REVISTA DO LEO REVISTA ELETRONICA EDITADA POR
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536
SÃO LUIS – MARANHÃO NUMERO 1 – OUTUBRO DE 2017
A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.
EXPEDIENTE REVISTA DO LEO Revista eletrônica EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física, Especialista em Metodologia do Ensino, Especialista em Lazer e Recreação, Mestre em Ciência da Informação. Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado; Titular da UEMA (1977/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e de Pesquisa e Extensão); Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 14 livros publicados, e mais de 250 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Recebeu: Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luis (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM; Premio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Premio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; ALL em Revista, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras, vol 1, a vol 4, 12 16 edições. Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.
EDITORIAL Apresento a “REVISTA DO LÉO”, eletrônica, que será disponibilizada, inicialmente, em periodicidade mensal, através da plataforma ISSUU - https://issuu.com/home/publisher. Nos últimos anos venho me dedicando a publicações de revistas neste formato, sendo a primeira a de educação tecnológica, “Revista Nova Atenas”, do Departamento de Biologia e Educação Física da então Escola Técnica Federal do Maranhão, hoje Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – IFMA -, com duração de 10 (dez) números, periodicidade semestral. A seguir, respondi pela edição da “Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão”, dos números 29 a 43, em sua versão eletrônica; no IHGM publiquei os “Perfis Acadêmicos”, em dois volumes, sendo Patronos, fundadores e ocupantes”, e o segundo “Ocupantes”, atualizados até a gestão da profa. Telma Reinaldo; e dois volumes da “Coletânea dos Seminários São Luis 400 anos”, além dos livros do Projeto “Gonçalves Dias”, em quatro volumes, sendo os três primeiros, também em versão eletrônica, disponibilizado via Internet – ISSUU – e em CD. Ainda, o livro sobre Capoeira: “Cronica da Capoeiragem”, em duas edições. A seguir, com a fundação da Academia Ludovicense de Letras, fiquei responsável pela edição eletrônica da revista oficiosa, ALL EM REVISTA, também disponibilizadas seus quatro volumes, 16 números, através da plataforma ISSUU. A partir da revista do IHGM, foram mais de 1.100.000 (hum milhão e cem mil) acessos ao que foi disponibilizado... E recentemente, disponibilizei o livro de memórias “40 anos depois”, referente à história de vida minha, e de meus colegas da turma de educação física, 1975, ainda em construção... Agora, apresente a “minha” revista, haja vista que, desde a primeira, as pessoas se referem à ‘revista do Léo’. Esta a oportunidade, para não perder o pique. Será uma revista dedicada à duas áreas, de meu interesse, que se configuraram na escolha de minha profissão – a educação física, os esportes e o lazer, e na minha área de concentração de estudos, atual, de resgate da memória; em função do ingresso na ALL, comecei a escrever/pesquisar sobre literatura, em especial a ludovicense, quando editor responsável por sua revista oficiosa. Daí, manter essas duas áreas, na atual publicação. Pretendo resgatar minhas publicações, disponibilizadas através do “Blog do Leopoldo Vaz”, que por cerca de 10 anos esteve na plataforma do G1/Mirante, recentemente retirado do ar, quando da reestruturação daquela mídia de comunicação; perdeu-se o registro, haja vista que o arquivo foi indisponibilizado. Quase a totalidade do que ali foi publicado apareceu, também, nas Comunidades do CEV – Centro Esportivo Virtual, http://cev.org.br/ - Educação Física no Maranhão, História, Atletismo, Capoeira, as quais sou administrador, e agora, no Facebook, https://www.facebook.com/groups/cevefma/. Ainda, como editor e organizador do “Atlas do Esporte no Maranhão”, permanentemente atualizado, colocarei seus capítulos, no atual estado-de-arte, e sempre que houver algum fato novo, a sua atualização. No campo da Literatura ludovicense/maranhense, permanece aberta às contribuições, em especial, a construção da “Antologia Ludovicense”, a qual estou me dedicando, já com oito volumes sendo trabalhados. Como é de conhecimento, meus livros também estarão disponibilizados, ‘Querido Professor Dimas”, publicado pela Editora Viva Água, e os inéditos: “Cláudio Vaz, o Alemão, e o legado da geração de 53”, ainda inédito, e os livros de memória, os quais estou trabalhando, como o “História do/de Paraibano”, e “A Faculdade de Direito do Maranhão no seu centenário: da fundação à formatura da primeira turma”, aguardando publicação, pois salário de professor, não dá para bancar... Esta, a proposta... Está totalmente aberta às contribuições... LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EDITOR
SUMÁRIO EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO MEMÓRIA DA EDUCAÇ]AO FÍSICA, ESPORTES E LAZER A CULTURA DO LÚDICO E DO MOVIMENTO DOS RAMKOKAMEKRA DE ESCALVADO CONTRIBUIÇÕES À HISTÓRIA DO ATLETISMO NO MARANHÃO A CORRIDA ENTRE OS ÍNDIOS CANELAS ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO ASSOCIAÇÕES E MOVIMENTOS DE ABRANGÊNCIA ESTADUAL ACLEM – ASSOCIAÇÃO DOS CRONISTAS ESPORTIVOS DO MARANHÃO ASSOCIAÇÕES E MOVIMENTOS DE ABRANGÊNCIA ESTADUAL ASSOCIAÇÃO MARANHENSE DE ESPORTES AMADORES - AMEA FEDERAÇÃO MARANHENSE DE DESPORTOS – FMD ATLETISMO ARTIGOS, CRÔNICAS, DISCUSSÕES, OPINIÕES LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ JIU-JITSU, JUJUTSU, OU JUDÔ: O QUE SE PRATICAVA EM SÃO LUIS? JOSÉ DE OLIVEIRA RAMOS CUIDAR DA “BASE”? – É MENTIRA RAPÁ! LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ SAPO X ZULO: DEU ZULU NA(S) ACADEMIA(S) – LITERATURA LUDOVICENSE/MARANHENSE REVISTA POÉTICA BRASILEIRA - Uma publicação do jornalista e editor-sênior Mhario Lincoln / https://www.revistapoeticabrasileira.com.br/ / Reportagens Especiais: A VERDADE SOBRE A FOTO DE MARIA FIRMINA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ “RETRATO FALADO” DE MARIA FIRMINA DOS REIS ANTONIO NOBERTO O REI PROTESTANTE HENRIQUE IV E A FUNDAÇÃO DE SÃO LUÍS: Uma homenagem aos 500 anos da Reforma protestante, RAIMUNDO FONTENELE O POETA ANTONIO AÍLTON DIZ A QUE VEIO A GERAÇÃO 90 FERNANDO BRAGA POESIA DE ONTEM
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MEMÓRIA DA EDUCAÇ]AO FÍSICA, ESPORTES E LAZER Artigos, crônicas, publicadas nas diversas mídias – jornais, revistas dedicadas, blogs – pelo Editor, resgatadas... Serão replicadas na ordem em que escritas e divulgadas.
A CULTURA DO LÚDICO E DO MOVIMENTO DOS RAMKOKAMEKRA DE ESCALVADO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Sócio efetivo do Instituo Histórico e Geográfico do Maranhão A comunidade científica da área da Educação Física e dos Esportes tem vivido, nos últimos anos, uma crise paradigmática. A episteme tem sido motivo de reflexão na tentativa de estabelecer um referencial teórico que torne a "prática" mais "científica" e a conseqüente aceitação da Educação Física como Ciência. Tendo acumulado uma postura voltada para o esporte, fez deste um fim em si mesmo - e seu objetivo principal - esquecendo-se que o substantivo - educação - é mais importante que o adjetivo - física. Parecenos que a educação física precisa descobrir que pertence à cultura do homem. Alguns pensadores - como Manuel Sérgio VIERA E CUNHA, SANTIN, MEDINA, FREIRE, CASTELLANI FILHO -, dentre outros, têm-se voltado para o aspecto histórico-cultural - têm "filosofado" sobre a questão do esporte, do jogo, enfim, da importância que o lúdico assume na prática da educação física. Não é fato novo, nem tende a se esgotar. O "corpo" começa a ser descoberto na sala de aula do professor de educação física. A educação só é possível se for de "corpo inteiro". É o que demonstra a recente produção acadêmica, voltada para os aspectos filosóficos, na busca de um referencial para a prática da sala de aula, procurando deixar de lado a concepção de "adestramento" que nossa profissão assumiu - por influência da missão militar francesa, introdutora da educação física no Brasil nas décadas de 30/40. Ainda hoje "pensamos" sobre um modelo "importado" enquanto estudiosos de outros países vêm buscar junto aos nossos índios respostas à questões básicas. É o que vêm fazendo DIECKERT e MEHRINGER junto aos Rankokamekra do Escalvado. Estes pesquisadores alemães - o primeiro, professor de educação física especialista em lazer, o segundo, etnólogo procuram esclarecer questões antropológicas e esportivas sobre a origem e o sentido da cultura corporal, do movimento e lúdica e as suas respectivas formas de expressão e etnológicas no contexto intra e intercultural. Buscando atingir aos objetivos que se propuseram, necessário se fez entrar em um acordo sobre os procedimentos metodológicos e a uma concepção integrativa das duas disciplinas científicas - Ciência do Esporte e Etnologia - que se unem em torno da posição básica da ciência humana. Procuram, através de registro de dados, captar e interpretar fenômenos do "ponto de vista interno" onde buscam desenvolver uma concepção da compreensão integrativa comum (procedimentos quantitativos). Usaram, para a coleta dos procedimentos qualitativos, a observação com protocolo de movimentos; observação participativa; registro audio-visual, escrito de mitos / histórias / textos de cantigas; entrevistas (abertas, diretivas, comparativas) e protocolos das conversações, confecção de desenhos/pinturas como também a coleção de material cultural correspondente. Esses dados possibilitaram uma introdução na "perspectiva interna do fenômeno corporal e do movimento", além de comporem um documento histórico, que, comparados com outras fontes de épocas diferentes, forneceram esclarecimentos sobre a dinâmica cultural, principalmenete no que diz respeito à cultura do movimento dos índios Canelas. Encontram como exemplo da cultura do movimento desses índios - os Rankokamekra de Escalvado, como se denominam - a corrida de toras, realizada tanto por homens como por mulheres. Para se entender toda essa dinâmica cultural, necessário se faz compreender o modo de vida dos Canelas: seu espaço vital - meio ambiente natural e a aldeia; sua história; seu sistema cultural - religião, organização cultural, economia. A corrida de toras - e as corridas de revezamentos - , no contexto ritual, não aparece apenas nos Canelas, mas é uma característica de outras tribos. Na aldeia do Escalvado, Dieckert e Mehringer observaram cerca de 50 corridas durante três meses de expedição, sendo três de mulheres. Foram observadas três distâncias: corridas longas - 20 a 40 km; corridas médias - 4 a 5 km; e corridas na aldeia - 850 m. Tipo, forma, função, significado, etc., das corridas de tora só se tornam compreensíveis através do conhecimento e análise das regras. Elas constituem-se o caráter das corridas.
A "competição" entre dois grupos masculinos duais opostos, que se formam a cada início de ciclo festivo, durante o período de seca, pertence à regra central. Durante a festa de "Pepkahac" eram o grupo "Hac" (Falcões), com 24 homens entre aproximadamente 18 e 50 anos de idade e o grupo "Cojgaju" (Patos), com 27 corredores. O objetivo da competição é transportar a tora, fazendo trocas entre os corredorescarregadores o mais rápido possível, entre a partida e a chegada, onde ela deve ser jogada. O objetivo da corrida é: VENCER. A tática da corrida é estabelecida entre os corredores de um mesmo grupo, para não se perder tempo durante o transporte, ou na troca de ombros, ou para se evitar que a tora seja derrubada, ou que um corredor caia por cansaço. Tudo determinado pelos líderes e sub-líderes, escolhidos pelo "Conselho dos Mais Velhos". Embora o objetivo seja vencer o grupo adversário, um dos corredores do grupo "Hac" informou aos pesquisadores que ele sempre procura não correr muito mais rápido do que o adversário. Isso poderia causar inveja e, também, haveria o perigo de um "feiticeiro" o castigar. Para a realização da corrida de toras há todo um ritual a ser seguido, onde os corredores-carregadores, nem todos os homens ou jovens da aldeia, passam por um período de jejum e provas, por fortificação através de plantas, pintura corporal e a determinação, por parte do "Conselho dos Velhos" de como, quando e porque será realizada a corrida, tudo de acordo com a "Lei dos Bisavós". O peso das toras situa-se entre os 70 e 120 kg. As corridas de toras são apenas uma competição de corridas dos índios Canelas. Também foram observadas corridas de revezamento e competição de corridas sem toras ou bastão de revezamento. Durante os diferentes ciclos festivos acontecem outras formas de corridas rituais: "As corridas de toras são, sem dúvidas, a forma de expressão mais marcante da cultura do movimento. Já a apresentação reduzida das formas e regras, como também dos significados religiosos e dos rendimentos físicos deixa reconhecer que elas são algo muito mais do que apenas 'amusements', como Nimuendajú (1946) as descreve", concluem os pesquisadores. Para Dieckert e Mehringer é através da criação e da valorização da forma cultural da corrida de toras que os Canelas fizeram com que os princípios da "individualidade" e da "solidariedade" se tornassem a base para a sua sobrevivência física e social. Em oposição à muitas outras tribos indígenas, que também vivem sobre a influência dos brancos fazem 200 anos, os Canelas puderam conservar de forma admirável grande parte de suas tradições, como também de seus sistemas de normas e de valores. Perguntam: será que a dominância cultural das corridas de toras teria contribuído para tal ?
CONTRIBUIÇÕES À HISTÓRIA DO ATLETISMO NO MARANHÃO1 por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Mestre em Ciência da Informação Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão
RESUMO Procura-se resgatar as primeiras manifestações do Atletismo Maranhense, com suas provas e atletas. Verifica-se que a introdução do Atletismo no Maranhão se dá pelas mãos JOAQUIM MOREIRA ALVES DOS SANTOS - Nhozinho Santos - juntamente com o futebol. É registrada a primeira competição a 27 de outubro de 1907, quando da fundação do FABRIL ATHLETIC CLUB, saindo vencedores: na corrida, Joaquim Belchior e M. Lopes; no 'place-kick' E. Dolber tirou o primeiro lugar, ficando Jasper Moon em segundo; no concurso de peso, vitória de Jasper Moon, que lançou o peso à distância de 9 1/2 jardas. No período de 1910 a 1915 os esportes maranhenses passaram por uma crise, surgindo e desaparecendo agremiações. Em 1915 o FAC - agora Foot-ball Athletic Club - se reestrutura graças ao empenho do vicecônsul inglês, sr. Charles Chisold. O clube revivia seus grandes dias, oferecendo várias modalidades desportivas: salto em altura simples, com vara, distância, com obstáculos, lançamento do peso, do martelo, corrida de velocidade, resistência, além de outras modalidades esportivas. Anterior, portanto, à data oficial, reconhecida pela CBAt de seu início no Brasil, no ano de 1918, com a realização de uma competição em São Paulo.
INTRODUÇÃO O Atletismo, esporte olímpico, é constituído por três grupos de provas: corridas, saltos e arremessos. Sua história se confunde com a própria história da humanidade, nascendo da necessidade natural do homem de correr, saltar e lançar objetos. O homem "adotou a arte desses movimentos no lazer, medindo velocidade (rapidez), destreza, força com seus semelhantes" (CBAt, 1989). A codificação de suas regras se deu na Grécia clássica, quando do estabelecimento dos Jogos Olímpicos, existindo, então, a corrida curta - DIALUS , uma volta na pista; a corrida longa - DOLIKOS, doze voltas na pista; salto em distância sem impulso; arremesso do dardo; do disco e de pedra, variando esta no peso e na forma. Na Inglaterra do século XVIII são dados os primeiros passos da introdução do Atletismo nas escolas primárias e públicas, sob a influência de J.J. Rousseau. É ainda na Inglaterra, 1828, quando Thomas Arnold inicia a reforma pedagógica que o Atletismo recebe um novo impulso com a codificação das corridas, dos saltos e dos arremessos. Nasce o espírito competitivo pela ação do Atletismo, "disputado não só nas escolas, mas sobretudo nas universidades, associações e clubes, espalhando seus raios benéficos para muitos outros países" (CBAt, 1989).
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Painel apresentado na III Jornada de Iniciação Científica da Educação Física da UFMA, 1995
O Barão de Coubertin assim se refere ao Atletismo, em 1896, quando da restruturação dos Jogos Olímpicos: "é possível fazer-se uma Olimpíada só com as provas do Atletismo; porém é impossível com todos os outros esportes, sem o Atletismo" (CBAt, 1989). Data de 1850, no Rio de Janeiro e em São Paulo, as primeiras manifestações de corridas atléticas, pela oficialidade de navios ingleses que aqui aportavam. Em 1912 é fundada a Federação Internacional de Atletismo Amador e em 1914 o Brasil a ela se filia. O ano de 1918 é considerado o de início oficial do Atletismo no Brasil, com a realização de uma competição em São Paulo. ATLETISMO NO MARANHÃO Djard MARTINS (1989) em seu "Esporte - um mergulho no tempo" registra que o nascimento das atividades esportivas no Maranhão se dá pelas mãos de JOAQUIM MOREIRA ALVES DOS SANTOS Nhozinho Santos - e do clube esportivo e social fundado na Fábrica "Santa Izabel", o FABRIL ATHLETIC CLUB - FAC - para a prática do "foot-ball association". Também foram praticados o Tênis, o Cricket, o Crockt, o Tiro e, é claro, o Atletismo. A primeira competição de Atletismo, no Maranhão, foi disputada no dia 27 de outubro de 1907: "... ficou definitivamente estabelecido que a data de 27 de outubro de 1907 era a data de fundação oficial da associação fabrilense ... Várias atrações foram organizadas ... Na corrida, sairam vencedores Joaquim Belchior e M. Lopes. No 'place-kick' E. Dolber tirou o primeiro lugar, ficando Jasper [Moon] em segundo. No concurso de peso, vitória de Jasper [Moon], que lançou o peso à distância de 9 1/2 jardas ..." (MARTINS, 1989, p. 291-292; O IMPARCIAL, 1907, p. 5). Registra ainda MARTINS (1989, p 261) que, com a movimentação esportiva que se tinha nessa primeira década do século XX, "estávamos começando a experimentar uma época em que a nossa mocidade principiava a entender o quanto era importante praticar esporte e desenvolver a formação física". O primeiro professor de educação física foi MIGUEL HOERHAN que em 1910 prestou à mocidade ludovicence relevantes serviços, tendo exercido o cargo de professor na Escola Normal, Escola Modelo, Liceu Maranhense, Instituto Rosa Nina, nas escolas estaduais e até nas municipais, " estimulando a prática da cultura física. E para coroar de êxito esse idealismo, esteve à frente da fundação do Club Ginástico Maranhense (...)" (MARTINS,1989). A 16 de janeiro de 1910 é inaugurada a Escola de Aprendizes Artífices - hoje Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão. Conforme MARTINS (1989 : 317) "(...) a criação da Escola despertou, entre os alunos, o interêsse pelas práticas desportivas (...)". No período de 1910 a 1915 os esportes maranhenses passaram por uma crise, surgindo e desaparecendo agremiações dedicadas, principalmente, à pratica do futebol. Em 1915 o FAC - agora Football Athletic Club - se reestrutura graças ao empenho do vice-cônsul inglês, sr. Charles Chisold: "... muitos jovens tinham feito suas inscrições. O clube revivia seus grandes dias, oferecendo várias modalidades desportivas: salto em altura simples, com vara, distância, com obstáculos, lançamento do peso, do martelo, place-ckick, crikt, corrida de velocidade, resistência, luta com tração, crockt, ping-pong (tênis de mesa), bilhar, etc.". (MARTINS, 1989, p. 334). Esse autor assinala que no dia 21 de junho de 1925, por ocasião da reabertura do campo de futebol existente na Rua Grande, houve uma tarde esportiva, registrada pela "Botelho Film" quando foram disputadas corridas rasas, lançamento de peso, salto em altura, etc., além, é claro, do jogo de futebol. Parece-nos que nos grandes acontecimentos da cidade - homenagens, inaugurações, reinaugurações era comum a realização de festivais esportivos, com a realização de várias disputas atléticas e tendo o jogo
de futebol como atração principal. Embora MARTINS (1989) registre esses eventos, poucas referências faz às provas que eram disputadas. É ainda MARTINS (1989, p 110) quem afirma ser Raimundo Rocha o atleta mais completo de sua época. DICO, como era conhecido, começou no Fênix F. Club como goleiro e transferindo-se mais tarde para o E.C. Luso-Brasileiro, destacou-se, além de no futebol, no basquete. Praticou o Atletismo - corrida rasa, resistência, dardo, peso, salto em distância e altura -, ganhando em sua carreira 48 medalhas de ouro e prata. Encerra sua carreira esportiva em 1936 como árbitro de futebol.
CONCLUSÃO: Os esportes tiveram um incremento em terras maranhenses a partir de 1905 quando do retorno de Nhozinho Santos da Inglaterra. Junto com o "foot-ball association" procurou implantar outros esportes, dentre os quais o Atletismo. A influência inglesa fez com que essas práticas esportivas - futebol, tênis e atletismo - tivessem grande aceitação por parte da juventude ludovicense, notadamente nas classes sociais mais altas comerciantes, industriais, militares, profissionais liberais - os quais, junto com empregados de diversas companhias inglesas, se constituem nos "sportsmen" de São Luís. A prática do Atletismo se inicia juntamente com o futebol, sendo registrada a primeira competição a 27 de outubro de 1907, quando da fundação do Fabril Athletic Club. Anterior, portanto, à data reconhecida como oficial pela CBAt do início do Atletismo no Brasil.
Referências bibliográficas: BRASIL, CBAt. Atletismo - regras oficiais. Rio de Janeiro : Palestra, 1989. MARTINS, Djard. Esporte - um mergulho no tempo. São Luís : SIOGE, 1989. O IMPARCIAL, São Luís, 29 de outubro de 1907, p. 5
A CORRIDA ENTRE OS ÍNDIOS CANELAS 2 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ RESUMO Descreve-se a "corrida de toras", praticada pelos índios Canelas, classificada como pertencente ao grupo das provas de revezamento, procurando se estabelecer ser esta a primeira atividade "esportiva" praticada no Maranhão. Os Canelas, ao codificarem as corridas realizadas em suas aldeias - regras dos bisavós -, estão repetindo o que fizeram outras culturas. Se é aceita a codificação das regras de corridas pelos Gregos em seu período clássico como precursora das regras atuais do Atletismo, também deve ser aceita a corrida entre os Canelas como a primeira manifestação desse esporte em terras maranhenses
Em diferentes culturas e diferentes épocas houve alguma forma de manifestação do movimento representado pela corrida e esta sempre teve primeiro, um caráter de sobrevivência. Ritualizada, passa a fazer parte da cultura, onde representam os valores e as normas sociais o mesmo ocorrendo quando levada para a esfera do lazer (lúdico). Catharino (1995) ao fazer uma análise do “Trabalho índio em terras de Vera ou Santa Cruz e do Brasil” refere-se, dentre esses trabalhos a dois que nos interessam particularmente: “O trabalho desportivo” e “O Trabalho locomotor”. Ao analisar o trabalho desportivo, considera que nesse mundo, antes da chegada dos brancos, a sobrevivência exigia qualidades atléticas, exercícios constantes, com descanso e repouso intercalados, de duração sumamente variáveis. Por isso, os índios se tornavam atletas naturais, para sobreviver, pois tinham que, em terra, andar, correr, pular, trepar, arremessar, carregar, e, na água, nadar, mergulhar e remar. Realizar trabalho-meio, autolocomotor, com suas próprias forças, apenas e/ou, também, com auxílio de instrumentos primitivos, para obtenção de produtos necessários: “Entre prática guerreira e desportiva há um nexo de causalidade circulativo, proporcionalmente inverso. Mais prática desportiva, menos guerra. Mais guerra, menos aquela. Causas produzindo efeito repercutindo sobre a causa. Nexo fechado, de recíproca causalidade e efeito. O trabalho-meio, autolocomotor, servia de aprendizado e adestramento – atlético que era – ao competitivo”. Entre a infância e a puberdade, e a adolescência e a virilidade ou maioridade, entre os 8 e 15 anos, a que chamamos mocidade, os kunnumay, nem miry nem uaçu, tomavam parte no trabalho dos seus pais imitando o que vêem fazer. Não se lhes manda fazer isto, porém eles o fazem por instinto próprio, como dever de sua idade, e já feito também por seus antepassados: “Trabalho e exercício, esses mais agradáveis do que penosos, proporcionais à sua idade, os quais os isentavam de muitos vícios, ao qual a natureza corrompida costuma a prestar atenção, e a ter predileção por eles. Eis a razão porque se facilita à mocidade diversos exercícios liberais e mecânicos, para distraí-la da má inclinação de cada um, reforçada pelo ócio, mormente naquela idade”. Após essas explicações, o Autor informa que essa seção – o trabalho desportivo – é dedicada ao trabalho competitivo entre índios, embora caçando e pescando, competissem amiúde com outros animais, considerados irracionais, o que faziam desde a infância. Sem falar nos jogos educativos: “... jogos e brinquedos (Métraux) dedicou um só parágrafo, quase todos graças a d’Evreux, acerca dos feitos pelos Tupinambás. “Tratava-se de ‘arcos e flexas proporcionais às suas 2
Painel apresentado na III Jornada de Iniciação Científica da Educação Física da UFMA, 1995; Artigo publicado na COLETÂNEA INDESP DESPORTO COM IDENTIDADE CULTURAL, Brasília: Ministério Extraordinário dos esportes/Instituto Nacional de Desenvolvimento dos desportos, 1996, p. 106-111
forças’. O jogo, educativo para a caça, pesca e guerra, era possível porque reunidos plantavam, e juntavam cabaças, que serviam de alvo, ‘adextrando assim bem cedo seus braços’. Assim, brincavam os meninos de 7 a 8 anos. Kunumys-mirys. As meninas, na mesma faixa etária, Kugnantins-myris, além de ajudarem suas mães, faziam ‘uma espécie de redesinhas como costuma por brinquedo, e amassando o barro com que imitam as mais hábeis no fabrico de potes e panelas’. Ao descrever as atividades da educação física no Brasil colonial, MARINHO (s.d.) afirma serem a "pesca, a natação, a canoagem e a corrida a pé processos indispensáveis para assegurar a sobrevivência de nossos índios". O Atletismo aparece em Maranhão anterior ao período colonial, através da Corrida de Toras – pertencente ao grupo de provas de revezamentos – dos Índios Kanelas Finas – pertencentes à etnia Jê, presentes por estas terras há pelo menos cinco mil anos. O “esporte nacional dos Tapuya”, que praticavam uma corrida a pé encetada carregando peso, é registrada por dois historiadores franceses - Claude d´Abeville – História da Missão dos padres Capuchinhos na Ilha do Maranhão e terras circunvizinhas, de 1614; e Ives d´Evreux – Viagem ao Norte do Brasil feitas nos anos de 1613 a 1614, publicada em 1864. Origem dos índios Canelas: A ocupação do território maranhense se deu através de três correntes migratórias - Lácidas, Nordéstidas e Brasílidas, nessa ordem. Embora os traços mais antigos da presença do homem no continente americano datem de 19 mil anos, as teorias mais recentes o dão como procedentes da Ásia a 20 ou 30 mil anos (CORREIA LIMA & AROSO, 1989). Esses autores, ao adotarem a sistemática de Canals (1950) Pompeu Sobrinho (1955), afirmam que caçadores australóides do nordeste asiático - Sibéria, de acordo com Aquino, Lemos & Lopes (1990, p.19) - ingressaram no Alasca há pelo menos 36 mil anos e durante os 20.000 anos seguintes consolidaram sua cultura e se expandiram pelo território, tendo seus descendentes atingido Lagoa Santa há 7.000 (mais ou menos) 120 anos. Sander-Marino (1970, citados por Correia Lima & Aroso, 1989, p. 19) registram entre 40 e 21 mil anos a presença dos superfilos MACRO-CARIB-JÊ, uma das correntes pré-históricas povoadoras das Américas. Para Feitosa (1983, p. 70) há um consenso quando da "determinação temporal" da chegada dos australóides no Novo Mundo, com as estimativas variando de 20.000 a.C. (RIVET); 28.000 a.C. (CANALS); 40.000 a.C. De acordo com pesquisas mais recentes, realizadas em São Raimundo Nonato - Piauí, foram encontrados fosseis com datação de 4l.500 anos (FRANÇA & GARCIA, 1989). Os Lácidas, descendentes dos australóides, atingem o Maranhão. Das famílias lingoculturais suas descendentes, destaca-se a JÊ, grupo mais populoso; de maior expansão territorial; e de melhor caracterização étnica. Os Jês caracterizam-se pela ausência da cerâmica e tecelagem, aldeias circulares, organização clânica e grande resistência à mudança cultural, mesmo depois de contato, como se observa entre os Canelas, ou RANKAKOMEKRAS como se denominam os índios da aldeia do Escalvado (DICKERT & MEHRINGER, 1989a). Paula Ribeiro (1841, apud CORREIA LIMA & AROSO, 1989; PAULA RIBEIRO, 2002; FRANKLIN, CARVALHO, 2005) descreve uma das principais "manifestações do lúdico e do movimento" para usar uma expressão de Dieckert & Mehringer (1989b) -, na cultura Jê, referindo-se à música e à dança: "... enquanto as muitas mulheres guizam as comidas, dançam eles e cantam ao som de buzinas, maracás e outros instrumentos ... esta dança e música noturna, melhor repetida depois da ceia, dura quase sempre até às cinco da manhã ..." (p. 39). Os Jê são conhecidos no Maranhão com a denominação de "TIMBIRAS", e dividem-se em dois ramos principais, segundo seu habitat - Timbiras do Mato e Timbiras do Campo -, estes apelidados de canelas finas "pela delicadeza de suas pernas e pela velocidade espantosa que desenvolvem na carreira pelos descampados", conforme afirma Teodoro Sampaio (1912, apud CORREIA LIMA & AROSO, 1989, p. 41),
confirmando SPIX E MARTIUS (1817, citados por CORREIA LIMA & AROSO, 1989, p.59) quando afirmam, sobre os Canelas, "... gaba-se a sua rapidez na corrida, na qual igualariam a um cavalo.".
NIMUENDAJÚ, Curt. A corrida de toras dos timbira. Mana v.7 n.2 Rio de Janeiro oct. 2001 Ao descrever as atividades da educação física no Brasil colonial, MARINHO (s.d.) afirma serem a "pesca, a natação, a canoagem e a corrida a pé processos indispensáveis para assegurar a sobrevivência de nossos índios". Acreditam DIECKERT & MEHRINGER (1989a, 1989b) ser "através da criação e da valorização cultural da corrida de toras ... a base para a sua [dos Canelas] sobrevivência física e cultural" .
