nossa Língua Portuguesa, alguns, inclusive, bem diferentes de outros e geralmente empregado com conotação pejorativa. Algumas delas são traduzidas como aquele possuído pelo demônio; desnorteado; aquele que comete desatinos em razão de uma paixão; ou, ainda, aquele desprovido de inteligência, ignorante. Seja qual for a definição, dentre os vários sinônimos para o vocábulo, ela se encontra anos-luz da grandiosidade que foi o pensador Paulo Reglus Neves Freire, mesmo para seus críticos. Chamado de energúmeno pelo presidente Jair Bolsonaro essa semana, a declaração atraiu a atenção e deixou estupefatas personalidades do Brasil e de parte do mundo, em razão do legado deixado por Freire. Muito refleti antes de decidir tratar sobre o ocorrido, que me causou enorme espanto. Ensaiei algumas linhas: uma, duas, três vezes. Titubeei. Retrocedi. Mas havia algo, em meu âmago, que me incomodava profundamente. Tomei novamente o lápis e me pus a traçar alguns rascunhos sobre esse grande mestre da educação. Paulo Freire fez história e ganhou reconhecimento internacional em um momento em que o Brasil era lembrado pelo seu futebol e pelo seu carnaval. Destacar-se em razão de causas nobres e na defesa de temas sociais era algo para inglês ver. Mas Freire, oriundo de família humilde, venceu limites e ultrapassou fronteiras para levar a sua pedagogia ao mundo. Freire trabalhava a educação dentro de uma perspectiva transformadora a partir da realidade de cada educando em uma permanente troca de experiências, em um debate crítico capaz de produzir efeitos positivos sobre o cotidiano. Via na educação a mola propulsora do desenvolvimento nacional, razão pela qual se tornou referência para pensadores de diversas linhas, embora fosse alinhado ao pensamento de esquerda. Ademais, importante ressaltar, que posições políticas não definem o caráter ou a competência das pessoas, haja vista que a política é uma ferramenta por meio da qual a sociedade evolui. Essa linha adotada o levou a ajudar na fundação o Partido dos Trabalhadores, algo perfeitamente compreensível para quem passou pela ditadura de Vargas e, naquele momento, acabara de romper com um regime do qual teve que se exiliar por anos fora de seu país. Ressalta-se que, naquele contexto, todos poderiam ser considerados de esquerda, ao passo que se contrapunham ao modelo de governo que encerrava um ciclo de opressão. Mas Paulo Freire está acima dessas questões. Educador, filósofo, pedagogo, pensador. Doutor Honoris Causa em diversas instituições de ensino superior pelo mundo, dentre elas as respeitadíssimas Havard e Cambridge. Teve obras traduzidas em dezenas de países e foi aplaudido mundo afora. Uma regra de etiqueta social, que consiste em bom senso nas relações humanas, nos diz que quando não soubermos o que falar, melhor ficar calado. Mais uma vez é levantado um debate vazio que em nada soma ao país. Freire merece ser debatido? Sim! Não restam dúvidas de que devemos sim dialogar sobre os ensinamentos deixados por ele e por tantos outros pensadores brasileiros. Alguns já nos deixaram, outros estão aí. Todavia, suas obras são atemporais e merecem reflexão em um nível elevado do debate. Criticar é válido, concordar ou não faz parte, mas o respeito à obra e à pessoa deve prevalecer. Se acredita que algo está errado, proponha-se a corrigir com ações concretas. Em recente leitura da obra “Engenheiros do caos”, do italiano Giuliano Da Empoli, é possível constatar um perigoso movimento de lideranças políticas mais alinhados à extrema direita. Deficiências são apresentadas
como qualidades, daqueles que “blasfemam” qualquer coisa e ainda são rotulados de originais, que falam o que pensam e, assim, rompem o círculo da “velha política”. Disparam fake news ou notícias de efeito que são exaustivamente reproduzidas por seguidores, notadamente em redes sociais, o que reforça uma tal liberdade de pensamento. Tentam chamar atenção da plateia para sua própria ignorância. Criam um enredo de gafes e polêmicas com frases de efeito, ao que parece, propositalmente construídas para desvirtuar o debate sério que a nação merece. Resultado de uma investigação ampla, Giuliano busca demonstrar que, por trás dessas aparentes “caneladas”, há um articulado sistema de bigdata para converter algorítimos em outra coisa. Trago o exemplo do saudoso Nelson Mandela. Mesmo após anos de cárcere, em razão de sua cor e de perseguição política, aquele negro, de semblante sereno, lutou para unificar a África do Sul entre brancos e negros. Não atacou, não revidou, não se vingou. Governou sem ódio, com amigos e ex-inimigos, consolidou uma África do Sul forte perante o mundo e deixou um exemplo de liderança para toda humanidade. Prometi não baixar o nível do debate e espero ter alcançado tal propósito. Não serei mais um a corroborar com a institucionalização da ignorância que apenas bestializam debates importantes em nossa nação.
ASSIM FALOU ALDY Ex-Reitor da UFMA e do CEUMA. Membro efetivo do IHGM e da ALL
HOMENAGEM AO PROFESSOR Aldy Mello Falar do magistério neste país não tem representado um reconhecimento a um profissional que cuida da riqueza da nação, que se preocupa com os jovens, portanto, com o futuro do país. São homens e mulheres combatentes e idealistas. No século XX, tivemos grandes figuras de docentes que além de se destacarem deixaram um legado precioso para a educação brasileira. Eles foram: Paulo Freire, educador pernambucano (1921-1997) que se tornou uma inspiração para os professores. Paulo Freire desenvolveu um método inovador de alfabetização. Anísio Teixeira, educador baiano (1900-1971) deixou-nos o conceito de escola democrática gratuita e para todos. Fundou a Universidade de Brasília em 1961, e a CAPES, tendo, também, participado da elaboração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação em 1961. Darcy Ribeiro, educador mineiro, foi defensor da escola pública, o primeiro reitor da UNB, Ministro da Educação e criou os Ciepes no Rio de Janeiro. É muito comum se ouvir dos autores as deficiências, no Brasil, relacionadas com à gestão do conhecimento, às instituições de ensino, desde a primeira escola à universidade, e a atuação do professor na escola. Um professor deverá pautar sua formação em pontos que são essenciais para o cumprimento de sua missão. Comumente são citados a educação e o conhecimento como estratégia inseparável para a promoção da inovação e a valorização do saber pensar, é o que se diz aprender a aprender; a escola inovadora e não instrutiva; a pesquisa como instrumento de reconstrução do conhecimento. Ao defender o perfil do professor Pedro Demo diz que pesa muito a tradição da aula reprodutiva, considerada ainda pela maioria como pedagogia fundamental. O magistério não vive apenas de idealismo. Ele é uma profissão que garante ou deve garantir o sustento de famílias inteiras. O magistério não é formado por semeadores ou cavaleiros da esperança, ele é integrado por pais de família, profissionais exclusivos, homens e mulheres normais que precisam de salários para sobreviver e enfrentarem o dia a dia. Educar é preparar para a vida. É oportunizar ao educando uma visão de que a vida deve ser vivida com prazer e não com medo, com liberdade e não com preconceitos, com esperança e não com pessimismo. Todo professor deverá ser um sábio. Sem sabedoria não existe magistério. Para alguns, ele é o elo mais forte entre o presente e o futuro. Para outros, o professor é sempre um grande líder quando sugere caminhos, mas poucos, muitos poucos, falam do seu difícil dia a dia. Pelo que pensam, pelo que dizem e pelo que fazem, os professores, em qualquer sala de aula, são sempre criadores de novas idéias, formadores de opiniões e excelentes praticantes do dialogo. Poetas dizem que o professor e uma soma de tudo – pai, orientador, psicólogo, condutor, amigo e mestre. Seu palco é a sala de aula. O professor dá um espetáculo onde não ouve as palmas, porque elas são silenciosas como silenciosa é a arte de aprender.
ANTÔNIO VIEIRA: O INJUSTIÇADO ALDY MELLO* A historia dos jesuítas comumente contada, dificilmente fala de Antônio Vieira, destacado religioso e a maior personalidade do século XVII não só na Companhia da Jesus mas em toda a Igreja Católica. Como sabemos, a Ordem dos jesuítas sempre foi envolvida com as turbulências políticas e as fofocas das diversas cortes da época. A Companhia de Jesus foi fundada pelo espanhol Santo Inácio de Loyola, em 1540, em Paris, cujos membros eram conhecidos como jesuítas. Instalou-se no mundo inteiro dedicando-se à ação evangelizadora da igreja católica e educação de qualidade transmitindo uma concepção cristã do ser humano. Pouco dizem os historiadores que os jesuítas foram os maiores educadores religiosos daquele tempo e fizeram, também, um fantástico trabalho missionário pelo mundo afora. Eles eram comprometidos com a defesa e propaganda da fé católica. Em todos os lugares onde missionavam, como na Ásia, na África e nas Américas, pretendiam salvar o mundo. Antônio Vieira destacou-se com seu brilhantismo no Colégio dos Jesuítas em Salvador, como professor de Teologia e no colégio de Olinda. Foi um dos jesuítas da Companhia de Jesus que mais trabalhou como professor nos colégios jesuítas no Brasil e em Portugal, mesmo durante o período em que servira diretamente ao rei Dom João IV. Quem estuda Antonio Vieira não pode deixar de ressaltar suas qualidades e seu talento, inclusive quanto à propagação da fé cristã e sua vocação missionária. Ele foi ímpar na defesa dos índios, escravos e dos judeus. Foi um baluarte dos direitos humanos e um dos primeiros a falar da convivência dos judeus e dos cristãos. Pioneiro também foi o defensor da Amazônia, quando sugeriu que a catequese dos índios seria a única maneira de conquistar a região. Embora sua personalidade fosse contraditória, Vieira foi um catequista de indígenas, orador das cortes europeias, professor de Humanidades, Filosofia e Teologia, diplomata nato, pensador e homem de larga visão do mundo e do Estado em seus diversos papéis. Quanto à religião católica, foi edificante seu zelo pela fé, deixando-nos um legado religioso inigualável. Sua criatividade foi sempre exuberante, calcada na Teologia de Santo Tomás de Aquino e nos textos evangélicos de onde surgiram suas metáforas e alegorias. Para Vieira milagres quando são feitos devagar são obras da natureza. Obras da natureza feitas às pressas são milagres. Não basta dizer o que expressou Fernando Pessoa que o chamou de “Imperador da Língua Portuguesa”. Vieira foi portador de um discurso religioso bastante engenhoso em nome da fé cristã e da salvação dos homens. Seus sermões são obras de educação, talvez as primeiras que tivemos. A obra de Vieira é de formação humanitária. Seus sermões foram feitos para educar, pois ele foi o nosso primeiro educador, e transformaram a Igreja Católica. Vieira foi um homem engajado a seu tempo, com o um bom professor, e inconformado com a justiça social, como os santos. Dele devem se orgulhar a Companhia de Jesus e a Igreja Católica. O padre Antônio Vieira não é canonizado como santo da Igreja Católica, mas consta no calendário de santos da Igreja Anglicana. *
Ex-Reitor da UFMA e do CEUMA. Fundador da ALL e Membro efetivo do IHGM
A REPÚBLICA DE RUI BARBOSA ALDY MELLO Ao completar 170 ano de nascimento, dia 5 de novembro de 2019, não devemos esquecer o que ele fez. Por ter sido muito culto, esse dia (5 de novembro) em sua homenagem foi instituído o Dia Nacional da Cultura. Rui Barbosa não foi apenas um homem de ação, foi também um homem de combate. Sua prometida república é aquela que manteria relações entre ela própria e as virtudes do ser humano. Esse tipo de contrato não ocorreu. Faltou à nova Republica o chamado “ser republicano” que, por certo, defenderia os princípios da res publica. O homem imaginário de Rui Barbosa ainda não nasceu como também sua República. No final do século XIX, o Brasil foi marcado por duas perspectivas: abolição da escravatura e a emergência da República. São os anos da agonia final do Império, o que para muitos foi a crise do regime, período em que mais se aproximaram as relações entre Joaquim Nabuco e Rui Barbosa, ambos lutavam nas duas perspectivas e queriam que viesse logo a redenção, ou seja, o modelo republicano Rui Barbosa se preocupava com a criação moral do homem, aquele que fosse capaz de manter indelével um tipo de comportamento humano e que correto fosse sempre seu modo de agir, respeitando os valores e os princípios morais e éticos. As ideias liberalistas dominavam na formação social brasileira, cultivando-se a criação da nova Constituição brasileira que levaria o país ao idealismo constitucional. Rui Barbosa, como político liberal, defendia não a presença de qualquer Estado, mas de um Estado federalista. Defendia o princípio federalista e o idealismo liberal os quais seriam necessários para a formação de novo Estado brasileiro e seu pensamento ganharia impulso com o compromisso de redigir a Carta Constituinte de 1891. A abolição da escravatura deu-se em 1888, logo depois a Proclamação da República dos Estados Unidos do Brasil. O pensamento político de Rui Barbosa foi desenvolvido em plena ação do jurista na vida pública, desde sua atuação no Segundo Império estendendo-se até à Primeira República. Para uns ele era liberal, para outros não, mas o que importa é a dinâmica de seu pensamento político buscando apoio no liberalismo e com ele alterando os contextos políticos da época. A Europa vivia dominada pelas teorias raciais até chegarem ao Brasil. No meio dessa novela, Rui, Nabuco e outros buscavam uma identidade histórica brasileira, consolidando, assim, o processo sociopolítico nacional. O Governo Provisório Republicano, comandado pelo seu presidente o Marechal Deodoro da Fonseca e pelo seu vice-presidente o também Marechal Floriano Peixoto, tinha Rui Barbosa como Ministro das Finanças. Ao exercer o cargo de Ministro das Finanças da recém criada República que, embora fosse nova, era chamada de Velha República, adotou um conjunto de medidas necessárias para a organização financeira do país, entretanto, enfrentou uma grave crise econômica que foi provocada pelo aumento indiscriminado da emissão de papel moeda, chamada de encilhamento. Rui Barbosa é considerado como um dos mais eminentes juristas e políticos que o Brasil já teve. Sua história começa no Império e vai até a Velha República. Foi um dos articuladores do golpe de 15 de novembro de 1889 que derrubou a Coroa Portuguesa e proclamou a República, tendo sido assim um dos fundadores do sistema republicano. Seu prestígio era tão grande que chegou a ser convidado para o Baile da Ilha Fiscal, a última festa da Monarquia no Brasil e, como fiz Josué Montello, “O baile da despedida”.