A corrida de toras
JUNG & BRUNS (1984) ao analisarem os aspectos rituais das corridas de longa duração em diferentes culturas e épocas afirmam ser " uma outra forma de corrida religiosa ... a chamada corrida do tronco dos índios Jês no Brasil meridional ... A corrida podia ser um rito ou também ter caráter profano. Os participantes podiam ser homens, mulheres ou inclusive crianças". Para esses pesquisadores, baseados em STAHLE (1969), a época das corridas corresponderia ao início das chuvas. DIECKERT & MEHRINGER (1989a, 1989b) afirmam que as corridas de toras são realizadas durante os cinco diferentes ciclos festivos "que ocorrem na época das secas, de março a setembro". Não descartam o contexto ritualista da corrida, que marcam os "ritos de iniciação, o regresso à aldeia após uma caçada ou também como prova de matrimônio", não havendo surpresa em que essas corridas fossem executadas às vezes diariamente. Segundo os regulamentos, duas equipes, - representação dual da sociedade Canela onde as duas metades da aldeia, a ocidental e a oriental se "opõe" (DICKERT & MEHRINGER, 1989a) - teriam que carregar os troncos de madeira (palmeira buriti) - (DICKERT & MEHRINGER, 1989b) - em uma corrida por um caminho previamente traçado, até uma meta estabelecida, quase sempre fixada na praça da aldeia. BRUNS & JUNG (1984) trazem como distância de corrida 12 quilômetros e o peso do tronco até 100 quilos. DIECKERT & MEHRINGER (1989a, 1989b) dividem as corridas em longas (20 a 40 km), médias (4/5 km) e "corridas na aldeia" (850 metros). As corridas longas, de acordo com depoimento dos índios, ocorriam antigamente com mais freqüência. Os pesquisadores presenciaram uma corrida longa, de 25 km, no período em que permaneceram entre os Canelas e aproximadamente 20 corridas médias, saindo do cerrado para a aldeia, numa distância de 4/5 km, distância também corrida pelas mulheres. As toras de palmeira buriti pesavam entre 20 e 110 quilos. As "corridas de aldeia" eram realizadas com mais freqüência, sempre por volta das 6 horas da manhã e/ou à tarde, pelas 4 horas, no caminho circular de 850 metros. Cada equipe carrega um tronco que é trocado com freqüência, já que é muito pesado para ser levado por um só corredor durante o longo trajeto percorrido. O tronco é passado do ombro de um corredor para o de outro, repetindo-se a cada 50 a 100 metros: " O objetivo da competição é transportar a tora, fazendo trocas entre os corredores carregadores - o mais rápido possível, entre a partida e a chegada, onde ela deve ser jogada primeiro. Isso só pode ser feito quando cada membro do grupo dispor tanto de uma boa condição para a corrida como também de uma boa força para o transporte. Além disso deve acontecer uma constante combinação entre os corredores (atitude tática), sobre quando deveria
ser feita a troca da tora. Além disso não pode haver perda de tempo na troca da tora de um ombro para outro. Deve-se por esgotamento do carregador ou durante a troca. Assim sendo, sempre se combinam as coisas no grupo antes da corrida ...". (DIECKERT & MEHRINGER, 1989a, p.13). Verifica-se, pelas regras principais, que se trata de uma corrida de revezamento onde toda a equipe vai correndo atrás de quem leva o tronco, e têm um caráter competitivo entre os dois grupos adversários, onde o objetivo sério é: vencer (DICKERT & MERINGER, 1989a, 1989b). No entanto não há nem elogios para o ganhador, nem críticas para o perdedor (JUNG & BRUNS, 1984) pois conforme informou um dos corredores a DIECKERT e MEHRINGER (1989a) "(...) ele sempre procura não correr muito mais rápido do que o adversário. Isso poderia causar inveja e, também, haveria o perigo de um 'feiticeiro' (bruxo curandeiro mau) castigá-lo..." (p. 14). Para JUNG & BRUNS (1984) o significado do tronco já não é mais conhecido pelos indígenas, "... se supõe uma relação com o culto dos mortos, onde o tronco de madeira simbolizaria os mortos. Através de se carregar consigo os mortos, nessas festas, deveria produzir-se uma união das almas dos mortos com as dos jovens, para que a força dos maiores se transferia a eles e estimule seu crescimento". DIECKERT & MEHRINGER (1989a) ao procurarem o significado das corridas, encontram em NIMUENDAJÚ (1946) como sendo uma forma de honrar as almas mortas, o que é interpretado por STAHLE (1969) como "culto da morte", pois "...todas as toras são consideradas 'representantes dos mortos' e a corrida de toras possibilita uma 'ressuscitação das toras como forma de garantia da vida para além da morte para os mortos". Já SCHULTZ (1964) segue a interpretação de NIMUENDAJÚ (1946), em suas investigações sobre os Krass, mas enfatiza também o "caráter esportivo". Os RANKAKOMEKRAS confirmam que a tora seria uma alma dos mortos. Mas "... a alma do morto (megaro) teria se transformada numa moça e agora se encontraria na palmeira Buriti...". Conclusão: As formas de movimento dos índios Canelas se manifestam num contexto de ritual (DICKERT & MEHRINGER, 1989a, 1989b; JUNG & BRUNS, 1984). Por ser uma sociedade dual - onde as duas metades da aldeia se opõe -, o que determina a conseqüente formação de grupos (DICKERT & MEHRINGER, 1989a, 1989b), situações de conflito são resolvidas, por exemplo, com a realização da "corrida de toras" (FEITOSA, 1983). Nela se manifestam os valores e as normas sociais (DICKERT & MEHRINGER, 1989a). São as festas que aproximam os jovens dos valores e normas culturais, que lhes permite "vivenciar" o mundo de acordo com suas leis (DICKERT & MEHRINGER, 1989b). Parece verdadeira a interpretação de ser a corrida de tronco um culto aos antepassados (DICKERT & MEHRINGER, 1989a, 1989b; JUNG & BRUNS, 1984), pois as regras da corrida foram ensinadas 'pelos bisavós' e ainda são respeitadas (DICKERT & MEHRINGER, 1989a, 1989b). Há um sentido mais profundo na realização da corrida pois aquele que "quiser viver como caçador e coletor e também como guerreiro tem que apresentar uma excelente condição física". Por isso, essa "necessidade de sobrevivência" foi formulada "(...) enquanto 'objetivo de ensino' para os jovens, num contexto cultural, a fim de garantir a continuação da tribo." (DICKERT & MEHRINGER, 1989a). Observa-se que em diferentes culturas e diferentes épocas houve alguma forma de manifestação do movimento representado pela corrida (DICKERT & MEHRINGER, 1989a, 1989b; JUNG & BRUNS, 1984) e esta sempre teve, primeiro, um caráter de sobrevivência. Ritualizada, passa a fazer parte da cultura onde representam os valores e as normas sociais, o mesmo ocorrendo quando levadas para a esfera do lazer (lúdico). Os Canelas, ao codificarem as corridas realizadas em suas aldeias - regras dos bisavós -, estão repetindo o que fizeram outras culturas. Se é aceita a codificação das regras de corridas pelos Gregos em seu
período clássico como precursora das regras atuais do Atletismo (BRASIL, 1989; VAZ, 1991), também deve-se aceitar a corrida entre os Canelas como a primeira manifestação desse esporte em terras maranhenses, pois quando as diversas nações europeias modernas aqui chegaram por volta dos anos 1.500 já encontram diversas outras nações, sendo a mais antiga delas os Canelas. Referências bibliográficas: AQUINO, Rubim S.L; LEMOS, Nivaldo J. F. de & LOPES, Oscar G.P. C. História das sociedades americanas. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1990. BRASIL, CBAt. Atletismo - Regras Oficiais. Rio de Janeiro: Palestra, 1989. CATHARINO, José Martins. Trabalho Índio Em Terras Da Vera Ou Santa Cruz E Do Brasil – tentativa de resgate ergonlógico. Rio de Janeiro: Salamandra, 1995 CORREIA LIMA, Olavo & AROSO, Olir Correia Lima. Pré-história maranhense. São Luís: Gráfica Escolar, 1989. DIECKERT, Jurgen & MEHRINGER, Jakob. A corrida de toras no sistema cultural dos índios brasileiros Canelas (relatório de pesquisa provisório). Zeitgschift Muncher Beltrdzur Vulkerkunde, julho, 1989. DIECKERT, Jurgen & MEHRINGER, Jakob. Cultura do lúdico e do movimento dos índios Canelas. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v. 11, n. 1, p. 55-57, set. 1989. FEITOSA, Antonio Cordeiro. O Maranhão primitivo: uma tentativa de reconstituição. São Luís: Augusta, 1983. FRANÇA, Martha San Juan & GARCIA, Roberto. Os primeiros brasileiros. p. 30-36, abril de 1989.
Superinteressante v. 3, n. 4,
FRANKLIN, Adalberto: CARVALHO, João Renor F. de. Francisco De Paula Ribeiro – Desbravador Dos Sertões De Pastos Bons: A Base Geográfica E Humana Do Sul Do Maranhão. Imperatriz: Ética, 2005 JUNG, K. & BRUNS, U. Aspectos rituales de las carreras de larga distancia en epocas (conclusion). Stadium v.18, n. 105, p. 26-29, junho 1984.
diferentes culturas y
MARINHO, Inezil Penna. História da educação física no Brasil. São Paulo: Cia. Brasil Ed.(s.d.). NIMUENDAJÚ, Curt. A corrida de toras dos timbira. Mana v.7 n.2 Rio de Janeiro oct. 2001 PAULA RIBEIRO, Francisco de. Memórias Dos Sertões Maranhenses. São Paulo: Siciliano, 2002 Projeto Jogos Indígenas do Brasil. in http://www.jogosindigenasdobrasil.art.br/port/campo.asp#canela VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A história do atletismo maranhense. "O Imparcial, 27
de maio de 1991, p. 9.
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A corrida entre os índios canelas – contribuições à história da educação física maranhense. In SOUSA E SILVA, José Eduardo Fernandes de (org.). Esporte Com Identidade Cultural: Coletâneas. Brasília: INDESP, 1996, p. 106-111; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A corrida entre os índios canelas – contribuições à história da educação física maranhense. In Revista “Nova Atenas” de Educação Tecnológica, São Luís, v.4, n. 2, jul/dez 2001, disponível em www.cefet-ma.br/revista;
ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO Replicando os capítulos do Atlas do Esporte do Maranhão, em sua versão atualizada, até o presente momento, e ainda em construção. A partir daqui, as atualizações serão acrescidas em postagens adicionais, e depois incorporadas no texto definitivo, na medida em que novas descobertas se apresentarem.
ASSOCIAÇÕES E MOVIMENTOS DE ABRANGÊNCIA ESTADUAL
ACLEM – ASSOCIAÇÃO DOS CRONISTAS ESPORTIVOS DO MARANHÃO
1947 – 15 de JUNHO: conforme anuncio de O COMBATE 13/06/1947, a ASSOCIAÇÃO DOS CRONISTAS ESPORTIVOS seria fundada no domingo, na sede da FMD
2011 radialistas e jornalistas credenciados pelas Associações de Cronistas Esportivos tem o direito de livre acesso as praças, estádios e ginásios em todo o território nacional garantindo por lei federal. 2016 - Diretoria Presidente/Conselho Executivo - José Ribamar Martins Dominici (Tércio Dominici) 1° Vice Presidente - Raimundo Silva Rodrigues (Gilson Rodrigues) 2° Vice Presidente - Laércio Pereira Costa 1° Secretário - Edivaldo Garcia (Edy Garcia) 2° Secretário - José Maria França Melo 1° Tesoureiro - Euclides João Garcia Rodrigues (Garcia Junior) 2° Tesoureiro - Raimundo Nonato dos Santos ( Nonato Santos/CAXIAS ) Departamento Social / Diretor - José Raimundo Rodrigues
Departamento de Esportes/ Diretor - José Albino Soeiro Silva CONSELHO DELIBERATIVO/ MEMBROS José Carlos Pacheco Teixeira / Renato José Ferreira Reis (Renato Baty) / Herbert de Jesus Pereira (Betinho) / Fabio Henrique Conceição Barros / Carlos Danilo Pereira da Silva CONSELHO FISCAL/ MEMBROS TITULARES José de Ribamar Furtado / Emanoel de Jesus Ribeiro/Presidente (Ligeirinho) / Antônio Roberto Ribeiro (Robertinho) CONSELHO FISCAL/ MEMBROS SUPLENTES Nálio Claudio Martins Assunção / José Ribamar Melo (J Melo) / Henrique Pereira da Silva DELEGADO / IMPERATRIZ Willian Cândido Barbosa (Willian Marinho)Delegado / Marcelo Rodrigues Cardoso (Marcelo Rodrigues) Sub-Delegado - 19 DE DEZEMBRO A Associação dos Cronistas e Locutores Esportivos do Maranhão – ACLEM, através de sua diretoria, e todo seu quadro social, profundamente consternados, cumprimos o doloroso dever de comunicar aos desportistas maranhenses e ao povo em geral, o falecimento do Jornalista/Radialista/Narrador Esportivo JOSÉ FAUSTINO DOS SANTOS ALVES (JOTA ALVES), ocorrido hoje (dia 19/12/2016). Em vida desempenhou as mais importantes funções. Além de sua reconhecida inteligência, era homem de respeitável caráter pessoal, conduta ilibada, um ser especial, um homem exemplar. Com a sua morte, a imprensa esportiva maranhense, além de enlutada, fica órfã de um dos mais ativos militantes do jornalismo esportivo de nossa terra, ou do Brasil, desempenhando importante papel no desporto maranhense, JOTA ALVES, foi um dos grandes narradores Maranhense, integrando a famosa equipe 680, nos anos 60 e 70, e no início dos anos 80, trabalhou na Rádio Educadora, teve também destacada atuação na TV Educativa, onde se aposentou. Descanse em paz companheiro, amigo JOTA ALVES com você, vai um pedaço enorme da nossa historia, da história do Rádio Maranhense. JOTA ALVES, o narrador do povão, JOTA ALVES, disparou e a bola passa. Essa marca ficou registrada do grande JOTA. Nasceu em 15 de fevereiro de 1944, em Guimarães, conosco ficará sua eterna saudade. Aproveitamos para nos associar aos sentimentos da família, e DECRETAR: LUTO OFICIAL de 05 (cinco ) dias pela sua morte
ASSOCIAÇÕES E MOVIMENTOS DE ABRANGÊNCIA ESTADUAL
ASSOCIAÇÃO MARANHENSE DE ESPORTES AMADORES AMEA FEDERAÇÃO MARANHENSE DE DESPORTOS – FMD ORIGENS 1915 Graças ao empenho do cônsul inglês, a partir de 1915, houve um que renascimento dos esportes em Maranhão. Os estudantes movimentam-se para reabilitar o futebol; JULHO – "FOOT-BALL - Um esforçado grupo de rapazes, no intuito de elevar o sport entre nós, resolvel adquirir o campo do Fabril, para as pugnas do elevado jogo britânico, 'foot-ball'. Existe grande animação nos preparativos, entre os sportamen, a idéia do Campeonato Maranhense de Foot-ball o qual será disputado em 15 de nowembro, contando ao 'team' vencedor, 11 medalhas de ouro". (O JORNAL, 31 de julho de 1915). - Esse grupo aluga as dependências do Fabril para realizar os eventos esportivos, em espcial o futebol AGOSTO - O primeiro encontro desses abnegados "sportistas" aconteceu logo em seguida: "FOOT-BALL No grond da Fabril, jogaram hontem, um match de trenagem. Alguns moços de nosso escol, que cogitam de fundar dois clubs desse sport, afim de diliciar o público maranhense, com algumas de suas partidas" (O ESTADO, 9 de agosto de 1915). 13 de agosto - Esses estudantes uniram o agradável - reorganizar os "sports" no Maranhão - ao útil, chamando a atenção da sociedade para o movimento que iniciavam. Juntam-se à Maçonaria, oferecendo-se para realizar uma partida de futebol, em benefício dos flagelados da grande seca de 1914/15, pois as lojas maçônicas desta capital nomearam comissões com o fim de arrecadar fundos para socorrer os flagelados, dentre as atividades programadas - seção de cinema, passeios marítimos - haveria um jogo de futebol, a ser realizado no mês seguinte: "FOOT-BALL - Um grupo de moços de nossa melhor sociedade offerecem ao comité Pró-flagelados, uma partida de foot-ball, entregandolhe a renda verificada. Essa partida terá lugar no grond da Fabril e será opportunamente anunciada" (O ESTADO, 13 de agosto de 1915). 14 de agosto - Em função desse movimento em prol dos flagelados dos estados vizinhos - Ceará e Piauí reuniram-se - na Cervejaria Maranhense, localizada na Praça João Lisboa - os idealizadores do Campeonato Maranhense de Foot-ball, para a organização do grande "match" que pretendiam realizar (O JORNAL, 14 de agosto de 1915). Nessa reunião ficou resolvido que "... na impossibilidade de fundação do Clube, se organizem dois 'team' denominados Franco Alemão - que terá de se bater em benefício dos flagelados da seca. Ficam assim compostos os team. Presidente: Carlos Alberto Moreira; Thesoureiro: Affonso Guillon Nunes; Secretário: Hugo Burnet. - TEAM FRANCEZ - Forwards Gastão Vieira; Trajano Lebre, Carlos Moreira, Hugo Burnett, Manoel Borges, Antonio Ferreira; Halfbacks - Carlos Leite; Antonio Cunha;Backs - Affonso Guillon Nunes; João Torres, dr.;Goal-keeper Antonio Carvalho Branco; Captain - Carlos Moreira. - TEAM ALLEMÃO - Forwards - Nestor Madureira; Gentil Silva, José Souza; José Cantanhede; Maralteno Travassos; Half-backs - João Guedes; Antonio Paiva; Backs - Julio Gallas; Raul Andrade; Goal-keeper - Albino Faria; Captain - José Souza". (O JORNAL, 14 de agosto de 1915). 15 de agosto - No Domingo foi realizado um jogo-treino: "FOOT-BALL - Conforme noticiamos, realizou-se hontem, às 16 horas, o primeiro match de trenagem da série instituída. O público já principia a tomar interesse pelas partidas, tanto que a concorrência foi animadora.” (O ESTADO, 16 de agosto de 1915).
Estavam envolvidos os alunos do Liceu Maranhense, do colégio Marista Maranhense e do Instituto Maranhense (este, inaugurado um ano antes). Segundo MARTINS (1989), ”... Promoveram sessões, usando as próprias salas de aula, estimulados pelos mestres. Graças a essas reuniões, surgiram os quadros do Brasil F. Club, do S. Luís F. Club, do Maranhão Esporte Club, e do Aliança F. Club. Essas entidades, aos poucos, foram agrupando-se, tornando-se clubes. A cada dia, os estudantes melhor se integravam, e para exercitar-se utilizavam o velho 'field' da Fabril, que tinha sido desativado pela FAC. Estávamos com o campo da Rua Grande muito mal, mato tomando conta de todas as dependências, inclusive das arquibancadas. (p. 328). Foi realizado um jogo entre os estudantes dos Maristas contra os do Brasil F. Club. Para poder assistir à partida, os espectadores deveriam se apresentar vestidos decentemente: 28 de agosto - "FOOT-BALL - "Amanhã, às 8 horas, vai jogar uma partida no ground da Fabril contra o team dos irmãos Maristas um outro do club 'Brasil’. A entrada será franca a todas as pessoas que se apresentarem decentemente vestidas". (O ESTADO, 28 de agosto de 1915). - o movimento estudantil havia ganhado as ruas, tudo se fazendo para reanimar o futebol. Gentil Silva tinha retornado do Amazonas - onde havia trabalhado pelo esporte amazonense, ajudando ao Manaus Sporting Club - e integra-se ao movimento estudantil, tendo-o acompanhado nessa jornada um caixeiro viajante conhecido como "Zé Italiano", muito estimado pelos estudantes. Dessa união, foi fundado o "GUARANI ESPORTE CLUBE", que recebeu esse nome do proprietário do "Bar Guarani", Sr. Gasparinho. É que as reuniões eram realizadas neste bar, situado na esquina da Rua Grande com a Godofredo Viana, em frente ao cine Éden. Formaram-se duas onzenas, denominadas "Alemão" e "Francês", formando-se, também, duas torcidas, uma apoiando os "aliados", e a outra, formada pelos "germanófilos". Essa torcida ainda tinha o incentivo dos tripulantes dos navios alemães, abrigados em nosso porto, devido à Primeira Guerra Mundial. Dejard Martins (1989) traz que surgiram em 1915 os seguintes quadros: Brazil FC. E Aliança FC (Liceu Maranhense); São Luiz FC (Maristas); Maranhão SC (Instituto Maranhense) a partir de reuniões de alunos em suas salas de aula. Mas há indícios de que o São Luiz Foot-Ball Club, do Colégio Maristas (São Francisco de Paula) seja um pouco mais antigo, fundado em 1914. - MARTINS (1989) afirma que Gentil Silva esteve a um pé do novo FAC: "Contudo, aconteceu que, para ele, o futebol deveria ser altamente popularizado, no que não estavam de acordo os associados, na sua grande maioria, embora não discordando de um dos pontos definidos: a necessidade de pugnar pelo aperfeiçoamento físico. Não concordavam em abrir os portões para receber o grande público com pagamento de ingressos, porque o propósito do novo FAC era não vulgarizar a prática desportiva.(p. 331). Aqueles que tinham o mesmo pensamento de Gentil deixaram o clube da Rua Grande e o Guarani tinha se esfacelado. Não foi abandonada a idéia de popularizar o futebol. O grupo dissidente reativou o "ONZE MARANHENSE", com sede no Parque 15 de Novembro (avenida Beira Mar), nas proximidades do Beco do Silva. O campo foi construído numa área livre - no Baluarte - "longe das vistas do grande mundo de curiosos e aficionados", informa MARTINS (1989). O terreno não era cercado e reclamava muito trabalho de nivelamento e outras medidas, tendo sido tudo feito com muito sacrifício, pois o terreno era pantanoso, necessitando-se de algumas carradas de entulho, cedidas pelo intendente de São Luís, tenente-coronel Luso Torres. Nivelado o terreno, foi feita a gramagem e tudo ficou como ambicionavam. E "... Nas tardes domingueiras, o povo estava reunido. Famílias da vizinhança e outros amantes do esporte, vindos de longe, postavam-se para ver o jogo. Jogavam Brasil F. Clube, Vasco da Fama E. Clube, Santiago Esporte Clube e Fênix F. Clube. O sonho de Gentil Silva tornou-se realidade." (MARTINS, 1989, p. 331). Para esse autor, "foi, sem qualquer sombra de dúvida, Gentil Silva o responsável pela popularização do futebol em terra maranhense, no momento que, deixando as hostes do FAC, achou oportuno desenvolver a prática do apreciado esporte aos olhos do povo, num campo que, de princípio não possuía cercas". (MARTINS, 1989, p. 332) 1916 é fundada a Liga Sportiva Maranhense (LSM), que não sobrevive.
1917 nesse ano é proposta a fundação de uma Liga Esportiva do Norte, para realização de eventos – jogos – classificatórios para o campeonato brasileiro, organizado pela Federação Brasileira de Esportes MARÇO é fundada a Liga Maranhense de Foot-Ball com os seguintes clubes: FAC, Onze Maranhense, Ubirajara, Anilense, Vasco da Gama, Luso Brasileiro, Brasil, Bragança e Santiago. A primeira diretoria foi eleita no dia 27: Presidente: Capitão-tenente Artur Rego Meireles; vice-presidente: J. M. A. Santos (Nhozinho Santos); 1º Secretário: Gentil Silva; 2º Secretário: João Belfort; Tesoureiro: Jonas Hersen. Inaugurada em 1º de abril, na sede do FAC. Logo caiu no descrédito, sendo proposta a criação de nova liga, em 1918 ABRIL - A última semana desse abril de 1917 esteve movimentada, com o surgimento da Liga Maranhense de Foot-Ball. Nesse ano de 1917, o esporte em Maranhão se consolida. Além do surgimento de inúmeras outras associações esportivas e de clubes de futebol, inicia-se o intercâmbio com os dois estados vizinhos, com a visita do Clube do Remo, no início do ano, e de um torneio envolvendo o Paysandu, do Pará, e o Internacional, da cidade de Parnaíba-Piauí, no final do ano. Começam as "importações" de jogadores... Sem dúvidas, o fato mais importante para a consolidação do foot-ball association em Maranhão - e de outras modalidades esportivas, foi o surgimento da Liga Maranhense de Foot-Ball, nos meados do ano. Um leitor, usando o pseudônimo de "Texas", escreve ao jornal O Estado, relatando o acontecido, ao mesmo tempo em que fazia um breve histórico da implantação do futebol em São Luís: 1918 - fundada nova Liga Maranhense de Sports, só estabelecida em 1919; porém realiza aquele que seria o primeiro Campeonato Maranhense. Dentre seus diretores estavam Hermínio Bello e Tarquínio Lopes Filho. Seus estatutos foram publicados no Diário oficial de 26 de abril de 1919. 1919 - O Jornal, 9 de janeiro
- O JORNAL 25 DE JANEIRO DE 1919
1919 – 10 de abril
- ESCOLA DE REFERÉES: Sabemos com certeza que na próxima semana em diante começará a funcionar, na sede do América S. Club, à Praça João Lisboa, uma escola de referees, para quem desejar aprender arbitrar jogos de football. Não há dúvida que foi essa uma idéia da diretoria do América, pois todos nós conhecemos o resumido numero que temos de bons referees. A PACOTILHA, 19 de setembro de 1919. Ao que tudo indica, este foi o primeiro curso de formação de árbitros para o futebol maranhense...
1920 Por problemas administrativos e do campeonato que estava se desenvolvendo, é fundada a União Desportiva Maranhense (UDM) pelos clubes Luso Brasileiro, Fênix, Paulistano e Cruz Vermelha, e mais Cruzeiro, Internacional e Tupan (São Bento), fazendo oposição a LMS por um ano. O que motivou o desaparecimento dessa liga foi o reconhecimento da LMS como entidade oficial filiada à Confederação brasileira de Desportos (CBD, atual CBF). 1921 agosto foi solicitado a LMS informações sobre os clubes, os sócios, as instalações e as competições locais a fim de compor a seção desportiva do Dicionário Histórico, Geográfico, e Etnográfico Brasileiro, em comemoração ao Centenário da Independência. 1927 junho - fundada a Associação Maranhense de Esportes Atléticos (AMEA); as duas ligas coexistiram, em pé de guerra, até 1929 - o Maranhão participa pela segunda vez do Campeonato Brasileiro de Seleções, com uma equipe formada por jogadores das duas ligas – LMS e AMEA – por interferência do Governador do Estado, Magalhães de Almeida, do Intendente Municipal (Prefeito) Jayme Tarares, e do Chefe de Policia, Cel. Zenobio da Costa. A equipe era formada por Dico, Neophito, Negreiros, Rayol, Chico Bola, Jagunço, Pinduba, Zezico, Clodomir, Severino, Baé, Tomaz e Mourão; chefe da deleção: Hermílio Bello, presidente da LMS. Os maranhenses perderam para a seleção de São Paulo por 13 x 1, no dia 12 de outubro
1928 eram disputados dois campeonatos estaduais, cada um promovido por uma Liga – LMS e AMEA -, sendo que esta era a reconhecida pela CBD. Naquele ano, o Vasco sagrou-se campeão (no tapetão contra o Luso) e o da LMS não foi concluído. 1929 – a AMEA estava desacreditada, devido às brigas entre os dirigentes esportivos – LMS x AMEA -; assume a AMEA Waldemar Britto (facção Waldemar), havendo então duas Associações, a da ‘facção Waldermar’ e a da ‘facção Tarquínio’. 24 de junho, em meio à crise que se instalara, a AMEA foi descredenciada pela CBD devido às anormalidades reinantes. - São Luis é escolhida sede do Zonal Norte do Campeonato Brasileiro de Seleções; por problemas internos – duas AMEAS – foi transferido de local, e o Maranhão não participou do evento, nem no do ano seguinte, retornando apenas em 1931 - A AMEA, “facção Tarquínio” concluiu o seu campeonato de 1927 em 1928; o de 1928 em 1929; o da “facção Waldemar Brito” não teve fim, nem campeão; 1934 06 de setembro, em A Pacotilha - A LEA – Liga de Esportes Athleticos – organiza o primeiro campeonato maranhense de Atletismo.
1935 20 de março - a AMEA realiza o torneio de abertura de futebol, do ano de 1935, no campo do João Paulo, com grande afluência do público, apesar da chuva. Em nota, a AMEA conclama seus diretores a darem especial atenção às outras modalidades de esporte, para além do futebol e do basquetyebol, devendo ser incentivada a prática do atletismo, do tênis e de esportes náuticos (Pacotilha).
05 de maio - AMEA: em oficio endereçado ao Intendente Municipal (Prefeito) Antonio Bayma, A. Carneiro Maia apresenta as propostas da Associação Maranhense de Esportes Amadores para a reformulação do esporte maranhense, quando foi proposta, pela municipalidade, a construção de um estádio. A AMEA propõe a reestruturação com a fundação de Ligas especializadas, tais como as de Futebol, Voleibol, Basquetebol, Tenis, e outras se possíveis; estas entidades tomariam o nome de Liga Maranhense de Futebol, de Basquetebol, etc.; a Liga de Futebol teria como fundadora os clubes América, Automóvel, Campinas, Itararé, Montevidéu, Maranhão, Recife, Syrio, Sampaio Corrêa e Tupan, na 1ª divisão, e os restantes clubes da Liga de Esportes Atléticos na segunda divisão; a de basquetebol os clubes América, Automovel, Maranhão, Recife, Syrio, Sampaio Corrêa e Tupan e clubes de estabelecimentos escolares e militares; a direção das ligas será composta de Diretório e Conselho Superior; para a Liga Maranhense de Foot-ball indicamos como primeiros dirigentes:
As diretorias das demais ligas seriam escolhidas pelos clubes que apoiassem a formação das mesmas; a AMEA reformularia seus estatutos num prazo de 60 dias, e continuaria a ser a única representante maranhense junto à Confederação Brasileira de Desportos; os novos diretores seriam escolhidos pelas ligas especializadas; a titulo de experiência, o campeonato de futebol seria realizado em dois turnos, com quatro jogos aos domingos e feriados; a reforma dos estatutos seria feita sob a presidência do Intendente Municipal (Prefeito), por dois representantes dos clubes filados e dois representantes dos dissidentes (Pacotilha).
Segundo
a
Wikipédia,
a
FMD
foi
fundada
em
1918.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Federa%C3%A7%C3%A3o_Maranhense_de_Futebol
1947 em nota, já aparece a FMD - é fundada a Liga de Futebol e Atletismo de Araioses, sendo seu presidente Manoel Freire Belém Junior.
ATLETISMO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Definições Atletismo é o esporte olímpico essencial. Sua prática contempla os movimentos naturais do ser humano. Por isto, é chamado também de esporte base. Correr, saltar e lançar são as suas principais manifestações. O primeiro registro de resultados, nos Jogos Olímpicos da Antiguidade Clássica, em 776 a.C., foi de uma corrida. A simplicidade da disputa explica a sua universalidade. Por definição da federação internacional que rege a modalidade, o atletismo compreende as provas de pista e campo, as corridas de rua, a marcha atlética e o “cross country”, em diferentes versões para homens e mulheres, e incluindo as provas combinadas (decatlo e heptatlo). Além do atletismo de competição, altamente exigente, há uma outra forma de prática, voluntária e comunitária, representada por corridas e caminhadas, quer como lazer ou prevenção de saúde. Nestas últimas opções, a escala de participação situa-se atualmente em milhões de pessoas nos países ricos e em alguns outros em desenvolvimento. Origens No seu conceito moderno, o atletismo já é secular. No Brasil, sua prática aparece sob forma recreativa em meados do século XIX – na mesma época que, na Europa, as modalidades competitivas recebiam suas primeiras codificações – como manifestação típica de clubes esportivos. http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/46.pdf No Maranhão: PERÍODO PRÉ-COLONIAL Em diferentes culturas e diferentes épocas houve alguma forma de manifestação do movimento representado pela corrida e esta sempre teve primeiro, um caráter de sobrevivência. Ritualizada, passa a fazer parte da cultura, onde representam os valores e as normas sociais o mesmo ocorrendo quando levada para a esfera do lazer (lúdico). O Atletismo aparece em Maranhão anterior ao período colonial, através da Corrida de Toras – pertencente ao grupo de provas de revezamentos – dos Índios Canelas Finas – pertencentes à etnia Jê, presentes por estas terras há pelo menos cinco mil anos. O “esporte nacional dos Tapuya”, que praticavam uma corrida a pé encetada carregando peso, é registrado por dois historiadores franceses - Claude d´Abeville – História da Missão dos padres Capuchinhos na Ilha do Maranhão e terras circunvizinhas, de 1614; e Ives d´Evreux – Viagem ao Norte do Brasil feitas nos anos de 1613 a 1614, publicada em 1864. Os Jê são conhecidos no Maranhão com a denominação de "TIMBIRAS", e dividem-se em dois ramos principais, segundo seu habitat - Timbiras do Mato e Timbiras do Campo -, estes apelidados de Kanelas Finas "pela delicadeza de suas pernas e pela velocidade espantosa que desenvolvem na carreira pelos descampados", conforme afirma TEODORO SAMPAIO (1912, apud CORREIA LIMA & AROSO, 1989, p. 41), confirmando SPIX e MARTIUS (1817, citados por CORREIA LIMA & AROSO, 1989, p.59) quando afirmam, sobre os Kanelas, "... gaba-se a sua rapidez na corrida, na qual igualariam a um cavalo.". Acreditam DIECKERT & MEHRINGER (1989a, 1989b) ser "através da criação e da valorização cultural da corrida de toras... a base para a sua [dos Canelas] sobrevivência física e cultural". JUNG & BRUNS (1984) ao analisarem os aspectos rituais das corridas de longa duração em diferentes culturas e épocas afirmam ser “outra forma de corrida religiosa... a chamada corrida do tronco dos índios Jês no Brasil meridional... A corrida podia ser um rito ou também ter caráter profano. Os participantes podiam ser homens, mulheres ou inclusive crianças”. (JUNG, K. & BRUNS, U. Aspectos rituales de las carreras de larga distancia en diferentes culturas y epocas (conclusion). (STADIUM, Buenos Aires, v.18, n. 105, p. 26-29, junho 1984.)
Fonte: NIMUENDAJÚ, Curt. A corrida de toras dos timbira. Mana v.7 n.2 Rio de janeiro oct. 2001 1685/87 - João Renôr nos dá a conhecer uma nova edição da Jornada de João Velho do Valle neste final de 2015: RELAÇÃO DA JORNADA que vou fazendo com o gentil CaiCai a fazer pazes com o gentil de Paraguassú e os rios Itapecurú donde habitam várias Nações e descobrimento para a parte do Brasil e também para fazer todo o possível para fazer descer algumas Nações para este rio Itapecurú por mandado do senhor Gomes Freire de Andrada, Governador e Capitão General deste Estado (João Vellho do Valle, 10/11/1685). Logo na 2ª parte, quando trata da “relação dos rios, aldeias, nações indígenas e Murubixabas visitados por João Velho do valle durante sua jornada (1685-1687), item 15 (p. 44), em visita a Ynáya Merim (principal ou Morubixaba):
Os machos levando às costas um trôço de pau de cinco palmos de roda e seis de comprimento levando-o numa carreira tomando-o uns das costas dos outros sem descansarem até chegarmos à aldeia donde achamos o Principal Ynáyá Merim (JORNADA NO 7). (CARVALHO, João Renôr Ferreira de. JORNADA DE JOÃO VELHO DO VALLE EM RECONHECIMENTO DOS RIOS ITAPECURU, MONIN, MEARIM E PARAGUAÇU (1685-1687) FAZENDO ACORDOS DE PAZ COM AS NAÇÕES: CAICAÍ, GUARETI, GUANARÉ E CHARUNA. Teresina: EDUFPI, 2015.)
Tempos Modernos 1907 o nascimento das atividades esportivas em Maranhão se dá pelas mãos de JOAQUIM MOREIRA ALVES DOS SANTOS - Nhozinho Santos - e do clube esportivo e social fundado em 27 de outubro de 1907, na Fábrica "Santa Izabel", o FABRIL ATHLETIC CLUB - FAC - A primeira competição de atletismo, no Maranhão, foi disputada oficialmente naquele 27 de outubro de 1907: “Na corrida, sairam vencedores Joaquim Belchior e M. Lopes. No 'place-kick' E. Dolber tirou o primeiro lugar, ficando Jasper [Moon] em segundo. No concurso de peso, vitória de Jasper [Moon], que lançou o peso à distância de 9 1/2 jardas. (O IMPARCIAL, 1907 1908 fevereiro, em “A Pacotilha” (do dia 21) sob o título de “Carnaval” é anunciada a realização de um concurso de “atletismo carnavalesco”, assim organizado: 2 as 3:30 – handicap pedestre; 3 as 4 – concurso de peso. Abril sob o título Sport é anunciado para breve uma disputa de corrida pedestre, “cross country”, em que tomarão parte grande número de corredores dos mais resistentes que possui o Club – FAC (A Pacotilha, São Luís, Quarta-feira, 15 de abril de 1908) Maio na mesma coluna, dizia-se que a anunciada corrida pedestre ainda era aguardada pelos sócios, confirmada pelo jornal a sua realização na edição de 10 de maio. Nesse mês, é realizada uma corrida, improvisada, devido às fortes chuvas que caíram (Revista Typographica, n. 10, 12/05/1908, p. 22). Junho - o Atletismo estava se consolidando, entre as práticas desenvolvidas, especialmente no FAC, como uma corrida rústica: "4.- Crors Cutrey (cross-country) - corrida pedestre com obstáculos por J. Mário, J. Moon, C. Neves, A. Vieira, A. Novaes, J. Shipton, J. Bastos, M. Neves, sendo vencedor J. Mário, seguido muito de perto J. Moon em terceiro logar A. Novaes, C. Neves.( O MARANHÃO, Segunda-feira, 08 de junho de 1908) Finalmente, é realizada a corrida de cross-country anunciada de há dois meses. Participaram: J Mário; J. Moon; Shipton; Anthero; M. Neves; C. Neves, A. Vieira; J. Bastos; que correram 900 metros em pista desconhecida e com obstáculos. Devido à falta de exercícios preparatórios, alguns concorrentes não concluíram, sentindo-se incomodados, convindo notarem que todos haviam almoçado copiosamente, isto num dia em que deveriam fazer exercícios daquela natureza. Venceram J. Mário, seguido muito de perto de J. Moon, chegando em terceiro Anthero e em quarto Shipton.( Pacotilha, de 08 de junho de 1908) SIMÃO FÉLIX 1908 maranhense de Grajaú, onde nasceu em 3 de maio de, praticou o futebol, o basquetebol, voleibol, motociclismo, natação, remo e muitas outras modalidades. Era um autêntico campeão. 1915 Veio para São Luís quando tinha 7 anos de idade, localizando-se na Rua da Palma. Largo das Mercês e Quartel da Polícia [onde hoje é o Convento das Mercês]; foram os seus primeiros locais de diversão. Em tais locais, começou a chutar "bola de meia" e aprender a correr, em vista de aproximação dos policiais. Depois do futebol, passou a ser remador. Construiu a piscina do Genipapeiro, em companhia de outros colegas e fez daquele local o seu ponto de recreio. Possuía um bom "yole" e remava com relativa facilidade. Como futebolista, jogava pelo Sírio. - Faltava um guardião para o time da Montanha Russa e Simão, que era bamba no basquete e volei, foi encarregado de guarnecer a cidadela do Sírio. No dia da estréia do grêmio árabe, Simão fez defesas espetaculares, chegando a defender três penalidades. O Sírio venceu o Libertador por 1 x 0. Antonhinho, Simão, Fuad Duailibe, Chafi Heluy, César Aboud, Amintas Pires de Castro, Silva e Jaime também colaboraram bastante. Simão disputou várias partidas pelo Sírio, porém devido a seu estado de saúde deixou de praticar esportes por algum tempo, indo para o interior do Estado. Quando não quis mais jogar como goleiro, João Mandareck estava fazendo misérias no arco, Simão passou a zaga, até a extinção do Sírio, abandonando o futebol. Continuou apenas com a prática da bola-ao-cesto, bola ao ar (volei ?), atletismo, motociclismo, tênis, remo e outros esportes. 1947 Simão Félix deixou de praticar o basquete e o volei em 1947, quando figurou na equipe do Pif-Paf, num campeonato interno organizado pelo Moto Clube. - O crack praticou também o box, tendo disputado uma luta no Éden (cine Éden, onde hoje é a loja Marisa, na Rua Grande) contra um pugilista cearense. - Era louco por corrida de bicicleta e motocicleta. Como também a pé,
demonstrando sempre muita resistência. No lançamento do peso, do disco e do dardo era bamba, o mesmo acontecendo nos 100 metros e no salto em extensão. 1910 o esporte em Maranhão experimenta mais uma de suas inúmeras crises. Surge nesse cenário o vice-cônsul inglês no Maranhão, Mr. Charles Clissold, um grande amante dos esportes, que junta-se aos dirigentes do FAC, incentivando a prática de vários esportes, com muitos jovens inscrevendo-se em várias modalidades, como: salto em altura simples, com vara, distância; corridas de velocidade, de resistência, com obstáculos;lançamento de peso, de disco, do martelo; 1916 29 DE JANEIRO – Pacotilha anunciada as atividades do FAC para a semana, incluindo um sarau à fantasia; da programação constam provas de atletismo:
-16 de março O Combate
- 28 de dezembro - No bairro do Anil, o UBIRAJARA SPORT CLUB, realiza sua festa esportiva de encerramento do ano sendo disputadas algumas provas de Atletismo: Corrida a pé, saindo vencedor Mamede Uta; Corrida com Obstáculos, vencida por Jorge Marinho; Pulo, vencida por Raymundo Souza (salto em distância ?) (O ESTADO, 28 de dezembro de 1916). Nesse mesmo ano, o FAC amplia suas atividades esportivas, oferecendo, dentre outras modalidades, os jogos olímpicos (atletismo).
1918 – O JORNAL
1921 – A Confederação Brasileira de Desportos torna obrigatória a prática de Atletismo entre seus filiados. A liga metropolitana, obrigatória para os clubes filiados. Com vistas ao ano de 1922. 1926 – PACOTILHA
1910 o esporte em Maranhão experimenta mais uma de suas inúmeras crises. Surge nesse cenário o vice-cônsul inglês no Maranhão, Mr. Charles Clissold, um grande amante dos esportes, que junta-se aos dirigentes do FAC, incentivando a prática de vários esportes, com muitos jovens inscrevendo-se em várias modalidades, como: salto em altura simples, com vara, distância; corridas de velocidade, de resistência, com obstáculos;lançamento de peso, de disco, do martelo; 1916 29 DE JANEIRO – Pacotilha anunciada as atividades do FAC para a semana, incluindo um sarau à fantasia; da programação constam provas de atletismo:
-16 de março O Combate
- 28 de dezembro - No bairro do Anil, o UBIRAJARA SPORT CLUB, realiza sua festa esportiva de encerramento do ano sendo disputadas algumas provas de Atletismo: Corrida a pé, saindo vencedor Mamede Uta; Corrida com
Obstáculos, vencida por Jorge Marinho; Pulo, vencida por Raymundo Souza (salto em distância ?) (O ESTADO, 28 de dezembro de 1916). Nesse mesmo ano, o FAC amplia suas atividades esportivas, oferecendo, dentre outras modalidades, os jogos olímpicos (atletismo).
1918 – O JORNAL
1921 – A Confederação Brasileira de Desportos torna obrigatória a prática de Atletismo entre seus filiados. A liga metropolitana, obrigatória para os clubes filiados. Com vistas ao ano de 1922. 1926 – PACOTILHA
- JOAQUIM ITAPARY SALES DE OLIVEIRA – goleiro de Futsal - foi um dos maiores árbitros de Basquete que o Maranhão teve; começou a carreira de árbitro no início dos anos 50, aos 18 anos; tendo chegado de São Bento em 1946, quando o pai Joaquim Itapary assumiu o cargo de Secretário de Estado e Chefe de Polícia no governo Saturnino Bello; veio para estudar nos Maristas (aos 10 anos) e logo no ano seguinte
estava no São Luís; Joaquim viveu na nova escola a prática da educação física como saúde; depois dos exercícios físicos, quem tinha alguma aptidão para algum esporte passava à prática e aprimoramento em aulas específicas, como Voleibol, Basquetebol, Atletismo e Boxe. - 6 DE SETEMBRO – pacotilha:
1935 –
1947 O Combate, de 5 de maio – reportagem dá conta da existência de uma Liga de Futebol e Atletismo no município de Araiososes, sendo seu presidente o Sr. Manoel Freire Belém Junior. Estava em São Luis para filiar-se à FMD. Embora a Liga traga como sendo também de Atletismo, o Presidente da mesma só se refreriu ao futebol, em sua entrevista.
ANOS 50/60 A “GERAÇÃO DE 53” – por analogia à “Geração de 45” da literatura maranhense – Ferreira Gular, Josué Montello, Lago Burnet, Bandeira Tribuzzi, José Sarney ... – venho chamando de “Geração de 53” ao grupo de jovens esportistas que, nesse ano, começam a disputar várias modalidades esportivas, dentre elas o Atletismo, e que, na década de 70, vêm revolucionar o esporte maranhense e, mais tarde, anos 80/90, passam a comandar os destinos do Estado, destacando-se, nos esportes,::
1952 início de sua carreira esportiva de Cláudio Vaz dos Santos, ao ingressar no Colégio de São Luís, do Prof. Luis Rego (1952); nesse ano, participa dos Jogos Olímpicos Secundaristas, organizado pelo jornalista Mario Frias, como atleta de Basquetebol, Voleibol, Futebol de Campo, Atletismo e Natação.
1951 – torneio de atletismo
1952 Participação da FAME nos Jogos Universitários Brasileiros – preparativos:
1953 O Combate de 15 de maio traz reportagem assinada por P. Seguins sobre Bacabal, em que informa haver na cidade dois clubes de basquete e futebol 1954 realizada a preliminar da São Silvestre, com a vitória de Pantera; Simeão ficou em segundo, Rogerio em terceiro e Albino em quarto. A equipe da Policia Militar foi a campeã por equipe, ficando em segundo lugar a Estiva Terrestre. O campeão maranhense de corrida de fundo Filomeno não participou da prova eliminatória. Acredita-se que a organização da competição faça uma prova entre ele e o vencedor, para definir quem representará o Estado. (Correio Esportivo, 12/12/1954) 1955 – Dia do Estudante
1958 – Realização da Olimpíada Secundarista:
OUTRAS CIDADES BACABAL 1953 Em Bacabal:
Hermano Rodrigues Santana Neto Pedro Bruno Silva Viana
DÉCADA DE 1960 em 1966, regressa a Bacabal o jovem João Alberto de Sousa (hoje, senador). Com pretensões políticas, passa a incentivar o esporte amador na cidade, promovendo diversos eventos, incluindo corridas a pé. DÉCADA DE 1970 o Tiro de Guerra, do Exército Brasileiro, passa a promover a Corrida do Tiro de Guerra, a partir de 1977. DÉCADA DE 1980 Começam as disputas dos JEBS - Jogos Escolares Bacabalense - organizado pela Secretaria de Educação Desporto e Lazer da cidade, a partir de 1982. Dentre as modalidades em disputa, está o Atletismo O maior medalhista em JEBS é Paulo Miguel com 10 medalhas de ouro, conquistas nos anos de 2002 e 2003. 1983 Fundação do Grupo “Os Cábulas” , em 05 de fevereiro, por Orlando Xavier, com o objetivo de difundir a cultura e o esporte em geral. A partir do ano 2000 começam a participar de provas de atletismo. 1985 Começa a ser disputada a Corrida de São Luís Gonzaga a Bacabal, na distância de 35 quilômetros. DÉCADA DE 1990 chega à cidade o Sub-Tent. DaSilva, que passa a incentivas o Atletismo, filiando-se a Federação de Atletismo e treinando equipes para participar dos Jogos Escolares Maranhenses – JEM´s. Dentre os atletas que aparecem nesse período em que permanece na cidade, destaca-se sua filha, LARISSA PATRÍCIA da SILVA, a maior vencedora de prova de Rua em Bacabal, campeã de 1992 a 2000 em provas femininas, Tri-Campeã Maranhense em Marcha Atlética; 2º lugar do Infanto Norte Nordeste, em 2001; 3º lugar no sul-americano no Peru. dentre os atletas treinados por DaSilva, destaca-se, ainda FRANCISCO ALENCAR CARVALHO JÚNIOR, que em 1999 conseguiu um 3º lugar na Marcha Atlética; 1º lugar no Intermunicipal em 2000, na marcha atlética (recordista); 1º lugar no Campeonato Maranhense Juvenil, nos anos de 2000 e 2002; 2º lugar no Adulto de 2000, e 5º lugar no Norte Nordeste, realizado em Recife, em Lançamento de Dardo, no ano de 2001; 1º lugar na segunda Corrida de 10km em São Luis. 1992 Começou a “Corrida de Rua Frei Solano”, organizada pelo Sub-Tenente Da Silva. O maior vencedor é Mauro Sérgio com oito títulos. Tem o 2º lugar em Pedreiras, 1º lugar em 1999 na abertura da Copa Ouro, chamada corrida do Banco do Brasil.
DOM PEDRO Leopoldo Gil Dulcio Vaz 1972 Corrida do Fogo, promovida pelo governo federal, em comemoração aos 150 anos da República; alunos das escolas a transportaram até a cidade de Capinzal, distante 40 quilômetros de Dom Pedro; participaram 20 alunos, sendo dez das escolas Rui Barbosa e Dom Pedro; dentre os participantes, Azeide Monte Palma e Charles Ramos de Lima; 1975 Azeide Monte Palma participa de uma corrida na abertura das festividades carnavalescas, aonde o bloco que chegasse a primeiro lugar na Praça da Prefeitura ganhava vários prêmios e a fama; 1999 durante as comemorações do 47º. Aniversário da cidade foram realizadas duas corridas, com 40 inscrições e distribuição de prêmios, sendo uma de atletismo e outra de ciclismo; no Atletismo, foram disputadas provas de 100 e 500metros; Albeane Silva Mendes inscreve-se nas duas provas, chegando em primeiro no ciclismo e nos 500 metros; o segundo colocado foi Augusto, e o terceiro, Genival. 2006 desde 1999 nada mais foi feito em termos de atletismo na cidade Fonte: Azeide Monte Palma e Albeane Silva Mendes. Entrevistas.
GUIMARÃES Aldirene Monteiro Silva Domingas de Jesus Fonseca Borges Wilza Malheiros Silva 1979 Os Professores Rui Moreira, Cláudio Thomas e Izabel Pinheiro participaram de um curso de capacitação na área de educação física, promovida pelo Departamento de Educação Física, Esportes e Recreação, em São Luís, onde várias modalidades de esportes foram trabalhadas, dentre elas, o Atletismo - ao retornarem ao município, implantaram o atletismo nas aulas de educação física 1981 Primeira Olimpíada organizada por professores da Escola Nossa Senhora da Assunção, com jogos em várias modalidades: Voleibol, Basquetebol, Handebol, Natação; no Atletismo foram disputadas corridas, revezamentos, saltos, corridas com obstáculos; destacaram-se os estudantes José Ribamar Araújo (salto em distância), José de Ribamar Azevedo (salto em Altura) 1987 realização dos Jogos Olímpicos Vimarense, organizados por uma comissão Municipal de Esportes e Lazer, da qual faziam parte José Maria Silva, Joião Raimundo Costa Pontes, Aelson de Jesus Martins, Valbemir Pestana, Joselita Sousa, Carmenilde Coimbra, disputadas as seguintes modalidades: Natação, ciclismo, meia maratona (5.000 metros), salto triplo, salto em distância, e em altura, canoagem e jogos de quadra. Participaram alem da comunidade, 70% dos alunos de 1º. E 2º. Graus. 1996 surge a ONG Grupo Desportivo Voluntário – GDV -, que organiza a cada 31 de dezembro a Maratona da Paz, tendo como destaque, por três anos consecutivos, Sandra Cristina Lopes, na categoria feminina (Maratona de 10 km); na categoria Máster, Jiquiri venceu por dois anos alternados. Fontes: entrevistas concedidas as autoras por - JANSEN, José Raimundo. Professor de Educação Física, coordenador de eventos, Casa da Cultura Gastão Dias Vieira - PONTES, José Raimundo Costa. Professor de Educação Física, coordenador de eventos, Casa da Cultura Gastão Dias Vieira - AGUIAR, Abibel Francisco Mondego de. Professor de Educação Física e de História, coordenador de ensino fundamental
OS GRANDES NOMES DO ESPORTE VIMARENSE Leopoldo Gil Dulcio Vaz
ARY FAÇANHA DE SÁ – 1928 Nasceu em 1º de abril, no município de Guimarães; - atleta da Seleção Brasileira de Atletismo - e do Fluminense, do Rio de Janeiro; - recordista sul-americano do salto em distância, participou de duas Olimpíadas, de 1952 e 1956. - Professor de Educação Física, formado pela Escola Nacional, foi o introdutor do Interval-training no Brasil, assim como um dos idealizadores dos Jogos Escolares Brasileiros. Década de 1940 Em São Luís, cursou o ginasial no Colégio de São Luiz, do prof. Luiz Rego - criador dos Jogos Inter-colegias -, por onde disputava as provas de 100 e 200 metros, além do salto em distância; consegue a espantosa marca de 5,00 metros. 1949 foi para o Rio de Janeiro estudar - levado pelo irmão, ingressa no Fluminense Futebol Clube, como atleta. 1950 ingressou na Escola Nacional de Educação Física. 1952 recordista sul-americano de salto em distância, com 7,57 m, o que lhe valeu a convocação para a Olimpíada de Helsinque, tendo conquistado o 4º lugar no salto em distância. 1955 bateu o recorde pan-americano, com a marca de 7,84 metros, a quarta marca do mundo. Fonte: VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; ARAÚJO, Denise Martins; VAZ, Delzuite Dantas Brito. QUERIDO PROFESSOR DIMAS (Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araújo) e a Educação Física maranhense – uma biografia (autorizada). São Luís : (s.e.), 2003. (Inédito) – (in ENTREVISTAS).
JOSÉ FAUSTINO DOS SANTOS ALVES 1944 Nascido em Águas Belas, povoado de Guimarães, hoje, Cedral, em 15 do fevereiro, filho de Firmino Santiago Alves e Raimunda Roclinda dos Santos Alves. Década de 1960 inicia sua carreira na Rádio Timbira, redação comercial; 1962 “entramos na Rádio Difusora, e aí sim começamos a desempenhar a função de repórter; no jornalismo esportivo começou na mesma época, pois porque aí, rádio normalmente você, o jornalista faz de tudo, e principalmente quando ele fala, porque há uma diferença do repórter do jornal para repórter
de televisão, e o de rádio, que o jornal, um só escreve, e o rádio, ele não só redige, como fala também, então o programa do repórter de rádio era mais, ele faz de tudo, ele faz casamento, ele faz enterro, faz esporte, política, Educação, Economia, tudo, então em 62 nós começamos com o jornalismo, propriamente dito e aí, entra tudo, agora a gente chegou, mais para o lado do esporte, e hoje a gente pode ser conhecido, mais exatamente nessa área”. Os esportes na década de 60 “nós tínhamos aqui inclusive, a Olimpíada Estudantil... eu já tive conhecimento a partir de Carlos Vasconcelos e Mary Santos. Inclusive, com o Carlos Vasconcelos, dirigindo essa competição, nós tivemos a honra de ser vice-campeão olímpico, pelo Liceu, na modalidade de Futebol, disputando como sempre com a Escola Técnica Federal; hoje CEFET... a competição para sua época era, o que é a competição que hoje se realiza, que são os Jogos Escolares Maranhenses, ela tinha a mesma importância que o JEM’s tem agora, agora o número de participantes era muito menor, também não poderia deixar de ser, não poderia ser diferente, é hoje a coisa cresceu se modificou, principalmente quando o Cláudio Vaz assumiu, a Coordenadoria de Esporte de Prefeitura, foi que começou a mudar, porque ele tirou essa história de olimpíadas e colocou Jogos Esportivos da Juventude, realizou dois e a partir do segundo apareceu, um moço chamado professor Dimas, que já vivia no meio a muito tempo e graças a uma viagem que ele fez a Belo Horizonte se não me falha a memória, para assistir aos Jogos Brasileiros foi, viu, trouxe a informação possível dessa competição Nacional, que era promovida pelo Ministério da Educação e a partir da sua volta no ano seguinte, já foram realizados não os terceiros jogos esportivos da juventude, mas sim os primeiros Jogos Escolares Maranhenses, em cima da sigla da competição Nacional que é JEB’s, então eles só tiraram o B de Brasil e botaram M de Maranhão, nos Jogos Escolares Maranhenses, aliás Jogos Estudantis Maranhenses, que era Jogos Estudantis Brasileiros, depois Jogos Escolares Brasileiros (risos) passou para Jogos Esportivos da Juventude e hoje já tem um monte de confusão, cada ano eles mudam. Hoje tem Olimpíada, tem jogos da Juventude, tem mais não sei o que”. 1971/72 Festivais Esportivos da Juventude - foram dois realizados, a partir do terceiro ao invés de ser Festival, a partir daí começou a se chamar de Jogos Estudantis Maranhenses; Terceiro, o FEJ’S, e aí colocaram primeiro o JEM's. 1980 entra para a faculdade, para fazer o curso de jornalismo; já era jornalista registrado, tinha a prática, e foi buscar a teoria na Universidade Federal do Maranhão. Primeiro programa esportivo transmitido pela TV – “eu sai em 79 da Difusora, quer dizer em 80 eu já estava na TVE e a gente transmitiu direto do Costa Rodrigues , a não ser que ele (Biguá) tenha feito antes e eu acredito que não, nós fizemos, não foi nem uma transmissão, não foi nem a competição toda, nós fizemos uma transmissão, inclusive que o distinto que dirigia a Difusora, na época ficou muito puto, porque a modalidade todinha era assistindo o jogo e ele gostava era muito de mim, para não dizer ao contrário, então ficou satisfeito da vida, que foi uma beleza, depois Biguá, fez umas transmissões e tal agora, honestamente eu não sei se foi, a primeira transmissão foi dele, eu sei que a Educativa fez e foi comigo, não sei se a dele foi primeira, eu acredito que não”. TVE – “nós ficamos, na Rádio Difusora, na radiodifusão até 79/80, e em 80 ingressamos na TVE. A TVE já tinha o espaço dedicado ao esporte, tinha um programa semanal de esportes, quando eu entrei, eu entrei mas para o jornalismo propriamente dito, quer dizer num programa de política, apesar que no telejornal também entrava de tudo, esporte, notícia, não alterou nada, nós continuamos a fazer a mesma coisa, as transmissões esportivas, a gente conseguiu fazer, no momento dos jogos escolares maranhenses, e a gente teve a oportunidade de transmitir do Costa Rodrigues, isso ao vivo, mas fora isso a gente, fazia a cobertura normal de todos os acontecimentos esportivos”. Sobre profissionalismo - veja só, nesse caso é fácil você fazer, agora depende muito do profissional, eu quando resolvi o curso de arbitragem de Basquete resolvi passar o mês treinando Handebol, para aprender a regra, eu fiz isso simplesmente porque isso antes eu ouvia as transmissões, e principalmente de Basquetebol, porque o Handebol, a gente não tinha aqui, mas o Basquete já acontecia, e a gente ouvia as transmissões, mais antigas do Basquete, e quando você começa a conhecer e que vai ouvir, assistindo o jogo, você fica naquela de quase não se segurar no lugar, porque o juiz tá marcando uma coisa e narrador diz outra, simplesmente porque ele não sabe a regra, então a razão pela qual eu fui
fazer o curso. No brasileiro de Basquete, em Curitiba, e lá normalmente esses Campeonatos Brasileiro eles fazem um curso de padronização de arbitragem, para que, do jeito, que o juiz, toma determinada decisão, os outros possam tomar no lance a mesma decisão, para não ter discrepância, então como eu fui acompanhado a delegação nossa, daí eu não tinha nada para fazer fora do jogo, eu também me inscrevi, fez o curso de padronização de arbitragem, no dia seguinte normalmente a gente discutia a arbitragem dos arbitros que tinham atuado e pude fazer critica a árbitros consagrados, inclusive, e isso eu vibrei comigo mesmo, foi exatamente o problema que eu levantei, que os outros árbitros não concordaram, e o próprio árbitro concordou depois, é sinal de que eu tinha aprendido alguma coisa, então depende muito do profissional, se você quer, eu acho que inclusive, todo e qualquer setor, se você é professor de Educação Física que você ainda não conhece, para conhecer e poder aplicar dentro do seu trabalho, no dia-a-dia, certo, então o mesmo caso é o nosso eu acho que se você quer fazer a coisa séria, você gosta daquilo que faz, então você procura se aproximar, nesse caso eu faço desde que o profissional queira fazer, contrário... tem um caso engraçado, na época da Difusora, eu e Fontenelle, lembro um programa de esporte, ao meio-dia, horário nobre aliás era doze e quinze, e tinha um senhor que tinha vindo do Pará, e era responsável pela direção artística da rádio, o programa dia de sábado, e ele era de segunda a sábado aos sábados, normalmente você tinha uma quebra de informações do esporte amador, dos bairros, então esse jogo de periferia, a macacada mandava a nota toda para lá e escalação dos times, tudo bonitinho, só que nessa escalação, tinha uns apelidos sem-vergonhas, que era uma graça, então nós fomos lendo no programa, e Fontenelle é uma besta para sorrir, começamos ali o programa, lá para as tantas ele começou a rir, lendo a escalação dos times, ele começou a rir, e eu me segurando, aqui para levar a coisa, só que teve uma hora, que não deu para segurar o miserável, riu tanto que ai, os dois riram... ai, o seu Fernando Costa que era Diretor, estava ouvindo o programa na sala dele; terminou o programa beleza, quando nós íamos descendo, a escada, ele estava exatamente no pé da escada, e disse: os dois na minha sala, ai disse: me diz uma coisa esse programa e de esporte ou de humorista ? ai Fontenelle, não chefe sabe o que é, e que tem apelidos. Apelido, uma ova, ai mandou um palavrão, lá. Vocês são profissionais, tal e tal; e por escrita, se você riu no próximo final de semana, nós também sorriremos, nunca mais, mas se ele não faz isso, a gente ia continuar sorrindo toda vez que lesse um apelido engraçado, então é esse o problema, não orientam é a garotada fazendo uma série de bobagens ai, então se ele quiser realmente fazer isso, ele tem que puxar por ele, vai ter em Seminário, que a Rádio ou a Televisão me mande ou não, mas eu vou ter um tempo eu vou lá, então vai depender muito dele, mas não há, dificuldade para cobrir esporte principalmente quando você gosta de esporte, eu acho que é um trabalho extraordinário para você fazer. Fonte: VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; ARAÚJO, Denise Martins; VAZ, Delzuite Dantas Brito. QUERIDO PROFESSOR DIMAS (Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araújo) e a Educação Física maranhense – uma biografia (autorizada). São Luís : (s.e.), 2003. (Inédito) – (in ENTREVISTAS).
RUBEM TEIXEIRA GOULART 1920 - Nasceu em Guimarães. Um dos pioneiros da Educação Física, 1935 - Veio para São Luís em 1935, iniciando sua carreira esportiva no Colégio de São Luiz, do professor Luís Rego. 1942 - ingressou na Escola Nacional de Educação Física, junto com José Rosa, Rinaldi Maia e Valdir Alves. Na Escola Nacional de Educação Física conquistou títulos retumbantes, participando de todos os esportes ali praticados, tendo o seu lugar efetivo nas equipes de volley-ball, basket-ball e atletismo. Foi campeão interno de volley nas competições efetuadas na ENEF; vice-campeão de Halterofilismo, peso médio, além de ter participado das Olimpíadas Universitárias de 1942, nas representações de volley, basket, futebol e atletismo. Alcançou os seguintes lugares nas provas de Atletismo: - 2º lugar nos 100 metros rasos, com a marca de 11,2s; -
2º em salto em distância num espaço de 6,25 metros; 2º no salto em altura com 1,70 m (igualou também o record); obteve lugar em arremesso do peso com 12 metros; sagrando-se ainda campeão por equipe no revezamento 4 x 100 metros.
1943 - durante as Olimpíadas Universitárias e diversas competições atléticas no Rio, defendendo as cores do Fluminense, saindo-se vice-campeão do decatlo, com 5.007 pontos: 100 metros rasos 11,0s 827 pts. Salto em distância Arremesso do peso
6,19m 10,23m
620 pts. 463 pts.
Salto em altura 400 metros rasos 110 m. s/ barreiras Lançamento do disco
1,70m 54,1s 19,5s 30,16 m
661 pts. 665 pts. 422 pts. 404 pts.
Salto com vara Lançamento do dardo 1.500 metros rasos
2,70 m 29,25 m 5m29,0s
397 pts. 278 pts. 270 pts.
Total
5.007 pts
VITORINO FREIRE Leopoldo Gil Dulcio Vaz
1989 a primeira corrida de rua aconteceu em função de uma campanha de combate ao tabagismo, coordenado pelo Banco do Brasil. O nome da corrida era: “Largue o cigarro correndo”, com o percurso de 4 km, tendo como vencedor um rapaz chamado “Camaru”, de Vitorino Freire. Em 1990 acabou o projeto coordenado pelo Banco do Brasil. 1996 25 de setembro inicio de outro evento de atletismo, uma corrida de 5 km de distância, da Fazenda Cristina a Praça José Sarney, organizada Jean de Andrade Oliveira, na gestão do prefeito Juscelino Rezende. Saindo vencedor José Gutemberg. A competição era composta de quatro pessoas. 1997 outro evento esportivo de atletismo, realizado em 25 de setembro, na distância de 100 metros (?), vencedor Francisco dos Santos, povoado Macaca. 1998 evento esportivo de atletismo realizado em 25 de setembro, composto de dez corredores de rua, com distancia de 200 metros, realizado na avenida Joaquim Pinto, dando como vencedor José Gutemberg. 1999 evento esportivo de atletismo realizado no dia 25 de setembro, com percurso foi de 10km, dando como vencedor José Gutemberg 2000 quinto evento esportivo de atletismo realizado no dia 25 de setembro, com percurso foi de 4km, realizado do povoado Jeju até Vitorino Freire tendo como vencedor José Gutemberg. 2001 6º evento esportivo de atletismo em 25 de setembro, no percurso de 4km, dando como vencedor Francisco das Chagas. 2002 7º evento esportivo de atletismo vitorinense foi realizado no dia 25 de setembro de 2002, com um percurso de 12km, realizado no povoado Palmeira até Vitorino Freire, dado como vencedor Francisco das Chagas. 2003 8º evento foi realizado no dia 25 de setembro na distância foi de 12km, dado como vencedor Carlos Nascimento, da cidade de Imperatriz. E no revezamento 4x4 dando como vencedor um rapaz de Pedreiras Chamado Willian (?).
ARTIGOS, CRÔNICAS, DISCUSSÕES, OPINIÕES Nesta sessão, publicadas as novidades: os novos artigos, a partir deste outubro de 2017, data da fundação da Revista do Léo. Os artigos do Editor, de colaboradores, com espaço aberto aos pesquisadores que desejem fazer uso deste espaço. Não restrito aos esportes, educação física e lazer, mas também à História/Memória do Maranhão.
CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE3 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Academia Ludovicense de Letras Existe uma Capoeiragem (Tradicional) Maranhense/Ludovicense!!! A capoeira do Maranhão, genuína, singular, com uma prática quase bicentenária - tal qual nos outros locais onde surgiu, como o Recife, Salvador e Rio de Janeiro. Temos indícios de sua prática em São Luis do Maranhão a partir da segunda década dos 1800, embora menções de que de há muito ocorriam essas práticas da lúdica e do movimento dos negros aqui encontrados ocorriam na zona rural ou semi-urbanas. Abrindo parente: uso o termo “negros’, e não ao politicamente correto ‘afro-descendentes’, haja vista que para cá vieram não só africanos escravizados, mas também negros oriundos de outras províncias, traficados, a partir de algumas das revoltas e fugas em massa ocorridas no Brasil – e digo Brasil, pois por muito tempo tivemos dois estados coloniais – o Maranhão e o Brasil, até a chegada da família real, no 1808 e a anexação do Maranhão ao Império Brasileiro, em 1823... fecha o parente... Concordamos com Kafure (2012) 4, quando trata do processo de “desconstrução da capoeira maranhense”, de que no início tudo – aqui - era uma coisa só: capoeira, batuque, punga, tambor de crioula, tambor de mina, bumba-meu-boi – e frevo, samba, cangapé, etc. alhures... Por desconstrução, entenda-se que [...] o tipo de transformação [...da] capoeira começou a se formar a partir da repercussão dessa arte supostamente vinda da Bahia, com os mestres Bimba e Pastinha. Esse autor se propõe: [...] em nível do Maranhão analisar a história da linhagem de mestres da capoeiragem de Patinho e suas metodologias, bem como as ligações com religiosidade, musicalidade e filosofia. (KAFURE, 2012).