AS CONVERSAS VADIAS DE FERNANDO BRAGA MEMBRO CORRESPONDENTE Fernando Braga tem publicdo suas crônicas nas redes sociais
UM BILHETE PARA ARLETE NOGUEIRA DA CRUZ *Fernando Braga, in “o Imparcial”, 30 de maio de 1969.
Só hoje pude pagar-te esta velha dívida! Acontece que as lides atormentadas desta dimensão de pressa nos transportam a cosmos distantes e diferentes, quando saímos a todo vapor em busca da combustão para a vida. Se voltarmos vazios ou diferentes, como sempre acontece, resta-nos um dedo para uma prosa ou um fôlego para um poema, para um poema quase assim como nos diz Nauro Machado, que é preferível “nós nos suicidarmos para resistir às fúrias do inferno”. Li as tuas “Cartas”. Todas elas me enterneceram bastante; todas elas me foram transbordantes de um sentimento ímpar; todas elas estão cheias de soluços, cantos e preces como as entendeu Fernando Moreira; todas elas de uma beleza literária superior, como sentenciou José Chagas; todas elas de uma doce tranqüilidade e de um manejo técnico aprimorado na arte de bem transmitir emoções... t’as digo eu!... Acontece, minha querida Arlete, que uma ficou-me presa como um laivo de um gemido ou como um grito à beira de um abismo, foi a que endereçaste aos poetas... Foi essa que me faz, agora, sanar minha dívida contigo, em pagar, pelo menos, a parte que em cheio me tocou. Dizes, como só tu poderias dizer, que em jogo tão perfeito, arrancando do mais escondido e do mais sentido lirismo - que a senhora tua mãe – não é apenas a responsável pelo conjunto magro que te veste a alma – é mais, é tua companheira de cálcio e sal. -. Afirmas que nós outros, cá de fora, bebemos e falamos cada um por si... Não Arlete, o teu espírito está conosco a compartilhar em tudo, em nosso todo. Não ficas em casa apenas, como pensas, guardada, enquanto os nossos soluços inventam feriados; a tua casa guarda apenas os teus pertences, porque tua alma vagueia com a nossa, cá fora, em escuras noites ou em estrelas altas... Nos nossos bolsos levamos cigarros e em nossas camisas nódoas de vinho, e aquele cheiro de orgias e noites passadas e o encantamento das vozes do silêncio, porque quando este há, bem haja o poeta e o inverno que lhe ensopa a alma... Tu és e continuas nossa irmãzinha a construir conosco, os poetas peregrinos de ruas e botecos, como diz Lago Burnett, aquela figura “magra, tímida, hipersensível, flutuando entre sobrados de azulejos com beirais de porcelana na serena paz da nossa Ilha de São Luis”. Eu vou mais longe a afirmar que tu és a nossa Arlete - a nossa companhia espiritual e benfazeja a viver conosco pelas algaravias das nossas andanças pela nossa Cidade de amor e pela nossa Ilha da Caridade, a nos livrar, como um anjo da Anunciação e da boa querença, dos perigos que rodeiam as crianças, os loucos, os bêbados e os poetas. Com um grande abraço,
MÁRIO FAUSTINO: ‘O HOMEM E SUA HORA’ FERNANDO BRAGA, in ‘Toda prosa’, antologia de textos do autor. Ilustração: Capa do livro com foto do poeta Mário Faustino. Ao poeta Diego Mendes Sousa, ganhador do Prêmio ‘Mário Faustino’ de Poesia, versão 2019, com o livro ‘Velas Náufragas’, promovido pela União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro - UBE-RJ. Na segunda metade do século passado, nascia os primeiros gritos da nossa geração, a de 60, marcada por muita claridade. Apesar das mortes violentas de John Kennedy e Martin Luther King, surgiam no mundo, com grande estrondo, o movimento ‘Hip’ e os ‘Beatles’, e junto deles, em nosso país, as premonições de ‘Brasil, o País do Futuro’, escrito pelo judeu-austríaco Stefan Zweig; a inauguração de Brasília; a nacionalização da indústria automobilística; a era romântica do ‘Fusca’; o modelo econômico de Roberto Campos; a magia do nosso futebol a encantar o mundo; a revolução do cinema novo através do talento de Glauber Rocha; o ‘movimento concretista’ a se projetar nas artes, juntamente com os movimentos musicais da ‘Bossa Nova’, ‘Jovem Guarda’ e ‘Tropicália’, bem como os grandes festivais, em todos os níveis de arte, a revelar uma juventude brilhante egressa das Universidades. Ante essa luminosidade toda, o poeta e contista Mário Luna Filho, ainda jovem estudante de medicina e já laureada pela Academia Maranhense de Letras em concursos literários, chamava-me atenção, com o brilho de sua inteligência, para a grandeza e a simbologia imagística da poética de um outro Mário, o Faustino, recém-falecido em desastre aéreo. Mário Faustino dos Santos e Silva nasceu em Teresina-Piauí, em 22 de outubro de 1930 e faleceu em LimaPeru, em 27 de novembro de 1962, com apenas 32 anos de idade, num desastre aéreo. Realizou a maior parte de seus estudos em Belém, onde se tornou redator e cronista de ‘A Província do Pará’ e, em seguida, de ‘A Folha do Norte’, onde foi chefe de redação; foi nesse período que Mário reuniu uma plêiade de jovens escritores, poetas e críticos, seus contemporâneos da ‘Geração de 45’, como Haroldo Maranhão [19272004], Oliveira Bastos [1933-2006], Benedito Nunes [1929-2011], Max Martins [1926-2009], Rui Barata [1920-1990], o norte-americano Robert Stock [1923-1981] e a ucraniana, naturalizada brasileira, Clarice Lispector [1925-1977], estes dois últimos residentes também, à época, em Belém do Pará, para colaborarem no suplemento, o qual mantinha intensa conexão com os intelectuais do eixo Rio-São Paulo. Como se viu, esses jovens intelectuais, todos contemporâneos de Mário Faustino, hoje descansam nos resplendores da luz perpétua, infelizmente, para perca da nossa história literária, não mais são lembrados... Com exceção de Clarice que vez por outra é alvo de estudos e citações. Juntamente com os afazeres jornalísticos, Faustino cursou a Faculdade de Direito, abandonando-a no terceiro ano, período em que mereceu uma bolsa de estudos do ‘Institute of International Education’ para estudar Teoria Literária e literatura norte-americana, no Pomona ‘College, Claremont’, nos Estados Unidos, onde viveu dois anos Em 1955, publicou seu primeiro e único livro de poemas, ‘O Homem e sua Hora’, mudando-se no ano seguinte para o Rio de Janeiro, onde começou a trabalhar como professor-assistente na ‘Escola de Administração da Fundação Getúlio Vargas’- FGV. Tornou-se editorialista do ‘Jornal do Brasil’, assinando nesse suplemento dominical, a página ‘Poesia-Experiência’, dedicada exclusivamente à reflexão sobre a tradição, a teoria e a prática poéticas, principalmente sobre o concretismo, grande foco ao tempo, onde ganhou notoriedade. Em fins de 1959, decepcionado com os rumos tomados pelo suplemento, desistiu da militância literária e passou a dedicar-se exclusivamente à redação e ao editorial do jornal. Com a interrupção da página, surgiram várias propostas de trabalho no país, mas Mário optou pelo posto de jornalista no ‘Departamento de Informação da Organização das Nações Unidas’ [ONU], em Nova York, entre 1960 e 1962; de retorno ao Brasil, assumiu, por curto período, o cargo de editor-chefe da ‘Tribuna da Imprensa’, logo vendido para o próprio Jornal do Brasil.. Vejamos Mário Faustino nesse ‘Soneto’, publicado em ‘Os melhores poemas’, 2ª ed. São Paulo, global, 1988: “Necessito de um ser, um ser humano/que me envolva de ser/ contra o não ser universal, arcano/impossível
de ler/ à luz da lua que ressarce o dano/cruel de adormecer/a sós, à noite, ao pé do desumano/desejo de morrer./Necessito de um ser, de seu braço/escuro e palpitante/necessito de um ser dormente e lasso/ contra meu ser arfante:/necessito de um ser sendo ao meu lado/um ser profundo e aberto, um ser amado”. Em ‘Alma que Foste Minha’, publicado em ‘Antologia Poética’, Faustino transcende a beleza imagística: “Alma que foste minha,/desprendida de meu corpo e de meu espírito,/ leque de palma sem raízes, sem tormentas,/que género esta noite te distingue,/que metro te organiza, por que dogmas,/que signos te orientam — rumo a quê?/— Mestre, qual é o sexo das almas? Desmarcada e sem cordas/alma que foste minha/sem cravos e sem espinhos/que trigo milenar te mata a fome divina/que pirâmide encerra tua essência nudíssima/que corpo te defende de ti mesma do espaço/que idade, quantas eras, contra o tempo alma anárquica/desmarcada e sem cravos/ sem precisão de estar/ ou de ficar/— Que te vale Bizâncio?/ou de mudar/ou de fazer, ou de ostentar/ - Que te vale este verso?/apoética, absurda/como chamar-te alma, de quê, quando./ para quê, alma de morto, para onde?” Em ‘Vida Toda Linguagem’, Mário, grande poeta que o era e com total domínio do verso e do idioma, mergulha no universo lírico-sintático e apura essa essência do verbo, enfeixado em 'Antologia Poética’: “Vida toda linguagem,/ frase perfeita sempre, talvez verso,/geralmente sem qualquer adjetivo, /coluna sem ornamento, geralmente partida./Vida toda linguagem,/ há, entretanto um verbo, um verbo sempre, e um nome/aqui, ali, assegurando a perfeição/ eterna do período, talvez verso,/talvez interjectivo, verso, verso./Vida toda linguagem,/feto sugando em língua compassiva/o sangue que criança espalhará — oh metáfora ativa!/ leite jorrado em fonte adolescente,/sémen de homens maduros, verbo, verbo./Vida toda linguagem,/bem o conhecem velhos que repetem,/contra negras janelas, cintilantes imagens/ que lhes estrelam turvas trajetórias./ Vida toda linguagem —/como todos sabemos/conjugar esses verbos, nomear/ esses nomes:/amar, fazer, destruir,/homem, mulher e besta, diabo e anjo/e deus talvez, e nada./Vida toda linguagem,/vida sempre perfeita,/imperfeitos somente os vocábulos mortos/com que um homem jovem, /nos terraços do inverno, contra a chuva,/tenta fazê-la eterna — como se lhe faltasse/outra, imortal sintaxe/a vida que é perfeita/língua eterna”. Por fim, ouçamos o poeta em ‘Viagem’, publicado no livro ‘Poesia’, em 1966, poema integrante da série ‘Esparsos e Inéditos’. Terá sido este poema o ‘Canto de Cisne’ de Mário Faustino a prever o que iria acontecer quando sobrevoava os Andes? “Apago a vela, enfuno as velas: planto/um fruto verde no futuro, e parto/de escuna virgem navegante, e canto/um mar de peixe e febre e estirpe farto—/e ardendo em festas fogo-embalsamadas/amo em tropel, corcel, centauramente,/entre sudários queimo as enfaixadas/fêmeas que me atormentam, musamente —/e espuma desta vaga danço e sonho/com címbalo e símbolos, harmônio/onde executo a flor que em mim se embebe,/centro e cetro, curvando-se ante a sebe/divina — a própria morte hoje defloro/e vida eterna engendro: gero, adoro”. Ou neste ‘Romance’, publicado em 'Antologia Poética'? Talvez tenha sido este o canto derradeiro de Mário Faustino: “Para as Festas da Agonia/ vi-te chegar, como havia/ sonhado já que chegasses:/ vinha teu vulto tão belo/ em teu cavalo amarelo,/anjo meu, que, se me amasses,/ em teu cavalo eu partira/sem saudade, pena, ou ira;/teu cavalo, que amarraras/ ao tronco de minha glória/e pastava-me a memória,/feno de ouro, gramas raras./era tão cálido o peito/angélico, onde meu leito/me deixaste então fazer,/que pude esquecer a cor/ dos olhos da Vida e a dor/ que o Sono vinha trazer./ Tão celeste foi a Festa,/ tão fino o Anjo, e a Besta/onde montei tão serena,/que posso, Damas, dizer-vos/ e a vós, Senhores, tão servos/ de outra Festa mais terrena —/ não morri de mala sorte,/ morri de amor pela Morte”. Além de seu único livro ‘O Homem e sua hora’, Faustino traduziu Ezra Pound e Robert Stock para o português. “Com os Andes não se brinca”, escreveu um dia Dom Pablo Neruda, amigo querido de Mário Faustino, e foi justamente lá, a sobrevoar as neves eternas, que o homem viu sua hora e não chegou ao seu destino. O poeta infelizmente estava naquele último ‘Voo 810, da Varig’.