Esse autor reconhece a existência de uma “Capoeiragem Ludovicense”, pois [...] é o nome denominado pelos mestres da cidade de São Luís - MA para um jogo que mistura a Capoeira Angola com a Capoeira Regional, uma síntese das modalidades e estilos de capoeira. Essa miscigenação propiciou a caracterização do jogo maranhense de uma maneira singular, muito semelhante a uma capoeira antiga em que não havia uniformes ou obrigatoriedade do sapato. Outro estudioso, Greciano Merino (2015) 5, refere-se a uma característica, singular, de ‘maranhensidade6, que a mesma teria, em relação às Capoeiras Regional e Angola. Em sua hipótese de pesquisa considera ser a capoeira um jogo popular de interação comunicativa e caráter cultural que veicula um modelo de cidadania e expressa esteticamente como as relações entre o indivíduo, seu grupo e a comunidade na que se inserem podem gestar conhecimento social e sabedoria individual. Ao apresentar suas hipóteses, afirma que uma aproximação antropológica da visualidade na capoeira ‘maranhense’ permite delimitar aquelas dinâmicas sensitivas e sensoriais que, gestadas no devir das ecologias tecno-culturais, configuram um complexo imaginário social cuja fenomenologia é uma das mais influentes de nossa cultura. Esse autor caracteriza a capoeira maranhense como sendo aquela capoeira que se realiza na cidade de São Luis, capital do estado do Maranhão, em torno da comunidade representativa que se forma ao redor de Mestre Patinho – herdeiro de Sapo – e a metodologia de estudo desenvolvida por ele.
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VAZ, Leopoldo Gil Dulcio, CHRONICA DA CAPOEIRAGEM. São Luis: Ed. Do autor, eletrônica, disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/cronica_da_capoeiragem_-_leopoldo_g VAZ, Leopoldo Gil Dulcio, CHRONICA DA CAPOEIRAGEM. São Luis: Ed. Do autor, eletrônica, disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/cronica_da_capoeiragem_-_issuu 4 ROCHA, Gabriel Kafure da. AS DESCONSTRUÇÕES DA CAPOEIRA. In http://procaep07.blogspot.com.br/2012/03/texto-as-desconstrucoesda-capoeira.html, publicado em segunda-feira, 5 de março de 2012 5 GRECIANO MERINO, Alberto. IMAGEN-CAPOEIRA - UNA FENOMENOLOGÍA HERMENÉUTICA DE LA INTERFAZ EN LAS RODAS DE CAPOEIRAGEM DE LA ‘MARANHENSIDADE'. Tesis de doctorado: UNIVERSIDADE AUTONOMA DE BARCELONA. FACULTAD DE CIENCIAS DE LA COMUNICACIÓN. DEPARTAMENTO DE COMUNICACIÓN AUDIOVISUAL Y PUBLICIDAD. PROGRAMA DE DOCTORADO EN COMUNICACIÓN AUDIOVISUAL Y PUBLICIDAD. Dirigida por el catedrático Josep Maria Català Domènech. Año 2015. 6
BARROS. Antonio Evaldo Almeida. “A TERRA DOS GRANDES BUMBAS”: a maranhensidade ressignificada na cultura popular (1940-1960). Caderno Pós Ciências Sociais - São Luís, v. 2, n. 3, jan./jun. 2005
Os Mestres Capoeira participantes do Curso de Capacitação dos Mestres Capoeira do Maranhão, organizado pela UFMA/DEF 2017, concordam com a existência de uma Capoeira genuinamente maranhense/ludovicense. E que esta se caracteriza pela forma de jogar, de se adaptar e não se define por ‘estilo’; a maior diferença da Capoeira Maranhense para a Angola, Regional, ou Contemporânea é a metodologia de ensino tradicional praticada no Maranhão, com suas influencias da cultura do Maranhão; exemplos: Bumba-meu-boi, Tambor de Crioula, Punga7. É o jogo solto, com floreios e movimentos oscilantes, jogo alto e rasteiro obedecendo ao toque do berimbau8. Esse jogo é executado nos três tempos (embaixo, no meio, e em cima); musicalidade e o seu espírito de jogo9. Portanto, concordam com a existência de uma Capoeira Maranhense, e tem uma característica própria, pois a mesma é jogada de forma diferenciada, sempre seguindo os toques executados. A Capoeira Maranhense se diferencia da Angola, Regional, e/ou Contemporânea porque é jogada de forma diferente, não seguindo as tradições das mesmas10, pois é jogada nos três tempos (ritmos): Angola, São Bento Pequeno e São Bento Grande; o que a diferencia são as influencias muito fortes da mossa cultura e da nossa região 11. Cinco, dos seis grupos formados, responderam que existe uma Capoeira Maranhense. Um dos grupos concorda com a existência de uma Capoeira Ludovicense: [...] praticada na Ilha de São Luís, caracterizada pela ginga e aplicação de golpes e movimentos diferenciados da Capoeira Angola tradicional, da Capoeira Regional, e da Capoeira Contemporânea, por exemplo: não se tinha ritual, nem formações de bateria eram usados toques da capoeira Angola, São Bento Pequeno de Angola, São Bento Grande de Angola, e samba de roda.12 Mestre Baé (2017) 13, em correspondência pessoal, informou-me de que, em reunião, a maioria dos Mestres Capoeira, sobretudo os que se declaram como estilo praticado a capoeira/capoeiragem mista, que de ora em diante passarão a adotar “Capoeiragem Tradicional Maranhense”... Estudos demonstram que a Capoeira – no Brasil - tenha surgido – como a entendemos -, e com esse nome, lá pelo final dos 1700, quando aparece o nome do Tenente Amotinado - João Moreira 14, e de um negro chamado Adão, pardo, escravo, preso por ser “capoeira”, em 12 de abril de 1789 15, embora desde o ano anterior - 1788 - as maltas dos capoeiras já inquietavam os cidadãos pacatos do Rio de Janeiro e se tornavam um problema para os vice-reis 16. Cabe, neste momento, definir o que se entende por Capoeira: a) “Desporto de Criação Nacional, surgido no Brasil e como tal integrante do patrimônio cultural do povo brasileiro, legado histórico de sua formação e colonização, fruto do encontro das culturas indígena, portuguesa e africana, devendo ser protegida e incentivada”. Federação Internacional de Capoeira – FICA17
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O Grupo 1 é formado pelos Mestres: ANTONIO ALBERTO CARVALHO (PATURI); JOÃO PALHANO JANSEN (CURIÓ); FLORIZALDO DOS SANTOS MENDONÇA COSTA (BAÉ); JOÃO CARLOS BORGES FERNANDES (TUTUCA); e ROBERTO JAMES SILVA SOARES (ROBERTO). 8 O Grupo 2 é formado pelos Mestres: CARLOS ADALBERTO ALMEIDA COSTA (MILITAR); JOSÉ TUPINAMBÁ DAVID BORGES (NEGÃO); MÁRCIO COSTA CORTEZ (CM MÁRCIO); LUIS AUGUSTO LIMA (SENZALA); AMARO ANTONIO DOS SANTOS (MARINHO). 9 O Grupo 3 é formado pelos Mestres: ALCEMIR FERREIRA ARAÚJO FILHO (MIZINHO); EVANDRO DE ARAUJO TEIXEIRA (SOCÓ); JOAQUIM ORLANDO DA CRUZ (CM DIACO); ANTONIO CARLOS DA SILVA (CM BUCUDA); JOSÉ NILTON PESTANA CARNEIRO (NILTINHO). 10 O Grupo 4 é formado pelos Mestres: VICENTE BRAGA BRASIL ( PIRRITA); RUI PINTO CHAGAS (RUI); GENTIL ALVES CARVALHO (TIL); EVANDO DE ARAUJO TEIXEIRA (SOCÓ); LUIS GENEROSO DE ABREU NETO (GENEROSO). 11
O Grupo 6 é formado pelos Mestres: JOSÉ MANOEL RODRIGUES TEIXEIRA (MANOEL); FRANCISCO RODRIGUES DA SILVA NETO (LEITÃO); HÉLIO DE SÁ ALMEIDA (GAVIÃO); SILVIO JOSÉ DA NATIVIDADE FERREIRA CRUZ (CM FORMIGA ATÔMICA). 12 O Grupo 5 é formado pelos Mestres: JORGE LUIS LIMA DE SOUSA (JORGE NAVALHA); CLÁUDIO MARCOS GUSMÃO NUNES (CACÁ); PEDRO MARCOS SOARES (PEDRO); NELSON DE SOUSA GERALDO (CANARINHO); REGINALDO PEREIRA DE SOUSA (REGINALDO). 13 BAÉ, Mestre – in Correspondência eletrônica pessoal, para Leopoldo Gil Dulcio Vaz, em 26 de setembro de 2017 14 LIMA, Hermeto in “Os Capoeiras”, Revista da Semana 26 nº 42, 10 de outubro de 1925, citado por VIEIRA, Sérgio Luis de Sousa. CAPOEIRA – ORIGEM E HISTÓRIA. DA CAPOEIRA: COMO PATRIMÔNIO CULTURAL. PUC/SP – Tese de Doutorado – 2004. disponível em http://www.capoeira-fica.org/. 15 In CAVALCANTI, Nireu. O Capoeira, JORNAL DO BRASIL, 15/11/1999, citando do códice 24, Tribunal da Relação, livro 10, Arquivo Nacional, Rio de Janeiro]. (texto disponível em www.capoeira-palmares.fr/histor) 16 CARNEIRO, Edson. Capoeira. In CADERNOS DE FOLCLORE 1. Rio de Janeiro: MEC/FUNARTE, 1977 17 Aprovados em Assembléia Geral de fundação da Federação Internacional de Capoeira - FICA - ocorrida por ocasião do I Congresso Técnico Internacional de Capoeira, realizado nos dias 03, 04, 05 e 06 de junho de 1999 na Cidade de São Paulo, SP, Brasil, revisados na Assembléia
b) ) “um jogo de destreza corporal, com uso de pernas, braços e cabeça, praticado em duplas, baseado em ataques, esquivas e insinuações, ao som de cânticos e instrumentos musicais (berimbau, atabaque, agogô e reco-reco). Enfocado em sua origem como dança-luta acabou gerando desdobramentos e possibilidades de emprego como: ginásticas, dança, esporte, arte marcial, folclore, recreação e teatro, caracterizando-se, de modo geral, como uma atividade lúdica”. (VIEIRA, 2005)18.
A “regulamentação” da Capoeira como atividade física dá-se nas primeiras décadas do século passado – os 1900. Segundo Reis (2005) 19, e Vidor e Reis (2013) 20 foram nos anos 30 e 40, em Salvador, que se abriram as primeiras "academias" com licença oficial para o ensino da capoeira como uma prática esportiva, destacando-se dois mestres baianos - negros e originários das camadas pobres da cidade -, Bimba - criador da Capoeira Regional Baiana, não verá nenhum inconveniente em "mestiçar" essa luta, incorporando à mesma movimentos de lutas ocidentais e orientais (tais como Box, catch, savate, jiu-jítsu e luta greco-romana -, e Pastinha - contemporâneo de Bimba e igualmente empenhado na legitimação dessa prática, reagindo àquela "mestiçagem" da capoeira, afirmando a "pureza africana" da luta, difundindo o estilo da Capoeira Angola e procurando distingui-lo da Regional. Para Reis (2005) 21, e Vidor e Reis (2013) 22, Bimba e Pastinha elaboraram, através da Capoeira, estratégias simbólicas e políticas diferenciadas que visavam em última instância, ampliar o espaço político dos negros na sociedade brasileira e propõem dois caminhos possíveis para a inserção social dos negros naquele momento histórico.: Quando do reconhecimento da Capoeira como Patrimônio Imaterial do Povo Brasileiro23 foi considerada: Arte que se confunde com esporte, mas que já foi considerada luta. Sendo definida como uma arte multidimensional, um fenômeno multifacetado - ao mesmo tempo dança, luta, jogo e música - que tem na roda o ritual criado pelos capoeiristas para desenvolver esses vários aspectos24. Compreender a Capoeira como sendo uma prática cultural representa um salto qualitativo para além das visões essencialistas, que, por vezes, apelam para um mito de origem reivindicando a pureza ou a tradição de certo antigamente da Capoeira. Quero chamar a atenção para o entendimento de que as práticas culturais, como a Capoeira, não estão paradas no tempo e, por isso mesmo, a transformação constante é inevitável. As necessidades e os problemas dos (as) Capoeiras de outrora não são os mesmos de hoje. A cada dia se joga uma Capoeira diferente. A Capoeira de hoje é diferente da Capoeira de ontem e da de amanhã – esse exemplo de constante transformação demonstra suficientemente bem que a cultura está em permanente mudança25. O que é ‘capoeira’? Verniculização do tupi-guarani caá-puêra: caá = mato, puêra = que já foi; no Dialeto Caipira de Amadeu de Amaral: Capuêra, s.f. – mato que nasceu em lugar de outro derrubado ou queimado. Data de 1577 primeiro registro do vocábulo “capoeira” na língua portuguesa: Padre Fernão Cardim (SJ), na obra “Do clima e da terra do Brasil”. Conotação: vegetação secundária, roça abandonada (Vieira, 2005) 26. Por Capoeira deve-se entender “individuo(s) ou grupo de indivíduos que promovião acções criminosas que atentavam contra a integridade física e patrimonial dos cidadãos, nos espaços circunscritos Geral Extraordinária ocorrida na Cidade de Lisboa, Portugal, em 02 de julho de 2001 e pelo II Congresso Técnico Internacional de Capoeira, realizado na Cidade de Vitória, ES, Brasil, nos dias 15, 16 e 17 de novembro de 2001. 18 VIEIRA, Sérgio Luiz de Souza. Capoeira. in PEREIRA DA COSTA, Lamartine (org.). ATLAS DE ESPORTES NO BRASIL. Rio de Janeiro : Shape, 2005, p. 39-40. 19 REIS, Letícia Vidor de Sousa. Capoeira, Corpo e História. In JORNAL DA CAPOEIRA, disponível em www.capoeira.jex.com.br, capturado em 14 de abril de 2005, artigo com base na dissertação de mestrado "Negros e brancos no jogo de capoeira: a reinvenção da tradição" (Reis, 1993). 20 VIDOR, Elisabeth; REIS, Letícia Vidor de Sousa. CAPOEIRA – HERENÇA CULTRAL AFRO-BRASILEIRA. São Paulo: Selo Negro, 2013 21 REIS, Letícia Vidor de Sousa. Capoeira, Corpo e História. In JORNAL DA CAPOEIRA, disponível em www.capoeira.jex.com.br, capturado em 14 de abril de 2005, artigo com base na dissertação de mestrado "Negros e brancos no jogo de capoeira: a reinvenção da tradição" (Reis, 1993). 22 VIDOR, Elisabeth; REIS, Letícia Vidor de Sousa, 2013, obra citada 23 CAPOEIRA É REGISTRADA COMO PATRIMÔNIO IMATERIAL BRASILEIRO - África 21 - Da Redação - 16/07/2008 http://www.cultura.gov.br/site/2008/07/16/capoeira-e-registrada-como-patrimonio-imaterial-brasileiro/ 24 CORTE REAL, Márcio Penna. A CAPOEIRA NA PERSPECTIVA INTERCULTURAL: questões para a atuação e formação de educadores(as). 2004 25 CORTE REAL, Márcio Penna. A Capoeira na perspectiva intercultural: questões para a atuação e formação de educadores(as). 2004 26 VIEIRA, Sérgio Luiz de Souza. Capoeira. in PEREIRA DA COSTA, Lamartine (org.). ATLAS DE ESPORTES NO BRASIL. Rio de Janeiro : Shape, 2005, p. 39-40.
dos centros urbanos ou área de entorno“? conforme a conceitua Araújo (1997) 27 ao se perguntar “mas quem são os capoeiras? e por capoeiragem como: [...] a acção isolada de indivíduos, ou grupos de indivíduos turbulentos e desordeiros, que praticam ou exercem, publicamente ou não, exercícios de agilidade e destreza corporal, com fins maléficos ou mesmo por divertimento oportunamente realizado? (p. 69); e capoeirista, como sendo: os indivíduos que praticam ou exercem, publicamente ou não, exercícios de agilidade e destreza corporal conhecidas como Capoeira, nas vertentes lúdica, de defesa pessoal e desportiva? (p. 70). Ou devemos entendê-la como: [...] Desporto de Criação Nacional, surgido no Brasil e como tal integrante do patrimônio cultural do povo brasileiro, legado histórico de sua formação e colonização, fruto do encontro das culturas indígena, portuguesa e africana, devendo ser protegida e incentivada” (Regulamento Internacional da Capoeira) 28; assim como Capoeira, em termos esportivos, refere-se a [...] um jogo de destreza corporal, com uso de pernas, braços e cabeça, praticado em duplas, baseado em ataques, esquivas e insinuações, ao som de cânticos e instrumentos musicais (berimbau, atabaque, agogô e recoreco). Enfocado em sua origem como dança-luta acabou gerando desdobramentos e possibilidades de emprego como: ginásticas, dança esporte, arte marcial, folclore, recreação e teatro, caracterizando-se, de modo geral, como uma atividade lúdica. (Atlas do Esporte no Brasil, 2005, p. 39-40) 29. “Capoeiragem”, de acordo com o Mestre André Lace: ”uma luta dramática” (in Atlas do Esporte no Brasil, 2005, p. 386-388)30. “Carioca” uma briga de rua, portanto capoeiragem (no sentido apresentado por Lacé Lopes) – outra denominação que se deu à capoeira, enquanto luta praticada no Maranhão, no século XIX e ainda conhecida por esse nome por alguns praticantes no início do século XX. 31 Para a Capoeira, apresentam-se três momentos importantes: finais do século XIX, quando a prática da capoeira é criminalizada; décadas de 30/40, quando ocorre sua liberação; década de 70, quando se torna oficialmente um esporte. A Capoeira(gem) praticada no Maranhão é singular, aparece no Estado desde o período colonial, recebendo a denominação ora de ‘batuque’, ‘punga’, ‘carioca’, ‘capoeiragem’, finalmente, ‘capoeira’, tão somente... Pode-se identificar que a Capoeira do Maranhão tem quatro fases: (1) de sua aparição, pelo início dos anos 1800 até meados da década de 1930; (2) desse período até a década de 1950; (3) da década de 1960 até por volta de meados de 1980; (4) e daí, até os dias atuais. Mestre Euzamor (2006) 32 comenta que até 1930 só existia capoeira ou capoeiragem (palavreado maranhense). Era considerado esporte marginalizado devido à prática e ação de como era jogado. Mário Martins Meireles (2012) 33 traz – embora se questione o uso da palavra capoeira em seu texto – que, por volta de 1702, [...] enquanto os escravos de ambos – do Bispo e do Prior – cruzando-se nas ruas tentavam decidir o desentendimento de seus senhores a golpes de capoeira.[...] (p. 98), referindo-se à chegada do Bispo D. Timóteo do Sacramento (1697-1702) - homem intolerante -, e às suas brigas com a população, excomunhões, e enfrentamentos, inclusive físico – brigas nas ruas de seus correligionários e opositores, alguns de outras ordens religiosas. 27
ARAUJO, Paulo Coelho de. ABORDAGENS SÓCIO-ANTROPÓLIGAS DA LUTA/JOGO DA CAPOEIRA – de uma actividade guerreira para uma actividade lúdica. (S.L.): PUBLISMAI – Departamento de Publicações do Instituto Superior Maia (Porto), 1997. 28 Aprovados em Assembléia Geral de fundação da Federação Internacional de Capoeira - FICA - ocorrida por ocasião do I Congresso Técnico Internacional de Capoeira, realizado nos dias 03, 04, 05 e 06 de junho de 1999 na Cidade de São Paulo, SP, Brasil, revisados na Assembléia Geral Extraordinária ocorrida na Cidade de Lisboa, Portugal, em 02 de julho de 2001 e pelo II Congresso Técnico Internacional de Capoeira, realizado na Cidade de Vitória, ES, Brasil, nos dias 15, 16 e 17 de novembro de 2001. 29 PEREIRA DA COSTA, Lamartine. ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Belo Horizonte: SHAPE, 2005, VIEIRA, Sérgio Luis de Sousa Capoeira - http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/1.pdf; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira no/do Maranhão http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/181.pdf LOPES, André Luis Lacé. Capoeiragem -http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/69.pdf também disponível em http://www.confef.org.br/arquivos/atlas/atlas.pdf; http://www.atlasesportebrasil.org.br/escolher_linguagem.php; 30 LOPES, André Luis Lacé. Capoeiragem -http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/69.pdf também disponível em http://www.confef.org.br/arquivos/atlas/atlas.pdf 31 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio Vaz. A CARIOCA. in BOLETIM DO IHGM, no. 31, novembro de 2009, edição eletrônica em CD-R (pré-print). VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira no/do Maranhão http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/181.pdf VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira no Maranhão – afinal, o que é Capoeiragem? In JORNAL DO CAPOEIRA, disponível em www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=379 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O que é a Capoeira ? In www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=675 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO. São Luis: SEDEL, 2014, em DC 32 MESTRE EUZAMOR in VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Livro-Álbum dos Mestres Capoeiras do Maranhão, ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO. São Luis: SEDEL, 2014, em DC (anexo II) 33 MEIRELRES, Mário. ‘A cidade cresce e é posta sob interdito pelo Bispo (1697-1702)”. In HISTORIA DE SÃO LUIS (org. de Carlos Gaspar e Caroline Castro). São Luis: Licar, 2012, edição da Faculdade Santa Fé, póstuma, p. 93-99.
Segundo Coelho (1997, p. 5) 34 o termo capoeira é registrado pela primeira vez com a significação de origem lingüística portuguesa (1712), não se visualizando qualquer relação com o léxico tupi-guarani. Em 1757 é encontrada primeira associação da palavra capoeira enquanto gaiola grande, significando prisão para guardar malfeitores. (OLIVEIRA, 1971, citado por ARAÚJO, 1997, p. 5) 35, em correspondência do então Governador do Estado do Maranhão e Grão-Pará e o Ministro de D. José I. Marcos Carneiro de Mendonça36 em “A Amazônia na era Pombalina”, traz-nos carta de Mendonça Furtado37 a seu irmão, o Marques de Pombal, datada de 13 de junho de 1757, dando conta da desordem acontecida no Arraial do Rio Negro, com as tropas mandadas àquelas paragens, quando da demarcação das fronteiras entre as coroas portuguesa e espanhola. Mundinha Araújo38 fala de manifestação de negros em São Luís, através da prática do Batuque, aparecido lá pelo início dos 1800, referencia que encontrou no Arquivo Público do Estado, órgão que dirigiu. Perguntada sobre o que havia sobre ‘capoeira’ no Arquivo, respondeu que, além do ‘batuque’, encontrara apenas uma referência sobre a Capoeira: no Código de Posturas de Turiaçú, do ano de 1884: 1884 - em Turiaçú é proclamada uma Lei – de no. 1.341, de 17 de maio – em que constava: “Artigo 42 – é proibido o brinquedo denominado Jogo Capoeira ou Carioca. Multa de 5$000 aos contraventores e se reincidente o dobro e 4 dias de prisão”. (CÓDIGO DE POSTURAS DE TURIAÇU, Lei 1342, de 17 de maio de 1884. Arquivo Público do Maranhão, vol. 1884-85, p. 124, grifos meus) 39.
Encontrei, ainda que, em 1829, era publicada queixa ao Chefe de Polícia: Há muito tempo a esta parte tenho notado um novo costume no Maranhão; propriamente novo não é, porém em alguma coisa disso; é um certo Batuque que, nas tardes de Domingo, há ali pelas ruas, e é infalível no largo da Sé, defronte do palácio do Sr. Presidente; estes batuques não são novos porque os havia, há muito, nas fábricas de arroz, roça, etc.; porém é novo o uso d”elles no centro da cidade; indaguem isto: um batuque de oitenta a cem pretos, encaxaçados, póde recrear alguém ? um batuque de danças deshonestas pode ser útil a alguém?“(ESTRELLA DO NORTE DO BRASIL, n. 6, 08 de agosto de 1829, p. 46, Coleção de Obras Raras, Biblioteca Pública Benedito Leite; grifos meus).
Para Mestre Marco Aurélio (Marco Aurélio Haickel), desde 1820 têm-se registros em São Luis do Maranhão de atividades de negros escravos, como a “punga dos homens”. Esclarece que, antigamente, a Punga era prática de homens e que após a abolição e a aceitação da mulher no convívio em sociedade passa a ser dançada por mulheres, apenas. De acordo com Mestre Bamba do Maranhão, jogo que utiliza movimentos semelhantes aos da capoeira. Encontrou no Povoado de Santa Maria dos Pretos, próximo a Itapecurú-Mirim, uma variação do Tambor-de-Crioula, em que os homens participam da roda de dança – “Punga dos Homens”. Para Mestre Bamba esses movimentos foram descritos por Mestre Bimba - os "desafiantes" ficam dentro da roda, um deles agachado, enquanto o outro gira em torno, "provocando", através de movimentos, como se o "chamando", e aplica alguns golpes com o joelho - a punga40: Para Ferreti (2006) 41, a umbigada ou punga é um elemento importante na dança do Tambor de Crioula42. No passado foi vista como elemento erótico e sensual, que estimulava a reprodução dos escravos. 34
ARAÚJO, 1997, obra citada. ARAÚJO, 1997, obra citada, 36 MENDONÇA, Marcos Carneiro de. A AMAZONIA NA ERA POMBALINA. Tomo III. Brasilia: Senado Federal, 2005, volume 49-C. 37 Francisco Xavier de Mendonça Furtado (1700 — 1769) foi um administrador colonial português. Irmão do Marquês de Pombal e de Paulo António de Carvalho e Mendonça. Foi governador geral do Estado do Grão-Pará e Maranhão de 1751 a 1759 e secretário de Estado da Marinha e do Ultramar entre 1760 e 1769. http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Xavier_de_Mendon%C3%A7a_Furtado 38 Mundinha Araújo é fundadora do Centro de Cultura Negra do Maranhão (1979) e, desde então, vem desenvolvendo pesquisas sobre a resistência do negro escravo no Maranhão (fugas, quilombos, revoltas e insurreições); Coordenou o Mapeamento dos povoados de Alcântara” (1985-1987) e foi diretora do Arquivo Público do Estado do Maranhão (APEM), de 1991 a 2002. In Nota de orelha de livro, ARAUJO, Mundinha. NEGRO COSME – TUTOR E IMPERADOR DA LIBERDADE. Imperatriz: Ética, 2008 39 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A CARIOCA. In REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO, São Luís, n. 31, p. 54-75, disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/ihgm_31_novembro_2009 40 http://www.jornalexpress.com.br/ 41 FERRETI, Sérgio. Mário De Andrade E O Tambor De Crioula Do Maranhão. (Trabalho apresentado na MR 07 - A Missão de Folclore de Mário de Andrade, na VI Reunião Regional de Antropólogos do Norte e Nordeste, organizada pela Associação Brasileira de Antropologia, UFPA/MEG, Belém 07-10/11/1999. In REVISTA PÓS CIÊNCIAS SOCIAIS - São Luís, V. 3, N. 5, Jan./Jul. 2006, disponível em http://www.pgcs.ufma.br/Revista%20UFMA/n5/n5_Sergio_Ferreti.pdf 35
Hoje a punga é um dos elementos da marcação da dança, quando a mulher que está dançando convida outra para o centro da roda, ela sai e a outra entra. A punga é passada de várias maneiras, no abdome, no tórax, nos quadris, nas coxas e como é mais comum, com a palma da mão. Em alguns lugares do interior do Maranhão, como no Município de Rosário, ou em festas em São Luís, com a presença de grupos de tambor de crioula, costuma ocorrer a “punga dos homens” ou “pernada”, cujo objetivo é derrubar ao solo o companheiro que aceita este desafio. Algumas vezes a punga dos homens atrai mais interesse do que a dança das mulheres. Por ter certa semelhança com uma luta, a “pernada” ou “punga dos homens” tem sido comparada à capoeira. A pernada que se constata no tambor de crioula do interior, lembra a luta africana dos negros bantus chamada batuque, que Carneiro (1937, p. 161-165) descreve em Cachoeira e Santo Amaro na Bahia e que usava os mesmos instrumentos e lhe parece uma variante das rodas de capoeira. Mestre André Lacé 43 lembra que a capoeira tradicional, na Bahia e pelo Brasil afora, tinham a mesma convivência com o batuque. Além do mais há registros autorizados jurando que a Regional nasceu da fusão da Angola com os melhores golpes das lutas européias e asiáticas44, 45. Neste primeiro momento da História da Capoeira do Maranhão, encontramos várias referencias em jornais publicados em São Luís, e em outras cidades do interior, que fazem referencia ‘aos capoeiras’, sempre relacionados com distúrbios em locais públicos, que exigiram a interferência da polícia; também em alguns contos e crônicas publicadas, nesses mesmos jornais, ao descreverem-se alguns tipos, são descritos aqueles que se identificam como ‘praticantes de capoeira’; outra forma que aparece, é a desqualificação de algum político, indicando-se ser ele individuo de má índole, portanto, ‘capoeira’. Mas, já por essa época, a Capoeira recebi um tratamento como “esporte”, como se vê de notícias de jornais, assim como consta de livro sobre a História do Esporte no Maranhão, do grande jornalista esportivo Dejarde Martins: 1877 MARTINS (1989). In ESPORTES: UM MERGULHO NO TEMPO46. São Luís: (s.n.), aceita a capoeira como o primeiro “esporte” praticado em Maranhão tendo encontrado referência à sua prática com cunho competitivo por volta de 1877. "JOGO DA CAPOEIRA - Tem sido visto, por noites sucessivas, um grupo que, no canto escuro da rua das Hortas sair para o largo da cadeia, se entretém em experiências de força, quem melhor dá cabeçada, e de mais fortes músculos, acompanhando sua inocente brincadeira de vozarios e bonitos nomes que o tornam recomendável à ação dos encarregados do cumprimento da disposição legal, que proíbe o incômodo dos moradores e transeuntes". (179).
Ou anúncio, de 1884, em que havia um desafio entre um “Sansão do século XX; cabe ressaltar que era comum, desde a fundação de nosso teatro, a apresentação de espetáculos de força nos palcos, com ‘artistas’ se apresentando, identificando-se como discípulos de Amoros
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O Tambor de Crioula é uma dança de origem africana praticada por descendentes de negros no Maranhão em louvor a São Benedito, um dos santos mais populares entre os negros. É uma dança alegre, marcada por muito movimento dos brincantes e muita descontração. Os motivos que levam os grupos a dançarem o tambor de crioula são variados podendo ser: pagamento de promessa para São Benedito, festa de aniversário, chegada ou despedida de parente ou amigo, comemoração pela vitória de um time de futebol, nascimento de criança, matança de bumba-meu-boi, festa de preto velho ou simples reunião de amigos. Não existe um dia determinado no calendário para a dança, que pode ser apresentada, preferencialmente, ao ar livre, em qualquer época do ano. Atualmente, o tambor de crioula é dançado com maior freqüência no carnaval e durante as festas juninas. Em 2007, o Tambor de Crioula ganhou o título de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Tambor_de_crioula".
LACÉ LOPES, André Luiz. A VOLTA AO MUNDO DA ARTE AFRO-BRASILEIRA DA CAPOEIRAGEM - Ação Conjunta com o Governo Federal – Estratégia 2005 - Contribuição do Rio de Janeiro - Minuta de André Luiz Lace Lopes, com sugestão de Mestre Arerê (ainda sem revisão). LACÉ LOPES, André Luiz. In RIBEIRO, Milton César – MILTINHO ASTRONAUTA. (Editor). JORNAL DO CAPOEIRA, Sorocaba-SP, disponível em www.capoeira.jex.com.br (Artigos publicados) LACÉ LOPES, André. Capoeiragem.in PEREIRA DA COSTA, Lamartine (org.). ATLAS DE ESPORTES NO BRASIL. Rio de Janeiro: Shape, 2005, p. 386388 LACÉ LOPES, André Luiz. PÁGINA PESSOAL : http://andrelace.cjb.net/ LACÉ LOPES, André Luiz. CAPOEIRAGEM. Palestras e entrevistas de André Lacé Lopes, edição eletrônica em CD-R. Rio de Janeiro, 2006. 44 LACÉ LOPES, André. Correspondência eletrônica enviada em 20 de agosto de 2009 a Leopoldo Gil Dulcio Vaz. 45 SILVA, Vagner Gonçalves da (org.), ARTES DO CORPO 0 MEMÓRIA AFRO BRASILEIRA. São Paulo, Selo Negro Edições, 2004. 46 MARTINS, Dejarde Ramos. ESPORTE: UM MERGULHO NO TEMPO. São Luís, s/e, 1989(?)
NASCIMENTO DE MORAES47, em uma crônica que retrata os costume e ambientes de São Luís em fins do século XIX e início do XX, publicada em 1915, utilizam o termo capoeiragem (in MARTINS, 2005) 48.
A segunda fase – que identificamos – é a dos anos 30/40, indo até meados dos anos 50. Não existem evidencias de que fosse ainda praticada, a não ser algumas que dizem ser os estivadores da Rampa Campos Melo praticantes da “carioca”, assim como lembranças de que em Codó – sem precisar-se o período, também era praticada com esse nome; Cururupu também é mencionada, como cidade onde se praticava “a carioca”, nas palavras de um senhor, negro, à época da declaração, com mais de 80 anos: praticava na juventude, mas não era conhecida, aquela manifestação do movimento, como capoeira... Mestre Diniz diz que via os carregadores, no porto, praticando ‘capoeira’, quando vinha à cidade, junto com seu pai para fazerem compras; ficava na canoa, o aguardando; tinha, conforme dizia, entre 7 e 9 anos; como nascido em 1929, deveria ser lá pelo final dos anos 30: 1936/1938. Mestre Firmino Diniz teve os primeiros contatos com a capoeiragem lá pelos seus 7-9 anos de idade, através de seus tios Zé Baianinho e Mané. Lembra ainda de outro capoeirista daquela época: Caranguejo; depois, Mestre Diniz vem a ter lições no Rio de Janeiro com “Catumbi”, um capoeira alagoano. Diniz era o organizador das rodas de capoeira e foi um dos maiores incentivadores dessa manifestação na cidade de São Luís, lá pelos anos 1950. Greciano Merino (2015)49, referindo-se às perseguições que a Capoeira recebera do período da Proclamação da República até mesmo o Estado Novo, não obstante a sua ‘legalização’ através das atitudes de Getúlio Vargas, afirma que no Maranhão esta hostilização foi além do período do Estado Novo (19371945), mantendo a Capoeira no ostracismo até entrando nos anos 60. Como podemos observar, há uma ‘primeira fase’ da Capoeiragem praticada no Maranhão, de seu aparecimento, no inicio dos anos 1800, e que vai até os anos 30/40, quando aparece no relato de alguns dos, hoje reconhecidos, Mestres mais antigo, em especial verificado pela ‘história de vida’ de Mestre Diniz, que se refere aos seus tios, e a outros capoeiras que vira ‘jogar’ em sua infância. Parte dos Mestres participes do Curso da UFMA/DEF 2017 desconhece, ou têm pouca informação, sobre a capoeiragem praticada antes de chegada de Serejo, do Grupo Aberrê, e logo em seguida, Sapo. A maioria tem algum conhecimento, embora restrito, e na maioria das vezes, se limita ao ‘ouvir dizer’, de antes das Rodas de Rua organizadas pelo Velho Diniz, ou mesmo Caranguejo. Kafure (2017) 50 não sabe dizer quem eram os líderes daquelas rodas de rua, mas sabe “[...] que existiam as práticas do Tarracá51 e da Pernada ou Punga dos Homens52”. Podemos estabelecer que, naquele final dos anos 50, quando da chegada de Roberval Serejo de volta à cidade, que o Velho Diniz já
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NASCIMENTO DE MORAES. VENCIDOS E DEGENERADOS. 4 ed. São Luís : Cento Cultural Nascimento de Moraes, 2000. MARTINS, Nelson Brito. UMA ANÁLISE DAS CONTRIBUIÇÕES DE MESTRE SAPO PARA A CAPOEIRA EM SÃO LUÍS. São Luís: UFMA, 2005. Monografia de Graduação em Educação Física (Licenciatura), defendida em abril de 2005 49 GRECIANO MERINO, 2015, obra ciatada. 50 ROCHA, Gabriel Kafure da. DEPOIMENTO a Leopoldo Gil Dulcio Vaz através de mensagem eletrônica, datada de 25 de agosto de 2017. 51 Ver: VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. “WRESTLING” TRADICIONAL MARANHENSE – O TARRACÁ: A LUTA DA BAIXADA. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. TARRACÁ, ATARRACAR, ATARRACADO... Palestra apresentada no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão em 27 de abril de 2011; publicado na Revista do IHGM 37, março 2011. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. REI ZULU E SEU ESTILO DE MMA – O “TARRACÁ” VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. . SAPO x ZULU. DEU ZULU... 52 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. “PUNGA DOS HOMENS” VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. SOBRE A “PUNGA” – VISITAÇÃO A CÂMARA CASCUDO VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. PUNGA DOS HOMENS / TAMBOR-DE-CRIOULO(A) VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CADA QUÁ, NO SEU CADA QUÁ – A PUNGA DOS HOMENS NO TAMBOR DE CRIOULA VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CHRONICA DA CAPOEIRA(GEM) REVISITANDO A PUNGA: “QUENTADO A FOGO, TOCADO A MURRO E DANÇADO A COICE” VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. “QUENTADO A FOGO, TOCADO A MURRO E DANÇADO A COICE": Notas sobre a Punga dos Homens - Capoeiragem no Maranhão. In Jornal do Capoeira - Edição 43: 15 a 21 de Agosto de 2005, EDIÇÃO ESPECIAL- CAPOEIRA & NEGRITUDE, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticia=609 Disponível também em http://www.capoeiravadiacao.org/index.php?option=com_content&view=article&catid=10%3Abiblioteca&id=46%3Apunga-dos-homenstambor-de-criouloa-qpunga-dos-homensq&Itemid=38 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Notas sobre a Punga dos Homens - Capoeiragem no Maranhão. In JORNAL DO CAPOEIRA, 14/08/2005, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/notas+sobre+a+punga+dos+homens+-+capoeiragem+no+maranhao 48
mantinha suas ‘rodas’ em alguns lugares da cidade. Para Boás (2011) 53, a capoeira começou realmente a dar as caras na década de 1960, aparecendo vários praticantes que ficaram conhecidos: Nessa época começou a circular pela cidade o nome de Roberval Serejo, que estava de volta a São Luís, pois estava servindo a Marinha no Rio de Janeiro, e lá aprendeu capoeira com o mestre baiano Arthur Emídio. Com o tempo, Serejo foi reunindo amigos e admiradores e formou um pequeno grupo de capoeira, que fazia seus treinamentos nos quintais de suas casas e na rua mesmo. O grupo foi crescendo e, em 1968, criou-se a primeira academia de capoeira de São Luís, chamada Bantu. Esse grupo contava com Roberval Serejo, o Capitão Gouveia (sargento da polícia militar), Babalu, Bezerra, Ubirajara, Jessé Lobão, Patinho, dentre outros. A primeira sede do grupo foi o Sítio Veneza, onde hoje funciona a Guarda Municipal, no bairro da Alemanha. Depois se mudou para a casa de Babalu, na Rua da Cotovia, próximo a Igreja de São Pantaleão. Roberval Serejo era escafandrista e morreu em 1971, quando trabalhava mergulhando, durante as obras do Porto do Itaqui. Com a sua morte, muitos de seus alunos deixaram de treinar, mas outros continuaram e o que mais se destacou e continuou a dar aulas foi o Sargento Gouveia. Segundo ‘Seu’ Gouveia [José Anunciação Gouveia] esse pequeno grupo [de capoeira, liderado por Roberval Serejo], não tinha um local nem horário fixo para seus treinamentos, sendo que, por volta de 1968, criouse a primeira academia de capoeira em São Luís, denominada Bantú, quando passou a contar com vários alunos, como Babalú, Gouveia, Ubirajara, Elmo Cascavel, Alô, Jessé Lobão, Patinho e Didi. (MARTINS, 2005, p. 31) 54.
Greciano Merino (2015)55 ao discorrer da (re)introdução da capoeira no Maranhão faz referencia às mudanças conjunturais sócio-politicas que acometiam o Maranhão naquele período, com a substituição das oligarquias dominantes – Vitorinismo56 e depois, pelo Sarneysmo57 – e a ‘formação de um Maranhão Novo”: [...] En esa coyuntura socio-política la capoeira, desde el campo de las representaciones y del imaginario, encuentra su espacio dentro de las dinámicas, conflictos e interacciones de los procesos que modelan, adaptan y transforman la identidad maranhense. Souza (2002)58, Martins (2005)59 , Vaz (2005)60 y Pereira (2009)61, destacan la figura de tres capoeiras como los principales responsables por esa reconstitución: Roberval Serejo, Firmino Diniz (Mestre Diniz) y Anselmo Barnabé Rodrigues (Mestre Sapo).
Mais adiante, sobre os pioneiros dessa tradição da implantação da capoeira nos anos 60, coloca que: Pioneros de la tradición. 53
BOÁS, Marcio Aragão. O ENSINO DE MÚSICA EM ESCOLAS DE CAPOEIRA DE SÃO LUÍS – MA. Monografia apresentada ao curso de Música da Universidade Federal do Maranhão para obtenção de grau de Licenciado em Música. Orientadora: Profª. Dr. Maria Verónica Pascucci. São Luís 2011 54 MARTINS, 2005, obra citada. 55 GRECIANO MERINO, 2015, obra citada 56 VITORINISMO - Sistema político-administrativo que dominou o Maranhão de 1945 a 1965, que teve no senador Vitorino Freire a sua figura de realce. BUZAR, Benedito. EU E O VITORINISMO, domingo, 23 de novembro de 2014. In Blog do Buzar, https://www.blogsoestado.com/buzar/2014/11/23/eu-e-o-vitorinismo/ Para CALDEIRA (1978, p, 60) “o vitorinismo, com efeito, foi um coronelismo. Das suas formas de ação excluiu-se a propensão para a dominação econômica. Nesse caso (ao nível de Estado), essa dominação se processava de forma indireta, ou seja, por meio do apoio que dispensava às suas bases de sustentação, através da concessão de garantias específicas. No plano político propriamente dito – esfera exclusiva do interesse do vitorinismo – a sua ação se centrava em torno do controle dos partidos políticos e das sub-lideranças políticas com ele identificadas que, juntamente com os coronéis do estado davam a configuração real do vitorinismo”. CALDEIRA, José de Ribamar. Estabilidade social e crise política: o caso do Maranhão. Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte, n. 46, p. 55-101, 1978. 57 SARNEISMO Sistema político-administrativo que dominou o Maranhão de 1965 até os dias atuais, que teve no Presidente José Sarney Costa a sua figura de realce. https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Sarney http://atlas.fgv.br/verbete/4909 A era Vitorinista perdurou até 1965, quando entra em voga o nosso próximo monarca: Sarney, que toma posse em 1966 no Governo do Estado. A era Sarney iniciou-se em 1965, no entanto, o crescimento do seu nome começou na eleição de 1960 com a ascensão de Newton de Barros Belo, eleito governador pelo PSD-PTB-UDN. Nesta época, Vitorino começa a perder prestígio junto ao governo de Jânio Quadros e cresce o de José Sarney. Assim, Sarney passa a ser o principal interlocutor entre Newton Belo e o Palácio do Planalto. http://blogdocontrolesocial.blogspot.com.br/2012/06/um-breve-relato-da-historia-oligarquica.html 58 SOUSA, Augusto Cássio Viana de Soares. A capoeira em São Luís: dinâmica e expansão no século XX dos anos 60 aos dias atuais. Monografia (Graduação em História) – Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2002. 59 MARTINS, 2005, obra citada. 60 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira no/do Maranhão http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/181.pdf 61 PEREIRA, Roberto Augusto A. Roda de Rua; Memoria da capoeira do Maranhão da década de 70 do seculo XXI. Edufma, São Luís, 2009.
Roberval Serejo era oriundo de Maranhão pero aprendió Capoeira en Rio de Janeiro con un maestro bahiano llamado Artur Emídio62 durante la época en que sirvió a la Marina de Guerra. Al retornar a su tierra natal, en 1958, comenzó a entrenar y a enseñar Capoeira para un grupo de amigos en el patio de su casa. Ese grupo sería el embrión de lo que vendría a constituirse como el primer grupo de capoeira en Maranhão, la ‘Academia Bantu’ 63. A pesar de definirse como academia, el Bantu, era simplemente un grupo de personas que se reunían para practicar capoeira. Es decir, no poseía ‘organización’ ni estructura formal, como existe actualmente, ese será un rasgo bien característico de la Capoeira local en esa época. (GRECIANO MERINO, 2015)
Esse pesquisador caracteriza a capoeira praticada nessa época, que não possuía ‘organização’, apesar de ser definada a Bantu como ‘academia’, pois esta não tinha uma estrutura formal, como as atuais escolas/academias e/ou grupos/núcleos de Capoeira: La capoeira era practicada de una forma empírica sin metodologías definidas ni lugares preparados, surgía en los patios de las casas, en la sala de estar de algún iniciado o iniciante y en espacios de la calle apartados de lugares muy transitados. (GRECIANO MERINO, 2015).
A Capoeira, por essa época, era marginalizada, conforme já dito em diversos depoimentos. Afirma Greciano Merino (2015): No debemos olvidar que la capoeira estaba todavía bastante discriminada y existía un amplio prejuicio a su alrededor. En este sentido el Maestro Til (Gentil Alves) afirma que “(...) en aquella época entrenábamos casi escondidos, porque a la policía no le gustaba, decían que era cosa de delincuentes”64; o como afirma el Maestro Indio: “Cuando comencé en 1972 y hasta 1984, la capoeira era marginalizada dentro de São Luís, todo capoeira era considerado vagabundo, marginal, ‘porrero’, alborotador”65. La capoeira, como se percibe a través de estos testimonios, no despertaba el interés de una población aprensiva y estaba lejos de cualquier reconocimiento por parte de los poderes estatales y de las autoridades. Por eso, la intención de Serejo al formar este grupo sería realizar exhibiciones públicas “con pantalón, camiseta y calzado (conga) de la misma forma que había aprendido con el maestro Artur Emídio en Rio de Janeiro”66. (GRECIANO MERINO, 2015).
O desconhecimento de uma história da capoeira no Maranhão, antes da chegada de Roberval Serejo – final dos anos 50 – vem de criar o ‘mito’ de que esse “Renascimento” da capoeira em São Luís se dá justamente com a sua chegada e, logo após, a criação do Grupo “Bantus“ (PEREIRA, 2010; KAFURE, 2012, GRECIANO MERINO, 2015) 67, do qual participava além do próprio Mestre Roberval Serejo, graduado por Arthur Emídio, os Mestre Diniz (aluno de Catumbi, de Alagoas), Mestre Jessé Lobão (aluno de Djalma Bandeira), de Babalú; Gouveia [José Anunciação Gouveia]; Ubirajara; Elmo Cascavel; Alô; Patinho [Antonio José da Conceição Ramos]; e Didi [Diógenes Ferreira Magalhães de Almeida].68
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599 Capoeira de Itabuna, al sur del Estado de Bahía, que se trasladó a Rio de Janeiro a principio de los años cincuenta donde desarrollaría un importante liderazgo en el desarrollo de la capoeira de vertiente mas deportiva. (GRECIANO MERINO, 2015)
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Según el sargento de la policía militar Gouveia, el grupo estaría Integrado en ese primer momento por el propio Roberval Serejo, Bezerra, Fernando, Ubirajara, Teixeira y Babalú. Véase: Pereira, Roberto Augusto A. Roda de Rua; Memoria da capoeira do Maranhão da década de 70 do seculo XXI. Edufma, São Luís, 2009, p. 5. (GRECIANO MERINO, 2015) Véase: Pereira, Roberto Augusto A. O mestre Sapo, a passagem do quarteto Aberrê por São luís e a (des)construção do “mito” da “reaparição” da capoeira no Maranhão dos anos 60. Recorde: Revista de História do Esporte, Vol. 3, número 1, junio de 2010, p. 6. (GRECIANO MERINO, 2015)
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Véase: Sousa, Augusto Cássio Viana de Soares. A capoeira em São Luís: dinâmica e expansão no século XX dos anos 60 aos dias atuais. 72 f. Monografia (Graduação em História) – Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2002. p. 50. 66 Pereira, Roberto Augusto A. Op. Cit., 2009, p. 6. 67
PEREIRA, Roberto Augusto A. O Mestre Sapo, A passagem do Quarteto Aberrê por São Luís e a (Des)Construção do “Mito” da “reaparição” da capoeira no Maranhão dos anos 60. In: RECORDE: REVISTA DE HISTÓRIA DO ESPORTE. Vol. 3, n. 1. Rio de Janeiro, 2010.
ROCHA, 2012, obra citada GRECIANO MERINO, 2015, obra citada. 68
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CRONICA DA CAPOEIRAGEM. São Luis: edição do autor, 2013; 2015 (2ª Ed. Revista e atualizada), disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/notas+sobre+a+capoeira+em+sao+luis+do+maranhao ; issuu.com/leovaz/docs/cronica_da_capoeiragem_-_leopoldo_g SOUSA, Augusto Cássio Viana de Soares. A CAPOEIRA EM SÃO LUÍS: DINÂMICA E EXPANSÃO NO SÉCULO XX DOS ANOS 60 AOS DIAS ATUAIS. 72 f. Monografia (Graduação em História) – Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2002. MARTINS, Nelson Brito. UMA ANÁLISE DAS CONTRIBUIÇÕES DE MESTRE SAPO PARA A CAPOEIRA EM SÃO LUÍS. 58 f. Monografia (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal do Maranhão, São Luís, MA, 2005.
Mestre PATURI, em depoimento relata que: Comecei no Judô e Luta Livre em 1962 e Logo em seguida passei para a CAPOEIRA, Comecei a treinar com MANOELITO, LEOCADIO E AUBERDAN, Vivíamos treinando pelo Rio das Bicas, Bairro de Fátima, Parque Amazonas, DEPOIS Passamos a treinar atrás da Itapemirim no bairro de Fátima e foi chegando Lourinho, Zeca Diabo, Fato Podre, Ribaldo Preto, Alô, Babalu, e as vezes Ribaldo Branco; também treinamos no Sá Viana e sempre participavam Cordão de Prata, Butão, Romário e Curador. (ANTONIO ALBERTO CARVALHO , 2017, Depoimentos) 69. Firmino Diniz, conhecido também como Mestre Diniz ou Velho Diniz também serviu a Marinha no Rio de Janeiro e seu Mestre foi o alagoano Catumbi. Alguns capoeiras que treinavam com Serejo e posteriormente com Gouveia passaram a freqüentar as rodas realizadas pelo Mestre Diniz. Com isso, o Mestre deu grande impulso para a popularização da capoeira, conseguindo instrumentos e organizando as rodas: (...) quando o Mestre Diniz chegou por aqui, as rodas eram feitas por poucas pessoas, sem uniforme, ao som de palmas, ou de no máximo, um pandeiro para marcar o compasso do jogo. Quem tinha instrumento nesse tempo? Atabaque era coisa rara, berimbau era mais difícil ainda de encontrar. (PEREIRA, 2009, p. 12) 70 . Augusto Pereira (2010) 71 destaca, ainda, como antecessor de Mestre Sapo, Firmino Diniz, aluno de Mestre Catumbi, no Rio de Janeiro. Posteriormente, tornar-se-ia um dos expoentes mais expressivos e fomentadores da capoeira em rodas de rua realizadas em praças da capital.72 Grciano Merino identifica os freqüentadores dessas rodas promovidas pelo Velho Diniz, segundo depoimentos que colheu: Sargento Gouveia, Babalu, Alô, Ribaldo Branco, Leocádio, Ribaldo Preto, Ribinha, Sururu, Alan, Gordo, Theudas, Mimi, Raimundão, Sansão, Pavão, Naasson (‘cara de anjo’), Faquinha, Valdeci, Curador, Paturi, Rui Pinto, Alberto Euzamor, Elmo Cascavel, Patinho, Bambolê, Manoel Peitudinho, Cural, De Paula, Didi, Miguel, Joãozinho (Wolf), Cordão de Prata, Esticado, La Ravar... entre otros. (GRECIANO MERINO, 2015). Sem dúvidas, que Diniz foi figura fundamental porque conseguiu inserir a capoeira no sistema de pensamento da cidade. Em 1966, um quarteto baiano denominado Aberrê fez uma demonstração de Capoeira no Palácio dos Leões – sede do governo estadual. Desse grupo participavam Anselmo Barnabé Rodrigues – Mestre Sapo -, o lendário Mestre Canjiquinha, Vítor Careca, e Brasília. Após essa apresentação, receberam convite para permanecer no Estado, para ensinar essa arte marcial brasileira:73 Mestre Canjiquinha [Washington Bruno da Silva, 1925-1994], e seu Grupo Aberrê passam pelo Maranhão, apresentando-se em Bacabal, no teatro de Arena Municipal; e em São Luís do Maranhão: Palácio do Governador; Jornal Pequeno; TV Ribamar; Residência do Prefeito da capital; Ginásio Costa Rodrigues. (Acompanhavam Mestre Canjiquinha Sapo [Anselmo Barnabé Rodrigues]; Brasília [Antônio Cardoso Andrade]; e Vitor Careca, os três, ‘a época, menores de idade: - Locais das exibições de Canjiquinha fora da Bahia, dentre elas: “1966 – Maranhão – Bacabal, no teatro de Arena Municipal; São Luís do Maranhão: Palácio do Governador; Jornal Pequeno; TV Ribamar; Residência do Prefeito da Capital; Ginásio Rodrigues Costa”. (Rego, 1968, p. 277 citado por MARTINS, 2005) 74.
Em 1966, Mestre Sapo, incentivado por Alberto Tavares, aceita o convite e, em 1967 Mestre Sapo retorna a São Luis para trabalhar na construção civil, e posteriormente na Secretaria de Agricultura. Em 1972, começou a dar aulas de capoeira, no ginásio Costa Rodrigues, e depois em diversos pontos da cidade. Mestre Sapo formou uma geração de capoeiristas, como Mestre Euzamor e Mestre Patinho, que preservam a linhagem de Mestre Aberrê e Cajiquinha. Mestre Sapo morreu no domingo, 30 de maio, de 1982, em São Luis, vítima de atropelamento.75
69
MESTRE PATURI – ALNTONIO ALBERTO CARVALHO. Depoimento a Leopoldo Gil Dulcio Vaz, para o Livro-Álbum dos Mestres Capoeira do Maranhão, durante o Curso de Capacitação dos Mestres Capoeira do Maranhão, UFMA/DEF 2017. 70 PEREIRA, 2009, obra citada. 71 PEREIRA, 2010, obra citada 72 ALLEX, Fábio. O CAPOEIRA. POETA DAS EXPRESSÕES CORPORAIS. Publicada no JORNAL PEQUENO em 11 de fevereiro de 2012), disponível em http://fabio-allex.blogspot.com.br/2012/02/o-capoeira-poeta-das-expressoes.html 73 In RODRIGUES, Inara. Patinho: vida dedicada à capoeira. In O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 14 de setembro de 2003, Domingo, p. 6. Caderno de Esportes 74 REGO, Waldeloir. CAPOEIRA ANGOLA: ENSAIO SÓCIO-ETNOGRÁFICO. Salvador: Itapuã, 1968) 75 http://nzambiangola.blogspot.com.br/p/nossos-mestres.html
De acordo com Kafure, a história da capoeira no Maranhão está ligada principalmente a um mestre que foi discípulo de Pastinha, o conhecido Mestre Canjiquinha. Este foi responsável também por uma desconstrução da capoeira, a chamada capoeira contemporânea, que é uma mistura das modalidades regionais e angola. Canjiquinha ficou famoso por falar que dançava conforme o ritmo do berimbau, se ele tocava rápido era regional e se tocava devagar era angola. Essa era a sua ideologia que ao mesmo tempo reduzia a uma função rítmica as modalidades da capoeira, quando regional e angola eram distintas por muitos outros fatores tais como principalmente a nivelação social, já que os alunos de Bimba eram "brancos" enquanto os alunos de Pastinha era composta por proletários da região portuária, geralmente estivadores, pessoas que carregavam o peso das cargas que chegavam e embarcavam nos navios. Logo, Canjiquinha mesmo sendo considerado aluno do Mestre Pastinha, era tido como um bastardo. Já que as diferenças atuais entre a regional e a angola estão principalmente no discurso de que a angola é mais tradicional e que foi essencialmente seguida pelos principais alunos de Pastinha, os mestres João Grande e João Pequeno, este último veio a falecer agora no final de 2011. Considerando então uma capoeira desconstruída, a capoeira baiana no Maranhão é trazida pelos discípulos de Canjiquinha, sendo caracterizada pelo termo "capoeiragem". (KAFURE, 2012) 76 Patinho, em depoimento a Martins (2005) 77, diz que conheceu Sapo através do Professor Dimas, quem o recrutou para a Ginástica Olímpica, procurando pessoas para essa modalidade entre alguns capoeira que a praticavam no Parque do Bom Menino – Raimundão estava entre eles... -; acontece que Dimas só vem a implantar a Ginástica Olímpica em 1972/7378... O Grupo de Mestres (seis, conforme divisão para os depoimentos, em comum), assim se manifesta sobre esse período de transição, dos anos 60 – chegada de Serejo e Sapo – até o meado dos anos 80, já com a morte de ambos: Quanto à definição: Era Capoeira de Rua (fundo de quintal) 79; Capoeira de Rua80; Nesse período definimos como ‘capoeiragem’, com as características de realizações de rodas de rua, praças e praias e logradouros81. Quanto às características: o jogo era feito ao som do disco vinil na porta de casa82; se caracterizava como capoeira objetiva (luta) 83; Como a capoeira maranhense ficou a característica de Angola e da Capoeiragem84; Como uma capoeira educativa, sua característica: a inclusão de floreios acrobáticos, uma formação de bateria e seus cânticos85. Quanto às principais lideranças: a partir da Escolinha do Mestre Sapo86; Praticada por Serejo e seu Grupo Bantu87; os principais líderes: Sapo, Serejo, e Diniz88; tendo como principal liderança o Mestre Sapo89. Podemos falar, a partir daí, de uma Capoeira do Maranhão – ou Maranhense e/ou Ludovicense -? Não . sim, com certeza: a partir dessa época temos dados que comprovam a organização e formação da Capoeira do Maranhão91. Sim, podemos dizer que a partir daí surge uma capoeira ludovicense92 90
Kafure (2017) 93, em correspondência pessoal, confirma a existência de uma capoeiragem maranhense, mas que não se trata de uma modalidade (estilo?) mas sim, uma identidade; afirma: Pelo o que eu entendo existe a capoeiragem maranhense, que não é uma modalidade da capoeira, mas sim uma identidade. Nesse sentido, a capoeiragem maranhense é como se fosse uma camada da realidade da capoeira no Maranhão, é como se ela sempre existiu e continua existindo, mas fica por trás das segmentações de angola, regional ou contemporânea. Ou seja, ela existe na maneira do capoeirista lidar com o outro e 76
ROCHA, 2012, obra citada MARTINS, 2005, obra citada 78 VAZ, ARAÚJO, 2014, obra citada. 79 O Grupo 1 é formado pelos Mestres: PATURI; CURIÓ; BAÉ; TUTUCA; e ROBERTO. 80 O Grupo 2 é formado pelos Mestres: MILITAR; NEGÃO; CM MÁRCIO; SENZALA; MARINHO. 81 O Grupo 5 é formado pelos Mestres: JORGE NAVALHA; CACÁ; PEDRO; CANARINHO; REGINALDO. 82 O Grupo 1 é formado pelos Mestres: PATURI; CURIÓ; BAÉ; TUTUCA; e ROBERTO. 83 O Grupo 3 é formado pelos Mestres: MIZINHO; SOCÓ; CM DIACOCM BUCUDA; NILTINHO. 84 O Grupo 4 é formado pelos Mestres: PIRRITA; RUI; TIL; SOCÓ; GENEROSO. 85 O Grupo 6 é formado pelos Mestres: MANOEL; LEITÃO; GAVIÃO; CM FORMIGA ATÔMICA. 86 O Grupo 1 é formado pelos Mestres: PATURI; CURIÓ; BAÉ; TUTUCA; e ROBERTO. 87 O Grupo 2 é formado pelos Mestres: MILITAR; NEGÃO; CM MÁRCIO; SENZALA; MARINHO. 88 O Grupo 4 é formado pelos Mestres: PIRRITA; RUI; TIL; SOCÓ; GENEROSO. 89 O Grupo 6 é formado pelos Mestres: MANOEL; LEITÃO; GAVIÃO; CM FORMIGA ATÔMICA. 90 O Grupo 1 é formado pelos Mestres: PATURI; CURIÓ; BAÉ; TUTUCA; e ROBERTO. 91 O Grupo 3 é formado pelos Mestres: MIZINHO; SOCÓ; CM DIACOCM BUCUDA; NILTINHO. 92 O Grupo 5 é formado pelos Mestres: JORGE NAVALHA; CACÁ; PEDRO; CANARINHO; REGINALDO. 93 ROCHA, 2017, obra citada. 77
expressar o seu próprio amor pela cultura capoeirística. Prossegue: Eu acredito que existam três ou quatro períodos, basicamente o antes de Sapo, o de Sapo, o de Patinho e o de depois de Patinho. Por essa via, não sei dizer como está atualmente, mas a atividade da capoeira, pelo menos no centro de São Luís, esteve muito ligada ao Tambor de Crioula e a boêmia que envolvia esse círculo de pessoas (KAFURE, 2017) 94 As rodas de rua de São Luís continuaram acontecendo durante boa parte da década de 70, lideradas pelo Mestre Diniz e freqüentada pelos capoeiras remanescentes da Bantu e pelos alunos mais velhos e experientes do Mestre Sapo, como: Jessé, Alô, Loirinho e Manuel Peitudinho. Segundo Mestre Pato, “Mestre Sapo proibia seus alunos mais jovens de participarem das rodas de rua, pois os que a freqüentavam eram os que já tinham mais autonomia”. Mestre Rui lembra de que nesse período, como aluno do Mestre Sapo, participavam de diversos campeonatos, tendo como parceiro, amigo e irmão de capoeira Alberto Euzamor, Marquinho, Didi, Curador e outros, [...] onde compartilhávamos as rodas celebradas nas festas religiosas como a do Divino Espírito Santo, na Casa das Minas, seguido de 13 de Maio na casa de Jorge Babalaô, 8 de dezembro na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, na praça Deodoro, onde era de costume se reunir as sextas- feiras a partir das 17:00 até as 23:00 horas. E não nos restringíamos a essas datas, tínhamos o período carnavalesco na Deodoro, Madre Deus, Praça da Saudade, Largo do Caroçudo, também no dia da Raça, 05 de setembro e Independência do Brasil, 07 de setembro, tradicionalmente em todas essas datas era realizada uma roda.Em 1979 aos 18 anos, entrei para o Exército, e mesmo servindo a pátria, continuei com os amigos anos encontrar para jogar, e nessa mesma época reencontrei amigos como D’Paula, capoeirista que tornou-se cabo do Exército, e Roberval Sena que tornou-se sargento do Exército, grande capoeirista da época95. A partir de 1970, Mestre Sapo começou a formar seu grupo de capoeira, passando a ministrar aulas em uma academia de musculação localizada na Rua Rio Branco; é também nesse ano que se dá a morte de Roberval Serejo; seus alunos, da academia Bantú, passam a treinar com Mestre Sapo . Kafure (2017) 96 acredita que Sapo – da linhagem de Canjiquinha – acabou desenvolvendo um trabalho de re-educação das lutas e ritos primitivos dos ‘valentões da ilha’: Eu já ouvi os mais velhos falarem, de como Sapo veio da linhagem de Canjiquinha e que conseqüentemente acabou escolhendo se estabelecer no Maranhão, onde desenvolveu um importante trabalho de uma re-educação das lutas e ritos primitivos dos valentões da ilha, por assim dizer. Em 1971, a Secretaria de Educação e Cultura do Estado, através do Departamento de Educação Física, Esportes e Recreação – DEFER/SÉC – coordenado por Cláudio Antônio Vaz dos Santos97, criou um projeto que consistia na implantação de várias escolinhas de esportes no Ginásio Costa Rodrigues. Dentre as atividades esportivas, estava a capoeira98, e o Mestre Sapo fora convidado para ministrar as aulas. A partir desse momento, houve um crescimento muito grande do número de praticantes de capoeira em São Luís, com várias turmas funcionando com aproximadamente 30 alunos cada. Mestre Sapo deu aula nessas turmas até o seu falecimento em 1982, mesmo com as trocas de Governos e Coordenadores. Mestre Sapo passou a dar um caráter esportivizante à capoeira ensinada no supracitado ginásio, minimizando sua conotação enquanto manifestação da cultura popular. Atribuiu-se a esse processo de esportivização, dentre outros fatores, os objetivos do projeto e o contexto no qual estavam inseridos o mundo da educação física e o esporte, em que eram realizadas várias outras atividades como futsal, vôlei, handebol, basquete e caratê.Diante desse contexto, Mestre Sapo passou a sistematizar as aulas, adotando o uso de uniformes, e deu muita ênfase à preparação física dos alunos. Segundo Mestre Índio (Oziel Martins Freitas), ele utilizava exercícios como corrida, polichinelo e flexões para essa preparação. Mestre Sapo se ele se definia como angoleiro ou regional, encontramos o seguinte: 9 alunos responderam angoleiro e os outros 6 responderam que ele não se definia unicamente como angola ou regional, pois ensinava as duas vertentes. De acordo com Antônio Alberto de Carvalho (Mestre Paturi), ele falava em capoeira de angola, mas ensinava misto, ou seja, angola e regional. Segundo o Mestre Pato, ele se definia somente como capoeira e que ensinava “as três alturas, as três distâncias e os três ritmos”. Nestes aspectos, ele se referia ao jogo alto, baixo e médio; ao longe, perto e o médio; e aos toques de angola (lento), São Bento pequeno (médio) e São Bento grande (acelerado). Acreditamos que esses fundamentos em capoeira que Mestre Sapo praticava são heranças de seu Mestre (Canjiquinha) 94
ROCHA, 2017, obra citada. RUI PINTO, Mestre Rui. Depoimento a Leopoldo Gil Dulcio Vaz, durante o Curso de Capacitação dos Mestres capoeira do Maranhão, para o LIVRO-ÁLBUM DOS MESTRES CAPOEIRA DO MARANHÃO. 96 ROCHA, 2017, obra citada. 97 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio Vaz. CLÁUDIO VAZ, O ALEMÃO e o legado da geração de 53. São Luís, 2017 (inédito) 98 VAZ, ARAÚJO, 2014, obra citada. 95
que também os usava, de acordo com a confirmação de Mestre Pato. Além dessas influências, Mestre Sapo utilizava alguns movimentos da Capoeira Regional que ganhou muito mais projeção na década de 70 do que a de angola. (MARTINS, 2005) 99 Mestre Rui Pinto lembra que a maioria dos praticantes de capoeira, freqüentadores das escolinhas, seja do Costa Rodrigues, seja nos diversos estabelecimentos de ensino, que participavam dos Festivais da Juventude, depois Jogos Escolares Maranhenses, faziam, também outras modalidades; ele mesmo praticava Handebol. Mestre Gavião100 lembra dos diversos lugares em que a ‘escola’ de Sapo passou, quando o acompanhou nas aulas de iniciação: [...] ficamos sabendo que o Mestre Sapo dava aula na Escola Alberto Pinheiro e no antigo Costa Rodrigues, e fomos olhar a aula. Quando chegamos lá, para nossa surpresa a aula era escola de elite, só estudava quem tinha uma boa condição financeira. A sala era toda no tatame e cheia de alunos jogando de 2 em 2. E movidos pelo ritmo da música de capoeira do Mestre Caiçara; sem sermos convidados, começamos a jogar. Logo chamamos atenção de todos por ter o jogo desenrolado e cheio de floreio. Estávamos fazendo bastante movimentos no jogo, quando o mestre Sapo nos abordou perguntando se éramos alunos da escola. Dissemos que não, então ele nos disse que não poderíamos jogar mais. No outro dia, curiosamente, Mestre Pato apareceu na minha casa conversando com meus pais para que me liberassem para treinar capoeira. Desde então comecei a treinar com mestre Pato que na época ainda era contramestre e eu tinha por volta de oito anos de idade.Treinamos na Rua Cândido Ribeiro, na antiga academia Real de Karatê do professor Zeca, e passado um tempo mudou-se para o antigo Lítero. Depois, mudamos para Rua da Alegria, e na Deodoro fazíamos bastantes rodas de apresentação com Mestre Sapo e M. Pato. Essas rodas reuniam todo o grupo. Esse tempo foram três anos de treinos e depois a academia acabou. No ano de 1978, Mestre Sapo, juntamente com o seu discípulo Pato, participaram do primeiro Troféu Brasil, o que seria o primeiro campeonato brasileiro de capoeira, promovido pela Confederação Brasileira de Boxe (CBB). Ambos foram vice-campeões em suas respectivas categorias, sendo que o resultado do Mestre Sapo foi muito contestado pelo público e pelos Mestres presentes, fazendo com que a organização do evento lhe homenageasse com uma medalha de ouro. Segundo Mestre Pato101: Como a capoeira era mal vista na época e cheia de preconceito, parti para a Ginástica Olímpica, volto para a capoeira e participo com o Mestre Sapo do 1º e 2º Troféu Brasil e fomos campeões, eu no peso pluma e Sapo no peso pesado. Identifiquei-me pela capoeira e fui para Pernambuco, Bahia e São Paulo, estudar capoeira. Eu recebi muita influência de Mestre Sapo, Artur Emídio, Catumbi e Djalma Bandeira que todos foram alunos de Aberrê. Quando eu conheci Sapo, eu me defini no estilo Capoeiragem da Remanecença (sic), fundamentada. Eu vivo do fundamento de que, apesar de ser baixo, mas na capoeira se vive pela altura. Existem três alturas, três distâncias e três ritmos. Ainda nesse ano de 1978 que Mestre Sapo criou a Associação Ludovicense de Capoeira Angola com o intuito de oferecer uma melhor estrutura física e organizacional à capoeira em São Luís. No depoimento de José Ribamar Gomes da Silva (Mestre Neguinho), nos anos seguintes a 1978, Mestre Sapo, através da referida Associação, na qual era presidente, passou a realizar uma série de competições em São Luís. Nesse período, já aconteciam várias competições de capoeira pelo Brasil, assim como encontros, simpósios e seminários, com o objetivo de organizar e regulamentar a capoeira e suas competições. O Mestre Sapo, por sua vez, sempre viajava para esses eventos e sua participação nesse movimento trouxe mudanças para a capoeira ao longo dos anos 70 e início dos anos 80. Ao final desses anos 70, Mestre Sapo, em uma de suas viagens, conheceu o Mestre Zulú, em Brasília, que o graduou Mestre. Essa graduação não se deu de forma comum, ou seja, através de um Mestre para o seu discípulo, e sim através de cursos e exames para avaliar os seus conhecimentos. A partir de então, Mestre Sapo implantou em São Luís o sistema de graduação, através de cordas ou cordel, seguindo as cores adotadas pelo Mestre Zulú. A adoção do sistema de graduação para a capoeira foi um fenômeno comum nos anos 70, influenciado pelas artes marciais do oriente.