‘SABOLIM’: POESIA QUE CHAMA POESIA. JOSÉ FERNANDES Conversas Vadias Este é meu livro ‘Sabolim’, publicado pelo Projeto ‘Prosa e verso’, da Secretaria Municipal de Cultura de Goiânia; um trabalho gráfico da Editora Kelps, com capa de Frei Nazareno Confaloni, óleo s/tecido, 1976, obra registrada no ‘rainonné’ do artista. A apresentação é do escritor José Fernandes, professor da Universidade Federal de Goiás, infelizmente falecido antes desta edição vir à luz da publicidade. Sob o olhar crítico de José Fernandes, foi assim visto A leitura de um poema por um poeta pode inspirar outro poema que lembre o primeiro. Realiza-se, neste caso, o processo conhecido como intertextualização. Pode ocorrer também uma criação inteiramente nova, mas que, no fundo, conserva traços quase invisíveis do texto que serviu de inspiração. Nesse segundo caso, também o crítico tem de ser um grande leitor para enxergar a quase imperceptível lembrança escondida no interior da letra. Pode ocorrer também que uma narrativa ou a vida de um escritor chame o poético, e ele nasça da vontade de recriar, de chamar à existência um novo discurso poético, a fim de transformar o aparentemente desconhecido em obra de arte. É o que ocorreu com Fernando Braga, no espetáculo de Sabolim, a partir da ficção e da poesia de Hugo de Carvalho Ramos. A recriação é perfeita, à medida que ele recristaliza a vida dos tropeiros em uma nova dimensão do poético diferente daquele inserido na ficção hugoana, a partir do momento em que os usos e costumes do sertão passam pela dimensão da imagem verbal, à base de flashes, como se fosse uma composição cubista. Esse processo leva o leitor a pensar, a estender a leitura além do texto. A imagem o transporta, a um só tempo, à cultura do povo e à ficção que lhe serviu de base. Exatamente por isso, o poeta inicia o grande poema pela narrativa, para, em seguida, jogar flashes sobre a vida do poeta, uma vez que ela, sob certo sentido, se confunde com a própria narrativa. O ficcionista, longe de sua terra, encontra-se deslocado do próprio centro, posto que distante de seu espaço vital, como se lê nesse segundo momento do poema: II O fatalismo coroou tua existência, orgânica e ancestral, de artistas e notívagos, de poetas e boêmios, de soldados e devastadores... E tua atenção se apegava às coisas da terra, às tropas e boiadas, aos encantos da beira do pouso e ao chiar dos carros de bois pelas estradas... Surpreende o caráter romântico da existência do ficcionista contrapondo-se à realidade retratada pelas narrativas e por ele vivenciadas, uma vez que, na visão do poeta, e também no existir, elas se complementam, a ponto de sua ruptura implicar ruptura na própria essência do ficcionista. Isso fica claro no poema III, quando se refere ao velho dilema da humanidade do ser e do não ser, presente em O sofista, de Platão, e reiterado por Shakespeare, no Hamlet. No caso de Hugo, esse ser e não ser fecha uma existência vitoriosa; mas deslocada de seu centro pelo fato de encontrar-se fora de seu espaço em que se sobressai a língua, revelação de seu estado de ser conflituoso. Conflito que se adensa perante a sensação do distante afeto paterno que, carinhosamente, o chamava de Meu Sabolim.
Para estabelecer esse entrelaçamento entre o ser do poeta e sua existência real, o poeta cria uma linguagem singular em que cada vocábulo, por intermédio do recurso estilístico da imagem, desdobra-se em significados vários, que abarcam a interação entre a obra literária e a realidade, como se pode ver no poema VI. Para mais substantivar a vida e a obra do ficcionista recriadas sobre as novas bases da poesia, o poeta utiliza, propositalmente, uma linguagem muito próxima da que materializa o discurso ficcional de Hugo, pautado pela cristalização dos usos e costumes do sertão goiano. Esse procedimento é notado em todos os poemas de Sabolim, transformando-os em uma recriação singular das narrativas e da obra poética do autor de Tropas e boiadas. Assim, somente lendo Sabolim para sorver a grandeza de sua linguagem e, sobretudo, de sua cultura, que envolve toda a vida do homem do sertão; a grandeza de cada poema, que se eleva dentro da obra, como se houvesse um crescendo, até o acorde final. É realmente uma obra de mestre, de quem sabe a obra de Hugo de Carvalho Ramos e as peripécias de se viver em sertão. Além disso, a grandeza de Sabolim se mede pela cristalização do passado que, infelizmente, está se perdendo perante o progresso e, sobretudo, pelas transformações culturais globalizadas por que o campo está passando. Leiam esse livro singular e, depois, me digam se sua visão da obra de Hugo e do sertão não é inteiramente outra. Visão da própria poesia que chama poesia.
ARTE E DEVOÇÃO O grande folclorista brasileiro Luís da Câmara Cascudo só escrevia à noite, nas horas em que o urutau canta e os lobisomens vagueiam. Foi ele, numa dessas horas soturnas, que nos fez compreender que a verdadeira história de um lugar e de sua gente só seria conhecida através de suas tradições populares. Direcionada a essa metodologia científica e de campo, é que a escritora e pesquisadora Joana Bittencourt fez ao escrever este livro ‘Arte e Devoção’, a enfeixar com singular maestria, histórias e lendas guardadas no imaginário do povo do Maranhão. Em ‘Rosas de São Benedito’, Joana se depara com um velho tocador de ‘Tambor de Crioula’, que lhe confessa sua condição de tambozeiro das festanças consagradas ao santo etíope, “como referencial no céu àquele que faz a intermediação mais imediata com o Todo Poderoso pelas causas dos povos negros da Terra.” Por que ‘Rosas de São Benedito’? E Joana nos diz de maneira simples, elegante e direta: “Conta a história que Benedito era cozinheiro de um convento na Itália, assim como responsável pelas despensas do mosteiro. Muitas vezes, para alimentar aos pobres que mendigavam nos arredores, retirava alimentos da despensa e os conduzia sob a batina, em uma grande cesta. Certa feita, Benedito foi denunciado ao superior do convento, que passou a vigiá-lo na intenção de descobrir a grave falta atribuída a Benedito, e o vendo passar com a batina recheada, tratou de perguntar: - Que que levas aí Benedito? Ao que Benedito respondeu: - São rosas, meu senhor! O superior, então, pediu a Bendito que abrisse a batina para averiguação. Benedito obedeceu e, abrindo a batina, apareceu uma cesta milagrosamente cheia de ROSAS. Foi o primeiro milagre do santo.” Mas o tambor não pode parar, Joana nos conta mais um pouco sobre esse tambor maranhense: “De Tambor de Crioula todo maranhense conhece, com pouca ou muita informação, sobre as suas peculiaridades, por ter presenciado suas exibições ou por ter participado delas, pois é uma manifestação da cultura popular que que ocorre em todo o Maranhão, notadamente nas comunidades de negros, quilombolas ou não, especialmente na atualidade, em que realização do Tambor de Crioula deixou de ser discriminada como dança de negros desordeiros, alcançando o título de ‘Patrimônio Imaterial do Brasil’, em 18 de junho de 2007. Foi uma grande conquista daqueles que resistiram e perseveraram pra manter viva tão importante manifestação cultural dos que passaram pelos seus descendentes os ensinamentos para que a cultura de um povo não se extinguisse. Na esteira do Tambor de Crioula, em 30 de agosto de 2012, foi a vez do Bumba meu Boi do Maranhão receber o mesmo honroso título de ‘Patrimônio Imaterial do Brasil’. Então, viva o Tambor de Crioula do Maranhão! Viva o Bumba meu Boi do Maranhão!” E seguem os festejos: ‘O Cordelista de São Sebastião’, ‘Os Lírios e São José’, ‘A Quebradeira de todos os Santos’ e a ‘Devota do Divino’... “E só não vai atrás que já morreu!” Ser-nos-ia impossível, por uma questão de espaço, queremos, mesmo de passagem, comentar todos esses festejos com tidos no livro ‘Arte e Devoção’, tão bem-ditos por Joana Bittencourt, como se fossem histórias de Trancoso romanceadas, o que torna o texto mais agradável e atraente para o leitor, prendendo-o no colorido dos fatos e na urdidura engendrada. A escritora Graça Leite, também da Academia Pinheirense de Artes, Letras e Ciências – APLAC, no prefácio do livro, diz com muita propriedade que “o sincretismo religioso do povo maranhense está intimamente ligado às suas tradições: São Benedito, São Sebastião, São João, Divino Espírito Santo, entre outros, direcionam as parelhas e cantorias do Tambor de Crioula, as bandeirolas da festa do Divino, os pandeirões e matracas do Bumba meu Boi, misturando o sagrado ao profano, convicto de que essas manifestações agradam aos Santos e a Deus do Céu. Ladainhas, cantorias, batuques, danças e requebras fazem parte de um ritual religioso praticado com todo respeito e que brota espontaneamente do fundo da alma do povão. Até mesmo a cachaça ingerida (a pinga sempre está presente nessas manifestações) tem o primeiro gole reservado para o Santo.” Abro com muita satisfação passagem, também, para a bibliotecária Maria Silveira ratificar neste dedo de prosa, o que escreveu na contracapa do livro, em dizendo que este ‘Arte e Devoção’ é a “essência que move e fortalece os ritos simbólicos que representam fé e tradição em terras maranhenses. Tais rituais expressam um conjunto de manifestações que fazem cultura popular do Maranhão uma das mais ricas do país. Esse
conjunto plural de manifestações populares constitui-se traços definidores das nossas identidades. Aí reside a grandiosidade da obra de Joana Bittencourt [...] Esta é uma obra elaborada com a delicadeza de quem sabe fazer uso das palavras, expressando com clareza o devido e profundo conhecimento da temática e da linguagem literária. Algo raro!” Joana Bittencourt é maranhense de Pinheiro. É escritora, compositora, teatróloga, membro da Academia Pinheirense de Letras, Artes e Ciências e do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM. Dirige a Sociedade Artística e Cultural Beto Bittencourt, e também é bonequeira. Joana já tem uma rica bibliografia: ‘A história do Boizinho de Brinquedo’ (Literatura Infantil); ‘O Braço de Pedra da França Equinocial’ (romance histórico, pesquisa sobre a fundação da Cidade de São Luís). Peças teatrais: ‘Histórias de Ana Jansen, na visão do Maranhão; ‘Oh! Minha Cidade’; ‘A História de Upaon-Açu’; ‘A história do Boizinho de Brinquedo’; ‘Festa na Floresta’; ‘No Reino da Jardineira’; ‘Aconteceu no jardim’; ‘França Equinocial para sempre’; ‘Um Bibelô sobre o Atlântico’; ‘Brasil, verde, Brasil’; ‘Uma Lagoa quase Azul’; ‘Natalina do Maranhão’ e ‘Natureza, que beleza!’ Escreve nos jornais ‘Cidade de Pinheiro’ e no ‘Jornal Pequeno’, de São Luís, a colina ‘Trincheira da Maranhensidade’. E com o brilhantismo de Joana Bittencourt deixo o fecho deste artigo, onde ela diz em um dos excertos de seu livro ‘Arte e Devoção’: “Hoje entendo que está no sangue dos negros esta sensação da gente se deixar possuir por este estímulo rítmico, entrar em transe, como se pertencêssemos de corpo e alma àquele baticum, por tantas vezes escutado, que segundo o saudoso escritor Josué Montello, em seu ‘Tambores de São Luís’, ‘é o mesmo baticum inconfundível que todos os ouvidos podem ouvir, mas só os negros realmente escutam com as vivências nostálgicas de sua origem africana.’ “
Antonio Gonçalves Dias 10/08/1823, Caxias (MA) 03/11/1864, naufrágio do navio Ville de Boulogne, Atins (MA) Figura 1 “É mentira! Não morri!” [*] Do Morro das Tabocas na nossa velha Caxias, o derradeiro baluarte das armas portuguesas, assistiu tua chegada na Fazenda Jatobá... Depois, partiste doente para Portugal, ao encontro da saúde e da tua formação, onde se ergue absoluta a Torre da Cabra, na velha escola de Coimbra... Mesmo assim tua morte fora anunciada pelos jornais de aquém-mar, que até chegaste a escrever ao teu querido amigo Antônio Henriques Leal: “--É mentira! Não morri! Nem morro nuca mais!” ......................................... Poeta, as palmeiras que avistaste dos baixios dos Atins, cantaram contigo o teu cântico de exílio... Também elas, essas palmeiras, ao lado da lira e da máscara, símbolos da poesia e da tragédia, também contigo choraram, nas agonias da fereza e morte!... --------------------------[*] Fernando Braga, in “O Puro Longe”, 2012
ORAÇÃO A UM POETA MORTO* [A Loreley Moraes Fernandes, filha e herdeira intelectual de Nascimento Moraes Filho] O culpado foi ele, esse querido e velho amigo que me arrebatou das mãos os originais de “Silêncio Branco”, meus primeiros alinhavos poéticos, e os levou, ele mesmo, para o saudoso Domingos Vieira Filho, diretor ao tempo, do Departamento de Cultura do Estado para publicá-lo, com a apresentação de José Erasmo e os avais e endossos de Fernando Viana, Bacelar Portela e Rubem Almeida, e mais a capa de Pedro Paiva Filho... Batismo excelente para um jovem de 20 anos... E é justamente a ele, um dos meus cireneus literários a quem escrevo estes apontamentos para jornal, porque foi por suas mãos, repito, que um dia cheguei aos valores reais de minha terra. Este poeta, ensaísta e folclorista chama-se José Nascimento Moraes Filho, São Luís, 15 de julho de 1922 São Luís, 22 de fevereiro de 2009. Deixei o verbo no presente, porque homens como ele não morrem nunca, e nunca saem de cenário, principalmente quando seu grito também de jovem arrancou da crítica brasileira, e do outro lado do Atlântico, os crivos merecidos. “Poetas meus irmãos, acompanhai Eu sou a voz dos oprimidos”.
o
meu
grito!
Eu
sou
o
sofrimento
dos
sem
nome!
Assim ecoava a voz libertária de Nascimento Moraes Filho através do seu “Clamor da Hora Presente”, a estilhaçar métodos e conceitos, com sua poesia social e participativa. Era um poeta que nascia, egresso do Centro Cultural Gonçalves Dias, ao lado de Clóvis Sena, Vera Cruz Santana, Agnor Lincoln da Costa, Clineu César Coelho, e outros talentos, que ao tempo se reuniam nas escadarias da Igreja do Carmo, bem antes do movimento “Ilha”, que se reunia na “Movelaria”, de propriedade do pintor Pedro Paiva, que congregava José Sarney, Bandeira Tribuzi, Lago Burnett, Ferreira Gullar, Floriano Teixeira, Cadmo Silva, Antônio Luís Oliveira, Yêdo Saldanha, José Bento Neves, dentre outros, que juntos fizeram parte da famosa geração de 45. Sobre esse seu canto de estreia disse Otto Maria Carpeaux: “Inspirou-me grande simpatia. Agradeço a oportunidade de entrar em contato com a alma de um poeta realmente generoso e forte”. Esse poeta não despontava apenas por ser filho do mestre Nascimento Moraes, “O lutador”, catedrático do Liceu Maranhense e um dos maiores intelectuais do seu tempo; nascia ele da espontaneidade do seu talento, da explosão dos seus gestos de revolta, como címbalos a retinir no bronze, como era sua voz grave a trovejar sempre ao lado da equidade e da justiça. Nascimento Moraes Filho pertenceu a nossa mais autêntica “Bélle Époque” a se reunir costumeiramente no ‘Atena Bar’, na Rua de Nazaré, onde numa das paredes, à direita de entrada do boteco, na Rua de Nazaré, estavam as mais nobres assinaturas de intelectuais do Maranhão e deste velho Brasil, os quais, de passagem por São Luís, e quase sempre hospedados no Hotel Central, ali perto, eram chamados para participar daquele tradicional rito. Se o Raimundo, dono do bar, soubesse o valor daquele patrimônio, teria inventariado a parede em separada, antes de negociar o estabelecimento. Vejam esse lance de boêmia e generosidade: Nascimento Mores Filho chegou ao ponto de organizar uma caixinha de contribuição de todos que frequentavam o ‘Atena Bar’ para pagar os ‘tragos e cervejas’ de poetas e pensadores menos afortunados... Foi numa dessas ocasiões que Zé Moraes apresentou ao Maranhão (lê-se São Luís), um dos seus filhos ilustres, mas que, infelizmente, não era conhecido ainda pela maioria de seus conterrâneos, vez que saiu de São Luís muito moço ainda com destino aos mistérios amazônicos, atraído, já ao tempo, pelos estudos da etnologia, e depois se transferindo em definitivo para o Rio de Janeiro. Tratava-se de Nunes Pereira, etnólogo e botânico, um cientista do mesmo porte intelectual de Roger Bastide, de Arthur Ramos e de Levy Straus; no entanto, Nunes Pereira, fora nascido e criado bem ali na Casa das Minas, na Rua de São Pantaleão, filho de mãe Almerinda e afilhado da Nochê da Casa, Mãe Andreza Maria, nome que, com emoção, dei à minha filha, exclusivamente em sua homenagem. Nunes Pereira dá nome hoje a uma das alas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, pertenceu as Academias Maranhense e Amazonense de Letras... Deixou grande bibliografia nesse campo científico, e mais outorgas brasileiras e estrangeiras e o Prêmio
Roquette Pinto, da Academia Brasileira de Letras, pelo seu trabalho ‘Morunguetá: um Decameron indígena’. Honrou-me muito ter o velho Nunes Pereira como querido amigo e mestre... Quanto aprendi com ele... E se mais soubera...mais teria aprendido! Voltando o fio à meada, sobre os quefazeres literários de Zé Moraes, disse o velho Nunes ser ele um “escritor maranhense cuja obra merece minha admiração e o meu apreço, como nenhum outro aqui já por mim lido e analisado (...) sua capacidade de pesquisador e de verdadeiro mestre, senão discípulo de Smith Thompson...” Já eu estava fora de São Luís, quando o contingente boêmio e literário, egresso do “Atenas Bar” que fora demolido, mudara-se para o “Restaurante e Bar Aliança”, tendo, ele, Zé Moraes, estabelecendo-se de corpo presente na ‘Esquina do protesto’ ou do ‘fuxico’, nas imediações da Praça Benedito Leite para ‘bater’ forte’ em defesa da conservação ecológica da Ilha ameaçada. Se essa derrocada não aflorou como ele a construíra no seu imaginário de homem de bom senso, plantou para os pósteros aquela revolução de ideias eternizada por Santo Tomás de Aquino quando diz que se protesta quando o bem comum está seriamente ameaçado; quando o alvo da contestação é tido como desnecessário pelos homens prudentes na organização social em que vivem; quando houver forte probabilidade de êxito e quando o provável dano feito pelo protesto não seja maior que o provável dano feito pela ausência dele, e finalmente, quando não houver outro remédio que conjure o perigo que ameaça o bem comum... Foi isso que ele fez! Foi Zé Moraes o descobridor de Maria Firmina dos Reis, a primeira romancista maranhense, depois de longa e constante pesquisa em jornais e documentos pertencentes ao acervo da Biblioteca Pública Benedito Leite; foi ele, Zé Moraes, que ao buscar no folclore maranhense, encontrou preciosidades e as fez publicadas no seu ‘Pé de Conversa’; foi ele que, em numa antologia, selecionou poesias, contos e cantares do Natal, de autores maranhenses e os enfeixou no seu ‘Esperando a Missa do Galo’; foi ele quem escreveu ‘Esfinge do Azul’, onde se transforma num moleque lírico que briga por uma estrela, a mostrar a beleza da poesia em sua simplicidade. Como funcionário público [Fiscal de Rendas do Estado] entrou em disponibilidade por não aceitar ser impelido a certas práticas viciosas do sistema, na época, institucionalizadas, em prejuízo ao fisco que defendia. E nunca mais assentou os pés na tal repartição, tendo morrido com seus proventos reduzidos. Aqui está o homem em frente da ética e da moral para dizer: Presente! Este é meu grito de saudade a José Nascimento Moraes Filho que esbravejava o presente, a orgulhar-se do passado e a esverdear-se numa indomável esperança libertária..
[LUÍS CARLOS CUNHA – São Luís, 18.5.1933 - São Luís, 22.12.1990]. À jornalista e escritora Wanda Cristina da Cunha, filha do poeta É fácil escrever alguma coisa sobre poesias, principalmente quando essas poesias nos chegam fáceis e com forte conteúdo de comunicabilidade. Assim, são as poesias contidas no livro ‘Poesia de Ontem’, de Carlos Cunha. Retirei o livro da estante e reli com o interesse de sempre, as mensagens rítmicas que o autor, agora não só da ‘poesia de ontem’, mas, das de hoje também, conseguiu, com a profundeza do seu talento e com o desassombro de sua vocação, justificar uma causa e harmonizar um conflito. Numa das muitas opiniões sobre esse trabalho se chega a mergulhos mais densos na forma e no conteúdo que servem de ferramentas ao poeta, vez que sua poesia tem sido um continuo campo de angústia, produto, talvez de sua infância de menino simples e humilde, de bairro pobre, que ele estendia pelo futuro incerto, como ele mesmo faz questão de acentuar e trazer à sua poética como pano de fundo. Sua poesia é, ainda, como que o eco extravasado de sua alma, tem um grito revoltado de um poeta em que a vida malvada ainda o sufoca possivelmente com medo da sua pujança e do seu talento. Carlos Cunha trás na inquietude dos seus gestos, a marca registrada dos sofrimentos de uma vida prenhe de desilusões e fantasias inacabadas, válvula de escape para a criação de suas belas canções e madrigais. Vejamos o poeta se transportando para o antigo bairro do Areal, onde majestosamente se erguiam as ‘barrigudas’, [árvore ‘barriguda’, ou paineira-branca (Ceiba glaziovii), tem de 6 a 18 metros de altura, com copa ampla e bastante ramificada, de tronco intumescido com mais de 1 metro de diâmetro], depois cortadas pela insídia costumeira dos governantes da Cidade de São Luís, que deveriam ser mais poetas que políticos, para melhor compreenderem as coisas da natureza e do espírito. Pois bem, para o velho Areal, seu bairro de origem, para envolver-se nesta bela irradiação formal: “Eu quisera de novo ser criança, / perdida nas ruas, / nas ruas cinzentas, sem cheiro de sangue / e muros, pintados de misérias./ Eu quisera de novo ser criança, / para beijar aquela face nova, / e depois tomar banho de chuva./ Mas o tempo correu, / o rosto de mamãe se transformou / e eu jamais voltarei a ser criança!” Ou ainda num laivo de revolta ou desespero: “Menino pobre, menino do meu subúrbio, / Papai Noel não te quer...” Em ‘Cancioneiro do menino grande, Carlos Cunha com a mesma temática aproveita-se da paisagem distante, já perdida nos tempos. para elaborar com grande felicidade este poema, uma constante em suas relíquias de retrospecção: “Ainda escuto a fala do meu pai, /iluminando o silêncio de tapeçaria, / de nossa casa de telhado verde. / Um rio que lavava a ruazinha estreita/ não vegetava as mágoas. /Ainda escuto a canção de aurora/que tocava o homem do realejo/ com seus olhares retos, e o sorriso de orvalho./Saudades de Maria, com seu olhar umedecido de alvorada./Muitas vezes, muitas, percorri a rua/ carregando sonhos nas mãos inocentes,/ brincando com meus irmãos/ que nesse tempo eram apenas anjos de porcelana,/ num país sem memória./ Hoje, ‘Rominha’ tem outro nome e outras crianças que ali residem,/ a perspectiva das casas tornou-se paralela./ Deuses tiranos caminham sobre a lama viva / e os jardins que sorriam como janelas são de nuvens”. [...] E prossegue: “Como a infância corre depressa na terra grávida do tempo. / Os meus castelos, já não são fantasiados de papoulas, / mas castelos de vento. / Os meus sonhos agora, já não tem cor de gerânio/ e o sol que havia no meu olhar tornou-se uma saudade ancestral.” Carlos Cunha é um dos representantes mais autênticos da sua geração, a de 45, que tem expoentes como Bandeira Tribuzi, Ferreira Gullar e Nauro Machado. O poetinha como era carinhosamente chamado, à moda de Vinício de Moraes, surgiu do ventre virgem das declamações, arte em que ele foi o maior enquanto viveu
dentre todos que tinham o divino dom desse ofício de interpretar; dizia melhor ‘As mãos de Eurídice’ do que Rodolfo Mayer, o protagonista principal desse clássico monólogo de Pedro Bloch. E o poeta se quedava como todo ser humano ou ator artístico ante a crueldade da morte, mesmo estando perto de suas Cristinas: “Gritos anônimos diluíram-se no espaço por sua causa - / e a lua tornou-se imperfeita e confusa por sua causa -/ os homens serão peixes e pássaros por sua causa - “ Mas não estancou aí essa motivação, o poeta ainda precisava cantar à morte, como se intuísse o canto mais triste que cantaria dali a alguns anos... O de Teresa, sua filha, que inda não é este: “As rosas entreabriram-se magoadas,/ quando a plácida Teresa passou nos braços da multidão./Velhos e crianças, homens e mulheres choraram/ naquela triste manhã de agosto,/ só eu permaneci imóvel/ assistindo ao seu último passeio./ As luzes da vida se apagaram e dentro de mim mesmo,/ sem cravos e violetas,/ meu funeral passou nos braços doutra multidão!” Carlos Cunha e ‘Poesia de Ontem’ se identificam com circunstância e coragem, com sofrimento e lirismo. O poeta ficará presente em nossas letras... E já ficou! Carlos Cunha tinha assento na Cadeira 33 da Academia Maranhense de Letras, fundada por Viriato Corrêa e patroneada por Pedro Nunes Leal. Era isso, poetinha, isso mesmo, aquelas palavras que te escrevi, mas não t’as disse.
Professora Moema Alvim e o homenageado, Aymoré Alvim
AYMORÉ DE CASTRO ALVIM MEMÓRIAS DE UM EXSEMINARISTA
ETA! SONHO DA PESTE! AYMORÉ ALVIM APLAC, AMM, ALL. A pequena não me saia da cabeça. Aliás, pequena não, um mulherão. A danada era bonita demais. Corpinho bem feito, cheio de curvas, rolicinho. Pescoço um pouco longo encimado por uma cabeça bem esculpida coberta por uma cabeleira curtinha que refletia ouro sob os raios do sol. Lábios cheios e róseo contornando uma boca pequena e bem desenhada. A mulher parecia haver se encastelado na minha cabeça. Não saia de jeito algum. Quando a encontrava tentava de todas as maneiras uma aproximação, mas a pequena era abusada, cheia de manha. Tinha a capacidade de me driblar como nunca. Não acreditava em nada que lhe dizia ou não queria acreditar, buscando sempre evitar um possível confronto que mais cedo ou mais tarde seria inevitável. Por que? Eis a questão que nunca respondia. Numa tarde, ocorreu o inevitável encontro. Ela vinha, eu ia. Olhamos um para o outro. Paramos. - O que tu queres comigo? - Quem, eu? Advinha. Ela deixou escapar um leve sorriso, melhorou. Conversamos por alguns minutos, nem sei quantos. O papo corria como esperava. Então, pensei: este é o momento. Fixei nos olhos dela. Ela olhava para cima, para baixo, para os lados. Começou a esboçar certo nervosismo. Disse para mim mesmo: preparar para o ataque. Nesse momento, ela resolveu fitar-me com aqueles olhos castanho-escuros e profundos em mim. Ficou séria. Por um momento senti uma coisa que não sei bem explicar, mas logo me recuperei quando ela me disse esboçando um leve sorriso. - Hum! O que tu queres, pequeno? - Você. Ela, então, tomou uma respiração profunda enquanto lhe tomava a cabeça entre as duas mãos. Olhei nos seus olhos já com certo brilho e a puxei firme, mas com suavidade. Seus olhos foram fechando e nossos lábios se colaram num beijo louco, prolongado, intenso. Ela não reagiu, então demorei um pouco mais até se exaurir aquela emoção que de há muito me consumia e que ora me invadia. Depois fomos nos afastando pouco a pouco. - Por que você fez isso? - Porque eu quis, mas se você quiser não farei mais. - Não foi isso que perguntei. Só quis saber por que fez isso. Eu a fitei, ela me fitou. Eu sorri, ela também. E outro beijo nos uniu enquanto uma fina chuva caia sobre os nossos corpos. - Ah! Te esconde depressa que papai está me chamando. Acordei todo molhado e com uma ponta do travesseiro, ainda, dentro da boca. Mas quem estava chamando era o padre Leo, o disciplinário ou prefeito: - Acorda, rapaz, o sino já bateu há tempo. Já estás atrasado. Após a missa vá falar comigo.
Fui. - Com quem tu estavas sonhando? Perguntou-me o padre. - Quem, eu? - E quem mais poderia ser? Tu estavas sonhando concupiscência. - Com quem, padre? - Deixa pra lá. Após o café vais ficar de pé, na parede do refeitório, até lembrares com quem estavas sonhando. Vá escrever também 500 vezes o significado de concupiscência. Logo depois, padre Artur vai saindo do refeitório... - O que foi dessa vez, Aymoré? - O padre Leo quer que eu me lembre com quem estava sonhando. - Bem feito. Seminarista não sonha, rapaz, só estuda e reza. Foi ou não um sonho da peste? Seminarista sofre..., em compensação, nunca mais esqueci da tal concupiscência. É isso aí..