Com a morte de Anselmo Barnabé Rodrigues – Sapo – encerra-se um ciclo da Capoeira do Maranhão. Com a inclusão da Capoeira no sistema de educação física escolar – escola formal – foi preciso uma adaptação de seu ensino, criando-se uma ‘metodologia de ensino de capoeira’, adaptada às exigências de disciplina curricular, com seus sistemas de promoção (avaliação escolar). Começa a profissionalização do capoeira, com o surgimento de um mercado de trabalho, para atender aos estabelecimentos de ensino, como uma demanda que se apresenta nas então surgentes academias de ginástica e/ou de musculação. É dessa fase 99
MARTINS, 2005, obra citada. MESTRE GAVIÃO – HÉLIO DE SÁ ALMEIDA. Depoimento a Leopoldo Gil Dulcio Vaz, durante o Curso de Capacitação dos Mestres Capoeira do Maranhão – UFMA/DEF 2017, para o LIVRO-ÁLBUM DOS MESTRES CAPOEIRA DO MARANHÃO. 101 MESTRE PATO – ANTONIO JOSÉ DA CONCEIÇÃO RAMOS. Depoimento dado a Leopoldo Gil Dulcio Vaz, para o LIVROÁLBUM DOS MESTRES CAPOEIRAS DE SÃO LUIS, 2006. 100
que se busca uma ‘identidade’, uma padronização: [...] padronização dos uniformes, admissão de graduações internas, organização dos grupos e eventos, intercambio estaduais e a fundação de Federação102 [...] contudo houve a expansão da Capoeira através do surgimento de vários grupos. Através desses grupos eram realizadas rodas em praças públicas, amostras e competições103. A Capoeira do Maranhão se expandiu com a criação de vários grupos, em São Luis. Com a criação de grupos, a capoeira passou a ser mais praticada em recintos fechados, como: escolas, associações, terreiros de Mina. Retorna com uma padronização de uniformes, instrumentação e disciplina. Implantação do sistema de graduação pelo Mestre Pezão, na década de (19)90104. [...] os capoeiristas buscam uma nova organização, criando grupos, academia e começam a divulgar a capoeira mais freqüente105. Após a morte de Sapo, começou o movimento de surgimento de grupos de capoeira, sim, a capoeira saiu das ruas, começou a se organizar, passando a ser desenvolvida em espaços fechados, como escolas, academias e clubes. O período de 80/85 a 90/95 caracteriza a organização da Capoeira do Maranhão 106. A partir de 1985, com a formação de grupos, apresentando-se nos bairros, praças e locais públicos. Nos anos 90/95 foi a explosão da Capoeira Maranhense na mídia, tendo muita repercussão pelas emissoras de televisão 107. De acordo com Greciano Merino (2015)108, Sapo vai se aplicar na ‘construção’ de um método educativo, desportivo, baseado em uma férrea disciplina de índole rústica e autoritária: [...] que sintonizaba con las formas que la dictadura militar proyectaba en el seno de la sociedad109 . La rigidez de ese método, según explican sus alumnos 110, se aplicaba a través de una fuerte preparación física111622 y de la incesante repetición de secuencias de movimientos. El alumno para demostrar que había asimilado el fundamento de esos movimientos debía aplicarlos correctamente en la roda, y si no era capaz de cumplir con las exigencias de su grado la respuesta inmediata era un golpe correctivo que le alertase de que debía depurar aún más su jogo. Debido a la dureza de los entrenamientos mucha gente abandonaba las aulas, lo que propiciaba una amplia rotatividad de alumnos en la escuela y que ésta estuviese separada en dos grupos diferenciados: los iniciantes y los veteranos. Esa división propiciaba, a través de un estímulo competitivo, que los primeros se esforzasen por conquistar un lugar en el grupo de los avanzados y que éstos mantuviesen una gran tensión para mantenerse como los referentes del grupo.
O “Método Desportivo Generalizado” aparece no contexto educacional brasileiro a partir da década de 1950. Elaborado por professores do Institut National des Sports (França) na década de 1940, o Método Desportivo Generalizado tem por preceito a educação integral de jovens e adultos através de jogos e atividades desportivas. Para tanto, quatro princípios estabelecidos pelos autores tornam-se fundamentais na aplicação desta metodologia: Educação Física para todos; Educação Física orientada; Prevenção do mal e Aproveitamento das horas livres. Os jogos e as atividades desportivas, baseadas em tais princípios, proporcionariam aos educandos a possibilidade de apreenderem noções de trabalho em equipe, altruísmo, solidariedade, hábitos higiênicos para além do desenvolvimento físico (FARIA JR, 1969, CUNHA, 2014) 112.
102
O Grupo 1 é formado pelos Mestres: PATURI; CURIÓ; BAÉ; TUTUCA; e ROBERTO. O Grupo 1 é formado pelos Mestres: PATURI; CURIÓ; BAÉ; TUTUCA; e ROBERTO. 104 O Grupo 3 é formado pelos Mestres: MIZINHO; SOCÓ; CM DIACOCM BUCUDA; NILTINHO. 105 O Grupo 4 é formado pelos Mestres: PIRRITA; RUI; TIL; SOCÓ; GENEROSO. 106 O Grupo 5 é formado pelos Mestres: JORGE NAVALHA; CACÁ; PEDRO; CANARINHO; REGINALDO. 107 O Grupo 6 é formado pelos Mestres: MANOEL; LEITÃO; GAVIÃO; CM FORMIGA ATÔMICA. 103
108 109
Debemos destacar que durante el período dictatorial brasileño se refuerza ese proceso que impulsó la capoeira en los años 30, o sea, el gobierno pasa a estrechar los lazos con los practicantes de la capoeira. Así, en 1972, la capoeira es reconocida oficialmente como deporte por el Ministerio de Educación y Cultura, incluyéndose en un proceso de institucionalización y burocratización que busca promover la homogeneización de esta práctica a nivel nacional. Dos años después se crea en São Paulo la primera federación de capoeira de Brasil, procurando difundir la capoeira como arte marcial brasileña. Este hecho es cuestionado por algunos segmentos que entendían que ese proceso de “marcialización” de la capoeira infringía principios básicos de esta práctica. En 1975, se realiza, en São Paulo, el primer torneo nacional de capoeira, para su realización se construye un reglamento técnico [...] (GRECIANO MERINO, 2015) 110 Informaciones extraídas deI “Encuentro de Mestres”, evento organizado por la Associação Centro Cultural de Capoeiragem Matroa, el día 1/04/2013. Con la participación de Antonio José da Conceição Ramos “mestre Patinho”, Jose Ribamar Gomes da Silva “mestre Neguinho”, João José Mendes da Silva “Mestre Açougueiro”, Nasson de Souza “Cara de Anjo”. (GRECIANO MERINO, 2015) 111 Que Sapo definía como Educación Física Generalizada, en la que integraba aparatos de gimnasia como el plinto y las colchonetas. (GRECIANO MERINO, 2015). 112 FARIA JR. Alfredo Gomes de. INTRODUÇÃO À DIDÁTICA DE EDUCAÇÃO FÍSICA. Rio de Janeiro: Honor Editorial Ldta. 1969. CUNHA, Luciana Bicalho da. A Educação Física Desportiva Generalizada no Brasil: primeiros apontamentos. IN apontamentos de estudo de doutoramento, iniciado neste ano de 2014 no Programa de Pós Graduação da Faculdade de Educação da UFMG. Disponível em https://anpedsudeste2014.files.wordpress.com/2015/04/luciana-bicalho-da-cunha.pdf
[...] ‘Educação pelas atividades físicas, esportivas e de lazer’, de 1979, foi escrita originalmente em francês por Listello e traduzida pelo então professor da USP Antonio Boaventura da Silva e colaboradores. Esta obra parece ter sido uma adaptação do MDG para a realidade brasileira, pois foi publicada após quase duas décadas de contato com o Brasil e em parceria com uma universidade brasileira. (CUNHA, 2014?)113.
A esse respeito, cumpre informar que Sapo foi beber direto na fonte: com o Prof. Dr. Laércio Elias Pereira114, que veio para o Maranhão em 1974 integrar a equipe de Cláudio Vaz dos Santos, quando da implantação das escolinhas esportivas, no Ginásio Costa Rodrigues. Dentre elas, estava a de Capoeira, sob a responsabilidade do prof. Anselmo – Sapo. Na época, vários esportistas foram selecionados para ficar à frente dessas escolinhas de esportes, pois o Maranhão não dispunha de um numero suficiente de preofessores de Educação Física. Esse ‘monitores’ foram selecionados e receberam treinamento para – no dizer de Laércio – falarem muma ‘linguagem única’, base de estabelecimento de uma tecnologia, que se estava implantando. Essa metodologia de ensino estava baseada no livro de Listello, do qual Laércio foi um dos tradutores e responsável pela sua implantação no Maranhão (VAZ e PERIERA, 2016) 115 Há o retorno dos - agora reconhecidos - Mestres mais antigos, em torno dos quais a Capoeiragem de São Luís orbitava; as rodas de rua são revitalizadas, assim como há um movimento surgindo com novos grupos, novos nomes, nos bairros periféricos, e a retomada dos antigos locais de suas apresentações: (seu retorno se deu) através de Mestre Diniz, foi que continuou as Rodas (Mestre Paturi); as rodas de ruas (Deodoro, Olho D´Água, Gonçalves Dias [...]116; Através desses grupos eram realizadas rodas em praças públicas, amostras e competições [...] 117. Para Kafure (2017)118, é possível dizer que a capoeira em São Luís passou por um grande processo de marginalização, e isso teve dois aspectos: 1 - os mestres treinavam escondidos no quintal de casa e desenvolviam uma identidade bem singular, 2 - houve uma grande descontinuidade por conta desse período, e muita gente boa se perdeu no meio do caminho, entregue principalmente a marginalidade e a pobreza. Patinho se apresenta como o herdeiro de Sapo, e o principal artífice da sistematização dessas ‘nova capoeira’, com característica genuinamente maranhense, fundando a sua própria escola de capoeira... Bem eu fundei a primeira escola de capoeira do mundo, que a capoeira ‘tava’ na academia e eu sempre me senti, insaciei (sic) com essa questão da academia porque eu já sentia ser restrito só a questão do corpo; então eu fui, fundei a primeira escola do mundo da capoeiragem, inclusive é o segundo grupo de capoeira angola registrado no mundo. Que o primeiro é o GECAP, dirigido pelo mestre Moraes119, que é da Bahia; mas o GECAP foi fundado no Rio de Janeiro, e hoje em dia em Salvador, onde o coordenador e diretor é o mestre Moraes, que é uma pessoa muita querida e desenvolto também nessa questão da 113
CUNHA, 2014, obra citada LAÉRCIO ELIAS PEREIRA - Professor de Educação Física da UFMG, aposentado. Mestrado na USP (dissertação: Mulher e Esporte) e doutorado na UNICAMP (a tese foi o CEV); membro do comitê executivo da Associação Internacional para a Informação Desportiva - IASI. Coordenador Geral do Centro Esportivo Virtual- ONG CEV. http://cev.org.br/qq/laercio/ Atuou no Maranhão por 30 anos, como professor de handebol, e da Universidade Federal do Maranhão. 115 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias. LISTELLO E A EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA. In BLOG DO LEOPOLDO VAZ, 03 de março de 2016, disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2016/03/03/12670/ VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias. LISTELLO E A EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA. In CEV/COMUNIDADES/EDUCAÇÃO FISICA MARANHÃO, 03 de março de 2016, disponível em http://cev.org.br/comunidade/maranhao/debate/listello-e-a-educacao-fisica-brasileira/ ; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PEREIRA, Laércio Elias. LISTELLO E A EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA. ALL EM REVISTA, vol. 3, n. 2, abril a junho de 2016. 116 O Grupo 1 é formado pelos Mestres: PATURI; CURIÓ; BAÉ; TUTUCA; e ROBERTO. 117 O Grupo 2 é formado pelos Mestres: MILITAR; NEGÃO; CM MÁRCIO; SENZALA; MARINHO. 118 ROCHA, 2017, obra citada. 114
119
MESTRE MORAES - PEDRO MORAES TRINDADE é um notório mestre e difusor da Capoeira Angola pós-Pastinha. Seu pai também era capoeirista praticante de Capoeira Angola. Começou a treinar por volta dos oito anos na academia de Mestre Pastinha que já cego e sem dar aula, passou o controle da academia para seus alunos. Moraes foi aluno de Mestre João Grande, que junto de João Pequeno eram grandes discípulos de Pastinha. Por volta dos anos 80, na intenção de preservar e transmitir os ensinamentos de seus mestres, fundou o GCAP - Grupo de Capoeira Angola Pelourinho - na tentativa de resgatar a filosofia da capoeira em suas raízes africanas, que havia perdido seu valor para o lado comercial das artes-marciais. Atualmente vive em Salvador, Bahia e divide seu tempo entre lecionar Inglês e Português numa escola pública, e presidir os projetos culturais da GCAP. https://pt.wikipedia.org/wiki/Mestre_Moraes
musicalidade, e dos fundamentos da capoeiragem, e a Escola de Capoeira Angola que eu criei no LABORARTE120, que é o segundo grupo de capoeira angola registrado no mundo, dos mais antigos. E a primeira como escola, porque escola? Porque a gente não só trabalha a questão do corpo, a gente trabalha a história, a geografia, essa questão da musicalidade, a pesquisa e tal, e no intuito de formar pessoas com capacidade pra trabalhar com a capoeira como a educação escolar. (BOÁS, 2011) 121.
Kafure considera que o modelo de capoeira baiano foi talvez a condição de sobrevivência da prática da ética da malandragem: [...] então assim, eu acho que foi um período de reunião de adeptos. Logo, na minha concepção, a capoeira sempre existiu e é possível falar de capoeira antes desse período tanto no maranhão quanto em tribos indígenas pelo Brasil e mesmo na África. O que ocorre, ao meu ver, é o processo de síntese de ritos primitivos pela capoeira baiana. Contudo, podemos dizer que o movimento inverso, de análise e desmembramento dessa própria capoeira sintética é super importante para ressaltar os valores de identidade da capoeira de acordo com sua regionalidade. Logo, acredito que a capoeira maranhense realiza um movimento de retorno a sua ancestralidade principalmente com o Mestre Patinho, ele foi o grande estudioso da relação entre corpo X musicalidade X cultura, em outras palavras, ele deu o ritmo da capoeiragem maranhense (KAFURE, 2017) 122 .
A partir da inclusão da Capoeira entre as atividades do LABORARTE, que se dá a aproximação da capoeiragem do Maranhão com a Capoeira Angola, de Pastinha. Como ele mesmo afirma, “[...] eu criei no LABORARTE (...) o segundo Grupo de Capoeira Angola registrado no mundo”: [...] a escola funciona no Laborarte, nós temos nove pontos, pra você entender melhor nós temos aqui a nossa árvore genealógica (...) olha, aqui está a minha trajetória, a raiz vem ser onde eu comecei, quem foram meus netos e tal... e aqui nos temos aqui a Escola de Capoeira do Laborarte e hoje eu estou aqui no Centro Cultural Mestre Patinho, então quem são as pessoas que estudam no centro cultural, quem está dando aula, quem são os alunos formados, que aqui é sobre a minha trajetória. É a árvore genealógica dos nossos trabalhos, hoje aqui nós somos sabe quantas escolas no Maranhão? somos nove escolas no Maranhão regidas pela escola do Laborarte... 123 [...] Aí você vai ver aqui Mandingueiros do Amanhã; quem é, Escola do Laborarte quem é? Nelsinho, e todos eles vão passando, Escola Criação quem é o cara? Mestre Serginho; Aí aqui, Centro Matroá? Marco Aurélio e contra-mestre Júnior, então assim tu vai vendo aonde agente ‘tá’ aqui no Maranhão, e lá fora uma mestra Elma que trabalha em Brasília, Florianópolis e Rio Grande do Sul, e também a galera nossa que está dando aula lá fora como o Bruno Barata que está no Rio de Janeiro, que está trabalhando com a capoeira, aí tem uma galera da gente que ‘tá’ trabalhando aí, e a gente que mora em São Luís, que vai nos Estados Unidos e volta, em Portugal e volta, mas não fazemos questão de estarmos lá, porque o importante é que a gente estude a capoeira no Brasil ‘pra’ entender o que é jogar capoeira,’ pra’ depois ir lá fora fazer uma oficina porque vai ser difícil ‘pra’ ver o que vai ser mal empregado lá fora 124 .
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O LABORARTE é um grupo artístico independente, com 35 anos de trabalhos culturais desenvolvidos no Maranhão, produzindo nas áreas de teatro, dança, música, capoeira, artes plásticas, fotografia e literatura. O grupo está sediado num casarão colonial no centro de São Luís e desenvolve atividades culturais permanentes: oficina de cacuriá, oficina de teatro, oficina de ritmos populares do Maranhão, além de manter uma escola de capoeira angola. Anualmente realiza o "Iê! Camará- Encontro de Capoeira Angola". http://www.iteia.org.br/laborarte
BOÁS, MÁRCIO ARAGÃO. O ENSINO DE MÚSICA EM ESCOLAS DE CAPOEIRA DE SÃO LUÍS – MA. Monografia apresentada ao curso de Música da Universidade Federal do Maranhão para obtenção de grau de Licenciado em Música. Orientadora: Profª. Dr. Maria Verónica Pascucci. http://musica.ufma.br/ens/tcc/04_boas.pdf 122 ROCHA, 2017, obra citada. 123 In BOÁS, MÁRCIO ARAGÃO. O ENSINO DE MÚSICA EM ESCOLAS DE CAPOEIRA DE SÃO LUÍS – MA. Monografia apresentada ao curso de Música da Universidade Federal do Maranhão para obtenção de grau de Licenciado em Música. Orientadora: Profª. Dr. Maria Verónica Pascucci. http://musica.ufma.br/ens/tcc/04_boas.pdf 124 In BOÁS, MÁRCIO ARAGÃO. O ENSINO DE MÚSICA EM ESCOLAS DE CAPOEIRA DE SÃO LUÍS – MA. Monografia apresentada ao curso de Música da Universidade Federal do Maranhão para obtenção de grau de Licenciado em Música. Orientadora: Profª. Dr. Maria Verónica Pascucci. http://musica.ufma.br/ens/tcc/04_boas.pdf
Mestre Alberto Euzamor125 fala que se desconhecia a existência de estilos de capoeira. Explica que: Capoeira Regional que era praticado apenas no estado da Bahia e difundindo-se para as demais regiões, era jogada mais por pessoas que tinham certo poder aquisitivo; a Capoeira de Angola; Memoriza na Capoeira de Angola a existência de três tipos de ritmo mais jogado hoje: Angola (fase de preparação, aquecimento), São Bento Pequeno (fase intermediária) e São Bento Grande (fase de roda). Mestre Rui126 confirma que não se conhecia, por aqui, a divisão da Capoeira por estilos: Angola e Regional, pois Quando eu aprendi não tínhamos o entendimento de que existia dois estilos de capoeira, e sim que existia vários ritmos. Só passamos a ter informação de capoeira angola e regional com o tempo e viagens.Estilo é capoeira Maranhense, nós na época não aprendemos estilo, tínhamos a informação que angola é um toque seguido de um jogo em baixo (no chão), que significa mais lento e cadenciado, com malícia e molejo. Regional, um toque com jogo rápido, com velocidade dos movimentos com muita malícia e molejo, jogo em cima. O mesmo diz Mestre Socó127, pois para ele desenvolvíamos uma capoeira chamada: “encima – embaixo”, um jogo no qual não era nem Angola nem regional, era conhecido como “Capoeiragem. Entre os praticantes mais novos, como Mestre Roberto128, não havia conhecimento de estilos na capoeira praticada no Maranhão, pois afirma: Não tínhamos estilo determinado para jogarmos capoeira e sem nenhum fundamento e conceito daquela capoeira jogada na época; sentindo a necessidade de evoluir com os demais grupos da época, comecei a ler mais sobre a Capoeira, pois éramos muito fechados e não recebíamos visitas. Para Mestre Índio, [...] a capoeira no Maranhão teve uma mudança já dos anos 80 pra cá, após a morte do Mestre Sapo “Anselmo Barnabé Rodrigues”, vários capoeiras que estavam isolados, criaram seus grupos, eram grupinhos mesmos só para treinar, eu mesmo criei o meu nessa época. Antes disso se o Sapo soubesse que tinha capoeira ou roda de capoeira, ele ia lá e dava porrada em todo mundo. Por que ele queria ser o centro das atenções, capoeira era só ele, e o resto era o resto. E após a morte, vitima de um atropelamento em 29 de maio de 1982, após uma confusão muito grande que ele arranjou, enquanto ele foi em casa buscar um revolve, na travessia dele um carro em alta velocidade lhe deu uma trombada, e ele veio a óbito no dia 1 de junho sendo sepultado em 2 de junho, para esperar alguns parentes que moravam em outro estado. Como eu disse, após isso surgiram vários grupos, eu criei o meu que na época se chamava Filhos de Ogum, e tinha o Gayamus, Filhos de Aruanda, Aruandê, Cascavel, Escola de Capoeira Laborarte e outros que eu não lembro os nomes nesse momento. (Mestre Índio do Maranhão, in Entrevista, 2015) 129 Por não ter um estilo definido, ou não se filiar aos estilos hoje reconhecidos: Angola, Regional e/ou Contemporânea, foi perguntado aos Mestres como eles chamariam, ou definiriam a capoeira praticada, hoje, no Maranhão e o que é “jogar nos três tempos”, e se essa era a principal característica da Capoeira do Maranhão: - a denominaria “Capoeira Tradicional Maranhense”, com seu: “jogo baixo, intermediário e em cima”, as três alturas ou as três distancias, considerando ser essa a sua principal característica. “É definida em grupos, associações, Federações, sendo que cada um tem seu estilo de jogo e sistema de graduação”. a denominam como “capoeira mista”, ou seja, incutir o novo no velho sem molestar as raízes: “Jogar em um determinado toque as três alturas - Angola, São Bento Pequeno e São Bento Grande”. Como a Capoeira Maranhense se joga nos três tempos e joga no toque de Angola, São Bento Pequeno e São Bento Grande de Angola - jogo em baixo, no meio, e em cima -, essa é a característica maranhense. ’Capoeira mista’, jogada nos três tempos, que significa os três toques do berimbau, Angola, S.B. P. de Angola, e S.B.G de Angola” . [...] uma capoeira mista, por assim ser jogada em três tempos: jogo de chão, malícia: 2º no São Bento pequeno, que um jogo de muita acrobacia e destreza e, 3º o São Bento Grande, que é um jogo em cima rápido e de combate. 125
MESTRE ALBERTO EUZAMOR - ALBERTO PEREIRA ABREU. Depoimento a Leopoldo Gil Dulcio Vaz, quando da construção do Livro-Álbum Mestres de Capoeira de São Luis, 2006 126 RUI PINTO, Mestre Rui. Depoimento a Leopoldo Gil Dulcio Vaz, durante o Curso de Capacitação dos Mestres Capoeira do Maranhão – UFMA/DEF 2017, para o LIVRO-ÁLBUM DOS MESTRES CAPOEIRA DO MARANHÃO. 127 MESTRE SOCÓ – EVANDRO DE ARAUJO TEIXEIRA. Depoimento a Leopoldo Gil Dulcio Vaz, durante o Curso de Capacitação dos Mestres capoeira do Maranhão, para o LIVRO-ÁLBUM DOS MESTRES CAPOEIRA DO MARANHÃO. 128 MESTRE ROBERTO – ROBERTO JAMES SILVA SOARES. Depoimento a Leopoldo Gil Dulcio Vaz, durante o Curso de Capacitação dos Mestres capoeira do Maranhão, para o LIVRO-ÁLBUM DOS MESTRES CAPOEIRA DO MARANHÃO. 129 ENTREVISTA COM MESTRE ÍNDIO MARANHÃO, disponível em http://www.rodadecapoeira.com.br/artigo/Entrevista-com-Mestre-IndioMaranhao/1. Publicado em 19/11/2015, enviado por: jeffestanislau
Patinho130 sintetiza a Capoeira do Maranhão: [...] buscando sempre a forma indígena que tem na capoeira, pois estudei com os índios samangó - só o berimbau dos instrumentos participa e tem uma só batida de marcação iúlna (sic) - a batida do berimbau é mudada e tem uma formação de entrada dos instrumentos. O Mestre chama, colocando ritmo e ordenando a entrada de cada instrumento - agogô, atabaque, berimbau contrabaixo, berimbau viola, berimbau violinha, reco-reco e pandeiro; entra também as palmas. Santa Maria - uma batida que diferencia das outras duas é que tem duas batidas de marcação, sempre acompanha com as palmas. Marvana - com três palmas Caudaria - com dois toques e três batidas Samba de roda - neste ele explica que não precisa tocar bem, pois cabe a cada um o seu interesse pelo aperfeiçoamento. Angola - é mais compassada e cheia de ginga. Cabe ressaltar que a "iúna" é destinada a recepção de pessoas na roda e momentos fúnebres. Ladainha - é uma louvação a Deus e as formas de vida e espírito que queiram citar.
Segundo Greciano Merino (2015) 131, o Maranhão se caracteriza por ser um território afetado por fortes insurreições de negros e por uma vasta diversidade de rituais ligados à cultura popular (Tambor de Mina, Bumba-meu-boi, Tambor de Crioula, Festa do Divino Espírito Santo, Bambaê de Caixa, Festa de São Gonçalo, etc.) que foram fomentados principalmente durante a constante reorganização dos quilombos ou ‘Terras de Preto’. Antonio José da Conceição Ramos, mas conhecido como Mestre Patinho, se inicia na Capoeira em 1962 e vem desenvolvendo seu trabalho de una forma ininterrupta; por isso, na atualidade se o considera o praticante mais antigo desta atividade em São Luís de Maranhão: É ainda Greciano Merino (2015) que nos dá maiores explicações sobre essa simbiose entre a capoeira maranhense e as demais manifestações folclóricas que ocorrem no Maranhão: Algunos maestros de la capoeira ‘maranhense’ como Patinho, Tião Carvalho, Alberto Euzamor o Marco Aurelio indican dos personajes del cortejo del bumba meu boi como paradigmas que celan la expresión corporal de la capoeira durante esos años de fuerte represión: el ‘caboclo de pena’ y el ‘miolo del boi’. Los ‘caboclos de pena’ son una figura emblemática, imponente e impresionante; que situados al frente del cortejo despliegan una danza circular vigorosa abriendo espacio y anunciando la llegada del grupo. Los capoeiras, por su conocimiento de técnicas de lucha y guerra, habrían sido destinado a ocupar esas posiciones para proteger al grupo de los embates de otros grupos rivales. El ‘miolo del boi’ es como se designa a la persona que manipula la figura del boi, y su papel sería entrenar y mantener alerta a los integrantes del grupo a través de su cabezadas y coces. El maestro Patinho, durante la conferencia de apertura del VIII Iê Camará524 (2014)132, expresaba que: “El caboclo de pena rescata la mandinga, la picardía y la malicia de la capoeira a través de la rasteira de mano. Y del miolo de boi destaca que tiene que tener una malicia y una ginga para inserir la cabezada y la coz, ésta última desde su opinión es la chapa de costas de la capoeira. Otro aspecto que en su opinión comparten estas manifestaciones serían las improvisaciones de los cánticos que relatan acciones del momento en que están ocurriendo los acontecimientos”133. En ese mismo acto, el maestro Marco Aurelio Haikel reforzaba que: “dentro del mosaico cultural brasileño los capoeiras eran guerreros temidos y admirados; necesarios como protectores lo que les permite participar y ser miembros de varias y diversas manifestaciones. Ese ‘lleva’ y ‘trae’ de informaciones quizá sea una de sus grandes contribuciones dentro de la cultura popular.Pues se convierte en el eslabón que conecta y
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MESTRE PATO – ANTONIO JOSÉ DA CONCEIÇÃO RAMOS. Depoimento dado a Leopoldo Gil Dulcio Vaz, para o LIVROÁLBUM DOS MESTRES CAPOEIRAS DE SÃO LUIS, 2006. 131 GRECIANO MERINO, 2015, obra citada. 132 133
Evento nacional de capoeira organizado por el grupo de Capoeira Angola Laborarte Ramos, Antonio da Conceição. Batuques locais e suas influencias entre capoeiras. En VIII Iê Camará: Dialogo de Batuques, LABORARTE, São Luís do Maranhão, 2014.
agrega esas informaciones y esa profusión de ritmos”134. El tambor de crioula es una danza genuinamente maranhense que, como señalábamos anteriormente, forma parte de las expresiones que surgen de la diáspora africana. La forma en que se despliega el ritual del tambor, la cadencia batuques”. Durante una semana se organizaron charlas, mesas redondas, presentaciones y diversas rodas de capoeira, tambor y samba donde se trató de profundizar sobre las vicisitudes de este mosaico cultural.
Prossegue: En este sentido, el profesor Leopoldo Vaz 135 se hace eco de las posibles relaciones que se establecen entre ambas manifestaciones a través de la punga dos homens, que es un juego de lucha practicado dentro de los rituales del tambor136. Para ello, indica que la punga dos homens en Maranhão vendría a ocupar la misma función que la pernada carioca en Rio de Janeiro, el batuque en Bahía o el passo en Pernambuco. Todas estas manifestaciones serían formas complementarias donde se diluiría la capoeira. Pues, las medidas restrictivas que imponía el nuevo código penal de la República habría obligado a sus practicantes a encontrar nuevas formas de camuflar su práctica para ocultarse de la atención de las autoridades. Asimismo, Vaz trata de este carácter profano puede resultar paradójico cuando su manifestación se ejecuta como agradecimiento y promesa por las peticiones realizadas a San Benedito137. Asimismo adquiere un aspecto religioso cuando se ejecuta dentro de un terreiro de Mina provocando el trance de los Voduns o Caboclos, Gentis, Orixás.
Kafure (2017) considera que essa característica de jogar nos três tempos é gananciosa, mas não deixa de ser o ideal de um "super capoeirista": [...] e isso para mim é impossível. Justamente porque a vida tem três tempos, a infância, a maturidade e a velhice e o ritmo de cada um desses tempos é diferente. Então assim, eu acho que o tempo da capoeiragem maranhense é o tempo médio, pois nem é devagar demais nem rápida demais, como se encontra em alguns grupos na Bahia (lá existem bem visível os extremos). Eu acho que uma das grandes belezas e riquezas da capoeiragem maranhense é a multiplicidade de grupos e rodas em um território pequeno. Pelo menos quando eu morava em São Luís, quase todo dia era dia de roda, pelo o que eu me lembro, de quarta à sábado (curioso que no domingo quase nunca tinha). Enfim, geralmente nas capitais do Brasil, roda de capoeira é de sexta à domingo. Então acho que essa pluralidade de rodas, mesmo com os zumzumzum entre grupos e mestres, ainda assim dava uma perspectiva muito boa de aprendizado para alguém que realmente queira aprender a ser um bom capoeira.
Sapo não definia sua metodologia nem como Angola nem como Regional; de sua perspectiva de ensino, a capoeira estava formada por uma serie de fundamentos de jogo que se aplicavam em função das circunstancias que a roda requeria 138. Su capoeira se enfoca hacia un aspecto más deportivo, pasando a examinar a sus alumnos a través de series de movimientos secuenciados que se correspondían con una escala de cuerdas de colores, como 134
Haikel, Marco Aurelio. Batuques locais e suas influencias entre capoeiras. En VIII Iê Camará: Dialogo de Batuques, LABORARTE, São Luís do Maranhão, 2014.
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VAZ, Leopoldo y VAZ, Delzuite. A Carioca. Actas del III Simposio de Historia do Maranhão Oitocentista. Impressos no Brasil no seculo XIX. Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), São Luís, 2013. Extraído el 15 de marzo de 2015 dehttp://www.outrostempos.uema.br/oitocentista/cd/ARQ/34.pdf En la década de 1950, el folclorista Camara Cascudo lo describirá de esta manera: "Las danzas denominadas ‘do Tambor’ se esparcen por Ibero-América. En Brasil, se agrupan y se mantienen por los negros y descendientes de esclavos africanos, mestizos y criollos, especialmente en Maranhão. Se conoce una Danza de Tambor, también denominada Ponga o Punga que es una especie de ‘samba de roda’, con solo coreográfico, (...) Punga es también una especie de pernada de Maranhão: batida de pierna contra pierna para hacer caer al compañero, a veces el Tambor de Crioula termina con la punga dos homens.". Camara Cascudo, Luis da. Diccionario do Folclore Brasileiro.Tecnoprint, Rio de Janeiro, 1972, p. 851.
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Este carácter profano puede resultar paradójico cuando su manifestación se ejecuta como agradecimiento y promesa por las peticiones realizadas a San Benedito. Asimismo adquiere un aspecto religioso cuando se ejecuta dentro de un terreiro de Mina provocando el trance de los Voduns o Caboclos, Gentis, Orixás. El Maestro Sapo seguía una especie de mezcla de las dos vertientes, sus enseñanzas consistían en una práctica que estuviese de acuerdo con el ritmo que dictaba el toque de berimbau: Angola (jogo lento y rastrero), São Bento Pequeno (jogo que mezclaba movimientos altos con rastreros en una cadencia intermedia) y São Bento Grande (jogo practicado encima y en una cadencia acelerada). Los 3 berimbaus tocaban la misma célula. (GRECIANO MERINO, 2015).
ocurre en las artes marciales. Participó en eventos, simposios y torneos nacionales en diversos Estados e incentivó a sus alumnos para que completasen su formación participando de los cursos de arbitraje y viajasen a Rio de Janeiro para estudiar con Inezil Penna Marinho139. Asimismo, batalló mucho para conseguir que la capoeira formase parte de los Jogos Escolares Maranhenses (JEM’s) como un deporte de competición. Todo eso sin dejar de explorar ese lado folclórico de la capoeira que le había llevado hasta São Luís140. Por tanto, su profunda dedicación al estudio del arte de la capoeira141627 le llevan a convertirse en un profesional de reconocido prestigio por la sociedad. Ese reconocimiento unánime motivó que asumiese el papel de celador de la capoeira en São Luís, mostrando su intolerancia hacia las rodas de calle (que no fuesen las suyas o las del maestro Diniz) y hacia la abertura de grupos que no fuesen suyos. (GRECIANO MERINO, 2015)
Em meados dos anos 80, para frente, após a morte de Sapo, começa uma movimentação para ‘restituir’ a Capoeira ao seu lugar – a rua. Esse movimento começa a partir da formação de grupos, em lugares considerados periféricos, como o eixo Itaqui-Bacanga. Para os Mestres-alunos, O movimento ‘prócapoeira’ surgiu na área Itaqui-Bacanga através dos grupos ‘Aruandê’ do Mestre Pirrita, ‘Filho de Aruanda’, do Mestre Jorge, como forma de apresentações individuais dos grupos que fizeram parte desse movimento, entre eles ‘Cascavel’, ‘Filho de Ogum’, ‘Unidos dos Palmares’, e outros. Esse movimento teve como objetivo uma maior organização da Capoeira, pois a mesma se encontrava no anonimato; com a realização do movimento pró - capoeira surgiu, em São Luis, vários grupos de capoeira com objetivo de uma maior organização e expansão em toda São Luis142. Projeto “Capoeira nos Bairros”, e “Movimento Pró-Capoeira”; com os Mestres Jorge e Pirrita; com a mobilização de grupos de capoeira; para a organização e transformação dos grupos em associações, surgindo a partir daí, a Federação Maranhense de Capoeira – FMC -, no ano de 1990 143. Pela necessidade de revitalizar e divulgar a capoeira, que estava muito dispersa nas periferias dando por sua vez uma nova fase a este movimento, tendo como protagonizadores Pirrita, Jorge, Neguinho do Pró-dança144. As lideranças: Mestres Jorge e Pirrita e Mestre Leles, Madeira, para a divulgação da organização dos grupos de capoeira no Maranhão145; Foi a Associação Aruandê, com os Mestres Jorge e Pirrita146; Pelos Mestres Pirrita e Jorge, com o objetivo de divulgação da capoeira. Muitos adeptos na prática da capoeira, a popularização da capoeira criando uma boa imagem da capoeira147. ONDE ACONTECEU? QUAIS OS RESULTADOS? Sá Viana, Bairro de Fátima, Anjo da Guarda, Coroadinho, Liberdade, etc.; foi positivo no sentido de fortalecer a interação entre os grupos148; [...] na área Itaqui-Bacanga, no Teatro Itaqui-Cucuiba, e teve como resultado o fortalecimento da Capoeira; a partir daí, outros grupos da cidade passaram a realizar outros eventos, em prol da Capoeira149;. Foi feito o Pré-capoeira no Bairro do Anjo da Guarda, no Teatro Itapicuraíba150. O movimento ‘pró-capoeira’ surgiu na área ItaquiBacanga [...] com a realização do movimento pró - capoeira surgiu, em São Luis, vários grupos de capoeira com objetivo de uma maior organização e expansão em toda São Luis151. Projeto “Capoeira nos Bairros”, e “Movimento Pró-Capoeira”; [...] com a mobilização de grupos de capoeira; para a organização e
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Inezil Penna Marinho publica en 1945 el libro “Subsídios para o Estudo da Metodologia do Treinamento da Capoeiragem”, esta obra fue explícitamente inspirada en la “Ginastica nacional (capoeiragem) metodizada e regrada” de Aníbal Burlamaqui. (GRECIANO MERINO, 2015). 140 Entre los años 1977-1979 Sapo formó un cuadro folclórico de exhibición con juego de luces que presentaba principalmente en el recinto ferial (EXPOEMA), durante los festejos juninos, y en algunos terreiros durante determinadas fiestas de santo. Entre las actividades que se presentaban destacan el samba de roda y el maculele que se entrenaba con palos de escobas y después se ejecutaba con machetes. . (GRECIANO MERINO, 2015). 141 Cabe destacar que en una época que las informaciones eran escasas debido a los limitados y precarios medios de comunicación, el maestro Sapo poseía un importante acervo de libros discos y recortes de prensa con informaciones de lo que acontecía en varios Estados. . (GRECIANO MERINO, 2015). 142
O Grupo 4 é formado pelos Mestres: PIRRITA; RUI; TIL; SOCÓ; GENEROSO. O Grupo 5 é formado pelos Mestres: JORGE NAVALHA; CACÁ; PEDRO; CANARINHO; REGINALDO. 144 O Grupo 6 é formado pelos Mestres: MANOEL; LEITÃO; GAVIÃO; CM FORMIGA ATÔMICA. 145 O Grupo 1 é formado pelos Mestres: PATURI; CURIÓ; BAÉ; TUTUCA; e ROBERTO. 146 O Grupo 2 é formado pelos Mestres: MILITAR; NEGÃO; CM MÁRCIO; SENZALA; MARINHO. 147 O Grupo 3 é formado pelos Mestres: MIZINHO; SOCÓ; CM DIACOCM BUCUDA; NILTINHO. 148 O Grupo 1 é formado pelos Mestres: PATURI; CURIÓ; BAÉ; TUTUCA; e ROBERTO. 149 O Grupo 2 é formado pelos Mestres: MILITAR; NEGÃO; CM MÁRCIO; SENZALA; MARINHO. 150 O Grupo 3 é formado pelos Mestres: MIZINHO; SOCÓ; CM DIACOCM BUCUDA; NILTINHO. 151 O Grupo 4 é formado pelos Mestres: PIRRITA; RUI; TIL; SOCÓ; GENEROSO. 143
transformação dos grupos em associações, surgindo a partir daí, a Federação Maranhense de Capoeira – FMC -, no ano de 1990152. Percebe-se que houve uma evolução no formato, quanto à organização formal dos grupos e núcleos de capoeira existentes, e os formados a partir de meados dos anos 80, no Novecento. Com a interiorização e internacionalização dos Grupos – no dizer de Lacé Lopes, ‘grifes de capoeira’ -, houve a necessidade de uma estrutura legalizada, com estatutos, registro junto aos fiscos federal, estadual, municipal, com obtenção de CNPJ, Alvará de Funcionamento e Inscrição Estadual. Passam a se constituir em empresas prestadoras de serviços, outras, associações esportivas, núcleos artesanais – confecção de uniformes, instrumentos – notadamente berimbaus, caxixis, atabaques, reco-reco... – e uma forte conotação social, de proteção à criança e ao adolescente. Continuam, apesar disso, com a ‘informalidade’ das Rodas de Rua, com a formalidade É ainda em 2001 que se dá a realização do 1º CONGRESSO TÉCNICO DA FACAEMA, na Academia de Mestre Edmundo. Neste congresso que se tomou a decisão de caracterizar, através da formação da orquestra, a Capoeira do Maranhão/Ludovicense: No ano de 2001, reuniu-se na Academia de Mestre Edmundo representantes da Capoeira de vários segmentos, para a padronização de uma bateria, que seria única, nos grupos filiados à FECAEMA. Estavam presentes, da Capoeira Angola: Marco Aurélio, Abelha, Piauí; de outros segmentos: Índio, Baé, Mizinho, Paturi, Ciba, Edmundo. Decidimos cantar no Gunga e no Médio153.
Fonte: Greciano Merino, 2015 152 153
O Grupo 5 é formado pelos Mestres: JORGE NAVALHA; CACÁ; PEDRO; CANARINHO; REGINALDO. MIZINHO; SOCÓ; CM DIACO; CM BUCUDA; NILTINHO.
Ainda temos a registrar a atuação do “Forum Permanente da Capoeira do Maranhão”. Concordamos com Almeida e Silva (2012) 154, para quem a história da capoeira é marcada por inúmeros mitos e “semiverdades”, conforme nos esclarece Vieira e Assunção (1998) 155. Esses mitos e estórias dão base às tradições que se perpetuam e proporcionam a continuidade de um passado tido como apropriado. Na capoeira, a narrativa oral das suas “estórias” adquiriu uma força legitimadora tão forte que, por muitas vezes, podemos encontrar discursos acadêmicos baseados nelas156. Mestre Gavião já viajou por muitos estados brasileiros a procura de capoeira, e sempre buscou manter suas raízes, só absorvendo o que achava interessante para enriquecer sua capoeira. Certa vez, um mestre em um evento em São Paulo, o viu jogando e perguntou: “Oh Mestre, essa sua capoeira é africana?” Poderia – ou deveria! – ter respondido: “Não, é Capoeira do Maranhão, de São Luis, ludovicense!!!” É a “Capoeiragem Tradicional Maranhense” 157...
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ALMEIDA, Juliana Azevedo de; SILVA, Otávio G. Tavares da. A CONSTRUÇÃO DAS NARRATIVAS IDENTITÁRIAS DA CAPOEIRA. Vitória; UFES. REV. BRAS. CIÊNC. ESPORTE vol.34 no. 2 Porto Alegre Apr./June 2012. e-mail: julazal@yahoo.com.br 155 VIEIRA, Luiz Renato; ASSUNÇÃO, Mathias Röhring. Mitos, controvérsias e fatos: construindo a história da capoeira. In ESTUDOS AFROASIÁTICOS, 34, dezembro de 1998, p. 82-118 156 Vieira e Assunção (1998) apontam esse fato no seu artigo. VIEIRA, Luiz Renato; ASSUNÇÃO, Mathias Röhring. Mitos, controvérsias e fatos: construindo a história da capoeira. In ESTUDOS AFRO-ASIÁTICOS, 34, dezembro de 1998, p. 82-118 157 Assim a denominaram os Mestres Capoeiras partícipes do Curso de Capacitação dos Mestres Capoeiuras mdo Maranhão, adeptos da denominada ‘capoeira mista’, após os estudos realizados, passando de ora em diante a assim denominar seu estilo de luta, conforme correspondência pessoal, via Facebook, de Mestre Baé, em 28 de setembro de 2017.
JIU-JITSU, JUJUTSU, OU JUDÔ: O QUE SE PRATICAVA EM SÃO LUIS? LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS Tenho escrito sobre a memória do esporte moderno no Maranhão. Dentre as modalidades implantadas, consta, a partir da primeira década dos 1900, o ‘jiu-jitsu”. Inúmeras referencias se apresentam em nossa imprensa escrita da época, até os anos 1960. É tida essa década a da introdução do Judô no Maranhão, por membros da família Leite – considerados oficialmente como seus precursores. O que vimos contestando. Durval Paraíso, durante evento de arbitragem ocorrido no ano 1980 - e por mim idealizado e coordenado -, afirmava que desde os anos 30 já se praticava Judô e que ele era um desses praticantes. Vamos ver, nos anos 40, 50, e 60 sua participação em eventos de “luta - livre”, que ocorriam na cidade, com desafios entre praticantes de artes marciais e boxe.
Durval Paraíso, Jorge Saito, Paulo Leite, Fernando Pereira, Adalberto Leite, Bernardo Leite, Agachados: Geraldão, Serrinha, Carlos e Olivar Leite Filho. 1980 – realizada uma Clinica de Arbitragem de Judô, promovida pela Confederação Brasileira de Judô, Federação Maranhense de Judô, e a Secretaria de Esportes e Lazer, no período de 21 a 26 de outubro; a Clínica foi ministrada pelos professores Avany Nunes de Magalhães e Antonio Oliveira Costa, e coordenada pelo Prof. Leopoldo Gil Dulcio Vaz. Essa Clínica visou formar o primeiro quadro oficial de árbitros da FMJ. Na ocasião foi prestada homenagem a
Durval Paraíso, o mais antigo judoca em atuação no Maranhão; começou a praticar judô ainda na década de 1930. 158
Servimo-nos da Wikipédia para estabelecer a memória dessas artes marciais, aparecidas no Maranhão. O “The Kodokan Institute”, e conhecido em português como “Kodokan” - Instituto do Caminho da Fraternidade, foi a primeira escola de judô, fundada no Japão, por Jigoro Kano, em 1882159. O Judô teve uma grande aceitação em todo o mundo, pois Kano conseguiu reunir a essência dos principais estilos e escolas de jujitsu, arte marcial praticada pelos "bushi", ou cavaleiros durante o período Kamakura (1185-1333), a outras artes de luta praticadas no Oriente e fundi-las numa única e básica.160. Mas foi só no final de 1886, após uma célebre competição, contra várias escolas de jujutsu, organizada pela polícia, que definitivamente ficou constatado o grande valor do judô kodokan. O resultado dessa jornada constituiu-se num marco decisivo na aceitação do judô, com o reconhecimento do povo e do governo que passaram oficialmente a prestigiar o judô kodokan. Depois da célebre ‘vitória de 1886’, como ficou conhecida, o judô kodokan começou a progredir com passos confiantes. A fórmula técnica do judô kodokan foi completada em 1887, enquanto a sua fase espiritual foi gradativamente elevada até a perfeição, aproximadamente, em 1922. Nesse ano, a Sociedade Cultural Kodokan foi inaugurada e um movimento social foi lançado, com base nos axiomas seryoku zen'yo (lit. máxima eficácia) e jita kyoei (lit. prosperidade e benefícios mútuos)161. Jigoro Kano, com a finalidade de iniciar uma campanha de divulgação do judô, no ocidente, em 1889, visita a Europa e os Estados Unidos da América, proferindo palestras e demonstrações. O Judô foi
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VAZ, Leopoldo Gil Dulcio (org.) Atlas do Esporte no Maranhão – Judô, disponível em http://novo.cev.org.br/biblioteca/judo5/ . 159 https://pt.wikipedia.org/wiki/Kodokan 160 https://pt.wikipedia.org/wiki/Jud%C3%B4 . 161 https://pt.wikipedia.org/wiki/Kodokan
considerado desporto oficial no Japão nos finais do século XIX e a polícia nipônica introduziu-o nos seus treinos. O primeiro clube judoca na Europa foi o londrino Budokway (1918) 162. Em 1909, um fato marcante parecia devolver a hegemonia do judô à kodokan. O governo japonês resolve tornar a kodokan uma instituição pública, uma vez que a prática do judô estava tendo ótima aceitação. Nessa época o judô começava a ser introduzido em quase todas as nações civilizadas do mundo, todavia, no ocidente o termo ‘jujutsu’ ainda era empregado, embora o nome Jigoro Kano fosse citado. Quero acreditar que o Jiu-jitsu – ou o kodokan, ou o jujutsu - devem ter sido apresentados aos sócios do Fabril Athetic Club (fundado em 1907) pelo escritor Aluísio Azevedo. Ao abandonar as carreiras de caricaturista e de escritor, abraça a carreira pública em busca de sobrevivência como funcionário concursado do Ministério de Relações Exteriores, torna-se cônsul, servindo por quase três anos no Japão, entre setembro de 1897 a 1899, na cidade de Yokohama, onde deve ter aprendido essa arte marcial, assim como a jogar Tênis e Futebol, quando de sua estada na Inglaterra. Informa MARTINS (1989) que Nhozinho Santos, em 1908, implanta mais duas modalidades esportivas no FAC: o Tiro, com inscrição na Confederação Brasileira de Tiro; e o "jiu-jitsu", com um grande número de adeptos163. Em “A Pacotilha”, São Luís, segunda feira, 14 de junho de 1909, há uma noticia que tem por titulo “JIU-JITZÚ” - certamente transcrita de "A Folha do Dia" - do Rio de Janeiro (ou Niterói): "Desde muito tempo vem preocupando as rodas esportivas o jogo do Jiu-Jitzú, jogo este japonês e que chegou mesmo a espicaçar tanto o espírito imitativo do povo brasileiro que o próprio ministro da marinha mandou vir do Japão dois peritos profissionais no jogo, para instruir os nossos marinheiros. Na ocasião em que o ilustre almirante Alexandrino cogitava em tal medida, houve um oficial-general da armada que disse ser de muito melhor resultado o jogo da capoeira, muito nosso e que, como sabemos, é de difícil aprendizagem e de grandes vantagens. Essa observação do oficial-general foi ouvida com indiferença. A curiosidade pelo jiu-jitzu chega a tal ponto que o empresário do "Pavilhão Nacional", em Niterói, contratou, para se exibir no seu estabelecimento, um campeão do novo jogo, que veio diretamente do Japão.
Gazeta de Notícias, abril de 1909 – anuncio publicado várias vezes 162
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jud%C3%B4 . MARTINS, Djard Ramos. MERGULHO NO TEMPO. São Luís: Sioge, 1989; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. A introdução do esporte (moderno) no Maranhão. CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE, LAZER E DANÇA, 8º, Ponta Grossa, UEPG... Coletâneas ... disponível em CD-ROOM, novembro de 2002. 163
“A Pacotilha” - de 18 de abril de 1910, segunda feira, no. 90 -, noticia de que o “Fabril Athletic Club” – FAC - estava preparando uma jornada esportiva para recepcionar ao Barão de Rio Branco, em visita à São Luís. Em nota do final da noticia é informado que: "Tem funcionado neste clube aos domingos pela manhã, um curso de jiu-jitsu, dirigido pelo Sr. F. Almeida contando já com muitos adeptos. Esse curso passará a funcionar, regularmente d'agora em diante, aos domingos das 8 as 10 horas do dia." Nesse mesmo ano, 13 associados do Fabril Athetic Club – FAC - se desligam dessa agremiação pensando na formação de outra, mais popular, aberta, mais democrática. Fundam o ONZE MARANHENSE, que, além do futebol, desenvolveu outras atividades esportivas: tênis, crocket, basquetebol, bilhar, boliche, ping-pong (tênis de Mesa), xadrez, e a luta livre, introduzida por Álvaro Martins. Consta que o “Jiu-jitsu” foi introduzido no Brasil, oficialmente, por Mitsuyo Maeda, - "Conde Koma" -, por volta de 1914. Em 1915, o Conde Koma - em viagem de exibição pelo Brasil para divulgar sua arte -, e a caminho de Belém (novembro daquele ano), passou por São Luís e fez algumas exibições. O Conde Koma, em 1915, apresentava-se em São Luis – onde passou cerca de três meses:
PACOTILHA, 09 e 10 de dezembro de 1915 De acordo com Elton Silva164, Koma sempre praticou Judô Kodokan, o termo "Jiu-Jitsu" é genérico e usado por todos os japoneses fora do Japão, incluindo Kano. O próprio Conde Koma falava isso abertamente na imprensa americana, existem dezenas de jornais onde ele explica isso. Sada Miako ficou instruindo militares e civis até 1912, quando foi exonerado da Marinha. Depois disso foi para a colônia japonesa em SP e posteriormente deve ter voltado ao Japão. Os japoneses que deram continuidade ao ensino do "Jiu-Jitsu" no Brasil eram todos ligados ao método de Kano, sendo oriundos ou não do Kodokan. Ainda esclarecendo mais, informa que Katsukuma Higashi, o co-autor do livro “The Complete Kano Jiu-Jitsu”165, esclarece: “Alguma confusão surgiu com o emprego do termo “Judô”. Para esclarecer, vou declarar que Judô é o termo selecionado pelo Professor Kano para descrever seu sistema mais precisamente que Jiu-Jitsu. Professor Kano é um dos líderes da educação no Japão. E é natural que ele deva velar pela palavra técnica que mais precisamente descreva seu sistema. Mas os japoneses geralmente ainda chamam pela popular nomenclatura Jiu-Jitsu”. Já em Belém do Pará, o professor Koma passou a lecionar o verdadeiro Jiu Jitsu – diz-se, a seu dileto aluno Carlos Gracie. Os irmãos Carlos e Hélio Gracie foram os precursores do que hoje é chamado de Jiu Jitsu Brasileiro, de eficiência comprovada no mundo inteiro166, muito embora em “O livro proibido do JiuJitsu” seu autor Marcial Serrano coloque dúvidas de que os Gracies foram alunos de Koma, quando da 164
SILVA, Elton. Correspondência pessoal, via facebook, 28/11/2017,com o autor, esclarecendo alguns termos e dúvidas. https://www.facebook.com/elton.judo/posts/1476521202429319?comment_id=1477134512367988&reply_comment_id=1477140 569034049&notif_id=1509214453043699&notif_t=feed_comment_reply 165 The Complete Kano Jiu-Jitsu (Judo) (Inglês) Capa Comum – 11 jul 2016. por H. Irving Hancock (Autor), Katsukuma Higashi (Autor). https://www.amazon.com.br/Complete-Kano-Jiu-Jitsu-Judo/dp/0486443434 166
www.pef.com.br/esportes/?e=jiu-jitsu.
estada deste em Belém. Na realidade, foram alunos de um praticante ensinado por Koma, e depois, por Omori, em São Paulo, lá pelos anos 30... Em “O Jornal”, de 27 de abril de 1918, era anunciado o match de Box, com a participação dos campeões Jemy Smith, americano, e João Pedro, brasileiro (baiano). Terminado o jogo, seriam efetuados diversos encontros de jiu-jitsu, entre Jemy Smith e alguns rapazes. No ano de 1946, conforme destaque no jornal “O Combate”, de 6 de agosto, sob o título: “UM DELEGADO DE POLICIA MESTRE DE CAPOEIRA E ‘JIU-JITSU”– contraventores presos com ”cabeçadas’ e ‘rabos de arraia’ – Invadindo residência, o delegado de Alcântara atraca-se com os seus desafetos, armando verdadeiros “sururus”: Assim que assumiu a Delegacia de Alcântara, o delegado nomeado pelo Interventor Saturnino belo, resolveu por em prática uma idéia que há muito tempo vinha acalentando carinhosamente. Convocou para uma reunião, o Prefeito, o escrivão da Coletoria Federal e o tabelião do 2º ofício. E expoz o seu plano, dizendo-lhes mais ou menos o seguinte: -- A nossa crise é de homens, mas de homens fortes. Precisamos – como diria Pittigrili – ser bastante fortes para quebrar a cara de 75%, do próximo. Querendo colaborar na grandeza de nosso paíz, cuja glória, um dia, se firmará pela capacidade física dos seus filhos., eu venho já de há muito tempo, me dedicando a um acurado estudo do ‘jiu-jitsu’, essa tradicional luta do Japão, cuja prática estimula os movimentos, dá agilidade e resistência ao corpo, proporcionando grandes capacidades de defesa e concorrendo para o nosso bem estar físico, moral e espiritual, pois o ju-do, como vulgarmente chamamos essa luta, assegura a confiança em nós mesmos... Os outros tres big olhavam, boquiabertos para o delegado ‘sportman’. E ele continuou sua explanação, afirmando que não tem fundamento a suposição de que o jin-jutsu (sic) foi trazido ao Japão por Chin-Gen-Pin e Chaen Yuan, da dinastia de Ming, na China. Explicou que os verdadeiros do ju-do, foram os japoneses, por intermédio do médico Akiuyama Shirobei, estabelecido em Nakasaki e que lhe deu o nome de “Yoskin-riyu”, método que foi depois aperfeiçoado em Kusatsu por Yanagi Sekiaki Minamoto-no-Massarati, pertencente à classe feudal da província de Kynshu. -- Se quizermos ser fortes – explicou o delegado – devemos aperfeiçoar os nossos conhecimentos sobre o ju-do. A força vence tudo, Conhecendo alguns golpes e contragolpes, seremos os donos desta terra. Ninguém ousará defrontar-se conosco. Querem aprender como é? E passando da teoria à prática, o delegado gritou para o escrivão: -- Isto aqui se chama “nagewaza”! e aplicou-lhe um brasileiríssimo ponta-pé no estomago! O prefeito arregalou os olhos e nem teve tempo de abrir a boca. O atlético delegado deu-lhe uma cabeçada bem maranhense, explicando: -- Isto é ‘haraigoshi’! O prefeito caiu desmaiado, por cima do escrivão, que continuava estendido no solo. Quanto ao tabelião, foi mais rápido. Defendeu-se de uma rasteira que o delegado dizia chamar-se ‘osotogari’, meteu-lhe o pescoço debaixo do braço e explicou, por sua vez: -- e isto aqui, chama-se ‘grampo’, meu filho! Sáe desse! Serenados os ânimos, o delegado, auxiliado pelo tabelião, tratou de fazer o prefeito e o escrivão recuperarem os sentidos, fazendo-lhes beber ‘água de lima’, método que ele chamou de ‘kwasei-ho’. E a reunião terminou ali mesmo. No dia seguinte, 29 de maio, dia de inicio da festa do Espirito Santo, saíram os quatro a percorrer a cidade, utilizando-se em todas as barracas do gostoso método “kwassei-ho”. De então para cá, segundo as noticiais que recebemos de Alcântara, o delegado ‘cisma’ com qualquer popular, não discute, nem hesita: Aproxima-se e diz: -- “Esteje preso, por infração!
Si o ‘infrator’ pergunta o motivo, entram, então em prática os conhecimentos “judoisticos” da original autoridade, que com uma cabeçada e dois rabis de arraia estende por terra o adversário, intimando os presentes a conduzirem o preso para a cadeia. Assim aconteceu, há dias, quando ele invadiu a residência de um rapaz conhecido pelo nome de Antonio “Pirulico”, onde se travou uma luta espetacular, no decorrer da qual, em virtude dos ‘haraigoshi, e dos ‘nage-wasa do delegado, foram quebrados os potes, os alguidares, o espelho, cadeiras e a mesa do pobre rapaz. [...] E assim termina a ‘história’ do delegado de Alcântara, discípulo emérito do método de ‘ju-do’, fundado pelo dr. Prof. Gigoro Kano e adotado pelo Kodohwan em Tóquio [...] No “Diário de São Luis”, edição de 1º de junho de 1949, era anunciado a realização de um festival esportivo em prol da igreja do Anil, com duas taças em disputa, e uma luta de jiu-jitsu, entre os desportistas Durval Paraíso e o Sargento Cirino. Na edição de 4 de junho, trata de uma “atraente tarde esportiva que se realizaria no estádio santa Izabel”:
Em 1949, conforme noticia o Diário de São Luis, edição de 13 de junho, seria aberta a temporada de lutas daquele ano. Nessa data seria fundada a Academia Maranhense de Pugilismo, e todas as lutas dali em diante seriam controladas pela novel entidade. Idealizada por Carlos Ribeiro, a diretoria era assim composta: Presidente de Honra: Cesar Aboud; Presidente: Diógenes Barbosa; Secretário: Durval Paraíso; Tesoureiro: Zilmar Cruz; Diretor Técnico: Carlos Ribeiro; Diretor de Publicidade: José de Ribamar Bogea; Conselho Fiscal: Ivis Miguel Azar, João Silva, e Edmirson Viegas. Suplentes: Raimundo Gonçalves, Raimundo Francisco do nascimento, e Tácito José de Sousa. A abertura da temporada de 1949 iniciaria no mês de julho, com caráter solene, e contaria com lutas de jiu-jitsu livre, Box, etc. Na década de 1950, encontramos que Rubem Goulart mantinha uma ‘escolinha de judô’, no SESC. E que em 1952 anuncia a criação do Curso de Educação Física do Aero-Clube, conforme registro em PACOTILHA, quinta-feira, 24 de abril de 1952 p. 3; dentre os esportes a serem ensinados, consta judô e luta-livre. Em A PACOTILHA, quinta-feira, 24 de agosto de 1956, p.3, sob o título “TOLEDO DESAFIA BLACK PARA UM DUELO DE JUDÔ”, anunciando, para a próxima semana o confronto entre os campeões do Paraná e do Maranhão Lutadoras esperadas. Na próxima semana, os admiradores do pugilismo em nosso estado terão o ensejo de presenciar o primeiro duelo do judô. Toledo, o campeão maranhense vem de lançar um desafio a Black Maciron, campeão paranaense. Os que acompanham a temporada de Luta Livre e Vale Tudo, aguardam com vulgar interesse a resposta de Black DISPOSTO A VENCER Na manhã de hoje Toledo com pareceu à redação dos Diários Associados a fim de comunicar o seu desafio e também declarar aos nossos desportistas que está disposto a conquistar novo triunfo para as cores do Maranhão, no duelo do Judô. A 29 de agosto – “BLACK ACEITA O DESAFIO COM BOLSA”. O lutador paranaense aceita o desafio de uma luta de judô, desde que haja uma bolsa para o vencedor. Já na década de 1960, e de acordo com Antonio Matos – um dos maiores nomes do Judô maranhense, junto com Cláudio Vaz, Emílio Moreira, e James Adler – o Judô foi introduzido no Maranhão pela família Leite. Depois, surgiu o Major Vicente. O que é confirmado por Cláudio Vaz, que afirma que Paulo Leite já praticava Judô, em São Luís, antes da chegada do major Vicente.