O QUE NÃO FAZ UMA ESPINHA DE PEIXE AYMORÉ ALVIM , AMM,ALL, APLAC.
Corria o ano de 1964. Eu fazia o quarto ano médico e era acadêmico plantonista, na equipe do Dr. João Abreu Reis, no Pronto Socorro de São Luís. Na época, era o único que existia para toda a Ilha. Era um prédio de dois pavimentos que ficava na Rua do Passeio esquina com a Rua da Palha, em frente ao atual prédio do SENAC. Numa noite, chegou por volta das 23 horas uma senhora, moradora numa das palafitas do Bairro do Matadouro pedindo socorro para o marido. Dr. João Abreu veio atendê-la: De que se trata? - “Ah! Doutor, meu marido comeu, dois dias atrás de noite, um peixe e disse que uma coisa engatou no “gurguminho” dele. No começo, a gente pensou que era caroço de farinha no “goto”. Aí ele bebeu água, comeu uma banana e falou que melhorou. Mas, que nada, doutor. Hoje de manhã ele foi fazer precisão e não pôde. Se espremeu e saiu sangue. Daí pra cá esse homem não ficou mais de pé nem sentado e nem deitado. É todo tempo de boi e só gemendo. A gente já fez de tudo, mas ele diz que uma coisa tá presa nas partes de saída dele e fura. Só se é uma espinha. Hoje na “boquinha da noite”, eu fui ver. Senhor, o homem já tá é com o “cesso” quase todo de fora. Aí eu fiquei com medo e vim pedir socorro”. - Mas, “cesso”, o que é “cesso”, minha senhora? - “Ah! Doutor, cesso é o forro do cu. É uma bolota vermelha já escura que tá saindo das partes dele”. -Ah! Já deve estar fazendo prolapso de mucosa retal. - O que, doutor? - Nada, deixa pra lá. Aymoré, pega a ambulância e traz pra cá o paciente. Chamei seu Nemésio, o motorista, e seu João enfermeiro. Colocamos a mulher na ambulância e partimos rumo ao Matadouro. Ao chegarmos, o sujeito estava de quatro sobre uma mesa, no meio da pequena sala . - “Que diabos, mulher, tu demorou demais”. - “Pera aí, Marcolino, não chama o nome desse renegado dentro de casa. O doutor já veio te buscar”. - “Pra lá não vou”. - “Como é que tu não vais, homem de Deus? O doutor vai te operar pra tirar essa espinha de ti”. - Não vou. Como é que eu vou ficar nessa posição lá no Pronto Socorro, mulher? Tu queres me desmoralizar? Amanhã todo mundo tá sabendo. - Que saiba, mas tu vais. Com alguma dificuldade, o enfermeiro e dois outros homens da casa pegaram o paciente e o puseram, na ambulância. Ao chegar, Dr. João Abreu examinou, fez os procedimentos indicados e o deixou internado tomando medicação. No plantão seguinte, fiz o relato da evolução do quadro ao Dr. João Abreu, e ele observou a regressão da inflamação e da procidência retal. - Como vais passando, Marcolino?
- Doutor, eu estou muito bem. Só a “boca do escapamento” que ainda arde um pouco quando vou fazer necessidade. - Tudo bem. Vou te dar alta e passar essa medicação para tomares ate acabar o vidro. - Tá bem, doutor. - Rapaz, toma cuidado quando comeres peixe. Espinha de peixe além de “remosa” quando não engata na entrada, na saída é na certa. - “Ah! Seu doutor. Com essa eu me emendei. Obrigado e até logo”. - Ou ate nunca, Marcolino? - É isso mesmo, doutor. Não quero voltar mais aqui. Até!
ARTE DO DEMÔNIO? NÃO PODE SER...
AYMORÉ ALVIM. APLAC, AMM, ALL.
Às vezes, gozando o ócio da minha aposentadoria, ocupo-me lendo um livro, ou ouvindo vídeos políticos no “You tube” ou, então, me liberto em pensamentos recordando fatos da vida. Outro dia, recordei-me de uma aula de Urologia, no Curso de Medicina, na qual o professor nos falou dos problemas causados pela quiromania. Isto me levou aos tempos de Seminário quando em um episódio essa tal quiromania estava presente. Ao chegar ao Seminário de Santo Antônio, em 1953, os seminaristas tinham que andar durante meia hora após o almoço e o jantar. Era ordem médica. Certo dia, verifiquei que após a caminhada o número de seminaristas que subia para ir aos sanitários era de chamar atenção. Em uma dessas vezes, resolvi ir também e encontrei a turma debruçada no muro que separava o corredor dos banheiros do pátio interno, onde ficava a lavanderia, vendo as lavadeiras com seus vestidos molhados grudados ao corpo. Não era nenhuma miss, mas para seminarista eram as mulheres mais atraentes do pedaço. Depois era a confusão para entrar nos sanitários que embora fossem vários a demanda era grande. Certa vez, eu ia chegando ao corredor dos banheiros quando um regente (seminarista mais adiantado auxiliar do padre disciplinário)... - Aonde pensas que vais, Aymoré. - Eu vou ao banheiro. -Nada disso. Eu bem sei o que vais fazer. Hoje, à noite, vais falar com o Diretor espiritual. -Mas, rapaz, tu já foste fazer fuxico de mim, santarrão? E os outros? - Todos já estão relacionados para ir falar também. Procura esquecer as mulheres, rapaz, elas são agentes do demônio. - Agentes de demônio, hum! Resmunguei.... À noite, após o jantar... - Com licença, padre, o senhor deseja falar comigo? - Entre, meu filho, vamos conversar. - Mas, seu padre, não é nada disso que lhe disseram. - Não me disseram nada, Aymoré, eu só quero lhe dar algumas orientações como seu diretor espiritual. Então, começamos a conversar. Aliás, conversar é força de expressão. Ele falava e eu ouvia. A certa altura... - Meu filho, você é praticante do onanismo?
- Nem protestantismo, nem espiritismo. Eu sou católico, seu padre. Quem veio lhe dizer isso? - Ninguém veio me dizer nada, já lhe disse. Quero apenas lhe dar umas orientações. Você não quer ser padre? - Quero sim, senhor. - Pois bem. Façamos a pergunta de outra maneira: Você é adepto da quiromania? - Eu não. Nem dessa. Eu nunca gostei nem desse negócio de cartomante. Não acredito nessas coisas, seu padre. - Seu Aymoré, você está tergiversando. - Tô o que? - Nada. Preste bem atenção para o que estou lhe perguntando. Você se masturba? - Eu não. Não sei nem o que é isso. - Rapaz, você bate punheta? - Ah! Era isso que o senhor queria saber? Eu faço essas coisas de vez em quando. Tinche me disse que todo padre faz porque não pode casar e que era bom eu ir treinando desde agora. - Nada disso. E quem é esse Tinche? - É meu primo lá de Pinheiro. - Isso é pecado, meu filho, e pecado mortal. Seminarista não deve fazer essas coisas. Quando você tiver tais tentações vai rezar. Isso é coisa do demônio. Amanhã, você vai confessar. Agora, você se recolha na Capela e reze 50 Pais nossos e 50 Ave Marias. Pode ir. - Sim, senhor. Boa noite, padre. - E tem mais. Nada de ficar olhando as lavadeiras. Mulher é arte do diabo. - Mas, padre, não foi Deus que fez a mulher da costela de Adão? - Isso foi Eva. As de agora são arte do demônio. Saí e fui pensando: Arte do demônio? Não pode ser....
CONTOS DE NATAL - MEDICINA, UM EXERCÍCIO DE AMOR.
AYMORÉ ALVIM. AMM, AP´LAC, ALL. Foi em uma cidadezinha do interior. Um jovem médico se encontrava de serviço, no Posto de Saúde local, quando chegaram algumas pessoas trazendo uma jovem de, aproximadamente, 16 anos, que havia ingerido vários comprimidos de cibalena. Após os procedimentos utilizados, o médico conseguiu tirar a paciente do estado de intoxicação medicamentosa, dando-lhe a oportunidade de continuar desfrutando a vida mesmo porque além de muito nova estava grávida. No dia da alta... - Menina, você pode voltar para casa, mas venha todos os meses ao Posto para fazer seu pré-natal. A mocinha estava calada com a cabeça baixa. Chorava. - O seu compromisso a partir de agora é se preparar para esperar o seu filho. Mas, do jeito que chegou aqui, alguma coisa de grave parece lhe ter acontecido. Gostaria de me contar? A moça olhou, demoradamente, para aquele homem de branco à sua frente demostrando uma compreensão que, até então, não havia encontrado da parte de ninguém, tampouco dos seus. - Doutor, realmente, eu queria me matar e acabar de vez com o meu sofrimento. O rapaz que me fez mal me deixou quando soube que estava grávida. Meu pai ao tomar conhecimento me bateu e me pôs de casa pra fora dizendo que eu procurasse a casa das vadias como eu pra morar porque pra casa dele não voltaria mais. Desesperada, corri pra casa da minha tia que me falou que podia ficar por uns dias e depois que procurasse um destino pra minha vida. Sem saber o que fazer, encontrei esses comprimidos de cibalena e tomei todos. Eu queria era morrer com o meu filho e acabar com tudo isso de uma vez. Agora que o senhor me salvou, não sei o que fazer. - Você vai morar na minha casa até o seu filho nascer. Depois veremos o que fazer. Algum tempo depois, o médico se mudou para uma cidade maior e mais desenvolvida. Levou consigo a moça e o filho. Ela se casou com um rapaz que adotou a criança e foram morar em outra cidade. O médico nunca mais os viu. O tempo passou. Numa noite, deu entrada, na Emergência de um hospital, um senhor idoso que acabara de ser atropelado. Ficou deitado numa maca em um dos corredores aguardando atendimento. Um dos médicos plantonistas, ao passar por ali, foi atraído pelos gemidos que partiam daquele homem. - Enfermeira, que paciente é este? - Não sabemos, Dr. O trouxeram há pouco mas não informaram quem é. Está aguardando atendimento. A emergência está cheia. - O estado deste homem é grave. Está chocando. Mande leva-lo, imediatamente, para a sala de cirurgia. Chame o anestesista e mande providenciar sangue. Já estou indo para lá. Após a cirurgia... - Rapaz, isso foi uma guerra. Rotura de baço. Por mais um pouco esse sujeito estava morto, disse-lhe o anestesista. - O caso era grave mesmo. Agora vamos aguardar a evolução do pós-operatório. Chegou, nesse momento, uma auxiliar de enfermagem e entregou ao cirurgião uma bolsa. - Dr., foi a única coisa encontrada nas roupas do paciente.
O médico abriu, pegou a carteira de identidade que estava na bolsa. Dr. Lívio de Sousa. Brasileiro, viúvo, 79 anos. Médico. Abriu depois um pequeno papel que se encontrava em outra dobra da bolsa. Leu e ficou surpreso: Por quê? Quem é este homem? Perguntou para si mesmo. Alguns dias depois... - Dr. Lívio, vamos lhe dar alta. - Como o senhor sabe meu nome. Alguém veio aqui me procurar? - Não, Dr. Tivemos que verificar na sua bolsa algum documento que o identificasse. - Ah! Bem. Você sabe agora que sou médico, mas aposentado. - Dr., posso lhe fazer uma pergunta? Estou bastante curioso. - Como não, colega. Faça. - Em um pequeno papel que encontrei na sua bolsa estavam escritos dois nomes: Eduwirgem Medeiros e Ivaldo Luís Medeiros. São seus parentes? Quer que os mande avisar? - Ah! Meu rapaz. Isso é uma longa história da minha vida de médico no interior. Essa senhora foi uma grande amiga e o garoto é seu filho. Em certo dia, eu estava trabalhando no Posto de Saúde quando um pessoal levou uma jovem de uns 16 anos que queria dar cabo da vida. Engravidou do namorado e o pai a expulsou de casa, pois o namorado quando soube tirou o corpo fora. Sem saber o que fazer, ingeriu vários comprimidos de cibalena. Fiz os procedimentos necessários e ela se recuperou e salvou a criança. Compadeci-me dela e a levei para minha casa até que deu à luz o filho. Quando viajei para outra cidade de maiores recursos e oportunidades, os levei comigo. Por lá, ela se casou com um bom rapaz, foram morar em outra cidade e nunca mais os vi. Por que? O médico-cirurgião, com os olhos já cheios de lágrimas, abraçou o velho médico e lhe disse: - Obrigado, querido amigo, pela vida. Eduwirgem era minha mãe e o garoto Lívio Luís sou eu. Ela sempre me falava que num dia de desespero um anjo de branco surgiu na sua vida e a salvou da morte com o seu filho. Dizia-me sempre que pedia a Deus para que eu fosse um médico como esse anjo. Agora o encontrei. Abraçaram-se. - Veja, então, Dr. Ivaldo, como são os desígnios de Deus. Agora, quem me devolveu a vida foi você. Essa é a nossa missão. A medicina é um exercício de amor. - É, Dr. Lívio. Como seria a medicina se todos fossem iguais ao senhor. Muito obrigado. E se abraçaram mais uma vez.