Em 1966, PAULO LEITE funda a academia "JUDÔ CLUBE IRMÃOS LEITE"; sua primeira sede foi um salão nos altos do antigo Banco do Maranhão, na Rua da Estrela nº. 175 - Praia Grande; mudando-se depois para Rua Rio Branco nº. 276 - Centro. Após terminar o curso de Engenharia Civil na Universidade Federal do Ceará, onde iniciou a prática do JUDÔ com o Professor Antonio Lima, retorna a São Luís e, como atleta sagrou-se campeão em vários torneios e campeonatos no estado do Ceará, Rio de Janeiro, Bahia, e São Paulo. Além de iniciar todos os seus irmãos na prática do JUDÔ, formou vários atletas, inclusive as primeiras mulheres judocas dentre elas sua esposa Margarida. Iniciou o JUDÔ nas escolas de São Luis, sendo pioneiro o Colégio Marista. Promoveu a vinda da seleção Baiana de JUDÔ, evento este que lotou o Ginásio Costa Rodrigues, quando foi homenageado juntamente com o professor Lhofei Shiozawa (atual 2º vice presidente da CBJ - Confederação Brasileira de Judô), pelo também judoca da época, Cláudio Vaz dos Santos, o conhecido desportista "ALEMÃO".
Em 1968, Cláudio Vaz dos Santos – o Cláudio Alemão - retorna do Rio de Janeiro a São Luís, já como praticante de Judô. Com a chegada do Major Vicente é criada a academia “Samurai”, que funcionava atrás do Ginásio Costa Rodrigues; além de Cláudio, praticavam Marco Antonio Vieira da Silva, seu irmão Fabiano Vieira da Silva, Paulo “Juca Chaves” Miranda. Cláudio Vaz perdeu dois campeonatos para Paulo
Miranda. O judô só era defensivo, não valia pontos ofensivos, só valia a defesa, você sempre contra atacava, mas não valia o ataque, só valia a defesa. O Major Vicente permaneceu em São Luís por três anos, criando uma elite de judocas no Maranhão; esse trabalho durou de 68 até 70. Ainda nesse ano é criada a segunda escola de Judô em São Luís, no Clube Sírio Libanês, tendo como instrutor o Major Vicente, após a introdução da modalidade pelo Prof. Paulo Leite; faziam parte do grupo, além de Antonio Matos, Marco Antonio Vieira da Silva, Paulo “Juca Chaves” Miranda, Sargento Leudo, Cláudio Vaz dos Santos, Francisco Camelo, Alberto Tavares, Gabriel Cunha, Durval Paraíso, Mestre Sapo – Anselmo Barnabé Rodrigues, o maior capoeirista que o Maranhão já teve. É em 1969 que a primeira seleção maranhense de Judô é formada, para disputar um Campeonato Brasileiro, em Brasília-DF; a equipe era formada por Antonio Matos, Paulo Juca Chaves Miranda. Sargento Leudo, e Francisco Camelo, técnico: Major Vicente. No ano de 1970 com a transferência do Major Vicente para o Rio de Janeiro, o grupo já formado procurou trazer um professor no nível dele; foi quando Jorge Saito - campeão das Forças Armadas – foi trazido para o Maranhão.
Em resposta à indagação: o que se praticava em São Luis? Indaguei a Elton Silva 167 podemos dizer, então, que o que se praticava, em São Luis, identificado como jiu-jitsu era o kodokan, hoje judo? Ao que respondeu: Se veio de Sada Miako ou de Conde Koma, sim. Não conheço ninguém até hoje que não tenha ensinado Kodokan Judô no Brasil.
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SILVA, Elton. Correspondência pessoal, via facebook, 28/11/2017,com o autor, esclarecendo alguns termos e dúvidas. https://www.facebook.com/elton.judo/posts/1476521202429319?comment_id=1477134512367988&reply_comment_id=1477140 569034049&notif_id=1509214453043699&notif_t=feed_comment_reply
CUIDAR DA “BASE”? – É MENTIRA RAPÁ! JOSÉ DE OLIVEIRA RAMOS
Sabe aquela cena que a gente vê e o tempo não consegue apagar da memória? Pois bem. Árbitro da federação carioca fui muitas vezes escalado para apitar jogos dos campeonatos de base. Apitei vários no campo do Pavunense, campo que ficava em Nilópolis/RJ. Foi ali que conheci os meninos iniciantes, Juari, que jogou anos no Santos e na Itália antes de vestir a camisa do Moto; João Paulo, exSantos; Babá, ex-Santos e tantos outros. Vi e aprendi cuidar da base. É outra cultura. Lá, “trabalhar a base” é investimento. Pode dar certo, ou não. Se der certo, o clube vai usufruir por anos, o direito a um percentual estabelecido pela FIFA ao “clube formador”. Aqui é visto como “despesa”. Arre égua! Lá pelo início dos anos 90, já Jornalista ligado ao esporte – por mais de dez anos fui o único a cobrir as atividades dos iniciantes e do futebol amador dos bairros, além de dedicar bons espaços aos esportes olímpicos – vi uma imagem que mantenho gravada e retrata bem a atenção que os clubes maranhenses dão às suas bases: Gilmar, conhecido por todos como Gil Babaçu era o “Responsável” pela base do “gigante” Sampaio Corrêa. Numa tarde de sábado o Sampaio enfrentaria o hoje extinto Ferroviário, ainda mantido pelo conhecido Clóvis Viana, em partida realizada no Nhozinho Santos. Sentado nas cadeiras, observei a cena: Gil Babaçu chegava com o material do mais popular time do Maranhão dentro de três sacolas plásticas do então supermercados Lusitana. Ali estavam as meias, algumas furadas; calções e camisas e alguns pares de chuteiras. Foi ali, naquele jogo da categoria Sub-20 que foi costurada a transação em que Wamberto, então jogador do Ferroviário, foi cedido ao Sampaio Corrêa. Uns pares de chuteiras e alguma merreca por fora ou por dentro consagrou a “venda”. Nisso fica configurada a falta de atenção que os clubes dão à base. Além disso, essas categorias são sempre “entregues” ao comando de curiosos, sem conhecimentos, sem estrutura financeira e principalmente sem organização. E acreditem, isso não acontece apenas com o Sampaio Corrêa. Se voltarmos um pouco a fita do filme, ainda em preto e branco, vamos lembrar nomes de jogadores que se consagraram. E os clubes nunca ganharam absolutamente nada, pois não são reconhecidos como “formadores”. O Sampaio Corrêa “é dono disso”. Izaías, Rubenilson, Paulo César, mas não sei se podemos considerar Wamberto, Arlindo Maracanã, Valbson e mais uma porção. O Moto, até aonde se sabe, nunca recebeu nada como “formador” de Clayton, lateral que chegou a jogar pela seleção da Tunísia numa Copa do Mundo; e agora, Douglas, que saiu daqui para o Figueirense e está correndo mundo, jogando em vários países. Se fosse organizado e dirigido por quem conhece, apresentaria documentação e correria para receber alguma boa grana. O Maranhão, até aonde se sabe, teria recebidos anos atrás uma boa importância (essa Lei atual que beneficia o clube formador ainda não existia) pela cessão de Agamenom ao Atlético Mineiro; e mais recentemente de Paulo César, cedido de acordo com os trâmites legais para o futebol português. APRENDAM: Trabalhar a base não é despesa. É investimento. Agora, tem que trabalhar “profissionalmente” (só no Maranhão as categorias de base entram de férias e treinam apenas dois ou três meses por ano), ser dirigido por quem conhece e não por leigos ou curiosos. (JOR).
SAPO x ZULU. DEU ZULU... LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Academia Ludovicense de Letras Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Tenho em mãos livro – inédito – do Bruno Tomé Fonseca. Um contador de histórias fantástico!!! Procurou-me para saber sobre o tarracá e o Rei Zulu, pois pretendia escrever uma biografia desse fantástico lutador de vale tudo (luta livre)... Pois bem, passei-lhe as metodologias e as técnicas da ‘história oral’ e da ‘história de vida’... surpreendeu-me com uma história sobre a vida de Zulu... Ah, se eu conseguisse escrever dessa maneira... Mas vamos ao que interessa: vou transcrever o que consta de seu livro, breve nas livrarias... Comecemos pelo título: “A majestade bárbara do Rei Zulu”, o capítulo ‘Caserna’: começa com as lembranças de Zulu dos tempos de guarda-vidas na Praia do Olho D´água, também freqüentada por Sapo – Mestre Sapo – um dos pioneiros da capoeira em São Luis: Por ali, rodas de capoeira comandadas por ele levantavam a areia fina da praia. Sob o olhar pasmo de Zulu, Mestre Sapo fazia apresentações antológicas, efetuando golpes complexos, como o chamado de ‘boca de siri’, em pleno por do sol.
É por essa época que Casimiro de Nascimento Martins ingressa no Exército – 24 BC, hoje BIL -; trabalhava, também, como segurança nos fins de semana em que não estava de serviço. Zulu já tinha certo nome nas pugnas de luta livre, forjados no vale-tudo. Certo oficial, acompanhado de um amigo, que se dizia dono de uma emissora, e amigo do Mestre Sapo, da capoeira, comentam sobre quem venceria uma luta entre ambos; o Oficial exaltava Zulu, o amigo, Sapo; começou uma discussão acalorada se capoeira era páreo para vale-tudo, e vice-versa. Lançada a semente de um desafio! Próximo da Semana da Pátria, precisava-se de um evento para animar a tropa e a comunidade. Algo além do tradicional desfile de 7 de setembro... Sem que Zulu soubesse, os comandantes articularem uma luta de portão aberto no quartel: - Zulu está servindo a Pátria, não pode cobrar ingresso – dizia o comandante. Já tinham até providenciado um ringue para sustentar a peleja. Zulu é chamado pelo Comandante, recebendo ordens expressas que não podia sair do quartel. Tinha que ficar arranchado:
- Dorme no quartel. De manhã está liberado do serviço. Veste o uniforme de educação física e corre em volta para te preparares. Nada de farra e de bagunça. Tu vais lutar e quebrar um cara pra mim. Ao recruta só restava cumprir a ordem... Só mais tarde soube ser o adversário Mestre Sapo, lamentando a oportunidade de ganhar algum dinheiro escapando pelo ralo: se essa luta fosse fora do quartel, sabia que muita gente iria pagar para assistir. A fama de Zulu e Sapo corria pela cidade, era público garantido! Zulu fica matutando como ganhar algum. Faltando dois dias para a pendenga, ligou para seu irmão Jeco, para que fosse até a casa de Sapo para convencê-lo a não participar da quizila que se estava armando: seria fácil arrumar uma desculpa. Que esperasse Zulu dar baixa do Exército para os dois faturarem bem numa luta fora dos muros do 24 BC: Sapo não quis saber de acordo. Ainda mandou um recado: Zulu que esperasse que iria apanhar no quartel diante de todo o Batalhão. Zulu ficou furioso com a oportunidade perdida de faturar um bom capital. O apetite para a luta fermentou, quando foi chamado para ‘um particular’ por um dos comandantes: quem está lutando aqui não é o Rei Zulu e nem o soldado Zulu. É o batalhão. Se tu perderes, quem perde é o batalhão inteiro. Pensou o soldado Zulu em voz alta: “eu vou matar esse Sapo’. Chegada a hora, ringue armado. Bufando, Zulu deu um ultimato ao adversário estipulando contagem regressiva: - Sapo, tu tens cinco minutos pra fazer alguma coisa comigo e tem dois minutos pra sair daqui pro hospital. O capoeirista ignorou o disparar do cronometro fictício dado por Zulu. Apresentou como cartão de visitas uma meia lua espetacular em direção ao soldado. Zulu conseguiu pegar o contendedor no ar. Ao proteger o corpo da queda com o braço, Sapo acabou por deslocá-lo. Sucumbiu. Fim da luta...
NA(S) ACADEMIA(S) – LITERATURA LUDOVICENSE/ MARANHENSE ESTA SESSÃO É DESTINADA AOS ARTIGOS SOBRE LITERATURA LUDOVICENSE/MARANHENSE, E O REGISTRO DE SUA MEMÓRIA
REVISTA POÉTICA BRASILEIRA Uma publicação do jornalista e editor-sênior Mhario Lincoln / https://www.revistapoeticabrasileira.com.br/ Reportagens Especiais: A VERDADE SOBRE A FOTO DE MARIA FIRMINA
“RETRATO FALADO” DE MARIA FIRMINA DOS REIS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Academia Ludovicense de Letras Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Neste ano de 2017, comemora-se o centenário de morte de Maria Firmina dos Reis. Em 29 de julho, em O ESTADO DE SÃO PAULO, reportagem de BRUNA MENEGUETTI, Jornalista e escritora, autora do livro 'O Céu de Clarice' (Amazon), sob o título NO CENTENÁRIO DE MORTE, PRIMEIRA AUTORA NEGRA DO BRASIL GANHA REEDIÇÃO1, destaca que Maria Firmina dos Reis, ao publicar, anonimamente, 'Úrsula' (1859), influenciou toda a produção literária do País. Primeira escritora negra do Brasil e primeira autora de romance abolicionista em toda a língua portuguesa, o livro estava fora de catálogo, mas em setembro desse ano ganha nova edição pela PUC Minas. Eduardo de Assis Duarte, pesquisador da literatura afro-brasileira, autor de livros sobre o tema e doutor em letras, assina o posfácio e escreve sobre a contextualização histórica da obra no conjunto de escritos de escravizados no Ocidente. Neste ano, de 9 a 12 de agosto – a ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS promoveu eventos em comemoração de mais esta efeméride. Aconteceu durante a I Semana de Literatura Ludovicense, no Espaço AMEI, São Luis Shopping Center. Nessa ocasião, também e foram comemorados os 4 da sua fundação da ALL. Maria Firmina dos Reis é a patrona da Academia de Letras da cidade de São Luis... Sua biografia, publicada pela ALL, de Leopoldo Gil Dulcio Vaz e Dilercy Aragão Adler – Sobre Maria Firmina dos Reis – foi considera da melhor bibliografia publicada, em 2016, pela UBE-RJ. O que quero chamar atenção para quem vai escrever reportagens de cunho jornalístico-informativo é que tem sido comum a ilustração de textos referidos a Maria Firmina dos Reis com um retrato, que, na verdade, é de uma poetisa gaúcha.
Esse quadro acima, considerado até então de Maria Firmina dos Reis, é, na verdade, da gaúcha Maria Benedita Borman, conhecida pelo pseudônimo de “Délia”. A palavra “Délia”, na página do lado direito, abaixo do bico-de-pena, revela o pseudônimo da escritora gaúcha Maria Benedita Borman.
O bico-de-pena da página 193 do livro “Mulheres Illustres do Brazil”, de 1899, revela o rosto da escritora Maria Benedita Borman, que escrevia sob o pseudônimo “Délia”, e não da escritora Maria Firmina dos Reis. (Acima).
O escritor Nascimento Moraes, pesquisador que descobriu Maria Firmina na Biblioteca Benedito Leite, no início da década de 1970, afirmava que não foi encontrada nenhuma foto dela. Ele morreu em fevereiro de 2009 e até essa data aqui em São Luís não houve nenhuma divulgação em jornais da descoberta da fotografia de Maria Firmina.
O busto da escritora Maria Firmina dos Reis, de autoria do escultor maranhense Flory Gama, foi esculpido a partir das informações prestadas por vimarenses que conviveram com a mestra-régia, como dona Nhazinha
Goulart, criada pela romancista na residência da Praça Luís Domingues, e por dona Eurídice Barbosa, procedente da Fazenda Nazaré, que foi aluna de Maria Firmina na Escola Mista de Maçaricó. O busto foi colocado no ano de 1975 na Praça do Panteon, em frente à Biblioteca Pública Benedito Leite, na Capital junto a outros 17 intelectuais maranhenses. Posteriormente, os 18 bustos do Panteon Maranhense foram transferidos para os jardins do Museu Histórico e Artístico do Maranhão, localizado na Rua do Sol, em São Luís, onde se encontram até hoje.
Com base nessas descrições, e no busto conhecido, a Academia Ludovicense de Letras mandou elaborar um selo comemorativo aos 190 anos de nascimento da ilustre ludovicense, pelo artista gráfico Gustavo Ferreira.
Disponível em ” Disponível em :ção_rosas_de_leitura.htmlIn SARAIVA, Emmanuel de Jesus. A INFLUENCIA AFRICANA NA CULTURA BRASILEIRA. São Luis: 2013, p.
Acima, outro retrato falado de Maria Firmina, elaborado pelo artista plástico Tony Alves. Para a Academia Ludovicense de Letras, estes são os ‘retratos’ oficiais da escritora: o do selo comemorativo e o do retratista Tony Alves, além do busto idealizado por Flory Gama...
O REI PROTESTANTE HENRIQUE IV E A FUNDAÇÃO DE SÃO LUÍS: Uma homenagem aos 500 anos da Reforma protestante ANTONIO NOBERTO Escritor, curador da Exposição França Equinocial, membro da Academia de Letras de São Luís e do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão São Luís nasceu como a capital da sonhada França Equinocial, empreendimento francês no norte do Brasil que objetivava colonizar um terço ou metade do território brasileiro atual, sendo do Ceará ao Amazonas. O ousado projeto colonizatório junto à Linha Equinocial (a Linha do Equador) contava com a simpatia e incentivo de ninguém menos que o rei protestante Henrique IV de Navarra, o chefe da dinastia dos huguenotes, que só assumiu o trono francês após abjurar o protestantismo e se declarar católico, ocasião em que proferiu a famosa frase “Paris vale mais uma missa” (Paris vaut bien une messe). O casamento com a católica Margarida de Valois foi o primeiro passo para se tornar um dos reis mais amados e reconhecidos de toda a Europa. A conversão ao catolicismo se mostrou, na verdade, uma estratégia política de sucesso para conquista e manutenção do poder, pois o coração e as ações do “Rei bom” continuavam no propósito de pacificar a França e valorizar o poder huguenote. Vendo o Massacre dos seus aliados protestantes da Noite de São Bartolomeu, ocorrido no dia 24 de agosto de 1572 por ocasião do seu casamento com a católica Margarida de Valois, Henrique IV se empenhou em pacificar o reino gaulês, carcomido pelas guerras de religião que traziam morte e impediam o progresso da França. Foi esse Rei protestante, de vida simples – que quando nasceu, mesmo de origem nobre, tinha como berço um casco de tartaruga gigante –, que publicou em 1598 o Édito de Nantes, que definiu os direitos dos protestantes e, com isto, restaurou a paz interna na França. Pacificado o reino, restava a missão de expandir e conquistar. Foi com esse intuito que ele, em 1609, enviou o fidalgo huguenote Daniel de la Touche de la Ravardière para fazer os levantamentos para o estabelecimento de uma Nova França nas terras do Brasil, com sede na Upaon-Açu, que significa Ilha Grande, na língua tupi. Um ano antes, La Touche foi procurado pelo seu amigo e vizinho, o navegador Charles Des Vaux, que já habitava o Maranhão desde o final dos anos mil e quinhentos. Des Vaux fez a propaganda das férteis e abandonadas terras brasileiras, já conhecida em parte por La Touche. Este procurou o seu padrinho, confessor e papa dos huguenotes, Felipe Duplessis Mornay, governador de Saumur, que era amigo e conselheiro do rei Henrique de Navarra. Assim, estava feita a propaganda da parte norte do Brasil. Em 1609, o Monarca, sem perda de tempo, enviou Daniel de La Touche para os preparativos de uma colônia naquelas terras, com predominância de protestantes huguenotes. Ao voltar para a França em 1610, La Touche foi surpreendido com a triste notícia do assassinato do seu rei, que tombou sob o punhal do fanático católico François de Ravaillac. O regicídio representou o adiamento e modificações dos propósitos de Daniel de la Touche de La Ravardière, que convidou católicos de peso para a concretização do sonho do Rei morto. Mesmo com toda a insistência da Espanha em querer prejudicar o projeto, a expedição foi realizada com sucesso. E mesmo sendo vencida pouco tempo depois pelas armas ibéricas, até hoje é considerada como uma empreitada vitoriosa, por ter sido um ajuntamento de gente com bons propósitos de evangelizar e construir uma colônia fundada na paz e no respeito mútuo. Outro mérito foi conseguir reunir em um mesmo espaço católicos, protestantes e tupinambás, todos sob as ordens da flor-de-lis francesa. Uma conhecida frase do escritor, especialista em História do Brasil e
conservador da Biblioteca Santa Genoveva, em Paris, Ferdinand Denis (1798 – 1890), resume bem a convivência na França Equinocial: “Não existiu naquele século (XVII) uma relação mais leal e desinteressada entre católicos e protestantes”. É por isso que, decorridos mais de quatro séculos do assassinato de Henrique IV, ocorrido no dia 14 de maio de 1610, a popularidade dele continua intacta. Ele foi o rei da paz e da reconciliação da França e quem lançou a semente para uma das maiores e mais belas cidades do Brasil, que é a capital do Maranhão, que conserva o nome do seu filho, Luís XIII (1601 - 1643) e do rei Santo, Luís IX (1214 – 1270). Uma parte desta história está à disposição do público na Casa Huguenote Daniel de la Touche e na Exposição França Equinocial, em cartaz no Forte de Santo Antonio, na Ponta da Areia em São Luís. Este texto é uma homenagem a todos os maranhenses, brasileiros e franceses, especialmente ao público evangélico e simpatizantes. Viva Henrique IV, viva Daniel de la Touche e Viva São Luís!
O POETA ANTONIO AÍLTON DIZ A QUE VEIO A GERAÇÃO 90 RAIMUNDO FONTENELE http://www.literaturalimite.com.br/2016/04/o-poeta-antonio-ailton-diz-que-veio.html?spref=fb&m=1 Nesta quarta feira, 20 de abril, nossa coluna prossegue com o encantamento dos poetas, essa espécie de encantadores de serpente, pois as palavras são isto: cobras, algumas venenosas, outras, como as jiboias, nos sufocam com seus abraços, e outras mais, apenas cobras passivas emoldurando paisagens. Lembro de uma frase do saudoso mestre Domingos Vieira Filho, estudioso, crítico, escritor sapiens (olha a Dilma aí, gente!), durante muitos anos Diretor do Departamento de Cultura do Estado, quando este era ainda apenas um apêndice da Secretaria de Educação e Cultura, ah, vamos lá, a frase: “o Maranhão é pródigo em poetas”. Dizia-o em alto relevo, com gratidão, com satisfação por ser e pertencer a um Estado que lhe dava tanto motivo para a reflexão e o entusiasmo espiritual, o prazer poético, que é como um gozo com a mulher amada. Certamente, vivesse ainda, e tivesse em suas mãos um dos livros, ou todos, do poeta Antonio Aílton sentiria o mesmo que sinto eu: a presença de um artesão do verso, mas não destes que se consomem em noites insones procurando métricas, descobrindo rimas, fabricando metáforas ocas de sentido e vazias de mensagem para enganar leitores obtusos e que se cansam de forma rápida do esforço e do “trabalho” de ler. Nada disso. O poeta Aílton traz em si a presença de uma poesia viva, investigativa, que não se conforma em habitar ambientes fechados, úmidos, obscuros, contrários à luz que emana do espírito sofredor, criador e, por isso, superior. Temos aqui, para o nosso deleite, os versos inventivos do Aílton, e algumas pinceladas da sua biografia, junto com estas mal traçadas aí de cima, que não expressam toda a maturidade presente e a grandeza futura da sua poesia. (RF)
ANTONIO AÍLTON, maranhense, professor, poeta e ensaísta, é Doutorando em Teoria Literária pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, Mestre em Educação [enfoque em Cultura e Imaginário] pela UFMA, Especialista em Crítica da Literatura Contemporânea, pela UEMA, e graduado em Letras UFMA. Entre suas publicações tem Compulsão Agridoce (Poesia - Paco Editorial, 2015) Os dias perambulados & outros tOrtos girassóis (2008, Prêmio Cidade do Recife de Poesia), As Habitações do Minotauro (Poesia, 2001 - Prêmio Cidade de São Luís) e Humanologia do eterno empenho: conflito e movimento trágicos em A Travessia do Ródano, de Nauro Machado. É colaborador do Suplemento Literário e Cultural JP Guesa Errante, de São Luís do Maranhão. E-mail: ailtonpoiesis@gmail.com
IDADE DOS METAIS Ao amanhecer por entre as ruas, o sol tropeçou em dois cadáveres. Sobras da noite inoxidável, a catadora de latinhas tem mais coisas a fazer.
ESCRITOS ALEATÓRIOS PARA MÁSCARAS E INCERTEZAS
Flor é a palavra flor, não por dizer, mas por silenciar Flor é o crisântemo aceso, aguardando com ansiedade a visitante tardia Flor é o bicho de Lígia Clark quando você toca e ele se abre Flor é a orelha decepada de tuas obsessões psicossexuais derramando girassóis no ocaso para espantar os últimos corvos (há sempre relações possíveis entre flores e navalhas) Flor: rã de Patrick Süssekind na vulvinha virgem da próxima vítima engolindo insetos e aspirando o hálito ainda quente de um perfume desconhecido Há flores que nascem no estrume das feiras livres de Paris Mas não exagere em arte conceitual, chá de papoula é natureza morta pintada de amarelo
O FENÔMENO pôs plaqueta de closed
no seu cul-de-sac e voltou ao Nada CADEIRA DE BALAÇO
Os bichanos vêm aprender comigo o conceito de falta de dinheiro eles ficam ali sobre a velha cadeira e se espicham, até dormirem entediados com o que tenho a dizer tosse, tosse e cuspe
O PRISIONEIRO
Preso, Bob não pode defender sua ração dos ratos. Bob esgota sua paciência e não fode mais cadelas há muito tempo. Apenas se lambe furtivo e ganido, na solitude amarga das pulgas. Os gatos vêm rir de Bob: de dia, tomam sol e se lambem no telhado baixo para o qual Bob salta raivoso, sem os alcançar para o estraçalho; de noite se lambem no telhado de Bob, e Bob apenas pressente a rinha malévola. Olham Bob e se espicham, fingem que se armam, que caçam os ratos que roubam a ração de Bob. “Bob, velho cão sonolento, puah”. Bob não lê livros ou revistas, não assiste a televisão, não canta, não toma sol. Bob não é um cão depressivo, mas se pergunta o que é tão mais importante que um pedaço de carne, o que poderia ser tão mais importante que a liberdade, que foder, por exemplo (claro que ele é um animal e só conhece esta palavra. Também lembra das velhas revistas em inglês fuck yes); o que seria mais importante que até mesmo brincar como as crianças fazem se espojando na areia. Bob provavelmente morrerá dentro de
alguns dias enquanto alguns homens argumentariam e contra-argumentariam sobre a condição de Bob de ser Cão. Enquanto Cão geral, claro, sobre sua possível existência ou inexistência no universo empírico, ou enquanto “objeto teórico formalmente situado”, e sua possível formulação. A tese: “Bob, cão sem fronteiras”.
POESIA DE ONTEM FERNANDO BRAGA in Jornal ‘O Estado do Maranhão’, 24.7.73.
É fácil escrever-se alguma coisa sobre poesias, principalmente quando essas poesias chegam-nos fáceis e com forte conteúdo de comunicabilidade. Assim, são as poesias contidas no livro ‘Poesia de Ontem’, de Carlos Cunha [São Luis, 18.5.1933 - São Luis, 22. 12.1990]. Retirei o livro da estante, com afetuosa dedicação a mim, e reli com o interesse de sempre, as mensagens rítmicas que o autor, agora não só de ’poesia de ontem’, mas de hoje também, conseguiu, com a profundeza do seu talento e com o desassombro de sua vocação, justificar uma causa e harmonizar um conflito. Numa das muitas opiniões sobre esse trabalho chega-se a mergulhos mais densos na conteudística do poeta, vez que “sua poesia tem sido uma continuo campo de angústia, produto, talvez de sua infância de menino pobre, de bairro pobre, pobreza que ele estendia pelo futuro incerto, como ele mesmo faz questão de acentuar. Sua poesia é, ainda, como que o eco extravasado de sua alma, tem um grito revoltado de um poeta em que a vida malvada ainda o sufoca possivelmente com medo da sua pujança e do seu talento. Carlos Cunha trás na inquietude dos seus gestos, a marca registrada dos sofrimentos de uma vida prenhe de desilusões e fantasias inacabadas, válvula de escape para a criação de belas canções. E, foi assim, infelizmente, pelo memorial de toda vida... Vejamos o poeta se transportando para o Monte Castelo, antigo bairro do Areal, onde majestosamente se erguiam as “barrigudas” **, depois cortadas pela insídia costumeira dos governantes da Cidade de São Luis, que deveriam ser mais poetas que políticos para melhor compreenderem as coisas do espírito; mas sim, retomando, para o velho Areal, seu bairro de origem, para envolver-se nesta bela irradiação formal: “Eu quisera de novo ser criança, / perdida nas ruas, / nas ruas cinzentas, sem cheiro de sangue / e muros, pintados de misérias./ Eu quisera de novo ser criança, / para beijar aquela face nova, / e depois tomar banho de chuva./ Mas o tempo correu, / o rosto de mamãe se transformou / e eu jamais voltarei a ser criança!” Ou ainda num laivo de revolta ou desespero: “Menino pobre, menino do meu subúrbio, / Papai Noel não te quer...” Em cancioneiro do menino grande, Carlos Cunha com a mesma temática aproveita-se da paisagem distante, já perdida nos tempos para elaborar com grande felicidade este poema, uma constante em suas relíquias de retrospecção: “Ainda escuto a fala do meu pai, /iluminando o silêncio de tapeçaria, / de nossa casa de telhado verde. / Um rio que lavava a ruazinha estreita/ não vegetava as mágoas. /Ainda escuto a canção de aurora/que tocava o homem do realejo/ com seus olhares retos, e o sorriso de orvalho./Saudades de Maria, com seu olhar umedecido de alvorada./Muitas vezes, muitas, percorri a rua/ carregando sonhos nas mãos inocentes,/ brincando com meus irmãos/ que nesse tempo eram apenas anjos de porcelana,/ num país sem memória./ Hoje Rominha tem outro nome e outras crianças que ali residem,/ a perspectiva das casas tornou-se paralela./ Deuses tiranos caminham sobre a lama viva / e os jardins que sorriam como janelas são de nuvens”. [...] E prossegue: Como a infância corre depressa na terra grávida do tempo./ Os meus castelos, já não são fantasiados de papoulas,/ mas castelos de vento./ Os meus sonhos agora, já não tem cor de gerânio/ e o sol que havia no meu olhar tornou-se uma saudade ancestral.” Carlos Cunha é o representante autêntico da sua geração, surgiu por suas estrídulas declamações [o maior declamador de São Luis], mercadejando versos em saraus pela boêmia da cidade, que o ouvia encantada e agradecida, pela rítmica em dizer e pelos gestos comoventes que saiam de seu estar transfigurado... E à hora e a vez dessa liberdade, foi diante da estupidez da morte... Seu filho morto, longe de tantas Cristinas: “Gritos anônimos diluíram-se no espaço por sua causa - / e a lua tornou-se imperfeita e confusa por sua causa -/ os homens serão peixes e pássaros por sua causa -“ Mas não estancou aí essa motivação maldita, o poeta ainda precisava fazer as pazes com a tragédia, para, infelizmente, enriquecer seu
acervo literário de tristezas, bem como de odes antológicas, o celeiro do Maranhão, berço de grandes poetas: “As rosas entreabriram-se magoadas,/ quando a plácida Tereza passou nos braços da multidão./Velhos e crianças, homens e mulheres choraram/ naquela triste manhã de agosto,/ só eu permaneci imóvel/ assistindo ao seu último passeio./ As luzes da vida se apagaram e dentro de mim mesmo,/ sem cravos e violetas,/ meu funeral passou nos braços doutra multidão!” Meu Deus, este poema de Carlos Cunha fora timbrado pelo estigma e pela dor da premonição... Algum tempo depois, morria Tereza, filha e enlevo maior do poeta, dentre as muitas Cristinas... Achei em ‘O Caçador da Estrela Verde’, livro de memórias de Carlos Cunha, que me foi generosamente presenteado pela minha querida amiga, professora Moema de Castro Alvim, já falecida, proprietária da alfarrabia ‘Papiros do Egito’, uma carta do Cônego José de Ribamar Carvalho, professor de Cunha na Faculdade de Filosofia e seu grande amigo, tanto que foi seu recepiendário na Academia Maranhense de Letras, a dizer, a ele, Cunha, em certa altura, que “a Poesia precisa ser sentida para se tornar percebida. Não há inovações. É a simples aplicação do axioma aristotélico de que vai ao intelecto sem antes passar pelos sentidos. Eu disse poesia. Verso obedece a leis de estéticas mais ou menos rígidas ou universalmente livres, conforme o gosto [do poeta e não do crítico]. Quanto à aceitação da mensagem poética, depende muito do hermetismo em que é vazada e da maior ou menor capacidade de expressão”. E Carlos Cunha, tal qual o mestre lhe ensinara, obedecera à risca! Carlos Cunha e ‘Poesia de Ontem’ se identificam com circunstâncias e coragem, com sofrimentos e lirismo. O poeta ficará presente [e ficou] em nossas letras... Era isso mesmo ‘poetinha’, isso mesmo que agora escrevi, aquelas mesmas palavras que num dia de chuva e grogue eu t’as disse. __________________ ** “Barrigudas” eram os nomes populares dados a enormes árvores, de troncos artisticamente talhados pela natureza, erguidas em frente, a hoje Igreja da Conceição, no bairro do Monte Castelo, decepadas pela incúria administrativa da Cidade.
Ilustração: foto do poeta Carlos Cunha, no Salão nobre da Academia Maranhense de Letras, ao saudar ‘Silêncio Branco’, livro de estréia de Fernando Braga, na noite de 30 de dezembro de 1967, vendo-se ainda o jornalista Elbert Teixeira [também de saudosa memória] que transmitia o evento para a Rádio Timbira.