NAVEGANDO COM O JORGE OLIMPIO BENTO
JORGE OLÍMPIO BENTO, 70 ANOS Por Tiago Reis publicado in http://noticias.up.pt/ https://www.correiodoporto.pt/do-porto/jorge-olimpio-bento-70-anos
APÓS 52 anos ao serviço da Universidade do Porto, Jorge Olímpio Bento encerrou no passado dia 25 de abril a sua carreira académica na Faculdade de Desporto (FADEUP). Para trás ficam mais de cinco décadas de um percurso reconhecido em Portugal e além-fronteiras na defesa e promoção do desporto e da lusofonia. Para a frente, afirma “a disponibilidade em continuar a servir a minha Universidade e Faculdade em modalidades consentâneas com a nova situação”. Licenciado em Educação Física pelo Instituto Nacional de Educação Física (INEF) e doutorado em 1982 na Ernst-Moritz-Arndt-Universität Greifswald (Alemanha), era, até à data da sua jubilação, Professor Catedrático da Faculdade de Desporto da U.Porto desde maio de 1993, tendo sido Presidente do Conselho Científico (1986-1996). Entre 1995 e 1998, assumiu o cargo de Pró-Reitor da Universidade do Porto. Primeiro diretor da FADEUP eleito – em 2010 – após a entrada em vigor das alterações estatutárias impostas pelo Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior, Jorge Olímpio Bento desempenhou as funções de Presidente do Conselho Superior do Desporto de Portugal (2001-2002) e foi Vereador do Pelouro do Desporto da Câmara Municipal do Porto (1997-1999). Em 2007 e 2012 foi distinguido como Doutor Honoris Causa, respetivamente pela Universidade Federal do Amazonas, em Manaus (Brasil) e pela Kasetsart University, Bangkok (Tailândia). Recentemente, o Comité Olímpico de Portugal (COP) agraciou-o com a Ordem Olímpica Nacional, a mais alta distinção daquele organismo,, em reconhecimento do “inestimável serviço prestado ao desporto nacional, ao movimento Olímpico e a Portugal”. Quanto ao futuro, a ausência das salas de aula promete ser compensada com o tempo dedicado à leitura e à escrita, ou então numa viagem ao Brasil, país ao qual mantém uma forte ligação afetiva. Pelo meio, Jorge Olímpio Bento promete continuar a assumir as funções e deveres inerentes ao seu estatuto académico e ao “exercício da cidadania ativa”. Naturalidade? Bragada, Bragança Idade? 70 anos. – De que mais gosta na Universidade do Porto? Da diversidade do seu objeto, expresso na existência de 14 Faculdades altamente prestigiadas. – De que menos gosta na Universidade do Porto? Do decréscimo do sentido de comunidade, resultante do reformismo neoliberal que entrou nela. – Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto? O cultivo da ética do cuidado da casa comum (bem-estar e relações entre docentes, funcionários não docentes e estudantes; preservação do seu património material e imaterial). – Como prefere passar os tempos livres? A ler e escrever. – Um livro preferido? São tantos os bons livros. Por exemplo, A Criação do Mundo, Miguel Torga, ou Levantado do Chão, de José Saramago – Um disco/músico preferido? Beethoven, na música clássica; Zeca Afonso, na música popular. – Um prato preferido? Todas as receitas de bacalhau confecionadas pela minha mulher ou filha.
– Um filme preferido? “Música no Coração” (algo de que tanto precisamos nesta conjuntura). – Uma viagem de sonho? Todas as viagens efetuadas ao Brasil. – Um objetivo de vida? Viver com decência / não morrer na cobardia, juntamente com a realização pessoal da minha neta. – Uma inspiração? Padre António Vieira. – Como vê o estado da Universidade? Vejo a Universidade, em todo o mundo, mergulhada numa profunda crise de autonomia e independência, de identidade e consciencialização da sua missão. Está em risco a sua função de casa da espiritualidade, da erudição, do espírito crítico, da intelectualidade, da liberdade e da sabedoria. Ou seja, a Universidade não está a cumprir o papel de intermediação entre as fontes do saber e os cidadãos. Ademais deixou de chamar a si a apologia e a proclamação das grandes causas da Civilização, da Humanidade e da Sociedade. O lugar destas foi ocupado por uma novilíngua, por interesses e modismos impostos por forças externas, por amos e suseranos sem credibilidade ética e moral. Acresce que o funcionamento da Universidade, a sua estrutura, o clima que nela reina, as relações que nela se cultivam, as condições laborais que ela promove não constituem uma referência inspiradora de outros setores nesta conjuntura tão carecida de renovação e revigoramento da cidadania e da democracia. Até quando vai a Comunidade Académica continuar conformada ao atentado à sua dignidade e à subtração de direitos, de que foi alvo a partir da promulgação do RJIES – Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior, nomeadamente ao roubo do direito democrático de eleger o Reitor? Isto, por si só, constitui uma enorme fonte de problemas, agravados ainda pela inaceitável sub-dotação orçamental, que impede a renovação do corpo de docentes e de funcionários não docentes, e obriga a Universidade a desdobrar-se numa multidão de tarefas. A entrega a estas não resolve a carência de recursos financeiros; porém, afasta-a do cumprimento da sua missão central. Não há regimes fundacionais que lhe valam; estes apenas servem para iludir os incautos! Enquanto a Comunidade Académica (docentes, funcionários não docentes e estudantes) não acordar do estado de anestesia, em que se encontra mergulhada, a Universidade verá agravadas as circunstâncias da sua existência. Ninguém de fora virá em seu socorro. Prolongar a espera é entregar-se nos braços da fatalidade e do pessimismo.
MEU MESTRE, JORGE BENTO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Finalmente, depois de anos de promessas, Jorge Olimpio Bento retorna à São Luis. Foi sua 6ª visita. Desta vez, a meu convinte – insistente -; acho que veio para se livrar das cobranças. Veio para se juntar à nós outros, da Academia Ludovicense de Letras, posto que recebeu seu diploma de membro correspondente... Conheci Jorge bento, pessoalmente, em 1992, quando do Mestrado em Minas Gerais. Já havia lido alguns de seus escritos, indicados pelo Laércio Elias Pereira. Adquiridos aqui mesmo, no Maranhão, pois os pedia através de uma livraria do pai do James Adler. Pois bem, estava eu em Belorizonte, quando houve o lançamento de um grupo de estudos sobre o Lazer, na Escola de Educação daquela universidade. Naturalmente que fui assistir à palestra magma, e lá estava esse português de Trás-os-Montes. Falou-nos sobre Gilberto Freire, trouze-nos um artigo escrito originalmente em inglês, numa palestra dada lá, do outro lado desse rio chamado Atlântico. Jorge falou de “ser português”, da alma lusa, surumbatica, em eterno luto, pois o Cristo que é venerado o da cruz, maltratado, abandonado pelo Pai, à morte. Daí, o eterno luto, das mulheres portuguesas a vestirem-se sempre de preto. A música, é o fado, um lamento... Já o brasileiro, é diferente. Portugues de origem, mas venera o outro Cristo, a criança, alegre, brincalhona, colorido, sonhador, com uma vida toda pela frente, dai vem o espirito juvenil e sempre alegre do brasileiro. Aquilo me marcou... Não conseguia mais deixar de pensar nessa imagem... A partir dai, acompanhei-o em todos os seus aparecimentos, escritos, palavras, navegando por todos os oceanos, sempre pregando a Ética e a Moral, em busca da Verdade. Em tempos de Internet, de facebook, fica mais fácil seguir-se-lhe os passos: diariamente tem algo a dizer. E vem do fundo d´alma... Diz o que pensa, no combate de gigantes imaginários... de lança em punho, a combater, a investir contra os moinhos – imaginários ou não -; só não sei se é um novo Quixote, ou um Sancho... é, está mais para Quixote... Combatente, dentro da Universidade, e agora fora dela – pela Lei, injusta, foi obrigado a se retirar... – da mediocridade que se instalou – e não só na ‘sua Universidade’, a do Porto, mas em todas as portuguesas, nas brasileiras, nas europeias, nas africanas, nas asiáticas, nas da Oceania... e deu a volta, circunnavegou o mundo, seguindo os ‘Lusíadas”... buscando onde ficou a alma lusitana, quem sabe? Seguindo os mpassos de Vieira, em sua missão evangelizadora... a busca da Verdade Verdadeira, do Conhecimento!!! A que a Universidade, na sua concepção, deixou de produzir, dissiminar, distribuir, virando um instrumento neoliberal, em favor da busca do uso, do preço, da vcnda, enfim, rendendo-se ao Mercado!!! Fala, esbraveja, discute, aos quatro ventos, a atual politica, seja a portuguesa, seja a brasileira; vestal da Corrupção, em todos os sentidos, corrupta em todas as formas, mãos, vias, subserviente a um novo deus, o Mercado!!! Basta ler seus livros, suas inserções diárias... sempre que algo o incomoda, lá está o seu pensamento posto... Aqui, neste espaço, pretendo colocar algumas de suas idéias, seus pensamentos, seus gritos, suas viagens... suas crônicas!!! Será mais um dos nossos cronistas, como os ai acima com suas sessões fixas. Jorge Bento é um de nós... Membro de nossa ALL... Bem vindo, Mestre... OS. Em minha revista “A Revista do Leo” – mantinha uma sessão, Lusofonia, onde publicava o Pensamento de Jorge Bento, e de outros portugueses, mais aquilo que saia sobre os Desportos, o Lazer e a Educação Física...
Nas ruas de São Luís do Maranhão ecoam as palavras do Padre António Vieira. Cortam como facas afiadas; e são hoje tão pertinentes como na altura (13 de junho de 1634) em que aqui pregou o Sermão de Santo António aos Peixes. Oiço-as nitidamente; nascem neste lugar e atingem todo o mundo. “(…) A primeira coisa que me desedifica, peixes, de vós, é que vos comeis uns aos outros. Grande escândalo é este, mas a circunstância o faz ainda maior. Não só vos comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário, era menos mal. Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande. (…) Olhai, peixes, lá do mar para a terra. Não, não: não é isso o que vos digo. Vós virais os olhos para os matos e para o sertão? Para cá, para cá: para a cidade é que haveis de olhar. Cuidais que só os Tapuias se comem uns aos outros? Muito maior açougue é o de cá, muito mais se comem os brancos. Vedes vós todo aquele bulir, vedes todo aquele andar, vedes aquele concorrer às praças e cruzar as ruas; vedes aquele subir e descer as calçadas, vedes aquele entrar e sair sem quietação nem sossego? Pois tudo aquilo é andarem buscando os homens como hão de comer e como se hão de comer.” NÃO ESQUECERÁS... Não esquecerás o sentido universalista dos portugueses, traçado pelo Padre António Vieira: "Para nascer pouca terra, para morrer toda a terra." Não esquecerás a alma lusitana, ínsita nas pedras e calçadas, nas ruas, becos, praças e casas de São Luís do Maranhão. Não esquecerás o convite à transcendência, inscrito em todos os símbolos da religiosidade. Não esquecerás a beleza da Cidade edificada e cuidada. E a feiura da cidade descurada. Não esquecerás que a omissão é uma ofensa à memória e uma traição à Humanidade.
AMANHECER EM SÃO LUÍS O sol inunda a cidade, fundindo a magia e o amor. A transpiração vem por conta da inspiração, do deslumbramento e da admiração. Um caso de paixão imorredoura. Esta foi realmente a Atenas e Coimbra do Brasil tropical, do Padre Vieira, de Goncalves Dias e de tantos outros imortais. A arquitetura e todas as artes de moldar o humano e de elevar este ao divino floresceram com um esplendor inimaginável e que não se deixa abater. Ao final da tarde chegará a brisa prenhe de melancolia e saudade; e do céu descerão estrelas fulgurantes. Aqui o espírito, a luz, a palavra e a nostalgia nunca se apagam. A pira olímpica está sempre acesa, em memória de Prometeu NOITE DE SONHO Cheguei a São Luís com a alegria da leveza e o alvoroço da incredulidade. A criança, viva em mim, tinha dificuldades em acreditar no que lhe estava reservado e aconteceu nesta noite de suave milagre. Amanhã vou partir com os olhos lacrimejantes de comoção, com o corpo atado ao leme da caravela da ilusão e com a alma ajoujada pelo peso da obrigação. Seguirei a minha viagem, cantando o fascínio e os segredos do Maranhão. Eis o juramento de gratidão, firmado perante a direção, o Prof. Leopoldo Vaz, meu padrinho, o Presidente António Noberto e todos os membros da Academia Ludovicense de Letras. Está escrito no rosto e na palma de cada mão SAUDADE DE SÃO LUÍS A cidade é uma saudade de pedra, um cais de embarque e despedida, que entra na alma e na carne da gente de maneira agridoce e sentida. Sinto saudade das formas, cores e fachadas, das portas, janelas e sacadas dos edifícios. Das igrejas, abertas a rezas e confissões. Das ruas estreitas e dos becos apertados, das ladeiras empinadas, das calçadas e escadarias de pedra gasta e escorregadia, que é preciso andar, descer e subir, para cumprir o dever de exercitar o corpo e a vida. Sinto saudade das fontes, que matam a sede de água e convívio. Da profusão e agitação dos mercados, das feições e atitudes, dos gestos e olhares das criaturas. Dos encontros breves que imprimem tatuagens perenes, de formosura e ternura. Sinto saudade dos teatros e oficinas, das casas e grémios, dos espaços e largos, onde a música e a palavra dançam e geram poesia com ou sem métrica e rima. Sinto saudade do calor dengoso do dia. Do pôr-do-sol para além da Baía de São Marcos, na direção de Alcântara. Do crepúsculo carregado de melancolia. Das luzes generosas do Palácio dos Leões e da fonte junto da Catedral de Nossa Senhora da Vitória. São Luís é uma escultura axiológica, edificada contra a escuridão e a fealdade. Por isso é Património da Humanidade. EM QUEM EU VOTO? Tenho matriz cristã; logo, voto contra o abismo social. Voto em favor dos que dizem ‘sim’ à vida que, diariamente, lhes diz ‘não’. A opção é fácil, embora preferisse que fosse difícil de tomar. Sim, gostava que todos os partidos tivessem como meta real, não fictícia e mentirosa, a edificação de uma sociedade decente e justa, axiologicamente exemplar. Jamais votarei em quem se opôs e combate o Serviço Nacional de Saúde, cortou e não hesitará em cortar salários e aposentadorias, vira as costas aos desempregados e à precariedade laboral, usa a linguagem da caridade e hipocrisia, e ignora o sofrimento alheio, rotula os idosos de ‘peste grisalha’, cria 'alegremente' a tenebrosa sociedade de vencedores e perdedores, advoga a justiça para os ricos e a injustiça para os pobres. Não odeio a riqueza. 'Odiar' é verbo irracional. Mas abjuro a acumulação do dinheiro à custa da exclusão, da
exploração e extorsão, da corrupção e indignidade. Devido a esta atitude, pintam-me com tintas pejorativas. Não sinto mossa alguma. O que fere e dói - e muito! - são a farsa e a situação que me obrigam a denunciálas REGRESSO A CASA Levo na bagagem o Brasil da água de coco, da Iracema dos lábios de mel, da linguagem adoçada de malícia, da música e da poesia, dos vates e repentistas populares, das festas juninas, do carnaval, das redes, das promessas e orações, das romarias e procissões, dos rostos e olhos de esmeralda e turmalina. O Brasil sem complexo de inferioridade da matriz lusitana, de ser descendente do pequeno Portugal. Não carrego o Brasil preso nos braços da teia norte-americana e da sua arrogância e gula imperial. Encontrei o Padre Vieira em São Luís do Maranhão; disse-me para não levar comigo o Brasil oficial desta hora e o falso futuro que ele apregoa: “Nem todos os futuros são para desejar, porque há muitos futuros para temer.” Mais vaticinou, para meu sossego, o clarividente hermeneuta e visionário: “As varas do poder, quando são muitas, elas mesmo se comem, como famintas sempre de maiores postos!”
Fui buscar nas revistas algumas de suas colocações: DA FINALIDADE DA FILOSOFIA Precisamos dela como de pão para a boca e de luz para a alma, perante o desamparo da nossa finitude. A filosofia é mais do que especulação, é eminentemente prática e ferramental: recusa dogmas e valoriza o saber, usando-o para indagar o sentido da vida e a compreensão do mundo, questionar as regras do jogo de vivermos juntos ou separados, em harmonia ou desarmonia, e buscar caminhos de salvação e felicidade. A filosofia é uma religião sem Deus. Leva ao Outro. Familiariza com princípios e valores, com as ideias da empatia, compaixão, solidariedade, amizade, bondade, fraternidade, Universalidade e Humanidade. Toma partido pelo fim que lhe é inerente: o progresso ético e estético da sociedade em geral e de cada indivíduo em particular. Ora o pensar ‘progressista’ não tem apenas uma fonte. ‘Filosofar’ é procurar, em várias nascentes, a água que alivia a sede da vida. Uma árdua obrigação de todos os dias. EXERCÍCIO DA EMPATIA: PARA O SENTIDO DA VIDA A vida não tem qualquer sentido imanente. Somos nós quem o deve inventar. E faltam-nos tantas ferramentas para essa invenção! Talvez o inventemos criando a arte do usufruto da existência. Mas… como? Fazendo vários exercícios. Um deles poderá ser a exercitação diária e obrigatória da empatia. Se sairmos do nosso reduto e nos abeirarmos dos outros, sobretudo dos desconhecidos, se falarmos com eles e escutarmos a sua voz mesmo cansada, desiludida e abafada, se lhes dirigirmos a atenção, o olhar e a palavra, ganharemos lugar e papel num coro polifónico. Canções e poemas de harmonia alegrarão a terra, para gáudio do céu. Não sendo este, não vislumbro qual seja o sentido da vida. Contentarmo-nos em ser espantalhos num mundo de confusão e pontas soltas?! O MEU LADO Nasci frágil. De fragilidade tem sido feita a minha vida. Até nas fases e situações de força e poder aparentes, a fragilidade estava lá incontida e ululante, mesmo que os outros não a vissem e ouvissem, por baixo da carapaça da superfície.
Por isso, para mim não foi difícil a escolha. Sem ter lido François de Chateaubriand (1768-1848), já se encontrava enraizada em mim a decisão irrevogável: “A ameaça do mais forte faz-me sempre passar para o lado do mais fraco.” Sinto-me obrigado a ficar assim até ao fim. Desde que o mundo é mundo, os fracos não ameaçam, antes geram e sustentam os fortes. São vítimas destes e, não raras vezes, de si próprios. Punições por plágio e fraude A Universidade de Coimbra, soube-se ontem, puniu 77 indivíduos, devido a práticas de plágio e fraude. Um dos visados foi castigado por ter associado o nome a trabalho alheio. Nenhum professor faz parte da lista dos punidos; todos são estudantes. Então não há docentes que colocam o nome em trabalhos para cuja elaboração o seu contributo é nulo ou insignificante? Pelos vistos, na Universidade de Coimbra não há. E nas outras universidades? A praga existe; alguns ficariam com o currículo reduzido a pó, cinza e nada, se ela fosse expurgada. Na academia há muita gente talentosa e laboriosa. Mas também há quem colha frutos na árvore da batota e ladinice. Os falsários assinam artigos que não têm uma linha e gota do seu labor e suor; nem sequer os leem Da sua lavra, é escassa a obra exibida; medram na planura da consciência apodrecida. Isto chama-se corrupção! Porque é que as autoridades académicas assobiam para o lado e não a enfrentam? Porque a casa e a corporação viriam a baixo, tal é a extensão da mancha e da indignidade ética.
O QUE SE APRENDE NO DESPORTO? Bem, ao desporto está associada uma enciclopédia de valores e virtudes. Não vejo mal nisso, mesmo que se trate de ideações propensas a iluminar o belo e a esconder o feio. Mas… o que aprendemos realmente? Muitas coisas positivas, que não sei formular de modo abrangente e clarividente. No mínimo, podemos aprender a perder e ganhar cada vez melhor, até chegar a ser brilhantemente. Isto para mim é bastante e constitui um guião para a educação. Professores e treinadores devem privilegiar esta aprendizagem. Ah, como o mundo seria ridente, se fosse tingido pela amabilidade luminescente entre quem ganha e perde! Todos seriam vencedores e não haveria perdedores.
PROMETEU CRUCIFICADO Quem chega à Universidade do Minho dá de caras com a assombrosa criação do Mestre José Rodrigues. A figura de Prometeu está ali diante dos nossos olhos, lembrando-nos o arrojo que ele cometeu e o castigo que lhe foi aplicado por Zeus. Muitos dos passantes pelo monumento não têm ciência de que o filho de Jápeto roubou aos deuses os atributos e dons divinos, para os entregar às criaturas desvalidas criadas pelo seu irmão Epimeteu e, assim, as tornar humanas. Ignoram que, devido a esse feito desmedido e generoso, foi acorrentado e posto à mercê de abutres que, todos os dias, lhe roíam as entranhas. Não sabem que só Hércules, o criador dos Jogos Olímpicos, logrou soltá-lo das amarras. Também não sabem que os pensadores da Modernidade se inspiraram no Titã para estabelecer o alvo da educação e formação: desacorrentar os pés, as mãos, o coração, a razão, o espírito, o entendimento, o ânimo e a vontade dos indivíduos para que estes ascendam a Seres Humanos de verdade. O fogo prometeico é indispensável a todas as áreas da atividade humana. Porém parece hoje em vias de se
extinguir. Não é mais Prometeu quem pontifica na universidade. Está nela crucificado pelos cabos-de-ordem do senso comum e conformismo, a mando dos inimigos do pensamento crítico e divergente. Os seus seguidores são poucos e sofrem o mesmo destino. Quanta falta faz um Hércules como o de outrora! Mas já não há heróis daquele teor; a imaginação encontra-se domesticada, a boca amordaçada e a coragem algemada. Um dia, a luz do mito renascerá, fulgurante.
FOME DE LUZ Dezembro tem dias curtos, chuvosos, cinzentos e frios. Pelo menos na Europa é assim. Talvez por isso, ele incita a convocar a Luz, que tanta falta faz à Humanidade. Alegramos as nossas casas, as avenidas, praças e ruas das cidades, os estabelecimentos comerciais e outros locais com iluminações, que extasiam os olhos, aquecem o coração e revelam à alma e à vontade os caminhos da ideação. A sensibilidade desperta para dramas e necessidades que, no resto do ano, passam à margem da atenção. Comovemo-nos e imaginamos Jesus a operar milagres. O filho de Deus e do melhor do Homem anda por aí, incarnado nas pessoas fraternas e generosas. Se invocássemos o Seu nome com mais força e convicção, quem sabe se Ele, em carne e osso, não viria e pousaria em nós a milagrosa mão?!
PERPLEXIDADE... Tudo está devidamente documentado. Contra isso esbarra a tentativa de adulteração ou branqueamento dos factos. Foram oito anos de defesa cerrada e constante, de 2006 a 2014. O ataque às Faculdades de médio e pequeno porte não dava tréguas, nem consentia desatenções. A equipa reitoral queria pôr fim à sua autonomia, fundilas em agrupamentos tutelados pelas Escolas grandes. Se tivéssemos perdido a luta, as Faculdades em causa não teriam nesta altura órgãos de direção próprios, nem celebrariam o seu dia e identidade. No entanto, os que ontem atentaram contra elas, por ação e omissão, têm hoje palco, púlpito e vénias em sessões solenes. Queixume? De modo algum! Apenas perplexidade, mesmo sabendo que a memória de muita gente não vai além da missa de sétimo dia. Mas a verdade não prescreve. É em nome dela que escrevo e falo, ciente da obrigação de não lhe virar as costas.
DA COR DA ROUPA: AZUL OU ROSA? O regime chinês, na era de Mao Tsé-Tung (1893-1976), determinava o figurino do traje a usar pelos cidadãos da China. Nunca chegou ao ponto de impor a cor das roupas de meninos e meninas, de homens e mulheres.
Fosse como fosse, isso foi há muito tempo; faz parte do passado e não se verifica hoje na República Popular da China ou, assim o creio, nalgum país da região. Mas parece haver, no Ocidente, quem queira reeditar aquela imposição em versão mais completa, estipulando a cor do vestuário de cada sexo ou género. Falta saber se a norma abrangerá as peças interiores, por exemplo, a cueca e a calcinha. Eu, heterossexual, macho e portista, aprecio todas as cores, gosto de me ver com camiseta cor-de-rosa e calção da mesma cor ou vermelha; quanto a cueca, tanto me faz, o saco não tem olhos. E esta, hein?!
DA FUNÇÃO DAS PALAVRAS As palavras não são ingénuas, não se dizem e circulam à toa. Cumprem uma função de suma importância: comandam o pensamento e a feitura da realidade. Prestem, pois, atenção às que andam nas várias bocas do poder! Umas difundem e inoculam, de modo subreptício, propostas ideológicas retrógradas, sobretudo quando dizem ser contrárias a ideologias. Outras perfazem o alfabeto do mainstream neoliberal em inglês (o novo exército de colonização do português): accountability, competitivity, cluster, coaching, flexibility, governance, management, ranking, startup, sucess, etc. As palavras da novilíngua em curso são muito lindas e encantadoras, não são?! Mas têm consequências: o mundo que concebem é feio; nele somente há lugar ao sol para alguns. Então desconfiem delas, não as pronunciem, nem amplifiquem, por favor!
ACADEMIA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FÍSICA “O acaso é a lei de Deus na ordem do mundo”, definiu Camilo Castelo Branco (1825-1890). A definição de Albert Einstein (1879-1955) é parelha: “O acaso é o atalho que Deus toma para se manter no anonimato.” Creio que o acaso determinou os meus caminhos e me trouxe a este momento de júbilo. Ontem à noite, na sessão solene de abertura do 34º Congresso Mundial da FIEP, em Foz do Iguaçu, fui empossado, juntamente com o amigo João Batista Tojal, como membro efetivo da Academia Brasileira de Educação Física, criada no dia 11.01.2019. Muito haveria para contar e, sobretudo, para tecer louvores a Deus e a tantas pessoas que me fizeram bem ao longo da vida. Muito espaço e tempo precisaria para agradecer condignamente ao Brasil, à FIEP e ao seu Presidente, ao sistema CONFEF/CREFs e a todos vós que morais no meu coração. Quero tão-somente dar a conhecer o facto e agradecer também à família, aos antigos estudantes, aos colegas de verdade e aos amigos, à minha Universidade e Faculdade, porquanto são sujeitos maiores desta história e hora radiosa. Bem hajam em todo o tempo e lugar!
TREINAMENTO A poesia vê com olhos apurados; em poucas palavras, condensa e ensina muito. Inspiro-me num poema de Luiza Cantanhede, para elaborar esta formulação. A minha mãe sofreu para me pôr no mundo. Nasci em tempos de míngua. Experimentei a chuva e o frio. Andei caminhos de neve e geada. Subi encostas íngremes e escutei o uivar dos lobos e do vento. Senti medo da noite, de fantasmas e dos mortos, do homem do surrão e do bicho-papão. Convivi com o calor e o suor. Aprendi a ler, escrever e usar o lápis e a pena na escola primária, e a manobrar o sacho e a enxada no amanho da terra. Às costas transportei feixes de lenha para acender a lareira e o forno onde se cozia o pão. Todos os dias foram de treinamento; e continuo a treinar. Sei donde venho e o lado onde estou. Não roubei medalhas; devo-as todas à bondade de Outros e a mérito próprio. Como disse Santa Teresa de Ávila, humildade é a verdade. Por isso tenho palavras que são machados e lâminas.
Da magia do Natal Creio que não valorizamos devidamente a magia do Natal. Ele prova que as utopias mais belas são realizáveis. Durante alguns dias, à nossa volta configura-se um conto de fadas. No ar há um espírito de suavidade, cultiva-se a convivialidade, a docilidade, a ternura, a bondade, a atenção recíproca, a familiaridade, a proximidade, a afabilidade, o carinho, o amor. E também há o corropio das compras, a generosidade dos presentes, a abundância e o desvelo das comidas e iguarias. Tudo isto faz bem ao Universo, à Humanidade e ao Mundo, espalha energias positivas, luminosas, aconchegantes.
Infelizmente, o Natal ainda não chega a muitos locais e lares. Se chegasse a todo o lado de modo suficiente, um clarão de estupefação, de canto e sorriso inundaria a Terra inteira. Ninguém perderia nada; todos ganharíamos imenso: a felicidade marcaria os nossos caminhos e olhares com a tinta da esperança e confiança no outro.
Não é preciso muito para isto. Basta querer e não se omitir perante o atropelo deste valor sagrado e universal.
POESIAS &
POETAS
ROBERTO FRANKLIN Teu corpo Com meus poemas poderia Retratar teu corpo, Com tudo que o faz belo. Componho canções que exprime Tudo que sinto, tudo que desejo, tudo que sonho. Com as mãos até poderia esculpir tuas curvas Mas, se fosse um pintor jamais a retrataria Com a perfeição dos meus versos, Tua imagem que tanto quero e desejo.
Um poema pequeno Com palavras grandes Enorme como tua vida Como tua esperança De viver em teu Leito de morte.
AYMORÉ ALVIM O JURAMENTO. Caso um dia me perguntem, Eu juro. Nada direi. E, assim, eu calarei Tudo o que tu me contares. Não revelarei jamais Sequer um dos teus segredos. Isso tudo para mim É compromisso sagrado. Ao entrar em tua casa Afirmo-te: nada eu verei. Se me confias teus males Paciente, escutarei. E comigo hei de guardar Por juramento de honra, Nem que custe a minha vida Mesmo assim eu o farei. Se, então, não acreditas, Os deuses hei de invocar. Por Apolo e Esculápio Panacea, hei de jurar; Ate mesmo a deusa Higeia Se necessário chamar. Porém nunca esquecerei Do Juramento que fiz. E se necessário for, Novamente, hei de jurar. Eu não favorecerei O crime de jeito algum. Prejuízos não darei A paciente nenhum. E jamais hei de aceitar Qualquer morte para alívio, E tampouco os abortivos Que vidas venham ceifar. Estes são os compromissos Que com meu Deus assumi
Com dignidade e honra A sociedade servir, Para que a minha vida Ganhe a glória merecida E a desfrute entre os homens. Mas se deles me afastar O contrário a mim virá Infligindo-me a desonra.
DILEMA. Aymoré Alvim, ALL, APLAC, AMM. Já não gosto de hospitais Posto que médico. Tampouco de emergência, Desconforta. Mortes, gemidos, dor, indiferença, São tantas coisas que ninguém suporta. Sou médico da vida, Não da morte. Lamento o desespero dessa gente. Se todos são iguais perante a lei, Por que a lei não chega ao mais carente? Não é fácil ser feliz todo momento Nem mesmo desfrutar saúde plena. Os episódios de descasos se sucedem Criando para o povo este dilema. E o Sistema por tantos decantado, De equidade participativa? Onde é que está a integralidade No atendimento universal que pretendia? Se é tão bom, por que uns lá não vão, Preferindo mais conforto e mordomia? Pode ate ter bela filosofia, Não o nego. Pode ate ser um programa excelente, Como dizem. Se funcionar tudo quanto nele consta, Será ate um espelho a muita gente. Mas do jeito que está, tem paciência. Não haverá nenhum médico que aguente. .
Assumir, mesmo, quem quer tanto descaso, Que a imprensa traz à baila todo dia? É parto de mulheres, nas calçadas, É a falência do Sistema, em agonia. Mas a desculpa é sempre a falta de dinheiro. Que não chega ao agente que devia. Pois para mim o problema é de gestão E todo o resto é pura fantasia.
QUANTA PRETENSÃO! Aymoré Alvim, AMM, APLAC, ALL. Essa gentinha! Gentinha? Sim, gentinha. Ate quando essa gentinha na verdade, Acha pode perturbar nosso sossego, Enchendo-nos de raiva e muito medo, E o bem estar da nossa sociedade? Quanta pretensão, meu Deus, Ainda existe, Por que tanto preconceito Inda persiste Entre Teus filhos Que iguais criaste. É a idolatria ao dinheiro, E a soberba da hipocrisia, É a opção por essa vida fútil, Numa luta desigual, do dia a dia. Por que? Para que? Tudo é muito triste. Quando daqui partires, Nada levarás contigo. E como todos os que desprezaste Reverterás ao pó donde saíste. Só não voltarás nu Como chegaste Pela misericórdia daqueles Que aqui deixaste. Quem é maior, Senhor, Diante de Ti? Quais dos Teus filhos Abraçarás primeiro? Com certeza, Serão os derradeiros Que disputaram migalhas com os cães.
ANTONIO AÍLTON
4 POEMAS DE MARIO LUNA FILHO Publicado em dezembro 7, 2019 por Carvalho Junior
https://www.facebook.com/mario.lunafilho Mario Luna Filho |São Luís, 27.07.1950|. Poeta, contista e ensaísta brasileiro. Membro da Academia Ludovicense de Letras (ALL). É, ainda, médico, cirurgião-pediatra e membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – Regional do Maranhão – SOBRAMES/MA. Vencedor de vários concursos em território nacional. É o autor de Do sapato ao pé descalço (poesia), um pingo para o seu devido i (Ensaio Literário), Chão Azul (Conto) e Do Granito ao Infinito (Poesia).
Cântico Meu verso entrará na fila/ para comprar o pão de cada dia. Lago Burnett
Meu verso traz nos braços o pranto de meu povo e a lágrima da rua. Meu verso é órfão e preenche a boca desdentada do luético que prescruta a manhã que nunca será sua. Meu verso anda descalço como o meu povo e é marquise para a alma sem teto. Meu canto é o meu povo. Meu canto
se torna olho de esperança dessa gente que se veste de futuro.
Noturno O silêncio preenche o vazio de meu adeus. Meu peito debruça sobre a noite que fabriquei em meu próprio mundo. Minha noite desconhece a disputa pelo mínimo, o sobrado de corpos minguando frio, o colorido fabricado da vitrine sideral. Minha noite não mostra o rosto cansado do poeta sem bandeira, não tem a marca registrada do consumo universal. Minha noite não tem cancelas. Em minha noite os homens não julgam e a esmola não é necessária. Minha noite é apenas vida.
Ponto |Fragmentos de mim mesmo, para cântico em duas vozes, ofertados a Suely Martins de Matos|
E do monte desci apenas pé. Dos lagos emergi acéfalo. Te encontrei buscando verdades no olho da rua. Então te fiz meu lado.
Canto hidráulico |O último pingo adquiriu a cor das ideias dos homens|
A gota cai paralela à meta dos homens. O rio cada vez mais se torna grávido de náufragos. Cada vez mais em hidráulico as fases se multiplicam em êxodo de cibernético. O rosto anêmico do rio se mimetiza com a face do mundo. A voz de tango do rio esconde o grito sem nau. No lodo há o laboratório das consciências.
4 POEMAS DE ROGÉRIO ROCHA CARVALHO JUNIOR
|rogeriohenriquerocha.blogspot.com.br| Rogério Rocha |São Luís/MA|. Professor de filosofia, palestrante, técnico judiciário, ex-assessor jurídico e escritor brasileiro. Membro fundador dos projetos de divulgação de filosofia e literatura Iniciativa Eidos e Duo Litera. É licenciado em Filosofia e bacharel em Direito; especialista em Direito Constitucional e em Filosofia; mestre em Criminologia pela Universidade Fernando Pessoa (Porto/Portugal). Possui participações em antologias e prepara a publicação do livro de estreia Pedra dos Olhos (2019).
Cavalgando estradas Como um raio, vai ao longe, cavalgando estradas. Com o sol a pino e forte, mil imagens sobressaem na retina. não há tempo de temer a sedução dos precipícios, a sedição dos sacrifícios, a confusão das madrugadas. Como um estrondo de tambores, o rugir de um leão fugitivo, sua alma, seus rumores, suas marcas pelo chão deixam rastros da corrida. Corres assim, como quem corre com o espírito dos libertos, a intrepidez dos bravos e o desapego dos pródigos. Mas espera! Não te esqueças! Há sangue nos caminhos, há tormentas no trajeto,
há sangue, som, cheiro de gasolina. Não te exaltes! Não ignores os sinais dos perdidos, os covis das serpentes, as igrejas sem fiéis, os sedentos de esperança, os famintos de poder. REPORT THIS AD REPORT THIS AD Mostra-me o covil dos lobos; leva-me até o sítio onde os anjos dormem. Ajuda-me a entender os signos férteis, suas tablaturas oníricas. Ensina-me a oração dos vivos; conta-me tua maior destreza.
Símbolo A vida dentro da vida guardada n’alma, sorvida na aurora da nossa calma. O símbolo dentro do símbolo. A guarda do sagrado, O império dos segredos, Instado a dizer-nos No não dito, no não visto, No sim, no não, no íntimo. Somos sonho, somos signo, Somos tempo, somos símbolo. O vermelho do sangue Na pele brotado, A ferida nefasta Nascida de um parto, De um grito, de um fato. Um sinal dos sentidos. Um som inaudível, a princípio e no princípio, ruídos ao fundo. A voz da memória, o passado em jogo, O sinal do princípio, o crepitar do fogo. No mais antigo do antigo a figura perene, A dizer, no sempre, o que queremos. A esfinge nos atinge: Kerub. O mistério de ser gente, De ser corpo, de ser homem. O olhar que nos fala, O corpo que nos fala,
O silêncio que nos fala, A paixão que nos consome. A gramática do ser Abundante, a mostrar, Apontar, consignar, Uma physis constante. Somos sonho, somos signo, Somos tempo e somos símbolo. Ainda assim, nos importa Saber ler nos símbolos A linguagem dos túmulos, A voz dos narradores, A letra dos pergaminhos, O som dos arredores. Fragmentos de um tempo Adormecido.
Senhora da hora A senhora da hora, A senhora da vida, A senhora das glórias e das despedidas. As Sete Bicas, às sete horas, as horas vivas as horas horas. Caminhas comigo: eu sol, eu solto, eu passo e eu (nesse lugar). O laço é estreito é sensível é amigo é de atar. Que lindas horas de vento e fulgor da quente tarde serena. A senhora da hora, A senhora da vida, A senhora das glórias e das despedidas. As Sete Bicas, às sete horas, as horas vivas e as horas horas. Caminho consigo: tu leve, tu levas, tu graça e tu (aqui estás).
O afeto é abrigo é afago é alívio é de curar. Que doces horas de partilha e frescor da tarde amena a luzir. Ó senhora da hora! Ó senhora da vida! A senhora das glórias e das despedidas.
A Golpes de Martelo Meu martelo constrói a incompletude. Meu martelo trabalha com afinco, Destrói o mundo com seu golpe rude. Meu martelo cria e urde, desafia e Emudece as formas que surgem, Mas habita na fala das pedras Desamparadas do ente mais duro. Meu martelo titânico destrói e devassa, Burila e avassala rochas densas, De natureza inconcussa e magmática. Bate sobre o solo com firmeza instrumental. Absorve-se no absurdo que é bater no infinito, Despejar no monolito a frieza do seu grito magistral. O arquiteto noviço, o artífice decrépito, o reles escultor, Coletam lascas, coletam nesgas, rastejam na praça Em busca dos restos do objeto perfeito que esculpo. Um ruído surdo invade os orbes celestes, devora o mundo, prefere os ataques lascivos, os dedos massivos do pai dos tormentos. Meu martelo espanca o ilusório; Meu martelo trabalha com fúria, detona todo vulto civilizatório. Meu martelo desarma, num gesto, A solene ambição dos que regem O processo nefasto do estar à mão. Meu martelo profético desfaz e arrasa, Com golpes potentes, enormes pancadas, As torres maciças que o templo resguarda.
4 SONETOS DE VIRIATO GASPAR
Viriato Gaspar |São Luís/MA|. Poeta e jornalista brasileiro, radicado em Brasília-DF desde agosto de 1978. Funcionário de carreira do Superior Tribunal de Justiça. Possui participações em relevantes antologias poéticas nacionais. Vencedor de muitos prêmios literários com uma bibliografia do mais alto nível. Ao lado de outros poetas como Luís Augusto Cassas, Chagas Val e Raimundo Fontenele, fundou e integrou o Antroponáutica, movimento literário do Maranhão de grande destaque na década de 70. É o autor de Manhã Portátil (1984), Onipresença (versão incompleta, 1986), A Lâmina do Grito (1988), e Sáfara Safra (1996) entre vários outros títulos inéditos, entre estes o livro de sonetos Lapidação da Noite.
PELAS SOMBRAS QUE ASSOMBRAM NOSSOS MEDOS |ao poeta Carvalho Junior| Os que tivemos sorte resistimos. Vamos crestando os chapadões do mundo. Tentando erguer as flores que não rimos e remendar os rasgos no mais fundo. Quem há de se trancar, se a dor não para, entre fezes e sangue, mijo, botas? Cadeira do dragão ou pau de arara? A mulata assanhada ou a maricota? Em nós há todo um batalhão de gritos. Vladimir, Rubem, Stuart, Frei Tito, seguem conosco os que tombaram atrás. Há quem clame um Brilhante que deslUstra, ou grite por Fleury, que hay quien le gusta. Os mortos que sangramos não têm paz.
O CARRO-CÉU |a Mário Luna Filho| Deem-me um gole de luz, que a tarde escarra seu vazio feroz nos meus joelhos. Um vento frio emplasta os meus cabelos de um cheiro opaco de silêncio e sarro.
Deem-me um naco de paz, que a tarde empaca e o mundo agora é um caminhão de medos. Não há como acender, na luz já fraca, o gosto azul da vida e seus temperos. Deem-me um caco de sol, que a tarde é pouca e o grito que se engasga em minha boca não basta ao cais falaz do que preciso. Só quero um vão azul, com um céu ao fundo, para hastear, no chão feroz do mundo, por um segundo, o voo de um sorriso.
DESSORAÇÃO DAS SOMBRAS |para Nauro Machado, em memória| E quando a noite então vier trincar, uma por uma, as dobras do silêncio, há que inventar um céu mais fundo e pênsil, um carrossel de estrelas por nadar. E quando, já depois, a noite enfim vier ranger angústias desbotadas, rasgar uma canção na madrugada para acender a aurora em seu carmim. Talvez jorre um luar que te adormeça e um pássaro que encharque tua cabeça de claros de quintais, crianças rindo. Soltar das mãos os pesos carrancudos. Deixar que venha o mar, que alague tudo num gozo infindo de mulher se abrindo.
A CICATRIZ POR DENTRO |ao Padre João Mohana, in memoriam| Fosse apenas pra mim aquele antigo fervor de pecador, temor difuso. Necessidade de inventar um abrigo que se esfumou no tempo, pelo uso. Ou mesmo fosse ainda o inconsistente pavor do Absoluto, os desconexos sensos de culpas vãs, do adolescente, que se guerreia em alma contra sexo. Mais que palavras, debulhar silêncios. Mais que silêncios, percorrer por dentro tudo o que punge, dói, lacera e arde. Nem sarça ardente ou mastro de fumaça. Vontade de ancorar que o mar não passa. Tumor de luz que arquejo em minha carne.